9
As lógicas territoriais do desenvolvimento: diversidades e regulação The territorial logics of the development: diversities and regulation  Les logiques territoriales du dé veloppement: diversites et regulation Las lógicas territoriales del desarrollo: diversidades y regulación Elson L.S. Pires* Recebido em 27/2/2007; revisado e aprovado em 19/4/2007; aceito em 23/8/2007 Resumo: A apresentação das lógicas territoriais do desenvolvimento, objeto do presente artigo, resulta da compilação de leituras sistematizadas, cujo objetivo é apresentar as principais associações entre teorias, conceitos e tipologias. A questão central é a relação entre o território e o desenvolvimento, entendido como um processo de mudança social dinamizado por expectativas territorialmen te localizadas e geradoras de cidadania. A relação expressa, hipoteticamente, a possibilidade de uma ação coletiva intencional dos agentes e instituições para o desenvolvimento. Palavras-chave : desenvolvimento; instituições; território. Abstract: The presentation of the territorial logics of the development, object of the present article, results of the compilation of systemize readings, whose objecti ve is to present the main associations between theories, concepts and typologies. The central question is the relation between the territory and the development, understood as one process of social change dynamic by expectations territorially located and generating of citizenship. The express relation, hypothetically, the possibility of an intentional collective action of the agents and institutions for the development. Key words: development; institutions; territory. Résumé: La présentation des logiques territoriales du développement, objet du présent article, résulte de la compilation de lectures systématisées, dont l’objectif est présenter les principales associations entre des théories, concepts et typologies. La relation exprimée, hypothétiquement, la possibilité d’une action collective intentionnel le des agents et les institutions pour le développement. Mots-clé: développement; institutions; territoire. Resumen: La presentación de las lógicas territoriales del desarrollo, objeto del presente artículo, resulta de la compilación de lecturas sistematizadas, cuyo objetivo es pres entar las principales asociaciones entre teorías, conceptos y tipologías. La relación expresada, hipotéticamente, la posibilidad de una acción colectiva intencion al de los agentes y las instituciones para el desarrollo. Palabras clave: desarrollo; instituciones; territorio. INTERA ÇÕES Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 2, p. 155-163, Set. 2007. * Professor Livre Docente do Departamento de Planejamento Territorial e Geoprocessamento e do Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Rio Claro. Coordenador do Laboratório de Desenvolvimento Territorial (LaDeTer). O autor agradece as contribuições de Adriana R. Verdi (IEA) e Geraldo Muller (UNESP). E-mail: [email protected] Introdução Influenciadas por diferentes concep- ções econômicas, sociológicas, geográficas e ecológicas, as análises das lógicas territoriais na globalização enfatizam a importância do local, do meio ambiente, da paisagem, do ecossistema e do geosistema para o estudo do desenvolvimento, e, especificamente, para o desenvolvimento territorial. Esses trabalham chamam a atenção para a necessidade de conceber a territoria- lidade e seus componentes como o objeto do desenvolvimento em si, mas também o efei- to da relação estreita entre o homem e a so- ciedade, de um lado, e, de outro, os espaços e seus territórios diferenciados. Estes fatos e noções reforçam uma lógi- ca territorializada do crescimento e do de- senvolvimento. Segundo Scott (2003), trata- se de enfocar a existência dos efeitos do im- pulso regional na divisão territorial (espacial) do trabalho como resultante da diferencia- ção das externalidades provenientes das aglomerações geográficas, que se constitui em possibilidade reais para as políticas e prá- ticas de crescimento e de desenvolvimento viáveis, destinadas a reforçar as propriedades dos fatores que favorecem a produtividade das regiões e o bem-estar social nos países em desenvolvimento. Para Wackermann (2005, p.10), trata-se de colocar a dimensão das representações dos componentes terri- toriais que influencia sobre o desenvolvimen- to, na medida em que o território tem maior chance de ser apreendido como instância do real cotidiano e das múltiplas facetas da iden- tidade. A complexidade de um território re-

PIRES_As Lógicas Territoriais Do Desenvolvimento_diversidade e Regulação

Embed Size (px)

Citation preview

  • As lgicas territoriais do desenvolvimento: diversidades e regulaoThe territorial logics of the development: diversities and regulationLes logiques territoriales du dveloppement: diversites et regulation

    Las lgicas territoriales del desarrollo: diversidades y regulacin

    Elson L.S. Pires*

    Recebido em 27/2/2007; revisado e aprovado em 19/4/2007; aceito em 23/8/2007

    Resumo: A apresentao das lgicas territoriais do desenvolvimento, objeto do presente artigo, resulta da compilaode leituras sistematizadas, cujo objetivo apresentar as principais associaes entre teorias, conceitos e tipologias. Aquesto central a relao entre o territrio e o desenvolvimento, entendido como um processo de mudana socialdinamizado por expectativas territorialmente localizadas e geradoras de cidadania. A relao expressa, hipoteticamente,a possibilidade de uma ao coletiva intencional dos agentes e instituies para o desenvolvimento.Palavras-chave: desenvolvimento; instituies; territrio.Abstract: The presentation of the territorial logics of the development, object of the present article, results of thecompilation of systemize readings, whose objective is to present the main associations between theories, concepts andtypologies. The central question is the relation between the territory and the development, understood as one processof social change dynamic by expectations territorially located and generating of citizenship. The express relation,hypothetically, the possibility of an intentional collective action of the agents and institutions for the development.Key words: development; institutions; territory.Rsum: La prsentation des logiques territoriales du dveloppement, objet du prsent article, rsulte de la compilationde lectures systmatises, dont lobjectif est prsenter les principales associations entre des thories, concepts ettypologies. La relation exprime, hypothtiquement, la possibilit dune action collective intentionnelle des agents etles institutions pour le dveloppement.Mots-cl: dveloppement; institutions; territoire.Resumen: La presentacin de las lgicas territoriales del desarrollo, objeto del presente artculo, resulta de lacompilacin de lecturas sistematizadas, cuyo objetivo es presentar las principales asociaciones entre teoras, conceptosy tipologas. La relacin expresada, hipotticamente, la posibilidad de una accin colectiva intencional de los agentesy las instituciones para el desarrollo.Palabras clave: desarrollo; instituciones; territorio.

    INTERAESRevista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 2, p. 155-163, Set. 2007.

    * Professor Livre Docente do Departamento de Planejamento Territorial e Geoprocessamento e do Programa dePs-Graduao em Geografia do Instituto de Geocincias e Cincias Exatas da Universidade Estadual Paulista(UNESP), Campus de Rio Claro. Coordenador do Laboratrio de Desenvolvimento Territorial (LaDeTer). O autoragradece as contribuies de Adriana R. Verdi (IEA) e Geraldo Muller (UNESP). E-mail: [email protected]

    Introduo

    Influenciadas por diferentes concep-es econmicas, sociolgicas, geogrficas eecolgicas, as anlises das lgicas territoriaisna globalizao enfatizam a importncia dolocal, do meio ambiente, da paisagem, doecossistema e do geosistema para o estudodo desenvolvimento, e, especificamente,para o desenvolvimento territorial.

    Esses trabalham chamam a atenopara a necessidade de conceber a territoria-lidade e seus componentes como o objeto dodesenvolvimento em si, mas tambm o efei-to da relao estreita entre o homem e a so-ciedade, de um lado, e, de outro, os espaose seus territrios diferenciados.

    Estes fatos e noes reforam uma lgi-ca territorializada do crescimento e do de-

    senvolvimento. Segundo Scott (2003), trata-se de enfocar a existncia dos efeitos do im-pulso regional na diviso territorial (espacial)do trabalho como resultante da diferencia-o das externalidades provenientes dasaglomeraes geogrficas, que se constituiem possibilidade reais para as polticas e pr-ticas de crescimento e de desenvolvimentoviveis, destinadas a reforar as propriedadesdos fatores que favorecem a produtividadedas regies e o bem-estar social nos pasesem desenvolvimento. Para Wackermann(2005, p.10), trata-se de colocar a dimensodas representaes dos componentes terri-toriais que influencia sobre o desenvolvimen-to, na medida em que o territrio tem maiorchance de ser apreendido como instncia doreal cotidiano e das mltiplas facetas da iden-tidade. A complexidade de um territrio re-

  • 156 Elson L.S. Pires

    INTERAESRevista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 2, Set. 2007.

    sulta, entre outras coisas, de noes de iden-tidade e de concepes culturais.

    Este artigo visa destacar esta relevnciada dimenso territorial nas estratgias recen-tes de desenvolvimento local e regional. Naprimeira seo, de carter mais geral e comfuno de suporte a seo seguinte, preocu-pa-se com a diversidade das lgicas espaciaiscom base nas abordagens regulacionistas eseus possveis vnculos com a anlise do de-senvolvimento territorial. A segunda seoestende essas abordagens para reconcili-lascom as origens e os fatores explicativos dasteorias e prticas da regulao do desenvol-vimento territorial recente no Brasil, combase no aproveitamento das potencialidadesdos recursos e na criao de especificidadeslocais e regionais. A terceira seo conclui oartigo. Trata-se aqui de sugerir a articula-o entre as lgicas territoriais, situando-asno debate contemporneo do desenvolvi-mento local e regional.

    1 A diversidade das lgicas territoriais

    De maneira geral, cada vez mais fre-qente o emprego da expresso desenvol-vimento territorial nas cincias humanas esociais (STORPER, 1993, 1997; PECQUEUR,2001; BENKO & PECQUEUR, 2001;BOISIER, 2001; MAILLAT, 2002, VEIGA,2002; RIBAS et al, 2004; PIRES, 2006; PIRESet al., 2006). Tal tendncia, apesar de tratar-se de uma noo recente na literatura, in-dica uma revalorizao da dimenso espa-cial-territorial na economia, na sociologia ena geografia.

    A hiptese do desenvolvimento localest baseada em lgicas geogrficas, sociaise econmicas mais ou menos implcitas nasdinmicas territoriais. Quais seriam as lgi-cas imprescindveis que explicam o desen-volvimento territorial? Esta seo procuraabordar conceitualmente algumas das lgi-cas que mais se destacam.

    A lgica das escalas

    As mudanas recentes nas hierarquiasespaciais sinalizam para uma viso mais di-nmica do papel dos territrios locais nascincias humanas e sociais (CASTELLS,1999a; SANTOS, 1998; SCOTT, 1997;

    VELTZ, 1996).Alguns observadores procuram cha-

    mar a ateno para uma questo significati-va, constitutiva de uma mudana paulati-na de escala, ou de uma nova recomposi-o dos espaos frente s novas tendnciasda evoluo econmica internacional1. Tra-ta-se de uma mutao geopoltica maior dascondies de produo, de competncia e deinterdependncia. Se na escala superior com-provamos a criao ou o reforo dos blocoseconmicos (no comeo principalmentecomo mercados comuns, e logo evoluindopara espaos poltico e economicamenteunidos), na escala mais baixa, com a descen-tralizao do Estado, nota-se a busca por umreforo das unidades territoriais no nvel re-gional e local.

    Este ambiente transformado pelaglobalizao mostra que a representao daestrutura do espao geogrfico, econmicoe social hoje bem mais complexa, neces-sitando de novos conceitos para alm dosconceitos clssicos de polarizao2 e domi-nao3.

    De um lado, as mutaes espaciais re-centes descritas na literatura confirmam apermanncia dos efeitos da polarizao, masno tanto identificados com o papel da in-dstria pesada. A permanncia de um efei-to de atrao das cidades um fato incon-testvel que se verifica em todo mundo. Acidade tornou-se um plo que conduz ao seuredor outras atividades decorrentes da suadensidade humana, das infra-estruturas quese beneficia e do poder de compra que re-presenta. Esta polarizao no o resultadodas atividades industriais tradicionais. Acrise econmica das velhas regies indus-triais frente ao crescimento e a presena deregies de tradio rural mostra que os efei-tos da polarizao hoje no tm necessaria-mente o mesmo efeito amplo de atividadesque se exerce nos plos de desenvolvimento.A recomposio das hierarquias espaciaistraz a importncia da qualidade das rela-es entre atores sociais e econmicos. Umdos recursos principais mais performticosda constituio dos plos econmicos regio-nais a presena elevada do potencial hu-mano, quer dizer, da existncia de uma po-pulao densa, disponvel, qualificada e, so-bretudo, capaz de se adaptar s mudanas

  • 157As lgicas territoriais do desenvolvimento: diversidades e regulao

    INTERAESRevista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 2, Set. 2007.

    tcnicas e aos constrangimentos crescentesdo mercado mundial. Poderia-se assim falarde uma polarizao territorial (PECQUEUR,2001, p. 25-6).

    Por outro lado, as mutaes na orga-nizao do espao observadas pela literatu-ra contradizem em parte as teorias da do-minao, que se apiam sobre a existnciade desigualdades crescentes entre pases eregies (Frank; Emmanuel). Observa-se tan-to a existncia de fenmenos de desigualda-des persistentes ou mesmo crescentes, mastambm parece cada vez mais difcil expli-car essas situaes atravs de grandes leisuniversais que se aplicariam mecanicamen-te. O surgimento de regies industrializadasnos pases subdesenvolvidos ou em desen-volvimento, como de certas regies desfavo-recidas nos pases desenvolvidos, rene in-meros exemplos que fragilizam e surpreen-dem o ordenamento da polarizao indus-trial e da oposio entre centro e periferia,redistribuindo a nova diviso territorial dotrabalho. Entretanto, no so todas as regiesrurais que se desenvolvem e nem so todasas regies industriais que perdem4.

    A lgica do ator-coletivo

    O reforo mtuo das estratgias dosatores passa pelas relaes especficas asquais eles esto entrelaados. da naturezadessas ligaes que se determina a eficinciaprodutiva dos atores e se permite encontraro carter local do desenvolvimento(PECQUEUR, 2001, p. 41).

    Os anos 80 deram incio a uma novateoria do desenvolvimento, conhecida comodesenvolvimento por baixo. Ela opunhaao capitalismo dominante o potencial localde organizao, propondo uma lgica de au-tonomia (relativa), quer dizer, um modoalternativo de desenvolvimento endgeno elocalizado que contasse com suas prpriasforas. Esta corrente de reflexo, marcadapor uma problemtica ecologista, funcionoucomo um sinal de alarme. Ela se elevava con-tra a ditadura das grandes empresas e es-truturas que esterilizam a imaginao cria-dora dos atores e desperdiam os recursoshumanos.

    Nas experincias de desenvolvimentolocal em alguns pases do Europa, o ator prin-

    cipal que tem sido destacado o animadorinstitucional, mais ainda que as empresas.Esta personalizao no prejudica a qualida-de e a competncias dos empreendedores,mas ela marca uma tentativa voluntarista doprojeto de desenvolvimento, marcada pelasvises de autonomia prescrita e autonomiadesejada. A rejeio da dominao do exte-rior (agressor) rechaada e em seu lugarbusca-se justificar a unidade do interior, suasolidariedade e sua coerncia (PECQUEUR,2001, p. 40).

    Essa dificuldade na identificao deuma lgica comum do ator que impulsiona-ria o desenvolvimento local no apenasemprica, mas uma questo de fundo teri-co frgil. Se o que faz a diferena entre osmodelos de desenvolvimento local a espe-cificidade das experincias, plausvel su-por que o tipo de ator que promove a trans-formao local no pode ser premeditado.Em alguns casos ele confundido com o in-divduo-empresrio-empreendedor, em ou-tros casos com a organizao (empresa ouuma rede de empresas), ou h casos mesmoem que o prprio territrio, como ator co-letivo, que faz o desenvolvimento. Nessecaso, trata-se da criao de uma forma ins-titucional coletiva, isto , a governana ter-ritorial, que agrega os atores para pilotaremjuntos uma estratgia de desenvolvimentolocal em comum.

    Entretanto, dar aos atores um lugarcentral nas relaes econmicas necess-rio, mas no suficiente. Segundo Pecqueur(2001, p. 40), o desenvolvimento local no sistematicamente identificado a um proje-to coletivo. Ele , mais prosaicamente, a con-seqncia de uma combinao favorvel deprojetos individuais que se reencontram par-ticularmente atravs de interesses comuns.No mundo atual, as sociedades locais vivemuma solidariedade que no sempre cons-ciente e formulada como tal. A estratgia deadaptao dos atores aos constrangimentosexteriores refora-os mutuamente nos luga-res, instalando um novo processo de desen-volvimento. Desta forma, as vantagens daproximidade e das ligaes do tipo local nopodem produzir efeitos positivos se no es-tiverem totalmente abertas ao exterior.

  • 158 Elson L.S. Pires

    INTERAESRevista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 2, Set. 2007.

    A lgica das redes

    Somente as relaes mercantis no sosuficientes para compreender a riqueza dasrelaes humanas entre os atores sociais.Aqum do mercado, existe um vasto campode relaes que funcionam maneira deuma rede, que obedecem a regras de proximi-dade geogrfica ou profissional, ou parental.No caso da criao de Pequenas e MdiasEmpresas (PMEs), pode ser constatado quea mobilizao principal mais freqente dasrelaes ocorram pelo vis das estratgias degesto patrimonial. Essas estratgias se ins-crevem nas relaes de solidariedades fami-liares e de conluios que nada tm a ver comas relaes mercantis. Desta forma, pode-seconsiderar a empresa como um sistema aber-to de comunicao pela qual e na qual cir-culam as informaes de toda natureza. Selimitarmos as relaes que influenciam acapacidade das empresas de produzir e devender produtos e servios, elas podem serconsideradas como redes com finalidadeprodutiva (PECQUEUR, 2001, p. 42).

    No caso do empreendedor, este mobi-liza em torno dele dois tipos de rede com fi-nalidade produtiva. O primeiro tipo de rede ativado por um conjunto de instituies nasquais os fins esto claramente definidos, quetenha vocao e competncia para prolon-gar as relaes com a empresa (PECQUEUR,2001, p. 43). O segundo tipo de rede agrupaas relaes pessoais e informais, que so ca-ractersticas de uma cultura local. So as re-laes de solidariedade que so indispens-veis para completar a rede institucional. Es-sas relaes informais formam uma cadeiade redes flexveis cuja fronteira j no maisclaramente definida. No primeiro lugar des-sas relaes esto as redes familiares e emsegundo as redes profissionais.

    Segundo Pecqueur (2001, p. 45), acombinao desses dois tipos de redes (ins-titucionais e familiares) que permite definirum meio local. Trata-se no de um projetovoluntarista de um desejo de desenvolvi-mento freqentemente fechado ao exteriorque guia uma dinmica de desenvolvimen-to local, mas da densidade de redes com fi-nalidade produtiva. No momento em que acombinao positiva, isto , quando noh impedimento ou incompreenso forte

    entre os atores, pode-se observar a emergn-cia de um meio produtivo inovador, e o sur-gimento de dinmicas territoriais que tiramdos recursos humanos prximos os meios dese adaptar complexidade e globalizaodos mercados.

    Nesse contexto, as redes informais notm o objetivo declarado de regulao dasrelaes entre atores. Sua densidade mui-to varivel de um lugar a outro. Elas permi-tem uma socializao da atividade de pro-duo e so as expresses da capacidade lo-cal de organizao, desde que cada ator te-nha conscincia de pertencer a uma mesmacomunidade cultural. Este pertencimento auma comunidade est ligado identidade ea representao simblica que cultiva a uni-dade da regio ou do territrio local. A cons-truo material e imaterial (simblica) doterritrio compreende a procura de critriosobjetivos e subjetivos de identidade lo-cal ou regional, que podem ser objetos daslutas pelo poder de representaes mentais,materiais e de manifestaes sociais(BOURDIEU, 1989). A construo da iden-tidade coletiva depende em grande medidados determinantes do contedo simblicodessa identidade, bem como de seu signifi-cado para aqueles que com ela se identifi-cam ou dela se excluem (CASTELLS, 1999b).

    Essas redes humanas de relaes ma-teriais e simblicas entre atores existem sem-pre, e so as expresses mximas das redese das identidades da vida social. Entretanto,nem sempre elas so dinmicas e o meio queelas formam tambm nem sempre apresen-ta capacidade de renovao.

    A lgica das aes

    Segundo Pecqueur (2001, p. 46-7),pode-se afirmar que cada processo de de-senvolvimento local depende basicamente dacapacidade de trs aes estratgicas: se ino-var, se adaptar e se regular. a ao di-nmica das redes de atores formais e infor-mais que permite a realizao conjunta des-sas condies.

    A capacidade de inovao pode ser tc-nica e diz respeito a um novo produto ou aum novo processo de fabricao, concebidopor um empreendedor individual ou coleti-vo (empresa, grupo). Ela aplicada na orga-

  • 159As lgicas territoriais do desenvolvimento: diversidades e regulao

    INTERAESRevista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 2, Set. 2007.

    nizao da produo e do trabalho na em-presa, alterando a organizao social de con-juntos de empresas (por exemplo, a flexibili-dade). Para Pecqueur (2001, 47), as redesde relaes esto no corao da inovao.

    O autor considera que alm das ino-vaes individuais, o desenvolvimento deum territrio requer uma inovao integra-da como um patrimnio comum que no aceita por todos em condies de se integrarno sistema de relaes profissionais em vi-gor no territrio considerado (PECQUEUR,2001, p. 48).

    A capacidade de inovao coletivadeve permitir a adaptao do meio local, isto, a condio de reagir s mudanas dosmercados nacionais e mundiais. A capaci-dade de reagir se mede pelo nvel de solida-riedade espacial que mantm os atores noterritrio. Esta no pode existir sem que omeio seja suficientemente denso, para queas relaes entre os atores possam se inten-sificar (estrutura urbana, redes de transpor-tes, populao e mo-de-obra disponvel, umnmero importante de PMEs). Por essas ra-zes que a solidariedade espacial no podeser decretada nem instaurada no curto pra-zo, pois as redes informais mais ainda queas redes institucionais s se constroem nolongo prazo (PECQUEUR, 2001, p. 48).

    Na grande maioria das vezes, a soli-dariedade espacial se configura em torno deum coletivo de empreendedores aberto aoutros atores (bancos, poderes pblicos, as-sociaes, consumidores etc). Para ser efi-ciente, este coletivo de atores deve est inse-rido na cultura do meio onde est implanta-do. Ele deve ter uma conscincia clara e po-sitiva de sua identidade local e da sua cultu-ra industrial, mas deve, da mesma maneira,ser reconhecido e legitimado como tal peloconjunto do corpo social. A solidariedade es-pacial o resultado de um ambiente favor-vel que permite que as relaes de rede seadaptem s inovaes e s necessidades vin-das do exterior (PECQUEUR, 2001, p. 49).

    Finalmente, a capacidade de regulao uma ao estratgica em que o local temde produzir um conjunto de regras em har-monia com as regras de nveis mais elevados,a fim de prolongar a existncia de uma solida-riedade sociocultural entre todos os atoresdos territrios nacionais e transnacionais.

    Como afirma Pecqueur (2001, p. 49), aregulao uma noo muito global quepode ser definida como a regularidade e aestabilidade relativa das formas de solidarie-dade que permitem a reproduo das con-dies favorveis inovao. Ela consti-tuda por regras de comportamento que soexplcitas e institucionais, mas tambm im-plcitas e informais. No primeiro caso, a lei eos regimentos organizam as relaes entreatores a nvel nacional, onde as sociedadeslocais tm pouco para se afirmarem. Essaspodem se apropriar de recursos institucio-nais para estabelecer comportamentos cole-tivos implicitamente aceitos. A regulaolocal requer uma conivncia entre os atoresdiretamente implicados na produo e nacultura do ambiente. Esta conivncia orga-niza as relaes entre os atores, sua ma-neira, que procuram uma autonomia relati-va com relao s regras em vigor nos nveisnacional e internacional.

    No caso do desenvolvimento local, soas redes informais e institucionais que criamum espao onde as trs etapas podem se ar-ticular. A estratgia a partir do potencial lo-cal no um fechamento, mas ao contrrio,uma abertura que se define em relao e emfuno dos outros nveis de regulao polti-ca (nacional, internacional). Nesse proces-so, as regies, ou ainda melhor, os territ-rios, tornaram-se cada vez mais as fontes es-pecficas de ativos, recursos e vantagenscompetitivas, mas tambm os fiis solidriosno desenvolvimento nacional e internacio-nal. A idia de que o desenvolvimento lo-calizado e dependente de ativos e recursosprprios a certas regies (capital natural,capital humano, capital social, capi-tal simblico), est presente nos estudos quetrazem novas luzes para entender a din-mica e os mecanismos de induo do desen-volvimento local e regional.

    2 O desenvolvimento territorial e aregulao do territrio

    O processo que est na origem das li-gaes dos agentes com os territrios, atra-vs das organizaes, instituies e polticas,como abordado anteriormente, cria o quechamamos de desenvolvimento territorial.Este pode ser entendido como um processo

  • 160 Elson L.S. Pires

    INTERAESRevista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 2, Set. 2007.

    de mudana social de carter endgeno, ca-paz de produzir solidariedade e cidadaniacomunitria, e de conduzir de forma inte-grada e permanente a mudana qualitativae a melhoria do bem-estar da populao deuma localidade ou de uma regio. O proces-so de desenvolvimento territorial dinami-zado por expectativas de agentes locais/re-gionais, nas quais o territrio seria o agen-te/ator principal do desenvolvimento, e aspolticas pblicas, as instituies, as organi-zaes e as governanas seriam os recursosespecficos, a um s tempo disponvel e aserem criados (inventados e/ou inovados) nolocal ou regio, ou nos mais diversos elos darede mundial. O desenvolvimento territorial o resultado de uma ao coletiva intencio-nal de carter local e especfica, portanto,uma ao associada a uma cultura, a umplano e instituies locais, tendo em vistaarranjos de regulao das prticas sociais(PIRES; MULLER; VERDI, 2006).

    De um ponto de vista interdisciplinar,esta noo conceitual permite ultrapassar oslimites e dilemas dos mecanismos clssicosde regulao dicotmica do desenvolvimen-to, como Estado ou mercado, para introdu-zir o papel da sociedade civil atravs de ar-ranjos institucionais intermedirios como ascomunidades e associaes locais. Estes ele-mentos fundam um territrio local. Destaforma, o Estado (poder pblico), o mercadoe a sociedade civil comunitria seriam os trsagentes capazes de resolverem os grandesconflitos, a promoverem o territrio a assu-mir o papel de agente do desenvolvimento,e das mudanas scio-espaciais5. Todavia,qualquer forma de se apoiar, doutrinaria-mente, em apenas uma das trs pontas dotringulo (Estado, mercado, sociedade civilcomunitria), incluiria o perigo de eliminare incapacitar as outras fontes de ao, ne-cessrias para a criao, regulao e a inte-grao social. A sociedade civil enquantocomunidade pode firmar um papel determi-nante na conciliao dos imperativos da efi-ccia da dinmica do crescimento, quer di-zer, a produtividade, o nvel de vida e dejustia social, necessrio para uma reparti-o no demasiadamente desigual dos divi-dendos do crescimento.

    Nesse sentido que o debate da gover-nana do desenvolvimento territorial se pau-

    ta em um equilbrio necessrio e complemen-tar entre o Estado, o mercado e a sociedadecivil/comunidade. Ao Estado correspondea capacidade humana de julgamento razo-vel, ao mercado corresponde o interesse, e comunidade corresponde a solidariedade.Nesse sentido, acentua-se a cooperao naestratgia de desenvolvimento, o alcance dosaspectos extra-econmicos, que objetivariaa sensibilizao da comunidade ou da regiopara suas vocaes e potencialidades, par-tindo das vantagens econmicas e extra-eco-nmicas localizadas, atravs de um proces-so de governabilidade participativa, demo-crtica e solidria que envolveria governos(federal, estadual e municipal), entidades declasse, organizaes no governamentais elideranas comunitrias. A mudana socialesperada seria o resultado combinado dasambigidades frente s novas tendncias dedemocratizao, globalizao, descentraliza-o e participao (PIRES; REIS, 2001).

    No Brasil a criao surpreendente deorganizaes e instituies locais sob a for-ma de conselhos, comits, agncias e con-srcios que ultrapassam os limites munici-pais parte desse novo quadro da reaolocal s mudanas globais. A nova consti-tuio brasileira de 1988 impulsionou novosprocessos de territorializao e localizao,abrindo a chance de novos arranjos institu-cionais de governana. Esses processos tmgerado igualmente, maior solidariedade ter-ritorial local. As investigaes apontam doistipos de tendncias nos ltimos 20 anos. Deum lado, houve disseminao de conselhoslocais de gesto de polticas pblicas de ca-rter redistributivo, e, de outro lado, propor-cionalmente, menor difuso de fruns dedesenvolvimento regional, vinculados a de-cises econmicas com impacto na mobili-zao abrangente sobre a representao dasociedade civil local (PIRES; NEDER, 2006).

    Nesta dinmica atual do sistema eco-nmico mundial, as regies e as localidades,ou melhor, os territrios, tm se convertidoem novos atores coletivos e fontes de vanta-gens competitivas (COLLETIS; PECQUEUR,1993; GILLY; PECQUEUR, 1995; GILLY;TORRE, 2000; VELTZ, 1996; PORTER,2005). As polticas pblicas de desenvolvi-mento do territrio, antes a cargo do podercentral, tm sido, nesses processos, delega-

  • 161As lgicas territoriais do desenvolvimento: diversidades e regulao

    INTERAESRevista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 2, Set. 2007.

    das s suas coletividades territoriais e locais.Assim que o desenvolvimento local, emteoria e na prtica, vem substituir a regula-o do desenvolvimento estatal e centraliza-dor caracterstico do perodo anterior. Hojenos encontramos em uma nova onda de pro-gramas e projetos locais de desenvolvimen-to. A relevncia dos fatores locais nas din-micas econmicas vem criar novas perspec-tivas de diversificao das polticas econ-micas, sociais e culturais.

    Portanto, o renascimento dos meioslocais e regionais como lugares da organiza-o econmica, cultural e poltica oferecenovas e inesperadas possibilidades para arenovao da vida em sociedade. assim queuma nova viso poltica local est se gestandono novo contexto global, na qual a demo-cracia e a cidadania adquirem um novo sen-tido no contato da sociedade local. A cria-o de novas entidades locais e de novasaes democrticas est em perspectiva. Umanova viso de desenvolvimento surge basea-da na sustentabilidade e na solidariedadecomo recursos especficos, uma ferramentapossvel de edificar comunidades e socieda-des locais democrticas mais equilibradas emenos desigual.

    No Brasil, esta anlise da regulao dodesenvolvimento local como possibilidade dedescentralizao da economia e da polticaestatal centralizadora, mostra as evidnciasde base para um novo pacto federativo, aomesmo tempo conceitual e prtico, emborapoliticamente controverso.

    Para alm de uma lgica mercantil?

    A literatura analisada mostra que, nanova organizao em curso dos sistemas eco-nmicos nacionais e locais, o conjunto dasmutaes das estruturas do espao econ-mico e da organizao das unidades de pro-duo tornou evidente a importncia dasrelaes humanas fora do mercado. Trata-se de um novo modo de relaes entre ato-res e organizaes que funciona em rede,como um modo singular de sinergias cultu-rais que ultrapassa a relao mercantil.

    As mudanas para novas prticasno-mercantis colocam em cheque as con-cepes e as anlises tradicionais do desen-volvimento. Desta forma, vimos emergir uma

    viso sobre o desenvolvimento local que pro-vm de um novo olhar sobre a dinmica ter-ritorial dos fluxos econmicos.

    Nos pases desenvolvidos, o desenvol-vimento local proposto como alternativaao modelo fordista que utiliza mal a forade trabalho humana. Entretanto, a sinergiadas relaes em rede no aparece para to-dos os territrios com a mesma intensidadee a mesma eficcia. Os contextos de surgi-mento desta forma de desenvolvimento comrelaes no-mercantis, ainda so muito es-pecficos aos lugares onde se tm observa-do. Assim sendo, o desenvolvimento localno substituto ao fordismo, nem univer-salizvel. Ele um mtodo de ao para ascomunidades e tambm um quadro norma-tivo de respostas ao desenvolvimento nacio-nal. Ele permite apresentar um conjunto deprticas diversas, mercantis e no mercan-tis, s vezes contraditrias, que valoriza aintimidade que partilha os mecanismos eco-nmicos com a sociedade e a cultura locais(PECQUEUR, 2001, p. 51).

    Os estudos dos anos noventa j mos-travam caractersticas comuns de certas re-laes no-mercantis ou imateriais (servios)que explicavam as especificidades das re-gies ganhadoras no-fordistas: um bomfuncionamento das instituies; uma maiorcapacidade de cooperao dos atores locais,privados e pblicos; uma coordenao dasaes de projetos minimamente estabeleci-das, isto , a governana territorial; um bomesprito empreendedor; uma mo-de-obraqualificada e competente; uma capacidadede inovao, de cooperao e de adaptaoaos novos mercados e s novas tecnologias,etc. (BENKO; LIPIETZ, 1994, 2000). Essascaractersticas foram se expandindo e estona base das principais mudanas para umnovo regime de acumulao.

    Concluses

    A anlise desenvolvida neste artigoprocurou mostrar como as lgicas territoriaisdo desenvolvimento so firmadas entre ato-res nas organizaes e instituies junto sredes de compromissos cvicos, para atingirmetas pr-estabelecidas. A presena ou aausncia dos recursos do territrio expressaas vantagens e desvantagens locacionais, e

  • 162 Elson L.S. Pires

    INTERAESRevista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 2, Set. 2007.

    medem a diversidade e competitividade dodesenvolvimento territorial.

    Esta reflexo ultrapassa as noes cls-sicas do desenvolvimento, ao colocar o de-senvolvimento territorial como temtica po-ltica especfica e de carter interdisciplinar.O desenvolvimento territorial est fundadona dependncia da sociedade na organiza-o da produo social local ou regional, ena criao de instituies com diretrizes lo-cais que fazem expectativas em prol de umameta comum local-nacional, com o apoio doEstado e das parcerias com as estratgiasempresariais privadas.

    Assim sendo, na perspectiva do desen-volvimento territorial, as cidades e regiestornam-se, cada vez mais, as fontes especfi-cas de vantagens competitivas e de solidarie-dade na globalizao. por isso mesmo queo desenvolvimento territorial no universa-lizvel nem transfervel. Ele um mtodo deao normativa para os atores e as comuni-dades em resposta ao desenvolvimento porcima, que valoriza a intimidade das rela-es que partilham os mecanismos econmi-cos com a sociedade e a cultura locais.

    Notas1 Uma sntese das tendncias de recomposio espa-

    cial e descentralizao do sistema econmico inter-nacional pode ser vista em Scott (1997), Benko (2001)e Mller (2000).

    2 Nesse caso, a referncia explcita fsica dos cam-pos magnticos com as noes de gravitao e deatrao. A presena de uma atividade econmica emum lugar determinado polariza outras atividades,aumenta o poder de compra e cria novos empregos.Logo que o plo de atividade exista, ele propaga en-torno dele uma dinmica de desenvolvimento. Istosignifica que a repartio das atividades sobre o ter-ritrio econmico no aleatria nem igualitria.Essa idia no nova e tem em Franoise Perroux(1961) seu principal expoente. O efeito da polariza-o vai ser interpretado e identificado com a ao daindstria pesada (siderurgia, mecnica), que engen-dra efeitos de aglomerao provocando a criao deatividades anexas, como outras indstrias, servios einfra-estruturas que constituem o motor do cresci-mento regional. Estas idias foram transformadas emexperincias concretas tambm no Brasil como estra-tgias tradicionais de desenvolvimento regional (Vol-ta Redonda, Plos Petroqumicos etc).

    3 Nesse caso, a idia se apia sobre a existncia de desi-gualdades crescentes entre pases e entre regies. Exis-tiria um centro e as periferias. Na escala planetria, ocentro constitudo por um conjunto de pases desen-volvidos e industrializados, enquanto a periferia re-presenta a massa indiferenciada dos outros pases rea-

    grupados sob a noo de terceiro mundo. Esta oposi-o transportada no seio de cada pas entre regiesindustrializadas e regies agrcolas. Os centros nose contentam de dominar as periferias, mas eles ali-mentam e perseguem esta dominao. Enquanto ocentro detm a tecnologia, a infra-estrutura e a presen-a financeira, a periferia dispe de mo-de-obra, mer-cado promissor, mas pouco qualificado. Desenvol-ve-se assim uma relao social de dominao entrecentro e periferia. Poderia-se assim falar do desen-volvimento do subdesenvolvimento (A.G. Frank)ou da troca desigual (A. Emmanuel), opondo ospases desenvolvidos a um vasto terceiro mundo.

    4 A respeito das mudanas territoriais da produo naglobalizao ver Benko & Lipietz (1994,2000), Castells(1998).

    5 Uma sntese do debate econmico e sociolgico dacomplexidade das relaes entre Estado, mercado esociedade pode ser vista em Boyer (1998) e Offe (1999).

    RefernciasBENKO, G. A recomposio dos espaos. In: Interaes- Revista Internacional de Desenvolvimento Local, v.1,n. 2, p.7-12, mar. 2001.BENKO, G.; LIPIETZ, A. (orgs.). As regies ganhadoras.Distritos e redes: os novos paradigmas da geografiaeconmica. Oeiras: Celta, 1994.BENKO, G.; LIPIETZ, A. (orgs.). La Richesse des Rgions:la nouvelle gographie scio-conomique. Paris: Puf,2000.BENKO, G.; PECQUEUR, B. Os recursos de territriose os territrios de recursos. In: Revista Geosul, v.16, n.32,p.31-50, jul./dez. 2001.BOISIER, S. Sociedad del conocimiento, conocimientosocial y gestin territorial. In Interaes - RevistaInternacional de Desenvolvimento Local, v.2, n.3, p.9-28, set. 2001.BOURDIEU, P. A identidade e a representao. Ele-mentos para uma reflexo crtica sobre a idia de regio.In: O poder simblico. So Paulo: Difel, 1989. p.107-32.CASTELLS, M. A era da informao: economia, sociedadee cultura a sociedade em rede. So Paulo: Paz e Terra,1999a. v. 1.______. A era da informao: economia, sociedade ecultura o poder da identidade. So Paulo: Paz e Terra,So Paulo, 1999b. v. 2.COLLETIS, G.; PECQUEUR, B. Integration des espaceset quase integration des firmes: vers de nouvellesrencontres productives?. In: Revue dEconomie Rgionaleet Urbaine, n. 3, p. 489-506, 1993.GILLY, J.P.; PECQUEUR, B. La dimension Locale de laRgulation.In: BOYER, R.; SAILBOARD, Y. In : Thoriede la Rgulation: Ltat des Savoirs. Paris: La Dcouverte,p. 304-312, 1995.GILLY, J.P.; TORRE A. (coords.). Dynamiques de Proximit.Paris: LHarmattan, 2000.MAILLAT, D. Globalizao, meio inovador e sistemasterritoriais de produo. In: Interaes - Revista Interna-cional de Desenvolvimento Local, v. 3, n. 4, mar. 2002.

  • 163As lgicas territoriais do desenvolvimento: diversidades e regulao

    INTERAESRevista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 2, Set. 2007.

    MLLER, G. Regio: descentralizao na globalizao.In: Revista REDES, v. 5, n.2, Santa Cruz do Sul:EDUNISC, p. 9-25, 2000.PECQUEUR, B. Le Dveloppement Local. Paris: Syros,2me edition, 2000.PIRES, E.L.S. Mutaes econmicas e dinmicasterritoriais locais: delineamento preliminar dosaspectos conceituais e morfolgicos. In: SPSITO, E.;SPSITO, M.E.B.; SOBARZO, O. Cidades mdias:produo do espao urbano e regional. So Paulo:Expresso Popular, 2006.PIRES, E.L.S.; REIS FILHO, J.C.G. dos. Desenvolvimentolocal, poltica pblica e sociedade civil: estratgias dosatores e potencialidades das dinmicas locais emcomunidades de baixa renda no Brasil. In: CONGRESSOLATINOAMERICANO DE SOCIOLOGIA, 23. Anais...Antigua/Guatemala, 2001.PIRES, E.; MLLER, G.; VERDI, A. Instituies,territrios e desenvolvimento local: delineamentopreliminar dos aspectos tericos e morfolgicos. In:Geografia Associao de Geografia Teortica, RioClaro-SP, v. 31, n. 3, p. 437-454, set./dez. 2006.PIRES, E.L.S.; NEDER, R.T. Les changements dergulation et de gouvernance territoriale au brsil: lesinstitutions, les faits et les mythes. In: LES CINQUIMESJOURNES DE LA PROXIMIT: LA PROXIMIT,ENTRE INTERACTIONS ET INSTITUTIONS. Annales...Bordeaux, 28-30 de junho de 2006.

    RIBAS, A.; SPOSITO, E.; SAQUET, M. Territrio edesenvolvimento: diferentes abordagens. FranciscoBeltro: Unioeste, 2004.SANTOS, M. A natureza do espao: tcnica e tempo, razoe emoo. So Paulo: Hucitec, 1996.SCOTT, A.J. Regions and the World Economy. Oxford :University Press, 1997.______. La pousse rgionale: vers une gographie dela croissance dans les pays en dveloppement. In :Gographie, conomie, Socit, v.5, n.1, p.31-57, janvier-mars 2003.STORPER, M. Territorializao numa economia global:potencialidades de desenvolvimento tecnolgico,comercial e regional em economias subdesenvolvidas.In: LAVINAS, L.; CARLEIAL, L.M.; NABUCO, M.R.(orgs.). Integrao, regio e regionalismo. So Paulo:Bertrand Brasil, 1993. p. 13-26.STORPER, M. The Regional World: Territorial Developmentin a Global Economy. New York: Guilford Press, 1997.VEIGA, J.E. da. A face territorial do desenvolvimento.In: Interaes - Revista Internacional deDesenvolvimento Local, v. 3, n. 5, set. 2002.VELTZ, P. Mondialisation, Villes et Territoires: lconomiedarchipel. Paris : Puf, 1996. p. 147-72.WACKERMANN, G. Gographie du Dveloppement.Paris : Ellipses dittion Marketing, 2005.