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PASSO A PASSO No.32 NOVEMBRO 1997 SEGURANÇA ALIMENTAR Foto: Santosh Verma LEIA NESTA EDIÇÃO • Bancos comunitários de cereais • Cartas • Armazenagem de cereais • Armazenagem e conservação de alimentos • Um modelo de celeiro aperfeiçoado • Fermentação • Como lidar com a seca • Como fazer geléia • Estudo bíblico: O suficiente é tão bom como um banquete • Recursos • Promoção da conservação local pelos Drs Neela e Amitava Mukherjee Mulheres do campo e insegurança alimentar Nós acreditamos que um lar, uma comuni- dade ou uma nação oferecem segurança alimentar se: alimentos culturalmente aceitáveis forem cultivados e estiverem disponíveis as pessoas tiverem condições de comprar os alimentos as pessoas tiverem a liberdade de escolha para comprar os alimentos disponíveis os alimentos disponíveis tiverem um bom valor nutritivo. Há três tipos principais de alimentos disponíveis aos pequenos agricultores: alimentos que podem ser colecta- dos sem serem cultivados alimentos produzidos por métodos tradicionais de cultivo – agricultura com poucos recursos alimentos produzidos por métodos modernos e intensivos de agricultura (uso de fertilizantes, pesticidas e mecanização moderna) – agricultura com muitos recursos. Nas duas últimas décadas, a produção de grãos (tais como o trigo, o arroz e o milho) através da agricultura de muitos recursos cresceu surpreendentemente na Índia numa proporção de três ou quatro vezes mais. No entanto, a produção gerada através da agricultura de poucos recursos, tais como as de leguminosas e de grão-de-bico, as principais fontes de proteínas para os pobres, diminuíram. Isto está ocasionando mudanças nos hábitos alimentares. As variedades tradicionais de cereais estão desaparecendo pois o arroz e o trigo estão tomando conta do mer- cado. Até mesmo as varie- dades locais de arroz e de trigo também estão se tornando escassas. Isto significa que a primeira condição acima – que alimentos culturalmente aceitáveis estejam disponíveis – está desaparecendo rapidamente. A agricul- tura de muitos recursos está a levar muitos pequenos agricultores a entrar em dívidas ao procurarem comprar os recursos necessários. Portanto, a segunda condição também está sob ameaça pois a capacidade dos agricultores para comprar alimentos está reduzida. PARA OS 350 MILHÕES DE PESSOAS na Índia que vivem em extrema pobreza, a segurança alimentar é literalmente uma questão de vida e morte. A agricultura sustenta quase 70% da população da Índia, a maioria da qual possui menos de 2 hectares de terra. NOTA AOS LEITORES A Passo a Passo é lida na África, Europa e América do Sul. A língua portuguesa muda de um continente para o outro. Alguns artigos podem estar escritos em um estilo diferente do Português que você fala. Esperamos que isto não venha a mudar a sua apreciação pela Passo a Passo. NB Escrevemos ‘AIDS/SIDA’, porque alguns de nossos leitores conhecem a doença como ‘AIDS’, enquanto outros a chamam de ‘SIDA’.

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PASSO A PASSONo.32 NOVEMBRO 1997 SEGURANÇA ALIMENTAR

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LEIA NESTA EDIÇÃO

• Bancos comunitários decereais

• Cartas

• Armazenagem de cereais

• Armazenagem e conservaçãode alimentos

• Um modelo de celeiroaperfeiçoado

• Fermentação

• Como lidar com a seca

• Como fazer geléia

• Estudo bíblico: O suficiente étão bom como um banquete

• Recursos

• Promoção da conservaçãolocal

pelos Drs Neela e Amitava Mukherjee

Mulheres do campo einsegurança alimentar

Nós acreditamos que um lar, uma comuni-dade ou uma nação oferecem segurançaalimentar se:

• alimentos culturalmente aceitáveis foremcultivados e estiverem disponíveis

• as pessoas tiverem condições de compraros alimentos

• as pessoas tiverem a liberdade de escolhapara comprar os alimentos disponíveis

• os alimentos disponíveis tiverem um bomvalor nutritivo.

Há três tipos principais de alimentosdisponíveis aos pequenos agricultores:

• alimentos que podem ser colecta-dos sem serem cultivados

• alimentos produzidos pormétodos tradicionais decultivo – agricultura compoucos recursos

• alimentos produzidos pormétodos modernos e intensivos deagricultura (uso de fertilizantes,

pesticidas e mecanização moderna) –agricultura com muitos recursos.

Nas duas últimas décadas, a produção degrãos (tais como o trigo, o arroz e o milho)através da agricultura de muitos recursoscresceu surpreendentemente na Índia numaproporção de três ou quatro vezes mais. Noentanto, a produção gerada através daagricultura de poucos recursos, tais como asde leguminosas e de grão-de-bico, asprincipais fontes de proteínas para ospobres, diminuíram.

Isto está ocasionando mudanças nos hábitosalimentares. As variedades tradicionais decereais estão desaparecendo pois o arroz e o

trigo estão tomando conta do mer-cado. Até mesmo as varie-

dades locais de arroz e detrigo também estão se

tornando escassas. Isto significa que aprimeira condição acima – que alimentosculturalmente aceitáveis estejam disponíveis –está desaparecendo rapidamente. A agricul-tura de muitos recursos está a levar muitospequenos agricultores a entrar em dívidas aoprocurarem comprar os recursos necessários.Portanto, a segunda condição também estásob ameaça pois a capacidade dos agricultorespara comprar alimentos está reduzida.

PARA OS 350 MILHÕES DE PESSOAS na Índia que vivem em extremapobreza, a segurança alimentar é literalmente uma questão de vida e morte.A agricultura sustenta quase 70% da população da Índia, a maioria da qualpossui menos de 2 hectares de terra.

NOTA AOS LEITORESA Passo a Passo é lida na África, Europa e América do Sul.A língua portuguesa muda de um continente para o outro.Alguns artigos podem estar escritos em um estilo diferentedo Português que você fala. Esperamos que isto não venhaa mudar a sua apreciação pela Passo a Passo.NB Escrevemos ‘AIDS/SIDA’, porque alguns de nossosleitores conhecem a doença como ‘AIDS’, enquanto outrosa chamam de ‘SIDA’.

Freqüentemente, as mulheres são as maisafectadas com a deterioração da segurançaalimentar. Talvez elas tenham que trabalharpor muitas horas fora de casa para ganhardinheiro extra para comprar alimentos. Elassão responsáveis pela distribuição dosalimentos entre a família e as que maisprovavelmente ficam sem alimentos para sipróprias para que as suas crianças recebam osuficiente.

A colecta de alimentos faz provisões paraconsumo no lar e para venda. Este tipo dealimentos contem freqüentemente vitaminase minerais essenciais. Durante os períodos defome, secas e outros desastres, eles são umafonte importante de alimentos e é por issoque também são chamados ‘alimentos dafome’.

Poucos registros revelam quantos alimentossão realmente apanhados. Os estudos feitospor N S Jodha (1986) em regiões áridas daÍndia constataram que até um terço dosalimentos que as pessoas necessitavamestavam sendo supridos através desta fonte.

Mudanças na segurançaalimentarOutras pesquisas confirmaram que sãoprincipalmente as mulheres que coordenamo abastecimento alimentar no lar e usamalimentos silvestres ou apanhados paracomplementar o abastecimento alimentar. Osrecentes e rápidos aumentos na produção degrãos na Índia não refletem uma melhoria

ALIMENTOS

2 PASSO A PASSO NO.32

PASSO A PASSOISSN 1353-9868

A Passo a Passo é uma publicação trimestral queprocura aproximar pessoas em todo o mundoenvolvidas na área de saúde e desenvolvimento.A Tear Fund, responsável pela publicação daPasso a Passo, espera que esta revista estimulenovas idéias e traga entusiasmo a estas pessoas. Arevista é uma maneira de encorajar os cristãos detodas as nações em seu trabalho conjunto nabusca da melhoria de nossas comunidades.

A Passo a Passo é gratuita para aqueles quepromovem saúde e desenvolvimento. É publicadaem inglês, francês, português e espanhol.Donativos são bem-vindos.

Os leitores são convidados a contribuir com suasopiniões, artigos, cartas e fotografias.

Editora: Isabel Carter83 Market Place, South Cave, Brough,East Yorkshire, HU15 2AS, Inglaterra.Tel/Fax: (0)1430 422065E-mail: [email protected]

Editora – Línguas estrangeiras: Sheila Melot

Comitê Editorial: Jerry Adams, Dra Ann Ashworth, Simon Batchelor, Mike Carter, Jennie Collins, Bill Crooks, Paul Dean, Richard Franceys, Dr Ted Lankester,Sandra Michie, Nigel Poole, Louise Pott, José Smith, Mike Webb, Jean Williams

Ilustração: Rod Mill

Design: Wingfinger Graphics, Leeds

Tradução: L Bustamante, R Cawston, Dr J Cruz, S Dale-Pimentil, S Davies, T Dew, N Edwards, R Head, J Hermon, M Leake, M Machado, O Martin, J Martinez da Cruz, N Mauriange,J Perry

Relação de endereços: Escreva, dando uma breveinformação sobre o trabalho que você faz einformando o idioma preferido para: FootstepsMailing List, Tear Fund, 100 Church Road,Teddington, Middlesex, TW11 8QE, Inglaterra.Tel: (0)181 977 9144.

Mudança de endereço: Ao informar umamudança de endereço, favor fornecer o númerode referência mencionado na etiqueta.

Artigos e ilustrações da Passo a Passo podem seradaptados para uso como material de treinamentoque venha a promover saúde e desenvolvimentorural desde que os materiais sejam distribuídosgratuitamente e que os que usam estes materiaisadaptados saibam que eles são provenientes daPasso a Passo. Deve-ser obter permissão parareproduzir materiais da Passo a Passo.

As opiniões e os pontos de vista expressados nascartas e artigos não refletem necessariamente oponto de vista da Editora ou da Tear Fund.Informações técnicas fornecidas na Passo a Passosão verificadas minuciosamente mas não podemosaceitar responsabilidade no caso de ocorreremproblemas.

Publicado pela Tear Fund, uma companhia limi-tada, registrada na Inglaterra sob o No.994339.Organização sem fins lucrativos sob o No.265464.

semelhante em segurança alimentar para aspessoas mais pobres na Índia. Isto pode serfacilmente demonstrado pelas pesquisasrealizadas no povoado de Krishna RakshitChak, no Distrito de Midnapore, na regiãooeste de Bengala. Os moradores do povoadopertencem à tribo Lodha e são principalmentetrabalhadores sem terras.

Exercícios participativos foram realizadoscom as mulheres em Krishna Rakshit Chakpara descobrir:

• o conhecimento delas sobre os alimentossilvestres disponíveis

• o papel delas na colecta de alimentos

• a disponibilidade de todos os alimentosdurante as estações

• como a disponibilidade de alimentossilvestres mudou durante os anos.

Pediu-se que as mulheres preparassem calen-dários de estações sobre a disponibilidade e avariedade dos alimentos. Elas mostraram adisponibilidade dos alimentos durante o anoe as quantias disponíveis usando pequenaspedras. Elas usaram diferentes tipos de folhas,galhos e ramos para mostrar adisponibilidade e o consumo dos váriosalimentos colhidos. Neste caso, os valoresconsumidos eram simplesmente estimativas.

Os pesquisadores regressaram depois de umpouco mais de dois anos, em 1995, quando sepediu novamente às mulheres que fizessemum calendário para indicar quaisquermudanças que talvez tivessem acontecido.

ResultadosAs mulheres mantêm registros dos diferentesalimentos silvestres disponíveis. Elasgeralmente são responsáveis por apanhar osalimentos e prepará-los.

Ambos os calendários de estações revelaramlongos períodos de fome que ocorreramapesar das estatísticas governamentais oficiaismostrarem colheitas recordes geradas poractividades agrícolas com muitos recursos egrandes estoques de alimentos do governo.Os períodos de fome foram ainda maiores emais severos em 1995. Aparentemente, apesardas estatísticas oficiais mostrarem o contrário,as pessoas mais pobres enfrentaram carênciasalimentares ainda maiores em 1995 do que em1993.

Os moradores do povoado preferiam o arrozcomo alimento de subsistência. O consumo dearroz variou de acordo com a disponibilidadeos preços e a própria capacidade que tinhamem encontrar trabalho e ganhar um sustento.Após a colheita (Argrhayan e Poush – entremeados de Novembro e meados de Janeiro),os preços baixam e o abastecimento éabundante. Este foi o período em que maiorquantidade de arroz foi consumida. O preçodo arroz foi o factor mais importante naescolha da compra do arroz ou de outroalimento de subsistência.

Segurança alimentar significa queas pessoas devem ter a liberdade e a

capacidade de comprar alimentosculturalmente aceitáveis.

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ALIMENTOS

PASSO A PASSO NO.32

COMEÇAMOS A PLANEJAR ESTA EDIÇÃO com o tema’como armazenar a colheita’, mas achamos que seria importanteampliar o assunto, abordando o temo da segurança alimentar, oqual levanta muitas questões adicionais. Uma definição útilsobre o que é a segurança alimentar foi feita por von Braun(1992): ’Acesso por parte de todas as pessoas, a todo momento, aos ali-mentos necessitados por elas para levarem uma vida saudável eprodutiva’. Hoje em dia, sabe-se que mais de 800 milhões de pes-soas no mundo passam fome, cerca de 190 milhões de criançasestão abaixo do peso normal, 230 milhões são raquíticas e 2bilhões de pessoas estão em risco devido às deficiências nutri-cionais – rapidamente se torna claro que uma proporção enormeda população mundial não desfruta de segurança alimentar.

Três quartos das pessoas que enfrentam a insegurança ali-mentar vivem nas zonas rurais. Os Drs Mukherjee enfatizam asituação dos moradores de um povoado tribal na Índia que, semdúvida, são semelhantes àqueles que vivem em regiões rurais deoutras partes do mundo. Da África, recebemos algumasdiretrizes para bancos de cereais e idéias sobre como realizarencontros para discutir a segurança alimentar local. Da América

do Sul, Miges Baumann apresenta a sua preocupação sobre orápido desaparecimento de variedades tradicionais de cultivos.

Freqüentemente, os homens são tradicionalmente responsáveispelos principais celeiros da família, enquanto as mulheres coor-denam o abastecimento alimentar diário. As mulheres preocu-pam-se diariamente com a possibilidade de não conseguiremprover alimentos adequados a partir dos suprimentos disponí-veis. As mulheres são mais propensas a gastarem qualquerrenda obtida para atender as necessidades imediatas da famíliado que os homens. Consideramos a armazenagem de cereais e aconservação de alimentos, dando algumas idéias práticas esimples.

A segurança alimentar é uma questão freqüentemente discutidaa nível governamental ou em inúmeras conferências inter-nacionais. No entanto, acreditamos que é mais provável que sealcance a segurança alimentar quando os alimentos são local-mente produzidos, processados, armazenados e distribuídos.Há muitos outros tópicos que poderíamos ter incluído, masesperamos ter fornecido idéias úteis suficientes para que vocêcomece a pensar neste tema. Gostaríamos de incentivá-lo a se-guir as idéias de Pukuta Mwanza e formar grupos de discussãoou encontros no seu povoado ou comunidade urbana paradiscutir as questões locais de segurança alimentar.

Os moradores do povoado puderam facil-mente encontrar trabalho durante as épocasde colheita e, posteriormente, na debulha,seleção e descasca do arroz. Devido ao preçodo arroz ser baixo durante estas épocas e osmoradores do povoado terem recursosgerados por empregos ocasionais, elescompram a máxima quantidade possível dearroz para alguns meses seguintes.

Quando as actividades agrícolas da estaçãoterminam, os moradores do povoadoganham um sustento vendendo peixe elenha e usam o arroz comprado previa-mente. A vida fica mais difícil mais para ofinal do ano, o preço dos alimentos de sub-sistência aumenta e há muitos meses defome persistente, quando as pessoasdependem demasiadamente da colecta degrãos. Entre 1993 e 1995, o período de fomeaumentou de 5 para 8 meses. A quantidadede alimentos silvestres e apanhadosdisponíveis foi reduzida em 1995.

Quando se perguntou aos moradores dopovoado porque razão as quantidades dealimentos colhidos (os quais incluíramcaracois, abóbora, frutos do cabaceiro,espinafre, folhas, ervas,

bananas verdes e plantas aquáticas silvestres)tinha reduzido em 1995, as explicações delesforam muito interessantes.

Primeiramente eles disseram que em 1993eles tiveram livre acesso aos campos deagricultores relativamente abastados que lhespermitiram colectar alimentos que nãoplaneavam usar. No entanto, estes agricul-tores que foram previamente abastados,agora estavam tendo dificuldade em gerarrecursos suficientes e tinham começado avender estes alimentos nos mercados locais.

Em segundo lugar, eles mencionaram que aárea de terras comuns está reduzindorapidamente. Hoje em dia, as terras comunsestão agora sendo usadas para outrospropósitos tais como o florestamento social.Isto significa que as mulheres e as criançastêm de caminhar distâncias maiores paracolher alimentos silvestres.

ConclusõesApesar dos relatos oficiais sobre ’colheitasrecordes de alimentos’ e o supostocrescimento da economia, beneficiando todasas famílias, a fome aumentou neste povoado.A perda do acesso aos alimentos silvestres ecolhidos, tem aumentado os períodos de

fome e removeu o mecanismo de defesaprovisto pela natureza. O Estado ajudoupreparando lagos para a criação de peixes epara a irrigação. No entanto, isto contribuiua beneficiar apenas os proprietários de terras.A necessidade de ajudar com estratégias desobrevivência para as pessoas sem terras emais pobres na sociedade continuou a seruma área de muita preocupação para estacomunidade e para muitas outras.

A Dra Neela Mukherjee é Professora deEconomia na Academia Nacional deAdministração, Mussoorie, UP 248 179, Índia.O marido dela, o Dr Amitava Mukherjee, é oDiretor Executivo da Action Aid na Índia, 3Rest House Road, PO 5406, Bangalore 560 001,Índia.

EDITORA

Você poderia testar exercícios participativossemelhantes a este na sua região para ajudar acompreender as necessidades das pessoas e a situaçãode falta de segurança alimentar delas?

DA EDITORA

ALIMENTOS

4 PASSO A PASSO NO.32

BURKINA FASO é um país da Áfricaocidental, sem acesso ao mar, com umaúnica estação curta de chuvas.Freqüentemente há uma grande escassezde alimentos nas regiões mais secas donorte. Desde a década de 80, quando

Matiacoali é um povoado grande com 3.200 pessoas, situado na margem de uma estrada de asfalto.Há um mercado que é usado por mais de doze povoados na região. Os preços dos alimentos sobemmuito durante a estação de chuva para além do que as famílias têm condições de pagar. Esta situaçãolevou à formação de uma associação de mulheres no começo da década de 90 para lutar contra o malda insegurança alimentar.

Em 1992/3 a fome nesta região fez com que a ODE viesse a estabelecer e administrar uma operaçãoassistencial de urgência. Durante a fome, a ODE vendeu cereais a preços acessíveis (cerca de umquinto do preço do mercado). Após o período da fome, o dinheiro gerado por esta venda teve de serusado em um projecto para melhorar a segurança alimentar. Aceitou-se a solicitação das mulheres deMatiacoali para que tivessem um banco de cereais.

Construiu-se um celeiro com a participação da associação de mulheres e uma equipe de administraçãofoi selecionada para dar treinamento. Um empréstimo da ODE permitiu-lhes armazenar 25 toneladasde cereais.

FuncionamentoDesde 1994, o grupo de mulheres de Matiacoali armazenou cereais para os períodos críticos do ano.Logo após a época da colheita, de Dezembro a Fevereiro, o grupo visita os mercados da região paradescobrir onde o preço está melhor e estoca o banco. Os cereais são vendidos em Julho e Agosto, apreços acessíveis para todos, entre os membros do grupo e as famílias mais necessitadas do povoado.Já foram feitos dois pagamentos do empréstimo. Desde o treinamento inicial da ODE, o comitê deadministração adquiriu muitos conhecimentos práticos e agora está exercendo um controle maior doseu próprio projecto.

Alguns problemas• Devido a uma colheita muito boa em 1995, houve problemas para vender todos os cereais, pois as

pessoas ainda tinham os seus próprios suprimentos. Isto fez com que o grupo vendesse parte dosseus cereais a um preço de custo aos seus membros, reduzindo a margem de lucro a zero. Istodificultou os pagamentos.

• A influência negativa de certos membros reduziu a motivação geral e as realizações deste grupo.

• Devido ao grande tamanho do povoado, a demanda por cereais é difícil de ser satisfeita mas pelomenos o grupo pode ajudar parte da população.

Algumas soluções• Um novo comitê de administração foi formado, o que deverá aumentar a motivação.

• Os fundos disponíveis para comprar estoques ainda permanecem em um bom nível, mas serãomuito menores quando o grupo terminar de pagar o empréstimo. A ODE concedeu um novo crédito,desta vez com juros mais baixos. Isto poderá ajudá-los a aumentar os seus estoques para que maispessoas beneficiem do banco de cereais.

O banco abre as suas portas apenasquando a escassez alimentar começa.

Bancoscomunitáriosde cereais

houve vários anos de fome, os bancoscomunitários de cereais tornaram-sepopulares em todo o país, provendouma solução com base nos povoadospara a crítica escassez alimentar. Osbancos de cereais fornecem alimentosnas épocas mais difíceis do ano apreços cuidadosamente controlados. AODE apoiou o estabelecimento demais de 100 bancos de cereais.

O nordeste de Burkina Faso fica naextremidade do Deserto do Saara, com umavegetação esparsa. A estação de chuva éentre Junho e Agosto. Durante esta época, afalta de pontes faz com que as estradas setornem intransitáveis. Portanto, a regiãotorna-se isolada por vários meses todos osanos. Provisões alimentares não podem sertrazidos de fora e os comerciantes aprovei-tam-se freqüentemente de estes períodos dealimentos escassos. Às vezes até mesmoinventam a escassez alimentar apenas paraaumentar os preços no mercado. Elescontrolam os mercados, vendendo os cereaispor preços mais altos. Ateli e Matiacoali sãoexemplos de povoados nesta região.

Como incentivar comitêsfemininosGrupos femininos com bancos de cereaisgeralmente são menos desenvolvidos do queos que são administrados pelos homens.Freqüentemente a colecta de cereais envolvelongas jornadas a outras regiões quepossuem cereais excedentes, o que não éfácil para as mulheres. No entanto, oscomitês formados por mulheres têm umasérie de vantagens…

• Os comitês de administração sãogeralmente baseados na comunidadeporque as mulheres viajam menos.

pelo Pastor Samuel Yameogo

Estudo de caso 1: Banco de cereais de Matiacoali

Ateli é um povoado de 1.000 pessoas. Os homens do povoado formaram um grupo em 1982 duranteum período de fome. Um dos objectivos deles era de unirem-se à luta por auto-suficiência alimentar. Oprojecto comunitário de banco de cereais foi iniciado em 1986 para melhorar a segurança alimentar. Ogrupo pediu a ajuda da ODE, que concordou em fornecer o crédito necessário para começar o trabalho.Construiu-se um bom celeiro comunitário de cereais com a participação dos moradores do povoado.

FuncionamentoUm comitê para cuidar da administração do banco de cereais foi selecionado. O povoado de Ateliescolheu bem as pessoas e um comitê dinâmico foi formado. Eles receberam treinamento da ODEsobre a armazenagem de cereais e comercialização. A ODE concedeu crédito para a compra decereais no final do período da colheita, quando os preços estão baixos. O crédito foi dividido em duasprestações, concedidas em dois anos sucessivos, para reduzir o risco no primeiro ano. Ateli comprou5 toneladas de cereais no primeiro ano e 5 toneladas no segundo ano.

Desde 1988, Ateli armazena vários tipos de cereais no seu banco de cereais. Os preços dos cereaissão fixos pelo grupo do povoado para prover um equilíbrio entre os preços baixos dos cereais no finaldo período de colheita e os altos preços dos cereais cobrados pelos comerciantes mais tarde no ano.Como os alimentos estão em grande escassez, os cereais são vendidos aos moradores do povoadoregularmente. Ateli conseguiu pagar o empréstimo em apenas quatro anos.

Impacto do projectoOs moradores do povoado de Ateli receberam bem o banco de cereais e compreenderam a vantagemde protegerem os seus cereais. Durante os três meses de chuva do ano, as famílias sobreviveramfacilmente durante o período de escassez, graças ao banco de cereais que possuíam.

Alguns problemas• Uma das dificuldades tem sido o uso de registros. Neste ambiente rural, a maioria das pessoas

são analfabetas. A administração do banco de cereais requer bons registros escritos.

• Se os cereais forem concedidos a crédito para ajudar as pessoas durante os períodos maisdifíceis, isto causa problemas com a cobrança das dívidas, o que exige muita paciência por partedo comitê.

• Uma vez que o empréstimo é pago, o banco só pode operar com o pequeno lucro obtido duranteos cinco anos que o crédito foi concedido. Isto significa que eles têm dificuldades em comprarcereais suficientes com antecedência para todas as famílias do povoado.

Algumas soluções• As igrejas exerceram um papel importante na alfabetização e no ensino de matemática básica

para permitir que as pessoas façam melhores registros escritos.

• Para aumentar o poder de compra dos bancos de cereais, a ODE ofereceu um novo empréstimo atodos os bancos de cereais bem administrados, os quais incluíam Ateli.

• A ODE vai continuar a fazer um acompanhamento e dar apoio aos comitês, até mesmo depois dosempréstimos serem pagos, até decidirem que a organização está suficientemente no controle doprojecto inteiro.

ALIMENTOS

5PASSO A PASSO NO.32

• As mulheres são mais ’fiéis’ na suaadministração financeira.

• As mulheres têm mais habilidade na ad-ministração dos suprimentos alimen-tares, especialmente nas épocas de crise.

ConclusãoA ODE está muito satisfeita porque senti-mos que o objectivo principal – de melhorara segurança alimentar local – foi atingido. Aexperiência de Ateli e Matiacoali reforça anossa opinião de que organizaçõespequenas como estas podem ser muitoeficazes, uma vez que conscientizam-sesobre os problemas de segurança alimentare unem-se para encontrar soluções. A

concessão de crédito, treinamento einformação técnica é suficiente parapermitir-lhes administrar a sua própriasegurança alimentar. No entanto, aindaexiste a necessidade de desenvolverem eacumularem experiências.

O Pastor Samuel Yameogo é oDiretor da ODE, uma federaçãode igrejas evangélicas em BurkinaFaso que está comprometida com odesenvolvimento econômico,social, cultural e espiritual. ODE,01 BP 108 Ouagadougou 01,Burkina Faso.

Bancos de cereaisbem sucedidosPontos principais

A comunidade deve tomar a decisão de estabelecerum banco de cereais por si própria. As agências defora nunca devem tomar esta decisão no lugar dacomunidade. A comunidade deve possuir e controlaro banco de cereais. Um comitê para administrar obanco de cereais precisa ser democraticamenteeleito. Especialistas de fora da comunidade podemser necessários para aconselhar sobre a compra, apreservação e a comercialização dos cereais, assimcomo para administrar o banco.

Os bancos comunitários de cereais não devem servistos como uma assistência de emergencia nasépocas de fome pois isto cria dependência. Pelocontrario, eles devem ser vistos como passosprácticos tomados pela comunidade para melhorar asegurança alimentar dela própria.

Características

Os bancos comunitários de cereais fornecem um so-lução práctica aos problemas de segurançaalimentar…

■ Eles são simples.

■ Eles são administrados localmente por aquelesque beneficiam deles.

■ Eles não precisam de apoio técnico externo.

■ Eles são iniciados no nível de base.

■ Eles são participativos – os beneficiários partici-pam em todos os níveis de tomada de decisões.

■ Eles não criam dependência e incentivam a comu-nidade a sentir-se dona das suas iniciativas.

■ Eles custam pouco para serem estabelecidos.

■ Eles duram muito tempo.

Os alimentos estarão disponíveis em épocas vitais,quando os agricultores e as suas famílias precisaremmuito deles. Isto significa que os agricultores nãoserão forçados a trabalhar por dinheiro apenasquando precisam passar algum tempo nas suaspropriedades.

Produzido com informações fornecidas por Moise Napon,Diretor da CREDO, uma agência cristã de desen-volvimento. O endereço dele é: 01 BP 3801Ouagadougou 01, Burkina Faso.

Estudo de caso 2: Banco de cereais de Ateli

CARTAS

6 PASSO A PASSO NO.32

PASSO A PASSO

47 WINDSOR ROAD

BRISTOLBS6 5BWGRÃ-BRETANHA

Agricultura urbanaOS AGRICULTORES COMERCIANTES daregião de Borna, no sul do Zaire, não sãomuito fortes economicamente. O nossogrupo usou as lições da INADES e perce-bemos que precisamos de promover-nos deuma forma mais positiva para melhorar-mos a nossa situação. Precisamos melhorara nossa produção de vegetais mas tambémvemos outras áreas importantes:

• Nós não preservamos os nossosprodutos para vendê-los no tempo certo,quando os preços estão altos.

• Nós não temos instalações paraarmazenagem.

• Nós não temos conhecimentos sobretécnicas apropriadas de preservação.

• Alguns membros precisamurgentemente de dinheiro e não podemarmazenar os seus cultivos.

Nós não temos condições de vender osnossos vegetais por um bom preço porque:

• Nós não temos nenhum controle sobreos preços.

• Nós não estamos bem organizados.• Há competição com os vegetais

importados, tais como a cebola.• Nós não temos transporte.

Nós vemos a necessidade de nosorganizarmos em grupos com objectivosclaros, de confiarmos nos outros membrose termos metas comuns. A partir daí,poderemos trabalhar juntos para comprarferramentas, construir instalações paraarmazenagem, melhorar as vendas e otransporte. Nós gostaríamos de entrar emcontato com outros grupos que possamcompartilhar experiências conosco.

Gédéon Mbenza PanzuAMIPBP 23Kalamu, Boma 2Zaire

Produção de biogásPOUCAS PESSOAS aqui na nossacomunidade rural estão conscientes sobreos estragos ambientais que são causados

pelo constante derribar das árvores. Aspoucas pessoas que plantam árvores,plantam eucaliptos, que não são bons para afertilidade do solo. Este desmatamento estácausando a extinção de plantas medicinais ea falta de lenha para cozinhar.

O nosso pequeno grupo está construindoviveiros de árvores e incentivando a suaplantação. Alguém pode nos ajudar com in-formações sobre a produção de escala baixade biogás para ajudar a reduzir o número deárvores que estão sendo cortadas?

Ngah EdwardCitex FarmersG H S KumboPO Box NSO – NWPRepública dos Camarões

EDITORA

Freqüentemente as pessoas estão conscientes sobre osestragos ambientais causados pela remoção dasárvores. No entanto, elas podem ser forçadas a fazeristo por precisarem vender madeira ou carvão paraconseguirem dinheiro.

Idéias para treinamento na saúdeEU GOSTARIA DE COMPARTILHARsobre algumas actividades de treinamentoque desenvolvi com a ajuda dos moradoresde um povoado, para incentivar discussõessobre saúde e nutrição.

SACOS DE FELICIDADE

Escolha apenas um ’saco de felicidade’ (vejaacima). Dê então uma justificação para a suaescolha. Isto ajuda a mostrar a importânciada saúde para as pessoas.

PASSADO, PRESENTE, FUTURO?Faça três diagramas e incentive aspessoas a discutirem sobre as coisasimportantes que as mantêm saudáveis:

Passado Por exemplo: curandeirostradicionais, remédios de plantasmedicinais, alimentos tradicionais, tabus,festivais religiosos tradicionais, etc.

Presente Por exemplo: vários dos items aci-ma, agentes de saúde, clínicas, remédios.

Futuro? Incentive discussões sobre coisasque estão mudando – alimentos novos emais processados (arroz, macarrão,farinha), o custo dos remédios e detratamento médico, a transmissão dehabilidades tradicionais com remédios deplantas medicinais, a extinção de tabus efestivais religiosos tradicionais. O’progresso’ vai melhorar a saúde das

pessoas ou estamos perdendo demasiadoscostumes benéficos, hábitos alimentares eremédios de plantas medicinais?

A ÁRVORE DA SAÚDEAs pessoas compreendem que as raízes ali-mentam a árvore e ajuda-a a crescer eproduzir frutos. Este é um exercício simplespara mostrar a importância de uma boasaúde.

• Discuta sobre que raízes são necessáriaspara a Árvore da Saúde cresceradequadamente e anote-as no desenho.Por exemplo: nutrição, água potável,descanso e recreação, protecção dasmães e das crianças, prevenção de doen-ças e educação sanitária. As raízesalimentam a árvore e ajudam a mantê-laem boa saúde.

• Os galhos da árvore são as váriasactividades que podem ser realizadasquando você tem uma boa saúde. Porexemplo: trabalhar, caminhar, prepararalimentos, practicar desporto, colher aágua, dançar e triturar cereais.

• Os frutos da árvore serão todos osbenefícios que isto traz. Isto pode incluirfelicidade, prosperidade, mais recursos,uma vida longa, crianças saudáveis, paz.

Espero que os leitores achem que estasidéias são úteis.

Madame Aïssata GuindoCentro de Treinamento de Líderes RuraisDougouoloBlaMali

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ÚDE

trabalho agríco

la

imunização descanso

clínica

água potável

PROSPERIDADE SAÚDE PODER

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CARTAS

PASSO A PASSO NO.32

Planeamento familiar – umaquestão para o governo ou paraDeus?EU VISITEI RECENTEMENTE a minhacasa de campo no oeste do Quênia, ondeconversei com várias pessoas sobrequestões ligadas ao planeamento familiar.Aqui, muitas famílias têm dez filhos oumais. Para muitos cristãos, esta parece seruma questão controversa. Alguns culpam oEstado por não atender as necessidades doseu povo devido ao mau uso dos recursos.Alguns reclamam que quantias enormes dedinheiro são gastas em educação sexual epreservativos, os quais podem incentivar osexo entre as pessoas jovens.

Em Gênesis 1:28, lemos sobre como Deusdisse ao Homem para que fosse fértil eaumentasse em número, enchesse edominasse a terra. Para Deus, as criançassão uma benção. Ele as conhece antes denascerem (Jeremias 1:15). Mas através dasabedoria e do conhecimento que Ele nosdeu, sabemos que hoje em dia a terra estátoda ocupada! Se rejeitarmos este facto,também ignoraremos o futuro das nossascrianças (Oséias 4:6). A pergunta é aseguinte: As crianças de rua, a falta deterras, a fome, o uso de drogas e os crimesviolentos estão aumentando devido apopulação excessiva? Nós estamostolamente esperando que Deus apague oversículo de Gênesis enquanto estamossendo destruídos pela nossa falta deconhecimentos e compreensão?

Hezron SandePO Box 60954NairobiQuênia

CogumelosHÁ VÁRIOS ANOS ATRÁS eu meinteressei em cultivar cogumelos. Eu obtiveum manual mas o meu interesse logodiminuiu quando descobri que teria queaprender sobre a acidez do solo, atemperatura, a esterilidade do ambiente decrescimento e dos pequenos cogumelos.

No entanto, o meu interesse foi renovadorecentemente. Um amigo daqui descobriuque a palha do arroz é muito boa paracondicionar o solo e por isto ele misturacerca de 10 cm de palha de arroz na suahorta. No ano passado ele obteve umarecompensa inesperada – uma colheitamaravilhosa de cogumelos, mais do que elee os amigos podiam comer durante um oudois meses.

O povo Idoma, que vive na região, conheceos cogumelos, que são chamados de IfuAp’Ochi Kapa – o que significa cogumelo depalha de arroz – porque eles perceberam há

muito tempo que os cogumelos aparecemonde o arroz é debulhado nos campos e ascascas e palhas são deixadas.

Assim, se você cultiva arroz ou vive próxi-mo a um moinho de arroz, talvez vocêtambém possa incentivar o cultivo de cogu-melos sem preocupar-se com procedimentoscomplicados. Faça primeiro uma cerca paramanter os animais do lado de fora.

Padre Vincent O’BrienOgobiaPO Box 13OtukpoBenue StateNigeria

EDITORA

Você provavelmente descobrirá que ao deixar algunscogumelos maduros no solo, eles ajudarão os outroscogumelos a crescerem pois liberam sementes paradentro do solo.

Velas de cera de abelhaEU SOU UM PASTOR que trabalha naregião dos povos Fula. Aqui se produzmuito mel e cera. Nós tentamos fazer velascom cera de abelha mas elas não ficaramboas. Alguém poderia ajudar com idéiassobre como fazer velas e outros produtoscom a cera de abelha?

Pastor Augusto GomesGuiné-Bissau

EDITORA

Favor enviar as suas respostas para a Editora para quepossamos compartilhá-las com outros leitores.

Moldes para tanques de telas dearame e concretoSAUDAÇÕES do Reino da Suazilândia. Eugostaria de fazer alguns comentários sobre otanque de telas de arame e concretoapresentados na Passo a Passo 30. Eu estouenvolvido em um programa de construçãode tanques desde 1994 com igrejas locais ecentenas deles foram construídos naSuazilândia e na África do Sul. Temos umvídeo para ensino disponível em Zulu.

O uso de um molde nos tem ajudadobastante. Usamos chapas de ferro onduladasdobradas e fazemos o molde em quatropartes, que são parafusadas. As quatro par-tes do molde são reforçadas no lado de den-tro com um suporte triangular de madeira.

Usamos uma fundação pré-fabricadadentro da qual colocamos o tubo dedescarga. Uma camada fina de óleo demotor usado deve ser aplicada antes deusar pois caso contrário, o cimento grudaao molde. A única desvantagem do moldeé transportá-lo de uma casa para a outra.Nós usamos uma camioneta masplaneamos usar uma carroça puxada porburros no futuro. Cada molde permite fazerpelo menos 40 tanques.

Através da experiência, aprendemos quequase todos os tipos de tanques de concretovazam. Nós usamos duas camadas de tintacom base de betume (não-tóxica) do ladode dentro de todos os tanques paraprevenir vazamentos.

Qualquer resposta será bem vinda.

Willem KlaassenRural Ministries Umnotfo Farmers AssociationPO Box 387VeniSuazilândia

Cidades africanasINFELIZMENTE, há muitas crianças de ruana África. No meu país, o Mali, elasfreqüentemente engraxam sapatos, vendemcoisas aos transeuntes e motoristas ouservem como guias para os seus pais, quan-do estes são cegos. A sociedade culpa-os econsidera-os os menores entre os menores.A cidade deveria reservar-lhes um lugarespecial, oferecer-lhes lugares de recreaçãoe um sistema educacional de apoio, ondeelas seriam valorizadas e ajudadas adesenvolver o seu papel na sociedade. Emresumo, elas deveriam ter lugares ondepudessem realizar os seus sonhos, assimcomo as outras crianças da idade delas.

A nossa revista, Villes d’Afrique (CidadesAfricanas), começou ao percebermos quepouco se pensa sobre as cidades de África.Apesar de todas as ineficiências e a falta deenergia, acreditamos na dinâmica que estápresente em todos os lugares de África. Nósdesejamos contribuir para as discussõescolectivas sobre as cidades. Esperamosformar uma rede de pessoas que vivem emcidades africanas com diferentes habili-dades. Por isto, pegue a sua caneta eescreva se você desejar ser parte desta rede!

M LY HassimiyouEditor – Villes D’Afrique5 Avenue Rose Dalaunay92330 SceauxFrança

EDITORA

A revista Villes d’Afrique só está disponível emfrancês.

30% DAS FRUTAS EVEGETAIS são

desperdiçados por nãohaverem métodos

adequados deprocessamento e

conservação disponíveis.Aqui estão algumas idéias

de diferentes fontes.

AGRICULTURA

8 PASSO A PASSO NO.32

Armazenagem decereais

Secadores solaresAs altas temperaturas matam os gorgulhos – eos seus ovos, larvas e pupa. A CRSPdesenvolveu um aquecedor solar simplesatravés do qual a temperatura do grão chega aser tão alta que as pragas são destruídas.

Coloque um pedaço de plástico preto emcima de uma cama isolante de grama seca.Coloca-se uma camada única das ervilhas-de-vaca, do feijão ou cereais sobre oplástico preto. Um plástico transparente écolocado sobre os cereais. As bordas doplástico transparente e do plástico preto sãodobradas juntas para baixo, usando-sepequenas pedras para mantê-las no lugar.

Seque feijão e os cereais assim que forpossível, após o debulhe. Use o aquecedorquando o tempo estiver claro e ensolarado.Seque as sementes durante pelo menos duashoras ao redor do meio dia. Armazene, então,os cereais (usando um dos métodosaperfeiçoados mostrados ao lado). Oaquecedor solar estará pronto para secarmais cereais no dia seguinte.

Como virar os sacosAlgumas pragas que atacam os cultivos de feijão,tais como a larva do gorgulho, precisam encaixar-seem posições onde possam fazer buracos com aboca nos grãos armazenados. A medidaextremamente simples de virar os sacos de cabeçapara baixo todas as manhãs e noites durante váriassemanas pode reduzir significativamente osestragos das pragas. Quando o saco é virado, alarva perde a sua posição e tem de começarnovamente. Após vários dias sem sucesso, amaioria dos gorgulhos morrem de fome ou sãoesmagados.

Da ECHO, EUA

As sementes estãosuficientementesecas?Os cereais a serem armazenados devem estarcompletamente secos. Os agricultores podemverificar isto ao morder os grãos. Um somestalado entre os dentes é um sinal de que asemente está suficientemente seca para serarmazenada. Assegure-se de que sejam usadosrecipientes herméticos para a armazenagem.

Uma maneira de assegurar que os grãos semantenham secos é simplesmente pendurarespigas de milho no teto, sobre o fogo usadopara cozinhar.

pedras paramanter o plásticono lugarplástico transparente

dobrado por baixo doplástico preto

camadaúnica decereais

plásticopreto

grama seca

Do CRSP – Instituto Agronômico dePesquisas da República dosCamarões, Centro de Pesquisas deMaroua, República dos Camarões

9PASSO A PASSO NO.32

Como usar óleos vegetaisPesquisas realizadas na Colômbiapela CIAT confirmaram uma tradiçãoindígena estabelecida há muitotempo. Cobrir os grãos secos defeijão com óleo vegetal é muito eficazno controle de besouros. O óleoparece interferir na respiração dos insetos. Todos os tipos de óleos vegetaissão eficazes, mas os óleos de cozinha não refinados tais como o azeite dedendê (azeite de coco), não são apenas mais baratos mas também levam

mais tempo para se tornarem rançosos. Use apenasóleos comestíveis. Os grãos de feijão que são

tratados desta maneira ainda podem germinarbem se forem usados como sementes.

No Mali, os cereais e os legumes são tratadoscom óleo ou manteiga derretida. Um segundo

tratamento após 12 dias elimina quaisquer ovosque tenham sobrevivido ao primeiro trata-

mento. A manteiga de Galam é muito popular.

Armazenagem deervilha-de-vaca comcinzasEm regiões do norte da República dos Camarões,a ervilha-de-vaca é tradicionalmente armaze-nada com cinzas. Hoje, os pesquisadores doInstituto de Pesquisas Agronômicas (IPA),confirmam que os gorgulhos da ervilha-de-vacanão se podem reproduzir se forem mistura-das cinzas com a ervilha-de-vaca em quanti-dades iguais. Eles recomendam o uso deuma jarra de água grande feita de barro. Todos os tipos de cinzas demadeira são eficazes. Ela deve ser peneirada para que os pedaçosgrandes de carvão sejam removidos. Coloque uma xícara (chávena) decinzas de madeira e uma xícara (chávena) de ervilhas-de-vaca numatigela, misturando bem antes de continuar a adicionar quantidades iguaisde cinza e de ervilha-de-vaca.

Assim que a tigela estiver cheia, despeje o conteúdo najarra de barro e pressione bem firmemente para remover

o ar. Quando a jarra estiver cheia, coloque umacamada de 3cm de cinzas para cobrir a partesuperior. Esta camada deve ser substituída todasas vezes que as ervilhas-de-vaca forem retiradas.Assegure-se de que as ervilhas-de-vaca sejamlavadas antes de usá-las!

Da CRSP – Instituto de Pesquisas Agronômicasda República dos Camarões, Centro dePesquisas de Maroua, República dos Camarões.

Plantas protetorasMuitas plantas locais podem ser usadas para proteger as colheitas das pragas de insetos.Pergunte às pessoas idosas que plantas têm sido tradicionalmente usadas. Muitasplantas podem ajudar a proteger cereais armazenados de ataques de insetos.

Por exemplo, as folhas da neem (Azadirachta indica) e as folhas davideira de cássia (Cassia nigricans) podem ser secascompletamente e usadas inteiras ou trituradas e misturadas comsementes de cereais e feijão. O pó da folha da neem pode sermisturado com água e barro para formar um emplastro pegajoso.Espalhe o emplastro nas paredes internas dos caldeirões, cestos eceleiros usados para armazenar cereais.

Uma outra espécie útil é omelancia silvestre ou a maçãazeda, Citrullus colocynthis, aqual está proximamenterelacionada à melancia. Esta éencontrada em muitos países daÁfrica, do Oriente Médio e da Ásia.

A coloquíntida, o forte elemento químico, éencontrada na polpa destas frutas, quando totalmente crescidas, masainda não maduras. A polpa seca pode ser misturada com água e barroe usada como emplastro. A polpa seca e triturada da fruta tambémpode ser misturada com os cereais armazenados. No Egito, estas frutassão amassadas, secas e misturadas com cinzas, limão e pimentamalagueta seca e armazenadas com trigo e arroz. No Egito, elestambém secam e fazem pequenos buracos nas cabaças, que sãocolocadas com as roupas para protegê-las dos estragos dos insetos.

Alguns nomes locais são: handal (Egito), tumba ou gartoomba (Índia),gareb, unun (Somália), ekir (Quênia) e tagalate (Niger).

O gengibre fresco pode ser seco e triturado para ser misturado com ofeijão e os cereais. A castanha de cajú também tem um valor protetor.Faça três orifícios em cada castanha para liberar o líquido e misture-obem com os cereais.

Com agradecimentos à SEPASAL pela maioria das informações acima.SEPASAL, Royal Botanic Gardens, Kew, Richmond, Surrey, TW9 3AE, Grã-Bretanha.

neem

melancia silvestre

ALIMENTOS

10 PASSO A PASSO NO.32

HÁ VÁRIOS EMPECILHOS quepodem impedir a armazenagem e aconservação dos alimentos.

Venda de alimentos Os agricultores podemvender uma grande parte ou todos os ali-mentos que produzem imediatamenteporque:

• Eles podem precisar de dinheirourgentemente – por exemplo, para pagartaxas escolares, impostos, empréstimos,um casamento.

• Eles não têm boas áreas de armazenageme sabem que perderão muitos alimentos seos armazenarem.

Após a colheita, no entanto, os preços dosalimentos geralmente são baixos porquemuitos agricultores vendem ao mesmotempo. Mais tarde durante o ano, os preçosgeralmente sobem.

Pragas ou bolor Muitos alimentos podem serperdidos ou estragados durante aarmazenagem devido ao bolor, insetos,ratos e camundongos porque:

• Os métodos de armazenagem são ruins.

• Os alimentos não são bem secos antes deserem armazenados.

Falta de equipamentos ou de conhecimentosMuitos alimentos podem ser perdidos, por-que as famílias não têm o equipamentocerto para conservar alimentos, ou porqueelas não sabem quais os melhores métodospara conservá-los – especialmente os culti-vos mais novos, para os quais não há umatradição de conservação em suas culturas.

Como fazer melhoriasHá várias maneiras de ajudar as pessoas.Por exemplo:

• Mostrar às famílias como lidar com osalimentos colhidos e melhorar as áreas eos métodos de armazenagem dealimentos. É especialmente importanteassegurar-se de que as pessoas sequemos cereais, raízes e legumesadequadamente e que elas usemprodutos químicos de maneira segura.

Melhorias simples para celeiros tradicionaispodem reduzir a perda de cereais causada porpragas e doenças sem requerer despesasfinanceiras. Foi realizado um encontro em Mundri,no Sudão, para considerar a armazenagem decereais. Primeiramente foram dadas orientaçõesrelevantes sobre os principais inimigos dos cereaisarmazenados – bolor, insetos, ratos e

camundungos e os quatro fatores ambientaisprincipais que afetam a multiplicação deles –calor, humidade, ar e sujeira. Idéias e desenhosnovos foram, então, introduzidos e discutidos. Noentanto, os participantes acabaram tomando suaspróprias decisões a respeito de seu própriodesenho aperfeiçoado.

Características1 O novo desenho tem menos suportes – apenas

6 ou 4.

2 A plataforma foi elevada a uma altura de maisde 1m do chão para evitar que os ratos ecamundongos pulem para cima.

3 Os apoios para o cesto saem da plataformaelevada e não do chão.

4 Protetores contra ratos (feitos de latas velhas)são colocados nos suportes na altura do joelhoou mais acima.

5 O interior do cesto é coberto com uma camadalisa de barro de formigueiro e limo de umavideira (Cissus integrifolia). Tradicionalmente,era usado o esterco de búfalo, mas agora émuito difícil de ser conseguido.

6 O telhado é fixado ao cesto com varas quealcançam a plataforma ao invés do chão.

A combinação de habilidades e materiaistradicionais e a oportunidade de discutir idéiasnovas resultou em um desenho comprovadamenteprático e eficiente para reduzir a quantidade decereais destruídos por roedores e insetos.

Roger SharlandUsado inicialmente pelo Boletim ILEIA, Vol. 9, No. 3

Armazenagem econservação de alimentos

Compre frutas e vegetais quando os preços sãobaixos e então seque-os.

Um modelo de celeiro aperfeiçoado

Celeirotradicional

O novodesenho

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ALIMENTOS

Outros alimentos que geralmente sãofermentados são, por exemplo, o leite (parafazer coalhadas e iogurtes), os cereais e amandioca.

Na África, ogi, uji, ting, koko, kenkey, obuserae nasha são mingaus comuns fermentados.A massa fermentada pode produzir pão,assim como injera e kocho na Etiópia. NaAmérica Latina, o milho e a mandioca sãofermentados. Alguns exemplos são o pozol,a chicha e a farinha. No sub-continenteindiano, os cereais e as leguminosas sãogeralmente fermentados juntos para fazeridli, dosa e dhokla. No sudeste e no lesteasiático, a maioria dos alimentosfermentados têm uma base deleguminosas e peixe. Muitos destes são

usados como condimentos, assim comomiso, natto e molho de peixe. Estesprodutos podem ser apreciados em paísesdistantes do seu país de origem.

Há dois tipos de fermentação: fermentaçãoazeda, que produz ácidos, e fermentaçãoalcoólica. Em ambos os casos, sãointroduzidos no alimento micro-organismos especiais inofencivos, ondepermanecem e se multiplicam. Os micro-organismos causam mudanças químicasbenéficas nos alimentos.

Os benefícios dafermentação■ O ácido que é produzido na fermenta-ção azeda ajuda a conservar os alimentos.Nos mingaus fermentados, os ácidosprincipais são os lácticos e acéticos.

■ Na Tanzania, as crianças que comemmingau fermentado têm menos diarréiasdo que as crianças que comem mingau nãofermentado. O mingau é contaminadofreqüentemente com bactérias que causama diarréia devido à água impura ou à faltade higiene. A fermentação ajuda a reduzira contaminação porque estas bactériasnocivas não podem multiplicar-se tãofacilmente em alimentos fermentados.

■ A fermentação melhora a absorção denutrientes importantes, especialmenteferro e zinco.

■ A fermentação melhora o conteúdoprotéico e adiciona vitaminas e minerais.

■ Muitas pessoas preferem o sabor dosalimentos fermentados. Algunsdizem que o sabor azedo ajuda arecuperar o apetite quando aspessoas estão doentes.

■ A fermentação reduz a toxina(cianeto) que está naturalmente

presente na mandioca, especialmente nasvariedades amargas. A maneira tradicionalde fazer gari e farinha ralando-se amandioca e deixando-a de molho em águapara fermentar é uma maneira inteligentede permitir que o ácido libere a toxina. Obenefício desta prática foi apreciado pelosnossos ancestrais, apesar de que esta‘ciência’ só foi conhecida recentemente.

A fermentação é um bom exemplo desabedoria tradicional! Infelizmente, o seuuso está em perigo de decadência, dandolugar aos produtos do mundo ocidental.No Quênia, o declínio em algumas áreastem sido atribuído aos missionários quedesestimulam a preparação de mingauazedo na crença errônea de que contémálcool. Os agentes sanitários tambémtendem a enfatizar a necessidade de prepa-rar alimentos frescos e por isto desestimu-lam o uso de alimentos fermentados.Incentive as pessoas a valorizarem os seusalimentos fermentados tradicionais.

A Dra Ashworth trabalha no Centro deNutrição Humana, London School of Hygieneand Tropical Medicine, 2 Taunton Street,London, WC1H 2BT, Grã-Bretanha.

Preparação deinjera na Etiópia.

OS BENEFÍCIOS da fermentaçãotêm sido reconhecidos desde ostempos antigos. Há registros quecomprovam o uso de alimentosfermentados pelos sumérios,egípcios antigos, assírios ebabilônios. Foram encontradasdescrições chinesas do ano 1000 a.C.sobre miso feito com molho de soja.

Fermentaçãopela Dra Ann Ashworth

• Desenvolvendo, melhorando ouincentivando métodos simples deconservação de alimentos – taiscomo secar vegetais ou coalharleite ou mingau de aveia.

• Demonstrando melhores métodospara a conservação de peixes e desenvol-vendo melhores transportes e instalaçõespara a armazenagem de peixes.

grade paraa secagemde peixes

Informações adaptadas da publicação Nutrition for Developing Countries, de autoria de FelicitySavage King e Ann Burgess (veja a página 15).

Secagem de vegetaisQuando frutas e vegetais estão na estação, os preços são muitobaixos. Nas zonas rurais, faz sentido secar a produção excedente earmazená-la para mais tarde. Nas zonas urbanas, compre quanti-dades extras quando os preços estão baixos e preserve-as paramais tarde. Para secar frutas e vegetais, corte-os em pedaços pequenos e seque-os bem, prefe-rencialmente em um secador solar (veja a Passoa Passo 21). Mantenha-os em recipientesherméticos ou em sacos plásticos.Verifique regularmente se há bolor.

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ALIMENTOS

Recentemente, a AEZ (Associação Evangélicada Zâmbia) organizou encontros em algunspovoados sobre o assunto de ‘Mitigação daSeca’. Em Gwembe, 100 pessoas de 55povoados diferentes foram convidados aum encontro de quatro dias. O retorno foiimpressionante e as pessoas vieram delongas distâncias. Um jovem, por exemplo,chegou exausto depois de caminhar maisde 20km.

A participação e o entusiasmo dos mora-dores dos povoados foram encorajadores.Estudos bíblicos, jogos, ensinamento edemonstrações sobre a extração de óleoforam incluídos no programa. A maioria dotempo foi usado a fazer trabalhos emgrupos mistos e as mulheres sentiram-selivres para participar integralmente. Osassuntos levantados foram então compar-tilhados com todos os participantes emsessões abertas. Questões ligadas à segu-rança alimentar, à escassez de alimentos e àmitigação de desastres foram discutidas eos seguintes pontos foram levantados:

OBSERVAÇÕES GERAIS• Há pouco terreno arável disponível para

cultivar porque a maioria do terreno émontanhoso e pedregoso.

• As pessoas de fora da região de fora sãoconsideradas ’estrangeiras’ e recebemterrenos muito pequenos.

• Os pais precisam dividir as suas terraspara dá-las aos seus filhos quando elesse casam e isto reduz o tamanho dasterras cultivadas das famílias.

CRENÇAS TRADICIONAIS DE ADVERTÊNCIASOBRE SECAS • Grande deslocamento de pássaros• Farta colheita de frutas silvestres antes

das chuvas começarem• Muito mel na floresta• A crença de que muitos meninos

nascem antes das chuvas. (As pessoasficaram muito divididas quanto a estacrença.)

MÉTODOS TRADICIONAIS DE PRESERVAÇÃO• Uso de esterco de vaca como repelente

contra insetos e gorgulhos• Armazenagem de milho em áreas de

armazenagem de grãos construídassobre o fogo para que o calor e a fumaçaespantem os ratos, os gorgulhos einsectos.

MANEIRAS DE LIDAR COM A SECA• Os participantes prepararam uma lista

de 50 tubérculos e frutas silvestresdiferentes, disponíveis em épocasdistintas durante o ano. Nós ficamosimpressionados sobre como Deusajudou a prover estas várias frutas etubérculos nos quais as pessoas podemconfiar em épocas de seca. As pessoassentiram fortemente que precisavamaprender mais sobre como preservar earmazenar estes diferentes alimentospara expandir a sua utilidade.

• As pessoas levantam recursos fazendocestos, pescando, caçando, cultivandona beira do Rio Zambesi e vendendoprodutos domésticos.

• Muitas famílias não usam a traçãoanimal na agricultura, o que limita aquantidade de terras que uma únicafamília pode cultivar com enxadas.

SINAIS ANTECIPADOS DE ADVERTÊNCIA• Aumentos rápidos nos preços de

alimentos no mercado• A venda de animais aumenta de

repente• As famílias deixam de ser auto-

suficientes e começam a compraralimentos.

LUANGWA E GWEMBE são duas regiões da Zâmbia que foram seriamenteafetadas pelos cinco anos de seca constante. Estas secas deixaram os agriculto-res mais pobres do que antes porque eles foram forçados a vender o seu patri-mônio – animais, equipamentos – e a usar as suas economias para sobreviver.

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L I D A N D O C O M A

por Pukuta N Mwanza

SECA

13PASSO A PASSO NO.32

ALIMENTOS

ResultadosPediu-se para que os participantescompartilhassem tudo o que aprenderamquando regressassem para casa. Todosreceberam certificados de participação, o quedeu aos participantes uma verdadeirasensação de realizaçâo. Alguns não puderamesconder a sua grande alegria ao cantar edançar no seu regresso para casa.

Um mês depois, nós visitamos a região edescobrimos que alguns participantestinham feito um óptimo trabalho ao treinaros seus colegas dos povoados. Muitosmoradores dos povoados estavam impacien-tes para compartilhar o que tinhamaprendido conosco. Na região de Chipepo,Arthur Ngandu, um dos participantes,estava ocupado ensinando sobre a mitigaçãoe o trabalho de preparação para os períodosde seca. Quando o caminhão da AEZ seenterrou na lama durante a distribuição desementes, os moradores dos povoados nãointerrompiam as aulas deles e diziam’estamos ouvindo algo sério’! O motoristaficava perplexo mas contente com ocompromisso e a dedicação dos moradoresquanto ao programa de mitigação da seca.

Pukuta Mwanza é a Coordenadora do Departa-mento de Ética, Sociedade e Desenvolvimentoda Associação Evangélica da Zâmbia.

A PALAVRA DE DEUS tem muito a nosensinar sobre os alimentos, a sua provisão,armazenagem, benefícios e a nossa responsa-bilidade em compartilhá-los. Leia o Salmo 65.Ele apresenta um exemplo claro da naturezagenerosa de Deus. Nesta passagem, vemosque Deus abençoa a terra com chuvas e assimos cultivos crescem abundantemente, pro-vendo mais do que é necessário. Há passagenssemelhantes nos Salmos 68, 104 e 107.

José (Gênesis 41) sabiamente armazenoualimentos para os anos de fome que foramprevistos. O escritor de Eclesiastes mencionacinco vezes a satisfação de comer, como umpresente de Deus. Vemos Deus estar direta-mente envolvido na provisão de alimentosquando Ele alimentou os israelitas no desertocom codornizes e maná. Leia Êxodo 16.

Hoje em dia, este mesmo Deus bondoso con-tinua a suprir as nossas necessidades. O fatode cultivarmos os alimentos ou de ganharmosdinheiro para comprá-los pode fazer com quenos esqueçamos do envolvimento de Deus.Pior ainda é o fato de podermos ser tentados a

armazenar e acumular demasiados alimentos.A nossa auto-suficiência pode nos levar aexcluir Deus e as pessoas necessitadas ao nos-so redor. Vemos na história dos israelitas(Deuteronômio 6 e 8) que Moisés adverte opovo com as palavras: ’Quando vocês come-rem e estiverem satisfeitos, tomem cuidadopara não se esquecerem do Senhor vossoDeus.’ Na parábola do rico insensato (Lucas12), Jesus fez uma advertência contra a acu-mulação de riquezas sem a preocupação deajudar os outros.

É bom que esta edição da Passo a Passo sejasobre a segurança alimentar e a necessidadede planejar com antecedência. Esta atividade,certamente nas regiões do mundo onde oabastecimento de alimentos é limitado e irre-gular, é uma questão de boa administração.Mas ao seguirmos a sua orientação, devemoslembrar-nos das advertências na palavra deDeus (Mateus 25). Devido ao amor que temospor Ele, devemos assegurar-nos de que osnossos vizinhos necessitados tenham aqualidade de vida que também lhes permitadar graças a Deus.

Para discussão:• A partir do capítulo 16 de Êxodo, discuta o

significado do fato de que o maná de Israelficava coberto com vermes e cheirava mal sefosse armazenado. Como isto deveria afetar anossa atitude quanto a armazenar alimentosque não necessitamos?

• Como a sua fé em Deus afeta o seu relaciona-mento com os cristãos ao redor do mundo quenão têm o suficiente para comer?

• Leia 2 Coríntios 8:13-15. Considere a distri-buição de alimentos na sua própria comunida-de e discuta maneiras de melhorar a situação.

Ore para que Deus nos dê maior compaixãopor aqueles que apenas sobrevivem de um diapara o outro na nossa comunidade global.

Stan Crees é o Oficial de Ligação da OperationAgri da Sociedade Batista Missionária, 45Grosvenor Road, Wallington, Surrey, SM6 OEN,Grã-Bretanha.

ESTUDOS BÍBLICOS

O suficiente é tão bom como um banquetepor Stan Crees

Como fazer geléia de frutas…

TODOS OS TIPOS DE FRUTAS macias podem ser usadas para fazer geléia. Se possível, use um livro dereceitas de geléias, o qual lhe dirá exatamente quanta fruta, açúcar e água devem-se usar para cada tipo defruta. No entanto, se você não puder encontrar nenhuma receita, aqui estão alguns princípios gerais sobre aprodução de geléia.

Use frutas maduras e macias, cortadas em pedaços pequenos, assim como mangas, groselhas, framboesas,morangos e goiabas, por exemplo. Todos elas são boas para geléia. Meça as frutas em xícaras (chávenas) aocolocá-las em uma panela grande para cozinhar. A geléia formará muitas bolhas ao cozinhar, por isso, não useuma panela muito pequena.

Para cada 2 xícaras (chávenas) de frutas, use apenas 1/4 de xícara (chávena) de água (menos, se a fruta tiverbastante suco como o abacaxi (o ananás), a framboesa e o morango). Cozinhe as frutas até que fiquem bemmacias (geralmente, durante 15–20 minutos). Acrescente, então, 1 xícara (chávena) de açúcar para cada 2xícaras (chávenas) de fruta. Misture bem e deixe ferver durante 15–20 minutos até ficar firme. Verifique se estáfirme despejando uma quantia pequena de geléia sobre um prato frio. Após alguns minutos, empurre-a com odedo. Se ela enrugar e formar uma crosta, ela está pronta. Caso contrário, ferva durante mais tempo e tentenovamente. Você poderá precisar acrescentar mais açúcar.

Use vidros bem limpos e secos. Antes de despejar a geléia nos vidros, envolva-os em um pano frio e húmidopara evitar que se rompam. Encha-os e cubra-os com uma tampa limpa.

Lembre-se das proporções – 2 xícaras (chávenas) de fruta: 1 xícara (chávena) de açúcar: 1/4

de xícara (chávena) de água. Lembre-se também que estas são apenas medidasaproximadas. Experimente com as frutas que tiver. As frutas macias precisam cozinhar porpouco tempo. Se a geléia não se firmar bem, use menos água e mais açúcar. Se ela ficarfirme demais, use mais água. É muito difícil fazer com que a geléia de abacaxi (ananás)fique firme e ela não dura por muito tempo (mas fica gostosa!). Prepare quantidadespequenas. Laranjas, limões e outras frutas cítricas precisam cozinhar por muitomais tempo, e para cada 2 xícaras (chávenas) de fruta, coloque 1/2 xícara(chávena) de água e 11/2 xícaras (chávenas) de açúcar. Prenda assementes das frutas cítricas dentro de um pedaço de pano e cozinhe-as com a geléia para melhorar a consistência.

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RECURSOS

Henry Doubleday ResearchAssociation – Seleção deÁrvores e Serviço ConsultivoEste grupo fornece informações, orientaçãoe – quando disponíveis – sementes deárvores e arbustos para ONGs, grupos deajuda mútua, agricultores, escolas e outrasorganizações envolvidas em silvicultura eagrosilvicultura nos países emdesenvolvimento.

Os solicitantes recebem um formuláriopedindo detalhes sobre o clima,informações sobre como as árvores aserem cultivadas vão ser usadas e detalhessobre o projeto. Os solicitantes tambémpodem pedir mais informações sobreespécies específicas. Maiores informaçõesdevem ser solicitadas ao:

International Advisory OfficerInformation and Education DepartmentHDRARyton on DunsmoreCoventryCV8 3LGGrã-Bretanha

Fax ++1203 639229

E-mail: [email protected]

Seeds of SurvivalEste programa foi iniciado na Etiópia em1988. Ele trabalha com agricultores ecientistas para preservar e incentivar o usode variedades tradicionais de cultivos queproduzem colheitas sem precisar de pro-dutos químicos caros (veja a página 16).Isto também significa que muitasvariedades diferentes estão disponíveispara produzir novas variedades no futuro.Eles produzem um boletim chamadoAfrican Diversity. Escreva pedindoinformações para:

Seeds of SurvivalPO Box 5760Addis AbabaEtiópia

Conferência Internacional sobreMedicina Etno-veterinária: odesenvolvimento da criação deanimaisA medicina etno-veterinária inclui o usode plantas medicinais, técnicas cirúrgicas epráticas de gerenciamento para prevenir etratar doenças em animais. Será realizadaem Pune, na Índia, de 4 a 6 de Novembrode 1997 uma conferência internacionalsobre cuidados com a saúde dos animais.Os participantes interessados sãoconvidados a enviar dissertaçoes,organizar seminários especiais de umahora e meia e desenvolver exibições paraum evento de intercâmbio de recursos einformações.

Para obter maiores informações, entre emcontato com:

Dr D RangnekarBAIFPB 2030Asarwa RoadAhmedabad 380 016Gujurat StateÍndia

Fax ++ 91 79 212 3045

Growing DiversityHá um crescente reconhecimento sobre aimportância vital dos recursos genéticosdas plantas para a segurança alimentarmundial. Novas variedades cultivadas emestações de pesquisas ao redor do mundoestão rapidamente substituindo as varie-dades tradicionais e reduzindo a diversi-dade genética. Este livro aborda o papelcrucial dos agricultores de pequena escalano desenvolvimento de abordagenssustentáveis na agricultura e na preserva-ção de variedades tradicionais. (O artigoda página 16 foi adaptado deste livro).

O livro custa £13,15, incluindo o porteterrestre e a embalagem e pode seradquirido através da:

IT Bookshop103-105 Southampton RowLondonWC1B 4HHGrã-Bretanha

Fax:++ 171 436 2013

Small Scale Vegetable OilExtractionEste livro reúne informações úteis sobre osvários tipos de máquinas que extraem óleovegetal. Ele cobre desde máquinas pequenasoperadas manualmente até equipamentosde grande escala, de tamanho industrial.

A primeira parte considera as diferençasquímicas de vários óleos e forneceinformações sobre comercialização. Osúltimos capítulos consideram diferentesprocessos de extração de óleo e apresentamdetalhes sobre diferentes sementesprodutoras de óleo. Há uma lista detalhadade fornecedores e endereços.

Cópias avulsas podem ser adquiridasgratuitamente por grupos educacionais,instituições de pesquisa e organizações semfins lucrativos nos países que recebemassistência britânica. Escreva, usando o seutítulo oficial para:

NRICentral AvenueChatham MaritimeKentME4 4TBGrã-Bretanha

Cover Crops: a review anddatabase for field usersHá um crescente interesse sobre o cultivoprotetor em várias situações. Ele tem umaampla variedade de usos, incluindo amelhoria e a proteção da estrutura e dafertilidade do solo, a conservação do solo eda água e a supressão de ervas daninhas.

Esta resenha de 180 páginas fornece amplosdetalhes sobre mais de 80 espécies. O bancode dados vem em um disquete decomputador. Esta resenha é uma fonte útilde referência para aqueles que trabalhamcom o cultivo protetor. Ela não está voltadapara o público em geral. Cópias gratuitaspodem ser adquiridas através da NRI(endereço acima).

Manuais de treinamento paragruposA Agrimissio (da International Catholic RuralAssociation) produziu uma série muito útilpara promotores de grupos. Agora, há cincovolumes na série. Eles foram produzidos demaneira simples, com várias idéias práticase exercícios e podem ser uma grande ajudapara qualquer pessoa envolvida na

15PASSO A PASSO NO.32

RECURSOS

liderança de grupos. Eles podem seradquiridos gratuitamente em francês ouinglês.

Escreva, explicando sobre o seu trabalho,para:

ICRA-AGRIMISSIOPalazzo San Calisto00120 Cidade do VaticanoRomaItália

Health Promotion in Our SchoolsA Child to Child Trust tem incentivadotrabalhos de saúde em escolas com a ativaparticipação de crianças na promoção demelhorias sanitárias. Este livro procura daridéias a todos aqueles que desejam que assuas escolas sejam mais saudáveis. Asidéias deste livro podem ser usadas comdiferentes faixas etárias. Ele contéminformações sobre como usar fatos da áreade saúde, melhorar as condições de saúdealém da sala de aula, avaliar melhoriassanitárias e decidir sobre prioridades. Estelivro contém informações práticas quepodem ser usadas por qualquer escola,sejam quão limitados forem os recursos, namelhoria da saúde infantil.

O livro custa £2,75 (incluindo o porte e aembalagem) e pode ser adquirido atravésda:

TALCPO Box 49St AlbansAL1 5TXGrã-Bretanha

Nutrition for DevelopingCountriespor Felicity Savage King e Ann Burgess

Segunda edição, 1992, Edição ELBS

Esta edição revisada fornece 500 páginasrepletas de informações práticas,ilustrações, idéias para discussões eencenações de papéis sobre todos osaspectos da nutrição. Ela inclui informaçõessobre todos os vários grupos de alimentos emicronutrientes, processamento dealimentos, armazenagem de alimentos,preparação de alimentos, aleitamentomaterno, desmame, cuidado infantil,gráficos de crescimento, vários tipos dedesnutrição e deficiências, trabalho com

comunidades, famílias e escolas. Tudo istopelo preço de £10,00, incluindo o porte.Disponível através da TALC no endereçoacima.

Livros sobre pecuáriaA Missão Veterinária Cristã publica várioslivros úteis sobre o cuidado de animais. Elestêm uma série de sete livros, todos eles comum título que começa com Raising Healthy…:Pigs, Goats, Rabbits, Dairy Cattle, Poultry, BeefCattle e Fish. Todos eles estão disponíveis eminglês. Raising Healthy Poultry também estádisponível em espanhol.

Eles enviam uma série gratuita para as agên-cias missionárias cristãs e bibliotecasagrícolas nos países em desenvolvimento.(Se possível, favor fazer uma doação de 6 US$ por cada livro). Pessoas dos países emdesenvolvimento podem comprar os livrospor 6 US$ cada. Cobra-se 10 US$ quando ospedidos são feitos de outros países. Faça oseu pedido à:

Christian Veterinary MissionBox 33000SeattleWA 98133EUA

Fax ++ 206-546-7269

E-mail: [email protected] ou [email protected]

A Guide to Spanish LanguageSustainable AgriculturePublicationspor Beatriz Cabezón

Este livro contém resenhas sobre 74 publica-ções em espanhol sobre agriculturasustentável, com detalhes sobre o conteúdo,nível, preço e informações sobre como fazerum pedido. Ele também contém algunsendereços úteis sobre grupos consultivos ebibliotecas. Ele custa 10 US$ e pode serencomendado através do:

UC Sustainable Agriculture Research andEducation ProgramUniversity of CaliforniaDavisCA 95616EUA

Sembradores de Esperanza:Conservar para Cultivar Y Vivirpor Monica Hesse-Rodríguez

Este é um livro bem ilustrado, com muitasfotos de boa qualidade, o qual consideraidéias práticas sobre a conservação do solo.As mudanças nas práticas agrícolas podemser muito lentas. Os agricultores tambémpodem selecionar diferentes abordagenspara lidar com a conservação do solo.

Por esta razão, a autora fornece muitasidéias alternativas, tais como: Armaçõesem forma de ’A’, vários tipos de terraços,agrosilvicultura, cercas vivas e quebra-ventos. Uma parte importante desta obrasão os tópicos para discussões e os estudosde casos. Este livro é útil para os líderescomunitários e agentes de extensão.

O livro custa apenas 4 US$ e pode serencomendado através do:

Señor Juan Bautista MejiaServicio de Publicaciones del Obispado deCholutecaApdo 40CholutecaHondurasAmérica Central

Manual de Agricultura Ecológicapor Enrique Kolmans e Darwin Vásquez

Este livro de 220 páginas, em espanhol, ébem ilustrado e faz uma introdução aosprincípios básicos da agricultura ecológica.Ele considera a composição do solo, o cres-cimento das raízes, métodos de cultivo(incluindo o cultivo zero), o manejo deervas daninhas, pragas e doenças orgâni-cas, agrosilvicultura, comercialização eecossistemas equilibrados. Este livro podeser adquirido diretamente através daSIMAS por 20 US$ (além do porte).

A SIMAS também está procurandodistribuidores que possam vender o livropara eles por uma comissão na AméricaLatina. Faça o pedido para:

SIMASApdo A-136ManaguaNicaráguaAmérica Central

Junte-se à Equipe da Passo a Passo!

Nós estamos procurando novas pessoas paraajudarem no Comitê Editorial quatro vezespor ano. Os voluntários devem ter vastaexperiência em desenvolvimento e uminteresse genuíno em tornar a Passo a Passoo mais relevante possível. Você precisará teracesso a um bom e rápido serviço postal coma Grã-Bretanha e a um fax ou E-mail parauma fácil comunicação. Toda a ajuda serávoluntária! Entre em contato com a Editora.

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AGRICULTURA

Publcado pela

100 Church Road, Teddington, TW11 8QE, Grã-Bretanha

Editora: Isabel Carter, 83 Market Place, South Cave,Brough, East Yorkshire, HU15 2AS, Grã-Bretanha

Novos métodos’Os agrônomos vieram e nos incentivaram aformar uma cooperativa. Eles nos trouxeramnovas variedades de batatas e fertilizanteartificial e começaram a realizar experiências decampo. A princípio, as batatas das novassementes produziram muito mais comdiferentes fertilizantes. Acreditamos que esteseram muito melhores do que o fertilizante queusávamos antes. Mas, no ano seguinte, aprodução começou a cair. No terceiro ano,tivemos problemas com minhocas. Osagrônomos trouxeram fungicidas e pesticidaspara tratar as plantas contra as pragas mas osprodutos químicos tornavam-se mais caros acada ano. Nós também tínhamos de aumentar adose de pesticida o tempo todo. As batatascomeçaram a ter um gosto amargo de tanto queestávamos pulverizando.’

Os fertilizantes artificiais são muito caros.’Há seis anos atrás, nós podíamos comprar umsaco de fertilizante artificial pelo mesmo preçode um saco de batatas. Hoje em dia, o mesmosaco de fertilizante custa seis sacos de batatas,’explica um outro agricultor. Os pesticidase as batatas das novas sementes tambémsão caros.

Desanimados, Anibal e Orfelina Correovoltaram ao seu método tradicional decultivo, o qual se manteve estável duranteséculos. Isto significou voltar a usar estercoorgânico, a hábil rotação de cultivos e asvariedades tradicionais de batatas. Elestiveram sorte em encontrá-las pois asvariedades tradicionais freqüentementesão perdidas quando as novas variedadesas substituem.

Métodos antigosBelisario também cultiva batatas, mas noseu terreno, próximo a Atupulo, em umplanalto a 3.700 metros de altura, ele nãoplanta nenhuma das novas variedades

recomendadas pelos agrônomos e pelogoverno. Ele não precisa de nenhum dosfertilizantes artificiais ou pesticidasrecomendados pelo governo. Ele tambémnão realiza o mono-cultivo de umavariedade, o qual é recomendado. Aoinvés, ele planta as suas batatas da maneiraque o seus ancestrais faziam, usando maisde dez tipos diferentes de batatas. Eleconhece cada parte do seu terreno e cadauma das diferentes características dasvariedades de batatas que planta. Uma émais resistente ao fungo, a outra resiste aum certo tipo de besouro, uma resistemelhor à seca, enquanto a outra tem umsabor muito bom. Dessa maneira, Belisariopode lidar com os problemas climáticos ede pragas.

Quando perguntamos por que ele plantavariedades tradicionais, ele respondeu…

‘Elas têm um sabor melhor e cozinham maisrapidamente. As nossas variedades tradicionaistambém podem ser vendidas por melhorespreços no mercado local porque as pessoasconhecem e gostam destas variedades. Nascidades, no entanto, as pessoas só estãofamiliarizadas com as novas variedades.’

As batatas que estãodesaparecendoHoje em dia, são poucos os agricultoresque usam estas técnicas. As variedadesoriginais praticamente desapareceram. Atémesmo nas estações de pesquisas agrícolasnos Andes, os pesquisadores (queproduziram as novas variedades) estãosurpresos com a rapidez com que asvariedades estão desaparecendo. Asorganizações indígenas, em muitoslugares, estão conscientizando-se de que asvariedades tradicionais de batatas sãoparte da sua agricultura tradicional e daherança cultural e devem ser protegidas.

Promoção daconservação local

por Miges Baumann

ANIBAL E ORFELINA CORREO vivem no povoadode Boliche, em Simiatug, no Equador. Eles contamsobre como usam as novas variedades de batata quesão desenvolvidas no Instituto Nacional de PesquisasAgrícolas…

O Escritório de Coordenação da Swissaid noEquador, no momento, está tentandoincentivar esta abordagem. A agriculturasustentável e a conservação da diversidadegenética são princípios importantes da suapolítica de desenvolvimento. Diante daspropagandas maciças por parte dasindústrias químicas, eles promovemconscientização sobre as abordagensalternativas e incentivam os grupos deagricultores a terem confiança nas suasexperiências tradicionais para que possamfazer opções realistas.

Miges Baumann trabalha para a Swissaid,Jubilaumstr 60, CH-3000 Berna 6, Suíça,promovendo a conscientização da conservaçãolocal para o desenvolvimento sustentável. Esteartigo foi adaptado do livro Growing Diversity,editado por D Cooper, R Vellvé e H Hobbelink epublicado pela Intermediate Technology. (Veja aresenha na página 14.)

EDITORA:

A situação no Equador está sendo repetida ao redor domundo, à medida em que as variedades tradicionais e aspráticas agrícolas sustentáveis são substituídas pelasnovas variedades comerciais (as quais freqüentementenecessitam fertilizantes e pesticidas para produzir bem)e a mono-cultura. Sorgo, milho, arroz, feijão e muitosoutros cultivos podem ser usados como exemplossemelhantes. As novas variedades podemfreqüentemente ser de grande benefício, mas a totalsubstituição das variedades tradicionais traz consigoriscos consideráveis para os agricultores a longo prazo.

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