Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
1
REFERÊNCIA: CIELO, Carla Aparecida. Avaliação de Habilidades em Consciência Fonológica.Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia, Curitiba, v.4, n.16, p. 163-174, jul./set. 2003.
Este trabalho teve como objetivo propor um protocolo de avaliação das habilidades
em consciência fonológica, verificando-se a correlação estatística entre o grau de
complexidade das tarefas e a idade cronológica dos sujeitos. Pesquisou-se as habilidades
de crianças de 4 a 8 anos de idade, de ambos os sexos, em segmentação de frases em
palavras; realismo nominal; detecção de rimas; exclusão fonêmica; detecção, síntese,
segmentação e reversão silábicas e fonêmicas. Na maioria das tarefas, houve diferença
estatisticamente significativa entre as faixas etárias de 4, 5 e 6 e as de 7 e 8 anos. Com
base nos resultados, foram elencadas as tarefas passíveis de serem realizadas com
sucesso por cada faixa etária, auxiliando a determinação do desempenho esperado
conforme a idade da criança, para futuras avaliações. Concluiu-se que o aumento da
idade e a alfabetização parecem influenciar as habilidades em consciência fonológica e
que o Protocolo de Tarefas em Consciência Fonológica parece ser um instrumento viável
para a avaliação de todos os tipos de habilidades em consciência fonológica, com
diferentes graus de complexidade, favorecendo o estabelecimento de metas terapêuticas
ou de estimulação dessas habilidades.
UNITERMOS: consciência fonológica; metafonologia; consciência lingüística; avaliação
fonoaudiológica.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
2
INTRODUÇÃO
A habilidade em analisar a fala explicitamente em seus componentes fonológicos é
chamada consciência fonológica, um subtipo da consciência lingüística, sendo
imensamente importante para compreender a mensagem escrita, uma vez que, para ler e
escrever, é preciso realizar as correspondências grafo-fonológicas, analisar os signos
semiológicos em fonemas e sintetizar os fonemas em signos semiológicos. A consciência
fonológica provavelmente aparece gradualmente, ao longo de um continuum que engloba
desde um grau nulo de consciência, passando pela sensibilidade, pelo “dar-se conta”, até
a consciência em si que pressupõe a capacidade de explicitação verbal do produto desse
tipo de habilidade (POERSCH, 1998).
No Brasil, a consciência fonológica é um assunto relativamente novo, gerando a
necessidade de elaboração de testes de avaliação. Muitos dos trabalhos nacionais na
área da consciência fonológica se utilizam de atividades para quantificá-la antes e após
determinada intervenção direta ou indireta sobre a mesma e não propõem,
especificamente, protocolos de avaliação de todos os tipos de consciência fonológica.
Alguns exemplos são os trabalhos de CARDOSO-MARTINS (1991), com seu teste
de consciência fonológica que avalia brevemente a consciência de fonemas e sílabas
para verificar a relação entre consciência fonológica e progresso inicial na aprendizagem
da escrita em português; e a testagem da consciência de rimas, sílabas e fonemas,
também de CARDOSO-MARTINS (1995), para verificar a relação entre esses diferentes
tipos de consciência fonológica e a aquisição da lecto-escrita em português. Outros
autores, como CIELO (1996) e SALLES (1999), se utilizaram de testagens elaboradas por
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
3
autores como CARDOSO-MARTINS (1991) e SANTOS & PEREIRA (1997) para verificar
a relação entre a consciência fonológica e a aquisição do código alfabético por crianças
brasileiras.
SANTOS & PEREIRA (1997) adaptaram para o português um teste de consciência
fonológica citado em seu trabalho, que se compõe de seis tarefas de consciência
fonológica: síntese silábica, identificação de rimas, síntese, segmentação, exclusão e
transposição fonêmicas, todas com um treinamento prévio à testagem, sendo o protocolo
indicado para avaliar crianças em “estágio inicial de desenvolvimento de leitura” (p.187).
Outro teste, o Perfil de Habilidades Fonológicas (PHF) de CARVALHO et al. (1998),
indicado para a clínica fonoaudiológica e para a triagem escolar dos cinco aos dez anos
de idade, consta de nove tarefas: análise, adição, segmentação, subtração, substituição,
recepção de rimas, rima seqüencial, reversão silábica e imagem articulatória. Para todas
as tarefas, há um treinamento prévio à testagem propriamente dita. Neste teste, de forma
muito adequada, a tarefa de análise refere-se à detecção de sílabas nas posições inicial,
final e medial, com quatro itens a serem testados em cada posição, sendo que a tarefa
com a posição medial foi indicada no próprio protocolo de avaliação, apenas para
crianças a partir de sete anos de idade.
A prova de consciência fonológica (PCF), proposta pelos psicólogos CAPOVILLA &
CAPOVILLA (1998), apresenta dez tarefas de consciência fonológica para avaliação de
crianças de pré-escola até a segunda série do ensino fundamental: rima; aliteração;
síntese, segmentação, transposição e manipulação (adição e subtração) silábicas e
fonêmicas. Este teste, conforme os autores, foi baseado no trabalho de SANTOS &
PEREIRA (1997), sendo que cada tarefa é precedida por dois exemplos-treino iniciais.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
4
Quanto ao trabalho pioneiro de BEZERRA (1982), infelizmente a autora não expõe
seu roteiro de testagem das habilidades metafonológicas, mas enumera os tipos de
tarefas utilizadas em sua pesquisa para avaliar noventa crianças de quatro a onze anos
de idade: comparar palavras quanto ao tamanho; separar as sílabas da palavra solicitada;
contar as sílabas das palavras; comparar as palavras quanto ao número de sílabas;
identificar palavras que iniciam ou terminam com a mesma sílaba ou que apresentam a
mesma sílaba medial; identificar palavras que iniciam ou terminam com o mesmo fonema;
contar as palavras de um conjunto sem sentido (por exemplo: chave nunca mesa faz);
contar as palavras na sentença; definir “nome”, e definir “palavra”. O texto de BEZERRA
(1982) faz entender que as tarefas são compostas de quatro a cinco itens cada, o que
parece ser um número viável para evitar acasos e, consequentemente, uma avaliação
superficial do desempenho dos sujeitos. Um ponto interessante deste trabalho é a
avaliação da explicitação verbal de cada criança testada sobre os porquês de suas
respostas às tarefas, analisando a metalinguagem na área fonológica.
Acredita-se que, para uma avaliação do desempenho em tarefas que envolvam a
consciência fonológica, é muito importante considerar todos os tipos de consciência
fonológica: a consciência de palavras, de rimas, de sílabas e de fonemas, bem como os
diferentes graus de dificuldade que se refletem no aumento do número de unidades a
serem manipuladas e nas diferentes posições-alvo da unidade fonológica a ser testada.
Desta forma, propõe-se um protocolo de avaliação das habilidades em consciência
fonológica de crianças brasileiras entre 4 e 8 anos de idade, buscando a correlação
estatística entre o grau de complexidade das tarefas e a idade cronológica dos sujeitos.
MATERIAIS E PROCEDIMENTOS
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
5
Este trabalho foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
instituição de origem, sob o protocolo de número 0125, sendo que todos os responsáveis
pelos sujeitos da pesquisa concordaram com sua realização e com a divulgação dos
resultados, mediante a assinatura do termo de consentimento informado (norma 196/96
da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP). De todas as crianças de 4 a 8
anos, de ambos os sexos, freqüentadoras das três escolas que concordaram com a
realização da pesquisa em suas dependências, após a aplicação dos critérios para
seleção e homogeneização da amostra, obteve-se um total de 85 sujeitos (46 meninas e
39 meninos) aos quais foi aplicado o Protocolo de Tarefas de Consciência Fonológica
(PTCF).
A seleção da amostra de sujeitos foi realizada conforme a autorização dos pais ou
responsáveis para participar do estudo e da coleta do nome completo, data de
nascimento e nível escolar em que se encontravam as crianças, junto às secretarias das
escolas envolvidas. Por meio do Teste de Matrizes Progressivas de Raven infantil, sob a
responsabilidade de uma psicóloga, verificou-se o nível intelectual das crianças, sendo
desconsiderados aqueles sujeitos que apresentaram nível intelectual inferior ou deficiente
(ANASTASI, 1977).
Com um otoscópio Welch Allyn, inspecionou-se os meatos acústicos externos das
crianças, detectando-se a presença de tampão ou excesso de cerúmen obstruindo a via
aérea e encaminhando ao médico otorrinolaringologista para a realização de limpeza,
permitindo a triagem audiológica por via aérea realizada com o aparelho Screening
Audiometer AS15 da marca Interacoustics, que emite tons puros em intensidades
variadas, controlados e calibrados biologicamente pelo examinador. Individualmente, em
sala silenciosa, explicava-se à criança que, através do fone de ouvido, ela ouviria “alguns
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
6
apitinhos” ou “barulhinhos” em uma orelha de cada vez e que deveria levantar a mão do
mesmo lado em que ouvisse o som. As freqüências e respectivas intensidades mínimas
para resposta consideradas para a triagem foram: 1000 (20 dBNA), 2000 (20 dBNA) e
4000 Hz (25 dBNA). As crianças que falharam foram retestadas durante a mesma sessão
(NORTHERN & DOWNS, 1989, BARRETT , 1999).
A voz foi avaliada de forma perceptivo-auditiva: o tipo vocal foi classificado como
rouco, soproso, áspero, comprimido, normal ou outro; o pitch foi caracterizado como
adequado, agudizado ou agravado; a loudness como adequada, forte ou fraca; a
ressonância foi classificada como equilibrada, laríngica, faríngica, laringo-faríngica,
hipernasal, hiponasal ou denasal (BEHLAU & PONTES, 1995). Os órgãos
fonoarticulatórios e as funções estomatognáticas foram avaliados conforme MARCHEZAN
(1998a), MARCHEZAN (1998b) e BIANCHINI (1998), analisando-se a forma, simetria,
postura e movimentação das estruturas, bem como as funções de mastigação, deglutição
e respiração. A fala e a linguagem foram avaliadas informalmente durante a conversa
inicial com cada criança, observando-se a articulação dos fonemas, a presença ou
ausência de desvios fonológicos, a construção de frases e a compreensão da fala do
examinador. Todas as crianças que apresentaram qualquer tipo de alteração nos
aspectos avaliados foram encaminhadas para especialistas, dependendo da necessidade,
por meio do SOE de cada instituição e não fizeram parte da amostra da pesquisa.
Em função de alguns trabalhos não terem encontrado diferença significativa entre
os sexos quanto ao desempenho em tarefas de consciência fonológica, o mesmo não foi
considerado como variável neste estudo (WALLACH et al., 1977, SALLES, 1999). Quanto
ao grau de escolaridade, todas as crianças até seis anos de idade foram consideradas
não alfabetizadas, uma vez que as primeiras séries eram compostas pela faixa de seis
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
7
anos e essas crianças foram testadas no primeiro bimestre do ano letivo, estando,
portanto, sem domínio do código alfabético.
O PTCF foi elaborado pela pesquisadora, com base em vários trabalhos já
publicados na área, procurando compilar diversos tipos de tarefas de consciência
fonológica, variando seu grau de complexidade e adaptando-as ao português brasileiro e
ao vocabulário da faixa etária selecionada para a pesquisa (ACKERMAN, 1973, CALFEE
et al.,1973, GOLDSTEIN, 1976, WALLACH et al., 1977, WILLIAMS, 1980, ZIFCAK, 1981,
BEZERRA, 1982, ALEGRIA et al., 1982 e 1999, EHRI & WILCE, 1985 e 1987, BRYANT &
BRADLEY, 1987, YAVAS & HAASE, 1988, LUNDBERG et al., 1988, TUNMER et al.,
1988, GÖNCZ, 1990, BALL & BLACHMAN, 1991, BYRNE & FIELDING-BARNSLEY,
1991, BLACHMAN, 1991, CARDOSO-MARTINS, 1991 e 1995, TORGESEN et al., 1992,
NUNES et al., 1992, WATSON & MILLER, 1993, UHRY & SHEPHERD, 1993,
DURGUNOGLU et al., 1993, McGUINESS et al., 1995, VANDERVELDEN & SIEGEL,
1995, CIELO, 1996, LANDERL et al., 1996, SANTOS & PEREIRA, 1997, SANTOS et
al.,1997, STACKHOUSE, 1997, SALLES, 1999, CUPPLES & IACONO, 2000).
TUNMER et al. (1983) e TREIMAN & WEATHERSTON (1992) destacam que,
dependendo de sua estruturação, um teste pode subestimar ou superestimar a habilidade
em consciência fonológica dos sujeitos testados. Por isso, foram propostos doze tipos de
tarefas, abordando várias habilidades em consciência fonológica; utilizados diferentes
graus de complexidade quanto à natureza das tarefas e também diferentes graus de
complexidade dentro de cada tarefa como o número e tipo de palavras, o número de
sílabas e fonemas e a posição da unidade fonológica a ser testada.
Enfatiza-se aqui, juntamente com CORRÊA (1996) que as ordens em testes de
consciência lingüística devem ser o mais simples possível, para evitar dificuldades em sua
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
8
compreensão, envolvendo muito a memória e a cognição e prejudicando o desempenho
na tarefa. Por esse motivo, utilizou-se os termos “pedacinho”, “palavrinha”, “letrinha”,
“sonzinho” para facilitar o processo de comunicação com o sujeito, pois, segundo
TUNMER et al. (1983), os termos utilizados precisam ser claros para a criança, senão ela
pode não compreender a tarefa.
Outro fator relevante, segundo CORRÊA (1996), seria a influência das expectativas
da criança sobre o seu desempenho frente à tarefa. Em função disso, para não gerar
ansiedade ou tensão, utilizou-se a palavra “jogo” em vez de “teste”, argumentando que
seriam realizadas algumas atividades para ver até onde as crianças conseguiriam ir,
sendo que algumas eram feitas para adultos, portanto muito difíceis, não sendo
necessário acertar tudo e tranqüilizando a criança quanto ao seu desempenho.
Segundo TUNMER et al. (1983), crianças jovens realizam melhor a segmentação
de sentenças com palavras de conteúdo do que de função. Por esse motivo, observa-se
que o protocolo, em suas tarefas, não apresentou palavras funcionais isoladas
(conjunções, preposições) como estímulos, o que poderia prejudicar o processamento da
informação por parte da criança se ela tivesse de fazer uma análise semântica demorada
antes, em função do significado dessas palavras ser grandemente dependente do
contexto em que figuram.
Procurou-se, ainda, a maior naturalidade possível ao se propor as tarefas às
crianças, enfatizando a compreensão das ordens, mais do que sua repetição mecânica,
pois “a inserção de enunciados lingüísticos em contextos que tornem sua utilização
funcional é um modo de aproximar condições experimentais de condições naturais”
(CORRÊA, 1996, p. 47), deixando o sujeito à vontade para favorecer sua espontaneidade.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
9
Além disso, foram realizados dois treinos (CARDOSO-MARTINS, 1995) antes de
cada tarefa, com o objetivo de deixar claro o que era proposto para que a criança
compreendesse a natureza da tarefa e não tivesse o processo de elaboração da resposta
prejudicado por questões de semântica (as palavras das ordens eram esclarecidas
verbalmente e sua compreensão era reforçada pelos treinos) ou de memória (os
estímulos eram oferecidos duas vezes e a articulação silenciosa foi permitida). As tarefas
de consciência fonológica incluíram várias subtarefas, representando diferentes graus de
complexidade dentro da mesma tarefa.
Com a tarefa de segmentação de frases em palavras (T1), desejou-se analisar a
habilidade em segmentar palavras no fluxo contínuo da emissão oral de frases de
tamanhos diferentes. Apresentou-se à criança frases de duas, três, quatro, cinco, seis e
sete palavras. Havia, no total, trinta frases elaboradas com vocabulário do cotidiano
infantil, sendo distribuídas em cinco frases para cada classificação de número de
palavras. Cada grupo de frases foi considerado como um nível de
dificuldade/complexidade dentro da tarefa e as frases foram apresentadas uma de cada
vez à criança de modo aleatório, havendo, no total, seis níveis de
dificuldade/complexidade nesta tarefa. A ordem dada foi “Eu vou dizer uma frase. Preste
atenção! FRASE (1ª VEZ). PEQUENA PAUSA. NOVAMENTE A FRASE (2ª vez). Agora,
diga quantas palavrinhas (ou quantas coisas) eu disse.” Permitiu-se que a criança
contasse nos dedinhos e incentivou-se aquelas que não sabiam contar a realizar o
tapping. O treino foi realizado com duas frases, uma de duas e uma de três palavras.
O realismo nominal (T2) consiste na confusão, por parte da criança, entre o
referente (a coisa) e o seu signo semiológico (o nome da coisa); é a dificuldade de
distanciamento do objeto, da realidade (BEZERRA,1982). Essa tarefa teve como objetivo
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
10
analisar a habilidade em perceber a relação arbitrária entre a palavra e seu referente.
Apresentou-se à criança cinco pares de substantivos concretos que poderiam ou não
apresentar uma “relação de tamanho” com o seu referente. A ordem dada foi “Eu vou
dizer duas palavras. ESTÍMULO (1ª vez). PEQUENA PAUSA. ESTÍMULO (2ª vez). Qual é
a maior? Pense no tamanho da palavra e não no tamanho da coisa.” O treino foi realizado
com dois pares, um sem “relação de tamanho” entre o signo semiológico e o referente e
outro com essa relação.
A finalidade da tarefa de detecção de rimas (T3) foi avaliar a habilidade em
reconhecer similaridades fonológicas globais auditivamente. A tarefa consistiu em
apresentar à criança estímulos compostos de três palavras cada, com o seguinte
enunciado: “Eu vou dizer três palavras, duas rimam (ou combinam) e uma não. Qual
palavra não rima (ou não combina)?”. Primeiro, foram apresentados cinco itens de três
palavras dissílabas cada e depois cinco itens de três palavras trissílabas cada,
aumentando a dificuldade, considerando-se, desta forma, dois níveis crescentes de
dificuldade/complexidade na mesma tarefa. O treino foi realizado com um item de
palavras dissílabas e outro de palavras trissílabas. Além disso, também considerou-se
como corretas as respostas dadas com as duas palavras que rimavam, em vez de, como
era solicitado, com a palavra que não rimava.
Com a tarefa de síntese silábica (T4), pretendeu-se analisar a habilidade em
realizar a junção de sílabas isoladas para formar palavras. Essa habilidade foi avaliada
através de quinze palavras segmentadas oralmente: cinco dissílabas, cinco trissílabas e
cinco quadrissílabas (três níveis crescentes de dificuldade/complexidade). A ordem dada
para sua realização foi: “Vou falar como um robô. Adivinhe a palavra que o robô diz.” O
treino foi realizado com uma palavra dissílaba e outra trissílaba.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
11
A tarefa de segmentação silábica (T5) foi similar à anterior, porém as quinze
palavras, na mesma ordem e quantidade, foram apresentadas em fala normal, sem
segmentação. Nesta atividade, a ordem foi: “Agora você vai falar como um robô.” O
objetivo foi avaliar a habilidade em separar as unidades silábicas de palavras produzidas
oralmente. O treino foi realizado com uma palavra dissílaba e outra trissílaba.
A finalidade da atividade de detecção de sílabas (T6) foi verificar a habilidade em
perceber e localizar sílabas dentro de palavras orais. Utilizou-se quinze itens de três
palavras cada: cinco itens para detectar a sílaba inicial, cinco para a sílaba final e cinco
para a sílaba medial (três níveis crescentes de dificuldade/complexidade). A ordem de
apresentação seguiu a de aumento da dificuldade, ou seja, detecção de sílabas iniciais,
finais e, por último, mediais (VANDERVELDEN & SIEGEL, 1995). As ordens para a
execução da tarefa foram específicas para cada posição da sílaba a ser detectada. Para a
posição inicial: “Vou dizer três palavras. Duas começam com o mesmo pedacinho. Quais
são elas?” Para a posição final: “Vou dizer três palavras. Duas terminam com o mesmo
pedacinho. Quais são elas?” Para a posição medial: “Vou dizer três palavras. Duas têm o
mesmo pedacinho do meio. Quais são elas?” O treino foi realizado com palavras
apresentando as mesmas sílabas em cada posição a ser testada.
Na tarefa de reversão silábica (T7), desejou-se observar a habilidade em
segmentar, manipular e juntar sílabas de palavras apresentadas oralmente. A habilidade
em reversão silábica foi avaliada através de quinze palavras oralmente segmentadas em
sílabas de trás para frente: cinco dissílabas, cinco trissílabas e cinco quadrissílabas (três
níveis crescentes de dificuldade/complexidade). A ordem dada para sua realização foi:
“Vou dizer os pedacinhos das palavras de trás para frente. Tente colocar na ordem para
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
12
adivinhar a palavra.” O treino foi realizado com uma palavra segmentada de trás para
frente dissílaba e outra trissílaba.
Na tarefa de exclusão fonêmica (T8), o objetivo foi avaliar a habilidade em excluir
um fonema de determinadas palavras, formando novas palavras. Foram apresentadas
quinze palavras: cinco para realizar a exclusão do fonema em posição inicial, cinco para o
final e cinco para o medial (VANDERVELDEN & SIEGEL, 1995), configurando três níveis
crescentes de dificuldade/complexidade. A ordem dada foi: “Se eu tirar o (FONEMA X) de
(PALAVRA Y), sobra o quê?”. O treino foi realizado com duas palavras para a exclusão do
fonema em posição inicial. Salienta-se que o treino foi realizado com exclusão de fonema
apenas em posição inicial em função de, nessa posição, existir maior número de palavras
que formam nova palavra do conhecimento da criança após a exclusão. Nas outras
posições, houve grande dificuldade em encontrar palavras que, após a exclusão
fonêmica, se mantivessem como palavras do cotidiano da criança. Exceções foram as
palavras LATA, para exclusão do fonema inicial, e CORTA, para exclusão do fonema
medial, que resultavam nas palavras ATA e COTA, cujo significado foi explicado à criança
após a mesma ter realizado a exclusão.
A atividade de detecção de fonemas (T9) teve como finalidade avaliar a habilidade
em perceber e localizar fonemas em palavras. Utilizou-se quinze itens de três palavras
cada: cinco itens para o fonema inicial, cinco para o fonema final e cinco para o fonema
medial (três níveis crescentes de dificuldade/complexidade). A ordem de apresentação
seguiu a de aumento da dificuldade, ou seja, detecção de fonemas iniciais, finais e, por
último, mediais (VANDERVELDEN & SIEGEL, 1995). As ordens para a execução da
tarefa foram específicas para cada posição do fonema a ser detectado. Para a posição
inicial: “Vou dizer três palavras. Duas começam com o mesmo sonzinho e uma não. Quais
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
13
começam com o mesmo sonzinho?” Para a posição final: “Vou dizer três palavras. Duas
terminam com o mesmo sonzinho e uma não. Quais terminam com o mesmo sonzinho?”
Para a posição medial: “Vou dizer três palavras. Duas têm o mesmo sonzinho do meio e
uma não. Quais têm o mesmo sonzinho do meio?” O treino foi realizado com palavras
apresentando os mesmos fonemas em cada posição a ser testada.
O objetivo da tarefa de síntese fonêmica (T10) foi o de avaliar a habilidade em
juntar fonemas isolados para formar palavras. Essa habilidade foi avaliada através de
cinco palavras de três fonemas, cinco de quatro fonemas, cinco de cinco fonemas, cinco
de seis e cinco de sete fonemas (cinco níveis crescentes de dificuldade/complexidade). A
ordem dada para sua realização foi: “Vou falar como um robô. Tente adivinhar a
palavrinha que o robô diz.” O treino foi realizado com uma palavra segmentada de três
fonemas e outra de quatro.
A tarefa de segmentação fonêmica (T11) foi similar à anterior. No entanto, as vinte
e cinco palavras, na mesma ordem e quantidade, foram apresentadas em fala normal,
sem segmentação. Nessa atividade, a ordem foi: “Agora eu vou falar a palavrinha e você
vai dizê-la como um robô.” Pretendeu-se verificar a habilidade das crianças em separar as
unidades fonêmicas de palavras. O treino foi realizado com uma palavra de três fonemas
e outra de quatro.
A finalidade da tarefa de reversão fonêmica (T12) foi avaliar a habilidade em
segmentar palavras em fonemas, em manipular e juntar fonemas de palavras, além da
habilidade em modificar os valores fonético-fonológicos dos fonemas com base no
domínio do código alfabético (SCLIAR-CABRAL, 2000). Essa habilidade foi avaliada
através de dez palavras reversíveis em novas palavras. As primeiras cinco palavras
apresentavam dois (1 palavra) e três fonemas (4 palavras); as outras cinco apresentaram
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
14
quatro (4 palavras) e cinco fonemas (1 palavra), configurando dois níveis de dificuldade. A
ordem dada para sua realização foi: “Vamos dizer as palavras de trás para frente para ver
no que dá?” As palavras- estímulo apresentadas como RÊS, RIAS e ROTA tiveram seu
significado explicado aos sujeitos antes dos mesmos realizarem a reversão. O treino foi
realizado com uma palavra de dois fonemas e outra de três fonemas.
Todo o protocolo foi aplicado oralmente e, para os itens de cada subtarefa, havia
duas tentativas de resposta, valendo 2 pontos a resposta correta na primeira tentativa, 1
ponto a resposta correta apenas na segunda tentativa ou zero, em caso de erro em
ambas as tentativas. Cada subtarefa foi suspensa após três erros consecutivos em ambas
as tentativas. Em cada tarefa, os escores foram computados segundo as subdivisões de
cada uma, com um máximo de 10 pontos para cada subtipo de tarefa, sem haver um
somatório dos escores dos subtipos de cada tarefa, em função de cada um deles
representar determinado nível de complexidade dentro da mesma tarefa.
Os escores brutos foram posteriormente convertidos em percentagens com o
objetivo de viabilizar o tratamento estatístico realizado pela análise de variância (ANOVA),
através do teste TUKEY HSD, que permitiu múltiplas comparações entre a variável
independente “idade” e a variável dependente “desempenho nas tarefas de consciência
fonológica”, calculando o nível de significância (p 0,05) entre o desempenho do total de
sujeitos de cada faixa etária em cada subtipo de tarefa de consciência fonológica.
3 RESULTADOS
Na tarefa de segmentação de frases de duas palavras (T1Duas pal.), a diferença
foi estatisticamente significativa entre a idade de 6 anos e as idades de 7 (.036) e 8 anos
(.029), mostrando que, a partir dos 7 anos (média: 8,22), ocorreu um aumento
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
15
considerável de desempenho. Na segmentação de frases de três palavras (T1Três pal.),
houve significância apenas entre os 6 e os 8 anos (.015), mostrando que, nesse intervalo,
ocorreu um aumento marcante de desempenho. Na segmentação de frases de quatro
palavras (T1Quatro pal.), a diferença foi estatisticamente significativa entre a idade de 4 e
8 anos (.030) e entre 6 e 8 anos (.001), sugerindo que as crianças de 4 anos
apresentaram um nível de desempenho marcadamente inferior (média: 3,67),
principalmente em relação às de 8 anos e que, a partir dos 6 anos (média: 4,26), ocorreu
grande aumento de desempenho. Na segmentação de frases de cinco palavras (T1Cinco
pal.), obteve-se diferença significativa entre as idades de 4 (.028 e .001) e 6 anos (.045 e
.000) em relação aos 7 e 8 anos e entre a idade de 5 anos (.025) em relação à idade de 8
anos, mostrando um aumento abrupto do desempenho a partir dos 7 anos (média: 6,48).
Na segmentação de frases de seis palavras (T1Seis pal.), houve significância estatística
entre as idades de 4 (.000 e .000), 5 (.027 e .005) e 6 anos (.000 e .000) em relação às
idades de 7 e 8 anos, mostrando um aumento marcante do desempenho a partir dos 7
anos (média: 6,15). Na segmentação de frases de sete palavras (T1Sete pal.), observou-
se diferença significativa nas idades de 4 (.000), 5 (.003) e 6 anos (.000) em relação à
idade de 8 anos, mostrando marcada melhora do desempenho entre os 7 (média: 4,96) e
os 8 anos de idade (média: 7,63).
Na tarefa de realismo nominal (T2), a diferença foi estatisticamente significativa
entre os grupos de 4 (.004 e .003), 5 (.038 e .028) e 6 anos (.039 e .036) em relação aos
grupos de 7 e 8 anos, mostrando um aumento abrupto do desempenho a partir dos 7
anos de idade (média: 9,44).
Na tarefa de detecção de rimas em palavras dissílabas (T3Diss.), houve aumento
estatisticamente significativo na idade de 4 anos em relação às idades de 7 (.002) e 8
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
16
anos (.003), sugerindo que, apesar de o desempenho aumentar progressivamente com a
idade, aos 4 anos ele é bastante inferior (média: 3,83), principalmente se comparado ao
das crianças de 7 (média: 8,67) e 8 anos de idade (média: 8,75). Na detecção de rimas
em palavras trissílabas (T3Triss.), ocorreu um padrão semelhante ao anterior no que se
refere ao aumento progressivo da média de acertos, conforme o aumento da idade.
Porém, com o aumento do número de sílabas nas palavras a serem analisadas, a
inferioridade do desempenho das crianças de 4 anos foi estatisticamente significativa em
relação ao desempenho das crianças de 6 (.014), 7 (.000) e 8 anos (.000).
Na síntese e segmentação silábicas com palavras dissílabas (T4 e T5Diss.),
trissílabas (T4 e T5Triss.) e quadrissílabas (T4 e T5Quadriss.), não ocorreu diferença
estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças em nenhuma das tarefas
e idades pesquisadas. Na tarefa de síntese silábica, a menor média de acertos foi de 9,33
e, na tarefa de segmentação silábica foi de 9,22, mostrando ótimo desempenho para
todas as crianças avaliadas.
Na tarefa de detecção de sílabas em posição inicial (T6Inicial), houve diferença
estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças de 4 anos em relação a
todas as outras faixas etárias, com exceção da faixa de 5 anos, sugerindo que, aos 4
anos, o desempenho é muito baixo (média: 3,33). Aos 5 anos, a diferença foi
estatisticamente significativa apenas em relação às idades de 7 (.014) e 8 anos (.003),
sugerindo que, até as faixas de 4 e 5 anos, o desempenho é relativamente baixo,
aumentando significativamente aos 6, 7 e 8 anos. Na detecção de sílaba em posição final
(T6Final), observou-se uma diferença estatisticamente significativa entre a idade de 4
anos e as demais faixas etárias (6 anos com .003, 7 e 8 anos com .000), com exceção
dos 5 anos; também ocorreu diferença estatisticamente significativa entre a idade de 5
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
17
anos e a idade de 8 anos (.018). Esse resultado sugere que o desempenho aos 4 anos é
substancialmente baixo (média: 2,67), ocorrendo uma grande melhora a partir dos 5 anos
(média: 5,67).
Na tarefa de detecção de sílaba em posição medial (T6Medial), houve diferença
estatisticamente significativa entre a idade de 4 anos e as de 7 (.038) e 8 anos (.007),
indicando que, aos quatro anos, o desempenho nessa tarefa é baixo (média: 3.33),
apresentando aumento progressivo e significativo aos 7 (média: 7,04) e 8 anos (média:
8,06). Em todos os subtipos da tarefa de detecção silábica, ocorreu um padrão de
aumento crescente do desempenho das crianças testadas, conforme o aumento da idade.
Na tarefa de reversão silábica com palavras dissílabas (T7Diss.), houve diferença
estatisticamente significativa entre as idades de 4 e 5 anos e as demais (6 anos com .024
e .020, 7 anos com .001 e .000 e 8 anos com .000 e .000), mostrando um aumento
abrupto do desempenho a partir dos 6 anos (média de 5,48 contra 0,33 aos 4 anos e 1,00
aos 5 anos). Na reversão silábica com palavras trissílabas (T7Triss.), observou-se uma
diferença estatisticamente significativa no desempenho entre as idades de 4 (.004 e .000)
e 5 anos (.000 e .000) em relação às idades de 7 e 8 anos e entre os 6 (.009) e os 8 anos,
mostrando que nas idades de 4 e 5 anos o desempenho foi nulo (média em zero para
ambas as faixas etárias). Aos 8 anos (média: 7,06), o desempenho praticamente duplicou
em relação aos 6 anos (média: 3,44), mostrando que essa habilidade parece surgir em
torno dos 6 anos e que o desempenho aumenta marcadamente até os 8 anos.
Na tarefa de reversão silábica com palavras quadrissílabas (T7Quadriss.), a
diferença de desempenho foi estatisticamente significativa entre as idades de 4 (.003 e
.000), 5 (.001 e .000) e 6 anos (.022 e .000) em relação às idades de 7 e 8 anos,
evidenciando um aumento marcante do desempenho a partir dos 7 anos de idade com
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
18
média de acertos de 4,74 contra 2,41 aos 6 anos. No entanto, aos 4 anos, a média de
acertos foi de zero e, aos 5 anos, de 0,22. Nos três subtipos de tarefas de reversão
silábica, foi evidente um aumento crescente do desempenho à medida que as faixas
etárias aumentaram. No entanto, observou-se que, de modo geral, as crianças com
idades entre 4 e 5 anos apresentaram um rendimento muito baixo ou nulo nesse tipo de
tarefa.
Na tarefa de exclusão fonêmica em posição inicial (T8Inicial), a diferença de
desempenho foi estatisticamente significativa entre as faixas etárias de 4 (.011 e .000) e 5
anos (.002 e .000) em relação às de 7 e 8 anos e entre a faixa de 6 (.002) e de 8 anos,
mostrando que aos 4 e 5 anos o desempenho nessa tarefa foi nulo (média em zero para
ambas as faixas etárias), aparecendo aos 6 anos (média: 3,37) e aumentando
significativamente na faixa dos 7 e 8 anos (média: 5,89 e 8,06 respectivamente). Nas
tarefas de exclusão fonêmica em posição final e medial (T8Final e T8Medial), houve
diferença estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças com idades de 4
(.000 e .000 em posição final e medial), 5 (.000 e .000 em posição final e medial) e 6 anos
(.003 e .000 em posição final e .000 e.000 em posição medial) em relação ao
desempenho das crianças com idades de 7 e 8 anos, evidenciando um aumento marcante
do desempenho a partir dos 7 anos de idade (média de 7,37 para T8Final e de 7,41 para
T8Medial), sendo que aos 4 e 5 anos o desempenho nessas tarefas foi nulo (média em
zero para ambas as faixas etárias), aparecendo aos 6 anos (média de 3,67 para T8Final e
de 3,11 para T8Medial).
Em todos os subtipos da tarefa de exclusão fonêmica, observou-se aumento
progressivo da média de acertos conforme o aumento da idade. Porém, as crianças das
faixas etárias de 4 e 5 anos apresentaram um desempenho nulo, obtendo escore zero em
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
19
todas as tarefas de exclusão fonêmica, mostrando falta de habilidade para esse tipo de
tarefa.
Na tarefa de detecção de fonemas em posição inicial (T9Inicial), houve diferença
de desempenho estatisticamente significativa entre as crianças de 4 anos em relação às
de 6 (.046), 7 (.001) e 8 anos (.000); entre as crianças de 5 em relação às de 7 (.48) e 8
anos (.011) e entre as crianças de 6 em relação às de 7 anos (.033), mostrando que
ocorreu um aumento considerável do desempenho aos 6 (média: 6,26), 7 (média: 8,07) e
8 anos (média: 9,00) em relação aos 4 (média: 2,50) e 5 anos (média: 4,89). Nas tarefas
de detecção de fonemas em posição final (T9Final) e medial (T9Medial), ocorreu uma
diferença de desempenho considerada estatisticamente significativa entre o desempenho
das crianças das faixas de 4 (.025 e .004 em posição final e .005 e .001 em posição
medial), 5 (.047 e .006 em posição final e .028 e .003 em posição medial) e 6 anos (.033 e
.003 em posição final e .010 e .001 em posição medial) em relação ao desempenho
daquelas das faixas de 7 e 8 anos, evidenciando o aumento marcante do desempenho
que ocorreu a partir dos 7 anos (média de 6,96 para T9Final e de 6,59 para T9Medial).
Nos três subtipos de tarefas de detecção de fonemas, houve um aumento progressivo do
desempenho, conforme o aumento da faixa etária.
Nas tarefas de síntese fonêmica com palavras de três (T10Três fon.), quatro
(T10Quatro fon.), cinco (T10Cinco fon.) e seis fonemas (T10Seis fon.), houve uma
diferença estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças nas faixas de 4,
5 e 6 anos e o desempenho daquelas das faixas de 7 e 8 anos, evidenciando um aumento
marcante do desempenho a partir dos 7 anos (média de 7,07 para T10Três fon.; de 6,19
para T10Quatro fon.; de 4,48 para T10Cinco fon. e de 4,11 para T10Seis fon.). Na síntese
fonêmica com sete fonemas (T10Sete fon.), ocorreu diferença significativa entre o
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
20
desempenho dos sujeitos com idades de 4 (.014), 5 (.003) e 6 anos (.001) em relação ao
desempenho daqueles na faixa dos 8 anos (média: 4,06). Porém, mesmo aos 7 e 8 anos,
a média de acertos ainda foi baixa nesse subtipo da tarefa. Nos cinco subtipos da tarefa
de síntese fonêmica, houve um aumento progressivo da média de acertos, conforme o
aumento da idade. Dessas cinco tarefas, apenas a síntese fonêmica com palavras de três
fonemas (T10Três fon.) apresentou resultado na faixa de 5 anos com uma média de 0,22,
zerando na faixa dos 4 anos. Nos outros quatro subtipos da tarefa, as crianças de 4 e 5
anos não obtiveram qualquer pontuação.
Nas tarefas de segmentação fonêmica com palavras de três (T11Três fon.) e
quatro fonemas (T11Quatro fon.), ocorreu diferença estatisticamente significativa de
desempenho entre as crianças de 4 (.022 e .001 com três fonemas e .049 e .002 com
quatro fonemas) e 5 anos (.004 e .000 com três fonemas e .013 e .000 com quatro
fonemas) em relação às de 7 e 8 anos e entre as de 6 anos (.002 com três fonemas e
.005 com quatro fonemas) em relação às de 8 anos. Nas faixas etárias de 4 e 5 anos, as
crianças não obtiveram qualquer pontuação nessas tarefas, sendo que, aos 6 anos, a
média de acertos foi de 3,00 em ambas as tarefas, sugerindo a emergência dessa
habilidade aos 6 anos, aumentando progressivamente, marcadamente no período dos 7
(média de 5,44 com palavras de três fonemas e 5,22 com palavras de quatro fonemas)
aos 8 anos (média de 7,69 com palavras de três e quatro fonemas).
Na tarefa de segmentação fonêmica com palavras de cinco fonemas (T11Cinco
fon.), houve diferença estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças de
4 (.006), 5 (.001) e 6 anos (.024) em relação às de 8 anos, além disso a diferença também
foi significativa entre o desempenho aos 5 anos (.048) em relação ao de 7 anos. No
entanto, as crianças das faixas de 4 e 5 anos zeraram a tarefa, ocorrendo desempenho
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
21
positivo apenas aos 6 anos (média: 2,93), sugerindo-se que essa habilidade emerja aos 6
anos, aumentando progressivamente, marcadamente no período dos 7 (média: 4,33) aos
8 anos (média: 6,81).
Nas tarefas de segmentação fonêmica com palavras de seis (T11Seis fon.) e sete
fonemas (T11Sete fon.), obteve-se diferença estatisticamente significativa entre o
desempenho nas faixas etárias de 4 (.005 com seis fonemas e .006 com sete fonemas), 5
(.001 com seis fonemas e .001 com sete fonemas) e 6 anos (.008 com seis fonemas e
.007 com sete fonemas) em relação à faixa de 8 anos. Como as crianças de 4 e 5 anos
não conseguiram responder a esses subtipos da tarefa e zeraram a pontuação, observou-
se o mesmo padrão de aumento progressivo da habilidade que ocorreu na síntese
fonêmica com emergência aos 6 anos (média de 2,52 com palavras de seis fonemas e
2,37 com palavras de sete fonemas) e marcado desenvolvimento aos 7 (média de 4,07
com palavras de seis fonemas e 4,11 com palavras de sete fonemas) e 8 anos (média de
6,75 com palavras de seis e sete fonemas).
Na tarefa de reversão fonêmica com palavras de dois e três fonemas (T12Dois e
três fon.), ocorreu diferença estatisticamente significativa entre o desempenho das
crianças de 4 (.010 e .002), 5 (.002 e .000) e 6 anos (.003 e .001) em relação ao
desempenho das crianças de 7 e 8 anos. Porém, as crianças de 4 e 5 anos zeraram a
terefa, sugerindo que essa habilidade emerja aos 6 anos (média: 1,56), apresentando um
aumento progressivo que é significativo aos 7 (média: 4,74) e 8 anos (média: 5,75). Na
reversão fonêmica com palavras de quatro e cinco fonemas (T12Quatro e cinco fon.),
houve diferença estatisticamente significativa entre as faixas de 5 (.034) e 6 anos (.011)
em relação à faixa de 8 anos. Como aos 4 e 5 anos as crianças não responderam à
tarefa, sugere-se a emergência, ainda incipiente, dessa habilidade aos 6 anos (média:
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
22
0,37) com aumento progresivo e significativo aos 8 anos (média: 2,69), mas ainda muito
abaixo de 5,00, evidenciando dificuldade nesse subtipo da tarefa para todas as faixas
etárias.
Dos dados descritos até este ponto, depreendeu-se que os sujeitos apresentaram
resultados de desempenho, na maior parte das tarefas, com diferença significativa entre
os 4, 5 e/ou 6 e os 7 e/ou 8 anos de idade, praticamente havendo um “divisor de águas”
entre as faixas etárias de 4, 5 e 6 e as faixas de 7 e 8 anos.
4 DISCUSSÃO
Os resultados deste trabalho mostraram que apenas aos 7 e 8 anos as crianças
conseguiram obter êxito na segmentação de frases com mais de quatro palavras. De
forma geral, houve diferença estatisticamente significativa para todos os subtipos de T1
aos 7 e/ou 8 anos. Esses resultados são comparáveis aos de BEZERRA (1982) ao
observar que, dos 4 aos 6 anos de idade, a maioria das crianças não conseguiu
segmentar frases em palavras, sendo a tarefa totalmente realizável a partir dos 7 anos de
idade.
Consoante TUNMER et al. (1983), a segmentação de palavras na fala não é
influenciada por bases físicas, uma vez que a avaliação espectrográfica revela que as
palavras não são separadas por pausas ou outros limites óbvios. Geralmente não existem
“espaços” entre sucessivas palavras faladas como ocorre num texto impresso e, por isso,
crianças de 6 a 7 anos apresentam dificuldades em segmentar sentenças com significado
em suas palavras componentes.
Os resultados encontrados neste trabalho confirmam parcialmente a afirmação dos
autores, na medida em que o desempenho nessa tarefa foi considerado adequado com
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
23
sentenças de poucas palavras dos 4 aos 6 anos, aumentando o número de palavras a
partir dos 7 anos. É possível que as crianças mais novas tenham se apoiado nas palavras
de conteúdo para realizar a segmentação de sentenças, uma vez que o instrumento de
avaliação foi composto por sentenças gramaticais simples (sem orações encaixadas, por
exemplo), com vocabulário adequado à idade e com o mínimo de palavras de função
(TUNMER et al., 1983).
A tarefa de realismo nominal (T2) foi realizada com êxito pelas crianças de todas as
faixas etárias pesquisadas, havendo, no entanto, diferença estatisticamente significativa
aos 7 e 8 anos. Esse resultado diverge dos encontrados por BEZERRA (1982), quando o
grupo de 4 a 6 anos fracassou, confundindo o referente com o signo semiológico, e
somente a partir dos 7 anos as crianças conseguiram realizar corretamente a tarefa,
parecendo haver inluência do aprendizado do código alfabético na habilidade em
dissociar o signo semiológico de seu referente. Neste trabalho, apesar da significância
estatística ser evidente aos 7 e 8 anos, as crianças de todas as faixas etárias
pesquisadas obtiveram êxito na tarefa, o que pode estar relacionado à diferença sócio-
econômica das amostras e temporal das pesquisas, além da presença de treino prévio
para a tarefa. MORAIS et al. (1998) afirmam que a noção de tamanho do signo
semiológico, independentemente da semântica associada a ele ou de seu referente,
configura uma forma holística de consciência fonológica de vital importância durante a
aquisição da linguagem, isto é, uma forma de consiência fonológica que é característica
da primeira infância, o que corrobora os resultados positivos obtidos para todas as faixas
de idade pesquisadas, incluindo as de 4 e 5 anos.
A tarefa de detecção de rimas (T3) foi realizada com êxito em todas as faixas
etárias, com dissílabos e trissílabos, com exceção da faixa de 4 anos, na qual o
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
24
desempenho foi marcadamente inferior, com significância estatística aos 6, 7 e 8 anos.
Esse resultado está de acordo com TREIMAN & ZUKOWSKI (1991) ao afirmarem que
algumas crianças de 3 e 4 anos de idade apresentam sensibilidade para rimas, mas que
essa habilidade só é bem desenvolvida em crianças pré-escolares. Segundo MORAIS
(1991), crianças pré-alfabetizadas e adultos analfabetos podem obter sucesso em tarefas
que envolvem detecção e produção de rimas, por meio da utilização de estratégias não-
segmentais (forma holística de consciência fonológica). Neste estudo, as crianças de 4
anos talvez tenham se apoiado em estratégias supra-segmentais para resolver a tarefa.
Porém, seu desempenho foi muito baixo, provavelmente devido ao fato de possuírem
conhecimento de mundo e lingüístico insuficientes para, juntamente com as pistas supra-
segmentais, resolver a tarefa. Por outro ângulo, sua pontuação, ainda que mínima, pode
ter sido possível exatamente por se utilizarem daquelas estratégias.
Nas tarefas de síntese (T4) e segmentação silábica (T5), as crianças de todas as
faixas etárias pesquisadas obtiveram êxito com predomínio de médias de acertos muito
altas, não ocorrendo diferenças estatisticamente significativas. Esses resultados estão de
acordo com várias pesquisas já realizadas como a de GOLDSTEIN (1976) ao mostrar
que, aos 4 anos de idade, o desempenho foi melhor com a segmentação e síntese
silábicas do que com segmentação e síntese fonêmicas e, de modo geral, com a síntese
do que com a segmentação. Aproximadamente 53% das crianças estudadas por
BEZERRA (1982) apresentaram, até os 6 anos, sucesso com a tarefa de segmentação
silábica, subindo para 100% a partir dos 7 anos.
DURGUNOGLU et al. (1993) observaram que a maioria das crianças de 7 anos de
sua amostra (31 crianças de ambos os sexos) realizou com sucesso as tarefas de síntese
e segmentação silábicas e com maior facilidade do que as tarefas de síntese e
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
25
segmentação fonêmicas. CAPOVILLA & CAPOVILLA (1998) observaram que a tarefa de
síntese silábica apresentou o maior escore médio, seguida pela tarefa de segmentação
silábica com crianças de pré-escola até segunda série do ensino fundamental. Todas as
crianças brasileiras, de primeira e segunda séries, avaliadas por SALLES (1999)
obtiveram melhor desempenho em síntese silábica, dentre todas as tarefas de
consciência fonológica aplicadas. Conforme McLURE et al. (1996), o desempenho das
crianças nas tarefas de síntese melhora com a escolaridade e, em seu estudo, para todas
as crianças, a segmentação de palavras em sílabas foi mais fácil do que em fonemas.
Os resultados do presente trabalho estão de acordo com as afirmações de GÖNCZ
(1990), TREIMAN & ZUKOWSKI (1991), KLEIN et al. (1991), NUNES et al. (1992) e
ALEGRIA et al. (1999) de que a habilidade em análise silábica já existe aos quatro anos
de idade, antes do aprendizado do código alfabético e das habilidades em consciência
fonêmica, aumentando com a idade. ZIFCAK (1981), VAN KLEECK (1982) e DUNCAN et
al. (1997) sugerem como possível explicação para a consciência silábica se desenvolver
antes da consciência fonêmica o fato de a sílaba conter um núcleo vocálico, usualmente
caracterizado por um pico de energia acústica que atua como pista auditiva (maior
saliência perceptual) para facilitar a localização dos segmentos silábicos pela criança ou
pelo iletrado, favorecendo a existência da consciência silábica já na faixa de 4 anos de
idade.
Quanto à tarefa de detecção de sílabas (T6), as crianças da faixa dos 4 anos não
obtiveram êxito em nenhuma das posições testadas. As crianças das faixas de 5, 6, 7 e 8
anos realizaram a tarefa com êxito em todas as posições, evidenciando maior facilidade
com a posição inicial, seguida da posição final e, por último da posição medial. Apenas a
faixa dos 5 anos evidenciou maior facilidade com a posição final, seguida pela inicial e,
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
26
por último, pela medial. Os resultados de BEZERRA (1982) mostraram que, até os 5
anos, as respostas foram nulas para todas as posições; aos 6 anos houve maior
facilidade na posição medial, depois na final e, por último, na inicial; a partir dos 7 anos,
houve 100% de sucesso em todas as posições. Os resultados do presente trabalho são
divergentes daqueles obtidos por BEZERRA.
VANDERVELDEN & SIEGEL (1995) e STANOVICH et al. (1984) apud McLURE et
al. (1996), afirmam que o desenvolvimento da segmentação de palavras em fonemas se
dá num continuum primeiro para a posição inicial da palavra, depois para a final e, por
último, para a medial. Os resultados deste trabalho mostraram essa seqüência para a
habilidade em detecção silábica a partir dos 6 anos de idade. Aos 5 anos, o fato de a
sílaba em posição final ser mais fácil poderia ser relacionado à utilização de pistas
fonéticas, como duração e intensidade dos fonemas componentes da sílaba, para auxiliar
a detecção, podendo caracterizar uma forma holística de consciência fonológica
(MORAIS, 1991), relacionada às analogias utilizadas na detecção de rimas (CARDOSO-
MARTINS, 1995).
Na tarefa de reversão silábica (T7), de forma geral, as crianças de 4 e 5 anos
apresentaram um desempenho praticamente nulo. A partir dos 6 anos, o desempenho
melhorou significativamente, mas ainda abaixo da média com palavras trissílabas, sendo
considerado desempenho com êxito apenas o da reversão silábica com dissílabos. No
entanto, nas faixas de 7 e 8 anos de idade, houve êxito na tarefa de reversão silábica com
palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas.
Observou-se maior facilidade com dissílabos, trissílabos e, por último, com
quadrissílabos. Essa seqüência de facilidade provavelmente esteja relacionada à
capacidade de memória e atenção – quanto menor o número de segmentos a serem
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
27
manejados, mais rápido é o processo e menos esforço atencional é dispendido, tornando
a tarefa mais fácil. A aquisição do código alfabético é outro fator relevante para a melhora
do desempenho ao tornar as unidades da fala mais “concretas” para a criança. Conforme
McLURE et al. (1996), à medida que as crianças avançam em idade e escolaridade, sua
velocidade de processamento aumenta e elas desenvolvem melhores estratégias de
memória, sendo possível que uma tarefa se torne mais dependente da memória quando
existem muitas unidades a serem manipuladas. Esses resultados estão de acordo com os
do estudo de ALEGRIA et al. (1982), no qual a maioria das crianças de 6 anos testadas
realizou com sucesso a reversão silábica.
Nas tarefas de apagamento ou exclusão fonêmica em posição inicial (T8Inicial),
final (T8Final) e medial (T8Medial), o desempenho das crianças das faixas de 4 e 5 anos
foi nulo e o daquelas da faixa de 6 anos ficou abaixo da média, sendo significativo e
considerado com êxito apenas nas faixas de 7 e 8 anos de idade. Segundo MORAIS
(1991), embora o apagamento de fonemas seja muito difícil para pré-escolares, é possível
que eles façam uso de uma estratégia não-segmental que consiste na identificação do
primeiro núcleo vocálico da palavra como base para organizar a resposta. Essa estratégia
requer isolamento da rime, mas não necessita representação da consoante inicial (forma
holística de consciência fonológica), sendo, provavelmente o que ocorreu com as crianças
de seis anos deste trabalho. Conforme LANDERL et al. (1996), na idade de cinco anos,
uma criança ainda não apresenta um desempenho satisfatório na tarefa de apagar
fonemas e os resultados do presente trabalho corroboram essa afirmação.
Quanto às tarefas de detecção de fonema em posição inicial (T9Inicial), final
(T9Final) e medial (T9Medial), ocorreu um aumento considerável e significativo do
desempenho aos 6, 7 e 8 anos em relação aos 4 e 5 anos. Aos 5 anos, as crianças
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
28
obtiveram êxito apenas com a detecção de fonema em posição inicial; aos 6 anos,
obtiveram êxito com a detecção em posição inicial e final e, aos 7 e 8 anos, em todas as
posições. Essa seqüência está de acordo com os resultados de KIRTLEY et al (1989) de
que crianças pré-escolares e de primeira e segunda séries realizam com maior sucesso a
detecção do fonema inicial do que o fonema final de uma palavra. TREIMAN (1992) apud
McLURE et al. (1996) reforça esses achados afirmando que as crianças pequenas
possuem maior facilidade para detectar o fonema inicial do que o fonema final de um
monossílabo. Provavelmente isso ocorre porque o fonema inicial constitui o onset da
sílaba e talvez apresente maior saliência perceptual em relação às demais posições. Os
resultados deste trabalho também se assemelharam aos de BEZERRA (1982) que
analisou o desempenho de crianças em detecção de fonemas apenas em posição inicial e
final e observou que, até os 5 anos de idade, o desempenho foi nulo, atingindo quase
50% de sucesso aos 6 anos e chegando a 100% de sucesso aos 8 anos, para ambas as
posições.
VANDERVELDEN & SIEGEL (1995) e STANOVICH et al. (1984) apud McLURE et
al. (1996) afirmam que o desenvolvimento da segmentação de palavras em fonemas se
dá num continuum primeiro para a posição inicial da palavra, depois para a final e, por
último, para a medial. Os resultados deste trabalho mostraram essa seqüência para a
habilidade em detecção silábica (T6) a partir dos 6 anos de idade e também para a
habilidade em detecção fonêmica (T9) a partir dos 5 anos de idade, estando o
desempenho aos 4 anos muito abaixo da média nesta tarefa. DUNCAN et al. (1997)
afirmam que essa habilidade pode ser vista como uma tarefa de consciência fonêmica
explícita, uma vez que requer o isolamento do segmento compartilhado por duas palavras
faladas, podendo ser considerada como um tipo de habilidade em segmentação fonêmica.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
29
Porém, para MORAIS (1991), a detecção de fonemas pode ser realizada na
ausência de consciência fonêmica devido ao fato de pistas fonéticas como duração e
intensidade do fonema auxiliarem a detecção, podendo ser considerada uma forma
holística de consciência fonológica, como pode ocorrer com a detecção silábica. Assim, o
sujeito pode ser sensível às características fonéticas de determinado fonema sem
conseguir representá-lo e manipulá-lo conscientemente. Nesta visão, a tarefa de detecção
de fonemas não seria a mais adequada para avaliar a habilidade em consciência
fonêmica. Neste trabalho, as crianças de 5 anos obtiveram êxito apenas com a detecção
de fonema em posição inicial e, apesar das crianças da faixa dos 4 anos não terem obtido
êxito nessa tarefa, seu desempenho não foi nulo, sugerindo que a realização dessa tarefa
realmente possa ocorrer na ausência de habilidade em consciência fonêmica1,
constituindo uma tarefa de consciência fonológica holística.
Na tarefa de síntese fonêmica (T10) com três, quatro, cinco, seis e sete fonemas, o
desempenho das crianças da faixa de 4 anos de idade foi considerado nulo, evidenciando
inabilidade nessa tarefa e a possibilidade remota de sua emergência iniciar aos 5 anos
com palavras mais simples de poucos fonemas (média de acertos de 0,22 ). Aos 6 anos,
o desempenho em todos os subtipos dessa tarefa resultou muito abaixo da média.
Apenas aos 7 e 8 anos de idade as crianças obtiveram êxito na tarefa, com exceção da
síntese fonêmica com sete fonemas (T10Sete fon.), provavelmente em função da maior
demanda atencional e de memória que esse subtipo exigiu. A significância estatística foi
predominante aos 7 e/ou 8 anos, sugerindo que, quanto mais velha é a criança e maior
seu domínio do código alfabético, maior é a sua habilidade em síntese fonêmica.
1 Compare os resultados dessa tarefa (T9) com aqueles de T8, T10, T11 e T12, que necessitam de habilidade em consciência fonêmica , nas idades de4 e 5 anos.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
30
Na tarefa de segmentação ou análise fonêmica (T11), todas as crianças de 4 e 5
anos não obtiveram qualquer pontuação. Aos 6 anos, as médias de acertos foram muito
baixas, sugerindo a emergência da habilidade em análise fonêmica nessa idade. O
desempenho foi considerado como exitoso e significativo apenas aos 7 anos, com
palavras de três, quatro e cinco fonemas, provavelmente pela demanda atencional e de
memória, e aos 8 anos em todos os subtipos da tarefa. Salienta-se que, de modo geral, a
significância estatística foi evidente aos 7 e 8 anos, sugerindo que, quanto mais velha é a
criança e maior seu domínio do código alfabético, maior é a sua habilidade em
segmentação fonêmica.
Tais resultados encontram suporte na afirmação de GOMES & CASTRO (1997) de
que crianças pré-alfabetizadas e adultos analfabetos têm uma consciência limitada da fala
como uma seqüência de fones, ocorrendo dificuldade ou impossibilidade de desempenhar
tarefas envolvendo habilidades em síntese e segmentação fonêmica. Os resultados das
tarefas de síntese e segmentação fonêmica do presente trabalho estão de acordo com as
afirmações de ZIFCAK (1981) ao enfatizar que quase nenhuma criança de pré-escola
consegue segmentar palavras em fonemas, mas, com o aumento da idade, passam a
realizar essa tarefa com sucesso. SALLES (1999), ao avaliar o desempenho de crianças
brasileiras de pré-escola, primeira e segunda séries do ensino fundamental em tarefas de
consciência fonológica, concluiu que, para todas as crianças testadas, houve dificuldade
em sintetizar fonemas em palavras e que a segmentação de palavras em fonemas foi a
tarefa mais difícil.
No entanto, GOLDSTEIN (1976), pesquisando 27 crianças de 4 anos de idade,
observou que 35,5% das crianças conseguiu realizar tarefas de síntese fonêmica e
apenas 25,5% conseguiu realizar tarefas de segmentação fonêmica. TUNMER et al.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
31
(1988) pesquisaram o desempenho em segmentação fonêmica de 118 crianças na faixa
dos 5 anos de idade e mostraram que 42,5% delas obteve sucesso na tarefa. BALL &
BLACHMAN (1991) pesquisaram 89 crianças, também na faixa etária dos 5 anos, quanto
ao seu desempenho em segmentação fonêmica, encontrando um resultado semelhante
ao dos autores anteriores: 41,8% de sucesso na tarefa.
Ocorreu uma discrepância dos resultados deste estudo e dos estudos de ZIFCAK
(1981), GOMES & CASTRO (1997) e SALLES (1999) em relação aos trabalhos de
GOLDSTEIN (1976), TUNMER et al. (1988) e BALL & BLACHMAN (1991) a respeito dos
resultados obtidos para as faixas pré-escolares de 4 e 5 anos. Essa diferença pode ser
devida ao desenho das testagens de cada estudo. No entanto, observou-se que, apesar
da discrepância, os resultados positivos para 4 e 5 anos apresentaram-se abaixo de 50%,
podendo sugerir que, aos 4 e 5 anos, o desempenho é incipiente em crianças que foram
expostas precocemente às correspondências grafo-fonológicas ou, de alguma forma, à
instrução formal nessas habilidades, o que parece não ter ocorrido no presente trabalho.
Os resultados deste estudo mostram que a realização das tarefas de síntese e
segmentação fonêmica, além do amadurecimento bio-cognitivo da criança, que engloba a
capacidade de memória e atenção, parece sofrer influência da aquisição do código
alfabético, uma vez que as idades de 7 e 8 anos2 correspondem à época de alfabetização
e de maior domínio das correspondências grafo-fonológicas e de noções matemáticas
que poderiam auxiliar esses tipos de processamento fonêmico.
Consoante GÖNCZ (1990), TREIMAN & ZUKOWSKI (1991), KLEIN et al. (1991),
NUNES et al. (1992), MORAIS (1991), VANDERVELDEN & SIEGEL (1995), GREANEY &
TUNMER (1996), McLURE et al. (1996), DUNCAN et al. (1997), STACKHOUSE (1997),
2 Faixas nas quais ocorreu significância estatística e êxito nas tarefas de síntese e segmentação fonêmica.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
32
MORAIS et al. (1998) e ALEGRIA et al. (1999), a habilidade em análise fonêmica
desenvolve-se devido à alfabetização, em torno dos seis ou sete anos de idade, em
função do conhecimento sobre as correspondências grafo-fonológicas tornar-se mais
detalhado e sofisticado no decorrer do processo de aprendizado da leitura, habilitando as
crianças a manipular fonemas. Provavelmente essa afirmação seja válida também para a
habilidade em síntese fonêmica.
ZIFCAK (1981) apresenta opinião semelhante quando afirma que a segmentação
de palavras em fonemas é uma tarefa difícil para crianças jovens, não alfabetizadas, uma
vez que elas ouvem as palavras como uma unidade acústica inteira. BRADLEY &
BRYANT (1991) concordam com a dificuldade, principalmente de pré-escolares, em
segmentar palavras e sílabas em fonemas. O fato de as crianças deste estudo terem
apresentado maior dificuldade na síntese e na segmentação de palavras com maior
número de fonemas, está de acordo com os resultados de TREIMAN & WEATHERSTON
(1992) de que o comprimento de uma palavra pode influenciar os escores dessas
habilidades. SALLES (1999) concorda com essa visão, sugerindo que esse tipo de tarefa
se torna mais dependente da memória, conforme o número de unidades a serem
processadas.
Segundo TORGESEN et al. (1992), as habilidades que envolvem síntese fonêmica
são mais fáceis do que aquelas que envolvem segmentação fonêmica. No presente
estudo, as crianças da faixa de 7 anos de idade lograram êxito com quatro dos cinco
subtipos da tarefa de síntese fonêmica e com três dos cinco subtipos da tarefa de
segmentação fonêmica, sugerindo discreta dificuldade com a tarefa de segmentação
fonêmica. Aos 8 anos, todos os subtipos das tarefas de síntese (com exceção de subtipo
com sete fonemas) e de segmentação fonêmica foram realizados com êxito, isto é, com
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
33
predomínio de sujeitos com escores acima de 5,003, sem diferenças entre as habilidades
em síntese e segmentação fonêmica.
Na tarefa de reversão fonêmica com palavras de dois e três fonemas (T12Dois e
três fon.), as crianças de 4 e 5 anos de idade zeraram a pontuação, as de 6 anos
apresentaram respostas incipientes, sugerindo a emergência da habilidade nessa faixa
etária, e as de 7 e 8 anos realizaram a tarefa com êxito, havendo significância estatística
nessas faixas de idade. No subtipo de reversão fonêmica com palavras de quatro e cinco
fonemas (T12Quatro e cinco fon.), ocorreu o mesmo padrão do subtipo anterior, mas não
houve êxito na realização da tarefa em nenhuma das faixas de idade pesquisadas,
provavelmente em função da demanda atencional e de memória que ocorreu nesse
subtipo da tarefa. Esses resultados divergem dos de ALEGRIA et al. (1982) que
encontraram 73,7% de sucesso na tarefa de reversão fonêmica em crianças de 6 anos de
idade, em alfabetização. Uma explicação plausível para essa diferença estaria
relacionada ao fato de a maioria das crianças de 6 anos, sujeitos do presente trabalho,
ainda não serem alfabetizadas e, uma vez que a tarefa de reversão fonêmica deste
trabalho requeria, além da consciência fonêmica, o domínio sobre alguns princípios do
código alfabético do português para permitir a modificação dos valores fonético-
fonológicos das unidades, foi evidente o baixo nível de desempenho obtido pelas crianças
que não dominavam o código alfabético. Segundo MORAIS (1991), talvez a reversão
fonêmica seja uma das tarefas mais dependentes da consciência fonêmica, uma vez que
exige o isolamento e a manipulação de cada fonema da palavra para que sua ordem
possa ser modificada.
3 Metade da pontuação máxima em cada subtipo de cada tarefa de consciência fonológica aplicada à amostra deste trabalho.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
34
A maior parte das tarefas apresentou resultados do desempenho com diferença
significativa entre os 4, 5 e/ou 6 e os 7 e/ou 8 anos de idade, formando dois grupos com
diferença marcada de desempenho entre si. Esse fato pode ser relacionado ao
amadurecimento cerebral das áreas de associação, cujos picos ocorrem em torno dos 6
ou 7 anos de idade e na adolescência (VYGOTSKY, 1993), permitindo a melhora do
desempenho relativo a determinados processos cerebrais como a linguagem, e à
aquisição do código alfabético que permite às crianças representar a fala em unidades
graças às correspondências grafo-fonológicas.
Para STHAL & MURRAY (1994), certos níveis de consciência fonológica precedem
o aprendizado da leitura, enquanto níveis mais avançados podem ser resultantes do
aprendizado da mesma. Na presente pesquisa, observou-se que, antes da aquisição da
leitura e da escrita, existiam algumas habilidades em consciência fonológica como as
habilidades em consciência de palavras, rimas e sílabas. Além da alfabetização, McLURE
et al. (1996) afirmam que, à medida que as crianças ficam mais velhas e mais instruídas,
sua velocidade de processamento pode aumentar e elas podem desenvolver melhores
estratégias para manejar a memória de trabalho, faciliando o desempenho em tarefas
mais complexas, como o que ocorreu neste trabalho com o número de tarefas realizadas
por faixa etária e com o aumento do número de unidades a serem manipuladas pelos
sujeitos.
5 CONCLUSÕES
A seqüência e o tipo de tarefas de consciência fonológica propostas (Protocolo de
Tarefas de Consciência Fonológica) baseou-se num determinado nível de desempenho
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
35
da amostra testada e não propõe níveis de competência, mas de desempenho em uma
faixa de idade x, em uma situação de testagem y.
1. Na faixa etária de 4 anos, realizou-se com êxito as tarefas de consciência fonológica
de segmentação de frases de duas palavras (T1Duas pal.); realismo nominal (T2);
síntese e segmentação silábica com palavras dissílabas (T4 e T5Diss.), trissílabas (T4
e T5Triss.) e quadrissílabas (T4 e T5Quadriss.).
2. Aos 5 anos de idade, realizou-se com êxito as tarefas de segmentação de frases de
duas (T1Duas pal.), três (T1Três pal.) e quatro palavras (T1Quatro pal.); realismo
nominal (T2); detecção de rimas em palavras dissílabas (T3Diss.) e trissílabas
(T3Triss.); síntese e segmentação silábica com palavras dissílabas (T4 e T5Diss.),
trissílabas (T4 e T5Triss.) e quadrissílabas (T4 e T5Quadriss.); detecção de sílabas
em posição inicial (T6Inicial), final (T6Final) e medial (T6Medial) e detecção de
fonemas em posição inicial (T9Inicial).
3. Aos 6 anos de idade, as tarefas realizadas com êxito foram as de segmentação de
frases de duas (T1Duas pal.); realismo nominal (T2); detecção de rimas em palavras
dissílabas (T3Diss.) e trissílabas (T3Triss.); síntese e segmentação silábica com
palavras dissílabas (T4 e T5Diss.), trissílabas (T4 e T5Triss.) e quadrissílabas (T4 e
T5Quadriss.); detecção de sílabas em posição inicial (T6Inicial), final (T6Final) e
medial (T6Medial); reversão silábica com palavras dissílabas (T7Diss.) e detecção de
fonemas em posição inicial (T9Inicial) e final (T9Final).
4. Com 7 anos de idade, as tarefas realizadas com êxito foram as de segmentação de
frases de duas (T1Duas pal.), três (T1Três pal.), quatro (T1Quatro pal.), cinco
(T1Cinco pal.), seis (T1Seis pal.) e sete palavras (T1Sete pal.); realismo nominal (T2);
detecção de rimas em palavras dissílabas (T3Diss.) e trissílabas (T3Triss.); síntese e
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
36
segmentação silábica com palavras dissílabas (T4 e T5Diss.), trissílabas (T4 e
T5Triss.) e quadrissílabas (T4 e T5Quadriss.); detecção de sílabas em posição inicial
(T6Inicial), final (T6Final) e medial (T6Medial); reversão silábica com palavras
dissílabas (T7Diss.), trissílabas (T7Triss.) e quadrissílabas (T7Quadriss.); exclusão
fonêmica em posição inicial (T8Inicial), final (T8Final) e medial (T8Medial); detecção
de fonemas em posição inicial (T9Inicial), final (T9Final) e medial (T9Medial); síntese
fonêmica com palavras de três (T10Três fon.), quatro (T10Quatro fon.), cinco
(T10Cinco fon.) e seis fonemas (T10Seis fon.); segmentação fonêmica com palavras
de três (T11Três fon.), quatro (T11Quatro fon.) e cinco fonemas (T11Cinco fon.) e
reversão fonêmica com dois e três fonemas (T12Dois e três fon.).
5. Aos 8 anos, as tarefas realizadas com êxito foram as de segmentação de frases de
duas (T1Duas pal.), três (T1Três pal.), quatro (T1Quatro pal.), cinco (T1Cinco pal.),
seis (T1Seis pal.) e sete palavras (T1Sete pal.); realismo nominal (T2); detecção de
rimas em palavras dissílabas (T3Diss.) e trissílabas (T3Triss.); síntese e segmentação
silábica com palavras dissílabas (T4 e T5Diss.), trissílabas (T4 e T5Triss.) e
quadrissílabas (T4 e T5Quadriss.); detecção de sílabas em posição inicial (T6Inicial),
final (T6Final) e medial (T6Medial); reversão silábica com palavras dissílabas
(T7Diss.), trissílabas (T7Triss.) e quadrissílabas (T7Quadriss.); exclusão fonêmica em
posição inicial (T8Inicial), final (T8Final) e medial (T8Medial); detecção de fonemas em
posição inicial (T9Inicial), final (T9Final) e medial (T9Medial); síntese fonêmica com
três (T10Três fon.), quatro (T10Quatro fon.), cinco (T10Cinco fon.) e seis fonemas
(T10Seis fon.); segmentação fonêmica com palavras de três (T11Três fon.), quatro
(T11Quatro fon.), cinco (T11Cinco fon.), seis (T11Seis fon.) e sete fonemas (T11Sete
fon.) e reversão fonêmica com palavras de dois e três fonemas (T12Dois e três fon.).
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
37
No entanto, considerando-se as dificuldades metodológicas de se avaliar a
competência de um ser humano em determinada área, a intenção deste trabalho foi de
auxiliar o preenchimento de lacunas relativas à avaliação das habilidades em consciência
fonológica, principalmente dentro da Fonoaudiologia, dada a escassa literatura brasileira a
respeito, almejando-se a repercussão sobre os tipos de avaliação e de intervenção
terapêuticas, sobre o monitoramento dos resultados dessas intervenções, sobre a criação
de programas de estimulação e de planejamentos de reabilitação tanto de linguagem oral
quanto de escrita, conforme a faixa etária da(s) criança(s) e/ou adulto(s) sob a
responsabilidade clínico-científica do terapeuta.
Essa intenção baseou-se nos argumentos a favor do papel desempenhado pelas
habilidades em consciência fonológica no desenvolvimento escolar, da importância de sua
avaliação para intervenção precoce ou reabilitativa junto às crianças e na carência de
dados e de protocolos nacionais que pudessem servir de guia numa avaliação de
habilidades em consciência fonológica.
A detecção de fonemas pareceu não necessitar de consciência fonêmica,
caracterizando-se como uma forma holística de consciência fonológica, conforme
MORAIS (1991); as tarefas com subtipos que envolveram maior número de elementos a
serem processados resultaram em desempenhos piores, considerando-se o tipo de tarefa
aplicada, sendo que esses desempenhos melhoraram com a idade; o desempenho das
crianças testadas foi, de forma geral, melhor nas tarefas de realismo nominal (T2) e de
síntese (T4) e segmentação silábica (T5) e foi pior na tarefa de reversão fonêmica (T12).
A partir das conclusões extraídas do processo de pesquisa, pode-se afirmar que as
habilidades que refletem consciência fonológica podem ser avaliadas por vários tipos de
atividades, envolvendo graus de complexidade distintos, sendo de extrema importância
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
38
um protocolo de avaliação da consciência fonológica que englobe vários tipos de tarefas e
um número de itens de avaliação que evite acasos nas respostas dos sujeitos.
ABSTRACT
The goal of this study was to propose a test of skills assessment in phonological
awareness, to verify the statistics correlation between the degree of tasks complexity and
the chronological age of the people. The skills of children between 4 and 8 years old of
both sex, were researched in sentences and words segmentation; nominal realism; rhyne
detection; phonemic exclusion; syllabic and phonemic detection; synthesis and
segmentation. There was a meaningful statistic difference in most of the tasks between the
ages of 4, 5 and 6 and of 7 and 8 years old. On the sthength of results, we chose passive
tasks which were done successfully by each age level and helped the hope development
determination for future assessment, according to the age of of the child. We clinch that
the age increase and alphabetization seem to sway the phonological awareness skills and
that the Test of Phonological Awareness seems to be a workable instrument for the
assessment of all kinds of skills in phonological awareness, which has different degrees of
complexity, and helps therapeutic goals establishment or stimulates these abilities.
UNITERMS: phonological awareness; metaphonology; linguistic awareness; speech
assessment.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACKERMAN, M.D. Acquisition and transfer value of initial training with multiple grapheme-
phoneme correspondences. Journal of Educational Psychology, v.65, n.1, p. 28-34,
aug. 1973.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
39
ALEGRIA, J., PIGNOT, E., MORAIS, J. Phonetic analysis of speech and memory codes in
beginning readers. Memory and Cognition, v.10, n.5, p. 451-456, 1982.
ALEGRIA, J., PIGNOT, E., MORAIS, J. Phonetic analysis of speech and memory codes in
beginning readers. In: Proceedings. 5th International Congress of the International
Society of Applied Psycholinguistics. 25-27 junho/1997 Porto-Portugal, 1999.
ANASTASI, A. Testes Psicológicos. São Paulo: Pedagógica e Universitária Ltda, 1976.
BALL, E.W., BLACHMAN, B.A. Does phoneme awareness training in kindergarten make a
difference in early word recognition and developmental spelling? Reading Research
Quarterly, v. 26, n.1, p. 49-66, 1991.
BARRETT, K.A. Triagem auditiva de escolares. Cap.3, p. 472-485. In: KATZ, J. Tratado
de Audiologia Clínica. São Paulo: Manole, 1999.
BEHLAU, M.S., PONTES, P.A.L. Avaliação e Tratamento das Disfonias. São Paulo:
Lovise, 1995.
BEZERRA, V.M.L. Reflexão metalingüística e aquisição de leitura em crianças de baixa
renda. In: Fundação Educacional do Estado do Paraná. Os doze trabalhos
premiados: concurso nacional de pesquisas em educação. Curitiba: Imprensa
Oficial, 1982.
BIANCHINI, E.M.G. Mastigação e ATM – avaliação e terapia. Cap.5, p. 37-49. In:
MARCHEZAN, I.Q. Fundamentos em Fonoaudiologia – Aspectos Clínicos da
Motricidade Oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
BLACHMAN, B. Phonological awareness – implications for prereading and early reading
instruction. Cap. 2, p. 29-35. In: BRADY, S.A., SHANKWEILER, D.P. Phonological
Processes in Literacy - A tribute to Isabelle Y. Liberman. LEA Publishers, 1991.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
40
BRYANT, P., BRADLEY, L. Problemas de Leitura na Criança. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1987.
BRADLEY, L., BRYANT, P. Phonological skills before and after learning to read. Cap. 3, p.
37-45. In: BRADY, S.A., SHANKWEILER, D.P. Phonological Processes in Literacy
- A tribute to Isabelle Y. Liberman. LEA Publishers, 1991.
BYRNE, B., FIELDING-BARNSLEY, R. Evaluation of a program to teach phonemic
awareness to young children. Journal of Educational Psychology, v. 83, n. 4, p.
451-455, dec. 1991.
CADERNOS DE ÉTICA EM PESQUISA. Publicação da CONEP - Comissão Nacional de
Ética em Pesquisa - ano I - número 1 - julho de 1998.
CALFEE, R. C., LINDAMOOD, C., LINDAMOOD, P. Acoustic-phonetic skills and reading-
kindergarten through twelfth grade. Journal of Educational Psychology, v.64, n. 3,
p. 293-298, june 1973.
CARDOSO-MARTINS, C. A sensibilidade fonológica e a aprendizagem da leitura e da
escrita. Cadernos de Pesquisa, v.76, p.41-49, 1991.
_.Sensitivity to rhymes, syllables and phonemes in literacy acquisition in portuguese.
Reading Research Quarterly, v. 30, p. 808-828, 1995.
CAPOVILLA, A.G.S., CAPOVILLA, F.C. Prova de consciência fonológica:
desenvolvimento de dez habilidades da pré-escola à segunda série. Temas sobre
Desenvolvimento, v. 7, n. 37, p. 14-20, 1998.
CARVALHO, I.A.M., ALVAREZ, A.M.M.A., CAETANO, A.L. Perfil de Habilidades
Fonológicas. São Paulo: Via Lettera, 1998.
CIELO, C.A. Relação Entre a Sensibilidade Fonológica e a Fase Inicial da
Aprendizagem da Leitura. Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada) - Curso de
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
41
Pós-graduação em Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
1996.
CORRÊA, L.M.S. Dificuldades e potencialidades do uso do método experimental no
estudo da aquisição da linguagem. Cap. 2, p.31 – 53. In: CASTRO, M.F.P. O Método
e o Dado no Estudo da Linguagem. Campinas: Ed. UNICAMP, 1996.
CRICK, F., ASANUMA, C. Certain aspects of the anatomy and physiology of the cerebral
cortex. Cap. 20, p. 333-371. In: McCLELLAND, J.L., RUMELHART, D.E. Parallel
Distributed Processing – Explorations in the microestruture of cognition, v. 2.
London: MIT’Press, 1986.
CUPPLES, L., IACONO, T. Phonological awareness and oral reading skill in children with
down syndrome. Journal of Speech, Language and Hearing Research, v. 43, p.
595-608, june 2000.
DUNCAN, L.G., SEYMOUR, P.H.K., HILL, S. How important are rhyme and analogy in
beginning reading? Cognition, v. 63, p. 171-208, 1997.
DURGUNOGLU, A.Y., NAGY, W.E., HANCIN-BHATT, B. Cross-language transfer of
phonological awareness. Journal of Educatinal Psychology, v.85, n. 3, p. 453-465,
sept. 1993.
EHRI, L.C., WILCE, L.S. Movement into reading: is the first stage of printed word learning
visual or phonetic? Reading Research Quarterly, v. 20, n. 2, p. 163-179, winter
1985.
_. Does learning to spell help beginners learn to read words? Reading Research
Quarterly, v. 22, n. 1, p. 47-65, winter 1987.
GOLDSTEIN, D.M. Cognitive-linguistic functioning and learning to read in preschoolers.
Journal of Educational Psychology, v. 68, n. 6, p. 680-688, dec. 1976.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
42
GOMES, I., CASTRO, S.L. Language processing in portuguese children aged four to ten
years. In: Proceedings. 5th International Congress of the International Society of
Applied Psycholinguistics. 25-27 junho/1997 Porto-Portugal p. 305-309.
GÖNCZ, Lajos. Syllabic and phonemic segmentation in preschool children: the effect
of training. In: Proceedings. Fifth International Congress for the Study of Child
Language. Budapest, Hungary, 1990.
GREANEY, K.T., TUNMER, W.E. Onset/rime sensitivity and orthographic analogies in
normal and poor readers. Applied Psycholinguistics, v.17, p. 15-40, 1996.
KIRTLEY, C., BRYANT, P., MACLEAN, M. & BRADLEY, L. Acquisition of literacy: A
longitudinal study of children in first and second grade. Journal of Educational
Psychology, v. 48, p. 224-245, 1989.
KLEIN, H.B., LEDERER, S.H., CORTESE, E.E. Children’s knowledge of
auditory/articulatory correspondences: phonologic and metaphonologic. Journal of
Speech and Hearing Research, v. 34, n. 3, p. 559-564, june 1991.
LANDERL, K., FRITH, U., WIMMER, H. Intrusion of orthographic knowledge on phoneme
awareness: strong in normal readers, weak in dyslexic readers. Applied
Psycholinguistics, v. 17, p. 1-14, 1996.
LUNDBERG, I., FROST, J., PETERSEN, O.P. Effects of an extensive program for
stimulating phonological awareness in preschool children. Reading Reserch
Quarterly, v. 23, n. 3, p. 263-284, summer 1988.
MARCHEZAN, I.Q. Avaliação e terapia dos problemas de respiração. Cap. 4, p. 23-36.
In:_ Fundamentos em Fonoaudiologia – Aspectos Clínicos da Motricidade Oral.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998a.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
43
_. Deglutição – diagnóstico e possibilidades terapêuticas. Cap. 6, p.51-58. In:_
Fundamentos em Fonoaudiologia – Aspectos Clínicos da Motricidade Oral. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998b.
McLURE, K.K., BISANZ, G.L., FERREIRA, F. Effects of grade, syllable segmentation, and
speed of presentation on children’s word-blending ability. Journal of Educational
Psychology, v. 88, n. 4, p. 670-681, 1996.
McGUINNESS, D., McGUINNESS, C., DONOHUE, J. Phonological training and the
alphabet principle: evidence for reciprocal causality. Reading Research Quarterly, v.
30, n. 4, p. 830-852, 1995.
MORAIS, J. Constraints on the development of phonemic awareness. Cap. 1, p. 5-27. In:
BRADY, S.A., SHANKWEILER, D.P. Phonological Processes in Literacy - A tribute
to Isabelle Y. Liberman. LEA Publishers, 1991.
MORAIS, J., KOLINSKY, R., ALEGRIA, J., SCLIAR-CABRAL, L. Alphabetic literacy and
psychological structure. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 33, n. 04, p. 61-79, 1998.
NORTHERN, J.L., DOWNS, M.P. Audiometria de identificação em crianças. Cap.7, p.
247-294. In: _. Audição em Crianças. São Paulo: Manole, 1989.
NUNES, T., BUARQUE, L., BRYANT, P. Dificuldades na Aprendizagem da Leitura –
teoria e prática. São Paulo: Cortez, 1992.
POERSCH, J.M. Uma questão terminológica: consciência, metalinguagem e
metacognição. Letras de Hoje, Porto Alegre, v.33, n.4, p.7-12, dez. 1998a.
SALLES, J.F. Desenvolvimento da Consciência Fonológica de Crianças de 1ª e 2ª
Séries do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual. Monografia de
Especialização. UFSM, Santa Maria – RS, 1999.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
44
SANTOS, M.T.M., NAVAS, A.L.G.N., PEREIRA, L.D. Estimulando a consciência
fonológica. Cap. 9, p. 85-89. In: PEREIRA, L.D., SCHOCHAT, E. Processamento
Auditivo Central: manual de avaliação. São Paulo: Lovise, 1997.
SANTOS, M.T.M., PEREIRA, L.D. Teste de consciência fonológica. Cap. 11, p. 187-195.
In: PEREIRA, L.D., SCHOCHAT, E. Processamento Auditivo Central: manual de
avaliação. São Paulo, Lovise, 1997.
SCLIAR-CABRAL, L. Capacidades metafonológicas e testes de avaliação. Comunicação
oral. V Encontro Nacional de Aquisição da Linguagem, Porto Alegre – RS, out.,
2000.
STACKHOUSE, J. Phonological awareness: connecting speech and literacy problems.
Cap. 7, p. 157-196. In: HODSON, B.W., EDWARDS, M.L. Perspectives in Applied
Phonology. Gaithesburg: Aspen Publication, 1997.
STHAL, S.A., MURRAY, B.A. Defining phonological awareness and its relationship to early
reading. Journal of Educational Psychology, v. 86, n. 2, p. 221-234, 1994.
TORGESEN, J.K., MORGAN, S.T., DAVIS, C. Effects of two types of phonological
awareness training on word learning in kindergarten children. Journal of Educational
Psychology, v. 84, n. 3, p. 364-370, sept. 1992.
TREIMAN, R., ZUKOWSKI, A. Levels of phonological awareness. Cap. 6, p. 67-83. In:
BRADY, S.A., SHANKWEILER, D.P. Phonological Processes in Literacy - A tribute
to Isabelle Y. Liberman. LEA Publishers, 1991.
TREIMAN, R., WEATHERSTON, S. Effects of linguistic structure on children’s ability to
isolate initial consonants. Journal of Educational Psychology, n. 84, p. 174 -181,
1992.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
45
TUNMER, W.E., BOWEY, J.A., GRIEVE, R. The development of young children’s
awareness of the word as a unit of spoken language. Journal of Psycholinguistic
Research, v.12, n. 6, p. 567-580, 1983.
TUNMER, W.E., HERRIMAN, M.L., NESDALE, A.R. Metalinguistic abilities and beginning
reading. Reading Research Quarterly, v. 23, n. 2, p. 134-158, spring 1988.
UHRY, J.K., SHEPHERD, M.J. Segmentation/spelling instruction as part of a first-grade
reading program: effects on several measures of reading. Reading Research
Quarterly, v. 28, n. 3, p. 219-233, 1993.
VANDERVELDEN, M.C., SIEGEL, L.S. Phonological recoding and phoneme awareness in
early literacy: a developmental approach. Reading Research Quarterly, v. 30, n. 4, p.
854-875, 1995.
VAN KLEECK, A. The emergence of linguistic awareness: a cognitive framework. Merrill-
Palmer Quarterly, v. 28, n. 2, p. 237-265, apr. 1982.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
WALLACH, L., WALLACH, M.A., DOZIER, M.G. et al. Poor children learning to read do
not have trouble with auditory discrimination but do have trouble with phoneme
recognition. Journal of Educational Psychology, v. 69, n. 1, p. 36-39, feb. 1977.
WATSON, B.U., MILLER, T.K. Auditory perception, phonological processing, and reading
ability/disability. Journal of Speech and Hearing Research, v. 36, p. 850-863, 1993.
WILLIAMS, J.P. Teaching decoding with an emphasis on phoneme analysis and phoneme
blending. Journal of Educational Psychology, v.72, n.1, p.1-15, 1980.
YAVAS, F., HAASE, V.G. Consciência fonêmica em crianças na fase de alfabetização.
Letras de Hoje, Porto Alegre, n. 4, p. 31-55, dez. 1988.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES
46
ZIFCAK, M. Phonological awareness and reading acquisition. Contemporary
Educational Psychology, v. 6, p. 117-126, 1981.