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PLANEJAMENTOFINANCEIROINFANTIL
IntroduçãoPagar impostos, fazer compras no supermercado,
financiar um imóvel ou simplesmente comprar um
lanche no recreio da escola. Sim, você vai ter que lidar
com dinheiro por toda a sua vida, e é bom começar a
preparar seus filhos para essa realidade desde cedo.
Educação financeira pode ser um assunto complexo até
para os mais maduros, porém, se ele for abordado com
as crianças desde cedo, a percepção dos pequenos será
diferente na infância e também ao longo da vida adulta.
Inserir o tema no contexto familiar não é tão complicado
quanto parece. Para ensinar seu filho a usar o dinheiro
de forma inteligente e consciente, há diversas estratégias
que podem ser utilizadas, de acordo com o período de
desenvolvimento em que ele se encontra.
ConsumismoPrimeiramente, é importante ensinar aos filhos
como lidar com o apelo publicitário. As crianças são
bombardeadas, diariamente, com propagandas que
oferecem e incentivam a compra dos mais variados
produtos e brinquedos. Muitos pais acabam cedendo
aos desejos dos pequenos com medo de frustrá-los
ou até mesmo para reparar alguma necessidade que
passaram na infância. Aí encontra-se o perigo.
“Crianças mais conscientes se transformam em
adultos responsáveis, tanto na parte emocional como
financeira. As que têm seus desejos atendidos pelos
pais sempre, crescem acreditando que podem ter tudo
o que querem, em qualquer tempo, a qualquer hora.
Além disso, essas crianças poderão construir uma
falsa realidade sobre a situação econômica da família,
o que também não é bom”, explica o especialista em
finanças e gestão pela Fundação Getúlio Vargas, Álvaro
Modernell.
ENSINE SEU FILHO A ESPERAR
Este é um treino importante para a vida adulta. Sempre
que seu filho pedir um brinquedo novo, mesmo que
tenha dinheiro em caixa, evite comprar imediatamente.
Que tal combinar de dar o presente na próxima data
especial, no aniversário ou no dia das crianças? Ele dará
muito mais valor ao presente se tiver que esperar por
ele. Pode ser também que ele mude de ideia a respeito
do pedido, o que pode demonstrar que ele não queria o
brinquedo tanto assim.
“Se a criança quebrar um brinquedo, os pais não podem
rapidamente substituí-lo por outro como se nada
tivesse acontecido. Assim, ela começará, aos poucos, a
dar valor ao dinheiro que foi gasto por aquele objeto”,
afirma Modernell. “É importante explicar isso de uma
forma simples. Quanto mais lúdica a explicação, maior a
chance de a ideia emplacar.”
Gabriel Gutierrez, superintendente de previdência da
Lockton Brasil, lembra que os pais também não devem
adotar o costume de sempre dar presentes às crianças
fora de ocasiões específicas, como aniversário ou Natal.
“Se fizer isso, você vai descaracterizar para a criança
o que é presente. Ela precisa ter o sonho, o desejo de
esperar pelo aniversário para receber aquele objeto que
está querendo. Não dá para ter tudo o quer toda hora”,
afirma. Lembre-se de que as crianças se espelham
sempre nos exemplos que têm em casa. Se os pais
forem muito consumistas, elas tendem a ser também,
diz Gutierrez.
NÃO ESCONDA A REALIDADE
Outro item básico na educação financeira das crianças
é ser honesto em relação à realidade econômica da
família. Não há motivos para se envergonhar de dizer
que o preço daquele brinquedo que seu filho deseja
está completamente fora do seu orçamento. É só
mostrar à criança que existem outras prioridades
na família, além de compromissos financeiros que
precisam ser honrados. Vale falar da importância de
comprar comida e roupas, por exemplo, que são coisas
concretas e mais fáceis para a criança entender. Fazer
um discurso sobre a alta taxa do condomínio ou sobre a
inflação, mesmo para crianças um pouco mais velhas, é
pura perda de tempo.
EXPLIQUE A DIFERENÇA ENTRE QUERER E PRECISAR
Querer e precisar são verbos com significados
diferentes e cabe aos pais mostrarem às crianças onde
mora a diferença. Também é importante conversar com
os pequenos sobre a importância de valorizarem o que
eles têm, em vez de acostumá-los a pedir sempre mais.
“Mostre à criança que é possível brincar e ser feliz com
os brinquedos que ela já tem, que a satisfação dela não
deve estar vinculada à compra do produto anunciado
na propaganda”, ensina o especialista.
NÃO EXAGERE NAS COBRANÇAS
Ensinar os princípios básicos de economia é essencial
para a formação de um cidadão capaz de exercitar um
consumo consciente. Porém, todo o cuidado para não
ir de um extremo a outro. Um adulto perdulário é tão
problemático quanto um sovina. “Estimular a criança
a guardar dinheiro é positivo, mas sem exageros. O
equilíbrio deve prevalecer em todas as situações”,
comenta Modernell.
O principal erro dos pais é tentar trazer a criança para a
realidade adulta na hora de falar sobre dinheiro. Nunca
faça isso, enfatiza o educador. “Há uma tendência de
querer tratar as crianças como mini adultos na hora de
falar com elas sobre dinheiro, o que está errado”, diz.
Não adianta querer abordar o assunto quando chega
uma conta de luz ou na hora de pagar a conta do
restaurante. É a própria criança que vai determinar
o timing em que a educação financeira deverá ser
abordada. Por exemplo, quando ela pedir para comprar
um brinquedo ou um lanche em um
momento inadequado.
ConceitosQuando as crianças já tiverem recebido as primeiras noções do valor do dinheiro, consumo e entender que não poderá ter tudo o que deseja, ou que passa na TV, outros conceitos podem começar a ser inseridos em sua rotina. Observe:
DINHEIRO
Explique às crianças o que é o dinheiro, a moeda, o cartão. Quanto a este último, ensine que quando o cartão é passado na ‘maquininha’, determinada quantia em dinheiro está saindo da sua conta. Familiarize sempre as crianças com esses conceitos.
POUPANÇA
Dar de presente à criança um cofrinho simples, de plástico, pode ser o primeiro passo para ensiná-la a investir. Você pode estimular seu filho a guardar ali o troco do lanche, as moedas que ganha do avô e até uma parte da mesada que recebe. Se ele conseguir juntar pelo menos uma porcentagem do valor do brinquedo que deseja, você pode até complementar essa soma para efetuar a compra. Ainda assim, terá dado ao seu filho a oportunidade de adquirir um aprendizado que
ele levará pelo resto da vida.
Outra saída interessante é virar o jogo: em vez de você assumir para si o papel de mostrar aos filhos a importância de poupar dinheiro, crie uma situação em que eles serão forçados a pensar no assunto.
“Vou te dar um exemplo com meus filhos. Sempre que eles iam comigo a uma padaria, pediam para eu comprar um picolé da marca mais cara. Eu comprava. Mas um dia resolvi fazer um teste: em vez de comprar o sorvete, dei 10 reais para cada um e falei para eles escolherem o que eles queriam e que o troco seria deles. Conclusão: eles pegaram os sorvetes mais baratos”, conta Modernell.
CRÉDITO
É possível explicar ao pequeno o conceito de ‘empréstimo’. Ensine-o a emprestar uma coisa com uma data a ser devolvida a ele. Por exemplo: ‘Me empresta tal brinquedo, e eu te devolvo daqui a quatro dias’. Faça isso sempre de forma lúdica, frisando a importância de que aquilo que tomou emprestado deve ser devolvido no prazo e, caso haja algum atraso, haverá certo grau
de ‘punição’.
RENDA
Desde a infância, você pode ensinar a criança que, para
ter dinheiro, é preciso, na idade adequada, trabalhar,
empreender, de que a profissão que ela seguir um dia
vai render um dinheiro que ela possa gastar.
INVESTIMENTO
Não é muito fácil mostrar para uma criança que o
dinheiro vai render e que ela consegue economizar. Mas
uma forma de se falar em investimento é introduzindo
a criança nesse universo. Por exemplo, quando estiver
lendo uma notícia, mostre e explique a ela o que é
uma ação; quando passar perto de uma empresa
grande, diga: ‘Você sabia que você pode ser dono
dessa empresa, comprando um ‘pedacinho’ dela?’; use
blocos ou outros objetos simples para ilustrar suas
explicações.
Educação financeiraCom os conceitos alinhados, é hora de coloca-los em
prática. A partir dos cinco anos, a criança já está mais
curiosa, conhece o dinheiro e é capaz até de identificar
algumas notas e moedas. Nesse momento as mesadas
ou semanadas entram em jogo. “A mesada serve como
uma ferramenta valiosa para ensinar os seus filhos
a fazerem uma boa gestão do dinheiro”, explica a
especialista em educação financeira de crianças e jovens,
Silvia Alambert.
QUANDO DEVO COMEÇAR A DAR MESADA?
Até os seis anos, Álvaro Modernell, aconselha que o
dinheiro seja dado eventualmente aos pequenos. Assim,
em vez de simplesmente dar um presente a eles, os
pais podem dar a quantia em dinheiro e deixar que
comprem, por exemplo. Dessa forma, eles já estarão se
familiarizando com as operações financeiras. Na época
da alfabetização, pode-se introduzir a semanada e, após
os 11 ou 12 anos, a mesada propriamente dita.
QUANTO DAR DE MESADA?
Diversos fatores podem influenciar no valor da mesada:
o local onde a criança mora, as condições econômicas
da família, entre outros. Mas também vale levar em
conta o dia a dia do seu filho e as necessidades dele.
“Acompanhe os gastos do seu filho durante dois ou
três meses antes de definir quanto vai dar de mesada”,
aconselha Modernell. “O valor da mesada não deve ser
tão alto a ponto de a criança não precisar se planejar
para alcançar sonhos e nem tão baixo a ponto de fazê-
la sentir-se excluída do grupo social a que pertence”,
complementa Silvia.
POSSO ADIANTAR A MESADA, SE MEU FILHO GASTAR
ANTES DO TEMPO?
Pode, mas não deve. Afinal, o objetivo da mesada
também é o de ajudar a construir nos pequenos
conceitos como o da responsabilidade. “É importante
que a criança entenda que o dinheiro é um recurso
escasso e que precisa fazer escolhas adequadas o tempo
todo, se quiser beneficiar-se”, alerta Rosário Pujado, sócia
da PRACTA Treinamento e Educação Financeira.
DEVO PAGAR SEMPRE EM DINHEIRO?
Sim, pelo menos até que o seu filho chegue à
adolescência. “Nessa fase, já é possível adotar outros
instrumentos, como o cartão de débito ou o cartão pré-
pago”, diz Modernell.
HORA DE PRATICAR
O consultor financeiro Eduardo Amuri elaborou um
método eficiente e de fácil aplicação para que as
crianças entendam alguns conceitos básicos de finanças
e investimento. Coloque a sugestão em prática com os
pequenos, vale a pena!
A preparaçãoPrimeiro, para aumentar as chances de sucesso, ao menos no começo, sugiro reduzir ao máximo a complexidade do processo. Para este exemplo, trabalharemos exclusivamente com duas moedas: a de 1 real e a de 25 centavos.
A brincadeira será semanal (e não mensal) e, portanto, é muito importante que a criança sinta essa cadência e rotina. Se deixamos uma semana passar, há chances grandes da retomada ser bem difícil.
Utilizaremos semanas como base porque o mês é grande demais. Nossa cabeça tem dificuldade de planejar três refeições para o dia seguinte, esperar que a gente consiga pensar daqui 30 dias é muita pretensão. Um passo de cada vez. Para evitar furos, é uma boa ideia pegar 50 reais e trocar por moedas de 25 centavos e de 1 real. Assim afasta o risco da “semanada” não acontecer por falta de troco.
Além disso, antes de introduzir a dinâmica do tabuleiro, é importante que a criança comece a entrar em contato com a ideia de preço. Quanto mais leve for a apresentação, melhor.
Passeios envolvendo objetos de desejo costumam funcionar bem. Uma loja de doces, uma loja de
brinquedos simples, uma padaria, um parque que venda pipoca. O objetivo é que a criança perceba que 3 moedas de 1 real resultam em um saco de pipoca, que 15 moedas de um real resultam em um carrinho. É só um começo. Se você acha que isso não vai acontecer, ou que é algo avançado demais, eu sugiro dar uma chance, os pequenos aprendem assustadoramente rápido. Com essa noção pacientemente explicada, vamos à dinâmica.
A DINÂMICA
É bem simples, vamos trabalhar com um pequeno tabuleiro (que pode ser uma superfície qualquer, de qualquer tipo. São três áreas, delimitadas: guardar, gastar e doar.
É uma excelente ideia pedir para que a criança “personalize” o tabuleiro. Serve de reforço a ideia de que quem cuida do nosso dinheiro somos nós.
GUARDAR
DOAR
GASTAR
A cada semana, em um dia pré-determinado, a criança recebe um valor fixo, sempre dado em moedas de 1 real. No meu exemplo, a semanada seria de 2 reais. É fundamental que isso se torne um grande evento. A criança poderá manipular o tabuleiro em qualquer dia, mas receberá a semanada sempre no mesmo dia.
Ao receber o dinheiro, a criança pode escolher em qual das seções colocar. Se ela coloca na seção “gastar”, ele tem acesso a esse dinheiro imediatamente e pode gastá-lo da maneira que quiser.
Se ela optar por manter o dinheiro na seção “guardar”, porém, ela não pode gastá-lo, mas, em compensação, na semana seguinte, além de receber os dois reais da semanada, ela recebe uma moeda de 25 centavos para cada moeda de 1 real que guardou.
Essa seria a segunda semana de quem optou por guardar:
GUARDAR
DOAR
GASTAR
Ela tem:
• 2 moedas de 1 real, referentes à primeira semana (acompanhados das duas moedas de 25 centavos, que representam o que esses 2 reais renderam);
• 2 moedas de 1 real referentes à segunda semana;
Ponto importante #1: acredite, é mais fácil explicar essa dinâmica a uma criança do que explicar como os juros funcionam a um adulto.
A próxima semana vai passar e, se a criança optar por manter o dinheiro guardado, ela terá algo parecido com isso:
Ponto importante #2: Temos pouquíssima chance de aprender como o longo prazo funciona, pois a
GUARDAR
DOAR
GASTAR
ansiedade é grande. Note que a primeira e a segunda fileira de moedas estão maiores do que as outras. Oportunidade de ouro de perceber, na prática, que o dinheiro que permanece investido por mais tempo rende mais.
É muito natural que surja a vontade de gastar, de realizar pequenos desejos, de consumir, e a ideia da brincadeira não é, nem de longe, incentivar o pão-durismo. Mas nem sempre podemos consumir quando desejamos, e é melhor aprender no tabuleiro, com as moedinhas, do que na vida real, com o cartão de crédito estourado.
Por isso, antes de permitir que a criança gaste o dinheiro guardado (na seção “guardar”), ela tem, necessariamente, que movê-lo para a seção “gastar”. E isso só é feito de um dia para o outro.
Ponto importante #3: Com essa manobra, batemos com muita força em dois conceitos chave para uma vida financeira saudável: o planejamento (afinal, para gastar o dinheiro na quarta-feira, a criança terá que resgatá-lo na terça), e o entendimento de liquidez (por mais que o dinheiro esteja ali, nem sempre temos acesso irrestrito a ele).
Dessa forma, é possível que tenhamos algo assim:
Com a prática, é bem possível que a criança se sinta incomodada com o fato de, em uma semana, receber 4 moedas, e em outra, apenas 2. É uma ótima hora para explicar que 4 moedas de 25 centavos equivalem a uma moeda de 1 real. Quanto mais visual, melhor:
Ponto importante #4: Essa conversão é bem importante de ser entendida, porque, na nossa brincadeira, apenas moedas de 1 real geram rentabilidade. Então, ao converter 4 moedas de 25 centavos em 1 moeda de um real, é como se ele estivesse reinvestindo o lucro que obteve por ter mantido o dinheiro guardado.
GUARDAR
DOAR
GASTAR
A dona e cuidadora do dinheiro é a criança, claro, mas é bem importante que sejam apresentadas a ela maneiras interessantes de empregá-lo.
É fundamental que ela perceba que pode comprar uma bala (que dura algumas horas), uma bola de handball (que é mais cara que a bala, mas dura mais tempo) ou uma ida no Hopi Hari (que não é algo de pegar, nem de por no bolso, mas que faz as vezes de objeto de desejo).
Além das numerosas possibilidades atreladas ao consumo e a satisfação dos próprios desejos, surge aqui uma chance preciosa de mostrar à criança alternativas que extrapolam seu próprio universo. Surge aqui a seção “doar”.
É possível transformar as moedinhas em um presente para alguém, em uma ajuda para alguém que pede dinheiro pela rua, em uma pequena compra de agasalho para quem está passando frio, em uma compra de mercado para alguém.
GUARDAR
DOAR
GASTAR
Ponto importante #5: A parte da doação é importante para que a criança olhe para fora. É fundamental fazermos com que nossa relação com o dinheiro reflita nossa generosidade.
Depois que a criança entendeu bem a mecânica, é importante mostrar, também, manobras possíveis, com os respectivos desdobramentos.
No exemplo da foto acima, por exemplo, caberia uma fala do tipo: “olha que coisa maluca, filho, você tem um monte de dinheiro para gastar, mas continua com tudo que eu te dei guardado. Legal isso, né?”.
SOFISTICANDO A BRINCADEIRA
Algumas sugestões interessantes, para quando a dinâmica usual estiver bem clara e o valor das moedas já tiver sido bem entendido:
GUARDAR
DOAR
GASTAR
• “Filho, se você me der duas moedas de 1 real e uma moeda de 25 centavos eu te dou uma nota de 2 reais. Essa nota vale menos do que as moedas que você me deu, mas, em compensação, para cada nota de 2 reais que você tiver guardada, você recebe 4 moedas de 25 centavos, toda semana”;
• “Filho, se você me contar, no começo do mês, quando acha que vai ter guardado no final do mês, e acertar, você recebe 4 moedas de 25 centavos extras”;
• “Filho, durante esse mês, ao invés de 1 moeda de 25 centavos para cada moeda de 1 real, você vai receber uma moeda de 25 centavos para cada duas moedas de 1 real”;
• “Filho, no mês do seu aniversário, você recebe 3 moedas de 25 centavos para cada moeda de 1 real que você tiver guardado, toda semana”.
VAMOS PARA A PRÁTICA
A ideia do texto é ser um guia, uma base, para quem quer colocar esse assunto na mesa dos pequenos, mas não sabe bem como. Então, mais importante do que qualquer instrução, contida nesse ou em qualquer outro texto, é começar, o quanto antes.
Além do espaço precioso de formação, os encontros semanais servem de desculpa para a criação de um espaço de diálogo com os pequenos: o que estão querendo? Quais são os medos? Quais são os desejos mais superficiais? E os mais profundos?
Se falamos pouquíssimo sobre a nossa própria vida financeira, falamos menos ainda da formação financeira das crianças. Quanto mais presente o assunto estiver, melhor.
Fontes: Revista Exame, Papo de homem, Segs e EBC
TESTEO QUE VOCÊ ESTÁ ENSINANDO AOS SEUS FILHOS?
Responda às questões a seguir e veja se está preparando
seu filho para lidar bem com dinheiro. Teste elaborado
com a consultoria de Álvaro Modernell.
1. Você conversa sobre dinheiro com o seu filho( ) Sempre. É importante que ele aprenda sobre o
assunto desde cedo. (0)
( ) Nunca. Dinheiro não é assunto para crianças. (6)
( ) Só quando ele me pede algo que não posso
comprar. (3)
2. Você já teve de negar um presente que seu filho queria muito?( ) Não. Eu faço o impossível para não deixa-lo
frustrado. (6)
( ) Algumas vezes, quando o orçamento estava mesmo
muito apertado. (3)
( ) Sim. Ele precisa entender que nem sempre pode ter o
que quer de imediato. (0)
3. Passeando no shopping, você combinou com seu filho que só poderiam comprar um presente para cada um. E...( ) Acabei extrapolando, levando mais coisas para mim e
para ele do que o combinado. (6)
( ) Comprei algumas peças a mais para mim, sem que ele
notasse. (3)
( ) Cumpri o trato, para servir como exemplo. (0)
4. Você costuma levar seu filho ao supermercado?( ) Sempre. Quero que ele saiba como é caro abastecer a
geladeira. (0)
( ) Nunca. Afinal, faço tudo muito mais rápido quando
não estou com ele. (6)
( ) Às vezes. Mas tenho dificuldade de negociar quando
ele fica pedindo coisas sem parar. (3)
5. Seu filho recebe mesada? ( ) Sim, e ele administra como quer esse dinheiro. (0)
( ) Não. Mas quando ele me pede dinheiro, procuro
saber como ele vai gastar. (3)
( ) Não. Prefiro dar dinheiro sempre que ele pede. (6)
6. Na sua casa, os adultos costumam brigar por causa de dinheiro?( ) Às vezes acontece, mas não é frequente. (3)
( ) Não, quando há algum problema, resolvemos na
conversa. (0)
( ) Sim, e geralmente as discussões acontecem na frente
das crianças. (6)
7. Como você escolhe os brinquedos que vai dar ao seu filho?( ) Nunca escolho, apenas compro o que ele pede. (6)
( ) Pergunto o que ele quer, mas tento oferecer uma
alternativa mais barata. (3)
( ) Estipulo um valor máximo e ele decide o que quer
dentro daquele limite. (0)
8. Quando seu filho coloca na cabeça que quer algo que custa muito caro, ele...( ) Deixa de gastar a própria mesada para guardar dinheiro e comprar o que quer. (0)( ) Esperneia até que vence você pelo cansaço - e você compra o brinquedo. (6)( ) Esperneia até que vence você pelo cansaço - e você compra o brinquedo. (6)
9. Seu filho sabe o que é poupança?( ) Sim, eu mesmo expliquei a ele outro dia. (0)
( ) Boa pergunta. Não tenho ideia. (6)
( ) Acho que sabe, mas nunca falei sobre isso com ele. (3)
10. Quando seu filho chora porque quer comprar algo que você não vai dar, qual é a sua reação?( ) Converso com ele, explicando os motivos pelos quais
não vou comprar o que ele quer. (0)
( ) Proponho comprar algo mais barato na mesma
loja. (6)
( ) Tento acalmá-lo prometendo comprar mais pra
frente. (3)
RESULTADOS:CONSCIENTE (0-18)Mesmo não sendo especialista em finanças ou
economia, você procura se informar sobre o assunto
e se esforça para passar seus conhecimentos para
as crianças de forma simples, seja por meio de uma
conversa descontraída ou com exemplos, no dia a dia.
Além disso, dá a elas a autonomia de escolher, em vez
de simplesmente dizer “não”. Isso é fundamental para
formar adultos que sabem lidar com o dinheiro e que
valorizam cada centavo do que ganham. Se continuar
educando seus filhos assim, eles terão boas condições de
progredir financeiramente. O que não deixa de ser um
presentão que você dá a eles, certo?
MEIO-TERMO (19-42)Às vezes, por falta de tempo ou conhecimento, você
não conversa sobre dinheiro com seus filhos. Quando
é necessário, diz “não” e até tenta negociar. Por outro
lado, não permite que as crianças administrem o próprio
dinheiro, o que seria extremamente importante para
que, no futuro, elas pudessem fazer escolhas mais
sensatas. Para começar a mudar esse cenário, você pode
instituir a mesada em casa. Também vale incentivar os
pequenos a juntarem o próprio dinheiro, sempre que
quiserem comprar algo mais caro. Outra alternativa
é trocar bons comportamentos e ajuda doméstica
por pontos, que depois poderão se transformar em
pequenas somas de dinheiro. Tudo isso é educação
financeira!
DESPREOCUPADO (43-60)Você simplesmente não sabe dizer “não” aos seus
filhos e, por muitas vezes, chegou a desequilibrar o
seu orçamento apenas para atender aos desejos das
crianças. O problema é que esse tipo de comportamento,
além de prejudicar você, terá efeitos ainda piores nos
pequenos. Se seguir agindo assim, eles provavelmente
vão crescer achando que podem tudo e não saberão dar
valor ao dinheiro. Porém, como a vida não lhes tratará
com tanto carinho quanto os pais, as frustrações serão
muito maiores na fase adulta e seus filhos estarão
vulneráveis a problemas psicológicos e financeiros
graves. Para evitar, comece a impor limites já!
Gabarito:), 6(a-6, b-3, c-0), 7(a-0, b-6, c-3), 8(a-0, b-3, c-6), 9(a-3, b-0, c-6), 10(a-0, b-3, c-6)