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PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ASSENTAMENTO JERUSALÉM Rubim-MG 2007 1 Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST

PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO … Finalizar um trabalho é olhar para trás e rever os diferentes momentos do caminho percorrido. Momentos muitas vezes marcados pela insegurança, pelas

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PLANO DE DESENVOLVIMENTODO ASSENTAMENTO

JERUSALÉM

Rubim-MG2007

1

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO - MDAINSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE MINAS GERAIS - SR/06

ASSOCIAÇÃO ESTADUAL DE COOPERAÇÃO AGRÍCOLA DE MINAS GERAIS

- AESCA

PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO

ASSENTAMENTO JERUSALÉM

Coordenação Geral

Grazianne Alessandra Simões RamosMaria Gabriela Ferreira da Mata

Equipe

Felipe de Resende - Geógrafo

Gilberto Eleodoro dos Santos Júnior – Engenheiro Agrônomo

Grazianne Alessandra Simões Ramos – Engenheira Florestal

Maria Gabriela Ferreira da Mata - Engenheira Agrônoma

Marília Carla de Mello Gaia - Bióloga - Mestre em Ciências, ênfase em Saúde Coletiva

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Ficha Catalográfica

Plano de Desenvolvimento do Assentamento Jerusalém.Resende, F., Santos Jr, G. E., Ramos, G. A. S., Mata, M.G. F.; Gaia, M. C. M. ; AESCA. Belo Horizonte, 2007.

“Em julho de 2002 foi feita a ocupação provisória em Almenara.

Em 10 de setembro, ocupação da Fazenda Iracema. Levanta-se a bandeira

vermelha!

A partir daí novas pessoas chegaram, vários planejamentos foram feitos,

vários sonhos foram concretizados...”

(Elias, assentado no Jerusalém)

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Agradecimentos

Finalizar um trabalho é olhar para trás e rever os diferentes momentos do caminho

percorrido. Momentos muitas vezes marcados pela insegurança, pelas incertezas,

intercalados por momentos de descoberta, de esperança e de expectativa.

Se este é um trabalho do qual os autores assumem as falhas, sua concretização e

seus acertos devem-se à contribuição de muitos. Assim, gostaríamos de agradecer,

especialmente:

Às famílias do Assentamento Jerusalém que, com generosidade, nos abriram suas

portas e nos permitiram partilhar de seu cotidiano e conhecer parte de suas histórias de

vida.

Aos companheiros (as) da equipe ampliada, Renata, William, Leonardo, Mateus,

Dayana, Cidona, José Maria, Eni, Zito, Leandra, Marili por considerarem as diversas

individualidades presentes na equipe, valorizarem as diferentes opiniões, mas sempre

prevalecendo pelos interesses da coletividade.

À Associação Estadual de Cooperação Agrícola de Minas Gerais (AESCA), por

propiciar condições para que o presente Plano se tornasse possível.

EquipeSetembro de 2007

Foto da capa: Parede de tijolo de barro de uma das casas do Assentamento Jerusalém e pé de mandioca,produto muito plantado e consumido na comunidade (Rubim-MG).

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ÍNDICE GERAL

I. APRESENTAÇÃO________________________________________________8

II. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR_____________________________10

2.1. Identificação da Entidade Responsável pela Elaboração do PDA____________________________10

III. PROCESSO METODOLÓGICO____________________________________11

3.1. Da Elaboração do Plano_____________________________________________________________11

3.2. Serviço de Assessoria Técnica, Social e Ambiental no Acompanhamento a Implantação do Plano_13

IV. INFORMAÇÕES GERAIS DO ASSENTAMENTO______________________14

V. LOCALIZAÇÃO E ACESSO_______________________________________16

VI. CONTEXTO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO ASSENTAMENTO__________________________________17

6.1. O Município de Rubim______________________________________________________________17

6.2. Condições Climáticas Dominantes na Microrregião_______________________________________19

6.3. Identificação da Bacia Hidrográfica____________________________________________________19

6.4. Situação Demográfica de Rubim_______________________________________________________22

6.5. Estrutura Fundiária_________________________________________________________________22

6.6. Nível Educacional da População_______________________________________________________23

6.7. Infra-Estrutura Social Básica_________________________________________________________256.7.1. Infra-Estrutura de Saúde_____________________________________________________________6.7.2. Saneamento Básico_________________________________________________________________6.7.3. Energia Elétrica____________________________________________________________________6.7.4. Comunicação______________________________________________________________________

6.8. Órgãos Públicos____________________________________________________________________26

6.9. Projetos de Assentamentos, unidades de conservação e área indígena.________________________26

6.10. Economia do Município e Microrregião________________________________________________27

VII. DIAGNÓSTICO DO ASSENTAMENTO_____________________________31

7.1. Levantamento Expedito do Meio Natural_______________________________________________317.1.1. Geomorfologia_____________________________________________________________________7.1.2. Classificação dos Solos______________________________________________________________7.1.3. Relevo___________________________________________________________________________7.1.4. Recursos Hídricos__________________________________________________________________

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7.1.5. Flora_____________________________________________________________________________7.1.6. Fauna____________________________________________________________________________7.1.7. Uso do Solo e Cobertura Vegetal_______________________________________________________7.1.8. Reserva Legal e Área de Preservação Permanente__________________________________________7.1.9. Estratificação Ambiental dos Agroecossistemas___________________________________________7.1.10. Capacidade de Uso da Terra_________________________________________________________7.1.11. Análise Sucinta dos Potenciais e Limitações dos Recursos Naturais e da Situação Ambiental_______

7.2. Organização Territorial Atual________________________________________________________50

7.3. Diagnóstico do Meio Sócio-Econômico e Cultural_________________________________________517.3.1. Histórico de Conquista da Terra________________________________________________________

7.3.1.1. Escolha do Nome do Assentamento e Núcleos________________________________________7.3.2. População, Organização Social e Relações Externas________________________________________

7.3.2.1. Perfil Geral das Famílias Assentadas________________________________________________7.3.2.2. Organização Social______________________________________________________________

7.3.3. Infra-Estrutura Física, Social e Econômica_______________________________________________7.3.4. Sistema Produtivo__________________________________________________________________

7.3.4.1. Sistema agropecuário existente____________________________________________________7.3.4.2. Organização do trabalho__________________________________________________________7.3.4.3. Agroindustrialização da produção__________________________________________________7.3.4.4. Atividades produtivas não-agrícolas________________________________________________7.3.4.5. Mulheres e jovens_______________________________________________________________7.3.4.6. Análise Sucinta do Sistema Produtivo_______________________________________________

7.3.5. Serviços de Apoio à Produção_________________________________________________________7.3.5.1. Assessoria Técnica e Pesquisa_____________________________________________________7.3.5.2. Crédito_______________________________________________________________________7.3.5.3. Capacitação Profissional_________________________________________________________

7.3.6. Serviços Sociais Básicos_____________________________________________________________7.3.6.1. Educação_____________________________________________________________________7.3.6.2. Saúde e Saneamento_____________________________________________________________7.3.6.3. Cultura e Lazer_________________________________________________________________7.3.6.4. Habitação_____________________________________________________________________7.3.6.5. Outros Programas Governamentais e Não-Governamentais______________________________

7.4. Síntese das Limitações, Potencialidades e Condicionantes__________________________________86

VIII. PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL______90

8.1. Objetivos e Diretrizes Gerais_________________________________________________________908.1.1. Organização Territorial______________________________________________________________8.1.2. Serviços Sociais____________________________________________________________________8.1.3. Sistema Produtivo__________________________________________________________________8.1.4. Meio Ambiente____________________________________________________________________8.1.5. Desenvolvimento Organizacional______________________________________________________8.1.6. Serviços de Assessoria Técnica, Social e Ambiental no Acompanhamento à Implantação do Plano.______________________________________________________________________________________

8.2. Programas________________________________________________________________________8.2.1. Programa de Organização Territorial____________________________________________________

8.2.1.1.Unidades Produtivas_____________________________________________________________8.2.1.2. Infra-estrutura Básica___________________________________________________________102

8.2.2. Programa Produtivo _____________________________________________________________1088.2.3. Programa Social___________________________________________________________________121

8.2.3.1. Habitação____________________________________________________________________1228.2.3.2. Saneamento e Saúde____________________________________________________________1258.2.3.2.1. Construção de Tanques Sépticos_________________________________________________1268.2.3.2.2. Tratamento da Água__________________________________________________________1288.2.3.2.3. Atenção à Saúde_____________________________________________________________1308.2.3.3. Educação____________________________________________________________________133

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8.2.3.4. Cultura, Esporte e Lazer_________________________________________________________1378.2.4. Programa Ambiental_____________________________________________________________138

8.2.4.1. Recuperação de Áreas Degradadas_________________________________________________1408.2.4.2. Recuperação e Manutenção da Vegetação das Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal através de Plantio de Mudas_______________________________________________________1448.2.4.3. Manejo e Recuperação de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente do AssentamentoJerusalém___________________________________________________________________________1498.2.4.4. Extração de Lenha_____________________________________________________________1508.2.4.5. Estratégias para Recuperação da Água______________________________________________1508.2.4.6. Manejo Ecológico do Solo_______________________________________________________152

8.2.5. Programa de Desenvolvimento Organizacional e de Gestão do Plano__________________________1578.2.6. Assessoria Técnica, Social e Ambiental (ATES)__________________________________________158

8.3. Análise de Viabilidade Econômica____________________________________________________1598.3.1. Por Projeto, Subprograma e/ou Programa_______________________________________________1598.3.2. Do Plano________________________________________________________________________166

8.4. Investimentos Totais e Usos/Fontes de Financiamento____________________________________166

IX. BIBLIOGRAFIA_______________________________________________168

ANEXOS_______________________________________________________173

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I. APRESENTAÇÃO

Este Plano de Desenvolvimento de Assentamento (PDA) foi realizado na

mesorregião Jequitinhonha, microrregião homogênea de Almenara, do Estado de Minas

Gerais, município de Rubim, no Assentamento Jerusalém, área do Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sob a jurisdição da Superintendência Regional 06

do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA-SR/06).

As famílias do Assentamento Jerusalém estão organizadas em três Núcleos:

Esperança do Vale, Nossa Senhora Aparecida e Zumbi dos Palmares. Estes foram

compostos de acordo com a afinidade entre as famílias e as possibilidades atuais e futuras

de desenvolvimento de trabalhos cooperados. A maioria das famílias participou da

elaboração deste Plano por meio de técnicas participativas que possibilitaram às mesmas

expressarem seus problemas e suas perspectivas em relação ao futuro do Assentamento.

O PDA pretende ser um plano de ações de sustentabilidade, norteado a partir da

organização de questões sociais, políticas, econômicas e ambientais. Este Plano constitui,

assim, um documento que orientará as ações das famílias para consolidação do

Assentamento, diante da instituição financiadora a União, representada pelo INCRA como

órgão empreendedor e pelo serviço de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (ATES)

como fomentador, além de facilitar o diálogo das famílias com as diversas

organizações/entidades parceiras.

O presente relatório foi estruturado em sete partes, além da “Apresentação”. A

Parte II consiste na “Identificação do Empreendedor” e da entidade responsável pela

elaboração do Plano. Na Parte III, “Processo Metodológico”, é apresentada a metodologia

utilizada na elaboração do Plano. Na Parte IV são descritas as “Informações Gerais do

Assentamento”. Na Parte V, “Localização e Acesso”, é descrita a localização do

Assentamento em relação ao município de Rubim e à capital do Estado, assim como as

distâncias e as vias de acesso à sede do município. Na Parte VI, “Contexto Sócio-

Econômico e Ambiental do Município de Rubim”, são apresentados os aspectos

econômicos, sociais e geográficos do município onde está inserido o Assentamento. Na

Parte VII, “Diagnóstico do Assentamento Jerusalém”, são apresentadas as informações

primárias e secundárias coletadas pela equipe. Na Parte VIII denominada “Plano de Ação

8

para o Desenvolvimento Sustentável”, é apresentada a análise da viabilidade econômica de

cada Programa e do Plano como um todo.

O sucesso do trabalho deve-se, sobretudo, às famílias do Assentamento Jerusalém

que não mediram esforços para participar e colaborar intensamente do processo de

construção do PDA, acreditando em sua importância.

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II. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)

Superintendência Regional de Minas Gerais (SR/06)

Inscrição no CNPJ: 00.375.972/0008-37

Av. Afonso Pena, 3.500 - Bairro Cruzeiro - CEP 30130-009 - Belo Horizonte/MG

Fones: (31) 3281 8659 - 3281 8654 - Fax: 3281 8653

Superintendente: Marcos Helênio Leoni Pena

CPF: 074.457.846-91

Tel.: (31) 3282 7162 - Fax: 3282 7162

E-mail: [email protected]

2.1. Identificação da Entidade Responsável pela Elaboração do

PDA

Associação Estadual de Cooperação Agrícola do Estado de Minas Gerais (AESCA)

Inscrição no CNPJ: 02.089.917/0001-30

Rua São Paulo, 818 Sala 1.201 - Bairro Centro - CEP 30170-131 - Belo Horizonte/MG

Fone: (31) 3224 0696

Secretário Geral: Claudia Regina Gonçalves dos Santos

CPF: 043.827.806-24

E-mail: [email protected]

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III. PROCESSO METODOLÓGICO

3.1. Da Elaboração do Plano

Ao longo da construção do Plano de Desenvolvimento do Assentamento Jerusalém,

procuramos respeitar a autonomia das famílias assentadas, fazendo valer suas opiniões e

sugestões. Portanto, a base de elaboração deste Plano encontra-se na capacitação para o

planejamento e gestão democrática como método pedagógico. O processo metodológico

utilizado para elaboração do presente Plano fundamentou-se no diagnóstico participativo,

problematização da realidade vivenciada e elaboração de diretrizes para o futuro do

Assentamento (Programas).

A preocupação da equipe de planejadores foi de transcrever os problemas e anseios

das famílias da forma mais original possível, dando destaque para as áreas social e

produtiva. Também foram levantadas informações sobre os diferentes atores sociais,

presentes ou não no âmbito do Assentamento, assim como sua possível atuação e

importância para a consolidação do mesmo.

O diagnóstico qualitativo e quantitativo da situação geral do Assentamento

Jerusalém, bem como a problematização da realidade foram realizados em março e maio

de 2006. Com objetivo de identificar e descrever a realidade foram aplicados questionários

às famílias, realizadas algumas entrevistas e discussões em grupo.

Posteriormente, iniciou-se a etapa de elaboração de diretrizes e a conseqüente

construção do Plano, através de discussões temáticas e a planificação das futuras atividades

a serem realizadas no Assentamento. A partir de então, por meio das demandas propostas,

criaram-se planos temáticos, intimamente ligados entre si, tendo como temas, soberania

alimentar, organização territorial, produção agropecuária, formação, meio ambiente, além

das estratégias sociais.

Para o levantamento dos recursos naturais existentes na área do Assentamento e

visualização das possibilidades de parcelamento, a equipe recorreu ao conhecimento

empírico das famílias assentadas, bem como caminhadas técnicas para reconhecimento do

ambiente e pesquisa bibliográfica para complementação das informações. Estas

caminhadas foram realizadas em maio de 2006 (Foto 01).

Com base nas diversas informações levantadas em discussões realizadas, e tentando

conciliar o desejo das famílias sobre o parcelamento e as condições ambientais e

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topográficas da área, a proposta de organização territorial do Assentamento foi apresentada

às famílias em novembro de 2006 e, após algumas sugestões, aprovada pelas famílias do

Assentamento Jerusalém (Foto 02).

O Instituto Estadual de Florestal (IEF) esteve presente na área a fim de fazer o

reconhecimento desta. Tal órgão concordou com a proposta elaborada de Reserva Legal e

Área de Preservação Permanente do Assentamento Jerusalém, no município de Rubim.

FOTO 01: CAMINHADA NA ÁREA DO ASSENTAMENTO JERUSALÉM

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FOTO 02: DISCUSSÃO SOBRE A PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL

3.2. Serviço de Assessoria Técnica, Social e Ambiental no

Acompanhamento a Implantação do Plano

Visando o acompanhamento à implantação do presente Plano, o profissional

responsável pelo programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental do Assentamento

Jerusalém participou do processo de construção do mesmo.

Técnicas de pesquisa qualitativa foi o principal instrumento utilizado para o

acompanhamento à implantação deste Plano. O processo da pesquisa qualitativa se

desenvolve em uma interação dinâmica, por meio de retroalimentação e reformulações

constantes, criando condições para obtenção de uma efetiva monitoria e avaliação. O

caráter interativo possibilitará ao profissional de ATES modificar e reformular os

programas previstos, o que tornará possível:

• Readequar procedimentos e ações.

• Reorientar/reformular objetivos e metas.

• Reorientar decisões e estratégias.

• Redefinir ações de acordo com a dinâmica da realidade local.

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IV. INFORMAÇÕES GERAIS DO ASSENTAMENTO

• Denominação do imóvel: Fazenda Iracema

• Denominação da Área: Assentamento Jerusalém

• Data de decreto de desapropriação: 06/04/2004

• Data da imissão na posse: 18/10/2004

• Data de criação do PA: 30/05/2005

• Distância da sede municipal: 8 km em relação à sede do município de Rubim

• Valor total dos investimentos realizados em benfeitorias e créditos: Após a imissão,

na posse, não foi realizado nenhum investimento em benfeitoria. Quanto aos

investimentos em créditos, as famílias já acessaram a primeira parte do Crédito de

Instalação, na modalidade Apoio, no valor de R$ 2.400,00.

• Área total: Registrada e Medida: 1.943,82 ha e 1.936,1286 ha

• Área fornecida pelo INCRA através do mapa de perímetro: 1.953,9546 ha

• Área requerida na lei de Reserva Legal: 387,22572 ha

• Área efetiva de Reserva Legal (a ser averbada): 427,4206 ha

• Área requerida na lei de Preservação Permanente: margem dos cursos d’água e

entorno das nascentes (156,8605 ha).

• Área efetiva de Preservação Permanente: 156,8605 ha

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• Capacidade de Assentamento do imóvel em termos de famílias: 40 famílias, de

acordo com Laudo de Agronômico de Fiscalização e Avaliação de Imóvel Rural,

realizado pelo INCRA-SR/06 em julho de 2003.

• Área média das parcelas (área útil/família, livre para cultivo): 32,8260 ha

• Número de famílias atual x capacidade de Assentamento prevista na portaria de

criação: 40 famílias x 40 famílias

• Entidade representativa dos assentados: Associação Estadual de Cooperação

Agrícola do Estado de Minas Gerais (AESCA)

Inscrição no CNPJ: 02.089.917/0001-30

Rua São Paulo, 818 Sala 1.201 - Bairro Centro - CEP 30170-131 - Belo

Horizonte/MG

Fone: (31) 3224 0696

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V. LOCALIZAÇÃO E ACESSO

O Assentamento Jerusalém, antiga fazenda Iracema, está localizado no município

de Rubim. Este município está situado na mesorregião do Jequitinhonha, faz parte da

microrregião geográfica de Almenara, situada no Médio Jequitinhonha, no estado de Minas

Gerais, limitado pelas coordenadas geográficas de 16° 22’ 19’’ de latitude sul e 40° 32’

25’’ de longitude oeste (Figura 1).

FIGURA 1. LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE RUBIM.Fonte: Sítios Descubra Minas e DER/MG

O acesso ao Assentamento é realizado da seguinte forma: partindo da praça

principal de Rubim, percorre-se 8 Km pela rodovia estadual MG-406, sentido Rio do

Prado. A sede do Assentamento está situada a 400 m, lado esquerdo da rodovia.

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VI. CONTEXTO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL DAÁREA DE INFLUÊNCIA DO ASSENTAMENTO

6.1. O Município de Rubim

O município de Rubim recebeu como primeiro nome União e está localizado na

unidade geomorfológica conhecida como “Planaltos Dissecados do Centro Sul e do Leste

de Minas”. Abrange uma área de 972,1 Km².

Conservando as tradições como de grupos folclóricos: Os Coquis, Boi de Janeiro e

Maria Pé Roxo, Rubim é considerada o berço da cultura jequitinhonhense. Reúne uma

geração de conservadores da cultura local, como poetas, músicos e cantadores, destaque-se

neste grupo: Tuta Antunes, Ivan Rubim, João Berlindo, Rubinho do Vale, dentre outros

(ALMG, 2006).

Segundo ALMG (2006), a história da cidade inicia-se com Tiago José de Almeida,

como desbravador, chegando à região do município. Posteriormente, chega um engenho

baiano expulsando os índios, derrubando as matas a fim de realizar suas plantações. Quinto

Fernandes, conhecido também como Quintão Fernandes Ruas, em 1918, toma posse de

algumas terras e forma um pequeno povoado cuja característica principal era a harmonia

existente entre seus moradores. Por este fato, o local do povoado, pertencente à região do

Jequitinhonha, recebe o nome de União e em 1923 é elevado a distrito chamando-se

Rubim. Em 1938, passa a distrito de Almenara e em 1943 é emancipado.

Os limites geográficos de Rubim são os municípios:

• Jacinto

• Almenara

• Jequitinhonha

• Felisburgo

• Rio do Prado

• Palmópolis

• Santo Antônio do Jacinto

O município de Rubim está localizado na região dos Planaltos Dissecados que

ocupam grande extensão no Estado de Minas Gerais. De maneira generalizada em toda a

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extensão dos planaltos, a dissecação fluvial atuante nas rochas predominantemente granito-

gnáissicas do embasamento pré-cambriano resultou em formas de colinas e cristas com

vales encaixados e/ou fundo chato. Já no setor leste, a dissecação fluvial produziu os

pontões e mornes, que ocorrem isolados, associados às colinas ou em grupamentos, este é

um relevo peculiar em afloramentos rochosos. Seu relevo apresenta uma topografia com as

seguintes características: 10% é plano, 30% ondulado e 60% montanhoso.

Predomina na região a classe dos LATOSSOLOS e todas as suas variações. Grande

parte dos LATOSSOLOS apresenta caráter eutrófico, devido ao clima seco da região,

apresentando maior fertilidade natural devido à alta saturação de bases.

O município de Rubim apresenta os solos tipo ARGISSOLOS, com um gradiente

textural do horizonte A para o B, tendo assim, solos mais arenosos superficialmente e mais

argilosos no horizonte B. E apresenta também NEOSSOLOS e GLEISSOLOS que surgem

ao longo dos principais cursos d’água da região.

Sua altitude varia de 242 m (mínima) à máxima de 999 m (ALMG, 2006).

A região está inserida no domínio do bioma Mata Atlântica. Sua cobertura vegetal

primitiva é formada pela floresta subperenifólia.

A Mata Atlântica reveste, em geral, terras boas para o desenvolvimento de

atividades agrícolas e contém a maioria das madeiras nobres utilizadas para a construção

civil e em marcenaria e por isso, tem sofrido grande intervenção humana, onde são raras as

matas virgens. Normalmente nestas áreas vê-se a formação secundária mais conhecida

como Capoeira, que substitui juntamente com as pastagens, praticamente todas as matas

primitivas existentes na região. Hoje, têm-se poucas e pequenas manchas remanescentes.

Segundo o censo agropecuário 1995/96 do IBGE, a ocupação do solo no município

de Rubim resulta no quadro abaixo:

QUADRO 01: OCUPAÇÃO DO SOLO NO MUNICÍPIO DE RUBIM – MINAS GERAISTIPO DE OCUPAÇÃO ÁREA (ha) %

Pastagens naturais e temporárias 71.584,1 83,87Lavouras em descanso/ terras produtivas não utilizadas 4.969,1 5,82Matas naturais e plantadas 4.961,0 5,81Terras inaproveitáveis 3.127,5 3,66Lavouras permanentes e temporárias 714,2 0,84TOTAL 85.355,9 100,00

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O município dista 37 Km de Almenara, 764 Km de Belo Horizonte, 1.030 Km de

Brasília, 1.015 Km do Rio de Janeiro, 1.325 Km de São Paulo e 880 Km de Vitória. A

principal rodovia que serve de acesso ao município é a BR-367.

A agropecuária é a principal atividade econômica do município, sendo a pecuária o

forte da zona rural. Na produção agrícola destacam-se as culturas: do milho, cana-de-

açúcar, mandioca, café e feijão. Na agroindústria destaca-se a produção de aguardente,

farinha e derivados da mandioca, manteiga e queijo. Destaca-se ainda a produção de leite,

ovos de galinha e mel de abelha. O município apresenta ainda, em sua base econômica, os

setores de comércio de mercadorias e de serviços.

6.2. Condições Climáticas Dominantes na Microrregião

O clima dominante na região, segundo a classificação de Koppen, é do tipo Aw -

Clima Tropical Úmido (Megatérmico) de savana, com duas estações definidas, uma com

verão chuvoso e outra com inverno seco.

O déficit hídrico anual estimado é da ordem de 350 mm, e a precipitação média

anual é de 877 mm, sendo as máximas precipitações observadas nos meses de janeiro,

fevereiro e março enquanto as mínimas ocorrem nos meses de julho, agosto e setembro,

sendo, portanto, o trimestre mais seco do ano.

A temperatura média anual é de 22,1 oC, sendo a média máxima anual equivalente a

27,9 oC e a média mínima anual de 17,7 oC, segundo ALMG (2006).

6.3. Identificação da Bacia Hidrográfica

A hidrografia do município pertence à bacia do rio Jequitinhonha (Anexo 1 - Mapa

A1), tendo o rio Rubim e o ribeirão Rubim de Pedras como principais cursos d’água, que

se encontram e vão desaguar no Rio Jequitinhonha.

A área da bacia abrange grande parte do nordeste do Estado de Minas Gerais e uma

pequena parte do sudeste da Bahia. Contém uma área total de 70.315 Km², assim

distribuídos: 66.319 Km² situam-se em uma das regiões mais secas do Estado de Minas

Gerais com precipitações médias anuais de 600 mm e o restante, 3.996 Km², estão

localizados na faixa litorânea mais úmida do sudeste do Estado da Bahia.

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Esta bacia está compreendida entre os paralelos 16° e 18°S e os meridianos 39° e

44°W. Ela abrange 11,3% da área do Estado de Minas Gerais e 0,8% do Estado da Bahia.

Combinando-se a área dos dois Estados, a Bacia do Rio Jequitinhonha equivale a 6,1%

desta área combinada.

Compreende, atualmente, 6 mesorregiões com 63 municípios onde 41 municípios

estão totalmente incluídos nesta bacia e 22 estão parcialmente. Das 6 mesoregiões, 4 são

mineiras: Jequitinhonha, Metropolitana de Belo Horizonte, Norte de Minas e Vale do

Mucuri. E ainda abrange as microrregiões de Almenara, Araçuaí, Capelinha, Diamantina,

Pedra Azul, Conceição de Mato Dentro, Bocaiúva, Grão Mogol, Janaúba, Salinas e Teófilo

Otoni. Na Bahia, a área pertinente à bacia compreende setores das mesorregiões do Centro-

Sul Baiano e Sul Baiano, que englobam as microrregiões de Itapetinga, Ilhéus-Itabuna e

Porto Seguro.

Na região, o mais importante rio é o Jequitinhonha. Porém ele vem sofrendo fortes

modificações no seu ciclo hidrológico devido ao desmatamento para possibilitar atividades

agro-pastoris, à mineração e à garimpagem em seu alto curso e em alguns dos seus

afluentes ao longo dos anos. Em todo o vale, observou-se, a formação de densos terracetes

de pisoteio nas encostas.

Todo o leito do Jequitinhonha encontra-se assoreamento extensivo.

A região da bacia do Rio Jequitinhonha tem sido caracterizada nos vários estudos lá

realizados como: a região deprimida. Isso se dá porque os índices de miséria, de pobreza,

mortalidade, desemprego, desnutrição, analfabetismo e infra-estrutura sócio-econômica são

elevados em grande parte dos municípios. Isto implica em um amplo inchamento dos

grandes centros urbanos provocados pelo êxodo rural e um esvaziamento demográfico

persistente.

A agropecuária responde por 30% do PIB da região. Este baixo desempenho tem

como agentes relevantes as restrições hídricas e as secas periódicas regional. Esses fatores

acrescidos à falta de investimentos públicos e privados corroboram a tese de que a região

expulsa sua população.

No entanto, os governos estaduais vêm desenvolvendo a malha viária e de

distribuição de energia elétrica como forma de canalizar recursos para implantação de

indústrias e melhorar o escoamento de produtos gerados na região, facilitar a entrada e a

circulação de produtos provenientes de outros locais a fim de, gradativamente, modificar

esse quadro depressivo e triste da região.

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Grande parte dos municípios da bacia do Jequitinhonha está enquadrada na área de

atuação da SUDENE, porém, tem-se discutido a colocação de toda a bacia sob sua

jurisdição. A região do município de Rubim faz parte da área mineira da SUDENE

implicando em restrições de zoneamento.

O Rio Jequitinhonha nasce nas serras do Espinhaço, a sul da cidade de Diamantina,

nos arredores da localidade de Capivari, sopé do Morro Redondo, a uma altitude de,

aproximadamente, de 1.200m.

A bacia do Rio Jequitinhonha limita-se a norte com a bacia do Rio Pardo, a sul com

a bacia do Rio Doce, a sudeste, situam-se divisores do Mucuri e de várias pequenas bacias

independentes; a oeste, o maciço do Espinhaço é divisor da bacia do rio São Francisco; e a

leste, situa-se o Oceano Atlântico. Os principais afluentes do rio Jequitinhonha são os rios

Itacambiruçu, Salinas, São Pedro e São Francisco pela margem esquerda, e Araçuaí, Piauí

e São Miguel, pela margem direita.

No período de 1750 a 1900, a bacia do rio Jequitinhonha era formada por 11

municípios, sendo 9 no Estado de Minas Gerais e 2 no Estado da Bahia.

A origem do povoamento da bacia do rio Jequitinhonha se deu no século XVII com

a corrida do ouro. A procura do ouro e do diamante levou muitos aventureiros para a

região. E nesta procura iam se instalando e construindo vilarejos ao longo dos principais

rios e riachos da região. Em meados do século XIX, com o declínio da mineração a região

passa a desenvolver a pecuária e agricultura, sendo sua estrutura fundiária sedimentada na

agricultura de subsistência. Já no século XX, foram criados 20 novos municípios

desmembrados da parte média da bacia, tendo como base econômica a pecuária extensiva.

Nas décadas de 50 e 60, a bacia já exibia quase toda a formação administrativa

atual. Nesta época, introduziram-se na bacia culturas comerciais como o algodão e o

reflorestamento, o que refletiu na estrutura agrária e produtiva da mesma. Mesmo diante

deste quadro, a pecuária bovina de caráter extensivo e agricultura de subsistência

continuaram a ser base da economia, porém regional.

O clima da Bacia do Rio Jequitinhonha varia de semi-árido a úmido, com índices

pluviométricos compreendidos entre 600 mm a mais de 1600 mm, distribuídos

irregularmente ao longo do ano. O trimestre de dezembro a fevereiro é onde se concentra

mais de 50% da precipitação total. A temperatura média anual varia de 21° a 24 °C, sendo

o mês mais quente fevereiro e o mais frio, junho. A bacia como um todo possui níveis de

deficiência hídrica elevada devido a alta evapotranspiração e baixa pluviometria.

21

A bacia, devido a sua grande extensão, contém vários tipos de vegetação, sendo

eles: Floresta Ombrófila, Floresta Estacional, Cerrado, Caatinga, Formações Pioneiras

(florestas de restinga e manguezais).

6.4. Situação Demográfica de Rubim

O Censo Demográfico de 2000 contabilizou uma população de 9.642 habitantes no

município de Rubim. Desse total, 7.533 são residentes na zona urbana e apenas 2.109 na

zona rural. A densidade demográfica do município é de 9,9 habitantes/Km2 (ADH Brasil,

2003). A população estimada para Rubim em 2005 é de 8.973 habitantes (IBGE, 2005).

Em 1991, a população urbana em Rubim era de 7.269, já a rural, 3.503, portanto, a

população total do município neste ano era de 10.772 habitantes. Em 2000, a população

urbana cresce para 7.533, no entanto, a rural passa a somar 2.109 habitantes no total.

Portanto, neste período de 1991-2000, a população de Rubim diminuiu de 10.772

habitantes para 9.642 habitantes, ou seja, houve um decréscimo de aproximadamente

10,49% na população de Rubim. Pode-se afirmar que um dos fatores de diminuição da

população do município foi o êxodo rural, já que nesse período a população urbana

cresceu, porém a rural diminuiu muito.

6.5. Estrutura Fundiária

Segundo IBGE (1997), a estrutura de posse na bacia do rio Jequitinhonha não foge

ao padrão usual do Brasil, onde ocorre grande concentração de terras nas mãos de poucos

proprietários e um percentual muito baixo distribuído para um grande número de

produtores. Ao elaborar-se o Coeficiente de GINI e a curva de Lorentz encontra-se para a

bacia do Jequitinhonha um coeficiente de concentração de 41,04% em 1985.

De acordo com dados do IBGE – Censo Agropecuário 1995/96, existiam 454

propriedades rurais cadastradas no município de Rubim em 1995/96, possuindo uma

estrutura fundiária conforme a tabela abaixo:

TABELA 1. PERFIL DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO MUNICÍPIO DE RUBIM,PERÍODO 1995/96

22

Classes Número de Imóveis %Menos de 10 ha 25 5,51De 10 a 100 ha 209 46,04De 100 a 200 ha 87 19,16De 200 a 500 ha 91 20,04De 500 a 2000 ha 40 8,81Acima de 2000 ha 2 0,44Total 454 100,00

Fonte: INCRA-SR/06, 2003

Pode-se observar que mais de 90% dos estabelecimentos rurais possuem área

inferior a 500 ha, ou 25 alqueires (na região, 1 alqueire = 19,36 ha). Enquanto um pouco

mais de 9% possuem áreas maiores que 500 ha. Confirmando a estrutura de posse da terra

na bacia do rio Jequitinhonha, o município de Rubim apresenta grande concentração de

terras com um número elevado de estabelecimentos ocupando pequenas áreas, enquanto

um número pequeno de pessoas possui grandes extensões de terras.

6.6. Nível Educacional da População

O sistema educacional do município de Rubim contempla os níveis de ensino,

segundo dados de 1998: pré-escola/ alfabetização (com 3 estabelecimentos urbanos e

nenhum rural); fundamental (com 4 escolas urbanas e 13 rurais) e médio (com 1

estabelecimento urbano e nenhum rural).

Os Censos Escolares de 1996-2000 registraram o seguinte quadro evolutivo das

matrículas de acordo com os níveis de ensino:

TABELA 2. EVOLUÇÃO DAS MATRÍCULAS POR NÍVEL DE ENSINO, 1996 -2000Nível de Ensino 1996 1997 1998 1999 2000

Pré-escola 477 483 441 352 274Classe de alfabetização - - - - -Ensino Fundamental 2240 2324 2554 2477 2343Ensino Médio 182 201 217 280 325

Fonte: INCRA-SR/06, 2003

Além do ensino médio convencional (sem habilitação), o município de Rubim

conta com ensino profissionalizante ou pós-médio, a partir do ano de 2002 (ALMG, 2006).

Já em 2004, segundo dados do MEC/INEP, o município de Rubim é constituído

pelas redes públicas de ensino: estadual e municipal. Sendo, 2 escolas municipais a nível

infantil, 10 escolas públicas a nível fundamental, onde 3 são estaduais e 7 municipais, e, 1

23

escola estadual de nível médio. Não há ensino superior no município e tampouco rede

particular. Neste mesmo ano, o Censo Educacional de 2004 do MEC/INEP registrou 301

matrículas no ensino infantil, 2.409 matrículas no ensino fundamental (sendo 1385 na rede

estadual e 1.024 na rede municipal), e ainda, 461 matrículas no ensino médio.

O Censo registrou ainda 13 docentes no ensino infantil, 123 no ensino fundamental

(78 na rede estadual e 48 na rede municipal) e 19 docentes no ensino médio.

No ano de 1991, 33,12% da população de jovens entre 15 a 17 anos freqüentavam a

escola e 16,30% eram analfabetas. Em 2000, o nível educacional do município avançou

nesta faixa etária, tendo 74,77% da população juvenil de 15 a 17 anos na escola e 3,14%

analfabetas. As pessoas com menos de 4 anos de estudo em 1991 eram 45,41%, em 2000

eram 20,13%. Já com menos de 8 anos de estudo, em 1991 tem-se 94,17% e em 2000,

76,12%. Em 1991, 4,43% desta população estavam no ensino médio, porém 4,47% destes

tinham acesso ao ensino médio. Em 2000, 19,77% estavam no ensino médio, entretanto

19,81% com acesso ao ensino médio (ADH Brasil, 2003).

Apesar do nível educacional de Rubim estar avançando, deve-se olhar esta

realidade com preocupação. Vê-se que a maioria dos jovens completa o ensino

fundamental e param de estudar e pelos dados vistos acima, pode-se dizer que um dos

motivos é a falta de acessibilidade ao ensino, fato extremamente preocupante e reprodutor

da exclusão e marginalização social.

No ano de 2000, Rubim apresentou 63,7% da população adulta de 25 anos ou mais

com menos de 4 anos de estudos e 86,7% desta mesma população com menos de 8 anos de

estudos (ADH Brasil, 2003).

Pode-se ressaltar a partir destas informações a realidade social do país, em que uma

parcela considerável da população ainda é excluída e marginalizada do direito social da

educação; realidade esta que pode ser minimizada se forem efetivadas parcerias para o

acesso das famílias de assentamentos rurais à educação, constituindo-se escolas rurais nas

áreas, cursos, alfabetização de jovens e adultos, dentre outros projetos e parcerias que

priorizem a educação popular.

6.7. Infra-Estrutura Social Básica

6.7.1. Infra-Estrutura de Saúde

24

A infra-estrutura de saúde do município de Rubim conta com Rede Hospitalar e

Ambulatorial (SUS/2000).

O município tem: 1 hospital, 1 posto de saúde urbano, 1 posto de saúde rural, 1

centro de saúde, 1 ambulatório, 6 consultórios e 66 leitos hospitalares, dos quais 58 é

disponibilizado ao SUS. A cidade possui 4 médicos (as), 6 odontólogos (as), 1 laboratório,

2 farmácias, 1 equipe de saúde familiar, 1 serviço de ambulância.

As doenças endêmicas de Rubim são: verminose, chagas, hanseníase e dengue. A

taxa de mortalidade infantil do município caiu de 53,4/1000 nascidos vivos em 1990 para

41,6/1000 nascidos vivos em 1998 (IBGE, 2006). No período de 1991-2000, a mortalidade

infantil município do diminuiu 11,74%, passando de 69,65/1000 nascidos vivos em 1991

para 61,47/1000 nascidos vivos e a esperança de vida ao nascer cresceu de 56,9 para 61,4,

ou seja, 4,5 anos (ADH, 2003).

Constituída por 5 estabelecimentos, sendo 4 públicos e 1 privados. Os 5

estabelecimentos efetuam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 1 destes

estabelecimentos há serviço de internação pública e 1 com internação privada, em 3

estabelecimentos não há serviço de internação.

Em Rubim há um estabelecimento de saúde público de apoio à diagnose e terapia

Existe apenas 1 equipamento de diagnóstico através de imagem, 1equipamento de infra-

estrutura, 2 equipamentos por métodos gráficos, 5 equipamentos para manutenção da vida,

2 eletrocardiógrafos, 1 equipamento de Raio X de 100 a 500 mA (IBGE, 2006).

6.7.2. Saneamento Básico

Segundo ALMG (2006), a concessionária de água do município é a COPASA e a

concessionária de esgoto é a prefeitura municipal de Rubim.

No período de 1991 a 2000, os acessos aos serviços básicos de água encanada

cresceu 17,1, passando de 37,2 para 54,3. A energia elétrica neste mesmo período passou

de 56,4 para 85,4 crescendo, portanto, 29 e a coleta de lixo cresceu 27,7 passando de 43,9

em 1991 para 71,6 em 2000 (ADH, 2003). Vê-se, portanto, que o crescimento no acesso a

serviços básicos é fruto do investimento governamental no município, possibilitando ao

povo melhores condições de vida.

6.7.3. Energia Elétrica

25

Os serviços de energia elétrica rural e urbana em Rubim são executados pela

Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG). Segundo a CEMIG em 2003, existiam

apenas 194 consumidores na zona rural do município, num total de 2.871 consumidores

representando, portanto, 6,75% do total de consumidores do município (ALMG, 2006).

No município foi implantado o Programa Nacional de Universalização do Acesso e

Uso da Energia Elétrica - Luz para Todos – que tem o objetivo de levar energia elétrica até

as mais distantes propriedades rurais, inclusive em projetos de Assentamentos de Reforma

Agrária (CEMIG, 2005).

6.7.4. Comunicação

A concessionária dos serviços de telefonia no município é a CTGV nos sistemas

DDD e DDI. Conta com 6 linhas rurais e o município indispõe de telefonia móvel

(celular). Existem 1 emissora de rádio e imagem televisiva dos principais canais do país,

não dispões de jornais, conta ainda com uma instituição financeira, agência do Banco do

Brasil, além dos serviços das agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

(EBCT) (ALMG, 2006 e INCRA/ SR-06, 2003).

6.8. Órgãos Públicos

O município é atendido pela Polícia Militar de Minas Gerias – Destacamento Local,

pela EMATER – Escritório Local, Cartório de Notas e Registro Civil, IMA – Escritório

Local, Prefeitura Municipal e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT).

6.9. Projetos de Assentamentos, unidades de conservação e área

indígena.

Segundo INCRA/ SR-06 (2003), na região do médio Jequitinhonha existem 8

projetos de assentamentos criados pelo INCRA, são eles:

• P. A. Santa Cruz em Rio Prado com 40 famílias

• P. A. Brejão no Jequitinhonha com 31 famílias

• P.A. Franco Duarte em Jequitinhonha com 93 famílias

• P. A. Campo Novo no Jequitinhonha com 57 famílias

• P. A. Jardineira em Joaíma com 33 famílias

26

• P. A. Surpresa em Medina com 35 famílias

• P. A. Aliança em Pedra Azul com 130 famílias

• P. A. Nova Serrana em Pedra Azul com 33 famílias

Nos municípios de Bertópolis e Santa Helena de Minas, a aproximadamente 43 Km

de Rubim, localiza-se a Reserva Indígena Machacalis.

As Unidades de Conservação mais próximas são: a Reserva Biológica Córrego dos

Cachorros, situada a 37 Km no município de Almenara e a Reserva Biológica da Mata

Escura, situada a 39 Km no município de Jequitinhonha.

6.10. Economia do Município e Microrregião

Destaca-se na vida econômica do município de Rubim a agropecuária, sendo a

pecuária o forte da zona rural.

Em 2000 o setor agropecuário, extração vegetal e pesca foi o responsável pela

ocupação de maior parte da população, seguido pelo setor de serviços, como pode ser

observado na Tabela 3, a seguir.

TABELA 3. POPULAÇÃO OCUPADA POR SETORES ECONÔMICOS, 2000

Setores Número de PessoasAgropecuário, extração vegetal e pesca 1.623Serviços 1.146Comércio de mercadorias 446Industrial 351Total 3.566

Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na produção pecuária, no ano de 2003, destacava-se no efetivo de rebanhos, o

bovino, o galináceo e o eqüino, nesta ordem. Entre os produtos, em 2003, o município

registrou a produção de 7.784 mil litros equivalente a 12.355 vacas ordenhadas, 12.000

dúzias de ovos de galinha e 280 Kg de mel de abelha (IBGE, 2006b). O efetivo dos

rebanhos, por espécie, pode ser observado na Tabela 4.

TABELA 4. EFETIVO DE REBANHOS, POR ESPÉCIE, 2003

Especificação Número de CabeçasBovinos 58.835Galináceos* 13.615

27

Eqüinos 2.385Suínos 2.090Muares 772Asininos 587Ovinos 552Caprinos 50Bubalinos 48Total 78.934

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2006b*Galináceos - galinhas, galos, frangos, frangas e pintos.

Na agricultura, em 2003 os principais produtos agrícolas das lavouras permanentes

e temporárias foram, respectivamente: mandioca, cana-de-açúcar, milho, feijão (1ª safra),

café, feijão (2ª safra), banana e coco-da-bahia e milho (safrinha), e laranja (IBGE, 2006c).

Em relação às lavouras permanentes, a área colhida referente aos principais

produtos agrícolas, assim como a quantidade produzida e o rendimento médio, por

produtos comercializados no ano de 2003, podem ser verificados na Tabela 5.

TABELA 5. PRINCIPAIS PRODUTOS AGRÍCOLAS (LAVOURA PERMANENTE), 2003

Produto Agrícola Área Colhida(ha)

Produção(t)

Rendimento Médio(Kg/ha)

Rendimento Médio(R$)

Café 30 9 300,00 20.000,00Banana 10 78 7.800,00 47.000,00Coco-da-Bahia (1) 10 250 25.000,00 88.000,00Laranja 3 23 7.666,67 10.000,00

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2006c e ALMG, 2006(1) Produção em mil frutos e rendimento em frutos/ha

Em relação às lavouras temporárias, a área colhida referente aos principais produtos

agrícolas, assim como a quantidade produzida e o rendimento médio, por produtos

comercializados no ano de 2003, podem ser verificados na Tabela 6.

TABELA 6. PRINCIPAIS PRODUTOS AGRÍCOLAS (LAVOURA TEMPORÁRIA), 2003

Produto Agrícola Área Colhida(ha)

Produção(t)

Rendimento Médio(Kg/ha)

Rendimento Médio(R$)

Mandioca 300 3.348 11.160,00 1.172.000,00Cana-de-açúcar 90 5.400 60.000,00 205.000,00Milho 60 40 666,67 -Feijão (1ª safra) 45 15 333,33 -Feijão (2ª safra) 15 6 400,00 -Feijão (em grão) (1) 60 21 350,00 24.000,00

28

Milho (safrinha) 10 6 600,00 -Milho (em grão) (2) 70 46 657,00 22.000,00

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2006c e ALMG, 2006.(1) Resultado de todo feijão produzido: 1ª safra e 2ª safra(2) Resultado de todo milho produzido: milho e safrinha

A extração vegetal também é uma atividade econômica desenvolvida em Rubim.

Em 2003, dentre os produtos da silvicultura foi produzido lenha, conforme consta na

Tabela 7.

TABELA 7. PRODUTOS DA SILVICULTURA, 2003

Produto Quantidade Produzida Valor da ProduçãoLenha 4.887 m3 78 mil reais

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2006d

Algumas fontes de receitas do município podem ser verificadas na Tabela 8, de

acordo com dados sobre Finanças Públicas da Secretaria de Estado da Fazenda (ALMG,

2006).

Pode-se observar na tabela a seguir que o município tem registrado uma elevação

significativa da arrecadação municipal.

TABELA 8. ARRECADAÇÃO MUNICIPAL DE RUBIM, 2001-2004

Ano ICMS (R$) Outras (R$) Total (R$)2001 74.326 115.534 189.8602002 45.661 125.096 170.7572003 86.504 167.021 253.5252004 74.136 192.532 266.668

Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda

29

VII. DIAGNÓSTICO DO ASSENTAMENTO

7.1. Levantamento Expedito do Meio Natural

7.1.1. Geomorfologia

A área do Assentamento Jerusalém encontra-se no domínio dos Planaltos

Dissecados do Centro Sul e do Leste de Minas. Caracteriza-se pelas formas de colinas e

cristas com vales encaixados e/ ou fundo chato e, no setor leste, pelos pontões e mornes

associados às colinas ou em grupamentos, com altitude inferior a 242 metros (INCRA,

2003).

7.1.2. Classificação dos Solos

De acordo com o Laudo de Vistoria da antiga Fazenda Iracema (INCRA, 2003)

ocorre na área do Assentamento Jerusalém as seguintes unidades/associações de solos, com

os respectivos percentuais estimados:

• LVAd + PVAe (10%): Associação de LATOSSOLOS VERMELHO-AMARE-

LOS Distróficos + ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos, ambos fase flo-

resta subperenifólia relevo ondulado (60–40%).

• LVAd + PVAe (40%): Associação de LATOSSOLOS VERMELHO-AMARE-

LOS Distróficos + ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos, ambos fase flo-

resta subperenifólia relevo montanhoso + AFLORAMENTO DE ROCHAS (40–30–30%).

• LVAe (50%): LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos, fase flo-

resta subperenifólia relevo suave ondulado e ondulado.

Os solos LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos são solos em

avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, são virtualmente destituídos de

30

minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo, tem capacidade de

troca catiônica baixa. Variam de fortemente a bem drenados, existindo exceções. São

normalmente muito profundos, em geral são solos fortemente ácidos com baixa saturação

de bases (V< 50%) na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B.

Já os LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos são solos em

avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, são virtualmente destituídos de

minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo, tem capacidade de

troca catiônica baixa. Variam de fortemente a bem drenados, existindo exceções. São

normalmente muito profundos. Em geral são solos fortemente ácidos com baixa saturação

de bases.

E os ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos compreende solos

constituídos por material mineral, que têm características diferenciais argila de atividade

baixa e horizonte B textural (Bt), imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte

superficial. São de profundidade variável, desde forte a imperfeitamente drenados, de cores

avermelhadas ou amareladas e mais raramente, brumadas ou acinzentadas. A textura varia

de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre

havendo aumento de argila daquele para este. São solos com saturação por bases alta (V ≥

50%), na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B.

7.1.3. Relevo

As classes de relevo predominantes no imóvel, em percentuais estimados, estão

explicitadas na tabela abaixo:

TABELA 9. CLASSE DE RELEVO PRESENTE NO IMÓVEL

Classes de Relevo Classes de Declividade Percentagem da

Área do ImóvelDescrição Em percentual Em graus

Plano a Suave ondulado 0 – 8 0 – 4,6 30Ondulado 8 – 20 4,6 – 11,3 30Forte Ondulado 20 – 45 11,3 – 24,2 22Montanhosa 45 – 75 24,2 – 36,9 16Escarpada > 75 > 36,9 02Fonte: INCRA/SR-06

Mesmo o imóvel pertencendo a uma região de relevo mais acidentado, ele possui

uma fatia considerável de terras de “baixada”, diferindo-se do padrão normal dos imóveis

31

da região. Possui ainda, relevo escarpado, como ocorre na “Pedra Lisa” na porção leste do

imóvel.

7.1.4. Recursos Hídricos

O Assentamento Jerusalém é servido pelo rio Rubim.

Além disto, o interior do Assentamento apresenta os seguintes cursos d’água:

• Córrego Veneza: afluente do Córrego das Pedras desaguando no Rio Rubim;

• Córrego Medéia: afluente do Rio Rubim.

A área do Assentamento apresenta algumas barragens de concreto, construídas em

seus cursos d’água que hoje encontram-se assoreados. Na ocasião da vistoria do INCRA,

observou-se uma nascente seca que desce da região da Pedra Lisa. E ainda, o assoreamento

de todas as barragens construídas nos leitos dos cursos d’água, permitindo associar este

acontecimento com a ocorrência de processos erosivos no solo.

Possui água em potencial capaz de abastecer todo o Assentamento, porém não se

pode afirmar sobre a qualidade desta, pois há a necessidade de se realizar análise química.

Hoje, os recursos hídricos do assentamento estão subutilizados.

O Assentamento Jerusalém oferece condições para construção de barragens de

maior porte nos Córregos das Pedras e Medéia ou a recuperação destas já existentes, para

resolver o problema de água para o consumo humano (INCRA, 2003). Outra possibilidade

é a perfuração de poços artesianos, muito comum e encontrado com facilidade na região.

Existe a possibilidade de instalação de pequenos projetos de irrigação e,

dependendo da vazão e do tamanho da área a ser irrigada, haverá necessidade de obtenção

de outorga do uso da água no IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas). Pode-se

ainda aproveitar a existência das barragens na área, em projetos visando sua utilização, a

fim de irrigação e até mesmo abastecimento de água para as famílias e/ou animais,

observando as recomendações e exigências do IGAM.

7.1.5. Flora

O Assentamento Jerusalém encontra-se num solo de cobertura vegetal primitiva de

floresta subperenifólia (Mata Atlântica). Porém, o bioma Mata Atlântica foi historicamente

desmatado por apresentar madeiras de qualidades admiráveis para a indústria moveleira,

engenharia civil, etc, criando assim, várias manchas vazias de espécies arbóreas dando

espaço ao capim em boa parte deste bioma.

32

Na área da antiga Fazenda Iracema, não foi diferente, tendo sido alvo dessa

transformação antrópica com finalidades econômicas! Hoje, boa parte desta área é ocupada

por pastagens de capim colonião. Devido a escassez de chuvas, essas pastagens, ao longo

do tempo, foram gradativamente dando lugar a outras gramíneas nativas da região,

principalmente o capim amargoso e o capim açu.

As pastagens receberam ao longo destes anos manejo inadequado e falta de tratos

culturais, o que resultou na formação de capoeiras em grande parte da área.

Na parte leste da área do Assentamento, encontra-se ainda alguns remanescentes de

mata, em cotas mais elevadas (INCRA, 2003).

Áreas segmentadas e poucas de matas ciliares situam-se nas margens dos cursos

d’água e nascentes.

Em caminhadas realizadas com assentados e assentadas em maio de 2006 foi

possível fazer um levantamento das espécies vegetais presentes na área (Tabela 10).

Destas espécies, de acordo com a Lista Oficial de Flora Ameaçada de Extinção

(IBAMA, 1992), a Gonçalo, Braúna e Canela são classificadas como vulneráveis, e o

Jequitibá como rara. As demais não se encontram na lista das espécies da flora ameaçadas

de extinção.

TABELA 10. PRINCIPAIS ESPÉCIES DA FLORA DO ASSENTAMENTOJERUSALÉM

Nome Popular Nome Científico Família BotânicaAngico Anadenanthera spp Leguminosae-MimosaceaeAraçá Psidium spp Myrtaceae

Araíba Centrolobium robustum Leguminosae-Papilonoideae

Aroeira Schinus terebenthifolius Anarcadiaceae

Aruvaiuva Não identificado Não identificado

Bacparé Não identificado Não identificado

Bajão Parkia sp Leguminosae

Barriguda Cavanillesia arborea Bombacaceae

Braúna Melanoxylon braunia Leguminosaceae

Brauninha Dictyoloma vandellianum Rutaceae

33

Baspo verdadeiro Não identificado Não identificado

Bastião de Arruda Machaerium acutifolium Dalbergieae

Bico de Pombo ou Pau de

Pombo

Selerolobium paniculatum

Vog. var subvelutinum

Leguminosae

Cajazeiro Spondias mombin Anarcadiaceae

Canela Ocotea spp Lauraceae

Carne de vaca Euplassa spp Proteceaceae

Cedro Cedrela fissilis MeliaceaeCoqueiro Cocos nucifera Palmaceae

Cupan Matayba spp SapidaceaeEmbira-de-porco Lonchocarpus guilleminianus Leguminosae-Papilionoideae

Imburana brava Dipteryx alba Leguminosae-Papilionoideae

Farinha seca Peltophorum dubium Leguminosae-

CaesalpinoideaeFaveira branca Parkia multijuga Leguminosae-Mimosoideae

Faveira vermelha Dimorphandra parviflora Leguminosae-

CaesalpinoideaeFolheiro Não identificado Não identificado

Goiabeira Psydium guajava MyrtaceaeGonçalo Astronium spp AnacardiaceaeGrão de burro Não identificado Não identificadoIngazeiro Inga spp Leguminosae-Mimosoideae

Ipê-amarelo Tabebuia chrysotricha BignoniaceaeIpê branco Tabebuia róseo alba BignoniaceaeItapicuru ou Tapicuru Goniorrhachis marginata Leguminosae-

CaesalpinoideaeJatobá Hymenea courbaril Leguminosae-

CaesalpinoideaeJenipapo Genipa americana Rubiaceae

Jequitibá Cariniana estrellensis Lecythidaceae

Laranjeira brava Actinostemon communis Euphorbiaceae

Marinheiro Meliosma sellowii Sabiaceae

Moreira Não identificado Não identificado

34

Mutamba Guazuma ulmifolia Sterculiaceae

Mulungu Eythrina verna Leguminosae-Papilonoideae

Pau-d’alho Gallesia integrifolia Phytolaccaceae

Pau d’arco Tecoma curialis Bignoniaceae

Pau-de-óleo Copaifera langsdorfi Leguminosae-

CaesalpinoideaePau Ferro Caesalpinia ferrea Leguminosae-

CaesalpinoideaePau-terra Qualea parviflora Vochysiaceae

Pereira Pyrus sp Rosaceae

Peroba Rosa Aspidosperma polyneuron Apocynaceae

Pinha verdadeira Rollinia mucosa AnnonaceaePitomba Talisia esculenta Sapindaceae

Piriquiteira Acacia glomerosa Leguminosae-Mimosoideae

Putumuju Centerolobium spp Dalbergieae

Quebra-foice Calliandra dysantha Ingeae

Sapucaia Lecythis pisonis Lecythidaceae

Sassafrás Sassafras albidum Lauraceae

Sucupira Pterodon emarginatus Fabaceae

Sufiera Não identificado Não identificado

Tapicuru Goniorrhachis marginata DetarieaeTatarena Não identificado Não identificado

Vinhático Plathymenia reticulata Leguminosae-Mimosoideae

35

FOTO 04: REMANESCENTE DE VEGETAÇÃO NO ASSENTAMENTO JERUSALÉM

7.1.6. Fauna

Apesar da riqueza de espécies (biodiversidade) encontrada na Mata Atlântica, são

poucos os animais silvestres que ainda podem ser encontrados no Assentamento Jerusalém.

Isso pode ser justificado pelos poucos remanescentes de vegetação nativa na área, bem

como a fragmentação dos mesmos.

A fragmentação dos remanescentes é o principal problema para a sobrevivência e

manutenção da fauna local, uma vez que o encontro de indivíduos da mesma espécie para

fins de reprodução é dificultado por esta fragmentação e o risco de predação se torna maior

devido o freqüente deslocamento dos animais em campos abertos.

O levantamento da fauna foi realizado através de entrevistas com as famílias, bem

como identificação visual, auditiva e de vestígios, quando possível, durante as

caminhadas.

A fauna do Assentamento foi agrupada em mamíferos, répteis, peixes, aves,

conforme consta na Tabela 11. Foram classificados os riscos de extinção das espécies de

acordo com a lista do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2003). Porém algumas

espécies não foram possíveis descobrir seu nome científico limitando-se ao gênero da

espécie ou nem a isso, o qual dificulta saber se estão ou não em risco de extinção, como o

36

caso do Macaco e do Mico na classificação dos mamíferos; Cardeal, Papagaio e Pica-pau

na classificação das aves.

TABELA 11. PRINCIPAIS ESPÉCIES DA FAUNA - ASSENTAMENTO JERUSALÉMNome Popular Nome Científico Registro Risco de

ExtinçãoMamíferos

Capivara Hydrochoerus hydrochoeris Declaração --------Catitu Tayassu tajacu Declaração ---------Cachorro do mato Cerdocyon thous Declaração ---------Coelho Oryctolagus cuniculus Declaração ---------Gato-do-mato Leopardus tigrinus sp. Declaração VulnerávelGambá Didelphis marsupialis Declaração ---------Jaguatirica Leopardus pardalis Declaração VulnerávelLontra Lutra longicaudis Declaração ----------Macaco Não identificado Declaração ----------Mão liga Não identificado Declaração -----------Mico Callithrix sp. Declaração ----------Mocó Kerondon rupestris Declaração ----------Onça lombo preto Panthera spp Declaração ----------Ouriço-cacheiro Coendou prehensilis Declaração ----------Paca Agouti paca Declaração ----------Poché Não identificado Declaração ----------Preá Cavia aperea Declaração ----------Quati Nasua nasua Declaração ----------Raposa Vulpes vulpes Declaração ----------Rato d’água Nectomys sp Declaração ----------Sarué Didelphis aurita Declaração ----------Soin Não identificado Declaração ----------Tatu bola Tolypeutes tricinctus Declaração VulnerávelTatu galinha Dasypus novemcinctus Declaração ----------Tatu peba Euphractus sexcinctus Declaração ----------Veado Mazama sp. Declaração ----------

RépteisJacaré Caiman latirostris Declaração -----------Tartaruga Trachemys scripta elegans Declaração ----------Jabuti Geochelone spp Declaração ----------Teiú Tupinambis teguixin Visualização ----------

PeixesLampreia Petromyzon marinus Declaração ---------

AvesAnu branco Guira guira Declaração ----------Anu Preto Crotophaga ani Declaração ----------Aranquã Ortalis guttata Declaração ----------Andorinha Delichon urbica Declaração ----------Ariri Não identificado Declaração ----------Azulão Cyanocompsa brissonii Declaração ----------Alma-de-gato Piaya cayana Declaração ----------Bico de abóbora Não identificado Declaração ----------Canário Não identificado Declaração ----------

37

Carcará Polyborus plancus Declaração ----------Cardeal Não identificado Declaração ----------Chorró Não identificado Declaração -----------Codorna Nothura minor Declaração VulnerávelColeira Sporophila caerulescens Declaração -----------Curiango Nyctidromus albicollis Visualização -----------Garça Casmerodius albus Declaração -----------Gavião Leucopternis lacernulata Declaração VulnerávelInhambú Taoniscus sp. Declaração ------------Juriti Leptotila spp Declaração ------------Maritaca Pionus maximiliani Visualização ------------Marreco Anas quequedula Declaração ----------Oerima Não identificado Declaração ----------Papagaio Não identificado Visualização ----------Pássaro preto Gnorimopsar chopi Declaração ---------Perdiz Rhinchotus rufescens Declaração ----------Periquito Aratinga spp Declaração ----------Pica-pau Não identificado Visualização ----------Quero-quero Vanellus chilensis Declaração ----------Sabiá Não identificado Declaração ----------Saracura Não identificado Declaração ----- ---Sofreu Não identificado Declaração ----------Trinca ferro Icterus cayanensis Declaração ----------Tucano Ramphastos sp. Visualização ----------Violinha Não identificado Declaração ----------

AnfíbiosSapo Bufo sp. Visualização ----------Fonte: Levantamento de Campo – Equipe PDA

7.1.7. Uso do Solo e Cobertura Vegetal

Os solos do Assentamento Jerusalém estão submetidos, em sua maior parte, à

utilização como pasto (Foto 05) ou de pastagens abandonadas muitas com formação de

capoeira. As áreas mais próximas às moradias vêm sendo utilizadas com culturas

destinadas ao consumo das famílias.

A cobertura vegetal de Mata Atlântica está restrita a alguns fragmentos de

vegetação em regeneração. Percorrendo o Assentamento é possível identificar algumas

espécies vegetais de Mata Atlântica, especialmente nas áreas de vegetação arbórea mais

densa. Na Tabela 12 e Mapa A2 é apresentada a distribuição das áreas relativas ao uso da

área do Assentamento. Sendo que, as áreas de preservação permanente estão incluídas nos

diversos usos do solo apresentados na tabela.

38

FOTO 05: PASTAGEM NO ASSENTAMENTO JERUSALÉM

TABELA 12. UTILIZAÇÃO ATUAL DA ÁREA DO ASSENTAMENTO JERUSALÉMÁrea Descrição Uso Atual da Terra Cobertura Vegetal Área

1 Acampamento

Moradia, pousio e

Agricultura Área Antropizada 4,8632

2

Vegetação

Remanescente Não utilizada

Vegetação em processo de

regeneração 238,6944

3 Capoeira Não utilizada

Vegetação em processo de

regeneração 938,42154 Pasto sujo Pastagens e pousio Pastagens naturais/plantadas 555,51175 Culturas anuais Agricultura e pousio Área Antropizada 38,1616

6 Benfeitorias

Construções, currais,

etc Área Antropizada 1,20377 Estradas atuais Estradas Área Antropizada 20,2380

8

Preservação

Permanente

Pastagens, pousio,

agricultura e vegetação

remanescente e em

recuperação e áreas

não utilizadas.

Pastagens naturais/plantadas,

vegetação remanescente e em

processo de regeneração e área

antropizada 156,8605Total 1.953,9546*

* Valor fornecido pelo INCRA/MG através do Mapa de Perímetro da área 7.1.8. Reserva Legal e Área de Preservação Permanente

A Reserva Legal (RL) é a “área localizada no interior de uma propriedade ou posse

rural, de utilização limitada, ressalvada a de preservação permanente, representativa do

39

ambiente natural da região e necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à

conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao

abrigo e proteção de fauna e flora nativas, equivalente a, no mínimo, 20% (vinte por cento)

da área total da propriedade” (Decreto 43.710-2004).

O mínimo de área requerida para Reserva Legal no Assentamento Jerusalém, ou

seja, os 20% exigidos pela legislação, equivalem a 387,22572 ha. O Assentamento não

possui sua RL averbada, existindo, porém alguns fragmentos de vegetação preservados de

mata e em regeneração (capoeira).

Caracterizando fase avançada de regeneração, essa cobertura vegetal abriga espécies

nativas típicas destes biomas justificando, assim, sua demarcação enquanto área de Reserva

Legal. A proposta de Reserva Legal do Assentamento Jerusalém poderá ser visualizada no

Mapa B1, em anexo. Mais detalhes sobre a proposta de locação de RL poderá ser

visualizado mais adiante no Programa de Organização Territorial

Área de Preservação Permanente pode ser entendida como “área protegida [...],

coberta ou não com cobertura vegetal, com a função ambiental de preservar os recursos

hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e

flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (Decreto 43.710-

2004).

No Assentamento Jerusalém são consideradas como Áreas de Preservação

Permanente, 156,8605 ha (8,03% da área total), em consonância com o estabelecido pela

legislação, a mata ciliar ao longo dos cursos d’água (30 m ou 50 m de margem) e a

vegetação situada no entorno das nascentes (50 m de raio). Vale ressaltar que atualmente

esta não está totalmente formada, existindo vários trechos que deverão ser reflorestados e

também cercados para que estas áreas atinjam seu real objetivo de preservação (Foto 06).

A extensão das áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente, assim como o

percentual estimado em relação à área total do Assentamento, encontra-se na Tabela 13.

40

FOTO 06: NASCENTE DESPROTEGIDA, LIVRE PARA PISOTEIO DOS ANIMAIS COMO GADOE CAVALO.

TABELA 13. ÁREAS DE RESERVA LEGAL E PRESERVAÇÃO PERMANENTE DOASSENTAMENTO JERUSALÉM

Áreas Extensão (ha) %Reserva Legal 427,4206 22,07**

Preservação Permanente 156,8605 8,03Área total do Assentamento 1.953,9546* 100

Fonte: Levantamento de Campo - Equipe de PDA* Valor fornecido pelo INCRA/MG através do Mapa de Perímetro da área ** Proporção em relação a área fornecida pelo INCRA através dos laudos da Fazenda Iracema

7.1.9. Estratificação Ambiental dos Agroecossistemas

A partir da análise e integração das características ambientais do Assentamento

Jerusalém foram estabelecidas as unidades agroambientais que ocorrem na área, cruzando

os dados referentes à cobertura vegetal, solo, erosão acelerada, potencial e limitações

(Tabela 14 e Mapa A3). Quanto menor o número da unidade ambiental maiores são as suas

limitações.

41

TABELA 14. CARACTERÍSTICAS DAS UNIDADES AGROAMBIENTAIS DO ASSENTAMENTO JERUSALÉM

UNIDADE

AMBIENTAL

COBERTURA

VEGETAL

ESTÁGIO DE

SUCESSÃO

TIPO DE

SOLORELEVO

EROSÃO

ACELERADAUNIDADE

NÍVEL DE

ANTROPIZAÇÃO*POTENCIAL LIMITAÇÃO

1Vegetação

remanescente

Avançado LVAd+PVAe Montanhosonatural

reduzida área de reserva Baixoequilíbrioambiental

Legal; declividade

Ext. forte

2Vegetação

remanescente Avançado LVAd+PVAe Escarpadonatural

reduzida área de reserva Baixoequilíbrioambiental

Legal; declividadeabrúptica

3Vegetação

remanescente Médio LVAd+PVAe Montanhosonatural

reduzidaárea utilizável sem

restrição de uso BaixoPastagens

naturaisdeclividade Ext.

forte

4 Capoeira Inicial LVAd+PVAe Montanhosonatural

reduzidaárea utilizável sem

restrição de uso BaixoPastagemnaturais

declividade Ext.forte

5 Capoeira Avançado LVAd+PVAe Montanhosonatural

reduzida área de reserva Baixoequilíbrioambiental

Legal; declividadeExt. forte

6 Capoeira Avançado LVAd+PVAe Forte Onduladonatural

reduzida área de reserva Baixoequilíbrioambiental

Legal; declividademuito forte

7 Capoeira Médio LVAd+PVAe Forte Onduladonatural

reduzidaárea utilizável sem

restrição de uso Baixo

Pastagensnaturais eplantadas

declividade muitoforte

8 Capoeira Inicial LVAd+PVAe Onduladonatural

reduzidaárea utilizável sem

restrição de uso Baixo

Pastagensplantadas e

culturaspermanentes declividade forte

9Pasto sujo LVAe Ondulado

naturalreduzida

área utilizável semrestrição de uso Alto

Pastagensplantadas;culturas

permanentes declividade forte

10 Pasto sujo LVAe Plano a Suaveondulado

naturalreduzida

área utilizável semrestrição de uso Alto

Culturasanuais

Seca edafológica erisco de inundação

* Para determinação dos níveis de antropização foram utilizados os seguintes parâmetros:

Alto: elevado estágio de degradação da área, com presença de ravinas e/ ou voçorocas, vegetação suprimida, cursos d’água em avançado estágio de assoreamento.

Médio: presença intermitente de cobertura vegetal natural, presença de áreas de pastagem plantadas sob solos submetidos às práticas de conservação, cursos d’água com leves sinais de assoreamento.

Baixo: presença mínima de 80% da vegetação natural, pastagem natural, curso d’água livre de assoreamento intenso e/ou moderado.

42

-- Unidade Ambiental 1: tem como cobertura vegetal vegetação remanescente, comestágio avançado, sobre a associação dos solos LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos (LVAd) + ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOSEutróficos (PVAe), relevo montanhoso, apresenta erosão natural reduzida, área para aReserva Legal, potencial manter o equilíbrio ambiental, limitações legais e declividadeextremamente forte;

- Unidade Ambiental 2: tem como cobertura vegetal vegetação remanescente, com estágioavançado, sobre a associação dos solos LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOSDistróficos (LVAd) + ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos (PVAe),relevo escarpado, apresenta erosão natural reduzida, área para a Reserva Legal, potencialmanter o equilíbrio ambiental, limitações legais e declividade abrúptica;

- Unidade Ambiental 3: tem como cobertura vegetal vegetação remanescente, com estágiomédio, sobre a associação dos solos LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOSDistróficos (LVAd) + ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos (PVAe),relevo montanhoso, apresenta erosão natural reduzida, utilização sem restrição de uso,potencial para pastagens naturais e limitações de declividade extremamente forte;

- Unidade Ambiental 4: tem como cobertura vegetal capoeira, com estágio inicial, sobre aassociação dos solos LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos (LVAd) +ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos (PVAe), relevo montanhoso,apresenta erosão natural reduzida, utilização sem restrição de uso, potencial parapastagens naturais e limitações de declividade extremamente forte;

- Unidade Ambiental 5: tem como cobertura vegetal capoeira, com estágio avançado,sobre a associação dos solos LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos(LVAd) + ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos (PVAe), relevomontanhoso, apresenta erosão natural reduzida, área para a Reserva Legal, potencialmanter o equilíbrio ambiental, limitações legais e declividade extremamente forte;

- Unidade Ambiental 6: tem como cobertura vegetal capoeira, com estágio avançado, sobrea associação dos solos LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos (LVAd)+ ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos (PVAe), relevo forte ondulado,apresenta erosão natural reduzida, área para a Reserva Legal, potencial manter oequilíbrio ambiental, limitações legais e declividade muito forte;

- Unidade Ambiental 7: tem como cobertura vegetal capoeira, com estágio médio, sobre aassociação dos solos LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos (LVAd) +ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos (PVAe), relevo forte ondulado,apresenta erosão natural reduzida, utilização sem restrição de uso, potencial parapastagens naturais e pastagens plantadas e limitações de declividade muito forte;

- Unidade Ambiental 8: tem como cobertura vegetal capoeira, com estágio inicial, sobre aassociação dos solos LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos (LVAd) +ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos (PVAe), relevo ondulado,apresenta erosão natural reduzida, utilização sem restrição de uso, potencial parapastagens plantadas e culturas permanentes e limitações de declividade forte;

43

- Unidade Ambiental 9: tem como cobertura vegetal pasto sujo, sobre o solosLATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos (LVAe), relevo ondulado,apresenta erosão natural reduzida, utilização sem restrição de uso, potencial parapastagens plantadas e culturas permanentes e limitações de declividade forte;

- Unidade Ambiental 10: tem como cobertura vegetal pasto sujo, sobre o solosLATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos (LVAe), relevo plano a suaveondulado, apresenta erosão natural reduzida, utilização sem restrição de uso, potencialculturas anuais e limitações de seca edafológica e inundações ocasionais

7.1.10. Capacidade de Uso da Terra

Segundo o Laudo de Vistoria e Avaliação de Imóvel Rural – Fazenda Iracema (IN-

CRA, 2003), as classes de capacidade de uso identificadas na área, em percentuais estima-

dos, estão descritas na Tabela 15.

TABELA 15. CLASSES DE CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS DOASSENTAMENTO JERUSALÉM

Classes Percentual Estimado

Classe III 15%Classe IV 30%Classe V 15%Classe VI 20%Classe VII 17%Classe VIII 3%

→ Classe III (solo: LVAe)

• Fatores limitantes: fertilidade natural baixa e seca edafológica média;

• Necessidade de correção dos teores de alumínio trocável e cálcio/magnésio do

solo;

• Necessidade de fertilização do solo;

• Necessidade de irrigação nos períodos mais secos do ano;

• Potencialidade: culturas anuais;

• Corresponde no imóvel às áreas planas/ suave onduladas de baixadas, sem risco

de inundações.

44

→ Classe IV (solo: LVAd + PVAe)

• Fatores limitantes: declividade forte e susceptibilidade de erosão (sulcos rasos

muito freqüentes);

• Potencialidade: pastagem plantada e culturas perenes;

• Corresponde no imóvel às áreas de relevo ondulado.

→ Classe V (solo: LVAe)

• Fatores limitantes: ruim drenagem interna e risco freqüente de inundação;

• Imprópria para a exploração com culturas anuais comuns em razão de alguns

impedimentos permanentes: baixa capacidade de armazenamento de água,

encharcamento, freqüente risco de inundação, pedregosidade ou afloramento

rochoso;

• Potencialidade: cultivo de arroz e pastagem plantada (bengo) e culturas anuais na

vazante;

• Corresponde às áreas de relevo plano, apresentando riscos freqüentes de

inundações.

→ Classe VI (solo: LVAd + PVAe)

• Fatores limitantes: declividade muito forte, fertilidade natural baixa, e

susceptibilidade de erosão (sulcos médios freqüentes e possibilidade de formação

de voçorocas);

• O relevo acidentado expõe o terreno à ocorrência de processos erosivos;

• Potencialidade: pastagens naturais e plantadas;

• Corresponde no imóvel às áreas com relevo forte ondulado.

→ Classe VII (solo: LVAd + PVAe)

• Fatores limitantes: declividade extremamente forte, fertilidade natural baixa e

susceptibilidade de erosão (sulcos médios freqüentes e voçorocas);

• O relevo extremamente acidentado expõe o terreno à ocorrência de processos

acelerados de erosão;

• Potencialidade: pastagens naturais, parte deverá ser destinada à reserva legal;

• Corresponde no imóvel às áreas com relevo montanhoso.

45

→ Classe VIII (solo: AR)

• Fatores limitantes: declividade abrúptica;

• O relevo acidentado expõe o terreno à ocorrência de fortes processos erosivos;

• Potencialidade: reserva legal;

• Corresponde no imóvel às áreas com relevo escarpado/ afloramento de rochas.

7.1.11. Análise Sucinta dos Potenciais e Limitações dos Recursos Naturais e da Situação

Ambiental

A área em geral, encontra-se antropizada, a maior parte da Área de Reserva Legal

apresenta-se com remanescentes de vegetação e/ou formação de capoeira e as Áreas de

Preservação Permanente em sua maioria necessitam ser revegetadas e recuperadas.

A Área de Reserva Legal foi definida nas áreas representativas com o máximo de

vegetação nativa característica da região. Espera-se, com isso, garantir uma regeneração

natural da flora, com características típicas regionais, bem como possibilitar a regeneração

de boa parte da área proposta para tal finalidade, uma vez que as mesmas não vinham sen-

do adequadamente preservadas, além de garantir abrigo, alimento e caminho para a fauna.

Com cobertura florestal, tais áreas ficam melhores protegidas dos impactos das águas de

chuvas e espera-se, assim, uma melhor absorção das águas no solo evitando perdas por li-

xiviação e erosão.

Os recursos hídricos não apresentam sinais evidentes de contaminação. A área apre-

senta um potencial razoável, no entanto, raramente se observa a presença de mata contínua

associada aos corpos d’água (mata ciliar), conseqüência do manejo adotado nas áreas de

pastagem que impedia sua regeneração.

Quanto ao recurso solo, as terras do Assentamento são adequadas para cultivo com

culturas anuais, permanentes e pastagens naturais e plantadas. Há necessidade de adoção

de práticas de conservação e incorporação de nutrientes, pois apresenta baixa fertilidade

além de apresentar declividades fortes estando susceptível a erosão, também algumas

regiões estão suscetíveis à inundação, pois apresentam uma ruim drenagem de solo sendo

necessário um cuidado no manejo deste.

Em relação ao relevo, existe a possibilidade de uso com máquinas agrícolas em al-

gumas áreas do Assentamento, desde que implantadas práticas de conservação dos solos,

46

pois estes apresentam declividades suaves a fortes, o que facilita o surgimento de erosão

hídrica. É importante ressaltar que algumas áreas apresentam baixa drenagem no solo, este

fator deve ser observado e considerado para o uso de maquinário agrícola, sendo que, em

determinadas áreas não é recomendável o uso deste equipamento, como nas áreas cuja de-

clividade é elevada e naquelas de solo inundado. As áreas que apresentam declividades

muito elevadas podem ser utilizadas somente para pastagem e reserva, não havendo possi-

bilidade de uso de maquinário agrícola.

Vale ressaltar, que independentemente dos problemas diagnosticados e das alterna-

tivas para mitigá-los, é imprescindível o acompanhamento técnico de profissionais capaci-

tados. Nesse sentido, o programa de ATES é determinante para o êxito de práticas de ma-

nejo adequadas ao espaço destinado à produção agropecuária, além da manutenção/recom-

posição das Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal existentes no Assentamen-

to.

Tendo em vista o diagnóstico do meio natural do Assentamento Jerusalém há ne-

cessidade da adoção de práticas compatíveis com as potencialidades e limitações do local,

sendo eles:

• Uso racional das águas pelas famílias para minimizar os impactos à sub-bacia hi-

drográfica;

• Formação de corredores ecológicos ligando, quando possível, os fragmentos de

vegetação nativa em regeneração;

• Formação das matas ciliares, ligando a vegetação fragmentada possibilitando ca-

minho e abrigo à fauna;

• Formação de área específica (fora as de RL e APP) como fonte de madeira e le-

nha para as famílias;

• Recuperação das matas ciliares e uso racional das águas do rio;

• Correção da acidez do solo;

• Adubação do solo;

• Adoção de práticas de conservação do solo;

• Controle de erosões;

• Moderação no uso de mecanização agrícola;

• Adoção de práticas agroecológicas de produção.

47

FOTO 08: CURSO D’ÁGUA SEM A PROTEÇÃO DA MATA CILIAR NO ASSENTAMENTOJERUSALÉM

7.2. Organização Territorial Atual

O Assentamento Jerusalém não passou ainda pelo processo de loteamento,

caracterizando de acampamento a situação física atual. As famílias, em sua maioria,

moram em casas de adobe, algumas em pau-a-pique, dispostas próximas umas das outras,

na beira da estrada distante da casa sede (Foto 09). Algumas casas se encontram

espalhadas, mas esse número é pequeno no total das moradias. As áreas de lavoura estão

concentradas nas redondezas das moradias e no máximo 2 Km distante destas. Já as

pastagens, estão mais espalhadas abrangendo os pastos já formados ao longo do

Assentamento.

A escolha do local das moradias foi determinada pela disponibilidade de água pelo

acesso facilitado à estrada e pela proximidade com o município de Rubim.

As benfeitorias da antiga Fazenda estão em regular estado de conservação, em sua

maioria.

Algumas das benfeitorias existentes no local são: casa sede, curral, casa de

empregados, rede interna de energia elétrica, chiqueiro, cercas, caixa d’água, etc. Algumas

benfeitorias serão de uso coletivo como a casa sede, as casas do entorno e os currais.

48

A distribuição das famílias na área (acampamento) e parte da infra-estrutura

existente encontra-se sistematizada no Mapa A2.

FOTO 09: BARRACO DE ADOBE COM COBERTURA DE PALHA

7.3. Diagnóstico do Meio Sócio-Econômico e Cultural

7.3.1. Histórico de Conquista da Terra

A história do Assentamento Jerusalém inicia no começo do ano de 2002 com os

primeiros planejamentos de trabalho de base realizado com as famílias por vários

militantes do MST.

Na esperança de melhores condições de vida várias famílias começaram caminhar

em uma só direção, procurando liberdade e um novo horizonte.

Muitos amigos de: Almenara, Rubim, Palmópolis, Jacinto, Dois de Abril, dentre

outras apoiaram os primeiros trabalhos com a base.

49

A primeira atividade dos e das Sem Terras que entravam para o MST foi o

acampamento provisório em Almenara em uma área cedida por uma companheira. Havia

poucas famílias, mas logo fôra chegando gente de todo lugar.

O sonho de ter um pedaço de terra começava a se concretizar!

Foram feitas discussões sobre coletivo e equipes para a realização dos trabalhos que

a partir daí seriam feitos em grupos eliminando o individualismo. Contudo, os trabalhos

também eram realizados de forma a dar força, sustentação e segurança pra essas famílias

na expectativa de saírem do acampamento provisório e irem à busca da terra esperada.

Outra atividade deste grupo, que agora pertencente ao Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST foi uma marcha do acampamento provisório para

Almenara. Essa marcha foi especial porque muitas famílias nunca haviam passado por essa

experiência e traziam no rosto a expressão de admiração e desejo de seguir em frente,

lutando!

No dia 09 de setembro de 2002 o coração bate acelerado, pois foi dado o sinal para

arrumar as coisas: panelas, colchão, lona, alimentos, dentre outras. Estes eram os

preparativos para a saída rumo à fazenda a ser ocupada, lugar onde seria dado continuidade

ao sonho de cada um ali presente.

Então, no dia 10 de setembro 220 famílias iniciam a jornada de trabalhadores e

trabalhadoras em busca da terra prometida. Quebrou-se então o primeiro fio de arame da

fazenda Iracema pertencente a um grande latifundiário da região.

Os barracos já estavam sendo feitos quando algumas pessoas começaram a gritar,

os outros saem correndo para ajudar, acreditando ser a polícia, mas eram somente as

abelhas. Mais tarde, chega os policiais na área fazendo ocorrência dos ocupantes como

forma de pressionar para se retirarem, mas as famílias permaneceram firmes para defender

aquele território há tempos improdutivo.

O local onde as famílias se alojaram no início da ocupação e construíram seus

barracos foi escolhido levando em consideração os seguintes critérios: limite da sede,

proximidade do rio e acesso à estrada que liga Rubim a Rio do Prado para facilitar o

transporte em situações adversas e evitar o isolamento possibilitando ter mais cuidado com

os inimigos.

O acampamento foi dividido em 10 núcleos e várias equipes inicialmente. As

primeiras roças coletivas se iniciaram nos primeiros dias da ocupação. Muitas foram as

dificuldades enfrentadas pelas famílias sendo necessário a superação destas: falta de

alimentos, sementes, de ferramentas pro trabalho, problemas de saúde, saudade da família

50

– pois esta não vinha completa, ou o homem com o filho ou sozinho ou a mulher. Várias

pessoas não conseguiram superar estes percalços e acabaram desistindo de seu sonho indo

embora do acampamento.

Com o passar do tempo, muitas famílias foram desistindo passando, o

acampamento, a ter 7 núcleos. Várias pessoas iam duas vezes à semana na prefeitura a fim

de exigir apoio da mesma já que não existia transporte escolar, acompanhamento médico,

mal a cesta básica chegava por falta de transporte para transportá-la. Não surtindo efeito

realizaram a primeira marcha municipal conseguindo obter alguns ganhos pro

acampamento.

Em 2004, com menos de 100 famílias acontece a negociação da propriedade e a

imissão de posse. Nesta altura dos acontecimentos, muitas roças estavam crescidas e a área

produzindo bastante, desenhando um cenário jamais visto neste imóvel. Assim o MST foi

ganhando apoio na sociedade rubinense e de ong da cidade.

As desistências continuaram. Porém, outras seguiram firmes na luta e deixam a

mensagem:

Com muita fé acreditamos naquilo que está sendo feito, não desistimos, apesar de

tudo. Antes acreditamos na realização dos sonhos, na união da comunidade e que

avançamos a cada passo que andamos e a cada dificuldade superada.

7.3.1.1. Escolha do Nome do Assentamento e Núcleos

Segundo as famílias, dias depois de realizada a ocupação, começaram a debater que

nome elas dariam àquela terra tão esperada. Várias propostas surgiram, as que mais se

destacaram foram:

- Jerusalém: por ser a terra santa, onde Jesus caminhou e ensinou seus discípulos

lições de amor, solidariedade e respeito.

- Indiana: por ser essa terra dos índios e queriam prestar a eles esta homenagem.

- Terra dos sonhos: já que a conquista desta área representou o sonho que cada um

almejava um dia conseguir.

Depois de muito debate foi decidido em assembléia que o nome da área escolhido

pela maioria era Jerusalém. E para esta área foi feito o seguinte grito de ordem: “Jerusalém

é força, é organização. Na luta pela terra nós seremos campeão!”.

51

O assentamento Jerusalém dividiu-se em três núcleos de acordo com a afinidade

das famílias:

- Nossa Senhora Aparecida: pela devoção que as pessoas do núcleo têm à santa;

“Enquanto houver força, nós vamos até a luz. Nossa Senhora Aparecida é quem

nos conduz”.

- Esperança do Vale: por valer acreditar nos sonhos que se tem e lutar por suas

realizações;

“Esperança do Vale canta feliz, para fazer Reforma Agrária em todo canto do

país”.

- Zumbi dos Palmares: homenagem à Zumbi e à Palmares. Zumbi foi um negro que

lutou pela liberdade e Palmares era um quilombo, local de resistência, onde residia Zumbi

juntamente com outros.

“Zumbi dos Palmares plantou a semente. No Jerusalém sua luta está presente”.

7.3.2. População e Organização Social

7.3.2.1. Perfi l Geral das Famílias Assentadas

O Assentamento Jerusalém é formado por 40 famílias resultando num total de 165

pessoas. Destes, 46,67% são mulheres e 53,33% são homens. Dentre as 40 famílias, 57,5%

são provenientes da zona urbana enquanto que 42,5% são provenientes da zona rural. Tra-

balhavam na zona rural, 82,5% dos homens e 75% das mulheres.

Dentre as famílias ocupantes 3 são agregadas da antiga fazenda Iracema. Apesar de

algumas resistências iniciais, hoje as famílias permanecem na área se adequando e adap-

tando às metodologias organizativas do MST, de acordo com as decisões da comunidade.

A Tabela 16, a seguir, apresenta o perfil etário das pessoas assentadas, revelando

uma população jovem. Quanto ao gênero, a população encontra-se eqüitativamente distri-

buída com 88 pessoas do sexo masculino e 77 do sexo feminino, totalizando 165 indiví-

duos.

TABELA 16. PERFIL ETÁRIO NO ASSENTAMENTO JERUSALÉM

52

Indivíduos Faixa Etária (anos) NúmeroCrianças (feminino) 0 - 14 27Crianças (masculino) 0 - 14 21Jovens (feminino) 15 - 17 06Jovens (masculino) 15 - 17 10Mulheres jovens-adultas 18 - 40 17Homens jovens-adultos 18 - 40 33Mulheres adultas-idosas Acima de 40 27Homens adultos-idosos Acima de 40 24Total 165Fonte: Diagnóstico realizado no Assentamento Jerusalém, maio de 2006.

No que se refere ao padrão de renda, pode-se observar que os benefícios

governamentais são fonte significativa na renda familiar. Das famílias assentadas, 19

recebem bolsa-escola ou alimentação, 2 recebem auxílio-gás, 8 recebem aposentadoria.

Entre as famílias que declararam sua renda, 22 famílias declararam que recebem

entre 0 a 100 reais, 6 recebem de 100 a 320 reais, 1 família recebe de 320 a 500 reais e 1

família recebe acima de 500 reais. Segundo FRANCA e PEREIRA (1990), a renda

disponível representa a capacidade real de pagamento da família ou sua emancipação

econômico-financeira quando esta já remunerou todos os fatores reais, fixos e variáveis,

inclusive as despesas familiares. Neste sentido, grande parte das famílias, não alcançou a

sustentabilidade econômica, porque não conseguiram garantir uma renda líquida suficiente

para que as mesmas pudessem ter um nível de vida aceitável.

7.3.2.2. Organização Social

A organização sócio-política das famílias do Assentamento Jerusalém é um reflexo

da experiência e organização prévia das famílias, desenvolvida durante os anos de

acampamento, tendo como princípio o processo histórico de organicidade do MST. As

instâncias presentes no Assentamento são:

• Assembléia: possui um caráter deliberativo e informativo. A realização das

assembléias ordinárias ocorre uma vez ao mês e as assembléias extraordinárias

ocorrem de acordo com a necessidade da comunidade.

53

• Coordenação: tem a função de levantar e discutir os problemas e demais assuntos

de interesse geral do Assentamento, dando os devidos encaminhamentos após

consulta coletiva ao Núcleo de Base ou assembléia.

• Núcleo de Base: têm a função de reunir o conjunto das famílias assentadas, mas,

em geral, não há uma participação de todos os membros das famílias nas reuniões,

ficando a participação limitada ao nucleado/nucleada, na maioria dos casos. A

formação dos Núcleos se deu devido aos interesses comuns de trabalho, afinidade e

preferência por local de moradia. As famílias do Assentamento Jerusalém estão

organizadas em três Núcleos de Base (que correspondem aos três Núcleos de

Moradia): Núcleo Esperança do Vale (composto por 12 famílias), Núcleo Nossa

Senhora Aparecida (13 famílias) e Núcleo Zumbi dos Palmares (15 famílias).

• Setores: Saúde, Educação, Produção, Frente de Massa, Formação, Finanças,

Gênero e Comunicação.

• Equipes: Alimentação, Limpeza e Segurança.

7.3.3. Infra-Estrutura Física, Social e Econômica.

Antes de virem para o Acampamento, 82,5% dos homens já trabalhavam na área

rural (agricultores, tratoristas, vaqueiros, etc.) e 5% em outras profissões, como auxiliar de

serviço e operador de máquinas agrícolas. Entre as mulheres, antes do Acampamento, 75%

delas eram trabalhadoras rurais e 15% tinham outras profissões como domésticas,

lavadeira, donas de casas e gari. Vê-se, portanto que, a grande maioria das famílias já

labutou no campo. Muitas destas experiências poderão ser aproveitadas para a vida das

famílias do Assentamento Jerusalém.

Muitas das edificações e instalações da antiga Fazenda e que foram desapropriadas

junto com a terra nua serão passíveis de uso comunitário pelas famílias, tais como: casa

sede (Foto 10), despensa/armazém, depósito de arreios, capela, galinheiro, chiqueiro, curral

e cochos de sal, depósito, além da rede interna de energia elétrica, das cercas de arames

liso e farpado, das barragens de concreto armado e das pastagens formadas. As edificações

54

poderão ser reformadas e utilizadas como escola, local de reunião e de capacitações, local

de beneficiamento ou armazenagem de produtos, etc. Este aproveitamento pode diminuir

futuros gastos com infra-estrutura física, uma vez que os recursos existentes para

investimento na produção ou em atividades sociais são escassos.

FOTO 10: CASA SEDE DO ASSENTAMENTO JERUSALÉM

7.3.4. Sistema Produtivo

7.3.4.1. Sistema agropecuário existente

As famílias do Assentamento Jerusalém desde que se estabeleceram na área inicia-

ram a produção para o consumo familiar. As áreas de lavoura estão localizadas nas proxi-

midades das moradias, no máximo distam 2 Km, e as de pastagem, nos pastos já formados

ao longo da área do Assentamento. Atualmente a área cultivada corresponde à cerca de 10

hectares.

A produção agrícola concentra-se nas lavouras temporárias e permanentes, sendo

que a produção das permanentes é pouco expressiva. Entre as culturas temporárias,

produzidas pela maior parte das famílias, podemos citar: milho, feijão de rama e feijão de

55

corda, mandioca, hortaliças com alface, couve, tomate, melancia, repolho e jiló, cenoura,

beterraba, coentro, cebola, alho. E, em menor escala, abóbora, feijão guandu, quiabo,

gergelim, batata-doce, pimentão. Plantou-se também arroz como experiência, porém as

famílias não animaram continuar o plantio. Os cultivos permanentes se resumem

basicamente às bananas e cana-de-açúcar.

A plantação, em geral, é feita em consórcios. A mandioca se planta junto com o

milho. Plantam as variedades: lisona (para goma e farinha), camuquém (boa para panela) e

cacau (para comer). O milho é plantado em consórcio com verdura, melancia, feijão de

corda e feijão de rama. Plantam os seguintes tipos de milho: vermelho, palha rocha e

híbrido.

O feijão catador e guandu (ou andu) são plantados juntos, sendo o andu plantado no

meio.

A produção no assentamento ainda é pequena, o que não exige um espaço para

armazenamento, ficando a critério das famílias o mesmo, geralmente feito em casa.

No entorno das moradias é comum encontrar as hortas (com variedade de verduras,

legumes e temperos), mandiocal, plantas medicinais, associados à criação de galinhas

(algumas famílias) e porcos.

Em relação à produção pecuária, destaca-se, a criação de porcos, gado de leite,

gado de corte.

A produção de galinhas era bastante expressiva, porém a grande maioria desta

criação morreu de doença. As existentes hoje são criadas a fim de suprir as necessidades de

ovos e, em menor escala, de carne.

A criação de porcos é praticada a fim de suprir grande parte das necessidades em

relação à carne. Já o gado, poucas famílias os possuía antes do PEA. Com este crédito

foram adquiridas aproximadamente 6 novilhas/família. O leite é usado para o consumo

familiar e também para fazer requeijão e queijo.

A produção vegetal e animal do Assentamento Jerusalém constituem parte

substancial da segurança alimentar das famílias. A maior parte da produção agrícola é

voltada para a alimentação da família e das criações, ocorrendo esporadicamente a

comercialização dos excedentes, principalmente ovos e leitões.

A prática agrícola é tradicional, usam basicamente a enxada, porém alguns com

utilização de maquinário no preparo das terras (aração e gradagem) e plantação manual e

mecanizada (baixa escala). As famílias não utilizam o fogo para a limpeza da área. Não são

utilizadas práticas conservacionistas no manejo do solo, como por exemplo, a incorporação

56

de restos culturais ao solo, esterco animal, rotações e descansos. Os primeiros plantios

foram realizados, predominantemente, a partir das sementes compradas através do PSA. As

sementes de feijão, milho e algumas sementes de hortaliças são retiradas do próprio plantio

e armazenadas nas casas dos agricultores para a roça do ano seguinte, inexistindo, todavia,

matrizes necessárias para se formar um banco de sementes de boa qualidade.

Há no assentamento uma farinheira a qual as famílias utilizam em grupos, onde

cada um tem sua semana de uso. Um grupo não interfere no outro. A produção é

individual, mesmo dentro dos grupos. Esta é uma forma de aproveitar os subprodutos da

mandioca como: goma, farinha, polvilho, etc, agregando valor à mesma e possibilitando às

famílias uma forma de renda através de sua comercialização, além de servir de base

alimentar.

Com base na última safra produzida (2005-2006), foi possível elaborar uma matriz

de produção com algumas culturas produzidas na área. A Tabela 17 apresenta o resultado

da técnica “Entra e Sai”, uma adaptação para a coleta de informações de dados econômico-

administrativos das famílias, permitindo melhor visualização do que foi preciso gastar e o

que se obteve em cada uma das atividades desenvolvidas. Essa técnica tem um conteúdo

pedagógico crítico por explicitar a origem dos insumos e a destinação dos produtos, levan-

do a problematização da dependência dos insumos externos (inclusive financeiros) e a ne-

cessidade de desenvolvimento futuro de canais de comercialização.

57

TABELA 17. ENTRA E SAI – PRODUÇÃO AGRÍCOLA E PECUÁRIA – ASSENTAMENTO JERUSALÉMO que tem O que entra (insumos) De onde vem (procedência) O que sai (produtos) Para onde vai (destinação)

Feijão Guandu 1. Semente2. Esterco3. Trabalho (manual)

1. Própria e doada2. Próprio3. Familiar

Feijão guandu e semente

Consumo familiar

Milho/ Feijão decorda

1. Adubo2. Semente3. Preparo do solo4. Trabalho

1. Comprado (PSA) e doada2. Própria (crioula)3. Mecânico e manual4. Familiar

Milho, mingau, pamonha, broa, fubá, feijão e semente

Consumo familiar e alimentação animal

Mandioca 1. Rama (maniva)2. Preparo do solo3. Trabalho

1. Própria2. Enxada (manual)3. Familiar

Mandioca, farinha, polvilho e rama

Consumo familiar e alimentação animal

Batata-doce 1. Preparo do solo2. Batata-semente3. Trabalho

1. Manual2. Própria3. Familiar

Batata-doce, semente e doce.

Consumo familiar e alimentação animal

Gergelim 1. Preparo do solo2. Semente4. Trabalho

1. Enxada (manual)2. Própria3. Familiar

Gergelim, semente e doces

Consumo familiar

Feijão 1. Semente2. Adubo3. Preparo do solo4. Trabalho

1. Própria e comprada (PSA)2. Comprado (PSA)3. Mecânico (PSA) e manual4. Familiar e em grupos

Feijão e semente Consumo familiar

Quiabo/Abóbora 1. Semente2. Esterco3. Preparo do solo4. Trabalho

1. Compradas2. Doado3. Manual4. Familiar

Quiabo, abóbora e sementes

Consumo familiar

Hortaliças/Melancia

1. Sementes2. Esterco3. Adubo mineral4. Preparo do solo5. Trabalho

1. Própria e Compradas (PROSAN)

2. Doado e Próprio3. Comprada (PROSAN)4. Mecânico e Manual5. Familiar e em grupos

Hortaliças diversas, melancia, sementes

Consumo familiar

58

O que tem O que entra (insumos) De onde vem (procedência) O que sai (produtos) Para onde vai (destinação)Aves 1. Pintos

2. Ração3. Ninho4. Trabalho5. Remédio6. Pregos7. Telhas8. Madeira9. Água

10. Ninho11. Bebedouro

1. Comprados (PSA)2. Comprado (PSA)3. Próprio4. Familiar5. Comprado6. Próprio7. Próprio8. Próprio9. Próprio10. Próprio11. Comprado (PSA)

Ovo, carne, pintinhos Consumo familiar e venda do excedentes (frangos)

Suínos 1. Milho2. Farelo3. Vacinas4. Água5. Chiqueiro6. Trabalho

1. Próprio2. Comprado3. Comprado4. Próprio5. Próprio6. Familiar

Carne, banha, toucinho e leitão

Consumo familiar e venda de leitões

Gado 1. Pasto2. Sal mineral e comum3. Remédio4. Água5. Trabalho6. Curral (arame e

madeira)

1. Próprio2. Comprado3. Comprado4. Próprio5. Familiar6. Próprio

Leite, queijo, requeijão, carne, doce,esterco e bezerros

Consumo familiar e venda de excedente de leite

Fonte: Levantamento de campo - Equipe de PDA (maio/06).

59

Muitos dos insumos como adubo, sementes e hora-máquina para preparo da terra fo-

ram pagos pelos recursos do PSA, mostrando a importância deste crédito para as famílias,

assim como a grande dependência das famílias a esta fonte de investimento. Foi possível

identificar também que quase todos os insumos necessários para o desenvolvimento das

culturas e criações são externos, havendo pouca ciclagem interna.

Com base nas tabelas acima e nas discussões realizadas foi possível elaborar os se-

guintes diagramas: Fluxo de Insumos (Figura 3), Fluxo de Produtos (Figura 4), Fluxo de

Renda (Figura 5). Estes fluxos representam o funcionamento dos diversos componentes do

agroecossistema1 básico das famílias do Assentamento Jerusalém, bem como o relaciona-

mento entre os subsistemas2 e com os sistemas externos (por exemplo, o mercado consumi-

dor onde os excedentes da produção são comercializados ou a própria comunidade do As-

sentamento). Estes fluxos são apenas representações genéricas da realidade, obviamente

existem diferenças entre as famílias.

Os insumos sempre vêm dos subsistemas, da comunidade ou do mercado, e se

dirigem aos subsistemas. Como exemplos de insumos têm: adubo químico (NPK,

cobertura, etc.), adubo orgânico (esterco de vaca, cama de frango, palhada, etc.), sementes,

vacinas, remédios, agrotóxicos, água para irrigação, entre outros.

Os produtos têm origem nos subsistemas e o destino é a família, a comunidade ou o

mercado. Tudo o que se produz e vira alimento para a família é um produto (melancia,

milho, alface, pimentão, gergelim, abóbora, ovos, etc.), assim como aquilo que é vendido

dentro ou fora do Assentamento (ovos, frangos, leite, milho, etc.).

Na agricultura camponesa, há as rendas agrícolas (monetárias e não monetárias) e as

rendas não agrícolas. A renda monetária é a parte da renda expressa em dinheiro. É o1 Um agroecossis tema é um ecossis tema ar t i fic ial izado pelas prát icas humanas l igadas aagricul tura , sendo es ta vista como um conjunto de va lo res , relações sociais , polí t icas,cultura is , econômicas , tecno lógicas e ambientais . Portanto , quando fazemos agr iculturaes tamos “transformando” o nosso ambiente natural (ecossistema), a l terando seuequil íbr io ecológico e cr iando um agroecossis tema. É impor tante não confundir oagroecossis tema com o lo te fami l ia r : tudo a que a famí l ia tem acesso e autonomia fazpar te do agroecossi stema, como por exemplo, uma área colet iva numa par te doassentamento afas tada das moradias, ou uma mata da qual a famí l ia faça ext ração deplantas medic ina is ou lenha (MST e t a l , 2005) .2 Subsis tema é o espaço f ís ico ocupado pe las at iv idades econômicas (e não s implesmentecada at ividade econômica) . O consórcio de milho + fei j ão é um subsistema único pois asduas at iv idades ocupam o mesmo espaço. Outros exemplos de subsistemas são : i ) hor ta;i i ) pastagem; i i i ) famí l ia (moradia, quintal – pequenos animais , hor ta e pequenasproduções) ; iv) arroz; e tudo mais que gera produtos, sejam e les para a famí l ia ou para omercado (MST e t a l , 2005) .

60

dinheiro adquirido pela venda de produtos ao mercado consumidor. A renda agrícola não

monetária é o auto-consumo, ou seja, o que é produzido no agroecossistema, mas que não é

transformado em dinheiro, vai direto para a família. A renda não agrícola é aquela não

proveniente das atividades de produção agropecuária, como, por exemplo, pensão,

benefícios governamentais e os salários ou rendimentos de serviços não ligados à roça

(construção civil, professora, etc.).

Para ser sustentável, um agroecossistema deve depender o mínimo possível de im-

portação de capital, insumos e energia. O agroecossistema deve ser pensado como um todo

(enfoque sistêmico), ou seja, todas as atividades econômicas interligadas e, estas interliga-

das às atividades das demais famílias do Assentamento. Portanto, alterações na dinâmica

destes fluxos, visando à sustentabilidade das famílias e do Assentamento, serão propostas

mais adiante neste documento, no Programa Produtivo.

No Fluxo Básico de Produtos (Figura 3), temos como produtos que se destinam para

a família: melancia, milho, mandioca, gergelim, feijão, quiabo, abóbora, hortaliças, batata-

doce, leite (que vem do Subsistema Pasto após passar pelo curral), carne bovina (que vem

do Subsistema Pasto), ovos (que vem do Subsistema Família), carne de frango (que vem do

Subsistema Família), carne suína (que vem do Subsistema Família). O leite, os leitões, ovos

e frango caipira são, atualmente, os únicos produtos destinados também aos sistemas exter-

nos (à comunidade do Assentamento e ao Mercado).

No Fluxo Básico de Insumos (Figura 4), do Mercado vêm sementes de melancia, de

feijão e das hortaliças; adubos para o milho, e para o feijão; pintinhos, ração, remédio (con-

tra gogo) e bebedouro para as aves; remédio (vermífugo) para os porcos; sal (mineral e co-

mum) e remédios para o gado. Do pasto sai esterco de vaca para plantação de hortaliças,

quiabo/ abóbora e feijão guandu. Do subsistema Milho vai milho como alimento (ração)

para os porcos e as aves (integrantes do subsistema Família). Um pouco da palhada do mi-

lho, do feijão e da mandioca permanecem na área de plantio e funcionam como adubo (co-

bertura morta).

No Fluxo Básico de Renda (Figura 5), a renda agrícola não monetária vem dos sub-

sistemas e se dirige à Família, ou seja, os produtos produzidos na área e, portanto, deixaram

de ser comprados no Mercado – melancia, milho, mandioca, farinha de mandioca, batata-

doce, gergelim, feijão, quiabo, abóbora, hortaliças, leite, carne bovina, suína e de aves,

61

ovos. A renda agrícola monetária sempre vem do Mercado ou do Assentamento (vendas ex-

ternas e internas) e se direciona para a Família. Para representar a origem da renda agrícola

monetária, foram acrescentados números nos subsistemas que fornecem produtos para o

Mercado ou Assentamento. Estes produtos (leitão, ovos, frango e leite) vão para o Merca-

do/Assentamento e retornam para a Família como dinheiro. Os benefícios governamentais

(bolsa família, auxílio gás, PIS, aposentadoria), porventura recebidos pelas famílias, são

considerados como rendas não agrícolas.

62

FIGURA 3. FLUXO BÁSICO DE PRODUTOS – ASSENTAMENTO JERUSALÉM

Subsistema Família = família + moradia + quintal (galinhas, porcos, produções agrícolas em pequena escala, horta)

FAMÍLIA

MELANCIA

MILHO/ FEIJÃO DE CORDA

MANDIOCA

BATATA DOCE

GERGELIM FEIJÃO QUIABO / ABÓBORA

HORTA

CÓRREGOSPASTO

ASSENTAMENTO MERCADO

63

FIGURA 4. FLUXO BÁSICO DE INSUMOS – ASSENTAMENTO JERUSALÉM

Subsistema Família = família + moradia + quintal (galinhas, porcos, produções agrícolas em pequena escala, horta)

FAMÍLIA

MELANCIA

MILHO/ FEIJÃO DE

CORDA

MANDIOCA

BATATA DOCE

GERGELIM FEIJÃO QUIABO / ABÓBORA

HORTA

CÓRREGOSPASTO

ASSENTAMENTO MERCADO

64

FIGURA 5. FLUXO BÁSICO DE RENDA – ASSENTAMENTO JERUSALÉM

Subsistema Família = família + moradia + quintal (galinhas, porcos, produções agrícolas em pequena escala, horta)

MELANCIA

MILHO/ FEIJÃO DE CORDA

MANDIOCA

BATATA DOCE

GERGELIM FEIJÃO QUIABO / ABÓBORA

HORTA

CÓRREGOSPASTO

ASSENTAMENTO MERCADO

2

1 (leitões, ovos e frango) e 2 (leite)

BENEFÍCIOS GOVERNAMENTAIS

1 e 2

1 (leitões, ovos e frango) e 2 (leite)

1 e 2

FAMÍLIA1

Renda agrícola monetária

Renda agrícola não monetária

Renda não agrícola

LEGENDA

65

7.3.4.2. Organização do trabalho

Como pode ser observado na Tabela 18, as famílias do Assentamento Jerusalém es-

tão bem distribuídas em número de homens, mulheres e jovens no geral. Organizaram-se

muito pouco em coletivo, a forma que encontraram foi em pequenos grupos de trabalho

para empreitadas na lavoura de feijão e para o desenvolvimento do projeto de horticultura

do PROSAN. Com a consolidação dos Núcleos de Moradia durante o processo de PDA, os

grupos de trabalho serão formados dentro do próprio Núcleo, como por exemplo, para a

aplicação dos créditos iniciais. A proposta é que a partir do parcelamento da área, a organi-

zação do trabalho seja ainda mais consolidada e se dê a partir dos Núcleos.

Apesar de algumas empreitadas de produção ser em grupos, o trabalho, em sua mai-

oria, é de base familiar, onde homens, mulheres e adolescentes são responsáveis pelas ativi-

dades.

A Tabela 18 apresenta a força de trabalho existente no Assentamento.

TABELA 18. FORÇA DE TRABALHO DO ASSENTAMENTO JERUSALÉM

Indivíduos Faixa Etária (anos) NúmeroJovens (masculino e feminino) Entre 15 e 24 38Mulheres > 25 37Homens > 25 42Total 117Fonte: Diagnóstico no Assentamento Jerusalém, maio de 2006.

No universo rural brasileiro há diferença no trabalho por sexo. Comumente as mu-

lheres são consideradas responsáveis pelas atividades domésticas. O trabalho doméstico se

define pelas tarefas realizadas dentro do espaço físico da moradia e no entorno, como o cui-

dado com pequenos animais e horta, bem como o cuidado com a casa e com a família (ali-

mentação, roupas, limpeza, etc.). A diferença de funções entre os sexos, onde a

produção/roça é um espaço preferencialmente masculino e consumo/moradia é o espaço

preferencialmente feminino, na realidade atual do espaço camponês brasileiro está em cons-

tante reconfiguração. Dependendo do ciclo de vida doméstico, das condições de segurança

alimentar, homens e mulheres podem experimentar ocupações que historicamente eram de-

signadas ao outro sexo. No Assentamento Jerusalém, a maioria das mulheres realiza servi-

66

ços de plantio, capina, colheita, dentre outros, principalmente quando elas são o “arrimo”

da família.

Com base nestas informações foi possível elaborar um diagrama com o Fluxo Bási-

co de Trabalho das famílias do Assentamento Jerusalém (Figura 6). Os serviços na moradia

e no entorno (subsistema Família) e na horta ficam a cargo da mulher e dos filhos e filhas.

As tarefas com o gado são de responsabilidade do homem. As demais tarefas são realizadas

por toda a família.

O excedente da produção de roça: hortaliças, ovos, legumes, etc são levados pela

própria família para a cidade de Rubim para venda. Muitas famílias tiram desta atividade

seu sustento.

67

FIGURA 6. FLUXO BÁSICO DE TRABALHO – ASSENTAMENTO JERUSALÉM

FAMÍLIA

MELANCIA

MILHO/ FEIJÃO DE CORDA

MANDIOCA

BATATA DOCE

GERGELIM FEIJÃO QUIABO / ABÓBORA

HORTA

CÓRREGOSPASTO

ASSENTAMENTO MERCADO

Homem Mulher Jovens

68

7.3.4.3. Agroindustrial ização da produção

Com exceção da produção artesanal e em pequena escala de fubá, doces e queijo, e

da produção de farinha e polvilho, não há nenhuma prática de agroindustrialização da

produção realizada no Assentamento Jerusalém.

7.3.4.4. Atividades produtivas não-agrícolas

Não foram identificadas atividades produtivas não agrícolas no Assentamento

Jerusalém, mas há a experiência em desenvolvimento de trabalhos de artesanato por

algumas famílias.

7.3.4.5. Mulheres e jovens

No assentamento Jerusalém, as mulheres nunca haviam se reunido e pensado numa

forma de organizarem sua produção e trabalho.

Durante as visitas da equipe de PDA propôs-se na área a realização de uma reunião

com as mesmas a fim de incentivar sua organização. Usou-se de metodologia participativa

com o objetivo de possibilitar e facilitar o envolvimento e participação das mulheres na

reunião.

Com esta reunião, algumas ficaram empolgadas com a possibilidade de trabalho e

renda e resolveram resgatar uma antiga idéia de trabalho em grupo. Segundo elas, as

mulheres do campo passam por muitas necessidades e a renda do marido às vezes mal dá

para a alimentação da família. Dedicam-se ao artesanato e cada uma delas oferece ao grupo

aquilo que sabe: tapete de retalho, crochê (tapete de barbante, caminho de mesa, bico no

pano de prato), pintura em pano de prato, ponto cruz e vagonite. Pensaram no grupo como

uma fonte de renda auxiliar para a família e como um momento de entrosamento e

distração. Os produtos gerados pretendem, no futuro, vender em feiras do MST, na cidade,

em eventos, etc. Pensam também em aprimorar a técnica de artesanato através de cursos

fornecidos por elas mesmas (por quem sabe fazer algo) e por alguém de fora do

assentamento que elas articulariam a ida à área.

69

Segundo as mulheres, a principal dificuldade que podem enfrentar são os materiais

necessários para realizar a produção de cada coisa e um local mais adequado para reuniões

de trabalho.

Acreditam que a maioria dos homens incentivará a participação e o envolvimento

das mulheres no grupo.

Para as mulheres que não gostam de artesanato, pretendem no futuro desenvolver

um segundo projeto para fabricação de doces e queijaria.

Devido à gama de idéias e o desejo forte de se organizarem, as mulheres, a partir

desta reunião incentivada pela equipe de PDA, marcaram uma outra reunião a fim de

começarem a planejar suas atividades e a formar os grupos de trabalho.

Durante a fase de diagnóstico no Assentamento Jerusalém foi realizada também

uma reunião com adolescentes e jovens da área (entre 11 e 17 anos), para levantamento de

seus anseios, desejos e projetos para o futuro do Assentamento. Não existe um grupo de

jovens consolidado.

São em geral muito novos; as meninas são melhores articuladas que os meninos, es-

tes são bem mais vergonhosos e não tem muitos sonhos de continuidade de estudos. Como

opções de lazer têm-se: futebol, vôlei, nadar no córrego, roda de conversa, dominó e leitu-

ra.

Os mais velhos já fazem trabalhos temporários na vizinhança (gado, limpar represa,

lavoura) e os menores só realizam trabalhos com a família no próprio Assentamento.

Alguns já pensaram também em deixar a zona rural e irem trabalhar na cidade, mas tem

consciência da dificuldade de viver em uma cidade maior. Alguns pretendem ser

beneficiários da Reforma Agrária no futuro e também pensam, principalmente as meninas,

em cursar uma universidade, em sua maioria relataram sonhos de profissões externas ao

campo.

Em relação ao futuro do Assentamento pretende-se construir um espaço esportivo

mais adequado na área comunitária, parque para as crianças e a formação de uma rádio

comunitária. Gostariam de participar mais em cursos do MST e ter mais opções para

esporte e diversão.

70

7.3.4.6. Análise Sucinta do Sistema Produtivo

Pontos Positivos:

• Diversificação da produção agropecuária;

• Produção de alimentos básicos (segurança alimentar em parte garantida), gerando

uma economia indireta;

• Toda a produção é voltada para o consumo familiar e/ou animal, havendo venda de

excedentes;

• Agricultura de baixos insumos;

• Proximidade com mercados consumidores;

• Força de trabalho familiar em todo o processo de produção (divisão de tarefas);

• Conhecimento tradicional do processo produtivo;

• Assistência técnica em andamento;

• Algumas pastagens já formadas;

• O trabalho familiar divide o trabalho sexualmente;

• Produção em consórcio e em transição para a agroecologia.

Pontos Negativos:

• Ausência de práticas de trabalho cooperado entre as famílias.

• Falta de investimentos em capacitação.

• Dependência dos fatores climáticos no resultado da produtividade.

• Praticamente ausência de culturas permanentes.

• Pouca produção de frutas (fornecedoras de vitaminas e minerais essenciais para o

funcionamento do organismo humano);

• Utilização freqüente, ainda que em pequena escala, de adubação química;

• Não são utilizadas com freqüência práticas conservacionistas no manejo do solo

(incorporação de restos culturais ao solo, esterco animal, rotações, descansos, etc.);

• Dependência de sementes externas devido a não existência de um banco de

sementes de qualidade;

71

• Dependência de insumos externos (sementes, adubos, recursos financeiros, etc.)

para o desenvolvimento da produção;

• Dependência de trator para preparo da terra que pode acentuar ou formar erosões se

não houver um uso racional;

• Ausência de práticas de controle de espécies indesejáveis (plantas e insetos);

• Pouca utilização de receitas caseiras para combate de doenças das criações;

• Pouca disponibilidade, na fase atual, de créditos e financiamentos;

• Pouco beneficiamento da produção;

• Renda agrícola monetária pouco expressiva;

• Necessidade de desenvolvimento de canais de comercialização para o futuro;

• Falta de incentivo e renda para os jovens desestimulando sua permanência no

campo.

7.3.5. Serviços de Apoio à Produção

7.3.5.1. Assessoria Técnica e Pesquisa

A estrutura de assessoria técnica disponível às famílias assentadas é recente,

efetivada por meio do convênio INCRA/AESCA/ATES no. 5600/05 de 2005.

7.3.5.2. Crédito

As famílias do Assentamento Jerusalém receberam em 2005 o crédito do Programa

de Segurança Alimentar (Cáritas - ITER) no valor de R$200,00 por família que foi

aplicado em lavouras e aves de postura. Tiveram acesso também aos recursos do PROSAN

aplicados em horticultura.

Todas as famílias já acessaram a primeira parte do Crédito de Instalação, na

modalidade Apoio, no valor de R$ 2.400,00. Este recurso foi destinado para a compra de

cestas básicas, insumos, algumas ferramentas de trabalho, gado, suínos e eqüinos.

72

7.3.5.3. Capacitação Profissional

Embora não possa ser caracterizado enquanto capacitação profissional, é importante

ressaltar que alguns assentados(as) participaram, em janeiro de 2005, de um curso de

Agroecologia, organizado pelo MST/regional com recursos provenientes do Fundo de

Amparo ao Trabalhador (FAT).

Participaram também de cursos do SENAR “pinturas em tecido, leite, cerca”.

Através da ONG Vokuim alguns assentados participaram de uma oficina sobre os projetos

do PROSAN, uma oficina sobre o meio Ambiente com o CAV e Seminário do GRAAL

através do Sindicato dos(as) Trabalhadores(as) Rurais de Rubim.

7.3.6. Serviços Sociais Básicos

7.3.6.1. Educação

As crianças e jovens do Assentamento Jerusalém estudam em escolas externas: Es-

cola Municipal Coronel Melvino Ferraz (1ª a 8ª séries), Escola Estadual Cardeal Lemes (1ª

a 8ª séries), Escola Estadual Walmir Almeida Costa (5ª série ao 3º ano), no município de

Rubim distando cerca de 6 Km do Assentamento. Para o deslocamento até a escola, a Pre-

feitura Municipal de Rubim disponibilizou transporte escolar nos 2 turnos, sendo que de

manhã é um micro-ônibus. Na parte da tarde é uma Kombi, porém não vem com freqüên-

cia isto acarreta a perda do dia escolar. “Se não vem o transporte, ninguém vai estudar”

(acampada do Jersalém).

As aulas no turno da manhã iniciam às 07:00 h com término às 11:30 h. Já no turno

da tarde, o tempo de aula é das 13:00 h até às 17:30 h.

Na Escola Estadual Cardeal Lemes, as crianças e jovens recebem merenda escolar

como iogurte, biscoito, pão com salsinha, arroz com frango, arroz doce, refrigerante alterna

conforme o dia. Na Escola Municipal Coronel Melvino Ferraz tem sempre macarrão e de

vez em quando tem arroz com frango. Na Escola Estadual Walmir Almeida da Costa não

tem merenda.

As escolas oferecem materiais didáticos como livro, lápis, caderno, borracha, cane-

ta, etc exceto na Escola Estadual Walmir Almeida da Costa.

73

Também é incentivado e produzido cultura dentro das escolas, principalmente a fes-

ta junina e dia das crianças.

Há nas escolas aulas de reforço nos horários que não tem aula. Porém, quando é no

período da tarde algumas pessoas não vão porque quando não tem o transporte, outras aca-

bam indo a pé e outras ainda, quando conseguem, vão de carona.

O Setor de Educação atua de acordo com a necessidade dos educandos. E avaliam

as escolas como boas apesar de distantes da realidade dos estudantes do campo.

No Assentamento, não existe educador(a) capacitado(a) pelo PRONERA (Progra-

ma Nacional de Educação na Reforma Agrária) para atuar na educação de jovens e adultos

(EJA).

A relação idade/série da população do Assentamento Jerusalém pode ser observada

na Tabela 19, a seguir.

Entre as pessoas com mais de 18 anos no Assentamento Jerusalém, 34 são analfabe-

tos (as), confirmando o cenário nacional de ausência de alfabetização em parcela conside-

rável da população. Este dado reforça a importância do desenvolvimento das atividades do

EJA na área e a efetivação participação dos educandos e educandas nas aulas.

TABELA 19. NÍVEL DE INSTRUÇÃO, POR FAIXA ETÁRIA, DAS FAMÍLIAS DOASSENTAMENTO JERUSALÉM.

FaixaEtária

Nível deInstrução

Até

06 7 a 10 11 a

14

15 a

17

18 a

24

25 a

40

+ de 40 Total

Fora da idade escolar 08 0 01 0 01 06 24 40Pré-escolar 02 0 0 0 0 0 0 02

1a. a 4a. séries 04 10 10 1 08 11 25 695a. a 8a. séries 0 02 11 13 10 07 02 45Ensino Médio 0 0 0 02 03 04 0 09

Ensino Superior 0 0 0 0 0 0 0 0Total 14 12 22 16 22 28 51 165

Fonte: Diagnóstico no Assentamento Jerusalém (maio 2006)

7.3.6.2. Saúde e Saneamento

Atualmente existe um Setor de Saúde organizado no Assentamento Jerusalém que

trabalha com a medicina oficial (serviços de saúde) e com a medicina complementar

(principalmente plantas medicinais), funcionando de acordo com as principais demandas

74

relacionadas à saúde na área. O Setor, juntamente com o Setor Regional de Saúde, tem um

projeto para implantar no Assentamento uma horta medicinal, farmácia viva e homeopática

e cursos de capacitação em saúde.

Para a utilização dos serviços oficiais de saúde (consultas médicas, exames, etc.), as

famílias recorrem ao atendimento no Hospital São Vicente de Paula ou no Posto de Saúde

de Rubim através do Sistema Único de Saúde. O Assentamento é atendido pelo Programa

de Saúde da Família (PSF) e ainda conta com outras parcerias como a Pastoral da Criança.

Após muita luta na prefeitura de Rubim, as famílias conseguiram a visita de um

agente de saúde na área que além de acompanhar os casos mais graves a fim de ser

encaminhados ao hospital, exerce ainda atividades como: medição de pressão arterial e

disponibiliza vitamina de ferro para os menores de 2 anos, pesagem das crianças e

acompanhamento das mesmas. A comunidade ainda tem como reivindicação os serviços de

uma ambulância para os atendimentos de emergência; nestes casos, os doentes têm que ser

levados ao hospital através do ônibus, porém este passa até determinado horário e em

poucos horários, ou via carona conseguida na beira da estrada.

As principais reclamações referentes à saúde são, entre os adultos e crianças, pro-

blemas de coluna, hipertensão, sintomas de gripe (dor de garganta, febre, tosse) e resfriado,

verme, micoses, dores de cabeça e enxaqueca, dor de dente e cáries, diarréia, dentre outras.

Muitos destes problemas são agravados pela atividade desenvolvida na roça (que

acabam forçando a coluna e os membros) e pela situação temporária das moradias (proble-

mas respiratórios, alergias, forma de uso da água), onde são submetidos a frio e calor inten-

so, dependendo da época do ano.

Para resolução dos problemas de saúde são utilizados tanto medicamentos

industrializados (adquiridos em posto de saúde, hospital ou farmácias) quanto provenientes

de plantas medicinais, dependendo da gravidade do problema, como chás, xaropes,

massagens, etc. Segundo as famílias, é muito difícil conseguir alguns medicamentos no

posto de saúde ou no hospital, portanto, há necessidade de comprá-los nas farmácias

convencionais. Os problemas mais graves são encaminhados para o posto de saúde e

segue-se a recomendação dada pelo médico.

No Assentamento, 67,5% das famílias têm em suas hortas e/ou quintais plantas

medicinais, porém cultivam poucas variedades de plantas. Quase nunca se reúnem para a

elaboração conjunta de medicamentos a partir de plantas. Entretanto sabem fazer

comprimidos, xaropes, pomadas e chás. Diversas plantas com propriedades medicinais

75

foram citadas e visualizadas no período do diagnóstico, mas nem todas as indicações de

uso apontadas coincidem com a literatura oficial ou popular (Tabela 20).

Algumas pessoas do assentamento já participaram de oficinas de saúde para fazer

remédios, pomadas, xarope e alimentação alternativa que também trabalhou a medicina

preventiva.

No entanto no Assentamento não existe a aparelhagem necessária para fazer corre-

tamente os medicamentos de plantas medicinais mais elaborados (tinturas, pomadas, xaro-

pes, etc.). Muitas pessoas, principalmente os mais velhos e de origem rural, utilizam as

plantas de maneira individual, buscam no mato e fazem seus remédios através de conheci-

mentos empíricos (principalmente chás).

A quantidade de fumantes no Assentamento é grande, 65% das famílias tem pelo

menos 1 fumante. Porém, o número de pessoas fumantes no assentamento representa

21,21%, o que pode considerar um número baixo.

De acordo com as famílias, 7 crianças possuem cartão de vacinação, 6 este está em

dia e 1 não. Durante as campanhas de vacinação as famílias têm que ir à cidade, pois a

prefeitura não busca.

A água utilizada para o consumo humano provém de rio, cacimba, poço artesiano,

nascente e açude. A água é tratada apenas por cerca 75% das famílias através de filtração.

O destino dos dejetos, na maioria das moradias, é a fossa seca3, porém algumas

famílias ainda lançam seus dejetos a céu aberto. A falta de controle sobre os dejetos afeta

as condições de vida e saúde destas famílias. Quanto ao destino dado ao lixo, a maior

parte do resíduo orgânico é utilizada para alimentação animal enquanto o resíduo

inorgânico e até mesmo parte do orgânico é queimado num buraco ficando pouco

espalhado.

A presença de animais como moscas, baratas, cobras, ratos, escorpiões, muriçoca é

freqüente nas moradias do Assentamento, principalmente devido ao estilo das construções

(barro, palha, madeira) e do inadequado acondicionamento do lixo e dos mantimentos

(grãos).

3 Cabe ressal tar aqui a di fe rença ent re fossa seca e fossa negra: no pr imeiro caso temosa deposição de e fluentes de forma es tanque , que pode ser acompanhado de tanques defi l t ragem e fermentação, a lém de sumidouro e tanque de secagem de lodo, dando-se acorre ta dest inação f ina l aos efluentes; ao cont rár io , no segundo caso , apenas é fei to umburaco no solo onde são deposi tados os efluentes. Neste caso há r i sco de contaminaçãodo solo e /ou da água, pr incipalmente sub ter rânea.

76

Existem também muitos animais domésticos na área, principalmente cães e gatos.

Segundo as famílias, 71,42% dos animais domésticos da área estão com as vacinas

regularizadas.

77

TABELA 20. PLANTAS COM PROPRIEDADES MEDICINAIS DO ASSENTAMENTO JERUSALÉMNome popular Nome científico Indicação de uso

atribuída na área

Principais indicações de uso (conforme literatura consultada)

Algodão Gossypium barbadense Gripe Folhas: tratamento de disenteria e hemorragia uterina e cicatrizante (usoexterno). Raiz: para falta de memória, amenorréia, distúrbios da menopausa eimpotência sexual. Flores e frutos verdes (uso externo, aplicação direta):micoses (frieiras, panos branco e preto, impingens). Óleo das sementes:purgativo, vermífugo para lombrigas e, localmente, como emoliente e paracombater piolhos.

Anador Justicia sp. Analgésico Dor de cabeça Coluna, dores de cabeça e musculares em geral

Babosa Aloe sp Vermes, pro cabelo Queimaduras solares, coagulantes, cabelos, queimaduras com raio X, mádigestão, artrose, acne, úlcera, ferimentos em geral.

Boldo Plectranthus barbatus Estômago, ressaca,fígado, digestivo e dorde barriga

Controle da gastrite, dispepsia, azia, mal estar gástrico, ressaca e estimulante doapetite. Pessoas com problemas de coração devem evitar o uso, pois tem efeitocardioativo.

Brilhantina Não identificado Catarro Sem referências na literatura consultada.Capim de cheiro Kyllinga brevifolia Dor de cabeça Sem referências na literatura consultada.Capim da Lapa Não identificado Calmante, febre Sem referências na literatura consultada.Capim cidreira Cymbopogon citratus Pressão alta, calmante,

febre, mal-estar,estômago,

Uso interno: calmante, analgésico (em dores de estômago, abdominais e decabeça), antifebril, anti-reumático, carminativo, antitussígeno, diaforético,emenagogo e em distúrbios digestivos. Uso externo: repelente de insetos.Santos et al. (1988) apontam que a utilização como calmante é discutível. Podeser abortivo em doses concentradas.

Capim Santo Cymbopogon citratus Calmante Bactericida, antiespasmódico, calmante, analgésico suave, carminativo,estomáquico, diurético, sudorífico, hipotensor, anti-reumático. Maisutilizado em diarréias, dores estomacais e problemas renais.

Erva cidreira defolha

Lippia alba Calmante, estômago, dorde barriga, mal-estar

Antiespasmódico, estomáquico, carminativo, calmante, digestivo, combateinsônia e asma. Não recomendado para hipotensos.

Hortelã Mentha x villosa Digestão e anti-inflamatório

Dihestiva, estimulante, tônica, carminativa, antiespasmódica, estomáquica,expectorante, antisséptica, colerética, colagoga e vermífuga.

Hortelãzinho Mentha x piperita L. Anti-inflamatório Distúrbios gastrintestinais, vermífugo (giardíase e amebíase), gases, analgésica,

anti-séptica, antiespasmódica, antiinflamatória, tônica, problemas respiratórios.

Manjericão Ocimum basilicum L. Não citado. Dores de estômago, má digestão, gases, espasmos gástricos, cólicas intestinais,na falta de leite materno na fase de amamentação, e enxaquecas. No combate àfalta de apetite, em casos de estafa mental, intelectual e nervosa e para acalmardores de ouvido.

Pau Nicolau Não identificado estômago Sem referências na literatura consultada.Poejo Mentha sp. * Não citado. Carminativo, digestivo, vermífugo, expectorante, antisséptico, emenagogo,

antiespasmódico e para hidropisia. A pulejona é citada por possuir efeito tóxicoem altas doses. Não é recomendado uso por grávidas, especialmente nos 3primeiros meses.

Sambabaia Não identificado Não citado. Sem referências na literatura consultada.Fonte: Diagnóstico no Assentamento Jerusalém e literatura (Brandão et al. (2003), Martins et al. (2003), Lorenzi & Matos (2002) e Simões et al (1998))* dados de literatura sobre Mentha pulegium

80

Termos técnicos utilizados na Tabela 20:

- Abortivo: que provoca aborto (interrupção da gestação)- Adstringente: que diminui ou impede a secreção ou absorção, causando sensaçãode secura e aspereza na boca- Amenorréia: suspensão do fluxo mesntrual na mulher não grávida durante aidade fértil- Anafrodísiaca: diminui o desejo sexual- Analgésico: que acalma ou impede a dor- Anorexia: ausência de apetite- Anti-asmático: contra so sintomas da asma- Anti-blenorrágica: combate a infecção purulenta das membranas mucosas,especialmente da ureta e da vagina- Anti-desintérica: combate a desinteria- Anti-escorbútico; que combate o escorbuto (doença por carência de vitamina C)- Antiespasmódico: que age contra espasmos e dores agudas-Antifebril: reduz a febre- Anti-helmíntico: combate vermes- Anti-hemorrágica: combate hemorragias- Antipirético; diminui a temperatura corporal em estados febris- Anti-reumático: combate o reumatismo- Anti-séptico: que age contra as infecções, destruindo ou inibindo a proliferaçãode microrganismos causadores de doenças- Antitussígeno: combate a tosse- Aperiente: que estimula o apetite- Béquico: que combate a tosse- Bucofaringeanas: boca e faringe- Carminativo: que provoca a eliminação de gases do aparelho digestivo- Cardioativo: que acelera os batimentos do coração- Colerético: aumenta a produção da bílis (líquido amargo gerado pelo fígado queauxilia na digestão)- Convulsivante: causa convulsão- Decocção: cozinhar- Depurativo: que purifica o organismo- Dermatose: doenças na pele- Diaforético: que provoca e favorece a transpiração

- Digestivo: que facilita a digestão- Dispepsia: dificuldade de digestão- Diurético: aumenta a quantidade de urina eliminada- Eczemas: doença da pele, com avermelhamento e coceira- Emenagogo que provoca a menstruação- Emoliente: que tem propriedade de amolecer tecidos irritados ou inflamados,formando uma camada protetora- Estimulante: que tem a propriedade de ativar a circulação geral ou local ou adisposição física- Estomáquico: que estimula a atividade secretora do estômago- Expectorante: que provoca a eliminação de muco ou de outras secreções queestejam nos pulmões, brônquios e traquéia- Febrífugo: reduz a febre- Fluxo biliar: fluxo da bílis (líquido amargo gerado pelo fígado que auxilia nadigestão)- Galactagoga: que provoca ou aumenta a secreção do leite- Gota: reumatismo decorrente de excesso de ácido úrico no sangue- Hidropisia: infiltração ou acúmulo de água no tecido celular ou em cavidadesnaturais do corpo- Hipoglicêmico: que reduz o nível de glicose no sangue- Hipotensão: pressão baixa- Hipotensor: que diminui ou abaixa a pressão sanguínea- Infusão: chá abafado (planta colocada na água quente, sem cozinhar)- Laxativa: que faciliat a evacuação intestinal (purgante fraco)- Libido: apetite sexual- Leucorréia: secreção barnca vaginal ou uterina- Purgativo: provoca a evacuação instestinal- Revulsivo: provoca aumento do fluxo sanguíneo- Rubefaciente: que provoca vermelhidão- Tônico: aumenta a atividade orgânica, diminuindo a fadiga- Sedante: calmante- Sudorífero: que provoca e favorece a transpiração- Vermífugo: elimina os vermes intestinais- Vulneraria: que cura feridas e chagas, favorecendo a cicatrização.

81

7.3.6.3. Cultura e Lazer

No Assentamento, a maior parte das famílias participa de uma religião, sendo

principalmente católicas.

As atividades esportivas e de lazer mais freqüentes no Assentamento são as festas,

jogos de futebol e vôlei, passeio de bicicleta, jogos de baralho e caminhadas.

As festas mais comemoradas pela comunidade são: Festa Junina (São João e São

Pedro), Natal, Ano Novo e aniversário do Assentamento. Esporadicamente fazem noites

culturais.

Para as festas e atividades esportivas/lazer é utilizada a casa sede e seu entorno.

O rádio é a principal fonte de informação das famílias do Assentamento Jerusalém,

seguida do jornal impresso.

Há pouca infra-estrutura no Assentamento que possa ser potencializada para uso de

atividades relacionadas a cultura e lazer, e as que existem necessitam de reformas.

7.3.6.4. Habitação

As famílias ainda não receberam o Crédito de Instalação na modalidade Aquisição

de Materiais de Construção, portanto, as moradias são habitações ‘temporárias’, estando

organizadas próximas uma das outras.

A moradia brasileira pode ser considerada o resultado da junção das influências eu-

ropéias, sobretudo portuguesa, africanas e indígenas. A casa como núcleo de um sistema de

moradia, assim como a forma de armazenar os grãos, a presença da bica d’água e do jiral,

faz parte do cotidiano das famílias Sem Terra.

A presença do fogão a lenha nas cozinhas é uma constante. As conversas ao anoite-

cer acontecem, na maioria das moradias, ao ‘pé do fogão’ a lenha, que, aos poucos se

transforma em lugar de resgate e memória da família. Em alguns casos, encontramos o fo-

gão a lenha na ‘varanda’, reflexo do início da colonização, pois “(...) com o índio o portu-

guês aprendeu que cozinhar nos trópicos é uma tarefa a ser feita do lado de fora” (Veríssi-

mo e Bittar, 1999).

A maioria das moradias tem paredes de adobe e chão de terra batida. Em todas as

moradias, a lona, a palha ou a telha são utilizadas para cobertura. Foi constatada a ausência

de instalação sanitária e hidráulica na maioria das moradias. As casas não possuem rede

elétrica.

Recomenda-se ao serviço de ATES buscar alternativas para aplicação racional do

crédito voltado para a aquisição de materiais de construção, como por exemplo, incentivar

a construção das moradias por meio de mutirão, buscar parceiras visando à capacitação das

famílias em técnicas alternativas de construção, dentre outras.

O número, funcionalidade e qualidade das habitações do Assentamento Jerusalém

podem ser observados na Tabela 21.

TABELA 21. HABITAÇÕES NO ASSENTAMENTO JERUSALÉMNo Padrão Cobertura Piso Instalação sanitária Instalação

hidráulica

Instalação

elétricaCasa Telha Palha Terra

batida

Tijolo Cimento

/cerâmica

Sem privada sanitário sim não sim não

11 Alvenaria 4 7 9 1 3 0 11 2 2 10 1 1111 Barro

taipa

0 11 12 0 0 3 8 0 0 11 0 11

0 Madeira 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 018 Lona 1 17 17 0 0 1 15 0 0 17 0 17

Fonte: Diagnóstico no Assentamento Jerusalém (maio de 2006).

7.3.6.5. Outros Programas Governamentais e Não-Governamentais

A maioria das famílias, 77,5%, do Assentamento Jerusalém é beneficiária dos

programas governamentais Bolsa Escola (benefício monetário mensal às famílias em troca

da manutenção das crianças na escola), Bolsa Alimentação (benefício monetário mensal

para famílias de baixa renda com crianças), Auxílio Gás (benefício monetário bimestral

para famílias de baixa renda) e Aposentadoria.

Destas, 58,06% recebem bolsa alimentação ou escola, enquanto 6,45% recebem

auxílio gás e 35,48% aposentadoria. As famílias cuja renda é superior a R$ 100,00

recebem aposentadoria.

As famílias participaram do programa governamental Fome Zero através dos proje-

tos do PSA e PROSAN administrados pela Cáritas e Iter.

7.4. Síntese das Limitações, Potencialidades e Condicionantes

Para analisar as condições satisfatórias de sustentabilidade do Assentamento

Jerusalém tomamos como referência oito fatores condicionantes das potencialidades e

limitações, que caracterizariam um Assentamento sustentável: infra-estrutura social;

sistema de produção; mercado; meio ambiente; organização; assistência técnica; complexo

institucional e educação.

É importante considerar a conjugação desses fatores e não apenas um isoladamente.

Além disso, para cada um desses fatores foi atribuída uma pontuação, de forma que

obtivéssemos um total de pontos classificatórios para um Assentamento considerado

sustentável. Um Assentamento sustentável seria aquele em que todos os oito fatores

condicionantes apresentassem ótimas condições, sendo utilizados de forma otimizada.

Neste caso, a pontuação máxima atingida seria de 40 pontos, podendo com isso, classificar

os Assentamentos em quatro categorias, como pode ser observado na Tabela 22.

TABELA 22. CLASSIFICAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS EM CATEGORIASCategorias Pontos Classificatórios

AS – Assentamento Sustentável 40A – Condições favoráveis de sustentabilidade De 28 a 39B – Condições intermediárias de sustentabilidade De 16 a 27C – Condições mínimas de sustentabilidade De 08 a 15

A classificação em diferentes categorias tem por objetivo orientar o processo de

intervenção dos agentes externos, tais como INCRA, Prefeituras, ONG's, movimentos

sociais e outros. Tal classificação tem como pressuposto básico o fato de que os

Assentamentos partem de pontos diferenciados de condições sociais, econômicas e

ambientais. Portanto, com base nessa classificação, as famílias assentadas poderão tomar

decisões estratégicas, definir metas, recursos e prazos, orientando melhor os investimentos

para que o Assentamento atinja as condições ideais de sustentabilidade.

A análise referente aos oito fatores condicionantes das limitações e potencialidades

do Assentamento Jerusalém pode ser observada na Tabela 23. Os pontos classificatórios

são obtidos através do somatório dos pontos fortes dentro de cada critério dos fatores

condicionantes.

85

TABELA 23. POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DO ASSENTAMENTO JERUSALÉMFatores Condicionantes Critérios Pontos

FortesPontosFracos

Condições

1. Infra-estrutura Social Escola X Todas as crianças e adolescentes em idade escolar freqüentam escola externa.Posto de saúde X Ocorrem visitas de profissionais do Programa de Saúde da Família (PSF).Estradas internas X As estradas atuais estão em condições de tráfego, mas com o parcelamento novas

estradas deverão ser cortadas.Água (consumo humano) X Em quantidade, mas não se conhece a qualidade da mesma. Mas a água para

consumo familiar não é tratadaEnergia elétrica X As famílias não têm acesso.Moradias X Devido a fase de acampamento, as moradias são temporárias.Saneamento básico X Não existe.

2. Sistema de Produção Água X Apresenta potencial hídrico para regular aproveitamento de água durante todo o ano. Solo X Baixa fertilidade natural somado à não adoção de práticas conservacionistas.Construções e instalações X São poucas, apresentando precário a regular estado de conservação.Técnica X Técnicas de uso do solo tradicionais ou convencionais.Força de trabalho X Insuficiente.Crédito financeiro X Programa de Segurança Alimentar, PROSAN e Implantação na modalidade ApoioMáquinas e equipamentos X Enxada, foice, machado, matraca, carrinho de mão.

3. Mercado Meios de transporte X Poucas famílias possuem veículos para transporte da produção.Comercialização X Vendas principalmente em Rubim, quando há excedente.Mercado consumidor X O Assentamento se localiza próximo a um centro consumidor.Fornecedores X Muitas opções e variedade de preços.Estradas externas X Não pavimentadas.Marca e qualidade dos produtos

X Não existe marca e é necessário melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos.

Fatores Condicionantes Critérios PontosFortes

PontosFracos

Condições

4. Meio Ambiente Água X Dispõem de razoável recurso hídrico.APP X Praticamente inexistente em alguns trechos.Reserva Legal X Ainda não averbada, mas com remanescentes de vegetação típica em regeneração.Fauna e flora local X Diminuição devido a ações antrópicas.Plano de manejo X Não existe.

86

Relevo X Em sua maior parte favorece a adoção de práticas conservacionistas e o uso do solo para a agricultura.

5. Organização Coordenação X Existe.Associação X Não existe.Participação X Presença efetiva, porém precisa melhorar a participação nos debates.Grupos de ajuda mútua X Não envolvem toda a comunidade, mas possuem potencial de ampliação.

6. Assessoria Técnica Assessoria técnica X Programa de Assessoria Técnica, Social e Extensão Rural (ATES).Projeto de assessoria técnica X Em fase de planejamento.

7. Complexo Institucional Instituições ambientais X Não existem.Grupos mediadores X MSTConvênios X INCRA/AESCA.Parceria institucional X Cáritas Diocesana, APR, Pastoral da criança, ONG’s

8. Educação Alfabetização de adultos X Não existe.Experiências profissionais X Experiências diversas (carpinteiro, marceneiro, pedreiro, caminhoneiro, costureira,

agricultores e agricultoras, etc.)Cursos de capacitação profissional

X Não existe.

Saber local X Sem manifestação.Fonte: Levantamento de campo - Equipe de PDA, maio/06

87

Tendo em vista estas considerações, o Assentamento Jerusalém foi classificado

na categoria B com total de 19 pontos, sendo, portanto, um Assentamento que apresenta

condições intermediárias de sustentabilidade, como pode ser observado na Tabela 24.

TABELA 24. CLASSIFICAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE DO ASSENTAMENTOJERUSALÉM

Fatores Condicionantes Assentamento Sustentável Assentamento Jerusálem1. Infra-estrutura Social 07 032. Sistema de Produção 07 023. Mercado 06 024. Meio Ambiente 06 035. Organização 04 036. Assessoria Técnica 02 027. Complexo Institucional 04 038. Educação 04 01Total 40 19Categoria AS B

Isto significa que o ponto de partida do Assentamento Jerusalém apresenta con-

dições mínimas de oferecer retorno aos investimentos a serem realizados, o que deman-

dará volume maior de investimentos e/ou mais tempo para atingir sua sustentabilidade,

observando as orientações do presente Plano.

O volume de investimentos e/ou tempo para atingir sua sustentabilidade depen-

derá muito da organização das famílias assentadas, o que poderá ser atenuado obser-

vando-se as orientações constantes no presente Plano e no trabalho que realizado através

do programa de ATES junto às famílias.

88

VIII. PLANO DE AÇÃO PARAO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

8.1. Objetivos e Diretrizes Gerais

O Plano de Desenvolvimento do Assentamento pretende contribuir de forma

significativa para a melhoria das condições de vida das famílias do Assentamento

Jerusalém, constituindo assim um documento que orientará as ações destas famílias para

consolidação do mesmo diante das instituições financiadoras do Estado, além de

facilitar o diálogo com instituições parceiras.

8.1.1. Organização Territorial

Este Programa tem como principal objetivo garantir o ordenamento do território

de acordo com o anteprojeto de parcelamento proposto, através da observância dos

fatores ambientais, econômicos, territoriais, sociais e culturais. Deve indicar as formas

de uso e o manejo das diferentes parcelas e unidades, bem como as infra-estruturas

básicas para consolidação do Assentamento, como estradas internas, energia elétrica,

abastecimento de água e construções de uso das 40 famílias.

8.1.2. Serviços Sociais

O Programa Social tem como objetivo o planejamento de ações para o

atendimento das necessidades básicas das famílias do Assentamento Jerusalém, criando

condições para a melhoria da qualidade de vida e para a promoção de um

desenvolvimento humano sustentável.

89

8.1.3. Sistema Produtivo

O Programa Produtivo prevê um conjunto de ações que possam conciliar as

atividades econômicas com a preservação ambiental. Tem como referência as

estratégias produtivas que os agricultores e agriculturas tradicionalmente utilizam na

região, bem como a própria experiência das famílias nestes anos de acampamento.

8.1.4. Meio Ambiente

O Programa Ambiental visa recuperar e/ou minimizar o passivo ambiental

(danos causados ao meio ambiente) existente, bem como promover ações e estratégias

de preservação dos recursos naturais da área.

8.1.5. Desenvolvimento Organizacional

Tem como objetivo organizar e articular ações que contribuam para o

fortalecimento da organização interna do Assentamento Jerusalém e para o aumento da

sua capacidade de articulação e negociação com agentes externos, considerados

potencializadores para implementação do presente Plano.

8.1.6. Serviços de Assessoria Técnica, Social e Ambiental no Acompanhamento à

Implantação do Plano.

A proposta da entidade que realiza os serviços de ATES para acompanhamento à

implantação do Plano, envolve o monitoramento e a avaliação constantes de seus

Programas, utilizando-se, para isso, de alguns indicadores sócio-econômicos. Os

indicadores serão utilizados, pois demonstram as modificações e os resultados obtidos

pelas ações estratégicas de desenvolvimento sócio-econômico de comunidades onde

foram elaborados planos de desenvolvimento.

No presente Plano foi contemplado o planejamento da aplicação do Crédito de

Instalação na modalidade Aquisição de Materiais de Construção, o destino das obras de

90

infra-estrutura existentes, assim como a estimativa de custos daquelas que deverão ser

implantadas.

Considerando a relevância do crédito PRONAF A para a formação ou ampliação

da estrutura produtiva da unidade familiar e/ou coletiva, o presente Plano propiciou

elementos, junto com os responsáveis pelo programa de ATES no Assentamento, para

uma ampla discussão sobre a aplicação do referido crédito, prevendo a garantia mínima

de segurança alimentar, linhas de produção que gere uma renda mensal e sazonal e

acúmulo de capital (poupança) para investimentos futuros e cooperados.

8.2. Programas

Para alcançar os objetivos propostos pelas famílias do Assentamento Jerusalém e

outros que se almejam para a implementação de um Assentamento sustentável,

organizou-se o conjunto de atividades previstas em torno de seis programas, assim

subdivididos:

1. Programa de Organização Territorial.

2. Programa Produtivo.

3. Programa Social.

4. Programa Ambiental.

5. Programa de Desenvolvimento Organizacional e de Gestão do Plano.

6. Assessoria Técnica, Social e Ambiental (ATES).

8.2.1. Programa de Organização Territorial

A discussão do território em um Assentamento de Reforma Agrária deve

considerar a produção, baseada na agricultura familiar, e a conservação ambiental. Esta

associação de ‘olhares’ não deve ser dicotômica, mas, em uma perspectiva de integração

de melhor ocupação e utilização da área e do uso sustentável dos recursos naturais. A

91

sustentabilidade de um Assentamento deve tornar compatíveis os modelos de produção

e a manutenção e reprodução dos ecossistemas.

Recursos naturais degradados, principalmente solo e água, fazem parte da

realidade da maioria dos latifúndios desapropriados para fins de Reforma Agrária em

Minas Gerais. As famílias a serem assentadas assumem a responsabilidade pelo passivo

ambiental (danos causados ao meio ambiente) anterior à entrada na área.

A proposta de parcelamento de um Assentamento deve considerar a

estratificação ambiental (áreas de proteção integral, de uso restrito e aquelas adequadas

à produtividade agropecuária), o acesso a estradas, disponibilidade de água (tanto para

abastecimento da produção quanto das moradias), a existência de infra-estrutura de uso

cooperado, entre outros.

Após o levantamento de campo e análise de informações secundárias, a equipe

trabalhou com objetivo de conhecer a expectativa das famílias em relação à organização

no espaço territorial. O anteprojeto de parcelamento priorizou o aproveitamento de vias

existentes e o acesso direto às fontes naturais de água da parcela para a maior parte das

famílias assentadas.

Vale ressaltar que o anteprojeto de parcelamento, apesar de oficial e

tecnicamente coerente, poderá sofrer alguns ajustes pela equipe responsável pela

execução do parcelamento, visando minimizar erros provenientes do GPS de navegação

e da base fornecida pelo INCRA onde não há recente levantamento dos recursos

naturais, acidentes geográficos e estradas. Obviamente possíveis modificações devem

ter o aval das famílias assentadas.

Depois de amplas discussões com as famílias, aliadas às possibilidades técnicas,

a área do Assentamento Jerusalém deve ser parcelada e organizada, conforme consta no

Mapa B1 e na Tabela 25, a seguir.

Na proposta discutida e aprovada, algumas família terão seu lote individual em

parcela única, sendo a área média de 29,6332 ha e outras terão o lote individual dividido

em duas parcelas, com área média de 34,5452 ha, assim denominadas: área de moradia

(média de 9,710948 ha de área útil) e área de produção (média de 24,83421 ha de área

útil).

TABELA 25. PROPOSTA PARA UTILIZAÇÃO DA ÁREA DO ASSENTAMENTO JERUSALÉM

92

Usos Área (ha) LocalizaçãoLotes familiares: 66 unidades (parcelas únicas por família e 2 parcelas por família)Lotes de parcela única: 14 unidades 414,8643 Mapa B1Lotes de moradia: 26 unidades 252,4848 Mapa B1Lotes de produção: 26 unidades 645,6894 Mapa B1Áreas de Reserva Legal e Preservação PermanenteÁrea de Reserva Legal Total 427,4206 Mapa B1Reserva Legal 1 191,3246 Mapa B1Reserva Legal 2 236,0969 Mapa B1APP – rios, córregos e nascentes 156,8605 Mapa B1Área ComunitáriaÁrea comunitária do Assentamento 5,4627 Mapa B1Área de Exploração Coletiva: 4 unidadesÁrea de Exploração Coletiva 19,9221 Mapa B1EstradasEstradas (atuais e propostas) 31,2502 Mapa B2Área total do Assentamento 1.953,9546

Fonte: Trabalho de campo, 2006 e Laudo de Vistoria e Avaliação de Imóvel Rural - FazendaIracema (INCRA, 2004).

8.2.1.1. Unidades Produtivas

O Assentamento foi parcelado de acordo com o uso e manejo previstos,

seguindo a seguinte classificação: lotes familiares de parcela única, lotes familiares de

duas parcelas (parcela de moradia e parcela de produção), Áreas de Preservação

Permanente e Reserva Legal, Áreas de Exploração Coletiva e Área comunitária.

Todas as famílias do Assentamento Jerusalém estão organizadas em Núcleos de

Moradia, sendo que todas optaram por lotes individuais (lotes familiares), seja em

parcela única, seja dividido em duas parcelas. Para que todas as famílias tivessem

acesso à estrada, houve a necessidade desta distinção entre parcela única ou parcela

dupla. Porém, nos dois casos, a moradia e as edificações de apoio se localizarão

próximo à estrada Rubim-Rio do Prado (Rodovia MG-406). E no caso de parcela dupla,

a produção agropecuária (implantação dos sistemas produtivos) ocorrerá em ambas as

parcelas (lote de moradia e lote de produção).

Este corte tentou levar em consideração aspectos da topografia, fontes de água e

estradas. Lotes que tiveram terrenos com menor percentagem de terra de cultura, de

baixadas e presença de erosões foram parcialmente compensados com áreas maiores.

Para que haja uma maior aproximação das moradias e, conseqüentemente das famílias,

bem como para facilitar a instalação da infra-estrutura básica, a sugestão é que cada

família construa sua casa no mesmo alinhamento das demais.

93

A1) Lotes Familiares de parcela única

Parte das famílias do Assentamento Jerusalém optou por lotes familiares de

parcela única. Nesta proposta, a casa e a área de produção (roça e pastagens, por

exemplo) se localizam em uma única parcela com área média de 29.6332 ha (Mapa B5).

Os critérios utilizados para elaboração da proposta de organização territorial

encontram-se sistematizados na Tabela 26.

TABELA 26. CRITÉRIOS PROPOSTOS PARA A CONSTITUIÇÃO DOS LOTES FAMILIARES DE PARCELA ÚNICA

CritériosÁrea

Mínima(ha)

Funções Especificações

Moradia e

entorno

2,00 Lugar de morar, edificações de apoio,auto-consumo e geração de renda

Moradia, paiol,chiqueiro, galinheiro, horta e pomar, depósito, culturas.

Lavouras 6,00 Auto-consumo, consumo animal e geração de renda

Feijão e milho para garantir a produção de alimentos básicos destinados ao auto-consumo familiar, além de gerar excedentepara a comercialização (feijão, milho, mandioca, cana)

Pastagens 15,00 Consumo animal, geração de renda e poupança

Pastagens plantadas e naturais, apresentandopotencial variado quanto ao uso pecuário.

ProjetosFuturos

6,63 Consumo humano e animal, geração de renda e poupança

Área destinada à implantação de outrosprojetos e ampliação de culturas vegetais,como mandioca e cana, além de animais.

Total 29,63

Estes lotes seguem a mesma lógica do sistema A explicitado na tabela 27

diferenciando-se nos tamanhos dos subsistemas e que neste caso, os subsistemas estão

localizados em uma parcela única.

A2) Lotes Familiares de parcela dupla

As demais famílias do Assentamento Jerusalém se distribuirão por lotes

familiares de parcela dupla (somatório de área média de 34,54 ha). Nesta proposta, a

moradia e as edificações de apoio se localizarão em uma parcela (lote de moradia) e a

94

produção agropecuária (implantação dos sistemas produtivos) ocorrerá em ambas as

parcelas (lote de moradia e lote de produção – Mapa B6 e B7).

Os critérios utilizados para elaboração da proposta de organização territorial

encontram-se sistematizados na Tabela 27.

TABELA 27. CRITÉRIOS PROPOSTOS PARA A CONSTITUIÇÃO DOS LOTESFAMILIARES DE PARCELA DUPLA

CritériosÁrea

Mínima Funções EspecificaçõesSistema Produtivo A*

Lote de MoradiaMoradia eentorno

2,0 ha Lugar de morar, edificações de apoio, auto-consumo e geração de renda

Moradia, paiol,chiqueiro, galinheiro, horta e pomar, depósito, pequenas culturas

Culturasanuais

4,0 ha Consumo familiar e animal e geração de renda

Feijão e milho para consumo familiar e dos animais e fonte de renda a partir da venda dos excedentes, além de matéria-prima para projeto futuro de agroindustrialização

Projetosfuturos

3,71 ha Consumo humano e animal, geração de renda e poupança

Área destinada à implantação de outrosprojetos e ampliação de culturas vegetais eanimais.

Lote de produçãoCulturastemporárias deciclo longo

1,0 ha Consumo familiar e geração de renda

Mandioca

Pastagens 15 ha Consumo animal, geração de renda e poupança

Pastagens plantadas e naturais, apresentandopotencial variado quanto ao uso pecuário

Culturaspermanentes

1,0 ha Geração de renda e consumo animal

Cana-de-açúcar como fonte alimentar animale, de matéria-prima para projeto futuro de agroindustrialização.

Projetosfuturos

7,83 ha Consumo humano e animal, geração de renda e poupança

Área destinada à implantação de outrosprojetos e ampliação de culturas vegetais eanimais.

Total 34,54 haSistema Produtivo B*

Lote de MoradiaMoradia eentorno

2,0 ha Lugar de morar, edificações de apoio, auto-consumo e geração de renda

Moradia, paiol,chiqueiro, galinheiro, horta e pomar, depósito, pequenas culturas

Culturasanuais

4,0 ha Consumo familiar e animal e geração de renda

Feijão e milho para consumo familiar e dos animais e fonte de renda a partir da venda dos excedentes, além de matéria-prima para projeto futuro de agroindustrialização.

Culturas 1,0 ha Consumo familiar e Horticultura

95

Temporárias geração de rendaProjetosfuturos

2,71 ha Consumo humano e animal, geração de renda e poupança

Área destinada à implantação de outrosprojetos e ampliação de culturas vegetais eanimais.

Lote de produçãoPastagens 15 ha Consumo animal,

geração de renda e poupança

Pastagens plantadas e naturais, apresentandopotencial variado quanto ao uso pecuário

Culturaspermanentes

1,0 ha Consumo animal e geração de renda.

Cana-de-açúcar como fonte alimentar animale, de matéria-prima para projeto futuro deagroindustrialização.

Projetosfuturos

8,83 ha Consumo humano e animal, geração de renda e poupança

Área destinada à implantação de outrosprojetos e ampliação de culturas vegetais eanimais.

Total 34,54 ha* A explicação dos sistemas produtivos A e B serão apresentados mais adiante, no itemPrograma Produtivo.

Aconselha-se que os lotes familiares sejam organizados internamente de forma

que as atividades de manejo intensivo localizem-se próximas à moradia, como hortas,

pomares e culturas temporárias, e que culturas permanentes que demandam um manejo

mais esporádico encontrem-se mais afastadas. No entanto, apesar de necessitarem de

visitações freqüentes, galinheiros e chiqueiros devem guardar distância da moradia e das

fontes de água, como forma de evitar que esses animais transformem-se em vetores de

doenças.

A água cinza4 proveniente da moradia também pode ser tratada e aproveitada

para o uso agrícola. Para tanto deve-se tomar o cuidado de separar encanamentos de

diferentes dejetos. As águas servidas provenientes de pias podem ser tratadas e

reutilizadas, enquanto que os resíduos, como as fezes, devem ser destinados diretamente

à fossa séptica, como uma forma de evitar a contaminação do solo e da água. O

detalhamento dos lotes familiares pode ser observado na Tabela 28 e 29, a seguir.

TABELA 28. PARCELAMENTO FINAL DO ASSENTAMENTO JERUSALÉM

Núcleo Nª SªAparecida

Área útil APP Área total

13 famílias: 5 parcela única e 8 parcela duplaLote de Parcela ÚnicaLote 01 30,2867 3,1352 33,4219Lote 05 30,2565 3,9238 34,1803

4 Água cinza é composta por toda água servida da residência, excetuando-se àquela proveniente do vaso sanitário.

96

Lote 09 30,0542 5,7554 35,8096Lote 11 30,0405 5,4899 35,5304Lote 13 28,7673 4,1077 32,8750Lote de MoradiaLote 02A 10,0000 0,0000 10,0000Lote 03A 10,0000 0,0000 10,0000Lote 04A 10,0000 0,0000 10,0000Lote 06A 10,0000 0,0000 10,0000Lote 07A 10,0000 1,1604 11,1604Lote 08A 10,0000 0,0000 10,0000Lote 10A 9,7401 0,2599 10,0000Lote 12A 10,0000 0,0000 10,0000Área de Exploração Coletiva 1 6,5003 0,0000 6,5003Lote de ProduçãoLote 02B 26,4369 1,0391 27,4760Lote 03B 24,9841 1,4002 26,3843Lote 04B 21,0984 5,1222 26,2206Lote 06B 25,3230 1,3571 26,6801Lote 07B 25,5734 0,7820 26,3554Lote 08B 27,0359 1,8368 28,8727Lote 10B 25,0258 2,1552 27,1810Lote 12B 17,7215 2,9162 20,6376

Núcleo Esperança doVale

Área útil APP Área total

12 famílias: 5 parcela única e 7 parcela duplaLote de Parcela ÚnicaLote 14 28,7982 2,6052 31,4034Lote 15 27,4554 6,2491 33,7045Lote 20 30,0001 5,7962 35,7963Lote 23 29,2146 6,1660 35,3806Lote 25 30,1496 2,9557 33,1053Lote de MoradiaLote 16A 8,0947 3,1503 11,2450Lote 17A 10,0000 2,3102 12,3102Lote 18A 10,5903 1,0816 11,6719Lote 19A 10,0000 0,6644 10,6644Lote 21A 10,0000 0,2586 10,2586Lote 22A 10,0000 0,0000 10,0000Lote 24A 10,0000 0,0000 10,0000Área de Exploração Coletiva 2 6,0003 0,0000 6,0003Lote de ProduçãoLote 16B 24,9154 2,0672 26,9825Lote 17B 25,0015 0,0000 25,0015Lote 18B 27,2591 0,0000 27,2591Lote 19B 27,1647 0,0000 27,1647

97

Lote 21B 23,4537 3,1801 26,6338Lote 22B 25,5232 4,2832 29,8064Lote 24B 24,5439 2,7231 27,2671

Núcleo Zumbi dosPalmares

Área útil APP Área total

15 famílias: 4 parcela única e 11 parcela duplaLote de Parcela ÚnicaLote 26 30,3137 2,8088 33,1225Lote 27 29,1417 4,2537 33,3954Lote 37 30,5307 5,0337 35,5644Lote 39 29,8551 4,5055 34,3606Lote de MoradiaLote 28A 9,9092 0,0908 10,0000Lote 29A 8,9447 1,0553 10,0000Lote 30A 9,9741 1,1166 11,0907Lote 31A 10,0000 2,9865 12,9866Lote 32A 8,4746 2,7227 11,1972Lote 33A 10,0000 0,9602 10,9602Lote 34A 10,0000 0,8910 10,8910Lote 35A 10,0000 0,0000 10,0000Lote 36A 7,9240 2,7757 10,6997Lote 38A 8,8322 1,1678 10,0000Lote 40A 10,0000 0,0000 10,0000Área de Exploração Coletiva 3 0,8742 0,9260 1,8002Área de Exploração Coletiva 4 6,5473 0,8639 7,4112Lote de ProduçãoLote 28B 25,0727 0,4296 25,5023Lote 29B 25,0915 3,3480 28,4395Lote 30B 25,0967 0,7234 25,8202Lote 31B 25,0538 0,7624 25,8162Lote 32B 27,0123 0,3907 27,4030Lote 33B 25,0569 4,4929 29,5499Lote 34B 25,0178 1,5175 26,5353Lote 35B 27,0350 3,5584 30,5984Lote 36B 25,0069 1,6588 26,6657Lote 38B 20,1369 2,5252 22,6621Lote 40B 25,0483 2,3085 27,3568

Outras áreas Área Total

Área Comunitária do Assentamento (Área útil) 5,4627Reserva Legal 427,4206APP Total 156,8605Área útil – lotes 1.332,9605Parcela média 32,8260

98

Área Total do Assentamento 1.953,9546

TABELA 29. TABELA RESUMO – SOMATÓRIO DOS LOTES A E BLotes Área Útil APP Área Total

66 parcelas 1.332,9605 137,8056 1.470,7661Núcleo Nª Sª Aparecida – 13 famíliasLote 01 30,2867 3,1352 33,4219Lote 02 36,4369 1,0391 37,4760Lote 03 34,9841 1,4002 36,3843Lote 04 31,0984 5,1222 36,2206Lote 05 30,2565 3,9238 34,1803Lote 06 35,3230 1,3571 36,6801Lote 07 35,5734 1,9424 37,5158Lote 08 37,0360 1,8368 38,8728Lote 09 30,0542 5,7554 35,8096Lote 10 34,7659 2,4152 37,1811Lote 11 30,0405 5,4899 35,5304Lote 12 27,7215 2,9162 30,6377Lote 13 28,7673 4,1077 32,8750Área de ExploraçãoColetiva 1 6,5003 0,0000 6,5003Núcleo Esperança do Vale – 12 famíliasLote 14 28,7982 2,6052 31,4034Lote 15 27,4554 6,2491 33,7045Lote 16 33,0101 5,2175 38,2276Lote 17 35,0015 2,3102 37,3117Lote 18 37,8495 1,0816 38,9310Lote 19 37,1648 0,6644 37,8292Lote 20 30,0001 5,7962 35,7963Lote 21 33,4537 3,4386 36,8924Lote 22 35,5233 4,2832 39,8065Lote 23 29,2146 6,1660 35,3806Lote 24 34,5439 2,7231 37,2671Lote 25 30,1496 2,9557 33,1053Área de ExploraçãoColetiva 2 6,0003 0,0000 6,0003Núcleo Zumbi dos Palmares – 15 famíliasLote 26 30,3137 2,8088 33,1225Lote 27 29,1417 4,2537 33,3954Lote 28 34,9820 0,5203 35,5023Lote 29 34,0362 4,4033 38,4395Lote 30 35,0709 1,8400 36,9109Lote 31 35,0539 3,7489 38,8027Lote 32 35,4869 3,1134 38,6003Lote 33 35,0570 5,4531 40,5101Lote 34 35,0179 2,4086 37,4264Lote 35 37,0351 3,5584 40,5934Lote 36 32,9309 4,4345 37,3654Lote 37 30,5307 5,0337 35,5644Lote 38 28,9691 3,6931 32,6622Lote 39 29,8551 4,5055 34,3606

99

Lote 40 35,0484 2,3085 37,3568Área de ExploraçãoColetiva 3 0,8742 0,9260 1,8002Área de ExploraçãoColetiva 4 6,5473 0,8639 7,4112

B) Áreas de Exploração Coletiva

Áreas para uso dos Núcleos de famílias para desenvolvimento de trabalho

cooperado. Estas áreas têm a proposta de serem destinadas para projetos grandes, como

agroindústrias, farinheira, galpão para reunião do núcleo e algumas plantações como

cana, mandioca e pastagem.

C) Áreas de Reserva Legal

O principal fator para definição das áreas de Reserva Legal é a existência de

remanescentes de cobertura vegetal, que abriguem a biodiversidade (diversidade

biológica) representativa da região e, não simplesmente, a existência de áreas

degradadas e/ou sem possibilidade de utilização para agricultura, pecuária ou moradia.

A implantação da Reserva Legal deve compatibilizar a conservação dos recursos

naturais e o uso socioeconômico do Assentamento.

Estimaram-se duas áreas de reserva legal, RL1 e RL2, tendo a primeira uma área

de 191,3246 ha e a segunda 236,0960 ha, resultando num total de 21,87% da área total

do Assentamento (fornecida pelo INCRA através do mapa do perímetro), cuja

localização pode ser observada no Mapa B1. E representando um total de 22,07% da

área total de acordo com a área fornecida, pelo INCRA, através dos laudos da Fazenda

Iracema.

Com critérios, as áreas de Reserva Legal podem constituir-se como áreas de uso

restrito, explorada de forma racional através de plano de manejo sustentável,

viabilizando a coleta de frutos, plantas medicinais, produções agroflorestais, retirada de

madeira e produção de mel.

D) Área Comunitária

100

A área comunitária do Assentamento Jerusalém, segundo opção das famílias,

deverá conter: escola, orelhão, igreja, posto de saúde, centro de formação, campo de

futebol, espaço para ciranda infantil e para lazer, entre outros.

Esta área se localiza no entorno da casa sede do Assentamento, constando de

6,5915 ha, sendo 5,4627 ha de área útil e 1,1288 ha de área de preservação permanente,

como pode ser verificado na proposta de organização territorial, Mapa B1.

8.2.1.2. Infra-estrutura Básica

a) Abastecimento de Água

A falta de um levantamento topográfico preciso é um fator limitante à execução

de um planejamento eficiente do abastecimento de água. Todavia apresentamos aqui

uma alternativa que deve ser reavaliada no momento do parcelamento. Adotamos como

base o levantamento topográfico da Carta do IBGE e o levantamento de pontos de

altitude com o auxílio de GPS e, a partir de então, realizou-se o projeto tentando prever

a situação extrema, porém dentro dos recursos que as famílias assentadas terão

disponíveis para a implantação de infra-estrutura básica (Mapa B3).

Justificativa

Não existe sistema de abastecimento de água em condições satisfatórias para o

Assentamento das 40 famílias e a não se sabe se a qualidade é adequada ao uso humano.

Para viabilizar redes com sistema de abastecimento de água nos lotes parcelados

apresenta-se como proposta a perfuração de um poço tubular. A água extraída do poço

será elevada a um reservatório suspenso, que distribuirá a água por gravidade até os

lotes. Para tanto foi projetado um ponto mais adequado para a localização deste

reservatório (Mapa B3). No entanto, devido às grandes distâncias, alguns pontos da

canalização podem sofrer falta de pressão, exigindo o uso de bombeamento. Uma rede

mestra foi projetada para que a água chegue com boa pressão nos lotes, num total

medirá 7.930 metros, como proposta utilizar na rede mestra e nos lotes canos de 75 mm

e 25 mm de diâmetro, respectivamente.

101

Para o cálculo da quantidade de água necessária para o Assentamento foi

utilizada a Tabela5 de Silva, Brito & Rocha (1988). Para um dia de consumo a

necessidade máxima ficou em torno de 48.718 litros para todo o Assentamento, neste

sentido projetamos uma caixa d’água de 50.000 litros. Como o projeto tem um valor

muito elevado, é imprescindível a participação da Prefeitura, de Órgãos e Empresas

Públicas como a COPASA para a concretização da obra.

Objetivos

Realizar o abastecimento e distribuição de água atendendo a todos os lotes do

Assentamento e melhorar a qualidade do saneamento básico da comunidade.

Descrição e Forma de Implementação

Perfuração de um poço tubular mediante um estudo do lençol freático da região

para atender parte das famílias assentadas. O poço deverá ser perfurado em posição

adequada, quando da contratação de firma especializada. A água extraída do poço será

elevada a um reservatório suspenso, tipo taça de 50.000 litros, que possibilitará o

atendimento de todas as unidades residenciais e área comunitária.

Continuidade das Ações

Este trabalho deve ser permanente, com a participação das famílias assentadas,

equipe do PDA e do INCRA, juntamente com a firma contratada para realização da

perfuração do poço.

Definição das Ações

Subprograma Infra-Estrutura Básica

Abastecimento de Água

No. Ações Responsável Possível origem dosrecursos

01 Locação correta do poço tubular e reservatório

Equipe do PDA e firma especializada

Sem custos adicionais

02 Contratação de firma de perfuração de poço artesiano

INCRA INCRA/COPASA

5 Tabela de necessidade de água para consumo humano e animal em di ferentes per íodos de ut i l ização . Si lva , Br i to & Rocha (1988)

102

03 Perfuração do poço artesiano e instalação de equipamentos e reservatório

Firma especializada INCRA/COPASA

04 Instalação de rede elétrica para o conjunto moto-bomba (ação que deverá ocorrer junto com a execuçãoda rede elétrica do Assentamento)

Firma especializada INCRA/CEMIG

Cronograma de Execução

No. Ações Meses1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

01 Locação correta do poço tubular ereservatório

x

02 Contratação de firma de perfuraçãode poço artesiano

x

03 Perfuração do poço artesiano e instalação de equipamentos e reservatório

x

04 Instalação de rede elétrica para o conjunto moto-bomba

x x

b) Energia Elétrica

Justificativa

A rede elétrica existente não atinge toda a área do Assentamento. Todas as

moradias do Assentamento e a área comunitária deverão ser interligadas ao tronco

central de energia, que deverá ser implementado com esforços das famílias assentadas,

do INCRA, do governo do Estado, CEMIG e da Prefeitura Municipal de Rubim, que

deverá disponibilizar energia monofásica às unidades residenciais (zona rural 110 V).

Ao longo da rede elétrica tem-se como proposta a utilização de um

transformador de 5 KVA para cada lote familiar e também a utilização de um

transformador de 10 KVA na área comunitária e um para o bombeamento da água para

o reservatório do Assentamento, dando num total de 40 transformadores de 5 KVA e 2

de 10 KVA. Como o projeto tem um valor muito elevado, é imprescindível a

participação da Prefeitura, de Órgãos e Empresas Públicas como a CEMIG para a

concretização da obra.

103

Objetivos

Realizar a execução de rede de energia elétrica, equivalente a 7,93 km, ou linhas

troncos de energia elétrica em todo o Assentamento, através da aquisição de postes e

fios para a devida instalação nas moradias no Assentamento.

Descrição e Forma de implementação

Contratação da CEMIG para execução da rede tronco de energia na área do

Assentamento e instalação de padrões e medidores de energia em local próximo às

moradias.

Continuidade das Ações

Este trabalho deve ser permanente, com a participação das famílias assentadas e

do INCRA, juntamente com a firma contratada para realização da construção da rede

elétrica.

Definição das Ações Subprograma Infra-Estrutura Básica

Energia Elétrica

No. Ações Responsável Possível origem dosrecursos

01 Alocação correta das linhas troncos e secundárias

CEMIG INCRA

02 Execução das linhas troncos e secundárias

CEMIG INCRA

03 Instalação do padrão e relógio medidor individual

CEMIG INCRA

Cronograma de Execução

No. Ações Meses1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

01 Alocação correta das linhastroncos e secundárias

x

02 Execução das linhas troncos e secundárias

x x

03 Instalação do padrão e relógio medidor individual

x x

104

c) Estradas

Justificativa

A malha viária existente é insuficiente e não atenderá ao Assentamento após o

parcelamento, sendo necessário após a implementação deste, redimensionar e ampliar a

malha viária, inclusive construir uma ponte. As estradas e pontes que hoje cortam o

Assentamento apresentam estado de conservação regular. As estradas e vias internas do

Assentamento foram construídas antes da aquisição da área, necessitando de

manutenção ou mesmo retificação de seu greide. As duas pontes existentes necessitam

de reforma e estas devem ser implementadas com esforços da prefeitura Municipal de

Rubim e do Estado, devido ao custo elevado deste projeto.

Objetivos

Implantar a nova infra-estrutura viária de forma a proporcionar acessibilidade a

todos os lotes, e também a áreas consideradas estratégicas no Assentamento Jerusalém.

Descrição e Forma de Implementação

Construção de novas estradas e ponte no interior do Assentamento e reforma das

estradas e pontes existentes para melhor locomoção e acesso das famílias aos futuros

lotes.

Execução das novas estradas, em quantidade suficiente, drenos laterais, sangras

e bacias de infiltração, sendo o espaçamento inicial entre sangras de 20 metros para

trechos inclinados e de 40 metros para trechos mais planos. Em regiões cultivadas, as

sangras devem dispor as águas nos terraceamentos de curvas de nível.

Construção de caixas de infiltração ou acumulação, sendo que tais caixas podem

ser construídas em superfície natural, em plataformas encaixadas (quando a largura

permitir) ou encravadas nos barrancos laterais da estrada. Caso necessário, refazer o

greide das estradas existentes.

As estradas denominadas coletoras correspondem a 5.944 m de vias existentes,

apresentando 30 m de largura incluindo faixa de domínio, abrangendo uma área de

105

17,8261 ha (estrada estadual, MG-406). São estradas que futuramente receberão maior

tráfego de veículos.

Aquelas denominadas de secundárias correspondem a 2.390 m de vias existentes

e 10.290 m de vias projetadas, apresentando uma faixa de domínio de 10 metros e pista

de rolamento com 04 metros, sendo o revestimento primário apenas nos pontos críticos.

São estradas de acesso, a poucas parcelas, não recebendo tráfego tão intenso.

Em relação às estradas existentes (indicadas no Mapa B1) todas devem ser refor-

madas, num total de 2,390 Km. A estrada estadual MG-406, correspondente a 5,944 km,

é responsabilidade do Estado sua reforma e manutenção. Assim, como as pontes locali-

zadas nesta estrada.

Sobre a construção da ponte e três bueiros (passagem molhada), o mapa B2

apresenta uma localização proposta, obviamente, na época da execução destas, estudos

mais detalhados pela empresa competente devem ser elaborados (estudo e sondagem do

terreno, localização, entre outros).

Continuidade das Ações

Este trabalho deve ser permanente, com a participação efetiva de ‘fiscais’ do

Assentamento e do INCRA, junto à Prefeitura, que deverá disponibilizar suas máquinas

e equipamentos para a execução do serviço.

Definição das Ações Subprograma Infra-Estrutura Básica

Rede Viária

No. Ações Responsável Possível origem dosrecursos

01 Locação correta de novas estradas Equipe do PDA Sem custos adicionais02 Reforma das estradas e ponte com a

execução de sangras e caixas de infiltração de águas pluviais

Prefeitura de Rubim em convênio com o INCRA

INCRA e Prefeitura de Rubim

03 Construção de novas estradas e pontes

Prefeitura de Rubim em convênio com o INCRA

INCRA e Prefeitura de Rubim

Cronograma de Execução

No. Ações Meses1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

01 Locação correta de novas estradas x02 Reforma das estradas e pontes com x x

106

a execução de sangras e caixas deinfiltração de águas pluviais

03 Construção de novas estradas e pontes

x x x

8.2.2. Programa Produtivo

O programa produtivo é considerado a base para o desenvolvimento do

Assentamento, pois é a partir das rendas obtidas com a produção que o assentado poderá

se viabilizar no programa de reforma agrária. Por isso, o planejamento da produção foi

construído com as famílias assentadas com o objetivo de garantir soberania alimentar,

renda mensal, renda sazonal e poupança.

Como a história já nos mostrou as pequenas propriedades rurais,

individualizadas, não são capazes de se manterem por muito tempo competindo com as

grandes empresas rurais. Dessa forma, foi trabalhada a questão da cooperação como

forma de resistir e superar os problemas da produção e do mercado capitalista. Foi

prevista a cooperação na compra de alguns equipamentos, no armazenamento, na

industrialização, na comercialização e, em alguns casos, na produção.

Os sistemas produtivos propostos estão inseridos dentro de uma nova base

tecnológica, a qual denominamos Agroecologia. A agricultura, por muito tempo,

utilizou abusivamente maquinários e insumos químicos, o que contribuiu intensamente

para a degradação ambiental de muitos ecossistemas brasileiros. Ademais, esse modelo

agrícola se mostra insustentável economicamente, pois toda a tecnologia empregada

exige muito recurso externo à propriedade. A Agroecologia deve se preocupar com uma

agricultura estável em que concilie a sustentabilidade econômica, social, ecológica-

ambiental e humana.

8.2.2.1 Produção Agropecuária e Uso Econômico da Biodiversidade

De acordo com o interesse das famílias e as possibilidades do mercado, para os

lotes familiares do Assentamento Jerusalém apresentamos uma proposta de exploração

baseada em dois sistemas de produção. Estes sistemas propostos têm como base os

107

princípios e práticas da Agroecologia, o que possibilita uma maior independência dos

agricultores e agricultoras quanto à aquisição de recursos genéticos e insumos externos,

além de maior equilíbrio ecológico nos sistemas de produção, o que resulta em maior

sustentabilidade das famílias.

Além dos lotes familiares, os três Núcleos tem Áreas de Exploração Coletiva

com tamanho médio de área total de 7,2373 ha/Núcleo. Nestas áreas as famílias poderão

desenvolver atividades como farinheira, algumas roças coletivas e outros projetos

coletivos.

É importante ressaltar que os lotes em parcela única terão os mesmos

subsistemas do sistema A, ou seja, os subsistemas serão os mesmos diferenciando-se

apenas no tamanho ocupado pela mesma.

Produção Agropecuária e Uso Econômico da Biodiversidade

Sistema A: produção para auto-sustentação, bovinocultura de leite,

mandioca, milho e feijão.

a) Auto-sustentação

A produção para a auto-sustentação deverá ser trabalhada de forma a melhorar e

potencializar as atividades que as famílias assentadas já realizam. A proposta é trabalhar

o planejamento da produção através do Setor de Produção local, com ajuda da equipe de

ATES. Ou seja, possibilitar às famílias o aumento da produtividade. Os assentados e

assentadas já desenvolvem o plantio de milho, feijão de rama e de corda, mandioca e

hortaliças e em menor escala, abóbora, feijão guandu, quiabo, gergelim, batata-doce e

pimentão. Também plantam banana e cana-de-açúcar. Além de criação de porcos, gado

de leite e gado de corte. Essas atividades se desenvolverão nos lotes de moradia e nos de

produção, para os lotes de parcela dupla.

Estima-se um custo para manutenção das atividades de auto-sustentação de

aproximadamente R$100,00 mensais.

b) Bovinocultura de leite

108

A bovinocultura de leite representa uma alternativa interessante para algumas

famílias e as condições locais são favoráveis para esta atividade, tanto em relação às

condições geográficas, ambientais e culturais, quanto na existência de laticínios para a

entrega do leite. Esta atividade irá ocorrer no lote de produção, sendo que o curral será

no lote de moradia para facilitar o manejo do leite.

O gado leiteiro da região caracteriza-se pelo cruzamento entre as raças Nelore e

Mestiça, sendo considerado de média a baixa qualidade com produção média de 4,5 a 6

litros de leite/animal/dia. Apesar disso, a região é característica na produção leiteira.

Para este subsistema foi prevista a quantidade inicial de dez vacas por família,

podendo ser aumentada a partir da procriação e da aquisição de novas matrizes.

Para a produção serão aproveitadas áreas de pastagens naturais existentes no

Assentamento, sendo necessária à restauração das mesmas, através de roçadas anteriores

a época das chuvas e descanso para possibilitar o rebrote e melhorar o valor nutricional

da forrageira.

A forma de manejo utilizada será o pastoreio rotacionado, dividindo a pastagem

(15 ha) em piquetes. Este sistema visa o melhor aproveitamento das pastagens por evitar

os danos do pastejo seletivo, e permitir o aumento da lotação, reduzindo a dimensão da

área destinada às pastagens, além de proporcionar melhor distribuição do esterco que

serve como adubo para a gramínea. O pastoreio rotacionado, além do aumento da

produtividade da forrageira, proporciona ainda redução da incidência de endo e

ectoparasitas, por interromper seus ciclos, além de reduzir também problemas de casco

e mamite. A ordenha será manual com bezerro ao pé e realizada uma vez por dia, pela

manhã. O leite será inicialmente recolhido em latões de 50l, tanto para consumo

familiar quando pra venda em cooperativa da região. Após a ordenha, o bezerro é solto

com a vaca por pelo menos duas horas e depois é apartado.

Neste sistema do gado de leite entra também a implantação de 1 hectare de cana

de açúcar, tendo como objetivo complementar a alimentação do gado no período das

secas.

Para a implantação do projeto é prevista a compra das vacas ou novilhas (2 a 3

anos), a melhoria das instalações (curral, cocho e bebedouro), melhoria das pastagens,

constituição do canavial, da capineira e dos piquetes. Obviamente, nem tudo aqui será

financiado pelo recurso do PRONAF A.

Estima-se um custo mensal de produção/manutenção de R$ 180,00 para

bovinocultura para os gastos de ração, medicamento e sal mineral.

109

A partir da venda do leite, estima-se uma receita bruta de R$ 525,00/mês. Esta

receita bruta foi calculada levando em conta a produção média de 5 litros/cabeça/dia,

gerando um total de 50 litros por dia e 1.500 litros por mês (considerando 10 cabeças o

número indicado por família), entregue na média de R$ 0,35/litro de leite.

A bovinocultura de leite resultará numa receita líquida mensal de R$ 345,00.

Para a formação da capineira estima-se um gasto inicial de R$ 2.000,00.

c) Mandioca, milho e feijão

As lavouras de mandioca, milho e feijão serão destinadas para a comercialização

e também para o consumo da família. O milho e o feijão (2 ha de cada) serão plantados

no lote de moradia e a mandioca (1 ha) no lote de produção. Milho e feijão serão

vendidos in natura e a mandioca na forma processada de farinha.

Esse projeto está programado para apenas uma safra por ano, pois não irá

envolver irrigação.

Neste subsistema, os adubos químicos serão substituídos por adubos alternativos

como biofertilizantes, pó de rocha e adubos verdes. O manejo do solo será feito de

forma a aumentar o nível de matéria orgânica e, conseqüentemente, a fertilidade das

áreas cultivadas.

Na prática este manejo se dará da seguinte forma: antes do plantio, o solo será

corrigido com calcário ou pó de basalto, sendo aplicado metade antes da aração e

metade depois.

Com relação à adubação verde, esta se dará inicialmente através do cultivo de

três espécies de leguminosas que são o Feijão Guandu, Mucuna Preta e o Feijão de

Porco. Estas plantas serão semeadas no período das chuvas, dando prioridade para as

áreas que estejam com a fertilidade comprometida. A escolha de uma destas espécies

será feita de acordo com a demanda da área e a disponibilidade de sementes. O plantio,

em geral, será feito em consócio. Após o florescimento serão cortadas e deixadas para

apodrecer no solo em cobertura. Eventualmente, as ramas destas plantas poderão ser

usadas como ração para o gado. Esta forma de manejo possibilita uma melhor utilização

do solo, potencializando o ciclo dos minerais, facilita infiltração e retenção de água no

solo, aumento da diversidade biológica nas áreas de cultivo e mantém a fertilidade,

contribuindo assim com a sustentabilidade deste subsistema produtivo.

110

As sementes de milho e feijão e as mudas da mandioca serão produzidas

localmente, já que um dos princípios é a não utilização de híbridos e sim de variedades

crioulas e variedades melhoradas. No caso do milho serão cultivados o palha rocha e o

BR 106 da EMBRAPA, que podem ser multiplicadas no Assentamento, já o feijão será

de qualidade variada, bem como a mandioca (dando preferência às qualidades boas para

produção de farinha).

O preço do milho na região apresenta uma média de R$25,00 o saco de 60 kg, o

feijão uma média de R$90,00 o saco de 60 kg e a farinha de mandioca é vendida por

aproximadamente R$50,00 o saco de 60 kg.

A produtividade média de milho é de 40 sacos/ha (2.400 kg/ha), do feijão é de

18 sacos/ha (1.080 kg/ha) e de 40.000 kg de mandioca/ha. Neste sistema então, seriam

produzidos 4.800 kg ou 80 sacos de milho (2 ha), 2.160 kg de feijão ou 36 sacos e

40.000 kg de mandioca. Sabendo que estes 40.000 kg de mandioca produzem cerca de

15.000 kg de farinha ou 250 sacos (proporção de 4 kg de mandioca para fazer 1,5 kg de

farinha).

Estima-se um custo de produção de R$ 4.500,00/safra, sendo para aquisição de

pó de rocha, biofertilizantes, hora-máquina, etc.

A partir da venda do milho, do feijão e da farinha de mandioca, estima-se uma

receita bruta de R$ 17.740,00/safra. Esta receita bruta provém de R$2.000,00 do milho

(80 sacos x R$25,00), R$3.240,00 do feijão (36 sacos x R$90,00) e R$12.500,00 de

farinha de mandioca (250 sacos x R$50,00).

A produção e comercialização do milho, feijão e farinha de mandioca resultarão

numa receita líquida R$ 13.240,00/safra.

Para a implementação de parte do Sistema Produtivo proposto para os lotes de

moradia e produção de cada família será possível à utilização dos recursos do PRONAF

A (R$ 16.500,00/família), conforme Tabela 30, a seguir:

TABELA 30. DESPESAS DOS INVESTIMENTOS NO PRIMEIRO ANO

DISCRIMINAÇÃO

UNIDADE

QUANTIDADE

VALOR - R$UNITÁRIO TOTAL FINANCIADO

Formação de canavial ha 1,0 2.000,00 2.000,00 2.000,00Aquisição de novilhas Unidade 5,0 900,00 4.500,00 4.500,00Aquisição de vacas Unidade 5,0 1.100,00 5.500,00 5.500,00Formação das lavouras ha 1,0 4.500,00 4.500,00 4.500,00

111

TOTAL 16.500,00 16.500,00

A Tabela 31, a seguir, apresenta o cronograma de reembolso de crédito deste

financiamento. Não se incluiu aqui o rebate (desconto) possível sobre cada parcela se

esta for paga em dia.

As Tabelas 32 e 33 apresentam, respectivamente, as receitas líquidas mensal e

anual (até o ano 10 que é o limite para o pagamento do PRONAF A), proveniente da

comercialização dos produtos deste Sistema.

Pode-se observar que o desenvolvimento do Sistema Produtivo permitirá que as

famílias paguem o financiamento do PRONAF A a partir do 4o ano, quitando assim, até

o 10o ano a dívida junto ao Banco.

112

TABELA 31. CRONOGRAMA DE REEMBOLSO DE CRÉDITOEspecificação Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10Juros capitalizados (0,5%) 82,50 82,91 83,33 83,74 71,78 59,82 47,85 35,89 23,93 11.96Amortização de juros 119,27 107,31 95,35 83,38 71,42 59,46 47,49Amortização de capital 2.357,14 2.357,14 2.357,14 2.357,14 2.357,14 2.357,14 2.357,14Amortização Total 2.476,41 2.464,45 2.452,49 2.440,52 2.428.56 2.416,60 2.404,63Dívida 16.582,50 16.665,41 16.748,74 14.356,07 11.963,40 9.570,73 7.178,06 4.785,39 2.392,72 0,00

TABELA 32. RECEITA LÍQUIDA MENSALAtividade /

mês

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Total

Bovinocultura R$345,00 R$345,00 R$345,00 R$345,00 R$345,00 R$345,00 R$345,00 R$345,00 R$345,00 R$345,00 R$345,00 R$345,00 R$4.140Lavouras R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$13.240 R$13.240Auto-consumo* -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$1.200Total R$245,00 R$245,00 R$245,00 R$245,00 R$245,00 R$245,00 R$245,00 R$245,00 R$245,00 R$245,00 R$245,00 R$13.485 R$16.180* A atividade de auto-consumo tem débito de R$100,00/mês

TABELA 33. RECEITA LÍQUIDA ANUALAtividade/

ano

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total

Bovinocultura R$4.140 R$4.140 R$4.140 R$4.140 R$4.140 R$4.140 R$4.140 R$4.140 R$4.140 R$4.140 R$41.400Lavouras R$13.240 R$13.240 R$13.240 R$13.240 R$13.240 R$13.240 R$13.240 R$13.240 R$13.240 R$13.240 R$132.400Auto-consumo* -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$12.000Total R$16.180 R$16.180 R$16.180 R$16.180 R$16.180 R$16.180 R$16.180 R$16.180 R$16.180 R$16.180 R$161.800* A atividade de auto-consumo tem débito de R$1.200,00/ano

113

Sistema B: produção para auto-sustentação, horticultura, bovinocultura de

leite, milho e feijão

a) Auto-sustentação

Semelhante ao Sistema A.

b) Bovinocultura de leite

Semelhante ao Sistema A. Mas, para este subsistema foi prevista a quantidade

inicial de oito vacas por família, podendo ser aumentada a partir da procriação e da

aquisição de novas matrizes.

Estima-se um custo mensal de produção/manutenção de R$ 160,00 para

bovinocultura para os gastos de ração, medicamento e sal mineral.

A partir da venda do leite, estima-se uma receita bruta de R$ 420,00/mês. Esta

receita bruta foi calculada levando em conta a produção média de 5 litros/cabeça/dia,

gerando um total de 40 litros por dia e 1.200 litros por mês (considerando 8 cabeças o

número indicado por família), entregue na média de R$ 0,35/litro de leite.

A bovinocultura de leite resultará numa receita líquida mensal de R$ 260,00.

Para a formação da capineira estima-se um gasto inicial de R$ 2.000,00.

c) Milho e Feijão

As informações gerais são semelhantes ao Sistema A. Ressaltando aqui que

serão 2 ha de milho e 2 ha de feijão.

A produtividade média de milho é de 40 sacos/ha (2.400 kg/ha), do feijão é de

18 sacos/ha (1.080 kg/ha). Neste sistema então, seriam produzidos 4.800 kg ou 80 sacos

de milho (2 ha) e 2.160 kg de feijão ou 36 sacos (2 ha).

Estima-se um custo de produção de R$ 2.500,00/safra, sendo para aquisição de

pó de rocha, biofertilizantes, hora-máquina, etc.

114

A partir da venda do milho e do feijão estima-se uma receita bruta de R$

5.240,00/safra. Esta receita bruta provém de R$2.000,00 do milho (80 sacos x R$25,00)

e R$3.240,00 do feijão (36 sacos x R$90,00).

A produção e comercialização do milho e do feijão resultarão numa receita

líquida mensal R$ 2.740/safra.

d) Horticultura

A horticultura é uma atividade de grande importância para as famílias, pois a

proximidade da cidade de Rubim, a facilidade de escoamento da produção e o acesso ao

mercado consumidor representam fatores de viabilidade econômica, e os produtos da

horta são indispensáveis para a segurança alimentar das famílias. Esta atividade está

prevista para ocupar a área de 1 hectare/família no lote de moradia.

As atividades na horta serão mais constantes nos períodos que não ocorrem as

chuvas mais intensas, e para isto será implantado sistema de irrigação por aspersão,

utilizando moto-bomba, tubulação de PVC e aspersores. No verão serão cultivadas

apenas algumas espécies de hortaliças adaptadas ao período das chuvas como abóbora,

abobrinha e quiabo. Desta forma a horticultura apresenta uma ótima possibilidade de

renda mensal para as famílias.

A matriz tecnológica para a implantação deste sistema também terá como base

os princípios da Agroecologia, optando por formas alternativas de manejo, e ampliando

as relações internas entre as demais linhas de produção, a fim de aumentar sua

sustentabilidade.

As sementes utilizadas serão, de preferência, agroecológicas, ou seja, sementes

produzidas e selecionadas para a produção em sistemas de agricultura alternativa. A

adubação utilizada será produzida no local, utilizando uma mistura de esterco bovino e

capim elefante picado (que virá do excedente das capineiras destinadas ao gado

leiteiro). Inicialmente serão adicionadas pequenas quantidades de calcário ou pó de

basalto ao adubo orgânico para melhorar a fertilidade do solo. Como adubação de

cobertura será utilizada os biofertilizantes líquidos para aplicação foliar, como o caldo

de esterco fermentado com o pó de basalto, e a urina de vaca diluída em água. Todos

estes componentes são disponíveis localmente.

Para o controle de insetos e doenças das plantas serão utilizadas receitas

alternativas, preparadas pelos agricultores (as), utilizando materiais e insumos

115

disponíveis localmente, como os inseticidas a base de plantas (citronela, tabaco,

crisântemo e várias outras que poderão ser cultivadas na própria horta), os fungicidas

feitos com o soro restante da fabricação de queijos ou feitos com o caldo do composto

orgânico.

O número de espécies a serem cultivadas na horta será relativamente amplo, com

o objetivo de atender as demandas internas, porém para o mercado serão selecionadas

cerca de 3 a 4 espécies, levando em consideração para esta escolha as demandas e

preços de mercado e os custos de produção.

O custo de produção mensal para a horticultura é de R$ 550,00, envolvendo

aquisição de semente agroecológica, esterco bovino, diesel para o sistema de irrigação,

etc.

A partir da venda das hortaliças, estima-se uma receita bruta de R$ 1.005/mês.

Prevê-se uma produção média de 67 caixas/ha de hortaliças diversas, cada caixa será

vendida a uma média de R$ 15,00 (média de preço do CEASA de Contagem).

A horticultura resultará numa receita líquida mensal de R$ 455,00.

Para a implementação de parte do Sistema Produtivo proposto para os lotes de

moradia e produção de cada família será possível à utilização dos recursos do PRONAF

A (R$ 16.500,00/família), conforme Tabela 34, a seguir:

TABELA 34. DESPESAS DOS INVESTIMENTOS NO PRIMEIRO ANO

DISCRIMINAÇÃO

UNIDADE

QUANTIDADE

VALOR - R$UNITÁRIO TOTAL FINANCIADO

Formação de canavial ha 1,0 2.000,00 2.000,00 2.000,00Aquisição de novilhas Unidade 4,0 900,00 3.600,00 3.600,00Aquisição de vacas Unidade 4,0 1.100,00 4.400,00 4,400,00Formação das lavouras ha 1,0 2.500,00 2.500,00 2.500,00Sistema de irrigação (horta) Unidade 1,0 4.000,00 4.000,00 4.000,00TOTAL 16.500,00 16.500,00

A Tabela 35, a seguir, apresenta o cronograma de reembolso de crédito deste

financiamento. Não se incluiu aqui o rebate (desconto) possível sobre cada parcela se

esta for paga em dia.

116

As Tabelas 36 e 37 apresentam, respectivamente, as receitas líquidas mensal e

anual (até o ano 10 que é o limite para o pagamento do PRONAF A), proveniente da

comercialização dos produtos deste Sistema.

Pode-se observar que o desenvolvimento do Sistema Produtivo permitirá que as

famílias paguem o financiamento do PRONAF A a partir do 4o ano, quitando assim, até

o 10o ano a dívida junto ao Banco.

117

TABELA 35. CRONOGRAMA DE REEMBOLSO DE CRÉDITOEspecificação Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10Juros capitalizados (0,5%) 82,50 82,91 83,33 83,74 71,78 59,82 47,85 35,89 23,93 11.96Amortização de juros 119,27 107,31 95,35 83,38 71,42 59,46 47,49Amortização de capital 2.357,14 2.357,14 2.357,14 2.357,14 2.357,14 2.357,14 2.357,14Amortização Total 2.476,41 2.464,45 2.452,49 2.440,52 2.428.56 2.416,60 2.404,63Dívida 16.582,50 16.665,41 16.748,74 14.356,07 11.963,40 9.570,73 7.178,06 4.785,39 2.392,72 0,00

TABELA 36. RECEITA LÍQUIDA MENSALAtividade /

mês

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Total

Bovinocultura R$260,00 R$260,00 R$260,00 R$260,00 R$260,00 R$260,00 R$260,00 R$260,00 R$260,00 R$260,00 R$260,00 R$260,00 R$3.120Lavouras R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$2.740 R$2.740Horticultura R$455,00 R$455,00 R$455,00 R$455,00 R$455,00 R$455,00 R$455,00 R$455,00 R$455,00 R$455,00 R$455,00 R$455,00 R$5.460Auto-consumo* -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$100,00 -R$1.200Total R$615,00 R$615,00 R$615,00 R$615,00 R$615,00 R$615,00 R$615,00 R$615,00 R$615,00 R$615,00 R$615,00 R$3.355 R$10.120* A atividade de auto-consumo tem débito de R$100,00/mês

TABELA 37. RECEITA LÍQUIDA ANUALAtividade/

ano

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total

Bovinocultura R$3.120 R$3.120 R$3.120 R$3.120 R$3.120 R$3.120 R$3.120 R$3.120 R$3.120 R$3.120 R$31.200Lavouras R$2.740 R$2.740 R$2.740 R$2.740 R$2.740 R$2.740 R$2.740 R$2.740 R$2.740 R$2.740 R$27.400Horticultura R$5.460 R$5.460 R$5.460 R$5.460 R$5.460 R$5.460 R$5.460 R$5.460 R$5.460 R$5.460 R$54.600Auto-consumo* -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$1.200 -R$12.000Total R$10.120 R$10.120 R$10.120 R$10.120 R$10.120 R$10.120 R$10.120 R$10.120 R$10.120 R$10.120 R$101.200* A atividade de auto-consumo tem débito de R$1.200,00/ano

8.2.2.2. Agroindústrias

A implantação de uma agroindústria é colocada como um fator importante por

todas as famílias do Assentamento, pois, a necessidade de agregar valor aos produtos é

muito clara para todos/todas.

Como pretende um trabalho de base familiar, ou em alguns casos, em pequenos

grupos, a sugestão é que o beneficiamento da produção seja desenvolvido em cooperação.

De acordo com as discussões realizadas pelas famílias prevê a instalação das

seguintes agroindústrias, para longo prazo: farinheira e mini-laticínio.

A farinheira será utilizada pelos assentados como forma de agregar valor ao

produto, já que a mandioca é bastante produzida no local e se vendida in natura tem um

preço muito baixo, além disso, o consumo de farinha é um forte hábito alimentar da região

e de todo o povo brasileiro. Como a produção da farinha envolve um processo

relativamente fácil e sob domínio das famílias, havendo ainda a possibilidade de venda

para a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) essa alternativa se apresentou

bastante atraente. Para a fabricação da farinha a mão de obra será familiar e a infra-

estrutura necessária é um galpão contendo máquina raladora, peneiras, tacho de inox e

caldeira. O planejamento identificou que a produção ficará concentrada em seis meses do

ano: de março a agosto.

Em médio e longo prazo intenta-se construir um mini-laticínio no assentamento de

forma cooperada entre as famílias com o objetivo de gerar mais renda aos agricultores e

agricultoras, fornecer mais qualidade ao produto já que este será manuseado dentro da

área, além de se conhecer todo o rebanho que disponibilizará a matéria-prima. Para isto

será necessária aquisição de tanque de expansão para o armazenamento e resfriamento

adequado do leite. Nesta mesma estrutura será construída uma fabriqueta de queijos e

doces, a fim de agregar valor ao produto, já que in natura tem preço muito baixo. Portanto,

serão necessárias: salas para recepção do leite, duas salas, sendo uma para a fabricação de

queijos e outra para os doces (inicialmente somente será produzido de leite, mas pretende-

se futuramente produzir de frutas diversas); sala de depósito de condimentos e de produtos

acabados; para a produção de queijo necessita-se ainda de câmara de salga e câmara fria

para queijos frescais e caldeiras.

O leite desclassificado ou excedente será aproveitado para fabricar requeijão,

produto típico brasileiro, muito consumido na região e que muitas famílias no

assentamento já produzem, porém de forma artesanal e futuramente pretende-se fabricar

também iogurte e manteiga.

8.2.2.3 Mercado, comercialização e abastecimento

Como pretende um trabalho de base familiar, ou em alguns casos, em pequenos

grupos, a sugestão é que a comercialização da produção seja desenvolvida em cooperação.

Após uma análise das possibilidades de mercado na região, e tendo como base as

experiências vividas pelas famílias, podemos afirmar as seguintes possibilidades para cada

produto:

Horticultura: verduras poderão ser comercializadas em mercados de Almenara,

Jequitinhonha e Rubim e/ou via programa de aquisição de alimentos da CONAB, a compra

direta com doação simultânea. Para médio prazo estas podem ser comercializadas em uma

loja e/ou uma feira da Reforma Agrária desenvolvida pelas próprias famílias assentadas,

em parceria com pequenos produtores e assentamentos da região.

Farinha: terão a compra por programas da CONAB e no mercado regional.

Grãos: Poderão ser comercializados para a CONAB, via Programa de Aquisição de

Alimentos da CONAB, e para outros produtores e para os estabelecimentos de Rubim,

Almenara, Jequitinhonha e região.

Leite: Inicialmente este produto será comercializado para laticínios da região.

Queijo e doces: Estes produtos serão comercializados no município e região. Os queijos

curados poderão tomar caminhos diferenciados em mercados consumidores mais distantes.

8.2.3. Programa Social

Este programa prevê ações que gerem oportunidades de inclusão e participação

social, visando garantir equidade nas relações sociais e aumento da capacidade de gestão e

articulação sócio-política das famílias.

Foi elaborado a partir de discussões com grupos de famílias, os quais delinearam o

futuro desejado, elaborando propostas e estabelecendo prioridades de ação quanto à

moradia, saneamento e saúde, educação, cultura, esporte e lazer.

8.2.3.1. Habitação

A moradia tem-se apresentado como um campo fértil para a projeção de símbolos,

signos e sonhos diversos de seus moradores. Neste sentido, a construção destas não deve

obedecer a modelos que, na maioria das vezes, acabam por reprimir tão importante meio de

manifestação cultural. Em uma sociedade profundamente hierarquizada e extremamente

desigual como a brasileira não se deve padronizar as necessidades de moradias.

Apesar da expressão física de uma habitação ser, em grande parte, determinada

pelas possibilidades materiais de seus moradores, seria ingênuo querer reduzir esta

expressão unicamente à dimensão econômica. Entretanto, não se pode negar que, para

atender aos requisitos de habitabilidade considerados fundamentais para a manutenção da

saúde como área construída compatível com o número de membros familiares, material de

construção adequado, instalações sanitárias, abastecimento de água, coleta de esgotos,

iluminação, dentre outros, é preciso que haja disponibilidade de recursos financeiros por

parte dos moradores.

A questão da moradia, entendida dentro de uma perspectiva sociológica, deve

refletir o dinamismo e a complexidade de uma determinada realidade socioeconômica.

Desta forma, as necessidades do habitat não se reduzem exclusivamente a um instrumento

material voltada para garantir a reprodução da força de trabalho, “(...) mas depende da

vontade coletiva e se articula às condições culturais e a outros aspectos da dimensão

individual e familiar” (Fundação João Pinheiro, 2000 apud Brandão,1984:103).

Portanto, as moradias do futuro Assentamento constituem fator fundamental para o

fortalecimento dos vínculos societários, principalmente, aqueles relacionados com as

relações de parentesco, de vizinhança e de amizade. Esses vínculos são responsáveis pela

formação da identidade do grupo, o que reflete em sua organização social e em seu

desempenho econômico.

A construção de moradias duradouras e higiênicas é um propósito das famílias do

Assentamento Jerusalém, para a qual reivindicam acesso ao Crédito Instalação na

modalidade Aquisição de Materiais de Construção, o mais rápido possível, e participação

no planejamento das moradias. Este planejamento deve considerar alguns critérios:

a) Acesso domiciliar à água canalizada.

b) Acesso domiciliar à energia elétrica.

c) Instalações sanitárias no interior da moradia.

Segundo o projeto arquitetônico padrão do INCRA, o tamanho da moradia em

Assentamentos de Reforma Agrária, conforme estipula a Norma de Execução 46 de 10 de

novembro de 2005, é de, no mínimo, 36 m2 e o recurso disponibilizado pelo INCRA é de

R$ 7.000,00/família. Como o Crédito Aquisição de Materiais de Construção é considerado

insuficiente, na opinião das famílias, para a construção das moradias, uma possibilidade é a

utilização de materiais alternativos na construção, como por exemplo, a utilização do solo-

estabilizado (solo-cimento), não como única alternativa para resolver todos os problemas

de construção, mas enquanto uma possibilidade de engenharia para baratear os custos.

O solo é muito utilizado em aplicações na engenharia, podendo substituir diversos

materiais e ocasionar redução de custos. Desde o começo de sua utilização, a adequação do

solo se faz necessária para melhorar suas características mecânicas e de durabilidade. Essa

melhoria é conseguida com a utilização de aditivos ao solo e de compactação. De todos os

aditivos existentes, o mais utilizado é o cimento-portland. A cal poderá substituir o

cimento em ocasiões onde o material não for utilizado para a estrutura, como em paredes

de vedações, devido a sua menor resistência.

De acordo com a aplicação do material é necessário um estudo detalhado das

características do solo a ser utilizado, como de granulometria, para saber quais as

quantidades de aditivos que serão adicionados. Sua produção dependerá basicamente da

existência, no Assentamento ou na região, de solo adequado. O solo adequado para a

produção dos tijolos de solo-cimento deverá possuir quantidade de areia entre 50 e 80% e

estar isento de matéria orgânica.

Há quatro maneiras de utilização do solo-cimento: tijolos ou blocos, pavimento,

parede maciça e ensacado. As vantagens da utilização dos tijolos de solo-cimento vão

desde sua fabricação até sua utilização no canteiro de obras, eliminando os custos com o

transporte. Os equipamentos utilizados em sua fabricação são simples, possuindo baixo

custo e manutenção barata.

Porém, é importante ressaltar que para a construção dessas moradias é necessário

adquirir um ‘kit mínimo’ constituído pela máquina, fôrmas, ferramentas e outros. Nesse

sentido, a construção de apenas uma moradia torna-se anti-econômico. Para viabilizar este

procedimento, deve-se adquirir o kit com objetivo de construírem muitas das moradias do

Assentamento, bem como as edificações de apoio.

Pode-se utilizar na construção das moradias, matéria-prima encontrada no próprio

Assentamento, como pedras para a execução de sapatas corridas e areia para reboco e

levante de alvenaria, respeitando as exigências da legislação ambiental. Além disso, o

ofício de pedreiro de alguns moradores do Assentamento possibilitará a redução de custos,

somado à construção das moradias em mutirão, utilizando a força de trabalho local.

Para a implantação das propostas citadas, as famílias prevêem a necessidade de

elaboração e negociação de projetos específicos junto ao poder público municipal e

estadual, como também a ampliação e consolidação de parcerias.

Justificativa

Não existem moradias no Assentamento que forneçam um mínimo de conforto às

famílias. Após o parcelamento, as famílias deverão utilizar o Crédito de Instalação na

modalidade Aquisição de Materiais de Construção e se organizarem em mutirão para

construírem as moradias. Este recurso é limitado e possivelmente não será suficiente para

construir toda a moradia, principalmente se pensar em rebocar externamente, acabamento,

etc, como ocorre na maioria dos Assentamentos. O número de moradias a construir nos

lotes serão 40 unidades.

Objetivos

Propiciar a construção de moradias para as famílias do Assentamento,

possibilitando que todas tenham acesso a uma moradia de melhor qualidade.

Descrição e Forma de Implementação

A liberação do Crédito de Instalação na modalidade Aquisição de Materiais de

Construção e a construção das moradias deverá ocorrer imediatamente após a locação

definitiva dos lotes, bem como a possibilidade de algum outro financiamento externo.

Continuidade das Ações

Este trabalho deverá ser avaliado durante sua execução para que não ocorra

paralisação das obras, o que encarece e desestimula as famílias assentadas.

Definição das Ações

Programa Social

Subprograma de Habitação

No. Ações Responsável Possível origem dos recursos01 Locação correta dos lotes

no AssentamentoEquipe do PDA e INCRA

INCRA

02 Locação e construção das moradias nos lotes

Famílias assentadas e/ouserviços especializados

INCRA e outros financiadores

Cronograma de Execução

No. Ações Meses1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

01 Locação correta dos lotesno Assentamento

x

02 Locação e construção das moradiasnos lotes

x x x x x

8.2.3.2. Saneamento e Saúde

A preocupação e a importância do saneamento e sua associação à saúde humana

vem desde as mais antigas culturas. O saneamento desenvolveu-se de acordo com a

evolução das diversas civilizações, ora retrocedendo com a queda das mesmas, ora

renascendo com o aparecimento de outras. Das práticas sanitárias coletivas mais marcantes

na antiguidade podemos citar a construção de aquedutos, banhos públicos, termas e esgotos

romanos.

Em muitos casos, nas áreas rurais a população constrói suas moradias sem incluir as

possibilidades sanitárias indispensáveis, como, por exemplo, poço protegido, fossa séptica,

dentre outros. Assim, o processo saúde versus doença não deve ser entendido como uma

questão puramente individual e sim como um problema coletivo.

Um dos mais importantes fatores determinantes da promoção de saúde, de acordo

com a Organização Mundial de Saúde (OMS), são as condições ambientais. A saúde deve

ser entendida como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não

restringindo o problema sanitário ao âmbito das doenças. Atualmente, além das ações de

prevenção e assistência, considera-se cada vez mais importante atuar sobre os fatores

determinantes da saúde.

A utilização do saneamento como instrumento de promoção da saúde pressupõe a

superação dos entraves tecnológicos, políticos e gerenciais que têm dificultado o acesso

dos benefícios, principalmente aos moradores das áreas rurais.

A maioria dos problemas sanitários que afetam a população mundial está

intrinsecamente relacionada com o meio ambiente. Mais de um bilhão dos habitantes do

mundo não têm acesso à moradia segura e serviços básicos de saneamento como

abastecimento de água, rede de esgotamento sanitário e coleta de lixo. A falta de todos

esses serviços, além de altos riscos para a saúde, é fator que contribui para a degradação do

meio ambiente. De acordo com a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA (Brasil, 2004),

a diarréia, com mais de quatro bilhões de casos por ano, é a doença que mais aflige a

humanidade. Dentre as causas da doença destacam-se as condições inadequadas de

saneamento. Portanto, investir em saneamento é uma das principais formas de se reverter o

quadro existente.

Para abordar essas questões no Assentamento Jerusalém recomenda-se medidas de

controle e vigilância a serem empreendidas pelo Setor de Saúde local, em parceria com o

poder público local e a Coordenação Estadual do MST.

8.2.3.2.1. Construção de Tanques Sépticos

Justificativa

Não existe sistema de coleta de esgoto e águas servidas no Assentamento.

Atualmente o esgoto doméstico é destinado para as fossas negras ou disposto diretamente

sobre o solo.

Objetivos

Realizar a coleta e disposição dos excretos (esgoto doméstico) sob condições mais

satisfatórias, evitando a contaminação das águas superficiais e subterrâneas.

Descrição e Forma de Implementação

Execução de tanques sépticos, sumidouros e rede de esgoto, eliminando o despejo

do esgoto doméstico em fossas negras.

O tanque séptico ou tanque de sedimentação, fechado, em um ou mais estágios,

com escoamento contínuo no sentido horizontal, é um mecanismo no qual o esgoto passa

lentamente de modo a permitir que matérias em suspensão se depositem no fundo, onde

são retidas e submetidas a uma decomposição anaeróbica, resultando a sua transformação

em substâncias líquidas e gases, com conseqüente redução de lodo a ser finalmente

disposto no solo.

O tanque séptico pode ser construído de concreto, fundido no próprio local, no

traço de 1:2:4 (cimento, areia seca e pedra britada ou pedregulho) em volume, com fator

água cimento no máximo de 0,6. A espessura das paredes deve ser de 15 cm e o mesmo

deve ser localizado a uma distância mínima de 10 m da residência. Deve ser enterrado no

solo a uma profundidade tal que permita uma declividade no coletor de esgoto de no

mínimo de 2%, de modo a se ter, de preferência sobre a tampa do tanque, uma cobertura de

aproximadamente 30 cm de terra. A capacidade mínima para o tanque é de 1.500 litros

para uma residência com 7 pessoas para uma limpeza a cada um ano ou quando necessário

(de acordo com a NBR 7.229/82 as dimensões internas para tanque séptico com uma

contribuição de 1.500 litros/dia são: comprimento de 2,30 m, largura de 1,10 m e altura de

1,00 m). O tanque séptico deve ser dotado de um sistema de ventilação (tubo de 32 mm

com extremidade ou ponto de saída de gases invertida para baixo).

O efluente de um tanque séptico não é um líquido inofensivo. É um líquido

clarificado, de cheiro e aspecto desagradável, que ainda contém matérias putrescíveis em

grande quantidade e conseqüentemente com um DBO ainda apreciável, além de bactérias

patogênicas, cistos e ovos de helmintos. Para a disposição do efluente de tanques sépticos

no solo, por infiltração, este material pode ser conduzido para poços absorventes ou

sumidouros ventilados, que devem ser largos e bem ventilados e não devem atingir o

lençol freático. Recomenda-se um diâmetro mínimo de 1,50 m e uma profundidade de 2,0

m para o poço, cujas paredes devem ser revestidas de alvenaria de tijolo, com juntas livres,

ou anéis de concreto, convenientemente furados e o fundo com enchimento de cascalho ou

pedra britada (sempre que possível devem ser construídos em número de dois sumidouros

para o uso alternado). Na parte superior, o poço absorvente deve ser coberto e de

preferência executar uma laje de concreto com uma tampa removível. Os sumidouros

devem estar localizados a uma distância mínima de 6 m do tanque séptico.

Os tanques sépticos devem ser construídos em um lugar de fácil acesso, a uma

distância nunca inferior a 20 m de qualquer fonte de abastecimento de água e 100 m de

qualquer manancial de água e os poços absorventes a uma distância de 30 m (de acordo

com NBR 7.229/82).

A cada período de um ano de uso deve ser removido o lodo digerido do tanque

séptico, que pode ser enterrado. Quando o tanque em funcionamento apresentar maus

odores deve ser colocada uma substância alcalinizante, como a cal, por exemplo.

Continuidade das Ações

Este trabalho deve ser permanente, com a participação de pessoas do Assentamento

(Setor de Saúde) e funcionários do INCRA.

Definição das Ações

Subprograma de Saneamento e Saúde

Construção de Tanques Sépticos

No. Ações Responsável Possível origem dos recursos01 Locação correta da rede de

esgoto nos lotesFirma especializada INCRA

02 Construção dos tanques sépticos e dos emissários de esgoto em cada lote

Firma especializada e famílias assentadas

FUNASA e Prefeitura de Rubim

Cronograma de Execução

No. Ações Meses1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

01 Locação corretada rede de esgotonos lotes

x

02 Construção dos tanques sépticos e dos emissários de esgoto nos lotes

x x

8.2.3.2.2. Tratamento da Água

Justificativa: Falta de sistema de água tratada no Assentamento Jerusalém.

Objetivos: Melhorar a qualidade da água utilizada pelas famílias assentadas.

Descrição e Forma de Implementação

Realização de oficinas de trabalho teórico e prático no próprio Assentamento,

objetivando intensificar a educação sanitária (Atenção Básica de Saúde).

Solicitar à Secretaria Municipal de Saúde uma análise completa da água designada

ao consumo humano e a distribuição de hipoclorito de sódio às famílias assentadas,

esclarecendo como prevenir doenças de simples controle através da água utilizada no

consumo doméstico e lavagens periódicas e o uso dos reservatórios de pequena

capacidade.

Continuidade das Ações

Este trabalho deve ser permanente, coordenado pelo Setor de Saúde do

Assentamento, com a participação de todas as famílias.

Vale ressaltar, que a distribuição de hipoclorito de sódio às famílias é um serviço

público gratuito, portanto, sem custos adicionais para a comunidade.

Definição das Ações

Subprograma de Saneamento e Saúde

Tratamento da Água

No. Ações Responsável Possível origem dos recursos01 Oficinas de trabalho teórico e

prático em educação sanitáriaSetor Regional e Estadual de Saúde

AESCA

02 Análise completa da água e distribuição de hipoclorito de sódio

Secretaria Municipal de Saúde

AESCA e Prefeitura de Rubim

Cronograma de Execução

No. Ações Meses1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

01 Oficinas de trabalho teórico e prático em educação sanitária

x

02 Análise completa da água e distribuição de hipoclorito de sódio

x x

8.2.3.2.3. Atenção à Saúde

Se o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) não é eqüitativo e amplo nas áreas

urbanas, este se torna ainda mais dificultado para as populações rurais. A distância dos

centros urbanos, a dificuldade de locomoção, a falta de informações corretas, o

desconhecimento dos direitos, as extensas filas para marcação de consulta, a demora para

conseguir um atendimento médico ou realização de exames, faz com que o SUS se torne

cada vez mais inatingível para a parcela da população residente em assentamentos rurais

(Gaia, 2005). Portanto faz-se necessário o desenvolvimento e a efetivação de políticas

públicas mais específicas para a população da Reforma Agrária.

Em uma análise sobre o impacto dos assentamentos da Reforma Agrária (Leite et

al., 2004), pesquisadores do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Mi-

nistério do Desenvolvimento Agrário (Nead-MDA) constataram a existência de postos de

saúde em apenas 21% dos assentamentos estudados (num total de 92 assentamentos amos-

trados nas diversas regiões do país), sendo a maioria deles instalados por pressão das pró-

prias famílias assentadas. Afirmam que a distância dos assentamentos em relação aos cen-

tros urbanos, bem como a dificuldade das estradas e/ou a carência de transporte coletivo,

agravam a precariedade do atendimento à saúde para vida dos assentados e assentadas.

Segundo o estudo, nem sempre há presença regular de médicos nos postos de saúde

existentes nos assentamentos; na maioria das áreas estudadas os médicos estão presentes

nos postos algumas vezes na semana. Em 78% da amostra há a presença de agentes de saú-

de, sendo que a maior parte desses agentes é paga pelas prefeituras (Leite et al., 2004).

A criação de assentamentos, em especial quando envolve deslocamento de

população de outros municípios, implica forte pressão sobre os serviços de saúde regionais,

que muitas vezes já apresentam deficiências no que se refere ao atendimento. Essa pressão

se dá porque os assentados procuram os serviços do sistema de saúde na sede do próprio

município do assentamento (92% dos assentamentos), em municípios vizinhos (42%) ou

nas cidades-pólo regionais (25%) (Leite et al., 2004).

Justificativa

Tendo em vista tais aspectos de enfrentamento das questões de saúde e acesso aos

serviços públicos, o presente subprograma pretende efetivar condições de saúde adequadas

para todas as famílias do Assentamento Jerusalém.

No processo de luta pela terra, o MST busca construir junto às suas famílias uma

nova concepção de saúde. Concepção esta que busca a criação de novos hábitos, costumes

e valores no dia-a-dia voltados para a saúde, através da construção de uma nova sociedade

(MST, 2001).

Objetivos

• Lutar para que o município assuma a responsabilidade que lhe cabe no

cumprimento do artigo 196 da Constituição, garantindo o acesso à saúde para todas as

famílias do Assentamento Jerusalém;

• Priorizar a promoção e a prevenção para a saúde, como estratégias fundamentais,

na busca de melhores condições de saúde;

• Fortalecer práticas complementares para a promoção e manutenção da saúde.

Descrição e Forma de Implementação

→ Negociar junto à Secretaria Municipal de Saúde de Rubim o acompanhamento

de uma equipe do Programa de Saúde da Família (PSF), inclusive com a determinação de

um(a) agente comunitário(a) específico(a) para cobrir a área e disponibilização de

medicamentos prescritos.

→ Negociar a disponibilidade de acesso à ambulância para atendimento dos casos

de emergência na região, sempre que houver necessidade.

→ Negociar junto à Secretaria Municipal de Saúde de Rubim o atendimento

odontológico das crianças, jovens e adultos do Assentamento Jerusalém.

→ Consolidar a parceria com a Pastoral da Criança que desenvolve trabalhos sobre

desnutrição infantil e saúde geral da família.

→ Organizar cursos e oficinas com temas relacionados à área de saúde, como por

exemplo, primeiros socorros e sobre a utilização de plantas medicinais, visando à

capacitação de membros do Setor de Saúde e demais pessoas do Assentamento.

→ Implantação de horta medicinal na área comunitária do Assentamento e nos

quintais familiares. A horta comunitária pode ser a referência para as plantas que as

famílias podem utilizar (comprovadas pelo uso popular e/ou por estudos científicos), bem

como fonte de mudas.

Continuidade das Ações

Este trabalho deve ser permanente, com a participação de pessoas do

Assentamento Jerusalém (Setor de Saúde e comunidade) e Setor Regional e Estadual de

Saúde do MST.

Definição das AçõesSubprograma de Saneamento e Saúde

Atenção à Saúde

No. Ações Responsável e Parcerias Possível origem dos recursos01 Reunião para negociações

com a Secretaria Municipalde Saúde

Setor Local e Regional de Saúde do MST, Secretaria de Saúde de Rubim

_____

02 Parceria com a Pastoral da Criança

Setor Local e Regional de Saúde do MST, Pastoral da Criança

_____

03 Cursos e oficinas de saúde Setor Regional e Estadual de Saúde

AESCA e Parceiros

04 Implantação de horta medicinal

Setor Regional e Estadual de Saúde

AESCA e Parceiros

Cronograma de Execução

No. Ações Meses1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

01 Reunião para negociações com a Secretaria Municipal de Saúde

x x

02 Parceria com a Pastoral da Criança x x

03 Cursos e oficinas de saúde x x x x04 Implantação de horta medicinal x x

8.2.3.3. Educação

O Censo da Reforma Agrária (INCRA/UNB, 1997) apontou um índice de 29,5% de

jovens e adultos analfabetos nos assentamentos rurais, uma realidade que pode chegar a

mais de 80% em algumas regiões, e uma escolaridade média não superior a 4 anos, sendo

encontrado um índice inferior a 2% de assentados com o ensino médio. De modo geral a

realidade dos Sem Terra repete, e de alguns casos aprofunda, os índices que caracterizam

especialmente o meio rural brasileiro (Caldart, 2004).

Na verdade, esta situação reflete a inexistência de políticas públicas que visem, de

fato, garantir o acesso a uma educação de qualidade para o conjunto da população

brasileira, seja do campo ou da cidade (Caldart, 2004).

A educação nos assentamentos rurais, principalmente a escolarização, deve ser

pensada como algo que carrega múltiplas representações sociais dentro do assentamento,

mas que depende de negociações junto a órgãos dos municípios e estados.

O MST tem por determinação a implantação de escolas nos assentamentos e

acampamentos, pensando na formação voltada para a realidade das crianças e jovens do

campo. Ainda nos acampamentos formam-se núcleos com as crianças e professoras

voluntárias no sentido de tentar manter certo nível de normalidade no cotidiano do

processo de ocupação. Quando os assentamentos são legalizados, ou até mesmo antes (pré-

assentamentos), constroem-se escolas e busca-se uma regulamentação no município de

referência.

O Assentamento Jerusalém, por ser uma área relativamente pequena, não possui

número de crianças e jovens suficiente para a consolidação de uma escola reconhecida pelo

município ou estado, portanto estes devem freqüentar uma escola externa.

Apesar das crianças e jovens estudarem fora do Assentamento, o Setor de Educação

local, bem como as mães e os pais, devem acompanhar de perto a educação dos filhos e

filhas, lutando por uma educação de qualidade coerente com a realidade em que vivem.

Se a questão do Ensino Fundamental faz parte das preocupações e debates das

políticas públicas do campo, o Ensino Médio é mais problemático. A maioria dos

adolescentes enfrenta longas caminhadas para chegar à escola ou para pegar um meio de

transporte, já que os estabelecimentos se encontram distantes dos Assentamentos.

Nesse sentido, a elaboração de propostas para a organização de um Programa

Educacional para o Assentamento Jerusalém deve pautar-se no desafio de educar para que

as crianças, jovens e adultos possam assumir a condição de sujeitos de suas próprias vidas

e de construtores de um projeto popular de Reforma Agrária, de desenvolvimento do

campo e de país. Para tanto, sugerem-se ações a serem empreendidas pelo Setor de

Educação, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Rubim, a

Superintendência Regional de Ensino e a Coordenação Estadual e Regional do MST.

Justificativa

A educação sozinha não resolve os problemas do povo, mas é um elemento

fundamental nos processos de transformação social (Manifesto, 1997). Portanto, acabar

com o analfabetismo e permitir que as pessoas se instrumentalizem para a vida é ver a

“educação como prática da liberdade” tão defendida por Paulo Freire. O próprio Freire

caracterizava a educação, além de ser um ato de conhecimento, como um ato político.

Os Assentamentos são espaços ricos para uma transformação da realidade do

ensino do campo, na medida em que as próprias famílias assentadas e os movimentos

sociais envolvidos com esta questão se esforçam no sentido de melhorar a escolarização, o

acesso e a qualidade das escolas.

O compromisso do MST com a educação é na perspectiva de que as pessoas se

eduquem para ler criticamente a realidade do nosso país a fim de reescrevê-la (ENEJA Sul,

2000).

Objetivos

• Garantir a escolarização em curso das crianças e jovens;

• Inclusão das crianças e jovens que estão fora da escola;

• Acompanhamento efetivo dos educandos e educandas através de reforço escolar e

incentivo a não evasão (abandono) escolar;

• Instrumentalizar membros do Setor de Educação do Assentamento com

conhecimentos teóricos e práticos sobre educação, com foco na educação popular,

assim como no aspecto da educação ambiental;

• Construir estrutura física adequada para funcionamento da escola na futura Área

Comunitária do Assentamento;

• Alfabetização e formação dos jovens e adultos (Educação de Jovens e Adultos –

EJA).

Descrição e Forma de Implementação

→ Reuniões e atividades periódicas do Setor de Educação local com pais e mães do

Assentamento para incentivar e ajudar o acompanhamento destes junto a seus filhos e

filhas;

→ Atividades periódicas do Setor de Educação local com as crianças e jovens com

objetivo de valorizar a permanência na escola e o desenvolvimento das tarefas

pedagógicas;

→ Realização de oficinas de trabalho teórico e prático no próprio Assentamento,

enfocando a educação popular e a educação ambiental a fim de instrumentalizar membros

do Setor de Educação do Assentamento Jerusalém com conhecimentos teóricos e práticos

para o desenvolvimento do acompanhamento escolar efetivo;

→ Capacitação contínua de educadores e educadoras locais para o trabalho com a

Educação de Jovens e Adultos – EJA;

→ Buscar junto ao Setor de Educação Regional e Estadual do MST e a Secretaria

Municipal de Educação materiais didáticos e pedagógicos para desenvolvimento de

atividades com crianças, jovens e adultos;

→ Reservar espaço adequado e objetos necessários, na casa sede do Assentamento,

para as atividades do EJA e de reforço escolar, bem como de reuniões do Setor de

Educação;

→ Montar uma biblioteca na casa sede para acesso de todas as famílias do

Assentamento Jerusalém que possa subsidiar os estudos e o incentivo à leitura.

Continuidade das Ações

Após a realização das oficinas os monitores locais darão continuidade ao trabalho

no Assentamento. Os casos considerados de difícil execução serão levados ao Setor

Estadual de Educação do MST.

Após a demarcação da Área Comunitária do Assentamento, membros do setor de

educação deverão reivindicar, junto à Secretaria Municipal de Educação de Rubim, os

materiais necessários para a construção da escola.

Definição das Ações

Programa Social

Subprograma de Educação

No. Ações Responsável e Parcerias Possível origem

dos recursos01 Reuniões e atividades periódicas

do Setor de Educação local epais e mães

Setor Local e Regional deEducação do MST

____

02 Atividades periódicas do Setorde Educação local com ascrianças e jovens

Setor de Educação Local eRegional do MST

____

03 Oficinas de trabalho teórico eprático em educação

Universidades, PRONERA e SetorEstadual e Regional de Educaçãodo MST

AESCA

04 Capacitação contínua deeducadores e educadoras locaispara o trabalho com EJA

Universidades, PRONERA e SetorEstadual e Regional de Educaçãodo MST

AESCA

05 Aquisição de materiais didáticose pedagógicos paradesenvolvimento de atividadescom crianças, jovens e adultos

Univesidades, Secretaria deEducação de Rubim e SetorEstadual, Regional e Local deEducação do MST

AESCA eSecretaria deEducação de

Rubim06 Espaço adequado e objetos

necessários para as atividades deeducação

Setor Estadual, Regional e Localde Educação do MST

____

07 Montagem de biblioteca noAssentamento Jerusalém

Secretaria de Educação de Rubim eSetor Estadual, Regional e Localde Educação do MST

AESCA

Cronograma de Execução

No. Ações Meses1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

01 Reuniões e atividades periódicasdo Setor de Educação local e pais emães

x x x x x x x x x x x x

02 Atividades periódicas do Setor deEducação local com as crianças ejovens

x x x x x x x x x x x x

03 Oficinas de trabalho teórico eprático em educação

x x x x

04 Capacitação contínua deeducadores e educadoras locaispara o trabalho com EJA

x x x x

05 Aquisição de materiais didáticos epedagógicos para desenvolvimentode atividades com crianças, jovense adultos.

x x x

06 Espaço adequado e objetosnecessários para as atividades deeducação

x x x

07 Montagem de biblioteca noAssentamento Jerusalém

x x x

8.2.3.4. Cultura, Esporte e Lazer

No seu significado mais geral, cultura é “(...) o conjunto das práticas, das técnicas,

dos símbolos e dos valores que se devem transmitir às novas gerações para garantir a

reprodução de um estado de coexistência social” (Bosi, 1992:324). O termo “culturas

brasileiras” é empregado por Bosi como conseqüência da diversidade cultural do país,

expressiva das múltiplas tendências. No entanto, cada uma destas “culturas” tem como

referência a vida material e simbólica de um grupo específico, os modos de ser, viver,

pensar e falar de uma dada formação social.

Justificativa

A análise propiciada pelas reuniões com as famílias indicou que as atividades

culturais, esportivas e de lazer precisam ser organizadas no Assentamento. Porém, deve-se

considerar a diversidade que envolve a origem das famílias, a caracterização por faixa

etária, as crenças e práticas religiosas, os costumes e as tradições.

Objetivos

Resgatar a cultura e investir em práticas de esporte e lazer.

Descrição e Forma de Implementação

Recomenda-se à coordenação do Assentamento Jerusalém, em parceria com o

poder público local e a Coordenação Estadual do MST:

• Promover oficinas e cursos temáticos visando resgatar práticas culturais

tradicionais, como artesanato, música, dança, culinária, festas típicas e outras;

• Garantir a implantação de infra-estrutura adequada para a realização de

manifestações sociais, culturais e esportivas na Área Comunitária.

Continuidade das Ações

Após a demarcação da Área Comunitária do Assentamento, membros da

coordenação deverão reivindicar, junto ao poder público local, materiais necessários para a

construção da infra-estrutura para práticas de esporte e lazer nesta área. Vale ressaltar que

a construção será de responsabilidade da comunidade.

Definição das Ações

Programa Social

Subprograma de Cultura, Esporte e Lazer

No. Ações Responsável Possível origem dos recursos01 Oficinas temáticas visando

resgatar práticas culturaisColetivo Estadual de Cultura

AESCA

02 Implantação de infra-estrutura na Área Comunitária

Coordenação do Assentamento

Prefeitura Municipal de Rubim

Cronograma de Execução

No. Ações Meses1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

01 Oficinas temáticas visando resgatar práticas culturais

x x x x

02 Implantação de infra-estrutura na Área Comunitária

x x

8.2.4. Programa Ambiental

Historicamente a agricultura brasileira tem resolvido o dilema do aumento da

produção agrícola, não apenas com o aumento da produtividade dos solos agrícolas já

disponíveis, mas principalmente pela expansão das áreas agricultáveis através da abertura

de novas fronteiras agrícolas. Esta expansão da fronteira agrícola brasileira tem se

caracterizado pela inexistência (ou ineficiência) do planejamento ambiental prévio, que

possibilite delimitar áreas que deveriam ser efetivamente ocupadas com/pela atividade

agrícola e as áreas que deveriam ser preservadas em função de suas características

ambientais ou mesmo legais. Uma análise histórica da expansão da fronteira agrícola

constata que muitas das áreas agrícolas disponíveis no passado foram abandonadas ou

estão sendo subutilizadas em função de práticas agrícolas inadequadas ou da inadequação

dessas áreas para a agricultura. Como conseqüência tem-se um contínuo processo de

ocupação e abandono de áreas por todo o país, processo este que vem sendo descrito e

reescrito por mais de 50 anos (Rodrigues & Gandolfi, 2000).

O processo de planejamento deve também construir uma racionalidade ambiental

nos Assentamentos, a fim de criar uma nova relação homem-natureza. Esta racionalidade

deve basear-se na formulação de alternativas produtivas que aliem a sustentabilidade

sócio-cultural e econômica à manutenção, recomposição e valorização do meio ambiente.

Deste modo, devemos sempre alcançar ou resgatar o conceito de natureza na dimensão

humana como condição fundamental para a preservação ambiental e para a melhora da

qualidade de vida das famílias Sem Terra.

Não podemos esquecer que o que fazemos na nossa terra hoje será herdado pelos

nossos filhos e filhas e, destes, passarão para nossos netos e netas, portanto, a preservação

ambiental não deve se limitar às exigências impostas pelas leis. Nossa racionalidade não

deve estar pautada apenas para o cumprimento da legislação ambiental, e sim, para o uso

sustentável dos recursos naturais (água, solo, vegetação, etc.) e para a conservação do meio

ambiente. A luta pela Reforma Agrária é também uma luta pela preservação da vida e da

natureza.

Com base na análise dos potenciais e limitações dos recursos naturais e da situação

ambiental do Assentamento Jerusalém foi possível desenvolver este Programa Ambiental.

Uma série de medidas visando à recuperação e o manejo das áreas com restrição de uso

(Reserva Legal e Área de Preservação Permanente) e das áreas de produção que devem ser

realizadas no Assentamento.

É permitido às famílias abrirem corredores de acesso à água para a dessedentação

de animais nas áreas de RL e APP. Estes corredores podem ser feitos em cada lote ou em

cada grupo de lotes, dependendo da situação, considerando que não podem causar

impactos negativos na área como, por exemplo, diminuição da diversidade com a

eliminação de alguma espécie vegetal ou ainda, erosão com conseqüente assoreamento do

curso d’água em questão.

A vegetação da Reserva Legal não pode ser suprimida, mas usos alternativos desta

área são permitidos, de acordo com as normas e autorização prévia do órgão ambiental.

Atividades de apicultura (no interior ou nas margens) e extrativismo agroflorestal de

espécies nativas são algumas possibilidades de um manejo sustentável na Reserva Legal.

Algumas APP’s que porventura não tenham sido demarcadas na proposta de orga-

nização territorial elaborada, tais como nascentes esporádicas, ou seja, intermitente, devem

ser respeitadas como prevê a legislação.

8.2.4.1. Recuperação de Áreas Degradadas

No Assentamento Jerusalém existe algumas erosões e trechos de APP e RL que

devem ser recuperadas.

A recuperação de áreas degradadas nada mais é do que uma conseqüência do uso

incorreto da paisagem e fundamentalmente dos solos, sendo apenas uma tentativa limitada

de remediar um dano que na maioria das vezes poderia ter sido evitado. A agricultura

sempre foi e continua sendo o principal fator causador da degradação dos ecossistemas,

geralmente associado com a expansão da fronteira agrícola ou com práticas inadequadas de

produção (descarga de sedimentos e águas superficiais, fragmentação, fogo, etc.)

(Rodrigues & Gandolfi, 2000).

A Tabela 38, a seguir, apresenta algumas atividades gerais recomendadas para a re-

cuperação de áreas degradadas que podem ser aplicadas no Assentamento Jerusalém isola-

damente ou em conjunto. O que está colocado aqui é apenas um levantamento teórico, não

sendo a elaboração ou proposta de um projeto, portanto não há estimativa de custos.

TABELA 38. ATIVIDADES PARA A RESTAURAÇÃO DE ÁREASDEGRADADAS

Item Atividades propostas para a recuperação1 Isolamento da área2 Retirada dos fatores de degradação3 Eliminação seletiva ou desbaste de espécies competidoras4 Adensamento de espécies com uso de mudas ou sementes5 Enriquecimento de espécies com uso de mudas ou sementes6 Implantação de consócios de espécies com uso de mudas ou sementes7 Indução e condução de propágulos* autóctones**8 Transferência ou transplante de propágulos alóctones***9 Implantação de espécies pioneiras atrativas à fauna

10 Enriquecimento com espécies de interesse econômicoFonte: Rodrigues & Gandolfi, 2000* Propágulo: semente ou muda** Autóctone: natural do local*** Alóctone: que não é originário dali

1. Isolamento da área: uma das táticas mais simples para a recuperação de uma

determinada área, a fim de evitar a continuação do processo de degradação. No entanto, na

maioria das vezes a degradação resultou em baixa capacidade de auto-recomposição e a

efetiva recuperação apenas será possível com o isolamento da área e aplicação de uma

série de medidas complementares.

2. Retirada dos fatores de degradação: como fogo, extração de areia, mecanização

inadequada, etc. são aspectos básicos que devem ser resolvidos antes da implementação de

qualquer manejo na área, visando sua restauração.

3. Eliminação seletiva ou desbaste de espécies competidoras: espécies agressivas

(gramíneas, trepadeiras ou bambus) competem vigorosamente com a regeneração das

espécies dos estratos superiores, dificultando o avanço sucessional dessas áreas. Enquanto

bambus e lianas requerem apenas medidas de controle de forma a evitar o crescimento

excessivo, as gramíneas, normalmente oriundas de áreas agrícolas do entorno, são espécies

exóticas e devem ser erradicadas da área. Boa parte da APP ciliar dos córregos do

Assentamento Jerusalém está coberta por gramíneas oriundas das pastagens.

4. Adensamento de espécies com uso de mudas ou sementes: consiste no plantio de

mudas ou na semeadura direta no interior de uma capoeira ou de um trecho de floresta

degradada, visando aumentar a densidade de algumas espécies vegetais já existentes na

área. Existem trechos de RL e APP que não são fragmentos totalmente regenerados, na

verdade são capoeiras ou pastos sujos, que podem ser recuperados através desta prática.

5. Enriquecimento de espécies com uso de mudas ou sementes: consiste em re-

introduzir nos remanescentes degradados, espécies que foram extintas localmente em

função da degradação ou do processo sucessional em que se encontra o fragmento a ser

recuperado. No Assentamento existem fragmentos de RL e APP que podem ser

recuperados através desta prática.

6. Implantação de consórcio de espécies com uso de mudas ou sementes: na

recuperação de áreas totalmente degradadas, pode ser utilizada a implantação de

consórcios de diferentes espécies arbóreas, introduzidas na área através de linhas

alternadas de plantio ou blocos de combinação de espécies.

7. Indução e condução de propágulos autóctones: para algumas situações como

clareiras dento de uma matriz florestal, como no caso de clareiras nos fragmentos

propostos para RL no Assentamento Jerusalém, uma das perspectivas mais promissoras

para a restauração é a indução e condução dos propágulos presentes na área (banco de

sementes) ou propágulos oriundos das áreas de entorno (chuva de sementes), ou seja, ações

de indução da germinação. Nestes casos podem ser necessárias ações combinadas que

resultem na amenização das características do ambiente degradado, tais como o

dessecamento, falta de nutrientes, encharcamento induzido, etc., que irão permitir o

desenvolvimento dos propágulos implantados.

8. Transferência ou transplante de propágulos alóctones: consiste na organização e

transferência de plântulas presentes em uma área com espécies florestais nativas para a

área degradada. É recomendado o transplante de indivíduos com até 30 cm de altura. No

Assentamento, pode ser o caso da transferência de plântulas de fragmentos em fase mais

adiantada de regeneração para capoeiras ou clareiras na RL.

9. Implantação de espécies pioneiras atrativas da fauna: essas espécies acabam por

facilitar a sucessão, pois mantém grande interação com elementos da fauna, que visitam as

copas das árvores como local de abrigo e alimentação, atuando como polinizadores e/ou

dispersores de sementes. Esses animais podem trazer também consigo uma grande

diversidade de propágulos que poderão se implantar na área.

10. Enriquecimento com espécies de interesse econômico: adensamento de espécies

nativas ou mesmo exóticas nas várias fases da recuperação, como frutíferas, perenes,

madeireiras, medicinais, resiníferas, melíferas, etc., cujo aproveitamento pode contribuir

como fonte alternativa de renda ou mesmo de alimentação para as famílias do

Assentamento. É necessário um adequado planejamento da recuperação para que a

exploração econômica dessas áreas cause o menor impacto possível. As áreas de RL e APP

são áreas de produção com restrição de uso, portanto qualquer atividade deve estar em

consonância com a legislação ambiental.

A escolha adequada das espécies que deverão ser usadas na recuperação é uma das

principais garantias de sucesso da restauração. Esta escolha depende muito do objetivo a

que se destina a plantação. Se for para recuperação de APP ou RL é recomendado o

máximo de espécies nativas possível, procurando recuperar tanto a estrutura como a

dinâmica da floresta. Os plantios que visam à recuperação de áreas degradadas não

situadas em APP e RL podem ser efetuados com menor diversidade de espécies, sendo

comum o uso de espécies exóticas – deve-se tomar cuidado ao usar espécies exóticas muito

agressivas que podem fugir ao controle do manejo humano. A proposta de revegetação de

alguns trechos do Assentamento através de plantio de mudas de enriquecimento (próximo

item deste Programa) irá fazer parte da recuperação das áreas degradadas do Assentamento

Jerusalém.

A definição do uso dessas ações deve levar em consideração dois aspectos

principais: i) a capacidade de auto-recuperação da área a ser recuperada e ii) o contexto

regional no qual a área a ser recuperada está inserida (Rodrigues & Gandolfi, 2000).

Baseado nessas considerações, a Tabela 39 apresenta uma proposta das ações que

poderiam ser prescritas na recuperação das áreas degradadas do Assentamento Jerusalém.

Na primeira coluna da Tabela estão apresentadas diferentes situações da área a ser

recuperada e nas três colunas seguintes apresentam-se as características dessa degradação,

enquanto na última coluna estão as ações que poderiam ser adotadas para cada uma das

situações.

TABELA 39. PRESCRIÇÃO DE AÇÕES QUE DEVEM SER APLICADASPRIORITARIAMENTE NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Uso atual da área aser recuperada

Características da áreadegradada

Áreas vizinhas Medidas paraa recuperação

Comcoberturaflorestalnativa

Banco desementes

de espéciespioneiras

Florestaspreservadas

próximas (fontede propágulos)

Açõesrecomendadas

para arecuperação*

Floresta ainda nãodegradada

Preservada Presente Indiferente 1

Florestaparcialmente

Degradada Presente Indiferente 1, 2, 3, 4 e 5

degradadaFloresta eliminada

recentemente eagricultura pouco

tecnificada

Ausente Presente Presente 1, 2, 7 ou 10 e 5Ausente Presente Ausente 1, 2, 7 e 5

Floresta eliminada amuito tempo e

agricultura muitotecnificada

Ausente Ausente Presente 1, 2, 6 e 10Ausente Ausente Ausente 1, 2 e 6

Pastagem Ausente Ausente Presente 1, 2, 9 e 10Ausente Ausente Ausente 1, 2 e 6

Fonte: Rodrigues & Gandolfi, 2000* Conforme Tabela 36.

8.2.4.2. Recuperação e Manutenção da Vegetação das Áreas de Preservação

Permanente e Reserva Legal através de Plantio de Mudas

Muitas áreas que estão dentro da proposta de Reserva Legal e Preservação

Permanente devem ser reflorestadas futuramente para que, de fato sejam considerados

como efetivos fragmentos vegetacionais que possibilitem a reprodução e a manutenção da

biodiversidade.

Justificativa

As Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal não apresentam vegetação

nativa em estado clímax. Existem também erosões que necessitam ser contidas através de

plantio.

Objetivo

Através de plantios de enriquecimento (mudas), recuperar e manter as Áreas de

Preservação Permanente e Reserva Legal, requeridas por lei, exibindo as características da

vegetação original. Para atingir esse objetivo, prevê-se a regeneração da vegetação nativa

na Reserva Legal e na Área de Preservação Permanente.

Descrição e Forma de Implementação

Com o intuito de tornar efetiva a participação das famílias assentadas nesse

processo, Azeredo (1992) sugere estimular as atividades florestais, promovendo utilização

harmônica dos recursos florestais, destacando seu valor sócio-econômico.

O processo de recuperação pode ocorrer principalmente por intermédio do manejo

da regeneração natural ou de plantios de enriquecimento e também através da implantação

de sistemas agroflorestais.

A sucessão secundária ou regeneração natural é o mecanismo pelo qual a vegetação

(florestas e/ou cerrado) renova-se após os distúrbios relativamente brandos e, ou, recentes,

ocorrendo desde que exista disponibilidade de sementes no solo e em matas adjacentes,

obedecendo à seguinte seqüência de espécies: pioneiras, secundárias iniciais, secundárias

tardias e de clímax (Resende, 1998). Rizzini (1997) mostrou o poder de regeneração de

plantas a partir de brotos de caule e de raízes, mas esse mecanismo só é viável em áreas de

desmatamento recente e que não foram incorporadas ao ciclo produtivo por longos

períodos. Em tal situação, basta que a área seja protegida do fogo e não seja usada para

pastejo de animais.

Em áreas onde a mata foi cortada ou queimada para implantação de culturas ou

pastagens, o banco de sementes muitas vezes torna-se depauperado ou ausente, exigindo

então, a semeadura ou o plantio de mudas de espécies desejáveis (ocorrentes na região),

dando prioridade às pioneiras, que fornecerão condições para o estabelecimento de

espécies não pioneiras.

Em áreas onde a destruição da mata ocorre em virtude de alterações irreversíveis do

solo ou em conseqüência da alteração do nível do lençol freático, a recuperação da

vegetação nativa a curto ou médio prazo é praticamente impossível, sendo necessária à

interdição das áreas para que não sofram mais nenhum distúrbio.

Por impedimento legal (área de declividade elevada), as vertentes e sua vegetação

devem ser destinadas à preservação, mas a recuperação de sua densidade e porte requer

cuidados especiais. Deve-se evitar o fogo e a entrada de animais de pastejo, dando

oportunidade para o estabelecimento de vegetação graminóide de cobertura, que gera

condições para a introdução artificial dos estádios sucessionais arbustivo e arbóreo de

pequeno porte, sempre com as espécies típicas desse ecossistema. A formação de mudas

pode ser efetuada em viveiro comunitário com o apoio dos profissionais do programa de

ATES e do IEF, que já desenvolve programa dessa natureza.

A Tabela 40, a seguir, apresenta algumas espécies nativas de Mata Atlântica que

podem ser utilizadas na revegetação de áreas degradadas e de uso restrito, sendo que várias

destas espécies já existem na área do próprio Assentamento.

TABELA 40. LISTA DE ESPÉCIES UTILIZADAS PARA RECOMPOSIÇÃO DEÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E RESERVA LEGAL.

Família Espécie Nome vulgarANACARDIACEAE Anacardium occidentale L. Cajueiro

Schinus terebenthifolius Aroeira*Astronium graveolens Jacq Gonçalo-alves**

APOCYNACEAE Aspidosperma sp. Esperta**Aspidosperma ramiflorum Guatambu**

ARECACEAE Cocos nucifera Coqueiro*Euterpe edulis Mart. JuçaraElaeis guineensis N. J.

Jacquin

Dendê

ASTERACEAE Gochnatia polymorpha Dc. CandeiaBIGNONIACEAE Jacaranda micrantha Jacarandá

Tabebuia avellanedae Ipê roxo **Tabebuai aurea Ipê amarelo**Zeyhera tuberculosa Bolsa de pastor ou Bucho-de-boi

BOMBACACEAE Chorisia speciosa PaineiraPseudobombax grandiflorium Embiruçu

CAPARIDACEAE Crataeva tapia L. Laranja-bravaCECROPIACEAE Cecropia pachystachya

Trecul.

Embaúba

COMBRETACEAE Terminalia brasiliensis Capitão do mato

LEGUMINOSAE-

CAESALPINOIDEAE

Bauhinia fortificata Pata de vacaCassia ferruginea CanafístulaCopaifera langsdorffii Pau d’óleo*Holocalix balansae Alecrim de campinasHymenaea courbaril Jatobá*Peltophorum dubium CanafístulaPterogyne nitens AmendoizeiroSenna multijuga SenaSenna alata CássiaSchizolobium parahyba Guaparuvu

LEGUMINOSAE-

MIMOSOIDEAE

Enterolobium contortisiliquum

(Vell.) Morong

Tamboril

Inga sp Ingá **Parapiptadenia rigida (Benth.)

Brenan

Angico-vermelho

Plathymenia reticulata VinháticoAnadenanthera colubrina Angico **Mimosa tenuiflora EspinheiroBowdichia virgilioides Kunth. Sucupira

LEGUMINOSAE-

PAPILIONOIDEAE

Centrolobium robustum (Vell.)

Mart.

Putumuju

Machaerium stipitatum (DC.)

Vog.

Jacarandá-roxo **

Myrocarpus frondosus Fr. All. CabreuvaCECROPIACEAE Cecropia pachystachya Trecul EmbaúbaCLUSIACEAE Rheedia gardneriana Triana &

Planch.

Bacupari

ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum deciduum St. Hil. CocãoLAURACEAE Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer Canela-sassafras**DILLENIACEAE Curatella americana Cajueiro BravoGRAMINAE Panicum sp. Capim Colonhão

Brachiara sp. Capim BrachiaraHELICONIACEAE Heliconia psittacorum BananeiraLECYTHIDACEAE Cariniana estrellensis Jequitibá branco **

Cariniana legalis (Mart.) O.

Ktze.

Jequitibá-rosa

Lecythis pisonis Camb. Sapucaia**MALPIGHIACEAE Byrsonima sericea DC. MuriciMELASTOMACEAE Miconia amoena Triana Miconia

Miconia minutiflora (Bompl.) QuaresmeiraMouriri glazioviana Goiabeira (brava)

MELIACEAE Cabralea canjerana CanjaranaCedrella fissilis Cedro *Guarea guidonia CarrapetaTrichilia catigua CatiguáTrichilia elegans Cafézinho

MORACEAE Ficus sp. FicusMaclura tinctoria Amoreira

Maclura tinctoria (L.) D. Don Amora-brancaArtocarpus integrifolia Lf. JaqueiraChlorophora tinctoria Taiuva

MYRSINACEAE Myrsine guianensis Aubl. CambuiMYRTACEAE Campomanesia guazumaefolia Gabiroba

Eugenia blastantha Grumixama miúdaEugenia hiemalis Goiabeira do matoPsidium guajava Goiabeira *Myrcia tomentosa CambuíSyzigium jambolana Jambo

PHYTOLACACEAE Gallesia gorazema Pau d’alho **NYCTAGINACEAE Guapira c.f. laxiflora (Choisy)

Lundell

Farinha-seca

RHAMNACEAE Rhamnidium elaeocarpum SaguarajiOXALIDACEAE Averrhoa carambola CarambolaRUBIACEAE Genipa americana L. Jenipapo **RUTACEAE Esenbeckia febrifuga Mamona

Dictyoloma vandellianum Adr.

Juss.

Tingui-preto **

SAPINDACEAE Talisia esculenta Radlk. Açoita cavalo

Matayba eleagnoides Miguel pintadoVERBENACEAE Aegiphila sellowiana Cham. Fumo-bravoFonte: Joly et al., 2000* Espécies existentes na área do Assentamento Jerusalém.** Gênero existente na área do Assentamento Jerusalém.

Nas Áreas de Preservação Permanente o plantio de árvores frutíferas nativas é

permitido e incentivado para recomposição, podendo ser utilizadas as frutíferas nativas da

Mata Atlântica como caju (Anacardium occidentale L.), coqueiro (Cocos nucifera), juçara

(Euterpe edulis Mart), ingá (Inga sp), bananeira (Heliconia psittacorum), ficus (Ficus sp.),

goiabeira (Psidium guajava), jambo (Syzigium jambolana), carambola (Averrhoa carambola)

entre outras, que podem até mesmo passar por processos de beneficiamento para

comercialização.

8.2.4.3. Manejo e Recuperação de Reserva Legal e Áreas de Preservação

Permanente do Assentamento Jerusalém

Para cercamento e isolamento de parte das Áreas de Preservação Permanente e

Reserva Legal serão utilizados recursos do Projeto de Recuperação e Conservação de

Recursos Naturais, elaborado pelo profissional do programa de ATES, com recurso de até

R$ 1.000,00 por família que deve ser aplicado conjuntamente.

Justificativa

As Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal encontram-se expostas a

invasões de animais, principalmente gado, que causam danos à vegetação em regeneração.

Objetivo

Isolar as Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal de pressões

externas.

Descrição e Forma de Implementação

O Anexo 13 apresenta o detalhamento do Projeto de Recuperação e Conservação de

Recursos Naturais do Assentamento Jerusalém. Com o valor total do projeto de R$

41.940,80 será possível cercar 8.833 metros, construir um viveiro florestal com capacidade

de 8.000 mudas/ano além de possibilitar espaços de formação e oficinas com toda a

comunidade e entorno.

O Assentamento apresenta duas áreas de Reserva Legal, a RL1 e a RL2. O

perímetro da RL1 corresponde a um total de 8.949 m, destes, 4.573 m fazem divisa com

vizinhos, o que se supõe já existir cerca, e 4.376 m são internos ao assentamento. Porém,

somente 715 m do perímetro interno necessitarão de cerca, pois o restante faz divisa com o

rio. Já a RL2 apresenta perímetro total de 10.216 m, sendo 4.298 m externos, ou seja,

divisa com vizinhos, e, 5.918 m internos, os quais necessitarão ser cercados. Portanto,

6.633 m da Reserva Legal do Assentamento Jerusalém terão que ser cercados. Cercas vivas

também podem ser utilizadas em alguns trechos a fim de baratear os custos.

As Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal do Assentamento Jerusalém

correspondem respectivamente a 156,8607 ha e 427,4206 ha, sendo 191,3246 ha de RL1 e

236,0960 ha de RL2, portanto, o recurso do plano de manejo não é suficiente para cercar

todo o perímetro de APP e RL. Isso implica na seleção de áreas prioritárias para o cerca-

mento e revegetação. A seleção de tais áreas será feita pelas famílias, com acompanhamen-

to da ATES.

8.2.4.4. Extração de Lenha

A necessidade de obtenção de lenha para construção de cercas e moradias e para

combustível de fogão à lenha exerce forte pressão sobre as Áreas de Preservação

Permanente e de Reserva Legal. A supressão total de vegetação em áreas de Reserva Legal

não é permitida e a supressão total ou parcial em Área de Preservação Permanente somente

é permitida em casos isolados e depende da autorização do IEF-MG. Existem diversos

lotes com pastos abandonados tomados por capoeira, sendo aconselhado às famílias

explorarem de forma coletiva parte desta madeira (mesmo que esta esteja presente em

poucos lotes) visando o beneficiamento de todas as famílias do Assentamento.

Em função da necessidade de parcelamento e planejamento/utilização das áreas do

Assentamento Jerusalém sugere-se que as famílias procedam junto ao IEF-MG o pedido de

corte de parte desta madeira. O ideal é que não se proceda ao corte raso e limpeza das

áreas, mas sim, produção agroflorestal (pasto ou culturas consorciadas com árvores) onde

for possível. Para isso, a comunidade e os profissionais do programa de ATES deverão rea-

lizar um Plano de Manejo.

Futuramente, na área de exploração coletiva e até mesmo nas parcelas familiares,

pode-se formar uma área específica que possa servir como fonte de madeira e lenha.

8.2.4.5. Estratégias para Recuperação da Água

Justificativa

Apesar do considerável potencial hídrico na área do Assentamento faz-se

necessário pensar e desenvolver estratégias de curto, médio e longo prazo para a

recuperação das águas.

Objetivo

• Conservação e recuperação das águas superficiais e subterrâneas do

Assentamento Jerusalém.

Descrição e Forma de Implementação

Através de técnicas de manejo da vegetação é possível aumentar e manter a

disponibilidade de água no Assentamento Jerusalém. Entre estas podemos citar (Hanzi,

2002):

→ Reflorestamento dos topos de todos os morros: pelo efeito de comprimento do ar

e condensação, pode-se reciclar água para os campos abaixo.

→ Revegetação das matas ciliares: estas fazem com que a água chegue

gradativamente ao longo do ano, evitando enchentes.

→ Reflorestamento de boqueirões (cabeça de vale), pois são locais onde se juntam

as águas e pode fazer brotar uma mina ou um riacho.

→ Quebra-ventos ao redor das plantações para diminuir a evaporação-vital.

→ Plantio de policulturas, incluindo elementos arbóreos e muita massa orgânica,

assim o campo nunca se desnuda e toda a água se conserva.

→ Quebrar pastos grandes em piquetes menores rodeados por faixas forrageiras.

→ Reciclar toda a água servida em vez de jogá-la diretamente nos córregos.

→ Captar a água da chuva.

Para conservação e recuperação das nascentes do Assentamento Jerusalém os

assentados e assentadas devem, basicamente, se preocupar com uma maior infiltração de

água para o lençol subterrâneo. Essa maior infiltração pode ser obtida através da

manutenção da vegetação na superfície do entorno das nascentes. Uma vegetação densa

dificulta o escoamento da água pela superfície, diminuindo as enxurradas que provocam

erosões.

Na recomposição vegetal podem ser utilizadas as mudas do plantio de

enriquecimento descrito anteriormente. As demais ações, como captação de água de chuva,

é ainda uma informação teórica, não sendo a elaboração ou proposta de um projeto,

portanto não há estimativa de custos.

8.2.4.6. Manejo Ecológico do Solo

Justificativa

Alguns solos da Mata Atlântica são muito evoluídos e normalmente bem profundos

e fortemente ácidos. Os solos do Assentamento estão em estágio avançado de

intemperização, são susceptíveis à erosão, principalmente devido à declividade dos

mesmos. No Assentamento Jerusalém, cerca de 70% de seus solos apresentam declividade

que variam de forte a abrupta (Classes IV,VI, VII e VIII), o que agrava os processos

erosivos. Para estes e os demais solos da área deve-se proceder a uso moderado de

mecanização agrícola a fim de não criar ou aumentar os sulcos de erosão e desenvolver

estratégias de manejo ecológico dos mesmos.

Objetivo

• Evitar o avanço dos processos erosivos e a formação de novas degradações no

solo;

• Aumentar a fertilidade do solo.

Descrição e Forma de Implementação

Nos sulcos já existentes deve-se revegetar o entorno e o interior destes e, se

necessário, fazer barricadas de contensão, a fim de segurar a movimentação da terra.

Como existem solos com baixa fertilidade natural na área do Assentamento

Jerusalém há a necessidade de correção do solo. É provável que precise calcarear parte da

área de produção a fim de corrigir a acidez atual do solo e, a partir desta ação, utilizar

adubação verde. O profissional da ATES deve proceder à análise do solo para verificar

quais nutrientes e outros fatores estão deficientes.

Para aumentar a fertilidade do solo do Assentamento Jerusalém deve-se adotar o

manejo ecológico do mesmo, fundamentado nos preceitos da Agroecologia. Este manejo

tem o objetivo de melhorar as condições do solo para facilitar a germinação das sementes,

para aumentar a porosidade do solo e para controlar plantas espontâneas. Seguem algumas

propostas gerais que devem ser mais bem trabalhadas e discutidas com as famílias e a

ATES.

Sistemas de manejo ecológico utilizam cobertura máxima do solo, com plantas

vivas ou com cobertura morta, com o objetivo de proteger a superfície do solo da intensa

radiação solar, evitando a queima da matéria orgânica do solo, reduzindo a amplitude

térmica da superfície, a perda de água por evaporação, morte dos microorganismos

superficial do solo, o impacto das gotas de chuva sobre a superfície e a velocidade do

escorrimento superficial do excesso de água das chuvas. Preconiza-se a redução ou mesmo

a eliminação da movimentação do solo, com sistemas de cultivo mínimo ou plantio direto.

Para as culturas para as quais ainda não se consegue dispensar o preparo do solo, este

deverá ser feito com menor intensidade possível, equipamento mais adequado, umidade do

solo ideal e mantendo-se o solo descoberto o menor tempo possível. Utilizam-se

combinações de explorações com espécies de raízes agressivas e profundas, que tenham a

capacidade de romper impedimentos subsuperficiais, aumentando a capacidade de

infiltração da água no solo, recuperando e reciclando os nutrientes arrastados às camadas

mais profundas do solo (Feiden, 2001).

Maneja-se a superfície do solo, através de culturas de cobertura, adubos verdes e da

própria vegetação espontânea, mantêm-se ao máximo a cobertura do solo, promovendo

grande entrada de matéria orgânica no sistema, visando-se a estruturação do solo, o aumen-

to da macro-porosidade e em conseqüência aumentando a infiltração da água no solo (Fei-

den, 2001).

Durante o início do ciclo das culturas deve-se manter as entrelinhas cobertas através

de culturas de cobertura intercalares ou da vegetação espontânea, manejadas através de

cortes, roçada ou capina seletiva para evitar que cheguem a ponto de competir com a

cultura principal (Feiden, 2001).

Para evitar o escorrimento superficial da água e a erosão, o plantio deve ser feito

em nível, sendo que poderão ser feitos terraços de bases estreitas, cobertas de vegetação

permanente ou mesmo culturas arbóreas, que terão o efeito adicional de sombreamento,

quebra-ventos e barreiras ao deslocamento de pragas e propágulos de doenças. Deve-se

evitar a implantação de práticas mecânicas que exijam grandes movimentações de solo

(Feiden, 2001).

A diversificação de espécies no sistema, obtida através da rotação ou consorciação

de culturas, cultivos em faixas ou aléias, bem como do manejo adequado das plantas es-

pontâneas, possibilita uma melhor ciclagem e conservação dos nutrientes devido às dife-

rentes capacidades de extração de nutrientes de cada espécie (Feiden, 2001).

O corte ou manejo dos adubos verdes na época correta para que seus nutrientes

mineralizados sejam aproveitados pela cultura alvo no momento da sua necessidade, evita

perdas de nutrientes. Assim é necessário conhecer a velocidade de decomposição de cada

espécie, informação nem sempre disponível. A relação C:N e o conteúdo de lignina das

espécies podem servir de indicador da velocidade de decomposição dos resíduos (Feiden,

2001).

A incorporação de restos culturais, adubos verdes ou culturas de cobertura aceleram

os processos de mineralização em relação ao corte e deposição superficial, e é uma

estratégia que pode ser utilizada para sincronizar a disponibilidade de nutrientes

mineralizados com a necessidade de absorção das culturas (Feiden, 2001).

Para correção inicial da acidez do solo, não há nenhuma restrição na Agroecologia

ao uso de calcário, sendo que em função da deficiência ou não de magnésio, se recomenda

o uso do calcário calcítico, dolomítico ou magnesiano. A dosagem é recomendada para

correção da deficiência de cálcio e magnésio ou então para neutralização do alumínio tro-

cável. De maneira geral, não se recomenda a correção para saturação de bases, e evitam-se

aplicações superiores a 2 t/ha. Quando a recomendação, mesmo para correção do alumínio

trocável for superior a 2 t/ha, recomenda-se aplicar a quantidade limite e fazer nova análise

de solo no ano seguinte. Como no manejo agroecológico não são utilizados adubos solú-

veis de reação ácida, além de que vários dos insumos utilizados, como esterco, termofosfa-

to e cinzas também atuam como corretivos da acidez, em geral, uma vez feita a correção

inicial, não é necessário repeti-la a cada 5 anos, como nos sistemas convencionais. Quando

disponível a preços razoáveis, o gesso agrícola pode ser misturado ao calcário, na propor-

ção de 1:3 (gesso:calcário). Com isto adiciona-se enxofre ao sistema além de estimular o

transporte de Ca e Mg para as camadas mais profundas, estimulando a penetração das raí-

zes (Feiden, 2001).

A adição de nitrogênio ao sistema pode ser feita totalmente através de fixação bio-

lógica de nitrogênio (FBN) e adubação orgânica. Para tal é necessário estabelecer uma es-

tratégia de rotação e associação das culturas com adubos verdes e culturas de cobertura.

Tal estratégia nem sempre é simples e muitas vezes esbarra na falta de conhecimento dos

agricultores e técnicos sobre os adubos verdes, bem como sobre a falta de informações so-

bre o comportamento e adaptabilidade das diferentes espécies de leguminosas nas diferen-

tes regiões. Como o desempenho das leguminosas é muito afetado pelas condições locais,

uma estratégia interessante é a utilização de espécies nativas locais, que muitas vezes são

consideradas "ervas daninhas" pelos agricultores. O manejo destas espécies espontâneas

pode ser uma componente importante para a adição de nitrogênio ao sistema. No entanto, a

estratégia mais utilizada para adição de nitrogênio ao sistema é a inclusão de adubos verdes

em rotação com as culturas principais. Muitas vezes, devido a pouca disponibilidade de

terra, ou a condições climáticas adversas, não é possível a utilização desta estratégia. Neste

caso, podem ser desenvolvidos sistemas de policultivos que incluam leguminosas no siste-

ma, tais como cultivos em aléias, cultivos intercalados, sobressemeadura, cultivos adensa-

dos de leguminosas em curtos períodos em que o solo fica descoberto, cultivos em faixas,

etc (Feiden, 2001).

A Tabela 41, a seguir, apresenta alguns exemplos de adubos verdes que podem ser

utilizados no Assentamento Jerusalém. A escolha da adubação verde irá depender da dis-

ponibilidade de sementes e da cultura a ser consorciada, para tanto, deve haver discussão e

testes com acompanhamento da ATES. A aquisição de tais sementes pode ser viabilizada

através de projetos de doação, trocas entre áreas e agricultores e multiplicação das mesmas

na própria área (banco de sementes).

TABELA 41. LISTA DE PRINCIPAIS ESPÉCIES DE ADUBAÇÃO VERDE.Nome vulgar Nome científico Família Época ideal de plantio

Aveia amarela Avena bysantina Gramínea Abril-maioAveia preta Avena stigosa Gramínea Abril-maioAzevém Lollium multiflorum Gramínea Abril-maioCalopogônio Calopogonium muconoides Leguminosa Outubro-novembroCrotalária breviflora Crotalaria breviflora Leguminosa Outubro-novembroCrotalária juncea Crotalaria juncea Leguminosa Outubro-novembroCrotalária mucronata Crotalaria mucronata Leguminosa Outubro-novembroCrotalária ochroleuca Crotalaria ochroleuca Leguminosa Outubro-novembroCrotalária spectabilis Crotalaria spectabilis Leguminosa Outubro-novembroErvilhaca Vicia sativa Leguminosa Abril-maioFeijão de porco Canavalia ensiformis Leguminosa Outubro-novembroFeijão guandu Cajanus cajan Leguminosa Outubro-novembroGirassol Helianthus annuus Composta Dezembro-janeiroLabe-labe Dolichos lablab Leguminosa Outubro-novembroMilheto Pennisetum glaucum Gramínea Outubro-novembroMucuna anã Mucuna deeringiana Leguminosa Outubro-novembroMucura cinza Mucuna cinereum Leguminosa Outubro-novembroMucura preta Mucuna aterrima Leguminosa Outubro-novembroNabo forrageiro Raphanus sativus Crucífera Abril-maioSoja perene Glycine wightti Leguminosa Outubro-novembroTremoço branco Lupinus albus Leguminosa Abril-maio

Diferentes estratégias podem ser utilizadas para manter as plantas espontâneas (da-

ninhas, inços, pragas ou matos) sob controle (Feiden, 2001):

• Manter o solo coberto: A proteção do solo por uma massa de plantas vivas ou

restos de plantas mortas impede o desenvolvimento de plantas espontâneas, impedindo as

plântulas germinadas de receber a luz necessária para o seu desenvolvimento, como pela

ação inibitória dos exudatos das plantas vivas ou dos metabólitos da decomposição dos

restos vegetais na superfície. Pode ser utilizada a cobertura viva, com plantas que cobrem o

solo entre as plantas cultivadas e que comprovadamente não tem efeito antagônico com a

cultura. Ou então pode ser utilizada a cobertura morta, fornecida tanto pelo pré-cultivo de

alguma espécie de mineralização mais lenta, com o objetivo de produzir esta cobertura,

como pelo aporte de restos vegetais a partir de outras áreas.

• Não revolvimento do solo: O não revolvimento do solo mantém as sementes das

plantas espontâneas na superfície do solo, sujeitas às intempéries e predadores, sem

condições adequadas à sua germinação.

• Controle mecânico: É o sistema mais comum de controle, que pode ser feito

através de capinas, manuais ou mecânicas, ou então o que é mais recomendado, através de

roçadas a partir do momento em que as plantas espontâneas atingem o ponto de dano

econômico.

• Controle térmico: Embora não muito comuns, e até mesmo vistos como ressalvas,

existem alguns processos térmicos para redução da população de algumas espécies mais

problemáticas, como é o caso da solarização para o controle de tiririca, e a utilização de

lança-chamas em alguns países da Europa para controle das plantas nas entrelinhas das

culturas.

• Controle seletivo: É a utilização de diferentes práticas de controle de população

contra apenas uma ou determinas espécies dentro do complexo de plantas espontâneas,

mantendo as demais, com a finalidade de criar um complexo de plantas espontâneas com

funções ecológicas mais favoráveis ao sistema. Algumas práticas agronômicas como cala-

gem, descompactação, adubação entre outras também podem ser usadas para favorecer ou

estimular determinadas espécies dentro do complexo de plantas espontâneas.

8.2.5. Programa de Desenvolvimento Organizacional e de Gestão do Plano

É importante ressaltar que as ações deste Programa constituem-se como elementos

articuladores dos demais Programas, devendo ser consideradas como processos contínuos e

em permanente construção.

Dessa forma, ações devem ser orientadas para a formação contínua dos membros da

Coordenação do Assentamento, no sentido de instrumentalizá-los para a gestão do

Assentamento, aumentando a sua capacidade de convocação da participação das famílias e

de articulação externa, visando a ampliação de parcerias e a negociação de recursos para a

implementação dos Programas propostos no Plano. Ainda, neste sentido, é necessário

promover processos de formação que possibilitem a incorporação de métodos

participativos de diagnóstico, planejamento, monitoramento e avaliação, que auxiliem a

elaboração de projetos, sua execução e acompanhamento, e de procedimentos

administrativos que facilitem a gestão financeira.

A Coordenação deve, também, investir na consolidação dos Setores para a

construção de uma gestão descentralizada e relações horizontalizadas, que possibilitem

maior participação e envolvimento das famílias nos processos decisórios e de execução das

atividades.

8.2.6. Assessoria Técnica, Social e Ambiental (ATES)

Apesar do esforço na construção de um processo participativo para elaboração do

presente Plano, a sua efetiva implementação irá depender da consolidação da organização

das famílias assentadas, de sua inserção em redes de articulação no município e

microrregião, do apoio efetivo dos poderes públicos na escala federal, estadual e

municipal, além do acompanhamento das instâncias do MST.

O processo de monitoramento e avaliação de um plano é definido como o conjunto

dos procedimentos de acompanhamento e análise realizados ao longo da sua

implementação, com o propósito de checar se as atividades e resultados realizados

correspondem ao que foi planejado, além de prever atividades de atualização e de re-

planejamento.

De um plano elaborado de forma participativa só se pode esperar que seja

gerenciado também de forma participativa. Reuniões periódicas entre a Coordenação do

Assentamento Jerusalém, a equipe de elaboração do PDA, funcionários INCRA-SR/06,

MST regional Rosinha Maxacali e famílias assentadas, poderão ser espaços de definição

das atividades que devem ser realizadas visando à implementação do Plano. Além de

definir as responsabilidades pela realização de ações, estes espaços servem para a definição

das estratégias de negociação de projetos e propostas que devem ser encaminhadas ao

poder público municipal, estadual e federal. Neste sentido, recomenda-se uma reunião por

semestre, com objetivo de avaliar o desenvolvimento do Plano e realizar as correções e

adequações necessárias.

Ainda, quanto ao monitoramento e avaliação, o programa de Assessoria Técnica,

Social e Ambiental (ATES) deverá contemplar uma metodologia que auxilie os

profissionais de campo a assessorar a gestão do presente Plano, desde a implementação do

mesmo, até a avaliação e o re-planejamento de atividades.

8.3. Análise de Viabilidade Econômica

8.3.1. Por Projeto, Subprograma e/ou Programa

A partir da parcela média e da organização territorial prevista para o Assentamento

Jerusalém procurou-se realizar a análise da viabilidade econômica dos Programas.

Programa Territorial

No Programa Territorial (infra-estrutura básica e parcelamento) não é necessário

analisar a capacidade de pagamento porque todos os projetos serão realizados com recursos

a fundo perdidos.

Infra-estrutura básica

Para a implantação da infra-estrutura básica de um Assentamento o INCRA possui

uma rubrica de até R$ 5.500,00/família.

a) Abastecimento de Água

A implantação do abastecimento de água para todas as famílias do Assentamento

Jerusalém está fora do recurso previsto e disponibilizado pelo INCRA, havendo um débito

de R$ 125.502,00 (conforme quadro a seguir). Este é um subprograma economicamente

inviável dentro das atuais condições de recursos previstos.

Várias possibilidades, principalmente em relação à distribuição territorial, foram

discutidas e analisadas a fim de conciliar o atendimento desta necessidade básica ao

recurso previsto, mas não foi encontrada alternativa locacional mais viável que a proposta

atualmente.

Esta diferença entre o preço total do projeto e o recurso disponível é muito alta para

ser assumida pelas 40 famílias do Assentamento e nem um remanejamento do recurso total

disponível para infra-estrutura (R$ 5.500,00) resolveria o problema, portanto o INCRA

deve buscar parcerias para viabilizar a efetivação do abastecimento de água no

Assentamento, como por exemplo, com o Governo Federal, Prefeitura Municipal de

Rubim, Companhias de Abastecimento, etc.

Atividade: captação de água através de poço profundo

Fonte de recursos: INCRA

Infra-Estrutura Km Preço por Km Preço totalRede de Água 7,930 R$ 8.000,00* R$ 63.440,00

Quantidade Preço Unitário Preço totalReservatório - 50.000 L 1 R$24.562,00** R$ 24.562,00Perfuração de Poço Profundo - 100m 1 R$ 17.500,00 R$ 17.500,00Equipagem Completa do Poço *** 1 R$ 50.000,00 R$ 50.000,00Hidrômetro 40 R$ 250,00 R$10.000,00

Por família TotalRecurso disponível R$ 1.000,00 R$ 40.000,00Preço total do projeto R$ 165.502,00Diferença - R$ 125.502,00

Fonte: INCRA – SR06 (valores fornecidos em setembro de 2006)* Este valor está incluso o material e a obra.** Fonte: METALPAR – Construção civil e Estruturas metálicas*** Poço equipado com bomba submersa ou motor elétrico + quadro de comando e compressor quando possuir energiaelétrica. Poço equipado com motor estacionário e compressor quando não houver energia elétrica.

b) Energia Elétrica

Assim como no abastecimento de água, a implantação de energia elétrica para todas

as famílias do Assentamento Jerusalém está fora do recurso previsto e disponibilizado pelo

INCRA, havendo um débito de R$ 245.810,00 (conforme quadro a seguir). Este é um

subprograma economicamente inviável dentro das atuais condições de recursos previstos.

Várias possibilidades, principalmente em relação à distribuição territorial, foram

discutidas e analisadas a fim de conciliar o atendimento desta necessidade básica ao

recurso previsto, mas não foi encontrada alternativa locacional mais viável que a proposta

atualmente.

Esta diferença entre o preço total do projeto e o recurso disponível é muito alta para

ser assumida pelas 40 famílias do Assentamento e nem um remanejamento do recurso total

disponível para infra-estrutura (R$ 5.500,00) resolveria o problema. Mas, em relação à

energia elétrica existe um programa governamental de eletrificação rural (Luz para Todos)

que deve ser aproveitado enquanto opção para a instalação de energia elétrica para as 40

famílias e área comunitária do Assentamento. Desta forma, os R$80.000,00 destinados

para a implantação desta infra-estrutura pode ser realocados para a efetivação da rede

viária ou do abastecimento de água.

Atividade: implantação de eletrificação rural

Fonte de recursos: INCRA

Infra-Estrutura Km Preço por Km Preço totalLinhas de média tensão para redes mestras, extensões e derivações

7,930 R$ 17.000 R$ 134.810,00

Quantidade Preço Unitário Preço totalTransformador de 05 KVA 40 R$ 3.800,00 R$152.000,00Transformador de 10 KVA 02 R$ 4.800,00 R$ 9.600,00Padrões de energia 42 R$ 700,00 R$ 29.400,00

Por família TotalRecurso disponível R$ 2.000,00 R$ 80.000,00Preço total do projeto R$ 325.810,00Diferença - R$ 245.810,00

Fonte: INCRA – SR06 (valores fornecidos em setembro de 2006)

c) Estradas

A recuperação e abertura de novas estradas no Assentamento Jerusalém,

possibilitando o acesso a todas as áreas do Assentamento também não está dentro do

recurso previsto e disponibilizado pelo INCRA, havendo um débito de R$ 183.650,00

(conforme quadro a seguir). Este é um subprograma economicamente inviável.

Várias possibilidades, principalmente em relação à distribuição territorial, foram

discutidas e analisadas a fim de conciliar o atendimento desta necessidade básica ao

recurso previsto, mas não foi encontrada alternativa locacional mais viável que a proposta

atualmente. Portanto deve-se buscar parcerias para viabilizar a efetivação do sistema viário

do Assentamento, como por exemplo, com a Prefeitura Municipal de Rubim.

Atividade: recuperação de estradas existentes e abertura de estradas projetadas

Fonte de recursos: INCRA

Infra-Estrutura Km Preço por Km Preço totalEstradas coletoras existentes (recuperação) 2,390 R$ 10.000,00 R$ 23.900,00Estradas Projetadas/Secundária 10,290 R$ 15.000,00 R$ 154.350,00

Infra-Estrutura Unidade Preço unitário Preço totalPonte de concreto com largura de 4,0 m 10 m R$ 10.000,00 R$ 100.000,00

Bueiro (passagem molhada)9 m (3

unidades) R$ 600,00 R$ 5.400,00

Por família TotalRecurso disponível R$ 2.500,00 R$ 100.000,00Preço total do projeto R$ 283.650,00Diferença - R$ 183.650,00

Fonte: INCRA – SR06 (valores fornecidos em setembro de 2006)

d) Parcelamento

Atividade: demarcação dos 66 lotes familiares, 1 área comunitária, 2 área de Reserva

Legal, 4 Áreas de Exploração Coletiva.

Fonte de recursos: INCRA

Preço por

parcela Total73 parcelas R$783,00 R$57.159,00Recurso disponível -------- R$57.159,00Preço total do projeto -------- R$57.159,00Diferença -------- R$ 0,00

Fonte: INCRA/SR-06

Programa Produtivo

Atividade: implantação do sistema de produção visando segurança alimentar e renda

Fonte de recursos: PRONAF A (R$ 16.500,00)

Conforme pode ser observado nas Tabelas 30 a 37, as receitas previstas cobrem as

despesas dos investimentos propostos, incluindo aí o pagamento das parcelas anuais do

PRONAF A, a partir do 4o ano. Há também uma renda não contabilizada proveniente dos

produtos agrícolas que garante a alimentação da família e dos animais.

A implantação do Programa Produtivo é viável economicamente para as 40 famílias

do Assentamento Jerusalém.

Programa Social

a) Habitação

Para uma possível ampliação do projeto arquitetônico padrão (mínimo de 36 m2), o

custo de construção das moradias deverão ultrapassar o recurso previsto e disponibilizado

pelo INCRA (R$ 7.000,00/família). Com base em programas de construção de casas

populares urbanas estimou-se um valor de R$ 10.000,00/moradia. Parcerias deverão ser

buscadas pela comunidade, em conjunto com o serviço de ATES e o MST, a fim de

complementar o recurso disponibilizado pelo INCRA. Nesta lógica então, a construção das

40 moradias do Assentamento Jerusalém gerariam um débito de R$ 120.000,00 (conforme

quadro a seguir).

Para que a construção seja viável as famílias deverão arcar com esta diferença, uma

vez que o crédito é destinado para aquisição de parte dos materiais da construção. Uma

alternativa viável é a busca de parcerias, capacitações e mutirões.

Em relação à capacidade de pagamento deste crédito, o INCRA ainda não possui

normativa específica, portanto ainda não se sabe se este será totalmente subsidiado ou se

será amortizado com desconto.

Para a complementação do recurso para construção das moradias está sendo

discutido juntamente com o INCRA SR-06 e a Caixa Econômica Federal a possibilidade

das famílias beneficiárias da Reforma Agrária em Minas Gerais o acesso ao Programa

Carta de Crédito – Aquisição de Materiais de Construção com recursos do FGTS. Vale

destacar que, como ainda está em fase de discussão, esta possibilidade não foi considerada

no cálculo de viabilidade deste Subprograma.

Atividade: construção de 40 moradias

Fonte de recursos: INCRA (crédito Aquisição de Materiais de Construção: R$

5.000,00/família) e famílias assentadas

Quantidade Preço Unitário Preço totalMoradia 40 R$ 10.000,00 R$ 400.000,00

Recurso x Custo Por família TotalRecurso disponível - crédito R$ 7.000,00 R$ 280.000,00Preço total do projeto R$ 400.000,00Diferença -R$ 120.000,00

b) Saneamento

Para implantação de tanque séptico e emissário de esgoto nas moradias e áreas

comunitárias, as famílias deverão buscar parcerias, como por exemplo, com a Secretaria

Municipal de Saúde de Rubim, e/ou remanejar recurso (do crédito aquisição de materiais

de construção, por exemplo).

Atividade: construção de 41 unidades (40 lotes e 1 área comunitária)

Fonte de recursos: famílias do Assentamento e possíveis parcerias

Quantidade Preço Unitário Preço totalTanque séptico e emissário de esgoto 41 R$ 853,00 R$ 34.973,00

Recurso x Custo Por família TotalRecurso disponível R$ 0,00 R$ 0,00Preço total do projeto R$ 34.973,00Diferença - R$ 34.973,00

c) Atenção à Saúde

Atividade: reuniões, parcerias, cursos e oficinas de saúde e implantação de horta

medicinal.

Fonte de recursos: AESCA

Custo estimado: Estas atividades não envolvem custos adicionais para as famílias e para o

INCRA

d) Educação

Atividade: reuniões, oficinas, formação de monitores, aquisição de materiais didáticos e

pedagógicos, montagem de biblioteca.

Fonte de recursos: AESCA, PRONERA e Secretaria de Educação de Rubim.

Custo estimado: Estas atividades não envolvem custos adicionais para as famílias.

e) Cultura, Esporte e Lazer

Atividade: oficinas e implantação de infra-estrutura de esporte e lazer

Fonte de recursos: AESCA e Prefeitura Municipal de Rubim

Custo estimado: Estas atividades não envolvem custos adicionais para as famílias e para o

INCRA

Programa Ambiental

O Projeto de Recuperação e Conservação de Recursos Naturais com recurso de até

R$ 1.000,00 por família é a fundo perdido, portanto não há necessidade de análise de

recuperação/pagamento deste investimento.

a) Recuperação e Conservação dos Recursos Naturais do Assentamento Jerusalém

Consiste em construção de viveiros, produção de mudas, cercamento da RL e

nascentes, recuperação de áreas degradadas, assim como espaços de formação com as

famílias envolvidas.

Atividade: Construção de viveiro, produção de mudas e cercamento de áreas.

Fonte de recursos: INCRA

Infra-Estrutura Preço unitário Preço totalConstrução de viveiro e produção de mudas R$ 9.239,00 R$ 9.239,00Cercamento de APP e Reserva Legal R$ 32.701,80 R$ 32.701,80 Por família TotalRecurso disponível - crédito R$ 1.000,00 R$ 40.000,00Preço total do projeto R$ 41.940,80Diferença - R$ 1.940,80

8.3.2. Do Plano

Além das receitas e despesas para implementação dos Programas anteriormente

analisados deve-se incluir na análise econômica a capacidade de pagamento do imóvel pe-

las 40 famílias assentadas.

O valor total do imóvel, em 2003, foi avaliado em R$ 1.841.504,80 sendo que deste

valor, R$ 1.607.451,91 correspondem ao valor da terra nua e R$ 234.052,89 correspondem

ao valor das benfeitorias. O custo/família para a obtenção da terra é de R$ 46.037,62 consi-

derando a capacidade estimada de assentamento de 40 famílias.

No momento é impossível determinar a capacidade de pagamento deste valor pelas

famílias, pois não existe normativa específica acerca deste pagamento.

Espera-se que as famílias consigam consolidar e melhorar o sistema de produção

aqui proposto (como por exemplo, com a implantação de unidades de beneficiamento na

área) para que possam a partir da renda da produção arcar com este possível custo no futu-

ro.

8.4. Investimentos Totais e Usos/Fontes de Financiamento

Visando o desenvolvimento do Assentamento Jerusalém faz-se necessária a

obtenção de recursos para a realização das atividades e investimentos previstos no presente

Plano. Nesse sentido, a Tabela 42 a seguir, sintetiza as ações a serem desenvolvidas, o

custo estimado das mesmas, assim como as respectivas fontes dos recursos.

TABELA 42. AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS, CUSTOS E FONTES DEFINANCIAMENTO.No. Ações Custo Estimado Possível origem dos

recursos01 Perfuração do poço artesiano e

instalação de equipamentos e reservatório

R$ 165.502,00 INCRA

02 Execução das linhas tronco e secundárias e instalação do padrão e relógio medidor individual

R$ 325.810,00 INCRA e CEMIG

03 Construção de novas estradas e reformadas estradas com a execução de sangrase caixas de infiltração de águas pluviais. Construção de pontes.

R$ 283.650,00 INCRA e PrefeituraMunicipal de Rubim

04 Demarcação das parcelas R$ 57.159,00 INCRA05 Construção de 40 moradias nos lotes R$ 400.000,00 INCRA e famílias06 Construção dos tanques sépticos e dos

emissários de esgoto em cada loteR$ 34.973,00 INCRA, Prefeitura

Municipal de Rubim e

famílias07 Formação de culturas e aquisição de

matrizesR$ 660.000,00 PRONAF A

08 Recuperação e manutenção de APP’s e de RL – plantio de mudas

R$ 9.239,00 INCRA, prefeitura deRubim

09 Manejo e recuperação de APP’s e RL - cercamento

R$ 32.701,80 INCRA, prefeitura deRubim

10 Custo da terra e benfeitorias R$ 1.841.504,80 FamíliasTotal R$ 3.810.539,60

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ANEXOS

Anexo 1

Mapa A1

Bacia Hidrográfica do Rio Rubim do Sul e do Rio Jequitinhonha

171

Anexo 2Mapa A2

Uso Atual da Terra e Cobertura Vegetal

173

Anexo 3Mapa A3

Estratificação Ambiental

Anexo 4Mapa B1

174

Anteprojeto de parcelamento

Anexo 5Mapa B2

Rede Viária

175

Anexo 6Mapa B3

Abastecimento de água

176

Anexo 7Mapa B4

Rede elétrica

177

Anexo 8Mapa B5

Parcela Média A – lote parcela única

178

Anexo 9Mapa B6

Parcela Média B – lote de moradia

179

Anexo 10Mapa B7

Parcela Média B – lote de produção

180

Anexo 11Mapa B8

Parcela Média C – lote de moradia

181

Anexo 12Mapa B9

Parcela Média C – lote de produção

182

Anexo 13

Projeto

Manejo e Recuperação de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente do

Assentamento Jerusalém

183

184

PROJETO DE RECUPERAÇÃO E CONSERVAÇÃO

DE RECURSOS NATURAIS DO ASSENTAMENTO

JERUSALÉM

RUBIM - MGJulho de 2007

185

1- Apresentação

1.1 Título do Projeto

Preservação e Conservação dos Recursos Naturais do Assentamento Jerusalém

através da agroecologia visando formas de ação social-educacional coletiva de caráter

participativo e práticas pedagógicas libertadoras.

2. Dados do Projeto de Assentamento

2.1 Código Sipra: MG 0276000

2.2 Nome do Assentamento

Assentamento Jerusalém

2.3 Município

Rubim – Minas Gerais

2.4 Área

Área Registrada: 1.943,82 ha

Área Levantada na Vistoria: 1936,1286 ha

2.5 Número de Famílias

Total de famílias: 40

3. Instituição

Associação Estadual de Cooperação Agrícola de Minas Gerais - AESCA

186

3.1 Técnica Responsável

Grazianne Alessandra Simões Ramos

Engenheira Florestal – CREA MG92593D

4. Resumo do Projeto (Justificativa, Objetivo, e Orçamento)

4.1. Justificativa

As áreas destinadas à Reforma Agrária geralmente trazem consigo um passivo

ambiental muito grande. Em um passado não muito distante serviram de uso abusivo e

exploratório a um modelo destruidor da natureza que visa somente o lucro e, portanto, não

se preocupa em preservar e conservar os recursos naturais.

Ao serem destinadas à Reforma Agrária estas áreas passam a ter uma função social

e acima de tudo é expressão da própria vida do camponês visando, não o lucro, mas a

existência deste ser e de sua família, além de possibilitar uma vida digna, com qualidade.

Estas terras representam então muito mais que um simples pedaço de chão. É a própria

interação homem-natureza-produção, uma correlação de vidas, sonhos e projetos.

Ao necessitar desta área o camponês se vê na obrigação de cuidar deste solo, da

mata, da água, enfim, dos recursos que compõem aquela interação, pois é dela que

dependerá seu futuro e principalmente o de seus (suas) filhos (as). Muitas vezes tal fato

não é consumado por falta de conhecimento, mas ainda assim, há um interesse pelo

aprendizado com a finalidade de manter os recursos naturais sempre presentes em sua vida.

É nesse sentido que este projeto justifica-se e propõe a preservação e conservação

dos recursos naturais do Assentamento Jerusalém através da agroecologia visando formas

de ação sócio-educacional coletiva de caráter participativo e práticas pedagógicas

libertadoras. Ou seja, propõe-se a não somente técnicas de preservação e conservação, mas

também, a ações educativas e participativas.

O projeto propõe:

a) Recuperação das áreas degradadas existentes dentro da Reserva Legal, e em

Áreas de Preservação Permanente do Projeto de Assentamento;

b) Recuperação de parte da cerca que limita a Reserva Legal;

c) Diminuição do desmatamento;

187

d) Proteção das nascentes e recuperação das mesmas;

e) Revegetação das margens dos cursos d’água (mata ciliar);

f) Atenuação e/ou recuperação das erosões.

4.2. Objetivos e Orçamento

Como objetivos, têm-se:

- Melhorar as condições ambientais no Assentamento e em seu entorno.

- Reduzir/controlar a erosão do solo.

- Aumentar a disponibilidade de água no ecossistema local.

- Evitar a entrada de animais domésticos de grande porte, (principalmente bovinos e

eqüinos), dentro da área de Reserva Legal.

- Prover mudas tanto para reposição das áreas supracitadas, quanto para outras

degradadas, para a composição de Sistemas Agroflorestais e corredores ecológicos e

geração de emprego e renda para a comunidade do Projeto.

- Possibilitar a recuperação da vegetação nativa nas áreas erodidas.

- Educar as assentadas e assentados da importância das florestas, sua manutenção,

preservação e recuperação.

- Proporcionar retorno econômico a médio e longo prazo aos assentados e

assentadas.

- Regularizar a vazão dos cursos d’água e nascentes.

- Conservar a biodiversidade.

- Estabelecer habitats para a vida silvestre.

- Criar espaços de recreação, harmonia e embelezamento.

Estas ações justificam-se pelo compromisso da comunidade com o meio ambiente

local e entorno, e clareza sobre a necessidade de cumprimento das condicionantes

mencionadas acima.

Este projeto tem como previsão o investimento de aproximadamente R$ 1.000,00

por família, a serem aplicados em um cronograma de execução que abrange o período de

12 meses, sob a supervisão da equipe de ATES.

188

5. Introdução

O Projeto de Assentamento Jerusalém está situado no município de Rubim, a uma

distância de 8 km da sede do mesmo.

Da época em que a área era Fazenda Iracema restou fortes marcas do descaso com

o meio ambiente, principalmente erosões, manejo inadequado do solo, pastagens mal

conduzidas levando a um desgaste do solo e antropização dos remanescentes de vegetação

nativa.

Os impactos ambientais gerados por estas ações produzem efeitos muito negativos

para o Assentamento, como: dificulta o desenvolvimento dos sistemas de produção por

reduzir a disponibilidade de água no ecossistema local; aumenta os riscos de erosões

hídricas por falta de proteção ao solo, tanto aérea (copa das árvores) como na superfície

(serrapilheira); diminui a camada de matéria orgânica no solo, tornando-o mais denso com

menos capacidade de absorção e retenção de água; diminui a estruturação, infiltração e

percolação dos solos, dificultando o abastecimento do lençol freático e aumentando os

riscos de erosão e assoreamento dos cursos d’água, dentre outros. Conseqüentemente estes

fatores podem dificultar um bom desenvolvimento social, ambiental e econômico das

famílias, impossibilitando a permanência das mesmas na área, caso os impactos não sejam

reduzidos e/ou eliminados.

Este projeto propõe intervir nestes problemas e construir soluções a partir das

seguintes ações:

- Recuperar as Áreas Degradadas

O assentamento apresenta hoje áreas de erosões em estágios pouco a bem

avançados. Nestas áreas é importante que se realize rapidamente a cobertura vegetal do

solo, pois isto implica em, além de protegê-lo, formação e incorporação de matéria

orgânica, diminuição da densidade do solo e aumento da atividade biológica daquele

criando condições para o estabelecimento de outras espécies mais exigentes. Devido ao

custo oneroso de revegetar as áreas que apresentam degradações profundas, o projeto

propõe-se a analisar rigorosamente estas áreas a fim de traçar a melhor estratégia para sua

recuperação seja através de reabilitação da área criando um ecossistema diferente do

original ou promover medidas de urbanização na área, como praça, área de esporte, parque

de diversão para as crianças, etc.

189

- Proteger e Revegetar as Nascentes, Margens de Qualquer Curso D’água e

Áreas de Recargas

As nascentes apresentam-se como fontes importantes da manutenção da vida, a

água. Porém muitas nascentes no Assentamento apresentam diminuição de vazão, o que

leva a crer em um período de tempo seu possível secamento. O cercamento das nascentes

mais assoreadas e degradadas e revegetação de algumas destas que seja diagnosticado sua

precisão, são ações propostas por este projeto. De nada adianta estas medidas se não

observar as áreas de recarga, como topo de morro e encostas, assim estas, devem ser

recuperadas da mesma forma, através de plantio de espécies nativas ou pousio, onde a

regenaração natural se encarregará de recolonizar a área.

As matas próximas aos cursos d’água funcionam como reguladores do fluxo de

água, sedimentos e nutrientes entre os terrenos mais altos da bacia hidrográfica e o

ecossitema aquático. Portanto, o projeto propõe a recuperação da mesma.

Ao se proteger as nascentes, áreas de recarga e mata ciliar consegue-se aumento na

disponibilidade e melhoria na qualidade das águas. Isto se deve ao fato de que a proteção

oferecida contribui com a revegetação da área, proteção da flora e fauna, equilíbrio

liminológico, e, além disso, evita o carregamento de partículas do solo o que diminui o

assoreamento dos rios promovendo a manutenção da flora e fauna aquática. O aumento da

quantidade de água se deve a menor perda da mesma para o ambiente devido a fatores

como: a cobertura vegetal, que quando existente permite a infiltração da água pelo perfil

do solo evitando a erosão e o assoreamento dos cursos d’água.

- Revegetar as Clareiras e a Reserva Legal

As clareiras abertas na mata proporcionam perda de solo e seus nutrientes através

de, risco de erosão, lixiviamento, assoreamento. Portanto a recuperação dessas áreas,

através de plantio ou pousio são de extrema importância para a manutenção da

biodiversidade e melhoria do habitat para a vida silvestre.

As reservas legais devem ser revegetadas de forma a gerar retorno econômico

direto a médio e longo prazo através da exploração racional de seus produtos, como frutos,

medicinais, palmitos, madeira, óleos, látex, etc.

- Cercamento da Área de Reserva Legal

Um dos problemas ambientais existentes é a presença de animais como bovinos e

eqüinos dentro da área de Reserva. Isto causa um grande impacto por não permitir a

190

regeneração da vegetação nativa, degrada as nascentes e compacta o solo através do

pisoteio constante dos animais, dificultando e, até mesmo, impedindo o desenvolvimento

das árvores e de toda a vida ali existente.

Portanto, esta ação visa possibilitar a regeneração natural destas áreas, preservar os

recursos hídricos, evitar a entrada de animais domésticos de grande porte e dificultar a

retirada de madeira e ação de caçadores.

- Produção de Mudas

Implantação de um viveiro de mudas nativas e exóticas a fim de fornecer materiais

para a recuperação de áreas degradadas; formação de bosques coletivos para o suprimento

de lenha, retirando assim a pressão sobre os remanescentes naturais e áreas que estão sendo

recuperadas; formação de agroflorestas e corredores ecológicos entre os remanescentes

florestais funcionando como refúgio e alimento para a fauna além de gerar renda e

promover segurança alimentar para as famílias.

Desta forma é possível que seja feita a recuperação da biodiversidade vegetal,

conservação e preservação de nascentes e cursos d’água, contenção de áreas sujeitas a

erosão, e, como conseqüência, possibilitar a perenização das atividades dos produtores

rurais.

Visa-se a produção inicial de 8.000 mudas/ano destinadas às atividades citadas e

também a comercialização do excedente.

- Prevenção Contra a Propagação de Incêndios

Esta prevenção se dará com a abertura de aceiro nos limites das reservas legais, ou

seja, nas faixas marginais das cercas, com largura mínima de 1,00m de cada lado, para

evitar que eventuais incêndios se propaguem para o interior das matas, ou mesmo atinja as

áreas de pastagens, áreas comunitárias e outras.

Além de espaços formativos sobre o uso do fogo e suas conseqüências para a

agricultura e para as vidas presentes na natureza.

- Proteger e manter a biodiversidade

Com a preservação das espécies silvestres, a partir da proteção dada aos

remanescentes florestais, consegue-se manter o fluxo gênico entre as espécies silvestres,

favorecendo a evolução, adaptabilidade e a biodiversidade interespecífica e intraespecífica.

191

Ainda, favorece a ciclagem de nutrientes devido à produção de matéria orgânica,

através da formação de serrapilheira, o que favorece a troca de nutrientes com o solo.

Assim, possibilita-se a proteção e manutenção da biodiversidade do ecossistema

local.

- Envolvimento das Famílias e Oficinas de Educação Ambiental

Para o projeto ter sucesso e conseguir atingir todos os seus objetivos é de extrema

importância trabalhos de educação ambiental a fim de buscar a compreensão das famílias

sobre o ambiente em que vivem, seu funcionamento e a importância de cada ecossistema e

agroecossistema ali presente.

O projeto tem ainda como ação envolver as famílias em todas as suas propostas

desde reconhecimento e análise das áreas à produção de mudas, plantio e extração dos

produtos florestais.

Visa ações sociais e educacionais de caráter participativo e potencializador do saber

popular casando-o com o saber científico através de oficinas ministradas por assentados,

assentadas e técnicos (as) que tenham conhecimento sobre os diversos assuntos necessários

para a aplicação deste projeto, além de pretender-se a realização destas oficinas nas

comunidades do entorno, escolas e no município de Rubim.

6. Metodologia

A metodologia utilizada para a construção deste projeto, tem como base a

participação popular, onde todo o processo é construído pela comunidade e as informações

são de seu domínio.

Desta forma todas as etapas de execução serão realizadas coletivamente, desde o

planejamento das atividades até suas respectivas execuções.

Após o processo de discussão as etapas serão implantadas com o acompanhamento

dos (as) técnicos (as) da Assessoria Técnica, Ambiental e Social – ATES promovida

através do convênio entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –

INCRA e a Associação Estadual de Cooperação Agrícola – AESCA.

192

6.1 Etapas de Execução do Projeto de Recuperação e Conservação dos Recursos

Naturais do Assentamento Jerusalém

Esta etapa subdivide-se em:

a) Reconhecimento das áreas que apresentam alterações ambientais;

b) Reconhecimento de matrizes, coleta de sementes, produção de mudas;

c) Construção de viveiro florestal;

d) Revegetação das áreas degradadas, clareiras, nascentes, etc

e) Cercamento da reserva legal e das nascentes e erosões;

f) Oficinas de Educação Ambiental

A) RECONHECIMENTO DAS ÁREAS QUE APRESENTAM

ALTERAÇÕES AMBIENTAIS

Esta etapa consiste em caminhadas nas áreas com as famílias a fim de analisar quais

áreas necessitam ser recuperadas e discutir quais estratégias de recuperação serão adotadas.

Esta etapa tem uma importância crucial, pois a partir dela, que se saberá o tamanho exato

de cada área, seu real estado de degradação, se necessita de uso de maquinário e/ou

ferramentas, que tipo de máquina e/ou ferramenta, quantas horas de trabalho, condição do

solo, etc.

Para a localização e marcação destas áreas será utilizado GPS de navegação.

A.1) Estudo e planejamento

Para o bom andamento do projeto será necessária uma boa compreensão do tema

relativo aos conceitos, processos e estágios de degradação por parte das famílias

assentadas, para assim compreenderem a importância de se recuperar tais áreas e as formas

mais viáveis de se fazer.

Este estudo se dará por meio de oficinas, cursos, caminhadas e demonstrações

práticas, coordenadas pelos representantes da área ou da brigada, e pela equipe de ATES.

Já o planejamento detalhado desta etapa, tomará forma após a capacitação das famílias no

tema citado acima, e durante sua elaboração, será definida a equipe do Assentamento que

irá coordenar todo o processo.

A.2) Estudo Detalhado da Área

193

Para evitar possíveis erros durante a locação e execução das áreas a serem

recuperadas deverá ser feito um trabalho de reconhecimento do espaço, que será realizado

através de metodologias como travessias, elaboração de mapas, trabalhos em grupo e

debates. Ao final desta atividade as famílias deverão compreender bem as características

do solo, vegetação e algumas características ambientais básicas.

A.3) Orçamento e Contratação

O custo dessa atividade é referente a recurso didático, como papéis, cadernos,

canetas, giz, lousa, etc. Estes materiais serão contrapartidas do MST.

O custo com transporte para as áreas mais distantes está previsto no item 8.2 deste

projeto.

Esta etapa não necessitará de contratação externa, já que as atividades de formação

e caminhadas serão de responsabilidade do MST e da ATES, assim como o uso do GPS e

elaboração de mapas, portanto, contrapartida desta entidade.

Caso seja necessário, buscar-se-á parcerias com a prefeitura e ONG’s locais para a

melhor realização desta etapa.

A.4) Cronograma de atividades

Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12AtividadeEstudo e planejamento X X XEstudo detalhado da

área

X X X X

Escolha e Demarcação

das Áreas

X X

Avaliação X X

B) RECONHECIMENTO DE MATRIZES, COLETA DE SEMENTES,

PRODUÇÃO DE MUDAS

Esta etapa consiste em caminhadas nas florestas do assentamento e, entorno se

possível, de forma a fazer o reconhecimento e levantamento da composição florística das

mesmas, assim como demarcar algumas matrizes e coletar sementes para a produção de

mudas.

194

A produção de mudas se dará em grupos familiares por semeadura direta em

recipientes como sacos plásticos. Serão feitas no viveiro de mudas que será implementado

no assentamento e previsto na etapa C deste projeto.

B.1) Estudo e planejamento

Esta etapa do projeto acontecerá juntamente com a etapa C.2 e abordará conceitos e

práticas sobre matrizes, coleta de sementes e espécies florestais, sua importância,

características de cada uma, como: potencial ecológico, grupo ecológico, potencial

econômico, usos, etc.

B.2) Determinação das espécies

Após estudo e primeiras caminhadas na área (etapa A.2), através de trabalhos em

grupo e debates se fará mapas das áreas a serem recuperadas e seus estágios de degradação.

A partir disto discutir-se-á qual a exigência de cada área, quais as espécies e quais métodos

de implantação/recuperação serão adotados.

B.3) Orçamento e Contratação

Os custos desta etapa além de recursos didáticos serão com aquisição de recipientes

para a coleta de sementes. O material didático será contrapartida do MST. Já os recipientes

poderão ser aproveitados e reutilizados alguns materiais como sacolas plásticas ou de

papel, garrafas pet, vidros, etc.

O deslocamento das famílias para as áreas mais distantes de mata (áreas do entorno

do assentamento) está previsto no item 8.2.

Esta etapa não necessitará de contratação externa, já que as atividades de formação

e caminhadas serão de responsabilidade do MST e da ATES, assim como o uso do GPS e

elaboração de mapas, portanto, contrapartida desta entidade.

Caso seja necessário, buscar-se-á parcerias com a prefeitura e ONG’s locais para a

melhor realização desta etapa.

B.4) Cronograma de atividades

Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12AtividadeEstudo e planejamento X X X XDeterminação das

espécies

X X X

195

Orçamento e

contratação

X X

Avaliação X

C) CONSTRUÇÃO DE VIVEIROS FLORESTAIS

A construção do referido viveiro propiciará o fornecimento inicial de 8.000 mudas/

ano, conforme já mencionado, de espécies nativas, exóticas e frutíferas que serão

destinadas à revegetação de áreas degradadas (inicialmente priorizadas) e à divisão entre os

assentados (as) para plantio em quintais, corredores ecológicos e cultivo de sistemas

agroflorestais. Em caso de excedente, as mudas produzidas podem ser uma alternativa de

fonte de renda para a comunidade.

A produção de variedades frutíferas refere-se à criação de condições objetivas para que

esses agricultores posam ter novas opções de renda com a atividade frutícola ou com a

própria comercialização de mudas de qualidade.

C.1) Estudo e Planejamento

Nessa etapa serão realizadas as discussões para a implantação e funcionamento do

viveiro, estando previstos os temas: gestão, o qual se propõe ser coletiva e de atuação

privilegiada de mulheres e jovens do Assentamento; divisão dos trabalhos, que serão

efetuados pelos núcleos de famílias de forma que cada um contribua com um determinado

tempo de sua força de trabalho, além de, se estudar o melhor local do viveiro.

A Coordenação do Assentamento ficará com as tarefas de administração do viveiro,

sendo responsável tanto pela produção em si como pela sua gestão, sendo necessário

planejar a rotina e a divisão dos trabalhos, bem como o destino das mudas. Para tanto, é

preciso que haja uma ampla discussão entre toda a comunidade, podendo-se identificar o

interesse coletivo dentre os diferentes grupos de gênero e geração presentes, para assim

compor o grupo final.

C.2) Curso de produção de mudas em viveiro

Será eleito entre os assentados e assentadas um grupo que ficará responsável em se

capacitar para a produção de mudas, sendo assim é prevista a realização de um curso,

devendo o mesmo contemplar as diversas atividades desta etapa e da etapa B.1, tais como:

escolha do local, construção do viveiro, coleta, beneficiamento e armazenamento de

196

sementes, composição do substrato, semeadura, tratos culturais, manutenção do viveiro,

entre outros. Esse grupo se tornará um grupo de multiplicadores que, juntamente com a

equipe de ATES capacitarão todos os assentados e assentadas para o manejo do viveiro,

bem como para o aprendizado e desenvolvimento de técnicas de recuperação, proteção

ambiental e produção agroecológica.

C.3) Orçamento e Compra de materiais

A compra do material, desde a pesquisa de preços a entrega, deverá ser executada

ou acompanhada por integrantes da coordenação do assentamento, devendo ser

consultados, sempre que possível, estabelecimentos da região para a tomada de preços e

escolha da melhor oferta.

Os itens necessários para a construção de todo o viveiro, incluindo cerca e materiais

necessários à produção das mudas e manutenção do mesmo, estão descritos e orçados no

item 8.1 deste projeto.

C.4) Escolha do local

Acontecerá após a etapa C.1. Esta escolha deve ser feita de forma que o viveiro seja

instalado preferencialmente em área coletiva, com relevo plano e próximo a fontes de

água. É importante, também, que a construção receba sol uniformemente durante o dia.

C.5) Construção e implantação

Após a capacitação o grupo treinado poderá orientar a construção do viveiro,

podendo ser auxiliado por outros integrantes do PA com aptidão para a execução do

serviço. Ressalta-se que os serviços de construção e manutenção do viveiro (incluindo a

cerca em seu redor) são contrapartida da comunidade, assim como o substrato para o

plantio.

Está sendo proposta a construção de um viveiro cercado, com área total de 600m2

(30m x 20m) sendo 80m2 de área coberta destinada a fase inicial da produção, além de

materiais e ferramentas para o seu funcionamento.

Nessa etapa também será implantado o sistema de irrigação que será por micro

aspersão do tipo aérea na parte coberta e com aspersores na parte livre.

C.6) Produção

197

A última etapa prevista é a produção das mudas, que abrange desde a coleta de

sementes, seleção de plantas matriz, preparo do substrato, até o fornecimento de plantas em

condições de plantio nas áreas a que forem destinadas.

C.6) Cronograma de atividades

Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12AtividadeEstudo e planejamento X XCurso de produção de

mudas

X

Compra dos materiais X XEscolha do local XConstrução e

Implantação

X X

Produção X X X X X X X XAvaliação X X

C.7) Especificações dos itens componentes do viveiro

• Cerca

Para a cerca se prevê a utilização de 4 (quatro) fios de arame liso galvanizado,

esticadores unitários (firmes) a cada quebra de direção, e estacas intermediárias, a cada

10m. Também sendo utilizados balancins ou distanciadores de arame galvanizado, a cada

2,5m. A cerca deverá ter 1,45m de altura com espaçamento entre fios de 40, 30, 30 e 45

cm, partindo de sua base.

Será realizado o plantio de mudas utilizadas em cercas vivas para complementar o

cercamento, que além de acrescentarem maior proteção, também prestarão o papel de

quebra vento para o viveiro, podendo ser utilizada espécies comuns a região.

• Área externa

A área externa do viveiro será utilizada para o acondicionamento das mudas mais

velhas retiradas do sombreamento, preparo e manejo de substrato, armazenamento de

mudas prontas e implantação de construções que se fizerem necessárias com o uso do

viveiro, tais como novas sementeiras, minhocários para produção de húmus, esterqueiras,

entre outras.

198

• Área coberta

A área coberta será utilizada para instalação das sementeiras e para o

acondicionamento das mudas recém plantadas. A área proposta para tal mede 10,0 x 8,0m,

totalizando 80m2. Para sua construção será preciso:

Mourão ou estaca - utilizados a cada 2,0m e 2,5m para a sustentação da construção, devem

apresentar diâmetro de 13 cm e comprimento de 3,20m.

Arame liso galvanizado – utilizado para a sustentação do sombrite, deve atender as

especificações mínimas de 2,2 mm de diâmetro e resistência à ruptura de 600 kgf.

Sombrite – tela plástica utilizada para redução da incidência de sol, no caso 50%. A área

será toda coberta por esse material.

Materiais para o auxílio ao manejo do viveiro e produção de mudas:

• Bandejas em tubetes, para sementeira;

• Cavaletes para sustentação das bandejas;

• Carrinho de mão;

• Pá;

• Enxada;

• Peneira;

• Luvas;

• Tesoura;

• Regador;

• Ancinho;

• Balde plástico;

• Canivete para enxertia;

• Cavadeira;

• Enxadão;

• Facão;

• Foice;

• Podão;

• Pulverizador costal;

199

• Saco plástico;

• Mangueira de jardim;

• Equipamento do sistema de irrigação

C. 8) Cronograma de atividades

Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12AtividadeConstrução do viveiro X XAvaliação X

D) Revegetação das áreas degradadas, clareiras, nascentes, etc

Esta etapa consiste em implementar os métodos discutidos nas etapas anteriores. A

força de trabalho será familiar, o que não representará custos adicionais ao projeto, sendo,

portanto, contrapartida do MST ao projeto.

Caso necessite de maquinário tentar-se-á parceria com a prefeitura, ong’s e

sindicatos.

D.1) Cronograma de atividades

Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12AtividadeRevegetação das áreas X X X X XAvaliação X X

E) CERCAMENTO DE RESERVA LEGAL E NASCENTES

O assentamento possui duas áreas de reserva legal (RL), ao qual se denominou RL1

e RL2.

O perímetro total da RL1 é 8.949 metros. Destes, 4.573 metros são limítrofes entre

assentamento e vizinhos. O restante, 4.376 metros são internos ao assentamento. Porém,

3.661 metros fazem divisa com o rio. Portanto, prevê-se a construção de cerca nos 715

metros internos restante.

Já a RL2 apresenta um perímetro total de 10.216 metros, sendo 4.298 metros

limítrofes e 5.918 metros internos ao assentamento. Portanto prevê-se a construção de

cerca nestes 5.918 metros.

200

Então, para o cercamento das áreas de RL do assentamento é necessário 6.633

metros de cerca.

No caso das nascentes, somente serão cercadas aquelas onde os animais conseguem

chegar. Neste caso é necessário 2.200 m de cerca aproximadamente para a proteção de

nascentes.

Portanto, 8.833 m de cerca no total.

E.1) Planejamento da Atividade

O planejamento desta atividade será feito de forma a definir as equipes de trabalho,

a forma de organização das tarefas, bem como os dias de trabalho.

Deverá ser criada uma comissão de execução do projeto de cercamento da Reserva

Legal e áreas de proteção permanente, que acompanhará todo o desenvolvimento do

mesmo. Para tanto, após discussão de toda a comunidade serão eleitas pessoas com maior

aptidão e afinidade para o serviço.

E.2) Orçamento e Compra de Materiais

Esta atividade consiste em fazer as pesquisas de mercado, procurando pelos

melhores preços e por produtos de qualidade. Estas tarefas serão realizadas pela equipe

definida anteriormente, com o apoio e orientação técnica da equipe de ATES.

Os materiais previstos para a construção de 8.833 metros de cerca estão descritos e

orçados no item 8.2 deste projeto.

E.3) Aceiramento

Compreende a abertura de picadas e a limpeza do terreno para a formação dos

aceiros e a implantação das cercas, o que será feito por mão de obra contratada. Salienta-se

que o aceiro deve ter a largura de 2,0m.

E.3) Cercamento da área

Prevê-se a contratação de um cerqueiro e dois ajudantes para a implantação da

cerca, porém todo o serviço deve ser acompanhado por integrantes da comissão de

execução do projeto.

Esta atividade consiste na construção de 8.833 metros lineares de cerca, com 5 fios

de arame liso galvanizado, recomendado para a contenção de animais de grande porte.

Optou-se por este tipo, pois é uma cerca bastante flexível e tem grande resistência ao

201

impacto (avanço) dos animais. Não causa ferimentos ou lesões no couro ou no úbere, pois

não contém farpas. Se for bem feita, conterá o animal sem machucá-lo, mesmo que ele

invista sobre ela.

Todos os potes/palanques/esticadores devem ser de eucalipto tratado e se houver

madeiras de lei disponíveis, a custo inferior que os de eucalipto, podem ser utilizadas em

substituição ao mesmo. O espaço entre os mourões será de 2 metros. A altura indicada para

a cerca é de 1,45m, com espaçamento entre fios, partindo de sua base, de 35, 22,5, 22,5, 27

e 30 cm, o que não representará um obstáculo para a fauna local, pois esta é composta por

animais de pequeno porte, tendo grande facilidade de se deslocar entre as cercas com este

espaçamento entre fios. Ao longo de todo o perímetro da cerca será construído o aceiro

para a proteção contra o fogo.

Além do arame liso galvanizado, a cerca será composta por peças de sustentação

como os palanques ou esticadores duplos, a cada 500m, esticadores unitários (firmes), a

cada 250m, e estacas intermediárias, a cada 10m. Também sendo utilizados balancins ou

distanciadores de arame galvanizado, a cada 2,5m.

E. 4) Especificações dos itens componentes da cerca

Grampos galvanizados :

Os grampos, assim como os arames devem ser galvanizados (que é uma fina cobertura de

zinco) para prevenir ferrugem.

Palanques:

Responsáveis pela sustentação, resistência e direcionamento da cerca. É feito com dois

mourões esticadores, com diâmetro de 14 cm e comprimento de 2,50m e dois mourões

(travas) com diâmetro de 10 cm e comprimento de 1,10m, além de arames intercruzados

para a sua ancoragem.

Firme:

Utilizado para conferir maior resistência à cerca, compreende um mourão de diâmetro de

14 cm e comprimento de 2,50m.

Lascas ou estacas intermediárias:

Mourões utilizados para a sustentação dos fios, devem ser da mesma madeira que os

mourões e apresentar diâmetro de 10 cm, quando serrados devem ter 10 cm de lado, e

202

comprimento de 2,00 m a 2,20 m. As lascas ou estacas podem ser perfuradas antes ou

durante a construção da cerca, utilizando-se broca 3/8” ou ½”.

Balancins ou Distanciadores:

Utilizados em substituição aos mourões intermediários, reduzem a quantidade a ser

utilizada e conseqüentemente o custo final do km de cerca. Promovem ainda a fixação do

espaçamento vertical entre os fios, evitando a sua abertura. Devem ser de aço galvanizado

com comprimento mínimo de 1,20m.

Arame Liso:

Arame liso galvanizado que atenda as especificações mínimas de 2,2 mm de diâmetro e

resistência à ruptura de 600 kgf.

Mourões (postes, palanques ou esteios):

Devem ser de madeira de lei (aroeira, braúna, pau pintado, sucupira ou similares) ou de

eucalipto tratado, com corte superior (apontamento) em forma de bisel ou diamantado

(formato de lápis), a fim de impedir a infiltração de água e a umidade, promovendo maior

durabilidade. Podem ser quadrados com 15 cm de lado ou roliços, com diâmetro entre 15 e

20 cm e com 2,30 m ou 2,50 m de altura.

A furação dos mourões pode ser feita com broca de 3/8" ou 1/2" e ser efetuada antes ou

durante a construção da cerca. Com o objetivo de reduzir os custos não foi prevista a

compra de tensionadores, levando em conta que os arames serão esticados e enrolados em

torno de si mesmos.

E. 5) Cronograma de atividades

Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12AtividadeEscolha da comissão

de execução

X

Compra dos materiais XAceiramento X X X X X X X X X X XConstrução da cerca X X X X X X X X X X XAvaliação X X X

F) OFICINAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

203

Esta etapa permeará todas as etapas anteriores a fim de possibilitar uma maior e

melhor interação ser humano e natureza.

Através de oficinas, estudos, artes, música, dentre outras, visa-se a promoção do

olhar crítico sobre o mundo, onde os (as) camponeses (as) interiorizem e consigam analisar

e compreender as relações existentes, de interdependência estabelecida entre a sociedade,

com seu modo de produção, sua ideologia e sua estrutura de poder dominante. E assim,

possam agir sobre ela construindo novos valores, atitudes, habilidades, reformulando o

comportamento humano a fim de buscar uma nova sociedade pautada na igualdade, nas

práticas agroecológicas, na coletividade, e na não exploração do ser humano pelo ser

humano.

As oficinas terão caráter muldisciplinar e participação ativa de toda a comunidade,

incorporando as dimensões sócio-econômica, ambiental, política, cultural e histórica,

respeitando os saberes locais, assim como suas idiossincrasias, levando em consideração as

particularidade do entorno, ou seja, o contexto social em que vive a comunidade. Pretende-

se também envolver a comunidade do município de Rubim através de convites à

participação nos espaços de discussão, ações práticas nas praças públicas, escolas, etc.

F.1) Estudo

Esta etapa consiste em estudos relacionados à compreensão do funcionamento da

sociedade, conjuntura que vivemos, valores dentre outros através de oficinas.

F.2) Formação de Formadores

Esta etapa visa aprofundar nos estudos com aqueles (as) que se interessarem, que

mais se destacarem, assim como a coordenação da área, a fim de instrumentalizá-los para

fazer as discussões e espaços de formação com a comunidade do assentamento e do

entorno.

F.3) Orçamento e Contratação

O custo dessa atividade é referente a recurso didático, como papéis, cadernos,

canetas, giz, lousa, xérox, etc, e intermediadores das oficinas e espaços de estudo. Estes

custos serão contrapartidas do MST.

Esta etapa não necessitará de contratação externa, já que as atividades de formação

serão de responsabilidade do MST e da ATES, portanto, contrapartida desta entidade.

204

Caso seja necessário, buscar-se-á parcerias com ONG’s locais e universidades para

a melhor realização desta etapa.

F.4) Cronograma de atividades

Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12AtividadeEstudo X X X X XFormação de

Formadores

X X X X X

Avaliação X X X

7. Resultados Esperados

De maneira geral, espera-se que sejam atingidos os objetivos propostos. Desta forma

pretende-se:

� Produzir 8.000 mudas/ano a serem utilizadas na recuperação de áreas

degradadas; na composição de sistemas agroflorestais e corredores ecológicos; e assim,

possibilitar melhoras nas condições ambientais do assentamento e seu entorno, regularizar

a vazão d’água e aumentar a disponibilidade da mesma, conservar a biodiversidade, criar

habitats para a vida silvestre da área;

� Atingir a regeneração natural do extrato vegetal das Reservas Legais e Áreas de

Preservação Permanente a partir do cercamento e isolamento das mesmas;

� Cessar o trânsito de animais domésticos de grande porte dentro das reservas

legais e áreas de preservação permanente;

� Controlar o fogo e discutir formas de agricultura sem o seu uso;

� Manter a biodiversidade local, do fluxo gênico e da ciclagem de nutrientes;

� Aumentar a sustentabilidade sócio-econômica e ambiental da comunidade do

assentamento, assim como, possibilitar retorno econômico a médio e longo prazo aos

assentados e assentadas através da venda do excedente de mudas produzidas e manejo

sustentável da floresta a partir de produtos madeireiros e não-madeireiros;

� Reduzir e controlar as erosões através da sua revegetação e/ou cercamento e

isolamento da área;

� Recuperar a vegetação nativa nas áreas erodidas através da sua revegetação

e/ou cercamento;

� Criar espaços de recreação, harmonia e embelezamento no assentamento;

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� Educar as assentadas e assentados da importância das florestas, sua

manutenção, preservação e recuperação;

� Possibilite ação continuada para além dos 12 meses de aplicação deste projeto.

Na medida em que se fizer necessária teremos a busca por parcerias que possam

atender a execução do projeto, como a prefeitura, Institutos, Universidades, entre outros.

8. Orçamento e Programação de Execução Financeira

8.1) Projeto para a construção de viveiro de mudas

O custo médio para a construção de um viveiro com a capacidade de 8.000 (oito

mil) mudas anuais na região do município de Rubim, incluindo capacitação e cercamento,

está explicitado no quadro abaixo:

Viveiro de Mudas Unidade Quantidade Valor unitário Valor totalArame liso rolo 1,00 R$ 250,00 R$ 250,00Firme Un 9,00 R$ 22,00 R$ 198,00Estaca Un 30,00 R$ 11,00 R$ 330,00Balancin Un 50,00 R$ 1,20 R$ 60,00Estacas Un 20 R$ 9,00 R$ 180,00Sombrite m (larg. 1,5 m) 55,00 R$ 5,00 R$ 275,00Tela para viveiro m 120,00 R$ 3,00 R$ 360,00Capacitação Un 1,00 R$ 3.200,00 R$ 3.200,00Bandejas 200 mudas 10,00 R$ 6,00 R$ 60,00Carrinho de mão Un 2,00 R$ 78,00 R$ 156,00Pá Un 2,00 R$ 15,00 R$ 30,00Enxada Un 3,00 R$ 13,50 R$ 40,50Peneiras Un 2,00 R$ 9,50 R$ 19,00Luvas Un 10,00 R$ 5,50 R$ 55,00Tesoura Un 2,00 R$ 10,50 R$ 21,00Regador Un 5,00 R$ 8,00 R$ 40,00Ancinho Un 2,00 R$ 6,00 R$ 12,00Balde plástico Un 5,00 R$ 12,50 R$ 62,50Canivete para enxertia Un 3,00 R$ 20,00 R$ 60,00Cavadeira Un 3,00 R$ 40,00 R$ 120,00Enxadão Un 2,00 R$ 13,50 R$ 27,00Facão Un 2,00 R$ 30,50 R$ 61,00Foice Un 2,00 R$ 15,50 R$ 31,00Podão Un 2,00 R$ 8,00 R$ 16,00Mangueira de jardim m 50,00 R$ 1,60 R$ 80,00Suporte p/ bandeja Un 8,00 R$ 65,00 R$ 520,00Pulverizador costal Un 2,00 R$ 187,50 R$ 375,00

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Saco plástico Milheiro 10,00 R$ 40,00 R$ 400,00Sistema de Irrigação Un 1,00 R$ 2.200,00 R$ 2.200,00Total R$ 9.239,00

8.2) Projeto para construção da cerca da RL e nascentes

De acordo com a proposta desse projeto é preciso para a construção de 8.833 m de

cerca os seguintes investimentos:

Cerca Quantidade Valor unitário Valor totalPalanque (esticador) Mourão esticador a

cada 500 m

54 R$ 32,80 R$1.771,20

Trava 27 R$ 5,00 R$ 135,00Lasca (mourão) A cada 10 m 864 R$ 13,50 R$ 11.664,00Firme (mourão) A cada 250 m 18 R$ 31,70 R$ 570,60Balancim A cada 2,5 m 2700 R$ 2,05 R$ 5.535,00Arame Rolo 45 R$ 250,00 R$ 11.250,00Abertura de picada e

Aceiro¹

Aceiro com 2 m de

largura

0,7 R$ 380,00 R$ 266,00

Cerqueiro¹ 2 R$ 380,00 R$ 760,00Transporte interno² 3 R$ 250,00 R$ 750,00Total R$ 32.701,80¹ Salário mínimo vigente na época

² Contabilizou-se aqui não somente o transporte para a construção da cerca mas também aqueles citados no projeto, para as áreas mais distantes

9. Custo Total

Observando os cronogramas acima os investimentos previstos neste projeto são de R$

41.940,80 como pode ser observado no quadro abaixo:

INVESTIMENTOS TOTAISProjetos Valor

Implantação do viveiro de mudas R$ 9.239,00Cercamento de reserva e APP R$ 32.701,80Total R$ 41.940,00

9.1 Considerações

O dinheiro disponível para a aplicação deste projeto é de R$ 40.000,00

(R$1.000,00/família). Está orçado neste projeto um custo total de R$ 41.940,00. Ou seja, o

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recurso disponibilizado não é suficiente havendo uma diferença de R$1.940,00 não

cobertos por este. Isso implica na seleção de áreas prioritárias para o cercamento.

Intenta-se por colocar todo o projeto em prática visto sua fundamental importância,

portanto far-se-á de tudo para baratear o custo do mesmo - como uso de cercas vivas em

alguns trechos, parcerias com prefeitura, ong’s, universidades, sindicatos, formação

conjunta com outros eventos, etc -, tornando possível sua aplicação tal como prevista neste

projeto.

Não foi destrinchado no projeto as contrapartidas do MST, mas vale ressaltar que

elas existem e assumem valores significativos no todo deste projeto.

10. Responsabilidade Técnica:

Grazianne Alessandra Simões Ramos

Engenheira Florestal CREA MG92593D

AESCA

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