Upload
elsa-fernandes
View
214
Download
2
Embed Size (px)
Citation preview
PATRIMÓNIO MUNDIAL HERANÇA CULTURAL Estudo do Caso da Associação de Jogos Tradicionais da Guarda
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
2/17
Estudo desenvolvido por Elsa Fernandes, Gloria Caetano,
João Mesquita, Paulo Gonçalves, no âmbito do módulo “Turismo Cultural e da
Natureza” da pós-‐graduação em Marketing de Eventos e Produtos Turísticos,
orientado por Professora Doutora Margarida Vaz
Covilhã, Julho de 2007
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
3/17
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 4
ESTUDO DE CASO 9
ACTIVIDADES 10
QUESTÕES EM INVESTIGAÇÃO 12
COMO PODEMOS INTERLIGAR AS TRÊS GRANDES TEMÁTICAS PRESENTES NESTE
TRABALHO: TURISMO, CULTURA E JOGO 12
COMO PODEMOS POTENCIAR A HERANÇA CULTURAL DO CONCELHO E DISTRITO
DA GUARDA ATRAVÉS DA AJTG? 13
MUSEU DO JOGO TRADICIONAL, OBSERVATÓRIO NACIONAL DAS TRADIÇÕES 13
CONCLUSÃO 17
ANEXOS 17
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
4/17
INTRODUÇÃO As influências chegam de todo o lado, mas nem sempre conseguimos identificar as
fontes. No nosso caso a inspiração chegou-‐nos da actualidade mundial que colocou
na agenda do dia temas e conceitos bombardeados até à exaustão pelos órgãos de
comunicação social: globalização, património mundial, clima, aquecimento global,
espécies em vias de extinção, etc.
Para um mesmo fim-‐de-‐semana ficaram marcadas duas actividades de carácter
mundial e com preocupações no mínimo louváveis: “As 7 maravilhas do mundo
moderno” e “Live Earth”. Enquanto o primeiro louvava a criatividade e o poder
construtivo da humanidade, o segundo tentava alertar para os exageros desta
mesma criatividade e poder construtivo. Comentamos estes paralelismos e pensamos
um pouco em voz alta e associamos o nosso pensar ao tema do módulo (Turismo
Cultural e da Natureza) e concluímos que tinha todo o sentido reflectir sobre estas
duas temáticas. Depois começamos a fazer associações livres e concluímos que na
grande maioria dos casos as preocupações eram com todo uma envolvente física,
mesmo quando referente à cultura (é o património, a arquitectura, os objectos de
arte, etc…) e pareceu-‐nos correcto pensar na perspectiva da defesa cultural em
termos dos aspectos imateriais – tradições, narrativas, vivências, experiências,
sensações, etc. Desta sequência de pensamentos colectivos surgiu o tema: Herança
Cultural. O caso em estudo -‐ Associação de Jogos Tradicionais da Guarda -‐ surge
porque as actividades desenvolvidas por esta instituição nascem da união lógica
entre cultura e natureza sobre uma base comum que é a promoção, preservação e
animação lúdica e tradicional.
O objectivo deste trabalho é oferecer outros pontos de vista para temas já por si tão
debatidos, também temos a presunção de dar um contributo na defesa de um
turismo sustentado através de uma união harmoniosa entre cultura e natureza.
A metodologia utilizada passou por uma levantamento de informação sobre as
temáticas em consideração, nomeadamente quanto as referências ao Património
Mundial através da análise de documentos da UNESCO, passou por um contexto
conceptual dos temas a abordar e por uma análise ao caso em estudo. Também
recorremos a dados estatístico sobre o distrito da Guarda para podermos retirar
algumas considerações finais.
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
5/17
Com o presente trabalho queremos provar que não é só o ambiente que corre risco,
não é só o património edificado que se desmorona, não são só os animais que correm
risco de extinção…
A história, o passado, os valores, as normas, tudo o que nos dá a característica de ser
civilizado também está em vias de extinção e sobre estas “espécies” em extinção não
temos registo fotográfico, não temos filmes nem músicas que mandam mensagens
ao coração, nem sentimos que existam problemas de maior se este espólio se perder
de vez… porque, afinal, a esta perda damos o nome de evolução e desenvolvimento.
Temos por isso a ousadia de querer provar que através do turismo é possível
sensibilizar, promover e criar as condições necessárias para a revitalização cultural
das comunidades, sublinhando as suas diferenças como elemento único que permite
a sua distinção no global.
Não fizemos, neste trabalho, nenhuma referência ao concelho da Guarda, mas
remetemos para o trabalho de caracterização já anteriormente realizado no âmbito
deste módulo.
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
6/17
QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA
De forma a permitir um contexto em termos de conceitos que são usados neste
trabalho, procurámos encontrar as definições e abordagens que melhor se adequam
aos objectivos do trabalho, considerando como fundamentais as devidas diferenças
entre os teóricos. Neste contexto consideramos que:
Segundo a Organização Mundial de Turismo, turismo são “actividades que as pessoas
realizam durante as suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem,
por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios
e outros”.
O sentido maior do turismo é satisfazer o desejo das pessoas de viajar e viver novas
experiências nos mais diferentes locais.
h incentivar e trabalhar o turismo,
h conquistar e satisfazer o turista
h trabalhar o meio ambiente de forma a preservá-‐lo e recuperá-‐lo.
"todas as formas de desenvolvimento turístico, planeamento e actividades que
mantenham a integridade social e económica das populações, bem como a
perenidade do património natural, construído e cultural".
Turismo Cultural prevê a existência dos seguintes factores:
h Permanência prolongada e um contacto mais “intimo” com a comunidade,
h Viagens menores e suplementares dentro da mesma localidade com o
intuito de aprofundar a experiência cultural.
h Esforço para conhecer, pesquisar e analisar dados, obras ou factos, nas
suas variadas manifestações
“Cultura é a memória não-‐hereditária de uma comunidade» (Lotman)
“ Cultura -‐ Fazem parte dos conhecimentos adquiridos de geração para geração e
estão relacionados com o Folclore, o teatro, as lendas, as adivinhas, os costumes,
etc.” (Cordeiro, M. 1982)
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
7/17
“A utilização da palavra Património para definir aquilo que consideramos herança
cultural (normalmente traduzida em bens materiais representativos de obras,
valores, pessoas, etc.) tem sofrido ao longo do tempo alterações significativas de
sentido: o que era considerado património ontem poderá não o ser hoje ou deixar de
vir a ser amanhã, tal como o que ontem não era tido nesse conceito pode hoje nele
estar incluído ou vir a sê-‐lo no futuro” (Águas Santas, 1999)
Na declaração de Budapest em 2002 foram defendidos os 4 C’s para definir a
importância em termos de património mundial:
h Credibilidade
h Conservação
h Capacidade de Construção
h Comunicação
“A herança cultural é feita das coisas que recebemos, assinalamos e moldamos e
daquelas que esquecemos desde os tempos mais longínquos.” (Ana da Palma)
“Um museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, a serviço da sociedade
e de seu desenvolvimento e aberto ao público, que adquire, conserva, pesquisa,
comunica e exibe para finalidades do estudo, da instrução e da apreciação, evidência
material dos povos e seu ambiente” (ICOM, 1974)
“…o museu foi concebido mais como um local onde o passado era preservado, nas
suas formas materiais, do que um local visitável e utilizável por grande número de
pessoas. Certamente que a veneração do passado, o resguardo dos seus
testemunhos materiais, servia a alguém.” (Sérgio Lira)
“… os Jogos Tradicionais podem, proporcionar estudos diversificados no âmbito da
História, da Historiografia, da Psicologia, da Sociologia, da Pedagogia, da Etnografia e
da Linguística, entre outros.” (Graça Guedes, 1989)
“Os jogos tradicionais são criados pelos seus praticantes a partir do reportório dos
mais velhos e adaptados às características do local. A denominação de cada um deles
evoca por si mesma as suas características e regras principais.” Graça Guedes (1989)
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
8/17
“ Movimento -‐ As suas diferentes formas de exteriorização promovem um grande
contacto com os mais variados tipos de movimento: o salto, o lançamento, a corrida,
etc.” (Cordeiro, M. 1982)
“Competição Saudável -‐ O mais importante é o convívio simples e salutar entre as
pessoas ou grupos, próximas ou distantes.” (Cordeiro, M. 1982)
“ Festa -‐ É um momento de descontracção, de pausa na labuta diária.” (Cordeiro, M.
1982)
“Nos nossos dias, os brinquedos perderam muito do seu valor social e dos seus
significados lúdicos e mágicos. Deixaram de ser instrumentos activos de formação e
divertimento para se converterem em mercadorias (...). (Pacheco;1995)
“Os jogos são actividades tradicionais que têm como objectivo um prazer sensorial,
de algum modo estético. Os jogos estão, muitas vezes, na origem dos ofícios e de
numerosas actividades superiores, rituais ou naturais, ensaiadas, primeiro, na
actividade excedentária que os jogos constituem. Distribuem-‐se entre as idades, os
sexos, as gerações, os tempos, os espaços.” (Mauss; 1967)
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
9/17
ESTUDO DE CASO A Associação de Jogos Tradicionais da Guarda é uma colectividade com 28 anos de
existência. Desde 1979 que vem intervindo no sentido de proceder à recolha,
sistematização e incentivo à prática de Jogos Tradicionais. De âmbito distrital, a sua
acção tem-‐se desenvolvido por todo o distrito da Guarda, pelo país e também além
fronteiras.
Assim, desde início tem vindo a participar em numerosos projectos, sempre na
perspectiva da salvaguarda da cultura lúdica tradicional. Como referência salientam-‐
se as seguintes actividades desenvolvidas ao longo destes anos:
Recolha e filmagem, em conjunto com o Professor Noronha Feio, de um programa
televisivo exibido pela Radiotelevisão Portuguesa: “Os homens e os Jogos – Os
Jogos das Terras Frias”; Realização de centenas de Encontros de Jogos
Tradicionais Distritais; Participação na 17ª Exposição Europeia de Arte, Ciência e
Cultura; Organização da 1.ª Exposição Distrital de Artesanato; Participação na 1ª, 2ª,
3ª e 5ª Festas Internacionais dos Jogos; Organização da 4ª Festa Internacional dos
Jogos, na Guarda, em 1990; Produção de uma peça de teatro baseada num jogo
tradicional (jogo do Galo), “Nana, Ina, Não, Ficas Tu Eu Não”; Publicação de
diversos estudos ligados à temática dos jogos e do seu papel nas sociedades;
Participação em diversos Workshops sobre temáticas de animação e intervenção
socio-‐comunitária em diversos países da Europa.
A par com as actividades lúdicas, culturais e de formação, também foram editadas
várias publicações:
A Malha, Desporto Tradicional Português; O Jogo do Galo por Terras da Beira; Os
Jogos de Força do Distrito da Guarda; Magusto da Velha em Aldeia Viçosa; O Beto;
Os Jogos de Bola do Distrito da Guarda; A Capeia Raiana, uma Mostra de Força
Colectiva; A Pelota, Contributo para a sua Recuperação; Ritos de Morte em Casal
de Cinza; A Aprendizagem para além da Escola: O Jogo Infantil Numa Aldeia
Portuguesa; Catarse – Guarda, 1990; Brincadeiras da Minha Meninice, Guarda, 28
de Agosto de 1999; Colecção de postais "20 Anos, 20 Jogos de Humor", Janeiro
2000; O Saber Sexual das Crianças, desejo-‐te porque te amo, Guarda, 30 de Junho
de 2000 e Vila Ruiva, 1 de Julho de 2000.
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
10/17
ACTIVIDADES
“ (...) O Jogo Tradicional é memória, mas é também presente: se observarmos em
detalhe o jogo da criança de hoje em comparação aos jogos infantis do começo do
século, constataremos que existem, obviamente, grandes diferenças. A televisão e a
tecnologia dos brinquedos modernos mudaram, sem dúvida, a brincadeira infantil. A
falta de espaço e de segurança nas ruas também modificaram algumas brincadeiras."
“Brinquedos dos nossos Avós”: Em sequência de um concurso com as escolas
preparatórias do concelho da Guarda nasceu esta exposição. O concurso com o tema
do jogo tradicional pretendia que as crianças se debruçassem um pouco sobre esta
temática recorrendo aos seus familiares para obtenção de testemunhos em discurso
directo.
Desta ligação enriquecedora entre gerações e de grandes doses de criatividade
nasceram trabalhos de uma beleza extraordinária e de uma originalidade indiscutível.
Hoje todos estes trabalhos fazem parte da exposição que nasceu com o mesmo
nome do concurso que lhe deu origem “Brinquedos dos nossos avós”.
“Eu tenho um pião”: Alguns anos mais tarde e dentro da mesma lógica de ligações
entre gerações e familiares nasce no concelho de Aguiar da Beira um concurso
dirigido a todas as escolas do 1.º ciclo do ensino básico deste concelho: “Eu tenho um
pião”.
Deste esforço de promoção e motivação para o jogo do pião obteve-‐se um resultado
observável na originalidade de uma centena de piões que as crianças pintaram e
desenharam de forma única.
Mas, mais do que um concurso, é também o resultado dos diálogos estabelecidos
entre as crianças e os mais velhos. Um resultado policromático, mas também a soma
de muitos saberes, muitas experiências e, quem sabe, venha a resultar num
recrudescer do jogo do pião por parte das crianças. Foi este um dos nossos objectivos
quando lançámos o concurso; dar oportunidade às crianças de contactarem com um
jogo cuja prática potência aprendizagens várias, das quais se salienta a interiorização
de regras e valores sociais.
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
11/17
“O Tempo a Brincar”: Em conjunto com outras instituições organizou-‐se em 2000 e
2001 uma escola-‐oficina de jogos e brinquedos tradicionais, composta por formação
teórica e prática. Os destinatários foram adultos desempregados e devidamente
inscritos no IEFP local.
Do trabalho criativo e perfeito de uma dúzia de formandas ao longo de alguns meses
obteve-‐se mais de cinco centenas de peças que hoje fazem parte do espólio da AJTG
e realizam uma exposição marcada pelo colorido das tradições portuguesas, pela
multiplicidade do nosso folclore e pela perfeição dos nossos artesãos.
“Jogar a Tradição”: Este é o lema da Associação e porque ao longo dos últimos 27
anos, foi isso que a AJTG fez: reavivou tradições, implementou a prática dos jogos de
antanho, sistematizou informação. Os objectos patentes nesta exposição são uma
parte daqueles que nos permitiram intervir no terreno. São objectos recolhidos em
inúmeras saídas que, depois, proporcionaram (e ainda proporcionam) momentos
lúdicos um pouco por todo o distrito, pelo país, pelo mundo. São portanto elementos
fundamentais na acção da AJTG. Alguns são hoje apenas peças para exposição;
outros continuam a desempenhar o papel para o qual foram pensados: permitir que
se continue a... jogar a tradição.
Jogos Concelhios: A AJTG promove há cerca de 24 anos actividades em ligação
estreita com as autarquias, pretendendo promover os jogos tradicionais em
ambientes de festa e união de populações. É nesta filosofia de festa e união que se
enquadram os Jogos Concelhios realizados já em quase todos os concelhos do
distrito da Guarda. Os Jogos Concelhios organizados e promovidos pela AJTG em
conjunto com as autarquias locais pretendem ser momentos de festa em que as
populações de todas as freguesias do concelho se unem à volta do jogo tradicional.
Neste contexto são sempre organizados jogos que à priori se sabem disputados em
participantes como em espectadores: a malha, a raiola, a corrida de sacos, a
cantarinha, a corrida de cântaros, o salto a pés juntos, a luta tracção com corda, a
pedra, o panco, a subida ao pau ensebado, e vários outros jogos como o pião, as
andas, os arcos, o sapo, o burro, etc.
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
12/17
QUESTÕES EM INVESTIGAÇÃO
Em sequência das informações apresentadas, referimos, nesta altura, quais as
questões que nos colocamos quando incialmente começamos a reflectir sobre este
tema.
Inicialmente surgiu-‐nos a questão
COMO PODEMOS INTERLIGAR AS TRÊS GRANDES TEMÁTICAS PRESENTES NESTE
TRABALHO: TURISMO, CULTURA E JOGO
e chegamos à conclusão que através da ligação entre as três áreas se consegue:
h Intervir nos grupos e nas comunidades. É possível intervir nas
comunidades através de cada um dos aspectos individualmente, mas é na
ligação entre turismo, cultura e jogo que se consegue com maior
possibilidade de sucessos que esta intervenção seja participada e bilateral,
possibilitando um turismo interactivo, uma cultura vivida e um jogo
pedagógico.
h Participar de forma activa, sem distanciamentos. Cada uma das partes
poder ter este nível de participação, mas é na união que ela se torna mais
efectiva e, efectivamente mais potencializada.
h Partilhar conhecimentos, regras, vivências. Não é garantido que cada um
individualmente consiga obter esta partilha. O turismo não implica
transmissão e/ou absorção de conhecimentos, a cultura e o jogo podem
ser exclusivamente assistidos sem existir feed-‐back. No entanto os três
aspectos em conjunto garantem que esta partilha seja real.
h Viver os locais e os ambientes. Possivelmente será esta a pretensão de
qualquer destino turístico. Afinal será para este fim maior que os destinos
existem. No entanto, é importante ressalvar que viver os locais e os
ambientes não é viver nos locais, assim entendemos a vivência dos locais
como as experiências compartilhadas com as comunidades anfitriãs de
acordo com as suas regras e normas.
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
13/17
Há medida que continuamos a nossa reflexão debatemo-‐nos com a questão seguinte:
COMO PODEMOS POTENCIAR A HERANÇA CULTURAL DO CONCELHO E DISTRITO DA
GUARDA ATRAVÉS DA AJTG?
Desta dúvida surgiram-‐nos algumas soluções. Além das actividades já realizadas pela
AJTG que são uma forma de manter viva as experiências do passado, propomos um
projecto com potencial a ser desenvolvido:
Museu do Jogo Tradicional, Observatório Nacional das
Tradições
Um espaço museológico é sempre um projecto complexo, porque se pretende que
para além do espólio físico se consiga expor todo um espólio imaterial difícil de ser
transmitido e cada vez mais potencializado pela multimédia e pelas novas tecnologias
da informação.
No caso deste projecto também se pretende utilizar todos os recursos possíveis para
transmitir o que é mais importante neste género de espaço: o sentimento, a
experiência, a emoção, a interactividade, a aprendizagem… os afectos.
Em conjunto com a actividade museológica, sugere-‐se a criação de um espaço de
investigação científica na vertente da antropologia e da sociologia e que permita criar
um espaço de estudo aberto ao mundo académico e cientifico, habitualmente
carente por informação específica e credível.
O Museu do Jogo Tradicional e um Observatório Nacional de Tradições, porque:
h O jogo é uma componente muito importante na vida e na história dos
povos.
h O contributo do jogo para o património cultural do País e em particular
desta região é extremamente rico e importante para a compreensão do
sentir e do viver de um povo.
h Limitações e dispersão de entidades que superintendem esta área têm
dificultado a recolha e tratamento dos diversos acervos documentais
pertencentes a entidades públicas e privadas, de molde a contribuírem de
forma activa para a compreensão da sociedade portuguesa em geral e do
actividade lúdica e tradicional em particular.
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
14/17
A finalidade desta instituição deveria ser:
h Conservar o património cultural
h Promover as normas, os valores, as vivências
h Transmitir a história, as tradições
h Potenciar o turismo cultural (a nível local, regional, nacional)
h Recuperar os hábitos, os objectos e as histórias
Os objectivos a serem cumpridos teriam que passar, obrigatoriamente por:
h Promoção da instituição promotora –AJTG – e das parcerias públicas e
privadas
h Dinamizar a região da Guarda através da criação de um espaço
multidisciplinar com enfoque nas vertentes pedagógica, culturais e
comerciais
h Fomentar e potencializar a interactividade permanente através de oficinas
de trabalho, estações de jogo e utilização das NTI
h Recuperar, conservar e produzir materiais e objectos de jogo
Para permitir um funcionamento museológico correcto, as atribuições deveriam ser:
h Recolha, estudo, identificação, conservação no seu contexto histórico,
exposição e divulgação de espécies relativas às tradições lúdicas e outras
formas de manifestação com elas relacionadas.
De entre os milhares de objectos passíveis de exposição, este museu deveria
privilegiar:
h Objectos de Jogo
h Jogos tradicionais
h Trajes e equipamentos
h Guias, programas, bilhetes, cartazes, panfletos, desdobráveis e outro
material de publicidade
h Fotografias, pinturas e gravuras
h Galhardetes, flâmulas e bandeiras
h Discos, filmes e vídeo cassetes
h Publicações
h Objectos artesanais representativos de jogos
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
15/17
Para além do espaço do museu, propriamente dito, sugerimos a criação de espaços
de apoio e complementares:
h biblioteca;
h iconoteca;
h fototeca;
h fonoteca;
h videoteca;
h cinemateca;
h loja comercial própria
h Oficinas de construção e restauro
h Observatório Nacional das Tradições
As estratégias para implementação desta ideia:
h Pequenos eventos, grandes impactos
♦ Dinamismo
♦ Interactividade
♦ Ausência de elitismo cultural
h Inovação
♦ Temática
♦ Forma de funcionamento
h Qualidade
♦ Certificação
♦ Controlo permanente
A visão para o futuro deve passar por situações de cooperação nacional e
internacional e também pela “certificação” do património cultural do distrito da
Guarda:
h Criar uma rede de etnografia e cultura popular europeia através da escolha
de outras localidades como a Guarda.
h Candidatura à UNESCO para
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
16/17
Porque pensamos que este projecto poderia contribuir para a sustentabilidade:
h Planificação presente nas parcerias estratégicas com instituições públicas
e privadas
h Integração na realidade local em especial no que concerne á organização
de visitas e visitantes
h Abertura ao território através da cooperação permanente com a
comunidade local e vizinha
h Dimensão temporal e espacial, através de uma distribuição equitativa da
actividade promocional
h Participação através de compromissos firmados entre todos os envolvidos
directa ou indirectamente
h Duração e viabilidade que se pretende com resultados concretos e
analisáveis a 10 anos
PATRIMÓNIO MUNDIAL, HERANÇA CULTURAL
17/17
CONCLUSÃO Após esta reflexão concluímos que ainda há muito caminho para desbravar
quando se fala em turismo cultural e que a nível da nossa realidade há muito
espaço e muitos ambientes com potencial para serem aproveitados em
termos culturais, lúdicas e principalmente em termos turísticos.
Também é verdade que os nossos olhos (e a nossa mente) se viciam nas
mesmas perspectivas e só com dificuldade conseguem visualizar outros
horizontes, pelo que nem sempre a Serra da Estrela é o ponto mais atractivo
do concelho da Guarda. O concelho da Guarda tem outros aspectos passíveis
de serem potencializados e atrevemo-‐nos a dizer com maior sustentabilidade.
Também percebemos que no que se refere às preocupações com a Herança
Cultural, ela ainda não está muito presente e o que muitos consideram a
morte da civilização outros chamam globalização cultural. A verdade é que
nos objectivos do programa de actividades para o Ano Internacional do
Planeta Terra, em 2008 não está previsto nada que vá de encontro à
promoção da diferença cultural enquanto forma de sublinhar a unicidade de
cada que faz de nós um colectivo:
h Demonstrar que existem novas e atractivas formas de fazer face aos
desafios para tornar este planeta mais seguro e próspero;
h Reduzir os riscos para a sociedade das consequências dos acidentes
naturais e originados por causas humanas;
h Reduzir os problemas de saúde, através de maiores e mais
aprofundados conhecimentos acerca dos aspectos médicos das
ciências da Terra;
h Descobrir novos recursos naturais.
Para finalizar e considerando que 2007 é o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades, deixamos a sugestão para este ano e para o próximos: Acrescentem um propósito ao planeta terra: Enfatizar as diferenças como forma de promover as igualdades. ANEXOS: Apresentação em Powerpoint
PLANETA TERRA
AS NOSSAS
HERANÇAS A herança de cada um numa visão global
WORLD HERITAGE Património Mundial e Turismo
Meio Ambiente
• O sentido maior do turismo é satisfazer o desejo das pessoas de viajar e viver novas experiências nos mais diferentes locais. ♦ incentivar e trabalhar o turismo, ♦ conquistar e satisfazer o turista ♦ trabalhar o meio ambiente de forma
a preservá-lo e recuperá-lo.
Sustentabilidade
• "todas as formas de desenvolvimento turístico, planeamento e actividades que mantenham a integridade social e económica das populações, bem como a perenidade do património natural, construído e cultural".
Herança Cultural
• “A herança cultural é feita das coisas que recebemos, assinalamos e moldamos e daquelas que esquecemos desde os tempos mais longínquos.” Ana da Palma
Objectivos World Heritage
• 4 C’s ♦ Credibilidade ♦ Conservação ♦ Capacidade de Construção ♦ Comunicação
Declaração de Budapest, 2002
TERRA
2008
Ano Internacional do Planeta Terra
• Objectivos do programa de actividades: ♦ Demonstrar que existem novas e
atractivas formas de fazer face aos desafios para tornar este planeta mais seguro e próspero;
♦ Reduzir os riscos para a sociedade das consequências dos acidentes naturais e originados por causas humanas;
♦ Reduzir os problemas de saúde, através de maiores e mais aprofundados conhecimentos acerca dos aspectos médicos das ciências da Terra;
♦ Descobrir novos recursos naturais.
TURISMO CULTURAL
O mais do que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca.
FP
Cultura
• valores de um dado grupo de pessoas, • normas que são seguidas
valores são ideias abstractas normas são princípios
definidos ou regras que se espera que se cumpram.
• “Cultura é a memória não-hereditária de uma comunidade” Lotman
Turismo
• actividades que as pessoas realizam durante as suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros
OMT
Turismo Cultural
• Permanência prolongada e um contacto mais “intimo” com a comunidade,
• viagens menores e suplementares dentro da mesma localidade com o intuito de aprofundar a experiência cultural.
• esforço para conhecer, pesquisar e analisar dados, obras ou factos, nas suas variadas manifestações
Jogo Tradicional
• “… os Jogos Tradicionais podem, proporcionar estudos diversificados no âmbito da História, da Historiografia, da Psicologia, da Sociologia, da Pedagogia, da Etnografia e da Linguística, entre outros.” Graça Guedes, 1989
• “Nos nossos dias, os brinquedos perderam muito do seu valor social e dos seus significados lúdicos e mágicos. Deixaram de ser instrumentos activos de formação e divertimento para se converterem em mercadorias (...). Pacheco, 1995
Turismo, Cultura e Jogo
• Intervir nos grupos e nas comunidades
• Participar de forma activa, sem distanciamentos
• Partilhar conhecimentos, regras, vivências
• Viver os locais e os ambientes
Associação de Jogos Tradicionais da Guarda
O Jogo e o Turismo Cultural
Jogos de Crianças, Bruegel
Jogos sem Fronteiras
Jogos aproximam pessoas
Jogo da Macaca
Jogo - Capital de Animação
AJTG
• Associação de Jogos Tradicionais da Guarda
• 1979, Guarda • Âmbito Distrital • Colectividade de Utilidade Pública,1986 • Estrutura associativa com base
no voluntariado • Medalha de Mérito Municipal, 1988
Objectivos da AJTG
• Promoção da cultura e das tradições ♦ Levantamento cultural ♦ Pesquisa de campo ♦ Arquivo ♦ Registo ♦ Publicação
• Recolha, sistematização e incentivo à prática de Jogos Tradicionais
• Salvaguardar a cultura lúdica tradicional
Actividades
• Mostras e exposições da AJTG ♦ “Brinquedos dos nossos Avós” ♦ “Eu tenho um pião” ♦ “O Tempo a Brincar” ♦ “Jogar a Tradição”
• Concursos para as escolas • Acções de Formação
Actividades
• Publicações ♦ “Brincadeiras da Minha Meninice” ♦ Postais “20 anos, 20 jogos”
• Merchandising ♦ T’Shirts e equipamento desportivo ♦ Pins ♦ Troféus e prémios especiais ♦ Edição de vinhos especiais
com rótulos próprios
Actividades
• Jogos Concelhios • Troféus e Torneios Regionais • Demonstração de Jogos
♦ Nacionais ♦ Internacionais
• Animação lúdica e desportiva • Participação em eventos
Actividades
• Escola do Jogo do Pau • Promocional
♦ Cartazes específicos para cada ano e para eventos em particular
♦ Brochuras genéricas e específicas ♦ Folhetos promocionais de acordo com as
actividades ♦ Guia de Jogos ♦ JigaJoga – boletim informativo ♦ Postais de época (natal, aniversários, etc.)
Contributo para o Turismo Cultural
• Intercâmbios anuais com 2 países da EU (Espanha, França)
• Organização de Conferências temáticas com a participação de prelectores internacionais (Espanha, França, Inglaterra, Brasil)
• Participações internacionais, representando o distrito da Guarda
Museu do Jogo Tradicional Observatório Nacional das Tradições
O Jogo e o Turismo Cultural
Justificação • O jogo é uma componente muito importante na vida
e na história dos povos. • O contributo do jogo para o património cultural do
País e em particular desta região é extremamente rico e importante para a compreensão do sentir e do viver de um povo.
• Limitações e dispersão de entidades que superintendem esta área têm dificultado a recolha e tratamento dos diversos acervos documentais pertencentes a entidades públicas e privadas, de molde a contribuírem de forma activa para a compreensão da sociedade portuguesa em geral e do actividade lúdica e tradicional em particular.
Finalidades
• Conservar o património cultural
• Promover as normas, os valores,as vivências
• Transmitir a história, as tradições
• Potenciar o turismo cultural (a nível local, regional, nacional)
• Recuperar os hábitos, os objectos e as histórias
Objectivos • Promoção da instituição promotora –AJTG –
e das parcerias públicas e privadas • Dinamizar a região da Guarda através da
criação de um espaço multidisciplinar com enfoque nas vertentes pedagógica, culturais e comerciais
• Fomentar e potencializar a interactividade permanente através de oficinas de trabalho, estações de jogo e utilização das NTI
• Recuperar, conservar e produzir materias e objectos de jogo
Atribuições
• Recolha, estudo, identificação, conservação no seu contexto histórico, exposição e divulgação de espécies relativas às tradições lúdicas e outras formas de manifestação com elas relacionadas.
Acervo • Objectos de Jogo • Jogos tradicionais • Trajes e equipamentos • Guias, programas, bilhetes, cartazes, panfletos,
desdobráveis e outro material de publicidade • Fotografias, pinturas e gravuras • Galhardetes, flâmulas e bandeiras • Discos, filmes e vídeo cassetes • Publicações • Objectos artesanais
representativos de jogos
Estruturas de Apoio
• biblioteca; • iconoteca; • fototeca; • fonoteca; • videoteca; • cinemateca; • loja comercial própria • Oficinas de construção e restauro • Observatório Nacional das Tradições
Proposta de Imagem
Outros Museus
• Lourinhã ♦ www.museulourinha.org/pt/etno_col_3.htm
• Seia ♦ www.cm-seia.pt/turismo/museub.htm
• Sintra ♦ www.museu-do-brinquedo.pt
Contributo para o turismo
• A Guarda não tem capacidade para um turismo de massas;
• 80% da população da UE vive em espaços urbanos e passa as suas férias em espaços rurais;
• As pessoas procuram memórias vivas do seu passado com o objectivo de transmitir as gerações futuras
• Os tempos de lazer participativos ganham espaço aos passivos
Estratégias
• Pequenos eventos, grandes impactos ♦ Dinamismo ♦ Interactividade ♦ Ausência de elitismo cultural
• Inovação ♦ Temática ♦ Forma de funcionamento
• Qualidade ♦ Certificação ♦ Controlo permanente
Futuro
• Criar uma rede de etnografia e cultura popular europeia através da escolha de outras localidade como a Guarda.
Princípios básicos da sustentabilidade
• Planificação presente nas parcerias estratégicas com instituições públicas e privadas
• Integração na realidade local em especial no que concerne á organização de visitas e visitantes
• Abertura ao território através da cooperação permanente com a comunidade local e vizinha
• Dimensão temporal e espacial, através de uma distribuição equitativa da actividade promocional
• Participação através de compromissos firmados entre todos os envolvidos directa ou indirectamente
• Duração e viabilidade que se pretende com resultados concretos e analisáveis a 10 anos
Para andar lhe pus a capa E tirei-lha para andar Ele sem a capa não anda Nem com ela pode andar
Projecto desenvolvido no âmbito do módulo “Tursimo Cultural e da Natureza” da pós-graduação em Marketing de Eventos e Produtos Turísticos por: Elsa Fernandes | Glória Caetano | João Mesquita | Paulo Gonçalves
Docente: Professora Doutora Margarida Vaz
OBRIGADOS