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Universidade Federal da Bahia Escola de Medicina Veterinária Mestrado em Ciência Animal nos Trópicos
Pesquisa sobre o envolvimento do marsupial Didelphis albiventris Lund, 1840 (Didelphimorphia, Didelphidae) e de cães domiciliados no ciclo de transmissão da leishmaniose visceral no município de Camaçari, localidade de Barra do
Pojuca, Bahia
CYRO DE MORAES BARBOSA GOMES NETO
SALVADOR - BAHIA
2006
ii
CYRO DE MORAES BARBOSA GOMES NETO
PESQUISA SOBRE O ENVOLVIMENTO DO MARSUPIAL Didelphis albiventris Lund, 1840 (Didelphimorphia, Didelphidae) E DE CÃES
DOMICILIADOS NO CICLO DE TRANSMISSÃO DA LEISHMANIOSE VISCERAL NO MUNICÍPIO DE CAMAÇARI, LOCALIDADE DE BARRA
DO POJUCA, BAHIA
Dissertação apresentada à Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciência Animal nos Trópicos, na área de Saúde Animal.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Franke Co-orientadora: Profª Drª Maria Emília Bavia
Salvador – Bahia 2006
iii
FICHA CATALOGRÁFICA GOMES NETO, Cyro de Moraes Barbosa PESQUISA SOBRE O ENVOLVIMENTO DO MARSUPIAL Didelphis albiventris Lund, 1840 (Didelphimorphia, Didelphidae) E DE CÃES DOMICILIADOS NO CICLO DE TRANSMISSÃO DA LEISHMANIOSE VISCERAL NO MUNICÍPIO DE CAMAÇARI, LOCALIDADE DE BARRA DO POJUCA, BAHIA – Salvador, 28 de agosto de 2006, 79p. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal nos Trópicos) – Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia, 2006. Orientador – Prof. Dr. Carlos Roberto Franke Co-orientador – Profª Drª Maria Emília Bavia Palavras-chave – Leishmaniose, leishmaniose visceral canina, reservatórios, Didelphis albiventris, sariguê, gambá, timbú.
iv
PESQUISA SOBRE O ENVOLVIMENTO DO MARSUPIAL Didelphis
albiventris Lund, 1840 (Didelphimorphia, Didelphidae) E DE CÃES
DOMICILIADOS NO CICLO DE TRANSMISSÃO DA LEISHMANIOSE
VISCERAL NO MUNICÍPIO DE CAMAÇARI, LOCALIDADE DE BARRA DO
POJUCA, BAHIA
CYRO DE MORAES BARBOSA GOMES NETO
Dissertação defendida e aprovada para obtenção do grau de Mestre em Ciência Animal nos Trópicos.
Salvador, 28 de agosto de 2006
Comissão Examinadora:
___________________________________________ Prof. Dr. Carlos Roberto Franke – EMV/UFBA
Orientador
__________________________________________ Prof. Dr. Paulo Henrique Palis Aguiar – EMV/UFBA
___________________________________________ Prof. Dr. Wilfried Klein – Instituto de Biologia/UFBA
v
Dedico este trabalho a todos aquelesque direta ou indiretamente tenhamcontribuído para o meu crescimentopessoal e profissional.
vi
AGRADECIMENTOS
• À DEUS, por tudo o que sei que Ele tem reservado para mim e mesmo
pelo que ainda ignoro pois confio em Sua sabedoria;
• A meus pais, Cyro de Moraes Barbosa Gomes Júnior e Dalva Liz Pires Moreira Gomes, que de uma forma ou de outra sempre zelaram
por mim e proveram os subsídios necessários ao meu bom
desenvolvimento. Com ênfase, à minha Mãe, Dalva Liz Pires Moreira Gomes, pessoa mais importante em toda a minha vida, sendo o alicerce
de toda nossa família e constituindo-se na minha maior incentivadora.
• A minha sempre presente e amada Vó Maria – Maria Moreira da Rocha Pires (in memorian) que com seu jeito simples sempre me
incentivava e estimulava a continuar a obter o que ela carinhosamente
chamava de “diploma de Doutor”
• Aos meus amados Arthur, Guilherme e Shirlei Pimentel Santos Barbosa Gomes, que me propiciaram a constituição de uma família.
Agradeço assim, todo o amor, carinho, momentos felizes, enfim a nossa
convivência ate então;
• Ao Prof. Dr. Carlos Roberto Franke, pela amizade e companheirismo
ao longo dos últimos anos e bem como pela liberdade e confiança em
mim depositados com o intuito de desenvolvermos esse projeto;
• Ao Prof. Dr. Carlos Roberto Franke, pelo apoio logístico e financeiro
em muitos momentos quando o LIVE não pôde suprir sozinho tais
gastos ligados `a minha pesquisa;
• Ao Prof. Dr. Carlos Roberto Franke, pela orientação ao longo desses
anos;
• Aos amigos e colegas, Alberto Conceição Bispo, Antonio Eduardo Araújo Barbosa, Aroldo Borges Carneiro, Danielle Custódio Leal, Fred da Silva Julião, Joseph Mathias Urban e Shirlei Pimentel Santos Barbosa Gomes, pelo trabalho de campo de captura de
marsupiais e coleta de amostras biológicas, bem como pela realização
de questionários epidemiológicos aos proprietários de cães examinados
no estudo.
vii
• Aos amigos e colegas, Adriano Costa de Alcântara, Bárbara Maria Paraná da Silva Souza, Danielle Custódio Leal, Débora Cristina Portella Medina Barboza, Diana Vianna Velloso Bittencourt e Lídia Silva Oliveira, do Laboratório de Infectologia Veterinária (LIVE), pela
realização dos exames laboratoriais das amostras coletadas em Barra
do Pojuca, tanto de marsupiais quanto de cães;
• Aos Médicos-veterinários amigos Alberto Conceição Bispo, Alex Aguiar de Oliveira, Antonio Marcos Machado Regis, Fred da Silva Juliao, Nivaldo de Jesus que foram companheiros em muitos
momentos de minha graduação.
• Ao LIVE pelo subsídio de grande parte deste projeto, custeando aos
gastos de aluguel, de água e luz do imóvel utilizado como base de
pesquisa em Barra do Pojuca;
• Ao Professor Geovane Bonina Costa, pelo empréstimo do Freezer do
Lana (Laboratorio de Nutrição Animal) que por sinal consumia uma
energia incomensurável;
• À FAPESB pela bolsa de mestrado de um ano, bem como pelo auxilio
financeiro ao projeto de mestrado no ano de 2005;
• Ao Mestrado em Medicina Veterinária Tropical (Ciência Animal nos Trópicos), mais especificamente nas pessoas de seu coordenador na
época, o Prof. Dr. Ricardo Castelo Branco Albinati, do Prof. Dr. Carlos
Roberto Franke e de Jefferson Costa;
• Aos acadêmicos em Medicina Veterinária da UFBA, Ana Paula Portela
Gomes, Ana Paula, Ianei Oliveira;
• A Secretária de Saúde de Camaçari;
• Ao Centro de Controle de Zoonoses (M.V. Marcos Nogueira);
• Ao Centro de Saúde de Barra do Pojuca, mais especificamente aos
agentes de saúde João Gifone, Manuel, Francisco e Antônio;
viii
“De tudo ficou, ficaram três coisas: a certeza que estamos sempre começando,
a certeza que é preciso continuar a certeza que podemos ser interrompidos
antes de terminar. Fazer da interrupção
um novo caminho, fazer da queda um passo de dança,
do medo, uma escada, do sonho, uma ponte
e da procura, um encontro.
Fernando Sabino
ix
SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................x
RESUMO.........................................................................................................xi SUMMARY......................................................................................................xii 1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................... 4
2.1. ETIOLOGIA....................................................................................... 4
2.2. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA........................................................ 9
2.3. VETOR.............................................................................................. 11
2.4. CONTROLE...................................................................................... 12
2.4.1. Técnicas parasitológicas para o diagnostico da LV................ 17
2.5. RESERVATÓRIOS............................................................................27
2.5.1. Cão (Canis familiaris)...............................................................27
2.5.2. Animais Selvagens...................................................................29
2.5.2.1. Raposas.........................................................................31
2.5.2.2. Marsupiais......................................................................32
3. ARTIGO CIENTÍFICO..............................................................................36 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................55 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................56 ANEXO I. Questionário Epidemiológico ........................................................77
x
LISTA DE ABREVIATURAS ELISA Ensaio imunoenzimático (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay)
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais não-
renováveis
K Corresponde a G ou T (Combinação de primer degenerado)
LV Leishmaniose visceral
LVC Leishmaniose visceral canina
OMS Organização Mundial de Saúde
OPD Orto-FenilenoDiamina (ortho-PhenyleneDiamine)
PCR Reação em cadeia de polimerase (Polymerase Chain Reaction)
S Corresponde a C ou G (Combinação de primer degenerado)
W Corresponde a A ou T (Combinação de primer degenerado)
xi
GOMES NETO, C.M.B. PESQUISA SOBRE O ENVOLVIMENTO DO MARSUPIAL (Didelphis albiventris) E DE CÃES DOMICILIADOS NO CICLO DE TRANSMISSAO DA LEISHMANIOSE VISCERAL NO MUNICIPIO DE CAMAÇARI, LOCALIDADE DE BARRA DO POJUCA, BAHIA. Salvador,
Bahia, 2006. 56 p. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Ciência Animal nos
Trópicos) – Escola de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia,
2006.
RESUMO
O marsupial Didelphis albiventris LUND, 1840 (Mammalia, Marsupialia) vem
sendo citado na literatura como importante reservatório de algumas zoonoses,
dentre elas a leishmaniose visceral (LV), a leishmaniose cutânea, a Doença de
Chagas, doenças consideradas pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
como endemias de ação prioritárias. Nosso estudo na localidade de Barra do
Pojuca, Camaçari, Bahia, avaliou a prevalência da leishmaniose visceral em
marsupiais e cães pelas técnicas de ELISA e PCR. Os resultados apontam
para uma participação da espécie Didelphis albiventris na epidemiologia da
doença com uma soroprevalência de 26,7% (4/15) e 64,7% (11/17) positivos na
PCR. A prevalência da população canina foi de 15,6% (39/253), mostrando que
comparada a estudos realizados em 2003 esta taxa não tem diminuído, apesar
do controle vetorial e do reservatório canino realizado pelos agentes da saúde
na área. Os resultados mostram a necessidade de ampliar o conhecimento,
buscando definir com clareza o papel da espécie Didelphis albiventris no ciclo
de transmissão da L. chagasi e o risco que representa para as populações
humanas e caninas nas áreas endêmicas.
PALAVRAS-CHAVE: leishmaniose visceral, Didelphis albiventris, reservatório
selvagem, Leishmania chagasi, Bahia
xii
GOMES NETO, C.M.B. THE EVALUATION OF OPOSSUM (Didelphis albiventris) AND DOMICILIATED DOGS INVOLVEMENT IN THE VISCERAL LEISHMANIASIS TRANSMITION CYCLE IN THE MUNICIPALITY OF CAMAÇARI, LOCALITY OF BARRA DO POJUCA, BAHIA. Salvador, Bahia,
2006. 56 p. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Ciência Animal nos
Trópicos) – Escola de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia,
2006.
SUMMARY The opossum Didelphis albiventris LUND, 1840 (Mammalia, Marsupialia) has
been considered an important reservoir of some zoonosis in the literature, like
visceral and cutaneous leishmaniasis and Chagas disease, which are
considered by WHO as high priority endemic diseases. Our study, carried out in
the area of Barra do Pojuca (Camaçari, Bahia), evaluated the visceral
leishmaniasis seroprevalence in opossum and dogs using indirect ELISA and
PCR. The findings point out the involvement of Didelphis albiventris in the
disease epidemiology, presenting a seroprevalence of 26,7% (4/15) and 64,7%
(11/17) positivity by PCR. The canine population prevalence reached 15,6%
(39/253), showing that, compared to a study performed in 2003, its prevalence
is not decreasing, despite vector and canine reservoir control has been done by
the health control agents in the area. The results presented here clearly ask for
an increase of knowledge, looking to define properly the role of Didelphis
albiventris in the Leishmania chagasi transmission cycle and risk for human and
canine populations in the endemic areas.
KEYWORDS: Visceral Leishmaniasis, Didelphis albiventris, wild reservoirs,
Leishmania chagasi, Bahia
1
1. INTRODUÇÃO
A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose causada por protozoários do gênero
Leishmania, transmitida ao homem, ao cão, e a alguns animais selvagens,
principalmente àqueles de hábitos sinantrópicos, através da picada da fêmea do
flebotomíneo Lutzomyia longipalpis (LUTZ & NEIVA 1912) (BADARÓ, et al. 1986;
LAINSON et al. 1987; GRIMALDI et al. 1989; CORREDOR et al. 1989a,
ASHFORD, 1997; TRAVI, 1998a) quando do advento de seu repasto sanguíneo,
onde este inocula formas promastigotas do parasito L. chagasi (CUNHA &
CHAGAS, 1937) em um outro hospedeiro (BRASIL, 2003). A LV é causada pela L.
chagasi (nas Américas) e Leishmania infantum (no Velho Mundo). A L. chagasi é o
principal responsável pela infecção leishmaniótica no Brasil (MARZOCHI et al.,
1981; DESJEUX, 1996; MILES et al., 1999).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a incidência anual da LV no
mundo é de cerca de 500.000 novos casos humanos, dos quais 90% concentram-
se no Brasil, Bangladesh, Nepal (DESJEUX, 2004; BERN et al. 2005), Índia e
Sudão. A doença no Brasil é predominante na Região Nordeste com
aproximadamente 77% dos casos nacionais (BRASIL, 2003), valendo ressaltar
que esta proporção está diminuindo em virtude do surgimento de novos focos na
região Sudeste, principalmente em Minas Gerais (OLIVEIRA et al. 2001). O estado
da Bahia desponta entre os estados brasileiros como o de maior número de casos
de leishmaniose visceral humana, tendo registrado em média 1.500 novos casos
por ano (FRANKE, et al. 2002b, BRASIL, 2003).
A LV é uma doença de grande impacto na saúde pública (CUNHA et al. 1995;
TESH, 1995; DESJEUX, 1996; BEVILACQUA et al., 2001; SAVANI et al., 2003),
caracterizando-se pela evolução crônica e debilitante (DEANE & DEANE, 1954;
MARZOCHI, et al. 1981), além de oportunista (WHO, 1997; WOLDAY et al. 1999;
LYONS et al. 2003) e especialmente agressiva aos indivíduos com nutrição
2
deficiente e de baixa condição socioeconômica (CERF et al. 1987), ou que vivam
em regiões especialmente afetadas por longas secas agravadas pela ocorrência
periódica do El Niño (EVANS et al. 1990, 1992; THOMPSON et al. 2002; FRANKE
et al. 2002a). Segundo SHERLOCK (1996), o ciclo de transmissão da LV envolve
a participação de animais selvagens como marsupiais (Didelphis albiventris) e
raposas (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766), além de outras espécies selvagens e
domésticas (cachorro-do-mato, marsupiais, asnos, roedores) (COURTENAY et al.
1994, 1996; ZERPA et al. 2002; CERQUEIRA et al. 2003; MOHEBALI et al. 2005),
porém, dados epidemiológicos mais precisos ainda são insuficientes para
quantificar estas relações, demandando estudos específicos com este propósito
(ARIAS & NAIFF, 1981; SILVEIRA et al. 1982; TRAVI et al. 1994, 1998a, 1998b;
CABRERA et al. 2003; LAINSON, et al. 2005).
Com a descoberta de um espécime de D. albiventris naturalmente infectado por L.
chagasi em Jacobina – Bahia (SHERLOCK et al. 1984, 1988b) e com a
confirmação através de infecção experimental (SHERLOCK et al. 1988a), o
espectro epidemiológico da LV no mundo foi ampliado, no entanto as medidas
praticadas pelos órgãos de saúde para o controle da LV permanecem sendo o
diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanos, controle da população
canina e vetorial (DEANE & DEANE, 1954; ALENCAR, 1956; DYE, 1996; BRASIL,
2003). A inclusão de medidas relativas ao controle populacional de reservatórios
selvagens do parasito ainda não tem sido cogitada, apesar dos indícios sobre o
papel de reservatório destas espécies, contribuindo para a reintrodução do
parasito nas populações humanas e caninas em áreas onde as ações de controle
são aplicadas (DYE, 1996; DIETZE et al. 1997).
Os didelfídeos (do latim Di = duplo e Delphos = ventre), como o próprio nome
indica, possuem uma gestação dividida em duas fases, onde uma etapa ocorre no
útero do animal, seguida pela fase final que transcorre no marsúpio. As espécies
do gênero Didelphis têm sido utilizadas experimentalmente em vista desta
característica reprodutiva (RENFREE, 1981; CÁCERES, 2002), permitindo a
3
observação do desenvolvimento embrionário em virtude da produção de embriões
facilmente acessíveis, o que se torna interessante aos estudos histológicos,
toxicológicos e reprodutivos (BLOCK, 1960; SHERWOOD, et al. 1969). Alguns
autores têm se dedicado ao estudo deste gênero, abordando temas como: a dieta,
o comportamento, o uso e distribuição espacial e o potencial de dispersor de
sementes em floresta pela espécie D. albiventris (CÁCERES, 2000; 2002; 2005); a
participação do D. albiventris na epidemiologia da Doença de Chagas (JANSEN et
al. 1991, 1997, 1999, 2003, 2005; SCHWEIGMANN et al. 1999) entre outros
aspectos.
O presente trabalho dedicou-se à avaliação do possível envolvimento da espécie
D. albiventris no ciclo da leishmaniose visceral canina (LVC), objetivando contribuir
para o conhecimento sobre este novo aspecto epidemiológico e para a reflexão
sobre o aprimoramento das medidas de controle desta zoonose.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ETIOLOGIA
O primeiro reconhecimento dos parasitos pertencentes, atualmente, ao gênero
Leishmania foi feito por CUNNINGHAM em 1885. Apesar disso, somente em 1900
William Leishman encontrou formas amastigotas distintas em vertebrados
infectados por Trypanossoma. Em 1903, Charles Donovan também encontrou o
mesmo parasito em pacientes que apresentavam a Doença de Chagas. No
entanto as anotações de Leishman só foram publicadas em 1903, em virtude da
coincidência nas datas os pesquisadores foram homenageados através do nome
dado ao parasito - Leishmania donovani.
O gênero Leishmania Ross, 1903 (Kinetoplastida: Trypanossomatidae) inclui
aproximadamente 30 espécies diferentes que são classificadas em dois
subgêneros, Leishmania e Viannia, possuindo padrões epidemiológicos distintos e
algumas espécies com acentuada preferência por reservatórios específicos
(MOMEM, 2000).
Nicole e Compte (1908), em trabalho realizado na Tunísia, encontraram
leishmania em cães e sugerem a efetiva participação dos colonizadores
portugueses e espanhóis na introdução da L. chagasi no Novo Mundo, através da
provável vinda de cães infectados acompanhando os primeiros colonizadores.
As leishmanioses representam um grande impacto à saúde pública nas regiões de
sua ocorrência, sendo considerada pela OMS como uma das seis principais
endemias da atualidade. Os protozoários pertencentes ao complexo Donovani,
envolvidos na forma visceral da doença são divididos em três espécies L. chagasi,
L. infantum e L. donovani, as quais apresentam ainda sub-espécies que diferem
entre si por ínfimas frações gênicas, distribuição geográfica, predileção por
5
hospedeiros, reservatórios e vetores (CUNHA et al. 1995; TESH 1995; DESJEUX,
1996; BEVILACQUA et al., 2001; SAVANI et al. 2003).
O agente etiológico da LV nas Américas é o protozoário denominado L. chagasi.
Este protozoário apresenta um ciclo biológico heteroxênico, apresentando duas
formas distintas: a forma promastigota, presente no vetor (Lutzomyia longipalpis)
que se caracteriza por ser flagelada e considerada como a forma infectante
(transmitida pelo vetor aos novos hospedeiros - homem, cães ou animais
selvagens), e a forma aflagelada ou amastigota, encontrada no interior de
macrófagos e monócitos, apresentando um tropismo pelo sistema fagocítico
mononuclear dos hospedeiros e reservatórios (DESJEUX et al. 1983; LAINSON et
al. 1985; LE PONT & DESJEUX, 1985; BRASIL, 2003; TAUIL, 2006).
Dentre os principais fatores responsáveis pelo aumento de risco de infecção por L.
chagasi em humanos, a presença de cães infectados é um dos mais importantes
em áreas periurbanas e urbanas. A elevação da prevalência canina precede
freqüentemente ao surgimento de novos casos humanos de LV na mesma área
(PARANHOS-SILVA et al. 1996; COSTA et al. 1990, 1999). Especialmente em
crianças, o estado nutricional apresenta um relacionamento direto com a forma
evolutiva de manifestações clinicas da doença, apresentando os sintomas
clássicos evidenciados em indivíduos em estagio de subnutrição ou desnutrição
avançados (ZERPA et al. 2003). Estudos experimentais na África tem
demonstrado que uma pessoa que apresente uma alimentação deficitária em
energia, proteína, ferro e vitamina A tende a apresentar falhas no funcionamento
dos linfonódos e conseqüentemente incapacidade de responder imunologicamente
às alterações decorrentes da LV (CERF et al. 1987; HARRISON et al. 1986;
ANSTEAD et al. 2001; ALVAR et al. 2006).
Além dos fatores sócio-econômicos, determinantes da qualidade de vida das
populações, condições ambientais como, influencia da temperatura,
desmatamento, seca prolongada, criação de animais domésticos (cão, galinhas,
6
porcos, caprinos, bovinos) ou determinadas práticas agrícolas que atraiam direta
ou indiretamente o vetor e ou reservatórios selvagens ao peridomicílio, contribuem
para o aumento do risco de infecção das populações humanas e caninas
susceptíveis. (LANE, 1986; BRAZIL et al. 1987; CERF et al. 1987; MUTINGA et al.
1989; KILLICK-KENDRICK, 1990; BRANDAO-FILHO et al. 1999; LAMPO, 2000;
ALEXANDER et al. 2002; FRANKE, 2002a; BERN et al. 2005; MORAES SILVA,
2006).
A incidência da LV em crianças é mais proeminente em virtude do
desenvolvimento incompleto de seu sistema imune, visto que ainda não se atingiu
a maturidade imunológica. Estudos científicos vêm sendo realizados com o
objetivo de se determinar em que momento essa maturidade é atingida, no
entanto sabe-se que a faixa etária de 24 a 71 meses é a mais atingida pela LV.
Outra categoria que apresenta grande incidência corresponde a dos indivíduos
adultos portadores de AIDS ou de outras patologias de caráter imunodepressor
(PEARSON et al. 1996; SUNDAR et al. 1994; DI MARTINO et al. 1997; BADARÓ
et al. 1990; CALDAS et al. 1999; THOMPSON, et al. 2002; PAREDES et al. 2003).
Os portadores de co-infecção Leishmania/HIV têm sido considerados importante
fonte de infecção, através da doação de sangue ou quando são usuários de
drogas injetáveis pelo compartilhamento da seringa (ALVAR et al. 1994).
O clima desempenha um importante papel no ciclo epidêmico da LV, através de
alterações ecológicas, demográficas e ambientais, movimentos populacionais e
processos de urbanização, especialmente em regiões endêmicas expostas a
regimes pluviométricos irregulares, com prolongados períodos de estiagem.
ELNAIEM e colaboradores (2002) provaram que a influencia da precipitação
pluviométrica media e da altitude exercem sobre a presença e a incidência de LV
no Sudão. Com o corrente fenômeno de “aquecimento global” as alterações
ecológicas e ambientais de origem natural ou antrópica podem levar a alterações
em toda estrutura de fauna e flora de uma região conduzindo à formação de um
novo microclima propicio à proliferação de flebótomos ou ao seu deslocamento
7
para uma região anteriormente indene para LV. Os processos de urbanização,
movimentos de transumância, êxodo rural e outras formas de migração também
podem acarretar em adensamentos populacionais e ter como conseqüência a
habitação em condições de pobreza e de precariedade higiênico-sanitária, fatores
relevantes em se tratando de LV (TRAVI et al. 2002; BALDI et al. 2004). Entre as
influências que o clima pode ocasionar em relação à incidência da LV já estão
comprovadas, a diminuição da carga vetorial e conseqüente queda nas
incidências canina e humana, outra influencia seria o aumento do êxodo rural. A
modificação da paisagem natural, tanto por influência humana ou não pode
conduzir ao surgimento de novos ciclos da doença em uma região (TEODORO,
1987). Como alterações climáticas, normalmente, originam-se de causas
múltiplas, é de se esperar que os resultados dessas alterações também sejam os
mais variados possíveis, sendo assim, em se tratando do impacto que essas
possíveis alterações possam ter frente a incidência da LV, é imprescindível que os
estudos relacionados a esse tema considerem tanto a sazonalidade quanto os já
conhecidos fenômenos climáticos (PATZ et al. 2000; ELNAIEM et al. 2002;
FRANKE et al. 2002a).
Observa-se em períodos longos de seca uma redução da densidade da população
vetorial (de flebotomíneos), reduzindo conseqüentemente a pressão de infecção e
a incidência da LV. Com a chegada do período de chuvas, a densidade vetorial
que estava minimizada passa a multiplicar-se intensamente levando a um
reequilíbrio da quantidade inicial dessa população. Nesse intervalo de tempo, a
população de hospedeiros (homens e cães) tornou-se mais suscetíveis a infecção,
em virtude das migrações e de nascimentos de crianças, ocorridos desde o início
da estação de seca, compondo uma população sem exposição prévia ao parasito.
Nestes casos observa-se um incremento da incidência da LV nas regiões mais
atingidas pela seca (THOMPSON et al. 2002; PETERSON et al. 2002). Fato
semelhante foi observado por FRANKE e colaboradores (2002a) associado à
ocorrência do fenômeno climático conhecido por El Niño e sua influência
acentuada na região semi-árida do Estado da Bahia, quando os autores
8
observaram a elevação periódica da incidência anual da LV posterior a todos os
períodos de ocorrência do El Niño. A partir dessa analise do El Niño, em estudo
realizado na Colômbia, CARDENAS e colaboradores (2006) verificaram que a
incidência de LV aumentava com a chegada do El Niño e diminuía nas fases em
que La Niña se manifestava.
Alterações ambientais de caráter antrópico, como desmatamento, promoção de
queimadas, construção de habitações, aberturas de estradas entre outras, estão
associadas ao surgimento endêmico da LV, em virtude da redução dos nichos
ecológicos de espécies animais e vetores (potencialmente infectados com L.
chagasi) e do aumento de disputas intra e interespecificas por espaço e alimento,
ocasionando a imigração destes para as áreas periurbanas em busca de alimento
e abrigo, dando início a disseminação de LV nas populações humana e canina
destas áreas (PATZ et al. 2000; MOLYNEUX, 1998; GUERRA et al. 2004).
KILLICK-KENDRICK (1997) relata a característica inicial da LV na região sul da
Europa como sendo predominantemente rural, evoluindo na atualidade para um
perfil epidemiológico mais urbano, devido à migração de pessoas e animais
infectados e aglomeração de pessoas em condições precárias de saneamento
básico.
Algumas profissões a exemplo de garimpeiros, pesquisadores, dentre outras,
expostas ao contato direto e prolongado com o meio natural, e pessoas que se
dedicam ao acampamento, escotismo, entre outras atividades ou esportes que
tenham o ambiente de silvático como componente, expõem-se mais às picadas do
inseto vetor incrementando o risco de infecção, valendo ressaltar que em estudo
realizado em tribos indígenas de Roraima os garimpeiros serviram realmente
como fonte de infecção (GUERRA, et al. 2004).
9
2.2 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
A LV está amplamente distribuída pelo mundo, ocorrendo em todos os continentes
com exceção da Antártida e Austrália (DEREURE et al. 1999). No entanto, alguns
poucos países concentram a maior parte da casuística como Bangladesh, Nepal,
Índia, Sudão e Brasil registrando cerca de 90% dos casos. A LV é endêmica em
88 países (22 das Américas e 66 no Velho Mundo), apresentando uma incidência
média anual de 500.000 casos (MONTEIRO et al. 1994; DESJEUX, 1996).
HAMIDI e colaboradores (1982) avaliaram no Norte do Irã a prevalência de LV
entre chacais e cães, registrando 4/161 chacais e 3/100 cães parasitologicamente
positivos, sendo que a sorologia (IFAT), realizada em um número mais reduzido
de animais, apresentou positividade em 6/48 e 6/34 respectivamente.
FIGURA 01. Distribuição de casos leishmaniose visceral no mundo segundo a Organização Mundial de Saúde, 2003. No Brasil, a LV concentra-se na região Nordeste com o registro de
aproximadamente 72% dos casos nacionais (BRASIL, 2003). Há pouco menos de
uma década esse numero correspondia a 92%, no entanto com o surgimento de
novos casos da doença em outras capitais e metrópoles brasileiras, a exemplo do
Rio de Janeiro (RJ), Araçatuba (SP), Santarém (PA), Corumbá (MS), Teresina
10
(PI), Natal (RN), São Luís (MA), Fortaleza (CE), Camaçari (BA) e mais
recentemente as epidemias ocorridas nos municípios de Três Lagoas (MS),
Campo Grande (MS) e Palmas (TO). Historicamente, o estado da Bahia tem
apresentado o maior número de novos casos de LV humana dentre os estados
brasileiros, com uma média de 1.500 casos por ano e um acelerado processo de
expansão da área endêmica nas últimas décadas (FRANKE, et al. 2002b,
BRASIL, 2003). Franke e colaboradores (2002b) demonstraram, através de mapas
temáticos, baseados em uma longa serie histórica (1985 a 1999) da leishmaniose
visceral e cutânea no estado da Bahia, que a propagação da doença é um fato
concreto e que com o passar dos anos vem se intensificando.
FIGURA 02. Distribuição de casos autóctones de leishmaniose visceral segundo município, Brasil 2002.
11
2.3 VETOR
O principal vetor da LV no Brasil é a Lutzomyia longipalpis (LUTZ & NEIVA, 1912),
havendo relatos também do envolvimento da Lutzomyia cruzi no Estado do Mato
Grosso Sul. (DOS SANTOS et al. 1998). O L. longipalpis (Diptera: Psychodidae:
Phlebotominae) é um inseto díptero flebotomíneo vulgarmente denominado de
“asa branca”, “birigui”, “tatuquira”, “mosquito palha”, “cangalhinha”, medindo de 1 a
3 mm apresentando o comportamento de pousar com as asas entreabertas e de
voar em pequenos saltos. Informações a respeito de comportamento, habitat,
hábitos reprodutivos ainda são escassos. (DEANE, 1961; LAINSON, et al. 1977,
1984, 1985; ZELEDON, et al. 1984; GONÇALVES, 1985; CARRASCO &
MORRISON, 1998).
A L. chagasi é transmitida pela fêmea da espécie L. longipalpis, a qual apresenta
hábito hematófago, especialmente durante seu período reprodutivo, em virtude da
demanda por um suprimento protéico necessário a produção de ovos. A ingestão
de sangue em um animal infectado – com macrófagos contendo formas
amastigotas de L. chagasi – irá acarretar a infecção do vetor. Decorridos alguns
dias (aproximadamente sete dias), essas formas amastigotas sofreram alterações
bioquímicas e estruturais e convertem-se em formas intermediárias (exclusiva do
vetor) denominadas paramastigotas e começam a fixar-se nas paredes do
aparelho digestivo do inseto até atingir a probóscide do inseto, se transformam na
forma flagelada infectante denominada promastigota. Considera-se que o acúmulo
destas formas na probóscide do inseto dificulte novos repastos sanguíneos,
fazendo com que o vetor aumente a freqüência destes repastos, possivelmente
ampliando o número de animais picados. Esta obstrução parcial da probóscide
provocaria, também, um movimento de regurgitação do conteúdo (inclusive com
formas promastigotas do parasito) para o interior do hospedeiro durante o ato de
sugar o sangue o que facilitaria a disseminação da infecção entre um número
maior de hospedeiros (DYE, 1996; LAINSON et al.2005).
12
Matéria orgânica, sombra e umidade são condições essenciais para o
desenvolvimento de larvas de L. longipalpis, sendo essa espécie de flebotomíneo
muito bem adaptada ao ambiente antropizado, e, por conseguinte, provando que a
presença desta espécie em grandes centros urbanos é plenamente viável e fator
desencadeador de surtos epidêmicos de LV (FERRO et al. 1997; OLIVEIRA et al.
2000; RANGEL & LAINSON 2003; MISSAWA & LIMA 2006; OLIVEIRA et al.
2006). O vetor tem hábito noturno quando busca ativamente os animais para seu
repasto sangüíneo. Exemplares adultos são encontrados durante o dia abrigados
em fendas nas pedras, cavernas, galinheiros ou no peridomicílio e intradomicílio.
As fêmeas são atraídas pelos feromônios exalados pelos machos e também por
odores de outros animais, a exemplo de emanações da pele de seres humanos,
bem como pelo CO2 resultante da respiração de cada individuo ou animal
(OSHAGHI et al., 1994; HAMILTON & RAMSOONDAR, 1994; URIBE, 1999;
PINTO et al. 2001; O`SHEA et al. 2002).
2.4 CONTROLE
Para o controle dos focos epidêmicos da LV no Brasil, têm sido preconizadas três
medidas de intervenção: 1. Realização de inquérito sorológico na população
canina, seguido da eliminação dos cães soropositivos; 2. Controle do vetor pela
utilização de inseticidas; 3. Diagnóstico e tratamento dos casos humanos da
doença (WHO, 1993; 1996; LACERDA, 1994; ASHFORD, 1998). Estas medidas já
haviam sido sugeridas desde a década de cinqüenta por DEANE (1954, 1958), e
continuam sendo, praticamente, os únicos recursos para conter os focos
epidêmicos da LV. Mais recentemente, em 2003, com o lançamento do Manual de
13
Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral do Ministério da Saúde, uma nova
medida vem sendo estimulada para tentar controlar a LV definitivamente. Tal
medida baseia-se na conscientização das populações residentes em áreas de
risco de infecção por LV através de atividades de educação em saúde que visem
uma integração maior entre a referida comunidade e os agentes de saúde locais
(BRASIL, 2003).
A LV corresponde atualmente a uma zoonose que apresenta rápida expansão
geográfica no Brasil. Ao longo das últimas décadas, a ineficiência das medidas de
controle ate então adotadas ou a sua não aplicação adequada conduzem a uma
redução apenas temporária da incidência da doença nas áreas atingidas
(SHERLOCK, 1996; FRANKE, 2002b).
A realização de inquéritos sorológicos caninos (amostrais ou censitários), além de
sua função de controle do reservatório canino em extensas áreas, tem papel
fundamental na detecção de focos silenciosos da doença e na delimitação de
regiões ou setores de maior prevalência, onde a execução das medidas de
controle se faz mais necessária. No entanto, limitações no orçamento e na
disponibilidade de pessoal capacitado reduzem a contribuição dos inquéritos a
simples dados gerais de prevalência, pouco adicionando à compreensão das
interações entre ambiente, hospedeiro, reservatório, vetor e aspectos
socioeconômicos próprios da região. No entanto, é justamente com base no
conhecimento sobre estas interações locais que as estratégias de controle da LV
devem ser elaboradas e continuamente ajustadas às subseqüentes alterações
identificadas através de pesquisas específicas (DESJEUX, 2001).
Duas hipóteses são normalmente formuladas para tentar explicar a ineficiência
das medidas de controle da LV e, sobre estas hipóteses, baseia-se quase a
totalidade das investigações epidemiológicas já realizadas. A primeira hipótese
consiste no fato que os testes sorológicos utilizados nos inquéritos caninos falham
ao tentar detectar todos os casos positivos na área estudada, permitindo a
14
permanência de cães infectados, os quais serão responsáveis pela continuidade
da transmissão do parasito nas áreas endêmicas (ALVES & BEVILACQUA, 2004);
a segunda hipótese: nos focos endêmicos da LV, a presença de pessoas com
infecção assintomática constituem importante reservatório do parasito, viabilizando
a continuidade da transmissão nas populações humanas e caninas. Na atual
literatura, ambas hipóteses seriam capazes de justificar o baixo impacto da
eliminação de cães soropositivos sobre a redução da incidência humana da LV
observado em recentes pesquisas (PARANHOS-SILVA et al., 1996; DIETZE,
1997; ASHFORD et al. 1998). No entanto, na literatura brasileira é marcante a
falta de dados conclusivos sobre o envolvimento da fauna sinantrópica (espécies
de roedores, marsupiais e raposas) atuando como reservatório primário da L.
chagasi e sua relação com o registro de casos caninos e humanos da doença.
A hipótese sobre o envolvimento de espécimes de roedores, marsupiais e raposas
na epidemiologia da LV é tão coerente quanto as anteriores para explicar a
ineficiência das medidas de controle, podendo, esta terceira hipótese ser
formulada como segue: o endemismo da LV é decorrente da existência de uma ou
mais espécies de animais silvestres de hábito sinantrópico, ainda não
corretamente avaliadas, atuando como reservatório primário da L. chagasi e
contribuindo, como tal, para uma contínua reintrodução do parasito nas
populações humana e canina através da ação do vetor.
Os trabalhos realizados por LAINSON (1988) e ASHFORD (1996), fornecem
vários exemplos que corroboram com esta hipótese, apresentando uma revisão
sobre as espécies de animais domésticos e selvagens, possivelmente envolvidas
na epidemiologia das leishmanioses na América Latina e em outros continentes.
Além destes, outros trabalhos, também, apontam para a necessidade de estudos
mais detalhados sobre a participação de espécies sinantrópicas no ciclo da LV,
dentre eles podemos citar: MELO et al. (1988) e SILVA et al. (2000) estudando as
raposas; HEISH et al. (1959) e BETTINI et al. (1980) estudando roedores;
15
SHERLOCK et al. (1984, 1988) e CORREDOR et al. (1989b) estudando
marsupiais e roedores.
A LV é uma das doenças mais negligenciadas no mundo atualmente, com um
impacto significativo nas comunidades de baixa renda, em virtude do investimento
no desenvolvimento de novas drogas ser escasso (YAMEY et al. 2002). Alem
disso, o tratamento de cães com drogas anti-leishmaniais, segundo REITHINGER
(2002), não é uma política de controle prático e eficaz, devido à manutenção do
parasito nas comunidades para uma reinfeçcao do flebotomíneos e perpetuação
da infecção em comunidades endêmicas; outro fator complicador reside no
elevado custo das drogas e da alta taxa de reincidiva entre cães tratados e
clinicamente curados (MODABBER, 1989; ROJAS et al. 2006). O que se denota
do supracitado é, realmente, que não se cura um animal portador de LV e sim se
ameniza os sinais clínicos decorrentes dessa doença. Considera-se assim, que as
estratégias alternativas de controle canino, como o uso de coleira impregnada com
inseticida tópico (deltametrina) associadas às medidas higiênico sanitárias
preconizadas são necessárias enquanto se aguarda a criação de uma vacina para
leishmaniose com eficácia comprovada e cobertura vacinal satisfatória (KILLICK-
KENDRICK et al. 1997; GAVGANI et al. 2002).
O tratamento clínico de cães portadores de LV não é recomendado em virtude da
possibilidade, ainda que remota, de se fomentar a formação de cepas resistente
do parasito ao tratamento com antimoniais pentavalentes. Outrossim, a presença
parasitos nos cães infectados que, por ventura, estejam sob tratamento, torna-se
16
um risco iminente de reinfecçao aos seres humanos e animais que coabitem o
mesmo ambiente que esse animal tratado (MODABBER 1989; ALVAR et al. 1994;
REITHINGER, 2002; ROJAS et al. 2006 BERMAN et al. 1982; Jackson 1990;
Robledo et al. 1999 ). No Brasil, o único antimoniato encontrado para uso
comercial no Brasil é o Glucantime (antimoniato de N-metil glucamina) distribuído
pelo sistema único de saúde, no entanto o Ministério da Saúde proibiu a utilização
deste medicamento por veterinários em seus pacientes em virtude de ser um
medicamento de uso humano, no tratamento de cães. Esta medida tem
estimulado, por parte dos clínicos veterinários, a importação do medicamento,
permanecendo o risco de surgimento de parasitos resistentes em decorrência da
rotina de tratamento da LV canina.
17
2.4.1 Técnicas parasitológicas para o diagnostico da LV O exame parasitológico pode ser feito a partir de biópsias aspirativas esplênicas,
medulares, hepáticas e de linfonódos das seguintes formas: 1ª) exame direto dos
aspirados em lâminas por microscopia ótica; 2ª) microscopicamente, verificando
os cultivos in vitro dos aspirados; e 3ª) inoculando animais de laboratório como os
hamsters (Mesocricetus spp.), esperando o surgimento dos sinais clínicos para
executar a detecção do parasito (BRASIL, 2006).
No exame direto, esfregaços ou “imprints” são preparados, fixados em lâmina
por uma solução alcoólica e corados (panótico) para posterior avaliação da
presença de Leishmania sp. nos macrófagos (BRASIL, 2006).
As amostras podem também ser inoculadas em meio de cultivo (meio
monofásico de inseto Schneider ou meio bifásico - meio NNN – Novy, MacNeal
e Nicolle acrescido de agar sangue e coberto com um meio líquido RPMI 1624
contendo entre 10 – 30% de soro fetal bovino - SFB) e cultivadas por 4 a 5
semanas, a 22-28°C, até que as promastigotas de Leishmania spp. possam ser
visualizadas por microscopia invertida ou ótica (BARROUIN-MELO et al. 2006a;
BRASIL, 2006; SCHUSTER & SULLIVAN, 2002; SINGH & SIVAKUMAR, 2003;
SUNDAR & RAI, 2002).
Por último, hamsters podem ser inoculados em laboratório, mas este
procedimento não possui valor diagnóstico por requerer um tempo
consideravelmente longo para que haja o desenvolvimento da sintomatologia e
a confirmação diagnóstica (BRASIL, 2006).
Assim, o exame parasitológico diagnóstico da LVC depende da punção de um
órgão acometido pela infecção (baço, medula óssea, fígado e linfonódos) e na
avaliação via cultivo (BARROUIN-MELO et al. 2006a, 2006b). As principais
desvantagens desta técnica diagnóstica são: 1) a coleta invasiva; 2) tempo para
avaliação diagnóstica; 3) necessidade de meios de cultivo; 4) contaminação
devido à manipulação da amostra; e 5) o teste só pode ser feito em laboratórios
18
especializados.
a) Teste de Aglutinação Direta (DAT)
O teste de aglutinação direta permite o reconhecimento dos antígenos
presentes em promastigotas na microplaca de poliestireno de fundo em V pelos
anticorpos e na aglutinação, formando um produto visual que permite a leitura
(EL-HARITH et al. 1987, 1988; SUNDAR & RAI, 2002). O teste é feito com 11
diluições seriais. A menor diluição onde a aglutinação ainda pode ser
visualizada, é considerada o título do soro avaliado. O teste é lido 18 horas após
a sua execução (ALVES & BEVILACQUA, 2004; GONTIJO & MELO, 2004;
SUNDAR & RAI, 2002).
O FAST é semelhante ao DAT podendo ser realizado em 3 horas, executado
com apenas uma diluição e está sendo avaliado, apresentando sensibilidade e
especificidade semelhantes ao DAT (SILVA et al. 2005).
As desvantagens dos testes DAT e FAST estão relacionadas a dependência da
reação antígeno-anticorpo que confirma a presença de anticorpos produzidos
pelo hospedeiro, capazes de reconhecer os antígenos do parasito expostos,
sofrendo aglutinação, permitindo a detecção visual. Além disso, a reatividade
destes anticorpos pode acontecer com antígenos semelhantes de outros
agentes infecciosos, permitindo a conclusão de resultados falso-positivos. Por
último, a permanência da reatividade e produção de anticorpos por períodos
longos é comum e impede a utilização destes exames para avaliação
prognóstica (ALVES & BEVILACQUA, 2004; GONTIJO e MELO, 2004;
SUNDAR & RAI, 2002).
b) Teste Rápido Anticorpo para L. donovani (TRALd)
O Teste Rápido Anticorpo para L. donovani (TRALd) está associado a adsorção
de uma proteína (Ex. rK39) a uma tira de papel de nitrocelulose contendo, em
19
outra região da mesma fita de papel, proteína A – ouro coloidal que, ao migrar
pelo papel, permite a detecção da reação antígeno-anticorpo que produz um
precipitado visível identificando o soro positivo (CERQUEIRA et al. 2003;
GONTIJO & MELO, 2004).
A desvantagem deste teste tem sido demonstrada em avaliações à campo onde
sua sensibilidade tem sido inferior a de outros testes (Ex. DAT), possivelmente,
devido as diferentes temperaturas ambientais, o que permite a desnaturação
das proteínas associadas ao teste e ao menor tempo de migração das
moléculas no papel filtro, por causa da rápida evaporação, gerando resultados
falso-negativos. A segunda desvantagem é a leitura subjetiva, ocasionando
resultados duvidosos (ZIJLSTRA et al., 2001).
c) Imunofluorescência Indireta (IFI)
A imunofluorescência indireta (IFI), ou teste com anticorpo imunofluorescente
(“Immuno Fluorescent Antibody Test – IFAT”), utiliza-se de lâmina de vidro com
poços sensibilizados com promastigotas ou amastigotas de Leishmania sp.
caracterizadas que, posteriormente, serão expostas ao soro do paciente e a um
anticorpo conjugado a um fluorocromo e contra-corada com azul de Evans. Esta
lâmina será então lida em microscópio de fluorescência. O resultado é a
recíproca da maior diluição do soro do paciente onde a positividade ainda pode
ser detectada (BRASIL, 2006).
O kit de diagnóstico da Leishmaniose brasileiro, produzido por BioManguinhos
(FIOCRUZ), utiliza promastigotas e apresenta 90% de sensibilidade e 80% de
especificidade quando o ponto de corte escolhido é 1:40 (FIOCRUZ, 2006). Na
Índia, títulos reativos, a partir de 1:20, são considerados significantes e títulos de
1:128 são considerados diagnósticos para leishmaniose. O uso da forma
amastigota aumenta a sensibilidade para 96% e mantém a especificidade em
torno de 98%, tendo sido capaz de excluir reatividade cruzada com antígenos
de outros tripanossomatídeos em avaliações feitas na Índia (SINGH e
SIVAKUMAR, 2003).
20
As desvantagens deste teste são o pequeno número de exames por lâmina (10
– 12 amostras por lâmina menos os poços para os controles positivo e
negativo); a reatividade cruzada; a ocorrência de falsos-positivos e falsos-
negativos; e o protocolo é trabalhoso e dificilmente feito a campo (ALVES &
BEVILACQUA, 2004; GONTIJO & MELO, 2004; LEONTIDES et al. 2002;
SINGH & SIVAKUMAR, 2003; SUNDAR & RAI, 2002).
d) Ensaio de Imunoadsorção Ligado à Enzima (ELISA)
O ensaio de imunoadsorção ligado à enzima (ELISA – “Enzyme-Linked
ImmunoSorbent Assay”), ensaio imunoenzimático (EIE) ou imunoensaio
enzimático (EIA – “Enzyme ImmunoAssay”), faz uso de microplacas de
poliestireno de 96 poços, preenchidas ou sensibilizadas com antígenos em
concentrações variando de 100ng até 5µg por poço da placa (ATTA et al., 2004;
BARROUIN-MELO et al., 2006a, 2006b; CABRERA et al., 1999; INIESTA et al.,
2002; LEMESRE et al., 2005; METTLER et al., 2005; MORAES-SILVA et al.,
2006; SAHA et al., 2005; SALOTRA et al., 2003; SOLANO-GALLEGO et al.,
2001, 2003; TALMI-FRANK et al., 2006; VERCAMMEN et al., 2002; ZARAGOZA
et al., 2003), muito embora quantidades diferentes, menores do que as citadas
anteriormente, sejam relatadas em vários trabalhos, principalmente, com
antígenos purificados ou recombinantes (BRAZ et al., 2002; METTLER et al.,
2005; ZERPA et al., 2002; ZIJLSTRA et al., 2001).
Existem algumas variações deste ensaio (direto, indireto, “sandwich”, captura,
inibição, celular, etc), mas, para o diagnóstico da leishmaniose visceral, o mais
amplamente utilizado tem sido o indireto, permitindo a avaliação do soro do
animal infectado, mediante utilização de um sistema enzimático. Assim,
diluições do soro suspeito são adicionadas a placa sensibilizada e bloqueada
para, posteriormente, adicionar-se um anticorpo conjugado a uma enzima,
peroxidase ou fosfatase alcalina (as mais comumente usadas), uma substância
cromogênica e um substrato da enzima capaz de oxidá-la, permitindo a
mudança de cor no poço da placa gerando uma leitura visual (subjetiva) ou
21
objetiva com o apoio de um espectrofotômetro, também conhecido como leitor
de ELISA, com filtros de comprimento de onda específicos para o cromógeno
utilizado (CROWTHER, 2001; GIBBS, 2006).
A reatividade cruzada de diversos antígenos utilizados neste teste, compostos
de extratos “brutos” ou “crus”, como o SLA (Antígeno solúvel de leishmania ou
“Soluble-Leishmania Antigen”), embora sejam amplamente utilizados para
sensibilização das placas, têm sido demonstradas contra outras espécies de
leishmania e com organismos filogeneticamente relacionados como o
Trypanosoma cruzi (ALVES & BEVILACQUA, 2004; GONTIJO & MELO, 2004;
METTLER et al., 2005; SUNDAR e RAI, 2002).
A utilização do antígeno solúvel de promastigotas (SLA) ou de amastigotas de
Leishmania sp., é recomendada para a avaliação epidemiológica em áreas
endêmicas devido a sua alta sensibilidade e especificidade, detectando animais
sintomáticos e assintomáticos com maior freqüência do que antígenos
recombinantes, especificamente o antígeno rK39, além do seu menor custo e da
facilidade de execução do teste ELISA quando comparado com técnicas mais
laboriosas como o PCR (SREENIVAS et al., 2002; METTLER et al., 2005).
A associação entre testes ELISA com antígeno solúvel (promastigotas ou
amastigotas de Leishmania sp.) e com um antígeno recombinante, por exemplo,
o rk39, levariam os resultados sorológicos para um nível superior (MAALEJ et
al., 2003; METTLER et al., 2005).
e) “Western Blotting” ou “Immunoblotting”
O “Western Blotting” ou “Immunoblotting” depende da separação eletroforética
(em campo elétrico) de proteínas em um gel de poliacrilamida (“PAGE” ou
“SDS-PAGE” – “Sodium Dodecyl Sulphate PolyAcrilamide Gel Electrophoresis”)
que, posteriormente, é transferido para o papel de nitrocelulose ou fluoreto de
polivinilideno (“PVDF” – “PolyVinyliDene Fluoride”) e submetido aos anticorpos
do soro do paciente e revelado com anticorpos conjugados a uma enzima
22
capazes de detectar as imunoglobulinas do soro do paciente (HARLOW e
LANE, 1988). Esta técnica tem sido testada para o diagnóstico sorológico da
leishmaniose (SINGH e SIVAKUMAR, 2003).
A maior sensibilidade e especificidade do “Western blotting” ou “Immunoblotting”
está relacionada ao fato de que os diferentes anticorpos produzidos em
resposta a infecção podem reconhecer as diferentes frações do complexo
antigêncio, separado eletroforeticamente, permitindo o reconhecimento de forma
específica e individual, gerando perfis de reconhecimento distintos, capazes de
confirmar e diferenciar a infecção por Leishmania de outros parasitos, além do
monitoramento, do prognóstico do paciente e da detecção de reações cruzadas,
como demonstrado nas revisões de Sundar e Rai (2002), Singh e Sivakumar
(2003) e nos trabalhos de Atta (2004), Iniesta (2002), Lasri (2003), Saha (2005),
Vercammen (2002), Zaragoza (2003) e seus colaboradores.
A desvantagem desta técnica diagnóstica está na dificuldade de sua execução
(pessoal treinado e equipamentos específicos), na produção do antígeno
utilizado, e, assim como nas outras técnicas sorológicas, a ausência de resposta
(imunossupressão), denota falsos-negativos (MATHIS e DEPLAZES, 1995;
SINGH e SIVAKUMAR, 2003; SUNDAR e RAI, 2002).
f) Intradermo Reação ou Reação de Montenegro
A intradermo reação, reação de Montenegro, hipersensibilidade tardia do tipo IV
ou DTH (“Type IV Delayed-Type Hypersensitivity”), detecta a resposta imune
celular adquirida que se desenvolve pela ativação dos linfócitos T CD4+
sensibilizados, muito embora células TCD8+ também já tenham sido
associadas. Estas células, após serem apresentadas ao antígeno pelas células
apresentadoras de antígeno dos tecidos, as células de Langerhans, por
exemplo, são estimuladas, tornando-se ativadas e respondendo ao estímulo
antigênico com produção de , entre outras) e quimiocinas (“MIF –?, TNF-a TNF-
?citocinas (IL-2, IFN- Macrophage-Inhibition Factor”, “MCF – Macrophage
Chemotatic Factor” e MAF - “Macrophage Activating Factor”) que mediam a
23
atração para o sítio de inoculação e, posteriormente, ativam macrófagos,
monócitos e linfócitos T. As células ativadas, entre elas os macrófagos, se
acumulam causando inchaço e eritema local. O processo inflamatório instaurado
induz os macrófagos a liberarem enzimas para o meio extracelular causando
destruição tissular que pode ser detectada e medida após 48 – 72 horas da
inoculação do antígeno. Assim, na reação de Montenegro, são inoculados 100 a
500mL de uma solução contendo de 5x106 – 4x108.mL-1 promastigotas de
Leishmania sp. mortas em solução veicular de salina com fenol em um braço e
apenas a solução veicular no outro, que, após 48 – 72 horas, produzirão, em
pacientes sensibilizados e responsivos, uma reação com diâmetro maior ou
igual a 5mm ou, em alguns relatos, 10mm (BRAZ et al., 2002; GONTIJO et al.,
2002; KUBY et al., 1997; MARQUES et al., 2006; OPAS, 2006; ZERPA et al.,
2002).
Esta reação é geralmente ausente ou discreta em pacientes acometidos pela
infecção aguda por Leishmania sp., indicando, em pacientes sintomáticos de
área endêmica, a presença da infecção. Por outro lado, pacientes com reação
positiva apresentam resistência à doença ou a presença de infecção na fase
subclínica e, quando testados pós-tratamento, a positividade tem valor
prognóstico positivo, indicando a cura (SINGH e SIVAKUMAR, 2003).
As maiores desvantagens deste teste são: 1) a inexistência de um antígeno
padronizado; 2) a reatividade cruzada com lepra lepromatosa e tuberculose
glandular; e 3) a falta de estudos rigorosos a campo para a validação do seu
uso diagnóstico e determinação dos valores de sensibilidade, especificidade e
preditivos positivos e negativos (BRASIL, 2006; SINGH e SIVAKUMAR, 2003;
SUNDAR e RAI, 2002).
2.2.3 Eletroforese de Isoenzimas
A eletroforese de isoenzimas ou eletroforese multilocular de enzimas MLEE -
“MultiLocus Enzyme Electrophoresis”, é usada para avaliar a correlação
24
taxonômica entre diferentes organismos, como, por exemplo, na caracterização
de cepas de Leishmania sp. (GONTIJO et al., 2002; MARTINEZ et al., 1999).
A técnica MLEE utiliza-se de um suporte físico (gel) para a corrida eletroforética
das enzimas em soluções aquosas. Eletromorfo é a denominação dos padrões
eletroforéticos de separação e, os padrões eletromórficos conjuntamente
recebem o nome de zimodema. Cada zimodema caracteriza as diferentes
Leishmania sp. (BAÑULS et al., 1999; GONTIJO et al., 2002; MARTINEZ et al.,
1999).
Várias enzimas são utilizadas para avaliar as cepas de Leishmania como a
malato desidrogenase NADP+ (MDH); malato desidrogenase NAD+ (ME);
glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PDH); 6-fosfogluconato desidrogenase
(6PGDH); isocitrato desidrogenase (IDH); purina nucleosídio fosforilase (NP1 ou
NP2); fosfoglucomutase (PGM); diaforase (DIA); glutamato oxaloacetato
transaminase (GOT1 ou GOT2); mannose-fosfato isomerase (MPI); glicose
fosfato isomerase (GPI); fumarato hidratase (FH); glutamato desidrogenase
(GLUD); nucleoside hidrolase deoxiinosine (NH); peptidase d (PEP-D); alanina
aminotransferase (ALAT); e aconitase (ACON), entre outras (BAÑULS et al.,
1999; CHICHARRO et al., 2002; GONTIJO et al., 2002; MARTINEZ et al.,
1999).
A migração destas enzimas pode variar de acordo com à modificação das bases
de DNA que determinam a codificação dos aminoácido que compõem a cadeia
polipeptídica expressa pelo alelo homólogo de outra cepa de Leishmania sp.,
modificando a carga elétrica da enzima e, portanto, a migração eletroforética
(ZAIDI, KONSTANTINOU e ZERVOS, 2003).
A desvantagem da MLEE está associada a avaliação dos produtos dos genes e
não das sequências genéticas o que permite que mutações silenciosas passem
desapercebidas e, assim, cepas distintas possam ser consideradas idênticas
(ZAIDI, KONSTANTINOU e ZERVOS, 2003; ZEMANOVÁ et al. 2004).
25
Outra desvantagem é a necessidade do cultivo de grandes quantidades de cada
cepa a ser avaliada ou da amostra obtida e de amostras de referência para que
a comparação possa ser feita, aumentando a chance de interferências e
contaminações devido a manipulação. Outra desvantagem está relacionada ao
baixo valor prognóstico e a ausência de poder de resolução para discernir enter
recidivas e re-infecções (EL TAI et al., 2001; MORALES et al., 2001; ZAIDI,
KONSTANTINOU e ZERVOS, 2003).
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
Esta técnica utiliza-se de sequências de 18 a 25 pares de bases (“primers” ou
iniciadores), em média 20 pares de bases, produzidas comercialmente e
complementares as sequências-alvo no material genético da amostra a ser
avaliada (DNA ou RNA molde), na presença de excesso de dNTPs (dATP,
dCTP, dGTP e dTTP), a enzima Taq DNA polimerase, o íon divalente magnésio
(Mg++) na forma de MgCl2 ou MgSO4 em concentrações variadas (1 – 4mM),
em solução tampão Tris-HCl (10-50mM e pH=8,3 – 8,8) contendo uma
concentração máxima de 50mM de KCl, embora outras formulações existam
(INNIS, 1989).
A reação é feita em um equipamento chamado de termociclador ou máquina de
PCR que altera as temperaturas rapidamente (4°C até 100°C), passando pelas
temperaturas de desnaturação, 94 – 97°C; anelamento, 55 – 65°C; e extensão,
geralmente, 72°C. Durante a desnaturação, o DNA é separado em duas fitas
simples; no anelamento, ocorre a interação dos iniciadores com a sequência de
DNA-alvo; e, na extensão, a cópia do DNA é feita pela Taq DNA polimerase.
Esta reação é feita de forma cíclica (20 – 40 ciclos) levando a detecção de um
produto que, quando corado por brometo de etídio ou SYBR green, se torna
visível sobre uma lâmpada ultravioleta (UV) após a separação eletroforética
(HOWELL, JOBS e BROOKES, 2006; INNIS, 1989).
A utilização das diversas variantes da técnica de PCR (PCR-RFLP; PCR-SSCP;
NESTED-PCR; Multiplex-PCR, Real Time-qPCR, entre outras) na avaliação da
26
diversidade genética se torna um aspecto crucial em campos como a
taxonomia, o diagnóstico, a avaliação epidemiológica, a genotipagem e a
genética de populações dos agentes causadores das leishmanioses, assim
como outras doenças, e vem sendo amplamente difundida e utilizada, com
resultados que apresentam alta sensibilidade e especificidade, além de
excelente repetibilidade e eficácia (CORTES et al., 2004; EL TAI et al., 2001;
FERROGLIO et al., 2005; HARRIS et al., 1998; KUHLS et al., 2005;
ROTUREAU et al., 2006; ZAIDI KONSTANTINOU e ZERVOS, 2003).
A sensibilidade desta técnica está associada a quantidade de DNA-alvo
presente na amostra coletada e, assim, genes ou seqüências de DNA multi-
cópias, aumentam este parâmetro. A especificidade , por sua vez, correlaciona-
se com todo o resto (todos os outros reagentes da reação) e, primordialmente,
com a seqüência dos “primers” (BENSOUSSAN et al., 2006; INNIS, 1989).
As desvantagens desta técnica estão relacionadas ao 1º) seu alto custo financeiro;
2º) a necessidade de estudos das seqüências genômicas dos alvos a serem
avaliados para a definição da seqüência dos “primers”; 3º) a necessidade de áreas
isoladas para cada etapa da reação (preparação dos tubos de reação, extração de
DNA e análise dos produtos); e 4º) a impossibilidade atual de execução à campo.
27
2.5 RESERVATÓRIOS A definição corrente de reservatório abrange qualquer ser humano, animal,
artrópode, planta ou matéria inanimada onde vive e se multiplica um agente
infeccioso, do qual depende para sua sobrevivência, reproduzindo-se de maneira
a que possa ser transmitido a um hospedeiro suscetível. (Amer. Assoc. Publ.
Health). Um reservatório de infecção é definido como o sistema ecológico em que
um agente infeccioso sobrevive persistentemente (WHO, 1984).
Hospedeiro, segundo a Associação Americana de Saúde Pública, é a pessoa ou
animal vivo, inclusive aves e artrópodes, que, em circunstâncias naturais permitem
a subsistência ou o alojamento de um agente infeccioso. O hospedeiro primário ou
definitivo é aquele em que o agente chega à maturidade ou passa por sua fase
sexuada. O secundário ou intermediário é aquele que se encontra em fase larvária
ou assexuada.
ASHFORD (1996) enfatiza a importância de se conhecer a taxonomia tanto dos
prováveis reservatórios quanto das espécies de vetores incriminadas no ciclo de
transmissão das leishmanioses e define o hospedeiro reservatório como sendo um
mamífero responsável pela manutenção, por longo tempo, de uma população de
agentes infecciosos. Desta forma, teoricamente, a eliminação do hospedeiro
reservatório implicaria na eliminação do agente etiológico presente no foco
doença, no entanto, no caso das leishmanioses, às vezes, é possível prevenir a
transmissão do parasito sem necessariamente eliminar o hospedeiro reservatório.
A incriminação de um determinado reservatório de Leishmania exige a
demonstração de que a população parasitária precisa daquele mamífero em
particular para a manutenção da infecção. Cinco são os critérios que caracterizam
um reservatório primário: 1) superposição da distribuição geográfica e temporal
dos reservatórios e vetores; 2) sobrevivência do hospedeiro reservatório
suficientemente longa para garantir a transmissão; 3) prevalência da infecção
entre os reservatórios em níveis superiores a 20%; 4) manutenção do parasito na
28
pele ou sangue em quantidades suficientes para infectar facilmente o vetor e 5) a
espécie de parasito encontrada no reservatório e no homem ser a mesma
(CHABLE-SANTOS et al., 1995). Por outro lado, de acordo com Shaw (1988), os
hospedeiros podem ser classificados em três tipos: 1) reservatório primário, onde
o hospedeiro é responsável pela manutenção do ciclo do parasito em natureza; 2)
reservatório secundário, em que o hospedeiro infectado serve como fonte de
infecção para o vetor, mas não é capaz de manter o ciclo indefinidamente e 3)
hospedeiro acidental, aquele que se infecta mas não representa fonte de infecção.
2.5.1 Cão (Canis familiaris)
Atualmente, o cão vem sendo incriminado como reservatório da LV, e, como
hospedeiro doméstico dessa zoonose, sendo provavelmente, o mais importante
reservatório natural relacionado com casos humanos (ALENCAR, 1959; MILES et
al., 1999; MONTEIRO et al. 2005). Esse hospedeiro apresenta variações no
quadro clínico da doença, passando de animais aparentemente sadios a
oligossintomáticos podendo chegar a estágios graves da doença, com intenso
parasitismo cutâneo (ABRANCHES et al. 1991; COSTA et al. 1999; DEANE &
DEANE, 1955b). Assim, o cão representa uma fonte de infecção para o vetor,
sendo um importante elo na transmissão da doença para o homem (DEPLAZES et
al., 1995).
Outrossim, esse papel mantenedor da infecção leishmaniotica em determinada
região pode ser incrementado pela coexistência de outros fatores, como a
presença de espécies selvagens sinantrópicas, atuando como potenciais fontes de
infecção para a população canina em áreas peri-urbanas (MUTINGA et al., 1989;
XIMENES, SOUZA e CASTELLÓN, 1999; ALEXANDER et al., 2002; SILVA,
2003). LYSENKO (1971) sugere que a leishmaniose causada pela L. donovani
originou-se de canídeos selvagens (raposas, chacais e lobos) na Ásia Central, e
que posteriormente acometeu o cão devido ao seu estreito contato com o homem.
29
Em cães, a Leishmania coloniza todos os órgãos, em contraste com o que ocorre
em seres humanos, nos quais o parasito está quase que totalmente restrito ao
sistema hematopoiético (BERRAHAL et al. 1996). MARZOCHI e colaboradores
(1985) ao analisar epidemiologicamente a LV, consideraram a doença canina mais
importante que a humana devido a sua alta prevalência nas áreas endêmicas, em
virtude do intenso parasitismo dérmico desenvolvido pelos cães. Outro fator
marcante incide no fato de ser elevado o número de cães infectados e
assintomáticos que passam desapercebidos pelos proprietários e pelo serviço de
vigilância epidemiológica, o que retarda a identificação e retirada destes cães das
áreas, contribuindo para a continuação do ciclo de transmissão do parasito.
O Nordeste Brasileiro segundo ASHFORD (1996) é considerado uma zona de alta
prevalência de LV canina e estima que 20 a 30% da população canina esteja
permanentemente infectada. O autor ressalta, também, que a queda de pêlos em
cães, normalmente observada nos casos clínicos, expõe grandes áreas do corpo
do animal a elevado parasitismo, tornando-o uma fonte de infecção importante em
virtude de facilidade do acesso do vetor ao corpo do hospedeiro.
Os cães são considerados por LAINSON (1988) como hospedeiro amplificador da
LV, principalmente em estágios avançados da doença, em virtude do intenso
parasitismo dérmico. No entanto, o curso, muitas vezes, letal da doença nesta
espécie sugere que o cão é um hospedeiro relativamente recente da L. chagasi e
a relação parasito-hospedeiro se encontra ainda pouco ajustada. Fato que fica
mais aparente pela comparação com a infecção clinicamente assintomática,
normalmente, observada em canídeos selvagens (LAINSON, 1988).
A importância do reservatório canino é ainda mais acentuada em virtude de falhas
na aplicação das medidas de controle nesta espécie, principalmente no tocante ao
diagnóstico sorológico da LV. A utilização ainda freqüente do teste IFI
(imunofluorescência indireta) no diagnóstico da LV canina, como observado por
CABRERA e colaboradores (2003) induz a resultados falso-negativos, acarretando
30
a permanência de animais infectados na área, contribuindo para a manutenção da
endemicidade.
31
2.5.2. Animais Selvagens
A possível existência de reservatórios selvagens ajuda na perpetuação do parasito
numa região endêmica, tendo em vista que as medidas de controle da LV estão
restritas à eliminação de cães soropositivos, à borrifação do peridomicílio e
domicílio com inseticida de ação residual e ao diagnóstico e tratamento precoce
dos casos humanos (CABRERA, 2003).
O acúmulo de lixo, bem como, a criação de animais domésticos para o consumo
humano, a exemplo de galinhas, potencializa a participação de possíveis
reservatórios selvagens a exemplo do Cerdocyon thous (raposa) e do D.
albiventris (sariguê) e Rattus rattus (rato preto) na epidemiologia da LV, uma vez
que contribuem para atrair estas espécies para a proximidade do convívio humano
(ALEXANDER et al., 2002).
No continente americano, as raposas (Lycalopex sp., Cerdocyon sp.) e marsupiais
(Didelphis spp.) têm sido incriminado como hospedeiros reservatórios selvagens
do agente causal da LV (SHERLOCK et al., 1988; LAINSON, 1990).
Além das espécies de marsupiais e canídeos selvagens, freqüentemente
incriminados como reservatórios potenciais de diversas espécies de leishmania,
estes protozoários têm sido isolados de outros hospedeiros selvagens, a exemplo
do tatu (Dasypus novemcinctus), segundo relato de LAINSON e colaboradores
(1979) que encontraram um espécime infectado, e alertaram sobre a possibilidade
desta espécie interagir no ciclo de transmissão da leishmaniose. Em 1982,
LAINSON e colaboradores relatam a co-infecção por Leishmania sp. e
Trypanossoma cruzi em tatus em estudo objetivando comparar o perfil enzimático
de diversas espécies de Leishmania.
LAMPO e colaboradores (2000) consideram que morcegos possam servir como
fonte alimentar para o L. longipalpis e conseqüentemente aventam a possibilidade
32
de servirem como hospedeiro de Leishmania sp. Acreditam ainda que se os
morcegos se enquadrarem nesse papel, poderão estar perpetuando o parasito no
ambiente selvagem alem de outras espécies já conhecidas como os canídeos e
marsupiais. Sendo assim, LAMPO e colaboradores (2000), ampliam o campo de
visão no tocante a epidemiologia dessa zoonose.
GIANNINI (1985) destaca a importância, tanto do Rattus rattus, quanto do Rattus
norvegicus como importantes reservatórios de muitas doenças humanas em
virtude do caráter sinantrópico dessas espécies. A natureza cosmopolita dos ratos
e suas freqüentes migrações, seja por enchentes, falta de alimento ou,
involuntariamente, através de navios e outros meios de transporte são possíveis
fatores de difusão da L. chagasi (LAINSON, 1988).
Através de técnicas moleculares TRAVI e colaboradores (1998), pela primeira vez,
demonstraram que o roedor Proechimys pode ser infectado por L. chagasi.
LAINSON et al. (2002) sugerem a participação do roedor da espécie Proechimys
canicollis como possível hospedeiro reservatório da L. chagasi na Colômbia.
HOOSGSTRAL & HYNEMAN (1969) relatam sobre a possibilidade de carnívoros
(Felis serval e Genetta) terem se infectado por via oral com leishmania ao
ingerirem roedores.
O possível envolvimento da espécie de réptil Tarentola mauritanica (gecko),
atuando como reservatório da leishmaniose cutânea foi comentada por BELOVA
(1971).
33
2.5.2.1 Raposas
Canídeos selvagens são incriminados em diversas regiões do mundo como
reservatórios da LV (DEANE & DEANE, 1954; ALENCAR, 1956; ABRANCHES et
al. 1984).
DEANE & DEANE (1954) utilizaram um espécime de Lycalopex vetulus infectado
com L. chagasi para avaliar o potencial desta espécie de infectar vetores que nela
se alimentem, e verificaram que todos os dez flebótomos utilizados no
experimento, não só foram atraídos a se alimentarem no animal, como todos se
apresentaram infectados posteriormente. DEANE & DEANE (1955a) ao
examinarem 33 raposas (Lycalopex vetulus) encontraram 12,1% (4/33) infectados.
DEANE & DEANE (1962) consideram a Lycalopex vetulus (raposa) um
reservatório recente da L. donovani em virtude do grau de severidade da doença
para essa espécie, ou seja, o fato da raposa adoecer quanto infectada por
Leishmania indica que este animal não está tão bem adaptado como outros
possíveis reservatórios da leishmaniose. Os autores comentam que a eliminação
desta espécie nas áreas habitadas pelo homem parece ser uma medida de
controle complementar importante que traria vantagens adicionais como a redução
dos casos de raiva.
As raposas podem servir como agentes introdutores da leishmaniose em novas
áreas em virtude de que esses animais percorrerem longas distâncias,
aproximando-se com freqüência de cães de rua na busca por alimentos nas
lixeiras de áreas residenciais (LAINSON, 1988).
Na região Nordeste do Brasil a espécie de raposa Cerdocyon thous corresponde
ao principal reservatório silvestre da L. chagasi (COURTENAY, 1996).
34
2.5.2.2 Marsupiais
O gambá, também chamado de mucura na Amazônia e Brasil Meridional, de
sarigué, sariguê, saruê ou sarigueia na Bahia, de timbú ou cassaco de
Pernambuco ao Ceará, e de micurê no Mato Grosso é um mamífero marsupial do
gênero Didelphis. O nome gambá tem origem na língua tupi-guarani, onde "gã'bá"
ou "guaambá" significa uma mama oca, uma referência ao marsúpio, a bolsa
ventral onde se encontram as mamas e onde os filhotes vivem durante parte de
seu desenvolvimento (WIKIPEDIA, 2006). Nas Américas, os marsupiais
pertencentes à família Didelphidae que comporta 65 espécies divididas em 12
gêneros (HUNSAKER, 1977).
Espécies do gênero Didelphis têm sido apontadas como potenciais reservatórios
de Leishmania sp. e, em vista do hábito sinantrópico ser uma característica que
permeia este gênero, a importância destas espécies para a saúde pública deverá,
no futuro, ser considerada, incluindo na pauta das pesquisas, estudos sobre a
biologia, dinâmica populacional, hábito alimentar e papel epidemiológico destas
espécies.
Vários pesquisadores têm se esforçado em contribuir para o conhecimento sobre
a relação entre os marsupiais e as leishmanioses, a seguir listaremos os principais
autores e suas observações sobre o tema:
SHERLOCK e colaboradores (1984) analisando possíveis infecções
leishmanióticas em mamíferos silvestres no município de Jacobina (Bahia - Brasil)
relatam o primeiro registro de um marsupial (D. albiventris), conhecido localmente
como gambá, infectado naturalmente por L. donovani. Apesar do trabalho
realizado por YOSHIDA e colaboradores (1979) que examinaram 10 marsupiais
(D. marsupialis aurita) e cinco roedores por hemocultura e inoculação intradérmica
de punção de fígado e baço em hamster. Dessas inoculações, apenas uma
amostra proveniente de um dos marsupiais apresentou resultado positivo. A
35
caracterização bioquímica do parasito isolado demonstrou, tratar-se de uma
infecção por Leishmania mexicana (GRIMALDI JR., et al. 1985).
DEDET e colaboradores (1989) durante uma investigação epidemiológica sobre a
leishmaniose cutânea na Guiana Francesa, entre os anos de 1981 e 1987,
capturaram, 122 marsupiais (D. marsupialis), dos quais apenas dois animais
estavam infectados por L. braziliensis guyanensis. Outra espécie também
capturada foi o D. albiventris, num total de sete espécimes, porem nenhum deles
apresentou infecção. Pelo baixo número de animais infectados, DEDET e
colaboradores (1989) creditam aos didelfídeos o papel de hospedeiro ocasional,
concordando com o sugerido por LAINSON e colaboradores (1981).
CORREDOR e colaboradores (1989b) identificaram a presença de L. chagasi em
32,4%, sendo que em 12/37 dos exemplares de D. marsupialis capturados em
uma área endêmica na Colômbia, próximo às residências humanas. Os autores
concluem que o D. marsupialis representa um reservatório ideal de L. chagasi
devido à sua elevada abundância nas áreas endêmicas, sua prolificidade e seu
comportamento sinantrópico.
CÁCERES (2003) ao estudar o comportamento do D. aurita quanto ao modo como
essa espécie animal interagia em seu habitat natural avaliando a amplitude de seu
deslocamento e variação alimentar que consumia, em um fragmento de floresta no
sul do Brasil, relata que em virtude das fêmeas desses animais serem maiores,
mais pesadas e conseqüentemente menos ágeis elas se concentram em regiões
onde a fonte de recursos como água e alimentos são mais abundantes. Em
decorrência disso, os machos didelfídeos, acompanham esse condicionamento,
principalmente, durante o período reprodutivo se aproximando de áreas habitadas
pelas populações humanas.
TRAVI et al (1998a) avaliaram a relação hospedeiro–parasito–vetor em marsupiais
infectados experimentalmente com L. chagasi, utilizando recursos clínicos,
36
parasitológicos, histopatológicos e entomológicos, visto que tentativas anteriores
de infectar o D. marsupialis tinham se mostrado de difícil realização segundo
SHERLOCK e colaboradores (1988). As culturas de aspirado esplênico
demonstraram altíssima carga parasitária quando comparados aos demais
tecidos, sendo seguida por linfonodos, fígado e sangue. Os autores relataram que
D. marsupialis infectados por L. chagasi com quadro subclínico da doença não
apresentaram alterações hepáticas significativas. A ausência de formas
amastigotas na pele e em órgãos linfóides de um marsupial com título 1:320 para
leishmania já havia sido observada por outros autores, tanto em infecção natural
quanto experimental. No entanto, neste caso, o parasito pode ser detectado
através de inoculação intra-dérmica em hamsters. Este resultado confirma estudos
prévios e reforça o fato de que marsupiais podem estar naturalmente infectados
sem apresentar sintomas clínicos, mas mantendo o parasito em seus tecidos
(CABRERA, 2003).
TRAVI et al (1998b) estudando a dinâmica de infecção por L. chagasi em
pequenos mamíferos em duas áreas de floresta tropical seca (uma reserva
florestal protegida e uma área agrícola) dentro de uma área endêmica para LV na
Colômbia e observaram a ocorrência de duas espécies mais comumente positivas
para LV, o D. marsupialis e o Proechimys canicollis. Os autores obtiveram por
PCR 14,3% (3/21) de prevalência de infecção nos D. marsupialis capturados na
área de reserva e 9,5% (13/137) dentre os marsupiais capturados na área
agrícola. Não foi registrada diferença significativa na taxa de infecção em D.
marsupialis quando comparado ao fator sexo, todavia animais adultos se
apresentaram infectados com mais freqüência do que os exemplares jovens.
ADLER et al. (1997) relata sobre a capacidade de adaptação do D. marsupialis à
ambientes alterados pela ação antrópica, corroborando as observações de TRAVI
e colaboradores (1998b) que observaram um número maior destes marsupiais em
um campo agrícola quando comparado com uma reserva florestal.
37
A realização do presente trabalho objetivou ampliar o conhecimento sobre a
epidemiologia da LV, com especial ênfase na avaliação da participação da espécie
D. albiventris no ciclo de transmissão da doença e na prevalência da população
canina residente em uma localidade endêmica para LV situada no município de
Camaçari, Bahia.
38
3. ARTIGOS CIENTIFICOS
ARTIGO ENCAMINHADO AREVISTA CIENCIA ANIMALBRASILEIRA
39
Pesquisa sobre o envolvimento do marsupial Didelphis albiventris Lund, 1840 (Didelphimorphia, Didelphidae) e de cães domiciliados na epidemiologia da leishmaniose visceral no município de Camaçari, localidade de Barra do Pojuca, Bahia GOMES NETO1, C.M.B; FRANKE2, C.R.; ALCANTARA1, A.C.; BARBOSA3,
A.E.A., URBAN, J.M.; STÖCKER, A.; GOMES4, S.P.S.B.; BISPO4, A.C.; LEAL5,
D.C.;BITTENCOURT5, D.V.V.; CARNEIRO5, A.J.B.
1 – Mestrando (Mestrado em Ciência Animal nos Trópicos); 2 – Prof. Dr. da Escola de Medicina Veterinária – UFBA; 3 – Biólogo; 4 – Médico Veterinário Autônomo; 5 – Acadêmicos de graduação de Medicina Veterinária - UFBA RESUMO
O marsupial Didelphis albiventris LUND, 1840 (Mammalia, Marsupialia) vem sendo
citado na literatura como importante reservatório de algumas zoonoses, dentre
elas a leishmaniose visceral (LV), a leishmaniose cutânea, a Doença de Chagas,
doenças consideradas pela O.M.S. como endemias de ação prioritárias. Nosso
estudo na localidade de Barra do Pojuca, Camaçari, Bahia, avaliou a prevalência
da LV em marsupiais e cães pelas técnicas de ELISA e PCR. Os resultados
apontam para uma participação da espécie D. albiventris na epidemiologia da
doença com uma soroprevalência de 26,7% (4/15) e 64,7% (11/17) positivos na
PCR. A prevalência da população canina foi de 15,6% (39/253), mostrando que
comparada a estudos realizados em 2003 esta taxa não tem diminuído, apesar do
controle vetorial e do reservatório canino realizado pelos agentes da saúde na
área. Os resultados mostram a necessidade de ampliar o conhecimento, buscando
definir com clareza o papel da espécie D. albiventris no ciclo de transmissão da L.
chagasi e o risco que representa para as populações humanas e caninas nas
áreas endêmicas.
PALAVRAS-CHAVE: leishmaniose visceral, Didelphis albiventris, reservatório
selvagem, Leishmania chagasi, Bahia
40
THE EVALUATION OF OPOSSUM Didelphis albiventris LUND, 1840 (DIDELPHIMORPHIA, DIDELPHIDAE) AND DOMICILIATED DOGS INVOLVEMENT IN THE VISCERAL LEISHMANIASIS TRANSMITION CYCLE IN THE MUNICIPALITY OF CAMAÇARI, LOCALITY OF BARRA DO POJUCA, BAHIA. Salvador, Bahia, 2006. 56 p. Dissertação de Mestrado (Mestrado em
Ciência Animal nos Trópicos) – Escola de Medicina Veterinária, Universidade
Federal da Bahia, 2006.
SUMMARY The opossum Didelphis albiventris LUND, 1840 (Mammalia, Marsupialia) has been
considered an important reservoir of some zoonosis in the literature, like visceral
and cutaneous leishmaniasis and Chagas disease, which are considered by WHO
as high priority endemic diseases. Our study, carried out in the area of Barra do
Pojuca (Camaçari, Bahia), evaluated the visceral leishmaniasis seroprevalence in
opossum and dogs using indirect ELISA and PCR. The findings point out the
involvement of D. albiventris in the disease epidemiology, presenting a
seroprevalence of 26,7% (4/15) and 64,7% (11/17) positivity by PCR. The canine
population prevalence reached 15,6% (39/253), showing that, compared to a study
performed in 2003, its prevalence is not decreasing, despite vector and canine
reservoir control has been done by the health control agents in the area. The
results presented here clearly ask for an increase of knowledge, looking to define
properly the role of D. albiventris in the Leishmania chagasi transmission cycle and
risk for human and canine populations in the endemic areas.
KEYWORDS: Visceral Leishmaniasis, Didelphis albiventris, wild reservoirs,
Leishmania chagasi, Bahia
41
INTRODUÇÃO O marsupial Didelphis albiventris LUND, 1840 (Mammalia, Marsupialia) vem sendo
citado na literatura com importante reservatório de algumas zoonoses, dentre elas
a leishmaniose visceral (LV), a leishmaniose cutânea, a Doença de Chagas
(SHERLOCK et al., 1984, 1996; LLANOS-CUENTAS, 1999; HERRERA et al.,
2005; JANSEN et al., 1991, 1997), doenças consideradas pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) como endemias de ação prioritárias (WHO 1997).
SHERLOCK (1984) fez o primeiro relato sobre a infecção do D. albiventris por
leishmania e a cepa isolada foi identificada como Leishmania donovani, o
marsupial foi capturado no município de Jacobina, Bahia. Após este relato,
CORREDOR et al. (1989), na Colômbia, examinaram 37 exemplares de D.
marsupialis, encontrando 12 (32,4%) infectados por Leishmania chagasi sem
apresentarem sinais clínicos da doença, segundo os autores, estes marsupiais
ocorrem em abundância nas áreas endêmicas do país. TRAVI et al. (1998b)
encontrou exemplares de D. marsupialis infectados por L. chagasi na Colômbia, e
comparando a freqüência de captura e prevalência da infecção em uma área de
reserva florestal (14,3%, 3/21) e em uma área de floresta degradada (9,5%,
13/137), concluido que a espécie representa um importante reservatório de L.
chagasi e que estes marsupiais apresentam elevada capacidade de adaptação a
ambientes antropizados, representando um risco para a saúde pública. CABRERA
et al. (2003) em um estudo de foco de LV em Barra de Guaratiba, Rio de Janeiro,
obtiveram nos D. marsupialis capturados em uma área uma soroprevalência de
infecção por L. chagasi, 29% (9/31) de positividade demonstrando o envolvimento
desta espécie de marsupial na epidemiologia da LV. Estes resultados tornam
evidente a necessidade de aprimorarmos o conhecimento sobre este potencial elo
do ciclo de transmissão da L. chagasi em áreas endêmicas com vistas a um
melhor delineamento das ações de controle desta zoonose. O presente estudo
objetivou avaliar a prevalência de infecção por L. chagasi nas populações de D.
42
albiventris e de cães domésticos em uma localidade do Estado da Bahia, e
analisar a possível associação epidemiológica entre estas espécies na
manutenção do endemismo da LV na região estudada.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado na localidade de Barra do Pojuca, município de Camaçari
(12º42'S e 38º20'O), Bahia no período de junho de 2005 a maio de 2006. A
localidade é situada a cerca de 50 km da cidade de Salvador, capital do Estado. A
população de Camaçari é de 161.727 habitantes segundo o censo demográfico
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000). O
município apresenta clima úmido, o período chuvoso ocorre entre os meses de
abril e junho, a média pluviométrica anual é superior a 1.600 mm e a temperatura
média anual é de 25,4ºC. Com base em ortofotos (1:8.000) da localidade de Barra
do Pojuca, a área foi dividida em 150 quadrantes com área de 10.000 m2 cada,
dos quais, por critério de alternância, 65 deles foram incluídos no estudo.
A escolha do município Camaçari como área de estudo para o possível
envolvimento de marsupiais na epidemiologia da LV levaram em consideração os
seguintes aspectos:
1) A crescente incidência da doença registrada nas populações humana e canina
residentes nesta região;
2) A alta densidade populacional encontrada neste município, representando um
ambiente propício ao surgimento de focos epidêmicos da doença;
3) O acelerado desenvolvimento deste município e migração de pessoas e
animais possivelmente infectados. A contínua pressão migratória, em sinergismo
com as decorrentes alterações ambientais e o crescimento desorganizado deste
centro urbano, com assustadores índices de pobreza e baixa qualidade de vida,
43
são fatores presentes em todos os focos epidêmicos da leishmaniose visceral,
descritos na literatura mundial
Nos quadrantes selecionados procedeu-se a colocação de 25 armadilhas
colapsáveis do tipo Tomahawk e Sherman utilizando-se banana, abacaxi, ovos e
mamão como isca para atrair os marsupiais. As armadilhas foram dispostas ao
entardecer e recolhidas até as oito horas do dia seguinte, permanecendo este
período uma vez em cada quadrante. Os marsupiais capturados foram
anestesiados com uma combinação de Cloridrato de cetamina (Ketamina Agener
– Ketamina 10% - Agener União) e Cloridrato de Xilazina (Calmium – Xilazina 2% -
Agener União) na proporção de 1:2, utilizando-se a dose de 0,3 mL/kg de peso
vivo. Com o animal anestesiado, procedeu-se a coleta de até 3 mL de sangue por
punção intra-cardíaca ou punção da veia da caudal. Todos os procedimentos
foram precedidos de tricotomia e rigorosa assepsia local. A captura dos
marsupiais ocorreu com a devida permissão do IBAMA (Protocolo Nº
2006.001284/04-70) e todos os animais, após se recuperarem da anestesia, foram
soltos no mesmo local da captura. Nos quadrantes em que havia casas com cães,
em cada casa, foi aplicado um questionário (dados não publicados) aos
proprietários e todos os cães residentes foram contidos fisicamente, com utilização
de mordaças, submetidos à coleta de uma amostra de 3 a 5 mL de sangue por
punção venosa cefálica ou jugular, sem utilização de anestésicos e,
posteriormente as amostras foram destinada `a sorologia por ensaio
imunoenzimático (ELISA) e ao diagnóstico pela PCR, assim como as amostras
coletadas nos marsupiais. Cada amostra foi dividida em duas alíquotas,
específicas para cada um dos dois testes, e conservadas a –20ºC até o momento
de uso.
44
A localização dos quadrantes foi feita através do sistema de posicionamento
global – GPS (Garmim – 12 canais GPS45).
Figura 1. Composição artificial da área de estudo (localidade de Barra do Pojuca – Camaçari - Bahia). a partir de cinco ortofotos produzidas pela Conder e editadas com auxilio do software Photo Stich Cânon para alinhamento perfeito das projeções
45
O ensaio imunoenzimatico (ELISA) para avaliação de soros de cães e de
marsupiais foram executados como a seguir: Placas de poliestireno para EIA/RIA
(Corning, USA) foram sensibilizadas com 100µL de antígeno de L. chagasi
(5µg/mL) em tampão carbonato-bicarbonato (0,05M, pH=9,6) a 4°C, “overnight”.
No dia seguinte, o antígeno foi desprezado e a placa foi lavada 4 vezes com PBS-
T (NaCl 0,15M + Tampão fosfato 0,01M, pH=7,2±0,2 + 0,05% de Tween 20). Após
as lavagens, 100µL dos soros controles (positivo e negativo) e dos soros testes
caninos foram aplicados em duplicata, diluídos 500 vezes e os soros de
marsupiais diluídos 20 vezes em PBS-T-M (NaCl 0,15M + Tampão fosfato 0,01M,
pH=7,2±0,2 + 0,05% de Tween 20 + 5% de leite desnatado) e incubados por 1
hora a temperatura ambiente. Posteriormente, as placas foram lavadas com PBS-
T por 4 vezes e 100 µL de um conjugado IgG de coelho anti-IgG de cão conjugado
com Peroxidase (código A9042, SIGMA St Louis, MO – USA), diluído 25.000
vezes, foi adicionado às placas dos soros caninos, enquanto 100 µL de um
conjugado proteína A Peroxidase (código 10-1023, ZYMED, Invitrogen, San
Francisco, CA – USA), diluído 8.000 vezes, foi utilizado para as placas de
marsupiais e incubadas por 1 hora a temperatura ambiente. A revelação, após 4
lavagens sucessivas com PBS-T, foi feita com uma solução contendo OPD
(0,4mg/mL, SIGMA St Louis, MO – USA) e peróxido de hidrogênio a 0,015% em
tampão citrato-fostato (0,1M e 0,2M, respectivamente, pH=5,1) adicionando-se
100µL e, após 15 minutos, a reação foi parada com 50 µL por poço de uma
solução de ácido sulfúrico 4N e a placa submetida a leitura em leitor de ELISA
com filtro de 492nm. As densidades obtidas nas diferentes placas de ELISA dos
soros caninos foram corrigidas diminuindo-se a média dos brancos dos valores
dos controles positivos da mesma placa e correlacionando-a com o valor da placa
seguinte corrigida da mesma forma. O ponto de corte para o ELISA canino foi
0,143 enquanto o de marsupiais foi de 0,167, ambos determinados pela curva
ROC (“Receiver Operating Characteristics”), utilizando-se um soro positivo e um
soro negativo de marsupial, confirmados por cultura e sorologia, gentilmente
cedidos pelo Prof. Dr. Heitor Miraglia Herrera ou um “pool” de soros caninos com
cultura positiva e negativa (controles do teste), apresentando sensibilidade de
46
100% e especificidade de 90% (para o ELISA canino) e 100% de sensibilidade e
100% de especificidade para o (ELISA de marsupiais), com um Intervalo de
Confiança de 95%.
Amostras de sangue periférico foram mantidas em tubos contendo EDTA a -20°C
até que a extração do DNA fosse executada, lavando-se o sangue em TE (Tris
10mM e EDTA 1mM, pH=8,0). Após esta lavagem, os leucócitos foram
ressuspensos em uma solução contendo 10mM Tris, 1mM EDTA, 1%SDS e
100µg/mL proteinase K, “overnight”, a 37°C. A solução foi então aquecida a 100°C
por 15 minutos para inativar a proteinase K e centrifugada a 13.000xg. Dois µL do
sobrenadante foram utilizados para a reação de PCR. Quando houve negatividade
da amostra, uma extração fenólica foi efetuada, seguida de precipitação etanólica
e a PCR repetida para confirmar a negatividade e a ausência de inibidores de
PCR. A reação em cadeia da polimerase (PCR) foi feita com base nos primers
degenerados descritos por DEGRAVE et al., 1994; MARQUES et al., 2006;
PASSOS et al., 1996; RODGERS, POPPER e WIRTH, 1990; VOLPINI et al.,
2004, os quais reconhecem a região conservada do minicírculo do DNA de
cinetoplastídeo (kDNA, presente na família Trypanosomatidae), gerando, na
amplificação por PCR, produtos de aproximadamente 116-120pb de comprimento
para os subgêneros Leishmania e Viannia, respectivamente. Foram utilizados
primers degenerados (primers com combinação múltipla de nucleotídeos em
determinadas posições da cadeia) que pareavam com as seqüências dos
minicírculos de Leishmania kDNA. A reação foi feita em tubo de PCR,
adicionando-se 1µM de cada primer 150: 5' – GGGKAGGGGCGTTCTSCGAA – 3'
e 152: 5' – SSSWCTATWTTACACCAACCCC – 3' (IDT Technologies, USA);
200µM de dNTPs (Amersham, USA); 1,5mM de MgCl2; 1U de Taq DNA
polimerase (New England Biolabs – MA, USA) em tampão 10x (500mM de KCl,
100mM de (NH4)2SO4, 200mM de Tris-HCl e 1% de Triton X-100, pH=8.8) para um
volume final de 10µL, em 30 ciclos de 94°C por 1 minuto, 65°C por 1 minuto e
72°C por 1 minuto, seguido de 5 minutos a 72°C. Os produtos de PCR foram
observados e fotografados em um gel de agarose a 2% contendo SYBR green
47
(Molecular Probes, Invitrogen, USA) diluído 10.000 vezes em tampão TBE 0,5X
(Tris-borato 0,045M e EDTA 1mM, pH=8,3) com uma voltagem constante de 5-10
V/cm. A presença de uma banda de 116-120 pares de base confirma o diagnóstico
positivo para leishmania.
48
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos 65 quadrantes estudados foram analisados 253 cães e 17 marsupiais. Em
46,2% (30/65) dos quadrantes havia casas com cães, estando situados em área
urbana ou peri-urbana (sítios) da localidade de Barra de Pojuca. Um total 52,3%
(34/65) dos quadrantes estavam situados em áreas desabitadas com paisagem
formando um mosaico de resquícios de mata, áreas alagadas, coqueirais e
bananais, tendo o relevo caracterizado por encostas escarpadas. Todos os 17
marsupiais capturados pertenciam à espécie D. albiventris. Dentre eles o peso
variou de 300 a 1.600g, sendo que 12 eram machos e cinco fêmeas. 16
exemplares foram capturados em quadrantes com casas (zonas urbana e peri-
urbana) e apenas um foi capturado em área desabitada. Como não se tinha
conhecimento a cerca de quais espécies de marsupiais era freqüente na
localidade de Barra do Pojuca e como o que investigávamos era a participação
desses marsupiais, indistintamente em relação a espécie animal pertenceriam,
podemos ter incorrido em falhas quanto ao melhor tipo de isca a ser adotada para
captura. Em virtude disso variamos no tipo de isca utilizada. Provavelmente, a não
especificidade e uniformidade das iscas utilizadas em todos os quadrantes de
estudo tenha nos levado a capturar um numero menor de marsupiais do que
prevíamos. Segundo relato dos habitantes locais, estes marsupiais (na região são
chamados vulgarmente de sariguê) são freqüentemente vistos nas vizinhanças. O
maior número de marsupiais capturados nas áreas com habitações humanas
confirma o hábito sinantrópico desta espécie e sua capacidade de adaptação aos
ambientes alterados pelo homem. Esta tendência comportamental foi observada
por TRAVI et al. (1989b) na espécie D. marsupialis na Colômbia, onde um número
elevado deste marsupial foi capturado em uma área de floresta intensamente
antropizada em comparação com uma área de reserva florestal. CABRERA et al.
(2003) durante o estudo de um foco de LV em Barra de Guaratiba, Rio de Janeiro,
capturaram 31 espécimes de D. marsupialis nas imediações das casas estudadas.
49
Os resultados sorológicos dos cães e marsupiais examinados para leishmaniose
vísceral são apresentados na Tabela 1. Apesar da localidade de Barra do Pojuca
ser atendida pelo Centro de Controle de Zoonoses de Camaçari em suas ações de
controle da LV, especialmente no tocante a borrificação com inseticida de ação
residual e retirada dos cães soropositivos da área, a soroprevalência encontrada
ainda é elevada e, considerando os resultados de JULIÃO (2004) quando em
2003, estudando a mesma área, obteve uma soroprevalência canina média de
27% nos focos de LV analisados pelo autor, Barra do Pojuca parece manter
elevadas taxas de prevalência ao longo do tempo, expondo a população humana
a um elevado risco de infecção. CUNHA e colaboradores (1995), em um estudo
realizado na localidade Monte Gordo, também no município de Camaçari,
encontrou taxas de soroprevalência de LV de 6,3% em cães e 14% em humanos
e, nestes últimos, uma taxa aproximada de 30% de intradermorreação positiva ao
teste Monte Negro. Estes dados proporcionam uma impressão sobre o grave risco
a que estão submetidas às populações humanas residentes em áreas endêmicas
de LV.
De acordo com nossas informações, os dados de soroprevalência e PCR de LV
em marsupiais apresentados neste trabalho são os primeiros registros no Estado
da Bahia. A taxa de 26,7% (4/15) de soroprevalência na espécie D. albiventris
(Tabela 1) é elevada e sugere o envolvimento desta espécie no ciclo de
transmissão do parasito na área de estudo. Os resultados da PCR obtidos dos
marsupiais capturados neste estudo revelam uma taxa de infecção de 64,7%
(11/17), demonstrando de forma clara a participação desta espécie na
epidemiologia da LV na área estudada.
50
TABELA 1. Resultados do ensaio imunoenzimático (ELISA) para leishmaniose
visceral feito nos cães e marsupiais coletados na localidade de Barra do Pojuca,
situada no município de Camaçari, Bahia.
CÃES MARSUPIAIS
ELISA ELISA PCR
Positivo 39 (15,6%) 4 (26,7%) 11 (64,7%)
Negativo 214 (84,6%) 11 (73,3%) 6 (35,3%)
n 253 (100%) 15 (100%) 17 (100%)
Resultados obtidos por CORREDOR e colaboradores (1989b), estudando a
espécie D. marsupialis na Colômbia demonstram também uma elevada
prevalência de infecção por L. chagasi, os autores registram a prevalência de
32,4%, (12/37) nos marsupiais capturados em uma área endêmica Colômbia,
próximos às residências humanas. Os autores concluem que o D. marsupialis
representa um reservatório ideal de L. chagasi devido à sua elevada abundância
nas áreas endêmicas, sua prolificidade e seu comportamento sinantrópico. TRAVI
et al (1998a) avaliaram a relação hospedeiro–parasito–vetor em marsupiais
infectados experimentalmente com L. chagasi, utilizando recursos clínicos,
parasitológicos, histopatológicos e entomológicos, visto que tentativas anteriores
de infectar o D. marsupialis tinham se mostrado de difícil realização segundo
SHERLOCK e colaboradores (1988). As culturas de aspirado esplênico
demonstraram altíssima carga parasitária quando comparados aos demais
tecidos, sendo seguida por linfonodos, fígado e sangue. Os autores relataram que
D. marsupialis infectados por L. chagasi com quadro subclínico da doença não
apresentaram alterações hepáticas significativas. A ausência de formas
amastigotas na pele e em órgãos linfóides de um marsupial com título 1:320 para
leishmania já havia sido observada por outros autores, tanto em infecção natural
51
quanto experimental. No entanto, neste caso, o parasito pode ser detectado
através de inoculação intra-dérmica em hamsters. Este resultado confirma estudos
prévios e reforça o fato de que marsupiais podem estar naturalmente infectados
sem apresentar sintomas clínicos, mas mantendo o parasito em seus tecidos
(CABRERA, 2003). TRAVI et al (1998b) estudando a dinâmica de infecção por L.
chagasi em pequenos mamíferos em duas áreas de floresta tropical seca (uma
reserva florestal protegida e uma área agrícola) dentro de uma área endêmica
para LV na Colômbia e observaram a ocorrência de duas espécies mais
comumente positivas para LV, o D. marsupialis e o Proechimys canicollis. Os
autores obtiveram por PCR 14,3% (3/21) de prevalência de infecção nos D.
marsupialis capturados na área de reserva e 9,5% (13/137) dentre os marsupiais
capturados na área agrícola. Não foi registrada diferença significativa na taxa de
infecção em D. marsupialis quando comparado ao fator sexo, todavia animais
adultos se apresentaram infectados com mais freqüência do que os exemplares
jovens. ADLER et al. (1997) relata sobre a capacidade de adaptação do D.
marsupialis à ambientes alterados pela ação antrópica, corroborando as
observações de TRAVI e colaboradores (1998b) que observaram um número
maior destes marsupiais em um campo agrícola quando comparado com uma
reserva florestal. Estes trabalhos, apesar de terem sido realizados em outras
regiões e com uma espécie de marsupial diferente da analisada em nosso estudo,
são semelhantes aos nossos resultados de prevalência e de preferência por
ambientes antropizados ou próximos das áreas habitadas por pessoas. Esta
capacidade de adaptação dos Didelphis sp. ao ambiente humano e a elevada
freqüência de animais infectados por Leishmania sp. tornam estas espécies
potenciais elos no ciclo de transmissão de L. chagasi e indicam a necessidade de
mais pesquisas visando esclarecer o papel desta espécie na epidemiologia da LV.
52
CONCLUSÕES
A espécie de marsupial predominante na localidade de Barra do Pojuca é a
Didelphis albiventris e a freqüência de captura nos quadrantes situados em áreas
urbanas e peri-urbanas, indica um comportamento sinantrópico da espécie.
A soroprevalência e os resultados da PCR nos marsupiais indicam que a espécie
participa do ciclo de transmissão da L. chagasi, no entanto são necessários mas
estudos para definir seu verdadeiro papel na epidemiologia da LV no tocante ao
risco que representam às populações humanas e caninas nas áreas endêmicas.
Apesar das ações de controle da LV efetuadas pelo Centro de Controle de
Zoonoses de Camaçari na localidade de Barra do Pojuca, a soroprevalência da
doença na população canina não foi reduzida, o que pode apoiar a hipótese da
participação de espécies selvagens, como os marsupiais, na epidemiologia da
doença, atuando como reservatórios da L. chagasi e fonte de disseminação da
doença na área.
53
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a: Fundação Alexander von Humboldt pela doação dos
equipamentos para a realização da PCR (III-ERSX-BRA/1067633) cedidos ao
Prof. Dr. Carlos Roberto Franke; ao apoio financeiro número 478702/2003-5 do
CNPq - Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico; a
FAPESB – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia a bolsa de
mestrado concedida ao primeiro autor; ao Centro de Controle de Zoonoses do
município de Camaçari; e ao Centro de Saúde de Barra do Pojuca, bem como `as
colaborações técnicas de Bárbara Maria Paraná da Silva Souza; Danielle Custódio
Leal; Débora Cristina Portela Medina Barbosa; e Lídia Silva de Oliveira.
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CABRERA M.A.A., PAULA A.A., CAMACHO L.A.B., MARZOCHI M.C.A., XAVIER S.C., SILVA A.V.M., JANSEN A.M.. Canine visceral leishmaniasis in Barra de Guaratiba, Rio de Janeiro, Brazil: assenssment of risk factors. Rev. Inst. Med. Trop. S. Paulo. 45(2): 79-83, 2003 CORREDOR A, GALLEGO JF, TESH RB, MORALES A, DE CARRASQUILLA CF, YOUNG DG, KREUTZER RD, BOSHELL J, PALAU MT, CACERES E, ET AL. Epidemiology of visceral leishmaniasis in Colombia. Am J Trop Med Hyg. May;40(5):480-6, 1989a. CORREDOR, A., GALLEGO, J.F.; TESH RB, PELÁEZ D, DIAZ A, MONTILLA M, PALÁU MT. "Didelphis marsupialis, an apparent wild reservoir of Leishmania donovani chagasi in Colombia, South America." Trans R Soc Trop Med Hyg 83(2): 195. 1989b CORREDOR, A.; KREUTZER, R. D.; et al. "Distribution and etiology of leishmaniasis in Colombia." Am J Trop Med Hyg 42(3): 206-14, 1990. DEGRAVE, W.; FERNANDES, O.; CAMPBELL, D.; BOZZA, M.; LOPES, U. Use of molecular probes and PCR for detection and typing of Leishmania--a mini-review. Mem Inst Oswaldo Cruz. v. 89, n. 3, p. 463-9, Jul-Set. 1994. CUNHA, S.; FREIRA, M.; EULÁLIO, C.; CRISTOVAO, J. NETTO, E.; JOHNSON, W. D. Jr.; REED, S. G.; BADARÓ, R. Visceral leishmaniasis in a new ecological nicje near a major metropolitan área of Brazil. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, 89, 155-158, 1995. HERRERA, L., P. S. D'ANDREA, et al.. "Trypanosoma cruzi infection in wild mammals of the National Park 'Serra da Capivara' and its surroundings (Piaui, Brazil), an area endemic for Chagas disease." Trans R Soc Trop Med Hyg 99(5): 379-88, 2005 JANSEN, A. M.; LEON, L.; MACHADO, G. M.; SILVA, M. H.; SOUZA-LEÃO, S. M.; DEANE, M. P. Trypanosoma cruzi in opossum Didelphis marsupialis: parasitological and serological follow-up of the acute infection. Experimental Parasitology, 73, pp249-259, 1991 JANSEN, A.M.; MADEIRA, F.CARREIRA, C.J.; MEDINA-ACOSTA, E.; DEANE, M.P. Experimental Parasitology, 86 pp.37-44, 1997. JULIÃO, F.S.; Estudo epidemiológico de focus de leishmaniose visceral canina na Região Metropolitana de Salvador, Bahia, Brasil. Dissertação de Mestrado do Mestrado em Medicina Veterinária Tropical. Escola de Medicina Veterinária. Universidade Federal da Bahia. pp.64, 2004.
55
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56
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nosso estudo demonstrou que na localidade de Barra do Pojuca a espécie
predominante de marsupial é a Didelphis albiventris a qual foi com freqüência
capturada nos quadrantes situados em áreas urbanas e peri-urbanas, indicando
um comportamento sinantrópico da espécie. A soroprevalência e os resultados da
PCR nos marsupiais indicam que a espécie participa do ciclo de transmissão da L.
chagasi, no entanto são necessários mais estudos para definir seu verdadeiro
papel na epidemiologia da leishmaniose visceral no tocante ao risco que
representam às populações humanas e caninas nas áreas endêmicas. Apesar das
ações de controle da leishmaniose visceral efetuadas pelo Centro de Controle de
Zoonoses de Camaçari na localidade de Barra do Pojuca, a soroprevalência da
doença na população canina não foi reduzida, o que pode apoiar a hipótese da
participação de espécies selvagens, como os marsupiais, na epidemiologia da
doença, atuando como reservatórios da L. chagasi e fonte de disseminação da
doença na área.
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76
ANEXO I
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA
LABORATÓRIO DE INFECTOLOGIA VETERINÁRIA - LIVE FICHA PARA COLETA DE SANGUE EM VISITA DOMICILIAR - BARRA DO POJUCA
Data da coleta: ____/____/200_
Registro Nº: ____________ Referência: _________ UTM: __________ X ___________
Quadrante:_________
DADOS DO PROPRIETÁRIO
Nome (Chefe da família): Telefone: Endereço: FNS: Bairro: Nº de moradores (idades: ) Nº de cães na casa: Quanto tempo reside em Barra do Pojuca ?
DADOS DO CÃO
Nome: Sexo ( 1 ) M ( 2 ) F
Idade: ( 1 ) < 1 ano ( 2 ) 1 a 5 anos ( 3 ) > 5 anos
Raça ( 1 ) ( 2 ) SRD
Pêlo ( 1 ) Curto ( 2 ) Médio/Longo
Peso ( 1 ) < 5 kg ( 2 ) 5 até 20 kg ( 3 ) > 20kg
Estado corporal ( 1 ) Caquexia ( 2 ) Normal
Mucosas ( 1 ) Normal ( 2 ) Hipocorada ( 3 ) Congesta
( 4 ) Ictérica
Comportamento ( 1 ) Apático ( 2 ) Ativo
Estado da pele
77
Alopecia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Ulceras Nasais ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Labiais ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Hiperqueratose ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Escoriação ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Emaciação: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Onicogrifose ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Olhos ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Alimentação ( 1 ) Comida/ Mista
( 2 ) Ração
Forma de criação ( 1 ) Não sai ( 2 ) Sai
Tempo de posse
Origem ( 1 )Barra do Pojuca ( 2 ) Camaçari
( 3 )Outros
( 4 )Ignorada
Especificar:
Este cão já foi vacinado ?
( 1 ) Sim. Qual ? Quando ? ( 2 ) Não
Sabe o que é leishmaniose / calazar? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
É a primeira vez que faz exame no animal? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Qual o resultado? ( 1 ) Positivo ( 2) Negativo
Quando foi feita a sorologia?
Observação:
Já teve cão positivo para Calazar? Sim ( 1 ) Quando: ( 2 ) Não
O que fez ?
Já houve algum caso em casa ou na vizinhança de calazar humano?
Sim ( 1 ) Quando:
( 2 ) Não
Sabe sobre cão com calazar eliminado no vizinho? Sim ( 1 ) Quando:
( 2 ) Não
78
Tem outros animais ?
( 1 ) Não ( 2 ) Gato
( 3 ) Galinha
( 4 )Porco
( 5 )Outro
Presença de animais silvestres perto de casa ?
Rato ( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente
Sariguê ( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente
Raposa ( 1 ) Freqüentemente ( 2 ) Às vezes
( 3 ) Raramente
Outros/Observação
Qual o destino do lixo?
( 1 ) Queima/Enterra/Acumula a céu aberto
( 2 ) Coleta Qual a freqüência?
( 1 ) Semanal ( 2 ) Quinzenal ( 3 ) Mensal
Tem água encanada ?
( 1 ) Sim ( 2 ) Não. De onde vem ?
Tem rede de esgoto ?
( 1 ) Sim ( 2 ) Não. Para onde vai ?
Quintal na casa ? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Quando foi a última dedetização ? ( 1 ) Sim. Quando: ( 2) Não
Existem agrupamentos de árvores nas proximidades (mata) ?
( 1 ) Sim ( 2) Não