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Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince RELATÓRIO DO PLANO CÂMARA MUNICIPAL DA MURTOSA MAIO 2012 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA ZONA HISTÓRICA DA MURTOSA DISCUSSÃO PÚBLICA

Plano de Urbanização - Município da Murtosa · urbanística de áreas urbanas degradadas; h) Os indicadores e os parâmetros urbanísticos aplicáveis a cada uma das categorias

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Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince

RELATÓRIO

DO PLANO

CÂMARA MUNICIPAL DA MURTOSA

MAIO 2012

PLANO DE URBANIZAÇÃO DA ZONA HISTÓRICA DA MURTOSA

DISCUSSÃO PÚBLICA

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

SUMÁRIO

O presente Relatório fundamenta e explicita a fundamentação das principais opções do

Plano de Urbanização da Zona Histórica da Murtosa.

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

ÍNDICE GERAL

FICHA TÉCNICA 4

NOTAS SOBRE A CARTOGRAFIA A UTILIZAR 5

CAPÍTULO 1 ENQUADRAMENTO, CONTEÚDO MATERIAL E DOCUMENTAL

1. ENQUADRAMENTO 6

2. CONTEÚDO MATERIAL 6

3. CONTEÚDO DOCUMENTAL 8

CAPÍTULO 2

ENQUADRAMENTO NO

PDM DA MURTOSA

9

CAPÍTULO 3 DELIBERAÇÃO, PUBLICITAÇÃO E OBJETIVOS

4. DELIBERAÇÃO 11

5. PUBLICITAÇÃO 12

6. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS 14

CAPÍTULO 4 ENQUADRAMENTO

TERRITORIAL

7. CONTEXTO REGIONAL E MUNICIPAL 15

8. REDE VIÁRIA REGIONAL E MUNICIPAL 17

9. ENQUADRAMENTO NATURAL 19

10. ANÁLISE DEMOGRÁFICA 22

11. ATIVIDADES DOMINANTES 24

CAPÍTULO 5 A ÁREA DE INTERVENÇÃO

DO PLANO

12. A ÁREA DE INTERVENÇÃO 28

13. A CARTOGRAFIA DE BASE 29

14. OS COMPROMISSOS 29

15. ESTRATÉGIA – O PLANO COMO PROCESSO 30

16. OBJETIVOS PROPOSTOS PELO PLANO DE URBANIZAÇÃO 33

CAPÍTULO 6 ORGANIZAÇÃO DO

TECIDO URBANO –

SITUAÇÃO EXISTENTE

17. TOPOGRAFIA E PROPRIEDADE 36

18. NOTAS HISTÓRICAS 37

19. VALORES DE MEMÓRIA E IDENTIDADE 40

20. ELEMENTOS DEFINIDORES DA ESTRUTURA URBANA 45

21. A MALHA URBANA E A ESTRUTURA VIÁRIA 47

22. CIRCULAÇÃO, MOBILIDADE E ESTACIONAMENTO 48

23. O EDIFICADO 48

24. ESPAÇOS DE SOCIABILIDADE 49

25. AS FUNÇÕES E O “PULSAR DO SÍTIO” 49

26. INFRAESTRUTURAS 50

27. PROBLEMAS E POTENCIALIDADES 50

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

CAPÍTULO 7 CONDICIONANTES AO

PLANO E AO PROCESSO

DE URBANIZAÇÃO

28. SERVIDÕES 57

29. O EXISTENTE E A PROPRIEDADE 57

CAPÍTULO 8 ZONAMENTO E PROPOSTAS

30. CONSTRUÇÃO DO ZONAMENTO E REGRAS PARA EDIFICAR 58

31. O ZONAMENTO E AS FRAGILIDADES 62

32. COMO SE ESTRUTURA O ZONAMENTO E PORQUÊ? 65

33. AS VIAS E OS ARRUAMENTOS 70

34. AS FUNÇÕES DESEJADAS E PRIVILEGIADAS 72

35. AS REGRAS URBANÍSTICAS 72

36. OS ESPAÇOS DE ENCONTRO E SOCIABILIDADE 73

37. A ESTRUTURA VIÁRIA, CIRCULAÇÃO E ESTACIONAMENTO 74

38. OS RISCOS E O PLANO MUNICIPAL DE EMERGÊNCIA DE PROTEÇÃO CIVIL 75

CAPÍTULO 9 PROGRAMAÇÃO E EXECUÇÃO

39. A PROGRAMAÇÃO E A EXECUÇÃO DO PLANO DE URBANIZAÇÃO 76

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FICHA TÉCNICA N/ REFª

TRABALHO PLANO DE URBANIZAÇÃO DO NÚCLEO HISTÓRICO DA MURTOSA

FASE PLANO

DATA DEZEMBRO 2010

EQUIPA TÉCNICA

TÉCNICOS DA CÂMARA MUNICIPAL / ACOMPANHAMENTO E CONTRIBUTOS SECTORIAIS

AURÉLIO ALMEIDA Planeamento Regional e Urbano Coordenação Local

MANUEL MIRANDA Engenheiro Civil

CARLOS GUERREIRO

ANTÓNIO JOSÉ

TÉCNICOS DA SÍNTESE CONSULTORIA EM PLANEAMENTO

JOÃO RUA Urbanismo Coordenação

ALBERTO PEDROSA Urbanismo

MANUEL VIEIRA Arquitetura Paisagística

HELENA ALBUQUERQUE Geografia

MIGUEL DIREITO Direito

CATARINA LUDOVINA Urbanismo

GUSTAVO ESTEVES Engenharia

PAULA TINOCO Arquitetura

SERENA TAVARES Técnica SIG

MANUEL Técnica SIG

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

NOTAS SOBRE A CARTOGRAFIA UTILIZADA

METADADOS CARTOGRAFIA 1/10.000 (NOS TERMOS DO ART. 7º DO DL Nº104/2009 DE 29/05/2009)

A) IDENTIFICAÇÃO DA ENTIDADE PROPRIETÁRIA DA CARTOGRAFIA;

Copropriedade da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro – Baixo Vouga (ex AMRia) e do

Instituto Geográfico Português (ex IPCC), no âmbito do protocolo PROCARTA para elaboração de

cartografia topográfica oficial à escala 1:10.000

B) IDENTIFICAÇÃO DA ENTIDADE PRODUTORA E DA DATA DE EDIÇÃO.

Data de edição: 2000

As etapas da produção foram as seguintes:

- Levantamento aerofotográfica - ERFOTO – Fotografia Aérea, Lda (1999);

- Produtor da cartografia – ESTEREOFOTO – Levantamentos Aerocartográficos, Lda (2000-

2004);

- Fiscalização – UNAVE – Associação para a Formação Profissional e Investigação da

Universidade de Aveiro (2003);

- Controle e aceitação definitiva – IGP – Instituto Geográfico Português (2004)

C) SÉRIE CARTOGRÁFICA OFICIAL A QUE PERTENCE, SE APLICÁVEL.

Série Cartográfica Nacional 1:10.000 (SCN10K) do Instituto Geográfico Português

D) DATA E NÚMERO DE HOMOLOGAÇÃO E ENTIDADE RESPONSÁVEL PELA HOMOLOGAÇÃO, SE APLICÁVEL.

Trata-se de cartografia oficial publicada na 2ª Série do Diário da República, através do Despacho

nº 23915/2005, de 23 de novembro do Secretário de Estado do Ordenamento do Território e das

Cidades.

E) SISTEMA DE REFERÊNCIA (DATUM E PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA).

Sistema de referência Hayford-Gauss, Datum 73 (HGD73)

Referencial altimétrico: Marégrafo de Cascais (MS1)

F) EXATIDÃO POSICIONAL E TEMÁTICA.

Exatidão posicional: Erro médio quadrático inferior a 1,5 metros (CE10K)

Exatidão temática: Segundo o IGP a cartografia reúne as condições especificadas pelo caderno de

encargos.

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CAPÍTULO 1 ENQUADRAMENTO, CONTEÚDO MATERIAL E DOCUMENTAL

1 ENQUADRAMENTO

O Plano de Urbanização da Zona Histórica da Murtosa (PU-ZHM) é um Instrumento de

natureza regulamentar que procura concretizar, para a zona histórica da Murtosa, um quadro

de ordenamento e de políticas municipais que concorra e promova uma estrutura equilibrada

e qualificada do tecido urbano.

Trata-se de um instrumento de gestão territorial e, como tal, enquadra-se, juridicamente, no

Decreto-lei 46/2009 de 20 de fevereiro. Este diploma é complementado, entre outros, pelos

Decretos Regulamentares 9/10/11 de 2009 de 31 de maio.

2 CONTEÚDO MATERIAL

O conteúdo material do Plano de do Núcleo Histórico da Murtosa enquadra-se no disposto

do artigo 88.º do DL 46 / 2009 de 20 de fevereiro que estabelece o regime jurídico dos

instrumentos de gestão territorial. Fazem parte do conteúdo material de um plano de

urbanização:

a) A definição e caracterização da área de intervenção, identificando os valores culturais e

naturais a proteger;

b) A conceção geral da organização urbana, a partir da qualificação do solo, definindo a rede

viária estruturante, a localização de equipamentos de uso e interesse coletivo, bem como o

sistema urbano de circulação de transporte público e privado e de estacionamento;

c) A definição do zonamento para localização das diversas funções urbanas,

designadamente habitacionais, comerciais, turísticas, de serviços e industriais, bem como a

identificação das áreas a recuperar ou reconverter;

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

d) A adequação do perímetro urbano definido no plano diretor municipal em função do

zonamento e da conceção geral da organização urbana definidos;

e) O traçado e o dimensionamento das redes de infra-estruturas gerais que estruturam o

território, fixando os respetivos espaços - canal;

f) Os critérios de localização e de inserção urbanística e o dimensionamento dos

equipamentos de utilização coletiva;

g) As condições de aplicação dos instrumentos da política de solos e de política urbana

previstos na lei, em particular os que respeitam à reabilitação urbana e à reconversão

urbanística de áreas urbanas degradadas;

h) Os indicadores e os parâmetros urbanísticos aplicáveis a cada uma das categorias e

subcategorias de espaços;

i) A delimitação e os objetivos das unidades ou subunidades operativas de planeamento e

gestão e a estruturação das ações de perequação compensatória;

j) A identificação dos sistemas de execução do plano.

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

3 CONTEÚDO DOCUMENTAL

De acordo com o artigo 89.º do referido Decreto-Lei 46/2009 relativo ao Conteúdo

Documental o plano de urbanização é constituído por:

a) Regulamento;

b) Planta de zonamento, que representa a estrutura territorial e o regime de uso do solo da

área a que respeita;

c) Planta de condicionantes que identifica as servidões e restrições de utilidade pública em

vigor que possam constituir limitações ou impedimentos a qualquer forma específica de

aproveitamento.

No mesmo artigo é disposto que plano de urbanização é, ainda, acompanhado por:

a) Relatório, que explicita os objetivos estratégicos do plano e a respetiva fundamentação

técnica, suportada na avaliação das condições económicas, sociais, culturais e ambientais

para a sua execução;

b) Relatório ambiental, no qual se identificam, descreve e avaliam os eventuais efeitos

significativos no ambiente resultantes da aplicação do plano e as suas alternativas razoáveis

que tenham em conta os objetivos e o âmbito de aplicação territorial respetivos;

c) Programa de execução contendo designadamente disposições indicativas sobre a

execução das intervenções municipais previstas, bem como sobre os meios de

financiamento das mesmas.

Os demais elementos que acompanham o plano de urbanização são fixados por portaria do

membro do Governo responsável pelo ordenamento do território, nomeadamente, os fixados

pela Portaria 138/2005 de 2 de fevereiro.

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CAPÍTULO 2 ENQUADRAMENTO NO PDM DA MURTOSA EM VIGOR

A área de intervenção do PU-ZHM integra, no Plano Diretor Municipal da Murtosa, a classe

de espaço “Espaços Urbanos (Classe 1) estando, por isso, sujeito ao disposto nos artigos

14.º a 18.º que constituem o capítulo III do regulamento do PDM da Murtosa em vigor.

Dentro desta classe de espaço a área de intervenção integra, ainda, parcialmente, a

subcategoria de espaço “Área Central de Pardelhas”

FIGURA 1 – EXTRATOS DO REGULAMENTO E DA PLANTA DE

ORDENAMENTO DO PDM DA MURTOSA EM VIGOR

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De acordo com a Planta de Condicionantes do PDM da Murtosa em vigor, a área de

intervenção do PU-ZHM, não se encontra sujeita a qualquer servidão ou restrição de

utilidade pública. Trata-se, de facto, de um tecido urbano perfeitamente consolidado e

correspondente à principal centralidade do município.

FIGURA 2 – EXTRATOS DO DA PLANTA DE CONDICIONANTES DO PDM DA MURTOSA EM VIGOR

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CAPÍTULO 3 DELIBERAÇÃO, PUBLICITAÇÃO E OBJETIVOS

4 A DELIBERAÇÃO

A deliberação de elaborar o Plano de Urbanização da Zona Histórica da Murtosa data de

julho de 2009 e foi publicada através do Aviso n.º 13309/2009 no Diário da República, 2.ª

Série, n.º144 de 28 de julho. Do texto que suporta e fundamenta a referida deliberação

consta um fundamento sintético das principais razões que suscitaram a oportunidade de

elaborar o PU-ZHM.

“ O Núcleo antigo do centro de Pardelhas, Freguesia da Murtosa deste Concelho, tem como

ponto central a Praça Jaime Afreixo, à qual afluem os principais eixos de ligação exterior. O

tecido urbano desenvolve-se essencialmente em torno deste espaço e respetivos eixos,

suportando ainda um conjunto de pequenos caminhos e vielas, ao longo das quais se

desenvolve edificado antigo, com alguma degradação, pontualmente intercalado por

construções ou intervenções mais recentes. Nos últimos anos, a ausência de regras

específicas à transformação urbanística desta área tem dificultado a gestão urbanístico local.

Por um lado, as regras de edificabilidade gerais que existem para a restante área do

Concelho têm-se mostrado inadequadas e ineficazes ao seu desenvolvimento urbanístico,

por desadequadas à sua realidade. Por outro lado, importa esclarecer, de uma vez por

todas, a dualidade entre conservação, ou não, das características existentes, o que só será

possível numa perspetiva global de análise.

Urge, portanto, pensar este núcleo como uma unidade global, para a qual deve ser definida

uma estratégia urbanística que garanta a sua revitalização e qualificação, sem o

comprometer como unidade urbana com características e identidades próprias.”

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

5 PUBLICITAÇÃO

O Aviso 13309/2009 de 28 de julho publicado no Diário da República, 2.ª Série, n.º144 de 28

de julho publicita a deliberação de elaboração do Plano de Urbanização e informa que a

mesma foi publicada nos Jornais de âmbito nacional, Jornal de Notícias, Jornal Público e

Jornal Semanário Sol e no jornal de âmbito local, Jornal Concelho da Murtosa e, ainda, na

página WEB do município.

FIGURA 3 – AVISO DE PUBLICITAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO DE URBANIZAÇÃO

O Aviso 13309/2009 determinou, ainda, que a partir da data da sua publicação e por um

período de 15 dias úteis, decorresse um período de apresentações de sugestões ou

informações. Durante esse período não deu entrada na Câmara Municipal de qualquer

participação ou sugestão, motivo pelo qual não foi elaborado o respetivo Relatório.

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

O próprio texto da deliberação faz referência à publicitação em Jornais diários nacionais

(Jornal de Notícias e Jornal Público), no semanário Sol, no Jornal do Concelho da Murtosa

e, ainda na página Web do município. Anúncia, também, a publicitação através de Avisos

em locais de estilo.

Finalmente, a deliberação determina a abertura de um período de participação pública para

apresentação de sugestões ou informações que os interessados entendem ser relevantes e

oportunas.

FIGURA 4 – EXTRATO DA DELIBERAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DA MURTOSA

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6 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS

São três os objetivos estratégicos que orientam o processo de elaboração e de

implementação do PU-ZHM:

OE.1 ≥ Adequar as regras de gestão urbanística à realidade do Tecido Urbano existente e

consolidado que integra o Núcleo Histórico da Murtosa

OE.2 ≥ Promover a requalificação urbanística do núcleo histórico recuperando os valores

da identidade e da memória e do sítio enquanto lugar de vivência e sociabilidade

urbana, contribuindo, nomeadamente, para a salvaguarda e preservação das

características arquitetónicas de edifícios marcantes da imagem urbana do sítio;

OE.3 ≥ Ordenar e disciplinar a relação entre o espaço público e o espaço privado

estabelecendo regras para a e definição de alinhamentos adequados às

características do tecido urbano existente.

Estes objetivos sistematizam as opções de política municipal que sustentam e determinam a

elaboração do processo de plano de urbanização e que, sinteticamente, prossegue o

objetivo central de qualificação e estruturação urbanística da principal centralidade do

município que representa o principal lugar de encontro e de sociabilidade urbana.

Efetivamente, a área de intervenção do PU-ZHM corresponde ao centro da Murtosa e

integra a centralidade administrativa tradicional do concelho da Murtosa. Trata-se de um

tecido urbano que apesar de não integrar quaisquer valores patrimoniais classificados e de,

isoladamente, os edifícios não reunirem características de especial interesse arquitetónico e

patrimonial, assume, no entanto, um interesse identitário enquanto espaço global.

Representa o centro e a memória de vida quotidiana que nele se vivia, onde a presença do

mercado constituía e constitui, ainda hoje, elemento de referência.

As preocupações evidenciadas na formulação dos objetivos estratégicos incidem, assim, na

recuperação e qualificação do tecido urbano, definindo alinhamentos, e na preservação e/ou

afirmação de edifícios marcantes garantindo as condições para a sua valorização e

preservação.

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CAPÍTULO 4 ENQUADRAMENTO TERRITORIAL

7 CONTEXTO REGIONAL E MUNICIPAL

A Zona História da Murtosa corresponde à principal centralidade do concelho da Murtosa e

encerra, por isso, um forte caráter identitário, da Memória e da História do Concelho. O

Concelho da Murtosa pertence ao distrito de Aveiro e localiza-se na NUT II - Região Centro e

NUT III - Sub-região Baixo Vouga. Integra, atualmente, a Comunidade Intermunicipal da

Região de Aveiro (CIRA).

FIGURA 5 – ENQUADRAMENTO TERRITORIAL

FONTE: WWW.CCDRC

ÁREA DE INTERVENÇÃO DO PLANO DE URBANIZAÇÃO DO NÚCLEO HISTÓRICO DA MURTOSA

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

Da Sub-Região do Baixo Vouga faziam parte, até bem recentemente, doze concelhos:

Águeda - Albergaria-a-Velha - Anadia - Aveiro - Estarreja - Ílhavo - Mealhada - Murtosa

- Oliveira do Bairro - Ovar - Sever do Vouga - Vagos. Com as recentes alterações ao

nível da organização das NUT III, o Agrupamento Baixo Vouga, integra agora apenas 11

Concelho, tendo o município da Mealhada passado a integrar Agrupamento NUT III do

Baixo Mondego. O Baixo Vouga é uma sub-região estatística portuguesa que integra a

Região Centro e de acordo com a recém criada Comunidade Intermunicipal da Região de

Aveiro (CIRA), integra os 11 concelhos que compõem a área territorial do Baixo Vouga:

Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro,

Ovar, Sever do Vouga e Vagos. É limitada a Norte pelas sub-regiões do Grande Porto e

Entre Douro e Vouga, a Leste pela sub-região Dão-Lafões, a Sul pelo Baixo Mondego e a

Oeste pelo Oceano Atlântico. Apresenta uma área aproximada de 1804 km2, com uma

população que rondava os 400.000 habitantes nos últimos Censos (Censos 2001).

No que se refere ao concelho da Murtosa, este é delimitado a Norte pelo concelho de Ovar,

a Este por Estarreja e Albergaria-a-Velha, a Sul por Aveiro e a Oeste pelo Oceano Atlântico.

Apresenta uma área de 73,3 km2 e segundo os Censos de 2001 possuía 9458 habitantes,

distribuídos por 4 freguesias: Bunheiro, Monte, Murtosa e Torreira.

FIGURA 6 – FREGUESIAS DA MURTOSA

FONTE: WWW.CCDRC

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

8 REDE VIÁRIA REGIONAL E MUNICIPAL

A rede viária que atravessa o Baixo Vouga é constituída por dois itinerários principais (IP1-

A1 e IP5-A25), dois itinerários complementares (IC1 e IC2-N1) e várias estradas nacionais

(figura 5). É, assim, um território que apresenta uma rede viária bastante desenvolvida,

sendo que os dois itinerários principais são dos mais importantes do país, um ligando o

Norte com Lisboa (IP1-A1) e outro fazendo a principal ligação viária com Espanha (IP5-A25).

Além destas duas principais ligações, o IC1 é atualmente uma via estruturante, apesar de

ainda não se encontrar finalizada a ligação entre Estarreja e Aveiro.

FIGURA 7 – REDE VIÁRIA REGIONAL E MUNICIPAL

FONTE: HTTP://VIAJAR.CLIX.PT

No que diz respeito à rede viária que atravessa o concelho da Murtosa, esta é constituída

principalmente por duas estradas nacionais de maior importância (EN 109-5 e EN327) e

ainda por outras estradas de cariz regional e municipal.

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

No contexto regional, esta rede viária apresenta algumas insuficiências. A Murtosa é um

concelho que se encontra relativamente perto de Aveiro. No entanto, em termos de

acessibilidades, estas são reduzidas e muito impostas pelas características naturais da

região, nomeadamente pela Ria de Aveiro. Estas condições naturais votam o concelho a um

isolamento em termos de acessibilidades, que pode constituir um entrave ao ambicionado

desenvolvimento industrial e comercial, pois as principais vias estruturantes não cruzam este

território.

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

9 ENQUADRAMENTO NATURAL

A sub-região do Baixo Vouga é fortemente marcada pela presença da Ria de Aveiro, que

constitui o principal elemento caracterizador deste território e que influencia direta ou

indiretamente o desenvolvimento desta região. Esta sub-região encontra-se, de acordo com

o estudo “Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal

Continental”, na Unidade de Paisagem Beira Litoral no Grupo Ria de Aveiro e Baixo Vouga.

É uma paisagem que se caracteriza por ser “húmida, plana e aberta”, com áreas agrícolas

muito compartimentadas (DGOTDU, 2004). A costa é caracterizada por um extenso areal,

que só é interrompido pela barra artificial de Aveiro, com dois extensos molhes. Possui,

ainda, um cordão dunar arenoso extenso, que separa a ria do Oceano, e dunas cobertas de

vegetação e pinhais, plantados no início do século XX, como forma de suster e fixar as

areias, permitindo assim o seu cultivo e exploração agrícola.

É uma área de “terrenos muito férteis que associados à abundância de água e à amenidade

climática, permitiram o desenvolvimento de sistemas agrícolas muito intensivos que se

apresentavam quer em grandes campos abertos como num mosaico de pequenas parcelas

fortemente compartimentadas” (DGOTDU, 2004). No entanto, e “muito devido ao abandono

dos campos e à poluição, cada vez mais se nota uma alteração na paisagem, com o

aumento das pastagens permanentes, incultos (sapais, juncais e caniçais) e matas”

(DGOTDU, 2004).

Relativamente ao povoamento, esta área é marcada, essencialmente, por um povoamento

linear ao longo das principais vias estruturantes. A cada vez maior procura das áreas

costeiras para atividades de turismo e lazer levou a um crescimento das povoações

costeiras, que antigamente eram apenas povoadas por pescadores (nos conhecidos

palheiros), levando a um crescimento destas áreas em termos populacionais e construtivos,

nomeadamente no Furadouro, Torreira, Barra, Costa Nova, Praia da Vagueira e Praia de

Mira. No entanto, durante grande parte do ano, muitas destas povoações costeiras

encontram-se quase desertas. A linha de costa apresenta alguma instabilidade, pelo que já

foi necessária a construção de estruturas de defesa costeiras em algumas das povoações

costeiras mais afetadas pela erosão marinha e regressão da linha de costa.

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No que diz respeito às características biofísicas, a “Ria de Aveiro é uma das maiores, mais

expressivas e biologicamente mais significativas zonas húmidas litorais do país” (DGOTDU,

2004). “ É um sistema lagunar de formação recente, limitado do lado do mar por um cordão

arenoso com cerca de 50 km de extensão, e com apenas uma abertura artificial, que permite

a comunicação com o oceano e a renovação do sistema. É composto por uma “densa rede

de canais e de valas por onde circula a água salgada, salobra e doce, comportando uma

grande diversidade de biótopos (sapais, lodos, ilhotas, grandes superfícies de água livre,

caniçais, bunhais, juncais). Ela resulta e é condicionada por fortes intervenções humanas,

nomeadamente pela fixação da barra e dragagem de canais para a navegação, pela

construção de diques, de tanques de piscicultura e de salinas; pela colheita do moliço e do

caniço; pelas atividades agrícolas nas zonas envolventes; pela construção de vias de

circulação automóvel; pela poluição urbana e industrial; pela pesca e apanha de bivalves,

etc.” (DGOTDU, 2004).

Pela sua importância para a conservação da natureza e pela diversidade de habitats, a Ria

de Aveiro foi classificada como Zona de Proteção Especial (ZPE) pelo Decreto-Lei n.º 384-

B/99, de 23 de setembro, integrando assim a Rede Natura 2000 de Portugal. Apresenta uma

área de 51.406,63 ha, sendo que 30.669,71 ha são área terrestre e 20.736,92 ha são áreas

marinhas, distribuídos por 10 concelhos, como se verifica na figura seguinte.

FIGURA 8 – CONCELHOS ENVOLVIDOS NA ZPE RIA DE AVEIRO

CONCELHO ÁREA (HECTARES)

PERCENTAGEM

CONCELHO CLASSIFICADO DA ZPE NO CONCELHO

ÁGUEDA 2115,476 6% 4%

ALBERGARIA-A-VELHA 1831,804 12% 4%

AVEIRO 9574,323 49% 19%

ESTARREJA 2749,201 26% 5%

ÍLHAVO 2298,56 31% 4%

MIRA 359,092 3% 1%

MURTOSA 5839,115 81% 11%

OLIVEIRA DO BAIRRO 731,323 8% 1%

OVAR 3031,323 21% 6%

VAGOS 1512,91 9% 3%

FONTE: PLANO SECTORIAL DA REDE NATURA 2000

Esta ZPE é considerada como uma importante e extensa zona húmida, com grandes “áreas

de sapal, salinas, áreas significativas de caniço e importantes áreas de Bocage, associadas

a áreas agrícolas (…). Estas áreas apresentam-se como importantes locais de alimentação e

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reprodução para diversas espécies de aves, sendo que a área alberga regularmente mais de

20.000 aves aquáticas, e um total de cerca de 173 espécies, com particular destaque para o

elevado número de aves limícolas” (PSRN2000, 2006).

No que diz respeito ao concelho da Murtosa, cerca de 81% do seu território encontra-se

classificado na ZPE Ria de Aveiro, pelo que se conclui que este concelho é extremamente

importante para a conservação da natureza, e que as atividades que se praticam ou que

sejam programadas para esta área devem ter em conta os objetivos de conservação da

natureza, “através da promoção de boas práticas ambientais e do zonamento de áreas

sensíveis (instrumentos de gestão territorial) ” (PSRN2000, 2006).

FIGURA 9 – ZPE RIA DE AVEIRO (FONTE: PLANO SECTORIAL DA REDE NATURA 2000)

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10 ANÁLISE DEMOGRÁFICA

Analisando a dinâmica demográfica da sub-região Baixo Vouga entre os períodos censitários

de 1991 e 2001, verificou-se que houve um crescimento populacional, em grande parte

justificado pelo acréscimo populacional dos concelhos de Vagos (15,47%), Oliveira do Bairro

(13,42%), Albergaria-a-Velha (12,02%) Ílhavo (11,96%), Águeda (11,34%) e Aveiro

(10,37%). Esta dinâmica supera os valores registados quer na Região Centro quer no

Continente, facto que evidencia mais ainda, um território com capacidade de atração e

fixação de gentes e de atividades.

No contexto da Sub-Região do Baixo Vouga, o Concelho da Murtosa representa uma

tendência inversa. Tanto a Murtosa (-1.26%) como Sever do Vouga (-4.63%) registaram

tendências de evolução demográficas com taxas negativas no período intercensitário 1991-

2001.

FIGURA 10 - DINÂMICA DEMOGRÁFICA DA NUT III BAIXO VOUGA, ENTRE 1991 E 2001

DINÂMICA DEMOGRÁFICA DA NUT III População 91-01

CONCELHOS 1991 2001 VAR. ABSOLUTA VARIAÇÃO ( %)

ÁGUEDA 44045 49041 4996 11,34

ALBERGARIA-A-VELHA 21995 24638 2643 12,02

AVEIRO 66444 73335 6891 10,37

ESTARREJA 26742 28182 1440 5,38

ÍLHAVO 33235 37209 3974 11,96

MURTOSA 9579 9458 -121 -1,26

ANADIA 28899 31545 2646 9,2

OLIVEIRA DO BAIRRO 18660 21164 2504 13,42

OVAR 49659 55198 5539 11,15

SEVER DO VOUGA 13826 13186 -640 -4,63

VAGOS 19068 22017 2949 15,47

MEALHADA 18272 20751 2479 13,6

AM RIA 316510 346300 29790 9,4

BAIXO VOUGA 350424 385724 35300 10,1

REGIÃO CENTRO 2258768 2348397 89629 4

CONTINENTE 9867147 10356117 488970 5

FONTE: INE, CENSOS 2001 WWW.INE.PT

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No entanto, analisando os valores da população residente mais recentes, verifica-se que

nos últimos anos o crescimento populacional no concelho da Murtosa foi positivo, tendo

atingido uma diferença de 2,3% em 2006, em relação ao ano de referência de 2001.

FIGURA 11 – VARIAÇÃO POPULACIONAL NO BAIXO VOUGA, ENTRE 2001 E 2006

ÁREA GEOGRÁFICA POPULAÇÃO RESIDENTE

2001 2002 01-02 2003 01-03 2004 01-04 2005 01-05 2006 01-06

ÁGUEDA 44045 49168 11,6 49456 12,3 49691 12,8 49879 13,2 49912 13,3

ALBERGARIA-A-VELHA 21995 24924 13,3 25230 14,7 25497 15,9 25716 16,9 25921 17,8

ANADIA 28899 31500 9,0 31622 9,4 31671 9,6 31680 9,6 31660 9,6

AVEIRO 66444 73332 10,4 73521 10,7 73626 10,8 73657 10,9 73559 10,7

ESTARREJA 26742 28080 5,0 28236 5,6 28279 5,7 28323 5,9 28332 5,9

ÍLHAVO 33235 37874 14,0 38581 16,1 39247 18,1 39802 19,8 40349 21,4

MEALHADA 18272 21027 15,1 21282 16,5 21500 17,7 21724 18,9 21915 19,9

Murtosa 9579 9465 -1,2 9591 0,1 9657 0,8 9728 1,6 9804 2,3

OLIVEIRA DO BAIRRO 18660 21583 15,7 22012 18,0 22365 19,9 22682 21,6 22966 23,1

OVAR 49659 55715 12,2 56296 13,4 56715 14,2 57148 15,1 57511 15,8

SEVER DO VOUGA 13826 13014 -5,9 12977 -6,1 12940 -6,4 12900 -6,7 12820 -7,3

VAGOS 19068 22492 18,0 22904 20,1 23205 21,7 23465 23,1 23718 24,4

BAIXO VOUGA 350424 388174 10,8 391708 11,8 394393 12,5 396704 13,2 398467 13,7

CENTRO 2258768 2354552 4,2 2366691 4,8 2376609 5,2 2382448 5,5 2385891 5,6

PORTUGAL 9867147 10407465 5,5 10474685 6,2 10529255 6,7 10569592 7,1 10599095 7,4

FONTE: ANUÁRIOS ESTATÍSTICOS DA REGIÃO CENTRO, INE

O concelho da Murtosa tem assistido assim a um crescimento positivo em termos de

quantitativos populacionais, que, apesar de continuar inferior ao crescimento dos concelhos

vizinhos, apresenta já a mesma tendência que estes, ou seja, uma maior fixação da

população. Sendo assim, apenas o concelho de Sever do Vouga continua neste período

com um crescimento negativo, ainda bastante significativo (-7,3%), enquanto os concelhos

de Vagos, Oliveira do Bairro e Ílhavo apresentaram neste período entre 2001 e 2006 uma

variação populacional superior a 20%, o que ultrapassa significativamente os valores

atingidos pela Região Centro e por Portugal.

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11 ATIVIDADES DOMINANTES

A distribuição da população ativa pelos principais setores de atividade económica reflete um

predomínio do setor Terciário por oposição ao setor Primário, em todo o contexto do Baixo

Vouga. No entanto, é no concelho da Murtosa que se verifica uma maior percentagem de

população ainda a trabalhar no setor primário.

Apesar disso, o setor terciário tem vindo a registar um maior crescimento ao nível do

emprego da população ativa. É evidente que a dinâmica criada pelo setor do Turismo presta

aqui um forte contributo.

FIGURA 12 – POPULAÇÃO RESIDENTE EMPREGADA, SEGUNDO O SETOR DE ATIVIDADE ECONÓMICA, 2001

UNIDADE TERRITORIAL PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO

TOTAL Total % Total % Total %

ÁGUEDA 501 2,1 14297 59,9 9087 38,0 23885

ALBERGARIA-A-VELHA 494 4,4 5862 52,2 4884 43,5 11240

AVEIRO 741 2,1 12390 34,6 22723 63,4 35854

ESTARREJA 516 4,3 6011 49,5 5608 46,2 12135

ÍLHAVO 970 5,6 6920 40,1 9380 54,3 17270

MIRA 677 13,1 1749 33,8 2755 53,2 5181

MURTOSA 730 19,3 1421 37,5 1641 43,3 3792

OLIVEIRA DO BAIRRO 766 7,9 4807 49,4 4151 42,7 9724

OVAR 544 2,0 14782 55,6 11276 42,4 26602

SEVER DO VOUGA 403 7,5 2866 53,0 2139 39,6 5408

VAGOS 1250 12,5 4287 42,9 4454 44,6 9991

BAIXO VOUGA 8325 4,6 83915 46,7 87379 48,6 179619

CENTRO 68479 6,8 383536 38,1 554358 55,1 1006373

PORTUGAL 231646 5,0 1632638 35,1 2786663 59,9 4650947

FONTE: INE, RECENSEAMENTO GERAL DA POPULAÇÃO E HABITAÇÃO – 2001 (RESULTADOS DEFINITIVOS) – WWW.INE.PT

A agriculta e a pecuária (que predominam na Freguesia do Bunheiro e nas Quintas -

Torreira) tem vindo aos poucos a ressentir-se da perda de rendimentos muitas vezes

condicionada pela estrutura fundiária e pela regulação do crescimento da produção leiteira

(quotas de produção). No seu conjunto, as áreas com aptidão agrícola representam apenas

cerca de 30% da superfície total do concelho (21,9 Km2), constituindo as áreas restantes

com diversas aptidões e as inaproveitáveis mais de 57% daquela superfície.

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Esta atividade constitui uma dinâmica relevante. Depois de arroteados os terrenos

alagadiços, as terras da Murtosa tornaram-se férteis permitindo a cultura de vários produtos

agrícolas entre os quais o milho, feijão e a batata. A fertilidade das terras deve-se sobretudo

ao moliço retirado da Ria pelos moliceiros, atividade que se encontra atualmente em vias de

extinção.

A pesca é outra das atividades tradicionalmente murtoseiras. A pesca marítima é

particularmente importante nas Freguesias da Murtosa e da Torreira, onde a arte Xávega e a

pesca na Ria, apesar de terem vindo a regredir por força da escassez de recursos e da

degradação ambiental do ecossistema da Ria de Aveiro, continuam mesmo assim, a

representar uma atividade tradicional da Murtosa de forte caráter identitário.

No Setor Industrial, referem-se as Indústrias conserveiras como a GELCAMPO e a COMUR.

A GELCAMPO mais dedicada à congelação de Produtos Hortícolas fez incursões na

Produção biológica de hortícolas em agrossistema diversificado. A COMUR desenvolve a

sua atividade na indústria conserveira, sendo, mesmo ainda hoje, conhecida como a popular

“Fábrica das Enguias”. Ambas representam setores de produção, que podem encontrar na

Murtosa um excelente palco de desenvolvimento.

No entanto, e observando os dados disponíveis no site da Associação Industrial do Distrito

de Aveiro relativos à evolução do número de trabalhadores na Indústria Transformadora no

Distrito de Aveiro, constata-se de facto, o reduzido peso que a Murtosa apresenta no

contexto distrital, com apenas 0,36 % do emprego no Distrito.

FIGURA 13 - ESPECIALIDADE DA MURTOSA

As conservas de Enguias da Murtosa fazem já

hoje, parte da Memória e da Identidade

Murtoseira. A COMUR ficou mesmo conhecida

como a “Fábrica das Enguias” e, pode

encontrar no desenvolvimento deste tipo de

produtos, associados a um forte caráter

patrimonial e cultural, excelentes fatores de

desenvolvimento de novos mercados.

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FIGURA 14 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE TRABALHADORES NA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA NO DISTRITO DE AVEIRO

CONCELHOS 1999 2000 2001 2002 PESO NO DISTRITO

2001 %

ÁGUEDA 16.032 16.625 18.295 18.116 11,57

ALBERGARIA-A-VELHA 3.828 3.792 4.272 3.989 2,55

ANADIA 5.708 5.630 5.947 5.749 3,67

AROUCA 1.565 1.600 2.160 2.111 1,35

AVEIRO 13.626 13.958 14.703 13.362 8,53

CASTELO DE PAIVA 2.666 2.642 2.569 2.680 1,71

ESPINHO 3.547 3.496 3.612 3.455 2,21

ESTARREJA 2.792 2.924 3.171 3.034 1,94

FEIRA 33.704 33.616 35.413 34.819 22,24

ÍLHAVO 5.155 5.294 6.182 5.423 3,46

MEALHADA 1.193 1.742 1.975 1.917 1,22

MURTOSA 290 373 607 568 0,36

OLIVEIRA DE AZEMÉIS 20.718 20.845 23.032 23.017 14,70

OLIVEIRA DO BAIRRO 4.382 4.650 5.303 5.246 3,35

OVAR 16.672 15.484 13.304 12.017 7,67

SJ DA MADEIRA 11.284 11.020 12.202 11.992 7,66

SEVER DO VOUGA 1.302 1.289 1.479 1.429 0,91

VAGOS 1.439 1.532 1.718 1.717 1,10

VALE DE CAMBRA 5.424 5.627 6.151 5.938 3,79

TOTAL DISTRITO 151.327 152.139 162.095 156.579 100,00

FONTE: AIDA WWW.AIDA.PT

Curiosamente a Zona Industrial 1.ª e 2.ª Fases estão praticamente ocupadas ou

comprometidas, o que pode revelar uma dinâmica local interessante e que, certamente, a

médio prazo, dará resultados positivos. A Câmara Municipal prepara também já a execução

da Zona Industrial 3.ª Fase, tendo mesmo definido um novo quadro de acessibilidades, com

especial relevo para a “procura” de um acesso ao IC-1 mais rápido e mais adequado.

Finalmente, uma breve referência para a taxa de desemprego. Não é de estranhar que,

dadas as características do Concelho, a Murtosa apresente uma das taxas de desemprego

mais elevadas da Sub – Região (cerca de 6,7 %).

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FIGURA 15 – POPULAÇÃO DESEMPREGA EM 2001 E TAXA DE DESEMPREGO

UNIDADE TERRITORIAL TOTAL TAXA DE DESEMPREGO

1991 2001

ÁGUEDA 715 1,9 2,9

ALBERGARIA-A-VELHA 572 4,1 4,8

AVEIRO 2027 4,7 5,4

ESTARREJA 878 5,7 6,7

ÍLHAVO 973 6,1 5,3

MIRA 448 4,6 8

MURTOSA 273 5 6,7

OLIVEIRA DO BAIRRO 485 1,9 4,8

OVAR 1823 5,8 6,4

SEVER DO VOUGA 341 5,9 5,9

VAGOS 585 3,4 5,5

BAIXO VOUGA 9960 4,5 5,3

CENTRO 61491 5,1 5,8

PORTUGAL 339261 6,1 6,8

FONTE: INE, RECENSEAMENTO GERAL DA POPULAÇÃO E HABITAÇÃO – 2001– WWW.INE.PT

Pela análise da figura anterior, verifica-se que a taxa de desemprego no Baixo Vouga sofreu

um aumento significativo, sendo que apenas um concelho viu esta taxa diminuir (Ílhavo). No

que diz respeito ao concelho da Murtosa, a taxa de desemprego passou de 5% em 1991

para 6,7% em 2001. No entanto, os dados estatísticos não contabilizam as formas de

emprego informais, de base tradicional e/ou familiar, seja na agricultura seja na pesca, o que

no caso do concelho da Murtosa, teria reflexos importantes em termos de taxa de

desemprego no concelho.

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CAPÍTULO 5 A ÁREA DE INTERVENÇÃO E O PLANO

12 A ÁREA DE INTERVENÇÃO

A área de intervenção do Plano de Urbanização corresponde ao Núcleo Antigo e Central de

Pardelhas. A área de intervenção corresponde ao centro antigo de Pardelhas, que

representa e assume um caráter de centralidade e de principal lugar de sociabilidade e de

vivência urbana. Trata-se de uma área urbana perfeitamente e na sua quase globalidade

consolidada, onde a propriedade e a estrutura da malha urbana se encontra apoiada em

inúmeros becos e vielas, que constituem as principais condicionantes urbanísticas e que

implicam e aconselham uma intervenção ao nível do espaço público e à promoção da

qualificação do tecido edificado existente mais que à sua reestruturação.

FIGURA 16 – ÁREA DE INTERVENÇÃO DO PLANO DE URBANIZAÇÃO DO NÚCLEO HISTÓRICO DA MURTOSA

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13 A CARTOGRAFIA DE BASE

A cartografia de referência utilizada para o desenvolvimento dos trabalhos de elaboração do

PU-ZHM é da propriedade da Câmara Municipal da Murtosa e foi elaborada à escala

1/10000. Trata-se da base cartográfica mais atualizada que o município dispõe. Esta

cartografia de escala 1/10000 é cartografia oficial e encontra-se homologada garantindo,

assim, o enquadramento nas exigências expressas no Decreto Regulamentar 10/2009 de 29

de maio. (Ver Notas sobre a Cartografia Utilizada).

Apesar da cartografia de base ter um grau de pormenorização própria da escala 1/10000

entendeu-se adequado utilizada para suporte do plano de urbanização da Zona Histórica da

Murtosa pelas seguintes razões:

a) Trata-se de cartografia oficial que respeita as imposições de exatidão posicional exigidas

pelo Decreto Regulamentar 10/2009 de 29 de maio;

b) Adequa-se ao nível de pormenorização que o zonamento do plano de urbanização

sugere e propõe;

c) Trata-se da cartografia mais fiável e atualizada que o município dispõe.

14 OS COMPROMISSOS URBANÍSTICOS

Tendo como base o disposto na legislação em vigor, designadamente na alínea c) do ponto

n.º 2, da Portaria 138/2005 de 2 de fevereiro, pretende-se identificar através de Relatório em

anexo, todos os compromissos urbanísticos, previamente assumidos, e que podem ter

eventuais implicações na área de intervenção do PU-ZHM.

Tratando-se de uma área inserida em tecido urbano perfeitamente consolidado não é

expectável que qualquer compromisso possa não contribuir para o processo de qualificação

e de estruturação urbana pretendidos. No entanto um processo de licenciamento, em

qualquer fase, que implique a fixação de alinhamentos pode, hipoteticamente, colidir com as

opções do PU-ZHM.

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15 ESTRATÉGIA - O PLANO COMO PROCESSO

As características da área de intervenção, núcleo urbano central perfeitamente consolidado,

exigem a elaboração de um instrumento de gestão territorial que se adapte e compreenda o

modelo territorial instalado. E esse é o primeiro e o maior desafio que se coloca ao PU-ZHM.

a) Não poderá ser um Plano de Urbanização que desenhe pois os espaços

vazios são de dimensão pouco ou nada significativos. Não há espaço para

desenhar. Não há espaço para construir tecido urbano novo.

b) Também não poderá ser um plano de urbanização excessivamente

pormenorizador das características arquitetónicas do edificado. Mais

importante que as características dos edifícios, isoladamente, é o ambiente

e a envolvência que o sítio proporciona. Será por isso mais um plano que

estrutura, do que propriamente um plano que desenha. Um plano que

orienta mais do que impõe regras rígidas reguladoras das características

arquitetónicas dos edifícios.

c) Também não será um plano que “rasga” e cria a rutura substituindo o antigo

pelo novo, o passado pela modernidade. Não o será porque não faz

qualquer sentido, nem do ponto de vista da sustentabilidade financeira, nem

do ponto de vista da compreensão e valorização da Memória e da

Identidade do Sítio.

Assim, o PU-ZHM será acima de tudo, um instrumento regulador dos alinhamentos e das

cérceas, da preservação e da motivação para o processo de qualificação do espaço público.

Será um plano que estrutura e procura qualificar sem, no entanto, esquecer que se trata de

um sítio e de um tecido urbano com identidade e com dinâmicas urbanísticas próprias de

aglomerados de concelhos como a Murtosa.

O Núcleo Antigo de Pardelhas, freguesia da Murtosa, tem como ponto central a Praça Jaime

Afreixo, à qual afluem os principais eixos de ligação ao exterior. O tecido urbano desenvolve-

se, essencialmente, em torno deste espaço e respetivos eixos, suportando, ainda, um

conjunto de pequenos caminhos e vielas, ao longo dos quais se desenvolve um edificado

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antigo, com alguma degradação, pontualmente intercalado por construções ou intervenções

mais recentes. Nos últimos anos, a ausência de regras específicas à transformação

urbanística desta área tem dificultado a gestão urbanística local. Por um lado, as regras de

edificabilidade gerais que existem para a restante área do concelho têm-se mostrado

inadequadas e ineficazes ao seu desenvolvimento urbanístico, por desadequadas à sua

realidade.

Por outro lado, importa esclarecer de uma vez por todas, a dualidade entre conservação, ou

não, das características existentes, o que só será possível numa perspetiva global de

análise. Neste contexto, torna-se indispensável, pensar este núcleo com uma unidade

global, para a qual deve ser definida uma estratégia urbanística que garanta a sua

revitalização e requalificação, sem comprometer como unidade urbana com características e

identidades próprias.

Portanto, um plano em primeiro lugar deverá assumir Objetivos e Metas a alcançar e, estes

devem ter correspondência na vontade operativa de intervenção municipal e nos meios

disponibilizados pelo Município. Por isso, mais do que de um plano, os territórios como o

atualmente em estudo, precisam que se intensifique o processo de planeamento. Assim,

espera-se que o plano estabeleça uma trama reguladora ou uma matriz capaz de enquadrar

as intenções de intervenção na Estratégia assumida pelo Executivo, mas com um grau de

Flexibilidade próprio de um plano de zonamento. Não tem a ambição de desenhar o futuro

mas sim, de estruturá-lo. O plano pode oferecer uma coerência e uma estrutura à

organização do espaço e das suas ocupações, mas tudo o resto não depende dele...

A principal aposta do plano de urbanização do Núcleo Histórico da Murtosa será o de

disciplinar um novo modelo urbano, introduzindo normas que procurem Qualificar e

Estruturar, do ponto de vista urbanístico, o "território", baseado em alinhamentos, que

permitam uma melhor compreensão e leitura do espaço de uso público, ou seja, de todo o

espaço negativo da área de intervenção do plano. Isto tem tudo a ver com os elementos

definidores de ambientes de característica e vivências mais urbanas, nomeadamente a

presença e o desenho de ruas, passeios, praças ou espaços públicos, a animação e

vivência quotidiana ou mesmo a relação entre o construído e o não construído... Estruturar o

território, proporcionando-lhe uma legibilidade coerente e de fácil apreensão.

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A importância do plano começa na possibilidade que permite, de Sistematizar uma

Estratégia de Intervenção Municipal, sobre um território para o qual se esperam dinâmicas e

procuras urbanas mais fortes. É importante que o plano possibilite mostrar aos habitantes e

possíveis promotores perspetivas do que poderá ser o futuro. Mais que desenhá-lo, importa

estruturá-lo.

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16 OBJETIVOS PROPOSTOS PELO PLANO DE URBANIZAÇÃO

A qualificação e valorização urbanística desta área são um imperativo do valor estratégico

do sítio. Mais ainda quando se trata do núcleo antigo da sede de concelho, e onde na

envolvente imediata, se encontram localizados os principais equipamentos e serviços de

importância estratégica para o município.

FIGURA 17 – A ÁREA DE INTERVENÇÃO

Á Câmara Municipal exige-se um esforço financeiro acrescido quer quanto à realização da

qualificação dos espaços públicos, da infraestruturação da área, do sistema viário, quer

quanto à condução e orientação capaz de promover as alterações urbanísticas em solo

essencialmente privado e, possa assim, contribuir para a implantação de um espaço de

características urbanas devidamente estruturado e enquadrado com a natureza dos

equipamentos existentes e a instalar.

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O Plano de Urbanização do Núcleo Histórico da Murtosa sugere uma Ideia Central em torno

da qual se desenham os objetivos gerais abaixo citados:

Este quadro de objetivos gerais é sintetizado num conjunto de três objetivos estratégicos:

OE.1 ≥ Adequar as regras de gestão urbanística à realidade do Tecido Urbano existente e

consolidado que integra o Núcleo Histórico da Murtosa

OE.2 ≥ Promover a requalificação urbanística do núcleo histórico recuperando os valores

da identidade e da memória e do sítio enquanto lugar de vivência e sociabilidade

urbana, contribuindo, nomeadamente, para a salvaguarda e preservação das

características arquitetónicas de edifícios marcantes da imagem urbana do sítio;

OE.3 ≥ Ordenar e disciplinar a relação entre o espaço público e o espaço privado

estabelecendo regras para a e definição de alinhamentos adequados às

características do tecido urbano existente.

IDEIA CENTRAL DA PROPOSTA Planear o Núcleo Histórico da Murtosa, segundo um novo modelo urbano, introduzindo normas que procurem Qualificar e Estruturar, do ponto de vista urbanístico, o "território", baseado em alinhamentos, que permitam uma melhor compreensão e leitura do espaço de uso público, ou seja, de todo o espaço negativo da área de intervenção do plano.

Imagem e Estrutura. Uma Legibilidade do Espaço de Fácil Apreensão. Os Elementos Marcantes.

Equipar e Infraestruturar. Infraestruturas e Equipamentos são a base da Qualidade de Vida

Afirmar os Valores da Memória e da Identidade. A Interpretação e Compreensão da sua História

O Espaço Público. Qualificar e Integrar os Espaços Não Construídos no Construído

Valorizar as relações de vizinhança, num Modelo de Sociabilidade e Conviviabilidade Atrativo.

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A definição deste quadro ambicioso de objetivos pressupõe uma atitude “pós – plano”, que

acompanhe o processo de implementação, que integre três ideias orientadoras que

poderemos considerar, ideias chave:

a) O PU-ZHM trata um território onde vivem pessoas, logo deve ter como

condição de partida, procurar influenciar positivamente os Níveis de

Qualidade de Vida dos Habitantes ou dos que usufruem do território que

estuda.

b) Do que depende diretamente do esforço municipal, existem três áreas

determinantes para se atingir níveis de Qualidade de Vida agradáveis e

atrativos: O nível de infraestruturação; o programa de equipamentos de

utilização coletiva e os espaços públicos.

c) Na abordagem aos objetivos definidos, para alcançar níveis de qualidade de

vida desejáveis, será dada uma atenção específica a três elementos

essenciais na estrutura do território: o sistema viário, o espaço urbano

consolidado e os espaços ainda não comprometidos ou vazios.

Trata-se, de facto, de um plano de urbanização específico. Procura valorizar uma centralidade

intervindo ou criando um quadro de intervenção que possibilite:

a) Melhores condições de estruturação urbanística procurando dar algum sentido e coerência

a um conjunto de “vielas” estreitas e sem continuidade e estabelecendo uma estrutura

viária coerente e fluída;

b) Melhores condições do espaço público intervindo sobre a pavimentação das referidas

“vielas” e garantindo boas condições de acesso e, sempre que possível, introduzir os

elementos urbanos “passeio e estacionamento”;

c) A identificação dos edifícios que representem memória da vida desta centralidade e

regulamento de forma a garantir a sua presença e preservação ao longo do tempo, sem

que tal procedimento impeça a normal evolução urbanística do tecido urbano e das

funções instaladas;

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CAPÍTULO 6 A ORGANIZAÇÃO DO TECIDO URBANO - SITUAÇÃO EXISTENTE

17 TOPOGRAFIA E PROPRIEDADE

A área de intervenção do Plano de Urbanização corresponde ao Núcleo Histórico do Centro

de Pardelhas. Trata-se do Centro, antigo e atual, do Concelho da Murtosa, que representa e

assume esse caráter de centralidade e de principal lugar de sociabilidade e de vivência

urbana. À semelhança do que se passa com a globalidade do território concelhio a

topografia apresenta-se plana, sem quaisquer obstáculos ou variações de relevo, pelo que

do ponto de vista das condições topográficas a situação é totalmente favorável a qualquer

intervenção urbanística.

Trata-se de uma área urbana na sua quase globalidade consolidada, não sendo expectável

que das ações e das propostas do Plano de Urbanização resultem quaisquer impactes com

o mínimo de significado ao nível da impermeabilização, movimentação de terra ou alteração

da topografia e/ou morfologia do terreno.

A Propriedade é predominantemente privada. Dado tratar-se de um Centro Antigo é normal

que a propriedade se encontre bastante repartida e apresenta uma variedade de dimensões

de lotes ou parcelas bastante assinalável. No entanto a propriedade dominante não excede

os 500-750 m2. Na zona mais Sul da área de intervenção existem, pontualmente, algumas

propriedades de maior dimensão, mas que mesmo assim, não excedem, os 2000 m2. A

propriedade e a estrutura da malha urbana apoiada em inúmeros becos e vielas constituem

as principais condicionantes urbanísticas e que implicam e aconselham à promoção da

qualificação do tecido edificado existente mais que à sua reestruturação.

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18 NOTAS DA HISTÓRIA (http://www.cm-murtosa.pt)

Recorrendo ao site da Câmara Municipal da Murtosa transcrevemos um conjunto de notas

históricas que permitem fazer uma breve incursão pela história e pelas memórias do

Concelho da Murtosa, onde Pardelhas sempre desempenhou um lugar de destaque.

“ Foi talvez pelo ano de 1200 que se fixaram neste rincão da beira-mar algumas famílias de

marnoteiros e pescadores que não tardaram a aproveitar também os recursos da terra.

Numa doação ao convento de Tarouca, no ano de 1242, aparece mencionada, com o nome

de Morrecosa ou Mortecosa, uma marinha de sal que não será temerário aproximar das

origens da Murtosa. No entanto, é possível que, a princípio, lavradores e pescadores

formassem classes aparte, pois a atual vila provém de dois núcleos distintos. Pardelhas

pertenceu ao termo de Figueiredo, e os seus moradores eram foreiros do mosteiro de Vila

Cova, situado na freguesia de Sandim. Murtosa entrou no Couto de Antoã e Avanca,

pertencente ao Mosteiro de Arouca. Ambas se desenvolveram a par e formaram em bom

entendimento uma unidade para o governo eclesiástico, antes de constituírem uma unidade

para a administração civil.

Parece que a paróquia já existia em princípios do século XVI. Numa espécie de censo da

população, feito em 1527, aparece no termo da Vila da Bemposta, "cabeça do concelho de

Figueiredo", a "aldeia de Pardelhas e freguesia", com 47 vizinhos. A "aldeia da Murtosa e

sua juradia", pertencia então ao termo da vila de Antuã e tinha 22 vizinhos. As duas aldeias

somavam, pois 69 vizinhos - núcleo populacional importante, comparado com outros:

Estarreja tinha 50, Salreu 37, Avanca 50, Pardilhó 20, Saidouros (Bunheiro) 19, Aveiras

(Veiros) 34.

Num "Promptuário das Terras de Portugal" organizado em 1689, afirma-se explicitamente

essa divisão: pertenciam ao termo da Bemposta os lugares do Ribeiro, Agra, Rua do Ribeiro,

Pardelhas, Outeiro, Caneira e a Póvoa da Saldida; ao de Estarreja ficavam Murtosa e Monte.

A documentação relativa aos dois aglomerados populacionais tem de procurar-se

respetivamente no que resta dos cartórios de S. Bento da Ave-Maria (para a qual passaram

as freiras de Vila Cova em 1535) e de Arouca.

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Quanto a Pardelhas, sabe-se que, já em 7 de março de 1287, mandava el-rei D. Dinis que lá

não exercesse jurisdição o juiz da Feira. O convento de Vila Cova pôs-lhe depois seu juiz e

procurador, até que, em 13 de maio do ano de 1358, por carta de el-rei D. Pedro, ficou

assente que toda a jurisdição do crime e do cível pertencia ao concelho de Figueiredo. O

mosteiro de Vila-Cova obteve para os seus caseiros e lavradores que moravam em

Pardelhas alguns privilégios por cartas de 2 de janeiro de 1448 e 3 de novembro de 1451.

As terras pertencentes a Arouca estavam divididas das de Vila-Cova por marcos e divisões

de que fala a carta de instituição do Couto de Antoã em 1257 e uma inquirição de 1334. No

século XVI, o convento de S. Bento da Ave-Maria organizou o tombo das suas propriedades

em Pardelhas e, em 1697, mandou erigir novos marcos de pedra com o báculo de S. Bento

e a respetiva data. No auto de demarcação, fala-se no "arco da capela-mor da igreja velha

da Murtosa", antecessora da atual.

As freiras beneditinas tiveram questão sobre as rendas de Pardelhas com Jorge Moniz,

senhor de Angeja, em 1575, e com o Marquês de Angeja em 1756. "OLIVEIRA, Miguel de -

Nótula Histórica da Murtosa. Progresso da Murtosa. Murtosa: Mário Silva. Nº. 369 (1936).

Desde tempos imemoriais, a Torreira pertenceu ao Termo de Cabanões e mais tarde a Ovar.

Num decreto da Legislação Portuguesa de 24 de outubro de 1855, há referência da

passagem da Torreira para o Concelho de Estarreja, ordenando-se que a dita freguesia

ficasse unida para todos os efeitos administrativos e judiciais à freguesia da Murtosa.

A freguesia civil foi criada em 30 de outubro de 1926 e incluída no atual Concelho da

Murtosa. Foi elevada a vila em 12 de julho de 1997. O Monte foi criado como freguesia civil

em 17 de julho de 1933, sendo desmembrada também religiosamente da freguesia da

Murtosa. O Bunheiro pertenceu à freguesia de Avanca, devendo ter sido destacada pelos

fins do século XVI. As quatro freguesias que hoje constituem o Concelho: Murtosa, Monte,

Bunheiro e Torreira estiveram anexadas ao Concelho de Estarreja até 1926. A luta pelo

movimento autonómico durou alguns anos.

Em 27 de abril de 1898, o Dr. Barbosa Magalhães, apresentou nas cortes um Projeto de Lei

propondo a criação do Concelho da Murtosa, constituído pelas freguesias da Murtosa e

Bunheiro. Continuando este povo sem ser atendido nos seus protestos de emancipação,

alguns "Homens Ilustres", deslocaram-se às cortes gerais, em 7 de abril de 1899, solicitando

a aprovação da sua petição de elevar a Murtosa a Concelho. Após grande insistência, o

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então Ministro do Interior, Jaime Afreixo, colabora com o povo da Murtosa e esta desanexa-

se de Estarreja, em 29 de outubro de 1926

O Concelho da Murtosa foi criado em 1926, desanexando-se do concelho de Estarreja.

Sobre a origem da povoação primitiva, ela parece ter nascido muito próxima da Ria, formada

por pescadores naturais de Aveiro ou Esgueira, ou talvez mesmo de Ílhavo, "povoações

muito antigas, que ali se foram estabelecendo com as suas redes e pequenas canoas " dada

a fertilidade e abundância de peixe na laguna.

Recuando na história, o território da Murtosa "fazia parte do senhorio denominado Terra de

Santa Maria ou Terra da Feira, povoado e reedificado nos anos 990 pelos Condes Mem

Guterres e Mem Lucidio " e cuja extenção ia da " margem esquerda do douro até ao Caima e

desde o oceano até ao Arda ". Aquando do arrolamento de 1527, a aldeia da Murtosa e o

lugar de Pardelhas – " dominadas ambas, simultânea e respetivamente, pelo Senhorio

eclesiástico dos Mosteiros de Arouca e Vila Covas das Donas, em Sandim "-, representavam

já nessa data " uma das paróquias mais populosas desta região ".

A partir de 1875, Pardelhas, mercê do crescimento da pesca e do comércio, tornou-se um

importante centro comercial, após a transferência do mercado de Veiros para o Largo de S.

Lourenço, em Pardelhas.

Como resultado da intensa atividade de tráfego de mercadorias na Ria, dos rendimentos

coletáveis – contribuição predial e imposto do pescado – e vontade de emancipação do

domínio de Estarreja, em 1899 foi apresentada à Camara dos deputados, pela Murtosa e

pela vizinha Freguesia do Bunheiro, uma petição solicitando a criação de um Concelho

autónomo do de Estarreja.

Terras em diáspora, pois, muitos dos seus filhos, à medida que as dificuldades de

sobrevivência foram aumentando, mormente com o declínio da apanha do moliço na Ria, a

partir da década de 60, rumaram, em força, para outros Países onde têm dignificado o nome

da Terra-mãe, a Murtosa.”

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19 VALORES DA MEMÓRIA E DA IDENTIDADE O tecido urbano da Zona Histórica da Murtosa desenvolve-se essencialmente em torno da

Praça Jaime Afreixo e dos respetivos eixos que dela bifurcam e que suportam um conjunto

de pequenos caminhos e vielas, ao longo dos quais se desenvolve um edificado antigo, com

algum nível de degradação, pontualmente intercalado por construções ou intervenções mais

recentes. Na malha urbana do Núcleo Histórico da Murtosa, as características do seu

edificado e a existência de alguns elementos construídos, contribuem para a afirmação

desta espaço como uma área de forte identidade e memória no aglomerado da Murtosa,

assumindo-se como o centro tradicional da sede de concelho.

A importância e a identidade do sítio é refletida, ainda hoje, na presença de alguns

elementos marcantes e que assinalam e identificam esta centralidade. São estes elementos

que conferem identidade ao sítio e ao lugar e representamos principais traços da História e

da Memória do Centro do concelho da Murtosa. No essencial representam e assumem-se

como elementos, com os quais a população se identifica e relaciona com a sua vivência

quotidiana, quer do passado, quer atual.

Consultando a página Web do município (http://www.cm-murtosa.pt) e a título de exemplo,

referem-se os seguintes elementos edificados:

≥ O edifício da Antiga Câmara Municipal (1), situado na Rua Dr. Carlos Barbosa,

Lugar de Pardelhas. Antiga habitação de Manuel Maria Barbosa. Adquirida para

funcionamento dos Paços do Concelho após a autonomia do município em 1926.

Aí funcionaram os serviços municipais até à inauguração do atual edifício dos

Paços do Concelho, na Acabada.

≥ O Edifício Tavares Gravato (2), situado em pleno Centro de Pardelhas, é um

espaço com história. Por ele passaram, ao longo dos anos, múltiplos serviços

públicos, dos Bombeiros ao Registo Civil, passando por departamentos da Câmara

Municipal até à Rádio Saldida. Atualmente, e depois de um processo de

recuperação e de qualificação do edifício, encontra-se aí instalado o Arquivo

Municipal. Mais do que a reabilitação de um edifício, as obras de recuperação do

Tavares Gravato representam a preservação da memória coletiva.

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≥ O Centro Recreativo (3), situado na Avenida 29 de outubro, Lugar de Pardelhas.

Edifício mandado construir pela Direção do Centro Recreativo Murtoense para sua

sede e teatro-clube. O projeto teve início em 1929, idealizado por J. Villar, tendo

sido inaugurado em 27 de setembro de 1931. É um edifício robusto com dois pisos.

Na fachada principal, no piso térreo, abrem-se três portas retangulares. No piso

superior abrem-se duas janelas e uma porta que dá acesso a uma varanda. No

piso inferior do edifício podemos encontrar a sala de teatro que, na cimalha do

palco, possui uma pintura de Dimas de Macedo, cujo tema é a "Arte Xávega

≥ A Igreja de Pardelhas (4) situa-se na Avenida 29 de outubro, em Pardelhas. O

atual edifício foi concluído em 1939. Veio substituir uma antiga capela situada num

dos lados da praça atual de Pardelhas. É uma igreja ampla, com uma torre ao meio

da fachada. A Igreja situa-se no exterior da área de intervenção do plano de

urbanização mas estabelece com o centro e, em especial, com a Praça Jaime

Afreixo, através da Avenida 29 de outubro, uma relação urbana interessante.

≥ A Santa Casa da Misericórdia da Murtosa (5), situada na Rua dos Condes, no

lugar de Pardelhas. Antigo Asilo-Hospital de S.Lourenço de Pardelhas, instituído

pelo benemérito António José de Freitas Guimarães.

Nenhum destes elementos patrimoniais se encontra classificado pelo que é proposta

assumida pelo plano de urbanização, atendendo ao valor e ao significado que estes

elementos representam para a Memória e para a História do Núcleo Histórico, que sejam

objeto de classificação de imóveis de interesse municipal.

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FIGURA 18 – EDIFÍCIOS MARCANTES DA MEMÓRIA E DA IDENTIDADE DO SÍTIO

FONTE: HTTP://WWW.CM-MURTOSA.PT

1

2

3

4

5

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Mas é o Mercado que, atualmente, se realiza todas as Quintas-Feiras em frente aos Paços

do Concelho e de Segunda-Feira a Sábado, no mercado Tavares Gravato, em Pardelhas, e

portanto, inserido na área de intervenção do PU-ZHM que representa o principal lugar de

encontro e de sociabilidade. A imagem dos anos 40 relembra a vivência e a importância

desta infraestrutura, sendo na primeira metade do século passado um dos mais

movimentados da região. O Mercado mantém, ainda, a entrada principal pela Rua 29 de

outubro.

FIGURA 19 – O MERCADO

FONTE: MURTOSA FOTO MEMÓRIA DE ALEXANDRA RAMOS

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A Praça Jaime Afreixo onde se destaca o monumento ao Almirante Jaime Afreixo é um

elemento urbano central no aglomerado de Pardelhas. Representa, por si mesmo, o centro e

é em torno desta Praça que se instalam os principais serviços e estabelecimentos

comerciais. O Monumento ao Almirante Jaime Afreixo, situado na Praça Jaime Afreixo, em

Pardelhas, comemora a elevação da Murtosa a Concelho em 29 de outubro de 1926. Foi

realizado pelo escultor Henrique Moreira e encomendado pela Câmara Municipal da

Murtosa. A inauguração deste monumento faz parte de um conjunto de muitas outras ações,

nomeadamente o descerramento das placas de novas ruas do concelho, que se realizaram

para marcar as bodas de prata do Concelho, em 1951.

FIGURA 20 – PRAÇA JAIME AFREIXO

FONTE: HTTP://MAPAS.SAPO.PT/

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20 ELEMENTOS DEFINIDORES DA ESTRUTURA URBANA

A malha e a estrutura urbana da área de intervenção são típicas dos Núcleos Antigos.

Estrutura densa, marcada por uma rede de arruamentos, becos e vielas, estreitos, sem

estacionamento nem passeios, e que suportam e orientam uma ocupação densa embora

sustentada em tipologias unifamiliares.

A morfologia do sítio é marcada por um Eixo Principal e uma Praça. O elemento central da

estrutura desta área é o Largo Jaime Afreixo. Este representa o principal lugar de

sociabilidade e de vivência urbana e assume-se como um elemento marcante na história e

na memória murtusense. O Largo Jaime Afreixo é o principal elemento de referência da

área de intervenção, a partir do qual se prolongam, quer para Norte quer para Sul da área de

intervenção, os vários eixos viários que constituem e suportam a malha urbana do Núcleo

Histórico da Murtosa. Da Praça Jaime Afreixo, para Norte, bifurcam as Ruas dos

Percursores e a Av. 29 de outubro que termina na rua Carlos Sousa Ferreira, onde se

localiza a Igreja de Pardelhas. Para Sul desenvolvem-se a rua Dr. Carlos Barbosa e a rua

António José Freitas Guimarães.

O Fecho da malha e da estrutura urbana da área de intervenção do plano é garantida a

Poente pela Rua da Rigueirinha, a Nascente pelo eixo constituído pela Rua União

Beneficiente Murtoense, e pelo Caminho da Feira, a Norte pela Rua Carlos Sousa Ferreira e

a Sul pela rua dos Condes.

A área de intervenção apresenta um nível elevado de consolidação urbana. Do ponto de

vista tipo-morfológico, predomina a habitação unifamiliar. Os padrões de ocupação

apresentam na zona mais consolidada uma ocupação baseada numa estrutura e malha

urbana do tipo “geminada” sustentada em arruamentos existentes, alguns deles, estreitos,

becos e vielas em muitos casos sem saída. Na zona mais a Sul existe uma consolidação de

menor densidade e evidencia-se a tendência para a construção da tipologia unifamiliar

isolada em lote de maior dimensão.

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Apesar da dimensão exígua da área de intervenção para a análise estudo em sede de plano

de urbanização e, apesar, do elevado grau de consolidação e execução de toda a área de

intervenção é possível identificar diferentes parcelas que requerem atitudes de projeto

diferenciadas. Assim, e apesar do nível de consolidação de toda a área de intervenção do

plano de urbanização poderemos considerar diferentes setores que evidenciam, ao nível do

projeto existente e esperado, características e problemas diferenciados.

Assim podemos considerar um primeiro setor onde as obras de urbanização incidirão,

essencialmente, em ações de reabilitação e recuperação do edificado existente e que é

delimitado a Nascente pela rua dos Percursores, até ao Largo Jaime Afreixo, a Poente pela

rua da Rigueirinha, a Norte pelo Beco da Regueirinha II e ainda pelos terrenos da Câmara

Municipal, onde se encontra instalado os armazéns da Câmara Municipal e o novo Arquivo

Municipal e a Sul pela Viela da Regueirinha e pelo Caminho do Ferreirinha. Neste setor

insere-se ainda o quarteirão delimitado a Poente pela Avenida 29 de outubro, a Nascente

pelo Caminho da Feira, a Norte pelo arruamento pedonal de ligação ao Largo da Câmara

Municipal e a Sul pela rua António José Freitas Guimarães. A existência de espaços vazios

no interior dos quarteirões e de edificado, nomeadamente anexos em mau estado de

conservação, irão, por certo, motivar processos de qualificação e aproveitamento desses

espaços, concorrendo para o processo de qualificação do tecido urbano.

Poderemos, ainda, considerar um segundo setor onde são esperadas, essencialmente,

obras de urbanização que procurem colmatar e preencher alguns dos terrenos vazios, em

especial, interiores de quarteirões. Neste setor insere-se o quarteirão a Norte da área de

intervenção, delimitado a Sul pelo Beco da Regueirinha II e ainda pelos terrenos da Câmara

Municipal, onde se encontra instalado os armazéns da Câmara Municipal e o novo Arquivo

Municipal, a Norte e Nascente pela rua dos Percursores e a Poente pela Travessa e rua da

Rigueirinha. Neste setor insere-se também o quarteirão delimitado a Norte pela Viela da

Regueirinha e pelo Caminho do Ferreirinha, a Poente pela rua da Rigueirinha e rua José

Portugal, a Nascente pela rua Dr. Carlos Barbosa e a Nascente Sul pela rua D. Maria das

Dores Tavares de Sousa. Neste setor insere-se, ainda, o quarteirão delimitado a Sul e

Nascente pela rua dos Condes, a Poente pela rua Dr. Carlos Barbosa e a Norte pelas

traseiras do edificado que constitui a frente da rua António José Freitas Guimarães.

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Finalmente, podemos considerar o setor onde se espera que ocorram projetos de

consolidação do tecido urbano. Este setor é constituído pelo quarteirão a Norte da área de

intervenção, delimitado a Norte pelo limite da área de intervenção a rua Luís de Camões, a

Nascente pela Avenida 29 de outubro, a Poente pela rua dos Percursores e a Sul pelo Largo

Jaime Afreixo, onde se insere o Mercado Municipal. Neste contexto e neste setor, torna-se

essencial promover a intervenção no espaço que é propriedade da Câmara Municipal e

atualmente afeto aos armazéns da Câmara Municipal e resolver o problema de

estacionamento e da circulação no espaço contíguo e que afeta o edifício do Arquivo

Municipal. Efetivamente, o plano de urbanização será, assumidamente, um plano de

zonamento simples que procura regular sem impor desenho e, acima de tudo, que procura

compreender as características e o contexto urbanístico de uma área central perfeitamente

consolidada.

Apesar destas características diferenciadas de diversos setores da área de intervenção do

plano de urbanização a verdade é que tal instrumento de gestão territorial não encerra nem

o grau de pormenorização nem a vocação para enquadrar estas especificidades próprias da

escala de projeto. Por isso, a opção do plano de urbanização pela reunião numa única

categoria de espaço: Espaço Central afigura-se como a opção mais adequada e ajustada à

realidade urbanística da área de intervenção.

21 A MALHA URBANA E A ESTRUTURA VIÁRIA

A organização territorial da área de intervenção do plano sustenta-se nos eixos viários

principais, constituídos em torno da Praça Jaime Afreixo, nomeadamente a Avenida 29 de

outubro, a rua dos Pecursores, rua Dr. Carlos Barbosa e Rua Dr. Barbosa Magalhães, rua

António José Guimarães e rua União Beneficente Murtosense.

Foi em torno da influência deste eixos que a malha urbana atual se desenvolveu. A área de

intervenção encontra-se atualmente servida por arruamentos com perfil reduzido e que

apesar de algumas intervenções recentes, são evidentes as insuficiências registadas na

resposta ao volume de tráfego que a ela aflui, pelo caráter de centralidade urbana,

associada à concentração de atividades comerciais e de serviços, nomeadamente através

da falta de estacionamento, assim como algumas insuficiências em termos de dimensão de

passeios, que normalmente não ultrapassa os 1,5 metros de largura.

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A Estratégia que o Plano de Urbanização a este nível, passa pela indicação de novos

alinhamentos, que garantam a introdução de perfis adequados ao suporte da atividade

urbana, e que ao mesmo tempo identifiquem os canais para a rede viária da área de

intervenção. Efetivamente, o plano de urbanização será um plano o mais simples possível

que procura regular sem impor soluções desenhadas rígidas e, acima de tudo, que procure

compreender as dinâmicas e o contexto urbanístico desta centralidade urbana perfeitamente

consolidada.

22 CIRCULAÇÃO, MOBILIDADE E ESTACIONAMENTO

A área de intervenção do Plano de Urbanização apresenta insuficiências em termos de

condições de circulação, mobilidade e de estacionamento. Por se tratar de um núcleo

urbano constituído maioritariamente por edificado antigo, onde o perfil dos arruamentos varia

entre os 5 e os 6 metros, o que não oferece as condições favoráveis a introdução de

passeios, e muito menos de estacionamento. O passeio, quando existe, não ultrapassa os

1,5 metros e o estacionamento aparece, pontualmente, associado a edifícios de

intervenções urbanísticas mais recentes e à existência de comércio e serviços no r/c.

Também neste domínio o plano de urbanização o máximo de compatibilização e

compreensão do modelo urbano e das características do sítio. Para isso terá, forçosamente,

de prever situações de excecionalidade que salvaguardem as operações urbanísticas em

tecido perfeita e totalmente consolidado, do cumprimento das regras e dos parâmetros

relativos ao estacionamento e ao perfil das vias que o plano sugere como os desejáveis.

23 O EDIFICADO

A área de intervenção do Plano de Urbanização é na generalidade constituída por uma

malha edificada muito antiga. Regista-se um número significativo de edifícios em mau ou

razoável estado de conservação, bem como de intervenções mais recentes de recuperação

de edifícios existentes ou de novas construções.

Do edificado existente, destacam-se alguns edifícios, pelas suas características

arquitetónicas, nomeadamente o edifícios da Antiga Câmara Municipal, a Casa Tavares

Gravato, o Centro Recreativo da Murtosa e o Edifício da Santa Casa da Misericórdia, e

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porque conferem identidade ao sítio e ao lugar e representam os principais traços da História

e da Memória do Centro do concelho da Murtosa.

24 ESPAÇOS DE SOCIABILIDADE (EQUIPAMENTOS E ESPAÇOS PÚBLICOS)

Em termos de espaços de uso público a área de intervenção regista a localização de

espaços de equipamento de relevância concelhia, nomeadamente o Mercado Municipal, o

Arquivo Municipal, o Centro Recreativo, a Santa Casa da Misericórdia e o Centro

Comunitário, mas que no entanto não apresentam nenhum espaço de recreio e lazer de

caráter público associado, pelo que a Praça Jaime Afreixo, é o único espaço público

destinado a esse uso, assumindo-se com o principal espaço de sociabilidade da área de

intervenção.

Um aumento da urbanização por via do preenchimento dos espaços vazios e da substituição

e /ou reabilitação do edificado existente", pode criar as condições para que o Núcleo

Histórico da Murtosa, se volte mais para os seus espaços de sociabilidade, valorizando-os

ao nível da imagem e proporcionando aos residentes e visitantes um maior e mais agradável

usufruto.

25 AS FUNÇÕES E O “PULSAR” DO SÍTIO

A área de intervenção do Plano de Urbanização do Núcleo Histórico da Murtosa, assume um

caráter de relevo no contexto urbano da sede de concelho, uma vez que é neste espaço,

mais concretamente na envolvente da Praça Jaime Afreixo e na Avenida 29 de outubro,

onde se concentram os principais serviços, nomeadamente agências bancárias, a atividades

comercial, que varia desde a pequena loja de rua (roupa, ourivesaria, eletrodomésticos, café

pastelaria, e outros), restaurantes, armazém chinês, mini mercado e ainda o mercado

municipal e outros equipamento de importância concelhia, como seja o Arquivo Municipal e o

Centro Recreativo da Murtosa.

A área de intervenção identifica-se, de algum modo, como um importante pulmão de alguns

setores de atividade económica que se encontram instalados no concelho da Murtosa,

nomeadamente na sua sede de concelho.

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26 INFRAESTRUTURAS

A área de intervenção do Plano de Urbanização do Núcleo Histórico da Murtosa, por se

tratar de uma área central, praticamente consolidada, apresenta uma total cobertura em

termos de infraestruturas básicas, nomeadamente rede abastecimento de água, rede de

saneamento, rede elétrica, rede de telecomunicações e rede de gás.

27 PROBLEMAS E POTENCIALIDADES

PROBLEMAS

Os principais problemas da área de intervenção do PU do Núcleo Histórico da Murtosa

estão, em grande parte, associados a seis razões principais:

1. DEFICIT DE ESPAÇOS PÚBLICOS

A Praça Jaime Afreixo é o único espaço público destinado a esse uso e assume-se como o

principal espaço de sociabilidade da área de intervenção. Os restantes espaços públicos não

apresentam, nem estrutura nem dimensão que qualifiquem o lugar e que contribuam para

uma imagem e uma estrutura mais “desafogado” do tecido urbano.

2. MAU ESTADO DE CONSERVAÇÃO DO EDIFICADO

A malha edificada regista um número significativo de edifícios em mau ou razoável estado

de conservação. É esta a imagem que ressalta a quem percorre a área de intervenção do

plano apesar de algumas intervenções, recentes e interessantes, de recuperação de

edifícios existentes ou de novas construções. É importante que o plano de urbanização

motive e incentive as ações de recuperação e qualificação do tecido consolidado.

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3. PROBLEMAS VIÁRIOS/CIRCULAÇÃO/ESTACIONAMENTO

Registam-se insuficiências em termos de condições de circulação, mobilidade e de

estacionamento, associados a arruamentos de perfil estreito, que varia entre os 5 e os 6

metros, o que não oferece as condições favoráveis a introdução de passeios, e muito menos

de estacionamento, que surge pontualmente, associado a edifícios de intervenções

urbanísticas mais recentes, e à existência de comércio e serviços no r/c. Um dos problemas

registados na área de intervenção do Plano de Urbanização prende-se com a reduzida

capacidade de resposta em termos de estacionamento. A localização do mercado municipal,

em parceria com a localização de atividades comerciais e de serviços, funcionam como

principais geradores de tráfego da área de intervenção, sendo os responsáveis pela

afluência de tráfego automóvel que ocorre na área de estudo.

Não é tarefa fácil resolver ou encontrar soluções equilibradas para o problema do

estacionamento e da circulação em tecidos urbanos assim, densos e consolidados, e

estruturados num sistema de arruamentos de perfil reduzido e de vielas estreitas. Por isso é

opção do plano de urbanização estabelecer e definir os alinhamentos considerados

essenciais à funcionalidade do tecido urbano.

4. ALINHAMENTOS URBANOS DÉBEIS E DESESTRUTURADOS

A malha urbana desenvolveu-se e encontra-se atualmente sustentada em arruamentos

existentes, de perfil reduzido, alguns deles, becos e vielas em muitos casos sem saída, sem

alinhamentos definidos. As novas intervenções urbanísticas, baseadas na recuperação do

edificado existente e o aparecimento de novas edificações, promovem o desalinhamento do

edificado. Daí a preocupação principal do plano de urbanização com a definição de regras

que favoreçam e incentivem a adoção de alinhamentos capazes de proporcionar e qualificar

um ambiente urbano agradável.

5. IMAGEM E LEGIBILIDADE URBANAS

A área de intervenção apresenta algumas fragilidades, como sejam a perda de referências

urbanas e a ausência de elementos estruturantes em termos de imagem e funcionamento do

sistema urbano, justificadas em grande parte pela falta de dinamismo das atividades

económicas tradicionais.

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POTENCIALIDADES

Podemos identificar, como principais potencialidades da área de intervenção do PU do

Núcleo Histórico da Murtosa:

1. RELAÇÕES DE VIZINHANÇA;

A malha urbana antiga e sustentada em arruamentos de perfil reduzido, alguns deles, becos

e vielas em muitos casos sem saída, promovem a criação de espaços informais e de

proximidade na utilização dos espaços de uso público, que criam importantes relações de

vizinhança e de vivência urbana.

2. PRINCIPAL CENTRALIDADE DO CONCELHO

A área de intervenção identifica-se, de algum modo, como um importante pulmão de alguns

setores de atividade económica que se encontram instalados no concelho da Murtosa,

nomeadamente na sua sede de concelho. É na envolvente da Praça Jaime Afreixo e na

Avenida 29 de outubro, onde se concentram os principais serviços, nomeadamente agências

bancárias, a atividades comercial, e ainda o mercado municipal e outros equipamento de

importância concelhia, como seja o Arquivo Municipal e o Centro Recreativo da Murtosa. Por

isso, a aposta no espaço público de circulação e de estar deve estar presente no plano de

urbanização através da introdução de passeios ou mesmo da diferenciação de pavimentos.

3. IDENTIDADE E MEMÓRIA

A importância e a identidade do sítio é refletida, ainda hoje, na presença de alguns

elementos marcantes e que assinalam e identificam esta centralidade. São estes elementos

que conferem identidade ao sítio e ao lugar e representamos principais traços da História e

da Memória do Centro do concelho da Murtosa. No essencial representam e assumem-se

como elementos, com os quais a população se identifica e relaciona com a sua vivência

quotidiana, quer do passado, quer atual. Os principais Elementos Marcantes do sítio são

sem dúvida, pela sua História, pela sua presença (Arquitetura, Dimensão e Localização) e

pela sua relação com a envolvente, a Igreja de Pardelhas, o Mercado Municipal, a

Misericórdia, o Centro de Saúde, o Centro Recreativo e a Praça Jaime Afreixo. Os

equipamentos são elementos de excelência de um espaço urbano que se quer qualificado,

porque atraem as pessoas e lhes permitem usufruir do seu território.

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ORIENTAÇÕES PARA O PLANO DE URBANIZAÇÃO

Tendo em conta o nível de consolidação da área de intervenção e que a posse da

propriedade é, quase exclusivamente, privada, facilmente nos deparamos com as

dificuldades de intervenção sobre este território.

Intervir ao nível da imagem do edificado motivando e implementando processos de

requalificação do edificado; intervir ao nível da estruturação do tecido urbano ganhando

espaço para a introdução de passeios e de mais espaços públicos e intervir ao nível da rede

de arruamento definindo e impondo alinhamentos coerentes, parecem ser desafios

extremamente difíceis de alcançar. No entanto, será essa a aposta do plano de urbanização.

Procurar, através da definição de alinhamentos, motivar, pouco a pouco, a estruturação e

qualificação do tecido urbano. Ao mesmo tempo o município apostar na requalificação e

recuperação de alguns edifícios marcantes e dos principais espaços públicos de forma a

incutir motivação e dinâmicas de interesse na recuperação das estruturas edificadas.

Neste último ponto a intervenção sobre os pavimentos, diferenciando-o, e a organização de

sentidos de tráfego, em torno da Praça Jaime Afreixo podem representar ações motivadoras

de novas dinâmicas de requalificação urbana.

O desafio mais difícil de alcançar, certamente, incidirá na execução de novos alinhamentos

e na melhoria do nível de circulação e de estacionamento. Só será possível intervir nestes

setores à custa da intervenção e qualificação do interior dos quarteirões, atualmente

descaracterizados, desocupados ou mesmo abandonados, que promovam o aparecimento

de espaços de públicos de recreio e lazer e valorizem a imagem do sítio. E neste campo as

orientações são também bastante simples na forma como podem ser expressas, o mesmo já

não se poderá dizer da sua forma de execução. A intervenção qualificadora da Imagem e da

Funcionalidade do Sítio passará, obrigatoriamente, pelo chão e pelas fachadas.

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Sobre as Vias a preocupação central é o chão, ao nível da pavimentação das vias

(pedonais), do passeio e do estacionamento onde for possível. Redesenhar

os alinhamentos e promover o tratamento dos Espaços Públicos

Sobre o Edificado, a preocupação central é a de construir uma imagem coerente e

equilibrada na relação dos volumes com o espaço, bem como nos processos

de renovação ou substituição de edifícios

O que o plano de urbanização sugere é um esforço na intervenção sobre o “chão” e

essencialmente sobre o que é público. Estudo rua a rua para avaliar da possibilidade de

introduzir a arborização, o passeio e o estacionamento sempre que for possível. Do parque

habitacional existente espera-se que, gradualmente, responda a uma atitude que procura

qualificar melhor os espaços, sejam construídos ou não o sejam. De facto a presença de

elementos construídos, os materiais de construção utilizados ou a relação com os espaços

públicos contíguos, assumem um papel preponderante na definição da imagem urbana do

sítio.

A título de exemplo ilustram-se duas situações onde são evidentes os problemas de

funcionalidades urbanas mas que revelam, também, o potencial de uma eventual

intervenção de qualificação urbana.

A Feira e o Mercado de Pardelhas representavam na primeira metade do século XX um dos

principais pólos de comércio a nível regional. Era, assumidamente, um lugar de encontro e

de sociabilidade urbana de referência. O Mercado de Pardelhas, tal como hoje, mantinha a

sua entrada principal pela agora designada Rua 29 de outubro. “O Peixe fresco era um dos

principais produtos transacionados no mercado. Nos anos 30 do século XX acorriam à Feira

de Pardelhas grandes multidões. Alfaias agrícolas, utensílios de uso doméstico, objetos de

adorno pessoal, produtos hortícolas, animais, cerâmicas, tecidos, vimes, ferragens… de tudo

um pouco era possível comerciar…”

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

A intervenção sobre a rua Dr Carlos Barbosa, à imagem da globalidade da intervenção no

Núcleo Histórico da Murtosa, passa essencialmente pela introdução de medidas que visam a

definição de alinhamentos para os novos edifícios e a qualificação do espaço público,

através da introdução de passeios mais lagos, ou mesmo a introdução de pavimentos

diferenciados que privilegiem o peão em relação ao automóvel, mas também implementar

uma disciplina em termos de sentidos de tráfego, nomeadamente a criação de arruamentos

de sentido único, que possibilitem a introdução de estacionamento e de mobiliário urbanos

que promova e dignifique a imagem do sítio.

FIGURA 21

A FEIRA E O “MERCADO EM

PARDELHAS”

FONTE

MURTOSA FOTO MEMÓRIA,

ALEXANDRA RAMOS

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

FIGURA 22 – A RUA DR CARLOS BARBOSA – RUA CENTRAL DE PARDELHAS

FONTE

MURTOSA FOTO MEMÓRIA, ALEXANDRA RAMOS

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CAPÍTULO 7 CONDICIONAMENTOS AO PLANO E AO PROCESSO DE

URBANIZAÇÃO

28 SERVIDÕES E RESTRIÇÕES DE UTILIDADE PÚBLICA

Na área de intervenção, não se registam servidões ou restrições de utilidade pública. Trata-

se de um espaço urbano central e praticamente consolidado, não existindo espaços afetos

ao regime da Reserva Agrícola e Reserva Ecológica Nacionais. As condicionantes à

ocupação, identificadas nos elementos desenhados, prendem-se essencialmente com a

rede de estradas nacionais, rede elétrica e áreas em termos de zonamento do ruído.

29 O EXISTENTE E A PROPRIEDADE

A propriedade privada é sempre um dos principais obstáculos á concretização das

intervenções urbanísticas estruturadas. Este caso não foge á regra. A propriedade é

bastante retalhada e é privada. A Negociação é um dos imperativos para a resolução dos

problemas de cadastro.

O presente Plano de Urbanização surge assim como instrumento que, de uma forma

integrada, poderá contribuir para solucionar os objetivos de partida. O plano de urbanização

procura estabelecer um equilíbrio entre o plano da forma urbana (do ocupação do solo) e o

plano dos objetivos e medidas de intervenção que permitam gerir as ações públicas e

privadas, espontâneas ou suscitadas a partir de ações de forte caráter mobilizador,

assegurando a sua coerência e encaminhando-as para uma maior competitividade funcional

desta área no contexto da envolvente. Poderá recorrer-se à contratualização entre entidades

locais e da Administração Central quanto à concretização e ao financiamento dos projetos,

mas neste caso especifico, o envolvimento e responsabilização da população, ou seja a

iniciativa privada, apresenta-se como preponderante na futura concretização das propostas

do Plano de Urbanização.

CAPÍTULO 8 ZONAMENTO E PROPOSTAS

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30 A CONSTRUÇÃO DO ZONAMENTO E AS REGRAS PARA EDIFICAR

FIGURA 23 – O ZONAMENTO PROPOSTO

O Zonamento proposto procurou suporte nas características tipo morfológicas que

caracterizam a estrutura urbana do sítio, nomeadamente, tendo por base as diferentes

categorias funcionais identificadas no ponto 32 do presente relatório.

O nível de consolidação do tecido urbano e as suas características ao nível da propriedade

não permitem desenhar significativos elementos de rutura ou “novos pedaços de tecido

urbano” de dimensão significativa.

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

O desenho da propriedade e a capacidade da autarquia em influenciar as intervenções dos

promotores privados resulta em parte na incapacidade ou na dificuldade do plano de

urbanização ser capaz de desenhar uma estrutura urbana onde a reserva de espaços de

uso público, com dimensão seja significativa ou relevante.

É por isso um zonamento que promove essencialmente a definição de novos alinhamentos,

procurando apresentar preocupações e soluções em termos do desenho da estrutura do

espaço público, na orientação para projetos que podem qualificar a imagem e a estrutura do

sítio, como por exemplo a ligação entre duas vielas, a introdução de um passeio mínimo

onde não existe ou mesmo, a pavimentação de uma rua ou de uma viela ou espaço público.

Por isso, o principal desafio do PU-ZHM incide na preocupação de garantir e salvaguardar

os futuros alinhamentos das novas construções, que possam garantir desde já os espaços

canais de utilização pública, que através da sua constituição ou dimensão se assumam

como estruturantes. Neste âmbito, observa-se o território sob quatro perspetivas, que no

conjunto, traduzem uma leitura/perceção global da área em estudo:

Elementos dissonantes;

Elementos atrativos;

Elementos de Animação / vivência urbana

Elementos Marcantes

Elementos Dissonantes: incompatíveis com ambientes urbanos qualificados, e que por isso

será desejável ponderar a sua substituição, de modo a minimizar os efeitos da sua

presença, em termos visuais, funcionais e de estrutura, onde importa referir alguns edifícios

degradados e que conflituam com os alinhamentos necessários à construção de um espaço

de uso público adequado às necessidades atuais, bem com a existência de diversas

edificações tipo arrecadações, algumas bastante degradadas, localizadas nos interiores dos

quarteirões, inseridas nos logradouros das edificações principais. De salientar ainda a

existências de alguns edifícios, que dadas as suas dimensões, características arquitetónicas

e volumétricas, se destacam pela negativa, criando um impacte visual que não dignifica a

imagem do sitio, como por exemplo o edifício do armazém chinês.

No que diz respeito aos elementos dissonantes, o objetivo do PU-NHM é criar as condições

para futuras intervenções nestes espaços, de forma a promover a substituição deste tecido

urbano degradado por novas intervenções que apresentem soluções que qualifiquem e

dignifiquem a imagem do sítio, nomeadamente através da sua integração no tecido urbano

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

existente, recorrendo à criação de novas frentes urbanas, articuladas com a criação de

novos espaços de equipamento ou de espaços verdes de recreio e lazer.

Elementos Atrativos: que se constituem como espaços agradáveis e atrativos para a

população e para os habitantes. A Praça Jaime Afreixo, bem como um pequeno espaço

ajardinado junto à Igreja de Pardelhas, são na área de intervenção os elementos que

oferecem a quem percorre as ruas os principais espaços de sociabilidade.

Na intervenção sobre os elementos atrativos, o PU-NHM através da definição de novos

alinhamentos, que resultam na criação de novos espaços canais, que apresentam soluções

de desenho e aproveitamento do espaço de uso público, espaço negativo da área de

intervenção, nomeadamente a Praça Jaime Afreixo e toda a estrutura de espaços de

circulação pedonal e automóvel, criando novos espaços de dimensão não muito significativa,

mas que prestam mais um papel importante na melhoria da imagem do sítio.

Elementos de Animação/Vivência Urbana: os equipamentos de utilização coletiva

traduzem a qualidade de vida da população, pelo acesso aos principais serviços e

constituindo-se em lugares de encontro e vida social. Na área de intervenção, estão

localizados alguns equipamentos de utilização coletiva, que assumem um papel de relevo na

animação urbana da área do centro histórico de Pardelhas, nomeadamente o Centro

Paroquial, o Lar de Idosos da Misericórdia, o Mercado e o Arquivo Municipal, apesar de na

sua envolvente se encontrarem localizados outros equipamentos de importância concelhia,

como seja, o Centro de Saúde, a Câmara Municipal, os Correios, e a Igreja de Pardelhas,

etc.

Ao nível dos elementos de animação e vivência urbana, a preocupação central do plano é a

de reservar e promover a qualificação do espaço público na envolvente dos espaços de

equipamentos, bem como promover a recuperações de algum edificado, de modo a

potenciar uma atratividade diferenciada.

Elementos Marcantes: são referências que permitem a visibilidade do espaço e do território

e nos permitem orientar. Na área em estudo não são muitos, o que dificulta a legibilidade da

estrutura urbana. Importa no entanto referir como principais elementos marcantes da área de

intervenção, o Mercado Municipal, o antigo edifício da Câmara Municipal, o edifício do

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

Centro Recreativo da Murtosa, a Casa Tavares Gravato, o edifício da Santa Casa da

Misericórdia, o novo edifício do Arquivo Municipal e a Igreja de Pardelhas.

No que diz respeito aos elementos marcantes, ou aos elementos de referências no espaço,

a preocupação central do PU-NHM, é a recuperação de alguns edifícios, bem como a

intervenção ao nível dos elementos atrativos e de animação e vivência. A valorização dos

espaços públicos existentes, independentemente da sua dimensão. Os largos e as praças,

podem referenciar o território de forma a torná-lo mais percetível... São estes elementos que

nos oferecem referências que nos permitem ver o território com uma legibilidade de fácil

apreensão. O Tratamento de pavimentos e do Mobiliário Urbano. A Iluminação. E o

enquadramento das referências do espaço e do Sítio. Os valores patrimoniais a preservar

mas também outros elementos importantes para a leitura do Lugar.

31 O ZONAMENTO E AS FRAGILIDADES DO TERRITÓRIO

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É evidente uma certa fragilidade ao nível do espaço urbano. Fragilidade revelada por

exemplo:

a) Pela Imagem de uma certa (des)qualificação, quer do tecido quer do

edificado urbano.” Inverter este processo de progressiva desqualificação do

tecido urbano encontra dificuldades no nível de consolidação urbana da área e

a no facto de, praticamente, toda a área ser de posse privada;

b) Pelas dificuldades de circulação e de estacionamento próprias de um

tecido urbano antigo e denso. De facto, a existência de uma estrutura de

arruamentos de reduzido perfil e com inúmeros impasses associado ao nível de

consolidação do tecido urbano e à posse, dominantemente, privado do solo,

dificulta a intervenção, quer ao nível da introdução de elementos urbanos

qualificadores, como os passeios e os estacionamentos, quer ao nível de novos

espaços públicos.

c) Pela imagem de centro e de principal centralidade urbana do Concelho

com quem os Murtosenses se identificam e que continua a exercer uma certa

atração na vivência urbana quotidiana. Apesar de tudo, e pese embora as

dificuldades ao nível da imagem, da circulação e do estacionamento, esta área

assume-se como o Centro. E, nesse sentido, carece da implementação de um

processo de requalificação.

E é procurando ultrapassar estas fragilidades que as atenções do plano de urbanização

incidem sugerindo pequenas intervenções sobre alinhamentos, arruamentos ou mesmo

unidades de quarteirão.

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FIGURA 24 – OS VAZIOS DESQUALIFICADOS NO INTERIOR DOS QUARTEIRÕES

O Plano de Urbanização procura essencialmente orientar uma possível estrutura ou um

possível desenho dessas novas áreas a urbanizar. E como se propõe fazê-lo?

a) Primeiro procura interpretar a leitura dos arruamentos existentes e a forma

como estruturam o espaço, tendo em consideração o desenho da propriedade.

b) Partindo destas condições de base, edificado, estrutura e propriedade,

procura definir nos alinhamentos, de modo a reservar os espaços canais para

implementar os perfis desejados e procura estabelecer uma trama sobre o solo

capaz de orientar as futuras intervenções, identificando as situações de conflito.

c) Em tudo o resto o plano de urbanização procura construir uma trama

reguladora para orientar e permitir a introdução, progressiva, de uma estrutura

de tecido urbano mais qualificada sem, no entanto, impor desenho urbanos que

imponham ruturas fraturantes desse tecido urbano, já hoje, perfeitamente

consolidado.

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FIGURA 25 – OS CONFLITOS COM OS NOVOS ALINHAMENTOS

O processo de estruturação qualificação do tecido urbano do Núcleo Histórico da Murtosa

será progressivo e lento. Depende mais da iniciativa e ação dos proprietários que,

propriamente, do plano de urbanização. Nesse sentido o plano de urbanização é

“compreensivo” das dinâmicas e das características do tecido urbano e procura incentivar e

motivar as ações de requalificação do edificado mas, restringe a sua ação impositiva à

definição dos alinhamentos considerados essenciais e à regulação por via regulamentar.

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32 COMO SE ESTRUTURA O ZONAMENTO E PORQUÊ

O território em estudo é totalmente integrado em Solos Urbanizados, ou seja, em zonas

urbanas com vocação urbanística imediata, classificadas consoante a sua capacidade

construtiva ou em espaços de Uso Especial (equipamentos), ou ainda os espaços verdes

urbanos. Associado a cada uma desta Zonas o regulamento urbanístico define o conjunto de

regras que orientam o uso e ocupação do solo.

A estrutura do regulamento proposto é bastante simples e procura o equilíbrio perfeito entre

a ambição dos objetivos propostos e a realidade do território em causa. “Utopia realizável” é

a expressão que melhor traduz essa dicotomia e essa preocupação.

No essencial o território da área de estudo é classificado em três áreas principais, consoante

o seu grau de infraestruturação e a sua capacidade e vocação para suportar futuras

ocupações urbanísticas. Cada uma das áreas consideradas encerra um conjunto de zonas,

que serão diferenciadas consoante o seu destino e vocação dominantes.

ESTRUTURA DE ZONAMENTO

CLASSE CATEGORIA OPERATIVA CATEGORIA FUNCIONAL ZONAMENTO

SOLO URBANO SOLO URBANIZADO

ESPAÇO CENTRAL

ZONA A RECUPERAR

ZONA A RECONVERTER

ZONA CONSOLIDADA

ESPAÇO DE USO ESPECIAL ZONA DE EQUIPAMENTOS

ESPAÇO VERDE ZONA VERDE URBANA

A CLASSE: SOLO URBANO

De acordo com o disposto no artigo 72º (Classificação) do Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de

fevereiro, que estabelece o regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial (RJIGT), a

classificação do solo determina o destino básico dos terrenos, integrando no caso do PU-

NHM em solo urbano.

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Nos termos do que se encontra definido no Decreto-Lei n.º 46/2009 (vd. n.º 2 do artigo 72º),

e para efeitos de aplicação deste diploma, é entendível que o solo urbano corresponde ao

solo para o qual é reconhecida vocação para o processo de urbanização e de edificação,

constituindo o seu todo, o perímetro urbano. O perímetro urbano estabelecido no âmbito da

proposta do Plano de Urbanização encontra-se em conformidade com a representação

constante da Planta de Zonamento do Plano, tendo sido definido com base nos elementos

cartográficos que serviram de base à elaboração do Plano, e em perfeita articulação com a

classificação dos solos previamente estabelecidas no plano municipal de ordenamento do

território em vigor para a área de intervenção, nomeadamente o PDM Murtosa, não

resultando assim a necessidade de se proceder a qualquer tipo reclassificação do solo.

Tendo por base os conceitos dispostos no Decreto Regulamentar n.º 11/2009, os solos

classificados como urbanos integram, em termos operativos, apenas solos urbanizados, uma

vez que as características da estrutura urbana que se encontra presente na área de

intervenção do Plano assim o justificam, dado que esta integra, no Plano Diretor Municipal

da Murtosa, a classe de espaço “Espaços Urbanos (Classe 1), dentro da qual integra ainda

parcialmente, a subcategoria de espaço “Área Central de Pardelhas”

A qualificação do solo urbano, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 20º

(Critérios) do Decreto Regulamentar n.º 11/2009, designadamente no n.º 2 do seu artigo 20º,

processa-se através da sua integração em categorias funcionais e operativas a estabelecer e

a regulamentar nos planos municipais de ordenamento do território.

A CATEGORIA OPERATIVA: SOLO URBANIZADO

Correspondem ao conjunto de áreas cujas características intrínsecas e de funcionalidade,

localização e níveis de infraestruturação, indicam como as adequadas para suportar as

futuras intervenções urbanísticas do aglomerado no imediato. São as áreas

predominantemente construídas... “os espaços urbanos”. Os Solos Urbanizados integram o

tecido urbano que se encontra completa ou parcialmente infraestruturado e

predominantemente edificado. Pretende-se estabilizar e afirmar morfologias e usos urbanos,

e tipologia de edificação.

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AS CATEGORIAS FUNCIONAIS (ESPAÇO CENTRAL, ESPAÇO DE USO ESPECIAL, ESPAÇO VERDE)

As categorias funcionais são estabelecidas com base na utilização dominante e em

características morfo-tipológicas de organização do espaço urbano. Nos termos do disposto

do artigo 21º (Categorias funcionais de uso do solo) do Decreto Regulamentar n.º 11/2009, a

concretização da qualificação funcional do solo urbano é assegurada através da delimitação

das seguintes categorias:

ESPAÇO CENTRAL

Corresponde à maioria do espaço urbano onde se encontram a diversidade de funções

urbanas próprias dos núcleos urbanos centrais e integra as Zona a Recuperar, a Zona a

Reconverter e a Zona Consolidada.

A Zona a Recuperar corresponde a um conjunto de edificações com frente para as ruas Dr.

Carlos Barbosa, Avenida 29 de outubro e a Rua António Freitas Guimarães, que apresentam

uma forte relação com a imagem urbana da Zona Histórica e com a Praça Jaime Afreixo e

cujas características arquitetónicas refletem a imagem e a identidade da zona. As principais

preocupações desta Zona incidem na preservação e proteção do edificado que reflete e

traduz um valor simbólico e identitário do sítio. Nesta zona os edifícios devem ser objeto de

recuperação e valorização mantendo as características e os traços arquitetónicos que os

diferenciam. Integram esta zona os edifícios Tavares Gravato; Centro Recreativo Murtoense;

antigos Paços do Concelho; Santa Casa da Misericórdia; Café da Praça e CGD. Todos eles

representam elemento marcantes do sítio e constituem referência para a população, sendo,

por isso, também referenciados como valores patrimoniais locais.

A Zona a Reconverter corresponde a áreas que embora apresentem elevados níveis de

consolidação urbanística apresentam, também, em especial no interior dos quarteirões,

características de desestruturação urbanística (coexistência de anexos, garagens, pequenos

armazéns e outras estruturas edificadas, sem apoio de uma rede de arruamentos coerente

estruturada) que importa resolver, conferindo a estes espaços uma estrutura e uma

legibilidade urbana mais coerente.

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A Zona Consolidada corresponde ao tecido urbano perfeitamente consolidado onde as

intervenções urbanísticas incidirão na colmatação e/ou recuperação e substituição dos

edifícios.

A sistematização e organização urbanística nestas três zonas permite selecionar e identificar

diferentes preocupações e diferentes formas de atuação sobre o tecido urbano. Embora se

designe por “Zona Histórica da Murtosa”, tal designação resulta mais da memória e do

simbolismo do espaço e das funções que o sítio desempenhou no passado e desempenha

atualmente, do que propriamente das características e da importância arquitetónica dos

edifícios presentes. Mesmo assim, existem edifícios que importa preservar e salvaguardar à

erosão do tempo e que, por isso, integram a Zona a Recuperar.

Na generalidade do espaço urbano da ara de intervenção do plano as preocupação são

comuns e recorrentes. Por um lado assume-se como principal objetivo da intervenção, a

definição de novos alinhamentos de forma a construir uma malha urbana mais coerente e

equilibrada. A substituição do edificado é desejável desde que tal procedimento corresponda

a uma nova interpretação dos arruamentos e favoreça uma certa rutura com a estrutura

existente. É ao nível dos “alinhamentos e retificação do perfil dos arruamentos” que devem

ocorrer as principais transformações.

Nos espaços interiores de quarteirão pretende-se, essencialmente, qualificar o espaço

urbano, introduzindo ruturas ou mantendo a estrutura existente. Estas áreas correspondem a

áreas onde a ocupação urbana aconteceu de forma mais ou menos orgânica, ao longo de

arruamentos existentes, mas sem espaço público de suporte adequado às necessidades

iniciais da implantação. Deste facto têm resultado áreas, cuja ilegibilidade de percursos,

problemas de circulação viária e pedonal, de estacionamentos, ausência de infraestruturas

de apoio, põem em causa um crescimento e desenvolvimento harmonioso. Estas

preocupações incidem mais na Zona a Reconverter e, em especial, nos interiores dos

quarteirões onde a convivência e coexistência entre diversas funções (anexos, armazéns,

arrumos, garagens e habitações…) sem uma estrutura de arruamentos estruturada e

coerente, contribui para a desqualificação urbanística de parcelas deste território.

Na Zona Consolidada ocorre, também, um fenómeno interessante. Existem imensos

acessos cujo perfil ainda não lhes confere o estatuto de rua. São as vielas estreitas e que

suportam uma densificação urbana intensa. O objetivo principal situou-se, então, no definir

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do perfil das vias que ainda não são ruas, bem como as vielas existentes, de forma a

garantir novos alinhamento dos muros das edificações, podendo assim haver uma transição

mais equilibrada no aparecimento de espaços públicos de caráter mais urbano. Pretende-se,

impedir que as substituições de edificações existentes ou a colmatação do tecido urbano

existente se proceda de forma a não comprometer a imagem urbana do lugar e a não

incrementar a insuficiência de parâmetros de qualidade urbanísticos atualmente exigidos e

como tal não permitem estruturar convenientemente estas áreas.

Finalmente, pretende-se manter os mesmos ritmos de ocupação existentes no tecido

urbano, corrigir um ou outro alinhamento e, se possível, retificar e valorizar os perfis dos

arruamentos, criando novos espaços de uso público, importantes ao nível da Imagem e da

“des-densificação” do construído. Outra das intervenções prioritária será essencialmente

sobre as vias, desde a correção e regularização dos perfis, á introdução de passeios e/ou

estacionamento e talvez mais importante ainda, da arborização.

O ESPAÇO DE USO ESPECIAL integra a designada Zona de Equipamentos e corresponde aos

espaços que, atualmente, suportam os equipamentos existentes ou as infraestruturas

estruturantes ou a outros usos específicos, nomeadamente de recreio e lazer. Existem na

proposta de Zonamento duas áreas distintas e para as quais se perspetiva a qualificação de

funções já, atualmente, existentes, sem que isso impeça, no futuro e fruto da dinâmica de

desenvolvimento da área, serem vocacionadas para outras funções desde que,

assumidamente, de uso e utilização coletivas.

O ESPAÇO VERDE corresponde aos solos que, pela sua localização e envolvente funcional,

oferecem uma maior relação de articulação com os solos afetos a funções de habitação,

comercio e serviços e equipamentos de utilização coletiva, e nos quais se observa ou

pretende ver formalizado um predomínio de espaços qualificados ou ajardinados que

sustentem a fruição e o surgimento de atividades de recreio e lazer. No presente plano de

urbanização correspondem a pequenas áreas, de dimensão reduzida, que já hoje

representam pequenos jardins e espaços de estar e de descompressão e enquadramento do

tecido urbano.

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33 AS VIAS E OS ARRUAMENTOS…

A organização territorial da área de intervenção do plano sustenta-se em vários eixos viários,

em torno dos quais a malha urbana se desenvolveu. A área de intervenção encontra-se

atualmente servida por arruamentos com perfil reduzido e que apesar de algumas

intervenções recentes, torna-se evidente as insuficiências registadas na resposta ao volume

de tráfego que a ela aflui, pela existência de um centro urbano, de concentração de

atividades comerciais e de serviços, nomeadamente através da falta de estacionamento,

assim como algumas insuficiências em termos de dimensão de passeios, que normalmente

não ultrapassa os 1,5 metros.

FIGURA 26 – OS NOVOS PERFIS VIÁRIOS

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A Estratégia que o Plano de Urbanização a este nível passa, essencialmente, pela indicação

de novos alinhamentos que permitam definir corredores que garantam a introdução de perfis

adequados ao suporte da atividade urbana.

Em grande parte da área de intervenção, o perfil das vias já se encontra condicionado pelo

nível de consolidação da estrutura edificada. Foram então definidos novos alinhamentos e

identificadas as zonas de conflito com o edificado existente (Planta da Situação Existente e

Conflitos), que permitam reservar os canais necessários para implementar o perfil desejado,

na perspetiva de que as novas intervenções vão corrigindo o perfil e o alinhamento das

construções.

As propostas passam também por aproveitar os arruamentos existentes, intervindo

essencialmente ao nível do perfil no que diz respeito ao seu tratamento, impondo sentidos

únicos, ou criando arruamento de tráfego condicionado ou mesmo a sua “pedonalização“.

O estudo ao nível do perfil, integrando passeios, mesmo que de dimensões reduzidas, onde

for possível. A pavimentação diferenciada, podendo mesmo assim admitir-se a circulação

automóvel mas de uma forma mais condicionada. Um Estudo de Sentidos de Tráfego,

procurando “ganhar” com as situações de um só sentido espaço para o passeio ou a

circulação pedonal. Será pois uma preocupação essencialmente regulamentar com o

edificado e com as novas formas de substituição do edificado. É ao nível do “Chão” no

entanto que podem ocorrer as principais transformações. Ao nível da pavimentação, ao nível

da organização dos sentidos e do tratamento dos espaços públicos. A questão da resolução

do problema do estacionamento é que apresenta maior dificuldade.

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34 AS FUNÇÕES DESEJADAS E PRIVILEGIADAS É precisamente por se tratar de um centro, onde a atividade comercial, serviços e mesmo

cultural é uma realidade, que faz sentido em sede de plano de urbanização pensar e

promover o desenho do espaço público, criando espaços livres, onde seja atrativo a

instalação de atividades e de funções que favoreçam vivências mais urbanas. Para além dos

espaços de vivência urbana existentes na área de intervenção, a relação como centro

administrativo, o espaço feira e outros espaços de equipamentos localizados na envolvente

próxima, podem representar excelentes elementos agregadores e orientadores da definição

do novo desenho deste núcleo central.

35 AS REGRAS URBANÍSTICAS

As regras urbanísticas para a substituição de edifícios, baseiam-se essencialmente no

cumprimento dos novos alinhamentos propostos, que devem garantir uma qualificação em

termos de espaço público e promover uma Imagem coerente e equilibrada do Centro. E este

deve afirmar as suas Memórias e os seus valores Culturais.

Será pois uma preocupação essencialmente regulamentar com o edificado e com as novas

formas de substituição do edificado. É no entanto ao nível do “Chão” que podem e devem

ocorrer as principais transformações. Ao nível da pavimentação, ao nível da organização dos

sentidos e do tratamento dos espaços públicos.

As propostas passam por aproveitar os arruamentos existentes, intervindo essencialmente

ao nível do perfil no que diz respeito ao seu tratamento, impondo sentidos únicos, ou criando

arruamento de tráfego condicionado ou mesmo a sua “pedonalização”.

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36 OS ESPAÇOS DE ENCONTRO E DE SOCIABILIDADE (OS ESPAÇOS PÚBLICOS, OS EQUIPAMENTOS DE UTILIZAÇÃO COLETIVA)

No que diz respeito à valorização dos espaços públicos existentes, independentemente da

sua dimensão, a Praça Jaime Afreixo, o espaço confinante com o novo Arquivo Municipal,

onde se encontram os armazéns da Câmara Municipal, para além de outros espaços de

caráter mais informal, são alguns exemplos do tratamento ao nível do pavimento e da

introdução de Mobiliário Urbano, que o PU-NHM promove e que pode dignificar a imagem do

sítio.

FIGURA 27 – A INTERVENÇÃO AO NÍVEL DO ESPAÇO PÚBLICO

A ZONA DOS ARMAZÉNS DA CÂMARA MUNICIPAL

ESTA ÁREA DEVERÁ SER OBJETO DE PROJETOS DE

REQUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO…

A PRAÇA JAIME AFREIXO

ESTA ÁREA DEVERÁ SER OBJETO DE PROJETOS DE REQUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO

PÚBLICO…

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37 A ESTRUTURA VIÁRIA. CIRCULAÇÃO E ESTACIONAMENTO O estudo ao nível do perfil, integrando passeios, mesmo que de dimensões reduzidas, onde

for possível. A pavimentação diferenciada, podendo mesmo assim admitir-se a circulação

automóvel mas de uma forma mais condicionada, como e o caso das vielas. O estudo de

sentidos de tráfego, procurando “ganhar” com as situações de um só sentido, mais espaço

para o passeio ou para a circulação pedonal.

FIGURA 28 – OS ALINHAMENTOS E OS SENTIDOS DE TRÁFEGO

A Estratégia que o Plano de Urbanização, a este nível, passa pela indicação de corredores

que garantam a introdução de perfis adequados ao suporte da atividade urbana, e que ao

mesmo tempo identifiquem os alinhamentos para a rede viária que estrutura o aglomerado,

tendo em conta as categorias de espaço propostas na Planta de Zonamento.

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38 OS RISCOS E O PLANO DE EMERGÊNCIA A área de intervenção do PU-ZHM integra um tecido urbano perfeitamente consolidado onde

predominam vielas e arruamento de perfil reduzido. Essa característica do tecido urbano

associado a edificações com mais de 30 anos, num tecido urbano denso, constitui um fator

de risco de incêndio urbano acrescido.

O município da Murtosa situa-se, também, numa zona Risco Sísmico de intensidade VII da

Escala de Mercalli modificada (corresponde ao grau 6 de Ritcher) pelo que numa ocorrência

desta magnitude poderão verificar-se danos significativos em edifícios e nas principais

infraestruturas. Trata-se, assim, e em função da ocupação humana e do parque habitacional

envelhecido, de uma zona de vulnerabilidade à ocorrência de sismos, moderada a elevada.

Outros riscos associados a intempéries como por exemplos tornados, fenómenos

meteorológicos extremos e inundações urbanas podem ocorrer e produzir efeitos negativos

significativos. A proximidade da zona costeira é um fator de risco acrescido.

Assim, a execução e implementação do PU-ZHM deve ter sempre em consideração a

articulação permanente com as disposições e orientações do Plano Municipal de

Emergência de Proteção Civil quer quantos à caracterização e previsão de riscos, quer

quanto às formas e aos meios disponíveis para fazer face a possíveis ocorrências.

A proteção e prevenção, em sede regulamentar, decorre já do quadro legislativo em vigor

que impõe condicionamentos específicos inerentes aos riscos.

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CAPÍTULO 9 PROGRAMAÇÃO E EXECUÇÃO

39 A PROGRAMAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANO DE URBANIZAÇÃO

Considerando as características do tecido urbano (estrutura, perfeitamente consolidado e

infraestruturado) e do modelo de ocupação da área de intervenção do Plano de Urbanização

do Núcleo Histórico da Murtosa, o processo de execução do Plano integra dois domínios

distintos:

a) Um primeiro domínio respeita à execução do PU-ZHM baseado em processos de

licenciamento, e portanto, da iniciativa e da responsabilidade exclusivamente privada. Neste

domínio a programação temporal da execução será dependente da dinâmica urbanística da

área e decorrerá, a qualquer tempo, no horizonte de vigência do plano de urbanização.

b) Um segundo domínio que incide sobre a execução de projetos pontuais visando a

qualificação dos espaços públicos e que incide, essencialmente, na esfera da

responsabilidade municipal.

FIGURA 29 – DOMÍNIOS DE INTERVENÇÃO

INSTRUMENTO

DE EXECUÇÃO PROGRAMAÇÃO CONTRATUALIZAÇÃO

EDIFICAÇÕES EM TECIDO

URBANO

LICENCIAMENTO

DE EDIFICAÇÕES VIGÊNCIA DO PLANO NÃO NECESSÁRIA

ESPAÇO PÚBLICO E

INTERVENÇÕES

EXCLUSIVAMENTE

MUNICIPAIS

PROJETOS

URBANÍSTICOS ATÉ

2017

ELABORAÇÃO DE PROJETO DE

REQUALIFICAÇÃO DA ENVOLVENTE DO

ARQUIVO E ARMAZÉM MUNICIPAIS.

A CM DA MURTOSA

PODE EXIGIR PRÉVIA

CONTRATUALIZAÇÃO

COM PROPRIETÁRIOS

OU AGENTES

ENVOLVIDOS.

ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE

REQUALIFICAÇÃO E PAVIMENTAÇÃO DA

ENVOLVENTE À PRAÇA JAIME AFREIXO

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Uma vez mais considerando as características do tecido urbano existente, perfeitamente

consolidado e com um nível de ocupação e de execução quase total, não é expectável que

ocorram, na vigência do plano, intervenções urbanísticas que necessitem ou justifiquem

ações de perequação de benefícios e de encargos resultantes do PU-ZHM. Assim, a

execução do PU-ZHM processa-se, dominantemente, através do recurso de operações

urbanísticas previstas no regime jurídico de urbanização e edificações enquadradas, ou não,

nos seguintes sistemas de execução:

a) Sistema de Compensação para a execução das Zonas a Recuperar e a

Reconverter;

b) Sistema de Imposição Administrativa, para a adoção de novos alinhamento

propostos na Planta de Zonamento e para a execução da Zona a Reconverter, caso não

ocorram transformações urbanísticas decorridos 3 anos após a eficácia do presente plano.

Tratando-se de uma área, perfeita e globalmente, consolidada, as ações de perequação

compensatória apenas ocorrerão em unidade de execução que vierem a ser delimitadas

para estruturação e organização urbanística das zonas a reconverter. Os mecanismos de

perequação a utilizar no âmbito da execução de Unidades de Execução que vierem a ser

constituídas são o Índice Médio de Utilização (IMU), o Índice Médio de Cedência e a

Repartição dos Custos de Urbanização. Os valores numéricos do índice médio de utilização

e do índice médio de cedência decorrem da edificabilidade permitida pelo PU.ZHM e

concretizada na respetiva Unidade de Execução. A Repartição dos Custos de Urbanização

deve considerar a redistribuição dos custos totais de infraestruturação proporcionalmente à

edificabilidade concretizada e decorrente da respetiva Unidade de Execução.

No entanto pode ocorrer a necessidade de promover um ou outro projeto de requalificação

que abranja uma área mais alargada, como por exemplo na zona atualmente ocupada pelos

armazéns da Câmara Municipal e que confina com o no edifício do Arquivo Municipal, ou

mesmo a intervenções ao nível da reabilitação do interior de alguns quarteirões, que

impliquem a associação entre proprietários.

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O PLANO DE FINANCIAMENTO E O PROGRAMA DE EXECUÇÃO

O Plano de Financiamento e Programa de Execução incide sobre as ações de responsabilidade essencialmente municipal.

FIGURA 30 – PLANO DE FINANCIAMENTO E PROGRAMA DE EXECUÇÃO

OBJETIVOS INSTRUMENTO CUSTOS DE

PROJETO (€) (2012)

2013 2017

2018 2021

REDE VIÁRIA

IMPLEMENTAÇÃO DE UM ARRUAMENTO QUE LIGA A RUA DR. CARLOS BARBOSA E A

RUA DA RIGUEIRINHA

ELABORAÇÃO DE

PROJETO DA

VIA. 40.000 PROJETO OBRA

INTRODUÇÃO DE PAVIMENTO DIFERENCIADO EM TODA A ÁREA CONSTITUÍDA PELA, NA RUA 29 DE OUTUBRO A PARTIR DO LARGO DA IGREJA, RUA DOS PERCURSORES

A PARTIR DO ARQUIVO MUNICIPAL, RUA ANTÓNIO FREITAS GUIMARÃES ATÉ AO

ENTRONCAMENTO COM A RUA DE MANUEL JOSÉ LOPES PEREIRA E RUA DR. CARLOS BARBOSA ATÉ À VIELA DO FAÇÃO.

ELABORAÇÃO DE

PROJETO 20.000 PROJETO OBRA

ELABORAÇÃO DE UM ESTUDO DE SENTIDOS DE TRÁFEGO ELABORAÇÃO DE

ESTUDO 15.000 ESTUDO OBRA

VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO

PÚBLICO

A) INTRODUÇÃO DE PASSEIOS MAIS LARGOS; B) IMPLEMENTAÇÃO DE ESPAÇOS DE ESTACIONAMENTO; C) PROGRAMAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES DE USO PÚBLICO E DE

MOBILIÁRIO URBANO.

ELABORAÇÃO DE

ESTUDO /

PROJETO 25.000 PROJETO OBRA PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO DA ENVOLVENTE AO ARQUIVO E AO ARMAZÉM

MUNICIPAIS

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CÂMARA MUNICIPAL DA MURTOSA PLANO DE URBANIZAÇÃO DA ZONA HISTÓRICA DA MURTOSA

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

Tendo como base a filosofia da gestão urbanística, que se pretende seja assumida durante a

vigência do Plano, será da responsabilidade do município promover a execução coordenada

e programada das ações previstas e propostas pelo Plano. Nesse sentido, importa que o

município seja capaz de assumir um papel de agente concertador e dinamizador da

colaboração das diversas entidades públicas e privadas com interesse mo processo de

qualificação da área de intervenção e cuja tradução se deverá observar, em termos

operativos, na concretização dos novos alinhamentos das edificações, na implementação

das infraestruturas urbanas e viárias. Esta coordenação e execução programada do Plano,

que face à atual conjuntura socioeconómica em muito dependerá da dinâmica de

investimento privado, determina para os agentes públicos e privados, o dever de

concretização e adequação das pretensões aos objetivos e prioridades a estabelecer pelo

Plano, ficando igualmente determinada a sua participação, direta ou indireta, no seu

financiamento.

A qualificação operacional que se encontra estabelecida em função do modelo de

organização territorial proposto para a área de intervenção, que reveste a qualificação da

globalidade do solo urbano como solo urbanizado, permitirá ao município, em função das

dinâmicas urbanísticas futuras, possibilitar a definição de áreas prioritárias de intervenção,

com o eventual recurso, caso se entenda como necessário e/ou desejável, à delimitação de

unidades de execução ou de áreas a submeter à elaboração de Plano(s) de Pormenor.

A execução do Plano processa-se de acordo com o disposto no regime Jurídico dos

Instrumentos de gestão territorial, podendo a Câmara Municipal condicionar o licenciamento

ou autorização de operações urbanísticas, à prévia realização de operações de loteamento

conjunto, unidades de execução e/ou programas de ação territorial.

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CÂMARA MUNICIPAL DA MURTOSA PLANO DE URBANIZAÇÃO DA ZONA HISTÓRICA DA MURTOSA

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RELATÓRIO DO PLANO MAIO 2012

Murtosa, maio de 2012

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PLANO DE URBANIZAÇÃO DA ZONA HISTÓRICA DA MURTOSA

RELATÓRIO DO PLANO – MAIO 2012