Positivismo e Formação

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    rogresso e deseno"imento, ensadas or Comte, assumem erdadeira imort4n!ia,

    nos dias de oje, nos modos !omo arendemos, ensinamos e fazemos es/uisa$

    Essa imort4n!ia ode ser notada se ensarmos o /uanto a !i0n!ia tem

    determinado os nossos modos de ser, ensar, sentir e agir sobre n#s mesmos, sobre osoutros, sobre os objetos e sobre a nossa natureza$ Amarados no !one!imento "#gi!o,

    ra!iona", matematizado e !omroado !ientifi!amente, arendemos a dominar a

    natureza e sujeit2:"a a n#s, bem !omo arendemos a infringir io"0n!ia sobre n#s

    mesmos, dominando nossos instintos mais rimitios e inaugurando noas formas de

    eerimenta&o, atras do mtodo e da emiria$

    < or essa razo /ue afirmamos /ue a ra!iona"idade !omteana e a diiso dos

    saberes inf"uen!iou e tem inf"uen!iado nossas a&'es e nosso ensamento /uando

    arendemos, ensinamos e fazemos !i0n!ia, ois, na #ti!a do autor ositiista, 2

    diis'es nas 2reas do saber /ue determinam a imort4n!ia do /ue dee ser estudado e

    ensinado, assim !omo 2 um mtodo ra!iona" /ue dee atuar entre n#s e nosso objeto de

    es/uisa de modo a a"idar !omo !one!imento a/ui"o /ue ode ser nomeado,

    !"assifi!ado e dominado e"a "#gi!a do ensamento instrumenta"$

    Diante do eosto, nosso traba"o retende ana"isar breemente os rin!iaise"ementos do ensamento !omteano, /uais sejam= a e"abora&o da >ei dos ?r0s Estados

    e a @ierar/uiza&o das Ci0n!ias, no sentido de ensarmos as fases de transi&o /ue

    erassam o moimento do ensamento m3ti!o ra!iona"idade !ient3fi!a e,

    !onse/uentemente, a roosta de diiso do !one!imento em 2reas de saber /ue o

    organizam mediante uma ordem sim"es mais !om"ea$

    *inda essa an2"ise, nosso objetio re"a!ionar as teorias de Comte edu!a&o

    no sentido de ensarmos o /uanto as no&'es de rogresso, deseno"imento, abi"idadee uti"idade esto enraizadas na forma&o e determinam os objetios, meios e fins

    edag#gi!os na forma&o dos indi3duos em nosso temo$ 5ara tanto, iremos autar

    nossas dis!uss'es, de modo gera", na !r3ti!a ao te!ni!ismo, ierar/uiza&o do

    !one!imento, ao deseno"imento de abi"idades ne!ess2rias ao rogresso do a"uno e

    da so!iedade, transforma&o dos esa&os de forma&o, sejam e"es no 4mbito da

    Edu!a&o +2si!a ou do Ensino -uerior, em emresas restadoras de seri&os

    !o"etiidade e, or fim, ao modo !omo nossas es/uisas denotam uma "#gi!a ra!iona"!ujo mtodo est2 autado na retenso de bus!a e !onstru&o de erdades sobre os

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    objetos /ue es/uisamos$ ;osso traba"o !onsiste, em suma, em fazer uma "eitura,

    an2"ise e !r3ti!a dos ensaios resentes no Curso de Filosofia Positivae re"a!ion2:"os

    edu!a&o ara ref"etirmos sobre nossa r2ti!a e sobre os fins daBildung.

    O PENSAMENTO POSITIVO DE AUGUSTE COMTE: DO MISTICISMO RAZO E HIERARQUIZAO DO CONHECIMENTO CIENTFICO.

    ;o Curso de Filosofia Positiva, de Auguste Comte, odemos obserar /ue 2

    dois eios norteadores de seu ensamento ositio$ O rimeiro a fundamenta&o da

    6>ei dos ?r0s Estados e o segundo a 6C"assifi!a&o das Ci0n!ias$ Oriundas das au"as

    /ue o autor ministrou em sua r#ria resid0n!ia no ano de 18B, as duas "i&'es /ue

    !om'e a referida obra tratam diretamente da ne!essidade de Comte em romoer uma

    reorganiza&o so!ia" (!onsiderando:se /ue a Reo"u&o *ran!esa, embora ne!ess2ria,aia romoido, segundo Comte, uma anar/uia so!ia") fundada em mtodos de ordem,

    rogresso, deseno"imento e ra!iona"idade$ Essa reorganiza&o foi imu"sionada e"o

    deseno"imento da !i0n!ia e da t!ni!a, j2 aarente nos s!u"os % e %% !om as

    !ontribui&'es te#ri!as de Corni!o, a"i"eu, +a!on, Des!artes e %saa! ;eton$

    < neste !en2rio /ue Comte idea"izou uma *i"osofia 5ositia !ujo intuito era, or

    meio de uma reforma inte"e!tua" do omem, !riar !ondi&'es reorganiza&o so!ia"

    an!orada na !i0n!ia e na ra!iona"idade$ ?a" reforma justifi!ada or Comte em fa!e da

    i#tese de /ue, embora a so!iedade j2 ouesse adentrado numa o!a i"uminista, e"a

    ainda a"imentaa formas de ra!io!3nio abstratos ou m3ti!os$ ;esse sentido, Comte

    afirma /ue era re!iso fundar noas formas de ensar /ue fossem !orresondentes ao

    estado eo"utio da !i0n!ia de sua rese!tia o!a$ ;o ensamento ositio, ortanto,

    a so!iedade se !onstr#i em !onson4n!ia ao es3rito de seu temo, /ua" seja, o de uma

    ordem regu"ar e est2e" em /ue se faz oss3e" !one!er ositiamente a rea"idade$

    Em seus estudos, Comte !onstatou /ue os fenFmenos ossuem uma regu"aridade

    /ue ossibi"itam ao indi3duo !one!0:"os e anteer o seu !omortamento$ 5or essa

    razo, o autor retendia !one!er os fenFmenos e os rob"emas so!iais, ois /uando se

    !one!e a so!iedade oss3e" anteer os a!onte!imentos, reer rob"emas e roor

    so"u&'es$ ;essa "#gi!a de ensamento, o autor a!reditaa /ue a so!iedade !onstitui um

    !oro /ue fun!iona de uma determinada forma e /ue, esse fun!ionamento, dee ser

    !one!ido ara garantir a ordem e o rogresso so!ia" da umanidade$ Obiamente, essa

    teoria de Comte no re0 as modifi!a&'es sofridas no interior da so!iedade, sejam e"as

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    e!onFmi!as, o"3ti!as, so!iais ou !u"turais, j2 /ue o autor reia uma ordem natura" e

    est2e" de seu fun!ionamento$

    O !one!imento da so!iedade or Comte deu:se, !onforme j2 dito, atras dos

    eios /ue norteiam sua fi"osofia$ O rimeiro de"es a >ei dos ?r0s Estados$ ;a rimeira"i&o do Curso de *i"osofia 5ositia, o autor justifi!a o modo !omo o es3rito umano

    eo"uiu segundo uma ordem, isto , atras de um er!urso "inear e rogressista !ujo

    fim G"timo a erfe!tibi"idade ist#ri!a dos omens=

    5ara e"i!ar !onenientemente a erdadeira natureza e o !ar2terr#rio da fi"osofia ositia, indisens2e" ter, de in3!io, uma isogera" sobre a mar!a rogressia do es3rito umano ($$$)$ Creio terdes!oberto uma grande "ei fundamenta", a /ue se sujeita or uma

    ne!essidade inari2e" ($$$)$ Essa "ei !onsiste em /ue !ada uma denossas !on!e&'es rin!iais, !ada ramo de nossos !one!imentos,assa su!essiamente or tr0s estados ist#ri!os diferentes= estadoteo"#gi!o ou fi!t3!io, estado metaf3si!o ou abstrato, estado !ient3fi!oou ositio$ (COH?E, 1978, $ IJ)$

    A >ei dos ?r0s Estados, !onforme des!rita or Comte, est2 organizada e"o

    Estado ?eo"#gi!o, Estado Hetaf3si!o e Estado 5ositio, !ujo moimento ode ser

    !omarado ao !res!imento do omem, da inf4n!ia idade adu"ta$ ;as a"aras de

    Comte (1978, $ IB)=

    ;o estado teo"#gi!o, o es3rito umano, dirigindo essen!ia"mente assuas es/uisas ara a natureza 3ntima dos seres, as !ausas rimeiras efinais de todos os fenFmenos /ue o atingem, numa a"ara, ara os!one!imentos abso"utos, !on!ebe os fenFmenos !omo roduzidose"a a&o direta e !ont3nua de agentes sobrenaturais mais ou menosnumerosos, !uja arbitr2ria interen&o e"i!aria todas as aarentesanoma"ias do unierso$

    O Estado ?eo"#gi!o ode ser ensado no s# no !onteto da %dade Hdia, mas

    na Hito"ogia tambm$ Em seus es!ritos sobre o rogresso do ensamento umano e da

    !i0n!ia, Adorno e @orKeimer re"atam, em O Conceito de Esclarecimento(198J), /ue,

    na era mito"#gi!a, a forma !omo os indi3duos e"i!aam os fenFmenos da natureza

    era atras do mito$ ;esse sentido, era a suersti&o /ue ermitia ao omem

    !omreender a eist0n!ia dos fenFmenos, dos a!onte!imentos, dos !omortamentos,

    enfim, de /ua"/uer fenFmeno natura" /ue "e er!ebido !omo des!one!ido ou

    amea&ador$ Adorno e @orKeimer (198J) es!"are!em ainda /ue, ara sobreier, os

    omens !riaram me!anismos r#rios, isto , rituais m2gi!os ara tentarem inf"uen!iar a

    natureza, se igua"arem a e"a e us2:"a em seu faor or meio de sua roje&o indiidua"$

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    5ara sobreier ao medo, amea&a e etin&o da ida, os omens, ento,

    rea"izaam tro!as, sa!rif3!ios, intaam seus !oros, ino!aam os deuses da natureza$

    A aroima&o do omem aos deuses, or eem"o, ermitiu /ue se atribu3ssem a !ada

    ser mito"#gi!o uma forma reresentatia da natureza$ < or essa razo /ue Leus

    signifi!a a surema!ia dos !us, 5oseidon o deus dos mares, Ares o deus da guerra,

    Afrodite a deusa do amor, Atenas a da sabedoria, @ades o deus dos mortos. enfim, ara

    !ada e"emento /ue reresentasse a ida, e mesmo a morte, /ue o fenFmeno mais

    des!one!ido e amea&ador. era re!iso uma interen&o diina e m2gi!a /ue aui"iasse

    os omens a !omreenderem a ida e os seus mistrios$

    Desse modo, odemos afirmar /ue o mito era, or si s#, uma forma de

    es!"are!imento, ois era e"e /uem e"i!aa a natureza, ou seja, 6o mito /ueria re"atar,denominar, dizer a origem, mas tambm eor, fiar, e"i!ar$ ($$$) Huito !edo deiaram

    de ser um re"ato, ara se tornarem uma doutrina$ (ADOR;O, @ORM@E%HER, 198J,

    $ N)$ Essa doutrina ana"isada or Comte /uando o autor afirma /ue tambm na %dade

    Hdia ainda ens2amos suersti!iosamente, or meio dos re!eitos re"igiosos$ ;a

    %dade Hdia, embora j2 oussemos suerado a mito"ogia, o unierso ainda era

    e"i!ado gra&as a um deus /ue regia nossas a&'es, determinaa a ora de nas!er e

    morrer, a o!orr0n!ia dos fenFmenos, a eist0n!ias dos ma"es /ue afetam a ida. enfim,aia um deus /ue regia a eist0n!ia dos indi3duos e e"i!aa no s# o surgimento do

    unierso, mas tambm a ida umana e natura"$

    ;esta feita, amarados or um deus Gni!o e sa"ador, os omens sentiam:se

    satisfeitos, seguros e, at determinada medida, no /uestionaam o saber re"igioso$ A

    re"igio e a f e"i!am no s# a natureza, mas mantm a !oeso so!ia" ao fundarem a

    ida mora" dos indi3duos$ Essa mora" !rist, /ue deeria ser assumida !omo ideo"ogia e

    !o"o!ada em r2ti!a, to fortemente assumida e"os indi3duos /ue, nas Confisses de

    Santo Agostinho, or eem"o, odemos notar o /uanto a re"igio determinou as a&'es e

    es!o"as dos omens ao estabe"e!er os !astigos e as uni&'es ara !ada tio de

    !omortamento re"igioso e so!ia"mente inade/uado$ O indi3duo, ortanto, era

    adestrado, !ontro"ado e regrado no !oro e na a"ma ara no desobede!er e manter essa

    !oeso e a mora" !rist$

    Obiamente, medida /ue o !one!imento eo"ui e os a!onte!imentos

    ist#ri!os tambm, a re"igio erde esa&o e o mito re"igioso j2 no mais sufi!iente

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    ara e"i!ar os fenFmenos da natureza$ Essa transi&o sentida no moimento do

    Estado ?eo"#gi!o nos er3odos do *eti!ismo, do 5o"ite3smo e do Honote3smo$ Em

    termos gerais, os seres deiam de ter ida r#ria ara serem justifi!ados or deuses

    /ue os !riaram ara, or fim, serem regidos or um s# deus !ujo unierso est2

    submetido a e"e$ Contudo, !onforme justifi!am Adorno e @orKeimer (198J, $ 17), 6no

    sentido mais am"o do rogresso do ensamento, o es!"are!imento tem erseguido

    semre o objetio de "irar os omens do medo e de inesti:"os na osi&o de senores$

    ($$$) O rograma do es!"are!imento era o desen!antamento do mundo$

    Atras do desen!antamento do mundo, ortanto, o mito e a re"igio erdem

    esa&o ara um saber mais ra!iona", matematizado e em3ri!o /ue assa a !omroar a

    o!orr0n!ia dos fenFmenos do unierso$ Essa fase de transi&o des!rita or Comte noEstado Hetaf3si!o, !uja !ara!ter3sti!a a substitui&o do ensamento m3ti!o e"a

    abstra&o=

    ;o estado metaf3si!o, /ue no fundo no mais /ue uma modifi!a&ogera" do rimeiro, os agentes sobrenaturais so substitu3dos or for&asabstratas, erdadeiras entidades (abstra&'es ersonifi!adas) inerentesaos diersos seres do mundo, e !on!ebidas !omo !aazes deengendrar or si mesmas todos os fenFmenos obserados, !ujae"i!a&o !onsiste ento em referir ara !ada um a entidade

    !orresondente$ (COH?E, 1978, $ IB)$

    ;a metaf3si!a !r0:se /ue 2 for&as f3si!as, /u3mi!as e itais /ue regem e

    organizam o unierso de modo /ue seja oss3e" e"i!ar a sua natureza, sua origem e

    seu fim$ O Estado Hetaf3si!o ode ser obserado no -!u"o das >uzes !uja m2ima

    Kantiana !onsistia na ordem de /ue o omem sa3sse de sua menoridade, or !oardia ou

    regui&a, or meio da razo e fizesse uso de seu es!"are!imento$ O uso desse

    es!"are!imento, na metaf3si!a, ainda ese!u"atio, segundo Comte$ 5or essa razo, a

    metafisi!a des!rita e"o autor !omo fase de transi&o e to somente isto$

    *inda essa fase, o est2gio fina" do saber umano a/ue"e em /ue no mais

    bus!amos e"i!ar a natureza, a !ausa e o fim dos fenFmenos, mas a sua regu"aridade$

    ;esse sentido, os fenFmenos no so mais fundamentados e"o mito, e"a re"igio, e"o

    sobrenatura" ou e"a abstra&o das ideias, mas or um ensamento ra!iona" autado na

    emiria e no mtodo /ue !o"o!a !omo !erne de seu ensamento a bus!a da erdade=

    ?a" dee ser o rimeiro grande resu"tado direto da fi"osofiaositia, a manifesta&o e"a eeri0n!ia das "eis /ue nossasfun&'es inte"e!tuais seguem em suas rea"iza&'es, e, or

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    !onseguinte, o !one!imento re!iso das regras gerais!onenientes ara ro!eder de modo seguro na inestiga&o daerdade$(COH?E, 1978, $ B1)$

    ;o es3rito ositio roosto or Comte, a imagina&o e a argumenta&o,

    e!u"iares nos est2gios anteriores, so subordinadas agora obsera&o$ Cabe ressa"tar

    /ue o autor no objetia a/ui !one!er as !ausas dos fenFmenos, mas !onforme

    men!ionamos, es/uisar suas "eis, sua imutabi"idade, sua regu"aridade=

    ;o estado ositio, o es3rito umano, re!one!endo aimossibi"idade de obter no&'es abso"utas, renun!ia a ro!urar aorigem e o destino do unierso e a !one!er as !ausas 3ntimas dosfenFmenos, ara se dedi!ar aenas a des!oberta, e"o uso bem!ombinado do ra!io!3nio e da obsera&o, das suas "eis efetias, isto ,das suas re"a&'es inari2eis de su!esso e simi"itude$ A e"i!a&o

    dos fatos, reduzida ento aos seus termos reais, no mais, a artirda/ui, do /ue a "iga&o /ue se estabe"e!e entre os diersos fenFmenosarti!u"ares e a"guns fatos gerais !ujo nGmero tende, !om osrogressos da !i0n!ia, a diminuir !ada ez mais$ (COH?E, 1978, $IB:I7)$

    5or meio dessa justifi!atia, odemos afirmar /ue o ensamento ositio

    !onsiste no uso da ra!iona"idade !ujo objetio a bus!a da erdade de todos os

    fenFmenos /ue so is3eis e obser2eis$ ;esse sentido, na #ti!a de Comte, s# ode ser

    2"ido !omo !one!imento a/ui"o /ue ode ser isto e !omroado emiri!amente$ O

    /ue da ordem do subjetio e do sens3e", ortanto, sobreujado or esse ra!io!3nio

    /ue se retende instrumenta", matematizado e, ortanto, tota"izante$ ;o a"eatoriamente,

    a "eitura /ue Comte faz da 5si!o"ogia arte do ressuosto de /ue o mtodo si!o"#gi!o

    no seria 2"ido, ois e"e se o!ua de e"ementos subjetios, ortanto, fenFmenos

    obs!uros e duidosos$ Este um dos e"ementos ass3eis de !r3ti!a no ositiismo, ois

    in!idir2 na 0nfase imort4n!ia de determinadas 2reas do saber em detrimento da

    menor imort4n!ia de outras, !onforme dis!utiremos mais adiante$

    ;o Estado ositio, ortanto, Comte nega a redu&o dos fenFmenos a um s#

    rin!3io (deus ou a natureza em si mesma)$ ;a erdade, os fenFmenos se in!u"am uns

    aos outros de modo /ue essa re"a&o in!ide na diiso das 2reas do saber$ 5or essa

    razo, a Ci0n!ia e !ada ramo do !one!imento se o!ua !om um gruo de fenFmenos

    /ue odem ser ordenados em um !onjunto de teorias r#rias$ -e os fenFmenos

    ossuem regu"aridade, ento, Comte argumenta /ue oss3e" organizar, !"assifi!ar e

    ierar/uizar os saberes or meio dos /uais os seres e os fenFmenos esto inseridos$ Essa

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    organiza&o est2 fundamentada e"o autor na sua -egunda >i&o, sobre a C"assifi!a&o

    das Ci0n!ias$

    A ne!essidade dessa !"assifi!a&o, !onforme men!ionamos anteriormente,

    justifi!ada e"a re"a&o, re!orr0n!ia e simi"itude entre os fenFmenos /ue fazem !om /uee"es sejam submetidos a uma mesma "ei$ A regu"aridade nos far2 !omreender, or

    eem"o, /ue fenFmenos f3si!os, /u3mi!os ou org4ni!os odem ser !omreendidos e

    fundamentados e"as "eis da *3si!a, da u3mi!a e da +io"ogia, rese!tiamente$ ;esse

    sentido, /uando o ensamento !on/uista seu !ar2ter de ra!iona"idade e !ientifi!ismo

    oss3e" determinar, or eem"o, /ue a ?erra /uem gira em torno do so" e de"a

    mesma, e no o seu !ontr2rio. /ue, em razo da graidade, os !oros no esto

    susensos na suerf3!ie terrestre. enfim, a regu"aridade ossibi"itou a Comte organizaros saberes em suas diersas 2reas r#rias$

    ;esse sentido, a !"assifi!a&o das !i0n!ias roosta e"o autor est2 autada em

    uma justifi!atia @ist#ri!a, /ue !onsiste na sua disosi&o e"a ordem de seu

    aare!imento, e Did2ti!a, !uja deend0n!ia das diferentes 2reas do saber faz !om /ue se

    determine a ordem em /ue deem ser estudadas$ Desse modo, a ierar/uiza&o do

    !one!imento er!orre um !amino did2ti!o !ujo moimento !onsiste na !omreenso

    de fenFmenos mais sim"es aos mais !om"eos, isto , dos gerais aos mais arti!u"ares$

    Com essa justifi!atia, Comte ierar/uiza os !one!imentos em 5r2ti!os e

    ?e#ri!os$ Essa rimeira diiso, mais gera", defendida e"o autor /uando e"e afirma

    /ue re!iso !one!er rimeiro os fenFmenos ara deois !o"o!ar esse !one!imento

    em r2ti!a$ ;esse sentido, !one!er, ara Comte, signifi!a reer os a!onte!imentos e

    us2:"os a faor dos omens, ou seja, 6!i0n!ia, da3 reid0n!ia. reid0n!ia, da3 a&o$

    (COH?E, 1978, $ 77)$ ;os argumentos do autor, fi!a bastante eidente o 3n!u"o entre

    saber e oder, ois o objetio do !one!imento in!u"a:se ossibi"idade mesma de no

    deiar /ue nada nos esante, /ue nada es!ae "#gi!a do ensamento instrumenta", ara

    /ue nada es!ae da/ui"o /ue obseramos e deduzimos sobre o objeto$ Desse modo,

    segundo Comte, o desejo de estudar a natureza moido e"a atitude de a&o sobre e"a=

    ($$$) As !i0n!ias ossuem, antes de tudo, destina&o mais direta e maise"eada, a saber, a de satisfazer ne!essidade fundamenta", sentidaor nossa inte"ig0n!ia, de !one!er as "eis dos fenFmenos$ 5araer!eber /uanto essa ne!essidade rofunda e imeriosa, basta ensarum instante nos efeitos fisio"#gi!os do esanto, e !onsiderar ser asensa&o mais terr3e" /ue odemos sentir a/ue"a /ue se roduz todas

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    as ezes /ue um fenFmeno nos are!e o!orrer de modo !ontr2rio s"eis naturais, /ue nos so fami"iares$ ($$$) -eja !omo for, !erto /ue o!onjunto de nossos !one!imentos sobre a natureza e o dosro!edimentos /ue da3 deduzimos ara modifi!2:"a em nosso roeitoformam dois sistemas essen!ia"mente distintos em si mesmo$(COH?E, 1978, $ 78:79)$

    Conforme ressa"tamos, Comte rii"egia os !one!imentos te#ri!os ois so e"es

    /ue forne!em 6a base ra!iona" duma f3si!a !on!reta erdadeiramente sistem2ti!a$

    (COH?E, 1978, $ 8J)$ Assim, a diiso e a !"assifi!a&o das Ci0n!ias !omteana odem

    ser organizadas de modo /ue as Ci0n!ias Abstratas esto subdiidas e"a Hatem2ti!a,

    e"as Ci0n!ias dos Coros +rutos (Astronomia, *3si!a e u3mi!a) e e"as Ci0n!ias dos

    Coros Org4ni!os (*isio"ogiaP+io"ogia e *3si!a -o!ia"P-o!io"ogia)$

    ;essa !"assifi!a&o fina", oss3e" notarmos /ue a matem2ti!a, a f3si!a, a

    /u3mi!a e a bio"ogia seguem uma ordem !ujo saber arte do mais sim"es ao mais

    !om"eo$ A"m disso, odemos er!eber /ue a *3si!a -o!ia", a -o!io"ogia, o G"timo

    fim do ensamento ositio$ Essa disosi&o justifi!ada or Comte /ue afirma /ue

    aia ainda uma "a!una na fundamenta&o das "eis gerais do !one!imento !ient3fi!o,

    essa "a!una a *3si!a -o!ia" /ue, or ser mais !om"ea, deeria ser estudada$ ;a #ti!a

    do autor, ortanto, aia !egado o momento ade/uado e oortuno da !i0n!ia da

    so!iedade atingir seu Estado 5ositio$ O objetio do autor, !abe ressa"tar, era, de igua"modo !omo nas outras !i0n!ias, inestigar e estabe"e!er as "eis da f3si!a so!ia" /ue

    regem a ordem e o rogresso da so!iedade$

    5odemos afirmar, ortanto, /ue a reforma da so!iedade segue um er!urso

    inte"e!tua", mora" e o"3ti!o !uja !on!retude estaria submetida, ese!ia"mente, e"a

    reforma na edu!a&o$ 5ara estabe"e!er a fi"osofia ositia, Comte eiden!ia /ue a

    reforma edu!a!iona" reia uma mudan&a na forma&o euroeia /ue ainda estaa

    !entrada em re!eitos teo"#gi!os, metaf3si!os e "iter2rios$ Essa edu!a&o deeria

    a!omanar o es3rito da o!a e as ne!essidades da !ii"iza&o moderna$ E"a seria, em

    suma, a base s#"ida da reorganiza&o so!ia"$

    Diante do /ue eusemos at a/ui, oss3e" !on!"uir /ue as indi!a&'es de

    Comte no foram ignoradas no !en2rio o"3ti!o e edu!a!iona" brasi"eiro$ ;o !onteto de

    rogresso e industria"iza&o do nosso a3s, os re!eitos ositiistas foram assumidos

    e"a nossa edu!a&o ao tomarem ara si ideais de rogresso, roseridade, seguridade

    e!onFmi!a ou mesmo ordem$ As inf"u0n!ias do ositiismo na edu!a&o so inGmeras e

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    odem ser ensadas nos meios, objetios e fins da edu!a&o nos dias de oje$ A"m

    disso, e"as esto ref"etidas tambm no Ensino -uerior e nos modos !omo fazemos

    es/uisa$ 5or essa razo, no r#imo item de dis!usso, nos roomos a dis!utir essas

    inf"u0n!ias e ensar os ase!tos /ue nos ermitam estabe"e!er o 3n!u"o entre

    5ositiismo e *orma&o$

    AS RAZES DO PENSAMENTO POSITIVO NA EDUCAO: ANLISE DOS

    ELEMENTOS QUE FUNDAMENTAM AS INFLUNCIAS POSITIVISTAS NA

    FORMAO EDUCACIONAL.

    ;o Curso de Filosofia Positiva (1978), Comte eiden!ia /ue as eig0n!ias

    !o"o!adas ao estabe"e!imento do Es3rito 5ositio so de ordem o"3ti!a, mora" e,

    sobretudo, edu!a!iona"$ -o de ordem o"3ti!a na medida em /ue, imu"sionada e"o

    !aita"ismo, e"a industria"iza&o e e"o deseno"imento da t!ni!a, a so!iedade

    deeria er!orrer o ritmo do rogresso, da ordem e do deseno"imento$ -o de ordem

    mora" na medida em /ue, tendo fundado a Re"igio da @umanidade, Comte a!reditaa

    /ue uma noa fundamenta&o mora" oderia ser eer!ida e"as mu"eres$ E, or fim,

    so de ordem edu!a!iona" no sentido de, !om o intuito de modifi!ar a forma&o

    euroeia ainda teo"#gi!a, metaf3si!a e "iter2ria, o autor transare!e o /uanto e"a

    iniabi"izaa a instaura&o de um ensino /ue oderia ser rati!ado or meio da

    ierar/uiza&o natura" e imut2e" dos fenFmenos idea"izado na !"assifi!a&o das

    !i0n!ias$

    Embora no seja de nosso interesse tratar eaustiamente de !ada uma dessas

    reformas imortante ressa"tar /ue todas e"as in!idem diretamente sobre a edu!a&o e

    os fins /ue foram a"mejados ara a forma&o ao "ongo do rogresso da ist#ria da

    edu!a&o brasi"eira$ ;esse sentido, nos roomos a ensar a/ui o 3n!u"o entre reforma

    mora" e rofissiona"iza&o do!ente !entrada na figura feminina. o estreitamento entre

    reforma o"3ti!a e fins e!onFmi!os "an&ados edu!a&o. e, or fim, os modos !omo a

    edu!a&o, seja e"a +2si!a ou -uerior, in!ororou ideais ositiistas em seus !urr3!u"os,

    "anejamentos e mesmo no modo de se fazer es/uisa nas uniersidades$

    A !ome&ar e"a reforma mora" e rofissiona"iza&o do!ente feminina, odemos

    afirmar /ue a r2ti!a do ensino /uase semre !entrada na figura da mu"er uma das

    inf"u0n!ias mais is3eis do ositiismo na edu!a&o$ Embora saibamos /ue asinstitui&'es resons2eis e"a Edu!a&o %nfanti" se eman!iaram de suas no&'es

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    !uidadoras e rotetias, assando a assumir fun&o edu!atia. a rofissiona"iza&o

    do!ente /uase semre se autou na figura feminina de modo /ue, at nos dias de oje,

    grande arte do rofessorado brasi"eiro, ao menos na Edu!a&o %nfanti", !omosto or

    mu"eres em razo da ideia de !uidado$

    Dentre os rin!iais temas /ue erassam a fi"osofia !omteana, a Re"igio da

    @umanidade o!ua !erto desta/ue$ Embora no seja de nosso interesse traz0:"a

    dis!usso, imortante re!one!er /ue a idea"iza&o da mu"er est2 estreitamente

    in!u"ada e"a$ A a"oriza&o da mu"er, nos es!ritos de Comte, se asso!ia r2ti!a da

    mora"idade !ujo eer!3!io s# oderia ser disensado mu"er$ %nf"uen!iado or C"oti"de

    de au, Comte atribui mu"er, em asso!ia&o irgem Haria, esse ae"$ 5ara o

    autor, somente a mu"er ossu3a o dom da maternidade, do !uidado, da afetiidade, do!arino, da rote&o, do amor e da r2ti!a mora"$ 5ortanto, era ae" da mu"er o

    !uidado !om a fam3"ia e, !onse/uentemente, !om a so!iedade$

    ;a #ti!a de He""o (NN7) a diiniza&o da mu"er e sua reresenta&o !omo um

    ser suerior, e mesmo inating3e", !orroborou o arisionamento do seo feminino e

    mesmo sua submisso$ Esse diagn#sti!o se justifi!a e"a inferioriza&o da mu"er em

    re"a&o ao omem$ Embora Comte tena e"eado a !ondi&o so!ia" e mora" da mu"er

    em seus es!ritos, a ierar/uiza&o de ais ara !ada g0nero !u"minou, na erdade, na

    submisso feminina !uja atiidade se restringiu aenas ao !uidado materno e mora" da

    fam3"ia$ Aos omens, !ouberam a r2ti!a so!ia", o"3ti!a e o "abor di2rio !omo forma de

    sustento da fam3"ia$ ;essa seara&o de ais fi!a eidente o !er!eamento da mu"er e

    sua resonsabi"idade na manuten&o da ordem so!ia", ois, segundo He""o (NN7),

    sendo e"a o !omosto afetio e amoroso da so!iedade, era de sua in!umb0n!ia rerimir

    !omortamentos agressios e antisso!iais dos omens$

    < nesse !en2rio disosto e"o ambiente do "ar, e"a fun&o rotetia e e"a

    edu!a&o mora" /ue a mu"er e"eita ao eer!3!io do!ente$ ;a #ti!a de Comte, o

    omem s# seria disens2e" no eer!3!io r#rio da instru&o dos sujeitos$ Essa

    instru&o !aberia, desse modo, mu"er !uja erfe!tibi"idade mora" "e daa autoridade

    ara eer!er o ensino, !o"o!ar em r2ti!a a mora"idade e aui"iar a fundar e manter uma

    so!iedade ositia$ ;esse sentido, odemos !omreender o ae" da mu"er no !en2rio

    edu!atio e"o rti!e me:edu!adora:rofessora$ (HE>>O, NN7)$

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    Essa edu!a&o obiamente se ini!iaa em !asa, j2 /ue a mu"er estaa en!errada

    ne"e$ Contudo, /uando er!ebeu:se /ue a edu!a&o !onstitu3a o mote ara a reforma

    mora", so!ia" e e!onFmi!a da so!iedade, ento !on!"uiu:se /ue a edu!a&o deeria ser

    eer!ida tambm fora de !asa, nas es!o"as$ ;as institui&'es edu!atias, orm, are!ia

    se refor&ar a ierar/uiza&o de ais entre os g0neros$ ;o a"eatoriamente, os

    !onteGdos ensinados aos meninos e s meninas eram diferentes$ A e"as se ensinaam as

    rendas domsti!as, isto , os !uidados !om o "ar, !om o matrimFnio e !om os fi"os. e

    a e"es os !one!imentos Gteis ne!ess2rios forma&o da !idadania e do traba"o, o /ue

    os fariam !o"aborar ao rogresso so!ia"$ Com essa seara&o de ais tambm

    fomentada nas es!o"as, obiamente o eer!3!io do!ente no era e"eito e"os omens$

    Coube mu"er, ortanto, a r2ti!a do!ente$ (HE>>O, N1)$

    Em suma, odemos !on!"uir /ue a edu!a&o nos termos ositiistas,

    !omreendida !omo ro"ongamento do "ar, foi abi"mente eer!ida e"a mu"er e assim

    !ontinua sendo at a temora"idade do resente$ Conforme dito anteriormente, embora a

    Edu!a&o %nfanti" tena se eman!iado de sua defini&o estritamente !uidadora ara

    a"!an&ar a dimenso edu!atia, no odemos ignorar /ue grande arte de seu eer!3!io

    tena sido fundamentado em no&'es de !uidado e rote&o$ Ao menos so esses os

    !uidados eserados e"as mes /uando deiam seus fi"os re!m nas!idos nas !re!es e,osteriormente, nas es!o"as de Edu!a&o %nfanti"$

    Esera:se, nessa dimenso, /ue a mesma rote&o, o mesmo !uidado, !arino e

    amor disensados aos fi"os e/uenos no ambiente domsti!o sejam tambm eer!idos

    no esa&o es!o"ar$ Desse modo, a Edu!a&o %nfanti" are!e oerar !omo uma etenso

    do ambiente domsti!o !uja figura feminina, transosta rofessora, !onstitui tambm

    um ro"ongamento da figura materna$ 5or essa razo, odemos inferir /ue os ais

    femininos ensados e"a *i"osofia 5ositia in!idem na Edu!a&o na medida em /uetomou a mu"er !omo rin!ia" reresentante da fun&o do!ente, fun&o esta /ue

    aarente tambm nos dias de oje !om o rofessorado sendo majoritariamente

    !omosto or mu"eres$

    *inda esta tem2ti!a, odemos ensar /ue uma segunda inf"u0n!ia do ositiismo

    na forma&o a eig0n!ia da "ai!idade do ensino$ -egundo Di iorgi e >eite (N1N), as

    rimeiras atiidades edu!atias er!ebidas no +rasi" foram eer!idas e"os jesu3tas /ue,

    no er3odo !o"onia", foram resons2eis e"a !ristianiza&o dos ind3genas e difuso da

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    !u"tura o!identa"$ 5ara rea"izar esse intento, os jesu3tas a"fabetizaram e instru3ram os

    3ndios ara /ue e"es udessem no s# ser in!"u3dos na !ate/uese !omo tambm arender

    a "3ngua ortuguesa$ Embora a Co"Fnia de Qesus tena sofrido a"tera&'es em seu sistema

    de ensino, assando a atender !ada ez mais aos interesses da e"ite, o /ue faore!eu a

    eu"so dos jesu3tas or Har/u0s de 5omba". no odemos negar /ue as rimeiras

    atiidades edu!atias no a3s mantieram um 3n!u"o estreito entre re"igio e ensino,

    ortanto, entre o teo"#gi!o e a !u"tura, re"a&o esta /ue durou at a reforma omba"ina$

    Desroidos de um sistema de ensino no er3odo omba"ino, ta" sistema s#

    !ome&ou a ser arti!u"ado !om a inda da fam3"ia rea" ortuguesa ao +rasi" em 18N8$

    ;esse er3odo, !abe ressa"tar, a edu!a&o se in!umbia aenas de forma&o t!ni!o:

    buro!r2ti!a, !om istas a formar mo:de:obra de uma e/uena e se"eta e"ite$ A#s a%ndeend0n!ia, j2 no %mrio, oss3e" er!eber a imort4n!ia atribu3da edu!a&o

    /uando, or eem"o, instaurada a gratuidade do ensino$ Com o rogresso da

    agri!u"tura, das indGstrias, do !omr!io, das estradas de ferros e rodoias e dos ortos

    mar3timos, a ne!essidade da forma&o ainda maior$

    ;esse !onteto, odemos notar /ue o rogresso sentido no a3s !o"o!ou !omo

    !erne do debate edu!a!iona" medidas /ue isaam a !onstru&o de um sistema de

    ensino /ue fosse !aaz de atender s demandas so!iais da o!a$ Assim, na ReGb"i!a,

    !om o !res!imento da industria"iza&o, do ro"etariado, da urbaniza&o e dos

    moimentos so!iais se ini!iou uma !onsider2e" !amana ara !ombater o

    ana"fabetismo e noas ideias fermentaram a dis!usso edu!a!iona"$ ;esse sentido,

    oss3e" notar /ue a#s a eu"so dos jesu3tas e as transforma&'es ist#ri!as /ue

    inf"uen!iaram tambm o ensino, oue a seara&o entre ensino e re"igio uma ez /ue

    foi re!iso searar o /ue era da ordem do teo"#gi!o da ordem do !ient3fi!o=

    A "ai!idade, /ue !o"o!a o ambiente es!o"ar a!ima de !ren&as edisutas re"igiosas, a"eio a todo o dogmatismo se!t2rio, subtrai oedu!ando, reseitando:"e a integridade da ersona"idade emforma&o, resso erturbadora da es!o"a /uando uti"izada !omoinstrumento de roaganda de seitas e doutrinas$ (O HA;%*E-?ODO- 5%O;E%RO- DA EDCASTO ;OA, NNB, 5$ 19I)$

    Essa "ai!idade do ensino are!e dia"ogar !om o idea" de reforma edu!atia

    !omteana j2 /ue, segundo Comte, o insu!esso de uma so!iedade ositia era fruto das

    ra3zes teo"#gi!as e metaf3si!as no ensino, or eem"o$ ;essa medida, odemos afirmar

    /ue o re!one!imento da edu!a&o !omo direito de todos, a sua obrigatoriedade, a sua

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    garantia !omo resonsabi"idade do oerno *edera", Estados e Huni!3ios e a sua

    "ai!idade !onstituem imortantes fatores ara se ensar reformas na edu!a&o, reformas

    estas /ue iro fazer !om /ue se !omreenda a edu!a&o !omo so"u&o de rob"emas

    so!iais e !omo ro!esso de forma&o de indi3duos !ometentes e abi"idosos ara o

    mer!ado de traba"o$

    ?odo o !en2rio des!rito at a/ui are!e fomentar o /ue !onsideramos uma

    ter!eira inf"u0n!ia do 5ositiismo na edu!a&o, /ua" seja, o re!one!imento de /ue a

    forma&o no fi!ou imune ao deseno"imento do es3rito de nossa o!a e s

    ne!essidades da !ii"iza&o moderna$ -e a Ci0n!ia tem a fina"idade de intermediar o

    nosso !one!imento sobre a natureza, agir sobre e"a, anteer e reer o seu

    !omortamento. ento odemos afirmar, !om !erta seguran&a, /ue a edu!a&o no deiade assumir essa mesma fina"idade$ ;a fi"osofia ositia de Comte eidente a

    aroima&o do !one!imento reid0n!ia e, ortanto, sobrei0n!ia$ ;o !en2rio da

    edu!a&o esse 3n!u"o se eressa na iso rodutiista da forma&o em detrimento da

    forma&o !ii" demo!r2ti!a, ou seja, a edu!a&o assa a ser !on!ebida no !omo o

    ro!esso mediante o /ua" se forma o !idado !ons!iente de seus direitos e deeres, mas

    o indi3duo !ometente e ato a inserir:se na diiso so!ia" do traba"o$

    ;essa esfera, no !onteto da edu!a&o brasi"eira, j2 se tornou um !onsenso

    re!one!er uma no&o sa"adora da forma&o !omo a/ue"a /ue oferta aos indi3duos as

    !ondi&'es ara /ue e"e ossa no s# interir e transformar sua rea"idade, mas reso"er os

    rob"emas so!iais$ Ao menos essa a ideia originada na ReGb"i!a e /ue tem

    rea"e!ido nos fins edag#gi!os na nossa atua"idade$ Do mesmo modo, essa era a

    eig0n!ia osta or Comte /uando afirmou /ue a edu!a&o deeria !onstituir a base

    s#"ida da reorganiza&o so!ia"$ 5ara isso, a edu!a&o deeria no s# ofertar !ondi&'es ao

    rogresso do !aita", !omo tambm ser !aaz de rearar mo:de:obra ara /ue issoa!onte!esse=

    5ortanto, as a"tera&'es nas re"a&'es so!iais roo!adas no +rasi" !oma etin&o da es!raatura e o fato de o ro"etariado ini!iar sua ist#riano !onteto brasi"eiro roo!am a eanso do ensino e"ementar$ %ssoor/ue, na #ti!a da !"asse dominante, o ensino seria uma forma de!ontro"ar a ou"a&o a faor dos interesses do !aita"$ A Reo"u&ode 19IN o!orreu em meio a grande eferes!0n!ia de ideias e seurograma era o da A"ian&a >ibera"= rea"iza&o de e"ei&'es, e"abora&ode uma noa !onstitui&o, bus!a de so"u&'es ara a 6/uesto so!ia",!uja eist0n!ia assaa a ser re!one!ida, e, no "ano edu!a!iona", adifuso do ensino t!ni!o:rofissiona" !omo meio de reara&o de

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    mo:de:obra /ua"ifi!ada ara a indGstria e o !omr!io ($$$)$ (D%%OR%, >E%?E. N1N, $ I1N:I11)$

    Os aontamentos feitos e"os autores tambm esto resentes noManifesto dos

    Pioneiros da Educao ova(19I), !uja an2"ise demonstra noos fins !o"o!ados

    edu!a&o na d!ada de IN$ As noas ideias ensadas no !en2rio edu!atio in!idem no

    /ue retendemos aontar !omo a /uarta inf"u0n!ia do ositiismo na edu!a&o, /ua"

    seja, a dimenso o"it!ni!a e te!ni!ista do ensino, j2 sentida nos es!ritos de Comte

    /uando idea"izou o Curso de Filosofia Positivaem 18B$ Embora o autor no tena

    es!rito nenum rograma edu!atio sobre este tema, a sua forma&o o"it!ni!a e sua

    osterior atua&o !omo rofessor no ensino o"it!ni!o eiden!iam a roenso de

    Comte forma&o te!ni!ista$

    ;oManifesto dos Pioneiros da Educao ova (19I), j2 nas rimeiras "inas

    do do!umento, 2 um diagn#sti!o em /ue a edu!a&o aare!e !omo rin!ia" fator de

    re!onstru&o so!ia"$ O /ue nos !ama a aten&o nessas rimeiras "inas a ideia em si

    da forma&o !omo eig0n!ia ara reformar a so!iedade, eig0n!ia esta j2 !itada or

    Comte no Curso de Filosofia Positiva(1978)$ ;o do!umento, a edu!a&o no !onstitui

    aenas !ondi&o de reforma, mas tambm de deseno"imento e!onFmi!o=

    5ois, se a eo"u&o org4ni!a do sistema !u"tura" de uma a3s deendede suas !ondi&'es e!onFmi!as, imoss3e" deseno"er as for&ase!onFmi!as ou de rodu&o, sem o rearo intensio das for&as!u"turais e o deseno"imento das atid'es inen&o e ini!iatia/ue so os fatores fundamentais de a!rs!imo de ri/ueza de umaso!iedade$ ($$$) ?odos os nossos esfor&os, sem unidade de "ano e semes3rito de !ontinuidade, no "ograram ainda !riar um sistema deorganiza&o es!o"ar, a"tura das ne!essidades modernas e dasne!essidades do a3s$ (O HA;%*E-?O DO- 5%O;E%RO- DAEDCASTO ;OA, NNB, 5$ 188)$

    < interessante obserar, na afirmatia a!ima, /ue a forma&o no are!e ser

    er!ebida !omo o ro!esso de deseno"imento da !idadania, da autonomia, da

    eman!ia&o e das !aa!idades de ref"etir, onderar e ju"gar do sujeito r#rias da

    no&o da Bildung. mas se !o"o!a diante de um imeratio /ue o e!onFmi!o$

    Obiamente a roosta dos ioneiros da Edu!a&o ;oa era /uestionar e transformar a

    edu!a&o tradi!iona", refor&ando ideais de "ai!idade, gratuidade, obrigatoriedade e

    /ua"idade. nesse sentido, no odemos ignorar a sua imort4n!ia no !en2rio ist#ri!o da

    edu!a&o, orm !onm re!one!ermos /ue ta" transforma&o ressuuna !onformar

    a edu!a&o !omet0n!ia, ao traba"o=

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    < !erto /ue re!iso fazer omens, antes de fazer instrumentos derodu&o$ Has, o traba"o /ue foi semre a maior es!o"a de forma&oda ersona"idade mora", no aenas o mtodo /ue rea"iza oa!rs!imo da rodu&o so!ia", o Gni!o mtodo sus!et3e" de fazeromens !u"tiados e Gteis sob todos os ase!tos$ (O HA;%*E-?ODO- 5%O;E%RO- DA EDCASTO ;OA, NNB, 5$ 19)$

    ;o do!umento, se eiden!ia, ortanto, /ue o traba"o o e"emento formador da

    edu!a&o !ujo objetio fazer !om /ue o edu!ando se insira na 6!orrente do rogresso

    materia" e esiritua" da so!iedade de /ue roeio e em /ue ai ier e "utar$ (O

    HA;%*E-?O DO- 5%O;E%RO- DA EDCASTO ;OA, NNB, 5$ 19B)$ ;a nossa

    !ontemoraneidade essa eig0n!ia no diferente$ E"a se !on!retiza /uando o

    !one!imento !ient3fi!o se a"ia t!ni!a e ten!iona os fins da edu!a&o aos fins so!iais

    meramente uti"it2rios$ ;essa "#gi!a, redomina na forma&o o deseno"imento de

    abi"idades e !omet0n!ias ara /ue o indi3duo seja !aaz de !o"o!ar em r2ti!a os

    ensinos re!ebidos em sua es!o"ariza&o$ Desse modo, esera:se formar um !onjunto de

    abi"idades e saberes /ue o ermitam retribuir so!iedade a/ui"o /ue re!ebeu em sua

    forma&o, /ua" seja, a manuten&o da ordem !aita"ista igente$ ;o a"eatoriamente, o

    inestimento em !aita" umano oje feito ara /ue se roduza !aita"$

    Essa forma&o !on!retizada e"a forma&o de abi"idades muito ese!3fi!as=

    adata&o, inoa&o, diagn#sti!o de rob"emas, re!one!imento das !ausas e so"u&o derob"emas e forma&o !onstante e ermanente$ E"a o!orre desde a mais tenra idade da

    !rian&a, /uando reduzimos os temos da inf4n!ia or meio da ierar/uiza&o de

    !one!imentos e r2ti!as nos /uais seja oss3e" aa"iar o arendizado da !rian&a, seu

    deseno"imento er!etio e motor or meio da obsera&o. e adiantamos os temos

    de forma&o rearando:as ara o futuro desde a Edu!a&o %nfanti" at o Ensino

    -uerior$

    ;essa "#gi!a de ensamento, a es!o"a no est2 imune ra!iona"idade t!ni!a e

    "#gi!a emresaria", ois e"a se identifi!a !om no&'es de rogresso e deseno"imento$

    Entende:se or edu!a&o no o ro!esso origin2rio daBildung, mas a/ue"e no /ua" se

    formam abi"idades e !omet0n!ias !ujo fim o uti"itarismo do mer!ado$ a"oriza:se,

    nesse sentido, o 6arender a arender, a forma&o !ont3nua e "inear e a arendizagem

    ermanente do a"uno (j2 /ue a te!no"ogia se inoa a !ada temo)$ -o deseno"idas

    abi"idades inte"e!tuais (forma&o, !onteGdos e saberes) e atitudes morais

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    (so!iabi"idade, ini!iatia, disonibi"idade, et!) /ue roduzam resu"tados eressos em

    rodutiidade e a!Gmu"o de !aita"$

    5or essas ias de ra!io!3nio, a es!o"a se transforma em emresa ou institui&o

    restadora de seri&o. a uniersidade na/ui"o /ue Cau3 (198) aonta !omo6uniersidade oera!iona", atras do /ua" a forma&o em n3e" suerior se define e se

    sustenta e"a sua f"eibi"idade e sua abi"idade ara adatar:se s mudan&as e s

    transforma&'es so!iais da so!iedade !aita"ista (RAHO-, N1U, $ 1), !uja rin!ia"

    atribui&o dosar os saberes Gteis e indisens2eis ao futuro do a"uno. o rofessor em

    t!ni!o resons2e" e"a transmisso de !onteGdos e o a"uno em !"iente e deosit2rio

    /ue dee assimi"ar e reroduzir os !onteGdos$ Da"bos!o (NN8, $ 19I) denomina essa

    rea"idade edag#gi!a de 6indGstria edu!a!iona" /ue !onsiste no ro!esso 6no /ua" o!aita" (inestimento finan!eiro) inade a edu!a&o, aroriando:se de institui&'es de

    ensino, interferindo diretamente no ro!esso forma" de ensino:arendizagem,

    submetendo o r#rio ro!esso edag#gi!o s "eis do mer!ado e, ortanto, s suas "eis

    de a"or e "u!ro$

    ;essa ideia de indGstria edu!a!iona", a r#ria estrutura organiza!iona" da es!o"a

    d2 testemuno de uma institui&o industria", !aita"ista e buro!r2ti!a$

    (@ERHA;;,199U)$ ;o 5"anejamento Es!o"ar, or eem"o, fi!a eidente a

    reo!ua&o das institui&'es em definir os fins, os objetios, os meios, as formas de

    aa"ia&o e as formas de arendizagem$ 5are!e /ue as institui&'es resons2eis e"a

    forma&o dos a"unos se reo!uam !ada ez mais em identifi!ar, des!obrir e arimorar

    os modos !omo os a"unos arendem ara e"or2:"os em faore!imento da

    oten!ia"iza&o de !aita" umano$ Ao nosso er, os modos !omo se ensina e arende

    esto in!u"ados ao ositiismo, ortanto, na medida em /ue a es!o"a se identifi!a !om

    o eer!3!io de reer e ante!iar os temos da forma&o$

    Dessa forma, se eroria da edu!a&o a reo!ua&o !om a forma&o de

    a"ores deeras mais sens3eis s /uest'es do nosso temo, !omo o reseito e a

    to"er4n!ia !om o diferente, a ti!a de si e do trato !om o outro, enfim a edu!a&o se

    o"ta /uase /ue e!"usiamente "aida&o dos a"unos 6diamantes, !uja inte"ig0n!ia e

    oten!ia" "e garantem um "ugar na uniersidade e, osteriormente, no mer!ado de

    traba"o$ A es!o"a, oje, are!e se es/ue!er dos 6!as!a"os, isto , dos a"unos !uja

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    aus0n!ia de uma inte"ig0n!ia inata "es nega o a!esso s mesmas oortunidades

    edu!a!ionais dos a"unos 6diamantes, !uja uti"idade /uase nu"a$ (RO-A,NN9)$

    A"m desta tem2ti!a, odemos e"en!ar ainda !omo uma inf"u0n!ia do

    ositiismo na forma&o a rob"em2ti!a da organiza&o dos !urr3!u"os, seriados ediididos or 2reas do saber$ O !urr3!u"o fragmentado, tradi!iona", searado or 2reas

    de !one!imento sem dGida de origem ositiista$ O maior a"or das Ci0n!ias Eatas

    em detrimento das Ci0n!ias @umanas sentido at oje na !arga or2ria dos !ursos,

    !urr3!u"os, grades uniersit2rias e mesmo nos eames estibu"ares e aa"ia&'es

    goernamentais /ue aa"iam o desemeno dos a"unos$ ?a"ez em razo da !esura /ue

    semre oue entre os !amos do saber, a ne!essidade de di2"ogo entre e"es nun!a foi

    to sentida !omo oje=

    A interdis!i"inaridade /uestiona a segmenta&o entre os diferentes!amos de !one!imento roduzida or uma abordagem /ue no "eaem !onta a inter:re"a&o e a inf"u0n!ia entre e"es, /uestiona a iso!omartimentada (dis!i"inar) da rea"idade sobre a /ua" a es!o"a, ta"!omo !one!ida, istori!amente se !onstituiu$ Refere:se, ortanto, auma re"a&o entre dis!i"inas$ (+RA-%>, 1997, $ 1)

    ;os 5ar4metros Curri!u"ares ;a!ionais /ue tratam dos ?emas ?ransersais, or

    eem"o, a introdu&o dos temas da , 1997,

    $ 9)$

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    De a!ordo !om os 5C;Vs (1997), ortanto, fi!a eidente /ue a fragmenta&o dos

    !urr3!u"os do ensino re!isa ser /uestionada na medida em /ue, a"m de romoer uma

    seara&o entre as diferentes 2reas do saber, ierar/uizando as de maior e menor

    imort4n!ia, no romoe a arti!u"a&o entre e"as, de modo /ue nun!a oue tanta

    ne!essidade de se reensar a re"a&o dos !onteGdos !om a ida dos a"unos, o /ue

    faore!eria, em suma, uma arendizagem efetia e signifi!atia ara o a"uno$

    5or fim, no oder3amos deiar de ensar a inf"u0n!ia do ositiismo na

    es/uisa e no modo !omo fazemos es/uisa$ -egundo Lanotto (NNJ), o "egado do

    ositiismo na es/uisa resa"dado e"as no&'es de rogresso e rodutiidade$ O

    rogresso justifi!ado e"o 3n!u"o entre es/uisa e mer!ado /ue faz !om /ue a

    inestiga&o er!a seu !ar2ter de bus!a da erdade ara submeter:se a fins e!onFmi!osde modo /ue os es/uisadores otam or inestigar a/ui"o /ue ode ser Gti" ou

    "u!ratio$ ;esse !aso, ousar3amos afirmar /ue o uso da es/uisa est2 o"tado obten&o

    de di"omas e t3tu"os /ue garantam o me"or emrego seja nas grandes emresas ou

    mesmo na uniersidade$

    5or essa razo, o uso etra!ient3fi!o da es/uisa ressu'e grandes /uantidades

    e resu"tados /ue nos fazem /uestionar se o n3e" de rodutiidade nas es/uisas est2

    erassado e"a sua rea" /ua"idade e ima!to so!ia", ou ento, se os resu"tados /ue

    roduzem so ara benef3!io de ou!os ou ara o bem !omum da !o"etiidade$ Em

    suma, are!e aer na es/uisa brasi"eira uma eig0n!ia de rodutiidade ara /ue os

    !urr3!u"os fi/uem inf"ados or rodu&'es ao asso /ue a /ua"idade dos traba"os sejam

    mesmo /uestion2eis no /ue !omete aos resu"tados e ima!to so!ia"$

    ;o modo !omo fazemos es/uisa esse "egado tambm eidente$ E"e se

    sustenta na re!oniza&o de saberes /ue odem ser aa"iados, /uantifi!ados,

    sistematizados, obserados e !omroados "uz do mtodo e da emiria$ -eara:se,

    nesse sentido, ese!ia"mente !om a *i"osofia C"2ssi!a e Hoderna, a eeri0n!ia /ue

    da ordem do em3ri!o da/ue"a eeri0n!ia /ue da ordem da subjetiidade, isto , se

    romoe um distan!iamento entre o obser2e" e o iido$ A eeri0n!ia, /ue r#ria

    da/ui"o /ue iemos, sofremos, ade!emos, da/ui"o /ue arendemos ao "ongo da

    tradi&o !u"tura", da/ui"o /ue ouimos nas grandes narratias e f2bu"as !ontadas e"os

    nossos a#s aos nossos ais e /ue u"traassaa temos, esa&os e gera&'es at !egar a

    n#s. /ue, enfim, se !onstitui da/ui"o /ue nos assa, nos afeta e nos transforma

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    (>ARRO-A, NNU) sobreujada or uma eeri0n!ia na /ua" odemos !omroar /ue

    o /ue obseramos da natureza e dos fenFmenos odem ser organizados, es/uematizados

    e /uantifi!ados em dados de nossas es/uisas !ujo fim !omroar a reiso /ue

    fazemos /uando "eantamos nossas i#teses nos rojetos de es/uisa$

    Desse modo, inestigamos nosso objeto j2 reendo e !omroando nossas

    i#teses sobre e"e$ ;esse !aso, nos "an&amos sobre e"e e rojetamos nossos fins nos

    resu"tados finais sem se/uer nos identifi!armos !om os nossos rob"emas de es/uisa,

    sem se/uer nos deiarmos afetar or e"es$ O objeto se !onerte, ortanto, na/ui"o /ue

    n#s mesmos determinados, !"assifi!amos e /uantifi!amos, ois arendemos a es/uisar

    mediante esta tradi&o, isto , uma metodo"ogia estritamente em3ri!a /ue e"imina a

    re"a&o simb#"i!a entre sujeito e objeto$ ;as a"aras de Lanotto (NNJ, $ 1I8) trata:se6de uma r2ti!a de inestiga&o /ue se tornou me!4ni!a, /ue /uantifi!a dados,

    rendendo:se aenas aos fenFmenos !omo fim e no !omo um onto de artida ara a

    !omreenso de !ontetos maiores, signifi!atios, g"obais, !om o ensar /ua"itatio$

    Em suma, no&'es !omo neutra"idade, objetiidade e distan!iamento entre o

    obserador e o seu objeto de inestiga&o nos afastam da/ui"o /ue nos to!a e nos afeta e

    /ue r#rio do fazer es/uisa em Edu!a&o$ E"imina:se, assim, /ua"/uer re"a&o

    subjetia !om o objeto /ue ossa transformar nosso o"ar sobre e"e, redominando uma

    re"a&o objetiada !om e"e$ A"m disso, no 2 em nossos mtodos o "ugar ara a

    dGida e a in!erteza, ois, em termos !ient3fi!os, a ese!u"a&o substitu3da e"a

    obsera&o e !omroa&o de erdades /ue nos ermitam !onstruir e fundamentar

    eistemo"ogias /ue se afastam, or ezes, da nossa ida$ Obiamente seria ing0nuo de

    nossa arte afirmar /ue no dee aer rigor e mtodo na inestiga&o$ O /ue are!e ser

    um rob"ema, na erdade, a dist4n!ia /ue 2 entre n#s e a/ui"o /ue es/uisamos, entre

    a singu"aridade do objeto, ou a/ui"o /ue e"e em si mesmo, e a/ui"o /ue imomos!omo sua signifi!a&o$

    ;os modos !omo fazemos es/uisa, ortanto, are!e no aer "ugar ou no

    dado "ugar ara o esanto e o en!anto /ue o objeto ode nos roo!ar$ ?a"ez isso

    a!onte&a, ois /uando estiu"amos nossos objetios e i#teses j2 aresentamos

    reiamente os resu"tados de nossa inestiga&o$ Centrados nesses resu"tados,

    e"iminamos tudo o /ue es!aa da/ui"o /ue /ueremos !omroar !omo erdade$ ;o

    toa, muitos es/uisadores tentam forjar ou maniu"ar dados de entreistas ou

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    obsera&'es /ue es!aam ao reisto ou, ento, fi!am estagnados /uando er!ebem /ue

    o seu objeto no ir2 !omroar suas i#teses ini!iais$ ;esse !aso, o imreisto are!e

    oerar !omo a"go /ue dee ser e"iminado de nossas es/uisas$

    De modo !ontr2rio, ta"ez fa"te em n#s uma !ons!ientiza&o a!er!a da io"0n!ia/ue infringimos sobre os nossos objetos de es/uisa$ ?a"ez nos fa"te um o"ar

    benjaminiano sobre a es/uisa !ujo eer!3!io !onsiste em nos aroimar do objeto mas,

    ao mesmo temo, manter !om e"e uma dist4n!ia ne!ess2ria ara no eroriarmos sua

    singu"aridade$ ?a"ez nos fa"te, ainda, en!ontrar noas formas de narrar sobre o

    fenFmeno /ue seja diferente da "inguagem estritamente ositiista, !ujo objetio

    !one!er o objeto e orden2:"o numa "#gi!a estritamente ra!iona"$ ;os fa"ta, ortanto,

    esse o"ar do !o"e!ionador (+E;QAH%;, 199U), !uja bus!a de fragmentos esignifi!ados nos ermitam reserar o objeto das erdades /ue o destituem de sua

    singu"aridade, de modo a am"iar seu !amo de sentido$ O desafio a/ui are!e ser o de

    reensar a nossa maneira de es/uisar ara /ue ossamos inaugurar noas signifi!a&'es

    sobre os nossos objetos, ara /ue ossamos i"umin2:"o, rode2:"o e nos aroimarmos

    de"e sem, !ontudo, imormos nossas erdades sobre e"e$

    CONSIDERAES FINAIS

    Em fa!e do /ue eusemos neste traba"o, odemos justifi!ar /ue 2rios so os

    fatores /ue nos ermitem identifi!ar as inf"u0n!ias ositiistas na edu!a&o brasi"eira,

    sobretudo a !ontemor4nea$ Essas inf"u0n!ias se eiden!iam nas no&'es de rogresso e

    deseno"imento, erdados do ensamento !omteano ositiista, /ue fez !om /ue a

    edu!a&o, ao "ongo de sua ist#ria, assumisse ara si tais ideais$ ?ais ideais se

    manifestam na !omreenso da forma&o !omo garantia de su!esso, emrego e

    seguridade e!onFmi!a /ue, !onse/uentemente, faore!em o rogresso e!onFmi!o do

    a3s$

    Em bus!a dessas garantias, a Edu!a&o, desde a Edu!a&o %nfanti" at o Ensino

    -uerior, ajusta seus objetios, meios e fins ara /ue se formem abi"idades e

    !omet0n!ias ne!ess2rias forma&o de mo:de:obra do a"unado ara /ue e"e no fi/ue

    de fora da "#gi!a do !aita"$ ;esse sentido, assistimos transforma&o das institui&'es

    de ensino em emresas, j2 /ue e"as nada diferem do sistema de treinamento,

    arendizagem !ont3nua e ermanente e forma&o de atitudes r#rias das grandesemresas$

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    O Ensino -uerior are!e a"imentar essa mesma "#gi!a /uando !omreendemos

    a forma&o a!ad0mi!a !omo garantia de di"omas e t3tu"os /ue nos ermitam adentrar o

    mer!ado de traba"o e garantir a nossa sobrei0n!ia$ ;o !amo da es/uisa, a "#gi!a

    da rodutiidade, do rogresso e mesmo o modo !omo inestigamos nossos objetos,

    are!em dar testemuno da eran&a dos re!eitos ositiistas sobre o jeito de fazermos

    !i0n!ia e roduzirmos resu"tados de es/uisa$

    Assim sendo, diante desse diagn#sti!o, are!e urgente ensarmos !riti!amente a

    edu!a&o na !ontemoraneidade no sentido de reiindi!armos a Bildung nos esa&os

    formatios! !ujo objetio formar no rioritariamente um !onjunto de saberes

    ne!ess2rios inser&o do indi3duo no meio so!ia" do traba"o, mas aui"i2:"o a ensar

    /uest'es ti!as e o"3ti!as de nosso temo /ue o ossibi"item ref"etir, onderar e ju"garsobre as suas a&'es sobre o meio, sobre a natureza, sobre os fenFmenos e os

    a!onte!imentos /ue afetam a sua ida. /ue o ermitam, or fim, es!o"er e agir

    eti!amente de modo a no abitar nosso mundo de forma uti"it2ria, mas !om

    sensibi"idade e resonsabi"idade !onsigo e !om o !o"etio$ Essa a misso da forma&o

    resons2e" or indi3duos ti!os e justos, muito a"m de indi3duos !ometentes e

    Gteis$

    REFERNCIAS

    ADOR;O, ?$ W$ X @ORM@E%HER, H$ "ial#tica do esclarecimento. ?radu&o deuido Antonio de A"meida$ Rio de Qaneiro= Laar, 198J$

    $$$$$$$. O !on!eito de Es!"are!imento$ %n= ADOR;O, ?$ W$ X @ORM@E%HER, H$"ial#tica do esclarecimento. ?radu&o de uido Antonio de A"meida$ Rio de Qaneiro=Laar, 198J$+E;QAH%;, W$ Charles Baudelaire um l%rico no auge do ca&italismo. O'rasescolhidas (ol. ))).?rad$ de Qos Car"os Hartins +arbosa e @emerson A"es +atista$ -o5au"o, +rasi"iense, 199U$

    COH?E, A$ Curso de Filosofia Positiva. "iscurso so're o Es&%rito Positivo. "iscursoPreliminar so're o con*unto do Positivismo. Catecismo Positivista$ Auguste Comte=-e"e&o de tetos de Qos Artur iannotti. tradu&o de Qos Artur iannotti e Higue">emos$ -o 5au"o= Abri" Cu"tura", 1978$ Os 5ensadores$

    C@AY, Hari"ena$ 6O /ue ser edu!ador ojeZ Da arte !i0n!ia= a morte do edu!ador$%n= +RA;DTO, Car"os Rodrigues (Coordenador)$ O educador+ vida e morte. Escritos

    so're uma escie em &erigo$ Rio de Qaneiro, Edi&'es raa", 198$C@AY, H$A universidade so' nova &ers&ectiva$%n,evista Brasileira de

    Educao!NNI, n[ U, $ NJ:1J$

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    @ERHA;;, ;adja$ A ra-o! a eoria Cr%tica e a Educao$ %n= ?eoria Cr3ti!a eEdu!a&o= a /uesto da forma&o !u"tura" na Es!o"a de *ranKfurt$ 5etr#o"is, RQ= ozes.-o Car"os, -5= ED*%-CAR, 199U$>ARRO-A, Qorge$/inguagem e educao de&ois de Ba'el$ +e"o @orizonte= Aut0nti!a,NNU$

    >\W], Hi!ae"$)deologiase Ci0ncia Social= elementosara uma an1lise mar2ista$ 17$ed$ -o 5au"o= Cortez, NNB$RO-A, -$ O$ da$ Os investimentos em 3ca&ital humano$ %n=Para uma via no4fascista$RAO, H$. ;E?O, A$ $ +e"o @orizonte= Aut0nti!a Editora, NN9, $ I77:I88$