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www.gazetaonline.com.br VITÓRIA, QUARTA-FEIRA, 9 DE MARÇO DE 2016 - EDIÇÃO ENCERRADA: 23H45 R$ 2,00
FUNDADA EM 11 DE SETEMBRO DE 1928 POR THIERS VELLOZO. Nº 30.309. ANO LXXXVII
Petróleo
SHELL INVESTEUS$ 1 BILHÃONO ESTADOPág. 27
PRAÇA OITOCeder ou não
ceder ao MST Pág. 10
MERVAL PEREIRAInspiração na
Mãos Limpas Pág. 25
MÍRIAM LEITÃOA indexação
continua forte Pág. 30
CALAZANSMuricy Ramalho não
pode reclamar Pág. 38
RICARDO VERVLOET
DESOCUPAÇÃO
Manifestantessó liberaramo prédio porvolta das 23h
REIVINDICAÇÕES
Movimento querrever fechamentode escolas eatenção à seca
TENSÃO
Invasão ocorrena semanados protestoscontra Dilma
REPERCUSSÃO
Igrejas eentidadescondenamprotesto Págs. 3 a 12
OPINIÃO DA GAZETA
A invasão doPalácio éinaceitávelPág. 20
VICTOR HUGOTribunal retoma
ação contra PH Pág. 16
Especial.| 3QUARTA, 09 DE MARÇO DE 2016
WhatsApp (27) 98135.8261Telefone: (27) 3321.8723
MST TOMA CONTA DOPALÁCIO ANCHIETA
PAÍS EM CRISE
Manifestantes só liberaram o prédio por volta das 23 horas
Às vésperas dos protestoscontra e a favor do governoDilma, previstos para o pró-ximodomingo,movimentossociais liderados pelo MST(Movimento dos trabalha-dores Rurais Sem Terra) in-vadiramoPalácio Anchieta,sede do governo estadual,emVitória.Cercadedoismilmanifestantes ocuparam olocalaolongododia,segun-do a organização do protes-to, por volta das 12h30 deontem. Eles liberaram o Pa-lácio por volta de 23h, de-pois de conseguirem umaagenda com o governadorPaulo Hartung no dia 28destemês.O MST, que já havia
acampadonaSecretariadeEstadodaEducação(Sedu)por20dias,saiuemmarchada Sedu, na Avenida CésarHilalatéoCentro,ondeen-trou na sede do governo.ComooExecutivo sabia dotrajeto, até preparou umacomissão para receber osmanifestantes, mas, antesdisso, eles tomaram o tér-reo do prédio.Ainvasãoocorreupouco
tempoapósencerradaumasolenidade no Salão SãoTiago, em homenagem àsmulheres, da qual partici-pavamautoridades e cercade outras 300 pessoas.
SURPRESADeacordocomocoorde-
nador estadual de DireitosHumanos, Julio Pompeu,os servidores foram pegosde surpresa coma invasão,mas “a manifestação se-guiu pacificamente”.Ainvasãoestánaesteira
de uma série de aconteci-mentos nacionais. Ocor-reu no segundo dia útilapós o ex-presidente Lulaser alvo de mandado decondução coercitiva e di-zer a sua militância que é“comandante da tropa”contra a perseguição a ele.Além disso, aconteceu nodiaseguinteàsdeclarações
FOTOS: RICARDO VERVLOET
Grupo de ativistas preparou comida e serviu almoço na sede do governo do Espírito Santo
PROTESTO
2 milmanifestantes
É o número de pessoasque invadiu o Palácio deAnchieta, no Centro
Corredores do Palácio Anchieta foram tomados por participantes do protesto
do ex-líder dos Sem TerraJoséRainha,que“atiçouasmassas” para enfrentar oque entende comoarbitra-riedades do juiz SérgioMoro, responsável pelaOperação Lava Jato.
Entreosmanifestantesháinsatisfaçãocontraapolíticade junção de turmas escola-res pelo governo do Estado,massindicalistaspróximosaeles admitemque a ideia detomaroPalácioexistedesde
aocupaçãonaSedu.Noen-tanto, jamaishaviasidopos-ta emprática, o quedámaismargempara a sensação deque ela é reflexo de aconte-cimentosnacionais.
NUNCAANTESSegundo o historiador
EstilaqueFerreiradosSan-tos, a invasão ao principalprédio histórico do Estadoé inédita e está ligada aoatualmomento político.“Em meio a esse cená-
rio político tão turbulen-to que enfrentamos, es-ses movimentos sociaisvoltam a ganhar as ruaspara mostrar a sua for-ça”, comentou.
OQUEELESQUEREMOs manifestantes reivin-
dicam a continuidade dapedagogia de alternâncianosassentamentos–mode-lo educacional no qual pro-fessores intercalamumase-mana em sala de aula comoutra no campo –, açõesmais incisivas de apoio aopequeno produtor, obten-ção de crédito. Até a refor-ma agrária, tema que estáforadasearadogovernoes-tadual, está na pauta.Osmanifestantesexigem
uma agenda com o gover-nador Paulo Hartung(PMDB) para que desocu-pemoprédio.Entreeles,háintegrantes
do FórumdasMulheres, doMovimento dos PequenosAgricultores e do SindicatodosTrabalhadores emEdu-caçãoPúblicadoEstado.Es-palharam-se pelo Palácioocupando varandas, salõese corredores. Dispuseramfaixasecartazesdasentida-des, além de roupas de ca-ma e instrumentos musi-cais. Uma das bandeirastem o nome da presidenteDilmaRousseff (PT).
POLÍCIA LONGEDo ladode fora, policiais
militaresehomensdoBata-lhão de Missões Especiais(BME) acompanharam delonge. Apesar da ausênciadetumultos,asaulasnotur-nas da Escola de EnsinoFundamental e Médio Ma-riaOrtiz, localizadaatrásdoPalácio, foram suspensas.Durante toda a tarde,
uma comissão reuniu-se aportas fechadas com repre-sentantesdogoverno,entreeles, a subsecretária de Di-reitos da Mulher FernandaBraum, o deputado PadreHonório (PT), o secretá-rio-chefedaCasaCivil,Pau-loRobertoFerreiraeocoor-denador estadual de Direi-tos Humanos, Júlio Pom-peu. O vice-presidente doPTnoEspíritoSanto,EdsonWilson, evitou tomar parti-do da invasão.
4 | ESPECIAL QUARTA, 09 DE MARÇO DE 2016
PAÍS EM CRISE
AULAS NOCAMPOENTRE ASDEMANDASManifestantes que ocuparamPalácio Anchieta exigem voltado revezamento de aulas
A continuidade da peda-gogia de alternância, mo-delo emqueoprofessor in-tercalaumasemanaemsa-la de aula comoutra sema-na no campo, no assenta-mento, a reforma agrária ea obtenção de crédito sãoalgumasdasreivindicaçõesdos manifestantes que in-vadiram ontem o PalácioAnchieta, emVitória.Mas a agenda é muito
maior, segundo Ronimár-cia Martins Lima, repre-sentante do setor de Edu-cação do Movimento dosTrabalhadoresRuraisSemTerra (MST), porque oprotesto inclui, pelo me-nos, seis movimentos so-ciais, cada um com umaagenda específica.OMovimentodasMulhe-
res Camponesas (MMC), oMovimento dos PequenosAgricultores (MPA), o Fó-rum das Mulheres, o Sindi-cato dos Trabalhadores emEducaçãoPúblicadoEstado(Sindiupes) são alguns des-sesmovimentos.“Representantes do Go-
verno do Estado nos rece-beram e informaram quehá uma reunião agendadacomo secretário de Educa-ção na próxima segunda,mas queremos uma au-diênciapessoalcomoPauloHartung. O governadorprecisarouvirasreivindica-ções de todos osmovimen-tos sociais”, explicou.Ronimárcia alega tam-
bémqueogovernoestadualquer transformar as escolasdo assentamento em esco-las de ensino regular, o quecompromete a diversidadedo ensino no campo, ondehámais dificuldade de per-manência em salas de aula.“Há 30 anos trabalha-
moscomessemodeloedu-cacional nos assentamen-tos, devidamente autori-zado pelo Estado, e agoraogovernodizqueestamosna ilegalidade”, desaba-fou Ronimárcia.Na pauta entram tam-
bémobtençãodecrédito,re-formaagrária,anistiadasdí-vidasequestõesenvolvendoasecanoEstado.Eladizqueo governo ainda não apre-sentou nenhuma projeto desoluçãoparaoscamponeseseprodutores rurais.“Nossa pauta é muito
maior, éumapautaamarela(velha) já. Estamos tentan-do uma audiência com oPaulo Hartung desde no-vembrodoanopassadoeatéhoje ele simplesmente nosignorou. Não queremos au-diências com outros repre-sentantes, pois elesmesmosdizemque não têmautono-mia”, explicouRonimárcia.O número de ocupantes
na sede doGoverno do Es-tado chegou adoismilma-nifestantes, segundo ospróprios organizadores.Eles foram recebidos porumacomissãoderepresen-tantes doGovernodoEsta-do, entre eles a subsecretá-riaestadualdePolíticaparaMulheres,FernandaBraun,e o deputado estadual Pa-dre Honório. As reuniõesduraram toda a tarde.Ontem à noite, Dorize-
te Cosme, um dos coorde-nadores do movimento,explicouqueogovernosu-geriu uma audiência como governador para o finaldo mês. “Mas queremosantesdodia21,poistemosquestões emergenciais.Por isso vamos continuarno Palácio”, concluiu.
RICARDO VERVLOET
Trabalhadores rurais sem terra iniciaram a ocupação da sede do governo
PEDIDO ANTIGO
“Nossa pauta já éamarela (velha).Estamos em busca derespostas do governodesde novembro doano passado, masfomos ignorados”
RONIMÁRCIAMARTINS LIMA MST
O QUE OS MOVIMENTOS QUEREM
EDUCAÇÃO NOASSENTAMENTOt Pedagogia deAlternânciaOs manifestantesquerem que o governomantenha a pedagogiade alternâncias nosassentamentos. Nessemodelo, os professoresintercalam uma semanaem sala de aula comoutra no campo.
SECA NO ESTADOt ProjetosEles exigem que ogoverno estadualapresente projetos queajudem os produtoresrurais a enfrentar oproblema da seca nointerior.
CRÉDITOt Produtores ruraisReclamam também porobtenção de crédito
junto aos bancos para
enfrentar os efeitos da
seca. Nesse período de
recessão conseguir o
empréstimo está mais
difícil, segundo os
manifestantes.
t Anistia das dívidasDiante das dificuldades
de produção, os
produtores rurais pedem
também a anistia.
Prédio da Secretaria de Educaçãoficou ocupado por 20 diasAntesdeinvadiroPalácio
Anchieta ontem, integran-tes do MST ficaram acam-padospor20diasnaSecre-taria de Estado da Educa-ção(Sedu),naAvenidaCé-sarHilal, emVitória.No dia anterior à ocupa-
ção, o grupo ficou trancadono prédio da Sedu durantetoda a tarde e os portões sóforam liberados por voltadas17horas.AAvenidaCé-sar Hilal chegou a ser blo-queadaeo trânsitoprecisouser desviado.Uma comissão conver-
soucomosecretáriodeEdu-cação do Estado, HaroldoRocha, mas os manifestan-tes não chegaram a um en-tendimento sobre as reivin-
dicações e resolveram ocu-par o prédio da Sedunodiaseguinte. Entre as reivindi-cações,estãoacontinuidadedo projeto de educação das
escolas de assentamentosdo Estado e o reconheci-mento da pedagogia da al-ternânciaemtempointegralnas escolas do campo.
DIVULGAÇÃO
Manifestantes ficaram acampados na Sedu
6 | ESPECIAL QUARTA, 09 DE MARÇO DE 2016
ENTIDADES REPUDIAMA INVASÃO DO PALÁCIO
PAÍS EM CRISE
Uma das críticas é de que pauta de reivindicações não é claraFERNANDO MADEIRA
Integrantes do MST e de outros movimentos reunidos na sede do governo do Espírito Santo
POLITICAGEM
“Os movimentossociais são puramentepolíticos, usados pelogoverno do PT parachamar atenção”
JOSÉ ERNESTO CONTIPRESIDENTE DOCONSELHO ESTADUAL DEIGREJAS EVANGÉLICAS
“Nós repudiamos aocupação, não é comatitudes como essasque vamos resgatar acredibilidade do país,que está à deriva”
JOSÉ LINO SEPULCRIPRESIDENTE DAFECOMÉRCIO-ES
“A ocupação refletea necessidade deos governos olharempara as reaisdemandas dasociedade”
EVERTON MARTINSASSOCIAÇÃO DOCENTRO DE VITÓRIA
CONTESTAÇÃO AO PODER
“A OCUPAÇÃO TEMUMA MENSAGEMPARTIDÁRIA”
Estilaque FerreiraProfessor e historiador
Em entrevista à repor-tagem, o historiador Es-tilaque Ferreira dos San-tos, explicou que a ocu-pação realizada pelosmovimentos sociais nasede do Palácio Anchie-ta, em Vitória, envolve,em especial, o simbolis-mo de se realizar umacontestação ao PoderExecutivo. “Não temosregistros, ao menos nahistória recente, da ocu-pação interna do Palá-
cio. Mas, agora é dife-rente: o próprio momen-to político que estamosvivendo parece inflartais movimentos.”Historicamente, essemovimento deocupação no PalácioAnchieta é inédito?Não temos registros nahistória do Espírito San-to de uma ocupação naparte interna do Palácio.Mas, historicamente, porser a sede do Poder Exe-cutivo, o Palácio tor-nou-se palco de impor-tantes acontecimentos.Qual o significadodessa ocupaçãorealizada pelosmovimentos sociaisno Palácio Anchieta?Esse tipo de mobilização
Entidades da sociedadecivilorganizadadoEstadorepudiaram a ocupaçãodo Palácio Anchieta pormembros de movimentospopulares, iniciadana tar-de de ontem.Para o presidente do
Conselho Estadual deIgrejas Evangélicas, JoséErnestoConti, apautadereivindicaçõesdosmani-festantes não é clara."Hoje sabemos que osmovimentos sociais sãopuramente políticos,usados pelo governo doPT para chamar a aten-ção. Os grupos sequertêm ligação com as pau-tas, não são autênticos",afirmou.O presidente da Fede-
raçãodoComérciodoEs-pírito Santo (Fecomér-cio-ES), José Lino Sepul-cri, tambémdefende queo manifesto seja paradesviar a atenção das in-vestigações de corrup-ção envolvendo o gover-no federal. "Nós repudia-mos a ocupação, não écom atitudes como essasquevamosresgataracre-dibilidade de um paísque está à deriva. O go-verno estimula essa prá-
tica, o que só aumentanossa revolta", disse.A Arquidiocese de Vitó-
ria não se manifestou so-bre a ocupação.
MANIFESTAÇÃOSe por um lado entidadesda sociedade civil repudia-ramaocupaçãodoPalácio,setores ligados aos movi-
mentos comunitários mos-traram-se favoráveis àma-nifestação. É o caso do pre-sidente da associação demoradoresdoCentrodeVi-
tória, Everton Martins. "Aocupação reflete a necessi-dadedosgovernosolharempara as reais demandas dasociedade", defendeu.
envolve uma tentativados movimentos sociaisde reocuparem as ruas elevantarem as suas ban-deiras. Mais recentemen-te, por exemplo, tivemoso protesto de estudantescontra fechamento deescolas públicas de São
Paulo. Todo esse mo-mento político vivido pe-lo país, certamente, in-fluenciou (e vai influen-ciar) com que com novasmanifestações ganhemas ruas. No caso da ocu-pação dos movimentossociais, além da mensa-
gem de descontentamen-to com o governo esta-dual, existe uma tenta-tiva de grupos ligados aoPartidos dos Trabalhado-res (PT) mostrarem suaforça nas ruas, diante docenário de acirramentode uma disputa políticacom relação à atuaçãodo governo federal.Ou seja, tambémexiste um teorpartidário nessaocupação?Além da mensagem dedescontentamento políti-co, existe um teor par-tidário nas manifesta-ções. Até acredito queessa tomada do Palácioservirá como uma préviado que teremos no pró-ximo domingo, dia 13.
QUARTA, 09 DE MARÇO DE 2016 ESPECIAL | 7
FERNANDO MADEIRA
Da janela do Palácio Anchieta, ocupantes acenaram com bandeiras de movimentos
RICARDO VERVLOET
Manifestante senta na janela da sede do governo
VITOR JUBINI
REPRODUÇÃO/TV GAZETA
Na sacada do prédio, com bandeiras da CUT e pró-Dilma, partipantes do protesto observaram movimento
VITOR JUBINI
RICARDO VERVLOET
Sem perder a animação e o bom humor, grupo dança ao som de forró
PAÍS EM CRISE
Eles subiram para o auditório a fim de receber orientações do comandoAtivistas sentaram-se nos corredores à espera do fim das negociações
8 | ESPECIAL QUARTA, 09 DE MARÇO DE 2016
PAULO HARTUNG NÃOACOMPANHOU IMPASSERepresentantes do governo passaram a tarde com manifestantes
Osmanifestantes, lidera-dos pelo Movimento dosTrabalhadores Rurais semTerra (MST), que invadi-ram ontem o Palácio An-chieta, sede do governo es-tadual, informaram que sósairiam do prédio quandoconseguissemumaaudiên-cia pessoal com o governa-dor Paulo Hartung, que semanteve ausente duranteas negociações.Uma comissão formada
por representantes do go-vernodoEstado,incluindoasubsecretária Estadual dePolítica para Mulheres, Fer-nandaBraum,eocoordena-dorestadualdeDireitosHu-manos, Julio Pompeu, pas-sou a tarde inteira em reu-nião com os manifestantes,masaprevisãodeaudiênciacomogovernador, propostapara o final deste mês, nãofoi aceita pelomovimento.Segundo um dos coor-
denadores, Dorizete Cos-me, as questões são emer-genciais e a audiência comHartungtemqueacontecerantes do dia 21 deste mês.“Éumafaltaderespeito.Es-
tamos aguardando desdenovembro do ano passa-do”, reclamou.No início da noite de
ontem, Pompeu alegouque o governo está man-
FERNANDO MADEIRA
Manifestantes deitaram e até dormiram no segundo andar do Palácio Anchieta
“A ocupação realizadanoPalácioAnchietapelosmovimentos sociais temum valor simbólico bemdeterminado: pode-sedizer que ela foi inéditana história do EspíritoSanto.” Essa é explicaçãorealizada pelo professore historiador Gabriel Bit-tencourt, autor de publi-cações sobreahistóriadoPalácio, a respeito do ce-nário do início da tardede ontem.Segundo Bittencourt,
aindapor voltadoanode1820 simpatizantes deum grupo político ligadoao movimento de Inde-pendênciadaentãocolô-nia brasileira, tentouocupar a sede do gover-no para expulsar repre-sentantes do governoportuguês, entretanto
eles não tiveram grandesucesso. “Nomáximo, fo-ram tentativas de toma-dadopodercomdireitoatiroteios”, explicou.
Ainda segundo o histo-riador, a sede do poderexecutivo capixaba tor-nou-se, ao longo da histó-ria, um “epicentro de
grandes acontecimentospolíticosmarcantes para ahistória não só do Estado,mas do país”. Um dosexemplos citadospelohis-
toriador foi durante asmanifestações das “Dire-tasJá”,movimentocivildereivindicação por eleiçõespresidenciais diretas, no
tendo um diálogo com osmanifestantesequeépre-ciso, primeiramente, en-tender as demandas decadamovimento social.“As pautas de reivindi-
cações específicas estãosendo discutidas com omovimento. Nós esta-mos negociando a ques-tãonãosópara resolveraocupação do Palácio,
mas também as deman-das sociais queestão sen-do apresentadas ao go-verno", explicou.E, segundo ele, não há
plano nenhum de fechar
as escolas dos assenta-mentos. Disse que, ao to-do, são 25 escolas e que aSecretaria de Estado deEducação (Sedu) está fa-zendoprocessoseletivodecontratação de professo-res para elas. “Sobre a cri-se hídrica e a seca noEsta-do, o governo está atuan-do, enfrentando a situa-ção”, garantiu.
OCUPAÇÃOJá em relação à perma-
nência dos manifestantesdentrodoPalácio,Pompeudisse, antes da descoupa-ção, que esperava bomsenso e respeito por partedos movimentos sociais,mas não falou com deta-lhes sobreasquestões liga-das à segurança. “Quandoos manifestantes chega-ramaoPalácio,noiníciodatarde, foiumasurpresa.Osservidoresnãoestavames-perando,mas como a ocu-pação se deu de forma pa-cífica, ficou tudo sob con-trole.Ninguémseferiu,es-tão todos bem, é isso o queimporta”.
ENTENDIMENTO
“Vamos entendertodas as demandaspara atender deacordo com asnecessidades decada movimento”
JULIO POMPEUDIREITOS HUMANOS
GOVERNO DO ESTADO
país, ocorrido entre osanos de 1983 e 1984.
SIMBOLISMOAinda segundo Gabriel
Bittencourt, as manifesta-ções ocorridas na regiãodo Palácio Anchieta aolongodahistóriaguardamrelação com o valor sim-bólico que o monumentotraz para a história.“Esses movimentos vi-
sam chamar a atenção e,com isso, eles focam suaatuação contra a sede dogoverno”, destacou.Ainda segundo Bitten-
court,depoisdasdepreda-ções ocorridas no Palácio,durante as manifestaçõespopulares de 2013, a ocu-pação de ontem funcionacomo mais “um novo epi-sódio quemarca ahistóriado poder capixaba”.
DIVULGAÇÃO/PREFEITURA DE VITÓRIA
O Palácio Anchieta é utilizado como sede do governo desde o século XVIII, sendo uma das mais antigas do país
Ocupação da sede do governo é inédita
PAÍS EM CRISE