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pastagens e forragens Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens 16

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Revista nº 16 da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens

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  • pastagense

    forragens

    Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens

    16

  • Pastagens e ForragensVOLUME 16 1995

    S U M R I O

    In Memoriam III-XPotencialidades forrageiras do sorgo, milho e milho prola na regio de Trancoso.Maria Ermelinda Vaz Loureno, Maria Gabriela Salgado P. I. Lopes, JoaquimManuel Efe Serrano 1-8Efeito da deficincia de boro na produo de matria seca e semente de trevosubterrneo. Rui Ramos Vale 9-19Efeito da aplicao de fsforo, magnsio e molibdnio em pastagens de sequeiroinstaladas em solos calcrios. I Produo de matria seca. Maria Odete Torres,Ftima Calouro, Isabel Magalhes, Joo Gama 21-33Efeito da aplicao de fsforo,magnsio e molibdnio em pastagens de sequeiroinstaladas em solos calcrios. II Contribuio das espcies pratenses introduzidas.Maria Odete Torres, Ftima Calouro 35-45Comparao de gentipos de luzernas anuais em diferentes condies de actividadede alumnio. Joo Paulo B. G. Carneiro, Amarlis de Varennes, Maria da GraaSerro 47-59Pastagens, forragens e produo animal. Sistemas intensivos versus extensivos.David Gomes Crespo 61-73Resposta ao povoamento do sorgo forrageiro e milho prola. I Produo dematria seca. Maria Ermelinda Vaz Loureno, Joaquina de Jesus Murteira, NunoMiguel Caramujo Ribeiro Canta, Oflia Pereira Bento 75-84Resposta ao povoamento do sorgo forrageiro e milho prola. II Qualidade daforragem. Maria Ermelinda Vaz Loureno, Joaquina de Jesus Murteira, OfliaPereira Bento, Jos Antnio Lopes de Castro 85-95Importncia das cercas na criao ovina. Jorge M. T. de Azevedo e Vtor M. C.Almeida 97-108Efeito da aplicao de diferentes nveis de azoto, fsforo e potssio na produo dematria seca de uma pastagem de regadio. Maria Odete Torres, Ftima Calouro, A.S. Videira da Costa 109-125Portugal na Unio Europeia. Consequncias da poltica agrcola comum para osector das pastagens, forragens e produo de ruminantes. David Gomes Crespo 127-146La base forrajera de la produccin de leche en zonas de minifundio. Juan PieiroAndin 147-158As pastagens, a pecuria e as medidas agro-ambientais. Teodsio A. Salgueiro 159-165

    Capacidade produtiva do milho, sorgo e milho prola (Pennisetum sp.) nas condi-es do sequeiro alentejano. Maria Ermelinda Vaz Loureno, Mafalda Isabel C. daFonseca Ferro 167-178Estudo comparativo do valor alimentar de fenos de aveia ervilhaca, milho prola esorgo. Oflia Pereira Bento, Maria Ermelinda Vaz Loureno, Manuel MarcosIsaas Viseu 179-186Estudo da influncia das fases de corte e das condies climticas no valor nutritivode fenos. Paulo Palma, Dulce Ferreira, Rui Reis, J. Efe Serrano 187-194

    Contribuio para o estudo do processo de secagem da forragem aveia e ervilhaca.Anacleto Cipriano Pinheiro, Gordon Spoor, Jos Oliveira Pea 195-207

    (continua no verso)

  • SUMRIO (continuao)

    Mtodos de avaliao da composio florstica de pastagens de sequeiro. Marta S.Pereira, Carlos Carmona Belo 209-221Produo de semente de ervilhacas. Influncia de alguns factores agronmicos.Andr Mendes Dordio 223-230Efeito da data de sementeira na produo e qualidade da forragem de sorgo nascondies do sequeiro alentejano, Maria Ermelinda Vaz Loureno, Nuno MiguelFrias Matrola 231-239A utilizao de aditivos qumicos e biolgicos em silagens de ervas espontneas doAlentejo. J. C. Martins, J. M. Martins J. Efe Serrano 241-255Caracterizacin da calidade da ensilaxe de herba de pradeira nunha mostra deexplotacins de leite en Galicia (Provincia da Corua). G. Flores, A. G. Arrez, X.Castro, X. Amor 257-274Novas variedades monogrmicas de beterraba forrageira. Maria Leontina Fonseca,Catarina A. de Sousa, Maria Helena Cruz 275-284A utilizao em pastoreio da forragem de aveia ervilhaca seca em p, nos sistemaspecurios extensivos do Alentejo. J. Efe Serrano, P. Ventura, Maria Ermelinda VazLoureno 285-298Efeito residual do calcrio na produo de forragens. Ana Lusa Pires 299-306Determinao dos teores de magnsio do solo e recomendaes de fertilizao nocultivo de pastagens e forragens. Antnio Srgio Videira da Costa, Rui ManuelCarneiro Fernandes, Ftima Calouro, Maria Odete Pereira Torres 307-317Efeito da incorporao simultnea de lamas celulsicas e estrume de avirio sobreos teores de Ca e Mg apresentados pelo solo e pelo azevm. Joo Paulo Carneiro,J. Quelhas dos Santos 319-330Influncia da rega com gua residual urbana nos teores em Ca, Mg e Na no solo eno azevm. M. C. Horta-Monteiro, F. C. Pinto, J. Q. Santos 331-340Respostas da produo de azevm aplicao de enxofre em algumas unidades-solorepresentativas do pas. Maria da Graa Serro, John Keith Syers, Maria EugniaBalsa, Manuel Lus Fernandes, Maria Joo Rodrigues, Maria de Lurdes Cravo 341-352Coleces de germoplasma de forrageiras em Portugal. Conservao, caracteriza-o, avaliao, documentao, regenerao e utilizao. E. Bettencourt, M. M.Tavares de Sousa 353-362

    XVI Reunio de Primavera da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens.Concluses 363-365

  • PASTAGENS E FORRAGENS 13 I

    PASTAGENS E FORRAGENS

    Revista da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens

    Elvas

    1995

    VOLUME 16

    Este nmero foi subsidiado pela

    Junta Nacional de Investigao Cientfica e Tecnolgica (JNICT)

  • PASTAGENS E FORRAGENS 13II

    Esta revista distribuda gratuitamente aos scios da SPPF, devendo todos os pedidos deaquisio ser feitos directamente para o Editor. Igualmente ser objecto de permuta comoutras publicaes peridicas, nacionais ou estrangeiras, de interesse para esta Sociedade.

    As teorias expostas no presentevolume so da inteira responsabi-lidade dos seus autores.

    DIRECTORNuno Moreira

    CORPO DE REDACODavid Gomes Crespo

    Eullia GarcezM. M. Tavares de Sousa

    EDIO, REDACO E ADMINISTRAOSociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens

    A/c ENMPApartado 6

    7351 ELVAS CODEX

    ISSN 0870 6263Dep. Legal n. 12 350/86Tiragem: 750 exemplares

    PREO DESTE VOLUME2000$00

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 III

    IN MEMORIAM

    Embora com atraso, a SPPF deseja recordar os seguintes scios falecidos,que deram importantes contributos para o progresso das pastagens e forragens,prestando assim uma singela mas sincera homenagem sua memria.

    D. FRANCISCO MANOEL D'ALMEIDA DE VILHENA(1899-1987)

    Aps concluso do Curso de Engenheiro Agrnomo, no InstitutoSuperior de Agronomia, iniciou uma brilhante e polifacetada carreiraprofissional, que incluiu a docncia como Professor de Agricultura nomesmo Instituto, e o desempenho de elevadas funes na ento Direco--Geral dos Servios Agrcolas, onde foi responsvel pelo desenvolvimentoda investigao agronmica em Portugal, qual conseguiu dar forte im-pulso. Foi um dos primeiros agrnomos portugueses a chamar a atenopara o potencial papel das forragens e pastagens no progresso da agricul-tura nacional, tendo concebido e dinamizado vrios programas de investi-

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16IV

    gao sobre tal matria, que acompanhava com grande determinao eentusiasmo.

    O facto de ser dotado de uma inteligncia fulgurante, de uma slidacultura agronmica e humanista e de um discurso elegante e persuasivo,depressa lhe grangeou a admirao e respeito de toda a classe agronmica,por cujo prestgio pugnou denodadamente, tendo desempenhado papel pre-ponderante na entrada dos licenciados pelo Instituto Superior de Agronomiapara a Ordem dos Engenheiros.

    A sua participao frequente em reunies internacionais, muitas vezescomo representante do Governo Portugus, grangearam-lhe tambm um not-vel prestgio alm-fronteiras, no mbito da FAO e da OCDE, onde as suasintervenes eram particularmente respeitadas.

    Reconhecendo-lhe grandes mritos na luta pelo desenvolvimento daspastagens e forragens em Portugal, a Sociedade Portuguesa de Pastagens eForragens elegeu-o Scio Honorrio logo aps a sua fundao, em 1980.

    JOAQUIM PAIS DE AZEVEDO(1910-1988)

    Originrio de uma famlia ribatejana muito ligada terra, cedo seinteressou pelos problemas da agricultura, em particular pela pecuria, qual, uma vez concludo o Curso de Engenheiro Agrnomo no InstitutoSuperior de Agronomia, viria a dedicar toda a sua carreira profissional.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 V

    Em 1939 entrou para a Estao Agronmica Nacional onde desenvol-veu intensa actividade de investigao no Departamento de Gentica, tendotambm trabalhado na mesma ea, durante certo tempo, na Estao deMelhoramento de Plantas em Elvas.

    Em 1951 ingressou, mediante concurso para Professor Extraordinriodo 8. Grupo de disciplinas (Zoologia Agrcola, Zootecnia Geral e Especi-al), no Instituto Superior de Agronomia, tendo ascendido, tambm porconcurso, a Professor Catedrtico em 1958, onde se manteve at atingir olimite de idade.

    Convicto de que as raas eram o produto do meio em que se desen-volviam, em particular da alimentao de que dispunham, da resultandodiferentes necessidades nutricionais, realizou importantes trabalhos no sen-tido de melhorar os sistemas alimentares dos animais em Portugal, tendofundado, em 1957, o Laboratrio de Estudos de Nutrio Animal, do qualfoi Director at 1975.

    Foi um grande impulsionador das culturas pratenses e forrageiras, asquais sempre considerou fundamentais para o progresso da pecuria deruminantes e da agricultura nacional, tendo dedicado uma boa parte dosseus esforos promoo e desenvolvimento destas culturas, sempre apoia-do por vrios trabalhos de investigao aplicada que, com tanta dedicaoe entusiasmo, concebia e acompanhava.

    Como Professor, as suas aulas tinham sempre grande brilho, desper-tando nos seus alunos elevado interesse pelas matrias que ensinava, nasquais inclua frequentemente aspectos de aplicao prtica, no sentido demelhorar a situao do agricultor portugus. Alm disso, soube criar, juntodos seus alunos, um sentimento de colaborao leal e aberto, que muito seveio a reflectir na formao de verdadeiros colaboradores seus, que emvrios pontos do Pas deram notvel contributo para o desenvolvimento dasculturas forrageiras e pratenses e da pecuria nacional. Por outro lado, oseu grande poder de comunicao e trato afvel grangearam-lhe o respeitoe a admirao de muitos agricultores portugueses, junto dos quais foi umverdadeiro divulgador.

    Em reconhecimento dos mritos acima apontados e dos seus notveisesforos para o desenvolvimento das pastagens e forragens em Portugal, aSociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens elegeu-o Scio Honorrioem 1980, logo aps a sua fundao.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16VI

    DOMINGOS ROSADO VICTRIA PIRES(1903-1990)

    Alentejano de origem, e dotado de uma perspicaz viso do panoramaagrcola do seu tempo, D. R. Victria Pires, uma vez obtido o grau deEngenheiro Agrnomo no Instituto Superior de Agronomia, inicia em 1926 asua actividade profissional como extensionista no ento Posto Agrrio deElvas, mas cedo se apercebe da necessidade da investigao como base doprogresso da agricultura nacional, o que o leva a dedicar grande parte dosseus esforos ao delineamento e conduo de vrios trabalhos experimentais.

    Na segunda metade da dcada de trinta, depois de aprovado por unani-midade nas provas para Professor Extraordinrio do Instituto Superior deAgronomia, integrado como Investigador e Chefe do Departamento na recmfundada Estao Agronmica Nacional, onde lana as bases do melhoramentogentico de cereais e forragens em Portugal, atravs de um importante docu-mento intitulado "Linha Geral de Um Plano de Melhoramento de Cereais eForragens", no qual revela toda a sua grande viso de cientista e agrnomo, eque o leva a lutar pela criao da Estao de Melhoramento de Plantas, emElvas (1942), de que primeiro Director, lugar que mantm at suaaposentao em 1973. Em 1960 nomeado tambm Director da EstaoAgronmica Nacional, lugar que acumula com o anterior.

    Nomeado Subsecretrio de Estado da Agricultura em 1950 e Secretriode Estado da mesma pasta em 1965, Victria Pires revela, no desempenhodestes cargos, uma grande viso poltica que, aliada ao perfeito conhecimentodos problemas da agricultura nacional, lhe permite adoptar uma srie demedidas que muito contribuem para o seu progresso. Recorda-se que sob oseu mandato e com o seu estmulo e empenhamento pessoal, que em Portugal

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 VII

    se iniciam e desenvolvem os trabalhos de investigao e fomento das pasta-gens temporrias e permanentes base de trevo subterrneo e outrasleguminosas anuais de ressementeira natural, dando assim origem a um pro-cesso verdadeiramente revolucionrio no domnio do melhoramento dos recur-sos pratenses do Pas.

    O mrito deste grande Agrnomo, Cientista e Poltico foi reconhecidodentro e fora das nossas fronteiras, particularmente ao ser nomeado MembroHonorrio da Sociedade de Cincias Agrrias de Portugal e do Instituto deSvalof, Scio Correspondente da Academia de Agricultura de Frana, Mem-bro da Real Academia Sueca de Agricultura e Florestas, e tambm ao rece-ber importantes condecoraes outorgadas pelos Governos de Portugal, Bra-sil, Espanha, Alemanha e Itlia.

    A Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens, em sinal de reco-nhecimento do grande impulso que, como cientista e coordenador de progra-mas de investigao, deu ao melhoramento de espcies pratenses e forragei-ras, e que, como poltico, deu ao desenvolvimento das pastagens temporriase permanentes, elegeu-o tambm Scio Honorrio no ano de 1980.

    JOS MANUEL ARRIAGA E CUNHA(1924-1992)

    Aps terminar, em 1948, todas as cadeiras do Curso de EngenheiroAgrnomo, realizou o seu tirocnio no Servio Meteorolgico Nacional,cujo relatrio final foi classificado com 20 valores. Posteriormente tiroutambm o Curso de Meteorologista, mantendo-se nesse Servio at 1952.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16VIII

    Em 1953 entrou para a Estao Agronmica Nacional, onde desenvol-veu intensa actividade de investigao at sua sada em 1965, ao mesmotempo que mantinha fortes ligaes com o sector agro-pecurio, atravs dagesto de uma explorao familiar nos arredores de Lisboa.

    A partir de 1955 e depois de realizar uma especializao na Uni-versidade de Cambridge, Gr-Bretanha, implantou e dirigiu o Laborat-rio de Istopos Radioactivos no mbito do Departamento de FisiologiaVegetal.

    Colaborou com a Brigada de Estudos Agronmicos do Ultramar naformao de investigadores e tcnicos, na rea da Fisiologia, e participoucom aquele Organismo em muitos trabalhos de investigao.

    Dotado de uma forte personalidade, de um grau de inteligncia poucocomum, de grande capacidade de trabalho e de um notvel esprito deinvestigao, buscava permanentemente solues inovadoras que permiti-ram o progresso da sua explorao agro-pecuria que reconverteu na suatotalidade. Interessou-se grandemente pelas pastagens permanentes e forra-gens conservadas de alta qualidade como base da alimentao das vacasleiteiras, reduzindo ao mximo o recurso a concentrados, numa altura emque muitas das grandes exploraes leiteiras do Pas alimentavam os seusefectivos quase exclusivamente com raes.

    O melhoramento que levou a cabo no seu rebanho de vacas leiteiras, custa do estudo do seu comportamento e da sua genealogia, de umaseleco criteriosa e da introduo de smen das melhores linhas leiteirasmundiais, permitiu que obtivesse o melhor ncleo de bovinos leiteiros doPas.

    Pessoa de fino trato, partilhou, sempre com muita generosidade, osseus conhecimentos e experincia com quem dele se acercava. De facto, asua explorao leiteira esteve sempre aberta a todos os que a queriamvisitar, tendo-se tornado num verdadeiro modelo, que muitos produtorespretendiam seguir, em que a alta qualidade gentica dos animais se combi-nava com um racional regime alimentar, onde as pastagens e forragens dequalidade assumiam um papel preponderante.

    Colaborou activamente com a Sociedade Portuguesa de Pastagens eForragens, de que era scio n. 223, tendo em Maio de 1986 recebido nasua explorao leiteira os participantes da 11. Reunio Geral da FederaoEuropeia de Pastagens.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 IX

    PEDRO CABRAL DUARTE DA SILVEIRA(1935-1995)

    O Engenheiro Agrnomo Pedro Cabral Duarte da Silveira foi Presidenteda Direco da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens de 1992 a 1994.

    Natural de vora iniciou, aps a concluso do curso, em 1963, oestgio curricular, na Seco de Zootecnia do Instituto Superior de Agrono-mia, sobre um plano de explorao de uma propriedade do Alentejo.

    Entretanto, comeou a exercer a sua actividade no sector privado, prin-cipalmente naquela propriedade, montando e gerindo com grande sucessotodo o sistema produtivo, essencialmente base de pastagens e forragensconservadas, para a produo de bovinos e ovinos para carne.

    Esta fase da sua carreira deu-lhe grande experincia no sector agro-pecu-rio que se veio a repercutir em toda a sua vida profissional, pblica e privada.

    Em 1970 ingressou como professor contratado na Escola de RegentesAgrcolas de vora, at 1977, data em que transitou para o Instituto Univer-sitrio de vora, que posteriormente passou a Universidade.

    Na Escola de Regentes Agrcolas leccionou diversas disciplinas, espe-cialmente na rea das culturas e orientou vrios tirocnios de alunosfinalistas.

    Participou em diversas actividades escolares inerentes s suas funes erepresentou aquela instituio nos grupos de trabalho que estudaram areestruturao do Ensino Agrcola. Foi eleito por duas vezes para membrodo Conselho Directivo, e sempre escolhido para seu Presidente e do Conse-lho Pedaggico.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16X

    No Instituto Universitrio desenvolveu a sua actividade nos ServiosAcadmicos, que chefiou, e participou nos Grupos de Trabalho que estuda-ram a integrao da Escola de Regentes Agrcolas nesse Instituto.

    A sua actividade na Universidade de vora estendeu-se por vriossectores, tendo sido membro de diversas Comisses Executivas das HerdadesExperimentais com a competncia de gesto e administrao.

    Como responsvel pelo Sector das Pastagens e Forragens do Departa-mento de Fitotecnia foi encarregado, durante vrios anos, da docncia dasaulas daquelas matrias nos Cursos de Engenharia de Produo Agrcola,Zootcnica e Biofsica, e de Arquitectura Paisagstica. Foi orientador devrios trabalhos de fim de curso na rea das pastagens e forragens. Partici-pou em diversos projectos de investigao do Departamento, tendo a seucargo os estudos naquela rea.

    Pessoa dotada de excelentes qualidades humanas, de ptimo relaciona-mento, sempre pronto a ajudar e a aconselhar os outros, criando amizadescom quem convivia, tcnico muito competente e com larga viso dos proble-mas da agricultura portuguesa, devotando-se de forma abnegada a todos astarefas de que era incumbido, contribuiu em muito para o desenvolvimentodas pastagens e forragens e da sua mecanizao racional, bem como para oincremento da produo de ovinos e bovinos no Alentejo.

    A sua actividade como membro da Sociedade Portuguesa de Pastagense Forragens foi bastante intensa, tendo apresentado vrias comunicaes emdiversas reunies, organizado a publicao do Boletim da SPPF, pertencido Direco como vogal e Vice-Presidente e culminado com a sua asceno aPresidente na XIII Assembleia Geral, realizada em Angra do Heroismo,Aores, cargo que exerceu com grande empenhamento, dedicao e at pre-juzo da prpria sade.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 1

    "Pastagens e Forragens", vol. 16, 1995, p. 18.

    POTENCIALIDADES FORRAGEIRAS DO SORGO,MILHO E MILHO PROLA NA REGIO DE TRANCOSO*

    Maria Ermelinda Vaz Loureno, Maria Gabriela Salgado P. I. Lopes,Joaquim Manuel Efe Serrano

    Departamento de Fitotecnia Universidade de vora Apartado 94 7001 VORA CODEX

    RESUMO

    Realizou-se um estudo comparativo de quatro gentipos de sorgo forrageiro(Sorghum sp.) G-78-F, Osis, Trudan 8 e Sudax um de milho (Zea mays L.) G5050 e um de milho prola [Pennisetum americanum (L.) Leeke] Ignadi cortadosaps terem atingido o estado de gro leitoso/pastoso.

    O ensaio realizou-se na regio de Trancoso, foi semeado em 5 de Junho, regadocom 2330 m3 de gua por hectare e colhido em 11 de Setembro de 1992.

    Os resultados da produo de matria seca das plantas inteiras revelaram que osgentipos mais tardios foram os mais produtivos, nomeadamente o milho, o milho prolae os sorgos G-78-F e Sudax que apresentaram produes compreendidas entre 13 150 e14 072 kg ha-1. O sorgo Osis foi o menos produtivo (8526 kg ha-1) e no diferiusignificativamente do Trudan 8 (10 180 kg ha-1).

    A produo de folhas foi particularmente mais baixa nos gentipos mais precoces.No que se refere produo de caules as diferenas no se apresentaram significativas.

    Tambm se avaliou o grau de afilhamento tendo-se verifcado que o milho prolaapresentou o valor mais elevado seguindo-se o Sudax e o Trudan 8. A altura das plantas,embora no tenha variado significativamente entre gentipos, apresentou no entantovalores bastante elevados que variaram entre 131 e 203 cm.

    O milho forneceu forragem mais digestvel e mais concentrada em protena do queos restantes gentipos, excepto em relao ao milho prola Ignadi. No se verificaramdiferenas significativas entre os hbridos de sorgo, notando-se no entanto uma tendn-cia para o G-78-F apresentar os melhores valores, no diferindo significativamente domilho prola Ignadi, e o Osis os piores.

    Assim, atendendo aos resultados desta esperincia pode-se referir que o milho e omilho prola se mostraram mais vantajosos do que os sorgos quando utilizados por corteaps terem atingido o estado de gro leitoso/pastoso.

    PALAVRAS-CHAVES: Sorgo forrageiro; Milho; Milho prola; Valor nutritivo.

    * Comunicao apresentada na XIV Reunio de Primavera da SPPF. Braga, Abril de 1993.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 162

    ABSTRACT

    A study was conducted to compare four forage sorghum genotypes (Sorghum sp.) G-78-F, Oasis, Trudan 8 and Sudax one of maize (Zea mays L.) G 5050 and one ofpearl millet [Pennisetum americanum (L.) Leeke] Ignadi harvested after themilk/soft dough stage of grain.

    The trial was carried out in the Trancoso region, seeding on June 5, irrigating with2330 m3 of water per hectare, and harvesting on September 11, 1992.

    The results for dry matter yield of the whole plants showed that the latestgenotypes presented the highest values, namely maize, pearl millet and the sorghumsG-78-F and Sudax which showed yields ranging between 13 150 and 14 072 kg ha-1.The sorghum Oasis yielded less than the others (8526 kg ha-1) and was not significantlydifferent from Trudan 8 (10 180 kg ha-1).

    Dry matter yield in leaves was particularly low in the earlier genotypes.Concerning the yield in stems, there were not significant differences.

    The tillering capacity was also evaluated and pearl millet showed the highest value,being followed by Sudax and Trudan 8. Plant height even though did not change significantlybetween genotypes it showed thus very high values ranging between 131 and 203 cm.

    Maize supplied forage with higher digestibility and protein content than the othergenotypes except with regard to the pearl millet Ignadi. Between the sorghum genotypesthere were not significant differences but there was a trend for the G-78-F to show thebest values, which were not significantly different from pearl millet, and for the Oasis topresent the lowest forage quality.

    As a conclusion, according to the results obtained, it can be stated that maize andpearl millet seemed more advantageous than sorghum genotypes when harvested afterreaching the milk/soft dough stage of the grain.

    KEYWORDS: Forage sorghum; Maize; Pearl millet, Nutritive value.

    1 INTRODUO

    Na regio de Trancoso, durante muitos anos o milho regional era anica forragem verde produzida para alimentar o gado ao longo do Vero.Os agricultores faziam milho de sequeiro, semeado no fim de Julho (pelo S.Tiago) e cortado em Outubro, aquando da preparao do solo para a semen-teira dos cereais de Inverno.

    A introduo da cultura do sorgo nesta zona no ter ocorrido h muitotempo, assistindo-se todos os anos a um significativo aumento da rea de cultivo.A avaliar pela venda de semente na cooperativa local (Cooperativa Bandarra), area destinada ao sorgo forrageiro tem vindo a duplicar todos os anos.

    Este aumento da rea de cultura do sorgo est intimamente ligado aodesenvolvimento do sector leiteiro, pois destina-se exclusivamente alimen-tao de bovinos de leite.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 164

    20 cm, pelo que a populao utilizada foi de 200 000 plantas por hectare.

    Os talhes foram semeados manualmente em 5 de Junho. A monda e odesbaste, de modo a garantir o povoamento desejado, realizaram-se em 1 de Julho.

    A fertilizao azotada foi aplicada, aps o desbaste e o corte, razode 40 kg ha-1 de azoto. No se aplicou fsforo e potssio porque os nveisdestes elementos no solo eram elevados, conforme se pode constatar pelosvalores da anlise de solo j referidos.

    O campo experimental foi regado com um sistema de rega por aspersotradicional. Com o intuito de regar sempre que o teor de humidade, nacamada dos 20 cm do solo, atingisse um valor inferior a 50% da capacidadeutilizvel, instalaram-se tensimetros no campo de ensaio. Aplicou-se um totalde 2330 m3 ha-1 distribudos por 8 regas, conforme indicado pelos udmetrosespalhados pelo campo experimental. Durante esse perodo ocorreram 120,3 mmde precipitao (valor registado na Estao Meteorolgica da Escola Profissio-nal de Trancoso, Quinta da Tapada, a 1 km de Trancoso) pelo que a gua derega e o valor da precipitao perfizeram um total de 3533 m3 ha-1.

    O corte realizou-se em 11 de Setembro, com os gentipos nos seguintesestados de desenvolvimento do gro:

    Milho G 5050 leitoso/pastoso

    Milho prola Ignadi pastoso

    Sorgos:

    G-78-F pastoso

    Osis ceroso

    Sudax pastoso

    Trudan 8 ceroso

    A produo de matria seca determinou-se por amostragem, colhen-do 2 m de linha em cada uma das linhas centrais de cada talho, consti-tuindo 1 m2 de rea til, e o corte realizou-se a 5-10 cm acima dasuperfcie do solo.

    Aps pesagem das quatro amostras por cada talho para determinaoda matria verde produzida, numa das amostrar procedeu-se contagem donmero total de caules. Posteriormente, da mesma amostra tambm se retira-ram, aleatoriamente, cinco plantas, para avaliao da altura e da percenta-gem de folhas e caules. A percentagem de matria seca determinou-se emsubamostras de 0,5 kg de matria verde, as quais foram colocadas em estufa

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 5

    ventilada a 65%, durante cerca de 48-72 horas. Passado o perodo de seca-gem, cada amostra foi pesada e moda, passando por um crivo de 1 mmpara posterior anlise da protena bruta e digestibilidade da matria seca.

    Estes parmetros foram determinados pelo mtodo de Kjeldhal (1) e deTilley e Terry (4), respectivamente.

    3 RESULTADOS E DISCUSSO

    3.1 Produo de matria verde

    Observando os valores do quadro 1 pode verificar-se que o Osis, ogentipo mais precoce, foi o menos produtivo, mas no diferiu significativa-mente do Trudan 8 que manifestou tendncia para produzir menos do que osrestantes, possivelmente pelo facto de se encontrar a seguir ao Osis emtermos de precocidade. Nestas condies, em termos produtivos, parece nohaver vantagem em utilizar o sorgo em vez do milho, pelo menos no casode se optar pela modalidade de corte neste estado de desenvolvimento, por-que o recrescimento do sorgo foi muito reduzido e danificado pelas geadasque nesta regio ocorrem normalmente muito cedo. Segundo Calado (2), orespectivo perodo de ocorrncia poder prolongar-se de 10 de Outubro a 1de Maio.

    QUADRO 1 Produo de matria seca das plantas inteiras,de folhas e caules.

    PRODUO DE MATRIA SECA (kg ha-1)GENTIPOS

    Plantas inteiras Folhas Caules

    Milho G 5050 13 830 2 445 11 386Milho prola Ignadi 13 150 2 880 10 302Sorgos:

    G-78-F 13 780 1 924 11 856Osis 8 526 1 073 7 452Sudax 14 072 2 121 11 951Trudan 8 10 180 1 010 9 169DMS (0,05) 3 944 845 ns

    DMS diferena mnima significativa; ns no significativa.

    A Sul do Tejo, no Outono, embora o recrescimento seja retardadocomparativamente ao Vero, as condies ambientais ainda permitem nor-malmente recrescimento considervel para fazer face s carncias de forra-gem nos pastos naturais, embora essa matria verde tenha que ser utilizada

  • PASTAGENS E FORRAGENS 166

    com cuidado para evitar problemas associados presena de compostoscianognicos, aos quais os bovinos so mais sensveis do que os ovinos.

    A produo de matria seca em folhas foi significativamente mais bai-xa nos gentipos mais precoces, Osis e Trudan 8. O milho prola, Ignadi,mostrou tendncia para se manifestar como o mais folhoso, no deferindocontudo significativamente do milho G 5050 e do Sudax.

    No que se refere produo de matria seca em caules, no se verifi-caram diferenas significativas entre os gentipos.

    3.2 Grau de afilhamento, altura das plantas e composiopercentual em folhas e caules

    Atendendo ao nmero de caules por metro quadrado (quadro 2), podeverificar-se que o milho prola manifestou a maior capacidade de afilhamento(103 caules m-2), seguindo-se o Sudax e o Trudan 8. Em termos de altura,no se verificaram diferenas significativas entre os gentipos.

    QUADRO 2 Grau de afilhamento, altura das plantas e com-posio percentual em folhas e caules.

    GENTIPOS Caules (m-2) Altura (cm) Folhas (%) Caules (%)Milho G 5050 23 191 18 82Milho prola Ignadi 103 131 22 78Sorgos:

    G-78-F 26 173 14 86Osis 34 158 13 87Sudax 40 201 16 84Trudan 8 40 203 10 90

    DMS (0,05) 16 ns 5 5

    DMS diferena mnima significativa; ns no significativa.

    3.3 Protena bruta e digestibilidade da matria seca

    Atendendo aos valores apresentados no quadro 3 pode-se verificar queo milho forneceu a forragem mais concentrada em protena, seguido domilho prola Ignadi que s no diferiu significativamente do sorgo Trudan8. Os valores mais baixos do teor em protena bruta foram encontrados noSudax e Osis.

    Em termos de protena bruta por hectare o milho tambm obteve amaior produo, seguido do milho prola Ignadi e do G-78-F. O Osisapresentou os valores mais baixos.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 3

    A sementeira nunca se realiza antes de meados de Maio. Normalmente explorado em vrios cortes, em mdia trs, sempre efectuados antes da florao.

    Nesta regio verifica-se que a partir do fim de Setembro o crescimentodestas plantas cessa devido s baixas temperaturas nocturnas e ocorrncia dasprimeiras geadas. Assim, o milho regional de sequeiro continua a ser cultivado,permitindo a produo de matria verde para fornecer ao gado leiteiro ao longodo ms de Outubro, sendo cortado medida das necessidades.

    Segundo Calado (2), os sorgos hbridos tm-se expandido com maisfacilidade do que os milhos hbridos nesta regio de forte tradio nosmilhos regionais. O carcter multicortes permitido pelos sorgos assemelha-semais ao tipo de explorao praticada at ento com esses milhos (desbastes,desfolhamentos e desbandeiramentos), permitindo assim prolongar o forneci-mento de forragem verde ao longo do Vero.

    Actualmente comea tambm j a fazer-se silagem de milho, em Agos-to/Setembro, para ser fornecida aos animais durante o Inverno. No entanto,a grande maioria dos produtores de leite revelam medo, falta de informaoe uma certa desconfiana relativamente s silagens.

    Dado o crescente interesse por esta forma de conservao das forra-gens, nesta regio, e atendendo a que o sorgo perde rapidamente o valoralimentar medida que as plantas se desenvolvem, fornecendo silagem depior qualidade que o milho (3), pareceu de todo o interesse avaliar aspotencialidades do milho prola comparativamente ao sorgo e ao milhohbrido para esta finalidade.

    2 MATERIAL E MTODOS

    O ensaio foi realizado em 1992 na Quinta das Cardosas, a 17 km de Trancoso,distrito da Guarda. Utilizou-se um solo mediterrnico pardo de materiais nocalcrios, normal, derivado de xistos ou grauvaques (Px), de textura grosseira, compH (H2O) 6,1, 126 mg kg

    -1 de P2O5, 136 mg kg-1 de K2O, 4,13 meq 100 g

    -1 declcio, 0,42 meq 100 g-1 de magnsio e 0,17 mg 100 g-1 de sdio.

    Estudou-se o comportamento do milho (hbrido G 5050 da classe FAO700), com o do sorgo forrageiro (hbridos G-78-F, Osis, Trudan 8 e Sudax)e do milho prola (variedade Ignadi).

    A experincia foi instalada segundo um bloco casualizado com quatrorepeties. Os talhes de 10 m2 (10 1 m) comportavam quatro linhasdistanciadas de 25 cm. A distncia das plantas na linha foi de cerca de

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    QUADRO 3 Protena bruta e digestibilidade da matria seca..

    GENTIPOSProtena bruta Digestibilidade da matria seca

    g kg-1 kg ha-1 g kg-1 kg ha-1

    Milho G 5050 65,9 909 689,3 9 579Milho prola Ignadi 56,7 744 608,0 7 951Sorgos:

    G-78-F 52,7 736 589,0 8 135Osis 48,0 404 503,3 4 268Sudax 46,8 679 557,6 7 801Trudan 8 53,2 541 551,6 5 594

    DMS (0,05) 8,2 260 49,9 2 302

    DMS diferena mnima significativa; ns no significativa.

    A digestibilidade da matria seca no milho G 5050, no milho prolaIgnadi e no sorgo G-78-F foi mais elevada do que nos restantes gentipos,particularmente no que se refere ao Osis.

    A produo de matria seca digestvel por hectare foi mais elevada nomilho, s no diferindo significativamente do G-78-F.

    Os valores mais baixos foram encontrados no Osis e no Trudan 8.

    4 CONCLUSES

    Os resultados deste ensaio revelaram que os gentipos mais tardios foramos mais produtivos e que o milho e o milho prola se mostraram mais vantajo-sos do que a maior parte dos sorgos, quer em termos qualitativos quer quanti-tativos, com o corte realizado num estado avanado da formao do gro.

    O grau de afilhamento foi mais elevado no milho prola. Alguns sorgos,nomeadamente o Sudax e o Trudan 8, tambm se destacaram dos restantes.

    Em termos de altura as plantas atingiram valores elevados, compreendidosentre 131 e 203 cm, mas as diferenas entre gentipos no foram significativas.

    Como principal concluso pode-se referir que, ao serem utilizados emcorte, num estado avanado da formao do gro, o milho e o milho prolaparecem mais vantajosos do que os sorgos nesta regio.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1 ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS Official methods ofanalyses. 12th ed. Washington DC, AOAC, 1975.

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    2 CALADO, A. D. As Pastagens e Forragens na Beira Interior. Breve Caracterizao."Pastagens e Forragens", 9 (1) 1988, p. 7-26.

    3 MUSLERA PARDO, E.; RATERA GARCIA, C. Praderas y forajes. Produccin yaprovechamiento. Madrid, Mundi-Prensa, 1984.

    4 TILLEY, J. M. A.; TERRY, P. A. A two-stage technique for the in vitro digestion offorage crops. "J. of British Grass. Soc.", vol, 18, 1963, p. 104-111.

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    "Pastagens e Forragens", vol. 16, 1995, p. 919.

    EFEITO DA DEFICINCIA DE BORO NA PRODUO DEMATRIA SECA E SEMENTE DE TREVO SUBTERRNEO*

    Rui Ramos Vale

    Departamento de Geocincias Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro Apartado 202 5001 VILA REAL CODEX

    RESUMO

    Neste estudo, efectuado em vasos, procurou-se investigar os reflexos da deficin-cia de boro na produo de matria seca e semente de trevo subterrneo. Utilizou-se,para o efeito, um solo deficiente e cido, ao qual se aplicaram cinco nveis de calagem etrs de boro em combinao factorial. Na ausncia de calagem, as plantas apresentaramfraco desenvolvimento devido acidez do solo. Quando se efectuou calagem as plantasproduziram melhor, mas naqueles tratamentos em que o boro no foi aplicado desenvol-veu-se a sintomatologia da deficincia. Esta anomalia conduziu a um decrscimosignificativo da produo de matria seca e muito particularmente de semente, emrelao aos tratamentos que beneficiaram da aplicao conjunta de boro e calagem, nosquais se atingiram as produes mximas. As observaes referidas permitiram concluirque a capacidade produtiva e a prpria manuteno de certos prados podem ser muitoafectadas se a disponibilidade do boro se situar nos nveis de deficincia.

    PALAVRAS-CHAVES: Boro; Deficincia; Trevo subterrneo.

    ABSTRACT

    In a pot study the effect of boron deficiency on dry matter and seed production, insubterranean clover, was investigated. An acid boron deficient soil was used and fivelevels of lime and three levels of boron were added in a factorial experiment. In theabsence of liming the plants grew poorly because of the acidity of the soil. On limedsoils the plants grew better, but in treatments without boron deficiency symptomsdeveloped. The boron deficiency resulted in a significant decrease in dry matter andespecially in seed production relative to the treatments which received both boron andlime at rates which gave maximum yields. These observations permit one to conclude theproductive capacity and the maintenance of some pastures can be greatly affected if theavailable boron is at deficiency levels.

    KEYWORDS: Boron; Deficiency; Subterranean clover.

    * Comunicao apresentada na XIV Reunio de Primavera da SPPF. Braga, Abril de 1993.

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    1 INTRODUO

    Existem no Nordeste de Portugal, nomeadamente em Trs-os-Montes,extensas reas ocupadas com cereal sem possurem aptides para este tipo decultura (5). As baixas produes conseguidas esto a levar ao seu progressi-vo abandono, sendo agora utilizadas para o pastoreio de rebanhos que aencontram uma parca alimentao (6). O relevo geralmente ondulado, comdeclives por vezes acentuados e, assim, o perigo de eroso est semprepresente. Impe-se, portanto, uma reconverso do seu aproveitamento. Ainstalao de pastagens semeadas de sequeiro (devido ao regime de chuvasdo tipo mediterrnico a falta de potencialidades para o regadio), emconsociaes que incluam o trevo subterrneo, poder melhorar muito aproduo de alimentos para animais nestes terrenos e aumentar, desse modo,a sua rendibilidade (5, 6). Porm, dentro das espcies anuais (em que otrevo subterrneo est includo) s devero ser utilizadas as que possuamcapacidade de ressementeira natural, isto , as que produzam uma quantida-de satisfatria de sementes, parte das quais duras e dormentes, de modo aassegurar a persistncia do prado de ano para ano (2).

    Salve-se, no entanto, que uma boa parte dos solos do Nordeste parece conterbaixos teores de B disponvel (12), podendo algumas espcies mais sensveis deficincia vir a ser afectadas, especialmente em perodos de secura. Dentrodestas destacam-se as leguminosas, de cuja famlia faz parte o trevo subterrneo.

    Por outro lado, as cultivares desta espcie no atingem, de um modogeral, as melhores produes em solos particularmente cidos (2), os quaisso frequentes na regio Nordeste, pelo que, nalguns casos, ser talvezaconselhvel efectuar calagem. Uma melhor condio qumica do solo ir,por sua vez, estimular o crescimento e provocar maiores exigncias nutriti-vas nas plantas, incluindo a de B, no sendo ainda de excluir algumafixao deste por elevao do pH. Podero assim surgir, ou serem agravadas,situaes de deficincia de B, cujas repercusses nalgumas espcies se re-flectem num decrscimo de produo de matria e particularmente de se-mente (1, 4), Sherrel (8) observou um aumento, por vezes dramtico, deproduo de semente em trevos brancos, violeta e hbrido e ainda em luzerna,quando aplicou B a um solo deficiente. Estes resultados confirmam os deJohnson e Wear (3) em estudos com trevo branco.

    Porque a literatura que se conseguiu reunir omissa no que respeita aocomportamento do trevo subterrneo em condies de deficincia de B, deci-diu-se investigar os reflexos desta na produo de matria seca e semente

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 11

    daquela espcie. As plantas foram cultivadas em vaso, com condies esco-lhidas para favorecerem o despoletar da deficincia, tendo-se para isso utili-zado um solo que se sabia ser mal provido de B, ao qual se aplicaramvrios nveis de calagem. Os resultados foram comparados com os de trata-mentos anlogos, aos quais se adicionou B.

    2 MATERIAL E MTODOS

    A terra utilizada foi colhida nos primeiros 20 cm do perfil de umfluvissolo mbrico de materiais sedimentares* da regio de Vila Pouca deAguiar. As sua propriedades fsico-qumicas so indicadas no quadro 1.

    QUADRO 1 Propriedades fsico-qumicas da amostra do soloutilizado no ensaio.

    Areia grossa (%) 46,3Areia fina (%) 28,6Limo (%) 15,5Argila (%) 9,6Classe de textura Franco arenosoMatria orgnica (%) 3,2pH (H2O) 5,0pH (KC1) 3,8P2O5 (g g

    -1) 325K2O (g g

    -1) 196B extravel (g g-1) 0,32Caties de troca (cmol (+) kg-1)Ca 2,74Mg 0,25K 0,27Na 0,04Acidez de troca 1,83Al 1,64Capacidade de troca catinica efectiva [cmol (+) kg-1] 5,13Grau de saturao em bases (%) 64,33

    O solo foi crivado com uma malha de 5 mm, seco ao ar e dividido emlotes de 4 kg. Cada lote foi fertilizado com 200 mg de N, 400 mg de K,350 mg de P, 400 mg S, 40 mg de Zn, 30 mg de Cu e 30 mg de Mo.

    Os tratamentos efectuados foram 5 nveis de calagem e 3 de B, emcombinao factorial, com 3 repeties. A calagem foi executada com umamistura de Ca (OH)2 e Mg (OH)2 na proporo 5:1 e o B foi aplicado naforma H3BO3. Os nveis de B foram 0 (B0), 1 (B1) e 2 (B2) mg por kg desolo e os de calagem 0 (C0), 3,5 (C1), 7,0 (C2), 10,5 (C3) e 14,0 (C4) g demistura por cada lote de 4 kg.

    * FAO/UNESCO soil map of the world. 1:500 000. Revised legend. Rome, 1985.

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    Os nutrientes e o correctivo alcalinizante foram misturados com o solode forma tanto quanto possvel homognea e os vasos revestidos com sacosde polietileno, antes do enchimento, Os solos foram regados a cerca de 60%da capacidade de campo com gua destilada-desionizada e incubados duranteduas semanas. Os valores de pH (H2O) registados ao fim deste perodoforam, em mdia, 5,0, 5,5, 6,2, 6,9 e 7,5, em conformidade com os nveiscrescentes de calagem.

    No dia 25 de Outubro de 1985 semearam-se 25 sementes de trevosubterrneo, variedade Clare, em cada vaso, tendo-se permitido o desenvolvi-mento de apenas 15 plantas. O teor de humidade foi mantido ao valormencionado, atravs de regas controladas por gravimetria. A experincia foiconduzida em abrigo, sem qualquer controlo ou suplemento de luz e tempe-ratura, tendo os vasos sido dispostos em blocos casualizados. Em 25 deFevereiro de 1986 e 23 de Maro do mesmo ano efectuaram-se o primeiro eo segundo cortes, deixando-se, de seguida, desenvolver as plantas at com-pleta maturao. Em 14 de Julho de 1986 executou-se o corte final, tendosido colhida a parte area e as infrutescncias enterradas. Em cada cortedeterminou-se a produo de matria seca, aps secagem em estufa de 70 Cdurante 48 horas. O material proveniente dos dois primeiros cortes foi pre-viamente lavado, o que no aconteceu no terceiro devido ao seu grau desecura, designadamente das folhas. Foi por isso possvel analisar com rigoro B nos dois primeiros cortes, o que no aconteceu no ltimo, razo por queos valores correspondentes a este no sero apresentados.

    Aps pesagem do terceiro corte as sementes foram separadas por debu-lha manual e pesadas parte.

    Os valores das produes de matria seca e semente, bem como osteores foliares de B, foram submetidos anlise de varincia de acordo coma metodologia recomendada por Steel e Torrie (11) para ensaios factoriais. Acomparao de mdias foi realizada com base na diferena mnima significa-tiva (DMS).

    3 RESULTADOS E DISCUSO

    3.1 Os dois primeiros cortes

    As quantidades de matria seca resultantes dos dois primeiros cortesso pequenas (quadro 2), pelo que a interpretao dos resultados poder serafectada por possveis desigualdades acidentais na metodologia do corte.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 13

    Verifica-se, ainda assim, que o efeito do B na produo foi significativo(P < 0,001) e positivo em ambos os casos, no havendo, contudo, diferenasentre B1 e B2 (quadro 2) devido, principalmente, ao efeito depressivo dosnveis C3 e C4 de calagem, em B0. Este facto revela que o efeito da calagemfoi igualmente significativo, tal como a interaco B calagem. O efeitodepressivo de C3 e C4 tambm se faz sentir em B1 e B2, particularmente noprimeiro corte, ainda que de um modo menos acentuado. Tratar-se-,porventura, de uma reaco das plantas ao pH elevado do meio, o qual noser o mais favorvel ao seu normal desenvolvimento. Para alm disso, nonvel Bo haver que ter em conta a prpria descida de disponibilidade do Bpara nveis de dificincia, por motivo de fixao.

    QUADRO 2 Produes mdias de matria seca no 1. e 2.cortes (g/vaso).

    Corte Nveis de calagem Nveis de boro (mg/vaso)n. (g/vaso) B0 = 0 B1 = 4 B2 = 8

    Mdia

    1 C0 = 0 2,93 3,12 3,30 3,12C1 = 3,5 3,27 3,12 3,34 3,24C2 = 7,0 2,52 3,50 2,93 2,98C3 = 10,5 1,13 2,94 2,93 2,33C4 = 14,0 1,45 2,42 2,34 2,07Mdia 2,26 3,02 2,96

    2 C0 = 0 2,71 3,12 3,09 2,97C1 = 3,5 3,34 3,23 3,62 3,40C2 = 7,0 3,40 4,24 3,72 3,79C3 = 10,5 2,05 4,30 4,19 3,51C4 = 14,0 2,31 3,81 3,30 3,14Mdia 2,76 3,74 3,58

    Boro Calagem Boro calagemDMS (0,05) (1. corte) 0,19 0,24 0,42DMS (0,05) (2. corte) 0,29 0,37 0,64

    DMS diferena mnima significativa.

    curioso notar que no primeiro corte no houve um efeito positivo dacalagem na produo, apesar da acidez do solo, tendo-se atingido os valoresmais elevados mesmo no nvel C0. Muito provavelmente, as plantas encon-traram no solo o azoto necessrio ao seu crescimento, proveniente da fertili-zao inicial, que ter compensado uma menor modulao simbitica nasrazes. Por outro lado, o material colhido resultou de um lento desenvolvi-mento durante os meses mais frios de Inverno, quando as exigncias nutriti-vas das plantas so menores e as distines entre condies de crescimentofavorveis e desfavorveis se atenuam, na sua expresso produtiva.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 1614

    No segundo corte constata-se o incio da quebra de produo no nvelC0 de calagem. que, entretanto, as condies climticas passaram a sermais favorveis ao crescimento e as plantas exigem uma maior e maispronta reserva disponvel de nutrientes. O azoto adicionado ter-se- esgotadono solo e as razes no conseguem fornec-lo pelo processo simbitico. Serpor esse motivo que comea a notar-se, a partir deste corte e neste nvel decalagem, o progressivo amarelecimento das folhas e caules e o desenvolvi-mento a ser diminuto.

    Os efeitos depressivos dos nveis C3 e C4, na altura do 2. corte, s sefazem sentir essencialmente em B0. O tempo mais quente, que favorece umamelhor decomposio orgnica, a respirao do sistema radicular e a prpriaabsoro de bases podero ter conduzido a uma diminuio de pH narizosfera, para valores mais adequados ao crescimento das plantas. Essamelhoria de condies no tem reflexos em B0 devido, talvez, insuficientedisponibilidade do B no meio.

    Algumas tendncias comeam agora a ser evidentes. O B, isoladamen-te, no tem qualquer efeito significativo sobre a produo. A calagem, spor si, faz aumentar a produo, mas, se excessiva, os seus efeitos benficosextinguem-se ou tornam-se mesmo contraproducentes. As produes mxi-mas so atingidas quando se fazem simultaneamente aplicaes de B ecalagem, no parecendo oferecer quaisquer vantagens adicionais os nveis C3e C4 de calagem e o nvel B2 de B.

    Os teores foliares de B aumentam com as quantidades aplicadas etendem a diminuir com a calagem, provavelmente por fixao, em ambos oscortes (quadro 3). Notam-se, contudo, algumas excepes. Os valores corres-pondentes a C1 so, de uma maneira geral, maiores que os de C0 nos doiscortes, o que ser a consequncia lgica da melhoria da reaco do solo e oconcomitante maior desenvolvimento radicular. Criam-se, assim, condiesptimas de absoro, sem contudo de atingirem valores de pH suficiente-mente elevados para que haja fixao acentuada do B. Essa fixao ntidaa partir do nvel C2.

    Algo surpreendente a constatao de que as diferenas entre os teoresfoliares se atenuam quando se passa do nvel C3 ao C4, em especial no nvelB1 e havendo mesmo uma inverso em B0, ainda que no seja significativa.Sims e Bingham (10) encontraram um mximo de absoro do B emhidrxidos de alumnio recm-precipitados de pH 7, diminuindo a partir

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 15

    deste valor. Como os valores iniciais de pH em C3 e C4 eram respectivamen-te 6,9 e 7,5, isso explica, de algum modo, uma certa igualdade nos teoresfoliares de B, em especial nos nveis B0 e B1.

    QUADRO 3 Teores foliares mdios do boro no 1. e 2. cortes(g g-1).

    Corte Nveis de calagem Nveis de boro (mg/vaso)n. (g/vaso) B0 = 0 B1 = 4 B2 = 8

    Mdia

    1 C0 = 0 16,8 36,5 84,0 45,8C1 = 3,5 17,9 48,4 106,4 57,6C2 = 7,0 16,7 31,4 73,8 40,6C3 = 10,5 12,0 25,7 48,6 28,8C4 = 14,0 14,4 25,2 32,5 24,0

    Mdia 15,6 33,4 69,1

    2 C0 = 0 18,5 43,4 92,2 51,4C1 = 3,5 14,8 53,5 122,5 63,6C2 = 7,0 12,7 37,2 84,4 44,8C3 = 10,5 13,5 29,9 56,8 33,4C4 = 14,0 15,1 28,5 37,7 27,1

    Mdia 14,9 38,5 78,7

    Boro Calagem Boxo calagemDMS (0,05) (1. corte) 1,19 1,53 2,65DMS (0,05) (2. corte) 1,70 2,20 3,81

    DMS diferena mnima significativa.

    No segundo corte os teores de B em B0C1 e B0C2 so menores que emB0C4, embora no significativamente diferentes, o que ser consequncia deum efeito de diluio, devido maior produo de matria seca e a algumesgotamento no solo, pois as exportaes foram superiores no primeirocorte. Neste corte, o teor foliar mnimo em que se atingiram os valoresmais elevados de produo foi de 17 gBg-1, enquanto no segundo esseteor subiu para 28,5 gB g-1 . O delineamento da experincia no permite,no entanto, definir valores crticos com exactido, j que existe toda umalacuna entre aquelas concentraes. Apenas a introduo de mais tratamen-tos entre os nveis B0 e B1 permitiria colher dados que conduzissem a umaestimativa mais correcta. Sherrel (8) definiu os valores crticos do B emtrevos branco e violeta como sendo de 13-16 g g-1 e 15-18 g g-1, respec-tivamente.

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    3.2 Sintomatologia da deficincia e toxicidade de boro nos trevos

    Nos tratamentos B0C3 e B0C4 , em que se verificaram as mais acentu-adas redues de produo nos dois primeiros cortes, foram visveis desdemuito cedo sintomas de deficincia de B. Os entrens eram mais curtos, oslimbos das folhas novas apresentavam-se enrugados, mais pequenos que onormal e tinham uma cor verde mais escura. Cabe aqui referir que, apesardos teores de B no segundo corte dos tratamentos B0C1 e B0C2 seremmenores que em B0C4 (ainda que a diferena no seja significativa), nesteas plantas apresentavam sintomatologia de deficincia, enquanto naquelesisso no era visvel. Tratar-se-, porventura, duma relao Ca/B mais equi-librada nos dois primeiros casos, pois sabido que a disponibilidade cres-cente de clcio intensifica a sintomatologia da deficincia de B nos seusnveis mais baixos (7).

    Pouco tempo aps o segundo corte (2-3 semanas) os sintomas estende-ram-se ao nvel C2 de calagem e mais tarde ao C1, nos tratamentos em queno se aplicou B. Porm, ao nvel C0 isso nunca chegou a ser evidente,devido ao reduzido crescimento das plantas e acentuada clorose (caracte-rstica da deficincia de azoto), que podem ter mascarado quer asintomatologia quer mesmo a prpria deficincia de B. Para alm dossinais j atrs referidos e que eram observveis em folhas novas assistia--se, nas mais antigas, a um certo empalidecimento seguido da formao debandas vermelhas nos limbos, com incio na margem e progresso para ointerior. O tom vermelho estendia-se rapidamente pgina inferior, en-quanto na superior permanecia uma parte interna verde, geralmentesalpicada de manchas amarelas ou avermelhadas. Entre as partes verde evermelha era frequentemente observvel uma outra banda, verde amarelaou mesmo amarela. Os entrens ficavam curtos e grossos e os terminaismuito deformados. Nas extremidades dos pednculos florais ou no chega-vam a formar-se flores ou acabavam por abortar sem produzir semente. Asramificaes mais afectadas acabavam por morrer, com incio nos pices eprogresso para a base. Nos pednculos em que chegavam a formar-sesementes, o desenvolvimento dos clices das flores estreis era pequeno, deque resultava um invlucro globular mais reduzido do que o normal. Asplantas afectadas pela deficincia mantinham caules verdes por um perodomais longo devido produo tardia de novos lanamentos, como quenuma v tentativa de substituio dos que entretanto haviam secado preco-cemente.

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    O tratamento B0C2 apresentou, desde incio, alguns sintomas detoxicidade caracterizados por uma clorose marginal das folhas mais desen-volvidas. A clorose nunca foi muito acentuada e no degenerou em necrose,da que no tivesse sido evidente qualquer quebra de produo relacionadacom a absoro excessiva de B. Este facto est em concordncia com aafirmao de Shorrocks (9) de que as toxicidades moderadas de B noacarretam, em geral, consequncias nefastas, pois a capacidade fotossintticadas plantas no grandemente afectada.

    3.3 Produo total de matria seca

    A produo total de matria seca (quadro 4), em que o peso relativo docorte final determinante, foi fortemente influenciada pela aplicao simul-tnea de B e calagem, como comeava j a desenhar-se no segundo corte.Registou-se uma interaco significativa (P < 0,001) e positiva B calagem.

    QUADRO 4 Produo mdia global de matria seca (g/vaso).

    Nveis de calagem Nveis de boro (mg/vaso)(g/vaso) B0 = 0 B1 = 4 B2 = 8

    Mdia

    C0 = 0 13,1 17,3 14,7 15,1C1 = 3,5 43,2 71,8 71,7 62,2C2 = 7,0 42,6 80,7 78,4 67,2C3 = 10,5 32,8 77,4 80,4 63,5C4 = 14,0 38,4 73,7 75,0 62,4Mdia 34,0 64,1 64,0DMS (0,05) Boro = 2,3; Calagem = 3,0; Boro calagem = 5,1

    DMS diferena mnima significativa.

    O B teve um efeito significativo (P < 0,001) mas no se detectaramdiferenas na passagem de B1 a B2, o que indica que o primeiro nvel sersuficiente para se cumprir pelo menos um ciclo vegetativo da espcie. Onvel B2 poder, no entanto, trazer vantagens, j que aparentemente noconduz a toxicidade que se traduza numa diminuio de produo e o seuefeito ser, em princpio, mais duradouro.

    A calagem teve, de igual modo, um efeito significativo (P

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    3.4 Produo de semente

    O que foi dito aplica-se, quase na totalidade, produo de semente,s que os efeitos positivos da calagem e do B se manifestam agora dumamaneira mais acentuada (quadro 5). Para alm das elevadssimas quebras deproduo, na ausncia de um dos dois factores, ou de ambos, duvidoso queas sementes produzidas nestas condies possuam boa capacidade germinativa. que parte delas eram mais pequenas que o normal ou mostravam-sedefinhadas, devido reduzida formao de endosperma

    QUADRO 5 Produo mdia de semente (g/vaso).

    Nveis de calagem Nveis de boro (mg/vaso)(g/vaso) B0 = 0 B1 = 4 B2 = 8

    Mdia

    C0 = 0 0,2 0,6 0,4 0,4C1 = 3,5 1,9 12,5 11,6 8,7C2 = 7,0 2,2 12,5 12,9 9,2C3 = 10,5 1,7 12,2 13,6 9,2C4 = 14,0 1,8 12,7 12,7 9,1Mdia 1,6 10,1 10,2

    DMS (0,05) Boro = 0,5; Calagem = 0,7; Boro calagem = 1,1

    DMS diferena mnima significativa.

    As produes mximas continuaram a ser atingidas ao nvel B1, masagora o nvel C1 de calagem tambm foi suficiente. De notar que j naproduo de matria seca havia pouca diferena entre C1 e C2, o que podeindicar que, uma vez atingido um valor de pH em que a toxicidade doalumnio seja eliminada, a planta produz o seu mximo de capacidade seno houver nenhum outro factor limitante, B includo.

    4 CONCLUSES

    Em ensaio com vasos o trevo subterrneo, variedade Clare, no produ-ziu convenientemente num solo cido e insuficientemente provido de B. Aproduo aumentou muito quando se efectuou uma calagem moderada, masvoltou a diminuir um pouco quando esta se tornou excessiva.

    O B, isoladamente, no teve qualquer efeito significativo sobre a produ-o de matria seca e semente, mas quando aplicado em simultneo com acalagem proporcionou as maiores produes. A deficincia de B estaria, poreste motivo, mascarada, vindo apenas a manifestar-se quando as condiesqumicas do solo passaram a ser mais favorveis ao desenvolvimento das

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    plantas. previsvel que haja situaes de campo anlogas, pelo que sersempre de encarar a necessidade de aplicao de produtos boratados aps umacalagem, para prevenir a deficincia nas culturas mais sensveis.

    Quando no se aplicou B, as plantas desenvolveram sintomas de defici-ncia deste elemento. As produes de matria seca e, principalmente, as desemente sofreram com isso redues muito acentuadas. Transpostas para ocampo, estas observaes revelam-se de importncia capital, pois conclui-seque a manuteno de um prado e a sua capacidade produtiva podero sermuito afectadas se o B se tornar factor limitante. O controlo peridico dosteores foliares deste nutriente na espcie estudada (e outras com caractersti-cas semelhantes) poder, por conseguinte, constituir um critrio til paraprevenir a sua deficincia.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    2 CRESPO, D. G. Pastagens Semeadas Temporrias e Permanentes de Sequeiro.Lisboa, Instituto Nacional de Investigao Agrria, 1975.

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    4 KEREN, R.; BINGHAM, F. T. Boron in water, soils and plants. "Adv. Soil Sci.",vol. 1, 1985, p. 229-276.

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    7 REEVE, E; SHIVE, J. W. Potassium-boron and calcium-boron relationships in plantnutrition. "Soil Sci.", vol. 57, 1944, p. 1-14.

    8 SHERREL, C. G. Boron deficiency and response in white and red clovers andlucerne. "N. Z. J. Agric. Res.", vol. 26, 1983, p.197-203.

    9 SHORROCKS, V. M. Boron defiency - Its prevention and cure. London, BoronConsolidated, 1984.

    10 SIMS, J. R.; BINGHAM, F. T. Retention of boron by layer silicates, sesquioxides andsoil materials. II Sesquioxides. "Soil Sci. Soc. Amer. Proc.", vol. 32, 1968, p. 364-369.

    11 STEEL, R. G. D.; TORRIE, J. H. Principles and procedures of statistics. London,McGraw-Hill, 1981.

    12 VALE, R. R. O Boro em Solos e Culturas do Nordeste de Portugal. Contribuiopara o Seu Estudo. Tese de doutoramento. Vila Real, UTAD, 1988.

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    "Pastagens e Forragens", vol. 16, 1995, p. 2133.

    EFEITO DA APLICAO DE FSFORO,MAGNSIO E MOLIBDNIO EM PASTAGENS DE SEQUEIRO

    INSTALADAS EM SOLOS CALCRIOS.

    I PRODUO DE MATRIA SECA*

    Maria Odete Torres, Ftima Calouro, Isabel Magalhes, Joo Gama

    Instituto Superior de Agronomia Tapada da Ajuda 1399 LISBOA CODEXLaboratrio Qumico Agrcola Rebelo da Silva Tapada da Ajuda 1300 LISBOA

    Direco Regional de Agricultura da Beira Litoral Av. Ferno de Magalhes, n 465 3000 COIMBRA

    RESUMO

    Com o objectivo de estudar o efeito da aplicao de fsforo, na presena demagnsio e/ou molibdnio, sobre a produo de matria seca de pastagens de sequeiroinstaladas em Solos Calcrios, foi conduzido, durante trs anos, um ensaio de fertiliza-o numa mancha representativa destes solos.

    Foi instalada uma pastagem com uma mistura de azevm perene (Loliumperenne L.) cv. Victorian, panasco (Dactylis glomerata L.) cv. Currie, trevo morango(Trifolium fragiferum L.) cv. Palestine, trevo subterrneo (Trifolium brachycalycinumKatzn & Morley) cv. Clare e luzerna rugosa (Medicago rugosa Desr.) cv. Paragosa.Foram considerados cinco nveis de fsforo (0, 150, 300, 450 e 600 kg ha-1 de P2 O5 ),dois nveis de magnsio (0 e 32 kg ha-1 de MgO) e dois nveis de molibdnio (0 e 0,270kg ha-1 de Mo). Os nutrientes foram aplicados apenas no ano de instalao da pastagem.

    Os resultados obtidos sugerem ser o fsforo o principal factor limitante daproduo de matria seca. A produo de matria seca no foi influenciada pelaaplicao de magnsio e/ou molibdnio, nas condies em que decorreu o ensaio.

    PALAVRAS-CHAVES: Fsforo; Magnsio; Molibdnio; Pastagens de sequeiro; Produo dematria seca; Solos calcrios.

    ABSTRACT

    A fertilizer field experiment was conducted, for three years, on a representativecalcaric soil, to study the effect of phosphorus application, with and without magnesiumand/or molybdenum on dry matter accumulation of dry land pastures installed in thistype of soils.

    * Painel apresentado na XV Reunio de Primavera da SPPF. Santarm, Abril de 1994.

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    Pasture seeding was performed with a seed mixture of perennial ryegrass (Loliumperenne L.) cv. Victorian, cocksfoot (Dactylis glomerata L.) cv. Currie, strawberryclover (Trifolium fragiferum L.) cv. Palestine, subterranean clover (Trifoliumbrachycalycinum Katzn & Morley) cv. Clare and gama medic (Medicago rugosa Desr.)cv. Paragosa. Five levels of phosphorus (0, 150, 300, 450 and 600 kg ha-1 of P2O5), twolevels of magnesium (0 and 32 kg ha-1 of MgO) and molybdenum (0 and 0.270 kg ha-1of Mo) were considered. The fertilizers were applied only in the first year of the trial.

    The experimental results suggest that phosphorus was the main limitingfactor of dry matter accumulation. The response to phosphorus application was notaffected by magnesium or molybdenum fertilization.

    KEYWORDS: Phosphorus; Magnesium; Molybdenum; Dry land pastures; Dry matteraccumulation; Calcaric soils.

    1 INTRODUO

    Embora com grande variao, os solos calcrios apresentam, em geral,uma fertilidade mdia a alta. No entanto, para muitas espcies vegetais, oelevado teor de calcrio activo que podem conter afecta negativamente asculturas neles instaladas, sobretudo pelos problemas que se levantam ab-soro de fsforo.

    Com efeito, em solos calcrios, altamente fixadores, o fsforo dissol-vido das fontes nativas do solo, fundamentalmente hidroxiapatites,fluorapatites e misturas destas formas (12), ou adicionado sob a forma defertilizantes, reage com os constituintes do solo, sofrendo o fenmeno gene-ricamente designado por fixao ou reteno (10, 13). A reteno do fsforoem solos calcrios , principalmente, devida a fenmenos de adsoro a queo ortofosfatio sujeito na superfcie das partculas de carbonato de clcio ea reaces de precipitao com formao de fosfatos de clcio pouco solveis(13). Como consequncia, ocorre uma diminuio da disponibilidade destenutriente.

    Apesar de nos solos calcrios se encontrarem, geralmente, quantidadessuficientes de magnsio disponvel, a deficincia deste nutriente pode ocor-rer, devido a fenmenos de competio inica. Neste tipo de solos, os iesK+ e Ca2+ so aqueles que mais podero contribuir para as carncias daqueleelemento. Efectivamente, o Ca2+, naturalmente o io dominante, assim comoos teores elevados de potssio de troca nativo caractersticos da maioriados solos calcrios (8) podem deprimir seriamente a adsoro do Mg2+ (15).

    Assim, considerando a eventualidade de ocorrncia de limitaes absoro do magnsio, nomeadamente pelas espcies pratenses e, dadas asimplicaes que este facto pode ter na nutrio animal, a aplicao deste

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    nutriente dever constituir prtica comum nestas situaes. Acresce, ainda,que a aplicao deste elemento em solos calcrios pode ter um efeito favor-vel na disponibilidade e assimilabilidade do fsforo, fundamentalmente devi-do influncia do Mg2+ na reduo da adsoro dos ies ortofosfato pelacalcite (9, 20).

    As carncias de molibdnio em solos calcrios so pouco provveis.Existem, contudo, situaes de insuficiente disponibilidade de molibdnio,normalmente associadas a carncias absolutas deste elemento (7). Nestescasos, e se os solos se destinam produo pratense e forrageira, necess-rio aplicar este elemento, principalmente pela sua importncia na nutriodas leguminosas.

    O presente trabalho diz respeito aos resultados de trs anos de umensaio de fertilizao conduzido com o objectivo de estudar o efeito daaplicao de fsforo, magnsio e molibdnio sobre a produo de matriaseca de uma pastagem de sequeiro instalada numa mancha representativa desolos calcrios.

    2 MATERIAL E MTODOS

    2.1 Localizao do ensaio

    O ensaio foi conduzido, de Outubro de 1988 a Outubro de 1991, emCampreses, freguesia de Cho de Couce, concelho de Ansio, tendo sidoinstalado num terreno de meia encosta, com um declive de cerca de 5 %.

    2.2 Solo

    O solo foi classificado, segundo o SROA/CNROA (3), como pertencente famlia dos Solos Calcrios Pardos de margas e calcrios compactos inter--estratificados (Pcsd). Corresponde aos Cambissolos Calcricos na classificaoda FAO-UNESCO (5). As suas caractersticas analticas constam do quadro 1.

    Trata-se de um solo de textura calcrio-argilosa, fortemente calcrio,pouco alcalino, com teor mdio de matria orgnica, teor muito baixo defsforo "assimilvel" e um teor muito alto de potssio "assimilvel". Apre-senta, ainda, um grau de saturao em bases de 100% e uma relao clciode troca/magnsio de troca de 15. No que diz respeito aos micronutrientesanalisados, h a realar os baixos teores de zinco e de molibdnio.

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    QUADRO 1 Caractersticas analticas do Solo Calcrio Pardo de margas e calcrios compactosinter-estratificados (Pcsd).

    Areia grossa (%) 5,20 pH (KCl) 7,41 Fe extravel (mg kg-1) 568Areia fina (%) 10,8 pH (H2O) 7,99 Mn extravel (mg kg

    -1) 132Limo (%) 25,20 Ca de troca [cmol(+) kg-1] 15,38 Zn extravel (mg kg-1) 0,90Argila (%) 58,80 Mg de troca [cmol(+) kg-1] 1,38 Cu extravel (mg kg-1) 0,95Calcrio total (%) 60,50 K de troca [cmol(+) kg-1] 0,31 B extravel (mg kg-1) 0,57Calcrio activo (%) 10,25 Na de troca [cmol(+) kg-1] 0,09 Mo extravel (mg kg-1) 0,03Matria orgnica (%) 2,07 Bases de troca [cmol(+) kg-1] 17,16Fsforo total (%) 0,13 H de troca [cmol(+) kg-1] 0,00P "assimilvel" (P2O5) (mg kg

    -1) 17, Capacidade de troca [cmol(+) kg-1] 17,16K "assimilvel" (K2O) (mg kg

    -1) 324 Grau de saturao (%) 100,00

    2.3 Condies climticas

    Dada a inexistncia de posto meteorolgico no local de ensaio, refe-rem-se os dados observados num posto udomtrico instalado em Quinta deCima, freguesia de Cho de Couce (latitude 39 53' N; longitude 08 22';altitude 277 metros). So apresentados no quadro 2 os valores mdios deprecipitao mensal e total anual em mm, registados nos anos de ensaio,bem como os valores mdios de 13 anos (perodo 1979/91).

    QUADRO 2 Valores mdios de precipitao mensal e totalanual (mm) registados nos anos de ensaio (1988//89, 1989/90, 1990/91) e perodo 1979/91.

    MS 1988/89 1989/90 1990/91 1979/91

    Outubro 142,7 136,7 317,3 135,2Novembro 75,7 250,4 160,2 142,6Dezembro 26,4 410,3 83,7 167,8Janeiro 61,1 166,8 107,3 122,6Fevereiro 139,1 55,2 176,2 124,1Maro 47,5 7,5 207,2 72,4Abril 141,6 126,4 50,4 114,7Maio 89,5 30,1 0,0 80,6Junho 5,5 0,5 16,2 52,5Julho 0,0 9,0 8,3 10,0Agosto 9,0 46,5 15,6 16,6Setembro 20,4 39,3 48,1 49,3

    TOTAL 758,5 1 278,7 1 190,5 1 090,1

    Da observao do quadro referido constata-se que a repartio anual daqueda pluviomtrica foi muito irregular. Efectivamente, o maior volume degua cada concentrou-se no perodo de Outubro-Fevereiro, sendo a precipi-tao dos meses de Vero muito incipiente.

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    No local do ensaio as temperaturas mdias anuais foram da ordem de 9,5Ce 15C, respectivamente, durante os perodos de Outubro-Fevereiro e Maro--Setembro; a humidade relativa do ar apresentou, em mdia, valores de 70-75%.

    2.4 Espcies pratenses

    Para a constituio dos prottipos de pastagens sobre os quais incidiu opresente estudo foram seleccionados o azevm perene (Lolium perenne L.)cv. Victorian, o panasco (Dactylis glomerata L.) cv. Currie, o trevo moran-go (Trifolium fragiferum L.) cv. Palestine, o trevo subterrneo (Trifoliumbrachycalycinum Katzn e Morley) cv. Clare e a luzerna rugosa (Medicagorugosa Desr.) cv. Paragosa.

    2.5 Descrio do ensaio

    O ensaio, constitudo por algumas combinaes de um esquema factorial(5 2 2), foi delineado em blocos completos casualizados. O dispositivoexperimental ficou constitudo por quatro blocos, cada um com os seguintesquinze tratamentos : 1 P0Mg1Mo1 ; 2 P0Mg0Mo1; 3 P0Mg1Mo0; 4 P1Mg1Mo1; 5 P1Mg0Mo1; 6 P1Mg1Mo0; 7 P2Mg1Mo1; 8 P2Mg0Mo1; 9 P2Mg1Mo0; 10 P3Mg1Mo1; 11 P3Mg0Mo1; 12 P3Mg1Mo0; 13 P4 Mg1Mo1;14 P4Mg0Mo1; 15 P4Mg1Mo0, correspondendo aos nveis de aplicao 0,150, 300, 450 e 600 kg ha-1 de P2O5 (respectivamente P0, P1, P2, P3 e P4) ; 0e 32 kg ha-1 de MgO (respectivamente Mg0 e Mg1) e 0 e 0,270 kg ha

    -1 deMo (respectivamente Mo0 e Mo1).

    Os tratamentos experimentais considerados foram aplicados a talhesde 12,0 m2 de rea (1,5 m 8,0 m).

    A aplicao dos nutrientes ao solo foi feita apenas no ano de instalaodo ensaio (1988/89). O fsforo, magnsio e molibdnio foram veiculados atra-vs, respectivamente, do superfosfato de clcio com 42% de P2O5, do sulfato demagnsio com 16% de MgO e do molibdato de amnio com 54% de Mo. Osadubos foram distribudos a lano (manualmente). O molibdato de amnio foipreviamente misturado com areia devido muito pequena quantidade a aplicar.

    A sementeira foi realizada a lano (manualmente), com uma misturade 5,0 kg ha-1 de azevm perene, 5,0 kg ha-1 de panasco, 3,0 kg ha-1 detrevo morango, 4,0 kg ha-1 de trevo subterrneo e 4,0 kg ha-1 de luzernarugosa. As sementes de leguminosas foram previamente inoculadas com es-tirpes de Rhizobium adequadas.

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    2.6 Avaliao da produo

    Embora se tenham definido e marcado talhes de 12,0 m2 de rea, foiconsiderada, para efeito de colheita dos dados experimentais, uma rea tilde 7,0 m2 (1,0 m 7,0 m), definida no centro de cada talho.

    No ano de instalao da pastagem (1988/89), o pequeno crescimen-to da vegetao no permitiu a colheita de toda a rea til de cadatalho. Assim, a avaliao da produo foi realizada por amostragem.Foram consideradas 10 unidades de amostragem quadrados de 225 cm2

    de rea (15 cm 15 cm) por talho. A localizao destas unidadesdentro dos talhes foi determinada pelo mtodo das coordenadas (2).

    Aps a avaliao da produo foi retirada, de cada talho, uma amos-tra de cerca de 500 gramas para determinao da percentagem de matriaseca (MS), aps secagem em estufa de ventilao forada, durante 24horas a 70C.

    2.7 Mtodos de anlise estatstica dos dados

    No tratamento dos dados experimentais foram utilizados os seguintesmtodos de anlise estatstica:

    anlise de varincia, para avaliao do efeito dos tratamentos expe-rimentais sobre a produo de matria seca;

    teste de Duncan (4), para comparao a posteriori das mdias cor-respondentes aos diversos tratamentos;

    anlise de regresso, para estimao da resposta da produo dematria seca aplicao de fsforo, magnsio e molibdnio aosolo;

    teste de homogeneidade dos coeficientes de regresso (14), para com-parao dos coeficientes de regresso ajustados s curvas de respostada produo de matria seca aplicao de fsforo ao solo, napresena e na ausncia de magnsio e/ou molibdnio.

    3 RESULTADOS E DISCUSSO

    3.1 Efeito da fertilizao sobre a produo da matria seca

    Verificou-se, em todos os anos de ensaio, um efeito altamente signifi-cativo (P 0,001) dos tratamentos experimentais sobre a produo de mat-

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    ria seca da pastagem (F[14;45] = 3,37***; F[14;45] = 4,596***; F[14;45] = 4,514***,respectivamente para o ano de instalao, segundo e terceiro anos), sendomais de 50% da variao observada devida aplicao dos tratamentos.

    3.2 Comparao dos resultados mdios obtidos

    O quadro 3 mostra os resultados do teste de Duncan (4), aplicado sprodues mdias de matria seca correspondentes a cada tratamento(P = 0,05). A sua anlise mostra que as produes avaliadas no ano deinstalao da pastagem foram substancialmente superiores s observadas noano seguinte, o que est em desacordo com a natural evoluo da produode erva de uma pastagem temporria ou permanente. Tal ficar a dever-seao facto de se ter realizado o controlo da produo por amostragem. Assim,a comparao dos valores obtidos neste ano, com os relativos aos anosseguintes, dever ser efectuada com as necessrias reservas.

    Nos trs anos de observaes, os tratamentos experimentais sem apli-cao de fsforo conduziram s produes mdias de matria seca maisbaixas, significativamente inferiores a todas as outras. Este facto no sur-preende face ao muito baixo teor de fsforo "assimilvel" do solo (qua-dro 1). Com efeito, as produes obtidas em P0 foram incipientes no segun-do e no terceiro anos (respectivamente cerca de 53 kg ha-1 e 162 kg ha-1,em mdia). Constituiu excepo o tratamento P0 Mg0 Mo1 (apenas commolibdnio) que, no ano de instalao, no se mostrou diferente do trata-mento P2Mg1Mo1 (com 300 kg ha

    -1 de P2 O5 e aplicao de magnsio emolibdnio) e, no segundo ano, do tratamento P1 Mg1Mo1 (com 150 kg ha

    -1

    de P2 O5, magnsio e molibdnio). Estes casos no revelam, no entanto, umatendncia geral.

    A aplicao de 150 kg ha-1 de P2O5 permitiu, desde logo, a obteno deprodues mdias de matria seca significativamente superiores s observa-das nos tratamentos em P0. Com efeito, foi para este nvel de aplicao defsforo que se observaram os incrementos mais elevados na produo dematria seca, tal como visvel no quadro 3. Em mdia, estas produesaumentaram cerca de oito e sete vezes, respectivamente nos segundo e ter-ceiro anos, atingindo os 445 kg ha-1 e 1132 kg ha-1 de matria seca nostratamentos em P1.

    Estes resultados esto, tambm, em perfeita concordncia com os obti-dos nos tratamentos em P0 e P1, no respeitante composio botnica mdiada pastagem e percentagem de solo nu. De facto verificou-se, nos tratamen-

  • PASTAGENS E FORRAGENS 1628

    tos em P0, uma elevada percentagem mdia de solo descoberto conjugadacom uma elevada percentagem de espcies residentes, menos produtivas queas introduzidas (17). Estes aspectos tero contribudo para as baixas produ-es obtidas nestes tratamentos.

    QUADRO 3 Produes mdias de matria seca obtidas por talho e as correspondentes rea de um hectare.

    TRATAMENTO1988/89 1989/90 1990/91

    MS MS MS MS MS MSEXPERIMENTAL(kg talho-1) (kg ha-1) (kg talho-1) (kg ha-1) (kg talho-1) (kg ha-1)

    1 P0Mg1Mo1 0,386 8 e 552,60 e 0,048 8 ef 69,71 ef 0,121 0 c 172,80 c2 P0Mg0Mo1 0,574 3 de 820,40 de 0,034 5 ef 49,28 ef 0,112 8 c 161,10 c3 P0Mg1Mo0 0,467 8 e 668,30 e 0,029 0 f 41,43 f 0,105 8 c 151,10 c4 P1Mg1Mo1 0,891 3 b 1 273,30 b 0,260 3 de 371,80 de 0,794 0 b 1 134,30 b5 P1Mg0Mo1 0,850 0 c 1 214,30 c 0,334 5 cd 477,80 cd 0,759 0 b 1 084,30 b6 P1Mg1Mo0 0,818 3 c 1 169,00 c 0,340 0 cd 485,70 cd 0,823 3 b 1 176,10 b7 P2Mg1Mo1 0,791 0 cd 1 130,00 cd 0,408 3 bcd 583,30 bcd 1,053 8 ab 1 505,40 ab8 P2Mg0Mo1 0,954 8 bc 1 364,00 bc 0,510 5 abc 729,30 abc 0,969 0 ab 1 384,30 ab9 P2Mg1Mo0 0,843 5 c 1 205,00 c 0,369 5 bcd 527,80 bcd 0,740 0 b 1 057,10 b

    10 P3Mg1Mo1 0,936 5 bc 1 337,80 bc 0,380 8 bcd 544,00 bcd 0,935 5 ab 1 336,40 ab11 P3Mg0Mo1 1,266 8 a 1 752,60 a 0,707 0 a 1 010,00 a 1,249 0 a 1 784,30 a12 P3Mg1Mo0 0,884 8 bc 1 264,00 bc 0,467 5 bcd 667,80 bcd 1,065 3 ab 1 521,80 ab13 P4Mg1Mo1 1,217 8 a 1 739,70 a 0,706 5 a 1 009,30 a 1,322 0 a 1 888,60 a14 P4Mg0Mo1 1,102 5 ab 1 575,00 ab 0,589 0 ab 841,40 ab 1,247 5 a 1 782,10 a15 P4Mg1Mo0 1,017 5 abc 1 453,60 abc 0,593 8 ab 848,30 ab 1,226 8 a 1 752,60 a

    sm() 0,087 0 124,30 0,087 9 125,60 0,152 0 217,60

    Nota:Valores seguidos da mesma letra no diferem entre si de forma significativa (P=0,05).

    A aplicao de 300, 450 e 600 kg ha-1 de P2O5 permitiu ainda incre-mentos, embora menores, na produo de matria seca.Os tratamentos expe-rimentais correspondentes aplicao de 600 kg ha-1 de P2O5 conduziram sprodues mdias mais elevadas de matria seca (1589 kg ha-1, 900 kg ha-1

    e 1800 kg ha-1, respectivamente no ano de instalao, segundo e terceiroanos). Estas no mostraram diferenas significativas entre si, em todos osanos considerados.

    De um modo geral, dentro de cada nvel de fsforo aplicado, no seregistaram diferenas significativas entre as mdias correspondentes apli-cao simultnea de magnsio e molibdnio, s de magnsio ou s demolibdnio.

    Em solos calcrios, com um teor muito baixo de fsforo nativo e umaelevada capacidade de fixao deste elemento, uma das aces propostas

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 29

    para garantir um teor de fsforo na soluo do solo, adequado ao desenvol-vimento satisfatrio das plantas, ser a aplicao, de uma s vez ou emadies sucessivas, de elevadas quantidades de adubos fosfatados que, pelomenos teoricamente, podero saturar a capacidade de fixao do solo,conduzindo, assim, a uma maior eficcia da fertilizao (1, 6). Esta prticapermite, consequentemente, aumentos importantes na produo de matriaseca (11, 18, 19).

    No que diz respeito ao solo em estudo, os aspectos referidos anterior-mente parecem aplicar-se. Com efeito, a aplicao de 150, 300, 450 e 600kg ha-1 de P2O5 conduziu, no ano de instalao, a teores mdios de fsforo"assimilvel", respectivamente de 31, 47, 57 e 78 mg de P2O5 kg

    -1 de solo(16), substancialmente mais elevados que os existentes naturalmente 17 mgde P2O5 kg

    -1 de solo (16).

    No entanto, apesar dos elevados nveis de fsforo aplicados, as produ-es de matria seca obtidas foram, em valor absoluto, muito baixas (noultrapassando, em mdia, 1800 kg ha-1), mesmo para 600 kg ha-1 de P2O5, oque sugere a existncia de outros factores, para alm dos nutricionais,limitantes da produo. Salientam-se, nomeadamente, os provveis baixosteores de humidade no solo, durante a maior parte do perodo produtivo dapastagem (quadro 2).

    3.3 Resposta da produo de matria seca aplicao de fsforo

    Para cada combinao de magnsio e molibdnio, aplicados aosolo no ano de instalao do ensaio, foram ajustadas equaes deregresso resposta da produo de matria seca por hectare aplica-o de fsforo (figuras 1, 2 e 3), em cada um dos anos de estudoconsiderados.

    Os coeficientes das equaes ajustadas variao da produo dematria seca com a aplicao de fsforo, na presena de magnsio e demolibdnio ou de um destes nutrientes, foram comparados em cada umdos anos de estudo, atravs do teste de homogeneidade dos coeficientesde regresso. Os valores de "F" calculados (F[4;13] = 1,049 NS; F[4;13] = 1,557NS e F[4;13] = 0,271 NS, respectivamente em 1988/89, 1989/90 e 1990/91)permitem afirmar que a resposta da produo de matria seca aplicaode fsforo se mostrou independente da aplicao de magnsio e/oumolibdnio, pelo que pode ser traduzida pelas equaes de regressopresentes na figura 4.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 1630

    Fsforo (P 2 O 5 kg/ha)

    MS

    (kg

    / ha)

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    0 100 200 300 400 500 600 700

    c/ Mg e Moc/ Mo

    c/ Mg

    c/ Mg e Mo Y = 105 + 1,37 X R2 = 89,8 % **

    c/ Mg Y = 15,7 + 107,3 ln (X+1) R2 = 89,8 % **

    c/ Mo Y = 13,3 + 130,9 ln (X+1) R2 = 86,0 % *

    Fsforo (P2O5 kg/ha)

    FIGURA 1 Resposta da produo de matria seca aplicao de fsforo, na presena de magnsioe molibdnio ou de cada um destes elementos: ano de instalao (1988/ /89).

    FIGURA 2 Resposta da produo de matria seca aplicao de fsforo, na presena demagnsio e molibdnio ou de cada um destes elementos: segundo ano (1989/90).

    FIGURA 3 Resposta da produo de matria seca aplicao de fsforo, na presena demagnsio e molibdnio ou de cada um destes elementos: terceiro ano (1990/91).

    Fsforo (P 2 O 5 kg/ha)

    MS

    (kg/

    ha)

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    0 150 300 450 600 750

    c/ Mo

    c/ Mgc/ Mg e Mo

    c/ Mg e Mo Y = 135 + 230,8 ln (X+1) R2 = 90,9 % **

    c/ Mg Y = 113 + 219,2 ln (X+1) R2 = 89,5% **

    c/ Mo Y = 104 + 244,2 ln (X+1) R2 = 93,1 % **

    Fsforo (P 2 O 5 kg / ha)

    MS

    (kg

    / ha)

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    0 100 200 300 400 500 600 700

    c/ Mg c/ Mo

    c/ Mg e Mo

    c/ Mg e Mo Y = 781 + 121,5 ln (X+1) R2 = 80,9 % *

    c/ Mg Y = 655 + 107,0 ln (X+1) R2 = 94,3 % **

    c/ Mo Y = 526 + 146,4 ln (X+1) R2 = 81,3 % *

    Fsforo (P2O5 kg/ha)

    Fsforo (P2O5 kg/ha)

    Fsforo (P2O5 kg/ha)

    Fsforo (P2O5 kg/ha)

    c/Mg e Moc/Moc/Mg

    c/Mg e Moc/Moc/Mg

    c/Mg e Moc/Moc/Mg

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 31

    FIGURA 4 Resposta mdia anual da produo de matria seca aplicao de fsforo.

    4 CONCLUSES

    A conjugao dos resultados obtidos ao nvel do efeito da aplicao defsforo ao solo, no ano de instalao da pastagem, na presena de magnsioe molibdnio ou de cada um destes elementos, sobre a produo de matriaseca, sugere as seguintes concluses gerais:

    O principal factor limitante instalao e desenvolvimento das esp-cies introduzidas e, consequentemente, produo de matria seca dapastagem, foi o muito baixo teor de fsforo (P2O5) "assimilvel" dosolo.

    A aplicao de 150 kg ha-1 de P2O5 permitiu, desde logo, um incre-mento notvel na produo de matria seca. Este facto mostra anecessidade de estudar o efeito da aplicao de doses inferiores destenutriente.

    A aplicao de 300, 450 e 600 kg ha-1 de P2O5 permitiu incrementos,embora menores, na produo de matria seca. A aplicao de 600kg ha-1 de P2O5 conduziu produo mdia mais elevada de matriaseca.

    A perda do valor residual do fsforo aplicado, manifestada sobretudono terceiro ano, embora com magnitude superior nos nveis maisbaixos do nutriente, revela o interesse do fraccionamento dos nveisensaiados em aplicaes anuais. Alis, esta alternativa poder apre-sentar-se, em termos econmicos, mais atraente para o agricultor.

    Fsforo (P 2 O 5 kg/ha)

    MS

    (kg

    / ha)

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    0 100 200 300 400 500 600 700

    3 ANO

    2 ANO

    1 ANO

    1 ANO Y = 654 + 124,9 ln (X+1) R2 = 77,7 % ***

    2 ANO Y = 16 + 115,0 ln (X+1) R2 = 78,1 % ***

    3 ANO Y = 117 + 231,1 ln (X+1) R2 = 90,5 % ***

    Fsforo (P2O5 kg/ha)Fsforo (P2O5 kg/ha)

  • PASTAGENS E FORRAGENS 1632

    A produo de matria seca no foi influenciada pela aplicao demagnsio e/ou molibdnio, nas condies em que decorreu o ensaio.Isto mostra a necessidade da realizao de novos estudos, contem-plando a aplicao de magnsio e molibdnio neste tipo de solos, emvirtude da inconsistncia dos resultados obtidos.

    AGRADECIMENTOS

    Os autores agradecem aos Engenheiros Agrnomos Carlos Alarco e Jos Santos apreciosa colaborao no trabalho experimental de campo.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1 BARROW, N. J. Effect of previous additions of phosphate on phosphate adsorptionby soils. "Soil Science", 118 (2) 1974, p.82-89.

    2 CALOURO, F. Instalao e Conduo de Ensaios no Campo: Alguns Aspectos aConsiderar. Lisboa, Laboratrio Qumico Agrcola Rebelo da Silva, 1986.

    3 CARDOSO, J. C. A Classificao dos Solos de Portugal. Nova Verso. Lisboa,Secretaria de Estado da Cultura, 1974. (Boletim de Solos, n 17).

    4 DUNCAN, D. B. Multiple range and multiple "F" tests . "Biometrics", 11 (1) 1955,p. 1-42.

    5 FAO FAO-UNESCO soil map of the world (Revised legend). Rome, Food andAgriculture Organization of the United Nations, 1988. (World Soil Resources Report,n. 60).

    6 GAMA, M. V.; GONALVES, M. G. Sobre a Eficcia da Adubao Fosfatada."Pedologia", vol. 17, 1982, p. 185-196.

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    10 LEWIS, G. C.; BAKER, G. D.; SNYDER, R. S. Phosphate fixation in calcareoussoils. "Soil Science", 69 (1) 1950, p. 55-62.

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  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 33

    13 SAMPLE, E. C.; SOPER, R. J.; RACZ, G. J. Reactions of phosphate fertilizers insoils. In: "KHASAWNEH, F. E.; SAMPLE, E. C.; KAMPRATH, E. J. (ed.) The role ofphosphorus in agriculture". Madison, Wisc., American Society of Agronomy, 1980,p. 263-310.

    14 STEEL, R. G. D.; TORRIE, J. H. Principles and procedures of statistics: A biometricalapproach. 2 ed. New York, McGraw Hill Book Company, 1980.

    15 TISDALE, S. L.; NELSON, W. L.; BEATON, J. D. Soil fertility and fertilizers. 4th ed.New York, MacMillan Publishing Co., 1985.

    16 TORRES, M. O. P. Efeitos da Fertilizao com P, Mg e Mo em Pastagens deSequeiro da Serra do Sic. Contribuio para o Seu Estudo. Tese de Mestrado. Lisboa,Universidade Tcnica de Lisboa, Instituto Superior de Agronomia, 1993.

    17 TORRES, M. O.; CALOURO, F. Efeito da Aplicao de Fsforo, Magnsio eMolibdnio em Pastagens de Sequeiro Instaladas em Solos Calcrios. II Contribui-o das Espcies Pratenses Introduzidas. Comunicao apresentada na XV Reunio dePrimavera da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens. Santarm, Abril de 1994."Pastagens e Forragens", vol. 16, 1995, p. 35-45.

    18 TORRES, M. O.; COSTA, A. S.; CALOURO, F. Prospeco dos Factores de NaturezaNutricional Limitantes do Desenvolvimento de Algumas Espcies Forageiras em SolosDerivados de Calcrio. "Pastagens e Forragens", 9 (1) 1988, p. 143-153.

    19 TORRES, M. O.; COSTA, A. S. V.; CALOURO, F. Response of gama medic (Medicagorugosa Desr.) grown on a calcaric cambisol to different rates of fertilizer phosphorus.In: "FRAGOSO, M. A. C.; VAN BEUSICHEM, M. L. (ed.) Optimization of PlantNutrition". Dordrecht, Kluwer Academic Publishers, 1993. (Developments in Plant andSoil Sciences, n 53), p. 355-358.

    20 YADAV, B. R.; PALIWAL, K. V.; NIMGADE, N. M. Effect of magnesium-rich waterson phosphate adsorption by calcite. "Soil Science", 138 (1) 1984, p. 153-157.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 16 35

    "Pastagens e Forragens", vol. 16, 1995, p. 3545.

    EFEITO DA APLICAO DE FSFORO,MAGNSIO E MOLIBDNIO EM PASTAGENS DE SEQUEIRO

    INSTALADAS EM SOLOS CALCRIOS.

    II CONTRIBUIO DAS ESPCIESPRATENSES INTRODUZIDAS*

    Maria Odete Torres, Ftima Calouro

    Instituto Superior de Agronomia Tapada da Ajuda 1399 LISBOA CODEXLaboratrio Qumico Agrcola Rebelo da Silva Tapada da Ajuda 1300 LISBOA

    RESUMO

    Com o objectivo de estudar o efeito da aplicao de fsforo, na presena demagnsio e/ou molibdnio, sobre a contribuio das espcies introduzidas em pastagensde sequeiro instaladas em solos calcrios, foi conduzido, durante trs anos, um ensaio defertilizao numa mancha representativa destes solos.

    Foi instalada uma pastagem com uma mistura de azevm perene ( Lolium perenneL.) cv. Victorian, panasco (Dactylis glomerata L.) cv. Currie, trevo morango (Trifoliumfragiferum L.) cv. Palestine, trevo subterrneo (Trifolium brachycalycinum Katzn &Morley) cv. Clare e luzerna rugosa (Medicago rugosa Desr.) cv. Paragosa. Foramconsiderados cinco nveis de fsforo (0, 150, 300, 450 e 600 kg ha-1 de P2O5), doisnveis de magnsio (0 e 32 kg ha-1 de MgO) e dois nveis de molibdnio (0 e0,270 kg ha-1 de Mo). Os nutrientes foram aplicados apenas no ano de instalao dapastagem. A percentagem com que cada espcie contribuiu para a pastagem foi avaliadaatravs do mtodo do ponto quadrtico de Levy. A evoluo das espcies residentes e dosolo nu foi tambm estudada.

    Os resultados obtidos mostraram ser o fsforo o principal factor limitante instalao e desenvolvimento das leguminosas introduzidas. A aplicao de fsforo noconduziu a uma boa instalao das gramneas introduzidas, o que poder dever-se ausncia de fertilizao azotada. A aplicao do nutriente revelou-se positiva nadominncia das espcies introduzidas relativamente s residentes, manifestando, ainda,um efeito notvel na reduo da rea de solo nu. A instalao e o desenvolvimentodas espcies pratenses no foram influenciados pela aplicao de magnsio e/oumolibdnio, nas condies em que decorreu o ensaio.

    PALAVRAS-CHAVES: Espcies pratenses; Fsforo; Magnsio; Molibdnio; Pastagens desequeiro; Solos calcrios.

    * Comunicao apresentada na XV Reunio de Primavera da SPPF. Santarm, Abril de 1994.

  • PASTAGENS E FORRAGENS 1636

    ABSTRACT

    A fertilizer field experiment was conducted, for three years, on a representativecalcaric soil, to study the effect of phosphorus application, with and without magnesiumand/or molybdenum, on the contribution of different meadow species to dry landpastures installed in this type of soils.

    Pasture seeding was performed with a seed mixture of perennial ryegrass (Loliumperenne L.) cv. Victorian, cocksfoot (Dactylis glomerata L.) cv. Currie, strawberry clover(Trifolium fragiferum L.)