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DOUGLAS MARTINS DE SOUZA
PERCEPÇÃO SUBEJTIVA DE ESFORÇO EM TESTES COM
CARGAS CONSTANTES NA DIFERENCIAÇÃO DA CAPACIDADE
FUNCIONAL DE IDOSAS
CURITIBA
2014
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DOUGLAS MARTINS DE SOUZA
PERCEPÇÃO SUBEJTIVA DE ESFORÇO EM TESTES COM
CARGAS CONSTANTES NA DIFERENCIAÇÃO DA CAPACIDADE
FUNCIONAL DE IDOSOS
Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Educação Física do Programa de Pós-Graduação em Educação Física, do Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Gleber Pereira
AGRADECIMENTOS
Meus imensos agradecimentos a todos os meus colegas e familiares
que, contribuíram direta e indiretamente para a realização deste trabalho, e
que foram decisivos para a conclusão desta etapa de vida.
Em especifico gostaria de agradecer a minha mãe Tereza Mendes de
Melo que em seus eternos ensinamentos, ternura e exemplos de vida, que
me guiaram na direção certa, ao meu irmão Diogo Martins que além de irmão
foi um pai, ambos que tanto me ajudaram a moldar meu caráter, agradeço
imensamente a Deus por ter me dado à oportunidade de viver nesta família
sensacional. Obrigado Di e dona Tereza devo tudo a vocês.
Por fim gostaria de agradecer ao professor Gleber Pereira, que além
dos ensinamentos e longas conversas entre uma correção e outra, foi um
exemplo de ética e perseverança. Obrigado pela confiança depositada nesta
empreitada.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. ANÁLISE DESCRITIVA DAS CARACTERÍSTICAS DOS PARTICIPANTES...........................................................46
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Fluxograma do processo de inclusão e avaliação dos
participantes no estudo.............................................................35
Figura 2. Variavies coletadas no presente estudo e seus respectivos
constructos ...............................................................................36
Figura 3. Desenho experimental do estudo ............................................37
Figura 4. Distribuição de frequência do nível de atividade física dos idosos........................................................................................46
Figura 5. Distribuição da frequência dos idosos e seus níveis de
capacidade funcional na realização das atividades básicas da
vida diária..................................................................................47
Figura 6. Distribuição da frequência dos idosos e seus níveis de
capacidade funcional na realização das atividades instrumentais
da vida diária.............................................................................48
Figura 7. Distribuição de frequência com número de patologias dos
idosos........................................................................................49
Figura 8. Distribuição de frequência do número de remédios utilizados
pelos participantes ....................................................................49
Figura 9. Análise de regressão linear entre a percepção subjetiva de
esforço oriunda do teste de caminhada em esteira e o número
de repetições no teste de sentar e levantar .............................51
Figura 10. Análise de regressão entre força máxima de membros
superiores e percepção subjetiva de esforço durante o teste de
flexão bilateral de cotovelo .......................................................52
Figura 11. Curva ROC de ponto de corte em 13 u.a. na escala de
percepção subjetiva de esforço obtida no teste de caminhada
em esteira..................................................................................53
Figura 12. Curva ROC de pontos de corte 13 u.a. na escala de percepção
subjetiva de esforço obtida no teste de flexão bilateral de
cotovelo.....................................................................................54
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABVD ATIVIDADES BÁSICAS DE VIDA DIÁRIA
AIVD ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA
MEEM MINI EXAME DO ESTADO MENTAL
TC6 TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS 1 RM UMA REPETIÇÃO MÁXIMA RMs REPETIÇÕES MÁXIMAS NAF NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA PSE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO u.a. UNIDADE ARBITRÁRIA
RESUMO
O objetivo do estudo foi verificar se a percepção subjetiva de esforço
reportada em testes com cargas constantes pode ser utilizada para
diferenciar a capacidade funcional de idosos. A amostra foi composta por 39
idosos acima de 60 anos, sendo quatro homens (68,7 ± 6,1 anos; 85 ± 25,1
kg; 1,70 ± 0,3 m; 29,7 ± 8,5 kg/m2) e 35 mulheres (67,1 ± 4,9 anos; 69,2 ± 8,8
kg;1,56 ± 0,4 m; 28,44 ± 2,2 kg/m2). Todos foram ao laboratório em 4 dias
diferentes, com intervalo de 7 dias entre cada avaliação. Os dois primeiros
dias serviram de familiarização para os testes a serem realizados no 3o e 4o
dias, além de serem coletados dados de força máxima para membros
superiores e inferiores, capacidade funcional e nível de atividade física. Nos
dois últimos dias foram aplicados testes físicos submáximos, com carga
constante, para membros superiores (flexão e extensão de cotovelos durante
um minuto com carga de 2kg em cada braço para mulheres e 3kg para os
homens) e outro para membros inferiores (teste de caminhada em esteira
durante 5 minutos a 4 km/h), com anotação da percepção subjetiva de
esforço ao final de cada teste. Estes testes foram separados por
questionários que determinaram o nível de capacidade funcional dos idosos.
Foi verificado um excelente nível de reprodutibilidade da escala de percepção
subjetiva de esforço entre as sessões de teste e re-teste para caminhada na
esteira (ICC = ,986; IC95% = ,974 - ,993) e flexão bilateral de cotovelo (ICC =
,965; IC95% = ,932 - ,981), além de não haver diferença significativa da
percepção subjetiva de esforço na caminhada em esteira entre as duas
sessões (teste = 13 ± 2 u.a.; re-teste = 13 ± 2 u.a.) e flexão bilateral de
cotovelo (teste = 12 ± 2 u.a.; re-teste = 12 ± 2 u.a.). Houve forte relação entre
a percepção subjetiva de esforço na caminhada em esteira e as atividades
básicas da vida diária (rs = .79; p < .0001) e flexão bilateral de cotovelo com
as atividades instrumentais da vida diária (rs = -.74; p < .0001). Os resultados
da análise de curva ROC demonstraram que as áreas sob as curvas foram
significativas para a percepção subjetiva de esforço nos testes de caminhada
na esteira (área = ,943; IC95% = ,877 – 1.00; p < ,001) e flexão e extensão de
cotovelos (área = ,924; IC95% = ,828 – 1,00; p < ,001). Para ambos os testes,
o valor de corte da percepção de esforço foi 13 u.a., sendo que valores iguais
ou maiores que este os idosos foram classificados com incapacidade
funcional. Portanto, a percepção subjetiva de esforço é sensível para
diferenciar a capacidade funcional de idosos em testes submáximos com
carga constante, tanto para membros inferiores quanto para superiores.
Palavras-chaves: Percepção subjetiva de esforço, idosos, capacidade
funcional.
ABSTRACT
The aim of the study was to determine whether perceived exertion
reported in tests with constant load can be used to differentiate the functional
capacity of the elderly. Thirty nine elderly above 60 years-old (male = 4; 68.7
± 6.1 years, 85 ± 25.1 kg, 1.70 ± 0.3 m, 29.7 ± 8.5 kg/m2; female = 35; 67.1 ±
4.9 years, 69.2 ± 8.8 kg, 1.56 ± 0.4 m, 28.44 ± 2.2 kg/m2) agreed to
participate in this study. The participants visited the laboratory four different
days, interspersed by 7 days. The first two days were used to familiarize the
participants with test to be performed in the next 3rd and 4th days, and to
collect maximum strength upper and lower limbs, functionality and physical
activity level. In the last two days submaximal physical tests were applied to
the upper (elbow flexion-extension during one minute loading 2kg each arm
for women and 3kg for men) and lower limbs (walking on treadmill during 5
minutes at 4 km/h), and the participants reported their perceived exertion at
the end of every test. Between theses tests, it was applied the questionnaires
to measure the disability level. There was excellent level of reproducibility of
the perceived exertion between test and re-test sessions for walking test (ICC
= ,986; IC95% = ,974 - ,993) and bilateral elbow flexion (ICC = ,965; IC95% =
,932 - ,981). In addition, there was no significant difference of perceived
exertion between tests of walking (test = 13 ± 2 a.u.; retest = 13 ± 2 a.u.) and
bilateral elbow flexion (test = 12 ± 2 a.u.; retest = 12 ± 2 a.u.). There was
strong relationship between perceived exertion and basic activities of daily
living in walking test (rs = .79; p < .0001) and between perceived exertion and
instrumental activities of daily living for bilateral elbow flexion test(rs = - .74; p
< .0001). The ROC-curve analysis showed significant areas under the curves
for perceived exertion in walking (area = ,943; IC95% = ,877 – 1.00; p < ,001)
and elbow flexion-extension tests (area = ,924; IC95% = ,828 – 1,00; p < ,001).
For both tests, the cutoff was 13 u.a., which means that elderly reporting
scores equal or greater than that were considered disable persons. Therefore,
the perceived exertion is able to differentiate disability levels of elderly.
Key words: Perceived Exertion, Elderly, Disability.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 12
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................. 16
1.2 OBJETIVO GERAL .................................................................................. 16
1.2.1 OJETIVO ESPECÍFICO.........................................................................16
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 17
2.1 CONCEITO DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO ..................... 18
2.2 UTILIZAÇÃO DA ESCALA DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO
EM DIFERENTES POPULAÇÕES ................................................................. 22
2.3 APTIDÃO FISICA RELACIONADA A SAÚDE .......................................... 24
2.4 QUANTIFICAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR ............................................ 25
2.5 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL .......................................... 27
2.6 TESTE DE SENTAR E LEVANTAR E CAMINHADA DE 6 MINUTOS (TC6)
....................................................................................................................... 30
2.7 MINI EXAME DE ESTADO MENTAL ........................................................ 32
3.METODOLOGIA ......................................................................................... 34
3.1 PARTICIPANTES ..................................................................................... 34
3.2 DESENHO EXPERIMENTAL....................................................................35
32.1ANTROPOMETRIA……………….……………………………………...…..38
3.2.2 QUESTIONÁRIO DE ABUEL E MEEM……………………………...…….38
3.2.3 ESCALA DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO….….….……..39
3.2.4 TESTES FUNCIONAIS …………………………………………………...40
3.2.5 DETERMINAÇÃO DA FORÇA MÁXIMA…….…………………………....40
3.2.6 TESTES SUBMÁXIMOS COM CARGAS CONTÍNUAS…………………42
3. 2.7 NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA..............................................................42
3.2.8 QUESTIONÁRIOS DE CAPACIDADE FUNCIONAL..............................43
3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA .......................................................................... 44
4.RESULTADOS ........................................................................................... 45
5.DISCUSSÃO............................................................................................... 55
6. CONCLUSÃO ............................................................................................ 66
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 67
ANEXO................………………………………………………………………….80
APÊNDICE..……………………………………………………………………..…87
12
1. INTRODUÇÃO
A aptidão física pode ser entendida como "a capacidade de realizar
tarefas diárias com vigor, estado de alerta, sem fadiga e com ampla energia
para desfrutar de atividades de lazer e para atender emergências
imprevistas" (CARPESEN et a.l, 1974.). Esta é influenciada pelas
capacidades físicas, como força, força de resistência, flexibilidade e
resistência aeróbia. A realização das atividades de vida diária como andar,
vestir-se e cuidados pessoais, pode ser de difícil execução para idosos com
baixos níveis de aptidão física. Consequentemente, a aptidão física exerce
influencia sobre a capacidade funcional, definida como a aptidão necessária
para realizar as atividades básicas e instrumentais de vida diária
(NASCIMENTO et al., 2012). A diminuição da capacidade funcional não tem
somente relação com a capacidade física do idoso, mas, também com o a
capacidade cognitiva (memória, orientação espaço temporal, fala etc.) do
idoso.
A diminuição da capacidade cognitiva torna-se mais acentuada com o
envelhecimento (AUYEUNG e KWOK 2008). No estudo de Boyler et al.,
(2009), observou-se que a força muscular diminui em conjunto com a
capacidade cognitiva de idosos, e que esta associação foi independente da
quantidade de massa muscular e/ou nível de atividade física dos idosos.
Assim, a capacidade funcional não é uma limitação totalmente física em que
o indivíduo tem dificuldades apenas de se locomover, mas abrange tanto a
capacidade cognitiva quanto o aptidão física.
Por conta disto, atualmente na literatura existem vários testes
funcionais, como apresentado em uma bateria de testes por Rikli e Jones
(2000), que tem como principal característica avaliar a capacidade do idoso
de transpor alguma barreira motora específica, simulando as atividades
cotidianas do idoso, como por exemplo, o teste de sentar e levantar da
cadeira (MILANOVICK et al., 2013). Em especifico, o teste de sentar e
13
levantar avalia a tarefa motora de transferência da posição sentado para a
posição em pé (em cadeira, cama, sofá etc.), e subsequente avalia a
capacidade física, força de resistência de membros inferiores. Assim,
entende-se que a aptidão física pode influenciar os resultados dos testes
funcionais, porém somente um teste funcional, não pode representar a
capacidade funcional dos idosos, por conta disto que os testes são realizados
em formato de baterias avaliando varias capacidades físicas (força, equilíbrio,
resistência aeróbia), afim de, representar a capacidade funcional de maneira
mais abrangente. Porém, o desempenho durante os testes funcionais
depende que o idoso realize o seu melhor para que seja expresso de fato sua
capacidade funcional. Entretanto, tarefas que dependem do melhor
desempenho possível também são dependentes da motivação, conforme
reportado em estudos envolvendo máximo desempenho esportivo
(MARCORA 2010; MARCORA et al., 2010).
Além dos testes funcionais, a literatura apresenta uma segunda gama
de ferramentas que avaliam a capacidade funcional de idosos, que são os
questionários. Os questionários tem como intuito a rápida avaliação da
capacidade funcional de idosos (RICCI et al., 2005; DUARTE et al., 2007;
SANTOS et al., 2011). Assim como os testes funcionais que são
dependentes da motivação, os questionários apresentam limitações que
podem influenciar no resultado. Com o envelhecimento, ocorre diminuição da
capacidade cognitiva e possivelmente os idosos podem apresentar
dificuldade na interpretação do conteúdo dos questionários, juntamente com
a reduzida capacidade de memorização, que pode trazer vieses ao uso dos
mesmos. Outro ponto importante é que devido à facilidade e simplicidade das
tarefas impostas pelos questionários, o escores podem apresentar efeito
“teto”; isto é, os questionários podem não ser sensíveis na diferenciação de
idosos com escores de capacidade funcional intermediários ou altos
(FIGUEIREDO et al., 2007). Assim, os questionários são mais interessantes
para diferenciar idosos muito frágeis de muito aptos. Portanto, ambos os
testes funcionais e questionários apresentam vieses em sua aplicação para
determinação da capacidade funcional de idosos, mesmo sendo instrumentos
14
validados para tal função. Assim, torna-se atraente a elaboração de uma
ferramenta que avalie a capacidade funcional do idoso que não seja
dependente do fator motivacional e que não sofra influencia da memória do
indivíduo.
Em estudo recente de Julius et al., (2012), foi analisada a relação da
percepção subjetiva de esforço na marcha, auto eficácia durante a
caminhada e nível de atividade física de idosos. Os resultados indicaram que
idosos com níveis de percepção subjetiva de esforço mais elevada
apresentaram também a marcha mais lenta, um custo de energia mais
elevado, menores níveis de alto eficácia durante a marcha e risco de quedas
mais elevados. Assim, a percepção subjetiva de esforço pode ser capaz de
distinguir diferentes níveis de aptidão física de idosos e possivelmente
distinguir o nível de capacidade funcional. Em outro estudo (MACDONALD et
al., 2012), foi avaliada a relação da percepção subjetiva de esforço e o gasto
energético de idosos com doença renal crônica, durante testes físicos que
simulavam as atividades da vida diária como passar roupa, realizar compras,
alimentar-se e arrumar casa. Para isto, foram divididos dois grupos, um com
portadores de doença renal crônica e outro com indivíduos saudáveis. Os
resultados demonstraram uma correlação positiva entre a percepção
subjetiva de esforço e a intensidade das tarefas. Porém, o grupo com doença
renal crônica apresentou valores de percepção subjetiva de esforço maiores
que o grupo saudável para a mesma intensidade relativa de esforço. A
interpretação mais elevada da percepção de esforço no grupo de doença
renal crônica ocorreu por conta do baixo nível de aptidão física ocasionado
pela patologia. Estes resultados corroboram os achados de Julius et al.,
(2012), indicando que a percepção subjetiva de esforço pode ser influenciada
pelo nível de aptidão física, e possivelmente ser utilizada para diferenciar o
nível de capacidade funcional de idosos.
A partir desta linha de raciocínio, verifica-se a possibilidade da
utilização da percepção subjetiva de esforço para distinguir o nível
capacidade funcional de idosos. Por conta das características da percepção
15
subjetiva de esforço ser reportada logo ao termino do teste, isto elimina o viés
da dependência da memoria. Com o intuito de controlar o fator motivacional,
os testes serão realizados com cargas submáximas constantes, eliminando a
influência do desempenho na tarefa. Assim, a possibilidade de se utilizar
testes físicos com estas características (percepção de esforço em exercício
de carga constante) para distinguir a capacidade funcional, se torna atraente
também pela fácil aplicação, como por exemplo, em ambientes hospitalares,
clinicas de reabilitação e academias.
16
1.1 OBJETIVOS
1.2 OBJETIVO GERAL:
O objetivo do estudo foi verificar se a percepção subjetiva de esforço
reportada em testes com cargas constantes pode ser utilizada para
diferenciar a capacidade funcional de idosos.
1.2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Criar dois testes de capacidade funcional, um para membros
superiores e outro para membros inferiores, para determinar a
capacidade funcional de idosos.
Verificar se a percepção subjetiva de esforço reportada nos
testes com cargas constantes de membros inferiores e
superiores são sensíveis para diferenciar o nível de capacidade
funcional de idosos.
Verificar a reprodutibilidade da medida de percepção subjetiva
de esforço nos testes funcionais de membros inferiores e
superiores de idosos.
1.2.2 HIPÓTESES
H1 - A capacidade funcional de idosos pode ser diferenciada a partir da
percepção subjetiva de esforço reportada em testes com cargas
constantes para membros inferiores e superiores.
H2 - A percepção subjetiva de esforço é uma medida reprodutível da
capacidade funcional em idosos.
17
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CONCEITO DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO
A partir da década de 80, foi elaborada a primeira escala de percepção
subjetiva de esforço onde o indivíduo reporta a intensidade da atividade física
de 6 a 20 u.a., sendo 6 u.a a intensidade mais fraca e 20 u.a a intensidade
máxima, com o intuito de facilitar a interpretação, a escala contém ancoras
verbais que auxiliam sua compreensão (BORG 1982). O objetivo da escala
de percepção subjetiva de esforço é quantificar de maneira fácil e rápida o
quanto o indivíduo interpreta de intensidade durante o exercício, levando em
consideração os aspectos fisiológicos e psicológicos do indivíduo (BORG
1982). A escala de percepção subjetiva de esforço de 6-20 u.a. foi elaborada
com o intuito de que as u.a. de percepção fossem lineares com a frequência
cardíaca e as zonas de transições metabólicas facilitando assim a utilização
(BORG 1982).
A percepção subjetiva de esforço é uma medida psicofisiológica
amplamente conhecida e extensivamente utilizada nas áreas esportiva e de
reabilitação, assim como investigada no campo científico (PASSOS et al.,
2008; LANGER et al., 2009). Suas aplicações envolvem monitoramento
durante testes de estresse físico, prescrição de intensidade de exercício,
monitoramento agudo e crônico de cargas de treino e predição de
capacidade máxima de exercício (NOBLE 1982; ESTON 2012). Para uma
correta aplicação da percepção subjetiva de esforço, é importante
compreender seu conceito bem como identificar sua origem e natureza.
O conceito de percepção de esforço tem sido discutido cientificamente
por fisiologistas e psicólogos desde o século XIX (BRUCE 1993).
Principalmente após as publicações de Borg (BORG 1962; BORG 1998), e o
consequente aumento da utilização da escala de percepção subjetiva de
esforço no meio científico, estudos de revisão começaram a ser publicados
buscando maior compreensão e conceituação do constructo de percepção de
esforço e da utilização da escala de percepção subjetiva de esforço
(ROBERTSON 1997). Porém, o conceito de percepção de esforço se
18
apresenta de maneira distinta entre os estudos, o que geralmente leva a
avaliações, interpretações e uso de teorias equivocadas.
Em 1982, Borg conceituou a percepção subjetiva de esforço como “um
indicador do grau de estresse físico” (BORG 1982). Os estudos de revisão
subsequentes utilizam-se de variados conceitos para a percepção subjetiva
de esforço, porém, em sua maioria, os conceitos envolvem constructos como:
informação sensorial associada com várias respostas fisiológicas
(HAMILTON et al., 1996); integração de múltiplas informações sensoriais
(ROBERTSON et al., 1982); estresse, desconforto e/ou fadiga (ROBERTSON
et al., 1997); estresse, dores e fadiga envolvendo músculos e sistemas
cardiovascular e pulmonar (SULLIVAN et al., 1984). Todos esses conceitos
estão integrados ao mecanismo causal de percepção subjetiva de esforço
proposto por seus autores.
Contudo, a maioria dos constructos apontados anteriormente advém
de uma conceituação aparentemente equivocada da percepção subjetiva de
esforço. Quando indivíduos são instruídos a reportar sensações como
“desconforto” e “dor”, por exemplo, constructos diferenciados ao do esforço
serão medidos (SANES e SHADMEHR 1994). Na realidade, sensações
desprazerosas como aumento na dor e temperatura, por exemplo,
apresentam mecanismos neurofisiológicos distintos dos mecanismos de
esforço (GIBSON et al., 2006). Recentemente, Marcora conceituou a
percepção subjetiva de esforço como o “esforço despendido ao realizar uma
atividade física”, (MARCORA 2009).
Com o intuito de compreender o mecanismo responsável pela
interpretação do esforço durante alguma tarefa motora, teorias começaram a
ser desenvolvidas no inicio dos anos 70 (GANDEVIA et al., 1977; GANDEVIA
et al.,1978). No estudo de GANDEVIA e MCCLOSKEY (1977), foi realizado
um teste de força durante a inibição parcial dos neurónios motores produzido
por agentes farmacológicos. Após a anestesia os impulsos fornecidos aos
motoneurônios diminuíram, necessitando assim, de um comando motor
voluntario maior para suportar o mesmo peso imposto pelo teste de força.
Isso indica que a percepção de peso ou esforço seria quantificada através da
19
monitoração do fluxo impulsos do cérebro para o músculo (GANDEVIA e
MCCLOSKEY 1977; MARSDEN et al., 1979). Estes achados foram
determinantes para estudos futuros sobre a percepção subjetiva de esforço.
Em sua publicação mais citada, Borg apresenta que a percepção
subjetiva de esforço “integra várias informações, incluindo os diversos sinais
advindos dos músculos e articulações periféricas ativas, das funções
cardiovasculares e respiratórias centrais, e do sistema nervoso central”
(BORG 1982). Esse mecanismo causal da percepção subjetiva de esforço
proposto por Borg (BORG 1982) (denominado teoria do Feedback aferente)
foi baseado em investigações que encontraram altas correlações da
percepção subjetiva de esforço com a frequência cardíaca e o consumo de
oxigênio (BORG 1982), além de outras variáveis fisiológicas (MIHEVIC 1981).
Ou seja, devido ao fato que, quanto maior a frequência cardíaca (e consumo
de oxigênio), maior também era a percepção subjetiva de esforço relatada
pelos indivíduos, assim os autores concluíram que a relação entre as
variáveis era causal. Como citado anteriormente, sabe-se que estudos
anteriores ao de Borg (1982) apresentavam uma teoria diferente para o
aumento da percepção subjetiva de esforço. Tais estudos baseavam-se
principalmente em investigações com anestesia local (afetando as
informações de feedback aferente) e estudo do paradigma da
correspondência do membro contralateral (em que comparava-se as
percepções de força e esforço estimadas e realizadas entre um membro
fadigado e outro não fadigado) (JONES 1986; GANDEVIA et al., 1977). Tais
teorias não foram consideradas por Borg em seu estudo de maior impacto
(BORG 1982). Portanto, a teoria do Feedback aferente foi proposta
originalmente com base em estudos correlacionais que apenas identificaram
uma associação estatisticamente significativa entre duas ou mais variáveis,
sem evidências experimentais confirmando a hipótese de feedback aferente
como causa da percepção subjetiva de esforço.
Desde a criação da escala de percepção subjetiva de esforço estudos
têm sido destinados a validar a reprodutibilidade em diferentes tipos de
20
exercícios e em diferentes populações (COQUART 2007; GARCIN 2003).
Dada a sua fácil aplicação, a escala de percepção subjetiva de esforço tem
sido amplamente utilizada (ESTEVE-LANAO et al., 2007). A escala é
aplicada para prescrever exercícios de diferentes modalidades com
diferentes demandas metabólicas, como natação e lutas (LIMA et al., 2006).
Porém, a percepção subjetiva de esforço não se limita ao uso somente no
esporte, a sua utilização na área de saúde para a prescrição de exercícios
físicos e avaliação física (MOREIRA et al., 2009; FOSTER 1998). Todavia, a
maior parte dos estudos utilizando a escala de percepção subjetiva de
esforço na área de saúde são voltados para a prescrição de exercícios
físicos.
Observa-se elevada quantidade de estudos utilizando a escala de
percepção subjetiva de esforço na população de idosos, geralmente para
prescrição de exercícios em diferentes tipos de tarefas motoras, variando
demandas metabólicas, como no controle da intensidade durante
hidroginástica (NEVES et al., 2007; PASSOS et al., 2008), caminhada
(DUTRA et al., 2007; LOE et al., 2013), programa de exercícios resistidos
(ASSUMPÇÃO et al., 2008; MOURA et al., 2003) e programas de reabilitação
de doença pulmonar obstrutiva crônica (PEREIRA et al., 2010; LANGER et
al., 2009).
A escala de percepção subjetiva de esforço por sua vez é validada
para o monitoramento, a prescrição, e controle da intensidade da carga de
treinamento (NAKAMURA et al., 2010; ASSUMPÇÃO et al., 2008). A validade
da escala de percepção subjetiva de esforço foi demonstrada em estudos
com distintas atividades físicas e faixa-etárias, como caminhada (PFEIFFER
et al., 2002), corrida (ESTON 1987), bicicleta ergométrica (LEUNG 2002),
natação (UEDA 1995), em crianças e adolescentes (PFEIFFER et al., 2002),
e populações idosas (WENOS 1996). Um dos primeiros estudos que testam a
validade da escala de percepção subjetiva de esforço foi com indivíduos
obesos (SKINNER et al., 1973). Em especifico, foram divididos dois grupos
de jovens, obesos e saudáveis, no qual foram submetidos a dois testes em
21
bicicleta ergométrica, com carga incremental e com cargas aleatórias,
posteriormente as cargas de execução com as respostas de percepção
subjetiva de esforço foram correlacionadas. Os resultados indicaram uma
correlação forte e significativa entre a percepção subjetiva de esforço e a
intensidade de ambos os testes. Indicando a percepção subjetiva de esforço
é reprodutível para avaliar diferentes intensidades em bicicleta ergométrica
com jovens obesos e saudaveis.
Vários estudos compararam percepção subjetiva de esforço durante
sessões de treinamento com a frequência cardíaca, e a percepção subjetiva
de esforço demonstrando ser um método eficaz para quantificar a carga de
treinamento em esportes aeróbicos (DAY 2004; FOSTER 2001). No estudo
de (IMPELLIZZERI 2004) foram relatadas moderadas, mas significativas, as
correlações (r = .54 a .78) entre a frequência cardíaca e a percepção
subjetiva de esforço em jogadores de futebol, apontando um aumento da
proporção de tempo gasto em um estado anaeróbico durante o treino. No
estudo de Wallace (2009) foram comparadas as a intensidade de treinamento
e as repostas de percepção subjetiva de esforço em um grupo de nadador e
também relataram significativas correlações individuais (r = .55 a .94). No
estudo de (DELLAVALE 2012) a percepção subjetiva de esforço apresentou
correlações com a frequência cardíaca (r = .77 a .98). Com base nos estudos
citados anteriormente, é possivel concluir que participantes de atividades com
caracteristicas e demandas metabolicas distintas eram capazes de perceber
pequenas diferenças em relação à intensidade da tarefa com base na
percepção subejtiva de esforço. Portanto, a escala de percepção subjetiva de
esforço é um instrumento valido para o monitoramento da intensidade em
diferentes atividades.
A reprodutibilidade pode ser definida como a consistência de medidas ou
de um desempenho individual em um teste, tendo como caracteristica o uso
eficaz e prático de um instrumento de medida (ATKINSON e NEVILL, 1998).
Pode ser estabelecida quando duas experiências são conduzidas em
situações semelhantes (ou seja, confiabilidade teste-reteste). No estudo de
22
(SKINNER et al., 1973) foi avaliada a reprodutibilidade da percepção
subjetiva de esforço em participantes jovens obesos, analisando as
correlações entre a percepção subjetiva de esforço e intensidade de
execução de uma tarefa durante a avaliação do teste-reteste. Os resultados
indicaram que a percepção subjetiva de esforço e a carga de treinamento,
foram significativamente correlacionadas em progressões continuas (r = .80;
p < 0,05) e em cargas aleatórias (r = .78; p < 0,05). Além disso, a mesma
equipe informou que essas correlações foram melhores do que os obtidos
com determinadas variáveis fisiológicas (frequência respiratória e volume
corrente). Assim pode se sugerir que a percepção subjetiva de esforço é uma
ferramenta confiável e reprodutível para distinguir cargas de treinamento.
2.2 UTILIZAÇÃO DA ESCALA DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE
ESFORÇO EM DIFERENTES POPULAÇÕES.
A escala de percepção subjetiva de esforço tem sido muito utilizada no
treinamento esportivo por ser uma estratégia simples e de baixo custo para
avaliar a intensidade do treinamento (NAKAMURA et al., 2010). Vários
estudos apontam que a escala de percepção subjetiva de esforço é uma
ferramenta aplicável para quantificar a intensidade dos treinamentos e
sensível ao desenvolvimento do atleta (WALLACE 2009; BORIN 2007). A
aplicação da escala de percepção subjetiva de esforço não está limitada ao
âmbito esportivo. Ela também é muito utilizada na área da saúde.
A escala de percepção subjetiva de esforço foi utilizada para a avaliação
do desempenho e o monitoramento da progressão do indivíduo, isso durante
o tratamento de patologias (RODRIGUES 2002). A escala se mostrou eficaz
na prescrição de exercícios para indivíduos com doenças pulmonares
obstrutivas crônicas (ARAÚJO 2006). No estudo de Homann et al., (2011)
verificou-se relações entre o desempenho na caminhada de 6 minutos e o
impacto da fibromialgia na realização de tarefas da vida diária, no qual, os
participantes foram divididos em saudáveis e participantes com fibromialgia.
Os resultados indicam que maiores níveis de percepção subjetiva de esforço
em portadores de fibromialgia durante a execução das atividades de vida
23
diária em comparação com indivíduos saudáveis, mostrando escores
diferentes para cada grupo. Entende-se que a patologia ocasiona um declínio
fisiológico, que interfere diretamente no nível de atividade física do individuo,
ocasionando assim diminuição de sua aptidão física que por sua vez
influencia os níveis de capacidade funcional.
No estudo de revisão (SILVA e NAHAS 2002) aponta, que os parâmetros
de prescrição de exercícios para indivíduos que sofreram um acidente
vascular cerebral são o percentual da frequência cardíaca e a escala de
percepção subjetiva de esforço, pois são parâmetros mais seguros e mais
fáceis de mensurar a intensidade do exercício. Assim podemos compreender
que a escala de percepção pode ser utilizada para a avaliação de exercícios
nas áreas da saúde, sendo aplicada na avaliação da intensidade dos
treinamentos.
Nas áreas do esporte rendimento ou na saúde, a escala de percepção
subjetiva de esforço pode ser utilizada para avaliar uma variável especifica,
como o volume máximos de oxigênio (ESTON 2012). Em seu estudo ESTON
(2012) realizou uma análise de regressão linear entre os dados de percepção
subjetiva de esforço e volume máximo de oxigênio, indicando que a
percepção subjetiva de esforço pode ser utilizada para avaliar o volume
máximo de oxigênio durante um teste físico submáximo. A utilização da
escala de percepção subjetiva de esforço para avaliar o volume máximo de
oxigênio através de uma tarefa submáxima é interessante pelo fato de não
expor indivíduos frágeis ao máximo de sua capacidade física podendo se
tornar um risco.
A percepção subjetiva de esforço também foi associada ao medo de cair
durante a caminhada. O estudo de (JULIUS et al., 2012) traçou a relação
entre a percepção subjetiva de esforço e a confiança na marcha de idosos
com limitações de mobilidade. O estudo indica que o idoso que reporta baixa
percepção subjetiva de esforço, possivelmente terá maiores níveis de aptidão
física, que por sua vez influencia a confiança durante a caminhada, pois, o
idoso mais apto é mais capaz de realizar a caminhada, tarefa esta que é
fundamental na realização das tarefas cotidianas. Portanto, compreende-se
24
que possivelmente a percepção subjetiva de esforço pode ser utilizada para
distinguir a capacidade funcional de idosos, por ser influenciada pelo nível de
aptidão física, que por sua vez influencia a execução das atividades de vida
diária de idosos e sua capacidade funcional.
2.3 APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE
A aptidão física é um conjunto de atributos físicos, no qual, é definida
como "a capacidade de realizar tarefas diárias com vigor, estado de alerta,
sem fadiga e com ampla energia para desfrutar de atividades de lazer e para
atender emergências imprevistas" (CARPESEN et al., 1974.). Os
componentes relacionados à aptidão física são resistência cardiorrespiratória,
resistência muscular, força muscular, composição corporal, e flexibilidade
(CARPESEN et al., 1974.). Assim, a aptidão física pode variar de individuo
para individuo. Estes componentes relacionados à aptidão física podem
variar separadamente, por exemplo, uma pessoa pode apresentar grande
capacidade cardiorrespiratória, em contrapartida baixos níveis de
flexibilidade.
O nível de aptidão física está intimamente associado à capacidade
funcional (DIPIETRO 1996), sendo que estilos de vida mais ativos
relacionam-se a maiores níveis de aptidão física em idosos. Estudos apontam
que a inatividade física aumenta o risco de doenças, e alterações na aptidão
física de idosos (LEE, I. M. et al., 2012). De acordo com as recomendações
oficiais (ACSM, 2011), indivíduos ativos são aqueles que atingem no mínimo
150 minutos de atividade física por semana. Essa quantidade mínima de
atividade física é apontada como mínimo de atividade física semanal para
gerar dispêndio energético benéfico na população adulta mantendo assim os
níveis de aptidão física. O monitoramento da caminhada utilizando
pedômetros é um método muito replicado na literatura, no qual, é utilizado
para quantificar o número de passos/dia, tendo características de fácil uso e
interpretação (TUDOR-LOCKE, et al., 2011).
25
Para idosos e populações especiais, é considerado 0 – 2.000
passos/dia: basal; 2.001- 4.999: sedentário; 5.000 – 6.999 passos/dia: ativo;
e acima de 7.000 passos/dia: muito ativo como media semanal,
caracterizando o idoso como ativo (TUDOR-LOCKE et al., 2011). Idosos e
indivíduos com patologias crônicas podem apresentar níveis de atividade
física mais baixos que o mínimo exigido diariamente, por conta do nível de
capacidade funcional reduzidos que podem interferir no somatório do número
de passos (BRAVATA et al., 2007; SHEPHARD 2003). Em resumo, a
presença de incapacidades ou limitações funcionais se tornam um obstáculo
para o idoso realizar com qualidade alguma tarefa motora, e com isso
comprometer seu nível de atividade física, acentuando a diminuição de sua
aptidão física, que influencia ainda mais as perdas funcionais relacionadas ao
processo de envelhecimento.
2.4 QUANTIFICAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR
A capacidade de produzir força é uma medida de aptidão física e está
estreitamente relacionada com a capacidade funcional de idosos (PERSCH
et al., 2009). Esta relação ocorre pela considerável perda da capacidade de
produzir força decorrente do envelhecimento. Um dos fatores que ocasionam
a diminuição da força muscular é a alteração na forma de recrutamento
muscular comparando idoso com jovens, em conjunto com a diminuição de
massa muscular (HENRIKSSON 2005).
A sarcopenia é a perda fisiológica e estrutural da musculatura e
normalmente é decorrente do envelhecimento (MALAFARINA 2012). A
diminuição estrutural da musculatura ocorre em grande parte por conta da
relação de síntese e depleção de proteína que, idosos apresentam a síntese
de proteína mais lenta que a depleção da mesma (CLARK 2010). Isso ocorre
devido as fibras musculares tipo II acabarem sofrendo diminuição, assim,
como a área de secção transversa do musculo junto com seu ângulo de
penação (CLARK 2010). Estudos apontam que a diminuição de 7% de massa
magra em homens e 10% em mulheres caracteriza-se a sarcopenia
26
(MALAFARINA 2012). Entretanto, a sarcopenia não é o fator principal para
diminuição na capacidade de produzir força, pois ela está intimamente ligada
a adaptações neurais (CLARK 2010).
A dinapenia é caracterizada pela perda de foça muscular relacionada a
alterações neurais, como o recrutamento das unidades motoras sofrendo
diminuição, junto com diminuição do número e intensidade dos disparos
neurais vindos do sistema nervoso central até a região periférica da
musculatura (CLARK 2010; CLARK 2012). Estudos apontam que a dinapenia
é intimamente ligada com o processo de envelhecimento (CLARK 2010).
A diminuição da força muscular decorrente do envelhecimento não é
linear em todos os músculos do corpo (HUGHES 2001). Por exemplo, a
diminuição na força de membros inferiores é menor que a apresentada em
membros superiores (LYNCH 1999). Estas alterações na capacidade de
produzir força tem interferência direta na capacidade funcional dos idosos,
por conta disto ferramentas que possam quantificar a força de idosos de
forma segura são imprescindíveis.
Os testes que avaliam a força máxima de idosos em grande parte
levam o idoso ao máximo de sua capacidade; contudo, existem técnicas
descritas na literatura que são seguras para idosos com nível de fragilidade
mais elevado (NOBREGA et al., 1999). A predição de uma repetição máxima
(1RM) a partir de testes de repetições máximas com uma carga equivalente a
um percentual da massa corporal parece gerar equações com correlações
altas (r = 0,91 a 0,96), entre 1 RM e os resultados de repetições máximas.
Porém essa estimativa pelo peso corporal não é a mais indicada quando
analisamos o peso final que o idoso irá levantar. No estudo de Kuramoto
(1995), uma carga de 45% da massa corporal representou 73% de 1RM em
um grupo de mulheres jovens. Já em mulheres de meia idade foi equivalente
a 80%, e em idosas ficou entre 75% a 115%, de forma que oito dessas
mulheres não foram capazes de realizar qualquer repetição. Além da
utilização do peso de massa corporal do idoso, existem outros métodos mais
fidedignos.
27
A correlação entre os testes de 1RM e de 7-10 repetições é alta (r =
0,94 a 0,99), tanto antes como após o treinamento (BRAITH 1993; HOPKINS
1999). As correlações entre os testes de 1RM e 8-10 repetições, também
foram altas (r = 0,83 a 0,95), tanto para o exercício de agachamento como
supino (PEREIRA 2001). Afim de não expor idosos a futuras lesões por conta
da capacidade de produzir força máxima e diminuir as chances de ocorrer
lesões a utilização de 7-10 repetições máximas se torna a melhor alternativa
para predizer 1 RM em idosos. Portanto, esse método foi adotado no
presente estudo afim de quantificar a força máxima de membros superiores e
inferiores por conta da fidedignidade e sua segurança na aplicação.
2.5 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL
A capacidade funcional é definida com a dificuldade em executar com
prontidão as atividades da vida diária (LECHNER 2002). Basicamente o quão
o indivíduo está preparado fisicamente para realizar as suas atividades
cotidianas, atividades estas que são divididas em duas categorias:
a) Atividades Básicas de Vida Diária – envolvem as atividades
relacionadas ao auto cuidado, como alimentar-se, tomar banho, arrumar-se,
conseguir se movimentar e manter controle sobre suas eliminações (DUCA
2009).
b) Atividades Instrumentais de Vida Diária – envolve a capacidade para
preparar refeições, realizar compras, utilizar transporte, cuidar da casa,
utilizar telefone, administrar as próprias finanças e tomar seus medicamentos
(DUCA 2009).
Para compreender com clareza capacidade funcional deve-se entender
dois conceitos. O primeiro é impairment (enfraquecimento), o qual é definido
como diminuição da capacidade física, que é ocasionada pela perda
fisiológica e ou da estrutura anatômica. O segundo conceito é de
funcionalidade, sendo definindo como a capacidade que o indivíduo tem para
transpor barreiras especificas (LECHNER 2002). Os conceitos, apesar de
distintos estão interligados, por exemplo, o indivíduo que apresenta perda
28
fisiológica e estrutural da musculatura decorrente do envelhecimento
(impairment), como consequência apresentará diminuição da capacidade de
produzir força (funcionalidade). Isso irá interferir na realização das tarefas de
vida diária tanto instrumentais como básicas (capacidade funcional).
A capacidade funcional é medida por meio de instrumentos padronizados
que avaliam o desempenho do idoso nas atividades básicas da vida diária e
nas atividades instrumentais da vida diária. Uma das ferramentas mais
utilizadas para avaliar o desempenho nas atividades da vida diária é a escala
de Independência em Atividades da Vida Diária, ou Index Katz (KATZ 1963).
Esta escala contém seis itens que medem o desempenho do indivíduo nas
atividades de autocuidado, os quais obedecem a uma hierarquia de
complexidade, da seguinte forma: alimentação, controle de esfíncteres,
transferência, higiene pessoal, capacidade para se vestir e tomar banho
(LINO 2008). Essa sequência é semelhante à observada durante o
desenvolvimento infantil, em que primeiramente a criança aprende a levar a
colher à boca para, somente mais tarde, tornar-se capaz de tomar banho de
forma independente (KATZ 1963).
No estudo de LINO (2008) foi realizada a adaptação transcultural para
o contexto brasileiro da escala de independência em atividades da vida
diária, sendo amplamente utilizada para avaliar idosos (DUARTE 2007). Após
sua construção, o referido Index necessitava ter tanto suas propriedades
psicométricas quanto seu embasamento teórico validados de forma a
demonstrar sua acurácia e a confiabilidade. Para tanto, foi aplicada a escala
de Katz em 156 idosos, sendo que a concordância foi apontada em 78%
entre idosos com dependência funcional e os resultados do questionário,
portanto o questionário se mostrou sensível para distinguir o nível de
capacidade funcional de idosos (LINO 2008).
Como o comprometimento da capacidade funcional atinge também as
atividades instrumentais da vida diária, Lawton (1970) elaborou uma escala
com o intuito de avaliar estas atividades, No qual avalia oito atividades
diferentes: usar telefone, ir a locais distantes utilizando algum meio de
transporte, fazer compras, arrumar a casa, lavar roupa, fazer a própria
29
refeição, tomar medicamentos e cuidados financeiros (LAWTON 1970). Foi
feita a adaptação transcultural ao contexto brasileiro com pontuação mínima
de 5 pontos, para o maior nível de independência, e máxima de 21, que
corresponde à independência completa (SANTOS 2008).
Para a avaliação fidedigna da capacidade funcional de idosos se torna
indispensável avaliar tanto as atividades básicas como as instrumentais de
vida diária dos idosos. Vários estudos tem se utilizado das escalas de KATZ
e LAWTON simultâneas para a avaliação da capacidade funcional de idosos
(REIS 2010; SIDÔNIO 2009; DUCA 2009; PEREIRA 2012; SCHNEIDER
2008). Todos os estudos citados destacam a importância da avaliação da
capacidade funcional de idosos levando em consideração ambas atividades.
Portanto, no presente estudo, foram utilizados tanto o Index KATZ como a
escala de LAWTON para avaliar a capacidade dos idosos em realizar suas
atividades do dia a dia, com o intuito de verificar se há correlação destes
resultados com a percepção subjetiva de esforço nos testes com cargas
contínuas.
Certamente a capacidade funcional é influenciada pela aptidão física dos
idosos seja (força, resistência flexibilidade, etc.), podendo predizer de
independência funcional, morbidade e mortalidade. (GARBER 2011). A
aptidão física está estreitamente associada as capacidades físicas
especificas como cardiorrespiratória, força, resistência muscular, composição
corporal, flexibilidade, equilíbrio, agilidade e tempo de reação. (GARBER
2011).
Como os testes funcionais avaliam a capacidade de transpor uma barreira
especifica, é de suma importância a avaliação de mais de uma capacidade
física para se obter um panorama geral do estado físico do idoso. Dada à
importância de se levar em consideração diferentes capacidades físicas Rikli
e Jones (1999) elaboraram uma bateria de testes que se constitui em: teste
de sentar e levantar e flexão de cotovelo (resistência muscular e força), teste
de caminhada de 6 minutos (resistência aeróbia), sentar e alcançar
(flexibilidade), timed up go test (agilidade e equilíbrio dinâmico), estatura e
massa corporal (composição corporal).
30
2.6 TESTE DE SENTAR E LEVANTAR E CAMINHADA DE 6 MINUTOS
(TC6).
A capacidade funcional está intimamente relacionada às habilidades
físicas básicas, caracterizadas pelas tarefas consideradas simples do
cotidiano, como sentar e levantar. Por esta razão, a maioria dos instrumentos
de avaliação do desempenho funcional utiliza as próprias tarefas requeridas
no dia a dia. A partir desta linha de raciocínio, entende-se que os testes
funcionais tentam se aproximar o máximo possível das tarefas básicas do
cotidiano. O teste de sentar e levantar constitui-se em, posicionar o
participante sentado em uma cadeira e ao sinal do avaliador, o participante
se levantar e ficar totalmente em pé, e então retorna a posição sentada,
tentando realizar o maior número de repetições possíveis dentro de 30
segundos, avaliando indiretamente a força de resistência de membros
inferiores.
A aptidão cardiorrespiratória tem sido apontada como o componente
importante da aptidão física relacionada à saúde, podendo ser influenciada
por vários fatores, tais como idade, gênero, condições de saúde, genética e,
principalmente, o nível de atividade física. Portanto, ela é menor entre os
idosos, principalmente aqueles com hábitos de vida sedentários. O teste de
caminhada de seis minutos (TC6) é um instrumento de avaliação clínica da
capacidade submáxima ao exercício (VILLARÓ 2008). O TC6, como o próprio
nome indica, mede a distância máxima que uma pessoa pode caminhar em
seu ritmo habitual durante 6 minutos. Ele pode ser utilizado para determinar o
a resistência aeróbia de um individuo. O TC6 têm sido usado como medida
de desfecho em ensaios clínicos em uma variedade de doenças pulmonares,
incluindo doença pulmonar obstrutiva crônica (CRINER 1999), hipertensão
pulmonar (OUDIZ 2009) e fibrose pulmonar idiopática. O teste também
fornece dados informais para monitorar os efeitos da reabilitação pulmonar
(NICI 2006).
31
O TC6 não pode determinar diretamente o consumo de oxigênio, nem
quantificar de maneira precisa os fatores de limitação ao esforço com
definição dos mecanismos fisiopatológicos dos diferentes sistemas
envolvidos (ALLEN 1995). Porém, a padronização do TC6 é aceita
mundialmente, validada e confiável tanto para indivíduos frágeis como
saudáveis (MIER-JEDRZEJOWICZ 1988). Na utilização com idosos, o TC6 é
bem aceita, pela forma prática e de baixo custo para avaliar a capacidade
aeróbia, e melhor tolerado e refletir as atividades de vida diárias
(PELLEGRINO 2005), por esses motivos foi o teste selecionado para
representar o nível de aptidão aeróbia dos participantes do estudo.
A inferência dos resultados de somente uma capacidade física
especifica, para predizer a capacidade funcional geral pode ser errônea. Por
exemplo, um indivíduo que apesar de apresentar boa aptidão
cardiorrespiratória não necessariamente se torna funcional, podendo
apresentar baixa capacidade de produzir força em membros inferiores e
dificuldade de locomoção. Como dito, os testes que tem como características
tarefas específicas que se complementam, e que apresentam um panorama
da capacidade funcional geral do idoso.
A motivação pode ser uma variável que interfere diretamente nos
resultados dos testes físicos de capacidade funcional. Em estudo com
indivíduos jovens saudáveis, os participantes foram expostos a 90 minutos de
uma tarefa cognitiva exigente, havendo uma eficácia na indução de um
estado de fadiga mental, que foi demonstrado por um aumento em
sensações subjetivas de "cansaço" e "falta de energia", e uma redução
significativa no desempenho cognitivo (MARCORA 2009). O principal achado
do estudo é que fadiga mental prejudica o desempenho físico. O esforço é
baseado em um modelo de tomada de decisão, no qual o esforço até a
exaustão exige motivação. São apontados que o esforço máximo que um
indivíduo está disposto a exercer é definido pelo seu nível de motivação.
Assim entende-se que a motivação influencia o desempenho físico do
participante durante a tarefa motora, juntamente com a percepção subjetiva
32
de esforço (SMIRMAUL et al., 2013). Assim, o fator motivacional pode ser
uma lacuna a ser preenchida com a utilização da escala de percepção
subjetiva de esforço.
Portanto, os testes de força máxima para membros inferiores e
superiores, sentar e levantar da cadeira, e TC6 foram utilizados no presente
estudo no intuito de verificar suas respectivas contribuições na percepção
subjetiva de esforço durante os testes submáximos com cargas contínuas.
2.7 MINI EXAME DE ESTADO MENTAL
A capacidade funcional do idoso para realizar atividades básicas e
instrumentais de sua vida diária está intimamente ligada ao seu estado físico
e psicológico (BOYLE 2009). Estudos apontam que idosos com a cognição
fragilizada por decorrência da idade ou alguma patologia, apresentam
diminuição de sua capacidade de realizar atividades cotidianas. (AUYEUNG
e KWOK 2008; BOYLE 2009). No estudo de OUDEN (2013) foi analisada a
reação da capacidade cognitiva que é a capacidade de orientação temporal e
espacial, concentração, linguagem, cálculo e memoria imediata e tardia
podendo ser avaliada através do mini exame de estado mental com as sua,
onde foi indicado que idosos com níveis cognitivos mais baixos
apresentavam menores níveis de capacidade funcional. Portanto, para avaliar
a capacidade funcional deve ser levado em consideração o aspecto físico e
cognitivo do idoso.
Desde sua publicação inicial por FOLSTEIN (1975), o mini exame do
estado mental (MEEM) tornou-se importante instrumento de rastreio de
comprometimento cognitivo. Como instrumento clínico, pode ser utilizado na
detecção de perdas cognitivas. Como instrumento de pesquisa, tem sido
largamente empregado em estudos epidemiológicos populacionais, fazendo
parte integrante de várias baterias neuropsicológicas (BRUCKI 2003).
33
O MEEM foi projetado para ser um instrumento de avaliação clínica
prática das mudanças do estado cognitivo em pacientes idosos (FOLSTEIN
1975). O MEEM examina orientação temporal e espacial, memória de curto
prazo (imediata ou atenção) e evocação, cálculo, praxia, e habilidades de
linguagem e viso-espaciais. O teste não tem restrições de aplicação podendo
ser aplicado por vários profissionais da saúde.
Em termos de aplicação de conteúdo, o MEEM avalia oito de 11 principais
aspectos do estado cognitivo, omitindo abstração, julgamento e expressão
(JONES 2000). Embora análises fatoriais tenham usado diferentes tipos de
amostras e versões do MEEM, elas facilmente identificam fatores
relacionados à orientação, memória e atenção. Um estudo publicado mais
recentemente obteve um resultado próximo à estrutura original do MEEM,
identificando cinco fatores que foram adicionalmente replicados
subsequentemente (JONES 2000). Os cinco fatores incluíram os seguintes:
orientação, atenção memória operacional, evocação verbal, compreensão-
praxia, e nominação. A vários estudos utilizaram o MEEM em idosos para
distinguir o nível de cognição (BERTOLUCCI 1994; BRUCKI 2003; ALMEIDA
1998; CHAVES 1992)
No estudo de BERTOLUCCI (1994) foi verificado o efeito da idade e
escolaridade (analfabetismo) sobre o MEEM em 530 indivíduos sendo
divididos em Jovens (< ou = 50 anos), Meia idade (51 a 64 anos) e Idosos (>
ou = 65 anos). Foi constatado uma diferença significativa para distinção da
cognição com base na escolaridade (p < 0.0001), já os escores não foram
significativamente diferentes entre grupos etários. Isso aponta que o MEEM
pode ser usado com fidedignidade em várias faixas etárias.
O estado cognitivo é determinante para a qualidade de vida do idosos.
OUDEN (2013) aponta que o nível de cognição é um determinante para a
realização das atividades de vida diária. Em seu estudo foi apontada
diferença significativa entre os participantes com alterações na capacidade
funcional e seu nível de cognição obtido através do MEEM. Podemos
compreender que o estado cognitivo é determinante na avaliação das
34
atividades de vida diária de idosos, sendo uma variável de imensa
importância seu controle para uma avaliação fidedigna da capacidade
funcional de idosos. Além disso, foi verificado que o estado cognitivo do idoso
pode interferir na interpretação da escala de percepção subjetiva de esforço
(YU et al., 2010). Portanto essa variável foi controlada no presente estudo
para que o idoso reporta-se a sua real percepção subjetiva de esforço no
exercício físico.
3.METODOLOGIA
3.1 PARTICIPANTES
A amostra foi composta por 39 idosos acima de 60 anos, dos quais foram
quatro homens (68,7 ± 6,1 anos; 85 ± 25,1 kg; 1,70 ± 0,3 m; 29,7 ± 8,5
kg/m2) e 35 mulheres (67,1 ± 4,9 anos; 69,2 ± 8,8 kg;1,56 ± 0,4 m; 28,44 ±
2,2 kg/m2) que moravam nas proximidades da universidade. Os critérios de
exclusão do estudo foram: idosos que relatassem agravos cardiovasculares
ou infecciosos relacionados na lista de contraindicações descritas no
questionário de prontidão para atividade física (PAR-Q) (THOMAS 1992)
(n=0); que fizessem uso de órteses impossibilitando a execução de algum
teste (n=0); ou apresentassem escore inferior a 25 pontos no MEEM (n = 4),
pois, o mesmo deveria ter completo entendimento do funcionamento da
escala de percepção subjetiva de esforço. Os participantes foram recrutados
por meio de panfletos e cartazes afixados em unidades de saúde, de lazer e
na própria Universidade. A inclusão do participante no estudo foi realizada
após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO I).
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Paraná sobre o protocolo de número CEP/SD
362.846, CAAE 16217913.3.0000.0102 em 24 de julho de 2013 (ANEXO I).
35
Selecionados por elegibilidade
(n = 44)
FIGURA 1. Fluxograma do processo de inclusão e avaliação dos
participantes no estudo.
3.2 DESENHO EXPERIMENTAL
Inicialmente as variaveis coletadas foram subdivididas em 4 categorias,
aptidão fisica, nivel de atividade fisica, funcionalidade e capacidade funcional
(Figura 02). Em seguida as avaliações foram realizadas em quatro dias
diferentes, com intervalo de 7 a 9 dias entre cada um deles. O primeiro dia
teve como objetivo aplicar os critérios de inclusão e exclusão do estudo,
realização de testes funcionais, e familiarização com os procedimentos a
serem realizados nos dias subsequentes. O segundo dia teve como objetivo
realizar os testes de força máxima para membros inferiores e superiores, e
familiarizar os idosos com os testes a serem realizados nos dois próximos
dias. No terceiro e quarto dias foram realizados os testes de caminhada em
Excluídos (n= 4)
Não atendem aos critérios de inclusão
Análise
Analisados (n=39)
Excluídos da análise (n= 4)
Aplicação dos testes (n= 40)
Desistiram do estudo (n= 1)
36
esteira, e flexão e extensão de cotovelos, executados de forma
contrabalanceada, sendo aplicados os questionários de capacidade funcional
entre os testes (Figura 3).
Inicialmente as variaveis coletadas foram subdivididas em 4 categorias,
aptidão fisica, nivel de atividade fisica, funcionalidade e capacidade funcional
(Figura 2).
FIGURA 2. Variavies coletadas no presente estudo e seus respectivos
constructos.
APTIDÃO FÍSICA
Força máxima membros superiores
Força máxima membros inferiores
NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA
Número de passos
FUNCIONALIDADE
Sentar e levantar
Teste de Caminhada de 6 minutos
CAPACIDADE FUNCIONAL
Questionário das atividades básicas
da vida daria (KATZ)
Questionário das atividades
instrumentais da vida diária (LAWTON)
37
FIGURA 03. Desenho experimental do estudo. RMs: repetições máximas;
ABVD: atividades básicas da vida diária; AIVD: atividades instrumentais da
vida diária; TC6: teste de caminhada de seis minutos; MEEM: Mini Exame de
Estado Mental.
38
3.2.1 ANTROPOMETRIA
A estatura foi mensurada em centímetros, em uma balança
antropométrica (WELMY, modelo 110CH), com resolução de 0,1 cm. O idoso
ficou na posição ereta, com os pés descalços e unidos, com as superfícies
posteriores do calcanhar, cinturas pélvica e escapular e região occipital em
contato com o instrumento de medida, com a cabeça no plano horizontal de
Frankfurt, ao final de uma inspiração máxima. Utilizando a mesma balança
antropométrica com capacidade máxima de 150 kg e resolução de 100
gramas, a massa corporal foi medida com o participante descalço
posicionado em pé no centro da plataforma e com os braços ao longo do
corpo. O índice de massa corporal (IMC) também foi calculado com os dados
da avaliação antropométrica.
3.2.2 QUESTIONÁRIOS DE ABUEL E MEEM
Do questionário de ABUEL foram utilizadas apenas as questões 41, 43
e 47 respectivamente (ANEXO II), e aplicado em formato de entrevista. As
questões tiveram como objetivo traçar um perfil patológico do idoso,
indicando na se o idoso tem, teve ou não tem doenças (questão 41). A
questão 43 quantifica o uso de medicamentos, na qual é avaliado se o idoso
utiliza diariamente, somente quando necessário, regularmente ou não utiliza
medicamentos. Na questão 47 foi verificado o estado físico em relação a
dores musculares descritas como: muitíssimo, bastante, moderadamente,
pouco ou absolutamente nada.
Foi aplicado o Mini Exame de Estado Mental (MEEM) em formato de
entrevista, sendo que foram avaliadas 7 pontos específicos das funções
cognitivas: orientação para tempo, orientação para local, registro de
informações, atenção, cálculo, lembrança, linguagem, e capacidade
construtiva visual (FOLSTEIN et al., 1975). O escore do MEEM pode
variaram de um mínimo de 0 até um total máximo de 30 pontos, sendo
adotado a pontuação de 25 como um ponto de corte (BERTOLUCCI 1994)
(ANEXO III).
39
3.2.3 ESCALA DE PERCEPÇÂO SUBJETIVA DE ESFORÇO
Os idosos foram instruídos a interpretar a intensidade de todas as
tarefas motoras utilizando a escala de Borg com pontuação de 6-20 (BORG
1982). Para facilitar a interpretação da escala de percepção subjetiva de
esforço, imediatamente antes de todas as avaliações do estudo, as seguintes
instruções foram passadas aos idosos:
"Durante o exercício queremos avaliar a sua percepção de esforço, ou
seja, quão difícil, pesado e árduo você sente o exercício. A percepção de
esforço depende de quão difícil está para você exercitar com suas pernas ou
braços, quão difícil está para respirar, e a sua sensação geral de cansaço
para o exercício. Ele não depende de dor muscular, ou seja, a dor e
sensação de queimação em seus músculos de pernas ou braços. Olhe para
esta escala de classificação; queremos usar esta escala de 6 a 20, onde 6
significa "nenhum esforço, praticamente em repouso" e 20 significa " esforço
máximo ". Nove corresponde ao exercício "muito leve". Para uma pessoa
normal e saudável é como caminhar lentamente em seu próprio ritmo por
alguns minutos. Treze na escala é exercício de "ligeiramente cansativo", mas
que ainda se sente bem para continuar. Dezessete na escala ("muito
cansativo") é um exercício muito vigoroso. Uma pessoa saudável pode ainda
realizar, mas ele realmente tem que esforçar-se. Você se sente muito pesado
e muito cansado. Dezenove na escala é exercício "exaustivo". Para a maioria
das pessoas este é o exercício mais intenso que já experimentou. Tente
avaliar suas sensações de esforço tão honesta quanto possível, sem pensar
sobre a carga de trabalho (por exemplo, frequência cardíaca, velocidade,
potência, nível de intensidade da máquina de exercício). Não subestime sua
percepção de esforço. É sua próprio sensação de esforço que é importante,
não como ela se compara a outras pessoas. O que as pessoas pensam não
é importante. Olhe atentamente para a escala e suas expressões e, em
seguida, dê um número. Alguma dúvida?".
40
3.2.4 TESTES FUNCIONAIS
O teste de caminhada de 6 minutos (TC6) se constitui em uma
caminhada de ir e vir no percurso de 30 metros, por 1,5 metros de largura,
sendo coletada a distância percorrida dentro do período de 6 minutos. O
idoso foi instruído a ficar sentado em uma cadeira e ao sinal do avaliador
levantar e realizar a caminhada o mais rápido possível sem correr. Quando o
avaliador deu por encerrado o teste, o idoso foi instruído a parar de caminhar
e esperar o avaliador levar a cadeira até o ponto final do teste,
posteriormente o idoso sentou na cadeira e foi avaliada a percepção subjetiva
de esforço e quantificada a distância percorrida no teste (ENRIGHT 2003).
No teste de sentar e levantar da cadeira, idoso iniciou sentado ao meio
de uma cadeira de 43 cm de altura, com o encosto reto (sem braços),
apoiada na parede, não podendo ser movimentada. A instrução era manter
as costas retas, pés apoiados no chão e braços cruzados contra o tórax. Ao
sinal “Atenção, Já!”, sem tirar os pés do chão o idoso realizou o mais rápido
possível o movimento estendendo totalmente os joelhos e o tronco, a partir
da posição sentada na cadeira estabilizada contra uma parede. Antes da
realização do teste, o mesmo foi demonstrado e solicitado ao participante que
fizesse uma tentativa de familiarização. O idoso foi instruído a realizar o
movimento com o máximo de sua velocidade, sem que o mesmo
atrapalhasse na qualidade de execução do teste. O cronômetro foi acionado
no momento que o avaliador deu o comando para iniciar o teste e foram
contadas quantas repetições o idoso realizava em 30s. Cada repetição
correspondeu a cada vez que o idoso levantava e sentava completamente
(RIKLI e JONES, 1999).
3.2.5 DETERMINAÇÃO DA FORÇA MÁXIMA
Foi utilizado no presente estudo o protocolo de 7-10 repetições máximas
por ser uma alternativa para predizer 1 RM em idosos (BRAITH et al.,1993;
HOPKINS et al.,1999). Posteriormente foi utilizada a formula 1-RM = carga ×
41
[(.0375 × reps) + .978] (BAECHLE E GROVES 2000). Essa formula adotada
para representar 1 RM tanto para membros superiores como para inferiores.
No teste de flexão e extensão de cotovelos em uma barra reta maciça,
com peso de 8 kg e comprimento de 1,20 m, os idosos foram instruídos a se
posicionar com os joelhos levemente flexionados e os pés afastados na
largura dos quadris, segurando a barra na posição supinada com as mãos
afastadas na largura dos ombros. Permitindo que a barra ficasse encostada
nas coxas, na realização do movimento o idoso manteve a musculatura
abdominal contraída e os cotovelos imóveis. Sem oscilar o corpo o idoso
levantou a barra em uma velocidade de 2 segundos na fase concêntrica e 2
segundos na fase excêntrica, em um movimento de arco em direção aos
ombros realizando os movimentos de flexão e extensão de cotovelo. A
amplitude do movimento da flexão e extensão foi de aproximadamente 140°.
No final do movimento, o idoso contraiu rigorosamente o bíceps e abaixou a
barra até a posição inicial. A amplitude para a supinação e pronação foi de
120 a 140°. O peso inicial foi somente a barra, pós a aprendizagem do
movimento a ser realizado, foi aplicado o incremento de 1 a 2 kg de cada
lado da barra no decorrer das tentativas. Tanto o teste de membros
superiores como para membros inferiores foram feitas 3 tentativas com
intervalo de 2 minutos entre cada tentativa, no qual foi coletado o valor
máximo das 3 tentativas. Os mesmos procedimentos foram seguidos na
segunda avaliação.
Para determinar a força máxima de membros inferiores foi realizado o
teste de repetições máximas na leg-press horizontal (RIGETTO, modelo
SL1070). O idoso foi instruído a ficar sentado no aparelho, posicionando os
pés na largura dos quadris. Durante a execução do movimento, o idoso
empurrou uma plataforma com velocidade de 2 segundos na fase concêntrica
e 2 segundos na fase excêntrica até a extensão quase completa de joelhos,
deixando a flexão dos joelhos em 30º. O movimento excêntrico, com o limite
de movimentação de 90º. Não houve flexão dos joelhos superior a 90 º para
evitar lesões. Em seguida o idoso foi instruído a realizar o número máximo de
42
repetições, com a carga inicial de 25 kg para todos os participantes foi
realizado o incremento de 5 a 10 kg em cada tentativa.
3.2.6 TESTES SUBMÁXIMOS COM CARGAS CONTÍNUAS
No teste de caminhada em esteira, os idosos foram instruídos ao inicio
do teste a caminhar em uma esteira, na velocidade de 4 km/h e duração 5
min. Esta intensidade é equivalente a 2.5 METs, o que representa a
realização de múltiplas tarefas do cotidiano (arrumar a casa, cuidado
pessoal), com execução leve, com base na versão brasileira do Compêndio
de Atividades Físicas (FARINATTI 2003). Ao final dos 5 minutos de teste foi
solicitado que o participante reportasse a percepção subjetiva de esforço, e
em seguida a velocidade da esteira foi diminuindo até parar totalmente.
O teste de flexão bilateral de cotovelo foi realizado com halteres de 2
kg para as mulheres e 3 kg para os homens. A velocidade de execução de 1
segundo na fase concêntrica e 1 segundo na fase excêntrica durante 1
minuto foi controlada através de um metrônomo (MEIDEAL, MT560W). Ao
sinal de “Atenção, Já”, o participante foi orientado a realizar os movimentos
acompanhando o ritmo ditado pelo metrônomo, realizando no total 30
repetições. Ao final do teste foi solicitado que o participante reportasse a
percepção subjetiva de esforço. Em ambos os testes, estes procedimentos
foram repetidos em todos os dias de avaliação.
3.2.7 NÍVEL DE ATÍVIDADE FÍSICA
Os idosos foram instruídos quanto ao funcionamento do pedômetro
(YAMAX, Digi-walker SW-700), e o utilizaram durante todas as tarefas
diárias, no perído de sete dias, e o final de cada dia anotaram o número de
passos indicado pelo pedômetro em uma planilha entregue pelo avaliador
(ANEXO IV). Para efeito de análise o primeiro dia foi descartado para
minimizar o efeito Hawthorne (CORDER 2008). A classificação do número de
passos/dia foi realizada de acordo com a proposta de (TUDOR LOCKE
43
2011), os quais são classificados em quatro categorias: 0 – 2.000 passos/dia:
basal; 2.001- 4.999: sedentário; 5.000 – 6.999 passos/dia: ativo; e acima de
7.000 passos/dia: muito ativo como media semanal, caracterizando o idoso
como ativo (TUDOR-LOCKE et al., 2011)
3.2.8 QUESTIONÁRIOS DE CAPACIDADE FUNCIONAL
O idoso foi instruído quanto o funcionamento da escala de
independência funcional de Katz, adaptada para o contexto brasileiro, e
posteriormente foi realizada a avaliação em formato de entrevista, no qual o
idoso deveria responder se era capaz, necessitava de auxilio ou incapaz de
realizar as seguintes atividades básicas do dia a dia: tomar banho, se vestir,
ir ao banheiro, transferir-se, ser continente e se alimentar (DUARTE et al.,
2007). Os resultados indicam o grau de dependência funcional do idoso, de
acordo com da seguinte classificação: 0: independente em todas as funções;
1: independente em cinco funções e dependente em uma função; 2:
independente em quatro funções e dependente em duas; 3: independente em
três funções e dependente em três; 4: independente em duas funções e
dependente em quarto, 5: independente em uma função e dependente em
cinco funções; 6: totalmente dependente. Assim, caracterizando os idosos
com algum grau de dependência para a realização das atividades básicas da
vida diária.
As atividades instrumentais da vida diária foram avaliadas por meio do
questionário de LAWTON, adaptado ao contexto brasileiro (SANTOS 2008),
sendo aplicado em formato de entrevista. O idoso era instruído a responder
se era capaz, necessitava de auxilio ou incapaz de realizar as tarefas
impostas pelo questionário, que avalia oito atividades instrumentais
diferentes: capacidade de usar telefone, ir a locais distantes utilizando algum
meio de transporte, fazer compras, arrumar a casa, lavar roupa, fazer a
própria refeição, tomar medicamentos e cuidados financeiros (THUMÉ 2011).
O nível de capacidade funcional dos idosos foi classificado através da
seguinte pontuação: 5 pontos: dependência total; 6 a 20 pontos: dependência
parcial; 21 pontos: independência total (SANTOS 2008). A aplicação de
44
diferentes questionários teve como objetivo avaliar diferentes níveis de
comprometimento dos idosos, e avaliar a independência para realizar
atividades básicas e instrumentais da vida diária.
3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Inicialmente foi realizada uma análise descritiva (média e desvio-
padrão) das variáveis MEEM, número de passos, força máxima para
membros inferiores e superiores, TC6 e, sentar e levantar da cadeira dos
idosos nos testes funcionais. Em seguida, os resultados dos questionários
(Abuel, Index Katz e Lawton) foram apresentados em histograma.
Após verificação da normalidade dos dados através do teste de
Kolomogorov-Smirnov, foram comparadas as médias das percepções
subjetivas de esforço no teste e re-teste, através do Test-t de Student
pareado (bicaudal), obtidas em ambos os testes de membros superiores e
inferiores. Além disso, foi determinado o coeficiente de correlação intraclasse
(ICC) para as medidas de percepção subjetiva de esforço obtidas no teste e
re-testes de membros superiores e inferiores. O tamanho do efeito foi
calculado através do valor de r.
Foram realizadas correlações de Spearman (unicaudal) entre as
variáveis percepção subjetiva de esforço obtida no primeiro teste de
caminhada em esteira e as atividades básicas da vida diária (Index Katz), e a
percepção subjetiva de esforço no primeiro teste de flexão bilateral de
cotovelo sentado e as atividades instrumentais da vida diária (questionário de
Lawton).
Também foi realizada a curva ROC (Receiver Operating Characteristic)
para verificar o valor de corte da percepção subjetiva de esforço que
indicasse o indivíduo com independência ou dependência funcional. Com
isso, os idosos foram reclassificados em relação às suas capacidades
funcionais nas atividades básicas e instrumentais da vida diária, sendo os
idosos com uma ou mais dependência funcional no Index Katz, ou
45
dependência parcial ou total no questionário de Lawton, em ambos os casos
considerados dependentes funcionalmente. Foi priorizada maior sensibilidade
(positivo verdadeiro: o idoso é dependente funcional) em detrimento da
especificidade (falso positivo: o idoso é independente funcional mas é
classificado como dependente).
Com o intuito de compreender a contribuição das variáveis força
máxima, capacidade funcional e aptidão aeróbia, na percepção subjetiva de
esforço durante o primeiro teste de caminhada em esteira, foi realizada uma
análise de regressão linear múltipla com a inserção das variáveis através da
função backward. E analisado através de uma análise de regressão linear
simples o a contribuição da força máxima de membros superiores na
percepção subjetiva de esforço durante o primeiro teste de flexão bilateral de
cotovelo. Para as análises de regressão linear descritas acima foram
verificadas as normalidades dos dados brutos e dos resíduos através do teste
de Kolomogorov-Smirnov.
Todos os procedimentos estatísticos foram realizados utilizando o
software IBM SPSS Statistics (versão 19) e o nível de significância aceito em
p<0.05.
4. RESULTADOS
A análise descritiva das variáveis MEEM, força máxima e, sentar e
levantar está apresentada na tabela 1 abaixo bem como os resultados dos
testes físicos e questionários realizados pelos idosos do presente estudo
estão descritos através de valores em média ± desvio padrão.
46
TABELA 1. ANÁLISE DESCRITIVA DAS CARACTERÍSTICAS DOS PARTICIPANTES
Variáveis Média (±) DP
MEEM 28,4 ± 0,6
TC6 (m) 483,7 ± 122,1
Sentar e levantar (repetições) 12 ± 3
RM flexão de cotovelo (Kg) 10 ± 2
RM leg press (Kg) 42 ± 11
Quanto o nível de atividade física dos idosos do presente estudo foi
descrito através de um histograma descriminando e classificando os idosos
de acordo com o número de passos. Indicando que 43,6% da amostra foi
caracterizada como sedentária (Figura 04).
BASAL
SED
ENTÁ
RIO
ATIV
O
MUIT
O A
TIVO
0
5
10
15
20
Fre
qu
ên
cia
FIGURA 4. Distribuição de frequência do nível de atividade física dos idosos.
BASAL 0 – 2.000 passos/dia; SEDENTÁRIO 2.001- 4.999; ATIVO 5.000 –
6.999 passos/dia: MUITO ATIVO acima de 7.000 passos/dia.
47
No que diz respeito o nível de capacidade funcional dos idosos para
realizar as atividades básicas (Figura 4) e instrumentais da vida diária (Figura
5), estão dispostos através de uma distribuição de frequências. Os resultados
do presente estudo indicam que cerca da praticamente metade da amostra, é
composta por idoso com ao menos uma limitação em sua capacidade
funcional, mais especifico nas atividades básicas da vida diária 48,7%,
concomitante as atividades instrumentais da vida diária 48,7% dos idosos
apresentaram ao menos uma limitação.
FIGURA 5. Distribuição da frequência dos idosos e seus níveis de
capacidade funcional na realização das atividades básicas da vida diária.
IND: independência total; DEP 1: dependência em uma tarefa; DEP 2:
dependência em duas tarefas; DEP 3: dependência em três tarefas; DEP 4:
dependência em quatro tarefas; DEP 5: dependência em cinco tarefas; DEP
6: totalmente dependente.
48
FIGURA 6. Distribuição da frequência dos idosos e seus níveis de
capacidade funcional na realização das atividades instrumentais da vida
diária; IND: independência total; DEP P: dependência parcial; DEP T:
dependência total.
O número de patologias e quantidade de medicamentos utilizados
pelos idosos esta descrito nas Figuras 7,8., no qual é possível identificar que
97,4% dos idosos apresentam ao menos uma patologia e subsequente
97,4% da amostra utiliza ao menos um medicamento de uso continuo.
49
FIGURA 7. . 0 PA: nenhuma patologia; 1 PA: uma patologia; 2 PA: duas
patologias; 3 PA: três patologias; 4 PA: quatro patologias; 5 PA: cinco
patologias; 6 PA: seis patologias; 7 PA: sete patologias.
FIGURA 8. Distribuição de frequência do número de remédios utilizados
pelos participantes. 0 REM: nenhuma medicação; 1 REM: um remédio; 2
50
REM: dois remédios; 3 REM: três remédios; 4 REM: quatro remédios; 5 REM:
cinco remédios; 6 REM: seis remédios.
Houve correlação significativa, entre a percepção subjetiva de esforço
no teste de caminhada em esteira e a capacidade funcional nas atividades
básicas da vida diária (rS = ,78; p < ,01), bem como entre a percepção de
esforço no teste de flexão e extensão de cotovelos e a capacidade funcional
nas atividades instrumentais da vida diária (rS = - ,79; p < ,01).
As médias de percepção subjetiva de esforço no teste (13 2 u.a.) e
re-teste (13 2 u.a.) de caminhada em esteira (ANEXO V) não foram
diferentes significativamente (t(38) = ,77; p = ,45). O mesmo pode ser
observado nos testes de flexão e extensão de cotovelos simultâneo (ANEXO
VI), em que as médias de percepção subjetiva de esforço do teste (12 2
u.a.) e re-teste (12 2 u.a.) não foram diferentes significativamente (t(38) = -
,36; p = ,72). Além disso, os ICCs da percepção subjetivas de esforço nos
testes de caminhada na esteira (ICC = ,986; IC95% = ,974 - ,993) e de flexão e
extensão de cotovelos (ICC = ,965; IC95% = ,932 - ,981) foram muito altos.
Os resultados da análise de curva ROC demonstraram que, para a
percepção subjetiva de esforço no teste de caminhada na esteira, foi
significativa a área sob a curva (área = ,943; IC95% = ,877 – ,1.00; p < ,001),
em relação a capacidade funcional nas atividades básicas da vida diária.
Foram determinados resultados similares para a percepção subjetiva de
esforço no teste de flexão e extensão de cotovelos (área = ,924; IC95% = ,828
– 1,00; p < ,001) em relação as atividades instrumentais da vida diária.
Com relação à análise de regressão linear múltipla, as variáveis TC6 e
repetições máximas no leg-press foram excluídas das análises por não terem
significativa contribuição à percepção subjetiva de esforço na caminhada em
esteira. Entretanto, o número de repetições no teste de sentar e levantar da
cadeira explicou 67% da variação na percepção de esforço durante a
caminhada na esteira Figura 9.
51
FIGURA 9. Análise de regressão linear entre a percepção subjetiva de
esforço oriunda do teste de caminhada em esteira e o número de repetições
no teste de sentar e levantar. PSE: percepção subjetiva de esforço.
Por outro lado, através da regressão linear simples, a força máxima de
membros superiores explicou apenas 25% da variação na percepção de
esforço no teste de flexão e extensão de cotovelos Figura 10.
52
Figura 10. Análise de regressão entre força máxima de membros superiores
e percepção subjetiva de esforço durante o teste de flexão bilateral de
cotovelo. RM: repetição máxima; PSE: percepção subjetiva de esforço.
Foi determinado o ponto de corte na percepção subjetiva de esforço
capaz de identificar a capacidade funcional de idosos através de uma curva
ROC. Sendo 95% de sensibilidade e 25% de especificidade para a percepção
de esforço no teste de esteira e, 89% de sensibilidade e 15% de
especificidade para a percepção de esforço no teste de flexão e extensão de
cotovelos. As figuras 11 e 12 apresentam a curva ROC de ambos os testes
indicando que a percepção subjetiva de idosos durante testes com carga fixa,
e intensidade que simulam as tarefas cotidianas e apresentam o ponto de
corte de 13 u.a na escala de Borg para identificar algum grau de dependência
funcional.
53
FIGURA 11. Curva ROC de ponto de corte em 13 u.a. na escala de
percepção subjetiva de esforço obtida no teste de caminhada em esteira.
54
FIGURA 12. Curva ROC de pontos de corte 13 u.a. na escala de percepção
subjetiva de esforço obtida no teste de flexão bilateral de cotovelo.
55
5. DISCUSSÃO
O objetivo principal deste estudo foi verificar se a percepção subjetiva
de esforço através de testes submáximos com cargas constantes que
simulam a intensidade das tarefas do dia a dia pode ser utilizada para
distinguir a capacidade funcional de idosos. A percepção subjetiva de esforço
foi capaz de diferenciar o nível de capacidade funcional tanto nas atividades
básicas quanto nas instrumentais da vida diária. Além disso, os testes de
esteira e de flexão-extensão de cotovelos obtiveram medidas de percepção
subjetiva de esforço reprodutíves. Em conjunto foi verificado que o teste de
sentar e levantar explica mais que a metade da variabilidade da percepção
subjetiva de esforço durante a caminhada em esteira. Por fim, a força
máxima de membros superiores pouco explica a variabilidade das respostas
de percepção subjetiva de esforço durante a flexão bilateral de cotovelo.
Com base no número de passos, em torno de 36 % do total dos
idosos foi considerado sedentário, indicando que pouco mais da metade dos
participantes apresentavam níveis de atividade física suficiente para realizar
suas atividades cotidianas com prontidão. Em estudo de ROWE et al, (2007)
idosos que realizavam em média de 30 minutos de atividade aeróbia
moderada a vigorosa apresentavam o equivalente a 6.200 – 6.800
passos/dia. Sabe-se que idosos sedentários realizam em média 40% das
atividades físicas diária em tarefas domésticas, no qual demandam de um
baixo número de passos para ser realizadas (CARDOSO 2008; MAZO 2005).
Em contrapartida, idosos mais ativos apresentam maior porcentagem de
atividades física de lazer, no qual demandam de um maior numero de
passos, entende-se que idosos mais ativos possivelmente apresentem níveis
de capacidade funcional mais elevado.
Uma possível explicação para a média do número de passos do
presente estudo ficar entre a classificação de “ativo” e “sedentário”, é que a
amostra foi composta tanto por idosos frágeis como saudáveis. Assim, do
total de idosos que foram classificados como sedentário (n = 17) o
equivalente a 70% apresentavam alguma dependência funcional. Em
56
contrapartida, os idosos classificados como ativos (n=22), 64% não
apresentavam nenhum tipo de dependência funcional. A literatura indica que
existe associação entre o nível de atividade física a capacidade funcional
(ROWE et al., 2007; MAZO 2005), seguindo a logica e que idosos com baixos
níveis de atividade física apresentam menores níveis de aptidão física, que
por sua vez influencia a capacidade funcional, que por sua vez esta
associada a baixos níveis de capacidade funcional. Contudo, somente o nível
de atividade física não é o único determinante para do nível de capacidade
funcional de idosos, que é influenciada pelo novel de aptidão física.
A diminuição da aptidão aeróbia acontece inevitavelmente com o
processo de envelhecimento (LIMA 2011). Além disso, como já mencionado
idosos que apresentam menores níveis de atividade física, possivelmente
indicaram uma redução da capacidade em realizar as atividades da vida
diária (BARRIGA et al., 2014; PEDROSA et al., 2009). No presente estudo,
48% dos idosos que foram classificados como sedentários cerca de 70% não
atingiram a distancia mínima de 400 m no TC6, distancia esta necessária
para o idoso ser considerado saudável segundo Enright (2003). Em
contrapartida, somente 8,6% do total de idosos classificados como ativos não
atingiram a metragem mínima de 400m no TC6. Esses resultados confirmam
que o nível de atividade física do idoso pode estar associado à resistência
aeróbia, apesar de que causalidade não estar totalmente elucidada.
Entretanto, como a capacidade funcional pode ser influenciada tanto pela
resistência aeróbia como por outras capacidades físicas, fatores como o
estilo de vida (ALOSCO et al., 2013) podem exercer influencia direta sobre a
capacidade funcional do idoso.
Seguindo a logica de quanto maior a idade do idoso possivelmente
maior será o número de patologias, em conjunto com a frequência de
remédios utilizados ocasionando fragilidade de sua saúde. O número de
patologias tem relação direta com a quantidade de remédios relatados pelos
idosos, que em conjunto com o estilo de vida levam a diminuição da
capacidade funcional (ROSA et al., 2003; ALOSCO et al., 2013). Entretanto,
57
a percepção de saúde geral diminui (ROSA et al., 2003). No presente estudo,
o número de idosos com ao menos uma doença crônica foi de 97%, número
superior aos achados na literatura, Lima et al., (2003) avaliou ao total 28.943
idosos em vários municípios brasileiros, indicando que 69% dos idosos
apresentavam ao menos uma crônica (hipertensão, diabetes, artrite, etc).
Entretanto, estudo com 307 idosos, 91% da amostra apresentou alguma
doença crônica, (MACIEL 2007) e cerca de 52% dos idosos apresentaram
limitações nas atividades instrumentais da vida diária. Entende-se, que não
necessariamente o número de doenças, mas sim a característica da mesma
interfere na capacidade funcional (tomar banho, transferência de posição,
trabalho domestico) corroborando os achados do presente estudo. Contudo,
cerca de 51% dos participantes apresentaram independência total para a
realização das atividades instrumentais e básicas de vida diária,
concomitante com a ideia que possivelmente o fator que mais influencia a
capacidade funciona é a característica da patologia, não necessariamente o
número das mesmas, pois, uma patologia agressiva ao sistema (câncer,
doença renal crônica etc.) pode influenciar negativamente a aptidão física
que influencia a capacidade funcional.
A força de resistência de membros inferiores é um determinante para
a realização das tarefas cotidianas dos idosos, como, locomoção, subir
escadas, mudanças de posição (sentado e em pé) (RIEBE et al., 2009). Os
resultados do presente estudo indicam que os idosos foram classificados
entre “fraco” e “regular”, obtendo escores de 14 ± 3 repetições. Estes
resultados são similares aos encontrados em estudo recente (14 ± 5
repetições) no qual foram avaliados 1.288 idosos entre 60 – 80 anos
(MILANOVICK et al., 2013). Recentemente, Vaquero et al., (2013) relacionou
a capacidade funcional com massa corporal, concluindo que participantes
“saudável” apresentam maiores níveis de atividade física, maior força de
resistência de membros inferiores e, maiores níveis de capacidade funcional.
Assim, por conta da fragilidade ocasionada pelo baixo nível de aptidão física,
o idoso pode sofrer influencia em sua força de resistência de membros
58
inferiores, que por sua vez, influencia diretamente a capacidade de executar
suas tarefas do cotidiano, influenciando a capacidade funcional.
No presente estudo, 49% dos idosos apresentaram algum grau de
limitação para realizar as atividades básicas da vida diária. Em estudo de
Araujo (2007) realizado com idosos institucionalizados foram analisados (n =
187) 63% apresentaram algum tipo de limitação. Uma possível resposta para
a diferença no número de idosos com dependência funcional entre os
estudos é que idosos institucionalizados diminuem seu nível de atividade
física, tornando-se sedentários, e como consequência sua aptidão física
diminui e possivelmente influencia a capacidade funcional. Concomitante a
quantificação da capacidade funcional no presente estudo, Maciel (2007)
utilizou a escala de Katz em idosos não institucionalizados, tendo como
resultado que idosos com alguma limitação nas atividades básicas da vida
diária corresponderam a 13% de sua amostra (n = 307). Já na avaliação das
atividades instrumentais, utilizando Escala de Lawton, 47% dos idosos
apresentaram alguma dependência, corroborando os achados do presente
estudo. Uma possível resposta para esses achados é que, os idosos que
apresentavam limitações nas atividades básicas respectivamente
apresentavam limitações nas atividades instrumentais.
Além da aptidão aeróbia, os níveis de força muscular também
influenciam significativamente na capacidade funcional dos idosos (LATHAM
et al., 2003). Assim, tanto a força máxima quanto a força de resistência foram
medidas indiretamente através dos testes de repetições máximas e funcional
de sentar e levantar da cadeira. Quanto à força máxima, os resultados do
presente estudo indicam algumas similaridades com a literatura. No estudo
de Vale et al., (2006), a força máxima de membros inferiores foi em média
42,7 kg para idosos que não realizavam nenhum programa de atividades
físicas. No presente estudo foi verificada a média de 45,5 kg no teste de força
máxima para membros inferiores. Entretanto, os resultados de membros
superiores foram 54,6% maior que o estudo de Vale et al., (2006) (5,9 kg).
Em contrapartida, O estudo de Silva et al., (2006), idosas da mesma faixa
59
etária que realizaram um programa de treinamento de força, apresentavam
força máxima mais baixa ao encontrado no presente estudo (25,3 kg no leg-
press). Contudo, a força de membros superiores foi 14 kg maior na flexão de
cotovelo. Possivelmente, a discrepância nos achados da literatura com o
presente estudo são os diferentes níveis de capacidade funcional dos idosos,
pois baixos níveis de força máxima aumentam o risco de quedas, alterando o
padrão da marcha, alterando a capacidade funcional (PERSCH et al., 2009).
Assim, os participantes do presente estudo foram classificados com
nível de atividade física basicamente em dois grupos “ativo” e “sedentário”,
em conjunto apresentaram classificação de “fraco” e “regular” para a força de
resistência de membros inferiores concomitante com a força máxima. Isso
possivelmente determinou os níveis de capacidade funcional da amostra, em
que 49% dos idosos apresentaram alguma limitação para a realização das
atividades do dia a dia. Em resumo, os idosos do presente estudo
apresentaram diferentes níveis de atividade física, que por sua vez associada
ao nível de aptidão física, pode influenciar a capacidade funcional. Assim, em
uma visão geral a amostra do presente estudo foi composta tanto por idosos
frágeis como idosos aptos fisicamente.
Com o envelhecimento ocorre um declínio na aptidão física do
individuo, concomitantemente, a percepção subjetiva de esforço acompanha
de forma linear a diminuição do nível de aptidão física do idoso (DARUELLE
et al., 2007). Entende-se que o nível de aptidão física pode influenciar a
capacidade de realizar as atividades básicas e instrumentais da vida diária de
idosos. No estudo de Wong et al., (1989), no qual foi avaliado o efeito do
destreino sobre o nível de aptidão física de idosos, foi concluído que idosos
com menores níveis de aptidão física, perceberam a intensidade de uma
tarefa motora de forma mais rápida e com maior intensidade, comparado com
idosos mais aptos fisicamente. Em estudo mais recente de JULIUS et al.,
(2012), foi analisada a relação da percepção subjetiva de esforço na marcha,
auto eficácia durante a caminhada e nível de atividade física de idosos. Os
resultados indicaram que idosos com percepção subjetiva de esforço mais
60
elevada apresentaram também a marcha mais lenta, um custo energético
mais elevado, menores níveis de auto eficácia durante a marcha e risco de
quedas mais elevados. Os achados de Julius et al., (2012) corroboram os
achados de Wong et al., (1989), indicando a possibilidade da percepção
subjetiva de esforço poder ser capaz de distinguir diferentes níveis de aptidão
física de idosos e possivelmente distinguir o nível de capacidade funcional.
No presente estudo a percepção subjetiva de esforço avaliada durante
o teste de caminhada em esteira apresentou uma relação forte proporcional
com as atividades básicas da vida diária (rS = .79). Estes resultados indicam
que quanto menor o nível de capacidade funcional do idoso, maior será sua
percepção subjetiva de esforço durante o exercício físico. Subsequente, a
percepção subjetiva de esforço durante o teste de flexão de cotovelo obteve
respostas similares ao teste de caminhada em esteira, apontando uma
relação forte e inversamente proporcional com as atividades instrumentais da
vida diária (rS = -.74), por conta da característica da classificação. Esta
relação foi levemente inferior em comparação com o teste de caminhada em
esteira. Contudo, estas respostas provavelmente ocorreram por conta da
característica da tarefa, no qual a caminhada é uma tarefa motora mais
decisiva na realização das atividades básicas da vida diária (ROLLAND et
al.,2007).
Os resultados destas correlações indicam que, a escala de percepção
subjetiva de esforço pode ser usada para distinguir diferentes níveis de
capacidade funcional de idosos, corroborando os indícios da literatura
(WONG et al., 1989; JULIUS, et al., 2012 ; MACDONALD et al., 2012). Em
análise constatou-se que, idosos com dificuldade na caminhada, apresentam
um custo de energia mais elevado, e consequentemente níveis de
capacidade funcional mais baixo, acompanhados por uma percepção
subjetiva de esforço maior.
O teste de sentar e levantar da cadeira, que indiretamente avalia a
força de resistência de membros inferiores, explicou 67% da variabilidade das
respostas da percepção subjetiva de esforço no teste de caminhada em
61
esteira. Estudos recentes indicam que a resistência de membros inferiores
influencia o nível de capacidade funcional de idosos (GONÇALVES et al.,
2010; RICARDO et al., 2001 ; SILVA et al., 2011). Possivelmente os achados
do presente estudo podem ser respondidos pelo fato das tarefas cotidianas
(ex., caminhar, mudança de posição) em grande parte demandam
prioritariamente que o idoso realize força equivalente para sustentar seu peso
corporal, utilizando-se de força de resistência. Por conta da caraterística do
teste de caminhada em esteira ser com intensidade que simulava as tarefas
da vida diária o idoso tem que deslocar o peso de seu corpo para cumprir a
tarefa. Contudo, foi analisada a contribuição da resistência aeróbia e força
máxima nas respostas de percepção subjetiva de esforço durante o teste de
caminhada.
A literatura indica que a resistência aeróbia se correlaciona
positivamente com nível de capacidade funcional avaliada através de
questionários (ENRIGHT 2003; BAUTMANS 2004), seguindo a logica que
quanto maior o nível de resistência aeróbia possivelmente é maior o nível de
aptidão física do idoso. Contudo, em estudo Gonçalves (2010) indicou
através do questionário de KATZ que o nível de capacidade funcional através
das atividades básicas da vida diária não tem relação significativa com a
resistência aeróbia, porém a força de resistência de membros inferiores se
relaciona com as atividades básicas da vida diária. Em outro estudo recente,
Silva et al., (2011) avaliou a diferença entre dois grupos de idosos, saudáveis
e frágeis, indicando que a diferença entre a força de resistência de membros
inferiores é de 25% entre os grupos, em contrapartida, a diferença
encontrada em resistência aeróbia foi de 15% entre os grupos. Os achados
do presente estudo corroboram aos achados de (GONÇALVES et al., 2010;
SILVA et al., 2011), indicando que a força de resistência de membros
inferiores pode exercer maior influencia sobre a capacidade funcional de
idosos, comparada com a resistência aeróbia. Possivelmente isso ocorre pelo
fato das tarefas do dia a dia (cuidados domésticos, se vestir) não
demandarem de uma intensidade tão grande ao ponto dos idosos
necessitarem de resistência aeróbia, contudo, as mesmas atividades
62
demandam de força de resistência. Além da variável resistência aeróbia a
análise de regressão linear múltipla apontou para a exclusão da variável força
máxima de membros inferiores, indicando que as mesmas não explicam a
variabilidade dos achados de percepção subjetiva de esforço durante a
caminhada em esteira.
Em estudo foi comparado a influencia do treinamento de força na
capacidade funcional de idosos (JAREK 2010), sendo constatada a diferença
de aproximadamente 2,7 vezes maior na força máxima entre os grupos
treinamento (176,8 ± 31,5 kg) e controle (65,4 ± 39,7 kg). Este resultado não
foi traduzido em melhorias no equilíbrio dos idosos do grupo treinamento,
apesar de ser constatada diferença significativa entre os grupos. Esses
achados indicam que a força máxima de membros inferiores exerce pouca
influencia sobre o equilíbrio de idosos, e essa influencia não é transposta
para a capacidade funcional, corroborando os achados do presente estudo,
que indicam que a força máxima não exerce influencia sobre os achados de
percepção subjetiva de esforço durante o teste de capacidade funcional de
caminhada em esteira.
Os resultados no presente estudo indicam que a força máxima de
membros superiores através de uma analise de regressão linear explica
parcialmente 25% das respostas de percepção subjetiva de esforço durante o
teste de flexão de cotovelo. Em seu estudo Jarek (2010) indica que a força
máxima de membros superiores apresenta diferença significativa na
capacidade funcional dos mesmos, no qual, a diferença na força máxima
entre dois grupos de idosos treinados e inativos corresponde a 1,5 vezes. Em
conclusão a força máxima de membros superiores explica parcialmente as
respostas de percepção subjetiva de esforço em idosos durante testes de
flexão de cotovelo pela característica da tarefa que foi executada com carga
extra, sendo que as atividades instrumentais demandam prioritariamente de
tal esforço. Entretanto, grande parte das respostas de percepção subjetiva de
esforço durante testes submáximos são explicadas pela força de resistência,
que tem como característica a carga fixa. Uma limitação do estudo foi à falta
63
de um teste de resistência de força para membros superiores, que talvez
explicasse com mais clareza as repostas de percepção subjetiva de esforço.
Levando em consideração a lógica que na realização das tarefas cotidianas o
idoso demande prioritariamente força de resistência por conta das
características das tarefas do dia a dia não demandarem de força máxima
durante a execução.
Com o intuito de avaliar a reprodutibilidade da percepção subjetiva de
esforço durante testes submáximos de membros inferiores e superiores, foi
analisada a diferença entre as repostas desta variável nas sessões de teste e
re-teste. Foi identificado que não houve diferença significativa entre as
sessões. Em seu estudo, Monteiro (2005) indica que a diferença encontrada
na percepção subjetiva de esforço para predizer de 1 RM de flexão bilateral
de cotovelo é menor que 5%, isto analisando as sessões de teste e re-teste,
com o intervalo de 48 horas entre cada sessão. Em achados recentes Sousa
et al., (2013) mostram que não houve diferença na percepção subjetiva de
esforço entre as sessões de teste e re-teste durante um teste incremental de
força máxima, de membros superiores e inferiores, com intervalo entre
sessões de 48 horas. Ambos os autores argumentam que entre sessões de
teste e re-teste a percepção subjetiva de esforço apresentou pouca diferença.
Através dos estudos de Eston et al.,(1988); Ljunggren (1986), que
apontam um ICC acima de 0,89 para a percepção subjetiva de esforço.
Estudos mais recentes indicam que escala de percepção subjetiva de esforço
apresenta níveis de reprodutibilidade elevados (ICC = .84 - .91) tanto em
crianças como adultos, em diferentes modalidades como corrida em esteira e
natação (PFEIFFER et al., 2002; COSTA et al., 2012). Portanto, os achados
do presente estudo corroboram os encontrados na literatura indicando um
coeficiente de correlação intraclasse excelente na caminhada em esteira e
flexão de cotovelo. Portanto, a escala de percepção subjetiva de esforço
pode ser utilizada para em situações de teste e re-teste, como por exemplo,
estudos em que o acompanhamento do idoso se faz necessário. Além disso,
é possível que esta ferramenta seja útil na avaliação para determinar efeitos
64
do treinamento, desde que se realizem estudos para verificar a sensibilidade
desta ferramenta ao treinamento. Em resumo, em testes físicos submáximos
com intensidade similar a intensidade dispendida para realizar as atividades
cotidianas de idosos, a escala de percepção subjetiva de esforço tem elevada
reprodutibilidade.
Em publicação no final da década de 90 Nobrega et al., (1999) indicou
que a percepção subjetiva de esforço é uma ótima ferramenta para o controle
e avaliação da intensidade de treinamento de idosos. Em específico, foram
traçados parâmetros para a avaliação e controle da intensidade de
treinamento, com 40% a 75% do volume máximo de oxigênio, ou 55% a 85%
da frequência cardíaca máxima, que equivalem entre 12 e 13 u.a na escala
de percepção subjetiva de esforço. Contudo, os apontamentos de Nobrega et
al., (1999) classificavam a zona de treinamento de uma forma muito ampla.
Em estudo recente, Assumpsão et al., (2008) indica que 64% a 76% da
frequência cardíaca máxima equivalem a 12 u.a. e 13 u.a. no controle da
intensidade de treinamento de exercícios localizados, assim, o equivalente da
percepção subjetiva de esforço para a intensidade de treino se tornou mais
preciso. Corroborando aos achados descritos anteriormente Row et al.,
(2012) indica que em media 70% de 1RM equivalem a pontuação igual ou
inferior a 13 u.a. na percepção subjetiva de esforço durante um teste
incremental. Recentemente Sousa et al., (2013) indicou que percepção
subjetiva no limiar anaeróbio em testes incrementais de força máxima de
membros inferiores equivalente entre 13 u.a. ou inferior na escala de
percepção subjetiva de esforço em idosos. Os estudos citados anteriormente
indicam que valores entre 12 e 13 u.a na escala de percepção subjetiva de
esforço correspondem à zona de transição metabólica, do aeróbio para o
anaeróbio.
Nos achados do presente estudo, do total de idosos independentes
através do questionário (n = 20) cerca de 75% apresentaram score de
percepção subjetiva de esforço igual ou abaixo de 12 u.a. Em contrapartida,
do total de idosos com alguma limitação funcional (n = 19), cerca de 95%
65
apresentaram score de percepção subjetiva de esforço igual ou maior que 13
u.a. através da Curva-roc, foi atribuído um ponto de corte de 13 u.a na escala
de percepção subjetiva de esforço. Assim, os idosos que realizarem um teste
de caminhada em esteira e reportarem abaixo de 13 u.a. na escala de
percepção subjetiva de esforço, possivelmente têm 95% de chance de não
terem limitação funcional, e 25% de serem caracterizados como falso
positivo. No teste de flexão de cotovelo os idosos que apresentarem score
abaixo de 13 u.a. possivelmente apresentarão 89% de chance de não ter
limitação funcional, e 15 % de chance de apresentarem alguma limitação.
Uma possível resposta para esse achado é que o score entre 12 u.a. e 13
u.a. é caracterizado como uma zona de transição metabólica de aeróbio para
anaeróbio, assim se idosos que realizam testes submáximos com intensidade
que simulam as tarefas cotidianas e apresentarem score de 13 u.a ou mais
na escala de percepção subjetiva de esforço possivelmente estarão em uma
zona anaeróbia, por conta de seu baixo nível de aptidão física e
possivelmente apresentarão alguma limitação na execução das atividades
cotidianas.
Portanto, é aceita a hipótese que a capacidade funcional de idosas
pode ser diferenciada através da escala de percepção subjetiva de esforço
em testes físicos submáximos com cargas constantes que simulam as tarefas
do dia a dia dos idosos. Concluindo que idosos ao realizarem um teste
submáximo com intensidade constante, e apresentarem escore igual ou
superior a 13 u.a. na escala de percepção subjetiva de esforço (Borg 6-20)
deve apresentar algum grau de limitação funcional.
Tanto questionário como testes funcionais usados para avaliar o nível
de capacidade funcional de idosos são ferramentas validadas para tal função.
Porém, apresentam limitações em sua aplicação podendo apresentar vieses
de memória no caso dos questionários, ou dependem que o idoso tente
realizar o melhor possível nos testes físicos, dependendo de sua motivação
como já descrito anteriormente. A partir das limitações inerentes as
características de cada ferramenta de avaliação existente na literatura, a
66
utilização da percepção subjetiva de esforço em testes submáximos para
membros inferiores e superiores pode ser uma ferramenta interessante para
distinguir o nível de capacidade funcional de idosos. Isso porque não
depende da memoria dos idosos, não depende da motivação, possui baixo
custo e grande aplicabilidade em vários ambientes, como hospitais e clinicas
de repouso.
6. CONCLUSÃO
Com base nos objetivos do presente estudo e nos respectivos
resultados, podemos concluir que a percepção subjetiva de esforço durante
testes físicos submáximos com cargas constantes e intensidade que simula
as tarefas do dia a dia, tanto para membros inferiores quanto para superiores,
é capaz de diferenciar o nível de capacidade funcional de idosos. Além disso,
foi verificada uma excelente reprodutibilidade da escala de percepção
subjetiva de esforço nos testes utilizados no presente estudo. Por fim,
sugere-se que a diferenciação do nível de capacidade funcional em idosos
(capaz ou incapaz) possa ser utilizada através de um ponto de corte na
escala de percepção subjetiva de esforço. Entretanto, este valor precisa
ainda ser testado em uma amostra maior, e possivelmente ser utilizado em
estudos que avaliem o efeito do treinamento sobre a percepção subjetiva de
esforço e o nível de capacidade funcional de idosos. Assim, a utilização da
escala de percepção subjetiva de esforço pode ser uma boa estratégia para
diferenciar a capacidade funcional de idosos, em conjunto com sua fácil e
ampla aplicabilidade.
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84
ANEXO IV
Na primeira semana mantenha a sua rotina.
Anote ao final do de cada dia o número de passos que o
aparelho mostra
Aperte o botão amarelo no começo do dia
nome:
idade
data
1º dia
2º dia
3º dia
4º dia
5º dia
6º dia
7º dia
85
ANEXO V PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO NA CAMINHADA EM ESTEIRA
PARTICIPANTE TESTE RE-TESTE
1 15 15
2 13 13
3 12 12
4 20 20
5 9 10
6 12 13
7 14 14
8 12 13
9 14 14
10 13 13
11 14 14
12 12 12
13 15 14
14 15 14
15 10 10
16 15 15
17 14 14
18 14 14
19 9 9
20 14 15
21 17 16
22 20 20
23 20 20
24 16 15
25 11 11
26 17 17
27 12 11
28 12 11
29 11 11
30 11 12
31 11 11
32 15 15
33 14 14
34 12 11
35 11 11
36 14 14
37 13 12
38 14 15
39 12 11
86
ANEXO VI
PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO NO TESTE DE FLEXÃO BILATERAL DE COTOVELO
PARTICIPANTE TESTE RE-TESTE
1 14 14
2 13 13
3 9 9
4 13 13
5 11 11
6 11 12
7 20 20
8 11 11
9 15 14
10 13 12
11 12 12
12 12 12
13 15 16
14 12 15
15 11 11
16 14 15
17 14 13
18 13 13
19 10 10
20 10 11
21 17 17
22 16 16
23 18 17
24 16 16
25 12 11
26 16 16
27 12 12
28 11 12
29 12 13
30 11 11
31 10 9
32 14 14
33 13 12
34 10 11
35 11 12
36 13 12
37 13 13
38 14 12
39 11 12