66
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS A BRENDA SUELLEN FRANKLIN DE FARIAS GOMES 2018 Natal RN Brasil

PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES

AMBIENTAIS

A

BRENDA SUELLEN FRANKLIN DE FARIAS GOMES

2018

Natal – RN

Brasil

Page 2: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

Brenda Suellen Franklin de Farias Gomes

PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES

AMBIENTAIS

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA

FAMILIAR SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA

FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A

COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

Dissertação apresentada ao Programa Regional

de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente, da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Mestre.

Orientadora: Profª. Drª. Priscila Fabiana Macedo Lopes

2018

Natal – RN

Brasil

Page 3: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada
Page 4: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - ­Centro de Biociências - CB

Gomes, Brenda Suellen Franklin de Farias.

Pesca amadora marinha e suas implicações ambientais / Brenda Suellen Franklin de Farias Gomes. - Natal, 2018.

65 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Biociências. Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente/PRODEMA.

Orientadora: Profa. Dra. Priscila Fabiana Macedo Lopes.

1. Pesca Subaquática - Dissertação. 2. Conservação -

Dissertação. 3. Pesca Costeira - Dissertação. I. Lopes, Priscila Fabiana Macedo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 639.2

Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351

Page 5: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus por me conceder o fôlego de vida, aos meus

familiares, em especial à minha grande incentivadora, minha mãe Betânia Melo, aos meus

irmãos Bruno Gomes e Breno Gomes pelo apoio de sempre e ao meu esposo Everton

Oliveira pelo companheirismo e paciência, principalmente nestes últimos meses.

À CAPES e ao PRODEMA por possibilitarem o financiamento e o fomento à pesquisa,

à minha orientadora profª Drª Priscila Lopes, pelos “puxões de orelha” importantíssimos

para o desenvolvimento e crescimento da pesquisa. Grata pelas consultas e dúvidas tiradas

pela profª Drª Kátia Freire que é uma referência no que tange à Pesca Amadora no País.

Aos colaboradores Tiego Costa e Juan Zurano, que foram fundamentais nesta pesquisa.

A minhas colegas ajudantes nas coletas de campo, Geovanine Alves, Lidiane Cruz, Leila

Oliveira, Fernanda Lourenço, Sarah Mariana e Elizandra.

Page 6: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

RESUMO

Esta dissertação é dividida em dois capítulos, no primeiro capítulo avaliamos as espécies alvo de pesca

esportiva subaquática no Brasil provenientes de três regiões geográficas (NE, SE e S). Avaliamos a

categoria trófica destas espécies e eventuais mudanças ao longo do tempo no tamanho do peixe troféu,

como possíveis indicadores de desequilíbrio ecológico. Utilizamos um questionário on-line distribuído nas

mídias sociais, principalmente Whatsapp. O questionário abordou, além dos peixes troféu, se os pescadores

subaquáticos reconhecem algum possível impacto causado por este tipo de pesca, além de outros aspectos

relacionados à conservação ambiental desta atividade. O questionário também avaliou se os os pescadores

estavam cientes de iniciativas de regulamentação e se eles passaram por algum tipo de fiscalização.Os

resultados do questionário mostraram uma tendência decrescente no tamanho do maior peixe capturado e

no nível trófico médio das espécies capturadas ao longo do tempo. Os peixes carnívoros são o alvo

preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de

praia, praticada com anzol, descrita no segundo capítulo). As regiões geográficas diferiram em número de

espécies-alvo, com os pescadores do Nordeste visando um maior número de espécies de interesse. No geral,

a percepção dos pescadores sobre conservação, impacto e regulação não variou entre as regiões, apesar de

uma leve tendência de os pescadores do sul serem mais submetidos à fiscalização. No segundo capítulo

reconstruímos as capturas históricas (1975-2016) da pesca esportiva de beira de praia do estado do Rio

Grande do Norte, utilizando boletins disponíveis e outras fontes secundárias, além de observações diretas

de torneios ao longo de 2016. Os dados não existentes foram inferidos usando valores médios calculados

a partir dos anos que tinham informações originais. Os dados reconstruídos foram apresentados para os dois

tipos de torneios: barra leve e barra pesada, resultando em capturas totais por ano e CPUE (Captura por

Unidade de Esforço). Sempre que disponível, o nível trófico da espécie também foi registrado para

avaliação de mudanças ao longo do tempo. Os resultados mostraram uma grande variação no número de

campeonatos ao longo dos anos, com o total de capturas por ano variando diretamente de acordo com o

número de torneios. Nenhuma tendência foi observada em relação ao peso dos peixes, que sempre foi baixo.

No entanto, o nível trófico das espécies-alvo diminuiu ao longo das décadas. Embora este tipo de pesca

remova pequenas quantidades de peixe em comparação com a pesca comercial, uma melhor compreensão

da mesma poderia apoiar a avaliação dos estoques de peixes-alvo (por exemplo, como mostrado aqui na

tendência decrescente do nível trófico). Deve-se considerar também que, apesar de pequena, trata-se de

uma remoção seletiva que pode, potencialmente, alterar a estrutura da cadeia alimentar, a reprodução de

algumas espécies e aspectos fenotípicos e genotípicos das espécies-alvo, já que esta pesca tende remover

pequenos indivíduos e indivíduos freqüentemente imaturos. Juntos, ambos os capítulos constroem um

corpo de conhecimento importante e único sobre a pesca recreativa no Brasil, a qual é ainda é em grande

parte desconhecida. Essa lacuna de conhecimento dificulta a tomada de decisões pelos gestores, impedindo

possíveis melhorias nas políticas de conservação de estoques e do ecossistema marinho como um todo.

Esperamos que os resultados fornecidos aqui possam apoiar uma melhor regulação dessas atividades e a

transmissão de conhecimento entre a academia, gestores e pescadores.

PALAVRAS-CHAVE: Conservação, Pesca Subaquática, Pesca Costeira.

Page 7: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

ABSTRACT

This dissertation is divided in two chapters, in the first chapter we evaluated the species targeted by sport

spearfishers in Brazil from three geographic regions (NE, SE and S). We evaluated the trophic category of

these species and assessed eventual changes in the trophy fish size over time as possible indicators of

ecological disequilibrium. We used an online questionnaire distributed over social media, mainly

Whatsapp. The questionnaire addressed, besides the fish targeted, if spearfishers acknowledge some

possible impact caused by this type of fishing and other related environmental conservation aspects of this

activity. It also assessed if spearfishers were aware of regulatory initiatives and if they were ever required

to comply with them through enforcement. The survey results showed a downward trend in the weight of

the largest fish caught and in the median trophic level over time. Carnivorous fish were the preferred target

of the spearfishers (coinciding with the results of beach sport fishing, practiced with pole and line, described

in the second chapter). The geographic regions differed in numbers of target species, with the northeastern

fishers targeting a higher number of species. Overall, spearfishers’ perception on conservation, impact and

regulation did not vary between regions, despite a slight tendency of southern spearfishers being more

subjected to enforcement. In the second chapter, we reconstructed the historical catches (1975-2016) of

sport fishing practiced with pole and line on the beaches of the state of Rio Grande do Norte, using available

bulletins and other secondary sources, besides some direct tournament observation along 2016. Missing

data were inferred using average values calculated from the years that had the original information. The

reconstructed data were presented for two types of tournament: for fish small and over 100g, resulting in

total catches per year and CPUE (Capture per Unit Effort). Whenever available, the trophic level of the

species was also registered for evaluation of changes over time. The results showed a large variation in the

number of championships over the years, with the total catch per year varying directly according to the

number of tournaments. No trend was observed regarding fish weight, which was always low. Nevertheless,

the trophic level of the targeted species decreased over the decades. Although this type of fishing removes

small amounts of fish compared to commercial fisheries, a better understanding of it could support the

evaluation of their targeted fish stocks (e.g., as shown here in the decreased trend of trophic level). It should

also be considered that, despite small, this is a selective removal that may, potentially, alter the structure of

the food chain, the reproduction of some species, and phenotypical and genotypical aspects of the targeted

species, for selecting small and often pre-reproductive individuals. Together, both chapters build an

important and unique body of knowledge regarding recreational fishing in Brazil, which is largely

unknown. This knowledge gap impairs decision-making by managers, preventing possible improvements

in policies regarding stock conservation and the marine ecosystem as a whole. We expect that the results

provided here can support better regulation of these activities and knowledge transmission between

academia, managers and fishers.

KEYWORDS: CONSERVATION, MARINE SPEARFISHING, COASTAL FISHING,

Page 8: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 1

Fig. 1. Similarity and cluster analyses, comparing: a.cited fish species and b. the trophic

categories of species caught by spearfishers in the northeast (NE), southeast (SE) and

south (S) (%). ............................................................................................................ 45

Fig. 2. Trophy fishweight (kg) along the years, analyzed by aSpearman

Correlation................................................................................................................. 46

Fig. 3. Average distribution of trophy fish weight (kg) by region reported by spearfishers.

The width of each picture denotes the frequency of citation by category of

weight............................................................................................................................. 46

Capítulo 2

Fig. 1. Mapa do Rio Grande do Norte com a identificação dos municípios onde foram

realizados os campeonatos e nome dos clubes de pesca do

Estado........................................................................................................................ 51

Fig. 2. Soma do peso (g) total dos peixes capturados em campeonatos de pesca amadora

por ano...................................................................................................................... 53

Fig. 3. Boxplot da Captura por Unidade de Esforço (CPUE) referente ao peso em

gramas por pescador ao longo do tempo....................................................................... 54

Fig. 4. Boxplot do peso do maior indivíduo capturado por cada pescador considerando

todos os eventos durante cada ano................................................................................ 55

Fig. 5. a. Gráfico de dispersão com linha de tendência considerando Nível trófico médio

das espécies ao longo do tempo. b. Scatterplot do peso total capturado considerando todos

os eventos durante cada ano, demonstrando de acordo com as caterogias tróficas das

espécies capturadas.................................................................................................... 56

Page 9: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

LISTA DE TABELAS

Capítulo 1

Tab. 1. Spearfishing target species in the three studied regions. Values correspond to the

percentage of citations that each species received in each region. Whenever possible the

popular name had its classification refined to one or more species, according to the

nomenclature of each

región.……………………………………………………………..………………...… 38

Tab. 2. Percentage of trophic fish category by region. Fish species were organized into

one of the five categories and had their total citations divided by

category......................................................................................................................... 41

Tab. 3. Perception of impacts of spearfishing and conservation initiatives that apply to

the activity, according to the spearfishers. The answers are shown in percentages (original

N in parentheses) by region, corresponding to those that answered positively to the

questions..........................................................................................................................41

Tab. 4. Perceptions regardingspearfishing regulation, according to the spearfishers. The

answers are showninpercentages (original N in parentheses) by region, corresponding to

those that answered positively to the questions. Values above 50% are highlighted in

bold................................................................................................................................. 41

Capítulo 2

Tab. 1. Identificação das espécies capturadas, nome popular e nome

cientítfico........................................................................................................................ 63

LISTA DE APÊNDICES (Anexo)

S1. Online survey content............................................................................................. 42

S2. Correspondence and chi-square analyses results.................................................... 44

S3. Spear fishing legislation...........................................................................................45

Page 10: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA

LITERATURA/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................... 12

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ....................... 15

METODOLOGIA GERAL ......................................................................... 15

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 16

CAPÍTULO 1 – RECREATIONAL FISHING ALONG THE BRAZILIAN

COAST: INSIGHTS INTO SPEARFISHING AND THE EFFECTS OF

OVERLOOKING IT ............................................................................. 18

Abstrat ......................................................................................................... 17

Resumo ........................................................................................................ 19

1.Introduction ............................................................................................ 20

2. Material and Methods ............................................................................ 22

2.1 Sampling ............................................................................................ 22

2.2 Data analyses ..................................................................................... 23

3.Results .................................................................................................... 24

3.1 Spearfisher socioeconomic aspects.................................................... 24

3.2 Spearfishing in Brazil ........................................................................ 24

3.3 Spearfisher perceptions of the impacts of fishing and its regulations 25

4.Discussion ................................................................................................ 26

References .................................................................................................... 31

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS .................................................................. 47

Page 11: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

CAPÍTULO 2 – IMPLICAÇÕES DAS CAPTURAS DE PEIXES EM

CAMPEONATOS DE PESCA COSTEIRA NO RIO GRANDE DO

NORTE ..................................................................................................... 48

Resumo ........................................................................................................ 48

1.Introdução ................................................................................................. 49

2.Metodologia .............................................................................................. 451

2.1 Área de Estudo .................................................................................... 51

2.2 Coleta de Dados .................................................................................. 51

2.3 Caracterização dos Dados ................................................................. 52

3.Resultados ............................................................................................... 53

4.Discussão ................................................................................................. 56

5. Conclusão ............................................................................................... 58

Referências .................................................................................................. 60

CONCLUSÕES GERAIS............................................................................. 65

Page 12: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

12

INTRODUÇÃO GERAL

A pesca amadora é fundamentalmente diferente da pesca comercial, uma

vez que sua finalidade é o lazer ou desporto (COOKE; COWX, 2004). O

extenso litoral brasileiro, com mais de 7,4 mil km e uma grande diversidade de

peixes, proporciona as mais diversas experiências de pesca amadora, as quais

incluem a pesca em alto mar, a de beira de praia e também a pesca subaquática

(PORTAL BRASIL, 2017).

A pesca subaquática de caráter esportivo no Brasil teve seu início no Rio

de Janeiro durante a década de 40, quando a Associação Brasileira de Caça

Submarina (ABCS) realizou vários campeonatos, contribuindo para a

disseminação desse tipo de atividade no país (COSTA et al., 2012). A pesca

esportiva de beira de praia é uma atividade muito antiga, embora seja dada uma

maior importância a atividade a partir da década de 90 no Brasil (FREIRE, et

al., 2014). No nordeste, especificamente, a pesca esportiva de beira de praia é

principalmente costeira e estruturada em torno de clubes de pesca, os quais

promovem anualmente mais de 100 torneios, realizados regularmente durante

todo o ano (FREIRE, 2010).

É importante ressaltar que a pesca recreativa, embora considerada de

menor escala que as pescas comerciais e, portanto, recebendo menor atenção

dos gestores de pesca, também pode causar a degradação do ecossistema

(COOKE; COWX, 2006). Este tipo de pesca pode inclusive responder ou

intensificar processos de sobrepesca (FONT; LLORET, 2014). A sobrepesca é

uma ameaça à biodiversidade marinha, pois pode resultar em declínios

populacionais ou em processos de seleção natural não intencional, como a

redução do tamanho médio do indivíduo e da idade de maturação gonadal.

Algumas destas consequências podem ser especialmente marcantes em

ambientes costeiros, muitos dos quais habitats críticos para reprodução,

alimentação e migração de várias espécies (VENERUS; CEDROLA, 2017).

A pesca recreativa subaquática, especificamente, tende a ser guiada pela

motivação do pescador em capturar os maiores indivíduos e exibí-los como

troféus. No entanto, há ainda outros aspectos que motivam os pescadores, tais

Page 13: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

13

como taxas de captura, espécies alvo, espécies raras, contato com a natureza,

consumo e competitividade (BEARDMORE et al. 2011). Há ainda uma

preferência destes pescadores por grandes peixes predadores de topo (Costa et

al. 2012). Já na pesca de beira de praia, há a captura de outros níveis tróficos.

De fato, nesta modalidade de pesca recreativa parece haver mais uma motivação

social em se estar à beira mar pescando do que na obtenção de troféus, visto que

a maior parte da captura da pesca de beira de praia é formada por peixes de

baixo peso e tamanho (BARRELLA et al. 2016).

Considerando a intensificação de campeonatos de pesca amadora de

todas as modalidades, espera-se um crescimento no número de indivíduos

capturados, o que pode levar a impactos sobre estes estoques pesqueiros alvos.

Se estes impactos já vêm ocorrendo, é possível que atualmente sejam

identificados através de um declínio no tamanho de cada espécie capturada.

Ainda assim, nem sempre será possível isolar o impacto da atividade recreativa

daquele causado por variações ambientais ou pela pesca comercial. Esta última,

especialmente, descarta muitas das espécies comumente capturadas em

campeonatos de pesca amadora de beira de praia, por não terem valor relevante

no mercado (FREIRE et al., 2016). Este tipo de consequência pode resultar em

danos potenciais ao habitat marinho, podendo levar espécies à extinção local

e/ou regional.

Há evidências que a pesca recreativa submarina tenha levado ao

esgotamento de alguns grandes peixes de recifes rochosos e oceânicos (COLL

et al., 2004; CARDONA; LÓPEZ, 2007). Nas Ilhas Baleares (Espanha), por

exemplo, foi observada uma redução das capturas médias em mais de 4kg na

pesca de arpão, entre 1975 e 1987, indicando sobrepesca (Coll et al., 2004). Em

outro exemplo, no estado norte-americano da Flórida, a diminuição do peso

médio (de 19.9 kg para 2.3 kg) de indivíduos alvos da pesca recreativa pôde ser

constatada através de análises de séries de fotografias de campeonatos

realizados entre 1956-2007 (McClenachan 2009).

Estes dados não causam estranheza, visto que a pesca recreativa cresce

aceleradamente em diversas partes do globo. Na África do Sul, por exemplo, a

pesca submarina cresceu a uma taxa anual de 6,14% (MANN et al., 1997). Uma

avaliação da pressão da pesca recreativa em 2010 constatou que em todo o

Page 14: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

14

estado de Queensland na Austrália, a captura da pesca recreativa excedeu a

captura da pesca comercial para algumas espécies chave (TAYLOR et

al.,2012).

Declínios significativos na produtividade pesqueira vêm sendo

observados há décadas nos mares do mundo. Esse declínio não acontece

somente por carência de conhecimentos científicos sobre os estoques, mas

também pela ineficácia dos modelos de gestão que não conciliam os interesses

de conservação e do desenvolvimento socioeconômico com a sustentabilidade

(HOLLING, 2001). Ainda assim, para alguns tipos de pesca, como a amadora,

os dados são escassos e se desconhecem peculiaridades sociais, econômicas e

culturais que motivam a atividade.

Desta forma, existe a necessidade de se obter dados mais representativos

sobre a pesca amadora que possam auxiliar na regulamentação desse tipo de

atividade e evitar que a mesma contribua também para a sobrepesca das espécies

(PAULY; ZELLER, 2016). Nessa perspectiva, este estudo objetiva responder

se a pesca amadora indica evidências de impactos em suas espécies-alvo. Para

isto, serão verificados dois pontos principais correspondentes aos dois capítulos

deste trabalho, um abordando a pesca subaquática e o outro os campeonatos de

pesca amadora de beira de praia e alto mar. O primeiro capítulo verificou se há

variação no padrão de distribuição geográfica das espécies capturadas pelos

pescadores submarinos ao longo da costa brasileira, suas preferências por

espécies de diferentes níveis tróficos e se esta atividade parece contribuir para

um possível desequilíbrio ecológico. Além disso, foi verificado como os

pescadores subaquáticos percebem declínios das espécies-alvo, buscando-se

entender os possíveis aspectos de conservação e regulamentação da atividade.

O segundo capítulo investigou se a pesca amadora é capaz de indicar evidências

de efeitos negativos para comunidade ictiofaunística costeira ao longo dos anos,

utilizando como estudo de caso a região do Rio Grande do Norte.

Page 15: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

15

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

O Brasil possui um extenso litoral (mais de 7,4 mil km), que compreende

395 municípios distribuídos em 17 estados costeiros, o que coloca o país entre

os que apresentam maior área litorânea do mundo. A zona costeira constitui

uma região de transição ecológica, que desempenha importante papel no

desenvolvimento e reprodução de várias espécies, por isso proporciona as mais

diversas experiências de pesca, inclusive a pesca recreativa (MMA, 2010). O

Rio Grande do Norte apresenta uma costa de 410 km, o que representa um

grande potencial para a prática da pesca amadora (VITAL, 2005). O litoral norte

é especialmente utilizado para a realização de campeonatos de beira de praia,

por ser menos movimentado.

METODOLOGIA GERAL

O presente estudo está dividido em três metodologias distintas: investigação

online, pesquisa de campo e uso de bases de dados. A investigação online foi

direcionada aos pescadores esportivos subaquáticos de todo país e foi utilizada

exclusivamente no capítulo 1. Neste caso, foi aplicado no período de três meses

no ano de 2016 um questionário online, através de uma plataforma livre do tipo

googleforms, para pescadores subaquáticos. Os mesmos foram previamente

contatados através de grupos de mergulho formados no whatsapp e já

previamente identificados. O questionário contemplou perguntas relacionadas a

questões sociais, ambientais e econômicas dos praticantes da atividade. Os

resultados foram analisados a partir dos dados de captura por espécie, o que

permitiu identificar as espécies mais capturadas, além de abordar questões de

percepção do pescador em relação à conservação e manejo.

Já a pesquisa de campo e o uso da base de dados buscaram averiguar

evidências de diminuição do tamanho dos peixes capturados em campeonatos

ao longo do litoral do Estado do Rio Grande do Norte. Para isto, foram

acompanhados os resultados dos campeonatos de pesca oceânica para o ano de

2013 a 2016 e de beira de praia do ano de 2016, realizados pelos clubes Miami

Pesca Oceânica (único de pesca oceânica), Pâmpano Esporte Clube, Clube

Dentão de Pesca e Lançamento, Touros Clube de Pesca e Lançamento, Clube

Page 16: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

16

de Pesca Caniço de Ouro e o mais recentemente criado, Clube de Pesca de São

Miguel do Gostoso. Em cada torneio foi registrado o tipo de apetrecho utilizado

pelo pescador, número de indivíduos capturados, e identificação do nome

comum da espécie (quando houve dúvida na identificação científica em campo,

os exemplares foram coletados ou fotografados). Foi ainda utilizada a base de

dados fornecida pela prof. Kátia Freire (Universidade Federal do Sergipe), que

contemplou os campeonatos realizados no Rio Grande do Norte entre os anos

1975 e 1995. A análise destes dados buscou averiguar mudanças nas espécies

capturadas e em suas taxas de captura.

REFERÊNCIAS

BEARDMORE, B. et al. Effectively managing angler satisfaction in

recreational fisheries requires understanding the fish species and the anglers.

p. 1-47, 2011.

BARRELLA, W. et al. Biological and socio-economic aspects of recreational

fishiries and their implications for the management of coastal urban áreas of

south-eastern Brazil. Fisheries Management and Ecology, p. 1-12, 2016.

CARDONA, L.; LÓPEZ, D. Effects of recreational fishing on three fish species

from the Posidonia oceanica meadows off Minorca (Balearic archipelago,

western Mediterranean). Scientia Marina, v. 71, p. 811–820, 2007.

COOKE, S.J.; COWX, I.G. Contrasting recreational and comercial fishing:

searching for common issues to promote unified conservation of fisheries

resources and aquaticen vironments. Biological Conservation. v. 128, p. 93-

108, 2006.

COOKE, S. J.; COWX, I. G. The role of recreational fishing in global fish

crises. Bioscience, v. 54, n. 9, p. 857–859, 2004.

COLL, J. et al. Spear fishing in the Balearic Islands (west central

Mediterranean): Species affected and catch evolution during the period

1975-2001. Fisheries Research, v. 70, n. 1, p. 97–111, 2004.

NUNES, J.A.C., et al. Reef fishes captured by recreational spearfishing on reefs

of Bahia State, northeast Brazil. Biota Neotropical. v. 12, n. 1, 2012.

FONT, T.; LLORET, J. Biological and ecological impacts derived from

recreational fishing in Mediterranean coastal areas. Reviews in Fisheries

Science and Aquaculture v. 22, p. 73-85, 2014.

FREIRE, K. M. F. Unregulated Catches From Recreational Fisheries Off

Northeastern Brazil. 32. Atlântica. Rio Grande. 2010, 87-93p.

FREIRE, K. M. F., et al. Brazilian recreational fisheries: current

status,challenges and future direction. Fisheries Management and Ecology, v. 23, n. 3-4, p. 276-290, 2016.

HOLLING, G. S. Understanding the complexity of economic, ecological and

social systems. 4. Ecosystems, 2012 , 390-405 p.

MANN, B.Q. et al. An evaluation of participation in and management of the

South African spearfishery. S. Afr. J. mar. v. 18, p. 179-193, 1997.

Page 17: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

17

MCCLENACHAN, L. Documenting Loss of Large Trophy Fish from the

Florida Keys with Historical Photographs. Conservation Biology, v. 23, n.

3, p. 636–643, 2009.

MMA. Gerência de Biodiversidade Aquática e Recursos Pesqueiros. Panorama

da conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos no Brasil. Brasília:

MMA/SBF/GBA, 2010. 148 p.

PAULY, D.; ZELLER, D. Catch reconstructions reveal that global marine

fisheries catches are higher than reported and declining. Nature

Communications, v. 7, p. 10244, 2016.

PORTAL BRASIL. Disponível em:

<http://www.brasil.gov.br/turismo/2015/01/litoral-brasileiro-tem-7-4-mil-km-

de-belezas-naturais> Acesso em: 10 Jul. 2017.

TAYLOR S, WEBLEY J, MCINNES K (2012). 2010 Statewide Recreational

Fishing Survey. Department of Agriculture, Fisheries and Forestry,

Queensland. 82 pp.

VENERUS, L.A.; CEDROLA, P. V. Review of marine recreational fisheries

regulations in Argentina. Marine Policy, v. 81, p. 202-210, 2017.

VITAL, H. Erosão e progradação do litoral do Rio Grande do Norte. In: Muehe,

D.. (Org.). Erosão e progradação do litoral brasileiro. Brasília: Ministério do

Meio Ambiente, p. 159-176, 2005.

Page 18: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

18

CAPÍTULO 1

RECREATIONAL FISHING ALONG THE BRAZILIAN COAST: INSIGHTS

INTO SPEARFISHING AND THE EFFECTS OF OVERLOOKING IT

Brenda Gomes1, Tiego Costa2 and Priscila F. M. Lopes3

1Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Av. Senador Salgado Filho, 3000, Lagoa Nova, 59072-970 Natal, RN, Brasil. E-mail:

[email protected] (corresponding author)

2IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente. Av. Nascimento de Castro, 2127.

Natal, RN, Brasil. E-mail: [email protected]

3FEME – Fisheries Management, Ecology and Economics group, Departamento de Ecologia,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, E-mail: [email protected]

Running head: Spearfishing along the Brazilian coast.

Abstract

The effects of recreational spearfishing on targeted species are still largely unknown.

We assessed whether the species that Brazilian recreational spearfishers target, their

trophic category and changes to the fish trophy size over time were possible indicators

of ecological disequilibrium. We also analyzed how spearfishers perceive the

conservation and regulation aspects of spearfishing, using an online questionnaire

(N=214). Although the spearfishers considered that their fishing does not cause an

impact on the fish population, the length of the largest fish caught tended to decrease

over time (experienced spearfishers reported the catch of larger fish in the past).

Spearfishers preferred to target carnivorous fish, regardless of their region of origin

(NE, SE and S). The number of target species differed by region, whereby northeastern

spearfishers targeted a higher number of species. Also, the NE region had the highest

number of spearfishers that do not know spearfishing rules or specific zoning for the

activity, although this type of knowledge was limited everywhere. These results suggest

a need for adequate regulation of spearfishing that is tailored to the characteristics of

each Brazilian region. We suggest the development or effective application of

legislation regarding target species and more widespread knowledge of the fishing rules.

Keywords: CONSERVATION, RECREATIONAL FISHING, MARINE

SPEARFISHING, FISHING, HARPOON

Page 19: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

19

Resumo

Os efeitos da pesca recreativa subaquática em suas espécies alvo ainda são bastante

desconhecidos. Avaliamos se as espécies visadas pelos pescadores subaquáticos

recreativos no Brasil, suas categorias tróficas e mudanças no tamanho da espécie troféu

ao longo do tempo seriam possíveis indicadores de desequilíbrio ecológico. Também

analisamos como estes pescadores percebem a conservação e a regulamentação da pesca

recreativa subaquática, usando um questionário online (N=214). Embora os pescadores

tenham considerado que sua pesca não cause impacto nas populações de peixes, o

comprimento da espécie alvo tendeu a decrescer ao longo do tempo (pescadores mais

experientes reportaram a captura de peixes maiores no passado). Os peixes carnívoros são

o alvo preferencial da pesca esportiva subaquática, independentemente da região de

origem (NE, SE e S). No entanto, as regiões divergem em números de espécies-alvo, com

os pescadores do nordeste visando um maior número de espécies de interesse. Além disso,

a região NE também apresentou o maior número de pescadores subaquáticos que não

conhecem regras de pesca ou zoneamento específico para a atividade, embora este tipo

de conhecimento tenha sido limitado em todos os lugares. Estes resultados sugerem a

necessidade de uma regulamentação adequada da atividade, adaptada às características

de cada região brasileira. Isto inclui o desenvolvimento ou a aplicação efetiva da

legislação em relação às espécies-alvo e também um conhecimento mais difundido sobre

as regras que se aplicam à pesca recreativa subaquática.

Palavras-chave: ARPÃO, CONSERVAÇÃO, PESCA, PESCA RECREATIVA,

SUBAQUÁTICA

Page 20: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

20

Introduction

Although the main goals of fishing are food provision and income generation (Levkoeet

al., 2010), it can also be practiced solely for leisure. In fact, the number of recreational

fishers and championships has proliferated over the globe in the last decades. It is

estimated that about 11% of the global population practice recreational fishing, which

means between 220 and 700 million recreational fishers worldwide (Arlinghaus et al.,

2016). Consequently, an estimated 12% of fish harvested worldwide is from

recreational fishing (Cooke,Cowx, 2004).

With such impressive figures, recreational fishing can result in negative consequences

to fish stocks and ecosystems, despite being popularly seen as a low impact benign

activity (Schroederet al., 2002;Morales-nin et al., 2005; Shiffman et al., 2014;Younget

al., 2015). Overall, the consequences of recreational fishing will depend on the type of

fishing carried out, how it is done, what species are targeted, the fishing effort each

stock endures, and the type of regulation and enforcement in place (Post et al., 2003;

DuBois, Dubielzig, 2004; Näslund et al., 2005;Barrella et al., 2016). For example, catch

and release fishing is considered to cause less negative impact (Cline et al.,

2012;Thomé-Souza et al., 2014), but even this type of fishing can result in physical

damages to the fish that can compromise their survival (Wilde, 2009). However, most

known impacts can be attributed to recreational angling and spearfishing. The former,

for instance, has contributed to some marked stock declines in different coastal regions

of the United States (Coleman et al., 2004), where the exploitation rates by anglers

alone can vary from <10% to <80%, depending on the stock considered (Lewinet al.,

2006). Spearfishing, in particular, has depleted large rocky reef fish in the

Mediterranean (Cardona, López, 2007).

Recreational fishing is also expected to have evolutionary consequences on fish stocks,

based on parallels drawn from commercial fisheries and from the few studies that have

looked at recreational fisheries (Radomski, 2003; Godoy et al., 2010). Intensive

commercial fisheries are responsible for selective pressures that have decreased the

average size of fish by targeting the largest – and most valuable – individuals in a stock

(McClenachan, 2009; Godoy et al., 2010). The preferential removal of these individual

Page 21: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

21

fish curtails their reproduction and changes the existent genetic pool, as the remaining

individuals are usually smaller-sized and present a lower reproductive potential

(Conover, Munch, 2002). Given that recreational fishers are also selective with respect

to fish size, among other preferences (Aas et al., 2000; Radomski, 2003), the

preferential removal of large specimens (trophies) contributes to selective pressure,

which is expected to decrease the body size of target fish in the future (Diana,

1983;Drake et al., 1997; Magnan et al., 2005).

Knowledge of the potential impacts that recreational fishing has on fish stocks is

important in order to design, improve and direct efforts to manage and conserve fish

populations. However, it is often difficult or even impossible to isolate the impacts of

recreational fisheries from those caused by commercial fisheries or by exogenous

factors. Commercial fisheries, for instance, discard many of the species that are

commonly targeted in beach fishing recreational competitions (Freire et al., 2016)

because they are caught when they are still juveniles and have no market value. In

situations where recreational and commercial fishing impacts cannot be dissociated it is

still important to acknowledge the potential role that both activities play and to support

further studies to refine our knowledge of the consequences of fisheries.

Among the many different modalities of recreational fishing, spearfishing is one of the

most popular both in temperate and tropical waters, especially due to recent

technological advancements that have improved fish catchability (Diogo, Pereira, 2008).

Spearfishing is carried out either with a pneumatic or a band spear gun, in conjunction

with diving equipment, such as mask, snorkel and fins (Frischet al., 2008). The areas

used by spearfishers usually overlap with those of small-scale and artisanal fishers,

which sometimes result in conflicts (Llompartet al., 2017; Voyer et al., 2017).

Spearfishing is usually practiced by people who appreciate direct underwater interaction

(Young et al., 2016), such as the direct observation of fish behavior and landscape

watching. Spearfishers particularly gain satisfaction from catching and showing off

trophies (Freire et al., 2014), although they are also motivated by catch rates, different

target species, rare species, contact with nature, consumption and competitiveness

(Philipp et al., 2009). As for the impact of spearfishing, some initial studies have

suggested that it can deplete stocks (Coll et al., 2004) and decrease fish size in heavily

fished areas (Thomé-Souza et al., 2014). Also, spearfishing selectivity can affect the

foodweb due to its special preference for the removal of high trophic level species

(Morales-Nin et al., 2005).

Page 22: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

22

Spearfishing also has impacts on protected or vulnerable habitats, such as coral reefs

(Floeter et al., 2006; Arias, Sutton, 2013; Freire et al., 2014;Pinheiro, Joyeux, 2015).

Poaching in protected areas can compromise their potential (McCook et al., 2010),

whereas unregulated fishing in sensitive habitats can threaten species to extinction

(Godoy et al., 2010). Some of these impacts have been more thoroughly demonstrated

in temperate regions (Ainsworth et al., 2008), while they remain poorly known in the

tropics. In Brazil, for instance, the existent information on spearfishing is scarce and

descriptive (Nunes et al., 2012), although some recent works have brought some more

accurate information on spearfishers’ behavior (Giglio et al., 2017). This creates an urge

to acquire fast initial information in order to prevent another activity from contributing

to the already worrisome Brazilian fisheries situation (DiDario et al., 2015; Pauly,

Zeller, 2016).

This study intends to contribute to the body of knowledge on Brazilian spearfishing by:

1) verifying what species spearfishers target along the coast; 2) determining spearfisher

preferences for specific trophic categories; and 3) estimating decreases in trophy fish

size over time. We also examined whether spearfishers perceive this activity to be

impactful, and properly regulated and enforced. We expect that the results of this study

will help characterize the status of spearfishing in Brazil.

Material and Methods

Sampling. We collected data through an online questionnaire that we created in the free

platform Google Forms, between September and November of 2016. The questionnaire

targeted spearfishers along the entire Brazilian coast. Prior to launching the

questionnaire we contacted spearfishers in diving groups formed on Whatsapp (four

initial groups) and Facebook. A total of 214spearfishers answered the questionnaire.

Respondents are distributed throughout the Brazilian regions as follows: 98 in the

northeastern, 82 in the southeastern and 20 in the southern.

The questionnaire included open and closed questions related to both socioeconomic

conditions, such as age range, income and schooling (these variables were presented as

range categories); and environmental information, such as frequency of fishing,

commonly captured species, what species were considered “trophies”, impact of

spearfishing, and spearfishing regulation (Supplementary material S1). We used the

popular names given by the spearfishers, and attempted to identify their corresponding

Page 23: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

23

taxonomic species from the literature and our knowledge of what each species is

commonly called in the region (Diana, 1983; Magnan et al., 2005). We tried to

associate the popular names to a scientific species, but when this was not possible or

when we were afraid there was a chance of having a problem, the popular names were

associated to genus or family. Experts from different regions were also consulted.

Despite our best efforts, there is a chance that not all fish identifications are accurate,

but we do believe that the problems, if any, are minimal. Whenever possible, we

checked the species threat level in the IUCN (International Union for Conservation of

Nature) Red List of Threatened Species and in the Brazilian Red List of Threatened

Species (Decree nº 445, 2014).

Data analyses. The answers to the questionnaires were organized into categories

according to the socioeconomic aspects of the interviewees and conservation and

legality/regulation of the activity. The analyses were based on the number of answers

given by the spearfisher so that the total number of answers varied among questions.

This variation is due to the fact that not all the spearfishers answered all of the questions

and that some may have given more than one answer to the same question.

The cited fish were assigned to major trophic categories, following Floeter, et al., 2006.

To analyze the distribution pattern of the species as well as the trophic categories of the

fish by region, we carried out a Simper analysis. The objective of this analysis was to

identify: 1) which, among the main target species, contributed most to separating

geographical regions; and 2) the different trophic categories in each region, considering

the classification of the cited species as carnivorous, piscivorous, herbivorous,

scavenger or invertivorous. Moreover, we performed a Cluster analysis, using the Bray-

Curtis distance, in order to observe if the regions really differed between themselves

regarding the most fished species and trophic categories.

To verify if more experienced fishers were catching fish of different trophic categories,

we carried out a Correspondence Analysis (CA), followed by a resampling chi-square

test, with 2000 permutations. As we classified the spearfishers’ experience in low (1-5

years), medium (6-15 years) and high (>16 years), the chi-square tested whether the

frequency of catching a given trophic category depended on spearfisher experience.

We also evaluated whether the trophy species weight has been decreasing over the

years. For this, we carried out a Spearman correlation between the weight (kg) of the

largest trophy fish ever caught and reported by each interviewee and the year when it

was caught.

Page 24: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

24

Finally, we used the same CA analysis followed by a resampling chi-square to test

whether the spearfisher’s home region explained his perception about conservation and

regulation.

All analyses were done in R (R Development Core Team 2012), whereas additional

packages were used to carry out the CA (‘FactoMineR e factoextra’ packages) (Husson

et al., 2016) and the figure showing the variation in fish average trophic level along the

time (‘ggplot’ package) (Wickham, 2009).

Results

Spearfisher socioeconomic aspects.

The large majority of the 214 spearfishers who answered the questionnaire were male

(99,1%), with an age range of between 36 and 52 years (47,7%), who had completed

post-secondary education (43,0%), and whose income varied between two to five

minimum Brazilian wages (49,1%Brazilian minimum wage = R$ 880 in January, 2016;

US$ 441 in Purchasing Power Parity). Moreover, most of the respondents (72,4%) did

not depend on spearfishing to complement the family income. Those spearfishers who

said that this fishing helped with their income explained that the fish was used for their

own subsistence, thus saving on protein purchase. Even though the questionnaire has

been directed at all regions of the country, there was a predominance of answers from

people in the northeastern region (45,8% of the questionnaires), followed by the

southeastern (38,3%) and the southern (9,3%).

Spearfishing in Brazil.

Spearfishers cited a total of 38 target species, of which 31 were cited in the Northeast,

22 in the Southeast and 16 species in the South (Tab. 1).

TABLE 1

In the southeastern and southern regions, spearfishers mentioned the catch of similar

species and of equivalent trophic categories, which tended to be distinct from those

caught in the northeast (Fig. 1a-b).

FIGURE 1

Regardless of the region, there is an overall preference for the catch of carnivorous fish,

although in the south and southeastern regions invertivorous fish are also commonly

targeted (Tab. 2). The trophic category caught was not related to the spearfisher

experience (chi-square: p >0.05; Table S1), despite a slight visual tendency of having

Page 25: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

25

spearfishes with intermediate levels of experience catching different types of fish (Table

S2, Fig. S1).

TABLE 2

Based on what spearfishers reported to be their largest trophy over time we were able to

observe a tendency toward a significant decline in the fish body weight over the years

(R2=0.39; p =1,94) (Fig. 2). However, this data should be interpreted with caution,

because very few people (N=8) reported trophies for periods dating back 20 years or

more. The average weight of a trophy fish for all regions combined was 37.65 kg, with a

few larger fish reported for the northeastern and southeastern regions (Fig. 3).

FIGURE 2

FIGURE 3

Spearfisher perceptions of fishing impacts and regulations.

Most spearfishers (>70%) said that they do not consider this type of fishing to have an

impact on fish stocks, despite reporting a decrease in fish length (>80%). Many said that

this decrease could be observed even when the baseline of comparison was set for the

last 10 years (>60%). According to the spearfishers, a smaller body size could be

attributed to activities such as net fishing, bottom trawling and to general

industrial/commercial fisheries (Tab. 3). These fishers also perceived marine protected

areas in a positive way, as the majority of them believed that their presence improved

fish abundance it in their surrounding areas (>60%) (Tab. 3). Southern spearfishers

showed a slight tendency to perceive spearfishing as less impacting than the

spearfishers from other regions (Table S1, Fig. S2), but this result was not significant

(chi-square: p> 0.5 ; Table S1).

TABLE 3

Most southern spearfishers (65%) acknowledged having seen other spearfishers fishing

in forbidden areas, despite the existence of some sort of spearfishing control in the

region (acknowledged by 60%), including license checking by fishing enforcement

agents (which had occurred to 60%). On the other hand, spearfishers from the

northeastern (53,1%) and southeastern (52,4%) regions were more inclined to agree that

recreational spearfishing needs more regulation. Again, the correspondence analysis

suggested that southern spearfishers were slightly different, especially since they were

more likely to have been asked for their fishing license, compared to fishers in other

Page 26: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

26

regions (Table S2; Fig. S3). Despite suggesting that enforcement is a little stronger in

the Brazilian south, this result was not significant either (chi-square: p> 0.5; Table S1).

TABLE 4

Discussion

For the first time some of the initial characteristics of Brazilian spearfishing were

assessed, disclosing the main target species, the preferred trophic categories, and

spearfishers’ perceptions of how the activity is regulated along the Brazilian coast. With

this information we were able to establish a first profile of Brazilian spearfishers, which

can be used to design future regulations. A total of 38 species were mentioned as

preferential targets, which varied according to the region. Overall, the largest fish

caught, their trophy, seems to be decreasing in their body weight over time. A decrease

in fish abundance is also noted by the spearfishers, which they attribute to external

causes, such as intensive commercial fishing.

According to the interviewees, spearfishing does not cause any impact on fish stocks.

However, interviewees have been observing a decrease in fish length and fish

abundance over time, in addition to catching smaller and smaller trophies. Even though

this study was not designed to link spearfishing directly to such impacts, it is worth

mentioning that similar patterns of decreased length, weight or abundance of individual

species targeted by this type of fishing have also been observed in other parts of the

world (Cline et al., 2012). When a given species has undergone such changes and it is

primarily caught by spearfishing, then an association between spearfishing and the

observed impact can be more easily made (Gomiero et al., 2010).

However, according to the studied spearfishers, the decrease in fish stocks and in

individual fish size are mainly due to other, mainly commercial, types of fishing, such

as gillnet fishing and bottom trawling. In fact, it is largely assumed that fishing has

reached its peak worldwide and that many areas are already overfished due to intensive

or predatory practices (Worm, Branch, 2012), many of which were cited by these

spearfishers. Furthermore, there is sufficient evidence that commercial fisheries are

responsible for changes in the fish population and genetic pool of certain species

(Hawkins, Roberts, 2003; Jorgensen et al., 2007; Bender et al., 2013); although this by

no means exempts spearfishing from its impacts. The spearfishers are correct in

attributing decreasing fish size and changes in stocks to overfishing, but in many cases

Page 27: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

27

such overfishing may have been caused be spearfishing itself (Lloret et al., 2008;

Godoy et al., 2010).

Regardless of the region considered, in the present study spearfishers preferred to target

carnivorous fish, although a local study showed that novice spearfishers can be less

selective (Giglio et al., 2017). Carnivorous fish tend to be larger bodied-size fish

(Jennings et al., 2001), which explains their preference among those seeking trophies.

Even though all types of fishing have a certain selectiveness (Fauconnet, Rochet, 2016),

spearfishers can actually visually select their prey, potentially ignoring the small or less

valuable fish. Other types of gear, such as hook and line, for example, which is capable

of selecting individuals by size or by diet habit (e.g., by using appropriate bait), are not

as efficient to choose the targeted fish (Breen et al., 2016). Nevertheless, the preference

for carnivorous fish by spearfishers is a factor worth considering by environmental

managers. Carnivorous fish increase the stability of aquatic ecosystems, by controlling

prey abundance (Ban et al., 2017). Therefore, the preferential removal of carnivorous

fish, by many types of fishing, can lead to trophic chain imbalance, especially because

aquatic ecosystems tend to have stronger top-down control than terrestrial ones (Petchey

et al., 2004). Furthermore, carnivorous fish stocks tend to be smaller, especially coastal

and reef species (Popova, 1978), like the many targeted species reported here. In fact,

the selective removal of predators by fishing has led to a global phenomenon known as

“Fishing down the food web” (Freire, Pauly, 2010; Pauly et al., 1998). According to this

phenomenon, as fishing removes top predators, it begins to target lower levels. The

“Fishing down” phenomenon is not normally associated with recreational fishing but

the selective removal of species that do not form schools, as is the case of groupers,

may contribute to such a phenomenon. In light of this, the fact that carnivorous fish are

still preferential targets in the northeastern suggests two hypotheses to be investigated:

1) the existence of a higher abundance of carnivorous fish in the region, which would

allow them to withstand the pressure of spearfishing for longer periods (Morais et al.,

2017); 2) the occurrence of the “Fishing down” phenomenon in the southern and

southeastern regions (Freire, Pauly, 2010), where spearfishing has been practiced for a

longer time and by a larger number of people (Gerhardinger et al., 2006).

Normative instruments should be developed to reduce the impacts of spearfishing on

carnivorous fish, especially those most vulnerable to intensive exploitation, such as the

ones that have small stocks (e.g., Epinephelus marginatus). The main fishing

management instruments in place in Brazil, applied to all kinds of fisheries, include

Page 28: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

28

seasonal fishing ban, minimum capture size, fishing moratorium (when the species is

threatened with extinction), quotas, gear usage regulation and prohibited areas

(Krelling, Chierigatti, 2011; IBAMA, 2017; Matson, et al., 2017). Brazil has ample

fishing legislation, yet few regulations are directed at spearfishing (Supplementary

material S3). Paraná, Santa Catarina and Rio de Janeiro are some of the few states with

specific spearfishing norms. However, having rules is not enough, as in most cases their

implementation is rare or non-existent (Karper, Lopes, 2014). The incentives to

breaking the rules are many in the absence of surveillance and enforcement, which can

also be inferred by the fact that many of the interviewees were never approached by any

surveillance or management representatives. This is possibly why many of the

spearfishers do not believe that the activity is under any sort of control. Combining

strategic management aspects with fair access to resources in a sustainable way is a

difficult task, mainly because it is highly dependent on users (spearfishers) abiding to

the law (Hauck, Kroese, 2006). When people feel that the probability of being caught by

their mistakes is low, the chance that they violate the rules increases (Eggert, Lokina,

2010). Conforming to existent rules is not always easy, even though efficient

mechanisms of punishment tend to increase the compliance rates (Crawford et al.,

2004).Regulation, monitoring, and punishment are considered aspects of higher

influence to increase conformity (Colding, Folke, 2001).

In this sense, the need for effective surveillance of this type of activity is clear,

especially regarding the existence of species threatened with extinction, among those

that are targets of this type of fishing. For example, in the IUCN (International Union

for Conservation of Nature) list of threatened species the following stand out: Lutjanus

cyanopterus (Cuvier, 1828) as vulnerable, Mycteroperca bonaci (Poey, 1860), L. analis

(Cuvier, 1828), Epinephelus morio (Valenciennes, 1828), and L. synagris (Linnaeus,

1758) as near threatened, and E. marginatus (Lowe, 1834) as endangered. Nevertheless,

these species face a more positive scenario in the Brazilian Red List of Threatened

Species (Decree nº 445; Brazil’s Red List 2014), where they are mainly classified as

vulnerable instead of near threated, the exception being L. cyanopterus, which keeps the

same vulnerable status, and L. synagris, which is not under any threat category in Brazil

(MMA, 2014).

It should be noted that fishermen at least recognize that no-take areas improve fishing in

the surrounding areas, which is in line with what has been demonstrated by empirical

studies (Gaines et al., 2010; Rees et al., 2015). The establishment of well-placed

Page 29: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

29

protected areas is an important tool for maintaining marine ecosystems, while also

guaranteeing the flow of services from the ecosystem to human beings (Liquete et al.,

2016). These areas tend to benefit preferential spearfishing targets, such as groupers and

sea bass (Serranidae), as they are able to replenish previously overfished areas, and thus

create refuges for reproduction and growth and increase the number of fish in adjacent

areas (Hartill et al., 2012).

Despite the new information brought about by this study, it is important to highlight

some of its possible caveats, including the application of an online questionnaire. The

use of online tools for research has been growing fast (Recuero, 2009), but it may still

exclude potential participants if they have limited access to technology. It is likely that

this sampling method excluded a part of the spearfishers that do not participate in

Whatsapp groups, for example, even though more than 62,8% of the Brazilian

population have cellphones with data packages. Still, this method was the best choice to

cover a large geographical area and to assess groups that are not institutionally

organized (Condini et al., 2007). These fishermen do not have headquarters or join

clubs that organize championships; their activities are planned through social networks

or closed groups. Moreover, the fishing frequency of these fishermen varies widely,

with many fishing sporadically, which further increases the difficulty of finding

research methods to estimate their catches (Flick, 2009), thus justifying the choice of an

online tool. Nevertheless, some regions, such as the southern Brazil, were likely

underrepresented, despite the effort to contact spearfishing online groups in all regions.

In the case of southern Brazil, it is possible that their lower level of participation in the

survey may be partially related to some of the factors they reported in the interviews,

such as greater enforcement (the highest percentage of people who have had their

license requested by law enforcement agents) associated to more uncompliant behavior

(the highest percentage of observation of spearfishing inside protected areas). As a

second step, it would be advisable to further investigate the profile, behavior and

motivation of spearfishers from southern Brazil. Finally, although it is unlikely that this

research has assessed significant samples of spearfishers in all regions, mainly due to a

general suspicious spearfishers have towards research in general (Gledhill et al., 2015),

it is a first step to tap onto significant knowledge held by these fishers. It is worth

emphasizing that this is the first country-level assessment of Brazilian spearfishers’

profile and perceptions and it could be used to guide further understanding of this

activity. Besides, future studies should strengthen the partnership between researchers

Page 30: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

30

and spearfishers, where the latter see themselves as active information providers who

can help shape policies for fisheries sustainability (Gledhill et al., 2015).

In conclusion, Brazilian spearfishers do not view this activity to be something that

impacts the aquatic biodiversity, even though they recognize negative changes in their

target species (smaller-sized fish and lower abundance), which they attribute to other

types of fishing. It is not possible to establish a direct cause and effect relationship

between these observed changes and spearfishing, as this activity is apparently carried

out without any form of enforcement or management. Such a fact is especially serious

given the spearfishing preference for species that are more vulnerable to fishing

pressure, such as carnivorous species. Therefore, we alert for the need to recognize

spearfishing as an activity to be controlled and closely monitored. The absence of

economic incentives does not exempt this activity of possible negative consequences.

Only rigorous monitoring of spearfishing catches will offer an opportunity to evaluate

its impacts. Furthermore, monitoring may help identify modifications in the population

structure of target species, even if these changes are attributed to other types of fishing

or exogenous factors (i.e., pollution, habitat degradation, etc.). The precocious

identification of these changes is key to efficient decision-making (Catella et al., 2008),

so that spearfishing may yet have a positive value in aiding conservation measures.

Page 31: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

31

References

Aas O, Haider W, Hunt L. Angler response to potential harvest regulations in a

Norwegian sport fishery: a conjoint-based choice modelling approach. N. Amer. J. Fish.

Manage. 2000; 20:940–950.

Ainsworth CH, Pitcher TJ,RotinsuluC. Evidence of fishery depletions and shifting

cognitive baseline in Eastern Indonesia. Biol. Conserv. 2008; 141:848–59.

Arias A, Sutton SG. Understanding Recreational Fishers Compliance with No-Take

Zones in the Great Barrier Reef Marine Park. Ecol. Soc. 2013; 18(4):18.

ArlinghausR, Cooke S.J, Sutton SG, DanylchukAJ, Potts W, Freire KMF et al.

Recommendations for the future of recreational fisheries to prepare the social-ecological

system to cope with change. Fish. Manag. Ecol.2016;23:177-186.

Ban NC, Daviesa TE, Aguilera SE, Brooksc C, Coxd M, Epsteine G et al. Nenadovic,

Social and ecological effectiveness of large marine protected areas. Glob. Environ.

Change. 2017; 43:82–91.

BarrellaW,RamiresM, RotundoMM, PetrereM, ClauzetM, Giordano F. Biological and

socio-economic aspects of recreational fisheries and their implications for the

management of coastal urban áreas of south-eastern Brazil. Fish. Manag. Ecol. 2016; 23

(3-4):303-14.

BegossiA, Lopes PB, Oliveira LEC, Nakano H. Ecologia de pescadores artesanais da

Baia da Ilha Grande. Rio de Janeiro: FAPESP/Rima; 2010.

Bender MG, Floeter SR, Hanazaki N. Do traditional fishersrecognisereef fish species

declines? Shifting environmental baselines in Eastern Brazil. Fish. Manag. Ecol. 2013;

20:58-67.

Breen M, Graham N, Pol M, He P, Reid D, Suuronen P. Selective fishing and balanced

harvesting. Fish. Res. 2016; 184:2-8.

Cardona L, LópezD, Sales M, Caralt S, Díez I. Effects of recreational fishing on three

fish species from the Posidoniaoceanica meadows off Minorca (Balearic archipelago,

western Mediterranean). Sci.Mar. 2007; 71(4):811–20.

CatellaAC, Mascarenhas RO, Albuquerque SP, Albuquerque FF, Theodoro ERM.

Sistemas de estatísticas pesqueiras no Pantanal, Brasil: aspectos técnicos e políticos.

Panam J Aquat Sci.2008; 3:174-92

Page 32: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

32

Cline TJ, WeidelBC, KitchellJF, Hodgson JR, Growth response of largemouth bass

(Micropterussalmoides) to catch-and-release angling: a 27-year mark–recapture study.

Fish Aquatic Sci. 2012; 69:224-30.

ColdingJ, FolkeC. Social taboos: “invisible” systems of local resource management and

biological conservation. Ecol Appl. 2001; 11:584–600.

Coleman FC, Figueira WF, Ueland JS, Crowder LB. The impact of united states

recreational fisheries on marine fish populations. Science 2004; 305(5692):1958–60.

Coll J, Linde M, García-Rubies A, Riera F, Grau AM. Spear fishing in the Balearic

Islands (west central Mediterranean): species affected and catch evolution during the

period 1975-2001. Fish. Res.2004; 70:97-111.

CondiniMV, Garcia AM, Vieira JP, Descrição da pesca e perfil socioeconômico do

pescador da garoupa-verdadeira Epinephelusmarginatus (Lowe) (Serranidae:

Epinephelinae) no Molhe Oeste da Barra de Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil.

Panam J AquatSci. 2007; 2:279-87.

Conover DO, Munch SB. Sustaining fisheries yields over evolutionary time scales.

Science. 2002; 297:94–96.

Cooke SJ, CowxIG, The role of recreational fishing in global fish crises. Bioscience.

2004;54:857–59.

Crawford BR, SiahaineniaA, RotinsuluC, Sukmara A. Compliance and enforcement of

community-based coastal resource management regulations in North Sulawesi,

Indonesia. Coast. Manage. 2004; 32:39–50.

Diana JS. Growth, maturation, and production of northern pike in three Michigan lakes.

Trans. Am. Fish. Soc. 1983; 112:38–46.

DiDarioF, Alves CNM, BoosH, FredouFL, Lessa RPT, Mincarone MM. A better way

forward for Brazil's fisheries. Science. 2015; 347:1079.

DiogoHMC, Pereira J. Impact evaluation of spear fishing on fish communities in an

urban area São Miguel Island (Azores Archipelago). Fish. Manag. Ecol. 2013;

20(6):473-83.

Drake, MT, ClaussenJE, Philipp DP, Pereira DL. A comparison of bluegill reproductive

strategies and growth among lakes with different fishing intensities. N. Am. J. Fish.

Manage. 1997; 17:496–507.

DuBois RB, DubielzigRR. Effects of hook type on mortality, trauma, and capture

efficiency of wild stream trout caught by angling with spinners. N. Am. J. Fish.

Manage. 24(2): 609–16 (2004).

Page 33: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

33

Eggert H, LokinaRB. Regulatory compliance in Lake Victoria fisheries. Environ. Dev.

Econ. 2010; 15:197–217.

FauconnetL, Rochet MJ. Fishing selectivity as an instrument to reach management

objectives in an ecosystem approach to fisheries. Mar. Policy. 2016; 54:46-54.

Ferreira CEL, Floeter SR, Gasparini JL, Ferreira BP, Joyeux JC. Trophic structure

patterns of Brazilian reef fishes: a latitudinal comparison. J. Biogeogr. 2004; 31:1093-

1106.

Ferreira CEL, Gasparini JL, Carvalho-Filho A, FloeterSR.A recentrly extinct parrotfish

species from Brazil. Coral Reefs. 2005; 24(1):128.

Filho SM. Crise e Sustentabilidade no uso dos recursos pesqueiros.Brasília: IBAMA;

2003.

Flick U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3th ed. Porto Alegre: Artmed; 2009.

FloeterSR, Ferreira CEL, Gasparini JL. Os efeitos da pesca e da proteção através de

UC's marinhas: três estudos de caso e implicações para os grupos funcionais de peixes

recifais no Brasil. In:Brasil. Ministério do Meio Ambiente - MMA, org.Áreas Aquáticas

Protegidas como Instrumento de Gestão Pesqueira. Brasília: Brasília: Ministério do

Meio Ambiente;2007. p.183-199.(Série Áreas Protegidas do Brasil; 4).

Floeter SR, Halpern BS, Ferreira CEL. Effects of fishing and

protectiononBrazilianreeffishes. Biol. Conserv. 2006; 128:391-402.

Freire KMF, Bispo MCS, Luz RMCA. Competitive marine fishery in the state of

Sergipe. Actapesca. 2014; 2:59-72.

Freire KMF, Pauly D. Fishing down Brazilian marine food webs, with emphasis on the

east Brazil large marine ecosystem. Fish. Res. 2010; 105:57-62.

Freire KMF, Tubino RA, Monteiro-Neto C, Andrade-Tubino MF, Belruss CG, Tomas

ARG et al. Brazilian recreational fisheries: current status, challenges and future

direction. Fish. Manag. Ecol. 2016; 23:276-90.

Frisch AJ, Baker R, Hobbs JPA, Nankervis L. A quantitative comparison of recreational

spearfishing and linefishing on the Great Barrier Reef: implications for management of

multi sector coral reef fisheries. Coral Reefs 2008; 27:85-95.

Gaines SD, White C, CarrMH, PalumbiSR. Designing marine reserve networks for both

conservation and fisheries management. Proc Nat Acad Sci. 2010; 107:18286-93

GerhardingerLC, MarenziRC, BertonciniAA, Medeiros RP, Hostim-Silva M. Local

Ecological Knowledge on the Goliath Grouper Epinephelusitajara (Teleostei:

Serranidae) in Southern Brazil. Neotrop. Ichthyol. 2006; 4:441-50.

Page 34: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

34

GiglioVJ, Luiz OJ, Schiavetti A. Marine life preferences and perceptions among

recreational divers in Brazilian coral reefs. Tourist Management. 2015; 51:49-57.

Giglio VJ, Luiz OJ, Barbosa MC, Ferreira CEL. Behaviour of recreational spearfishers

and its impacts on corals. Aquatic Conserv: Mar Freshw Ecosyst. 2018; 28: 167–174.

Gledhill DC, Hobday AJ, Welch DJ, Sutton SG, Lansdell M J, Koopman M, Jeloudev

A, Smith A, Last A P. Collaborative approaches to accessing and utilising historical

citizen science data: a case-study with spearfishers from eastern Australia. J. Mar.

Freshw. Res. 2015; 66:195–201.

Godoy N, Gelcich S, Vasquez JA, Castilla JA. Spearfishing to depletion: evidence from

temperate reeff is hes in Chile. Ecol. Appl. 2010; 20:1504–11.

GomieroLM, Villares Junior GA, Braga FMS. Relação peso-comprimento e fator de

condição Oligosarcushepsetus (Cuvier, 1829) no Parque Estadual da Serra do Mar -

Núcleo Santa Virgínia, Mata Altântica, estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotrop.

2010; 10:101-05.

HartillBW, Cryer M, Lyle JM, Rees EB, Ryan KL, SteffeASet al. Scale- and context-

dependent selection of recreational harvest estimation methods: the Australasian

experience. N. Am. J. Fish. Manage. 2012; 32:109-23.

Hauck M, Kroese M. Fisheries compliance in South Africa: a decade of challenges and

reform. Mar. Policy. 2006; 30:74–83.

Hawkins JP, Roberts CM. Effects of fishing on sex-changing Caribbean parrotfishes.

Biol. Conserv. 2003; 115:213-26.

Husson F.; Josse J.; Le S.; Mazet J. (2016). FactoMineR: Multivariate Exploratory Data

Analysis and Data Mining. R package version 1.32.

IBAMA.2017 [updated 2017 July]. available from:

http://www.icmbio.gov.br/legislacao/portaria/.

Jennings S, Pinnegar J K, Polunin N V C, Boon T W. Weak Cross-Species

Relationships between Body Size and Trophic Level Belie Powerful Size-Based

Trophic Structuring in Fish Communities. J. Anim. Ecol. 2001; 70: 934-944.

Jorgensen CC, Enberg K, Dunlop ES, ArlinghausR, BoukalDS, Brander K et al.

Managing evolving fish stocks. Science. 2007; 318:1247-48.

KarperMAM, Lopes PFM. Punishment and compliance: Exploring scenarios to improve

the legitimacy of small-scale fisheries rules on the Brazilian coast. Mar. Policy. 2014;

44:457-64.

Page 35: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

35

Krelling AP, Chierigatti AL. Problemas e perspectivas do setor pesqueiro. Curitiba-PR:

Escola técnica Aberta do Brasil (e-Tech Brasil); 2011.

Lessa R., Nóbrega MF. Guia de Identificação de Peixes Marinhos da Região Nordeste.

Recife: Programa REVIZEE / SCORE-NE; 2000.

Levkoe CZ, Lowitt K, Nelson C. Fish as food: Exploring a foodsovereignty approach

tosmall-scalefisheries. Mar. Policy. 2010; 85:65-70.

Lewin W, ArlinghausR, MehnerT. Documented and Potential Biological impacts of

recreational fishing: Insights for Management and conservation. Rev. Fish. Sci. 2006;

14:305-67.

LiqueteC, PiroddiC, Macias D, DruonJN, Zulian G. Ecosustem services sustainability in

the Mediterranean Sea: assessment of status and trends using multiple modelling

approaches. Sci. Rep. 2016; 6:1-14.

LlompartFM, Colautti DC, BaigúnCRM. Conciliating artisanal and recreational

fisheries in Anegada Bay Argentina. Fish. Res. 2017; 190:40-149.

Lloret J, Zaragoza N, Caballero D, Font A, Casadevall M, Riera V. Spearfishing

pressure on coastal rocky in rocky coastal habitats in a Mediterranean marine protected

area. Fish. Res. 2008; 94:84–91.

Magnan P, ProulxR, PlanteM. Integrating the effects of fish exploitation and

interspecific competition into current life history theories: an example with lacustrine

brook trout (Salvelinusfontinalis) populations. Can. J. Fish. Aquat. Sci. 2005; 62:747–

57.

MMA, Ministério do Meio Ambiente, Brazil. 2014. Portarias Nos. 443, 444, 445, de 17

de Dezembro de 2014. Diário da União Seção 1 2014;245:110 (18 December 2014).

Matson SE, Taylor IG, GertsevaVV, Dorn MW. Novel catch projection model for a

commercial grpundfishcatch shares fishery. Ecol. Model. 2017; 349:51-61.

McclenachanL. Documenting Loss of Large Trophy Fish from the Florida Keys with

Historical Photographs. Conserv. Biol. 2009; 23:636-43.

McCook LJ, Ayling T, Cappo M, Choat JH, Evans RD, Freitas DM, HeupelM et al.

Adaptive management of the Great Barrier Reef: A globally significant demonstration

of the benefits of networks of marine reserves. PNAS. 2010; 107(43): 18278-85.

Morais, R.A., Ferreira, C.E.L. & Floeter, S.R. Spatial patterns of fish standing biomass

across Brazilian reefs, Southwestern Atlantic. Journal of Fish Biology. 2017; 91(6):

1642-1667.

Page 36: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

36

Morales-Nin B, Moranta J, García C., Tugores MP, Grau AM, Riera F et al. The

recreational fishery off Majorca Island (western Mediterranean): some implications for

coastal resource management. ICES J Mar Sci. 2005; 62(4):727-39.

Näslund I, NordwallF, Eriksson T, Hannersj¨oD, Eriksson L-O. Long-term responses of

a stream-dwelling grayling population to restrictive fishing regulations. Fish. Res. 2005;

72(2-3):323–32.

Nunes JACC, Medeiros DV, Reis JA, Sampaio CLS, Barros F. Reef fishes captured by

recreational spearfishing on reefs of Bahia State, northeast Brazil. Biota Neotrop. 2012;

12:179-185.

Pauly D, Christensen V, Dalsgaard J, Froese R, Torres, F. Fishing Down Marine Food

Webs. Science, 1998; 279:860–863.

Pauly D, Zeller D. Catch reconstructions reveal that global marine fisheries catches are

higher than reported and declining. Nat. Commun, 2016; 7:10244.

Petchey OL, Downing AL, Mittelbach GG, Persson L, Steiner CF, Warren PH et al.

Species loss and the structure and functioning of multitrophic aquatic systems. Oikos.

2004; 104:467–78.

Philipp DP, Cooke SJ, ClaussenJE, KoppelmanJB, SuskiCD, Burkett DP. Selection for

Vulnerability to Angling in Largemouth Bass. Trans. Am. Fish. Soc. 2009; 138:189-99.

PinheiroHT, Joyeux J. The role of recreational fihermen in the removal of target reef

fishes. Ocean Coast Manag. 2015; 112:12-17.

Popova OA. The role of predaceous fish in ecosystems. In: Gerking SD, editor. Ecology

of freshwater fish production. UK: Blackwell Scientific, Oxford; 1978.p.215-249.

Post JR, Mushens C, Paul A, Sullivan M. Assessment of alternative harvest regulations

for sustaining recreational fisheries: model development and application to bull trout. N.

Am. J. Fish. Manage. 2003; 23(1):22–34.

Radomski P. Initial attempts to actively manage recreational fishery harvest in

Minnesota. N. Am. J. Fish. Manage.2003; 23:1329–42.

Recuero R. Redes Sociais na Internet [Internet].Porto Alegre; 2009.

Rees SF, Mangi SC, HattamC, Gall SC, RodwellLD, PeckettFJet al. The socio-

economic effects of a Marine Protected Area on the ecosystem service of leisure and

recreation. Mar. Policy, 2015; 62:144-52.

Schroeder DM, Love MS. Recreational Fishing and Marine Fish Populations. Mar. Sci.

Inst. 2002; 43:182-190.

ShiffmanDS, Gallagher AJ, Wester J, Macdonald CC, ThalercAD, Cooked SJ et al.

Page 37: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

37

Trophy fishing for species threatened with extinction: A way forward building on a

history of conservation. Mar. Policy. 2014; 50(part A):318-22.

Thomé-Souza MJF, MaceinaMJ, Forsberg BR, Marshall BG, CarvalhoÁL. Peacock

bass mortality associated with catch-andrelease sport fishing in the Negro River,

Amazonas State, Brazil. ActaAmaz. 2014; 44(4):527-32.

VoyerM, Barclay K, McilgormA, Mazur N. Connections or conflict? A social and

economic analysis of the interconnections between the professional fishing industry,

recreational fishing and marine tourism in coastal communities in NSW, Australia. Mar.

Policy. 2017; 76:114-21.

Wickham H. (2009). ggplot2: Elegant Graphics for Data Analysis. Springer-Verlag New

York.

Wilde GR. Does venting promote survival of released fish? Fisheries. 2009; 34(1):20-

28.

Worm, B. and Branch, T.A. (2012) The future of fish. Trends in Ecology and Evolution

27, 594–599.

Young MAL, Foale S, Bellwood DR. Dynamic catch trends in the history of

recreational spearfishing in Australia. Conserv. Biol. 2015; 29(3) 784-94.

Young MAL, Foale S, Bellwood DR. Why do fishers fish? A cross-cultural examination

of the motivations for fishing. Mar. Policy. 2016; 66:114-123.

Page 38: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

38

Tab. 1. Spearfishing target species in the three studied regions. Values correspond to the percentage of citations that each species received in

each region. Whenever possible the popular name had its classification refined to one or more species, according to the nomenclature of each

region. The primary conservation status follows the IUCN classification, but whenever a species showed a different status in the Brazilian Red

List of Threatened Species, its status is subsequently shown.

Popular name Taxonomic species Trophic

Category

Conservation status NE

(N=101) %

SE

(N= 73) %

S

(N= 21) %

Serra Scomberomorus sp. Carnivorous Least Concern 0 7.2 6.4

Scomberomorus brasiliensis

(Collette, Russo & Zavala-

Camin, 1978)

14.5 0 0

Guarajuba Carangoides bartholomaei

(Cuvier, 1833)

Piscivorous Least Concern 13.4 0 0

Dentão Lutjanus jocu (Bloch and

Shneider, 1801)

Carnivorous 11.6 5.9 0

Barracuda Sphyraena barracuda (Edwards,

1771)

Piscivorous Least Concern 9.8 0 0

Budião Sparisoma sp./Scarus sp.1 Herbivorous 9.4 10.8 1.6

Cavala Scomberomorus cavala (Cuvier,

1829)

Piscivorous 7.3 1.2 3.2

Robalo Centropomus undecimalis

(Bloch, 1792)

Carnivorous Least Concern 5.0 0 0

Centropomus spp. 0 8.9 19.3

Xaréu Caranx hippos (Linnaeus, 1766) Carnivorous Least Concern 4.3 0 0

Caranx latus (Agassiz, 1831) 0 0 1.6

Badejo Mycteroperca bonaci (Poey,

1860)

Piscivorous Near

threatened/Vulnerable

3.6 0 0

Mycteroperca sp. 0 7.8 8.0

Tainha Mugil sp. Scavenger 2.9 0 0

Page 39: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

39

Mugil platanus (Günther, 1880) Scavenger 0 8.9 1.6

Carapitanga Lutjanus apodus (Walbaum,

1972)

Carnivorous Least Concern 2.5 0 0

Cioba Lutjanus analis (Cuvier, 1828) Carnivorous Near threatened 2.5 0 0

Parú Chaetodipterus faber

(Broussonet, 1782)

Carnivorous Least Concern 2.1 4.2 9.6

Beijupirá Rachycentron canadum

(Linnaeus, 1766)

Carnivorous Least Concern 1.4 0.6 0

Carapeba Diapterus sp. Invertivorous 1.0 2.3 1.6

Garoupa Epinephelus morio

(Valenciennes, 1828)

Carnivorous Near

threatened/Vulnerable

0.7 0 0

Epinephelus marginatus (Lowe,

1834)

At risk/Vulnerable 0 14.3 20.9

Sargo Archosargus probatocephalus

(Walbaum, 1792)

Invertivorous Least Concern 0.7 0 0

Pirambu Anisotremus surinamensis

(Bloch, 1791)

Invertivorous 0.36 1.2 13.7 14.5

Pampo Trachinotus sp. Carnivorous 0.7 0 0

Trachinotus carolinus

(Linnaeus, 1766)

Least Concern 0 3.6 0

Cangulo Balistidae Invertivorous 0.72 1.8 0

Xixarro Caranx crysos (Mitchill, 1815) Carnivorouss Least Concern 0.72 0 0

Decapterus punctatus (Cuvier,

1829)

Least Concern 0 1.8 0

Caranha Lutjanus cyanopterus (Cuvier,

1828)

Carnivorous Vulnerable/Vulnerable 0.72 0 0

Baúna Lutjanus alexandrei (Moura and

Lindeman, 2007)

Carnivorous 0.72 0.6 0

Galo do alto Alectis ciliares (Bloch, 1787) Carnivorous 0.36 0 1.6

Page 40: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

40

Arabaiana Seriola rivoliana (Valenciennes,

1833)

Piscivorous Least Concern 0.36 0 0

Ariocó Lutjanus synagris (Linnaeus,

1758)

Carnivorous Near threatened 0.36 0 0

Gato Epinephelus adscencionis

(Osbeck, 1765)

Piscivorous 0.36 0 0

Linguado Paralichthys brasiliensis

(Ranzani, 1842)

Piscivorous 0.36 0 0

Olho de boi Seriola dumerili (Risso, 1810) Piscivorous Least Concern 0.36 0 0

Pescada Cynoscion acoupa (Lacepède,

1801) Carnivorous Least Concern 0.36 0 0

Raia Hypanus sp. Carnivorous 0.36 0 0

Olhete Seriola lalandi (Valenciennes,

1833)

Piscivorous 0 1.2 4.8

Anchova Pamotomus saltatrix (Linnaeus,

1766)

Carnivorous Vulnerable 0 1.2 1.6

Marimbá Diplodus argenteus

(Valenciennes, 1830)

Invertivorous Least Concern 0 0 1.6

Piraúna Pogonias cromis

(Linnaeus, 1766)

Carnivorous Least Concern 0 0 1.6

Olho de Cão Priacanthus arenatus (Cuvier,

1829)

Carnivorous Least Concern 0 1.2 0

Carapau Decapterus punctatus (Cuvier,

1829)

Carnivorous Least Concern 0 0.6 0

Viola Pseudobatos horkelii (Müller &

Henle, 1841)

Pseudobatos percellens

(Walbaum, 1792)

Invertivorous Critically Endangered

Near Threatened

0 0.6 0

1Some species of the genus Sparisoma and of the genus Scarus are in the latest Brazilian Red List, under different threat levels.

Page 41: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

41

Tab. 2. Percentage of trophic fish category by region. Fish species were

organized into one of the five categories and had their total citations divided

by category.

Trophic Category NE (101) % SE (73) % S (21) %

Carnivorous 49.4 50.3 62.9

Piscivorous 35.6 10.1 16.1

Herbivorous 9.4 10.7 1.6

Scavengers 2.9 8.9 1.6

Invertivorous 2.9 19.7 17.7

Tab. 3. Perception of impacts of spearfishing and conservation initiatives that

apply to the activity, according to the spearfishers. The answers are shown in

percentages (original N in parentheses) by region, corresponding to those that

answered positively to the questions.

Questions Northeast Southeast South

Do you consider spearfishing as the cause

of any impact in the fish population? 22.4% (22) 17.0% (14) 10.0% (2)

Do you think the amount of fish is

decreasing? 84.6% (83) 82.9% (68) 85.0% (17)

Do you think fish are smaller than 10

years ago? 85.7% (84) 75.6% (62) 60.0% (12)

Do you think no-take areas improve

fishing outside their limits? 65.3% (64) 64.6% (53) 65.0% (13)

Tab. 4. Perceptions regarding spearfishing regulation, according to the

spearfishers. The answers are shown in percentages (original N in

parentheses) by region, corresponding to those that answered positively to the

questions. Values above 50% are highlighted in bold.

Questions Northeast Southeast South

Have you ever seen anyone spearfishing

in forbidden areas? 50.0% (49) 45.1% (37) 65.0% (13)

Do you think spearfishing is controlled in

your region? 27.5% (27) 36.6% (30) 60.0% (12)

Page 42: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

42

Has any agent ever asked to see your

license? 25.5% (25) 29.3% (24) 60.0% (12)

Do you think spearfishing needs more

regulations? 53.0% (52) 52.4% (43) 40.0% (8)

Do you think spearfishing is growing in

Brazil? 96.9% (95) 93.9% (77) 70.0% (14)

Fig. 1. Similarity and cluster analyses, comparing: a. cited fish species and b.

the trophic categories of species caught by spearfishers in the northeastern

(NE), southeastern (SE) and southern (S) regions (%).

Fig. 2. Trophy fish weight (kg) along the years, analyzed by a Spearman

Correlation.

Fig. 3. Average distribution of trophy fish weight (kg) by region reported by

spearfishers. The width of each picture denotes the frequency of citation by

category of weight.

S1. Online survey content

S2. Correspondence and chi-square analyses results

S3. Spear fishing legislation

ANEXOS

Appendix 1 – Online survey content

1. State/City

2. Gender:

3. Age:

4. Schooling level:

5. Family Income:

6. Importance of spearfishing for the family income:

7. How long have you been spearfishing?

8. Depth you use to spearfish?

9. Frequency of spearfishing

10. The fish you catch the most?

11. Which fish do you consider trophies, why?

12. Largest fish you ever caught?

13. How large? Where was it? When was it?

Page 43: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

43

14. Do you think spearfishing causes any impact on fish stocks?

15. Have you seen anyone practicing spearfishing in forbidden/no-take areas?

16. Do you think no-take areas improve fishing around them?

17. Has the amount of fish decreased since you started fishing?

18. Are the fish smaller than 10 years ago? If yes, to what do you attribute it?

19. Is spearfishing growing in Brazil?

20. Is there any control of spearfishing in your region?

21. Has an inspector ever asked to see your license?

22. Does spearfishing need to be propagated as a sport?

23. Does spearfishing need more regulations? Please, justify your answer.

Page 44: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

44

Appendix 2

Spear fishing legislation

Federal

or State

level

Yea

r

Nº and

name

Institution Description

Brazil 199

8

Decree nº

9.615

Brazilian Institute of Environment

and Renewable Natural Resources

(IBAMA)

Authorization that allows the creation of angling

tournaments both amateur and sportive in Brazil.

Brazil 200

9

Law nº

11.959

Brazilian Institute of Environment

and Renewable Natural Resources

(IBAMA)

Brazil 200

9

Normative

Instructio

n nº 01

Ministry of Angling

200

9

Order nº 4 Ministry of the Environment (ME) Establishes general norms for the exercise of

amateur angling in all national territory,

including competitions and the registering of

amateur angling entities alongside IBAMA.

Santa

Catarina

/SC

200

5

Normative

Instructio

n n° 21

Ministry of the Environment (ME) Regulation of amateur angling activities

practiced on the shore of the State of Santa

Catarina.

Paraná/P

R

200

3

Order

IBAMA

nº 12–

Art. 4º

Brazilian Institute of Environment

and Renewable Natural Resources

(IBAMA)

Forbids subaquatic angling, professional and

amateur in some areas of Bays and of

Environmental Protection Areas (EPA) of the

state.

Rio de

Janeiro/

RJ

198

8

Order nº

N-35

Brazilian Institute of Environment

and Renewable Natural Resources

(IBAMA)

Forbids angling, until a distance of 1.000m (one

Thousand meters) around or off some islands

and basins on the shore of the State of Rio de

Janeiro.

Page 45: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

45

Appendix 3

Correspondence analysis and Resampling Chi-Square Results

Table S1 – Chi-Square results for all analyses performed. Table 3 and Table 4 refer to the

original Table 3 (perception on impacts and conservation) and Table 4 (perception on

regulation) in the manuscript. The chi-square test is based on 2000 permutations.

Chi-Square p-value

Spearfisher experience x trophic

category

10.463 0.2209

Table 3 2.124 0.907

Table 4 12.526 0.1254

Table S2 – Distribution of the absolute and relative percentage contribution (inertia) for the

first two axes of the Correspondence Analyses. Table 3 and Table 4 refer to the original Table

3 (perception on impacts and conservation) and Table 4 (perception on regulation) in the

manuscript.

Analyses

Contribution

Axis 1 Axis 2

Absolute Relative Absolute Relative

Spearfisher experience x trophic category 76.86909 76.86909 23.13091 100.00000

Table 3 99.5163135 99.51631 0.4836865 100.00000

Table 4 93.703508 93.70351 6.296492 100.00000

Figure S1 – Correspondence Analysis (CA) exploring the dependency of the trophic level

caught on fisher experience.

Page 46: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

46

Figure S2 –Correspondence Analysis (CA) exploring the dependency of the questions related

to fishing impacts and conservation (Table 3 in the manuscript) on the home region of the

fisher.

Figure S3 - Correspondence Analysis (CA) exploring the dependency of the questions related

to spearfishing regulation and enforcement (Table 4 in the manuscript) on the home region of

the fisher.

Page 47: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

47

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Observa-se no primeiro capítulo deste trabalho diminuição do peso de

espécies capturadas ao longo dos anos pela pesca subaquática. Embora não haja

como estabelecer uma relação de causa e efeito, pois outros tipos de pesca

também exploram estes mesmos animais, além de alterações antrópicas que

podem prejudicar estes estoques, alerta-se sobre a importância de sua

regulamentação adequada. Ressalta-se ainda a importância de estudos que

possibilitem estratégias de conservação voltadas aos possíveis impactos da

pesca subaquática e que possam subsidiar regulamentações para esse tipo de

atividade pesqueira, visando minimizar os seus impactos na diversidade

aquática.

Page 48: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

48

CAPÍTULO 2

IMPLICAÇÕES DAS CAPTURAS DE PEIXES EM CAMPEONATOS DE

PESCA COSTEIRA NO RIO GRANDE DO NORTE

Brenda Gomesa, Juan Zuranob, Priscila Lopesc, Katia Freired

a.,bCentro de Biociências,Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Av. Senador Salgado

Filho, 3000, Natal, RN. E-mail: [email protected], [email protected]

cDepartamento de Ecologia, FEME – Fisheries management, ecology and economics group,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Central, Natal, RN, Brasil, 59078-900

E-mail: [email protected].

dDepartamento de Engenharia de pesca e Aquicultura, Universidade Federal de Sergipe,

Campus profº José Aloisio de Campos, São Cristovao , Sergipe, 49100-000. Email:

[email protected]

ESTE ARTIGO SERÁ ENVIADO AO PERIÓDICO NEOTROPICAL ICHTHYOLOGY E,

PORTANTO, ESTÁ FORMATADO DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES

DESTA REVISTA (http://www.scielo.br/revistas/ni/iinstruc.htm)

RESUMO

Na pesca amadora de beira de praia o pescador tende a capturar grandes quantidades de peixes

pequenos e imaturos. Essa remoção seletiva pode ao longo do tempo alterar a estrutura da

cadeia alimentar, a capacidade reprodutiva, além de aspectos fenotípicos e genotípicos das

espécies. O trabalho visa responder se a pesca amadora de beira de praia é capaz de indicar

evidências de efeitos negativos para comunidade ictiofaunística costeira. Os dados foram

coletados a partir do acompanhamento de campeonatos de pesca amadora de beira de praia no

estado do Rio Grande do Norte (2015 a 2017), como tambem oriundos de uma base de dados

referente aos campeonatos de 1975 a 2000 no Estado, levantadas por FREIRE. Os resultados

demonstraram uma grande variação no número de campeonatos ao longo dos anos (número

mínimo de eventos = 5; número máximo de eventos = 76), com mais peixes (kg total) sendo

capturados na medida em que mais campeonatos foram promovidos, embora o peso total

capturado por pescador durante cada evento tenha sido sempre baixo (Média do período =

0,441 kg). Ainda, o nível trófico decresceu ao longo das décadas (0.3 ponto entre o início e fim

do acompanhamento), apesar de apresentar valores instáveis, com períodos de aumento. Os

dados reconstruídos e analisados por este trabalho demonstram uma fonte importante de

informações, dada a lacuna de dados para a pesca amadora, principalmente para a pesca

marinha.

Palavras-Chave: Pesca de anzol, beira de praia, torneios

Page 49: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

Introdução

Atividades humanas, como a pesca, afetam boa parte de comunidades

biológicas costeiras em todo o mundo. A pesca excessiva, especificamente, é

reconhecida como uma das maiores ameaças à biodiversidade marinha,

resultando em declínios em abundância (Jackson et al. 2001), no tamanho

médio do corpo de muitas espécies de peixes (McClenachan, 2009), além de

alterar a idade e estrutura populacional das espécies explotadas (Haddon,

2011). Assim, a pesca esportiva pode ter diversos impactos e consequências

adversas ao funcionamento dos ecossistemas marinhos (Coleman, 2004;

Young, 2014; Arlinghaus, 2016, Couce-montero et al. 2015, Addessi, 1994;

Milazzo et al., 2002; Kerbiriou et al., 2008, 2009), embora estes tendam a ser

concentrados espacialmente em ambientes costeiros. Estes ambientes são

justamente habitats críticos para reprodução, alimentação e migração de várias

espécies de peixes (Jackson et al., 2001; Cooke, 2004).

Na pesca amadora de beira de praia, realizada com linha e anzol, por exemplo,

o pescador tende a não capturar grandes quantidades de peixes, mas aqueles

capturados tendem a ser pequenos e muitas vezes imaturos (Ward et al., 2012;

Breen et al., 2016). A remoção seletiva de determinadas espécies e

determinadas faixas de tamanho do ecossistema podem ao longo do tempo

alterar a estrutura da cadeia alimentar, a capacidade reprodutiva e aspectos

fenotípicos e genotípicos das espécies. Com o tempo, esta remoção pode levar

à perda ou alteração na produtividade do ecossistema, assim como à redução

da resiliência a mudanças ambientais (Rochet et al., 2011; Garcia et al., 2012;

Kolding, Van Zwieten, 2014; Law et al., 2012, 2015).

Nesse sentido, observa-se que o uso dos recursos pode ser influenciado pelas

características funcionais das espécies e determinam a organização e o

funcionamento da comunidade. Por exemplo, a escolha de iscas na pesca

amadora baseia-se, em geral, na alimentação dos peixes e na forma como eles

exploram o ambiente, sejam eles carnívoros, herbívoros, piscívoros,

invertívoros, onívoros, dentritívoros ou planctófagos (Teresa, Casatti, 2012). A

forma como os peixes exploram sua alimentação e os itens que ingerem

preferencialmente determinam o seu nível trófico na cadeia alimentar.

Page 50: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

50

O conceito de nível trófico é particularmente relevante para melhorar o

conhecimento da estrutura e do funcionamento de um ecossistema,

representando desta forma um importante indicador para avaliar a interação

entre as pescarias e o ecossistema marinho (Pauly, Watson, 2005; DU et al.,

2015). O nível trófico pode inclusive ser usado como um indicador da

sustentabilidade da pesca (Branch et al., 2010) e do status da biodiversidade

local (Foley, 2013; Pauly, 2016).

A pesca amadora é relativamente menos investigada e recebe menos atenção

em relação aos outros tipos de pesca. Não apenas a sua pesquisa é

negligenciada, mas também o seu planejamento e manejo, evidenciado pelos

poucos exemplos de programas de monitoramento da atividade, localizados

especialmente nos EUA e Austrália (Dalton et al., 2010; Smallwood et al.,

2010; Jones, Pollock, 2013). A pesca amadora é particularmente difícil de

monitorar devido à heterogeneidade de práticas e sua sazonalidade, a

diversidade de seus locais e o "nomadismo" dos seus praticantes (Smallwood

et al., 2011). Sob o ponto de vista legal, o gerenciamento da pesca amadora

marinha também é um desafio devido a estruturas legais complexas e dispersas,

com múltiplas administrações envolvidas e sobreposições de uso de espaço

com pesca comercial, aquicultura, navegação e turismo, dentre outros (Pita et

al., 2017).

Em países em desenvolvimento, especificamente, os desafios para o

entendimento e monitoramento desta atividade tendem a ser ainda maiores, seja

por falta de recursos, burocracia ou devido a alta diversidade encontrada nestes

locais, as quais tendem a estar localizadas nos trópicos (Cooke, Cowx, 2004).

O Brasil, especialmente, conta com algumas poucas informações em escala

regional (Freire, 2005, 2016). Por outro lado, este país detém uma das mais

altas riquezas ictiofaunísticas marinha, estimada em 1220 espécies

reconhecidas até o momento (Froese, Pauly, 2017). Destas, ao menos 183 são

explotadas pela pesca amadora costeira, submarina e de alto-mar (FishBase

10/2017). No Nordeste, especificamente, a pesca amadora é principalmente

costeira e estruturada em torno de clubes de pesca, os quais promovem mais de

100 torneios realizados regularmente durante todo o ano (Freire, 2010).

Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho foi realizar a reconstrução das

capturas da pesca amadora até o ano de 2016, complementando os dados que

Page 51: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

51

já existiam a partir de 1975 (FREIRE, 2005), e responder se a mesma é capaz

de indicar evidências de efeitos negativos para comunidade ictiofaunística

costeira. Desta forma, foram considerados dados da pesca amadora de beira de

praia para o Estado do Rio Grande do Norte dos últimos 40 anos.

Materiais e Métodos

Área de Estudo. O Rio Grande do Norte apresenta uma costa de 410 km (Vital,

2006), com variações na presença e distância de recifes. Isto representa um

grande potencial para prática da pesca amadora, principalmente na região norte

devido a suas praias menos exploradas e urbanizadas se comparadas às praias

do sul. Tais características permitem que os campeonatos de beira de praia

sejam realizados com maior frequênci a nesta parte do estado (Fig. 1).

Fig. 1. Mapa do Rio Grande do Norte com a identificação dos municípios

onde foram realizados os campeonatos de pesca esportiva de beira de praia no

Estado.

Coleta de Dados. Os dados do presente estudo são oriundos de duas fontes:

uma base de dados referente aos campeonatos de 1975 a 2000, levantadas por

FREIRE, cujos dados foram previamente utilizados em diversos trabalhos

(Freire et al., 2008, 2012, 2014, 2016, 2017; Freire, Pauly, 2010) e

Page 52: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

52

acompanhamentos de campeonatos de pesca amadora de beira de praia entre

os anos de 2015 e 2017.

Os acompanhamentos focaram nos seis clubes de pesca amadora em operação

atualmente no Estado do Rio Grande do Norte: Pâmpano Esporte Clube (1954);

Clube Dentão de Pesca e Lançamento (1983); Touros Clube de Pesca e

Lançamento (1999); Clube de Pesca Caniço de Ouro (1993); Associação dos

Subtenentes e Sargentos do Exército de Natal (ASSEN) e o mais recente,

Gostoso Clube de Pesca e Lançamento (2014). Em cada torneio foi registrado

o número de indivíduos capturados, o peso (g) do maior indivíduo capturado

por cada pescador, assim como o peso (g) total de captura por pescador. A

identificação das espécies capturadas foi feita a partir do nome popular

fornecido pelos pescadores, identificação in loco por coletor treinado e

confirmação a partir de informações existentes no FishBase e literatura

(Menezes et al., 2005; Carvalho-Filho, 1999; Nelson et al., 2016). Quando isto

não foi possível, os nomes populares foram relacionados a gênero ou família

(Anexo 1).

Caracterização dos dados. As análises partiram da reconstrução das capturas,

através da organização de um banco de dados para os anos de 1975 a 2015.

Para isto, foi utilizado um banco de dados anterior, compilado por Freire

(FREIRE, 2005), que já trazia diversas informações sobre capturas totais e

números anuais de campeonatos. No entanto, ainda havia lacunas referentes às

categorias de campeonatos (barra leve ou pesada) e para determinados anos.

Para os eventos que não apresentaram dados, os mesmos foram estimados com

base nos anos antecedentes e precedentes. Inicialmente foi descrita a soma do

peso total (kg) dos peixes capturados por campeonato ao longo dos últimos 42

anos (1975-2016), para os eventos que ocorrem regularmente, em especial no

Pâmpano Esporte Clube. Posteriormente, foi calculada a Captura por Unidade

de Esforço (CPUE) que se refere a média do peso (g) total dividido pelo número

de pescadores, ou seja, foi calculada uma CPUE por evento. Os tipos de

campeonatos foram analisados primeiramente separadamente, em barra leve

(capturas de peixes de pequeno porte) e barra pesada (capturas de peixes acima

de 100 gramas) e depois em conjunto. Além disso, foi verificado o peso do

Page 53: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

53

maior indivíduo capturado por pescador em cada campeonato ao longo do

mesmo período. Da mesma forma, foi investigado se houve variação nos níveis

tróficos dos peixes, entre anos de 1975 a 2000 e 2016, pois são os anos em que

há descrição para algumas das espécies capturadas (mesmo nestes anos, 88%

dos indivíduos não estão identificados). As categorias tróficas (herbívoros e

detritívoros; onívoros e carnívoros) das respectivas espécies foram descritas,

considerando a metodologia desenvolvida por Vivekanandan et al., (2005).

Resultados

Embora tenham ocorrido campeonatos antes do período de 1975, apenas a

partir desse ano se tem dados. Foi observada uma grande variação no número

de campeonatos ao longo do período de 1975 a 2016 (Média=16,7, Desvio

Padrão=12,4). Houve um notável incremento no número de campeonatos entre

os anos de 1990 e 1995, embora o ano de 2000 seja quando ocorreu mais

campeonatos ao longo da série histórica (n=48). Observa-se ainda que a

quantidade total (em kg) dos peixes capturados nos campeonatos vem

aumentando ao longo dos anos (Fig. 2).

Fig. 2. Soma do peso (kg) total dos peixes capturados em campeonatos de pesca

amadora por ano, no Rio Grande do Norte.

Os campeonatos barra leve (Fig. 3a) demonstraram um aumento da média

em 1996 e novamente a partir de 2006, enquanto os campeonatos barra pesada

(Fig. 3b) obtiveram queda a partir do primeiro ano, embora tenham se

recuperado a partir de 2010. Na avaliação global (Fig. 3c), o mesmo pico é

Page 54: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

54

observado em 1975 e a partir de 2010, o que é esperado, visto que representa a

soma total dos campeonatos com maior influência dos barras pesadas.

Fig. 3. Boxplot da Captura por Unidade de Esforço (CPUE) referente ao peso

em gramas por pescador ao longo do tempo. a. CPUE para os campeonatos

Barra Leve. b. Campeonatos Barra pesada. c. CPUE Total dos campeonatos.

Em geral, as capturas individuais sempre foram bastante baixas (média = 0,441

kg, dp = 0,852 kg, mediana =0,205 kg), com raros casos em que os pescadores,

ao somar a captura dos maiores indivíduos, conseguiam capturas totais acima

dos 10 kg (Fig.4).

c

Page 55: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

55

Fig. 4. Boxplot do peso do maior indivíduo capturado por cada pescador

considerando todos os eventos durante cada ano.

Apesar de variar ao longo dos anos, o nível trófico médio da captura apresentou

uma tendência decrescente, especialmente após o pico de 1995. Inicialmente

há certa instabilidade entre os anos iniciais da análise, com uma queda mais

acentuada no período de 1989 a 1999. Ao longo de todo o período o nível

trófico variou entre 3,5 e pouco acima de 3,8 (Fig. 5a). Cabe, no entanto,

ressaltar que não há informações para tróficos ou espécies, entre os anos 2000-

2015, comprometendo parcialmente esta análise. Mesmo para os anos para os

quais há informações sobre a espécie capturada, esta informação é sempre

parcial, pois em cada campeonato apenas parte dos peixes capturados era

identificada.

Ainda assim é possível identificar que os maiores indivíduos são

principalmente representantes de espécies carnívoras (Fig. 5b). Entre as

espécies de maior tamanho destacam-se o Barbudo, Polydactylus virginicus

(Linnaeus, 1758), seguido de Aracanguira, Trachinotus goodei, (Jordan &

Evermann, 1896) e Pampo, Trachinotus carolinus (Linnaeus, 1766).

Page 56: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

56

Fig. 5. a. Nível trófico médio das espécies ao longo do tempo. Não há

informações para os anos entre 1975 e 2016. b. Scatterplot do peso total

capturado considerando todos os eventos durante cada ano, demonstrado de

acordo com as caterogias tróficas das espécies capturadas.

Discussão

Mediante o crescente número de campeonatos ao longo dos anos é notável a

importância de se estudar ainda mais a pesca esportiva de beira de praia

(LEWIN et al., 2006; FREIRE, 2010). Os resultados deste estudo

Page 57: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

57

demonstraram uma grande variação no número de campeonatos ao longo dos

anos. Em todo este período, o peso total capturado por pescador durante cada

evento manteve-se baixo. O nível trófico, por sua vez, apresentou uma

tendência decrescente, embora estes dados devam ser considerados com

cautela, visto que uma pequena proporção das espécies capturadas tenha sido

identificadas e dado também que não há informações para o período entre 2000

e 2015.

O número anual de campeonatos apresentou um aumento no decorrer dos anos,

com alguns pontos de queda, porém com tendência crescente. Este é um padrão

similar ao observado na região da Galícia, Espanha, entre os anos 2000 e 2007

(Pita, Freire, 2014). De fato, mesmo outras regiões do Brasil apresentam um

padrão comparável, com aumento no número de eventos até 2006, seguido por

um decréscimo, com variação equivalente nas capturas totais (Nunes et al.,

2012; Freire et al., 2016). Este padrão é esperado, visto que tem havido uma

popularização da pesca esportiva ao redor do mundo , inclusive no Brasil

(POLICANSKY, 2007). Por outro lado, um maior número de campeonatos

implica em crescimento na captura de peixes e consequentemente aumento da

pressão de exploração dos ecossistemas costeiros.

Ainda para o Estado do Rio Grande do Norte, entre os anos de 1970 a 2000, o

peso médio dos indivíduos capturados pela pesca amadora decresceu (Freire,

2005). Esta tendência não se restringe a locais em desenvolvimento. Por

exemplo, mesmo na Austrália as capturas históricas a partir de 1940 e

estimativas derivadas até 2020 apontam para uma provável queda (Young et

al., 2015). Diminuições de capturas podem estar associadas à captura de

indivíduos juvenis, tendo em vista fatores determinantes desta modalidade de

pesca, como a baixa profundidade de pesca e tamanho do anzol utilizado, o que

a torna uma pesca pouco seletiva (Rodrigues, 2003).

Considerando os resultados descritos para os grupos tróficos, houve destaque

para a captura dos peixes carnívoros. Isso reflete o tipo de isca utilizada pelos

pescadores, que em sua maioria utilizam camarão (Tsuruda et al., 2013). A

busca por peixes carnívoros se justifica em função de seus maiores tamanhos.

Normalmente os peixes carnívoros são alvos preferenciais de muitas pescarias,

de forma que sua diminuição observada em séries históricas pode indicar

aumento da pressão de exploração humana (Russ, Alcala, 1989). A maior

Page 58: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

58

pressão sobre os peixes carnívoros, a partir de múltiplos tipos de pesca, provoca

efeitos expressivos na cadeia trófica, especialmente porque os ecossistemas

aquáticos tendem a ter um controle top-down mais forte do que os terrestres

(Petchey et al., 2004).

Ainda, observa-se que a diminuição do nível trófico médio dos peixes pode

indicar uma relação direta com a pressão da pesca sobre as espécies, sugerindo

que os peixes grandes e de alto nível trófico estão sendo removidos dos

ecossistemas (Pauly, Watson, 2005). O nível trófico dos peixes capturados

variou entre 2,0 e 5,0, embora valores altos tenham sido raros. Já o nível trófico

médio dos campeonatos apresentou um decréscimo de 0.3 entre o maior e o

menor nível trófico no período do estudo, o que pode indicar insustentabilidade

desse tipo de atividade de pesca. Ao reedor do mundo, tem sido observados

decréscimos de 0.1 por década (Pauly, Watson, 2005), o que é um sinal de

alarme bastante preocupante. Ainda assim, para o presente estudo não é

possível descartar a possibilidade de que os pescadores tenham deslocados

locais de campeonatos para compensar diminuições locais, o que mascararia

quedas em níveis tróficos (Kleisner et al., 2014). De forma semelhante, as

capturas da pesca artesanal e industrial para o estado do Rio Grande do Norte

apresentam queda do nível trófico médio entre 2011 e 2014 (Carvalho, 2016).

Mesmo que se tenham limitações no presente estudo, devido à

indisponibilidade de dados detalhados, observa-se a necessidade de

monitoramento dos campeonatos de pesca amadora diante do crescente número

de campeonatos e consequentemente do número de peixes capturados. Ainda,

alertamos que deve ser dada maior atenção às capturas dos indivíduos ainda no

estágio juvenil, uma vez que impedem a reprodução de novos indivíduos na

população, prejudicando o crescimento populacional e consequentemente a

manutenção dos estoques pesqueiros.

Conclusão

Os resultados demonstraram uma grande variação no número de campeonatos

ao longo dos anos, com aumento do número de peixes capturados de acordo

com o número de campeonatos, havendo consequentemente uma tendência do

aumento na captura total (kg). Ainda assim, cabe ressaltar que o peso total

capturado por pescador durante cada evento tenha sido sempre baixo. Além

Page 59: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

59

disso, mudanças no nível trófico médio dos campeonatos alertam para o

declínio de determinados estoques. Embora estes declínios muito

provavelmente não sejam devido à pesca de beira de praia, haja visto que os

peixes de maior nível trófico são alvos de pescas mais intensivas, há de se

alertar para a situação. A pesca esportiva de beira de praia pode aqui estar

fornecendo uma informação importante, complementar àquela observada em

outros tipos de pesca, que poderia suportar medidas de gestão.

Por fim, os dados compilados neste trabalho demonstram uma fonte importante

de informações, mediante a lacuna de dados para a pesca amadora,

principalmente a pesca marinha. Acompanhar os rumos da pesca amadora no

estado e no restante do Brasil deve ser o primeiro passo para que a mesma

receba a atenção merecida e venha a ser um dia manejada adequadamente.

Page 60: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

60

Referências

Addessi L. Human disturbance and long-term chances on a rocky intertidal

community. Ecol Appl. 1994; 4:786-797.

Arlinghaus R. et al. Recommendations for the future of recreational fisheries

to prepare the social-ecological system to cope with change. Fish Manag Ecol.

2016; 23: 177-186.

Branch T.A., et al. The trophic fingerprint of marine fishes. Nature. 2010; 468:

431-435,.

Breen M et al. Selective fishing and balanced harvesting. Fish. Res. 2016;184:

2-8.

Carvalho-Filho, A. 1999. Peixes da costa brasileira. São Paulo: Editora Melro.

320 pp.

Carvalho, F. H. D. 2016. Reconstrução da pesca artesanal e industrial no

estado do Rio Grande do Norte entre os anos de 2011 a 2014.Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Monografia. 5p.

Coleman F. C. et al. The impact of United States recreational fisheries on

marine fish populations. Science. 2004;305: 1958-1960.

Cooke S.J, Cowx I.G. The role of recreational fishing in global fish

crises. Biosci. J. 2004; 54: 857-859.

Couce-montero L. et al. Effects of small-scale and recreational fisheries on the

Gran Canaria ecosystem; Ecol Model. 2015; 312: 61-76.

Dalton T. et al. Mapping human dimensions in marine spatial planning and

management: an example from Narragansett Bay, Rhode Island. Mar. Policy.

2010;34: 309-319.

Du J. et al. Impacts of fishing on the marine mean trophic level in Chinese

marine área. Acta Ecol. Sin. 2015; 35: 83-88. Foley C.M.R. Management implications of fishing up, down, or through the

marine food web. Mar. Policy.2013; 37: 176 - 182.

Freire K. M. F. Characterization of some biological aspects of Atherinella

brasiliensis caught during sport fishing tournaments: A case study from

northeastern Brazil. Bol. Inst. Pesca. 2012; 38: 171-180.

Freire K. M. F.; Luz, R. M. C. A.; Santos, A. C. G.; Oliveira, C. S. Analysis of

the onshore competitive recreational fishery in Sergipe. Bol. Inst. Pesca. 2017;

43: 487-501.

Freire K. M. F.;Christensen, V.; Pauly, D. Description of the East Brazil large

marine ecosystem using a trophic model. Sci. Mar. 2008; 72: 477-491.

Freire K. M. F. et al. Brazilian recreational fisheries: current status, challenges

and future direction. Fish Manag Ecol. 2016; 23: 276-290.

Freire K. M. F. Unregulated catches from recreational fisheries off northeastern

Brazil. Atlântica. Rio Grande. 2010; 32: 87-93.

Freire K.M.F. Recreational fisheries in Northeastern Brazil: inferences from

data provided by anglers, in: G.H. Kruse, V.F. Gallucci, D.E. Hay, R.I. Perry,

R.M. Peterman, T.C. Shirley, P.D. Spencer, B. Wilson, D. Woodby (Eds.),

Fisheries Assessment and Management in Data-limited Situations, University

of Alaska Fairbanks, Alaska Sea Grant College Program, Fairbanks. 2005;

377–394.

Freire K.M.F.,et al. Competitive marine fishery in the state of Sergipe.

Actapesca. 2014; 2:59-72.

Page 61: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

61

Froese R., Pauly, D. FishBase 10/2017. Disponível em: <http://

www.fishbase.org>. Acesso em: 15 dez. 2017.

Garcia S.E. et al. Reconsidering the consequences of selective fisheries.

Science.2012; 335:1045-1047.

Haddon M. Modelling and Quantitative Methods in Fisheries, 2nd

Ed.Chapman and Hall Boca Raton. 2011:449.

Jackson J.B. et al. M Historical overfishing and the recent collapse of coastal

ecosystems. Science. 2001; 293: 629-637.

Jones C.M., Pollock K.H. Recreational angler survey methods: estimation of

effort, harvest, and released catch. Chapter 19. In: Fisheries Techniques

Manual, third ed. American Fisheries Society. Ecol Appl. 2013; 21: 3002-3013.

Kerbiriou C., et al. The impact of human frequentation on coastal vegetation

in a biosphere reserve. J Environ Manage. 2008; 88: 715 -728.

Kerbiriou C., et al. Tourism in protected areas can threaten wild populations:

from individual response to population viability of the chough Pyrrhocorax

pyrrhocorax. J Environ Manage. 2009; 46: 657-665.

Kleisner, K., Mansour, H., Pauly, D., 2014. Region-based MTI: resolving

geographic expansion in the Marine Trophic Index. Mar. Ecol. Prog. Ser. 512,

185–199.

Kolding J., Van Zwieten, P.A.M. Sustainable fishing of inland waters.

J.Limnol. 2014; 73:128–144.

Law R. et al. On balanced exploitation of marine ecosystems: results from

dynamic size spectra. ICES J. Mar. Sci. 2012; 69: 602–614.

Law R..et al. Squaring the circle: reconciling fishing andconservation of

aquatic ecosystems. Fish and Fisheries. 2015; 16: 160-174.

Lewin W, ArlinghausR, MehnerT. Documented and Potential Biological

impacts of recreational fishing: Insights for Management and conservation.

Rev. Fish. Sci. 2006; 14:305-67.

Mcclenachan L. Documenting loss of large trophy fish from the Florida Keys

with historical photographs. Conserv Biol. 2009;23:636–43.

Menezes, N. A., P. A. Buckup, J. L. Figueiredo & R. L. Moura. 2003. Catalogo

das especies de peixes marinhos do Brasil. São Paulo: Museu de Zoologia de

Universidade de Sao Paulo. 159 pp.

Milazzo M., et al. The impact of human recreational activities in marine

protected areas: what lessons should be learnt in the Mediterranean sea? Mar.

Ecology. 2002; 23: 280-290.

Nelson, Joseph S., Grande, Terry C.; Wilson, Mark VH. Fishes of the World.

John Wiley & Sons, 2016.

Nunes J. A. C. C. et al. Reef fishes captured by recreational spearfishing on

reefs of Bahia State, northeast Brazil. Biota Neotrop. 2012; 12: 179-185.

Pauly D., Zeller D. Catchre constructions reveal that global marine fisheries

catches are higher than reported and declining. Nat. Commun. 2016; 7:10244.

Pauly D., Watson R. Background and interpretation of the ‘marine trophic Index’ as a measure of biodiversity. Phil. Trans. R. Soc. B Biol. Sci. 2005;

360:415- 423.

Petchey OL, et al. Species loss and the structure and functioning of

multitrophic aquatic systems. Oikos. 2004: 104:467–78.

Pita P., et al. Research and management priorities for Atlantic marine

recreational fisheries in Southern Europe. Mar. Policy. 2017; 86:1-8.

Page 62: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

62

Pita P., Freire J. The use of spearfishing competition data in fisheries

management: evidence for a hidden near colapse of a coastal fish community

of Galicia (NE Atlantic Ocean). Fish Manag Ecol. 2014; 21:454-469.

Policansky, D. Catch and Release Recreational Fishing.

Recreational Fisheries: Ecological, Economic and Social Evaluation. 2007.

Rochet M.J. et al.. Does selective fishing conservecommunity biodiversity?

Predictions from a length-based multispecies model.Can. J. Fish. Aquat. Sci.

2011; 68:469-486.

Rodrigues, F.L. 2003. Relações tróficas de Menticirrhus americanus e

Menticirrhus littoralis na zona de arrebentação das praias arenosas adjacentes

a barra do Rio Grande, RS, Brasil. Fundação Universidade Federal de Rio

Grande – FURG. Dissertação de Mestrado. 104p

Russ G. R., Alcala A. C. Effects of intense fishing pressure on an assemblage

of coral reefs fishes. Mar. Ecol. Prog. Ser.1989: 56: 13-27.

Smallwood C.B., et al. Assessing patterns of recreational use in large marine

parks: a case study from Ningaloo Marine Park, Australia. Ocean Coast.

Manag. 2011; 54:330-340.

Smallwood C.B., et al. The volunteer fisheries liaison officer program: an

analysis of recreational fishing data from 1995 e 2007. Fish. Res. Rep. 2010;

203:46.

Teresa F.B., L. casatti, L. Influence of forest cover and mesohabitat types on

functional and taxonomic diversity of fish communities in Neotropical lowland

streams. Ecology of Freshwater Fish. 2012:21: 433-442.

Tsuruda J. M., et al. A pesca e o perfil socioeconômico dos Pescadores

esportivos na Ponta das Galhetas, Praia das Astúrias, Guarujá (SP).

BioScience. 2013: 2: 22-34.

Vital H. et. al. Rio Grande do Norte. In: BRASIL, Ministério do Meio

Ambiente. Programa de Geologia e Geofísica Marinha. Erosão e Progradação

do Litoral Brasileiro. [s.l.] Dieter Muehe (Org.). Brasília: MMA, 2006. p. 155–

172.

Vivekanandan E. et al. Fishing the marine food web along the Indian coast.

Fisheries Research. 2005; 72: 241–252.

Ward, J.M. et al. Bycatch in marine fisheries. Mar. Fish. Rev. .2012: 74: 13-

25.

Young, et al. Dynamic catch trends in the history of recreational spearfishing

in Australia. Conserv Biol.2015; 29:784-794.

Young M.A.L. et al. Impacts of recreational fishing in Australia: historical

declines, self-regulation and evidence of an early warning system. Envir.

Conserv. 2014; 41: 350–356.

Page 63: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

63

ANEXO

1. Identificação das espécies capturadas, nome popular e nome cientítfico.

Nome Popular Nome Científico

Ubarana Albula nemoptera (Fowler, 1911)

Zumbi Anisotremus moricandi (Ranzani, 1842)

Pirambu Anisotremus surinamensis (Bloch, 1791)

Mercador Anisotremus virginicus (Linnaeus, 1758)

Salema

Archosargus rhomboidalis(Linnaeus,1758)

Peixe Rei

Atherinella brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1825)

Guarajuba Caranx hippos (Linnaeus, 1766)

Xerelete Caranx latus (Agassiz, 1831)

Paru Chaetodipterus faber (Broussonet, 1782)

Palombeta Chloroscombrus chrysurus (Linnaeus, 1766)

Linguado Citharichthys arenaceus (Evermann & Marsh, 1900)

Garajuba Colomesus psittacus (Bloch & Schneider, 1801)

Coró Amarelo Conodon nobilis (Linnaeus, 1758)

Raia Manteiga Dasyatis guttata (Bloch & Schneider, 1801)

Carapeba Diapterus auratus (Ranzani, 1842)

Peixe

Gato/Pacamão

Epinephelus adscensionis (Osbeck, 1765)

Carapicu Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863)

Sanhoá Genyatremus luteus (Bloch, 1790)

Cação Lixa Ginglymostoma cirratum (Bonnaterre, 1788)

Moreia Gymnotorax funebris (Ranzani, 1839)

Coró Branco Haemulon carbonarium (Poey, 1860)

Biquara Haemulon plumieri (Lacepède, 1801)

Moré de pedra Labrisomus cricota (Sazima, Gasparini & Moura,

2002)

Moré Labrisomus nuchipinnis (Quoy & Gaimard, 1824)

Caranha Lutjanus alexandrei (Moura & Lindeman, 2007)

Page 64: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

64

Dentão Lutjanus jocu (Bloch & Schneider, 1801)

Arenque Lycengraulis grossidens (Spix & Agassiz, 1829)

Tibiro Oligoplites saurus (Bloch & Schneider, 1801)

Muriongo Ophichthus parilis (Ranzani, 1839)

Pescada Ophioscion punctatissimus (Meek & Hildebrand,

1925)

Barbudo Polydactylus virginicus (Linnaeus, 1758)

Voador de Rio Prionotus punctatus (Bloch, 1793)

Peixe Sabão Rypticus saponaceus (Bloch & Schneider, 1801)

Bagre Branco Sciades couma (Valenciennes, 1840)

Galo Selene vômer (Linnaeus, 1758)

Budião Sparisoma axillare (Steindachner, 1878)

Ariocó Lutjanus synagris (Linnaeus, 1758)

Baiacu Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758)

Cururuca Stellifer micros (Steindachner, 1864)

Soia Syacium papillosum (Linnaeus, 1758)

Pampo Trachinotus carolinus (Linnaeus, 1766)

Aracanguira Trachinotus goodei (Jordan & Evermann, 1896)

Agulhão Tylosurus acus acus (Lacepède, 1803)

Page 65: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

65

CONCLUSÕES GERAIS

O primeiro capítulo deste trabalho demonstrou que os pescadores

subaquáticos do Brasil não vêm essa atividade como algo que afete a

biodiversidade aquática, embora reconheçam alterações negativas nas espécies

alvo (peixes de menor porte e menor abundância), as quais atribuem a outros

tipos de pesca. A pesca com arpão é aparentemente realizada sem qualquer

forma de controle ou gerenciamento em boa parte do país, portanto, alertamos

para a necessidade de reconhecer a pesca como uma atividade a ser controlada

e monitorada de perto. A ausência de incentivos econômicos não isenta essa

atividade de possíveis consequências negativas. Somente o monitoramento

rigoroso oferecerá uma oportunidade para avaliar seus impactos. Além disso,

esse mesmo monitoramento pode ajudar a identificar modificações na estrutura

populacional das espécies-alvo, mesmo que essas alterações sejam atribuídas a

outros tipos de pesca ou fatores exógenos (ou seja, poluição, degradação do

habitat, etc.). A identificação precoce dessas alterações é a chave para a tomada

de decisões eficiente.

Por outro lado, a reconstrução e análise histórica da pesca amadora de

beira de praia sugere intensificação de campeonatos de pesca, aumento do

número de peixes capturados, com consequente tendência do aumento na

captura total. É provável que estes dados também sugiram um certo impacto

sobre estoques pesqueiros alvo, embora deva ser ressaltado o caráter de

pequena escala deste tipo de pesca em comparação com as demais. De fato, a

mesma pode ter um papel importante a atuar como indicador ecossistêmico,

pois pode indicar alterações de nível trófico, diminuição no tamanho dos

indivíduos, e na presença e abundância de espécies ao longo do tempo, causada

por quais razões forem.

Por fim, os dados reconstruídos neste trabalho demonstram uma fonte

importante de informações, mediante a lacuna de dados para a pesca amadora,

principalmente a pesca marinha, uma vez que a maior parte dos países não tem

a obrigação de registrar as capturas destas atividades. Além disso, a ausência

de dados prejudica a tomada de decisão pelos gestores, bem como a

contribuição para uma melhoria da conservação dos estoques e do ecossistema

marinho como um todo.

Page 66: PESCA AMADORA MARINHA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS€¦ · preferencial da pesca recreativa subaquática (coincidindo com os resultados da pesca esportiva de beira de praia, praticada

66