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123 Souza, E. C. & Bandini, H. H. M. B. (2007). Treinamento de consciência fonológica ______________________________________ Disponível em www .scielo.br/p aideia____________________________________ _______________________________________________________________________________ Programa de treinamento de consciência fonológica para crianças surdas bilíngües Érika Costa de Souza Heloisa Helena Motta Bandini Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, Maceió, Brasil Resumo: Um dos pré-requisitos básicos para a aquisição de leitura e escrita é a consciência fonológica. Estudos têm comprovado que quando expostas a um treinamento formal de consciência fonológica as crianças ouvintes melhoram esta habilidade e, conseqüentemente, aprimoram o desenvolvimento da leitura e da escrita. Entretanto, não há evidências deste tipo de procedimento para crianças surdas. Este estudo objetivou estruturar um Programa de Treinamento de Consciência Fonológica para crianças surdas bilingües e verificar sua efetividade. Participaram do estudo quatro crianças, que foram avaliadas quanto à consciência fonológica antes e após o Treinamento de Consciência Fonológica. Foram verificados efeitos positivos nos níveis de consciência fonológica destas crianças após a realização do Treino. Este estudo fornece indícios de que um Treinamento de Consciência Fonológica pode aprimorar o desenvolvimento da consciência fonológica em crianças surdas usuárias de língua de sinais. Palavras-chave: Surdez. Consciência fonológica. Habilidades de leitura e escrita. Phonological awareness training program for brazilian bilinguals deaf children Abstract: The phonological awareness is required for the acquisition of reading and writing ability. Hearing children increase their levels of phonological awareness and their reading and writing skills when exposed to a formal phonological awareness training program. The effect of this procedures in deaf children is unknown. The aim of this study was create a special phonological awareness training program for bilingual deaf children and to evaluate its effectiveness. Four children were phonological evaluated and selected to participate in the study. The results showed that, after the training, the children’s phonological awareness was improved. This study provides evidences that a phonological awareness training can improve the development of phonological awareness in deaf children users of the Sign Language. Keywords: Deafness. Phonological awareness. Reading and writing ability. Programa de entrenamiento de conciencia fonológica para niños sordos bilíngües Resumen: Un pre-requisito básico para la adquisición de la lectura y la escritura es la conciencia fonológica. Estudios han mostrado que los niños oyentes expuestos a un entrenamiento formal de conciencia fonológica mejoran estas habilidades. No existiendo evidencias de este procedimiento en niños sordos. El objetivo fue estructurar un Programa de Entrenamiento de Conciencia Fonológica para niños sordos bilingües y verificar su efectividad. Participaran del estudio cuatro niños, evaluados con relación a la conciencia fonológica antes y después del entrenamiento. Verificándose efectos positivos en su nivel de conciencia fonológica después del entrenamiento. Con el entrenamiento, mostramos una mejoría en el desarrollo de la conciencia fonológica en los niños sordos usuarios del lenguaje de señales. Palabras clave: Sordo. Conciencia fonológica. Habilidad de lectura y escritura.

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123Souza, E. C. & Bandini, H. H. M. B. (2007). Treinamento de consciência fonológica______________________________________Disponível em www.scielo.br/paideia____________________________________

_______________________________________________________________________________

Programa de treinamento de consciência fonológica para crianças surdasbilíngües

Érika Costa de SouzaHeloisa Helena Motta Bandini

Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, Maceió, Brasil

Resumo: Um dos pré-requisitos básicos para a aquisição de leitura e escrita é a consciênciafonológica. Estudos têm comprovado que quando expostas a um treinamento formal de consciênciafonológica as crianças ouvintes melhoram esta habilidade e, conseqüentemente, aprimoram odesenvolvimento da leitura e da escrita. Entretanto, não há evidências deste tipo de procedimentopara crianças surdas. Este estudo objetivou estruturar um Programa de Treinamento de ConsciênciaFonológica para crianças surdas bilingües e verificar sua efetividade. Participaram do estudoquatro crianças, que foram avaliadas quanto à consciência fonológica antes e após o Treinamentode Consciência Fonológica. Foram verificados efeitos positivos nos níveis de consciência fonológicadestas crianças após a realização do Treino. Este estudo fornece indícios de que um Treinamentode Consciência Fonológica pode aprimorar o desenvolvimento da consciência fonológica emcrianças surdas usuárias de língua de sinais.

Palavras-chave: Surdez. Consciência fonológica. Habilidades de leitura e escrita.

Phonological awareness training program for brazilian bilinguals deafchildren

Abstract: The phonological awareness is required for the acquisition of reading and writingability. Hearing children increase their levels of phonological awareness and their reading andwriting skills when exposed to a formal phonological awareness training program. The effect ofthis procedures in deaf children is unknown. The aim of this study was create a special phonologicalawareness training program for bilingual deaf children and to evaluate its effectiveness. Fourchildren were phonological evaluated and selected to participate in the study. The results showedthat, after the training, the children’s phonological awareness was improved. This study providesevidences that a phonological awareness training can improve the development of phonologicalawareness in deaf children users of the Sign Language.

Keywords: Deafness. Phonological awareness. Reading and writing ability.

Programa de entrenamiento de conciencia fonológica para niños sordos bilíngüesResumen: Un pre-requisito básico para la adquisición de la lectura y la escritura es la concienciafonológica. Estudios han mostrado que los niños oyentes expuestos a un entrenamiento formal deconciencia fonológica mejoran estas habilidades. No existiendo evidencias de este procedimientoen niños sordos. El objetivo fue estructurar un Programa de Entrenamiento de ConcienciaFonológica para niños sordos bilingües y verificar su efectividad. Participaran del estudio cuatroniños, evaluados con relación a la conciencia fonológica antes y después del entrenamiento.Verificándose efectos positivos en su nivel de conciencia fonológica después del entrenamiento.Con el entrenamiento, mostramos una mejoría en el desarrollo de la conciencia fonológica en losniños sordos usuarios del lenguaje de señales.

Palabras clave: Sordo. Conciencia fonológica. Habilidad de lectura y escritura.

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Introdução

A audição é um dos principais sentidos quepermite ao homem adquirir linguagem e se comunicar.A deficiência auditiva dificulta ou impede a aquisiçãoda linguagem, uma das funções mentais maissublimes do ser humano, prejudicando todo seudesenvolvimento (Sacks, 1998).

A linguagem possibilita ao homem estruturarseu pensamento, traduzir o que sente, registrar o queconhece e comunicar-se com os outros e marca oingresso dele na cultura, constituíndo-o como sujeitocapaz de produzir transformações nunca antesimaginadas (INES, 2004). Trata-se de uma funçãosuperior do cérebro que tem seu desenvolvimento emuma parte apoiado por uma estrutura ana-tomofuncional geneticamente determinada, e emoutra pelo estímulo verbal oferecido pelo meio(Castaño, 2003).

De acordo com Goldin-Meadow e Mayberry(2001) a aquisição de linguagem difere entre umacriança surda, filha de pais surdos, e uma surda, filhade pais ouvintes. A primeira é mais comumenteexposta à língua de sinais natural de seus pais e é porintermédio desta que têm acesso à linguagem.Enquanto que a surda filha de pais ouvintes têm poucoou nenhum acesso à língua oral natural deles; istopode dificultar a aquisição de linguagem pela criançacom surdez severa ou profunda, pois é praticamenteimprovável que ela se torne fluente em uma línguaque não lhe é natural, em virtude da privação sensorialque a acomete, e mesmo com um auxílio adequado,a aquisição de linguagem oral por ela tende a serdeficitária quando comparadas com a das ouvintes(Goldin-Meadow & Mayberry, 2001).

Bishop e Mogford (2002) afirmam que osresultados lingüísticos alcançados por indivíduosdeficientes auditivos são bem diferentes dosobservados em ouvintes. Geralmente, o atraso delinguagem, que pode vir a acometer o surdo, prejudicao desenvolvimento da alfabetização, já que há umarelação direta entre língua oral e escrita. Paraaprender a ler as crianças ouvintes estabelecemconexões entre a língua oral e escrita. É por essemotivo que as dificuldades na aquisição de linguagemoral, que geralmente acompanham a surdez,repercutem significativamente no processo de

aquisição da escrita, em especial para as crianças comperda auditiva severa ou profunda (Marscharck, 1997).

Entretanto, o fato de crianças surdasapresentarem certas dificuldades para o de-senvolvimento da leitura e escrita não deve carac-terizá-las como incapazes de desenvolverem taishabilidades. Apenas pode ser mais difícil para elaster que aprender a ler e escrever em uma língua quenão lhes é natural, visto que a de sinais não possuiuma forma escrita.

Além disso, é necessário considerar que muitascrianças surdas demoram a adquirir uma língua pois,infelizmente, na maioria das vezes, o diagnóstico deperda auditiva é tardio, o que implica em um processode reabilitação também tardio. Desta forma, é comumque crianças surdas ao ingressarem na escola aindaestejam em processo de aquisição de linguagem, nãocorrespondendo às exigências de que já a tenha emum nível que possibilite desenvolver adequadamentea leitura e a escrita.

De acordo com Figueroa e Lissi (2005) alémdas dificuldades ocasionadas pela aquisição tardia dalinguagem, o escasso domínio lexical e sintático daoral e as dificuldades na consciência fonológicatambém podem ser tidos como hipóteses viáveis aosproblemas de leitura e escrita das crianças surdas.

Aprender a ler é um processo que requermuitas habilidades; uma importante relacionada àleitura é a capacidade de compreender a relaçãoentre as letras e seus sons correspondentes, osfonemas, que é chamada de consciência fonológica(Cunningham, 1990; Sulzby & Teale, 1991).

Para aprender a escrever são necessáriosníveis complexos de conhecimentos fonológicos; épreciso saber os elementos sonoros mínimos e semsignificado que combinam entre si para formar aspalavras, os fonemas, e que estes sons podem serrepresentados por grafemas diferentes (Rueda, 1993;Demont,1997).

A respeito da consciência fonológica e dodesenvolvimento da leitura, Schneider, Roth eEnnemoser (2000) afirmam que ela se refere àhabilidade de refletir sobre a estrutura sonora da falae que existem evidências de que crianças pequenaspodem demonstrar ótimos níveis dela e se tornarembons leitores; contrariamente, as que têm dificuldade

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na consciência fonológica estão propensas a seremmaus leitores.

A literatura tem demonstrado que há relaçãoentre consciência fonológica e sucesso na aquisiçãode leitura. A compreensão do princípio alfabéticorequer a habilidade de segmentar a fala em unidadesfonêmicas; assim, esta segmentação é vista como ocentro do desenvolvimento da leitura e da escrita,mas a relação entre consciência fonológica e leituranão é unidirecional, ou seja, quanto mais se aprendesobre escrita, mais se desenvolvem conhecimentossobre o nível fonológico, e vice versa, constituindo assimuma via de mão dupla (Lundberg, 1998; Zorzi, 2003).

Lundberg, Frost e Petersen (1988)apresentaram uma classificação por categorias dehabilidades de consciência fonológica que variavamem função do grau de dificuldade na realizaçãodessas tarefas; os autores propuseram que ashabilidades de consciência fonológica deveriam seranalisadas em grupos distintos e sugeriram umaconfiguração hierárquica: habilidades supra-segmentares, silábicas e fonêmicas. As habilidadessupra-segmentares envolvem tarefas como julgar seas palavras apresentam a mesma sonoridade inicialou final, que são as fonológicas mais simples do pontode vista de exigência cognitiva, utilizando só asdiferenças ou semelhanças de sonoridade da fala.As silábicas envolvem segmentar palavras em sílabase adicionar ou remover sílabas de palavras. Asfonêmicas envolvem decompor ou recompor palavrascom base em seus fonemas constituintes, que são asunidades mínimas da fala.

Para as crianças, o conhecimento econsciência dos fonemas são mais difíceis, por seremunidades pequenas e abstratas, que não apresentamsignificado quando estão isolados e necessitam deuma percepção além da silábica. Além disso, aconsciência e percepção dos fonemas são poucoexploradas em sala de aula.

Para crianças surdas a consciência fonológicaparece ser ainda mais difícil, visto que se trata deuma habilidade que envolve o domínio da línguaportuguesa (para as nascidas no Brasil), que não é anatural do surdo, mas a que terão que aprender a lere escrever (Quadros & Karnopp, 2004).

A literatura ainda não tem fornecido sólidasevidências a respeito da existência da consciênciafonológica em crianças surdas. Entretanto, observa-se que elas aprendem a ler quando estão na escola, oque permite inferir que, talvez, tenham algum nívelde consciência fonológica, porém, sem afirmar que arelação entre essa e a leitura ocorre da mesmamaneira que em crianças ouvintes.

Allman (2002) diz que ainda não se conhececlaramente como as crianças surdas organizam ainformação fonológica do idioma falado e em queponto isso se constitui em fator crítico para odesenvolvimento da leitura e da escrita. Para Leybaert(1993) elas adquirem a consciência fonológica demaneira particular, combinando a informaçãorecebida por meio da leitura labial, do alfabeto manual,da fonoarticulação e da exposição à leitura. SegundoHarris e Moreno (2004) muitos estudos já têmprovado que a maioria das crianças surdas encontradificuldades para ler. E há muitas dúvidas sobre oporquê desta tarefa ser tão difícil para elas. Um dospontos principais seria o tipo de estratégia que elasdesenvolvem para aprender a ler. Há maiorheterogeneidade entre a população surda acerca dissodo que na de ouvintes, para as quais já é bastanteconhecida e estudada a importância da relação entreletras e sons.

Segundo Transler, Leybaert e Gombert (1999),para ler as crianças ouvintes utilizam um processode decodificação que se baseia na correspondênciaentre o que está escrito e a forma fonológica de cadaitem. De fato a utilização deste processo deassociação fonológica requer um desenvolvimentoprévio da sensibilidade da criança para a estruturafonológica da língua falada. A grande questão é sesurdas também usam tal processo para ler, visto queestas não têm domínio da linguagem falada. Assim,estudos que visem verificar as habilidades deconsciência fonológica não apenas em criançasouvintes, mas nas surdas são importantes à medidaque podem, indiretamente, facilitar o processo deaquisição de leitura e escrita delas.

Uma solução prática proposta pela literaturapara esta dificuldade com as habilidades deconsciência fonológica seria o seu treinamento o maiscedo possível para aprimorar a habilidade de leitura.

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Neste caso, o treino também seria uma forma eficientede se prevenir e/ou remediar as dificuldades de leiturae escrita, por atuar diretamente sobre a consciênciafonológica (Lundberg & cols., 1988; Leybaert,Alegria, Deltour & Skinkel, 1997; Alegria, Leybaert& Mousty, 1997; Capovilla & Capovilla, 1998).

Diversos estudos têm buscado descobrir amelhor forma de realizar um treinamento dashabilidades de consciência fonológica, em diversasidades e fases de alfabetização, visando facilitar odesenvolvimento da leitura e da escrita. Em geral,eles envolvem atividades simples, lúdicas e comumenterealizadas em sala de aula por muitos professores,de forma estruturada e respeitando o grau dedificuldade exigido para cada habilidade (Torgesen& Davis, 1992; Bandini & De Rose, 2005).

Questões como: Quais habilidades sãonecessárias para que uma criança surda usuária deLIBRAS aprenda a ler e a escrever em português?Se o aprendizado da linguagem é um processocomplexo para crianças nascidas com deficiênciaauditiva, qual o nível de dificuldade esperado paraaquisição de linguagem escrita, uma vez que aliteratura considera essencial o domínio de linguagem(oral ou de sinais) para aprender a ler e escrever?Há algum tipo de consciência fonológica que auxilieessas crianças na tarefa? Há mecanismos ou rotasdiferentes para a aprendizagem de leitura e escritaque são utilizadas por crianças surdas? O uso detreinos de habilidades de consciência fonológica, quesabidamente auxiliam no desempenho dessashabilidades para crianças ouvintes, poderia auxiliartambém crianças surdas? E outras questões a respeitode como crianças surdas aprendem a ler e escreverainda se encontram sem respostas.

Buscando preencher algumas lacunas arespeito do processo de aquisição de leitura e escritade crianças surdas usuárias de LIBRAS este estudotem como objetivos: a) Estruturar um Programa deTreinamento de Consciência Fonológica paracrianças surdas usuárias de Língua Brasileira deSinais; b) Verificar a efetividade deste treinamentoem aprimorar a habilidade de consciência fonológicadessas crianças.

MétodoParticipantesParticiparam do estudo quatro crianças surdas

portadoras de perda auditiva sensorioneural de grau

severo a profundo e/ou profundo, sendo duas meninase dois meninos; todas utilizavam Aparelho deAmplificação Sonora Individual (AASI) e realizavamterapia fonoaudiológica em unidade pública de saúdeauditiva1; a idade delas variou de 8 anos e 6 meses a9 anos e 11meses, com média de 9 anos e 2 meses.Os participantes eram filhos de pais ouvintes, estavamexpostos à LIBRAS formalmente há cerca de 24meses e em fase de aquisição da língua portuguesatanto oral como escrita e todas usavam a LIBRAS.Uma das participantes cursava a primeira série e trêsa segunda do Ensino Fundamental (EF), frequentandosalas de aula regular inclusivas desde o primeiro anodo EF, ou seja, havia uma professora que transmitiao conteúdo para as crianças ouvintes em português euma outra que era intérprete da língua portuguesapara LIBRAS.

Instrumentos de Coleta de Dados

A Prova de Consciência Fonológica (PCF)com figuras (Capovilla, Marcilio & Capovilla, 2004)foi adaptada da Prova de Consciência Fonológica(Capovilla & Capovilla, 1998a), para avaliar ahabilidade em manipular os sons da fala de criançasque apresentam dificuldades de comunicação, tantoreceptiva quanto expressiva. A PCF com figuras écomposta por dez subtestes, sendo que cada um delescontém quatro itens. Os resultados são apresentadospor freqüência de acertos, sendo que cada um valeum ponto, totalizando o máximo de 40. Em cadasubteste há dois itens de treino, para se certificar deque a tarefa é compreendida.

Procedimento

O procedimento implicou no uso do Programade Treinamento de Consciência Fonológica (CF) paracrianças surdas usuárias de LIBRAS elaborado pelaspesquisadoras, cujas atividades foram adaptadas dosprogramas de Capovilla (1998) e Bandini (2003),destinando-se a estimular o desenvolvimento de suashabilidades fonológicas. O Treinamento constituiu-sede 12 sessões com duração de 45 minutos cada uma,em que duas foram destinadas ao treino da habilidadede rima, duas ao de aliteração, e uma para ashabilidades: síntese silábica, síntese fonêmica,

1 Este protocolo de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética emPesquisa da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoassob o número 510.

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segmentação silábica, segmentação fonêmica,manipulação silábica, manipulação fonêmica,

transposição silábica e transposição fonêmica; sendotodo o Treinamento elaborado com atividades lúdicas.

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Procedimentos de coleta de dados

A interação entre as crianças do estudo e apesquisadora durante a coleta de dados se deu emLIBRAS. Devido às dificuldades em encontrarcrianças surdas e ouvintes que apresentassem idadecronológica, leitura e escrita semelhantes paraconstituir grupos controle e experimental, optou-sepor conduzir o estudo num delineamento do sujeitocomo seu próprio controle, compondo, então trêsetapas. Na primeira, os participantes foram avaliadosquanto à consciência fonológica por meio da PCFcom figuras de Capovilla e cols (2004) em Setembrode 2005.Após esta avaliação de consciênciafonológica as crianças permaneceram por um períodode cinco meses apenas freqüentando as aulas eparticipando das atividades escolares normais; depoisdesses meses elas foram novamente avaliadas quantoà consciência fonológica, sendo esta avaliação asegunda etapa. A terceira etapa do estudo, em Abrilde 2006, iniciou com as atividades do Treinamentode Consciência Fonológica, em sessões realizadas emgrupo que ocorreram duas vezes por semana; devido

às greves deflagradas no ensino público estadual,parte das sessões foi realizada na unidade escolarfreqüentada pelas crianças e parte em uma sala deatendimento de grupo na FF da UNCISAL.

Numa quarta etapa, as crianças foramavaliadas pela terceira vez quanto à consciênciafonológica

Resultados e Discussão

Os dados foram analisados com base naestatística descritiva.

Para melhor compreensão os resultados vêmsob duas formas distintas; a primeira baseada nosescores gerais obtidos pelos participantes para aProva de Consciência Fonológica e a segunda nascategorias de habilidades fonológicas como propostopor Lundberg e cols (1988).

Como se pode observar na Figura 1, para aprimeira e segunda avaliação de consciênciafonológica os escores foram inferiores a 60% deacertos, indicando que as crianças apresentavam umdomínio insatisfatório dessas habilidades. Duas

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colocações podem ser feitas com base nestes dados.A primeira refere-se à estabilidade dodesenvolvimento das habilidades fonológicas nasmedidas realizadas pré-treino, indicando pouca ounenhuma evolução nas mesmas espontaneamente,durante um período de sete meses entre as avaliações.A segunda observação e talvez a mais interessante,seja a de que as crianças participantes do estudoapresentam algum domínio das habilidadesfonológicas, mesmo não o tendo da língua portuguesa.

Observando os resultados individualmente, paraa primeira e segunda avaliação, pode-se verificar queo participante 3 (P3) obteve os escores mais altos paraa PCF, seguido do 1 (P1), do 4 (P4) e do 2 (P2).Constata-se que P3 e P1, que obtiveram os melhoresescores, têm 8 e 9 anos de idade, respectivamente, eestão cursando a segunda série, enquanto que P4, ode menor escore, tem 8 anos e está cursando a primeirasérie. Este achado pode fornecer alguma evidência,embora tênue, de que a consciência fonológica tendea ser aprimorada com a exposição a LIBRAS e,especialmente, a atividades de leitura e escrita.

Tal fato corrobora o que foi referido por Zorzi(2003) e Lundberg (1998), que dizem que quanto maisse aprende sobre escrita, mais se desenvolve aconsciência fonológica, e quanto mais esta édesenvolvida mais se pode aprimorar o conhecimentocom relação à leitura e à escrita.

Entretanto, há neste estudo uma exceção: P2,que tem 9 anos, está na segunda série e obteve osmenores escores nas duas primeiras avaliações emais baixos do que os de P4, aluno da primeira série.

Com relação aos escores obtidos pelosparticipantes para a terceira avaliação, que ocorreuimediatamente após a aplicação do Programa deTreinamento de Consciência Fonológica, foi possívelobservar que eles são discretamente superiores aosdas duas avaliações iniciais, indicando que o treinotrouxe resultados positivos nas habilidades fonológicasdos participantes do estudo, corroborando com osachados de Lundberg e cols (1988), Cunningham(1990), Torgesen e Davis (1992), Capovilla eCapovilla (1998b) e Schneider e cols (2000) paracrianças ouvintes. Os resultados após o Treinamento

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demonstram que as crianças surdas também podemadquirir habilidades fonológicas, desde queformalmente instruídas.

No entanto, há um aspecto do progresso dosparticipantes que deve ser levado em consideração,pois em um treino com crianças ouvintes, em geral,os resultados são mais amplos. É certo que hádiversas variáveis que podem interferir no efeito dotreino, tais como a maneira que é feito, as condiçõesde aplicação das atividades, a empatia entreparticipantes e pesquisador; mas a variável que nãodeve ser descartada, e, então melhor observada emestudos futuros é a que serefere ao tempo de treino,que talvez deva ser estendido para propiciar melhoresresultados.

Para uma análise mais detalhada dos dados,os subtestes avaliados pela PCF foram agrupadosem categorias de habilidades, conforme sugerido porLundberg e cols (1988); para as supra-segmentaresforam incluídos os subtestes de rima e aliteração; nacategoria de silábicas, agruparam-se os subtestes queenvolviam tarefas com sílabas, como a síntese, a

segmentação, a manipulação e a transposição; e nacategoria de fonêmicas, juntaram-se os subtestes queenvolviam tarefas relacionadas ao trabalho comfonemas: síntese, segmentação, manipulação etransposição de fonemas. Os valores de escoresmáximos que poderiam ser obtidos em cada categoriaforam: 08 pontos para habilidades supra-segmentares,16 para silábicas e 16 para fonêmicas. Os dadosobtidos na PCF para estas habilidades estão nasFiguras 2, 3 e 4.

Para as habilidades supra-segmentares,consideradas pela literatura como as iniciais noprocesso de aquisição de consciência fonológica paracrianças ouvintes, são observados dados interessantes.As habilidades supra-segmentares apresentamescores próximos a 88% para, P3 e P4 e próximos a72% para P1 na primeira e segunda avaliação, noentanto após o treino todos tiveram 100% de acertosnas habilidades supra-segmentares.

Parece que a rima e a aliteração dependemconsideravelmente da audição para serem percebidaspelos indivíduos, mas foi nestes subtestes que as

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crianças surdas obtiveram seu melhor resultado. Paraavaliar as habilidades supra-segmentares utilizaram-se Gráficos e a datilologia. Os Gráficos erammostrados, a pesquisadora realizava a datilologia decada um e também falava as palavras para as crianças.

Esta foi a melhor forma de apresentar omáximo de informações para os participantes arespeito das palavras do teste. Dessa forma, criavam-se condições equivalentes às de outras criançasouvintes, que também são avaliadas pela PCF.Analogicamente, a datilologia seria para criançassurdas como o som das palavras para as ouvintes, sóque em uma dimensão visual.

A Figura 3 apresenta os escores relativos àshabilidades silábicas. Estas parecem ser maisprejudicadas para todas as crianças, indicando maiordificuldade de domínio se comparada às supra-segmentares e fonêmicas.

Provavelmente, esta dificuldade estejarelacionada ao caráter sonoro da sílaba, pois paraser identificada ela deve ser pronunciada oralmentee reconhecida auditivamente, tarefa essa bastante

árdua para crianças surdas. Como descrito porLundberg e cols. (1988), Bandini e De Rose (2005),para crianças ouvintes, as sílabas mostram-seunidades mais acessíveis pela fala, isoláveis do pontode vista acústico, salientes e menos abstratas, poisse baseiam diretamente no ato articulatório.

Assim, parece impossível que crianças surdas,sem o domínio do código oral, possam ter o dehabilidades silábicas sem que estas sejam fruto diretoda instrução de escrita oferecida pela escola, e seuapoio fornecido pela língua portuguesa e do treino doalfabeto digital.

Com relação às habilidades fonêmicas todosos participantes apresentaram índices intermediáriosde domínio delas. Comparando os escores obtidospelos participantes deste estudo nas duas primeirasavaliações, com os de crianças ouvintes na mesmafaixa etária e fase de alfabetização, do estudoconduzido por Bandini e De Rose (2005), verificou-se que os escores de P2 são semelhantes ao dascrianças ouvintes. Já os de P1, P3 e P4 são muitosuperiores, indicando um bom domínio das habilidades

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fonêmicas, embora não atinjam o máximo possível.Uma provável causa dessa facilidade em utilizar ashabilidades fonêmicas, se comparadas às silábicas,pode ser proveniente do apoio que a criança surdafaz da datilologia, o que confere uma forma física evisível aos fonemas, tornando-se mais fácil manipulá-los. A datilologia dá ainda uma característica especiale facilitadora à escrita, pois a correspondência entregrafemas e seu representante nela é sempre unívoca.Assim, para cada configuração de mão há uma letracorrespondente, tornando-se mais simples a grafiabaseada na fala, onde cada grafema pode representarmais de um fonema.

Entre crianças ouvintes as habilidadesfonêmicas são as mais difíceis de serem alcançadas(Liberman, Shanweiler, Fischer & Carter, 1974), noentanto, entre as surdas usuárias de LIBRAS, elasse apresentam com melhor domínio.

Hirsh-Pasek (1987), em um estudo a respeitodo acesso à informação fonológica pelos surdos,concluiu que eles que faziam uso de língua de sinaise decodificaram a escrita apoiando-se no alfabetomanual2 para a representação dos fonemas.Provavelmente este foi um recurso que contribuiupara os escores obtidos nas habilidades supra-segmentares e fonêmicas. Além disso, as criançastambém contavam com a leitura labial, o que paraelas pode ser uma forma muito significativa paracompreender aquilo que é falado, podendo ser aindamais significante do que para os ouvintes, que nãoprecisam tanto desse recurso como forma decompensar um déficit auditivo.

Leybaert (1998) refere que estudos teóricos eempíricos desenvolvidos nos últimos 20 anos têmmostrado que a leitura labial melhora a informaçãofonológica, a qual é levada em consideração noprocessamento da fala inclusive para os ouvintes.Entretanto, o principal problema é que a leitura labialnão permite a percepção de contrastes fonológicos.Ou seja, os movimentos visuais da fala dão algumaspistas a respeito do ponto de articulação, mas não deaspectos como nasalidade e sonoridade dos fonemas.

Esse autor ainda relata que o estímulo oferecidopela leitura labial pode fornecer informações sobreas características fonológicas gerais, como o númerode sílabas, entretanto não o faz de aspectos maisdetalhados como o número de fonemas de umapalavra.

Com base nos resultados pode-se verificar quecrianças surdas usuárias de LIBRAS apresentamconsciência fonológica melhor desenvolvida para ashabilidades fonêmicas que as ouvintes. Isto sugereque a aquisição de consciência fonológica para elasparece não seguir a escala evolutiva de aquisiçãoproposta às ouvintes, uma vez que estas, inicialmente,apresentam altos índices de habilidades silábicas esupra-segmentares e índices baixos para asfonêmicas.

Os resultados obtidos pelas crianças nasavaliações fornecem evidências de que o Treinamentode Consciência Fonológica, ao qual as participantesdo estudo foram submetidas, auxiliou no seuaprimoramento, o que foi constatado não apenas pelosescores alcançados nos subtestes da PCF, mastambém no desempenho durante a realização doTreino, em que se observou que todas as tarefasdestinadas a trabalhar as habilidades da consciênciafonológica foram realizadas de maneira satisfatóriapelas crianças.

Além disso, os resultados da terceira avaliaçãoda PCF, quando comparados aos da segundaavaliação, demonstraram uma evolução maissignificativa que os obtidos na segunda avaliação comrelação à primeira. Isto quer dizer que, após umperíodo de cinco meses sem receber nenhumaintervenção quanto à consciência fonológica, apenasparticipando de atividades escolares normais, ascrianças do estudo mantiveram seus níveis deconsciência fonológica praticamente estáveis.Entretanto, depois de serem submetidas a umaintervenção direta na consciência fonológica,recebendo um Treinamento específico, elasalcançaram uma evolução mais expressiva em seusresultados.

Ressalta-se também que os escores da terceiraavaliação, pós-treinamento de consciência fonológica,mantiveram-se bastante homogêneos, ou seja, houvepouca variação entre os participantes, o que pode

2 Alfabeto manual ou datilologia, são símbolos usados pararepresentar os grafemas. Ela pode servir para palavras estrangeiras,nomes próprios que ainda não tenham recebido o “apelido” emsinal, nomes de lugares ou palavras novas. Célia Regina RamosHistória da datilologia. Retirado em 13/06/2006, dehttp:www.editora-arara-azul.com.br/downloads/datilologia.doc.

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ser considerado como mais um indicativo de que oTreino de Consciência Fonológica foi benéfico paraas crianças. Como elas receberam o mesmotreinamento e apresentaram homogeneidade nosresultados, pode-se inferir que, provavelmente,evoluíram também de forma homogênea, indicandoque o Treinamento teve um efeito positivoconsiderável no aprimoramento dos níveis deconsciência fonológica.

Considerações sobre a PCF

Para a avaliação da consciência fonológica emcrianças surdas por meio da PCF, algumas questõespodem ser discutidas. Durante as avaliações deconsciência fonológica, principalmente para ossubtestes de manipulação fonêmica e silábica, osparticipantes não obtiveram resultados satisfatórios.Um dos indícios que pode justificar esteacontecimento é o fato de as palavras utilizadas naPCF, nestes subtestes, não serem comuns à realidadedestas crianças, como por exemplo, o verbo “piscar”e o substantivo “louça”.

O desempenho das crianças foi diferente comas palavras utilizadas no Treino de ConsciênciaFonológica, selecionadas cuidadosamente parasatisfazer a esta preocupação, isto é, que fossem maiscomuns ao vocabulário delas. É importante considerartambém que para essas crianças surdas as palavrasmais comuns seriam as que têm um sinalcorrespondente em LIBRAS.

Após o Treinamento de Consciência Fonológicaobservou-se que no subteste de manipulação silábicanenhum dos participantes conseguiu acertar subiteme no subteste da fonêmica todos acertaram só umsubitem. Nele a criança era solicitada a retirar o últimofonema, representado pela letra “o” da palavra “solo”,em que a palavra resultante seria “sol”, que é bastantecomum no seu vocabulário, possuindo um sinalcorrespondente em LIBRAS também conhecido porelas. Este achado confirma os dados de Transler ecols (1999), que afirmam que as crianças surdas,probablemente, são capazes de realizarrepresentações fonológicas de palavras pequenas efamiliares. Mas, que encontram mais dificuldadequando se deparam com palavras maiores e que nãolhe são comuns.

Dessa forma, pode-se supor que estas criançaspoderiam até alcançar um escore maior nashabilidades fonêmicas e silábicas, principalmentedepois de constatado que durante o Treino deConsciência Fonológica elas conseguiram executaradequadamente as tarefas relacionadas a taishabilidades.

Considerações finais

Os dados obtidos neste estudo fortalecem ahipótese de que crianças surdas podem adquirirhabilidades de consciência fonológica, em especialas fonêmicas, e que um treinamento de consciênciafonológica auxilia a desenvolver as habilidadesfonológicas.

Embora não tenha sido possível observar seestas habilidades são pré-requisitos para leitura eescrita, como apontado pela literatura para criançasouvintes, ou resultantes da instrução formal de leiturae escrita a que são submetidas no ambiente escolar,foi possível observar que o processo de aquisição deconsciência fonológica parece ocorrer de formadistinta para crianças surdas em relação às ouvintes.

Estudos futuros conduzidos com crianças maisjovens, usuárias exclusivamente de LIBRAS, podemverificar a presença ou não de consciência fonológicanas surdas, antes do início da escolarização e,finalmente, esclarecer qual habilidade precede a outra.Além disso, verificar se o aumento dos escores deconsciência fonológica, obtidos no pós-treinamentode consciência fonológica, repercutiriampositivamente nas habilidades de leitura e escritadessas crianças.

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Endereço para correspondência:

Érika Costa de Souza. Universidade Estadualde Ciências da Saúde de Halagaos, Faculdade deFonoaudiologia de Halagaos. Rua Jorge de Lima, 113.Trapiche da Barra, CEP: 57010-300, Maceió-AL,Brasil. E-mail: [email protected]

Artigo recebido em 22/08/2006.

Aceito para publicação em 30/03/2007.

Érika Costa de Souza é acadêmica do 5º anodo curso de Fonoaudiologia da Universidade Estadualde Ciências da Saúde de Alagoas / UNCISAL.

Heloisa Helena Motta Bandini é Doutora emEducação Especial pela Universidade Federal de SãoCarlos e Profa. Assistente da Faculdade deFonoaudiologia de Alagoas / UNCISAL.