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PDF8 - PROGRAMA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA MARICULTURA

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PROGRAMA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA MARICULTURA EM

ÁGUAS DA UNIÃO

Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca

Presidência da República

Brasília, 2005

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PROGRAMA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA MARICULTURA

EM ÁGUAS DA UNIÃO

Luiz Inácio Lula da Silva Presidente da República Federativa do Brasil José Fritsch Secretario Especial de Aqüicultura e Pesca Altemir Gregolin Secretário Especial Adjunto de Aqüicultura e Pesca Dirceu Silva Lopes Subsecretário de Desenvolvimento da Aqüicultura e Pesca Felipe Matias Diretor de Desenvolvimento da Aqüicultura Coordenação: Felipe Matarazzo Suplicy Coordenador Geral de Maricultura Colaboradores: Flavio Simas de Andrade Jean Franco Schmitt Rui Donizete Teixeira Capa Rodrigo Diniz Torres Catalogação na fonte. SEAP/PR

Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República (SEAP/PR), 2005. Programa Nacional de Desenvolvimento da Maricultura em Águas da União SEAP/PR. Brasília: 48 pp.

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Índice

Sumario.................................................................................................................... 1

A Aqüicultura no Brasil e no mundo........................................................................ 2

A maricultura............................................................................................................ 3

A piscicultura marinha.............................................................................................. 3

A malacocultura.................... .................................................................................. 4

A algicultura............................................................................................................. 6

A carcinicultura em cercados................................................................................... 7

Potencial da maricultura brasileira........................................................................... 7

A necessidade de planejamento para o desenvolvimento da maricultura............... 9

Os Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura............................................ 12

A integração dos PLDM’s com outros mecanismos de planejamento da região costeira.....................................................................................................................

15

A estratégia da SEAP/PR para a elaboração e implementação dos PLDM’s ........... 16

Investimentos estratégicos ...................................................................................... 19

Aspectos sanitários.................................................................................................. 20

Instrumentos de parceria.......................................................................................... 22

Referências Bibliográficas...................................................................................... 25

Anexos 26

Roteiro para elaboração dos Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura... 26

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Sumário O Programa Nacional de Desenvolvimento da Maricultura é focado para o planejamento da maricultura em águas da União, tendo como principais seguimentos passíveis de rápida expansão nas próximas décadas o cultivo de moluscos (malacocultura), de algas (algicultura), de peixes marinhos (piscicultura), e de camarões (carcinicultura). A utilização de águas da União para o desenvolvimento da maricultura pode contribuir, substancialmente, com a economia nacional e obtenção das metas e objetivos nacionais de desenvolvimento sócio-econômicos.

São 8.500 km de linha costeira, com águas mais frias no Sul e Sudeste do Brasil e águas mais quentes nas costas do Norte e Nordeste. Com uma grande variedade de ecossistemas litorâneos e marítimos, como recifes de corais, dunas, áreas úmidas, lagoas, estuários e manguezais. Dentro deste conjunto de ecossistemas, ainda podem ser identificados sub-sistemas menores, com características biológicas peculiares. O desenvolvimento da maricultura deverá considerar os múltiplos usuários dos recursos naturais costeiros, além de evidenciar que os maricultores são, também, seus legítimos usuários devendo, portanto, ser considerados e inseridos em um planejamento nacional.

A falta de planejamento no uso da terra e do mar prejudica a expansão da maricultura e pode levar a um desenvolvimento mal sucedido, onde sua contribuição e potencial não são satisfatoriamente atingidos, particularmente entre os setores mais pobres da sociedade. Outros efeitos indesejados, resultantes da falta de planejamento, são a exposição da maricultura a poluição aquática, causada por dejetos industriais, doméstico, agro-pastoril e até mesmo da própria aqüicultura; e o desenvolvimento desenfreado, onde os resultados positivos podem ser diluídos por problemas ambientais e de utilização dos recursos naturais, problemas sociais, sanitários e, em alguns casos, problemas mercadológicos. O Governo Federal, através da SEAP/PR, criou o Programa Nacional de Desenvolvimento da Maricultura em águas da União para auxiliar no planejamento da maricultura levando em conta que o Brasil é um país com dimensões continentais, partindo da idéia de apoiar as potencialidades locais considerando as características ambientais de cada região. A SEAP/PR está assumindo os custos e a responsabilidade de planejar a ocupação de áreas em águas da União para maricultura, adotando uma metodologia de planejamento local através de Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura (PLDM), onde o objetivo é planejar o desenvolvimento do setor utilizando ferramentas de micro zoneamento numa escala municipal, ou quando for o caso, promover este planejamento para baías, lagoas, reservatórios, estuários. Este documento apresenta as diretrizes do referido Programa e explicita a estratégia para sua implementação através da elaboração dos PLDM’s.

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FA

A Aqüicultura no Brasil e no mundo

üicultura é o cultivo de organismos aquáticos como peixes, moluscos, crustáceos, s e algas. A produção mundial da aqüicultura aumentou de 7,4 milhões de toneladas 1980 e 16,8 milhões em 1990 para mais de 45,7 milhões de toneladas em 2000. O

tor tem crescido a taxas anuais de superiores a 10% ao ano, enquanto que às taxas uais de 3% para a produção de animais terrestres e de 1,5% para a pesca de ptura, observadas no mesmo período. A aqüicultura já representava em 2000, ,2% da produção mundial de pescado. É esperado que este crescimento continue a r observado na próxima década, podendo atingir 47 milhões de toneladas em 2010.

sde a metade da década de 50, a produção da aqüicultura está concentrada, incipalmente, nos países em desenvolvimento. Esta situação ficou mais acentuada rante a década de 80, quando a contribuição dos países desenvolvidos na produção aqüicultura mundial se reduziu ainda mais. América Latina tem no Chile, Brasil e Equador seus maiores produtores de pescado ravés da aqüicultura. Juntos, estes países produziram 910.000 toneladas em 2001. Chile ultrapassou a produção equatoriana em 1992, com o incremento da produção salmão, e assumiu a liderança no continente desde então. O Brasil assumiu a gunda posição entre os produtores latinos americanos a partir de 1999, quando orreu uma quebra na produção aqüícola do Equador, em função dos problemas nitários que dizimaram a produção da carcinicultura equatoriana (Figura 01). No asil, segundo as últimas informações levantadas pelo Instituto Brasileiro de Meio biente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, a produção total da

üicultura brasileira foi de 235.6 mil toneladas, em 2002.

ura 01. Evolução da aqüicultura no Brasil, Chile e Equador.

Milhares de toneladas

0

100

200

300

400

500

600

700

1980 1984 1988 1992 1996 2000

Brazil Chile Ecuador

O (2003)

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A piscicultura marinha

A maricultura

Na aqüicultura costeira, também conhecida como maricultura, predomina, ao nível mundial, a produção de algas e moluscos. A produção mundial da maricultura em 2002 foi de 26,6 milhões de toneladas, com um valor de US$ 30,3 bilhões e representando 55% do volume total e 56% do valor total da produção mundial da aqüicultura. O potencial de crescimento e de futura expansão da maricultura tem sido reconhecido por muitos países, pelo setor privado, e por instituições financeiras, como bancos de

desenvolvimento e órgão doadores, nos níveis nacional e internacional. A produção nacional da maricultura, em 2002, totalizou 76,9 mil toneladas, cerca de 10% da produção da maricultura em todo o continente sul-americano, que foi de 766 mil toneladas. Os principais segmentos da maricultura brasileira em 2003 foram a produção de camarões com 90.190 toneladas, e a produção de moluscos, estimada em 11.000 toneladas. O Programa Nacional de Desenvolvimento da Maricultura é focado no planejamento da maricultura realizada em águas da União, onde os principais seguimentos passíveis de rápida expansão nas próximas décadas são o cultivo de moluscos (malacocultura), algas (algicultura), peixes marinhos (piscicultura), e camarões (carcinicultura). A carcinicultura em viveiros escavados em terra será objeto de um Programa Nacional de Desenvolvimento específico, que abordará as necessidades diferenciadas deste segmento.

A piscicultura marinha nacional, ainda muito incipiente, não ultrapassou as 24 toneladas, em 2002. O desenvolvimento do setor é bem tímido se comparado com as 503 mil toneladas de salmão produzidas pelo Chile em 2001. Apesar disso, novas tecnologias têm sido propostas à medida que mais espécies estão sendo pesquisadas e domesticadas. Entre as espécies que tem apresentado resultados promissores estão o pampo, a cioba, o linguado, o robalo, a tainha, e o bijupirá. Todas estas espécies estão

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atualmente sendo investigadas por pesquisadores brasileiros, que se esforçam em desenvolver pacotes tecnológicos que viabilizem o cultivo comercial. Os principais laboratórios que estão envolvidos nestas pesquisas estão localizados nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Bahia e Ceará. A viabilização do cultivo de apenas uma destas espécies pode proporcionar enormes resultados sociais e econômicos para o país. Em Taiwan, por exemplo, a produção nacional de bijupirá partiu de três toneladas em 1995 para 3.224 toneladas em 2001, gerando US$ 15 milhões em divisas. Figura 02. Evolução do cultivo de bijupirá em Taiwan.

Toneladas

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

1997 1998 1999 2000 2001 (FAO, 2003)

A malacocultura O cultivo de moluscos, ou malacocultura, é outro setor da aqüicultura brasileira que apresentou um desenvolvimento considerável na última década, porém bem abaixo de seu potencial se consideradas as dimensões da costa brasileira e suas características ambientais extremamente favoráveis. Os principais moluscos cultivados são os mexilhões, as ostras e as vieiras, além de outras espécies cujo cultivo se encontra em fase experimental, como o berbigão, o sururu e o sarnambi. Santa Catarina é o principal produtor nacional, com uma produção de 8.644 toneladas de mexilhões e 1.600 toneladas de ostras. Somadas, estas produções de moluscos correspondem a 82% da produção nacional, que em 2002 foi de 12.500 toneladas. Os 8% restantes da produção nacional de moluscos (2.700 toneladas)

estão distribuídos nos estados do Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Sergipe, Bahia, Pernambuco e Pará.

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A malacocultura brasileira passa atualmente por uma fase crítica para sua real consolidação, que exige uma série de medidas de implementação conjunta entre o governo, o setor produtivo e instituições de apoio. Entre essas medidas estão a regularização dos maricultores e das fazendas, o aprimoramento das técnicas de cultivo com o advento de equipamentos e insumos adequados, a garantia de oferta de sementes (formas jovens) através da produção em laboratório e/ou da utilização de coletores de sementes na natureza, e a certificação sanitária das áreas de cultivo e dos moluscos produzidos. A correta abordagem e solução desses entraves poderão promover uma revitalização do setor, seguida da consolidação e expansão da atividade. O Chile, com a modernização das técnicas de cultivo de mexilhões, adotando práticas mecanizadas e implantando um programa de monitoramento bacteriológico das áreas de cultivo, incrementou sua produção em 200% em 2002, atingindo a marca de 34 mil toneladas, enquanto que no Brasil, a produção nacional observou uma queda de 4,2 mil toneladas (14,1 mil toneladas em 2001 para 9,9 mil toneladas em 2002). O valor das exportações de mexilhões do Chile em 2003 foi de 13,3 mil toneladas e US$ 27 milhões (Figura 03). Figura 03. Evolução da produção de mexilhões no Brasil e no Chile.

Milhares de toneladas

0

10

20

30

40

50

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Brasil Chile

(EPAGRI, SERNAPESCA, 2003)

A produção nacional de ostras tem crescido continuamente nos últimos cinco anos, baseada principalmente no cultivo da ostra do pacífico nas Regiões Sul e Sudeste, atingindo 2.590 toneladas em 2002 (Figura 04). Embora as Regiões Nordeste e Norte apresentem excelentes condições para o cultivo de ostras nativas, este potencial ainda não foi devidamente explorado e está por ser desenvolvido. Com exceção de Sergipe, onde já existe uma cooperativa de produtores locais, nas Regiões Norte e Nordeste foram implantados projetos para demonstrar o cultivo deste molusco nos estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Pará e Maranhão. Entretanto, nestes estados ainda é preciso uma série de ações de apoio e de fomento para que a atividade se consolide definitivamente.

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Figura 04. Evolução da produção de ostras no Brasil.

Toneladas

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 (FAO, 2003)

O cultivo de vieiras no Brasil está ainda em estágio inicial de desenvolvimento, com uma produção estimada de apenas duas toneladas em 2002, centralizada no estado do Rio de Janeiro. Cultivos experimentais ou com propósito demonstrativo foram instalados também nos estados de São Paulo e Santa Catarina, com volumes pouco expressivos. O principal entrave, que está por ser solucionado, é a produção regular de sementes de qualidade e na quantidade necessária para o atendimento de um grande número de interessados. A SEAP/PR está empenhada em apoiar iniciativas para a implantação e consolidação de laboratórios de produção de sementes de vieiras com vistas a tornar esta atividade em uma real opção para o maricultor brasileiro.

A algicultura

O cultivo de algas marinhas é outro setor da maricultura que se encontra em estágio incipiente no Brasil, sendo os dados de produção restritos a relatórios de cultivos experimentais com a alga Gracillaria, implantados nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Um levantamento de áreas propícias para o cultivo de algas nos três estados do nordeste citados, aponta para 6.300 ha de áreas propícias para essa atividade. Existem ainda pesquisas e cultivos experimentais sendo realizados nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro,

com a alga exótica vermelha (Kappaphycus). Entretanto, o cultivo desta alga, ainda, não é permitido pelo Institituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), estando a sua liberação condicionada a uma criteriosa análise sobre os impactos ambientais que possam resultar da introdução dessa espécie no país.

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A carcinicultura em cercados A carcinicultura em cercados tem sido praticada principalmente na região da Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul, além de estar sendo testada também em lagoas costeiras catarinenses. O cultivo é realizado com uma espécie nativa, o camarão-rosa, que apresenta baixos custos de produção e tecnologia acessível ao pequeno produtor, pois utiliza materiais baratos e aproveita rejeitos da pesca, possibilitando uma renda complementar para as comunidades de pescadores artesanais que

vivem na região. Por isso é uma atividade rentável e que não prejudica o meio ambiente Nos estados do Paraná, São Paulo e Bahia, existem também cultivos de camarões em tanque-redes. Nestes casos, a espécie de camarão utilizado é exótica e seu cultivo carece de estudos mais aprofundados sobre os impactos ambientais resultantes de escapes para a natureza.

Potencial da maricultura brasileira

De acordo com as estimativas da SEAP/PR, os empreendimentos constantes dos processos protocolados poderiam, com o emprego de tecnologia adequada, produzir 26 mil toneladas de ostras, 23 mil toneladas de mexilhões, 1.560 toneladas de algas, 23 mil toneladas de peixes e 1.400 toneladas de camarões nativos em cercados. As informações sobre as áreas propícias para o desenvolvimento do cultivo de moluscos são bastante limitadas. Segundo levantamento realizado pelo Serviço Nacional de Apoio as Micro e Pequenas Empresas do Rio de Janeiro (SEBRAE/RJ), existem 64.827 ha de áreas propícias à implantação de cultivos de moluscos no estado do Rio de Janeiro. Destas áreas, 5.296 hectares foram caracterizados como excelentes, 5.114 como muito bons e 6.038 como bons. Somente a utilização das áreas classificadas neste estado como excelentes poderia produzir 318 mil toneladas de mexilhão empregando a tecnologia de cultivo tradicionais praticadas no Brasil (estimando uma produção de 60 toneladas por ha em um ano). Apesar disso, esse potencial está longe de ser atingido considerando que no momento as solicitações de áreas para o cultivo de mexilhões no Rio de Janeiro protocoladas na SEAP/PR não ultrapassam, em sua totalidade, 153 hectares. No litoral norte de São Paulo, um levantamento das áreas propícias para o cultivo de mexilhões, feito pelo Instituto de Pesca, elegeu 4.100 hectares com excelentes condições para a malacocultura os quais permitiriam, se totalmente ocupados, uma produção de cerca de 200 mil toneladas. Em Santa Catarina, já existem cerca de 900 hectares sendo utilizados na

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maricultura, que poderão ser ampliados e ter uma produção otimizada à medida que novas tecnologias de cultivo forem empregadas. As condições climáticas brasileiras oferecem vantagens competitivas a nossa maricultura. Um exemplo disso está na taxa de crescimento do mexilhão brasileiro, que é muito superior às taxas de crescimento em outros países produtores da maricultura. Este padrão, também, se aplica a outros moluscos como ostras e vieiras, que devido à temperatura mais alta encontrada nas nossas águas costeiras, também apresentam um crescimento acelerado em comparação a outros países. Tabela 1. Duração do ciclo de produção do mexilhão em diversos paises.

Compilado pela SEAP/PR

Figura 05. Percentagem de cada organismo aquático nos processos de aqüicultura em águas da União protocolados na SEAP/PR.

2%

34%

31%

0%

32%

1%

camarõesostrasmexilhõesvieiraspeixes algas

País

Tempo de cultivo do mexilhão

Venezuela 10 meses Chile 12 meses África do Sul 13 meses China 14 meses Nova Zelândia 18 meses Canadá 33 meses Brasil 8 meses Angola 9 meses

SEAP/PR (2004)

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Tabela 2. Dados de área, estimativa de produção de alimentos e de geração de empregos relacionados aos processos de autorização de uso de águas da União, para fins de maricultura, cadastrados na SEAP/PR.

Fonte: SEAP/PR

UF Área (ha)

Produção em toneladas

Empregos Diretos

Empregos indiretos

Total de empregos

Organismo

0,05 0,4 0,30 0,99 1,29 Camarões AL 1,05 56,7 6,30 20,79 27,09 Ostras

12,20 85,4 73,23 241,65 314,87 Camarões BA 4,00 216,0 24,00 79,20 103,20 Ostras

PB 76,80 537,6 460,80 1.520,64 1981,44 Camarões87,22 610,5 523,32 1.726,96 2.250,28 Camarões

0,61 36,5 3,65 12,03 15,68 MexilhõesPR

14,90 804,5 89,39 294,97 384,36 Ostras7,80 1.560,0 46,80 154,44 201,24 Algas

18,29 128,0 109,74 362,14 471,88 Camarões153,60 9.215,9 921,59 3041,26 3.962,85 Mexilhões189,84 10.251,4 1.139,04 3758,84 4.897,88 Ostras

RJ

120,76 5.313,5 724,56 2.391,06 3.115,62 Vieiras RN 0,12 0,8 0,72 2,38 3,10 Camarões

227,20 13.632,1 1.363,21 4.498,60 5.861,81 Mexilhões338,18 18.261,7 2.029,07 6.695,94 8.725,02 Ostras

SC

143,18 6.299,9 859,08 2.834,96 3.694,04 Vieiras SE 0,30 16,2 1,80 5,94 7,74 Ostras

8,00 56,0 48,00 158,40 206,40 Camarões0,40 24,0 2,40 7,92 10,32 Mexilhões

SP

8,00 432,0 48,00 158,40 206,40 Ostras Total 1.404 67.107 8.427 27.808 36.235

A necessidade de planejamento para o desenvolvimento da maricultura

Como visto, a maricultura tem um grande potencial para a produção de alimentos, diminuição da pobreza e geração de renda para as pessoas que vivem na região costeira. O rápido crescimento deste setor, na última década, apresentou formas diversas de desenvolvimento, variando desde sistemas com baixa necessidade de investimento e utilização de tecnologias rudimentares a grandes

empreendimentos com altos investimentos e sofisticação tecnológica. As formas de maricultura que mais se desenvolveram neste período foram quase sempre voltadas, não para a geração de produtos de subsistência e alimentação direta,

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mas para produtos de médio e alto valor para o mercado nacional e internacional, que são importantes à medida que contribuem para a melhoria nos padrões de vida de populações costeiras e para a geração de divisas para o país.

A utilização de águas da União para o desenvolvimento da maricultura pode contribuir, substancialmente com a economia nacional e para a obtenção das metas e objetivos nacionais de desenvolvimento sócio-econômicos. São 8.500 km de linha costeira, com águas mais frias no Sul e Sudeste do Brasil e águas mais quentes nas costas do Norte e Nordeste. Com uma grande variedade de ecossistemas litorâneos e marítimos, como recifes de corais, dunas, áreas úmidas, lagoas, estuários e manguezais. Dentro deste conjunto de ecossistemas, ainda podem ser identificados sub-sistemas menores, com características biológicas peculiares.

O desenvolvimento da maricultura deverá considerar os múltiplos usuários dos recursos naturais costeiros, além de evidenciar que os maricultores são, também, seus legítimos usuários, devendo, portanto, ser considerados e inseridos em um planejamento nacional.

Em todas regiões do país existem maricultores instalados, apesar de nenhum destes estar legalmente. Esta condição de informalidade é um obstáculo, tanto para o maricultor, que não tem acesso ao crédito e a outras formas de incentivo, como também aos órgãos de fomento e ordenamento, que encontra dificuldades para obter informações sobre a produção nacional, a localização destes empreendimentos, os maricultores envolvidos e os empregos gerados. A falta de planejamento para o uso da terra e do mar prejudica a expansão da maricultura e pode levar a um desenvolvimento mal sucedido, onde sua contribuição e potencial não são, satisfatoriamente atingidos, particularmente entre os setores mais pobres da sociedade. Outros efeitos indesejados, resultantes da falta de planejamento, são a exposição da maricultura à poluição aquática, causada por dejetos industriais, doméstico, agro-pastoril e até mesmo da própria aqüicultura, e o desenvolvimento desenfreado, onde os resultados positivos podem ser obscurecidos por problemas ambientais, de utilização dos recursos naturais, problemas sociais, sanitários e, em alguns casos, problemas mercadológicos. Os mercados europeu e norte-americano exigem, cada vez mais, produtos com grande sustentabilidade, sendo este, um padrão que tende a se estabelecer também no Brasil.

O primeiro requisito para um planejamento é o estabelecimento de um objetivo bem definido. No caso da maricultura, o objetivo é promover o desenvolvimento de forma sustentável.

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Apesar de existirem muitas definições e interpretações, a mais comumente utilizadas é a definição gerada pelo Relatório “Nosso Futuro Comum” da Comissão de Brudtland de 1987 que diz: “Desenvolvimento que atende às necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atendimento das necessidades das gerações futuras”. Garantir que as atividades não excedam a capacidade de suporte do ambiente e que a soma total do capital econômico e ambiental seja mantida ou aumentada ao longo do tempo são interpretações práticas deste objetivo. Existe no Brasil uma dificuldade entre as instituições governamentais de fomento e controle sobre medidas tomadas para promover o desenvolvimento sustentável do setor. Isso ocorre porque pode haver contradições sobre os conceitos de desenvolvimento sustentável da maricultura, ou porque os conceitos são interpretados de maneiras diferentes e com interesses distintos, ou ainda porque os valores e pesos dados aos vários componentes envolvidos também diferem de acordo com os interesses das instituições. Atualmente esta questão se encontra polarizada entre os que ressaltam os resultados econômicos e os que enfatizam os impactos ambientais, e apesar do setor ser enormemente diverso, há uma tendência de se generalizar a maricultura a partir de exemplos específicos, como a carcinicultura. As ações promovidas pelos órgãos ambientais têm se atido ao estabelecimento de procedimentos complexos e a criteriosa análise para a emissão de licenças ambientais para a atividade. Esta abordagem individual não tem garantido a sustentabilidade da maricultura e em alguns casos tem servido apenas para privar o país dos resultados sociais e econômicos que acompanham seu desenvolvimento. Apesar de existirem problemas ambientais e sociais com a aqüicultura, estes podem ser solucionados individualmente em cada criatório. A maior parte destes problemas são acumulativos, ou seja, insignificantes quando considerados isoladamente, mas potencialmente impactantes quando considerados para o setor como um todo, particularmente quando agregados em áreas ecologicamente sensíveis. Medidas para controlar os impactos ambientais e sociais da aqüicultura em escala individual, como normas rígidas para o licenciamento ambiental, são geralmente menos eficazes do que o planejamento e gerenciamento regional. Os impactos da aqüicultura são também aditivos à medida que são adicionados a outras pressões ambientais e sociais causadas pelas demais atividades antrópicas realizadas na região costeira. Estes problemas acumulativos e aditivos somente podem ser devidamente abordados através de um melhor planejamento e gerenciamento da atividade, implementado pelo governo, em colaboração com associações de produtores e organizações industriais. Um fator fundamental e pré-condicionante de um planejamento efetivo é uma melhor organização do setor. Além da necessidade de se avaliar o potencial impactante da maricultura, considerando sua coletividade, o procedimento atual para a obtenção de autorização de uso de áreas em águas da União para maricultura é complexo e extremamente difícil de ser realizado por pequenos produtores agindo

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isoladamente. O principal aspecto desta limitação está relacionado ao tempo e aos custos associados à regularização de um empreendimento de maricultura. A necessidade de se aportar, adiantadamente, tempo e dinheiro, também desencoraja o desenvolvimento do setor, e tende a favorecer o envolvimento de grandes empresas e de investimentos estrangeiros. Quanto maior o custo do processo de regularização, maior será a chance de que apenas grandes e diversificadas empresas tenham a disponibilidade de tempo e de capital para passar pelo processo inteiro. Dessa forma, muitos dos interessados em se tornar pequenos maricultores poderão ser eliminados da atividade sem nem ao menos começá-la. De maneira geral, nas circunstâncias mencionadas acima, as iniciativas de planejamento focalizadas mais localmente (como em enseadas, estuários ou lagoas costeiras) tendem a proporcionar um melhor ponto de partida para se atingir resultados mais efetivos do que os obtidos por macro-zoneamentos da região costeira. Esta metodologia permite um levantamento razoavelmente rápido do contexto, seguida pela implementação de um melhor planejamento e gerenciamento do setor. Além disso, esta abordagem permite uma clara identificação dos pontos onde é necessária uma melhor integração das três esferas de governo (federal, estadual e municipal). Iniciativas deste tipo têm sido utilizadas nos países que estão na vanguarda do planejamento e gerenciamento da maricultura, e têm recebido apoio de bancos e agências internacionais. Assim, o Governo Federal, através da SEAP/PR está assumindo os custos e a responsabilidade de planejar a ocupação de áreas em águas da União para maricultura, adotando uma metodologia de planejamento local através de Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura (PLDM), onde o objetivo é planejar o desenvolvimento do setor utilizando ferramentas de microzoneamento numa escala municipal, ou quando for o caso, promover este planejamento para baías, lagoas, reservatórios, estuários.

Os Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura

Os Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura (PLDM) são uma iniciativa que busca o aprimoramento do gerenciamento da maricultura. Eles incluem uma série de procedimentos e incentivos para promover a melhor localização de fazendas marinhas, elaboração de uma detalhada caracterização ambiental da área de abrangência do local para o qual este será elaborado, com aspectos do meio físico e biológico, das áreas marinhas e terrestres onde serão instaladas as áreas de maricultura, bem como em suas adjacências. Após esta caracterização serão identificadas as formas de ocupação da área de abrangência, considerando os múltiplos usos da área, como a pesca, o turismo, a navegação, o lazer e as demais atividades industriais e tradicionais.

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Cuidado especial deverá ser dado à preservação do acesso das comunidades instaladas na região costeira as suas atividades tradicionais, buscando ao mesmo tempo, formas mais racionais de utilização dos recursos naturais. Anos de extrativismo realizado pelas conhecidas “algueiras” do nordeste em bancos naturais de algas marinhas, tem levado a uma constante diminuição destes estoques naturais. A maricultura pode ser uma alternativa para as algueiras, do ponto social e econômico com uma diminuição da exploração dos bancos de algas que, caso contrário, não resistiriam a muitos mais anos de extrativismo. Além disso, o produto da algicultura é diferenciado quando comparado com o do extrativismo, sendo mais limpo e livre de outros organismos indesejáveis que causam perdas de qualidade no processo de beneficiamento da alga. Em alguns estados do nordeste onde o quilo da alga seca era vendido a R$ 0,50, as algueiras, agora maricultoras, recebem até R$ 1,20 pelo quilo de um produto de qualidade bem superior ao produto que antes era extraído. Outra vantagem da maricultura frente ao extrativismo é a possibilidade de se planejar a produção e de fazer previsões de entrega do produto, garantindo assim um mercado mais estável. De maneira geral, as considerações colocadas para o extrativismo e o cultivo de algas se aplicam também ao extrativismo e ao cultivo de moluscos, sejam estes colhidos nos manguezais, como as ostras, extraídos de costões rochosos, como os mexilhões ou pescados nos leitos dos oceanos, como as vieiras. Entretanto, é fundamental que este processo de mudança de mentalidade seja desenvolvido dentro da própria comunidade extrativista, e que ocorra de maneira gradativa, não substituindo por total o extrativismo, mas complementando-o ao mesmo tempo em que auxilia na redução do esforço de pesca. Para se evitar conflitos, é importante que a maricultura não exclua, em um primeiro momento, o extrativismo. Outro ponto importante será a identificação das atividades produtivas instaladas na área terrestre de entorno, como atividades de agropecuária e industriais que poderiam causar impactos na maricultura através do aporte de agrotóxicos, pesticidas, resíduos industriais e esgotos urbanos. Feitos estes levantamentos ambiental e da forma de ocupação e uso das áreas de entorno, será proposta então a demarcação das faixas de preferência para comunidades tradicionais, os parques aqüícolas e áreas aqüícolas, considerando as particularidades e circunstâncias locais. As definições de faixas de preferência, parques e áreas aqüícolas segundo a legislação vigente são: Faixa de preferência – áreas cujo uso será conferido prioritariamente a populações tradicionais atendidas por programas de inclusão social. Parque aqüícola – espaço físico contínuo em meio aquático, delimitado, que compreende um conjunto de áreas aqüícolas afins, em cujos espaços físicos intermediários podem ser desenvolvidas outras atividades compatíveis com a prática da aqüicultura.

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Área aqüícola – espaço físico contínuo em meio aquático, delimitado, destinado a projetos de aqüicultura, individuais ou coletivos. Para cada parque e área aqüícola serão elaborados planos de gerenciamento e de monitoramento ambiental visando à manutenção da sustentabilidade no longo prazo. Além disso, cada parque aqüícola terá o um. Entende-se por gerenciamento a definição dos organismos que poderão ser cultivados em cada área, em função das características do local selecionado (nível de poluição, profundidade, renovação de água, etc), definição dos espaçamentos mínimos entre unidades de cultivo, entre produtores e grupos de produtores, para garantir áreas de diluição, além da adoção de boas práticas de manejo constantes de códigos de conduta responsável aprovados para a maricultura. O programa de monitoramento ambiental partirá do princípio da precaução e incluirá o acompanhamento de aspectos indicadores de alteração ambiental no sedimento e na coluna da água, além de redução das taxas de crescimento dos organismos, o que indicaria uma aproximação dos níveis máximos de capacidade de suporte do ambiente.

A demarcação de áreas e parques aqüícolas e de faixas de preferência para comunidades tradicionais deve considerar cuidadosamente as possibilidades de conflitos entre maricultores e extrativistas ou pescadores, buscando o consenso entre os setores em um processo participativo. É importante ressaltar que os maricultores são também legítimos usuários dos recursos costeiros e que têm os mesmos direitos que outros setores usuários, devendo, portanto, ser inseridos em um planejamento do uso do solo e da água.

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Uma vez elaborado, o PLDM deverá passar por uma consulta popular com a comunidade da área de abrangência do mesmo, para adequação com vistas à diminuição da probabilidade de geração de conflitos com outros usuários dos recursos costeiros. Após sua adequação com as considerações apresentadas pela comunidade local, o PLDM será oficializado através da sua aprovação pela SEAP/PR. Depois de aprovado, o PLDM será revisado periodicamente e poderá receber emendas para garantir que o mesmo seja adaptável ao desenvolvimento local e conseqüentes alterações circunstanciais.

Um aspecto crucial para o planejamento efetivo da maricultura é a sua integração com o planejamento e gerenciamento de outras formas de pressão antrópicas. Esta integração de planejamentos setoriais é comumente realizada através de programas nacionais de gerenciamento costeiro. Existem muitos exemplos internacionais de iniciativas de programas de

gerenciamento costeiro, e alguns destes incluíram o planejamento da aqüicultura. Os objetivos de programas desta natureza geralmente incluem: a correta alocação dos recursos naturais para cada uma das funções ou atividades competidoras; a resolução ou minimização dos conflitos; a minimização dos impactos ambientais e a conservação dos recursos naturais. Infelizmente, os resultados atingidos pelo Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro são na prática desapontadores particularmente em relação à maricultura. Esta situação se deve, em grande parte, à complexidade do processo, às dificuldades associadas a freqüentes e significantes mudanças institucionais e legais, e também ao longo tempo e custos envolvidos com a tarefa.

A integração dos PLDM’s com outros mecanismos de planejamento da região costeira

A integração das ações de planejamento da maricultura,propostas pela SEAP/PR, com outras ações de planejamento para recursos do mar e para a região costeira começará pela concordância, nas esferas de governo federal e local, com as interpretações práticas de desenvolvimento sustentável, ou seja, garantir que as atividades não excedam a capacidade de suporte do ambiente e garantir que a soma total do capital econômico e ambiental seja mantida ou aumentada ao longo do tempo. Na prática, esta integração se dará através da instituição de um Comitê Executivo para Aqüicultura e Pesca, e de um Subcomitê Executivo de Maricultura a ser criado no âmbito da Comissão Interministerial dos Recursos Marinhos (CIRM). O Comitê Executivo será coordenado pela SEAP/PR e incluirá, em sua constituição, a ABEMA, o MRE, o MEC, o MCT, o MMA, o MAPA, a SECIRM, o

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IBAMA e o CNPq, conforme previsto no VI Plano Setorial de Recursos Marinhos (VI PSRM). No momento, o VI PSRM já foi aprovado por Resolução da CIRM e aguarda no momento a sanção do Presidente da República. No âmbito do Programa Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), a SEAP/PR irá propor a integração dos PLDM’s com os Planos das Bacias Hidrográficas, através da discussão e definição de mecanismos mais apropriados, na Câmara Técnica de Integração da Gestão das Bacias Hidrográficas e dos Sistemas Estuarinos e da Zona Costeira – CTGC, cuja criação está atualmente sendo discutida no Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).

A estratégia da SEAP/PR para elaboração e implementação dos PLDM’s

A maricultura brasileira conta com cerca de 2.500 maricultores que se encontram em situação irregular, sem a autorização de uso de área da União, sem licença ambiental, e sem o Registro de Aqüicultor. Esta situação impede o acesso destes produtores ao crédito e a uma série de serviços e atendimentos públicos. Diante disso, as ações de ordenamento territorial em águas da União para a maricultura a serem implementadas pela SEAP/PR terão

uma atenção especial à regularização destes empreendimentos que já estão em atividade, além de identificar e delimitar as áreas propícias ao desenvolvimento do setor, principalmente nas regiões onde a maricultura se encontra em estágio mais incipiente. Para iniciar o planejamento da maricultura foram selecionados 63 municípios costeiros, identificados com ajuda dos órgãos de fomento e controle nos estados costeiros. Também, para auxiliar o planejamento da maricultura, em um país com dimensões continentais como o Brasil, e para elaborar e para implementar os PLDM’s partindo da idéia de apoiar as potencialidades locais considerando as características ambientais de cada estado, foi feita uma divisão do litoral brasileiro em macro-regiões, onde se considerou a existência de projetos de maricultura já implantados e a potencialidade natural de cada macro-região. Em cada macro-região serão selecionados organismos aquáticos com maior potencial de cultivo, nos quais serão centrados esforços para consolidação da cadeia produtiva. As macro-regiões propostas são:

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Macro-região do Extremo Sul Em função das condições geográficas do litoral gaúcho, o estado do Rio Grande do Sul tem uma limitação natural para o cultivo em áreas marinhas devido à inexistência de baías e enseadas abrigadas dos ventos predominantes. Por isso, a carcinicultura com camarão nativo em cercados, que tem sido praticada na Lagoa dos Patos, foi selecionada como a atividade mais adequada a ser fomentada nesta região. Já existem nesta região cerca de 180 pescadores artesanais capacitados para o cultivo de camarões em cercados e inicialmente, este será o público alvo dos esforços da SEAP/PR para o fomento da maricultura. Municípios prioritários para elaboração e implementação dos PLDM’s.

Macro-região Sudeste-Sul Com um litoral bem recortado e repleto de baías e enseadas abrigadas, a macro-região Sudeste-Sul oferece excelentes condições ao cultivo de moluscos bivalves, como ostras, mexilhões e vieiras. A malacocultura já é praticada há mais de uma década nesta região e a SEAP/PR apoiará a consolidação desta produção através da adoção de novas tecnologias de cultivo, aumento da oferta de sementes, apoio ao associativismo e ao cooperativismo e à certificação e garantia de qualidade sanitária dos moluscos produzidos. Além disso, novas modalidades de maricultura também poderão ser fomentadas nesta macro-região, notadamente a piscicultura marinha e o cultivo de algas. Municípios prioritários para elaboração e implementação dos PLDM’s.

Estado Município RS Rio Grande, São José do Norte.

Estado Município SC Palhoça, Florianópolis, Gov. Celso Ramos

Bombinhas, Porto Belo, Penha, São Francisco do Sul, e São José.

PR Guaraqueçaba, Guaratuba, Paranaguá. SP Cananéia, São Sebastião, Ilha Bela,

Caraguatatuba, Ubatuba. RJ Paraty, Angra dos Reis, Mangaratiba,

Niterói, Cabo Frio, Arraial do Cabo.

ES Presidente Kenedy, Conceição da Barra Guarapari, Aracruz, Marataízes, Anchieta.

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Macro-região Norte-Nordeste A macro-região Norte-Nordeste têm um litoral pouco recortado, entretanto, possui inúmeros estuários e manguezais onde já são praticadas atividades extrativistas por comunidades locais, e onde pode ser desenvolvido o cultivo de ostras e outros moluscos nativos, como o sururu, sarnambis e berbigões. O extrativismo de algas marinhas também é uma atividade que propicia rendas para muitas mulheres de pescadores, também conhecidas, na região, como algueiras, que poderão passar a cultivar algas marinhas. De maneira geral e, particularmente, no caso de ostras e algas, o emprego da maricultura em substituição ao extrativismo representa uma grande mudança na gestão destes finitos recursos costeiros que precisam ser adequadamente gerenciados de forma a garantir sua longevidade. Desta forma, a SEAP/PR está focando esforços no cultivo de moluscos nativos e o no cultivo de algas para o desenvolvimento da maricultura em águas federais nesta macro-região. A exemplo da macro-região Sul-Sudeste, a piscicultura marinha também passará a ser fomentada à medida que a tecnologia de cultivo de espécies nativas marinhas esteja disponível. Municípios prioritários para elaboração e implementação dos PLDM’s.

Estado Município BA Salinas Margaridas, Cairú, Maraú, Jaguaripe,

Jandaíra. SE São Cristóvão, Tacatuba, Brejo Grande, Estância. PB Cabedelo, Pitimbú. PE Rio Formoso, Goiana e Itapissuma. AL Barra de Camarajibe, Barra de São Miguel,

Coruripe. RN Rio do Fogo, São Miguel de Touros, Baia

Formosa. CE Trairi, Itapipoca, Fortim, Icapuí. PA Maracanã, Augusto Corrêa, São João do Pirabas

Curuçá. MA Arataízes, Passo do Lumiar, Alcântara, Raposa. PI Luis Corrêa, Cajoeiro da Praia, Ilha Grande.

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Fig. 6 Divisão do litoral brasileiro em macro regiões de maricultura e os organismos sobre os quais serão centrados esforços da SEAP para consolidação das cadeias produtivas.

Investimentos estratégicos

A SEAP prevê em seu Plano Plurianual (PPA) 2003-2005, uma série de ações de fomento a maricultura que auxiliarão na implementação do Programa Nacional de Desenvolvimento da Maricultura em Águas da União. Estas ações serão implementadas através de parcerias com os governos estaduais e municipais, instituições de pesquisa e extensão, além de associações e cooperativas de produtores. As ações previstas no PPA são:

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• Unidades Demonstrativas - com foco na demonstração de novas tecnologias, que permita o incremento da produção e assegure a sustentabilidade econômica, ambiental e social. Exemplos de UDM’s são módulos de cultivo de algas, módulos com novas tecnologias para o cultivo de moluscos, parques coletores de sementes de moluscos, unidades de cercados com camarões, etc.

• Unidades de Beneficiamento – visando fomentar não apenas a produção,

mas também a consolidação da cadeia produtiva e de canais de comercialização da produção da maricultura, serão construídas depuradoras e processadoras de moluscos, galpões para secagem e armazenamento de algas, e plantas beneficiadoras de ágar e carragena, plantas de beneficiamento de camarões e peixes .

• Laboratórios de Produção de Formas Jovens – onde for detectado que a

demanda de formas jovens de organismos aquáticos marinhos (sementes de moluscos, alevinos de peixes e pós-larvas de camarões) constitui um entrave para a consolidação da atividade, serão buscadas parcerias com instituições locais para a instalação e operação de novos laboratórios de produção.

• Apoio a Unidades de Ensino em Aqüicultura – formar profissionais no setor

aqüícola, aumentando o contingente de pessoal com conhecimento das tecnologias mais modernas e viáveis para a implementação das atividades inerentes a maricultura.

Além dos investimentos estratégicos, a SEAP/PR estará implementando parceiras com instituições e agentes locais para a realização de cursos de capacitação de maricultores, principalmente nos aspectos de gestão e administração de negócios e de cooperativas; maricultura e sustentabilidade, utilização de novas tecnologias; padrões de qualidade e marketing.

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Instrumentos de parceria

Segundo a INI no 6/2004, cabe a SEAP/PR a delimitação das faixas ou áreas de preferência, bem como dos parques aqüícolas. Entretanto, por ser a SEAP/PR, um órgão recém criado e, ainda, em fase de estruturação e consolidação, esta necessitará firmar parcerias com instituições públicas e privadas para atender à INI e levar a tarefa a termo. Em algumas regiões a maricultura já

está instalada gerando produção, empregos e renda aos maricultores locais. Nestas regiões existem instituições que têm propiciado o desenvolvimento do setor. Estas instituições têm assistido ao maricultor através de cursos de treinamento e capacitação, instalação de unidades demonstrativas de maricultura, apoiando o associativismo e em alguns casos, fazendo levantamentos de áreas propícias para o cultivo de organismos aquáticos marinhos, bem como planos de gerenciamento e de monitoramento. Nestas regiões as ações de ordenamento e fomento da atividade induzida pela SEAP/PR deverão ocorrer com a parceria destas instituições que detêm experiência na atividade, através de convênios e contratos, visando à elaboração dos PLDM’s atendendo às exigências relacionadas à delimitação dos parques aqüícolas e áreas de preferências. Em outras regiões onde a participação de instituições locais no desenvolvimento da maricultura não é tão evidente, a SEAP/PR lançará editais para seleção de instituições que serão responsáveis pela elaboração dos PLDM’s.

Os instrumentos disponibilizados para a efetivação das parcerias necessárias são os convênios e contratos, através destes serão prestados os serviços necessários para a elaboração e implementação dos PLDM’s.

Convênios

Os convênios1 serão instrumentos usados para induzir ou permitir a incorporação de outros entes públicos, numa visão pró-ativa de agregação de forças, com

1 Convênio - instrumento qualquer que discipline a transferência de recursos públicos e tenha como partícipe órgão da administração pública federal direta, autárquica ou fundacional, empresa pública ou sociedade de economia mista que estejam gerindo recursos dos orçamentos da União,

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observância da experiência, da aptidão e da capilaridade que atestem a capacidade de execução do parceiro.

Assim, firmada a parceria, a obtenção das informações necessárias à seleção das áreas ficará a cargo do proponente. Este deverá obedecer as condicionantes definidas no termo de referência e, desta forma, assegurar o incremento da produção calcada em sustentabilidade, suporte para a perenidade da atividade produtiva.

A delimitação das áreas no interior dos parques aqüícolas também poderá ser delegada aos parceiros e, desta forma, as peculiaridades locais poderão ser conformadas na característica de distribuição dos espaços.

Órgãos do governo federal com atuação regional, governos estaduais e municipais, bem como instituições privadas sem fins lucrativos poderão celebrar convênios com a SEAP/PR, no intuito de gerar desenvolvimento em escala regional e local, mediante o aproveitamento dos recursos hídricos.

Contratos

Os contratos2 de prestação de serviços, para definição de áreas propícias à implantação de parques aqüícolas, são instrumentos voltados a promover concorrência pública para execução de levantamentos e estudos pela iniciativa privada ou entidades públicas.

Os custos dos serviços a serem executados, deverão ser fixados mediante concorrência pública. Tais serviços abrangerão um corpo d’água ou porção do mesmo, visando à complementação das informações disponíveis, no sentido de permitir uma análise conclusiva da alocação das estruturas de cultivo.

Os contratos serão compostos para a obtenção de informações multidisciplinares, e a execução de distintas tarefas poderá ser efetivada por uma ou mais empresas ou instituições.

Parceiros

visando à execução de programas de trabalho, projeto/atividade ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.

2 Contrato é todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e instituições privadas, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.

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Poderão firmar parcerias com a SEAP/PR, para a execução do Programa de delimitação de parques aqüícolas, as entidades classificadas nos seguintes grupos:

Das entidades da administração pública - as de atuação nacional e regional, como o IBAMA e as universidades, apoiando, através, de suporte técnico e institucional, ou, ainda, as de atuação regional, com tradição em projetos de aqüicultura.

Da iniciativa privada e entidades de fins não lucrativos – aquelas que atendam aos pré-requisitos estabelecidos nos editais de chamada para contratos e participem na efetivação dos levantamentos, estudos e análises discriminadas. Neste grupo se inserem as fundações tanto as de Universidades como as que atuam em áreas afins, empresas de consultoria e outros.

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Referências Bibliográficas

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Indonesia. World Aquaculture, 23 (1): 33-39. Darnell, P. Community mussel culture in Nova Scotia, Canada. World Aquaculture,

23 (1): 28-29. DeVoe, M. R., Pomeroy, R. S., Wypyszinski, A.W. 1992. Aquaculture Conflicts in

the Eastern United Sates. World Aquaculture, 23 (2): 24-25 GESAMP (IMO/FAO/UNESCO-IOC/WMO/WHO/IAEA/UN/UNEP Joint Group of

Experts on the Scientific Aspects of Marine Environmental Protection), 2001. Planning and management for sustainable coastal aquaculture development. Rep. Stud. GESAMP. Rep.Stud.GESAMP, (68):90 p.

FAO, 2002. The State of World Fisheries and Aquaculture. 150 pp. Fridley, R.B. 1992. Mariculture Issues in the United States. World Aquaculture, 23

(2): 20-22. Marques, H.L.A., Pereira, R.T.L. 1989. Levantamento e dimensionamento

preliminar das áreas mais favoráveis para a prática da mitilicultura no litoral do município de Ubatuba, estado de São Paulo (23o 26’ S, 45o 04’ W). Boletim técnico do Instituto de Pesca no 13., p.1-10.

Murai, T. Aquaculture conflicts in Japan. World Aquaculture, 23 (2): 30-31. SEBRAE – RJ, 2002. Diagnóstico da Cadeia Aqüícola para o Desenvolvimento da

Atividade no Estado do Rio de Janeiro. 226 pp. Wildsmith, B.H. 1992. Aquaculture conflicts in Atlantic Canada: privilege, politics

and private rights. World Aquaculture, 23 (2): 26-27.

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Anexo I

INSTRUÇÃO NORMATIVA N o 17, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005.

Dispõe sobre critérios e procedimentos para formulação e apr ovação de Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura -PLDMs, visando a delimitação dos parques aqüícolas e faixas ou áreas de preferência de que trata o art.3º da Instrução Normativa Interministerial nº 06, de 28 de maio de 2004.

O SECRETÁRIO ESPECIAL DE AQÜICULTURA E PESCA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o disposto no art. 23 da Lei n o 10.683, de 28 de maio de 2003, no art.3º da Instrução Normativa Interministerial nº 6, de 28 de maio de 2004 e o que consta do processo nº 00350.001770/2005-12,

RESOLVE:

Art. 1 o. Estabelecer critérios e procedimentos para formulação e aprovação de Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura - PLDMs, visando a delimitação dos parques aqüícolas e faixas ou áreas de preferência de que trata o art. 3º da Instrução Normativa Interministerial nº 06, de 28 de maio de 2004.

Parágrafo único. Os Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura - PLDMs são instrumentos de planejamento participativo para a identificação de áreas propícias à delimitação dos parques aqüícolas marinhos e estuarinos bem como das faixas ou áreas de preferência para comunidades tradicionais, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da maricultura em águas de domínio da União.

Art. 2º. A elaboração de PLDMs será baseada, prioritariamente, nos seguintes aspectos:

I caracterização ambiental da área de abrangência do local a ser implantado o Plano;

II identificação das formas de ocupação da área de abrangência, considerando os múltiplos usos da área;

III identificação e caracterização das atividades produtivas instaladas na área terrestre do entorno que poderiam causar impactos na prática da maricultura;

IV participação da comunidade local e demais usuários dos recursos da zona costeira; e

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V participação de instituições locais envolvidas com a pesquisa, fomento, extensão, ordenamento e controle da maricultura, de instituições envolvidas com o planejamento da zona costeira, bem como de representantes do setor produtivo da maricultura.

§ 1º A participação da comunidade local e de demais usuários dos recursos da zona costeira, de que trata o inciso IV, se dará por meio de consultas públicas.

§ 2º A participação de instituições e do setor produtivo, de que trata o inciso V, se dará por meio de um Comitê Gestor, a ser instituído pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República - SEAP/PR, em ato administrativo específico.

Art. 3º. Na elaboração de PLDMs deverão ser observados os seguintes critérios:

I diretrizes para o uso, desenvolvimento, proteção ou conservação da área;

II o uso e desenvolvimento da região nos aspectos ambiental, econômico, recreacional e social;

III aplicação, adoção ou incorporação de qualquer documento relacionado ao uso, desenvolvimento ou proteção dos recursos hídricos;

IV identificação das áreas propícias que poderão ser destinadas para a maricultura em águas da União;

V consideração das necessidades físicas e biológicas dos organismos aquáticos a serem cultivados nos parque aqüícolas ou faixas ou áreas de preferência;

VI o cultivo de espécies nativas;

VII abordagem integrada com os PLDMs aplicados em áreas adjacentes;

VIII coerência com as políticas de desenvolvimento propostas pelos governos estaduais e municipais;

IX utilização de uma área para maricultura esteja em conformidade com as condições e restrições previstas no Código de Conduta Responsável vigente para maricultura;

X prevenção de qualquer outra matéria que seja necessária incluir em PLDMs, relacionados à realidade do local; e

XI abordagem integrada com os Planos de Gerenciamento Costeiro existentes.

§ 1º No caso da existência de Zoneamento EcológicoEconômico Costeiro, este deverá servir como instrumento básico para a elaboração do PLDM.

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§ 2º No caso de municípios onde exista Plano de Intervenção da Orla, instituído pelo Decreto 5.300/2004, as diretrizes contidas no mesmo devem ser incorporadas na elaboração do PLDM;

§ 3º No caso de Unidades de Conservação que possuírem Planos de Manejo, a elaboração do PLDM deverá observar o disposto no respectivo Plano;

§ 4º Em Unidades de Conservação que, ainda, não dispuserem de Plano de Manejo, o PLDM poderá subsidiar a elaboração do mesmo nos aspectos relacionados ao desenvolvimento sustentável da maricultura;

§ 5º Os PLDMs não deverão restringir empreendimentos de maricultura que se encontrem instalados e funcionando por meio de Termo de Ajustamento de Conduta, enquanto perdurarem as condições estabelecidas no Termo.

Art. 4º. Os limites máximos das áreas superficiais a serem ocupadas pelos parques e áreas aqüícolas em enseadas, baías e em mar aberto serão propostos pelo PLDM, definidos nos procedimentos de licenciamento ambiental e aprovados através dos processos de autorização de uso de espaços físicos de corpos d'água de domínio da União, de acordo com a legislação específica.

Art. 5º. Os PLDMs poderão abranger áreas municipais, intermunicipais e interestaduais incluindo os diversos espaços geográficos marinhos e estuarinos da zona costeira.

Art. 6º. Os PLDMs poderão ser propostos pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República SEAP/PR, por Estados ou por Municípios.

§ 1º O proponente deverá indicar a respectiva entidade responsável pela elaboração do PLDM, demonstrando a devida capacidade técnica e responsabilizando-se por todas as despesas decorrentes.

§ 2º O proponente poderá contratar a entidade responsável pela elaboração do projeto, conforme disposto em legislação específica.

Art. 7º. A formulação de PLDMs deverá compreender as seguintes etapas:

I autorização, expedida pela SEAP/PR, para a formulação do PLDM;

II elaboração do PLDM;

III aprovação, pela SEAP/PR, para divulgação pública;

IV divulgação pública;

V consulta pública e adequação do PLDM;

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VI representações públicas; e

VII aprovação final, pela SEAP/PR, do PLDM

Art. 8º. A solicitação de autorização para formulação de PLDMs deverá ser apresentada nos Escritórios Estaduais da SEAP/PR, na Unidade da Federação em que se pretende desenvolver o respectivo Plano, conforme modelo constante no Anexo I, desta Instrução Normativa, que será divulgado no site oficial da SEAP/PR: www.presidencia.gov.br/seap.

§ 1º Os respectivos Escritórios Estaduais deverão encaminhar a solicitação à Diretoria de Desenvolvimento da Aqüicultura -DIDAQ, da SEAP/PR, para apreciação quanto a sua viabilidade.

§ 2º aprovada a viabilidade técnica pela DIDAQ, o Secretário Especial de Aqüicultura e Pesca da SEAP/PR autorizará a elaboração do PLDM, informando o interessado por meio de correspondência oficial, com aviso de recebimento.

§ 3º Nos casos em que a proposta de formulação de PLDMs envolver mais de um Estado, a solicitação de autorização para formulação do referido plano deverá ser apresentada no Escritório Estadual da SEAP/PR da Unidade da Federação de origem do proponente, devendo a SEAP/PR informar aos governos estaduais da área de abrangência do PLDM sobre sua elaboração por meio de correspondência oficial, com aviso de recebimento; e

§ 4º verificada a inviabilidade técnica, a SEAP/PR informará ao interessado o motivo do indeferimento, por meio de correspondência oficial, com aviso de recebimento.

Art. 9 o. Após a autorização prevista no inciso I do § 2º do art. 8º, o proponente deverá iniciar a elaboração do respectivo PLDM, atendendo o disposto na presente Instrução Normativa e seguindo o roteiro constante no Anexo II, desta Instrução Normativa, que será divulgado no site oficial da SEAP/PR: www .presidencia.gov.br/seap.

§ 1º O proponente terá o prazo de dez meses, contados a partir da data de recebimento da autorização, para conclusão da etapa prevista no inciso II do art. 7º.

§ 2º O prazo previsto no § 1º poderá ser prorrogado por mais seis meses, a critério da SEAP/PR, mediante justificativa fundamentada pelo interessado.

Art.10. Após sua elaboração, o PLDM deverá ser encaminhado à SEAP/PR para análise e autorização da divulgação pública.

§ 1º A SEAP/PR poderá solicitar adequações ou complementações das informações prestadas pelo proponente, com encaminhamento de nova versão, pelo proponente, quando for o caso.

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§ 2º O não atendimento das correções previstas no § 1º implicará na notificação do fato ou, se for o caso, cancelamento da autorização para formulação do PLDM, sendo informado ao proponente por meio de correspondência oficial, com aviso de recebimento.

Art. 11. Concedida a autorização de divulgação pública pela SEAP/PR, prevista no art. 10, o propositor deverá promover ampla divulgação pública do PLDM na área de abrangência do Plano, por um período mínimo de um mês.

Parágrafo único. A divulgação prevista no caput deverá ser realizada por meio de cartazes distribuídos nos pontos de maior concentração de pessoas, bem como através dos meios de comunicação disponíveis como jornal, mídia em rádio e televisão local e demais formas julgadas necessárias, constando, obrigatoriamente, nome completo, telefone e endereço do proponente.

Art. 12. Decorrido o prazo para a divulgação pública do PLDM, deverão ser realizadas as consultas públicas visando:

I dirimir os possíveis conflitos relacionados com o planejamento e o desenvolvimento da maricultura, na área de abrangência do Plano;

II discutir e aprovar a seleção de áreas propícias à implantação dos parques aqüícolas e faixas ou áreas de preferência em conjunto a comunidade local;

III definir os critérios de seleção e identificação dos usuários dos parques aqüícolas e faixas ou áreas de preferência, observando o disposto no Decreto nº 4.895, de 25 de novembro de 2003 e na Instrução Normativa Interministerial nº 6, de 28 de maio de 2004;

IV definir as possíveis atividades compatíveis com a prática da maricultura na área de abrangência do Plano;

V discutir e propor alterações ao PLDM, quando for o caso;

VI solicitar estudos complementares se necessários; e

VII aprovar a proposta de PLDM elaborada.

§ 1º As consultas de que trata o caput deverão ser realizadas por meio de audiências públicas, na forma constante do Anexo III, desta Instrução Normativa, que será divulgado no site oficial da SEAP/PR: www.presidencia.gov.br/seap.

§ 2º As consultas públicas deverão ser realizadas em locais que permitam o atendimento do maior número possível de usuários dos recursos naturais da região costeira, objeto do estudo.

§ 3º As audiências públicas serão executadas pelo responsável pela elaboração do PLDM e de total responsabilidade do proponente.

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§ 4º Para que o processo de consulta pública seja efetivo deverão ser realizadas quantas audiências forem necessárias, com o mínimo de duas audiências por PLDM.

§ 5º Deverá ser dada ampla divulgação do dia, hora e local da realização das audiências públicas, com antecedência mínima de trinta dias.

§ 6º A SEAP/PR designará representantes para a coordenação de todas as audiências públicas realizadas, que atuarão como moderadores nas mesmas, conforme disposto no Anexo III desta Instrução Normativa, que será divulgado no site oficial da SEAP/PR: www.presidencia.gov.br/seap.

§ 7º Deverão ser convidados representantes dos Órgãos Governamentais de Meio Ambiente das esferas federal, estadual e municipal, com jurisdição na área abrangida pelo PLDM.

Art. 13. A representação pública de que trata o inciso VI do art. 7º deverá ser encaminhada, formalmente, pelo interessado ao proponente do PLDM.

§ 1º A representação consiste em discordâncias, concordâncias ou quaisquer informações complementares julgadas necessárias ao PLDM elaborado, podendo ser apresentada individualmente ou por meio de entidades representativas de uma categoria, direta ou indiretamente, atingida pelo PLDM.

§ 2º As representações deverão ser apresentadas a partir da etapa de divulgação até no máximo dez dias úteis antes da segunda audiência pública realizada.

§ 3º As representações deverão ser devidamente apresentadas e discutidas nas audiências públicas realizadas.

Art. 14. A representação de que trata o art. 13 deverá ser apresentada da seguinte forma:

I por escrito;

II em língua portuguesa;

II informar o nome do propositor ou da entidade representativa da respectiva categoria;

III endereço para recebimento de qualquer informação; e

IV no prazo estabelecido no § 2º do art. 13, com comprovação de recebimento.

Parágrafo único. As representações protocoladas sem a observância dos incisos constantes deste artigo serão desconsideradas, sem análise do mérito.

Art. 15. O proponente deverá encaminhar a SEAP/PR, no prazo máximo de um mês, contados da data de encerramento da última consulta pública, relatório com as seguintes informações:

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I cópia de cada representação recebida em relação ao PLDM ou se não foram recebidas representações, uma declaração deste fato;

II cópia da ata de cada audiência pública realizada;

III parecer da instituição responsável pela elaboração do PLDM quanto ao mérito de cada representação;

IV nota técnica relacionando:

a)As alterações realizadas no PLDM como resultado da consulta pública;

b)Previsão de qualquer impacto ambiental resultante da alteração do PLDM, com as respectivas medidas mitigadoras.

c)Recomendações das comunidades locais em relação ao PLDM.

V cópia da versão final do PLDM aprovada na consulta pública.

§ 1º A SEAP/PR poderá solicitar informações complementares ou ajustes no relatório previsto no caput .

§ 2º Este artigo não se aplica quando a SEAP/PR for a proponente, sem prejuízo das etapas previstas no art. 7º.

Art. 16. Atendidos todos os requisitos enunciados nesta Instrução Normativa, a SEAP/PR aprovará o PLDM, comunicando ao proponente por meio de correspondência oficial com aviso de recebimento.

Parágrafo único. A SEAP/PR, após comunicação ao proponente, divulgará publicamente o PLDM aprovado.

Art. 17. O PLDM devidamente aprovado pela SEAP/PR, acompanhando pelos Anexos I, II e V da Instrução Normativa Interministerial nº 06, de 2004, devidamente preenchido pelo proponente, deverá se constituir na documentação a ser encaminhada para início do trâmite processual que visa a delimitação dos Parques Aqüícolas e faixas ou áreas de preferências propostos.

Parágrafo único. O PLDM não substitui a necessidade de Licenciamento Ambiental dos Parques Aqüícolas, mas deverá ser utilizado para subsidiar o processo de análise para emissão das licenças ambientais de maricultura, para projetos propostos dentro de sua área de abrangência.

Art. 18. A SEAP/PR poderá apresentar, a qualquer tempo, emendas ao PLDM aprovado, quando se tratar de caso fortuito ou força maior.

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Art. 19. O PLDM aprovado deverá ser revisto a cada cinco anos após sua implementação.

Art. 20. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

JOSE FRITSCH

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ANEXO I da IN nº 17 de 2005

Modelo de Solicitação para Autorização para Elaboração do PLDM

A Sua Excelência Senhor

Ministro José Fritsch

Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca

Presidência da República do Brasil

Como Governador / Prefeito de _____________________________________, e com os objetivos de promover o planejamento do desenvolvimento da maricultura em águas da União e de demarcar os parques aqüícolas e as faixas de preferência para as comunidades tradicionais da região costeira, venho solicitar ao Exmo. Sr. José Fritsch, autorização para formulação de um Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura para a região de ______________________________________, a ser elaborado pela entidade_________________________________.

O Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura será realizado de acordo com os procedimentos e detalhamento de formato dispostos na Instrução Normativa n. --------, de 2005.

___________________, ____ de _______________ de ___________

_______________________________

Proponente:

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ANEXO II da IN nº 17 de 2005

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PLDM

1- Informações gerais

1.1- Localização

Informar a região de abrangência do PLDM, fornecendo as coordenadas dos vértices externos do perímetro em graus sexagesimais (geográfica) e na projeção UTM, ambos utilizando o Datum Horizontal SAD-69.

1.2- Município, estuários e áreas de conservação

Estimar a área do PLDM, identificando o município abrangido, as lagoas, baías, enseadas, e estuários, bem como as Unidades de Conservação Federais, Estaduais e Municipais, indicando se estas têm Planos de Manejo aprovados ou em vias de aprovação e as Áreas de Preservação Permanente (APP).

1.3- Bacia hidrográfica

Informar as bacias e hidrográficas abrangidas pelo PLDM, citando o nome dos principais rios, informando sobre a existência de Comitês de Bacias Hidrográficas instituídos ou em fase de instituição.

1.4- Estudos e planejamentos prévios relacionados ao zoneamento costeiro

Listar e expor resumidamente todos os estudos existentes que considerem o planejamento ou gerenciamento costeiro existentes na área coberta pelo PLDM. Todos os estudos existentes deverão ser considerados, notadamente os diagnósticos elaborados pelo Projeto Orla e pelo Zoneamento Ecológico Econômico do Ministério do Meio Ambiente, bem como os Planos Estaduais de Gerenciamento Costeiro, quando estes estiverem disponíveis. Estudos e diagnósticos já existentes devem ser considerados neste item.

1.5- Legislação estadual e municipal aplicada à aqüicultura

Listar e expor resumidamente toda a legislação estadual e municipal e os Instrumentos Normativos relacionados à aqüicultura, particularmente aqueles referentes ao licenciamento ambiental e ao zoneamento costeiro que possam afetar a definição de áreas propícias para projetos de maricultura.

1.6Propostas locais para o desenvolvimento da maricultura

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Apresentar, quando estiverem disponíveis, as propostas de planejamento da maricultura já elaboradas pelos governos estaduais e/ou municipais, na região abrangida pelo PLDM.

2 - Caracterização da Área de Estudo

2.1 - Clima

Descrever as condições climáticas da região, incluindo temperaturas médias, máximas e mínimas, variação sazonal da precipitação pluviométrica e ocorrência de ventos predominantes, dentre outros.

2.2 - Vegetação costeira

Descrever os padrões da vegetação costeira, informando, inclusive, sobre a presença de manguezais, dunas, restingas e apicuns, dentre outros.

2.3 - Vegetação aquática

Descrever a vegetação aquática presente na área coberta pelo PLDM, identificando as principais espécies ou gêneros, informando sobre a existência e localização de bancos naturais e estimando a área coberta por cada uma destes.

2.4 - Animais terrestres

Listar as espécies ou gênero dos animais terrestres na área de influência do PLDM. Listar espécies raras que estejam ameaçadas ou em processo de extinção informando os locais de ocorrência.

2.5 - Animais aquáticos

Listar as espécies ou gênero dos principais organismos macroscópicos aquáticos capturados pela pesca ou sabidamente presentes na área, incluindo crustáceos, peixes, quelônios, répteis, mamíferos e moluscos. Identificar áreas de reprodução e berçário quando estas estiverem presentes na região. Listar as espécies de organismos aquáticos exóticos e alóctones já introduzidas, cultivadas e estabelecidas na região, de acordo com o estipulado na Portaria do IBAMA n o 145N/1998.

2.6 - Aves

Listar as espécies de aves presentes na região, ressaltando aquelas que são objeto de tratados internacionais de proteção a aves migratórias e aquelas que estejam ameaçadas de extinção.

3 - Diagnóstico das formas de ocupação da região costeira

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Discriminar os setores produtivos existentes na região costeira além de outros fatores que possam influenciar na qualidade da água e que ameace a atividade em áreas em operação ou áreas selecionadas para implantação de projetos de maricultura. Relatar a ocorrência de erosão, elevação da turbidez, níveis elevados de contaminação fecal, presença de concentrações elevadas de nutrientes originados pelo uso de fertilizantes e a presença de produtos tóxicos como pesticidas e agrotóxicos nas águas dos rios e riachos que deságuam nas áreas em operação ou selecionadas para o desenvolvimento da maricultura.

Relatar possíveis riscos que a instalação de equipamentos de maricultura possam ter sobre a navegação, quando for o caso. Identificar, em carta náutica, a presença de rotas e canais de navegação. Informar sobre a existência e localização de marinas, bem como o número de embarcações com mais de dois tripulantes nestas.

Identificar a presença de colônias, associações e cooperativas de pesca e suas áreas tradicionais de pesca na região coberta pelo PLDM. Listar as principais espécies capturadas bem como a aparelhagem e as técnicas empregadas.

Identificar a presença de pesca esportiva ou recreativa na região, identificando as áreas tradicionalmente utilizadas para este fim. Informar as técnicas de pesca e as principais espécies capturadas. Identificar as áreas utilizadas para mergulho, vela, jet skis, caiaques, esqui aquático etc.

4 - Diagnóstico sócio-econômico da região

Apresentar dados populacionais da região dos últimos três censos demográficos. Relatar fatores econômicos e sociais que contribuem para o êxodo ou migração da população. Informar os núcleos habitacionais do entorno de áreas de maricultura, e as vias de acesso a estas.

Relacionar resumidamente as principais atividades econômicas praticadas na região com estimativas de produção, renda e geração de empregos.

Informar sobre a importância do turismo como atividade econômica na região, incluindo a infra-estrutura existente (restaurantes, hotéis, pousadas, etc.), número estimado de turistas por ano, principais pontos turísticos e suas características, bem como sobre possíveis conflitos com a maricultura.

Informar sobre atividades de extrativismo de organismos aquáticos praticadas pelas comunidades locais, provendo estimativas de pessoas envolvidas.

5 - Diagnóstico de impactos ambientais

Relacionar os possíveis impactos causados na água pela maricultura, como a liberação de nutrientes e sólidos em suspensão, dando particular atenção aos procedimentos a serem utilizados para a minimização de perdas de ração para o ambiente. Informar sobre as

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medidas de gerenciamento e de manejo das fazendas existentes que poderão mitigar estes impactos.

Informar sobre possíveis impactos causados pela maricultura na vegetação marinha, como a supressão de bancos naturais. Informar sobre as medidas de gerenciamento e de manejo das fazendas existentes que poderão mitigar estes impactos.

Relacionar os possíveis impactos causados pela liberação dos organismos sob cultivo para o ambiente, notadamente de espécies exóticas ou alóctones. Informar sobre as medidas de gerenciamento e de manejo das fazendas existentes que poderão mitigar estes impactos.

Relacionar os possíveis impactos causados pela aqüicultura em áreas de reprodução e berçários de organismos marinhos. Informar sobre as medidas de gerenciamento e de manejo das fazendas existentes que poderão mitigar estes impactos.

Relacionar os possíveis impactos causados pela maricultura em populações de aves presentes na região, particularmente de aves migratórias ou ameaçadas de extinção. Informar sobre as medidas de gerenciamento e de manejo existentes e das fazendas que poderão mitigar estes impactos. Mencionar impactos positivos que possam resultar de desenvolvimento da maricultura.

5.1 - Conclusão do diagnóstico de impacto ambiental

Conclusão sobre os impactos ambientais positivos e negativos da maricultura na região abrangida pelo PLDM, bem como sobre as medidas mitigadoras e compensatórias a serem adotadas para minimizar os impactos negativos. Identificar os impactos negativos para os quais não exista a possibilidade de adoção de medidas mitigadoras.

6 - Diagnóstico dos impactos sócio-econômicos

Relacionar os possíveis impactos visuais causados pela maricultura. Informar sobre as medidas de gerenciamento e de manejo dos parques aqüícola e das fazendas existentes que poderão mitigar estes impactos.

Relacionar os possíveis impactos causados pela maricultura na pesca comercial e esportiva. Informar sobre as medidas de gerenciamento e de manejo dos Parques Aqüícola das fazendas que poderão mitigar estes impactos.

Relacionar dos possíveis impactos às populações locais que possam ser causados por operações de maricultura. Informar sobre a possibilidade de restrição a áreas onde são realizadas atividades extrativistas tradicionais de importância econômica na região. Informar a necessidade de se trazer trabalhadores de outras regiões não cobertas pelo PLDM. Mencionar impactos sociais positivos como a fixação de populações tradicionais, valorização cultural, geração de emprego e de renda.

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Mencionar impactos positivos que possam resultar de desenvolvimento da maricultura na região de estudo.

6.1 - Conclusão do diagnóstico de impactos sócio-econômicos

Conclusão sobre os impactos sócio-econômicos positivos e negativos da maricultura na região abrangida pelo PLDM, bem como sobre as medidas mitigadoras e compensadoras a serem adotadas para minimizar os impactos negativos. Identificar impactos negativos para os quais não exista a possibilidade de adoção de medidas mitigadoras

7. Identificação das áreas propícias para a delimitação de parques aqüícolas e faixas ou áreas de preferência

O proponente deverá identificar as áreas propícias para a delimitação de faixas ou áreas de preferência, parques e áreas aqüícolas por meio de consulta pública.

O PLDM deverá ser acompanhado das informações constantes dos Anexos I, II e V da Instrução Normativa nº 06, de 2004, devidamente preenchido pelo proponente, constituindo-se na documentação necessária para dar inicio ao trâmite processual que visa à delimitação, pela SEAP/PR, dos parques aqüícolas e faixas ou áreas de preferências nos locais propostos.

As faixas ou áreas de preferência deverão priorizar as populações tradicionais e ter área suficiente para atender ao número de pessoas que exercem ou que possam exercer a maricultura na região. Fazer menção específica sobre qual comunidade tem direito a utilizar a área de preferência a ser demarcada.

8 - Plano de Gerenciamento e Controle

Plano de Gerenciamento e Controle dos parques aqüícolas contendo as ações de gerenciamento e controle que contemplem todas as medidas necessárias para o ordenamento da atividade e mitigar os efeitos negativos que o empreendimento possa oferecer.

Apresentar medidas preventivas considerando-se a capacidade de suporte das áreas dos empreendimentos, fornecendo informações sobre as densidades de cultivo, espaçamento das estruturas, espaçamento entre fazendas (área de diluição), destinação de resíduos e práticas de manejo de acordo com Códigos de Conduta Responsável ou Códigos de Boas Práticas de Manejo vigentes.

Apresentar relação dos públicos beneficiários a serem atendidos pela demarcação de cada parque aqüícola proposto no PLDM. Identificar quais os parques aqüícolas abrangerão as faixas ou áreas de preferência para o atendimento de comunidades tradicionais.

Apresentar as medidas que visam assegurar que todas as estruturas e equipamentos de cultivo nas áreas autorizadas estejam de acordo com os padrões definidos para a atividade.

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Os postes e estruturas fixas (varais, mesas) de áreas de planícies de maré (zona entre-marés) devem apresentar disposição e altura condizente com o nível do mar. A sinalização destas áreas também deve ser adequadamente disposta acima do nível do mar.

A área a ser cedida deverá ser mantida de forma ordenada e organizada conforme preconiza o Plano de Gerenciamento e Controle constante no PLDM. Balsas de manejo, estruturas para armazenamento de rações, alimentadores automáticos e guaritas de vigilância devem ser devidamente previstas nos projetos e aprovadas antes de serem instaladas nas áreas cedidas. Os maricultores devem se certificar de que os procedimentos de manejo das fazendas marinhas e práticas de navegação estejam condizentes com a legislação correlata em termos de emissão de poluentes.

As estruturas de ancoragem (poitas, estacas ou âncoras) bem como os cabos de amarração posicionados fora dos limites das áreas cedidas devem estar em profundidades de pelo menos 5 metros. Explicitar a necessidade de manutenção da sinalização dos limites da área licenciada de acordo com as exigências da SEAP e do Comando da Marinha do Brasil. Os maricultores deverão identificar as áreas licenciadas de acordo com as exigências da SEAP/PR.

9 - Plano de Monitoramento Ambiental

Plano de Monitoramento Ambiental dos parques e áreas de maricultura contendo mecanismos de controle que contemplem todas as medidas necessárias para identificar impactos indesejáveis e mitigar efeitos negativos que os mesmos possam oferecer.

Apresentar lista de obrigações dos maricultores quanto ao monitoramento de parâmetros ambientais na área do empreendimento de acordo com os respectivos Planos de Gerenciamento e Controle e Plano de Monitoramento Ambiental.

Deverão estar inseridos neste item os programas de monitoramento de parâmetros ambientais, da biomassa cultivada, da densidade de cultivo. No caso do cultivo de moluscos, deverão estar previstas biometrias periódicas dos organismos cultivados, especialmente quando forem observadas perdas de produtividade por diminuição da taxa de crescimento, por ser este fator o primeiro indicador da superação da capacidade de suporte do ambiente.

Para cultivos de peixes e de camarões marinhos em gaiolas ou cercados, deverão ser monitoradas anualmente as características físicas e biológicas do sedimento, além dos níveis de nutrientes trogênio total) dentro das áreas de cultivo e em seu entorno. Informar quais as medidas que serão tomadas para manutenção dos padrões de qualidade da água estabelecidas pela Resolução no 20, de 18 de junho de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente -CONAMA.

Todos os relatórios gerados por Planos de Monitoramento Ambiental deverão ser encaminhados a SEAP/PR.

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Informar se a atividade de maricultura proposta envolverá o uso de substâncias profiláticas ou terapêuticas. Em caso positivo, deverá ser informada qual medida será tomada para sua utilização segura e para as formas de descarte após utilização. Todos os produtos químicos utilizados na atividade deverão estar devidamente autorizados e obedecer às restrições existentes na legislação correlata.

Apresentar medidas para a disposição dos resíduos gerados durante os processos de colheita, processamento da produção, manejo e remoção de incrustações, de forma a não causar impactos indesejáveis ao ambiente (poluição visual e mau odor) nas áreas de cultivo e áreas adjacentes.

Explicitar a necessidade de notificação a SEAP/PR ou autoridades sanitárias competentes (PNSAA/DDA/SDA/MAPA) sobre qualquer suspeita da presença de doenças nos organismos cultivados. Prever que os maricultores não deverão liberar intencionalmente para o mar, espécies exóticas ou alóctones sem autorização prévia.

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ANEXO III da IN nº 17 de 2005

REGULAMENTO PARA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DO PLANO LOCAL DE DESENVOLVIMENTO

DA MARICULTURA (PLDM)

1º O presente Regulamento trata dos procedimentos a serem observados na Audiência Pública, para discussão de versões preliminares dos Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura (PLDM) e as propostas de demarcação de parques aqüícolas e áreas de preferência para a maricultura realizada por comunidades tradicionais.

2º Os presentes à Audiência Pública deverão assinar a Lista de Presença.

3º. A Audiência será constituída por uma Mesa Diretora e um Plenário.

4º. A Mesa Diretora será composta pelo Presidente que deverá ser um Representante da SEAP/PR, por um Representante do Órgão Estadual de Meio Ambiente, por um Representante do IBAMA, por um Representante da Capitania dos Portos, por um Representante da instituição responsável pela elaboração do PLDM, por um Representante do setor produtivo da maricultura e por demais autoridades federais e por estaduais e municipais convidadas pela SEAP/PR.

4.1. A Audiência será coordenada pela SEAP/PR, que mediará os debates.

4.2. A Mesa Diretora deverá eleger um Secretário Executivo da Audiência Pública.

4.3. Caberá ao Secretário Executivo a coordenação do registro dos participantes da audiência pública, em lista de presença, constando nome, número do documento de identidade, telefone e Instituição que representa, assim como a preparação da respectiva ata.

5º. Todos os documentos apresentados à Mesa Diretora serão recebidos e juntados ao Processo administrativo de autorização de uso de espaços físicos de corpos d'água de domínio da União para a demarcação de parques aqüícolas e áreas de preferência propostas pelo PLDM, devendo ser citados no decorrer da Audiência Pública.

6º. A Audiência terá início com uma abertura oficial seguida de pronunciamento do Presidente da Mesa Diretora, acerca dos objetivos da mesma e da seqüência dos trabalhos a serem senvolvidos, informando aos participantes sobre os procedimentos constantes deste Regulamento, a serem observados durante a sessão.

6.1. A critério do Presidente, será dada a palavra aos demais componentes da mesa que quiserem dela fazer uso.

7º. O representante da SEAP/PR apresentará em 30 (trinta) minutos, a versão preliminar de PLDM, expondo todos os estudos e diagnósticos realizados e a proposta demarcação de

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parques aqüícolas e áreas de preferência para comunidades tradicionais, utilizando linguagem clara e objetiva.

8º. Será concedido um intervalo de 15 (quinze) minutos para inscrição dos debatedores, podendo ser prorrogado, caso seja necessário.

8.1. As inscrições ao debate serão feitas por escrito, a partir do preenchimento do formulário próprio, a ser distribuído aos presentes.

9º. O Presidente abrirá os debates, obedecendo rigorosamente a ordem das inscrições chegadas à mesa, podendo os questionamentos serem feitos em bloco, a critério da Mesa.

9.1. O Presidente deverá conduzir os debates com firmeza, não permitindo apartes ou manifestações extemporâneas de qualquer natureza.

9.2. Os esclarecimentos e/ou respostas deverão ter a duração máxima de 03 (três) minutos, tempo eventualmente prorrogável a critério do Presidente.

9.3. O participante inscrito poderá, se for o caso, solicitar esclarecimentos adicionais, através de manifestação oral, no tempo de 3 (três) minutos, eventualmente prorrogável a critério do Presidente da Mesa.

9.4. Os esclarecimentos adicionais solicitados deverão ter a duração máxima de 3 (três) minutos, eventualmente prorrogável a critério do Presidente da Mesa.

9.5. O participante inscrito não poderá ceder o seu tempo para somar ou transferir para outro.

9.6. Os questionamentos ou eventuais esclarecimentos que não forem possíveis de ser atendidos, terão um prazo de 15 (quinze) dias para serem enviados para a SEAP/PR, que providenciará o respectivo encaminhamento aos interessados.

10. Posteriormente à realização da Audiência Pública, será lavrada a correspondente Ata, que deverá ser assinada por todos os integrantes da Mesa Diretora e pelas autoridades participantes, se assim o desejarem, passando a ser parte integrante do Processo administrativo de autorização de uso de espaços físicos de corpos d'água de domínio da União para a demarcação de parques aqüícolas e áreas de preferência propostas pelo PLDM, juntamente com os demais documentos pertinentes.

11. O encerramento será realizado pelo Presidente da Mesa Diretora.

11.1 Todos os documentos entregues, por ocasião da Audiência Pública, serão anexados ao Processo administrativo de autorização de uso de espaços físicos de corpos d'água de domínio da União para a demarcação de parques aqüícolas e áreas de preferência propostas pelo PLDM.

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11.2 A fita de gravação da Audiência Pública será anexada ao Processo administrativo de autorização de uso de espaços físicos de corpos d'água de domínio da União para a demarcação de parques aqüícolas e áreas de preferência propostas pelo PLDM.

12. Por um prazo de 10 (dez) dias úteis, a contar da data da realização da Audiência Pública, a SEAP/PR receberá comentários, manifestações e sugestões através de Representações por escrito apresentadas de acordo com o Anexo IV, que serão compiladas em um relatório de Representações e anexado ao Processo administrativo de autorização de uso de espaços físicos de corpos d'água de domínio da União para a demarcação de parques aqüícolas e áreas de preferência propostas pelo PLDM.

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