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PERSPECTIVA PARA UM NOVO ENSINO DE LITERATURA · Este trabalho, intitulado “O mundo encantado das fábulas leitura semiótica e intertextualidade na sala de aula”, busca reconhecer

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A capacidade de escrever está intimamente ligada à leitura, quanto mais

leitura o indivíduo tiver, mais condições ele terá para desenvolver uma boa escrita.

Este trabalho, intitulado “O mundo encantado das fábulas leitura semiótica e

intertextualidade na sala de aula”, busca reconhecer a importância da literatura

infantil e incentivar a formação de pequenos leitores na idade em que todos os

hábitos se formam, isto é, na infância, é a proposta desta produção didático-

pedagógica, enfatizando o gênero literário fábulas. No contexto educacional,

sabemos da importância que as atividades lúdicas têm para o desenvolvimento da

criança.

As fábulas desde Esopo, La Fontaine até Monteiro Lobato, caracterizam-se

por possuir três partes bem distintas: um discurso figurativo, um discurso temático e

um enunciado que liga esses dois discursos. O discurso figurativo narra um

determinado episódio. O discurso temático, contido na "moral", é a explicitação do

componente temático que subentendido ao discurso figurativo. Ele ancora a

interpretação, não permitindo que o enunciatário entenda o discurso figurativo de

maneira diferente daquela que o enunciador deseja. A fábula apresenta, de maneira

explícita, a leitura de seu discurso figurativo. A terceira parte mostra que o discurso

temático é o componente interpretativo do figurativo.

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A fábula atinge seu objetivo comunicativo por ser muito bem estruturada em

termos de coerência interna: “comunicar é agir sobre o outro, quando se comunica

não se visa somente a que o receptor receba e compreenda a mensagem, mas

também que a aceite” (PLATÃO, FIORIN, 2001, p. 284).

Há uma “arquitetura” encadeando o texto figurativo e o temático, o enredo e a

seleção vocabular. A própria moral apresentada ao final do texto configura-se como

uma conclusão lógica, quase indiscutível.

O presente projeto será implementado em uma turma de alunos da 6ª série do

ensino fundamental do Colégio Estadual Ary Borba Carneiro Ensino Fundamental e

Médio, no ano de 2011.

PERSPECTIVA PARA UM NOVO ENSINO DE LITERATURA

Como trabalhar os saberes nesta perspectiva?

Para realizar a Unidade Didática aplicaremos a teoria semiótica nas leituras

são técnicas práticas e eficazes para desvelar as significações do texto.

Para embasar nosso trabalho sobre o ensino da leitura competente em sala

de aula e as discussões sobre o mesmo assunto junto aos professores da rede

teremos, primeiro, que entender os mecanismos e procedimentos que constroem os

sentidos do texto. Para isso nos serviremos da Semiótica (Fiorin e Barros).

Segundo Barros (2005, p.7) a semiótica “procura descrever e explicar o que o

texto diz e como ele faz para dizer o que diz”.

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Para Barros (2005):

Um texto define-se de duas formas que se complementam: pela

organização ou estruturação que dele faz um todo de sentido, e como um objeto da comunicação que se estabelece entre um destinador e um destinatário. (BARROS, 2005, p.7)

Para a teoria semiótica, texto é tudo aquilo que possui significação. Um texto

é produto de uma situação comunicativa, é uma unidade de sentido produzida por

uma ou mais linguagens. Ele deve ser tomado em seus aspectos internos (conteúdo

e enunciação) em primeiro lugar e depois, os aspectos externos (contexto sócio-

histórico).

O contexto sócio-histórico diz respeito às ideias vigentes; os valores do

momento histórico em que o texto foi escrito. Ideologia da época.

A Semiótica francesa está baseada no chamado percurso gerativo de

sentido, o aluno passa a compreender o sentido do texto, sua intenção, percebe o

tema central, as entrelinhas e a função social.

São, portanto, os procedimentos semânticos do discurso, a tematização e a

figurativização.

REFORÇANDO O ASSUNTO:

Os temas são elementos abstratos e servem para comentários, conceituar,

opinar. Por exemplo, numa frase como esta:

“Vivemos numa época de grandes confrontos e perplexidades”.

Temos um comentário, uma conceituação. Sua natureza é abstrata

e podemos dizer que é uma frase temática. Os textos temáticos apresentam uma dificuldade maior tanto para quem escreve quanto para quem lê e interpreta. Como os conceitos são elementos abstratos, precisam receber tradução em termos concretos. A parte do texto que cumpre essa finalidade é a das figuras a partir das quais se poderá falar em termos de textos figurativos. Imaginaremos que a frase

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acima citada “Vivemos numa época de grandes confrontos e perplexidades”. Tivesse a seguinte tradução figurativa:

Indivíduos, utilizando capuzes e, portando armamento pesado invadiram uma favela no Rio de Janeiro e executaram cerca de vinte pessoas. Investigações estão sendo realizadas e o próprio governador do Estado declarou ter certeza de que há policiais envolvidos.

(FURTADO & CONTANI, 2005, p.27)

O Escorpião e o sapo

Era uma vez um escorpião que estava na beira de um rio, quando a vegetação da margem

começou a queimar. Ele ficou desesperado, pois, se pulasse na água, morreria afogado e, se

permanecesse onde estava, morreria queimado. Nisso, viu um sapo que estava preparando-se para

saltar o rio e, assim, livrar-se do fogo. Pediu-lhe, então, que o transportasse nas costas para o outro

lado. O sapo respondeu-lhe que não faria de jeito nenhum o que ele estava solicitando, porque ele

poderia dar-lhe uma ferroada, levando-o à morte por envenenamento. O escorpião retrucou que o

sapo precisaria guiar-se pela lógica; ele não poderia dar-lhe uma ferroada, pois, se o sapo morresse,

ele também morreria, porque se afogaria. O sapo disse que o escorpião estava certo e concordou em

levá-lo até a outra margem. No meio do rio, o escorpião pica o sapo. Este, sentindo a ação do

veneno, vira-se para aquele e diz que só gostaria de entender os motivos que fizeram que ele o

picasse, já que o ato era prejudicial também ao escorpião. Este, então, responde que simplesmente

não podia negar a sua natureza. (ALVES RUBEM, 2001, p.8) Texto figurativo.

Cada ser humano tem uma índole, uma propensão natural, e ela muda, manifesta-se em todas as circunstâncias da vida, até mesmo quando

essa manifestação contraria o bom senso.

Texto temático

Os dois textos dizem basicamente a mesma coisa. Falam da imutabilidade do

caráter do homem, mostram que o homem age de acordo com sua índole, quaisquer

que sejam as circunstâncias. Apesar disso, os dois textos são muito distintos um do

outro. Onde reside essa diferença?

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O primeiro é construído predominantemente com termos concretos:

escorpião, sapo, margem, rio, fogo, água etc. (figurativização).

O segundo é composto basicamente de termos abstratos: índole,

propensão natural, circunstância etc. (tematização).

Concreto é todo termo que remete a algo presente no mundo natural;

Abstrato é toda palavra que não indica algo presente no mundo natural, mas uma

categoria que ordena o que está nele manifesto.

Um chapéu sobre a cabeça de um camponês um simples utilitário de

proteção contra o sol; sobre a cabeça de uma dama numa cerimônia, é um adorno; na fronte de um

cardeal, é um símbolo de poder; na mão estendida de um mendigo, quer dizer um pedido de auxilio.

Em síntese: o significado é definido por relação.

1-Primeiro passo:

Leitura Estruturalista /Tradicional;

Leitura Superficial;

Leitura das linhas ou leitura horizontal;

Decodificações linguísticas: informações explícitas do texto;

Procedimento mecânico;

Assimilação do FAZER-SABER.

2-Segundo passo: (A semiótica só encontra-se neste passo)

Leitura dos sentidos do texto;

Leitura profunda;

Leitura das entrelinhas ou verticalizada;

Análise do texto. Desvelamento (temas parciais a partir das figuras do texto);

Informações explícitas e implícitas;

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Ideologia do texto: (intenção da obra);

Procedimento Reflexivo, desenvolvimento do raciocínio;

Analítico (leitor crítico);

FAZER-CRER;

Oposições semânticas;

A grande questão é o fazer-crer, saber o que há de verdade no texto (veridicção).

3-Terceiro passo: Neste passo haverá o interacionismo, centrado no leitor Leitura ideológico-

argumentativa

(RE) Contextualização do leitor (encaixar em uma realidade);

Ideologia do leitor;

Dar opiniões pessoais sobre o texto;

Fase centrada no leitor Interacionista;

FAZER-FAZER (mudança de atitude ou comportamento).

Os exercícios que serão desenvolvidos têm como objetivos:

Levar o aluno à interação com várias fábulas, apreendendo as características

do gênero;

Promover, durante as atividades da Unidade Didática, uma reflexão sobre

moralidades, valores, ética;

Despertar no aluno o hábito da leitura e da criação e da produção de textos de

forma crítica;

Contribuir para a melhoria da compreensão e interpretação do gênero textual

fábula.

Textos xerocopiados ou digitados e

impressos, livros de fábulas, máquina digital, filmes infanto-juvenis, CDs de fábulas e

PowerPoint.

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As estratégias para ensinar os alunos a serem leitores proficientes são

simples e, com certeza, já conhecidas pela maioria dos professores, porém, pouco

colocadas em prática. Elas estão divididas em três partes: antes, durante e depois

da leitura.

A. ATIVIDADES ANTES DA LEITURA

1. Prognosticar informações e ativar conhecimentos prévios sobre o texto.

B. ATIVIDADES DURANTE A LEITURA

1. Apresentação do texto e leitura

2. Localizar informações explícitas e implícitas no texto

3. Criar e checar hipóteses

4. Inferir e extrapolar o texto

5. Compreender as implicações da escolha do gênero e do suporte

C. ATIVIDADES DEPOIS DA LEITURA.

1. Extrapolar e avaliar criticamente o texto

2. Relacionar informações do texto e conhecimentos do cotidiano

3. Utilização do registro escrito para melhor compreensão

4. Análise textual

5. Identificação de referências a outros textos

6. Avaliação das informações emitidas no texto

Dessa forma, a partir do diagnóstico realizado com o público-alvo, com o

propósito de, gradativamente, fazer com que os alunos se apropriem do gênero e

ser capazes, ao final, de também produzi-lo. A unidade didática ficará organizada

para o 2º semestre do ano letivo 2011, desenvolvido em 18 h/aula.

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É imprescindível que a avaliação seja contínua e priorize a qualidade e o

processo de aprendizagem, ou seja, o desempenho do aluno ao longo do ano letivo

O professor pode utilizar a observação diária e instrumentos variados, selecionados

de acordo com cada conteúdo e/ou objetivo, especificamente, nesse caso, ao longo

do projeto. Será observado e relatado, sem parâmetros quantitativos, a oralidade,

leitura e escrita, ou seja, a participação em sala, pesquisas, debates, atividades

orais e escritas dos alunos envolvidos ao longo do desenvolvimento desta Unidade

Didática.

Os resultados obtidos pela avaliação devem ser utilizados para corrigir,

melhorar e completar o trabalho. Com base nesses resultados deve, na medida do

possível, adequar o ensino de forma que a aprendizagem se torne mais fácil e

eficaz.

Elaborar uma ficha de autoavaliação para que os alunos possam avaliar

sua própria produção.

Esclarecer aos alunos os critérios que serão utilizados para avaliar o texto

produzido.

Ao aluno (a): Portanto, o objetivo desse trabalho é auxiliar você, caro estudante, a perceber

que um texto possui uma multiplicidade de significações e também a desenvolver

sua competência textual por meio da análise do gênero textual fábula.

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Agora é a sua vez...

A história que começamos a construir hoje, juntos, tem a ver com um gênero

muito conhecido, lido, contado e ouvido no mundo inteiro: as fábulas.

Você pode pensar e dizer “Aquelas historinhas de animais que falam? Coisa

de criança!” Pois fique sabendo que muita gente séria e sábia se ocupou da tarefa

de contar e escrever fábulas ao longo de nossa história. Além disso, a princípio, as

fábulas não eram contadas para crianças, mas para adultos, como um jeito de

aconselhá-los e distraí-los.

É por meio destas histórias que ouvimos, lidas ou contadas de boca em boca,

que aprendemos boa parte do que precisamos saber para viver em sociedade e o

gênero fábula, como tantos outros gêneros narrativos, registra as experiências e o

modo de vida dos povos.

Fábula do latim fari – falar é do grego phao – contar algo

Vamos construir juntos o conhecimento sobre fábulas: um pouco que você já

sabe e um pouco do que ainda vai saber.

Nós vamos ver as principais características desse gênero, como por exemplo:

quem escreveu as fábulas, de onde elas surgiram, para quem elas foram escritas,

qual o objetivo do autor, quem são os personagens das fábulas, qual o significado

de cada personagem, o que é a moral da fábula e para que ela serve, os verbos e

adjetivos, e no final da lição você criará uma nova moral da fábula e fará a sua

própria produção de texto.

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Está aí um tipo de narrativa que faz a gente pensar, não permite que

fiquemos quietos, nos provoca a pôr a boca no mundo e nos convida ao debate.

Viajaremos pelo velho e pelo novo desde os mais remotos tempos na antiga

Grécia, com as fábulas clássicas até os dias atuais com as fábulas modernas, as

fábulas têm mais de mil anos de existência apresentadas em formas criativas,

engraçadas , inovadoras. Assim veremos que há muito que aprender, pois

repensando esse tipo de texto descobre-se que tudo continua muito atual, como se

tivesse sido escrito ainda agorinha.

Conhecendo um pouco mais sobre Fábulas As fábulas têm mais de mil anos de existência

Há muitos e muitos anos, o homem começou a contar histórias de todos os

tipos... Umas que explicavam as coisas da natureza, outras que falavam de suas

viagens, sua vida, seus desejos... Umas com fadas e seres mágicos, outras com

animais ou objetos com qualidades humanas...

A fábula é um desses tipos de história de que estamos falando e são

contadas há mais ou menos 2.800 anos. Geralmente, elas apresentam uma cena,

vivida por animais, plantas ou objetos que falam e agem como se fossem gente.

Elas são contadas ou escritas para dar um conselho, para alertar sobre algo que

pode acontecer na vida real, para transmitir algum ensinamento, para fazer

alguma crítica, uma ironia etc. Por isso, muitas vezes, no finalzinho das

fábulas, isto é, quando a história acaba, aparece uma frase destacada, que

costumamos chamar de moral da história. A maioria dessas histórias trata de

certas atitudes humanas, como a disputa entre fortes e fracos, a esperteza de

alguns, a ganância, a gratidão, o ser bondoso, o não ser tolo etc. Esses são

alguns dos temas das fábulas.

As fábulas são tão antigas quanto as conversas dos homens. Como

foram passadas de boca em boca pelo povo, não sabemos quem as criou. De

qualquer forma, conhecemos algumas fábulas que foram escritas no século

VIII antes de Cristo, ou a.C.). Sabemos também que fábulas muito antigas, do

Oriente, foram difundidas na Grécia no século VI a.C., há 2.600 anos, por um

escravo chamado Esopo. Nos anos que se seguiram, elas continuaram a ser

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contadas e foram também escritas. Mais tarde, nos anos de 1600 (século

XVII), o escritor francês Jean de La Fontaine, um nome muito importante no

mundo das fábulas, reescreveu e adaptou as fábulas de Esopo, além de criar

novas histórias.

Muitos outros escritores escreveram fábulas no mundo inteiro. No Brasil

um dos escritores mais importantes que reescreveu antigas fábulas e criou

novas foi Monteiro Lobato. Seus primeiros livros dirigidos às crianças foram

publicados em 1921, portanto, no século XX.

Algumas associações entre animais e características humanas, feitas pelas

fábulas, mantiveram-se fixas em várias histórias e permanecem até os dias de hoje.

Águia: força, argúcia, inteligência.

Burro: estupidez, ingenuidade.

Cão: fidelidade, proteção, amizade.

Cavalo: inteligência, fidelidade.

Coelho: fecundidade

Cordeiro: ingenuidade, inocência.

Formiga: operosidade, trabalhadora, organização.

Leão: força, majestade, prepotência.

Lobo: maldade, prepotência, dominação do mais forte, ferocidade, traição.

PRINCIPAIS FABULISTAS E A ÉPOCA EM QUE VIVERAM

Todas as histórias são produzidas de acordo com o que as pessoas de

uma determinada época pensam obre a sua sociedade, sobre o mundo e

sobre o modo como vivem. Por meio da leitura e do estudo dessas histórias,

podemos conhecer um pouco os valores dessas sociedades, ou seja, aquilo

que as pessoas acreditavam ser o melhor modo de agir para viver em

sociedade.

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Sobre o autor

ESOPO

Nasceu na Grécia, no século VI antes de Cristo. Até hoje, o seu nome e a

história de sua vida são cercadas de mistério. Dizem as lendas que era corcunda,

gago e dono de uma rara inteligência. Contava histórias simples e divertidas, com

lições moralistas, utilizando os mais variados animais como personagens. Uma

biografia egípcia conta que Esopo foi vendido como escravo a um filósofo que,

admirado com o seu talento, lhe concedeu a liberdade.

Esopo não deixou nada escrito: as fábulas que lhe são atribuídas pela

tradição foram recolhidas pela primeira vez por Demétrio de Falera, por volta de 325

a.C.. Antes do advento da impressão, as fábulas de Esopo eram ilustradas em

louça, em manuscritos e até em tecidos.

Discute-se a sua existência real, assim como acontece com Homero. Levanta-

se a possibilidade de sua obra ser uma compilação de fábulas ditadas pela

sabedoria popular da antiga Grécia. Seja lá como for, o que realmente importante é

a imortalidade da obra a ele atribuída.

JEAN DE LA FONTAINE

Ao francês Jean La Fontaine (1621/1695) coube o mérito de dar a forma

definitiva a uma das espécies literárias mais resistentes ao desgaste dos tempos: a

fábula, introduzindo-a definitivamente na literatura ocidental. Embora tenha escrito

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originalmente para adultos, La Fontaine tem sido leitura obrigatória para crianças de

todo mundo.

Jean de La Fontaine viveu no século XVII. Filho de burgueses teve o apoio da

nobreza para se dedicar à literatura. Escreveu poesias e adaptações de comédias.

Porém, foram as fábulas, escritas em versos e reunidas em doze livros, publicados

entre 1668 e 1694, que o tornaram conhecido no mundo inteiro.

Graças a uma apurada sensibilidade para mesclar imagens poéticas e de humor, as

fábulas de Esopo ganharam vida nova com La Fontaine. Tornaram-se verdadeiros

retratos da sociedade, com seus vícios, diferenças sociais e problemas.

O sucesso da obra garantiu a La Fontaine uma cadeira na Academia

Francesa de Letras. O "poeta da França" morreu em Paris, em 1695.

MONTEIRO LOBATO (1882–1948)

Você já ouviu falar de Monteiro Lobato? Vamos contar algo sobre ele. José

Bento Marcondes Monteiro Lobato foi um escritor brasileiro que escreveu tanto para

adultos como para crianças, por volta dos anos 1920-1940. Suas histórias infantis,

porém, é que o tornaram famoso. Quem não conhece a turma do Sítio de Picapau

Amarelo? Pois é. Foi Monteiro Lobato quem criou as personagens Narizinho,

Pedrinho, Emília, Visconde de Sabugosa,Tia Nastácia e Dona Benta.

Entre muitos outros, ele escreveu um livro chamado Fábulas, no qual recria e

reconta fábulas de Esopo, de La Fontaine, além de contar suas próprias fábulas.

Nele, a turma do sitio está presente, fazendo comentários sobre as fábulas.

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Como vimos as fábulas não eram dirigidas às crianças. Antigamente, adultos

e crianças ouviam histórias juntos e não havia a separação entre história para

criança e história para adulto.

Foi no tempo em que La Fontaine viveu que começou a separação entre

mundo infantil e mundo adulto, e as crianças passaram a ser preparadas para se

tornar adultos melhores. Por isso muitas histórias contadas/escritas inicialmente para

adultos começaram a ser adaptadas para as crianças, isto é, contadas de outro jeito,

retirando delas os elementos violentos e os aspectos considerados nocivos para a

educação.

A expressão gênero textual refere-se aos textos materializados que

encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-

comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição

característicos.

A língua em foco Enunciação: Ato individual de utilização da língua pelo falante, ao produzir um

enunciado num dado contexto comunicativo. Enunciado: Frase parte de um discurso (oral ou escrito) em associação com o

contexto em que é enunciado; segmento da cadeia falada produzida por um falante

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numa determinada língua que é delimitado por certas marcas formais: de entonação,

de pausas (expressão oral), de pontuação (expressão escrita) [O conjunto dos

enunciados constitui o corpus utilizado para a descrição e a análise de uma língua.] Enunciador: quem enuncia/ produz o enunciado.

Enunciatário: a quem é dirigido o enunciado/a enunciação.

Texto: é um enunciado ou um conjunto de enunciados, verbais ou não verbais, que

apresenta unidade de sentido.

Discurso: é o processo comunicativo capaz de construir sentido. Além dos

enunciados, envolve também os elementos do contexto (quem são os interlocutores,

que imagem um tem do outro, em que momento e lugar ocorre a interação, com que

finalidade, etc.). Quem fala, o que fala, com quem se fala, com que finalidade.

Intencionalidade discursiva: são intenções, implícitas ou explicitas existentes no

discurso. Então para falar e escrever ou para ouvir e ler bem os textos produzidos

numa língua é necessário não apenas entender o que é dito, mas também perceber

a intenção de quem fala, notando o que está implícito no que é dito ou na situação

de comunicação.

Gêneros do discurso: são textos que circulam em determinadas esferas de

atividades humanas e que, com pequenas variações, apresentam tema, estrutura e

linguagem semelhantes. Por exemplo, textos como carta pessoal, e-mail,

requerimento, entrevista, histórias em quadrinhos, debate, conto, fábulas, receitas,

etc.

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1º) Construção simbólica do enredo, em que os animais agem, sentem e pensam ( a

história o que aconteceu).

2º) A história é sintetizada numa linha moral. Essa linha moral geralmente reproduz

um provérbio ou um ditado popular. Esta é uma característica pela qual a fábula

revela sua vocação à tradição oral, principalmente por conservar um aspecto

marcante dessa cultura: o anonimato. (a moral o significado da história)

ELEMENTOS DA NARRATIVA

A narração é um modo de organização de texto cujo conteúdo está

organizado às ações ou aos acontecimentos contados por um narrador.

Para construir esse tipo de texto, é preciso explorar os elementos da

narrativa: enredo, personagem, espaço, tempo e narrador.

Enredo (enunciação/enunciado) é o conjunto de fatos de uma história. O

enredo da narrativa é a história em si, a trama, os acontecimentos.

Personagem é um ser fictício que é responsável pelo desenvolvimento do

enredo.

Espaço é o lugar onde se passa a ação numa narrativa.

Tempo constitui o pano de fundo para o enredo. A época da história nem

sempre coincide com o tempo real em que foi publicada ou escrita. Uma

narrativa pode apresentar um enredo: linear – quando os fatos vão se

desenrolando um depois do outro, em ordem cronológica de tempo – ou um

enredo não linear – quando a história começa e é interrompida por uma volta

ao passado para algo ser lembrado, é o que chamamos de flash-back, muito

comum em filmes.

Narrador é o elemento estruturador da história. Há dois tipos de narrador

identificados, à primeira vista, pelo pronome pessoal usado na narração: 1ª ou

3ª pessoa do singular.

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1ª pessoa/narrador personagem: é aquele que

participa diretamente do enredo como qualquer personagem, portanto tem seu

campo de visão limitado. 3ª pessoa: é o narrador que está fora dos fatos narrados, é

conhecido pelo nome de narrador observador.

OBSERVAÇÃO: em uma narrativa, só admite-se a presença de um tipo de

narrador, ou em 1ª ou em 3ª pessoa, jamais um texto apresentará os dois ao mesmo

tempo.

Vamos conhecer um episódio da época de La Fontaine.

Leia com atenção.

Contam que La Fontaine era muito amigo do senhor Nicolas Fouquet. Fiel e dedicado ao rei da França, Luís XlV, Fouquet era Superintendente das Finanças, cargo subordinado ao Ministro das Finanças, senhor Jean Colbert. Colbert fez de tudo para afastar Fouquet do cargo, conseguindo, por fim,prendê-lo injustamente e sem direito a defesa. La Fontaine protestou em favor do amigo, publicando uma fábula muito lida nos salões frequentados pela nobreza. (FERNANDES, M.T.O.S., 2001.p.29)

Escolha entre as fábulas a seguir, contadas por La Fontaine, aquela que você

acha representar melhor a situação descrita.

A RÃ E O RATO Tal como diz Merlim, a si próprio se engana quem pensa o próximo enganar. Trata-se de verdade antiga e mais que humana, pois também se pode aplicar aos animais, conforme mostro neste conto. Um rato bem nutrido, muito gordo, a ponto de estourar, pois jamais cuidara de jejuar, saiu a espairecer. Foi a um brejo e, de pronto, abordou-o uma rã, fazendo esta proposta:

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_ “Vem até minha casa e um banquete hás de ter." O rato aceitou com prazer, mas a rã prosseguiu, pois estava disposta a falar: _ "Que delícia de banho! E vais ver panoramas fantásticos, coisas curiosas, raridades sem fim, plantas maravilhosas. Vais ter o que contar, um dia, a teus netinhos, sobre' as leis e os costumes desses teus vizinhos. Certa estou de que irás regressar amiúde ao palude." Prestes a mergulhar, hesita o rato: impede-o um pequeno detalhe: não nadava bem. A rã, porém, inventa excelente remédio: prende a pata do rato, e sua pata, também, num talo de junco bem forte, e assim sai a puxá-lo. Por falta de sorte do rato, a rã queria era tirar-lhe a vida. Sem consideração ao direito das gentes, havia planejado trincá-lo entre os dentes (carne de rato gordo: a sua preferida); só bastava puxá-lo ao fundo da lagoa. Clama aos céus o infeliz, enquanto a rã caçoa. O rato se debate. A batalha é renhida. Há rebuliço e guinchos. Um milhafre passa, em sua aérea ronda, à procura de caça. Enxerga a confusão e investe velozmente contra o rato - e que presente: agarra a rã, juntamente! Não há de que se queixar. Quanta sorte! Que surpresa! Vai ter carne no jantar e peixe, de sobremesa! Não há vantagem alguma Em agir como embusteiro, Pois o feitiço costuma Virar contra o feiticeiro (LA FONTAINE, 1989, p.261)

O LOBO E O CORDEIRO A razão do mais forte é a que vence ao final (nem sempre o Bem derrota o Mal). Um cordeiro a sede matava nas águas limpas de um regato. Eis que se avista um lobo que por lá passava em forçado jejum, aventureiro inato, e lhe diz irritado: - "Que ousadia a tua, de. turvar, em pleno dia, a água que bebo! Hei de castigar-te!" _ "Majestade, permiti-me um aparte" diz o cordeiro. - "Vede que estou matando a sede, água a jusante, bem uns vinte passos adiante de onde vos encontrais. Assim, por conseguinte, para mim seria impossível. cometer tão grosseiro acinte." _ "Mas turva, e ainda mais horrível foi que falaste mal de mim no ano passado." _ "Mas como poderia" - pergunta assustado o cordeiro -, "se eu não era nascido?"

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_ "Ah, não? Então deve ter sido teu irmão." __ "Peço-vos perdão mais uma vez, mas deve ser engano, pois eu não tenho mano." _ "Então, algum parente: teus tios, teus pais ... Cordeiros, cães, pastores, vós não me poupais; por isso, hei de vingar-me" _ e o leva até o recesso da mata, onde o esquarteja e come sem processo. (LA FONTAINE, 1989, p.99)

A RAPOSA E A CEGONHA A Comadre Raposa, apesar de mesquinha, tinha lá seus momentos de delicadeza. Num dos tais, convidou a cegonha, vizinha, a partilhar da sua mesa. Constava a refeição de um caldo muito ralo, servido em prato raso. Não pôde prová-Io a cegonha, por causa do bico comprido. A raposa, em segundos, havia lambido todo o caldo. Querendo desforrar-se da raposa, a comadre um dia a convidou para um jantar. Ela aceitou com deleite do qual não fez disfarce. Na hora marcada, chegou à casa da anfitriã. Esta, com caprichoso afã, pedindo desculpas pelo transtorno, solicitou ajuda pra tirar do forno a carne, cujo cheiro enchia o ar. A raposa, gulosa, espiou o cozido: era carne moída - e a fome à apertar! Eis que a cegonha vira, num vaso comprido e de gargalo fino à beça, todo o conteúdo da travessa! O bico de uma entrava facilmente, mas o focinho da outra era bem diferente; assim, rabo entre as pernas, a correr, foi-se a raposa. Espertalhão, atente: quem hoje planta, amanhã vai colher! (LA FONTAINE, 1989, p.117)

As fábulas que você acabou de ler foram escritas por La Fontaine em versos.

Escolha uma das fábulas acima. Você deverá fazer uma adaptação escrevendo-a

em prosa. Preste atenção na organização do texto e as características do gênero

textual “fábula”.

Qual é a moral da história? Comente-a.

Formule uma situação que ocorra no mundo real baseando-se na fábula “O lobo

e o cordeiro”.

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O RATO E A RÃ

Um rato da terra, para sua infelicidade, tornou-se amigo de uma rã.

E a rã, premeditadamente, acorrentou a pata do rato à própria pata. “Primeiro foram comer trigo na terra e, depois de se aproximarem da margem de uma lagoa, a rã jogou o rato no fundo da água, enquanto ela própria ficou brincando na água, gritando:” brekekekecs!”.E o infeliz rato afogou-se e morreu, mas continuava emergindo, por estar preso à pata da rã. Um milhafre (gavião),ao ver isso, pegou o rato com suas garras. Mas a rã, presa pela corrente, seguiu-o e tornou-se ela também alimento para o milhafre.

MORALIDADE: Raramente os maus triunfam: se conseguem prejudicar os bons que neles se fiam, acham logo outro mau que os castiga.

(ESOPO, Tradução de Neide Smolka, p.138)

O FRANGO, O GATO E O CAMUNDONGO Um jovem camundongo, sem experiência, quase comete uma imprudência, - conforme achou a mãe, ouvindo o seu relato: - "Quando eu transpus os montes das nossas fronteiras e entrei nas terras estrangeiras para aprender como age um rato, logo avistei dois seres de aspecto curioso. O primeiro, com um ar bondoso; o segundo, agressivo, de cara fechada, tendo uma voz esganiçada, uma coroa rubra e mole, e um braço estranho, que abre e fecha qual um fole. Em vez de cauda, esse animal tinha um penacho colossal!” O tenebroso monstro que ele descrevia, tão estranho que parecia provir da América, era um frango, tão somente. - "Ele batia os braços nos flancos, fazendo um alarido tão horrendo, que eu, mesmo sendo um rato intrépido e valente, pus-me a correr, cheio de medo, sem querer revê-lo tão cedo. Por causa disto é que não pude entabular conversa com o outro animal que, no seu aspecto geral, lembrava a nossa raça, em corpo e atitude: peludo, marchetado, cauda longa e aspecto de animal calmo e circunspecto, meigo, discreto, de olhos verdes e brilhantes.

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Já ia falar-lhe, mas antes de ter dado dois passos, o estridente grito do monstro me pôs a correr." - "Meu filho" - diz a mãe -, "esse animal bonito, de tão distinto parecer, escuta bem o que te digo: é o nosso maior inimigo! O outro animal, de má aparência, nada nos faz. Numa emergência, pode até nos servir de boa refeição. Mas, para os gatos, somos iguaria rara. Por isto, guarda esta lição: não julgues ninguém pela cara." (LA FONTAINE,1989,p.361)

O CÃO E O OSSO Um dia, um cão ia atravessando uma ponte, carregando um osso na

boca. Olhando para baixo, viu sua própria imagem refletida na água.

Pensando ver outro cão, cobiçou-lhe logo o osso e pôs-se a latir. Mal, porém, abriu a boca, seu próprio osso caiu na água e se perdeu para sempre.

A fábula é própria para o homem ambicioso. (ESOPO, Trad. Neide Smolka, p.105).

1) Vimos três textos com mensagens e lições de vida. Tendo presentes tais histórias, com quais das afirmações abaixo você concorda?

a. São pequenas histórias em que predominam os animais como personagens.

b. Os animais falam, cometem erros, são sábios ou tolos, bons ou maus.

c. Essas histórias têm um objetivo, um ensinamento.

d. Os animais agem como se fossem pessoas.

e. A intenção de tais narrativas é mostrar como os homens podem e devem agir.

f. Podem ser contadas tanto para crianças como para adultos.

g. A moral da história pode ser usada independentemente, como um provérbio.

h. Podemos chamar tais narrativas de fábulas. (Na dúvida, consulte o glossário.)

i. São contos de moral idade popular, uma lição de inteligência, de justiça, de

esperteza...

j. Certas histórias são retratos de pessoas.

k. Não são lições de história natural, mas de moral.

l. Estas histórias foram sendo formadas pela imaginação das pessoas.

m. Podemos considerar tais narrações como indiretas às pessoas.

n. A maioria mostra que o mundo é dos fortes e que a esperteza é o único meio de

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derrotar a força.

Você deve ter observado que todas estão corretas. Resuma todas as afirmações anteriores numa frase, respondendo à Pergunta.

O que é uma fábula?

2) Escolha, entre os provérbios abaixo ,aquele(s) que poderia(m) traduzir a moral da fábula O CÃO E O OSSO.

( ) Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. ( ) Quem muito quer, nada tem. ( ) Amor com amor de paga. ( ) Quem desdenha quer comprar. ( ) Mais vale um pássaro na Mao do que dois voando.

Quem conta ou escreve uma fábula tem alguma intenção, seja de ensinar,

aconselhar, convencer, divertir ou criticar.

Uma mesma história pode ser contada ou escrita de muitos modos diferentes:

é o que chamamos de versão.

Os fabulistas podem contar uma mesma história para pessoas diferentes,

num tempo diferente, de um modo diferente e com intenções também diferentes.

Vamos analisar essas informações com a fábula A galinha dos ovos de ouro.

Os textos 1,2 e 3 estão na íntegra, isto é, não falta uma palavra, e são de

Esopo, Jean de La Fontaine, Monteiro Lobato e Ruth Rocha. O texto 4 versão de

Millôr Fernandes são trechos da recriação da fábula.

Uma pessoa tinha uma galinha que punha ovos de ouro.Crendo que

ela tinha dentro do ventre um monte de ouro, matou-a e viu que ela era igual às outras galinhas. Na esperança de encontrar riqueza de uma só vez, ficou privado até de um pequeno ganho.

Moral: Deve-se ficar contente com o que se tem e evitar a

cobiça insaciável. (ESOPO, Tradução Neide Smolka,1994,p.287)

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:

1. Os donos da Galinha eram pessoas ricas e poderosas?

2. Que tipo de benefício proporcionava a Galinha todos os dias para seus donos?

3. Por que aquelas pessoas resolveram sacrificar a Galinha? Elas lucraram com isso?

4. Você é capaz de dizer qual o sentimento que serviu de motivação para que sacrificassem o animal?

5. Você seria capaz de descrever, com suas palavras, o significado da Moral da Fábula?

A cobiça excessiva põe tudo a perder. Para o provar, vou recorrer à conhecida fábula de uma galinha que apenas botava ovos de ouro. Seu corpo deveria conter um tesouro. Querendo ver o que ela lá dentro continha, seu dono a degolou e, abrindo-a, constatou que ela era igual às outras - e o sonho acabou Bela lição para os tratantes que só desejam lucro fácil e polpudo: de uma hora para outra podem perder tudo ficando mais pobres do que antes. (LA FONTAINE, 1989, p.329)

Estrutura do texto:

Narrativa escrita em verso narrador personagem: “vou recorrer...”

Usa o discurso indireto em sua narrativa;

Citação do tempo:

MORAL: sem moral

Personagens: - Dono da galinha, ambicioso ,sonhador ,desejoso de lucro fácil e rápido, curioso,

pobre.

-galinha – ave, bota ovos de ouro, objeto de ganho rápido e fácil, morreu degolada

Figurativas: dono da galinha, galinha, morte da galinha, continuar pobre, ovos de ouro.

Temáticas: impaciência do dono, decepção, ”ovos de ouro” tema= objeto de ganho rápido e fácil

proporcionando vida farta e rica.

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João Impaciente descobriu no quintal uma galinha que punha ovos de ouro. Mas um por semana apenas. Louco de alegria, disse à mulher:

- Estamos ricos! Esta galinha traz um tesouro no ovário. Mato-a e fico o mandão aqui das redondezas.

- Por que matá-la, se conservando-a você obtém um ovo de ouro de sete em sete dias?

_ Não fosse eu João Impaciente! Quer que me satisfaça com um ovo por semana quando posso

conseguir a ninhada inteira num momento? E matou a galinha. Dentro dela só havia tripas, como nas galinhas comuns, e João

Impaciente, logrado, continuou a marcar passo a vida inteira, morrendo sem vintém.

Quem não sabe esperar, pobre há de acabar. (LOBATO,1994, p.49)

Era uma vez um homem que tinha uma Galinha. Subitamente, em dia inesperado, a Galinha pôs um ovo de ouro. Ouro! Outro dia, outro ovo. Outro ovo de ouro! O homem mal podia dormir. Esperava todas as manhãs pelo ovo de ouro - clara, gema, gala, tudo de ouro! - que o tirava da miséria aos poucos, e aos poucos o ia guindando ao miIionarísmo . O fato, que antigamente poderia passar despercebido, na data de hoje atraía verdadeiras multidões. E não só multidões Rádios, jornais, televisão, tudo entrevistava o homem, pedindo-lhe impressões, querendo receber detalhes de como acontecera o espantoso acontecimento...

MORAL: CRIA GALINHAS E DEITA-TE NO NINHO.

(FERNANDES, M., 1976, p.98)

Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Era uma galinha como as outras. Um dia a galinha botou um ovo de ouro. O homem ficou contente. Chamou a mulher: - Olha o ovo que a galinha botou. A mulher ficou contente: – Vamos ficar ricos! E a mulher começou a tratar bem da galinha. Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha. Dava pão-de-ló, dava até sorvete. E a galinha todos os dias botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse: - Pra que este luxo todo com a galinha? Nunca vi galinha comer pão-de-ló… Muito menos sorvete! Vai que a mulher falou: - É, mas esta é diferente. Ela bota ovos de ouro! O marido não quis conversa: - Acaba com isso, mulher. Galinha come é farelo. Aí a mulher disse:

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- E se ela não botar mais ovos de ouro? - Bota sim! – o marido respondeu. A mulher todos os dias dava farelo à galinha. E a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse: - Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão! A galinha pode muito bem comer milho. - E se ela não botar mais ovos de ouro? - Bota sim. – respondeu o marido. Aí a mulher começou a dar milho pra galinha. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse: - Pra que este luxo de dar milho pra galinha? Ela que cate o de-comer no quintal! - E se ela não botar mais ovos de ouro? - Bota sim – o marido falou. E a mulher soltou a galinha no quintal. Ela catava sozinha a comida dela. Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Um dia a galinha encontrou o portão aberto. Foi embora e não voltou mais. Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa casa onde tratam dela a pão-de-ló.(ROCHA,1984,p.14-9)

Um patrão ganancioso tem um empregado que trabalha muito bem e lhe dá muito

lucro.

Ele fica muito feliz com isso, mas não faz nada para melhorar a condição do

empregado, para não diminuir seu lucro.

Com o passar do tempo, o patrão acha que o custo do empregado ainda está alto,

devendo diminuí-lo, não obstante o bom trabalho que recebe.

Um dia, o empregado tem oportunidade de ir trabalhar em um lugar onde terá

melhores condições de trabalho e melhor remuneração.

Então, não perde a oportunidade, vai para onde poderá viver melhor.

26

Vamos discutir sobre o papel que as personagens do texto

"A Galinha dos Ovos de Ouro" podem representar em nossa sociedade atual.

Há alguma relação de identificação entre as personagens e as pessoas que

vocês conhecem em seu país, em sua cidade, em seu bairro?

Em grupos formados por 3 alunos respondam, por escrito, no caderno, as

questões propostas abaixo. Cada grupo elegerá um representante para apresentar

as respostas formuladas pelo grupo.

1. O que o texto nos conta? Esta história pode acontecer no nosso cotidiano? Por

quê?

2. As personagens da fábula não são identificadas por um nome. Comente este

recurso discursivo.

3. Qual é o primeiro fato que acontece e que desencadeia outras situações vividas

pelos personagens?

4. O homem e a mulher agem da mesma forma com a galinha? Justifique a sua

resposta.

5. Pode-se dizer que o homem estabelece uma relação de exploração, isto é, quer

obter mais lucro com poucos gastos. Com isto é mostrado no texto?

6. A mulher se preocupava com o bem estar da galinha, alimentando-a bem?

Comente a sua resposta.

7. A relação de submissão é representada no texto através de quais personagens?

Explique a sua resposta.

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8. Qual é o clímax e o desfecho da história?

9. O que se pode aprender ao ler esta história?

10. Elementos da narrativa O que representa

a. A Galinha

b. O Homem

c. A Mulher

d. Botar ovos

e. Ovos de ouro

f. Pão-de-ló, mingau, sorvete

g. Milho

h. Farelo

i. Portão aberto

11. Por que a Galinha foi embora?

12. Podemos dizer que a galinha foi ingrata por que abandonou os seus donos?

13. Com base na leitura do texto, escreva uma lição de moral ou o que você

aprendeu ao ler história pode nos transmitir.

14. A avareza é representa nesta história através de qual personagem? Comprove a

sua resposta com base no texto 5.

15. A atitude de conformismo é representada no texto? Como?

16. Explique o uso do discurso direto no texto.

17. Apresente o tipo de narrador da história e explique por que a autora escolheu

este recurso discursivo.

18. A história narrada focaliza aspectos comuns das relações humanas.

Exemplifique esta afirmativa a partir de um exemplo de situação ou de

um acontecimento que você tenha vivido ou presenciado.

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Questão 1

Todos os dias a galinha bota um ovo de ouro. Botar ovos é o seu trabalho. O ovo de

ouro é o produto do seu trabalho. No entanto ele não pertence a galinha, mas ao

dono, que, ao fim de um certo período, estará rico. Qual o tema que se pode extrair

dessas figuras?

Questão 2

Em troca do ovo de ouro (produto de seu trabalho), a dona dá sucessivamente a

galinha: mingau, pão-de-ló e sorvete, farelo, milho. No final, não lhe dá nada. A

galinha tem de catar o de comer no quintal. O que significa as figuras mingau, pão-

de-ló, etc., considerando que elas constituem o que se recebe para produzir ovos de

ouro?

Questão 3

As figuras mingau, sorvete, etc., mostram que a retribuição à galinha é cada vez

menor, enquanto o fruto de seu trabalho permanece constante (todos os dias bota

um ovo de ouro). Como gasta cada vez menos com a galinha, o homem vai ficar

mais rico. Qual o tema que aparece sob essas figuras?

Questão 4

A mulher estava preocupada com o bem-estar da galinha quando a tratava com

mingau, sorvete e pão-de-ló ? Aponte no texto uma frase que justifica sua resposta.

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Questão 5 Nas fábulas, algumas características aparecem repetidas frequentemente

determinando uma organização e um estilo próprios para esse gênero. Circule a

letra que corresponda às características desse tipo de texto:

a. Inicia-se sempre com era uma vez;

b. São pequenas histórias em que predominam os animais como personagens;

c. Propõe a solução de enigmas, crimes ou mistérios;

d. Os animais agem como se fossem pessoas: falam, cometem erros, são

sábios ou tolos, bons ou maus;

e. Iniciam-se com um local, data e vocativo. Finalizam-se com saudação

de despedida;

f. O herói ou heroína sempre se sai bem no final;

g. É comum aparecer diálogos entre animais;

h. Presença de seres ou objetos mágicos;

i. Essas histórias terminam com uma moral, um ensinamento;

j. São oferecidas pistas que podem ajudar a solucionar um enigma;

k. Há uma comparação nas fábulas entre animais e qualidades ou defeitos próprios

dos seres humanos. Exemplo: raposa/esperteza, formiga/trabalho, leão/sabedoria.

l. As histórias se passam em castelos, com príncipes, bruxas e fadas.

m. São narrativas curtas que tratam de certas atitudes humanas como a disputa

entre fortes e fracos, a esperteza e a lerdeza, a ganância e a bondade, a gratidão e

a avareza;

n. Podem ser vistas como um excelente exercício de reflexão do comportamento

humano e não com formas de passar “verdades” imutáveis.

Como vimos anteriormente, quem conta ou escreve uma fábula tem alguma

intenção, seja de ensinar, aconselhar, convencer, divertir ou criticar.

Além disso, uma mesma fábula pode ser contada ou escrita de muitos modos

diferentes; é o que chamamos de versão.

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Vamos conferir essas informações trabalhando com a fábula A cigarra e a

formiga.

Tomamos o fato de existir um enunciador, sendo a maneira de o narrador

criar no texto os efeitos de subjetividade e aproximação. Embora saibamos que o

enunciador pode ser ao mesmo tempo o narrador e também autor.

Enquanto for lendo, preste atenção nas semelhanças e nas diferenças e nas

diferentes intenções que parecem estar por trás de cada fábula.

No inverno, as formigas estavam fazendo secar grão molhado,

quando uma cigarra, faminta, lhes pediu algo para comer. “As formigas lhe disseram:” Por que, no verão, não reservaste também o teu alimento? A cigarra respondeu: ”Não tinha tempo, pois cantava melodiosamente”. E as formigas, rindo, disseram: ”Pois bem, se cantavas no verão dança agora no inverno”.

A fábula mostra que não se deve negligenciar em nenhum trabalho, para evitar tristezas e perigos. (ESOPO. Tradução Neide Smolka, 1994, p.181)

Análise do texto 1: “A cigarra e a formiga” de Esopo Estrutura do texto: - Narrativa escrita em prosa;

- Usa o discurso direto em sua narrativa;

Uso das aspas para indicar a fala das personagens;

Citação do tempo: inverno e verão.

MORAL: Passa-nos o sentimento de aversão por quem não é prudente, que não faz

provisões para o dia de amanhã.

Nesse século, os músicos não eram reconhecidos como profissionais, e sim como vadios que não

mereciam nenhuma consideração. Portanto, não havia remuneração para quem cantava e a cigarra

não fazia outra coisa, a não ser cantar.

Personagens:

Formiga:- Previdente; Impiedosa; Irônica; Ri daqueles que são imprudentes; Julga-se superior à

cigarra.

Cigarra: Cantora; - Esfomeada; Humilde.

31

1. Qual era a intenção de Esopo ao contar está fábula?

Fazer as pessoas desistirem de cantar e dançar.

Aconselhar as pessoas a fazer o que é importante para as mesmas, senão,

podem se ver em apuros depois.

Convencer as pessoas de que não se deve ser egoísta.

2. Que trecho da fábula ajudou você a assinalar a resposta do exercício 1 ?

3. Pelo que você entendeu da leitura dessa fábula, quais seriam as características

principais da cigarra e da formiga? 4. Você acha que essas características têm alguma relação com o comportamento

real dessas duas espécies de animais? Explique.

5. Qual é a “moral” dessa fábula? Você concorda com ela? Por quê? 6. A cigarra é uma cantora. A formiga faz trabalhos braçais. Pense nas atividades

dessas duas personagens e discuta com os colegas: por que, para o autor dessa

fábula, cantar não seria uma forma de trabalho?

A cigarra, sem pensar em guardar, a cantar passou o verão. Eis que chega o inverno, e então, sem provisão na despensa, como saída, ela pensa em recorrer a uma amiga: sua vizinha, a formiga, pedindo a ela, emprestado, algum grão, qualquer bocado, até o bom tempo voltar. __"Antes de acosto chegar, pode estar certa a Senhora: pago com juros, sem mora." Obsequiosa, certamente, a formiga não seria . __"Que fizeste até outro dia?" perguntou à imprevidente.

__"Eu cantava, sim, Senhora, noite e dia, sem tristeza." __"Tu cantavas? Que beleza! Muito bem: pois dança, agora... “

A cigarra, sem pensar em guardar, a cantar passou o verão. (LA FONTAINE, 1989, p.73)

32

A CIGARRA E AS FORMIGAS

Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé

dum formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.

Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.

A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.

Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu - tique, tique, tique...

Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.

- Que quer? - perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.

- Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu... A formiga olhou-a de alto a baixo. - E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa? A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso

de tosse. - Eu cantava, bem sabe... - Ah!... Exclamou a formiga recordando-se. Era você então

quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?

- Isso mesmo, era eu... - Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas

horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo mau tempo.

A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.

Existe neste mundo quem carregue o piano, mas também

quem o toque e alegre o ser humano. (LOBATO, M. 1994, p.7)

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Análise do texto 3: “A formiga boa” de Monteiro Lobato

Estrutura do texto:

Narrativa escrita em prosa;

Usa o discurso direto em sua narrativa;

O autor faz uso de travessão para indicar a fala das personagens;

Citação do tempo: chuvoso/ruim e estiagem/bom;

A linguagem é objetiva e reporta uma fala mais moderna. Personagens:

Formiga:

Abasteceu suas tulhas; Sabe valorizar o chiar da cigarra;

Acolhe a amiga até o mau tempo passar; Vizinha da cigarra;

De bem com a vida; Sensível e solidária.

Cigarra:

Vive a chiar ao pé dum formigueiro; Não constrói a sua casa;

Não abasteceu as tulhas para os dias chuvosos; Sai em busca de abrigo.

Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra e com dureza a repeliu de sua porta. Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com o seu cruel manto de gelo. A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio inteiro, e o inverno veio encontrá-la desprovida de tudo, sem casa onde abrigar-se, nem folhinhas que comesse. Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou - emprestados, notem! - uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de empréstimo, logo que o tempo o permitisse. Mas a formiga era uma usurária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres. - Que fazia você durante o bom tempo? . - Eu ... eu cantava! _ “Cantava? Pois dance agora, vagabunda! – e fechou-lhe a porta no nariz. Resultado: a cigarra ali morreu entanguidinha; e quando voltou a primavera

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o mundo apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usurária morresse, quem daria pela falta dela? Os artistas __ poetas, pintores, músicos __. São as cigarras da humanidade. (LOBATO, M, 1994, p.8)

Análise do texto 4: “A formiga má” de Monteiro Lobato

Estrutura do texto:

Narrativa escrita em prosa;

Introduz o resultado da narrativa no início da fábula;

Usa o discurso direto em sua narrativa, valorizando a fala do narrador;

O autor faz uso do travessão para indicar a fala dos personagens;

Citação do tempo: inverno e verão;

A linguagem é objetiva e reporta uma fala mais moderna.

Personagens: Formiga:

Má e egoísta;

Incompreensiva;

Ataca, reage, demonstra os níveis de seus recalques;

Faz uso de adjetivo pejorativo “vagabunda”.

Cigarra:

Cantava até cansar;

Pobre, sem abrigo;

Pede socorro desesperada à formiga;

Manquitolava com a asa a arrastar; Desprovida de tudo;

Honesta, promete pagar o empréstimo com juros altos.

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Apresentadas as Fábulas, “A Cigarra e a Formiga", com um trabalho

sistematizado, procurando comparar diferentes versões das mesmas. Junto com o

(a) seu (sua) professor (converse com os colegas sobre o seu conteúdo e suas

características).

Reflita sobre os fatos narrados e relacionando-os ao nosso cotidiano, por

meio de questionamentos organizados pelo professor (a).

Em relação à fábula "A Cigarra e a Formiga" comente sobre a valorização do

trabalho e do lazer em nossa sociedade atual e em outros tempos, sobre o espírito

de solidariedade, de companheirismo, o valor das profissões e outros aspectos,

sobre os contextos históricos em que foi produzida.

As atividades propostas deverão relacionar a leitura feita a fatos do dia a dia.

Deverá, ainda, responder, em que medida a lição de moral contida na fábula se

aplica (ou não) ao modo de vida da sociedade contemporânea.

Dando sequência à atividade, será trabalhada a estrutura composicional do

gênero fábula e suas características específicas.

Para tanto, serão organizadas atividades orais e escritas sobre as fábulas escolhidas: “A Cigarra e a Formiga” tais como:

O acontecimento da fábula ocorreu num cenário? Envolveu pessoas? Animais?

O que as personagens (animais) representam? Qual é o objetivo do autor, ao

usar animais na fábula?

Qual o tema, a problemática apresentada na fábula lida;

Quais provérbios fecharam as narrativas? O que eles ensinam?

36

A observação, por parte do aluno, do uso do discurso na fábula: discurso

direto ou indireto?

Composição do enunciado e uso dos recursos: pontuação, travessões, dois

pontos, aspas e sua função neste e em outros contextos;

Narrador, personagens e outros elementos da narrativa;

Todo trabalho tem de ser mecânico e utilitário? Ou conviria criar condições para

realizar criativamente nosso trabalho?

Faça mais uma leitura silenciosa nas quatro fábulas apresentadas. Você estudou

e aprendeu que na construção dos textos vamos encontrar elementos temáticos e

figurativos. Saber distingue-las é muito importante. Podemos dizer, portanto, que há

duas formas de dizer alguma coisa. Analise os textos acima veja quais suas

características:

Fábulas: Figurativas Temáticas Texto 1

Texto 2

Texto 3

Texto 4

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1) Observamos que as diferenças apontadas nas três versões se referem

basicamente quanto à extensão do texto e quanto à escolha das palavras

empregadas. Portanto, responda:

a. Em qual dos textos o fabulista optou por uma forma mais simples e resumida de

escrever, mantendo o sentido original da fábula? Com que propósito?

b. Em qual versão a linguagem empregada se distancia mais do jeito de falar atual?

Dê exemplos de palavras e descubra um sinônimo para elas.

2) Nos textos 2 e 4, temos as seguintes palavras: provisão; obsequiosa,

imprevidente; chiar; faina; manquitolando. Releia as partes dos textos em que

aparecem essas palavras e tente explicar o significado de cada uma delas de acordo

com o texto.

3) Provavelmente, o texto “A formiga boa”, de Monteiro Lobato, agradará mais as

crianças do que o texto de La Fontaine. Isto se deve não apenas ao fato de a

história ter um final feliz. Que outros elementos podemos encontrar no texto de

Monteiro Lobato que podem justificar esta afirmação?

4) Comparando os textos 2 e 3, vemos que o assunto em discussão é o trabalho e

o lazer. O que é valorizado num e noutro texto? Justifique sua resposta.

5) E você, o que pensa sobre o trabalho e o lazer? Como cada um deve ser

encarado em nossa vida?

6) Em “[...] ela pensa em recorrer a uma amiga”, a que palavra dita anteriormente, no

texto 2, o pronome ela se refere? Por que o autor usou este recurso?

38

7) Observe, nos textos 2 e 3, a maneira como cada narrador marca a fala das

personagens. Agora responda: De que maneira essas falas são marcadas num e

noutro texto? Reescreva as falas dos personagens de cada texto, fazendo a

inversão dessas marcas.

8) Agora é um bom momento para confrontar as várias versões (Jean de La

Fontaine, Monteiro Lobato e Millôr Fernandes) da fábula “A cigarra e a formiga” e

analisar o contexto sócio-histórico em que cada versão foi escrita. Suas atitudes, de

modo geral, levam-no a acreditar que você está mais para formiga ou para cigarra?

Por quê?

E

Trabalhar com os valores vivenciados na família e/ou na escola: amizade,

solidariedade, a persistência e outros, e orientar o aluno para que, por exemplo,

produza uma fábula onde possa trabalhar tais temáticas, procurando, digamos

aconselhar o interlocutor a tomar determinadas atitudes. Por exemplo, aproveitando

a temática de “A Cigarra e a Formiga”, poderiam ser trabalhados temas como:

egoísmo, o valor do trabalho, companheirismo e outros, onde a intenção do autor

seria aconselhar alguém sobre o valor da solidariedade e os prejuízos causados

pelo egoísmo. Neste caso, poderiam ser criadas duas personagens: Ambas

realizariam determinada tarefa, mas uma das personagens deixaria de ajudar a

outra e, futuramente, ela precisaria do auxílio da outra a quem negara ajuda, um dia.

Ao integrar-se com os colegas e com os enunciados lidos e discutidos

construir a sua fábula, chegando às suas conclusões.

Nesta fase, orientado pelo professor, você fará um pequeno roteiro, antes de

redigir o seu rascunho. Enfim, fará um esboço, através de tópicos.

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Assim, a partir dos conhecimentos adquiridos e construídos sobre o gênero

fábula, redigirá a sua narrativa (fábula) levando em consideração alguns tópicos,

podendo, antes, refletir e preencher um roteiro que o leve a:

Pensar e escrever qual será o conteúdo e o tipo de problema que será

focalizado na fábula que criará;

Deixar clara qual é a sua intenção, ao propor a fábula X;

Levantar quantas, quais e como serão as personagens propostas;

Que moral da história resumirá a intenção da fábula proposta;

Criar um narrador que conte o(s) acontecimento(s) como se tivesse visto a(s)

cena(s) que aconteceram na história;

Reler, relembrar as características de o enunciado fabular estudadas;

Reunir as informações e conhecimentos construídos e redigirá o primeiro

rascunho, com poucos parágrafos, observando os sinais de pontuação, bem

como, criando os diálogos e marcando as falas das personagens com aspas

ou parágrafos e travessões;

Lembrar que a resolução do problema proposto deverá estar de acordo com a

intenção e com a moral da história;

Lembrar que a moral da história deverá estar articulada de modo explicativo

ou por intermédio de um provérbio (pode-se inclusive, pesquisar provérbios

na bíblia ou citar provérbios populares);

Criar um título para a sua produção;

Fazer uma revisão, uma leitura da sua produção escrita;

Como produtor, conferir se a sua produção está ou não bem elaborada. Para

tanto, seguirá um roteiro de avaliação e marcará um X ao lado de cada item

citado no roteiro de avaliação.

E, como sugestão, citamos a seguir, um modelo de roteiro, elaborado por

Mônica Terezinha Ottoboni Sucar Fernandes, em sua obra “Trabalhando com os

gêneros do discurso – narrar: fábula”, que poderá ser utilizado.

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Você sabe que o seu trabalho ainda não terminou. Como todo escritor, você

vai conferir se a sua obra está bem elaborada, antes de entregar para o editor, no

caso, o (a) seu (sua) professor (a).

Para isso, você criou o roteiro de avaliação abaixo. Marque um X ao lado de

cada item e veja se necessário mudar alguma coisa:

De acordo.

Preciso melhorar.

1. As personagens da história são típicas de uma fábula?

2. O tempo da história é indeterminado como nas fabulas?

3. Na situação criada, as atitudes das personagens podem ser

comparadas com atitudes humanas?

4. A resolução está combinando com a sua intenção e com a moral da

história?

5. A moral da história combina com a fábula e com a sua intenção?

6. Você reuniu varias informações em poucas orações, usando sinais de

pontuação?

7. Não há repetição da palavra e para unir as informações?

8. O narrador conta o que aconteceu como se tivesse visto a cena?

9. As falas das personagens aprecem sinalizadas com aspas ou

parágrafo e travessão?

10. Não há repetição de palavras para indicar as personagens?

Escreva aqui as palavras de que você tem dúvidas quanto à ortografia. Para ter certeza de como essas palavras são escritas, consulte um dicionário ou

pergunte ao (a) seu (sua) professor (a).

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A seguir, com o Roteiro de Avaliação preenchido, você aluno

irá dialogar com um colega e fazer as possíveis mudanças em seu enunciado.

Após, deverá apresentar a versão revisado pelo(s) colega(s) ao professor,

juntamente com o Roteiro de Avaliação para que este comente e sugira as possíveis

alterações, ocorrendo, então a reescrita.

E, para sistematizar a escrita, o professor poderá escolher uma fábula escrita

pelo aluno, digitar, copiar, e, distribuir para a turma e para trabalhar seus aspectos e

seus problemas, para que sirva de exemplo de reestruturação para outros alunos,

facilitando o trabalho pedagógico, ocorrendo no coletivo.

Para tanto, poderá escolher uma produção muito boa e outra que apresente

problemas quanto ao gênero e/ou à análise linguística, tomando o cuidado de ocultar

o nome dos seus autores. Depois da reestruturação coletiva fará o atendimento

individual e auxiliará cada aluno em sua reescrita, verificando os aspectos

particulares da produção escrita do educando.

Quando o professor devolver o rascunho da fábula, com as observações e

apontar as alterações sugeridas, o aluno deverá redigir a versão definitiva.

Uma vez, prontas as versões finais, deverão ser lidas entre os alunos.

Puxa! Acho que terminamos...

Esperamos que você tenha gostado de aprender tantas coisas sobre as

fábulas e queira conhecer muito mais sobre outros gêneros.

Os conhecimentos adquiridos pelo estudo são cada vez mais importante para

a realização de nossos sonhos, ideais, projetos de vida.

Nas olimpíadas da vida, a vitória depende de dedicação, esforço,

entusiasmo e perseverança. Busque e você conseguirá a vitória.

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REFERÊNCIAS: ALVES, Rubem: O escorpião e a rã. 5ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria Semiótica do Texto. São Paulo: Ática,

2005.

BARROS, Diana Luz Pessoa de. Estudos do discurso. In: FIORIN, José Luiz (org.).

Introdução à linguística. II. Princípios de Análise. São Paulo: Contexto, 2003.

BISOGNIN, Tadeu Rossato, Descoberta e Construção: português: 5ª série. São

Paulo: FTD, 1994.

CEREJA, Willian Roberto e MAGALHAES, Cochar Thereza: Português: linguagens: 5ª série. São Paulo: Atual, 2006.

ESOPO. Fábulas Completas. Tradução Neide Smolka. São Paulo: Moderna, 1994.

FERNANDES, Millôr. Fábulas Fabulosas. Rio de Janeiro: Nórdica, 1999.

FERNANDES. Mônica Teresinha Ottoboni Sucar. Trabalhando com os Gêneros do Discurso: Narrar: Fábula. São Paulo: FTD, 2001.

FIORIN, José Luís. Linguagem e Ideologia. São Paulo: Ática, 1995.

_________, José Luiz. Elementos de Análise do Discurso. São Paulo: Contexto,

2006.

FONTAINE, Jean de La. Fábulas Jean de La Fontaine, tradução Milton Amado e

Eugênio Amado. Belo Horizonte: Vila Rica Editoras Reunidas Ltda. 1992.

FURTADO Elsa e CONTANI Miguel L. CARMO Valdyr Oeda do Carmo. Projeto Lendo e Aprendendo. Londrina: Ed. do Projeto, 2005.

GOLDSTEIN Norma e DIAS Marinez. Linguagem e vida, 5ª série. São Paulo: Ática,

1993.

LOBATO, M. Fábulas. São Paulo: Brasiliense, 2004.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da

Educação Básica: Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008.

PLATÃO, F.S e FIORIN, J.L. Para Entender o Texto Leitura e Redação. São

Paulo. Ática, 1995.

ROCHA, Ruth, Enquanto o mundo pega fogo. 2ª Ed. Rio de Janeiro, Nova

Fronteira, 1984.