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l ';i';;::~. "ir---' "J (. --: 0'0 .1\', -------- .._----------- .. -. - ., I 1 ----r-- ....... / .... , .. V'; J 'U L?' <::I'd o ,~ •.... , A TRANSMISSÃO CULTURAL ENTRE GERAÇÕES DENTRO DAS FAMíLIAS: UMA ABORDAGEM CENTRADA EM HISTÓRIAS DE VIDA ---!.",1,.,,1'"\ t:r!~; ','-t..' (, ;',) t, •.~~ s r; "', • , '! ~• I'"i .- '/' 'tl.l .', \ o' ~) '.i .. : \/ .- Paul Thompson f\ ' , 11 .-- -. I vi J..). j , ' .. - t.· ) « , ...... '~J:"!J ." L.: \ r}1 '.-' '! r.', ,-_ .... i,:! t.i .. '. í~' i,.; .';:, .•.: ,', . , '-j::J .- : - -\ -. l..., -, J L. , , ,'. ,•.••r', .., I ~, " .... '''. I O li.:'.! .>...i ,\ . L. ,i. i". :.-..._ P ~~J~ n °ll/r f1 O (!"~\ ('O' pia {; c'-·...,.I;.·a __.2__ .1...1 ~ I. .•-;» .....; I ._ ~M_ft j~_~~ }- ... ::>Oi·!S,à. VEL A transmissão cultural entre as gerações é tão antiga quanto a huma- nidadu~id;'~~-é·d~~ndição h;~~ã-fur;'dáinerital. "Noss~-~;d~-~ons- rimem uma fusão~ritr~-;;~t~~~--ê-cuTiUI:ã;-::-n~-~ri~to, natureza e cultura :5tão em contradição. Sendo a cultura a ~~_~cia_~~.g~i.1.~_9.~e_~~_n.~~rtei~i: vlduos humanos em grupos (o núcleo da identidade social humanat sua con- tinuidad~-~-:Viiã1:-TódaÇi~, em contraste com as pretensões da cultura de representar a tradição através dos séculos, as chamadas verdades eternas, está a crua brevidade da vida humana. Dai a necessidade universal de trans- missão da cultura entre as gerações. ~ papel da família na transmissão cultu[aJ int~rgeracl~nal é igualmente antigo. E, apesar da importância de outros canais, em particular o grupo de OOilg-o-;, assim como de instituições mais especializacias, como a oficina, a escola e a igreja, o papel da famllia continua bastante grande. Ele inclui não ,~()mente a ~~.E1issã_~"!-'}1en.!9.!i(~ faIl)jlj.~ - _~qual_os _~~icantes da hi_~- tória oral devo~_~.speci~Lªt~JW-ão -, mas também da linguagem ("a língua mãe"), do nome, do território e da moradia, da posição ~~gl e da religião, ~--- ------------_._------ - -'-- -_.. _------ -- ... ~ ..__ .. _- ( " , \ . './ '.).·v·. i ,<.... ) ~r-trz.~ ~V~) ,Lg, <J)<. 1.'l} 3 Trabalho apresentado na mesa-redonda sobre História Oral. ,"'- 9

Paul Thompson - A Transmissão Cultural Entre Gerações Dentro Das Familias - Uma Abordagem Centrada Em Historias de Vida

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Paul Thompson - A Transmissão Cultural Entre Gerações Dentro Das Familias - Uma Abordagem Centrada Em Historias de Vida

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l ';i';;::~."ir---' "J(.--: 0'0 . 1 \ ',--------. . _ -----------. . -.- . , I1----r--.. ..... /.... , .. V '; J'UL ? ' Oi!S,.VELA transmisso cultural entre as geraes to antiga quanto a huma-nidadu~id;'~~-d~~ndio h;~~-fur;'dinerital. "Noss~-~;d~-~ons-rimemuma fuso~ritr~-;;~t~~~---cuTiUI:;-::-n~-~ri~to, naturezae cultura:5to em contradio. Sendo a cultura a ~~_ ~cia_ ~~.g~i.1.~_ 9.~e_ ~~_ n.~~rtei~i:vlduos humanos em grupos (o ncleo da identidade social humanat sua con-tinuidad~-~-:Vii1:-Tdai~, em contrastecom as pretenses da cultura derepresentar a tradio atravs dos sculos, as chamadas verdades eternas,est a crua brevidade da vida humana. Dai a necessidade universal de trans-misso da cultura entre as geraes.~papel da famlia na transmisso cultu[aJint~rgeracl~nal igualmenteantigo. E, apesar da importncia de outros canais, em particular o grupo deOOilg-o-;,assim como de instituies mais especializacias, como a oficina, aescola e a igreja,o papel da famllia continua bastante grande. Ele inclui no,~()mentea ~~.E1iss_ ~"!-'}1en.!9.!i(~faIl)jlj.~- _ ~qual_ os _ ~~icantes da hi_ ~-tria oral devo~_ ~.speci~Lt~J W-o -, mas tambm da linguagem ("a lnguame"), do nome,do territrio e da moradia, da posio ~~gl e da religio,~---------------_ ._ --------'-- -_ . . _ ------ --. . .~. . _ _ . ._ -(" ,\ .'. / '. ). v . i , Df c-,--.-..-.-- - ------- -........ . -"-- .-. r. :::t'\ :-:=~. .-. ----. . . . ' .~p'assado familiar.fua os praticantes d(~is~6ria. ~~onceito Qartigt-! .larmente interessante empregado pelos terapeutas de farnlUas.l..Qde u$,pt'. . . _ ---_ ._ -. . . . _ . . . . _ -._ -_ . . . . _ -- . . . _ . . . .-.. .-. . -. . ' . . . . ' -.' . .- .13"~~ljljar", d?q~~L~~~~t~i~Aafamli.~Lde J ohn Byng-Hall, em Themyt hs welive by,um exemplo destacado: uma histria que geraes sucessivas sesentem foradasu dar continuidade ou -como no caso da famllia do autor-a rejeitar". Byng-Hal] descendente do conhecido Almirante Byng, fuziladopor covardia em 1757 - "pour encourager les autres" -, ao fracassar naIdefesa da ilha de Minorca contra a armada francesa. Desde aquela poca,asgeraes de homensda fam!lia Byng esforaram-se para demonstrar queabsolutamenteno eram covardes, apesar do julgamento dado aseu legendrioancestral. O av deJ ohn,quando governador da Nigria,dominou uma revoltaenfrentando os rebeldess edesarmado, de guarda-p branco,no topo de umacolina. O pai de J ohn cultivou terras no Qunia de arma empunho, desafiandoos Mau-Maudas cercanias. A prpria vida de J ohn tem sido um combatevitorioso contra apoliomielite que o atacou quando jovem. No inicio dadoenaele estava no mar, retomando Inglaterra em um navio de carreira, e ali teveo delrio de que fora alvejado nas costas por uma bala de canho.'~tEssahistria familiar de duzentos anos excepcional. No entanto, nome parece acidental que se refira a uma famlia de migrantes construtores doImprio Britnico. Essas famllias britnicas das altas classes mdias raramentetinham uma propriedade ancestral que lhes pudesse conferirum sentimentocomum de identidade quando seus membros se espalharam pelo mundo,masasua histria familiar pde desempenhar umpapel semelhante, em geral maispositivo do que no caso dos Byngs. Uma farnllia desse tipo, com a qual estoupessoalmente relacionado, descende de um agente dos correios de Gibraltar,e o presente historiador da famlia pode apontar dezenas de parentes emdiferentes graus comos quais mantm contato,no Canad,na Amrica Latina,na frica do Sul e na Austrlia. Outro exemplo, que encontrei no traballhoIcom a BBC sobre pessoas aos noventa anos de idade,o de wna famllia deseis irmos e irms, 05 Summerhayes. Atualmente entre 86 e99 anos de idade,todos eles vivem hoje no sul da Inglaterra e permanecememestreito contato:parte de seu mito farnilar "oh,na famlia Summerhayes todos se grudam". um mito estranho para uma famlia cujos membros passaram quase toda avida adulta em extremo isolamento entre si, trabalhando principalmente comomissionrios c medicas entre os indgenasdo Canad, em Gana,na Nigria,CIIIlIguudu c 1 1 0 Nepul. No cntunto,ele,C~tUVIlI11 realizando UIIIsonho comumde: infncia, de que viajariam juntos em caravana pard a frica Negra paraajudar os necessitados, e esse sonho originou-se claramente de umscr iptfamiliar:..Todos ns crescemos com o sentimento de que o que sedevia fazer era irpara o estrangeiro. Isso tinha muito que ver comos tempos do Imprio Bri-tnico, mas todos ns, a nossa gerao e a anterior. fomos professores e m-1 4dicos, e o meio para ir ensinar era entrar nas Escolas Missionrias e partirpara a frica. Fomos criados cmmeio a Livingstone e o trfico de escravose aqueles tempos hericos. Parecia a coisa mais natural a fazer...Eu no poderio agrudur muis 1\ minhu rnae c: meu puiseno casando-mecomumhomemque setomasse Bispo de Uganda, pois Ugandaera o grandetema missionrio deles."IiI'1I~~_ t~~ns~!~s_ a.o..cqltura] .revela-se ..um !'lleioPJ Q.\'eit9s9od..C:.ooJ h!"_ p.~muitos outros tipos de migrao, alm desses. Uma das vantagensda abor-'d~gem d-siste~a familiar enfatizarque, de wn lado,a famlia prov um/,,x;:..arcabouo de modelos e tradies, mas,de outro,os indivduos fazem es- ~~!I:. ~~~~. !~a:. ~_A cultura .q.~~oIhes~_ l!.~_ miti~ ..Geralmente, so ofere-cidas opes de modelosa seguir; e, igualmente importante, como ilustramos casos de Byng e dos Summerhayes, um scr ipt familiar pode produzir a.imitao ou o seu inverso. Muitos migrantes descobrem-se em situaes deteste, em que precisamde flexibilidade para se adaptar ao novo contextosocial e,ao mesmo tempo, tm de conservar wn sentimento coerentedeidentidade. Um bom exemplo de como as histrias de famllia provm umrecurso nesse sentido, entre migrantesem Nova York,pode ser encontradoem "Stories to llve by: continuity and change in three generations of PuertoRico women", por Rina Benmayor, Blanca Vasquez, Ana J arbe e Celia AI-varez,em Themyt hswe li" bv' . posslvel que as mulheres sejam, maijJ req.ll~n.tertle.n~e!o'o~ _ ~~~_ ~sS.?~_ d~s_ !11_ o.d~~~~_f~!~~~~~-d.e ..a.~_ ci.~~~!.~de.Uma hiptese preliminar interessante de nosso trabalho na Rssia foi ex-plorada por Victoria Semenova. Ela sugere 'que os membros das seraesjovens q u e estio mais dispostos a experimentar novas alternativas de vida,na situao atual de mudana acelerada, so os que no tm pais de menta-lidade rlgida a ncutir-lhes a conformidade convencional. Ao contrrio, comos pais ausentes e as mes trabalhando fora,foram criados pelas avs; ecomo essas avs passarampor srias privaesdurante a turbulncia ps-revolucionria dos anos 20, tendo mudado radicalmenteo curso de suas vi-das, aqueles jovens tiveram agora nas histrias de suas prprias famliasum poderoso estmulo para seguir o mesmo modelo hoje em dia'.,Focalizar atransmisso cultural no valioso apenas por fazer ressaltar! o".". 0 '- '.' '" '"0''' - .0 "0 _ _ '0.. _ ' o -""0_. . < S~I.a mportncla da "trudio" ..e sua Ocxibilidlldc po!encJ !!!...l1o~vidl1cotidiana \ td~ ' ''1"'0\nos novos ambientes. Pe-se tanlbm em relevo-a_ variedade interna das cul- (1 ). '/'" . ---------_ ._ ----_ ._ ~ ,.~l1lS' a!~~.~~~_ I1.?_ f!l.~_ ~.!l:l.iE!~~~P!.~.Q. um cOlTe~ivo importante s gran~i-Q.~!pretenses su~j~c~.nte~.~. perspecti v~_ .--~modemizaa()~~l..~-,,~!m H.Iao", o-m-~smdo "multiculturallsm();;._ o_ ..;'J o_ eyi5!.~~J ~J .!.1l:~mque exislt:ill muitos !iP-Qs.~I;.J n.igra!~LgIJ I~J l:. . _ . . . ~. _-_. ._ _ ._ -.seqncias muito diferentes p~as culturas familiares, J mencionamos os15". , .construtores do Imprio Britnico viajando pe~afr~ca,.e os.negros do Caribe I a~' migrao, mas .Iamb~a. um':..rort_ ~~~_ n~!anlil.iar_ ~~Y_ ~~ ,: , ' }{' C" (' ,,,,,-I '"," . i \ V\ \ ~L I -i ~ . Estc.s J ifcrl!ntc~tipos ~c tr~ct9rius d~..J ~ligranl~..!:-e_ sl~...ll~!~jJ !.qQ!.lam- \ );,'j~. oJ D8n.I~1 Ller1.~~Ke Paul Thompsun (cds }, uerween gencrullons: whot is J l85SCddown wlthln ;,~~_ lcrcn.L~!!QQLg_ ~hlstna~ de, famlia. Suspeito que, simplesmente' \. 'famlhes7, 1993; OproJ elo I-.rnlllos c Mobrhdude SOCial foi Ilnsncisdo pelo CNRS, na FrBlla, , , ;1~~~_ ~a0.J I2~Pljca tipj_ ~_ um---rulL~,J !. n~X~J J i~_ ..c!~-roi- e pelo Econom~c :d soc;al.I{CSCarChCouncil, naGrl-Brelanha, onde aequipe depesquisa (oi" ,grantes umafortetendncia para a mitologizao _ e tambm" no outro composta por. a erme . tzm,G~aharnSmith e J ohn Creswcll. Outra publicaAo, a partir do-.--.----------..- .;'~:---- -----;"------;---.,,---;~---. -.~ . . mesmo materialdeentrevistas, fOII don~feel old: lhe esperienceof ageing,dePaulThompson,~ _~ ~ ~ _~ _~ ~ ~ ~ s. !-s histrias de vl