21
UM ESTUDO SOBRE O GERENCIAMENTO DA DEMANDA NOS SISTEMAS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO CESAR MANGABEIRA BARBOSA (Universidade Bandeirante de São Paulo) Carlos Alberto Chaves (Universidade de Taubaté) Resumo: Este trabalho desenvolve um estudo sobre o conceito, relevância, vantagens e fundamentos do gerenciamento da demanda, diferenciando demanda dependente versus demanda independente, fontes e padrões da demanda, considerações referentes à coleeta de dados, técnicas qualitativas, técnicas quantitativas e principais indicadores de desempenho utilizados para o acompanhamento e controle da previsão. A metodologia utilizada foi pesquisa descritiva com caráter exploratório e abordagem qualitativa com utilização de dados secundários para descrever atividades através da compilação da literatura existente, justificada pela busca da aplicação dos conceitos, aprofundar os conhecimentos atuais e identificar os fatores que determinam ou contribuem para o gerenciamento da demanda. Palavras-chaves: Gerenciamento da Demanda, Gestão de Sistemas de Produção, Forecast 08 e 09 de junho de 2012 ISSN 1984-9354

Periodic oUM ESTUDO SOBRE O GERENCIAMENTO DA DEMANDA NOS SISTEMAS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Este trabalho desenvolve um estudo sobre o conceito, relevância, vantagens efundamentos do gerenciamento da demanda, diferenciando demanda dependente versusdemanda independente, fontes e padrões da demanda, considerações referentes à coleetade dados, técnicas qualitativas, técnicas quantitativas e principais indicadores dedesempenho utilizados para o acompanhamento e controle da previsão. A metodologiautilizada foi pesquisa descritiva com caráter exploratório e abordagem qualitativa comutilização de dados secundários para descrever atividades através da compilação daliteratura existente, justificada pela busca da aplicação dos conceitos, aprofundar osconhecimentos atuais e identificar os fatores que determinam ou contribuem para ogerenciamento da demanda.

Citation preview

  • UM ESTUDO SOBRE O GERENCIAMENTO DA

    DEMANDA NOS SISTEMAS DE PLANEJAMENTO

    E CONTROLE DA ENGENHARIA DE PRODUO

    CESAR MANGABEIRA BARBOSA

    (Universidade Bandeirante de So Paulo)

    Carlos Alberto Chaves (Universidade de Taubat)

    Resumo: Este trabalho desenvolve um estudo sobre o conceito, relevncia, vantagens e fundamentos do gerenciamento da demanda, diferenciando demanda dependente versus

    demanda independente, fontes e padres da demanda, consideraes referentes coleeta

    de dados, tcnicas qualitativas, tcnicas quantitativas e principais indicadores de

    desempenho utilizados para o acompanhamento e controle da previso. A metodologia

    utilizada foi pesquisa descritiva com carter exploratrio e abordagem qualitativa com

    utilizao de dados secundrios para descrever atividades atravs da compilao da

    literatura existente, justificada pela busca da aplicao dos conceitos, aprofundar os

    conhecimentos atuais e identificar os fatores que determinam ou contribuem para o

    gerenciamento da demanda.

    Palavras-chaves: Gerenciamento da Demanda, Gesto de Sistemas de Produo, Forecast

    08 e 09 de junho de 2012

    ISSN 1984-9354

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    2

    1. INTRODUO

    O gerenciamento da demanda um processo estratgico para direcionar as decises do

    presente em direo a uma posio competitiva no futuro. A compra de novas mquinas, a

    reposio de materiais, a criao de um novo Centro de Distribuio (CD), a instalao de uma

    nova planta, o aumento no quadro de trabalhadores, o incremento da produtividade ou a melhoria

    e aperfeioamento de processos so exemplos de decises que podem ser planejadas e realizadas

    com tempo hbil para evitar perdas, desperdcios ou falta de capacidade para atender a demanda

    futura.

    Apesar das incertezas do mercado globalizado, executivos do mundo todo tentam obter as

    melhores previses do futuro da demanda para apoiar o processo decisivo empresarial da melhor

    maneira possvel, pois eles precisam comprar matrias-primas, adquirir equipamentos, fazer

    investimentos e contratar, treinar ou demitir pessoas. A habilidade em tratar as caractersticas da

    demanda e suas variaes traz vantagens para todo o sistema produtivo da empresa, auxiliando no

    processo gerencial, melhoria e preciso das previses.

    A previso da demanda tem uma importncia fundamental na competitividade do sistema

    produtivo, conduz solues para questes do tipo quanto, quando e o qu produzir ou

    comprar, direciona profissionais de diversos segmentos para aperfeioarem suas tcnicas de

    previso e leva as organizaes a um posicionamento antecipatrio para resguardar de

    acontecimentos futuros.

    Desde o pagamento de fornecedores at o recebimento dos clientes um efetivo gerenciamento

    da demanda facilita o planejamento financeiro e operacional da cadeia de abastecimento,

    possibilitando a mitigao dos riscos do negcio, aperfeioamento da operao, reduo de

    backorders (BO) e aumento da satisfao de clientes. O objetivo deste artigo estudar o conceito

    de gerenciamento da demanda e seus fundamentos, funo estratgica e diferencial competitivo

    para as empresas que buscam atingir um nvel superior de eficincia e eficcia em relao aos

    objetivos dos sistemas de planejamento e controle da engenharia de produo, disponibilizando o

    produto certo, na quantidade solicitada, no lugar exato, no momento certo, na melhor qualidade

    possvel e pelo menor custo possvel ao cliente.

    2. METODOLOGIA

    A metodologia utilizada foi pesquisa descritiva com carter exploratrio e abordagem

    qualitativa com utilizao de dados secundrios e relatrios escritos para descrever atividades

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    3

    atravs da compilao da literatura existente, justificada pela busca de aplicar os conceitos no

    ambiente de engenharia de produo, aprofundar os conhecimentos atuais e identificar os fatores

    que determinam ou contribuem para o gerenciamento da demanda. Este trabalho baseado em

    fundamentos bibliogrficos mediante a consulta de artigos, peridicos, livros e pesquisa

    documental.

    Quanto ao nvel de investigao, este trabalho aplicado, pois tem como objetivo a produo

    de um conhecimento que necessariamente se apresente como a soluo ou resposta para

    problemas de ordem prtica que existam nas realidades pesquisadas (BARBOSA, 2004).

    tambm um trabalho de objetivos exploratrios, visto que a investigao busca a clarificao de

    mudanas de conceitos sobre o tema pesquisado.

    Gil (2002) relata que a categoria da pesquisa exploratria tem como objetivo principal o

    aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuies de maneira flexvel que possibilitam a

    considerao dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas

    pesquisas envolvem: (a) levantamento bibliogrfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram

    experincias prticas com o problema pesquisado; e (c) anlise de exemplos que estimulem a

    compreenso. Em relao natureza metodolgica, Oliveira (1999) enfatiza que existem duas

    tipologias bsicas: a quantitativa e a qualitativa. O mtodo do estudo de caso, segundo Fachin

    (2003), caracterizado por ser um estudo em loco, leva-se em considerao, principalmente a

    compreenso, como um todo, do assunto investigado.

    Exploratrio porque seu objetivo, no consistiu em uma explorao exaustiva de um fato, mas

    pelo contrrio, proporcionou uma viso geral sobre o tema. O carter descritivo do estudo, por sua

    vez, est presente medida que se buscou o conhecimento sobre uma realidade especfica a partir

    da descrio das caractersticas de seu processo dentro da populao pesquisada, sem que

    houvesse, desse modo, interferncias para modific-las (GIL, 2002). Este trabalho est organizado

    com os seguintes ttulos: gerenciamento da demanda; forecasting; tcnicas de projeo e

    indicadores de desempenho.

    3. GERENCIAMENTO DA DEMANDA

    O dicionrio APICS (2008) define o gerenciamento da demanda, como o processo de

    reconhecer todas as demandas de mercadorias e servios para sustentar o mercado, envolve a

    priorizao da demanda quando o suprimento est reduzido e facilita o planejamento dos recursos

    para obter resultados rentveis do negcio.

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    4

    A viso do gerenciamento da demanda precisa ser ampliada, se a viso do gerenciamento da

    demanda for limitada aos dados da previso estaremos formando uma viso medocre do

    posicionamento holstico da organizao. Para Crum e Palmatier (2003) a funo de

    gerenciamento da demanda incorpora muito mais do que simplesmente desenvolver previses, as

    empresas precisaro desenvolver uma viso ampliada do gerenciamento da demanda para

    conseguir entender os anseios e expectativas dos seus clientes e mercados, e com isto obter

    previses mais precisas. Gerenciar a demanda vai alm de desenvolver projees de vendas,

    gerenciar a demanda a capacidade da empresa de planejar, comunicar, influenciar e priorizar a

    demanda de maneira organizada e prtica. A Fig. (2) mostra os elementos envolvidos na viso

    ampliada do gerenciamento da demanda.

    Em relao Fig. (1), planejar a demanda significa, alm da realizao da previso deve-se

    estruturar e organizar planos para possibilitar o alcance dos objetivos e metas definidos.

    Comunicar a demanda consiste em informar o plano de demanda para as diversas reas envolvidas

    para alinhar os objetivos da empresa. Influenciar a demanda consiste em ter a fora de induzir a

    demanda de acordo com os interesses da empresa, e existem vrias tticas de marketing e vendas

    que podem ajudar neste sentido. Priorizar a demanda consiste em gerenciar as ordens dos clientes

    com o objetivo de entregar o pedido no prazo solicitado pelos clientes, vale citar aqui que esto

    inclusos todos os critrios de desempenho, como qualidade, preo, diferenciao, flexibilidade e

    servio.

    A rea de vendas tem uma importncia fundamental no processo de gesto da demanda, so os

    vendedores que mantm o maior contato com o cliente e no devem resumir suas atividades

    apenas em vender. A funo estratgica da rea de vendas buscar o mximo de informaes

    possveis dos clientes para auxiliar no processo de gerenciamento da demanda. As empresas que

    conseguirem atingir o nvel de influenciar a demanda conseguiro ter o controle de aumentar,

    manter ou diminuir a demanda de determinado item dependendo de sua necessidade ou

    capacidade de operao. Com a demanda controlada ser possvel oferecer ao mercado um

    produto substituto ou complementar.

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    5

    Figura 1 - Elementos do gerenciamento da demanda

    Fonte: Adaptado de Crum e Palmatier (2003)

    Existe uma diferena entre demanda e embarques. Muitas empresas fazem as suas previses

    baseando em uma analogia histrica dos embarques, contudo sabe-se que existe um atraso entre

    venda e embarque. Outra situao que nem sempre a demanda disponvel atendida, e neste

    caso as vendas no indicaro a demanda real. Para Kotler e Keller (2006), a responsabilidade pela

    preparao da previso da demanda do departamento de marketing. Kotler e Keller ainda

    definem que a demanda da empresa um nmero relacionado com a demanda de mercado

    segundo nveis alternativos de esforo de marketing ao longo de determinado perodo.

    4. FORECASTING

    O dicionrio APICS (2008) define o processo de realizar previses (forecasting) como a

    atividade do gerenciamento da demanda que abrange as ferramentas, tcnicas, mtodos e

    administrao das previses, a base fundamental para a maioria das decises nos negcios seja

    em ambiente de abastecimento, produo, distribuio, recursos humanos, financeiro, marketing

    ou vendas. A previso da demanda (forecast) definida como uma estimativa da demanda futura

    que pode ser realizada atravs de mtodos quantitativos, qualitativos, fatores extrnsecos ou

    intrnsecos, projetando um ou mais dos quatro componentes da demanda: cclico, aleatrio,

    sazonal e tendncia. O erro de previso (forecast error) definido como a diferena entre a

    demanda atual e a prevista, calculado como valor absoluto ou percentual. J o gerenciamento da

    previso (forecast management) definido como o processo de elaborao, verificao, correo e

    utilizao das previses, o que inclui a determinao do horizonte de previso e nvel de

    agregao. O processo de previses no uma cincia exata e pela prpria definio da palavra

    no significa 100% de certeza.

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    6

    Para Arnold (2006) as previses de demanda so estimativas e especulaes de como se

    comportaro as vendas, por isto o erro de previso deve ser rastreado e trabalhado buscando uma

    reduo contnua e constante, no mnimo deve-se manter o erro de previso no menor nvel

    aceitvel. Arnold (2006) afirma existir quatro princpios fundamentais das previses:

    Princpio 1: as previses esto sempre erradas. O objetivo do procedimento de forecasting no

    discutir se errou ou acertou a previso, conforme mostrado por Correa e Correa (2007), o mais

    relevante discutir o quanto se est errando e as maneiras de alterar processos envolvidos, de

    forma a reduzir os desvios.

    Princpio 2: cada previso deve incluir uma estimativa de erro. O erro de previso deve ser

    includo no processo de previso para revelar qual a variao esperada no perodo, desta forma os

    gestores iro se planejar tomando em conta esta variao. Por exemplo, uma empresa pode definir

    que em determinado perodo a previso ser de 20.000 unidades com desvio 10% para cima ou

    para baixo, este erro de previso foi pr-definido e facilitar o planejamento de recursos evitando

    surpresas.

    Princpio 3: as previses so mais precisas para famlias ou grupos. As previses so mais

    precisas para um nvel agregado de produtos, pelo fato dos SKUs (Stock Keeping Unit)

    apresentarem uma variao aleatria, a preciso da previso ser melhor para uma famlia de

    produtos do que para um item final individual.

    Princpio 4: as previses so mais precisas para perodos de tempo mais prximos: A outra

    situao que uma previso em um horizonte de trs meses mais precisa do que uma previso

    para um horizonte de cinco anos. Uma hiptese amplamente aceita que o futuro no curto prazo

    tende a ser uma continuao do passado prximo, enquanto que o futuro no longo prazo pode ser

    muito diferente devido s incertezas existentes no decorrer do horizonte de planejamento.

    4.1. Demanda independente vs. demanda dependente

    De acordo com sua natureza a demanda classificada em dois tipos: dependente e

    independente.

    A demanda independente a demanda que no pode ser derivada atravs de clculo a partir

    dos itens da estrutura de produto, isto ocorre porque os itens de demanda independente so

    geralmente os itens pais, ou seja, so os itens mais altos da estrutura de produto e por este

    motivo esta demanda deve ser prevista. Por exemplo, em uma montadora a demanda independente

    a demanda pelo produto acabado, ou seja, pelo veculo pronto na configurao final exigida pelo

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    7

    cliente. A demanda independente est fora do controle do planejador de produo e, conforme

    citado por Arnold (2006) no est relacionada demanda de qualquer outro produto e sim

    vinculada a fatores externos, mercadolgicos, econmicos, condies locais, globais, etc. Os itens

    do MPS (Master Production Schedule) so itens de demanda independente.

    Ao contrrio da demanda independente, a demanda dependente a que pode ser derivada

    atravs de clculo direto a partir da quantidade dos itens em nvel mais alto da estrutura de

    produto, podendo ser computada atravs do MRP (Material Requirement Planning). Por exemplo,

    no caso da montadora de veculos no necessrio fazer previses para a quantidade de pneus,

    esta quantidade ser calculada com uso do MRP a partir da quantidade de veculos que sero

    montados (demanda independente). A demanda dependente est sob o controle do planejador de

    produo. Jacobs e Chase (2009) afirmam que a demanda dependente a demanda para um

    produto ou servio ocasionado pela demanda por outros produtos ou servios.

    Conforme um item tratado ele pode ser visto como demanda dependente ou demanda

    independente. Por exemplo, Em uma fbrica de ventiladores quando a hlice utilizada como

    pea na linha de montagem considerada demanda dependente, mas, quando utilizada como

    pea de reposio, vendida separadamente para a rede de assistncia tcnica, considerada

    demanda independente.

    4.2. Fontes de demanda independente

    A fonte da demanda dependente conhecida, visto que calculada atravs do MRP que utiliza

    os dados de demanda independente como varivel. Resta saber a origem da demanda

    independente, que ter sua fonte em diversas origens.

    A demanda independente pode ter sua origem em previses, ordens de clientes, transferncia

    entre plantas e peas de reposio. A antecipao das ordens de clientes facilita a sincronizao da

    produo e gerenciamento da cadeia de suprimentos. Outras fontes de demanda so as ordens de

    substituio, reparo, doao, percentual de scrap, ordem de reabastecimento para Centros de

    Distribuio (CDs), prottipos de produtos, etc.

    O gerenciamento da demanda o canal de comunicao e a ligao entre a produo e o

    mercado. Quanto mais rpido a empresa obter e processar os dados corretamente ter uma

    vantagem competitiva para garantir o funcionamento do sistema produtivo e cumprimento das

    promessas de entrega perante seus clientes. As fontes de demanda so afetadas por fatores

    econmicos, polticos, fiscais, estratgias de preos, alinhamento de produtos, mix de marketing,

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    8

    condies climticas, modismos, estratgias do negcio, sazonalidade, aleatoriedade e demais

    condies que podem modificar o comportamento do consumidor, inviabilizar ou facilitar o desejo

    de compra.

    Outro fator importante que podemos utilizar o processo de gerenciamento da demanda para

    obter maior flexibilidade e reduo de variabilidade, desta forma a empresa responder

    rapidamente ao mercado atingindo diretamente a satisfao de clientes, aumento de receita e

    melhoria da posio competitiva. O gerenciamento estratgico da demanda deveria criar

    estratgias contingenciais caso houver alguma ruptura no balanceamento entre suprimento e

    demanda.

    4.3. Padres de demanda

    Os trs padres bsicos de demanda so a tendncia, a sazonalidade e a aleatoriedade, que

    podem ser identificados ao analisar a variao dos dados na srie temporal da demanda. Os

    padres de demanda so fundamentais no procedimento de forecasting, que utiliza as variaes

    dos eventos que ocorreram no passado para projetar as previses. Os trs padres so a tendncia,

    a sazonalidade e a aleatoriedade:

    Tendncia: a disposio da demanda para seguir um padro contnuo para cima, para baixo

    ou permanncia nas sries temporais da demanda. A Fig. (2a) mostra os trs modelos de

    tendncia. Uma tendncia de crescimento mostra um aumento constante dos valores no decorrer

    de cada perodo, a tendncia nivelada (ausncia de tendncia) mostra uma constncia dos valores

    em torno da mdia e a tendncia de declnio mostra uma reduo constante dos valores no

    decorrer de cada perodo.

    Sazonalidade: so variaes em intervalos regulares que ocorrem nas sries temporais da

    demanda. A Fig. (2b) mostra o padro de demanda sazonal. O perodo de ocorrncia da demanda

    sazonal pode ser anual, mensal, semanal, dirio ou por hora. Por exemplo, a demanda por

    aquecedores, que vende mais no inverno, um exemplo de sazonalidade em perodo anual.

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    9

    Figura 2 - Padres da demanda

    Fonte: Elaborado pelos autores

    Aleatoriedade: so variaes causadas pelo acaso ou por situaes incomuns, no previsveis,

    sem um padro definido, cuja eventualidade leva determinado dado para fora do modelo

    identificado. Os pontos A1 e A2 da Fig. (2c) mostram dois eventos aleatrios na srie histrica da

    demanda.

    A maioria das sries temporais podem apresentar os trs elementos bsicos da demanda juntos

    conforme mostrado pela Fig. (2c), os pontos S1, S2, S3 e S4 so os picos sazonais e a reta T

    identifica a linha de tendncia.

    O gerenciamento da demanda, as previses e a anlise dos padres de demanda so vitais para

    a integrao da cadeia de abastecimento. As previses norteiam a produo e o planejamento de

    todas as reas da corporao, por isto melhorar as previses deve ser uma meta a ser seguida em

    toda empresa que preza pelo melhor atendimento ao cliente e produtividade nas operaes.

    4.4. Consideraes referentes coleta de dados

    O gerenciamento da demanda tem uma grande relevncia na sincronizao da cadeia de

    abastecimento e muitas empresas j esto adotando sistemas de forecasting colaborativo com o

    intuito de envolver todos os elos da cadeia de abastecimento na coleta de dados e administrao

    das informaes. O resultado almejado uma rede competitiva de alto desempenho, flexvel, gil

    e independente da variabilidade da demanda, quantidade de SKUs (stock-keeping units), SLA

    (Service level agreement) ou complexidade.

    O avano tecnolgico dos ltimos anos foi fundamental para a melhoria do processo de

    gerenciamento da demanda, este avano trouxe o aumento da velocidade de processamento, maior

    capacidade de armazenamento de dados e introduo dos sistemas de Business Intelligence (BI).

    Eventos como a proliferao dos SKUs, aumento da complexidade, incerteza e exigncia dos

    mercados tornou a tarefa de prever a demanda um grande desafio para as organizaes, onde no

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    10

    passado havia poucos itens no portflio das empresas, hoje as empresas so globais e possuem o

    mesmo produto, em diversas nuances, para atender mercados distintos. Prever cada item levando

    em conta a peculiaridade dos mercados, linhas de produto, pontos de distribuio ou pontos de

    venda a grande vantagem competitiva e diferencial estratgico.

    A qualidade da coleta e preparao dos dados reflete diretamente na confiabilidade da previso

    e elementar no processo de forecasting. Existem softwares no mercado especializados para o

    calculo da previso, claro que aqui se trata de modelos quantitativos que utilizam algoritmos para

    encontrar uma soluo tima. O resultado quantitativo deve ser validado pelo feeling do

    planejador para verificar a existncia de algum vis ou outlier no caminho indicado. No

    aconselhvel confiar 100% nos nmeros, muitas empresas j perderam recursos valiosos ao enviar

    um pedido de reabastecimento ou pedido de compra confiando apenas no modelo quantitativo.

    Para Chase (2009) o gerenciamento mestre de dados (master data management) outra

    metodologia desenvolvida para melhorar a estrutura de armazenamento de dados com objetivos de

    evitar erros, facilitar a localizao (pesquisa), proteger, organizar e aperfeioar a qualidade dos

    dados. Existem trs princpios para a coleta e preparao dos dados conforme mostrado a seguir

    (APICS, BSCM 2010):

    Princpio 1: registrar os dados nos mesmos termos exigidos pela previso. Este princpio

    consiste no alinhamento dos dados, previso e planejamento da produo. Por exemplo, se o

    planejamento da produo realizado em meses, a previso deve estar em meses. Se o

    planejamento da produo realizado em semanas, a previso deve estar em semanas, e assim

    sucessivamente. Para planejar a produo no nvel do S&OP (Sales and Operations Planning) a

    previso deve estar agregada em famlia ou grupo de produtos, j no nvel do MPS (Master

    Production Schedule) a previso deve estar desagregada em itens finais individuais. A unidade e o

    time bucket utilizado na previso precisam ser iguais ao realizado pelo planejamento da produo.

    Princpio 2: registrar as circunstncias relativas aos dados. As informaes registradas

    contribuiro para o entendimento dos comportamentos atpicos e eventos particulares que

    influenciaram a demanda em determinado perodo, por exemplo, alteraes causadas por variaes

    de preo, promoes, condies meteorolgicas, etc.

    Princpio 3: registrar a demanda separadamente para grupos de clientes diferentes. Este

    princpio pressupe que a empresa vende para clientes de segmentos distintos com ciclos de

    compras diferentes, neste caso a previso deve ser indicada no perodo de ocorrncia da demanda.

    Por exemplo, se o cliente Alpha compra 30.000 unidades do item Z semestralmente e o cliente

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    11

    Delta compra 4.500 unidades do mesmo item mensalmente, pode ser um erro nivelar a previso

    pela mdia mensal da demanda. A Tab. (1) ilustra esta explicao.

    Tabela 1 - Demand rolling forecast - item Z

    Fonte: Adaptado de APICS (BSCM, 2010)

    Cliente \ Ms Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total

    Alpha 30.000 30.000 60.000

    Delta 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 54.000

    Total 4.500 4.500 34.500 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 34.500 4.500 4.500 4.500 114.000

    Mdia 9.500 9.500 9.500 9.500 9.500 9.500 9.500 9.500 9.500 9.500 9.500 9.500

    Previso de demanda item Z (Unidades)

    A varivel mais importante no planejamento da produo a previso da demanda. Sabendo

    que em uma situao de elasticidade da demanda a poltica de preos tende a influenciar a

    demanda para cima atravs de promoes, ou para baixo atravs do aumento de preos, a previso

    tem uma influncia direta/ dos departamentos de marketing, vendas e customer service, sendo que

    os demais departamentos da empresa devem ser envolvidos para melhorar a confiabilidade do

    processo e o intercmbio de informaes.

    5. TCNICAS DE PROJEO

    Arnold (2006) explica que as previses baseiam-se em dados histricos, que so manipulados

    de alguma maneira, seja atravs da utilizao de jris de especialistas, de alguma tcnica

    estatstica ou de ambos. As tcnicas de previso so divididas em dois grupos: tcnicas

    qualitativas e tcnicas quantitativas (CORRA E CORRA, 2007; CHASE, 2009; JACOBS E

    CHASE, 2009; HEIZER E RENDER, 2001; TUBINO, 2007), mostradas a seguir:

    5.1. Tcnicas Qualitativas

    As tcnicas qualitativas ou subjetivas so baseadas em opinies de especialistas, julgamento de

    pessoas-chave, intuio, emoes, experincias pessoais, valores do tomador de deciso e outros

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    12

    fatores no quantitativos. Podem ser utilizadas quando no existem dados histricos da demanda

    (ex. introduo de um novo produto), quando o panorama poltico e econmico muito instvel e

    no se tem dados atualizados sobre a demanda, ou quando difcil representar a demanda

    numericamente. As tcnicas qualitativas so adequadas para horizonte de mdio a longo prazo,

    para famlia de produtos ou tendncias gerais do negcio. A seguir so mencionadas algumas das

    principais tcnicas qualitativas.

    Jri de executivos: Consiste em uma espcie de brainstorming com os principais executivos da

    empresa para obteno de sugestes e opinies. Para Folsom e Boulware (2004) este mtodo pode

    comear com uma simples pergunta tipo o que se espera das vendas para o prximo trimestre ou

    ano?. uma tcnica rpida e econmica, mas assume que os executivos tem conhecimento sobre

    as condies de mercado.

    Mtodo Delphi: Consiste no consenso das opinies de um conjunto de especialistas, parecida

    com a tcnica jri de executivos, a diferena que no mtodo Delphi evita que uma opinio de

    certa pessoa ou grupo predomine, seja por fatores hierrquicos, de relacionamento ou timidez. As

    opinies so coletadas de forma individual e sigilosa, que pode ser realizado atravs de

    questionrios, os resultados dos questionrios so tabulados por um coordenador e retornados para

    a equipe para validao.

    Pesquisa de Mercado: Consiste em ir fora da empresa e obter com os clientes a estimativa de

    compra futura, tambm chamada de pesquisa de inteno de compra. Anbuvelan (2007) cita que

    questionrios por e-mail ou pesquisa por telefone podem ser usados para obter as opinies de clientes existentes ou

    potenciais.

    Fora de Vendas: Consiste em obter uma estimativa realizada por cada vendedor ou

    representante de vendas. A equipe de vendas est mais prxima dos consumidores e pode estimar

    as vendas futuras com mais preciso.

    Analogia histrica: Consiste em estimar a demanda de um produto atravs da comparao com

    os dados da demanda de outro similar. Bastante til para prever a demanda de produtos novos.

    5.2. Tcnicas Quantitativas

    As tcnicas quantitativas envolvem a anlise e clculo numrico baseados em modelos

    matemticos ou estatsticos para trabalhar os dados histricos e projetar a demanda futura. As

    tcnicas quantitativas so divididas em extrnsecas e intrnsecas.

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    13

    Tcnicas quantitativas extrnsecas: As tcnicas quantitativas extrnsecas, tambm chamadas

    causais ou de explicao, so utilizadas quando a demanda por um produto (ex. venda de tijolos)

    correlaciona ou funo de algum fator externo (ex. construo civil), utilizam a ideia de causa e

    efeito atravs do uso de indicadores externos para auxiliar a realizao da previso. Uma

    observao a ser feita que os ndices causais esto agregados para todo o mercado e o valor que

    interessa empresa deve ser calculado pelo seu percentual de participao no mercado.

    Tcnicas quantitativas intrnsecas: As tcnicas quantitativas intrnsecas, tambm chamadas

    sries temporais, baseiam-se na suposio de que os padres passados da demanda continuaro no

    futuro, desta forma, busca atravs de clculo matemtico projetar os dados histricos e tendncias

    da demanda.

    Na maioria das vezes as duas tcnicas, qualitativas e quantitativas, so empregadas em

    conjunto, nesta situao um especialista faz uma anlise subjetiva para validar o resultado

    fornecido pelo modelo quantitativo. De acordo com a APICS (BSCM, 2010) as principais tcnicas

    quantitativas intrnsecas so as mdias mveis, suavizamento exponencial e sazonalidade.

    5.2.1. Mdias mveis simples e ponderada

    O atendimento demanda requer planejamento e muito esforo da empresa para definir o

    que, quando e quanto comprar, produzir ou distribuir no canal de abastecimento. Nem sempre

    elevar o nvel de servio significa elevar o nvel de estoques, existe um ponto de desacoplamento

    que j foi encontrado pelas principais indstrias, varejistas e distribuidores, e as empresas que

    ainda no encontraram este ponto esto simplesmente perdendo mercado dia aps dia, e se no

    aperfeioarem a tcnica de gerenciar a demanda o caminho bvio ser o fracasso. O segredo de

    aumentar o nvel de servios, qualidade e lucros com reduo total de custos ter uma viso bem

    definida, estratgias baseadas em inteligncia de negcios, aperfeioamento de processos,

    desenvolvimento tecnolgico e valorizao de pessoas. Um dos principais objetivos da empresa

    agregar valor, apesar de existir uma viso mope de valorizar apenas o produto ou servio, o valor

    agregado deve ser direcionado para os clientes (principalmente), fornecedores, sociedade, meio

    ambiente, governo, funcionrios, acionistas e demais stakeholders envolvidos.

    As mdias mveis so definidas pelo dicionrio APICS (2008) como sendo a mdia aritmtica

    dos ltimos n perodos da srie histrica, onde n equivale o nmero de perodos rolante utilizado

    para o clculo da mdia. Devido a previso ser baseada nos dados histricos, as mdias mveis

    reduzem os efeitos da variao da demanda, seja aleatrio, sazonal, tendncia, ou ambos, isto

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    14

    ocorre pelo fato de usar a mdia dos perodos anteriores. O clculo da mdia realizado em uma

    disposio rolante, ou seja, na medida em que cada novo perodo adicionado o perodo mais

    antigo descontinuado, permanecendo o nmero (n) de perodos adotado. O valor n reflete

    responsividade versus estabilidade.

    (1)

    Existem dois modelos bsicos de mdias mveis, a mdia mvel simples (MMS) e a mdia

    mvel ponderada (MMP). A MMS atribui pesos iguais a todos os valores da srie histrica e

    utiliza a dinmica rolante para atualizar o clculo na medida em que os valores mais antigos so

    substitudos por dados mais recentes, mantendo desta forma a quantidade rolante de n perodos. A

    Eq. (1) mostra a frmula para clculo da MMS.

    As mdias mveis propiciam melhores resultados quando a demanda estvel, contnua e com

    pouca tendncia ou sazonalidade (APICS BSCM 2011; JACOBS, 2009; TUBINO, 2007;

    HEIZER, 2001), gerando estimativas atravs do ajuste da flutuao da demanda na srie de dados.

    A Fig. (3) compara a MMS utilizada com 3 perodos (MMS3) e com 6 perodos (MMS6).

    Observa-se que a mdia mvel suaviza a variao da srie histrica mantendo uma distncia entre

    a demanda real e a previso (mdia), isto ocorre pelo fato da base de clculo estar vinculada aos

    perodos anteriores onde a demanda foi menor.

    Na Figura (3) a mdia MMS6 tem valor menor que o da mdia MMS3, mostrando que quanto

    maior o nmero n, maior a distncia da mdia com a demanda real. A correo desta diferena

    pode ser melhorada com o uso da mdia mvel ponderada, atribuindo pesos para os valores mais

    importantes. Mahapatra (2010) pontuou que quando a demanda tem uma tendncia de

    crescimento, a previso geralmente menor do que a demanda real, e quando a demanda tem uma

    tendncia de declnio, a previso excede a demanda real. Esta observao confirma que as

    previses baseadas nas mdias mveis sempre estaro acima ou abaixo da demanda real, a no ser

    se a demanda real for contnua, o que praticamente impossvel na maioria dos negcios. A Tab.

    (2) mostra o desenvolvimento do clculo realizado para as mdias MMS3 e MMS6, no processo

    de forecast a mdia mvel encontrada base para o processo de previso para o prximo perodo.

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    15

    Ms Demanda MMS3 MMS6

    1 89

    2 87

    3 93 90

    4 90 90

    5 94 92

    6 103 96 93

    7 105 101 95

    8 109 106 99

    80

    90

    100

    110

    1 2 3 4 5 6 7 8

    De

    man

    da

    Ms

    Demanda

    MMS3

    MMS6

    Figura 3 - Mdia mvel simples aplicada srie histrica com tendncia de crescimento

    Fonte: Elaborado pelos autores

    A tcnica de mdia mvel pode ser utilizada com diversas quantidades de perodos, as

    consequncias que usando mais perodos a previso ser mais estvel, e usando menos perodos

    o forecast reagir rapidamente s variaes de curto prazo da srie histrica. A mdia mvel

    ideal para produtos maduros, quando a demanda no est crescendo nem declinando rapidamente

    e na ausncia de caractersticas sazonais (Jacobs, 2009), e bastante utilizada pelo fato da

    simplicidade operacional e facilidade de entendimento (Tubino, 2007). Em ambientes instveis

    com demanda irregular, voltil e mudanas repentinas, a utilizao de menos perodos no clculo

    da mdia pode ser usado para acompanhar rapidamente as mudanas e ter maior responsividade na

    previso. J em ambientes estveis uma quantidade maior de perodos pode ser usada, visto que a

    mudana na variao da demanda baixa.

    Tabela 2 - Desenvolvimento do clculo das mdias mveis MMS3 e MMS6

    Fonte: Elaborado pelos autores

    Ms Demanda Clculo MMS3 MMS3 Clculo MMS6 MMS6

    1 89

    2 87

    3 93 (89 + 87 + 93) / 3 90

    4 90 (87 + 93 + 90) / 3 90

    5 94 (93 + 90 + 94) / 3 92

    6 103 (90 + 94 + 103) / 3 96 (89 + 87 + 93 + 90 + 94 + 103) / 6 93

    7 105 (94 + 103 + 105) / 3 101 (87 + 93 + 90 + 94 + 103 + 105) / 6 95

    8 109 (103 + 105 + 109) / 3 106 (93 + 90 + 94 + 103 + 105 + 109) / 6 99

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    16

    Da mesma forma que a mdia mvel simples, a mdia mvel ponderada calcula a mdia

    rolante da srie substituindo o valor mais antigo quando um valor mais recente for adicionado,

    mantendo a quantidade rolante de n perodos, a diferena que a mdia mvel ponderada atribui

    pesos diferentes aos valores da srie histrica dando maior importncia aos valores mais recentes,

    o que auxilia na reduo dos efeitos da variao demanda com a atribuio destes pesos. A Eq. 2

    mostra a frmula para clculo da mdia mvel ponderada.

    (2)

    O objetivo da mdia mvel ponderada dar maior importncia para perodos representativos,

    que geralmente so os perodos mais recentes. Nesta tcnica so atribudos pesos onde os perodos

    mais importantes recebem maior valor, na Fig. 4 observa-se que o clculo da mdia mvel

    ponderada foi realizado atribuindo pesos 3, 2 e 1, respectivamente do ms mais recente para o ms

    mais antigo. Para Boyer e Verma (2009) a mdia mvel ponderada permite dar uma maior nfase

    na demanda mais recente do que na demanda passada, o que torna a previso mais gil s

    mudanas.

    Ms Demanda Clculo MMP3 MMP3

    1 89

    2 87

    3 93 ((93*3) + (87*2) + (89*1)) /6 90

    4 90 ((90*3) + (93*2) + (87*1)) /6 91

    5 94 ((94*3) + (90*2) + (93*1)) /6 93

    6 103 ((103*3) + (94*2) + (90*1)) /6 98

    7 105 ((105*3) + (103*2) + (94*1)) /6 103

    8 109 ((109*3) + (105*2) + (103*1)) /6 107

    80

    90

    100

    110

    1 2 3 4 5 6 7 8

    De

    man

    da

    Ms

    Demanda

    MMP3

    Figura 4 - Mdia mvel ponderada aplicada srie histrica com tendncia de crescimento (MMP3)

    Fonte: Elaborado pelos autores

    Alguns cuidados que se deve ter que, ao trabalhar com as mdias mveis elas nivelam o

    resultado da srie de dados ofuscando a tendncia e a aleatoriedade, por isto so pouco utilizadas

    para acompanhamento de crescimento ou declnio da demanda. Outro fator importante que as

    mdias fornecem previso para o perodo posterior, o que dificulta a visibilidade de perodos

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    17

    futuros. Aumentar o nmero n de perodos pode ajustar flutuaes, ocultar variaes e aumentar o

    gap entre real e previsto.

    6. INDICADORES DE DESEMPENHO

    A variao da demanda sempre foi um problema para a maioria das indstrias e neste sentido

    surgiram diversas ferramentas e tcnicas para auxiliar no acompanhamento, controle e melhoria da

    previso da demanda. Esta previso alimenta os sistemas de planejamento da produo e direciona

    os esforos atravs da empresa em torno de um objetivo comum. Para gerenciar este processo

    necessrio medir e monitorar as previses buscando reduzir os desvios e trazer maior

    confiabilidade ao sistema, a APICS (BSCM, 2010) mostra os principais indicadores da previso

    como: Erro Peridico da Previso (PFE - Period Forecast Error), Percentual Absoluto do Erro

    (APE - Absolute Percentage of Error); Desvio Absoluto Mdio (MAD - Mean Absolute

    Deviation); Percentual Absoluto Mdio do Erro (MAPE - Mean Absolute Percentage of Error) e

    Acurcia da Previso (FA - Forecast Accuracy).

    A tabela 3 contm uma srie histrica de 24 perodos para um dado produto e os respectivos

    indicadores.

    A volatilidade dos mercados juntamente com a premissa de pouca fidelidade dos clientes

    trouxe uma grande incerteza da demanda, levando as empresas a uma corrida armamentista por

    melhores meios de deciso. Ter um radar, tecnologia de ponta, pessoas qualificadas e conhecer o

    mercado possibilita atirar em um alvo mvel, no escuro, e acert-lo no ponto desejado.

    Tabela 3 - Acompanhamento da previso

    Fonte: Elaborado pelos autores

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    18

    Perodo

    Demanda

    Ocorrida

    (A)

    Forecast

    (F)

    Period

    Forecast

    Error (A-F)

    Absolute

    Desviation

    AF

    APE

    AF / A

    %

    FA - Forecast

    Accuracy

    (100%-APE)

    01 282 300 -18 18 6,38% 93,62%

    02 339 320 19 19 5,60% 94,40%

    03 312 340 -28 28 8,97% 91,03%

    04 351 350 1 1 0,28% 99,72%

    05 423 380 43 43 10,17% 89,83%

    06 348 360 -12 12 3,45% 96,55%

    07 414 400 14 14 3,38% 96,62%

    08 387 400 -13 13 3,36% 96,64%

    09 424 400 24 24 5,66% 94,34%

    10 386 420 -34 34 8,81% 91,19%

    11 445 420 25 25 5,62% 94,38%

    12 455 420 35 35 7,69% 92,31%

    MAD MAPE FA da srie

    22 5,78% 94,22%

    ACOMPANHAMENTO DA PREVISO

    Medir e avaliar previses so atividades necessrias no gerenciamento da demanda e meios

    que mostram como est o desempenho da organizao, seja auxiliando na identificao de

    possveis falhas ou servindo para realizao de benchmarking em relao s melhores prticas do

    mercado.

    6.1. PFE - Period Forecast Error

    O PFE - Period Forecast Error (Erro Peridico da Previso) refere-se ao quanto a previso

    desvia da demanda atual em um dado perodo da srie histrica, mostrado na Eq. (3). O mdulo do

    Erro Peridico da Previso (PFE) ser utilizado na base de clculo do APE, MAD e MAPE.

    (3)

    Onde:

    A = Demanda Atual (Ocorrida)

    F = Forecast (Previso)

    6.2. APE - Absolute Percentage of Error

    O APE - Absolute Percentage of Error (Percentual Absoluto do Erro), mostra o quanto a

    previso desvia da demanda atual em um dado perodo, expressando o erro de previso como um

    percentual da demanda atual. A Eq. (4) mostra a base de clculo do APE.

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    19

    (4)

    6.3. MAD - Mean Absolute Deviation

    O MAD - Mean Absolute Deviation (Desvio Absoluto Mdio - DAM) a mdia dos desvios

    absolutos individuais gerados em cada perodo. O MAD no considera a direo do erro (se

    positivo ou negativo) ao utilizar em sua equao o mdulo dos desvios. Isto bastante til devido

    a maioria das sries histricas conterem variaes negativas e positivas, evitando que determinada

    variao seja anulada por uma variao inversa. A Eq. (5) mostra a base de clculo do MAD.

    (5)

    6.4. MAPE Mean Absolute Percentage of Error

    O MAPE - Mean Absolute Percentage of Error (Percentual Absoluto Mdio do Erro), a

    mdia dos valores APE para n perodos, ou seja, a soma dos percentuais absolutos dos erros

    ( AF /A %) divididos pelo nmero de perodos analisados (n).

    (6)

    O MAPE identifica o percentual mdio em que a previso desviou da demanda ocorrida em

    determinada srie histrica. A Eq. (6) mostra a base de clculo do MAPE.

    6.5. FA - Forecast Accuracy

    Um dos principais indicadores para acompanhamento da previso o Forecast Accuracy

    (Acurcia da Previso), que indica o quanto a previso est sendo assertiva em relao demanda

    ocorrida. A Fig. (7) mostra a base de clculo do FA por perodo e o FA para a srie.

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    20

    (

    7)

    O FA da srie obtido em funo do MAPE (Mean Absolute Percentage of Error), visto que o

    MAPE utiliza a mdia dos desvios em sua equao e com isto so considerados todos os perodos

    individuais analisados.

    7. CONSIDERAES FINAIS

    Este artigo mostrou os principais conceitos do gerenciamento da demanda enfatizando as

    funes de planejar, comunicar, influenciar, priorizar e prever a demanda. Atravs dos resultados

    apresentados, pode-se afirmar que uma excelente medio da previso essencial para o processo

    de tomada de decises nas empresas, contudo para atingir um nvel superior de excelncia

    operacional consideraes adicionais precisam ser tomadas, entre elas: ter dados confiveis;

    acompanhar, controlar e monitorar as previses da demanda; buscar participao e colaborao

    entre as diversas reas envolvidas; qualificar as pessoas; investir em tecnologia; melhorar e

    aperfeioar processos e alinhar suprimento e demanda no processo de Planejamento de Operaes

    e Vendas (S&OP).

    Um bom gerenciamento da demanda estabelece metas de acurcia, realiza monitoramento,

    acompanhamento e busca reduzir o desvio entre previsto e realizado. Alguns fatores importantes

    da utilizao do gerenciamento da demanda so a estimao da receita e a projeo de custos,

    tornando uma oportunidade para identificao das reas que precisam de melhoria,

    aperfeioamento de processos ou enxugamento dos custos no processo oramentrio. Alinhado a

    estes fatores a previso leva a empresa a ter maior controle, servindo tambm como auxilio nos

    processos de gerenciamento da mudana e tomada de decises, seja aumentando a comunicao,

    melhorando a conscincia ou indicando a influncia das vendas nas operaes. Quanto mais

    preciso for a previso da demanda melhor para o balanceamento da cadeia de abastecimento.

    REFERNCIAS

    ANBUVELAN K. Principles of Management. New Delhi: Laxmi Publications (P) LTD, 2007.

    APICS CPIM, BSCM - Basics of Supply Chain Management, 2010.

    APICS Dictionary 12th ed. 2008.

  • VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 08 e 09 de junho de 2012

    21

    ARNOLD, J. R. Tony. Administrao de Materiais. So Paulo: Atlas, 2006. 521 p.

    BARBOSA, Attila M. Diretrizes Bsicas para Elaborao de Projetos de Pesquisa e TCC. Centro

    Universitrio do Par, 2004.

    BOYER, Kenneth Karel; VERMA, Rohit. Operations and Supply Chain Management for the 21st

    Century. Mason, Ohio: Cengage Learning, 2009.

    CHASE, Charles Jr. Demand-Driven Forecasting: A Structured Approach to Forecasting. New

    Jersey: John Wiley and Sons, 2009.

    CORRA, Henrique L; CORRA, Carlos A. Administrao da Produo e Operaes. 2 Ed. So

    Paulo: Atlas, 2007. 690 p.

    CRUM, Colleen; PALMATIER, George E. Demand Management Best Practices: Process,

    Principles, and Collaboration. USA: J. Ross Publishing, 2003.

    FACHIN, Odlia; Fundamentos de Metodologia. 4 ed. So Paulo: Saraiva, 2003.

    FOLSOM, W. Davis; BOULWARE, Rick. Encyclopedia of American Business. New York:

    Infobase Publishing, 2004.

    GIL, A. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 ad. So Paulo, Atlas 2002 HEIZER, Jay H. RENDER, Barry. Administrao de Operaes Bens e servios. 5. ed. Rio de

    Janeiro, LTC, 2001. Ttulo original: Operations Management.

    JACOBS; Robert F.; CHASE, Richard B. Administrao da produo e Operaes: O Essencial.

    Porto Alegre: Bookman, 2009. 424 p.

    KOTLER , Philip; KELLER, Kevin Lane. Administrao de Marketing. So Paulo: Pearson,

    2006. 750 p.

    MAHAPATRA, P.B. Operations Management, a Quantitative Approach. New Delhi: PHI

    Learning Pvt. Ltd., 2010

    OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Cientfica. Ed Pioneira, So Paulo - 1999

    TUBINO, Dalvio Ferrari. Planejamento e Controle da Produo, Teoria e Prtica. So Paulo:

    Atlas. 2007.