57
Londrina - Paraná 2017 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE PAULO RICARDO SOETHE GUIA DIDÁTICO: ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS

PAULO RICARDO SOETHE...PAULO RICARDO SOETHE Cidade ano AUTOR Londrina - Paraná 2017 GUIA DIDÁTICO: ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS. Relatório Técnico

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • Londrina - Paraná 2017

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

    PAULO RICARDO SOETHE

    GUIA DIDÁTICO: ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA

    PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS

  • PAULO RICARDO SOETHE

    Cidade ano

    AUTOR

    Londrina - Paraná

    2017

    GUIA DIDÁTICO: ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS.

    Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Eros de Oliveira Junior

  • AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP) Universidade Norte do Paraná - UNOPAR

    Biblioteca CCBS/CCECA PIZA Setor de Tratamento da Informação

    Soethe, Paulo Ricardo S681gGuia didático: atividades de educação física para deficientes intelectuais. / Paulo

    RicardoSoethe. Londrina: [s.n], 2017. 55f. Relatório técnico (Mestrado Profissional em Exercício Físico na

    Promoção da Saúde). Universidade Norte do Paraná.

    Orientador: Prof.Dr.Eros de Oliveira Junior. 1- Deficiência intelectual - relatório técnico de mestrado- UNOPAR

    2- Educação física 3- Educação física adaptada 4- Atividade física 5- Guia didático I- Oliveira Junior, Eros de; orient. II- Universidade Norte do Paraná.

    CDD 796.087

    P

  • PAULO RICARDO SOETHE

    GUIA DIDATICO: ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA DEFICIENTES

    INTELECTUAIS.

    Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, referente ao Curso de Mestrado

    Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, Área e Concentração

    Prescrição de Exercício Físico em Idades Jovens, como requisito parcial para a

    obtenção do título de Mestre Profissional conferido pela Banca Examinadora:

    _________________________________________ Prof. Dr. Eros de Oliveira Junior Universidade Norte do Paraná

    _________________________________________ Prof. Dr. Alex Silva Ribeiro

    Universidade Norte do Paraná

    _________________________________________ Prof. Dr. Denilson Castro Teixeira

    (Membro Externo)

    _________________________________________ Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes

    Coordenador do Curso

    Londrina, 22 de Fevereiro de 2017.

  • SOETHE, PAULO R. Guia Didático: Atividades de Educação Física para deficientes Intelectuais. 57. Relatório Técnico. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2017.

    RESUMO A prática de atividade física nas aulas de educação física constitui um recurso importante na educação e na capacitação de pessoas com deficiência intelectual. De maneira geral, parte-se do pressuposto de que as pessoas com deficiência intelectual percorreriam etapas semelhantes ás percorridas pelos indivíduos normais no domínio cognitivo, mas de maneira mais lenta. Na maioria das vezes, na prescrição de atividades, prevalece a “boa vontade” e, com ela, fica claro que as mesmas atividades desenvolvidas junto a pessoas não deficientes são direcionadas a pessoas com deficiência, com pequenas modificações. Ou seja, foi propostas atividades para que o indivíduo faça tudo de maneira facilitada. Diante disso, propôs-se elaborar um guia com atividades específicas para esta clientela dentro das aulas de educação física. Esse guia didático é composto de 100 atividades, as quais são divididas nos conteúdos estruturantes de: brincadeiras, jogos, psicomotricidade, ginástica, dança, lutas e atividades aquáticas para alunos com deficiência intelectual. Foram compiladas e adaptadas informações disponibilizadas na literatura relacionadas a educação física na promoção da saúde, em uma publicação que venha a servir de referência para profissionais que atuam, ou que pretendem atuar, nas dimensões do campo das aulas de educação física adaptada à deficiência intelectual. O planejamento de busca de informações na literatura procurou atender pressupostos associados às escassas publicações na área, abordando tópicos quanto a caracterização da deficiência intelectual, educação física, educação física adaptada e atividade física. Espere-se que a presente publicação técnica possa oferecer importantes subsídios para profissionais de diferentes segmentos da área de educação física adaptada, contribuindo de forma significativa para ampliação de novos conhecimentos vinculados as atividades nas aulas de educação física para deficientes Intelectuais, tornando-se, por sua vez, importante ferramenta de consulta para a atuação profissional. Palavras-chave: Deficiência Intelectual, Educação Física, Educação Física Adaptada, Atividade Física.

  • SOETHE, PAULO R. Didactic Guide: Physical education activities for the disabled. 57. Technical report. Master in physical activity in health promotion. Center of research in health sciences. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2017.

    ABSTRACT The practice of physical activity in physical education classes is an important feature in the training and in the treatment of people with intellectual disabilities. In General, the assumption that people with intellectual disabilities they similar steps at covered by normal individuals in the cognitive domain, but more slowly. Most of the time, in prescribing activities, prevails the "goodwill" and, with her, it becomes clear that the same activities with non-disabled persons are directed to persons with disabilities, with minor modifications. That is, activities are proposed for the individual make everything easier way. Given this, it was proposed to elaborate a guide with activities specific to this clientele within the physical education classes. This didactic guide is composed of 100 activities, which are divided into the structuring of content: jokes, games, gymnastics, dance, psychomotricity, struggles and water activities for students with intellectual disabilities. Were compiled and adapted information available in the literature related to physical education in health promotion, in a publication that will serve as a reference for professionals, or who want to act, on the dimensions of the field of adapted physical education classes to intellectual disabilities. The planning of search for information in the literature sought to meet assumptions associated with ACE scarce titles, addressing topics as the characterization of intellectual disabilities, physical education, adapted physical education and physical activity. Wait that this publication can offer important subsidies for technical professionals from different segments of the adapted physical education area, contributing significantly to the expansion of new knowledge linked activities in physical education classes for Intellectual disabled, becoming, in turn, important query tool for professional performance Keywords: intellectual disabilities, physical education, adapted physical Education, physical activity.

  • SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA - CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................... 4 2.1. Deficiência intelectual ....................................................................................... 4 2.2. Educação Física ............................................................................................... 6 2.2.1. Educação Física Adaptada ............................................................................ 8 2.3. Recomendações para a pratica regular de Atividade Física ........................... 12 3. DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 14 3.1. Descrição .......................................................................................................... 14 3.2. Escolha dos Capítulos ...................................................................................... 14 3.2.1. Psicomotricidade ........................................................................................... 14 3.2.2. Jogos ............................................................................................................. 15 3.2.3. Brincadeiras ................................................................................................... 16 3.2.4. Ginástica ........................................................................................................ 16 3.2.5. Dança ............................................................................................................ 17 3.2.6. Lutas .............................................................................................................. 17 3.2.7 Atividades Aquáticas ...................................................................................... 18 3.3. Obtenção das Ilustrações e Arte Final ............................................................. 19 3.4. Solicitação do Internacional Standard Book Number ....................................... 19 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 20 5. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 21 APÊNDICE A - Artigo Científico APÊNDICE B - Trabalho Apresentado em Evento Científico ANEXO A - Certificado de Participação em Congresso ANEXO B - Aprovação do comitê de Ética em Pesquisa

  • 1

    1. INTRODUÇÃO

    A educação física, de acordo com a Lei nº 9.394/96 de Diretrizes e Bases da

    Educação Nacional, tornou-se um componente curricular, integrada à proposta

    pedagógica da escola (LDB, 1996). Portanto, entende-se a educação física como

    parte integrante do ensino, já que ela constitui uma modalidade de educação

    escolar. A educação física escolar abrange uma quantidade de conteúdos nos quais

    tem como objetivo o desenvolvimento físico, motor, intelectual e social do aluno.

    Estes conteúdos devem estar sempre correlacionados com suas capacidades, em

    função do seu desenvolvimento biológico. As aulas de educação física devem ser

    programadas de forma que todos tenham a possibilidade de realiza-las,

    independentemente de suas características físicas ou intelectuais (Darido, 2003). O

    desenvolvimento do indivíduo ocorre a partir do momento em que lhe forem

    proporcionadas oportunidades vivenciais, portanto, o acesso às aulas de educação

    física deve ser um direito garantido a todos.

    Foi apenas em 1987 que o Conselho Federal de Educação introduziu tal

    perspectiva na formação do profissional de educação física. Este foi o primeiro e um

    importante passo para o desenvolvimento da educação física adaptada, que passa a

    ser garantida a alunos portadores de necessidades especiais e, a partir deste

    cenário, a educação física passou a rever seus conceitos na busca de um processo

    pedagógico que vise ao desenvolvimento integral deste aluno, respeitando suas

    limitações e potencialidades, trabalhando no intuito da melhoria das suas condições

    de saúde. A educação física adaptada, independente de suas abordagens, deve

    atender a todos, observando suas necessidades e potencialidades (Junior et al.

    2008). São consideradas da alçada da educação física adaptada quaisquer pessoas

    portadoras de transtornos que impeçam que estes participem ativamente de uma

    aula comum da disciplina, como os portadores de deficiência mentais, visuais,

    auditivas, físicas, síndromes neurológicas e ainda pessoas com dificuldades de

    aprendizagem (Castro, 2005).

    Os conteúdos a serem trabalhados em uma aula de educação física adaptada

    são os mesmos que qualquer outra aula de educação física. A diferença ocorre nos

    meios pelos quais será facilitado o acesso à prática aos portadores de necessidades

    especiais. Sendo assim, o papel do profissional de educação física especial consiste

    em proporcionar aos indivíduos a superação de seus limites, estabelecendo

  • 2

    caminhos com graus de dificuldades variados, de acordo com a deficiência. Ao

    possibilitar a inclusão, a partir de uma aula bem estruturada, o professor não apenas

    permite que os portadores de necessidades educacionais especiais experimentem o

    prazer da prática das atividades físicas, mas também, as aulas podem servir como

    ferramenta no processo de desenvolvimento motor e intelectual.

    Estima-se que 5% da população mundial apresentem algum tipo de

    deficiência intelectual. Das crianças em idade escolar, cerca de 3% apresenta algum

    tipo de problema associado a deficiência intelectual (Krebs, 2000). Segundo o

    Ministério da Educação a deficiência intelectual corresponde a um funcionamento

    intelectual significativamente abaixo da média esperada para determinada faixa

    etária, essa deficiência também se caracteriza por uma inadequação de conduta

    adaptativa (MEC, 1997). Entretanto, o déficit deve ter se manifestado durante o

    período de desenvolvimento do indivíduo (em média até os 18 anos de vida) e gerar

    prejuízo em pelo menos duas das dez habilidades consideradas fundamentais no

    cotidiano e para uma boa adaptação social, são elas: comunicação, cuidados

    pessoais, desempenho familiar, habilidades sociais, independência na locomoção,

    saúde, segurança, desempenho escolar, desempenho no lazer e desempenho no

    trabalho (Teixeira, 2008). Tem sido forte a tendência de associar o problema da

    deficiência intelectual com o atraso em relação ao nível de desenvolvimento

    cognitivo (Gimenez, 2013).

    De maneira geral, parte-se do pressuposto de que as pessoas com

    deficiência intelectual percorreriam etapas semelhantes às percorridas pelos

    indivíduos sem deficiência intelectual no domínio cognitivo, mas de maneira mais

    lenta. No contexto das aulas, isso significa que o aluno com deficiência intelectual

    tem dificuldade para entender, aprender e realizar atividades comuns para os outros

    alunos, se comportando como se tivesse menos idade do que realmente tem.

    A prática de atividade física constitui um recurso importante na capacitação e

    na educação de pessoas com deficiência intelectual. Contudo, são escassas as

    informações sobre a deficiência intelectual, bem como sobre os conteúdos ou as

    atividades que podem ser utilizadas junto a essas populações. Em parte, essas

    dificuldades refletem no direcionamento das propostas das aulas de educação física

    e na prática de esportes (Gimenez, 2013). Na maioria das vezes prevalece a “boa

    vontade” e, com ela, fica claro que as mesmas atividades desenvolvidas junto a

    pessoas não deficientes são direcionadas a pessoas com deficiência, com pequenas

  • 3

    modificações. Ou seja, são propostas de atividades para que o indivíduo faça tudo

    de maneira facilitada. A educação física adaptada para deficientes intelectuais,

    enquanto processo educacional, não é a simples aquisição de habilidades, mais sim

    a contribuição para a aquisição e lapidação de suas potencialidades humanas,

    permitindo conhecer, utilizar e dominar o próprio corpo. Adaptar as aulas de

    educação física, envolvem modificações ou ajustamentos das atividades para

    permitir aos portadores de deficiências intelectuais participarem das aulas com

    segurança, de acordo com suas capacidades funcionais e de compreensão.

    Baseando-se na proposta desta produção técnica, faz-se necessário a

    elaboração de um Guia Didático com atividades específicas na educação física para

    deficientes intelectuais, que permita planejar as atividades físicas com base nas

    dificuldades dos alunos, contabilizando em seguida, o seu progresso passo a passo.

    Deste modo, a prática de atividades especificas no âmbito escolar possibilita o

    desenvolvimento de vários componentes da aptidão física relacionados à saúde,

    incluindo força, potência, resistência muscular localizada, flexibilidade, agilidade,

    equilíbrio e coordenação, além de contribuir também para o tomada de decisões

    (Fonseca 1997; Garganta, 1995). Isto reforça a ideia de que as atividades

    específicas no âmbito escolar pode ser uma estratégia benéfica para o

    desenvolvimento e aprimoramento das capacidades psicomotoras e consequente

    promoção da saúde.

    A presente proposta de produção técnica tem como objetivo disponibilizar um

    importante material de consulta imediata para profissionais de educação física que

    atuam na modalidade de educação física para deficientes intelectuais e nas

    regências pedagógicas. Tendo em vista a escassez de referencial bibliográfico nesta

    área, o material proposto servirá de orientação aos profissionais para o

    desenvolvimento de atividades específicas a serem realizadas dentro das aulas de

    educação física adaptada para deficientes intelectuais, tais como: brincadeiras,

    jogos, psicomotricidade, ginástica, dança, lutas, esportes e atividades aquáticas.

    Este material será distribuído entre as escolas da Associação dos Pais e Amigos do

    Excepcionais (APAE) do estado do Paraná, podendo, desta forma, contribuir de

    forma significativa para o aprimoramento dos serviços pedagógicos prestados,

    visando orientar os profissionais e desenvolver a promoção da saúde em indivíduos

    com deficiência intelectual.

  • 4

    2. REVISÃO DA LITERATURA

    2.1 Deficiência Intelectual

    O conceito de saúde e deficiência intelectual são um tanto complexos, pois se

    tratam de um estado dinâmico e múlti fatorial. A saúde tem sido definida não apenas

    como a ausência de doenças, mas sim como uma multiplicidade de aspectos do

    comportamento humano voltados à um estado de ideal bem-estar físico, social e

    mental (Mantovani et Forti, 2007). De acordo com a Organização Mundial de Saúde

    (OMS ), saúde não é somente a ausência de doenças ou enfermidades, mas sim um

    estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual (Marega e Maluf,

    2012). A função intelectual é avaliada através do Quociente de Inteligência (QI), que

    é uma medida padronizada obtida por meio de testes desenvolvidos para avaliar as

    capacidades cognitivas. É a expressão do nível de habilidade de um indivíduo de

    pensar e raciocinar num determinado momento em relação ao padrão (ou normas)

    comum à sua faixa etária, considerando que a inteligência de um indivíduo, em

    qualquer momento, é o produto final de uma complexa sequência de interações

    entre fatores ambientais e hereditários (Anastasi, 1977).

    A deficiência intelectual é classificada como um conjunto de déficits que afeta o

    intelecto de um indivíduo, porém pode não alterar as demais funções do cérebro

    como muitos acreditam. Esta deficiência é caracterizada pelo déficit de inteligência,

    ou seja, quando o QI do indivíduo é inferior a 70, valor considerado limite (Gimenez,

    2001). Também pode ser caracterizada por qualquer limitação funcional inferior aos

    padrões normais de funcionamento do organismo humano.

    A deficiência intelectual é considerada condição deficitária envolvendo habilidades

    intelectuais, comportamento adaptativo conceitual, prático, social, participação

    comunitária, interações, papéis sociais, condições etiológicas, de saúde, aspectos

    contextuais, ambientais, culturais e as oportunidades de vida do sujeito. (Carvalho et

    Maciel, 1999). As crianças com deficiência intelectual apresentam um nível de

    habilidades motoras fundamentais atrasadas para sua idade cronológica, quanto

    mais elevada é o grau de deficiência, maior é o atraso no desenvolvimento motor

    (Brasil – DNEEEB, 2015). Os indivíduos que apresentam deficiência mental

    intelectual necessitam de tratamentos especiais e acompanhamento médico em

    diversas especialidades como fonoaudióloga, fisioterapia, pedagogia entre outros,

  • 5

    todos com a finalidade não somente de minimizar os problemas existentes, mas

    também atuar corretamente na prevenção dos mesmos.

    Atualmente, utiliza-se o termo “necessidades especiais” ou “necessidades

    educativas especiais”, para todas as crianças que apresentam algum tipo de cuidado

    educativo especial; porém, este conceito, além de muito abrangente, perde na

    precisão e pode estar significando a incorporação de um grande número de

    crianças, sobre as quais temos grandes dúvidas se teriam, efetivamente, algum tipo

    de necessidade especial (Bueno, 1999). Revisões a respeito da deficiência

    intelectual, destacando as concepções adotadas em cada período que influenciaram

    as atitudes da sociedade em relação à deficiência, reportam à história para

    descrever como a integração social do deficiente foi associada à concepção de

    deficiência a qual merece destaque (Casarin, 1999; Glat, 1995; Pessoti, 1994;

    Aranha, 1991). Estas revisões relatam que, na sociedade antiga, as crianças

    deficientes eram deixadas ao relento para que morressem. Essa atitude era fruto

    dos ideais morais da época em que a eugenia e a perfeição do indivíduo eram

    considerados valores preponderantes. Já no final do século XV, com os ideais

    burgueses vigentes nesse período, imperou a visão de que a deficiência era um

    atributo do indivíduo, tendo, portanto, uma relação direta com o capital, ou seja, o

    deficiente era considerado improdutivo, do ponto de vista econômico.

    A conceituação e caracterização da deficiência intelectual adotada no Brasil

    pelo Ministério da Educação seguem o modelo proposto pela Associação Americana

    de Deficiência Mental (AAMR), divulgado em 1992, segundo o qual a deficiência

    intelectual se caracteriza pelo "funcionamento intelectual geral significativamente

    abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com

    limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da

    capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade,

    nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais,

    desempenho na família e comunidade, independência na locomoção, saúde e

    segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho" (MEC, 1997).

    Os deficientes intelectuais podem revelar uma série de problemas estruturais e

    de maturação ligados ao sistema nervoso central, vestibular, muscular, esquelético,

    proprioceptivo e circulatório, sendo caracterizados por lentidão, pela escolha da

    estratégia motora e controle postural inadequadas e pelo atraso na aquisição da

    sequência de desenvolvimento (Nabeiro, 1993; Surden et Keogh, 1990; Roberton,

  • 6

    1981). A ocorrência e a gravidade destes problemas estão associadas, na maioria

    das vezes, ao grau de comprometimento motor dessa população. Desta forma,

    comparadas às crianças ditas “normais”, uma grande parte das crianças com

    deficiência intelectual possuem um atraso no desenvolvimento de suas habilidades

    motoras, influenciando nas suas atividades de vida diária (Gimenez, 2001; Wiseman,

    1994). A interação entre a maturação e a experiência é fundamental para o processo

    de desenvolvimento motor nas aulas de educação física.

    2.2 Educação Fisica

    A origem da atividade física vem desde a época do homem primitivo, onde o

    mesmo precisava desenvolver capacidades para sobreviver sobre os desafios da

    sobrevivência. Porém essa prática, levou a uma melhora da aptidão física, mesmo

    de maneira inconsciente sobre a sua prática, mas foi nesta época que se tem os

    primeiros relatos das práticas de atividade físicas objetivando uma melhora em suas

    condições físicas e motoras. As origens mais remotas da história falam de 3000 a.C.

    Certo imperador guerreiro, Hoang Ti, pensando no progresso do seu povo pregava o

    exercício físico com finalidades higiênicas e terapêuticas, além do caráter guerreiro

    (Santos et al, 2006).

    Com o passar do tempo a prática de atividades foi passando do caráter de

    sobrevivência para se concentrar mais especificamente nas finalidades higiênicas e

    terapêuticas. Na idade média os gregos e romanos, que se dedicavam na maior

    parte do tempo as práticas militares, passaram a ter maior motivação para atividades

    culturais e para o lazer, criando assim a célebre frase "Mens Sana In Corpore Sano",

    levando as atividades de exercícios propostos para uma melhor condição de

    promoção da saúde de seus povos. O corpo humano com o passar do tempo

    adquiriu uma anatomia que nada mais é do que o resultado evolutivo de um

    refinamento realizado por nossos ancestrais que necessitavam realizar atividades

    direcionadas.

    A introdução da Educação Física na escola, no mesmo nível das disciplinas

    tidas como intelectuais, se deve a Vittorino da Feltre (1378-1466) que, em 1423,

    fundou a escola “La Casa Giocosa” onde o conteúdo programático incluía os

    exercícios físicos” (Pereira e Moulin, 2006). O marco da idade contemporânea teve

    como principal tema o surgimento da ginástica localizada, onde tiveram como

  • 7

    responsáveis quatro grandes escolas: a alemã, a nórdica (escandinava), a francesa

    e a inglesa (Bagnara et al, 2010). As escolas de ginástica buscavam objetivos

    diferenciados no mesmo contexto social e histórico. As escolas de ginástica

    propagaram as ideias da prática de exercícios físicos orientados, levando a

    educação física a ser mais estudada, organizada e reconhecida.

    Na lei de nº 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a

    educação física tornou-se um componente curricular, integrada à proposta

    pedagógica da escola (LDB, 1996). Portanto, entende-se a educação física como

    parte integrante do ensino, já que ela constitui uma modalidade de educação

    escolar. Os conteúdos estruturantes da educação física para a educação básica

    devem ser abordados em complexidade crescente, isto porque, em cada um dos

    níveis de ensino os alunos trazem consigo múltiplas experiências relativas ao

    conhecimento sistematizado, que devem ser consideradas no processo de

    ensino/aprendizagem. A disciplina de educação física deve enriquecer as vivências

    corporais, priorizando a turma ou comunidade trabalhada (SEED/PR, 2008). As

    Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná trazem os Conteúdos Estruturantes,

    que são: Esporte, Ginástica, Lutas, Danças, Jogos e Brincadeiras (SEED/PR, 2008).

    Uma abordagem que contempla os fundamentos da disciplina, em articulação com

    aspectos políticos, históricos, sociais, econômicos, culturais, bem como elementos

    da subjetividade representados na valorização do trabalho coletivo, na convivência

    com as diferenças, na formação social crítica e autônoma, que deve ser realizada na

    atual aula de educação física.

    As aulas de educação física devem ser programadas de forma que todos

    tenham a possibilidade de realiza-las, independentemente de suas características

    físicas ou intelectuais (Darido, 2003). O processo evolutivo da educação física,

    quanto ao conceito de aplicabilidade, passou pela cultura do próprio corpo, higiene,

    guerras, treinamento militar, esporte competitivo e recreação. Atualmente a

    educação física deve ser voltada para uma melhor qualidade de vida buscando a

    promoção da saúde com o lazer, educação, esporte e atividades físicas

    direcionadas.

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional promulgada em 20 de

    dezembro de 1996 buscou transformar o caráter que a educação assumiu ao

    explicar no art. 23, § 3, que a educação física, integrada á proposta pedagogica da

    escola, é componente curricular obrigatório da educação básica (LDB, 1996). A

  • 8

    educação física na escola deve propiciar condições para que o aluno obtenha

    autonomia em relação a prática da atividade física e, após o período formal de aula,

    o aluno tenha estímulo em manter um nível atividade física regular realizada na sua

    vida diária. Este objetivo é enormemente facilitado se os alunos encontraram prazer

    nas aulas de educação física, pois apreciando determinada atividade é mais

    provável o desejo de que continue a pratica-la (OMS, 1995).

    A educação física, que está sendo principalmente influenciada pelo contexto

    escolar, sofre da mesma limitação que acompanha o processo de educação formal

    no tocante de contribuição para a plenitude da cidadania (Betti, 1991). Atualmente

    compreende-se a educação física escolar como uma disciplina que trata da cultura

    corporal e que tem como característica introduzir e integrar o aluno nessa esfera,

    formando o indivíduo. Nessa perspectiva, o aluno deverá ser introduzido para

    participar dos jogos, esportes, danças, lutas e ginástica, não somente em beneficio

    da qualidade de vida mas também ao exercício critico da cidadania (Barbosa, 2008).

    A educação física, sendo integrada á proposta pedagógica da escola e

    componente curricular da educação básica, deve ajustar-se as faixas etárias e as

    condições da população escolar, buscando assim a formação e o desenvolovimento

    integral do aluno (Piccolo, 1995). A educação física é um dos campos do

    conhecimento humano com maiores probabilidades de transformações, podendo a

    atividade física exercer efeitos no convívio social do indivíduo, tanto no ambiente de

    trabalho quanto familiar (Menestrina, 2005; Winnick, 2004).

    2.2.1 Educação Fisica Adaptada

    Antigamente duas correntes tentavam explicar a prática da atividade física e

    sua relação com a saúde: a primeira defendia que alguns indivíduos apresentavam

    uma predisposição genética à prática de atividade física, já que possuíam boa

    saúde, vigor físico e disposição mental, a outra proposta dizia que a atividade física,

    na verdade, representava um estímulo ambiental, o qual era responsável pela

    ausência de doenças, saúde mental e boa aptidão física (Winnick, 2004).

    Atualmente sabe-se que os dois conceitos são importantes e que possuem relação

    entre si. A educação física é uma das áreas do conhecimento humano ligado ao

    estudo de atividades de aperfeiçoamento, manutenção ou reabilitação da saúde do

    corpo e mente do ser humano (Rodrigues, 2003). Aspecto da educação que visa

  • 9

    formar o indivíduo utilizando-se das atividades físicas, exercícios e jogos,

    contribuindo assim para formação integral do educando, desenvolvendo ou

    aprimorando suas capacidades. É a educação do homem por meio do movimento,

    pois este, em suas mais variadas apresentações, constitui um instrumento para

    educar, treinar e aperfeiçoar.

    Embora a prática da educação física sempre esteve ligada a imagem de

    pessoas saudáveis, o papel da educação física na escola sempre foi garantir a

    aprendizagem das atividades corporais e também formar alunos com capacidade de

    participar de atividades. A educação física possui como um de seus objetivos a

    conscientização do real valor da atividade física e do movimento, sendo capaz de

    contribuir para o desenvolvimento do indivíduo (Gallardo, 1998) e, portanto, cabe ao

    profissional de educação física compreender e explicar o desenvolvimento do corpo

    humano, buscando propiciar aos educando uma consciência corporal que lhe

    permite perceber o mundo em que vive, e a partir dessa consciência interferir

    criticamente no processo da construção da sociedade (Ronchi, 2010).

    Ainda que a educação física possa intervir em vários aspectos, entre estes,

    crianças com necessidades especiais, sejam elas cognitivas ou motoras, a

    deficiência mental intelectual e os distúrbios associados podem interferir na sua

    aquisição motora, tornando-as muitas vezes vulneráveis ao aprendizado. Não há

    dúvida que a habilidade motora constitui uma esfera que pode sofrer influência

    segundo a atuação do professor de educação física. É necessário, portanto, que

    estes profissionais tenham uma melhor fundamentação, identificando fatores

    relacionados as causas, consequências e dificuldades das disfunções, podendo

    assim, através de exercícios e atividades adequadas, intervir de maneira eficaz e

    segura na promoção da saúde desta população.

    Nos anos de 1967/1968, sentiu-se a necessidade de oferecer aulas de

    educação física para alunos com deficiência mental, o que levou a contratar novos

    profissionais. Seguindo este princípio, várias escolas da APAE introduziram a

    educação física nos seus currículos, muitas delas até com profissionais

    especializados. O objetivo de oferecer aulas de educação física nas APAEs era

    facilitar a integração social dos alunos, fazendo com que estes encontrassem na

    escola um atrativo mais alegre e divertido, facilitando a sociabilização (Tibola, 2001).

    A partir de então fez-se necessário que o professor de educação física fizesse parte

    da equipe técnica de avaliação e diagnóstico do comportamento da criança.

  • 10

    Drowatzky (1973), realizou um estudo com crianças de ambos os sexos, de

    idades cronológicas entre 6 e 12 anos, com e sem deficiência intelectual, utilizando

    uma série de habilidades motoras. Foi observado que o grupo sem deficiência

    intelectual obteve melhores resultados em todas as provas motoras e que o grupo

    com deficiência intelectual encontrou dificuldades principalmente nos movimentos de

    equilíbrio. No mesmo estudo, foi sugerido então a necessidade da realização de um

    programa de educação física estruturado para atender as demandas das crianças

    com deficiência intelectual. As crianças com deficiência intelectual participaram

    então de um programa de educação física durante dez semanas. Os resultados

    mostraram que este grupo revelou capacidades para aprender habilidades motoras

    básicas e que são capazes de assimilar todas as habilidades motoras que aprendem

    as crianças sem deficiência intelectual. Este estudo corrobora com o estudo de

    Solomon e Pangle (1966), ambos os estudos concluem que um programa de

    educação física estruturado pode trazer, além de melhoras no desempenho motor,

    benefícios para o desenvolvimento social e intelectual dos deficientes intelectuais, o

    segundo estudo através de um programa de recreação e educação física, contribui

    para o desenvolvimento motor e físico da criança com deficiência intelectual,

    levando as mesmas a um desenvolvimento emocional e suas competências sociais.

    A educação física adaptada designa um programa individualizado de aptidão

    física, habilidades, padrões motores fundamentais e habilidades de esportes

    aquáticos e dança, além de jogos e esportes indivíduais e coletivos, ou seja, um

    programa elaborado para suprir as necessidades especiais deste individuos

    (Winnick, 2004). Os programas de educação física especial devem basear-se não

    somente em determinar as necessidades gerais desta população, mas também as

    necessidades individuais, pois cada um possui um perfil motor que lhe é específico

    e, igualmente, um perfil comportamental que lhe é próprio (Gorla et al, 2002).

    Portanto, o professor de educação física deve ter condições de desenvolver sua

    prescrição de atividades individualizadas, além de compreender uma rotina de

    avaliação mais complexa que certifique a eficácia do programa. As capacidades

    motoras, tais como velocidade, força, flexibilidade, resistência e destreza,

    encontrariam assim, uma forma de desenvolvimento que seria o alicerce da

    elaboração do ato motor geral e específico, bem como da mobilidade necessária às

    execuções coordenadas dos movimentos (Gorla et al, 2002). A falta de exercício

    pode ocasionar uma diminuição qualitativa na coordenação do movimento, assim

  • 11

    como a privação prolongada de estímulos exteriores, emocionais, sensoriais e

    motores não somente podem causar um atraso no desenvolvimento como também

    alterações degenerativas nos neurônios cerebrais (Kiphard, 1976). Com base

    científica, um diagnóstico criterioso obtido por meio de testes confiáveis, pode dar

    origem a novas decisões sobre os problemas apresentados pelas crianças com

    deficiência intelectual.

    No ano de 1972 em Paris, foi realizado o Congresso Internacional sobre

    Pessoas Portadoras de Retardo Mental. Durante este evento os participantes do

    congresso tiveram a oportunidade de assistir a um desfile de jovens portadores de

    deficiência mental que estavam disputando os Jogos Olímpicos para Portadores de

    Deficiência Mental. O entusiasmado com o que foi apresentado trouxe a idéia de

    realizar uma competição semelhante no Brasil a qual foi submetida à aprovação da

    Diretoria da Federação Nacional das APAEs. No início, houve muita pressão por

    parte dos nossos especialistas, que viam a possibilidade de expor os alunos ao

    ridículo perante o público. Na época, dizia-se a todos que o objetivo das APAEs com

    essa promoção era realmente mostrar a todos as potencialidades do portador de

    deficiência: falava-se muito neles, mas quem são? somente os pais ou as pessoas

    mais próximas sabiam realmente. Elaborou-se um regulamento, estipulou-se as

    provas que poderiam ser disputadas, procurou-se os recursos que se julgavam

    necessários e solicitou-se o apoio do Ministério da Educação. O objetivo não era

    somente a disputa esportiva, por traz deste evento havia um ideal maior, que era o

    de reunir os jovens de todo o Brasil para congraçamento, integração e

    sociabilização.

    A intervenção do profissional de educação física frente aos alunos com

    deficiência intelectual é de extrema importância e necessita de qualificações

    específicas para uma atuação adequada. Assim, pelo fato da área de educação

    física adaptada à crianças com deficiência intelectual ser relativamente nova nas

    disciplinas curriculares do curso de educação física, são necessários investimentos

    para que o profissional se qualifique adequadamente para desenvolver esse tipo de

    intervenção. Mediante esse contexto, observa-se a necessidade de materiais com

    subsídios teóricos e práticos para o desenvolvimento de programas de atividades

    nas aulas de educação física adaptada, independentemente do nível intelectual

    diagnosticado.

  • 12

    2.4 Recomendações para a pratica regular de atividade física.

    Ser fisicamente ativo é uma das atitudes mais importantes que os seres

    humanos de todas as idades podem tomar para melhorar a saúde. Atividade física é

    considerada como qualquer movimento que resulte de contrações musculares

    voluntárias e que leve a um gasto energético acima do basal (Caspersen; Powell &

    Christenson, 1985). A atividade física é um comportamento complexo,

    compreendendo não só aspectos biológicos, mas também comportamentais,

    psicológicos, socioculturais e ambientais (Sallis et Saelens, 2000).

    A aula de educação física para deficientes intelectuais, é uma ferramenta para

    a prática de atividades físicas em suas atividades diárias, sendo assim é uma forte

    influência contra a inatividade física. As evidências indicam que a inatividade física

    é independentemente associada à mortalidade, obesidade, maior incidência de

    queda e debilidade física em idosos, dislipidemia, depressão, demência,

    ansiedade e alterações do humor (Gregg et al, 2000). O ônus socioeconômico da

    inatividade física é alarmante: estimativas sugerem que os custos relacionados

    ao tratamento de doenças e condições possivelmente evitadas pela prática

    regular de atividade física são da ordem de um trilhão de dólares por ano,

    apenas nos Estados Unidos (Booth, Gordon, Carlson & Hamilton, 2000). O

    indivíduo insuficientemente ativo, portanto, representa uma condição patológica

    com gasto financeiro para o estado (Gualano et Tinucci 2011). O papel do

    professor de educação física em suas aulas, especificamente para deficientes

    intelectuais é a busca para prática regular de atividades físicas, para reverter

    essa condição que se encontra os alunos sedentários.

    Em 1995 o American College of Sports Medicine lançou a recomendação

    de que "todo o adulto americano deveria realizar 30 minutos ou mais de atividade

    física moderada na maioria dos - preferencialmente em todos - dias da Semana

    (Pate et al, 1995). As diretrizes federais de atividade física em 2008 fizeram

    recomendações semelhantes e específicas para faixas etárias de adultos (18 a

    64 anos), idosos (> 65 anos), bem como crianças e adolescentes (6 a 7 anos)

    para que todos pudessem realizar uma atividade física condizente com a sua

    idade (U.S Department of Health and Human, 2008).

  • 13

    Em um indivíduo adulto recomenda-se realizar no mínimo 150 minutos de

    intensidade moderada de atividade física aeróbica por semana ou pelo menos 75

    minutos de intensidade vigorosa de atividade física aeróbica por semana.

    Atividades de lazer, transporte, profissional, tarefas domestica, esportes ou

    exercícios planejados para sua realidade (U.S Department of Health and Human,

    2008).

    As crianças e jovens devem acumular pelo menos 60 minutos de atividade

    física moderada ou vigorosa, diariamente. Inclui brincadeiras, jogos, esportes,

    transportes, tarefas, recreação, educação física, ou exercício programado, no

    contexto de atividades da família, escola e comunidade (U.S Department of

    Health and human, 2008). A atividade física proporciona uma oportunidade de se

    divertir, estar os amigos e a família, desfrutar do meio ambiente e melhorar a

    aparência (Gualano et Tinucci, 2011). Fonseca e Silva (2002) também destacam a

    importância das atividades nos contextos sócio-afetivos, o convívio em grupo,

    trabalho em equipe, criatividade e motivação. Os benefícios da atividade física para

    a promoção da saúde são profundamente conhecidos, contudo eles não são a

    única razão pela qual as pessoas se tornam ativas.

  • 14

    3. DESENVOLVIMENTO

    3.1 Descrição

    A presente proposta de produção técnica consta com 100 atividades para as

    aulas de educação física voltada para deficientes intelectuais, as mesmas contam

    com uma descrição de como realizá-las e executá-las a mesma. O guia didático foi

    dividido em capítulos (Psicomotricidade, Jogos, Brincadeiras, Ginástica, Danças,

    Lutas e Atividades Aquáticas).

    3.2 Escolha dos capítulos.

    No processo de elaboração e confecção do produto proposto, foi utilizado

    uma descrição metodológica a fim de dar embasamento ao conteúdo e praticidade

    do mesmo, dividido em capítulos por conteúdo estruturante: Brincadeiras, Jogos,

    Psicomotricidade, Ginástica, Dança, Lutas e Atividades Aquáticas.

    As atividades utilizadas no guia foram escolhidas, adaptadas e elaboradas

    com a colaboração de profissionais especializados na área, baseando-se na

    literatura relacionada às atividades para aulas de educação física convencional que

    englobam especificamente os conteúdos estruturantes por capítulo. Após o processo

    de seleção e elaboração das atividades, realizado por um grupo de professores

    especializados atuantes na rede de ensino da APAE na região central do Paraná,

    100 atividades foram retidas para versão final do guia. As mesmas foram adaptadas

    para as necessidades educacionais especiais dos deficientes intelectuais e

    utilizadas nas aulas de educação física com o intuito de verificar sua aplicabilidade.

    3.2.1 Psicomotricidade

    No intuito de abordar a educação física adaptada como pilar na formação dos

    alunos com deficiência intelectual, buscou-se na psicomotricidade, um apoio no qual

    as linguagens corporais, trabalhadas dentro daquela área, convergissem para

    formação integral do aluno. A psicomotricidade como ciência multidisciplinar, ocupa-

    se com o sujeito, levando em conta os aspectos motores, cognitivos e sócio-afetivos

  • 15

    que compõe o seu desenvolvimento físico e psíquico (Gonçalves, 2011).

    A educação pelo movimento é conhecida como psicomotricidade ou

    psicocinética e, segundo Rodrigues (2001), corresponde a todo movimento que o

    homem executa. A psicomotricidade permite o conhecimento do próprio corpo, o

    aperfeiçoamento dos esquemas de movimentos disponíveis, a incorporação de

    novas e variadas estruturas de movimento, enriquecendo o desenvolvimento motor,

    estes aspectos permitem que as crianças deficientes ou não, se movimente de

    forma eficaz para resolver diferentes situações que enfrenta, especialmente

    relacionadas com o meio físico, obtendo correta adequação em relação ao tempo,

    espaço e objetos que o rodeiam.

    A vertente denominada psicomotora é destinada a alunos que apresentam

    déficit no seu funcionamento motor, tendo como objetivo ensinar os alunos a

    reaprender a executar alternados atos motores utilizando métodos e avaliações. A

    psicomotricidade é utilizada como meio de otimizar as atividades na aula de

    educação física adaptada para deficientes intelectuais, muitas vezes trazendo

    atividades dos outros conteúdos como jogos e brincadeiras, lapidando as

    potencialidades dos alunos.

    3.2.2 Jogos

    A educação eficiente deve proporcionar aos alunos momentos com estas

    atividades de forma orientada e uma educação voltada para a autonomia, onde

    estes alunos possam usufruí-la nas diversas fases de sua vida, de maneira a

    atender suas necessidades intrínsecas. Deve-se destacar o contato com a variedade

    de jogos que estimula a ação, a representação e a imaginação, ajudando-a superar

    diferentes barreiras e proporcionando o desenvolvimento de habilidades e

    competências.

    O jogo, do ponto de vista pedagógico, busca propor aos alunos vivências

    motoras de forma lúdica, sem que o aluno fique carregado de gestos técnicos

    acompanhados de movimento automatizados. Durante a aula de educação física,

    através de um simples jogo adaptado para deficientes intelectuais, estimula-se

    aspectos importantes para o desenvolvimento motor e formação integral da criança,

    os quais serão úteis no futuro para uso prático nas atividades diárias (Soler, 2006).

  • 16

    3.2.3 Brincadeiras

    A brincadeira enquanto manifestação livre e espontânea da cultura popular

    tem a função de perpetuar a cultura infantil, desenvolver formas de convivência

    social, e permitir o prazer de brincar (Kishimoto, 1999). Por pertencer a categoria de

    experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas da

    criança a brincadeira garante a presença do lúdico, da situação imaginária

    confrontando com a real.

    A educação física percebe as brincadeiras como um dos seus conteúdos

    clássicos, que possibilita desenvolver uma educação baseada em um processo

    lúdico e criativo, permitindo modificar imaginariamente a realidade como processo

    educativo. Nesse contexto, destacam-se nas suas funções, propor aos alunos novas

    formas de brincar exercitando sua criatividade, visto que não se nasce com a

    mesma, porém pode ser ensinada no espaço de educação física adaptada para

    deficientes intelectuais (Awad, 2010).

    3.2.4 Ginástica

    A ginástica é uma das formas mais tradicionais e populares de prática do

    exercício físico, dentre as demais modalidades não esportivas e consiste em

    exercícios priorizando séries para cada segmento muscular ou pelos segmentos

    articulares. É uma atividade completa que desenvolve qualidades físicas como força,

    flexibilidade, coordenação e técnicas de respiração, que proporcionam ao praticante

    uma grande evolução no seu controle motor e mental (Romano, 1987). A ginástica

    como uma forma de exercitação, provoca valiosas experiências corporais,

    enriquecedoras da cultura corporal das crianças, em particular e, do homem, em

    geral (Soares, 1992).

    Embora pouco difundida com alunos portadores de deficiência intelectual

    devido à realização de movimentos sistemáticos, a ginástica pode também ser

    realizada de forma lúdica, com uma série de movimentos para ajudar a fortalecer

    diferentes segmentos corporais, buscando, da mesma forma, o desenvolvimento das

    valências físicas e potencialidades motoras.

  • 17

    3.2.5 Dança

    Apesar de sua importância na escola, muitas vezes a dança é utilizada

    apenas em datas festivas como em festas juninas, dia das mães, dia do folclore e

    outras festividades ou como atividade extracurricular, sem ser dada sua devida

    importância. O movimento vivenciado ao dançar gera informações que reforçam a

    ideia de orientação psicodinâmica, que predomina no movimento inconsciente

    beneficiando a pessoa no entendimento das emoções que se relacionam com seu

    estado de saúde atual e também pode ser vista como uma expressão que

    representa diversos aspectos da vida humana, considerada como linguagem social

    que transmite sentimentos, emoções vividas de religiões, trabalhos, hábitos e

    costumes (De Brito, 2013; Cigaran, 2009).

    A dança é uma atividade que se caracteriza por ser uma prática que

    preconiza o movimento, o qual requer elementos com ritmo, expressão e forma. O

    instrumento principal de construção de uma experiência lúdica é o corpo, e a dança

    pode levar à coordenação estética dos movimentos corporais pela manifestação

    motora, expressiva e representativa, que segue determinado ritmo, nas diversas

    maneiras de sentir, pensar e atuar (Ehrenberg et Gallardo, 2005). Apesar de poucos

    profissionais se sentirem preparados para utilizá-la em suas aulas, a dança deve ser

    considerada, através da educação física adaptada, conteúdo fundamental a ser

    implantado na escola, como forma prática mais adequada e divertida para

    desenvolver todo potencial de expressão corporal.

    O benefício da presença da dança no contexto escolar proporciona aos

    alunos uma melhor postura, desenvolvimento motor, expressão dos sentimentos e

    um despertar para a criatividade de movimentos, podendo desta forma ser utilizada

    como ferramenta para a promoção da saúde e melhor qualidade de vida (Jeong et

    al. 2005).

    3.2.6 Lutas

    As lutas têm possibilitado diferentes significados na esfera dos conteúdos da

    educação física, pois se constituem das mais variadas formas de conhecimento da

    cultura humana. Atualmente, podemos considerá-las atividade de lazer, exercício

  • 18

    que visa o aumento da aptidão física, defesa pessoal, prática esportiva, além de

    serem constantemente associadas a um estilo de vida e orientadas por

    determinados valores culturais (Da Silva, 2013).

    Ao abordar esse conteúdo, deve-se valorizar conhecimentos que permitam

    identificar valores culturais, conforme o tempo e o lugar onde as lutas foram ou

    serão praticadas, eliminando esse aspecto geral associado ao contato corporal de

    atitudes agressivas (Paraná, 2009). Assim como os demais conteúdos, devem ser

    abordadas com metodologia diferenciadas, para o desenvolvimento de capacidades

    e potencialidades físicas, motoras, intelectuais, psicológicas e sociais. Os alunos

    com deficiência intelectual devem perceber e vivenciar a manifestação corporal,

    através do movimento trabalhando as potencialidades e capacidades através dos

    jogos de oposição, atividades de força e resistência muscular de maneira individual

    ou coletiva.

    3.2.7 Atividades aquáticas

    A relação entre o homem e o ambiente aquático é tão antiga, quanto a

    existência do próprio homem. A história mostra que essa relação sempre foi

    dinâmica e se modificou ao longo dos tempos de acordo com as necessidades, ora

    por sobrevivência, ora por lazer, e também, por finalidades utilitárias, terapêuticas e

    competitivas. As atividades aquáticas têm se destacado como uma das modalidades

    de exercício que mais desperta o interesse das crianças e uma das mais

    recomendadas pelos profissionais da saúde, sendo realizada em um ambiente

    agradável, e de contexto lúdico, além de que, as propriedades físicas e

    hidrodinâmicas do meio líquido favorecem a realização dos movimentos corporais,

    inclusive facilitando a participação de indivíduos com maiores limitações físicas

    (Baum 2000; Di Masi, 2000). Hidroginástica, natação e atividades recreativas no

    meio aquático tendem a aliviar o estresse sobre as articulações que sustentam o

    peso do corpo, auxiliando no equilíbrio estático e dinâmico, propiciando dessa forma

    maior facilidade de execução de movimentos que, em terra seriam muito difíceis ou

    impossíveis de serem executados (Campion, 2000).

    A água por si só é um elemento lúdico e por isso desperta várias sensações a

    quem se dispõe em interagir com ela. Quando se trabalha com crianças deficientes

    intelectuais este componente se torna mais evidente, pois muitos terão sua primeira

  • 19

    experiência corporal na água com as aulas adaptadas, outros irão estabelecer uma

    relação diferenciada de estar na água apenas pelo lazer, experimentando novas

    possibilidades corporais neste ambiente. Além dos aspectos lúdicos, importantes

    para as sensações de prazer e alegria, a água possui diversas propriedades que

    contribuirão para outras reações corporais mais específicas como deslocamento,

    flutuação e resistência (Teixeira, 2015). Diversas estratégias poderão ser adotadas

    para o trabalho nas atividades aquáticas, suas escolhas dependem das

    necessidades encontradas nas crianças, tempo de aula e número de sessões

    semanais.

    3.3 Obtenção das ilustrações e Arte Final

    A arte final do trabalho, assim como os desenhos incluídos no guia, foram

    criados e desenvolvidos por profissionais da área de criação gráfica e animações,

    através de exemplos encontrados na literatura.

    3.4 Solicitação do Internacional Standard Book Number (ISBN).

    O Guia será posteriormente submetido a análise de mérito editorial, visando a

    solicitação do numero ISBN e subsequente divulgação do material.

  • 20

    4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Este trabalho teve como objetivo elaborar um material que abordasse

    atividades nos conteúdos estruturantes para aulas de educação física adaptada para

    alunos com deficiência intelectual. Buscando o melhor desenvolvimento e

    apreciação pela atividade física dos alunos que frequentam as escolas da

    modalidade educação especial. Ao finalizarmos o guia didático com cem (100)

    atividades para o melhor desenvolvimento e promoção da saúde dos alunos com

    deficiência intelectual.

    Espera-se que este material possa auxiliar os professores de educação física

    em suas aulas para o melhor atendimento das demandas educacionais dentro da

    mesma. Buscando o melhor desenvolvimento das capacidades dos alunos desde

    seu aspecto motor a prescrição de atividades para promoção da saúde em suas

    atividades.

  • 21

    5. REFERÊNCIAS Almeida L, Nascimento PRB. A tematização das lutas na Educação Física Escolar: restrições e possibilidades. Revista Movimento. 2007;13(3):91-110. Apae Federação Nacional das APAES. APAE Educadora: a escola que buscamos. Brasília: fevereiro, 2001. Aranha, M.S.F. A interação social e o desenvolvimento de relações interpessoais do deficiente em ambiente integrado. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo. 1991. Aranha, M.S.F. Integração social do deficiente: análise conceitual e metodológica. Temas em Psicologia, 1995; 2 63-70. Awad, H. Brinque, Jogue, cante e encante com a recreação. São Paulo, SP: Foutoura, 2010. Bagnara IC, Lara AA, Calonego C. O processo histórico, social e político da evolução da Educação Física. EFDesportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 15, N° 145, 2010. Baun, MBP Exercícios de Hidroginástica: Exercícios e rotinas para tonificação, condicionamento físico e saúde. Barueri, SP: Manole, 2010. Barbosa, J. A. S.; BANKOFF, ADP. Estudo do nível de participação num programa de atividade física e suas relações com as doenças crônicas não transmissíveis: Revista Movimento & Percepção, Espírito Santo de Pinhal, v. 9, n. 12, 2008. Betti, M. Educação Física e Sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. Betti, M. O que a semiótica inspira no ensino da Educação Física. Revista Discorpo, n.3, p.25-45, 1994. Booth, F.W.; Gordon, S.E.; Carksibm C.J.; Hamilton, M.T. Waging war on modern chronic diseases: primary prevention through exercise biology. Journal of Applied Physiology, Bethesda, v.88, n.2, p.774-87, 2000. Brasil. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n° 9.394/96,de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Brasil. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Disponível em . Acesso em: 07 abr. 2016b.

  • 22

    Bueno, J.G.S. Crianças com necessidades educativas especiais, política educacional e a formação de professores: generalistas ou especialistas. Revista Brasileira de Educação Especial 1999;3(5),7-25. Carneira, SCL Coletânea de atividades de educação física para o ensino fundamental - Curitiba, PR: Expoente: 2010. Cartaxo, CA Jogos de Combate: Atividades recreativas e psicomotoras. Teoria e Prática, Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. Castro, EM Atividade Física: Adaptada – Ribeirão Preto, SP: Ed. Tecmedd, 2005. Carvalho, E. N. S. MACIEL, D M M A. Nova Concepção de deficiência mental segundo a American Association on Mental Retardation – AAMR – sistema 2002. Casarin, S. Aspectos psicológicos da síndrome de Down. Em J.S. Schwartzman (Org.), Síndrome de Down ( pp. 263-285). São Paulo: Mackenzie. 1999. Castro, E.M. Atividade Física: Adaptada – Ribeirão Preto, SP: Ed. Tecmedd, 2005 Caspersen, C.J; Powell, J.E; Christenson, G.M. "Physical Activity, Exercise and Physical Fitness: Definitions and Distinctions for Health-related Research" Public Health Reports. 100(2):126-131, 1985. Cigaran SR. Danza movimiento terapia: cuerpo, psique y terapia. Avances en Salud Mental Relacional. 2009;8(2):1-20. Cone, TP Ensinando Dança para crianças - Barueri, SP: Manole, 2015. Darido, SC Educação Física na Escola, 1. ed. Guanabara Koogan S.A., 2003. Da Silva PA 3000 Exercícios e Jogos para Educação Física Escolar, Vol 1 - Rio de Janeiro, RJ: Sprint, 2005. Da Silva PA 3000 Exercícios e Jogos para Educação Física Escolar, Vol 2 - Rio de Janeiro, RJ: Sprint, 2008. Da Silva PA 3000 Exercícios e Jogos para Educação Física Escolar, Vol 3 - Rio de Janeiro, RJ: Sprint, 2013. De Brito APF, Carvalho R. Dance as a factor in elderly quality of life. 18º Annual Congress of the European College of Sport Science. Barcelona, Spain: National Institute of Physical Education of Catalonia. 2013;123. De Castro, A Jogos e Brincadeiras para educação física, Petrópolís, RJ: Vozes,2012. Diehl, R.M. Jogando com as diferenças. São Paulo: Phorte, 2006. Drowatzky JN, Educacion física para niños deficientes mentales. Buenos Aires, Editorial Médica Panamericana, 1973.

  • 23

    Dumas JP. Ultrasound Measures of the lumbar multifidus: Effect of task and transducer position on reliability. Phys Med Reahabil. 2013;5:678-687. Ehrenberg M, Gallardo J. Dança: conhecimento a ser tratado nas aulas de Educação Física Escolar. Revista Motriz. 2005;11(2):111-116. Ferreira HS. As lutas na educação física escolar. Revista de Educação Física. Novembro 2006; nº 135. Ferreira, K. Atividades Para Educação Infantil e Anos Iniciais: Do Ensino Fundamental. São Paulo: SP: Wak, 2012. Ferreira, V. Educação Física Adaptada - Atividades Especiais. Brasilia, BR: Sprint, 2010 Fonseca GM. Futsal: metodologia de ensino. Caxias do Sul, Educs, 1997. Fonseca GM, Silva MA. Jogos de futsal: da aprendizagem ao treinamento. Caxias do Sul, Educs, 2002. Gallahue, D. L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebes, crianças, adolescente e adultos/ David L. Gallahue, Jhon C.Ozmun; revisão cientifica de Marcos Garcia Neira ;[tradução de Maria Aparecida da Silva Pereira Araujo,Juliana de Medeiros Ribeiro, Juliana Pinheiro Souza e Silva ].-3.ed-São Paulo:Phorte,2005. Gallardo, J. P. et al. Didática de Educação Física: a criança em movimento: jogo, prazer e transformação – São Paulo: FTD, 1998. Garganta J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: Graça A; Oliveira J. O ensino dos jogos desportivos. CJDE. Porto, Universidade do Porto. 1995. Gorla JI, Rodrigues JL, Pereira VP. Avaliação e intervenção na educação física para portadores de deficiência mental. Arq Apadec. 2002;6(1):15-19. Gimenez R. Trabalho multidisciplinar com portadores de deficiência intelectual: o papel do profissional de Educação Física. Revista de Educação Física da Cidade de São Paulo, 2001;1(1):51-70. Gimenez R. Combinação de padrões fundamentais de movimento em indivíduos normais e portadores de síndrome de Down. [Dissertação]. São Paulo: Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo;2001. Gimenez R. Atividade Física e deficiência intelectual. In: GREGUOL, M & COSTA, R. F. (Org.). Atividade Física Adaptada: qualidade de vida para pessoas portadoras de necessidades especiais. Barueri, SP: Manole, 2013. P. 78-129. Glat, R. Integração dos portadores de deficiências: uma questão psicossocial. Temas em Psicologia, 1995;2,89-94.

  • 24

    Gonçalves MC, Pinto RCA, Teuber SP. Repensando a Educação Física. Curitiba, PR: Bolsa Nacional do Livro, 2007. Gregg, E.W.; Pereira, M.A.; Caspersen, C.J. Physical activity, falls, and fractures among older adults: a review of the epidemiologic evidence. Journal of American Geriatrics Society, New York, v.48, n.8, p.883-93, 2000. Gonçalves, A V L; Da Silva M R S Artes Marciais e Lutas: Uma analise da produção de saberes no campo discursivo da Educação Física Brasileira. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 35, n. 3, p. 657-671, jul./set. 2013 Gonçalves F. Psicomotricidade & Educação Física Quem quer brincar põe o dedo aqui. São Paulo, ed. Cultural RBL, 2011. Gualano B, Tinucci T, Sedentarismo, exercício físico e doenças crônicas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo v.25, n esp, p37-43, 2011. Jeong YJ, Hong SC, Lee MS, Park MC, Kim YK, Suh CM. Dance movement therapy improves emotional responses and modulates neurohormones in adolescentes with mild depression. Int J Neurosc. 2005;115(12):1711-1720. Junior RLS, Araujo PF, Silva RF. Educação Física Adaptada: da história a inclusão. São Paulo: Ed. Phorte, 2008. Kiphard EJ. Insufuciencias del movimento y de coordenacíon em edad de l’escuela primaria. Buenos Aires, 1976. Kishimoto TM. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo, ed. Cortez, 1999. Kisner, A. Colby LA. Exercícios para problemas de equilibrio. In: ________ Exércicios Terapéuticos fundamentos e técnicas. 5° Ed. São Paulo, Ed Manole, 2009; 259-281. Krebs, P. Mental Retardation. In: Winnick J (org.). Adapted physical education and sport. Champaign: Human Kinetics; 2000. P. 111-127. Lariviere C et al. Estudo do nível de desenvolvimento da coordenação motora da população escolar (6 a 10 anos de idade) da região Autônoma dos Açores. Revista Portuguesa Ciência do Desporto, Vol.03, n.01, 2003. Le Boulch, J. O corpo na escola no século XXI: práticas corporais. São Paulo: Phorte, 2007. Mantovani EP, Forti VAM. Epidemiologia, Atividade Física e Saúde In: Vilarta R. (ORG). Saúde coletiva & Atividade Física: Conceitos e aplicações dirigidos à graduação em educação física. Campinas: IPES Editorial, 2007. Marega M. Maluf JA. Manual de atividades físicas para prevenção de doenças. São Paulo-SP: Hospital Albert Eisntein, 2012.

  • 25

    Matsudo, V.K.R. Critérios biológicos para diagnóstico, prescrição e prognóstico de aptidão física em escolares de 7 a 18 anos de idade. (Tese de Livre Docência, Universidade Gama Filho) Rio de Janeiro, 1992. Mccollum G. et al. Organizing sensory information for postural control in altered sensory environments. Journal Theoretical Biology, 180 (3):257-70, 1996. MEC - Ministério da Educação do Brasil (1997). Educação especial: deficiência mental. Brasília, DF: Autor. Melo,T A F.; Educação Física Adaptada, uma prática de possibilidades no contexto escolar. EFDesportos.com Revista Digital. Buenos Aires, Ano 14, n° 136, Septiembre de 2009. Mello, AM. Manual de Educação Fisica: Esportes e recreação por idades. Rio de Janeiro, RJ: Grupo Cultural, 2010. Menestrina, E. Educação física e saúde. 3 ed. rev. ampl. Injuí: Ed. Unijuí, 2005. Montti, M. Importância da atividade física. Boa Saúde. 2005. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2011. Moseley G, Hofges P. Chronic pain and motor control. In: Jull, G; Boyling. J. Eds. Grieves Modern Manual Therapy of the vertebral Column. Edinburgh: Churchill-Livinstone. 2005;215-232. Nabeiro, M. Análise do comportamento de arremessar em diferentes tarefas realizadas por crianças portadoras de síndrome de Down. [Dissertação]. Campinas: Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas: 1993. Newman AB, et al. Walking Performance and carviovascular response: Associations with age and morbidity the Health, Aging and Body Composition Study. J. Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2003;58:715-20. Organisation Mondiale de la Santé (OMS). Exercicce Physique. Volume 2011: www.who.int/ Bouisset S, Maton B, Muscles. Posture el mouvement; Base et applications de la méthode électromyographique. Ed Hermann. Paris, 1995 Pate RR, Pratt M, Blair SN, et al. Physical activity and public health. A recommendation from the Centers for Disease Control and Prevention and the American College Of Sports Medicine. JAMA, 1995;273(5):402-7. Pedrinelli VJ. Formação de esquema em crianças com portadores de síndrome de Down. [Dissertação]. São Paulo: Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo; 1989. Pereira MM, Moulin AFV. Educação Física para o Profissional Provisionado. Brasília: CREF7, 2006.

    http://www.who.int/

  • 26

    Pessotti, I. Deficiência Mental: da superstição à ciência. São Paulo: Edusp, 1994. Piccolo, V. L. N. Educação Física escolar: ser...ou não ter? 3. ed. Campinas: UNICAMP, 1995. Roberton, M.A. Motor development in learning disabled children. In: Gottieb J, Strichart S (org.). Developmental theory and research in learning disabilities. Baltimore: University Park Press; 1981. P. 81-107. Rodrigues, D. A educação e a diferença. Porto Alegre: Editora Porto, 2001. Rodrigues, M. Manual teórico-prático de Educação Física Infantil. 8. ed. São Paulo: Ícone, 2003. Romano A. Ginástica Natural. Ed. Press, São Paulo, 1987. Ronchi, A. M. A transformação didático-pedagógica do esporte na educação física escolar. Criciúma, julho de 2010. Rosa Neto, F. Manual de avaliação motora. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. Rosa Neto, F.; Poeta, L. Intervenção Motora em uma criança com transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). Lecturas Educación Física y Deportes, Madrid, ãno 10, n. 89, oct. 2005. Sallis JF, Saelens, BE. Assessment of physical activity by self-report: status, limitations, and future directions. Research Quarterly for Exercise and Sport. 2000;71(2):1-14. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. (2008). Diretrizes Curriculares da Educação Básica Educação Física. Curitiba: SEED. Shumway-Cook, A. Woolacott, M. H. Dynamics of postural control in the child with Down syndrome. In: Phys Ther. 1995 Sep;65(9):1315-22. Soares CL. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo, ed. Cortez, 1992. Soler R. Educação física: uma abordagem cooperativa. Rio de Janeiro, ed. Sprint, 2006. Solomon A, Pangle R. The effects of a structured physical education program on physical, intellectual and self-concept development of educable retarded boys. George Peabody College for Teachers. Nashville, 1966. Spirduso, W.W. et al.; Motor control, coordinations and skill. In: Spirduso, W. W.; Francis, K. L.; Macrae, P. G. Physical Dimensions of Aging. Champaingn, Human Kinectics; 1995. p. 152-183. Surden, D. A. Keogh, J. F. Problemas in skill development. Columbia: University of South Caroline, Press; 1990.

  • 27

    Teixeira DC, Paes MAS. Hidroginástica para idosos. Curitiba, ed. CRV, 2015. Teixeira, L. Atividade Física adaptada e saúde: da teoria a prática. São Paulo: Phorte, 2008. Teixeira, V. S. S. L. Entendendo os portadores do TDAH. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Distúrbios da Aprendizagem). Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem, São Paulo, 2008. Tibola, I. M. Educação Física, Desporto e Lazer: proposta orientadoras das ações educacionais. Brasília: Federação Nacional as APAEs, 2001. Tubino MJG. Uma Visão Paradigmática das Perspectivas do Esporte para o Início do Século XXI. In: Gebara A, Moreira WW (Org.). Educação física & esportes: Perspectivas para o século XXI. Campinas, ed. Papirus. 2002;125- 139. Ulrich BD, Ulrich DA. The role of balancing in performance of fundamental motor skills in 3-, 4-and 5-year-old children. In: Clark JE, Humphrey J, editors. Motor development. Current selected research. Princeton: Princeton Book Co; 1985.p.8797. U.S Department of Health and Human Physical Activity Guidelines for Americans. Rockville (MD): Office of Disease Prevention & Health Promotion, 2008. Wiseman, D. C. Physical education for exceptional studentes: theory to practice. New York: Delmar: 1994. Winnick. J.P. Educação Física e Esportes Adaptados. 3 ed. Barueri - SP: Manole, 2004.

  • Apêndice A

    Artigo Científico

  • 1

    Equilíbrio Postural em Crianças Portadoras

    de Deficiência Intelectual

    Eros de Oliveira Juniora, Paulo Ricardo Soethea,b, Fabiana Dias Antunesa

    a. Centro de Pesquisa em Ciencias da Saúde-Universidade Norte do Paraná-UNOPAR

    b. Faculdades do Centro do Paraná - UCP

    Resumo

    Introdução: A deficiência intelectual corresponde ao funcionamento intelectual significativamente abaixo da média esperada para determinada faixa etária. Recursos cognitivos são necessários para o controle postural mesmo em posição ortostática. Crianças com deficiência intelectual podem apresentar uma série de problemas estruturais e de maturação ligados ao sistema nervoso central, vestibular e proprioceptivo, sendo caracterizados por lentidão e pela escolha da estratégia motora e equilíbrio postural inadequadas ou em atraso para a sua idade cronológica, podendo influenciar assim suas atividades de vida diária. Objetivo: Avaliar o equilíbrio postural estático de olhos abertos em crianças portadoras de deficiência intelectual. Métodos: Trinta crianças de ambos os sexos, com idade entre 7 a 13 anos, foram recrutadas e divididas em dois grupos, sendo quinze crianças portadoras de deficiência intelectual estudantes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (grupo DI) e quinze crianças estudantes da rede regular de ensino (grupo controle GC). O nível de atividade física dos participantes foi avaliado através do questionário PAQ-C. O equilíbrio postural com os olhos abertos foi avaliado sobre uma plataforma de força BIOMEC400 em apoio bipodal durante 60s e em apoio unipodal sobre o membro inferior dominante durante 30s. Os seguintes parâmetros de equilíbrio baseados no centro de pressão (COP) foram computados: área de elipse do COP (em cm2), velocidade média de oscilações do COP (em cm/s) e frequência média de oscilações do COP (em Hz), nas direções de movimento antero-posterior (AP) e médio-lateral (ML). Resultados: Não foram observadas diferenças significaticantes entre os dois grupos com relação a idade, peso e nível de atividade física. Os parâmetros de equilíbrio baseados no COP mostraram diferenças significativas entre os grupos em apoio bipodal para a velocidade média AP (DI=2,56; GC=3,55; p=0,02) e ML (DI=2,58; GC=3,59; p=0,03) e para frequência média AP (DI=0,53; GC=0,77; p=0,008). No teste em apoio unipodal a frequência média AP foi a única variável a apresentar diferença significante entre os grupos (DI=0,85; GC=1,06; p=0,03). Conclusão: O grupo de participantes com deficiência intelectual apresenta, tanto em apoio bipodal como unipodal, resultados semelhantes ou superiores ao grupo controle. Estes resultados sugerem que a deficiência intelectual parece não influenciar o equilíbrio postural estático com os olhos abertos em crianças de 7 a 13 anos. Palavras-chave: equilíbrio postural, crianças, deficiência intelectual

  • 2

    Introdução

    A deficiência intelectual corresponde ao funcionamento intelectual

    significativamente abaixo da média esperada para determinada faixa etária.1 Estima-

    se que 5% da população mundial apresentem algum tipo de deficiência intelectual.

    Das crianças em idade escolar, cerca de 3% apresenta algum tipo de dificuldade

    associada a deficiência intelectual2. Crianças com deficiência intelectual podem

    apresentar uma série de problemas estruturais e de maturação ligados ao sistema

    nervoso central, vestibular e proprioceptivo, sendo caracterizadas por lentidão e pela

    escolha da estratégia motora e controle postural inadequadas ou atrasadas para a

    sua idade cronológica.3-5 Múltiplos aspectos estão envolvidos na regulação do controle

    postural para manutenção do equilíbrio postural, tais como, os fatores ambientais,

    neurofisiológicos, aprendizagem motora, coordenação e a complexa interação de

    estratégias sensóriomotoras com base na visão, no sistemas vestibular e

    somatossensorial. Esses sistemas promovem os ajustes posturais necessários para

    a correção do equilíbrio postural.6,7 O fator idade também pode influenciar o equilíbrio

    postural, devido às alterações no sistema neuromuscular e cognitivo decorrentes do

    processo de maturação.8 As crianças passam por mudanças constantes até chegarem

    à fase adulta, cada etapa do desenvolvimento motor corresponde ao surgimento de

    novas habilidades e a melhoria do seu desempenho. Tal fato pode ser exemplificado

    pela aquisição da posição bípede, alcançada por volta do primeiro ano de vida, tarefa

    considerada difícil. No entanto, nem toda criança se desenvolve normalmente,

    algumas apresentam interferências. Shumway-Cook e Woolacoot9 relataram

    problemas na aquisição do equilíbrio postural em crianças com deficiência intelectual,

    mostrando que recursos cognitivos são necessários para o equilíbrio postural mesmo

    em posição ortostática. Trata-se de um aspecto fundamental, sobretudo quando se

  • 3

    leva em consideração que a melhora do equilíbrio postural, como conseguir controlar

    o tronco para sentar sozinho ou ficar em pé, constitui um elemento crucial para a

    aquisição de habilidades de locomoção e de manipulação.10 Desta forma, a

    coordenação e a habilidade de manter o equilíbrio postural adequado são

    consideradas pré-requisitos essenciais para realização das atividades de vida diária e

    de relação do homem.11-15

    A avaliação do equilíbrio é fundamental para o diagnóstico de déficits e no

    seguimento de um tratamento proposto. Vários são os tipos de avaliações, aquelas

    de caráter funcional, que identificam a presença ou não de déficits de equilíbrio

    postural na realização de tarefas motoras e os parâmetros estabilográficos, estes

    avaliados por meio da plataforma de força, a qual fornece dados objetivos e sensíveis

    para a descrição do controle postural, pois suas variáveis revelam a magnitude do

    déficit. Pelo fato das crianças com deficiência intelectual apresentarem problemas

    associados ao sistema nervoso central, acredita-se, embora escassas são as

    informações na literatura sobre a relação da deficiência intelectual com o equilíbrio

    postural, que grande parte de suas dificuldades nas atividades de vida diária estejam

    relacionadas com suas capacidades de equilíbrio postural. Sendo assim, o papel dos

    profissionais da área é de extrema importância para identificação do problema de

    equilíbrio postural, associado aos seus fatores causais e suas consequências

    limitantes, além de preconizar a melhor decisão para o processo de intervenção nesta

    população. Deste modo, justifica-se a necessidade da realização de estudos que

    identifiquem a possível presença de déficit no controle postural de crianças com

    deficiência intelectual, principalmente quanto a sua magnitude. Frente ao importante

    papel do equilíbrio postural na promoção da saúde, este estudo tem como objetivo

    avaliar o equilíbrio postural em crianças portadoras de deficiência intelectual.

  • 4

    Metodologia

    Aspectos éticos

    O estudo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte

    do Paraná, foi conduzido de acordo com a resolução 466/12 do Conselho Nacional de

    Saúde do Brasil. Depois de convidadas a participar do estudo e serem informadas

    sobre os objetivos e a metodologia do estudo, as crianças participantes, assim como

    seus responsáveis assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.

    Participantes

    Trinta crianças voluntárias, com idade entre 7 e 13 anos de ambos os sexos,

    foram recrutadas e divididas em dois grupos, sendo quinze crianças portadoras de

    deficiência intelectual estudantes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais-

    APAE (grupo DI) e quinze crianças estudantes da rede regular de ensino com

    desenvolvimento típico (grupo controle GC). Para ambos os grupos os critérios de

    exclusão foram: história prévia de cirurgia no sistema musculoesquelético, presença

    de doenças musculoesqueléticas, respiratórias, neurológicas e/ou cardiovasculares,

    portadores de diabetes, uso de medicação cotidiana ou no período de 30 dias que

    antecedem o dia da avaliação e ter recebido ou estar recebendo qualquer tipo de

    tratamento para alterações posturais ou problemas de equilíbrio.

    Instrumentos de coleta de dados

    Afim de avaliar o nível de atividade física do participante o Questionário de

    Atividade Física para Crianças16 (PAQ-C) foi aplicado. A medida do peso corporal foi

    realizada por uma balança digital (W801-WISO, Florianópolis-SC). A medida da altura

    foi obtida por um estadiômetro marca WCS (Cardiomed, Curitiba-PR). Para avaliar o

  • 5

    equilíbrio postural em condição estática, foi utilizada a plataforma de força

    BIOMEC400 (EMG System do Brasil, SP Ltda.). Os seguintes parâmetros de equilíbrio

    baseados no centro de pressão (COP) foram computados: área de elipse do COP (em

    cm2), velocidade média de oscilações do COP (em cm/s) e frequência média de

    oscilações do COP (em Hz) nas direções de movimento anteroposterior (AP) e

    médiolateral (ML). Para todos os testes de equilíbrio, os sinais da força de reação do

    solo provenientes das medidas da plataforma de força foram coletados em uma

    amostragem de 100 Hz. Todos os sinais de força registrados pela plataforma foram

    filtrados com um filtro de segunda ordem Butterworth passa-baixa á 35 Hz. Para

    aquisição e tratamento dos parâmetros de equilíbrio associados aos movimentos do

    COP, os sinais captados foram convertidos por meio de uma análise estabilográfica,

    que foi compilada com as rotinas do MATLAB (The Mathworks, Natick, MA).

    Protocolo experimental

    Após familiarização com o equipamento e com o protocolo experimental, os

    testes de equilíbrio estático bipodal e unipodal foram realizados sob a plataforma de

    força em ordem randomizada com repouso de 5 minutos entre os dois testes. Para o

    teste em apoio bipodal foi acordado duas tentativas de 60s com intervalo de repouso

    de 30s entre cada tentativa. O teste estático em apoio unipodal foi realizado sobre o

    membro inferior dominante durante 30s, sendo acordado 3 tentativas com períodos

    de repouso de 30s entre as tentativas. O protocolo de equilíbrio foi realizado com os

    pés descalços, olhos abertos, braços ao longo do corpo e olhos direcionados para um

    alvo (círculo preto colocado na altura dos olhos do participante) fixado a 2,5 metros

    de distância à frente da plataforma de força (Figura 01).

  • 6

    A B

    Figura 01: A) Teste de equilíbrio estático em apoio bipodal; B) Teste de equilíbrio estático em apoio unipodal.

    Análise dos dados

    Os dados foram analisados de forma descritiva com a média e desvio-padrão.

    Foi verificada a distribuição de normalidade da amostra nas diversas variáveis

    analisadas por meio do teste de Shapiro Wilk. Depois de estabelecida a normalidade,

    os grupos foram comparados por meio do teste-t de Student para amostras

    independentes. Correlações r de Pearson foram utilizadas para verificar a correlação

    entre os parâmetros de equilíbrio e o nível de atividade física. Todas as análises

    estatísticas foram realizadas utilizando o programa estatístico SPSS (versão 21.0)

    com a significância adotada de 5% (p ≤ 0.05).

    Resultados

    O grupo GC foi representado por 6 meninos e 9 meninas enquanto que o grupo

    DI por 10 meninos e 5 meninas. Não foram observadas diferenças significativas entre

    os dois grupos com relação a idade, peso e nível de atividade física (Tabela 01).

    Segundo a classificação de Rosendo da Silva e Malina,17 os resultados do

    questionário de atividade física PAQ-C revelaram que os dois grupos se encontram

  • 7

    classificados como crianças moderadamente ativas. As análises estatísticas

    mostraram não haver correlação entre os parâmetros de equilíbrio estudados e o nível

    de atividade física dos participantes (p>0,05). Os parâmetros de equilíbrio baseados

    no COP mostraram diferenças significantes entre os grupos em apoio bipodal para a

    velocidade média AP (p=0,02) e ML (p=0,03) e para frequência média AP (p=0,008),

    onde menores valores foram encontrados no grupo DI, revelando assim, para estes

    parâmetros, melhor equilíbrio postural neste grupo (Tabela 02). A mesma ocorrência

    foi observada no teste em apoio unipodal, onde a frequência média AP apresentou

    diferença significante entre os grupos (p=0,03) (Tabela 03).

  • 8

    Discussão

    Ao contrário do que relata a maioria da literatura, o presente estudo não

    apresentou diferenças significantes no equilíbrio postural entre crianças com

    deficiência intelectual e seus pares do grupo controle. Em alguns parâmetros de

    equilíbrio, principalmente em apoio bipodal, o grupo DI mostrou, inclusive, melhor

    equilíbrio que o GC. Pessoas com deficiência intelectual possuem escores mais

    baixos do que as pessoas normais em testes perceptivo-motores devido à desordem

    na integração de informações sensório-motoras, proporcionando uma maior

    instabilidade no equilíbrio postural em portadores de deficiência intelectual.18 O

    controle postural em crianças com déficit de atenção combinado com hiperatividade

    tem se mostrado inferior quando comparado às crianças com desenvolvimento típico

    em vários aspectos, incluindo equilíbrio estático e dinâmico19. Em uma revisão

    sistemática realizada por Van Damme e colaboradores20 a diminuição das habilidades

    motoras é frequentemente relatada em deficientes intelectuais. A revisão mostra que

    em 24 estudos os indivíduos com déficit de atenção associado a hiperatividade

    obtiveram uma menor performance com relação aos pares de desenvolvimento típico.

    Em contrapartida, 3 estudos não encontraram qualquer diferença na capacidade

    motora entre crianças com ou sem déficit de atenção associado a hiperatividade.

    Estudos têm relatado também grandes déficits no controle postural em crianças