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INPE-12256-TDI/981 SÍNTESE GENÉTICA DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS ART2 NA CLASSIFICAÇÃO DE IMAGENS ASTER PARA MAPEAMENTO DE USO E COBERTURA DA TERRA NA REGIÃO NORTE DO MATO GROSSO Eddy Hoover Mendoza Rojas Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Sensoriamento Remoto, orientada pelo Dr. João Roberto dos Santos, aprovada em 16 de fevereiro de 2004. INPE São José dos Campos 2005

P.gina de rosto - mtc-m12.sid.inpe.brmtc-m12.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/jeferson/2004/03.11.12.58/doc/... · Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em ... aprovada

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INPE-12256-TDI/981

SÍNTESE GENÉTICA DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS ART2 NA CLASSIFICAÇÃO DE IMAGENS ASTER

PARA MAPEAMENTO DE USO E COBERTURA DA TERRA NA REGIÃO NORTE DO MATO GROSSO

Eddy Hoover Mendoza Rojas

Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Sensoriamento Remoto, orientada pelo Dr. João Roberto dos Santos, aprovada em 16 de fevereiro de 2004.

INPE São José dos Campos

2005

528.711.7:681.3.019 (817.2) MENDOZA ROJAS, E. H. Síntese genética de redes neurais artificiais ART2 na classificação de imagens ASTER para mapeamento de uso e cobertura da terra na região norte do Mato Grosso / E. H. M. Rojas. – São José dos Campos: INPE, 2004. 124p. – (INPE-12256-TDI/981). 1.Redes neurais. 2. Uso da terra. 3.Amazônia. 4.Algoritmo genético. 5.Sensores remotos. I. Título.

“Somente depois que a ultima árvore for derrubada, o último peixe for morto, o último rio envenenado, o homem verá que dinheiro não se come”.

PROVÉRBIO INDÍGENA

A minha família e a Deus ofereço.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e ao Programa de Estudantes Convênio/Pós-Graduação (PEC/PG) com processo N° 190012/02-1, pelo auxilio financeiro de dois anos de bolsa de mestrado. Ao Center Applied Biodiversity Science (CABS) e a Conservation International Perú (CI-Peru), pelo ajuda financeira de viagem ao Brasil para o início do curso de pós-graduação. Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE-MCT) e à Coordenação Acadêmica da Pós-Graduação em Sensoriamento Remoto, pela oportunidade de estudos, utilização de suas instalações e suporte da pesquisa. Ao Earth Remote Sensing Data Analysis Center (ERSDAC-Japão), pelo apoio na cessão das imagens ASTER dentro do projeto “Validation of ASTER images for vegetation and land use mapping in the tropical forest area, Brazilian Amazon”, aprovado no ASTER Announcement of Research Opportunity – Agreement n° H140250. Ao Serviço Geológico Minero Argentino (SEGEMAR) e o projeto GEOSAT-AR, pelo apoio e suporte no uso das imagens ASTER, especialmente aos pesquisadores Graciela Marin, Diego Azcurra e Silvia Castro. Aos pesquisadores Dr. Antônio Nuno de Castro Santa Rosa e Dr. Nilton Correia da Silva, do Departamento de Recursos Minerais do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB), pelo desenvolvimento e cessão do programa Síntese Genética de Redes Neurais Artificiais (SGRNA). À Fundação Estadual de Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso (FEMA-MT) e à empresa ELABORE da cidade de Sinop-MT, pelo apoio logístico no trabalho de campo. Ao meu orientador acadêmico Dr. João Roberto dos Santos, por suas sugestões e contribuições, assim como o apoio, a paciência, a confiança e a grande amizade. A Luciana Spinelli, Paulo Graça e Patrícia Guedes, pelo apoio na coleta de informações de campo, amizade e apoio na elaboração deste trabalho. Aos meus colegas de turma, pela amizade e confiança oferecidas no dia a dia de trabalho. A meus pais Alfonso e Elizabeth, a minha esposa Giovanna, minha filha Adriana e meu irmão José, pelo amor e compreensão e apoio nos momentos de dificuldade e felicidade, sem os quais não poderia ter realizado este trabalho.

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo a utilização de uma síntese genética de rede neural artificial não supervisionada Adaptive Resonance Theory (ATR2) na classificação de imagens ASTER para o mapeamento de uso e cobertura da terra em uma área de floresta tropical. A área de estudo está localizada na região norte do Estado do Mato Grosso e é caracterizada por forte processo de ocupação e mudança da paisagem, ocasionada por ações antrópicas como desflorestamento, extração seletiva de madeira e agricultura. Os dados de campo foram obtidos nos meses de maio e junho de 2003. O uso dos dados do sensor Terra/ASTER possibilitou o incremento na análise do processo de ocupação nas áreas de floresta tropical, devido principalmente a sua melhor resolução espacial e espectral, apresentando-se como uma alternativa aos tipos de dados de sensores atualmente disponíveis no mercado. Os parâmetros de entrada para a rede ART2 foram otimizados por algoritmo genético e também foi avaliado seu desempenho no processo da classificação temática dos alvos em relação à verdade terrestre. Os resultados mostraram que através da rede ART2 as diversas classes temáticas definidas em campo foram classificadas de maneira satisfatória. As bandas que possibilitaram maior diferenciação dos alvos foram as bandas 2 (630-690 nm), 3 (760-860 nm), e 4 (1600-1700 nm), enquanto que as bandas 8 (2295-2365 nm) e 6 (2185-2225 nm) complementaram para a identificação dos alvos em estudo. Finalmente avaliando as mudanças ocorridas entre os anos 2002 e 2003, pôde-se observar que houve uma diminuição da área de floresta devido ao aumento de áreas destinadas para agricultura ou pastagens.

GENETIC SYNTHESIS OF ARTIFICIAL NEURAL NETWORKS ART2 IN THE CLASSIFICATION OF ASTER IMAGES FOR LAND USE AND LAND

COVER MAPPING IN THE NORTH AREA, MATO GROSSO STATE

ABSTRACT

The present work has the objective shows the applicability of the genetic synthesis of the unsupervised artificial neural network ART2 (Adaptive Resonance Theory) in the classification of ASTER images data for the land use and land cover mapping. The study area is located in the north Mato Grosso State, Brazil and is characterized by the strong human occupation process that caused changes in the landscape, by deforestation, selective logging and agricultural. The field data was acquired in May-June of 2003. The use of ASTER images made possible an improved analysis of the occupation process in tropical forest areas. ASTER images have adequate spatial and spectral resolution and are an alternative to the remaining remote sensing data available. The input parameters for the net ART2 were optimized by genetic algorithm and the net was evaluated through comparison of classification results with field data. The results showed a satisfactory classification of ASTER images using ART2. ASTER bands 2 (630-690 nm), 3 (760-860 nm), and 4 (1600-1700 nm) allowed increased differentiation of classes, while bands 8 (2295-2365 nm) and 6 (2185-2225 nm) were complementary for the identification of classes. The main land use changes that occurred between 2002 and 2003 were related to deforestation since many areas of tropical forest were replaced by agriculture and pastures.

SUMÁRIO

Pág.

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 19

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 19

CAPÍTULO 2 ................................................................................................................ 23

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................... 23 2.1 Dinâmica Florestal na Amazônia ............................................................................. 23 2.2 Sensoriamento Remoto Aplicado ao Estudo da Cobertura Florestal e Uso do Solo 28 2.3 Sensor ASTER.......................................................................................................... 31 2.3.1 Estado de operação do ASTER ............................................................................. 33 2.3.2 Uso e aplicações dos dados ASTER...................................................................... 34 2.4 Redes Neurais Artificiais (RNA’s)........................................................................... 35 2.4.1 Redes Auto-Organizativas..................................................................................... 37 2.4.1.1 Redes ART (Teoria da Ressonância Adaptativa) ............................................... 38 2.4.1.2 Redes ART2 ....................................................................................................... 39 2.5 Algoritmos Genéticos (AG’s)................................................................................... 43 2.6 Tratamento de Imagens Digitais............................................................................... 45 2.6.1 Correção geométrica e registro de imagens........................................................... 46 2.6.2 Correção atmosférica............................................................................................. 47 2.6.3 Retificação radiométrica........................................................................................ 48 2.7 Classificação de Imagens Digitais por Redes Neurais ............................................. 49 2.7.1 Aplicações de RNA’s em classificação de uso e cobertura da terra...................... 51 2.8 Pós-classificação....................................................................................................... 52 2.9 Avaliação da Exatidão da Classificação................................................................... 53

CAPÍTULO 3 ................................................................................................................ 57

ÁREA DE ESTUDO..................................................................................................... 57 3.1 Localização............................................................................................................... 57 3.2 Características Fisiográficas ..................................................................................... 58 3.2.1 Vegetação .............................................................................................................. 58 3.2.2 Clima ..................................................................................................................... 58 3.2.3 Solos ...................................................................................................................... 59 3.2.4 Geomorfologia e Geologia .................................................................................... 59 3.3 Uso Atual da Terra ................................................................................................... 59

CAPÍTULO 4 ................................................................................................................ 65

MATERIAIS E MÉTODO .......................................................................................... 65 4.1 Materiais ................................................................................................................... 65 4.1.1 Dados orbitais ........................................................................................................ 65

4.1.2 Dados cartográficos ............................................................................................... 66 4.1.3 Softwares utilizados............................................................................................... 66 4.2 Metodologia.............................................................................................................. 66 4.2.1 Técnicas de Pré-processamento............................................................................. 67 4.2.1.1 Correção das bandas SWIR ................................................................................ 67 4.2.1.2 Compatibilização das resoluções espaciais das bandas VNIR e SWIR ............. 67 4.2.1.3 Confecção do mosaico de imagens ASTER....................................................... 68 4.2.1.4 Correção geométrica........................................................................................... 69 4.2.1.5 Correção atmosférica.......................................................................................... 69 4.2.1.6 Retificação radiométrica..................................................................................... 69 4.2.2 Trabalho de campo ................................................................................................ 71 4.2.3 Classificação por rede neural ART2...................................................................... 72 4.2.3.1 Pós-classificação................................................................................................. 78 4.2.4 Análise estatística das imagens temáticas ............................................................. 78

CAPÍTULO 5 ................................................................................................................ 79

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 79 5.1 Caracterização das Áreas de Cobertura Vegetal e Uso da Terra.............................. 79 5.2 Aplicação das Técnicas de Pré-Processamento ........................................................ 86 5.2.1 Fenômeno “cross-talk”.......................................................................................... 86 5.2.2 Correção geométrica.............................................................................................. 88 5.2.3 Correção atmosférica............................................................................................. 89 5.2.4 Retificação radiométrica........................................................................................ 90 5.3 Classificação das Imagens ........................................................................................ 92 5.3.1 Análise da resposta espectral das classes temáticas .............................................. 92 5.3.2 Separabilidade das classes ..................................................................................... 94 5.3.3 Classificador ART2 ............................................................................................... 96 5.3.4 Pós-classificação.................................................................................................. 100 5.4 Avaliação da Exatidão na Classificação por Rede Neural ART2 .......................... 100 5.5 Avaliação Temporal das Imagens 2002 e 2003...................................................... 106

CAPÍTULO 6 .............................................................................................................. 107

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................ 107

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 109

APÊNDICE A ............................................................................................................. 117

MATRIZES DE ERRO E INDICADORES DE EXATIDÃO PARA AS DIFERENTES CLASSIFICAÇÕES ........................................................................ 117

APÊNDICE B.............................................................................................................. 121

MAPAS DE USO E COBERTURA DA TERRA .................................................... 121

LISTA DE FIGURAS

2.1 - Bandas espectrais do ASTER................................................................................. 32 2.2 - Geometria do VNIR para gerar imagens estéreo. .................................................. 33 2.3 - Arquitetura típica de ART2.................................................................................... 40 3.1 - Localização da área de estudo no Estado do Mato Grosso observada no mosaico

de duas imagens ASTER (bandas 4, 3 e 2)............................................................. 57 3.2 – Área total plantada (em hectares) para os municípios de Cláudia, Itaúba e Sinop, período de 1997-2001............................................................................................ 62 FONTE: adaptada de IBGE (2003). ...................................................................... 62 3.3 – Quantidade produzida (em metros cúbicos), de lenha e madeira em tora para os

municípios de Cláudia, Itaúba e Sinop, período de 1997-2001.............................. 63 FONTE: adaptada de IBGE (2003). ....................................................................... 63 4.1 - Fluxograma das atividades de pesquisa. ................................................................ 67 4.2 - Compatibilização de resoluções espaciais entre imagens VNIR e SWIR da

imagem ASTER...................................................................................................... 68 4.2 - Escolha dos parâmetros do AG e da rede ART2.................................................... 73 4.4 - Parâmetros de treinamento e teste para a rede e imagem de entrada. .................... 74 4.5 - Início do processo de otimização. .......................................................................... 76 4.6 - Final da otimização com os melhores indivíduos desta população........................ 77 4.7 – Resultado da classificação e os parâmetros utilizados pela rede........................... 78 5.1 – Localização dos pontos de observação e de inventário em maio e junho de 2003.

................................................................................................................................ 85 5.2 – Plano focal do ASTER/SWIR. .............................................................................. 87 5.3 – Imagem ASTER, bandas R9G8B5 com realce de “decorrelation stretch”,

antes (A) e após (B) da aplicação do programa de correção “cross-talk”. ......... 88 5.4 – Curva espectral da água antes e após a correção atmosférica. .............................. 90 5.5 – Comportamento espectral para os alvos correspondentes às classes temá- ticas

definidas para a área de estudo. .............................................................................. 93 5.6 – Homogeneização da imagem classificada do ano 2003, antes (A) e depois (B)

aplicando um filtro mediana 5x5. ......................................................................... 100 5.7 – Mapa de classificação de uso e cobertura da terra da combinação de bandas

[2,3,4] da imagem ASTER para o ano 2003......................................................... 103 5.8 - Mapa de classificação de uso e cobertura da terra da combinação de bandas

[2,3,4,8] da imagem ASTER para o ano 2002. .................................................... 105

LISTA DE TABELAS

2.1 – Importantes agentes de desflorestamento. ............................................................. 26 2.2 - Características gerais dos três subsistemas do ASTER.......................................... 32 2.3 – Qualidade da classificação associada aos valores do coeficiente Kappa. ............. 55 3.1 – Área municipal e área plantada por município (Km2) em 2001. ........................... 60 3.2 – Calendário agrícola para o Estado de Mato Grosso. ............................................. 61 4.1 - Dados das imagens ASTER selecionadas. ............................................................. 65 5.2 – Estatística dos transectos inventariados................................................................. 86 5.3 – Parâmetros para a correção atmosférica no programa ACORN 4.0...................... 89 5.4 – Médias dos alvos claros e escuros em valores de reflectância da imagem de

referência de 2003. ................................................................................................. 90 5.5 – Médias de reflectância dos alvos invariantes claros e escuros antes e após

retificação. .............................................................................................................. 91 5.6 – Equações de regressão utilizadas na retificação radiométrica............................... 92 5.7 – Conjunto de amostras das classes temáticas na imagem de 2003. ........................ 95 5.8 – Medidas de separabilidade entre classes temáticas, método de Divergên- cia

Transformada.......................................................................................................... 95 5.9 – Separabilidade para as nove classes temáticas finais. ........................................... 96 5.10 – Matriz de correlação (imagem 2003)................................................................... 96 5.11 – Parâmetros resultantes do classificador da rede ART2 para as diferen- tes combinações de bandas na imagem de 2003............................................................. 97 5.12 – Relação entre padrões identificados e as respectivas classes temáticas, imagem

2003. ....................................................................................................................... 98 5.13 - Parâmetros resultantes do classificador da rede ART2 para as diferen- tes

combinações de bandas na imagem de 2002. ......................................................... 99 5.14 - Relação entre padrões identificados e as respectivas classes temáticas, imagem

2002. ....................................................................................................................... 99 5.15 – Valores de Exatidão Global e coeficiente Kappa para as classificações geradas a

partir da imagem 2003.......................................................................................... 101 5.16 – Resultados da análise do valor Kappa para cada matriz de erro das cla-

ssificações para 2003. ........................................................................................... 101 5.17 – Resultado na comparação da análise de valor Kappa em diferentes cla-

ssificações para o ano 2003. ................................................................................. 102 5.18 – Valores de exatidão global e coeficiente Kappa para a imagem de 2002. 104 5.19 – Resultados da análise do valor Kappa para cada matriz de erro das cla-

ssificações para 2002. ........................................................................................... 104 5.20 – Resultado na comparação da análise de valor Kappa em diferentes clas- sificações para o ano 2002................................................................................. 104 5.21 – Área (em hectares) e porcentagem por cada classe temática nas ima- gens de

2002-2003............................................................................................................. 106 A 1 - Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem

[2,3,4] de 2003...................................................................................................... 117

A 2- Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem [2,3,4,6] de 2003................................................................................................... 117

A 3- Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem [2,3,4,7] de 2003. ................................................................................................................ 118

A 4 - Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem [2,3,4,8] de 2003. ................................................................................................................ 118

A 5 - Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem [2,3,4,8] de 2002. ................................................................................................................ 119

A 6 - Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem [2,3,4] de 2002. ..................................................................................................................... 119

19

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A dinâmica de uso e cobertura da terra na Amazônia é ocasionada por diferentes

processos antrópicos como as práticas de derrubada florestal e queima para implantação

de projetos agrícolas e de pecuária, a abertura de estradas, a exploração madeireira e

mineradora, a exploração de gás e petróleo, entre outros. O conhecimento e

monitoramento do processo de degradação da paisagem florestal torna-se importante

como subsídio para as ações governamentais de uso sustentável dos recursos florestais e

preservação da biodiversidade, pois este processo continua num fluxo crescente.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) vem realizando anualmente a

quantificação, utilizando imagens Landsat/TM, do desmatamento na Amazônia

brasileira. Este estudo estima um desflorestamento da ordem de 25.400 km2 para o

período de 2001-2002, onde os maiores incrementos no desflorestamento estão situados

nos Estados do Pará, Mato Grosso e Maranhão (INPE, 2003).

Este projeto de Monitoramento Ambiental da Amazônia está inserido no Programa do

Ministério da Ciência e Tecnologia denominado “Ciência e Tecnologia para Gestão de

Ecossistemas”, com o entendimento em suas diretrizes de que o uso de sensores remotos

é ferramenta fundamental para o estudo e avaliação deste processo, servindo como fonte

de informação para a definição de alguns critérios e indicadores ecológicos no

estabelecimento de uma política de controle e fiscalização mais eficientes.

O sensor Terra/ASTER tem potencial para melhorar estes estudos, razão da suas

características de resolução espacial, espectral e radiométrica. É também uma fonte

complementar de dados e informações derivadas dos sensores atualmente em operação

(NOAA/AVHRR, Aqua/MODIS, SPOT-5/HRG, Radarsat, IRS, e mais recentemente

CBERS-2), como subsídio aos estudos que envolvem diferentes avaliações em escalas

regional e local. Não existem trabalhos usando o sensor ASTER em estudos de

20

formações florestais, tipos de cobertura e uso da terra aplicados na Amazônia, o que

vem justificar o interesse investigativo desta atual pesquisa.

Os procedimentos de classificação automática de dados multiespectrais têm sido

aplicados em variadas situações e novos algoritmos de classificação vêm sendo

desenvolvidos e avaliados com a finalidade de identificar os diferentes tipos de regiões

homogêneas da superfície terrestre. Segundo Ryan et al. (1991), as tentativas prévias de

automatizar o processo de extração de feições têm conduzido a uma “caixa de

ferramentas” de algoritmos, sendo que muito deles dependem, de algum modo, da

classificação de regiões de uma imagem em categorias, de modo que possam fornecer

subsídios aos processos de tomada de decisão.

Nos últimos anos, tem-se observado um interesse renovado pelo uso de Redes Neurais

Artificiais (RNA’s) aplicadas ao reconhecimento de padrões. Nessa perspectiva, Lee et

al. (1990) relatam que as redes neurais parecem desempenhar a tarefa de classificação

de imagens bem ou melhor que as técnicas estatísticas, uma vez que não requerem que a

natureza paramétrica da distribuição dos dados a ser classificados seja explícita.

Existem atualmente vários modelos de redes neurais artificiais desenvolvidos para as

mais diversas aplicações, entre elas podemos citar as perceptron por camadas, auto-

organizativas, por aprendizagem, por retropropagação, entre outros.

O uso das RNA’s na interpretação de dados de sensores remoto está sendo motivado

pela idéia que o cérebro humano é muito eficiente no processamento de grandes

quantidades de dados proveniente de uma variedade de diferentes fontes sensoriais. Por

isso, as RNA’s estão baseadas em uma arquitetura de elementos de processamento

simples de entrada e saída, parecido aos neurônios no cérebro humano, e estão

demonstrando sucesso em uma ampla variedade de aplicações, incluindo processamento

e interpretação de dados de sensores remotos (Atkinson e Tatnall, 1997).

O objetivo geral deste trabalho é utilizar uma síntese genética de rede neural artificial

não supervisionada ART2 para o mapeamento de uso e cobertura da terra em uma área

da região norte do Estado de Mato Grosso, utilizando os dados das imagens geradas

pelo sensor Terra/ASTER, através das bandas do visível, infravermelho próximo e

21

médio (VNIR e SWIR). Em complementação, será executada uma análise temporal dos

dados das imagens ASTER para os anos de 2002 e 2003 para investigar as mudanças no

uso e cobertura da terra na área de estudo.

Definem-se os seguintes objetivos específicos:

- Analisar as bandas VNIR e SWIR das imagens ASTER na discriminação

espectral das classes de uso e cobertura da terra;

- Avaliar o desempenho dos parâmetros iniciais da otimização genética e da rede

neural ART2 no reconhecimento de padrões para dados do sensor ASTER;

- Analisar o desempenho da rede neural ART2 na classificação temática em

relação aos dados do trabalho de campo utilizando procedimentos de estatística

Kappa;

- Realizar uma análise temporal com dados dos anos 2002 e 2003 com a

finalidade de investigar a dinâmica de ocupação do espaço físico, avaliando as

mudanças nas classes temáticas identificadas pela rede neural ART2 para ambas

datas.

22

23

CAPÍTULO 2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Dinâmica Florestal na Amazônia

A dinâmica florestal ocasionada por processos de desflorestamento e ocupação da

Amazônia tem chamado atenção desde o início dos anos 70. Este fenômeno tem sido

associado às mudanças climáticas globais, dinâmica de uso e cobertura da terra, e

diminuição da biodiversidade deste ecossistema.

Dos cinco milhões de km2 da Amazônia Legal Brasileira, os 3.370.00 km2 ocupados por

floresta tropical úmida e sazonal, representavam o 66% da floresta original

remanescente no mundo (Fearnside, 1982). Este ecossistema representado por sua alta

diversidade em espécies de animais e vegetais é um dos maiores biomas do planeta.

A ocupação da Amazônia é antiga, em larga escala tem seu início a partir de 1970 com

as políticas de ocupação do território promovidas pelo governo brasileiro,

principalmente associado aos projetos de construção de estradas, como por exemplo:

Belém-Brasília, Transamazônica, Cuiabá-Porto Velho, Cuiabá-Santarém, além das

estradas secundárias.

Podemos afirmar em geral, que existe um conjunto de fatores que promovem esta

dinâmica florestal ocasionado por processos antrópicos, tais como a política de

incentivos fiscais para instalação de grandes projetos agropecuários e assentamentos de

colonos; a construção de estradas; a intensa atividade de desflorestamento, em especial

a extração seletiva de madeira; e a conversão das áreas de floresta em pastagem e áreas

agrícolas.

Além disso, existem fatores condicionantes neste processo de desflorestamento como:

crescimento populacional, necessidade de terra, desigualdades sociais, política fundiária

24

e regime de direito de propriedade, políticas governamentais, tecnologia inadequada,

relações de comércio internacional, entre outros (Lambin, 1994).

Acredita-se que a agricultura itinerante responde por cerca de um terço do

desflorestamento na Amazônia, enquanto a expansão e manejo de pastagens para o gado

é responsável por pelo menos a metade do desflorestamento ocorrido na segunda

metade da década de 90 (Serrão et al., 1996).

As antigas práticas agrícolas tinham no sistema de corte e queima uma alternativa para o

cultivo em solos de baixa fertilidade e ácidos que dominam grande parte da Amazônia,

porém a fertilidade alcançada com a queima da floresta é temporária, onde a infestação

por pragas nas áreas agrícolas reduz ainda mais a produtividade (Nepstad et al., 1999).

Segundo Teixeira (2001), nos últimos anos a agricultura comercial em larga escala tem

sido incentivada para culturas de exportação. Neste contexto, a expansão da soja nas

regiões de Centro-Oeste e Norte tem sido a causa direta de extensos desflorestamentos

na Amazônia brasileira, atingindo vastas áreas de cerrados e florestas de transição

(regiões de alta diversidade e endemismos).

As florestas também são derrubadas e queimadas para a formação de pastagens.

Raramente as pastagens são formadas sem a queima da floresta, já que as cinzas geradas

são vitais nos processos químicos da fertilidade do solo, para a formação da pastagem.

Além disso, o fogo é a forma mais barata de limpar a área para o plantio da pastagem

(Nepstad et al., 1999).

Na fronteira meridional da Amazônia brasileira, com os projetos de colonização

iniciados nos anos de 1970, centenas de criadores de gado do sul do país migraram para

a região e rapidamente derrubaram e queimaram extensas áreas de florestas para

introdução das pastagens. O processo de desflorestamento ocorre, muitas vezes, como

resultado da cooperação entre madeireiros e fazendeiros para a abertura e manutenção

de estradas e para o corte das árvores e limpeza da área. A cultura sulista de formar

pastagens para criação de gado continua prevalecendo na expansão da ocupação de

terras na região Amazônica (Teixeira, 2001).

25

Para o caso da exploração madeireira, considera-se a extração de madeira em tora como

uma causa direta da degradação florestal mas não do desflorestamento (corte raso da

floresta), tendo em vista tratar-se de extração seletiva de algumas poucas espécies de

interesse comercial. Segundo Teixeira (2001), a degradação é resultante da abertura de

uma densa malha de estradas e trilhas para a retirada das toras, dos danos causados a

outras espécies durante o corte e a queda das árvores e do modo imediatista e predatório

pela qual a extração é realizada (sem um manejo que permita a regeneração natural e

conservação genética das espécies extraídas).

Segundo Nepstad et al. (1999), a atividade madeireira na Amazônia elimina ou danifica

de 10 a 40% da biomassa viva da floresta e aumenta a possibilidade de incêndios pela

redução entre 14 e 50% do dossel, permitindo a entrada de luz do sol e, portanto, a

redução de umidade, com o ressecamento da matéria orgânica acumulada no interior da

floresta.

Na Tabela 2.1 apresenta-se a lista dos mais importantes agentes que são considerados

responsáveis pelas principais causas do desflorestamento na Amazônia.

26

TABELA 2.1 – Importantes agentes de desflorestamento.

AGENTES RELAÇÕES DE DESFLORESTAMENTO

Pequenos agricultores (lavoura

de corte e queima)

Cortam a floresta para cultivos de subsistência e venda

no mercado

Grandes fazendeiros

(agricultura comercial)

Cortam a floresta para introduzir plantas comerciais,

algumas vezes desalojando pequenos produtores que,

por sua vez, se movem para outras áreas florestais.

Criadores de gado Cortam a floresta para cultivar pastagens, algumas

vezes desalojando pequenos produtores que se movem

para outras áreas da floresta.

Madeireiros Retiram a madeira comercial, danificam o ecossistema,

expulsam populações nativas que vivem do

extrativismo e abrem estradas que dão acesso a outros

usuários da terra.

Planejadores de projetos de

colonização ou assentamento

Relocação de pessoas dentro de áreas florestadas

Agentes de desenvolvimento

de infraestrutura

Novos acessos para outros usuários da terra com a

construção de estradas e ferrovias em áreas florestadas,

inundações para construção de hidroelétricas.

FONTE: adaptada de Roper at al. (1999).

Segundo Batistella (2001), técnicas metodológicas direcionadas a este processo de

desflorestamento de ampla escala estão sendo avaliadas e estimativas relacionadas ao

índice e extensão do desflorestamento são elaborados com precisão maior. Atualmente,

os efeitos do desflorestamento amazônico, tal como a acumulação de dióxido de

carbono na atmosfera, têm sido considerados como prioridade nos estudos de mudanças

27

globais. O autor menciona que a comunidade científica está agora enfrentando

problemas em calcular a taxa de liberação de carbono, pela complexidade do fenômeno,

como ocorreu no passado com a quantificação do desflorestamento.

Os últimos estudos baseados em sensores remotos demonstram que a região vem

desflorestando aproximadamente 0,52% ao ano no período 2000 e 2001, com os Estados

de Mato Grosso e Maranhão apresentando incrementos maiores, da ordem de 1,96% e

1,89% respectivamente (INPE, 2003). Complementarmente às estimativas anuais da

degradação, estudos vêm sendo conduzidos para avaliar os processos sociais,

econômicos e ecológicos envolvidos durante o processo de desflorestamento (Brondizio

et al., 1994; Moran et al., 1994).

A heterogeneidade de um território muito amplo foi reconhecida em diferentes estudos.

Entre outros elementos regionais, tipos de rios amazônicos foram diferenciados em

águas brancas, águas claras e águas negras (Sioli, 1984). Os solos foram divididos em

três principais categorias: solos bem drenados, irregularmente drenados e pouco

drenados (Sombroek, 1984). Outros autores como Pires e Prance (1985) descreveram

diferentes tipos de vegetação e por último alguns estudos levaram em consideração a

dimensão humana e a heterogeneidade ambiental (Moran e Herrera, 1984; Balée, 1989).

Como conseqüência deste conhecimento crescente sobre a região, diferentes esquemas

de desenvolvimento e sistemas de produção foram descritos e discutidos:

agrosilvicultura, pastagem, agricultura itinerante, extração seletiva de madeira e

agricultura com introdução de fertilizantes, entre outros (Nepstad et al., 1999).

Inserido neste processo dinâmico, várias técnicas modernas de avaliação ambiental

foram desenvolvidas. A integração de sensoriamento remoto e sistemas de informação

geográfica (SIG) trouxe à discussão espacial uma visão mais ampla do desenvolvimento

amazônico (Adams et al., 1995; Alves et al., 1999). Também, classificações de tipos de

uso e cobertura da terra mais detalhada obtidas por dados de campo, enfatizam a função

de regeneração em paisagens amazônicas. Enquanto o desflorestamento acontece, uma

vegetação secundária também aparece, assim, assuntos como regeneração de vegetação

28

e dinâmica do estádio sucessional deveriam ser parte das investigações sobre o uso e

cobertura da terra na região (Moran et al., 1996).

Na compreensão das variáveis que afetam os padrões de sucessão da floresta, precisa-se

conhecer a história do processo da dinâmica florestal. Atualmente, os sensores remotos

têm incrementado significativamente a capacidade de monitorar os processos de

mudanças de tipos de uso e cobertura da terra. Classificações de coberturas terrestres

que usam estas ferramentas são fundamentais para o entendimento e monitoramento do

desflorestamento e da sucessão secundária, especialmente nas regiões tropicais (Moran

et al., 1996; Steininger, 1996).

A integração destes métodos de análise como sensoriamento remoto e

geoprocessamento, mais os dados de campo sobre estrutura florestal, composição da

vegetação e investigações ecológicas, fornecem novas oportunidades para o estudo da

dinâmica florestal. Além disso, para avaliações regionais e de paisagem, o estudo da

estrutura de vegetação em florestas tropicais é mais efetivo que a composição florística

por causa das respostas espectrais das comunidades de vegetação nas imagens geradas

pelos sensores remotos.

2.2 Sensoriamento Remoto Aplicado ao Estudo da Cobertura Florestal e Uso do

Solo

O levantamento do uso e cobertura da terra é de grande importância, na medida em que

os efeitos do uso desordenado causam deterioração do ambiente. Os processos intensos

de erosão, as inundações, os assoreamentos desenfreados de reservatórios e cursos

d’água são conseqüências do uso inadequado da terra (Lorena, 2001).

Segundo Pereira et al. (1994), o levantamento e mapeamento do uso e cobertura da terra

de uma dada região são importantes porque apresentam a distribuição espacial das

atividades de exploração e conservação na área. Esta informação associada àquela da

capacidade de suporte do terreno serve de base para o planejamento de ocupação

antrópica das terras, de forma racional.

29

Atualmente, a boa disponibilidade de dados em função do número de plataformas

orbitais em operação, tem contribuído para os estudos de caracterização e mapeamento

dos diferentes alvos que ocorrem na superfície terrestre, especialmente em áreas onde se

produzem modificações na cobertura vegetal, em função do uso da terra urbana e rural.

Em ambientes tropicais úmidos, os estudos realizados até a atualidade, que são

numerosos, representam hoje uma fonte valiosa de informação sobre esses ecossistemas

que vem sofrendo rápidas mudanças. O desempenho obtido nos estudos relacionados à

cobertura vegetal e no uso da terra na Amazônia teve suporte em trabalhos pioneiros

utilizando dados Landsat/MSS e Landsat/TM, entre os quais citam-se aqueles

desenvolvidos por Santos et al. (1983).

Alguns trabalhos combinam ainda métodos que procuram analisar dados históricos

através de técnicas de geoprocessamento. Watrin et al. (1996), manipularam dados de

sensoriamento remoto combinados com dados de campo, num estudo multitemporal da

cobertura vegetal e de uso da terra, numa área com aproximadamente 786 km2 no

nordeste do Pará. Esses autores mapearam quatro classes temáticas, analisando a

dinâmica destas classes através de técnicas de geoprocessamento.

Brondizio et al. (1993), utilizaram imagens multitemporais Landsat/ TM integradas com

assinaturas espectrais, levantamento florístico-estrutural da vegetação e reconstituição

etnográfica da história de uso da terra, para o mapeamento da vegetação e uso do solo

na porção oriental da Amazônia. O papel da sucessão secundária e outras formações

antrópicas representam para a Amazônia um papel fundamental para o entendimento

sobre as atividades de subsistência das populações locais e a sustentabilidade, ao longo

prazo, de modelos de uso da terra.

Entre outros objetivos de monitoramento das paisagens, estão os trabalhos que

procuram relacionar a emissão de gases do efeito estufa, principalmente o CO2 com a

dinâmica do uso e da cobertura do solo em regiões de floresta tropical. Pereira et al.

(1998) utilizaram dados de Landsat/TM para estudar o fluxo líquido de CO2 e sua

relação com alguns parâmetros florestais como: área desflorestada, taxa de

reflorestamento, densidade de carbono na floresta original e na vegetação secundária.

30

Para tanto, procuraram caracterizar diferentes tipos de cobertura vegetal e uso da terra

típicos na Amazônia, quanto à proporção dos componentes sombra, vegetação, solo e

material vegetal não fotossintetizante, derivados das imagens Landsat/TM a partir da

aplicação do modelo linear de mistura espectral.

Trabalhos com o objetivo de melhorar a qualidade das classificações automáticas

utilizando diferentes técnicas como segmentação de imagens por crescimento de

regiões, também têm sido freqüentes. Nascimento et al. (1998) avaliaram técnicas de

segmentação e classificação automática de imagens Landsat/TM no mapeamento do uso

do solo numa área localizada a 70 km ao norte de Manaus (AM) e concluíram que tal

procedimento mostrou-se satisfatório no mapeamento de unidades de paisagem da

Amazônia, com valores de exatidão global entre 84% e 90%, considerando-se quatro

classes temáticas (floresta, capoeira, pastagem e solo nu).

Alves et al. (1998) também testaram técnicas de segmentação seguidas de processo de

classificação por região, na caracterização do uso e da cobertura da terra em uma área

da Amazônia. Os resultados mostraram que a vegetação secundária representa uma

importante fração da área desflorestada.

Escada (2003) aplicou o método de delimitação de regiões para identificar padrões

espaciais observáveis em uma série de imagens temporais Landsat/TM para analisar a

evolução do uso e cobertura da terra, em uma região do Estado de Rondônia para os

anos de 1985-2000.

No entanto, Santos et al. (2002) aplicaram o modelo de mistura espectral usando uma

imagem Landsat/TM para caracterizar e monitorar o desflorestamento e a exploração

madeireira em uma área da Amazônia brasileira para os períodos de 1997-2001. A

análise das imagens e mapas gerados mostrou que a identificação temporal das áreas

desflorestadas e de extração de madeira é reconhecida como resultado do uso

operacional desta técnica.

Hayashi e Alencar (2003) utilizaram uma imagem Landsat/TM dos anos de 1997, 1999

e 2001 para identificar pátios de estocagem de madeira, ao sul da cidade de Santarém-

31

PA, em um trecho da rodovia Cuiabá-Santarém. Estes autores compararam os métodos

de Tasseled Cap e Análise de Principal Componente para identificar os pixels puros que

representem as frações de vegetação, solo e sombra a serem utilizados em um modelo

de mistura espectral. Posteriormente, realizaram uma classificação não supervisionada

Isodata e uma interpretação visual para identificar os pátios de estocagem utilizando a

banda 3 da imagem Landsat/TM. Os resultados mostraram que o método de Análise de

Componente Principal identificou 18% a mais dos pátios de estocagem em relação aos

outros métodos.

Salimon et al. (2003) utilizaram a técnica de classificação supervisionada de distância

mínima em uma imagem Landsat/TM para monitorar as mudanças de uso da terra para

os anos de 1988 a 1997. A classificação foi feita em três tipos de cobertura florestal:

floresta primária, pastagens e florestas secundárias (capoeiras).

Silva et al. (2003) mostraram os uso da técnica de Análise de Vetor Mudança para

monitorar as atividades de extração seletiva de madeira em uma área ao norte do Estado

de Mato Grosso. O resultado mostrou imagens eficientes para identificar a intensidade e

tipo de mudança que ocorre nestas áreas florestais sob influência da extração

madeireira.

2.3 Sensor ASTER

O sensor Advanced Spaceborne Thermal and Reflection Radiometer (ASTER) é um dos

instrumentos a bordo do satélite TERRA, denominado também EOS/AM-1. Foi lançado

no dia 19 de dezembro de 1999 e os dados foram disponibilizados para o público a

partir de Novembro de 2000. O principal objetivo da missão Terra/ASTER é obter

imagens locais, regionais e globais da Terra de alta resolução espacial em 14 bandas

espectrais. É constituído de três subsistemas de telescópio diferentes: Visível e

Infravermelho próximo (VNIR), Infravermelho médio (SWIR), Infravermelho termal

(TIR). A Tabela 2.2 mostra as características básicas destes subsistemas: 14 bandas no

espectro do visível e infravermelho com diferentes resoluções espaciais (VNIR, 15m;

SWIR, 30m; TIR, 90m), cuja configuração espectral está apresentada na Figura 2.1.

32

TABELA 2.2 - Características gerais dos três subsistemas do ASTER.

CARACTERÍSTICAS VNIR SWIR TIR Faixa espectral Banda 1 Banda 4 Banda 10 0,52 – 0,60 µm 1,60 – 1,70 µm 8,125 – 8,475 µm Banda 2 Banda 5 Banda 11 0,63 – 0,69 µm 2,145 – 2,185 µm 8,475 – 8,825 µm Banda 3N Banda 6 Banda 12 0,76 – 0,86 µm 2,185 – 2,225 µm 8,925 – 9,275 µm Banda 3B Banda 7 Banda 13 0,76 – 0,86 µm 2,235 – 2,285 µm 1,025 – 1,095 µm Banda 8 Banda 14 2,295 – 2,365 µm 1,095 – 1,165 µm Banda 9 2,360 – 2,430 µm Resolução espacial (m) 15 30 90Largura da cena (km) 60 60 60Quantização (bits) 8 8 12

FIGURA 2.1 - Bandas espectrais do ASTER. FONTE: adaptada de JPL (2003).

O subsistema VNIR é o único que fornece a capacidade de gerar um par de imagens

estéreo a partir da qual se podem gerar mapas de elevação de terreno. Na Figura 2.2

podemos observar a geometria deste subsistema.

33

FIGURA 2.2 - Geometria do VNIR para gerar imagens estéreo. FONTE: adaptada de Toutin (2002).

O satélite Terra gira numa órbita circular, quase polar a uma altitude de 705 km. A

órbita é síncrona com o sol e cruza pela linha equatorial a hora local de 10:30 da manhã,

voltando à mesma órbita cada 16 dias. Os parâmetros de órbita são os mesmos que os

do Landsat 7, com exceção do tempo de cruzamento no equador.

O sensor ASTER opera por um tempo limitado em partes do dia e noite ao longo de

uma órbita. A configuração completa (todas as bandas em estéreo plus) coleta dados

numa média de 8 minutos por órbita. A configuração reduzida (bandas limitadas,

ganhos diferentes, etc.) pode ser implementada com a solicitação de pesquisadores

interessados (ENGESAT, 2002).

2.3.1 Estado de operação do ASTER

Segundo Yamaguchi et al. (2001), uma das principais limitações dos dados do ASTER é

seu volume de dados alocados nos instrumentos sobre o satélite TERRA, devido aos

limites de memória a bordo e as ligações de comunicação com o Tracking and Data

Relay Satellite System (TDRSS) e as estações terrenas. Fundamentalmente, o ASTER

obtém dados por pedidos de aquisição pelos usuários e geralmente o ASTER adquire

34

aproximadamente 600 cenas (uma cena cobre uma área aproximada de 60 km por 60

km) por dia.

O produto de dados de ASTER de nível 1A (L1A) consiste em dados de imagem bruta e

de coeficientes para correções radiométricas e geométricas não processadas. Os

produtos de dados de nível 1B (L1B) são dados de uma imagem reamostrada por

aplicação de coeficientes de correção a dados de L1A. (Kato et al., 2001).

2.3.2 Uso e aplicações dos dados ASTER

Em termos gerais é esperado que os dados do ASTER contribuam fortemente em

diversas áreas de investigação científica, como por exemplo, na dinâmica de

ecossistemas, no monitoramento de desastres naturais (ocasionados por vulcões,

incêndios, inundações, deslizamento de terra), e na climatologia da superfície da Terra

(JPL, 2003).

Outros exemplos de utilização de dados de ASTER incluem a observação de grandes

cidades, mapeamento litológico por bandas de SWIR, monitoramento de ambientes

costeiros (recifes de coral, sedimentos em suspensão, padrões de temperatura) e geração

de modelos digitais de elevação pela capacidade estéreo de VNIR (Yamaguchi et al.,

2001).

Na área de mapeamento do uso e cobertura vegetal ainda são poucos os trabalhos

desenvolvidos e, em sua maioria realizados por pesquisadores em forma de avaliação

dos dados gerados pelo sensor ASTER. Em Kato et al. (2001), com o objetivo de

realizar um mapeamento de uma área de floresta e uma de várzea em duas regiões do

Japão, fizeram uso de duas imagens ASTER de datas diferentes, compostas de 9 bandas

cada uma, correspondentes ao visível, infravermelho próximo e infravermelho médio.

Usaram uma correção atmosférica e transformaram os números digitais em valores de

reflectância, posteriormente aplicando um índice de vegetação, de solo e de água,

denominado VSW index, geraram uma classificação de máxima verossimilhança

suportada com informação de campo.

35

Esses autores compararam ainda os resultados obtidos do tratamento digital das imagens

ASTER com mapas elaborados anteriormente, constatando uma aproximação temática

maior que 90% para as classes florestais de coníferas e de folhosas.

Mah e Lim (2002), baseados em duas imagens ASTER de datas diferentes mapearam

dois tipos de classes temáticas, além de realizar uma detecção de mudança da vegetação

na área de estudo. Primeiramente, nas imagens ASTER (bandas 1, 2 e 3) foram

aplicados algoritmos de correção geométrica e atmosférica. Para mapear os corpos de

água, utilizaram uma diferença normalizada simples entre as bandas do verde (V) e de

infravermelho próximo (IVp) através da razão (V-IVp)/(V+IVp). Para o mapeamento da

cobertura vegetal, utilizaram se o índice de vegetação de diferença normalizada (NDVI)

definido por: (IVp-V)/(IVp+V). No caso da detecção de mudança, foi realizada uma

operação simples de subtração de imagens NDVI para as duas datas, gerando finalmente

um mapa de mudanças de vegetação.

Apan et al. (2002), utilizaram duas cenas do ASTER do nível 1B (bandas do VNIR e

SWIR) para avaliar sua utilidade na discriminação espectral e mapeamento de solos,

culturas agrícolas e outros tipos de cobertura da terra (pastagem e água) em uma área

rural de Austrália. Utilizaram diversos índices de vegetação: NDVI, IVp/V, IVp-V, raiz

quadrada IVp/V e o método de componentes principais. Também foram selecionadas 15

áreas de treinamento suportados com informação de campo, amostras de solo e

entrevistas aos agricultores. Os resultados mostraram que os dados ASTER provêem

uma adequada discriminação espectral entre o trigo, cevada e o grão de bico.

Finalmente, utilizaram o classificador supervisionado de distância mínima para o

mapeamento da cobertura da terra e entre os índices que obtiveram melhor

separabilidade entre classes foram a razão IVp/V e a raiz quadrada IVp/V.

2.4 Redes Neurais Artificiais (RNA’s)

O final da década de 80 marcou o ressurgimento da área de Redes Neurais Artificiais

(RNA’s), também conhecida como conexionismo ou sistemas de processamento

paralelo e distribuída. Esta forma de computação não algorítmica é caracterizada por

36

sistemas que, em algum nível, relembram a estrutura do cérebro humano (Braga et al.,

1998).

As RNA’s são sistemas paralelos distribuídos e compostos por unidades de

processamento simples (nodos) que computam determinadas funções matemáticas

(normalmente não lineares). Tais unidades são dispostas em uma ou mais camadas e

interligadas por um grande número de conexões, geralmente unidirecionais. Na maioria

dos modelos estas conexões estão associadas a pesos, os quais armazenam o

conhecimento representado no modelo e servem para ponderar a entrada recebida por

cada neurônio da rede (Braga et al., 1998).

Segundo estes autores, nas RNA’s, o procedimento usual na solução de problemas passa

inicialmente por um fase de aprendizagem, onde um conjunto de exemplos é

apresentado para a rede, a qual extrai automaticamente as características necessárias

para representar a informação fornecida. A capacidade de aprender através de exemplos

e de generalizar a informação aprendida é, sem dúvida, o atrativo principal da solução

de problemas através de RNA’s. Não obstante, as RNA’s são capazes de atuar como

mapeadores universais de funções multivariáveis, com custo computacional que cresce

apenas linearmente com o número de variáveis. Outras características importantes são a

capacidade de auto-organização e de processamento temporal que fazem das RNA’s

uma ferramenta extremamente poderosa e atrativa para a solução de problemas

complexos.

Diversos métodos para treinamento de redes foram desenvolvidos, podendo estes ser

agrupados em dois paradigmas principais: Aprendizado Supervisionado e Aprendizado

Não Supervisionado (Braga et al., 1998). Outros dois paradigmas bastante conhecidos

são os de Aprendizado por Reforço (caso particular do supervisionado) e Aprendizado

por Competição (caso particular de não supervisionado).

O aprendizado supervisionado é denominado assim porque a entrada e saída desejadas

são fornecidas pelo usuário e o objetivo é ajustar os parâmetros da rede, de maneira a

encontrar um mapeamento entre os pares de entrada e saída fornecidos. A cada padrão

37

de entrada submetido à rede, compara-se a resposta desejada com a resposta calculada,

ajustando-se os pesos das conexões para minimizar o erro (Braga et al., 1998).

No aprendizado não supervisionado somente os padrões de entrada estão disponíveis

para a rede, ao contrario do aprendizado supervisionado, cujo conjunto de treinamento

possui pares de entrada e saída. A partir do momento em que a rede estabelece uma

harmonia com as regularidades estatísticas da entrada de dados, desenvolve-se nela uma

habilidade de formar representações internas para codificar características da entrada e

criar novas classes ou grupos automaticamente. Este tipo de aprendizado, só se torna

possível quando existe redundância nos dados de entrada, sem essa prolixidade seria

impossível encontrar quaisquer padrões ou características dos dados de entrada (Braga

et al., 1998).

2.4.1 Redes Auto-Organizativas

O objetivo principal de um algoritmo para aprendizagem auto-organizada é descobrir os

padrões significativos ou características nos dados de entrada e fazer está descoberta

sem a interferência do usuário. Dois representantes desta classe são as redes SOM e as

redes ART.

Existem várias aplicações onde é necessário que a rede seja treinada sem que o usuário

interfira. Nestes casos, a única informação fornecida está no conjunto de padrões de

entrada. Desta forma, estas redes definem seus parâmetros por si próprias, sem auxilio

externo. Esta é a idéia central dos modelos auto-organizativos, os quais utilizam o

paradigma de aprendizado não supervisionado. Estes algoritmos utilizam um conjunto

de regras de natureza local para o ajuste dos pesos (Nepomuceno, 2003). Estes tipos de

redes possuem um amplo conjunto de aplicações potenciais em problemas de

reconhecimento de padrões e categorização de dados onde as classes não são conhecidas

a priori.

Segundo Braga et al. (1998), um dos princípios da utilização de modelos auto-

organizativos para problemas de reconhecimento de padrões é o de que padrões que

compartilham características comuns devem ser agrupados, com cada grupo de padrões

38

representando uma e apenas uma classe (embora uma mesma classe possa ser

representada por mais de um agrupamento). Para realizar este agrupamento, um

algoritmo auto-organizativo precisa encontrar características ou padrões significativos

nos dados de entrada, sem auxílio de um analista ou crítico externo. Isto é possível

apenas se houver prolixidade nos dados de entrada. Enquanto a redundância fornece

conhecimentos à rede sobre similaridades e diferenças entre estes dados, a ausência

desta torna impossível encontrar padrões ou características nos padrões.

2.4.1.1 Redes ART (Teoria da Ressonância Adaptativa)

Segundo Silva (2003), as redes neurais artificiais baseadas em modelos ART (Teoria da

Ressonância Adaptativa) são sistemas que auto-organizam padrões de entrada em

classes de reconhecimento, mantendo equilíbrio entre as propriedades de plasticidade

(discriminação) e de estabilidade (generalização). Onde a plasticidade define a

capacidade da rede na criação de novas classes de reconhecimento, e a estabilidade

define a capacidade da rede em agrupar padrões similares na mesma classe de

reconhecimento.

As redes ART são apropriadas para aplicações em reconhecimento e classificação de

padrões. Elas foram projetadas para que o usuário possa controlar o grau de similaridade

entre padrões que são colocados em um mesmo grupo (Valle Filho et al., 1997). Foi

criado por Stephen Grossberg em 1976 e foi também chamada de ART1. Segundo

Braga et al. (1998), uma característica básica da arquitetura de uma rede ART é que,

para cada camada da rede, há uma unidade externa de controle. Estas unidades

determinam o fluxo de dados entre as camadas, a função de habilitar ou desabilitar os

nós da camada de saída e apagar seus estados de ativação.

Apesar de ART ser uma rede não supervisionada, ela possui um mecanismo de controle

do grau de similaridade que é função do parâmetro ρ (limiar de vigilância) cujo valor é

especificado pelo usuário. Quando um novo padrão de entrada não se enquadra a

qualquer grupo já existente este mecanismo provoca a formação de um novo grupo

(Valle Filho et al., 1997). Este limiar de vigilância determina se um padrão de entrada

pode ser incluído em um dos agrupamentos existentes.

39

A rede ART é muito sensível a variações em seus parâmetros durante o treinamento,

onde o parâmetro mais crítico é o limiar de vigilância que controla o número de classes

a serem identificadas no processo de classificação. Se ρ assume um valor baixo (<0.4), a

rede permite que padrões não muito semelhantes sejam agrupados no mesmo cluster,

criando poucas classes. Se à ρ for atribuído um valor alto, pequenas variações nos

padrões de entrada levarão a criação de novas classes. (Braga et al., 1998).

2.4.1.2 Redes ART2

Segundo Valle Filho et al. (1997), na literatura encontra-se muitas referências sobre

diversos tipos de redes neurais artificiais. Entretanto poucos trabalhos sobre as redes do

tipo ART2 foram publicados. A rede ART2 caracteriza-se por permitir o tratamento de

dados analógicos, diferentemente da arquitetura de ART1, que trabalha só com dados

binários. Exemplos de aplicação foram realizados por Gan e Lua (1992) que utilizaram

a rede ART2 no reconhecimento de caracteres chineses e por Rangsanseri et al. (2001)

que fizeram uma comparação entre as redes ART1 e ART2 no processo de segmentação

de imagens Landsat/TM5 e ADEOS.

A arquitetura de ART2, como demonstra a Figura 2.3, pode ser dividida em três

camadas, F1: processamento da entrada; F2: unidade de agrupamento; e mecanismo de

RESET: controla o grau de similaridade. A camada F1 é conectada à camada F2 e vice-

versa através dos pesos zij. Este duplo sentido de conexões é utilizado para controlar a

similaridade dos padrões de um mesmo grupo (Valle Filho et al., 1997).

Segundo Silva (2003), a arquitetura de ART2 é dividida em subcamadas que são

representadas pelos círculos menores e as setas com linhas pontilhadas indicam o fluxo

de dados de uma subcamada para outra. As entradas da rede (ei) acessam diretamente a

subcamada wi. Os núcleos de controle de ganhos (círculos maiores) inibem as

subcamadas de destino proporcionalmente à norma L2 das subcamadas de origem. Os

núcleos de controle de ganhos atuam diretamente nas subcamadas xi, ui e ri no

subsistema de orientação. O triângulo no topo esquerdo representa o subsistema de

orientação e as linhas com finalizações em forma de semicírculos, entre as camadas F1

e F2, representam as memórias de longo prazo (MLP).

40

Os fluxos de dados temporários que são gerados dentro da estrutura de uma rede ART2

são chamados de memórias de curto prazo (MCP). As MCPs são os valores temporários

assumidos pelas subcamadas das camadas F1 e F2. Essas MCPs são necessárias ao

algoritmo de aprendizado incremental a fim de acessar e atualizar as MLPs que irão

caracterizar a auto-organização permanente do sistema. Cada MLP representa um

padrão detectado no conjunto de entradas já apresentadas à rede (Silva, 2003).

FIGURA 2.3 - Arquitetura típica de ART2. FONTE: adaptada de Carpenter e Grossberg (1987).

onde:

e = entrada da rede;

a, b = pesos fixos entre as unidades (ui e wi) e (qi e vi), respectivamente, na

camada F1;

41

cp = peso fixo usado entre pi e ri utilizado no teste de reset. Valores pequenos

para c permitem uma faixa larga para o parâmetro de vigilância (ρ). Exemplo: c

= 0.1.

A subcamada F1 da arquitetura ART2 computa várias normalizações de entradas,

controles de ganhos e operações de casamento de padrões, automaticamente. Estas

operações trabalham em conjunto para satisfazer as múltiplas restrições necessárias para

alcançar a auto-organização de classes numa seqüência arbitrária de entradas analógicas

de maneira assíncrona, estável e em tempo real. Uma entrada também deve ser capaz de

ativar a representação de sua classe diretamente, caso ela exista (Silva, 2003).

O modelo de ART2 possui mecanismos de normalização e filtragem de ruídos incluídos

na camada F1, onde a eliminação de ruídos é controlada pelo parâmetro ρ que ajuda a

rede a se tornar estável. A velocidade de aprendizagem pode ser rápido ou lento, isto

afetando na formação dos grupos e dos vetores de pesos (Valle Filho et al., 1997).

A aprendizagem rápida ou lenta em ART2 pode ser controlada através do parâmetro

α (taxa de aprendizagem). Valores pequenos para α provocam a redução da velocidade

da aprendizagem, mas garante que os pesos alcancem equilíbrio no modo lento e a

distribuição dos padrões nos grupos (Valle Filho et al., 1997).

O início de uma aprendizagem ocorre quando todas as ativações recebem atribuição

zero. O ciclo computacional se inicia na camada F1 a partir das unidades ui que envia

sinais para pi e wi. Cada unidade ui envia um sinal para wi multiplicado pelo peso a. As

unidades wi somam os sinais provenientes de ei e ui. Os sinais que saem de wi são

normalizados antes de entrarem na unidade xi (Valle Filho et al., 1997).

A saída de qi deve ser multiplicada pelo peso fixo b. Portanto o sinal de qi que chega em

vi é dado por b.f(qi). A eliminação de ruídos ajuda à rede na formação de grupos

estáveis. Os sinais que chegam em vi são somados, ou seja:

)xi(f)q(f. i += bVi (2.1)

42

Os sinais vi são normalizados antes de serem enviados para ui. Depois que passam por

ui, os sinais são enviados para ri, pi e wi. Na unidade pi os sinais que vieram de ui são

somados aos sinais que vierem da camada F2 (top-down) se houver alguma unidade

ativa em F2 (Valle Filho et al., 1997).

Quando a camada F1 alcança o equilíbrio, ou seja, quando não ocorre mais alterações

em suas unidades, as unidade pi enviam seus sinais para a camada F2 (bottom-up), ou

seja, os sinais oriundos de F1, através das unidades p, são multiplicados pelos pesos

bottom-up, conforme o seguinte somatório:

pby ii

iji ∑= (2.2)

Segundo Silva (2003), as propriedades básicas da camada F2 são a ampliação de

contraste dos padrões que passam pelo filtro adaptativo F1 → F2 e a inibição do

neurônio ativo quando da ocorrência do sinal de reset gerado pelo subsistema de

orientação.

Em Valle Filho et al. (1997), quando pi recebe sinal de F2 (competição encerrada) um

sinal é enviado para ri que, somado com ui, fornece o reset. Em ART2 a função de reset

é controlar o estado de cada neurônio na camada F2. A aprendizagem ocorre se houver

suficiente similaridade entre os pesos do vencedor em F2 e o vetor de entrada. A

similaridade é considerada suficiente quando:

( )ε−ρ≥ir (2.3 )

e

p.cuep.cur ii

i +++

= (2.4)

onde:

e = previne divisão por zero quando se calcula a norma (valor) de um vetor;

43

ρ = parâmetro de vigilância.

A notação ρ é utilizada para controlar o grau de similaridade entre os elementos de cada

grupo. O parâmetro ρ, juntamente com os pesos iniciais bottom-up, determinam quantos

grupos serão formados e assume um valor entre 0 e 1. Segundo Silva (2003), fixando-

se todos os parâmetros do sistema, uma vigilância alta impõe um critério de junção bem

restritiva, separando o conjunto de entradas em classes finas. Um critério de vigilância

baixo tolera grandes diferenças entre os pesos top-down e bottom-up em F1, levando a

classes mais abrangentes.

2.5 Algoritmos Genéticos (AG’s)

Segundo Braga et al. (1998), os algoritmos genéticos são algoritmos de otimização e

busca baseados nos mecanismos de seleção natural e genética. Enquanto os métodos

tradicionais trabalham de forma seqüencial, ou seja, avaliando a cada instante uma

possível solução, os AG’s trabalham com um conjunto de possíveis soluções

simultaneamente.

O princípio básico do funcionamento dos AG’s é o critério de seleção baseado na teoria

da evolução natural proposta por Charles Darwin em seu livro The Origin of Species,

em 1895, onde manifesta que a evolução das populações naturais através de um número

de gerações ocorre de acordo com os princípios de seleção natural e sobrevivência dos

mais aptos (Holland, 1975). Na terminologia de AG’s, uma solução candidata é

chamada de indivíduo ou cromossomo. Ao conjunto de indivíduos simultaneamente

avaliados é dado o nome de população. Na busca de encontrar as melhores soluções são

realizados processos interativos, onde cada interação é chamada de geração. Durante

cada geração, princípios de seleção e reprodução são aplicados a uma população de

candidatos (Nepomuceno, 2003).

O processo de seleção determina quais indivíduos da população podem participar da

fase de reprodução. Segundo Nepomuceno (2003), é necessário utilizar critérios de

avaliação levando em consideração que: (i) se uma função de avaliação atribuir um

valor muito alto a um indivíduo então este poderá monopolizar a seleção, levando a uma

44

convergência prematura do algoritmo genético; (ii) se a função de avaliação atribuir

valores de aptidão muito próximos aos indivíduos, a seleção pode não favorecer os

indivíduos mais aptos.

Os indivíduos selecionados participam da fase de reprodução, onde podem ser

combinados ou modificados, produzindo os indivíduos da próxima geração. Estas

combinações e modificações são realizadas por um conjunto de operadores genéticos

(Braga et al., 1998).

Os principais operadores genéticos são: cruzamento e mutação. Eles são utilizados para

assegurar que a nova geração apresente novos indivíduos (soluções), mantendo

características desejáveis adquiridas em gerações anteriores.

Segundo Braga et al. (1998), o “crossover” (cruzamento) é o operador responsável pela

recombinação de características genéticas dos pais durante a reprodução, permitindo

que elas sejam herdadas pelas próximas gerações. Ele é considerado o operador

genético predominante, por isso é aplicado com uma probabilidade chamada de taxa de

“crossover”, maior que a taxa de mutação.

O operador de mutação é responsável pela introdução e manutenção da diversidade

genética na população, alterando arbitrariamente um ou mais genes de um cromossomo

escolhido aleatoriamente. Este operador fornece meios para introdução de novos

elementos na população (Braga et al., 1998).

O processo evolutivo termina quando o algoritmo alcança a convergência dos dados se

for obtido um indivíduo adequado ou for realizado um determinado número de

gerações. O algoritmo converge quando cada gene possui o mesmo valor em pelo

menos 95% dos indivíduos (Braga et al., 1998).

Ao utilizar AG’s na solução de um problema é importante analisar como a escolha dos

parâmetros utilizados pode influir no seu comportamento, para que se possa estabelece-

los conforme as necessidades do problema e dos recursos disponíveis, descritos da

seguinte forma por Braga et al. (1998): (a) o tamanho da população afeta o desempenho

45

global e a eficiência dos AG’s. Com uma população pequena, o desempenho pode cair,

pois a população pode cobrir apenas uma pequena parte do espaço de busca. Uma

grande população geralmente fornece uma cobertura representativa do domínio do

problema, além de prevenir convergências prematuras para soluções locais ao invés de

globais. No entanto, para se trabalhar com grandes populações, são necessários maiores

recursos computacionais, ou que o algoritmo trabalhe por um longo período de tempo;

(b) taxa de cruzamento, quanto maior for esta taxa, mais rápida a introdução de novas

estruturas na população. Se esta taxa for muito alta, indivíduos com bons índices de

aptidão poderão ser retirados a uma velocidade que supere a capacidade de gerar

melhores indivíduos. Caso esta taxa seja muito baixa, a busca pode estagnar; (c) taxa de

mutação, um baixo valor de mutação previne que uma dada posição fique estagnada em

um determinado valor, além de possibilitar que se chegue em qualquer ponto do espaço

de busca. Com uma taxa muito alta, a busca se torna essencialmente aleatória; (d) o

intervalo de geração, controla a porcentagem da população que será substituída para a

próxima geração. Com um valor alto, a maior parte da população é substituída, o que

pode levar a perda de indivíduos de alta aptidão. Com um valor baixo, o algoritmo pode

se tornar muito lento, pois o número de gerações necessárias pode ser muito grande.

2.6 Tratamento de Imagens Digitais

As imagens geradas por sensores remotos captam de forma seqüencial a radiância média

de uma área do terreno, equivalente ao tamanho do pixel (picture element). Estas são

constituídas por um conjunto de pixels arranjados de forma matricial, onde cada um tem

uma localização definida em um sistema de coordenadas (linha e coluna) representadas

por “x” e “y” (Crosta, 1993).

Segundo Richards (1995), cada pixel assume um atributo numérico que representa o

nível de cinza, variando de preto ao branco chamado de ND (número digital). Este ND

está relacionado com a média da intensidade da energia eletromagnética refletida ou

emitido pelos diferentes materiais existentes na superfície da Terra correspondente ao

tamanho do pixel.

46

Processamentos de dados de sensoriamento remoto, como operações entre bandas e

aumento linear de contraste, oferecem realce de feições de interesse aos objetivos do

estudo realizado, facilitando a interpretação destas feições. Os dados de sensoriamento

remoto necessitam, contudo de pré-processamento para a redução de distorções das

características espectrais dos alvos imageados, provocados por fatores que interferem no

processo de aquisição desses dados.

O pré-processamento consiste em minimizar algumas características das imagens

digitais não provenientes da cena imageada, como as de produto da natureza do sensor,

deformações geométricas, atmosfera, nuvens, etc.

2.6.1 Correção geométrica e registro de imagens

As formas de distorções geométricas em imagens orbitais podem ser atribuídas a fatores

de diversas naturezas. Dentre esses fatores Richards (1995) destaca a rotação e

curvatura da Terra; erros de instrumentação; padrão de varredura e campo de visada em

sensores; distorção panorâmica; e variações de altitude, atitude e velocidade da

plataforma.

A correção geométrica de imagens de sensores remotos visa eliminar as distorções

sistemáticas, permitindo que se realizem estudos multitemporais, como a integração de

dados de diversas fontes em sistemas de informações geográficas. Deste modo, esta

pode ser feita aplicando modelos matemáticos visando corrigir fontes específicas de

erro, ou buscando relacionar a coordenada do pixel na imagem com um sistema de

coordenada geográfica (Richards, 1995).

Para que as imagens sejam perfeitamente coincidentes no espaço é necessário que

sofram um tipo de transformação espacial conhecida por registro. A relação entre o

mapa e a imagem é feita através de uma função de mapeamento polinomial, podendo

ser de primeira, segunda ou terceira ordem. Os coeficientes de função de mapeamento

são estimados através de um conjunto de pontos identificados no mapa e na imagem,

que referem-se aos pontos de controle, que podem ser interseção de rodovias,

47

cruzamento de drenagem, etc. O número de pontos de controle depende do grau do

polinômio a ser utilizado (Richards, 1995).

O registro pode ser feito com uma reamostragem do vizinho mais próximo (Nearest

neighbour), quando há a necessidade das vantagens da não alteração dos números

digitais (ND) ou níveis de cinza, enquanto que o bilinear calcula a média ponderada

pela distância do ND dos quatro vizinhos mais próximos. A convolução cúbica por sua

vez, utiliza os dezesseis vizinhos mais próximos, apresentando como vantagem uma

imagem esteticamente mais adequada na visualização (Crosta, 1993).

2.6.2 Correção atmosférica

As características da atmosfera causam um espalhamento da radiação, afetando a

resposta espectral captada pelo sensor, o que varia conforme o comprimento de onda.

As bandas do visível são mais afetadas, fazendo com que as partes sombreadas

apresentem um valor mais alto do que o esperado o que provoca uma decorrelação da

sombra entre as bandas (Novo, 1992). Assim, é necessário efetuar tratamento da

imagem para minimizar esse efeito, principalmente quando são realizadas operações

entre bandas, relacionamentos entre dados obtidos por sensores remotos com

parâmetros biofísicos e em estudos multitemporais (Chuvieco, 2002).

Segundo Watrin (1994), apesar da correção dos efeitos atmosféricos ser bastante

complexa, os dados espúrios que acompanham a cena, oriundos principalmente dos

efeitos de espalhamento, podem ser minimizados a partir da aplicação de algumas

técnicas baseadas em modelos matemáticos. Verificou-se que, em geral, a correção

atmosférica diminui a média dos níveis de cinza na imagem, sendo porém esta redução

não uniforme e fortemente dependente do tipo de alvo.

Atualmente existem na literatura diversos métodos de correção atmosférica aplicados

em dados multiespectrais e segundo Chen et al. (1995) estes podem ser realizados a

partir da utilização de modelos que simulam as propriedades ópticas da atmosfera

através de alvos com reflectância conhecida ou através de métodos que utilizam feições

presentes na própria imagem. Pode-se dividir em métodos alternativos (por exemplo,

48

Subtração do Objeto Escuro) e métodos físicos (por exemplo, 6S, MODTRAN,

LOWTRAN, DOS).

No caso dos métodos físicos, torna-se fundamental o conhecimento das propriedades

ópticas da atmosfera e a superfície. Estes métodos são fundamentados na teoria da

transferência radiativa, a fim de que retratem a complexidade da atmosfera, que irá

variar com o tipo de modelo a ser utilizado e o resultado final a que se propõe.

Dos modelos de correção atmosférica existentes e utilizados para dados ASTER

destaca-se o modelo “Moderate Atmospheric Radiance and Transmittance”

(MODTRAN 4). A precisão do método de transferência radiativa e o modelo

atmosférico influenciam diretamente na obtenção da reflectância da superfície (Thome

et al., 1998).

2.6.3 Retificação radiométrica

Os procedimentos de retificação ou normalização radiométrica são necessários quando

se pretende comparar imagens multitemporais de uma mesma área de estudo, obtidas de

diferentes sensores ou de diferentes datas de aquisição e mediante utilização de técnicas

de compressão de dados e de subtração de imagens (Hill e Sturm, 1991).

Esta retificação radiométrica é uma técnica utilizada para eliminar as distorções

radiométricas entre imagens multitemporais e que permite que sejam realizadas

comparações quantitativas com a reflectância dos alvos obtidas das imagens ou até de

medições em campo (Hill e Sturm, 1991).

O procedimento de retificação radiométrica é importante porque não requer o

conhecimento das propriedades atmosféricas e calibração do sensor. Por isso, uma

imagem retificada em relação a uma de referência, deve parecer como se houvesse sido

obtida nas mesmas condições atmosféricas e de iluminação da imagem de referência

(Hall et al., 1991).

Esta retificação pode ser realizada a partir de alvos pseudo-invariantes, que são usados

para encontrar o relacionamento entre cada imagem e uma imagem de referência (Hill e

49

Sturn, 1991). Segundo Caselles e Garcia (1989), imagens de diferentes datas de

aquisição podem ser comparadas ajustando uma função de regressão entre alvos-

referência claros e escuros e assumindo reflectância estável.

Segundo Hall et al. (1991), se em uma cena há elementos de reflectância estáveis

(chamados também alvos pseudo-invariantes), a retificação radiométrica é uma técnica

alternativa útil para normalizar radiometricamente imagens temporais, quando os dados

de profundidade óptica atmosférica ou coeficientes de calibração não estão disponíveis.

Considerando que não houve alteração no uso do solo, pixels com a mesma localização

geográfica em imagens obtidas em diferentes datas correspondem ao mesmo alvo e a

relação entre eles deve ser linear (Du et al., 2001). Dessa maneira, a retificação altera as

condições atmosféricas e de iluminação de uma imagem qualquer para aquelas da cena

usada como referência (Hill e Sturm, 1991).

No trabalho de Olsson (1993) foram testados diferentes tipos de funções de regressão

para uma comparação da calibração temporal relativa dos dados do Landsat/TM. Hill e

Sturm (1991) e Caselles e Garcia (1989) aplicaram a retificação radiométrica em

imagens Landsat usando uma regressão linear, obtida de pares de pixels localizados em

alvos invariantes numa imagem de referência e em a mesma cena de outra data.

O problema que ocorre com os métodos de retificação radiométrica é que, mesmo áreas

que não mudaram podem apresentar uma variação natural na reflectância entre as

aquisições, seja por causa da variação sazonal, ou por causa da diferença de iluminação

ou geometria de visada (Olsson, 1993).

2.7 Classificação de Imagens Digitais por Redes Neurais

Segundo Crosta (1993), a classificação digital de imagens consiste em procedimentos

utilizados para separar e identificar alvos na superfície terrestre usando sistemas

eletrônicos, auxiliando o elemento humano na interpretação das informações contidas

na cena. Desta forma, o processo de classificação digital de imagens multiespectrais tem

por objetivo associar cada pixel ou região de uma imagem a uma determinada classe,

50

descrevendo o tipo de cobertura na superfície terrestre (vegetação, agricultura, solo,

água, áreas urbanas e outras feições de interesse), ou seja, é um processo que extrai

informações da imagem para reconhecer padrões.

A atual geração de satélites está produzindo dados com um enorme potencial de

informação para o uso científico e tecnológico, em grande volume e qualidade espectral,

radiométrica, geométrica e temporal. Por outro lado, todo esse potencial torna

necessário um melhor desenvolvimento metodológico, sobretudo com o objetivo de

estudo ambientais, para o processar, interpretar, analisar e integrar os dados multi-

fontes. Estes desafios estão sendo resolvidos com a compreensão desses dados no que se

refere principalmente à relação sinal/alvo contido nos produtos de sensoriamento

remoto. Neste contexto, as Redes Neurais Artificiais (RNA’s) apresentam-se como uma

ferramenta importante no processamento de imagens de satélite, tornando-se possível

atingir classificações temáticas de adequado desempenho em amplos campos de

aplicações.

As RNA’s, num sentido simples, poderiam ser entendidas como um transformador de

dados, onde o objetivo é associar os elementos em um grupo de dados com os elementos

de um segundo grupo. Segundo Hepner et al. (1990), quando é aplicada uma

classificação, por exemplo, eles são relacionados com a transformação dos dados de

espaço-feição para espaço-classe. Por essa razão, a RNA pertence à mesma classe de

técnicas como reconhecimento automático de padrões, regressão, e classificação

espectral e textural.

Em Atkinson e Tatnall (1997), a rápida aceitação dos métodos de classificação de

RNA’s em sensoriamento remoto em relação a outras técnicas que empregaram certos

classificadores estatísticos convencionais é devida principalmente a sua capacidade

amplamente demonstrada em: a) um maior desempenho na precisão e rapidez,

particularmente quando as feições do espaço têm características complexas e a fonte de

dados tem diferentes distribuições estatísticas; b) incorpora um conhecimento a priori e

barreiras físicas realísticas dentro da análise; c) incorpora tipos diferentes de dados

51

(incluindo os provenientes de outros sensores) dentro da análise, facilitando desse modo

os estudos sinérgicos.

2.7.1 Aplicações de RNA’s em classificação de uso e cobertura da terra

Hepner et al. (1990) aplicaram redes neurais para classificar tipos de cobertura e uso da

terra (água, pastagem, floresta e área urbana) a partir de imagens Landsat TM e

encontraram para diferentes níveis que o método de rede neural foi mais preciso que as

classificações estatísticas tradicionais, como o classificador de máxima verossimilhança.

Kanellopoulos et al. (1992) realizaram um experimento para estimar vinte classes de

cobertura da terra (água, floresta decidual, solo exposto, culturas, entre outros) a partir

de uma imagem SPOT/HRV, encontrando significativo desempenho.

Uma significativa vantagem da RNA é que permite a combinação de dados a partir de

diferentes fontes dentro da mesma classificação ou estimação. Alguns investigadores

têm demonstrado a capacidade das RNA’s para a classificação de dados espaciais de

diversas fontes, por exemplo, Benediktsson et al. (1990), usaram imagem Landsat/MSS

e três grupos de dados topográficos (elevação, declive e forma) para classificar dez

categorias de cobertura da terra (água, campos de altitude, vários tipos de floresta de

pinheiros, dentre outras). Peddle et al. (1994) aplicaram o método neural em dados de

sensores remotos de diversas fontes para classificar tipos de cobertura e uso da terra

(áreas reflorestadas, floresta de pinheiros, áreas arbustivas, floresta de tundra, áreas

áridas, água, dentre outras) na região dos Alpes.

Santos et al. (1995) utilizaram simultaneamente uma segmentação e uma classificação

por rede neural de uma imagem Landsat/TM para a caracterização do uso da terra na

região de Tucuruí (Estado do Para). Conseguiram identificar as seguintes classes

temáticas: floresta, regeneração (inicial e avançada), culturas, pastos e água.

Atualmente vários pesquisadores continuam utilizando RNA’s e obtendo melhores

resultados que os métodos convencionais, Puzzolo et al. (2003), utilizaram duas

imagens SPOT/HRV de bandas 1, 2 e 3 para fazer um estudo multitemporal para o

mapeamento de quatro tipos de floresta em uma área dos Alpes (abetos, pinheiros,

52

coníferas, folhosas). Estes autores obtiveram uma estatística Kappa de 0,68 e 0,78 para

as duas datas. Diverio et al. (2003) baseados em uma imagem CBERS/IR-MSS

identificaram com boa precisão quatro classes de uso e cobertura da terra em uma região

da Amazônia brasileira utilizando um classificador de RNA: água, desflorestamento,

floresta e áreas não florestais.

Mas (2003) utilizou uma RNA para classificar uma imagem Landsat/ETM+ para

mapear uso e cobertura da terra em uma região do México. Este autor conseguiu

classificar seis tipos de cobertura e uso da terra: pastagem, água, manguezal, floresta

tropical, floresta de várzea, área urbana. Nepomuceno (2003) utilizou a RNA em uma

imagem radar banda P para identificar áreas de cobertura da terra em uma região

amazônica, conseguindo classificar áreas de floresta primária, floresta em regeneração,

floresta de várzea, pastagens e solo exposto.

Da Cruz e Galo (2003), baseados em imagens Landsat/TM e CBERS/CCD utilizaram

uma classificação supervisionada através de uma rede neural artificial para mapear tipos

de cobertura da terra em uma área teste do Estado do Paraná entre os anos 1998 e 2000.

Os resultados mostraram que a rede neural treinada e aplicada em dados Landsat/TM do

ano 1998, discriminou as classes mais significativas (florestas, pastagem, solo exposto,

água) presentes na imagem CBERS/CCD de 2000.

2.8 Pós-classificação

Imagens multitemporais classificadas pelo método pixel a pixel às vezes apresentam

uma aparência de ruído devido à variabilidade espectral encontrada na imagem. Uma

das maneiras de solucionar esse tipo de problema é mediante utilização de um algoritmo

de suavização que opera de forma semelhante às técnicas de filtragem, isto é, utilização

de um algoritmo de movimento de janelas. O filtro de maioria é recomendado por

Mather (1999) e Lillesand e Kiefer (2000), para remover os pixels isolados deixados

pela técnica de classificação pixel a pixel, e assim tentar incorporar simultaneamente as

informações contextual e espectral da imagem classificada, com a finalidade de gerar

mapas temáticos que evidenciem as mudanças na cobertura e uso da terra.

53

A forma mais simples do emprego do filtro de maioria é através do uso de uma janela

medindo 3 linhas x 3 colunas centrado em um pixel de interesse, onde o número de

pixels determinados para cada uma das N classes é somado. Segundo Mather (1999) o

algoritmo do filtro de maioria procede da seguinte maneira para agrupar os pixels

isolados a uma classe: se o pixel central não pertencer à mesma classe dos pixels

encontrados em uma janela contendo cinco ou mais pixels, é dado o rótulo ao pixel

central da classe majoritária. Para tanto, o filtro de maioria tem a função de remover

pixels isolados e rotulá-los novamente levando em consideração a freqüência de

ocorrência de rotulação dos seus vizinhos verticais e horizontais.

2.9 Avaliação da Exatidão da Classificação

Independentemente dos dados e métodos que a originaram, uma classificação só pode

ser considerada confiável após a análise da exatidão dos resultados gerados. Onde a

exatidão do processo de classificação encontra-se limitada por fatores como o método

de classificação, a qualidade das imagens utilizadas, o tamanho da unidade de

mapeamento, escala de trabalho entre outros.

Entre os métodos mais utilizados está o coeficiente de concordância Kappa que é uma

técnica de medida de exatidão que pode ser utilizada para determinar se uma matriz de

erro é significativamente diferente de outra (Congalton e Green, 1999). Esta medida é

baseada na diferença entre a exatidão global (indicada pela diagonal da matriz) e a

exatidão de risco do produtor e do consumidor que é indicada pelas somas das linhas e

colunas da matriz de confusão.

O coeficiente Kappa ( k ) é dado pela equação 2.1.

∑∑

=++

=++

=

−= r

iii

r

iii

r

iii

xxN

xxxNk

1

2

11ˆ (2.5)

onde: r = número de linhas e colunas da matriz de confusão,

54

xii = número de observações na linha i e coluna i, xi+ = total de observações na linha i, x+i = total de observações na coluna i,

N = número total de observações.

A variância do estimador do coeficiente de Kappa ( )k é dada por (Congalton e Green,

1999) :

( ) ( )( )

( )( )( )

( ) ( )( )

−−−

+−

−−+

−−

= 42

224

21

32

32112

2

11

141

1212

111ˆrav

θθθθ

θθθθθ

θθθ

Nk (2.6)

onde:

∑=

=r

iiix

N 11

1θ (2.7)

∑=

++=r

iii xx

N 122

1θ (2.8)

( )ii

r

iii xxx

N ++=

+= ∑1

231θ (2.9)

( )2

341 ∑ ++ += ijij xxx

Nθ (2.10)

Os resultados obtidos através do cálculo do coeficiente Kappa são comparados pelos

valores da tabela de avaliação de qualidade de classificação, proposto por Landis e

Koch (1977). A Tabela 2.3 apresenta intervalos do coeficiente Kappa associados a

critérios de concordância e seus valores distribuídos entre 0 e 1, onde 1 representa o

valor da concordância máxima, e quando multiplicado por 100, dá a porcentagem da

medida de exatidão da classificação.

55

TABELA 2.3 – Qualidade da classificação associada aos valores do coeficiente Kappa.

Kappa ( k ) Qualidade 0.00 Péssima 0.01 – 0.20 Ruim 0.21 – 0.40 Razoável 0.41 – 0.60 Boa 0.61 – 0.80 Muito Boa 0.81 – 1.00 Excelente

Segundo Congalton e Green (1999), existe um teste estatístico (denominado de Z) para

avaliar a significância de uma matriz de erro simples em relação aos dados de verdade

terrestre. A equação é expressa da seguinte forma:

( )1

1

krav

kz = (2.11)

O teste Z é estandardizado e distribuído normalmente e dada uma hipótese nula H0: K1

= 0 e uma hipótese alternativa H1 : K1 ≠ 0, H0 é rejeitada se 2

ZZ α≥ , onde α/2 é o nível

de confiança do teste Z. Para um nível de confiança de 95% o valor crítico deveria ser

1,96. Nesse caso se o valor de Z for maior que 1,96, o resultado é significativo e existe

concordância entre a classificação e a verdade terrestre.

Também com o teste estatístico Z é possível determinar se dois valores de Kappa

independentes (k1 e k2) são significativamente diferentes. O teste estatístico é

expressado por:

( ) ( )21

21

ˆravˆrav

ˆˆ

kk

kkz

+

−= (2.12)

Para a equação anterior, o teste Z é estandardizado e distribuído normalmente e dada

uma hipótese nula H0: K1 = K2 e uma hipótese alternativa H1 : K1 – K2 ≠ 0, H0 é

rejeitada se 2

ZZ α≥ . Para um nível de confiança de 95% o valor crítico deveria ser

56

1,96. Desta forma, se o valor de Z for maior que 1,96, as duas classificações serão

diferentes estatisticamente (Congalton e Green, 1999).

57

CAPÍTULO 3

ÁREA DE ESTUDO

3.1 Localização

A área de estudo está inserida nos municípios de Sinop, Cláudia e Itaúba na parte norte

do Estado do Mato Grosso, na região centro oeste do Brasil, entre as coordenadas

10o48’55” a 12o00’46” de latitude sul e 54o54’03” a 55o46’53” longitude oeste (Figura

3.1). A área está situada ao longo de um trecho da rodovia BR-163 Cuiabá-Santarém e

compreende uma área aproximada de 382.000 hectares.

FIGURA 3.1 - Localização da área de estudo no Estado do Mato Grosso observada no mosaico de duas imagens ASTER (bandas 4, 3 e 2).

58

3.2 Características Fisiográficas

3.2.1 Vegetação

Segundo o projeto RADAMBRASIL (1980), nesta região há ocorrência de floresta de

transição (zona de contato entre Floresta Ombrófila Aberta Submontana e Floresta

Estacional Semidecidual Submontana). Nestas áreas o período sem chuva é de

aproximadamente 4 a 5 meses, com mais de 20% das espécies florestais apresentando

caducifólia.

A Floresta Ombrófila Aberta – Formação Submontana é caracterizada por grandes

árvores, cujos espaços abertos são ocupados por palmeiras, cipós e bambu. Destaca-se

algumas espécies arbóreas como amarelão (Apuleia molaris), tatajuba (Bagassa

guianensis) e castanheira (Bertholletia excelsa). A Floresta Estacional Semidecidual é

constituída de árvores altas, grossas e de troncos retilíneos, ocorrendo a perda parcial de

suas folhas durante a estação seca. As espécies florestais predominantes são: cumaru

(Coumarouma sp.), peroba (Aspidosperma sp.), quaruba (Vochysia sp.) e cupiúba

(Goupia sp.).

Existem pequenas áreas de Floresta Ombrófila Densa Tropical - Formação Submontana

que ocupam os terrenos pediplanados ou dissecados, capeados de solos profundos

cobertos de árvores de dossel emergente. Apresenta uma submata de poucas plantas

arbustivas, algumas ervas, palmeiras e lianas leitosas. Suas principais características são

as árvores de médio a alto portes, como por exemplo: breu-manga (Tetragastris

altíssima), castanheira (Bertholletia excelsa), maçaranduba (Manilkara huberi) e

copiúba (Goupia glabra).

3.2.2 Clima

Segundo o sistema de classificação de Köppen, a área de estudo está sob domínio

climático tipo Am: Tropical chuvoso, com um período de seca (entre maio e setembro)

e chuvas inferiores a 60 mm no mês mais seco. A região caracteriza-se por ser uma zona

de transição entre a vegetação de cerrado e a amazônica, com um clima quente e úmido,

59

cujo regime térmico apresenta-se pela predominância de temperaturas elevadas, com

máximas em torno de 34°C, e uma temperatura média anual de 24°C. A precipitação

pluviométrica média oscila de 2.500 a 2.750 mm (Projeto RADAMBRASIL, 1980).

3.2.3 Solos

O tipo de solo predominante é o Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, categorizado

como não hidromórfico, com coloração menos avermelhada e com menores teores de

óxido de ferro. Em geral predominam as classes texturais franco-arenoso e franco-

argilo-arenoso. São solos pouco susceptíveis à erosão, ocorrendo em áreas com relevo

praticamente plano a ondulado (EMBRAPA, 1999).

3.2.4 Geomorfologia e Geologia

A região de estudo está localizada na unidade geomorfológica dos Planaltos dos Parecis,

identificado pelas formas tabulares com relevo de topo aplainado, com drenagens

profundas, separadas por vales de fundo plano. O padrão geral de drenagem é

subdendrítico. Sua geologia é originada da formação Araguaia, com depósito de

planície de inundação, com predomínio de seixos de arenitos finos a grosseiros (Projeto

RADAMBRASIL, 1980).

3.3 Uso Atual da Terra

Esta área caracteriza-se por ser uma região de fronteira agrícola e pólo madeireiro, além

de fazer parte do arco de desflorestamento amazônico, onde existem diversos processos

e agentes (colonos, pecuaristas e madeireiros) que atuam gerando uma grande pressão

na ocupação da área de floresta primária.

As principais culturas agrícolas da região são, milho, soja, algodão, arroz, e sorgo. A

Tabela 3.1 apresenta os dados de algumas das principais culturas encontradas nos

municípios que englobam a área de estudo, na safra de 2001.

60

TABELA 3.1 – Área municipal e área plantada por município (Km2) em 2001.

Área plantada Município

Área territorial Algodão Arroz Milho Soja Sorgo

Cláudia 3904,5 0 40,27 10,7 29,9 0Itaúba 6465,8 0 30 8 35 1,5Sinop 3194,3 35 250 70 200 5

FONTE: adaptada de IBGE (2003).

Na Tabela 3.2 são apresentados os meses indicados para o plantio de algumas culturas

existentes na área, que pode servir de subsidio para a análise dos comportamentos

espectrais e texturais realizado no tratamento das imagens ASTER na data selecionada.

61

TABELA 3.2 – Calendário agrícola para o Estado de Mato Grosso.

Produto Agrícola

Fase Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Preparo do solo X X X Plantio/adubação X X X X X X Colheita X X X X

Algodão

Comercialização X X X X X Preparo do solo X X X X X Plantio/adubação X X X X Colheita X X X X Arroz

Comercialização X X X X Preparo do solo X X X X X Plantio/adubação X X X X Colheita X X X Milho

Comercialização X X X Preparo do solo X X Plantio/adubação X X X X Colheita X X

Milho (safrinha)

Comercialização X X Preparo do solo X X X X Plantio/controle X X X X X X X X Colheita X X X X X Soja

Comercialização X X X X X Preparo do solo X X Plantio/adubação X X X X X X Colheita X X Sorgo

Comercialização X X Preparo do solo X X Plantio/adubação X X X X Colheita X X

Sorgo (safrinha)

Comercialização X X

FONTE: adaptada de EMPAER-MT (2003).

Na Figura 3.2 pode-se observar que o desenvolvimento da atividade agrícola nos três

municípios de Cláudia, Itaúba e Sinop para o período entre 1997 e 2001. Onde a área

plantada de arroz teve um grande aumento a partir do ano de 1999, e a cultura da soja

tem um grande incremento a partir do ano de 2001. Por esse motivo, este aumento da

atividade agrícola na região é uma das causas no avanço do processo de aberturas de

novas terras.

62

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

1997 1998 1999 2000 2001

ANOS

ÁR

EA P

LAN

TAD

A T

OTA

L (h

as)

Algodão

Arroz

Milho

Soja

Sorgo

FIGURA 3.2 – Área total plantada (em hectares) para os municípios de Cláudia, Itaúba e Sinop, período de 1997-2001. FONTE: adaptada de IBGE (2003).

Enquanto as atividades de exploração madeireira para o mesmo período de 1997 a 2001,

a quantidade produzida de madeira em tora esta em decrescimento como pode ser

observado na Figura 3.3, a razão principal é que as áreas florestais com presença de

madeiras de alto valor comercial estão diminuindo ou muitas destas áreas já exploradas

passaram a ser áreas de pastagens ou de agricultura.

63

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

1997 1998 1999 2000 2001

ANOS

QU

AN

TID

AD

E PR

OD

UZI

DA

TO

TAL

(m3) Lenha

Madeira tora

FIGURA 3.3 – Quantidade produzida (em metros cúbicos), de lenha e madeira em tora para os municípios de Cláudia, Itaúba e Sinop, período de 1997-2001. FONTE: adaptada de IBGE (2003).

Portanto, como resultado do avanço deste complexo de atividades humanas sobre a

floresta amazônica está surgindo um mosaico de pastagens, culturas, solo exposto e

áreas de vegetação secundária em diversos estádios de sucessão. Porém estes impactos

da intervenção antrópica sobre áreas de alta biodiversidade levam à eliminação imediata

do habitat natural, perda das condições edáficas e fragmentação da floresta nativa.

64

65

CAPÍTULO 4

MATERIAIS E MÉTODO

4.1 Materiais

4.1.1 Dados orbitais

Para a realização deste trabalho foram utilizados dados espectrais obtidos pelo sensor

ASTER, conforme consta na Tabela 4.1, adquiridas junto a NASA (National

Aeronautics and Space Administration) e a Earth Resources Observation Systems

(EROS) Data Center nos Estados Unidos para as imagens do ano 2002 e da Earth

Remote Sensing Data Analysis Center (ERSDAC) no Japão para as imagens de 2003.

Todas imagens foram do tipo 1B que são fornecidos aos usuários com calibrações

radiométrica e geométrica. As imagens de 2002 foram utilizadas de forma

complementar com a finalidade de investigar a dinâmica de uso e cobertura da terra na

área de estudo.

TABELA 4.1 - Dados das imagens ASTER selecionadas.

DATA ID IMAGEM BANDAS CENTRO DA

CENA

ÂNGULO

ELEVAÇÃO SOLAR

21/04/2002 pg-PR1B0000-

2002050402_019_001

1 – 9 11°40’55”S,

55°23’59”W

56,37°

21/04/2002 pg-PR1B0000-

2002050402_181_001

1 – 9 11°08’49”S,

55°16’51”W

56,91o

27/06/2003 pg-PR1B0000-

2003090902_005_001

1 – 9 11°40’50”S,

55°24’27”W

46,79o

27/06/2003 pg-PR1B0000-

2003090902_167_001

1 – 9 11°08’45”S,

55°17’22”W

47,39o

66

4.1.2 Dados cartográficos

Como informações complementares foram utilizadas cartas topográficas do DSG, escala

1:250.000, de referências SC 21-Z-A, SC 21-Z-B, SC 21-Z-C e SC 21-Z-D, que cobrem

a área de estudo.

4.1.3 Softwares utilizados

No ambiente computacional para o tratamento dos dados ASTER foram empregados os

softwares ENVI 3.6, ERDAS 8.5 e SGRNA 1.2.

4.2 Metodologia

Neste item é descrito o procedimento adotado para o desenvolvimento da pesquisa,

dividido em quatro fases. A primeira consiste na seleção da área de trabalho e aquisição

das imagens ASTER. A segunda fase, de pré-processamento relacionada a aplicações de

métodos de correção atmosférica, reamostragem das bandas do SWIR, de resolução

espacial de 30 metros para 15 metros, e o processo de registro e georeferenciamento das

imagens ASTER. A terceira fase, de classificação automática das imagens relacionada

com a aplicação de um algoritmo de classificação de RNA de tipo não supervisionada, e

realizando-se posteriormente uma pós-classificação para minimizar a presença de pixels

isolados. Finalmente, a quarta fase, de avaliação da exatidão e geração dos mapas de

uso e cobertura da terra para ambas datas das imagens ASTER.

Na Figura 4.1 apresenta-se um fluxograma da metodologia empregada.

67

FIGURA 4.1 - Fluxograma das atividades de pesquisa.

4.2.1 Técnicas de Pré-processamento

O pré-processamento das imagens ASTER neste trabalho envolve a redução do efeito da

atmosfera e correção geométrica, sendo descritos a seguir.

4.2.1.1 Correção das bandas SWIR

As bandas SWIR do sensor ASTER têm um problema de espalhamento da luz incidente

através dos detetores da banda 4 que afeta as bandas 5 e 9 principalmente, este problema

eletrônico é denominado de “cross-talk”. A correção foi realizada utilizando um

programa de correção elaborada por a ERSDAC (2001).

4.2.1.2 Compatibilização das resoluções espaciais das bandas VNIR e SWIR

A compatibilização das resoluções espaciais entre as bandas VNIR (15 metros) e bandas

SWIR (30 metros) foi obtida pela duplicação das linhas e colunas das bandas do SWIR

utilizando um reamostragem de vizinho mais próximo mediante um algoritmo

68

implementado no programa ENVI. Desta forma, os pixels relativos às bandas SWIR (30

metros) adquirem uma dimensão de 15 metros compatível à resolução espacial das

bandas VNIR. As nove bandas serão integradas em uma única imagem como pode

observar-se na Figura 4.2.

FIGURA 4.2 - Compatibilização de resoluções espaciais entre imagens VNIR e SWIR da imagem ASTER.

FONTE: adaptada de Bloise et al. (2003).

4.2.1.3 Confecção do mosaico de imagens ASTER

Como a área de estudo abrange parte de duas imagens ASTER foi feito um mosaico

para concatená-las em uma única imagem e posteriormente foi realizado um corte desse

mosaico para selecionar a área de trabalho.

69

4.2.1.4 Correção geométrica

Este tipo de correção baseia-se em pontos de controle extraído das cartas topográficas e

visa corrigir as distorções geométricas provocadas pela rotação e curvatura da superfície

da Terra e pelo deslocamento e oscilações da plataforma. A correção é efetuada através

de transformações geométricas que relacionam o posicionamento dos pixels da imagem

com as coordenadas geográficas. Em geral o registro de imagens é feita pela indicação

do sistema de referência e de projeção, por exemplo, latitude/longitude e UTM,

respectivamente.

A correção geométrica foi realizada para possibilitar o registro entre as cartas

topográficas e as imagens de satélite. Os pontos de controle foram selecionados a partir

dos dados de campo tomados com GPS (num total de 15 pontos) e aplicando-se para o

ajuste um polinômio de 1o grau.

4.2.1.5 Correção atmosférica

Para este caso foi aplicado o programa ACORN (Atmospheric CORection Now),

desenvolvido pela ImSpec LLC, que permite a correção atmosférica dos dados

multiespectrais e hiperespectral medidos em uma faixa espectral de 400 a 2500 nm. O

programa ACORN avalia, modela e compensa em relação à atmosfera para converter

radiância espectral em reflectância da superfície.

4.2.1.6 Retificação radiométrica

Este procedimento foi utilizado com o objetivo de uniformizar os valores radiométricos

de alvos pseudo-invariantes presentes na imagem. Com isto, pretendeu-se eliminar as

diferenças causadas pelos fatores que afetam a aquisição das imagens. Foram obtidos

valores digitais desses alvos pseudo-invariantes (claros e escuros) nas duas datas das

imagens (2002 e 2003), e ajustados por uma regressão linear, aos valores digitais da

imagem referência corrigida, seja para os alvos claros ou escuros.

Então, foram selecionados visualmente alvos fixos claros e escuros na imagem de

referência 2003. Como sendo uma área totalmente rural foi difícil escolher os alvos

70

claros, pois não existiam construções de concreto ou telhados. Por essa razão, escolheu-

se áreas de solo exposto que tivessem reflectância muito alta em todas as bandas e

presentes em ambas datas. No caso dos alvos escuros estes corresponderam a corpos de

água. Após esta seleção houve 18 alvos selecionados, sendo nove claros e nove escuros.

Como esses alvos são irregulares e um pequeno erro no registro poderia influenciar nos

limites dos alvos de uma data em relação à outra, foi feito um retângulo de doze por

doze pixels no centro do alvo, a fim de garantir que o alvo pudesse ser

convenientemente amostrado. Desses alvos foram extraídos os valores digitais máximos

e mínimos para cada imagem: referência e não retificada. Adotou-se o critério de

utilizar os valores mínimos para representar os valores dos alvos escuros e os valores

máximos àqueles dos alvos claros.

A partir dos valores da imagem de referência e da imagem a ser retificada foram

ajustadas equações de regressão linear para cada data, sendo a variável x os valores

mínimos (alvos escuros) e máximos (alvos claros) da imagem a ser retificada e a

variável y os valores mínimos (alvos escuros) e máximos (alvos claros) da imagem de

referência.

Uma etapa adicional de avaliação da retificação radiométrica consistiu na verificação do

erro a partir dos resíduos. A avaliação do método de retificação foi realizada pela

análise dos resíduos (Olsson, 1993) entre os valores de reflectância estimados para 12

alvos supostamente invariantes nas duas datas das imagens, utilizando um ajuste de

regressão, expressado na equação 4.1:

ibibibe ,,, Υ−Υ= (4.1)

onde:

ibe , = resíduo entre os valores digitais encontrados e o estimado na banda b, no pixel i;

ib,Υ = valor digital encontrado na banda b, no pixel i da imagem de referência;

71

ib,Υ = valor digital estimado na banda b, no pixel i da imagem retificada.

4.2.2 Trabalho de campo

Com o objetivo de fazer o reconhecimento e caracterização da paisagem “in situ”, foi

realizada uma missão de campo visando entender as feições espectrais presentes nas

imagens com os padrões de cobertura e uso da terra.

O trabalho de campo foi realizado no período de 25/05 a 12/06 de 2003. Devido a

extensão da área de estudo e com a finalidade de observar as diferentes formas de

ocupação da terra, como os diversos cultivos agrícolas, as áreas sob exploração

madeireira, e as pastagens, foi previamente realizada com base na imagem 2002 uma

seleção de pontos amostrais que deveriam ser visitadas.

Todos os pontos escolhidos foram descritos em uma caderneta de campo e anotadas as

coordenadas geográficas obtidas através de um GPS. Foram percorridos

aproximadamente 5.000 Km de estradas, totalizando 342 pontos, representativos das

feições encontradas na área, os quais tiveram registro fotográfico. Posteriormente, as

coordenadas geográficas obtidas através do GPS foram transformadas em uma planilha

digital, a ser utilizado nas etapas de escritório.

Durante a campanha de campo, além da caracterização da paisagem onde houve o

reconhecimento das principais feições de uso e cobertura da terra, foi elaborado um

levantamento dos parâmetros dendrométricos somente das áreas florestais, sobretudo

aquelas sob influência de atividades de extração de madeira, com o objetivo de facilitar

a caracterização dessas áreas sob degradação ou regeneração. Razão pela qual foram

coletados parâmetros como altura total, diâmetro à altura do peito (DAP), a

circunferência à altura do peito (CAP) e realizada a identificação botânica das espécies

encontradas em transectos de 10m x 250m, além de observações e medidas de clareiras

e trilhas de arraste.

Em relação aos dados do ano 2002, estes foram tomados do trabalho de campo de Silva

(2002) realizado no mês de julho onde foram levantados 130 pontos de observação.

72

4.2.3 Classificação por rede neural ART2

Neste tópico para a classificação das imagens ASTER foi utilizado o programa SGRNA

(Síntese Genética de Redes Neurais Artificiais) desenvolvido por Silva (2003) com o

objetivo de gerar um conjunto de classes segundo as características espectrais das

imagens ASTER. O mesmo dá como opção três diferentes tipos de redes (ART2, Fuzzy

ART e SOM) e junto a estas um algoritmo genético que permite a otimização dos

resultados da rede neural, para cada tipo de problema. Para este trabalho elegeu-se a

utilização de uma otimização genética na rede neural ART2 por ser pouco utilizado

(devido a sua complexidade e difícil implementação) no mapeamento de uso e cobertura

da terra e avaliar sua aplicabilidade.

A Figura 4.3 apresenta a primeira tela do programa “Configuração dos parâmetros da

otimização genética”. Nesta interface configuram-se os parâmetros iniciais do algoritmo

genético (probabilidade de ocorrer “crossing-over” e mutação, tamanho de população, e

quantidade de gerações ou iterações), e os parâmetros referentes à rede (parâmetro de

vigilância e seqüência de treinamento).

73

FIGURA 4.2 - Escolha dos parâmetros do AG e da rede ART2.

Estes parâmetros iniciais fornecidos à rede (valores do limiar de vigilância e da

seqüência de treinamento) foram otimizados pelo AG.

O parâmetro de vigilância é o parâmetro mais crítico, pois controla a resolução do

processo de classificação. Este valor quando muito baixo (por exemplo, próximos de 0,5

ou menos) permite que padrões não muito semelhantes sejam agrupados criando poucas

classes. Ao contrário, se o parâmetro de vigilância receber valor muito alto (por

exemplo, próximos ao valor de 1), pequenas variações nos padrões de entrada levarão a

criação de novas classes (Nepomuceno, 2003).

A seqüência de treinamento representa a quantidade máxima de diferentes conjuntos de

amostras tomadas aleatoriamente pela própria rede a fim de iniciar o processo de

autotreinamento. Os modelos das redes ART foram originalmente criados para uma

aprendizagem constante e em tempo real e/ou para uma aprendizagem rápida, cujo

tamanho (quantidade de amostras) é informado na opção Treinamento.

74

Segundo Nepomuceno (2003), estes parâmetros iniciais sofrem um processo de

evolução através dos processos iterativos onde cada iteração é chamada de geração.

Durante cada geração, princípios de seleção e reprodução são aplicados a uma

população de amostras através dos operadores genéticos (“crossing-over” e mutação).

A partir desta população os melhores indivíduos serão utilizados em um novo processo

de seleção para gerar outra população, que ao final de um número de gerações espera-se

que o processo leve à soluções ótimas ou quase ótimas.

Na Figura 4.4 apresenta-se a segunda tela do programa a qual permite ao usuário

escolher a quantidade de amostras de teste e de treinamento entre as imagens que

servirão de entrada para a rede gerar uma imagem classificada.

FIGURA 4.4 - Parâmetros de treinamento e teste para a rede e imagem de entrada.

O parâmetro treinamento diz respeito ao conjunto de amostras (quantidade de pixels),

tomadas aleatoriamente para que a rede se auto-organize. A quantidade de amostras é

estabelecida pelo usuário (para este caso foi de 1500, com o fim de obter o maior

conjunto de amostras possível), e será utilizado no algoritmo de treinamento e na

verificação de convergência da rede neural ART2.

75

O parâmetro teste também é um conjunto de amostras (quantidade de pixels) tomadas

aleatoriamente com o objetivo de verificar o nível de generalização dos agrupamentos

encontrados pelo algoritmo de treinamento. O algoritmo genético no momento da

geração interina tenderá a dar maior probabilidade de reprodução para o indivíduo que

gerar um grupo de padrões que melhor represente o conjunto de treinamento

(Nepomuceno, 2003). Deve-se ter em consideração que quanto maior o valor do

conjunto de treinamento e teste maior é o custo computacional.

Depois de escolhidos os parâmetros iniciais da rede e a quantidade de iterações (para

este caso definido automaticamente para um valor de 50), o tamanho da população

(escolheu-se o valor de 300) e os conjuntos de treinamento e teste gerados a partir das

imagens de entrada, o processo de classificação é iniciado.

Na Tabela 4.2 apresentam-se os parâmetros que melhor se ajustaram para as diferentes

combinações de bandas utilizadas para a imagem de 2003. Os parâmetros livres da rede

foram escolhidos de acordo com a quantidade de padrões existentes nas imagens e

possíveis de serem separados a priori através da interpretação visual, e também pela

quantidade de classes definidas no trabalho de campo.

TABELA 4.2 – Parâmetros iniciais do AG e da rede ART2 para a classificação das dife- rentes combinações de bandas das imagens ASTER.

Configuração dos parâmetros da Otimização genética Dados de treinamento Probabilidades Complexidade algorítmica Treinamento 1500 Crossover 0.6 População 300 Teste 1500 Mutação 0.002 Qde. Max. gerações 50 Parâmetros de ART2 Qde. Bits v. mínimo v. máximo Precisão Vigilância 12 0.5780 0.9875 0.0001 Seqüência de treinamento 8 0 255 1

A Figura 4.5 é a terceira tela do programa, onde se pode conferir todos os parâmetros do

AG e da rede ART2 informados nas telas anteriores e também dar início ao processo de

otimização.

76

FIGURA 4.5 - Início do processo de otimização.

A Figura 4.6 é a quarta tela do programa e mostra o final do processo de otimização,

onde os quadrados vermelhos representam a população inicial de parâmetros e os

triângulos azuis à população final ou otimizada (parte superior da Figura 4.6),

mostrando que os dados convergiram após o processo de seleção em doze gerações. A

partir deste ponto a rede inicia o processo de classificação das imagens escolhendo-se

qualquer indivíduo desta população otimizada, ou seja, qualquer triângulo azul.

77

FIGURA 4.6 - Final da otimização com os melhores indivíduos desta população.

A Figura 4.7 é a quinta tela do programa e apresenta o processo de classificação

concluído pela rede ART2, como exemplo para o caso das combinações de bandas

[B2,B3,B4], mostrando a quantidade de classes encontradas pela rede, e os parâmetros

do classificador. Neste exemplo verifica-se que a classificação da imagem foi realizada

utilizando o indivíduo de número 150 de uma população de 300 indivíduos depois de

passarem por um processo de seleção de doze gerações (onde qualquer um deles leva a

resultados ótimos e muito próximos entre si). O parâmetro de vigilância otimizado foi

de 0.9873 (ou seja, o nível de semelhança entre pixels pertencentes ao mesmo padrão

está acima deste valor), a seqüência de treinamento otimizada e utilizada foi a número

177 (ou seja, a seqüência da escolha aleatória dos 1500 pixels entre as 255 possíveis foi

a de nº 177 que apresentou um melhor desempenho para esta imagem) e a classificação

resultou numa imagem com 12 padrões ou classes.

78

FIGURA 4.7 – Resultado da classificação e os parâmetros utilizados pela rede.

4.2.3.1 Pós-classificação

Um filtro de agrupamento por maioria, com uma janela de 5x5 foi utilizado com o

objetivo de melhorar o resultado da classificação, causado por pixels isolados ou poucos

pixels atribuídos a diversas classes.

4.2.4 Análise estatística das imagens temáticas

As imagens geradas das combinações de bandas, que melhor diferenciaram as diferentes

classes temáticas resultantes do algoritmo de rede neural ART2, foram avaliadas por:

primeiramente, uma análise de separabilidade das amostras das classes temáticas

escolhidas e em seguida, por comparação com os dados de verdade terrestre através da

estatística Kappa, conforme descrito por Congalton e Green (1999). O objetivo desta

análise foi verificar que tipo de desempenho apresentou o classificador na

caracterização da cobertura vegetal e demais classes de uso da terra, em comparação aos

dados de campo. A avaliação do nível de concordância dos valores de Kappa obtidos

para as diferentes combinações de bandas selecionadas foi realizada por um teste de

significância que permitiu avaliar a existência de diferenças significativas entre elas.

79

CAPÍTULO 5

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo estão descritos os resultados obtidos com a aplicação da metodologia

utilizada pelo tratamento dos dados das imagens ASTER. Inicialmente serão

apresentados os resultados do trabalho de campo, com a caracterização da cobertura e

uso da terra presentes na área de estudo. Em seguida, os resultados quantitativos e

qualitativos obtidos a partir da aplicação das técnicas de pré-processamento (correção

geométrica, atmosférica e de retificação radiométrica), da técnica de classificação por

rede neural ART2, além de uma técnica de pós-classificação, com a redefinição de

classes temáticas e agrupamento de pixels isolados.

5.1 Caracterização das Áreas de Cobertura Vegetal e Uso da Terra

A caracterização dos tipos de uso e cobertura da terra foi elaborada através da fase de

trabalho de campo, contando previamente com o auxilio da imagem ASTER do ano

2002. As seguintes classes temáticas foram definidas:

Cultura agrícola: esta classe está representada na região de estudo por áreas de formato

geométrico de cultivos agrícolas de ciclo curto, como a soja (Glycine max), milho (Zea

mays), algodão (Gossypium hirsutum), milheto (Pennisetum glaucum), arroz (Oriza

sativa) e sorgo (Sorghum spp). Baseado nas informações de campo, observou-se que as

respostas espectrais e texturais das áreas cultivadas apresentam variações segundo o tipo

do estádio de desenvolvimento da cultura. Como por exemplo, no caso do milho que

existem duas variedades: milho verde (destinado para consumo humano) e milho seco

(destinado para ração animal). Em outros casos há alguma similaridade de resposta

espectral, como observado no exemplo das áreas de milho seco e solo exposto com

restos de culturas ou palhada, além do milho verde com o milheto.

Pasto limpo: esta classe é representada pelas grandes extensões de terra, em formatos

regulares, com maior influência do solo na resposta espectral que chega ao sensor,

80

quando a cobertura graminoide não está em um estágio de desenvolvimento

significativo. As áreas de pastagens locais estão caracterizadas pela dominância de

espécies normalmente utilizadas para a formação de pastagens (por exemplo,

Brachiaria humidicola, Brachiaria decumbens e Panicum maximum).

Pasto sujo: da mesma forma que a classe anterior, nesta categoria estão as grandes áreas

de formato geométrico, porém, com menor influência do solo na resposta que chega ao

sensor, devido ao desenvolvimento de plantas invasoras. Normalmente esta invasão

ocorre por palmeiras, como o babaçu (Orbignia martiana) e em maior número por

espécies pioneiras do processo regenerativo, de porte arbustivo, proporcionando a

cobertura parcial do terreno, como o espinheiro preto (Acacia polyphylla) e o lacre-

vermelho (Vismia latifolia).

Floresta primária/Floresta explorada antiga: esta formação compreende as formações

florestais que ainda não foram submetidas à exploração madeireira (não é percebido

alteração na estrutura do dossel florestal) ou aquelas que sofreram intervenção antrópica

pela atividade madeireira no passado (> 10 anos). Esta classe temática tem como

característica o total recobrimento do solo pela vegetação de porte florestal constituída

por vários estratos. Possui uma diversificada composição florístico-estrutural, dossel

heterogêneo e caracteriza-se pela presença de árvores com diâmetro à altura do peito

(DAP) médio de 25 cm, altura média de 16 m, com presença de árvores emergentes

alcançando até 35 m. Por meio da amostragem realizada em trabalho de campo esta

classe apresentou uma densidade média de 582 indivíduos/ha com DAP ≥ 10 cm. A

partir do inventário florestal as espécies identificadas com maior freqüência foram:

amescla (Protium heptaphyllum), canela (Ocotea sp.), leitero (Brosimum sp.), roxinho

(Platonia sp.), cambará (Vochysia sp.) e marmelo (Erythroxylum sp.).

Floresta explorada recente: formação caracterizada por áreas com cicatrizes recentes de

extração seletiva de madeira, cuja atividade exploratória vem ocorrendo em áreas de

floresta primária ou mesmo, de explorada antiga. Caracteriza-se pela presença de pátios

de estocagem de madeira (esplanadas) e pelos traçados dos ramais de acesso (como

trilhas de arraste) à exploração, onde podem observar-se os impactos no dossel nas áreas

81

de influência do processo de extração madeireira. A presença de pátios de estocagem de

forma alinhada indica que a floresta tem exploração mediante utilização de técnicas de

manejo florestal. Quando o padrão espacial destas esplanadas apresenta-se desordenado,

a exploração demonstra ser realizada sem nenhum planejamento florestal. Em

“transectos” inventariados, a identificação das espécies através dos “tocos” existentes

mostra que dentre as espécies comerciáveis e já retiradas preferencialmente estão:

cambará (Vochysia sp.), amescla (Protium heptaphyllum), itaúba (Mezilauris itaúba),

cedrinho (Erisma sp.), dentre outras.

Floresta degradada: formação caracterizada pelas áreas de floresta com maior presença

de resíduos florestais no solo e que foram intensamente exploradas, sem respeito às

normas de manejo florestal sustentável. Esta classe apresenta um dossel descontínuo,

sem definição no padrão estrutural típico de uma floresta, apresentando aspectos

intercalados de pequenos maciços florestais, aberturas de muitas clareiras, com estrato

inferior formado por uma regeneração em estádio inicial, onde se sobressaem espécies

pioneiras, entremeado com as trilhas de arraste. Nestas áreas é freqüente a presença de

rastros de fogo devido a incêndios florestais.

Floresta secundária: esta formação chamada também de capoeira é a denominação

dada ao tipo de vegetação em processo de regeneração que se desenvolve em áreas cuja

cobertura original foi removida. Estas intervenções ocorrem na floresta natural

basicamente no decorrer dos processos de colonização, para atividades de agricultura e

pecuária e cujas áreas estão atualmente recobertas majoritariamente por espécies

pioneiras num processo regenerativo considerado intermediário. As espécies

predominantes são: embaúba (Cecropia sp.), goiaba de porco (Bellucia sp.), envira preta

(Rollinia sp.) e lacre-vermelho (Vismia latifolia), dentre outros.

Floresta secundária com Bambu: compreende as áreas intensamente exploradas com

degradação da cobertura florestal. Esta área encontra-se em processo de regeneração

com grande ocorrência de bambus (Bambusa vulgaris, Guadua sp), ocupando as áreas

de clareiras geradas durante o processo de extração madeireira. Esta classe foi

observada nas imagens, sobretudo na porção superior esquerdo, por uma tonalidade

82

verde clara (combinação de bandas R4G3B2) que caracteriza a grande presença de

bambus nesta parte da área de estudo.

Solo exposto: compreende áreas sem nenhuma cobertura vegetal, com plena exposição

do solo, muitas vezes preparado para a atividade agrícola.

Solo com palha: corresponde a área sem cobertura vegetal, mas com a presença de

restos de culturas agrícolas e ainda a ocorrência de restos de culturas empilhados.

Água: abrange todos os corpos d’água presentes na imagem, em especial o rio Teles

Pires.

A Tabela 5.1 apresenta as feições de interesse na imagem ASTER do ano 2003 e sua

respectiva descrição.

TABELA 5.1 – Chave de interpretação da imagem ASTER ano 2003, composição R4G3B2.

CLASSE DESCRIÇÃO IMAGEM ASTER FOTO DE CAMPO Cultura Textura lisa, forma

poligonal.

Pasto limpo Textura lisa, forma

retangular.

Pasto sujo Textura pouco lisa,

forma irregular.

(continua)

83

Floresta primária

Textura muito rugosa, forma irregular.

Floresta explorada recente

Textura rugosa, forma irregular com pequenas áreas retangulares (pátios) distribuídos uniformemente.

Floresta degradada

Textura muito rugosa, forma

irregular.

Floresta secundária (Capoeira)

Textura média, forma irregular.

Floresta secundária com Bambu

Textura média, forma irregular.

Solo exposto Textura lisa, forma

poligonal.

TABELA 5.1 – (continuação)

(continua)

84

Solo com palha

Textura pouco lisa, forma poligonal.

Água Textura lisa, forma

alongada.

Na Figura 5.1, apresenta-se a localização dos pontos de inventários e os pontos de

observação visitados em campo, nos meses de maio e junho de 2003.

TABELA 5.1 – (conclusão)

85

FIGURA 5.1 – Localização dos pontos de observação e de inventário em maio e junho de 2003.

Os pontos coletados em campo foram úteis ao reconhecimento geral da área, sendo

utilizados na seleção das classes a serem observadas tanto no tipo e evolução do uso,

como para a comparação espectral entre os alvos em estudo.

86

Na Tabela 5.2 é apresentada uma descrição dos dados dos transectos inventariados (10

metros x 250 metros), incluindo o número de espécies, altura máxima, DAP máximo e

número de indivíduos.

TABELA 5.2 – Estatística dos transectos inventariados.

N S DAP DAP Altura Altura TRANSECTO (n° ind) (n° sp) média (cm) máx. (cm) média (m) máx. (m)

T1 (Floresta explorada em 2001 – bastante degradada) 105 21 22,10 63,00 16,34 30T2 (Floresta explorada) 138 26 24,62 89,00 14,31 30T3 (Floresta explorada) 109 28 28,49 137,00 18,35 35T4 (Floresta explorada antiga) 129 30 20,08 97,40 12,41 34T5 (Floresta degradada com rastro de fogo) 27 15 27,08 60,16 18,91 38T6 (Floresta explorada em 2001) 113 29 24,64 109,18 16,55 38T7 (Floresta primária) 107 35 30,14 102,81 17,33 35T8 (Floresta primária) 116 32 21,83 53,16 16,45 28T9 (Floresta explorada antiga - degradada com capoeira alta) 89 27 22,03 70,03 17,21 35T10 (Floresta explorada antiga) 121 31 23,59 60,80 17,51 30T11 (Floresta explorada recente em 2002) 90 29 23,04 109,00 11,17 28

Analisando os dados em relação à estrutura do dossel, observou-se que os “transectos”

localizados em áreas de floresta primária e exploração antiga apresentavam a maior

diversidade de espécies, maior número de indivíduos e em alguns casos com valores de

DAP maiores, que mostra o melhor estado de conservação destas formações florestais

em relação à floresta degradada. Podemos citar como exemplo disto os transectos T4,

T6, T7 e T10.

5.2 Aplicação das Técnicas de Pré-Processamento

5.2.1 Fenômeno “cross-talk”

No processo de realce das bandas das imagens ASTER, encontrou-se com o problema

denominado “cross-talk”, que acontece com as bandas SWIR (bandas 4 a 9) conforme

indicado por Iwasaki et al. (2001). Este problema consiste na aparição de um efeito de

iluminação nas bordas das áreas de floresta e solo, pastagem ou água. Essa iluminação

87

considera-se que é gerado por causa da forte radiação incidente da banda 4, razão pela

qual este brilho afeta principalmente as bandas 9 e 5, por ser mais próximas à banda 4

no plano focal do SWIR, como pode ser observado na Figura 5.2. O problema é

resolvido com a aplicação de um programa de correção “cross-talk” desenvolvido pela

ERSDAC (2001). No programa de correção, o “cross-talk” na imagem é calculado por

duas distribuições gaussianas com amplitudes e desvios padrão em X (na direção do

“cross track”) e Y (na direção “along track”) como parâmetros. Maiores detalhes do

programa podem-se encontrar em ERSDAC (2001).

FIGURA 5.2 – Plano focal do ASTER/SWIR.

FONTE: adaptada de Iwasaki et al. (2001).

A Figura 5.3 ilustra, o problema, antes e após a correção em parte da imagem ASTER

(combinação de bandas R9G8B5), tendo como exemplo uma área contendo classes de

floresta, pastagens e solo, com um realce de “decorrelation stretch”, que é uma técnica

para realçar as variações de cor entre diferentes alvos dentro de uma cena.

88

FIGURA 5.3 – Imagem ASTER, bandas R9G8B5 com realce de “decorrelation stretch”, antes (A) e após (B) da aplicação do programa de correção “cross-talk”.

5.2.2 Correção geométrica

A correção geométrica das imagens ASTER consistiu no georeferenciamento a partir de

pontos de controle tomados em campo com o auxílio de um GPS e no registro imagem-

imagem para as duas datas de passagem referentes às datas de 2003 e 2002.

Foram identificados 20 pontos de controle que serviram para realizar a correção

geométrica, onde se utilizou um polinômio de primeiro grau e a reamostragem dos

pixels pelo algoritmo do vizinho mais próximo, obtendo-se um erro quadrático médio

para cada um dos pontos. Aqueles pontos que apresentavam um erro significativo foram

descartados, realizando-se novamente o registro e a reamostragem com os pontos

restantes. Tomando-se como referência a imagem de 2003, foi realizado o registro da

outra imagem de 2002 baseado em 6 pontos de controle.

Na avaliação da exatidão do registro da imagem referência de 2003, através do modelo

polinomial, obteve-se um erro médio quadrático de 0,27. Este resultado foi considerado

satisfatório, pois para uma resolução espacial de 15 metros das imagens ASTER, o erro

interno total para os pontos utilizados no mapeamento (4,05 metros) representa um

89

valor menor que meio pixel da resolução espacial das imagens. Para o caso da imagem

de 2002 o erro médio quadrático foi de 0,05 que foi considerado ótimo.

5.2.3 Correção atmosférica

A correção atmosférica foi realizada utilizando-se o programa ACORN 4.0, baseado no

modelo de transferência radiativa MODTRAN 4, que transformou valores de radiância

das imagens ASTER para valores de reflectância de superfície. Na Tabela 5.3

apresentam-se os dados utilizados para o modelo atmosférico tropical da correção

atmosférica.

TABELA 5.3 – Parâmetros para a correção atmosférica no programa ACORN 4.0.

PARÂMETROS IMAGEM MOSAICO

2002 IMAGEM MOSAICO

2003 Lat/Long centro imagem 11° 21' 16" / 55° 20' 13" 11° 21' 16" / 55° 20' 13"Altitude média terreno (m.s.n.m.) 350 350 Data aquisição imagem 21/abr 27/jun Horário da passagem 14:03:17 14:01:44 Altitude satélite (km) 705 705 Visibilidade atmosférica (km) 50 50 Vapor de água (mm) 25,18 31,82

Deve-se mencionar que os dados de vapor de água foram obtidos dos produtos do

sensor MODIS, localizado no mesmo satélite Terra correspondente as mesmas datas do

período de aquisição das imagens ASTER (MODIS, 2003).

O resultado da comparação da imagem 2003 antes e após da correção atmosférica é

representada na Figura 5.4 através da curva de reflectância da água. Pode-se observar

que ocorreu uma redução do fator de reflectância nas faixas espectrais do visível e em

menor medida, na região do infravermelho próximo, que são regiões justamente

afetadas pela absorção da atmosfera.

90

FIGURA 5.4 – Curva espectral da água antes e após a correção atmosférica.

5.2.4 Retificação radiométrica

Para a avaliação da qualidade da retificação realizou-se a comparação das médias de

reflectância dos alvos pseudo-invariantes claros e escuros, de cada data de passagem,

antes e depois da retificação, com as médias da imagem de referência. Na Tabela 5.4

estão listadas as médias de reflectância dos alvos pseudo-invariantes claros e escuros, da

imagem de referência de 2003, utilizada para a retificação da imagem de 2002.

TABELA 5.4 – Médias dos alvos claros e escuros em valores de reflectância da imagem de referência de 2003.

Bandas Claros - imagem

2003 Escuros - imagem

2003 1 0,150 0,058 2 0,176 0,033 3 0,282 0,068 4 0,331 0,045 5 0,206 0,032 6 0,214 0,026 7 0,200 0,025 8 0,192 0,023 9 0,205 0,048

91

A Tabela 5.5 mostra as médias de reflectância antes e depois da retificação, com suas

respectivas diferenças para as médias da imagem referência. Pode-se observar que em

todas as bandas houve uma diminuição na diferença das médias dos valores de

reflectância entre a imagem de referência e aquela que sofreu o processo de retificação.

TABELA 5.5 – Médias de reflectância dos alvos invariantes claros e escuros antes e após retificação.

Bandas Claros

imagem 2003 Claros

imagem 2002 DiferençaClaros - imagem 2002

retificada Diferença1 0,150 0,144 0,006 0,151 0,001 2 0,176 0,173 0,002 0,174 0,002 3 0,282 0,307 0,025 0,301 0,019 4 0,331 0,325 0,006 0,327 0,004 5 0,206 0,186 0,020 0,212 0,006 6 0,214 0,195 0,019 0,223 0,009 7 0,200 0,184 0,016 0,202 0,002 8 0,192 0,170 0,022 0,194 0,002 9 0,205 0,159 0,046 0,204 0,001

Bandas Escuros

imagem 2003 Escuros

imagem 2002 DiferençaEscuros - imagem 2002

retificada Diferença1 0,058 0,045 0,039 0,057 0,001 2 0,033 0,038 0,036 0,032 0,001 3 0,068 0,063 0,088 0,067 0,001 4 0,045 0,048 0,043 0,045 0,000 5 0,032 0,032 0,012 0,030 0,001 6 0,026 0,027 0,009 0,026 0,000 7 0,025 0,028 0,012 0,027 0,002 8 0,023 0,021 0,000 0,021 0,000 9 0,048 0,043 0,003 0,050 0,002

A continuação na Tabela 5.6 apresenta-se as equações de regressão linear e os

respectivos coeficientes de determinação (R2), utilizadas na retificação radiométrica das

duas imagens, onde X é o número digital dos alvos pseudo-invariantes da imagem antes

da retificação e Y é o número digital dos mesmos alvos após a retificação, considerando

12 alvos (seis escuros e seis claros).

92

TABELA 5.6 – Equações de regressão utilizadas na retificação radiométrica.

Banda Equação R2 1 Y = 0,954X + 0,0139 0,9792 2 Y = 1,049X - 0,0079 0,9619 3 Y = 0,9994X + 0,0046 0,9521 4 Y = 1,0902X - 0,0076 0,9737 5 Y = 1,1806X - 0,0075 0,9795 6 Y = 1,1768X - 0,0067 0,9656 7 Y = 1,123X - 0,0045 0,9696 8 Y = 1,1622X – 0,0039 0,9865 9 Y = 1,3301X – 0,0076 0,9896

5.3 Classificação das Imagens

5.3.1 Análise da resposta espectral das classes temáticas

Com o fim de avaliar a distinção entre as classes de uso e cobertura da terra, realizou-se

inicialmente uma análise do comportamento espectral dada pelos valores de reflectância

e os comprimentos de onda na faixa espectral de 500 – 2500 nm, que compreende as

nove bandas do sensor ASTER. Na Figura 5.5 apresenta-se o gráfico de reflectância

média das amostras típicas das classes temáticas definidas para a área de estudo,

correspondentes a data de passagem de 27/06/2003.

93

FIGURA 5.5 – Comportamento espectral para os alvos correspondentes às classes temá- ticas definidas para a área de estudo.

Pode-se observar na Figura 5.5 que em geral, as classes de Floresta primária, Floresta

explorada recente, Floresta degradada, Bambu, Capoeira, Pasto limpo e Pasto sujo

apresentam o comportamento espectral característico para a vegetação, ou seja, uma

baixa reflectância nas bandas 1 e 2, correspondente ao visível (VIS), alta reflectância na

banda 3 (infravermelho próximo - IVp) e novamente, uma baixa reflectância nas bandas

4 ao 9, corresponde ao infravermelho médio (SWIR) devido principalmente à presença

de água no interior das folhas. As classes pasto sujo e pasto limpo têm um ligeiro

aumento da reflectância no SWIR em relação ás classes de floresta, bambu e capoeira

devido ao menor conteúdo hídrico na massa foliar.

As classes referentes às culturas, como algodão, milheto, milho verde e milho seco, têm

um comportamento espectral variado dependendo de seu estado fenológico. O milheto e

milho verde tem um comportamento espectral muito similar, no entanto o milho seco

94

tem um comportamento quase similar em relação à classe solo com palha, causado por

seu estado fenológico final e a sua tonalidade parecida a essa classe. No caso da classe

água, o aumento de seu valor de reflectância, especialmente na faixa do IVp (bandas 3),

é causado por a presença de materiais em suspensão e menor profundidade da mesma

por encontrar-se na época de estiagem. A partir da figura anterior, pode-se observar que

a melhor separação entre os diferentes alvos encontrados em campo encontra-se na

banda 4 (1600 a 1700 nm), correspondente à faixa do infravermelho médio.

Por outro lado, existe um aumento da reflectância na banda 9, para todas as classes, que

não seria um comportamento típico dos alvos, pois deveria ter uma reflectância menor o

igual às outras bandas do SWIR. Este comportamento poderia devesse ao problema do

“cross-talk” ou que a correção atmosférica não foi bem sucedida para esta banda.

5.3.2 Separabilidade das classes

Como foi observado na análise espectral dos alvos em estudo, algumas classes temáticas

apresentam certa similaridade espectral, por isso avaliou-se a separabilidade do

conjunto de amostras das classes temáticas definidas no trabalho de campo. As classes

temáticas definidas na caracterização do uso e cobertura da terra na área de estudo

foram: pasto sujo (Ps), pasto limpo (Pl), solo exposto (Se), solo com palha (Sp), água

(A), culturas (C), floresta primária/floresta explorada antiga (Fp), floresta explorada

recente (Fe), floresta degradada (Fd), floresta secundária/capoeira (Ca) e finalmente

floresta secundária/bambu (B), este conjunto de amostras das classes é apresentado na

Tabela 5.7.

95

TABELA 5.7 – Conjunto de amostras das classes temáticas na imagem de 2003.

CLASSES TEMÁTICAS Números de amostra (em pixels) Água (A) 1974 Culturas ( C ) 6436 Pasto limpo (Pl) 3042 Pasto sujo (Ps) 5819 Solo exposto (Se) 3625 Solo com palha (Sp) 3451 Floresta primária (Fp) 2378 Floresta explorada recente (Fe) 3881 Floresta degradada (Fd) 2539 Capoeira (Ca) 2321 Bambu (B) 3020

Para isso utilizou-se a medida de Divergência Transformada que varia entre os valores 0

(separabilidade ruim entre duas classes) e 2 (separabilidade máxima entre duas classes).

Na Tabela 5.8 apresenta-se as medidas de separabilidade para estas 11 classes temáticas,

onde pode-se observar que os menores valores de separabilidade encontram-se entre as

classes de floresta primária com floresta explorada recente (valor de 0,51) e bambu com

capoeira (1,31). No caso do primeiro par de classes estas possuem valor menor que um,

que é considerado muito ruim. Por tanto, decidiu-se agrupá-las em Floresta

primária/Floresta explorada recente (Fp/Fe) e em Bambu/Capoeira (B/Ca). Assim,

obteve-se finalmente só 9 classes temáticas.

TABELA 5.8 – Medidas de separabilidade entre classes temáticas, método de Divergên- cia Transformada.

CLASSES A C Fp Fe Fd Ca B Ps Pl Se Sp Água (A) 0,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00Culturas ( C ) 2,00 0,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 1,51 1,99 1,86 1,94F. primária (Fp) 2,00 2,00 0,00 0,51 1,97 1,88 1,96 2,00 2,00 2,00 2,00Floresta explorada recente (Fe) 2,00 2,00 0,51 0,00 1,85 1,64 1,91 2,00 1,99 2,00 2,00Floresta degradada (Fd) 2,00 2,00 1,97 1,85 0,00 1,84 1,99 2,00 2,00 2,00 2,00Capoeira (Ca) 2,00 2,00 1,88 1,64 1,84 0,00 1,31 2,00 1,99 2,00 2,00F. secundária com Bambu (B) 2,00 2,00 1,96 1,91 1,99 1,31 0,00 2,00 2,00 2,00 2,00Pasto sujo (Ps) 2,00 1,51 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 0,00 1,92 1,99 1,98Pasto limpo (Pl) 2,00 1,99 2,00 1,99 2,00 1,99 2,00 1,92 0,00 2,00 1,99Solo exposto (Se) 2,00 1,86 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 1,99 2,00 0,00 1,54Solo com palha (Sp) 2,00 1,94 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 1,98 1,99 1,54 0,00

96

A Tabela 5.9 mostra o resultado final da separabilidade das 9 classes temáticas

escolhidas finalmente, onde ainda existem classes que tem uma separabilidade regular

como pasto sujo com culturas e solo exposto com solo palha, isto devido à grande

similaridade espectral destas classes temáticas e que para esta época do ano (mês de

Junho) apresentam uma mistura na resposta espectral. Esta análise da separabilidade

entre classes pode indicar o limite da estratificação temática na classificação realizada

pela rede neural ART2.

TABELA 5.9 – Separabilidade para as nove classes temáticas finais.

CLASSES A C Fp/Fe Fd B/Ca Ps Pl Se Sp Água (A) 0,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00Culturas ( C ) 2,00 0,00 2,00 2,00 2,00 1,51 1,99 1,86 1,94F. Primária/F. Explorada recente (Fp/Fe) 2,00 2,00 0,00 1,91 1,80 2,00 1,99 2,00 2,00Floresta degradada (Fd) 2,00 2,00 1,91 0,00 1,93 2,00 2,00 2,00 2,00F. secundária com Bambu/Capoeira (B/Ca) 2,00 2,00 1,80 1,93 0,00 2,00 1,99 2,00 2,00Pasto sujo (Ps) 2,00 1,51 2,00 2,00 2,00 0,00 1,92 1,99 1,98Pasto limpo (Pl) 2,00 1,99 1,99 2,00 1,99 1,92 0,00 2,00 1,99Solo exposto (Se) 2,00 1,86 2,00 2,00 2,00 1,99 2,00 0,00 1,54Solo com palha (Sp) 2,00 1,94 2,00 2,00 2,00 1,98 1,99 1,54 0,00

5.3.3 Classificador ART2

Inicialmente com o fim de gerar novas classificações utilizando como dados de entrada

da rede três ou mais bandas, adotamos o critério de apresentar à rede as bandas que

fossem menos correlacionadas entre si, ou seja, que possuíssem diferentes níveis de

informações a respeito dos alvos da cena. Com este propósito foi gerada uma matriz de

correlação apresentada na Tabela 5.10.

TABELA 5.10 – Matriz de correlação (imagem 2003)

Bandas B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B1 1,0000 0,9730 -0,1140 0,9097 0,9068 0,9015 0,8980 0,8911 0,8861 B2 0,9730 1,0000 -0,2115 0,9287 0,9431 0,9404 0,9388 0,9426 0,9303 B3 -0,1140 -0,2115 1,0000 -0,0903 -0,2130 -0,2087 -0,2093 -0,2361 -0,2663B4 0,9097 0,9287 -0,0903 1,0000 0,9684 0,9738 0,9636 0,9513 0,9309 B5 0,9068 0,9431 -0,2130 0,9684 1,0000 0,9903 0,9874 0,9844 0,9728 B6 0,9015 0,9404 -0,2087 0,9738 0,9903 1,0000 0,9901 0,9857 0,9721 B7 0,8980 0,9388 -0,2093 0,9636 0,9874 0,9901 1,0000 0,9897 0,9738 B8 0,8911 0,9426 -0,2361 0,9513 0,9844 0,9857 0,9897 1,0000 0,9780 B9 0,8861 0,9303 -0,2663 0,9309 0,9728 0,9721 0,9738 0,9780 1,0000

97

Pode-se observar na Tabela 4.10, que somente a banda 3 é a única menos correlacionada

entre todas as bandas, e tomando como base esta banda foram selecionadas as seguintes

combinações de bandas como entradas da rede: [2,3,4], [2,3,4,5], [2,3,4,6], [2,3,4,7],

[2,3,4,8], [2,3,4,9], [1,2,3], [1,3,8], [3,4,6] e finalmente todas as bandas

[1,2,3,4,5,6,7,8,9].

Para dar início ao processo de classificação utilizando três bandas ou mais bandas como

entrada da rede, foram utilizados os parâmetros iniciais da rede para as combinações de

bandas classificadas, mostradas na Tabela 4.2. Além disso, a rede foi treinada para

reconhecer padrões nas imagens levando em consideração a quantidade de nove classes

temáticas definidas finalmente e apresentadas na Tabela 5.9.

Os resultados obtidos foram satisfatórios para o parâmetro de vigilância menor ou igual

a 0,9874, número de gerações maior que 7 e uma seqüência de treinamento maior a 91,

pois a quantidade de padrões identificados foram próximos ao número de nove classes

temáticas estabelecidas. Na maioria dos casos a maior quantidade de padrões

encontrados não contribuiu para separar e/ou diferenciar os padrões já existentes nas

imagens classificadas ou até mesmo mostrar novas classes temáticas. Na Tabela 5.11

apresentam-se os parâmetros de entrada da rede após serem otimizados pelo algoritmo

genético para cada combinação de bandas e seus respectivos processamentos para a

imagem de 2003.

TABELA 5.11 – Parâmetros resultantes do classificador da rede ART2 para as diferen- tes combinações de bandas na imagem de 2003.

Combinações Bandas

Parâmetro deVigilância

Seqüência deTreinamento

N° de Gerações

N° padrões

[2,3,4] 0,9872 204 14 12 [2,3,4,5] 0,9874 74 15 13 [2,3,4,6] 0,9868 235 12 15 [2,3,4,7] 0,9874 215 14 12 [2,3,4,8] 0,9866 176 12 12 [2,3,4,9] 0,9875 91 14 14 [1,2,3] 0,9800 75 18 11 [1,3,8] 0,9805 111 14 15 [3,4,6] 0,9852 138 7 10

[1,2,3,4,5,6,7,8,9] 0,9866 170 9 15

98

Relacionando os padrões reconhecidos na classificação não supervisionada ART2 e as

classes temáticas definidas, as combinações das bandas que tiveram melhores resultados

foram [2,3,4], [2,3,4,6], [2,3,4,7] e [2,3,4,8]. Com essas combinações foi possível

identificar toda as classes temáticas e, além disso, cada padrão correspondeu somente a

uma classe temática. Um caso contrário aconteceu, por exemplo, para a combinação

[2,3,4,5], onde um determinado padrão misturou as classes temáticas Floresta degradada

e Bambu/capoeira, outro misturou as classes temáticas Culturas e Solo exposto, e

finalmente outro padrão misturou as classes temáticas Pasto sujo e Solo exposto. Na

Tabela 5.12 mostra-se a relação padrão-classe temática para as combinações de bandas

[2,3,4], [2,3,4,6], [2,3,4,7] e [2,3,4,8].

TABELA 5.12 – Relação entre padrões identificados e as respectivas classes temáticas, imagem 2003.

Combinação de Bandas [2, 3, 4] [2, 3, 4, 6] [2, 3, 4, 7] [2, 3, 4, 8]Classes N° do Padrão

Água 7 14 6 6 Culturas 3 6 2 2, 10 F. Primária/F. explorada recente 9 5, 10 8 5 Floresta degradada 2, 12 0, 3, 7, 12 4, 9 9, 11 F. secundária com Bambu/Capoeira 6 11 3 7 Pasto sujo 0, 1 2 11 3, 4 Pasto limpo 8 1, 9 7 8 Solo exposto 4, 5, 11 4, 8 1, 5, 10 0, 1 Solo com palha 10 14 0 10

Para a análise dos dados da imagem 2002, realizou-se o mesmo procedimento realizado

para a imagem de 2003, e a Tabela 5.13 mostra os parâmetros de entrada da rede após

serem otimizados pelo algoritmo genético.

99

TABELA 5.13 - Parâmetros resultantes do classificador da rede ART2 para as diferen- tes combinações de bandas na imagem de 2002.

Combinações Parâmetro de Seqüência de N° de N° Bandas Vigilância Treinamento Gerações padrões [2,3,4] 0,9872 50 9 15

[2,3,4,5] 0,9874 255 12 17 [2,3,4,6] 0,9866 112 9 16 [2,3,4,7] 0,9872 168 10 17 [2,3,4,8] 0,9873 59 11 16 [2,3,4,9] 0,9875 48 11 20 [1,2,3] 0,9803 39 15 13 [1,3,8] 0,9803 66 12 17 [3,4,6] 0,9802 110 11 11

[1,2,3,4,5,6,7,8,9] 0,9844 44 13 18

Neste caso da imagem de 2002, em todos os resultados das classificações, somente em

duas combinações de bandas [2,3,4] e [2,3,4,8], todos os padrões classificados pela rede

neural ART2 reconheceram as classes temáticas estabelecidas previamente, onde

tiveram como característica especial em ambos casos que a classe culturas misturou-se

com algumas áreas de pasto limpo. Nas outras combinações de bandas, estas não

resultaram satisfatórias porque os padrões reconhecidos na classificação misturaram

várias classes com outras, como por exemplo, um determinado padrão misturou a classe

Floresta primária com a classe Floresta degradada e outro padrão misturou a classe água

com a classe solo com palha. A Tabela 5.14 apresenta a relação padrão-classe temática

para as imagens [2,3,4] e [2,3,4,8].

TABELA 5.14 - Relação entre padrões identificados e as respectivas classes temáticas, imagem 2002.

Combinação de Bandas [2,3,4] [2,3,4,8] Classes Temáticas N° do Padrão

Água 5, 11 0 Culturas/pasto 13 14 F. Primária/F. explorada recente 3, 8, 16 2, 7, 8 Floresta degradada/Capoeira 0, 6, 9, 12 1, 4 ,9 10 F. secundária com Bambu 7 11 Pasto sujo 13, 14 12, 14 Pasto limpo 1, 10, 13, 15 3, 13 ,14 Solo exposto 2, 4 5, 15 Solo com palha 17 6

100

Comparando os resultados para ambas datas nas Tabelas 4.11 e 4.13, em geral as

melhores classificações alcançaram um parâmetro de vigilância menor ou igual a 0,974,

e na seqüência de treinamento obtiveram-se um valores variados. Em quase todos os

casos o número de padrões identificados para o ano 2002 foi maior que o ano 2003.

5.3.4 Pós-classificação

Os mapas gerados pelos parâmetros do classificador ART2 resultaram em imagens com

a presença de pixels isolados que ocorrem próximos a áreas homogeneamente

classificadas, por tal motivo realizou-se uma homogeneização do resultado da

classificação. Para tal, aplicou-se um filtro mediano com uma janela de 5x5 para todas

as classes temáticas por conter estas classes uma quantidade quase similar de pixels

isolados. A comparação do resultado pode-se, como exemplo, observar na Figura 5.6

em um setor da imagem classificada do ano 2003. Realizou-se o mesmo processo de

homogeneização para as imagens de 2002.

FIGURA 5.6 – Homogeneização da imagem classificada do ano 2003, antes (A) e depois (B) aplicando um filtro mediana 5x5.

5.4 Avaliação da Exatidão na Classificação por Rede Neural ART2

A utilização da estatística Kappa permitiu que fossem geradas matrizes de erro que

possibilitaram a comparação entre as imagens classificadas pelo algoritmo de rede

101

neural ART2 e os dados de campo ou verdade terrestre. Baseado nestas matrizes de

erro, que serão apresentadas no Apêndice A, na Tabela 5.15 apresenta-se os diferentes

valores de exatidão global e de coeficiente Kappa resultantes destas classificações para

as combinações de bandas [2,3,4], [2,3,4,6], [2,3,4,7] e [2,3,4,8] da imagem do ano

2003.

TABELA 5.15 – Valores de Exatidão Global e coeficiente Kappa para as classificações geradas a partir da imagem 2003.

Combinação de bandas Exatidão global (%) Kappa [2,3,4] 68,726 0,6429 [2,3,4,6] 67,170 0,6249 [2,3,4,7] 64,047 0,5899 [2,3,4,8] 58,647 0,5280

Pode-se observar que nesta última tabela, o valor Kappa não difere muito entre cada

uma delas, onde as combinações [2,3,4] e [2,3,4,6] obtêm valores muito próximos e

segundo o critério proposto por Landis e Koch (1977), ambas classificações podem ser

catalogadas como “muito boa”. No entanto para as combinações de bandas [2,3,4 7] e

[2,3,4,8] a qualidade da classificação é considerada como “boa”.

Para avaliar se os índices de exatidão em relação à verdade terrestre apresentam uma

concordância estatisticamente significativa, realizou-se um teste de hipótese utilizando

como base a estatística Z ao nível de confiança de 95%, onde o valor de Z compreende

o intervalo [-1,96<Z<1,96]. Na Tabela 5.16 pode-se observar os resultados da análise

obtida para cada uma das melhores classificações geradas em função das combinações

de bandas. Os resultados indicam que os valores de Z foram maiores que 1,96

mostrando que existe concordância entre as classificações e a verdade terrestre.

TABELA 5.16 – Resultados da análise do valor Kappa para cada matriz de erro das cla- ssificações para 2003.

Combinação de bandas Kappa Variância Estatística Z [2,3,4] 0,6429 0,0000072 239,5947 [2,3,4,6] 0,6249 0,0000074 229,7178 [2,3,4,7] 0,5899 0,0000076 213,9792 [2,3,4,8] 0,5280 0,0000079 187,8540

102

Na Tabela 5.17 analisa-se o valor de Z entre cada uma das classificações para avaliar se

existem diferenças significativas entre elas. Pode-se observar que ao comparar entre as

diferentes classificações das combinações de bandas realizadas, estas são

estatisticamente diferentes, já que os valores de Z são maiores que 1,96. Portanto, será

escolhido como a melhor classificação a que tem maior valor de Kappa, ou seja, a

imagem [2,3,4].

TABELA 5.17 – Resultado na comparação da análise de valor Kappa em diferentes cla- ssificações para o ano 2003.

Comparação Z [2,3,4] versus [2,3,4,6] 4,7108

[2,3,4] versus [2,3,4,7] 13,7767[2,3,4] versus[2,3,4,8] 29,5687

[2,3,4,6] versus [2,3,4,7] 9,0370[2,3,4,6] versus [2,3,4,8] 24,7730[2,3,4,7] versus [2,3,4,8] 15,7226

A continuação na Figura 5.7 apresenta-se o resultado da classificação (mapa) para a

combinação de bandas [2,3,4] que foi de maior valor de Kappa. Os mapas de uso e

cobertura da terra para as diferentes classificações são apresentados no Apêndice B.

103

FIGURA 5.7 – Mapa de classificação de uso e cobertura da terra da combinação de bandas [2,3,4] da imagem ASTER para o ano 2003.

104

No caso dos resultados da classificação das combinações de bandas para o ano 2002,

para as duas combinações de bandas [2,3,4] e [2,3,4,8] são apresentados na Tabela 5.18

os valores de exatidão global e o coeficiente Kappa respectivamente.

TABELA 5.18 – Valores de exatidão global e coeficiente Kappa para a imagem de 2002.

Combinação de bandas Exatidão global (%) Kappa [2,3,4] 67,8187 0,6284

[2,3,4,8] 69,2790 0,6455

Pode-se observar na Tabela 4.18, que os dois valores de coeficiente Kappa podem ser

considerados como “muito boa”, segundo os autores Landis e Koch (1977). Em seguida,

para fazer uma análise da concordância estatística do resultado destas classificações em

relação à verdade de campo realizado por Silva (2002), efetuou-se um teste estatístico

Z, onde a Tabela 5.19 mostra que os valores de Z são maiores que 1,96, o que significa

que existe concordância entre as classificações e a verdade terrestre.

TABELA 5.19 – Resultados da análise do valor Kappa para cada matriz de erro das cla- ssificações para 2002.

Combinação de bandas Kappa Variância Estatística Z [2,3,4] 0,6284 0,0000171 239,5947

[2,3,4,8] 0,6455 0,0000165 229,7178

Na Tabela 5.20 analisa-se o valor de Z entre as duas classificações para avaliar se

existem diferenças significativas entre elas. Pode-se observar na comparação que estas

são estatisticamente diferentes, já que o valor de Z é maior que 1,96. Portanto, escolhe-

se a classificação da imagem [2,3,4,8] por ter o maior valor de Kappa como mostra a

Figura 5.8.

TABELA 5.20 – Resultado na comparação da análise de valor Kappa em diferentes cla- ssificações para o ano 2002.

Comparação Z [2,3,4] versus [2,3,4,8] 2,95

105

FIGURA 5.8 - Mapa de classificação de uso e cobertura da terra da combinação de bandas [2,3,4,8] da imagem ASTER para o ano 2002.

106

5.5 Avaliação Temporal das Imagens 2002 e 2003

Para identificar a mudança no uso e cobertura da terra na área de estudo, realizou-se

uma comparação entre os dois melhores resultados segundo o valor estatístico Kappa

das classificações realizadas pela rede neural ART2. Portanto, para o ano 2002, tomou-

se a classificação da combinação de bandas [2,3,4,8] e para o ano 2003 a combinação de

bandas [2,3,4]. A Tabela 5.21 mostra a quantidade de hectares e porcentagem por classe

temática para as imagens classificadas dos anos 2003 e 2002.

TABELA 5.21 – Área (em hectares) e porcentagem por cada classe temática nas ima- gens de 2002-2003.

CLASSES Área (2002) % Área (2003) % Água 4313,64 1,13 2977,56 0,78Culturas 34318,30 8,99 17407,28 4,56Pasto limpo 41265,94 10,81 32524,13 8,52Pasto sujo 16949,19 4,44 27943,26 7,32Solo exposto 11872,07 3,11 13589,89 3,56Solo com palha 19468,67 5,10 27561,52 7,22F. primária/F. explorada recente 126813,55 33,22 115819,48 30,34Floresta degradada 73408,32 19,23 69476,42 18,20Bambu/Capoeira 53328,88 13,97 74439,02 19,50

Pode-se observar na tabela anterior, que para o ano 2003 houve uma diminuição em

relação ao ano 2002 das classes de Água, Culturas, Pasto limpo, Floresta primária/ F.

explorada recente e Floresta degradada. As diminuições das áreas de Floresta

primária/Floresta explorada recente e Floresta degradada foram ocasionadas porque

muitas destas áreas transformaram-se em áreas agrícolas ou pastagens. Isto se confirma

com o aumento das classes de solo exposto e solo com palha para o ano 2003.

Alguns problemas ocorrem no processo de comparação de uma data em relação a outra

devido à variância sazonal entre ambas e a presença de alvos muito similares em termos

de resposta espectral (por exemplo, capoeira com floresta degradada), ou ser pouco

representativas na cena, como no caso da classe cultura. Por exemplo, no caso da

imagem de 2002, aconteceu que algumas áreas de culturas foram misturadas com pasto

limpo no processo de classificação. Por isso, estas variadas condições ambientais podem

resultar em diferenças importantes entre as mesmas bandas de datas diferentes.

107

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Conclusões

A obtenção de informações sobre a superfície terrestre, a partir de dados provenientes

de sensoriamento remoto a nível orbital, tem demonstrado importância significativa em

processos tais como o monitoramento de recursos florestais ou de mapeamento de uso e

cobertura da terra, em especial o uso das bandas 2 (630-690 nm), 3 (760-860 nm) e 4

(1600-1700 nm).

A arquitetura de rede ART2 inserida no ambiente SGRNA, apresenta características

(como simplicidade e facilidade na entrada e manipulação dos dados) de um adequado

classificador de dados de imagens de satélite. Além disso, os desempenhos na

classificação obtidos pela rede neural, em relação à verdade terrestre, podem ser

considerados satisfatórios, considerando-se as classes temáticas investigadas.

O parâmetro de vigilância é uma variável importante no processo da classificação

realizada pela rede ART2, porque ajuda a controlar o número de padrões a serem

classificados e que este número não seja demasiado grande (por exemplo, para o caso de

valores muito próximos a 1). Os valores de treinamento, teste e conjunto de população

variam dependendo do tamanho da área e do recurso computacional disponível, pois

para valores maiores aumenta-se a exigência no uso deste recurso.

A rede neural ART2 tem um limite na discriminação detalhada das classes, obtendo-se

melhores resultados nas classificações quando houve junção de algumas dessas classes

temáticas, tais como floresta primária com floresta explorada recente e capoeira com

bambu. No caso das culturas presentes na área de estudo (algodão, milho e milheto), o

classificador não conseguiu individualiza-las no espaço de atributos espectrais.

108

No caso da análise dos valores espectrais, estes foram suficientes para uma

discriminação mais detalhada das classes de uso e cobertura da terra, apesar da grande

complexidade temática da região e a sobreposição espectral causada pelo caráter

sazonal das culturas e o processo regenerativo natural da cobertura vegetal.

Adicionalmente às bandas 2, 3, 4, que demonstraram sua utilidade na classificação de

uso e cobertura da terra, as bandas 6 (2185-2225 nm) e 8 (2295-2365 nm) do sensor

ASTER foram as que melhor resultado alcançaram no processo de classificação

realizado pela rede ART2.

O desempenho da rede ART2 foi considerada satisfatório dado à rapidez no

processamento das imagens de tamanho de 6154 linhas e 2749 colunas de 9 bandas (595

MB), com resolução de 15m x 15m. O tempo computacional para gerar uma

classificação foi em média de 10 a 20 minutos (proporcionalmente ao aumento de 3 para

9 bandas) para as imagens formadas pelas diversas combinações de bandas.

Recomendações

A utilização de RNA’s baseadas em algoritmos genéticos, como o caso de ART2

inserida no programa SGRNA, para a classificação de imagens multiespectrais pode ser

considerada como uma excelente alternativa aos classificadores atualmente utilizados e

conseqüentemente deve ser ainda mais investigada. Neste contexto a utilização de

parâmetros incorporados na estrutura da rede neural, que tomem em conta o aspecto da

distribuição espacial dos padrões deve ser investigada.

Outro ponto importante é avaliar se a aplicação da rede neural ART2 consegue atenuar

o efeito de borda entre classes, especialmente em áreas de culturas ou pastagens em

relação às de florestas degradadas, ou em áreas destinadas ao uso agrícola com

ocorrência de fragmentos florestais remanescentes.

Finalmente, sugere-se a utilização e avaliação deste tipo de classificador de rede neural

em outros produtos de sensores remotos que estejam em operacionalização e ao alcance

de comunidade cientifica brasileira como, por exemplo, as imagens geradas pelo satélite

CBERS-2.

109

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116

117

APÊNDICE A

MATRIZES DE ERRO E INDICADORES DE EXATIDÃO PARA AS

DIFERENTES CLASSIFICAÇÕES

*A: água; C: cultura; Pl: pasto limpo; Ps: pasto sujo; Se: solo exposto; Sp: solo com palha;

Fp/Fe: floresta primária/floresta explorada recente; Fd: floresta degradada; B/Ca: Floresta

secundaria com bambu/ Floresta secundaria ou capoeira.

TABELA – A1: Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem [2,3,4] de 2003.

Classes A C Pl Os Se Sp Fp/Fe Fd B/Ca Total Erro de

InclusãoA 1974 0 0 0 0 0 0 0 0 1974 0C 0 4625 0 0 1094 57 0 0 0 5776 19,9Pl 0 57 2315 631 0 31 1 0 0 3035 23,7Ps 0 0 727 2723 0 0 79 56 53 3638 25,1Se 0 771 0 0 1912 670 8 0 0 3361 43,1Sp 0 983 0 0 619 2693 0 0 0 4295 37,3

Fp/Fe 0 0 0 0 0 0 4596 42 924 5562 17,4Fd 0 0 0 21 0 0 1073 1441 197 2732 47,2

B/Ca 0 0 0 2444 0 0 502 1000 4167 8113 48,6Total 1974 6436 3042 5819 3625 3451 6259 2539 5341 38486

Erro de Omissão 0 28,1 23,9 53,2 47,3 22,0 26,6 43,2 22,0

TABELA – A2: Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem [2,3,4,6] de 2003.

Classes A C Pl Ps Se Sp Fp/Fe Fd B/Ca Total Erro de

InclusãoA 1974 0 0 0 0 0 0 0 0 1974 0C 0 4671 0 0 1259 155 0 0 0 6085 23,2Pl 0 17 2271 598 0 16 0 0 0 2902 21,7Ps 0 0 771 2345 0 0 178 179 85 3558 34,1Se 0 733 0 0 1757 587 0 0 0 3077 42,9Sp 0 1000 0 0 609 2688 0 0 0 4297 37,4

Fp/Fe 0 0 0 0 0 0 4472 3 728 5203 14,0Fd 0 15 0 128 0 5 841 1349 204 2542 46,9

B/Ca 0 0 0 2748 0 0 768 1008 4324 8848 51,1Total 1974 6436 3042 5819 3625 3451 6259 2539 5341 38486

Erro de Omissão 0 27,4 25,3 59,7 51,5 22,1 28,5 46,9 19,0

118

TABELA A 3 : Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem [2,3,4,7] de 2003.

Classes A C Pl Ps Se Sp Fp/Fe Fd B/Ca Total Erro de

InclusãoA 1974 0 0 0 0 0 0 0 0 1974 0C 0 4513 0 0 1077 57 0 0 0 5647 20,1Pl 0 8 2501 706 0 50 1 0 0 3266 23,4Ps 0 0 535 1334 0 0 66 40 16 1991 33,0Se 0 878 0 0 1930 668 6 0 0 3482 44,6Sp 0 1037 6 0 618 2676 0 0 0 4337 38,3

Fp/Fe 0 0 0 0 0 0 4121 11 673 4805 14,2Fd 0 0 0 46 0 0 919 1076 128 2169 50,4

B/Ca 0 0 0 3733 0 0 1146 1412 4524 10815 58,2Total 1974 6436 3042 5819 3625 3451 6259 2539 5341 38486

Erro de Omissão 0 29,9 17,8 77,1 46,8 22,5 34,2 57,6 15,3

TABELA A 4 : Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem [2,3,4,8] de 2003.

Classes A C Pl Ps Se Sp Fp/Fe Fd B/Ca Total Erro de

InclusãoA 1922 0 0 0 0 0 0 0 0 1922 0C 0 4685 0 0 1253 143 0 0 0 6081 23,0Pl 0 37 2352 649 0 24 10 0 0 3072 23,4Ps 0 0 689 1583 0 0 56 30 29 2387 33,7Se 52 1521 1 0 1754 3272 0 0 0 6600 73,4Sp 0 193 0 0 618 12 0 0 0 823 98,5

Fp/Fe 0 0 0 0 0 0 4500 1 858 5359 16,0Fd 0 0 0 322 0 0 995 1467 158 2942 50,1

B/Ca 0 0 0 3265 0 0 698 1041 4296 9300 53,8Total 1974 6436 3042 5819 3625 3451 6259 2539 5341 38486

Erro de Omissão 2,6 27,2 26,7 72,8 51,6 99,6 28,1 42,2 19,6

119

TABELA A 5 : Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem [2,3,4,8] de 2002.

Classes A C Pl Ps Se Sp Fp/Fe Fd B/Ca Total Erro de

InclusãoA 952 0 0 0 0 0 0 0 0 952 0C 0 996 434 1184 0 0 46 77 3 2740 63,65Pl 0 0 1481 15 8 0 35 126 1 1666 11,10Ps 0 0 219 39 0 0 8 40 0 306 87,25Se 0 0 0 0 1064 0 0 33 0 1097 3,01Sp 0 0 0 0 116 1431 0 23 0 1570 8,85

Fp/Fe 0 0 0 0 0 0 3531 175 0 3706 4,72Fd 0 484 0 634 0 0 610 1112 201 3041 63,43

B/Ca 0 60 0 104 0 0 117 296 780 1357 42,52Total 952 1540 2134 1976 1188 1431 4347 1882 985 16435

Erro de Omissão 0 35,32 30,60 98,03 10,44 0 18,77 40,91 20,81

TABELA A 6 : Matriz de erro e indicadores de exatidão para a classificação da imagem [2,3,4] de 2002.

Classes A C Pl Ps Se Sp Fp/Fe Fd B/Ca Total Erro de

InclusãoA 952 0 0 0 0 0 0 0 0 952 0C 0 1018 249 1158 0 0 91 86 1 2603 60,89Pl 0 0 1485 17 15 23 24 62 0 1626 8,67Ps 0 7 400 123 0 0 6 45 0 581 78,83Se 0 0 0 0 1060 5 11 65 0 1141 7,10Sp 0 0 0 0 113 1403 0 6 0 1522 7,82

Fp/Fe 0 0 0 0 0 0 3482 483 10 3975 12,40Fd 0 171 0 571 0 0 650 673 24 2089 67,78

B/Ca 0 344 0 107 0 0 83 462 950 1946 51,18Total 16435

Erro de Omissão 0 33,90 30,41 93,78 10,77 1,96 19,90 64,24 3,55

120

121

APÊNDICE B

MAPAS DE USO E COBERTURA DA TERRA

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124