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Roberto C. P. Junior PEDRAS de VERDADE Tomo 1

Pedras de Verdade 1

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Artigos relevantes sobre os acontecimentos hodiernos, sociais e espirituais.

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Roberto C. P. Junior

PEDRAS de VERDADE Tomo 1

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INTRODUÇÃO

Estes artigos colocam o leitor frente à frente com a realidade, tal como ela

é. Numa linguagem clara, objetiva, por vezes contundente e incisiva, os

textos mostram o mundo sombrio que o ser humano criou para si, com seu

afastamento voluntário da Luz. Desvendam, sem meias palavras, tudo o

que ele perdeu com isso. Mas também indicam o caminho das pedras que

permitirá à alma perscrutadora sair do caos atual, um caminho que só pode

ser percorrido por ela mesma, com suas próprias pernas.

O ser humano tem de acordar de seu milenar sono de chumbo e tomar o

caminho da ascensão espiritual. Agora! Se continuar a sonhar

tranqüilamente, no aconchego de sua indolência espiritual, acabará

dormindo para sempre, por toda a eternidade.

A criatura humana tem de se decidir, de uma vez por todas, a manejar

corretamente o tear da Criação, regido pelas inflexíveis Leis do Universo.

Está nas mãos dela própria tecer para si um belo e colorido tapete do

destino. Essa tarefa está nas mãos de cada um unicamente. Ninguém poderá

fazer isso por outrem.

Roberto C. P. Junior

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Índice

Introdução

I – Ainda o Deep Blue

II – A AIDS e os buracos na camada de ozonio

III – Democracia: Uma morte anunciada I

IV – Democracia: Uma morte anunciada II

V – O descalabro económico

VI – Touradas: Crime de Estado

VII – Os limites da Ciência I

VIII – Os limites da Ciência II

IX – Quem somos

X – Para onde vamos

XI – Qual o propósito da vida

XII – O recado do El niño

XIII – Por trás dos transplantes I

XIV – Por trás dos transplantes II

XV – Depressão e outros males da alma

XVI – A antiga origem da nova era

XVII – Drogas: De quem é a culpa?

XVIII – Considerações sobre a dor

XIX – Questões sobre a Mensagem proibida

XX – Leis Universais I

XXI – Leis Universais II

XXII – Leis Universais III

XXIII – A ultima Guerra

XXIV – Uma história de Papas

Epílogo

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I

AINDA O DEEP BLUE

Agora, que os ânimos estão mais

serenados e que a poeira do terremoto

enxadrístico mundial já baixou um

pouco, permitindo portanto uma visão

mais clara e isenta, vamos procurar

analisar o significado da derrota do

enxadrista Kasparov para o computador

da IBM, o “Deep Blue”.

O próprio Kasparov encarava o match como um confronto entre a

humanidade e o computador, algo como uma queda de braço entre a

criatura e o criador. Tanto assim, que ficou até indignado quando deparou

com uma bandeira russa do seu lado do tabuleiro e uma dos Estados

Unidos do lado oposto.

A maior parte dos simpatizantes, aficcionados e analistas do xadrez

também vislumbrou o embate sob esse prisma maniqueísta, de onde não

poderia haver dúvidas sobre quem sairia vencedor. Por isso, a realidade da

derrota foi especialmente dolorosa para muitos deles. Por toda a parte,

pasmo e perplexidade: “A máquina venceu o ser humano!” “O computador

vai dominar o mundo!” “A humanidade foi derrotada!”

Se um computador venceu o melhor enxadrista do mundo, então podemos

afirmar com segurança que a máquina pode, de fato, jogar xadrez melhor

que o mais experiente ser humano. Mais ainda, que a máquina pode ter

mais inteligência que o ser humano, pelo menos mais inteligência para

jogar xadrez. Dessa constatação advém o inconformismo e a indignação de

tantos. Isso, porém, demonstra duas coisas:

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Que a habilidade para jogar xadrez é fruto exclusivo do

desenvolvimento do raciocínio, da capacidade intelectual, e que essa

capacidade está restrita ao âmbito da matéria tão-somente.

Justamente por estar ligada exclusivamente à matéria, é possível

transferir uma capacidade intelectiva de análise a um objeto material

aperfeiçoado, uma máquina especialmente direcionada para este fim.

Uma “inteligência fria”, capaz de analisar incansavelmente 200

milhões de possibilidades por segundo, demonstrou ser mais eficaz

que uma inteligência pessoal, treinada durante décadas para essa

habilidade específica de jogar xadrez, e que naturalmente

julgávamos ser superior a um amontoado (bem arranjado) de

circuitos de silício.

Que a perplexidade reinante ante a vitória da máquina demonstra

como a humanidade, de uma maneira geral, escravizou-se

indissoluvelmente ao intelecto, considerando-o como seu bem mais

precioso. Pois se assim não fosse, os comentários seriam bem outros.

Ninguém daria tanta importância à derrota para uma máquina numa

prova que só requeria habilidade intelectual.

O computador venceu numa prova que exigia apenas raciocínio, nada a

requisitar do espírito, daquilo que faz de um ser humano realmente um ser

humano. O Deep Blue não tem capacidade de intuir o certo e o errado. Não

tem livre-arbítrio. É incapaz de amar. Não traz dentro de si o impulso

irrefreável de saber quem ele é, o que faz na Terra e quem o criou… É um

objeto morto, que na observação bem-humorada de um repórter, não foi

sequer capaz de comemorar a sua vitória.

Mas os seres humanos, que há muito soterraram seu espírito vivo, bem

como a sua voz — a intuição, sob os desmandos de um intelecto cada vez

mais tirano, acreditam realmente que a humanidade foi derrotada pela

máquina.

E, no entanto, quem derrotou a humanidade intelectualizada de hoje foi ela

própria, e isso num processo que vem já de milênios, quando passou a

considerar o seu raciocínio, um mero instrumento de utilização terrena do

espírito, como o seu bem mais valioso e importante. Mais valioso até que o

próprio espírito.

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Pode-se dizer que a maior parte da humanidade cometeu um longo suicídio

espiritual, rebaixando-se paulatinamente, por vontade própria, até atingir

este estágio atual que pouco a diferencia dos animais, só percebendo à sua

volta o meramente terrenal.

O Deep Blue demonstrou à maior parte dos seres humanos hodiernos,

escravos de seu intelecto, o triste e insignificante papel que atualmente

desempenham no conjunto da obra da Criação. Seres repletos de arrogância

intelectual, e todavia tão pobres de espírito, capazes de ficarem abalados

com uma derrota numa prova que não exigia nada além de técnica, a qual

nunca teve nem jamais trará vida em si.

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II

A AIDS E OS BURACOS NO OZONIO

Tudo quanto é vivo na natureza

tem um múltiplo valor de

utilidade. De bactérias a baleias,

de arbustos a sequóias, tudo têm

a sua função no mundo. A

necessidade de ser útil no

conjunto da natureza é condição

indispensável para uma espécie

poder continuar a fazer parte

dela.

Enquanto uma determinada espécie seguir esse curso natural de

desenvolvimento, aperfeiçoando continuamente a contribuição que dá à

natureza como um todo, ela tem assegurada a sua permanência no mundo,

protegida pela própria natureza.

Contudo, se por qualquer motivo ela se afastar desse caminho natural,

tornando-se nociva ao invés de útil, ela será simplesmente eliminada, por

efeito autônomo de leis também naturais. Uma espécie mutante perniciosa

é automaticamente excluída, para resguardo e proteção das espécies

restantes. Um processo automático de autoconservação global.

Na Terra existe uma espécie que após centenas de milhares de anos provou

ser incapaz de se adaptar às leis naturais vigentes. O Homo sapiens preferiu

seguir outras leis, criadas por ele mesmo, na tentativa de dominar a

natureza e reinar inconteste sobre ela para sempre.

Para atingir esse seu objetivo ele poluiu o ar, sujou rios e mares, envenenou

o solo, maltratou e matou outros seres que, como ele, tinham o mesmo

direito de viver e se desenvolver no planeta. Criou para si um habitat

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artificial, onde passaram a vigorar outras leis, desconhecidas da natureza

até então: egoísmo, imoralidade, perversões, cobiça, inveja, ódio...

O tão decantado progresso, que a maior parte da humanidade contrapõe

orgulhosamente a essas críticas, não fez dela uma peça útil na engrenagem

da natureza. Um único ser humano que respeita e ama a natureza, que

procura conservar puros seus pensamentos e sua vontade, é muito mais útil

na criação do que toda uma legião de cientistas e suas teorias materialistas.

Uma única ação eficaz em defesa da natureza maravilhosa tem muito mais

valor do que uma dúzia de expedições motorizadas a Marte.

A maior parte da humanidade preferiu tomar um caminho antinatural

durante o período concedido para o seu desenvolvimento. Ela se

desenvolveu sim, mas numa direção contrária à preconizada por aquelas

leis naturais e, com isso, acabou assinando sua própria sentença de morte.

E assinou-a conscientemente, com um sorriso de superioridade, desafiando

abertamente a mãe natureza, desprezando todos os auxílios vindos de cima,

escarnecendo das inúmeras advertências e exortações dirigidas a ela, para

que retomasse ainda em tempo o caminho natural levianamente

abandonado.

Chegamos agora finalmente ao ponto em que a sentença está sendo

executada. Aparentemente de modo lento, no ritmo próprio da natureza,

porém inabalável. Do ponto de vista da natureza a humanidade hodierna

nada mais é do que um parasita, que proliferou desmesuradamente no

organismo até então sadio da criação, disseminando focos de doença por

toda a parte. Por isso, a maior parte dela precisa ser eliminada. Um membro

gangrenado sempre precisa ser extirpado, para evitar que todo o corpo

pereça conjuntamente.

O ser humano é, de fato, somente um membro, aliás bem pequeno, no

conjunto da natureza. É uma criatura como qualquer outra, apenas com a

diferença marcante de ser a única que trabalha incansavelmente já há

séculos pela sua própria completa destruição. Por ser uma criatura, ele está

sujeito incondicionalmente às leis naturais, que nunca permitem que algo

insano permaneça conspurcando indefinidamente a natureza.

Já há algum tempo está em curso sobre a Terra esse processo natural de

limpeza. Uma das formas como isso se dá são os próprios revides da

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natureza, através de catástrofes naturais, que crescem continuamente em

todo o mundo tanto em quantidade como em intensidade.

Uma segunda forma é o aumento do número e virulência de agentes

patogênicos em todo o mundo. Moléstias antigas ressurgem com uma

ferocidade jamais vista, enquanto que novas doenças, cada vez mais

terríveis, eclodem todos os anos. Nos últimos 25 anos surgiram 32 novos

vírus letais em vários pontos do globo...

Uma terceira forma, também efeito automático de leis naturais, consiste em

retirar a proteção que o parasita dispunha contra seus inimigos naturais. Em

âmbito global essa proteção é dada pela camada de ozônio, que protege o

planeta contra a potencialmente mortal radiação ultravioleta do Sol. Em

âmbito mais restrito, a proteção consiste no próprio sistema de defesa do

organismo humano.

A AIDS e os buracos na camada de ozônio sobre a Antártida e o Ártico são

efeitos em escalas diferentes de um mesmo processo natural de depuração.

Em ambas as situações o ser humano vê esvair-se paulatinamente as

defesas que possuía contra seus inimigos naturais. Num caso a radiação, no

outro, as doenças oportunistas.

As tentativas levadas a efeito até agora para solucionar esses problemas

também não tiveram êxito, porque a causa verdadeira permaneceu

intocada. De nada adiantam tratados para redução da produção de CFC

(mesmo porque jamais são cumpridos) nem coquetéis terapêuticos,

enquanto o modo de vida dos seres humanos estiver em oposição ao

estabelecido pela natureza para as suas criaturas.

A parte da humanidade que ainda permanece em expectativa ante esses

acontecimentos terá de aprender, pela forma mais dolorosa, que não pode

se contrapor a determinadas leis naturais sem sofrer graves danos. E quanto

mais cedo chegar a esse reconhecimento, tanto melhor para ela.

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III

DEMOCRACIA: UMA MORTE ANUNCIADA

Parte 1

Nos dias de hoje, para uma

nação ser reconhecida como

civilizada, precisa

necessariamente embutir a

palavra “democracia” na

denominação do regime de

governo ou no próprio nome do

país.

É por essa razão que a primeira

medida tomada por Laurent

Kabila, o obstinado guerrilheiro

recentemente empossado

governante do ex-Zaire, foi

rebatizar o nome do país para

República “Democrática” do Congo. Assim, mais uma nação veio se juntar

ao rol de várias outras já convertidas, como: Argélia, Coréia do Norte,

Laos, Somália, Sri Lanka...

Que esses países, nem de longe, respeitem o princípio básico da liberdade,

não faz diferença aos seus governantes nem à comunidade internacional.

Ao se rotularem de democráticos, eles galgam o primeiro degrau

indispensável para atingir o patamar de nações confiáveis, podendo exercer

a partir daí algumas prerrogativas exclusivas: comércio em condições mais

favoráveis, assistência econômica e militar, bênçãos elogiosas dos Estados

Unidos — investido como guardião da democracia — e sua corte européia.

Essa situação grotesca põe à mostra, com suficiente nitidez, o verdadeiro

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pilar sobre o qual se assenta o regime democrático em todo o planeta: a

hipocrisia.

A democracia está fundamentada na hipocrisia. Tudo o que se relaciona

com esse regime político, em última instância, desemboca em algum

argumento hipócrita.

Nada mais é do que hipocrisia quando se diz que o povo é sábio. Não é. A

maior parte, portanto a parcela que elege os dirigentes, se comporta como

um indolente rebanho bovino, tocado para lá e para cá pelos capatazes

políticos através de promessas que nunca se cumprirão.

Somente hipocrisia reside nas expressões comuns à prática democrática:

“barganha política”, “base parlamentar de apoio”, “compatibilização de

interesses”... Todos eufemismos para corrupção pura e simples.

Não passa de hipocrisia quando se diz que o poder é exercido em nome do

povo. Os congressos e os parlamentos eleitos com essa função nos países

democráticos são tumores nacionais, os quais, insuficientemente tratados a

cada eleição, voltam a crescer, para disseminar com empenho redobrado a

metástase da corrupção. Como se pode acreditar que será longa a sobrevida

de um organismo assim debilitado?

De fato, o único alento que se extrai de todo esse quadro deprimente é o

saber de que a democracia vai se extinguir infalivelmente. Não se trata de

uma afirmativa leviana nem tampouco de uma profecia sem fundamento,

mas tão somente da antevisão de um processo inevitável, natural e

automático de depuração.

Tudo quanto é errado, nocivo ou inútil não pode se manter

indefinidamente. Aquilo que não se adapta a certas leis básicas, ou leis

naturais, não pode perdurar, quer se trate da natureza como tal, do próprio

ser humano que dela faz parte e de tudo quanto ele inseriu no mundo, sejam

modos de vida, doutrinas econômicas, sistemas religiosos e filosóficos, ou

regimes políticos.

O mesmo processo ou lei que atuando automaticamente varreu do planeta

em determinada hora o sistema comunista, por ser errado e insano, que fez

cair por terra (e continua a fazê-lo) todos os regimes do espectro político

baseados na força e na opressão, este mesmo processo desintegrará também

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o corrupto sistema democrático, quando o tempo para isso tiver chegado.

Melhor dizendo, limpará a Terra desse sistema.

A classe política remanescente terá necessariamente de redirecionar seus

objetivos e procedimentos, ajustando-os a princípios bem diferentes dos

atuais, pois caso contrário não será remanescente.

O regime político do futuro se aproximará mais dos exercidos por

determinados povos antigos, não por acaso relegados à curiosidade

histórica ou completamente esquecidos pelo Homo politicus moderno, essa

estranha criatura, que em sua decadência mal pressentida se intitula auto-

suficiente, mas que em seus atos se mostra apenas como auto-iludida.

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IV

DEMOCRACIA: UMA MORTE ANUNCIADA

Parte 2

As profundas falhas e contradições

existentes na democracia são inerentes a

esse sistema político, fazem parte

intrínseca de sua constituição. Não

irromperam apenas agora, nas últimas

décadas, como pode parecer à primeira

vista. O que presentemente observamos

é a exacerbação desses erros,

aperfeiçoados ao máximo pelos seus

praticantes contemporâneos, que não têm medido esforços para transformar

os países democráticos em ilhas de hipocrisia, cercadas por todos os lados

pelo oceano de lama da corrupção.

Quando o ideal democrático começou a ganhar corpo na Grécia, por volta

de 508 a.C., observou-se um fenômeno curioso: quanto mais agraciado era

um político com o dom da oratória, tanto mais seguramente acendia ele na

conceituação do povo e tanto mais rapidamente se destacava na

"Assembléia dos Cidadãos", o equivalente da época ao congresso de hoje.

Se o que era dito tinha ou não valor, era irrelevante, o que importava era

falar bem. Só assim foi possível aos verborrágicos democratas daquele

tempo, já suficientemente corrompidos, condenar à morte o sábio Sócrates,

apoiados apenas em argumentos incoerentes de um palavreado oco. Estava

inaugurado o primeiro crime de vulto acobertado pelo onipresente escudo

democrático.

Fazendo referência àquela época, um historiador (*) afirmou textualmente:

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"Parecia não existir em Atenas um partido no qual um homem que não

quisesse abrir mão de princípios éticos pudesse se integrar." Familiar não?

Mas não apenas isso. Era quase impossível decidir alguma coisa na

Assembléia dos Cidadãos, pois os integrantes freqüentemente deixavam de

comparecer ao plenário... Ausentavam-se para poder cuidar de seus

assuntos particulares...

A democracia é uma das excrescências produzidas pela contínua e

irrefreável decadência humana, que vem já de milênios. O fato de sua

origem ser tão antiga, demonstra apenas que já naquela época a maior parte

da humanidade vivia de forma contrária a determinadas leis que regem o

mundo, ou leis naturais.

Tudo quanto é edificado em contraposição a essas leis naturais não tem

possibilidades de se manter. Dura um certo tempo e se desintegra, por

efeito automático dessas mesmas leis. Para quem as conhece não é tão

difícil assim fazer previsões, que têm de se cumprir infalivelmente, mais

cedo ou mais tarde.

Em épocas passadas, quando a humanidade ainda vivia integrada a essas

leis, os regimes de governo também eram diferentes. Na Caldéia, em Sabá

e mesmo mais recentemente no Império Inca vigorava a verdadeira arte de

governar. Poder-se-ia chamar esses regimes de autocracias, porém com

diferenças fundamentais em relação ao conceito que se tem hoje dessa

forma de governo.

Em primeiro lugar, a autocracia daqueles tempos não era o “regime do

mais forte”, e sim o “regime do mais sábio”. E mais sábio era aquele que

melhor compreendia as leis da vida e que mais desenvolvido se encontrava

espiritualmente. Os dirigentes eram pessoas que já nasciam predestinadas a

governar. Traziam em si um sentido incorruptível da verdadeira justiça e,

com sua visão mais ampla que a dos demais, estavam aptos a reconhecer de

que forma deveriam conduzir o povo, para que este alcançasse seu máximo

desenvolvimento espiritual e terreno. Uma maneira de governar que o ser

humano de hoje sequer consegue imaginar, preferindo taxá-la de fantasia…

Aliás, a reação que sentimos de imediato a essas palavras é bem natural,

pois estamos por demais convencidos da capacidade humana em resolver

os problemas criados pela própria humanidade. Só mesmo quando todo o

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errado se auto-exaurir, num completo e indisfarçável malogro, é que a

humildade será redescoberta. E somente com a humildade como archote é

que poderá ser encontrado o caminho de volta para o modo correto de vida

em todos os sentidos.

Aos que preferem taxar de utópica a forma de governo indicada, digo que

têm absoluta razão. É realmente uma utopia para a época presente. No solo

ressecado da política atual jamais poderia florescer algo de belo e útil.

Antes esse solo terá de ser completamente limpo das ervas daninhas e do

sarçal venenoso, plantados e tratados cuidadosamente pela legião de maus

jardineiros da política, tão orgulhosos desse seu trabalho.

Os povos mencionados acima reconheciam com gratidão a sabedoria dos

seus governantes e, por isso, seguiam à risca, confiantemente, as diretrizes

de governo. Integravam-se naturalmente em castas sociais; não umas sobre

as outras, mas umas ao lado das outras. Não havia evidentemente nenhum

tipo de opressão, mas todas as castas, da mais alta à mais baixa, eram

consideradas de igual importância, pois o bem do país e do povo

dependiam do trabalho conjunto e harmonioso de todas elas, segundo as

capacitações de cada um. As castas se formavam de acordo com a

maturidade espiritual das pessoas. A mais elevada era a formada pelos

sábios.

Poderíamos fazer uma analogia desse tipo de governo com um navio que

singra o oceano. A segurança e a tranqüilidade da viagem dependem da

atuação sincronizada de todos os membros da tripulação. O capitão do

navio tem a missão de levá-lo em segurança a um bom destino, pois é ele

quem melhor está capacitado para isso e de seu posto de observação tem a

mais ampla visão dos acontecimentos. Compete a ele também dar as

diretrizes corretas no caso da aproximação de tempestades perigosas, que

possam por em risco o destino final da viagem. O pessoal que trabalha no

convés, na casa de máquinas e na manutenção da embarcação não têm a

visão do comandante, mas confiam nele integralmente e trabalham

diligentemente para que os motores funcionem bem e o leme mantenha-se

firme. Da mesma forma, sem o seu importante trabalho, a viagem também

não chegaria a bom termo.

O navio é a nação; a viagem é a vida terrena, que deve estar voltada para a

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ascensão espiritual e o progresso terreno; as tempestades são todos os

perigos que ameaçam o curso da viagem, como o surgimento de modos de

vida falsos, doutrinas religiosas e filosóficas impregnadas de mentiras,

comodismo, falta de vigilância espiritual e terrena, etc.; o capitão é o sábio

dirigente que, destacando-se espiritualmente dos demais, indica com

energia e justiça o rumo a seguir; os outros membros da tripulação, que têm

variadas funções a bordo, constituem as castas que se formam

automaticamente de acordo com as capacitações e o desenvolvimento

interior de cada um.

Não há atualmente sobre a Terra nenhum resquício de regime de governo

que sequer se aproxime da forma como era exercido naqueles tempos. Na

realidade, nenhum povo hoje merece ser governado assim, mas, ao

contrário, apenas por essa classe desqualificada de políticos profissionais,

que não visam nada além de seus próprios interesses.

Mas também isso é um efeito retroativo da própria atuação dos povos,

muito mais interessados em direitos do que em deveres. É literalmente

certo quando se diz que cada povo tem o governo que merece, o que, no

entanto, não é apenas decorrência dos resultados das eleições. A verdadeira

causa é muito mais profunda, pois colhemos na época presente os frutos

venenosos que semeamos em outros tempos.

(*) Platão - Vida e Obra. Comentário do consultor José Américo Motta

Pessanha.

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V

O DESCALABRO ECONÓMICO

"O desconhecimento de uma lei não é uma justificativa válida para se

descumpri-la."

Este é um princípio básico da ciência do direito, porém impossível de ser

observado para as leis existentes, tal o seu número e complexidade. Uma

pessoa que quisesse, realmente, conhecer toda a gama de leis a que está

sujeita no decurso de sua vida, teria de gastá-la inteiramente no estudo

aprofundado das inúmeras legislações em vigor. E é bastante provável que

não atingisse o seu objetivo.

Mas o princípio permanece válido para certas leis da natureza, a que o ser

humano igualmente está sujeito durante a sua passagem pela Terra, já que

ele é também uma espécie dentro dela, como tantas outras. O princípio é

válido porque contrariamente às dos homens, essas leis naturais são muito

simples e claras. Ninguém pode desobedecê-las sob a alegação de

ignorância, pois basta um mínimo esforço de observação para se

reconhecê-las.

Uma dessas leis básicas é a que dispõe sobre o equilíbrio. Observamos

nitidamente seus efeitos nos locais onde a influência humana ainda não

chegou. Um ecossistema ainda não corrompido pela ação humana

desagregadora sempre estará em equilíbrio. Jamais apresentará, por

exemplo, uma disparidade acentuada entre o número de espécies que o

compõem. Nunca se observará um dos integrantes tentar destruir o

ecossistema, visando angariar vantagens imediatas para si. Não haverá lá,

tampouco, alguma espécie desprovida do necessário para sua

sobrevivência, tendo de experimentar "penúrias materiais". Os seres que

pertencem ao ecossistema dão de alguma forma algo para o todo,

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recebendo em contrapartida o necessário para sua subsistência. Equilíbrio

contínuo entre o dar e o receber.

Mesmo as espécies do reino vegetal obedecem automaticamente essa lei do

equilíbrio. Plantas e árvores recebem da natureza os nutrientes do solo e

dão à ela flores e frutos. Utilizam o gás carbônico da atmosfera e devolvem

oxigênio.

Já a espécie humana se comporta de maneira diferente. Justamente ela, que

com sua organização social deveria constituir um exemplo vivo de

obediência incondicional à lei do equilíbrio, desprezou-a acintosamente, na

mais leviana autopresunção.

Devido à sua constituição espiritual, essa espécie ocupa uma função

especial dentro da natureza. Sua missão consiste em elevá-la e enobrecê-la,

aperfeiçoando na matéria o modo de cumprimento das leis vigentes. Assim

estava previsto.

No entanto, essa expectativa não se confirmou. Todas as outras espécies

continuaram obedecendo a seu modo, instintivamente, as leis naturais. Mas

o ser humano, o elevado ente espiritual que deveria zelar pela natureza, não

deu nenhuma importância a essas leis básicas. Leis que vigoravam antes do

seu aparecimento na Terra. Colocou-se presunçosamente acima delas,

como se não lhe dissessem respeito. Em sua inconcebível arrogância

arvorou-se senhor da criação, enquanto nem cumpria seus deveres de

simples integrante dentro dela.

Por isso agora ele assiste, entre incrédulo e perplexo, o desmoronar

inevitável de toda a sua obra falsa, erigida descuidadamente sobre um solo

pouco firme.

Toda a obra humana foi erguida, por ignorância e teimosia, sobre um solo

arenoso, impróprio para se edificar qualquer empreendimento. O ser

humano não observou, principalmente, a fundamental lei do equilíbrio, que

se constitui a base, o solo firme que suporta toda a edificação. De nada

adianta se uma construção é muito bem planejada, se são utilizados os

materiais mais resistentes, se para tanto empregam-se os melhores

engenheiros e arquitetos. Erigida sobre a areia, ela terá de ruir cedo ou

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tarde.

E a ciência econômica é uma das muitas obras engendradas pelo intelecto

humano completamente dissociadas desse princípio básico do equilíbrio.

Assistimos hoje na maioria dos países a um esforço frenético, quase

desesperado, dos mais conceituados especialistas procurando controlar os

múltiplos indicadores econômicos. Com admirável empenho

(reconheçamos) eles tentam fazer funcionar mais ou menos bem a

absurdamente complexa e instável máquina econômica que inventaram,

efetuando ajustes freqüentes nos vários instrumentos de controlo à

disposição. Com precários resultados porém.

Os números que traduzem o imenso descalabro em que está mergulhada a

economia mundial neste fim de século parecem irreais de tão gigantescos, e

mesmo assim continuam a crescer, como se tivessem vida própria. Por toda

a parte aumenta a disparidade entre produção e consumo, entre trabalho e

remuneração, entre dívidas contraídas e benefícios gerados. Macro e

microeconomia se fundem num megacaos assustador, onde o desequilíbrio

dá a tônica em todos os setores. (*)

E em meio a toda essa balbúrdia sobressaem os ilustres economistas, que

digladiando não muito cavalheirescamente entre si, procuram cada qual

impor sua revolucionária e exclusiva solução salvadora.

Diariamente vemos desfilar na imprensa os mais contraditórios e

contundentes esclarecimentos sobre as causas e efeitos de desvalorização

cambial, controle inflacionário, déficit público, crise bancária,

inadimplência, capital especulativo, flutuação de juros, ações

sobrevalorizadas, desemprego crescente, concentração de renda, etc, etc.

Toda essa confusão poderia ser evitada se, desde a base, fosse observado

simplesmente o necessário equilíbrio entre o dar e o receber.

Na verdade, as pessoas já vivem numa permuta contínua de valores, sem

contudo dar a devida importância a isso. O seu maior erro aí – imperdoável

– foi justamente negligenciar o indispensável equilíbrio neste processo

natural de troca.

Com o seu trabalho elas dão algo ao mundo em que vivem, à Terra, e por

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isso recebem dela o necessário para a sua vida terrena. Em primeira linha

alimento, vestuário e moradia. Em seqüência natural outros bens

complementares, sempre segundo sua própria contribuição. O dinheiro

nada mais é do que um instrumento, um meio para facilitar o fluxo entre o

dar e o receber no nosso mundo civilizado. Fluxo este que todos os

implicados têm o dever de manter em absoluta eqüidade, cuidando para que

os pratos da balança permaneçam rigorosamente nivelados.

Assim o quadro geral de uma atuação coletiva harmônica. Simples demais?

Sim, como tudo aliás que possui real valor, que, portanto, ainda não foi

infectado pelas diretrizes intrincadas do limitado intelecto humano.

Sucede porém que como em muitas outras coisas o ser humano resolveu

"aperfeiçoar" também a lei natural do equilíbrio. Na sua estreiteza de

compreensão, fruto de sua irrefreável e também já indisfarçável decadência

espiritual, ele imaginou poder levar uma vida mais bela e feliz se abaixasse

um dos pratos da balança em seu favor. Ele quis receber cada vez mais,

dando cada vez menos. E com o passar dos séculos esse desequilíbrio

cresceu e cresceu, até chegar ao ponto em que nos encontramos hoje, onde

o dinheiro passou a ser um fim em si mesmo, ao invés de um mero

instrumento terrenal para efetivação do dar e receber.

A partir daí, o que restava de dignidade e respeito ao próximo dessa

criatura cega de cobiça extinguiu-se de vez. Passou a querer levar

vantagem em tudo para angariar mais dinheiro, pouco importando se para

tanto tivesse de infligir danos ao seu semelhante.

Para obter mais dinheiro empregados enganam seus patrões, patrões

exploram seus empregados, estelionatários estudam novos golpes,

especuladores lançam boatos nas bolsas, fábricas se juntam em cartéis,

bancos se transformam em casas de agiotagem, políticos vendem seus

votos, madeireiras arrasam florestas, nações brigam entre si por interesses

comerciais. E todos contraem dívidas que não podem saldar. Engana-se,

rouba-se, mata-se, destrói-se e guerreia-se por dinheiro.

A gananciosa humanidade torceu o mais que pôde o preceito dado a ela de

conservar o equilíbrio em tudo, abaixou ao máximo o prato da balança a

seu favor, na ilusão de conquistar com isso a felicidade terrena.

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O que ela não imaginava, porém, é que ao contrário das leis humanas, as da

natureza não podem ser desobedecidas impunemente. A humanidade

conseguiu, sim, fazer descer o prato da balança durante um certo tempo,

mas agora ele retorna violentamente à sua posição original, atirando para

longe tudo o que estava acumulado em seu interior.

No que tange à economia, isso se evidencia como uma tragédia de

proporções apocalípticas, sem paralelo na história humana.

Centenas de milhões de pessoas vivem hoje na mais absoluta miséria, sem

qualquer perspectiva de melhoria de suas condições materiais. Os que têm

um emprego e ainda ganham o suficiente para viver condignamente

formam uma única e extensa legião de descontentes, firmemente

convencidos de que a vida lhes foi injusta ao denegar-lhes a riqueza

material. Ao invés de enobrecer o mundo com valores espirituais e

terrenos, eles só fazem crescer a má vontade, a inveja e a desconfiança. Já

os que possuem muitos recursos, em sua maior parte os direcionam quase

que exclusivamente para deleite próprio, sem a menor preocupação de

soerguer e conservar o bem comum.

A cada ano, a cada mês, a cada dia vemos avolumar-se o descalabro

econômico mundial, gerando angústia, desesperança e… insegurança. O

pedestal do ídolo dinheiro, erguido por tantas mãos prestimosas até uma

altura que obscurece totalmente qualquer vislumbre de vida espiritual, está

se desfazendo aos pedaços sobre uma humanidade amedrontada e

estarrecida.

A instabilidade econômica mundial traz convulsão social, crise de

governabilidade, medo e, sobretudo, insegurança generalizada.

Esses os frutos que temos de colher agora, pela não observância de uma lei

simples e todavia tão essencial, que sozinha poderia garantir total harmonia

de vida neste nosso conturbado planeta.

(*) Alguns poucos exemplos isolados:

Cerca de 60% da população mundial vive com uma renda de até dois

dólares por dia; 1,3 bilhão de pessoas sobrevivem com até um dólar

por dia.

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A dívida pública americana cresceu 4.145 vezes do início do século

até 1995. No final daquele ano cada bebê americano veio ao mundo

devendo 18.930 dólares (dívida pública per capita).

Em fins de 1996 a Organização Internacional do Trabalho estimava

haver um bilhão de pessoas desempregadas ou subempregadas em

todo o mundo.

O volume de recursos disponíveis na ciranda financeira mundial é

várias vezes superior ao que se poderia adquirir com eles. Giram

hoje no mercado de ações e de derivativos cerca de 67 trilhões de

dólares. Todo o ouro existente no mundo não soma 6 trilhões de

dólares.

A renda conjunta de 358 multimilionários é superior aos rendimentos

somados de 2,3 bilhões de pessoas (45% da população mundial).

Nos últimos quinze anos 1,6 bilhão de pessoas viram sua renda

diminuir.

Desde 1980 noventa países sofreram declínio econômico.

Há atualmente 131 países às voltas com crises profundas em seus

sistemas bancários.

Categorias profissionais que são verdadeiros sustentáculos à

integridade de uma nação, como as dos professores, médicos e

pesquisadores são parcamente remuneradas e mal reconhecidas,

enquanto que boxeadores, pilotos de corrida, jogadores de basquete

ganham milhões de dólares para contribuir com nada para coisa

alguma e são elevados à categoria de heróis.

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VI

TOURADAS: CRIME DE ESTADO

Carta aberta enviada em castelhano

para vários jornais e revistas da

Espanha.

Sou brasileiro e recentemente assisti,

através de um canal de TV a cabo, o

desenrolar de uma legítima tourada

espanhola.

A idéia que eu tinha desse tipo de evento era a de um circo, montado em

condições bastante desfavoráveis ao touro, com o objetivo e destacar a

coragem do homem frente ao animal.

Mas eu estava errado. A tourada é mais do que um circo. É um espetáculo

medieval de horrores, onde se enaltece a covardia e brutalidade humanas,

para satisfazer os instintos sanguinários de uma espécie de gente torpe,

embrutecida e degenerada, que se tem na conta de civilizada.

O primeiro choque veio com a expressão estampada nos rostos dos

espectadores, pouco antes do início da "luta". Felizes, rindo à toa, como se

o que estavam prestes a ver fosse um filme ou uma peça de teatro. Podia-se

apostar que não se comportariam de forma diferente se lhes fosse dado

apreciar cristãos sendo devorados por leões. Ririam e aplaudiriam com o

mesmo entusiasmo, estremeceriam sob o mesmo êxtase macabro,

usufruiriam o mesmo prazer mórbido em contemplar o sofrimento alheio.

O segundo choque foi múltiplo. Veio na forma de sobressaltos a cada

banderilla que era cravada no dorso do animal. Eu simplesmente não podia

acreditar no que estava presenciando. Enquanto o "matador", com sua

reluzente fantasia, fazia rodopios de despiste sob olés encorajadores, o

destemido banderillero vinha por detrás e fincava seus arpões no touro.

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Vivas e palmas contagiantes a cada vez que isso acontecia…

A emissora de TV ainda nos poupou do último choque: a morte cruel do

animal. Ouvia-se apenas a voz do narrador informando como este, exausto

e ferido, era sacrificado pelo toureiro num gesto de triunfo.

A câmera focalizou então mais detidamente as arquibancadas. Todos os

espectadores, de pé, ovacionavam freneticamente o herói do dia. Uma vez

mais fora demonstrada, de forma cabal e inquestionável, a superioridade do

bicho homem.

Essas, em largos traços, as cenas do crime monstruoso que me foi dado

testemunhar a milhares de quilômetros de distância.

E quando acessei alguns sites espanhóis sobre touradas, para me convencer

da veracidade daquele pesadelo, deparei com fotos cujo horror mal pude

assimilar. Vi touros torturados, massacrados, alguns correndo com os

chifres pegando fogo, tentando inutilmente escapar dos seus algozes.

Ah, Espanha! Como é doloroso teu legado a este mundo! Os nomes Cortés

e Pizarro ainda causam arrepios na América Latina. Cada nova geração de

europeus ainda estremece ao saber das atrocidades da Inquisição. E os

povos olham agora novamente horrorizados para ti, fomentadora da

crueldade contra os animais!

Certamente muitos outros crimes contra os animais são praticados em todo

o mundo, mas não com o beneplácito do Estado e o incentivo da população.

Tu, Espanha, és uma triste exceção.

Roberto C. P. Junior

Resposta do ativista espanhol "Minotauro", que luta contra as touradas em

seu país.

Te puedo decir que tu carta ha calado hondo en mi corazón, te aseguro que

me cuesta imaginar una visión más sincera del primer acercamiento al

mundo de los toros.

Incluso nosotros, que luchamos contra esa barbarie nos cuesta imaginar el

horror que debe sentir una persona sensible ante semejante

monstruosidad.

Tu carta me hace confirmarme en mis convicciones y redoblar mis

esfuerzos para acabar con los toros.

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Lo terrible del caso es que tú viste sólo parte de "espectáculo", por

desgracia hay más que el espectador no avisado no percibe, comprenderas

cómo toda persona sensible huye de esta atrocidad.

Pero en España la presión es terrible, hace 15 días en Bilbao, los

manifestantes fuimos tratados como criminales, en Mayo en Madrid quien

expresó su disconformidad con la "fiesta" fué agredido por quien la

defendía.

Aun así, tenemos el convencimiento que tenemos razón y que por ello

conseguiremos nuestro objetivo.

Además ellos son ya una minoría, con poder, eso sí, pero una minoría,

aunque quieran hacer creer al mundo lo contrario.

Cuento con tu permiso para incluir tu carta en la sección "colaboraciones"

de mi WEB. Y me tomola libertad de tenerte informado de todo lo que

ocurra en este tema.

MUY AGRADECIDO

MINOTAURO

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VII

OS LIMITES DA CIÊNCIA

Parte 1

Quando uma pessoa comum se depara com o pronunciamento de um

cientista sobre um assunto qualquer, sua reação é invariavelmente uma

mescla de interesse sincero, profundo respeito e humildade auto-imposta.

Ela se recolhe silenciosamente num canto, esforçando-se o mais possível

em compreender o pensamento do cientista. Quer beber, por pouco que

seja, daquela fonte de sabedoria que julga sobre-humana.

Este conceito – da superioridade da ciência e de seus discípulos frente aos

demais mortais – está tão arraigado em nossa sociedade, que ninguém das

castas inferiores ousa questioná-lo. Seria isso quase uma heresia, uma

tentativa subversiva de romper a ordem natural das coisas.

O escudo separador entre humanidade e ciência, moldado por esta última

com a arrogância e presunção que lhe são peculiares, cuida de rechaçar

com admirável eficiência qualquer pensamento contrário à estrutura de

valores estabelecida: cientistas no cume da pirâmide; demais segmentos

da sociedade estratificados em seqüência descendente até a base, sempre

alojados segundo seus dotes intelectuais.

Ao longo do tempo essa pirâmide abstrata de valores demonstrou ser

muito mais sólida, muito mais avessa à mobilidade de seus integrantes, do

que as pirâmides sociais dos vários povos. Atravessou séculos firme e

inabalável, impassível ante a ascensão e queda de impérios, indiferente a

governos e regimes políticos. Essa estabilidade fantástica deve ser

creditada indistintamente a todos os integrantes da pirâmide de valores,

que jamais se permitiram imaginar que sua estruturação pudesse ser

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diferente.

Assim é que já desde muito a ciência impinge à humanidade muitas idéias

absurdas e errôneas, sem encontrar a menor resistência vinda de baixo. A

cada proclamação de um dogma científico, segue junto uma mordaça

compulsória coletiva, na forma de uma linguagem obscura e ininteligível,

totalmente inacessível aos não eleitos.

Somente os membros da cúpula científica detêm as prerrogativas e os

meios para discutir os novos dogmas, benevolentemente outorgados ao

resto do mundo. Em conclaves internacionais eles exibem então suas

descobertas recheadas de neologismos polissilábicos, condição

indispensável para serem notados e reconhecidos pelos demais membros

da irmandade.

Num ponto, porém, cientistas e simples criaturas se igualam. Todos estão

firmemente convencidos de que a ciência é capaz de fornecer respostas

aos grandes questionamentos humanos. Uma grande parte acha até que

isso já aconteceu...

Poucas pessoas apenas percebem quão limitado é, na realidade, o campo

de atuação da ciência. E como tem de parecer pueril, ridícula até, a

pretensão desta em querer desvendar a seu modo os últimos segredos do

universo.

O dogma da infalibilidade científica só pôde obter assim tão ampla e

irrestrita aceitação, porque a humanidade como um todo deu muito mais

valor ao raciocínio do que ao seu próprio espírito.

Prova disso é que a simples menção da palavra espírito já causa um certo

mal-estar em quase todas as pessoas. Basta que ouçam ou leiam esta

palavra para o raciocínio entrar imediatamente em ação, procurando fazê-

las acreditar que provavelmente estão frente a algo "não muito sério".

O mesmo efeito se observa com qualquer outro conceito que o intelecto

não pode assimilar. Assuntos legitimamente espirituais não desencadeiam

mais em nossa época sentimentos de alegria e interesse, mas sim de

descaso e rejeição, provocados pelo próprio raciocínio, na sua costumeira

função de manter-se a todo custo no trono usurpado. Quando muito ele, o

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raciocínio, colabora no incremento da fantasia, fornecendo à indolente

humanidade os sucedâneos para os assuntos espirituais que ela

negligenciou: ocultismo, misticismo, magia, crença cega. E assim o

espírito permanece dormindo placidamente, sem se fazer notar, sem

ameaçar o tirânico reinado cerebrino.

Este o retrato do ser humano hodierno: o ente de espírito que se

envergonha de sua origem espiritual, o escravo do seu próprio raciocínio,

a lânguida criatura, que desprovida de qualquer vivacidade de espírito,

aceita apaticamente as mais grotescas mentiras religiosas e as mais tolas

fantasias místico-ocultistas.

Se quando provou da árvore do conhecimento, a humanidade tivesse ao

mesmo tempo regado o jardim de suas aptidões espirituais, teríamos hoje

um paraíso na Terra.

Como, porém, isso não aconteceu, temos de sobreviver num mundo

dilacerado pelo ódio, conspurcado pela cobiça, envenenado pela inveja e

afundado na miséria. É o mundo que o intelecto tem a oferecer, quando

dissociado do espírito, que, unicamente, é capaz de fazer do ser humano

um ser... humano.

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VIII

OS LIMITES DA CIÊNCIA

Parte 2

A fé irrestrita da humanidade em relação às suas habilidades cerebrais já

vem de muito longe. Milênios. E os sucessivos êxitos materiais

exteriores só serviram para solidificar ainda mais essa idéia.

O que presentemente observamos é apenas a coroação deste processo,

onde o intelecto se firma como o único apoio confiável. A "divindade"

onipresente e onisciente, a quem a ciência se consagrou por inteiro, e

que julgou ser seu dever impingir à humanidade. E a quem todos oram

também, cada vez que lançam mão de maquinações intelectivas para

atingir míseros e efêmeros objetivos terrrenais.

Quando os antigos gregos começaram a desvendar paulatinamente as leis

da mecânica celeste, há muito o desenvolvimento espiritual havia sido

posto de lado. Já naquela época isso era tido como algo sem importância,

desnecessário, até mesmo estorvante para o "progresso" humano.

Sem concorrente à altura, o raciocínio foi se fortalecendo cada vez mais,

desimpedidamente, na mesma velocidade aliás em que os dotes

espirituais humanos iam se atrofiando. Cada anúncio de uma nova

descoberta científica era mais um bloco utilizado na construção daquela

pirâmide intelectual de valores, que naquele tempo já ostentava

considerável altura.

Fazendo referência aos gregos daquela época e suas descobertas, o

conceituado cientista brasileiro Marcelo Gleiser declarou textualmente o

seguinte em sua obra A Dança do Universo: "Seu amor pela razão e sua

fé no uso do raciocínio como instrumento principal na busca do

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conhecimento formam o arcabouço fundamental do estudo científico da

Natureza. Não devemos nunca fugir dessa busca, intimidados pela nossa

ignorância."

É este o ponto, precisamente.

A base sobre a qual a ciência se apóia é o intelecto, o raciocínio humano.

E nem poderia ser diferente. Se ela se propõe a analisar e classificar

fenômenos físicos, terrenalmente perceptíveis, tem de se valer mui

naturalmente do raciocínio, que é um produto do cérebro, órgão

pertencente ao corpo material do ser humano.

Utilizando o raciocínio como instrumento, a ciência é capaz, sim, de

grandes feitos, os quais no entanto terão de permanecer sempre

circunscritos ao âmbito da matéria. Os resultados obtidos até agora pelos

vários ramos da ciência são exemplos claros desse sucesso material

inquestionável.

O grande erro aí surge quando, incentivados por esses êxitos visíveis, os

cientistas se julgam igualmente aptos a perscrutar, com o seu intelecto

atado à matéria, coisas que se acham fora do âmbito material. Eles

imaginam poder encontrar dessa forma respostas às questões

fundamentais do ser humano: Qual a origem do universo? Como surgiu a

vida? Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?

E em todos os degraus da pirâmide de valores habita essa mesma crença,

de uma capacidade ilimitada da ciência terrena. Cheias de esperança,

com mal disfarçado orgulho, todas as classes erguem os olhos para os

seus idolatrados cientistas, a nata da espécie humana que habita lá no

topo, na expectativa de obter respostas também para essas questões tão

cruciais. Mesmo cientes de que serão incapazes de compreendê-las, por

não dominarem o hermético idioma científico, elas aguardam

ansiosamente pelas respostas, a fim de apaziguar seus próprios anseios

íntimos.

Uma espera sem esperanças...

Nunca será possível ao intelecto humano, que pertence

incondicionalmente à matéria, desvendar enigmas cujas soluções

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encontram-se em outros planos da criação. Para tanto é necessário

mobilidade do espírito, algo que os cientistas de hoje - com raríssimas e

honrosíssimas exceções - não possuem mais. Eles, que em sua maior

parte sequer admitem a existência do espírito, e muito menos ainda de

um Criador, insistem em pesquisar assuntos de caráter espiritual com seu

restrito raciocínio preso à Terra. Querem desvendar os segredos da

criação com balanças, tubos de ensaio e microscópios eletrônicos. Uma

situação que seria até cômica, se não fosse tão triste.

E apesar da lógica cristalina que reside nessa impossibilidade natural, de

apreender fenômenos espirituais com meios materiais, a ciência nunca

poderá reconhecer essa sua limitação. Não exatamente por vaidade, mas

por absoluta incapacidade.

Justamente por acreditarem que o raciocínio é a chave para tudo, que

pode resolver tudo, os cientistas se privam da capacidade de vislumbrar

o que se encontra além dos limites traçados para o saber intelectual. Para

eles é de todo impossível estender a visão além desse ponto. Eles nem

mesmo podem considerar a hipótese de que exista algo que o raciocínio

não seja capaz de destrinchar. Não possuem mais, na realidade, a

capacidade para tal discernimento.

Os discípulos da ciência imaginam estar no ápice do saber humano, e se

deixam embalar, satisfeitos, nos acordes dessa ilusão. E, na verdade,

para eles é assim mesmo. Encontram-se de fato no topo do

conhecimento intelectual, que, no entanto, constitui um degrau muito

inferior, extremamente baixo em relação ao saber que poderiam ter da

imensa obra da criação, caso tivessem feito uso das capacitações de seus

espíritos.

Se a humanidade não tivesse abandonado tão levianamente seu

desenvolvimento espiritual, tudo se apresentaria agora numa forma

totalmente diferente. Ciência seria hoje sinônimo de verdadeiro saber, e

todas as grandes questões humanas estariam há muito solucionadas.

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IX

QUEM SOMOS?

Quem somos? De onde viemos? As tentativas de

responder essas perguntas podem ser condensadas

em duas correntes básicas, empenhadas já há

décadas em se antagonizar e se excluir

mutuamente: a criacionista e a evolucionista.

Os adeptos da primeira se valem de uma

interpretação rígida de escrituras religiosas,

enquanto que os da segunda se apóiam numa

visão materialista de fenômenos exteriores.

Fundamentalistas de um lado, cientistas do outro.

No nosso século essas duas correntes já mediram forças várias vezes, num

fluxo e refluxo de batalhas ganhas e perdidas de ambos os lados, com

traições e deserções, conquistas e capitulações, tudo, enfim, que caracteriza

uma guerra. "Santa" no entender de um grupo, "justa" na concepção do

outro.

Nem bem os criacionistas tinham acabado de comemorar o

desmoronamento da insustentável teoria da geração espontânea, e as idéias

de Darwin já começavam a ganhar o mundo. O que se seguiu daí foi uma

sucessão extenuante de debates acalorados, provas e contra-provas e até

processos judiciais. O capítulo mais recente findou com uma ovelha

clonada exibida como troféu por doutores, e uma foto panorâmica de Marte

- vazio e sem o menor sinal de vida - desfraldada orgulhosamente por

pregadores.

Mas qual das concepções básicas estaria correta? O primeiro homem teria

sido criado a partir do barro, e a primeira mulher nascida de sua costela?

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Ou o casal primevo da humanidade teria surgido de uma dissidência símea?

Barro ou macaco? Se num caso temos de admitir a desagradável

constatação de que a humanidade inteira se originou de relações

incestuosas entre os descendentes da primeira família, no segundo caso

temos de considerar que, apesar de justo, nenhum de nós se disporia a

pendurar o retrato de um gorila ou chimpanzé na galeria de nossos

ancestrais. Também não se observa nos dias de hoje quaisquer resquícios

genéticos que pudessem comprovar as gêneses fundamentalista ou

científica. O homem não nasce com uma costela a menos do que a mulher,

nem se nota nos múltiplos povos da Terra qualquer predileção especial por

bananas.

Todavia, existe algo fundamental que é comum a essas duas teorias,

aparentemente tão díspares entre si. Ambas são produtos exclusivos do

intelecto humano. Foram moldadas pelo raciocínio. Nenhuma delas é o

resultado de uma busca espiritual.

Pois num caso é apenas trabalho do raciocínio a interpretação ao pé da

letra, literal, de metáforas de cunho espiritual. Ele, o raciocínio, não tem a

capacidade de suplantar o meramente terrenal em suas análises, já que ele

próprio é um produto do cérebro material. Por isso, comprime tudo com

que se depara em concepções por demais limitadas, torcidas, circunscritas

irremediavelmente ao âmbito do espaço e do tempo terrenos.

Dessa torção padecem todos os ensinamentos espirituais transmitidos à

humanidade no decorrer do tempo. Nada se conservou puro. Nada foi

compreendido em seu sentido mais profundo. Parábolas e orações, salmos e

profecias, tudo foi retido, tolhido, desfigurado e comprimido em conceitos

muito restritos. O que sobrou após a passagem desse rolo compressor do

crivo intelectivo nem de longe lembra os preceitos originais.

Apenas para ilustrar a que ponto chegou hoje a influência cerebrina em

assuntos religiosos: Um teólogo brasileiro esclareceu recentemente que "de

acordo com a teoria da evolução do universo, agora sabemos que não

somos um corpo que abriga um espírito". (sic) Parece tratar-se de um caso

de apostasia (ou de conversão, dependendo da ideologia de quem vê), de

um desertor que se bandeou para o lado do inimigo.

Aliás, no lado do inimigo a situação é ainda pior, pois lá a veneração do

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ídolo raciocínio é condição prévia para um aspirante poder receber a

patente de cientista. E é justamente um dos expoentes da tropa científica

(prêmio Nobel por sinal) que nos assegura que "a vida surgiu por acaso,

quando num determinado momento alguns elementos químicos se

combinaram e passaram a fazer cópias de si mesmos". (sic)

De acordo com essa idéia, os bilhões de seres humanos na Terra, as

incontáveis espécies animais e vegetais, vírus e dinossauros, bactérias e

baleias, todas as formas de vida que povoam o planeta ou que já passaram

por ele, incluindo o polêmico casal primordial de macacos, são o resultado

da fortuita combinação de alguns elementos químicos - vindos não se sabe

de onde - ocorrida há três bilhões de anos, que, por um acaso, sem mais

nem menos, resolveram fazer cópias de si mesmos e deu no que deu. Em

outros planetas, como Marte por exemplo, esses elementos químicos não

quiseram se reproduzir, e é por isso que não vemos hoje nenhum cientista

marciano tentando explicar como a vida surgiu...

Uma explicação dessas para a origem da vida, tão pueril e inconsistente,

capaz de arrancar uma justificada gargalhada de um camponês analfabeto, é

o máximo que a ciência tem a oferecer como resultado do trabalho do

raciocínio. Isso deveria constituir a prova, para pessoas ainda despertas, de

que o intelecto é completamente incapaz de fornecer respostas aos

questionamentos anímicos e espirituais do ser humano. A ciência é útil para

explicar e catalogar fenômenos exclusivamente materiais, tendo de

malograr fragorosamente quando se atreve a querer explicar coisas que

estão acima dos estreitos limites terrenos.

Nossa origem não remonta a um ser criado a partir do barro, simplesmente

porque somos seres espirituais, provenientes do plano espiritual da criação.

É para lá, portanto, que deve ser dirigida a busca. Porém não com o cismar

do raciocínio preso à Terra, e sim com os atributos do próprio espírito. Por

outro lado, o que se desenvolveu de um animal simiesco não foi o ser

humano, que é um ente espiritual, mas apenas o seu corpo terreno, que

nada mais é do que um invólucro, uma vestimenta que lhe permite viver e

atuar aqui na Terra.

Essas simples indicações podem ser enriquecidas sobremaneira com

esclarecimentos mais detalhados. Mas, para tanto, é preciso antes de mais

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nada libertar o espírito e a mente respectivamente dos dogmas religiosos e

científicos. Enquanto o ser humano insistir em se manietar voluntariamente

com essas duas algemas, ele continuará se excluindo automaticamente de

reconhecimentos mais elevados.

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X

PARA ONDE VAMOS?

Na opinião da maior parte dos cientistas, para lugar nenhum. Nascemos,

vivemos e morremos. E é tudo.

Mas, se restringirmos a abrangência dessa questão, se a comprimirmos

nos limites do âmbito material visível, verificaremos que a história é bem

outra.

Pergunte-se aos discípulos da ciência: "Para onde vai a humanidade com

seu progresso material?" e um mundo de fantásticas possibilidades se

abrirá imediatamente. Com surpreendente paciência, insuspeitada didática

e indisfarçável orgulho, eles discorrerão então prazerosamente sobre as

maravilhas que nos aguardam. Vejamos, pois, o que vaticinam os profetas

científicos:

Para começar, muitos pregam simplesmente que a ciência vencerá a

morte. E por incrível que pareça, o rebanho dos que se convertem a esse

evangelho da eternidade material cresce sem parar. Alguns dos fiéis,

especialmente agraciados, já foram inclusive ungidos com a

criogenização, um processo de congelamento de cadáveres a uma

temperatura de 196 graus negativos. Junto com seus corpos, esses eleitos

conservam num freezer a sagrada esperança de um dia serem

ressuscitados pela ciência numa espécie de forno de microondas...

A segunda maior preocupação dos futurólogos da ciência, logo após terem

se desincumbido desse assunto da imortalidade da alma, está voltada para

o Sol. Sim, porque atualmente se estima que ele continuará a brilhar

normalmente no máximo por 1,1 bilhão de anos.(*) Depois inchará

descomunalmente, engolindo os planetas mais próximos, dentre os quais a

Terra. Nesse ponto, evidentemente, toda a vida se extinguirá, aí incluídos

os até então felizes e imortais seres humanos terrenos.

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As providências para se contornar esse contratempo já estão sendo

aventadas há anos. Segurem-se:

Já em 1960 imaginava-se que a humanidade do futuro poderia construir

abrigos subterrâneos salubres e climatizados, no caso de o Sol não chegar

a derreter a Terra, ou então que seria possível transportar toda a população

do globo para um planeta onde o calor fosse menos intenso. O escolhido

foi Netuno.

Atualmente essas idéias já foram consideravelmente aperfeiçoadas.

Reafirmando sua crença no poder da tecnologia para salvar a humanidade,

um famoso cosmólogo explicou que os seres humanos do futuro vão se

mudar para um outro Universo, ou então libertar-se de seus corpos para

sobreviver sob a forma de pensamentos... Um outro cientista visualiza a

construção de fábricas em Marte para produção de metano e amônia, que

serão então liberados continuamente na atmosfera marciana. Feito isso,

basta introduzir no planeta algumas plantas e bactérias especializadas na

transformação de gases e em pouco tempo teremos oxigênio em

abundância. Pronto! Um novo lar para os imigrantes humanos...

Em nossos dias existe também gente que quer descobrir um meio de levar

a Terra a uma distância mais segura do Sol. Outros acham que devemos

nos mudar para as luas de Júpiter e Saturno. Alguns, mais otimistas ainda

quanto à capacidade de realização humana, prevêem que serão construídas

cidades espaciais ao redor do Sol, as quais irão com o tempo se juntando

umas às outras até envolver toda a estrela numa grande esfera artificial. O

material necessário para a construção seria comodamente obtido

desmantelando-se o planeta Júpiter. Os que acham essa idéia, digamos,

um tanto excêntrica, contentam-se com a montagem não de uma esfera,

mas de apenas um anel artificial em redor do Sol... Por fim, até mesmo a

Terra precisaria ser desmantelada, a fim de fornecer o material necessário

para a construção de novos mundos. Também se prevê habitar asteróides

ocos, enchidos de ar, e a construção de cidades em mini-planetas,

protegidas por cúpulas.

Nas palavras de um cientista respeitado, essas são "as propostas sóbrias

do espectro de especulações acerca do futuro do homem no espaço..."

Existem, de fato, até algumas proposições para se controlar o Sol. Os que

estão no topo desse desvario psiquiátrico estão convencidos de que a

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humanidade vai poder controlar até várias estrelas! O autor de um livro

considerado científico (e portanto sério) sobre o futuro do ser humano

afirma textualmente: "Se há alguma lei fundamental que diz que não

poderemos, nos próximos milhões de anos, ocupar e explorar a nossa

galáxia, com seus cem bilhões de sóis, então até agora essa lei nos é

desconhecida." Que poder ilimitado está, pois, reservado à criatura

humana desse glorioso porvir!...

Ilimitadas mesmo são a arrogância e a presunção humanas, somente

competindo ainda com a fantasia mórbida gerada pelo intelecto torcido.

Excrescências do raciocínio, todas essas coisas, que agem atraindo

incompreensivelmente tantas pessoas realmente boas e sinceras.

E assim vai trotando rumo ao abismo, despreocupadamente, uma

considerável parcela da humanidade, que inadvertidamente fez da ciência

a sua divindade. Oxalá, alguns dentre eles percebam a tempo que as

profecias sobre os falsos profetas não se referiam apenas a dirigentes de

doutrinas religiosas.

(*) A respeito das reais condições da nossa estrela, ver a matéria "O Sol"

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XI

QUAL O PROPÓSITO DA VIDA?

A grande questão! Talvez a única ainda capaz de fazer as pessoas

refletirem um pouco, desde que, é claro, encontrem algum tempo para

isso.

Qual é, pois, o propósito dessa vida?

"É gozá-la, aproveitá-la o máximo possível!" gritarão em coro os

membros do alegre clube dos hedonistas, constituídos não apenas dos

materialistas convictos (sócios fundadores), mas também dos adeptos

cada vez mais fervorosos - e numerosos - da cada vez mais ecumênica – e

próspera – teologia da prosperidade.

"Ora, que visão mais simplista e sem fundamento!" contrapõem,

indignados, os representantes das hostes científicas, que formam o grupo

mais intransigente. "A missão da espécie humana é, unicamente,

alavancar o progresso, desenvolver o raciocínio e desvendar todos os

segredos do Universo!"

"Pobres cegos! Por que não quereis ver? Estais na Terra para libertardes

vossas almas!" recitarão em uníssono, como um mantra, os porta-vozes

das inúmeras tendências místico-ocultistas e os dirigentes das não menos

numerosas doutrinas que exigem crença cega. Os integrantes desse

vastíssimo grupo, que de todos é o que melhor personifica a vaidade e a

presunção, divergem entre si apenas no método para se obter a

iluminação: enquanto uma parte quer encontrá-la pelo desvendamento do

oculto, a outra consegue isso apenas seguindo à risca as diretrizes

impostas por uma dada religião.

À exceção de algumas poucas diferenças na forma, esses três grupos

básicos acomodam as convicções da maior parte da humanidade em

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relação à essa questão crucial do significado da vida.

Deixemos de lado por ora a superficialidade do primeiro grupo e a

fantasia do terceiro. Vamos verificar o que os integrantes do segundo

grupo têm a dizer.

Os cientistas... Mais uma vez é para eles que se voltam os olhares de uma

parcela expressiva da população, que ainda se movimenta interiormente

em busca de uma resposta clara e que, não obstante, não se deixa

manipular por superstições nem tampouco se algemar a dogmas.

"Progresso! Progresso a todo o custo!" Nesse axioma se resume a severa

exortação de vida que nos dirige a ciência.

Essa resposta até poderia ser considerada certa, se com isso se entendesse

o progresso realmente da humanidade, e não apenas o incremento das suas

condições materiais de vida. Se com o mesmo ardor utilizado no

desenvolvimento da técnica, se buscasse também o aperfeiçoamento do

espírito. Se as pessoas, finalmente, olhassem para si mesmas como seres

espirituais que são, e não como máquinas programadas apenas para

executar funções corpóreas e mentais.

Pois de que vale gastar toda uma existência exclusivamente no acúmulo e

usufruição das comodidades da vida moderna - que com justiça devem ser

creditadas às conquistas da ciência – se nenhuma delas pode livrar a

criatura humana da angústia e do sentimento de vazio que lhe assaltam

nesta época? Gritos abafados do seu espírito enclausurado? Todas as

maravilhas cibernéticas, os grandes feitos espaciais, os mais recentes

milagres da técnica, os antidepressivos de última geração, nada disso

proporciona ao ser humano hodierno sequer a sombra de um vislumbre de

felicidade.

Não que essas coisas não sejam úteis, mas não bastam para o

desenvolvimento de um ser espiritual. Não podem bastar. Quando muito

elas proporcionam um prazer pouco mais intenso que um espirro, muito

longe da verdadeira alegria e infinitamente distante da felicidade.

Felicidade, aliás, é hoje uma palavra cada vez mais difícil de definir.

Como discorrer sobre algo que não existe mais? Com sua propensão

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doentia para o meramente terrenal, com seus antolhos intelectivos, com

sua trágica ilusão de poder e auto-suficiência, a humanidade inteira abriu

mão da felicidade. Pior: lutou incansavelmente para que ela fosse

radicalmente extinta!

E ainda há quem insista teimosamente em reencontrá-la em produtos

científicos... Sísifos modernos, todos estes.

No que depender dela, da idolatrada ciência, a busca da felicidade a que

todos têm direito, conforme preconizado pela ONU em sua Declaração

Universal dos Direitos do Homem, continuará a ser exatamente isso: uma

eterna e desesperançada busca, ou, conforme certamente preferirão os

membros do grupo científico, um moto-contínuo.

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XII

O RECADO DO EL NIÑO

Vamos procurar visualizar o que

está acontecendo. O fenômeno é

descrito basicamente como um

aquecimento anormal de uma

faixa de água do Oceano

Pacífico, suficiente para

desencadear graves distúrbios

climáticos em todo o planeta.

"Faixa", a bem dizer, não é o

termo mais apropriado, pois o

que as fotos de satélite

mostraram foi uma imensa ferida

vermelha de dez mil quilômetros

de extensão por dois mil de

largura, com uma profundidade média estimada de 300 metros. A área

rubra no oceano é superior a duas vezes o território dos Estados Unidos.

Desta vez o "El Niño" (menino) mostrou ao mundo que já ficou adulto. É

o maior de todos os tempos.

Alguns países já começaram a experimentar os seus efeitos nos últimos

meses, e pode-se prever o que ainda nos aguarda relembrando alguns fatos

ocorridos nos anos de 1982 e 1983, período do El Niño mais intenso até

então registrado. Naquela ocasião secas implacáveis castigaram o centro

da África, o sudeste asiático e o nordeste brasileiro; só na Austrália, a

maior estiagem desde a época da colonização provocou 340 mortes; na

Tanzânia a fome chegou a matar uma média de 150 crianças por dia.

Chuvas torrenciais caíram durante meses na América do Sul e sudoeste da

América do Norte; no Peru as precipitações foram 340 vezes superiores às

normais, fazendo a torrente de alguns rios aumentar em mais de mil

vezes; cerca de 900 pessoas morreram no continente americano em

decorrência das inundações e milhares perderam suas moradias. A soma

dos prejuízos em todo o mundo alcançou a cifra de oito bilhões de

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dólares. Foi uma tragédia planetária sem precedentes. Até agora.

O fato de o El Niño ser um fenômeno natural não significa que seja

normal. Ele deve ser visto antes de mais nada como uma gravíssima

exortação da natureza, que é realmente, endereçada de modo muito claro à

espécie dominante do planeta. As catástrofes que desencadeia, longe de

serem meros caprichos climáticos, constituem revides automáticos à ação

humana desagregadora do meio ambiente. É, portanto, exatamente o

inverso do que apregoam os apaziguadores de plantão, sempre lançando

mão do seu bem abastecido estoque de panos quentes, na forma de

argumentações científicas pretensamente incontestáveis.

Num artigo intitulado "A Demonização do El Niño", o Dr. Carlos A.

Nobre, meteorologista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts,

afirmou textualmente: "O melhor é aprender a conviver pacificamente

com ele. Ainda mais quando a ciência permite uma razoável previsão do

fenômeno e de seus efeitos. É o que se espera de uma sociedade que usa

com inteligência o conhecimento científico disponível e que sabe observar

a natureza e conviver com ela."

São posições como essa, falsamente tranquilizadoras, que contribuem para

manter a humanidade dormindo no aconchego da sua já proverbial

indolência. E que também ajudam a nutrir e conservar essa lassidão

coletiva, induzindo as pessoas a aceitar apaticamente (e avidamente)

qualquer lenitivo científico que as desobriguem de pensar por si mesmas.

Algumas poucas e melodiosas cantilenas intelectivas já bastam para

mergulhá-las num sono de chumbo, impedindo-as de despertar, mesmo

com os estrondos de um mundo ruindo à sua volta.

Todavia, cantilenas não são capazes de impedir catástrofes. A milenar

paciência da mãe natureza em relação à sua criança-problema, o Homo

sapiens, expirou. Mãe amorosa ela sempre foi, cumulando a elevada

espécie espiritual de tudo quanto necessitava para usufruir uma existência

saudável e plena de reconhecimentos aqui na Terra. Mas o que ela

recebeu em retribuição pelos seus dedicados cuidados? Destruição de

florestas, matança de animais, poluição do ar e das águas, envenenamento

dos solos... E todos esses "presentes" ainda vieram embalados em ódio,

cobiça, inveja, guerras e perversões. Os castigos que ela teve de aplicar ao

longo dos séculos nesse seu filho degenerado, na forma de catástrofes e

epidemias, não surtiram nenhum efeito. Não foram suficientes para fazê-

lo refletir e retomar o bom caminho. Por fim, ficou claro que ela mesma

acabaria assassinada por esse monstro se o permitisse, o qual já se

arvorava em dono e senhor dela própria, e assim desobrigado de cumprir

as suas leis.

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Não é o ser humano que domina a natureza, e sim o contrário. Agora é

chegado o tempo, finalmente, de ele aprender essa lição, de saber que é

apenas uma criatura a mais dentro da natureza, coisa que qualquer outra

espécie da criação já sabe de cor a milênios, vivendo

correspondentemente de acordo.

A chaga vermelha cíclica no oceano é um testemunho dos ferimentos

contínuos que a humanidade vem impondo à natureza já há muito tempo.

Mas é também um sinal, para quem quiser ver, que a última fase de

limpeza da Terra encontra-se em plena efetivação.

Em futuro próximo todas as espécies - aí incluído também um certo

número de seres humanos - integrarão uma nova natureza, sanada e

revigorada. O membro gangrenado que ainda hoje ameaça destruir o que

resta de sadio no corpo da criação, constituído pela maioria dos seres

humanos terrenos, terá sido definitivamente extirpado.

Saiba mais a respeito das alterações climáticas em curso no planeta

através da matéria "O Clima".

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XIII

Por trás dos transplantes

Parte 1

O Ministro da Propaganda

e Informação do Terceiro

Reich, Joseph Goebbels,

acreditava que se uma

mentira fosse repetida

continuamente ela acabaria

se transformando em

verdade. As cenas de

poucos anos antes da

guerra, com o Führer

indicando energicamente o

rumo a seguir, como um

farol em meio àquele mar de braços estendidos, pareciam dar razão ao

ministro.

Mas o tempo se encarregou de mostrar que a teoria estava errada. Uma

mentira não pode ser transformada em verdade. No máximo pode ela ser

habilmente encoberta com uma capa que lhe dê a aparência de verdadeira,

ou seja, envolta numa segunda mentira. E é este tipo de mentira, travestida

de verdade, que consegue sobreviver por um tempo mais longo, se for

continuamente inculcada nas pessoas como sendo algo certo e útil. Tanto

mais se inculcadores e inculcados não se derem ao trabalho de conhecer

realmente a fundo o que têm em mãos, avaliando o fruto unicamente pela

aparência de sua bela casca.

Hoje parece-nos incompreensível como a maior parte do povo alemão da

década de 30 pôde ser iludida tão facilmente. Será que não percebiam o

potencial de desgraça escondido sob a suástica? Como lhes pôde passar

despercebidos o ódio e o desejo de vingança mal camuflados em

exortações ufanísticas?

O fato é que para os alemães daquela época as exterioridades sedutoras da

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ideologia nazista lhes bastavam. Seus egos inflados de orgulho nacional

não deixavam espaço para qualquer análise mais aprofundada. A própria

indolência coletiva os fundiu numa massa inerte, dócil, facilmente

manobrável em qualquer direção. A maioria acreditava realmente estar

presenciando sua pátria parir mais um gênio da humanidade, depois de já

ter dado ao mundo Goethe, Wagner e tantos outros. Era crença geral que as

dificuldades econômicas e as humilhações do Tratado de Versalhes seriam

em breve coisas do passado. Quem não compartilhava dessas opiniões,

quem, portanto, não se deixava levar pela propaganda institucionalizada do

partido, era tido como ignorante, cego, impatriota, indigno de pertencer à

raça ariana. Em suma, era muito mal visto. Governo, povo e imprensa

cuidavam para que idéias contrárias à ordem estabelecida não fossem

sequer divulgadas.

Naturalmente um engodo dessa magnitude jamais poderia se repetir no

tempo presente. Com a nossa inteligência, perspicácia e bom senso estamos

absolutamente preparados para desmascarar imediatamente qualquer

tentativa nesse sentido. Ainda mais que contamos com a visão retrospectiva

dos erros do passado, o que nos mantém imunizados contra uma recidiva.

Não é assim?

Vamos deixar a Alemanha nacional-socialista e avançar algumas décadas.

O ano é 1967, mês de dezembro. Os olhos do mundo estão voltados para a

África do Sul, atentos à fala do cirurgião Christian Barnard, que acabara de

implantar no peito de um paciente cardíaco o coração de uma pessoa morta.

E o inimaginável acontece: o coração bate! O doador, com a sua morte,

permitiu que uma outra pessoa continuasse a viver mais algum tempo aqui

na Terra!

Na entrevista coletiva o Dr. Barnard vai respondendo pacientemente às

muitas questões dos jornalistas presentes. Até que, à certa altura, um desses

repórteres mais ousados formula uma pergunta desconcertante. É algo

sobre a possibilidade de o médico ter infringido alguma lei natural, ou lei

de Deus, com a sua intervenção cirúrgica.

Dr. Christian Barnard abre um largo sorriso, mas nada responde. Nem

precisava. O desprezo e o escárnio que transparecem da sua feição

sorridente constituem resposta mais do que suficiente. E eficaz. Tão eficaz,

que nunca mais alguém terá coragem de importuná-lo novamente com

impertinências transcendentais desse tipo.

E assim, fundamentados exclusivamente em supostos êxitos exteriores,

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convenientemente enaltecidos por uma propaganda massiva e coercitiva

(nos moldes do ensinamento original de Goebbels), os transplantes de

órgãos rapidamente se disseminam pelo mundo. Novas técnicas são

desenvolvidas, criam-se cursos e formam-se especialistas. Surgem os

inevitáveis volumosos tratados médicos sobre o assunto. Outros órgãos

humanos passam a ser transplantados e a euforia se espalha. Alguém inova

e apresenta o primeiro transplante múltiplo. A mídia mostra

incessantemente alegres (?) transplantados, guarnecidos dos seus

invariáveis sorrisos estáticos, usufruindo uma nova vida, saudável, junto a

seus familiares. Governos abrem campanhas para doação de órgãos,

apoiadas maciçamente pelas populações. Ninguém quer perder a

oportunidade de fazer algo tão simples, nobre e politicamente correto como

doar seus órgãos.

A pressão cresce a tal ponto que esse ato de doar órgãos, tido como

altruísta, passa a ser compulsório em muitos países, inclusive no Brasil. Na

Alemanha da década de 30 os párias da sociedade eram identificados com a

Estrela de David costurada em suas vestes. No Brasil da década de 90 eles

são reconhecidos pela frase "não doador de órgãos e tecidos" carimbada em

suas carteiras de identidade.

A operação pioneira do Dr. Barnard abre espaço para a consolidação da

mentira do século, a de que os transplantes de órgãos são intervenções úteis

e não causam danos a doadores e receptores. As imensas dificuldades de

rejeição e os inúmeros problemas pós-operatórios são apresentados como

detalhes sem importância, desagradáveis estorvos passageiros. Raros são os

que vêem nesses sinais advertências claras da natureza, e praticamente

ninguém se preocupa com possíveis danos anímicos e espirituais

decorrentes dessas práticas. E, no entanto, esses danos existem! E são

gravíssimos, tanto para doadores como para receptores de órgãos!

Goebbels contou com um Ministério da Propaganda para iludir uma nação

durante uma década. Dr. Barnard precisou apenas de uma entrevista

coletiva para enganar o mundo inteiro por trinta anos. Que diferença faz se

ambos sempre estiveram convencidos da nobreza e justeza de suas causas,

corroboradas, a seus olhos, pelo inquestionável apoio popular e voluntária

propaganda governamental em suas respectivas épocas? Crime é sempre

crime, independentemente de sua motivação.

Os transplantes são, sim, crimes contra as leis da natureza, e todos os que

participam desses experimentos macabros têm o seu quinhão de culpa,

sejam médicos, doadores, receptores ou simples apologistas de causas

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alheias.

A suposição de que doar órgãos é um ato nobre e altruísta e de que o

transplante é uma fantástica conquista da ciência, não constitui uma

circunstância atenuante para esse crime, e sim agravante, já que contribui

para que o delito seja aceito socialmente e praticado indefinidamente.

Quem compartilha dessa crença dá mostras de que aceita sem refletir

qualquer novidade que surja à sua frente, bastando que lhe seja apresentada

numa bela forma. É o cunho da incapacidade ou preguiça de pensar por si

mesmo, e de analisar tais assuntos com a seriedade que eles requerem.

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XIV

POR TRÁS DOS TRANSPLANTES

Parte 2

Vamos procurar desvendar o

que se esconde atrás das

pretensas "verdades"

divulgadas sobre os

transplantes de órgãos, tão

ávida e insensatamente aceitas

pela maior parte das pessoas:

1. Alegação: Doar órgãos

é um ato de nobreza e

altruísmo.

Fatos: Seria mais

acertado dizer que quem

doa seus órgãos pretende

ficar livre de ser tachado

de torpe e egoísta. Também outras motivações, nem um pouco

nobres, dão ensejo a isso, como o receio de não seguir com a maioria

e a crença acalentada de que essa boa ação será creditada no céu.

Uma pessoa capaz de ponderar seriamente sobre o assunto e,

sobretudo, que ainda ouve a voz da sua intuição, jamais doará os

órgãos do seu corpo terreno sob qualquer pretexto.

2. Alegação: A retirada de órgãos para transplantes é absolutamente

indolor, já que ocorre somente depois de constatada a morte

cerebral.

Fatos: Infelizmente até hoje nenhum doador pôde confirmar essa

suposição. O conceito de morte foi convenientemente alterado para

permitir a prática dos transplantes. Antigamente uma pessoa era

declarada morta quando cessava a perfusão de sangue. Hoje, com a

inovação da morte cerebral morre-se bem antes disso, com todos os

órgãos vitais funcionando, inclusive o coração. Para serem

aproveitados em transplantes, pulmões, rins, fígado, pâncreas e o

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próprio coração precisam ser retirados enquanto este último ainda

estiver batendo. Mas acontece que enquanto a alma permanecer

ligada ao corpo físico, o que geralmente perdura por alguns dias após

a morte terrena, o doador sentirá do modo mais doloroso todo o

processo de retirada dos seus órgãos. É absolutamente irrelevante se

na Terra ele acreditava ou não numa vida após a morte; sua crença

ou ceticismo não o livra de experimentar esse horror, totalmente

impotente, logo após a chamada "morte cerebral".

3. Alegação: Atualmente o processo se rejeição é totalmente

controlado.

Fatos: A rejeição natural do organismo à implantação de órgãos

alheios pode ser contida com drogas, mas não eliminada. Não há

"cura" para a rejeição. O transplantado nunca mais poderá deixar de

tomar essas drogas, que na verdade inibem a capacidade do seu

corpo de reagir a uma agressão externa. Justamente por ser um

processo natural, a rejeição deveria ter servido de alerta contra a

prática dos transplantes. Mas não. Seria esperar demais da ciência

médica. Com seus antolhos intelectivos, divisando sempre o

meramente terrenal diante de si, os pesquisadores preferiram

desenvolver drogas imunodepressoras cada vez mais potentes, a fim

de esticar artificialmente ao máximo a vida de suas cobaias humanas.

4. Alegação: A doação de órgãos é um ato de amor abnegado. Por

isso, não é lícito uma pessoa vender um órgão para fins de

transplante, nem tampouco se ver privada dele sem seu

conhecimento ou autorização.

Fatos: Não é o que pensam algumas sumidades que se esmeram em

aperfeiçoar continuamente a mentira do século, muito menos o que

ocorre em várias partes do mundo: Num artigo publicado no Journal

of Medical Ethics (ironia), um professor inglês tranqüiliza a

emergente classe de comerciantes nefrológicos: "Não existem

argumentos morais conclusivos contra o pagamento pela doação de

rins." O gerente de uma instituição francesa especializada nessa

atividade tem a consciência tranqüila: "É um processo gratificante,

porque se consegue tornar felizes duas pessoas." Um professor de

Bioética - uma cadeira nova no ensino da medicina (inútil, sem

dúvida) - está convencido de que a humanidade está passando por

uma evolução de mercado: "No tempo da escravidão o homem era

vendido inteiro; hoje, rins são comprados e vendidos com facilidade

na Índia e em outros países." De fato, na Europa já existem agências

de turismo que vendem por US$ 20 mil um pacote completo,

incluindo passagem, internação, compra do rim e cirurgia de

transplante. Em 1989, a revista The Lancet informava pela primeira

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vez que rins eram retirados de prisioneiros condenados à morte em

Cantão, China. O rim é certamente a mercadoria mais procurada,

mas já é possível encomendar no mercado internacional qualquer

parte do corpo humano: córneas, fígados, pulmões, etc. Num artigo

publicado na revista Philosophy, um cientista propôs a criação de

uma "loteria da sobrevivência", em que cada pessoa receberia um

número para participar de um sorteio compulsório. A escolhida seria

morta e seus órgãos distribuídos para os membros do grupo que

necessitassem de um ou mais transplantes; desse modo se poderia

salvar várias vidas sacrificando-se uma só... A última novidade veio

do Dr. James Watson, que do alto da sua autoridade de Prêmio Nobel

de Medicina, ameaçou: "Quando pudermos produzir um andróide

com órgãos humanos perfeitos e sem cérebro, para nos fornecer

órgãos para transplantes, vamos fazê-lo e pronto!"

5. Alegação: Se você não doar seus órgãos eles serão comidos pelos

vermes da terra após a morte; por isso, dê a eles uma destinação

mais nobre.

Fatos: Com sua crônica ignorância em relação à vida espiritual e

incurável propensão em aceitar qualquer coisa sem refletir,

discernindo em tudo apenas efeitos exteriores, o ser humano é

facilmente persuadido a acreditar em qualquer falácia. Tudo quanto

ultrapassa seu estreito campo de visão material ele declara

simplesmente como inexistente e se dá por satisfeito. Ou, então, na

sua incorrigível indolência, aceita apaticamente algumas suposições

religiosas sobre o além e vai dormir tranqüilo o sono dos justos. O

corpo humano não é uma máquina, cujas partes podem ser

substituídas por peças originais de reposição assim que apresenta

algum defeito. O corpo é o instrumento que possibilita a atuação do

espírito na matéria. Ele é emprestado exclusivamente para um

determinado espírito, durante a sua peregrinação na matéria, finda a

qual deve ser devolvido à terra. Durante o tempo de utilização ele

deve ser muito bem cuidado e conservado, sem o que o espírito não

poderá atuar como deve. Se uma de suas partes apresenta um

problema, é sinal de que não foi bem cuidada, ou então que o

respectivo espírito trouxe consigo um lastro cármico que teve de se

efetivar no corpo terreno, gerando doenças. Em ambos os casos, o

responsável pela falha de algum órgão do corpo é o próprio espírito

humano, jamais é um "azar do destino". O que o transplante

proporciona é a impossibilidade de o transplantado remir, através do

reconhecimento, alguma culpa proveniente de vidas anteriores, além

de sobrecarregá-lo com uma nova. Em relação ao doador, basta dizer

que o espírito é ligado ao corpo na encarnação, e fica preso a partes

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desse corpo se elas continuam a viver em outros corpos. Por causa

dos aprendizes de Frankenstein, os doadores de órgãos ficam

impossibilitados de ascender a outros planos da Criação após suas

mortes.

É isso. Mentiras sobre mentiras. E todas com a aparência de verdades

cristalinas.

Se o ser humano faz questão de acreditar nas alegações da ciência médica

sobre transplantes, isso é assunto dele unicamente. Mas o que ele não pode

admitir, em hipótese alguma, é que lhe seja mostrada apenas uma das faces

da moeda, situação que aliada à tendência humana de "fazer o que todo

mundo faz" obscurece em muito a capacidade de decidir com isenção,

quando não a impede totalmente.

Muito sofrimento talvez pudesse ter sido evitado na Alemanha nazista, se

existisse naquela época uma imprensa realmente livre, imparcial e corajosa,

que mesmo impossibilitada de se contrapor abertamente à ordem reinante,

ao menos tivesse mostrado aos cidadãos do país o lado negro do regime.

Na época atual, a tirânica ideologia mundial dos transplantes de órgãos

praticamente não encontra adversários. É o Grande Irmão, que verga

governos e povos sob uma ditadura compulsória e não pressentida.

Contudo, ainda é tempo de se recuperar a liberdade perdida. Pelo menos a

liberdade de decidir.

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● Círculo do Graal

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XV

DEPRESSÃO E OUTROS MALES DA ALMA

Até o advento da AIDS, a depressão era a

detentora inconteste do título de "Mal do

Século". Porém, mesmo desprovida agora dessa

inútil honraria, ela continua crescendo

imperturbavelmente em todo o mundo,

juntamente com várias outras doenças ditas

mentais.

A pessoa atingida por sintomas depressivos

segue mais ou menos um roteiro padrão em sua

busca de auxílio. Ela sai da sua primeira consulta

médica incumbida de realizar uma extensa

bateria de exames clínicos, os quais invariavelmente demonstrarão, alguns

dias depois, que a sua saúde está perfeita, ou então que eventuais

disfunções glandulares não têm correlação com os sintomas que apresenta.

O problema seria originado, unicamente, por um desbalanceamento

químico no cérebro. O médico se esforça em explicar ao seu paciente com

depressão - nessa altura já também com certo grau de ansiedade e angústia

- que os níveis de serotonina estão anormalmente baixos nas sinapses. Que

está havendo uma recaptação indesejável desse e de outros

neurotransmissores pelos neurônios, dificultando a troca de impulsos

elétricos entre eles.

Enquanto o novo deprimido tenta imaginar o que há de errado com a sua

cabeça, ele vai balançando-a em silêncio, querendo fazer crer mais a si

mesmo que está entendendo tudo o que o médico diz. Acaba de certa forma

por sentir-se confortado com esse diagnóstico ininteligível, pois para ele

isso é a prova de que a sua doença é perfeitamente conhecida pela

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medicina. A cura seria só uma questão de tempo, bastando tão-somente

tomar com regularidade um determinado antidepressivo tricíclico.

Deve-se aqui esclarecer que antidepressivos e ansiolíticos constituem

realmente bálsamos químicos, quando agem bloqueando parcial ou

totalmente alguns dos sintomas. Não é absolutamente um acaso do destino

que tais auxílios estejam disponíveis justamente nessa época, em que as

pessoas estão sendo literalmente sacudidas por sismos anímicos.

Contudo, o abrandamento dos sintomas e a melhoria da qualidade de vida

obtidos com fármacos não constituem a prova de que a ciência médica

conhece efetivamente essas doenças, muito menos ainda as suas

verdadeiras causas. Como em todos os outros campos da atuação científica,

também aqui ela só é capaz de analisar e tirar conclusões dos efeitos

exteriores, materialmente mensuráveis e compreensíveis. Apesar dos

louváveis esforços e reconhecidos êxitos no trato dos sintomas corpóreos, a

medicina não pode chegar até a origem propriamente desses males, já que

esta encontra-se nas almas dos indivíduos. Uma etiologia impossível de ser

reconhecida por qualquer ferramenta material, seja um estetoscópio ou um

aparelho de ressonância magnética.

Depressão, angústia, distúrbio bipolar, síndrome do pânico, fobias, são

todas doenças de fundo anímico. É, portanto, no tratamento da alma que se

deve buscar a cura, sem negligenciar, como já foi dito, o tratamento dos

sintomas do corpo.

Mas não se imagine poder tratar a alma com receitas prescritas por

curandeiros místico-ocultistas ou com sessões de hipnose, tampouco

desnudando-se interiormente no divã de um psicanalista. Quantos desses

profissionais da mente não há, aí incluídos tantos psiquiatras, que nem

mesmo acreditam na existência da alma. E a palavra "psiquiatra" significa

exatamente "médico da alma". Médicos da alma que não acreditam na

existência dela...

A pessoa deprimida deve, antes de mais nada, mudar a sua sintonização

interior. E em primeira linha através dos pensamentos. Os pensamentos

devem estar voltados sempre no sentido do bem, como efeitos naturais de

um ser humano nobre e bom. Certamente não é preciso esclarecer em

detalhes o que são pensamentos negativos; basta que se classifique nessa

categoria todos aqueles indignos de uma criatura humana, que

imediatamente oprimem o gerador e talham o ambiente a seu redor.

Há nessa escolha voluntária do tipo de pensamentos muito mais do que se

pode imaginar à primeira vista. O ser humano detém a prerrogativa da

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escolha em pensar bem ou mal, porém fica sujeito inapelavelmente às

conseqüências disso, assim como com tudo o mais que dele emana. Quanto

a isso ele não tem defesa. Tudo o que insere na Criação, sejam ações,

palavras ou mesmo pensamentos, retornam sempre para ele próprio, como

frutos amadurecidos de uma colheita automática. Se o que ele semeou foi

bom, colherá frutos doces e suculentos. Se foi mal... se foi mal terá de

colher frutos podres e venenosos.

Não se quer dizer com isso que se deve fazer força para conseguir bons

pensamentos. Seria então um esforço antinatural e pouco proveito traria,

como qualquer coisa empreendida unilateral e artificialmente. Esta é, aliás,

a principal falha dos livros de auto-ajuda que ensinam a pensar

positivamente.

A pessoa que sofre de depressão deve, sim, fazer um grande esforço para

mudar a sua maneira de ser. Um esforço contínuo, perseverante, até chegar

ao ponto em que nem lhe seja mais possível gerar maus pensamentos. Pode

ter certeza que nenhum médico a censurará por seguir esse tratamento tão

simples, desde que, evidentemente, não abandone a terapêutica tradicional.

Se empreender sério esforço nisso, com sinceridade de alma e pureza de

coração, verá desvanecer-se pouco a pouco os espessos véus escuros que a

isolam da alegria de viver. E passará a conhecer, através do próprio

vivenciar, o significado da palavra paz.

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XVI

A ANTIGA ORIGEM DA NOVA ERA

Não existe uma definição clara do fenômeno, tampouco se conhece a sua

origem. Quando muito, poder-se-ia dizer que o Movimento da Nova Era é

um conjunto de idéias, suposições e práticas preparatórias com vistas a uma

época melhor para a humanidade, onde paz e alegria reinarão em todos os

países. Pelo menos é esta a expectativa dos que se orgulham de fazer parte

do Movimento, ou que são acusados de pertencer a ele.

Essa esperança numa Era de Ouro, ou Reino do Milênio, ou Reino de Paz

de Mil Anos, é o elo comum entre as múltiplas vertentes da Nova Era. Fora

isso, ela assemelha-se mais a um agregado nebuloso de grupos esotéricos,

filosofias naturalistas e incontáveis práticas místico-ocultistas, todas

misturadas alquimicamente numa denominação única.

As religiões tradicionais, principalmente as cristãs, não têm simpatia pela

Nova Era. Vêem-na como um inimigo surgido das sombras e tratam-na

como tal. Há seguramente mais de uma centena de livros alertando os

cristãos sobre os perigos a que estão expostos, já que não pode haver

salvação para apóstatas que ajudam a engrossar as fileiras do exército do

Anticristo. Ou dos Anticristos, pois cada novo dirigente de uma seita ou

filosofia é um candidato natural – e compulsório – à Besta do Apocalipse.

Mas a despeito desses anátemas armagedônicos o Movimento prossegue

imperturbavelmente em todo o mundo. Cresce dia a dia, angariando um

número crescente de adeptos, cuja maior dificuldade é escolher uma das

múltiplas portas de entrada, sempre abertas convidativamente.

Não há como negar que nas últimas décadas houve como que uma explosão

de novas concepções filosóficas de vida, das mais variadas formas e

matizes. E temos de reconhecer que todas elas se opõem, de uma maneira

ou de outra, à ortodoxia religiosa e ao positivismo científico, as duas

grandes barcas consideradas seguras e confiáveis pela humanidade, que

sempre acomodaram os viajantes “normais” durante a jornada da vida.

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Havia, sim, algumas embarcações menores, que seguiam outras direções

que não aquela percorrida em sentidos opostos por essas duas grandes naus

filosóficas, mas seu número nunca foi muito grande, os passageiros eram

escassos e as tripulações permaneciam as mesmas. Eram pouco mais do

que jangadas exóticas, que despertavam alguma curiosidade quando

observadas das escotilhas de um dos dois navios. Nada mais que isso.

Agora, porém, o mar encontra-se revolto, repleto não mais de jangadas,

mas de balsas espaçosas, cada qual seguindo uma rota diferente. E todas

essas embarcações estão comprometidas em levar seus passageiros

diretamente à terra desconhecida da Nova Era.

De onde vem esta certeza que faz milhares de pessoas aguardar

ansiosamente uma Era de Paz? Uma Era cujo advento seria iminente?

Esta certeza inquebrantável, que não se deixa explicar por ponderações do

raciocínio, está gravada nas almas das pessoas. Indelevelmente gravada em

suas almas.

Em tempos remotos, os povos da Terra receberam a notícia de que um

exame aguardaria os seres humanos quando o prazo para seu

desenvolvimento espiritual houvesse terminado. E os que passassem pelo

exame – conhecido hoje como Juízo Final – viveriam então numa Era de

Paz, o Reino de Mil Anos. Desta forma, provém daqueles tempos

imemoriais a origem propriamente do saber sobre a Nova Era. As

reencarnações posteriores não apagaram este saber, pois somente o corpo

muda, e não a alma do indivíduo.

Na época presente, em que estamos vivendo justamente a última fase deste

exame final da humanidade, tudo quanto estava aderido às almas aflora

repentina e impetuosamente, chegando à consciência. Daí tantas pessoas

manifestarem anseio e mesmo convicção íntima sobre a chegada de uma

Nova Era, sem saber exatamente como têm conhecimento disso. Grande

parte delas abandonam então as concepções religiosas e científicas

tradicionais e procuram outros caminhos, nos quais a Era de Paz não é vista

como uma utopia fantasiosa, mas aguardada com uma certeza absoluta.

Contudo, se é certo que os navios da religião e da ciência não levam seus

ocupantes à Nova Era, já que nem admitem essa possibilidade, as inúmeras

outras embarcações também não lograrão êxito em suas empreitadas. A

irrefreável decadência espiritual da humanidade, que já vem de milênios,

não deixa mais reconhecer o rumo seguro para lá.

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Não são dogmas religioso-científicos nem contorcionismos místico-

ocultistas que podem habilitar alguém a transpor o Juízo Final e fazê-lo

ingressar na Nova Era. Só existe um caminho para lá, o mais simples e por

isso mesmo o mais desprezado pelo ser humano hodierno, escravo que é de

sua incorrigível presunção intelectiva.

Este caminho, exaustivamente repetido e explicado pelos profetas dos

tempos antigos, e posteriormente pelo próprio Filho de Deus, Jesus, é o

viver em conformidade com as leis que regem a Criação, sintonizando o

pensar, o falar e o atuar no sentido dessas leis primordiais. Quem hoje

cumpre isto, mostra haver-se desenvolvido de modo certo. Por essa razão, o

modo correto de viver constitui também a única embarcação preparada para

a travessia do Juízo Final, capaz de enfrentar as terríveis tormentas que se

avizinham, e de aportar com segurança na Nova Era.

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XVII

DROGAS: DE QUEM É A CULPA?

É do drogado. A culpa é,

fundamentalmente, do

drogado. Sem ele não haveria

plantações de cânhamo e

coca, cultivo de papoula,

laboratórios de refino de

entorpecentes, narcotráfico,

lavagem de dinheiro, cartéis

criminosos.

É ele, o drogado, que financia

todos esses empreendimentos com um empenho incompreensível e uma

tenacidade inconcebível. É ele que cuida de eliminar de si qualquer

resquício de dignidade humana, que desce às maiores profundezas que

alguém pode chegar a conhecer, que destrói sua vida inteira em troca de

alguns momentos de prazer.

Lúcifer não precisou fazer nenhum esforço especial para contabilizar como

suas essas almas decadentes; elas mesmas vieram pressurosas ao seu

encontro, ávidas em vender-se por algumas míseras sensações efêmeras.

Como se poderia, então, ajudar um viciado em drogas? Ajuda sempre é

possível, pressuposto que ele queira ser ajudado, que se esforce em sair do

charco nauseabundo que ele mesmo criou tão diligentemente, e onde

mergulhou tão prazerosamente. Só depois de envidar esforços vigorosos

para se livrar de sua imundície particular, é que ele pode ser considerado

realmente uma pessoa com problemas, desajustada, carente, que necessita

de verdadeiro auxílio e que merece tê-lo. Antes disso ele não passa de um

ser desprezível, indigno do complemento “humano”, uma criatura fraca ao

extremo, um escravo voluntário, um verme que não se dá conta de sua

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repugnância, que rasteja no lixo imaginando flutuar nas nuvens, um tolo

deslumbrado que se veste com lantejoulas convencido de ostentar ouro

puro.

O viciado em drogas assemelha-se a um covarde que tenta fugir da vida

atirando-se para dentro de um poço. A melhor ajuda que pode ser dada a

alguém nessas condições – que desejou cair no poço – é lançar-lhe uma

corda e encorajá-lo a subir por ela.

Descer até o fundo do poço e trazer de volta à superfície o candidato à

suicida nos braços, não o liberta de suas tendências autodestrutivas. Se ele

for levado para fora do poço sem vontade nem esforços próprios, seus

membros permanecerão atrofiados. Continuará a cambalear pela vida,

tateando miseravelmente, ofuscado pela luz do Sol que se lhe tornou

estranha, todo sôfrego e trôpego em busca do poço mais próximo, para

novamente se deixar empurrar de lá pela sua onipresente covardia. Seria

isto auxílio verdadeiro?

O viciado em drogas deve ser encorajado, sim, a redirecionar sua vida, mas

não com palavras melosas, apaziguadoras e hipócritas, que o impeçam de

reconhecer o triste papel que desempenha. Palavras falsamente

tranqüilizadoras são para o drogado um entorpecente ainda mais perigoso,

pois embotam o que ainda resta nele de personalidade autônoma.

É evidente que o drogado deve ser submetido a um tratamento de

desintoxicação do corpo, mas desde que se exija dele igualmente uma

desintoxicação de sua alma, uma mudança radical de sua sintonização

interior. Ele precisa entender, finalmente, que só cabe a ele passar uma

borracha definitiva nesta página manchada do livro de sua vida.

Condescendência imprópria não restitui ao drogado sua perdida condição

humana; esta, ele mesmo terá de reencontrar, já que foi ele quem se desfez

dela. E não passa de um ato de falso amor, de caridade mecânica, procurar

privá-lo do esforço próprio em melhorar interiormente, pois com isso se

retira dele antecipadamente a merecida alegria de redescobrir e

reconquistar a própria dignidade.

Somente o reconhecimento da própria falta é capaz de levar uma pessoa

ainda boa a efetuar uma mudança drástica em seu modo de viver, para

nunca mais tornar a errar. E é também este reconhecimento que a motiva a

acumular em si as forças necessárias para isso; pressuposto, naturalmente,

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que ela ainda conserve uma pequena chama de caráter em seu íntimo.

O cultivo e o comércio de entorpecentes são um dos maiores flagelos da

época atual. Contudo, procurar combater tráfico e traficantes sem levar em

conta o consumidor, conservando-o protetoramente de lado, é como tentar

erradicar uma erva daninha podando-a de tempos em tempos.

Estaríamos vivendo então uma situação realmente desanimadora, se os

vendavais purificadores que ora cingem a Terra também não se

encarregassem de arrancar com raiz e tudo essa erva daninha do tráfico e

consumo de drogas, independentemente da vontade humana e de seus

pífios esforços neste sentido. A erva daninha será efetivamente erradicada,

de uma maneira ou de outra. Por isso, é mais do que hora de os viciados em

drogas deixarem de adubá-la continuamente, se não quiserem ser ceifados

conjuntamente.

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XVIII

CONSIDERAÇÕES SOBRE A DOR

Não resta dúvida de que ela é a mais detestada e combatida das sensações

humanas. E a mais temida também. Talvez só o medo da morte ainda

sobrepuje o de ser atingido por uma dor profunda.

E não se diga que estamos indefesos. Contamos hoje com um imenso e

variado arsenal, constantemente aperfeiçoado, para o combate às dores de

múltiplos tipos e etiologias. Agudas ou crônicas, físicas ou anímicas, para

cada qual existe uma bem determinada arma, de calibre adequado.

Dispomos desde armas leves, como analgésicos, calmantes e terapia de

grupo, até as mais pesadas, como opiáceos, antidepressivos e internação.

Há até quem lance mão de armamentos perigosos e não recomendados,

como álcool, alucinógenos e hipnose. Guerra é guerra.

Mas por que temos de travar compulsoriamente essa guerra

aparentemente sem fim? A vida inteira parece realmente uma luta

contínua contra a dor, ou, melhor dito, uma luta para se livrar dela, para

escapar de ser alcançado por ela.

Passamos grande parte de nossas vidas monitorando medrosamente esta

espada de Dâmocles, que vez por outra desce inesperadamente sobre nós,

machuca-nos sem piedade nem motivo e retorna à sua posição

ameaçadora. Alguns, misteriosamente, são atingidos só de raspão por

poucos golpes esporádicos, e chegam ao final da vida com apenas

algumas escoriações. Outros, ao contrário, são golpeados profunda e

continuamente, de modo que suas feridas nunca cicatrizam totalmente.

Para eles, a vida se resume num martírio intermitente.

A própria reação à dor também varia consideravelmente. De um lado há

os que a suportam com estoicismo e seguem em frente, apesar de, na

maior parte das vezes, sem analisar a causa do sofrimento. No extremo

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oposto há os que se desesperam a tal ponto, que vejam na extinção da

própria vida o único remédio eficaz para curar de vez uma dor

insuportável. Uma saída, no mínimo, pouco sábia, já que com isso se

angaria dores ainda muito mais intensas, de que tampouco será possível

escapar na existência que, apesar de tudo, continua após a morte terrena.

O mundo seria um lugar muito melhor para se viver se simplesmente não

houvesse dor. Disso ninguém duvida. Seria o próprio Paraíso na Terra.

Mas então por que não é assim? Qual o motivo de a dor existir no nosso

planeta? Por que somos forçados a experimentá-la em tão variadas formas

e intensidades? Por que gente inocente é golpeada às vezes tão duramente

pelo destino? Quem foi que colocou a espada da dor sobre a cabeça de

cada ser humano, à revelia de sua vontade?

Essas perguntas deixam antever que a dor não é apenas detestada,

combatida e temida, mas que é também, principalmente, incompreendida.

Vamos verificar, antes de mais nada, a razão primordial da existência da

dor. E primeiramente em relação às dores físicas.

Existe uma doença congênita, muito rara, que faz com que a pessoa não

sinta nenhum tipo de dor. Mas o que num primeiro momento parece uma

benção especial é, na verdade, uma maldição. Ninguém invejaria uma

pessoa atingida por este mal se visse o estado de seu corpo, coberto de

feridas e cicatrizes. O que ela não vê, seu corpo não sente. Basta que

encoste inadvertidamente o braço num forno quente e a sua carne derrete

sem dar sinal de alarme. O maior desejo da vítima desta doença é um dia

passar a sentir alguma dor, para assim poder conservar íntegro o seu

corpo.

A dor física, portanto, protege o corpo de danos externos e nos força a

agir para corrigir disfunções internas. O resultado final é a possibilidade

de continuar vivendo com um corpo sadio, funcionando com perfeição. A

dor corpórea é, na realidade, uma verdadeira dádiva da natureza, uma

proteção absolutamente indispensável.

Quanto às dores de alma, a história se repete. Quem já experimentou uma

dor deste tipo – e o número destes cresce continuamente – sabe avaliar

quão indizível é o sofrimento acarretado por ela. Um sofrimento tão atroz,

que da mesma maneira que com as dores físicas, também nos força a agir,

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a fazer algo para nos libertar da angústia, da depressão, do medo, do

pânico. A única diferença aqui é que as disfunções que desencadeiam este

tipo de dor provêm do próprio âmago do ser humano. Por isso, o remédio

mais indicado é aquele que atua diretamente na alma, isto é, a própria

vontade do indivíduo, que força assim uma mudança em sua sintonização

interior, o que naturalmente se reflete também em suas palavras e

pensamentos. Assim, da mesma maneira que a física, a dor anímica é uma

benção natural. Compele-nos a redirecionar nosso íntimo, aproximando-

nos do modo correto de viver, cuja principal característica é, justamente, a

ausência de dor.

Resta a questão do sofrimento injusto. Um acidente, uma doença

inesperada, uma grande decepção, etc., são acontecimentos geralmente

tidos como golpes arbitrários do destino. Dores perfeitamente

dispensáveis, azares da vida que atingem ao acaso este ou aquele ser

humano. É o que aparentam externamente; contudo, não é assim.

Não existe nenhum tipo de injustiça nos efeitos recíprocos que nos

atingem nesta nossa época. Não há arbitrariedade de espécie alguma.

Tudo, mas tudo o que nos toca agora foi gerado por nós mesmos, em

algum ponto da nossa existência. O homem sempre colhe o que semeia.

Sempre colhe. Nenhum fio de cabelo nos pode ser arrancado, se nós

mesmos não tivermos dado os motivos para isso.

A dor não tem como função apenas ajudar a manter a saúde física, mental

e anímica. A sua atuação vai mais além. Ela é um dos efeitos de uma lei

natural fundamental – a lei da reciprocidade – que é a guardiã da ordem

na criação. É o efeito final de uma atuação anterior contrária às

disposições que regem a natureza. Quem é atingido por ela deve não

somente procurar limpar as toxinas de seu corpo e de sua alma, mas

também reconhecer que fez algo de errado, seja através de pensamentos,

palavras ou ações. A gravidade do erro que foi perpetrado outrora pode

ser avaliada pela intensidade da dor que nos atinge, pois não podemos

receber nada de diferente daquilo que nós mesmos geramos, que nós

mesmos semeamos.

Dores tidas como injustas só são consideradas assim porque falta ao ser

humano hodierno a visão das verdadeiras causas. Essa visão lhe foi sendo

subtraída paulatinamente, ao longo de milênios, à medida que ele se

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afastou mais e mais do modo correto de vida, preconizado por leis

naturais. Hoje, a maior parte dos seres humanos é constituída de míopes e

cegos espirituais, absolutamente incapazes de enxergar esta verdade tão

simples, de que tudo quanto nos atinge foi provocado por nós mesmos,

como seres de espírito que somos, em qualquer época da nossa existência,

que abrange milhares de anos e não apenas umas poucas décadas de uma

única vida terrena.

É essa mesma visão curta que impede também a humanidade de descobrir

quem colocou as espadas de dor individuais sobre a cabeça de cada um.

Cada um de nós forjou sua própria espada, e a colocou sobre a cabeça no

exato momento em que deu o primeiro passo em qualquer uma das

inúmeras estradas falsas abertas por esta mesma humanidade,

desprezando assim, acintosamente, o caminho verdadeiro previamente

existente, colocado à disposição pelo nosso Criador. E quanto mais longe

alguém enveredou por essas estradas largas, sem dar atenção aos avisos e

advertências que ainda chegavam até ele, tanto mais afiado se tornou o fio

de sua espada, e tanto mais golpes recebeu e continua recebendo, na

tentativa de fazê-lo reconhecer seu erro e retomar ainda a tempo o

caminho certo, tão leviana, teimosa e criminosamente abandonado.

Se ele encarar desta forma os golpes que o atingem agora, e procurar

redirecionar sua vida em base diferente de até então, a espada o atingirá

com intensidade e freqüência cada vez menores. E se, finalmente, retomar

com vontade inabalável o estreito caminho verdadeiro, que conduz

imediatamente para cima e o faz tornar-se um ser humano útil na criação

– e por isso mesmo feliz – a espada simplesmente desaparecerá, porque de

acordo com as leis naturais ela não terá mais nenhuma razão para existir.

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XIX

QUESTÕES SOBRE A MENSAGEM PROIBIDA

Em 1917 houve um acontecimento inusitado em Portugal, na localidade

de Fátima. No dia 13 de maio daquele ano, três pequenos pastores viram

uma aparição, descrita por eles como a figura de uma “luminosa senhora”.

A figura luminosa de mulher falou com as crianças naquele dia e nos

meses subseqüentes, transmitindo a elas em cada ocasião trechos de uma

mensagem que deveria ser divulgada por todo o mundo.

Em 13 de outubro, último dia em que a aparição foi vista, consta que

ocorreram estranhos fenômenos no Sol, testemunhados por uma multidão

estimada entre 50 e 70 mil pessoas, que acompanhavam as visões das

crianças num lugar chamado Cova de Iria.

Uma das testemunhas, o Sr. Oliveira Figueiredo, diz: “O Sol rasgou o

pesado negrume de nuvens que despejavam água sobre a terra e mostrou-

se com um brilho estranho, mas de tal forma que se podia olhar para ele

sem cegar, e começou a girar sobre si mesmo, numa roda-viva, atirando

raios de diferentes cores em todas as direcções, iluminando as coisas e as

gentes de um modo fantasmagórico. Parou durante alguns momentos e

recomeçou a sua ‘dança'.” Outra testemunha insuspeita é o Sr. Avelino

de Almeida, editor na época do diário lisboeta “O Século”, de orientação

esquerdista. São dele estas palavras: “E então presenciamos um

espectáculo único e inacreditável para quem não visse. O astro lembra

uma placa de prata fosca e é possível fitar-lhe o disco sem o mínimo

esforço; não queima, não cega. (...) Aos olhos deslumbrados daquele

povo, cuja atitude nos transporta aos tempos bíblicos e que, pálido de

assombro, com a cabeça descoberta, encara o azul, o Sol tremeu, o Sol

teve nunca vistos movimentos bruscos fora de todas as leis cósmicas, o

Sol ‘bailou', segundo a típica expressão dos camponeses.”

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Hoje, certamente não faltaria quem dissesse que se tratou de uma ilusão

coletiva, de uma catarse induzida e outras coisas do gênero. O ser humano

contemporâneo desenvolveu uma extraordinária habilidade para rotular

tudo o que não compreende; qualquer neologismo lhe basta, é só do que

ele precisa para apaziguar seu espírito, suprir sua ignorância e acobertar

sua superficialidade.

Mas o fato é que este evento extraordinário, inexplicável e inexplicado,

chamou a atenção do mundo para o que estava ocorrendo em Portugal,

despertando em muitos o interesse pelo teor da mensagem.

Uma parte da mensagem prenunciava o advento da 2ª Guerra Mundial,

depois que uma “grande e desconhecida luz” aparecesse no céu. Essa luz

foi vista realmente nos céus da Europa na noite de 25 para 26 de janeiro

de 1938. Foi uma espécie de aurora boreal gigantesca, um evento único

que também nunca foi explicado satisfatoriamente pela ciência. A última

parte da mensagem, que ficou conhecida como a “Terceira Mensagem de

Fátima”, jamais foi divulgada. Na ocasião em que foi transmitida à

menina Lúcia, a Igreja já estava no controle da situação e o texto foi

enviado ao Vaticano. E lá ficou.

Todos os pedidos e exigências para que a última parte da mensagem fosse

divulgada, feitos por católicos e não-católicos, foram sistematicamente

negados pelo Estado Pontifício. Pelo menos neste assunto parece que o

Vaticano conseguiu fazer do mundo um rebanho único, na imaturidade

coletiva para assimilar a revelação. Somente o papa e alguns poucos

membros da cúria teriam sido agraciados pela Providência com a

capacidade de interpretar o texto. Os cerca de um bilhão de católicos do

planeta e os outros bilhões de seres que professam outras crenças são,

infelizmente, completamente inaptos e ineptos para assimilar o conteúdo

da Terceira Mensagem... Uma mensagem que foi compreendida

perfeitamente por uma menina de 10 anos, que, como prêmio, foi

internada num convento de freiras Carmelitas, com voto de silêncio.

O prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Joseph

Ratzinger, em mais de uma oportunidade procurou tranqüilizar o mundo,

esclarecendo que a Terceira Mensagem não faz referência à Igreja nem

trata de temas relacionados ao futuro da humanidade, mas que tão-

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somente fala “de fé”. Segundo ele, a Terceira Mensagem “nada acrescenta

a quanto um cristão precisa saber das revelações.”

Sendo assim, algumas questões se impõem:

1. Se a Terceira Mensagem de Fátima trata basicamente de fé, por que

o papa Paulo VI desmaiou ao tomar conhecimento dela? Ele não

tinha fé? Ou, ao contrário, era a fé dele que não se coadunava com

o que prescrevia a mensagem?

2. Por que uma mensagem que fala de fé não pode ser divulgada ao

mundo, ainda mais considerando que não faz referência à Igreja?

Pode-se inferir, então, que seria divulgada caso mencionasse

explicitamente o clero, instando-o a mudar sua conduta e tomar a

Verdade como base? Poderia ser divulgada se afirmasse que se tal

não ocorresse a morte reinaria no meio da Igreja? Poderia ser

tornada pública se vaticinasse o fim do papado? Se dissesse que os

últimos deles gemeriam sob dores corpóreas?

3. Uma parte das revelações tratava do desencadeamento da 2ª Guerra

Mundial. Se a Terceira Mensagem falar explicitamente do advento

da 3ª Guerra Mundial, seria correto esconder dos povos esta

previsão? Seria um ato de amor cristão privar o mundo de saber que

a Terceira Guerra será tão horrível que pouca gente restará na

Terra?

4. Se os trechos anteriores da mensagem cumpriram-se rigorosamente,

é de se supor que a última parte também se cumprirá. Por qual

cânone, por qual decreto dogmático o Vaticano se atribui a

prerrogativa de não divulgá-la? Em que Concílio ficou estabelecido

que alguns poucos dignitários eclesiásticos podem dispor sobre o

que o mundo deve ou não saber, sobrepondo-se às determinações

do Alto?

Contrariamente ao que imaginam os doutores da Igreja, muros e cofres

não foram impedimentos para que outras pessoas tomassem conhecimento

dos principais trechos da Terceira Mensagem de Fátima, já que se trata de

um texto de importância capital para a nossa época.

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Contudo, que efeito saneador, construtivo e, principalmente, salvador, não

seria obtido se os detentores do texto original se dispusessem a divulgá-lo

ao mundo! Longe de significar uma fraqueza da Igreja, seria isto uma

prova de grandeza, um testemunho vivo de que essa Instituição tem como

objetivo último, realmente, guiar com amor os fiéis e toda a humanidade,

mesmo que para isso precise reformular a doutrina e eliminar seus

dogmas.

Vã esperança? Naturalmente que sim. A Igreja não vai divulgar o teor da

Terceira Mensagem de Fátima porque isto seria admitir que vem trilhando

caminhos errados há séculos, situação que tem de ser evitada a qualquer

preço. Já há dois mil anos o sumo-sacerdote Caifás experimentou um

temor semelhante, que o levou a considerar lícitos todos os meios para

salvaguardar o conceito que desfrutava entre seu povo e a influência que

exercia sobre ele. Por isso, a Verdade trazida por Jesus tinha de ser

eliminada a todo o custo...

As previsões da Terceira Mensagem de Fátima se cumprirão. Uma a uma.

E o mundo saberá – aí incluído todo o clero – o que ela continha. Saberá

quando for tarde demais para qualquer ação corretiva.

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XX

LEIS UNIVERSAIS

Parte 1

Que o Universo é regido por leis bem determinadas, a própria ciência já

descobriu, constatou e admitiu. E isto não é de agora, mas vem já de

séculos. O reconhecimento dessas leis é contínuo e crescente por parte da

ciência.

Desde as primeiras descobertas astronômicas dos povos antigos, passando

pelos sólidos fundamentos da física clássica de Newton, até chegar aos não

muitos óbvios postulados da física quântica, com seu estranho “princípio da

incerteza”, tempos dilatáveis, eventos que só existem quando observados e

outras esquisitices mais, dificilmente assimiláveis.

Quanto mais a ciência avança nas descobertas em seus múltiplos campos de

atuação, tanto mais ela constata uma imensa ordem em tudo. A coerência

dos resultados de suas experimentações, simples ou complexas,

testemunham a existência de leis no Universo, segundo as quais os

fenômenos se formam. São leis de tal forma perenes e imutáveis, que em

muitos casos é até possível prever o resultado de um experimento antes

mesmo de se executá-lo. E nos casos em que o resultado não é previsível,

pode-se afirmar antecipadamente, com absoluta segurança, que ele jamais

estará em desacordo com as leis conhecidas.

Em cada novo fenômeno descoberto pela ciência, se reconhece a atuação

dessas mesmas leis inflexíveis.

O estudo dos “fractais”, por exemplo, entre outros efeitos demonstra que ao

se ampliar a visão em escala microscópica de um elemento qualquer da

natureza, não importa quantas vezes, reaparece sempre uma mesma forma

geométrica, em meio a magníficas conformações espiraladas, reentrâncias e

saliências de aparência geológica. É um mundo por si, que emociona pela

beleza inesperada, totalmente desconhecida até há algum tempo. Em

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formações naturais tidas como aleatórias, como um simples floco de neve,

descobre-se, numa escala de observação adequada, uma ordem insuspeitada

que segue um padrão imutável.

A Biologia, por sua vez, tem contribuído ultimamente com alguns números

inéditos para os anais da ciência matemática:

Uma célula viva possui cerca de vinte aminoácidos, cujas funções

dependem de duas mil enzimas específicas. Pesquisadores descobriram que

a probabilidade de que metade dessas enzimas, portanto mil, se agrupem de

modo ordenado, conforme apresenta uma célula, é de uma chance em 10

elevado a 1.000. Este número é representado pelo algarismo 1 seguido de

mil zeros... Só para termos uma pálida idéia do que isto significa, basta

considerar que o tamanho do Universo observável atualmente é da ordem

de 10 elevado a 28 centímetros, ou seja, um número de centímetros

representado pelo algarismo 1 seguido de vinte e oito zeros. Se um dia esse

número chegar a 10 elevado a 29 centímetros, significará que o Universo

observável terá aumentado em dez vezes. Uma chance em 10 elevado a

1.000 para o arranjo aleatório ordenado de metade das enzimas de uma

célula, equivale a dizer simplesmente que a possibilidade de a vida ter

surgido por acaso é zero em termos probabilísticos.

Não são descobertas impressionantes? Claro que sim. São de deixar

qualquer um pasmo de assombro.

Contudo, há algo ainda mais impressionante no meio desses achados

científicos. Há algo aí capaz de deixar um observador atento ainda mais

perplexo diante dessas fantásticas descobertas. Trata-se da surpreendente

falta de interesse científico em saber Quem, na realidade, inseriu essas leis

no Universo. Leis que a própria ciência, aliás, provou existir, que procura

compreender com exatidão crescente e que constatou serem absolutamente

uniformes e incontornáveis.

Se as leis humanas terrenas, notoriamente imperfeitas e fragmentárias, têm

autores conhecidos, como se pode supor que essas leis universais,

intangíveis em sua perfeição e incontornáveis em sua abrangência, possam

ter surgido do nada? Em que fenômeno, dentre os inúmeros estudados pela

ciência nos últimos milênios, se constatou que a perfeição pode surgir do

acaso?

O que faz com que a ciência, tão ciosa de resultados palpáveis e

mensuráveis, não possa chegar por si mesma à conclusão óbvia, de uma

obviedade infantil, de que somente uma Vontade superior poderia ter

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inserido no Universo leis assim tão perfeitas e abrangentes? Que estranha e

poderosa força é essa, que cerra os lábios dos discípulos da ciência e os

impede de balbuciar para si mesmos a palavra “Deus”? Orgulho

intelectual? Presunção de saber? Medo? Vergonha?

Um pouco disso tudo, sem dúvida, somado ao voluntário atrofiamento

espiritual desses seres humanos, que condenam previamente como

inexistente ou desprovido de sentido tudo quanto não conseguem ver, pesar

ou medir... Que, desprovidos (ou desprotegidos) do mais elementar senso

de ridículo, afirmam “não haver nenhuma prova” da existência de um Ser

supremo, enquanto que eles mesmos constituem a prova mais evidente...

Se os cientistas pudessem chegar à conclusão de que somente um Criador

poderia inserir leis na obra da Criação, um mundo de novos

reconhecimentos se lhes abriria imediatamente. Não ficariam mais tão

firmemente atados às restritas ponderações do intelecto, mas fariam uso

principalmente das capacitações de seus espíritos. E com isso libertar-se-

iam do epíteto de “cientistas”, pois teriam ascendido ao estágio de “sábios”.

E quanto mais sábios se tornassem neste reconhecimento crescente, tanto

mais humildes seriam também. Quanto a isto, pode-se ter certeza absoluta.

A erva-daninha da presunção só pode florescer no solo ressequido da

estupidez. E contra a estupidez, como se sabe, até mesmo deuses lutariam

em vão...

Com o reconhecimento crescente, ao vislumbrarem a existência de uma

Sabedoria e de uma ordem que ultrapassa em muito os fenômenos

terrenamente visíveis e palpáveis, os ex-cientistas compreenderiam quão

pouco, na verdade, eles conhecem da obra da Criação. E chegariam então,

finalmente, ao estado de evolução que Sócrates já atingira há 2.400 anos,

que fez dele o homem mais sábio de seu tempo, pois que era “o único que

sabia que nada sabia”.

Os cientistas de hoje, com seus espíritos adormecidos e sua presunção

intelectual, são criaturas infelizes e nocivas no conjunto da Criação. Os

sábios de amanhã, com seus espíritos despertos e humildes, irradiarão

alegria de viver e serão servos realmente úteis na vinha do Senhor.

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XXI

LEIS UNIVERSAIS

Parte 2

Todas as leis descobertas pela ciência nada mais são do que efeitos

mínimos, apenas terrenalmente perceptíveis, de leis universais muito mais

abrangentes, ou leis da Criação, que traspassam tudo, perfluem tudo e

mantêm tudo o que existe, inclusive o plano material da Criação, e assim

também este nosso pequeno planeta.

A “lei da ação e reação”, segundo a qual um corpo sempre reage com força

igual e em sentido contrário àquela aplicada sobre ele, é um efeito grosso-

material, em escala mínima, de uma lei universal básica.

Esta lei, denominada mais acertadamente de “lei da reciprocidade”, faz

retornar a cada criatura aquilo que ela mesma produziu, seja através de

pensamentos, palavras ou ações. Devolve a cada um o que foi gerado,

pouco importando se foram coisas boas ou ruins. O que a física conhece é o

efeito físico, na matéria grosseira a nós visível, de uma lei cujo enunciado

básico Jesus já dera à humanidade há dois mil anos com as palavras “o que

o ser humano semear, isso ele colherá”. A lei da reciprocidade faz de cada

ser humano juiz de si próprio; põe em suas mãos o tear com o que ele tece

o tapete do seu destino.

A lei da gravidade, descoberta por Newton e dissecada pela física

relativística, constituindo até agora o último entrave à elaboração de uma

“teoria do campo unificado”, é igualmente o efeito visível de uma lei

universal.

A lei da gravidade perpassa toda a Criação, e não apenas os corpos siderais

materiais. Esta lei faz com que cada espírito humano ascenda ou desça às

regiões a que pertence segundo sua constituição anímica. Almas “pesadas”,

carregadas de vícios e pendores, afundam após a morte terrena para regiões

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igualmente densas, lúgubres, consentâneas com a constituição delas. Já

almas limpas, purificadas, preenchidas de verdadeiro amor ao próximo e

alegria de viver, ascendem automaticamente para regiões luminosas.

Ambos são efeitos justos e indesviáveis da lei da gravidade espiritual, que

assim como as outras leis universais mantêm em funcionamento perfeito a

imensa engrenagem da Criação, ajustada até as minúcias desde o início dos

tempos.

Na escola aprendemos que um corpo só pode conservar seu movimento se

suplantar as forças que a ele se antepõem. Na Terra, o atrito e a gravidade

agem freando o movimento dos corpos, de modo que é preciso sempre

gastar determinada quantidade de energia para se manter um movimento

qualquer. Automóveis, aviões e foguetes queimam combustível para

manterem-se em movimento; pássaros têm de movimentar as asas para

permanecerem no ar, e peixes as suas barbatanas para não afundar.

Qualquer corpo precisa de um aprovisionamento contínuo de forças para

conservar seu movimento inicial. Em outras palavras, ele tem de prosseguir

movimentando-se continuamente, se não quiser parar.

E parar significa estagnação, retrocesso e deterioração. Se um cantor não

exercita sua voz, ela logo perde o timbre e a vivacidade; se deixarmos de

falar ou escrever uma língua estrangeira que tivermos aprendido, logo

esqueceremos seus princípios básicos e teremos dificuldades crescentes em

nos comunicar com ela; se um braço fica engessado durante muito tempo,

ele se atrofia e perde a movimentação; se a água da chuva se acumula numa

poça qualquer, apodrecerá em pouco tempo.

Tudo isso são também efeitos terrenamente visíveis de uma outra lei

universal, a lei do movimento. Esta lei da Criação estabelece que a

conservação e o desenvolvimento só são possíveis através da

movimentação contínua. Assim como com as outras leis da Criação,

também esta atravessa todos os planos e perflui todas as criaturas. Por isso,

o próprio espírito humano está sujeito a ela, independentemente se vive

aqui na Terra ou em alguma parte do assim chamado “além”.

Por isso, se quiser manter-se sadio, se pretender, inclusive, continuar

existindo, o espírito humano tem de se movimentar continuamente. Tem de

aperfeiçoar-se constantemente no sentido do bem. Tem de fazer prevalecer

sua vontade sobre os obstáculos que a ela se antepõem, como o

comodismo, a indolência, as falsas diretivas impostas pelo raciocínio

cismador, a crença cega. Se não se animar em suplantar esses obstáculos,

também ele, o espírito humano, ficará estacionado em seu

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desenvolvimento, cuja conseqüência inicial é o atrofiamento de suas

capacitações e, por fim, sua própria e automática desintegração.

O ser humano pode contribuir com uma parte não pequena para o perfeito

funcionamento do mecanismo universal. Mas se preferir atuar de modo

nocivo, o mínimo que lhe poderá suceder é sair muito machucado pelas

rodas da engrenagem. E se apesar disso ele insistir em desregular a

engrenagem, será simplesmente lançado fora dela, como um grão de areia

estorvante.

Também as atuais idéias de tempos mutáveis, que podem ser esticados ou

encolhidos, são tentativas de se compreender a variação do conceito de

espaço e tempo, este sim mutável.

Não é o tempo que muda, e sim a percepção que temos dele. Quanto mais

elevado for um espírito humano, tanto mais ele vivenciará e assimilará num

determinado espaço de tempo, mesmo aqui na Terra. Por essa razão, o

tempo parece “esticar” para permitir o aproveitamento de todas as

impressões.

Em outros planos da Criação, os conceitos de espaço e tempo são também

completamente diferentes, permitindo que um ser humano nessas regiões

vivencie muito mais do que seria possível aqui na Terra. Lá não atua mais o

intelecto preso à matéria, e sim a intuição espiritual, que proporciona uma

vivência muito mais intensa de tudo. E isto vai num crescendo até o plano

espiritual da Criação, denominado Paraíso, o destino final dos espíritos

humanos que se desenvolveram de modo certo. Lá, um ser humano

vivencia no espaço de um dia terreno tanto quanto em mil anos terrenos. É

este também o sentido da expressão bíblica “mil anos são como um dia”.

Nos pequenos efeitos materialmente detectáveis e perceptíveis, a

humanidade poderia, se apenas quisesse, reconhecer a atuação de leis

abrangentes, que já atuavam imperturbavelmente no Universo muito antes

de os primeiros seres humanos surgirem na Terra.

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XXII

LEIS UNIVERSAIS

Parte 3

De uma maneira geral, podemos definir lei como sendo uma diretriz de

conduta que, se não for cumprida, acarreta penalidades ao faltoso. Essas

penalidades devem ser proporcionais ao alcance do prejuízo causado pela

falta e, de tal forma, que para o indivíduo submetido a uma lei seja muito

mais sensato obedecê-la do que descumpri-la.

À primeira vista essa definição pode ser considerada válida para os dois

tipos de leis a que uma pessoa está submetida: as leis terrenas, instituídas

pela vontade humana, e as leis da Criação, ou leis universais, instituídas

pela Vontade do Criador. As aparentes semelhanças entre ambas, porém,

terminam aqui.

As leis humanas regem a vida em sociedade de uma pessoa enquanto ela

está aqui na Terra. As leis universais condicionam a própria existência do

ser humano, esteja ele ainda aqui na Terra ou em qualquer outro plano da

Criação.

As leis humanas são intrinsecamente imperfeitas, e por essa razão

mutáveis, tanto no tempo como no espaço. Uma lei promulgada há um mês

pode já não estar em vigor hoje, e a legislação de um país não se aplica a

outro. Já as leis da Criação são absolutamente perfeitas, e por isso nunca

podem estar sujeitas a qualquer alteração. Jamais poderão ser ampliadas,

reduzidas ou revogadas. Muito menos aperfeiçoadas. Existem desde o

início dos tempos e permanecerão eternamente as mesmas. Imutáveis,

intangíveis e incorruptíveis.

É impossível para qualquer pessoa estar ciente de todas as leis humanas a

que está submetida durante a sua passagem de alguns anos pela Terra, tal o

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seu número e complexidade. As leis que regem a Criação, ao contrário, são

poucas e simples. São a própria simplicidade. Podem ser compreendidas

perfeitamente por qualquer um, independentemente do seu grau de

instrução. Nem poderia ser diferente, já que a elas estão submetidas todas

as criaturas, e assim também o próprio espírito humano, pouco importando

se na Terra ele é analfabeto ou phD.

As leis humanas são falhas por natureza, pois são produtos exclusivos do

intelecto limitado. Estão repletas de brechas que permitem descumpri-las,

sem acarretar ao infrator nenhuma sanção. Estão sujeitas a injunções

políticas, interpretações dúbias e contribuem para a especialização

crescente de consultores, que ensinam a burlá-las legalmente. Já com

relação às leis universais, nunca existiu, nem jamais existirá um único caso

em que uma criatura tenha descumprido alguma delas sem ter ficado

imediatamente sujeita às consequências deste descumprimento.

Por serem poucas, extremamente simples, absolutamente lógicas e tão

incisivas para a existência do ser humano, não há nenhuma desculpa para o

seu descumprimento sob a alegação de ignorância. O não cumprimento

dessas leis por desconhecimento é até uma circunstância agravante, já que

isto demonstra que o infrator – poderíamos dizer também pecador – não se

interessou por elas e nem fez o menor esforço em assimilá-las e cumpri-las.

O “não esforçar-se” equivale a “não movimentar-se”, o que já se constitui

numa desobediência consciente à lei do movimento.

Cumprir as leis da Criação equivale a ajustar-se à Vontade do Criador, que

as instituiu. E esta Vontade estabelece que em seus caminhos de

desenvolvimento, na Terra e em outras partes da Criação, o ser humano

deverá encontrar tão-somente alegria, felicidade e paz bem-aventurada.

Descumprir essas leis significa agir contra a Vontade do Criador, o que faz

o ser humano angariar então para si exatamente aquilo de que elas

procuram preservá-lo: dor, sofrimento, angústia e toda a sorte de desgraças.

Quanto mais elevado espiritualmente for um ser humano, quanto mais

sábio ele se tornar, tanto mais incondicionalmente ele se submeterá a essas

leis universais, já que assim lhe fica assegurada de antemão a felicidade. É

esta a maior sabedoria que um ser humano pode almejar. É a suprema arte

de viver.

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XXIII

A ÚLTIMA GUERRA

Em 1974 a Índia

realizou a sua primeira

explosão atômica.

Tratou-se de um teste

para “fins pacíficos”.

Recentemente o país

fez explodir, em dois

dias, cinco artefatos

nucleares, desta vez

com o objetivo

declarado de

consolidar seu sistema de defesa. Foram precisos 24 anos para que o

governo indiano abandonasse a hipócrita expressão com que rotulara seu

primeiro teste atômico e assumisse seu verdadeiro intento: prover o país

com um arsenal nuclear, meta a ser alcançada em breve também pelo

Paquistão, seu vizinho de fronteira e colega de desvario.

A Índia deixou de lado sua linguagem hipócrita, mas o resto do mundo

não. Dos seus quatro cantos convergiram para Nova Delhi as expressões

de “grande desapontamento”, “profunda consternação”, “forte

preocupação” e outras severas retaliações diplomáticas.

Ora, sejamos objetivos, claros. Sejamos honestos. Os testes nucleares

indianos explodiram de vez as vãs tentativas dos sócios fundadores do

clube atômico em manter as portas da agremiação fechadas, para impedir

o ingresso não autorizado de novos postulantes. E não são poucos os

países empenhados em estender para os seus territórios o imenso campo

minado atômico em que se transformou o planeta; como se a quantidade

de megatons acumulada até agora fosse insuficiente para materializar o

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apocalipse. Se o atual poderio atômico pudesse ser dividido

eqüitativamente entre todos os habitantes do planeta, cada cidadão seria

contemplado com 4,2 toneladas de dinamite...

Os esforços feitos até agora para reduzir o perigo de uma guerra nuclear

foram, digamos diplomaticamente, “improfícuos”. Os tratados de

limitação e banimento parcial de armas nucleares, firmados entre Estados

Unidos e Rússia, só fizeram baixar um pouco o patamar do número de

vezes que o mundo pode ser destruído. Nada além disso.

Os testes nucleares e o desenvolvimento de novas armas continuam a ser

realizados imperturbavelmente pelos membros oficiais do clube, através

de simulações de computador. E ninguém se mostra “desapontado” nem

“consternado” com isso. Por quê? O objetivo ardentemente almejado e

incansavelmente perseguido, o da destruição total, permanece

rigorosamente o mesmo. Mas agora, somente os novos membros não

convidados do clube atômico ainda dão ensejo a ridículas manifestações

de desagrado, em decorrência dos seus obsoletos testes subterrâneos...

Oxalá, entrem logo no Primeiro Mundo.

Os povos da Terra estão maduros, finalmente, para a Terceira Guerra

Mundial. As pífias reações aos novos testes nucleares e a indiferença

modorrenta em relação ao aperfeiçoamento do arsenal existente

demonstram, com absoluta nitidez, que a vontade humana é

completamente incapaz de deter este acontecimento. Mais uma vez, e pela

última vez, a humanidade colherá o que semeou. Os governantes poderão

contemplar então, por curto espaço de tempo, a coroação de seus

diligentes esforços, de décadas a fio, em se preparar condignamente para a

destruição mútua. Ou haverá ainda alguém que imagine que a Terceira

Guerra não eclodirá?

O fim da maior parte da humanidade, numa forma pavorosa, já pôde ser

previsto há muito tempo. Muito tempo mesmo. A maior parte dela já

enveredara por caminhos errados há milênios. Caminhos sem volta. E o

contingente dos que decidiram trilhar esses caminhos foi crescendo

continuamente com o passar dos séculos. Os testes nucleares que

atualmente presenciamos são os últimos preparativos, os últimos retoques

para um fim horrível de grande parte dos seres humanos, o qual não pode

mais ser detido nem adiado indefinidamente.

A hecatombe nuclear é o glorioso ponto final da saga humana, escrita com

sangue de geração em geração. Uma longa e tenebrosa trama composta de

inúmeros personagens, cada qual procurando interpretar da melhor forma

possível seu papel no imutável roteiro milenar de cobiças, vinganças,

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ódios, guerras, opressões, injustiças, etc., etc.

Certa vez perguntaram a Einstein como ele imaginaria que seria a

Terceira Guerra Mundial. O cientista alemão respondeu que a Terceira ele

não sabia, mas que a Quarta seria travada com paus e pedras...

Talvez seria assim mesmo, se a índole destruidora humana conseguisse

sobreviver à Terceira Guerra e voltasse a exercer sua influência

devastadora. Mas tal não acontecerá. A Terceira Guerra Mundial será

efetivamente a última da história. A própria humanidade colaborará

assim, compulsoriamente, no processo de depuração global ora em

andamento, que porá um fim à sua desastrosa passagem pela Terra.

Contudo, também este evento seguirá caminhos pré-determinados, de

forma que não ocorrerá a mínima injustiça, pois em nossa época ninguém

pode ser atingido por algo que não tenha ajudado a formar. Os que

passarem incólumes por isso viverão posteriormente sob uma nova ordem,

onde o amor ao próximo consistirá na própria vida. Não haverá saudades

em relação aos outros.

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XXIV

UMA HISTÓRIA DE PAPAS

Vamos uma vez falar de papas

sem papas na língua.

Comecemos com a Alta Idade

Média, quando havia em

média uma igreja católica

para cada grupo de 200

pessoas. O poder romanista

nessa época era tal, que o

papa podia até legislar sobre

assuntos tributários. Em seu

reinado de 1294 a 1303, o

papa Bonifácio VIII, por

exemplo, sentiu-se totalmente

à vontade para emitir uma

bula liberando os clérigos de

impostos, e uma outra onde

declarava que o poder

espiritual e temporal dos

papas era superior ao dos

reis… O poeta Dante visitou a

Roma dos papas durante o seu

reinado e absolutamente não

comungou desta opinião, pois logo depois descreveu o Vaticano como

“esgoto da corrupção”.

No século XIII, o pontífice romano dispunha de mais vassalos feudais

do que qualquer outro suserano, e a lei canônica era aplicada

indistintamente a todos os países cristãos do continente europeu.

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Qualquer súdito suspeito de heresia era taxado por Roma não apenas

de inimigo da fé, mas de “inimigo da sociedade”.

O poder do papa era tão imenso nesse período, que acabou dando

origem ao chamado “Grande Cisma”, o qual manteve a Igreja dividida

entre os anos de 1378 a 1417. O que aconteceu foi que o papa eleito

em 1378, Urbano VI, se opôs aos cardeais não italianos, que devido a

isso resolveram eleger por conta própria um outro papa, o suíço

Clemente VII. Urbano VI era apoiado pela Inglaterra, Polônia,

Dinamarca e Suécia, enquanto que Clemente VII contava com o apoio

da França, Escócia e países ibéricos. A sede de Urbano VI era Roma,

a de Clemente VII a cidade de Avignon, na França. Nessa época, todo

europeu encontrava-se automaticamente excomungado pelo papa a

cujo pálio não se submetia, e cada lado acusava o outro de ter o

Anticristo como chefe. Com o propósito de resolver o impasse, visto

ter fracassada uma singela tentativa de solução pelas armas, o

Concílio de Pisa, com apoio da Universidade de Paris, elegeu um

novo papa em 1409, Alexandre V, que não pôde resolver a situação

porque morreu inoportunamente logo em seguida, tendo sido

substituído por João XXIII*. Embora declarados ilegítimos pelo

Concílio, os dois papas anteriores, de Roma e de Avignon,

mantiveram-se firmes em seus postos, de modo que a Igreja passou a

contar com três Vigários de Cristo a zelar pela doutrina, cada qual se

esmerando em anátemas e excomunhões. Durante alguns anos, as

salvas dos tríplices anátemas papais cruzaram a Europa de ponta a

ponta, qual mísseis medievais, municiados com ogivas de ignorância e

estupidez, escurecendo ainda mais os céus já cinzentos da tenebrosa

Idade Média. O rebuliço só serenou quando o Concílio de Constança

(1415 – 1418) se reuniu e depôs os três papas briguentos, elegendo um

quarto, Martinho V, daí novamente o único pontífice universal

reconhecido por todos, e com isso a pax romana retornou ao seio da

Igreja.

O termo pontífice provém do vocábulo pontifex – “construtor de

pontes”, título sacerdotal usado nos ritos pagãos da Roma antiga,

designando aquele que, por seu ofício de sacerdote, formava o elo ou

ponte entre a vida na Terra e no Além. A forma pontifex maximus

(sumo pontífice) era uma das expressões do culto divino dirigido ao

imperador romano, e apenas a este. Só o imperador era o pontifex

maximus, tal como aparece, por exemplo, nos denários do tempo de

Jesus, aludindo ao imperador Tibério. Essa denominação foi

surrupiada pelo papado pouco depois do seu início, na gestão de Leão

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I, chefe da Igreja entre os anos 440 e 461, no tempo da queda final do

Império Romano. Foi ele quem deu início à concorrida linhagem de

césares papais ao tomar para si o título de “sumo pontífice”, encantado

com o rótulo. Com essa pontifical travessura ele desejava mostrar que,

como bispo de Roma, tinha natural jurisdição sobre as demais

comunidades cristãs. Na sua opinião, “uma vez que Pedro fora o

primeiro dentre os apóstolos, a Igreja de São Pedro deveria receber

primazia entre as igrejas.” Leão I queria, leoninamente, ser

considerado o primus inter pares – “primeiro entre iguais”. Assim,

podemos afirmar que o Império Romano nunca se extinguiu de fato,

mas continuou existindo, inclusive sob esse mesmo nome, até a idade

moderna. A única diferença é que seus súditos e vassalos não eram

mais constrangidos pela lança e os louros do imperador, mas pelo

báculo e a mitra do bispo de Roma. De fato, quase nada mudou. O

costume de manter arquivos papais deriva da antiga prática imperial

romana; o transporte do papa no alto, na chamada sedia gestatoria, é

igualmente um meio de transporte oriundo da Roma antiga, e mesmo

o Código de Direito Canônico foi inspirado no Direito Romano. Até

recentemente, qualquer terráqueo que não comungasse da fé católica

tornava-se efetivamente um novo “bárbaro” aos olhos da Igreja, tal

como no Império Romano. Tal como seu antecessor, o atual Império

Romano da Igreja, fundado em concepções errôneas das palavras de

Cristo, foi igualmente conservado pelo medo e expandido pela força.

O termo “papa” é formado pela junção das primeiras sílabas de duas

palavra latinas: pater patrum – “pai dos pais”. A própria História

comprova como muitos papas – os “pais dos pais” da Igreja –

mandaram utilizar paternalmente o punhal e o veneno contra seus

próprios pares, na consecução de objetivos puramente terrenais. Quem

inaugurou, ou melhor, foi inaugurado no estilo de morte papal por

envenenamento foi João VIII, assassinado no remoto ano de 882.

Cerca de dez anos depois foi a vez de o papa Formoso ser

misteriosamente envenenado na Santa Sé. Seu sucessor, Estevão VII,

aparentemente incomodado com esse falecimento enigmático, fez

questão de exumar o corpo do papa morto, excomungá-lo solenemente

com as vestes pontificais, mutilá-lo, arrastá-lo pelas ruas de Roma e

por fim lançá-lo no rio Tibre, mostrando ao mundo do que uma

paranóia papal é capaz. O misericordioso Estevão VII acabou

morrendo pouco depois, trucidado pelo povo.

Em 904 o papa Leão V foi assassinado pelo seu sucessor, Sérgio III,

que já havia tentado antes se apoderar do trono pontifício, sem

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sucesso. Poucos anos mais tarde, o papa João X foi envenenado pela

filha de sua amante, essa última mãe de seu sucessor, João XI. O papa

João XI foi despachado em 936. Em 974, o papa Bonifácio VII

assumiu o trono depois de estrangular seu antecessor, Bento VI. Dez

anos mais tarde, o mesmo Bonifácio VII prendeu e liquidou seu rival,

o papa João XIV, e um ano depois ele próprio foi deposto e

assassinado. O papa Silvestre II morreu envenenado no ano 1003.

O papa Clemente II morreu envenenado em 1047, dois anos depois de

assumir o trono com uma plataforma de combate à corrupção interna.

Em fins do século XIII, o papa Celestino V foi envenenado pelo seu

sucessor, Bonifácio VIII. Em 1304, o papa Benedito XI morreu logo

após ingerir, sem saber, figos misturados com vidro moído. Em 1471,

o papa Paulo II fechou os olhos para sempre depois de comer dois

triviais melões, não se sabe com que tempero adicional. Especial

destaque homicida merece ser dado ao papa Alexandre VI, um sátrapa

que ascendeu ao trono pontifício no ano de 1492 e logo cuidou de

transformar palácio papal um bordel. Seu tristemente célebre reinado

de terror ficou marcado tanto pelo punhal como pelo veneno,

freqüentemente utilizados por seus correligionários, com grande

habilidade, para abrir caminho nas fileiras dos opositores. Alexandre

VI morreu em 1503, envenenado por arsênico. Traições sucessivas,

luta de facínoras pelo poder, sangue derramado aos borbotões – tal é o

enredo secular da história dos papas.

Em relação a outros temas o currículo deles não é melhor. Os

catálogos feitos para provar a ligação ininterrupta dos papas desde o

início do Cristianismo são falsificações, reconhecidas hoje, inclusive,

por membros mais honestos do clero. Baseiam-se na chamada

“Doação de Constantino” e nas “Pseudo-decretais”, documentos

fabricados no século IX e impingidos ao povo como “provas” da

transferência da autoridade papal aos ocupantes da cadeira de Pedro

pelo imperador romano Constantino, no século III. A Doação de

Constantino é uma carta forjada desse imperador, que teria sido

dirigida ao papa Silvestre I em 30 de março de 315, na qual lhe

concede autoridade sobre todos os episcopados existentes, doando-lhe

ainda o palácio de Latrão, as insígnias e os poderes imperiais

romanos, não apenas sobre a Itália mas incluindo todas as demais

províncias do Império. Não se sabe bem o que Silvestre I pensou ao

ganhar de presente um certo patriarcado de Constantinopla, citado

textualmente na “Doação”, mas que ainda não existia no ano 315… A

Igreja de Roma afirmava que o imperador Constantino depositara seu

documento de “Doação” sobre o cadáver de S. Pedro, como uma

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oferta pessoal ao primeiro dos papas... Um outro documento

falsificado, atribuído a Clemente I, papa de 88 a 97, informa que o

próprio apóstolo Pedro lhe teria dito que o bispo de Roma detinha o

poder de abrir e fechar os portões do Paraíso.

Já a comprovação “espiritual” da ligação dos papas com Cristo,

cabeça da Igreja, foi pespegada aos católicos com o dogma da

infalibilidade papal, decretado durante o Concílio Vaticano I, no

século XIX. Os bispos reunidos nesse Concílio chegaram a dispor de

uma oportunidade de rejeitar essa loucura, mas preferiram recuar.

Numa das reuniões para debater o assunto da infalibilidade, uma

tempestade desabou sobre a Basílica de S. Pedro e uma trovoada,

amplificada pelo interior acústico da Basílica, acabou quebrando uma

das janelas mais altas. Esse incidente assustou algumas das

eminências ali reunidas, que concluíram tratar-se de um sinal claro de

que era errado o que estavam fazendo. No entanto, essa opinião não

prevaleceu, o episódio foi rapidamente abafado, as confabulações

encerradas e os papas tornaram-se dali em diante infalíveis em

questões de fé e moral, preservados pelo Senhor de quaisquer erros.

Também a prepotência espiritual da casta papal ainda está para ser

avaliada, em sua real magnitude, por historiadores independentes. No

início eles se denominavam Vigários de Pedro, mas não demorou a

serem promovidos por si próprios a Vigários de Cristo.

O papa Gelásio I, redator do primeiro catálogo de livros proibidos pela

Igreja, foi quem deu início, no século V, à longa série de desvarios

pontifícios com sua “teoria das duas espadas”. De acordo com essa

tese, dos dois poderes legítimos que o Criador teria outorgado para o

governo do mundo, o poder espiritual – representado pelo papa –

sempre teria supremacia sobre o poder dos reis. No século XI, o papa

Gregório VII reforçou esse poder ao proclamar a absoluta perfeição da

Igreja de Roma: “A Igreja nunca errou, nem jamais errará, segundo as

Escrituras”, esclareceu. Como testemunho dessa perfeição doutrinária,

e para justificar o solene culto em latim da época, que sempre foi

completamente ininteligível para qualquer fiel, esse papa emitiu uma

bula declarando “ser agradável ao Onipotente que Seu culto fosse

celebrado em língua desconhecida, e que muitos males e heresias

haviam surgido por não se observar essa regra.” Esse Gregório VII

também deliberou, num espasmo de humildade, que todos os príncipes

deveriam beijar os pés do papa, e que um apelo à corte papal sempre

teria total preponderância sobre os julgamentos de qualquer outro

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tribunal terreno. Na sua opinião, o papa era automaticamente feito

santo pelos méritos de São Pedro, e daí a relevância da reverência

exigida. Seu colega de profissão, Bonifácio VIII, também não corou

ao discorrer sobre seu glamouroso papel na salvação das almas

humanas: “Declaramos, afirmamos, definimos e pronunciamos que é

totalmente necessária à salvação de toda criatura humana sua sujeição

ao pontífice romano.**” O catecismo do Concílio de Trento respaldou

indiretamente essa opinião de Bonifácio VIII, ao definir a Igreja como

“corpo de todos os fiéis que até agora vivem na Terra, com uma

cabeça invisível, Cristo, e uma cabeça visível, o sucessor de Pedro,

que ocupa a Sede Romana.” Pouco depois dessa declaração, Inocêncio

III, pontífice entre os anos de 1198 e 1216, conseguiu sobrepujar por

larguíssima margem a arrogância de seus predecessores quando, num

arroubo de modéstia pontifícia, serenamente anunciou ao mundo que

“o pontífice romano é o representante sobre a Terra não de um mero

homem, senão do próprio Deus.” Essa opinião se manteve nos séculos

seguintes. Segundo a escritora Ellen White, até o ano de 1612 ainda

era possível encontrar documentos eclesiásticos onde se lia o intróito:

Dominum Deum Nostrum Papam – Nosso Senhor Deus o Papa. Não

me é possível tecer comentários sobre uma blasfêmia tão asquerosa

como essa, mas gostaria de saber qual a diferença entre esse

ensandecido Inocêncio III e o desvairado Domiciano, imperador

romano de 51 a 96 d.C, que exigia de seus súditos o tratamento de

“Senhor e deus”. Ou então de sacripantas do diâmetro de Calígula e

Nero, que também declararam em vida sua origem divina.

Foi também Inocêncio III quem, durante o Concílio Latrão IV, em

1215, ratificou a desairosa máxima de São Cipriano: “fora da Igreja

não há salvação”, pouco depois de declarar Maomé como o Anticristo.

Com um caráter assim tão pouco ecumênico, logo sentiu-se

encorajado a perseguir os albigenses ou cátaros, um grupo cristão

dissidente que surgiu na França no século XII, que rejeitava o culto

aos santos, os dogmas da ressurreição da carne, do nascimento

virginal de Jesus e de sua presença real na eucaristia. Durante a

perseguição, o escassamente inocente Inocêncio III foi tocado por um

lampejo de caridade cristã ao ordenar aos seus: “Se necessário,

suprimi-os com a espada!” Por ocasião da sangrenta tomada da cidade

de Beziers por parte das tropas papais, surgiu então a questão de como

distinguir os habitantes heréticos dos bons católicos. Um legado desse

papa Inocêncio III encontrou rapidamente a solução: “Matem todos,

pois o Senhor saberá reconhecer os que lhe pertencem!” E assim

foram mortos algumas dezenas de milhares de homens, mulheres e

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crianças.

Esse Inocêncio valentão também já havia sepultado numa desaforada

bula as tímidas iniciativas de tradução da Bíblia, ameaçando de morte

“qualquer simplório e ignorante que tivesse a audácia de tocar na

sublimidade da santa Escritura ou de pregá-la a outrem”.

Inocêncio III não foi o único papa belicoso a desautorizar a leitura da

Bíblia em língua vernácula. No século XVI, o papa Paulo IV emitiu

uma bula em que excomungava quem fizesse uso de qualquer

tradução da Bíblia. Seu sucessor, Pio IV, foi um pouco mais

compreensivo e declarou que “qualquer pessoa que leia ou tenha uma

tradução em seu poder sem esta permissão [dos bispos e dos

inquisidores] não poderá ser absolvido de seus pecados até que

devolva a Bíblia ao superior”. Algumas décadas depois, Paulo V

colocou a seguinte observação ao lado da lista de Bíblias vernáculas

no Index Librorum Prohibitorum – o Índice de Livros Proibidos da

Igreja: “Não se pode ler, imprimir-se ou possuir-se, sem licença do

Santo Ofício, as edições da Bíblia em língua vulgar.” Em 1816, Pio

VII emitiu um documento em que chamava as traduções vernáculas da

Bíblia de “a mais astuta das invenções, pela qual se abalam os

fundamentos da religião e se levam os fiéis a beberem nessas fontes o

letal veneno.” Alguns anos depois dessa declaração peçonhenta de Pio

VII, um outro papa mefistofélico, Gregório XVI, tachou a hipótese de

uma eventual liberdade de consciência humana como “idéia

monstruosa e absurda”.

Esses papas não podiam admitir que seus enfileirados fiéis tivessem a

capacidade de pensar por si mesmos e tirar suas próprias conclusões.

Onde já se viu tamanha insolência? De fato, havia o risco de os

católicos, observando a profusão de canonizações ao longo dos

séculos, terem chegado à conclusão de que nenhum de seus papas lia a

Bíblia, ou então que não davam à mínima para ela, já que no livro de

Isaías está dito expressamente: “Só ao Senhor dos Exércitos chameis

de Santo” (Is8:13). A Bíblia só pôde começar a ser interpretada sob

rigorosa supervisão da cúria pretoriana, para evitar “desvios”.

Exemplo de interpretação correta foi esse primor produzido por um

certo bispo de Florença, segundo o qual um trecho do Salmo 8

provava o domínio do papa sobre o mundo: “Deste-lhe domínio sobre

as obras da Tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois,

todos, e também os animais do campo; as aves do céu e os peixes do

mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares” (Sl8:7,8). O bispo

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esclareceu como tudo fora colocado sob os pés do papa pelo Senhor:

as ovelhas eram os cristãos, os bois eram os judeus e heréticos, os

animais do campo eram os pagãos, e os peixes do mar eram as almas

do purgatório. Desconfio que o tal bispo não tinha muito apreço pela

inteligência das suas ovelhas... E todo esse poder fora doado ao papa

para ser exercido em terras... da Igreja! Em Portugal, a Igreja detinha a

propriedade de dois terços das terras no início do século XVIII.

Como foi possível que o mundo tivesse de suportar essa instituição do

papado, a maior incubadora de tiranos em seqüência da história da

humanidade, verdadeiros serial killers do espírito?

Em Sua obra O Livro do Juízo Final, Roselis von Sass diz o seguinte

sobre o modo de geração de tiranos no lar: “Quando pessoas moram

muito juntas numa casa na Terra e se deixam tiranizar caladas por um

dos habitantes, tolerando a sua impertinência e mania de dominar, e

portanto temerosas se rebaixam em vez de enfrentá-lo, elas perdem

energias. Tornam-se mais fracas, ao passo que o tirano fica cada vez

mais poderoso e mais impertinente.” Com o papado aconteceu algo

semelhante. No grande lar da Terra, os povos se deixaram atemorizar

pela impertinência dos primeiros papas, fornecendo a eles o

combustível para que se tornassem cada vez mais poderosos e

tirânicos. O processo foi o mesmo.

Só para arrematar essa diminuta amostragem de prepotência papal,

quero citar uma, apenas uma das pérolas que compõem o rosário de

petulâncias da chamada “Súmula de Erros”, elegia emitida pelo papa

Pio IX no ano não tão distante assim de 1864: “Os princípios de

filosofia, ciência moral e as leis civis podem e devem ser feitos para se

curvarem às autoridades divinas e eclesiásticas.” Esse Pio IX,

parodiando Luís XIV e sua famosa frase “O Estado sou eu!”, não

deixou por menos no Concílio Vaticano I em 1870: “Eu sou a

tradição!”, avisou ao mundo.

Poucos anos depois, seu sucessor, Leão XIII, jogou um balde de água

gelada em qualquer mortal que ainda ousasse querer buscar a própria

salvação: “Enganam-se todos aqueles que desejam alcançar a salvação

fora da Igreja e engajam-se num esforço inútil. Por ordem de Deus,

apenas na Igreja pode ser encontrada a salvação; o único instrumento

efetivo e forte para a salvação é o Pontificado Romano.” Não diga!...

Pronto, já basta. Voltemos a respirar. Mesmo porque agora temos

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* Não confundir com o outro João XXIII, eleito em 1958 e que convocou o

Concílio Vaticano II. Este segundo João XXIII era, de fato, um papa bem-

intencionado. A Igreja não reconhece o reinado do primeiro João XXIII,

daí a repetição dos nomes.

** Nessa época, o rei da França, Filipe, o Justo, acusou o papa Bonifácio

VIII de simonia, imoralidade, violência e irreligião. Prestes a ser

excomungado, Filipe se adiantou e prendeu o papa na cidade francesa de

Agnani, no dia 7 de setembro de 1303.

permissão para isso, conforme estabelece o cânone nº 1.536 do

Concílio Vaticano II, promulgado em 1965, portanto um século depois

da Súmula de Erros de Pio IX: “Este Sínodo Vaticano declara que a

pessoa humana tem direito à liberdade religiosa.” Que bom, não?

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Epílogo

Roberto C. P. Junior é espiritualista, mestre em ciências e autor dos

livros: "Vivemos os Últimos Anos do Juízo Final", "Visão Restaurada

das Escrituras", "Capotira", "Jesus Ensina as Leis da Criação" e "O

Filho do Homem na Terra", os dois últimos disponíveis em edição

impressa. Roberto é membro da Ordem do Graal na Terra e autor de

vários artigos de cunho filosófico disponíveis nos sites "Library" e

"SóCultura".