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PLANEJAMENTO DA INTERFACE DE PLANILHAS ENETRÔNICAS: PROCEDIMENTOS QUE AUXILIAM O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO Tatiana Menna Ibedi (UTFPR) [email protected] Joao Carlos Colmenero (UTFPR) [email protected] Atualmente as empresas estão inseridas em um cenário de extrema competitividade e constante mudança e, por isso, cada vez mais há a necessidade por sistemas de suporte à decisão (SSD) que as auxiliem no processo de tomada de decisão. Softwaares baseados em planilhas eletrônicas é uma forma de por em prática os SSD. Deste modo, o presente estudo teve como objetivo estabelecer um procedimento passo a passo para a montagem da interface de SSD em planilhas eletrônicas. A metodologia de pesquisa utilizada foi qualitativa com enfoque analítico onde, a partir de uma revisão bibliográfica, foram estudados os melhores quesitos para a elaboração de uma interface confiável e de fácil manuseio. Verificou-se que, quando bem estruturada, a planilha permite ao usuário focar suas ações, e torna a visualização dos resultados mais organizada, clara e objetiva, minimizando erros e ajudando-o na tomada de decisões. Palavras-chaves: sistemas de suporte à decisão, planilhas eletrônicas, interface XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

PLANEJAMENTO DA INTERFACE DE PLANILHAS …abepro.org.br/biblioteca/enegep2011_TN_WIC_142_897_18865.pdf · ... controle de estoque ... A estrutura típica de um modelo de otimização

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PLANEJAMENTO DA INTERFACE DE

PLANILHAS ENETRÔNICAS:

PROCEDIMENTOS QUE AUXILIAM O

PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO

Tatiana Menna Ibedi (UTFPR)

[email protected]

Joao Carlos Colmenero (UTFPR)

[email protected]

Atualmente as empresas estão inseridas em um cenário de extrema

competitividade e constante mudança e, por isso, cada vez mais há a

necessidade por sistemas de suporte à decisão (SSD) que as auxiliem

no processo de tomada de decisão. Softwaares baseados em planilhas

eletrônicas é uma forma de por em prática os SSD. Deste modo, o

presente estudo teve como objetivo estabelecer um procedimento passo

a passo para a montagem da interface de SSD em planilhas

eletrônicas. A metodologia de pesquisa utilizada foi qualitativa com

enfoque analítico onde, a partir de uma revisão bibliográfica, foram

estudados os melhores quesitos para a elaboração de uma interface

confiável e de fácil manuseio. Verificou-se que, quando bem

estruturada, a planilha permite ao usuário focar suas ações, e torna a

visualização dos resultados mais organizada, clara e objetiva,

minimizando erros e ajudando-o na tomada de decisões.

Palavras-chaves: sistemas de suporte à decisão, planilhas eletrônicas,

interface

XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no

Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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1. Introdução

Sistema de suporte à decisão (“decision support system”) é um sistema baseado em modelos,

conhecimento e dados que geram informações para todas as fases de um processo de tomada

de decisão. Consideram a análise do problema, a análise das soluções, e a escolha e

implementação do processo.

Os sistemas de suporte à decisão (SSD) permitem o tratamento de dados de modo analítico

(algoritmos e heurísticas), geração de informações mais precisas para a tomada de decisão e

planejamento de ações empresariais. Tal prática possibilita a utilização racional de recursos,

resultando de forma direta em aumento de produtividade, agregação de valor ao produto ou

serviço e a diminuição na geração de resíduos – em última instância, permite a empresa obter

vantagens competitivas sustentáveis ao longo do tempo. Os SSD são constituídos por cinco

componentes básicos (TURBAN et al., 2004):

a) Banco de dados, para armazenamento de dados;

b) Base de modelos, composta por um conjunto de modelos matemáticos de otimização,

simulação e algoritmos;

c) Base de conhecimento, contendo informações sobre a estrutura e relações da empresa,

procedimentos, histórico de análises, soluções de problemas, etc.;

d) Interface gráfica, para a comunicação entre o usuário e o SSD;

e) Usuário, a pessoa (ou grupo de pessoas) que utiliza o SSD.

Em geral, o SSD é uma ferramenta construída para sistemas de produção ou serviços

específicos, e desenvolvida com a participação de especialistas em operações e processos,

sistemas de informação e pesquisa operacional. Contudo, com a popularização da planilha

eletrônica nos meios de produção e serviços, vem aumentado o desenvolvimento de

ferramentas SSD mais acessíveis aos usuários (SEREF et al., 2007).

Planilhas eletrônicas são muito utilizadas devido a sua acessibilidade e fácil manuseio. Esta

ferramenta permite realizar cálculos algébricos e estatísticos com as variáveis impostas,

proporciona excelente visualização dos resultados, a construção de tabelas e gráficos, e

possibilita transferência de dados. Ainda, permitem a incorporação de suplementos

(otimizadores, simuladores, programas para análise estatística, etc.) e a utilização de

linguagem de programação. Existem diversos tipos de softwares de planilhas eletrônicas,

sendo o Microsoft Excel, o IBM Lotus123 e o OpenOffice.org Calc os mais conhecidos.

A utilização de ferramentas computacionais para suporte à tomada de decisão em logística,

produção, economia comercial, finanças e recursos humanos são fundamentais para a

resolução de problemas específicos de empresas de pequeno e médio porte. Em geral, essas

empresas apresentam administração familiar informatizada (microcomputadores e programas

básicos tais como editores de texto e planilhas eletrônicas), porém com pouco acesso a

tecnologias gerenciais quantitativas devido ao alto custo das ferramentas e, em muitos casos, à

inadequação dos modelos embutidos nas ferramentas com a realidade da empresa.

As aplicações de SSD baseadas em planilhas eletrônicas são as mais variadas: controle de

estoque (AGRELL, 1995; SHANG et al., 2008), gerenciamento de recursos humanos em

bibliotecas (ASHLEY, 1995), distribuição de energia (BERGEY et al., 2003), produção de

painéis de madeira (BUEHLMANN et al., 2000), e outras (BAKER, 1999; NOVAK;

RAGSDALE, 2003; ROSS; SUMMER, 2002; WEST; HUANG, 1995).

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Neste contexto, o objetivo deste presente trabalho foi estudar e analisar as etapas de

montagem da interface de planilha eletrônica a fim de permitir melhor compreensão e

desempenho do usuário na utilização de uma ferramenta SSD baseada em planilha eletrônica.

2. Planilhas Eletrônicas

Uma planilha eletrônica pode ser definida como uma grande matriz, onde as colunas são

designadas por letras e as linhas por números. A intersecção destas formam células que

podem conter números, letras ou fórmulas e estar relacionada a outras células. Esta

possibilidade de inter-relação de dados é que condiciona poder à planilhas (RONEN;

PALLEY; JUNIOR, 1989). As planilhas eletrônicas são ferramentas livres de forma, sendo

assim sua estrutura pode ser adequada a diferentes objetivos. Outra vantagem deste

dispositivo é sua reutilização, isto é, planejado e compilado o modelo, este poderá servir como

molde a outro tipo de problema.

As planilhas eletrônicas são utilizadas em diversas aplicações, tais como: preparação de

orçamentos, modelagem financeira, geração de papel de trabalho, preparação de orçamentos,

análise de custo benefício, determinação de retornos sobre investimentos, modelagem

matemática, análise de dados científicos e de engenharia, projeção de mercado, avaliação de

viabilidade de investimentos, fusões, aquisições, entre outras aplicações administrativas ou

mesmo de contabilidade (KRUCK, 1998).

Hoje, o programa de planilha eletrônica mais utilizado é o Microsoft Excel. Algumas

características básicas do programa são (WALKENBACH, 2007A):

- Transferência de dados: possibilita importar dados de outras planilhas e outros programas;

- Automatização de tarefas complexas: executa problemas complicados com um simples

clique do mouse através de macros.

- Suplementos de análise estatística, financeira e otimização: possibilita criar orçamentos,

analisar resultados de pesquisas, realizar análise financeira e solucionar modelos de

otimização;

Deste modo, por possuir essa gama de aplicações, todos os dias milhões de pessoas utilizam

programas de planilha para a criação de modelos de problemas empresariais e pessoais. Em

função disso, empregadores procuram em seus futuros colaboradores experiência e habilidade

em manusear planilhas eletrônicas. Tal fato levou os cursos de engenharia à incluir tópicos em

disciplinas tais como Estatística, Pesquisa Operacional e Otimização que ensinam a utilização

da ferramenta (CONWAY; RAGSDALE, 1997). Ainda, o uso de planilhas em cursos de

engenharia se tornou fundamental pela razão delas possuírem capacidade de ligar dados de

linhas e colunas, trabalhar com matrizes, gráficos, realizar cálculos complexos, entre outras

funções disponíveis (IGLESIAS; PANIAGUA, 1999).

2.1 Solver

O Solver é um suplemento que permite otimizar modelos de programação linear, inteira e

não-linear. A estrutura típica de um modelo de otimização (variáveis de decisão, função

objetivo e restrições) é construída na planilha e passada ao suplemento por meio de referência

à células e grupos de células (JUNIOR; SOUZA, 2004). Os dados dos problemas

solucionados por meio do Solver devem ser organizados de maneira correta a fim de

proporcionar mais credibilidade e confiabilidade ao resultado (POWELL; BAKER, 1999).

Ainda, Walkenbach (2007A) específica alguns passos para resolver problema através do

Solver.

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a) Especificar as variáveis do problema;

b) Especificar as restrições do problema;

c) Definir a função objetivo, ou seja, maximização ou minimização do problema;

d) Analisar e definir a solução mais apropriada, já que o Solver permite gerar múltiplas

soluções ao problema.

Para utilizar o Solver o usuário deve possuir conhecimento tanto de modelagem quanto da

ferramenta, pois este recurso exige uma análise mais precisa do objeto de estudo. No entanto

uma vez que se aprenda a fazê-la, é uma ferramenta completa e eficiente no processo de

tomada de decisões.

2.2 Macros

Walkenbach (2007B) define macro como uma ferramenta que se fundamenta em uma

sequência de instruções que permitem automatizar o modelo programado. Disponível no

Microsoft® Excel, este dispositivo se baseia em gravações de ações, isto é, para automatizar

uma ação deve-se gravar esta através da macro e quando desejar repeti-la é necessário

simplesmente executar a macro referente a aquela ação. Simplificando, Macros são

combinações de teclas, ações do mouse e outros comandos que são gravados para se usar em

outra instância (REISNER, 1999).

As macros utilizam como linguagem de programação o Visual Basic (VBA), podendo aplicar

a elas diversas operações existentes no Excel. Com a gravação de macros é possível repetir

ações processadas anteriormente sem precisar realizar o processo operacional pela segunda

vez; sendo isto de suma importância para empresas, pois se poupa tempo de trabalho, uma vez

que é necessário planejar uma vez a programação.

Suas aplicações se estendem a uma gama de funcionalidades, desde as mais simples como

colorir células até realizar complexas operações matemáticas. Se desejar inserir um texto

padrão em uma célula de uma planilha de trabalho, pode-se designar a uma macro a

realização disto; também se podem criar macros para preparar sumários de final de mês; ou

mesmo automatizar operações repetitivas em diferentes planilhas de trabalho; outro aplicativo

importante de macros é a customização, ou seja, é possível agregar comandos a botões e, com

um simples clique, executar a operação agregada a ele (WALKENBACK, 2007B).

3. Erros de planilhas eletrônicas

Os erros em planilhas eletrônicas são corriqueiros, e ocorrem devido a quantidade de células

envolvidas em um modelo implementado em planilha. Segundo Panko (1998), mesmo após

cuidadoso desenvolvimento, as planilhas contêm erros de quatro por centro ou mais em

células onde são inseridas fórmulas. Logo, planilhas extensas, com milhares de fórmulas,

apresentarão dezenas de erros não detectados e, mesmo aqueles significativos, podem passar

despercebidos.

Ainda, os erros em planilhas podem resultar em decisões erradas a serem tomadas ou, menos

crítico, à não otimização do problema. Todavia, qualquer que seja a forma, erros influenciarão

a estratégia adotada na empresa e, consequentemente, causará prejuízo a esta (TEO; TAN,

1997).

São diversos os tipos de erros cometidos, como: erros por exaustão, por esforço repetitivo, por

falta de atenção ou mesmo pelo próprio trabalho mecânico, sendo assim de suma importância

estudar maneiras de como minimizar estes erros, pois uma minúcia pode colocar em risco

todo o projeto. Teo e Tan (1997) classificam os erros como quantitativo e qualitativo. O

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primeiro são aqueles que envolvem os números, como erros de cálculo, de fórmulas, de dados

de entrada, ou seja, todos aqueles que envolvem variáveis numéricas. Já os erros qualitativos

são aqueles gerados pelo formato inadequado do modelo.

Para evitar os erros em planilhas eletrônicas é ideal que se leve em consideração certos

detalhes. Raffensperger (2008) sugere:

a) Formatar os números adequadamente, ou seja, se o objetivo do problema é mostrar a

porcentagem de certa variável em determinado problema, suas dependências terão que ir

da mesma forma.

b) Verificar se o resultado do problema é próximo do esperado.

c) Checar as unidades: se um determinado processo lida com distância, todas as variáveis se

ajustarão a mesma unidade.

d) Ter sempre outra pessoa para checar os dados.

e) Utilizar-se de meios alternativos, ou seja, refazer o modelo em outro software ou então

outra pessoa no mesmo, para então comparar os resultados e, assim dar credibilidade ao

trabalho.

Desse modo, é de extrema importância sempre estar verificando e testando o modelo para

garantir qualidade e exatidão ao projeto. Outro meio eficiente de minimizar o erro é um

projeto adequado da interface pois, quando bem estruturada, a identificação de uma falha se

torna mais visível.

4. A interface

A interface da planilha com o usuário deve ser de fácil visualização e compreensão de modo

que o usuário consiga identificar facilmente seu escopo em relação ao problema a ser exposto.

O planejamento de uma interface adequada requer mais tempo e estudo. Conway e Ragsdale

(1997) apresentam objetivos que devem ser levados em conta na elaboração da interface.

Primeiramente a planilha deve apresentar confiabilidade, de forma que o usuário possa

garantir credibilidade ao trabalho. Em seguida, capacidade de auditoria, ou seja, o usuário

deve ser capaz de retraçar os passos a fim de gerar diferentes saídas no modelo e então

analisar o problema e verificar os resultados. Por fim, a planilha deve ter flexibilidade de

mudança para que se adapte a diferentes necessidades.

Ainda, para promover estas três características em uma planilha eletrônica é ideal dar

importância a passos simples, que ajudam a garantir segurança ao trabalho

(RAFFENSPERGER, 2008):

a) Organizar sequencialmente os dados;

b) Isolar as constantes do problema (não colocá-las em fórmulas);

c) Aproximar fisicamente os fatores que possuem dependência;

d) Sinalizar os resultados: bordas, cores, fonte, sombreamento são funções que ajudam a

realçar células e quando aplicados aos resultados o usuário poderá identificá-los

rapidamente;

e) Utilizar-se de elementos explicativos: comentários são bem vindos, uma vez que um

usuário que desconheça o processo possa ficar a par dele rapidamente;

f) Formatar números de forma adequada ($,%, etc.) e justificar a direita os números da

sua coluna, além de não esconder informações

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Há diversos modos de se criar modelos em planilhas eletrônicas. Esta variedade, apesar de

oferecer benefícios como flexibilidade, pode tornar uma interface pouco amigável quando mal

elaborado devido ao excesso de efeitos visuais. Assim, deve-se ter o cuidado necessário para a

elaboração de uma interface que permita auxiliar e facilitar o trabalho de quem a utiliza para

obter resultados.

Raffensperger (2006) define etapas que a planilha eletrônica deve seguir para possuir uma

interface iterativa com o usuário:

- Organizar a planilha para melhor legibilidade: faça o modelo de modo que os dados estejam

organizados da esquerda para a direita e de cima para baixo: a informação é interpretada de

maneira mais uniforme se estiver onde o leitor espera encontrá-la. Ainda, Gopen e Swan

(1990) esclarecem que em uma planilha as informações conhecidas são os dados de entrada, a

informação nova é a fórmula. Dessa forma espera-se ver primeiro os dados e em seguida, nas

proximidades, à direita ou abaixo, as fórmulas de saída, e isto se aplica a todas as células

numéricas.

- Ser precisa: seja sucinto. Deve-se utilizar o menor número de planilhas de trabalho, de modo

que se possa ter maior controle sobre os dados. Em planilhas diferentes o usuário não pode

visualizar as células relacionadas. Além disso, é ideal que se simplifique fórmulas, usando o

mínimo de caracteres para escrever-las.

- Formato para descrição e não para decoração: o formato é uma descrição se a planilha exibe

ou realça informações para o usuário, se ela não contém informações é, meramente,

decoração. O formato possui funções como chamar a atenção do leitor e melhorar a percepção

e codificação dos dados. Os leitores optam por formatos padrões, ou seja, evitar utilizar

muitas cores, diferentes leitores possuem distintas percepções de cores, usar somente um

tamanho e tipo de fonte, disparidades em tamanhos ou tipos de fontes podem desconfigurar as

células, como a altura das linhas e largura, ainda, procure evitar usar diferentes tipos de

destaque, se o intuito é destacar uma célula, use negrito ou itálico (TUFTE, 1983).

- Expor todas as informações: não se deve esconder nenhum dado do problema, pois uma vez

oculto, pode trazer interpretações errôneas ao problema, além de dificultar a percepção de

erros.

Ainda, para o modelo possuir melhor iteratividade com o usuário, de modo que sua interface

possibilite a minimização de erros, é ideal que se de nome aos dados, ou seja, exemplificar

sobre o que se refere determinado dado ou conjunto de dados, e também incluir sua dimensão

(como exemplo tempo de trabalho, explicitar se trata de horas ou minutos).

Fronteiras, sombreamentos e cores são recursos também disponíveis em planilhas eletrônicas

e que são ótimos para distinguir e evidenciar certos tipos de células. Segundo Powell e Baker

(2003), estes recursos são ideais para marcar a célula alvo, onde se insere a função objetivo.

Porém, quando se trata de coloração, o uso de cores pastéis e suaves é preferível ao de que

cores fortes; estas últimas podem, conforme a utilização, poluir o modelo e confundir o

usuário.

5. Metodologia

Este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa bibliográfica com enfoque analítico e

abordagem qualitativa, onde, a partir de teorias até então publicadas foi estudado o melhor

método de construção de interface para planilhas eletrônicas.

Segundo Silva e Menezes (2005) a pesquisa bibliográfica se baseia na consulta de material já

publicado, que englobam livros, artigos de periódicos e artigos disponíveis na internet. Este

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tipo de pesquisa é fundamental para a construção de novas hipóteses, pois permite ao

pesquisador melhor familiarização e conhecimento do objeto de estudo, já que este visa

conhecer e avaliar todos os teóricos da área (MATTAR; 1999).

Portanto, a partir do referencial teórico apresentado acima, foi elaborado um proposta de

modelo de produção de peças mecânicas com os requisitos de uma planilha eletrônica de

interface didática. Utilizou-se para isso o software Excel versão 12.0 da Microsoft® Office,

onde a obtenção dos resultados se deu pelo suplemento Solver e também, para melhor

manuseio do usuário, foram aplicadas à planilha ferramentas disponíveis no Excel, como

Macros e linguagem VBA (Visual Basic for Applications).

6. Análise da planilha

O modelo, aqui apresentado, simula uma empresa de usinagem que produz produtos

mecânicos. As variáveis expostas no problema foram: horas de trabalho do operador, horas de

trabalho da máquina e matéria prima que seguiram restrições de custo e disponibilidade.

Também se levou em conta a quantidade máxima e mínima que cada produto poderia ser

produzido, além do preço de venda e do custo unitário de cada artigo.

O objetivo do problema foi encontrar o mix de produtos que maximiza o lucro da empresa.

A planilha foi segmentada em três folhas. A primeira apresenta a empresa e descreve o

problema. É nesta planilha introdutória que inicializa a escolha dos produtos a partir de um

botão associado a uma macro. Nela também pode-se encontrar um botão de ajuda, caso o

usuário deseje obter informações mais específicas do problema ou mesmo o passos a serem

seguidos mais detalhados. A segunda planilha é referente aos dados do problema. São

exibidas informações referentes aos tipos de produtos, aos recursos disponíveis, os custos e os

preços de venda unitário dos produto, as quantidades máximas e mínimas comportadas na

produção e o custo e disponibilidade de cada recurso. A terceira planilha é a planilha final,

referente aos resultados de produção como: função objetivo lucro total, custo total e

rendimento total, bem como a descrição de cada produto com seus respectivos lucro, custo,

rendimento e quantidade produzida e também expõe a quantidade de recursos utilizados,

disponíveis e os não utilizados.

A interface da planilha foi elaborada com embasamento nos autores citados anteriormente.

Foram levados em conta os seguintes quesitos:

- Utilização de cores para diferenciar categorias e evidenciar dados ou informações.

- Uso de bordas para melhor distinção dos dados.

- Uso de bordas em negrito para evidenciar células específicas.

- Caixa de texto explicativa.

- Atribuição de macros a botões para a realização de ações no modelo.

- Denominação das constantes, variáveis e restrições.

- Exposição de todos os resultados em tabelas (não apenas a função objetivo).

Estes passos são importantes, pois auxiliam a visualização dos dados e resultados, além de

organizar a planilha de modo a facilitar seu manuseio já que quanto mais fácil e organizado se

torna o trabalho menos erros são, nele, cometidos. O modelo foi separado em três folhas para,

também, melhor dividir os tipos de dados, sendo uma folha de introdução, uma contendo

todos os dados e outra com os resultados finais do problema.

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A figura 1 apresenta a planilha Explicação, primeira planilha do modelo. Nela é exposto o

problema e fornecida algumas instruções para o usuário ter melhor familiaridade com o

problema. A figura 2 mostra a janela “Seleção de produtos” gerada por uma macro utilizada

no modelo. Ela permite que se escolham os tipos de produtos a serem produzidos, para então

agregar à função objetivo.

Foi exposto nesta planilha um título referente à empresa na qual se está simulando o modelo

de produção. Este título tem a função de introduzir ao usuário a quem o modelo se destina.

Para a interface adotaram-se cores claras de forma que a planilha não ficasse poluída. Assim,

o usuário tem uma melhor visibilidade da interface, podendo identificar e analisar mais

facilmente os dados do problema. A interface contém, ainda, um botão “Ajuda” que abre uma

planilha com instruções passo a passo de como inserir parâmetros e analisar os resultados do

modelo. A atribuição de macros para a escolha das variáveis de decisão e para o comando

“Ajuda” foi realizada com o intuito de promover a facilidade de manuseio e possibilitar

acessibilidade aos usuários. Deste modo, além das instruções e explanação do problema, o

usuário pode selecionar os produtos clicando no botão “Selecionar Produtos” – a planilha

automaticamente fornecerá os resultados do mix na planilha Resultados.

Figura 1 – Planilha manual do problema

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Figura 2 – Seleção dos produtos

A figura 3 representa a planilha Dados, referente aos dados do problema. Nesta planilha são

apresentadas todas as variáveis e constantes (tipos de produtos, horas de trabalho do operador,

horas de utilização da máquina, tipo de matéria prima, máximo e mínimo que cada artigo

pode ser produzido) e restrições (custo de operação e disponibilidade de cada recurso)

separadamente. Foi colocado um quadro instrutivo com o objetivo de informar ao usuário os

procedimentos de como modificar a planilha. Também foi anexada a esta planilha botões com

ações gravadas de inserção de produtos e recursos. Uma vez clicado em um dos botões,

automaticamente é inserido na planilha uma linha ou colunas onde o usuário apenas tem que

digitar os dados referentes ao novo produto ou ao novo recurso disponível, respectivamente.

Como se pode observar na figura 3, foram especificados todos os dados e suas respectivas

variáveis, de modo que um usuário sem um conhecimento prévio do problema pode visualizar

a planilha, identificar produtos, recursos e restrições envolvidas no processo.

Figura 3 – Planilha dos dados

A figura 4 mostra a planilha Resultados. Na planilha estão contidos os resultados obtidos para

o mix de produtos selecionados, bem como o valor da função objetivo (lucro total). Para

evidenciar a função objetivo assim como os lucros unitários de cada produto, adotou-se o uso

da cor verde e da borda em negrito: isso permite uma melhor visualização do objeto pelo

usuário, uma vez que destaca a célula. Os dados monetários totais e os referentes a cada

produto foram separados em tabelas diferentes, permitindo assim ao usuário analisar mais

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facilmente o saldo de cada produto, em vista do geral. É importante também expor os

resultados referentes aos recursos, de modo a identificar a ociosidade de cada um e, a partir

disto, tomar decisões para melhorar o desempenho de determinado recurso ou mesmo o

rendimento da empresa.

Figura 4 – Planilha dos resultados

É importante em um problema expor todos seus dados, pois isso possibilita ao usuário melhor

familiarização e maior confiança quanto aos resultados e futuras decisões a serem tomadas.

Desta forma, elaborou-se uma sequência de ações para o manuseio da planilha com o intuito

de facilitar a interação do usuário com a ferramenta.

a) Planilha introdutória, apresentando a empresa e o problema.

b) Botão de ajuda, como um auxílio para os usuários com menos conhecimento.

c) Denominação a todos os dados do problema.

d) Separação das variáveis das restrições.

e) Anexo de botões para realizar ações, como inclusão ou exclusão de dados.

f) Utilização de cores para distinguir grupos de dados e função objetivo.

g) Utilização de bordas para agrupar dados.

h) Bordas em negrito para destacar resultados, como os referentes à função objetivo.

7. Conclusão

Atualmente, com a crescente utilização de planilhas eletrônicas, seja em corporações ou em

universidades, torna-se cada vez mais necessário a formulação de procedimentos e métodos

para aprimorar seus usos como ferramenta para tomada de decisão. Assim, o presente trabalho

propôs um procedimento para o projeto da interface planilha-usuário baseado em

características do ambiente gráfico. Embora não haja um modo ideal de se projetar uma

interface de planilha eletrônica, existem certos aspectos mais eficazes que outros, tais como

coloração, bordas, sombreamento, os quais possibilitam a minimização de incertezas e erros.

A versatilidade encontrada nas planilhas eletrônicas resulta em uma ferramenta com grande

potencial de uso em sistemas de tomada de decisão, permitindo adequar a interface planilha-

usuário ao problema formulado da melhor forma possível. Ainda, a interface possibilita uma

fácil readequação à problemas semelhantes, com conseqüente ganho de tempo, confiabilidade

e segurança.

Agradecimento

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Agradecemos à Fundação Araucária pelo apoio financeiro para a realização da pesquisa.

Referências

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