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Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil janeiro/2013 1 Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil Marcos Bonetti de Carvalho [email protected] Pós Graduação em Auditoria, Avaliações e Perícias da Engenharia Instituto de Pós Graduação - IPOG Resumo Este artigo objetiva apresentar proposta de Planejamento Estratégico para uma empresa de construção civil, situada na região sul de Santa Catarina. Este estudo, de caráter exploratório, prático na forma de um estudo de caso, sendo a coleta de dados proveniente de dados secundários, buscando abordar esses tópicos propostos que, segundo a autoria, são essenciais para se obter eficácia, eficiência nos processos administrativos e de gestão da empresa. A abordagem do problema é de forma qualitativa e o instrumento de pesquisa de análise documental. Os resultados do estudo possibilitam a escolha por um modelo de Planejamento Estratégico para XYZ Engenharia e Construções LTDA., iniciando pelo diagnóstico estratégico, posteriormente definindo a declaração de valores, missão e visão. A participação neste curso de qualificação oportunizou a iniciativa de implantação desta empresa. Foram apontados os fatores críticos de sucesso, determinando as oportunidades e ameaças, pontos fortes e pontos fracos através das análises externas e internas. Após a elaboração da matriz fofa, para finalizar, foram definidas as questões e ações estratégicas, ficando elaborado um Planejamento Estratégico completo pronto para ser implantado na empresa em questão. Palavras-chave: Construção Civil; Avaliações e Perícias; Planejamento Estratégico; Gestão. 1. Introdução Atualmente, vive-se diante de incertezas e turbulências no mercado de trabalho. Essa complexidade no cenário empresarial, exige das empresas a busca cada vez mais incessante de ferramentas e técnicas mais adequadas para gestão empresarial. É aí que entra o Planejamento Estratégico, que é uma dessas ferramentas. Na competitividade existente entre as empresas (nesse artigo vai-se abordar uma microempresa) uma importante condição para sua sobrevivência está ligada à clara definição de seus objetivos e planejamento antecipado das atitudes a serem tomadas, determinando os possíveis caminhos para atingir tais objetivos. Segundo dados do SEBRAE(2008) é alto o percentual de mortalidade das empresas implantadas, exatamente por carências administrativas e econômicas. Diante deste cenário os empresários decidiram investir na qualificação profissional, principalmente em avaliações e perícias de obras da construção civil, porque traria insumos e oportunidades para a organização e a gestão da empresa. Tendo também essa informação, o autor busca novas idéias sobre Gestão Estratégica para viabilizar, de maneira consistente, a elaboração do Planejamento estratégico para uma empresa de construção civil, bem como na estruturação e nas decisões estratégicas da empresa. O objetivo deste projeto visa a apresentar proposta de Planejamento Estratégico para uma empresa de construção civil e sua viabilidade operacional. Como se está implantando uma micro-empresa de construção civil, acha-se oportuno estudar modelos de Planejamento Estratégico compatíveis com a realidade desta empresa. Após intensa pesquisa bibliográfica

Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil · No livro Alonso & D‟Amato (2009, pg. 23) são elencadas as ... exigência de conhecimento técnico-científico

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Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil janeiro/2013

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Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil

Marcos Bonetti de Carvalho

[email protected]

Pós Graduação em Auditoria, Avaliações e Perícias da Engenharia

Instituto de Pós Graduação - IPOG

Resumo

Este artigo objetiva apresentar proposta de Planejamento Estratégico para uma empresa de

construção civil, situada na região sul de Santa Catarina. Este estudo, de caráter

exploratório, prático na forma de um estudo de caso, sendo a coleta de dados proveniente de

dados secundários, buscando abordar esses tópicos propostos que, segundo a autoria, são

essenciais para se obter eficácia, eficiência nos processos administrativos e de gestão da

empresa. A abordagem do problema é de forma qualitativa e o instrumento de pesquisa de

análise documental. Os resultados do estudo possibilitam a escolha por um modelo de

Planejamento Estratégico para XYZ Engenharia e Construções LTDA., iniciando pelo

diagnóstico estratégico, posteriormente definindo a declaração de valores, missão e visão. A

participação neste curso de qualificação oportunizou a iniciativa de implantação desta

empresa. Foram apontados os fatores críticos de sucesso, determinando as oportunidades e

ameaças, pontos fortes e pontos fracos através das análises externas e internas. Após a

elaboração da matriz fofa, para finalizar, foram definidas as questões e ações estratégicas,

ficando elaborado um Planejamento Estratégico completo pronto para ser implantado na

empresa em questão.

Palavras-chave: Construção Civil; Avaliações e Perícias; Planejamento Estratégico; Gestão.

1. Introdução

Atualmente, vive-se diante de incertezas e turbulências no mercado de trabalho. Essa

complexidade no cenário empresarial, exige das empresas a busca cada vez mais incessante

de ferramentas e técnicas mais adequadas para gestão empresarial. É aí que entra o

Planejamento Estratégico, que é uma dessas ferramentas. Na competitividade existente entre

as empresas (nesse artigo vai-se abordar uma microempresa) uma importante condição para

sua sobrevivência está ligada à clara definição de seus objetivos e planejamento antecipado

das atitudes a serem tomadas, determinando os possíveis caminhos para atingir tais objetivos.

Segundo dados do SEBRAE(2008) é alto o percentual de mortalidade das empresas

implantadas, exatamente por carências administrativas e econômicas. Diante deste cenário os

empresários decidiram investir na qualificação profissional, principalmente em avaliações e

perícias de obras da construção civil, porque traria insumos e oportunidades para a

organização e a gestão da empresa. Tendo também essa informação, o autor busca novas

idéias sobre Gestão Estratégica para viabilizar, de maneira consistente, a elaboração do

Planejamento estratégico para uma empresa de construção civil, bem como na estruturação e

nas decisões estratégicas da empresa.

O objetivo deste projeto visa a apresentar proposta de Planejamento Estratégico para

uma empresa de construção civil e sua viabilidade operacional. Como se está implantando

uma micro-empresa de construção civil, acha-se oportuno estudar modelos de Planejamento

Estratégico compatíveis com a realidade desta empresa. Após intensa pesquisa bibliográfica

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sobre o tema, escolheu-se um modelo para subsidiar o Planejamento Estratégico da empresa

em estudo.

Justifica-se a elaboração do projeto também pela preocupação que os sócios sentem

em garantir a qualidade no atendimento do seu público, tendo dessa forma a sua satisfação e

uma empresa saudável.

Quando da realização da Pós graduação em Auditoria, Avaliações e Perícias da

Engenharia, a autoria do presente artigo se preocupou em atualizar a bibliografia referente a

esta área do conhecimento. No livro Alonso & D‟Amato (2009, pg. 23) são elencadas as

principais atribuições e tarefas que devem seguir de orientação para a empresa de engenharia

no que concerne os serviços de avaliações:

É o campo da engenharia que trata da metodologia ou da técnica avaliatória, cabendo

ao profissional legalmente habilitado, quer por lei, quer pela própria natureza do

trabalho, a exclusiva atividade de avaliar bens ou coisas dentro das suas respectivas

atribuições.

É de longa data que inúmeros profissionais se dedicam ao estudo, pesquisa e

divulgação da técnica de avaliar bens móveis e imóveis. Atualmente, um grande

número de profissionais vem militando nessa especialidade, mostrando existir,

realmente, uma metodologia científica e, mais ainda, que o trabalho só pode ser

criteriosamente executado por profissionais bastante especializados, em face da

exigência de conhecimento técnico-científico.

Dentro deste prisma, os empresários mantiveram o foco previsto no próprio

Planejamento Estratégico.

O presente artigo é apresentado da seguinte forma. Além desta introdução, tem-se no

item 2 - Fundamentação Teórica, que dará amparo ao autor para elaborar o proposto no artigo,

estando dividido em 2.1 – O cenário de atuação da empresa na construção civil tendo como

foco Avaliações e Perícias na Engenharia 2.2 – Planejamento Estratégico; 2.3 – Metodologia

de Planejamento Estratégico e de Avaliações e Perícias; o item 3 – Aspectos Metodológicos;

o item 4 – Apresentação e Análise dos Resultados, divididos em 4.1 – Caracterização da

empresa onde será proposta a elaboração do planejamento estratégico, trazendo a forma que é

constituída e o foco do trabalho da XYZ Engenharia e Construções LTDA.; 4.2 -

Apresentação da proposta de Planejamento Estratégico, aborda o modelo do Pereira(2010)

como diretriz para elaboração do Planejamento Estratégico da microempresa de construção

civil; o item 5 – Conclusão, o autor expressa a importância do estudo realizado resultando na

elaboração do Planejamento Estratégico que deve ser empregado na microempresa objeto do

estudo; Finalizando o item 6 – Bibliografia, apresenta a bibliografia utilizada na pesquisa.

2. Fundamentação Teórica

Os fundamentos teóricos que subsidiam a presente pesquisa envolvem os temas:

Planejamento Estratégico e Metodologia de Planejamento Estratégico.

2.1 O cenário de atuação da empresa na construção civil tendo como foco Avaliações e

Perícias na Engenharia

Na área de construção civil, assim como acontece com empresa dos mais variados

ramos, as informações são trocadas e relações acontecem com várias organizações inseridas

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no seu ambiente externo, seja essa, empresas concorrentes, bem como fornecedores,

sindicatos, etc., dessa forma se torna totalmente arriscado os seus gerentes administrarem a

sua empresa como se ela fosse independente, com pensamento monopolista, e sim, devem

administrar mutuamente, tanto por questão de competitividade ou pela própria sobrevivência.

É fundamental que a empresa diversifique suas atividades e os engenheiros

proprietários, como empreendedores que são, estão atentos as mudanças e variações no

mercado da construção civil. As informações devem vir de todos os segmentos possíveis,

porque pensa-se globalmente embora se viva localmente. A realidade da empresa mesmo

sendo local sofre as influências dos mercados nacionais e até internacionais. Com a

implementação de programas sociais que visam à construção civil para classes C e D,

seguramente haverá em um futuro próximo situações de perícias. É perfeitamente plausível se

pensar que o aumento quantitativo acelerado de moradias populares, haja um incremento

significativo nas patologias de construções. Atenta a isso a empresa XYZ Engenharia e

Construções LTDA., perseguindo a eficácia e eficiência na sua atuação no mercado, entende

ser de fundamental importância a qualificação, também na área de avaliações e perícias.

Segundo Dantas (2005, pg.16):

Para se avaliar é preciso conhecer. Para se conhecer é necessário vistoriar. A vistoria

é, portanto, um exame cuidadoso de tudo aquilo que possa interferir no valor de um

bem, tanto interna como externamente. Para isto deve-se conhecer da melhor maneira

possível o imóvel avaliando e o contexto urbano a que pertence, daí resultando

condições para adequada orientação da coleta de dados. Assim, nesta etapa deve-se

vistoriar não apenas o bem avaliado, mas também a região envolvente, com o objetivo

de conhecer detalhadamente as suas características físicas, locacionais, tendências

mercadológicas, vocação etc.

Todos esses aspectos abordados acima são características também relevantes para uma

análise criteriosa do engenheiro perito, porém não se deve parar em simples vistorias, porque

nas mesmas, segundo Fagundes Neto (2008, pg. 130) “não se busca a apuração das causas que

originaram as patologias enquanto na perícia a apuração das causas é o fator determinante.”

Ainda segundo Fagundes Neto (2008, pg. 130) “Nas perícias, caberá ao jurisperito ou

simplesmente ao técnico, diagnosticar as causas e em que fase do processo construtivo se

instalou a patologia.”

2.2 Planejamento Estratégico

Deve-se administrar com visão sistêmica, permitindo que todos colaboradores, tanto

no ambiente interno, quanto no externo, exerçam suas funções trocando informações entre si.

Exercendo a visão sistêmica, involuntariamente, ou não, já está se praticando o Planejamento

Estratégico.

Para Pereira(2010, pg. 39) “O Planejamento pode ser compreendido em sua essência a

partir de quatro visões distintas, porém complementares: a visão globalística ou sistêmica;

participativa; empreendedora ou inovadora; e humanística.” O ponto chave da questão das

quatro visões acima citadas, é que distintas de nada valem. Não adianta ter na organização

pessoas que enxergam de forma global, que estão por dentro dos acontecimentos, atualizadas,

se elas guardarem pra si e não participarem, não existir um envolvimento.

As empresas não sobrevivem eternamente se ficarem na mesmice, é preciso

inovar,ousar, a visão empreendedora precisa estar na mente dos Gestores, precisam ter sempre

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esses espíritos e conseguindo unir esse espírito de inovação juntamente com um lado mais

humano, saber lidar com pessoas, com os colaboradores, clientes, fornecedores,etc... se

completariam as quatro visões que se complementam possibilitando a elaboração de um

Planejamento Estratégico de sucesso.

Afinal o que seria Planejamento Estratégico? Pereira(2010, pg.47), coloca que:

Planejamento Estratégico é um processo que consiste na análise sistemática dos

pontos fortes (competências) e fracos (incompetências ou possibilidades de

melhorias) da organização, e das oportunidades e ameaças do ambiente externo, com

o objetivo de formular (formar) estratégias e ações estratégicas com o intuito de

aumentar a competitividade e seu grau de resolutividade.

O autor Oliveira (2007 pg.17) define Planejamento Estratégico de uma forma mais

objetivo, sendo o “processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se

estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de

interação com os fatores externos – não controláveis – e atuando de forma inovadora e

diferenciada”. Já para Drucker (1984, pg, 133), considerado o pai da administração moderna,

Planejamento Estratégico é:

um processo contínuo de, sistematicamente e com o maior conhecimento possível do

futuro contido, tomar decisões atuais que envolvam riscos; organizar

sistematicamente as atividades necessárias à execução destas decisões e, através de

uma retroalimentação organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões

em confronto com as expectativas alimentadas.

Os autores Chiavenato (2003, pg 39) preferem definir Planejamento Estratégico como

“um processo de formulação de estratégias organizacionais, no qual se busca a inserção da

organização e de sua missão no ambiente em que ela esta atuando.”

Após abordar o conceito de Planejamento Estratégico através de 5 autores, podemos

observar que o apesar de cada autor desenvolver seu conceito escrito de formas diferenciadas,

podemos observar que todos tratam como um processo que, toma-se decisões para conhecer

as oportunidades e ameaças que o mercado apresenta para as empresas.

Apesar do conceito de Planejamento Estratégico ser o mesmo para os diversos

segmentos que compõem nosso universo, cada empresa tem a sua identidade, seus valores,

suas ambições, nenhuma empresa é igual a outra. A estratégia criada para uma empresa não

necessariamente dará certo na outra,pelo contrário, a possibilidade de fracasso é grande, pois

a realidade de cada empresa nunca será exatamente a mesma.

Porter(1986 pg.96) uma referência em administração estratégica, salienta, em relação

aos sinais do mercado que “dedicar uma atenção demasiada a eles pode ser uma distração

contraproducente. Ao invés de decifrar todos os sentidos ocultos nas palavras e ações dos

concorrentes, adotar políticas de acordo com isto, as companhias deveriam concentrar seu

tempo e energia na competição.” Porém na sequência ele alerta “Ignorá-los é como ignorar

também os concorrentes.” Pode-se observar que nem todos os sinais de mercados são

transformados em oportunidades, existem muitos sinais meramente especulativos. Tem-se que

ficar atentos e conseguir filtrar o que realmente pode marcar o diferencial de atuação da

empresa.

O propósito ao criar uma empresa é evidentemente o sucesso, este nada mais é que

alcançar a meta planejada, idealizada no Planejamento Estratégico. Desta forma é

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imprescindível que se estabeleçam a visão, missão princípios e valores, itens constantes na

elaboração do Planejamento Estratégico. Costa (2007, pg 35) “Visão e Missão são dois

conceitos fundamentais distintos, mas complementares e intimamente ligados entre si, como

se fossem duas faces da mesma moeda: o primeiro procura descrever o que a organização

quer ser no futuro, e o segundo resulta de uma reflexão sobre a razão de sua existência.”

Costa(2007, pg 38 e 39) define Princípios como “pontos e tópicos os quais a organização não

está disposta a mudar aconteça o que acontecer.” E valores “são características, virtudes,

qualidades da organização que podem ser objeto de avaliação, como se estivessem em uma

escala, com gradação entre avaliações extremas” e finaliza o conceito de princípios e valores

dentro do Planejamento Estratégico fazendo analogia a um edifício “É como se os princípios

fossem os fundamentos de um edifício, ao passo que os valores seriam as cores e os

acabamentos das paredes externas ou internas do prédio.”

Sabe-se que apesar da extrema importância de caracterizar uma empresa, definir o seu

perfil com os elementos acima citados, nenhuma instituição sobrevive sem ter traçadas suas

estratégias. Antes da implantação é importante fazer as análises externas e internas e assim

definir as ações estratégicas. Segundo Hartmann (2005, pg50-51) Os fatores externos devem

ser tratados em dois momentos, o primeiro “fazendo a análise do setor em que está contido o

empreendimento. Setor é o conjunto de empresas similares a sua que atuam no local

geográfico definido na sua Visão Estratégica, cercado pelas outras forças competitivas

denominadas fornecedores, clientes, novos entrantes e outros empreendimentos contidos em

outros setores com produtos substitutos.” Já em um segundo momento o autor avalia o

desdobramento dos fatores externos “O segundo momento implica destacar, além da cadeia,

mas ainda no ambiente externo, caracterizado como Natural, Econômico, Político/Legal,

Social, Cultural, Demográfico e Tecnológico, aspectos importantes que geram influências

favoráveis(oportunidades) ou desfavoráveis(ameaças) que influenciam significativamente o

comportamento do empreendimento.” Essas análises externas são preponderantes para o

sucesso na criação da empresa. As perguntas a serem desenvolvidas devem avaliar um

contexto geral, desde a concorrência, preços competitivos, produtos e serviços de qualidade,

até se o mercado em questão realmente comporta a abertura da mesma.

Ainda citando Hartmann (2005, pg52-53) agora para análise e desdobramento dos

fatores internos, “Tudo aquilo que influencia positivamente o seu desempenho e,

consequentemente, a sua rentabilidade, denomina-se de Ponto Forte e, tudo aquilo que

influencia negativamente, de Ponto Fraco.” A análise interna para o propósito que se tem

nesse artigo se torna simples, deve-se elaborar um planejamento, e iniciar o controle dos

fatores internos, tais como: contas a receber, pagar, custos, qualificação dos colaboradores,

administração da matéria prima, planos de curto e longo prazo. Resumindo, todos fatores que

ocorrem dentro do seu escritório, se tiver excelência na condução os transformará em pontos

fortes.

Conhecendo o mercado em que estiver inserida a empresa, as oportunidades e

ameaças, pontos fortes e fracos da empresa devem-se criar as ações estratégicas e para isso

precisa-se definir objetivos e metas. Oliveira (2007 pg.52/53) define o objetivo dentro do

Planejamento Estratégico como “o alvo ou situação que se pretende alcançar. Aqui se

determina para onde a empresa deve dirigir seus esforços.” E meta como “passos ou etapas,

perfeitamente quantificados e com prazos para alcançar os desafios e objetivos. As metas são

decomposições dos objetivos ao longo do tempo (anos,semestres, meses).”

A maioria dos empreendedores é, de certa forma, aventureira, se “joga” no mercado

sem ter o mínimo de conhecimento, sem fazer um estudo, e é por isso que a pesquisa feita

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pelo SEBRAE(2008) aponta que 30% das empresas quebram ainda no seu primeiro ano de

funcionamento e que 60% não consegue completar seu quinto ano de vida. Ou seja, a cada 10

empresas abertas, apenas 4 conseguem completar o seu primeiro qüinqüênio(SEBRAE, 2008).

Nota-se que a pesquisa é recente, 2008, mas mesmo assim muitos acham que elaborar um

plano de ação, um planejamento estratégico onde pode-se reduzir esse índice, demanda muito

tempo e não tem tanta utilidade, ou seja, o benefício não compensa o tempo “perdido”.

As pesquisas bibliográficas demonstraram que é absolutamente viável e extremamente

importante, elaborar um Planejamento Estratégico para a XYZ Engenharia e Construções

LTDA.

A seguir, no item 4.2, apresentação do modelo teórico proposto pelo autor para ser

elaborado para empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA., será apresentado, e de

maneira bem didática, as etapas que constituem fundamentalmente um Planejamento

Estratégico. O Objetivo primordial deste artigo é demonstrar a viabilidade da elaboração de

um Planejamento Estratégico visando à gestão moderna de empresa de construção civil.

2.3 Metodologia de Planejamento Estratégico e de Avaliações e Perícias

O Planejamento Estratégico está bastante difundido no mundo inteiro, existem vários

autores e metodologias. O autor deste artigo decidiu se embasar, para elaboração do

Planejamento Estratégico da XYZ Engenharia e Construções Ltda., no Modelo de

Planejamento Estratégico contido em Pereira (2010) que será exposto abaixo, bem como sua

metodologia. A escolha está embasada no fato de ser acessível, clara e eficaz, além de ser

oriunda de uma recente publicação.

Figura 1 – Modelo de Planejamento Estratégico que demonstra seus momentos. Contido no livro

Pereira (2010, p.57)

Segundo Pereira (2010, pg. 55) para optar pela elaboração do Planejamento

Estratégico de uma empresa, o Sócio Administrador (ou responsável) deve responder duas

perguntas: “é esse o momento ideal para a organização desenvolver um Planejamento

Estratégico?” e “a maior coalizão dominante da organização está consciente da sua

responsabilidade, ou seja, tem consciência de que terá que se envolver 100% com o

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processo?”. Esse é o primeiro momento do Planejamento e torna-se imprescindível que as

respostas das questões acima sejam positivas, caso contrário pode ser um fracasso a

elaboração do Planejamento Estratégico, resultando em gastos desnecessários e tempo

perdido.

A formação da equipe para elaboração do Planejamento Estratégico pode ser feito de

três formas conforme Pereira (2010, pg. 58): “

Top Down: processo de tomada de decisão que ocorre de cima para baixo, ou seja, a

cúpula define o que fazer e como será o processo, sem participação de escalões

inferiores da organização.

Button-Up: processo de tomada de decisão que ocorre de baixo para cima, ou seja,

todos participam do processo.

Misto: seria uma saída para o impasse do Top-Down e do Button-Up. Desse modo,

monta-se uma Equipe de Planejamento Estratégico com pessoas das mais diversas

áreas da organização.

Qualquer que seja a escolha, Pereira (2010, pg. 59) pede atenção para que a equipe

tenha obrigatoriamente: “Coalizão Dominante Formal (CDF) que são todas aquelas pessoas

que ocupam cargos na estrutura da organização, que detêm poder, principalmente da linha

hierárquica.” E “Coalizão Dominante Informal (CDI) que são todos os indivíduos que não

estão em cargos na estrutura da organização, no entanto, exercem influência sobre

determinadas pessoas.”

No entendimento de Pereira, é fundamental essas pessoas (CDF e CDI) fazerem parte

do processo, pois são formadores de opinião dentro da empresa. Como a formação da equipe

que irá participar da elaboração do Planejamento Estratégico, inicia-se o momento dois, sendo

definida a declaração de valores, missão, visão e fatores críticos de sucesso, análise externa,

análise interna, matriz FOFA, questões estratégicas, estratégias e ações estratégicas

respectivamente. Mesmo sendo dispostas as etapas na ordem acima, Pereira (2010, pg. 71)

alerta que:

Planejamento Estratégico é um processo, ou seja, algo dinâmico. Então,

principalmente enquanto estivermos no momento 2, devemos seguir uma ordem de

discussão. São as etapas que já foram apresentadas, no entanto, podemos também

retornar à discussão de itens passados. Quero dizer: se a organização já definiu a

missão e, ao traçar por exemplo, as estratégias, alguém teve uma outra idéia, sobre a

missão. Tudo bem! Estamos no momento 2, e é um processo, não algo estático.

Protanto, devemos retornar e escutar o que a pessoa que levantou a dúvida tem a dizer,

é melhor pararmos agora para uma nova reflexão, do que depois de finalizarmos o

momento 2 e já estarmos no momento 3, ou seja, implementando o Planejamento

Estratégico. Caso tal situação ocorra no momento 3, será um complicador muito

maior.

Assim como temos nossos valores, devemos instituir para a empresa seus valores,

assim cobra-se dos colaboradores seu cumprimento, define-se os fornecedores que se

enquadram, e demonstra-se para os clientes as intenções da empresa. Pereira (2010, pg. 74)

define Declaração de Valores sendo:

crenças, princípios, políticas, filosofia, ideologia, entre outros, mas não vamos entrar

na discussão filosófica de cada conceito. Vamos entender tudo como Valores, ou seja,

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aqueles elementos em que acreditamos, que os membros da organização como um

todo vêem nesses elementos os seus norteadores de comportamento, são os

balizadores da ação empresarial, eles dizem para todos na empresa o que é certo e o

que é errado. São elementos nos quais os membros acreditam piamente.

Já a Missão para Pereira (2010, pg. 81) “é a razão de ser da organização; representa o

negócio em que ela se encontra. É o papel desempenhado pela organização em seu negócio. A

Missão visa comunicar interna e externamente o propósito de seu negócio”.

É importante que toda a equipe explane suas idéias em relação a missão da empresa, e

no final coloca-se as idéias em discussão chegando a missão ideal.

Pereira (2010, pg. 87) define Visão sendo “como uma bússola, mostrando a direção na

qual a organização está caminhando. Além de apontar o caminho para o futuro, faz com que

ela queira chegar lá; e representa suas maiores esperanças e os seus mais expressivos sonhos”.

Sucedendo a Visão chega-se a definição dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS), que

segundo Pereira (2010,pg. 94) esses fatores:

são da organização. No entanto, não é ela sozinha quem os define. Quem faz isso na

verdade é o mercado, são as condições fundamentais que precisam necessariamente

ser satisfeitas para que ela tenha sucesso no seu setor de atuação. Elas são diferentes

para cada setor, pois dependem diretamente de forças específicas que atuam em cada

um deles. Pode-se dizer, ainda, que é um conjunto especial de condições baseadas na

análise do setor e nas forças que a organização identificou como responsáveis pela

estrutura do seu negócio. Podem ser inclusive diferentes para organizações de um

mesmo setor da economia. Para cada organização, temos um rol de FCS.

Na continuidade das etapas proposta pelo modelo do Pereira e ainda no momento 2, a

Análise Externa, com avanço da tecnologia e o mercado cada vez mais acirrado, fica

praticamente impossível administrar uma empresa sem se preocupar com o ambiente externo.

Pereira (2010, pg.102) salienta que:

Na análise do ambiente externo, as organizações devem interpretar as situações à luz

de suas oportunidades e ameaças. Por oportunidade, entendemos a força ou a variável

incontrolável pela organização que pode favorecer as suas estratégias. As ameaças são

os elementos negativos, ou seja, continuam sendo estratégia, no entanto, poderão ou

não ser evitadas quando conhecidas em tempo suficiente para serem administradas.

A análise interna resume-se em dois pontos, fortes e fracos. Pereira (2010, pg. 109)

define o primeiro sendo, “características ou recursos disponíveis da organização que facilitam

o resultado. É uma situação que lhe proporciona uma vantagem no ambiente organizacional.

Em tese, é uma variável, controlável, pois a organização pode agir sobre o problema ou

situação, ou seja, pode interferir mais rapidamente.”

Já para pontos fracos, Pereira (2010, pg. 110) coloca que “são características ou

limitações da organização que dificultam a obtenção de resultado. Em tese, também é uma

variável controlável, pois a organização pode agir sobre o problema ou situação, ou seja, pode

interferir mais rapidamente.”

Na junção das análises externa e interna, surge a matriz FOFA (pontos Fortes,

Oportunidades, pontos Fracos e Ameaças), em inglês corresponde à matriz SWOT(Strenght,

Weaknesses, Opportunities e Threats). Segundo Pereira (2010, pg. 114) “A análise da matriz

FOFA tem como objetivo reunir todos os itens considerados como pontos fortes e relacioná-

los com os pontos fracos, oportunidades e ameaças.” Deve-se observar se tais pontos fortes

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acabam com pontos fracos, ajudam a aproveitar a oportunidade e minimizam a ameaça. Após

esse comparativo, Segundo Pereira(2010, pg. 115),

caso a empresa apresente mais de 80% de resposta Sim, significa que a organização

está muito bem. Porém, pode-se fazer uma ainda uma prova real aos 80%. Por

exemplo, a empresa, depois de finalizar e fazer o percentual, faz a seguinte pergunta a

ela mesma: caso eu substitua todos os mesmos 80% de Sim em Não e os 20% de Não

em Sim, a organização, na visão da empresa, melhorará? Caso a resposta seja SIM,

melhorará com a mudança, assim configura-se que a organização não está bem, pois

as ligações de Sim não são consistentes e, portanto, não está bem.

Finaliza-se o momento 2 do modelo proposto para a Elaboração do Planejamento

Estratégico, com as questões estratégicas, estratégias e ações estratégicas que a empresa deve

determinar. Para determinar os 3 itens acima Pereira (2010, pg.130) salienta que é importante

“primeiramente discutir quais são as questões estratégicas da organização, olhando

obviamente para todos os itens até agora formulados.” É importante também tratar “as

questões estratégicas à luz do seu grau de impacto para a organização.” Define-se as questões

estratégicas e aí, cria-se as estratégias para resolver cada questão levantada e que serão

executadas através das ações estratégicas que forem definidas.

Ao mencionar estratégias não se pode deixar de incluir a matriz BCG, Pereira (2010,

pg. 124) diz que a matriz BCG é

conhecida como uma técnica de análise de portfólio de produtos, tem como objetivo

avaliar a performance relativa dos produtos e serviços de uma organização. São quatro

posições em destaque a partir de dois vértices: participação relativa de mercado que a

organização tem com o seu produto ou serviço em comparação ao seu principal

concorrente; e crescimento do mercado em que se encontra o produto ou serviço.

As quatro posições mencionadas acima são tratadas como Produto ou Serviço

“Estrela”, “Abacaxi”, “Vaca Leiteira” e “Dúvida”, que significam, segundo Pereira (2010, pg.

125):

“Estrela”: são aqueles líderes no mercado e ainda por cima em mercado em expansão.

Requerem da organização um certo grau de atenção e investimento, porém está

trazendo muito resultado para a mesma;

“Abacaxi”: não tem destaque no mercado em que atua e, para piorar, o mercado está

em baixa. É um produto ou serviço que consome muitos recursos da empresa e, ainda

por cima, não traz nenhum resultado. No médio e longo prazo, se a empresa nada

fizer, ele pode levar a mesma a ter sérios problemas de caixa e, mesmo, levar a

empresa a fechar as atividades;

“Vaca Leiteira”: tem uma elevada participação no mercado. Porém, o mercado está

com baixo crescimento. Tal produto é importante, por exemplo, para gerar caixa para

os produtos “Estrela”e “Dúvida”;

“Dúvida”: estão em mercados em crescimento, porém sua participação no mercado

ainda é uma dúvida. São produtos ou serviços que exigem investimentos por parte da

organização, por exemplo, em estratégias de marketing.

Partindo para o Momento 3 do modelo, teremos a implantação do Planejamento

Estratégico, bem como seu acompanhamento e controle. Pereira (2010, pg. 133) ressalta que

para o sucesso da implantação do Planejamento Estratégico:

Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil janeiro/2013

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A organização deve fazer um lançamento oficial do documento para todos os

funcionários. Deve ser na própria organização. Pode ser de diversas maneiras, um

vídeo postado na intranet da organização gravado com a Coalizão Dominante Formal

apresentando o Planejamento Estratégico; pode ser através de cartazes; de um evento

de lançamento, no site da empresa; enfim tem que ser comunicado oficialmente que a

organização conta agora com um documento formal de Planejamento Estratégico.

Após anunciada a utilização do Planejamento Estratégico montada por uma equipe,

deve-se formar e oficializar os membros que farão parte do acompanhamento e controle do

Planejamento Estratégico.

3. Aspectos Metodológicos

O enquadramento metodológico da presente pesquisa está estruturado da seguinte

forma:

A natureza do objetivo deste projeto é exploratória, segundo Vieira (2002, p.5) “uma

pesquisa exploratória visa proporcionar ao pesquisador uma maior familiaridade com o

problema em estudo”.

A natureza do artigo é prática, na forma de um estudo de caso. Um estudo de caso

permite, segundo Yin (2003, p. 21), "uma investigação para se preservar as características

holísticas e significativas dos eventos da vida real."

A coleta de dados envolve dados secundários por meio da análise da literatura.

Richardson (1999) comenta que “os dados secundários são aqueles obtidos, por exemplo, de

obras bibliográficas ou de relatórios de pesquisas anteriores.”

A Abordagem do problema é qualitativa, pois não tem “emprego de instrumental

estatístico no processo de análise do problema” segundo estabelece Richardson (1999).

Tendo o autor a preocupação de determinar o melhor Modelo de Planejamento

Estratégico para empresa em questão, o instrumento de pesquisa é de análise documental,

possibilitando um embasamento científico mais sólido para elaboração do Planejamento

Estratégico proposto. Segundo Oliveira (2003, p. 65) a análise documental consiste em “uma

forma de coleta de dados em relação a documentos, escritos ou não, denominados fontes

primárias”.

4. Apresentação e Análise de Dados

O Planejamento Estratégico será efetuado na Empresa XYZ Engenharia e Construções

LTDA. e sua análise contextual será feita na sequência.

4.1 Caracterização da empresa onde será proposta a elaboração do planejamento

estratégico

Segundo diretrizes do SEBRAE a empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA. é

uma micro empresa, composta por 2 sócios engenheiros civis, responsáveis pela criação dos

projetos, execução das perícias e avaliações de obras na engenharia e gestão de obras. A

atividade de execução é terceirizada, não havendo funcionários até o momento. A atuação no

mercado poderá acarretar a necessidade de ampliação do capital intelectual. Inclusive, a

participação de um sócio nesse curso, teve explicitamente esta decisão. A empresa está

regularizada junto aos órgãos competentes que supervisionam essa atividade profissional

Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil janeiro/2013

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(CREA/SC). A empresa foi criada com objetivo de atender a demanda criada pelo projeto

governamental em conjunto com a Caixa Econômica Federal, Minha Casa Minha Vida,

atendendo, prioritariamente as classes econômicas C e D. E também visando a oportunidade

existente pela carência de profissionais que executem as atividades de avaliações bem como

de perícias na área de engenharia civil, na região.

A Construção civil, como se pode observar, é uma das áreas em franco

desenvolvimento. A XYZ Engenharia e Construções LTDA notou que se abria uma

oportunidade impar para abrir negócios. As principais características que a empresa pretende

ter, além da gestão estratégica, é a flexibilidade de atender a maior parte dos serviços ligados

à área de Engenharia Civil. A Sociedade de hoje é pautada em situações de especialização e

de generalidades, embora pareça ser paradoxal, é de suma importância o empresário ser

versátil em ambas as situações.

Além dos serviços ligados à engenharia, a empresa XYZ pretende ter como atividade

diferencial e prioritária, a administração de obras, dando a oportunidade ao seu cliente, de

repassar todas as atribuições e responsabilidades da obra. Nesse processo, o intuito da

empresa não é unicamente dar oportunidade para seu cliente utilizar o tempo que demandaria

o envolvimento na obra, para que faça o seu dia a dia, administrando seu tempo, conforme

mencionam os autores Serra e Macedo (2009), que por acúmulo de atividades acabamos

atropelando outras, deixando questões estratégicas de nossa empresa de lado, aproveitando

pouco o tempo com a família, além de muitas vezes nos depararmos fazendo duas atividades

ao mesmo tempo.

Dessa forma, nos repassando algo que não dominam, sobrará mais tempo para

questões profissionais e pessoais do cliente em questão. Mas também, gerar uma economia

com o melhor produto possível, sendo essa economia, no mínimo, maior que a porcentagem

cobrada pela empresa. Como? Bom, por estar inserida no meio do mercado civil, a empresa

teria mais fácil acesso aos fornecedores, e seu corpo técnico o conhecimento e parceiros para

realização de cada etapa da obra.

Outra oportunidade que se apresenta para a empresa é a execução de habitações

populares. Com o programa de financiamento (Minha Casa, minha vida) criado pelo governo

federal em parceria com a Caixa Economia Federal. Desta forma, as Classes C e D, vêem a

oportunidade de viabilizar sua casa própria. Por se tratar de casas para classe baixa, através de

uma pesquisa mercadológica pode-se observar que muitos construtores acabam diminuindo a

qualidade da mão de obra e da matéria prima empregada, aumentando assim seu lucro. Outra

oportunidade detectada, idealiza-se uma margem menor de lucro, tendo condições de

trabalhar com a mão de obra e a matéria prima mais qualificada, eliminando re-trabalhos.

Sabe-se que o ramo da construção civil está repleto de oportunidades. Estas e as

ameaças fazem parte do Planejamento Estratégico de uma empresa, ou seja, já se está

começando a responder a questão de que o Planejamento Estratégico é não só possível, mas

fundamental para uma empresa de engenharia.

4.2 Apresentação da proposta de Planejamento Estratégico

Conforme modelo proposto pelo autor para amparar a elaboração do Planejamento

Estratégico da XYZ Engenharia e Construções LTDA., a primeira etapa a ser pesquisada é

momento 1, ou seja, o diagnóstico estratégico, a decisão de fazer, ou não, o Planejamento. A

idéia dos sócios ao optar pela sua elaboração se dá, principalmente, para iniciar uma empresa

com bases administrativas sólidas, preparados para enfrentar as vulnerabilidades do mercado.

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No momento 2, ou seja, no processo de Planejamento Estratégico, insere-se a

declaração de valores que consolidarão a empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA. no

mercado são os que seguem, em ordem de prioridade. Ética, Valorização Humana,

Comprometimento, Transparência, Qualidade e Segurança. Mesmo que haja esta escala, os

sócios da empresa declaram que todos estes valores farão parte integrante da sua atuação

como princípios norteadores de conduta.

A missão que será perseguida tenazmente é: Atender as necessidades dos clientes e

colaboradores, através da prestação qualificada do serviço de engenharia, observados os

valores da empresa, promovendo o bem estar e superando suas expectativas, quando

possível.

A visão norteadora da empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA. é: Ser

reconhecida até 2015 como empresa referência da região da AMUREL1 na qualidade da

prestação de serviços de engenharia. Os fatores intrinsecamente determinantes na saúde da empresa e o seu conseqüente

sucesso serão: sustentabilidade administrativa e financeira, possibilidade de competição no

mercado e qualificação crescente de seus serviços de engenharia colocados à disposição dos

clientes.

Algumas das oportunidades que se apresentam para a empresa XYZ Engenharia e

Construções LTDA. são: Facilidade de financiamento para habitações populares para

classes C e D, procura maior que oferta nas construções, residenciais, comerciais e

industriais, carência de profissionais em áreas específicas, avaliações e perícias, da

engenharia civil na região da AMUREL.

As Ameaças que poderão se fazer presentes na atuação da empresa XYZ Engenharia e

Construções LTDA. são, entre outras, falta de mão de obra qualificada, alta concorrência

na execução de obras e mudança governamental na taxa de juros dos financiamentos

habitacionais.

Como a empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA. está se estruturando para

atuar no mercado, os itens componentes na análise interna estarão em discussão constante dos

sócios da empresa. Haverá uma orientação fundamentada nos valores, missão e visão da

empresa para implantação gradativa dos itens constantes na literatura que embasou o presente

artigo. Como no momento, deste estudo a empresa é composta, apenas, pelos dois sócios

proprietários, mostrar-se-á precária a apresentação de todos os itens compreendidos na análise

interna da implantação do Planejamento Estratégico proposto. A título de exemplificação

pode-se citar como pontos fortes os seguintes: capacitação dos sócios, solidez financeira,

motivação e adequadas condições de trabalho, e com pontos fracos: falta de liquidez e

imprevisibilidade nos lucros.

Com as análises externas e internas definidas deve-se fazer a matriz FOFA(Pontos

Fortes, Oportunidades, Pontos Fracos e Ameaças), também conhecida como matriz SWOT.

Essa tabela abaixo foi elaborada pelo autor:

MATRIZ FOFA – Empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA.

Itens Descrição

An

áli

se

Ex ter

na Oportunidades 1 Facilidades de financiamento para habitações populares para

1 Associação dos Municípios da Região de Laguna- AMUREL – Associação que compreende, além do

município de Tubarão, pólo da região, os municípios seguintes: Armazém, Braço do Norte, Capivari de Baixo,

Imaruí, Imbituba, Jaguaruna, Laguna, Rio Fortuna, Sangão, Santa Rosa de Lima, São Martinho e Treze de Maio.

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classes C e D

2 Procura maior que oferta nas construções residenciais, comerciais e industriais

3 Carência de profissionais em áreas específicas, avaliações e perícias, da engenharia civil na região da AMUREL

Ameaças

4 Falta de mão de obra qualificada

5 Alta concorrência na execução de obras

6 Mudança governamental na taxa de juros dos financiamentos habitacionais

An

ális

e In

tern

a

Pontos Fortes

7 Capacitação dos sócios

8 Solidez financeira

9 Motivação

10 Adequadas condições de trabalho

Pontos Fracos 11 Falta de Liquidez

12 Imprevisibilidade nos lucros Elaborada pelo autor deste artigo em dezembro de 2010 Cruzamento dos Pontos Fortes com Oportunidades, Ameaças e Pontos Fracos, conforme orientação de Pereira (2010, pg.114)

7 e 1 Sim 8 e 1 Sim 9 e 1 Não 10 e 1 Não 7 e 2 Sim 8 e 2 Sim 9 e 2 Não 10 e 2 Não 7 e 3 Sim 8 e 3 Não 9 e 3 Sim 10 e 3 Não 7 e 4 Sim 8 e 4 Sim 9 e 4 Sim 10 e 4 Sim 7 e 5 Sim 8 e 5 Sim 9 e 5 Sim 10 e 5 Sim 7 e 6 Não 8 e 6 Não 9 e 6 Não 10 e 6 Não 7 e 11 Não 8 e 11 Sim 9 e 11 Não 10 e 11 Não 7 e 12 Sim 8 e 12 Sim 9 e 12 Não 10 e 12 Não Resultado final indicando uma porcentagem de 51,52% de Sim e 48,48% de Não.

Figura 2 – Matriz Fofa fazendo o cruzamento entre os pontos fortes com as oportunidades, ameaças e pontos

fracos

Conforme Pereira (2010, pg. 115) o percentual de 80% de “sim”, significa que a

empresa está muito bem. A Empresa em questão teve um percentual de 51,52% de “sim”, mas

deve-se levar em consideração que a empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA. está

iniciando suas atividades, não tendo pontos fortes necessários para combater os fracos e as

ameaças.

A empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA., iniciou suas atividades utilizando-

se de recurso próprio para execução de habitações populares geminadas. De acordo com a

matriz BCG, exposta abaixo na figura 3, considera-se esse serviço como “Estrela”, pois é um

serviço que está em crescimento no mercado e que dá uma boa rentabilidade para a empresa.

Já a administração de obras é considerada “Estrela” também por se tratar de uma atividade em

crescimento no mercado e que não demanda um capital alto de investimento, uma vez que

administram-se obras de terceiros, com recursos de terceiros, ganhando uma certa

porcentagem em cima do montante pelo serviço prestado. E por fim, incluem-se os serviços

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de avaliações e perícias em obras de engenharia como “Estrela” porque persegue uma

qualificação crescente de um dos sócios da empresa. Há que se ressaltar que esta é uma área

carente de recursos humanos disponíveis no mercado de trabalho local.

Já como “Vacas Leiteiras” consideram-se os Projetos Arquitetonico e

Complementares, uma vez que a empresa está mantendo seus custos fixos, através desses

serviços, porém, não é idéia dos sócios manterem esse serviço por muito tempo. A idéia é ser

excelência na parte de execução dentro da construção civil, seja com recurso próprio, seja

executando para terceiros.

Devido ao crescimento que passa a construção civil em todo Brasil, na região da

AMUREL, não é diferente. Ocasionando uma alta procura para impressão dos projetos de

engenharia. Dessa forma coloca-se como serviço “Dúvida” a central de Plotagens, pois apesar

do crescimento do mercado, seu investimento é alto, e precisa-se fazer uma pesquisa de

mercado para saber se é necessário outra central de Plotagens, uma vez que a região já é

contemplada com outras empresas que praticam esse serviço.

A unificação e desmembramento de terrenos são classificadas como “Abacaxi”, pois a

burocracia excessiva dos órgãos competentes que tratam destas questões inviabilizam a

eficiência necessária para que se tenha a lucratividade dentro de um patamar plausível em sua

execução para a empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA.. A empresa não tem

interesse em manter esses serviços.

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Figura 3 – Matriz BCG indicando o posicionamento de cada serviço da empresa XYZ Engenharia e Construções

LTDA.

As questões estratégicas que foram elencadas, a título de exemplificação, afim de

combater as ameaças citadas, anteriormente foram: Como se preparar para uma possível

mudança governamental nos programas de habitação popular, alterando e aumentando a taxa

de juros? e Como melhorar a mão de obra do chão de fábrica? (conforme figura 4).

A diversificação das ações e atividades da Empresa vai viabilizar a rotação e

priorização requeridas nos momentos de grande dificuldade gerada por elementos externos à

empresa. Como por exemplo: a alta da taxa de juros nos programas de habitação do governo,

juntamente com a Caixa Econômica Federal(C.E.F.).

Com profissionais multifuncionais, aptos a exercerem as diferentes atividades

requeridas em momentos de crise, ou seja, ameaças.

A empresa deve oferecer oportunidades de treinamentos internos e ou buscar

convênios e parcerias com órgãos governamentais de capacitação e qualificação profissionais,

tais como SEBRAE, SENAC, SENAI entre outros.

Figura 4 – Questões Estratégicas importantes para minimizar as ameaças da XYZ Engenharia e Construções

LTDA..

No momento 3 são previstas as etapas de implantação, acompanhamento e controle.

Pretende-se quando for efetivada a implantação, após 6 meses de atuação realizar o

acompanhamento e o controle do processo total do Planejamento Estratégico. Isto fornecerá

um feedback de todo o processo e serão destacados novamente as oportunidades e ameaças e

pontos fortes e fracos, assim o processo cria um dinamismo próprio e estabelece os princípios

básicos da eficiência, eficácia e efetividade administrativa da empresa, criando um processo

contínuo de aperfeiçoamento.

5. Conclusão

A XYZ Engenharia e Construções LTDA., empresa de construção civil, está iniciando

suas atividades e dessa forma o autor viu e elaborou um Planejamento Estratégico que será

implantado.

O autor aproveitou a sua capacitação em uma área específica da engenharia, avaliações

e perícias, e juntamente com o outro sócio engenheiro, capacitado em gerenciamento de

projetos, decidiu abrir seu próprio negócio. Com a ampliação da área de conhecimento dos

sócios, viu-se uma oportunidade de se fixar no mercado. A empresa XYZ Engenharia e

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Construções LTDA. foi implantada e está sendo implementada no decorrer de 2011 com a

implantação do Planejamento Estratégico e da metodologia prevista nas bibliografias

pesquisadas, notadamente em Imóveis Urbanos de autoria de Mônica D „Amato e Nelson

Roberto Pereira Alonso.

Observa-se, que a empresa está inserida em um mercado extremamente competitivo,

que num descuido pode ver uma grande oportunidade passar. O Planejamento Estratégico

elaborado apontou diversas oportunidades e ameaças, pontos fortes e pontos fracos, como

foram apontados no item 4.2 deste artigo, que se trabalhados de forma correta, contribuirão

para um crescimento sólido da empresa. Pode-se dizer também que, iniciar uma empresa com

um Planejamento Estratégico traçado é um diferencial no mercado, além de contar com a

experiência adquirida em Auditoria, Avaliações e Perícias da Engenharia.

Mesmo assim, ficou constatado que é de fundamental importância os sócios ficarem

atentos ao crescimento inicial da empresa, principalmente, identificando sempre os pontos

fortes e fracos, para não haver surpresas, já que nesse início a empresa conta apenas com os

sócios no quadro de funcionários.

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