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PERFURAÇÃO DIRIGIDA Carlos Alberto Ribeiro Junior, Msc Rio de Janeiro 2012

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PERFURAÇÃO DIRIGIDA

Carlos Alberto Ribeiro Junior, Msc

Rio de Janeiro

2012

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. ii

2. MÉTODOS DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DUTOVIÁRIOS SUBTERRÂNEOS. ..................... 2

2.1 Escavação a Céu Aberto ....................................................................................... 2

2.2 Métodos Não Destrutivos. .................................................................................... 5

2.2.1 Perfuração Dirigida - HDD. .......................................................................... 8

2.2.2 Métodos e Procedimentos. ........................................................................... 23

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1. INTRODUÇÃO

A perfuração dirigida ou HDD (Horizontal Directional Drilling) é um método de

construção não destrutivo que permite a instalação de tubos e cabos sem abertura de valas.

A perfuração dirigida torna-se uma alternativa atraente, em termos de custo e prazos, para

os casos onde os trabalhos de escavação ou demolição de pavimentos possa gerar impacto

sócio ambiental expressivo, como por exemplo, cruzamento de auto-estradas ou pista

importantes no sistema viário urbano; cruzamento de vias-férreas; travessia de rios e córregos;

regiões de centros urbanos com alto trafego de veículos e pedestres; e em zonas históricas. A

perfuração direcional permite também ganhos efetivos no tempo de construção e redução de

eventuais incidentes, pois, exige melhor estudo prévio sobre a infra-estrutura existente no

subsolo e da geologia do local onde se pretende realizar a obra (Aquino Rodrigues, 2007).

O desenvolvimento da prestação de serviços que implicam em construção ou renovação

de infra-estrutura subterrânea urbana aumentou substancialmente as intervenções em vias

públicas, principalmente nas grandes capitais. A operação segura dessas concessionárias de

serviço público, no subsolo, exige um grande esforço de regulamentação e planejamento das

intervenções para minimizar incômodos e danos ao espaço público. Neste cenário, a

perfuração dirigida surge como uma metodologia construtiva com significativo potencial de

redução do impacto negativo à rotina das cidades, preservação da pavimentação e dos

serviços já instalados.

Fora dos centros urbanos da perfuração dirigida possibilita a simplificação de instalação

de dutos enterrados em locais onde o procedimento tradicional, ainda que possível,

provavelmente seria executado a elevados custos.

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2. MÉTODOS DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DUTOVIÁRIOS

SUBTERRÂNEOS.

2.1 Escavação a Céu Aberto

A instalação de serviços subterrâneos tradicionalmente é executado através de escavações

de valas ou trincheiras céu aberto, através de métodos mecânicos ou manuais. Esse

procedimento é simples, o mais antigo e por vezes, o mais barato.

A escolha do melhor método de escavação a céu aberto depende do tipo de solo a ser

escavado, a magnitude da obra, normalmente relacionada ao diâmetro do tubo ou galeria, da

profundidade de implantação e do prazo de obra, que influenciará na velocidade de obra e por

fim na escolha do equipamentos mais adequados.

Valas são cortes no solo, com retirada de material que pode ser reaproveitado ou não. Do

ponto de vista geotécnico as valas provocam um alivio de tensões no solo que pode gerar

deslocamentos e consequentemente, instabilidade das paredes da escavação. A forma mais

simples de executar uma escavação e aumentar a estabilidade das paredes da vala é executá-la

em forma taludes (inclinação das paredes com proporções predefinidas em função do tipo de

solo), conforme mostrado na figura 1.

Figura 1 – exemplo de escavação com paredes taludadas.

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Quando não for possível a execução de paredes em forma de taludes, deve-se buscar

protegê-las com estruturas capazes de suportar o empuxo do solo e, garantir a estabilidade do

conjunto. Essas estruturas são os escoramentos. A norma brasileira NBR 9061 estabelece os

critérios básicos de execução de escoramentos em obras de escavação a céu aberto.

Em solos coesivos é possível executar escavações com paredes verticais até uma

profundidade limite, sem escoramentos e sem risco de instabilidade. Porém, em geral, o solo

não é um meio homogêneo e isotrópico, portanto, não é possível garantir a continuidade de

suas propriedades em pontos distintos. A definição dos parâmetros de resistência pode não ser

simples, gerando incertezas na elaboração de um plano de escavação e, como medida de

segurança é conveniente não considerar a possibilidade de escavação de valas profundas

(profundidade maior que 1,2m) com paredes verticais sem escoramento.

Obras de grande porte, que movimente grandes volumes de escavação, são executadas por

meios mecânicos, com utilização de retro escavadeira, escavadeiras, e valetadeiras (figura 2).

Retro escavadeira (http//:www.brasil.cat.com)

Escavadeira (http//:www.brasil.cat.com)

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Escavadeira (http//:www.vermeer.com)

Figura 2 – Equipamentos de escavação

Em regiões metropolitanas a escavação a céu aberto por meios mecânicos não pode ser

amplamente utilizado, em função do impacto causado pela área de obra necessária para a

movimentação das máquinas. As instalações do subsolo tornam-se interferências à produção

com escavações mecânicas. Portanto, é comum haver escavações manuais para instalação de

serviços nos grandes centros urbanos. Apesar da perda significativa de produtividade em

relação à escavação mecânica, a escavação manual reduz o risco de avaria em serviços de

terceiros.

As escavações no perímetro urbano devem ser precedidas de demolições da

pavimentação, onde são utilizados rompedores pneumáticos, elétricos ou hidráulicos.

Também é possível adaptar um rompedor à retroescavadeira.

A etapa final da obra de escavação a céu aberto é composta pelo aterro da vala,

compactação e reposição do pavimento demolido. Essa etapa é a mais crítica em termos de

satisfação da sociedade, pois, em alguns casos, por melhor que seja a reposição ela pode

apresentar diferenças em termos de tonalidade e textura do pavimento adjacente.

Obras de instalação de dutos em perímetro urbano, em geral requerem pouca mobilização,

são rápidas e em acontece em grande quantidade. Esses fatores levam muitas vezes a pouco

conhecimento do subsolo e normalmente, devido a característica de pouca ou nenhuma

implicação estrutural significativa, as empresas, erroneamente, não executam ensaios de

compactação, nem mesmo, conseguem manter mão de obra qualificada para garantir, ao

menos, o cumprimento de um procedimento que pudesse melhorar a compactação das valas.

O problema de falta de compactação ou falta de controle desse processo, provoca

afundamento do pavimento e, são os principais motivos de reclamações pós-obras e multas,

aplicadas pelos órgãos competentes.

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2.2 Métodos Não Destrutivos.

Obras para implantação de instalação de dutos subterrâneos, onde a escavação a céu

aberto não apresente vantagens em termos de velocidade ou, o seu impacto na região onde

será executada seja elevado. Atualmente existem no mercado, diversos métodos de execução

de obras para instalação de dutos enterrados e construção de túneis. A escolha do melhor

método deve ser feita em função do porte de obra, finalidade do projeto, diâmetro do duto ou

estrutura, custo e prazo.

A tabela 1 apresenta um resumo dos principais métodos e suas aplicações.

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Tabela 1 – Métodos não destrutivos principais características.

Método Utilização Diâmetro máximo Comprimento máximo ilustração

Substituição por novo

tubo

Recuperação do

sistema

0,65 do diâmetro do

tubo original.

Em função do diâmetro a

instalar. Até 500m

Sliplining

Revestimento por

Inserção apertada

Recuperação de

dutos

Até 1600 mm Acima de 1000m

Close fit

Substituição por

arrebentamento

Recuperação e

ampliação do

sistema

Até 1200mm 300m

Pipe Burstin

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Pefuração por percussão

e cravação –

unidirecional

Implantação de

dutos

Até 200mm Perfurações curtas

(cruzamentos)

Pipe Ramming

Cravação de tubos ou

Micro túneis

Implantação de

dutos de grande

diâmetro e

pequenos túneis

Pipe Jacking

Perfuração dirigida

(HDD)

Implantação de

dutos

Até 1200mm Até 2000m

Horizontal Directional Drilling

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Dentre todos os métodos apresentados na tabela 1 o método de perfuração dirigida (HDD)

tem sido o mais utilizado para construção de dutos enterrados nas grandes cidades, para

instalações de dutos das redes de distribuição de água, e gás e dutos para implantação de

cabos elétricos e telefônicos. O HDD, em geral, é substituído pelo método Ramming para as

obras de pequeno porte, como cruzamentos e pequenos ramais.

2.2.1 Perfuração Dirigida - HDD.

O método da perfuração dirigida baseia-se implantação de estações nas extremidades do

percurso previsto para a instalação da tubulação. Em uma estação é fixada a máquina de

perfuração e na estação oposta é montada a coluna de dutos a instalar. Inicialmente é

realizado um furo piloto entre as duas estações, em seguida, são efetuados alargamentos

sucessivos do diâmetro do furo, e por fim, a coluna de dutos é puxada pelo furo executado no

subsolo, desde a estação de montagem até a estação onde encontra-se a máquina de

perfuração, conforme mostra a figura 3.

Figura 3 – Seqüência de operação de perfuração dirigida

Furo piloto

M

á

q

u

i

n

a

E

s

t

a

ç

ã

o

e

n

t

r

a

d

a

C

o

l

u

n

a

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e

f

u

r

a

ç

ã

o

E

s

t

a

ç

ã

o

d

e

s

a

í

d

a

Alargamento

Retorno da coluna

com alargador

Puxamento do duto

Duto sendo instalado

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A execução do furo é realizada pela escavação do solo através dos movimentos de rotação

e avanço da ferramenta escarificação, instalada na extremidade da coluna de hastes metálicas.

Durante a execução do furo piloto a cabeça de furação é monitorada a partir da superfície

através de sinais eletromagnéticos. Um profissional qualificado, chamado de navegador, deve

acompanhar o avanço da ferramenta e monitorar o operador da máquina, passando comandos

de localização da cabeça de furação e orientando as mudanças de rumo. Esse procedimento

permite executar furos entre interferência, provocar desvios e fazer curvaturas, dentro das

limitações mecânicas da máquina e do tubo.

Dezzoti 2008 cita Bennett, Ariaratnam e Como, 2004 e Najafi 2004 para classificar o

processo de perfuração dirigida em três categorias apresentadas na tabela 2.

Tabela 2 – Características das categorias do método HDD

Característica Unid Categoria de HDD

Maxi Mid Mini

Diâmetro (mm) 600 a 1200 300 a 600 Até 300

Profundidade (m) ≤ 61 ≤ 23 ≤ 6

Extensão (m) Até 1830 183 a 305 ≤ 183

Torque (kN.m) ≤ 108,5 1,2 a 9,5 ≤ 1,3

Capacidade de

puxamento (t) ≤ 45 9 a 45 ≤ 9

Peso da máquina (t) 19 a 30 10 a 18 ≤ 9

Dimensões em planta

do equipamento (m) 2,5 x 13,70

2,2 x 6,10 a

2,5 x 13,7

1,0 x 3,0 a

2,2 x 6,1

Dimensões de trabalho

recomendada (m) 45,7 x 76,20 30,50 x 45,7 6,10 x 18,30

Aplicações tipicas -

Travessias e

cruzamentos

Travessias e

cruzamentos Serviços públicos

Os equipamentos necessários para realização da perfuração podem ser divididos em

quatros categorias: perfuratriz e acessórios, equipamentos de localização, material de apoio e

fluidos.

Nenhuma parte do conjunto pode ser omitida, por mais que seja possível executar a

perfuração com algum componente inadequado ou ausente, não é possível, garantir o sucesso

da operação.

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2.2.1.1 Máquinas Perfuratrizes.

As perfuratrizes formam a unidade de força e direção da perfuração dirigida. Em geral,

são montadas sobre esteiras. São equipamentos autônomos, ou seja, podem movimentar-se

sozinhas, porém, seus movimentos são limitados ao necessário para as manobras em campo,

portanto, não desenvolvem velocidades significativas. As máquinas são especificadas pelo

pull back , que representa a capacidade que a máquina tem em “puxar” tudo o que ela levou

para a outra extremidade, mais o que ela pretende trazer para a vala de lançamento, mais o

atrito e o esforço de alargamento do furo base. Essa característica da máquina relaciona todas

as variáveis de carga, ou seja, peso do tubo, diâmetro, tipo de solo, fluidos etc. A escolha da

máquina mais adequada para a operação dependerá da disponibilidade do equipamento no

mercado, disponibilidade de espaço de trabalho e extensão da obra.

Atualmente no mercado, existe uma grande diversidade de máquinas, sendo comum

dividi-las em três categorias relacionadas à potência do equipamento: pequenas - entre 20 kN

e 150 kN; médias - entre 150 kN e 500 kN; e grandes - acima de 500 kN.

Perfuratrizes de pequeno porte.

Podem puxar até 150 kN, que corresponde ao peso do produto instalado (dutos), das

barras e forças resultantes da perfuração. São usadas em áreas urbanas e para tubulações de

pequenos diâmetros. Podem escavar em quaisquer tipos de solos incluindo rochas brandas,

nestes casos com fluídos e cabeças de perfuração especiais. A figura 4 apresenta um modelo

típico desse grupo.

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Figura 4 – Perfuratriz de pequeno porte – 20 kN de Pullback (fonte – www.verneer.com)

Perfuratrizes de médio porte

Adequadas para instalação de dutos de maior diâmetro. Tem bom desempenho em obras

urbanas, pois conseguem integrar capacidade produtiva com o baixo impacto de obra. As

máquinas desse grupo têm condições de puxar grandes extensões de tubos de polietileno,

podendo chegar a puxar 500 m em solo não granular. São muito utilizadas em instalações

municipais de água, gás e linhas sob pressão. Tem capacidade de puxada de até 500 kN.

Podem ser utilizadas cabeças de perfuração para rochas duras. A máquina apresentada na

figura 5 tem 4,6 m de comprimento e 2,2 m de largura. É considerada uma máquina de médio

porte.

Figura 5 – Perfuratriz de médio porte – 160 kN de Pullback (fonte – www.verneer.com)

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Perfuratriz de grande porte

São máquinas com grande capacidade de puxamento, tendo capacidade de puxar acima de

5000 kN. Em geral são utilizadas em obras de grandes extensões e grades diâmetros. Não são

indicadas para trabalhos no perímetro urbano, devido à área de canteiro necessária para a

operação da máquina. Essas máquinas são capazes de instalar dutos com até 2.100m de

comprimento e diâmetro de 1.200 mm. A máquina apresentada na figura 6 tem 15,4m de

comprimento por 2,8m de largura.

Figura 6 – Perfuratriz de médio porte – 5000 kN de Pullback (fonte – www.verneer.com)

Há máquinas que utiliza um martelo pneumático de alta freqüência, montado junto à

cabeça de furação. Esse dispositivo em alguns casos utiliza o ar como fluido de furação. A

escavação por esse método provoca a compactação do solo adjacente. Há ainda equipamentos

que combinam a ação da percussão com a ação de jato d'água, aumentando a eficiência do

furo. A fabricante de máquinas Grundodrill ® afirma que a combinação de percussão com

jatos d'água torna possível o furo em solos com até 30% de rocha.

(i) Hastes e Conectores

As hastes são elementos tubulares em aço liga capazes de transferir os esforços da

máquina perfuratriz até a ferramenta de escavação. O comprimento das barras varia entre 1,5

m e 6,1 m e os diâmetros variam entre Ø 25mm para as máquinas menores e Ø125 mm para

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as máquinas de grande porte. Devem ter flexibilidade suficiente para realizar as curvas

necessárias do trajeto. Em instalação de dutos de polietileno, normalmente, a curvatura é

limitada pelas hastes. A curvatura das barras pode variar entre 17 m e 62,5 m. A tabela 3

apresenta algumas relações entre máquinas perfuratrizes e barras mais adequadas, conforme

sugerido pelo fabricante de máquinas Ditch Wiitch ®.

Tabela 3 – relação entre barras de furação e máquinas – (fonte – www.ditchiwitch.com)

Modelo da

máquina

Comprimento da

barra (m)

Raio de

curvatura (m) Deflexão (°) Pitch (%)

JT520 1,52 21,3 4 7

JT920 3 30,5 5,5 9,7

JT922 1,8 30,5 6,5 3,7

JT1220 3 36,6 8,4 4,8

JT1720 3 41,1 7,4 4,2

JT2020 3 41,1 7,4 4,2

JT2720 3 44,2 6,9 4

JT3020 3 47,2 6,5 3,7

JT4020 4,5 45,7 9,9 5,6

JT8020 4,5 62,5 7,2 4,1

JT100 4,5 62,5 7,2 4,1

JT520 1,52 21,3 4 7

A tabela 4 apresenta uma relação entre as características das barras encontradas

comercialmente. (Jamal 2008).

Tabela 4 – relação das características de hastes de furação

Diâmetro

(cm)

Comprimento

(m)

Massa

(kg)

Raio de Curvatura

(m)

4,3 1,8 8 17,5

6,4 3,0 29 31,1

7,0 3,0 37 33,0

7,0 4,6 54 33,0

8,6 4,6 79 42,7

9,8 4,6 91 51,4

10,5 6,1 150 60,2

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Conectores são acessórios utilizados para adaptar o tudo à coluna de hastes e podem

funcionar como elemento limitadores de tensão.

A capacidade de tração de uma perfuração não deve ser avaliada apenas pela resistência

das hastes ou pela capacidade da perfuratriz. Deve-se avaliar também a resistência do tubo

que será instalado. Em casos de obras para instalação de tubos plásticos, uma falha na

avaliação da perfuração pode levar o tubo a ser instalado à ruptura. Para aumentar a

confiabilidade em relação a integridade física do duto, os conectores devem funcionar como o

ponto mais frágil do sistema de forma que, o efeito de maiores tensões aplicadas durante o

puxamento provoque o rompimento do conector e não do duto ou das hastes. Esses conectores

funcionam como fusíveis e, são conhecidos pelo termo em inglês breakaway. Existem

diversos modelos no mercado. A figura 7 apresenta os modelos mais indicado para trabalhos

com polietileno. Esses modelos são formados por duas partes, unidas por pinos. A tensão

máxima do conjunto é obtida pela combinação de pinos de resistência variável, combinados

para fornecer a resistência desejada para a operação. A resistência dos pinos varia entre 3 kN

e 40 kN.

A especificação do breakaway é em função do diâmetro do material do duto a instalar.

Figura 7 Exemplos de conectores fonte (WWW.Sondeq.com)

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2.2.1.2 Cabeça de furação e Alargadores.

Os alargadores têm como objetivo alargar o furo até o diâmetro definitivo. Em geral

adota-se o diâmetro do furo 20% a 50% maior que o diâmetro externo do tubo a ser instalado.

Bennete, Ariaratnam e Como (2004) estabelecem três faixas para determinação do

diâmetro do furo, conforme apresentado na tabela 5.

Tabela 5 – relação entre diâmetro do tubo e o diâmetro do furo

Diâmetro do tubo (mm) Diâmetro do Alargador (mm)

< 200 Diâmetro do tubo + 100 mm

200 a 600 Diâmetro do tubo x 1,5

>600 Diâmetro do tubo + 300 mm

Para cada tipo de terreno é utilizado um tipo diferente de alargador. Os alargadores são

genericamente denominados por compactadores ou por cortadores.

Uma análise descuidada do tipo de solo ou, a sua falta, pode levar a escolha do alargado

inadequado e colocar em risco o sucesso da perfuração. A tabela 6 apresenta alguns modelos

de alargadores mais indicados para cada tipo de solo. A figura 8 apresenta ilustrações dos

alargadores citados na tabela 6.

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Tabela 6 – modelo de alargadores e aplicabilidade fonte (www.ditchiwitch.com)

Modelo de

Alargador

Solo

Arenoso

Solo

baixa

consistencia

Solo

média

consistencia

Solo

consistencia

rija

Solo

Rochoso

Rocha

Macia

Rocha

Dura

Beavertail

Three Wing

Water Wing

Compact Fluted

Kodiak

Rhino Rock

Rockmaster

Compaction Cone

Hard condition

ST Saw Tooth

MX Mixer

CT Cutter

EX Expander

Fluted Cone

Melhor Bom Razoável Não recomendável

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BEAVERTAIL

THREE WING

WATER WING

COMPACT FLUTED

KODIAK

RHINO ROCK

ROCKMASTER

COMPACTION CONE

HARD CONDITION

ST SAW TOOTH

MX MIXER

EX EXPANDER

CT CUTTER

FLUTED CONE

Figura 8: Exemplos de alargadores diversos fonte - (www.ditchwitch.com)

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As pás de perfuração, ou bit, termo inglês para a peça, são os elementos que vão

acoplados na extremidade da cabeça de perfuração e são responsáveis pela escavação do furo

atuando como desagregadores do solo, juntamente com os jatos de fluido de furação.

Para cada tipo de solo há um tipo de pá de perfuração mais indicado. O uso inadequado da

pá de furação pode reduzir a vida útil da peça ou, inviabilizar o furo. A figura 9 apresenta

alguns modelos de pás de perfuração encontradas no mercado.

TALON BIT - SOLO CONSISTÊNCIA MÉDIA / SOLO

ROCHOSO

DURABIT - MAIORIA DOS TIPOS DO SOLO

MENOS ROCHA

BARRACUDA BIT - TODAS AS CONDIÇÕES DO

SOLO

STEEP TAPER BIT - SOLO ALTAMENTE

COMPACTO / ROCHA

GLACIER BIT - FORMAÇÕES DURAS

STEEP TAPER TUFF BIT - SOLOS DUROS /

ROCHA SEDIMENTAR MACIA

SAND BIT - SOLO BAIXA CONSISTÊNCIA E AREIAS

FOFAS

RHINO ROCK BIT - ROCHA

TRI CONE BIT - ROCHA DURA

TUF BIT - SOLOS DUROS / ROCHA

SEDIMENTAR MACIA

Figura 9 - Exemplos de pás de perfuração diversas. fonte (ditchwitch.com).

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2.2.1.4 Transmissor e Receptor.

O diferencial do método de perfuração dirigida é a possibilidade de monitorar a posição

da cabeça de furação durante a operação e, poder alterar a direção de furação, podendo

realizar curvas, controladas, e desvio de interferências. É possível navegar com a ferramenta

de furação e, executar o furo pelo trajeto mais apropriado.

O monitoramento da cabeça de furação é possível devido a um sistema de ondas

eletromagnética. Um transmissor de ondas, conhecido também como sonda, figura 10 a, é

instalado na cabeça de furação, figura 10b. Os sinais gerados por esse equipamento são

recebido por outro equipamento na superfície que irá interpretar os dados e fornecer

informações de localização do transmissor.

a) – sonda

b) - sonda sendo instalada em cabeça de furação

Figura 10 – Sonda de perfuração

Os transmissores trabalham em freqüências de 1,3 kHz, 8,4 kHz, 12 kHz, 18,5 kHz e 19,2

kHz. São classificados como de curto alcance, de longo alcance e, de longo alcance estendido.

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O alcance de transmissores de longo alcance estendido pode chegar a 25,9 m. O alcance dos

transmissores fica comprometido pelo nível de interferências do local da obra.

O monitoramento da cabeça de furação é realizado controlando os dados de profundidade

da ferramenta, inclinação, rotação e temperatura. Há transmissores específicos que informam,

também, a pressão do fluido no furo.

A faixa de temperatura em uma perfuração normal deve permanecer na faixa de 16ºC a

40ºC. A temperatura do transmissor deve ser mantida abaixo de 40ºC para faixas de

penetrações lentas, e/ou deve ser adicionado mais fluido de perfuração para manter esta

temperatura. Transmissor exposto a temperaturas superiores a 104°C deve ser considerado

não confiável, e não deverá ser usado nas obras seguintes.

Durante toda a furação o transmissor permanece emitindo sinais que são captados na

superfície pelo receptor (figura 11). O receptor é uma unidade portátil utilizada para

localização, rastreamento e mapeamento da trajetória de um transmissor.

O receptor recebe os dados da sonda e transfere para um módulo remoto na máquina

perfuratriz, levando as informações do furo ao operador da máquina.

a) Receptor vista superior

b) Receptor com conjunto de sondas.

Figura 11 – receptor fonte (www.digitrak.com)

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Transmissor e receptor devem trabalhar na mesma freqüência. A transmissão de

informações, feitas por ondas eletromagnéticas, figura 12, sofre interferências conhecidas

como ruído de fundo. Essas interferências reduzem a precisão de informações de localização e

rotação transmitidas entre o transmissor e o receptor. As interferências podem ser ativas ou

passivas.

As maiorias das interferências ativas são geradas por dispositivos elétricos como circuitos

de sinalização, proteção catódica, ondas de rádio, torres de TV, cabos elétricos e de fibra ótica

e linhas telefônicas.

As interferências passivas podem reduzir precisão da transmissão, o que resulta em

leituras de profundidade maior que o esperado. As interferências passivas também podem

bloquear o sinal. Exemplos de interferência passiva incluem dutos metálicos, armadura de

concreto, chapa de cobertura de vala, trilho de linha férrea abandonada, água salgada e solo

com baixa resistividade. Há dois tipos de sinais passivos: sinais elétricos e sinais de radio.

Sinais elétricos são produzidos por correntes fluindo no sistema elétrico ou induzidos em

linhas adjacentes. Os sinais de radio resultam de ondas longas de radio que penetram no solo

e fluem em cabos e tubos enterrados.

A interferência elétrica é determinada observando a intensidade do sinal com o

transmissor ligado e desligado. Diferença de leituras inferior a 150 indica interferência

elétrica excessiva.

Figura 12 – Esquema com ondas emitidas pelo transmissor e recebidas pelo receptor.

Antes de iniciar uma perfuração é aconselhável conhecer as zonas de ruído, para se

antecipar aos problemas de sinais que podem ser encontrados nesses pontos. Deve-se percorre

o trajeto com o receptor desligado e anotar os pontos onde a intensidade de sinal for alterada.

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Deve-se ainda avaliar a velocidade de resposta e precisão das informações de rotação e

inclinação. Essa avaliação pode ser feita percorrendo o trajeto com o receptor ligado e com o

a transmissor, levado por um ajudante, a uma distancia de 1,5 m. Em pontos escolhidos pelos

técnicos da operação o transmissor deve ser inclinado, observa-se o tempo de resposta do

receptor e a sua precisão. Anotam-se os pontos onde a informação do visor estiver errada.

Antes de qualquer operação ou, na troca de um transmissor, receptor ou cabeça de

furação, a calibração dos aparelhos deve ser feita. Para isso, coloca-se o transmissor

energizado, dentro da cabeça de furação assenta-o sobre superfície plana, paralelo ao receptor

e distante 3,0 m um do outro. Anotam-se as informações de inclinação e rotação (Digitrak ®,

2012).

2.2.1.5 Fluidos.

O fluido tem como função o corte por jato, transporte dos materiais escavados à

superfície, lubrificação do furo, manutenção da temperatura de operação da cabeça de corte,

sustentação das barras e peças de escavação, estabilização do furo contra colapso, vedação das

paredes do furo em solos permeáveis, redução da vibração, transmissão da energia hidráulica

ao corte, e manutenção do material escavado em suspensão.

Inicialmente o fluido utilizado era a água, porém, a utilização exclusiva de água não é

suficiente para cumprir todos os requisitos esperados do fluido durante a perfuração. A água

não produz lubrificação suficiente. Em solos arenosos não apresenta bons resultados, por não

conseguir manter a estabilidade do furo. Em solos argilosos a água pode aumentar a

plasticidade da argila e torná-la mais aderente às ferramentas, prejudicando o avanço da

ferramenta e podendo chegar a obstruir o furo.

Devido os problemas observados com a utilização exclusiva da água, passou-se a

incorporar outros elementos que melhorassem as propriedades da água. Atualmente utilizam-

se fluidos a base de bentonita ou polímeros.

A bentonita é um silicato de alumínio e magnézio hidratado, extraído da natureza, sua

composição básica é o argilomineral montmorilonita. Os fluidos a base de bentonita

conseguem reduzir a permeabilidade do fluido para o solo circundante, devido à formação de

cake (uma espécie de película forma nas paredes do furo). Produzem a limpeza do furo

mantendo os sólidos de escavação em suspensão, em função de sua viscosidade. A utilização

de bentonita melhora as condições de furo, se comparada com a água, porém, assim como a

água, a bentonita não produz boa lubrificação. Outras desvantagens da bentonita é a alta

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quantidade de sólidos, prejudiciais às maquinas e, a baixa capacidade de transferência de

energia hidráulica.

A bentonita não reage com a água do mar e com o cálcio, logo em áreas de praia ou

lacustres a bentonita não apresentará bom desempenho.

Os polímeros são compostos sintéticos de alto peso molecular, desenvolvidos para

melhorar as condições de furos. Tem boa aplicabilidade tanto em solos granulares, como em

solos coesivos. Fluidos a base de polímeros apresentam boa capacidade de limpeza do furo.

Assim como acontece com a bentonita, há redução expressiva da permeabilidade do fluido

para o solo circundante. Têm como vantagem sobre a bentonita o baixo teor de sólidos, a boa

capacidade de transmissão de energia hidráulica e a boa capacidade de lubrificação.

A bentonita pode melhorar o pH baixo da água, porém aumenta-se o consumo do aditivo.

Sugere-se fazer a correção do pH da água com barrilha leve. A faixa ideal de pH, para a água

é de 7,5 a 8,5.

Outros aditivos podem ser incorporados ao fluido para melhorar outras propriedades. Uma

pratica comum é o uso de detergente no material que está sendo puxado, ou na própria barra

de perfuração, para evitar a adesão da argila na ferramenta e facilitar seu deslizamento.

A mistura dos aditivos deve seguir uma ordem correta a fim de evitar reações indesejadas.

Uma seqüência indicada é a seguinte:

Barrilha leve

Bentonita

Polímeros secos;

Polímeros líquidos;

Outros aditivos.

2.2.2 Métodos e Procedimentos.

Apesar da tecnologia envolvida nos métodos não destrutivos, não é possível afirmar que

Perfuração dirigida seja uma ciência exata. O sucesso da perfuração será consolidado somente

depois de instalado o produto (tubulação). O principal motivo de não se qualificar o método

como ciência exata está na elavada quantidade de incertezas envolvidas na operação. Evitar a

abertura de valas ou não conseguir fazê-las elimina a capacidade de observação do meio que

será explorado, portanto, as especificações, dimensionamento, e procedimentos serão

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formulados sobre inferências, avaliações de dados de origem desconhecida e por vezes

insuficiente.

O sucesso da execução de perfuração dirigida é construído a cada etapa do processo, que

começa com um planejamento adequado.

As etapas construtivas podem ser classificadas em:

Planejamento;

Projeto;

Execução;

Serviços finais.

2.2.2.1 Planejamento.

Em qualquer tipo de obra é importante não levar os problemas do escritório para o campo.

Os gestores e técnicos responsáveis por obras de escavação devem atuar de forma ativa, se

antecipando aos problemas. É natural que o campo apresente situações inesperadas,

principalmente em obras de escavação e intervenção no subsolo de áreas urbanas. Portanto, é

condição imperativa conhecer as ameaças do local de obra e sua execução e antecipar-se a

elas adotando medidas eliminadoras ou mitigadoras. Por outro lado, a obra não deve iniciar

uma obra sem conhecer o escopo e características básicas da obra.

Há o costume de se executar primeiro e planejar depois. Esse perfil das empresas, do

mercado e dos profissionais brasileiros tem mostrado ser um mau exemplo, que deve ser

corrigido. Em obras de perfuração dirigida o equipamento parado representa perdas por lucro

cessante, para o empresário e atraso na obra para o cliente. Porém a execução de uma obra de

perfuração dirigida não começa quando as máquinas são instaladas no local de obra. Antes da

mobilização dos equipamentos, diversas outras atividades administrativas, jurídicas e técnicas

devem estar concluídas, ou não deve representar empecilho para a realização da obra. Um

planejamento adequado ira evitar perdas financeiras, por máquinas paradas, atrasos na entrega

da obra e, poderá maximizar a produção.

Em termos de planejamento as empresas executoras e contratantes devem elaborar seus

planos, definindo o escopo, custo e prazo. A figura 13 apresenta um fluxograma de atividades

genéricas que antecedem a execução de uma obra de perfuração dirigida.

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Figura 13 – Fluxograma de macroatividades de obras de perfuração dirigida.

2.2.2.2 Projeto.

Para a correta execução da perfuração direcional, estudos e levantamentos são

necessários, tanto para determinação do percurso da furação – inclinação, profundidade,

desvios, curvas, como para a determinação de máquinas, equipamentos e acessórios

adequados às condições da obra – tipo de solo a ser perfurado, extensão, quantidade de

interferências.

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Erro na escolha de máquinas, equipamentos e acessórios pode aumentar o custo ou

inviabilizar uma obra por danos a serviços de terceiros ou propriedades particulares durante a

furação.

Na etapa de projeto deve-se investir tempo na pesquisa, estudo e levantamentos.

Definidos os parâmetros basicos do projeto deve-se iniciar uma vasta pesquisa cadastral sobre

todas as instalações existentes no local. Devem-se buscar os órgãos resposnsaveis pelos

diversos serviços, solicitar seus cadastros. Com os cadatros é importante montar uma planta

sobrepondo todas as instalações identificadas nos cadastros. A pesquisa tem continuidade com

visita ao campo para confirmação das informações cadastrais, atualizações de dados e

levantamentos do local e levantamento topográfico.

Alguns itens importantes a serem observados no levantamento topográfico são:

oInstalações de água – adutoras, redes de distribuição e ramais, caixas;

oInstalações elétricas – áreas e subterrâneas, em alta e baixa tensão;

oInstalações de comunicação – telefone e TV;

oInstalações de águas pluviais – galerias, redes tronco, ramais, caixas, canais, rios,

córregos;

oInstalações de esgoto sanitário – redes troncos, ramais e caixas;

oInstalações de sinalização – semáforos;

oInstalações de gás – redes, ramais e caixas;

oInstalações abandonadas;

oMobiliário urbano – hidrantes, postes, monumentos, gradil, bancos, mesas, brinquedos

de praça, bancas de jornal;

oEstruturas subterrâneas – metrô, subsolos em geral, ventilação de caixas subterrâneas,

fundação de ponte, viadutos;

oVegetação – identificar os tipos de árvores e suas posições;

oLocação dos imóveis – Identificação dos tipos de imóveis, suas entradas de pedestres e

veículos e restrições (hotéis, hospitais, quartéis e escolas);

oIdentificação da pavimentação – em pista e passeio;

oSentido do transito;

oIdentificação de marcos topográficos – anotar coordenadas e DATUM;

oExecutar levantamento planimétrico e altimétrico;

oDanos existentes – fissuras em fachadas e passeios, patologias diversas.

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A figura 14 apresenta uma visão dos pontos a serem observados em um levantamento de

interferências:

Figura 14 – Levantamento de interferências

Ainda em campo deve ser feita uma avaliação visual das entradas e saídas das caixas de

serviço. Deve-se indicar no chão, com tinta a base de água, o sentido das tubulações que

chegam à caixa.

Outro levantamento importante de interferências é a avaliação do subsolo com

equipamentos de investigação indireta como detectores de metais e aparelhos como o

georadar. Esses equipamentos funcionam com por emissão de ondas eletromagnéticas,

buscando sinais das instalações subterrâneas. Há dois tipos de sinais que uma linha pode

transportar: passivo e ativo. A maioria dos localizadores de interferências é projetada para

localizar ambos os tipos de sinais (Figura 15).

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Figura 15 – Equipamento localizador de interferência.

Em geral os detectores de interferência apresentam bom desempenho na localização de

materiais condutores de corrente elétrica. Materiais como PVC, polietileno, madeira, e

alvenaria, de tijolo ou concreto não são facilmente identificados por esses aparelhos. Ë

desejado que nesse levantamento sejam avaliadas as regiões de ruídos de fundo.

A última avaliação a ser executada, e normalmente dispensada, é a investigação

geotécnica. A falta investigação geotécnica é a principal responsável pelos insucessos de

obras de perfuração dirigida. Por ser uma obra de intervenção no subsolo, o conhecimento do

solo é imprescindível para ao aumento da confiança de sucesso da obra. A investigação

geotécnica pode ser feita por aberturas de trincheiras até a profundidade que se deseja

executar a furação, caso essa seja rasa, por sondagens a trado ou ainda por sondagens com

ensaio de SPT, método onde é possível ter uma idéia do tipo de solo e da sua resistência.

Todas as informações devem ser reunidas em um documento de forma que se possa ter

uma visão completa da região onde se pretende executar a perfuração dirigida. A partir de

uma análise minuciosa do mapa com a superposição das informações é possível projetar os

trechos de perfuração.

Em geral nas áreas urbanas não se consegue desenvolver grande extensões de obra,

devido às restrições do local, portanto, de posse dos dados de campo, o projetista deve

encontrar a melhor forma de execução, que atenda as restrições de projeto e que cause o

menor impacto na comunidade onde será realizada a obra. Pontos importantes a serem

definidos e observados no projeto são:

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i. Localização das estações de lançamento e de recebimento.

As estações devem ser locadas em locais que não causem transtornos a comunidade local.

Deve evitar locar estações em entrada de estabelecimento público, portas de hospitais, entrada

de estacionamento. Caso seja utilizado tubo em barras, a estação onde ficará a coluna deve ser

locada em uma região onde se possa preparar toda a coluna de dutos sem interferir com a

rotina do local. Nesses casos devem-se evitar esquinas e locais onde o tubo, antes de ser

puxado, provoque transtornos. Em função dos problemas que podem ser gerados pelos tubos

em barras, deve-se sempre que possível utilizar tubos em bobinas. A limitação da utilização

de bobinas é a extensão máxima de perfuração que fica limitada ao comprimento do tubo.

Não se deve puxar tubos com solda de eletrofusão.

ii. Identificação das interferências.

Projetar a localização do duto com o mínimo da distância exigida por normas em relação a

outros serviços. É aconselhável majorar esse distancia em 1,5 vezes, devido às incertezas e a

geração de tensões no solo, provocados pela perfuração.

iii. Definição de profundidade do furo.

Deve-se observar que se for uma rede de distribuição deverá haver intervenções futuras

para construção de ramais, portanto, não é interessante trabalhar em grandes profundidades.

iv. Definir os desvios.

A definição dos desvios deve respeitar a curvatura mínima dos materiais envolvidos na

furação. Deve adotar como curvatura de projeto a maior entre o tubo instalado e a coluna de

hastes. Em geral, para análise preliminar, pode-se adotar a curvatura dos tubos de aço, igual a

100 vezes o diâmetro. A curvatura para tubo de PE é igual a 40 vezes o diâmetro do duto. A

curvatura para as hastes foram apresentadas nas tabelas 3 e 4;

v. Definir o tipo de máquina e acessórios.

Com base no perfil geotécnico e nas características da obra define-se o pulback e a

escolha da máquina. Também se define o tipo de alargador e de pá de escavação. Ainda em

função do solo e também do diâmetro do alargador define-se o fluido de furação. Em função

do nível de interferência e profundidade define-se o emissor mais adequado. Alguns

fabricantes de máquinas oferecem programas para projeto de perfuração dirigida.

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2.2.2.3 Construção

A construção inicia-se com o isolamento da área de trabalho utilizando os materiais

disponíveis no mercado e aceitos pelos órgãos regulamentadores.

Deve-se cuidar para que as valas de lançamento e recebimento estejam posicionadas nos

locais corretos, sejam cercadas e com a área de trabalho limpa.

Para preservar a curvatura dos tubos principalmente os de aço, deve-se executar poços por

onde será realizada a perfuração. Esses poços também servirão para conter o fluido de

furação. Deve-se evitar que o fluido de furação seja despejado no sistema de água pluvial,

portanto deve ser devidamente recolhido e descartado em local apropriado.

A equipe para a execução de obra de perfuração dirigida é composta por profissionais

qualificados – operador da máquina, navegador, soldador de polietileno, soldador de aço,

desenhista de campo e técnico encarregado – e por profissionais sem exigência de

qualificação, ajudantes.

No dia da operação cada profissional deve ter claro o sobre as suas obrigações e qual é a

missão do dia. A equipe deve ser alertada quanto aos riscos que podem ocorrer e o que fazer

para prevenir.

A coordenação de campo é peça mais importante nesse momento, pois cabe a esse

profissional definir as prioridades do dia e cobrar de cada colaborador o cumprimento de suas

tarefas, de forma a evitar a ociosidade otimizar a operação. O encarregado deve manter o

canteiro em ordem, zelar pela qualidade e segurança das atividades. Deve certificar-se que

dispõem de todos os meios e materiais para realizar a perfuração sem interrupções.

Em uma operação bem coordenada três atividades podem começar simultaneamente, a

soldagem das partes da coluna a instalar, a calibração do transmissor e do receptor conforme

apresentado no item 2.3.1.3 deste trabalho e o assentamento da máquina com preparação do

fluido.

Após testar o transmissor e o receptor, deve-se instalar o tansmissor na cabeça de furação,

que recebe a pá de furação e, é acoplá-la às hastes da máquina, conforme mostra a figura 16.

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a) Instalação de pilhas no transmissor

b) Instalação da sonda no cabeça de furação

c)Acoplamento da cabeça de furação às hastes

Figura 16 – instalação do transmissor na cabeça de furação

A perfuratriz deve ser posicionada no local onde será executada a furação. A máquina

deve ser ancorada. Deve-se instalar o aterramento elétrico da máquina. O operador deve

conferir a instrumentação da máquina (manômetros de puxada, de pressão de água e de

rotação). Outras verificações de conservação da máquina devem ser feitas na empresa. A

máquina deve ser enviada para o campo e boas condições de utilização. A Figura 17a mostra

uma máquina média posicionada e a figura 17 b apresenta o carregamento das hastes.

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a) Máquina de perfuração dirigida posicionada

b) Carregamento de barras

Figura 17 – Maquina de MND e carregamento de hastes

A preparação do fluido de perfuração é preparado (misturado) em um reservatório de

água. Este reservatório é ligado à máquina perfuratriz e os líquidos são conduzidos pelas varas

de perfuração sob pressão. A figura 18 mostra o polímero utilizado, o tanque de mistura e a

conexão na máquina.

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a) Polimero b)Tanque de mistura c)Conexão com aperfuratriz

Figura 18 – preparação de fluido

O furo piloto inicia-se com um ângulo de ataque entre 10º e 30º . Em geral a cabeça de

furação fica na posição 6h e a primeira haste é empurrada até que se obtenha resistência.

Quando encontrada a penetração adequada é iniciado o processo de rotação. A figura 19

apresenta o inicio de um furo piloto.

Figura 19 – Inicio de furo piloto.

A manutenção da direção da ferramenta de corte é obtida pela rotação da cabeça de

furação. Para executar desvios interrompe-se a rotação. A forma inclinada na cabeça de

furação, sob ação de avanço, irá provocará um desvio.

Durante todo o processo de furo piloto o navegador, figura 20, deve acompanhar, pela

superfície e, na direção da cabeça de furação, a evolução do furo. A cada ponto medido o

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navegador deve anotar a posição e a profundidade. Sugere-se que ele marque no chão com

tinta a base d'água, a profundidade medida para que o desenhista de campo possa fazer o

levantamento correto do ponto.

Figura 20 – Navegador acompanhando evolução do furo.

A perfuração atingirá a estação oposta daquela onde está a máquina. Figura 21.

Figura 21 – Cabeça de furação chegando na estação de recebimento – oposta a de lançamento

Na estação de recebimento – oposta a de lançamento – a cabeça de furação é desconectada

e em seu lugar é instalada o largador. O alargamento do furo será executado sempre por tração

do alargador, em sentido à máquina. A figura 22 mostra um furo sendo alargado.

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Figura 22 – furo sendo alargado

Após o furo alargado atingir 1,5 vez o diâmetro da tubulação a ser inserida os dutos são

acoplados ao conector com fusível de tensão e, são puxados no sentido da vala final

(recebimento) para a vala inicial (lançamento), onde começou o furo piloto. (figura 23)

Figura 23 – execução de puxada de dutos com alargador

Todo o serviço dever ser registrado por um desenhista de campo qualificado. Os pontos de

fechamento de rede devem ser limpos (retirada do fluido de furação) e ampliados, se

necessário, para a realização do tie in.

Um ponto desfavorável da perfuração dirigida é impossibilidade de se instalar fitas de

sinalização. Para reduzir os riscos de avaria deve-se instalar marcos de identificação na

superfície.

Concluída a obra deve-se confeccionar um as buit apresentando todas as curvaturas e

desvios. Junto com o as built deve ser entregue o relatório de furação, produzido pelo

navegador.