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1 COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI N o 5.196, DE 2013 PARECER ÀS EMENDAS AO SUBSTITUTIVO Acresce Capítulo VIII ao Título I da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor; e parágrafo único ao art. 16 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Autor: PODER EXECUTIVO Relator: Deputado JOSÉ CARLOS ARAÚJO I RELATÓRIO Em 20 de novembro de 2013, apresentei parecer ao projeto de lei em epígrafe, de autoria do Poder Executivo, concluindo pela aprovação do mesmo, nos termos do Substitutivo que apresentei. O projeto de lei acresce Capítulo VIII ao Título I da Lei nº 8.078, de 1990 Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC), intitulado “Das Medidas Corretivas”. Em síntese, os acréscimos pretendidos neste capítulo visam dar maior efetividade e eficácia às decisões das autoridades administrativas de defesa do consumidor, em especial dos PROCONs, para que, além da aplicação de multas, possam estabelecer medidas corretivas aos fornecedores que incorram em infrações aos direitos dos consumidores e conferir força de titulo executivo extrajudicial às decisões por eles adotadas. Acrescenta também dispositivo a Lei nº 9.099, de 1995, que

PL 5196-13 - Fortalecimento Dos PROCONS

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    COMISSO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

    SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI No 5.196, DE 2013

    PARECER S EMENDAS AO SUBSTITUTIVO

    Acresce Captulo VIII ao Ttulo I da

    Lei n 8.078, de 11 de setembro de 1990,

    que dispe sobre a proteo do consumidor;

    e pargrafo nico ao art. 16 da Lei n 9.099,

    de 26 de setembro de 1995, que dispe

    sobre os Juizados Especiais Cveis e

    Criminais.

    Autor: PODER EXECUTIVO

    Relator: Deputado JOS CARLOS ARAJO

    I RELATRIO

    Em 20 de novembro de 2013, apresentei parecer ao

    projeto de lei em epgrafe, de autoria do Poder Executivo, concluindo pela

    aprovao do mesmo, nos termos do Substitutivo que apresentei.

    O projeto de lei acresce Captulo VIII ao Ttulo I da Lei n

    8.078, de 1990 Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor (CDC),

    intitulado Das Medidas Corretivas. Em sntese, os acrscimos pretendidos

    neste captulo visam dar maior efetividade e eficcia s decises das

    autoridades administrativas de defesa do consumidor, em especial dos

    PROCONs, para que, alm da aplicao de multas, possam estabelecer

    medidas corretivas aos fornecedores que incorram em infraes aos direitos

    dos consumidores e conferir fora de titulo executivo extrajudicial s decises

    por eles adotadas. Acrescenta tambm dispositivo a Lei n 9.099, de 1995, que

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    institui e disciplina os juizados especiais cveis, para permitir que as concluses

    das audincias realizadas pelas autoridades administrativas de defesa do

    consumidor possam ser utilizadas pelos Juizados Especiais, evitando-se

    duplicidade de procedimentos e garantindo maior agilidade aos processos.

    No prazo regimental de cinco sesses, transcorrido no

    perodo de 22 de novembro a 04 de dezembro, foram apresentadas duas

    emendas ao Substitutivo, de autoria do ilustre deputado Julio Delgado.

    A Emenda n 1 modifica a redao do art. 60-B do

    Substitutivo que passaria a ter a seguinte redao:

    Art. 60-B Os acordos administrativos que resultem de

    transao entre o consumidor e o fornecedor realizados perante os rgos do

    sistema nacional de defesa do consumidor tero fora de ttulo executivo

    extrajudicial.

    Em sua justificao, o autor afirma que a redao dada

    ao substitutivo inconstitucional porquanto s prev a formao de titulo

    executivo extrajudicial no caso de deciso favorvel ao consumidor que

    imponha ao fornecedor medida corretiva, o que, no seu entender, rompe com o

    principio da isonomia. Alerta que conferir fora de titulo executivo extrajudicial

    para decises administrativas apenas em favor dos consumidores retira a

    natureza de rgo de fiscalizao que o PROCON possui, e o transforma em

    verdadeiro Poder Judicirio paralelo, contrariando o principio da diviso dos

    Poderes.

    A Emenda n 2 altera a redao do pargrafo nico do

    art. 16 da lei n 9.099, de 26 de setembro de 1995, constante do art. 2 do

    Substitutivo. O pargrafo passaria a ter a seguinte redao:

    Art. 16................................................................................

    Pargrafo nico. Caso o pedido seja instrudo com o

    termo de audincia realizada em rgo pblico de proteo e defesa do

    consumidor, aps regular procedimento administrativo, a secretaria do juizado

    poder designar, desde logo, audincia una para efeito de homologao da

    deciso administrativa extrajudicial ou, em caso de no haver acordo, uma

    nica audincia de conciliao, instruo e julgamento.

    O autor considera importante, para conferir celeridade

    fase judicial do processo de disputas consumeristas, estabelecer a previso de

    realizao de audincia nica no juizado especial, considerando a possibilidade

    de ocorrer duas hipteses: no caso de celebrao de acordo entre as partes e

    quando frustrada a tentativa de acordo. No primeiro caso, o titulo executivo

    extrajudicial expedido na fase administrativa seria homologado pelo judicirio.

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    Passamos agora a expressar juzo de valor to somente

    sobre as emendas apresentadas nesta fase.

    o RELATRIO

    II VOTO DO RELATOR

    As emendas apresentadas merecem ser examinadas

    levando-se em considerao a harmonia das alteraes pretendidas com a

    estrutura do Cdigo de Defesa do Consumidor e as implicaes nas relaes

    de consumo.

    Entendemos que as duas emendas, embora divergentes

    das posies propostas no projeto original e em parte no substitutivo, trazem

    contribuies que aperfeioam a proposio, sem descaracterizar o

    pretendido objetivo de criao de mecanismos que confiram maior efetividade

    e eficcia atuao das autoridades administrativas e celeridade nas

    decises finais.

    A emenda n 1 tende a conciliar interesses, oferecendo

    um texto que venha a superar eventual interpretao de inconstitucionalidade

    no exame que ser procedido na prxima etapa de sua tramitao. Estimula a

    busca de entendimentos e acordos entre as partes litigantes, conferindo,

    quanto o resultado for favorvel,ou seja for firmado acordo entre as partes,

    fora de titulo executivo extrajudicial as decises administrativas adotadas

    junto aos rgos de proteo ao consumidor. Seriam assim cumpridas as

    formalidades do devido processo administrativo, respeitado o contraditrio, a

    ampla defesa e o devido processo legal. O valor do titulo dever corresponder

    ao valor exato do prejuzo apurado ao consumidor, a quem conferida

    legitimidade para pleitear a sua execuo. Quando homologado judicialmente,

    passaria a titulo executivo judicial.

    Quanto alterao proposta pela emenda 2 ao art. 2 do

    projeto, visando a incluso de pargrafo nico ao art. 16 da lei 9.099, de

    1995, que dispe sobre os juizados especiais cveis e criminais ( julgamento de

    causas de menor complexidade cujos valores no excedam 40 salrios

    mnimos), entendemos que merece o nosso apoio, com alguns ajustes.

    Assim, o juizado seria autorizado a realizar audincia nica para homologao

    do titulo executivo extrajudicial resultante de acordo e, quando frustrada a

    tentativa de conciliao entre as partes, aps regular procedimento

    administrativo aberto nos Procons, tambm poder designar audincia una de

    conciliao, instruo e julgamento da lide, aproveitando a realizada na fase

    administrativa, como uma etapa do processo judicial.( continuamos com o

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    entendimento de que recomendvel facultar a discricionariedade dessa

    medida Secretaria do Juizado, a quem caberia decidir pela realizao ou no

    da audincia una ).

    Desta forma, julgamos que a alterao pretendida pode contribuir

    para dar mais celeridade ao procedimento judicial especial, e, como tal, s

    decises sobre os conflitos que demandem o judicirio, assegurada a

    observncia das garantias constitucionais.

    Creio ser esta uma proposta razovel para se alcanar o objetivo

    de se obter decises justas e efetivas para solues de conflitos e conferir

    maior efetividade s decises dos rgos de defesa do consumidor,

    protegendo e fortalecendo o cidado consumidor.

    Assim, procurando observar o necessrio e indispensvel

    equilbrio e harmonizao dos interesses dos participantes das relaes de

    consumo, acato as emendas apresentadas, fazendo os devidos ajustes e

    compatibilizaes com os dispositivos pertinentes do Substitutivo que

    apresentei, votando, pois, pela aprovao do Projeto de Lei 5196, de 2013, na

    forma do Substitutivo reformulado que apresento em anexo.

    Sala da Comisso, em de dezembro de 2013.

    Deputado Jos Carlos Arajo

    Relator

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    COMISSO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

    SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI No 5.196, DE 2013

    Acresce Captulo VIII ao Ttulo I da

    Lei n 8.078, de 1990, que dispe sobre a

    proteo do consumidor, para dispor sobre

    a aplicao de medidas corretivas pela

    autoridade administrativa, em favor do

    consumidor, com fora de ttulo executivo

    extrajudicial, e acresce pargrafo nico ao

    art. 16 da Lei n 9.099, de 1995, que dispe

    sobre os Juizados Especiais Cveis e

    Criminais, para realizar audincia una de

    conciliao, instruo e julgamento nas

    hipteses que especifica.

    O CONGRESSO NACIONAL decreta:

    Art. 1 Esta lei acrescenta Capitulo VIII ao Ttulo I da Lei

    n 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispe sobre a proteo e defesa do

    consumidor, para dispor sobre a aplicao de medidas corretivas pela

    autoridade administrativa, em favor do consumidor, com fora de ttulo

    executivo extrajudicial, e acresce pargrafo nico ao art. 16 da Lei n 9.099, de

    1995, que dispe sobre os Juizados Especiais Cveis e Criminais, para realizar

    audincia una de conciliao, instruo e julgamento das demandas

    envolvendo as relaes de consumo.

    Art. 2 O Ttulo I da Lei n 8.078, de 11 de setembro de

    1990, passa a vigorar acrescido do seguinte Captulo VIII:

    CAPTULO VIII

    DAS MEDIDAS CORRETIVAS

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    Art. 60-A. Sem prejuzo das sanes previstas no Captulo VII , a

    autoridade administrativa, em sua respectiva rea de atuao e competncia,

    poder aplicar, isolada ou comulativamente, em caso de comprovada infrao

    s normas de defesa do consumidor, e em face de reclamao fundamentada

    formalizada por consumidor, as seguintes medidas corretivas, fixando prazo

    para seu cumprimento:

    I - substituio ou reparao do produto, se ainda

    vigente o prazo de garantia;

    II - devoluo do que houver sido pago pelo consumidor

    mediante cobrana indevida;

    III - cumprimento da oferta pelo fornecedor, sempre que

    esta conste por escrito e de forma expressa;

    IV - devoluo ou estorno, pelo fornecedor, da quantia

    paga pelo consumidor, quando o produto entregue ou servio prestado no

    corresponda ao que expressamente se acordou pelas partes; e

    V - prestao adequada das informaes requeridas pelo

    consumidor, sempre que tal requerimento guarde relao com o produto

    adquirido ou servio contratado.

    1 Para assegurar o cumprimento do prazo fixado pela

    autoridade administrativa para efetivao da medida corretiva imposta, ou

    do acordo extrajudicial celebrado entre as partes, ser fixada multa diria,

    nunca superior ao dobro do valor do bem ou do servio objeto da reclamao,

    graduada de acordo com a gravidade da infrao, a vantagem auferida e a

    condio econmica do fornecedor.

    2 A multa diria de que trata o 1

    ser destinada,

    conforme o caso, ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos ou aos fundos

    estaduais ou municipais de proteo ao consumidor.

    Art. 60-B. Os acordos administrativos que resultem de

    transao entre o consumidor e o fornecedor realizados perante os rgos do

    sistema nacional de defesa do consumidor tero fora de ttulo executivo

    extrajudicial.

    Pargrafo nico. do consumidor a legitimidade para postular a

    execuo da medida corretiva, sem prejuzo das competncias atribudas por

    lei ao Ministrio Pblico e demais rgos legitimados, nos termos do Cdigo de

    Processo Civil e legislao aplicvel (NR).

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    Art. 3 O art. 16 da Lei n

    9.099, de 26 de setembro de 1995, passa a

    vigorar acrescido do seguinte pargrafo nico:

    Art.16.............................................................................................

    Pargrafo nico. Caso o pedido seja instrudo com termo de

    audincia realizada em rgo pblico de proteo e defesa do consumidor,

    aps regular procedimento administrativo, a secretaria do juizado poder

    designar, desde logo, audincia una para efeito de homologao da deciso

    administrativa extrajudicial ou, em caso de no haver acordo, uma nica

    audincia de conciliao, instruo e julgamento, e providenciar, conforme o

    o caso, a citao das partes e a intimao das testemunhas requeridas pelo

    autor, sem prejuzo do disposto no art. 24 .(NR)

    Art. 4 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

    Sala da Comisso, em de dezembro de 2013.

    Deputado Jos Carlos Arajo

    Relator