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UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE QUÍMICA ENVOLVENDO O
TEMA QUALIDADE DE ÁGUA
Marta Ribeiro Klein¹
Reinaldo Aparecido Bariccatti²
RESUMO
Este artigo propõe um método alternativo e inovador que facilita a
compreensão de alguns conceitos da química junto aos alunos do Ensino
Médio e EJA. O método consiste em utilizar práticas que possibilitem a
compreensão das propriedades físico químicas da água. Preocupados com a
saúde das pessoas e também com nosso trabalho em sala de aula, propomos
neste artigo algumas práticas, de caráter lúdico, que chamem a atenção dos
alunos para os conceitos da química. Dentre as práticas realizadas destacamos
a verificação da presença de cloro na água utilizando um kit para piscina.
Desta forma atingimos nosso objetivo no estudo da problemática do cloro na
água de uma forma simples, eficiente e com materiais de baixo custo e fácil
aquisição.
Palavras chave qualidade de água, saúde, educação, cloro
ABSTRACT
This article propose a alternative method and innovate that facilitate the
comprehension of some concept of chemical joined of the students High School
and young Adult’s Education. The method consist in use practices that allow
comprehension of the property’s Physics Chemical of the water. Concern with
health of the people and also with our work in the classroom, recommend in this
article some practices, with characteristics of entertainment that someone’s eye
of the students for the concept of the chemical. Among the practices
accomplishable emphasize the verification of presence of chlorine in the water
use a kit for swimming pool. However, reach our objective in the study about
chlorine in the water way simple and efficient, with materials inexpensive and
easy acquisition.
Key words water quality, health, education, chlorine.
INTRODUÇÃO
Somos chamados pela educação para darmos testemunho de
cooperação com as causas da natureza, e principalmente com as causas da
vida. Não é possível uma renovação na educação sem que estas questões
sejam pensadas. A garantia de ter água saudável é um direito humano básico
em todos os ciclos da vida. Como pensar a minha prática pedagógica sem
antes trabalhar estas questões em sala de aula? Como educar para a
cidadania sem garantir o direito básico de comida e água saudáveis? De que
maneira a química deve contribuir com estas questões no sentido de melhorá-
las? Propomos neste artigo práticas que torna possível, pelo menos em parte,
a solução destes e de outros problemas, pois estamos cientes da dificuldade
que se tem hoje em trabalhar alguns conceitos químicos, principalmente nas
segundas séries do ensino médio, cujos conteúdos requerem investigação
científica para que o aluno possa compreender o conteúdo estudado.
Afirmamos que, infelizmente, são poucas as práticas que realmente
proporcionam uma investigação científica. As práticas disponíveis nos livros,
principalmente, muitas vezes apenas levam a repetição de sucessivas etapas a
serem seguidas pelos alunos, para se chegar ao resultado já descrito
posteriormente no mesmo livro. Seguir esta sequência ou sucessão de passos,
como se fosse uma receita pronta não é investigação científica e não nos
permite discutir aquilo que é relevante para a obtenção do conhecimento ou
para a compreensão dos fenômenos que fazem parte da nossa realidade.
Outra dificuldade das práticas prontas é que nem sempre dispomos dos
materiais ou reagentes necessários para o desenvolvimento da prática.
Algumas escolas, quando tem laboratórios, muitas vezes não têm os materiais
necessários. Diante dessas dificuldades, realizamos juntamente com os alunos
da escola pública o desenvolvimento de práticas que possibilitem a
compreensão de alguns conceitos da química, em especial o conceito de
Soluções. Fomos orientados a desenvolver práticas que utilizassem materiais
de baixo custo e fácil aquisição, e, que pudessem ser realizadas até mesmo
em sala de aula, pois possibilitaria maior integração do aluno durante a
realização das mesmas. Desta forma é possível uma análise critica dos
resultados. Maiores esclarecimentos sobre a presença do cloro na água, suas
vantagens e desvantagem foram obtidos através do uso de um kit para
qualidade de água de piscina. Esta prática não oferece risco e desperta o
interesse dos alunos tornando-os receptivos aos conteúdos a serem estudados
e possui um forte apelo ambiental criando, nos alunos, o desejo de preservar
os recursos naturais.
A relevância deste tema reside na possibilidade da compreensão das
propriedades organolépticas e físico-químicas da água, análise dos métodos de
separação de misturas e discutir a eficácia dos atuais sistemas de tratamento
de água com uma abordagem química e ambiental.
Estamos preocupados também com os produtos químicos adicionados à
água com o intuito de “tratá-la”, ou seja, livrá-la das impurezas, por
acreditarmos que estes produtos, quando não monitorados, aumentam os
riscos para a saúde do homem, principalmente se levarmos em conta as
quantidades de sulfato de alumínio, cloro e hidróxido de cálcio que são
adicionados à água. Por este motivo iniciamos nosso trabalho pedagógico
fundamentando nosso estudo a respeito desta questão.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O Brasil tem uma área de 8.547.403,5 de km² é, atualmente, o 5º país,
tanto em extensão territorial como em população. Ocupa 47,7% da área do
continente sul americano. Um país continente, terra de contrastes, é assim que
a maioria dos estudiosos do tema vê a produção hídrica brasileira.
Efetivamente o que mais falta ao Brasil não é água, mas determinado padrão
cultural que agregue ética e melhore o desempenho político dos governos e da
sociedade na melhoria da qualidade de vida. Como afirma Rebouças, na carta
das águas doces no Brasil.
“Apesar dos esforços realizados e dos compromissos
assumidos durante a Rio 92, pouco foi feito do muito que se
necessita, urgentemente, em prol do desenvolvimento de uma
sadia mentalidade de gestão e manejo da água para uma efetiva
melhoria da qualidade de vida da população” (Rebouças, 1997b).
É necessário que os poderes públicos Federais e Estaduais realizem os
investimentos necessários para um bom gerenciamento, fiscalização, controle
e proteção do uso da água, assim como dos demais recursos ambientais.
Herbicidas, pesticidas e outras substâncias utilizadas nas lavouras
podem afetar e a qualidade das águas superficiais e inclusive dos aqüíferos.
Estes poluentes são carregados, por infiltração, até o lençol freático. É preciso
conscientizar a população jovem a utilizar esses poluentes com
responsabilidades, sob pena de estarem colocando em risco a própria vida e a
vida de outros. Esses poluentes têm uma meia vida longa, além de
contaminarem todo um ecossistema.
Os contaminantes mais comuns são os pesticidas, os inseticidas
organoclorados (DDT), herbicidas, metais pesados, entre outros. Além destes,
temos muitas outras substâncias, que aparentemente inocula, pode causar
efeitos desconhecidos na espécie humana. Podemos citar o alumínio
adicionado à água na forma de sulfato Al2(SO4)3 pode ser perigoso para a
saúde. De acordo com Colin
“Pesquisas feitas no Canadá e na Austrália e publicadas
em meados dos anos 90 indicam que o consumo de água potável
com mais de 100 ppb de alumínio – nível comum em águas
prurificadas com alume - pode causar danos neurológicos, como
perda de memória, e, talvez, um pequeno aumento na incidência
da doença de Alzheimer”. BAIRD Colin, 2002.
O corpo perde água, através da respiração, através da pele pela
transpiração e através da urina. Esta água deve ser reposta constantemente
para manter o equilíbrio biológico. Beber bastante água todos os dias, faz com
que o organismo fique mais equilibrado, mais resistente, funcionando melhor e
também contribui para a cura de qualquer problema de saúde existente.
Quem não se hidrata apresenta: cansaço, indisposição, pele seca,
cabelos secos, irritabilidade, insônia, inflamações, intestino preso, baixa
atividade cerebral, cistites, formação de cálculos, entre muitas outras moléstias.
Uma maneira de saber se você está ingerindo pouca água é observando a cor
da sua urina, que deve ser incolor. Se a urina estiver apresentando uma
tonalidade mais forte é sinal de pouca ingestão de água.
Todos os organismos vivos apresentam de 50% a 90% de água. O corpo
humano apresenta 70% de água, distribuída por todo corpo, em cada célula e
sempre em movimento.
Sendo a água tão importante para a saúde, é necessário que o
tratamento desta água seja de qualidade. Neste trabalho convidamos a uma
reflexão sobre como o método de tratamento de água pode interferir na saúde
humana.
O método de tratamento com o cloro é o mais utilizado por ser barato e
atender a demanda, uma vez que é possível tratar uma imensa quantidade de
água rapidamente. Mas o cloro tem sérios efeitos colaterais que não são
esclarecidos. Fala-se do cloro como se ele tivesse o “poder” de limpar a água.
O que ocorre é que o cloro por ser um bactericida potente, acaba com todas as
bactérias presentes na água, fazendo com que a água fique livre desses seres
indesejáveis. Mas o cloro deixa resíduos muito perigosos, principalmente se a
água não foi bem filtrada antes da adição do cloro. O húmus presente na água
se liga com o cloro e forma organoclorado, produto altamente cancerígeno.
Este produto é de difícil detecção por análises, e isto o torna silencioso e
perigoso...
Os subprodutos da desinfecção são geralmente denominados
trihalometanos (THM). Alguns estudos evidenciaram correlações estatísticas
destes produtos com certos tipos de câncer.
“A União Européia , em 1980, não previu regulamentação
para estes compostos. Afirmou-se simplesmente que o teor de
THM devia ser o mais baixo possível. Alguns países, no entanto,
têm introduzido normas para estas substâncias, cujos valores
variam de 25 a 100ug/l”.
(Organização Pan-Americana da saúde)
Um inconveniente do uso da cloração para desinfecção da água é a
produção concomitante de substâncias cloradas, como exemplo podemos citar
os ácidos acéticos halogenados. Se a água contém fenóis (também chamado
hidroxibenzeno) ou um derivado, o cloro substitui facilmente os átomos de
hidrogênio do anel para dar lugar a fenóis clorados, que tem gosto e odor
ofensivos e são tóxicos. Para Colin, o composto de maior preocupação é o
clorofórmio, CHCl3, que é produzido quando o ácido hipocloroso reage com a
matéria orgânica dissolvida na água.
“O clorofórmio é suspeito de ser carcinógeno para o fígado
humano, podendo também causar efeitos nocivos na reprodução
e no desenvolvimento. Sua presença, mesmo a níveis muito
baixos, de aproximadamente 30 ppb, eleva a expectativa de que a
água potável clorada possa representar um risco para a saúde”.
Baird, Colin
O teor de trialometanos da água clorada pode ser diminuído usando
carvão ativado, seja para remover compostos orgânicos dissolvidos antes de
clorar a água ou mesmo para remover os trialometanos e outros compostos
orgânicos clorados após o processo.
Recentemente, foi pública uma análise de todos os estudos
epidemiológicos atuais que relacionam a cloração da água com os índices de
câncer em várias comunidades dos estados unidos. A conclusão foi que o risco
das pessoas em desenvolver câncer de bexiga aumentou em 21% e o de sofrer
de câncer de reto em 38% para os americanos que haviam consumido águas
superficiais cloradas. Tais riscos não são usualmente aplicáveis à água de
poço clorada, dado que seu teor em organoclorado é muito menor (apenas 0,8
ppb em média, versos 51 ppb das águas superficiais) devido, ao fato de conter
quantidades muito menores de matéria orgânica.
“Um estudo recente mostrou que a exposição ao
clorofórmio por contato dérmico e a inalação dos gases liberados
da água quente durante os banhos de chuveiro ou de banheira
contribuem para a ingestão de THMs tanto quanto a água
efetivamente bebida”.
Baird, Colin
Devido a esses riscos, algumas comunidades americanas estão
considerando a possibilidade de passar, ou já passaram a desinfetar a água
com ozônio ou dióxido de cloro, dado que tais agentes produzem pouco ou
nenhum haletos de alquila.
Não obstante a discussão anterior sobre os subprodutos da
cloração é importante destacar que a desinfecção da água é extremamente
importante para a proteção da saúde pública e que os índices de mortalidade
aumentariam consideravelmente caso a mesma não fosse realizada.
MATERIAIS E MÉTODOS
Durante a fase de implementação do projeto PDE, foram utilizados
recursos audiovisuais, como músicas, apresentação em Power Point, data
show, TV pendriver, etc. Seguindo os seguintes passos:
-Apresentação de informações acerca da água.
-Visita aos locais de água disponíveis (nascentes, reservatórios, estação
de tratamento), para verificar as condições em que a água se apresenta.
-Apresentação dos recursos hídricos disponíveis, inclusive Aqüífero
Guarani, utilizando recurso da TV pendriver. Com o objetivo de destacar a
importância da preservação e manejo correto destes recursos.
-Estudo da tensão superficial da água e a interferência dos detergentes,
pois estes rompem a tensão superficial da água.
-Estudo do PH da água.
-Cálculos sobre unidades de concentração: de cloro, de sulfato de
alumínio, de óxido de cálcio na água consumida pela população.
-A partir de um estudo fundamentado acerca dos problemas de saúdes
relacionados com a má qualidade da água, os alunos, formularam propostas de
formas de tratamento de água alternativas.
-Aula prática de laboratório.
Dentre os conteúdos abordados em sala de aula envolvendo o tema
água, desenvolvemos algumas práticas.
●Aquecer água em um copo de papel.
Procedimento: Você deve moldar um copo utilizando uma folha de
caderno. Colocar água dentro dele e aproximá-lo da chama de uma vela. Você
vai perceber que a água esquenta sem queimar o papel.
O mesmo experimento pode ser feito utilizando um balão. Com o balão
cheio apenas de ar, quando você aproxima a chama o balão explode. Quando
você coloca água dentro do balão e aproxima a chama verificamos que a água
apenas se aquece e o balão não estoura.
Verificamos também os estados físicos da água e discutimos algumas
propriedades da água, tais como: PF (Ponto de Fusão), PE (Ponto de
Ebulição), Substâncias puras e compostas, misturas.
●Verificar a tensão superficial presente nos líquidos.
Materiais: uma refratária ou um prato, leite, corantes de alimentos,
detergente.
Procedimento: Coloque um pouco de leite na refratária, pingue algumas
gotas de corantes, variando as cores, sobre o leite. Em seguida pingue uma ou
duas gotas de detergente sobre cada lugar onde o corante foi pingado e
observe.
●Determinar a presença de cloro na água utilizando um kit de piscina.
Materiais: água;
Dois copos transparentes e um kit de piscina.
Procedimento: no primeiro copo adicione água filtrada; no segundo,
adicione água da torneira. Em seguida acrescente quatro gotas da solução de
análise de cloro do kit de piscina (orto-tolidina). Observe os resultados.
●Outro procedimento consiste em construir uma curva de solubilidade
utilizando uma concentração conhecida de hipoclorito de sódio e diluí-lo várias
vezes até obter, por comparação, o mesmo padrão de cor da água clorada na
presença de indicador de cloro.
●Analisar o PH da água utilizando um kit de aquário.
●Verificação da presença ou não de amônia
●Confecção de um filtro de carvão ativo.
Materiais: -funil;
-papel filtro;
-erlenmayer ou outro recipiente transparente;
-carvão ativo;
-refrigerante; e, água.
Procedimento: Filtre primeiro, o refrigerante, para que os alunos
percebam que a filtração por carvão ativo realmente funciona. Em seguida,
prepare novo filtro e filtre a água.
Após o desenvolvimento das atividades planejadas foi aplicado um teste,
com questões referentes aos conteúdos estudados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o auxílio da Figura 1, conseguimos desenvolver um bom debate
acerca da tensão superficial da água. Os líquidos são formados por interações
intermoleculares, tipo pontes de hidrogênio, interações entre dipolos, formação
de dipolos instantâneos e induzidos, etc. Quando o detergente é adicionado
ocorre uma alteração momentânea na força que mantêm as moléculas de
água, presentes no leite, unidas e a tensão superficial é reduzida.
Figura 1 Representação das ligações de hidrogênio presente na água.
Aliado a este assunto, discutimos também o problema da poluição da
água gerado pelos detergentes e relatamos abaixo a fala de alguns alunos.
_ “Era isto que eu precisava pra entender! Gostei desse modelo de
bolinhas que a senhora usou!”.
O aluno referiu- se ao modelo utilizado para explicar o rompimento das
pontes de hidrogênio.
(Aluno) _“Se a gente tomar água com detergente a gente morre
professora? Porque o peixinho morre!” (refere-se aos peixes de maneira geral).
(Professora) _Depende da concentração.
(Aluno) _Sei!
(Professora) _Depende da quantidade de detergente dissolvido na
água...
E, conseqüentemente, abre campo para o estudo de um importante
tema de nosso trabalho. O estudo de concentração, a água é dita solvente
universal, conseqüentemente, um grande número de substâncias dissolve
neste meio tornando um motivo para o desenvolvimento e ampliação da noção
de concentração.
Para a contextualização, os alunos trouxeram de casa amostras de água
que foram testadas, individualmente. Após comparar os resultados fica
evidente que água filtrada com carvão ativo não tem cloro (concentração muito
baixa). Também não encontramos cloro nas amostras de água mineral
testadas, nem em água de poços artesianos, fontes ou nascentes. Na Figura 2
mostramos os resultados obtidos na
análise de água.
Figura 2: Foto com o
desenvolvimento da prática para análise de cloro em água.
O objetivo da prática é que o aluno perceba a presença de cloro na água
da torneira, que se torna amarela na presença do indicador de cloro, esta
alteração de cor não ocorre na água filtrada, pois o carvão ativo, presente no
filtro, retira o cloro da água. No transcorrer da prática temas relacionado à
saúde, processos de separação e concentração podem ser desenvolvidos
incentivando o aluno a pensar e correlacionar às informações.
Figura 3: Foto com a comparação entre a água que chega a nossa
residência (tubo de ensaio individual a esquerda da foto) e as soluções obtidas
da diluição da água sanitária (os quatro tubos de ensaio da cadeira à direita) a
diluição começou da direita para a esquerda até que se obteve uma coloração
próxima do padrão da água clorada. Nessa prática utilizamos um kit para
análise de cloro em aquários, mas utiliza o mesmo indicador de cloro (orto-
tolidina) do kit anterior.
A imagem na Figura 3 mostra as soluções ainda não agitadas, mas já é
possível verificar que na quarta diluição o padrão de cor se aproxima da cor da
água clorada que chega até nossas residências. Conseqüentemente, é
possível fazer o cálculo da concentração e obter valores aproximados do cloro
residual na água.
Outra análise foi o pH da água, nesta prática a noção de substâncias
ácidas e básicas podem ser aplicadas e com o Kit utilizado observamos que o
pH da água analisada estariam entre 6,5 a 7,5. Outras variáveis desta prática
como adicionar substâncias ácidas ou básicas, entre elas: ácido acético
(Vinagre), uréia, limão, remédio (hidróxido de alumínio), etc., à água e verificar
seu efeito e mesmo, aproximadamente, obter a concentração de algumas delas
como a do ácido acético, pode ser explorada.
Para o kit de aquário utilizado para detectar amônia, não foi constatado a
presença desta em nenhuma amostra analisada.
Na prática de filtração por carvão ativo pode se comentar os processos
de separação utilizados para purificar uma substância (filtração, destilação,
decantação, areação, etc.) e correlacioná-la com a prática, nesta prática foi
visualizado uma redução das substâncias presente na água, mas não
obtivemos um bom resultado, talvez pela qualidade do carvão utilizado para
filtragem.
De qualquer forma, conseguimos despertar o interesse dos alunos, com
as práticas realizadas, principalmente com a que utiliza o kit, pois este tornou
possível a visualização da presença de cloro. O que antes para nós parecia
complicado, pois parecia ser possível somente através da análise de gráficos
que demonstram resultados de testes feitos com aparelhos sofisticados, como
por exemplo, espectrofotômetro de emissão atômica, tornou-se simples pois
pode ser realizado com um kit. Do ponto de vista pedagógico, o aluno aprende
mais quando visualiza os resultados. Pela alteração da cor, fica fácil
diferenciar a água que tem cloro da que não tem, e assim formular sua própria
conclusão. Como ferramenta didática a utilização do kit demonstrou ser
eficiente, prático, de baixo custo e possível de ser utilizado pelo próprio aluno,
como forma de disseminar a informação. Sugere-se ainda, a utilização deste
material em apresentação de teatro realizado por alunos para alertar sobre a
importância de se ter água potável, própria para o consumo humano.
Avaliando os resultados, percebemos que a grande maioria dos alunos
demonstra boa aceitação com relação às práticas oferecidas. Afirmando, ainda,
que as práticas facilitaram a compreensão dos conteúdos.
Não gost.
Gost.Parc.
Gostaram
Dentre as práticas realizadas a que teve melhor aceitação foi a que
utiliza o kit de piscina para verificar a presença de cloro na água. Foi possível
verificar também que a grande maioria dos alunos desconhecia o fato de que o
excesso de cloro na água pode ser prejudicial a saúde.
CONCLUSÃO
Concluindo percebemos bastante interesse dos alunos, principalmente
pelas práticas, pois estas possibilitaram que eles interagissem mais,
ampliassem o seu conhecimento químico discutindo o resultado de cada
prática e relacionando-o com o conteúdo. É possível que eles reflitam sobre
sua atitude e passem a preservar mais a água, libertando-se gradativamente
dos apelos do consumismo exagerado e assumindo uma postura mais
consciente. Obtivemos melhores resultados ao aplicar o projeto para alunos do
EJA ( Educação de Jovens e Adultos). Esta modalidade de ensino está aberta
a uma educação em química mais abrangente e integrada com sua realidade,
onde o conhecimento não deve se restringir a meras formulações de fórmulas
formuladas, como muitas vezes ocorre no sistema mais tradicional de ensino.
Com uma abordagem da problemática do tratamento de água procuramos
mostrar quais são os poluentes mais comuns da água, como é difícil tratá-la e
apontamos caminhos para torná-la mais salubre. Deste modo ampliam-se os
horizontes em esperança e respeito pela água. Esperando que cada ser
humano possa contribuir com a qualidade da água, da saúde e da vida.
REFERÊNCIAS
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