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| 43 PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO NO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA José Henrique Zamai Acadêmico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais RESUMO O presente artigo se destina a analisar a Lei nº 13.146 de 06 de Julho de 2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência – a partir de conceitos teóricos que definem a viragem de um paradigma médico para um social e segundo a perspectiva de desenvolvimento focada na redução da desigualdade. Partindo da noção de que a pessoa com deficiência deve receber tratamento que lhe maximize a igualdade, promova sua inclusão e vede sua discriminação, o Estatuto da Pessoa com Deficiência demonstra ser uma legislação, do ponto de vista da análise teórica, apta a conduzir a redução das desigualdades e, portanto, firmar um projeto de desenvolvimento adequado ao Estado Democrático de Direito. Palavras-chave: Estatuto da Pessoa com Deficiência. Igualdade. Desenvolvimento. Disability is a human rights issue! I repeat: disability is a human rights issue. Those of us who happen to have a disability are fed up being treated by the society and our fellow citizens as if we did not exist or as if we were aliens from outer José Henrique Zamai

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PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO NO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

José Henrique ZamaiAcadêmico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

RESUMO

O presente artigo se destina a analisar a Lei nº 13.146 de 06 de Julho de 2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência – a partir de conceitos teóricos que definem a viragem de um paradigma médico para um social e segundo a perspectiva de desenvolvimento focada na redução da desigualdade. Partindo da noção de que a pessoa com deficiência deve receber tratamento que lhe maximize a igualdade, promova sua inclusão e vede sua discriminação, o Estatuto da Pessoa com Deficiência demonstra ser uma legislação, do ponto de vista da análise teórica, apta a conduzir a redução das desigualdades e, portanto, firmar um projeto de desenvolvimento adequado ao Estado Democrático de Direito.

Palavras-chave: Estatuto da Pessoa com Deficiência. Igualdade. Desenvolvimento.

“Disability is a human rights issue! I repeat: disability is a human rights issue. Those of us who happen to have a disability are fed up being treated by the society

and our fellow citizens as if we did not exist or as if we were aliens from outer

José Henrique Zamai

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space.We are human beings with equal value, claiming equal rights…If asked, most people, including politicians and other decision makers, agree with us. The problem is that they do not realize the consequences of this principle and

they are not ready to take action accordingly.”(Bengt Lindqvist)1

1. INTRODUÇÃO

A promulgação da Lei nº 13.146 de 06 de Julho de 2015, que instituiu, no âmbito da legislação ordinária, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, traz à tona a necessidade de se rediscutirem e aprofundarem os argumentos passados acerca da condição das pessoas com deficiência no plano jurídico brasileiro e como tal legislação contribui para o desenvolvimento.

A primeira questão que exsurge da temática diz respeito à necessidade de se assegurar às pessoas com deficiência a plena garantia e fruição de seus direitos fundamentais como indivíduos, garantindo maior igualdade de oportunidades e maior liberdade de ação perante a sociedade.

Trata-se de imperativo diante de uma situação de desigualdade que tais cidadãos se encontram, atualmente, perante seus pares sociais, seja por conta da falta de políticas de apoio, pela pouca ou nenhuma visibilidade, pela criação de estereótipos – e seu reforço

1 Embora a epígrafe de um texto não precise ter sua autoria identificada nos moldes de uma citação comum, pois se pressupõe, sempre, que provenha de um autor famoso, esclareço que tal trecho encontra-se em discurso proferido por Bengt Lindqvist, ex-Relator Especial sobre as pessoas com deficiência da ONU, no décimo nono Congresso Internacional de Reabilitação, Rio de Janeiro, 25 a 30 de Agosto de 2000, o qual se encontra parcialmente transcrito no seguinte artigo: QUINN, Gerard; DEGENER, Theresia. Human Rights and Disability: the current use and future potencial of United Nations human rights instruments in the context of disability. p.13. Disponível em: <http://nhri.net/pdf/disability.pdf>. Acesso em: 03.12.2016.

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institucionalizado - ou ainda pela deliberada exclusão de tais pessoas das práticas mais cotidianas, como a educação e o trabalho, o que lhes acarreta o aprofundamento da desigualdade e gera prejuízos coletivos em uma perspectiva desenvolvimentista.

Isso porque um conceito amplo de desenvolvimento leva em conta não apenas os critérios econômicos para medir o maior ou menor avanço de uma sociedade, mas a ampla e irrestrita garantia de direitos aos cidadãos de um determinado Estado, como forma de fomentar a igualdade e lhes proporcionar iguais oportunidades para o bem estar.

Assim, como forma de se corrigir esta situação de desigualdade e garantir a igualdade material às pessoas com deficiência, é que tomam relevo os estudos conceituais sobre a temática, esclarecendo aqueles pontos (ainda) obscuros e lançando as perspectivas para o implemento da igualdade material, como critério máximo de uma política pública que mire o desenvolvimento.

2. MODELOS DE ABORDAGEM

No âmbito conceitual, é necessário esclarecer uma nítida clivagem entre dois modelos de abordagem acerca do direito das pessoas com deficiência, importando tal cisão, também, na observância de dois momentos históricos bastante definidos.

2.1 Evolução Histórica: o pós-Guerra como momento definitivo para os direitos humanos.

De um ponto de vista temporal, pode se observar que toda a história jurídica internacional anterior à Segunda Guerra Mundial foi marcada por uma lacuna normativa no que dizia respeito à tratativa especial dos direitos das pessoas com deficiência, seja por conta da deliberada exclusão de tal grupo dos assuntos públicos (juntamente com as demais minorias) ou mesmo pela falta de referenciamento dos regimes

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totalitários na garantia dos direitos humanos – que desprestigiavam um conceito material de direito capaz de garantir dignidade ao ser humano.

No cenário mundial, os direitos humanos ganharam especial relevância após o final da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), na medida em que se percebeu que, principalmente na Alemanha, muito embora houvesse uma Constituição (a Constituição de Weimar, considerada uma das mais avançadas em questão de direitos e garantias individuais), esta estava totalmente desprotegida da vontade do Poder Legislativo totalitário. Tanto assim que foi sob sua égide e, diga-se, totalmente dentro dos limites da legalidade, que o regime nazista ascendeu ao poder, ganhou força e deu causa às maiores atrocidades jamais observadas pela humanidade.

Conforme disserta Luís Roberto Barroso (2007), é neste período que os direitos humanos passam a compor a base fundamental do constitucionalismo, servindo como seu centro substantivo para referenciar as práticas do poder estatal:

Em suma: o neoconstitucionalismo ou novo direito constitucional, na acepção aqui desenvolvida, identifica um conjunto de transformações ocorridas no Estado e no direito constitucional, em meio às quais podem ser assinaladas, (i) como marco histórico, a formação do Estado constitucional de direito, cuja consolidação se deu ao longo das décadas finais do século XX; (ii) como marco filosófico, o pós positivismo, com a centralidade dos direitos fundamentais e a reaproximação entre Direito e ética; e (iii) como marco teórico, o conjunto de mudanças que incluem a forma normativa da Constituição, a expansão da jurisdição constitucional e o desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação constitucional. Desse conjunto de fenômenos resultou um processo extenso e profundo de constitucionalização do Direito. (BARROSO, 2007, p.11-12)

Assim, apenas neste contexto do pós-Guerra, com a criação da Organização das Nações Unidas e a verificação de que seria efetivamente

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necessário – no plano interno, tanto quanto no externo – assegurar a observância dos direitos humanos é que a questão relativa aos direitos das pessoas com deficiência encontrou espaço para se desenvolver. Neste período intermediário, é possível se verificar o surgimento de vários diplomas normativos específicos não vinculantes (soft law)2 sobre os direitos das pessoas com deficiência, o que demonstrou o crescimento do interesse dos Estados em tornar a matéria obrigatória, no futuro, conforme aponta André de Caralho Ramos (in FILHO, 2013, p.18).

E mesmo com tal noção e consenso de que deveriam ser assegurados critérios jurídicos mínimos para a dignidade do ser humano como pessoa, a conclusão de que deveria ser dada atenção especial às pessoas com deficiência, através de normativo geral e obrigatório, foi tardia. Apenas no ano de 2006, com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Convenção de Nova Iorque) a questão foi tratada com relevância no âmbito internacional, a partir de quando é possível se verificar uma mudança drástica na forma como os direitos das pessoas com deficiência passaram a ser encarados.

2.2 Paradigma Médico versus Paradigma Social

André de Carvalho Ramos (2013) verifica ser possível distinguir dois paradigmas historicamente localizados no que diz respeito à abordagem dos direitos das pessoas com deficiência.

O primeiro deles, referente a todo período que antecedeu a Convenção de Nova Iorque, diz respeito ao modelo médico (medical model), segundo o qual a condição da pessoa com deficiência é uma questão

2 Exemplos de soft law produzida neste período podem ser encontrados nos seguintes documentos: Declaração das Nações Unidas dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência (1975), Programa Mundial de Ação para as pessoas Portadoras de Deficiência (1982) Normas Uniformes sobre Igualdade de Oportunidades para as Pessoas Portadoras de Deficiência (1993)

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mais afeta à medicina do que ao direito. Assim, segundo tal paradigma, a pessoa com deficiência deveria ser encarada como o indivíduo que padece de uma doença e necessita de uma cura. Socialmente, os esforços eram intentados para minimizar os efeitos da deficiência na vida da pessoa deficiente, enquanto um problema individual.

Um exemplo claro de aplicação deste paradigma pode ser verificado na criação de manicômios, nos quais eram internadas as pessoas com diferentes tipos de deficiência cognitiva e física, a fim de que, afastadas da sociedade e sendo medicadas (muitas das vezes com tratamentos que fugiam aos menores padrões éticos envolvendo seres humanos), tal deficiência não lhes ocasionasse qualquer prejuízo individual ou social. A realidade era que, não sendo a sociedade capaz de se adequar ao recebimento de tais pessoas, preferia isolá-las do convívio social, negando-lhes reais chances de educação, saúde e trabalho, o que promoveu decididamente sua marginalização e estereotipagem.

Percebe-se, portanto, que o modelo médico focava-se na constatação biológica da deficiência do indivíduo e a resposta jurídica aprofundava os limites impostos à fruição de direitos por estas pessoas que não se adaptavam àquilo que estava posto. A deficiência era encarada como um problema individual, para o qual deveria ser tratado o indivíduo em vias de adequação.

Ramos (2013) verifica que tal modelo:

[...] agravava as condições de vida das pessoas com deficiência, tendo como consequências pobreza, invisibilidade e perpetuação dos estereótipos das pessoas com deficiência como destinatárias da caridade pública (e piedade compungida), negando-lhes a titularidade de direitos como seres humanos. (in FILHO, 2013, p.15).

Após a Convenção de Nova Iorque, continua o autor, é possível se verificar a mudança de paradigma, abandonando-se aquela perspectiva médica e adotando-se a perspectiva do modelo de direitos humanos (modelo social). Tal modelo não prescinde de uma análise médica para

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identificar a causa da deficiência e limitar as necessidades da pessoa com deficiência, mas retira dela a consequência equivocada de que se trata de um problema restrito ao indivíduo, sem qualquer implicação social: o modelo social, atento às necessidades, privilegia as capacidades e procurar aumentar as possibilidades às pessoas com deficiência.

Trata-se, assim, de um modelo que encara a pessoa com deficiência como ser humano – por óbvio que pareça – e procura lhe garantir o gozo pleno de direitos sem discriminação (princípio antidiscriminatório), o que importa numa visão da questão não mais focada na necessidade de que o indivíduo se adeque à sociedade e aos seus limites, mas que a sociedade expanda sua compreensão de diversidade, recepcionando as pessoas com deficiência e ofertando os meios para que fruam a plenitude de seus direitos: “Não se trata mais de exigir da pessoa com deficiência que esta se adapte, mas sim de exigir, com base na dignidade humana, que a sociedade trate seus diferentes de modo a assegurar a igualdade material, eliminando as barreiras a sua plena inclusão” (FILHO, 2013, p.16).

O paradigma mais adiantado, da questão dos direitos das pessoas com deficiência, portanto, exige uma participação ativa do Estado e da sociedade civil na promoção da inclusão e adaptação do ambiente social às pessoas com deficiência, como forma de promover a supressão dos estereótipos, dar maior visibilidade às pessoas com deficiência e promover políticas de apoio que efetivamente lhes oportunizem o gozo pleno de seus direito fundamentais, em igualdade de oportunidades e plenitude da liberdade de ação.

Este é o paradigma adotado na Convenção de Nova Iorque e replicado pela legislação nacional – Estatuto da Pessoa com Deficiência – determinando que as ações governamentais e particulares devem se pautar na antidiscriminação, inclusão e igualdade de oportunidades, como forma de prover às pessoas com deficiência as mesmas chances e possibilidades que a qualquer cidadão.

Impõem-se, portanto, esforços coletivos para a busca deste fim, motivo pelo qual torna-se necessária a reflexão mais aprofundada

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das leis e políticas públicas como formas de expressão do poder estatal dirigidas à garantia de direitos às pessoas com deficiência, numa perspectiva que inclua a expansão dos direitos fundamentais como uma forma de desenvolvimento importante para o Estado.

3. DESIGUALDADE E DESENVOLVIMENTO – O PAPEL DO DIREITO

A questão do desenvolvimento parece, na atualidade, estar subjacente a todas as demais discussões de relevo público, na medida em que parece haver, de igual forma, um consenso social de que esforços individuais e coletivos se impõem apenas justificados no avanço, seja ele tecnológico, econômico ou social. As questões de direito não fogem a tal regra, sendo comum, quando da promulgação de determinada lei de atenção midiática, que surja a pergunta: “O que ganhamos com isso?”.

Necessária, portanto, uma análise conceitual mais detida neste particular.

3.1 Conceitos de Desenvolvimento

Não há um consenso entre os estudiosos sobre o que seja desenvolvimento.

Um conceito bastante estreito – que muitas vezes habita o senso comum – relaciona desenvolvimento com o avanço tecnológico, o aumento de produtividade e a pujança econômica. Esta ideia está definitivamente ligada a um ideal liberal (neoliberal) de desenvolvimento, segundo o qual o Estado deve ter uma participação reduzida na condução da vida de seus cidadãos oportunizando apenas regras econômicas que tornem o mercado justo e competitivo. Trata-se de uma ideia que atrela os conceitos de desenvolvimento e economia de mercado e, muitas vezes, antagoniza-se com os conceitos mais superficiais de igualdade e justiça social.

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Este conceito de desenvolvimento, trazido até a questão de fundo do presente artigo, também, está bastante atrelado àquele paradigma médico dos direitos das pessoas com deficiência, na medida em que, pela lógica do mercado – em espécie de darwinismo social aplicado ao capitalismo –, somente sobrevivem os mais aptos a manter a competitividade e produtividade plenas ao menor custo. Por esta lógica, as unidades de produção procuram indivíduos aptos a se adequarem ao modelo produtivo já existente, excluindo aqueles que, de qualquer forma, exijam mais tempo ou mais dinheiro para a realização de uma produtividade igual.

Como pode se verificar no tópico anterior, a discussão dos direitos das pessoas com deficiência, muito embora antiga, apenas recentemente tomou importância o suficiente para que fosse consubstanciada em direito e passasse a integrar o ordenamento jurídico dos Estados com força obrigatória, de modo que ainda sejam comuns as áreas de trabalho inadequadas ao emprego de pessoas com deficiência; hospitais incapazes de realizar sequer o atendimento de triagem das pacientes com deficiência e escolas que vedem a entrada de alunos com deficiência, por não possuírem, do mais essencial, meios adequados de acesso para tal parcela social. Ainda hoje, a própria arquitetura urbana resiste à adequação necessária para a mobilidade das pessoas com deficiência.

Neste aspecto, o direito, como força de equidade (COUTINHO, 2013, p. 15), é encarado por tal perspectiva de desenvolvimento como um empecilho. Obrigando o mercado a ampliar os seus limites para receber as pessoas com deficiência – principalmente no viés produtivo – o direito passa a ser encarado como algo oneroso e injustificado, capaz de reduzir a eficiência das relações civis na busca da justiça social.

De outro lado, há, entretanto, um conceito mais amplo de desenvolvimento que importa não apenas no avanço econômico, mas também na igual consideração (igualdade material), distribuição de condições básicas, direitos e oportunidades aos cidadãos, como forma de lhes proporcionar melhores condições de vida, desde o seu aspecto

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físico (saúde) até o seu aspecto social (garantia de bem estar), o que aproxima o conceito de desenvolvimento e igualdade.

Seria, portanto, uma ferramenta apta a descontruir os estereótipos sociais das pessoas com deficiência, promovendo sua inclusão nos mais diversos aspectos da vida, como forma de oportunizar, em igualdade de condições, o pleno gozo dos direitos fundamentais pela pessoa com deficiência.

A análise que se intenta está filiada a esta segunda compreensão, mais ampla, na medida em que o tema de fundo diz respeito, grandemente, a indivíduos que, por aspectos particulares, são colocados em desvantagem, como cidadãos, perante o Estado e toda a sociedade. Assim, se se quer a promoção do desenvolvimento, não podem as pessoas com deficiência serem esquecidas e sublocadas na divisão dos benefícios de fruição coletiva: qualquer análise que leve a sério as pessoas – mais do que as cifras – deve aproximar o conceito de desenvolvimento e igualdade como forma de verificar se, na sociedade, há grupos minoritários sendo constante e deliberadamente excluídos do pleno gozo de seus direitos fundamentais.

3.2 O direito como meio para o desenvolvimento.

Diogo R. Coutinho (2013), dispondo-se à analise das relações que existem entre direito, desigualdade e desenvolvimento, verifica que “o direito é tudo menos indiferente quando se trata de trajetórias de desenvolvimento” (COUTINHO, 2013, p.95) e “não apenas define e cristaliza, a seu modo, fins substantivos, como ainda molda e forja instituições encarregadas de persegui-los, influenciando, ainda, as ações e processos destinados a implementar políticas públicas. (COUTINHO, 2013, p. 95)

Ainda, como forma de aproximar a análise teórica de uma realidade empírica, o autor fornece quatro categorias – ou papéis ou ainda dimensões - através das quais seria possível se identificar as relações de direito e desenvolvimento.

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O primeiro desses papéis aproxima direito como objetivo, como forma de explicar que o arcabouço jurídico tem a característica de formalizar metas e indicar “pontos de chegada” de tais políticas (diretrizes normativas, geralmente de ordem constitucional). O direito, segundo este papel, contribui com a noção de desenvolvimento na medida em que dá à política pública seu caráter formal e sua finalidade.

Trata-se da dimensão substancial do direito, segundo a qual os debates sociais que permeiam a política cristalizam-se em direito e tornam-se obrigatórios, como finalidades a serem perseguidas em direção a um plano de desenvolvimento.

O segundo papel descrito por Coutinho (2013), diz respeito ao direito como ferramenta. Tal categoria importa em reconhecer que o direito contém um conjunto de meios pelos quais os objetivos últimos das políticas públicas são alcançados, bem como admitir que possui regras internas que permitem a calibragem e autocorreção operacional dessa políticas (plasticidade).

Através desta dimensão instrumental, o direito funciona como ferramenta do desenvolvimento, ofertando os meios necessários para perseguir a finalidade definida, contornando os percalços de sua execução.

O terceiro papel anotado pelo autor aproxima o direito de um arranjo institucional, o que importa em associar o desenvolvimento a um grande esforço da administração pública no qual objetivos são implementados de acordo com uma construção jurídico-institucional, através da partilha de responsabilidades entre atores públicos e privados.

É através da dimensão estruturante que o direito define as tarefas a serem desenvolvidas, articula competências e responsabilidades e define a participação necessária dos diversos atores sociais, tanto na esfera pública (responsabilidade do Estado), quanto na esfera privada.

A última categoria descrita por Coutinho coloca o direito como vocalizador de demandas. Trata-se do aspecto segundo o qual as decisões devem ser tomadas não apenas de modo mais bem fundamento possível, por meio de uma argumentação coerente e documentada em

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meio aberto ao escrutínio do público, mas também de forma a assegurar a participação de todos os interessados na conformação, implementação ou avaliação da política.

A dimensão legitimadora assegura, assim, que aqueles que fazem parte do plano de desenvolvimento possam legitimamente participar dos processos decisórios que lhes influenciarão diretamente.

Através desses quatro papeis é possível se desvendar o papel do direito no desenvolvimento como forma de ofertar maior justiça social na busca da diminuição da desigualdade, dentro do que se incluem os direitos das pessoas com deficiência como plano apto a liderar o avanço brasileiro na oferta e garantia de melhores condições de vida a todos seus cidadãos.

4. A LEI Nº 13.146 DE 06 DE JULHO DE 2015 – ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

O Estatuto da Pessoa com Deficiência é a lei que, no âmbito do ordenamento jurídico brasileiro ordinário, estabelece as principais diretrizes para a efetivação das políticas públicas e segurança de direitos fundamentais às pessoas com deficiência.

Segue, conforme deixa claro logo em seu artigo 1º, os desígnios da Convenção de Nova Iorque e afirma sua destinação, em condições de igualdade, para assegurar e promover o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais pela pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

Para tanto, parte, em seu livro inicial, para uma ostensiva mudança de linguagem no que diz respeito às pessoas com deficiência, traçando critérios legislativos que procuram diminuir a discricionariedade dos diversos atores sociais, definindo os meios para avaliação da deficiência (art. 2º) e pormenorizando a que se referem, em espécie de glossário, os termos utilizados na legislação (art. 3º).

Ainda, em caráter introdutório (arts. 4º a 9º), o legislador

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define a essência legislativa que moverá a aplicação e execução da lei na busca pela igualdade e antidiscriminação. É importante salientar que a igualdade mencionada pelo legislador diz respeito à igualdade material, ou seja, aquela dirigida à atenuação das desigualdades como forma de prover um ambiente de pleno gozo de direitos. É dizer: trata-se de um vetor preestabelecido pelo legislador para que toda e qualquer política ou ação envolvendo os direitos das pessoas com deficiência intentem a promoção de sua máxima igualdade com seus pares sociais, o que importará na criação de meios (por exemplo, ações afirmativas) que visem, de maneira não obrigatória (art. 4º, §2º), maior acesso, conforme sua livre ação, às diversas oportunidades sociais.

Mais adiante (arts. 84 a 87) o legislador especificará a igualdade perante a lei, esta de caráter formal, que veda a discriminação às pessoas com deficiência nas diversas situações em que possam se encontrar, não podendo ser colocadas em vantagem ou desvantagem com seus pares sociais se observada a igualdade de condições. Trata-se de medida direcionada a vencer o estereótipo de dependência das pessoas com deficiência, afirmando sua condição de pessoa capaz e, assim, sua plena capacidade para os atos da vida civil, em igualdade perante a lei.

A partir do art. 10 o Estatuto da Pessoa com Deficiência passa a listar a carta de direitos das pessoas com deficiência: (i) direito à vida (arts. 10 a 13), que comporta o entendimento não apenas da vida biológica, mas também da vida digna – bem viver – assegurando à pessoa com deficiência a possibilidade de escolha do melhor modo de conduzir suas escolhas; (ii) direito à habilitação e reabilitação (arts. 14 a 17), como forma de estimular as aptidões e potencialidades das pessoas com deficiência ao máximo, com participação ativa do poder público na oferta de meios para tanto; (iii) direito à saúde (arts. 18 a 26), assegurando o amplo acesso das pessoas com deficiência aos serviços públicos de saúde, desde a eliminação de barreiras físicas até a efetiva participação das pessoas com deficiência na elaboração das políticas de saúde; (iv) direito à educação (arts. 27 a 30), como forma de assegurar o amplo acesso das pessoas com deficiência ao ensino público ou

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privado, garantindo desde a eliminação de barreiras físicas até o direito ao atendimento especializado nas salas de aula, com planos pedagógicos que promovam a inclusão dessa parcela social; (v) direito à moradia (arts. 31 a 33), assegurando a independência da pessoa com deficiência para o estabelecimento do lar, garantindo-se prioridade de acesso dessas pessoas aos programas habitacionais; (vi) direito ao trabalho (arts. 34 a 38), vedando a discriminação de acesso, remuneração e tratamento, promovendo a superação das barreiras físicas e oportunizando maior independência às pessoas com deficiência, conforme o exercício prático e produtivo de suas aptidões pessoais, o que deverá ser estimulado pelo poder público e assegurado pela iniciativa privada; (vii) direito à assistência social (arts. 39 e 40), como forma de assegurar garantia de renda mínima de um salário mínimo para a manutenção das despesas mais básicas da pessoa com deficiência, oportunizando sua participação social; (viii) direito à previdência social (art. 41), assegurando-lhe a aposentadoria diferenciada (Lei Complementar nº 142/2013); (ix) direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer (arts. 42 a 45), com principal atenção à acessibilidade, com remoção das barreiras físicas, para pessoas com deficiência a locais turísticos e eventos culturais, visando também o seu protagonismo; (x) direito ao transporte e à mobilidade (arts. 46 a 52), garantindo acesso e eliminação de barreiras às pessoas com deficiência nos meios de transporte, vedado o tratamento e imposição de condições discriminatórias a tais pessoas; (xi) direito à acessibilidade (art. 53 a 62), com atenção ao chamado desenho universal e visando a plenitude de ação da pessoa com deficiência nos mais diversos ambientes e situações sociais; (xii) direito à informação e comunicação (arts. 63 a 73), assegurando os meios necessários – legendas, braille, Libras, fones de ouvido, aumento de contraste etc - para que as pessoas com deficiência tenham igual acesso aos meios informativos e comunicativos que seus pares sociais; (xiii) direito à tecnologia assistiva (arts. 74 e 75), que visem oportunizar a criação e distribuição de produtos, recursos, estratégias, práticas, processos, métodos e serviços que maximizem sua autonomia, mobilidade pessoal e qualidade de vida; (xiv) direito à participação na vida

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pública e política, assegurando seus direitos políticos e sua participação democrática, viabilizando a verbalização de suas demandas no espaço público.

Em suma, o Estatuto da Pessoa com Deficiência visa promover a completa, ostensiva e máxima integração das pessoas com deficiência à sociedade, adotando o paradigma social para tanto, na medida em que articular competências e responsabilidades de atores públicos e privados como forma de estimular, facilitar e promover maior acessibilidade a áreas de importância definitiva para a formação da independência e autonomia pessoais. Prepara, assim, a sociedade para receber as pessoas com deficiência (e não o contrário).

4.1 O Estatuto da Pessoa com Deficiência na perspectiva do desenvolvimento

Reunida a análise do Estatuto da Pessoa com Deficiência e aplicando-se a análise do direito como meio para o desenvolvimento, verifica-se, nas categorias propostas por Coutinho (2013), a aptidão da legislação para reduzir as desigualdades sociais que, ainda, separaram as pessoas com deficiência do restante da sociedade e, portanto, tem um papel particular a desempenhar no desenvolvimento do Estado.

O primeiro papel (dimensão substancial) fica bastante esclarecido quando o legislador estabelece claros objetivos perseguidos pela lei na promoção de maior igualdade e menor discriminação em relação às pessoas com deficiência, estabelecendo, para tanto, uma série de planos e meios, que envolvem não apenas o poder público, mas também a iniciativa privada, a família e a comunidade, nesta busca.

Assim, consubstancia um interesse social em direito e define a política pública de máxima inclusão de forma clara e obrigatória, tornando-a exigível, ainda, pelas pessoas com deficiência, na busca da efetivação de seus direitos, assegurando-lhes um mínimo normativo como referência para suas práticas e ações cotidianas.

O segundo papel (dimensão instrumental) pode ser observado

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quando o legislador determina meios através dos quais tais direitos serão exequíveis pela política de máxima inclusão antidiscriminatória, como a necessidade de cadastros específicos, reserva de cotas e estímulo à qualificação especializada para o atendimento das pessoas com deficiência.

Ainda, pode se observar que a lei, através do estímulo à tecnologia e ciência, demonstra que direito opera como ferramenta para o estímulo às inovações em tecnologia assistiva capazes de trazer maior facilidade de acesso e melhor qualidade de vida às pessoas com deficiência. Em aproximação com aquilo que descreve Mazzucato (2014, p. 118-121) ao referir-se a necessidade de um Estado empreendedor como estimulante à indústria farmacêutica dos medicamentos órfãos (orphan drugs) – destinados a uma parcela social reduzida e, portanto, sem implicação econômica expressiva – trata-se de uma medida que visa garantir o desenvolvimento de inovações destinadas à melhoria de vida.

A oferta de estímulos fiscais à iniciativa privada como forma de reforçar sua participação na busca dos objetivos estabelecidos para a política pública de inclusão, evidencia como o Estatuto opera uma prática importante para o desenvolvimento.

O terceiro papel (dimensão estruturante) fica evidenciado na divisão de competências e atribuição de responsabilidades, particulares e solidárias, atribuídas aos diversos atores sociais – família, Estado, comunidade, sociedade, organizações, iniciativa privada, empregadores, educadores, agentes públicos, profissionais da área de saúde, técnicos etc – demonstrando a efetivação não apenas vertical, mas também horizontal das garantias fundamentais das pessoas com deficiência.

O entrelaçamento dos diversos atores sociais amplia a noção e o reconhecimento dos direitos e promovem o protagonismo social (mais do que a mera obrigatoriedade normativa imposta) na garantia de tais direitos, oportunizando a verificação de vantagens coletivas.

O quarto e último papel (dimensão legitimadora) é verificado quando o legislador assegura que as pessoas com deficiência participem ativamente tanto na formação, quanto na execução da política pública,

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podendo contribuir, como destinatários de tal política e fruidores de tais direitos, para sua melhoria e correção, no tempo.

A possibilidade de participação perante o poder público, como imperativo democrático, também, assegura que, no exercício de seus direitos políticos, as pessoas com deficiência exijam demandas e cobrem por seus interesses, diminuindo, também no plano político, a falta de representatividade que ocasiona, em última análise, a desigualdade em si.

Conforme disserta Stiglitz (2014, p. 118-121), traçando paralelos entre direito, política e desenvolvimento, apenas uma sociedade em que os excluídos possam se manifestar plenamente, deduzindo perante o poder suas reivindicações, em uma democracia que funcione de maneira plena – e, no que interessa a esta análise, que não oponha limites às pessoas com deficiência – é que poderão ter assegurados seus direitos fundamentais básicos.

5. CONCLUSÃO

Realizada esta análise, pode se concluir que o Estatuto da Pessoa com Deficiência traz para o âmbito da legislação ordinária brasileira os esforços internacionais para se verem reconhecidos os direitos humanos das pessoas com deficiência. Atualiza, em questão de linguagem, o paradigma médico para o social, como forma de efetivamente garantir o reconhecimento da pessoa com deficiência como pessoa humana autodeterminada, capaz e independente para a vida, forjando os meios para que a sociedade amplie seu espectro receptivo como forma de tornar-se amplamente acessível a tal parcela social, incluindo-a nas mais diversas ações, como forma de vencer a desigualdade e a discriminação.

Assim, também, havendo a noção de que a realidade dos fatos não corresponde inteireza da noção legislada, é necessário o empenho de estudos, principalmente pesquisas de campo e com caráter sociológico, a fim de se verificar até que ponto a legislação tem sido cumprida e até que ponto as pessoas com deficiência, como destinatárias, viram suas vidas

José Henrique Zamai

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efetivamente melhoradas. O campo de pesquisa acerca do tema é vasto.Não se trata, entretanto, de uma falta legislativa, na análise

que se empreende, já que, segundo as concepções de desenvolvimento desenvolvidas neste artigo, estão presentes os elementos capazes de conduzir o poder público e a sociedade em direção à superação da desigualdade em relação às pessoas com deficiência, vez que presentes e exigíveis os instrumentos jurídicos necessários à oferta, garantia e manutenção de seus direitos fundamentais.

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PERSPECTIVES FOR THE DEVELOPMENT IN THE PERSONS WITH DISABILITIES ACT

ABSTRACT

The present article aims to analyze the Persons with Disabilities Act (Law nº 13.146, from 6th of July of 2015), from theoretical concepts which define the turning of a medical to a social paradigm and by the notion of development focused on promoting equality. Starting from the concept that persons with disabilities shall receive a legal treatment able to maximize their equality, promote their social inclusion and prohibit their discrimination before society, the Persons with Disabilities Act shows to be a law, from theoretical concepts, able to implement the reduction of inequality e, therefore, to set a due development project to the Democratic Rule of Law.

Keywords: Persons with Disabilities Act. Equality. Development.

José Henrique Zamai