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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da produção científica no início do século XXI Aldo Angelim Dias Natal 2008

PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

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Page 1: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL:

características da produção científica no início do

século XXI

Aldo Angelim Dias

Natal

2008

Page 2: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

Aldo Angelim Dias

PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL:

características da produção científica no início do século XXI

Tese apresentada à Universidade Federal do Rio

Grande do Norte - Programa de Pós-Graduação

em Ciências da Saúde, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Doutor em

Ciências da Saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Delane Maria Rêgo

Natal

2008

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Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte UFRN/Biblioteca Setorial de Odontologia

Dias, Aldo Angelim.

Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim Dias. – Natal, RN, 2008.

viii, 60f.

Orientador: Delane Maria Rêgo.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde.

1. Pesquisa em odontologia – Tese. 2. Metodologia – Tese. 3. Educação superior – Tese. I. Rêgo, Delane Maria. II. Título.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde:

Prof. Dr. Aldo da Cunha Medeiros

iii

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL:

Características da Produção Científica no Início do Século XXI

Presidente da banca:

Prof. Dra. Delane Maria Rêgo

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Delane Maria Rêgo (UFRN)

Profa. Dra. Rejane Andrade de Carvalho (UNP)

Prof. Dr. Danilo Lopes Ferreira Lima (UNIFOR)

Prof. Dra. Lélia Batista de Souza (UFRN)

Prof. Dr. Antônio Ricardo Calazans Duarte (UFRN)

iv

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Dedicatória

A Deus, força enigmática que me conduz e que me permite, através da fé, acreditar que

posso ter energia para seguir os caminhos propostos pela vida.

A meus pais, Cândido e Guilhermina, que me deram muito mais que saúde e educação.

Proporcionaram-me a vida, bem maior de todo o amor e alegrias nela contidas e toda a

sorte de viver em plena harmonia.

À minha irmã, Aline, que vem sendo modelo constante para mim; modelo de

responsabilidade, de seriedade, da boa conduta profissional, do amor inigualável e de

felicidade.

Aos amigos, sempre presentes, que ajudaram com informações valiosas para a

composição desse trabalho.

v

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente, meu agradecimento maior para a orientadora e minha mestre, e agora

também amiga, Profa. Dra. Delane Maria Rêgo, pela orientação segura, pela sempre

disponibilidade, pela atenção e carinho com que me orientou e abriu possibilidades para

novos trabalhos, novas parcerias.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na pessoa do Ilmo. Coordenador Prof.

Dr. Aldo da Cunha Medeiros, que me possibilitou participar como discente e aprendiz no

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.

Ao Prof. Dr. Paulo Capel Narvai, pela orientação, pelos encaminhamentos necessários,

pelos debates polêmicos gerados por esta pesquisa.

À Universidade de Fortaleza, na pessoa da Diretora do Centro de Ciências da Saúde,

Prof.ª Fátima Maria Fernandes Veras, do ex-coordenador do Curso de Odontologia,

Prof. Luiz Roberto Augusto Noro, e da atual coordenadora, Profa. Karol Silva de Moura,

que possibilitaram as várias dispensas à Faculdade necessárias para a minha

participação no programa de Doutorado e pelo estímulo constante na continuação do

trabalho.

À amiga Maria Cristina Germano Maia, pelas versões dos resumos do artigo e da tese

para o inglês e pelo apoio incondicional na realização desta obra.

vi

Page 8: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

Resumo

A Odontologia, como ciência e campo do saber, tem apresentado um desenvolvimento

substancial nas últimas décadas na área da pesquisa e educação. O objetivo deste

estudo foi avaliar a produção científica em Odontologia no Brasil, a partir de seus

delineamentos metodológicos, que caracteriza o início do século XXI. Foram avaliados

5.203 resumos dos estudos apresentados nas reuniões da Sociedade Brasileira de

Pesquisa Odontológica (SBPqO) no período de 2001 a 2006. Os principais resultados

identificam que, quanto à metodologia usada nas pesquisas, houve predomínio dos

estudos de natureza individuada, intervencional e longitudinal; das pesquisas das áreas

de Dentística, Periodontia, Endodontia, Odontopediatria e Saúde Coletiva e dos estudos

laboratoriais sobre as pesquisas clínicas ou com sujeitos coletivos. Tornam-se

evidentes neste estudo a inter e a multidisciplinaridade no delineamento do estudo, por

conta da tríade Educação-Saúde-Pesquisa ser trabalhada a fim de que transcendam

seus campos de ação, rumo à transdisciplinaridade. Conclui-se que, no período

estudado, houve equilibrada produção no campo odontológico brasileiro.

vii

Page 9: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

ABSTRACT

Dentistry, as a science and field of knowledge, has presented a substantial

development in the last decades in the areas of research and education. The aim of

this study was to evaluate the Brazilian scientific production in Dentistry, as from their

methodological outlining, which characterizes the XXI Century. Five thousand two

hundred and three study abstracts were evaluated, comprising works presented in the

meetings of the Brazilian Society of Dentistry Research (SBPqO), during the period of

2001 to 2006. The main results identify that, as for the methodology used in the

researches, there was a predominance of the studies of an individuate, interventionist

and longitudinal nature; of the researches in the areas of Dentistry, Periodontology,

Endodontics, Pedodontics and Collective Oral Health and experimental studies about

clinical researches or with collective subjects. The inter and multidisciplinarity are

pointed out in the outlining of this study, as the triad Education-Health-Research is

discussed, so that they transcend in their fields of action, in the direction of the

transdisciplinarity. It is concluded that, in the studied period, there was a reasonable

and balanced production in Brazilian dental field.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................1

2 REVISÃO DA LITERATURA......................................................................................4

3 INDEXAÇÃO DO ARTIGO........................................................................................11

4 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES..........................................................40

3.1 Produtos gerados pela Tese ......................................................................41

4.2 Críticas à Metodologia ................................................................................43

4.3 Mérito, contribuições da publicação e outros aspectos ..............................45

REFERÊNCIAS ...........................................................................................................47

ABSTRACT..................................................................................................................52

viii

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1 INTRODUÇÃO

A discussão da relação indissociável entre ensino, pesquisa e extensão

como função da Universidade permanece como o grande desafio, principalmente na

prática do ensino de graduação em todas as áreas e, em especial, na Odontologia(1).

Há a necessidade de reforçar a compreensão de que esse princípio, o da

indissociabilidade, não se faz espontaneamente pela natureza de ações intrínsecas nos

seus processos históricos e epistemológicos, mas sim pela intencionalidade de

compreender o conhecimento, a ciência e o mundo numa relação dialética produzida

por sujeitos históricos – professor e alunos – que interagem construindo o “novo de

novo” e muitas vezes também o “inédito”(2).

A pesquisa na área odontológica já experimentou momentos de grande

importância como o entendimento da Cariologia, a importância da placa dentária na

gênese da cárie e das doenças periodontais, a possibilidade de remineralização da

estrutura dentária, a conseqüente redução da prevalência da cárie em níveis globais e o

impacto sobre as necessidades de tratamentos restauradores(2). Nota-se, porém, que a

Odontologia vive um especial paradoxo, confluindo um excepcional desenvolvimento de

materiais e equipamentos e uma frustrante repercussão social desses avanços

tecnológicos.

Page 12: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

Nesse sentido, essa área vem aumentando quantitativa e qualitativamente

sua produção de pesquisas nas últimas décadas, situação semelhante à observada

para a produção científica no Brasil como um todo que, em 2006, ultrapassou a da

Suécia e a da Suíça e alcançou a 15ª. posição mundial, com 16.872 artigos publicados.

Em relação a 2004, o crescimento representou um incremento de 33%, o triplo da

média mundial(3).

Atualmente o setor saúde concentra cerca de 30% dos grupos e linhas de

pesquisa e pesquisadores (doutores ou não) no universo geral da pesquisa no Brasil.

Desse total, cerca de 46% são representados pelas pesquisas clínicas e os 54%

restantes estão divididos em pesquisas biomédicas, tecnológicas e em Saúde Pública;

esta última detentora de 13,2% do total(4).

A partir desse referencial, como hipótese da pesquisa, o objetivo deste

trabalho é avaliar o estágio atual da produção científica brasileira em Odontologia,

visando mapear as novas tendências metodológicas.

As seguintes indagações serviram de pontos de partida:

• Qual o estágio da produção científica em Odontologia no Brasil que

caracteriza o início do século XXI?

• Como o binômio pesquisa-ensino pode contribuir para o desenvolvimento

da Odontologia no país, como uma área inter e multidisciplinar?

Partindo dessas considerações, inicia-se este estudo, cuja exposição

encontra-se distribuída em três capítulos.

No primeiro, a Introdução delimita o objeto de estudo, justificando a escolha

do tema e o direcionamento escolhido pelo autor.

Page 13: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

No capítulo seguinte, a Revisão da Literatura traz uma complementação de

citações da literatura específica relevantes para o projeto.

Em seguida, está inserido o artigo aceito para publicação no periódico

“Revista Panamericana de Salud Pública/Pan American Journal of Public Health” (ISSN:

1020-4989).

Por fim, o terceiro capítulo encerra este trabalho com a discussão de

aspectos relevantes, mas não contemplados nos capítulos anteriores, sob a forma de

comentários, críticas e conclusões.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

A ciência da Odontologia no Brasil tem apresentado um desenvolvimento

substancial nas últimas décadas, o que proporcionou um progresso nunca visto tanto no

ensino quanto na pesquisa.

Tal avanço apresenta um significado importante dada à grande defasagem

da pesquisa no Brasil, em relação aos países líderes mundiais, quando se fala de

políticas de ciência e tecnologia em nível global. Se para esse grupo privilegiado, a

ciência ao final do século XX, apresentava um paradigma de fonte de oportunidade

estratégica, tendo passado por dois outros momentos bem distintos (ciência como

motor do progresso e, em uma segunda etapa, como solucionadora de problemas),

para o Brasil, a ciência ainda experimentava um período com fortes indícios de

funcionar como “motor do progresso”, dentro de um contexto de “prestígio científico” e

longe dos preceitos atuais da globalização econômica e dos sistemas de pesquisa(5,6).

Como observado por Muccioli et al.(7), no entanto, alguns aspectos

importantes, como o número de patentes depositadas no país, ainda deixa a desejar, o

que “indica a necessidade de dar atenção à repercussão prática dos nossos

investimentos na área científica”. Além disso, reiteram que não basta produzir artigos

científicos, sendo fundamental que a pesquisa proporcione benefícios para a sociedade

que os financia através de impostos. A publicação também tem sido um fator crucial na

discussão de uma maior visibilidade das pesquisas produzidas no Brasil e vários

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autores(7-10) concordam que é importante que a pesquisa tenha repercussão e que sirva

de base para outros trabalhos na mesma área ou em áreas diversas.

Em especial na área da saúde, os conhecimentos científico e técnico têm nos

periódicos o seu principal meio de publicação, com controles de qualidade exercidos,

entre outros, pela sua indexação em bases de dados bibliográficas que registram o

conhecimento público atualizado e acumulado ao longo dos anos(9).

Além disso, uma forma de analisar a distribuição mundial da pesquisa em

saúde e o grau de importância dado pelos diferentes países (desenvolvidos e em

desenvolvimento) é verificada pela informação de que a maior parte (90,4%) da

produção bibliográfica científico-tecnológica está concentrada em 42 países de renda

alta, estando os cinco mais produtivos (Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Alemanha

e França), como detentores de 72,5% da produção total. O Brasil faz parte de um

grupo, que ainda contém China, Federação Russa, Turquia e África do Sul, responsável

por apenas 5,4% dos 27,5% restantes da produção científica global(11).

Coleman(12), analisando o futuro da pesquisa científica, indica que até fatores

aparentemente deixados em segundo plano como a versão dos artigos para o idioma

inglês, são determinantes para a publicação de pesquisas. Isso talvez justifique, como

citado pelo próprio autor, que autores de países como o Brasil não consigam tantas

publicações em revistas de alto impacto como seria de se esperar. Muitas vezes, a

fraca versão para o inglês, que continua sendo a língua predominante no mundo

científico, elimina, inclusive, a própria análise do conteúdo do artigo.

Page 16: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

As necessidades, portanto, de uma mudança não só paradigmática e

estrutural, mas concreta a partir da adoção de medidas que estimulem o financiamento,

a produção científica e a construção do saber no vasto campo da Saúde e, em

particular, na Odontologia são emergenciais. Algumas providências têm sido

estabelecidas e já se nota um crescente aumento dos dispêndios financeiros com a

pesquisa e desenvolvimento em saúde no Brasil em anos recentes, chegando a uma

média anual de quase seiscentos milhões de dólares para o período de 2000 a 2003,

com gastos oriundos das diferentes esferas públicas e ainda contemplando entes

privados e organismos internacionais(13).

Apesar de tais avanços importantes e elucidativos do processo saúde-

doença bucal, identifica-se no momento, um certo esgotamento de pesquisas que

busquem o desenvolvimento de materiais e técnicas que sejam, ao mesmo tempo,

eficazes e que tenham uma relação ótima em termos de custo-efetividade. Por outro

lado, intensificam-se aquelas que buscam avaliar a melhoria das condições de saúde

bucal na população de forma coletiva.

As áreas da Dentística e Materiais Dentários, Saúde Coletiva/Odontologia

Preventiva, Endodontia, Patologia, Prótese e Periodontia foram as categorias temáticas

mais pesquisadas nos três periódicos brasileiros mais utilizados pelos cirurgiões-

dentistas no período de 1990 a 2004. Importante destacar a inclusão da Saúde

Coletiva/Odontologia Preventiva como a segunda área mais estudada(14).

O ensino e, por conseguinte, a pesquisa na Odontologia estão adaptados a

um contexto baseado na aplicação técnica, refletindo a marcante presença da indústria

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de equipamentos e materiais odontológicos no país(15). Entretanto, com a saturação do

mercado de trabalho odontológico privado (consultórios e clínicas) e a constante

inserção do cirurgião-dentista nos programas de Saúde Coletiva, como o Programa

Saúde da Família, identifica-se uma retomada do interesse por pesquisa em Saúde

Pública nos últimos anos(16) e, com isso, uma necessidade na reformulação dos

currículos adequando-os às novas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de

graduação na área da saúde, recomendadas pelo Ministério da Educação-MEC(17), que

direcionam a formação do profissional para um perfil generalista e visando a busca de

ações promotoras de saúde e não apenas curativo-reabilitadoras.

Boa parte dessa nova retomada da pesquisa em Saúde Pública vem ao

encontro de busca de alternativas de alocação de recursos que sejam analisadas no

contexto da universalidade e da integralidade e com a combinação de eficiência e

equidade no provimento do bem público da assistência à saúde(18).

Reflexões epistemológicas colocam a Saúde Coletiva como “campo

científico”(19) ou “espaço disciplinar complexo”(20) e não como disciplina ou como

especialidade da Medicina ou da Odontologia. A abrangência e a complexidade da área

tem sido tema de diversas publicações, reforçando uma crescente produção

científica(21).

Apesar dessa produção científica emergente em Saúde Coletiva, a plena

divulgação científica dos trabalhos realizados fica prejudicada pela reduzida quantidade

de periódicos que aceitam pesquisas nessa área. No Brasil, particularmente, a maioria

dos artigos da área concentram-se em dois grandes periódicos que aceitam pesquisas

Page 18: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

nas áreas de Epidemiologia, de Políticas Públicas de Saúde e de Ciências Sociais em

Saúde. Em 2007, Carvalho et al. avaliando a produção bibliográfica publicada nesses

dois importantes veículos (Cadernos de Saúde Pública e Revista de Saúde Pública)

encontraram que a maior parte das pesquisas têm a Epidemiologia como tema

central(10).

É notório que grande parte da produção científica emerge nas Universidades

e reflete o que é estimulado pelo corpo docente de pesquisadores. Naturalmente, um

curso de Odontologia está inserido num determinado tempo e lugar e precisa explicitar

seu compromisso social com sua inserção local, sem desprezar uma articulação com

outros tempos e lugares(1).

A chamada Odontologia de mercado, por sua vez, jamais perdeu a

hegemonia no sistema de saúde brasileiro(22) e isso tem reflexo direto na grande

concentração de pesquisas de natureza eminentemente clínicas ou voltadas para o

estudo de biomateriais(23). Em linhas gerais, a concepção de prática da Odontologia de

mercado está centrada na assistência odontológica ao indivíduo doente, e realizada

com exclusividade por um sujeito individual no restrito ambiente clínico-cirúrgico, não

apenas predominando no setor privado, como segue exercendo poderosa influência

sobre os serviços públicos(24, 25).

Vive-se hoje um processo de esgotamento do modelo tradicional de

educação superior. A necessidade de mudanças dessa formação tem estado na pauta

das discussões há algum tempo, porém pouco se tem avançado. A questão da

formação de profissionais de saúde envolve diretamente as oportunidades advindas do

mercado de trabalho, o perfil profissional e a satisfação das demandas

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populacionais(26). E as práticas docentes têm sido objeto constante de avaliação e de

revisão (27-31).

Parte das mudanças que são visíveis no modo de pesquisar e divulgar a

informação científica também se relaciona com as novas tecnologias que proporcionam

uma disseminação maior e mais rápida do que é publicado. Coleman(12) aponta

variadas contribuições das chamadas tecnologias digitais da informática: publicações

on line, redução dos custos da produção de um periódico, maior visibilidade do trabalho

produzido, entre outras. Embora a língua inglesa, hegemônica nas publicações, seja,

para alguns, um entrave a ser ultrapassado, nota-se que, aos poucos, periódicos em

outras línguas também estão ganhando impacto importante no mundo científico.

Em Odontologia, o compromisso social com as necessidades de atenção da

população e com a transferência de conhecimentos na busca da autonomia, a

intersetorialidade, a contextualização da aprendizagem na realidade de inserção social

dos sujeitos, a problematização da realidade e do conhecimento, a negociação para

decisões coletivas e a participação como base da cidadania são temas desafiadores

para uma educação humanizada na área de Saúde Bucal(32).

E para finalizar, ressalta-se a informação de Zanetti de que rupturas

epistêmicas, ampliação teórica, requalificação da recuperação do nosso objeto

complexo, tudo isso implica necessariamente na ampliação das ferramentas

metodológicas; em particular, no alcance dos métodos que trabalham com as

categorias de vida, sejam elas em sua dimensão biológica, sejam elas em sua

dimensão social e filosófica. Nesses últimos casos, encontra-se implícita a aproximação

teórica e metodológica da Odontologia com as Ciências Sociais e a Filosofia. Com isso,

o caminho já trilhado para a afirmação da Saúde Coletiva no Brasil pode colaborar com

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todo esse esforço de integração dos alicerces na produção de conhecimentos e

formação, seja para a transformação, seja para a compreensão e convivência(33).

Page 21: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

3 Indexação do Artigo

Periódico: Revista Panamericana de Salud Pública/Pan American Journal of Public

Health

• Enviado em 13/10/07

• Aceito para publicação com restrições em 09/01/08

• Reenviado com modificações em 22/01/08

• Aceito incondicionalmente em 15/02/08

Page 22: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

Tendências da produção científica em odontologia no Brasil1

[Running title: Produção científica em odontologia]

Aldo Angelim Dias2, Paulo Capel Narvai3 e Delane Maria Rêgo4

RESUMO

Objetivo. Descrever a tendência da produção científica odontológica no Brasil,

destacando-se a área de saúde bucal coletiva, nos primeiros anos do século XXI.

1 Artigo revisado e editorado pela revista; publicação prevista para agosto/2008.

2 Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde-PPGCSA-UFRN.Universidade de

Fortaleza (UNIFOR), Fortaleza (CE), Brasil. Enviar correspondência para este autor no

seguinte endereço: Rua Coronel Jucá 330, apto. 1202, Meireles, CEP 60170-320, Fortaleza,

CE, Brasil. E-mail: [email protected]

3 Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Saúde Pública, São Paulo (SP), Brasil. E-

mail: [email protected]

4 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Programa de Pós-Graduação em

Ciências da Saúde (PPGCSA) e Departamento de Odontologia, Natal (RN), Brasil. E-mail:

[email protected]

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Métodos. Os resumos de trabalhos apresentados nas reuniões da Sociedade Brasileira

de Pesquisa Odontológica (SBPqO) de 2001 a 2006 foram avaliados em termos do seu

desenho metodológico (estudo agregado ou individuado; estudo observacional ou de

intervenção; estudo transversal ou longitudinal), natureza geral (revisões bibliográficas,

estudos com seres humanos ou pesquisas laboratoriais) e enquadramento em uma das

19 especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). Dos 10

406 trabalhos apresentados nesse período, foram lidos 5 203 (50,0% do total).

Resultados. Quanto ao desenho metodológico, 87,5% dos resumos eram do tipo

operativo individuado e 12,5%, do tipo agregado. Na classificação da natureza geral da

pesquisa, 41,7% dos resumos tratavam de estudos com seres humanos. Os resumos

restantes (58,3%) tratavam de pesquisas laboratoriais in vitro (31,1%), pesquisas

laboratoriais in vivo (23,6%) e revisões bibliográficas (3,6%). Com relação às áreas de

conhecimento do CFO, apenas cinco atingiram percentuais de ocorrência superiores a

10,0%: dentística, periodontia, endodontia, odontopediatria e saúde coletiva.

Conclusões. A produção científica odontológica brasileira no período de 2001 a 2006

foi equilibrada, com crescente interesse na área de saúde bucal coletiva.

Palavras-chave Odontologia [odontologia/dentistry], pesquisa/tendências

[investigación/tendencias / research/trends], Brasil

[Brasil/Brazil].

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A pesquisa odontológica no Brasil experimentou um aumento quantitativo

significativo nos primeiros anos do século XXI, expresso pela maior divulgação em

revistas especializadas e por apresentações em encontros científicos (1). No entanto,

esse aumento não foi necessariamente acompanhado por uma melhora na qualidade

do que se publica. Além disso, é comum que os resultados de uma determinada

pesquisa, ainda que apresentados em encontros científicos, nunca cheguem aos

periódicos, não se completando, dessa forma, o processo de produção-divulgação-

apropriação de conhecimentos.

Em um ensaio sobre a qualidade dos artigos científicos publicados na área da

saúde, Szklo (2) menciona vários fatores associados à má qualidade desse material,

desde a interpretação errônea de dados e a análise equivocada de associações

estatísticas até a ocorrência de problemas elementares, como resumos extensos

demais e uso excessivo de abreviações. Nesse quesito, o adequado delineamento da

pesquisa é também um fator decisivo e fundamental para o alcance dos objetivos, ainda

que nenhum delineamento impeça erros (3).

A acessibilidade aos periódicos é outro fator a ser considerado. A informação

consultada pelos cirurgiões-dentistas geralmente é definida pela facilidade de acesso,

como apontado em estudo de Amorim et al.(4). As autoras concluíram que as três

revistas mais consultadas são de fácil acesso, tratam de assuntos mais gerais e têm

uma flexibilidade maior na escrita do texto.

O objetivo deste artigo é descrever as tendências das características

quantitativas da produção científica odontológica no Brasil, destacando-se a área de

saúde bucal coletiva, nos primeiros anos do século XXI. Para tanto, os resumos de

Page 25: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

trabalhos apresentados nas reuniões da Sociedade Brasileira de Pesquisa

Odontológica (SBPqO) foram avaliados em termos de sua área de conhecimento e do

tipo e delineamento da pesquisa.

MATERIAIS E MÉTODOS

O material investigado constituiu-se dos resumos dos trabalhos apresentados

nas reuniões da SBPqO no período de 2001 a 2006. Dos 10 406 trabalhos

apresentados nesse período, foram lidos 5 203 resumos, correspondendo a 50,0% do

total. Foram lidos todos os resumos de numeração ímpar em cada seção em que se

divide a grade de apresentação dos trabalhos durante o evento (5-10). Como o número

de trabalhos apresentados a cada ano não foi o mesma, exatamente a metade dos

resumos de cada ano foi lida.

A SBPqO é um ramo da International Association for Dentistry Research

(Associação Internacional para Pesquisa Odontológica, IADR) e se reúne anualmente

desde 1983. As pesquisas apresentadas durante esses encontros anuais servem como

referência para o perfil da pesquisa odontológica desenvolvida no país (11). Nesse

evento, são apresentados trabalhos previamente selecionados, oriundos de todas as

regiões do Brasil e abrangendo todas as áreas de conhecimento em odontologia.

Admite-se, portanto, que é possível tomá-los como representativos do conjunto da

produção científica odontológica no Brasil.

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Os resumos foram lidos e classificados de acordo com dados coletados a partir

de um formulário específico que incluía as seguintes categorias de classificação:

desenho metodológico, natureza geral e pertinência a uma determinada área de

conhecimento odontológico. Dentro dessas categorias, incluíam-se outras

subcategorias, conforme descrito a seguir.

Para a definição do desenho metodológico, foi utilizada a classificação

epidemiológica de Rouquayrol e Almeida Filho (12), que divide a pesquisa de acordo

com: 1) o tipo operativo ou a natureza do grupo estudado; 2) a posição do investigador;

e 3) a referência temporal. Essa proposta está de acordo com a classificação da

pesquisa sugerida por Lilienfeld (13) e Miettinen (14) e vai ao encontro das

classificações sugeridas por autores clássicos da área de epidemiologia, como

Rothman e Greenland (15), e por autores da área de saúde bucal coletiva, como

Antunes e Peres (16).

Para o tipo operativo foram utilizadas as categorias “agregado” e “individuado”.

A categoria agregado se refere a coletivos humanos necessariamente determinados por

fatores sociais ou coletivos. São exemplos de agregados a população das escolas de

um município ou o conjunto de habitantes de uma localidade. A categoria individuado

se refere a estudos onde os sujeitos são analisados um a um, e não como grupo,

podendo englobar pesquisas clínicas ou laboratoriais.

Quanto à posição do investigador, as pesquisas foram classificadas como

“estudos observacionais” ou “estudos de intervenção”, os quais determinam a

participação passiva ou ativa, respectivamente, do pesquisador. Tal descrição pode ser

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utilizada em conjunto com as categorias empregadas para classificar o tipo operativo

(agregado ou individuado). Ainda na classificação do desenho metodológico, os

estudos foram agrupados quanto à referência temporal em “transversais” e

“longitudinais”.

Essas categorias, por permitirem inserção simultânea, possibilitam

cruzamentos, de modo que, por exemplo, os estudos de coorte ou prospectivos podem

ser classificados como pesquisas individuadas, observacionais e longitudinais. A

mesma classificação se aplica aos estudos de caso-controle (sendo estes

retrospectivos). Já os ensaios clínicos podem ser classificados como estudos

individuados, de intervenção e longitudinais.

Quanto à natureza geral, os estudos foram divididos em: 1) revisões

bibliográficas (incluindo as revisões simples e as sistemáticas com ou sem meta-

análise); 2) estudos com seres humanos (pesquisas clínicas ou com sujeito coletivo); e

3) pesquisas laboratoriais (in vivo, quando realizadas em animais, e in vitro).

A classificação das pesquisas segundo as áreas de conhecimento levou em

consideração o seu enquadramento em uma das 19 especialidades reconhecidas pelo

Conselho Federal de Odontologia (CFO) (17). Embora a especialidade “saúde bucal

coletiva” extrapole, por sua natureza, o que se poderia denominar de campo

odontológico, uma vez que se constitui também em uma área de conhecimento

constitutiva do campo mais geral da “saúde coletiva”, neste estudo é considerada como

uma especialidade odontológica para fins analíticos. Os resultados foram expressos

como freqüência de cada categoria.

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RESULTADOS

Quanto ao desenho metodológico, 87,5% dos resumos eram do tipo operativo

individuado e 12,5%, o agregado. Com pequenas variações durante o período

analisado, a freqüência dos estudos operativos individuados foi sempre acima de

80,0%, com exceção do ano de 2005 (77,0%). Em 2003, os estudos individuados

alcançaram 97,0% (tabela 1). No quesito “posição do investigador”, 48,8% foram

estudos de observação. Nesses, por definição, o pesquisador não interveio diretamente

no fluxo dos acontecimentos que tomou como objeto de pesquisa (tabela 2). Ainda

quanto ao desenho metodológico, na dimensão “referência temporal” 52,9% foram

estudos longitudinais e 47,1%, transversais (tabela 3).

Com relação à segmentação das pesquisas nas áreas do conhecimento

odontológico definidas pelo CFO (17), apenas cinco atingiram percentuais de ocorrência

superiores a 10,0%: dentística, periodontia, endodontia, odontopediatria e saúde

coletiva, nesta ordem. A saúde coletiva chegou a totalizar 10,5% dos trabalhos

pesquisados. Patologia, prótese dentária, cirurgia e traumatologia bucomaxilofaciais,

ortodontia e estomatologia tiveram freqüências entre 4,7 e 9,8%. As outras nove

especialidades reunidas totalizaram 9,6%. Nesse conjunto encontram-se as cinco

especialidades aprovadas pelo CFO em 2002: odontologia do trabalho, ortopedia

funcional dos maxilares, disfunção temporomandibular e dor orofacial, odontologia para

pacientes com necessidades especiais e odontogeriatria. A essas se somam radiologia

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odontológica e imaginologia, implantodontia, odontologia legal e prótese

bucomaxilofacial (tabela 4).

Na classificação da natureza geral da pesquisa, 41,7% dos resumos tratavam

de estudos com seres humanos. O peso maior nesse total, entretanto, foi dos estudos

de natureza clínica quando comparados aos de base populacional. Os resumos

restantes (58,3%) tratavam de pesquisas laboratoriais in vitro (31,1%), pesquisas

laboratoriais in vivo (23,6%) e revisões bibliográficas (3,6%) (tabela 5).

DISCUSSÃO

Desde meados dos anos 1970, um representativo campo intelectual se formou

no Brasil, no qual as ciências sociais e a área do ensino e educação tomaram como

tema a saúde, que, por sua vez, recebeu a influência de conjunturas sociais, políticas e

institucionais. A esse respeito, Nunes (18) pondera que há um campo aberto para

estudos sobre a construção científica na área das ciências sociais em saúde. Isso vem

sendo realizado por meio de estudos que buscam fundamentação na sociologia, história

e filosofia da ciência, permitindo uma análise mais aprofundada da produção científica.

Apesar de esse crescimento contemplar praticamente todas as áreas de conhecimento

do campo mais geral da saúde, nota-se que, na odontologia, ele tem acontecido de

forma mais lenta e gradual.

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Ainda são poucos os relatos sobre a quantidade e a qualidade dos trabalhos

científicos realizados na área odontológica no Brasil, embora haja um crescimento

gradativo do interesse por esses estudos nos últimos anos, permitindo traçar um

diagnóstico mais preciso do que se produz em nosso país. Para esta pesquisa,

optamos por utilizar o mesmo campo de ação empregado por Cormack e Silva-Filho

(11). Na análise da produção apresentada na Reunião Anual da SBPqO de 1997, os

autores concluíram que a pesquisa odontológica no Brasil estava voltada para assuntos

que tratavam dos materiais de uso odontológico, aspectos biológicos e técnicas clínico-

cirúrgicas. Tais temáticas corresponderam a 88,3% dos trabalhos daquele ano. Apenas

11,7% das pesquisas versaram sobre assuntos de cunho social. A participação do setor

privado no financiamento dessa produção foi considerada inexpressiva (1,7%); as

instituições públicas, por sua vez, despendiam suas verbas de forma desvinculada da

área social. Os autores enfatizaram o fato de que, apesar de o financiamento ser

essencialmente realizado por instituições públicas, a grande maioria das pesquisas se

orientava ao estudo de materiais odontológicos com fins terapêuticos com pouco ou

quase nenhum alcance para a maior parte da população (11). Já no presente estudo,

observamos um predomínio de pesquisas clínicas ou com sujeitos coletivos (41,7%).

Entretanto, dentro dessa categoria, a maior contribuição foi das pesquisas de natureza

clínica (30,2%) em relação às pesquisas com sujeitos coletivos (11,5%).

O alto percentual de pesquisas laboratoriais (54,7%) deve ser visto com

atenção, já que muitos desses estudos englobam benefícios que podem ser aplicados

diretamente à coletividade. É o caso, por exemplo, das pesquisas que visam a reduzir

os custos na área da prevenção, com o desenvolvimento de novos produtos para

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escovação ou de materiais restauradores mais acessíveis. Embora esses estudos

sejam realizados em um ambiente laboratorial, podem ter aplicação na área de saúde

coletiva (19, 20). Antunes e Peres (16) também afirmam que a observação clínica e a

pesquisa laboratorial se integram aos estudos epidemiológicos, formando um tripé que

sustenta os conhecimentos utilizados para os programas de saúde. Para Gadelha (21),

o desenvolvimento da sociedade está intrinsecamente ligado ao conhecimento, à

pesquisa e à expansão do sistema de saúde em sua integralidade, incluindo estudos

que possam trazer benefícios diretos ou indiretos para a saúde bucal coletiva.

Quanto ao desenho metodológico, na dimensão referência temporal, chama a

atenção o fato de que 52,9% dos estudos tenham sido classificados como longitudinais.

Esse índice se justifica pelo alto número de estudos laboratoriais (54,7%) e pesquisas

clínicas com seres humanos (30,2%) (tabela 5), que, geralmente, envolvem seguimento

ao longo de um determinado espaço de tempo.

Os resultados mostram que as áreas que tratam diretamente das doenças

bucais de maior prevalência (cárie e doença periodontal) também foram o foco mais

freqüente da pesquisa. É válido assinalar, porém, que houve uma proximidade dos

valores de freqüência relativa (entre 10,5 e 12,8%) obtidos pelas cinco primeiras áreas,

que ainda incluíam a endodontia, a odontopediatria e a saúde coletiva. Destaca-se a

posição ocupada pela saúde coletiva (10,5%), superando todas as outras

especialidades subseqüentes. Sua posição limítrofe em relação à patologia (9,8%),

especialidade que estuda aspectos histopatológicos das alterações do complexo

bucomaxilofacial mostra, de certa forma, uma tendência de reversão da preocupação

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dos grupos científicos em pesquisar apenas o dano ou a lesão para estudar outros

aspectos que envolvem o adoecer humano, a sua prevenção e a promoção da saúde.

Utilizando como categorias as áreas de conhecimento do Conselho Nacional

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência e

Tecnologia do Brasil, ao invés das especialidades do CFO, como no presente estudo,

Cavalcanti et al. (22) obtiveram resultados semelhantes, com a odontologia preventiva e

social (equivalente neste estudo à saúde coletiva) em segundo lugar entre as áreas

mais estudadas (8,5%), tendo como grupo de análise os trabalhos apresentados na 20ª

Reunião Anual da SBPqO. No estudo citado, as outras áreas onde mais houve

pesquisa foram materiais dentários, endodontia, odontopediatria e radiologia, nesta

ordem.

No presente estudo, o mesmo raciocínio usado para explicar a posição

ocupada pela saúde coletiva pode também ser utilizado para interpretar o

comportamento das três áreas seguintes: prótese (7,4%), cirurgia (6,1%) e ortodontia

(5,2%). Essas áreas sempre disputaram o interesse de especialidade entre os

cirurgiões-dentistas, mostrando-se, nesta avaliação, ainda com ocorrência importante

nos grupos estudados. Se, durante décadas, a reabilitação, a cirurgia e a ortodontia

interceptora ou corretiva prevaleceram na profissão odontológica, tanto como objeto de

suas práticas quanto como objeto de investigação científica, os resultados desta

pesquisa indicam uma nova tendência.

A estomatologia, uma área ainda pouco explorada da odontologia (apenas 369

cirurgiões-dentistas, ou 0,17% do total de profissionais, são registrados nessa

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especialidade no CFO) (23), tem apresentado um aumento significativo no número de

pesquisas nos últimos anos, o que justifica estar entre as 10 áreas mais estudadas.

Todas as cinco especialidades registradas no CFO em 2002 ficaram entre as

áreas menos estudadas. A baixa ocorrência provavelmente se deve a dois fatores: a

ausência de disciplinas correlatas nos cursos de graduação em odontologia e também

aos poucos cursos de pós-graduação lato e stricto sensu com foco nessas áreas.

Amorim (24) obteve resultados semelhantes aos do presente estudo ao analisar

os três periódicos brasileiros mais consultados pelos cirurgiões-dentistas, entre 1990 e

2004. A autora encontrou que 52,73% dos artigos nesses periódicos estão

concentrados em apenas cinco áreas: dentística (13,41%), saúde coletiva (11,25%),

endodontia (11,24%), estomatologia/patologia (8,95%) e prótese (7,89%). Destaca-se

novamente a participação significativa da área de saúde coletiva, a segunda mais

freqüente em periódicos que, por sua vez, concentravam 52,74% do acesso e utilização

pelos cirurgiões-dentistas brasileiros.

Os resultados aqui descritos vão ao encontro da observação de Barros (25) e

Birman (26), que afirmam que o progresso observado na saúde coletiva reflete a

demanda crescente das universidades e principalmente do Sistema Único de Saúde.

Embora incipiente, tal evolução quantitativa acena para uma nova realidade, na qual o

interesse pelo social vem se consolidando como objeto de estudo nas instituições de

ensino e pesquisa.

Narvai e Almeida (27) avaliaram a produção científica brasileira na área de

odontologia social e preventiva no período de 1986 a 1993 e a associação dessa

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produção com o sistema de saúde e as políticas de saúde. Foram examinados 386

artigos, publicados em 19 periódicos. Embora o trabalho tenha se restringido à

odontologia social e preventiva, é relevante destacar que os autores concluíram que

cerca de 75% da produção nessa área tiveram origem em universidades públicas.

Em comparação com a pesquisa de Narvai e Almeida, na qual 56,7% dos

artigos eram originais e outros 30,3% traziam revisões de literatura e ensaios, neste

estudo as revisões ficaram em 3,6%, já que algumas categorias das reuniões da

SBPqO foram mais dirigidas aos estudos sobre educação em saúde, com maior

tendência de se apresentarem naquela classificação.

Embora seja importante, em função de sua rapidez e chegada imediata ao

público-alvo, a apresentação de trabalhos em congressos e eventos técnico-científicos,

segundo Población e Duarte (28), ainda se reveste de um tratamento menos formal

quando comparada à divulgação mais criteriosa, representada pela publicação em

revistas científicas (29). Assim, cabe enfatizar que a divulgação em periódicos

possibilita que toda uma comunidade, que lida com a construção e o progresso do

conhecimento, possa se beneficiar dos resultados de cada investigação científica, na

medida em que faz alavancar esse progresso e o submete à apreciação de pares

acadêmicos.

Foratini (30) assinala que, no Brasil, muitos periódicos não preenchem critérios

de qualidade como impacto, competitividade e internacionalidade. Para Cury (31), a

odontologia brasileira ainda está em estado inicial, não tendo incorporado os critérios

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internacionais. No entanto, o autor admite que a busca por parâmetros claros e

objetivos de qualidade deve ser a tônica dos periódicos brasileiros.

Para Narvai (32), o aumento do número de publicações em saúde bucal

coletiva, que se expressa também na edição de livros, ainda não é suficiente para

consolidar essa área como uma das mais produtivas, embora essa pareça ser uma

tendência a curto e médio prazo.

Nessa perspectiva, Mashelkar (33) afirma que a força econômica de um país é

confrontada com sua capacidade autóctone de pesquisa. Dados do CNPq (34) indicam

que o setor saúde, no período de 2000 a 2004, foi responsável por 27% das linhas e

33,2% dos grupos de pesquisa. Com relação ao número de pesquisadores, a

participação da área de saúde chegou a 32,9% do total de pesquisadores da base do

CNPq no ano de 2004. Esses números refletem uma participação importante em todas

as linhas de pesquisa, incluindo a saúde pública, responsável por 13,2% dos estudos

realizados naquele ano. O aumento da produção de pesquisa gera mais necessidade

de divulgação no meio científico.

Merece registro o fato de o CNPq ter firmado, em 2004, uma parceria com o Ministério

da Saúde, por meio da qual 1 milhão de reais foram destinados especificamente ao

financiamento de projetos de pesquisa no campo da saúde bucal coletiva (35). O edital

nº 038/2004 do CNPq/Ministério da Saúde/Departamento de Ciência e Tecnologia

(CNPq/MS-DECIT) contemplou 10 linhas de apoio sobre o tema, desde modelos de

atenção e serviços de saúde bucal até impactos epidemiológicos e estudos de risco

ocupacional em profissionais da área. A iniciativa interministerial emergiu num momento

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em que a saúde bucal coletiva ganha destaque na discussão das políticas públicas de

saúde.

Silveira (36) pondera que os desafios atuais da pesquisa odontológica

brasileira remetem ao incremento da publicação em periódicos nacionais e estrangeiros

e à “aplicação racional” dos resultados “visando à melhoria de qualidade da saúde das

populações”.

CONCLUSÕES

Conclui-se que, no período de 2001 a 2006, a pesquisa odontológica no Brasil se

caracterizou pelas seguintes tendências:

• predomínio, quanto ao desenho metodológico, dos estudos de natureza

individuada, típicos de pesquisas com enfoque clínico, para o estudo de

materiais e com impacto limitado, mas não excludente, para as coletividades

humanas;

• apesar da pouca diferença percentual, predomínio dos estudos de natureza

intervencionista sobre os observacionais, e dos estudos longitudinais sobre os

transversais;

• freqüência maior, quanto à área do conhecimento, de pesquisas nas áreas da

dentística, da periodontia, da endodontia e da odontopediatria e participação

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significativa da área de conhecimento da saúde bucal coletiva, que correspondeu

à quinta área com maior produção dentre 19 especialidades;

• quanto à natureza geral, freqüência maior de estudos laboratoriais com relação

àqueles em humanos. As pesquisas que usaram sujeitos coletivos como unidade

de análise foram bem menos freqüentes do que as pesquisas eminentemente

clínicas.

A análise das reuniões da SBPqO mostrou que, não obstante as reconhecidas

dificuldades encontradas para produzir conhecimento na área da saúde em países em

vias de desenvolvimento, houve uma equilibrada produção no campo odontológico

brasileiro no período de 2001 a 2006, com crescente interesse na área de saúde bucal

coletiva.

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Page 43: PESQUISA ODONTOLÓGICA NO BRASIL: características da ... · Pesquisa odontológica no Brasil: características da produção científica no início do século XXI / Aldo Angelim

ABSTRACT

Trends of dentistry research in Brazil

Objective. To describe the trends of dentistry research in Brazil (especially population-

based oral health) in the early 21st century.

Methods. The abstracts of works presented at the meetings of the Brazilian Society for

Dental Medicine Research (Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica, SBPqO)

from 2001 to 2006 were assessed in terms of methodological design (aggregate or

population-based and individual-based studies; observational and intervention studies;

cross-sectional and longitudinal studies), overall nature (literature review, studies with

human beings and laboratory studies) and classification into one of the 19 specialty

categories recognized by the Brazilian Federal Dentistry Council. Of the 10 406

abstracts presented in this period, 5 203 (50.0%) were reviewed.

Results. Concerning methodological design, 87.5% of the abstracts referred to

individual-based studies, vs. 12.5% of aggregate studies. Concerning overall category,

41.7% referred to studies with human beings. The remaining abstracts (58.3%)

described in vitro (31.1%) or in vivo (23.6%) laboratory research and literature reviews

(3.6%). Concerning the Council’s specialty categories, only five had a frequency higher

than 10.0%: esthetic dentistry, periodontics, endodontics, pediatric dentistry and

population-based oral health.

Conclusions. The Brazilian scientific output in the field of dental medicine for the period

between 2001 and 2006 was balanced, with increasing interest in the area of

population-based oral health.

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TABELA 1. Freqüência absoluta e relativa dos estudosa apresentados nas

reuniões da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica conforme tipo

operativo, Brasil, 2001 a 2006

Estudos agregados Estudos individuados

Ano n % n %

2001 117 17,0 570 83,0

2002 46 11,0 373 89,0

2003 38 3,0 1.214 97,0

2004 98 11,0 797 89,0

2005 170 23,0 572 77,0

2006 181 15,0 1.027 85,0

Total 650 12,5 4 553 87,5

a n = 5 203.

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TABELA 2. Freqüência absoluta e relativa dos estudosa apresentados nas

reuniões da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica conforme posição

do investigador, Brasil, 2001 a 2006

Estudos observacionais Estudos de intervenção

Ano

n % n %

2001 298 43,5 389 56,5

2002 187 44,6 232 55,4

2003 680 54,3 572 45,7

2004 362 40,4 533 59,6

2005 470 63,3 272 36,7

2006 570 47,2 638 52,8

Total 2 567 48,8 2 636 51,2

a n = 5 203.

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TABELA 3. Freqüência absoluta e relativa dos estudosa apresentados nas

reuniões da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica conforme

referência temporal, Brasil, 2001 a 2006

Estudos transversais Estudos longitudinais

Ano n % n %

2001 395 57,5 292 42,5

2002 174 41,5 245 58,5

2003 576 46,0 676 54,0

2004 353 39,5 542 60,5

2005 378 51,0 364 49,0

2006 574 47,5 634 52,5

Total 2 450 47,1 2 753 52,9

a n = 5 203.

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TABELA 4. Freqüências absoluta e relativa dos estudosa apresentados nas

reuniões da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica conforme área de

conhecimento, Brasil, 2001 a 2006

Área n %

Dentística 665 12,8

Periodontia 609 11,7

Endodontia 593 11,4

Odontopediatria 562 10,8

Saúde coletiva 547 10,5

Patologia 510 9,8

Prótese buço-dentária 385 7,4

Cirurgia 317 6,1

Ortodontia 271 5,2

Estomatologia 245 4,7

Outras áreas 499 9,6

Total 5.203 100,0

a n = 5 203.

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TABELA 5. Freqüência absoluta e relativa dos estudosa apresentados nas

reuniões da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica conforme a

natureza geral da pesquisa, Brasil, 2001 a 2006

Natureza da pesquisa n %

Estudos em humanos 2 170 41,7

Pesquisas clínicas 1 572 30,2

Pesquisas com sujeitos coletivos 598 11,5

Pesquisas laboratoriais 2 846 54,7

In vitro 1 618 31,1

In vivo 1 228 23,6

Revisões bibliográficas 187 3,6

Total 5 203 100,0

a n = 5 203.

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4 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES

Para qualquer planejamento estratégico, seja qual a área trabalhada, é

necessário e fundamental que um bom diagnóstico da situação seja realizado. Assim,

objetivos e metas e um plano de ação mais eficaz são mais facilmente delineados.

Nas áreas de Saúde, Educação e Pesquisa, os estudos de prevalência revelam um

instantâneo da situação vivida e compartilhada entre os atores sociais.

Nesse estudo, o diagnóstico foi a própria pesquisa que revelou as grandes

áreas de concentração mais estudadas e os desenhos metodológicos mais comuns.

A inter e a multidisciplinaridade esperadas pelo Programa de Pós-

Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte se tornam bem

evidentes por envolvermos áreas que se inter-relacionam mutuamente, criando uma

simbiose necessária da Educação, Saúde e Pesquisa a fim de que transcendam seus

campos de ação, rumo à transdisciplinaridade. Ou como relata o próprio programa em

suas bases, quando fala sobre a transdiciplinaridade, que “rompe frontalmente com a

lógica da eficácia pela eficácia, procurando transformar a ciência, muito mais do que

limitá-la, tão-somente, a crescer; é preciso buscar novos paradigmas, os quais

responderão pelo conhecimento científico”.

Adiante, nesta seção, ficarão evidentes outras metas atingidas e futuras

intenções deste trabalho.

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4.1 Produtos gerados pela Tese

Relacionados diretamente à pesquisa foram concluídos 2 artigos enviados

para os seguintes periódicos: Revista Panamericana de Salud Pública/Pan American

Journal of Public Health (ISSN: 1020-4989) e Revista da Sociedade Brasileira de

Periodontologia (0103-9393).

Dos artigos enviados, foi aceito para publicação o da Revista

Panamericana de Salud Pública/Pan American Journal of Public Health (ISSN: 1020-

4989) e o outro continuava em análise até a conclusão dessa tese. Pela indexação do

primeiro periódico em bases importantes como do Medline (subconjunto da base

PubMed, que indexa, além de periódicos selecionados para indexação sistemática no

subconjunto MEDLINE, outros títulos que publicam esporadicamente artigos de

interesse em ciências da saúde)(9), esse artigo foi identificado como principal produto

gerado pela tese.

Ademais, vale citar que a pesquisa foi realizada envolvendo pesquisadores

de centros diferentes do país, a saber os dois autores (aluno e professora

orientadora) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e um terceiro

autor da Universidade de São Paulo (USP) que contribuiu substancialmente por ter

pioneiramente trabalhado nesta linha de pesquisa. Essa inter-relação entre

universidades é de fundamental importância não só pelo diálogo estabelecido entre

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centros formadores de regiões diferentes, mas também pela necessária e salutar

integração e parceria constituídas por pesquisadores que lidam com o tripé ensino-

educação-pesquisa em realidades distintas.

Utilizando aspectos metodológicos da pesquisa e durante o curso de

Doutorado, foram gerados vários produtos indiretos dos quais se destaca um livro

organizado pelo autor, intitulado Saúde Bucal Coletiva: Metodologia de Trabalho e

Práticas, objeto direto da prática de ensino do orientando, publicado em 2006 pela

Editora Santos, com circulação nacional, o qual contém 4 capítulos escritos pelo autor

organizador, 2 deles em parceria com a professora orientadora. O livro também

apresenta 3 capítulos assinados por professores do corpo docente e seus respectivos

orientandos do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde/PPGCSA da

UFRN.

Na reedição deste livro, prevista para 2008, 2 novos capítulos foram

incluídos em conjunto com a orientadora e outros membros do PPGCSA e se

encontram em fase final de revisão. Os dois capítulos contemplam os objetivos do

programa por tratar de temas multidisciplinares e com enfoque reflexivo e ao mesmo

tempo resolutivo para problemas que coexistem no cotidiano da saúde (“Periodontia

médica: racionalidade científica e reintegração clínica” e “Aplicação de estratégias

terapêuticas odontológicas em oncologia médica”). Estes novos temas refletem a

área de atuação profissional da orientadora e os novos rumos adotados pela mesma,

como meta para se integrar ao escopo do programa multidisciplinar a que pertence.

Outros produtos gerados foram: 2 capítulos de livro, publicado pela

EDUFRN em 2005 (Saúde Bucal Coletiva: Conhecer para Atuar) e 1 capítulo de livro

intitulado “Periodontites Agressivas: Etiologia, Diagnóstico e Tratamento”, pela Editora

Artes Médicas, no mesmo ano (Periodontia: A Atuação Clínica Baseada em

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Evidências Científicas)” publicado pela Sociedade Brasileira de Periodontologia

(SOBRAPE).

4.2 Críticas à Metodologia

Pesquisas de prevalência não costumam animar a comunidade científica

com relação ao interesse suscitado pelas mesmas; e quase sempre são preteridas às

pesquisas de coorte e de caso-controle(34, 35). Entretanto, para qualquer planejamento

é de fundamental importância que o mesmo se baseie em um diagnóstico pleno e

concreto da situação. Para conhecer e interpretar o universo de pesquisas em

Odontologia no Brasil, de acordo com a grande área de concentração e desenho

metodológico, a realização de um estudo de corte transversal identificou as

tendências que se delineiam para os primeiros anos do século XXI.

Observou-se também que nos últimos anos houve um interesse crescente

de se analisar o que é efetivamente produzido, a partir de artigos científicos, em

várias áreas do conhecimento. Uma consulta na base SciELO utilizando as categorias

“produção” e “científica” identificou 371 artigos (entre originais e editoriais), no período

de 1987 a 2007. Só nos últimos dois anos (2006 e 2007) foram 155 artigos ou 41,7%

de toda a produção de trabalhos sobre o assunto nos últimos 20 anos. O assunto

parece estar na agenda das pesquisas atuais tanto que um importante periódico

brasileiro de alto impacto na área de Saúde Coletiva reservou uma edição especial

para artigos que se debruçassem sobre a análise da produção científica brasileira sob

vários aspectos(36).

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No ano passado, conseguiu-se identificar pelo menos sete artigos que

analisavam a produção científica em diversas áreas como na Psiquiatria(37, 38), no

Serviço Social(39), em Ciência da Informação(40), em Economia da Saúde(35), em

Enfermagem(41) e em Saúde Reprodutiva(42).Em todos eles, um objetivo comum: o de

detectar o que está sendo produzido efetivamente em cada área e quais

metodologias de trabalho estão sendo priorizadas.

Essa nova vertente da pesquisa em Saúde, o da análise de produções

científicas, entusiasma os presentes autores para que estudos abordando outros

aspectos possam ser conduzidos, tais como: comparativo com produções de autores

brasileiros em eventos internacionais e pesquisa sobre o fluxo de publicações efetivas

dos trabalhos apresentados nesses encontros e estudo para mapeamento quanto ao

financiamento, à origem geográfica e aos temas gerais abordados nas pesquisas em

Odontologia.

No entanto, parece que a necessidade de se estudar produção científica

em determinadas áreas revela a imensa quantidade de pesquisas já realizadas e o

esgotamento/saturação do saber sob alguns aspectos. Em revisões sistemáticas do

COCHRANE observa-se que boa parte das terapias em teste se equivalem e que,

talvez, urge melhorar a articulação para uma maior aplicabilidade das pesquisas

realizadas.

Neste projeto, a intenção inicial era que o corte temporal pudesse englobar

pelo menos uma série de 10 anos; entretanto, optou-se pelo período de 2001 a 2006

por representar o início do novo século. O vasto material utilizado nesse primeiro

estudo (5.203 resumos) foi um dos fatores complicadores para a pesquisa haja vista a

grande quantidade de dados a serem analisados.

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Na realização da pesquisa houve a necessidade de um estudo piloto

quando foram analisados 30 resumos para calibração inicial e apropriação do

instrumento metodológico. A análise estatística a partir de freqüências simples foi

apropriada, haja vista não se estudar relações causais ou de associação onde seria

imperativo o uso de testes específicos.

4.3 Mérito, contribuições da publicação e outros aspectos

Um dos principais méritos gerados por essa pesquisa é o de apresentar

um estudo teórico que poderá contribuir para delinear outros trabalhos sobre o

assunto abordando objetivos diferentes. Durante a coleta de dados, ficou explícita a

pouca quantidade de artigos sobre a produção científica na área da Saúde, embora

se evidencie um crescente interesse nos últimos anos como citado anteriormente e

que, na Odontologia, confere originalidade ao nosso trabalho.

Ressalta-se que ao mesmo tempo em que vários trabalhos foram

realizados analisando a produção científica em áreas diversas, houve dificuldade para

se encontrar estudos bibliométricos ou que analisam o status da pesquisa

odontológica no Brasil e no mundo.

É uma das metas dos autores, por conta da vivência docente, o

prosseguimento da pesquisa associando-a a novas metodologias de ensino, em

particular àquelas que buscam modos alternativos no processo de aprendizagem,

como a baseada na problematização de situações. Essas novas tendências devem se

opor ao modelo clássico de exposição teórica, isento de debate e tendo o discente

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como apenas um receptáculo de informações, sem nada a acrescentar ou contribuir

no processo ensino-aprendizagem.

Ademais, deve ser reforçado que a formação do aluno deve estar pautada

no tripé ensino-pesquisa/extensão-assistência a fim de que se possa cumprir uma

das diretrizes do MEC qual seja a “formação integral e adequada do estudante” (17),

contemplando o sistema de saúde vigente no país, a atenção integrada da saúde em

um sistema regionalizado e hierarquizado de referência e contra-referência e o

trabalho em equipe.

Acredita-se, finalmente, que a publicação do artigo principal em um

periódico de impacto relevante, e com larga inserção no público alvo a que se

destina, é fundamental para que a pesquisa ganhe ainda mais visibilidade e

relevância quanto ao assunto tratado. A Revista Panamericana de Salud Pública/Pan

American Journal of Public Health é publicada pela Organização PanAmericana de

Saúde Pública que, por sua vez, é um dos braços regionais da Organização Mundial

de Saúde (OMS), possibilitando e garantindo seriedade, transparência e respeito às

pesquisas que divulga.

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5 Foram utilizadas as normas de organização de referências bibliográficas de Vancouver, conforme indicado pelo colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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