39
Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH Patrícia Vieira Militão Leocádio de Sousa MIGRAÇÃO INTERNACIONAL: COMO A MIGRAÇÃO DE MUÇULMANOS TEM IMPACTADO NA SEGURANÇA DA FRANÇA Belo Horizonte Junho de 2010

Patrícia de Sousa - Migração Internacional: como a ... · da África, fato que ocorreu após o processo de descolonização ... todas elas para tornar mais difícil a entrada e

Embed Size (px)

Citation preview

Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH

Patrícia Vieira Militão Leocádio de Sousa

MIGRAÇÃO INTERNACIONAL: COMO A MIGRAÇÃO DE MUÇULMANOS TEM IMPACTADO NA SEGURANÇA DA FRANÇA

Belo Horizonte

Junho de 2010

Patrícia Vieira Militão Leocádio de Sousa

MIGRAÇÃO INTERNACIONAL: COMO A MIGRAÇÃO DE MUÇULMANOS TEM IMPACTADO NA SEGURANÇA DA FRANÇA

Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais.

Orientadora: Professora Geraldine Marcelle Moreira Braga Rosas

Belo Horizonte

Junho de 2010

1

MIGRAÇÃO INTERNACIONAL: COMO A MIGRAÇÃO DE MUÇULMANOS TEM IMPACTADO NA SEGURANÇA DA FRANÇA.

Patrícia Vieira Militão Leocádio de Sousa1

Orientadora: Geraldine Marcelle Moreira Braga Rosas2

RESUMO

A migração internacional passou a ser uma preocupação, devido ao fato do fluxo migratório

fornecer canais de propagação para o terrorismo internacional. Preocupações com segurança

nacional principalmente devido a esta disseminação passaram a ocupar o topo da agenda

internacional na última década. Vários países da Europa como a França foram receptores de

imigrantes, muitos destes de origem muçulmana. Este artigo visa expor a migração na França

ao longo dos anos e os impactos causados por esse fluxo para a segurança nacional, visto que,

grande parte dos imigrantes é de origem muçulmana, e estes têm sido constantemente

associados ao terrorismo. Tem-se como objeto, então, a análise deste grupo o qual será

observado através dos conceitos de migrações e minorias, considerando se suas

especificidades impactam a segurança do Estado francês.

Palavras chaves: Migração, segurança, muçulmano e minorias.

1 Aluna graduanda no Curso de Relações Internacionais do UNI-BH. 2 Professora orientadora do Curso de Relações Internacionais do UNI_BH.

2

ABSTRACT

International migration has become a concern due to the fact that the migratory flow provides

channels for spreading international terrorism. Concerns regarding national security primarily

because this spread began to occupy the top of the international agenda in the last decade.

Several European countries like France have been hosts of immigrants, many of those of

Muslim origin. This article aims to explain migration in France over the years and the impacts

caused by the flow to national security, since a large proportion are of immigrants Muslim

origin, and these have been consistently associated with terrorism. As an object of study this

article presents an analysis of this group that will be observed through the concepts of

migrations and minorities considering whether they impact the security of the French state.

Keywords: Migration, security, muslim and minorities.

INTRODUÇÃO

A França é um grande receptor de imigrantes oriundos de diversos continentes, fator que teve

início na segunda metade do século XIX, quando a falta de mão de obra causada por seu

crescimento econômico causou o fenômeno da imigração, na tentativa de suprir a mão de obra

necessária. Estes imigrantes vieram de vários países vizinhos e também de suas ex-colônias

da África, fato que ocorreu após o processo de descolonização (MA MUNG e DINH.2008).

A política migratória na França sofreu diversas mudanças ao longo dos anos, a ponto de sua

Constituição ter sido alterada mais de 20 vezes. Até 1917 para um imigrante residir na França

era necessário apenas uma simples declaração de residência que era fornecida pela prefeitura.

Porém ao perceber que os imigrantes não eram temporários, como se pensava no início, foi

necessário tomar medidas para conter este fluxo e controlar as fronteiras, assim a política de

imigração veio para tentar conter o fluxo migratório. Várias medidas foram tomadas para

conter o fluxo como alteração da legislação inúmeras vezes mudando as leis de imigração,

criação de um visto para os que moravam há mais de 15 anos, tempos depois foi votado uma

3

lei que permitia a extradição, os operários franceses passaram a ser priorizados. À partir de

1940 os estrangeiros passaram a sofrer uma forte vigilância não tendo direito a livre

circulação no país e as visitas de estrangeiros a familiares e amigos na França tornam-se mais

difíceis (REIS, 2006).

A imigração na França deixou de ser vista como uma solução para os problemas de déficit e a

entrada em seu território passou a ser bem seletiva proibindo assim as tentativas de

permanecia ilegal, mesmo com o problema eminente em seu futuro, por ser formada por uma

população de adultos (REIS, 2006).

Ao analisar a imigração na França e as políticas para conter este fluxo, nota-se que os

muçulmanos que vieram da ex-colônia francesa na África compõem o maior número de

imigrantes, se comparado com as demais nações lá existentes. Os imigrantes muçulmanos

serão o objeto de análise neste artigo, pois, após o ataque terrorista de 11 de setembro de

2001, os muçulmanos passaram a ser estigmatizados como terroristas pelos Estados Unidos e

demais países ocidentais europeus. Em virtude deste atentado, a segurança voltou a ser

destaque em vários meios como a mídia e o meio acadêmico, sendo esta nova realidade não

restrita apenas aos Estados Unidos.

O terrorismo não é um fenômeno recente no cenário internacional, já que ele tem estado no

topo da agenda em virtude do aumento de atentados terroristas. Uma das causas para a

centralidade do debate se dá em virtude do governo norte-americano enfocar sua política

externa no combate ao terrorismo internacional (AYERBE, 2005).

Ocorreu assim um grande impacto nas políticas de segurança em todo o mundo, fazendo com

que os governos passassem a dar maior atenção às ameaças vindas de seu próprio território.

Sendo assim, todos os imigrantes principalmente os de origem muçulmana passaram a ser

considerados uma ameaça para a segurança nacional do local onde estão inseridos. E pelo fato

do território francês possuir um grande número de muçulmanos, será verificado se existe

impacto para a segurança da França em decorrência da imigração destes em seu território.

Vários são os fatores que associados podem mostrar estes impactos como a questão do

desemprego, o conflito identitário, o terrorismo associado em grande medidas aos

muçulmanos, conflitos internos em grande escala nos subúrbios, entre outros fatos.

4

O presente artigo será dividido em três partes, sendo que na primeira será abordada a

imigração na França e as políticas adotadas ao longo dos anos pelo governo para frear o

processo migratório, principalmente os ilegais, fato que tomou ênfase após a crise econômica.

Na segunda parte será abordada a imigração versus segurança na ótica do conceito de

minorias e imigração e também como a segurança afeta as dimensões como segurança

nacional, capacidade do Estado, a autonomia e o equilíbrio de poder. Pretende-se ao final do

artigo com base nos dados e exemplos apresentados verificar se a migração dos muçulmanos

na França gera impacto seja para a segurança, economia, ou afins.

A POLÍTICA MIGRATÓRIA FRANCESA

A França é um país de imigrantes desde a segunda metade do século XIX, pois, do período de

1850 a 1900, a sua população não cresceu o suficiente para suprir a falta de mão de obra

sendo assim ocorreram imigrações de vários países vizinhos. Quando os Estados europeus se

tornaram países de destino para os imigrantes, sobretudo à partir de 1945, a França era um

país que já conhecia essa realidade há muito tempo. A França é um país receptor de pessoas

tanto dos vizinhos europeus como de outros continentes. Essa migração é percebida desde a

segunda metade do século XIX, de quando datam os primeiros censos em que a categoria de

estrangeiro aparece. Em 1851, por exemplo, foram contabilizados 381.000 estrangeiros no

país. Em 1881 contavam-se já cerca de um milhão de estrangeiros (MA MUNG e DINH,

2008).

Até 1917, para viver na França, era necessária apenas uma simples declaração de residência

que era fornecida pela prefeitura local. Após a Guerra percebeu-se que os imigrantes não eram

temporários como se pensava e foram tomadas várias medidas para tentar conter o fluxo. Foi

criado um visto para os que já moravam na França há mais de 15 anos e, dez anos depois, foi

votada uma lei que permitia a extradição. Com o passar dos anos e afetada pelos efeitos da

crise do petróleo na década de 70, a França tomou medidas para diminuir o fluxo imigratório

(REIS, 2006).

5

Até a grande depressão de 1929, prevaleceu uma política de laissez-faire3, de não intervenção

benigna. A depressão da década de 1930 e o surgimento de sentimentos xenófobos resultaram

para os imigrantes numa série de medidas discriminatórias dirigidas ao trabalho assalariado.

Contudo, a crise econômica também afetou comerciantes, artesãos e profissionais e estes eram

suspeitos de tirarem vantagem de fragilidades das regulações laborais. Os imigrantes foram

acusados de competição desleal e as organizações comerciais começaram a fazer lobby 4

contra a competição dos imigrantes (MA MUNG e DINH, 2008).

Com o fim da Segunda Guerra Mundial a imigração na França era vista como uma solução

para os problemas de déficit demográfico e carência de mão-de-obra no país. Em 1945, o país

lança as bases de uma política que visava atrair trabalhadores estrangeiros, e para

implementá-la cria o Office National d’Immigration que garante ao Estado o monopólio de

introdução da mão de obra estrangeira no país (REIS,2006).

Entre 1945 e 1973, centenas de milhares de estrangeiros se estabeleceram na França, sendo a

maioria portugueses seguidos de argelinos. Os países vizinhos como a Bélgica, Luxemburgo,

Holanda, Grã-Bretanha e Alemanha constituem também fontes de imigrantes para a França e

estes foram empregados, sobretudo nas indústrias. Além dos imigrantes já citados, em

território francês existe ainda uma outra demanda de imigrantes vindos da Itália, Espanha,

América e das antigas colônias da África do Norte onde cerca de 1/3 dos imigrantes franceses

são de origem norte africano do chamado Maghreb e o restante dos imigrantes lá existentes se

divide entre outras regiões da Ásia, Américas do sul e Norte e da própria Europa5.

No começo da década de 1970, a participação dos trabalhadores estrangeiros em greves e

movimentos operários6 deu visibilidade política aos imigrantes. Grupos imigrantes e de

solidariedade aos imigrantes despontaram na cena política francesa. Paralelamente, a crise

econômica francesa levou o governo a adotar medidas visando desencorajar a vinda de

imigrantes e controlar a entrada de ilegais. Nas décadas de 1960 e 1970 passou a ser exigido

3 Laissez- Faire é uma expressão da língua francesa e significa deixa passar e também representa um conceito um conceito dos economistas liberais e que defende que o Estado deve interferir o mínimo possível. 4 Lobby é o nome que se dá a atividade de pressão, individual e na maioria das vezes ostensiva de interferir no poder público e em especial no legislativo. 5 htpp://www.dcs.pucminas.br/coreu/omundo/índex.php?page=noticias/a-franca-e-imigrantes acessado em 18/11/09 13:52hs. 6 Pennaroya, de Lyon, 32 dias em 1972, e Renault, de Billancourt, três semanas em 1974.

6

dos imigrantes uma qualificação profissional e a perda do emprego implicava na perda do

visto (REIS, 2006).

Entre 1972 e 1980, o governo francês se empenhou em atingir a chamada “imigração zero”,

adotando medidas que visavam desencorajar a vinda de imigrantes e controlar a entrada de

ilegais. O governo tomou medidas como a recusa de vistos de familiares de imigrantes, porém

sucessivos governos esbarraram nos limites impostos pela legislação francesa de direitos

humanos.7

Em 1990, inúmeras tentativas de reformar a política de imigração francesa foram feitas, quase

todas elas para tornar mais difícil a entrada e a fixação de estrangeiros no país. Entre 1991 e

1997, ocorreram muitas expulsões de estrangeiros sendo que muitos deles foram deportados.

Autoridades francesas recorreram muitas vezes a vôos charter8, para deportar os imigrantes

sendo que nos dias de hoje esta prática foi abandonada.

Em 1996, o governo foi mais adiante e tentou tornar obrigatório que todo francês informasse à

prefeitura a chegada e a partida de um estrangeiro em sua residência, com vistas à obtenção

do chamado certificat d´hébergement9, mesmo para visitas de curta duração. As visitas de

estrangeiros a familiares e amigos na França tornaram-se mais difíceis, e nesse caso, não

apenas as liberdades dos estrangeiros, mas a liberdade dos próprios franceses é cerceada. A

Assembléia Legislativa aprovou esse item sem grandes modificações, apenas reiterando o

papel do Office des Migrations Internationales (OMI) como responsável pela verificação das

condições de alojamento dos estrangeiros (REIS, 2006).

As medidas tomadas na política migratória francesa foram consideravelmente bem sucedidas,

na medida em que, desde que a França decidiu interromper a imigração de trabalho, a

7 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142006000200006&script=sci_arttext acessado em 10/11/09 às 23:33hs. 8 Vôos Charter ou vôos da vergonha são os vôos em aviões contratados pelo governo Francês para repatriar à força os imigrantes em situação ilegal, realizados pela primeira vez em 1986, sob ordem do ministro do interior Charles Pasqua, com a permissão da primeira-ministra socialista (REIS, 2006). 9 Ele indica a identidade da pessoa que está sendo hospedada, o endereço residencial, identidade, opções de alojamento adequado e parentesco, unindo-se a ele: se o seu anfitrião é um estrangeiro, o certificado também deve conter a indicação do local, data de emissão da natureza e da duração da sua residência, que deve ser um cartão de residência temporária, um cartão residente ou uma recepção do pedido de renovação de um desses títulos. Se o seu anfitrião é o francês, o certificado deve indicar o local e a data da emissão de um documento que comprove a sua identidade e da nacionalidade (REIS, 2006).

7

população estrangeira se estabilizou, e até mesmo diminuiu um pouco no país. Segundo dados

do INSEE10 de 1999, a proporção de imigrantes estabilizou-se há 25 anos e no país existe uma

proporção onde a cada 03 imigrantes, 01 possui nacionalidade francesa.

Inúmeras medidas foram tomadas para conter a imigração clandestina e o seu código civil

chegou a ser alterado inúmeras vezes, até ser promulgado, em 2003, um texto que prima pela

integração e reafirmação dos estrangeiros regularmente instalados, tendo sido tomadas

também medidas para convencer estes imigrantes a voltarem a seu país se origem.

Atualmente, ainda é bem restrita e seletiva toda tentativa de permanência ilegal na França,

apesar de ter uma população formada por adultos que pode gerar um problema no futuro por

falta de mão de obra (REIS, 2006).

Segundo dados do INSEE (2000), os estrangeiros na França eram 5.618.479 de um total de

58.520.688 habitantes (DAMÁSIO, 2006). Os imigrantes, constituíam em 2001, cerca de

5,6% da população e a maioria dos seus imigrantes atuais são originários de países

mulçumanos do Norte de África (Argélia, Tunísia, Marrocos, etc.), que vieram para o

continente após a descolonização da África.11

Nicolas Sarkozi, em 2002, ainda quando exercia o cargo de ministro das Relações Interiores,

instaurou severas medidas de segurança aumentando a fiscalização de documentação de

imigrantes e, em 2006, instalou a Lei da Imigração e Integração.12

Na França, os muçulmanos têm forte presença na administração, nos hospitais, na polícia, nas

prisões, onde impõem cada vez mais os seus valores.13 Apesar de ser um país laico, a

laicidade do Estado já era motivo de conflito e com os ataques terroristas surgiu um

agravamento em torno dessa questão na França.14

10 INSEE: Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos. 11 A África do Norte era colônia Francesa, porém com a ocorrência da Segunda Guerra Mundial que aconteceu na Europa entre 1939 e 1945, o continente africano conseguiu sua independência. Com a descolonização a África ficou bastante debilitada no âmbito político e econômico impactando em circunstâncias nacionais miseráveis e de escassa viabilidade socioeconônica o que originou um fluxo migratório para suas ex-colônias até a antiga metrópole. 12 BBC Brasil. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/. 13 Disponível em: http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/mundo/onde-vivem-os-muculmanos. Acessado em 10/11/09 às 22:32hs. 14 A questão da laicidade teve origem com a emancipação da sociedade em relação ao domínio religioso. A constituição de 1791 estabeleceu a liberdade de culto, quando também o registro de nascimentos e mortes passou

8

“O laicismo se define pela tolerância, pela aceitação, pelo respeito ao outro, diferente e ao mesmo tempo igual em deveres e direitos. O verdadeiro laicismo garante a liberdade de crença. Ele protege contra o fanatismo dos radicais. Protege a mulher contra as medidas de repressão e de submissão. São os extremistas de todas as religiões que combatem o laicismo e temem a democracia”. (WEREBE, 2004. pág.196)

Após os ataques terroristas ocorridos em 11 de setembro de 2001, os muçulmanos passaram a

ser vistos com um clima de desconfiança porque os Estados Unidos definiram o terrorismo de

forma a estigmatizar os muçulmanos como possíveis terroristas, fato que repercutiu no mundo

inteiro, agravados com novos ataques por parte de grupos radicais extremistas islâmicos em

outros países.15

Nos dias de hoje as políticas migratórias permanecem ativas, e Nicolas Sarkozy, conseguiu

aprovar uma lei para controlar a imigração. Já para os muçulmanos franceses o governo cria

um novo plano de ação para integrar os imigrantes introduzindo três vertentes que consistem

em um plano de integração, uma campanha preventiva contra a discriminação e um mais

aberto que é uma política de imigração seletiva.

TIPOS DE MIGRAÇÃO E OS REFLEXOS NA SEGURANÇA ESTATA L

A política de imigração tem sido um desafio para a segurança estatal e os fluxos migratórios

afetam pelo menos três dimensões da segurança nacional sendo elas a capacidade do Estado, a

autonomia e o equilíbrio de poder. Existem autores como Buzan (1998) que argumentam que

os problemas de segurança não estão limitados somente aos setores político e militar, ou seja,

para ele os problemas estão relacionados a cinco pontos e não somente dois. Para o autor os

setores militar, ambiental, econômico, societal e o setor político são os responsáveis em

conjunto pela segurança, assim com essa perspectiva ele vai contra a percepção tradicional.

da igreja para o Estado. Desta forma também no final do século XIX os hospitais e cemitérios foram confiados ao poder público. Em 1905, uma lei especial determinou a separação entre igreja e Estado, considerando o Estado neutro em relação a todas as religiões, não tendo mais o direito de assalariar ou subvencionar qualquer culto. (WEREBE, 2004.Pág.192). 15 Disponível em: http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/mundo/onde-vivem-os-muculmanos.

9

O mundo islâmico vem tomando espaço na medida em que sua população cresce e na visão

da segurança estatal este crescimento nem sempre é bem visto. Utilizando-se da ótica do

conceito de geopolítica das minorias e imigração, o grupo muçulmano será base dessa análise,

onde a estrutura segurança, economia e religião estão emaranhadas neste contexto.

A definição de um grupo minoritário pode variar, dependendo de cada contexto cultural

específico, mas geralmente se refere a um grupo que, ainda que não seja necessariamente

numa minoria, em termos numéricos, está em situação de desvantagem ou vulnerabilidade e

tem menos poder (político ou econômico) do que o grupo dominante. A condição de minoria

é definida por uma relação política, e não por uma característica inerente ou imutável de um

grupo, religião e língua. Por exemplo, podem ser adotadas ou mesmo alteradas ao longo do

tempo, embora sejam elementos importantes para a auto-identificação das minorias étnicas e

nacionais (GEORGE, 1985).

A questão das minorias pode ser vista por sua constituição ao longo do tempo, ou seja, as

minorias históricas como o povo judeu, os êxodos de refugiados que são pessoas que fugiram

de seu país individualmente, ou até por evasão em massa, devido a ameaças políticas,

religiosas, militares, ou qualquer outro problema e as migrações em busca de trabalho que

vem a impulsionar a migração econômica que é feita de forma voluntária, etc. e sobre o

impacto do espaço geográfico através da constituição e da conservação (GEORGE, 1985). As

minorias étnicas e nacionais são grupos que se diferenciam da maioria da população em razão

de sua língua, nacionalidade, religião e/ou cultura. Algumas minorias desenvolvem relações

com territórios específicos, que são fundamentais para a construção de sua identidade cultural

coletiva. Entretanto, defini-las a partir de uma territorialidade específica apenas é insuficiente,

pois há minorias étnicas e nacionais (como o povo cigano e alguns povos indígenas nômades)

que estão dispersas geograficamente (SANTILLI, 2008).

A forma mais recente de constituição de minorias resulta de movimentos de mão-de-obra

engendrados pelas desigualdades de desenvolvimento econômico e tecnológico. Esses

imigrantes constituem nos países receptores minorias que transferem consigo sua identidade

cultural, mais ou menos em desacordo com as tradições do meio de implantação, em muitos

lugares esta desigualdade chega à segregação residencial, onde as minorias estão instaladas

10

em um espaço próprio, como os guetos. O gueto é um espaço minoritário resultante das

condições de agrupamento geográfico, no qual estão rodeados pela população majoritária.

Nos guetos tem-se a concentração da população de mesma nacionalidade ou região e se

transforma em uma área livre onde se pode exercitar com liberdade sua cultura, língua e

costumes. Os guetos surgiram na Europa Central e eram impostos as coletividades Judaicas na

Idade Média (GEORGE, 1985). O grupo muçulmano que se comparado com a população

francesa é um grupo minoritário (ser minoria nem sempre expressa as relações com

quantidade numérica). E é nos guetos instalados nos subúrbios francês predominantemente

ocupado na sua grande maioria pelos imigrantes que muitos exercem sua cultura e expressão

seus costumes por ter inserido no local.

A globalização das relações econômicas e sociais favorece as migrações internacionais e a

imigração é compreendida como uma ameaça transnacional, que não pode ser resolvida da

forma tradicional (MACHADO, 1999). Neste contexto, segurança tem um sentido amplo,

tanto como de preservação da ordem social, cultural e econômica, como de identificação dos

imigrantes com o aumento da criminalidade, e pela própria criminalização da imigração

ilegal. A segurança passa a ser uma preocupação do cotidiano dos indivíduos. O perigo agora

não é mais concebido como uma ameaça vinda de um país inimigo e que em última instância

podia ser resolvida por meio de um conflito (VILLA, 1999).

A imigração pode ocorrer por inúmeros motivos, como imigração voluntária, involuntária,

econômica, controlável, incontrolável, irregular, clandestina, diáspora entre outros. Ela pode

trazer consigo tanto pontos positivos como aumento da capacidade de um estado em exercer a

diplomacia, quanto negativos como o crime organizado, pois existem Estados, em que o crime

organizado pode levar a conseqüências muito graves para a segurança nacional (ADAMSON,

2004).

A imigração voluntária é aquela cujos indivíduos deixam seu país por vontade própria para

buscar novas oportunidades econômicas visando seu enriquecimento e de sua família. Com a

migração econômica têm-se tanto trabalhadores qualificados como os não qualificados, mas

num aspecto geral ambos vão beneficiar a mão de obra no país como os qualificados podem

11

trazer informação e conhecimentos e os menos qualificados poderão desempenhar funções

que a população nativa considera como inferior (ADAMSON, 2004).

A imigração involuntária pode ser resultado de uma variedade de causas, incluindo a

escravidão humana, a limpeza étnica e deportação. Ela pode ser exemplificada também por

refugiados de guerra, zonas de ataque, catástrofe, entre outros. Percebe-se que muitas das

grandes ondas migratórias ao longo da história têm ocorrido como resultado da migração

involuntária, ou seja, foi uma imigração forçada, como aconteceu com os refugiados e

exilados. A formação de diáspora judaica, o tráfego negreiro, a migração forçada de judeus

durante o holocausto, expulsão da população indígena árabe são outros exemplos de migração

involuntária. Atualmente, se estuda também sobre a existência de imigrantes que se tornam

refugiados ambientais, devido a catástrofes naturais (ADAMSON, 2004).

O direito internacional estabelece uma distinção entre a migração econômica e refugiados.

Para o direito internacional, imigrante é a pessoa que se desloca de seu lugar de residência

com o objetivo de assentar-se temporária ou definitivamente. Já os refugiados são pessoas que

devido a fundados receios de perseguição, deslocam-se de seu lugar de habitação. 16

Muitos imigrantes entram no Estado pelos canais legais, porém existem outros que entram de

forma ilegal utilizando em algumas vezes até de documentos falsos acabam entrando no país

sem a autorização adequada (por exemplo, através da entrada clandestina). Este fluxo desafia

o controle da gestão, bem como a preocupação com a segurança e a dignidade dos migrantes

em movimentos. O imigrante pode entrar num país de forma ilegal, mas depois regularizar

sua situação, por exemplo, por meio de um pedido de asilo ou entrando em programas de

regularização. Por outro lado, o imigrante pode entrar regularmente, então tornar-se irregular

quando trabalham sem uma autorização de trabalho ou ultrapassa o prazo do visto. Migração

irregular, em última análise é uma violação da lei (KOSER, 2000).

A imigração clandestina é outro tipo de migração e seu termo geral abrange a entrada e

permanência clandestina e até mesmo empregos clandestinos que são ocupados por imigrantes

16 SANTIAGO, PEYTRIGNET, TRINDADE – Disponível em: http://www.icrc.org/Web/por/sitepor0.nsf/0/9a61705b9ad3183303256e7e00617187!OpenDocument&ExpandSection=4.

12

ilegais ou por turistas. Entrar em um território de forma clandestina envolve vários atores,

como agentes que facilitam a passagem das fronteiras para pessoas que querem encontrar

emprego e habitação no país para o qual estão imigrando. Existem fatores que estão

relacionadas com a imigração clandestina, como o contrabando, falsificação de documentos

ou a evasão fiscal e o emprego. Deste modo, a imigração clandestina está inserida no

complexo de relações sociais e interações entre todos estes atores (DUVELL, 2008).

À partir da década de 70, quando se percebe que os fluxos migratórios não eram provisórios, a

população de imigrantes passa a ser vista como um problema, ainda mais, após a circular de

1974 que proibia a migração econômica, influenciou a entrada de vários imigrantes

clandestinos que passaram a viver de forma ilegal no país (REIS, 2006).

Temos também a migração temporária que inclui trabalhadores sanzonais e estudantes além

de turistas, artistas em turnê, funcionários públicos que trabalham nas embaixadas.

A diáspora é um tipo de imigração que consiste normalmente num deslocamento forçado de

um povo ou etnia. Essa dispersão cria uma identidade de lealdade política e muitas vezes uma

identidade dual e dupla lealdade. Muitas vezes os membros de grupos de diáspora participam

ativamente na política do seu estado de origem. A existência de rede de diáspora pode

prejudicar a capacidade de um estado em formular uma política externa baseada em interesses

nacional. Se um terrorista está infiltrado no grupo de diáspora, o mesmo pode agir de forma a

conseguir favorecer seu interesse, ou seja, o interesse do país que ele representa e isso pode

vir a refletir como fato negativo para a segurança, uma vez que não se tem certeza do que

aquele imigrante irá fazer com os benefícios que conseguiu dentro do território, que estava

inserido (ADAMSON, 2004).

A autonomia estatal em diversas vezes, tem sido impactada pela imigração e tem se tornado

um desafio para a soberania do Estado, pois nem todos são capazes de absorver os impactos

da imigração. Tem se intensificado o aumento do número de pessoas que atravessam as

fronteiras, tornando a população cada vez mais multicultural..Para muitos Estados fracos e,

até mesmo fortes manter a autonomia estatal e o controle fronteiriço, vem sendo um desafio, e

é primordial um Estado ter a capacidade de manter a segurança nacional e fronteiriça,

controlando quem atravessa sua fronteira. A falta de controle nas fronteiras pode refletir em

13

problemas graves para a segurança do país. O não controle pode facilitar a entrada de uma

série de atores não-estatais, em particular, redes criminosas organizadas e contrabandistas,

pois a rede criminosa surge principalmente com a imigração ilegal (ADAMSON, 2004).

A capacidade de controlar quem atravessa suas fronteiras é essencial para a soberania do

Estado, pois ele poderá manter a segurança interna, porém nem todos os Estados são capazes

de gerir os impactos causados pela imigração, sendo um deles a questão da identidade que é

necessária para a manutenção da segurança do Estado (ADAMSON, 2004).

Nos Estados falhados, a falta de controle fronteiriço compromete sua capacidade, pois eles

são consumidos pela violência interna e deixam de fornecer serviços públicos à população,

ocorrendo o aumento da criminalidade, contrabando entre outras atividades ilegais. A

competição pelos recursos escassos é outro fator agravante nos Estados falhados, além dos

poros nas fronteiras acabarem permitindo o acesso ao território de atores não estatais e grupos

que podem ser usados para mobilização política. A migração é um desafio a ser superado

pelos Estados, mas percebe-se que com cooperação interestatal é uma forma eficaz no

controle das fronteiras (RIBEIRO, 2007).

Os fluxos humanos influenciam diretamente os processos de transformações sociais no país

de origem e no país de destino. No país de imigração, os imigrantes são confrontados por algo

desconhecido, como estruturas sociais, econômicas e políticas, que requerem processos de

adaptação não só por parte dos imigrantes, mas também de grupos nativos. Estes processos

contribuem para as transformações sociais de grupos de imigrantes e as sociedades de

acolhimento, confrontado por um número crescente de pessoas que têm de se tornar mais ou

menos integrados na sociedade (SHUERKENS, 2005).

A identidade nacional com o surgimento dos imigrantes pode ser afetada, pois se a

comunidade de imigrantes for expressiva pode vir a interferir e vir a ser importante na coerção

da identidade nacional. Quando em Estados multiculturais o imigrante tem papel importante,

este pode prejudicar ou fazer com que o Estado aja de acordo com seus interesses

(ADAMSON, 2004). No que tange a segurança relacionada a problemas identitários, Buzan

(1998) argumenta que quando um grupo sofre ameaça existencial será necessário uma ação

14

emergencial para conter essa ameaça. Através do setor societal percebe-se que a questão da

identidade coletiva de um grupo pode ser impactada com as ameaças existenciais que

questionam a legitimidade e autoridade governamental.

A insegurança da sociedade é um problema que deriva da identidade, pois existem Estados

que alegam que a migração pode vir a minar a identidade do seu grupo e alguns afirmam que

a identidade religiosa pode ser vista como uma ameaça cultural como no caso do islamismo,

pois existem fatores que podem fazer com que o imigrante mantenha vínculo com sua terra

natal, em particular com sua identidade transnacional (ADAMSON, 2004).

Uma das razões mais importantes para a migração segundo Hoffmann-Nowotny (1973) é a

desigualdade de desenvolvimento econômico de diferentes regiões ou países. A migração

rural-urbana, portanto, traz uma progressiva urbanização das sociedades. Esta emigração é

geralmente considerada como resultado do desenvolvimento econômico em uma economia de

mercado.Problemas econômicos e culturais, estão relacionados com os imigrantes e um fator

que vem a mostrar a desigualdade que ocorre com este grupo está associado a falta de

emprego que vem a provocar a discriminação dos mesmos, fazendo assim com que eles

passem a viver nas margens da sociedade, evidenciando ainda mais a desigualdade econômica

e social.

Para Adamson (2004) a balança de poder pode ser interpretada como capacidade física dos

Estados por meios econômicos, demográficos, tamanho da população, recursos naturais,

território, economia e força militar. A política de migração pode ser uma ferramenta para os

Estados exercerem os seus interesses nacionais. Em países industrializados onde a mão de

obra jovem é escassa tem-se buscado atrair jovens qualificados principalmente nas áreas de

tecnologia e informação. O país receptor absorve vantagens econômicas geradas pelos

avanços tecnológicos da mão de obra, e, em casos de conflitos, os imigrantes podem

contribuir para a força militar do Estado, podem prestar serviços de inteligência como

conhecimento de outros idiomas, entre outros (ADAMSON, 2004).

As migrações influenciam nos salários em regiões de emigração e de imigração no

curto e médio prazo. Os imigrantes que enviam parte de sua renda para o

15

país de origem (efeito de remessas) influenciam a economia destes países (HOFFMANN,

1973). As remessas enviadas pelo imigrante constitui mais da metade do fluxo financeiro em

muitos países, representando um saldo positivo em sua balança comercial.

Cooperação internacional para autores como Putnam é muito mais difícil de acontecer do que

um conflito, no entanto vemos que na percepção de outros autores com Adamson a

cooperação internacional pode acontecer, e em casos de imigração e de controle das fronteiras

pode ser visto como essencial à manutenção da capacidade de um Estado para regulamentar à

população (ADAMSON, 2004).

A migração internacional passou para o topo da agenda da segurança internacional, onde esta

discussão está centrada na questão do terrorismo internacional. Muitas vezes, os imigrantes

podem ser uma ameaça à segurança nacional em tempos de guerra ou crise, porque fica um

impasse entre sua identidade cultural e o território onde vive. Uma ligação mais óbvia entre a

imigração e o crime organizado é a indústria mundial de tráfico de seres humanos

(ADAMSON, 2004).

O terrorismo passa a fazer parte do debate de segurança a partir do momento em que ele passa

a apresentar uma ameaça existencial passando a ocupar o status de High Polictcs do Estado,

sendo necessário medidas emergências para contê-los. Para Buzan (2008) a questão segurança

é vista como um fenômeno multi-facelado onde cada situação teria uma resposta de acordo

com o grau de securitização que ele vem a alcançar, ou com a existência do processo de

securitização de alguns temas, ou seja, o surgimento de uma ameaça existencial.

Num ambiente global tem sido um desafio para os estados a imigração internacional, pois o

terrorismo internacional passou a ser uma ameaça desde o 11 de setembro de 2001, e desde

então várias medidas de segurança formam tomadas, não só nos Estados Unidos, como

também em vários países da Europa, como a França. Apesar de nem todos os imigrantes

serem terroristas, todos os terroristas são imigrantes. Os grupos terroristas vêem a imigração

como uma estratégia para ter acesso ao país escolhido e assim promover seus interesses. Uma

outra estratégia dos terroristas se baseia em células adormecidas de grupos já inseridos

naquela sociedade, no qual sendo ativados poderão contribuir nos ataques.

16

Ao longo dos últimos anos, a relação da França com seus imigrantes parece ter se tornado

cada vez mais complicada, e a tendência para considerar a imigração como um problema de

segurança e o imigrante como uma ameaça à integridade física e cultural do país parece ter se

estabelecido como uma das características mais marcantes da vida política francesa na

atualidade (SOUKI e AQUINO, 2007).

IMIGRAÇÃO MUÇULMANA E OS IMPACTOS NA SEGURANÇA DA F RANÇA

Atualmente as imigrações tem se destacado no âmbito econômico e social, e tem se tornado

um desafio para as políticas tanto internas quanto internacionais. O aumento crescente do

fluxo de pessoas através do globo é uma realidade no cenário atual. No contexto global a

imigração tem contribuído com avanços tecnológicos obtidos através da mão de obra

qualificada que gera além desta outras vantagens como econômicas, industriais, de engenharia

e até mesmo em casos de guerras estes imigrantes poderão ser importantes para garantir a

segurança estatal. Esses benefícios são importantes tanto para os países receptores quanto os

de origem que tem também sua economia modificada devido às remessas enviadas pelos

imigrantes.

Segurança e imigração têm sido assuntos de alta relevância, principalmente com o

crescimento da população muçulmana, já que as taxas de natalidade deste grupo não só na

França, mas em todos os países no qual este está inserido, tem aumentado significativamente.

A segurança pode ser entendida como preservação da ordem social, cultural e econômica. A

segurança passa a ser uma preocupação do cotidiano dos indivíduos e o perigo agora não é

mais concebido como uma ameaça vinda de um país inimigo e que em última instância pode

ser resolvida por meio da guerra. A segurança foi à preocupação principal do tema da

campanha eleitoral para a presidência francesa no início de 2002, no qual a primeira medida

do governo após a eleição foi um plano de segurança pública voltada para a questão da

imigração (VILLA, 1999).

Essa realidade pode ser percebida não somente na França como também em toda a Europa,

pois ocorreram ondas migratórias de vários povos como judeus, ciganos, população de

17

diversos continentes e no caso principalmente de povos de países que professam a fé islâmica.

Um dos fatores que impulsionou principalmente o imigrante norte - africano vindo da ex-

colônia francesa foi a imigração econômica e a busca por alcançar divisas para enviar ao seu

país de origem, para que, quando retornassem tivessem uma condição de vida melhor. A

questão migratória além de ser abordada nas questões de segurança internacional tem sido

alvo de críticas no que tange a economia, pois, eles são vistos como culpados pelas

deficiências econômico-sociais (BUZAN, WAVER, 2003).

Existem vários tipos de imigração como voluntária, involuntária, econômica, controlável,

incontrolável, irregular, clandestina, diáspora entre outros e cada uma é impulsionada por

algum fator. Temos a imigração voluntária que é uma migração espontânea feita pelo

indivíduo e dentro dos fatores que a estimulam a migração econômica tem sido o fator que se

sobressai. A migração involuntária é o oposto da voluntária, e na sua maioria é formada por

grupos de refugiados, perseguidos políticos entre outros e temos também a migração

clandestina que é feita de forma a confrontar as autoridades estatais, pois os indivíduos entram

de forma ilegal no Estado. Entretanto essas outras motivações possuem uma participação

muito pequena no total de imigrantes vindos de outros Estados.

Migração econômica se dá devido a desigualdade de desenvolvimento em diferentes regiões.

Esse fato contribuiu para que os muçulmanos contemporâneos chegassem aos países europeus

atraídos pela prosperidade e animados com a proximidade geográfica, fazendo assim da

França a nação da Europa ocidental em que a população de origem muçulmana é a mais

importante numericamente (HOFFMANN, 1973). Isso corrobora com o proposto por

Adamson (2004) que relata que os diferentes níveis econômicos entre as regiões são um dos

motivos pelo o qual a migração ocorre, fazendo assim gerar um aumento na economia do

mercado.

A aceitação destes imigrantes pela comunidade européia, principalmente os de origem

muçulmana, se deu por questões econômicas. A mão de obra européia não era suficiente e os

imigrantes estariam dispostos a fazer trabalhos que os europeus renegavam e o valor pago aos

imigrantes era vantajoso ainda mais que se comparado como o que estariam recebendo no

país de origem, assim para os imigrantes estes serviços eram financeiramente compensatórios.

18

Percebe-se assim a alteração na economia no que tange a influência que estes imigrantes

proporcionam nas regiões onde estão, seja a curto ou longo prazo. Como já citado, a

economia do país de origem é modificada devido ao efeito remessa e este impacta

positivamente a economia do mesmo (JÚNIOR, 2009). Essas remessas podem ser

significativas para o fechamento da balança de pagamento17 dos países de onde estes

trabalhadores saíram.

Após a II guerra Mundial ocorreu a onda migratória para a França, porém devido à crise do

petróleo a economia francesa foi impactada, gerando um grande número de desempregos e a

fixação dos imigrantes, que no início se pensava que era algo passageiro e que os mesmos

retornariam aos seus países. Porém percebeu-se que este fato em grande escala não aconteceu

e para tentar se manter de pé diante da crise financeira o governo francês desenvolveu uma

política de restrição imigratória, para assim frear o número de imigrantes (JÚNIOR, 2009).

O fator econômico tem se mostrado como um grande problema na integração dos

muçulmanos na sociedade francesa. Por isso a maior rejeição aos estrangeiros se deu no

momento da crise econômica quando a política do bem estar francês18 entrou numa crise o os

estrangeiros passaram a ser vistos como responsáveis pelo nível de desemprego, sobretudo os

muçulmanos (GONCALVES, 2004).

Nos últimos anos, a França vem lutando com problemas econômicos e culturais relacionados

aos imigrantes que vivem no país. Um deles é compartilhado por boa parte do restante da

Europa como interromper a entrada de imigrantes ilegais que esgotam a economia e os

serviços sociais de um Estado. O segundo diz respeito a como obrigar os cidadãos franceses

de origem imigrante a obedecer às leis, inclusive as referentes à proibição de práticas como

17 Refere-se a um instrumento contábil referente às relações comerciais de um país com o resto do mundo. Ele registra as diferenças de importações e exportações de produtos, serviços, capital financeiro, bem como transferências comerciais. 18 Baseado na política do bem estar social tem como característica o provimento pelo Estado de uma série de garantias sociais ao indivíduo desde seu nascimento até sua morte.Tomamos como exemplo serviços de saúde, educação, previdência social entre outros. Essa política traz ao Estado grandes custos financeiros, o que leva a possíveis déficits fiscais.

19

poligamia e o uso de lenços na cabeça por meninas e mulheres muçulmanas nas escolas e

universidades.19

Os índices de desemprego na França são maiores para os descendentes de imigrantes. Os

predominantemente muçulmanos são considerados menos qualificados em virtude do declínio

do setor industrial. A exclusão social dos imigrantes acarreta na marginalidade social e a

dificuldade de conseguir emprego, reduzindo assim a possibilidade de uma capacitação dos

mesmos. Ao contrário das primeiras levas, que logo foram devidamente "assimiladas" e se

integraram "cultural e economicamente ao país", os recém chegados se tornaram

desempregados e vítimas de uma exclusão social, herdada por seus filhos, que acabou criando

uma subclasse árabe no país.20

A existência dos imigrantes e os conflitos que ocorrem principalmente nos subúrbios, acabam

de certa forma influenciando negativamente a economia, pois gerou uma certa falta de

confiança aos investidores, pois tem aumentado atos como ataques a lojas, metrô e os

tumultos causados pelos imigrantes muçulmanos trazem sérias conseqüências para a França,

pois mancharam a imagem do país tanto para investidores quanto para turistas.

Frear a onda migratória vem sendo um objetivo dos Estados não somente em virtude, da

segurança e da onda de terrorismo, mas também tem sido pelo medo da perda da identidade

nacional e pelo grande número de desemprego. A entrada de imigrantes traz consigo uma

cultura diferente e uma identidade cultural que muitas vezes é em desacordo como meio onde

estão inseridos. Os autores Waever e Barry Buzan (2003), argumentam que para a segurança a

questão identitária pode vir a impactar caso um grupo sofra alguma ameaça existencial. Pois

de acordo o setor societal a identidade coletiva de um grupo pode ser impactada, caso houver

ameaças existenciais que pode ser exemplificada com uma ameaça e que fere os princípios

fundamentais do Estado como soberania, ideologia, etc. A identidade nacional tem sido

alterada também pela globalização e dizer quem é o “outro”, neste caso o estrangeiro,

proporciona a sociedade francesa, discutir sobre a inserção de estrangeiros. Quanto a

19 Disponível em: www.bbc.co.uk/portuguese. 20 Disponível em: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/12/341291.shtml.

20

integração sócio cultural dos imigrantes a presença do “outro” pode chegar a discriminação e

até mesmo a marginalização.

Os muçulmanos foram inseridos na sociedade como cidadãos franceses, mas mesmo com sua

naturalização não tiveram sua identidade mudada, e não deixaram de serem vistos como

estrangeiros apesar de uma grande parte dos muçulmanos se sentirem franceses (REIS, 2006).

Estes grupos minoritários, que de certa forma são discriminados seja por causa da religião,

etnia, língua cultura, ainda enfrentam o desafio de se socializarem no meio onde estão

inseridos. Pertencer a um grupo minoritário não significa necessariamente ser uma minoria

numérica, mas pode ser identificado com grupo que está em desvantagem por ter menos poder

político ou econômico. Porém para muitos a identidade local é absorvida passando assim a

sobrepor a identidade de sua coletividade, facilitando assim sua integração na sociedade

(SANTILLI, 2008). Muitos destes que absorveram a identidade da região onde estão

inseridos, acabaram assimilando por completo a identidade francesa. Percebe-se que uma boa

parte dos imigrantes de origem muçulmana teve sua identidade já assimilada no país receptor

e como isso tem diminuído seu apoio a atentados terroristas, em contrapartida os que não

absorveram a mesma identidade, concordam com as metas da Al-Qaeda, desta forma percebe-

se que na França um grande problema tem sido a aproximação da identidade nacional e a

imigração.

A identidade nacional francesa e sua relação com o estrangeiro foi sendo construída na

medida em que os imigrantes do mundo islâmico foram crescendo. O laicismo tornou-se parte

da identidade da França, e a separação entre religião e Estado foi aplicado com a proibição do

uso ostensivo de vestimentas religiosas como as usadas por mulheres muçulmanas as burcas

que escondem o rosto, véu islâmico, o uso de terços e também a proibição de todo o tipo de

manifestação religiosa. Organizações Islâmicas da França, não concordaram com a lei de

1905, alegando que ela é incompatível com o Islã, mas que ela precisa ser aplicada de maneira

justa.

O uso do véu para mulheres muçulmanas é um confronto à identidade francesa e a decisão do

governo em permitir ou não o uso do véu mostra como é a identidade da nação francesa e

como ela é construída sem relação com os imigrantes. A identidade nacional é um fator

relevante na esfera internacional e os conflitos de identidade são notórios, como no caso do

21

affaire du foulard na França, ou seja, a proibição do uso do véu (REIS, 2006). Percebe-se que

tensões acerca da proibição do uso da burca podem gerar crise com a comunidade

muçulmana, pois após esta proibição a França foi acusada pelo número 2 da Al-Qaeda Ayman

al-Zawahiri,de odiar os muçulmanos e apoiar os judeus a assumir o controle da Palestina.

A França acolheu imigrante (mão-de-obra barata), mas remeteu-os para os arredores das suas

cidades, confinando-os a guetos. Estes imigrantes trouxeram consigo sua identidade cultural

que em algumas vezes é contrária as tradições do estado, assim este grupo acaba recebendo a

segregação geográfica, ou seja, são instaladas nos guetos.21 Estes guetos concentram a

população de mesma nacionalidade ou região e se transforma em uma área livre onde estas

pessoas podem exercitar com liberdade sua cultura, língua e costumes. Um dos problemas

causados pela existência desses guetos é a desvalorização comercial sofrida pelos imóveis

localizados ao redor destas áreas porque muitas vezes aumentam a precariedade da região e

seu aspecto marginal. Entretanto estes guetos são fundamentais para manter a identidade e a

coesão deste grupo, já que lá podem exercitar suas características comuns (GEORGE, 1985).

Os muçulmanos que vivem na França estão concentrados nos guetos e nota-se que no bairro

de Belleville em Paris, existe cerca de 1,5 milhão de muçulmanos além de outras etnias como

judeus, chineses, africanos e também franceses de classe média. Estes grupos étnicos sofrem

com o desemprego em grande parte devido a sua falta de instrução e também pela

discriminação que sofrem. Mesmo com dados da Comunidade Econômica Européia (CEE),

que demonstraram que devido ao baixo número de natalidade no país os imigrantes são

essenciais para manter o equilibro, já que eles participam de 12% da taxa de fertilidade e sua

contribuição é fundamental para conter a baixa na natalidade, a segregação aos imigrantes

permanece.

A Agência dos Direitos Fundamentais da União Européia (FRA) publicou um relatório sobre

a discriminação contra os muçulmanos na EU. Os resultados relativos aos inquiridos

muçulmanos indicam níveis de discriminação e vitimização tão elevados como os de outros

grupos minoritários inquiridos. A legislação destinada a combater a discriminação é pouco

conhecida e as pessoas não confiam nos mecanismos de apresentação de queixas. Os

21 Disponível em: http://www.etni-cidade.net/franca_questiona.htm.

22

muçulmanos inquiridos não consideram que a religião seja o principal motivo de sua

discriminação e os resultados também revelaram que o uso de vestuário tradicional ou

religioso não aumentava a probabilidade de se ser discriminado.22

O emprego é uma parte fundamental do processo de integração. É essencial para a

contribuição dos migrantes para a sociedade e para dar visibilidade a essa contribuição. A

discriminação pode dificultar o processo de integração. Nos países da União Européia, pode-

se ver alguns fatores que em somatória num contexto geral podem vir a eclodir impactos para

a segurança dos países. Muitos muçulmanos europeus, sobretudo os jovens, deparam com

obstáculos à sua progressão social, o que pode causar um sentimento de desespero e exclusão

social. Racismo, discriminação e marginalização social são graves ameaças à integração e à

coesão da comunidade.23

O baixo rendimento escolar é outro fator associado à discriminação com que são confrontados

os muçulmanos europeus. Em muitos Estados-Membros, onde uma grande parte da população

migrante é composta por muçulmanos (por ex. Dinamarca, Alemanha e França), os migrantes

e os descendentes de nacionais de países terceiros apresentam níveis de escolaridade mais

baixa.24

A pobreza na região pode ser justificada pela falta de emprego e um dos motivos é a falta de

instrução, como já citado, é também pela discriminação que ocorre entre franceses brancos e

franceses que possuem sobre nome norte - africano. Pois numa disputa por uma vaga de

emprego entre um francês branco e um de origem muçulmana, os brancos sempre recebem

uma maior oportunidade de emprego. Alguns dos muçulmanos residentes na EU têm também

uma longa presença histórica nos países onde vivem à discriminação e abordam a

marginalização social devem tornar-se prioridades políticas.25

Os Estados-Membros têm de aplicar plenamente as diretivas anti-discriminação existentes

(Directiva 2000/43/CE sobre a igualdade racial e a Diretiva 2000/78/CE sobre a igualdade no

22 http://fra.europa.eu/fraWebsite/attachments/EU-MIDIS-2-MR280509_PT.pdf. 23 http://fra.europa.eu/fraWebsite/material/pub/muslim/EUMC-highlights-PT.pdf. 24 http://fra.europa.eu/fraWebsite/attachments/EU-MIDIS-2-MR280509_PT.pdf. 25 http://fra.europa.eu/fraWebsite/material/pub/muslim/EUMC-highlights-PT.pdf.

23

emprego) e aplicar o mais possível as respectivas disposições, não esquecendo as medidas

específicas de promoção da igualdade. Os Estados-Membros são encorajados a implementar

medidas de apoio aos imigrantes e às minorias, incluindo os muçulmanos, por forma a

proporcionar-lhes oportunidades idênticas e a prevenir a sua marginalização.26

O aumento da criminalidade tem sido associado a imigração, e no caso dos muçulmanos essa

questão da religião não tem sido o fator principal quem vem gerando conflitos e sim as

circunstâncias sociais que vão desde a habitação em lugares isolados e pobres ao aumento da

criminalidade gerado pelos muçulmanos fundamentalistas. A imigração passa a ser

relacionado com criminalidade, terrorismo, atentados, conflitos étnicos, religiosos entre outros

(ADAMSON, 2004).

A violência nos subúrbios de Paris, habitado na sua grande maioria por imigrantes das ex

colônias, tem aumentado e a segurança francesa vem tomando medidas para reprimir tais

ações. Nos últimos anos, tem sido freqüente a onda de violência como vários atos de

protestos, incêndio de veículos, escolas, ginásios e prédios públicos, apesar do esforço do

governo em contê-la. A alegação dos imigrantes para as repressões é a alta taxa de

desemprego que os atinge.27 Os imigrantes, incluindo os provenientes de países

predominantemente muçulmanos, aparecem de uma forma geral, dispor de condições de

habitação mais degradadas e, comparativamente, ter uma maior vulnerabilidade e insegurança

em termos de habitação. Têm sido registradas algumas melhorias nos padrões de habitação,

mas a desigualdade subsiste devido em grande medida, à escassa existência de habitações

sociais destinadas aos grupos de baixo rendimento, como é o caso dos imigrantes ou dos seus

descendentes.

Na França, o “problema da imigração” é um dos problemas existentes, pois a dificuldade do

Estado francês em controlar suas fronteiras e reduzir o número de imigrantes no país é apenas

um dos aspectos dessa questão. Para manter a soberania do Estado o mesmo deve ter a

capacidade de controlar quem entra em seu território, evitando assim o contrabando, o 26 http://fra.europa.eu/fraWebsite/material/pub/muslim/EUMC-highlights-PT.pdf. 27 Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2005/08/050830_parisdffn.shtml acessado em 06/06/10 às 23:10hs.

24

aumento da criminalidade e até mesmo a entrada de grupos terroristas, preservando assim sua

soberania. Com a existêcia de politicas migratórias que tentam frear a imigração, ocorre o

ingresso de organizações que ajudam na entrada ilegal dos imigrantes. A entrada clandestina

desafia a soberania estatal e aciona a preoupação com a segurança, e questões ligados ao

narcotráfico, a violência e ao crime organizado. Muitos destes imigrantes que entraram de

forma ilegal ou clandestina acabam vivendo numa condição vulnerável, com medo de serem

descobertos expulsos e chegam muitas vezes a não utilizarem os serviços públicos, embora

muitas vezes até contribuam com o seu trabalho para o enriquecimento do estado (RIBEIRO,

2007).

Manter a autonomia estatal num ambiente em que a imigração é grande tem sido difícil para

alguns Estados que não conseguiram absorver o impacto desta imigração sejam na economia,

segurança, transformações sociais que se percebem ao longo do tempo, pois se o grupo de

imigrantes tiver uma força expressiva ele pode influenciar a região na qual está inserido.

Outra forma de manter a autonomia é através da capacidade do Estado em exercer a

diplomacia (ADAMSON, 2004).

A imigração era vista como a chave da entrada de tecnologia, mão de obra especializada e

passou a ser vista como uma ameaça à segurança após o atentado de 11 de setembro, por ela

ser uma grande fonte para o terrorismo.28 Outra temática que foi afetada pelo atentado foi

sobre os refugiados, pois se entende como refugiado toda pessoa que devido a receios de

perseguição se desloca para outro território, e tendo o risco de ataques terroristas como se terá

certeza de que ao abrigar um refugiado não estará trazendo para dentro do seu território um

terrorista, por isso tem sido difícil, conseguir identificar quem é um imigrante econômico, um

refugiado ou até mesmo um terrorista.

Fatores ligados a imigração, a presença de muçulmanos, terrorismo e vários incidentes nas

periferias chegaram a colocar em dúvida a segurança na França. Para autores como Buzan,

Waener e Wilde (1998), segurança internacional está fundamentada na política de poder, no

qual significa sobrevivência do Estado, e se o Estado estiver sofrendo qualquer tipo de

ameaça existencial, será necessário tomar medidas para resolver este problema e esta temática

28 Disponivel em http://www.migrante.org.br/as_migracoes_internacionais_contemporaneas_160505b.htm

25

deve configurar como High Politics do Estado, ou seja, o tema tem que ser securatizado

deixando de fazer parte da esfera de low politics sendo inserida na agenda de segurança. Para

ser uma ameaça existencial ela deve ser objetiva, ou seja, uma ameaça real que possa afetar

sua segurança e se a ameaça não é percebida temos uma ameaça subjetiva. Desta forma a

noção do que é real ou não passa a ser percebida pela percepção dos atores envolvidos.

O problema identitário entre muçulmanos e judeus tem impactado a segurança do Estado

francês, fato este que pode ser percebido quando na crise de Gaza ocorreram vários ataques

anti-semitas na França, como na sinagoga de Saint-Denis, na periferia de Estraburgo e Puy-

en-Velay, no sudeste do país. Tensões que envolvem judeus e muçulmanos têm crescido

assim como o medo de conflitos interno e atos de violência no território francês que tem

aumentado a cada incidente. Vários atos anti-semitas estão acontecendo em toda a Europa e

em maior proporção na França, devido ao grande número de imigrantes muçulmanos.29

Agressões, assaltos, roubos, homicídios entre outras barbáries tem sido constantes nestes

ataques.

Além de incidentes anteriores ocorreram atentados em 1995 do sistema de metrô de Paris, de

autoria das forças Armadas da Argélia (grupo Islâmico) e ataques em várias partes da Europa

Ocidental, já haviam levantado preocupações sobre a relação entre migração, conflitos

identitários e segurança (ADAMSON, 2004).

A França possui em seu território as maiores comunidades muçulmana e judaica, sendo os

muçulmanos de 4 a 5 milhões de membros e os judeus com aproximadamente 600 mil.30 Toda

essa tensão surgiu quando em novembro de 1947 a ONU aprovou a partilha da palestina em

dois territórios, um para os muçulmanos palestinos e outro para os judeus. Porém essa solução

adotada pela ONU não agradou aos judeus que acharam seu território pequeno e insuficiente

para acolher a seus refugiados e os palestinos também constestaram alegando ser uma

usurpação tal ato. Este fator histórico fez com que cada grupo trouxesse consigo enraizado na

sua identidade coletiva e para a comunidade muçulmana um antissemitismo vem tornando 29 Disponivel em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2009/01/090112_francaantisemita_df.shtml. 30 Disponível em: http://www.dgabc.com.br/News/5722984/cresce-a-tensao-entre-judeus-e-muculmanos-na-franca.aspx acessado em 17/06/10 às 13:31hs.

26

mais ideológicos os conflitos recentes e em virtude da violência muitos judeus acabaram

saindo do país por estarem preocupados com sua segurança.

Percebe-se que ambas as comunidades são contra estes conflitos por terem certa afinidade

cultural no que consiste que grande parte dos judeus na França tem origem norte – africana e

outro ponto em comum é que ambos são contra a lei francesa de proibir vestimentas e

símbolos religiosos, incluindo o véu muçulmano e o quipá judaico. Porém mesmo com a

identidade coletiva das gerações mais velhas que consiste no tempo em que eles viviam em

paz, os conflitos atuais acabam sobressaindo e vem se intensificando o conflito entre estes

dois grupos.31

O terrorismo envolvendo muçulmanos vem crescendo e esse fato pode ser visto na conjuntura

atual. Em virtude da crença religiosa, extremistas muçulmanos praticam atos suicidas como

explodir bomba no seu próprio corpo e em carros bombas, detonação de bombas também por

controle remoto, etc. Os extremistas muçulmanos acreditam que este ato lhe garante o direito

e ir para o paraíso e ter uma vida eterna ao lado de virgens. Para muitos muçulmanos, para se

tornar um “martir” acabam cometendo atentados visando eliminar o maior número de pessoas

possíveis. Para atingir este fim dirigem-se para locais públicos como parques, cinemas,

escolas, metrô, buscando assim provocar uma grande destruição e morte. Devido a estes tipos

de atentados, antes mesmo do tão comentado 11 de setembro, já se repercutia em território

francês o medo causado por esta ameaça, em virtude disso a França chegou a proibir que os

pais acompanhassem os filhos dentro das escolas, pois temiam que um suicida se infiltrasse

no meio deles. 32

Em março deste ano o presidente Nicolas SArkozy condenou os ataques terroristas que

ocorreram no metrô de Moscou que tiraram a vida de 36 pessoas. Outro problema que a

França vem enfrentando no quesito segurança tem sido com os campos ilegais de imigrantes

em seu território, que veio aumentar à partir de 2002 quando a Cruz Vermelha fechou o centro

de Sangatte. A polícia francesa vem agindo de forma a preservar a segurança, como o fato

31 Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL982270-5602,00.html - Acessado em 17/06/10 às 14:43hs. 32 Disponível em: http://www.library.com.br/Filosofia/terroris.htm acessado em 16/06/10 às 13:37hs,

27

recente do fechamento do abrigo ilegal de imigrantes na cidade de Calais no norte da França

onde abrigava dentro destes imigrantes a maioria do Afeganistão e Iraque. O local havia se

tornado um refúgio de gangues de traficantes de pessoas e uma “zona proibida” para os

moradores locais. O governo tem tomado medidas de segurança para tentar frear essa onda

terrorista e imigratória que vem impactado em seu país e afetando além de sua população, os

próprios muçulmanos e imigrantes.

No geral os imigrantes podem ser vistos como ameaças a segurança nacional em tempos de

guerra ou crise, por causa da sua fidelidade a sua nação origem.

CONCLUSÃO

Conclui-se que migração pode trazer benefícios tanto quanto ameaças para o país de origem

no caso em questão a França. Percebe-se que a imigração pode ser benéfica para os países,

por causa da mão de obra qualificada, dos avanços industriais, engenharia, principalmente no

que tange as questões econômicas e tecnológicas que vem com a mão de obra especializada,

além dos imigrantes serem importantes em caso de guerra por poderem ser utilizados para

garantir a segurança do Estado, podem também ajudar na tradução de outros idiomas.

Porém no quesito segurança, ela vem demonstrando não ser tão benéfica assim, pois em

virtude da onda de terrorismo não é possível identificar se aqueles imigrantes principalmente

os de origem muçulmana são oriundos de uma migração econômica, refugiado ou se é um

terrorista infiltrado. Os terroristas podem agir de forma a fazer com que células adormecidas

de pessoas de sua terra natal que já estejam no território contribuam nos ataques, além dos

conflitos entre muçulmanos e judeus.

A migração muçulmana na França tem impactado a segurança através de atos terroristas,

ataques com bombas detonadas em locais públicos visando a destruição e morte do maior

número de pessoas, ou através de conflitos identitários entre judeus e muçulmanos além de

fatores também ligados a questões econômicas com desemprego, falta de qualificação,

discriminação entre outros.

28

Conter o fluxo migratório tem sido prioridade do governo, e para tal o mesmo vem adotando

medidas com políticas migratórias, visando assim conter este grande fluxo que vem

interferindo negativamente na segurança do país, pois como vários imigrantes muçulmanos

acabam sendo discriminados faz com que a falta de emprego os marginalize ainda mais,

provocando assim revolta e a não integração deste a sociedade, pois com as gerações

anteriores que eram direcionadas para um setor de trabalho sua integração ocorria tanto na

forma econômica quanto cultural.

Percebe-se que uma forma de ser resolver o problema de imigração na França seria com a

criação de leis e medidas dentro de uma política migratória que proporcione um controle

rígido de entrada de imigrantes no país e que tenha uma forma rígida de fiscalização quanto

ao tempo de permanência dos mesmos. A integração dos imigrantes que já residem no

território também deve ser buscada, e para isso o governo deve buscar formas de aperfeiçoar

esta mão de obra, acabando assim com a marginalização e descriminalização, além de

resolver com os problemas econômicos e do desemprego envolvendo os imigrantes

muçulmanos. Com essa integração os imigrantes não de sentirão vítimas do preconceito, além

de se inserirem na sociedade, quebrando assim seu vínculo com o país de origem. Essa

integração deve começar desde o ensino fundamental incluindo a capacitação profissional

para que estes venham a ser como os primeiros imigrantes que foram assimilados no país

integrando-se socialmente e culturalmente.

As minorias muçulmanas integradas a sociedade e o Estado francês intensificando seus

esforços no sentido de melhorar as oportunidades de emprego, sobretudo dos jovens

pertencentes a esta minoria. As autoridades públicas locais e nacionais devem assumir um

papel principal na promoção da igualdade de acesso ao emprego, pois se os imigrantes

muçulmanos assimilarem uma identidade francesa, quebrando seu vínculo com seu Estado de

origem, as tensões entre judeus e muçulmanos, ou qualquer outro tipo de conflito identitário

que vier a existir não irá influenciar a estes imigrantes que já se sentiram integrados como

cidadãos franceses, assim a sua imigração não irá gerar impacto para a segurança do Estado

francês e para qualquer outro local que eles estiverem.

29

BIBLIOGRAFIA

ADAMSON, Fiona B. Crossing Borders.International Migration and National Security. Disponível em: http://muse.jhu.edu/login?uri=/journals/international_security/v031/31.1adamson.html - Acessado em 29/11/09 – 21:08hs. ASSIS, Glácia de Oliveira; SASAKI, Elisa Massae. Teoria das Migrações Internacionais. XII Encontro Nacional da ABEP 2000 - Caxambu, outubro de 2000.GT de Migração.Sessão 3 – A migração internacional no final do século. Disponível em https://www.cedeplar.ufmg.br/demografia/teses/2002/Weber_Soares.pdf - Acessado em 24/05/10 - às 23:02hs. AYERBE, Luíz Fernando. Os Estados Unidos e as relações contemporâneas. Disponível em: http://publique.rdc.puc-rio.br/contextointernacional/media/Ayerbe_vol27n2.pdf acessado em 14/06/10 às 10:40hs. BRAUDEL, Fernand. Gramática das Civilizações - F. Braudel ; tradução: Antonio de Paula Danesi -2. ed. -São Paulo : Martins Fontes, 2002. BUZAN, Barry, WAEVER, Ole. Regions and powers. The structure of international

security. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.564 p.(Cambridge studies in international International.; v 91) ISBN 0521891116 DAMASIO, Celuy Roberta Hundzinski. O percurso da Imigração na França. Revista Espaço Acadêmico.N.º 66 – Novembro/2006.Mensal. ISSN 1519.6186.Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/066/66damasio.htm - Acessado em 07/11/09 às 15:07hs. DAMATTA, Roberto.As migrações Internacionais. Disponível em http://www.franca.unesp.br/migrepi/Texto1.pdf - Acessado em 22/11/09 às 14:47hs. DARK, K.R. Coord. Religion and International Relations. Edited by K. R. Dark. New York: Palgrave, 2000 DELFINO, Silas do Carmo. Migrações Islâmicas após o 11 de setembro.Revista Nures n.º14 – Janeiro/Abril 2010 – Disponível em: http:www.pucsp.br/revistanures.Núcleo de estudos Religião e Sociedade – Pontifícia Universidade Católica – SP ISSN 1981-156X. Acessado em 24/05/10 às 19:58hs. DINH, Bernard e MA MUNG, Emamanuel. A politica migratória francesa e o empreendedorismo. Imigrante -French migratory policy and immigrant entrepreneurship. Disponível em: http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Revista_3/Migr3_Sec1_Art5_PT.pdf -

Acessado em 23/11/09 às 23:36hs.

30

DURVELL, FRANCK. Clandestine Migration in Europe. Social Science Information 2008; 47; 479 - Disponível em: http://ssi.sagepub.com/cgi/content/abstract/47/4/479 Acessado em: 01/12/09 às 00:18hs. FERRIN, Isabel, SANTOS, Clara Almeida, FILHO, Willy, FORTES, Ilda.Média, Imigração e Minorias Étnicas. 2005-2006. Disponível em: http://www.acidi.gov.pt/docs/Publicacoes/estudos/Estudo_28.pdf - Acessado em 08/11/09 às 18:20hs. FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas às independências - sécs. XIII a XX. Lisboa: Estampa, [1996]. GEORGE, Pierre. Géopolitique dés Minorités.Paris. PUF.1985. GONCALVES, Pe Alfredo J. CS Canoas/RS. Junho 2004 – Seminário sobre direitos humanos e imigração. Disponível em http://www.migrante.org.br/textoseartigos.htm - acessado em 06/06/10 às 20:06hs. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. HAUPT, Heinz-Gerhard. Religião e nação na Europa no século XIX: algumas notas

comparativas. Estudos Avançados, São Paulo , v.22, n.62,, p.77-94, jan./abr. 2008. HOBSBAWM, E. J.. Era dos extremos: o breve século XX,1914-1991. Sao Paulo:

Companhia das Letras, 1995. HOFFAMANN-NOWOTNY.Hans Joachim. Soziologie dês Fremdar beiterproblems; eine theoretis the und empirice.1973. Analyse am Beispiel der Schweiz. Stutgart Disponível em: htpp://csi.sageub.com/cgi/content/abstract/53/4/535 – Acessado em 30/11/0 às 22:54hs. JENKINS, Philip.A próxima Cristandade: A chegada do Cristianismo global. Editora

Record. Rio de Janeiro. São Paulo JUNIOR, Lúcio Jablonski. As questões demográficas, religiosas e cultura na Europa do Século XXI:Imigração, multiculturalismo e choque de civilizações. ISSN 1982-0496 Vol. 6 (2009). Disponível em: http://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/viewFile/279/217 - acessado em 30/05/10 -às 20:20hs. KOSER, K. (2000) Asylum policies, trafficking and vulnerability, Int ernational Migration, 38(3): 91-112 - Disponivel em: http://iom.int/jahia/webdav/site/myjahiasite/shared/shared/mainsite/policy_and_research/gcim

/tp/TP5.pdf - Acessado em 30/11/09 às 23:35hs. MACHADO, Fernando Luiz. Imigrantes e Estrutura Social. – Disponível em http://sociologiapp.iscte.pt/pdfs/11/120.pdf - Acessado em 24/05/10 às 21:54hs.

31

MANOEL, Ivan A.; ANDRADE, Solange Ramos de; Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Org). Identidades religiosas. Franca, SP: UNESP, 2008. 281p.

MARINUCCI, Roberto; MILESI, Rosita.Algumas reflexões sobre as migrações na atualidade. Brasília, fev 2005 - Disponível em: htpp:/www.migrante.org.br/textoseartigos - Acessado em 20/11/09 às 17:18hs MARTUCCELLI, Danilo.As contradições políticas do multiculturalismo. La Décourvert.1996.Organizador Michel Wieviorka - Disponível em: http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE02/RBDE02_04_DANILO_MARTUCCELLI.p

df - Acessado em 06/11/09 às 20:35hs. MILESI, Rosita.MARINUCCI, Roberto.Migrações Internacionais Contemporâneas. Disponível em: http://www.migrante.org.br/as_migracoes_internacionais_contemporaneas_160505b.htm acessado em 30/05/10 21:10hs. RAPOSO, Henrique.O islamismo nas sociedades européias: O mito da comunidade muçulmana, do diálogo de civilizações e do islã moderado. REIS, Rosana Rocha.Migrações:Caso Norte americano e francês. Revisa brasileira de Ciências Sociais. Vol. 14 No 39 - Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v20n57/a06v2057.pdf - Acessado em 23/11/09 às 22:52hs

REIS, Rosana Rocha. Políticas de Nacionalidade de políticas de imigração na França. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Volume 14 n.º 39.Páginas 118 a 138 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v14n39/1725.pdf -Acessado em 06/11/09 às 20:08hs. RIBEIRO, José Manuel Félix.NUNES, Carlos. Estados Falhados com sucesso. Disponível

em: http://www.gppi.net/fileadmin/gppi/CarlosNunes_book_review_Ricardo_Soares.pdf. acessado em 31/05/10 13:25hs.

SANTIAGO, Jaime Ruiz de, PEYTRIGNET, Gerárd, TRINDADE, Antônio Augusto – Disponível em: http: //www.icrc.org/Web/por/siteporO.nsf/0/09ª61705b9ad3183303256e7e00617187!OpenDocument&ExpandSection=4 - acessado em 03/06/10 às 18:11hs Cançado. As três vertentes da proteção internacional dos direitos da pessoa humana.

Direitos humanos, direito humanitário, Direito dos Refugiados.Disponível em: http://www.icrc.org/Web/por/sitepor0.nsf/html/direitos-da-pessoa-

humana?OpenDocument&style=Custo_Final.3&View=defaultBody2. - acessado em 30/05/10 às 22:30hs.

SANTILLI, Juliana. As minoria étnicas e as nacionais e os sistemas regionais (Europeu e

Interamericano) de proteção dos direitos humanos. Disponível em: http://www.iedc.org.br/REID/arquivos/00000018-REID001_JulianaSantilli.pdf - Acessado em 22/11/09 às 22:07hs.

32

SCHUERKENS, Ulrike. Transnational Migrations and Social Transformations: A Theoretical Perpective.Disponível em: http://www.metaetherproductions.org/words/articles/articles/Social%20Transformations%20Between%20global%20forces%20and%20local%20life-worlds%20-%20introduction.pdf - Acessado em 01/12/09 às 00:07hs. SOUKI, Letícia; AQUINO, Celina.A França e os imigrantes:Uma questão atual. Disponível em: http://www.dcs.pucminas.br/coreu/omundo/index.php?page=noticias/a-franca-e-imigrantes Acessado em 05/11/09 às 17:23hs THÉRY, Hervé. Migrações Internacionais e populações Estrangeiras na França e no Brasil.Disponível em: http://www.mercator.ufc.br/index.php/mercator/article/view/326/243 -Acessado em 22/11/09 às 13:53hs. WEREBE. Maria José Garcia. A laicidade do ensino público na França.Revista Brasileira de Educação.2004.Páginas 192 a 213 - Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/rbedu/n27/n27a13.pdf - Acessado em 06/11/09 às 19:45hs. Sites acessados http://www.bbc.co.uk/portuguese/acessado em 08/11/09 às 17:36hs. http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2009/01/090112_francaantisemita_df.sht

ml - acessado em 03/06/10 às 22:06hs. http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/12/081208_franca_tumulos_mv.shtml acessado em 06/06/10 às 22:10hs. http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/06/080604_franceseseuafn.shtml acessado em 01/06/10 - 12:26hs http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/07/070725_pesquisamuculmanosfn.shtml - Acessado em 30/05/10 14:10hs. http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/02/100207_francaimigrantesg.shtml - acessado em 28/05/10 - 17:36hs. http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/09/090907_pesquisa_imigracao_bbc_rw.shtml acessado em 06/06/10 – 22:42hs. http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2005/08/050830_parisdffn.shtml acessado em 06/06/10 – 23:10hs. http://www.braseuropa.be/UnioEuropia-Acesso_ao_Mercado.htm acessado em 08/11/09 às 16:09hs.

33

htpp://www.contee.org.br/secretarias/politicassociais/materia_7.thm acessado em 22/11/09 às 15:33hs htpp://www.dcs.pucminas.br/coreu/omundo/índex.php?page=noticias/a-franca-e-imigrantes acessado em 18/11/09 13:52hs. http://esmarn.org.br/ojs/index;php/revista_teste/article/viewArticle/116 acessado em 10/11/09 às 21:35hs. http://www.etni-cidade.net/franca_questiona.htm - acessado em 7/06/10 às 13:52hs http://fra.europa.eu/fraWebsite/material/pub/muslim/EUMC-highlights-PT.pdf acessado em 01/12/09 às 20:28hs. http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0915/mundo/m0155889.html acessado em 01/12/09 às 20:03hs http://www.fides.org/aree/news/newsdet.php?idnews=2331&lan=por acessado em 07/11/09 às 14:36hs. http://fra.europa.eu/fraWebsite/attachments/EU-MIDIS-2-MR280509_PT.pdf acessado em 01/12/09 às 19:45hs. http://www.icrc.org/Web/por/sitepor0.nsf/0/9a61705b9ad3183303256e7e00617187!OpenDocument&ExpandSection=4 acessado em 03/06/10 às 18:11hs http://www.insee.fr/fr/default.asp acessado em 22/11/09 - 13:30hs. http://www.library.com.br/Filosofia/terroris.htm acessado em 16/06/10 13:37hs. http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/12/341291.shtml acessado em 01/12/09 às 19:42hs. http://www.migrationinformation.org./feaure/display.cfm%3FID%3D153&prev= acessado em 10/11/09 às 23:50hs. http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2009/01/22/ult574u9099.jhtm acessado em 10/11/09 às 20:52hs. http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/mundo/onde-vivem-os-muculmanos acessado em 10/11/09 às 22:32hs. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142006000200006&scrip=sci_arttext acessado em 10/11/09 às 23:33hs. http://veja.abril.com.br/140104/p_050.html acessado em 09/11/09 10:38hs.

34

ANEXO A

35

ANEXO B

36

ANEXO C

37

ANEXO D

Taxa de desemprego: 8% (2007 est.)

Fonte: CIA World Factbook - A menos que indicado de outra maneira, toda a informação en esta página es correta até Maio 16