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26 PÉ NA BUNDA MAR/ABR 2014 ANO 3 Prefeitura de Porto Alegre inaugura primeira ciclovia vertical do país Cansada das reclamações dos ciclistas sobre a falta de espaços na cidade para andar de bicicleta, a Prefeitura de Porto Alegre resolveu inovar e implantou a primeira ciclovia vertical do Brasil. Localizada próximo ao IAPI, o trajeto de cinco quilômetros faz parte do Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI) aprovado em 2009 com o objetivo de difundir o uso da bicicleta como meio de transporte. O diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, explica que foi pensando na segurança e na comodidade dos usuários que o governo municipal resolveu criar a ciclovia Ricardo Neis. “O ciclista tem toda a comodidade de abrir a janela, pegar a sua magrela e sair para ir trabalhar ou passear”, disse. A nova ciclovia interligará os bairros Auxiliadora, Higienópolis e Passo d' Areia, passando pela Rua Marquês do Pombal e p e l a s avenidas Cristovão Colombo, Plínio Brasil Milano e João Wallig. O projeto integrará a rede de 495 quilômetros de extensão de ciclovias e ciclofaixas aprovadas pelo PDCI para garantir a bicicleta como meio de transporte para cerca de 200 mil habitantes. Para o advogado Nélio Kloi, 36 anos, integrante do movimento Pedal e Guidão, que realiza diversas manifestações a favor das bicicletas, a nova ciclovia promete tornar Porto Alegre uma referência no assunto. “O conceito agora são as vias compartilhadas, onde as bicicletas dividem espaço com carroças, carros, ônibus e torcedores do Internacional num equilíbrio harmônico e organizado, apesar da aparência caótica”, comentou. Apesar do pioneirismo, Kloi acha que a capital está longe dos padrões estabelecidos em países do primeiro mundo. “A Holanda possui mais de 450 habitantes por quilômetro quadrado e metade das pessoas de Amsterdã realiza seus deslocamentos com uma bicicleta. São mais de 20 mil quilômetros de ciclovias espalhadas pelo país. Tem mais estacionamento de bicicletas do que cafés vendendo maconha!” De acordo com levantamento do IBGE, o Brasil tem menos de mil quilômetros de ciclovias. Para efeito de comparação, o tamanho da Holanda é quase o dobro do Sergipe, um dos menores Estados do País. A ciclovia Ricardo Neis deverá estar concluída até o final de maio e será inaugurada pelo prefeito José Fortunati como uma das obras de mobilidade para a Copa 2014. Ciclovia Ricardo Neis, na Zona Norte da capital, terá cinco quilômetros de extensão Bar Ipanema TEMPO SUFICIENTE PARA TER BEBIDO UM BELO DE UM IMÓVEL EM UMA PRAIA DE SANTA CATARINA. ME VÊ MAIS UMA DOSE DESSA CASA EM JURERÊ, SEM GELO! PÉ NA BUNDA: o Diário Gaúcho dos boêmios! DISTRIBUIÇÃO GRATUITA NÚMERO Na Mesa do Bar Uma conversa calórica com Adelino Bilhalva do Guia de Sobrevivência Gastronômica de Porto Alegre. Cotação de beijo de china - Da Voluntários: R$ 10,00. - Da Farrapos: R$ 13,50. - Da Pernambuco: R$ 20,00. - Da Fernando Gomes: R$ 55,00. - Da Sepé Tiaraju: grátis. Uma simpatia infalível para afastar mau olhado, trazer a pessoa amada em três dias e escapar da malha fina do Imposto de Renda. Nesta edição Para ler cutucando o colega de balcão Morador do IAPI, Nélio Kloi se prepara para pegar a sua bicicleta e ir para o trabalho, na Avenida Cristovão Colombo CHICO, SABE HÁ QUANTO TEMPO EU FREQUENTO ESSE BAR? Porraço Faz o que eu tô mandando e acende logo esse isqueiro! A patroa monopoliza o controle remoto da TV? O chefe não larga do seu pé? PÉ NA BUNDA Uma campanha: Vá para o boteco! Vá para o boteco! (51)9251-8961 Chaveiro 24 horas www.facebook.com/jornalpenabunda issu.com/penabunda OK CHAVES Av. Dorival Cândido de Oliveira, 216 - Gravataí

Pé na Bunda nº 26 - MAR/ABR 2014

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26 PÉ NA BUNDA MAR/ABR2014

ANO 3

Prefeitura de Porto Alegre inaugura primeira ciclovia vertical do país

Cansada das reclamações dos ciclistas sobre a falta de espaços na cidade para andar de bicicleta, a Prefeitura de Porto Alegre resolveu inovar e implantou a primeira ciclovia vertical do Brasil. Localizada próximo ao IAPI, o trajeto de cinco quilômetros faz parte do Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI) aprovado em 2009 com o objetivo de difundir o uso da bicicleta como meio de transporte.

O diretor-presidente da E m p r e s a P ú b l i c a d e Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, explica que foi pensando na segurança e na comodidade dos usuários que o governo municipal resolveu criar a ciclovia Ricardo Neis. “O ciclista tem toda a comodidade de abrir a janela, pegar a sua magrela e sair para ir trabalhar

ou passear”, disse.

A n o v a c i c l o v i a interligará os b a i r r o s Auxiliadora, Higienópolis e Passo d ' A r e i a , passando pela Rua Marquês do Pombal e p e l a s a v e n i d a s C r i s t o v ã o C o l o m b o , Plínio Brasil Milano e João Wa l l i g . O p r o j e t o integrará a rede de 495 quilômetros de extensão de c i c l ov i a s e c i c l o f a i x a s aprovadas pelo PDCI para garantir a bicicleta como meio

de transporte para cerca de 200 mil habitantes.

Para o advogado Nélio Kloi, 36 anos, integ rante do movimento Pedal e Guidão,

q u e r e a l i z a d i v e r s a s manifestações a f a v o r d a s bicicletas, a nova ciclovia promete t o r n a r Po r t o A l e g r e u m a re ferênc ia no a s s u n t o . “ O conceito agora s ã o a s v i a s compartilhadas, onde as bicicletas dividem espaço com carroças, carros, ônibus e torcedores do In te r nac iona l num equilíbrio h a r m ô n i c o e

o r ga n i z a d o , a p e s a r d a aparência caótica”, comentou.

Apesar do pioneirismo, Kloi acha que a capital está longe dos padrões estabelecidos em

países do primeiro mundo. “A Holanda possui mais de 450 habitantes por quilômetro quadrado e metade das pessoas de Amsterdã realiza seus deslocamentos com uma bicicleta. São mais de 20 mil quilômetros de ciclovias espalhadas pelo país. Tem mais estacionamento de bicicletas do que cafés vendendo maconha!”

D e a c o r d o c o m levantamento do IBGE, o Brasil tem menos de mil quilômetros de ciclovias. Para efeito de comparação, o tamanho da Holanda é quase o dobro do Sergipe, um dos menores Estados do País.

A ciclovia Ricardo Neis deverá estar concluída até o final de maio e será inaugurada pelo prefeito José Fortunati como uma das obras de mobilidade para a Copa 2014.

Ciclovia Ricardo Neis, na Zona Norte da capital, terá cinco quilômetros de extensão

Bar IpanemaTEMPO SUFICIENTEPARA TER BEBIDO UM BELO DE UM IMÓVEL EMUMA PRAIA DE SANTA CATARINA.

ME VÊ MAIS UMA DOSEDESSA CASA EM JURERÊ, SEM GELO!

PÉ NA BUNDA: o Diário Gaúcho dos boêmios!

DISTRIBUIÇÃOGRATUITA

NÚMERO

Na Mesa do Bar

Uma conversa calórica com

Adelino Bilhalva do Guia de Sobrevivência

Gastronômica de Porto Alegre.

Cotação de beijo de china

- Da Voluntários: R$ 10,00.- Da Farrapos: R$ 13,50.

- Da Pernambuco: R$ 20,00.- Da Fernando Gomes: R$ 55,00.

- Da Sepé Tiaraju: grátis.

Uma simpatia infalível para afastar mau olhado, trazer a pessoa amada em três dias e

escapar da malha fina do Imposto de Renda.

Nesta edição

Para ler cutucando o colega de balcão

Morador do IAPI, Nélio Kloi se prepara para pegar a sua bicicleta e ir para o trabalho, na Avenida Cristovão Colombo

CHICO, SABE HÁ QUANTO TEMPO EU FREQUENTO ESSE BAR?

Porraço

Faz o que eu tô mandando e acende logo esse isqueiro!

A patroa monopoliza o controle remoto da TV?O chefe não larga do seu pé?

PÉ NA BUNDAUma campanha:

Vá para o boteco!Vá para o boteco!(51)9251-8961

Chaveiro24 horas

www.facebook.com/jornalpenabunda issu.com/penabunda

OK CHAVES

Av. Dorival Cândido de Oliveira, 216 - Gravataí

EXPEDIENTEO jornal Pé na Bunda é uma publicação bimestral que se orgulha de não pedir fiado e devolver os cascos vazios. Arte: Cícero. Diagramação: Heitor. Fotos: Prático. Revisão: Mr. Magoo. Jornalista responsável: Marcelo de Jesus. Circula nos botecos de Cachoeirinha, Gravataí e Porto Alegre. O jornal não se responsabiliza pelas opiniões publicadas. Os textos são de inteira responsabilidade de seus autores. As colaborações são voluntárias e não-remuneradas. Textos, sugestões e críticas: [email protected]. Endereço da Redação: ali no bar da esquina. Contato comercial: (51) 9955-8090. Tiragem: mil tampinhas de Crush. Impresso na Gráfica e Editora Vale do Gravataí Ltda..

Pé na Bunda | Número 26 | Março e Abril de 20142NA PONTA DO BALCÃO

(Epílogo)Chega a alvorada e

surpreende o boêmio em meio à saideira. Não a primeira, mas a sexta ou sétima da noite. Nesse instante , uma suave melancolia toma-lhe de súbito. O malandro, nunca malandrim, despede-se de seus camaradas e toma o rumo de sua casa. Vai lembrando, saudoso e respeitoso, da noite que m o r r e r a h á a l g u n s minutos. Os primeiros raios de sol (ah, os primeiros raios de sol!), o incomodam, ferem-lhe os olhos. Mas, também, lhe dão a certeza do dever cumprido.

***

À cerca de doze horas atrás, recostado em uma poltrona de sua casa, lendo e ouvindo Chico Buarque, começou a mexer-se para ir encontrar a nata da malandragem, conhecidos de tantos carnavais. Se bem que, os verdadeiros malandros são conhecidos apenas no enterro dos ossos, pois muitos que se

d i z e m b o ê m i o s s ã o desmascarados já no sábado e, geralmente, com a infeliz frase de que prometem pegar mais leve no ano seguinte.

Assim, levanta-se, encharca-se de água de colônia e vai para o seu posto. Enquanto aguarda os companheiros em seu trono, pede a primeira unidade alcoólica da noite. S e n t i n d o o s o l h o s marejados, e f e i to tão conhecido, ( r i v a l d o orvalho.. .) , v ê o s p r i m e i r o s r o s t o s conhecidos p a s s a n d o p e l a diminuta porta do bar. A filosofia noturna terá início.

Entre risos, olhares e i d a s a o f u n d o d o estabelecimento, o tom de voz vai alteando. As pessoas vão se tornando c a d a v e z m a i s interessantes. O garçom vira irmão e o dono do bar, ao primeiro sinal de cerrar

a entrada, barrando novos amigos e convidando os inclusos a se retirar, passa a ser inimigo mortal.

Com isso, de senhor da mesa, vira peregrino, sempre atrás de um novo local onde possa continuar a teoria da mudança do mundo e, quem sabe, embarcar em alguma aventura. Aliás, a atenção d o b o ê m i o s e g u e , basicamente, três coisas: o

discurso dos a m i g o s , o garçom e as pernas que p a s s a m d u r a n t e a noite. Tenta, a o m e s m o tempo, (e em vão) manter a atenção nos

amigos, posicionar-se na alça de mira do garçom para, sem dificuldade, ser visto e compreendido ao menor movimento de braço e, ainda, entender a métrica daquelas pernas. O terceiro é o mais difícil e, por isso mesmo, o mais perseguido pelo malandro.

A noite vai passando e, já no quarto bar, ele não vai

embora até acompanhar o fechamento de mais este. Segue sozinho, em relação a uma companhia feminina, m a s m u i t o b e m a c o m p a n h a d o p e l o s amigos que são, nessas horas, quatro ou cinco que conhecem o valor da u n i v e r s i d a d e d a madrugada, da faculdade do lúpulo, das disciplinas do malte, cursadas nas cadeiras de um legítimo boteco.

A s s i m , c h e g a a alvorada e surpreende o boêmio em meio à saideira. Não a primeira, mas a sexta ou sétima da noite. Nesse instante, uma suave melancolia toma-lhe de súbito. O malandro, nunca malandrim, despede-se de seus camaradas e toma o rumo de sua casa. Vai lembrando, saudoso e respeitoso, da noite que m o r r e r a h á a l g u n s minutos. Os primeiros raios de sol, (ah, os primeiros raios de sol!) o incomodam, ferem-lhe os olhos. Mas, também, lhe dão a certeza do dever cumprido.

A noite do boêmio

Mateus Ferraz acredita que se pinga fosse fortificante, o brasileiro seria um gigante.

Somos um jornal sério

U m a d a s melhores coisas no processo de pensar as edições do Pé na B u n d a s ã o a s reuniões de pauta. E s s a e t a p a d e c r i a ç ã o e f o r m at a ç ã o d o conteúdo é comum e m q u a l q u e r publicação. Mas não é porque uma revista fa la sobre tur ismo que os seus colaboradores andam de bermuda, chinelos e uma mochila pronta para viagem. Na redação da revista Playboy, por exemplo, ao contrário do que muita gente pensa, mulheres lindas, gostosas e nuas não desfilam de um lado para outro a todo instante. Mas conosco é diferente. Seguimos fielmente a linha editorial que prezamos e pregamos aos nossos leitores. Não são meras palavras soltas no ar refrigerado de um balcão, mas um guia de estilo de vida. Não de excessos, porque o excesso leva à cirrose, mas um manual de como curtir os momentos agradáveis e os prazeres etílicos nas mesas de bar e nos sofás de alcoice.

Contudo, não é porque os encontros mensais para definir o que entra ou não no jornal sejam regados a álcool e acepipes que não priorizamos o trabalho sério. Embora labutemos de forma pouco convencional, bebemos (é o nosso forte) na cartilha da austeridade para realizarmos um trabalho cuidadoso e honrado. Não temos uma sede f ixa e os colaboradores não são remunerados. Todavia, nem por isso eles deixam de ter compromisso com a qualidade dos textos e o respeito aos prazos de fechamento da edição.

Aqui impera o profissionalismo. O profissionalismo do garçom, que nos traz a cerveja na temperatura ideal. Do dono do bar, que aceita o pagamento em 4x no cartão. E da cozinheira, que faz o bolinho de batata conforme as melhores receitas daquela que é considerada, injustamente, a baixa gastronomia. Por isso, ao pegar um dos exemplares do Pé na Bunda em mãos e constatar uma mancha de gordura ou uma redonda marca de copo no canto da página, não se preocupe. São os frutos do nosso árduo trabalho na redação itinerante que montamos, periodicamente, nos pés sujos da cidade.

Os Editores

DOIS DEDOS DE PROSA

PÉ NA BUNDA: a gente bebe, mas somos limpinhos!

Porta de

banheiro

Puxe a descarga com força! Há um longo caminho daqui

até o Congresso.

de i a bc a l- c i ãa oH Soa a trombeta,o cão raivoso ladra.

Maldito bitter!

Pé na Bunda | Número 26 | Março e abril de 2014 3NA MESA DO BAR: GUIA DE SOBREVIVÊNCIA GASTRONÔMICA DE PORTO ALEGRE

Sobrevivendo à faible cuisine

Como começou o gosto pela baixa gastronomia? Ou em outras palavras, pela gastronomia honesta e sem firulas?Acho que o gosto é nato. Eu curto a alta gastronomia também, mas a baixa tem um papel importante no dia a dia das pessoas e falar sobre isso é fluente para o Guia.

Como funcionam as reuniões de pauta e a decisão de qual lugar será avaliado?Olha, até hoje os vídeos foram acontecendo. Normalmente, no dia da gravação é que decidimos ir naquele lugar. Mas como a exigência do público só aumenta, a gente já começou um planejamento. Mas com cuidado pra não perder a espontaneidade.

E os desafios? Os editores do Pé na Bunda gostariam de propor um desafio: um vidro de conserva de ovo no Mercado Público. O vencedor leva tudo. Quem perder terá que raspar a barba.Hahahhahaha, ideia interessante. Quando começamos a postar os vídeos parecia que as pessoas só queriam o nosso mal. Todo dia surgiam sugestões do tipo: “tu tem que comer aquele xis do Gelson, mas inteiro”, “vocês têm que topar o desafio do Caverna do Ogro”, etc. Mas vamos pensar nesse desafio.

Por falar em barba, ela não atrapalha na hora de morder um cachorro do Bigode, por exemplo?Jamais. Se não tivesse barba e bigode aquela comida estaria na nossa cara, isso sim é nojento.

Vocês se incomodam de serem considerados o César Minotti e o Fabiano da junkie food?Hahaha, essa é nova. E já entendi que é mais por minha causa. Depois do Guia eu conheci um programa chamado Man X Food, que daí sim, tem a mesma pegada que a gente, porque sertanejo é muito sapatênis pra comparar com a gente.

É verdade que ao final da segunda t e m p o r a d a d o G u i a vo c ê s participarão do programa Medida Certa do Fantástico?

Sim, mas em uma versão nova, onde a medida certa é a de um barril de vinho.

O lema de vocês era (é?) “Se ave n t u ra n d o n a s e n t ra n h a s culinárias da capital gaúcha, devorando o que nenhum pedreiro jamais ousou provar”. Qual é o típico prato de pedreiro? Arroz, feijão, bife, polenta, essas coisas. Uma vez eu vi um pedreiro devorar sozinho uma a la minuta do Tudo Pelo Social que eu divido com mais duas pessoas. Mas no Guia já visitamos lugares que um pedreiro que precisa trabalhar o dia todo não se aventuraria. Na verdade tem dias que a gente volta para o trabalho e passa a tarde gemendo de dor.

Vocês falam em trash food e nós, do Pé na Bunda, somos a favor da preservação do boteco em sua condição mais primitiva. Isto é, mesas de fórmica, cadeiras de palha, bale iro em cima do balcão refrigerado e uma penca de linguiças penduras acima da cabeça do dono do estabelecimento. Qual é o boteco mais roots que você já frequentou?Ainda não virou episódio do Guia, mas tem um lugar que eu vou uma vez por semana que tá nesse perfil aí, o famoso Alfredo, que abriga uma fauna incrível de criaturas da noite.

O bacana no programa de vocês é que as gurias participam, mostrando que comida de rua não é coisa de nerd barbudo. Como surgiu a ideia delas acompanharem? Ninguém convida, elas são metidas mesmo. Brincadeira, a maioria dos episódios acontece no nosso horário de almoço mesmo. É o que a gente faz todo dia, mas com uma câmera na mão.

O vídeo mais assistido de vocês foi o churrasco grego, com mais de 11 mil visualizações. Qual é a receita para fazer um vídeo de sucesso no Youtube? Cara. acho que em São Paulo tem muito churrasco grego, tem sempre um paulista comentando lá, reclamando que é falhado. Mas não tem receita (para um vídeo fazer sucesso). Acho que o que conta é ser verdadeiro. Daí a galera

acredita mais em ti.

Qual é o melhor acompanhamento pa ra uma boa cerveja?Croquete ou pastel de carne. Nessa ordem.

Se você tivesse que e s c o l h e r u m boteco para tomar a última dose, qual seria?Qualquer um que t enha uma boa c e r v e j a , d e p r e f e r ê n c i a artesanal, e uma cachaça boa pra ir intercalando.

Fora os comes e bebes, o que mais não pode faltar em um boteco?Garçons com uma boa visão periférica. Por que é um saco quando o cara parece que finge que não te vê com o braço erguido.

Qual é a melhor frase que você já ouviu em uma mesa de bar?É por conta da casa.

Com quem você dividiria a mesa de bar e com quem não dividiria?Com qualquer pessoa que não tenha frescura, que entenda que o que importa é a companhia e não o lugar. Não dividira com enochatos, cervechatos, gastrochatos, etc.

A próxima pergunta é no estilo da Playboy: contem-nos como foi a sua primeira vez... em um boteco.Caótica. Quando você se deu conta da importância de um boteco?U m a d a s e x p e r i ê n c i a s m a i s interessantes que eu tive com boteco foi na época do colégio, quando eu, Adelino, e alguns amigos saímos da escola no meio do turno para beber martelinhos e comer pão cacetinho, para daí sim tomar

coragem de chegar em umas gurias, que na verdade já estavam se “vazando” pra nós. Coisa de guri mesmo.

Qual música não pode deixar de tocar num botequim?“Eu bebo sim, e vou vivendo. Tem gente que não bebe e está morrendo, eu bebo sim”.

E a Isidoro Pilsen, pode ser considerada uma banda com uma boa graduação alcoólica?Somos todos g raduados nessa faculdade.

O que você achou do Pé na Bunda?Bela inciativa. É a guerrilha contra a gourmetização. Bora lá.

Você gostaria de fazer uma pergunta para o nosso próximo entrevistado, que, por sinal, ainda não sabemos quem será?Pede pra ele escolher entre: Baixa – mas baixa mesmo – gastronomia com cerveja de alta qualidade ou alta gastronomia de graça rodeada por enochatos?

Começou com uma sacanagem entre colegas de serviço, no horário do almoço. Na primeira semana de trabalho, o publicitário Adelino Bilhalva, 31 anos, foi esquecido pelos colegas e teve que se aventurar sozinho pelas ruas do centro da capital atrás de um restaurante para fazer sua refeição. Acabou passando por uma experiência não muito agradável. “A comida era mal preparada mesmo, meio fria, peixe com gosto de amônia, essas coisas”, revela. A situação acabou dando origem ao Guia de Sobrevivência Gastronômica de Porto Alegre, produzido em parceria com o colega de trabalho e redator publicitário Marcelo Pereira, 23 anos. Em vídeos artesanais, como são as boas cachaças, os dois revelam o que há de melhor no quesito comida honesta e barata para os paladares mais destemidos. Responsável pela edição e concepção gráfica do projeto que possui mais de 65 mil visualizações na internet, Bilhalva é formado em Design Gráfico e atua profissionalmente como diretor de criação. O gourmet da faible cuisine trabalha há 14 anos no mercado de Propaganda, além de fazer bicos como músico, fotógrafo e videomaker amador. O pedido de entrevista foi feito pelo Facebook e a resposta chegou logo em seguida acompanhada da seguinte mensagem: “Hahaha, genial a ideia. Parabéns. Manda aí (as perguntas) que a gente responde com prazer”.

PÉ NA BUNDA: cativando leitores, comedores e bebedores!

Para o expert em comida de rua Adelino, um boteco de qualidade deve ter garçons com uma boa visão periférica

Atenção proprietário do Chevette cor prata, placa MMJ 3005, favor retirar o veículo da saída da garagem

para que possamos dar continuidade a nossa publicação. Obrigado!

PÉ NA BUNDAUma prestação de serviço:

Filé de frango à moda Roberto Carlos

CONHAQUE – Muitos não tiveram a oportunidade de conhecer, mas os botecos do Bonfim foram o desbunde de uma geração de por to-alegrenses nos anos 60, 70 e 80. Mais precisamente aquela região em torno do parque da Redenção. A via sacra formada p e l a O s v a l d o A r a n h a , Sarmento Leite, João Telles, Barros Cassal e adjacências reuniu intelectuais, estudantes, m a r g i n a i s , c i n e a s t a s , jornalistas, artistas e até gente que só queria tomar um traguinho. O bairro foi (continua sendo?) o reduto da boêmia na capital com o Escaler, Lola, Bar do João, Alaska, Mariu´s e muitos outros. As ruas de hoje não imprimem as cores do que foi o bairro naqueles verdes anos, mas parte de sua história foi recuperada no livro A Esquina

Maldita (Ed. Libretos), de Paulo César Teixeira. Vale a pena a degustação!

CERVEJA – O gaúcho faz parte de um povo que gosta de polarizar. Não, não estou falando da tradicional marca de cerveja d a q u i d o s pampas. Se o índio velho é gremista, tem obrigação de s e c a r o colorado. Se gosta de uma costela gorda, não pode degustar uma salada com quinoa. E ainda tem que optar entre chimango ou maragato, Nei ou Ramil, Redenção cercada ou sem cerca. Não adianta, nosso histórico de enfrentamentos vê no outro o adversário a ser

combatido, o oponente a ser vencido com a argumentação que não abre espaço para posições divergentes. Mesmo quando estamos unidos, a divisão existe: somos nós contra o resto do mundo.

Poucos são os que c o n s e g u e m

transitar entre o s d o i s extremos. No futebol, os exemplos se d e s t a c a m

c o m m a i s f a c i l i d a d e :

Mauro Galvão e Tesourinha. Bom,

isso tudo é para dizer que nos botecos as escolhas seguem o mesmo caminho: cerveja com colarinho ou sem, uísque com gelo ou cowboy. Porém, neste t i p o d e a m b i e n t e , a s amenidades f ac i l i t am o

convívio. Há argumentos e discussões, mas, no final, não há vencidos e nem convencidos: os dois viventes saem trôpegos pelo boteco a fora.

BOLINHO DE BATATA – Continuo em minha busca incansável , e até agora infrutífera, pelo santo graal: o bolinho de batata que me fará subir aos céus em estado de g r a ç a , a l c a n ç a n d o gloriosamente o Éden e fazendo as minhas papilas gustativas atingirem o nirvana.

C A F E Z I N H O – M e transformo quando em pé, no balcão. / Me transmuto quando na mesa ao lado dos amigos. / Me transfiguro q u a n d o c o m p a r t i l h o e c o n f r a t e r n i z o . / M e transpareço, aos tropeços, no caminho para casa.

Augusto Dunbar sabe que em poço que tem piranha, macaco bebe água de canudinho.

AUGUSTO DUNBAR

A ordem é polarizar

Mantenhao seu boteco

limpo!

COLHER DE PAU

Pé na Bunda | Número 26 | Março e abril de 20144

“A humanidade está três doses de uísque atrasada.”

Humphrey Bogart

PÉ NA BUNDA: o efeito colateral da sua ressaca!

ARGEUBAR & RESTAURANTEARGEU

3488.34743488.3474Rua Nestor de Moura Jardim, 143 - Gravataí

Ingredientes:500g de peito de frango1 lata de aspargos8 fatias de presunto2 colheres (sopa) de azeite de oliva

1 copo de vinho branco seco1/2 xícara de águaSalPimenta

Modo de Preparo:A n t e s d e c o m e ç a r, certifique-se de que não existe nenhum utensílio da cor marrom na cozinha.

Se tiver, desfaça-se dele imediatamente. Em seguida, abra a gaveta, feche a gaveta, abra a gaveta, feche a gaveta, abra a gaveta e pegue uma faca. Corte o frango em filés

milimetricamente iguais e tempere com sal e pimenta a gosto. Lave as mãos logo em seguida. Coloque uma fatia de presunto em cada filé e dois p e d a ç o s d e a s p a r g o . Impor tante : pr imeiro o presunto, depois os aspargos, nunca o contrário. Lave as mãos com sabonete líquido. Enrole o filé e prenda com um palito. Conte quantos palitos sobraram na caixinha. Lave as mãos novamente, dessa vez com sabão de coco. Refogue o filé no azeite, mexendo cinco vezes para a direita e sete para a

esquerda. Coloque o vinho e um pouco de água. Lave as mãos com detergente líquido. Leve o filé até o fogão caminhando sempre pela direita e com cuidado para não pisar nos ladrilhos de cor preta. Cozinhe em fogo brando até evaporar todo o líquido. Em seguida, leve até a mesa saindo pela mesma porta por onde você entrou.

Rendimento: 12 ou 14 porções, mas nunca 13.

Jornal é o meio de comunicação que apresenta maior tradição como mídia.

Cenas do próximo capítulo...Pela primeira vez na América Latina, Roberto Shinyashiki, Jack Welch e Max Gehringer reúnem-se em uma mesa redonda única para debater sobre a narcolepsia durante o coito!

PÉ NA BUNDA

ANUNCIE(51) 9955-8090

Receita prática e gostosa para

animar o almoço de domingo com a

família!