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Petróleo e gás natural
“O petróleo move o mundo moderno e está presente em nosso cotidiano. Com ele,
construímos uma história de sucesso. Agora encontramos uma reserva imensa no
pré-sal, com um tipo de óleo que nos permitirá diversificar e obter produtos mais nobres. Um novo
desafio.
Porém nossa história não se limita a ele. Buscamos energia em outras fontes, como o gás natural
e os biocombustíveis.
O gás natural é versátil e pode ser aplicado em casa, na indústria e como combustível veicular.
Nossas pesquisas por energias renováveis nos levaram ao desenvolvimento de tecnologia única
no mundo para obtenção do biodiesel e a novas técnicas de produção do etanol.
Em paralelo, estamos desenvolvendo técnicas de obtenção de energia na força dos ventos, nos
raios solares, nos rios e no hidrogênio combustível.”
(Texto extraído do site da Petrobrás, http://www.petrobras.com.br/pt/energia-e-tecnologia/fontes-de-energia/ - Acesso
em 10/10/2013).
Como você leu acima, o petróleo é muito importante, mas não é mais a única alternativa
energética. Até mesmo uma das maiores indústrias petrolíferas mundiais, como a Petrobras, já
procura diversificar suas atividades e seu foco de produção. Isso, por dois motivos principais:
O petróleo vai acabar em aproximadamente 100 anos
O petróleo e o carvão mineral - na qualidade de combustíveis fósseis – são poluentes, pois
lançam gases de efeito estufa, que estariam contribuindo para o “aquecimento global”;
além de conterem enxofre, cujos óxidos causam a chuva ácida.
Petróleo, o “óleo de pedra”
O petróleo é uma mistura oleosa e escura, formada por centenas de substâncias. Esta mistura se
formou através da decomposição parcial de organismos animais e vegetais, cujos corpos foram
se depositando em fundos de lagos e mares, misturados com areia, calcário e outros sedimentos,
que, por sua vez, foram se transformando em rochas sedimentares, principalmente arenito,
guardando a mistura orgânica sob várias camadas de rochas. Sem a presença de oxigênio e
após um longo período – de 10 a 400 milhões de anos -, o material orgânico foi originando uma
mistura muito rica de substâncias orgânicas variadas, sendo a maior parte de hidrocarbonetos
saturados; ou seja, substâncias que contêm apenas carbono e hidrogênio, em cadeias
carbônicas de ligações covalentes simples.
Não se conhece exatamente todas as etapas dessas reações químicas de decomposição, mas é
certo que a formação de petróleo é um fenômeno global, em ciclos de várias eras. Por isso, há
petróleo em diferentes regiões do planeta, em subsolo continental e subsolo oceânico, sendo que
as maiores jazidas estão localizadas no Oriente Médio.
Conhecido há milênios pelos antigos, o petróleo já foi utilizado como rejunte de pedras em
construções no Oriente Médio, iluminação noturna, mumificação e como material incendiário em
batalhas. Etimologicamente a palavra “petróleo” significa “óleo de pedra”, pois ele era encontrado
no solo rochoso e algumas jazidas até “brotavam” do chão e em profundidades de até 25 metros.
Hoje o “ouro negro” é obtido em profundidades muito maiores. Na bacia de Campos, Estado do
Rio de Janeiro, o petróleo é extraído a cerca de 1,8 mil metros; mas, no caso do pré-sal, a
profundidade é de até 7 mil metros, sendo 2 mil metros de lâmina d'água, 2 mil metros de solo
pós-sal, 1 mil metros de sal e 2 mil metros de camada petrolífera, chamada “pré-sal”. O Brasil é o
recordista mundial em extração de petróleo em grandes profundidades sob solo oceânico.
Distribuição do petróleo no mundo
O Brasil é o 13º produtor mundial (1 milhão de barris/dia). Com o pré-sal, pode se tornar o
4º maior produtor. O prazo para atingir o pico de produção do pré-sal é daqui a 15 anos.
Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:World_petroleum_systems.png – Acesso em 20/10/2013.
Desde a Revolução Industrial, no século 19, o “ouro negro” se tornou o “motor” da economia e da
energia mundiais. Cerca de 80% da energia consumida hoje no planeta provêm de combustíveis
fósseis, especialmente do petróleo.
Recomendamos que você assista aos vídeos indica dos nos links abaixo:
A história do petróleo 1: http://www.youtube.com/watch?v=q5167yil3oc
A história do petróleo 2 – nacionalismo: http://www.youtube.com/watch?v=RjeDe1WDKsk
O terceiro vídeo mostra a tecnologia da Petrobras na exploração de petróleo, com plataformas
marinhas, na Bacia de Campos: http://www.youtube.com/watch?v=icY-3JRXtiw
Comentário: como você viu, abaixo das plataformas flutuantes são colocadas as “árvores de
natal” sobre o solo marinho, que centralizam a chegada de uma série de tubos flexíveis vindos da
jazida de petróleo, no subsolo. O petróleo chega pelos tubos flexíveis até às “árvores”, que
lançam o petróleo para a plataforma, onde é separado do “gás natural”, formado principalmente
de metano e etano (CH4 e C2H6). Essa tecnologia é única no mundo, patenteada pela Petrobras.
O quarto vídeo trata do “desafio” de extrair petróleo a mais de 7 mil metros de profundidade, o
pré-sal brasileiro: http://www.youtube.com/watch?v=Hzy5AAYGUFs
Composição química
Existem vários tipos de petróleo. Dependendo de onde foi formado, de sua idade geológica, das
condições de pressão e temperatura a que foi submetido e das migrações para diferentes
camadas de rochas, suas características podem variar bastante, inclusive sua coloração que,
oscila do marrom escuro ao preto.
Além disso, o “poço” de petróleo não é uma “bolsa” subterrânea vazia, preenchida apenas com
petróleo; ao contrário, está misturado com muitos minerais sólidos provenientes da rocha
sedimentar de onde é extraído. Quando chega à superfície, o petróleo vem com grande
quantidade desses sólidos, principalmente arenito, que precisam ser retirados por filtração, além
de gases, como o metano e etano (gás natural) e até a água salgada. Pode ser que um poço
contenha pouco ou nenhum gás; ou podem ser encontradas câmaras subterrâneas com gás
natural, separadas das câmaras de petróleo, porém, geralmente, estão próximas. Isso acontece
por causa da “migração” do gás ou do óleo para diferentes camadas da rocha principal da bacia
petrolífera.
Logo, quando é realizada a primeira perfuração de um poço, uma amostra de petróleo é
analisada e recebe uma primeira classificação em graus API. Esta classificação é para
determinar o grau de “leveza” do petróleo, ou seja, se ele é formado predominantemente de
moléculas de menor massa (menor número de carbonos) ou de moléculas maiores (mais
carbonos). O grau API é dado a partir da análise da densidade da amostra; e quanto maior o
grau, mais leve é o petróleo.
Grau API maior que 30: petróleo leve ou de base parafínica, com alto teor de alcanos, além
de 15 a 25% de cicloalcanos; ou seja, muito rico em hidrocarbonetos saturados (ligações
simples).
Grau API entre 22 e 30: petróleo médio ou de base naftênica, com alto teor de alcanos e
de 25 a 30% de hidrocarbonetos aromáticos; estes últimos formados por anéis benzênicos
e, portanto, hidrocarbonetos insaturados (apresentando ligações duplas).
Grau API abaixo de 22: petróleo pesado, contendo principalmente hidrocarbonetos
aromáticos.
Grau API abaixo de 10: petróleo extrapesado, rico em compostos de cadeia mais longa, de
características asfálticas.
Plataforma flutuante
Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Oil_platform_P-51_%28Brazil%29.jpg – Acesso em 21/10/2013.
O petróleo brasileiro é predominantemente de base parafínica, situado entre os graus médio e
leve, que são os de melhor qualidade. Como o componente mais valioso do petróleo é a
gasolina, que possui moléculas de 5 a 9 carbonos, e que, portanto, é um composto “leve”, os
petróleos de grau mais alto (mais leves) são os que possuem maior valor de mercado.
No dia 17 de outubro de 2013, a Petrobras divulgou que o primeiro teste do reservatório da área
Farfan (águas ultraprofundas da Bacia Sergipe-Alagoas), atestando "excelente produtividade de
óleo de boa qualidade", com grau API 38º, ou seja, “leve”. Testes preliminares indicam que a área
contém oito poços, totalizando um grande volume, podendo ser um dos maiores já encontrados
em águas brasileiras, estando localizada a 104 km da cidade de Aracaju, em profundidade de
água de 2,5km e 5,6km de profundidade total.
Fonte: http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/energia/noticias/petrobras-conclui-teste-de-formacao-na-area-de-farfan - Acesso em
21/10/2013.
Separando as frações - refino
Após as fases de decantação (para separação da água) e filtração (separação de sólidos e
sedimentos de rocha), que geralmente ocorrem no próprio local de extração, o petróleo é levado
para uma refinaria, onde passa pelo “refino”.
Nessa fase, o óleo cru costuma ter centenas de substâncias de fórmulas moleculares diferentes,
com diferentes números de carbonos e de hidrogênios. Existem também muitos isômeros, ou
seja, substâncias de estruturas moleculares diferentes, mas com mesma fórmula molecular.
Mas, para efeito prático de classificação das frações dessa grande mistura, é mais fácil ter como
referência o tamanho da cadeia carbônica (número de carbonos), pois quanto maior a cadeia,
mais alto é o ponto de ebulição. É por diferença de pontos de ebulição que essas frações são
separadas nas torres de fracionamento de uma refinaria de petróleo.
Refinaria de petróleo
Disponível em: http://pixabay.com/pt/refinaria-%C3%B3leo-a%C3%A9rea-g%C3%A1s-natural-109023/
Acesso em 20/10/2013.
O refino é, principalmente, a destilação fracionada do óleo cru, que é previamente aquecido e
percorre a torre, de baixo para cima. Na medida em que sobe, vai esfriando e condensando seus
componentes menos voláteis, que são recolhidos para tanques de armazenamento. Os outros
componentes mais voláteis continuam subindo pela torre, até chegarem a uma altura em que a
temperatura tenha esfriado o suficiente para também condensá-los, escorrendo líquidos para
outros tanques. Ou seja, a torre de fracionamento, ao mesmo tempo em que separa as frações de
petróleo por altura na torre, está separando ao mesmo tempo por pontos de ebulição e
também por tamanho da cadeia carbônica, uma vez que esses três critérios se relacionam.
Assim, quanto maior a altura em que é recolhida, menor o ponto de ebulição das substâncias que
compõem aquela fração.
Esquema simplificado de uma torre de fracionamento,
com seis frações principais.
O “gás” no alto é o GLP, gás liquefeito de petróleo,
usado como gás de cozinha.
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Crude_Oil_Distillation-fr.svg – Acesso em
20/10/2013.
Lembrando: Quais características das estruturas moleculares determinam os pontos de ebulição
das substâncias?
1) Tamanho da molécula ou superfície de contato: quanto maior a cadeia carbônica, maior
o tamanho da molécula e maior a área de contato entre essas estruturas, aumentando a
intensidade da atração intermolecular. Por isso, há maior temperatura para separá-las.
2) Polaridade da molécula: Quanto maior a polaridade (intensidade dos polos positivo e
negativo de cada molécula), maior a atração entre as moléculas e maior a temperatura
necessária para separá-las. Mas, no caso das substâncias do petróleo, podemos
considerar todas como moléculas apolares. Como são hidrocarbonetos, não possuem
nenhum elemento muito eletronegativo, como flúor, oxigênio ou nitrogênio; e a polaridade
das ligações carbono-hidrogênio é insignificante (eletronegatividade do carbono 2,5 e do
hidrogênio 2,1), sendo, ainda, anulada pela geometria tetraédrica predominante dos
carbonos. As ligações carbono-carbono são, logicamente, apolares.
3) Presença de ramificações: as moléculas ramificadas não conseguem se aproximar tanto
umas das outras e seu “empacotamento” fica prejudicado. Mais distantes, as moléculas
ramificadas se atraem menos, facilitando a ebulição e, por isso, seu ponto de ebulição é
menor. Porém, como o petróleo é uma mistura de centenas de substâncias diferentes, não
é possível separá-las por esse critério, em grande escala.
Sendo assim, dos três critérios acima, apenas o primeiro é utilizado para a separação dos
componentes do petróleo em uma refinaria. Isto porque: não há variação na polaridade (2); e os
detalhes na estrutura das moléculas são desconsiderados, como é o caso da presença ou não de
ramificações (3). Por isso, cada fração separada do petróleo bruto ainda é uma mistura de
várias substâncias, contendo moléculas ramificadas junto de outras não ramificadas, mas de
cadeia carbônica de tamanho aproximado.
Refino, considerando nove frações
Frações Composição P. E. (ºC) Utilização
Gás natural 1 a 2 carbonos -162 a -
75ºC
Combustível
GLP 3 a 4 carbonos - 42 a 20ºC Gás de cozinha,
combustível
Éter de petróleo 5 a 6 carbonos 20 a 60ºC Solvente
Benzina 7 a 8 carbonos 60 a 90ºC Solvente
Gasolina 6 a 12 carbonos 40 a 200ºC Combustível
Óleo diesel 15 a 18 carbonos 250 a
300ºC
Combustível
Óleo lubrificante 16 a 20 carbonos 300 a
400ºC
Lubrificante
Parafina Sólidos de massa molar
acima de C36H74
470 a
650ºC
Velas, alimentos,
cosméticos.
Asfalto Hidrocarbonetos
parafínicos, aromáticos,
heterocíclicos.
- Pavimentação
Observação 1: Essas frações são simplificações do processo de refino, que, na verdade, envolve
mais de 40 etapas de separação das frações de maior interesse. Desenhos e tabelas com seis,
sete, oito ou nove frações são comuns, mas todos são simplificações do processo, para melhor
efeito didático.
Observação 2: A temperatura máxima de aquecimento das frações líquidas e gasosas é de
400ºC, pois, acima desse valor, há quebra ou “cracking” de moléculas maiores, em menores.
Destilação a vácuo
Uma das etapas importantes do refino, após a destilação por aquecimento, é a destilação a
vácuo, que separa as frações que não foram separadas na destilação anterior. Há uma torre de
fracionamento específica para essa finalidade, pois a pressão deve estar reduzida abaixo da
pressão atmosférica, para que as substâncias entrem em ebulição, em temperaturas não muito
altas, evitando que haja quebra das moléculas grandes em moléculas pequenas. Nessa etapa,
são recolhidas graxa, parafinas e betume.
Craqueamento ou “cracking”
As frações mais pesadas do petróleo, ricas em moléculas de cadeias carbônicas grandes, são
menos valiosas no mercado. Para valorizá-las, costuma-se fazer o “craqueamento” (do inglês
“cracking”, quebra) dessas substâncias, quebrando-as em moléculas menores, em reações
químicas que acontecem por aquecimento da amostra, geralmente em presença de catalisadores.
Os catalisadores são substâncias inertes ao processo, mas que, em sua presença, há menor
necessidade de altas temperaturas. Um catalisador diminui a energia de ativação, que é a energia
mínima necessária para iniciar a reação química. Mesmo assim, o craqueamento catalítico ocorre
entre 500º e 550ºC. O catalisador mais usado no craqueamento é um pó fino, constituído de sílica
(areia, SiO2) e óxido de alumínio (alumina, Al2O3).
O craqueamento é indispensável no processo de refino, sendo uma das etapas mais importantes
da produção de derivados, pois é capaz de aumentar enormemente a produção de compostos
mais leves que, como já vimos, são os mais caros e importantes do mercado. Em outras palavras,
só é possível atender à demanda de gasolina e de gás de cozinha do mercado consumidor,
porque muitas frações pesadas de óleos são “craqueadas” para se transformarem em
gasolina e gás GLP. Se não fosse o craqueamento, sobrariam óleos pesados e faltaria gás de
cozinha e gasolina aos consumidores.
Hidrocraqueamento catalítico ou HCC (hidrogenocatalitic cracking)
O HCC é um processo de “cracking” em presença de gás hidrogênio (H2), que tem uma série de
vantagens:
O craqueamento sem hidrogênio costuma formar compostos insaturados (com ligações
duplas); e, na presença de gás hidrogênio, há saturação das cadeias, transformando
novamente cadeias insaturadas em saturadas, aumentando a estabilidade dos produtos.
Compostos aromáticos são saturados na presença do hidrogênio, formando cadeias
cíclicas não aromáticas.
Compostos contendo nitrogênio e oxigênio são hidrogenados e facilmente eliminados.
Reforma catalítica
Nessa etapa, as moléculas sofrem uma “reforma”, ou seja, sofrem mudanças de “forma” nas
cadeias carbônicas, geralmente com acréscimo de ramificações, em compostos de cadeias, antes
não ramificadas ou “normais”. Cadeias abertas também podem ser transformadas em cadeias
fechadas e até em aromáticas. Posteriormente esses compostos são adicionados à gasolina, pois
melhoram a qualidade da combustão nos motores dos automóveis.
O que é a “gasolina de qualidade”? O que é “octanagem”?
Em relação à combustão nos motores dos carros, a gasolina ideal é a que se comporta como se
tivesse 100% de iso-octano. Neste caso, a gasolina explode apenas por ação da faísca produzida
pela “vela de ignição”, ou seja, no momento exato em que deve explodir.
O iso-octano (C8H18) tem cadeia
ramificada, com três grupos metil. Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Isooctane-
3D-balls.png – Acesso em 21/10/2013.
Uma gasolina que se comporta assim é chamada de “gasolina de alta octanagem” ou “com
100% de octanagem”, mesmo que não contenha octano puro, pois outros compostos
ramificados, cíclicos ou até aromáticos podem ser adicionados à gasolina para exercer essa
função.
Por outro lado, a gasolina de péssima qualidade é a que se comporta na combustão, como se
fosse heptano puro. Em outras palavras, é uma gasolina que pode explodir por compressão do
pistão, antes que a vela de ignição produza a faísca, ou seja, antes do momento ideal. Uma
amostra de gasolina com estas características tem pouca porcentagem de compostos de cadeia
ramificada, com 0% de octanagem ou grau de octanagem zero.
O heptano (C7H16), hidrocarboneto saturado de cadeia “normal” (não ramificada). Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Heptane-3D-balls.png - Acesso em 21/10/2013.
O índice de octanagem da gasolina brasileira é, em média, 86, ou seja, comporta-se como uma
mistura contendo 86% de iso-octano e 14% de heptano. Atualmente estão à disposição dos
consumidores brasileiros três tipos de gasolina: comum, comum aditivada e de alta octanagem
(premium e podium).
Combustível brasileiro Octanagem
Heptano 0
Gasolina comum 85
Gasolina especial 97
Iso-octano 100
Etanol 105
Metanol 105
Mitos sobre os tipos de gasolina no Brasil / do site Notícias automotivas
É comum ouvir um amigo dizer que abasteceu o carro com combustível aditivado,
qualquer modelo que seja, e que ele ficou “muito mais forte”. E também que a gasolina
comum “é suja”, que a aditivada “é besteira”, que a Premium (seja a BR Podium, ou a
Shell) é “jogar dinheiro fora”. Essas, entre outras lendas e mitos, acabam deturpando a
verdade sobre os inúmeros combustíveis disponíveis no mercado.
A verdade é que o consumo, independentemente do tipo de combustível, não tem razão
físico-química nenhuma que justifique diferenças gritantes.
Os três tipos de combustíveis vendidos no Brasil são, por força de lei federal, misturados
com 20% a 25% de álcool anidro. (…) *Obs.: alterados para 25% desde 25 de janeiro
de 2013 (nota Educar Brasil).
A diferença entre gasolina comum, aditivada e premium é bastante simples; a primeira
não contém aditivos de limpeza e dispersantes, portanto ocorre, ao longo do tempo,
acúmulo de detritos no motor e sistema de combustão. A segunda, aditivada, traz uma
série de “detergentes” especiais misturados ao combustível; cada bandeira faz o próprio
coquetel, e a sua eficiência varia de acordo com a qualidade deles.
Por último, há a gasolina Premium/Podium — assim como o combustível aditivado; ela
também traz componentes de limpeza especiais, porém tem mais octanas (fato que é
aproveitado por veículos com alta taxa de compressão, permitindo um total
aproveitamento do potencial do motor), emite menos enxofre durante a queima e, assim,
causa menos impacto ambiental, já que polui menos.
É possível, gradualmente, passar a utilizar gasolina aditivada ou mesmo premium em
motores “acostumados” com combustível comum. A vantagem será, a longo prazo, mais
durabilidade ao motor e seus componentes, menos resíduos acumulados, manutenção da
limpeza interna de tubulações, bicos e câmara de combustão e, como já citado, menos
poluição.
Disponível em:http://www.noticiasautomotivas.com.br/diferencas-entre-gasolina-comum-aditivada-e-premium-podium/ -
Acesso em 22/10/2013.
Experimento
Se você quiser saber a quantidade de álcool adicionado a uma amostra de gasolina qualquer,
para conferir se não foi adulterada com quantidades de álcool além do permitido por lei, o
procedimento é simples:
- Em uma proveta (cilindro graduado) de capacidade 200mL, coloque exatamente 100mL da
amostra de gasolina a ser testada;
- Em seguida, adicione 100ml de água, lentamente, e agite levemente a mistura ou misture com
um bastão de vidro e aguarde uns 5 minutos;
- O álcool (etanol) presente na gasolina é mais solúvel em água do que no hidrocarboneto e vai
“migrar” de fase, se deslocando para a fase aquosa. Assim, a leitura dos 100mL de gasolina
deverá baixar para 75mL, numa fase mais amarelada ou avermelhada, oleosa, acima da água. A
fase aquosa, por sua vez, deve aumentar de 100mL para 125mL; e, sendo mais densa, fica por
baixo da gasolina;
Cálculo: Se o volume de gasolina baixou de 100 para 75mL, a gasolina está dentro das
especificações atuais para a gasolina brasileira, com 25% de álcool. Se o percentual for superior
a 25% de álcool, a gasolina pode estar adulterada.
O “cetano” e o diesel
Ao contrário da gasolina, o diesel entra em combustão no motor por simples compressão. Não há
“velas de ignição”. Portanto, a referência de qualidade é o oposto à da gasolina. Considera-se um
bom diesel, o que tem índice elevado de “cetanos” ou “número de cetano”.
O cetano é um hidrocarboneto de cadeia normal, sem ramificações, com 16 carbonos, que pode
ser representado por:
CH3 (CH2)14 CH3 ou C16H34
Como vimos, os compostos sem ramificação são propensos a quebrar suas cadeias por
aquecimento (cracking). Se estiverem na presença de gás oxigênio, essa quebra das grandes
cadeias em moléculas menores facilita a reação de combustão.
Nos motores diesel, há uma compressão do combustível muito superior à dos motores à gasolina.
Em compensação, como as moléculas possuem grande quantidade de carbonos, o número de
moléculas gasosas produzidas é bem maior que nos motores a gasolina ou a álcool, resultando
motores mais potentes, capazes de transportar grandes cargas, como é o caso de caminhões,
ônibus, tratores etc.
C16H34 + 49/2 O2 → 16 CO2 + 17 H2O
24,5 moléculas gasosas 33 moléculas gasosas
Curiosidade
O criador do motor diesel, Rudolph Diesel, usou em seus primeiros testes, na
década de 1880, óleo de amendoim e também petróleo cru. Ele defendia o uso
dos óleos vegetais e de gorduras animais como combustível já nessa época, mas os derivados do
petróleo eram muito mais disponíveis e com menores preços. Hoje estamos estudando o uso dos
óleos vegetais para fabricar biodiesel, considerando-os grandes novidades.
Outras aplicações do petróleo – Sim, você come cera de petróleo!
O petróleo não é apenas uma mistura de combustíveis. Durante seu refino, craqueamento e
reforma catalítica, diversos subprodutos de muita importância são produzidos, como a parafina,
propeno e nafta. A parafina é usada diretamente nas gomas de mascar, doces, controla o
derretimento de chocolates, além de ser componente em ceras de piso, de inúmeras resinas e de
milhares de outros produtos farmacêuticos, cosméticos e alimentícios, além de combustível nas
velas de iluminação caseira.
Mas o propeno, eteno, vários aromáticos e nafta são substâncias usadas pelas indústrias
químicas para a produção de inúmeras outras substâncias artificiais. Pode-se dizer que quase
100% das substâncias artificiais fabricadas hoje são derivadas do petróleo, inclusive
medicamentos. Há algumas décadas, a vitamina C, por exemplo, era obtida exclusivamente a
partir das frutas. Hoje a maior parte da vitamina C comercializada no mundo é produzida nos
laboratórios, fabricadas a partir de substâncias aromáticas derivadas do petróleo.
Todos os tipos de plásticos, como policloreto de vinil (PVC), politereftalato de etileno (PET),
polietileno de alta e de baixa densidade (PEAD e PEBD), poliestireno (PS), nylon, teflon, vinil,
poliacetatos, policarbonatos e muitos outros são produzidos a partir de gases do petróleo, por
reações de polimerização.
Por exemplo, o eteno (C2H4) e seu principal derivado, cloreto de vinil (C2H3Cl), são monômeros
(moléculas pequenas usadas como matérias-primas) para a produção de polímeros ou plásticos.
Essas reações geralmente ocorrem com a quebra controlada de ligações duplas das moléculas
pequenas ou monômeros, que se ligam, emendando-se umas nas outras, formando longas
cadeias de polímeros.
Reação de polimerização do cloreto de vinil, formando o PVC. No produto, as bolinhas em
verde representam os átomos de cloro (Cl); as brancas, os hidrogênios; e as pretas, os
carbonos
Disponíveis em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:PVC-3D-vdW.png e http://commons.wikimedia.org/wiki/File:PVC-polymerisation-2D.png –
Acesso em 23/10/2013.
O plástico politereftalato de etileno ou PET, tão conhecido por causa das garrafas de água e
refrigerante, possui cadeia carbônica aromática (contendo anéis benzênicos), cuja estrutura
polímera é uma repetição do monômero abaixo, formando cadeias de incalculável número de
átomos de carbono.
Disponíveis em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:PET.svg e
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pet_Flasche.JPG?uselang=pt-
br – Acesso em 23/10/2013.
Por que não se decompõem?
Como os polímeros artificiais não são “conhecidos” pelas bactérias decompositoras do nosso
planeta, eles demoram centenas de anos para sofrerem desgaste no ambiente; e, por isso, são
considerados poluidores. Por outro lado, existem polímeros naturais, como a madeira (celulose),
cujo monômero é a glicose, bem “conhecida” das bactérias; por isso, é facilmente decomposta.
Petróleo, causador de guerras?
John Lennon, músico e pacifista britânico assassinado em 1980, dizia que “não importam os
motivos da guerra, a paz é mais importante”. Os “motivos” das guerras modernas nem sempre
são claros, em uma primeira análise, sendo que as partes envolvidas sempre defendem alguma
justificativa para iniciá-las ou a elas dar continuidade. O fato é que as causas econômicas, quase
sempre, ficam ocultas do grande público, sendo pouco divulgadas e, muitas vezes, negadas
veementemente.
Analise o gráfico na ilustração abaixo e tire as suas conclusões para a pergunta:
As ameaças e iniciativas de guerras, “intervenções” ou “invasões” realizadas pelos EUA, ao longo
das últimas décadas, em diferentes países do Oriente Médio, se justificariam por motivos
econômicos não admitidos, de forma clara?
A cada ano, os EUA
consomem e
importam mais
petróleo; e produzem
menos. A nação mais
poderosa do mundo é
cada vez mais
dependente das
importações.
No gráfico, o
percentual de
petróleo importado
pelos EUA, no total
do consumo interno.
Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Imported_Crude_Oil_as_a_Percent_of_US_Consumption_1950-2003.jpg - Acesso em
20/10/2013.
Gás natural
Como já dissemos, um poço de petróleo pode conter ou não gás natural. Pode ocorrer, também,
que o poço de gás esteja localizado em outra câmara vizinha à do óleo, na mesma bacia
petrolífera, sendo, portanto, de mesma origem; mas que, por migração do gás ou do óleo,
separaram-se, indo para outras camadas de rocha.
Poço de petróleo e gás natural: nem sempre estão juntos
Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Oil.png - Acesso em 21/10/2013.
Se gás e óleo estão juntos, pode acontecer que, no momento da perfuração de um poço
petrolífero, a pressão interna do gás faça jorrar o petróleo para a superfície, como se fosse um
recipiente aerosol, quando liberamos a saída do gás, apertando sua válvula.
Aerosol: o gás sob pressão faz o líquido ser lançado para fora
Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Aerosol.png – Acesso em 22/10/2013.
Curiosidade – soprar com canudinho também é tecnologia!
A Petrobras foi a criadora de uma tecnologia nova para a retirada de petróleo de poços em que
não há gás natural ou em que este já não exerça pressão sobre o óleo. A tecnologia consiste em
injetar gás carbônico (CO2) no poço, criando uma pressão artificial maior que a pressão
atmosférica, forçando a saída da fase líquida pelos tubos de drenagem.
Experimento: É parecido com a experiência do canudinho para esvaziar mais rápido uma garrafa
com água. Sabemos que um líquido só sai de uma garrafa, na medida em que o ar conseguir
entrar. Então, se você vira a garrafa e, ao mesmo tempo, sopra o fundo com um canudinho, o
líquido sai muito mais rápido!
Composição química
O gás natural varia pouco de composição, podendo variar nas quantidades de compostos
misturados, dependendo da jazida petrolífera onde é encontrado. O principal componente é o
metano (CH4), com cerca de 90%, mas são encontrados outros hidrocarbonetos de pequena
massa, como etano (C2H6), propano (C3H8), butanos isômeros entre si e pentanos. Quantidades
mínimas de hexanos podem ser encontradas, mas são moléculas no limite de condensação; ou
seja, acima de seis carbonos, os hidrocarbonetos são líquidos e não gases.
Impurezas, como gás carbônico (CO2), gás nitrogênio (N2) e gás sulfídrico (H2S) também podem
ser encontrados misturados, mas em proporções mínimas.
CH4 Metano 89,5
C2H6 Etano 5,9
C3H8 Propano 1,6
n-C4H10 n - Butano 0,3
i-C4H10 i - Butano 0,2
i-C5H12 i - Pentano 0,2
n-C5H12 n - Pentano 0,1
Pesados 0,1
CO2 Dióxido de carbono 1,3
N2 Nitrogênio 1,7
Por que “natural”?
A grande vantagem desse gás é justamente o seu pequeno grau de impurezas, em torno dos
3%, apenas. Isso o qualifica como combustível mais “ecológico”, embora continue sendo de
origem fóssil. Por não precisar de uma série de compostos aditivos e também de processos de
purificação complexos, a expressão “gás natural” até se justifica, embora o mesmo metano possa
ser obtido de fontes ainda mais naturais, como do gás de lixo, de biodigestores, etc.
Seu baixo percentual de enxofre (em torno de 80mg por metro cúbico ou menos) é outra grande
vantagem, pois não causa tanto o fenômeno da “chuva ácida” por emissão de dióxido e trióxido
de enxofre (SO2 e SO3) no momento da queima. Esses óxidos reagem com água da atmosfera,
produzindo ácidos sulfuroso e sulfúrico (H2SO3 e H2SO4), que caem no solo dissolvidos na água
da chuva, ocasionando problemas ambientais característicos da queima de outros combustíveis
fósseis.
Além de mais limpo, o “gás” natural é, obviamente, um gás. E, como tal, sua queima é mais
uniforme do que a dos hidrocarbonetos líquidos, pois a mistura com o comburente (gás oxigênio)
se dá de forma muito mais homogênea e rápida, no momento da explosão. Com a queima
realizada em boas condições, dificilmente é liberado monóxido de carbono (CO), que é produto
da queima incompleta dos combustíveis em geral; e todo o carbono é convertido a dióxido de
carbono (CO2), que é menos poluente.
Observação: Vale lembrar que o carvão vegetal e o mineral - e também a madeira - liberam
grande quantidade de gases da chuva ácida, pelo seu alto teor de enxofre (S) e nitrogênio (N).
Regiões que apresentam grande índice de queimadas, naturais ou não, e de desmatamentos são
produtoras de gases da “chuva ácida”, poluindo outras regiões, devido ao transporte das
correntes atmosféricas.