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PLANEJAMENTO, POPULAÇÃO E MEIO AMBIENTE: PROPOSTA DO USO DE INDICADORES DE IMPACTO AMBIENTAL NO PLANEJAMENTO URBANO DA REGIÃO DO BANHADO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade Marcelo Rebouças de Assis [email protected] Resumo: O planejamento urbano preocupa-se com a investigação e análise, pensamento estratégico, arquitetura, desenho urbano, consulta pública, recomendações de políticas, implementação e gestão de uma área urbana e seus limites. Um plano de planejamento urbano pode apresentar uma variedade de formas, incluindo planos estratégicos, planos específicos de regiões, planos abrangentes, planos de bairro, estratégias de regulação e de incentivo ou planos de preservação histórica, entre outros. Este estudo tem por objetivo analisar a relação entre o planejamento urbano, a população e o meio ambiente, propondo o uso de indicadores de impacto ambiental no planejamento urbano da região do Banhado em São José dos Campos, SP. Palavras-chaves: Planejamento Urbano, Gestão Ambiental, Indicadores Impacto Ambiental. ISSN 1984-9354

PLANEJAMENTO, POPULAÇÃO E MEIO AMBIENTE: … · população e o meio ambiente, propondo o uso de indicadores de impacto ambiental no planejamento urbano da região do Banhado em

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PLANEJAMENTO, POPULAÇÃO E MEIO AMBIENTE:

PROPOSTA DO USO DE INDICADORES DE IMPACTO AMBIENTAL NO PLANEJAMENTO URBANO DA REGIÃO

DO BANHADO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP

Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade

Marcelo Rebouças de Assis

[email protected]

Resumo: O planejamento urbano preocupa-se com a investigação e análise, pensamento estratégico, arquitetura,

desenho urbano, consulta pública, recomendações de políticas, implementação e gestão de uma área urbana e seus

limites. Um plano de planejamento urbano pode apresentar uma variedade de formas, incluindo planos estratégicos,

planos específicos de regiões, planos abrangentes, planos de bairro, estratégias de regulação e de incentivo ou planos

de preservação histórica, entre outros. Este estudo tem por objetivo analisar a relação entre o planejamento urbano, a

população e o meio ambiente, propondo o uso de indicadores de impacto ambiental no planejamento urbano da região

do Banhado em São José dos Campos, SP.

Palavras-chaves: Planejamento Urbano, Gestão Ambiental, Indicadores Impacto Ambiental.

ISSN 1984-9354

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

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Introdução

Pode-se dizer que planejamento urbano é um processo técnico e político que tem

por prerrogativa o uso adequado do território através do design do ambiente urbano,

incluindo o ar, a água e a infraestrutura de dentro e de fora das zonas urbanas, abrangendo

áreas como redes de transporte e distribuição. O planejamento urbano estratégico visa

garantir o desenvolvimento ordenado de assentamentos e comunidades que se deslocam

para dentro e fora de áreas urbanas ou compartilham recursos. O planejamento urbano

preocupa-se com a investigação e análise, pensamento estratégico, arquitetura, desenho

urbano, consulta pública, recomendações de políticas, implementação e gestão de uma área

urbana e seus limites. Um plano de planejamento urbano pode apresentar uma variedade de

formas, incluindo planos estratégicos, planos específicos de regiões, planos abrangentes,

planos de bairro, estratégias de regulação e de incentivo ou planos de preservação histórica,

entre outros.

O planejamento e arquitetura urbana passaram por uma mudança de paradigma na

virada do século 20. As cidades industrializadas do século 19 haviam crescido em um

grande ritmo, ritmo e estilo de construção ditado pelos interesses empresariais privados.

Com isto os males da vida urbana para os trabalhadores pobres estavam se tornando cada

vez mais evidentes, por uma questão de preocupação pública. O “laissez-faire”, estilo de

gestão governamental da economia, estava começando a dar lugar a um novo liberalismo

que defendia uma intervenção a favor dos pobres e desfavorecidos. Por volta de 1900, os

teóricos começaram a desenvolver modelos de planejamento urbano para mitigar as

consequências da era industrial, dando aos cidadãos, especialmente os trabalhadores de

fábricas, ambientes mais saudáveis para trabalhar e viver. O planejamento urbano então

começou a se profissionalizar através de engenheiros de infraestrutura e dos vereadores

que combinavam novos modelos de design urbanos com as considerações dos políticos.

Diante disto, este estudo tem por objetivo analisar a relação entre o planejamento urbano, a

população e o meio ambiente, propondo o uso de indicadores de impacto ambiental no

planejamento urbano da região do Banhado em São José dos Campos, SP.

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A Gestão Ambiental no Planejamento Urbano

O planejamento da cidade ou planejamento urbano é o responsável pelo desenho do

ambiente construído a partir de uma perspectiva política municipal e metropolitana. Tanto a

arquitetura, arquitetura da paisagem e o desenhista urbano, entre outros profissionais, são

os responsáveis pela definição do planejamento urbano de uma região. Vale lembrar que um

planejamento de um espaço urbano tem que considerar as nuances pertinentes a um

ambiente amplo, onde se encontra inserida a região. (MOURA, 2011)

Hippodamus de Mileto, arquiteto e urbanista da Grécia na antiguidade, é

considerado o pai do planejamento da cidade. Seus planos das cidades gregas foram

caracterizados por ordem e regularidade em contraste com a complexidade e confusão

comum as cidades desse período, mesmo Atenas. Ele é visto como o criador da ideia de

que um plano de cidade pode formalmente incorporar e esclarecer uma ordem social

racional. Os romanos utilizavam um esquema consolidado para o planejamento da cidade,

desenvolvido para a defesa militar e conveniência civil. Efetivamente, muitas cidades

europeias continuam a preservar a essência desses planos, por exemplo, Turim. O plano

básico detalhava uma praça central com os serviços da cidade, cercado por uma rede

compacta de ruas e envolto em uma parede para a defesa. Para reduzir os tempos de

viagem, duas ruas diagonais atravessar a grade quadrada de canto a canto, passando pela

praça central. Um rio geralmente atravessava a cidade, para fornecer água e transporte e

levar para longe o esgoto, mesmo em caso de cercos inimigos a cidade. (MOURA, 2011)

Na atualidade diversos movimentos incentivam a criação de áreas urbanas

sustentáveis, ambientes com estruturas de longa duração que além de melhorar a qualidade

de vida dos cidadãos priorize a sustentabilidade ambiental através da gestão ambiental. A

gestão ambiental é a parte da função gerencial que trata, determina e implementa a política

de meio ambiente a ser estabelecida. Segundo Valle (2012, p.69) “a gestão ambiental

consiste em um conjunto de medidas e procedimentos bem-definidos que, se

adequadamente aplicados, permitem reduzir e controlar os impactos ao meio ambiente em

uma determinada região.

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Pode-se então dizer que a gestão ambiental através de um planejamento urbano é a

tentativa de absorver transformações ou impactos causados ao meio ambiente, de modo a

maximizar a recuperação dos recursos do ecossistema natural para o homem, assegurando

que haja assim uma produtividade prolongada. O objetivo maior da gestão ambiental

através de um planejamento urbano deve ser o de propiciar benefícios aos cidadãos que

superem, anulem ou diminuam os custos das degradações, causados pelas atividades

produtivas da região e, principalmente, pela área empresarial (FERREIRA, 2014).

Valle (2012, p. 41) esclarece que a gestão ambiental através de um planejamento

urbano requer como premissa, um comprometimento dos governantes com os cidadãos com

o estabelecimento de uma política ambiental clara e definida que irá nortear as atividades da

região com relação ao meio ambiente. O objetivo dessa gestão são os problemas ambientais

causados pelo desenvolvimento da região e outros e por ela recebidos para serem

gerenciados. Como tornar compatível os recursos econômicos, financeiros, expectativas dos

cidadãos e empresas, com as expectativas que a sociedade tem sobre o meio ambiente e a

questão principal da gestão ambiental através de um planejamento urbano.

Epelbaum (2013) pontua que o comprometimento com o meio ambiente deve se

basear em uma contínua intencionalidade e prática em considerar a proteção ambiental nas

decisões governamentais e operacionais cotidianas. Tal noção de comprometimento, para

ser considerada abrangente dentro da gestão ambiental através de um planejamento urbano

deve ser adotada por todos os seus níveis e funções públicas, desde a alta administração

até o nível operacional. A gestão ambiental através de um planejamento urbano de uma

região é a correta administração do impacto das suas atividades econômicas no meio

ambiente, visando o uso racional e sustentável dos recursos naturais.

Barbieri (2011) faz menção a necessidade de ocorrer um crescimento da

consciência ambiental da população quando se trata de uma gestão ambiental através de

um planejamento urbano, pois modificar os padrões de consumo da população constitui uma

das mais importantes armas em defesa do meio ambiente. Quando uma gestão pública de

uma cidade busca capturar oportunidades através do crescente contingente de

consumidores responsáveis através de ações legítimas e verdadeiras, essas ações tendem

a reforçar ainda mais a consciência ambiental, criando um círculo virtuoso, na qual a

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atuação mercadológica, marketing verde, como querem alguns, torna-se um instrumento de

educação ambiental. Entende-se que, ao implementar um sistema de gestão ambiental

através de um planejamento urbano em uma região, esta passará por alterações em muitas

políticas, estratégias, e certamente haverá reavaliação dos processos produtivos e

principalmente no modo de agir de sua população.

Essa mudança de comportamento não se refere unicamente à introdução da filosofia

de proteção ao meio ambiente nas atividades da região, implicando em uma revisão de

valores, que atinge também as pessoas que vivem e trabalham nesta região. Alcançando

assim, uma administração pública realmente ecológica. O termo gestão (ou gerenciamento)

ambiental engloba um conjunto de rotinas e procedimentos que permite a uma gestão

pública administrar adequadamente as relações entre suas atividades e o meio ambiente

que as abriga, atentando para as expectativas das partes interessadas. Esta questão

ambiental está relacionada à qualidade de atendimento aos cidadãos que trabalham ou

residem na região, as empresas públicas e privadas, ao governo e ao meio ambiente ou

vizinhos que são os elementos fundamentais à sobrevivência ambiental da região (MOURA,

2011, p.1).

O uso de indicadores impacto ambiental na gestão ambiental através de um

planejamento urbano

Para que se tenha uma melhor noção de gestão ambiental através de um

planejamento urbano é importante analisar o contexto onde ela se insere, as mudanças

sociais e paradigmáticas atuais que têm influenciado as empresas, governos e nações.

Necessário se faz também evitar a ocorrência de um impacto ambiental. O impacto

ambiental pode ser compreendido de diversas formas, um desequilíbrio provocado por uma

ação do homem sobre o ambiente ou uma ação do próprio ambiente como um terremoto,

este de difícil controle. No caso de um impacto ambiental causado pela ação do homem

pode-se relacionar a um sistema produtivo.

Kraemer (2014) relata que as organizações produzem impactos ambientais em

vários níveis, incluindo os âmbitos local, regional, nacional e internacional, que afetam o ar,

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água, solo e biodiversidade. Alguns deles são de fácil compreensão, enquanto outros

colocam importantes desafios de avaliação, devido à sua complexidade, incerteza e

sinergias. Para mensuração dos impactos ambientais existem os indicadores de gestão

ambiental.

Os indicadores de gestão ambiental que devem ser utilizados para nortear o

planejamento estratégico urbano visam minimizar os impactos ambientais das empresas

públicas e privadas, transporte e mobilidade, bem como facilitar a infraestrutura ambiental.

São indicadores de uso interno da região que servem para medir a integração das atividades

da região e o meio ambiente, mostrarem os impactos ambientais causados pelas atividades

produtivas e ajudar a avaliar as políticas ambientais adotadas. Reflete as variáveis

ambientais na gestão ambiental da região. (KRAEMER, 2014)

Ribeiro (2008) defende que o planejamento urbano deve informar seu compromisso

com a preservação do meio ambiente e por força de inibição de atos ilícitos, estimulando as

pessoas e empresas a também organizarem seus processos de produção com vistas a

também diminuírem ou eliminarem a produção de agentes nocivos ao meio ambiente.

(RIBEIRO, 2010)

Corazza (2013) define dois tipos de indicadores, o primeiro consiste no registro dos

custos envolvidos na solução dos problemas ambientais, depois destes terem sido gerados.

Contabiliza os custos para o município em função de medidas ambientais. O segundo tipo

consiste na “monetização” das consequências das atividades que ocorre na região sobre o

meio ambiente, que permite que se impute, por métodos diretos ou indiretos, um valor

monetário ao dano ambiental que possa ocorrer. O autor ainda narra alguns indicadores

que podem ser utilizados pela gestão pública na gestão ambiental através de um

planejamento urbano:

Análise de Fluxo de Materiais (AFM): é baseada no registro dos fluxos materiais sobre

todo o ciclo de vida de um processo, insumo ou produto. No caso da gestão ambiental

através de um planejamento urbano normalmente utiliza-se ciclo de vida de um

processo.

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Análise de Fluxo de Energia (AFE): registra dados sobre os fluxos energéticos

envolvidos no ciclo de vida de um processo, insumo ou produto. No caso da gestão

ambiental através de um planejamento urbano normalmente utiliza-se ciclo de vida de

um processo.

Os Indicadores de Infraestrutura e de Transporte (IIT): medem o impacto das

instalações e da logística de tranporte sobre o meio ambiente.

A Análise de Ciclo de Vida (ACV) - ou Eco Balanço: mede os fluxos materiais e/ou

energéticos relativos a todo o ciclo de vida de um processo, insumo ou produto,

envolvendo a avaliação de seu impacto sobre o meio ambiente. No caso da gestão

ambiental através de um planejamento urbano normalmente utiliza-se ciclo de vida de

um processo.

Proposta do uso de indicadores de impacto ambiental no planejamento urbano da

região do Banhado em São José dos Campos, SP.

A cidade de São José dos Campos é conhecida como a capital da indústria

aeroespacial brasileira e por abrigar um dos principais polos de alta tecnologia do país.

Localizada a 80 km de São Paulo e situada às margens da Rodovia Presidente Dutra,

principal elo de ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro e grande eixo econômico do país,

São José dos Campos ocupa localização privilegiada e estratégica, a cerca de uma hora do

aeroporto internacional de Guarulhos e do porto de São Sebastião, no Litoral Norte do

Estado. Igualmente próximas estão as localidades situadas nas montanhas da Serra da

Mantiqueira, reconhecidas como centro de lazer e relaxamento.

O município abriga grandes indústrias dos setores aeroespacial, de telecomunicação

e automotivo. É sede de alguns dos mais importantes institutos de pesquisa e

desenvolvimento do País, como Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA/ DCTA), o Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e conta com um conjunto de universidades públicas

e privadas. A despeito do reconhecido avanço tecnológico e industrial, o município soube

preservar uma atmosfera de tranquilidade que busca a valorização, a preservação e o

cuidado com praças, áreas verdes e parques.

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O Banhado é considerado o cartão postal de São José dos Campos. Com uma

imensa área verde natural com cerca de 5,4 milhões de m² em formato de concha, o

Banhado encanta a todos e proporciona belos espetáculos contemplativo durante o pôr-do-

sol.

Figura 1: Banhado na cidade de São José dos Campos – SP. Fonte: PMSJC, 2014.

O uso de indicadores de impacto ambiental no planejamento urbano da região do

Banhado em São José dos Campos, SP, é viável a partir do momento que eles possam

identificar a situação atual e os avanços que são necessários para a implantação de sistema

de gestão ambiental na região através do planejamento estratégico urbano. O uso de

indicadores quando confrontados com as auditorias ambientais mostram as atuações ou a

intensidade dos procedimentos de controle interno de uma região, no caso específico deste

estudo região do Banhado em São José dos Campos, SP.

A tabela a seguir mostra os indicadores para implantação do sistema de gestão

ambiental através de um planejamento urbano:

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Indicador Unidade

Centros de trabalho com um sistema de indicadores ambientais

Número Número

Centros de trabalho com programas ambientais

Número Número

Centros de trabalho com um sistema de gestão ambiental conforme regulamento EMAS ou ISO 14001

Número Número

Auditorias ambientais levadas em consideração

Número Número

Desvios descobertos em auditorias ambientais

Número Número

Medidas corretivas levadas em consideração

Número Número

Proposta de melhora para questões ambientais

Número Número

Proporção de propostas de melhora ambiental levadas em consideração

Número de propostas de melhora ambiental levada em consideração

Número total de propostas ambientais

%

Grau de consecução geral dos objetivos

Objetivos ambientais alcançados

Número total de objetivos ambientais

%

Custos da implantação do sistema Custos em valores Valores

Tabela 1: Indicadores de Implantação do Sistema Fonte: Kraemer (2014)

Em relação a assuntos jurídicos e reclamações, este indicador reflete a imagem

ambiental passada pela administração pública. Infrações da lei, acidentes e contaminações

mostram a preocupação ou não das empresas da região em relação ao ambiente. O número

de autuações e queixas recebidas conseguem demonstrar se as empresas locais estão ou

não zelando pelo meio ambiente.

Na tabela a seguir verificam-se os indicadores referentes aos assuntos jurídicos e

reclamações:

Indicador Unidade

Reclamação por contaminação acústica

Número Número

Reclamação por contaminação por odor

Número Número

Excessos temporais dos valores-limite Número Número

Excesso dos valores-limite por área ambiental (por exemplo: águas residuais, ar, ruído)

Número Número

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Sanções ambientais impostas Número Número

Multas impostas Absoluto em valores Valores

Tabela 2: Indicadores de assuntos jurídicos e reclamações

Fonte: Kraemer (2014)

Em relação aos custos ambientais, os indicadores de custos ambientais influenciam

diretamente nas decisões da administração pública. Não pode ocorrer a relação de custos

ambientais como custos para a administração pública, pois podem representar medidas

ambientais preventivas ou soluções integradas que visem melhoria de processos com

reflexo nos custos finais das obras produzidas. Na tabela a seguir mostram-se os

indicadores de custos ambientais:

Indicador Unidade

Mudanças ambientais Absoluto em valores Valores

Proporção da mudança ambiental

Mudança ambiental em valores

Total das mudanças em valores

%

Custos operativos da proteção ambiental

Absoluto em valores Valores

Proporção dos custos operativos

Custos operativos da proteção ambiental em valores

Total dos custos de produção em valores

%

Custos da gestão ambiental (posto em funcionamento do sistema)

Absoluto em valores Valores

Economia de custos gerada pelas medidas ambientais

Absoluto em valores Valores

Tabela 3: Indicadores de Custos Ambientais

Fonte: Kraemer (2014)

Os indicadores de sistema narrados, assuntos jurídicos e reclamações, custos

ambientais refletem a imagem ambiental da administração pública perante a comunidade

que se encontra inserida. Um setor jurídico especializado em gestão ambiental favorece a

imagem ambiental da administração pública não a deixando exposta e desprotegida da

mídia. O indicador de custos ambientais favorece o estabelecimento de ações preventivas

melhorando também a imagem da administração pública na região.

Paralelo ao uso dos indicadores de assuntos jurídicos e reclamações e custos

ambientais sugere-se a utilização dos indicadores de situação ou estado ambiental para

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avaliar e acompanhar a região do Banhado em São José dos Campos, SP. Os indicadores

de situação ou estado ambiental demonstram como a administração pública está inserida

em um meio, ou seja, representam informações sobre a qualidade do entorno do Banhado

em São José dos Campos, SP. Relacionam os impactos ambientais de suas atividades em

função da comunidade, cidade ou meio em que se encontra inserida. Este indicador sofre a

influência direta de instituições públicas que monitoram o ambiente, tais como contaminação

do ar, resíduos, ruídos, águas, etc. Podem ser em escalas locais, regionais, estatais ou

globais. Eles devem ser utilizados como referência para a gestão ambiental e identificação

de impactos ambientais de suas atividades operacionais, ou seja, identificar quais as

influencia que a administração pública tem nas condições ambientais.

Em relação aos indicadores da situação ou estado da água, do solo, do ar, da flora e

da fauna da região do Banhado em São José dos Campos, SP, devem ser utilizados para

identificar quais os problemas locais ou regionais são causados por sua atividade produtiva

no ambiente. Como narrado por Moura (2011) de acordo com a classificação da OCDE –

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, os Indicadores Ambientais

podem ser sistematizados pelo modelo Pressão-Estado-Resposta (PER), que assenta em

três grupos chaves de indicadores:

Pressão: caracterizam as pressões sobre os sistemas ambientais e podem ser

traduzidos por indicadores de emissão de contaminantes, eficiência tecnológica,

intervenção no território e de impacto ambiental. Os indicadores de pressão sobre o

meio ambiente descrevem as pressões exercidas pelas atividades humanas sobre o

meio ambiente e sobre os recursos naturais. Entende-se aqui por “pressões” aquelas

subjacentes ou indiretas (ou seja, a atividade propriamente dita e as tendências

importantes do ponto de vista ambiental), assim como as pressões imediatas ou

diretas (ou seja, a utilização de recursos e o lançamento de poluentes e de resíduos).

(MOURA, 2011)

Estado: reflete a qualidade do ambiente num dado horizonte espaço/tempo: por

exemplo, indicadores de sensibilidade, risco e qualidade ambiental. Referem-se à

qualidade do meio ambiente e à qualidade e quantidade dos recursos naturais.

Refletem, assim, o objetivo final das políticas ambientais e visam fornecer uma visão

geral do estado do meio ambiente e de sua evolução no tempo. A esta categoria

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pertence as concentrações de poluentes nos diversos meios, o excesso de cargas

críticas, a exposição da população a certos níveis de poluição ou a um ambiente

degradado, o estado da fauna e da flora e as reservas de recursos naturais. Na

prática, mensurar as condições ambientais pode revelar-se difícil ou oneroso; por isso

mesmo, as pressões sobre o meio ambiente são freqüentemente utilizadas como

substituto. (MOURA, 2011)

Resposta: avaliam as respostas da sociedade às alterações e preocupações

ambientais, bem como a adesão a programas e/ou à implementação de medidas em

prol do ambiente; podem ser incluídos neste grupo os indicadores de adesão social,

de sensibilização e de atividades de grupos sociais importantes. Os indicadores das

respostas da sociedade mostram em que grau a sociedade responde às questões

ambientais. (MOURA, 2011)

O modelo proposto por Kraemer (2014) tem por base que as atividades humanas

influenciam o meio ambiente, afetando diversas características tais como quantidade de

recursos naturais utilizados pela empresa. Consequentemente em resposta a sociedade

reage impondo políticas ambientais, econômicas e setoriais.

Na figura 1 a seguir verifica-se a interdependência entre as partes.

Figura 2: Estrutura conceitual do Modelo PER da OCDE

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Fonte: Kraemer (2014).

Kraemer (2014) relata que a Agência de Proteção do Ambiente Norte-americana

(USEPA) desenvolveu estudos na área de indicadores e índices ambientais, modificando o

modelo PER. Conforme figura 2 a seguir:

Figura 3: Estrutura conceitual do modelo Pressão-Estado-Resposta-Efeitos proposto pela USEPA

Fonte: Kraemer, 2014.

Verifica-se que a inclusão de uma nova categoria que foi denominada Efeitos que se

relaciona com as variáveis pressões, estado e resposta, fornecendo informações para

tomada de decisões de metas ou objetivos de políticas ambientais. Já a Agência Européia

do Ambiente – AEA propõe o seguinte modelo, conforme figura 3 a seguir:

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Figura 4: Estrutura conceitual do modelo DPSIR proposto pela AEA Fonte: KRAEMER (2014).

Nele consideram-se as atividades humanas, ou seja, as empresas produzem

pressões sobre o ambiente que causam a degradação ambiental causando o impacto

ambiental na saúde humana e nos ecossistemas, em resposta a sociedade emite medidas

políticas, leis, taxas e informações. Os indicadores de situação ambiental narrados,

mostram a interdependência de todas as partes da administração pública com o ambiente

que se encontra inserida. A preocupação com os problemas causados por sua atividade

produtiva no ambiente possibilita a tomada de decisão por parte dos gestores públicos a fim

de aumentar a trajetória de vida da região. Estes indicadores possibilitam a mensuração

desta inter-relação existente evitando assim que suas atividades alterem de forma drástica e

irreversível as condições necessárias para a sobrevivência da a região do Banhado em São

José dos Campos, SP e a diminuição dos impactos a comunidade onde se insere.

Conclusão

Verificou-se neste estudo que as ações de uma administração pública através do

planejamento urbano baseado na gestão ambiental da região do Banhado em São José dos

Campos, SP, podem ser determinantes para a sua sobrevivência. A sociedade exige da

administração pública um comportamento consciente em relação ao planejamento urbano

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sob pena de retaliações que podem levar a perda de competitividade, aumento de custos e

até mesmo uma antipatia com relação ao desenvolvimento local. A administração pública

deve então assumir, proativamente, que também é de sua responsabilidade os impactos

causados ao meio ambiente, priorizando as questões ambientais em suas políticas de

gestão ambiental no planejamento urbano.

Os indicadores de gestão ambiental quando utilizados pela administração pública no

planejamento urbano podem minimizar os impactos ambientais da região do Banhado em

São José dos Campos, SP, bem como facilitar a infraestrutura ambiental. São indicadores

de uso interno e externo que servem para medir a integração das atividades que ocorrem na

região e o meio ambiente, mostrarem os impactos ambientais causados pelas atividades

produtivas e ajudar a avaliar as políticas ambientais a serem adotadas na preservação e

proteção ambiental da região do Banhado em São José dos Campos, SP. Pode-se concluir

então que a administração pública ao informarem seu compromisso com a preservação do

meio ambiente da região do Banhado em São José dos Campos, SP, por força de inibição

de atos ilícitos, estão estimulando as empresas a também organizarem seus processos de

produção com vistas a também diminuírem ou eliminarem a produção de agentes nocivos ao

meio ambiente.

Referências Bibliográficas

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CORAZZA, Rosana I. Gestão e mudanças da estrutura organizacional. São Paulo: Makron, 2013.

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FERREIRA, Tadeu. Temas contábeis em destaque - Passivo ambiental. São Paulo: Atlas, 2014.

KRAEMER, M. E. P. Indicadores ambientais como sistema de informação contábil. 2004. São Paulo: Atlas, 2014.

MOURA, Luiz Antônio Abdalla de. Qualidade e gestão ambiental. 3º ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2011.

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