5
Leticia de Paula Traficante Jacintho Cod.1027697 Conceitualização do Plantão Psicológico O plantão psicológico teve seu início nos anos 60, quando Rachel Rosemberg o constituiu, no Serviço de Aconselhamento Psicológico (SAP) do Instituto de Psicologia da USP (Ipusp), tendo como referência a Abordagem Centrada na Pessoa de Carl Rogers (CHAVES, 2008). Tal prática inspira-se na proposta de atendimento clínico breve, fora dos moldes consultorias, e viabilizam um atendimento de tipo emergencial e que funciona sem necessidade de agendamento, destinado a pessoas que a ele recorrem, espontaneamente, em busca de ajuda para problemas de natureza emocional (CHAVES, 2008). Rogers (1961) traz a ideia de que as relações nas quais pelo menos uma das partes (plantonista) procura promover na outra o crescimento, o desenvolvimento, a maturidade, um melhor funcionamento e uma maior capacidade de enfrentar a vida. (CHAVES, 2008) De acordo com PAPARELLI (2007) o plantão se caracteriza por três pontos de vista: o da instituição, da qual se exige a sistematização dos serviços, com a organização e o planejamento do espaço físico, os recursos disponíveis (humanos ou materiais, rede de apoio externo e outros); o do profissional, cuja exigência se refere à "disponibilidade" ao novo, ao não planejado, ao inusitado, à possibilidade de

Pesquisa Sobre Plantão Psicológico

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Pesquisa

Citation preview

Page 1: Pesquisa Sobre Plantão Psicológico

Leticia de Paula Traficante Jacintho Cod.1027697

Conceitualização do Plantão Psicológico

O plantão psicológico teve seu início nos anos 60, quando Rachel

Rosemberg o constituiu, no Serviço de Aconselhamento Psicológico (SAP) do

Instituto de Psicologia da USP (Ipusp), tendo como referência a Abordagem

Centrada na Pessoa de Carl Rogers (CHAVES, 2008). Tal prática inspira-se na

proposta de atendimento clínico breve, fora dos moldes consultorias, e

viabilizam um atendimento de tipo emergencial e que funciona sem

necessidade de agendamento, destinado a pessoas que a ele recorrem,

espontaneamente, em busca de ajuda para problemas de natureza emocional

(CHAVES, 2008). Rogers (1961) traz a ideia de que as relações nas quais pelo

menos uma das partes (plantonista) procura promover na outra o crescimento,

o desenvolvimento, a maturidade, um melhor funcionamento e uma maior

capacidade de enfrentar a vida. (CHAVES, 2008)

De acordo com PAPARELLI (2007) o plantão se caracteriza por três

pontos de vista: o da  instituição, da qual se exige a sistematização dos

serviços, com a organização e o planejamento do espaço físico, os recursos

disponíveis (humanos ou materiais, rede de apoio externo e outros); o

do profissional, cuja exigência se refere à "disponibilidade" ao novo, ao não

planejado, ao inusitado, à possibilidade de acolher a demanda daquele que o

procura, e o docliente, que constitui uma referência, um porto seguro para a

sua necessidade (Mahfoud, 1987). Os trabalhos publicados que referenciam o

desenvolvimento da atividade em plantão psicológico são, via de regra,

realizados na abordagem centrada no cliente (Mahfoud, 1987; Cury e Di Nucci,

1998; Cury, 1999; Morato, 1999).

O aluno plantonista tem contato, em sua formação teórica, com

conteúdos que têm como objetivo possibilitar que ele possa atuar, de modo

interventivo, nos momentos de crise que, segundo Bellak e Small (1980), são

as situações críticas que põem à prova os recursos e forças dos indivíduos e

ameaçam sua integridade, impondo condições além da possibilidade

adaptativa da pessoa. (PAPARELLI, 2007)

Page 2: Pesquisa Sobre Plantão Psicológico

Para Rocha (2011) Estar de plantão é estar presente num determinado

dia e hora, mas, sobretudo, é estar aberto e disponível para receber e escutar o

outro que procura por ajuda psicológica. Compreende que o plantão é como

uma modalidade de atendimento psicológico em que pode facilitar o processo

de compreensão do momento de vida em que o cliente se encontra e projetar

seu cuidado. Trata-se de um atendimento com foco na experiência e não

exclusivamente no problema do cliente, não cabendo ao plantonista avaliar,

julgar ou decidir por ele.

O plantão é o lugar da instabilidade. Reconhece sua (da instabilidade)

presença vibrante na vida e acolhe sua dada existência. A vivência dessa

instabilidade constitui um processo intenso que se inicia ao se perceber o quão

a sala de espera pode estar repleta de pessoas procurando atendimento,

segue pela experiência, sempre inaugural, de encontrar uma pessoa sem ter

nenhuma idéia do que a levou ao plantão, adentra pela vida trazida nos relatos,

posturas e marcas e começa a se fechar no momento em que se conversa

sobre o caminho que a pessoa pretende trilhar a partir da sessão: quer voltar

para mais uma conversa, quer encerrar e caminhar sozinha ou sente-se

esclarecida quanto à sua demanda e deseja um encaminhamento (ROCHA,

2011).

Dessa forma, o aconselhamento psicológico se configura pela abertura

do conselheiro para acolher qualquer demanda que se apresente. A idéia é

receber o cliente e facilitar para que este se posicione diante de seu sofrimento

e decida se o atendimento será um aconselhamento, uma orientação ou uma

psicoterapia. O conselheiro ao acolher o cliente pode, junto com este, explorar

não só a queixa, mas outras possibilidades diante desta. O aconselhamento

psicológico, então, constitui-se pela disponibilidade e flexibilidade em propor

alternativas de ajuda (REBOUCAS, 2010).

Nesse sentido, o psicólogo, no plantão psicológico, independente de

onde esteja ou do nome que recebe, estará ali para atender a pessoa,

focalizando a sua atenção nesta e não no problema. Dessa forma, a eficácia do

plantão psicológico não está relacionada à resolução da problemática em

questão, já que a prioridade não é a queixa, mas o mundo de significados

daquela pessoa, e o papel do psicólogo é ajudá-la a refletir e buscar novas

maneiras para lidar com as suas dificuldades (REBOUCAS, 2010).

Page 3: Pesquisa Sobre Plantão Psicológico

A proposta do atendimento do Plantão Psicológico vem para se adequar

às necessidades da pessoa que precisa conversar com um profissional capaz

de ajudá-la a entender melhor a sua realidade em seus momentos de aflição.

Aguardar numa longa fila de espera e/ou submeter-se às entrevistas de triagem

para avaliação e encaminhamento são procedimentos que parecem dificultar o

engajamento na psicoterapia, especialmente para as pessoas que se

encontram pouco interessadas no processo de reconstrução da personalidade,

mas que precisam de uma atenção especial em determinados momentos de

suas vidas (TASSINARI, 2011)

REFERÊNCIAS

TASSINARI, M. A.; DURANGE, W. Plantão psicológico e sua inserção

na contemporaneidade. Rev. NUFEN, São Paulo,  v. 3, n. 1,   2011.  

Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?

script=sci_arttext&pid=S2175-25912011000100004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso

em  18  fev.  2015.

REBOUCAS, M.S.S.; DUTRA, E. Plantão psicológico: uma prática

clínica da contemporaneidade. Rev. abordagem gestalt, Goiânia,  v. 16, n. 1,

jun. 2010. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?

script=sci_arttext&pid=S1809-68672010000100004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso

em  18  fev.  2015.

ROCHA, M.C. Plantão psicológico e triagem: aproximações e

distanciamentos. Rev. NUFEN, São Paulo, v. 3, n. 1, 2011. Disponível em

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-

25912011000100007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 18 fev.  2015.

PAPARELLI, R.B.; MARTINS, M.C.F. Psicólogos em formação:

vivências e demandas em plantão psicológico. Psicol. cienc. prof.,

Brasília, v. 27, n.1, Mar. 2007. Disponível em <http://ref.scielo.org/4symhc>

acesso em 18 Fev. de 2015. 

Page 4: Pesquisa Sobre Plantão Psicológico

CHAVES, P.B.; HENRIQUES, W.M. Plantão psicológico: De frente

com o inesperado. Psicologia Argumento, 26(53), 151-157. 2008.