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i REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO PARA A COORDENAÇÃO DA ACÇÃO AMBIENTAL Plano de Acção para a Economia Verde (Período de Transição) 2013-2014

Plano de Acção para a Economia Verde (Período de Transição ... · planificação económica e social em Moçambique, estabelece três objectivos gerais para o período 2011-2014:

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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO PARA A COORDENAÇÃO DA ACÇÃO AMBIENTAL

Plano de Acção para a Economia Verde

(Período de Transição)

2013-2014

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Tabela de conteúdo

Tabela de conteúdo ................................................................................................................................. ii

Abreviaturas e Acrónimos ....................................................................................................................... iv

Sumário executivo .................................................................................................................................. vii

Definições ................................................................................................................................................ xi

1 Introdução ....................................................................................................................................... 1

2 Metodologia de elaboração deste documento ............................................................................... 2

3 Contextualização ............................................................................................................................. 3

3.1 Situação actual das políticas, planos e estratégias de desenvolvimento e ambiente ............ 3

3.2 O porquê de uma Economia Verde em Moçambique ............................................................. 6

3.3 Os principais desafios, para a transição para uma Economia Verde em Moçambique .......... 6

3.4 Oportunidades ......................................................................................................................... 7

3.5 Pilares do plano de Economia Verde em Moçambique .......................................................... 8

4 Plano de acção ............................................................................................................................... 10

4.1 Objectivo geral do Plano de Economia Verde ....................................................................... 10

4.2 Objectivos específicos do Plano de Economia Verde ............................................................ 11

4.3 Princípios para a Economia Verde em Moçambique ............................................................ 11

4.4 Acções prioritárias ................................................................................................................. 11

4.4.1 Infraestruturas sustentáveis .......................................................................................... 12

4.4.1.1 Energia ....................................................................................................................... 12

4.4.1.2 Transportes ................................................................................................................ 13

4.4.1.3 Abastecimento de água e saneamento, gestão integrada dos recursos hídricos

(GIRH), Irrigação ....................................................................................................................... 14

4.4.1.4 Cidades e assentamentos humanos .......................................................................... 17

4.4.2 Uso eficiente e sustentável dos recursos naturais ........................................................ 18

4.4.2.1 Terra .......................................................................................................................... 18

4.4.2.2 Agricultura ................................................................................................................. 20

4.4.2.3 Florestas .................................................................................................................... 22

4.4.2.4 Turismo e áreas de conservação ............................................................................... 24

4.4.2.5 Pescas ........................................................................................................................ 25

4.4.2.6 Recursos minerais ...................................................................................................... 26

4.4.3 Fortalecimento da resiliência e capacidade de adaptação ........................................... 29

4.4.3.1 Redução do risco de desastres .................................................................................. 29

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4.4.3.2 Educação .................................................................................................................... 31

4.4.3.3 Emprego .................................................................................................................... 32

4.4.3.4 Saúde e população .................................................................................................... 33

4.4.3.5 Equidade de género e empoderamento da mulher .................................................. 34

5. Mecanismos de implementação ................................................................................................... 35

5.1 Coordenação.......................................................................................................................... 35

5.2 Execução ................................................................................................................................ 36

5.3 Financiamento ....................................................................................................................... 36

5.1 Monitoria e avaliação ............................................................................................................ 39

4.5 Quadro e indicadores de medição do desempenho ............................................................. 40

5 Ambiente propício ......................................................................................................................... 40

5.1 Mapeamento, valorização e integração do capital natural na planificação ......................... 40

5.2 Análise tripartida das opções de política de Economia Verde .............................................. 41

5.3 Consciencialização pública .................................................................................................... 44

5.4 Estudo de educação e emprego na indústria verde .............................................................. 44

5.5 Integração do sector privado e empreendedorismo como determinantes da indústria verde

45

5.6 Fluxos financeiros mais verdes .............................................................................................. 45

5.7 Fundo de investimento de economia verde .......................................................................... 45

5.8 Plataforma online de conhecimento sobre Economia Verde ................................................ 46

5.9 Avaliação Ambiental e Social Estratégica .............................................................................. 46

6 Resumo das acções e calendário ................................................................................................... 47

7 Quadro integrado de implementação ........................................................................................... 49

8 Referências .................................................................................................................................... 53

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Abreviaturas e Acrónimos

AFD Agência Francesa para o Desenvolvimento AIAS Administração de Infraestruturas de Abastecimento de Água e Saneamento ANMM Associação Nacional dos Municípios de Moçambique ARA Administração Regional de Águas ASC Conselho de Gestão de Aquacultura (Aquaculture Stewardship Council) BAD Banco Africano para o Desenvolvimento BAGC Corredor de Crescimento Agrícola da Beira CBD Convenção para a Conservação da Biodiversidade CITES Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies em Perigo de Extinção CMS Convenção de Espécies Migratórias CNUDM Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar

CO2 Dióxido de Carbono CO2eq Dióxido de Carbono equivalente

CONDES Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável CPI Centro de Promoção de Investimentos CRA Conselho Regulador da Água CRM Constituição da República de Moçambique CTA Confederação das Associações Económicas (CTA) CT-CONDES Conselho Técnico do CONDES CV Crescimento Verde DUAT Direito de Uso e Aproveitamento de Terra EAF Abordagem de Ecossistemas na Pesca (Ecosystem Approach to Fisheries) EDENR Estratégia de Desenvolvimento de Energias Novas e Renováveis ENAMMC Estratégia Nacional de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas ENGRH Estratégia Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos ENSSB Estratégia Nacional de Segurança Social Básica EV Economia Verde FAO Fundo das Nações Unidas para Alimentação FARA Fórum Africano de Investigação Agrária FDI Investimento Estrangeiro Directo FEMA Fórum Empresarial para o Meio Ambiente FIPAG Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água FSC Conselho de Maneio Florestal (Forest Stewardship Council) FUNAB Fundo do Ambiente

FUNAE Fundo Nacional de Energia GEE Gases de Efeitos de Estufa Gg Gigagrama GIRH Gestão Integrada dos Recursos Hídricos GoM Governo de Moçambique IDPPE Instituto de Desenvolvimento de Pesca de Pequena Escala IFC International Finance Corporation

INAM Instituto Nacional de Meteorologia

INE Instituto Nacional de Estatística

INGC Instituto Nacional de Gestão de Calamidades InVEST Avaliação Integrada de Serviços de Ecossistemas e Análise de Opções (Integrated

Valuation of Ecosystem Services and Trade-offs) IOE International Organization of Employers IOTC Comissão do Atum do Oceano Índico (Indian Ocean Tuna Commission) iTC Iniciativa de Terras Comunitárias

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ITIE Iniciativa de Transparência da Indústria Extractiva ITUC Confederação Sindical International (International Trade Union Confederation) IWEGA Centro Internacional para a Economia e Governação da Água em África M&A Monitoria e Avaliação MCS Monitoria, Controlo e Vigilância (Monitoring, Control and Surveillance)

MCT Ministério da Ciência e Tecnologia ME Ministério de Energia MFP Ministério da Função Pública MIC Ministério de Indústria e Comércio

MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental MINAG Ministério da Agricultura MINED Ministério da Educação MIREM Ministério dos Recursos Minerais

MISAU Ministério da Saúde

MITUR Ministério do Turismo MMAS Ministério da Mulher e Acção Social MOPH Ministério das Obras Públicas e Habitação MPD Ministério do Plano e Desenvolvimento MSC Conselho de Gestão Marinha (Marine Stewardship Council) MTC Ministério de Transporte e Comunicações MZN Meticais NAPA Programa de Acção Nacional para Adaptação às Mudanças Climáticas (National

Adaptation Program of Action) OCB Organizações Comunitárias de Base OD Observatórios de Desenvolvimento ODM Objectivos de Desenvolvimento do Milénio ODS Substâncias que Empobrecem o Ozono (Ozone Depleting Substances) OIT Organização Internacional do Trabalho OSC Organizações da Sociedade Civil PAEV Plano de Acção para Economia Verde PARP Plano de Acção para a Redução da Pobreza PECODA Programa de Educação, Comunicação e Divulgação Ambiental

PEDSA Plano Estratégico do Desenvolvimento do Sector Agrário PERPU Plano Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana PES Plano Económico e Social PIB Produto Interno Bruto PIREP Programa Integrado da Reforma de Educação Profissional PME Pequenas e Médias Empresas PNA Política Nacional de Água POP Poluentes Orgânicos Persistentes PPCR Programa Piloto sobre Resiliência Climática (Pilot Programme on Climate Resilience) PPP Parceria Público Privado PQG Programa Quinquenal do Governo QII Quadro Integrado de Implementação RBM Gestão Baseada nos Direitos (Rights Based Management) REDD+ Redução do Desmatamento e Degradação Florestal REFIT Tarifa de Venda à Rede para Energias Renováveis (Renewable Energy Feed in Tariff) SADC Comunidade de Desenvolvimento da África Austral SDI Iniciativa de Desenvolvimento Espacial (Spatial Development Initiative) SESA Avaliação Ambiental e Social Estratégica STWH Sistema Térmico Solar de Aquecimento de Água (Solar Thermal Water Heating) SWIOFC Comissão de Pescas do Sudoeste do Oceano Índico (South West Indian Ocean Fisheries Commission)

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Tcf Trilhões de pés cúbicos (trillion cubic feet) TFCA Áreas de Conservação Transfronteiriças UEM Universidade Eduardo Mondlane UN Nações Unidas UNCCD Convenção das Nações Unidas sobre a Seca e Desertificação UNDP Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento UNEP Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente UNFCCC Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas USD Dólar Americano WAVES Contabilidade de Riqueza e Valorização dos Serviços dos Ecossistemas (Wealth

Accounting and Valuation of Ecosystem Services) WWF Fundo Mundial para a Natureza (World Wildlife Fund)

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Sumário executivo

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a 21 de Junho de

2012, o Governo de Moçambique assumiu o compromisso de seguir rumo a um Economia Verde,

traçando os elementos base de uma estratégia de transição para a Economia Verde do país no

documento ‘Roteiro para uma Economia Verde’. As orientações indicadas no Roteiro mostram que o

processo de transição para uma economia verde em Moçambique, será feito por etapas, sendo a

primeira a de transição, a decorrer no período 2013 a 2014. Nesta primeira fase pretende-se

estabelecer os alicerces que permitirão a integração da abordagem da economia verde nos processos

de elaboração de orientações macro do governo, particularmente o Plano Quinquenal do Governo

(2015-2019) e a Estratégia Nacional de Desenvolvimento.

O presente Plano de Acção para a Economia Verde de Moçambique descreve as acções a serem

implementadas no período de 2013 a 2014. Neste período será feito (i) o mapeamento, valoração e

planeamento do capital natural, (ii) a capacitação técnico-institucional para a implementação da

abordagem de economia verde, incluindo a integração desta nos processos de planificação e (iii) a

identificação de políticas sectoriais que possam contribuir para a economia verde e sua priorização

para a implementação.

Moçambique já promove a economia verde em algumas áreas críticas, num esforço de apoio ao

desenvolvimento sustentável e de longo prazo a destacar os seguintes:

• A Estratégia Nacional de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas constitui

um dos alicerces para, de uma maneira integrada, “estabelecer as directrizes de

acção para criar resiliência, incluindo a redução dos riscos climáticos nas

comunidades e na economia nacional, e promover o desenvolvimento de baixo

carbono e a economia verde, através da sua integração no processo de planificação

sectorial e local”.

• A protecção social está a ser integrada num novo quadro de políticas, ao mesmo

tempo que estão a ser envidados esforços de reabilitação de áreas de conservação

com a participação das comunidades locais.

• Na indústria extractiva, a aderência a Iniciativa de Transparência na Indústria

Extractiva (ITIE) e consequente estabelecimento do Comité para a ITIE composto por

representantes do governo, empresas petrolíferas e de mineração e sociedade civil.

• Na energia, estão em curso planos para alargar o abastecimento de electricidade a

partir de fontes renováveis (p.e. hidroeléctricas, biocombustíveis, fotovoltaicas) bem

como para desenvolver capacidade de nova produção a partir de reservas de gás

natural.

• As políticas e estratégias dos sectores de recursos hídricos e da indústria reconhecem

claramente o papel fundamental da gestão sustentável dos recursos naturais no

desenvolvimento económico para beneficiar as gerações actuais e futuras.

• O Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP II), que constitui a base de

planificação económica e social em Moçambique, estabelece três objectivos gerais

para o período 2011-2014: (a) aumento da produção e produtividade agrária e

pesqueira, (b) promoção de emprego e (c) desenvolvimento humano e social.

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O Presente Plano de Acção tem fundamentação na Constituição da República, a qual estabelece

directivas para, entre outras, as áreas económica, ambiental e social. Na área Económica, a

Constituição da República indica que “a política económica do Estado é dirigida à construção das

bases fundamentais do desenvolvimento, à melhoria das condições de vida do povo, ao reforço da

soberania do Estado e à consolidação da unidade nacional, através da participação dos cidadãos,

bem como da utilização eficiente dos recursos humanos e materiais”, o que pressupõe um

desenvolvimento harmonioso e inclusivo. Na área ambiental, a Constituição da República refere que

“o Estado promove o conhecimento, a inventariação e a valorização dos recursos naturais e

determina as condições do seu uso e aproveitamento com salvaguarda dos interesses nacionais. Na

área social, a Constituição da República estabelece diversas directivas que incluem questões de

acesso à saúde, educação, segurança social, ambiente e qualidade de vida dos cidadãos, incluindo a

promoção e valorização do desenvolvimento da mulher em todas as esferas da actividade política,

económica, social e cultural do país, assim como a protecção social às pessoas vulneráveis.

Apesar dos esforços existentes nas políticas sectoriais e na planificação integrada, ainda há o desafio

de assegurar que o desenvolvimento irá decorrer de maneira harmoniosa, integrada e inclusiva ao

mesmo tempo que assegura a exploração sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais.

O propósito deste documento é preparar o país, em todos os sectores, para definir e implementar

acções-chave que promovam e acelerem uma transição inclusiva e eficiente para Economia Verde,

iniciando com a integração desta nos planos de desenvolvimento actuais e futuros. O

estabelecimento e fortalecimento de parcerias são fundamentais para o sucesso deste processo e

espera-se que o PAEV impulsione um diálogo coordenado a nível nacional e internacional.

O objectivo geral do Plano de Acção para a Economia Verde (PAEV) é guiar a integração de políticas,

práticas e acções ambientalmente sustentáveis nos mecanismos de planificação para tornar

Moçambique um “país inclusivo, de rendimento médio, baseado na protecção, restauro e uso

racional do capital natural e dos serviços do ecossistema, garantindo um desenvolvimento inclusivo e

eficiente, dentro dos limites planetários”.

Os objectivos específicos são:

a) Estabelecer o fundamento da Economia Verde e incluir a agenda de crescimento verde nas

prioridades nacionais de desenvolvimento

b) Identificar acções de políticas concretas para fazer avançar a agenda da Economia Verde à

medida que se perseguem os objectivos de redução da pobreza

c) Integrar a abordagem de EV nos processos de planificação e orçamentação, bem como nas

contas nacionais.

O PAEV foi elaborado de acordo as diretrizes delineadas no Roteiro para uma Economia Verde em

Moçambique e em linha com as prioridades do PARP e das estratégias sectoriais. O objectivo

estratégico do PAEV é o de construir um modelo de desenvolvimento económico que seja

competitivo, diversificado, socialmente inclusivo e que use de forma eficiente e racional os recursos

naturais. Dado que o PAEV irá modelar os planos de desenvolvimento, é importante que todas as

actividades de implementação do PAEV constituam base para a implementação desses mesmos

planos.

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Um factor central ao PAEV e à abordagem de Economia Verde é o uso racional e sustentável dos

recursos naturais. Este aspecto é essencial no PAEV e no Roteiro para a Economia Verde onde se

procura integrar os três pilares da sustentabilidade (económica, ambiental e social) através de uma

abordagem conjunta e equilibrada dos três capitais: capital físico (infraestruturas sustentáveis);

capital natural (uso eficiente e sustentável dos recursos naturais); capital humano (fortalecimento da

resiliência e capacidade de adaptação). Esta abordagem, procura estabelecer as bases de

implementação integrada e harmonizada das actividades, o que é reflectido no Quadro Integrado de

Implementação (QII) que é parte deste plano de acção.

O processo de elaboração do PAEV identificou pontos de entrada para a implementação da

Economia Verde em Moçambique. Contudo, o país precisa de realizar mais consultas, estudos e

capacitar-se para que possa identificar sectores onde seja possível implementar a Economia Verde.

Este processo decorrerá no período de 2013 a 2014, período de transição, que culminará com a

incorporação da Economia Verde nos planos de desenvolvimento. A seguir são apresentados os

principais pontos de entrada para a economia verde:

Pilar 1: Infraestruturas sustentáveis: Energia; Transportes; Água, irrigação, abastecimento e

saneamento do meio; Cidades e assentamentos humanos

Pilar 2: Uso eficiente e sustentável dos recursos naturais: Terra; Agricultura; Florestas;

Turismo e Áreas de Conservação; Pesca; Recursos Minerais

Pilar 3: Fortalecimento da resiliência e capacidade de adaptação: Redução do risco de

desastres; Educação; Emprego; Saúde e população; Equidade de género e empoderamento

da mulher.

De entre as acções propostas nestas áreas, destacam-se as seguintes para realização durante o

período de transição de 2013 a 2014:

A. Acções imediatas

1) Análise das Opções de Política de Economia Verde, consulta e adopção nos planos de

desenvolvimento existentes, particularmente no Plano Quinquenal do Governo, e ainda

na Estratégia Nacional de Desenvolvimento

2) Painel de Economia Verde (quadro de medição e indicadores)

3) Capacitação institucional técnica e administrativa para coordenação da EV (MPD, MICOA,

INE, MF, MINEC, MMAS)

4) Programas de consciencialização pública sobre imperativos e direitos de Economia Verde

5) Sector privado e empreendedorismo determinando indústrias verdes - Acordo

Empresarial de Crescimento Verde

6) Estudo sobre emprego na indústria verde e alinhamento do ensino (formação

profissional e universidades)

7) Plataforma online de conhecimentos sobre Economia Verde

8) Financiamento (primeira fase): mobilização de recursos e mecanismos

9) Capital natural: mapeamento e valoração, e objectivos de gestão integrados na

planificação nacional

B. Opções de Política de Economia Verde para integração nos Planos de Desenvolvimento

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1) Regime fundiário: terra, florestas e pagamento às comunidades por serviços do

ecossistema

2) Consulta: participação comunitária e organizações da sociedade civil na valoração,

planificação e gestão do capital natural

3) Agricultura: agricultura de conservação resiliente ao clima

4) Pescas: Abordagem de ecossistemas (EAF), gestão baseada nos direitos (RBM),

aquacultura de baixo impacto, certificação (MSC e ASC)

5) Florestas: redução da exploração ilegal e abordagem paisagística, certificação (FSC) e

produção sustentável de carvão vegetal

6) Água: Gestão integrada de recursos hídricos (GIRH), Comités de Bacia Hidrográfica –

ligação a actividades extractivas, florestais, produção de energia hidroeléctrica, pescas

7) Energia: REFIT, normas de eficiência energética e imposto sobre carvão vegetal

8) Cidades: códigos de construção verde, planificação urbana de baixo risco e sistemas de

energia renovável in situ

9) Tecnologia verde: incentivos de crédito, imposto e Zonas Económicas Especiais

10) Resiliência climática: dados climáticos, normas para infra-estruturas

11) Capital humano: formação profissional para indústrias verdes e diálogo com o sector

privado sobre necessidades da indústria

12) Extractivas: Normas de Desempenho Sócio-Ambiental IFC, Norma EITI melhorada –

localmente relevante, desagregada, compreensível

13) Resiliência e Equidade Económica: Fundo de Investimento para Economia Verde e plano

nacional de investimento de alto retorno

14) Fundos catalíticos para pequenos produtores agrícolas e PME de serviços energéticos

15) Saúde pública, saneamento do meio e planeamento urbano

16) Protecção Social

Como parte dos mecanismos de implementação é estabelecido que o presente Plano de Acção é

coordenado pelo MPD, em coordenação com o Ministério das Finanças, o Ministério para a

Coordenação da Acção Ambiental e o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação. A

execução do PAEV será levada a cabo por uma multiplicidade de actores, desde os sectores privado e

público, a sociedade civil e OCBs, academias, parceiros da cooperação, entre outros.

A curto prazo no entanto, e no que diz respeito em particular ao financiamento das actividades

constantes do PAEV, será necessário identificar fontes de financiamento para a execução do plano,

com particular premência para as actividades que devem começar a sua execução em 2013, uma vez

que não se encontram inscritas no PES. As necessidades de financiamento da primeira fase do PAEV

ascendem a USD 2,550,000 para o período 2013-2014 e serão discutidas com os principais parceiros

de cooperação em 2013 antes da mobilização de recursos.

As fontes e mecanismos de financiamento a longo prazo dependerão dos resultados da análise das

opções de política de Economia Verde e da modelação de cenários. Idealmente, as fontes serão

diversificadas, combinando uma mistura de (1) receita fiscal nacional, particularmente das indústrias

extractivas – possivelmente, em parte e a seu tempo, através de um Fundo de Investimento, (2)

receitas de pagamentos de serviços do ecossistema, (3) financiamento para mudanças climáticas e

indústria verde, (4) financiamento através de um Fundo de Investimento de Economia Verde a ser

criado, (5) assistência técnica dos parceiros de desenvolvimento, (6) capital e competência técnica do

sector privado.

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Os observatórios de desenvolvimento (OD) constituirão o mecanismo inclusivo de monitoria e

avaliação (M&A) da implementação do plano de acção de Economia Verde, acompanhando a sua

execução e propondo novos indicadores que proporcionem uma monitoria eficaz do processo de

transição para a economia verde.

Definições

Agricultura de conservação: Agricultura de conservacao é um conjunto de práticas de gestão de solo,

água e das culturas com o objectivo de aumentar a produtividade agrícola e ao mesmo tempo

conservar os recursos naturais. Agricultura de conservação representa uma gestão bem-sucedida dos

recursos naturais para satisfazer as necessidades humanas. Agricultura de conservação é um sistema

de produção que visa melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo contribuindo

assim para uma boa relação solo-água-cultura.

Capacidade de adaptação (às mudanças climáticas): A capacidade de um sistema para se ajustar às

mudanças climáticas, incluindo à variabilidade do clima e a eventos extremos, para mitigar possíveis

danos, aproveitar as oportunidades ou encarar as consequências.

Crescimento verde: O crescimento verde significa promover o crescimento económico e o

desenvolvimento assegurando ao mesmo tempo que os activos naturais continuam a oferecer os

recursos e serviços ambientais de que o nosso bem-estar depende. Para isto, tem de estimular o

investimento e a inovação que irão servir de base ao crescimento sustentável e dar origem a novas

oportunidades económicas.

Desenvolvimento sustentável: O desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem

comprometer a habilidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades.

Economia verde: Economia Verde é aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano e da

igualdade social, ao mesmo tempo que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez

ecológica. Ela tem três características preponderantes: é pouco intensiva em carbono, eficiente no

uso de recursos naturais e socialmente inclusiva.

Resiliência: a partir do conceito de resiliência ecológica, a resiliência social define-se como a

capacidade dos grupos sociais ou comunidades de amortizar as tensões externas e distúrbios que

surjam como resultado de mudanças sociais, políticas e ambientais. Tem três características

essenciais: a capacidade de amortizar a alteração, a capacidade de se auto-organizar e a capacidade

aprendizagem e adaptação.

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1 Introdução

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), a 21 de

Junho de 2012, o Governo de Moçambique assumiu o compromisso de seguir rumo a uma Economia

Verde, traçando os elementos base de uma estratégia de transição para a Economia Verde do país no

documento ‘Roteiro para uma Economia Verde’ e antecipando que o processo transição necessário

estivesse concluído até 2030. As orientações encapsuladas no Roteiro indicam que este processo de

transição para uma economia verde moçambicana será feito por etapas, sendo a primeira a de

transição, a decorrer no período 2013 a 2014. Nesta primeira fase pretende-se estabelecer os

alicerces que permitirão a integração da abordagem da economia verde nos processos de elaboração

de orientações macro do governo, iniciando-se já esta integração no próximo programa quinquenal

do governo (2015-2019).

De acordo ainda com o Roteiro, Moçambique considera a economia verde como uma ferramenta

que ajudará o país a alcançar o desenvolvimento sustentável. Assim, a Economia Verde deve resultar

em:

a) Crescimento económico sustentado, baseado no uso racional e eficiente dos recursos

naturais;

b) Justiça social, através de políticas e desenvolvimento de estratégias, fortalecimento do

quadro legal e institucional que assegurem a igualdade de oportunidade, transparência,

confiança e promovam a melhoria e acessibilidade dos serviços públicos como a educação, a

saúde, infra-estruturas; e

c) Protecção ambiental, através da preservação da biodiversidade e dos serviços

ecossistémicos.

O presente Plano de Acção para a Economia Verde de Moçambique descreve as acções a serem

implementadas no período de 2013 a 2014. Neste período será feito o mapeamento, valoração e

planeamento do capital natural, bem como a capacitação técnico-institucional para a implementação

da abordagem de economia verde no país, incluindo a integração desta nos processos de planificação

e identificação de políticas sectoriais que possam contribuir para o crescimento verde e sua

priorização para a implementação.

Os Planos de Acção subsequentes irão consolidar o processo de crescimento verde através da

avaliação periódica de progresso dos planos anteriores e contínua integração da abordagem de

Economia Verde nos instrumentos de planificação e orçamentação macro com vista a assegurar que,

em 2030, a economia moçambicana esteja transformada numa economia verde centrada nas

pessoas, onde o capital natural seja utilizado de forma sustentável e eficiente, respeitando os limites

do planeta e contribuindo para a equidade social.

Moçambique já promove a economia verde em algumas áreas críticas, num esforço de apoio ao

desenvolvimento sustentável e de longo prazo. Em Novembro de 2012 o Governo aprovou a

Estratégia Nacional de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas, que tem como objectivo

geral “estabelecer as directrizes de acção para criar resiliência, incluindo a redução dos riscos

climáticos nas comunidades e na economia nacional, e promover o desenvolvimento de baixo

carbono e a economia verde, através da sua integração no processo de planificação sectorial e local”.

A protecção social está a ser integrada num novo quadro de políticas, ao mesmo tempo que estão a

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ser envidados esforços de reabilitação de áreas de conservação com a participação das comunidades

locais. Na indústria extractiva, a aderência à Iniciativa de Transparência na Indústria Extractiva

conduziu ao estabelecimento, a 09 de Abril de 2009, do Comité para a ITIE composto por

representantes do governo, empresas petrolíferas e de mineração e sociedade civil. Na energia,

estão em curso planos para alargar o abastecimento de electricidade a partir de fontes renováveis

(p.e. hidroeléctricas, biocombustíveis, fotovoltaicas) bem como para desenvolver a capacidade de

produção a partir de reservas de gás natural. Além disso, as políticas e estratégias dos sectores de

recursos hídricos e da indústria reconhecem claramente o papel fundamental da gestão sustentável

dos recursos naturais no desenvolvimento económico, para beneficiar as gerações actuais e futuras.

Mais ainda, o Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP II), que constitui a base de

planificação económica e social em Moçambique, estabelece três objectivos gerais para o período

2011-2014: (a) aumento da produção e produtividade agrária e pesqueira, (b) promoção de emprego

e (c) desenvolvimento humano e social.

O presente Plano de Acção de Economia Verde (PAEV) baseia-se no Roteiro de Economia Verde em

Moçambique, adoptado em 2012, com um horizonte visual de 2013 a 2030, compreendendo uma

fase preparatória, de 2013 a 2014, e uma fase de implementação de 2015 a 2030. O presente PAEV

corresponde à fase preparatória (2013 a 2014) e constitui um guia para integrar políticas, práticas e

acções ambientalmente sustentáveis e para criar as bases necessárias para a implementação de um

crescimento verde efectivo em Moçambique. A meta do PAEV para 2013-2014 é a de influenciar e

assegurar uma componente de Economia Verde no Plano Quinquenal do Governo 2015-2019 e no

Plano Nacional de Desenvolvimento Económico 2015-2030. O Presente PAEV considera o

crescimento verde (CV) como parte fundamental e integrante da economia verde (EV), reforçando-o

de modo a realçar as questões de redução da pobreza e equidade social.

2 Metodologia de elaboração deste documento

O processo de desenvolvimento do PAEV decorreu entre Setembro de 2012 e Abril de 2013, tendo

sido liderado pelo Grupo de Coordenação. Este grupo integrou os Ministérios para a Coordenação da

Acção Ambiental, Planificação e Desenvolvimento, Finanças e Negócios Estrangeiros e Cooperação e

ainda o Conselho Nacional para o Desenvolvimento Sustentável (representado no Grupo pelo seu

Secretariado) conforme estabelecido pelo Roteiro, integrando também os Ministérios da

Administração Estatal, Agricultura, Energia, Recursos Minerais e Transportes e Comunicações, cujas

áreas de actuação constam nos pilares do Roteiro.

O processo iniciou com a capacitação técnica dos membros do Grupo, em Novembro de 2012, onde

foram considerados os seguintes aspectos: (i) disseminação dos conhecimentos técnicos sobre os

princípios básicos da Economia Verde; (ii) demonstração de como integrar abordagens da Economia

Verde nos processos nacionais de planificação; e (iii) reforço da capacidade da Plataforma para o

desenvolvimento e implementação do Plano de Acção para a Economia Verde (PAEV). Neste

encontro foi também apresentado o primeiro esboço do PAEV para seu melhoramento pelo

Grupo/Plataforma, o qual incluía, para além de representantes das entidades parte do grupo de

coordenação, representantes da sociedade civil, sector privado e academias.

Após melhoramento do esboço do PAEV pelo Grupo de Coordenação, foram realizadas consultas

regionais para a socialização do documento e recolha de contribuições para o seu enriquecimento,

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abrangendo tanto entidades governamentais como representantes de academias, sector privado e

sociedade civil.

Considerados os comentários regionais, o documento resultante foi apresentado nos Conselhos

Técnico e Consultivo do MICOA, nos Conselhos Consultivos de todos os ministérios, no CONDES,

sendo igualmente apresentado a actores relevantes (sector privado, sociedade civil e parceiros de

cooperação). O documento final do PAEV foi aprovado pelo Conselho de Ministros a 15 de Outubro

de 2013.

3 Contextualização

Para esverdear a economia é relevante a adopção pelo governo de um quadro jurídico e institucional

que:

a) Priorize investimentos e gastos públicos em áreas que estimulem a transição para uma

visão mais verde dos sectores económicos;

b) Promova investimentos baseados na exploração responsável dos recursos naturais;

c) Use os impostos e instrumentos que se baseiam no mercado para mudar a preferência

do consumidor e promover o investimento verde e a inovação;

d) Promova investimentos em capacitação e treinamento; e

e) Fortaleça a governação internacional.

A seguir é apresentado o quadro jurídico-legal e institucional estabelecido no país que constitui

ponto de entrada para uma economia verde.

3.1 Situação actual das políticas, planos e estratégias de desenvolvimento e ambiente

O país avançou na adopção de instrumentos para o desenvolvimento sustentável e conservação do

meio ambiente, sendo de destacar a Constituição da República de Moçambique (CRM), adoptada em

2004, que no seu artigo Nº 117 dispõe que “o Estado promove iniciativas para garantir o equilíbrio

ecológico e a conservação e preservação do meio ambiente, visando a melhoria da qualidade de vida

dos cidadãos”.

Com o fim de garantir o direito ao ambiente no quadro de um desenvolvimento sustentável, o Estado

adopta diversas políticas visando a integração dos objectivos ambientais, económicos e sociais nas

políticas sectoriais, designadamente a promoção da integração dos valores do ambiente nas políticas

e programas educacionais, a prevenção e controle da poluição e da erosão, o garante do

aproveitamento racional dos recursos naturais com salvaguarda da sua capacidade de renovação,

bem como a promoção do ordenamento do território com vista a uma correcta localização das

actividades e a um desenvolvimento socioeconómico equilibrado.

Para minimizar o impacto ambiental resultante da implementação de actividades socioeconómicas,

todos os projectos e/ou actividades estão sujeitas ao processo de avaliação do impacto ambiental.

Muito recentemente, em 2012, o Governo elaborou a avaliação ambiental estratégica da região

costeira com vista a harmonizar os planos de intervenção e utilizar de forma sustentável os recursos

naturais, dado que a zona costeira é rica em recursos naturais incluindo a biodiversidade e recursos

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minerais. Está ainda em processo o zoneamento agro-ecológico que visa estabelecer as bases de

planeamento de uso de terra para os diversos fins, com ênfase para os usos agrários.

Para além dos instrumentos de avaliação do impacto ambiental, o Governo adoptou outros

instrumentos que também contribuem para o uso sustentável dos recursos naturais sendo de

destacar os seguintes: Política e Lei do Planeamento e Ordenamento do Território, Política e

Estratégia de Biocombustíveis, Política de Energia Novas e Renováveis e a sua Estratégia de

Implementação, Política de Conservação, Estratégia Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável

de Moçambique, Estratégia de Intervenção nos Assentamentos Informais em Moçambique,

Estratégia de Género, Estratégia de Género, Ambiente e Mudanças Climáticas, Plano Estratégico para

Desenvolvimento do Sector Agrário, Estratégia de Gestão de Recursos Hídricos, Estratégia de Ciência,

Tecnologia e Inovação de Moçambique, Estratégia Nacional de Reflorestamento, Estratégia Nacional

de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas. Encontram-se ainda em fase de formulação as

seguintes estratégias: Estratégia Nacional de Desenvolvimento, Estratégia Nacional de Redução de

Emissões provenientes do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) e Estratégia de Redução

de Riscos de Desastres. Para além dos documentos acima alistados, existem planos e programas

relevantes que promovem o uso racional dos recursos naturais, a saber: Plano de Acção Nacional

para o Controlo e Prevenção das Queimadas Descontroladas, Plano de Acção para a Prevenção e

Controlo da Erosão de Solos, Plano Director de Gestão de Calamidades, Programa de Acção Nacional

para Adaptação às Mudanças Climáticas e o Programa de Educação, Comunicação e Divulgação

Ambiental (PECODA).

Moçambique juntou-se aos esforços globais visando a protecção ambiental ratificando os seguintes

Acordos Ambientais Multilaterais: a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CBD) e os respectivos

Protocolos de Cartagena sobre a Biossegurança e de Partilha e Acesso de Benefícios, a Convenção

das Nações Unidas para o Combate à Seca e Desertificação (UNCCD), a Convenção Quadro das

Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) e o respectivo Protocolo de Kyoto, Convenção

de Bamaco, Convenção de Roterdão sobre Espécies Migratórias (CMS), Convenção de Ramsar,

Convenção de Nairobi, a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies em Perigo de

Extinção (CITES), Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) e a

Convenção de Viena para a Protecção da Camada de Ozono e o respectivo Protocolo de Montreal

(ODS). Como resultado dos esforços do Governo visando a protecção e conservação da

biodiversidade e de ecossistemas, cerca de 2.051.700 hectares, correspondendo a 24% da área total

do país, são áreas de conservação. Destas, 17% são área de conservação terrestre, 5% mais do que a

média mundial, e 7% de área marinha, 1% mais do que a média mundial.

Em termos institucionais, de acordo com o Artigo 102º da Constituição da República de

Moçambique, “o Estado promove o conhecimento, a inventariação e a valorização dos recursos

naturais e determina as condições do seu uso e aproveitamento com salvaguarda dos interesses

nacionais”. Na prossecução destes objectivos foram criadas várias instituições governamentais com

destaque para o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), o Conselho Nacional

para o Desenvolvimento Sustentável (CONDES) e o Fundo do Ambiente (FUNAB).

Na área Económica, a Constituição da República de Moçambique, no seu Artigo 96, indica que “a

política económica do Estado é dirigida à construção das bases fundamentais do desenvolvimento, à

melhoria das condições de vida do povo, ao reforço da soberania do Estado e à consolidação da

unidade nacional, através da participação dos cidadãos, bem como da utilização eficiente dos

recursos humanos e materiais”, o que pressupõe um desenvolvimento harmonioso e inclusivo. O

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desenvolvimento económico é assegurado através da indústria, reconhecida como factor

impulsionador da economia nacional. Esta visão, integrada com o conceito de utilização sustentada

dos recursos naturais, constitui uma base sólida para alinhar os princípios de Economia Verde, onde

os recursos naturais devem ser utilizados dentro das capacidades naturais e com vista a promover

uma indústria sustentável e de baixo carbono.

O Ministério de Planificação e Desenvolvimento (MPD) foi criado como o órgão central do Aparelho

do Estado que, de acordo com os princípios, objectivos e tarefas definidas pelo Governo, dirige e

coordena o processo de planificação e orienta o desenvolvimento económico e social integrado e

equilibrado do país (Artigo 1 do Estatuto Orgânico do MPD). Assim, o MPD tem a tarefa de, entre

outras, harmonizar os programas sectoriais e orientar a afectação de recursos tanto financeiros

assim como humanos a curto, médio e longo prazo. Este processo é materializado através de

instrumentos como a Estratégia Nacional de Desenvolvimento (a longo prazo, ainda em preparação),

o PARP (a médio prazo) e o Plano Económico e Social (PES) (a curto prazo).

Um conjunto de instituições sectoriais que incluem o MINAG, ME, MIC, MTC, MITUR, MIREM, MOPH

asseguram a elaboração e implementação de políticas sectoriais em linha com as directivas

económicas definidas para o desenvolvimento. Os sectores público, privado, cooperativo e social têm

diversas oportunidades de intervenção no processo de desenvolvimento promovidas através de

incentivos diversos com vista a desenvolver o empresariado nacional e a aumentar o seu papel no

desenvolvimento do país.

Na área social, a Constituição da República de Moçambique estabelece diversas directivas que

incluem questões de acesso à saúde, educação, segurança social, ambiente e qualidade de vida dos

cidadãos, incluindo a promoção e valorização do desenvolvimento da mulher em todas as esferas da

actividade política, económica, social e cultural do país, assim como a protecção social às pessoas

vulneráveis.

Instituições tais como MISAU, MINED, MMAS, entre outras, têm por função a elaboração e

implementação de políticas sectoriais com vista a assegurar a boa qualidade de vida das pessoas e a

informar a tomada de decisões para o alcance de um desenvolvimento harmonioso e resiliente.

O conjunto de normas jurídicas, estratégias, planos e programas adoptados, as instituições

estabelecidas, incluindo os processos de elaboração periódica do Relatório do Estado do Ambiente e

do Compêndio das Estatísticas Ambientais, constituem alicerces que permitem uma transição

tranquila para a Economia Verde em Moçambique.

Apesar dos esforços existentes nas políticas sectoriais e na planificação integrada, ainda permanece o

desafio de assegurar que o desenvolvimento decorra de maneira harmoniosa, integrada e inclusiva,

assegurando ao mesmo tempo assegure a exploração sustentável e o uso eficiente dos recursos

naturais.

Em 2012, foi preparado e adoptado o Roteiro para Economia Verde em Moçambique, o qual delinea

as linhas gerais e apresenta a declaração de intenção de acelerar o desenvolvimento de forma

sustentável nas vertentes económica, social e ambiental. A visão e o compromisso contínuo e

durável de Moçambique para desenvolvimento sustentável são consolidados neste PAEV. O

propósito deste documento é preparar o país, em todos sectores, para definir e implementar acções-

chave que promovam e acelerem uma transição inclusiva e eficiente para Economia Verde, iniciando

a integração desta nos planos de desenvolvimento. O estabelecimento e fortalecimento de parcerias

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são fundamentais para o sucesso deste processo e espera-se que o PAEV impulsione um diálogo

coordenado a nível nacional e internacional. Importa referir que o investimento de Moçambique na

Economia Verde é uma demonstração de boa-fé e visão para consolidar e apoiar os esforços locais,

nacionais, regionais e internacionais rumo ao desenvolvimento sustentável. Neste sentido, o país

junta-se ao processo de transição e transformação, como líder e participante dinamizador.

3.2 O porquê de uma Economia Verde em Moçambique

A Declaração final da Cimeira dos Chefes de Estado no Rio+20 em 2012, conhecida como “O Futuro

que Queremos” (parágrafos 56-57) apresenta a economia verde no contexto do desenvolvimento

sustentável e erradicação da pobreza e refere que existem diferentes abordagens, visões, modelos e

ferramentas disponíveis para cada país, de acordo com suas circunstâncias e prioridades nacionais,

para alcançar o desenvolvimento sustentável nas suas três dimensões. A Declaração considera a

economia verde, no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, como

uma das importantes ferramentas disponíveis para o alcance do desenvolvimento sustentável,

oferecendo opções para decisão política, sem ser um conjunto rígido de regras. Mais ainda, a

Declaração ressalta que a economia verde deve contribuir para a erradicação da pobreza e para o

crescimento económico sustentável, o reforço da inclusão social melhorando o bem-estar humano e

a criação de oportunidades de emprego e trabalho digno para todos, mantendo o funcionamento

saudável dos ecossistemas da Terra. As políticas de economia verde, no contexto do

desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, devem ser guiadas pelos princípios do

Rio, a Agenda 21 e o Plano de Implementação de Johanesburgo, e devem contribuir para o

consecução das metas de desenvolvimento internacionalmente acordadas, incluindo os ODM.

Para o caso de Moçambique, país em vias de desenvolvimento que tem estado a manter uma taxa de

crescimento económico de cerca de 8% ao ano, este desenvolvimento poderá estar associado à

desbravação de florestas virgens, degradação de solos agrícolas, entre outros aspectos não

desejados. A recente descoberta de depósitos de carvão mineral trouxeram outra oportunidade de

aumentar a taxa de crescimento económico, porém, a actividade de extracção e utilização de carvão

mineral é muitas vezes descrita como uma fonte de poluição e de emissão de gases de efeitos de

estufa. Ao mesmo tempo, as descobertas de gás natural constituem oportunidades de utilização de

energia limpa e com baixa poluição. Este conjunto de aspectos, aliado ao facto de os níveis de

desenvolvimento social e a qualidade de infraestruturas ainda estarem longe do desejável, apresenta

a Economia Verde como uma alternativa viável de mecanismo de planificação que transfira a riqueza

do capital natural, sem causar riscos, investindo-o no capital físico (infraestruturas) e no capital

humano. Esta é a meta do desenvolvimento sustentável onde se promove o equilíbrio entre os

aspectos económicos, sociais e ambientais. Neste contexto, Moçambique deve procurar na Economia

Verde a consecução dos objectivos da redução da pobreza definidos no PARP e dos Objectivos de

Desenvolvimento do Milénio.

3.3 Os principais desafios, para a transição para uma Economia Verde em Moçambique

Mudanças climáticas: Lidar com as mudanças climáticas, que colocam ameaças graves ao

crescimento económico e social e à preservação ambiental e ecológica, segurança e desenvolvimento

sustentável de Moçambique, é um desafio presente. As mudanças climáticas são uma realidade nos

dias de hoje e, com o tempo, tem vindo a registar-se um aumento da frequência de ocorrência e da

intensidade de eventos extremos climáticos (cheias, inundações, secas, tempestades de vento,

incluindo ciclones tropicais), bem como uma mudança nos padrões de precipitação e temperatura e

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a subida do nível das águas do mar. Perante este cenário o país definiu como objectivo na Estratégia

Nacional de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas (ENAMMC) a criação da resiliência,

incluindo a redução dos riscos climáticos, nas comunidades e na economia nacional e a promoção do

desenvolvimento de baixo carbono e a economia verde, através da sua integração no processo de

planificação sectorial e local. A prossecução deste objectivo resultará na protecção do capital

humano, natural e económico dos impactos das mudanças climáticas, bem como no aproveitamento

das oportunidades existentes com destaque para as do mercado de carbono, incluindo o

desenvolvimento de baixo carbono, para atrair e aceder a recursos financeiros e tecnológicos e a

capacitação técnico-institucional.

Crescimento populacional e estrutura etária: Em Moçambique, o nível de fecundidade é o triplo do

que seria necessário para garantir a reposição das gerações (cerca de 2 filhos por mulher). Este facto

produz uma estrutura etária da população muito jovem que, por sua vez, cria uma pressão sobre os

recursos, aumenta a demanda e a despesa social, ao mesmo tempo que reduz a renda per capita,

dado que a proporção da população dependente é elevada, significando uma maior carga de

dependência. De acordo com os dados do último censo, o índice de dependência demográfica,

relação entre população em idade não activa (menores de 15 anos e idosos de 65 anos ou mais) e em

idade activa (15-64), é de 99,8 por cento, ou seja, 10 dependentes por cada 10 pessoas em idade

activa. Segundo as projecções do Instituto Nacional de Estatística (INE) e das Nações Unidas, este

índice manter-se-á igual ou superior a 90% pelo menos até 2050 (Arnaldo e Muanamoha 2011).

Associado a este fenómeno, encontra-se o elevado crescimento da população urbana (3% contra 2%

nacional), contribuindo dessa maneira para o aumento da pobreza urbana e para a degradação do

meio urbano e circundante.

3.4 Oportunidades

Os aspectos alistados a seguir constituem oportunidades e pontos de entrada para a Economia Verde

em Moçambique:

(i) Aproveitar a oportunidade de novas indústrias, serviços e empregos, utilizando

sustentavelmente a infra-estrutura ecológica do país da qual depende a maior parte das

pessoas para obter sustento. O capital natural de Moçambique compreende solos férteis,

recursos hídricos abundantes, florestas densas, stocks marinhos e pesqueiros, fauna

bravia, paisagens extraordinárias, e um potencial substancial de produção de energia

solar, eólica, bioenergética e hídrica. No seu todo, o país é dotado de um capital diverso,

capaz de gerar múltiplos fluxos de receita em vários sectores. Além disso, se forem bem

geridos, os recursos naturais renováveis perdurarão para além dos não renováveis e

poderão garantir a satisfação das necessidades das gerações futuras. Uma base de

activos diversificados é um ponto de partida excelente para uma economia resiliente e

competitiva.

(ii) Sustentar uma população jovem, em rápido crescimento e urbanização, com uma maior

incidência na prestação de serviços básicos, na eficiência de recursos e na oportunidade

económica. Em 2030 haverá mais 15 milhões de moçambicanos do que o país tinha em

2012, elevando a população para 38 milhões, 60% dos quais viverão em cidades. Estas

pessoas precisarão de empregos, de um sistema moderno de energia, água potável,

gestão de efluentes e resíduos, transporte confortável e serviços de saúde e educação. A

Economia Verde sugere a provisão de energia renovável e descentralizada aos agregados

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familiares e pequenas empresas, transportes urbanos em massa para melhorar a

conectividade das empresas e reduzir a poluição urbana do ar, iniciativas de reciclagem

para minorar a produção de lixos e reduzir a pressão sobre o capital natural e

providenciar serviços de saúde, saneamento e educação de qualidade suficientes, para

melhorar a saúde humana e ambiental e, consequentemente, aumentar a produtividade

laboral e reforçar a competitividade. Todos estes elementos irão, em última análise,

resultar na criação de postos de trabalho e numa economia mais sustentável. Além do

mais, cidades bem planeadas e com qualidade de vida reduzem os custos de fazer

negócio, reforçam a coesão social e atraem investimentos, multiplicando as

oportunidades económicas e estimulando ainda mais o crescimento.

(iii) Capitalizar com inclusividade o potencial económico e social da florescente indústria

extractiva, tornando-a uma benção e não uma maldição. As receitas fiscais e os royalties

provenientes da indústria extractiva podem ser investidos na transição para a economia

verde através da expansão do capital físico (infra-estrutura sustentável) e do

desenvolvimento do capital humano (força de trabalho mais produtiva, com melhor

educação e saúde) criando deste modo resiliência económica e social nos

moçambicanos. A abordagem da economia verde na indústria extractiva ajuda a a

mitigar os perigos que este tipo de indústria traz requerendo que o desenvolvimento

destas indústrias no país esteja dependente da provisão de infra-estruturas e serviços

que causem o menor dano possível ao meio ambiente, da criação do maior número

possível de postos de trabalho e da melhoria do nível de vida do maior número possível

de pessoas.

3.5 Pilares do plano de Economia Verde em Moçambique

A Tabela 1 apresenta os sectores identificados como tendo potencial para implementação da

Economia Verde no país durante a Conferência nacional realizada em Maputo, de 23 a 27 de Abril de

2012 e em linha com o Roteiro para Economia Verde em Moçambique.

Apesar dos recursos hídricos serem parte do capital natural, e portanto, passíveis de serem

abordados na secção de capital natural, reconheceu-se a insuficiente capacidade de infraestruturas

como o principal aspecto de gestão de recursos hídricos, tendo sido por isso sugerido incluir este

aspecto na secção de infraestruturas.

O PAEV foi elaborado de acordo as diretrizes delineadas no Roteiro para uma Economia Verde em

Moçambique e em linha com as prioridades do PARP e das estratégias sectoriais, como descrito

acima. O objectivo estratégico do PAEV é o de construir um modelo de desenvolvimento económico

que seja competitivo, diversificado, socialmente inclusivo e que use de forma eficiente e racional os

recursos naturais. Dado que o PAEV irá modelar os planos de desenvolvimento, é importante que

todas as actividades de implementação do PAEV constituam a base para implementação desses

mesmos planos.

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Tabela 1. Matriz de identificação dos pilares para a Economia Verde em Moçambique

Pilares para a Economia Verde em Moçambique

Capital Físico: Infraestrutura sustentável

• Energia

• Transportes

• Água, sistemas de abastecimento e saneamento

• Cidades e assentamentos humanos

Capital Natural: Uso eficiente e sustentável dos recursos naturais

• Terra

• Agricultura

• Florestas

• Turismo e áreas de conservação

• Pesca

• Recursos minerais

Capital Humano:

Fortalecimento da resiliência e

capacidade de adaptação

• Aumento da resiliência e redução do risco de desastres

• Educação

• Emprego

• Saúde e população

• Equidade de género e empoderamento da mulher

Um factor central ao PAEV e à abordagem de Economia Verde é o uso racional e sustentável dos

recursos naturais. Este aspecto é essencial no PAEV e no Roteiro para a Economia Verde onde se

procura integrar os três pilares da sustentabilidade (económica, ambiental e social) através de uma

abordagem conjunta e equilibrada dos três capitais (físico, natural e humano). Esta abordagem,

procura estabelecer as bases de implementação integrada e harmonizada das actividades, o que é

reflectido no Quadro Integrado de Implementação (QII) que é parte deste plano de acção.

As infraestruturas sustentáveis, que abarcam sistemas de geração e distribuição de energia, a rede

de vias de comunicação e sistemas de transporte, as cidades e assentamentos humanos, com

particular destaque para a planificação urbana, edifícios públicos e privados e sistemas de

abastecimento de água e saneamento, constituem a base do desenvolvimento económico. Ao

mesmo tempo, reconhece-se que o desenvolvimento económico inclusivo só será alcançado quando

baseado na gestão sustentável dos recursos naturais renováveis e não-renováveis, com particular

destaque para a (a) terra na sua qualidade de “lugar” e “meio de produção”, como factor de

produção para actividades como a agricultura, silvicultura, turismo e conservação de biodiversidade

e exploração de recursos minerais, (b) água como recurso para o consumo humano, agrícola,

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industrial e habitat de pescado. Por fim afirma-se que a sustentabilidade será efectiva quando todo o

processo de desenvolvimento estiver assente sobre uma população socialmente estável e resiliente

aos impactos, tanto físicos como económicos, o que significa a necessidade de desenvolver

capacidades humanas através de uma educação integrada que valoriza e empodera a mulher,

melhora o acesso à saúde básica e reprodutiva, e cria empregos condignos.

No capítulo seguinte, para cada pilar, são tratados tópicos sectoriais para demonstrar as opções de

política de crescimento verde e os potenciais caminhos de implementação. Cada secção começa por

apresentar a situação geral específica do sector, identificando no final os pontos de entrada da

política de Economia Verde, para uma análise aprofundada tripartida – social, ambiental, económica

– durante 2013, de modo a permitir às partes interessadas seleccionar as melhores políticas para

integração nos programas sectoriais e no Plano Económico e Social e para aplicação a médio prazo ao

abrigo do próximo Plano Quinquenal (PQG) 2015-2019. Os detalhes sobre as actividades de

implementação, papéis e responsabilidades, sinergias com outros programas em curso, e

calendários, apresentam-se no Quadro Integrado de Implementação (QII), que é a matriz de

implementação do PAEV. As medidas destacadas no PAEV não são prescritivas e, em alguns casos,

foram já adoptadas ou estão em operação, embora requeiram investimento adicional para atingirem

um nível crítico. Mais ainda, apesar de cada secção ser tratada separadamente no PAEV por uma

questão de simplicidade, sempre que possível são sublinhadas para cada uma das secções as ligações

e a necessidade de uma gestão integrada com outros sectores.

É sumarizada uma selecção de 17 políticas essenciais de Economia Verde para potenciais programas

de acção, numa tabela única (ver Tabela 2) no capítulo da implementação ‘Análise tripartida das

opções de política de Economia Verde’, para demonstrar sinergias e assegurar uma execução

coordenada. É importante ainda notar que a selecção sumarizada das 17 opções de política de

Economia Verde tem também a finalidade de proporcionar um conjunto consolidado e viável de

programas de actividades – de entre todo vasto leque de possibilidades – para garantir a execução.

Os instrumentos de políticas menos dependentes da capacidade institucional são prioritários para

criar espaço e encorajar a actividade empresarial. Sempre que as possíveis questões de política se

sobreponham ou afectem mais do que um sector, como seja a política da água, que é crucial para a

agricultura, para a energia hidroeléctrica, para as florestas, para as pescas, para o abastecimento de

água, saneamento e para as indústrias extractivas, serão empacotadas numa só, i.e. gestão integrada

dos recursos hídricos.

4 Plano de acção

4.1 Objectivo geral do Plano de Economia Verde

O Plano de Acção para a Economia Verde (PAEV) tem como objectivo geral guiar a integração de

políticas, práticas e acções ambientalmente sustentáveis nos mecanismos de planificação, para

tornar Moçambique um “país inclusivo, de rendimento médio, baseado na protecção, restauro e uso

racional do capital natural e dos serviços do ecossistema, garantindo um desenvolvimento inclusivo e

eficiente, dentro dos limites planetários”.

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4.2 Objectivos específicos do Plano de Economia Verde

a) Estabelecer o fundamento da Economia Verde e incluir a agenda de crescimento verde nas

prioridades nacionais de desenvolvimento

b) Identificar acções de políticas concretas para fazer avançar a agenda da Economia Verde à

medida que se perseguem os objectivos de redução da pobreza

c) Integrar a abordagem de Economia Verde nos processos de planificação e orçamentação,

bem como nas contas nacionais

4.3 Princípios para a Economia Verde em Moçambique

1) O princípio da responsabilidade comum mas diferenciada;

2) O princípio do direito soberano dos estados sobre seus recursos naturais;

3) O princípio do direito ao desenvolvimento;

4) O princípio da sustentabilidade;

5) O princípio da eficiência no uso dos recursos naturais;

6) O princípio da resiliência – capacidade social, ambiental e económica de adaptação a

choques;

7) O princípio da inclusividade – equidade intergeracional, bem-estar social, e tomada de

decisões transparentes com base na prestação do maior bem e mais ampla prosperidade.

4.4 Acções prioritárias

A preparação do Relatório Nacional para a Conferência do Rio +20 incluiu a identificação de

oportunidades e desafios para abordagem de Economia Verde no país, durante a qual foram

seleccionados os sectores de agricultura e segurança alimentar, cidades e energia como sendo

aqueles que possuem um maior potencial para a transição para a Economia Verde. Adicionalmente,

durante a Conferência sub-regional sobre a Economia Verde, realizada em Maputo de 23 a 27 de

Abril de 2012, foram identificados outros sectores (transportes, florestas, água e recursos minerais)

como tendo também um potencial significativo para transição para Economia Verde. Numa análise

realizada durante o processo de elaboração do PAEV foi reconhecido que a resiliência e a capacidade

de adaptação eram particularmente função do capital humano, englobando aspectos de acesso aos

serviços básicos como a educação, saúde (incluindo planeamento familiar), emprego condigno e a

consideração de assuntos de género e empoderamento da mulher. Estes pontos de entrada foram

incorporados no PAEV constituindo assim os seus principais componentes. Mesmo assim, o país

precisa de realizar mais consultas, estudos e capacitar-se para que possa, finalmente, identificar

sectores onde seja possível implementar a Economia Verde. Este processo decorrerá no período de

2013 a 2014, um período de transição que culminará com a incorporação da Economia Verde nos

planos de desenvolvimento existentes, tais como o Plano Quinquenal do Governo e a Estratégia

Nacional de Desenvolvimento. O Governo pretende que a implementação da Economia Verde seja

um processo inclusivo, envolvendo instituições do governo, sociedade civil, sector privado,

instituições académicas e parceiros de cooperação. As acções apresentadas a seguir incluem

desenvolvimento de políticas, normas, assim como o reforço na implementação de normas e

políticas existentes. As medidas propostas carecem de avaliação especializada antes da sua

incorporação uma vez que a implementação de uma norma pode desencadear efeitos colaterais.

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12

4.4.1 Infraestruturas sustentáveis

4.4.1.1 Energia

Moçambique possui recursos energéticos substanciais, desde combustíveis fósseis a renováveis, mas

carece de capacidade para os explorar cabalmente e garantir um acesso equitativo e sustentável dos

mesmos pela maioria da população. A taxa de acesso à energia eléctrica atingiu 38%, dos quais 26%

através da REN e 12% através de painéis solares promovidos pelo Fundo da Energia (FUNAE),

significando que mais de 9 milhões de moçambicanos têm acesso permanente a energia eléctrica. As

oscilações de electricidade nas áreas ligadas à rede eléctrica e a falta de electricidade em áreas rurais

constituem grandes factores de constrangimento para a actividade industrial. A capacidade de

geração de electricidade situa-se em cerca de 2.600 megawatts (MW), 90% da qual instalada na

barragem de Cahora Bassa. Recentemente, foi acrescentada alguma capacidade com uma central a

gás em Ressano Garcia. As exportações de energia eléctrica em 2012 foram de 9,462,138.16 MWh

contra os 11,954,407 MWh de 2011. O maior volume das exportações de energia eléctrica foi feito a

partir da HCB, do qual cerca de 89% foi destinado à Companhia de Electricidade da África do Sul

(ESKOM) e 11.20% à Companhia de Electricidade do Zimbabwe (ZESA).

Em termos de emissões de gases de efeitos de estufa (GEE), estima-se que o país emitiu por ano no

sector energia cerca de 13,409,89 Gg de CO2, correspondendo a 10,23% de emissões totais de CO2

ocorridas anualmente no período de 1995 a 2004. Estas estimativas não incluem as estimativas de

emissões médias anuais ocorridas nos transportes internacionais e em resultado da queima de

biomassa, estimadas em 50,32 Gg e 29 802,73 Gg de CO2 respectivamente.

Tornar verde o sector de energia no país passa por: (i) aumentar o acesso aos serviços de energia

segura e sustentável pela população; (ii) promover fontes de energias renováveis e tecnologias de

baixas emissões de carbono; e (iii) promover o uso eficiente de energia.

Algumas medidas para típicas de economia verde que o sector está presentemente a levar a cabo são

as seguintes: (1) a electrificação rural com sistemas fotovoltaicos; (ii) a produção de biocombustíveis

para minimizar a dependência relativamente aos combustíveis fósseis; (iii) os projectos de

construção de hidroelétricas em carteira; (iv) projectos de geração de electricidade a partir do gás

natural; (v) projectos de fogões melhorados.

Integração do sector de energia com outros sectores de Economia Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde devem ser implementados numa abordagem

integrada com todos os sectores e em particular em estreita coordenação com florestas, agricultura,

transportes, urbanização, recursos hídricos para a indústria extractiva, bem como para a irrigação,

abastecimento de água e saneamento. O Ministério da Energia deve desempenhar um papel

primordial na execução das políticas energéticas para a Economia Verde. O sector privado, com os

incentivos certos, deverá apoiar o desenvolvimento de plantações florestais sustentáveis para

fornecimento de combustível de biomassa, distribuição de fogões de biomassa e produtos de

aquecimento solar da água aos mercados urbanos, instalação de unidades de geração de energia

renovável e provisão de acesso a serviços energéticos sustentáveis.

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Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Expansão da rede eléctrica e tarifas bonificadas para as populações mais carenciadas;

2. Gestão integrada de energia com as partes interessadas nas bacias hidrográficas –

adoptando uma abordagem paisagística que ligue sectores como a água, florestas,

agricultura e pescas;

3. Incentivos de isenção fiscal para o plantio de florestas sustentáveis para fornecimento de

combustível de biomassa;

4. Tributação do carvão vegetal no ponto de venda em áreas urbanas;

5. Incentivos de isenção fiscal para fogões a biomassa melhorados, aquecimento solar da água

e outros sistemas de energias renováveis;

6. Intensificação das tarifas bonificadas para a electricidade produzida a partir de energias

renováveis;

7. Práticas de aprovisionamento pelo Estado que dêem prioridade às tecnologias de energias

renováveis;

8. Fundos catalíticos de desenvolvimento de pequenas e médias empresas (PME) para expandir

o acesso à energia;

9. Taxas de juro reduzidas para projectos de acesso a energias renováveis e projectos

descentralizados;

10. Programas de eficiência energética para veículos e edifícios públicos;

11. Aumento da participação das energias limpas na matriz energética, particularmente na

indústria e transporte público (combóios, autocarros e taxis)

12. Promoção de tecnologias a gás e electricidade, particularmente nas Zonas Económicas

Especiais;

13. Aproveitamento de resíduos sólidos urbanos e da indústria extractiva para a geração de

energia.

4.4.1.2 Transportes

A posição geográfica de Moçambique ao longo do Oceano Índico e a existência de portos naturais confere ao país uma grande vantagem comparativa no que diz respeito ao acesso aos mercados, ao mesmo tempo que lhe confere grande responsabilidade na criação de condições de acessibilidade ao mar dos Países do interior. Sem esse acesso facilitado, a integração regional será dificultada e a região da SADC não poderá explorar o seu potencial na totalidade no contexto de uma economia mundial globalizada. Assim o sector de transportes deve por um lado catalizar o desenvolvimento económico e social do País, e por outro lado jogar o papel de líder na busca dos objectivos económicos ambicionados pela integração económica regional. O sector de transportes, particularmente o ramo rodoviário tem conhecido um crescimento assinalável. É pertinente que este crescimento responda às necessidades do desenvolvimento, particularmente no fortalecimento da ligação entre os produtores agrários das zonas rurais e os centros urbanos onde se encontram os mercados. Dada a vulnerabilidade das infraestruturas de transporte a eventos climáticos extremos, tem sido recomendado que estas sejam resilientes aos choques climáticos, principalmente nas zonas propensas à ocorrência de eventos climáticos tais como cheias, ciclones, e subida do nível das águas do mar. Em termos de emissões de GEE, o sector dos transportes nacionais, que inclui os ramos rodoviário,

ferroviário, aéreo, marítimo e pipeline para o período de 1995 a 2004, emitiu 1,057.95 toneladas de

CO2, correspondendo a cerca de 8% das emissões médias anuais do sector de energia. Dentro dos

transportes nacionais, os rodoviários contribuiram com cerca de 94% das emissões. As tendências

actuais de desenvolvimento mostram que o transporte ferroviário irá desempenhar um papel muito

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importante no sistema de transporte nos próximos anos, principalmente no escoamento do carvão

das áreas de extracção para os portos.

Considerando o potencial de reservas de gás natural, tornar verde este sector passa por: (i) promover

o uso de gás natural nos transportes rodoviários; (ii) promover infraestruturas de transporte que

fomentam o acesso adequado aos locais de trabalho e a interacção social e facilitam importantes

actividades económicas, sobretudo a acessibilidade para o escoamento da produção para os

mercados; e (iii) promover modos verdes de transporte relacionados com a exportação e

mercadorias em trânsito.

Integração do sector de transportes com outros sectores de Economia Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde para transportes devem ser implementados de um

modo integrado com todos os sectores, mas em particular em estreita colaboração com as obras

públicas, agricultura, energia, urbanização e indústria extractiva, com medidas de resiliência e de

capacidade adaptativa no contexto das mudanças climáticas. O Ministério dos Transportes e

Comunicações (MTC) deve desempenhar um papel de liderança na execução das políticas de

transporte de Economia Verde e, com os incentivos certos, o sector privado deverá apoiar o

desenvolvimento do acesso a serviços comportáveis alimentados a gás e a electricidade, bem como

estradas com portagem ligando os principais mercados e as zonas de produção agrícola.

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Parcerias Público Privado (PPP) para expandir infra-estruturas de apoio a veículos públicos e

privados alimentados a gás;

2. PPP para estradas com portagens ligando os principais mercados e zonas de produção

agrícola;

3. Massificar o transporte marítimo de carga norte-sul e transporte fluvial este-oeste;

4. Potenciar o transporte público e estabelecer taxas de congestão nos centros das cidades;

5. Incentivos de isenção fiscal para tecnologias alimentadas a gás e outras tecnologias verdes;

6. Adopção de normas de concepção de infra-estruturas de transporte resilientes ao clima;

7. Direitos de resiliência ao clima sobre fretes internacionais para financiar custos de resiliência

com portos, ferrovias e estradas.

4.4.1.3 Abastecimento de água e saneamento, gestão integrada dos recursos hídricos (GIRH),

irrigação

Apesar da água ser um recurso natural, e portanto passível de ser abordado na secção de capital

natural, durante a elaboração do documento reconheceu-se que os principais aspectos de gestão de

recursos hídricos estão fortemente relacionados com infraestruturas. Essa matéria é assim tratada na

presente secção.

Moçambique é um país de jusante, partilhando nove (9) das quinze (15) bacias hidrográficas

internacionais na região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Mais de 50%

dos recursos hídricos são originários nos países de montante. O escoamento superficial total é de

cerca de 216 km3/ano, dos quais cerca de 100 Km3 são gerados no país. Os restantes 116 Km3 são

gerados nos paízes vizinhos. Em termos de valores per capita, Moçambique dispõe de um total de

11.500m3/pessoa/ano. A distribuição geograficamente desequilibrada da precipitação e do

escoamento, a localização geográfica do país e a grande dependência do escoamento dos países de

montante, a sua vulnerabilidade aos eventos extremos (cheias, secas e ciclones) devido às mudanças

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climáticas e à fraca capacidade de armazenamento de água, colocam desafios para o sector de águas

na gestão e desenvolvimento dos recursos hídricos, incluindo entre outros o abastecimento de água

e saneamento do meio, água para segurança alimentar e desenvolvimento rural, mitigação dos

desastres naturais e gestão de riscos e gestão dos recursos hídricos partilhados, prevenção da

poluição da água e conservação dos ecossistemas. (DNA 2007, UEM & IWEGA 2011, ARA Sul 2012).

Assim, é de vital importância garantir-se a gestão integrada dos recursos hídricos (GIRH) nas bacias

hidrográficas ao nível nacional e regional.

Moçambique, apesar de ser dotado de recursos hídricos, estes não têm sido utilizados eficazmente

de modo a garantir o acesso das pessoas. Entre 1997 e 2009, o acesso a água potável nas áreas rurais

aumentou de 40,3% para 54% e de 30% para 60% nas áreas urbanas (Governo de Moçambique

2010a). No mesmo período, o acesso a saneamento melhorado aumentou de 25,3% para 40% nas

áreas rurais e de 38% para 50% nas áreas urbanas (Governo de Moçambique 2010a). Não obstante,

em ambos os casos a velocidade de expansão da cobertura foi desacelerada nos últimos anos. No

geral, o abastecimento de água não é fiável durante a estação seca e, nas áreas rurais, as redes de

distribuição são deficientes, com uma grande proporção de pontos de água não operacionais. A taxa

de água perdida em fugas nos sistemas de abastecimentos continua a ser elevada, com cerca de 40%

(CRA 2011). Ainda assim, o sector da água continua a ser uma prioridade em Moçambique, e o

governo tem planos para investir na expansão dos sistemas de abastecimento e distribuição de modo

a atingir a meta dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) de 70% de cobertura até

2015. As pressões crescentes combinadas do crescimento populacional, urbanização e poluição

associada, da importância crescente das indústrias extractivas e consequente descarga de resíduos,

uso agrícola crescente, aumento de temperatura e a irregularidade dos padrões de precipitação,

colocam desafios complexos e interdependentes. A Pegada de Água nacional per capita – volume

total de água usado para produzir os bens e serviços que consumimos – é dominada pela produção

agrícola, que representa mais de 95%, sendo o remanescente da responsabilidade da produção

industrial e do uso doméstico (BAD & WWF 2012). Ainda assim, a área de agricultura irrigada é

bastante pequena. Apenas 2,7% da área cultivada do país está abrangida por sistemas de irrigação

(UEM & IWEGA 2011) havendo, entretanto, indicações de que na bacia do Limpopo a captação de

água é superior à disponibilidade durante Setembro e Outubro (BAD & WWF 2012). Estão planeadas

muitas barragens hidroeléctricas, como é o caso dos projectos de Mpanda Nkuwa, Boroma e Lupata,

na bacia do Zambeze, as quais podem contribuir para o armazenamento de água para outros fins.

Relativamente a estes desafios, o Ministério da Habitação e Obras Públicas (MOPH), instituição

responsável pela formulação de políticas de águas criou uma série de instituições, incluindo cinco

Administrações Regionais de Água (ARA), estando também já em funcionamento algumas Unidades

de Gestão de Bacias (UGBs) e outras em processo de formação, tendo ainda sido formados os

Comités de Bacia Hidrográfica, havendo outros ainda em processo de criação no âmbito de gestão

operativa e recursos hídricos e processo de consultas aos utentes da bacia. Foram também criadas as

seguintes entidades: o Conselho Regulador da Água (CRA) que regula o sector e protege os

consumidores, o Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG) e a

Administração de Infraestruturas de Abastecimento de Água e Saneamento (AIAS) que detem as

infra-estruturas públicas de água e saneamento para a provisão de serviços, em alguns casos através

de parcerias público-privadas (PPP). O Centro Internacional para a Economia e Governação da Água

em África (IWEGA), uma instituição especializada de pesquisa e ensino em economia e governação

da água sediada na Universidade Eduardo Mondlane (UEM) em Maputo, é um importante recurso

para a promoção da gestão integrada dos recursos hídricos (GIRH).

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A expansão das infra-estruturas de irrigação pode libertar o vasto potencial agrícola de Moçambique.

O potencial de irrigação está concentrado em torno das bacias hidrográficas do Rio Limpopo (sul),

Zambeze (centro) e Lúrio (norte), e pode desbloquear a produtividade agrícola para fornecer o

mercado nacional e os mercados de exportação na Ásia, Médio Oriente e Europa. O acesso à

electricidade e a infra-estruturas de transporte para fazer a ligação aos mercados são factores que

limitam a expansão de projectos de irrigação. A modernização planeada da barragem de Massingir e

da infra-estrutura de irrigação associada no Limpopo irá em breve somar-se à área nacional irrigada.

Embora possam mitigar o crescente risco de seca induzido pela alteração climática, os sistemas de

irrigação devem ser concebidos de forma a suportarem o aumento esperado em frequência e

intensidade das cheias.

Integração da componente de água, irrigação, abastecimento e saneamento com outros sectores

de Economia Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde para abastecimento de água e saneamento devem

ser implementados numa abordagem integrada com todos os sectores, mas em particular em

colaboração estreita com os recursos hídricos, pescas, florestas, agricultura, municípios e indústrias

extractivas. O MOPH deve desempenhar um papel de liderança na execução das políticas de

Economia Verde nas várias áreas sócio-económicas, incluindo o abastecimento de água e

saneamento e irrigação. O sector privado, deverá apoiar o desenvolvimento do acesso aos serviços

de água e saneamento e de irrigação resilientes às mudanças climáticas, bem como trazer soluções

com vista a reduzir as ineficiências, reutilizar as águas residuais domésticas e industriais urbanas e

massificar a captação da água das chuvas para a agricultura e devido uso nas cidades, fornecendo

igualmente serviços de tecnologias de energia renovável para alimentar sistemas de irrigação e de

abastecimento de água.

As opções de política de Economia Verde e pontos de entrada para PQG 2015-2020

1. Abastecimento de água e serviços de saneamento;

2. Estabelecer e garantir o pleno funcionamento dos Comités de Bacia Hidrográfica.

3. Garantir água para o desenvolvimento sócio-económico e o uso sustentável e racional da

água: irrigação/segurança alimentar, florestas, geração de energia hidroeléctrica,

desenvolvimento de indústria extractivas e pescas, paisagem;

4. Fomentar o estabelecimento de infraestruturas de captação e armazenamento da água,

incluindo a prevenção e mitigação de cheias e secas;

5. Criar parcerias público-privadas (PPP) para aumentar o acesso aos serviços de abastecimento

de água e saneamento e infraestruturas hidráulicas resilientes às mudanças climáticas;

6. Integrar matérias sobre conservação e utilização eficiente da água nos currículos escolares;

7. Desenvolver a capacidade das autoridades locais no domínio da reciclagem e reutilização de

água;

8. Reduzir as perdas de água canalizada, particularmente nas áreas urbanas;

9. Determinar preços, recuperar custos e utilizar incentivos para reduzir a “água não

contabilizada” e as ineficiências;

10. Identificar e mapear as áreas vulneráveis a eventos extremos como cheias nas bacias

hidrográficas, estabelecendo as “zonas de protecção” nas bacias hidrográficas;

11. Integrar considerações de serviço de fluxos hidrológicos ambientais (e-fluxos) na poluição da

água e nos pagamentos dos consumos.

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4.4.1.4 Cidades e assentamentos humanos

O Censo Populacional de 2007 em Moçambique estimou em 36% a população urbana do país. Com

base nesses dados e nas taxas de crescimento populacional, as projecções feitas indicam 60% (ou 17

milhões de habitantes) de população urbana em 2030. Os investimentos em planificação e serviços

urbanos devem ser realizados agora, para evitar que as cidades sejam intensivas em termos de

carbono, com serviços desconectados e deficientes. Os centros urbanos em maior crescimento são

Maputo e Matola a sul, Tete, Chimoio e Beira no centro, e Nampula, Nacala e Pemba a norte. A

grande área metropolitana da cidade capital de Maputo tem uma população flutuante de 2 a 2,3

milhões de pessoas e representa a maior concentração de pessoas vulneráveis às mudanças

climáticas (MICOA 2009). A maioria destas pessoas vive em assentamentos com infra-estruturas

subóptimas e carece de serviços públicos básicos. A maior parte das cidades importantes de

Moçambique encontra-se na costa e são de alto risco no que toca a cheias e erosão hídrica

relacionadas com as mudanças climáticas, à intrusão de salinidade e a ciclones. O processo de

urbanização é caracterizado por assentamentos de baixa densidade, com pressões crescentes sobre

as autoridades locais para que satisfaçam as necessidades de emprego, infra-estruturas e serviços

básicos. Como futuros pólos demográficos e de crescimento económico, as cidades costeiras têm de

vulgarizar a resiliência climática agora para evitar mais tarde uma adaptação mais intensa e maiores

custos físicos, económicos e humanos devidos a calamidades naturais. Além disso, será fundamental

planificar a migração para fora das áreas costeiras e reduzir as suas taxas de expansão actualmente

elevadas, desenvolvendo novos centros urbanos em zonas mais seguras.

Os programas urbanos exemplares, com os quais se pretende aprender e a partir dos quais se espera

intensificar a escala, incluem a colaboração e a orientação do programa de modernização Aliança de

Cidades com a Associação Nacional dos Municípios de Moçambique (ANMM), esforços da

UNHABITAT para melhorar a energia urbana sustentável e os códigos de construção, a reforma da

política pública urbana através do Programa-Piloto para a Resiliência Climatérica e o Programa de

Adaptação de Cidades Costeiras.

A urbanização sustentável pode conduzir a melhor qualidade de vida, reforçar oportunidades

económicas – em particular para os jovens – e aumentar a eficiência dos serviços públicos. Com 43%

da população com idade inferior a 15 anos (dados do INE 2012), a força laboral jovem oferece um

grande potencial nas áreas urbanas para indústrias verdes intensivas em termos de mão-de-obra e,

associada aos benefícios de economias de aglomeração, pode tornar as cidades nos motores da

Economia Verde inclusiva. As oportunidades de Economia Verde nas áreas urbanas são numerosas:

tecnologias de energias renováveis para transportes públicos e abastecimento de electricidade

descentralizado a edifícios urbanos, práticas e materiais de construção sustentáveis, programas de

resíduos sólidos e de reciclagem. A adopção de um modelo de aglomerados urbanos de maior

densidade, centrado nas pessoas e onde seja possível andar a pé, reduz também a mancha urbana e

as emissões de gases de efeito de estufa relacionadas com as deslocações nos centros das cidades e

promove a integração social. O desbloqueamento do potencial empresarial urbano requer melhorias

no ambiente de negócios, estimulação das ligações a cadeias de valor multinacionais, conectividade

informática, melhor planificação pública, cobrança e gestão de receitas e de capacidade de prestação

de serviços e satisfação das necessidades de mercado pelo ensino técnico-profissional.

A adopção da economia verde nas cidades e assentamentos humanos passa por: (i) promover

técnicas de construção resiliente para reduzir os impactos ecológicos e criar novos empregos; (ii)

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promover o consumo eficiente dos recursos, particularmente, energia e água; (iii) promover o uso

planificado dos solos.

Integração da componente de cidades e assentamentos com outros sectores de Economia Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde para urbanização e cidades com qualidade de vida

devem ser implementados numa abordagem integrada com todos os sectores, mas em particular em

estreita coordenação com os recursos hídricos, abastecimento de água e saneamento, energia e

transportes, bem como medidas de resiliência e de capacidade adaptativa no contexto das mudanças

climática. O Ministério de Obras Públicas e Habitação (MOPH) deve desempenhar um papel de

liderança na execução das políticas de Economia Verde para urbanização e cidades com qualidade de

vida e, com os incentivos certos, o sector privado deverá apoiar o desenvolvimento de habitação de

baixo custo em áreas com pouco risco de cheia e erosão, novos centros urbanos para reduzir a

expansão das cidades de alto custo, acesso a sistemas térmicos solares de aquecimento de água,

reciclagem municipal e unidades de produção de biogás a partir de resíduos, e manutenção de águas

residuais municipais e drenagem de águas da chuva.

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Gestão integrada das áreas urbanas com outras partes interessadas na bacia hidrográfica;

2. Vulgarização da resiliência climática na planificação urbana e regulamentos de construção;

3. Desenvolvimento de habitação social condigna em áreas com baixo risco de cheia e erosão;

4. Planificação de novos centros urbanos em zonas seguras para reduzir a expansão de cidades

costeiras de alto risco;

5. Normalização da planificação urbana para níveis mínimos de densidade;

6. Normalização da planificação urbana de sistemas de transporte em massa e

desenvolvimento de capacidade dos sistemas urbanos de transporte, incluindo faixas para

bicicletas e infra-estruturas para utilizadores não motorizados;

7. Normalização de rácios mínimos de espaços verdes citadinos para fins de drenagem e micro-

clima;

8. Legislar sobre normas de desempenho energético para edifícios públicos;

9. Subsídios para aquecimento solar térmico de água in situ em edifícios urbanos;

10. PPP para reciclagem municipal de resíduos sólidos para unidades de produção de energia;

11. Reforço das capacidades municipais para tratamento de águas residuais municipais e

manutenção da drenagem das águas pluviais;

12. Reforço das capacidades municipais para expandir os serviços e infra-estrutura de

transportes públicos;

13. Desenvolvimento de mecanismos de prestação de serviços municipais por PME e

associações;

14. Integração da planificação urbana de resíduos, água, saneamento e energia renovável;

15. Promoção de uma agricultura de conservação dentro e em torno das cidades que responda à

procura urbana, reduzindo custos e emissões de transporte e promovendo o aproveitamento

dos espaços verdes.

4.4.2 Uso eficiente e sustentável dos recursos naturais

4.4.2.1 Terra

A terra é propriedade do Estado e o seu aproveitamento é garantido pelos DUAT (Direito de Uso e

Aproveitamento da Terra), emitidos por períodos até 50 anos. Apesar da sua abundância relativa, as

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pressões sobre os recursos terra estão a crescer, o que é determinado pela grande escala do

investimento directo estrangeiro na agricultura, florestas, indústrias extractivas e turismo, bem como

pela expansão urbana, construção de infra-estruturas, aumento dos níveis de consumo e mudanças

climáticas. Isto é causa de preocupação particular para o acesso das comunidades rurais a este

recurso, uma vez que 80% da população depende directamente dos recursos naturais para a sua

sobrevivência (MICOA 2007). A concretização de um equilíbrio justo entre os interesses das

comunidades locais e os do desenvolvimento comercial da terra em grande escala articula-se num

forte regime fundiário comunitário, bem como no conhecimento dos seus direitos por parte das

comunidades e na capacidade de negociação. Além disso, para evitar cair numa produtividade

decrescente e minimizar os compromissos entre as diferentes opções de uso da terra, deve ser

adoptada uma abordagem paisagística à planificação integrada da gestão da terra nos diferentes

sectores, incluindo agricultura, florestas, água, indústrias extractivas, turismo e desenvolvimento de

infra-estruturas.

A terra é um dos activos mais valiosos sobre os quais as comunidades rurais têm direitos em

Moçambique e é a base do desenvolvimento rural sustentável. Reconhecendo esse facto, a Iniciativa

para as Terras Comunitárias (iTC), apoiada pelo governo e implementada por parceiros da Sociedade

Civil e Academia para ajudar as comunidades a assegurarem os seus direitos à terra para

desenvolverem actividades económica, de modo a garantir benefícios sustentáveis e de longo prazo.

O programa iTC funciona nas províncias de Niassa, Cabo Delgado, Manica, Sofala, Nampula, Tete,

Zambézia e Gaza. Desde o seu início em 2006, já havia conseguido a emissão de 20 DUAT

comunitários e 65 processos de delimitação e demarcação iniciados em 2010 (iTC 2011). De acordo

com as lições aprendidas com as actividades do iTC, são necessárias parcerias entre comunidades e

sector privado, planos claros de gestão da terra, e planos de actividade realistas para que as

comunidades possam alavancar com êxito os seus DUAT no sentido de gerarem rendimentos

comunitários locais (iTC 2011).

A gestão integrada da terra, florestas e pescas, bem como dos recursos hídricos, é essencial para o

uso sustentável de cada um destes recursos. A questão do regime fundiário é muito visível quando se

consideram as questões associadas à terra, mas merece uma atenção semelhante no contexto das

florestas e das pescas. Nos casos em que o regime fundiário é clarificado e devolvido às comunidades

locais e seus membros individuais, as condições de gestão integrada e produtividade duradoura dos

recursos saem reforçadas.

Integração da componente de terras com outros sectores de Economia Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde para a terra deverão ser implementados numa

abordagem integrada com todos os sectores, mas em particular com a água, agricultura, florestas,

pescas e indústrias extractivas, bem como com medidas de resiliência e de capacidade adaptativa no

contexto das mudanças climáticas. O Ministério da Agricultura (MINAG), em coordenação com

outros ministérios e segmentos da sociedade civil, deve desempenhar um papel de liderança na

execução das políticas de Economia Verde relacionadas com a terra.

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Identificar distritos prioritários onde a pressão sobre a terra seja alta e estabelecer o registo

de terras comunitárias;

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2. Melhorar o sistema integrado de cadastro de terras e desenvolver mecanismos que protejam

a propriedade do estado sobre os grandes interesses comerciais, particularmente

estrangeiros;

3. Concluir o zoneamento agro-ecológico e integrá-lo num sistema de planeamento integrado

de uso de terra para os diferentes sectores;

4. Estabelecer o acesso comunitário a serviços de apoio jurídico para uma negociação

equitativa de parcerias com investidores;

5. Desenvolver salvaguardas de economia verde e mecanismos de implementação para o

investimento estrangeiro directo na terra;

6. Desenvolver a capacidade comunitária e fóruns comunitários de gestão integrada da terra

com os sectores da água, agricultura, florestas e pescas;

7. Reforço da gestão florestal pelas comunidades locais em programas de direitos à terra;

8. Adoptar uma abordagem de paisagem na planificação e gestão da terra.

4.4.2.2 Agricultura

Moçambique possui um enorme potencial agrícola ainda não aproveitado, porém, o sector é

grandemente dominado pela agricultura de baixo rendimento e de sequeiro dos pequenos

produtores. Cerca de 46% da terra de Moçambique é arável, mas apenas 10% são presentemente

cultivados e 3% têm irrigação (MICOA 2012). Os pequenos agricultores dominam o sector, que é um

dos maiores contribuintes para a economia, empregando 80% da força de trabalho e contribuindo

com cerca de 23% para o PIB em 2011 (INE 2012). Milho, mapira, mandioca, amendoim e feijão

dominam a produção, e as principais culturas de rendimento incluem cana-de-açúcar, castanha de

caju, algodão, tabaco, chá e coco (INE 2012). A agricultura é crucial para a segurança alimentar, mas

o sector está ameaçado pelas mudanças climáticas. A produtividade é ainda muito baixa devido ao

acesso limitado aos mercados, à fraca infra-estrutura pós-colheita e à disponibilidade insuficiente de

crédito e seguros (BAD 2011). A vulnerabilidade às mudanças climáticas é particularmente grave

entre os pequenos produtores.

Para impulsionar a produtividade e garantir um uso sustentável dos recursos naturais, o Governo

aprovou a Estratégia Nacional de Irrigação 2011-2019 e a Estratégia de Desenvolvimento do Sector

Agrícola 2010-2019 (PEDSA), ancorado na Estratégia para a Revolução Verde 2008-2012 e no

Programa Abrangente de Desenvolvimento da Agricultura em África (FARA). O PEDSA identificou a

agricultura de conservação e a captação da água das chuvas como mecanismos importantes para

garantir o uso sustentável dos recursos e a resiliência às mudanças climáticas (MINAG 2010). Mais

ainda, a Estratégia e Plano de Acção de Segurança Alimentar e Nutricional 2008-2015, reconhecendo

a segurança alimentar e nutricional como um assunto transversal, indica os produtores de culturas

alimentares como actores importantes na implementação da estratégia.

Complementando estas importantes políticas, foi adoptado recentemente o Plano Nacional de

Investimento do Sector Agrário 2013-2017 (PNISA) que visa transformar a agricultura familiar

predominante no país em comercial. O Plano possui cinco componentes, nomeadamente, ampliação

da produção e produtividade, o acesso ao mercado, segurança alimentar e nutricional, reformas e

estabelecimento institucional e recursos naturais. Para que esta transformação se efective, para

além da orientação dos investimentos para o sector comercial, será necessário adoptar uma

abordagem integrada da agricultura, juntamente com os recursos hídricos e serviços florestais para a

produtividade das bacias hidrográficas, protecção e fertilidade dos solos, bem como da polinização.

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Existem modelos testados em Moçambique que incluem ligações entre empresas de microfinanças e

pequenos produtores comerciais através de fundos catalíticos. Mais ainda, foi lançado um produto

inovador em Moçambique que consiste em um micro-seguro indexado ao clima, numa parceria entre

uma instituição financeira e uma instituição local de formação em agricultura, o Instituto Superior

Politécnico de Manica (ISPM) para agricultores da região de Chimoio, província de Manica, onde, em

caso de seca severa a meio da estação, os agricultores pderão receber um pagamento para os ajudar

a evitar incorrerem em dívidas.

O sector de agricultura é o que mais contribuiu nas emissões médias anuais de GEE, no período de

1995 a 2004, com cerca de 459,809.15 de CO2eq, correspondendo a 99.20%. Os principais gases

emitidos pelo sector são o metano com 1% e óxido nitroso com 99%. As fontes com emissões

significativas de CO2eq no sector agrário foram: a queima de resíduos agrícolas no campo com cerca

de 45.2%, a fermentação entérica com 28.4% e a queima de savanas com 26% e as fontes de gestão

dos dejectos de animais e maneio dos solos agrícolas, incluindo maneio de fertilizantes e drogas

carracicidas que contribuiram de forma insignificante.

Promover a Economia Verde na agricultura passa por: (i) manter e aumentar a produtividade e o

rendimento agrícola, garantindo o fornecimento de alimentos e serviços ecossistémicos de forma

sustentável; (ii) restaurar recursos ecológicos (água, solo, ar e biodiversidade); (iii) reduzir a produção

de resíduos e a ineficiência em todo o ciclo da produção agrícola; e, (iv) uso racional e eficiente dos

recursos naturais.

Integração da componente de agricultura com outros sectores de Economia Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde para a agricultura deverão ser implementados numa

abordagem integrada com todos os sectores, mas em particular em estreita coordenação com a

água, irrigação, florestas, transportes e energia, bem como com medidas de resiliência e de

capacidade adaptativa no contexto das mudançcas climáticas. O Ministério da Agricultura (MINAG)

deve desempenhar um papel de liderança na execução das políticas agrícolas de economia verde e,

com os incentivos certos, o sector privado deverá apoiar o desenvolvimento de sistemas de

pagamento por serviços do ecossistema de bacias hidrográficas florestadas, Parcerias Público-

Privado em estradas com portagem ligando os principais mercados com zonas importantes de

produção agrícola, mecanismos de distribuição de sementes de variedades tolerantes à seca,

modelos de fundos catalíticos de desenvolvimento de empresas direccionados aos pequenos

produtores e programas de micro-seguros com indexação climática.

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Gestão integrada da agricultura com outras partes interessadas na bacia hidrográfica –

adopção de uma abordagem paisagística ligando água, florestas e pescas;

2. Aumento de escala da agricultura de conservação e da captação da água da chuva;

3. Desenvolver sistemas de regadio de pequena e média escala resilientes ao clima e melhoria

dos serviços de extensão agrícola;

4. Incentivar tecnologias de energias renováveis para alimentar de energia a irrigação e os

sistemas de abastecimento de água;

5. Integração da agricultura nas demais componentes da segurança alimentar e nutricional;

6. Intensificação da pesquisa e mecanismos de distribuição de sementes de variedades

tolerantes à seca;

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7. Pesquisa e difusão do uso de espécies de forrageiras tolerantes à seca para a alimentação de

gado na época seca;

8. Replicar os modelos de empresa de microfinanças orientadas para apoiar os pequenos

agricultores;

9. Promover moldes de produção agrícola através de cooperativas e associações com vista a

aumentar a escala de intervenção;

10. Acelerar a pesquisa e desenvolvimento de programas de micro-seguros indexados;

11. Integrar a educação comunitária sobre direitos de uso da terra nos serviços de extensão

agrícola.

4.4.2.3 Florestas

As florestas naturais, uma componente complexa e vital do capital natural do país, cobrem 40

milhões de hectares em Moçambique – metade do país – das quais mais de metade estão

classificadas como florestas produtivas (MINAG 2007). Existem também 350,000 ha de florestas de

mangal (MINAG 2007) que constituem sumidouros simples e intensos de carbono, centros de

produção de peixes juvenis, fornecendo igualmente protecção contra a erosão e tempestades

costeiras. As florestas são centrais para a subsistência, produzindo combustíveis de biomassa e

produtos não lenhosos, e desempenham funções essenciais nas bacias hidrográficas controlando

fluxos de água e taxas de sedimentação. Para exploração comercial de produtos florestais, o

Regulamento de Florestas e Fauna Bravia estabelece duas formas de acesso: (a) através de

‘concessões florestais’ para grandes operações, atribuidos a indivíduos ou empresas nacionais ou

estrangeiras por períodos até 50 anos e (b) através de ‘licença simples’ para cidadãos nacionais por

períodos até 5 anos. A exploração de madeira foi de aproximadamente 388,000m3 em 2011 (INE

2012), apesar do corte anual admissível estimado ser de cerca de 500.00 m3. As comunidades têm

acesso livre aos recursos florestais para consumo próprio e têm direito a receber 20% dos

pagamentos das taxas de exploração florestal.

A capacidade de aplicação da regulamentação florestal não corresponde à enormidade da tarefa. As

taxas de exploração não captam inteiramente o valor da madeira e não reflectem os valiosos bens

não madeireiros e serviços. Uma licença simples para exploração de “madeira preciosa” como o Pau-

preto (Dalbergia melanoxylon) custa apenas MZN 25.000 (USD 980) até 500m3 por ano, mas os

operadores podem comercializar a USD 1.200/m3 (Nhancale et al 2009). Embora as taxas de

desmatamento sejam variáveis, registando-se a mais elevada na província de Nampula com 1.16% ao

ano (MINAG 2007), a pressão de conversão das florestas para outros usos está a aumentar devido à

agricultura itinerante e a culturas de rendimento, à produção insustentável de carvão vegetal e às

actividades madeireiras ilegais. O abate insustentável das florestas para a produção de carvão é

acelerado pela ausência de um imposto sobre a venda deste produto, resultando em perdas de

receita para o Estado e criando uma barreira de preço para que as empresas do sector formal

possam competir no mercado da lenha para uso doméstico. A insuficiente capacidade institucional

limita a transferência para as comunidades do direito destas a 20% dos pagamentos das taxas de

exploração florestal.

Além dos recursos florestais naturais, cerca de 7 milhões de hectares de terra são apropriados para o

plantio de florestas (Savcor 2005). Apenas cerca de 67,000 ha estão actualmente operacionais (FAO

2010). O plantio de florestas ainda não é explorado à escala industrial em Moçambique, embora

estejam em elaboração grandes planos de investimento em Nampula, Zambézia e Manica. A

produção potencial das plantações florestais está estimada em cerca de 150 m3/ha (FAO 2010). O

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afastamento da ‘licença simples’ no sentido de ‘concessões multiusos’ de prazo mais longo, apoiadas

por um reforço do regime fundiário das comunidades locais, pela exploração de impacto reduzido

das florestas naturais, e por uma abordagem paisagística ao plantio de florestas para equilibrar os

compromissos entre produção de madeira, conservação da biodiversidade e melhoria da

subsistência, poderia resultar em múltiplos benefícios humanos, económicos e ambientais. Um

regime fundiário e direitos de compensação melhorados poderiam também gerar pagamentos pelos

projectos de serviços do ecossistema e constituir fonte de receita para as comunidades, baseada em

serviços florestais vitais – sumidouros de carbono, bancos de biodiversidade, regulação do

abastecimento de água, protecção contra cheias, unidades hidroeléctricas, regulação dos fluxos de

água e das taxas de sedimentação. O projecto de ‘Regulamento para Aprovação de Projectos REDD+’

que está a ser preparado pelo MICOA e MINAG constitui uma base promissora para uma gestão

inclusiva das comunidades e participação comunitária nas receitas dos pagamentos por serviços

florestais do ecossistema. A certificação pelo Conselho de Gestão Florestal (FSC) foi atribuída a duas

operações florestais em Moçambique e outras duas empresas estão em processo de certificação.

Tornar verde o sector de florestas requer investimentos e a gestão do sector como uma classe de

bens activos que fornecem vários benefícios à sociedade, inclundo indústria (produção de produtos

madeireiros e não-madeireiros), infra-estrutura ecológica (regulação do clima, protecção de recursos

hídricos) e prestação de serviços de inovação e de seguros (biodiversidade florestal).

Integração da componente de florestas com outros sectores de Economia Verde

Adoptando uma abordagem paisagística, os instrumentos de política de Economia Verde para as

florestas deverão ser implementados em estreita coordenação com a água, agricultura e energia,

bem como com medidas de resiliência e de capacidade adaptativa no contexto das mudanças

climáticas. O Ministério da Agricultura (MINAG) deve desempenhar um papel de liderança na

execução das políticas florestais de Economia Verde e, com os incentivos certos, o sector privado

deverá apoiar o desenvolvimento de programas de pagamento por serviços do ecossistema para

hidroeléctricas, abastecimento de água, protecção contra a erosão, biodiversidade e serviços de

carbono e plantações florestais sustentáveis para abastecimento de combustível de biomassa.

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Gestão integrada de florestas com as partes interessadas na bacia hidrográfica – adoptando

uma abordagem paisagística à gestão florestal, ligando água, agricultura e pescas;

2. Zonamento de áreas a preservar com a cobertura florestal natural permanente de modo a

preservar serviços cruciais da bacia hidrográfica e a estabelecer áreas de produção florestal

sustentada;

3. Reforço do regime fundiário das comunidades locais relativamente à floresta e clarificação

dos regimes de compensação dos serviços do ecossistema;

4. Actualização das taxas de exploração florestal para incluir serviços do ecossistema;

5. Programas florestais de pagamento por serviços do ecossistema para hidroeléctricas,

abastecimento de água, protecção contra a erosão, biodiversidade e serviços de carbono;

6. Promoção de concessões florestais de prazo mais longo e de usos múltiplos, eliminando

gradualmente o licenciamento simples;

7. Adopção de medidas práticas de reforço de fiscalização e de redução da exploração ilegal de

madeiras;

8. Análise das possibilidades de Certificação pelo Conselho de Gestão Florestal (FSC) para

actividades florestais comerciais;

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9. Expansão sustentável de plantações florestais para abastecimento de combustíveis de

biomassa e de outros produtos florestais.

4.4.2.4 Turismo e áreas de conservação

A Natureza é reconhecida como a fundação do potencial turístico do país (MICOA 2012), um sector

prioritário para a redução da pobreza (GoM 2010b, MITUR 2004). A este respeito, as áreas de

conservação são atracções cruciais, cobrindo mais de 2 milhões de hectares do país (MICOA 2012). O

projecto de áreas de conservação transfronteiriças (TFCA) constitui um modelo promissor de

aglomeração do marketing do turismo regional, bem como da sua infra-estrutura e recursos de

gestão. Os locais da TFCA incluem a Área de Conservação do Limpopo, que liga a África do Sul,

Moçambique e Zimbabwe, a Área de Conservação de Chimanimani, que liga Moçambique e

Zimbabwe, a Área de Conservação dos Libombos, que liga a Swazilândia, Moçambique e África do

Sul. As parcerias entre o sector privado e as comunidades locais para garantir proveitos lucrativos e

equitativos a partir do turismo demonstraram já resultados positivos, como é o exemplo de Tchuma

Tchato, em Tete, e do Nkwichi Lodge, no Niassa. Além disso, o programa de turismo Arco Norte e o

projecto âncora de Turismo são iniciativas de ponta a desenvolver no sector do turismo.

O desenvolvimento do potencial turístico de Moçambique requer investimentos em mão-de-obra

especializada e melhorias nas infra-estruturas de apoio à indústria. O BioFundo, recentemente

criado, deve ser apoiado, de modo a reforçar o financiamento sustentável das áreas de conservação.

Igualmente importante, o sector deverá adoptar práticas sustentáveis de gestão, para assegurar que

o crescimento da actividade turística não degrada os activos de capital natural subjacentes, dos quais

dependem as comunidades locais e o próprio sector. Aqui, são necessários investimentos para criar

fóruns de consulta fortes e capacitar as comunidades para que possam participar eficazmente no

processo de tomada de decisão. Além disso, a gestão dos compromissos entre a indústria extractiva

e o sector do turismo exige um forte diálogo e construção de cenários, para evitar que o país fique

preso a investimentos que produzam apenas ganhos de curto prazo. Neste contexto, a Avaliação

Ambiental Estratégica, implementada pelo MICOA em 2012 em todos os distritos costeiros, é um

recurso excelente para ajudar a escolher entre cenários alternativos de desenvolvimento e,

possivelmente, delinear zonas que devem ser priorizadas para desenvolvimento turístico.

A adopção da Economia Verde no sector do turismo e áreas de conservação passa por: (i) promover

o uso eficiente de recursos naturais (p.e. água e energia) e minimizar os resíduos; (ii) reforçar o valor

da biodiversidade, dos ecossistemas e do património cultural; (iii) criar novos empregos e

oportunidades de rendimento para as comunidades locais.

Integração da componente de turismo e áreas de conservação com outros sectores de Economia

Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde para o turismo, áreas de conservação e pagamento

de serviços do ecossistema devem ser implementados em estreita coordenação com a água, terra,

florestas, pescas, transportes, energia, ordenamento físico e medidas de resiliência e capacidade

adaptativa no contexto das mudanças climáticas. O Ministério do Turismo (MITUR) deve liderar as

políticas de Economia Verde no turismo e áreas de conservação, enquanto o Ministério da

Agricultura (MINAG) deve ser responsável pelos programas de pagamento por serviços do

ecossistema.

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Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Zonamento de áreas de elevado valor turístico para gerir os riscos de erosão e dos impactos

das mudanças climáticas;

2. Replicação das parcerias com o sector privado e com as comunidades locais para as

operações turísticas;

3. Priorizar investimentos de capital no BioFundo, para um financiamento sustentável de áreas

de conservação;

4. Desenvolver processos fortes de consulta no turismo e a capacidade comunitária de

participação;

5. Desenvolver parcerias estratégicas entre áreas de conservação e turismo;

6. Adoptar medidas de racionalização dos recursos (energia, água, reciclagem, etc.) nos

estabelecimentos turísticos.

4.4.2.5 Pescas

A pesca – a exploração dos stocks selvagens de peixe – é fundamental para a segurança alimentar e

para o rendimento da grande população costeira e foi responsável por cerca de 2% do PIB no período

2009-2011 (INE 2012b). Os 2,700 km de costa de Moçambique oferecem um amplo acesso às áreas

de pesca do Oceano Índico. As principais frotas de pesca semi-industrial e industrial estão

concentradas na Baía de Maputo e nos Banco de Boa Paz e Sofala. Estima-se que o sector artesanal

envolve 350,000 pescadores (PIREP 2010). As capturas totais no período 2009-2011 variaram entre

23,474 e 28,363 toneladas para os operadores industriais e semi-industriais, e entre 129,265 e

166,428 toneladas para a pesca artesanal (INE 2012a). As espécies mais importantes incluem

crustáceos – principalmente camarão – demersais e pelágicos. O atum é uma grande espécie pelágica

prioritária. O aumento de produtividade e das receitas sustentáveis da pesca exigem investimentos

em infra-estruturas de apoio, instalações de processamento e gestão sustentável. Moçambique é

parte em protocolos regionais e internacionais de monitorização, controlo e vigilância (MCS)

marítima (por exemplo, CNUDM e Protocolo de Pescas da SADC) e é membro da Comissão do Atum

do Oceano Índico (IOTC) e da Comissão de Pescas do Sudoeste do Oceano Índico (SWIOFC). Ao nível

nacional, Moçambique adoptou uma política e estratégia de monitorização, controlo e vigilância, e

um plano nacional contra a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada.

As águas pouco profundas do país estão sobre forte pressão de pesca – a exploração contínua pelo

sector artesanal está a conduzir rapidamente a uma situação de sobrepesa, como indicado pelo

Censo da Pesca Artesanal de 2007, situação que é agravada pelo uso de artes prejudiciais, como é o

caso das redes mosquiteiras. O Instituto de Desenvolvimento da Pesca de Pequena Escala (IDPPE)

está a desenvolver a capacidade de pesca mais ao largo e a melhorar as práticas de pesca

sustentável. A legislação pesqueira permite a constituição de associações comunitárias de co-gestão

da pesca artesanal, mas a gestão de conhecimentos e a capacidade organizativa têm de ser

melhoradas. Deve ser explorada uma Abordagem com Base nos Direitos à gestão pesqueira, de

modo a conferir às comunidades locais a posse da gestão sustentável dos recursos pesqueiros. A

recém-criada Área Marinha Protegida das Primeiras e Segundas, ao longo da costa das províncias da

Zambézia e Nampula, constitui um modelo promissor de gestão sustentável da pesca. As Áreas

Marinhas Protegidas são reconhecidas pela FAO (2012) como uma das ferramentas para uma

Abordagem de Ecossistema às Pescas para aumentar a abundância e tamanho do pescado.

A aquacultura pode contribuir para a segurança alimentar, criação de empregos e resiliência

climática. O potencial de aquacultura de água doce excede os 250,000 ha e o da aquacultura marinha

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é de cerca de 30,000 ha, mas ainda só menos de 5% do potencial é explorado (INAQUA 2007). Esta

oportunidade exige melhorias no cultivo de juvenis, rações, acesso a crédito e boas práticas, bem

como estudos aprofundados sobre as funcionalidades mais amplas dos ecossistemas e a criação de

capacidade de monitoria ambiental para manter sob controlo a salinização, as ameaças genéticas e a

degradação da qualidade da água. A aquacultura é também vulnerável aos efeitos adversos de clima

e doenças. O surto de uma doença – a síndrome da mancha branca – quase erradicou a produção de

aquacultura do camarão marinho em Moçambique em 2011 (FAO 2012).

A consideração de Economia Verde no sector das pescas passa por: (i) reconhecer que o oceano tem

um limite para providenciar pescado; (ii) reconhecer a necessidade de repovoamento da população

de peixe sobre-explorada ou destruída; (iii) proteger e preservar habitates essenciais de recursos

marinhos; e (iv) reduzir a poluição e as emissões de GEE.

Integração da componente de pescas com outros sectores de Economia Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde para as pescas devem ser implementados em

estreita coordenação com a água, agricultura, florestas e energia, bem como com medidas de

resiliência e de capacidade adaptativa no contexto das mudanças climáticas. O Ministério das Pescas

deve desempenhar um papel de liderança na execução das políticas pesqueiras de economia verde e,

com os incentivos certos, o sector privado deverá apoiar o desenvolvimento de programas de

pagamento por serviços do ecossistema de viveiros de peixes, aquacultura sustentável e expansão

das instalações comunitárias de processamento de pescado.

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Abordagem Baseada nos Direitos (ABD) à gestão das pescas;

2. Abordagem de ecossistema às pescas, integrando sustentabilidade e resiliência ecológica,

social e económica;

3. Pagamentos por serviços do ecossistema como viveiros de pescas;

4. Aumento da capacidade da co-gestão, monitorização e aplicação descentralizadas;

5. Aumento da capacidade de fiscalização marítima das actividades pesqueiras;

6. Certificação pelo Conselho de Gestão Marinha (CGM) para a actividade semi-industrial e

industrial;

7. Formas de aquacultura de baixo impacto ambiental (algas e peixes consumidores primários);

8. Integração e consideração dos recursos pesqueiros nas demais componentes de segurança

alimentar e nutricional;

9. Abordagem paisagística à gestão costeira (Comités de Bacia Hidrográfica, cidades, extractivas

e turismo);

10. Promoção da cooperação regional em torno dos stocks de peixes altamente migradores e

transzonais;

11. Expansão de instalações de processamento de pescado para melhorar a adição local de valor.

4.4.2.6 Recursos minerais

As reservas de gás natural de Moçambique podem alimentar a industrialização e a transição para um

modelo de economia verde. As reservas apuradas nas pesquisas de gás natural excedem os 130

triliões de pés cúbicos (Tcf), podendo vir a ser concretizados mais 150 Tcf de reservas adicionais

(Relatório final do estudo de base para a elaboração do plano director do gás natural, MIREM/ICF

2012). Os campos de produção de gás natural em Inhambane (Pande e Temane) já fornecem gás

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natural para o mercado interno para uso em viaturas (gás natural veicular), central eléctrica em

Ressano Garcia e exportação através de um gasoduto para a África do Sul.

As novas descobertas de campos de gás natural na Bacia do Rovuma ainda não se encontram em fase

de produção, o seu desenvolvimento depende da conclusão atempada dos investimentos em infra-

estruturas. O gás natural constitui uma alternativa mais limpa (de baixo carbono) para a produção de

energia comparativamente ao carvão. Pode ainda ser vendido “a retalho” para consumo doméstico e

de pequenas empresas, pavimentando o caminho para indústrias de baixo carbono e empregos a

jusante. Com efeito, já há iniciativas neste sentido com a introdução do projecto de abastecimento

de gás canalizado para consumo doméstico para as cidades de Matola e Marracuene. A Lei de

Petróleo (Nº3/2001) e seus regulamentos regem o sector dos hidrocarbonetos e dispõe a reversão

de uma percentagem da receita petrolífera às comunidades locais e a protecção ambiental em

conformidade com as normas internacionais.

O desenvolvimento das reservas de carvão em Moçambique, entre as maiores do mundo, antevê um

aumento na produção de 5,93 milhões de toneladas em 2012, podendo alcançar um pouco mais de

110 milhões de toneladas até 2027 desde que existam infra-estruturas necessárias tanto para

produçao assim como para o escoamento (MIREM). O carvão de coque está a contribuir com receitas

crescentes pela exportação, enquanto o carvão térmico pode ser utilizado para gerar energia e

contribuir para a segurança energética do país.

O crescente desenvolvimento da indústria extractiva de mineração e de hidrocarbonetos irá exigir

salvaguardas para minimizar os riscos ambientais e sociais intrínsecos, para o qual devem ser

tomadas as providências necessárias.

As receitas da indústria extractiva em Moçambique podem firmar um potencial de crescimento

económico duradouro, desde que investidas equitativamente e de modo transparente no capital

físico, humano e natural. As indústrias extractivas são actualmente responsáveis por 1% do PIB (INE

2012), mas as estimativas indicam que as receitas do carvão podem atingir USD 2 mil milhões por

ano e as do gás mais de USD 5 mil milhões por ano em 2026 (MIREM/ICF 2012), o que equivale a

cerca de dois terços do PIB do país em 2011. Existem também outros recursos não renováveis

substanciais como areias pesadas (ilmenite titânio, zircão e rutilo), pedras preciosas e semi-preciosas,

ouro, urânio, tantalite, bauxite, e calcário, entre outros.

A mineração artesanal e de pequena escala é uma atividade geradora de trabalho e um meio de

subsistência para as comunidades. A mineração de ouro e gemas é dominada por operadores

artesanais e, só no centro de Moçambique, envolve cerca de 20,000 pessoas. Apenas 30% da força

de trabalho pertence a associações legais (Dondeyne et al 2009), ainda com necessidade de

integração em programas ambientais, de saúde e segurança.

O aproveitamento dos potenciais fluxos de receitas provenientes das indústrias extractivas irá exigir

mecanismos apropriados, que garantam investimentos transparentes para geração de rendimentos,

diversificação da económica e desenvolvimento de capital humano, incluindo educação, saúde e

protecção social. Estes factores são urgentes particularmente para o sector mineiro artesanal que se

encontra frequentemente fora do alcance da capacidade de aplicação regulamentar. O investimento

no capital humano deve maximizar o conteúdo local e alargar os benefícios públicos da indústria

extractiva.

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Moçambique é cumpridor das normas da ITIE desde Outubro de 2012, o que é promissor em termos

de maior transparência do sector. Como referido pelo Conselho da ITIE (2012) a todos os países, para

garantir uma melhor Norma ITIE para a transparência dos pagamentos provenientes dos recursos

naturais, o desafio é agora tornar os relatórios ITIE nacionais mais relevantes e compreensíveis para

os actores locais e ir além de uma aglomeração de números, para uma divulgação melhor e mais

exacta.

As normas de desempenho da International Finance Corporation (IFC), as quais incluem aspectos

sociais, segurança de trabalho, tratamento de águas residuais, protecção de biodiversidade, entre

outros (IFC 2012) são normas de primeira linha a serem consideradas pela indústria para garantir os

melhores níveis de desempenho ambientais e sociais. É fundamental desenvolver a capacidade das

organizações da sociedade civil (OSC) para interpretarem e monitorarem a conformidade. O MIREM

(2012) encomendou uma Avaliação Estratégica Ambiental e Social para os sectores de mineração e

hidrocarbonetos, a qual deverá ajudar a integrar as considerações de sustentabilidade ambiental e

social nas políticas, planos e programas.

Integração da componente de recursos minerais com outros sectores de Economia Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde devem ser implementados numa abordagem

integrada com todos os sectores, mas em particular em estreita coordenação com os sectores da

água, terra, florestas, pescas, transportes e energia, bem como com medidas de resiliência e de

capacidade adaptativa no contexto das mudanças climáticas. O Ministério dos Recursos Minerais

(MIREM) deve desempenhar um papel de liderança na execução das políticas de crescimento verde

das indústrias extractivas e, com certos incentivos, o sector privado deverá apoiar programas de

desenvolvimento do capital humano (formação profissional, universidades, pesquisa),

desenvolvimento de compensações da biodiversidade pelos impactos residuais de acordo com boas

práticas como a IFC PS6, a adopção da planificação e gestão integradas numa abordagem paisagística

em ligação com a água, florestas e terra, a adopção da contabilidade com custos totais para captar

externalidades sociais e ambientais.

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Planificação e gestão integradas ligando aos sectores da água, energia, agricultura e

transportes;

2. Aplicação da Avaliação Estratégica Ambiental e Social (SESA) para a indústria extractiva;

3. Adopção de uma Norma melhorada da Iniciativa de Transparência da Indústria Extractiva

(ITIE) – localmente relevante, compreensível e desagregada;

4. Adopção das Normas de Desempenho sobre sustentabilidade sócio-ambiental da

International Finance Corporation (IFC) para todas as operações de grande escala;

5. Incentivos fiscais para o sector mineiro de pequena escala e artesanal para que este participe

em programas de ambiente, saúde e segurança;

6. Aplicação de normas de infra-estrutura e práticas da indústria resilientes ao clima;

7. Programas de desenvolvimento do capital humano (formação profissional, universidades,

pesquisa);

8. Capacitação do sector público e das organizações da sociedade civil (OSC) para garantir

conformidade fiscal e regulamentar;

9. Adopção da contabilização de todos os custos para captar externalidades sociais e

ambientais;

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29

10. Reforço da capacidade de negociação de contratos, cobrança e gestão de receita (local e

nacional);

11. Adopçao de Políticas de responsabilidade social corporativa para a indústria extractiva.

4.4.3 Fortalecimento da resiliência e capacidade de adaptação

4.4.3.1 Redução do risco de desastres

Sem adaptação às mudanças climáticas, as infra-estruturas de transporte, energia, abastecimento de

água, assentamentos humanos costeiros e portos, são particularmente vulneráveis. Um estudo do

Banco Mundial (2010) sobre a Economia da Adaptação às Mudançcas Climáticas estimou que, até

2040, Moçambique poderá perder 4,850 km2 de terra e 2-12% das estradas e pontes. O rendimento

das colheitas agrícolas poderá ser reduzido em 2-4% o que, combinado com os efeitos dos danos às

estradas rurais, resultaria numa perda entre 4,5-9,8% do PIB. As províncias de Maputo, Sofala,

Zambézia e Nampula estão em maior risco devido à sua topografia e demografia (Banco Mundial

2010). A intrusão de água salgada devida à elevação do nível do mar pode afectar a disponibilidade

de água doce e as condições ecológicas em estuários como os dos rios Zambeze, Save e Limpopo. As

queimadas descontroladas destroem 11-18% da floresta total anualmente o que, associado ao

desmatamento devido à produção de carvão vegetal, abate ilegal e desmatamento para fins

agrícolas, reduz a capacidade adaptativa, aumenta o risco de cheia e incrementa as emissões de

gases de efeito de estufa (INGC 2009). Os dados climáticos insuficientes actualmente limitam a

capacidade de planificação e de adaptação aos choques climáticos. Sem diversificação económica e

medidas apropriadas de resiliência, a economia fica muito exposta a eventuais choques económicos

externos. O crescimento esperado das receitas da exportação do gás e do carvão e o seu eventual

domínio no PIB sublinham a necessidade de mecanismos de estabilização, já que estas matérias-

primas são sujeitas à dinâmica dos preços no mercado internacional, que está fora do controlo de

Moçambique.

As mudanças climáticas afectarão os grupos mais vulneráveis da sociedade, sendo os efeitos mais

severos nos que dependem da agricultura de sequeiro, que é a fonte de segurança alimentar da

maior parte da população rural do país. A redução das taxas de pobreza – 54% em 2009 (MPD 2012)

– é em parte impedida pelos choques climáticos, bem como por factores externos como o aumento

do preço internacional dos alimentos e dos combustíveis.

Os investimentos em resiliência e capacidade adaptativa para minorar rupturas devidas ao clima e

aos choques económicos podem salvaguardar o bem-estar humano, o PIB e a base tributária,

reduzindo as necessidades de despesa com emergência e limitando as necessidades de contracção

de empréstimos, estabilizando a balança comercial por manter a produção de bens de exportação e

reforçar a confiança dos investidores. Estes factores combinados podem reduzir as pressões sobre a

taxa de câmbio, mitigando as pressões inflacionistas quando ocorram calamidades. Dada a escala dos

desafios e a baixa capacidade das instituições públicas, o sector privado pode desempenhar um

papel fundamental nos esforços de resiliência e de adaptação. Será procurada uma melhor

coordenação entre o sector privado e as instituições de ensino e formação profissional para reforçar

os mercados laborais.

O PQG 2010-2014, PARP 2011-2014, Agenda 2025 e a realização dos ODM reconhecem a

vulnerabilidade do país a calamidades naturais e aos choques das mudanças climáticas. A discussão

actual sobre a Estratégia Nacional de Desenvolvimento refere também a importância de um Fundo

Page 41: Plano de Acção para a Economia Verde (Período de Transição ... · planificação económica e social em Moçambique, estabelece três objectivos gerais para o período 2011-2014:

30

Soberano de resiliência aos choques económicos, desenvolvimento sustentável e equidade para as

gerações futuras. O Programa de Acção Nacional de Adaptação (NAPA) trata da adaptação

centrando-se nos sistemas de aviso prévio, agricultura, zonas costeiras e recursos hídricos. A

Estratégia Nacional de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas (2012), liderada pelo MICOA,

considera objectivos a prazo mais longo baseados em três pilares: (1) adaptação e gestão dos riscos

climáticos, (2) mitigação e desenvolvimento de baixo carbono, (3) questões transversais

fundamentais, incluindo instituições, pesquisa e dados climáticos, capacitação e transferência de

tecnologias. Entre as iniciativas exemplares em curso sobre resiliência e adaptação às mudanças

climáticas contam-se o Programa-Piloto para a Resiliência Climática (PPCR), liderado pelo MPD e

apoiado pelo MICOA, o sistema AgDevCo de Seguro Indexado ao Clima para agricultores, o próximo

Programa de Adaptação das Cidades Costeiras, e a esperada Climate Change Development Policy

Operation.

A popularização das respostas às mudanças climáticas para a construção de resiliência do capital

físico e natural avançou em muitas áreas – para o caso dos recursos hídricos, com a Política Nacional

de Água (PNA), a Estratégia Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos (ENGRH) e a Estratégia de

Desenvolvimento de Energias Novas e Renováveis (EDENR) que identifica tarifas bonificadas (REFIT)

para as energias renováveis, para encorajar o investimento pelo sector privado em energia eólica,

solar e de resíduos de biomassa; para o caso da protecção social, através da Estratégia Nacional de

Segurança Social Básica (ENSSB), que considera a resiliência, e com a introdução do Plano Estratégico

para Redução da Pobreza Urbana (PERPU); e para o caso da agricultura, com o Plano Estratégico para

o Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA), cujas prioridades promovem a agricultura de

conservação e a pesquisa e expansão de variedades tolerantes à seca de modo a preparar o sector

agrícola para resistir aos impactos das mudanças climáticas, tendo também aumentado a capacidade

de sistemas de aviso prévio e de mapeamento do risco de calamidades.

Integração da componente de redução do risco de desastres com outros sectores de Economia

Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde para a redução do risco de desastres climáticos –

uma questão transversal a todos os domínios do desenvolvimento – devem ser implementados em

estreita coordenação com a água, agricultura, terra, florestas, pescas, infra-estruturas e planificação

física. O Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD) deve liderar as políticas de Economia

Verde de redução do risco de desastres climáticos, apoiado pelo Ministério de Coordenação da Acção

Ambiental (MICOA) e o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Concepção e operação de normas de resiliência climática para as infra-estruturas físicas;

2. Zonamento do uso da terra de resiliência climática para garantir uma expansão urbana de

menor risco;

3. Normas de planificação urbana de resiliência climática para garantir a drenagem e evitar

inundações;

4. Priorização das considerações de resiliência climática nos processos SESA e tomada de

decisão;

5. Gestão integrada das florestas e mangais das bacias hidrográficas para protecção contra

cheias;

6. Redução das queimadas descontroladas, com melhor definição de posse de terra e

pagamento por serviços ambientais;

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7. Sistemas hidro-meteorológicos e de aviso prévio fortes;

8. Normas de emissão de gases de efeito de estufa para veículos e metas sectoriais de redução

das emissões;

9. Normas de energia in situ renovável para a construção, para descentralizar o cabaz

energético;

10. Expansão dos sistemas de protecção social, microcrédito e seguros;

11. Fundos de investimento de economia verde para resiliência e adaptação a choques

climáticos.

4.4.3.2 Educação

Em Moçambique, devido ao elevado nível de fecundidade e à diminuição contínua da mortalidade, a

população em idade escolar cresce a um ritmo difícil de acompanhar com investimentos capazes de

satisfazer totalmente a demanda. O sector da educação absorve actualmente 25% do orçamento do

Estado, mas ainda tem muito a fazer para melhorar a taxa de literacia de adultos de 50,4% (INE

2012a) – uma população educada é mais resiliente. Têm sido realizados progressos assinaláveis na

expansão do acesso à educação, mas a qualidade do ensino e a correspondência entre os (novos)

mercados laborais e os conteúdos do sistema educativo precisa ser melhorada.

Para adoptar uma Economia Verde, assegurando um bom nível de qualidade de vida dos cidadãos

será necessário elevar a consciência ambiental da sociedade, com vista a desenvolver uma cultura de

uso sustentável dos recursos e respeito às leis da natureza com relação à valorização dos bens e

serviços do ambiente. Adicionalmente, a educação para a economia verde irá aumentar a capacidade

de implementação dos programas de desenvolvimento respeitando os limites dos sistemas naturais e

proporcionando oportunidades de emprego condigno.

Integração da componente de educação com outros sectores de Economia Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde para a educação são intrínsecos em todos os

sectores, uma vez que a educação de qualidade e orientada para suster uma Economia Verde

constitui a base de sucesso. Quadros formados a todos os níveis, desde os órgãos de tomada de

decisão, quadros superiores, operários qualificados, entre outros, devem ser formados no contexto

da Economia Verde. O Ministério de Educação deverá assim adequar o seu quadro curricular com

vista a criar uma base de cultura de desenvolvimento sustentável a todos os níveis, em harmonia

com os empregadores nos diferentes sectores.

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Concepção de programas de ensino orientados para o desenvolvimento da cultura de

sustentabilidade;

2. Ajuste dos programas de ensino, desde o básico até o técnico e superior, orientados para as

prioridades de desenvolvimento;

3. Desenho de programas de educação continuada para assegurar a reciclagem de quadros

formados e em exercício, principalmente na formação de professores e funcionários

públicos, para o seu alinhamento com o crescimento verde;

4. Investimentos em infraestrutura exemplar de educação, incluindo os meios de

funcionamento em linha com a Economia Verde;

5. Promover políticas de incentivo à inovação e adopção de tecnologias limpas e modelos de

desenvolvimento social inclusivo;

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32

6. Estabelecer políticas de incentivo para incubadoras tecnológicas como fonte de emprego e

ligação entre a indústria e educação.

4.4.3.3 Emprego

Um crescimento populacional elevado aumenta o tamanho da força de trabalho, para além de

aumentar também a capacidade de o país criar investimento para absorver toda a demanda. Em

Moçambique existe uma pessoa dependente (menores de 15 anos + idosos de 65 ou mais anos) em

cada pessoa em idade activa (15-64 anos), contra uma média de 8 dependentes em cada 10 adultos

em idade activa na África sub-sahariana (UN, 2010). De 1997 a 2007, o peso da população em idade

activa baixou ligeiramente, de 52.3% para 51.3%, mas em termos absolutos aumentou de 8.4 para

10.6 milhões de habitantes. Com base nos dados de 2007, o INE (2010) projectou a população de

Moçambique tendo encontrado que a população em idade activa em 2040 será mais do que o dobro

da de 2007, aumentando de 23,4 milhões para 27,9 milhões. De acordo com os dados dos dois

últimos Censos (1997 e 2007), a percentagem da população em idade activa que exerceu alguma

actividade económica é elevada, cerca de 70%. No entanto, apenas 15% da população em idade

activa possui emprego formal. A maior parte da população em idade activa (85%) exerce actividades

por conta própria, no sector informal, e dificilmente consegue satisfazer as suas necessidades básicas

com o rendimento desse trabalho (Arnaldo e Muanamoha 2011).

O crescimento da população urbana é devido na sua maioria, à migração campo-cidade, onde os

migrantes aspiram a melhores condições de vida e oportunidades de emprego. Porém, as conclusões

de um estudo sobre o desenvolvimento autárquico em Moçambique mostram que as condições de

vida dos cidadãos urbanos pobres em Moçambique são complexas e preocupantes. Não só se verifica

um declínio mais lento da pobreza nas zonas urbanas que nas rurais, como também o acesso e

qualidade dos serviços urbanos é deficiente. Além disso, há um forte sentimento nas áreas urbanas

de que, apesar das tendências económicas positivas do país, as autarquias não estão a ser

beneficiadas pelo crescimento nacional e que a desigualdade está a aumentar. O desemprego é

elevado e a estrutura da economia moçambicana está a desviar-se da agricultura para a

informalidade das zonas urbanas e periurbanas (Banco Mundial 2009).

A equidade, resiliência e capacidade adaptativa são maiores onde há mais pessoas empregadas a

troco de salários e dinheiro. As iniciativas de crescimento verde trarão os conteúdos dos empregos

para a ribalta da tomada de decisão e garantirão que as decisões de desenvolvimento que criam

novos empregos são baseadas em sectores que sejam sustentáveis e, tanto quanto possível,

resilientes às mudanças climáticas. Deve ser criado um fundo de implementação da economia verde

para constituir um amortecedor dos choques económicos. O fundo deve também financiar

investimentos em resiliência humana, como sejam sistemas de seguros de colheitas para os

pequenos produtores ou serviços de saúde e protecção social para os mais vulneráveis.

Integração da componente de emprego com outros sectores de Economia Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde para o emprego – uma questão crucial para a

resiliência humana aos choques tanto físicos assim como económicos – devem ser implementados

em estreita coordenação com as cidades e saneamento, água, agricultura, terra, florestas, pescas,

educação, saúde, protecção social, infra-estruturas e planificação física. O Ministério do Trabalho

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(MITRAB) deve liderar as políticas de Economia Verde de emprego condigno em estreita ligação com

as autarquias e o sector privado.

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Metas nacionais para os mercados laborais e para a formação profissional;

2. Desenvolver acções, projectos, programas e políticas que estão relacionados com o acesso

aos serviços públicos urbanos que afectam as condições materiais de vida das populações,

particularmente a população urbana;

3. Fortalecer a capacidade de intervenção do governo autárquico sobre a economia, i.e.

iniciativas que contribuam para a criação de emprego e rendimento, e para o

desenvolvimento económico local;

4. Elaborar um estudo de emprego verde e avaliar as possibilidades de estabelecimento de um

Acordo Empresarial de Economia Verde entre o governo e o sector privado;

5. Identificar e reforçar as sinergias entre as áreas urbanas e rurais, e o modo como podem ser

melhoradas para diversificar rendimentos;

6. Desenvolver projectos de melhoria de vida das zonas rurais através do desenvolvimento da

indústria, serviços, turismo, e outras iniciativas que promovam oportunidades de emprego

rural condigno;

7. Focar os aspectos culturais e políticos da governação municipal, onde o impacto será mais

sobre a participação política, a atribuição de poderes e a promoção de uma cidadania

significativa entre os pobres;

8. Estabelecer mecanismos de criação de empregos verdes nos municípios, incluindo a

reciclagem, manutenção de infraestruturas públicas, entre outros;

9. Identificar oportunidades de estabelecimento de pequenas e médias empresas para a

prestação de serviços aos mega-projectos;

10. Promover políticas de associativismo e movimento cooperativo que resultam na utilização

eficiente dos recursos e criação de eficiência dos serviços.

4.4.3.4 Saúde e população

A relação entre o número de habitantes e o de médicos indica um rácio de 20 mil habitantes por

cada médico. Este número é considerado demasiado elevado, quando comparado, por exemplo, com

o rácio de Cabo Verde, que é de dez mil habitantes por médico (Rádio Moçambique, 2010), ou com o

da União Europeia que era em 2001 de 283 habitantes por cada médico (Grosse-Tebbe & Figueras,

2005). Isto reflecte a escassez de médicos que o país enfrenta, num contexto de crescimento

contínuo de sua população, apesar dos avanços conseguidos nos últimos anos, em que, de 1980 a

2009, o país passou de 323 para 1,042 médicos, representando um crescimento médio anual de

4.0%. Se se assumir que este número crescerá ao mesmo ritmo nos próximos 30 anos, o número de

médicos em 2040 será pouco mais de 3,000; e, tendo em conta o crescimento da população dado

pelas projecções do INE (INE, 2010b), este aumento só poderá baixar o rácio habitante/médico para

15,000 habitantes por médico.

Os desafios na saúde, em particular na malária, deficiência em micronutrientes e HIV/SIDA,

enfraquecem a resiliência humana e a capacidade adaptativa. O INGC (2009) projectou que a malária

será ainda mais prevalecente com o aumento das cheias devido às mudanças climáticas, o que é

agravado pela baixa cobertura dos serviços de saúde, que atingem apenas cerca de 50% da

população (MICOA 2012). A deficiência em micronutrientes, nomeadamente em ferro, afecta cerca

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de 89% das crianças com idades entre 6-23 meses, e a deficiência em micronutrientes múltiplos

afecta 44% da população segundo estimativas (MISAU 2010). Moçambique poderá perder 5% do PIB

em resultado das deficiências em micronutrientes (MISAU 2010). O Ministério da Saúde planeia a

expansão da fortificação em micronutrientes da farinha de trigo e óleos alimentares processados

centralmente, prometendo assim desenvolver a resiliência do capital humano e a produtividade

económica.

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Aumentar a formação de quadros do sector de saúde (principalmente médicos e

enfermeiros) na mesma proporção do crescimento populacional;

2. Intensificar o estabelecimento e equipamento de infraestruturas hospitalares resilientes;

3. Melhorar o acesso aos serviços de planeamento familiar e melhorar o acesso à informação

sobre o planeamento familiar para as mulheres em idade reprodutiva;

4. Melhorar o acesso à água e saneamento do meio e intensificar as campanhas de educação

sanitária como medidas preventivas contra doenças de origem hídrica.

4.4.3.5 Equidade de género e empoderamento da mulher

O Índice de Desenvolvimento de Género de Moçambique em 2007 situava-se em 0,395, bem abaixo

dos 0,433 e 0,694 dos países africanos e das economias em desenvolvimento, respectivamente (BAD

2011). O estreitamento da lacuna de género é importante para fins de resiliência em termos de

planeamento familiar, que afecta o crescimento populacional – quanto maior a população e quanto

mais depressa cresce, mais difícil será reduzir os níveis de pobreza e implementar medidas de

resiliência e de capacidade adaptativa.

Estudos sobre o papel da mulher no desenvolvimento reconhecem-lhe muita responsabilidade na

reprodução social, segurança e estabilidade da família. A mulher tem um papel importante na

transmissão de conhecimento e dos valores morais da sociedade. O facto da maioria da população

ser feminina e das mulheres chefiarem uma significativa proporção dos agregados familiares justifica

o seu empoderamento com vista a que estas tenham uma participação activa nos processos de

desenvolvimento social. A mulher tem também um papel determinante na gestão de recursos

naturais, particularmente a terra, água e as actividades que delas depende. Empoderar a mulher

pode ser determinante na implementação de iniciativas de Economia Verde em diferentes sectores.

Integração da componente de equidade de género e empoderamento da mulher com outros

sectores de Economia Verde

Os instrumentos de política de Economia Verde para a equidade de género e empoderamento da

mulher estão alinhados com assuntos de educação, com enfoque para educação da rapariga e

planeamento familiar. Com esta ligação poderá ser aumentada a resiliência do núcleo familiar. O

Ministério da Mulher e Acção Social (MMAS), tem um papel importante neste contexto, e deve

alinhar as suas acções com os outros sectores, particularmente Educação e Saúde.

Pontos de entrada de Economia Verde para os Planos de Desenvolvimento

1. Apoiar programas de educação da rapariga e sua inserção no mercado de trabalho;

2. Apoiar programas de planeamento familiar e empoderamento da mulher para assegurar uma

base de estabilidade da família;

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3. Assegurar que uma proporção crescente de posições de tomada de decisão seja tomada por

mulheres.

5. Mecanismos de implementação

Para o sucesso da transição para uma economia verde é necessário ter mecanismos de

implementação robustos que assegurem a participação inclusiva na tomada de decisão sobre a

melhor forma de gerir e utilizar todo o capital de que o país dispõe para criar maior prosperidade

económica, equidade e bem-estar, assegurando a satisfação das necessidades das gerações

presentes e futuras. Assegurar a operacionalização imediata e o regular funcionamentos dos

mecanismos de implementação – coordenação, execução, monitoria e avaliação, gestão de

conhecimento e financiamento – é particularmente importante nesta fase inicial para uma eficaz

implementação deste primeiro plano de acção.

5.1 Coordenação

Dada a multiplicidade de actores – Ministérios e instituições do Governo, parceiros multilaterais,

parceiros de cooperação, outros actores não-governamentais e plataformas – a envolver no processo

de transição para uma economia verde e na implementação deste plano de acção, o Roteiro sublinha

a importância dos mecanismos de coordenação e definição de responsabilidades, indicando cinco

instituições chave nesta fase inicial de transição (2013-2014), tendo o Ministério da Planificação e

Desenvolvimento um papel central:

• Ministério para Planificação e Desenvolvimento (MPD) - Planificação e integração da

Economia Verde nos procedimentos nacionais do Sistema de Planificação e Orçamentação

(SPO) e planeamento e acompanhamento da execução do Roteiro para Economia Verde,

agora operacionalizado neste plano de acção para a Economia Verde para o período inicial de

2013-2014. Análise de cenários das 16 políticas de economia verde seleccionadas (em termos

sociais, económicos e ambientais) e concertação dos mesmos em consultas públicas para

posterior integração nas políticas de desenvolvimento. Preparação de um Acordo de Negócio

de Economia Verde com o sector privado.

• Ministério das Finanças (MF) - Orçamento Nacional para capital natural, alocação dos fundos

para Economia Verde e desenho e execução de políticas e instrumentos fiscais para

Economia Verde.

• Ministério para Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) - transformação do quadro de

políticas ambientais para Economia Verde, mapeamento e monitora do capital natural e

serviços ecossistémicos e a Governação Ambiental. Desenhar e implementar programas de

divulgação para sensibilizar o público, sector privado, sociedade civil, académicos e o

governo local dos princípios, benefícios e responsabilidades da economia verde. Avaliação

Ambiental e Social Estratégica a novas políticas nacionais.

• Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEC) – ligação com parceiros,

organizações internacionais e organizações regionais e sub-regionais tais como SADC, União

Africana para Economia Verde e coordenação de iniciativas de ligação do Roteiro Nacional no

âmbito internacional.

• Conselho Nacional para o Desenvolvimento Sustentável (CONDES) - Reunião das

perspectivas intersectoriais, assegurando que os assuntos transversais de economia, meio

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ambiente e equidade social são abordados duma maneira harmonizada; consolidação da

coerência dos sectores no país e na região através da massificação das políticas de Economia

Verde e da melhoria da coordenação e integração dos programas e metas nacionais para o

desenvolvimento sustentável.

O trabalho de coordenação será facilitado igualmente por uma comunicação regular com a

Plataforma Multisectorial para a Economia Verde, a qual integra representantes dos sectores chave.

A Plataforma estabelecida no Roteiro, e actualmente em fase de operacionalização, tem como

função facilitar o diálogo e a mobilização dos diferentes actores governamentais e não-

governamentais na identificação e criação de condições facilitadoras da Economia Verde e de

oportunidades de estabelecimento de parcerias com vista a uma implementação mais eficiente do

Plano de Acção para a Economia Verde.

O Quadro Integrado de Implementação (QII) apresentado no Capítulo 7 do presente PAEV será usado

para racionalizar e coordenar as intervenções de Economia Verde delineadas no presente

documento e alinhadas com a divisão de responsabilidades apresentada acima.

5.2 Execução

A execução do PAEV será levada a cabo por uma multiplicidade de actores, desde os sectores privado

e público, a sociedade civil e OCBs, academias, parceiros da cooperação, entre outros. A

responsabilidade de execução das diferentes actividades identificadas para o período de 2013-2014 é

indicada no quadro integrado de implementação apresentado neste plano de acção (Capítulo 7).

Dada a natureza das actividades delineadas no plano de acção, a sua execução será em parte

cumprida através de parcerias entre diferentes actores a estabelecer no decurso da implementação

do plano de acção. Assim, a Plataforma Multisectorial (em operacionalização) representa um

instrumento potencialmente importante para a implementação deste plano de acção.

Antes do término do período de vigência do Plano será analisada a pertinência da elaboração de um

plano de acção subsequente, para que não haja interregno na execução de eventuais acções

prioritárias para a Economia Verde. A elaboração e execução de um novo plano de acção dependerão

do grau de integração da Economia Verde nos processos de planificação existentes ou a criar, sendo

um novo plano necessário caso o processo de integração não tenha sido cabalmente finalizado no

final de 2014.

5.3 Financiamento

Os mecanismos de financiamento do processo de transição para a Economia Verde são variados,

tendo sido referidos anteriormente um número significativo de instrumentos fiscais e outros (p.e.

diferentes taxas/impostos, Fundo de Investimento de Economia Verde) que poderão vir a financiar a

execução de acções chave para a Economia Verde, sendo o Ministério das Finanças a instituição

responsável, coadjuvada pelo MPD.

No curto prazo no entanto, e no que diz respeito em particular ao financiamento das actividades

constantes do PAEV, será necessário identificar fontes de financiamento para a execução do plano,

com particular premência para as actividades que devem começar a sua execução em 2013, uma vez

que não se encontram inscritas no PES. Assim, o financiamento das actividades relativas ao

estabelecimento de condições facilitadoras da Economia Verde e de outras acções prioritárias

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imediatas (ex. mapeamento do capital natural) far-se-á através de diferentes parcerias, salientando-

se que existem algumas actividades em curso em diferentes sectores que representam já um

contributo adicional significativo para a Economia Verde.

As necessidades de financiamento da primeira fase do PAEV ascendem a USD 2,550,000 para o

período 2013-2014 e serão discutidas com os principais parceiros de cooperação em 2013, antes da

mobilização de recursos começar a refinar orçamentos. As necessidades detalhadas de

financiamento para a implementação continuada das medidas para a Economia Verde em anos

subsequentes serão desenvolvidas em tandem com o processo de análise das opções de políticas de

Economia Verde. A actualização das necessidades será feita anualmente pelo MPD. Apresenta-se

abaixo uma desagregação dos orçamentos para a primeira fase de acções para a transição à

Economia Verde, período 2013-2014 (ver Tabela 2).

Tabela 2. Necessidades de financiamento da primeira fase de acções de Economia Verde para o período 2013-2014

Necessidades de financiamento de acções da fase de Transição de Economia Verde

2013-2014 USD

1) Análise das Opções de Política de Economia Verde (consulta e adopção nos

processos planificação de desenvolvimento existentes)

1.1 Parametrização do modelo T21 (ou similar) para análise de políticas

1.2 Capacitação de especialistas sectoriais nacionais sobre análise de

políticas

1.3 Análise das 16 opções de políticas seleccionadas e elaboração de

recomendações para a sua introdução nos planos de desenvolvimento

existentes

$200 000

2) Capacitação Institucional para a coordenação do PAEV (MPD, MICOA, INE,

MF, MINEC)

2.1 Duas posições de Assistência Técnica ao MICOA e MPD sobre Economia

Verde (dois anos)

2.2 Capacitação do pessoal técnico do MPD, MICOA, INE, MF, e MINEC sobre

coordenação interinstitucional e integração da Economia Verde nos

mecanismos de planificação

$350 000

3) Consciencialização Pública (programas sobre imperativos e direitos de

Economia Verde)

3.1 Elaboração de conteúdos temáticos para consciencialização pública sobre

economia verde

3.2 Desenho de programas específicos para tipos de auditório diferenciados

e diferentes formatos de transmissão, incluindo rádio, televisão, palestras,

seminários, brochuras, teatro e outras formas de comunicação

$250 000

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3.3 Transmissão, publicações e distribuição e outras formas de disseminação

de informação

4) Acordo Empresarial de Crescimento Verde (sector privado e

empreendedorismo determinando indústrias verdes)

4.1 Desenvolvimento de pacotes de negócios sobre economia verde

4.2 Desenvolvimento de mecanismos de financiamento dos pacotes de

negócios através de bancos

4.3 Negociação dos pacotes entre o governo e o sector privado, incluindo os

procedimentos, mecanismos de acesso e termos de responsabilidade

$100 000

5) Emprego e Ensino na Indústria Verde (potencial de emprego e arranjos de

formação profissional)

5.1 Estudo de oportunidades de criação de empregos verdes

5.2 Avaliação das necessidades de capacitação profissional para empregos

verdes

5.3 Desenvolvimento de termos de referência ou conteúdos temáticos ou

curricula para a capacitação e treinamento de profissionais qualificados para

empregos verdes

$150 000

6) Plataforma online de conhecimentos sobre Economia Verde, com o INE

6.1 Desenvolvimento de conteúdos temáticos a serem incluidos na

Plataforma

6.2 Desenho e concepção de uma Página WEB dinâmica

6.3 Capacitação de usuários e gestores da plataforma

$100 000

7) Fluxos Financeiros mais Verdes (nacionais e FDI)

7.1 Avaliação dos fluxos financeiros verdes através da Banca, os princípios do

Equador, os Critérios de Desempenho Sócio-Ambiental da IFC

7.2 Elaboração de recomendações técnicas sobre a sua aplicação no sector

privado

$100 000

8) Financiamento (mobilização de recursos e mecanismos)

8.1 Avaliação dos mecanismos de financiamento das actividades do PAEV

8.2 Negociações com os parceiros de cooperação para o financiamento das

actividades do PAEV

8.3 Identificação e mapeamento dos mecanismsos de financiamento de

acções de EV através dos acordos multilaterais do ambiente

$50 000

9) Mapeamento, Valorização e Planificação do Capital Natural (nacional rápido e

aprofundado em 2 províncias)

9.1 Elaboração de um atlas nacional de recursos naturais com base na

$1 000 000

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39

informação existente nos diferentes sectores (vegetação, fauna, água, solos,

minerais, sol, vento, etc.)

9.2 Levantamento detalhado para o mapeamento dos recursos naturais em

duas províncias seleccionadas e elaboração do respectivo atlas e tabelas

estatísticas

9.3 Valorização dos recursos naturais e infraestrutura de acordo com os atlas

nacional e provincial

9.4 Integração do capital natural nas contas nacionais

9.5 Formulação de planos de desenvolvimento integrado

10) Monitoria e Avaliação

10.1 Painel de Desempenho da Economia Verde (quadro e indicadores de

desempenho)

10.2 Elaboração do quadro de indicadores

10.3 Desenho e formatação do quadro de monitoria e avaliação de

desempenho

10.4 Publicação, impressão e divulgação de um quadro de desempenho

(impresso em papel e página web)

$450 000

Total $2 550 000

Como mencionado, as fontes e mecanismos de financiamento serão sujeitos aos resultados da

análise das opções de política de Economia Verde e da modelação de cenários. Idealmente, as fontes

serão diversificadas, combinando uma mistura de (1) receita fiscal nacional, particularmente das

indústrias extractivas – possivelmente, em parte e a seu tempo, através de um Fundo de

Investimento, (2) receitas dos pagamentos de serviços do ecossistema, (3) financiamento para

mudanças climáticas e indústria verde, (4) financiamento através de um Fundo de Investimento de

Economia Verde a ser criado, (5) assistência técnica dos parceiros de desenvolvimento, (6) capital e

competência técnica do sector privado. As opções de fontes e mecanismos de financiamento serão

desenvolvidas e concluídas em 2013, e serão efectuadas actualizações anuais pelo MF e MPD. A

mobilização para garantir fontes de financiamento será liderada pelo MPD, apoiado pelo MICOA e

INE, do lado do Governo, e pelo Grupo de Trabalho para Ambiente e Mudanças Climáticas e o Grupo

de Trabalho Económico, por parte dos parceiros de desenvolvimento.

5.4 Monitoria e avaliação

Os observatórios de desenvolvimento (OD) constituirão o mecanismo inclusivo de monitoria e

avaliação (M&A) da implementação do plano de acção de Economia Verde, acompanhando a sua

execução e propondo novos indicadores que proporcionem uma monitoria eficaz do processo de

transição para a economia verde.

As funções de M&A executadas pelos OD complementam a informação proveniente dos mecanismos

de M&A já existentes a nível nacional e sectorial, os quais se ajustarão gradualmente para

responderem aos novos desafios e oportunidades apresentados pela Economia Verde.

O estudo sobre o sistema de M&A para a Economia Verde será realizado durante o período de

vigência do plano de acção, sendo articulado com as iniciativas em curso de desenvolvimento de

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40

outros sistemas de monitoria e avaliação (p.e. indicadores de resiliência às mudanças climáticas).

Este trabalho será liderado pelo MPD, coadjuvado pelo INE, e visa contribuir para o alinhamento

progressivo dos sistemas de M&A das instituições e sectores chave para a Economia Verde, sendo

para tal assistido igualmente pela Plataforma Multisectorial para a Economia Verde.

Os resultados da monitoria e avaliação realizada pelos ODs serão partilhados atempadamente com o

Conselho Técnico (CT) do CONDES e com a Plataforma Multisectorial da Economia Verde. O CT-

CONDES, órgão de consultivo do Conselho de Ministros, deve pronunciar-se sobre os resultados da

implementação do plano de acção e recomendar a consideração pelo CONDES de ajustes

estratégicos ao Plano de Acção caso necessário. O CT-CONDES é coadjuvado neste trabalho pela

Plataforma Multisectorial.

5.5 Quadro e indicadores de medição do desempenho

Quase todos os países do mundo usam o PIB como aferição do progresso, mas a sua eficácia para

medir o que verdadeiramente interessa é limitada (NEF 2012). Para além do Sistema Nacional de

Contas de Moçambique centrado no PIB – que mede essencialmente produtos, e não resultados –

entre outras medidas de desempenho disponíveis contam-se as poupanças líquidas ajustadas

elaboradas pelo Banco Mundial, a Pegada Ecológica da Global Footprint Network, os relatórios dos

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio produzidos pelo Governo de Moçambique, o Índice de

Desenvolvimento Humano, entre outros. Medir o desenvolvimento económico em termos de

resultados é mais difícil mas alarga o modo como pensamos no ‘valor’ e, assim, aquilo que medimos

permite-nos dar uma representação melhor e negociar os compromissos entre prioridades

concorrentes. A medição do desempenho da Economia Verde, informada por todos os actores,

colocará a criação de bens públicos em valor real positivo no cerne da formulação de políticas,

fazendo com que os benefícios reais mensuráveis fluam para as pessoas locais.

Em 2013 será produzido um painel simples de três indicadores de desempenho da Economia Verde,

com as metas correspondentes, para medir os resultados sociais, ambientais e económicos,

reflectindo todo o pacote de custos e benefícios da mudança resultante das decisões de política.

Serão trazidas partes interessadas das comunidades locais, OSC, academia, sector privado, parceiros

de desenvolvimento e governo, para contribuírem para esse painel. O MPD orientará este processo,

apoiado pelo INE, MF, MICOA e MMAS. A sustentabilidade e os seus efeitos na competitividade

económica, as perspectivas de consumo, a biodiversidade e os seus efeitos na saúde humana, as

tendências de qualidade, a comparação internacional dos dados, a clareza da mensagem para o

público e formuladores de políticas, a tomada de decisão por partes interessadas informadas e os

mecanismos de resposta para determinar uma política inclusiva, são os critérios cruciais que darão

informação à concepção do painel. A valoração e contabilização do capital natural renovável e não

renovável dará um contributo ao painel.

6. Ambiente propício

6.1 Mapeamento, valorização e integração do capital natural na planificação

A pesquisa recente na avaliação da riqueza do país – riqueza física, humana e capital natural –

constatou que o capital natural, renovável e não renovável, é responsável por 49% da riqueza total,

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41

dominada pelos recursos do subsolo (41%), terra agrícola (30%) e recursos madeireiros (15%), o que

é significativamente mais alto que a média da África subsahariana de 24% (MICOA & AFD 2009). Os

novos campos de gás e reservas de carvão, identificados desde que foi concluído o estudo MICOA &

AFD, irão intensificar ainda mais o papel do capital natural na riqueza nacional. A centralidade do

capital natural na economia de Moçambique e a sua base produtiva coloca-o no cerne da

planificação nacional do desenvolvimento sustentável. Actualmente, o capital natural é gerido por

um vasto leque de actores institucionais e carece de planificação e gestão integrada. Isto pode

resultar numa tomada de decisão numa área com implicações irreversíveis ou onerosas noutra – por

exemplo, a construção de uma estrada numa bacia hidrográfica que abastece uma cidade pode

causar a redução ou a poluição dos caudais de água, aumentando as necessidades de investimento

em termos de abastecimento público adicional e infra-estruturas de tratamento, ou ameaçar as

pescas a jusante. O insuficiente direito de posse e gestão do capital natural pelas comunidades locais

também perpetua um processo de “curto prazismo”, a expensas da protecção, cultivo e acumulação

a longo prazo.

Existe já em Moçambique alguma informação sobre capital natural, disponível em diferentes fontes e

em diferentes formatos, tais como os inventários florestais, o zoneamento agro-ecológico, os

relatórios das pesquisas de minerais, entre outros, mas são necessários mais investimentos na

recolha de dados, colmatação de lacunas, análise, valoração, coordenação e apresentação numa

plataforma acessível a todas as partes interessadas. O mapeamento e valoração ajudarão a

identificar planos e políticas necessárias para conservar bens e serviços de capital natural essenciais,

como seja a água, energia e alimentos, e asseguram a segurança do emprego, rendimentos e saúde

dos mais vulneráveis – estes factores podem ser tratados nos objectivos de gestão, integrados na

planificação nacional. Aqui, é importante que haja cenários para poder compreender os

compromissos potenciais entre a exploração de um recurso em detrimento de outro, ou da

exploração de um recurso que afecta outro negativamente – é essencial fazer uma determinação dos

benefícios ‘líquidos’ ou observar quem beneficia, em que condições. É vital garantir que as

comunidades locais, os formuladores de políticas e os planificadores tenham informação credível e

utilizável sobre o capital natural. Isto permitir-lhes-á desenhar cenários de desenvolvimento

alternativos que garantam o bem-estar das gerações presentes e futuras de moçambicanos – uma

abordagem consagrada na Agenda 2025.

Ao longo de 2013, será realizada uma rápida apreciação geral de avaliação, ao nível nacional, para

mapear e valorar o capital natural. Os resultados serão utilizados no desenvolvimento de objectivos

gerais de gestão do capital natural, para integração no próximo PQG 2015-2019, por todas as

províncias, e na selecção das áreas onde o trabalho em profundidade irá ser primeiro realizado.

Assim, ao mesmo tempo será realizado um mapeamento e valoração mais detalhada em 2

províncias, para desenvolver objectivos específicos para o capital natural, para integração no

próximo PQG 2015-2019. Dada a escala do desafio, é prudente recorrer a uma abordagem faseada. A

selecção das províncias para o mapeamento e valoração detalhada do capital natural será baseada

nos seguintes critérios: (1) Procura e interesse do governo local, (2) nível e âmbito das ameaças de

degradação e perda do capital natural, (3) importância relativa dos bens e serviços do capital natural

no contexto local, nacional e regional, (4) sinergias potenciais com projectos de desenvolvimento em

curso, (5) eficácia em termos de custo e disponibilidade de recursos para implementação.

6.2 Análise tripartida das opções de política de Economia Verde

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As opções políticas de Economia Verde serão analisadas de forma tripartida – retorno social,

ambiental e económico, a longo prazo – para identificar as políticas mais promissoras para integração

nos planos de desenvolvimento existentes. Abaixo apresenta-se uma selecção resumida de 17

opções essenciais de política em termos de Economia Verde (Tabela 3). Este processo deverá ser

liderado pelo MPD durante esta fase preparatória.

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43

Tabela 3. Selecção sumariada de opções de política de Economia Verde e ligação intersectorial

Selecção Sumariada das Opções de Política de Economia Verde

(Programas de Acção Potenciais)

Pilares do PAEV

Capital

Físico Capital Natural

Capital

Humano

En

erg

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Ág

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1. Capital natural: mapeamento e valorização, e objectivos de gestão integrada na planificação nacional

2. Regime fundiário: terra, florestas e pagamento por serviços do ecossistema

3. Consulta: participação comunitária e das OSC na valoração, planeamento, gestão do capital natural

4. Agricultura: resiliência ao clima, agricultura de conservação ◼

5. Pescas: Abordagem de ecossistemas (AEP), gestão baseada nos direitos (GBD), aquacultura de baixo impacto, certificação (p.e MSC e ASC)

6. Florestas: redução da exploração ilegal e abordagem paisagística, Certificação (p.e. FSC) e produção sustentável de carvão vegetal

7. Água: GIRH, Comités de Bacia Hidrográfica (ligando extractivas, florestas, hidroeléctricas e pescas)

8. Energia: REFIT, normas de eficiência energética e imposto sobre carvão vegetal

9. Cidades: códigos de construção verde, planificação urbana de baixo risco e energias renováveis

10. Tecnologia verde: crédito, impostos e incentivos para Zonas Económicas Especiais

11. Resiliência climática: dados climáticos, normas para infra-estruturas

12. Capital humano: formação em indústria verde e diálogo com sector privado

13. Extractivas: Normas de Desempenho Sócio-ambiental da IFC, Norma ITIE melhorada

14. Resiliência Económica e Equidade: Fundo de Investimento de Economia Verde

15. Fundos catalíticos para pequenos produtores agrícolas e PME de serviços verdes

16. Saúde pública, saneamento do meio e planeamento urbano ◼

17. Protecção social

N.B.: Os sectores na liderança da implementação por opção política estão assinalados a negrito com “◼”, e os

sectores com relevância imediata e envolvidos na implementação são indicados com “”

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Embora existam potencialmente muitas mais, é mais realista considerar um número reduzido de

opções para uma execução eficaz. A interdependência evidente das políticas sublinha a natureza

integrada da planificação de Economia Verde ao nível social, ambiental e económico. Os factores

importantes que podem ser considerados na modelação de cenários compreendem rendimento e

bem-estar das pessoas mais vulneráveis, qualidade da água e do ar, qualidade agroecológica e

segurança alimentar, desempenho da bacia hidrográfica e segurança hídrica, intensidade carbónica e

emissões, risco de eventos de seca e cheia, segurança e eficiência energética, conteúdo e segurança

laboral, e ganhos e perdas a longo prazo.

As instituições académicas nacionais serão envolvidas pelo MPD para prestarem assistência à

modelação de cenários, e os resultados serão levados a consulta pública. Outras instituições

nacionais e internacionais poderão prestar apoio técnico adicional. O tipo de modelo para efectuar a

análise a ser adoptado pelo governo dependerá das necessidades de dados e da capacidade

institucional. Nos casos em que estejam já a ser executadas políticas de Economia Verde - como a

agricultura de conservação, listada no PEDSA do MINAG – a análise será centrada no aumento de

escala das boas práticas. Os resultados da análise de todas as opções políticas serão partilhados

através de consultas públicas ao nível provincial, para comunicar as decisões finais sobre adopção

das políticas mais promissoras. O MPD integrará depois as políticas de economia verde seleccionadas

nos planos de desenvolvimento existentes.

6.3 Consciencialização pública

O MICOA deverá iniciar programas de consciencialização pública para os imperativos da economia

verde, bem como sobre os seus direitos e responsabilidades na gestão dos recursos naturais. Estes

programas serão progressivamente integrados nos sistemas de ensino, em coordenação com o

Ministério da Educação. As comunidades locais serão alcançadas através de programas de rádio

comunitária e de televisão. Serão também desenvolvidos casos de estudo explicando os sectores da

Economia verde, com incidência na agricultura, energia, água e turismo, que serão depois divulgados

entre todas as partes interessadas. Serão desenvolvidos programas diferentes para audiências

diferentes, incluindo comunidades rurais, jovens urbanos, sector privado e governo local.

6.4 Estudo de educação e emprego na indústria verde

A qualidade e orientação do ensino e da formação profissional e a sua correspondência com as

necessidades dos sectores público, privado, e sociedade civil serão reforçadas e alinhadas com os

sectores mais promissores em termos de Economia Verde. Deve ser realizado um Estudo do Emprego

Verde para identificar a potencial criação e procura de empregos nos sectores de liderança na

economia verde por instituições de ensino superior, em coordenação com os Ministérios do Trabalho

e da Educação, juntamente com associações do sector privado, como a Confederação das

Associações Económicas (CTA) e o Fórum Empresarial para o Meio Ambiente (FEMA). Embora o

excesso de uso e a gestão inadequada do capital natural possa levar à perda de empregos – p.e.

esgotando recursos florestais e pesqueiros – as metas e mandatos da indústria verde e a eliminação

gradual de subsídios às indústrias prejudiciais para o ambiente podem permitir ao governo alocar

uma parte dos fundos para as energias renováveis, tecnologias de eficiência e, como tal, para o

emprego verde (UNEP/OIT/IOE/ITUC 2008). O Estudo do Emprego Verde considerará estas diferentes

dinâmicas e será integrado nos planos de crescimento das instituições de ensino técnico e superior e

nas políticas do governo.

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45

6.5 Integração do sector privado e empreendedorismo como determinantes da indústria

verde

O sector privado terá oportunidade de investir a sua competência técnica e visão num Acordo

Empresarial de Economia Verde, desenvolvido em coordenação com o governo, definindo metas

para indústrias verdes, empregos e incentivos regulamentares para estimular o empreendedorismo

verde. Com base na informação do Estudo do Emprego Verde, o Acordo Empresarial de Crescimento

Verde co-produzido pelo sector privado e governo será desenvolvido em 2014, com particular

atenção às Pequenas e Médias Empresas nos sectores de agricultura, pescas, alimentos e bebidas,

energia, água, habitação, e transporte. A CTA e a FEMA coordenarão os contributos do sector privado

para o Acordo, e o MPD coordenará os contributos do Governo. Os grandes empresários serão

apresentados à tecnologia verde internacional e a fundos climáticos, para ajudarem a alcançar os

objectivos do Acordo.

6.6 Fluxos financeiros mais verdes

Os fluxos financeiros do apoio da banca nacional a projectos de investimento, bem como o

investimento directo estrangeiro (FDI) serão gradualmente alinhados para apoiarem os objectivos

nacionais de Economia Verde. As questões sociais e ambientais tornar-se-ão os principais critérios de

avaliação de risco e desempenho dos projectos em bancos e instituições financeiras, incluindo o

Centro para a Promoção do Investimento (CPI). Os Princípios do Equador1 e as Normas de

Desempenho Sócio-Ambiental da IFC2 poderão servir de modelo para fluxos financeiros mais verdes.

6.7 Fundo de investimento de economia verde

Irá ser criado um fundo de investimento de economia verde do Estado, com base em receitas da

indústria extractiva, compreendendo diferentes activos financeiros (p.e. acções, títulos, imóveis ou

outros instrumentos). Este fundo representará uma fonte de dinheiro usado para gerar lucros que

serão investidos em parte em actividades facilitadoras da Economia Verde (incluindo o reforço dos

serviços fundamentais do ecossistema e actividades que fortaleçam o capital humano, contribuindo

directamente para a redução da pobreza e para a segurança social dos mais desfavorecidos) e em

parte na criação de reservas para as gerações vindouras.

A estruturação e futura gestão deste fundo de investimento para a economia verde carecem de uma

análise profunda posterior, em coordenação com a estruturação de outros fundos e mecanismos

financeiros que o Estado está neste momento a estudar no âmbito do futuro quadro de

desenvolvimento e planificação nacional.

De notar que esta será uma fonte de financiamento independente do Estado destinada a facilitar a

transição para a Economia Verde e a assegurar a equidade inter-geracional, não excluindo no

1 Os Princípios do Equador têm como objectivo garantir a sustentabilidade, o equilíbrio ambiental, o impacto social e a

prevenção de acidentes de percurso que possam causar embaraços no decorrer dos empreendimentos, reduzindo também

o risco de inadimplência (ver em: http://www.institutoatkwhh.org.br/compendio/?q=node/41)

2 IFC: Normas de desempenho sócio-ambiental (ver em:

http://www1.ifc.org/wps/wcm/connect/6b665c004ea2f3b4aee2ee1dc0e8434d/GN_Portuguese_2012_Full-

Document.pdf?MOD=AJPERES)

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entanto outras contribuições adicionais que podem advir de fundos de responsabilidade social e

ambiental corporativa e de fundações específicas.

O fundo será gerido por uma equipa profissional de investimento e activos, que efectuará

regularmente a avaliação do desempenho do fundo, através de um processo transparente e de

amplo envolvimento das partes interessadas e disseminação pública dos seus resultados.

6.8 Plataforma online de conhecimento sobre Economia Verde

Num portal de Internet público, como seja o do Instituto Nacional de Estatística (INE), será

desenvolvida uma ‘Plataforma de Conhecimento sobre Economia Verde’ para partilhar os resultados

dos diferentes exercícios de aquisição de conhecimentos realizados no âmbito do PAEV e serão

criadas ligações à investigação nacional relevante existente. O INE será responsável pela

coordenação da recolha e partilha de informação a carregar sobre novos recursos de conhecimento.

A página da Plataforma de Conhecimento sobre Economia Verde será estruturada de modo a atingir

o seu fim de (1) partilhar informação sobre oportunidades e incentivos de economia verde,

especialmente para empresários, (2) partilhar a experiência nacional e internacional sobre lições

aprendidas e boas práticas para reforçar a eficácia das políticas de Economia Verde, (3)

consciencializar todas as partes interessadas sobre os benefícios, imperativos e responsabilidades da

Economia Verde, com exemplos de casos de estudo simples e específicos dos sectores, (4) comunicar

o desempenho da Economia Verde ao público. Serão usadas parcerias para expandir o acesso de

Moçambique ao conhecimento global e para garantir a eficácia de custos das suas actividades de

gestão de conhecimentos. Experiências poderão ser adquiridas com a plataforma de conhecimento

sobre o crescimento verde (http://www.greengrowthknowledge.org/Pages/GGKPHome.aspx).

Sempre que possível, serão criadas parcerias sul-sul com países em posição de dar passos

semelhantes aos delineados neste PAEV.

6.9 Avaliação Ambiental e Social Estratégica

A Avaliação Ambiental e Social Estratégica (SESA) deve contribuir para a avaliação das opções de

política de Economia Verde nos programas de desenvolvimento e analisá-los contra alternativas.

Neste processo, a SESA pode ajudar a organizar o diálogo, fornecer informação, identificar a forma

de melhorar as instituições e preparar para a mudança, abordando as principais tendências e

determinantes (Dalal-Clayton 2012). Além disso, para mostrar como as intervenções específicas

propostas podem gerar resultados positivos económicos, ambientais e sociais, a SESA pode também

assinalar, através de consultas inclusivas, onde é necessário prosseguir com cautela, identificando os

impactos negativos inadvertidos ambientais e sociais. A SESA, aplicada no contexto deste PAEV, deve

incluir uma análise de género, já que esta é fundamental para compreender os problemas relativos à

posse dos recursos naturais, onde as mulheres têm, normalmente, pouco controlo.

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47

7. Resumo das acções e calendário

As acções de Economia Verde estão resumidas abaixo (ver Tabela 4), de acordo com acções

imediatas que devem começar em 2013, bem como acções de política de Economia Verde a integrar

nos planos de desenvolvimento existentes para a materialização da visão do Roteiro da Economia

Verde. Embora as acções sejam apresentadas de maneira sequencial, a implementação terá de ser

iterativa.

Tabela 4 . Resumo das acções e calendário de implementação do PAEV

Resumo das acções do PAEV e calendário de implementação 2013 2014 2015-

2030

T3 T4 T1 T2 T3 T4

Acç

õe

s im

ed

iata

s

1) Análise das Opções de Política de Economia Verde,

consulta e adopção nos processos de planificação de

desenvolvimento

2) Painel de Economia Verde (quadro de medição e

indicadores)

3) Capacitação institucional técnica e administrativa para

coordenação da EV (MPD, MICOA, INE, MF, MINEC, MMAS)

4) Programas de consciencialização pública sobre imperativos

e direitos de Economia Verde

5) Sector privado e empreendedorismo determinando

indústrias verdes - Acordo Empresarial de Crescimento Verde

6) Estudo sobre emprego na indústria verde e alinhamento do

ensino (formação profissional e universidades)

7) Plataforma online de conhecimentos sobre Economia

Verde

8) Financiamento (primeira fase): mobilização de recursos e

mecanismos

9) Capital natural: mapeamento e valoração, e objectivos de

gestão integrados na planificação nacional

Op

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1) Regime fundiário: terra, florestas e pagamento às

comunidades por serviços do ecossistema

2) Consulta: participação comunitária e organizações da

sociedade civil na valoração, planificação e gestão do capital

natural

3) Agricultura: agricultura de conservação resiliente ao clima

4) Pescas: Abordagem de ecossistemas (EAF), gestão

baseada nos direitos (RBM), aquacultura de baixo impacto,

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48

certificação

5) Florestas: redução da exploração ilegal e abordagem

paisagística, certificação, e produção sustentável de carvão

vegetal

6) Água: Gestão Integrada de Recursos Hídricos, Comités de

Bacia Hidrográfica – ligação a extractivas, florestas,

hidroeléctricas, pescas

7) Energia: Tarifas de incentivo para energias renováveis

(REFIT), normas de eficiência energética e imposto sobre

carvão vegetal

8) Cidades: códigos de construção verde, planificação urbana

de baixo risco e sistemas de energia renovável in situ

9) Tecnologia verde: incentivos de crédito, imposto e Zonas

Económicas Especiais

10) Resiliência climática: dados climáticos, normas para infra-

estruturas

11) Capital humano: formação profissional para indústrias

verdes e diálogo com o sector privado sobre necessidades da

indústria

12) Extractivas: Normas de Desempenho Sócio-Ambiental

IFC, Norma ITIE melhorada – localmente relevante,

desagregada, compreensível

13) Resiliência e Equidade Económica: Fundo de

Investimento para Economia Verde e plano nacional de

investimento de alto retorno

14) Fundos catalíticos para pequenos produtores agrícolas e

pequenas e médias empresas (PME) de serviços energéticos

15) Saúde pública, saneamento do meio e planeamento

urbano

16) Protecção Social

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49

8. Quadro integrado de implementação

FOCO ESTRATÉGICO PROGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO

Objectivos Resultados Área de Indicadores Acções

20

13

20

14

20

15

-20

20 Líder

(colíderes)

I. Estabelecer o fundamento da Economia Verde e incluir a agenda de economia verde nas prioridades nacionais de desenvolvimento

1. Todos os sectores sensibilizados sobre os princípios (sustentabilidade; eficiência; resiliência; e inclusividade), valor e imperativo da economia verde

Sensibilização: 1. Publico (incluindo Governo Local); 2. Sector Privado; 3. Sociedade Civil; e 4. Academia.

1. Desenhar e implementar programas de TV, rádio, debates públicos, e outras formas de divulgação para sensibilizar o público, sector privado, sociedade civil, académicos e o governo local dos princípios, benefícios e responsabilidades da economia verde

X X MICOA

2. Políticas de economia verde estão socialmente, ambientalmente e economicamente justificadas no contexto nacional e concertadas com

o público

Avaliação qualitativa e quantitativa de 16 políticas de economia verde;

Participação dos sectores respectivos

das políticas seleccionadas

2. Análise de cenários das 16 políticas de economia verde seleccionadas (em termos sociais, económicos e ambientais) e concertação dos mesmos em consultas públicas para iniciar

programas de acção para cada um

X X MPD, UEM

(sectores representando as 16 políticas seleccionadas)

3. O potencial das indústrias verdes na criação de oportunidades de emprego é valorizado e promovido, junto com as necessidades de alinhamento dos programas de ensino do sistema nacional de

educação

Integração de indústrias verdes (com forte potencial de criação de emprego)

nos planos sectoriais

Programas de educação reorientada

para a economia verde

3. Estudo do potencial de emprego das indústrias verdes, e para as industrias mais importantes desenvolver um plano para reorientação da sistema de educação para mão-de-obra qualificada

X MINED, MIC e MITRAB, (MCT, Municípios)

II. Identificar acções de políticas concretas para

4. Instrumentos actuais e futuros de planificação e orçamentação nacional asseguram a gestão sustentável do capital natural

Integração explícita dos objectivos de gestão do capital natural no Sistema Nacional de Planificação

4. Adaptar o Sistema Nacional de Planificação para integrar os objectivos de gestão integrada do capital natural

X MPD

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fazer avançar a agenda da Economia Verde à medida que se perseguem os objectivos de redução da pobreza

5. Orientações estratégicas de planificação nacional guiam o desenvolvimento de programas de acção para as 16 políticas de economia verde

Integracao das 16 políticas no Sistema

Nacional de Planificação

5. Integrar as 16 políticas de economia verde nos

planos de desenvolvimento X X MPD

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FOCO ESTRATÉGICO PROGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO

Objectivos Resultados Áreas de Indicadores Acções

2013

2014

2015-2

0 Líder

(colíderes)

III. Integrar a

abordagem de

Economia Verde

nos processos de

planificação e

orçamentação

bem como nas

contas nacionais

6.Gestão efectivo e eficiente da transição para Economia Verde

Número de novos quadros e formações técnicas para MPD, MICOA, MINEC, MF e INE

6.Capacitação institucional – novos quadros e formação técnico para coordenação da economia verde – para MPD, MICOA, MINEC, MF e INE

X X MPD (MICOA, MINEC, MF, INE)

7 O capital natural tem uma gestão e monitoria coerente nos planos de desenvolvimento

a) % do capital natural mapeada e

caraterizada com objectivos de gestão

b) planos de gestão integrada do capital

natural

7 Mapeamento e caraterização do capital natural, e

definição e monitoria de objectivos de gestão X X X MICOA

(INE)

8. Capital natural é reflectido nas Contas Nacionais com coerência macroeconómica

Cobertura (%) do capital natural do país valorizado e integrado nas Contas Nacionais

8.Valorização (monetário e não-monetário) do capital natural, e integração nas Contas Nacionais

X X X INE (MF, MPD, MICOA)

9. O desempenho nacional da Economia Verde promove o bem estar social, económico e ambiental publicamente acessível

a) Indicadores com positivos sobre o desempenho da Economia Verde na

esfera social, económica e ambiental

b) Funcionalidade e acessibilidade do Painel de Desempenho ao público

9. Desenvolvimento dum Painel de Desempenho (social, económico e ambiental) nacional, quadro e

indicadores de Economia Verde

X X MPD (INE, MICOA, MMAS)

10. Sector privado impulsiona as novas indústrias verdes

Acordo de Negócio de Crescimento Verde 10. Preparação de um Acordo de Negócio de Economia Verde

X X MPD (MIC) em coordenação com CTA e FEMA

11.Partilha de experiencias e práticas estimulam Economia Verde

Plataforma de Conhecimento de Economia Verde’

11. Criar um ‘Banco de Conhecimento de Economia Verde’ (website ligada à página do INE)

X INE ( MPD)

12. Investimentos financeiros (nacionais e IDE) apoiam Economia

Normas para alinhar os investimentos financeiros com as políticas de Economia

12.Desenvolver normas para alinhar os investimentos financeiros (nacionais e IDE) com as

X X BdM + CPI

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Verde Verde políticas de Economia Verde

13. Investimento efectivo e equitativo das receitas da indústria extractiva (e outras indústrias e empresas de

prestação de serviços)

a) Fundo de Investimento para Economia Verde

b) Responsabilidade Social e Ambiental Empresarial

13. Promover um Fundo de Investimento para Economia Verde

X MPD

(MIC, MIREM)

14. Avaliação Ambiental e Social Estratégica guia a elaboração de políticas e programas para Economia Verde

Avaliações Ambientais e Sociais Estratégicas para novas políticas

nacionais

14. Avaliação Ambiental e Social Estratégica a novas políticas nacionais

X X MICOA

15. Sinergia do Plano de Acção para Economia Verde com outros programas e políticas de

desenvolvimento

Acções de Economia Verde nas agendas do CONDES e dos Grupos de Trabalho Economia e de Mudanças Climáticas e

Ambiente

Integrar as acções de Economia Verde nas agendas do CONDES e dos Grupos de Trabalho Economia (GTE) e de Mudanças Climáticas e Ambiente

(GTMCA)

X X X CONDES + GTE, GTMCA

16. Recursos suficientes para o Plano de Acção para Economia Verde

Orçamentos completos e aprovados para o Plano de Acção para Economia Verde

16 Mobilizar recursos em fóruns nacionais e internacionais para financiar a implementação do Plano de Acção para Economia Verde

X X MICOA + MPD

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9. Referências

AEO, see ‘African Economic Outlook’

African Economic Outlook (2012) African Economic Outlook – Mozambique 2012

AfDB (2011) Republic of Mozambique: Country Strategy Paper 2011-2015

AfDB & WWF (2012.) Africa Ecological Footprint Report

AgDevCo & BAGC (2012) With AgDevCo support, smallholder farming undergoes a transformation in

Mozambique

AgDevCo & Guy Carpenter (2012) Beira Agricultural Growth Corridor launches Mozambique’s first ever

index-based weather micro-insurance product

Arnaldo C e Muanamoha R (2011) Comportamento demográfico e desafios de desenvolvimento sócio-

económico em Moçambique. Revista de Estudos Demográficos, Lisboa. pp 37-52

CRA (2011) Relatorio ao Governo 2010

Cunha & Mausse (2011) Setting up a social protection floor – Mozambique

Dalal-Clayton D (2012) The role of strategic environmental assessment in promoting a green economy –

review of experience and potential, Background document for the OECD DAC SEA Task Team workshop

on SEA and Green Economy, Lusaka, 17-18 January 2013, International Institute for Environment and

Development

Dondeyne S., Ndunguru E., Rafael P., and Bannerman J. (2009) Artisanal mining in central Mozambique:

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EITI (2012) Minutes of the Board Meeting, Lusaka, October 2012

FAO (2007) National fishery sector overview - Mozambique

FAO (2008) Mozambique Fisheries Overview

FAO (2010) Global Forest Resources Assessment Mozambique

FAO (2012) State of the world fisheries & aquacultura

GoM, see ‘Government of Mozambique’

Government of Mozambique (2003) Agenda 2025, Comité de Conselheiros

Government of Mozambique (2010a) Report on the Millennium Development Goals 2010

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Government of Mozambique (2010b) Plano Quinquenal do Governo 2010-2014

Government of Mozambique (2012) Green Economy Roadmap

ICF (2012) Natural Gas Master Plan Draft Report Presentation

IFC (2012) Notas de Orientação da Corporação Financeira Internacional: Padrões de Desempenho sobre

Sustentabilidade Socioambiental

INAQUA (2007) Estratégia de Aquacultura

INE (2012a) Anuário Estatístco 2011

INE (2012b) Contas Nacionais de Moçambique 2012

INGC (2009) Estudo sobre o impacto das mudanças climáticas no risco de calamidades em Moçambique

Relatório Síntese – Segunda Versão

iTC (2011) Relatório Anual - Ano 5 (Abril 2010 - Março 2011)

MICOA (2007) Estratégia Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável

MICOA & AFD (2009) Natural Resources, Environment, and Sustainable Growth in Mozambique

MICOA (2009) Climate Change Impacts in Urban Areas, Preliminary Assessmentand Proposed

Implementation Strategy

MICOA (2012) National Report on Environment and Development submitted to Rio+20

MINAG (2007) Inventario Florestal Nacional

MINAG (2010) Plano Estrategico para Desenvolvimento do Sector de Agricultural (PEDSA)

MINAG (2013) Plano Nacional de Investimento do Sector Agrário 2013-2017 (PNISA)

Ministério da Energia (2009) Energy Strategy

Ministério da Energia (2012a) Rapid assessment gap analysis report, S4All

Ministério da Energia (2012b) Mozambique Urban Biomass Energy Analysis 2012, Maputo-Matola-Beira-

Nampula

Ministério da Energia (2012c) Utilização de GN na Matriz Energética dos Transportes em Moçambique

Ministério da Energia (2012d) Model Urban Sustainable Energy Services (MUSES), ‘Promoting

Sustainable and Efficient Energy Performance of Buildings’

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MIREM (2012) Mining and Gas Technical Assistance Project, Preparation of a Strategic Environmental

and Social Assessment (SESA) for the Mining and Gas Sectors, Analytical and Public Participation

Components

MIREM/ICF (2012) Relatório final do estudo de base para a elaboração do plano director do gás natural

MISAU (2010) Estratégia Nacional para a Fortificação de Alimentos de Consumo Massivo em

Moçambique 2010-2015

MITUR (2004) Strategic Plan for the Development of Tourism in Mozambique (2004 – 2013)

MPD (2012) Estratégia Nacional de Desenvolvimento (v. 19.09.2012)

NEF (2012) Seven principles for measuring what matters

Nhancale, Mananze, Dista, Nhantumbo and Macqueen (2009) Small & medium sized forest enterprises

in Mozambique

OECD (2006) Good Practice Guidance on Applying SEA in Development Co-operation

OECD (2011) Towards Green Growth: Monitoring Progress, OECD Indicators

PIREP (2010) Perfil do Sector da Pescas

Savcor (2005) Investment Prospective for Forest Plantations in Mozambique

UEM & IWEGA (2011) An introduction to Water Economics and Governance in Africa Perspectives and

Visions, by Stefano Farolfi

UEM & IWEGA (2011) Policy Brief n. 1, September 2011, Water Economics and Governance in Africa

Perspectives and Visions, Summary and conclusions of the Workshop organized by IWEGA in Maputo on

the 13 June 2011, by Firmino G Mucavele and Stefano Farolfi

UNdata (2012) Mozambique Country Profile

UNEP/ILO/IOE/ITUC (2008) Green Jobs: Towards Decent Work in a Sustainable, Low-Carbon World,

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UNEP-WCMC (2012) Protected Planet, World Database on Protected Àreas, Mozambique <

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World Bank (2011) Africa Infrastructure Country Diagnostic, Country Report, Mozambique’s

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WWF (2012) Living Planet Report 2012