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25/04/2016 “Pensar violências do Direito no Brasil é pensar em instituições de classe, em Justiça de classe”, diz cientista jurídico – Ponte Jornalismo http://ponte.org/pensarviolenciasdodireitonobrasilepensareminstituicoesdeclasseemjusticadeclassedizcientistajuridico/ 1/6 “Pensar violências do Direito no Brasil é pensar em instituições de classe, em Justiça de classe”, diz cientista jurídico 20 abr, 2016 por Luiza Sansão Debate sobre violências do Direito reúne especialistas no tema e vítimas de violência do Estado na Fundação Escola Superior da Defensoria Pública do Estado, no Centro do Rio de Janeiro Redes Sociais E-mail: [email protected] Inicio » Justiça » “Pensar violências do Direito no Brasil é pensar em instituições de classe, em Justiça de classe”, diz cientista jurídico

“Pensar Violências Do Direito No Brasil é Pensar Em Instituições de Classe, Em Justiça de Classe”

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“Pensar Violências Do Direito No Brasil é Pensar Em Instituições de Classe, Em Justiça de Classe”, Diz Cientista Jurídico – Ponte Jornalismo

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25/04/2016 “Pensar violências do Direito no Brasil é pensar em instituições de classe, em Justiça de classe”, diz cientista jurídico – Ponte Jornalismo

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“Pensar violências do Direito no Brasil épensar em instituições de classe, em Justiça declasse”, diz cientista jurídico20 abr, 2016 por Luiza Sansão

Debate sobre violências do Direito reúne especialistas no tema e vítimas de

violência do Estado na Fundação Escola Superior da Defensoria Pública do

Estado, no Centro do Rio de Janeiro

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Da esquerda para a direita, Marildo Menegat, Daniella Vitagliano, Orlando Zaccone, João Batista Damasceno, Carlos HenriqueAguiar Serra e Adriano Pilatti. / Foto: Luiza Sansão

Em meio às diversas violências que compõem o cenário cotidiano da “cidade

maravilhosa” – como remoções populacionais forçadas, assassinatos

praticados por policiais em favelas e outras violações sistemáticas de direitos

humanos –, pro ssionais e estudantes de Direito, ativistas de direitos

humanos e vítimas de violências do Estado compareceram, na manhã da

última segunda-feira (11/04), ao auditório da FESUDEPERJ (Fundação Escola

Superior da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro), no Centro do

Rio, para debater “as violências do Direito e a perspectiva do seu m”.

Com mediação do juiz do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), João

Batista Damasceno, e do delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Orlando

Zaccone, que integram o NUVID (Núcleo de Estudos das Violências do

Direito), e diante de uma plateia numerosa, palestraram os professores

Adriano Pilatti, da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro), Carlos Henrique Aguiar Serra, professor de Ciência Polícia na UFF

(Universidade Federal Fluminense), coordenador do PPGCP-UFF (Pós

Graduação em Ciência Política) e membro do NUVID, e Marildo Menegat, da

UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e a advogada Daniella

Vitagliano.

Para o cientista político e jurídico Adriano Pilatti, “pensar violência no Brasil

sem pensar 388 anos de escravismo, de tortura cotidiana, de tratamento de

gente como coisa, é pensar pela metade”. “Essa herança escravista continua

em nós, continua na incapacidade cognitiva de boa parte da burguesia

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Debate lotou auditório da FESUDEPERJ, no Centro do Rio deJaneiro. / Foto: Luiza Sansão

brasileira de olhar para o trabalhador e ver ali um sujeito de direitos,

continua em toda a patética liturgia das instituições públicas que constroem

palácios, ritos e procedimentos em que os pobres se sentem absolutamente

estranhos, envergonhados, intimidados, desde as vestes até o vocabulário. Os

palácios de justiça não são feitos para os pobres em nosso país, nunca o

foram”, criticou.

“O Estado não foi feito para os pobres.

No Estado brasileiro dá-se um projeto

de predação de natureza e gente. E a

partir desse projeto é que esse Estado molda ou deforma uma sociedade com

níveis de violência e desigualdades abissais que deveriam nos envergonhar

cotidianamente, mas que nós naturalizamos na paisagem, de uma maneira às

vezes até assustadora. Portanto, pensar em violências do Direito no Brasil é

pensar em instituições de classe, em justiça de classe”, continuou o professor,

que fez referências aos homicídios praticados por policiais nas favelas do Rio

de Janeiro.

“Era preciso que um menino pobre fosse condenado exemplarmente e

torturado cotidianamente pelo sistema de justiça do estado brasileiro, para

avisar aos iguais a ele, que pessoas como ele não têm o direito de se insurgir”,

disse ele, referindo-se à injustiça de que foi e tem sido vítima o ex-catador de

latas Rafael Braga Vieira, história contada pela Ponte Jornalismo. “Nós temos

o aparelho de um sistema de classe que é descaradamente sincero sob esse

ponto de vista, apesar de todas as vendas. Essa combinação de fatores

históricos, agravada pelo quadro atual do capitalismo, é apenas a última

forma de barbárie, que nós também naturalizamos”, completou Pilatti.

Abordando a falência de um capitalismo “agonizante”, o cientista político

Marildo Menegat a rmou que, nos últimos 40 anos, “não há um único país no

mundo em que não haja fortes regressões sociais, jurídicas e na vida política”

e “o que se apresenta, a partir dos anos 70, é uma regressão à barbárie” – o

que se traduz num “quadro de grande instabilidade social que produz uma

imensa instabilidade política”.

Para ele, “não basta dizer-se que no Brasil sempre houve violência, que essa

sempre foi uma sociedade autoritária”. “Temos restos da Ditadura na nossa

história. Mas há um aspecto novo nessa violência: ela hoje se realiza numa

forma social de uma guerra civil interminável. Os índices de mortos anuais

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Nilo Hallack, da Liga dos Camponeses Pobres. / Foto: LuizaSansão

Heloisa Helena Costa Berto, a Luizinha de Nanã,candomblecista da Vila Autódromo. / Foto: Luiza Sansão

Mônica Lima, liderança da Aldeia Maracanã. / Foto: LuizaSansão

são de uma guerra civil que precisa ser aqui conceituada como um tempo de

exceção. Não há qualquer possibilidade de uma sociedade em tempos de paz

produzir 27 mortos por 100 mil habitantes”, destacou o professor.

Ao abordar as formas como o Direito trata “as massas que estão fora das

relações sociais”, o professor criticou o sistema prisional. “O Direito, na

medida em que aceita o processo de encarceramento em massa, acha que vai

acabar com a crise social colocando os refugos sociais dentro de quatro

paredes. Uma coisa absurdamente insana”, enfatizou.

“Relatos e retratos da violência do Direito”

Além dos especialistas, participaram do

debate lideranças de movimentos de

luta contra a violência de Estado. O

dirigente da Liga dos Camponeses Pobres, Nilo Hallack, falou sobre a

opressão no campo, a criminalização do movimento camponês em Rondônia,

titulação de terras e assassinatos de camponeses, destacando a existência de

“uma ação continuada do Estado para impedir o acesso à terra” e de leis

ambientais “cujo caráter principal não é a defesa do meio ambiente, mas o de

impedir o acesso do povo brasileiro à terra”.

Também falou a candomblecista Heloisa Helena Costa Berto, conhecida como

Luizinha de Nanã, removida à força pela Prefeitura do Rio da Vila

Autódromo, na zona oeste da cidade, que denunciou as humilhações que

sofreu nesse processo, pelo qual diversas outras famílias da Vila Autódromo

também vêm passando desde que começou o projeto para construção do

Parque Olímpico na região.

“Em fevereiro, justamente por causa

das minhas lutas, às 23 horas e 30

minutos, uma juíza deu uma emissão

de posse, e às quatro horas da tarde [do dia seguinte] chegou um o cial, e às

sete horas da noite minha casa foi derrubada. Não tive nem ao menos tempo

para tirar minhas coisas, os cinco dias que a lei diz”, contou.

A representante do movimento da

Aldeia Maracanã, Mônica Lima, falou

sobre a resistência da Aldeia Maracanã

e a questão indígena, a luta pela construção da Universidade Intercultural

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← Após prisões, Gaviões da Fiel protesta contra “perseguição política”

PM se contradiz ao depor contra Rafael Braga, preso pelas manifestaçõesde junho de 2013 →

Indígena no Rio de Janeiro, que respeite a cultura dos povos originários e

comunidades tradicionais. “O Direito está cumprindo o seu papel de nos

expropriar e nos expulsar dos nossos espaços”, disse a líder indígena.

Falaram ainda os advogados Natália Damazio, da Justiça Global, sobre

questão de gênero, Marino D’Icarahy e Carlos Eduardo Martins, do DDH

(Instituto de Defensores de Direitos Humanos), sobre criminalização da

advocacia.

 

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