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    CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGAMESTRADO EM MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

    GESTÃO AMBIENTAL EM CONCESSIONÁRIAS DEVEÍCULOS: UMA PROPOSTA DE OPERACIONALIZAÇÃO

    LUIZ HENRIQUE LOPES VILAS

    CARATINGAMinas Gerais - BrasilDezembro de 2006

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    CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGAMESTRADO EM MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

    GESTÃO AMBIENTAL EM CONCESSIONÁRIAS DEVEÍCULOS: UMA PROPOSTA DE OPERACIONALIZAÇÃO

    LUIZ HENRIQUE LOPES VILAS

    Dissertação apresentada ao CentroUniversitário de Caratinga, como parte dasexigências do Programa de Pós-Graduação emMeio Ambiente e Sustentabilidade, paraobtenção do título de Magister Scientiae.

    CARATINGAMinas Gerais - BrasilDezembro de 2006

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    LUIZ HENRIQUE LOPES VILAS

    GESTÃO AMBIENTAL EM CONCESSIONÁRIAS DEVEÍCULOS: UMA PROPOSTA DE OPERACIONALIZAÇÃO

    Dissertação apresentada ao CentroUniversitário de Caratinga, como parte dasexigências do Programa de Pós-Graduaçãoem Meio Ambiente e Sustentabilidade, paraobtenção do título de Magister Scientiae.

    APROVADA: 15 de dezembro de 2006.

    __________________________________ ___________________________________Prof.ª D.Sc. Rauda Lúcia N. C. Mariani Prof. D.Sc. Marcos Alves de Magalhães

    _______________________________________ _____________________________Prof. Ph.D. Luiz Cláudio Ribeiro Rodrigues Prof. D.Sc. Dawilson Lucato

    (Orientador) (Co-orientador)

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    ``...caso se integrem as preocupações relativasao meio ambiente e desenvolvimento e a elas

    se dedique mais atenção, será possívelsatisfazer as necessidades básicas, elevar onível da vida de todos, obter ecossistemas

    melhor protegidos e gerenciados e construirum futuro mais próspero e seguro. São metas

    que nação alguma pode atingir sozinha; juntos, porém, podemos em uma associação

    mundial em prol do desenvolvimentosustentável.``

    AGENDA 21, Capítulo1.

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    AGRADECIMENTOS

    Meus sinceros agradecimentos:À minha esposa JULIANA BYRRO VILAS e ao nosso filho IGOR BYRRO

    VILAS, grandes incentivadores;Aos meus pais e irmãos;Ao professor Dr. LUIZ CLAUDIO RIBEIRO RODRIGUES, pela orientação;Ao professor Dr. JOAQUIM FELÍCIO JUNIOR, pela orientação, pelas

    sugestões e pelos debates calorosos ;Ao professor Dr. DAWILSON LUCATO, cujo papel foi fundamental e

    pioneiro na orientação técnica deste trabalho;Ao Reitor do UNEC, Professor MSc. ANTONIO FONSECA;Ao Pró-Reitor do UNEC, Professor Dr. JOSÉ MARIA;Ao professor Dr. MARCOS MAGALHÃES;Aos engenheiros GIOVANE MONTESANO SCHETTINO e BRUNO

    MONTESANO SCHETTINO, diretores do grupo IPASOFT;À diretoria da ABRADIR, RANDON S.A SINCODIV-MG, FENABRAVE;Às concessionárias de veículos participantes dessa pesquisa;Aos colegas de pós-graduação e aos funcionários do UNEC pela convivência e

    apoio dado no decorrer do programa;A tudo e a todos que de alguma forma possibilitaram que eu pudesse aprender

    um pouco mais sobre várias coisas.

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    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1: Lista de localização das concessionárias de veículos avaliadas nesta pesquisa ...................................................................................................26

    TABELA 2: Documentação do Sistema de Gestão e Política Ambiental dasconcessionárias de veículos avaliadas na pesquisa .................................26

    TABELA 3: Razão para adoção de práticas ambientais apontadas pelasconcessionárias de veículos avaliadas nesta pesquisa ................................30

    TABELA 4: Indicação de etapas futuras da gestão ambiental apontadas pelasconcessionárias de veículos avaliadas na pesquisa .................................31

    TABELA 5: Investimentos futuros em gestão ambiental apontados pelasconcessionárias de veículos avaliadas na pesquisa ..............................32 TABELA 6: Dificuldades para soluções de problemas ambientais indicados pelas

    concessionárias de veículos avaliadas na pesquisa .................................33 TABELA 7: Responsabilidade da análise e decisões sobre o SGA nas

    concessionárias de veículos avaliadas na pesquisa.....................................34 TABELA 8: Indicadores de desempenho ambiental nas concessionárias de veículos

    avaliadas na pesquisa...............................................................................35 TABELA 9: Fontes de auditoria ambiental nas concessionárias de veículos avaliadas

    na pesquisa..................................................................................................36 TABELA 10: Análise pela administração nas concessionárias de veículos avaliadas

    na pesquisa...............................................................................................37 TABELA 11: Fases para implantação de um SGA em concessionárias de veículos .....48 TABELA 12: Fases para implantação de um SGA em concessionárias de veículos .....49 TABELA 13: Critérios pertinentes a serem observados em um sistema de gestão

    ambiental para concessionárias de veículos ............................................65 TABELA 14: Aspectos e impactos mais significativos nas concessionárias de

    veículos avaliadas na pesquisa ................................................................66 TABELA 15: Resíduos ambientais mais significativos nas concessionárias de

    veículos avaliadas na pesquisa ................................................................67 TABELA 16: Objetivos e metas a serem utilizadas em um sistema de gestão

    ambiental para concessionárias de veículos ............................................68 TABELA 17: Fases para implantação de um SGA em concessionárias de veículos .....68 TABELA 18: Fases para implantação de um SGA em concessionárias de veículos .....70

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    TABELA 19: Critérios para gestão da informação a serem utilizados em um sistemade gestão ambiental para concessionárias de veículos ............................76

    TABELA 20: Fases para implantação de um SGA em concessionárias de veículos .....77 TABELA 21: Fases para implantação de um SGA em concessionárias de veículos .....78 TABELA 22: Exemplo de monitoramento ambiental a ser utilizado em um sistema

    de gestão ambiental para concessionárias de veículos ............................79

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    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1: Perfil e distribuição das concessionárias de veículos no Brasil....................9 FIGURA 2: Elementos integrantes do Sistema de Gestão Ambiental de acordo com

    as normas ISO 14001..................................................................................16 FIGURA 3: Resíduos de serviços mais apontados pelas concessionárias de veículos

    avaliadas nesta pesquisa..............................................................................27 FIGURA 4: Geração de resíduos nas concessionárias de veículos avaliadas na

    pesquisa ...................................................................................................28 FIGURA 5: Diagnóstico atual dos aspectos ambientais das concessionárias de

    veículos avaliadas na pesquisa ................................................................29 FIGURA 6: Concessionárias certificadas pela ISO 14001.............................................39 FIGURA 7: Etapas do licenciamento ambiental.............................................................45 FIGURA 8: Fluxograma da oficina mecânica ................................................................64 FIGURA 9: Etapas do PDCA a serem observadas em um sistema de gestão

    ambiental para concessionárias de veículos ............................................70 FIGURA 10: Setores de oficina das concessionárias de veículos avaliadas na

    pesquisa ..................................................................................................51 FIGURA 11: Setores das concessionárias de veículos avaliadas na pesquisa................52 FIGURA 12: Geração de efluentes de lava jato nas concessionárias de veículos

    avaliadas na pesquisa...............................................................................62 FIGURA 13: Setor de lanternagem e pintura nas concessionárias de veículos

    avaliadas na pesquisa...............................................................................57 FIGURA 14: Resíduos mais comuns nas concessionárias de veículos avaliadas na

    pesquisa. ..................................................................................................58 FIGURA 15: Setores que provocam impactos nas concessionárias de veículos

    avaliadas ..................................................................................................63 FIGURA 16: Armazenamento de resíduos nas concessionárias de veículos avaliadas

    na pesquisa...............................................................................................59 FIGURA 17: Modelo de coletores utilizados para coleta de resíduos nas

    concessionárias de veículos avaliadas na pesquisa .................................61

    FIGURA 18: Processo de tratamento de resíduos em concessionárias. .........................75

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    RESUMO

    VILAS, Luiz Henrique Lopes. M.Sc., Centro Universitário de Caratinga, dezembro de2006. Gestão ambiental em concessionárias de veículos: uma proposta deoperacionalização. Professor Orientador: D.Sc. Luiz Cláudio Ribeiro Rodrigues. Co-orientadores: D.Sc. Joaquim Felício Júnior e D.Sc. Dawilson Lucato.

    O objetivo dessa pesquisa foi avaliar e descrever os procedimentos de gestão

    ambiental em 10 concessionárias de veículos, leves e pesados, do Leste Mineiro,localizadas nas cidades de Caratinga, Governador Valadares, Ipatinga, Timóteo eManhuaçu buscando subsídios para elaboração de uma proposta de operacionalização para o setor. A aquisição dos dados envolveu o preenchimento de questionários peladireção das empresas, bem como visitasin loco,identificando os principais aspectos,resíduos gerados, impactos e medidas ambientais adotadas de acordo com os termos edefinições das normas ABNT - NBR –ISO 14.001: 2004 e ABNT - NBR 10.004: 2004.Os aspectos e impactos ambientais mais comuns identificados são a geração de resíduoscontaminados com tintas, produtos químicos, óleos, graxas e derivados (papel, pano,lixa, estopa, embalagem, massa plástica), geração de efluentes (água, tintas e solventes,óleos e derivados), desperdício de energia e água, vazamento de produtos inflamáveis,corrosivos e perigosos, emissões de ruídos, emissão de material particulado, gases evapores poluentes. Os impactos mais significativos concentram-se na área de serviços eoficina das concessionárias, cujas atividades correspondem à área de solda,lanternagem, funilaria, pintura, manutenção, mecânica, e lavagem de veículos, motorese peças que resulta em geração de resíduos e efluentes que podem provocar

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    contaminação do solo, água e ar. As medidas ambientais atualmente adotadas pelasconcessionárias visam sanar os principais impactos ambientais e a atuação ocorre aolongo do processo produtivo. Mesmo com as atualizações na legislação e buscas pormelhorias nos processos de licenciamento ambiental, as concessionárias de veículosainda enfrentam muitas dificuldades para atender os aspectos legais. A falta de preparotécnico e conhecimento da legislação na preparação dos estudos para obtenção daslicenças ambientais e também no gerenciamento dos resíduos gerados são os principaisentraves. No estado de Minas Gerais existem poucas empresas licenciadas para receberresíduos gerados pelas concessionárias de veículos. Além disso normalmente a maioriadessas empresas licenciadas encontra-se distante do Leste Mineiro, implicando em umcusto considerável para transportar e para dispor os resíduos em local adequado. Talsituação induz o descarte irregular em lixões e terrenos baldios. Dentro deste contexto, ecom base nos problemas identificados levantados foi elaborada uma proposta de GestãoAmbiental para concessionárias de veículos, estruturada de acordo com a norma ABNT – NBR – ISO 14.001:2004. A proposta de gestão ambiental apresentada nessa pesquisavem suprir as necessidades técnicas do setor para adequação as Normas de Gestão, bemcomo contribuir com os orgãos licenciadores e/ou fiscalizadores comprometidos com a preservação ambiental.

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    ABSTRACT

    VILAS, Luiz Henrique Lopes. M.Sc., University Center of Caratinga, december, 2006.Environmental management in vehicles dealers: an operational model proposal.Adviser: D.Sc. Luiz Cláudio Ribeiro Rodrigues. Committée-Member: D.Sc. JoaquimFelício Júnior e D.Sc. Dawilson Lucato.

    The objective of this research was to evaluate and to describe the procedures of

    environmental management in 10 dealers of light and weighed vehicles, located in thecities of Caratinga, Governador Valadares, Ipatinga, Timóteo and Manhuaçu, MinasGerais State, for elaboration of an environmental proposal for the sector. Theacquisition of the data involved visits and the application of questionnaires with thecompanies managers, identifying the main aspects, generated residues, impacts andambient measures adopted in accordance with the terms and definitions of ABNT - NBR - ISO 14.001:2004 and ABNT – NBR 10.004:2004 norms. The most commonidentified aspects and environmental impacts were the chemical generation of residuescontaminated with inks, chemical products, oils, greases and derivatives (paper, cloth,sandpaper, packing, plastic mass), generation of effluents (solvent water, inks andsolvents, oils and derivatives), wastefulness of energy and water, leak of inflammable,corrosive and dangerous products, emissions of noises, dust, gas and vapors. The mostsignificant impacts concentrate in the area of services and workshop of the dealers,whose activities correspond to the area of weld, panel-beating, auto body, painting,maintenance, mechanics, and wash of vehicles, engines and parts that results ingeneration of residues and that can cause contamination of the ground, water and air.

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    The environmental measures currently adopted by the dealers aim to minimize the mainenvironmental impacts and the performance occurs throughout the productive process.

    Although the dealers of vehicles try to update in the legislation and search forimprovements in the processes of environmental licensing, they still face with manydifficulties regarding to the legal aspects. The absence of technical and legislationknowledge in the preparation of the environmental studies and generated residuesmanagement are the main impediments. In the state of Minas Gerais exist few licensedcompanies with receive and treat generated residues from vehicles dealers. Moreover,normally the majority of these companies are far, implying in a considerable transport

    cost. Such situation induces the illegal deposition of this material in inappropriate places. In this context and on the basis of the identified problems were elaborated a proposal of environmental Management for dealers of vehicles, structuralized inaccordance with ABNT – NBR – ISO 14.001:2004 norm. The proposal intends tosupply the technical necessities of the sector for adequacy to the management norms, aswell as to contribute with information for the environmental authorities.

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    CONTEÚDO

    PáginaLISTA DE TABELAS....................................................................................................VILISTA DE FIGURAS..................................................................................................VIIIRESUMO........................................................................................................................XABSTRACT.................................................................................................................XII

    1.1 APRESENTAÇÃO....................................................................................................1 1.2 OBJETIVOS............................................................................................................2 1.3 METODOLOGIA DE TRABALHO..............................................................................2 GESTÃO DE CONCESSIONÁRIAS DE VEÍCULOS....................................................5 2.1 OSETOR AUTOMOTIVO NOBRASIL.......................................................................5 2.2 CONCESSIONÁRIAS DE VEÍCULOS NOBRASIL........................................................8 2.3 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL......................................................................12 2.4 I NTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO...............................................................20 GESTÃO AMBIENTAL EM CONCESSIONÁRIAS NO LESTE MINEIRO ................25 3.1 PROCEDIMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL..........................................................25 3.2 IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS ASPECTOS, IMPACTOS E RESÍDUOS....................37 3.3 PROCEDIMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL EM CONCESSIONÁRIAS CERTIFICADAS38 3.4 LEVANTAMENTO DAS EXIGÊNCIAS PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL...........42 PROPOSTA DE GESTÃO AMBIENTAL PARA CONCESSIONÁRIAS DE VEÍCULOS

    47 4.1 PROCEDIMENTOS DE ACORDO COM A NORMA NBR ISO 14001: 2004................47 4.2 FASEI – CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA...........................................................48 4.3 FASEII – CONHECIMENTO DA REALIDADE AMBIENTAL DA CONCESSIONÁRIA E

    SUAS PRINCIPAIS NECESSIDADES.........................................................................49 4.4 FASEIII – PLANEJAMENTO PARA MELHORIA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

    50 4.5 FASEIV – IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS.............69 4.6 FASEV – GESTÃO DA ROTINA AMBIENTAL NA CONCESSIONÁRIA.......................75 4.7 FASEVI – IMPLANTAÇÃO DE UMSISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NA

    CONCESSIONÁRIA...............................................................................................77 CONCLUSÃO..............................................................................................................81 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................86

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    ANEXOS......................................................................................................................90 ANEXO 1: QUESTIONÁRIO PARA SER APLICADO EM CONCESSIONÁRIAS DE VEÍCULOS90 ANEXO 2: I NFORMAÇÕES SOBRESISTEMA DEGESTÃOAMBIENTAL..........................97 ANEXO 3 – COMITÊ AMBIENTAL.............................................................................103

    ANEXO 4 – AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS................................................114

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    1 INTRODUÇÃO

    1.1 Apresentação

    O presente trabalho de dissertação de Mestrado desenvolveu-se no âmbito doPrograma de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade (PPGMAS), Cursode Mestrado Profissionalizante do Centro Universitário de Caratinga-MG (UNEC).

    Representa um projeto de cooperação técnico-científica entre o PPGMAS/UNEC comas empresas do Grupo Randon, com a Associação Brasileira dos Distribuidores Randon(ABRADIR), com o Grupo Ipasoft, com a Federação Nacional da Distribuição deVeículos Automotores (FENABRAVE), com o Sindicato dos Concessionários deVeículos de Minas Gerais (SINCODIV-MG) e com o Centro de EngenhariaAeronáutica, Automotiva, de Trânsito e Transportes (CEATRAN). O suporte financeirofoi dado em parte pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais(FAPEMIG).

    A partir de uma análise do quadro atual da gestão ambiental em concessionáriasde veículos no denominado Leste Mineiro elabora-se uma proposta de gerenciamentodo setor, com base na norma ambiental NBR ISO 14001:2004 (ABNT, 2004).

    Segundo dados do INMETRO (2006), apenas três das mais de 4.500concessionárias de veículos existentes no país possuem um Sistema de GestãoAmbiental (SGA) com certificação ISO 14001, o que estimula o desenvolvimento deuma proposta com base na referida norma, e que possa ser implantada nasconcessionárias com maior agilidade e facilidade. O fato desta pesquisa fundamentar-se

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    na série ISO 14000 pauta-se na sua ampla difusão no Brasil e em sua compatibilidadecom outras normas de gestão existentes.

    O trabalho justifica-se pela abordagem de aspectos com o quais o segmentoeconômico do setor automotivo está extremamente preocupado, não dispondo,entretanto de produtos e serviços para atender às demandas. É esperado que nos próximos anos o setor direcione esforços e altos investimentos para o tema em questão.

    1.2 Objetivos

    Os objetivos do trabalho são:

    1 Avaliar e descrever os procedimentos de gestão ambiental nas três únicasconcessionárias certificadas atualmente pela Norma ISO 14001 e em 10concessionárias de veículos do Leste Mineiro localizadas nas cidades deCaratinga, Governador Valadares, Ipatinga, Timóteo, Manhuaçu;

    2 Identificar os principais aspectos e impactos ambientais, assim como asmedidas ambientais ou ações mitigadoras adotadas pelas concessionárias de

    veículos analisadas;3 Elaborar uma proposta de Gestão Ambiental para concessionárias de

    veículos, estruturada de acordo com a norma ABNT NBR ISO 14001: 2004.

    1.3 Metodologia de trabalho

    A metodologia de trabalho envolveu quatro etapas: (1) revisão da literatura, (2)levantamentos de campo, (3) análise e interpretação dos dados, (4) elaboração da proposta de gestão ambiental.

    1.3.1 Etapa I – Revisão da Literatura

    A Etapa I compreendeu os levantamentos bibliográficos referentes ao tema

    buscando a obtenção de informações existentes na literatura pertinente. Para oentendimento do processo da gestão ambiental em concessionários de veículos foi

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    necessária uma reflexão sobre a questão ambiental no setor, enfocando a suaimplantação e o funcionamento do sistema proposto. Foram consultados os acervos demontadoras de veículos e seus concessionários, da Fundação Estadual do Meio

    Ambiente de Minas Gerais (FEAM), e de bibliotecas de instituições de ensino superior.

    1.3.2 Etapa II – Levantamentos de Campo

    Os levantamentos de campo foram agrupados em duas fases. Inicialmente foramrealizadas entrevistas em concessionárias de veículos de cidades-polo selecionadas doLeste Mineiro: Caratinga, Governador Valadares, Ipatinga, Timóteo, Manhuaçu. Em

    cada uma das cidades foram selecionadas duas concessionárias independente da marca ede seus sistemas de gestão ambiental (formalizados ou não) totalizando dezconcessionárias. Durante as entrevistas, a direção das empresas recebeu para preenchimento um questionário estruturado alinhado à norma NBR ISO14001(Anexo 1), voltado para a caracterização da situação do Sistema de Gestão Ambiental(SGA) existente nas empresas, ou seja, identificando os aspectos e impactos, resíduosgerados, legislação, etapas futuras da gestão ambiental, indicadores de desempenhoambiental adotados e medidas ambientais utilizadas para minimizar os impactos, entreoutras. Posteriormente, de acordo com a agenda das concessionárias, realizou-se umavisita às instalações de todas as empresas, para observação e questionamentoin loco dositens abordados no questionário.

    Na segunda fase foram pesquisados as três concessionárias de veículoscertificadas pela norma NBR ISO14001 no Brasil: Maggi Motors, Motors Shopping eKyoto Star Motors, localizadas em Itu-SP, Ribeirão Preto-SP e Brasília-DF,respectivamente. Estas concessionárias constituíram uma amostra comparativaimportante para essa pesquisa, visto que existe uma similaridade universal de processos,matérias-primas, produtos e resíduos gerados entre concessionários de veículos.

    1.3.3 Etapa III –Análise e interpretação dos dados

    A Etapa III consistiu na análise e interpretação de dados dos questionáriosaplicados na etapa II. As abrangências das medidas ambientais foram avaliadas

    mediante a aplicação da norma ISO 14001, fontes primárias provenientes de material

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    coletado durante as visitas a concessionárias e montadoras e também fontes secundárias.Para a análise dos dados coletados foi utilizado osoftware SPSS 10.0.

    Nesta etapa também foram realizadas a identificações dos instrumentos de GestãoAmbiental existentes nas concessionárias e a sua utilização pela alta administração.Posteriormente foi feita a verificação do procedimento existente para licenciamentoambiental em concessionárias de veículos, bem como a aplicação das normas edeliberações das instituições ambientais estaduais e federais.

    1.3.4 Etapa IV – Elaboração de uma proposta de Gestão Ambiental

    Com base nas informações obtidas elaborou-se uma proposta de GestãoAmbiental alinhada à ISO 14001, estabelecendo a sua aplicação em módulos, paratornar mais prática sua implantação.

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    2 GESTÃO DE CONCESSIONÁRIAS DE VEÍCULOS

    2.1 O setor automotivo no Brasil

    2.1.1 Histórico

    A partir da década de 40, o Brasil iniciou através de suas políticas públicas dedesenvolvimento a implantação de indústrias como a Companhia Siderúrgica Nacional(CSN), a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a Fábrica Nacional de Motores(FNM), a PETROBRAS e o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).Este processo prosseguiu com o Plano de Metas lançado em 1956, que contemplavagrandes investimentos nas áreas de saúde, energia, transporte, educação, alimentação eindústrias de base (Morais, 1999).

    Desses investimentos, 70% foram concentrados no setor de transportes e energia,que, aliado ao lobby das multinacionais fabricantes de veículos, direcionou a matriz de

    transportes para o modal rodoviário, tornando as rodovias o principal fator de integraçãonacional, e abandonando a opção do modal ferroviário pelo seu alto custo (Morais,1999). No transporte rodoviário adquiria-se o veículo, o qual era imediatamenteutilizado no trabalho, não importando a conclusão ou não da estrada de rodagem. Tal procedimento não era possível de ser realizado com o transporte ferroviário que exigia acompra de locomotivas, vagões e construção de ferrovias. Desde então os veículosautomotivos passaram a estar cada vez mais presentes em nossas vidas atingindo as

    localidades mais remotas, levando e trazendo mercadorias e pessoas (Vilas, 1992).

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    De meados da década de 60 até o início da década de 70, com o crescimento doProduto Interno Produto (PIB) a produção gerada pelas indústrias foi escoada basicamente em sua totalidade pelo transporte rodoviário, propiciando um crescimentoespetacular na produção e venda de veículos comerciais para o transporte de cargas e passageiros (Morais, 1999).

    O primeiro choque do petróleo em 1973, seguido pelo segundo em 1979 provocourecessão e crise no abastecimento de combustível a nível mundial, contribuindo parauma mudança drástica na relação entre os consumidores e o setor automotivo devido auma demanda por veículos mais econômicos e compactos. Assim, as montadoras,lideradas pelas japonesas, reprojetaram seus veículos usando motores mais eficazes emenos poluentes e materiais mais leves e duráveis feitos de componentes recicláveis(Larica, 2003).

    No Brasil, as duas crises refletiram no desaquecimento da economia e setraduziram também na mudança da matriz do combustível de veículos comerciais degasolina para diesel (ANFAVEA, 2006).

    Na década de 80, diante do crescimento da economia japonesa e dodesenvolvimento de inovações tecnológicas para novos veículos, agora projetados paraserem econômicos, funcionais e eficientes, a indústria automotiva foi inteiramente

    redimensionada pelos novos processos produtivos e pela globalização da economiamundial (Arbix e Veiga, 2003).

    Para Alvarez et al. (2002), durante os anos 90, caracterizados pelas fusões ealianças, e com a economia mais flexível em todo mundo, a indústria de veículossinalizou que estava definitivamente incorporando as práticas de racionalização eredução dos custos, desverticalizando e intensificando os processos automatizados na produção que contribuíram para a seleção de fornecedores através de certificações de

    gestão da qualidade e meio ambiente.

    2.1.2 Importância do Setor

    A indústria automobilística é um setor de grande impacto mundial. Por ano, maisde 60 milhões de veículos são fabricados no mundo (OICA, 2005). Sua principalcaracterística é a amplitude do raio de ativações econômicas e sociais entre si e nos

    segmentos de fornecedores, distribuidores e afins, promovendo e enriquecendo, porexemplo, as práticas em gestão, processos, produtos, relações com trabalhadores e

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    consumidores (Arbix e Veiga, 2003).Especificamente no Brasil, o setor automotivo participa de forma expressiva na

    economia, representando mais de 13,5 % do PIB industrial e gerando mais de 1.300.000empregos diretos e indiretos e com capacidade produtiva de 3,2 milhões de veículos porano (ANFAVEA, 2006). Um dos aspectos desse esforço reside em que, do total de 48unidades que compõem o parque automotivo, sediado em sete unidades da Federação eem 27 municípios, 22 foram inaugurados no período 1996-2002 (ANFAVEA, 2006).

    Adicionalmente, essas empresas, nacionais ou filiais de multinacionais, têmdesenvolvido localmente produtos e processos não apenas para os mercados locais outradicionais de exportação, mas para mercados maduros e mais exigentes como Europae Estados Unidos. O crescimento das empresas automotivas do mercado nacional querepresentam a maioria de receitas do setor tem sido uma constante nos últimos 10 anos(Randon, 2006).

    Essas empresas estão ganhando participação de mercado ao tomar a posição deoutros fornecedores ou ao vender sistemas de maior valor agregado. A expansão dareceita tem sido também derivada de programas de fusões, de reestruturações internas ede programas de plataformas de exportação, que são características das estratégias damaioria dos grandes fornecedores (Randon, 2006).

    Segundo Arbix e Veiga (2003) as características gerais do relacionamento entrefornecedores e montadoras está se formatando ao longo dos anos e vem aperfeiçoando-se à medida que a concorrência, agora internacional, têm-se acirrado. A maioria dasmontadoras reorganizou os seus processos de compras no meio da década de 90, criandounidades globais especializadas para centralizar as atividades de pesquisa,desenvolvimento e credenciamento de fornecedores mundiais. Em particular, no períodocompreendido entre 1994 e 2002 observa-se um elevado nível de investimentos do setor

    automobilístico brasileiro e também a busca por novas maneiras de operação do negócioem função principalmente da globalização, da evolução da informática e doestabelecimento da internet na gestão das empresas.

    Da mesma forma, observou-se a criação de novas fábricas para serem plataformasde exportação de tecnologias e produtos capazes de atender ao mercado mundial,utilizando-se da crescente tecnologia da informação, o que de fato deu suporte a umacentralização de operações entre matriz e filiais e criou uma sincronia no processo de

    seleção de fornecedores de determinados produtos (AEA 2006).

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    2.2 Concessionárias de veículos no Brasil

    2.2.1 Quadro atual

    O Brasil tornou-se plataforma mundial de exportação de veículos e peças e possuimais de 4500 concessionários em atividade (Figura 1). Os reflexos das mudançasrealizadas na indústria automobilística foram significativos sobre as concessionárias deveículos, formada por empresas bastante semelhantes em termos de capacitaçãotecnológica, gestão e padrões de qualidade e produtividade, que sofreram pressões parase capacitarem no sentido de permanecerem como parceiras das montadoras.

    Para Larica (2003) as novas exigências do mercado com o aumento dos requisitos

    de garantia da qualidade, a redução no tempo de desenvolvimento de produtos paraatender a novos modelos e marcas, consumidores mais exigentes, mercado globalizadoe a redução drástica do número de fornecedores pelas montadoras gerando novosarranjos de relacionamento foram alguns dos aspectos que mais influíram no dia a diadas concessionárias. A instalação de novas montadoras e a seleção de novasconcessionárias para ocupar áreas operacionais que não estavam sendo atendidastambém serviu de pressão para as exigências de preço, qualidade e garantia.

    Dessa forma, seguindo uma tendência mundial de gestão, as estratégias adotadas pelas montadoras quanto à redução do número de concessionárias ineficientes e àoperação com poucos fornecedores participantes no desenvolvimento do veículo foramimportantes para o aumento da competitividade com a instalação de novas montadoras eo uso de plataformas comuns de exportações (Santos, 2000).

    Observa-se que todas essas mudanças auxiliaram no despertar da conscientizaçãosobre as questões ambientais associadas, incluindo: consumo de combustível, poluição

    do ar, ruído, destino das sucatas, carcaças de veículos que não podem ser mais úteis, peças usadas e resíduos diversos (Larica, 2003).

    Philippi Jr. (2000) cita diversos outros fatores que influenciam as empresas paraadoção de posturas ambientalmente responsáveis, tais como a percepção das vantagensem termos competitivos, a melhoria na imagem perante a sociedade e a redução decustos dos seus processos produtivos, mediante à adoção de programas de gestãoespecíficos, voltados para a solução de problemas decorrentes dos impactos ambientaisdesses processos, incluindo a racionalização no consumo de recursos e minimização deresíduos, gerando assim uma ação com resultados eco-eficientes.

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    FIGURA 1: Perfil e distribuição das concessionárias de veículos no Brasil. Fonte:

    FENABRAVE (2006).

    Os consumidores cada vez mais exigentes e esclarecidos sobre leis cada vez maisrigorosas forçaram as montadoras e sua rede de concessionárias, fornecedores, fábricasde autopeças, transportadoras a inovarem tecnologicamente para poderem atingir umdesempenho ambiental cada vez maior (Almeida, 2002).

    Evoluindo nesse cenário, custo e inovação tecnológica ganham importância paraque possa ser atingido o desempenho desejado. Em alguns mercados, um melhordesempenho pode significar um diferencial competitivo, tais como motores multi-combustíveis, mudanças nas dimensões e capacidade de carga dos veículos eimplementos, combustíveis alternativos, materiais recicláveis. Em outros, pode sernecessário para sobrevivência, incluindo motores 100% eletrônicos, gases ecológicos para ar condicionado sem CFC, lonas de freio sem amianto, ou um mero luxo que poucos estão dispostos a pagar, como veículos híbridos elétricos e a hidrogênio(Rifkin, 2003).

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    Observa-se também uma maior atuação das montadoras nas melhorias necessáriasde infra-estrutura para a coleta e disposição de resíduos, no tratamento de efluentes, nosincentivos para racionalizar e reutilizar o consumo de água, na conservação de energia,nos incentivos a pesquisa e á adoção de novas tecnologias (Vilas et al, 2005).

    Para Mota (2001) o que antes era uma um setor marginalizado na empresa,representado pelo lixo, resíduos em geral e sucatas, transformou-se em umaoportunidade para reduzir, reutilizar e reciclar quando é analisado sob a ótica da gestãoambiental.

    2.2.2 Especificidades e organização

    Uma concessionária de veículos é uma empresa varejista de veículos automotores,reconhecida por uma legislação específica e definida legalmente como uma categoriaeconômica. Embora exista uma lei específica que regulamenta o relacionamento entre aconcessionária e a montadora, a concessionária é quem faz o contato do cliente com amarca. Nomeada mediante um contrato de concessão comercial por uma montadora deveículos, a concessionária, também chamada de distribuidor, é responsável peladistribuição de veículos de uma determinada marca ou bandeira, pela assistência

    técnica, denominada de pós-venda e pela venda varejista de peças desta mesma marca.O contrato de concessão de uma concessionária de veículos e a relação da

    montadora com o seu distribuidor são regulamentados pela Lei n. 6.729, de 28.12.1979(BRASIL, 1979). Em 26.12.90 foi aprovada a Lei n. 8.132, que introduziu algumasalterações na Lei n. 6.729. O objetivo da lei é proteger os concessionários de veículosestabelecendo regras segundo as quais seja preservado os seus direitos perante asmontadoras. Toda venda direta terá que ser feita pela rede de concessionários nomeados

    (Barreto, 2003).As concessionárias de veículos, de um modo geral, são organizadas em vários

    departamentos. As concessionárias estudadas estão também organizadas desta forma,tendo basicamente: a) Departamento de Venda de Veículos (novos e usados) b)Departamento de Assistência Técnica e Serviços Pós-Vendas c) Departamento de Peçase Almoxarifado d) Departamentos Administrativo e Financeiro (Barreto, 2003).

    O Departamento de Vendas de Veículos é o departamento responsável pelas

    vendas. Praticamente não geram resíduos significativos. No caso de veículos usados, osmesmos são encaminhados para revisão pelo departamento de assistência técnica,

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    aonde, dependendo dos problemas encontrados, podem muitas vezes gerar resíduoscomo óleo, resíduos de serviços, abrasivos, efluentes.

    O Departamento de Assistência Técnica e Serviços é o departamento responsável pelo serviço de pós-venda ou de manutenção dos veículos. Deve ser procurado pelocliente quando desejar fazer algum tipo de reparo no seu automóvel. Este departamentoé composto por um gerente de assistência técnica, uma equipe de consultores técnicos,um chefe de oficina, mecânicos e ajudantes de mecânica. A concessionária de veículos presta serviços em todas as áreas da assistência técnica. São elas: mecânica (executaconsertos mecânicos); elétrica (executa consertos nos componentes eletroeletrônicos);funilaria (repara danos e substitui peças provocadas por colisões); pintura (pinta as partes reparadas e substituídas na funilaria); capotaria (conserta e substitui as partesinternas dos veículos, como vidros, borrachas, estofamentos). Para cada atividade acimareferida existe um profissional qualificado e treinado para a execução do serviço, porexigência da montadora. Ao chegar, o cliente é recebido pelo consultor técnico, queexerce também a função de vendedor de serviços e peças. Ele, teoricamente, deveráfazer o diagnóstico do defeito do veículo e encaminhá-lo para a equipe de mecânicosque irá proceder os reparos. A maioria dos veículos ao dar entrada na oficina está emcondições de trafegar.

    O Departamento de Peças e Almoxarifado trabalha com a venda de peças dereposição para os veículos bem como para as oficinas não autorizadas. Dentro daconcessionária, o negócio de peças de reposição está ligado ao Departamento deAssistência Técnica. Tanto que algumas concessionárias adotam um único gerente paraas áreas de assistência técnica e peças (Pós-vendas). A equipe deste departamento vende peças para outras oficinas, de forma que elas possam atender os clientes da marca queoptaram por consertar seu veículo fora da concessionária autorizada. Também realiza

    vendas no chamado balcão de peças, onde os clientes fazem pessoalmente as suasaquisições. Os mecânicos da oficina não compram peças. Eles as requisitam no balcãodo departamento que dá acesso à oficina.

    Os Departamentos Administrativo e Financeiro compõem as áreas de suporte dasoperações comerciais da concessionária. Incluem-se os setores de Contas a Pagar eContas a Receber, Tesouraria e Caixas, Contabilidade, Departamento de Pessoal, Centrode Processamento de Dados e Serviços Gerais. Essas áreas são similares na maioria dos

    concessionários de veículos, sendo coordenada por um gerente administrativo efinanceiro. Esses departamentos são considerados departamentos pouco poluidores. Os

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    sistemas de informática integrados são utilizados para gestão da concessionária. Os programas surgiram da necessidade de consolidar os controles de gestão das operaçõescomerciais dos vários departamentos da empresa, tais como contas a pagar, contas areceber, elaboração e pagamento da folha de pessoal, pagamento de tributos com baseem cálculos diversos e específicos para o segmento e controle de estoques diversos.

    2.3 Sistemas de gestão ambiental

    Como mencionado anteriormente, é perceptível a atual prática ambiental adotada pelas montadoras em geral, e que consiste em dar tratamento e disposição aos resíduosgerados. Neste sentido, as empresas deveriam buscar alternativas que atuem na reduçãodo resíduo gerado e em seu reaproveitamento e, adotando inclusive novos critérios paraa seleção de matéria-prima e tecnologia, ou seja, implementar um sistema de gestãoambiental (SGA).

    Um sistema de gestão ambiental é parte de um sistema global de gestão que provêordenamento e consistência para que as organizações abordem suas preocupaçõesambientais, através da alocação de recursos, definição de responsabilidades e avaliação

    contínua de práticas, procedimentos e processos, voltados para desenvolver,implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental estabelecida pela empresa (ABNT, 2004).

    É interessante que a gestão ambiental seja abrangente e inclua desde os problemaseconômicos e sociais até os da organização e os de seus colaboradores, passandoinclusive pelos aspectos ligados ao setor industrial envolvido. Também são analisadasas interfaces do modelo de sistema de gestão ambiental com os modelos de sistemas de

    gestão da qualidade com a finalidade de apontar as similaridades que justificam a opção pela integração destes sistemas nas empresas.

    Para organizar e operar o sistema de gestão das empresas surgiram ferramentasgerenciais através das normas para gestão ambiental.

    De acordo com a NBR ISO 9000:2000 (ABNT, 2000), sistema de gestão é oconjunto de elementos inter-relacionados ou interativos, voltados ao estabelecimento da política e objetivos da empresa, bem como ao alcance destes objetivos. Considerando-

    se, portanto, como sendo a maneira pela a qual uma empresa gerencia seus processos ouatividades, tendo bem estabelecidos seus objetivos e princípios.

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    Complementa-se que o sistema de gestão ambiental é uma estruturaorganizacional, a qual recomenda-se que seja periodicamente monitorada e analisadacriticamente, a fim de que as atividades ambientais da organização possam ser dirigidas

    eficazmente e respondam às mudanças de fatores internos e externos. É aindarecomendado que cada pessoa da organização conheça e assuma suas responsabilidadesquanto a melhorias ambientais (ABNT, 2004).

    Para justificar a normalização de sistemas de gestão, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) relaciona dois tipos de benefícios (ABNT, 2002). Osqualitativos, que permitem utilizar adequadamente os recursos (equipamentos, materiaise mão-de–obra), uniformizar a produção, facilitar o treinamento da mão de obra,

    melhorando seu nível técnico, registrar o conhecimento tecnológico, e facilitar acontratação ou venda de tecnologia. E os quantitativos, que permitem reduzir oconsumo de materiais e desperdícios, padronizar componentes, padronizarequipamentos, reduzir a variedade de produtos, fornecer procedimentos para cálculos e projetos, aumentar a produtividade, melhorar a qualidade e controlar processos.

    2.3.1 Normas ambientais

    Os princípios para a gestão ambiental internacionalmente conhecidos estãodescritos na série de normas ISO 14000, na norma inglesa BS 7750, na européia EMAS(Eco-Management and Audit Scheme). O fato de esta pesquisa fundamentar-se na sérieISO 14000 justifica-se devido à sua ampla difusão no Brasil e à compatibilidade comoutras normas de gestão existentes.

    De acordo coma Internacional Orgarnization for Standardization (ISO), normas podem ser definidas como “acordos documentados, constituídos de especificaçõestécnicas ou outros critérios estabelecidos para serem usados coerentemente como regras,orientações, ou definições de características, para assegurar que materiais, produtos e processos e serviços estejam estritamente aptos ao seu propósito” (ISO, 1996). Umanorma ambiental é a tentativa de homogeneizar e padronizar conceitos, ordenaratividades e criar procedimentos que sejam reconhecidos por aqueles que estejamenvolvidos em alguma atividade produtiva que gere impacto ambiental. As normaselaboradas pela ISO não possuem valor normativo, ou seja, não possuem caráter de

    obrigatoriedade. O desenvolvimento desse tipo de norma responde às recentes

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    exigências de um desenvolvimento sustentável da comunidade internacional (Almeidaet al., 2004).

    A série ISO 14000 compõe-se por várias normas, as quais podem ser separadasnas seguintes áreas: auditoria ambiental e outras investigações ambientais relacionadas,avaliação de desempenho ambiental, selo ambiental, análise do ciclo da vida, aspectosambientais dos produtos, termos e definições.

    Os documentos pertencentes à série ISO 14000 aplicam-se genericamente a todasas organizações e distinguem-se em seu contexto de aplicação. Do ponto de vistaorganizacional, são adotados os documentos relativos ao sistema de gestão ambiental,auditoria ambiental e análise de desempenho ambiental. Já os documentos paradeclarações e requisitos ambientais e para análise de ciclo de vida são aplicados a produtos e serviços.

    2.3.2 NBR ISO 14001:2004 ‘Sistemas de gestão ambiental -Especificação e diretrizes para uso’

    O objetivo da norma ISO 14001:2004, ao especificar os requisitos relativos a umsistema de gestão ambiental, é orientar as organizações na formulação de suas próprias

    políticas e objetivos, considerando os requisitos legais e as informações referentes aosseus impactos ambientais significativos. A norma aplica-se aos aspectos ambientais que podem ser controlados pela organização e sobre os quais se presume que ela tenhainfluência. A conformidade da empresa com os requisitos da norma deve serdemonstrável a terceiros para fins de certificação (ABNT, 2004).

    A norma específica que orienta a implantação de sistemas de gestão ambientalauditáveis é a ISO 14001. A primeira versão da norma surgiu em 1996 e foi revista em

    2004. No Brasil esta norma, sua revisão e as demais normas da família ISO 14000foram traduzidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sendoconhecidas como NBR ISO 14000.

    Os requisitos da gestão ambiental propostos pela ISO 14001 implicam nanecessidade de conceituar os termos ‘ aspectos ambientais’ e ‘impactos ambientais ‘.Assim, conforme a ABNT (2004), entende-se por aspecto ambiental “o elemento dasatividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meioambiente” e por impacto ambiental “qualquer modificação do meio ambiente, adversaou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de

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    uma organização”. Ou seja, aspecto e impacto ambiental guardam entre si uma relaçãode causa e efeito.

    A resolução CONAMA nº 001/86 (BRASIL, 1986) conceitua o impacto

    ambiental como sendo qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energiaresultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, asegurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; as condiçõesestéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais.Considera-se, portanto os impactos ambientais como sendo as conseqüências dosaspectos ambientais decorrentes das atividades desenvolvidas pelas empresas.

    Para Cajazeira (1998) e Valle (2002), a norma ISO 14.001 possui caráter de pró-atividade, sendo o seu foco na ação e no pensamento pró-ativo, em lugar de reação acomandos e políticas de controle do passado. E também na abrangência envolvendotodos os membros da organização na proteção ambiental, levando em conta osstake-holders (clientes, funcionários, acionistas, fornecedores e sociedade) além disso, serutilizada por qualquer tipo de organização, industrial ou de serviço, independente de porte ou ramo de atividade.

    Desta maneira, o sistema de gestão ambiental propõe a estrutura para que asempresas possam alcançar a melhoria na velocidade e amplitude por elas determinadas.Embora sejam esperadas melhorias no desempenho ambiental, entende-se que o sistemade gestão ambiental seja apenas uma ferramenta auxiliar para a organização atingir, esistematicamente controlar, o nível de desempenho ambiental por ela mesmaestabelecido.

    Ribeiro (2005) conclui que a ISO 14.001 é uma norma de sistema que reforça oenfoque no aprimoramento da proteção ambiental pelo uso de um único sistema degerenciamento permeando todas as funções da organização, não estabelecendo padrõesde desempenho ambientais. Os princípios enunciados possibilitam o estabelecimento deuma visão integrada da gestão ambiental numa organização, embora seus enunciadosapresentem um caráter amplo, eles possibilitam o embasamento de linhas de açãointegradas, as quais levam a operacionalização do sistema de gestão ambiental.

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    2.3.3 Implantação de sistemas de gestão ambiental (SGA) segundo anorma NBR ISO 14.001

    Um Sistema de Gestão Ambiental de acordo com as normas ISO 14001 tem entre

    seus elementos integrantes uma política ambiental, o estabelecimento de objetivos emetas, o monitoramento e medição de sua eficácia, a correção de problemas associadosà implantação do sistema, além de sua análise e revisão como forma de aperfeiçoá-lo,melhorando desta forma o desempenho ambiental geral (Maimon, 1999) (Figura 2).

    Fonte: ABNT (2004)

    FIGURA 2: Elementos integrantes do Sistema de Gestão Ambiental de acordo com as

    normas ISO 14001.

    A idéia de aperfeiçoamento é central para a questão ambiental em sua abordagemsistêmica, tendo-se em mente a complexidade em que se encontra inserida, o quedemanda contínua adaptação a novos elementos que surgem. Conforme citadoanteriormente, o sistema de gestão ambiental apresenta-se como um processoestruturado que possibilita a melhoria contínua, num ritmo estabelecido pelaorganização de acordo com suas circunstâncias, inclusive econômicas (Valle, 2004).

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    As possibilidades oferecidas por configurações de implantação de SGAadaptáveis, vão ao encontro das necessidades das organizações, principalmente emvirtude da multiplicidade de contextos socioeconômico-ambiental que as mesmasenfrentam. Apesar de a adoção e implantação de formas sistemáticas de gestãoambiental ter o potencial de proporcionar excelentes resultados a todas as partesenvolvidas, não existe garantia de que resultados ambientais excelentes sejamefetivamente alcançados.

    Assim sendo, o simples implemento e operação do sistema de gestão ambientalnão resulta, necessariamente, na redução imediata de impactos ambientais adversos.Salienta-se que a norma em si não prescreve critérios específicos de desempenhoambiental (ABNT, 2004).

    Para que sejam atingidos os objetivos de qualidade ambiental, o sistema de gestãoambiental deve estimular as organizações a considerar a adoção de tecnologiasdisponíveis, levando em consideração a relação benefício/custo das mesmas(Donaire, 1999).

    Frente à questão da implantação de sistemas de gestão ambiental, a norma da sérieISO 14001 tem se apresentado como um novo elemento no panorama gerencial dasorganizações. Dentro da lógica gerencial, há razões estratégicas para o vertiginoso

    aumento do número de empresas, aderindo a ISO 14001 anualmente.Cada vez mais, existe uma tendência mundial de buscar-se a melhoria no processo

    de gestão ambiental, a qual, por sua vez, deixou de ser uma função complementar dasoperações empresariais. Para muitas empresas pró-ativas, a gestão ambiental tornou-seuma questão estratégica, e não uma questão de atendimento a exigências legais. A ISO14001 proporciona um amplo quadro contextual para a implantação de uma gestãoambiental estratégica (Donaire, 1999).

    A preocupação com uma abordagem estratégica reflete a necessidade de dar agestão ambiental um papel abrangente no contexto organizacional, proporcionando umarcabouço que subsidie e oriente suas várias iniciativas em relação a uma ampladiversidade de variáveis contextuais relacionadas. O papel estratégico da ISO 14001resulta da própria forma com que ela foi estruturada. Isso acaba evidenciando-se atravésda Norma ISO 14004, a qual estabelece os princípios de um sistema de gestão ambiental(ABNT, 2004).

    Para atender aos Requisitos do SGA é fundamental a extrema necessidade docomprometimento da alta administração com a realização de avaliação ambiental inicial

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    desempenho de seus produtos e serviços em ralação à abordagem de ciclo de vida. Nãoé mais suficiente analisar apenas o processo produtivo, mas sim olhar o produto em todasua trajetória, ou seja, desde a matéria prima até o descarte final. As empresas,

    notadamente consideradas pela sociedade como sendo as principais responsáveis pela poluição, tornaram-se vulneráveis a ações legais, a boicotes e recusas por parte dosconsumidores, que hoje consideram a qualidade ambiental como uma de suasnecessidades principais a serem atendidas (Martini Jr e Gusmão, 2003).

    As informações provenientes do macro ambiente indicam uma situação preocupante e que serve para alertar sobre o impacto causado por diferentes nichos deatuação industrial. Mesmo dentro do ramo industrial, deve ser observada a

    especificidade do tipo de indústria, uma vez que existe uma desigualdade com relaçãoao impacto dos diferentes ramos de atividades. Isto ocorre, porque a poluição gerada éinfluenciada pela forma de uso de insumos, matérias-primas, água e energia no processode produção e intensidade de incorporação de tecnologias limpas (Reiset al., 2005).

    Apesar das constatações relacionadas à produção de poluentes, ainda existe a possibilidade de questionamento se semelhantes informações serão suficientes paracondicionar a adoção de posturas que denotem uma preocupação com a questãoambiental. Para responder esta questão é conveniente examinar as percepções das próprias empresas. Existe uma série de constatações realizadas na região européia, quecontribuem para a visão da questão ambiental como uma variável importante no processo de planejamento organizacional como algo de caráter permanente (Almeida etal, 2004).

    O setor automotivo instalado no país vem buscando constantemente “tecnologiasverdes” que garantam a mesma qualidade técnica ao produto e serviço final, mantendo preços competitivos. Alguns requisitos ambientais são cumpridos meramente pelaimposição das leis existentes, outros por representarem fatores competitivos, que podemantecipar um padrão de consumo sustentável, apontando uma tendência de se imporemrestrições ambientais desde as concessionárias, montadoras e fornecedores de autopeçasque industrializam os recursos naturais até as empresas de logística, armazenagem etransporte de bens, insumos e produtos acabados. Constata-se também que montadoras econcessionárias que desenvolverem soluções inteligentes e sincronizadas parasuperarem problemas ambientais terão certamente espaço para apresentar novas idéias

    (Vilas et al, 2006).

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    Durante a vida útil dos veículos, com a necessidade de substituição de peças ecomponentes, se faz necessário uma gestão ambiental adequada do setor de serviços, osquais precisam dar uma destinação correta ao descarte desses materiais. Estes

    procedimentos têm sofrido regulamentações ambientais mais severas, algumas como asresoluções do CONAMA 09/93, 257/99, 258/99, 272/00 que tratam respectivamentesobre descarte e disposição de óleos, baterias, pneus e ruídos.

    Para as concessionárias de veículos, a conseqüência desse cenário é umcrescimento substancial na demanda de reposição de autopeças e manutenção veicular,tornando-se imperativo a criação de uma metodologia de gestão ambiental, até então pouco comum em nosso país, que deverão respeitar as formas corretas de disposição e

    descarte dos resíduos gerados tanto pela reposição quanto pela reparação de veículos emcondições inadequadas de uso (Vilas et al, 2006).

    Para Bianchi (2003) a certificação de gestão ambiental tem por objetivo certificarque uma empresa adota um SGA em conformidade com determinada norma, como porexemplo, a ISO14001. Mais recentemente, esses instrumentos passaram a integrar omarketing da empresa que possui o certificado, representando um diferencial a mais nomercado.

    O avanço dos meios de comunicação e a mídia contribuem para obrigar asempresas a se adequarem às atuais regras de certificação ambiental. Movimentos quedivulgam a importância de um comportamento ambientalmente correto influem na preferência dos consumidores principalmente daqueles pertencentes aos países maisricos, impulsionando com isso, uma nova ordem no setor produtivo. Como no caso dosetor automobilístico globalizado, este cenário atinge todos os países que possuem plantas de montadoras e concessionárias.

    2.4 Integração de sistemas de gestão

    2.4.1 Sistemas de gestão da qualidade

    O sistema de gestão da qualidade é o ‘conjunto de elementos inter-relacionados para dirigir e controlar uma organização no que diz respeito à qualidade’ (Norma NBR

    ISO 9000:2000) (ABNT, 2000).

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    A NBR ISO 9001:2000 contempla requisitos para a documentação, operação econtrole do sistema de gestão da qualidade, sendo essencial o comprometimento dadireção. Este comprometimento deve evidenciado na política da qualidade, no planejamento do sistema, na definição das responsabilidades, autoridades e canais decomunicação, na realização de auditorias internas e reuniões de análises críticas e na provisão de recursos necessários inclusive por meio de ações para formar competênciasna empresa, como por exemplo, treinamentos (ABNT, 2000).

    Um sistema de gestão da qualidade especifica os princípios que devam seratendidos quando uma organização (i) necessita demonstrar sua capacidade parafornecer de forma coerente produtos que atendam aos requisitos do cliente e requisitosregulamentares aplicáveis; (ii) pretende aumentar a satisfação do cliente por meio daefetiva aplicação do sistema, incluindo processos para melhoria continua do sistema egarantia da conformidade com requisitos do cliente e requisitos regulamentaresaplicáveis (ABNT, 2000).

    No que diz respeito à realização do produto, a norma requer o seu planejamento ea determinação dos processos envolvidos, especificando critérios para: o planejamento,desenvolvimento e análise critica do projeto; a aquisição de produtos e serviços; aexecução, medição e monitoramento da produção; e o controle do produto final.

    Observa-se ser essencial o atendimento aos requisitos dos clientes e aos estatutários eregulamentares.

    Com relação ao sistema de gestão da qualidade, a norma requer a implementaçãode rotina de controle das não conformidades identificadas durante as medições emonitoramentos, auditorias internas, reuniões de analise critica e originadas dereclamações de clientes. E, a partir destes dados e a intervalos regulares, devem serfeitas análises para tomadas de ações corretivas e preventivas, alcançado-se então a

    melhoria continua na gestão da empresa.A sua correspondência com a NBR ISO 14001:2004, referente a sistemas de

    gestão ambiental, pode ser verificada no anexo A da NBR ISO 9001:2000. Destaca-se ofato de que a revisão publicada em 2000 da série NBR ISO 9000 proporcionou oalinhamento das estruturas de requisitos de ambas as normas, facilitando seuentendimento e implementação.

    Segundo Bianchi (2003), a melhoria da qualidade e a gestão ambiental são

    complementares. Com a ISO 9000 procura-se atingir um índice de defeitos nulo, atravésde melhorias no processo produtivo com o monitoramento das atividades, garantindo a

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    competitividade e lucratividade da empresa. A qualidade total envolve um desempenhoambiental satisfatório como ponto integrante do processo de gerenciamento. A ISO14001, por sua vez busca um melhor aproveitamento das fontes energéticas e dasmatérias-primas, conduzindo para a constante redução de emissões e dos impactosambientais, caracterizando uma produção mais limpa. Desta forma, a ISO 14001constitui-se em um instrumento de obtenção de lucros, à medida que contribui para acompetitividade da empresa no mercado.

    Outros autores, como Valle (2004), relacionam a redução dos impactos ambientaise dos custos de produção com o sistema de qualidade e com a produção enxuta. Paraeles, a qualidade ambiental é uma decorrência dos dois processos.

    Os pontos essenciais a destacar são apontados no item “Similaridades entre asnormas”.

    2.4.2 Similaridades entre as normas ISO 9000:2000 e ISO 14001:2004

    Das descrições anteriores fica claro que a norma ISO 14001:2004, para sistemasde gestão ambiental, corresponde e integra-se a norma ISO 9001:2000, para gestão daqualidade. É interessante salientar que um dos pontos chave na revisão do ano de 2000

    das normas ISO 9000 foi exatamente a intenção de alinhá-las à ISO 14000 aumentandoa compatibilidade entre elas em beneficio da comunidade de usuários. O enlace entre aISO 9000 e a ISO 14001 é um agente para mudança cultural da organização, um veículoatravés do qual as empresas aprendem a tornar-se mais sensíveis aos consumidores e assuas necessidades, avaliando o próprio sucesso nestes novos termos (Almeidaet al, 2004).

    A ampliação do conceito de similaridade requer, segundo Donaire (1999), o

    acréscimo dos seguintes pontos: definição de políticas que estejam comprometidas coma melhoria do desempenho ambiental, integração dos planos ambientais à rotinaoperacional, medidas de desempenho e auditorias ambientais, treinamento direcionado para a compreensão dos problemas ambientais, foco da preocupação ambiental em produção e segurança.

    Muitas organizações que já desenvolviam um programa voltado para a qualidadetotal, começam a aplicar os mesmos princípios e ferramentas para todos os aspectos dos

    negócios, incluindo a gestão ambiental. Cajazeira (1998) coloca como pontosimportantes para o sucesso de um programa de gestão integrado a identificação dos

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    clientes e de suas necessidades, a maximização da comunicação entre níveis naempresa, a reunião e análise de informações sobre o desempenho ambiental da empresa,o uso debenchmarks para comparar o programa e desempenho ambientais próprios com

    concorrentes, a compreensão de que a meta é uma melhoria gradual e contínua dodesempenho ambiental e a participação de todos os funcionários.

    Para Cajazeira (1998), o fato de a empresa dotar-se de dois ou mais sistemas degestão pode representar uma duplicação de esforços e impor dificuldadesadministrativas, inclusive com reflexo no grau de envolvimento das pessoas. Isto tem progressivamente feito com que instituições e empresas passem a interessar-se porsistemas de gestão integrados. Dependendo das atividades desenvolvidas, do porte, dasexigências legais e regulamentares atuantes, e das necessidades específicas de cadaempresa, o seu sistema de gestão pode contemplar a integração dos processos dequalidade com os de gestão ambiental.

    Além disso, as similaridades descritas são fatores estimulantes à integração desistemas nas empresas. A existência de grande quantidade de empresas possuidoras desistemas de gestão da qualidade já certificados igualmente incita-as, quando daimplementação de sistemas de gestão ambiental a fazê-lo de modo integrado. Aintegração também é prevista na própria ISO 14001:2004, conforme verificado nostrechos da Norma (ABNT, 2004):

    Não é necessário que os requisitos do sistema de gestão ambientalespecificados nesta Norma sejam estabelecidos independentementedos elementos do sistema de gestão existente

    As organizações podem decidir utilizar um sistema de gestãoexistente, coerente com a série NBR ISO 9000, como base para seusistema de gestão ambiental. Enquanto o sistema de gestão daqualidade trata das necessidades dos clientes, os sistemas de gestãoambiental atendem às necessidades de um vasto conjunto de partesinteressadas e às crescentes necessidades da sociedade sobre proteçãoambiental.

    As Normas Internacionais de gestão ambiental têm por objetivo prover às organizações os elementos de um sistema de gestãoambiental eficaz, passível de integração com outros requisitos degestão, de forma a auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais eeconômicos. (NBR ISO 14001:2004)

    Assim pode-se dizer que adicionar a gestão ambiental à gestão da qualidade, bemcomo a gestão da segurança e saúde ocupacional, contribui para ampliar o atendimento

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    às exigências regulamentares e legais aplicáveis às atividades desenvolvidas pelaempresa, além de beneficiá-la com relação ao atendimento às crescentes exigências declientes e de outras partes interessadas. E também que a existência de um sistema únicofacilita a compreensão e envolvimento dos funcionários na busca da melhoria contínua edo atendimento aos objetivos e metas estabelecidos.

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    3 GESTÃO AMBIENTAL EM CONCESSIONÁRIAS NO LESTE MINEIRO

    3.1 Procedimentos de gestão ambiental

    3.1.1 Caracterização da situação atual

    As concessionárias estudadas nesta pesquisa situam-se em cidades-pólo da regiãoleste de Minas Gerais e no conjunto empregam mais de 500 funcionários,

    comercializando anualmente um volume de mais de 5.000 veículos, além de atuarem nomercado de reposição de peças, serviços de manutenção, garantia e pós-vendasatendendo ao mercado regional (SINCODIV - MG, 2006).

    Na população total das amostras (Tabela 1), das 10 concessionárias de veículosque receberam o questionário, todas o responderam, correspondendo a um índice deretorno de 100%. Entre estas empresas todas são classificadas como pequenas empresas,segundo definição do SEBRAE (2006)1.

    70 % das concessionárias de veículos pesquisadas estão localizadas nos arredoresda cidade, o que distancia, porém não exclui, os possíveis impactos gerados diretamentesobre a população. Nenhuma das concessionárias declarou possuir definido edocumentado o escopo do seu sistema de gestão ambiental (Tabela 2). A mesmanegativa se repete ao se questionar sobre a definição e documentação da políticaambiental existente.

    1 Segundo o SEBRAE, empresas que possuem de 1 a 19 funcionários são microempresas, de 20 a 99funcionários são pequenas , de 100 a 499 são médias e com mais de 500 funcionários são grandes

    empresas.

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    TABELA 1: Lista de localização das concessionárias de veículos avaliadas nesta pesquisa

    Código Nome daEmpresa

    Cidade Atividade daEmpresa

    Localização

    1 A Timóteo Veículos leves Centro da Cidade2 B Manhuaçu Veículos leves Centro da Cidade3 C Timóteo Veículos pesados Arredores4 D Manhuaçu Veículos leves Arredores5 E Ipatinga Veículos leves Arredores6 F Ipatinga Veículos leves Arredores7 G Caratinga Veículos leves Arredores8 H Governador

    ValadaresVeículos leves Arredores

    9 I GovernadorValadares

    Veículos leves Arredores

    10 J Caratinga Veículos leves Arredores

    TABELA 2: Documentação do Sistema de Gestão e Política Ambiental dasconcessionárias de veículos avaliadas na pesquisa

    Documentação da gestão e da Política Ambiental Sim NãoA empresa tem definido e documentado o escopo do seu sistemade gestão ambiental?

    0% 100%

    A empresa possui definida e documentada a política ambiental,de acordo com o escopo de seu sistema de gestão ambiental? 0% 100%

    Os aspectos e impactos ambientais mais significativos relacionados àsconcessionárias de veículos que foram identificados no preenchimento do questionário

    são a geração de resíduos contaminados com tintas, produtos químicos, óleos, graxas ederivados (papel, pano, lixa, estopa, embalagem, massa plástica), geração de efluentes(água, tintas e solventes, óleos e derivados), uso (desperdício) de energia e água, riscode vazamento de produtos inflamáveis, corrosivos e perigosos, risco de incêndio eexplosões com produtos inflamáveis, emissões de ruídos, emissão de material particulado, gases e vapores poluentes.

    As causas mais evidentes da geração destes resíduos são as matérias primas nãousadas, os resíduos de serviços, as peças retiradas dos veículos, impurezas na matéria prima, vazamentos e embalagens em geral. A mitigação da geração destes resíduos é

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    planejada em apenas 10% dessas concessionárias. Isto porque as principais atividadesgeradoras ainda não foram totalmente identificadas. 80% das concessionárias pesquisadas não possuem caracterização de sua realidade ambiental e nem dispõem de

    planos de ação para controlar os possíveis efeitos ambientais danosos destas atividades.Os resíduos de serviços mais apontados gerados pelas concessionárias estão

    apresentados na Figura 3.

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

    Energia

    Madeira

    Alumínio

    Água

    Químicos

    Ar

    Óleo

    Tintas

    Lonas FreioSolventes

    Vidro

    Solda

    EPI´s

    Pneus

    Plástico

    Papelão

    Baterias

    Borrachas

    Sucata Ferrosa

    Peças usadas

    FIGURA 3: Resíduos de serviços mais apontados pelas concessionárias de veículosavaliadas nesta pesquisa.

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    Os aspectos mais significativos concentram-se na área de serviços e oficina dasconcessionárias de veículos (Figura 4). As atividades mais impactantes correspondem àárea de solda, lanternagem, funilaria, pintura, manutenção, mecânica e lavagem deveículos, motores e peças que resultam em geração de resíduos e efluentes que podem provocar contaminação do solo, água e ar.

    A. Detalhe da geração de resíduos (óleo usado) naoficina

    B. Detalhe da geração de resíduos (embalagens,estopa, filtros, serragem) contaminados com

    óleo na oficina

    C. Detalhe da geração de resíduos (estopa, trapos)contaminados com óleo na oficina

    D. Detalhe da coleta de resíduos de embalagenscontaminadas com óleo

    E. Vista frontal do lavador de peças e motores.Detalhe do piso rachado, propício à contaminação do

    solo.F. Vista do piso do pátio da oficina. Detalhe do

    piso de pedra, propício à contaminação do solo.

    FIGURA 4: Geração de resíduos nas concessionárias de veículos avaliadas na pesquisa.

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    O diagnóstico atual dos aspectos ambientais existentes (Figura 5) aponta que 50%das concessionárias afirmam ter procedimentos para uso de produtos químicos e possuem estação para tratamento de efluentes (ETE). Contudo ficou esclarecido que asmesmas não fazem a manutenção periódica correta das mesmas. Quanto à coleta deresíduos, 40% praticam a reciclagem de resíduos, papel, plástico e sucata, percentualidêntico aos que responderam fazer a disposição final correta dos resíduos gerados naconcessionária. Na prática o que se observa é que são alugadas pelas concessionáriasalgumas caçambas estacionárias “Tira Entulho” para escoar os resíduos, principalmenteembalagens de óleo, materiais contaminados com hidrocarbonetos, tintas, solventes equímicos. Tal procedimento pode ser potencialmente impactante para ao meio ambiente

    visto que essas empresas não fornecem nenhum documento oficial às concessionáriasresponsabilizando-se pelo destino final correto desses resíduos. Quanto ao consumo deágua e energia 40% relata seguir práticas de conservação desses recursos naturais.

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

    Plano para redução do uso de matériasprimas?

    Caracterização da realidade ambiental?

    Adota praticas de conservação de água,energia e o uso de fontes renováveis de

    energia?

    Faz a disposição correta de resíduos (coletaseletiva)?

    Tem procedimentos para uso de produtosquímicos?

    FIGURA 5: Diagnóstico atual dos aspectos ambientais das concessionárias de veículos

    avaliadas na pesquisa.

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    A identificação destes aspectos, impactos e resíduos ambientais foi uma dasetapas da pesquisa, observando o ciclo de vida dos insumos e produtos utilizados nos processos operacionais das concessionárias, desde a compra da matéria-prima até a

    entrega do produto final e descarte dos resíduos, incluindo as atividades terceirizadas eadministrativas. Quanto às atividades terceirizadas, não são feitas exigências ambientaisaos contratados para adequarem-se aos procedimentos da concessionária. Nenhuma dasconcessionárias afirma possuir algum tipo de passivo ambiental.

    A principal razão para a adoção de práticas ambientais, apontada em 100% dasentrevistas, é atender a regulamentos ambientais já apontados por fiscalização. 90 % dasconcessionárias declaram possuir consciência ambiental na execução de suas operações.

    Os mesmos 90% desejam aumentar a qualidade de seus produtos com as práticasambientais. 70% dos entrevistados desejam atender ao consumidor com preocupaçõesambientais e 50% afirmam que estar em conformidade com a política social da empresaé um motivo de adoção de alguma pratica ambiental (Tabela 3).

    TABELA 3: Razão para adoção de práticas ambientais apontadas pelas concessionárias

    de veículos avaliadas nesta pesquisa

    Razão para adoção de práticas ambientais %

    Atender a regulamentos ambientais apontados por fiscalização 100%

    Consciência ambiental 90%

    Aumentar a qualidade dos produtos 90%

    Atender ao consumidor com preocupações ambientais 70%

    Estar em conformidade com a política social da empresa 50%

    Atender a exigência para licenciamento 60%

    Reduzir custos do processo industrial 40%

    Atender as exigências de instituições de financiamento 0%

    Atender a reivindicação da comunidade 0%

    Atender a pressão de ONG´s 0%

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    Um dado contraditório é que somente 60% das empresas preocupa-se em atenderas exigências para o licenciamento ambiental. Para 40% dessas concessionárias aadoção de práticas ambientais para reduzir os custos de processos industriais é citada. Nenhuma das concessionárias demonstrou preocupação em atender exigências parafinanciamentos, solicitações da comunidade e pressão de Organizações NãoGovernamentais (ONG’s).

    Apenas 10% das concessionárias declararam conhecer a legislação ambiental pertinente ao seu setor de atividade.

    Nenhuma delas afirmou possuir o licenciamento ambiental de suas atividades bemcomo não tem conhecimento se o efluente gerado pela concessionária esta dentro do queestabelece a Resolução 357/05 do CONAMA. 30% possui parceria para disposição finaldos pneus inservíveis, 40% possui parceria para disposição final das bateriasautomotivas e 40 % comercializa o óleo usado recolhido para uma empresa re-refinadora de óleos certificada para este fim.

    Em relação às etapas futuras da gestão ambiental (Tabela 4), 40% não possuiqualquer tipo de objetivo ou meta definida. 20% pretende investir em controleambiental, o mesmo percentual dos que almejam desenvolver sistemas de auditoriaambiental. Apenas 10% acredita que irá usar a imagem da empresa para fins de

    marketing institucional. O mesmo percentual de 10% também é válido para oaperfeiçoamento da monitoria da documentação da gestão ambiental.

    TABELA 4: Indicação de etapas futuras da gestão ambiental apontadas pelasconcessionárias de veículos avaliadas na pesquisa

    Etapas Futuras da Gestão Ambiental % Não existe qualquer objetivo ou meta definida 40,0%Continuar a expansão do programa de investimentos em controle ambiental 20,0%Desenvolver ou aperfeiçoar sistemas de auditoria ambiental 20,0%Usar a imagem ambiental da empresa para fins de marketing institucional 10,0%Aperfeiçoar monitoria da documentação da gestão ambiental 10,0%

    Quanto a futuros investimentos (Tabela 5), 20% das concessionárias assegura quenão irá realizar qualquer tipo de investimento ambiental e apenas 20% se mostram

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    interessados em conhecer a caracterização de sua realidade ambiental. Os investimentosfuturos mais citados são focados em procedimentos para uso de produtos químicos,conservação de água, disposição final dos resíduos, coleta seletiva, tecnologias de

    tratamento de efluentes e treinamento para educação ambiental. Interessante notar que amotivação que leva as empresas à implantação de um sistema de gestão ambiental aindaé modesta e nenhuma delas possui interesse de implantação da norma ISO 14.001.

    A maior dificuldade enfrentada para resolver os problemas ambientais (Tabela 6)é, em 90% dos casos, a concessionária não dispor das informações sobre as soluçõestécnicas. Apenas 10% indica o fator custo das soluções como uma dificuldade. Nenhuma das concessionárias mencionou o fato de não dispor de recursos técnico-

    financeiros. Nenhuma delas citou a abordagem das questões ambientais não se trataremde problema grave de solução urgente ou não apresentar prioridade de gestão comoempecilho para solução dos problemas ambientais.

    TABELA 5: Investimentos futuros em gestão ambiental apontados pelasconcessionárias de veículos avaliadas na pesquisa

    Futuros investimentos em Gestão Ambiental %Procedimentos para uso de produtos químicos 70,0%Disposição correta de resíduos e coleta seletiva 60,0%Conservação de água 60,0%Sistema de reciclagem interna de resíduos 50,0%Estação de Tratamento de efluentes (ETE) 50,0%Dispõe de treinamento para educação ambiental 50,0%Sistema de gestão ambiental (SGA) 30,0%

    Caracterização da realidade ambiental 20,0%Preferência por fornecedores que não tem imagem ambiental negativa 20,0%Redução do uso de matérias primas 20,0%Procedimentos para diminuir ruídos e vibrações 10,0%Controle de emissões veiculares 10,0%Conservação e adoção de fontes de energia mais limpa 10,0%Sistema de reciclagem externa de resíduos 10,0%Certificação ISO 14.001 0,0%Segregação de resíduos sólidos (CONAMA 275/2001) 0,0%

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    A dificuldade de acesso a soluções técnicas para enfrentar problemas ambientaisfoi observada durante as visitas às concessionárias de veículos que foram realizadas deacordo com a disponibilidade das mesmas e permitiram uma análise mais profunda decada uma das empresas selecionadas. A avaliação foi subdividida em seçõesrelacionadas aos objetivos do estudo, sejam eles, a identificação dos aspectos, impactose resíduos ambientais.

    TABELA 6: Dificuldades para soluções de problemas ambientais indicados pelasconcessionárias de veículos avaliadas na pesquisa

    Dificuldades soluções de problemas ambientais % Não dispor de informações sobre as soluções técnicas 90,0% Não saber quanto custam estas soluções 10,0% Não dispor recursos técnicos e / ou financeiros 0,0% Não se trata de problema grave de solução urgente 0,0% Não apresentar prioridade de gestão 0,0%

    A partir dos questionamentos do pesquisador nos diferentes setores das empresas,os funcionários apresentavam as explicações para os procedimentos utilizados. Emmuitas situações, estes questionamentos promoveram mudanças de curto prazo nasatividades, com base nas soluções desenvolvidas pelos parceiros e respeitando oconhecimento empírico dos próprios funcionários.

    Como exemplo, cita-se os procedimentos da pintura de veículos e entrega doveiculo após o serviço.

    Quando questionados sobre a utilização de uma determinada pressão na pistola de pintura, alguns funcionários responderam que seguiam às especificações do fornecedorda tinta, enquanto outros responderam que seguiam às especificações da pistola. Osdiferentes fornecedores foram contatados e descobriu-se que com uma pressão inferiorera possível realizar a tarefa com a mesma qualidade, economizando matéria-prima ereduzindo a produção de borra de tinta (resíduo perigoso). Além disso, esta constatação permitiu uma mudança no procedimento padrão, gerando uma ampliação do tempo de

    limpeza das paredes das cabinas de pintura, recobertas de papel, de três para seis meses.

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    Em todas as concessionárias pesquisadas existe um procedimento para devoluçãodas peças usadas gastas em serviços, transferindo a responsabilidade de disposição finalde alguns resíduos para o consumidor. No caso da devolução do veículo após aexecução de reparos, a alteração ocorreu na orientação dos clientes sobre a corretadestinação das peças trocadas e devolvidas como evidência de que o serviço foiexecutado de acordo com as especificações da ordem de serviço.

    Em 50% das concessionárias entrevistadas a análise e decisão ambiental está nasmãos da diretoria, em 20% está sob o comando da gerência e 30% não adota procedimentos de análise ambiental (Tabela 7).

    Evoluindo nessa questão, constata-se que são desenvolvidas soluções internas para os problemas ambientais em 70% das concessionárias.

    TABELA 7: Responsabilidade da análise e decisões sobre o SGA nas concessionáriasde veículos avaliadas na pesquisa

    Quem analisa e decide o sistema de gestão %Direção geral 50,0%

    Não adota procedimentos análise gestão ambiental 30,0%Gerência geral 20,0%Técnico especialista interno 0,0%Técnico especialista externo 0,0%Fonte: Este trabalho

    80% das concessionárias esclareceram que atendem aos requisitos ambientais que permitem o desempenho de sua atividade, porém não o evidenciaram.

    A fim de que todos os funcionários possam contribuir com soluções para os problemas ambientais são realizados treinamentos com o quadro técnico em 40% dasempresas. A participação também é buscada através de alternativas, como palestrasinternas de saúde, meio ambiente e segurança.

    Verifica-se que 80% das concessionárias utilizam o Programa de Prevenção deRiscos Ambientais (PPRA), o Programa Profissiográfico Pessoal (PPP) e o Programa deControle de Saúde e Medicina Ocupacional (PCSMO) como documentação pertinente à

    saúde, segurança e meio ambiente, sendo demonstrado as evidências com estesdocument