1
O escritor francês André Malraux uma vez disse que “Os grandes artistas não são copistas do mundo, são seus rivais”, o que faz sentido para descrever o artista plás- tico Gabriel Rufo, que recusa esse título por não acreditar no conceito de indivíduo, mas no de falange. “Somos esses que passaram por esse mundo”, ele diz. Introspectivo, reflete profun- damente sobre tudo que lhe é perguntado, pontuando ora ou outra suas respostas com frases de efeito que poderiam facilmente ser usadas como epígrafes de um livro de poesias. É através delas que podemos ter um pequeno vislumbre desse mundo fantástico em que hab- ita, um mundo particular e pessoal, que só en- contra verdadeiramente vazão através de suas peças de cerâmica. Paulista, com 31 anos registrados em seu docu- mento, mas com um anseio de nunca deixar sua criança interior morrer, mudou-se para Pra- dos onde mantém um ateliê e uma loja, e di- vide seu tempo entre os cuidados com sua tia que sofre de esclerose múltipla e a modelagem. A família parece ser uma constante essencial em sua vida, e foi dela que herdou gene artístico. O pai, Luís Carlos Rufo, é tido como grande referencial e inspiração: “[ele] transformava tudo em Arte”, ele relembra. Quando perguntado sobre a forma como a sociedade vê e se relaciona com a arte, assume um tom mais sério e crítico, “É preciso ser cego para viver em sociedade, por isso, escolhi viver em mais de uma dimensão, entre o som e a pedra, habito”. Frustra-se com a tendência de tudo ser convertido em dinheiro, com a produção de uma espécie de falsa cultura, com a necessidade de se ter um vínculo empregatício para ser valorizado, “A sociedade é uma roda que apenas gira e não tem tempo para perceber a Arte”. Para divulgar seu trabalho, Gabriel atualiza sempre que pode seu blog, onde expõe não somente suas peças, mas a forma como percebe o mundo ao seu redor, dentro de sua própria dimensão. E é nessa dimensão que escolheu para viver, entre o som e a pedra, que ele utiliza da nota musical ao barro para fazer uma arte que já imagina pronta, como se sempre tivesse estado ali, “é como se eu fosse um canal aberto para coisas antigas, e quando toco não acredito que é desse tempo”. Peças feitas por Gabriel para a disciplina da Profª. Letícia Andrade Gabriel é aluno do curso de Artes Aplicadas da UFSJ Luana Levenhagen Foto: Delcimar Ribeiro Foto: Delcimar Ribeiro PERFIL: GABRIEL RUFO

Perfil Artista Plástico

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Perfil feito para a matéria de Técnicas Jornalísticas da Universidade Federal de São João del-Rei

Citation preview

Page 1: Perfil Artista Plástico

O escritor francês André Malraux uma vez disse que “Os grandes artistas não são copistas do mundo, são seus rivais”, o

que faz sentido para descrever o artista plás-tico Gabriel Rufo, que recusa esse título por não acreditar no conceito de indivíduo, mas no de falange. “Somos esses que passaram por esse mundo”, ele diz. Introspectivo, reflete profun-damente sobre tudo que lhe é perguntado, pontuando ora ou outra suas respostas com frases de efeito que poderiam facilmente ser usadas como epígrafes de um livro de poesias. É através delas que podemos ter um pequeno vislumbre desse mundo fantástico em que hab-ita, um mundo particular e pessoal, que só en-contra verdadeiramente vazão através de suas peças de cerâmica.Paulista, com 31 anos registrados em seu docu-mento, mas com um anseio de nunca deixar sua criança interior morrer, mudou-se para Pra-dos onde mantém um ateliê e uma loja, e di-vide seu tempo entre os cuidados com sua tia que sofre de esclerose múltipla e a modelagem. A família parece ser uma constante essencial em sua vida, e foi dela que herdou gene artístico. O pai, Luís Carlos Rufo, é tido como grande referencial e inspiração: “[ele] transformava tudo em Arte”, ele relembra.Quando perguntado sobre a forma como a sociedade vê e se relaciona com a arte, assume um tom mais sério e crítico, “É preciso ser cego para viver em sociedade, por isso, escolhi viver em mais de uma dimensão, entre o som e a pedra, habito”. Frustra-se com a tendência de tudo ser convertido em dinheiro, com a produção de uma espécie de falsa cultura, com a necessidade de se ter um vínculo empregatício para ser valorizado, “A sociedade é uma roda que apenas gira e não tem tempo para perceber a Arte”.Para divulgar seu trabalho, Gabriel atualiza sempre que pode seu blog, onde expõe não somente suas peças, mas a forma como percebe o mundo ao seu redor, dentro de sua própria dimensão. E é nessa dimensão que escolheu para viver, entre o som e a pedra, que ele utiliza da nota musical ao barro para fazer uma arte que já imagina pronta, como se sempre tivesse estado ali, “é como se eu fosse um canal aberto para coisas antigas, e quando toco não acredito que é desse tempo”.

Peças feitas por Gabriel para a disciplinada Profª. Letícia Andrade

Gabriel é aluno do curso de Artes Aplicadas da

UFSJ

Luana Levenhagen

Foto: Delcimar Ribeiro

Foto: Delcimar Ribeiro

PERFIL: GABRIEL RUFO