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Passando Pelo Moinho de Deus – Uma oportunidade de Crescimento Espiritual

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Passar pelo moinho de Deus é enfrentar situações-limites, que muitas vezes parecem insuportáveis. Como viver este momento sem negar a fé, sem murmurar?Repostas que o levarão a ver que você não está sozinho. Autor: Simão Alberto Zambissa. Formato: 14x21. Número de páginas: 96. ISBN: 85-7459-248-0

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Introdução

A vida está repleta de surpresas. Nada acontece na vidade um cristão por acaso. Assim, fica evidente que o cristão, aopassar pelo moinho de Deus1, deve entender que o Senhor esta-beleceu algum propósito, cujos resultados, às vezes, não sãocompreensíveis. Afinal de contas, almejamos sucesso e não fra-casso. Fomos criados para vencer e reinar em vida e não paraamargar derrotas. Fomos criados à imagem e semelhança deDeus, portanto, vencedores e não derrotados (Gênesis 1:26).

A vida, porém, tem nos ensinado que, independente-mente da nossa fé, o moinho de Deus é inevitável. Aliás, Deusnos livra de muitas aflições, mas não nos poupa de provações(Salmos 34:19). Vale lembrar que Deus não poupou nem oSeu único Filho das provações, quanto mais nós, homenspecadores?

Vale ressaltar, entretanto, que passar pelo moinho de Deus

não significa punição, mas uma oportunidade para que o cris-tão possa crescer espiritualmente. “Foi-me bom ter eu passadopor aflições, para que aprenda os teus decretos”, afirma o sal-mista (Salmos 119:71). Isso significa dizer que os desertos davida fazem parte do desafio da fé, ou seja, Deus permite algu-mas situações-limites1, visando a aproximar de Si o pecador. Issoimplica dizer que enfrentar as dificuldades pode ter como pro-pósito aprender os decretos de Deus. Foi dessa maneira que eu

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1 Denomina-se moinho de Deus as situações que o homem enfrenta e que, de certo modo,

lhe parecem insuperáveis. Segundo a concepção de Paulo Freire, moinho de Deus são as

situações-limites que o homem enfrenta sem perspectivas de superá-las.

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passei a entender os desígnios de Deus nos longos anos domeu pastorado. Hoje, tenho convicção de que o Senhor jama-is pensou em abandonar o homem criado por Ele, embora esteO desobedecesse.

A origem deste livro nada mais é senão o resultado de terpassado pelos desertos de vida. Confesso que ninguém gostade passar pelo moinho de Deus, porque, nessa hora, a nossaalma se vê abatida e desamparada pelos homens, restando-nosapenas o apoio do Senhor que, pela Sua infinita misericórdia,nos acolhe e nos sustenta, mesmo não sendo merecedores denada. Diz o salmista: “Ainda que meu pai e minha mãe medesamparem o Senhor me acolherá” (Salmos 27:10).

Ora, o homem sem a proteção de Deus está, sem dúvida,desamparado. Está sem direção e sem rumo. Seu aparentecarisma e poder não lhe garantem segurança alguma e seusmelhores amigos tendem a deixá-lo só, como foi o caso de Jó,abandonado por Zofar, Elifaz e Beldade, seus melhores ami-gos. Aliás, não é de admirar quando pais abandonam seusfilhos (e vice-versa), esposas questionam o Deus de seus mari-dos, a exemplo da mulher de Jó: – “Ainda conservas a tua inte-gridade? Amaldiçoa a Deus, e morre” (Jó 2:10).

Deve-se ressaltar ainda que, na vida cristã, por mais queas coisas pareçam espinhosas, perseverar em Deus é muitoimportante. Para o nosso consolo Tiago diz: “Bem-aventuradoo homem que suporta com perseverança a provação, porque,depois de ter sido aprovado, receberá a coroa de vida, a qual oSenhor prometeu aos que O amam” (Tiago 1:12). Assim, aopassar pelas provações, isto é, pelo moinho de Deus, o cristãodeve aprender a glorificar a Deus: “Louvarei ao Senhor duran-

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te a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto euviver” (Salmos 146:1,2).

Enfim, servir a Deus torna-se a condição sine qua non

para a esperança humana. O Senhor Deus nos ensina a ado-rá-Lo e a glorificá-Lo em todo o tempo, a fim de que o Seu rei-no seja manifesto nos céus e na terra, hoje e sempre.

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1. COMO TUDO

COMEÇOU?

O moinho de Deus tritura sem deixar escapar um grão

sequer. Isso significa que enquanto o Senhor Deus não

cumprir o Seu propósito em nós, o moinho é interminá-

vel (Zambissa, 2005).

Tudo na vida tem começo e fim. O surgimen-to destas reflexões não seria diferente. Ao compartilharminhas experiências ministeriais, espero poder ajudar demaneira simples, porém prática, na superação de situaçõesque, talvez, entristeceram o seu coração. Proponho-me, aqui, aapresentar lições úteis decorrentes da prática pastoral delongos anos.

Há momentos em que na vida tudo parece estar muitobom. O nosso ego se envaidece, pensando ser insubstituível.Engano nosso. Todos são substituíveis. Aprendi essa lição devida depois de ter passado por uma cirurgia de hérnia de hiato,descoberta de maneira abrupta. Nessa hora, assustado e sempalavras, fui obrigado a suspender todas as minhas atividadespastorais e terapêuticas. É bom que se diga que me restavamalguns dias para terminar na igreja de Sertanópolis o tempo do

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meu pastorado de nove anos. Para ser preciso, restavam-meapenas quinze dias para mudar para Curitiba, meu novocampo de trabalho para o ano seguinte (2006).

Por motivos de saúde, as honrarias humanas (os elogios,a fama e a admiração), alcançadas com muito trabalho naque-la igreja durante nove anos foram, de uma hora para outra, cei-fados. Até então meus admiradores extrapolaram limites. Eraadmirado não só por membros das igrejas evangélicas, mastambém pelos moradores de Sertanópolis. O Dr. Zamba,como muitos carinhosamente preferiam chamar-me, num pis-car de olhos estava completamente esquecido pelo público.Onde estaria, então, o carinho dos meus admiradores, indaga-va-me inúmeras vezes e nada de resposta. Estava vivendo osilêncio de Deus. Nessas horas só me restava pensar que Deusse esquecera de mim, compactuando com as atitudes dehomens ingratos. Deus estava sendo muito injusto comigo.Como Ele permitiu que os meus irmãos de longa convivênciase esquecessem de mim?

– “Você nunca se viu diante dessa triste realidade?”

Acredito que muitos tenham passado por uma experiên-cia como essa e, consequentemente, tenham questionadoDeus como eu o fizera muitas vezes.

Felizmente, quando me volto para o ocorrido, tenho aplena certeza de que, no Seu silêncio, Deus estava trabalhandoa meu favor. Hoje posso dizer que foi naquele momento queDeus começou a realizar algo novo e envolvente no meu minis-tério. Estava, sim, passando pelo moinho Deus, para que o pro-pósito de Deus se cumprisse na minha vida e em meu ministé-rio. O distanciamento de todos aqueles que conviviam comigo

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transformou-se em um recurso pedagógico de que Deus sevalera para me ensinar que quem depende dos homens, frus-tra-se (Jeremias 17:5). Mas aquele que crê e deposita suaconfiança no Senhor, jamais será desamparado.

Apesar das dificuldades, Deus também me ensinou avalorizar minha família que, por inúmeras vezes, releguei aosegundo plano, embora vivêssemos muito bem. Até, então,Deus ocupava o primeiro lugar e, em seguida, o pastorado,enquanto a família amargava a última posição. Você deveconhecer alguém que age dessa maneira. Eu era um deles.Quantas vezes deixei minha esposa e meus filhos em segundoplano, correndo atrás de tudo e de todos? Não deixe que issoaconteça com você. Com esse episodio, aprendi que o primei-ro rebanho de um pastor é a própria família. Aprendi essalição e não abro mão dela. O tempo de minha família éinegociável, salvo quando alguém está morrendo.

Minha decepção comigo mesmo foi saber que não forampoucas as vezes que eu ouvi dos meus filhos: – “O Pai, parafazer as coisas da igreja e dos irmãos, age com prontidão, masquando é para fazer coisas para nós, sua resposta sempre é:esperem. Vamos ver! Quando sobrar tempo”.

Se é assim que as coisas funcionam na sua casa, nãodemore em rever os seus conceitos e valores, porque aquiloque você não fizer para sua família ninguém fará em seu lugar.Cuide de sua família. Cuidar da família é, de fato, cuidar doprojeto de Deus, pois família é sonho e projeto de Deus.

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1.1 Moinho de Deus:é tempo de aprender

Foi-me bom ter eu passado pela aflição para que apren-

desse os Teus decretos (Salmos 119:71).

Como disse anteriormente, o passar pelo moinho

de Deus foi para mim uma lição que levarei para a vida toda.Com o moinho de Deus aprendi a me aproximar de maneiraíntima do Pai Celeste e da minha família e, também, a revermeus conceitos e valores. Foi ao passar pelo moinho de Deus queaprendi a enxergar minha família como sendo minha priori-dade. Obrigado, meu Deus! Espero que você não pense que,hoje, tenha relaxado as minhas obrigações pastorais. Pelo con-trário, aprendi a não confundir as coisas, isto é, a estabelecer asprioridades das coisas sem prejudicar uma parte e outra.

O início pelo meu moinho foi a cirurgia que ocorreu nodia 15/12/2005, no Hospital Evangélico de Londrina. Qua-tro dias após a cirurgia, exatamente no dia 19/12/ 2005, eu,ainda com o curativo cirúrgico, acordei com uma inquietaçãode Deus que enfaticamente falava do Seu moinho. Triste, desa-nimado e com várias interrogações não respondidas, comeceia pensar por que isso acontecera comigo. Sempre andei naintegridade ministerial e Deus permitiu que isso acontecessecomigo? Por que razões? Essas e outras perguntas inquietavamo meu coração. Quando me dei conta, já estava escrevendosobre o moinho de Deus. O mover de Deus foi tão impactanteem minha vida ao ponto de eu escrever os dois primeiros capí-tulos, compartilhando minhas experiências com Deus, a fim

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de poder ajudá-lo a enfrentar os desertos da sua vida emqualquer situação.

Diante do abandono em que estava vivendo, meu prime-iro desejo foi o de amaldiçoar o dia em que nasci, como fizeraJó: “Pereça o dia em que nasci e a noite que disse: foi concebi-do um homem. Converta-se aquele dia em trevas; e Deus, lá decima, não tenha cuidado dele, nem resplandeça sobre ele aluz” (Jó 3:3, 4). Cumpre ressaltar que em meus aconselhamen-tos pastorais, inúmeras vezes senti-me no dever de recorrer aotexto: “Tudo posso Naquele que fortalece” (Filipenses 4:13). Masquando a angústia afligiu meu coração, minhas esperançasforam embora, restando-me apenas o desespero, isto é, aflora-ram as lamentações e as perguntas não respondidas devido aomeu estado de saúde.

Na condição em que me encontrava, parecia que Deustinha se esquecido de mim. Será? Com certeza, não! Essa é aimpressão que temos ao passar pelo moinho de Deus ou pelosdesertos de vida. Você também já se sentiu dessa maneira? Creiofielmente que Deus não nos poupa de provações e aflições.Por esse motivo, sou da opinião de que desertos de vida nãoconstituem lugar de punição, mas de tratamento de Deus.Assim, quando você estiver passando pelos desertos de vida,não pense que Deus o esteja punindo. Pelo contrário, nosdesertos de vida Deus dedica maior atenção aos Seus eleitos.Levante sua cabeça e prossiga em sua caminhada de fé, pois“[...] agindo Deus, ninguém impedirá” (Isaías 43:13).

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1.2 Moinho de Deus requer acompreensão dos familiares

Quando se passa pelo moinho de Deus, a palavra desabedoria e amiga da família faz muita diferença. Se eu amavaminha família, o moinho de Deus me ensinou a amá-la muitomais. Vendo meu estado de saúde e a aflição que tomava contade mim, minha esposa e meus filhos diziam-me: “Coma paraque a sua saúde se restabeleça”. Mas enfurecido com o com-portamento dos irmãos, o meu interesse pelo alimento físicoera cada vez mais insignificante, embora soubesse que a minharápida recuperação dependia de uma boa alimentação, por-tanto, deveria alimentar-me em horários certos.

Confesso que até então eu nunca havia pensado emescrever, mas passando pelo moinho de Deus as ideias fluíamvelozmente à mente e passei a ter a sensação do novo de Deusque estava acontecendo em meu ministério. Foi aí que passei aentender que as dificuldades, sejam elas de quais ordens, tra-zem consigo um aprendizado.

Dessa forma, busquei orientação nas epístolas de Paulo aquietude para as minhas aflições, pois entendia nitidamenteque “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amama Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”(Romanos 8:28). O interessante é saber que todas as coisascooperam para o bem daqueles que amam a Deus. O texto nãodiz que as coisas boas cooperam e, sim, todas as coisas. Sendoelas boas ou ruins, devemos agradecer a Deus. Aliás, Deus éconhecedor de todas as coisas. “Até os cabelos da nossa cabe-ça, todos estão por Ele contados” (Lucas 12:7). Não há sombra

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de dúvida nisso de que Deus tem em Suas mãos nossas virtu-des e fraquezas.

Segundo Strong, o Universo criado por Deus já tem seuspropósitos pré-estabelecidos. Portanto, o homem não temcapacidade para contrariar a vontade soberana de Deus:

Desde a eternidade Deus previu todos os acontecimen-

tos do universo como estabelecidos e certos. Essa fixidez

e certeza não podem ter uma base nem sorte cega nem

nas vontades variáveis dos homens, visto que então

nenhuma dessas, pois, existiam ainda. Não podia ter

seu fundamento em cousa alguma fora da Mente Divi-

na, pois, na eternidade, nada existia senão a Mente

Divina [...] (Apud BANCROFT, 1998, p. 81).

Para os amantes da pura Teologia, não apresento aquireflexões científicas. Enganam-se aqueles que assim pensarem.Aliás, segundo o ensino das Escrituras Sagradas, é nas coisassimples e desprezíveis desse mundo que Deus age. Portanto,esta leitura pode significar o começo de um ministério profí-cuo, pois para mim o passar pelo moinho de Deus trouxe ensina-mentos divinos outrora lidos e compreendidos de maneirasuperficial. Isso significa dizer que depois de muitos anos nopastorado, Deus trouxe ao meu coração uma ministração sim-ples, mas profunda e direta. Para isso, ao compartilhar asminhas experiências ministeriais sinto-me profundamente rea-lizado, pois sei que elas o ajudarão a enfrentar o moinho de Deus

ou os desertos da vida. Assim, ao enfrentá-los, que Deus lheconceda força, fé, ousadia, perseverança, paciência, esperançae obediência.

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Seja um guerreiro destemido! Não desista de lutar e desonhar! Passe pelo moinho de Deus de maneira consciente e semmurmurações. Nele, Deus quer restaurar sua vida, seu ministé-rio e até mesmo sua comunhão com a família. Não desperdiceessa rica oportunidade que Deus lhe concede. Acredito serhoje o tempo de restauração ministerial, conforme lembra-noso sábio Salomão:

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para

todo propósito debaixo do céu; há tempo de nascer e tem-

po de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o

que se plantou; tempo de matar e tempo de edificar;

tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tem-

po de saltar de alegria; [...] tempo de amar e tempo de

guerra, e tempo da paz (Eclesiastes 3:1-8).

Com fé, temor e humildade de coração repito: o moinho

de Deus na sua vida constitui-se num tempo de aprender osdecretos de Deus. Á exemplo do que aconteceu comigo, espe-ro que você reveja conceitos e valores que, talvez, estejam ador-mecidos e/ou esquecidos dentro de si.

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