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Cadernos 39 Alessandro de Oliveira Gouveia Freire Márcia Nascimento Henriques Knop Marizaura Reis de Souza Camões Pedro Lucas de Moura Palotti Pedro Luiz Costa Cavalcante Rafael Rocha Viana Pesquisa Enap Pesquisa sobre Burocratas de Médio Escalão do Governo Federal: Resultados do Survey

Pesquisa sobre Burocratas de Médio Escalão do Governo Federal: Resultados do Survey

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Caderno 39 - Enap.

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  • Cadernos

    39

    Alessandro de Oliveira Gouveia FreireMrcia Nascimento Henriques KnopMarizaura Reis de Souza CamesPedro Lucas de Moura PalottiPedro Luiz Costa CavalcanteRafael Rocha Viana

    Pesquisa Enap

    Pesquisa sobre Burocratas de Mdio Escalo do Governo Federal: Resultados do Survey

  • Braslia- 2014 -

    Cadernos

    Pesquisa sobre Burocratas deMdio Escalo do Governo Federal:Resultados do Survey

    Pesquisa Enap

    Alessandro de Oliveira Gouveia FreireMrcia Nascimento Henriques KnopMarizaura Reis de Souza CamesPedro Lucas de Moura PalottiPedro Luiz Costa CavalcanteRafael Rocha Viana

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    Fundao Escola Nacional de Administrao Pblica

    PresidentePaulo Sergio de Carvalho

    Diretora de Formao ProfissionalMaria Stela Reis

    Diretor de Desenvolvimento GerencialPaulo Marques

    Diretor de Comunicao e PesquisaPedro Luiz Costa Cavalcante

    Diretora de Gesto InternaAla Vanessa David de Oliveira Sousa

    Enap, 2014Tiragem: 1.000 exemplares

    Enap Escola Nacional de Administrao PblicaDiretoria de Comunicao e PesquisaSAIS rea 2-A 70610-900 Braslia, DFTelefone: (61) 2020 3096 Fax: (61) 2020 3178

    Editor: Pedro Luiz Costa Cavalcante Coordenadora-Geral de Pesquisa: Marizaura Reisde Souza Cames Coordenador-Geral de Comunicao e Editorao: Luis Fernando deLara Resende Reviso: Renata Fernandes Mouro; Roberto Carlos Ribeiro Arajo e SimonneMaria de Amorim Fernandes Reviso grfica: Ana Carla G. Cardoso Projeto grfico:Livino Silva Neto Capa e Editorao Eletrnica: Maria Marta da R. Vasconcelos

    As opinies emitidas nesta publicao so de exclusiva e inteira responsabilidade do(s)autor(es), no exprimindo, necessariamente, o ponto de vista da Escola Nacional deAdministrao Pblica (Enap). permitida a reproduo deste texto e dos dados nelecontidos, desde que citada a fonte. Reprodues para fins comerciais so proibidas.

    Ficha catalogrfica: Equipe da Biblioteca Graciliano Ramos - Enap

    F8661p FREIRE, Alessandro de Oliveira GouveiaPerfil da burocracia de mdio escalo do PoderExecutivo Federal / Alessandro de OliveiraGouveia [et al.]. Braslia: Enap, 2014.

    102 p. (Cadernos ENAP, 39)

    ISSN 0104-7078

    1. Administrao Pblica. 2. Cargo em Comisso.3. Agente Pblico. 4. Perfil Profissional. I. Ttulo.

    CDU 35:08

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    Sobre os autoresAlessandro de Oliveira Gouveia FreireAssessor Tcnico da EnapMestre em Cincia Poltica pela Universidade de [email protected]

    Mrcia Nascimento Henriques KnopTcnica em Assuntos EducacionaisMestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do [email protected]

    Marizaura Reis de Souza CamesEspecialista em Polticas Pblicas e Gesto GovernamentalCoordenadora-Geral de Pesquisa da EnapMestre em Administrao pela Universidade de [email protected]

    Pedro Lucas de Moura PalottiEspecialista em Polticas Pblicas e Gesto GovernamentalDoutorando em Cincia Poltica pela Universidade de [email protected]

    Pedro Luiz Costa CavalcanteEspecialista em Polticas Pblicas e Gesto GovernamentalDiretor de Comunicao e Pesquisa da EnapDoutor em Cincia Poltica pela Universidade de [email protected]

    Rafael Rocha VianaTcnico em Assuntos EducacionaisGraduado em Cincia Poltica pela Universidade de Braslia. Aprovado no ltimoprocesso seletivo do Mestrado em Cincia Poltica pela Universidade de [email protected]

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    Colaboradores externos

    Gabriela Spanghero LottaPesquisadora e Docente Adjunta do Bacharelado de Polticas Pblicas e da Ps-Graduaoem Polticas Pblicas da Universidade Federal do ABCDoutora em Cincia Poltica pela Universidade de So Paulo

    Rebecca Neaera AbersPesquisadora e Docente do Instituto de Cincia Poltica da Universidade de BrasliaDoutora em Planejamento Urbano pela University of California, Los Angeles

    Roberto Rocha Coelho PiresTcnico de Pesquisa e Planejamento do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada Doutor em Polticas Pblicas e Desenvolvimento Internacional pelo MassachusettsInstitute of Technology (MIT)

    Letcia Godinho de SouzaPesquisadora e Docente da Fundao Joo PinheiroDoutora em Cincia Poltica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Lucas Ambrzio Lopes da SilvaDoutorando em Administrao Pblica e Governo pela Escola de Administrao deEmpresas de So Paulo da Fundao Getlio Vergas

    Vanessa Elias de OliveiraPesquisadora e Docente de Cincia Poltica do Bacharelado em Polticas Pblicas daUniversidade Federal do ABC (UFABC)Doutora em Cincia Poltica pela Universidade de So Paulo

    Assistentes de pesquisaAntonio Abdias Capelo Barroso SilvaEscola Nacional de Administrao Pblica (Enap)

    Eveline Ribeiro dos SantosInstituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea)

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    Sumrio

    Apresentao........................................................................................................ 9

    Introduo ........................................................................................................... 11

    Metodologia ........................................................................................................ 15

    Caracterizao da pesquisa ....................................................................................... 15

    Composio da amostra ............................................................................................ 15

    Questionrio e estratgia de coleta de dados ......................................................... 19

    Construo do questionrio ...................................................................................... 19

    Estratgia de coleta de dados ................................................................................... 20

    Consolidao da base de dados ................................................................................ 22

    Anlise de dados ................................................................................................. 25

    Perfil profissional e sociodemogrfico ............................................................... 25

    Trajetria profissional .......................................................................................... 39

    Atuao ................................................................................................................ 51

    Consideraes finais ............................................................................................ 65

    Referncias .......................................................................................................... 69

    Apndices

    Questionrio ............................................................................................................. 71

    Livro de cdigos ......................................................................................................... 79

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    Figuras e Tabelas

    Figuras

    Figura 1: Distribuio dos respondentes segundo o nvel do cargo ..................26

    Figura 2: Distribuio dos respondentes segundo a situao de vnculo ..........27

    Figura 3: Situao de vnculo dos respondentes segundo o nvel do cargo .......28

    Figura 4: Distribuio de carreiras dos respondentes ......................................29

    Figura 5: Distribuio de respondentes segundo o setor de governo ...............30

    Figura 6: Distribuio de respondentes segundo a UF de exerccio ..................31

    Figura 7: Exerccio no DF por nmero de pessoas na equipe ............................32

    Figura 8: Ano de nomeao no cargo ...............................................................33

    Figura 9: Ano de nomeao segundo o nvel do cargo ......................................34

    Figura 10: Distribuio de respondentes segundo o sexo ................................34

    Figura 11: Distribuio de cargos segundo o sexo ............................................35

    Figura 12: Distribuio das faixas etrias dos respondentes ............................36

    Figura 13: Distribuio dos respondentes segundo a raa/cor .........................37

    Figura 14: Portadores de deficincia ..............................................................38

    Figura 15: Nvel de escolaridade dos respondentes ........................................39

    Figura 16: Anos trabalhados na administrao pblica federal ........................40

    Figura 17: Anos como gerente na administrao pblica federal .....................41

    Figura 18: Anos trabalhados na administrao pblica estadual ......................42

    Figura 19: Anos como gerente na administrao pblica estadual ...................43

    Figura 20: Anos trabalhados na administrao pblica municipal ....................44

    Figura 21: Anos como gerente na administrao pblica municipal .................45

    Figura 22: Anos trabalhados em empresa privada ...........................................46

    Figura 23: Anos como gerente em empresa privada ........................................47

    Figura 24: Anos trabalhados no terceiro setor .................................................48

    Figura 25: Anos como gerente no terceiro setor ..............................................49

    Figura 26: Distribuio de anos de experincia na esfera federalsegundo o nvel do cargo ................................................................................50

    Figura 27: Distribuio de anos de gerncia na esfera federalsegundo o nvel do cargo ................................................................................51

    Figura 28: Classificao da prpria atividade de trabalho.................................52

    Figura 29: Gerencia ou no equipe ................................................................. 53

    Figura 30: Nvel e categoria de DAS por gerenciamento de equipes ................54

    Figura 31: Tamanho das equipes ....................................................................55

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    Figura 32: Nvel de DAS por nmero de pessoas na equipe ..................................56

    Figura 33A: Decido e fixo os objetivos e metas de minha unidade .......................57

    Figura 33B: Decido sobre a organizao do trabalho da equipeem minha unidade independente de aprovao de meus superioreshierrquicos .......................................................................................................57

    Figura 33C: Defino os instrumentos e tcnicas que julgo maisadequados para a realizao do trabalho em minha unidade ...............................58

    Figura 34A: Tive oportunidade de participar de reunies com a altacpula do rgo em que trabalho .......................................................................59

    Figura 34B: Minhas ideias foram consideradas na tomada de decisodo rgo em que atuo ........................................................................................59

    Figura 35: Interao com diversos atores na rotina de trabalho ...........................60

    Figura 36: Execuo de atividades em seu atual cargo em comisso......................62

    Figura 37: Problemas que afetam o exerccio da funo........................................63

    Figura 38: Grau de importncia de alguns fatores paranomeao em cargos comissionados no seu rgo ..............................................64

    Tabelas

    Tabela 1: Total de ocupantes de cargos de DAS na administraopblica federal segundo o setor de governo .......................................................... 18

    Tabela 2: Ocupantes de cargos de DAS sem vnculo com aadministrao pblica federal segundo o setor de governo .................................. 18

    Tabela 3: Quantidade de respostas marcadas como outrosantes e aps categorizao ...................................................................................... 23

    Tabela 4: Nmero de respondentes segundo o nvel do cargo ............................... 26

    Tabela 5: Situao de vnculo dos respondentes ..................................................... 27

    Tabela 6: Situao de vnculo dos respondentes segundo o nvel do cargo ........... 28

    Tabela 7: Carreiras dos respondentes ...................................................................... 29

    Tabela 8: Nmero de respondentes segundo o setor de governo ......................... 30

    Tabela 9: Nmero de respondentes segundo a UF de exerccio ............................. 31

    Tabela 10: Exerccio no DF por nmero de pessoas na equipe................................ 31

    Tabela 11: Ano de nomeao no cargo .................................................................... 32

    Tabela 12: Ano de nomeao segundo o nvel do cargo .......................................... 33

    Tabela 13: Sexo dos respondentes .......................................................................... 34

    Tabela 14: Nmero de cargos segundo o sexo ........................................................ 35

    Tabela 15: Faixas etrias dos respondentes ............................................................ 36

    Tabela 16: Raa/cor dos respondentes .................................................................... 37

    Tabela 17: Portadores de deficincia ....................................................................... 37

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    Tabela 18: Nvel de escolaridade dos respondentes ............................................... 38

    Tabela 19: Anos trabalhados na administrao pblica federal .............................. 40

    Tabela 20: Anos como gerente na administrao pblica federal .......................... 41

    Tabela 21: Anos trabalhados na administrao pblica estadual ........................... 42

    Tabela 22: Anos como gerente na administrao pblica estadual ........................ 43

    Tabela 23: Anos trabalhados na administrao pblica municipal ......................... 44

    Tabela 24: Anos como gerente na administrao pblica municipal ...................... 45

    Tabela 25: Anos trabalhados em empresa privada .................................................. 46

    Tabela 26: Anos como gerente em empresa privada .............................................. 47

    Tabela 27: Anos trabalhados no terceiro setor ........................................................ 47

    Tabela 28: Anos como gerente no terceiro setor .................................................... 48

    Tabela 29: Anos de experincia na esfera federal segundo o nvel do cargo ......... 49

    Tabela 30: Anos como gerente na esfera federal segundo o nvel do cargo .......... 50

    Tabela 31: Classificao da prpria atividade de trabalho ...................................... 52

    Tabela 32: Gerencia ou no equipe .......................................................................... 52

    Tabela 33: Nvel e categoria de DAS por gerenciamento de equipes ..................... 53

    Tabela 34: Tamanho das equipes ............................................................................. 54

    Tabela 35: Nvel de DAS por nmero de pessoas na equipe ................................... 55

    Tabela 36: Autonomia gerencial .............................................................................. 57

    Tabela 37: Interlocuo com a alta gerncia ............................................................ 58

    Tabela 38: Interao com diversos atores na rotina de trabalho ............................ 60

    Tabela 39: Execuo de atividades em seu atual cargo em comisso ..................... 61

    Tabela 40: Problemas que afetam o exerccio da funo ........................................ 63

    Tabela 41: Grau de importncia de alguns fatores para nomeaoem cargos comissionados no seu rgo .................................................................. 64

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    Apresentao

    Com a publicao deste Caderno, a Escola Nacional de AdministraoPblica (Enap) divulga parte dos resultados da pesquisa Burocratas demdio escalo do Governo Federal: perfil, trajetria e atuao, iniciadano primeiro semestre de 2014 e desenvolvida pela Enap em parceriacom a Universidade Federal do ABC (UFABC) e pesquisadores associadosda Fundao Joo Pinheiro (FJP), Instituto de Pesquisa EconmicaAplicada (Ipea) e Universidade de Braslia (UnB).

    Com objetivo principal de caracterizar, no mbito do Governo Federal,os servidores pblicos que atuam como burocratas de mdio escalo, arealizao dessa pesquisa converge com o planejamento estratgico daEnap, na medida em que seus resultados geram subsdios aofortalecimento da gesto dos rgos da administrao pblica brasileira.A contribuio no se restringe apenas ao importante processo dedisseminao de conhecimento sobre gesto, mas, sobretudo, corroboracom informaes relevantes para formulao e aperfeioamento deaes de desenvolvimento de competncia de agentes pblicos.

    A compreenso de diversos aspectos que envolvem a burocraciade mdio escalo cada vez mais relevante, devido ao papel-chavedesse segmento dentro do complexo processo de polticas pblicas(policymaking). Nesse contexto, a pesquisa se enquadra numapriorizao recente da Enap de estudos direcionados anlise deinformaes e dados sobre a fora de trabalho da administrao pblicafederal que subsidiem, de forma qualificada, o debate sobre a gestopblica e o processo de tomada de decises.

    A pesquisa Burocratas de mdio escalo do Governo Federal: perfil,trajetria e atuao se divide em duas frentes. A etapa qualitativa analisao funcionamento dessa burocracia em distintos setores e programas doGoverno Federal, enquanto a fase quantitativa almeja, dentro de umaperspectiva exploratria, avanar na coleta e tratamento de informaesque, na sua maioria, no esto disponveis nas bases de dados oficiais.Nesse sentido, a pesquisa contribui ao trazer dados inovadores acercados problemas enfrentados, das atividades cotidianas e das relaesinterpessoais e interorganizacionais caractersticas dessa burocracia. A

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    partir da aplicao de survey com ocupantes de cargos comissionados delivre nomeao e exonerao, denominados de Direo eAssessoramento Superior (DAS) ou nomenclatura equivalente, ospesquisadores da Enap e das instituies parceiras apresentaminformaes de dimenses distintas que ajudam na compreenso docomplexo funcionamento desses importantes atores do Estado.

    O presente Caderno Enap se dedica justamente a relatar, de formaobjetiva e metodologicamente adequada, o processo de elaborao eimplementao desse survey, como tambm alguns de seus resultadosprincipais. O objetivo, entretanto, no aprofundar as anlises dos dadoscoletados, que sero objeto de outra publicao, junto com os estudosda etapa qualitativa. Alm da descrio da metodologia e daapresentao do panorama dos dados, este Caderno tambm traz, emseu anexo, o questionrio e o livro de cdigos (codebook). A base dedados est disponibilizada na seo Pesquisa do portal da Enap.

    A Escola Nacional de Administrao Pblica cumpre, portanto, suamisso institucional ao avanar na construo de conhecimento coletivoacerca do tema. No obstante, vale ressaltar que esta somente umafase inicial de uma linha de pesquisa em andamento, haja vista que oaprofundamento da compreenso do funcionamento da burocraciaconstitui uma ferramenta essencial ao enfrentamento dos desafioscontemporneos da gesto pblica.

    Boa Leitura!

    Paulo Sergio de Carvalho

    Presidente da Enap

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    1. Introduo

    Os estudos sobre burocracia pblica constituem um campo terico-emprico importante nas reas de Administrao Pblica e Cincia Polticaem todo o mundo, uma vez que se trata de aspecto significativo nofuncionamento dos governos. No Brasil, os primeiros estudos centradosna burocracia federal tinham como foco a compreenso do formato deatuao do Estado brasileiro para promoo do desenvolvimentoeconmico, em particular o modelo de industrializao nacional (CARDOSO,1975; DINIZ, 1978; MARTINS, 1985). A base desses trabalhos centrava-se nacompreenso de como atores governamentais (burocracia tecnocrtica) egrupos de interesse, particularmente o empresariado nacional emultinacional, com financiamento proveniente do capital financeiro,alinharam-se para propiciar o crescimento econmico brasileiro observadoa partir de 1930 e, com maior intensidade, na segunda metade do sculoXX (MATTOS, 2006).

    Com o restabelecimento do regime democrtico aps a Constituiode 1988, a burocracia pblica constituda no Governo Federal passou aser estudada sob a tica de sua relao com novos atores polticos,como na interface com a esfera congressual e na interao com estadose municpios. Desse modo, a relao entre Executivo-Legislativo (INCIO,2006; AMORIM-NETO, 2006; PRAA et al., 2011; BERSCH et al., 2013), ofederalismo (ARRETCHE, 2004; BICHIR, 2011) e os laos de confiana e dearticulao entre burocratas e polticos (OLIVIERI, 2007; LOUREIRO et al.,1999) passaram a chamar maior ateno dos estudiosos sobre a atuaoda burocracia pblica federal, iniciando novo ciclo de estudos emrelao a essa temtica.

    Outro conjunto de estudos tem se dedicado a entender como buro-cratas federais tm participado do processo de policymaking no perododemocrtico. A nfase tem recado sobre o papel exercido por dirigentesou lderes governamentais nas duas ltimas dcadas (DE BONIS e PACHECO,2010; GOUVA, 1994; DARAUJO, 2014) e os instrumentos gerenciais estabele-cidos para transparncia e accountability governamental (ARANTES et al.,2009; OLIVIERI, 2010).

    A presente pesquisa se insere nesse movimento recente decompreenso da burocracia pblica federal no Brasil. A Escola Nacional

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    de Administrao Pblica (Enap), em parceria com a Universidade Federaldo ABC (UFABC), o Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) epesquisadores associados de outras organizaes Fundao Joo Pinheiro(FJP) e Universidade de Braslia (UnB) , desenvolve essa pesquisa comobjetivo de caracterizar os burocratas em mbito federal, maisespecificamente os servidores pblicos de mdio escalo. O recorteadotado so os burocratas que ocupam posies intermedirias no ciclopoltico, os quais combinam, de forma geral, elementos tcnico-gerenciaise de articulao e intermediao poltica (PIRES, 2012).

    H claramente, na literatura de campo, nfase nos estudos centradosno chamado alto escalo ou nos denominados burocratas de nvel derua. Os primeiros enfatizam o papel da burocracia como relevante atorinvisvel no processo de formulao da agenda governamental, eminterface com polticos e grupos de interesse (KINGDON, 1995). Ossegundos, por sua vez, centram na atuao discricionria das burocraciasno processo de implementao das diretrizes traadas para ofuncionamento de programas e polticas pblicas, quando atuamdiretamente na relao com o cidado no nvel de rua (LIPSKY, 1980).

    A despeito da importncia de ambos os segmentos da burocracia,evidencia-se uma lacuna terica sobre o papel e a atuao dos burocratasde mdio escalo. Diante disso, a pesquisa foi desenhada em duas etapasdistintas. A primeira, com enfoque quantitativo, direciona-se com-preenso do perfil, trajetria profissional e rotina de trabalho e deatuao dos servidores pblicos ocupantes de cargos comissionados delivre nomeao e exonerao, chamados de direo e assessoramentosuperior (DAS) ou nomenclatura equivalente.

    A segunda parte da pesquisa, de carter qualitativo, versa sobre a atuaodos burocratas de mdio escalo atuantes em diferentes programas ou reasde atuao do Governo Federal. Nesse caso, almeja-se compreender comoesses atores intermedirios lidam com a implementao das diretrizesestratgicas, concretizando-as a partir de rotinas organizacionais e dogerenciamento de equipes, por um lado; e como ocorre a interao com oalto escalo e com outros atores governamentais e no governamentaisenvolvidos no policymaking, por outro.

    Este Caderno Enap aborda os principais resultados obtidos na primeiraetapa da pesquisa, realizada por meio da aplicao de um survey comservidores pblicos de distintas organizaes governamentais do GovernoFederal, mais especificamente, os ocupantes de cargos DAS de nveis 1 a 5ou nomenclatura equivalente. Trata-se, portanto, da apresentao dosdados coletados nessa etapa do estudo e que tem como objetivo subsidiaras discusses dos demais trabalhos, bem como disponibilizar ao pblicointeressado tais informaes.

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    Alm desta introduo, este texto possui uma seo destinada adiscutir as estratgias e escolhas metodolgicas utilizadas paraorganizao do survey e posterior consolidao da base de dados que foiutilizada para pesquisa. Em seguida, so apresentados os principaisresultados obtidos a partir da descrio das variveis mobilizadas peloestudo. Por fim, so feitas consideraes finais a partir dos achadosempricos identificados, em dilogo com a literatura existente sobre aburocracia federal brasileira.

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    2. Metodologia

    Nesta seo, discute-se a metodologia utilizada pela pesquisa paracompreenso do perfil, trajetria profissional e atuao dos burocratasde mdio escalo. Inicialmente, realizada uma breve caracterizaoda pesquisa, de modo a alinhar a pertinncia dos mtodos adotados aoobjetivo da pesquisa. Em seguida, so descritos o universo e a respectivaamostra obtida pelo estudo, assim como os instrumentos e estratgiasmobilizados para se alcanar o pblico-alvo. Por ltimo, so discutidosos procedimentos adotados para consolidao da base de dados, os quaisnorteiam a organizao deste relatrio de pesquisa.

    2.1. Caracterizao da pesquisa

    Como descrito na Introduo, este relatrio consolida a primeira etapada pesquisa sobre servidores pblicos federais, focada nos ocupantesde cargos comissionados que atuam como gestores intermedirios nasorganizaes governamentais (DAS 1 a 5 e equivalentes).

    Foi utilizada uma metodologia quantitativa, por meio da aplicaode um survey (questionrio autoaplicado) a todos os gestores federaisque se encaixassem no perfil desejado da pesquisa. O trabalho possuinatureza exploratria, em razo das lacunas identificadas na literaturabrasileira e internacional para se identificar os burocratas atuantesem organizaes pblicas federais, particularmente nas posiesintermedirias. O levantamento de dados foi realizado entre os mesesde abril e junho de 2014, representando uma fotografia da composioda burocracia de mdio escalo do Poder Executivo naquele perodo.

    O processo de elaborao dos instrumentos de pesquisa teve comoembasamento terico a literatura de Administrao e Polticas Pblicas,alm de discusso com especialistas, que propiciaram subsdios paraquestes que pudessem contribuir na diferenciao e na identificaodo pblico que exerce o papel de burocrata de mdio escalo, conformeser discutido a seguir.

    2.2. Composio da amostra

    Diante do objetivo de caracterizar a burocracia de mdio escalo naadministrao pblica federal, fez-se necessria uma escolha quantoaos nveis de cargos de gerncia que fariam parte da populao de

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    interesse e, portanto, da amostra. Os cargos da burocracia de alto escaloso, geralmente, estabelecidos no Governo Federal como os de DASnvel 6 secretrios de Estado e altos dirigentes de agncias, autarquiase fundaes ; os de natureza especial (NE) secretrios-executivos deministrios ; e os cargos de ministro de Estado e equivalentes (DE BONISe PACHECO, 2010).

    Tais funes se diferenciam por serem ocupadas mais por filiados apartidos polticos (LOPEZ et al., 2014) e por servidores que no possuemvnculo com a administrao pblica federal1 que os demais cargos2. Attulo de exemplo, nos cargos de natureza especial, os servidores semvnculo representam quase dois teros. Alm disso, eles constituem aalta cpula do Poder Executivo, pois somente o Presidente da Repblicaest em posio hierarquicamente superior. Em suma, esses cargosestruturam uma esfera decisria que foge ao escopo dos burocratas demdio escalo.

    Nesse sentido, o recorte do survey nos cargos de DAS 1 a 5 se deve aofato de os ocupantes desses cargos estarem na posio intermediria daestrutura organizacional da administrao pblica federal, uma vez queesto acima da esmagadora maioria dos servidores que no possuemcargos de DAS ou equivalentes (96% dos servidores do ExecutivoFederal)3 e abaixo do alto escalo. Ademais, essa burocracia, doravantemdio escalo, tende a possuir uma vinculao poltico-partidria menorque a do alto escalo (LOPEZ et al., 2014; BARBERIA & PRAA, 2014), comotambm, em sua grande maioria, composta por servidores de carreirada administrao pblica (74% do total)4.

    Outra definio necessria da populao de interesse foi em relao equivalncia de cargos gerenciais presente na administrao pblicafederal, uma vez que as agncias reguladoras, o Banco Central, oDepartamento Nacional de Produo Mineral (DNPM) e o Instituto

    1 Conforme o Decreto n 5.497, de 21 de julho de 2005, os servidores de carreira (ouservidores com vnculo) so os servidores, ativos ou inativos, oriundos de rgoou entidade de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federale dos Municpios, empresas pblicas e sociedades de economia mista, ocupantesde cargo ou emprego permanente no qual ingressaram mediante concurso pblicoou, nos casos de ingresso anterior a 05 de outubro de 1988, mediante forma deprovimento permitida pelo ordenamento da poca de ingresso. Os servidoressem vnculo correspondem queles que no so servidores de carreira e foramnomeados livremente para cargos de direo e assessoramento superior (DAS).2 Fonte: Portal da Transparncia (dados referentes a junho de 2014).3 Dos 595.005 servidores ativos do Poder Executivo federal (quantitativo de maiode 2014), 25.334 ocupam cargos de DAS ou equivalentes. Fonte: Brasil, Ministriodo Planejamento, Oramento e Gesto (2014) e dados da pesquisa.4 Fonte: Brasil, Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto (2014).

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    Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) possuem cargos especficosque se equiparam hierarquicamente aos de DAS5. Desse modo, almdos servidores com DAS 1 a 5, agregaram-se ao universo os equivalentesdos referidos rgos, totalizando o quantitativo de 25.334 servidores.

    Em razo de no ter sido possvel obter a listagem total de e-mails dopblico-alvo da pesquisa, como ser detalhado adiante, foram alcanadosapenas cerca de 20 mil e-mails de servidores que se encaixavam no perfilda pesquisa (ou aproximadamente 80% da populao)6. Foramrespondidos a aproximadamente 9 mil questionrios e, aps a limpezado banco, mais detalhada na seo 2.4, a amostra efetivamente alcanadafoi de 7.223 respondentes (ou 28,51% da populao).

    Considerando-se que a amostragem da pesquisa no foi aleatria,havia o risco de distores em relao populao de interesse.Entretanto, aps a aplicao do questionrio e anlise preliminar dosdados, constatou-se que a distribuio dos respondentes bastanterepresentativa da populao pesquisada.

    A Tabela 1 faz uma caracterizao entre a populao e a amostra quantoao nmero de ocupantes de cargos de DAS, dividindo os rgos daadministrao pblica em quatro grandes setores: social, infraestrutura,econmico e rgos centrais7. Observa-se que os percentuais geraisforam muito semelhantes entre a populao e a amostra. Dos 25.334servidores nomeados, o grupo de DAS 1-38 possui 19.587 ocupantes(77,32%), ao passo que os DAS 4-5 so 5.747 (22,68%). Na amostra, ospercentuais so semelhantes. Dos 7.223 respondentes, 5.254 (72,73%)so do grupo DAS 1-3, enquanto 1.969 (27,27%) correspondem aos DAS4-5. Em relao aos setores governamentais, a distribuio entrepopulao e amostra tambm equivalente, com uma presena umpouco maior dos DAS 4-5 para o setor social e para os rgos centrais naamostra em relao populao.

    5 A base normativa para o estabelecimento dos cargos equivalentes que fizeramparte da amostra foi a seguinte: Portaria n 186 (MPOG), de 17 de agosto de 2000; aInstruo Normativa n 3 (MPOG), de 12 de janeiro de 2010; a Lei n 9.986, de 18 dejulho de 2000; e o Decreto n 6.944, de 21 de agosto de 2009.6 Em nmeros exatos, foram alcanados 21.162 e-mails, mas, por motivo daestratgia de coleta, possvel que tenha havido repetio ou impreciso dos e-mails inseridos para resposta. No foi possvel avaliar tambm o total derespondentes que receberam o link geral da pesquisa, conforme ser relatadoadiante.7 A diviso dos ministrios e equivalentes se baseou na classificao presenteno Plano Plurianual de 2012-2015, com adaptaes necessrias.8 Como explicitado anteriormente, as menes aos DAS devem pressupor tambmcargos comissionados equivalentes. Para facilitar a leitura do texto, iremosapenas mencionar o termo DAS.

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    A Tabela 2 faz uma comparao entre os nmeros de servidoressem vnculo com a administrao pblica na populao e na amostra,segundo o setor de governo. Pretende-se observar se houve algumvis em relao aos respondentes, com super-representao ou sub-representao dos servidores sem vnculo. Pelo observado, no houvediferenas relevantes em relao a esses grupamentos. Dos 7.060servidores sem vnculo nomeados na administrao pblica federal,5.336 (75,58%) esto entre os DAS 1-3, enquanto 1.724 (24,42%) ocupamDAS 4-5. A amostra reflete essa distribuio. Dos 1.427 respondentessem vnculo com a administrao pblica, ocupam DAS 1-3 o total de1.047 respondentes (73,37%), ao passo que h 380 respondentes(26,63%) nomeados com DAS 4-5.

    Tabela 2: Ocupantes de cargos de DAS sem vnculo com a administraopblica federal segundo o setor de governo

    Fonte: Portal da Transparncia e Enap.

    Tabela 1: Total de ocupantes de cargos de DAS na administrao pblicafederal segundo o setor de governo

    Fonte: Portal da Transparncia e Enap.

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    No que tange aos setores de governo, a distribuio dos servidoressem vnculo na amostra tambm refletiu a populao. Embora asdistribuies de DAS nas reas social e de rgos centrais apresentempercentuais um pouco maiores de DAS 4-5 em relao populao,pode-se afirmar que essas diferenas no comprometem a qualidadeda amostra.

    2.3. Questionrio e estratgia de coleta de dados

    2.3.1. Construo do questionrio

    O questionrio da pesquisa foi construdo visando atender aosobjetivos, previstos no estudo, de descrever o perfil (profissional esociodemogrfico), a trajetria profissional e a atuao dos burocratasde mdio escalo na administrao pblica federal. Com base nolevantamento bibliogrfico da literatura sobre burocracias de nvel derua (street level), de mdio e de alto escalo, nos campos daAdministrao Pblica e da Cincia Poltica (LIPSKY, 1980; KINGDON, 1995;BERSCH et al., 2013; DE BONIS e PACHECO, 2010; DARAUJO, 2014), foram suscitadostpicos para a caracterizao do burocrata de mdio escalo. Esselevantamento foi realizado a partir de um amplo conjunto de publicaesde revistas acadmicas especializadas.

    Com base nesses estudos, deu-se incio construo do questionrio.Para subsidiar a elaborao das perguntas, a equipe tcnica da Enapelaborou a primeira verso do instrumento e realizou a validaosemntica e de juzes (contedo) em duas sesses com pesquisadoresda UFABC, do Ipea, da FJP, da UnB e da Enap, nas quais foram discutidosos principais temas que fariam parte do questionrio, as alteraesnecessrias e os itens/escalas a serem utilizados9.

    Aps a concluso de uma primeira verso do questionrio, foirealizado um pr-teste com 28 servidores ocupantes de DAS dos nveis 1a 5, em diferentes rgos do Governo Federal, os quais puderam inserirseus comentrios, crticas e sugestes.

    Assim, a verso final do questionrio foi consolidada contendo quatroblocos (perfil profissional, trajetria profissional, atuao profissional eperfil sociodemogrfico). O ordenamento dos blocos no instrumentotambm seguiu uma lgica intencional, conforme as recomendaes daliteratura de survey (KROSNICK & PRESSER, 2010).

    9 Agradecemos aos professores Mathieu Turgeon e Lcio Renn, da Universidadede Braslia, pelas crticas e sugestes no processo de construo do questionrio.

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    Bloco I Perfil profissional: abrange perguntas referentes ao nveldo cargo ocupado, situao de vnculo com a administrao pblicafederal, carreira, ao rgo de exerccio, UF de lotao (DF ou outras)e ao ano de nomeao no cargo de DAS.

    Bloco II Trajetria profissional: envolve questes sobre o total deanos trabalhados e os anos de experincia como gerente nasadministraes federal, estadual e municipal, alm de na iniciativaprivada e no terceiro setor.

    Bloco III Atuao profissional: aborda o tipo de atividade exercidapelos entrevistados, coordenao e tamanho de equipes, autonomiagerencial (especfica para aqueles que gerenciam equipes), tipos deinteraes, atividades exercidas no dia a dia, obstculos enfrentados noexerccio da funo e fatores de importncia para nomeao em cargosde DAS no rgo de atuao do respondente.

    Bloco IV Perfil sociodemogrfico: questes sobre nvel deescolaridade, sexo, idade, raa/cor e deficincia, inspiradas no modeloadotado pelo IBGE (2010) no censo demogrfico brasileiro.

    2.3.2. Estratgia de coleta de dados

    Com o objetivo de alcanar com maior abrangncia os respondentese diminuir os custos de aplicao do questionrio, optou-se pela coletade dados para o survey por intermdio da disponibilizao na internet,por meio eletrnico e formato autoadministrado.

    A burocracia pblica federal est presente em todo territrio nacional,no obstante esteja concentrada em Braslia e no Rio de Janeiro. Essacircunstncia tornaria os custos extremamente elevados ao optar porentrevista presencial ou por telefone com os servidores pblicos, a qualdificilmente poderia ser realizada sem contratao de agncias privadasde pesquisa ou parceria com outras entidades pblicas de pesquisa.Haveria ainda a necessidade de mapeamento dos contatos (endereoou contato telefnico), os quais no esto disponveis nas bases pblicasdos servidores federais, disponibilizadas pelo Portal da Transparncia.

    Avaliou-se tambm que a aplicao pela internet, no formatoautoadministrado, evitaria possveis constrangimentos pessoais einstitucionais decorrentes da aplicao presencial ou por telefone.

    Em relao constituio da amostra, algumas circunstnciasimpediram a opo por uma amostragem probabilstica (aleatria simplesou estratificada). Apesar de o registro de toda a fora de trabalho federalestar reunido no Sistema Integrado de Administrao de RecursosHumanos (Siape), no h uma lista nica de e-mails que possa ser utilizadapara comunicao direta com os servidores pblicos federais. A ausnciadessa lista impossibilitou o sorteio dos respondentes, para que

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    aleatoriamente respondessem aos questionrios. Cabe destacar aquique a opo por amostras no probabilsticas est presente em grandeparte das pesquisas acadmicas realizadas nas Cincias Sociais e naPsicologia (MALHOTRA & KROSNICK, 2010).

    Desse modo, optou-se pela organizao de uma amostragem noprobabilstica, mas que pudesse minimamente corresponder a algumaspropores identificadas no universo: a) proporo entre os grupos deDAS 1 a 3 e de DAS 4 e 5; b) distribuio dos respondentes em relao aosetores governamentais (social, infraestrutura, econmico e rgoscentrais); e c) ocupantes de cargos comissionados com e sem vnculocom a administrao pblica federal. Assim, foram encaminhados por e-mail os links do questionrio a todos os servidores pblicos federaisocupantes de cargos comissionados cujos contatos foram identificados.Esses links foram encaminhados diretamente aos e-mails pessoais dosservidores por meio da prpria ferramenta de coleta de dados10 ou,indiretamente, a contatos nos rgos federais que pudessemreencaminhar o link geral aos potenciais respondentes.

    Como no houve uma lista nica de e-mails que pudesse servir dereferncia para mapeamento de todo pblico-alvo, as seguintesestratgias de aplicao foram utilizadas para alcanar os respondentes:

    a) Lista de Autoridades Governamentais (LAG): um serviocontratado pela Enap para comunicao com os trs primeiros escalesdo Governo Federal (principalmente DAS 4 a 6). A partir dessa lista, foramselecionados os servidores ocupantes de cargos comissionados noExecutivo federal, para preenchimento do instrumento, que atendiamaos critrios do pblico-alvo da pesquisa.

    b) Mobilizao dos gestores das subsecretarias de planejamento,oramento e administrao (SPOA) e diretorias de gesto interna (DGI):houve a interlocuo com gestores das reas-meio dos rgos federaisem apresentao no Frum das SPOAs, organizado mensalmente peloMinistrio do Planejamento, Oramento e Gesto (MP), em abril de 2014,para mobilizao dos servidores ao preenchimento da pesquisa.

    c) Ofcio aos rgos federais: para ampliar a abrangncia dosrespondentes, principalmente dos DAS 1 a 3, que em sua maioria noesto contemplados na LAG, foram encaminhados ofcios a algunsinterlocutores, principalmente chefes de gabinete e gestores das SPOAs

    10 Foi utilizado o software livre LimeSurvey para criao do questionrio, publicaoe coleta das respostas. O Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) foi oresponsvel pelo recebimento das respostas, dada a sua expertise na utilizaoda plataforma e o apoio tecnolgico disponvel dentro do rgo.

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    e DGIs, solicitando apoio para divulgao do link geral da pesquisa aosservidores do rgo ou encaminhamento da listagem de DAS 1 a 5 paracontato posterior pela Enap.

    d) Contatos telefnicos com gestores dos rgos que apresentarambaixo ndice de respondentes: como a aplicao dos questionriosocorreu por praticamente dois meses, ao final do primeiro ms de coletade dados, foram realizados alguns balanos dos respondentes paramobilizao dos rgos federais que estivessem ainda sub-representados ou que ainda no tivessem encaminhado listagens dosocupantes de cargos comissionados Enap.

    e) Reiterao dos convites eletrnicos: periodicamente, os conviteseletrnicos foram enviados automaticamente a todos os respondentesque no terminaram o preenchimento dos questionrios.

    O questionrio ficou disponvel para preenchimento do dia 29 deabril a 25 de junho de 2014. Nesse perodo, foi estabelecido, como pontode contato para esclarecimento de dvidas e detalhamento da pesquisa,um e-mail institucional da Enap. De forma complementar estratgia demobilizao e coleta de dados, a utilizao do contato institucional foifundamental para interao com respondentes.

    2.4. Consolidao da base de dados

    Encerrado o perodo de coleta de dados, foram computadas 7.223respostas vlidas11. Para se proceder anlise dos dados, foi realizadauma consolidao do banco, de modo que as respostas foramadequadamente categorizadas para se permitir a extrao de estatsticas,e eventuais respostas duplicadas foram excludas.

    Das 21 questes realizadas pelo questionrio, cinco delasapresentaram possibilidade de marcao livre das respostas, quepoderiam ser apontadas por extenso pelos respondentes, a maior partecomo alternativa outros s opes fechadas apresentadas noquestionrio. A Tabela 3 evidencia o total de respostas abertas noformato de outros, por questo, bem como o restante aps a etapa decategorizao.

    Nesse sentido, a limpeza da base de dados tornou-se importante,uma vez que algumas respostas eram passveis de reclassificao, deacordo com as opes de respostas inseridas nas perguntas anteriores.

    11 Foram consideradas como respostas vlidas as que preencheram aoquestionrio at o final do Bloco III. Desse modo, das 7.223 respostascomputadas, aproximadamente 100 delas no haviam preenchido totalmente oquestionrio. Foram excludas ainda duas repostas repetidas.

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    Em todas as reclassificaes das ocorrncias, adotou-se como estratgiaa categorizao por, pelo menos, dois diferentes pesquisadores, com oposterior cruzamento de suas respostas, com o intuito de fornecer maiorconfiabilidade aos dados.

    Na codificao da varivel Carreira, por ser uma questo abertapara preenchimento pelo respondente, algumas possibilidades derespostas j estavam disponveis para o preenchimento automtico,resultando na padronizao das respostas. As ocorrncias que no tinhamresposta entre as disponveis no preenchimento automtico foramcodificadas manualmente, com a criao de novas carreiras.12

    Em relao limpeza da varivel Vnculo, decidiu-se criar uma novacategoria Empregado pblico (empresas pblicas e sociedade deeconomia mista), dada a elevada quantidade de ocorrncias registradas(107 ocorrncias).

    No tocante s variveis Interaes e Atividades, no houve acriao de uma nova categoria, tendo a limpeza apenas reclassificado asrespostas registradas, de acordo com as categorias j disponibilizadas.Nesse procedimento, adotou-se o seguinte mtodo: i) caso a ocorrnciareclassificada pelos pesquisadores j tivesse sido marcada pelorespondente em uma das categorias disponveis, com frequncia igual(sempre, frequentemente, algumas vezes etc.), essa seria desconsi-derada na base de dados; ii) caso a reclassificao resultasse em umacategoria que no havia sido marcada pelo respondente, haveria oregistro dessa pelos pesquisadores; e iii) por fim, no caso de areclassificao de uma ocorrncia resultar em uma categoria j marcadapelo respondente, mas com diferente frequncia (sempre, frequente-mente, algumas vezes etc.), adotou-se como mtodo a escolha da

    Tabela 3: Quantidade de respostas marcadas como outros antes e apscategorizao

    Fonte: Enap

    12 Ver livro de cdigos em anexo.

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    resposta marcada em outros, dado o maior tempo para reflexo emrelao resposta.

    Com relao varivel Problemas, pelo fato de no haver marcaoda frequncia por parte do respondente, conforme verificado nasperguntas anteriores, adotou-se o seguinte procedimento: registro nacategoria que ainda no tinha sido marcada; ou no considerao doresultado dessa reclassificao.

    A anlise descritiva dos resultados ser realizada com base nessebanco revisado. Desse modo, pretende-se obter um retrato maisadequado das respostas para a etapa de anlise, sendo o mais fidedignopossvel s opinies expressas pelos respondentes.

  • 25

    3. Anlise dos dados

    Esta seo oferece um panorama das respostas coletadas durante aetapa de survey da pesquisa. So apresentadas e discutidas brevementeas distribuies de frequncia das variveis pesquisadas. Para algunscasos, so realizados cruzamentos entre variveis, o que possibilita umapercepo de determinadas questes relevantes para a pesquisa. Oobjetivo expor os dados coletados, a partir de anlise descritiva, sem,contanto, avanar em anlises mais sofisticadas.

    O questionrio, como exposto na seo anterior, foi composto porquatro blocos de perguntas:

    Bloco I Perfil profissional Bloco II Trajetria profissional Bloco III Atuao profissional Bloco IV Perfil sociodemogrficoPara esta seo, a organizao de apresentao dos dados obedecer

    seguinte ordem: inicialmente ser tratado o perfil profissional esociodemogrfico dos respondentes, reunindo-se os blocos I e IV. Emseguida, sero tratadas as questes de trajetria profissional e, por fim,as de atuao profissional.

    3.1. Perfil profissional e sociodemogrfico

    As perguntas sobre perfil profissional foram inseridas logo no inciodo questionrio por serem mais fceis, o que contribui para que orespondente se disponha a responder ao questionrio adequadamente(KRONSICK & PRESSER, 2010). Essas perguntas envolvem o nvel do cargo emcomisso, tipo de vnculo, carreira, rgo superior, local de exerccio eano de nomeao para o cargo em comisso. Cabe destacar aqui umaimportante diferena entre os nveis dos cargos em comisso, que serexplorada em algumas anlises mais adiante. Os cargos de DAS, comoaponta a sigla, so divididos em duas categorias: a de direo (cdigo101) e a de assessoramento (cdigo 102). Os cargos de cdigo 101geralmente so atribudos a coordenadores ou diretores de equipes,enquanto os de cdigo 102 so cargos de assessores de dirigentes.

    As demais questes, constantes do Bloco IV, e que neste relatrioforam reunidas na presente seo, so mais simples e diretas. So

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    questes sobre variveis sociodemogrficas, abrangendo sexo, ano denascimento, raa/cor, escolaridade e existncia de deficincia fsica,mental, intelectual ou sensorial.

    A Tabela 4 e a Figura 1 exibem os totais e os percentuais de respondentessegundo o nvel do cargo. A grande maioria dos respondentes ocupa cargosde DAS de nveis 1 a 3 (72,7%), enquanto o restante (27,3%) ocupa cargosde nveis 4 e 5. Tomando-se o conjunto da populao (DAS e equivalentes),pode-se observar percentuais semelhantes para os nveis 1 a 3 (76,64%) eos nveis 4 e 5 (23,36%).

    Tabela 4: Nmero de respondentes segundo o nvel do cargo

    Nvel do Cargo Quantidade

    DAS 1 1983

    DAS 2 1708

    DAS 3 1563

    DAS 4 1441

    DAS 5 528

    Total 7223

    Na Tabela 5 e na Figura 2 so exibidos os totais e os percentuais derespondentes segundo a situao de vnculo1. A maioria composta porservidores de carreira (73,3%), seguida pelos ocupantes de DAS semvnculo com a administrao pblica federal (19,8%), enquantoaposentados pela administrao pblica federal, anistiados,reintegrados, militares e empregados pblicos compem o restante daamostra (6,9%). Na populao, o percentual de servidores efetivos,considerados DAS e equivalentes, de 72,9%, ao passo que os servidoressem vnculo correspondem a 27,1% do total. Cabe ressaltar o percentual

    Figura 1: Distribuio dos respondentes segundo o nvel do cargo

    Fonte: Enap

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    pequeno de servidores com vnculo, mas que vm de fora do PoderExecutivo federal (requisitados), que compem 2,1% da amostra.

    Tabela 5: Situao de vnculo dos respondentes

    Vnculo Quantidade

    Servidor efetivo 5294

    Sem vnculo (apenas cargo em comisso) 1429

    Aposentado pela APF 193

    Requisitado de outros Poderes e/ou esferas 155

    Empregado pblico 107

    Outro 45

    Total 7223

    As nomeaes para cargos de DAS seguem as diretrizes do Decreto no

    5.497, de julho de 2005. De acordo com esse decreto, trs quartos dos cargosde DAS de nveis 1 a 3 devem ser ocupados por servidores efetivos, ao passoque o DAS nvel 4 deve ser composto por 50% de servidores efetivos. O nvel5 no segue percentuais especficos estabelecidos em lei, embora ospercentuais de cada vnculo na amostra para esse nvel sejam semelhantesaos dos demais, como demonstram a Tabela 6 e a Figura 3:

    1 So considerados com vnculo os servidores, ativos ou inativos, oriundos dergo ou entidade de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do DistritoFederal e dos Municpios, suas empresas pblicas e sociedades de economiamista, ocupantes de cargo ou emprego permanente no qual ingressaram medianteconcurso pblico ou, nos casos de ingresso anterior a 05 de outubro de 1988,mediante forma de provimento permitida pelo ordenamento da poca de ingresso.A categoria sem vnculo corresponde queles que no se enquadram nos casossupracitados e foram nomeados para cargos de direo e assessoramentosuperior (DAS).

    Figura 2: Distribuio dos respondentes segundo a situao de vnculo

    Fonte: Enap

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    Tabela 6: Situao de vnculo dos respondentes segundo o nvel do cargo

    Figura 3: Situao de vnculo dos respondentes segundo o nvel do cargo

    A Tabela 7 e a Figura 4 trazem as carreiras federais maisfrequentemente mencionadas pelos respondentes. Dos 7.223respondentes, 4.667 so servidores de carreiras federais, enquanto 2.556no se enquadram nessa categoria, incluindo aqueles que trabalhamem empresas pblicas e sociedades de economia mista. Como se podever pela Figura 4, as carreiras listadas na Tabela 7 concentram 62% dosrespondentes ocupantes de carreiras federais. As trs principais carreirasdos respondentes so as de Auditoria da Receita Federal, as carreiras doPlano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE) e Especialista do BancoCentral do Brasil, compondo 27% dos servidores de carreiras federais naamostra. Ressalte-se a presena das carreiras do ciclo de gestogovernamental, quais sejam: Especialista em Polticas Pblicas e GestoGovernamental, Analista e Tcnico de Finanas e Controle, Analista eTcnico de Planejamento e Oramento; que compem 14% dosrespondentes ocupantes de carreiras federais.

    Fonte: Enap

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    Tabela 7: Carreiras dos respondentes

    Carreira Quantidade

    Auditoria da Receita Federal do Brasil 496

    Plano Geral de Cargos do PoderExecutivo (PGPE) 386

    Especialista do Banco Central do Brasil 368

    Finanas e Controle 299

    Especialista em Polticas Pblicas e GestoGovernamental 230

    Carreira de Seguro Social 208

    Carreira de Infraestrutura em Cincia e Tecnologia 166

    Carreira de Previdncia, da Sade e do Trabalho 141

    Advogado da Unio 131

    Planejamento e Oramento 130

    Diplomata 114

    Pesquisa em Cincia e Tecnologia 112

    Procurador Federal 102

    Outras carreiras federais 1784

    Total 4667

    Figura 4: Distribuio de carreiras dos respondentes

    Fonte: Enap

    c

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    A Tabela 8 e a Figura 5 mostram como os setores de governo estorepresentados na amostra. Como destacado na seo anterior, os rgosgovernamentais foram divididos de acordo com quatro setores (social,infraestrutura, econmico e rgos centrais). A maior parte dosrespondentes pertence aos rgos centrais (29,1%), em contraste reade infraestrutura, que tem a menor parcela de respondentes (19,4%).

    Tabela 8: Nmero de respondentes segundo o setor de governo

    Setor Quantidade

    Social 2074

    Infraestrutura 1400

    Econmico 1622

    rgos centrais 2127

    Total 7223

    Figura 5: Distribuio de respondentes segundo o setor de governo

    O estado em que o respondente se encontra em exerccio exibidona Tabela 9 e na Figura 6. A maioria aparece concentrada no DistritoFederal (62,6%). No h parmetros consolidados para a populao deDAS, para averiguarmos a adequao dessa proporo, mas importanteressaltar a existncia de respondentes residentes em outros estados,para que diferentes realidades vividas pelos comissionados possam sercorretamente explicadas. Entretanto, uma possvel explicao envolveo fato da grande concentrao da administrao direta federal no DistritoFederal, enquanto que, nos demais estados, prevalece um quantitativomaior de fundaes e autarquias.

    Fonte: Enap

  • 31

    Tabela 9: Nmero de respondentes segundo a UF de exerccio

    UF Quantidade

    Outros estados 2701

    DF 4522

    Total 7223

    Figura 6: Distribuio de respondentes segundo a UF de exerccio

    A ocupao de cargos de DAS no DF e em outros estados apresentadiferenas notveis no que tange ao nmero de pessoas nas equipessubordinadas. Como demonstram a Tabela 10 e a Figura 7, em geral, osocupantes de DAS em exerccio no DF coordenam equipes menores queas daqueles que esto em outras unidades da Federao. No DF, opercentual de respondentes coordenando equipes com mais de 25membros de 13%, ao passo que esse percentual mais que o dobroem outros estados, correspondendo a 28% dos respondentes.

    Tabela 10: Exerccio no DF por nmero de pessoas na equipe

    N de pessoasna equipe

    At 56 a 10

    11 a 1516 a 2021 a 2526 a 30

    31 ou maisTotal

    UF de exerccioDF Outras UFs

    1031 483825 495369 298232 188108 128118 133399 6733082 2398

    Total

    15141320667420236251

    10725480

    Fonte: Enap

    Fonte: Enap

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    Figura 7: Exerccio no DF por nmero de pessoas na equipe

    A Tabela 11 e a Figura 8 trazem o ano de nomeao dos respondentes.Dois teros da amostra (66,7%) foram nomeados entre 2011 e 2014,enquanto apenas 5,8% foram nomeados antes de 2003. Esse padro quase idntico ao encontrado nos dados disponveis no Portal daTransparncia, no qual consta que mais de 70% dos ocupantes atuais deDAS foram nomeados entre 2011 e 2014. Esses resultados mostram umarotatividade de cargos relativamente elevada, mesmo em transiesque no alteram o partido poltico do Presidente.

    Tabela 11: Ano de nomeao no cargo

    Ano Quantidade

    At 1994 921995 a 1998 1091999 a 2002 2182003 a 2006 5792007 a 2010 14042011 a 2014 4821

    Total 7223

    Fonte: Enap

  • 33

    Figura 8: Ano de nomeao no cargo

    Como revelam a Tabela 12 e a Figura 9, as nomeaes para os cargosde DAS, especialmente nos nveis 4 e 5, tendem a acompanhar asmudanas de governo. As nomeaes feitas a partir de 2011 vo de 63,9%(DAS 1) a 74,2% (DAS 5). Esse padro semelhante ao encontrado nosdados do Portal da Transparncia2, onde 76% dos ocupantes de DASaparecem como nomeados entre 2011 e 2014. Cabe destacar, contudo,que parte dessas nomeaes composta por servidores que j ocupavamcargos de DAS anteriormente e foram nomeados para outros nveis ououtros rgos.

    Tabela 12: Ano de nomeao segundo o nvel do cargo

    Ano denomeao

    At 19941995 a 19981999 a 20022003 a 20062007 a 20102011 a 2014

    Total

    Nvel do cargo

    DAS 1324568

    162408

    12681983

    DAS 2333268

    148345

    10821708

    DAS 3131547

    145313

    10301563

    DAS 49

    102695

    25210491441

    DAS 5579

    2986

    392528

    Total92

    109218579

    140448217223

    Fonte: Enap

  • 34

    Figura 9: Ano de nomeao segundo o nvel do cargo

    No que tange ao sexo, a Tabela 13 e a Figura 10 evidenciam queaproximadamente 40% de nossa amostra composta por mulheres.Considerando-se apenas a populao de ocupantes de DAS, sem contaros cargos equivalentes, essa proporo de 43,2%.

    Tabela 13: Sexo dos respondentes

    Sexo Quantidade

    Masculino 4279

    Feminino 2817

    Total 7096

    Figura 10: Distribuio de respondentes segundo o sexo

    Fonte: Enap

  • 35

    O tema da participao feminina em cargos gerenciais umapreocupao que no se limita ao mbito das empresas privadas. Defato, considerando-se que as mulheres compem 45% da fora detrabalho do Poder Executivo federal, intrigante que sua presena nosnveis mais altos dos cargos de DAS ainda seja tmida. Como demonstrama Tabela 14 e a Figura 11, as mulheres tm sua participao reduzidaquando se trata dos cargos de DAS de nveis 4 e 5.

    Tabela 14: Nmero de cargos segundo o sexo

    Figura 11: Distribuio de cargos segundo o sexo

    A Tabela 15 e a Figura 12 exibem a distribuio das idades dosocupantes de cargos na amostra. Considerando-se as respostas vlidas,pouco mais de metade da amostra (52,7%) tem at 45 anos de idade,percentual muito prximo ao da populao de ocupantes de DAS(desconsiderados os cargos equivalentes), em que esse valorcorresponde a 50,3%.

    Nvel do cargoDAS 1DAS 2DAS 3DAS 4DAS 5Total

    Sexo do respondente

    Masculino1122998905903351

    4279

    Feminino811688639516163

    2817

    Total

    1933168615441419514

    7096Fonte: Enap

  • 36

    Tabela 15: Faixas etrias dos respondentes

    Faixa Etria QuantidadeAt 25 10426 a 30 54231 a 35 113736 a 40 103941 a 45 91646 a 50 102651 a 55 106756 a 60 76861 a 65 343Mais de 65 154

    Total 7096

    Figura 12: Distribuio das faixas etrias dos respondentes

    Os dados relativos raa/cor dos respondentes so exibidos na Tabela16 e na Figura 13. Os brancos constituem a grande maioria, 67,3%; pardose pretos representam 30,1%; e amarelos e indgenas, apenas 2,6% dototal. Na populao de ocupantes de DAS, desconsiderados os cargosequivalentes, esses percentuais so de 68% de brancos, 27,8% de pardose pretos e 4,2% de amarelos e indgenas, contando-se apenas aquelesque declararam sua raa/cor no Sistema Integrado de Administrao deRecursos Humanos Siape (total de 20.034 servidores).

    Fonte: Enap

  • 37

    Tabela 16: Raa/cor dos respondentes

    Raa/Cor Quantidade

    Branca 4770Parda 1846Preta 291Amarela 163Indgena 22

    Total 7092

    Figura 13: Distribuio dos respondentes segundo a raa/cor

    A existncia de pessoas com deficincia entre os respondentes analisada pela Tabela 17 e pela Figura 14. Pessoa com deficincia aquelaque possui impedimento de longo prazo de natureza fsica, mental,intelectual ou sensorial, segundo definio inserida da LeiComplementar no 142, de 8 de maio de 2013, e explicitamente assinaladano questionrio. Do total de respondentes, 146 (2,1%) ocupantes decargo comissionado apontaram possuir algum tipo de deficincia.

    Tabela 17: Portadores de deficincia

    Deficincia Quantidade

    No 6951Sim 146

    Total 7097

    Fonte: Enap

    Fonte: Enap

  • 38

    Figura 14: Portadores de deficincia

    A Tabela 18 e a Figura 15 trazem a escolaridade dos respondentes. Amaioria (61,8%) possui nvel maior que o de graduao, ao passo que6,1% possuem apenas o ensino fundamental ou mdio/tcnico. Napopulao de DAS, excetuando-se os cargos equivalentes, o percentualde servidores com nvel maior que o de graduao aparece como deapenas 5,4%. Tamanha disparidade deve-se, principalmente, desatualizao da informao sobre escolaridade no Sistema Integradode Administrao de Recursos Humanos (Siape), tendo em vista que osservidores somente so solicitados a preencherem esse campo quandoingressam no servio pblico. Ou seja, muitos dos respondentesprovavelmente concluram cursos mais elevados que o de graduaoaps terem ingressado no servio pblico federal e assumido o cargoque ocupam, mas no atualizaram suas informaes desde ento.

    Tabela 18: Nvel de escolaridade dos respondentes

    Escolaridade Quantidade

    Ensino fundamental 11Ensino mdio/tcnico 417Graduao 2279Especializao (ps-graduao lato sensu, MBA etc.) 2797Mestrado 1145Doutorado/ps-doutorado 448

    Total 7097

    Fonte: Enap

  • 39

    Figura 15: Nvel de escolaridade dos respondentes

    3.2. Trajetria profissional

    As perguntas a respeito de trajetria profissional solicitavam aorespondente que preenchesse o nmero de anos em que trabalhou nostipos de organizaes listadas e, caso tivesse trabalhado como gerentenessas organizaes, o nmero de anos trabalhados nessa funo. Oobjetivo dessas perguntas era traar o perfil de recrutamento dosocupantes de cargos comissionados, alm de estimar a importncia daexperincia em cargos gerenciais para nomeao. importante ressaltarque, em razo do formato da pergunta realizada no questionrio, asrespostas podem contemplar a experincia de trabalho simultnea emmais de uma atividade de trabalho. Isto , em alguns casos, os anos deexperincia no so cumulativos.

    A Tabela 19 e a Figura 16 apresentam os dados acerca da experinciaprofissional na administrao pblica federal. O grupo preponderantedentro da amostra possui mais de 26 anos de experincia (23%),enquanto que a parcela dos respondentes que no possui experinciarepresenta apenas 8,4%.

    Observa-se, tambm, que o grupo daqueles que possuem entreseis a 10 de anos de experincia significativo (21,6%), prximo doconjunto com maior nmero de ocorrncias dentro da amostra.

    A mdia de experincia na administrao pblica federal foi de 14anos, a maior dos setores analisados sobre trajetria profissional, comoser observado a seguir.

  • 40

    Tabela 19: Anos trabalhados na administrao pblica federal

    Anos de experincia Quantidade

    Nenhuma experincia 610At 5 13076 a 10 155811 a 15 91816 a 20 76821 a 25 40126 ou mais 1661

    Total 7223

    Figura 16: Anos trabalhados na administrao pblica federal

    A Tabela 20 e a Figura 17 demonstram a experincia profissional dosrespondentes na funo de gerente na administrao pblica federal. Agrande parte dos respondentes possui experincia nesse tipo de funo(76,5%), sendo que o grupo daqueles que possuem at cinco anos deexperincia o mais expressivo dentro dessa amostra (35,7%). O grupocom o menor nmero de ocorrncias o com mais de 26 anos deexperincia (2,9%).

    Ressalte-se que o conjunto daqueles que responderam no possuirexperincia nessa funo bastante alto (23,5%), comparando-se aos queno possuem apenas experincia nesse nvel de governo (8,4%), conformedemonstrado acima na Tabela 19 e na Figura 16.

    Fonte: Enap

  • 41

    A mdia de anos como gerente na administrao pblica federal,segundo o registro dos respondentes, foi de um pouco mais de seis anose meio (6,6).

    Tabela 20: Anos como gerente na administrao pblica federal

    Anos de experincia Quantidade

    Nenhuma experincia 1696At 5 25786 a 10 127711 a 15 70216 a 20 48821 a 25 27026 ou mais 211

    Total 7222

    Figura 17: Anos como gerente na administrao pblica federal

    Em relao experincia na administrao pblica estadual, a Tabela21 e a Figura 18 mostram um padro diferente comparando-se experinciano nvel de governo anterior. A maior parte dos respondentes no possuiexperincia profissional nesse nvel de governo (78,7%). Daqueles quepossuem experincia (21,3%), o grupo com at cinco anos de experinciaprepondera dentro da amostra (14,7%), sendo que as categorias restantesapresentam nmero reduzido de casos (6,6%).

    A mdia de anos trabalhados na administrao pblica estadual foide um pouco mais de 1 ano de experincia.

    Fonte: Enap

  • 42

    Tabela 21: Anos trabalhados na administrao pblica estadual

    Anos de experincia Quantidade

    Nenhuma experincia 5682At 5 10626 a 10 27511 a 15 8616 a 20 5721 a 25 2326 ou mais 36

    Total 7221

    Figura 18: Anos trabalhados na administrao pblica estadual

    J no que se refere experincia como gerente na administraopblica estadual (Tabela 22 e Figura 19), observa-se que o conjuntodaqueles que no possuem experincia nessa funo bastante elevado(91,9%). Entre aqueles que responderam possuir experincia comogerente nesse nvel de governo, a categoria que apresentou maiornmero de ocorrncia foi a com at cinco anos de experincia (5,9%).

    Percebe-se, nesse caso, que as demais categorias apresentam umaquantidade de ocorrncia reduzida (6,6%).

    A mdia como gerente na administrao pblica estadual foi de poucomais de quatro meses (0,39).

    Fonte: Enap

  • 43

    Tabela 22: Anos como gerente na administrao pblica estadual

    Anos de experincia Quantidade

    Nenhuma experincia 6640At 5 4266 a 10 9311 a 15 3416 a 20 1921 a 25 526 ou mais 5

    Total 7222

    Figura 19: Anos como gerente na administrao pblica estadual

    Com relao experincia na administrao pblica municipal (Tabela23 e Figura 20), percebe-se novamente que a maior parte dosrespondentes no possui experincia nesse nvel de governo (89,3%),representando uma taxa levemente superior comparando-se experincia anterior no nvel estadual (78,7%).

    Mais uma vez, observa-se que, entre aqueles que responderampossuir experincia no referido nvel de governo (10,7%), a categoriacom at cinco anos de experincia a preponderante (7,8%).

    A mdia de anos trabalhados na administrao pblica municipal foide cerca de seis meses (0,53), a mais baixa comparando-se s demaisexperincias nos nveis de governo anteriores.

    Fonte: Enap

  • 44

    Tabela 23: Anos trabalhados na administrao pblica municipal

    Anos de experincia Quantidade

    Nenhuma experincia 6447At 5 5666 a 10 12011 a 15 4416 a 20 1721 a 25 1826 ou mais 9Total 7221

    Figura 20: Anos trabalhados na administrao pblica municipal

    J com relao experincia como gerente na administrao pblicamunicipal, a Tabela 24 e a Figura 21 mostram que uma taxa bastanteelevada dos respondentes no possui experincia nessa funo noreferido nvel de governo (94,9%). Essa proporo prxima observada na falta de experincia como gerente na administraopublica estadual (91,9%), conforme demonstrado anteriormente naTabela 22 e na Figura 19.

    A mdia de anos como gerente na administrao pblica municipalfoi de pouco mais de dois meses (0,23), a mais baixa do grupo deexperincia como gerente.

    Fonte: Enap

  • 45

    Tabela 24: Anos como gerente na administrao pblica municipal

    Anos de experincia Quantidade

    Nenhuma experincia 6853At 5 2676 a 10 7011 a 15 2216 a 20 821 a 25 2

    Total 7221

    Figura 21: Anos como gerente na administrao pblica municipal

    Com relao experincia na iniciativa privada (Tabela 25 e Figura22), percebe-se que a maior parte dos respondentes possui experincianesse setor (63,1%), destacando-se a categoria com at cinco anos deexperincia como preponderante dentro desse grupo (37,6%).

    Observa-se, no entanto, que o grupo daqueles que no possuemexperincia alto (36,9%), representando a segunda maior categoriaem nmero de ocorrncia.

    A mdia de anos trabalhados na iniciativa privada foi de poucomais de quatro anos (4,07), a terceira maior no que diz respeito trajetriaprofissional dos respondentes.

    Fonte: Enap

  • 46

    Tabela 25: Anos trabalhados em empresa privada

    Anos de experincia Quantidade

    Nenhuma experincia 2667At 5 27196 a 10 102211 a 15 45016 a 20 19921 a 25 9826 ou mais 67

    Total 7222

    Figura 22: Anos trabalhados em empresa privada

    No tocante experincia como gerente na iniciativa privada, a Tabela26 e a Figura 23 mostram que a maior parte dos respondentes no possuiexperincia nessa funo no referido setor (73,4%), apresentando umpadro inverso comparando-se varivel que verificava apenas aexperincia no mesmo setor (36,9%), conforme demonstrado acima naTabela 25 e na Figura 22.

    Observa-se, ademais, que, dentro do conjunto que possui experincia(26,6%), novamente a categoria com at cinco anos de experincia apreponderante (17,6%).

    A mdia de anos como gerente na iniciativa privada foi de poucomais de 1 ano (1,49), a segunda maior experincia como gerente dentrodas respostas sobre trajetria profissional.

    Fonte: Enap

  • 47

    Tabela 26: Anos como gerente em empresa privada

    Anos de experincia Quantidade

    Nenhuma experincia 5301At 5 12716 a 10 41111 a 15 13116 a 20 6821 a 25 1926 ou mais 21Total 7222

    Figura 23: Anos como gerente em empresa privada

    Com relao experincia no terceiro setor (Tabela 27 e Figura 24),observa-se que uma taxa bastante elevada dos respondentes no possuiexperincia nessa rea (86,7%). Verifica-se, novamente, que, no grupodaqueles que possuem experincia nesse setor (13,3%), a categoria comat cinco anos de experincia a predominante (10,2%). A mdia deexperincia no terceiro setor foi de pouco mais de seis meses (0,56).

    Tabela 27: Anos trabalhados no terceiro setor

    Anos de experincia Quantidade

    Nenhuma experincia 6260At 5 7406 a 10 14311 a 15 4316 a 20 2421 a 25 326 ou mais 7Total 7220

    Fonte: Enap

    Fonte: Enap

  • 48

    Figura 24: Anos trabalhados no terceiro setor

    No que se refere experincia como gerente no terceiro setor (Tabela28 e Figura 25), observa-se que uma taxa bastante elevada de respondentesno possui experincia nessa atividade no referido setor (93,9%).

    Dentro do grupo que respondeu possuir experincia nessa atividadeno terceiro setor (6,1%), a categoria com at cinco anos de experinciapredominou (4,5%), acompanhando o padro verificado nas experinciasanteriores.

    A mdia de anos como gerente no terceiro setor foi de pouco mais de3 meses (0,27), a segunda menor no grupo de experincia como gerenterelativa trajetria profissional.

    Tabela 28: Anos como gerente no terceiro setor

    Anos de experincia Quantidade

    Nenhuma experincia 6785At 5 3226 a 10 7711 a 15 2316 a 20 1321 a 25 126 ou mais 1

    Total 7222

    Fonte: Enap

  • 49

    Figura 25: Anos como gerente no terceiro setor

    Em razo da experincia na administrao pblica federal ter sido amaior relativa trajetria profissional, a Tabela 29 e a Figura 26apresentam a experincia profissional nesse nvel de governo, segundoo nvel do cargo. Como se pode perceber por meio da Figura 26, cerca de50% dos respondentes nos nveis 1 a 3 possuem, no mximo, 10 anos deexperincia na administrao pblica federal. Nos nveis 4 e 5, essepercentual um pouco menor: 45% e 42%, respectivamente. Entre osrespondentes com 26 ou mais anos de experincia no mbito federal, osmaiores percentuais aparecem nos nveis 1 (26,1%) e 5 (24,1%).

    Observa-se, na Figura 26, que, quanto maior o nvel do DAS, maiselevado o nmero de anos de experincia na administrao pblicafederal. Portanto, a senioridade, isto , a experincia profissional noreferido nvel de governo, verificada na amostra em relao a essatrajetria, indo ao encontro de outros estudos recentes sobre o perfil daadministrao pblica federal.

    Tabela 29: Anos de experincia na esfera federal segundo o nvel docargo

    Fonte: Enap

  • 50

    Figura 26: Distribuio de anos de experincia na esfera federal segundoo nvel do cargo

    Em relao experincia como gerente na esfera federal segundo onvel do cargo, a Tabela 30 e a Figura 27 indicam que, quanto maior o nveldo cargo, mais elevado o nmero de anos de experincia na referidaatividade. Entretanto, a grande maioria dos respondentes afirmou ter, nomximo, cinco anos de experincia como gerente no mbito federal,especialmente entre os nveis 1 a 3, em que sse percentual varia entre58,7% (DAS 3) e 66% (DAS 2). Essa parcela de respondentes menor entreos nveis 4 e 5, com 49,8% e 45,1% do total de respostas, respectivamente.

    O maior percentual de respondentes que afirmaram ter mais de 25anos de experincia como gerente no Governo Federal est no nvel 5,com 6,3%. Observa-se, mais uma vez, a senioridade como umelemento a ser levado em considerao para a nomeao no referidocargo, nessa esfera de governo.

    Tabela 30: Anos como gerente na esfera federal segundo o nvel do cargo

    Fonte: Enap

  • 51

    Figura 27: Distribuio de anos de gerncia na esfera federal segundo onvel do cargo

    3.3. Atuao

    Nesta seo foram includas as questes sobre atuao profissional,centrais para a caracterizao dos burocratas de mdio escalo, comoaponta a literatura (PETERS, 2001; ADLER e BORYS, 1996). Nas perguntas sobreautonomia gerencial, atividades e interaes, foi usada uma escala defrequncia de cinco pontos (nunca a sempre) e uma opo no seaplica. Essas perguntas tambm incluam a categoria outros, na qual orespondente marcava a frequncia com que outras situaes ocorriame, em seguida, descrevia quais eram essas situaes em uma perguntaaberta. A pergunta sobre obstculos enfrentados no exerccio da funoseguia modelo semelhante, porm no inclua uma escala defrequncias, apenas solicitava que o respondente destacasse quaisproblemas (de trs a cinco) mais afetavam seu trabalho.

    Para encerrar o bloco de perguntas sobre atuao profissional, foramincludas as perguntas sobre fatores de importncia para nomeao acargos de DAS no rgo do respondente. Essas perguntas seguiam umaescala de importncia de cinco pontos (nada importante a muitoimportante). Cabe ressaltar que essas perguntas no incluam a opono se aplica ou no sei, para impedir que os respondentes evitassemse manifestar sobre um tema polmico (KROSNICK; PRESSER, 2010).

    A compreenso da atuao dos servidores pblicos ocupantes de DASde 1 a 5 um objetivo importante da pesquisa, em razo de essasinformaes serem praticamente inexistentes na literatura da rea ou embases de dados robustas, como o Sistema Integrado de Administrao dePessoal (Siape).

    A Tabela 31 e a Figura 28 demonstram a distribuio dos respondentessegundo o tipo de atividade exercida. H uma composio equilibrada,

  • 52

    na qual uma parte se ocupa de atividades-meio (54,2%), isto , atividadecomo convnio, oramento/planejamento, recursos humanos,tecnologia da informao, administrao/logstica etc., enquanto orestante trabalha diretamente em atividades finalsticas dasorganizaes.

    Tabela 31: Classificao da prpria atividade de trabalho

    Atividade de trabalho Quantidade

    Meio (convnio, oramento/planejamento,recursos humanos, tecnologia da informao, 3912administrao/logstica etc.)Finalstica 3307

    Total 7219

    Figura 28: Classificao da prpria atividade de trabalho

    Em seguida, os entrevistados foram questionados acerca detrabalharem na coordenao ou direo de equipes e, em caso afirmativo,foi solicitado que indicassem o tamanho das equipes, considerando-setodos os nveis hierrquicos subordinados.

    Na Tabela 32 e na Figura 29, pode-se observar que trs quartos dosocupantes de DAS so responsveis pelo gerenciamento de equipes.

    Tabela 32: Gerencia ou no equipe

    Gerencia ou no equipe Quantidade

    No 1740Sim 5481

    Total 7221

    Fonte: Enap

    Fonte: Enap

  • 53

    Figura 29: Gerencia ou no equipe

    A Tabela 33 e a Figura 30 mostram a distribuio de coordenadores ediretores de equipes segundo o nvel e a categoria do cargo comissionado.Os cargos de DAS so divididos em duas categorias: a de direo, comnumerao 101, e a de assessoramento, de numerao 102. Como possvelnotar na Figura 30, no que tange ao gerenciamento de equipes, asdiferenas entre os nveis de DAS so relativamente pequenas. Enquanto79% dos ocupantes de DAS 1, categoria 101, gerenciam equipes, 92% dosocupantes de DAS 5, na mesma categoria, so gerentes uma diferenade apenas 13 pontos percentuais. Por outro lado, as diferenas entre ascategorias 101 e 102 dentro de cada nvel j so mais perceptveis, emboramuitos respondentes na categoria 102 tenham afirmado coordenar oudirigir equipes. A maior diferena entre as categorias 101 e 102 pode servista no DAS 2, em que chega a 46 pontos percentuais. J no DAS 5, adiferena entre as categorias 101 e 102 menor: 26 pontos percentuais.

    Tabela 33: Nvel e categoria de DAS por gerenciamento de equipes

    Nvel e categoria Gerencia uma ou mais equipes?do cargo Sim No

    DAS 101.1 1117 289 1406

    DAS 101.2 1033 221 1254

    DAS 101.3 1014 168 1182

    DAS 101.4 1071 96 1167

    DAS 101.5 384 35 419

    DAS 102.1 280 296 576

    DAS 102.2 163 291 454

    DAS 102.3 190 191 381

    DAS 102.4 157 116 273

    DAS 102.5 72 37 109

    Total 5481 1740 7221

    Fonte: Enap

    Total

  • 54

    Figura 30: Nvel e categoria de DAS por gerenciamento de equipes

    A Tabela 34 e a Figura 31 apresentam as respostas para a questo dotamanho da equipe, apenas para os casos em que os respondentesdisseram gerenciar equipes. Observa-se que pouco mais da metade dosrespondentes gerencia equipes de at 10 pessoas. No outro extremo,quase um quinto gerencia equipes com 30 ou mais indivduos, com osdemais respondentes gerenciando equipes entre 10 a 30 integrantes.Esse cenrio demonstra disparidade significativa no contexto de trabalhodos gestores pblicos federais.

    Tabela 34: Tamanho das equipes

    Tamanho das equipes Quantidade

    At 5 15146 a 10 132011 a 15 66716 a 20 42021 a 25 23626 a 30 25131 ou mais 1072

    Total 5480

    Fonte: Enap

  • 55

    Figura 31: Tamanho das equipes

    A Tabela 35 e a Figura 32 trazem o nmero de pessoas nas equipessegundo o nvel do cargo. Embora a variao de respostas sejasubstancial, possvel notar uma proporcionalidade direta entre o nveldo cargo e o tamanho da equipe. De maneira geral, os ocupantes decargos de nveis 1 a 3 possuem equipes menores que as dos ocupantesde DAS 4 e 5, apesar de o nvel 5 ser o que mais sobressai nesse aspecto.Enquanto nos nveis 1 a 3 o percentual de equipes com mais de 25membros de, no mximo, 22%, no nvel 5 esse percentual chega a 46%.

    Tabela 35: Nvel de DAS por nmero de pessoas na equipe

    Nvel do Nmero de pessoas na equipe

    At 5 6 a 11 a 16 a 21 a 26 a 31 ou 10 15 20 25 30 maisDAS 1 387 357 172 115 61 71 234 1397DAS 2 472 301 116 67 45 35 160 1196DAS 3 344 295 163 93 49 61 199 1204DAS 4 255 300 169 98 52 55 299 1228DAS 5 56 67 47 47 29 29 180 455

    Total 1514 1320 667 420 236 251 1072 5480

    Fonte: Enap

    cargo Total

  • 56

    Figura 32: Nvel de DAS por nmero de pessoas na equipe

    Em seguida, apenas aqueles que afirmaram coordenar ou dirigirequipes (5.480 respondentes) responderam a perguntas sobreautonomia gerencial. Trs perguntas foram utilizadas como proxies desseconceito mais amplo: i) deciso e fixao de objetivos e metas de minhaunidade; ii) deciso sobre organizao do trabalho em minha unidadeindependente de aprovao de meus superiores hierrquicos; e iii)definio de instrumentos e tcnicas que julgo mais adequados pararealizao do trabalho em minha unidade. Para as trs dimenses,observou-se que os respondentes apontaram possuir sempre efrequentemente autonomia para executar essas aes em frequnciasque variaram de 57% a 73%, conforme a Tabela 36 e as Figuras 33A, 33B e33C. Com relao s manifestaes de maior restrio autonomiagerencial, as respostas nunca e raramente, o valor mais elevado foiencontrado na pergunta sobre decidir a organizao do trabalho daunidade independentemente da aprovao de superiores, cujo valorpara essas respostas foi de aproximadamente 15%. Nas demais, ospercentuais oscilaram em torno de 6%.

  • 57

    Tabela 36: Autonomia gerencial

    Figura 33A: Decido e fixo os objetivos e metas de minha unidade

    Figura 33B: Decido sobre a organizao do trabalho da equipe em minhaunidade independente de aprovao de meus superiores hierrquicos

    Fonte: Enap

  • 58

    Figura 33C: Defino os instrumentos e tcnicas que julgo mais adequadospara a realizao do trabalho em minha unidade

    Em seguida, todos os respondentes so perguntados sobre o tipo dearticulao com a alta gerncia de suas respectivas organizaes detrabalho, com relao oportunidade de participar de reunies com a altacpula e terem suas ideias consideradas no processo de tomada de deciso.A Tabela 37 e as Figuras 34A e 34B apresentam as distribuies de frequnciadessas perguntas. Nos dois casos, aproximadamente 40% dosrespondentes disseram que essas duas aes ocorreram sempre oufrequentemente em seu cotidiano de trabalho. Esses resultadossugerem que h uma relao direita entre a participao em reunies coma alta cpula e a considerao de ideias na tomada de deciso do rgo.

    A opo de algumas vezes corresponde a 30,5% para participaoem reunies com a alta gerncia, ao passo que atingiu o valor de 38,9%na pergunta sobre as ideias serem consideradas no processo de tomadade deciso. Para as opes nunca e raramente, os valores foram de27,4% para a questo da oportunidade de participar de reunies com aalta cpula do rgo em que trabalha e de 18,1% para as ideias seremconsideradas no processo de deciso.

    Tabela 37: Interlocuo com a alta gerncia

    Fonte: Enap

  • 59

    Figura 34A: Tive oportunidade de participar de reunies com a alta cpulado rgo em que trabalho

    Figura 34B: Minhas ideias foram consideradas na tomada de deciso dorgo em que atuo

    Um ponto relevante para se compreender a atuao dos gestoresgovernamentais a frequncia da interao com interlocutores. A Tabela38 e a Figura 35 evidenciam alguns aspectos dessas interaes. Nasalternativas de interlocuo com superiores, subordinados e colegas detrabalho, as respostas sempre ou frequentemente ocorreram para80% a 90% dos respondentes. Cerca de 30% interagem sempre oufrequentemente com outros rgos de governo (exceto Casa Civil),cidados e empresas privadas. Por fim, 15% a 20% dos respondentesinteragem sempre ou frequentemente com rgos do sistema dejustia, rgos de controle, sociedade civil, estados e municpios.Considerando os organismos internacionais e a mdia, em torno de 10%dos respondentes fizeram interlocuo em maior intensidade com essesatores. Para as demais opes, Casa Civil e polticos, a frequncia deinterao (tomando-se os valores sempre ou frequentemente) foibem menor, sendo de 5,71% e 6,52%, respectivamente.

  • 60

    Tabela 38: Interao com diversos atores na rotina de trabalho

    Figura 35: Interao com diversos atores na rotina de trabalho

    Fonte: Enap

  • 61

    De forma complementar questo sobre os interlocutores maiscomuns aos burocratas federais ocupantes de cargo comissionado, osrespondentes foram questionados sobre com que frequncia executamalgumas atividades na administrao pblica. Na Tabela 39 e na Figura36, observa-se que quase 95% dos respondentes realizam contatos econversas individuais com grande intensidade (alternativa de respostasempre ou frequentemente). Cerca de 80% realizam intensamentereunies internas e elaboram ou validam documentos para consumointerno. Para realizao de pesquisas e estudos, por um lado, ealimentao ou validao de sistemas de informao para outro, ospercentuais de respondentes que marcaram as respostas sempre oufrequentemente foram de cerca de 65% e 55%, respectivamente. Aparticipao em reunies com interlocutores externos ocorreuintensamente em quase 45% das vezes. As outras atividades soexecutadas sempre e frequentemente em proporo igual ou inferiora 30% das vezes: elaborao de documentos em carter normativo(30,80%); organizao ou participao em eventos (27,67%); viagens aservio (23,77%); elaborao de documentos de circulao externa(19,13%); e outras atividades (6,59%).

    Tabela 39: Execuo de atividades em seu atual cargo em comisso

    Fonte: Enap

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    Figura 36: Execuo de atividades em seu atual cargo em comisso

    Os respondentes foram solicitados a marcar os principais problemasou obstculos que afetam o exerccio da sua funo, at o limite de cincoopes. uma questo baseada em impresses do respondente acercadas principais dificuldades encontradas para sua atuao. Na Figura 37,observa-se que os cinco principais problemas apontados pelosrespondentes so: a) recursos e relaes humanas (71,5%); b) recursosoramentrios e financeiros (53,7%); c) processos administrativos(49,7%); d) planejamento, monitoramento e avaliao (33,1%); e e)processos legais e jurdicos (30,9%).

    importante destacar que cada uma dessas dimenses contemplaum conjunto de possveis obstculos que se renem sob uma refernciacomum. Assim, o item sobre recursos e relaes humanas significa faltade competncia tcnica, tamanho da equipe, instabilidade em suacomposio, por exemplo. O item de recursos oramentrios efinanceiros remete falta de oramento, ao contingenciamento dedespesas, inscrio em restos a pagar, entre outros. Esse detalhamentoesteve presente no questionrio enviado ao pblico-alvo, para melhorcompreenso de cada uma das dimenses apontadas.

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    Tabela 40: Problemas que afetam o exerccio da funo

    Problemas Quantidade

    Recursos e relaes humanas 5162Recursos oramentrios e financeiros 3881Processos administrativos 3591Planejamento, monitoramento e avaliao 2391Processos legais/jurdicos 2231Processos polticos 1783Outros rgos federais 1489Fiscalizao, auditoria e controle 962Estados e municpios 808Iniciativa privada 530Interao com sociedade civil 264Outro problema ou obstculo 139

    Total 7223

    Figura 37: Problemas que afetam o exerccio da funo

    Uma ltima questo, indiretamente ligada ao exerccio profissional,foi o grau de importncia atribudo pelos respondentes a alguns fatores(laos de confiana, competncia tcnica, afinidade poltico-partidria,experincia e rede de relacionamentos) para nomeao em cargoscomissionados no rgo de exerccio3. Na Figura 38, tomando-se asrespostas dadas para os itens importante e muito importante,

    3 A questo utilizou a meno ao padro de nomeao no rgo de exercciocomo estratgia para se diminuir a desejabilidade social das respostas, quepoderia inibir impresses mais sinceras sobre como se d o processo denomeao para cargos de livre nomeao e exonerao no Governo Federal.

    Fonte: Enap

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    observa-se que os critrios mais recorrentemente utilizados, segundoos respondentes, so a competncia tcnica (80,85%), seguida por laosde confiana (76,97%), experincia (72,89%) e rede de relacionamentos(55,14%). O critrio da afinidade poltico-partidria obteve o menorpercentual de respostas importante e muito importante (19,49%),sendo aparentemente menos relevante que os demais para identificaono padro das nomeaes.

    Tabela 41: Grau de importncia de alguns fatores para nomeao emcargos comissionados no seu rgo

    Figura 38: Grau de importncia de alguns fatores para nomeao emcargos comissionados no seu rgo

    Fonte: Enap

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    4. Consideraes finais

    A apresentao dos resultados obtidos com a aplicao do survey a burocratas de mdio escalo um primeiro esforo de caracterizao de um pblico ainda pouco pesquisado pela literatura brasileira, apesar de seu papel relevante no processo de formulao e implementao de polticas pblicas no mbito da administrao pblica federal.

    A amostra utilizada demonstrou paridade com a populao emdiversos aspectos, tais como sua distribuio por setores de governo equantitativo de servidores sem vnculo com a administrao pblica, oque assegurou a confiabilidade da representao em relao ao universo.Cabe ressaltar tambm o alto percentual de respondentes o quedemonstra o interesse dos servidores em participar de estudos quebuscam a compreenso do funcionamento da mquina governamental.Logo, a correspondncia dos atributos da amostra com os da populaoe a sua magnitude so fatores que corroboram para a gen