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PEGADA ECOLÓGICA DISCENTES - ESTUDO DE CASO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE - UNINORTE TEIXEIRA, Ronildo Garcia 1 RESUMO Esta pesquisa discorre acerca do conceito, importância e de um caso de aplicação da ferramenta Pegada Ecológica como indicador de sustentabilidade, visando a mensuração e análise de impactos promovidos por uma determinada população ao meio ambiente, assim como, a identificação de oportunidades de melhoria. Neste sentido, como opção metodológica foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa e aplicada, suportada pela utilização de questionário on-line que permitiu a aquisição de informações, tais como, padrão de consumo de papel e tipo de meio de transporte, utilizado por alunos da graduação das unidades nove e onze do Centro Universitário do Norte - Uninorte, em suas atividades acadêmicas. Como resultado da análise foi obtida a pegada ecológica 7.0721 (ha/ ano) e de 0,0012 ha/pessoa/ano, verificou- se também que o fator que mais contribui para a Pegada Ecológica do Centro Universitário do Norte em suas duas unidades (9 e 11), é o de Mobilidade e Transporte, representando uma Pegada Ecológica de 7,07 ha/ano, destacando o item Compartilhamento de carro, onde a maioria de alunos que se desloca de carro para a faculdade, viaja sozinho. A partir destas e de demais observações foi desenvolvido um conjunto de planos de ação para a redução da pegada ecológica neste contexto, haja vista a crescente demanda por toda a sociedade de ações de melhoria contínua que contribuam com o desenvolvimento sustentável. Palavras-chaves: Gestão Ambiental, Indicador, Sustentabilidade, Universidades. ABSTRACT This research deals with the concept, importance and application of the Ecological Footprint tool as an indicator of sustainability, aiming at the measurement and analysis of impacts promoted by a given population to the environment, as well as the identification of opportunities for improvement. In this sense, as a methodological option, a qualitative and applied research was developed, supported by the use of an online questionnaire that allowed the acquisition of information, such as pattern of consumption of paper and type of means of transportation, used by undergraduate students. units nine and eleven of the Centro Universitário do Norte - Uninorte, in its academic activities. As a result of the analysis, the ecological footprint 7.0721 (ha / year) and 0.0012 ha / person / year were obtained, and it was also verified that the factor that contributes most to the Ecological Footprint of Centro Universitário do Norte in its two units ( 9 and 11), is Mobility and Transportation, representing an Ecological Footprint of 7.07 ha / year, highlighting the item Car Sharing, where most students who travel by car to college, travel alone. From these and other observations, a set of action plans was developed to reduce the ecological footprint in this context, given the growing demand by the whole society for continuous improvement actions that contribute to sustainable development. Keywords: Environmental Management, Indicator, Sustainability, Universities. INTRODUÇÃO O modelo de desenvolvimento da atualidade, por boa parte dos gestores públicos e privados é a maximização dos lucros no menor intervalo de tempo possível. 1

PEGADA ECOLÓGICA DISCENTES - ESTUDO DE CASO DO …Segundo Villarraga (2013), a pegada ecológica é uma medida de área de terras produtivas e da área de água que uma pessoa requer

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PEGADA ECOLÓGICA DISCENTES - ESTUDO DE CASO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE - UNINORTE

TEIXEIRA, Ronildo Garcia1

RESUMO

Esta pesquisa discorre acerca do conceito, importância e de um caso de aplicação da ferramenta PegadaEcológica como indicador de sustentabilidade, visando a mensuração e análise de impactos promovidospor uma determinada população ao meio ambiente, assim como, a identificação de oportunidades demelhoria. Neste sentido, como opção metodológica foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa e aplicada,suportada pela utilização de questionário on-line que permitiu a aquisição de informações, tais como,padrão de consumo de papel e tipo de meio de transporte, utilizado por alunos da graduação dasunidades nove e onze do Centro Universitário do Norte - Uninorte, em suas atividades acadêmicas. Comoresultado da análise foi obtida a pegada ecológica 7.0721 (ha/ ano) e de 0,0012 ha/pessoa/ano, verificou-se também que o fator que mais contribui para a Pegada Ecológica do Centro Universitário do Norte emsuas duas unidades (9 e 11), é o de Mobilidade e Transporte, representando uma Pegada Ecológica de7,07 ha/ano, destacando o item Compartilhamento de carro, onde a maioria de alunos que se desloca de carro paraa faculdade, viaja sozinho. A partir destas e de demais observações foi desenvolvido um conjunto de planosde ação para a redução da pegada ecológica neste contexto, haja vista a crescente demanda por toda asociedade de ações de melhoria contínua que contribuam com o desenvolvimento sustentável.

Palavras-chaves: Gestão Ambiental, Indicador, Sustentabilidade, Universidades.

ABSTRACT

This research deals with the concept, importance and application of the Ecological Footprint tool as anindicator of sustainability, aiming at the measurement and analysis of impacts promoted by a givenpopulation to the environment, as well as the identification of opportunities for improvement. In this sense,as a methodological option, a qualitative and applied research was developed, supported by the use of anonline questionnaire that allowed the acquisition of information, such as pattern of consumption of paperand type of means of transportation, used by undergraduate students. units nine and eleven of the CentroUniversitário do Norte - Uninorte, in its academic activities. As a result of the analysis, the ecologicalfootprint 7.0721 (ha / year) and 0.0012 ha / person / year were obtained, and it was also verified that thefactor that contributes most to the Ecological Footprint of Centro Universitário do Norte in its two units ( 9and 11), is Mobility and Transportation, representing an Ecological Footprint of 7.07 ha / year, highlightingthe item Car Sharing, where most students who travel by car to college, travel alone. From these andother observations, a set of action plans was developed to reduce the ecological footprint in this context,given the growing demand by the whole society for continuous improvement actions that contribute tosustainable development.

Keywords: Environmental Management, Indicator, Sustainability, Universities.

INTRODUÇÃO

O modelo de desenvolvimento da atualidade, por boa parte dos gestores

públicos e privados é a maximização dos lucros no menor intervalo de tempo possível.

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Certamente, o resultado desse processo não é sustentável, esgota-se o modelo

e todos pagam a conta. Assim, acabando com a biodiversidade, poluição dos corpos

d’água, construções de grandes empreendimentos de alto impacto como usinas para

geração de energia elétrica, mineração, entre outros (AMARAL, 2010).

O conceito de desenvolvimento sustentável tem sua origem conhecida na

década de 1980, adquirindo maior importância e conhecimento mais precisamente em

1987, quando colocado na agenda política internacional com a publicação do Informe

Brundlandt pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

(VILLARRAGA, 2013).

Segundo Trigueiro (2017), ecologistas e ambientalistas apregoam valores que

soam bastante ameaçadores a quem se acostumou a enxergar a natureza como um

gigantesco supermercado do qual basta retirar o que se deseja das prateleiras sem

nenhuma preocupação com os limites do estoque.

De acordo com Relatório Estado do Mundo (WORLDWATCH INSTITUTE, 2010),

o consumismo foi se enraizando em uma cultura depois da outra nos últimos cinquenta

anos, tornou-se um vigoroso propulsor do aumento inexorável da demanda por

recursos e da produção de lixo que marca nossa era. Naturalmente, impactos

ambientais dessa magnitude não seriam possíveis sem uma explosão demográfica

inédita, aumento de riqueza e as descobertas científicas e tecnológicas.

Um termo importante que todos devemos conhecer é o ECOCÍDIO. E uma das

definições possíveis alude à responsabilidade coletiva que temos pela destruição do

planeta. Apesar dos relatórios científicos que reportam o risco de um colapso, de uma

ruptura na capacidade de os ecossistemas proverem a Humanidade daquilo que

retiramos sistematicamente do meio ambiente, muitos de nós continuamos dando

preferencia ao consumo desenfreado, desperdiçando água e energia, descartando

grande volume de lixo sem reciclagem ou reaproveitamento, emitindo gases estufa em

deslocamentos eventualmente desnecessários em veículos automotores, etc. Tudo

isso, apesar de inúmeros alertas, relatórios e diagnósticos. (TRIGUEIRO, 2017).

Nos últimos cinquenta anos, a população do planeta aumentou em mais de

100%, passando de três para sete bilhões de pessoas. A população mais que dobrou

num período de apenas cinquenta anos! O consumo de madeira, de água potável e de

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grãos, triplicou. O consumo de carne e de combustíveis quintuplicou na segunda

metade do século XX, e o aumento de consumo de papel chegou a sextuplicar. No

total, a economia mundial cresceu mais de seis vezes nesse mesmo período

(VILLARRAGA, 2013).

Neste contexto, o Relatório Planeta Vivo (WWF, 2018), afirma que existem dois

problemas principais: Primeiro e talvez o maior é o desafio cultural, que por muito

tempo tomamos a natureza por concedido, e isso precisa parar; o segundo é

econômico, pois podemos não mais ignorar o impacto da produção insustentável do

atual modelo e estilos de vida perdulários, estes devem ser contabilizados e

endereçada.

Para medir esse consumo de capital natural, foram criadas metodologias que

auxiliam a tomada de decisão, uma delas é a Pegada Ecológica, termo criado pelos

cientistas canadenses Mathis Wackernagel e William Rees, que afirmam que a análise

da Pegada Ecológica mede a área de terra agregada requerida para que uma

determinada população exista de maneira sustentável (WACKERNAGEL; REES ,1996)

e hoje é internacionalmente reconhecido como uma das formas de medir a utilização,

pelo homem, dos recursos naturais do planeta (INPE, 2012).

Segundo Villarraga (2013), a pegada ecológica é uma medida de área de terras

produtivas e da área de água que uma pessoa requer para sustentar o seu consumo e

absorver os seus resíduos pelo período de um ano. É contabilizado em hectares. Em

2007, a pegada ecológica global foi de 2,7 há/pessoa. Atualmente, cada pessoa no

planeta Terra tem disponíveis 1,8 ha de terra e água para seu sustento. Essa é a

biocapacidade total do planeta. Portanto, estamos usando um planeta e meio para

sustentar todas as atividades humanas. Ou seja, estamos usando mais recursos

naturais do que a capacidade de renovação da natureza pode oferecer.

Este método consiste em um índice de sustentabilidade que mede o impacto do

homem sobre a Terra, um indicador da pressão exercida sobre o ambiente, e permite

calcular a área de terreno produtivo necessária para sustentar o nosso estilo de vida

(CERVI; CARVALHO, 2010).

Ainda segundo Becker e seus colaboradores (2012), Pegada Ecológica é uma

metodologia utilizada para medir os “rastros” que nós deixamos no Planeta a partir dos

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nossos hábitos de consumo. O cálculo já é feito para os países e agora começa a ser

ampliado para um nível mais local, para as cidades e estados.

Segundo uma frase atribuída a Mahatma Gandhi: “A terra pode oferecer o

suficiente para satisfazer as necessidades de todos os homens, mas não a ganância de

todos os homens”.

Para esse trabalho, as universidades como centros de formação, produção de

conhecimentos e ações em educação, são convidadas a contribuírem com o meio

ambiente, adotando diretrizes sustentáveis em seus centros. Os impactos provocados

dentro e fora dos centros universitários, criam oportunidades para que os mesmos

possam agir agora, em prol do meio ambiente. Nesse contexto, o Centro Universitário

do Norte – UNINORTE Laureate tem em sua missão oferecer ensino superior de

qualidade para aquisição de valores, competências e habilidades que lhe permitam o

exercício da cidadania com melhores condições de empregabilidade, tendo como eixo

norteador a busca de um modelo de desenvolvimento sustentável.

1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1 A Sustentabilidade

O termo sustentabilidade, segundo o Dicionário Brasileiro de Ciências

Ambientais (2002), aparece como sendo a qualidade de um sistema que é sustentável;

que tem a capacidade de se manter em seu estado atual durante um tempo indefinido,

principalmente devido à baixa variação em seus níveis de matéria e energia; desta

forma não esgotando os recursos de que necessita.

O termo desenvolvimento sustentável citado por Freitas et al. (2012) é defendido

como um envolvimento que cada cultura e cada povo tem com o espaço em que vive e

subverter as relações entre essas pessoas também com a natureza.

O primeiro passo para a formação de comunidades sustentáveis consiste no

conhecimento detalhado de como a natureza funciona, sobre as leis que regem os

ecossistemas e como eles têm sido testados e desenvolvidos por milhões de anos

(VILLARRAGA, 2013).

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1.2 As Universidades

Um dos desafios deste século se relaciona à perspectiva de que as sociedades

se tornem social, ambiental e economicamente sustentáveis, de forma a satisfazerem

as necessidades das presentes gerações sem diminuir as chances de as futuras

gerações satisfazerem as delas. É por meio da educação superior que novos

profissionais passam a atuar, logo, influenciam a maneira como as gerações atuais e as

futuras lidam com as questões sociais, ambientais e econômicas, ou seja, com a

sustentabilidade e com o Desenvolvimento Sustentável (DS). Assim, cabe às

universidades proporcionar às pessoas competências que permitam a elas enfrentarem

os desafios técnicos e socioambientais por meio de soluções que minimizem os

impactos ambientais e as desigualdades sociais (LOUREIRO et al., 2016).

1.3 Indicadores Ambientais

Indicadores servem para nos informar, direta ou indiretamente, o que está

acontecendo ou prestes a acontecer. Mais precisamente, pode-se dizer que, em geral,

os indicadores servem essencialmente para informar sobre a evolução de determinados

processos dinâmicos ou avanços em direção a determinados objetivos ou metas e,

nesse intuito, revelar – ou antecipar – tendências ou fenômenos que não seriam

imediatas ou facilmente detectáveis por meio de dados isolados (PNIA, 2014).

Instrumento utilizado para monitorar o desenvolvimento sustentável, os quais são

responsáveis por capturar tendências para informar os agentes de decisão, orientar o

desenvolvimento e o monitoramento de políticas e estratégias (KEMERICH; RITTER;

BORBA, 2014).

De acordo com Afonso (2014), a importância dos indicadores como ferramenta

de gestão advém fundamentalmente do fato destes diminuírem o número de

parâmetros requeridos para a caracterização de um sistema (o que, por outro lado,

impõe um limite no seu nível de detalhe) e simplificarem o processo de comunicação

entre todas as partes envolvidas no processo de persecução de um dado objetivo,

geralmente provenientes de disciplinas cognitivas muito distintas.

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Diante disso, existem dezenas de indicadores ambientais que se destacam para

alcançar uma sociedade sustentável, dentre elas a Pegada Ecológica, que iremos

comentar em seguida.

1.4 Pegada Ecológica

No início dos anos 1990, o jovem suíço Mathis Wackernagel desenvolveu a

metodologia para a Pegada Ecológica com o seu orientador de doutorado Professor

William E. Rees da Universidade de British Columbia, no Canadá. O ponto de partida

para o seu trabalho foi o conceito de capacidade de suporte ecológica, um conceito

bem conhecido da biologia animal. O conceito descreve quantos indivíduos de uma

determinada espécie podem ser mantidos por um determinado habitat. Eles também se

inspiraram num outro estudo sobre a capacidade de suporte, ou, mais precisamente, a

dinâmica do crescimento económico num planeta com recursos limitados (AMEND et al.

2010).

Assim, após a Cúpula da Terra de 1992 no Rio de Janeiro, a necessidade de

reduzir o impacto humano na Terra tornou-se inegável e amplamente reconhecido. Com

base no debate sobre capacidade de suporte humano no início dos anos 90, Mathis

Wackernagel e William Rees introduziu um novo método de contabilidade ambiental, a

Pegada Ecológica, para medir a demanda humana na biosfera. O método expressa a

demanda e a oferta de recursos em termos da área necessária para apoiar estes fluxos

(WACKERNAGEL; GALLI, 2007).

Amend et al. (2010) afirmam que a humanidade é totalmente dependente da

natureza. A natureza fornece o que nós precisamos para movimentar as nossas

economias e oferece incontáveis serviços ecológicos mas, no sentido da nossa

economia ser “adequada para o futuro”, em outras palavras, “sustentável”, não

podemos usar os recursos naturais mais rapidamente do que a natureza os pode

regenerar, nem podemos criar mais lixo do que a natureza consegue assimilar e

processar.

Assim, a Pegada Ecológica é um indicador antropocêntrico (centrado no

homem). Mede a procura da humanidade sobre a biocapacidade e não dita

especificamente a quantidade de terra necessária para outras espécies. A ferramenta

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também não prescreve soluções prontas; em vez disso, apresenta informações que

podem ser usadas para tomadas de decisão. Isto faz com que seja uma eficaz

ferramenta de comunicação e gestão (AMEND et al. 2010).

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local da Pesquisa

A pesquisa será realizada nas unidades 9 e 11 do Centro Universitário do Norte

– UNINORTE, está localizada no campus centro, na Avenida Leonardo Malcher,

número 715 e avenida Igarapé de Manaus, número 211, respectivamente ambas no

bairro centro, da cidade de Manaus.

Na unidade 9 o prédio tem uma estrutura de 3 andares, com um subsolo

composto por uma cantina, uma estação Termodinâmica de máquinas térmicas e

vibrações, uma estação de Processo de fabricação de soldagem, um laboratório de

processo de fabricação, uma sala de materiais de construção mecânica de metalografia

euma subestação.

O térreo é composto por uma sala de recpção, uma biblioteca, sala de

professores, reprografia, sala de serviços gerais, elevador com acesso aos demais

andares, Banheiros (masculino, feminino e PCD), Laboratório de Química, 2 salas de

aula e um laboratório didático.

O 1° andar é composto por 9 salas de aula, laboratório de física, Banheiros

(masculino, feminino e PCD), Laboratório de Biologia, Ecologia, Microbiologia e Análise

de Água.

O 2° andar é composto por 5 salas de aula, Banheiros (masculino, feminino e

PCD), 2 laboratórios de informática, 1 laboratório de eletrônica, 1 laboratório de

pranchetas, 1 laboratório Fenômenos dos transportes e 1 laboratório multidisciplinar.

O 3° piso é composto por 4 salas de aula, 1 laboratório de metrologia e

qualidade, 1 laboratório de robótica, e laboratório multidisciplinar e Banheiros

(masculino, feminino e PCD).

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A unidade 11, do Centro Universitário do Norte – UNINORTE, também está

localizada no campus centro, na Av. Igarapé de Manaus, número 211 Manaus- Am,

(Figura 8).

Sua estrutura é composta por 4 andares, sendo 3 subsolos destinados a

garagem.

O térreo é composto por uma lanchonete, um restaurante, uma livraria,

reprografia, 2 salas de aula, sala de supervisão de operações, sala de escritório

modelo, laboratório de mecânica dos solos e Geotecnia, laboratório de materiais de

construção e técnicas construtivas, laboratório de conforto, sala de apoio e laboratório

de maquete.

O 1° andar comporta 7 salas de aula, 5 salas de pranchetas, laboratório de

desenho, sala de recepção das coordenações, sala de professores parciais e integrais,

sala de gerência e Banheiros (masculino, feminino e PCD).

O 2° e 3° andar, respectivamente comportam 19 salas de aula e Banheiros

(masculino, feminino e PCD).

E o 4° andar possui uma biblioteca, 12 salas de aula e Banheiros (masculino,

feminino e PCD).

Deste modo, as referidas unidades foram escolhidas para aplicar o indicador

pegada ecológica de seus alunos e, portanto, tentar mensurar o impacto ambiental

causado pelos mesmos durante um ano de atividade.

Para a realização desse trabalho foi realizada uma revisão de literatura para

obtenção de informações relevantes para o cálculo da pegada ecológica, assim

também como aplicação de um questionário para obtenção dos dados requerentes para

o resultado final da pegada ecológica.

2.2 Cálculo

Wackernagel & Rees (1996) afirmam que a análise da Pegada Ecológica mede a

área de terra agregada requerida para que uma determinada população exista de

maneira sustentável. Deste modo, adotou-se o modelo apresentado por Amaral, (2010).

Porém, para esse trabalho, adota- se as seguintes variáveis: Consumo de papel,

Mobilidade e reutilização de algum tipo de material.

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Para o cálculo, adota-se os valores totais do consumo de cada variável,

convertidos em quantidade correspondente de massa de gás carbônico liberado (CO 2),

(equação 1) e novamente em área verde (quilômetros, hectares) necessária para

absorção do mesmo, (equação 2), como podemos observar na figura 1

Figura 1: Equações utilizadas para o estudo.

Fonte: AMARAL, R. C. (2010).

Para se calcular a pegada ecológica, necessita-se de um período de coleta e

análise e por isso, esse trabalho teve como ano-base 2018, isto é, os dados aqui

mostrados são referentes ao ano letivo de 2018.

2.3 Dados Utilizados

Nesta pesquisa utilizou-se apenas um dado complementar, que foi o indireto,

obtido por meio de questionário on-line aplicado a uma amostra de alunos das unidades

09 e 11 do Campus Centro da Uninorte. Esse método foi utilizado para dados de

mobilidade dos usuários referente ao deslocamento residência –universidade, consumo

de papel reutilização de algum tipo de material. Para o cálculo dos itens transporte e

consumo de papel foi utilizado um período de 205 dias para alunos de graduação.

O questionário foi gerado através da plataforma google forms e disponibilizado

para os alunos através do site Wix, onde apresentou-se algumas informações desse

trabalho para que os alunos pudessem responder o questionário com mais confiança.

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O questionário foi disponibilizado para os alunos através de aplicativo de celular

e redes sociais, com a ajuda de docentes e discentes que puderam compartilhar, assim

também como abordagem direta nos corredores das unidades.

Assim, conseguiu-se uma amostra de alunos que responderam ao questionário,

representada na Tabela 1.

Tabela 1: Número de participantes do questionário frente à população total eporcentagem correspondente.

Fonte: Autor, 2019

Para se obter um percentual da amostra de alunos das duas unidades, utilizou-

se os recursos do excel, assim representando sua totalidade.

Como parâmetros utilizados para a pesquisa foram considerados como dados a

serem levantados a mobilidade, o consumo de papel e a utilização de algum tipo de

material através de questionário.

2.4 Fatores de emissão CO2 e Taxas de Absorção de CO2

Cada recurso consumido possui um fator de emissão de CO2 associado que

inclui a quantidade de carbono emitida em seu ciclo de vida (extração, pr odução,

consumo, destinação, reuso, etc.) (AMARAL, 2010).

Abaixo na tabela 3, são apresentados os fatores de emissão CO2 utilizados

nessa pesquisa, para cada insumo.

Categoria Número TotalAmostra de

participantes noquestionário

Porcentagemcorrespondente

%

Alunos Unidade 9 1500 199 0.133

Alunos Unidade 11 4150 202 0.049

Total 5650 401 0.181

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Tabela 2: Fatores de emissão utilizados na pesquisa para cada parâmetro, e respectivafonte de consulta

Fator deemissão

Unidade Fonte

Papel

Reciclado 0,61kgCO2/kg

papelAMARAL, R. C. (2010) (USP).

Virgem 1,84

Fonte: Autor, 2019

Para os meios de transportes, foram utilizados os seguintes fatores de emissão

e níveis de ocupação (Tabelas 3, 4 e 5):

Tabela 3: Fatores de emissão para meios de transporte

Fonte: Autor, 2019

Tabela 4: Fator de emissão associado ao transporte em automóveis por passageiro

Automóvel

(kg CO2/km)

Nível de ocupação (%)

25 50 75 100

0,20

0,10

0,07

0,05

Fonte: Autor, 2019

Tabela 5: Níveis de ocupação em automóveis5

Nível ocupação Pessoas

100% 5

75% 4

50% 3

25% 1 ou 2

Fonte: Autor, 2019

Meio de transporte Fator de conversão

Moto 0,07 kgCO2/km

Ônibus 0,04 kgCO2/km

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Com relação à taxa de absorção média de carbono por florestas plantadas, Cotta

& Tonello (2019), afirmam que nos últimos anos têm aumentado o interesse em relação

ao "seqüestro" de carbono pelas florestas plantadas, em razão da elevada taxa de

crescimento e, conseqüentemente, da alta capacidade de remover CO2 da atmosfera.

De acordo com Wackernagel & Rees (1996), em média, florestas tropicais e boreais

absorvem 1,8 t de CO2 por hectare por ano. Contudo, neste trabalho, adota-se o

mesmo valor de absorção de 6,27 tCO2/ha/ano usado por Amaral (2010) nos seus

estudos da USP São Carlos, que por sua vez, adotou o mesmo valor utilizado nos

estudos da USC (RODRÍGUEZ; IGLESIAS; ÁLVAREZ, 2008).

3. RESULTADOS

3.1 Consumo de Papel

Para tal, seguiram-se os seguintes passos para obtenção dos resultados:

1. Calculou-se o peso de cada folha: sabendo que cada folha tem a

dimensão de 21,0 x 29,5cm (0,062 m2 de área) e que, de acordo com os

fabricantes, a gramatura é de 75gramas/m2, calculou-se o peso de cada folha,

obtendo o valor de 4,65g.

2. Calculou-se o peso total de papel A4 por Unidade, em toneladas,

multiplicando o peso de cada folha pelo número total de folhas das Unidades;

3. Converteu-se o valor obtido em toneladas de CO2 liberados.

A Tabela 6 apresenta a quantidade de folhas A4 consumidas nas duas unidades,

os respectivos peso e quantidade de CO2 liberados.

Tabela 6: Quantidade de folhas A4 consumidas por instituto e departamento e osrespectivos peso e quantidade de CO2 liberado.

Fonte: Autor, 2019

Instituição UnidadeQuantidade

de folhas/anoPeso (t) CO2 liberado (t)

UNINORTE9 9840 0,046 0,0073

11 6970 0,033 0,0052

Total 9 e 11 16810 0,079 0,013

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Com base na quantidade de CO2 liberado calculou-se a área necessária para

absorção do mesmo. Para tanto, considerou-se o fator utilizado por Amaral (2010), de

6,27 tCO2 por hectare. Desta forma, obteve -se o valor apresentado na Tabela 8.

Tabela 7: Quantidade de CO2 liberado pelo consumo de papel por ano pelo Campus deSão Carlos e sua respectiva área necessária para absorção.

Fonte: Autor, 2019

Considerando-se que as duas unidades do Centro Universitário do Norte

(Uninorte) possuem uma população de 5.650 pessoas, estimou-se o consumo de papel

per capita, assim como a área correspondente em hectares, ou seja, a pegada

ecológica quanto ao uso de papel, conforme Tabela 9.

Tabela 8: Consumo de papel per capita e hectares correspondentes para absorção deCO 2.

Fonte: Autor, 2019

Além desses dados, também foi possível descobrir a freqüência de uso, dos

entrevistados, de papel reciclado dentro de suas atividades acadêmicas (impressões,

projetos, relatórios, etc), conforme gráfico 1.

CO2 liberado (t) Hectares Necessários

0,013 0,0021

Número depessoas

Consumo de papel per capita (folhas)/ano

HectaresNecessários

per capita

Metrosquadrados

per capita

5.650 2.975 0,00000425 0,04

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Gráfico 1: Frequência de uso de papel reciclado pelos alunos das unidades 9 e 11

Fonte, Autor, 2019

Outro aspecto questionado aos alunos foi em relação à quantidade de papel

consumida (documentos, artigos, trabalhos, etc.) que vira resíduo e dessa quantidade,

qual a porcentagem que é encaminhada a reciclagem. Os resultados podem ser

observados nos gráficos 2, 3, 4 e 5.

Gráfico 2: Percentual de papel consumido que vira resído na unidade 9

Fonte: Autor, 2019

Gráfico 3: Percentual de papel encaminhado para a reciclagem unidade 9

Fonte, Autor, 2019

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Gráfico 4: Percentual de papel consumido que vira resído na unidade 11

Fonte: Autor, 2019

Gráfico 5: Percentual de papel encaminhado para a reciclagem unidade 11

Fonte: Autor, 2019

Com isto verificou-se que o Centro Universitário do Norte (UNINORTE), em sua

unidade 9 consumiu oficialmente, em 2018, 9.840 resmas de papel A4, com emissão de

0,085 toneladas de CO2, pelo uso em trabalhos, cadernos, etc, correspondendo a 0,014

hectares.

Já em sua unidade 11, consumiu 6.970 resmas de papel A4, com emissão de

0,061 toneladas de CO2 e correspondendo a 0,010 hectares.

Assim, o Centro Universitário do Norte (UNINORTE) em suas duas unidades 9 e

11 consumiu oficialmente, em 2018, 16.810 resmas de papel A4, utilizados em

atividades (anotações de aula, trabalhos, seminários, etc.)

De acordo com a pesquisa realizada, os alunos contribuíram, além do consumo

de papel oficial, com a emissão de 0,013 toneladas de CO2, correspondendo a 0,0021

hectares.

Deste modo, obtivemos uma pegada ecológica de 0,0021 hectares referentes ao

consumo de papel pelo Centro Universitário do Norte em suas duas unidades.

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3.2 Mobilidade e Transporte

Com base no questionário on-line aplicado, foi possível estimar a quantidade

total de CO2 consumido por ano nas duas unidades do Centro Universitário do Norte

referente à mobilidade dos usuários (alunos). Através do aplicativo google maps, foi

possível verificar quantos quilômetros os alunos percorrem no trajeto casa/ faculdade/

casa. Os dados obtidos foram extrapolados para toda a população das respectivas

unidades. A Tabela 9 apresenta os dados obtidos.

Tabela 9: Total de CO2 liberados pelos veículos e sua respectiva área necessária.

Total km percorridos (km) 22161

kgCO2 4.432.2

tCO2 44.32

Pegada (ha) 7.07

Fonte: Autor, 2019

Além desses dados, foi possível verificar o meio de transporte mais utilizado

pelos alunos das duas unidades no percurso casa/ faculdade/ casa, como mostrado nos

gráficos 6 e 7

Gráfico 6: Meio de Transporte utilizado por alunos da unidade 9

Fonte: Autor, 2019

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Gráfico 7: Meio de transporte utilizados pelos alunos da unidade 11

Fonte: Autor, 2019

Considerando 20 minutos como tempo razoável para um deslocamento a pé e de

bicicleta e sabendo que a velocidade média para deslocamentos a pé é de 5km/h e de

bicicleta 20km/h (INSTITUTO DE ENERGIA E MEIO AMBIENTE, 2009) obtém-se uma

distância de 1,7 km e 6,7 km razoável para um trajeto a pé e de bicicleta,

respectivamente (AMARAL, R. C. 2010).

No questionário realizado, perguntou -se aos alunos qual bairro onde reside e

com esses dados, foi possível calcular através do google maps, a distância percorrida

entre casa/ faculdade/ casa e assim fazer relações entre as respostas, nas quais,

encontrou-se que 0,0016%, referente a somente a 9 alunos que utilizam carro,

poderiam deslocar-se a pé ou bicicleta como meio de transporte até a universidade.

Deste modo, uma mudança significativa no modo de locomoção, e conseqüentemente,

na PE, caso mais alunos residentes em bairros adjacentes optassem por locomover-se

a pé ou de bicicleta, seria o ideal.

Dentre os alunos que diziam utilizar o carro como meio de transporte até a

universidade e que responderam se dividiam o carro com outras pessoas, obteve-se:

(Gráficos 8 e 9).

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Gráfico 8: Porcentagem de alunos que compartilham carro com outras pessoas naunidade 9.

Fonte: Autor, 2019

Gráfico: 9: Porcentagem de alunos que compartilham carro com outras pessoas naunidade 10.

Fonte: Autor, 2019

Nota-se que o nível de divisão do carro é pequeno na unidade 11, ou seja, a

maioria dos alunos se desloca sozinho. Porém, na unidade 9, os alunos são mais

solidários, dividindo o carro com uma ou duas pessoas.

Com isto verificou-se que o total de hectares necessários para o transporte da

comunidade acadêmica (discentes), dá -se pela soma de Km percorridos, assim

transformando esse valor total em kgCO2, consequentemente em tCO2, resultando

assim, na Pegada (ha). Portanto, tem-se que a Pegada Ecológica referente ao

transporte é de 7,07 hectares.

Assim de maneira geral, a Tabela 11 apresenta os dados da pegada ecológica

do Centro Universitário do Norte.

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Tabela 10: Peda ecológica:resultados por categoria

CategoriaEmissões CO 2

(tCO2/ano) Pegada Ecológica (ha/ano)

Consumo de papel 0,013 0,0021Mobilidade e

transporte 44.32 7,07

TOTAL 44,333 7.0721Fonte: Autor, 2019

Portanto, considerando-se que o Centro Universitário do Norte (Uninorte) possui

5.650 alunos, divididos entre as duas unidades, 9 e 11, a Pegada Ecológia foi calculada

per capita, resultando um valor de 0,0012 ha/pessoa/ano.

4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Observa-se que o fator que mais contribui para a Pegada Ecológica do Centro

Universitário do Norte (Uninorte) em suas duas unidades (9 e 11), é o de Mobilidade e

Transporte, representando uma PE de 7,07 ha/ano, sendo o maior contribuinte de

emissões de CO2, seguida do fator Consumo de papel, representando uma PE de

0,0021 ha/ano.

CONSUMO DE PAPEL: Medidas simples podem ser feitas pelos alunos com

relação ao uso de papel, impressão frente e verso obrigatório e compra de papel

reciclado, extendendo a ação também para todo o centro universitário em suas

respectivas atividades acadêmicas, desde a recpção até a reitoria, ajudaria na

diminuição do seu consumo e índices de reutilização, já que os números desse trabalho

apontam que 72% dos alunos não utilizam, em diferentes freqüências, papel reciclado,

como podemos observar na figura 12.

MOBILIDADE E TRANSPORTE: Nesse estudo, a variável mobilidade e

transporte se apresenta como sendo a que mais contribuiu com a pegada ecológica do

UNINORTE, com destaque para o item Compartilhamento de carro, onde podemos

observar nas figuras 16 e 17 que, a maioria de alunos que se desloca de carro para a

faculdade, viaja sozinho. Nesse sentido, o tema deve ser um grande foco de atuação

para diminuir a Pegada Ecológica do Centro Universitário, se expandindo para todo o

centro de ensino entre funcionários e docentes. No que concerne ao Centro

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Universitário do Norte (Uninorte), buscar parcerias com empresas privadas e com os

órgãos públicos para priorizar ações de incentivo a uma mobilidade diferente da atual,

utilizando pontos de bicicletas compartilhadas, transporte público, a pé, carona

solidária, entre outras opções que possibilitem aos discentes, docentes e funcionários,

um deslocamento até às instituições de ensino mais sustentável. Nesse sentido, a

bicicleta é sempre bem vista como uma das soluções para pequenas e médias

distâncias, visto que também é ótima para práticas esportivas, resultando numa boa

qualidade de vida.

INDICADOR PEGADA ECOLÓGICA: De acordo com o Relatório Planeta Vivo

(2014), há mais de 40 anos, a demanda da humanidade sobre a Natureza ultrapassa a

capacidade de reposição do planeta. Seria necessária a capacidade regenerativa de

1,5 Terras para fornecer os serviços ecológicos que usamos anualmente. “Sobrecarga”

é possível – por enquanto – porque podemos cortar árvores mais rápido do que

amadurecem, pescar mais peixe do que os oceanos podem repor, ou emitir mais

carbono para a atmosfera do que as florestas e oceanos podem absorver. Mas as

conseqüências são uma diminuição nos recursos naturais e uma acumulação de

resíduos que excede a capacidade de absorção ou reciclagem. Um exemplo disso é a

crescente concentração de carbono na atmosfera.

Ainda de acordo com o Relatório Planeta Vivo (2014), a biocapacidade total do

planeta aumentou de 9,9 bilhões para 12 bilhões de hectares globais (gha) nos últimos

50 anos. No entanto, no mesmo período, a população mundial aumentou de 3,1 bilhões

para 7 bilhões. Como resultado, a biocapacidade disponível per capita encolheu de 3,2

para 1,7 gha, enquanto a Pegada Ecológica per capita aumentou de 2,5 para 2,7 gha.

Então, embora a biocapacidade global tenha aumentado, não há suficiente para todos –

e a humanidade ficou para trás na sua busca para um futuro sustentável. Com uma

projeção de uma população mundial de 9,6 bilhões em 2050 e 10,9 bilhões em 2100, a

quantidade de biocapacidade disponível para cada um de nós deve encolher ainda

mais

Nesse sentido, a tentativa de detalhar todos os itens de consumo e resíduos e

todas as funções dos ecossistemas no cálculo da Pegada Ecológica pode tornar esse

método bastante complexo por ser necessária a utilização de dados de difícil

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levantamento devido à falta de informações disponíveis. Somente com alguns

parâmetros, como os selecionados na pesquisa, permitem uma compreensão da

magnitude do impacto ambiental de uma instituição de ensino superior, mostrando que

suas atividades não estão dentro dos limites permitidos (AMARAL, 2010).

Deste modo, espera-se que o indicador Pegada Ecológica, seja uma ferramenta

na tomada de decisão para criação de políticas e metas dentro das instituições de

ensino, não somente nas superiores, mas principalmente nas instituições de base, onde

estão os pequenos futuros profissionais que viverão as consequências nas ações

atuais.

5. CONCLUSÃO

Com a globalização verifica-se o foco das empresas públicas e privadas em sempre

maximizar os lucros, com isto nota-se que os processos tornam-se menos sustentáveis,

prejudicando assim a biodiversidade, poluindo as águas e impactando a natureza.

Assim esta pesquisa teve com objetivo de aplicar o indicado Pegada ecológica para

mensurar o impacto ambiental dos alunos da universidade estudada mais especificamente

discutindo a viabilidade desse indicados para contribuir na gestão ambiental do campus e como

ferramente de auxilia no processo de tomada de decisão no planejamento estratégico da

instituição e, por fim, traçar recomendações para adequar o indicador mediante a realidade

vivida pela instituição.

Foram analisados os impactos causados pelo consumo de papel e da mobilidade

urbana, onde foi contato que o maior impacto causado foi o ocasionado pela mobilidade urbana

resultando em uma PE de 7,07ha/ano como maio contribuinte nas emissões de CO2 e o

consumo de papel ficando em segundo com a PE de 0,0021ha/ano, representando 0,13

toneladas de CO2.

Assim foi recomendado que a própria universidade, por se tratar de um ambiente de

ensino e pesquisa, propicie a comunidade acadêmica discussões de cunho sustentável para

que assim consiga reduzir as emissões de CO2.

Constatou-se que para se realizar a completa mensuração dos impactos relacionados a

determinado ente, é necessário ainda avaliar outras variáveis tais como consumo de energia,

consumo de água e alimentação por exemplo o que fica de sugestão para pesquisas futuras na

área.

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Ainda é de notória importância destacar a importância da formação de comunidades

sustentáveis para que seja possível se utilizar da natureza sem comprometes as gerações

futuras, de modo que elas possam se beneficiar dos meios naturais e por este motivo deve-se

preservar o meio ambiente para garantir a sua existência para as próximas gerações.

Deste modo, conclui-se que o Indicador Pegada ecológica pode ser uma

ferramente eficaz tanto para auxiliar nas tomadas de decisões não somente nas

instituições de ensino, mas também em qualquer empresa onde sua atividade gere

imamatos ambientais. Pode proporcionar ainda, parâmetros para a criação de politicas

públicas voltadas a conscientização e prevenção de impactos ambientais.

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