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i ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA: O MAIOR ÁLCOOL DUTO DO MUNDO COMO SOLUÇÃO LOGÍSTICA PARA OS BIOCOMBUSTÍVEIS Bruno Gargiolli dos Santos Leonardo Amazonas Machado Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Régis da Rocha Motta, D.Sc. Rio de Janeiro Julho de 2014

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ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA: O MAIOR ÁLCOOL

DUTO DO MUNDO COMO SOLUÇÃO LOGÍSTICA PARA OS

BIOCOMBUSTÍVEIS

Bruno Gargiolli dos Santos

Leonardo Amazonas Machado

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador:

Prof. Régis da Rocha Motta, D.Sc.

Rio de Janeiro

Julho de 2014

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ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA: O MAIOR

ALCOOLDUTO DO MUNDO COMO SOLUÇÃO LOGÍSTICA PARA OS

BIOCOMBUSTÍVEIS

Bruno Gargiolli dos Santos

Leonardo Amazonas Machado

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. Régis da Rocha Motta, D.Sc.

________________________________________________

Prof.a Maria Alice Ferruccio Rainho, D.Sc.

________________________________________________

Eng. Danilo Monteiro Olivieri

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

JUNHO DE 2014

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Dos Santos, Bruno Gargiolli

Machado, Leonardo Amazonas

Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica: O Maior Álcool Duto

do Mundo como Solução Logística para os Biocombustíveis

/ Bruno Gargiolli dos Santos e Leonardo Amazonas Machado –

Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2014.

X, 76 p.:il.; 29,7 cm.

Orientador: Régis da Rocha Motta

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia de Produção, 2014.

Referências Bibliográficas: p.74-75.

1. Viabilidade Técnica e Econômica. 2. Logística. 3.

Biocombustíveis. 4. Sistema Multimodal

I. Motta, Régis da Rocha. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Produção. III.

Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica: O Maior Álcool Duto

do Mundo como Solução Logística para os Biocombustíveis.

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Agradecimentos

Bruno Gargiolli dos Santos

Primeiramente gostaria de agradecer a minha família em especial meu pai, Luiz

Henrique, que dedicou sua vida a me dar oportunidades e é a base do homem que sou. A

minha mãe, Tania Christina, que foi fundamental na minha formação como pessoa e que

foi a primeira a me ensinar a importância dos estudos. Ao meu irmão, Luiz, meu grande

exemplo, a quem sempre observei com atenção e admirei em demasia. Aos meus tios

que complementaram a minha formação, Cardim, Catia, Claudia Maria, Mario,

Reynaldo e Vivian Maria. Aos meus padrinhos Adélia e Roberto. E aos meus primos

André, Arthur, Nathalia, Jr e Thaís.

Aos meus amigos e companheiros da jornada de graduação, com especial menção a

Carolina Abrantes, Caroline Campos, Davi Khattar, Diogo Guedes, Gabriel Runte,

Gabriel Vieira, Leonardo Amazonas, Louise Oliveira, Murilo Reis, Vinícius Medeiros e

Renato Fontes.

Aos amigos de infância, as pessoas especiais que compõem a minha vida e aos irmãos

do coração, Breno Campos, Bruno Romano, Camila Azevedo, Carolina Romano, Dan

Plachta, Getúlio Guedes, Maria Emília Cardoso, Mariana Máximo, Paula, Rafael

Barilli, Rodrigo Barilli, Tainá Meinicke e Yves Galvão.

Por último gostaria não só agradecer mas dedicar com todo carinho essa realização

pessoal a memória da minha avó Diva.

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Agradecimentos

Leonardo Amazonas Machado

Primeiramente a minha família, por ser a minha base e fomentar toda minha educação,

além de me apoiar em todos os momentos. Adilson Ferreira, Alberto Correia, João

Paulo, Tereza Cristina, Terezinha Correia e ao Vovô Luiz. Em especial, a minha mãe

Carla Amazonas, pelo apoio, preocupação e amor incondicional. E ao meu pai, Ronaldo

Machado, pelo exemplo de determinação que me inspira, e pela referência que é para

mim.

Aos grandes amigos que fiz durante a graduação, pelas alegrias, angústias e empenho

que compartilhamos durante essa árdua caminhada. Em especial, Bruno Gargiolli,

Bruno Rocha, Caroline Campos, Davi Khattar, Gabriel Runte, Gabriel Vieira, Luisa

Franca, Pedro Fleury, Vinícius Medeiros, Rafael Chagas e Renato Fontes, por terem

sidos os grandes facilitadores dessa jornada.

Aos meus amigos da Visagio Agapito Troina, Caio Fiuza, Danilo Olivieri, Felipe

Allevato, Lucas Padinha, Osmar Lima, Paula Belfort, em especial ao Vinícius Vieira e

Weber Pimenta pelas madrugadas de trabalho e por todo aprendizado que me

transmitiram durante esse projeto, assim como em muitos outros.

Aos amigos diversos que tive a sorte de encontrar na vida, e que não importa o tempo

que passe, serão eternamente lembrados, sendo eu eternamente grato a Edson Rego,

Fernando Carlos, Isadora Ribeiro, Marianna Ramos, Mário Mannarino, Pedro Sabioni,

Pedro Soares, Raoni Nogueira e Thiago Lamenha.

À minha companheira Anna Luiza Marinho que, nessa etapa final, esteve sempre ao

meu lado, sendo uma grande mulher e uma amiga inigualável, tornando-se pilar

fundamental em minha vida.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica: O Maior Álcool Duto do Mundo como

Solução Logística para os Biocombustíveis

Bruno Gargiolli dos Santos

Leonardo Amazonas Machado

Junho/2014

Orientador: Régis da Rocha Motta (D.Sc)

Curso: Engenharia de Produção

O mercado mundial de energia movimenta cerca de U$1,5 Tri ao ano, sendo

80% dessa energia proveniente de combustíveis fósseis. Visando diminuir essa forte

dependência, os biocombustíveis emergem como a principal possibilidade. Diversos

fatores de mercado apontam para a crescente dos biocombustíveis, tendo o Brasil como

principal player, mas barreiras como a falta de infraestrutura logística precisam ser

rompidas.

Nesse contexto, elaborou-se um modelo quantitativo que avaliasse a viabilidade

técnico-econômica da construção de um sistema multimodal para escoamento da

produção de álcool no Brasil. Concluiu-se que tal infraestrutura teria um investimento

inicial de R$5,4 Bi e um valor presente líquido (VPL) de R$5,3 Bi para o acionista,

sendo suficientemente rentável. Esse estudo foi finalizado em dezembro de 2010. Suas

conclusões foram aceitas, e hoje o projeto encontra-se em execução.

Palavras-chave: Viabilidade Técnica e Econômica, Logística, Biocombustíveis,

Sistema Multimodal.

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Abstract of the Graduation Project presented to Escola Politécnica/UFRJ as a part of the

requirements for the degree of Industrial Engineer.

Feasible Study Technical and Economic: The World´s Biggest Ethanol Pipeline as

Logistic Solution for Biofuels.

Bruno Gargiolli dos Santos

Leonardo Amazonas Machado

Abril/2014

Mentor: Régis da Rocha Motta (D.Sc)

Degree: Industrial Engineering

The global energy market moves about $1.5 Tri year, being 80% of energy from

fossil fuels. To decrease this strong dependence, biofuels emerge as a leading

possibility. Several factors point to the growing market for biofuels, with Brazil as the

main player, but barriers such as lack of logistics infrastructure undermine this

potential.

In this context, elaborated a numerical model to assess the technical and

economic feasibility of building a multimodal system for the disposal of ethanol

production in Brazil. It was concluded that this infrastructure would have an initial

investment of U$2.6 Bi and a net present value of R$2.5 Bi to the stakeholder, being

sufficiently profitable. This study was completed in December 2010. The conclusions

were accepted, and today the project is running.

Key words: Technical and Economic Viability, Logistics, Biofuels, Multimodal System.

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Sumário

1. Introdução e Mercado ............................................................................... 13

1.1. Panorama Energético no Mundo ........................................................... 13

1.2. O Risco Petróleo ................................................................................... 15

1.3. O Etanol ................................................................................................ 17

1.3.1. Etanol Americano Vs Brasileiro ....................................................... 17

1.3.2. Mercado Interno ................................................................................ 19

1.3.3. Mercado Externo ............................................................................... 20

1.4. Desafios Brasil ...................................................................................... 21

1.4.1. Fragmentação da Oferta .................................................................... 21

1.4.2. Intervenção Estatal ............................................................................ 22

1.4.3. Indisponibilidade de Terras Próximas aos Centros Consumidores ... 24

1.4.4. Falta de Infra Estrutura Logística ...................................................... 26

1.5. Conclusão do Mercado ......................................................................... 29

2. O Projeto ................................................................................................... 31

2.1. Histórico ................................................................................................ 31

2.2. Modelagem ........................................................................................... 33

2.2.1. Principais Inputs ................................................................................ 34

2.2.1.1. Coordenadas Cartográficas ............................................................. 34

2.2.1.2. Traçado ............................................................................................ 36

2.2.1.3. Volume Ofertado e Demandado ..................................................... 37

2.2.1.4. Custos, Tarifas e Investimentos ...................................................... 41

2.2.1.5. Variáveis Econômicas e Financeiras ............................................... 42

2.2.2. Lógica de Funcionamento ................................................................. 43

2.2.2.1. Combinações Cartesianas de Rotas ................................................. 43

2.2.2.2. Alocação de Volumes ..................................................................... 46

2.2.2.3. Estruturação do DRE ...................................................................... 49

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2.2.3. Principais Outputs ............................................................................. 51

2.2.3.1. Resultado Financeiro ....................................................................... 51

2.2.3.2. Definição da melhor rota e valor cobrado ....................................... 52

2.2.3.3. Posicionamento Cartográfico do Sistema ....................................... 52

3. Análises de Suporte às Decisões .............................................................. 53

3.1. Definição do Traçado do Duto .............................................................. 53

3.2. Timing do Projeto .................................................................................. 55

3.3. Eliminação da Canibalização Entre Terminais ..................................... 56

3.4. Definição do Volume Total .................................................................. 57

3.5. Preço Fixo Vs Variável ......................................................................... 59

3.6. Análise de Sensibilidade ....................................................................... 60

4. Conclusões e Resultados .......................................................................... 63

4.1. Conclusões do EVTE ............................................................................ 63

4.2. Impactos no Mercado ............................................................................ 65

4.2.1. Impactos no Mercado Interno ........................................................... 66

4.2.1.1. Governo Brasileiro .......................................................................... 66

4.2.1.2. Produtores de Etanol ....................................................................... 66

4.2.1.3. Consumidores .................................................................................. 67

4.2.1.4. Verticalização do Setor ................................................................... 67

4.2.2. Impactos no Mercado Externo .......................................................... 67

4.3. Tendências ............................................................................................ 68

4.3.1. Consolidação do Etanol ..................................................................... 68

4.3.2. Etanol no Mercado Externo............................................................... 68

4.3.3. Meio Ambiente .................................................................................. 69

4.3.4. Imagem do Brasil .............................................................................. 69

4.4. Conquistas e Contribuições .................................................................. 70

4.4.1. Criação da Empresa ........................................................................... 70

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4.4.1. O Maior Álcool Duto do Mundo ....................................................... 72

4.4.1. Supply Chain Europe ........................................................................ 73

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 74

ANEXO A – Demonstrativo de Resultado de Exercício (DRE) ........................ 76

Índice de Figuras

Figura 1: Histórico de Consumo Energético Mundial ........................................ 13

Figura 2: Matriz Energética Mundial ................................................................. 14

Figura 3: Índice de Preços no Tempo ................................................................. 15

Figura 4: Preço dos Alimentos no Tempo .......................................................... 16

Figura 5: Razão de Preços (Etanol / Gasolina) ................................................... 18

Figura 6: Vendas de Veículos Leves no Brasil ................................................... 19

Figura 7: Mapa de Incentivo a Mistura de Etanol na Gasolina .......................... 20

Figura 8: Relação Juros x Inflação ..................................................................... 22

Figura 9: Regulação do Preço da Gasolina ......................................................... 23

Figura 10: Mapa do Cultivo da Cana de Açúcar no Brasil ................................. 24

Figura 11: Relevância Transportes por Setor ..................................................... 25

Figura 12: Comparação dos Investimentos Portuários ....................................... 26

Figura 13: Gráfico Bolha – Modais no Mundo .................................................. 27

Figura 14: Situação Rodovias Rio de Janeiro ..................................................... 27

Figura 15: Densidade Ferroviária – Brasil Vs EUA ........................................... 28

Figura 16: Empresas Joint Venture ..................................................................... 32

Figura 17: Macro Etapas do Modelo .................................................................. 33

Figura 18: Exemplo de Coordenadas Plotadas no Google Earth ........................ 35

Figura 19: Exemplo de Conexão Entre os Terminais ......................................... 36

Figura 20: Exemplo de Conexão Entre os Terminais ......................................... 39

Figura 21: Curva de Frete Rodoviário ................................................................ 41

Figura 22: Exemplo Combinações Cartesianas de Rotas ................................... 43

Figura 23: Exemplo de Captação de Volume pelo Sistema ............................... 48

Figura 24: Exemplo da Funcionalidade Cartográfica ......................................... 52

Figura 25: Traçado A – Triângulo Mineiro e São José do Rio Preto ................. 53

Figura 26: Traçado B – Triângulo Mineiro ........................................................ 54

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Figura 27: Traçado B – Triângulo Mineiro ........................................................ 54

Figura 28: TIR Vs Ano de Entrada ..................................................................... 56

Figura 29: VPL Vs Volume ................................................................................ 58

Figura 30: Volume X Desconto Concedido ........................................................ 59

Figura 31: TIR do Acionista Vs Frete Rodoviário Vs CAPEX .......................... 61

Figura 32: VPL do Projeto (R$ Bi) Vs Frete Rodoviário Vs CAPEX ............... 61

Figura 33: VPL do Projeto (R$ Bi) Vs Frete Rodoviário Vs CAPEX ............... 62

Figura 34: Traçado Final Faseado ...................................................................... 63

Figura 35: Investimento no Tempo ..................................................................... 64

Figura 36: Fluxo de Caixa Acionista (R$MM) ................................................... 64

Figura 37: Logo da Logum ................................................................................. 70

Figura 38: Fotos Construções ............................................................................. 71

Figura 39: Divisão Acionária Atual .................................................................... 71

Figura 40: Comparação Álcool Duto Brasil Vs EUA......................................... 72

Figura 41: Páginas da Supply Chain Europe ...................................................... 73

Índice de Tabelas

Tabela 1: Ranking da Malha Ferroviária ............................................................ 28

Tabela 2: Resumo dos Problemas do Setor ........................................................ 30

Tabela 3: Exemplo de Input de Coordenadas Cartográficas............................... 35

Tabela 4: Exemplo de Input de Traçado ............................................................. 37

Tabela 5: Exemplo de Volume Ofertado no Tempo ........................................... 37

Tabela 6: Exemplo de Volume Ofertado no Tempo ........................................... 37

Tabela 7: Panorama da Oferta (MM m3) ............................................................ 39

Tabela 8: Panorama da Demanda (MM m3) ....................................................... 40

Tabela 9: Exemplo de Componentes na Situação Atual ..................................... 45

Tabela 10: Exemplo de Componentes na Situação Futura ................................. 45

Tabela 11: Explicação dos Campos do DRE – Até Lucro Operacional ............. 49

Tabela 12: Explicação dos Campos do DRE – Após Lucro Operacional .......... 50

Tabela 13: Explicação dos Campos do DRE – Após Lucro Operacional .......... 57

Tabela 14: Cenário com descontos em relação ao preço de mercado atual ........ 60

Tabela 15: Cenário com preço fixo em relação ao terminal de coleta e destino 60

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Tabela 16: Resumo Executivo do Projeto .......................................................... 65

Tabela 17: Volumes Finais ................................................................................. 65

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1. Introdução e Mercado

No primeiro capítulo deste trabalho serão abordados aspectos macroeconômicos

e políticos do setor energético. Questões estratégicas, tais como motivação e impacto do

projeto para a sociedade, são de significava importância para entendimento do contexto

em que este está inserido. Primeiramente, será exposta a atual situação do setor

energético e sua relevância, com ênfase na submissão ao petróleo e nos seus impactos.

Posteriormente, serão demonstrados fatores que evidenciam o etanol como solução para

diminuir essa dependência, revelando o Brasil como principal player. Por fim, serão

expostas barreiras a serem superadas para que se concretize o potencial destacado.

1.1. Panorama Energético no Mundo

Com a presença cada vez maior dos eletrônicos na sociedade e o contínuo

aumento da utilização de máquinas no setor industrial, a relevância da energia para a

humanidade segue a tendência de crescimento, sem perspectivas de inversão. Segundo

dados da International Energy Agency (IEA) e do World Bank, estima-se que a

população mundial passe de 6,5 bilhões em 2005 para 8,3 bilhões em 2030, crescendo

em 28%. Estima-se, também, que o crescimento do consumo mundial de energia seja

duas vezes maior no mesmo período, chegando a 55%. Assim, as previsões convergem

com a tendência demonstrada no histórico do consumo mundial de energia, conforme o

gráfico abaixo.

Figura 1: Histórico de Consumo Energético Mundial

Fonte: World Bank, 2011

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Histórico de Consumo Energético Mundial

Energia Total Energia Per Capita

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14

Os dados citados anteriormente evidenciam um fato já conhecido da sociedade

moderna: a energia é insumo indispensável ao desenvolvimento, e, por esse motivo, a

perspectiva de crescimento de sua relevância ocorre tanto em ordem absoluta quanto per

capita.

Toda a importância dada à energia pode, também, ser comprovada em valores

monetários. Em 2011, segundo a IEA, o mercado energético movimentou diretamente

cerca de U$1,6 trilhões no mundo, o que representa 4% do PIB mundial. Isso sem falar

na influência do setor energético de forma indireta, por meio de geração de empregos,

tributos, custo de distribuição e outros. Fica, portanto, evidente sua posição fundamental

como uma das principais engrenagens da atual sociedade.

O problema emerge devido à grande relevância, social e econômica, depositada

em uma pequena quantidade de produtos, sobrecarregando sua fonte. Atualmente,

segundo a Energy Information Administration (EIA), cerca de 80% da energia gerada

no mundo é oriunda de combustíveis fósseis, o que deixa clara a dependência desta

forma de geração de energia, comprovadamente finita e agressiva ao ambiente.

Figura 2: Matriz Energética Mundial

Fonte: Energy Information Administration (EIA), 2011

Chega-se então a uma segunda conclusão demonstrada pelos dados anteriores.

Além da grande relevância econômica, social e política do setor energético, a matriz

energética mundial concentra-se em poucos produtos, o que naturalmente gera um risco

a nível global, tanto por fatores econômicos quanto ambientais.

35%

23%

21%

11%

7%2% 1%

Matriz Energética Mundial

Petróleo

Carvão

Gas Natural

Biomassa

Nuclear

Hidroelétricas

Outros

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15

1.2. O Risco Petróleo

A escassez, em valores absolutos, do principal insumo energético

contemporâneo é, na atual conjuntura, apenas um dos problemas a ser resolvido. Para

agravar o cenário, cerca de 75% das reservas mundiais de petróleo estão concentradas

em apenas 12 países, boa parte deles marcados pela instabilidade política e econômica,

aumentando, assim, o risco de variações abruptas no preço da commodity.

Normalizando-se os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), chega-se a

um índice comparativo entre preços de energia, petróleo e setor alimentício, de janeiro

de 1992 até agosto de 2012, conforme gráfico a seguir.

Figura 3: Índice de Preços no Tempo

Fonte: Fundo Monetário Internacional (FMI), 2012

O gráfico acima comprova algumas informações relevantes ao setor. A primeira

informação que podemos tirar do gráfico é que o custo energético mundial é

perfeitamente correlacionado com o valor do barril de petróleo, sendo a correlação

estatística de 99,93%. Isso demonstra a forte dependência de todo o setor energético ao

preço da commodity, ficando a mercê do alto risco das variações abruptas desse produto.

Essa dependência é consequência direta da não existência de substitutos imediatos ao

petróleo em larga escala, e maléfica a toda economia mundial.

Um segundo ponto que fica evidente no gráfico é a tendência de crescimento

bem acima do mercado. Enquanto o índice de preços dos alimentos e bebidas subiu de

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Índice de Preços no Tempo

Barril de Petróleo Energia Alimentos e Bebida

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16

1,00 em 1992para 1,95 em 2012, tendo alta de 95%, o índice do barril de petróleo subiu

501% no mesmo período. Essa diferença entre as variações deixa claro que o

crescimento no preço do petróleo é substancialmente maior que no dos demais produtos

de escala mundialmente relevante, como alimentos e bebidas. Analisando mais a fundo

o crescimento desenfreado do preço do petróleo, a partir de meados de 2001, é possível

perceber um descasamento com os preços dos alimentos. Essa data não é coincidência,

mas fruto da instabilidade no cenário político-econômico nos países que detém maioria

das reservas de petróleo no mundo após os atentados terroristas de 11 de setembro de

2001. Ainda com relação às variações no preço do petróleo, é possível notar que o único

momento de queda significativo ocorreu em 2008, quando o mundo se viu imerso em

uma grave crise econômica, diminuindo assim drasticamente a produção de bens de

consumo e, consequentemente, o consumo de energia.

De fato, a alta dependência ao petróleo é maléfica não só ao setor energético

como também à sociedade como um todo. O gráfico abaixo retrata os preços mundiais

dos alimentos entre os anos de 1960 e 1991, com dados do FMI. Analisando o gráfico é

possível perceber dois picos anteriores à década de 90.

Figura 4: Preço dos Alimentos no Tempo

Fonte: Fundo Monetário Internacional (FMI), 2012

A explicação para os sobressaltos nos preços dos alimentos ao redor do mundo,

não estavam no setor alimentício e sim no petróleo. No primeiro pico, em 1973, os

países árabes organizados na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)

aumentaram o preço do barril de petróleo em mais de 300% em protesto ao apoio

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Preço dos Alimentos no Tempo

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17

militar concedido pelos EUA a Israel durante a Guerra do Yom Kippur, acarretando

aumento da inflação em todo mundo, o que fica evidente no gráfico acima com o preço

dos alimentos. O segundo pico se deu em meados de 1980, e pode ser explicado pela

guerra entre Irã e Iraque, que gerou diminuição na oferta de petróleo no mundo e

consequentemente sua subida considerável de preço, o que também pode ser notado no

preço dos alimentos, semelhante ao cenário de 1973. Esse gráfico, aliado aos contextos

históricos, converge para uma conclusão evidente: a influência do petróleo não se limita

ao custo energético e alcança todos os setores da economia mundial, aumentando assim

o impacto global de suas variações.

Nesse contexto, a busca por fontes alternativas de energias tornou-se motivo de

preocupação dos maiores líderes mundiais. Por vezes, essas alternativas (eólica, solar,

magnética e outras) são idealizadas como potenciais para o total rompimento com a

necessidade do petróleo, o que não passa de especulações utópicas. De acordo com a

leia da oferta e da demanda, uma vez que as fontes alternativas possuam participação

significativa na matriz energética mundial, seus preços se elevarão. Por outro lado,

havendo uma diminuição da demanda pelo petróleo, consequentemente haverá uma

diminuição em seu preço. Como conclusão, percebe-se que novas fontes energéticas

coexistirão com o petróleo atuando como substitutos perfeitos e servindo como

reguladores naturais do custo energético no mundo.

1.3. O Etanol

Dentre os diversos concorrentes do petróleo que emergem, um tem recebido

destaque pela sua relevância no cenário mundial, em especial no Brasil: o etanol

proveniente da cana de açúcar. A principal razão para o etanol surgir como maior

candidato está em sua viabilidade econômica em larga escala. Energias provenientes de

fontes eólica, solar ou marítima não têm se mostrado economicamente viáveis. Nesse

capítulo serão apontados indicativos que suportem o grande potencial de mercado

existente para o etanol no Brasil e no mundo.

1.3.1. Etanol Americano Vs Brasileiro

Na constante busca por alternativas ao petróleo, os EUA tornaram-se os maiores

produtores e consumidores de etanol no mundo. Apesar de o álcool americano ser um

combustível renovável e de menor agressão ao meio ambiente do que o petróleo, as

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18

semelhanças com o brasileiro param por aí. Enquanto o etanol brasileiro provém da

cana de açúcar, o americano é oriundo do milho.

O etanol feito do milho tem maior custo de produção e baixa eficiência

energética, não sendo viável economicamente. Por se tratar de um setor estratégico, essa

inviabilidade é contornada pelo governo americano que fornece subsídios de U$6,0

bilhões ao ano ao setor. A imposição de barreiras alfandegárias que protejam os

produtores nacionais é outra forma de alavancar a produção. Com tantos incentivos,

criou-se um imenso novo mercado interno para o milho, que absorveu cerca de 1/3 da

produção americana, responsável por 38% do grão produzido no mundo. É de se esperar

que um movimento dessa magnitude tenha efeito em toda a cadeia alimentícia, e, apesar

de não ser o único motivo para a atual inflação dos alimentos, é evidente que figura

como uma das principais causas.

Já o etanol proveniente de cana apresenta menores custos de produção e melhor

eficiência energética, sendo independente de qualquer medida ou incentivo

governamental. Desta forma, é vendido no Brasil em um modelo de livre comércio, no

qual o consumidor final regula o preço do produto nas bombas de combustível. A

eficiência energética do etanol de cana de açúcar é cerca de 30% inferior à da gasolina,

justificando, portanto, a oscilação do preço do álcool em torno de 70% do preço da

gasolina, como demonstrado no gráfico abaixo.

Figura 5: Razão de Preços (Etanol / Gasolina)

Fonte: Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, 2010

55% 56%

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54% 54%

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54% 54%

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2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

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Razão de Preços (Etanol / Gasolina)

Região Sudeste Região Nordeste

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19

Nessa comparação entre o etanol americano e brasileiro, concluímos que apenas

o brasileiro está apto a atender as demandas energéticas a nível nacional e internacional,

uma vez que o modelo americano é inviável economicamente. Enquanto o modelo

americano depende de ajuda estatal, não sendo sustentável no longo prazo, o modelo

brasileiro pode funcionar sem esse tipo de apoio.

1.3.2. Mercado Interno

Os primeiros indicadores do potencial de mercado para o etanol aparecem no

mercado interno. No Brasil, o etanol já representa 18% da matriz energética, e sua

perspectiva é de ganhar ainda mais representatividade. Segundo dados da Associação

Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), cerca de 88% dos

veículos leves vendidos no Brasil em 2011 eram bicombustíveis, ou seja, funcionam

com gasolina, etanol ou qualquer percentual de mistura entre estes.

Figura 6: Vendas de Veículos Leves no Brasil

Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 2012

Com o considerável aumento da participação dos bicombustíveis nas vendas de

veículos leves, a tendência é que naturalmente a frota em atividade no território nacional

vá sendo gradativamente substituída de veículos movidos à gasolina, por veículos que

aceitam tanto a gasolina quanto o etanol. Com isso, a demanda por etanol passará a

concorrer com a demanda por gasolina, fazendo com o que o etanol cumpra seu papel

de produto substituto, alternando sua demanda de acordo com a razão entre os preços da

gasolina e do etanol.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

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80%

90%

100%

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Vendas de Veículos Leves no Brasil

Gasolina Etanol Bicombustível

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20

Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e da União da Indústria

de Cana de Açúcar (UNICA), a demanda de gasolina para veículos leves deve subir de

5,8 bilhões de galões em 2010 para 11,2 em 2020, enquanto a demanda por etanol,

passará de 4,8 para 11,2 no mesmo período, tendo um crescimento de 133% em 10

anos.

1.3.3. Mercado Externo

O potencial de crescimento para o etanol não se limita ao território nacional.

Cientes do alto risco decorrente da dependência do petróleo, diversos países ao redor do

mundo têm buscado alternativas viáveis. A busca por outras fontes de energia tornou-se

uma preocupação para os líderes mundiais, que, entre outras opções, percebem o etanol

como uma forma de mitigar essa dependência e tem gerado políticas para incentivar seu

consumo. A figura abaixo mostra as políticas governamentais mundiais relativas a

misturas de etanol na gasolina (O termo “E-“ significa o percentual de etanol contido na

gasolina).

Figura 7: Mapa de Incentivo a Mistura de Etanol na Gasolina

Fonte: ÚNICA, 2012

Dentre esses, cabe destacar três países que respondem por mais de um quarto do

consumo mundial de energia: EUA, Brasil e Japão. O primeiro foi pioneiro ao adotar

uma política reguladora de grande impacto, a Renewable Fuel Standards (RFS), que

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21

exige o aumento na taxa de combustíveis renováveis. O segundo se destaca por possuir

a política mais arrojada, consumindo em 2011 mais etanol que gasolina, além de ser o

principal exportador mundial do produto. Por último, cabe destacar o Japão, que, apesar

dos altos custos logísticos (não produz etanol e importa praticamente todo o seu

consumo do Brasil), possui hoje 3% de etanol misturado a toda a gasolina e promete

aumentar este valor para 10% até 2020.

Deste modo, percebe-se que o mercado brasileiro, que consumia 25 milhões de

metros cúbicos por ano em 2010, apresenta potencial de crescer de forma sustentável

para, pelo menos, os próximos 10 anos, o que deve consolidar definitivamente a

indústria de etanol no país. O mercado externo, por sua vez, ainda representa um grande

mercado potencial devido à toda demanda reprimida e poucos países ofertantes,

havendo, ainda, espaço para um crescimento vertiginoso para a indústria de etanol.

1.4. Desafios Brasil

Apesar do cenário favorável para o potencial aumento da demanda, o mercado

de etanol brasileiro de cana de açúcar enfrenta quatro principais desafios estruturais que

merecem destaque e serão detalhados a seguir.

1.4.1. Fragmentação da Oferta

A fragmentação da oferta é retratada por um elevado número de usinas de etanol

que atendem ao mercado. A UNICA registra mais de 400 usinas em seu cadastro, a

maioria no interior do estado de São Paulo. Dentre outros efeitos, esta característica do

setor o torna altamente predatório e de baixa rentabilidade para o investidor. Setores em

que os oito maiores players concentram mais de 70% do mercado são 2 vezes mais

lucrativos que segmentos onde isso não ocorre (BAIN J., 1950 – Departamento de

Economia de Harvard). Outras consequências dessa fragmentação são a grande

flutuação dos preços, principalmente decorrentes dos períodos de safra e entressafra, e

elevado grau de endividamento dessas pequenas empresas.

Neste cenário, empresas de maior porte e mais bem estruturadas se beneficiam

do fato de terem mais acesso ao crédito e suportarem melhor variações de mercado. Por

conta disso, há um movimento de consolidação do setor, em que grandes grupos atuam

em busca de fusões e aquisições, como nos casos da Joint Venture entre Shell e Cosan,

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22

a compra de usinas pela Petrobras, a fusão entre ETH e Brenco, dentre outros casos.

Este movimento contribui para o amadurecimento do setor, tornando-o menos

predatório, reduzindo os riscos e incertezas para novos investidores e ainda permitindo

o crescimento da produção (oferta) nos próximos anos. Esse processo de consolidação é

confirmado por dados do banco Itaú. A área de research desse banco informou que os

cinco maiores produtores do setor bioenergético detinham 12% do volume total ofertado

em 2005, passando o mesmo grupo de produtores para 27% em 2010.

1.4.2. Intervenção Estatal

O Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2003, quando assumiu a presidência da

república, tinha como uma de suas principais bandeiras a redução da taxa básica de

juros (Selic). Como anunciado no período eleitoral, a redução dos juros realmente

ocorreu. Porém, outra variável macro econômica vem gerando grande problema para os

governistas: a inflação. A diminuição dos juros facilita o acesso ao crédito, que por sua

vez estimula o consumo e consequentemente gera o aumento geral dos preços, processo

conhecimento como inflação. A relação entre juros e inflação é bastante abordada no

meio acadêmico. O fato citado, inclusive em matérias deste curso, pode ser comprovado

no gráfico abaixo.

Figura 8: Relação Juros x Inflação

Fonte: Fundação Getúlio Vargas (FGV), 2014

A relação inversa entre juros e inflação não tem uma ocorrência imediata.

Quando existe um aumento da Selic, há certo delay para até que haja redução da

-5%

0%

5%

10%

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25%

jan

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Relação Juros x Inflação

Selic (Anual) Inflação Acumulada em 12 Meses

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23

inflação. O mercado precisa de tempo para ajustar o preço dos produtos com a redução

da demanda, de acordo com a lei da oferta e da demanda. Também no gráfico acima, é

possível perceber esse pequeno descasamento temporal.

Já há algum tempo, a inflação no Brasil oscila em níveis consideravelmente

altos. A inflação alta é prejudicial a toda política econômica. O governo vem tentando

sanar esse problema com sucessivos aumentos na taxa Selic, mas essa não é a única

forma para conter a inflação.

Nos capítulos 1.1 e 1.2 foram citadas evidências que a influência do petróleo não

se limita ao setor energético. A produção nacional de petróleo está quase que

integralmente concentrada na Petrobras. Por ser uma empresa estatal, o preço da

gasolina está sendo regulado artificialmente pelo governo que proíbe o reajuste. Esse

congelamento no preço do combustível, apesar de maléfico à Petrobras e todo o setor

energético, tem como objetivo evitar o agravamento da inflação. Uma vez que o

transporte tem considerável peso no preço final das mercadorias, um ajuste no valor da

gasolina ocasionaria um aumento generalizado de preços. O gráfico abaixo compara o

preço do litro da gasolina nos postos com o índice geral de preços do mercado (IGP-M),

e evidencia que o preço da gasolina está sendo regulado.

Figura 9: Regulação do Preço da Gasolina

Fonte: Agência Nacional do Petróleo (ANP) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), 2014

Como citado no capítulo 1.3.1, o preço do álcool deve variar próximo a 70% do

preço da gasolina nos postos, funcionando como substituto perfeito. Com o reajuste do

R$ 0,0

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Regulação do Preço da Gasolina

Preço Litro Gasolina IGP-M

Preço da gasolina não está sendo ajustado livremente pelo mercado

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24

preço da gasolina abaixo da inflação ao longo de anos, o etanol ultrapassa o seu patamar

de viabilidade frente à gasolina. Isso reduz drasticamente a demanda pelo álcool e afeta

negativamente todo o setor. Por se tratar de um segmento tão estratégico e relevante

para o país, é natural que hajam influências políticas e socais por parte do governo. Por

não ser foco deste trabalho e também estar além do alcance dos players do mercado, as

intervenções estatais não serão tratadas mais a fundo.

1.4.3. Indisponibilidade de Terras Próximas aos Centros Consumidores

Para ampliar sua capacidade produtiva sem prejudicar outras culturas, por

exemplo, o Brasil precisará ainda expandir o cultivo de cana de açúcar para terras ainda

não cultivadas. Á primeira vista, este não parece ser um grande desafio, uma vez que o

país possui grande extensão de terras cultiváveis, possuindo atualmente apenas 1%

destas ocupadas pela cana e mais de 25% sem qualquer cultura. No entanto, essas terras

ainda improdutivas se concentram em regiões interiores e de infraestrutura logística

precária, o que significa um desafio ainda maior para o país realizar o potencial de

crescimento descrito. O mapa abaixo demonstra a distância existente entre os atuais

polos produtores e as terras disponíveis sem qualquer cultivo.

Figura 10: Mapa do Cultivo da Cana de Açúcar no Brasil

Fonte: Unicamp, IBGE e Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), 2013

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Os grandes grupos do setor, novos ou tradicionais, concentram seus projetos em

fronteiras agrícolas, principalmente nas fronteiras do estado de SP, e nos estados de MS,

MG e GO. Nestas localidades há disponibilidade de grande extensão de terras

cultiváveis para a criação de polos produtores, os quais realizam ganho de escala

operacional a partir da construção próxima de três ou mais usinas em uma mesma

região. Identificam-se grupos como Cosan, Brenco e ETH, dentre outros, alinhados com

esta política.

Uma vez que as terras próximas aos centros consumidores já estão integralmente

ocupadas, para que haja crescimento da produção, será necessária uma expansão para

estados mais afastados como o Mato Grosso ou estados da região Norte. Essa mudança

gradativa na localização da produção acarretará em uma maior distância percorrida até

os centros de consumo (estado de São Paulo e Região Metropolitana do Rio de Janeiro).

Segundo a Confederação Nacional do Transportes (CNT), o transporte dos produtos é

responsável, na média, por 4,3% do valor pago pelo consumidor final. Porém, em

setores de produtos de baixa densidade de valor, como por exemplo os biocombustíveis,

esse valor chega a 6,2% em relação ao preço final.

Figura 11: Relevância Transportes por Setor

Fonte: Confederação Nacional do Transporte (CNT), 2008

Os dados acima demonstram o impacto negativo que a distância entre produção

e consumo pode trazer. A expansão das fronteiras agrícolas no sentido noroeste poderia

ser amenizada, caso houvesse, no Brasil, infraestrutura logística adequada para o

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26

escoamento da produção. Assim sendo, esse problema terá relação direta com próximo,

abordado no capítulo 1.4.4.

1.4.4. Falta de Infra Estrutura Logística

A falta de infraestrutura logística é um problema para todos os setores da

economia nacional. Segundo dados da CNT, no Brasil, o custo logístico representa

11,8% do PIB. Para que se tenha uma referência, nos EUA, esse mesmo indicador é de

9,6%. Ao longo de décadas, o Brasil sofre com a falta de investimento público em

infraestrutura de diversos segmentos, e na logística não é diferente. O menosprezo por

parte dos governos gerou um enorme déficit estrutural. Os dados abaixo, fornecidos

pelo Ministério dos Transportes, não deixa dúvidas do baixo grau de investimentos no

país.

Figura 12: Comparação dos Investimentos Portuários

Fonte: Ministério dos Transportes, 2008

A falta de investimentos é, provavelmente, um dos principais obstáculos

estruturais do país. Ao longo dos últimos doze anos, esse problema foi agravado por

conta de políticas públicas federais focadas no aumento do gasto primário em

detrimento dos investimentos. Atendo-se aos fatores de impacto na logística, o

problema tem origem na má escolha dos modais. O modal rodoviário necessita de baixo

investimento, tem alto custo de manutenção e elevado custo por tonelada transportada

por quilômetro percorrido, sendo recomendado para transporte de itens de alta

densidade de valor e para pequenas distâncias. Por outro lado, os modais ferroviário e

aquaviário necessitam de alto investimento, tem baixo custo de manutenção e baixo

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custo por tonelada transportada por quilômetro percorrido, sendo recomendados para

transporte de produtos de baixa densidade de valor e para grandes distâncias. Por conta

dessas diferenças, países com grande extensão territorial utilizam-se majoritariamente

dos modais ferroviário e aquaviário, mas o Brasil não segue essa tendência, segundo o

gráfico baixo.

Figura 13: Gráfico Bolha – Modais no Mundo

Fonte: Confederação Nacional do Transporte (CNT), 2008

Apesar do Brasil utilizar majoritariamente o modal rodoviário, isso não significa

que suas condições estejam condizentes com a sua relevância para o país. As rodovias

públicas, em sua maioria, encontram-se em péssimo estado, com pavimentação

deficiente, sinalização inadequada, sem acostamento, animais circulando próximos as

vias e mato adentrando as pistas. As imagens abaixo exemplificam a situação descrita

no estado do RJ, estando a situação em estados de menor poder econômico ainda pior.

Figura 14: Situação Rodovias Rio de Janeiro

Fonte: Confederação Nacional do Transporte (CNT), 2002

Situação Rodovias Rio de Janeiro

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28

Visto que a situação das rodovias brasileiras está em péssimo estado de

conservação, analisa-se então o modal ferroviário, que deveria ser a prioridade dos

investimentos do estado dada as dimensões territoriais do país. Para que as conclusões

sejam ainda mais direcionadas, comparou-se as malhas ferroviárias dos dois principais

países produtores de etanol, que, inclusive, apresentam semelhante dimensão territorial.

O mapa abaixo deixa evidente o tamanho do desafio brasileiro e, consequentemente, o

tamanho das oportunidades que podem surgir.

Figura 15: Densidade Ferroviária – Brasil Vs EUA

Fonte: Ministério dos Transportes, IBGE, Association of American Railroads (ARR), 2005

A enorme diferença demarcada pelo mapa anterior ajuda a explicar porque o

Brasil ainda não é o maior produtor de biocombustíveis no mundo, perdendo para os

EUA. Segundo dados do Ministério dos Transportes e FMI, mesmo quando

comparamos a malha ferroviária do Brasil com países de menor poder econômico e

menor extensão territorial do que os EUA, o país figura nas últimas posições.

Tabela 1: Ranking da Malha Ferroviária

País Extensão da Malha

Ferroviária (km) Área do País (Km2)

Densidade da

Malha (km trilho /

mil km2)

PIB (Bilhões U$)

EUA 229.916 9.369.091 24,5 15.653

Japão 21.037 378.000 55,7 5.984

Alemanha 43.500 357.022 121,8 3.337

França 34.076 551.000 61,8 2.875

Brasil 29.706 8.511.965 3,5 2.674

México 23.619 1.958.201 12,1 1.163

Argentina 38.197 3.761.274 10,2 475

África do Sul 21.303 1.223.201 17,4 391

Os dados apresentados nesse capítulo evidenciam a elevada dependência do

Brasil ao modal rodoviário em sua matriz logística. Apesar de haver grandes grupos

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29

utilizando o modal ferroviário, o transporte de carga por caminhões ainda é o principal

canal para escoamento da produção de etanol para atender os maiores mercados, que se

concentram, principalmente, na região metropolitana de São Paulo e grandes cidades do

interior do estado de SP.

A partir da análise do mapa do capítulo 1.4.3 - Indisponibilidade de Terras

Próximas aos Centros Consumidores, torna-se claro que um dos principais desafios do

setor é garantir o aumento de capacidade de escoamento. Como citado anteriormente, a

tendência de desenvolvimento de projetos cada vez mais distantes dos grandes centros

consumidores, associada a um grande potencial futuro de exportação, demonstra a

inadequação do modal rodoviário, o qual é ineficiente para atendimento de rotas de

grandes distâncias e que possui, no Brasil, baixo grau de profissionalismo e nível de

serviço.

A falta de infraestrutura adequada obriga as empresas a realizarem o

investimento de forma privada. Foi publicado na Gazeta Mercantil de 16/04/2008 que

companhia Vale investiria US$2,0 bilhões até 2012. Esse tipo de adequação por parte

das empresas compõem o chamado “Custo Brasil”, e afugenta investidores externos de

abrirem filiais de suas empresas em terras tupiniquins.

1.5. Conclusão do Mercado

O mercado energético é, provavelmente, o mais relevante dentre todos os

segmentos a nível mundial. Atualmente, há uma grande dependência do petróleo, o que

limita o desenvolvimento sócio econômico global, e gera alta dependência de poucos

países exportadores de petróleo, marcados pela alta instabilidade política, e,

consequentemente, grande risco de variações abruptas no preço da commodity.

Nos capítulos anteriores, foram apresentados dados e fatos que suportem a tese

de que o etanol brasileiro, proveniente da cana de açúcar, aparece como substituto

regulador do petróleo de maior força. Porém, para que tamanho potencial se concretize,

quatro problemas estruturais precisam ser resolvidos. Abaixo segue um resumo dos

problemas apresentados e suas respectivas soluções abordadas nesse trabalho.

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30

Tabela 2: Resumo dos Problemas do Setor

Problema Descrição Solução Abordada

1 Fragmentação da Oferta

Já existe um movimento de consolidação do setor por

meio de fusões e aquisições. Será abordado

indiretamente.

2 Intervenção Estatal Por se tratar de um fator externo aos players do

mercado, não será tratado como foco do projeto.

3

Indisponibilidade de Terras

Próximas aos Centros

Consumidores

Esse problema pode ser amenizado se houver solução

para o tópico 4 (falta de infraestrutura logística). Será

abordado indiretamente.

4 Falta de Infra Estrutura

Logística Foco principal do trabalho.

A intervenção estatal, proibindo a Petrobras de ajustar o preço do petróleo no

território nacional, é, sem dúvida, um grande obstáculo ao desenvolvimento dos

biocombustíveis. Porém, por se tratar de uma medida política de grande complexidade,

não seria viável propor soluções superficiais para tal tópico sem que houvesse perda de

foco do objeto principal do estudo. Por outro lado, soluções para os demais problemas

serão apontadas nesse trabalho, sendo o investimento na construção de uma grandiosa

infraestrutura logística o principal foco do mesmo.

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2. O Projeto

Grandes grupos do setor agroaçucareiro trabalhavam em projetos para a busca de

alternativas logísticas, avaliando projetos ferroviários, hidroviários, dutoviários e

mistos. Apesar de apresentarem naturezas distintas, todos eles possuem o mesmo

objetivo: construir uma infraestrutura logística privada para o escoamento de etanol,

diminuindo, assim, seus custos logísticos e, consequentemente, viabilizando que os

biocombustíveis alcancem todo seu potencial.

2.1. Histórico

Historicamente, a construção de um álcool duto nunca apresentou um cenário

minimamente seguro para os investidores, uma vez que o volume produzido era baixo, o

mercado ofertante estava pulverizado e a exportação era tímida. Considerando-se todas

as tendências apresentadas nos capítulos anteriores, um número crescente de empresas

passou a se interessar pelo projeto que integra o modal dutoviário aos demais.

Para amenizar o problema enfrentado pela falta de infraestrutura logística no

país, o projeto descrito nesse trabalho começa a ser idealizado nos primeiros meses de

2010. Na época, a ETH, uma empresa que atua na produção e comercialização de etanol

e controlada pela Odebrecht S.A, procurou a consultoria Visagio para avaliar a

viabilidade técnica e econômica da construção de uma grandiosa infraestrutura para

escoamento de biocombustíveis no Brasil. Tal estrutura seria responsável pelo

transporte das regiões produtoras no centro-oeste brasileiro para os polos consumidores

em São Paulo e Rio de Janeiro, incluindo integrações portuárias para exportações, e

teria o duto como seu principal modal.

Inicialmente, a Odebrecht tinha em mente a construção do sistema multimodal

para utilização pela ETH e também para venda do serviço de transporte dutoviário para

os demais players produtores de biocombustíveis. Paralelamente ao projeto da

Odebrecht, a PMCC, formada por gigantes como Petrobras e Camargo Correia, tinha

um projeto semelhante sendo avaliado. Por fim, a Uniduto, empresa que consolida 10

grandes grupos produtores de Etanol, também sabia que precisava criar uma estrutura

que reduzisse seus custos logísticos. Inicialmente, os três projetos estavam sendo

avaliados isoladamente, mas esse cenário não durou muito tempo. Os três

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conglomerados perceberam que o projeto só seria viável se houvesse um projeto único

entre eles. Criou-se assim uma joint venture nomeada inicialmente de Tripartite.

Figura 16: Empresas Joint Venture

Fonte: Os Autores, 2013

A joint venture criada por esses três grupos converge com o rumo destacado no

capítulo 1.4.1 - Fragmentação da Oferta de consolidação por parte dos agentes

ofertantes. Destaca-se também, que esse grupo possui uma todos os requisitos

necessários para um projeto dessa magnitude, tendo cada participante um papel bem

definido. Por se tratar de uma enorme construção, Odebrecht e Camargo Correia

possuem juntas material e know-how para executarem o trabalho. O projeto demandaria

também um volumoso investimento inicial e acesso ao crédito fornecido pelo BNDES.

Para isso, nenhuma empresa no país teria maior disponibilidade de recursos e acesso a

linhas públicas de financiamento do que a Petrobras. Por fim, a Uniduto possui mais de

25% da produção nacional, assegurando assim, um portfólio de clientes que reduza o

risco para os investidores.

Não seria razoável realizar um investimento da ordem de bilhões de dólares,

aplicado ao longo de anos, sem que houvesse uma profunda análise prévia da real

viabilidade do negócio. Em meados de março de 2010, os três grupos abandonaram

definitivamente os projetos que tinham isoladamente, e decidiram trabalhar em

conjunto, estando, inclusive, na mesma sala. Nesse momento, foi preciso escolher um

dos três projetos para que fosse base para a continuação dos estudos. Na circunstância, o

projeto escolhido foi o da ETH, contratante da Visagio.

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Para realizar o estudo de viabilidade técnica e econômica (EVTE) do negócio,

elaborou-se um modelo com o objetivo imediato de avaliar a viabilidade econômica do

negócio isoladamente. Ou seja, o negócio precisa ser rentável por si só, desconsiderando

os benefícios trazidos à cadeia do etanol. Sendo o projeto viável, o modelo deveria

também simular cenários, apoiando a tomada de decisão e desenvolvimento do plano de

negócios para atrair investidores.

2.2. Modelagem

Nesse capítulo serão abordados aspectos técnicos relevantes à modelagem

realizada. Pontos como premissas, parâmetros necessários, lógica de funcionamento e

resultados obtidos serão detalhados. Por vezes, serão utilizados dados simplificados,

para que facilite o entendimento. Um modelo utiliza-se de conhecimentos técnicos para

criar uma representação da realidade. Nesse ambiente, é possível à simulação de eventos

reais, viabilizando uma análise de suas consequências.

O modelo é estruturado para construir dois cenários principais. Cenário A

representa o atual sistema de logística e infraestrutura disponível, que consiste

principalmente em estradas e ferrovias, enquanto o Cenário B retrata a futura

infraestrutura logística que será avaliada. Comparando os dois cenários, gera-se uma

importante ferramenta para analisar o impacto da nova estrutura.

Em linhas gerais, a ferramenta elaborada começa por analisar todas as rotas

possíveis que poderiam ser construídos a partir de todas as possíveis usinas de etanol

para todos os possíveis centros de consumo. Ao calcular todas as tarifas de rotas e os

custos variáveis associados, as margens de cada rota podem ser calculadas e

classificados em ordem crescente. Dependendo da capacidade de volume previamente

definido para o cenário analisado, rotas rentáveis são selecionadas e criam os resultados

financeiros finais, que considera, entre outros, receitas, custos variáveis e fixos e

investimentos. Cada passo do modelo será detalhado posteriormente, conforme as

principais etapas destacadas no seguinte fluxograma abaixo.

Figura 17: Macro Etapas do Modelo

Fonte: Os Autores, 2013

InputsConstrução das Rotas

Alocação dos Volumes

Tarifa Cobrada em Cada Rota

Estruturação do DRE

Outputs

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2.2.1. Principais Inputs

Antes de compreender os passos exercidos pelo modelo, é necessário entender

seus principais inputs, em outras palavras, os dados necessários ao modelo, para que o

mesmo alcance às respostas desejadas. Os inputs mais relevantes que serão detalhados

são:

Coordenadas cartográficas;

Traçado do novo sistema e suas restrições;

Volume ofertado e demandado;

Custos, tarifas e investimentos;

Variáveis econômicas e financeiras.

A possibilidade de diferentes parâmetros como inputs, faz com que o modelo

esteja suficientemente flexível para aplicação em uma grande gama de casos, aceitando

variações em todos esses dados. Em capítulos posteriores será, por exemplo, avaliada a

sensibilidade que cada uma dessas premissas trará à rentabilidade e viabilidade final do

negócio.

2.2.1.1. Coordenadas Cartográficas

Olhando para a produção de etanol, nota-se que a mesma pode ser tratada como

um conjunto finito de pontos no espaço, que na realidade são as usinas de cana de

açúcar. No transporte, os modais ferroviário, hidroviário e dutoviário utilizam-se de

terminais, o que sob a lógica matemática, também os torna discretos. As regiões onde o

etanol será consumido são consideradas, sem perda de generalidade, como os terminais

de consumo do modal, independentemente da existência de destinos posteriores a estes.

Entendido isso, nota-se que todo o nosso sistema pode ser representado por um conjunto

de pontos no globo.

O único modal que possui uma abrangência contínua, ao invés de discreta, é o

modal rodoviário, pois com ele pode-se chegar de qualquer origem a qualquer destino

sem a necessidade da utilização de terminais. Por conta dessa particularidade, esse meio

de transporte será especialmente tratado no capítulo 2.2.1.4 - Custos, Tarifas e

Investimentos.

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Decorrente desse raciocínio, tem-se o primeiro input relevante do modelo: as

coordenadas cartográficas (latitude e longitude) para cada um desses pontos

(usinas/fábricas, terminais do modal, centros de consumo). Abaixo um exemplo desse

input.

Tabela 3: Exemplo de Input de Coordenadas Cartográficas

Nome Tipo Latitude Longitude

São Martinho Usina -21,3149 -48,1216

Meridiano Usina -20,4521 -50,2039

Rio de Janeiro Destino -22,7165 -43,2898

Santos Destino -23,9191 -46,3321

São Paulo Destino -21,7187 -45,9668

Chapadão do Sul Terminal Ferroviário -18,7653 -52,6163

Ribeirão Preto Terminal Ferroviário -21,1650 -47,7569

Araçatuba Terminal Hidroviário -21,2221 -50,4998

Itumbiara Terminal Dutoviário -18,3626 -49,1488

Uberaba Terminal Dutoviário -20,0009 -47,8987

Figura 18: Exemplo de Coordenadas Plotadas no Google Earth

Fonte: Os Autores, 2013

Ressalta-se que esses pontos devem ser cadastrados diferentemente para o

cenário A (infraestrutura existente atualmente) e para o cenário B (infraestrutura que

será avaliada).

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36

2.2.1.2. Traçado

Como visto anteriormente, tem-se até esse momento um conjunto de

coordenadas no espaço. Entretanto, observando a figura abaixo, é possível perceber que,

apesar de fixadas as coordenadas no espaço, à forma como o transporte será realizado

varia de acordo com a forma como esses terminais se conectam.

Figura 19: Exemplo de Conexão Entre os Terminais

Fonte: Os Autores, 2013

Da necessidade de definir a forma como os terminais se conectam, incorre o

segundo input relevante: a definição de um traçado. O traçado deve ser definido ponto a

ponto, ou seja, deve conter uma origem, um destino e modal existente entre esses dois

terminais, podendo existir mais de uma conexão entre os mesmos terminais. Ressalta-se

também que pode haver a inclusão de um volume máximo suportado por cada trecho.

Apesar do modelo escolher os volumes ótimos em cada junção entre dois terminais de

acordo com indicadores financeiros como taxa interna de retorno (TIR) e valor presente

líquido (VPL), alguns trechos específicos podem conter máximos já estabelecidos

previamente, como por exemplo, questões ambientais que limitem o volume que pode

ser transportado em um rio. Quando esses limites existirem, eles serão interpretados

como uma restrição ao sistema que será sempre atendida. Segue abaixo um exemplo de

cadastro de conexão entre os terminais.

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Tabela 4: Exemplo de Input de Traçado

Origem Destino Modal Máximo

São Martinho Ribeirão Preto Hidrovia

São Martinho Uberaba Duto

Ribeirão Preto Chapadão do Sul Ferrovia 1.000.000

Ribeirão Preto Rio de Janeiro Ferrovia

Chapadão do Sul Uberaba Ferrovia

Uberaba São Paulo Duto

Uberaba Itumbiara Hidrovia 3.500.000

Itumbiara Rio de Janeiro Duto

O transporte rodoviário não precisa ser cadastrado, pois o modelo trata como já

existente a conexão desse modal entre todos os pontos. Como dito anteriormente, o

modal rodoviário não pode ser considerado discreto.

2.2.1.3. Volume Ofertado e Demandado

Posterior ao cadastro dos terminais e dos traçados existentes entre os mesmos,

deve-se imputar no modelo o volume que cada usina produzirá e que cada cidade

demandará ao longo do tempo. O volume pode ser cadastrado em qualquer unidade,

como por exemplo, metros cúbicos, litros, galões e etc. Da mesma forma, o período de

tempo também é arbitrário, como por exemplo, dias, meses ou anos. Abaixo é possível

observar exemplos de volumes ofertados e demandados ao longo do tempo.

Tabela 5: Exemplo de Volume Ofertado no Tempo

Usina Período Oferta

São Martinho 2011 1.000.000

São Martinho 2012 1.250.000

Meridiano 2011 325.000

Meridiano 2012 1.325.000

Tabela 6: Exemplo de Volume Ofertado no Tempo

Cidade Período Demanda

Rio de Janeiro 2011 200.000

Rio de Janeiro 2012 600.000

Santos 2011 300.000

Santos 2012 800.000

São Paulo 2011 800.000

São Paulo 2012 1.400.000

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É importante entender que o volume informado como produção por cada usina e

demandado por cada cidade, não será necessariamente atendido pelo novo sistema

multimodal que será analisado. O modelo interpreta esses volumes apenas como

restrições que o volume capturado por cada usina deva ser menor ou igual ao volume

aqui informado, assim como o volume entregue em cada cidade deva ser menor ou igual

ao demandado por cada cidade. O volume real que será capturado em cada usina ou

entregue em cada cidade será calculado pelo modelo, maximizando indicadores

financeiros do negócio, e serão explicados posteriormente.

Apesar de nesse trabalho os dados serem tratados de forma fictícia para

simplificar o entendimento, nesse tópico é importante explicar a origem dos dados reais,

pois eles demandaram considerável esforço e capacidade analítica. As conclusões

mencionadas abaixo foram alcançadas em conjunto com as áreas de inteligência de

mercado de grandes empresas do setor agroaçucareiro, dando confiabilidade aos

resultados.

A fim de manter apenas o verdadeiro volume potencialmente coletável

disponível no modelo, foi feito um ajuste para remover aqueles que não poderiam ser

captados pelo sistema multimodal. Volumes que não fazem parte da área de influência

dos dutos foram excluídos, tais como:

Etanol proveniente de estados deficitários de biocombustíveis, cuja

produção é dedicada exclusivamente a demanda do próprio estado;

Etanol proveniente de estados superavitários, mas que possui um saldo

produtor tão infimamente maior que a demanda do próprio estado, que

decidem por atender apenas estados vizinhos de baixa demanda;

Etanol proveniente de estados do Nordeste do Brasil que tem a seu

excedente produtivo destinado à exportação;

Etanol destinado a outras industrias, como por exemplo, plástico;

Etanol que será transportado a preço muito baixo, por conta do frete

retorno1 de outros setores.

No mapa abaixo, o movimento da oferta entre as regiões é representado, bem

como as principais rotas potenciais a serem atendidas pela logística que será construída.

1 Frete realizado a custo muito baixo por se tratar de um retorno de um transporte já remunerado

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Figura 20: Exemplo de Conexão Entre os Terminais

Fonte: Os Autores, 2012

Como resultado dessas exclusões de volumes que não serão considerados como

potenciais capturáveis, chega-se então a tabela abaixo com um horizonte de 10 anos do

panorama da oferta dos biocombustíveis no Brasil em milhões de metros cúbicos.

Tabela 7: Panorama da Oferta (MM m3)

Ano Oferta

Total

Demanda

Interna

Estados

Exportação

Nordeste

Etanol para

Outras

Industrias

Frete

Retorno

Potencial

Oferta

Capturada

2011 37,0 16,8 1,3 1,6 3,7 13,6

2012 40,5 18,8 1,3 1,6 4,0 14,8

2013 44,7 20,9 1,4 2,1 3,9 16,4

2014 47,8 22,5 1,5 2,2 4,0 17,6

2015 51,8 24,9 1,7 2,2 3,9 19,1

2016 57,3 27,6 1,9 2,2 4,1 21,5

2017 61,3 29,8 2,1 2,2 4,1 23,1

2018 64,3 30,6 2,0 2,3 4,6 24,8

2019 66,8 31,5 2,2 2,3 4,9 25,9

2020 68,6 32,3 2,0 2,3 4,9 27,1

A tabela acima evidencia que é esperado um crescimento agressivo da oferta

agressiva para o setor, uma vez que o volume potencial capturado vai dobrar a partir de

2011 (13,6 milhões de metros cúbicos) para 2020 (27,1 milhões de metros cúbicos).

LEGENDA

Transf. interestadual

Exportação

Região produtora

Duto/Hidro e Cabotagem

Interstate Transfer

Pipeline + Cabotage (Potential)

Exportation

Producing Region

LEGENDA

Transf. interestadual

Exportação

Região produtora

Duto/Hidro e Cabotagem

Interstate Transfer

Pipeline + Cabotage (Potential)

Exportation

Producing Region

Transferência interestadual Multimodal + Cabotagem (Potencial) Exportação Região Produtora

Movimento da Oferta de Etanol

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Quanto à demanda, três áreas metropolitanas foram consideradas como

potenciais consumidores, além dos volumes dedicados à exportação e cabotagem. Esta

distribuição da demanda estava em conformidade com a análise desenvolvida e

apresentada a seguir.

Áreas metropolitanas: o estudo considerou as áreas metropolitanas de

Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. A produção de etanol histórico e

consumo dos municípios do estado foram analisadas a fim de prever a

demanda potencial de cada área de influência, considerando as

expectativas de crescimento;

Exportação: uma conservadora previsão de mercado de cerca de 9

milhões de metros cúbicos em exportação até 2020 pelos portos do

Nordeste e Sul do Brasil, além do porto de Santos, restando um volume

potencial de 5 milhões de metros cúbicos de serem captados pelo sistema

para que sejam exportados por outros portos em SP ou RJ;

Cabotagem2: através de análises de tendência do setor, concluiu-se que a

escassez de etanol no Norte e Nordeste do Brasil poderia ser atendida por

cabotagem, uma vez que o aumento da demanda nesses estados e o

aumento da oferta no Centro-Oeste são esperados.

Definida as regiões de destino para o estudo, a tabela abaixo sumariza a

demanda por um horizonte de 10 anos.

Tabela 8: Panorama da Demanda (MM m3)

Ano São Paulo Campinas Rio de

Janeiro Cabotagem Exportação

2011 57% 12% 13% 7% 11%

2012 58% 11% 13% 7% 11%

2013 56% 11% 13% 9% 11%

2014 55% 11% 13% 9% 12%

2015 54% 11% 13% 11% 11%

2016 51% 10% 13% 13% 13%

2017 50% 10% 14% 14% 12%

2018 49% 10% 13% 14% 14%

2019 48% 9% 13% 13% 17%

2020 48% 9% 12% 13% 18%

2 Transporte marítimo ao longo da costa

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A tabela deixa claro uma tendência no aumento do consumo relativo de etanol

para cabotagem e exportação, subindo de 19% em 2011 para 31% em 2020. Esse

aumento ocorrerá pela voga destacada no capítulo 1.3.3 - Mercado Externo, e também

pelas regiões mais pobres do país (Norte e Nordeste) apresentarem propensão de maior

crescimento relativo em relação as regiões já consolidadas economicamente.

2.2.1.4. Custos, Tarifas e Investimentos

Outras importantes informações que precisam ser cadastradas no modelo são os

custos, tarifas e investimentos para cada terminal e trecho. Esses dados devem ser

fornecidos para ambos os cenários A (infraestrutura atual) e B (infraestrutura que será

avaliada). Essas informações serão fundamentais para definição da tarifa que será

cobrada, cálculo da margem de contribuição e, consequentemente, para definição de

quais volumes serão captados pelo sistema.

Como citado anteriormente, para o modal rodoviário, seria impossível definir

um custo de frete para todas as possibilidades de caminhos isoladamente. Para esse

modal serão utilizadas curvas de frete rodoviário. O modelo elaborado suporta diversas

curvas de frete simultaneamente, contemplando, assim, casos em que o frete é

consideravelmente diferente em determinadas regiões, como por exemplo, áreas

metropolitanas ou interioranas, estrada de asfalto ou de terra e outros casos. Abaixo as

curvas de frete rodoviário cadastradas no modelo.

Figura 21: Curva de Frete Rodoviário

Fonte: Sistema de Informação de Fretes Agrícolas (Sifreca) e UFSC, 2011

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000

Va

lor

do

Fre

te p

or

Km

(R

$)

Distância (Km)

Frete Rodoviário x Distância

Metropolitana Interioranas

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Com uma breve análise do gráfico acima, é possível perceber o comportamento

padrão de uma curva de frete. O custo unitário do transporte para pequenas distâncias é

bastante elevado. Gradativamente, com o aumento da quilometragem, o incremento no

preço do frete é menor. Isso ocorre devido ao ganho de escala da grandeza de distância

e a diluição dos custos fixos da transportadora.

O valor do frete é, como qualquer outro serviço de livre concorrência, definido

pela leia da oferta e da demanda. Dito isso, fica razoável intuir que o valor do frete varia

consideravelmente ao longo do ano, tipos de carga e origem destino do transporte. Para

que essas três grandezas estejam contempladas na realidade desse trabalho, uma

pesquisa foi solicitada à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Sistema de

Informação de Fretes Agrícolas (Sifreca).

2.2.1.5. Variáveis Econômicas e Financeiras

Por fim, o último input que será destacado serão as variáveis econômicas e

financeiras, para elaboração de um fluxo de caixa e demonstrativo de resultado de

exercício (DRE). Cadastra-se então valores atribuídos a variáveis como:

Taxa de desconto;

Cotação do dólar;

Preço de venda do etanol;

Impostos;

Seguros;

Aluguel da faixa de servidão;

Créditos Fiscais;

Perpetuidade;

Valor residual;

Horizonte de tempo a ser analisado.

Impostos, taxa de desconto, cotação do dólar e preço de venda do etanol são

notadamente flutuantes ao longo do tempo, ou do país onde o estudo é realizado. Tratar

tais valores como parâmetros do modelo, viabiliza a adequação a diferentes realidades

econômicas de diferentes países ou décadas.

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2.2.2. Lógica de Funcionamento

Visto o detalhamento dos principais parâmetros de entrada, nesse capítulo será

abordado a forma como o modelo trata doas as informações para chegar aos resultados

esperados. Ressalta-se nesse ponto a explicação dada em 2.2 - Modelagem, onde foi dito

que a lógica do modelo baseia-se na comparação entre dois cenários distintos. Um

cenário atual A onde é considerado a infraestrutura logística existente atualmente, e um

cenário B onde são considerados tanto os modais atuais quanto o sistema multimodal

que está sendo avaliado.

2.2.2.1. Combinações Cartesianas de Rotas

O primeiro passo executado pelo modelo é a criação de todas as combinações

possíveis de rotas para cada par de origem destino. Em outras palavras, nesse momento,

o modelo testará todas as maneiras do etanol chegar de cada uma das usinas a cada um

dos destinos. Essas possibilidades são testadas tanto para o momento anterior a

construção do novo sistema de modais, quanto posteriormente à inserção da nova

infraestrutura.

Para melhor entender essa etapa, observa-se o exemplo disposto abaixo. Nesse

caso, será avaliado o impacto da construção do terminal D nas possibilidades que

liguem a usina A ao destino E, com seus respectivos custos.

Figura 22: Exemplo Combinações Cartesianas de Rotas

Fonte: Os Autores, 2013

Trechos Existentes

Trechos Novos

Terminais Existentes

Terminais Novos

Usina A

($0,8)

Terminal C

Destino E

($0,7)

Terminal B

($0,6)

Terminal D

($0,8)

$1,8

$2,0$9,4

$7,0

$8,1

$1,0

$7,2

$3,4

Exemplo Combinações Cartesianas de Rotas

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Olhando para o exemplo acima, é possível perceber que existem dois caminhos

possíveis da usina A ao destino E, anterior a construção do terminal D:

A-B-E;

A-C-E.

Posteriormente a construção do novo terminal D, haverá cinco possibilidades de

rotas que levem da usina A ao destino E:

A-B-D-E;

A-B-E;

A-C-D-E;

A-C-E;

A-D-E.

Após identificadas as rotas para o cenário A (atual) e B (futuro), possibilitando a

definição do valor gasto em cada uma, é importante diferenciar os conceitos de custo e

tarifa.

O conceito de tarifa é associado com os ativos de terceiros usados em qualquer

etapa do sistema de logística, tais como terminais, caminhões, trens, estações, etc. No

caso dos sistemas de logística no Cenário A (atual), todos os valores são "tarifas",

porque a premissa é de que a nova infraestrutura ainda não foi construída pela empresa

investidora. Por outro lado, o conceito de custo está associado aos ativos de propriedade

da empresa que investir na construção do Cenário B (futuro).

Como forma de simplificar o modelo, as tarifas e os custos dos trechos e

terminais são registrados unitariamente em R$ por metro cúbico. Despesas operacionais

foram separados em custos fixos e variáveis e foram aplicados a dois grupos: terminais

e trechos. Os custos fixos não influenciam a alocação de volume e só são considerados

na criação de demonstrações financeiras, enquanto os custos variáveis são registrados

em R$ por metro cúbico e são constituídos por esses ativos que se movimentam de

volume através dos trechos e terminais.

Para cada uma dessas rotas, o modelo identifica cada componente, sabendo o

passo a passo que cada uma das rotas realiza para alcançar seus destinos: terminais que

foram passados, modais utilizados, valor gasto em cada modal, tarifas/custos de cada

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45

trecho e tarifas/custos de cada terminal. Posterior à descrição detalhada de cada

componente de cada rota, é possível então reconhecer a melhor maneira (menor custo)

de se sair da usina A e chegar ao destino E anterior e posterior à construção do novo

sistema de modais. Esse procedimento se assemelha bastante à realidade do mercado.

Para cada uma das n usinas, um gestor responsável tentará entregar em cada um de seus

clientes com o menor custo possível, tanto antes quanto posteriormente à construção de

novos modais.

Para melhor ilustração da componentização da rota, ainda em relação ao

exemplo anterior, segue a tabela abaixo com algumas das informações que mostram

parcelas de tarifas e custos e norteiam a decisão da melhor rota.

Tabela 9: Exemplo de Componentes na Situação Atual

Caminhos Anteriores a Inserção do Novo Modal

Caminho Trecho

1

$ Trec

1

$ Term

1

Trecho

2

$ Trec

2

$ Term

2

Trecho

3

$ Trec

3

$ Term

3

Custo

Total

A - C – E A - C 1,80 0,80 C - E 7,00 0,70 - - - 10,30

A - B – E A - B 2,00 0,60 B - E 9,40 0,70 - - - 12,70

De acordo com a tabela acima, enquanto não houver a construção do terminal D,

a melhor maneira de sair da usina A até o destino E é A-C-E, tendo um custo total de

$10,30 para cada unidade de volume transportado. Posteriormente a inserção do novo

modal, chega-se à tabela abaixo com as respectivas componentes de todos os caminhos

possíveis.

Tabela 10: Exemplo de Componentes na Situação Futura

Caminhos Posteriores a Inserção do Novo Modal

Caminho Trecho

1

$ Trec

1

$ Term

1

Trecho

2

$ Trec

2

$ Term

2

Trecho

3

$ Trec

3

$ Term

3

Custo

Total

A - C - E A - C 1,80 0,80 C - E 7,00 0,70 - - - 10,30

A - C - D - E A - C 1,80 0,80 C - D 7,20 0,80 D - E 3,40 0,70 14,70

A - D - E A - D 8,10 0,80 D - E 3,40 0,70 - - - 13,00

A - B - D - E A - B 2,00 0,60 B - D 1,00 0,80 D - E 3,40 0,70 8,50

A - B - E A - B 2,00 0,60 B - E 9,40 0,70 - - - 12,70

Posteriormente a inserção do terminal D o melhor caminho da usina A até o

destino E passa a ser A-B-D-E com um custo total de $8,50. Nota-se que após a

inserção de um novo caminho, a solução será sempre melhor ou igual a solução anterior,

pois, na pior das hipóteses, o dono da usina continuará utilizando o mesmo caminho de

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antes. Ressalta-se que o exemplo abordou a existência de apenas uma usina e um

destino, mas compreendido a lógica, seu método será replicado analogamente para as n

usinas e os m destinos, sem perda de generalidade.

A partir dessa etapa, todo par origem destino será tratado como o caminho mais

vantajoso dentre todos os possíveis. O modelo carregara para as próximas etapas apenas

o melhor caminho existente, anterior e posterior a construção de uma nova estrutura.

2.2.2.2. Alocação de Volumes

Após a definição do melhor caminho para cada origem destino, serão apontadas

quais rotas atendidas pelo novo sistema de modais. Para tal, é necessário que haja um

critério, um fator determinante entre uma rota ser mais ou menos atrativa que as demais

para ser captada pela infraestrutura logística proposta. O critério que o modelo utiliza-se

para essa escolha é o potencial de margem de contribuição (receita unitária - custos

unitários) de cada rota.

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚𝑈𝑛 = 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝐶𝑜𝑏𝑟𝑎𝑑𝑜𝑈𝑛 − 𝑂𝑃𝐸𝑋𝑈𝑛

A receita unitária varia de acordo o preço que será cobrado para utilizar a nova

logística proposta. O preço, por sua vez, será formado com base no preço praticado

hoje, quando não há existência da infraestrutura proposta. Nesse momento, fica claro

porque todo o modelo baseia-se na diferença entre o Cenário A (atual) e o Cenário B

(futuro). Define-se como potencial preço a ser praticado para cada origem destino o

valor gasto atualmente para o mesmo transporte. Porém, como não seria razoável

admitir que os usineiros utilizariam o serviço de transporte proposto caso ele tivesse

exatamente o mesmo preço atual, criou-se uma taxa de atratividade como um fator

redutor. A taxa de atratividade será um desconto dado para garantir a entrada do serviço

proposto em um mercado já existente, conforme a equação abaixo.

𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝐶𝑜𝑏𝑟𝑎𝑑𝑜𝑈𝑛 = 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝐴𝑡𝑢𝑎𝑙𝑈𝑛 ∗ (1 − 𝑇𝑥%)

Como os custos unitários também são conhecidos, chega-se então a uma

margem unitária bem aderente a realidade para cada origem destino. Aplicando as duas

equações, tem-se a margem unitária de cada origem destino em função do valor pago

atualmente, custo de operação (OPEX) e taxa de atratividade, conforme a equação

abaixo.

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𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚𝑈𝑛 = 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝐴𝑡𝑢𝑎𝑙𝑈𝑛 ∗ (1 − 𝑇𝑥%) − 𝑂𝑃𝐸𝑋𝑈𝑛

Nota-se que, com esse critério, a alocação de volume seja prioritariamente

formada por usinas que estão longe dos polos consumidores, pois pagam atualmente um

alto valor para o transporte, e próximas aos terminais de coleta, pois terão um baixo

OPEX para serem levadas de caminhão até os terminais.

Tomando como base o exemplo anterior, quando o dono da usina A deseja

enviar etanol até o destino E, ele verifica todas as possibilidades e chega à conclusão

que a melhor maneira é seguir o caminho A-C-E tendo um custo unitário de $10,30 por

unidade de volume. Com a construção do sistema multimodal proposto, a melhor rota

passa a ser A-B-D-E, e que tem um custo total unitário de $8,50. Para uma taxa de

atratividade de 10%, após a conclusão da nova infraestrutura logística, a mesma usina

enviará etanol ao mesmo destino com preço 10% inferior ao praticado hoje. A usina

passará então a ser cliente do sistema e pagará $9,27 ($10,30 * (1 – 10%)) por unidade

de volume. Sendo o OPEX unitário do sistema multimodal de $8,50, esse transporte

trará uma margem unitária de $0,77.

Baseando-se nesse critério, é possível ordenar as rotas a serem preferencialmente

atendidas. O modelo então seguirá a ordenação realizada atendendo algumas restrições e

optando pela captação ou não do volume desejado entre cada rota (origem x destino).

Destaca-se que a captação ou não pelo modelo é variável para cada período analisado.

Em outras palavras, o valor transportado pelo sistema para cada origem destino pode

variar ao longo do tempo. As restrições seguidas pelo modelo para decidir se a alocação

do volume será viável são expressas abaixo:

Quanto maior a margem de contribuição unitária de uma rota, maior será

a sua prioridade de alocação;

Rotas com margem de contribuição negativa não terão volumes captados

pelo sistema, mesmo que haja capacidade ociosa para tal;

O volume total enviado de uma usina deve ser menor ou igual ao volume

ofertado pela mesma;

O volume total enviado a cada centro de consumo deve ser menor ou

igual ao volume demandado pelo mesmo;

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As capacidades de cada terminal e trecho devem ser respeitadas em cada

período de tempo.

Um exemplo simples de como estes volumes podem ser atribuídos ao longo do

tempo é apresentado na tabela abaixo. O percurso apresentado na 3ª linha (O2-D1) não

teve seu volume captado pelo sistema em 2013 porque a demanda D1 foi alcançado em

rota O1-D1, que possuí maior margem de contribuição. As demais restrições tiveram

consequências semelhantes no exemplo abaixo.

Figura 23: Exemplo de Captação de Volume pelo Sistema

Fonte: Os Autores, 2013

Apesar de não ter ocorrido no exemplo anterior, destaca-se que é possível que

uma rota com maior margem de contribuição não seja atendida, enquanto uma de menor

seja. Isso ocorre quando uma rota mais rentável utiliza-se de um trecho ou terminal que

já está saturado por rotas ainda mais rentáveis, enquanto outra, menos rentável, passa

por um caminho alternativo. Nos capítulos posteriores haverá uma análise que busca

dizer qual é a capacidade ideal do novo sistema.

Posterior à definição dos volumes que serão capturados pelo sistema, há a

consolidação desses volumes em cada trecho ou terminal. Como mais de um par origem

destino pode utilizar-se de um mesmo trecho ou terminal, a consolidação é feita da

seguinte forma:

Exemplo de Captação de Volume pelo Sistema

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𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑛𝑜𝑇𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑖 = ∑ 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑟𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑎𝑚 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑖

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑛𝑜𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜𝑖 = ∑ 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑟𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑎𝑚 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 𝑖

Ao final dessa etapa o modelo consegue nos dizer o volume que está alocado em

cada trecho e em cada terminal e isso será a base para o dimensionamento da

capacidade dos mesmos bem como os custos absolutos de cada um deles.

2.2.2.3. Estruturação do DRE

Como a modelagem tinha como principal objetivo o EVTE da infraestrutura

logística em questão, a estruturação de um DRE foi necessária para concluir o trabalho.

Tal ferramenta se mostrou fundamental para a conclusão pela viabilidade do sistema,

além de possibilitar algumas análises mais profundas posteriormente detalhadas. A

metodologia utilizada para sua elaboração será abordada nesse capítulo. Ressalta-se que

a estrutura clássica de um demonstrativo precisou ser adaptada para que aderisse bem a

esse caso. O DRE completo pode ser observado no Anexo A.

Tabela 11: Explicação dos Campos do DRE – Até Lucro Operacional

Explicação dos Campos do DRE - Até Lucro Operacional

Nome do Campo Descrição Racional

Receita Bruta com

Rodocoleta

Valor total cobrado pelo serviço de transporte

da usina até o terminal de destino

Volume capturado em cada rota *

Valor cobrado na rota

Rodocoleta

Despesa gasto transportadoras para levar o

etanol de cada usina até o terminal mais

próximo

Distância da usina até o terminal mais

próximo aplicada a curva de frete

rodoviário correspondente

Mark-Up

Caso haja algum trecho que não é de

responsabilidade da joint venture, será cobrado

uma taxa variável do responsável pelo trecho

por integrar seu projeto no projeto original

(caso da hidrovia)

Volume transportado por um trecho de

terceiros * mark-up acordado com

terceiros

Despesas Tarifa Valor pago em um terminal que não seja

próprio

Volume total que utiliza terminais não

próprios * tarifas acordadas

OPEX Variável Custos variáveis dos terminais e trechos

próprios

Estimado de acordo com terminais e

trechos já existentes de outras

empresas em R$0,027702 +

R$0,003718 * Distância (Km)

OPEX Fixo Custos fixos dos terminais e trechos próprios

Estimado de acordo com terminais e

trechos já existentes de outras

empresas em 0,53% do CAPEX para

construir o ativo por ano

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50

Explicação dos Campos do DRE - Até Lucro Operacional (continuação)

Nome do Campo Descrição Racional

Custos

Administrativos

Despesas com pessoal, infraestrutura e

consessionárias para parte administrativa da

empresa que será criada

Fixo para todos os anos e estimado em

R$23,5 MM

Arrendamento Valor pago para compra de estruturas (dutos e

terminais) já construídas por outras empresas Fixadas conforme negociação

Aluguel da Faixa

Como os dutos passarão por milhares de

quilômetros pertencentes ao Estado, será pago

um aluguel pela utilização dessa faixa de terra

Fixo para todos os anos e estimado em

R$1,45 MM

Tabela 12: Explicação dos Campos do DRE – Após Lucro Operacional

Explicação dos Campos do DRE - Pós Lucro Operacional

Nome do Campo Descrição Racional

Depreciação Perda de valor do investimento em patrimônio

imobilizado

O investimento em dutos e trechos foi

depreciado linearmente em 20 anos

Juros Sobre o Capital

Próprio

Grande parte do capital necessário será

financiado pelo BNDES. Esse capital, será

disponibilizado no primeiro ano, porém nem

todo será utilizado de imediato. Assim sendo,

parte restante dessa capital será reinvestido no

mercado de capitais a baixo risco.

Rendimento do capital disponível em

caixa aplicado a uma taxa de 8% a.a.

IR/CSLL

Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social

Sobre o Lucro Líquido (CSLL) atribuídos a

empresas enquadradas na categoria de lucro

real

Sempre que houver EBITDA maior

que 0, será aplicado uma taxa de 34%

CAPEX Construções Investimento necessário na construção de

terminais e dutos

Investimentos estimados em dólar

conforme tabelas de engenharia para

que suporte o maior volume que

utilizará de cada terminal ou duto

CAPEX Lastro

Quando um certo volume de etanol é colocado

dentro do sistema, haverá mistura com a

produção de outras usinas. Assim sendo, um

volume que preencha todo o duto deve ser

colocado incialmente, e será mantido constante

perpetuamente. Esse volume é considerado

como um investimento não recuperável

Volume total construído em dutos *

cotação do etanol

Fluxo de Caixa

Como não há descasamento temporal entre o

momento do serviço prestado e o recebimento,

o regime de competência (utilizado no DRE)

pode ser facilmente transformado em regime de

caixa (utilizado em fluxo de caixa)

Saldo geral de todas entradas e saídas

de caixa

Valor Presente

Líquido (VPL)

Valor do fluxo de caixa trazido a valor presente

de acordo com a taxa de oportunidade

considerada

Fluxo de caixa trazido a valor presente

a uma taxa de 8% a.a.

Conforme visto nas tabelas acima, partiu-se das receitas totais, descontou-se os

custos com rodo-coleta e despesas operacionais (tarifas, OPEX, custos administrativos,

seguros, arrendamentos, aluguel de faixa), somou-se os Mark-Ups para obter o lucro

operacional. Feito isso, descontou-se a depreciação (considerando-se estimativa de

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51

créditos fiscais) e uma estimativa de distribuição de juros sobre capital próprio para

obter uma aproximação dos valores de imposto de renda e chegar ao lucro líquido. A

seguir, subtraiu-se deste os investimentos necessários e considerou-se a variação no

capital de giro para obter um fluxo de caixa inicial, que somado ao valor residual ou à

perpetuidade nos fornece o fluxo de caixa final.

2.2.3. Principais Outputs

Entendido a lógica de funcionamento do modelo, esse capítulo abordará seus

principais outputs. As saídas serão abordadas brevemente, apenas mencionando suas

respectivas relevâncias, pois a maioria delas já foi citada nos capítulos 2.2.1 - Principais

Inputs e 2.2.2 - Lógica de Funcionamento. A saídas que serão consideradas são:

Resultado financeiro;

Definição da melhor rota e valor cobrado;

Posicionamento cartográfico do sistema;

2.2.3.1. Resultado Financeiro

As principais de todos as informações fornecidas pelo modelo serão obtidas

através do DRE. Analisando essa poderosa demonstração contabilística possibilidade o

cálculo dos seguintes indicadores:

Fluxo de Caixa: resultado entre todas as saídas e entradas de caixa;

Payback: tempo decorrido entre o investimento inicial e o momento no

qual o lucro líquido acumulado se iguala ao valor desse investimento;

Valor Presente Líquido (VPL): fluxo de caixa trazido a valor presente de

acordo com uma taxa de desconto;

Taxa Interna de Retorno (TIR): uma taxa de desconto hipotética que,

quando aplicada a um fluxo de caixa, zera o VPL total da operação;

Return on Investment (ROI): relação entre o montante ganho com o

resultado da operação (lucro acumulado) e o montante investido.

Esses são os principais resultados do modelo, pois com eles é possível simular

diferentes cenários, alcançando diferentes indicadores e selecionar o caso mais

vantajoso para o acionista.

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52

2.2.3.2. Definição da melhor rota e valor cobrado

Outro importante resultado do modelo é o valor que será cobrado em cada rota.

O preço para cada origem destino (terminal de entrada e terminal de saída) não é fixo

para todas as usinas. O preço dependerá do valor que cada usina paga atualmente. Essa

forma de definir o preço do serviço de transporte maximizará a receita bruta do projeto

e, consequentemente, terá um ótimo retorno para o acionista. Contudo, essa percepção

do melhor valor cobrado para rota só é possível graças ao modelo elaborado. Seria

impossível, de forma manual, ter esse resultado, pois para tal seria necessário analisar,

para todas as origens, o valor gasto com transporte atualmente. Essa definição varia com

parâmetros como curva de frete rodoviário, localização de cada usina e terminal.

2.2.3.3. Posicionamento Cartográfico do Sistema

O posicionamento cartográfico do sistema também é um output que merece

destaque. A ferramenta elaborada possibilita que todo o sistema multimodal, usinas e

mercado sejam plotados utilizando software Google Maps. Diferentes cores, ícones,

tamanhos e laybels podem ser escolhidos, deixado a cartografia muito intuitiva. Essa

funcionalidade possibilidade a fácil visualização do posicionamento do mercado, polos

produtores e consumidores. Um exemplo dessa função pode ser visto no mapa abaixo.

Figura 24: Exemplo da Funcionalidade Cartográfica

Fonte: Os Autores, 2013

Exemplo da Funcionalidade Cartográfica

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3. Análises de Suporte às Decisões

Antes de apresentar as conclusões do trabalho, é importante entender as decisões

que moldaram o cenário final do projeto. Com base nas premissas técnicas, comerciais e

análises do setor energético, foram realizadas análises que suportassem as decisões

relativas ao projeto. Os principais drivers de decisão foram os indicadores financeiros

TIR e VPL, assegurando que todas as definições garantiram a viabilidade do negócio.

3.1. Definição do Traçado do Duto

A primeira decisão que precisou ser tomada foi referente ao traçado do duto. O

conhecimento da localização dos centros produtores (SP, MS, MG e GO) e

consumidores (SP e RJ) direcionaram as possibilidades, mas apenas essas informações

eram genéricas para uma decisão precisa. Considerando-se as tendências geográficas e

mercadológicas, dois principais traçados foram considerados viáveis para uma análise

mais profunda.

O primeiro, traçado A, considera dois ramos de dutos ao mesmo tempo. Um para

a região de São José do Rio Preto e outro para região do Triângulo Mineiro. A primeira

região é considerada uma das regiões mais maduras e consolidadas no Brasil, quando se

trata de etanol, enquanto que a segunda é considerada uma das regiões de maior

potencial para cultura de cana. O traçado é apresentado na figura abaixo.

Figura 25: Traçado A – Triângulo Mineiro e São José do Rio Preto

Fonte: Os Autores, 2011

SP

MS

RJ

GO

SP PORT

MS 1

MG 1

GO 3

SAO PAULO

CAMPINASRIO DE JANEIRO

PR

GO 1

GO 2

RJ PORT

SP 1

SP 2

SP 3SAO JOSE DO RIO

PRETO REGION

TRIANGULO MINEIRO REGION

MG

Traçado A – Triângulo Mineiro e São José do Rio Preto

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A segunda possibilidade, traçado B, pode ser considerado mais simples,

possuindo apenas uma ramificação partindo da região do triângulo mineiro até o interior

de Goiás, conforme a figura abaixo.

Figura 26: Traçado B – Triângulo Mineiro

Fonte: Os Autores, 2011

Com uma análise preliminar, pode-se observar que a possibilidade A requer

mais investimento, contudo chega a uma região produtora bem estabelecida, enquanto o

cenário B envolve menos investimento e depende mais de projetos de usinas ainda não

construídas, que serão extremamente dependentes da infraestrutura logística proposta.

Usando os resultados de ambos os cenários, uma análise de sensibilidade foi

desenvolvida para encontrar o volume máximo permitido que poderiam ser coletados

pelo sistema, enquanto a TIR do projeto foi monitorada.

Figura 27: Traçado B – Triângulo Mineiro

Fonte: Os Autores, 2011

TIR Vs Capacidade Máxima dos Cenários

7,00%

8,00%

9,00%

10,00%

11,00%

12,00%

13,00%

9.000.000 12.000.000 15.000.000 18.000.000 21.000.000 24.000.000 27.000.000

TIR vs. Capacidade de CaptaçãoProject IRR vs. Pipeline System Maximum Capacity

Pipeline System Maximum Capacity

Pro

ject

IRR

Track A: Triangulo Mineiro & SJ do Rio Preto Regions

Track B: Triangulo Mineiro Region

Track BHigher return for

lower volumes

Track AHigher return for higher volumes

Capacidade Máxima do Sistema (M3)

Traçado A – Triângulo Mineiro e São José do Rio Preto

Traçado B – Triângulo Mineiro

TIR

do P

roje

to

Traçado B

Melhor para

menores volumes

Traçado A

Melhor para

maiores volumes

Traçado B – Triângulo Mineiro

SP

MS

RJ

GO

MG

SP PORT

SP 1

MG 1

GO 3

SAO PAULO

CAMPINASRIO DE JANEIRO

PR

GO 1

GO 2

RJ PORT

SAO JOSE DO RIO PRETO REGION

TRIANGULO MINEIRO REGION

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55

No gráfico anterior, pode ser visto que, ao alocar uma grande quantidade de

volume para o sistema, o cenário A tem um maior retorno. No entanto, a faixa B tem o

maior retorno quando se captura um volume menor, principalmente devido à

manutenção da rentabilidade associado com a construção de menos ativos (menor

comprimento total do sistema), em comparação com o caso A.

Nesse sentido, o traçado B foi considerado como tendo o menor risco de

investimento, e foi escolhido como o cenário base mais adequado para construção do

duto. No entanto, a ideia de construir uma extensão para a região de São José do Rio

Preto no futuro permanece, quando o volume a ser capturado seja suficientemente

grande e não dependente de projeções ainda não realizadas.

3.2. Timing do Projeto

O momento exato para construção de cada parte do sistema multimodal é

fundamental para garantir o retorno ao acionista. O projeto é bastante intensivo em

capital durante os primeiros anos, apresentando grandes margens operacionais apenas

no longo prazo, quando as usinas mais distantes do centro consumidor entrarão em

operação.

A antecipação da construção de algum terminal sem que haja volume viável para

o mesmo, requereria alto investimento e manutenção de custos fixos para ativos

ociosos. Da mesma forma, caso algum terminal tenha seu início de operação

excessivamente atrasado, haverá perda de receita potencial nos primeiros anos,

momento mais importante para o caixa do projeto.

Considerou-se como premissa que o valor absoluto de cada investimento não

muda, mesmo que haja mudança no ano de entrada em operação. No entanto, devido ao

custo de capital (taxa de desconto), o seu VPL diminui ao longo do tempo. Assim, a

análise determinou o equilíbrio entre a retardar o investimento, reduzindo o valor

presente do investimento, ou antecipar, ganhando rendimento proporcionado pelo uso

de cada terminal.

Para definir o ano de entrada em operação de cada terminal, foram realizadas

simulações, variando o possível ano de entrada em operação em cada extremidade do

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sistema logístico. Abaixo está uma ilustração da análise realizada para definir o melhor

momento para abrir o terminal de Anhembi.

Figura 28: TIR Vs Ano de Entrada

Fonte: Os Autores, 2011

É possível notar que construir esse terminal anterior a 2013 haverá perda de

valor para o acionista. Isso ocorre por conta do custo de capital associado à construção

do terminal de Anhembi e mais relevante que o retorno gerado no conjunto pelo volume

capturado nesse terminal. No entanto, se a operação começar posterior a 2013, também

haverá redução do VPL do projeto, pela perda de relevante de volume que utilizaria

Anhembi. Com isso, para esse terminal, foi decidido que seu início de operação seria

em 2013. A mesma análise foi realizada analogamente para todas as combinações de

ano de entrada para cada terminal, chegando a um timing ótimo para o projeto.

3.3. Eliminação da Canibalização Entre Terminais

A definição do traçado, como visto no tópico anterior, partiu de uma distribuição

de terminais a priori, com base em acordo estabelecidos entre as empresas e os governos

estaduais e municipais, além de outros critérios técnicos e operacionais. A partir da

definição do traçado visando o maior retorno econômico, uma análise de sensibilidade

foi realizada com base na melhor combinação entre os terminais de coleta.

Caso muitos terminais de coleta fossem construídos em uma pequena área,

haveria canibalização, pois eles competiriam entre eles para captarem a produção da

12,07% 12,45% 12,67%12,12%

11,44%10,61%

10,01% 9,73% 9,54% 9,42%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

TIR

do

Aci

on

ista

Ano de Entrada do Terminal

TIR x Ano de Entrada

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mesma usina, aumentando muito o investimento necessário e reduzindo pouco o custo

com o transporte rodoviário das usinas até os terminais. Por outro lado, se poucos

terminais fossem construídos em uma grande área, o custo com o rodo coleta seria tão

alto que não viabilizaria a utilização da estrutura proposta. Para acabar com essa dúvida,

uma análise combinatória com 20 potenciais terminais foi realizada. Como potenciais

20 terminais geram (220 – 1) combinações possíveis, segue abaixo uma tabela dessa

análise para apenas 3 terminais.

Tabela 13: Explicação dos Campos do DRE – Após Lucro Operacional

De acordo com a tabela acima, o cenário que apresenta ótima TIR, mas sem que

seja necessário um investimento tão grande, é a construção de terminais em Jataí e

Quirinópolis e a não construção em Caçu. No exemplo, fica claro que a construção de

Caçu, em relação ao cenário escolhido não traria aumento sensível para o investidor,

mas aumentaria o investimento em R$500 milhões. Por outro lado, não construir

terminais em Jataí ou Quirinópolis, apesar de reduzir o investimento necessário,

reduziriam muito a rentabilidade do projeto.

Com essa análise, dentre os 20 potenciais terminais de coleta, foram escolhidos

7 terminais dutoviários e 3 terminais hidroviários. O cenário completo, com os

respectivos terminais selecionados, será apresentado no capítulo posterior.

3.4. Definição do Volume Total

Outra dimensão importante que merece atenção é a definição da capacidade total

do sistema de multimodal. O benefício do aumento da capacidade de volume para o

transporte deve ser equilibrado por duas características principais do negócio.

Jataí Quirinópolis Caçu TIR (%) CAPEX (Bi)

10,86 5,0

10,22 4,9

9,53 5,0

12,67 5,4

11,96 5,3

11,74 5,4

12,69 5,9

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58

O primeiro aspecto está relacionado ao fato de que os dutos são dimensionados

com diâmetros de duas em duas polegadas, o que implica que o aumento de capacidade

não se relaciona de forma linear com o acréscimo de investimento. Assim, enquanto um

incremento de 1 milhão de m3 podem não representar qualquer incremento no CAPEX,

um pequeno aumento no volume capturado pode ocasionar um grande acréscimo de

investimento.

O segundo ponto importante na análise da adequação da capacidade do sistema

está relacionado ao fato de que o volume adicional atribuído ao sistema tem sempre

menor rentabilidade em comparação com o volume já presente, pois a seleção de

captação é feita baseada exatamente no critério de rentabilidade. Isto significa que, em

qualquer caso, o volume adicional acrescentado ao sistema sempre será menos rentável

e, ao mesmo tempo, ele deve gerar valor suficiente para fornecer retornos de

investimento para os ativos construídos para atender a este volume específico.

O desafio da análise é encontrar o ponto ótimo em que, se a capacidade do

sistema aumenta, novos volumes não serão rentáveis o suficiente para compensar o

investimento extra. Como mostra o gráfico seguinte, considerando o VPL do projeto, o

volume ideal para este sistema particular cai entre 22,4 milhões de m3 por ano.

Figura 29: VPL Vs Volume

Fonte: Os Autores, 2011

Porém, como após esse ótimo há um decréscimo muito acentuado do VPL, os

executores do trabalho optaram por uma decisão mais conservadora com capacidade

total de 22,0 milhões de metros cúbicos por ano. Com essa decisão, haverá

-

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0

VP

L (

R$

Bi)

Volume (Milhões m³)

VPL x Volume

22,0 M3 22,4 M3

R$4,3 BiR$4,0 Bi

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59

simultaneamente um excelente valor gerado (próximo ao ótimo) e também uma redução

do risco.

3.5. Preço Fixo Vs Variável

Um ponto de muito debate durante o projeto foi a precificação do serviço

prestado. Conforme explicado no capítulo 2.2.2.2 - Alocação de Volumes, o preço

cobrado pelo serviço não é fixo de acordo com o terminal de entrada e saída. O valor

pago pelo cliente está relacionado com o preço atual, anterior à construção da

infraestrutura proposta, por cada cliente. A definição por esse tipo de precificação não

foi tomada ao acaso. Para chegar nesse modelo, uma análise sobre o preço fixo foi

realizada. Após fixar a tarifa, comparou-se a taxa de desconto em relação ao preço atual,

conforme o gráfico abaixo.

Figura 30: Volume X Desconto Concedido

Fonte: Os Autores, 2011

Trabalhar com uma tarifa única para cada trecho de terminal traria dois

problemas ao projeto. Na região A, fica evidente a perda de volume que seria capturado,

pois seria cobrado um valor superior ao que as usinas podem pagar nos modais

concorrentes já existentes hoje. Isso ocorreria com usinas localizadas distantes aos

terminais de coleta, onde poderiam ser praticados preços inferiores, sem prejudicar a

rentabilidade do projeto, para que o volume fosse capturado. Por outro lado, na região

B, haveria usinas, provavelmente localizadas bem próximas aos terminais de coleta, que

pagariam preços muito inferiores em relação ao que pagam hoje, o que notavelmente

0,5 0,6 0,60,9

1,21,4

2,7

3,3

4,34,1

3,0

2,0

1,2

0,70,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

-100%

a -

25%

... -25%

a -

20%

-20%

a -

15%

-15%

a -

10%

-10%

a -5%

-5% a

0%

0% a

5%

5% a

10%

10% a

15%

15% a

20%

20% a

25%

25% a

30%

30% a

35%

35% a

40%

... 40% a

100%

Vo

lum

e (M

M m

3/a

no

)

Desconto em Relação ao Preço Atual (%)

Volume (MM m3/ano) X Desconto Concedido (%)

Região AVolumes não capturados

Sistema mais caro que os modais atuais

Região BRentabilidade ReduzidaDescontos excessivos em relação ao preço atual

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60

prejudicaria a joint venture. Nas tabelas abaixo, é possível perceber a diferença que cada

modelo de precificação traria ao resultado financeiro gerado ao projeto.

Tabela 14: Cenário com descontos em relação ao preço de mercado atual

Descontos em relação ao preço de mercado atual

Cenários Desconto

(%)

Volume

(MM

m3/ano)

Investimento

(R$ BB)

TIR Projeto

(constante)

VPL (R$

MM)

C1 0% 25,6 5,6 11,8 1.358

C2 5% 25,5 5,6 10,3 822

C3 10% 25,5 5,6 8,8 278

C4 15% 25,5 5,6 7,2 -263

Tabela 15: Cenário com preço fixo em relação ao terminal de coleta e destino

Preço fixo em relação ao terminal de coleta e destino

Cenários Desconto

(%)

Volume

(MM

m3/ano)

Investimento

(R$ BB)

TIR Projeto

(constante)

VPL (R$

MM)

C1 0% 24,3 5,5 6,6 -463

C2 5% 22,9 5,3 6,1 -581

C3 10% 19,2 4,8 4,3 -997

C4 15% 14,4 4,1 1,4 -1.420

De acordo com as tabelas anteriores, se considerado um desconto base de 5% em

relação ao preço atual, é possível perceber uma variação do valor presente líquido de

R$822MM, no cenário sem tarifa fixa, para -R$581, no cenário com tarifa fixa. Fica

evidente que fixar tarifas em relação ao terminal de entrada e saída inviabilizaria todo o

projeto, sendo este destrutivo de valor (VPL negativo).

3.6. Análise de Sensibilidade

Quando se realiza uma EVTE com uma extensa quantidade de variáveis, como

neste caso, é esperado que haja variações nos parâmetros e premissas estimados. Para

evitar que essas incertezas inviabilizem as conclusões, uma vasta gama de análises de

sensibilidade foi realizada. Dentre as diversas simulações realizadas, duas variáveis

foram identificadas como grande relevância: lucro operacional e investimento total.

Assim, uma análise de sensibilidade foi feita utilizando os seguintes parâmetros

em relação à TIR e VPL:

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Aumentar o investimento total em 10%, simulando um aumento na

estimativa do valor dos insumos, cotação do dólar, e/ou erro no

orçamento do projeto;

Uma redução do preço do frete rodoviário em 10% e 20%, simulando

uma redução do custo dos concorrentes em uma eventual “guerra de

preços”.

As figuras abaixo mostram os valores dos indicadores econômicos (TIR e VPL)

de acordo com as variações nos parâmetros mencionados.

Figura 31: TIR do Acionista Vs Frete Rodoviário Vs CAPEX

Fonte: Os Autores, 2011

Pode ser observado que a redução de 10% ou mesmo 20% para a curva de frete

rodoviário resultou numa diminuição da TIR entre 3% e 5% em relação ao cenário base,

enquanto que um aumento de apenas 10% do investimento total criada uma perda na

TIR de aproximadamente 10%.

Figura 32: VPL do Projeto (R$ Bi) Vs Frete Rodoviário Vs CAPEX

Fonte: Os Autores, 2011

25,5%24,7%

24,2%

23,0%22,4%

21,7%

Frete Rodoviário Base Frete Rodoviário - 10% Frete Rodoviário - 20%

TIR do Acionista Vs Frete Rodoviário Vs

CAPEX

CAPEX Base CAPEX + 10%

4,11 3,95

3,70 3,62 3,45

3,21

Frete Rodoviário Base Frete Rodoviário - 10% Frete Rodoviário - 20%

VPL do Projeto (R$ Bi) Vs Frete Rodoviário Vs

CAPEX

CAPEX Base CAPEX + 10%

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62

O VPL se comporta de forma semelhante com a variação dos mesmos

parâmetros. A redução no preço do modal rodoviário de 10% e 20%, resulta em uma

diminuição do VPL de 4% e 10% respectivamente, enquanto que o aumento do

investimento de capital de apenas 10% reduz a mesma variável em cerca de 12%.

Outra ferramenta muito utilizada para realizar análise de sensibilidade das

premissas é conhecida como “gráfico aranha”. Para elaboração desse gráfico, algumas

premissas selecionadas são variadas gradativamente, analisando-se o impacto gerado em

alguma variável de resposta, como por exemplo, a TIR. Elencadas as variáveis receita,

CAPEX e OPEX, a ferramenta de análise citada foi utilizada, chegando-se ao resultado

expresso no gráfico abaixo.

Figura 33: VPL do Projeto (R$ Bi) Vs Frete Rodoviário Vs CAPEX

Fonte: Os Autores, 2011

No gráfico acima fica evidente que variações significativas no OPEX não

resultam em modificações tão relevantes no resultado do projeto. Por outro lado, caso

haja uma considerável mudança no valor estimado para o investimento ou na receita

gerada, todo o projeto poderia ser inviabilizado, sendo, estas, duas variáveis de alto

risco e relevância na execução do planejamento.

6%

8%

9%

10%

11%

13%

14%

15%

16%

18%

19%

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

-25% -20% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15% 20% 25% Nova T

IR

Vari

ação n

a T

IR

Variação das Premissas x TIR

Receita Capex Opex

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4. Conclusões e Resultados

Neste capítulo serão abordados primeiramente os resultados finais do estudo de

viabilidade técnico econômico (EVTE). Posteriormente, serão demonstrados os

principais impactos que o projeto trará a todo mercado interno e externo. Por fim, a

contribuição social e econômica que este trabalho deu ao país.

4.1. Conclusões do EVTE

Depois de utilizar diversas ferramentas de gestão e suporte à tomada de decisão

disponíveis, o traçado ideal para a infraestrutura de dutos pode ser apresentado, como

visto na imagem abaixo, detalhando o ano inicial de operação para cada trecho do

sistema.

Figura 34: Traçado Final Faseado

Fonte: Os Autores, 2011

Considerando-se todos os volumes transportados no cenário final, a capacidade

do sistema foi estimada, objetivando-se calcular o investimento total. O investimento

total necessário será de R$5,4Bi, sendo R$3,7Bi para construção dos dutos, R$1,3Bi

para construção dos terminais e R$0,4Bi para disponibilização do lastro. Esse

investimento será disposto no tempo, conforme o gráfico abaixo.

Traçado Final Faseado

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Figura 35: Investimento no Tempo

Fonte: Os Autores, 2010

Os resultados econômicos obtidos após o processamento do cenário final foram

divididos em duas perspectivas diferentes: a visão do projeto e a visão do acionista. A

visão do acionista considera apoio financeiro por bancos de investimento do governo,

que oferecem de 60% a 70% do financiamento total do investimento. Por se tratar de

investimentos estratégicos ao país, as taxas de juros cobradas nesses financiamentos

serão bem inferiores à média de mercado.

Figura 36: Fluxo de Caixa Acionista (R$MM)

Fonte: Os Autores, 2010

A Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor Presente Líquido (VPL) do projeto

foram calculados utilizando valores constantes com base na geração líquida de caixa,

entre 2010 e 2031 (22 anos), sendo descontados por um WACC (WACC nominal -

inflação) de cerca de 4%. A TIR final foi de 12,7%, enquanto o VPL em valor constante

foi de R$2,6Bi.

2%

27%

33%

23%

11%

2% 2%

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 ou

Posterior

Investimento no Tempo

Fluxo de Caixa Acionista (R$MM)

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65

Considerando o ponto de vista dos acionistas, a TIR do projeto e VPL foram

calculados utilizando valores nominais com base no fluxo do acionista de caixa líquido

entre 2010 e 2031 (22 anos), sendo descontado a uma taxa de cerca de 8,0% ao ano. A

TIR do acionista final foi de 25,5%, enquanto o VPL do acionista em valor constante foi

de R$5,3Bi.

Tabela 16: Resumo Executivo do Projeto

Resumo Executivo do Projeto

Visão do Projeto Visão do Acionista

Investimento Líquido (R$Bi) R$ 5,4 Bi Investimento Líquido (R$Bi) R$ 1,9 Bi

TIR do Projeto (%) 12,7% TIR do Projeto (%) 25,5%

VPL do Projeto (R$Bi) R$ 2,6 Bi VPL do Projeto (R$Bi) R$ 5,3 Bi

Os volumes capturados previstos e distribuídos pelo sistema multimodal são

apresentados na tabela a seguir.

Tabela 17: Volumes Finais

Volumes Finais

Terminais 2012 2013 2014 2015

2020

2020%

Terminais de Coleta 7 13 14 17

22

-

Campinas 1 1 2 2

2

8%

São Paulo 6 7 9 9

10

45%

Rio de Janeiro 0 2 2 3

3

15%

Exportação + Cabotagem 0 2 2 4

7

32%

A tabela apresenta um cenário base que sugere que 53% do volume total podem

ser alocados para o Estado de São Paulo (Campinas e São Paulo), enquanto exportação

e cabotagem representará 32% do volume total e certamente será o volume mais

rentável dentre todos, devido às longas distâncias.

4.2. Impactos no Mercado

É de se esperar que a construção de uma infraestrutura tão grandiosa cause

severos impactos em todo setor energético. As consequências desse projeto para os

diversos atores do mercado, tanto do mercado interno quanto do mercado externo,

podem ser antevistas nos capítulos seguintes.

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4.2.1. Impactos no Mercado Interno

Os principais impactos na construção do sistema podem ser divididos em dois

principais grupos: mercado interno e mercado externo. Tratando primeiramente apenas

do mercado interno, serão abordados impactos para o governo, produtores,

consumidores e verticalização do setor.

4.2.1.1. Governo Brasileiro

O sistema de dutos contribui para a profissionalização do serviço de transporte

de etanol, reduzindo custos e tornando-o mais eficiente, tornando o produto ainda mais

competitivo no mercado internacional e aumentando a capacidade de abastecimento em

outros países.

Como um país que sofreu hiperinflação no passado e está pagando atualmente as

mais altas taxas de juros reais do mundo, o Brasil está em busca de novos mecanismos

para estimular o crédito e investimento a longo prazo, especialmente em infraestrutura,

garantindo o desenvolvimento econômico e social. O investimento do projeto também

afetará as economias das regiões subdesenvolvidas que ainda estão em grande parte

dependentes da agricultura.

4.2.1.2. Produtores de Etanol

Os produtores de etanol são os agentes mais ativos envolvidos no

desenvolvimento do novo sistema multimodal, em um esforço para diminuir a

dependência de operadores logísticos, o que, inevitavelmente, vinha gerando um alto

poder de barganha por parte das transportadoras.

A construção dos novos modais oferecerá produtos on-line para o mercado. Este

fator permitirá uma melhor gestão do planejamento e controle da produção (PCP) das

usinas, níveis de estoque e custos financeiros, antecipando o momento de recebimento e

reduzindo o ciclo de caixa.

Os principais projetos voltados para a criação de novas unidades na indústria do

etanol estão concentrados nas regiões agrícolas mais interioranas do país. Apesar do

baixo custo da terra e do trabalho, esses projetos não se tornam viáveis muitas vezes

pela necessidade de utilizar o transporte rodoviário em larga escala e longa distância,

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67

aumentando seu custo logístico e reduzindo a competitividade dessas novas usinas. O

modal dutoviário tornará a produção dessas novas fronteiras agrícolas mais competitiva,

permitindo a expansão da agricultura no país

4.2.1.3. Consumidores

O projeto avaliado neste trabalho ajudará a reduzir o custo total no transporte de

etanol, uma vez que será uma alternativa mais eficiente e barata em relação ao modal

rodoviário. Este fator vai permitir a diminuição no preço final pago pelo consumidor na

bomba do posto de gasolina.

4.2.1.4. Verticalização do Setor

O sistema multimodal é uma estratégia que toma parte na integração vertical do

setor, entre os principais produtores de etanol. O projeto vai permitir que os players

mais importantes, como a Cosan / Shell e Petrobras / BR, assumam o controle total da

cadeia de abastecimento, desde a produção na fábrica ao posto de gasolina. Este fato

confirma a tendência para a consolidação e integração vertical do setor de etanol, onde

se espera que a fatia de mercado pertencente a esses grandes grupos cresça

consideravelmente nos próximos 10 anos.

Operadores de transporte rodoviário serão impactados, pois não conseguirão

competir com o sistema multimodal, principalmente para longas distâncias. Haverá uma

tendência natural que essas transportadoras, que hoje operam a cadeia do etanol,

migrem para outros produtos, muito provavelmente com o foco em grãos.

4.2.2. Impactos no Mercado Externo

Os impactos que o projeto deverá ter sobre o mercado externo de etanol são

considerados extremamente positivos e podem ser apresentados em três grupos

principais: custo, nível de serviço e qualidade do produto.

Como mencionado anteriormente, o sistema multimodal é uma alternativa

logística mais adequada para atender rotas de distribuição mais longas. Considerando o

fato de que todos os volumes são exportados através dos portos e estes estão longe dos

polos produtores, o modal dutoviário será ideal para o transporte de etanol a partir do

interior para a costa do país, reduzindo custos logísticos para externo mercados.

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Além de reduzir os custos, o sistema será projetado para fornecer etanol on-line,

uma vez que será constantemente cheio e vai manter volumes em estoque ao longo dos

terminais do sistema. Essa característica vai manter os mercados externos mais perto da

origem do produto, aumentando a disponibilidade do produto e estabelecendo melhores

níveis de serviço aos clientes.

As operadoras rodoviárias precisam disponibilizar veículos específicos para

assegurar que as especificações atendam aos padrões internacionais de qualidade,

tornando o transporte mais caro e menos dinâmico. O sistema de dutos será projetado

para atender às normas internacionais exigidas pelos clientes no exterior, usando

controles de interface do produto e terminais dedicados.

4.3. Tendências

4.3.1. Consolidação do Etanol

O novo sistema de distribuição irá contribuir com a superação dos desafios de

logística de etanol de cana e consolidar o setor. Olhando para a perspectiva do

desenvolvimento da infraestrutura logística do Brasil, alguns projetos de impacto

relevante estão em andamento, incluindo a construção de novos portos e ferrovias. Estas

novas soluções logísticas devem ajudar a reduzir o custo total da indústria, permitindo

uma cadeia de suprimentos mais dinâmica e eficiente de etanol, além de expandir

fronteira agrícola da cana.

O álcoolduto é um incentivo para a tendência de consolidação do mercado de

fornecimento visto através de várias fusões, aquisições e joint ventures que estão

ocorrendo atualmente. Segundo o banco Itaú, ao longo dos últimos cinco anos, os cinco

maiores grupos do setor passaram de 12% a 27% do market share. O fato de que o

sistema de dutos é controlado por grandes empresas produtoras sugere uma tendência

para a integração vertical no mercado, permitindo uma maior eficiência operacional

para as empresas e redivisão da cadeia de valor do etanol entre os principais players.

4.3.2. Etanol no Mercado Externo

A construção do sistema de modais servirá como base estabelecer a presença do

etanol de cana no mercado de exportação. O etanol de cana é um forte candidato como

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69

uma alternativa de energia renovável em larga escala. Em comparação com outras

alternativas de fontes de energia renováveis, o etanol de cana tem uma vantagem

competitiva considerável, com uma demanda consolidada e um crescente mercado de

fornecimento. Há uma intenção crescente, por parte de alguns países, para aumentar o

etanol como parte de sua matriz energética.

Além disso, novas descobertas relacionadas a novas tecnologias para o melhor

aproveitamento da cana estão sendo desenvolvidas, como o etanol de segunda geração,

que é produzido a partir da palha de cana e quase duplica a energia obtida a partir da

mesma quantidade do produto.

4.3.3. Meio Ambiente

O gasoduto irá consolidar opções sustentáveis como os biocombustíveis,

assegurando uma maior participação deles na matriz energética do país e,

consequentemente, reduzindo a emissão de poluentes na atmosfera.

Há uma demanda crescente por etanol no mercado brasileiro. O lançamento de

novos veículos flexfuel, tais como motocicletas, irá representar um aumento

considerável do consumo no mercado interno brasileiro.

O gasoduto irá reduzir o custo de transporte global de etanol, atualmente feito

através de caminhões. Os preços nos postos tendem a reduzir. Os consumidores, por sua

vez, terão a opção de utilizar mais etanol ao invés da gasolina, para carros e

motocicletas bicombustíveis.

Embora haja um esforço atual de reduzir as emissões de combustíveis fósseis, o

etanol no Brasil é transportado principalmente por caminhões que rodam no diesel. O

sistema de dutos, alimentado por eletricidade, seria uma alternativa muito mais

favorável ao meio ambiente.

4.3.4. Imagem do Brasil

O desafio está apenas começando. O Brasil precisa provar para os investidores

estrangeiros que pode entregar grandes projetos de infraestrutura. A construção do

gasoduto é um de uma série de projetos importantes aos olhos dos investidores. O

sistema de dutos, por exemplo, depende do fornecimento de grandes projetos greenfield,

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gerando um risco considerável de atraso que teria um impacto no retorno previsto ao

investimento. O país terá várias oportunidades para mostrar ao mundo que pode

entregar a Copa do Mundo de 2014, Jogos Olímpicos de 2016, e as áreas de exploração

de petróleo do pré-sal. Esse projeto será um bom indicador da capacidade brasileira na

transição ao desenvolvimento econômico tão esperado durante tantos anos.

4.4. Conquistas e Contribuições

Visto que o EVTE realizado em 2010 e 2011 já se encontra em execução, os

autores desse trabalho sentem-se extremamente realizados em trazer alguns resultados

que já aconteceram, sentindo-se participantes, não únicos, mas fundamentais nessa

estória.

4.4.1. Criação da Empresa

Após meses de árduo trabalho que levaram a conclusão da viabilidade do projeto

analisado, a joint venture foi efetivamente elaborada. É com extrema satisfação que os

executores deste, sentem-se, ainda que parcialmente, responsáveis pela criação da

empresa Logum Logística S.A., fundada em primeiro de março de 2011. A empresa

teve 60% do seu investimento financiado pelo BNDES, e faz parte do Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC), elaborado pelo Governo Federal.

Figura 37: Logo da Logum

Fonte: Logum, 2011

A Logum é fruto de um projeto inovador do empresariado dos setores de

engenharia, energia e transporte para o setor de biocombustíveis. A infraestrutura, que

já encontra-se 40% construída, atravessará, em sua plenitude, 45 municípios e gerará

10.000 empregos, diretos e indiretos. Muitos desses empregos na construção e no

entorno dos terminais. Só para que se tenha uma ideia do impacto gerado, os principais

jornais do país (Valor, Folha de São Paulo e Globo) frequentemente noticiam sobre os

acontecimentos mais relevantes na execução do projeto.

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71

Figura 38: Fotos Construções

Fonte: Logum, 2012

Junção de diferentes setores econômicos, o projeto não chegaria às vias de fato

não fosse o laborioso esforço despendido por cada um de seus acionistas. A composição

acionária foi modificada algumas vezes, chegando ao seguinte resultado final - Camargo

Corrêa Construções e Participações (10%), Copersucar (20%), Raizen (20%), Odebrecht

Transport Participações (20%), Petrobras (20%) e Uniduto Logística (10%).

Figura 39: Divisão Acionária Atual

Fonte: Logum, 2014

Divisão Acionária Atual

Fotos Construções

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72

4.4.1. O Maior Álcool Duto do Mundo

Como visto nos primeiros capítulos, Brasil e EUA são os principais players do

mercado de biocombustíveis. Enquanto o Brasil apenas avaliava a viabilidade da

construção de um duto para transporte de etanol, os EUA, por sua vez, já possuem uma

estrutura semelhante desde 2009. Para balizarmos as conclusões alcançadas, uma

comparação com a dutovia americana foi realizada.

Figura 40: Comparação Álcool Duto Brasil Vs EUA

Fonte: Os Autores, 2013

O álcool duto americano transporta cerca de 13,9 milhões de metros cúbicos por

ano, cerca de 5% da produção daquele país, dos polos produtos em Mississípi e

Alabama para os polos consumidores em Virgínia e Carolina do Norte. Já o modal

brasileiro, transportará, quando tiver o seu ramp-up alcançado, 22,0. Isso significa que o

álcool duto brasileiro conduzirá 58% mais que o americano, tornando-se assim, o maior

do mundo.

Outra dimensão comparada é a distância percorrida por ambos. O duto

americano percorre uma distância total de 2.900 quilômetros, enquanto o brasileiro

apenas 1.800 quilômetros. Essa considerável diferença ajuda a entender porque o norte

americano foi construído primeiro. Quanto maior a distância percorrida entre produção

e consumo, menor é a viabilidade do produto, que já apresenta uma margem pequena

aos usineiros.

Capacidade (MM

m3/ano)

Comprimento (1.000

Km)

Investimento (Bi R$) Financiamento

Governo

Comparação Álcool Duto Brasil Vs EUA

Brasil EUA

2,9 6,8 80%

13,9 1,8

5,460%

22,0

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O último ponto analisado é o investimento inicial. Por ter uma maior extensão e

mão de obra mais cara, a estrutura americana custou 26% mais que a brasileira.

Todavia, o governo americano financiou 80% do projeto, enquanto o brasileiro apenas

60%. Isso reforça os argumentos iniciais que o Estado Americano reconhece a imensa

importância estratégica dos biocombustíveis, subsidiando diretamente a produção,

criando barreiras alfandegárias ao produto brasileiro e fortalecendo a estrutura

necessária ao mercado por meio de amplo financiamento.

4.4.1. Supply Chain Europe

Percebendo o alto grau de conhecimento técnico utilizado para execução do

projeto, a consultoria Visagio tinha a intenção de armazenar esse know-how, gerando

instrumentos que fossem utilizados para pesquisa em projetos futuros. Os realizadores

do trabalho foram convidados a escrever um artigo, em um prazo de um mês, sobre todo

conteúdo produzido durante o projeto.

Figura 41: Páginas da Supply Chain Europe

Fonte: Supply Chain Europe, 2011

Após a elaboração, o material foi enviado à algumas revistas relevantes do

segmento. A Supply Chain Europe, principal revista de logística da Europa, decidiu

publicar o conteúdo na edição de julho/agosto de 2011. Ter quatro páginas de trabalho

publicada em um dos periódicos mais relevantes do mundo é, sem dúvida, motivo de

grande orgulho para os autores deste trabalho. O interesse de outros países pelo tema

valida todas as tendências destacadas nos primeiros capítulos deste documento.

Páginas da Supply Chain Europe

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ANEXO A – Demonstrativo de Resultado de Exercício (DRE)

Categoria (R$MM) 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

(+) Receita Bruta com Rodocoleta - - 419 1.081 1.246 1.542 1.802 1.868 2.050 2.070 2.105

(-) Rodocoleta - - 219 350 341 413 473 485 522 523 518

(=) Receita Operacional Líquida - - 200 731 905 1.128 1.330 1.384 1.528 1.547 1.587

(+) Mark-Up - - - 7 6 7 8 8 8 8 8

(=) Receita Total Líquida - - 200 738 911 1.135 1.337 1.391 1.536 1.555 1.595

(-) Despesa Total - - 88 375 382 436 473 484 501 501 502

(-) Despesas Tarifas Hidro - - - 104 91 110 136 143 150 150 150

(-) Despesas Tarifas Terminal - - - 28 26 22 17 13 12 10 10

(-) OPEX Variável - - 9 32 40 58 70 75 84 85 86

(-) OPEX Fixo Terminal - - 19 45 53 66 71 74 76 76 77

(-) OPEX Fixo Duto - - 7 21 26 34 34 34 34 34 34

(-) Custos Administrativos - - 23 23 23 23 23 23 23 23 23

(-) Seguro Operacional - - 3 3 4 4 4 4 4 4 4

(-) Arrendamentos - - 25 117 117 117 117 117 117 117 117

(-) Aluguel de Faixa - - 1 1 1 1 1 1 1 1 1

(=) Lucro Operacional - - 112 363 529 699 865 907 1.035 1.054 1.093

(-) Depreciação - - 149 207 236 242 246 249 250 250 250

(=) EBITDA - - 0 265 409 494 638 667 789 805 844

(-) Juros Sobre Capital Próprio - - - - - 33 36 39 43 47 52

(-) IR/CSLL - - 0 90 139 157 205 214 254 258 269

(=) Lucro Líquido - - 0 175 270 337 433 454 535 548 575

(+) Depreciação - - 149 207 236 242 246 249 250 250 250

(-) CAPEX Construções 121 1.404 1.645 1.092 531 109 73 60 15 5 0

(-) CAPEX Lastro - - 99 91 61 16 2 1 2 0 0

(=) Fluxo de Caixa - 121 - 1.404 - 1.560 - 726 11 470 604 605 757 792 821

VPL - 121 - 1.300 - 1.337 - 576 8 320 381 353 409 396 380

VPL Acumulado - 121 - 1.421 - 2.758 - 3.334 - 3.327 - 3.006 - 2.626 - 2.273 - 1.864 - 1.468 - 1.088

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