PCP CONST CIVIL.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/28/2019 PCP CONST CIVIL.pdf

    1/9

    UM NOVO MODELO DE PCPPARA O SETOR DA CONSTRUO CIVIL

    Ricardo Luiz Machado (1); Luiz Fernando M. Heineck (2)(1) Universidade Catlica de Gois, Avenida Universitria, no 1069

    CEP: 74605-010, Setor Universitrio, Goinia -GO, Fone: 62 2271351e-mail: [email protected]

    (2) Universidade Federal de Santa Catarina, CTC, EPS, PPGEP, Caixa Postal 476,CEP: 88010-970, Trindade, Florianpolis SC

    e-mail: [email protected]

    RESUMO

    Neste trabalho discutida a aplicao dos princpios e ferramentas da construo enxuta leanconstruction em processos produtivos de empresas do setor da construo civil. Constata-se que osistema de produo da construo requer transformaes radicais, iniciadas a partir da reconcepode seu modelo tradicional de converses para o modelo de fluxos e converses, sugerido pela filosofiade construo enxuta.

    Enfatiza-se um modelo de planejamento e controle da produo destinado ao curto prazo como ummeio eficaz de se estabilizar e garantir o fluxo de produo.

    Na sequncia do trabalho descreve-se os resultados de uma interveno voltada para odesenvolvimento do processo de planejamento de curto prazo realizada em uma empresa do setor daconstruo atravs de uma sistemtica de gerao e emisso de cartes de produo.

    ABSTRACT

    This paper discusses the application of lean construction principles and tools. The traditional conceptualbasis of construction is criticized and a new paradigm for construction is proposed.

    Aiming to increase the production flow reliability a production planning and control technique regardingto short-term planning is proposed.

    An empirical study on a building site conducted by the researchers, involving the generation andreleasing of production cards as a control tool is described.

  • 7/28/2019 PCP CONST CIVIL.pdf

    2/9

    1. INTRODUO

    O setor da construo civil historicamente buscou inspirao nas prticas da manufatura seriada paraorganizar seu processo de produo. Koskela (1992) sustenta que, por muito tempo, se buscou umasoluo para os problemas do setor da construo civil atravs da industrializao - pr-fabricao e

    modularizao dos componentes da construo. Mais recentemente, segundo esse mesmo autor, outrasoluo trabalhada pelas empresas construtoras nos pases desenvolvidos focou esforos na utilizaode sistemas de Construo Integrada por Computador ou os CIC - Computer IntegratedConstruction - derivados dos sistemas de Manufatura Integrada por Computador - os CIM -Computer Integrated Manufacturing. Alm disso, alguns pases, como o Japo, voltaram-se para ainiciativa de utilizar a robotizao e a automao nos processos construtivos como sada para osproblemas enfrentados nos processos produtivos da construo.

    Embora algumas das propostas apresentadas anteriormente tenham logrado relativo sucesso, ainda seapresentam como solues bastante limitadas para a melhoria efetiva do processo produtivo daconstruo civil. Parte dessa limitao deve-se s peculiaridades presentes no ambiente produtivo do

    setor, associadas ao alto nvel de complexidade do seu processo, gerao de produtos nicos,concentrao temporria de recursos em funo de estgios evolutivos do produto com ciclos de vidadefinidos e uso intensivo de mo-de-obra, dentre outras particularidades. Ressalta-se ainda dificuldadesde integrao entre tecnologias de processo e a gesto do processo produtivo como um todo.

    Nesse sentido, atualmente existe uma outra tendncia na manufatura cujo impacto parece ser bemmais positivo que as solues sugeridas para resolver os problemas da construo, baseadas emtecnologias de informao e automao. Essa tendncia centrada em uma nova filosofia de produoque no se baseia na implementao de novas tecnologias, mas na aplicao de teorias e princpiosbsicos de gesto relacionados melhoria dos processos de produo.

    Intitulada Construo Enxuta uma adaptao da produo enxuta ao contexto especfico do setor da

    construo civil - esta nova filosofia de produo, embora ainda pouco utilizada pela indstria daconstruo, apresenta-se como uma soluo mais adequada para os problemas do setor. Isso se deve sua caracterstica de baixa utilizao de tecnologias de hardware e software em termos de mquinas,robs, sistemas computacionais de gesto ou de automao, que so substitudas por soluestecnolgicas mais simples baseadas no envolvimento da mo-de-obra. Verifica-se que taiscaractersticas da construo enxuta apresentam bastante coerncia com as peculiaridades do setorda construo visto que levam em considerao a dificuldade de implementao e rigidez gerada poruma nova tecnologia de processamento.

    2. O NOVO PARADIGMA DA ADMINISTRAO DA PRODUO PARA A

    CONSTRUO CIVILNo contexto da traduo das prticas da manufatura para o setor da construo civil e do enfoquevoltado para a gesto dos processos produtivos (em vez da implementao de tecnologias sofisticadasbaseadas em computador ou na automao), torna-se necessrio entender o paradigma organizacionaladotado pelas empresas construtoras nas ltimas dcadas.

    Uma grande influncia da manufatura para os sistemas produtivos da construo foi a configuraodos processos construtivos de acordo com o modelo de converses (ou de transformaes) segundo oqual o que acontece em um sistema de produo envolve genericamente a entrada de recursos, aconverso destes e a gerao de sadas do processo o produto da construo, de acordo com a

    Figura 1:

  • 7/28/2019 PCP CONST CIVIL.pdf

    3/9

    Figura 1 O modelo de converses

    De acordo com a lgica do modelo de converses apresentado na Figura 1, um processo de produopode, e deve, ser dividido em subprocessos a fim de facilitar a gesto sobre o mesmo. Busca-se,ento, a otimizao dos subprocessos como forma de otimizar o processo de produo como um todo.Esse ltimo, por sua vez, alcana a maior otimizao possvel atravs do somatrio de todas asmelhorias geradas em cada subprocesso isoladamente. A melhoria dos subprocessos comumentebaseada na adoo de tecnologias e a avaliao de desempenho monitorada atravs de ndices de

    produtividade, determinados especificamente para cada operao produtiva. O incremento daeficincia de uma operao produtiva, representando um subprocesso, obtido pelo aumento do valorde seu ndice de produtividade.

    2.2. Administrao do processo produtivo sob a tica da construo enxuta

    Com vistas a suprir as carncias do processo produtivo convencional baseado no modelo dasconverses, a partir do incio da dcada de 90, tem-se estudado a aplicao de uma nova filosofia deadministrao da produo na construo civil, amparada pela filosofia just-in-time - JITe pela gestoda qualidade total. Segundo essa nova filosofia, a produo um fluxo contnuo de materiais e/ouinformaes partindo da matria-prima at o produto final (Koskela, 1992). Nestes fluxos, o material

    processado (ou convertido) sujeitando-se a operaes de inspeo e movimentao, alm de poderestar na situao de espera. A converso representada pelo processamento enquanto que asatividades de inspeo, movimentao e espera constituem os fluxos da produo, os quais tambmpodem ser caracterizados por tempo e custo embora no agreguem valor.

    O processo produtivo da construo, sob a tica da filosofia JIT, pode ser esquematizado de umamaneira simplificada (conforme a Figura 2 abaixo), onde os retngulos escuros representam asatividades do processo que no agregam valor em contraste com aquelas que agregam, representadaspelos processamentos:

    Figura 2 O modelo de produo considerando fluxos e converses

    Processo deProduo

    Sub-processo 1 Sub-processo 2 Sub-processo n

    .....

    Entradas Resultados

    Transporte EsperaProcessamento

    1 Inspeo

    Transporte EsperaProcessamento

    2 Inspeo

    Retrabalho

    Retrabalho

  • 7/28/2019 PCP CONST CIVIL.pdf

    4/9

    De uma maneira geral, pode-se dizer que o princpio que rege a filosofia da construo enxuta consistena considerao dos elementos do processo produtivo no apenas como converses, mas tambm, osfluxos existentes entre elas. A eficincia do processo, alm de depender das atividades de converses(os processamentos), atribuda tambm maneira como so tratados os fluxos existentes entre estas(Shingo, 1996). Considera-se apenas as atividades de converses como agregadoras de valor aoproduto final, levando a concluir que as atividades de fluxo devem ser eliminadas ou, na impossibilidade

    disto, reduzidas, ao se buscar a melhoria do processo como um todo.

    3. O ENFOQUE NO PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO COMO SOLUO PARAGARANTIR O FLUXO DE PRODUO

    O sistema de administrao da produo do processo construtivo tem sido feito at ento atravs daorganizao de um conjunto de atividades direcionadas para um objetivo comum: a execuo final daobra. Essas atividades so na verdade, subprocessos de converses, baseados nos modelosconvencionais de produo. Esta tica da construo, considerada como um conjunto de atividades, compartilhada tanto pelos antigos quanto pelos novos mtodos de administrao dos processosconstrutivos fundamentados no modelo das converses.

    O grande problema da viso convencional a respeito dos processos de produo que ela noconsegue explicitar o fluxo de insumos ocorrendo entre as atividades. E, se no consegue enxergar,tambm no consegue tratar as atividades presentes no fluxo, em termos de buscar elimin-las oureduzi-las, caso seja impossvel bani-las do processo produtivo.

    Conclui-se que a melhoria dos processos produtivos envolve consideraes sobre o fluxo. E nessesentido, a melhor forma de se considerar o fluxo consiste em planejar as aes futuras a seremrealizadas no processo de produo. Alm disso, as consideraes sobre o fluxo vo estar presentesnos horizontes de mdio e curto prazo, sendo que neste ltimo mais intensamente, visto que, em funoda incerteza existente no ambiente do processo produtivo da construo civil, muitas das decises

    operacionais somente podero ser tomadas considerando inrcias de deciso (CORRA et alli, 2000) perodo de tempo compreendido entre a tomada de deciso e sua efetiva implantao de curtoprazo.

    Nesse contexto, torna-se necessrio desenvolver novas ferramentas de planejamento para aconstruo enxuta, j que aquelas disponveis como as redes CPM/PERT, a Linha de Balano e osdiagramas de Gantt, apresentam-se ineficazes ao conseguirem fazer referncia somente s atividadesde converso, no contemplando a contento as operaes de fluxo.

    4. O MODELO DE PCP DE MDIO E CURTO PRAZO PARA AS EMPRESAS DOSETOR DA CONSTRUO

    O tema de discusso a respeito do processo de planejamento e controle da produo j atingiu um nvelrelativamente elevado de maturidade em torno das questes bsicas a serem tratadas em tal assunto nombito da manufatura. Existe amplo consenso, por exemplo, que a questo est relacionada aosproblemas de inrcia de deciso. Nesse contexto torna-se necessrio trabalhar com procedimentosdistintos de planejamento e controle na medida em que se evolui de horizontes de tempo de longo prazopara curto ou curtssimo prazo, em funo de diferentes inrcias de deciso.

    Para cada horizonte de tempo ou cada necessidade associada de inrcia de deciso, deve-se pensarem um instrumento de planejamento especfico. Para o longo prazo considera-se genericamente odiagrama de Gantt, a tcnica de rede CPM/PERTe a linha de balano. As trs tcnicas baseiam-se

    em dados preliminares oriundos de oramentos dos projetos, de estimativas de tempo das atividadesnecessrias realizao do projeto e do seqenciamento tcnico entre elas. Alguns trabalhos sugeremvantagens no uso da Linha de Balano em relao s demais tcnicas em decorrncia de sua

  • 7/28/2019 PCP CONST CIVIL.pdf

    5/9

    eficincia em responder s perguntas bsicas do planejamento referentes a quando fazer, o que fazer,quanto fazer, onde fazer e com que recursos fazer. A Figura 3 apresenta um exemplo da Linha deBalano comparando-a com um diagrama de Gantt para algumas atividades existentes em um projetoda construo:

    Figura 3 A linha de balano

    Com base no planejamento de longo prazo parte-se para os planejamentos de mdio e curto prazo,denominados neste trabalho respectivamente comoLookahead Planninge Weekly Planning.

    4.1. Planejamento de mdio prazo: o lookahead planningO planejamento de mdio prazo no modelo chamado Lookahead Planning (BALLARD, 2000)apresenta o mrito de proporcionar a ligao (antes negligenciada) entre as decises estratgicastomadas no longo prazo, oriundas da Linha de Balano, com a necessidade de definio de aes aonvel operacional em bases que vo usualmente do dia de trabalho at a quinzena.

    Apresenta-se aqui um modelo Lookahead baseado na lgica do planejamento de recursos damanufatura o Manufacturing Resources Planning ou MRP II adaptado das prticas damanufatura para o setor da construo civil.

    Segundo a lgica do planejamento Lookahead, a partir de um planejamento de longo prazo, deve-seantecipar todas as operaes a serem realizadas para garantir em um futuro prximo cerca de 4 a 6semanas - a consecuo dos servios aos quais estas operaes esto relacionadas como atividadesconstituintes ou auxiliares.

    As operaes auxiliares so aquelas a serem realizadas preliminarmente para permitir a execuo deoperaes produtivas posteriores, dentro de uma lgica de redes operacionais associadas a cadaservio definido no plano de longo prazo. A idia a de que, por exemplo, se um servio de pintura programado na linha de balano para acontecer em um determinado momento, deve ser providenciadaa preparao de andaimes em tempo hbil. Esta providncia ir garantir que, na data programada parao incio da pintura, o andaime estar disponvel. Para tanto, a ordem de compra dos materiaisnecessrios execuo da pintura deve ser emitida com a antecedncia necessria. Ao mesmo tempo,

    deve ser assegurada a disponibilidade de mo-de-obra para executar este servio na data programada.Concluindo-se, devem ser liberadas previamente ordens de produo, montagem ou compra, de modo aassegurar que todos os recursos necessrios para a execuo de um servio existente no plano de

    Grfico de Barras (Gantt) X Linha de Balano

    tempo

    atividades

    unidades

    derepetio

    tempo

    12

    3

    .

    .

    .

    n..

    .

    FUNDAO

    ESTRUTURA

    ALVENARIA

  • 7/28/2019 PCP CONST CIVIL.pdf

    6/9

    longo prazo estejam disponveis nos momentos certos. Parece elementar esta lgica, mas infelizmenteno ocorre de forma organizada na grande maioria dos canteiros de obras. Na realidade, o queacontece que a informalidade em que este processo se desenrola provoca a gerao de negligncias,esquecimentos, omisses, enfim, falta de programao adequada.

    4.2. Planejamento de curto prazo: o weekly planning

    Tendo realizado o Lookahead Planning passa-se s decises de nvel operacional, do dia a dia docanteiro de obras. A este planejamento de curto prazo, que usualmente ocorre em um perodo de 1 a15 dias, confere-se a importncia de ser o instrumento efetivo da gerao de aes operacionais. Aidia a de que a cada microperodo de planejamento se tenha uma definio segura a respeito dequais operaes devem ser executadas, de modo a viabilizar os planejamentos de nveis agregadossuperiores.

    Uma forma usual, e j experimentada, de operacionalizar o microplanejamento consiste na definio de

    perodos semanais de planejamento de curto prazo, elaborados com base na primeira semana deplanejamento doLookaheadPlanning(BALLARD, 2000).

    Procura-se chegar a um consenso sobre a emisso de ordens de produo de qualidade, consideradasassim aquelas que obedecerem aos seguintes aspectos exigveis para a operao (BALLARD, 2000):

    1. boa definio de uma operao, de forma que se possa estabelecer parmetros de medio e decontrole da qualidade;

    2. seqncia adequada no processo construtivo;

    3. tamanho compatvel com o perodo de planejamento, com a poltica de pagamento e com a questomotivacional (se a tarefa muito grande, o operrio desmotiva-se por no conseguir enxergar o seutrmino tampouco associar o seu empenho com a quantidade de trabalho e a remunerao combinada);

    4. possibilidade efetiva de ser executada, em funo da disponibilidade de todos os recursosnecessrios sua execuo.

    Monitoram-se eventuais desvios que possam ocorrer na semana de planejamento atravs daprogramao de reunies de acompanhamento, que normalmente ocorrem no meio da semana.

    Usualmente, a cada sexta-feira acontece uma reunio para definir o planejamento da prxima semanade trabalho. No incio da semana, cada equipe de produo tem em mos as tarefas que iro

    desempenhar ao longo da semana de trabalho.

    A ligao entre o Lookahead e o planejamento de curto prazo acontece por meio da gerao decartes de produo para todas as tarefas previsveis para a concluso final da obra. So produzidos,ento, diversos cartes de produo associados s diversas tarefas que ocorrem no canteiro de obras que formam uma espcie de estoque de ordens de produo, liberadas a cada elaborao doLookaheade confirmadas atravs da entrega s equipes de produo no planejamento de curto prazo.A Figura 4 ilustra um exemplo de um carto de produo:

  • 7/28/2019 PCP CONST CIVIL.pdf

    7/9

    Figura 4 Carto de produo

    A dinmica do trabalho com cartes de produo cria um ambiente de compromisso com a execuode tarefas e assegura o cumprimento dos prazos do planejamento, atravs da formalizao das ordensde servios que fluem pelo canteiro de obras.

    5. UMA APLICAO DO PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO

    Visando verificao do processo de planejamento de curto prazo, foi analisada uma obra emexecuo por uma empresa de mdio porte localizada na cidade de Florianpolis, no Estado de SantaCatarina. Nesse sentido, foi realizada uma interveno de durao de 5 semanas visando aimplementar o planejamento de curto prazo, entre os dias 10 de janeiro e 11 de fevereiro de 2000.

    A obra objeto do estudo foi um edifcio residencial alto, possuindo 11 pavimentos, com 5 apartamentospor andar. Estes apartamentos possuam caractersticas de grande personalizao em funo de umapoltica de flexibilidade adotada pela empresa construtora, que permitia aos proprietrios dos imveispromoverem diversas modificaes internas nos projetos.

    A equipe de gerenciamento da obra era composta por 4 pessoas: um engenheiro responsvel pelaadministrao geral da obra, um mestre de obras encarregado pela alocao de pessoal aos serviosprogramados e pelo controle da qualidade, um tcnico em edificaes responsvel pela aquisio demateriais para o abastecimento da obra e uma arquiteta, encarregada de promover as modificaes deprojeto, solicitadas pelos proprietrios dos apartamentos.

    Constatou-se, no primeiro contato com o pessoal de obra, que o processo de planejamento eradesenvolvido pelo engenheiro da obra ao nvel ttico enquanto o mestre-de-obras preocupava-se comos aspectos operacionais. Ao tcnico em edificaes cabia o levantamento das especificaes dosmateriais e a colocao de pedidos a tempo de permitir a chegada de materiais nos momentos definidos

    pela programao da obra.Logo no incio da interveno, foram fotografados todos os apartamentos de todos os andares da obra,com a finalidade preliminar de se obter uma noo prtica e sistmica da evoluo da obra e de ritmosde trabalho. O objetivo principal, ao fotografar a obra, era de determinar todos os servios necessriospara se executar na obra, a serem realizados nos prximos dias at a sua concluso final, bem como deantecipar detalhes construtivos associados necessidade de operaes futuras (ordens de servios).As fotos geradas foram organizadas em um fichrio contendo informaes sobre o estgio evolutivo dediversos locais da obra, tais como os pavimentos, seus apartamentos, a cobertura, a escada, acirculao, as antecmaras, as garagens, o trreo, o arruamento, a fachada frontal, as fachadas lateraise a fachada traseira.

    A partir da determinao dos servios necessrios concluso da obra, foi produzida uma grande listade ordens de servio contendo todas as aes passveis de previso para a concluso da obra. Estalista de ordens de servio foi organizada em funo das diversas tarefas a serem executadas segundo

    LOCAL:

    DATA DE INCIO:Data realizada:

    DATA DE TRMINO:Incio:

    Quantidade realizada:

    CARTO DE PRODUO

    EQUIPE:

    TAREFA:

    Trmino:

    Preparao da Tarefa:

  • 7/28/2019 PCP CONST CIVIL.pdf

    8/9

    critrios de construtibilidade e capacidade produtiva disponvel. Em outras palavras, obedecendo a umasequncia lgica, as ordens de servios foram includas nos instrumentos de programao (lookaheadplanning e weekly planning) de forma a dimensionar uma carga compatvel com a capacidade detrabalho disponvel e com a necessidade de concluso da obra. A operacionalizao das ordens deservios geradas se deu na forma de cartes de produo, como no modelo apresentado na Figura 4.Foram geradas centenas de cartes de produo, produzindo assim um estoque de ordens de servios a

    serem liberadas nos momentos oportunos.As ordens de servios eram seqenciadas considerando-se, sempre, o trabalho da prxima semana. Orepasse das ordens de servios aos trabalhadores era feito por intermdio do mestre de obras, quelevava diversos cartes a cada lder de equipe, informando exatamente o que deveriam fazer emtermos de local, quantidade de servio, equipe e aspectos de qualidade de execuo.

    As reunies com o mestre de obras para discutir a evoluo dos servios planejados e para a entregade novos cartes de produo, contendo novas ordens de servios, aconteceram nas primeiras duassemanas, nas teras e sextas-feiras. Na reunio das sextas-feiras, procurava-se seqenciar todas asordens de servios para a semana seguinte, organizadas por equipes de trabalhos, dispostas para cadadia da semana. s teras-feiras, verificava-se o andamento do planejamento das sextas-feiras epromovia-se o replanejamento, caso necessrio, em funo de algum atraso em uma atividadeprogramada para acontecer naquela semana. O no cumprimento de tarefas decorreu, principalmente,de interferncias de chuvas, falta de materiais e carncia de informaes de projeto. Estasdiscrepncias entre o planejado e o executado alimentavam um indicador de qualidade do planejamentochamado de PPC - Percent Plan Complete , ou Percentual de Atividades Planejadas que foramEfetivamente Executadas. No incio do processo de planejamento, verificou-se que este percentual erabastante reduzido, ficando na casa dos 50 % - somente metade das atividades planejadas eramefetivamente executadas. No decorrer da interveno, com o planejamento de curto prazo, o PPCpercentual aumentou para cerca de 80%.

    Na ltima semana de interveno foi feito um planejamento Lookaheadpara o perodo remanescente

    at o final da obra, envolvendo um seqenciamento de atividades definido em funo de todos osservios restantes necessrios ao trmino da obra e da capacidade de produo disponvel, em funodo efetivo de recursos de produo existente na obra. Com relao a este ltimo aspecto, foiconsiderada como limitao de capacidade apenas o efetivo de pessoal j alocado na obra, devido dificuldade de adaptao ao contexto da empresa de novos funcionrios em funo do pouco tempo ato final da obra.

    6. ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS OBTIDOS NO ESTUDO DE CASO

    O trabalho de gerao dos cartes de produo permitiu constatar a grande complexidade associada

    tarefa de antecipao das atividades a serem realizadas para a concluso do projeto estudado. Muitasdas operaes auxiliares, preliminares quelas efetivamente produtivas, so conhecidas somente pelopessoal de canteiro em funo de suas experincias passadas. Nesse sentido, torna-se relevante otreinamento de mestres-de-obras e encarregados em relao aos princpios e ferramentas daconstruo enxuta para que possam engajar-se efetivamente no processo de planejamento daproduo.

    Os cartes de produo promoveram um interessante clima de comprometimento com o progresso daobra a partir da gerao de um senso de responsabilidade nas equipes executoras das atividades.Alguns operrios chegavam a comemorar o cumprimento parcial de suas metas semanais de trabalho,quando suas tarefas eram avaliadas e aprovadas pelo mestre de obras.

    7. CONCLUSES

  • 7/28/2019 PCP CONST CIVIL.pdf

    9/9

    Na procura pelo sistema de administrao da produo mais adequado s caractersticas do setor daconstruo civil, a construo enxuta parece ser a melhor soluo para os problemas dos processosprodutivos. Ao sugerir solues alternativas para a melhoria dos processos construtivos, no sebaseando exclusivamente na implementao de novas tecnologias e direcionando os esforos para aracionalizao dos processos, atravs da otimizao dos fluxos existentes entre as diversas atividadesnecessrias execuo de um projeto, a construo enxuta consegue adaptar-se s peculiaridades da

    construo.A gritante variabilidade dos processos produtivos da construo, aliada aos elevados ndices dedesperdcios de recursos existentes nos canteiros, indicam claramente que todas as tentativas demelhoria dos processos devem passar por sua racionalizao, otimizando os fluxos existentes entre asdiversas atividades, antes de promover complexas e onerosas implementaes de solues baseadasem alteraes dos processos via adoo de novas tecnologias. Nesse sentido, preciso fazer umamudana do paradigma onde a construo encontra-se atualmente, baseado na produo calcada nosprincpios do antigo modelo de converses que, quando comparado s novas filosofias de produoemergentes, como a construo enxuta, apresenta-se com eficincia notadamente inferior.

    A viso mope do modelo de converses com relao ao processo produtivo, no conseguindo enxergaros fluxos existentes entre atividades e, por conseguinte, no podendo otimiz-los, conduz a umagerncia deficiente, incapaz de promover melhorias de uma forma eficaz. Conclui-se, ento, que estasmelhorias s podem ser obtidas, satisfatoriamente, quando se foca o processo como um todo,considerando os inter-relacionamentos entre suas diversas fases.

    A garantia do fluxo obtida atravs da redefinio do paradigma do planejamento na construo. Estanova concepo envolve a utilizao de instrumentos de planejamento que permitam atingir o nveloperacional de detalhe, como oLookahead Planninge o Weekly Planning.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BALLARD, H.G. (2000). The Last Planner System of Production Control. Birmingham UK, May2000, Tese de doutorado apresentada ao School of Civil Engineering of Faculty of Engineering ofthe University of Birmingham, 192 p..

    CORRA, H.L., GIANESI, I.G.N., CAON, M. (2000).Planejamento, Programao e Controle daProduo: MRP II / ERP, Conceitos, Uso e Implantao, Editora Atlas, So Paulo, 411 p., 3.edio.

    KOSKELA, Lauri (1992). Application of the New Production Philosophy to Construction.Technical Report. CIFE (Center for Integrated Facility Engineering).

    SHINGO, S. (1996). O sistema Toyota de Produo do ponto de vista da Engenharia deProduo . EditoraBookman: Porto Alegre, RS.