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Os insectos fazem parte do nosso meio- ambiente, o mundo natural que nos rodeia, e por essa razão, eles são grandemente afectados pelas coisas que mudam o meio- ambiente. As mudanças ambientais podem influenciar as doenças porque elas afetam a maneira com que os insectos se comportam PASSO A PASSO No.33 FEVEREIRO 1998 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSECTOS LEIA NESTA EDIÇÃO Mosquiteiros tratados com insecticidas Malária: algumas abordagens novas • Cartas Preparação de alimentos com energia solar na Gâmbia Como manter mosquitos do lado de fora Informações sobre as doenças transmitidas por insetos Quinina proveniente das ‘árvores da febre’ Estudo bíblico: O plano de Deus para o desenvolvimento integral • Recursos Um sistema de apoio para as mulheres pelo Professor Malcolm Molyneux Foto: Dr S Lindsay, WHO ou sobrevivem. Isto também significa que podemos combater as doenças transmitidas por insectos controlando o meio-ambiente em que vivemos. As mudanças no meio-ambiente natural e a habilidade dos insectos vectores (insectos que transmitem doenças) para reagirem a estas mudanças podem ter um efeito importante na propagação das doenças. Desenvolvimentos agrícolas Os programas de irrigação criam novos lugares de reprodução para alguns insectos, especialmente os mosquitos anófeles, que transmitem a malária. Quando os agricultores vão para dentro da floresta para caçar ou limpar e cultivar novas áreas, eles podem encontrar moscas africanas (tsé-tsé) que levam consigo os parasitas da doença do sono, provenientes de animais caçados, ou mosquitos que transmitem o vírus da febre amarela, prove- niente de macacos. Na Tailândia, são os mineiros de pedras preciosas, que trabalham nas florestas, que correm um grande risco de contrair malária porque os mosquitos vivem nas áreas arborizadas das minas. Guerras e mudanças sociais O Uganda e a nova República Democrática do Congo são exem- plos de países onde a guerra, ao mudar o meio-ambiente, causou epidemias de doen- ças transmitidas por insectos. Como resultado directo da guerra, eles deixaram o mato e os arbustos crescerem de maneira PENSANDO BEM, um número surpreendente de diferentes doenças podem ser propagadas entre as pessoas através dos insectos. Apresentamos algumas delas nesta edição da Passo a Passo. Elas estão entre as doenças mais graves e importantes do mundo, especialmente nas áreas que ainda não são industrialmente desenvolvidas. Doenças, insectos e o meio-ambiente NOTA AOS LEITORES A Passo a Passo é lida na África, Europa e América do Sul. A língua portuguesa muda de um continente para o outro. Alguns artigos podem estar escritos em um estilo diferente do Português que você fala. Esperamos que isto não venha a mudar a sua apreciação pela Passo a Passo. NB Escrevemos ‘AIDS/SIDA’, porque alguns de nossos leitores conhecem a doença como ‘AIDS’, enquanto outros a chamam de ‘SIDA’.

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Os insectos fazem parte do nosso meio-ambiente, o mundo natural que nos rodeia,e por essa razão, eles são grandementeafectados pelas coisas que mudam o meio-ambiente. As mudanças ambientais podeminfluenciar as doenças porque elas afetam amaneira com que os insectos se comportam

PASSO A PASSONo.33 FEVEREIRO 1998 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSECTOS

LEIA NESTA EDIÇÃO• Mosquiteiros tratados com

insecticidas

• Malária: algumas abordagensnovas

• Cartas

• Preparação de alimentos comenergia solar na Gâmbia

• Como manter mosquitos do lado de fora

• Informações sobre as doençastransmitidas por insetos

• Quinina proveniente das‘árvores da febre’

• Estudo bíblico: O plano de Deuspara o desenvolvimento integral

• Recursos

• Um sistema de apoio para as mulheres

pelo Professor Malcolm Molyneux

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ou sobrevivem. Isto também significa quepodemos combater as doenças transmitidaspor insectos controlando o meio-ambienteem que vivemos.

As mudanças no meio-ambiente natural e ahabilidade dos insectos vectores (insectos quetransmitem doenças) para reagirem a estasmudanças podem ter um efeito importantena propagação das doenças.

Desenvolvimentos agrícolas Os programas deirrigação criam novos lugares de reproduçãopara alguns insectos, especialmente osmosquitos anófeles, que transmitem amalária. Quando os agricultores vão paradentro da floresta para caçar ou limpar ecultivar novas áreas, eles podem encontrarmoscas africanas (tsé-tsé) que levam consigoos parasitas da doença do sono, provenientesde animais caçados, ou mosquitos quetransmitem o vírus da febre amarela, prove-niente de macacos. Na Tailândia, são osmineiros de pedras preciosas, que trabalhamnas florestas, que correm um grande risco decontrair malária porque os mosquitos vivemnas áreas arborizadas das minas.

Guerras e mudanças sociais O Uganda e a novaRepública Democrática do Congo são exem-plos de países onde a guerra, ao mudar omeio-ambiente, causou epidemias de doen-ças transmitidas por insectos. Comoresultado directo da guerra, eles deixaram omato e os arbustos crescerem de maneira

PENSANDO BEM, um número surpreendente de diferentes doenças podemser propagadas entre as pessoas através dos insectos. Apresentamos algumasdelas nesta edição da Passo a Passo. Elas estão entre as doenças mais graves eimportantes do mundo, especialmente nas áreas que ainda não sãoindustrialmente desenvolvidas.

Doenças, insectose o meio-ambiente

NOTA AOS LEITORESA Passo a Passo é lida na África, Europa e América do Sul. Alíngua portuguesa muda de um continente para o outro. Algunsartigos podem estar escritos em um estilo diferente do Portuguêsque você fala. Esperamos que isto não venha a mudar a suaapreciação pela Passo a Passo.NB Escrevemos ‘AIDS/SIDA’, porque alguns de nossos leitoresconhecem a doença como ‘AIDS’, enquanto outros a chamam de‘SIDA’.

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SAÚDE

2 PASSO A PASSO NO.33

PASSO A PASSOISSN 1353-9868

A Passo a Passo é uma publicação trimestral queprocura aproximar pessoas em todo o mundoenvolvidas na área de saúde e desenvolvimento.A Tearfund, responsável pela publicação da Passoa Passo, espera que esta revista estimule novasidéias e traga entusiasmo a estas pessoas. Arevista é uma maneira de encorajar os cristãos detodas as nações em seu trabalho conjunto nabusca da melhoria de nossas comunidades.

A Passo a Passo é gratuita para aqueles quepromovem saúde e desenvolvimento. É publicadaem inglês, francês, português e espanhol.Donativos são bem-vindos.

Os leitores são convidados a contribuir com suasopiniões, artigos, cartas e fotografias.

Editora: Isabel Carter83 Market Place, South Cave, Brough,East Yorkshire, HU15 2AS, Inglaterra.Tel/Fax: +44 1430 422065E-mail: [email protected]

Editora – Línguas estrangeiras: Sheila Melot

Comitê Editorial: Jerry Adams, Dra Ann Ashworth, Simon Batchelor, Mike Carter, Jennie Collins, Bill Crooks, Paul Dean, Richard Franceys, Dr Ted Lankester,Sandra Michie, Nigel Poole, Louise Pott, José Smith, Mike Webb

Ilustração: Rod Mill

Design: Wingfinger Graphics, Leeds

Tradução: L Bustamante, R Cawston, Dr J Cruz, S Dale-Pimentil, S Davies, T Dew, N Edwards, R Head, J Hermon, M Leake, M Machado, O Martin, J Martinez da Cruz, N Mauriange,J Perry

Relação de endereços: Escreva, dando uma breveinformação sobre o trabalho que você faz einformando o idioma preferido para: FootstepsMailing List, Tearfund, 100 Church Road,Teddington, Middlesex, TW11 8QE, Inglaterra.Tel: +44 181 977 9144

Mudança de endereço: Ao informar umamudança de endereço, favor fornecer o númerode referência mencionado na etiqueta.

Artigos e ilustrações da Passo a Passo podem seradaptados para uso como material de treinamentoque venha a promover saúde e desenvolvimentorural desde que os materiais sejam distribuídosgratuitamente e que os que usam estes materiaisadaptados saibam que eles são provenientes daPasso a Passo. Deve-ser obter permissão parareproduzir materiais da Passo a Passo.

As opiniões e os pontos de vista expressados nascartas e artigos não refletem necessariamente oponto de vista da Editora ou da Tearfund.Informações técnicas fornecidas na Passo a Passosão verificadas minuciosamente mas não podemosaceitar responsabilidade no caso de ocorreremproblemas.

Publicado pela Tearfund, uma companhia limi-tada, registrada na Inglaterra sob o No.994339.Organização sem fins lucrativos sob o No.265464.

Na Tailândia, as áreasarborizadas de mineração são

lugares onde os mosquitosanófeles se reproduzem.

selvagem, criando ambientes ideais para areprodução das moscas africanas (tsé-tsé).Os casos de doença do sono aumentaram ecentenas de pessoas morreram. Aeliminação da vegetação excessiva reduziumuito o problema.

Movimentos da população Em áreas monta-nhosas, é demasiado frio para que osparasitas da malária cresçam dentro dosmosquitos e assim, a doença não é propa-gada (mesmo que haja muitos mosquitospor perto). As pessoas que moram na regiãonão contraem a malária e por essa razão,elas não desenvolvem resistência ouimunidade contra a doença. Quando aspessoas ou comunidades inteiras se mudamdas montanhas para as regiões mais baixas,a malária é propagada no novo meio-ambiente aquecido e ocorrem epidemias dadoença, que podem ser severas ou fatais.

Ao reconhecermos os perigos emcircunstâncias como estas, é possível tomarprecauções contra epidemias da doença.

Dificuldades econômicas Quando as pessoasnão têm recursos básicos, pode ser difícilmanter o combate contra as doenças trans-mitidas pelos insectos. Na América do Sul,por exemplo, os besouros que transmitem adoença de Chagas podem ser mantidosafastados se cimentarmos as fendas encon-tradas nas paredes dos barracos ou se subs-tituirmos os telhados de colmo por telhadosde metal. No entanto, estas mudançascustam dinheiro e sem elas, as condiçõescontinuariam favoráveis para que osinsectos se desenvolvam. Do mesmo modo,os mosquiteiros tratados que podem sercolocados sobre a cama podem protegercontra muitas doenças que são transmitidaspelos insectos. A falta de recursos paracomprá-los ou tratá-los novamente podelimitar a eficiência deste método.

Comece onde você estáAo compreendermos como o meio-ambienteinfluencia os insectos e as doenças que elestransmitem, todos nós podemos ter um papelna redução da propagação destas doenças.Um exercício comunitário útil é organizar umareunião em grupo para discutir as seguintesperguntas…

■ Que doenças transmitidas por insectos estãocausando problemas na nossa comunidade?

■ Há alguma coisa que podemos fazer localmentepara reduzir a propagação destas doenças entrenós?

■ Quais são os obstáculos ou dificuldades que nosimpedem de dar estes passos?

■ Onde podemos receber orientações ou ajudapara melhorar a situação?

As páginas seguintes poderão dar-lhe algu-mas idéias úteis sobre o que se pode fazer parareduzir os efeitos das doenças transmitidaspor insectos na sua própria comunidade. Mui-tas medidas como estas podem ser tomadasfacilmente e até mesmo com recursos muitolimitados. O povo Achewa, do Malawi, temum provérbio que diz: ‘Konza kapansi kuti kam-wamba katsike,’ que significa ‘Cuide do pro-blema que está à porta e os seus objectivosmais distantes serão alcançados maisfacilmente.’ Esta é uma boa mensagem para ocontrole ambiental – nós não precisamosesperar o governo e os programas nacionaisagirem. Há muitas coisas que nós mesmospodemos fazer, ‘à nossa porta’.

O Professor Molyneux é o Director Adjunto doCentro de Pesquisas Clínicas da Fundação Well-come e do Projeto de Pesquisas sobre a Malária naFaculdade de Medicina, PO Box 30096, Chichiri,Blantyre 3, Malawi. Ele é Professor honorário naUniversidade do Malawi e na Universidade deLiverpool, Grã-Bretanha.

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3PASSO A PASSO NO.33

SAÚDE

mosquiteiros tratados, a proteção contra amalária é tão eficaz como a pulverizaçãodomiciliar – mas é necessária uma quanti-dade muito menor de insecticida. Osprodutos químicos do tipo piretróide, quesão usados para tratar mosquiteiros ecortinas, são de confiança até mesmoquando estão em contacto próximo com aspessoas. Os mosquitos são atraídos àspessoas pelo ar que elas expiram e peloodor do corpo. Se os mosquiteiros nãoforem tratados, os mosquitos continuam aprocurar um buraco ou um lugar onde umbraço ou uma perna está em contato com omosquiteiro para picar a pessoa. Noentanto, quando eles tocam um mosquiteirotratado, morrem ou se afastam.

Como tratar mosquiteirosOs mosquiteiros são tratados imergindo-osem uma mistura de insecticida líquido e água.Isto envolve cinco etapas:

1PREPARETrate os mosquiteiros ao ar livre. Use luvas

compridas de borracha para proteger a pele.Se as luvas não estiverem disponíveis, usesacos plásticos grandes. Reúna uma unidadede medida pequena, uma unidade de medidagrande e um recipiente para misturar – umabacia ou um balde. Lave e seque todos osmosquiteiros usados antes do tratamento.

2 MEÇA E DILUAVocê precisará de saber…

• quantos mosquiteiros precisam ser imersos

• de que tamanho eles são

• quanta água eles absorvem

• a quantidade necessária do produtoquímico.

Como verificar o tamanho (área) Use a seguintefórmula para os mosquiteiros rectangulares –os tamanhos mostrados servem comoexemplos:

Superfície total em metros quadrados (m2)

= 2 x lados (2 x 1.5m x 1.8m = 5.4m2)+ 2 x extremidades (2 x 1.5m x 1.3m = 3.9m2)+ 1 x topo (1 x 1.3m x 1.8m = 2.34m2)

(= 11.64 m2)

Se o mosquiteiro for redondo, estenda-o hori-zontalmente. Meça a base curvada e a altura:

Superfície total em metros quadrados (m2)= base x altura (3m x 2.2m = 6.6 m2)

Quanto líquido cada mosquiteiro absorve? Osmosquiteiros de algodão absorvem muitomais líquido do que os de poliéster. Paracalcular quanto líquido cada mosquiteiro vaiabsorver, meça uma quantidade exacta deágua em um balde ou bacia – por exemplo,

Existem duas maneiras principais de reduziras picadas dos mosquitos que transmitem amalária:

■ Pulverização com insecticida Nos anos 50 e60, os governos de muitos paísesorganizaram programas de pulverizaçãodomiciliar usando insecticidas, especialmenteo DDT. No entanto, estes programas eramcaros para serem mantidos e os mosquitostornaram-se resistentes ao DDT. Osinsecticidas do tipo piretróide funcionammelhor do que o DDT, no entanto, hoje emdia o uso de mosquiteiros tratados cominsecticidas, sobre a cama, é recomendadopara reduzir as picadas dos insectos.

■ Mosquiteiros de cama tratados com insecticidaQuando as pessoas dormem debaixo de

Mosquiteiros tratadoscom insecticidapelo Professor Chris Curtis

A MALÁRIA é sem dúvida a mais importante doença humana trasmitida porinsectos. Estimativas recentes da OMS revelam que ocorrem 2,5 milhões de mor-tes por ano causadas pela malária, especialmente entre as crianças africanas.

Insecticidas para imergir mosquiteirosnome doproduto químico nome comercial concentração percentagem dosagem

permethrin Peripel 200 20% 200mg/m2

Imperator 500 50% 200mg/m2

deltamethrin K-Othrin 25 2.5% 25mg/m2

lambdacyhalothrin Icon 25 2.5% 10mg/m2

cyfluthrin Solfac 50 5% 50mg/m2

etofenprox Vectron 100 10% 200mg/m2

alphacypermethrin Fendona 100 10% 20mg/m2

Quantidade (em ml) necessária de insecticida =

Por exemplo, se você comprou deltamethrin (K-Othrin) e está usando um mosquiteiro redondo com umasuperfície total de 6.5m2:

Quantidade necessária de insecticida = = = 6.5 ml

Se um mosquiteiro absorve 300ml de água, você precisará de colocar 300ml de água em um balde eadicionar 6.5ml do produto químico.

Se você estiver tratando 15 mosquiteiros semelhantes, você vai precisar de colocar 5 litros em uma bacia ouem um balde e adicionar 6.5ml x 15 = 97.5ml do produto químico (aproximadamente 100ml).

Se for necessário, peça ajuda ao fazer estes cálculos. É muito importante que eles sejam feitos correta-mente. Depois de ter feito os cálculos, registre a informação (e marque os recipientes de medida) paraquando os mosquiteiros forem tratados novamente, assim você não terá que fazer os cálculos todas as vezes(a menos que você use um produto químico diferente ou mude o número de mosquiteiros).

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dosagem recomendada (mg/m2) x área do mosquiteiro(m2)concentração de insecticida(%) x 10

25 x 6.52.5 x 10

162.525

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4 PASSO A PASSO NO.33

SAÚDE

2 litros. Molhe o mosquiteiro. Torça omosquiteiro sobre a bacia e deixe o líquidopingar dentro dela até que o mosquiteiroseque. Meça quanta água sobrou. Subtraiaesta quantidade dos 2 litros. Agora vocêsabe quanto líquido cada mosquiteiroabsorve. Se todos os mosquiteiros foremfeitos do mesmo material e tiverem omesmo tamanho, multiplique esta quanti-dade pelo número de mosquiteiros a seremimersos e adicione um pouco mais delíquido (10%) por segurança.

Por exemplo, se 1 mosquiteiro absorve 300ml e vocêdeseja tratar 15 mosquiteiros, você precisará:

300ml x 15 = (4.500mls ou 4.5 litros)+ aproximadamente 10% (450mls)= 5 litros aprox. de líquido

3 MOLHEOs mosquiteiros devem estar limpos e

secos. Molhe bem os mosquiteiros noinsecticida diluído. Torça bem os mosquitei-ros e deixe o líquido pingar em uma baciaaté parar. Se você estiver a tratar vários

mosquiteiros, eles poderão ser torcidos ecolocados em um saco plástico antes de levarpara casa para secar.

4 SEQUEOs mosquiteiros podem ser pendurados

ou colocados sobre uma cama para secar. Avantagem de colocá-los sobre uma cama éque o insecticida mata percevejos! Quando osmosquiteiros estiverem secando, vire-osalgumas vezes para que o insecticida sejaigualmente distribuído.

5 LIMPE A ÁREA CUIDADOSAMENTEAs embalagens e o insecticida que sobram

devem ser colocados em uma latrina ouenterrados em um buraco. Nunca os despejeem rios ou lagoas. Lave o equipamentocuidadosamente, assim como as mãos e asroupas com água e sabão.

Maior proteçãoOs mosquiteiros devem ser tratados duasvezes por ano. É melhor não lavá-los duranteesses dois períodos pois isto reduz aquantidade de insecticida.

É caro comprar ou fabricar mosquiteiros maseles protegerão a sua família por muitos anos.Um só mosquiteiro pode proteger várias crian-ças pequenas, se elas dormirem juntas. Vocêpoderia formar grupos que possam economi-zar e ajudar a levantar fundos para comprar omaterial necessário para os mosquiteiros? Elespoderiam fornecer mosquiteiros para os mem-bros do grupo e vendê-los a outras pessoascom um pequeno lucro. Se o material necessá-rio para os mosquiteiros for muito caro, háalgum outro material leve que poderia serusado? Por exemplo: tecidos de saris antigos(na Ásia), musselina ou algodão fino (naEtiópia). Se você não tiver recursos para fabri-car ou comprar mosquiteiros, você poderá usarcortinas de portas e janelas. Trate-as exacta-mente da mesma maneira como o insecticida.

O Professor Curtis trabalha na Escola de Higiene eMedicina Tropical de Londres, Keppel Street,London, WC1E 7HT, Grã-Bretanha.

Com os nossos agradecimentos à AHRTAG pelapermissão dada para usarmos parte das informaçõesfornecidas por eles. A AHRTAG publica umcatálogo muito útil que orienta sobre como obtermosquiteiros e insecticidas (veja a página 14).

A MALARIA AMEAÇA 40% da população mundial e matacerca de 2,5 milhões de pessoas todos os anos. A maioria delassão crianças com menos de cinco anos de idade ou mulheresgrávidas. Nos países africanos do sul do Saara, estima-se que70 milhões de crianças em idade pré-escolar estão em risco devida por causa da malária. Além disso, a malária afecta acapacidade dos adultos para fazerem trabalhos produtivos.Tudo isto significa que a malária é um dos maiores problemasde saúde pública em muitos países em desenvolvimento.Assim como as outras doenças que abordamos nesta edição, amalária é transmitida por insectos. Frequentemente, aspessoas se desanimam por não poderem fazer muito paracombater a malária, especialmente se os orçamentos para aárea de saúde forem reduzidos ou se os medicamentos essen-cias não estiverem disponíveis. Nesta edição, nós procuramosconsiderar alguns passos positivos que podem ser tomados‘no degrau da sua porta’, sem precisar de muitos recursos – talcomo o Dr Molyneux nos incentiva. Uma boa parte destaedição trata sobre o controle da malária, em parte devido aesta doença ser tão séria e comum em tantas regiões, mastambém porque as mesmas medidas de controle ajudam acombater outras doenças como a febre amarela e a filaríase.

As próximas edições vão ser sobre os agentes veterinárioscomunitários, micro-empreendimentos e a resolução de con-flitos locais causados pelo uso de recursos.

Quando você terminar de ler esta edição, talvez você queiradiscutir sobre estes assuntos com outras pessoas na sua comu-nidade. Aqui estão alguns exemplos de representações de pa-péis que poderão ajudar as pessoas a começarem a pensar…

■ Uma senhora está com malária mas o seu esposo lhe diz que elaestá sendo preguiçosa e não quer trabalhar. Ele recusa-se a pagar pelotratamento. Ela toma chá e alguns comprimidos de cloroquina quesobraram quando o seu filho esteve doente da última vez. O estadodela piora. Ela acaba ficando tão doente que precisa de ser carregadade maca e é hospitalizada. A vida dela é salva mas o seu marido temde pagar uma conta muito alta.

■ As pessoas da região acham que a manga transmite malária poissempre ocorrem muitos casos da doença quanto esta fruta está prontapara ser consumida (um mês depois das chuvas começarem). Apesardesta fruta ser uma das principais fontes de vitaminas para ascrianças do povoado, os moradores querem cortar todas as manguei-ras que estão próximas ao povoado.

■ A filha de um casal da região morou numa área montanhosadurante muitos anos, onde não há malária. Ela está novamente aviver com a sua família nesta região mais baixa. Ela está grávida e játem duas crianças pequenas. Que conselhos como agente de saúdevocê daria aos pais desta moça?

DA EDITORA

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SAÚDE

PASSO A PASSO NO.33

Malária– algumasabordagens novaspelo Dr D C Warhurst

NOS PAÍSES onde a malária é muitocomum, muitos adultos podem serportadores da infecção sem teremnenhum sintoma. É muito maisprovável que as crianças e as mulhe-res grávidas contraiam a malária.

Os medicamentos são usados principal-mente para controlar a doença. No entanto,eles também podem ser usados parapreveni-la entre alguns grupos de alto risco,tais como as mulheres grávidas, osportadores de anemia das célulasfalciformes e os visitantes, que não possuemnenhuma imunidade natural.

Cada país precisa de definir uma política deadministração de medicamentos contra amalária, a qual leve em consideração alocalização dos mosquitos que transmitem adoença e a resistência aos medicamentos. Osserviços de saúde também precisam deconsiderar os riscos e os benefícios ofere-cidos por diferentes medicamentos, assimcomo o custo e a facilidade com que sãoobtidos e receitados.

Para muitos pacientes, a malária é diagnos-ticada sempre que as outras causas de febreou de doença são excluídas. Este procedi-mento é apropriado onde medicamentosseguros e baratos, como a cloroquina, sãoeficazes e os pacientes são observados com opropósito de verificar se a febre está sendocausada por outros motivos. No entanto, semedicamentos mais caros e potencialmentemais tóxicos forem necessários, o tratamentocontra a malária deve ser limitado apenasaos pacientes que estão ‘realmente’ sendoatacados pela doença (aqueles que foramconfirmados por exames de sangue).

Tratamento da maláriaAs manifestações mais comuns da maláriaenvolvem febre e arrepios. Estes casosgeralmente respondem bem ao tratamentocom a cloroquina, quando usada comomedicamento de primeira linha. No entanto,novas variedades de malária fazem com queo tratamento com a cloroquina não sejasempre eficaz. Além disto, quando ospacientes demoram para iniciar otratamento (freqüentemente devido ao

Novos medicamentosTodos os medicamentos novos devem serusados apenas onde haja uma resistênciacomprovada aos outros medicamentos. OAtovaquone é feito com um produto natural.Ele geralmente é administrado em combina-ção com o Paludrine e o Malarone. Outracombinação de medicamentos é o Coarte-mether, que também é feito com um produtonatural e age rapidamente em manifestaçõesseveras da doença, apesar de não poder serinjetado. Ainda não foi observada nenhumaresistência a estes dois medicamentos. Espera-se que através de pesquisas se descubra comose desenvolve a resistência aos váriosmedicamentos.

O Dr David Warhurst trabalha na Escola deHigiene e Medicina Tropical de Londres, KeppelStreet, Londres, WC1E 7HT, Grã-Bretanha.

custo) permite-se que o parasita semultiplique e talvez um só tratamento nãoseja suficiente.

Se a cloroquina falhar na eliminação dainfecção, um medicamento de segunda linha– sulfadoxina ou pirimetamina – pode serusado. Nos países onde há uma resistênciacomprovada à cloroquina, os pacientespodem correr risco de vida se este medica-mento for receitado como primeira opção.Nestas regiões, a sulfadoxina e a pirimeta-mina devem ser usadas como primeira op-ção. Alternativamente, a amodiaquina podeser usada como medicamento de primeiralinha nas regiões resistentes à cloroquina.

A mefloquina é um medicamento relativa-mente novo. Ele é eficaz no tratamento dadoença mas resistência a este medicamento jáestá aumentando no Sudoeste Asiático.

A quinina, um produto natural, é uma outraalternativa em África. Ela pode ser adminis-trada por via oral, intravenosa ou intra-muscular. Se for desenvolvida resistência àquinina, o tratamento usual de cinco diasprecisa de ser prolongado com o uso detetraciclina ou sulfadoxina e pirimetamina.

O Artemisinin é um outro produto naturaldo absinto, Artemisia annua, o qual está cadavez mais sendo usado como medicamento deprimeira linha quando se desenvolveresistência aos outros medicamentos. Elepode ser usado na forma de supositório(Artesunate) para tratamentos de emergênciaem crianças pois ele parece ter um efeitorápido e poucos efeitos colaterais.

Uma pesquisa realizada na Gâmbia revelouque a resistência à cloroquina pode ocorrerem cerca de 20% dos casos tratados. Nestenível, o seu uso como medicamento deprimeira linha continua a ser recomendado.

Coleta de sangue em uma escola da Nigéria para fazer o teste da malária.

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CARTAS

6 PASSO A PASSO NO.33

PASSO A PASSO

47 WINDSOR ROAD

BRISTOLBS6 5BWREINO UNIDO

Ratoeira eficazEU CRIO AVESTRUZES em Zimbabué.Recentemente, apareceu uma quantidadedemasiada de ratos, que chegaram a atacaraté as avestruzes adultas. O veneno émuito caro e perdi algumas avestruzespequenas que talvez tenham comido oveneno. Devido à minha preocupação,tentei fabricar uma ratoeira da qual tiveconhecimento em Moçambique. Em 21dias e com 9 ratoeiras, apanhei 934 ratos!

Para fabricar a ratoeira, é necessário umbalde de 20 litros ou um pote grande debarro para conter a água. Enterre o baldeou o pote no chão, perto de tocas de ratosou onde eles se alimentam. Corte asextremidades de uma espiga seca demilho. Enfie um arame grosso de 1 metrode comprimento na espiga. A espiga devepoder girar livremente. Prenda a espiga nocentro do fio com pedaços pequenos dearame enrolado. Dobre o arame tal comomostra o desenho abaixo e enterre asextremidades no chão, de maneira firme,dos dois lados do balde. Coloque águasuficiente dentro do balde para se ter umaprofundidade de 15cm. Cubra a espigatodas as noites com manteiga deamendoim, posho, mingau de farinha demilho ou outro tipo de alimento que colena espiga. Remova os ratos mortos todasas manhãs. A ratoeira funciona melhor emnoite de lua nova.

Nick DexterPO Box AC 158AscotBulawayoZimbabué

Rede de contacto no Oeste da ÁfricaNÓS CRIAMOS um boletim informativopara mantermos contactos na nossa regiãode África de língua francesa, a qual está demomento sofrendo financeiramente. Nósgostaríamos de contactar com outros grupossemelhantes. Temos interesse em formarredes de contactos e incentivar a realizaçãode treinamentos, seminários e conferências.Por exemplo, nós participamos recente-mente em uma conferência de treinamentoque foi realizada em Lomé, sobre o ‘Papeldas ONGs para reforçar a democracia epromover os direitos humanos’.

Sr Ignace DjagnikpoONG-FAST-ENFACE-VIEBP 4019LoméTogo

Animais como agentesfertilizadoresOS AGRICULTORES de Babanki Tungo, nonoroeste da República dos Camarões, usamanimais para aumentar a fertilidade do solo.Os agricultores constroem cercas ao redordos terrenos inférteis que eles desejamcomeçar a cultivar. Eles constroem umacabana dentro do terreno cercado, para ovigia responsável por cuidar dos animais.Quando os agricultores não têm animais,eles fazem um acordo com os criadores degado para que os animais permaneçam noterreno todas as noites. No final de cada dia,depois do gado ter pastado, os animais sãolevados ao terreno cercado, onde passam anoite.

Os agricultores estimam que demora trêsmeses para que cinqüenta cabeças de gado,em um terreno de um hectare, forneçamurina e escrementos suficientes para que oterreno permaneça fértil por três ou quatroanos.

Esta técnica tem muitas vantagens:

• O ambiente natural dos agricultoresfornece todos os recursos necessários,com excepção de um saleiro, o qual elesprecisam comprar.

• Há um aumento na estrutura, textura ecapacidade do solo em reter a água eresistir à erosão

• Uma grande quantidade de fertilizanteorgânico é espalhado sobre o campo. Aprodução dos agricultores é duplicada eaté mesmo triplicada, em comparaçãocom os outros agricultores.

• Foi provado que os agricultores queusam esta técnica conseguem produçõesmaiores do que uma pessoa que usa 17sacos de fertilizante mineral por hectare,por ano.

Estas vantagens justificam o interesse doCIPCRE em promover esta técnica. Omaior mérito desta técnica está no factodela ter sido desenvolvida pelos própriosagricultores, sem a intervenção doseducadores rurais.

Magloire NdjangCIPCREBP 1256BafoussamRepública dos Camarões

Fax: (237) 44 66 69Correio eletrônico: [email protected]

(Retirado da Ecovox no. 11 Janeiro a Março de 1997)

Goiaba giganteQUANDO VISITAMOS a aldeia deLokando no ano passado, no Sudoeste daRepública dos Camarões, Takwi Ndiche,um assistente agrícola, mostrou-nos umexemplo impressionante de plantio ‘emassociação’ na propriedade de Otte Aaron,o chefe da aldeia. Uma semente de‘leucaena’ acabou caindo e germinando nomesmo vaso onde estava crescendo umamuda (um enxerto) de goiaba no viveiro.Quando elas foram transplantadas juntaspara o solo, ambas cresceramvigorosamente. Em apenas sete meses,aquela goiabeira alcançou uma alturasuperior a dois metros, duas vezes maiordo que as outras mudas (os outrosenxertos) de goiabeira da aldeiaalcançaram no mesmo período.

Bob MannMethodist Relief and Development Fund8 Upper Manor RoadMilfordSurreyGU8 5JWGrã-Bretanha

A importância da soja nanutrição humanaNÓS TRABALHAMOS em um programaque visa prevenir a desnutrição emGuayaquil. Nós incentivamos o cultivo e o

Confinamento noturno do gado.

água

pedaços pequenos de aramepara evitar que a espiga deslize

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7

CARTAS

PASSO A PASSO NO.33

uso de soja. Apesar dela não costumar sercultivada nesta região, as pessoasaceitaram-na rapidamente. A soja é umalimento muito útil, com alto teor deproteínas, que pode substituir a carne,queijo, leite, ovos ou peixe.

Como preparar o leite de soja1 Limpe os grãos de soja e remova os galhos e as

pedras.

2 Lave os grãos de sojacom bastante água.

3 Ferva a sojapor dois minutos eescoe a água.

4 Deixe a soja de molhodurante a noite.

5 Amasse a soja ou use um moedor de carne parafazer um purê. (Use um liquidificador ao invés domoedor de carne, se você tiver um disponível.)

6 Para cada libra (1/2 kg) de soja moída, adicione 3litros de água pura e misture.

7 Passe a mistura diluída em uma peneira oumusselina, apertando bem. O líquido extraído é oleite de soja.

8 Ferva o leite por 30 minutos e adicione canela eaçúcar branco ou mascavo(castanho).

9 A parte sólida excedente da soja pode ser usadapara preparar vários tipos de ‘tortillas’ (panquecas).Adicione farinha, plátano ou mandioca ralada. Façapanquecas (tortillas), adicione cebola oucondimentos e frite em óleo quente.

Wilma Campoverde CeliPrograma Nutrição para CristoCasilla 5520Guayaquil 5520GuayaquilEquador

Crianças e tabagismoHÁ ALGUM TEMPO ATRÁS, a Passo aPasso publicou uma carta da Zâmbia, do SrRichard Kandonga, que contava a dificul-dade que ele estava encontrando em conse-guir informações para alertar as pessoassobre os perigos do tabagismo.

Este assunto tem sido uma preocupação daTALC, especialmente hoje em dia, quandoas empresas de tabaco estão se esforçandotanto para vender os seus produtos aospaíses em desenvolvimento.

Nós temos o prazer de anunciar queacabamos de colocar no mercado uma sériede slides chamada Crianças e Tabagismo, aqual descreve o desenvolvimento do hábito

de fumar entre as crianças e dá sugestõessobre o que fazer para que as criançasparem de fumar.

A TALC também está planejando publicarum livro especialmente escrito para ospaíses em desenvolvimento sobre osperigos causados à saúde pelo tabagismo,o qual deverá ficar pronto no final de 1998.

Dick DawsonTALCPO Box 49St AlbansHerts AL1 5TXGrã-Bretanha

Desenvolvimento comunitárioa partir da igrejaOBRIGADO por nos enviar a revista Passoa Passo. Eu me surpreendi ao ler o artigoda primeira página da edição 31 sobre‘Desenvolvimento Comunitário a partir daIgreja’. Este conceito é bastante novo nestaparte do mundo. As pessoas acreditamque o desenvolvimento só é realizado pe-las ONGs (geralmente estrangeiras e commuitos recursos) ou pelo governo. Recen-temente, eu estive dando um curso sobredesenvolvimento comunitário a partir daigreja em um instituto bíblico, para criaruma visão sobre este assunto tão impor-tante junto dos futuros líderes das igrejas.As pessoas que estiverem interessadasneste assunto poderão contactar-me.

Willem R KlaassenMinistérios RuraisPO Box 387VeniSuazilândiaÁfrica

Campanhas sobre o leite em póFICOU CLARO que a propaganda dasempresas fabricantes de leite em pólevaram algumas mães a pararem deamamentar ao peito. Apesar disso, muitascoisas têm sido feitas para promover oaleitamento materno como a melhoropção, concentrando-se nos resultadosnegativos da amamentação com biberão(mamadeira). Mas em muitas partes domundo, especialmente por causa da AIDS

(SIDA) e de outras epidemias, há muitosórfãos que só podem sobreviver através daamamentação com biberão. Apesar de serindesejável, a amamentação com biberão nãopode ser evitada, mas talvez o número debebês que morrem por causa da diarréia(freqüentemente por causa dos biberõesserem preparados com água contaminada)poderia ser diminuído.

Nós podemos sugerir que os fabricantes deleite em pó sejam desafiados a melhorar ossistemas de abastecimento de água, oferecermelhor saneamento e treinar as mães sobrecomo preparar os biberões de maneirasegura?

Ronald e Theresa WattsHospital de Ngwelezana P/ Bag X20021Empangeni 3880África do Sul

Construa casas de pedrasA FORMAÇÃO de clareiras nas florestaspara a construção de casas é um problemasério que contribui para o desmatamento.Aqui em Merhabete, cada casa requer aproxi-madamente 400 estacas, o que causaria umdesmatamento de um quarto de hectare.

Nós temos tido algum êxito ao incentivar aspessoas a construírem casas com pedras,usando argamassa de barro. Nóscomplementamos este trabalho através deum programa de reflorestamento.

Bekele MillianPO Box 36Alem KetemaNorth ShoaEtiópia

MaracujáCASO OS LEITORES tenham começado acultivar maracujá (Passo a Passo 31), talvezeles se interessem em saber que o maracujácontém muita vitamina C, ferro e niacina.Cada fruta contém cerca de 90 calorias.

Marilyn Gustafson2690 No Oxford St #205St Paul, MN 55113-2027EUA

PODEMOS USAR PIMENTAS FORTES SECAS para impedir que os insectos ataquem sementes e cereais armazenados. Em primeiro lugar, seque as pimentas ao sol. Quando elas estiveremcompletamente secas, triture-as até formar um pó fino. Misture o pó com as sementes. Tomecuidado para que o pó não entre nos seus olhos, nariz ou boca. Ao invés de triturá-las, algunsagricultores misturam pimentas inteiras com as sementes.

Lave os cereais antes de cozinhá-los.

A L’Affut Paysans Do Rural Radio Network No 34

Como proteger sementes e cereais armazenados

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Explicamos nas páginas 3 e 4 sobre aimportância de tratar os mosquiteiros decama e as cortinas para se proteger contraas picadas de mosquitos e a malária. Lembre-se de que todas as cortinas e mosquiteiros sãomuito mais eficazes quando são tratados. Se ascortinas tratadas com inseticida forem coloca-das nas janelas e portas, elas evitarão quealguns mosquitos entrem em casa e matarãoos que pousarem nelas.

FAÇA VOCÊ MESMO

8 PASSO A PASSO NO.33

Fica bem mais barato comprar o material necessário em grandequantidade e fazer os seus próprios mosquiteiros. O Programa deSaúde Preventiva administrado pela EFSL em Sierra Leona treinoucostureiros da região para fabricar mosquiteiros e vendê-los a umpreço subsidiado. (Leia a resenha sobre o catálogo da AHRTAG napágina 14, o qual dá informações sobre como comprar materiais eprodutos químicos em grande quantidade.) Os costureiros conseguiamfabricar 15 mosquiteiros por dia e as pessoas gostavam mais destesmosquiteiros do que os que eram importados. O material de maiorespessura é melhor (100 ou 75), pois os mosquiteiros ficam muitomais fortes e são mais difíceis de rasgarem. Cada mosquiteiro duplocustava US $5 cada, quando o material era comprado em grandequantidade.

Os mosquiteiros quadrados são mais fáceis de serem feitos. Elesoferecem maior proteção e são mais úteis quando várias pessoasestão compartilhando o mesmo mosquiteiro.

Os mosquiteiros redondos usam menos material e são mais fáceis deserem pendurados, mas é mais fácil que se tenha contato com osmosquitos e é mais difícilfabricá-los.

Como manter mosquitosdo lado de fora

compilado por Uzo Okoli, Rod Mill e Isabel Carter

2 Meça, então, a área da cama e corte maismaterial para fazer a parte superior.

Costure esta parte colocando fitas ereforçando os quatro cantos. Abainhe se fornecessário.

Como fabricar mosquiteiros

Po

1Corte dois pedaços do material. Meça, primeiro, a área ao redorda cama e corte este pedaço: (comprimento + largura) x 2, mais

20cm para a bainha. Deixe um bom comprimento para que omosquiteiro possa ser dobrado. Se as pessoas dormem em esteirasno chão, os mosquiteiros terão que ser mais compridos. Costure asjunções dos lados.

150–170cm

MANTER OS MOSQUITOS do ladode fora da sua casa é a maneira maisimportante de proteger a sua famíliacontra a malária e outras doençastransmitidas por mosquitos. Eis aquialgumas medidas práticas que vocêpode tomar.

Fitas paraatar omosquiteiro

triângulos de material extra parareforçar os cantos

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9PASSO A PASSO NO.33

6 Se as vigas da casa estiverem descobertas, os mosquitos poderãoentrar facilmente. Faça armações leves de madeira e cubra-as com

esteiras da região. Esta é uma solução barata mas eficaz de fazer umteto. Verifique se existem fissuras e encha-as com os restos do material.Uma outra opção é pendurar um pedaço da rede tratada para cobrir aabertura entre o telhado e as paredes.

■ Queime cascas secas de laranja, ervacidreira ou hortelã emuma vasilha. Isto podefazer com que osmosquitosadormeçam. Oóleo de hortelã-pimenta e osóleos de

citronela e gerânio também são bastanteeficazes.

■ Espalhe algumas folhas da neem nochão. Existem outras folhas da região quesão conhecidas por espantarem mosquitos?

■ Feche as janelas e venezianas antes do pôr-do-sol, para evitar que muitosmosquitos entrem na sua casa.

■ Remova a vegetação ao redor da sua casapara evitar que os mosquitos sereproduzam.

■ Esvazie quaisquer recipientes (latasvelhas, pneus, etc) que contenham águaestagnada. Até mesmo 1cm de água podeser suficiente para as larvas crescerem.

■ Encha as fossas e os buracos napropriedade, onde os mosquitos podem sereproduzir. Se ainda existirem áreas abertascom água – tonéis, poços, etc – tenteadicionar um pouco de óleo de cozinha. Oóleo flutua na superfície e impede que aslarvas dos mosquitos respirem.

Outras idéias…

2 Se o arame e a rede forem muitocaros, você pode prender o

material nas janelas e portas. Façauma bainha numa ponta do material,passe um cordão pela bainha (useum alfinete) e pendure o materialusando pregos.

3 Alternativamente, se você quiser removera tela rapidamente todos os dias, abainhe

a parte superior e inferior e enfie umamadeirinha fina por dentro de ambos.Pendure a parte superior, usando ganchos oupregos amassados. O peso da madeira vaifazer com que o material fique esticado e cubraa janela. Ele pode ser facilmente penduradonos pregos.

4 Se você já tivercortinas normais,

trate-as com inseticida.

5 Faça cortinas para as portas da mesmamaneira, abainhando a parte superior

para pendurá-las. À noite, use um pedaçode madeira para manter o material no lugar.Abra e prenda a cortina durante o dia paraevitar que ela se danifique.

1 Se for possível, faça uma armação paracada janela e porta e instale uma tela

para impedir a entrada dos mosquitos.

ortas, janelas e espaços no telhado

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SAÚDE

10 PASSO A PASSO NO.33

INTRODUÇÃOA dengue é transmitida por mosquitos e, nos últimosanos, ela se tornou um problema sério de saúde. Adengue aparece especialmente nas áreas urbanas.Estima-se que ocorrem cerca de 50 milhões decasos de dengue todos os anos (OMS). Também háuma complicação conhecida como denguehemorrágica e mais de 40 países ao redor do mundojá tiveram epidemias.

CONTÁGIOA dengue é transmitida pelos mosquitos Aedes damesma maneira que a malária – com exceção deque estes mosquitos picam durante o dia. Eles se reproduzem na água suja, geralmente devido aomau saneamento e esgotos das zonas urbanas.

SINTOMASA dengue causa sintomas parecidos com os de umagripe forte, assim como febre alta, dores de cabeça,dor atrás dos olhos, dor nas articulações e erupçõesda pele. A dengue hemorrágica é uma complicaçãofatal com febre muito alta, às vezes acompanhadapelo inchaço do fígado e convulsões.

TRATAMENTONão existe nenhum tratamento pré-determinado paraa dengue, mas uma boa assistência médica podefreqüêntemente salvar vidas.

CONTROLEEvitar que os mosquitos piquem as pessoas eeliminar os lugares de reprodução dos mosquitossão as únicas medidas eficazes de controle. Cubraos braços e as pernas e, se for possível, use umrepelente contra mosquitos - especialmente se vocêsouber que existe uma epidemia na região.

POTENCIAL FUTUROExistem quatro tipos de virus que podem causar adoença, o que faz com que seja difícil produzir umavacina eficaz, mas está sendo feito progresso nessesentido.

INTRODUÇÃO120 milhões de pessoasao redor do mundoestão infectadas comesta doença.

CONTÁGIOEsta doença étransmitida pormosquitos infectadoscom as larvas de umverme.

SINTOMASEm um terço dos casos conhecidos, as larvas adul-tas se desenvolvem na corrente sangüínea e nosistema linfático. Isto pode produzir bloqueios quecausam:

• elefantíase (inchaço e aumento dos membros,geralmente das pernas) – 15 milhões de pessoas.

• lesão genital (hidrocela: inchaço do escroto) – 27milhões de homens

• infecção linfática (dor e inchaço das glândulaslinfáticas, freqüentemente com náuseas, febre evômitos) – 16 milhões de pessoas.

Nos outros dois terços das pessoas, os danoscausados aos seus sistemas linfáticos e renaispoderão passar despercebidos, mas estas pessoaspassam por muitos problemas de saúde e perdemmuitos dias de trabalho.

TRATAMENTOAnteriormente, o tratamento era limitado eapresentava efeitos colaterais sérios. Hoje em dia,há novos medicamentos para tratar a infecção. Nocaso da elefantíase, o simples fato de lavar a áreacom água e sabão e usar antibióticos é muito eficaz.

CONTROLE E POTENCIAL FUTUROUma pesquisa recente constatou que a doença podeser controlada de uma maneira bem barata e eficazatravés de uma dose anual de medicamentos(Ivermectin com DEC ou albendazol) que impedeque as larvas se desenvolvam na correntesangüínea. Custa apenas US $1 para tratar 20pessoas desta maneira.

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSETOSFilaríase

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSETOSDengue

Estas informações foram compiladas por IsabelCarter e baseadas principalmente nas informaçõesfornecidas em publicações da IAMAT e da OMSe matérias publicadas por Tropical DiseaseResearch e Control of Tropical Diseases.

A perna destamulher mostra os

efeitos desagradáveisda elefantíase. F

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INFORMAÇÕESSOBRE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSETOS

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11PASSO A PASSO NO.33

SAÚDE

INTRODUÇÃOEstima-se que existam entre 300 a 500 milhões decasos de malária por ano. A malária é uma das cincomaiores causas de mortalidade entre crianças commenos de 5 anos de idade. A OMS estima que maisde 1 milhão de crianças e até 1 milhão e meio deadultos morrem por causa da malária anualmente.90% das mortes acontecem na África. As criançascom menos de cinco anos e as mulheres grávidascorrem um maior risco de terem sérios ataquesdesta doença.

CONTÁGIOA malária é transmitida apenas pelos mosquitosAnófeles. Podemos diferenciar estes mosquitos dosoutros pela maneira como mantêm a caudalevantada. Quando os mosquitos picam, eleschupam sangue. Se a pessoa picada pelo mosquitotiver malária, os parasitas encontrados neste sanguese reproduzem e se desenvolvem no mosquito.Quando o mosquito pica uma outra pessoa, estesparasitas são injetados com a saliva do mosquito. Apessoa poderá, então, contrair malária.

Quase todos os mosquitos Anófeles se alimentamentre o pôr-do-sol e o nascer do sol. Após sealimentarem, eles descansam nas paredes ou noteto, enquanto digerem o sangue.

As fêmeas se alimentam com sangue a cada dois outrês dias. O sangue fornece proteínas para quedesenvolvam os seus ovos. Elas depositam os ovosem água raza (poças) ou lagoas. Os ovos setransformam em larvas, as quais demoram cerca deuma semana para se tornarem mosquitos adultos.As larvas do mosquito flutuam horizontalmente naágua, o que difere dos outros tipos de larvas.

SINTOMASOs sintomas aparecem 10–28 dias depois da pessoater sido picada por um mosquito infectado, podendovariar de pessoa para pessoa. Alguns sintomas são

febre, dores de cabeça, anemia, convulsões (emcrianças), náuseas, vômitos e diarréia.

TRATAMENTOHá uma resistência cada vez maior aosmedicamentos mais comumente encontrados. Aquinina e a cloroquina são os medicamentos maiscomumente usados. Se a pessoa atrasar otratamento, os parasitas da malária se multiplicarãorapidamente dentro do corpo. Quando se começa acobrar taxas pelo tratamento médico, as pessoasgeralmente tentam tratamentos tradicionais ou auto-medicação antes de irem a uma clínica. Esta demorapode ser fatal.

CONTROLEEvite que haja água empoçada próximo de sua casa.Se houver áreas barrentas próximas de poços oubombas, cave esta área com uma profundidade de 1metro e encha o buraco com pedras grandes,usando cascalhos e pedras pequenas na superfície.Verifique se existe água acumulada dentro de latasvelhas, vasilhas ou vidros quebrados nos muros.Corte a grama e os arbustos próximos de sua casa.Plante árvores ‘neem’ próximo das casas.

Use mosquiteiros tratados sobre as camas oucortinas nas janelas e portas (veja as páginas 8 e 9).Tome muito cuidado com os bebês, as criançaspequenas e as mulheres grávidas. Dê prioridade a

este grupo de pessoas se não houver mosquiteirossuficientes. Uma pesquisa constatou que o uso demosquiteiros tratados sobre a cama pode reduzir àmetade os casos de malária.

Não tome profilácticos (tratamento preventivo), amenos que sejam recomendados por um médico.Esse tratamento reduz a resistência natural. Aspessoas que passam longos períodos em áreasonde não existe malária, assim como nasmontanhas, ou estudantes que passam algum tempono exterior, perdem a sua resistência natural depoisde aproximadamente um ano. Se eles retornarempara fazer visitas curtas, eles devem receber umtratamento profiláctico. Se, entretanto, o retornodestas pessoas for mais permanente, elas nãodevem tomar medicamentos preventivos, mas simpermitir que a sua resistência natural se desenvolvanovamente (apesar delas provavelmente teremalguns ataques de malária durante essse período).

Os mosquitos são atraídos pelas pessoas adorme-cidas. Os mosquiteiros tratados funcionam comouma isca. O produto químico contido nos mosquitei-ros tratados geralmente é suficiente para matar osmosquitos. Os mosquiteiros rasgados oferecempouca proteção. Os pesquisadores sabem que omelhor lugar para procurar mosquitos bemalimentados é no interior de um mosquiteiro comumnuma casa de aldeia! Os mosquiteiros tratadosajudam a manter os mosquitos distantes dosfurinhos. Os furos e buracos devem ser remendadosassim que forem encontrados.

POTENCIAL FUTUROVárias vacinas estão sendo testadas. Algumas delasparecem ser muito eficazes mas provavelmente vãodemorar vários anos para estas vacinas estaremamplamente disponíveis. Além disso, tem sido muitodifícil encontrar financiamento para as pesquisas.

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSETOSMalária

INTRODUÇÃOA febre amarela éencontrada em muitaspartes da África e daAmérica Latina. Ela éuma doença causadapor um vírus e étransmitida pormosquitos. O víruspode sobreviver nosseres humanos e nosmacacos.

CONTÁGIOA infecção é transmitida através da picada de ummosquito infectado ou de um mosquito quetransporta o sangue infectado de um humano ou deum macaco.

SINTOMASAlguns ataques da doença são menos severos,causando febre, dores articulares, náuseas, vômitose dores de cabeça. O paciente geralmente se recu-pera e passa a ficar imune aos ataques posteriores.Durante as epidemias, os sintomas tendem a sermais severos, com icterícia e hemorragias; atémetade das pessoas infectadas podem morrer.

TRATAMENTONão há nenhum tratamento, com exceção de umaboa assistência médica.

CONTROLEA vacina dada às pessoas que vivem ou vãoingressar em áreas infectadas dura dez anos. Algunsgovernos estão introduzindo esta vacina nosprogramas nacionais de imunização. Caso contrário,as medidas de controle são as mesmas que asusadas contra a malária – procurar proteger aspessoas das picadas dos mosquitos.

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSETOSFebre amarela

Use mosquiteiros de cama para proteger a suafamília dos mosquitos e das doenças que elestransmitem.

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Foto: Richard Hanson, Tearfund

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12 PASSO A PASSO NO.33

SAÚDE

INTRODUÇÃOA leishmaniose é um grupo de doenças parasitáriasrelacionadas que, em conjunto, afetam 12 milhõesde pessoas em 88 países ao redor do mundo.Grandes movimentações de pessoas – assim comoa ocupação de novas regiões nas planícies tropicaisda América do Sul, ou o crescimento da mão-de-obra migratória – faz com que números cada vez

maiores de pessoas desprotegidas das zonasurbanas entrem em contato com a doença nas zonasrurais e aumenta significativamente a propagação dadoença. As pessoas que já contraíram o HIV corremum risco maior de sofrerem manifestações severasda doença.

CONTÁGIOAs doenças são transmitidas por um pequenomosquito-pólvora. Somente as fêmeas picam, a fimde se alimentarem com o sangue para que os seusovos se desenvolvam. A picada dolorosa dessesmosquitos pode transmitir os parasitas.

SINTOMASEsta doença pode apresentar uma série desintomas:

• Muitas feridas podem se formar em partesexpostas do corpo, assim como o rosto, os braçose as pernas. Estas feridas causam cicatrizespermanentes.

• A infecção pode destruir tecidos no nariz, na bocae na garganta, causando deformações severas. Asvítimas às vezes são expulsas das suascomunidades.

• A infecção pode ser interna, causando febre, perda

de peso, inchaço do baço e do fígado e anemia. Se não for tratada, esta forma da doençafreqüentemente causa a morte. Ela é conhecidacomo kala-azur.

TRATAMENTOA infecção pode ser difícil de ser diagnosticada. Adoença pode ser tratada, mas isto deve ser feito nosestágios iniciais. Os medicamentos antimoniais po-dem ser usados, mas o tratamento é caro, havendo,muitas vezes, a necessidade de hospitalização.

CONTROLE• Os maiores depósitos da infecção são os

cachorros e os roedores. Os roedores devem sereliminados e os cachorros devem ser testadospara verificar se estão infectados com os parasitas.Se o resultado for positivo, devem ser tratados oumortos.

• Elimine os possíveis lugares de reprodução dosmosquitos, cortando a vegetação, removendo olixo ou o entulho de perto das casas. Apulverização de inseticida (especialmente se forfeita simultaneamente) é eficaz.

• Use mosquiteiros de cama e cortinas tratadas.

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSETOSLeishmaniose

INTRODUÇÃONa África, cerca de 55 milhões de pessoas estãoexpostas ao risco de contraírem a doença do sono(ou tripanossomíase). Apesar desta doença ter sidoquase erradicada em muitos países nos anos 50, elaestá alcançando as proporções de uma epidemiahoje em dia. A falta de medicamentos para otratamento tem aumentado o contágio e o número defalecimentos. Esta é uma doença das zonas rurais,onde os casos geralmente não são relatados e nãohá tratamento disponível.

CONTÁGIOA doença é transmitida pela mosca africana (tsé-tsé)– uma mosca grande, com asas em forma de cruz,que vive na margem dos rios, nas florestas ou emarbustos pequenos. As moscas contraem a infecçãoao chupar o sangue de um animal ou de uma pessoainfectada. Os parasitas se multiplicam na mosca esão injetados com a saliva em uma outra pessoa.

SINTOMASNo início da doença do sono, a área picada pelamosca fica inchada e endurecida. Febre, dores decabeça, comichão, dores articulares são os sintomasseguintes dos estágios iniciais. Após váriassemanas, o sistema nervoso do corpo é afetado e a

pessoa sente cansaço, tremedeiras, inchaços e ocorpo se deteriora. O comportamento e a disposiçãodo paciente mudam. Durante o dia, até mesmocomer ou conversar requer um grande esforçodevido à exaustão. À noite, o paciente é incapaz dedormir. Se o paciente não for tratado, ele morredentro de 6 à 9 meses. Freqüentemente os amigos efamiliares do paciente convencem-se de que estamorte dolorosa deve resultar de feitiçaria ou deloucura.

TRATAMENTOO tratamento é caro e geralmente requerhospitalização. O medicamento Melarsoprol é o mais

comumente usado. Este é o medicamento maisbarato, apesar de custar US $50 por pessoa. Noentanto, a sua produção futura está ameaçadadevido à preocupação com os danos ao meio-ambiente durante a sua fabricação na Alemanha.Medicamentos alternativos como o Eflornithine e oNifurtimox são ainda mais caros (cerca de $200 portratamento). O tratamento apresenta riscos mas semele, as chances de recuperação são inexistentes.

CONTROLEA remoção do mato pode evitar que as moscassobrevivam durante a estação seca. As pessoas nãodevem se estabelecer nas áreas infestadas pelamosca africana (tsé-tsé). Armadilhas e inseticidascontra a mosca tsé-tsé podem ajudar a controlar onúmero de moscas. Remova cachorros, gado eoutros tipos de animais que constituam possíveisfontes de contágio.

POTENCIAL FUTUROAs moscas tsé-tsé quase foram erradicadas durantecampanhas realizadas há várias décadas atrás. Noentanto, a redução dos gastos governamentaisinterromperam as pulverizações em muitas áreas.Hoje em dia, esta doença terrível está afetandonúmeros alarmantes de pessoas.

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSETOSDoença do sono

Armadilhas e inseticidas podem ajudar acontrolar o número de moscas tsé-tsé.

A eliminação do lixo próximo às casas e apulverização com inseticida pode ajudar acontrolar a propagação da leishmaniose.

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13PASSO A PASSO NO.33

SAÚDE

INTRODUÇÃOEntre 16 e 18 milhões de pessoas estão infectadascom a doença de Chagas nos países latino-americanos. Estima-se que cerca de 45.000 pessoasmorram por ano por causa desta doença. Muitasoutras mortes podem ocorrer, mas elas sãoregistradas sob outras causas.

CONTÁGIOA doença é transmitida atravésde um besouro sanguessugamarrom (castanho), com umformato oval e deaproximadamente 2cm decomprimento. Estes besourosvivem em fissuras de casas malrebocadas, principalmente naszonas rurais. Os insetos saem das fissuras durante anoite para se alimentarem com o sangue daspessoas adormecidas. Eles também são conhecidoscomo ‘besouros do beijo’ pois preferem se alimentarno rosto das suas vítimas, enquanto estão dormindo.Enquanto os besouros estão se alimentando, osparasitas passam para o sangue da vítima. Ainfecção é passada da mãe para o bebê, e pode sertransmitida através de transfusões de sangue.

SINTOMASDepois de uma semana, um inchaço duro e roxoconhecido como ‘chagoma’ aparece, enquanto ocorpo procura se proteger da infecção local. Algunsparasitas escapam e passam para a correntesangüínea, infectando o coração, o cérebro, o fígadoe o baço. Duas semanas depois de serem picados,alguns pacientes, principalmente as crianças,desenvolvem sintomas gerais, como febre, erupçõesda pele, inchaço do fígado, do baço e das glândulaslinfáticas. Os adultos têm maior probabilidade decontrair uma infecção do coração, que leva à morteem 10% dos casos. Estes sintomas podem durar atédois meses, após os quais os pacientes parecemficar saudáveis novamente. No entanto, elescontinuam a transportar os parasitas, agindo comouma fonte de infecção para os outros. Além disso, osparasitas continuam a se multiplicar nos órgãos docorpo – especialmente no coração – o quegeralmente leva à morte dez ou vinte anos maistarde, através de doenças do coração.

TRATAMENTONão existem medicamentos para evitar o contágio.Os medicamentos benznidazole e nifurtimox sãoeficazes para matar os parasitas nos estágios iniciaisda infecção.

CONTROLEOs métodos tradicionais de controle são baseadosna pulverização das casas com inseticidas.Podemos diminuir o número de lugares onde osbesouros vivem se rebocarmos melhor as paredes,de maneira que fiquem sem fissuras. Maisrecentemente, têm-se usado recipientes parafumigação e tintas que contêm inseticidas, as quaissão comprovadamente mais eficazes e duradourasnos seus efeitos do que a pulverização. Muitospaíses da América Latina estão comprometidos emerradicar esta doença até o ano 2000. Também éimportante que os bancos de sangue sejammonitorizados cuidadosamente. Os mosquiteiros decama, cobertos com um pano para evitar que asfezes caiam do telhado e passem através domosquiteiro, protegem as pessoas de uma dasfontes da infecção, assim como dormir no meio doquarto, distante das paredes.

POTENCIAL FUTUROAs vacinas ainda estão em estágios experimentais.Um novo medicamento (D0870), que tem sido eficazdurante as pesquisas, está sendo testado.

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSETOSDoença de Chagas

ESTUDO BÍBLICO

O plano de Deus para odesenvolvimento integralpelo Dr Ted Lankester

PARA DESCOBRIRMOS uma ilustração mara-vilhosa de como o reino de Deus vai se desen-volver após o retorno de Cristo, leia Isaías65:17-25. Lembre-se de que é assim que Deusgostaria que as coisas estivessem no momento,se todos agíssemos de acordo com a suavontade.

Versículo 19 Lemos que haverá um fim para atristeza e o choro.

Versículo 20 Uma velhice saudável deve ser es-perada por todos, sem mortes de criançaspequenas ou de bebês.

Versículo 21 Ninguém será explorado pelosproprietários de terras e todos terão os seuspróprios lares. Haverá segurança alimentar eum fim aos trabalhos forçados para todos.

Versículo 22 O trabalho será agradável e produ-tivo. A pobreza não existirá mais. Todos terãoacesso à justiça social.

Versículo 23 Haverá estabilidade política esocial. O bem estar da próxima geração serágarantido.

Versículo 24 Haverá uma comunicação abertacom Deus.

Versículo 25 Haverá harmonia ecológica e am-biental e um fim à violência e à crueldade.

Reflita sobre esta revelação maravilhosa e orepara que ela se cumpra quando Cristo voltar.Compare-a com a situação atual. Você podefazer alguma coisa para que uma pequenaparte disto seja uma realidade nas vidas daspessoas ao seu redor?

O Dr Lankester é o diretor da InterHealth,Londres, Grã-Bretanha. Ele trabalhou por muitosanos na Índia.

Quininaproveniente das‘árvores da febre’A casca da quina (Cinchona officinalis)contém a quinina. Ela é colhidacomercialmente para fabricarcomprimidos de quinina. Se você nãotiver acesso ao tratamento clínico damalária, esta é a receita para extrair a suaprópria quinina:

• Colha pedaços pequenos de casca eseque-os ao sol. Triture para formarum pó.

• Ferva 10g ou 3 colheres de chá decasca em um litro de água por 10minutos. Filtre e beba aos poucosdurante 24 horas. Isto equivale a350mg de quinina – uma dose paraadultos. Para as crianças, use umaquantidade proporcionalmentemenor de acordo com o seu tamanho.

Nós recomendamos que você procuresempre ajuda e tratamento médico e useisto apenas em emergências.

Esta receita foi retirada do livro Natural Medicine in theTropics – Hirt e M’Pia

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RECURSOS

Malária: uma ameaça contínuaA edição no. 6 da publicação Falando daSaúde da Criança foi sobre a malária e o seucontrole. Este boletim informativo égratuito para os leitores dos países emdesenvolvimento. Para obter maioresinformações, escreva para o Secretário dePublicações da AHRTAG – endereçoabaixo.

Mosquiteiros tratados com inseti-cida para o controle da maláriaOs mosquiteiros tratados com os inseticidasdo tipo piretroide têm sido eficazes naproteção contra a malária. O uso destes temsido cada vez mais incentivado. É essencialobter estoques dos materiais relevantes. AAHRTAG, da Grã-Bretanha, e a PATH, doCanadá, produziram um diretório defornecedores de inseticidas e mosquiteiros.O diretório contém informações sobre otratamento de mosquiteiros e detalhessobre onde obter mosquiteiros, material emquantidade, inseticidas e uma lista decontatos úteis e materiais de referência.Cópias avulsas podem ser obtidasgratuitamente. Eles pedem que asorganizações que solicitarem várias cópias,contribuam com o custo do porte. Estapublicação é altamente recomendada paraqualquer pessoa que deseje usar ou tratarmosquiteiros. Escreva para:

Mary HelenaAHRTAG29–35 Farringdon RoadLondonEC1M 3JBGrã-Bretanha

Fax: +44 171 242 0041Correio eletrônico: [email protected]

Poverty and Health: Reaping aRicher HarvestMarie-Thérèse Feurstein

Este novo livro é dirigido àqueles quetrabalham para diminuir a pobreza e asdoenças. O livro examina os efeitos dapobreza sobre a saúde humana ecompartilha idéias para se fazer melhorias.O livro enfatiza o desenvolvimentoparticipativo e centralizado nas pessoas, eapresenta um panorama útil dos vínculosexistentes entre a pobreza e a saúde. Olivro é bem ilustrado e contém listas deverificação, tabelas e diagramas.

O livro custa £9,65, incluindo o porte:

TALCPO Box 49St AlbansHertsAL1 5TXGrã-Bretanha

Tecnologías Campesinas del CaféEsta é uma série de pequenos manuais emespanhol, produzidos pela CETEP naVenezuela. Estes são alguns dos títulos:Variedades de Café, Selección de Semillas,Propagación y Siembra, Plagas yEnfermedades, Repique y Poda. Os manuaisestão voltados aos pequenos agricultoresque desejam produzir café de boaqualidade. A linguagem usada é simples eas explicações são claras, com ilustraçõespara ajudar.

Estes manuais fazem parte de uma coleçãomaior de manuais sobre tecnologia rural.A CETEP é uma organizaçãoindependente, sem fins lucrativos, quedeseja ajudar grupos e organizações cominformações técnicas para odesenvolvimento de base.

Os manuais custam US $2 cada, incluindoo porte aéreo. A série de sete manuaiscusta US $10, incluindo o porte aéreo.Favor enviar um cheque em nome daCETEP e o seu pedido para:

Javier VazquezCETEPApartado Postal 9BarquisimetoVenezuela

Tel/Fax:+58 51 313372

Towards the Healthy WomenCounselling GuideEste livro apresenta idéias sobre comodesenvolver materiais sobre saúde para asmulheres. Ele é baseado em pesquisasrealizadas em três comunidades no Quênia,em Sierra Leone e na Nigéria. Freqüente-mente, as clínicas médicas podem se voltarquase que totalmente ao planejamentofamiliar e à sobrevivência infantil e, por estarazão, as mulheres podem se esquecer deusar as clínicas quando estão preocupadascom outras questões de saúde. Freqüente-mente, as mulheres não têm informaçõessobre sua saúde em geral. Além disso, émenos provável que elas procurem orienta-ções dos médicos sobre as questões de saúdeque as afetam devido a vergonha, a falta dedinheiro ou porque elas dão prioridade àsnecessidades dos seus filhos. O conhecimen-to tradicional que elas possuem sobre ervasmedicinais é freqüentemente ignorado.

As informações precisam ser fornecidas demaneira apropriada e atender as suas reaisnecessidades. O livro considera as questõesque afetam a saúde da mulher, assim comoas doenças que as preocupam mais. Apesquisa que foi realizada para produzir estemanual revela que muitas mulheres descon-sideram ou ignoram sintomas óbvios dedoenças porque envergonham-se ao seremexaminadas pelos médicos do sexomasculino.

Este manual muitoútil e bem ilustradopode ser obtidogratuitamente. Vejao endereço abaixo.

Mucoore (trusted friend) –Let’s share with others!Este livro é uma continuação do manualacima e aborda várias maneiras decompartilharmos informações sobre gênero equestões de saúde. Em primeiro lugar, eleidentifica as questões de saúde que sãoimportantes para as mulheres. O livro usarepresentações de papéis, scripts paraprogramas de rádio, histórias e idéias sobrecomo iniciar discussões para compartilharinformações sobre estas questões. O livrocontém exemplos que podem ser adaptadose fornece orientações sobre como produziroutros materiais. Este livro poderá incentivarqualquer pessoa que comunica mensagensde saúde a pensar mais criativamente sobre

Soil Fertility ManagementEsta é o folheto mais recente da sérieCultivo em Terra Seca, produzido pelaStudio Driya Media. Assim como os outrosfolhetos da série, as ilustrações clarasocupam mais espaço do que o texto. Elaestá repleta de informações práticas sobrecomo aumentar a fertilidade do solo, comoo controle da erosão, os fertilizantesorgânicos, o aumento da retenção da águae o aperfeiçoamento dos sistemas decultivo.

O folheto custa US $4 (eles fazem descon-tos para pedidos grandes) e está escrito eminglês. Faça o seu pedido para:

World Neighbours4127 NW 122nd StreetOklahoma CityOK 73120-8869EUA Fax: +1 405 752 9393

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RECURSOS

os vários métodos disponíveis para secomunicar de maneira eficiente.

Estes dois livros úteis podem ser adquiri-dos gratuitamente do seguinte endereço:

The Gender, Health and Communication TeamsUNDP/World Bank/WHOAvenue AppiaCH-1211 Geneva 27Suíça

Health Workers for ChangeEste é um manual muito prático para serusado em encontros de meio dia deduração ou em sessões de treinamento paraagentes de saúde. Ele procura ajudar osagentes de saúde a avaliarem o seutrabalho e a maneira com que o realizam. Olivro os ajuda a considerar porque sãofornecidos cuidados médicos de máqualidade. Ele se concentra nas mulheres.Todos os exercícios foram bem testados e olivro contém comentários úteis e estudos decasos. O manual é apresentado de formaatractiva, com muitas ilustrações de África.Os seis encontros mencionados no manualdeverão produzir interesse, entusiasmo einformações úteis. Há algumas idéiasadicionais sobre como ajudar osparticipantes a relaxarem, assim como amelhorar a comunicação.

Este manual muito útil e práctico pode seradquirido gratuitamente. Envie detalhessobre o seu trabalho para:

Special Programme for Research and Trainingin Tropical DiseasesUNDP/World Bank/WHOAvenue AppiaCH-1211 Geneva 27Suíça

Se Prende en ChargeEsta é uma série excelente de histórias emquadradinhos no idioma lingala com umatradução em francês no rodapé. Há novelivros na série, que se chama Tomarresponsabilidade por si próprio. Eles cobremquatro áreas diferentes – higiene, saúde,jardinagem e criação de animais – comassuntos como a malária, a criação depombas, patos e coelhos, água potável e ocultivo de feijão. As histórias em quadra-dinhos são claras e realistas. São fornecidosdetalhes prácticos em lingala e em francês.

Peça mais detalhes ou envie um donativode 6 francos belgas por cada livro (US $3pela série completa) para:

Sister Rosario ZambelloBP 335Limete – KinshasaRepública Democrática do CongoÁfrica Central

Preparação de alimentos com energiasolar na Gâmbiapor Rosalyn Rappaport

MAIS DE 90% DA POPULAÇÃO DA GAMBIA cozinhausando fogões a lenha. Eles gastam recursos ou tempoapanhando lenha. O país é semi-árido. As florestas eas áreas arborizadas abertas estão diminuindo devidoa população, que cresce cada vez mais, cortar asárvores para produzir carvão para ser usado nosfogões.

O Centro de Energia Renovável da Gâmbia e o Programa Agrícola da Missão Metodista estão traba-lhando para promover a preparação de alimentos com energia solar. Sam Davis, o director do PAMM,persuadiu treze mulheres da aldeia de Marakissa e da região a aprenderem a usar os fogões solares ereduzirem a dependência que tinham do carvão e da lenha. Elas também poderão treinar outras pessoas.

Treinadores visitantes demonstraram diversos fogões solares, incluindo o ‘Kookit’ e o ‘Box Cooker’. Oimpacto nas mulheres ao observarem uma vasilha de água ferver foi sensacional. Para as mulheres, aspossibilidades foram muito empolgantes e elas formaram um clube de culinária, que usa energia solar.Aprender por tentativa e erro pode ser frustrante e a técnica se tornou, a princípio, em uma atividadedomingueira agradável e não parte da rotina doméstica destas mulheres.

Um problema encontrado foi que as vasilhas de tamanho normal tendiam a ser muito grandes para cabersobre os fogões solares convencionais. Também não se encontram sacos plásticos ‘encrespados’(secos)localmente, os quais são necessários para usar os ‘box cookers’ (fogões em formato de caixa) – veja aPasso a Passo 21.

As seguintes conclusões foram tiradas após as sessões de treinamento:

■ As mulheres só se convencem sobre os benefícios de preparar alimentos com o uso de energia solarse elas forem incentivadas e apoiadas ao experimentarem os métodos de cozimento. Asdemonstrações feitas por pessoas ‘de fora’ alcançam poucos resultados. A política de trabalhar juntoaos pequenos grupos de mulheres durante um período e usá-las para treinar outras mulheres, é ideal.

■ Os modelos de fogões solares devem ser baratos e fáceis para que os artesões locais possamproduzi-los.

■ As mulheres conseguiram compreender rapidamente as técnicas de cozimento com energia solar,assim como as suas limitações e possibilidades. Elas precisaram de ajuda para encontrar o modelocerto e experimentá-los.

Rosalyn Rappaport é uma escritora que trabalhou como agente extensionista da USAID e comohorticultora na Zâmbia e na Mauritânia.

Controle da Malária em TrêsComunidadesEsta série de slides (47) forneceinformações sobre as diferentes maneirascomo a malária tem sido controlada noSudão, na Índia e na Tailândia. Ele seconcentra na educação sobre saúde, auto-ajuda e participação comunitária. Os slidessão facilmente compreendidos porqualquer pessoa interessada no controle damalária pois eles não requeremconhecimentos médicos.

Os slides podem ser adquiridos através daTALC no endereço mencionado na páginaanterior. A série custa £15 (já montada) ou£12 (desmontada), incluindo o porte aéreo.

Amostras de sementes O SETRO é um pequeno centro privadode sementes de árvores que fornecepequenas amostras de sementes para odesenvolvimento rural. Eles estocamsementes de várias espécies tropicais. Elesfornecem pequenas amostras de sementesgratuitamente ou a um preço de custopara maiores quantidades.

Envie detalhes sobre o clima e avegetação da sua região para:

SETROPO Box 116SiquatepequeHondurasAmérica Central Fax: +504 73 0767

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DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

Publcado pela

100 Church Road, Teddington, TW11 8QE, Grã-Bretanha

Editora: Isabel Carter, 83 Market Place, South Cave,Brough, East Yorkshire, HU15 2AS, Grã-Bretanha

O Programa Mahila Samakhya tem o objecti-vo de promover a educação e a auto confian-ça das mulheres mais pobres. As sahayoginissão selecionadas e treinadas pelo ProgramaMahila Samakhya. Elas passam a seresponsabilizar por dez povoados na regiãoonde vivem e procuram formar grupos.

Estes grupos pequenos de mulheres sãoconhecidos como samoohs. O crescimentodesses grupos tem sido lento e não têm falta-do problemas. Às vezes os homens se opõemmuito aos samoohs. Mas aos poucos a maio-ria dos samoohs começaram a tomar forma.Os grupos começaram a reunir-se regular-mente, mais mulheres passaram a participar,a confiança entre elas cresceu e elas passarama discutir mais questões. Os samoohs aospoucos se tornaram uma segunda casa para

as mulheres. As mulheres escolhem uma ouduas promotoras entre as membras do grupopara se tornarem sakhis. Com o passar dotempo, elas tendem a exercer as funções dassahayoginis cada vez mais. Treinamento einformações são compartilhadas através domovimento. Há oportunidades para elas sebeneficiarem do trabalho de alfabetização.São criadas oportunidades e o potencial dasmulheres é desenvolvido. As mulherescompartilham numa melhor compreensãosobre as questões que as afectam e passam aconhecer melhor os seus direitos.

As mulheres do samooh foram informadas.Elas se organizaram rapidamente, foram atéao terreno e impediram os homens decontinuarem a colheita. Elas deram parte naesquadra (delegacia) da polícia contra oproprietário de terras. Ele havia chegadoantes das mulheres na esquadra (delegacia)e conseguiu acusar falsamente os maridosde muitas membras do samooh. Apesardisso, as membras do samooh tiveramcoragem e muita determinação e ganharamo caso. Depois de alguns dias elas colheramas ervilhas que Roshana havia plantado,sem problemas.

‘O que eu ganhei de volta não foi apenas o meuterreno mas uma segunda vida… Eu nuncamais vou sair desse samooh,’ diz Roshana.

Um movimento emcrescimento Os samoohs são os grupos básicos doPrograma Mahila Samakhya. O grupo nãofunciona apenas como um refúgio onde asmulheres podem compartilhar as suastristezas e experiências. Eles tambémfuncionam como um instrumento paradescobrir a força de vontade que asmulheres possuem e ajudá-las a alcançaremos seus sonhos. Hoje em dia existem maisde 1.000 samoohs no Estado de Bihar, commais de 25.000 membras e mais de 1.500promotoras (sakhis) treinadas. As questõesque elas têm apoiado incluem:

• educação primária nos povoados

• inscrição e manutenção de meninas nosistema escolar

• cuidados de saúde

• água potável

• acção contra vexação (assédio) sexual

• sistemas de crédito e empréstimos

• acção contra suborno e corrupção

• acção para a proteção ambiental

• treinamento práctico, assim como emconstruções, estamparia e manutençãode bombas manuais.

Mahila SamakhyaBihar Education Project Berltron BhawanBailey RoadPatna – 800 023Bihar StateÍndia

Um sistema de apoio para mulheresO PROGRAMA MAHILA SAMAKHYA, de Bihar, na Índia, iniciou-se no final dadécada de 80 com o objectivo de capacitar as mulheres. No Estado de Bihar, emcada dez mulheres, sete delas não sabem ler ou escrever. O sistema de castas émuito forte. Além disso, a proporção de mulheres em comparação com os ho-mens, que antes era de 1.060 para 1.000, agora é de apenas 911 para 1.000 – istodemonstra um aumento alarmante no número de mortes entre as mulheres.

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A história de Roshana‘Nós sempre acreditamos que estávamosdestinadas a passar vergonha, discriminação efome porque além de sermos mulheres, somos aspessoas mais pobres e insignificantes do povoado.As pessoas ‘importantes’ nos controlavam detodas as maneiras. Nós tínhamos medo delas.’

Roshana, que é viúva, sabe muito bem disso.Um proprietário de terras tinha ocupado, àforça, o seu precioso terreno, forçando-a avoltar a viver com os seus pais para garantira sua sobrevivência. A promotora (sakhi),que tinha acabado de voltar do seu curso detreinamento, se encontrou com Roshana eprometeu que a ajudaria se ela viesse àsreuniões do grupo de mulheres (samooh) ecompartilhasse os seus problemas com todasas outras mulheres. Roshana ficou muito

contente ao encontrar um grupo demulheres que estavam dispostas a ouví-la.As mulheres do shamooh a incentivaramtanto que ela plantou ervilhas no terrenodela com o propósito de recuperá-lo.

Quando as ervilhas estavam prontas paraserem colhidas, os homens que trabalhavampara o proprietário de terras vieram parafazer a colheita. Roshana suplicou-lhes paraque não tocassem nas suas plantas. Apesardisso, eles maltrataram e agrediramRoshana.