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 Plano diretor e desastres naturais...  Estudos Geográfic os, Rio Claro, 12(1): 132-152, jan./jun. 2014 (ISSN 1678   698X) http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/estgeo  132 PLANO DIRETOR E DESASTRES NATURAIS: CONSIDERAÇÕES SOBRE O B AIRRO CAMPOS ELÍSEOS  RIBEIRÃO PRETO (SP) Myramaya Jabur 1  Mara Eliana Graeff Dickel  2  Iára Regina Nocentini André  3  Resumo: O presente artigo é parte da dissertação de mestrado defendida no programa de Pós Graduação em Geografia e, tem por objetivo discutir o processo de urbanização, e os consequentes riscos e desastres (inundações) deflagrados no Bairro Campos Elíseos, município de Ribeirão Preto (SP). Considerado o bairro mais populoso do município, teve um processo de urbanização desordenado, com deficiente planejamento do uso e ocupação do solo, degradação e retirada de vegetação nativa. Este cenário resultou na ocorrência de eventos atmosféricos extremos como inundações e enxurradas, não somente nesta área de Ribeirão Preto, mas também em outros bairros. Neste contexto, objetivou-se discutir as ações para melhoria, redução e erradicação de enchentes, inundações, realizadas pela prefeitura tendo como base a atuação da defesa civil e também os preceitos do Plano Diretor municipal. Palavras-chave: plano diretor; riscos; desastres naturais. MASTER PLAN AND NATURAL DISASTERS: CONSIDERATIONS ABOUT THE NEIGHBORHOODCA MPOS ELÍSEOS   RIBEIRÃO PRETO (SP) Abstract: This article is part of the master’s degree dissertation defended at the Geography Postgraduate program, and aims to discuss the urbanization process and theconsequent risks and disasters triggered in the Campos Elíseos neighborhood, Ribeirão Preto (SP). Considered the most populous neighborhood of the city, it had a disordered urbanizationprocess , with a deficient use planning and land use, degradation and removal of nativevegetation. This scenario resulted in the occurrence of extreme weather events such as floodsand flesh floods, not only in this area of Ribeirão Preto, but also in other neighborhoods. In thiscontext it was aimed to discuss actions for improvement, reduction and eradication of 1  Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista (UNESP)   Câmpus de Rio Claro. [email protected] 2  Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista (UNESP)    Câmpus de Rio Claro. [email protected] 3  Professora Assistente do Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista (UNESP)   Câmpus de Rio Claro. [email protected]

PLANO DIRETOR E DESASTRES NATURAIS: CONSIDERAÇÕES SOBRE O BAIRRO CAMPOS ELÍSEOS – RIBEIRÃO PRETO (SP)

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  • Plano diretor e desastres naturais...

    Estudos Geogrficos, Rio Claro, 12(1): 132-152, jan./jun. 2014 (ISSN 1678698X) http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/estgeo

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    PLANO DIRETOR E DESASTRES NATURAIS: CONSIDERAES SOBRE O BAIRRO CAMPOS

    ELSEOS RIBEIRO PRETO (SP)

    Myramaya Jabur1

    Mara Eliana Graeff Dickel 2

    Ira Regina Nocentini Andr 3

    Resumo: O presente artigo parte da dissertao de mestrado defendida no programa de Ps Graduao em Geografia e, tem por objetivo discutir o processo de urbanizao, e os consequentes riscos e desastres (inundaes) deflagrados no Bairro Campos Elseos, municpio de Ribeiro Preto (SP). Considerado o bairro mais populoso do municpio, teve um processo de urbanizao desordenado, com deficiente planejamento do uso e ocupao do solo, degradao e retirada de vegetao nativa. Este cenrio resultou na ocorrncia de eventos atmosfricos extremos como inundaes e enxurradas, no somente nesta rea de Ribeiro Preto, mas tambm em outros bairros. Neste contexto, objetivou-se discutir as aes para melhoria, reduo e erradicao de enchentes, inundaes, realizadas pela prefeitura tendo como base a atuao da defesa civil e tambm os preceitos do Plano Diretor municipal. Palavras-chave: plano diretor; riscos; desastres naturais.

    MASTER PLAN AND NATURAL DISASTERS: CONSIDERATIONS ABOUT THE

    NEIGHBORHOODCAMPOS ELSEOS RIBEIRO PRETO (SP)

    Abstract: This article is part of the masters degree dissertation defended at the Geography Postgraduate program, and aims to discuss the urbanization process and theconsequent risks and disasters triggered in the Campos Elseos neighborhood, Ribeiro Preto (SP). Considered the most populous neighborhood of the city, it had a disordered urbanizationprocess, with a deficient use planning and land use, degradation and removal of nativevegetation. This scenario resulted in the occurrence of extreme weather events such as floodsand flesh floods, not only in this area of Ribeiro Preto, but also in other neighborhoods. In thiscontext it was aimed to discuss actions for improvement, reduction and eradication of

    1 Mestre pelo Programa de Ps-Graduao em Geografia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) Cmpus de Rio Claro. [email protected]

    2 Doutoranda pelo Programa de Ps-Graduao em Geografia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) Cmpus de Rio Claro. [email protected]

    3 Professora Assistente do Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) Cmpus de Rio Claro. [email protected]

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    flooding,floods, conducted by the city based on the performance of civil defense and also the precepts ofthe Municipal Master Plan. Keywords: master plan; risk; natural disasters.

    INTRODUO

    Nas ltimas dcadas, a frequncia, ocorrncia e magnitude dos desastres ambientais tm aumentado progressivamente em todas as partes do planeta. Dados apresentados pelo Centro de Pesquisa sobre a Epidemiologia dos desastres (CRED) e pelo Banco de dados Internacional de Desastres (EM-DAT), com relao ao nmero de eventos registrados em escala mundial, inferem que o ano de 2011 totalizou 349 eventos extremos, atingindo um total de 262 milhes de pessoas, j no ano de 2012, o nmero de eventos registrados alcanou a marca de 357, atingindo 123 milhes de pessoas. Muito embora ocorreu uma reduo significativa da populao atingida, ainda torna-se urgente a execuo de aes em busca da reduo efetiva do nmero de ocorrncias e consequentemente da populao atingida.

    Desde a dcada de 1980, evidncias cientficas sobre a possibilidade de mudanas climticas, vm despertando o interesse na sociedade e na comunidade cientfica. Estas mudanas climticas tm culminado em eventos atmosfricos adversos, como secas, enchentes, ondas de calor e de frio, furaces e tempestades, afetando diferentes partes do planeta e produzido impactos socioeconmicos e ambientais.Os modelos globais de clima evidenciam mudanas climticas, as quais tm ocasionado o aumento das precipitaes intensas e consequentemente das enchentes e inundaes. No que se refere ao fato das atividades humanas causarem ou no alteraes nos eventos climticos, Marengo (2006, p.137) afirma: Projees dos modelos climticos permitem a gerao de cenrios de clima no futuro, mas ainda no distinguem ou separam os efeitos da variabilidade natural do clima da variabilidade induzida pelo homem.Esses fenmenos possuem um impacto maior nas reas urbanas, principalmente em reas de ocupaes irregulares, gerando situaes de risco s populaes locais.

    O processo de urbanizao visualizado nas ltimas dcadas, associado intensidade dos fenmenos naturais, levou as cidades ao crescimento urbano desprovido de planejamento, alocando a populao mais carente, ocasionalmente, em reas imprprias ocupao, aumentando as situaes de vulnerabilidade e de risco (TOMINAGA, 2009; FILHO; CORTEZ, 2010). Esse processo provocou impactos sociais e ambientais com profundos reflexos na vida da populao brasileira, sendo acompanhado pela distribuio desigual da renda e ampliao das desigualdades sociais.

    A concepo de risco no igual para todos, uma vez que a construo social do risco e do ambiente ope-se aos mecanismos que tendem a naturaliz-los, visto que gerada por grupos sociais especficos (VARGAS, 2009).

    A lgica segregadora sanciona a transferncia dos custos ambientais para os mais fracos contra os quais, ento, se exercita instrumentos de controle que reforam a injustia ambiental (ACSELRAD, 2002 apud VALENCIO, p. 42).

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    Associado a este contexto, as intervenes antrpicas como

    desmatamentos, alterao de drenagem, retilinizao e canalizao das drenagens urbanas, lanamento e deposio de resduos e efluentes, cortes e aterros e, a construo de moradias sem estrutura adequada em reas imprprias agravam o processo de degradao das reas urbanas. Cabe salientar que os desastres naturais no so eventos isolados, do contrrio, resultam da interao existente de um determinado evento com a vulnerabilidade de determinada populao, ou seja, medida que o tecido urbano se expande, evidencia problemas diretamente relacionados baixa capacidade de gesto urbana.

    Este aumento na incidncia de desastres naturais considerado por diversos autores como consequncia do intenso processo de urbanizao verificado no pas nas ltimas dcadas, que levou ao crescimento desordenado das cidades em reas imprprias ocupao, devido s suas caractersticas geolgicas e geomorfolgicas desfavorveis. As intervenes antrpicas nestes terrenos, tais como, desmatamentos, cortes, aterros, alteraes nas drenagens, lanamento de lixo e construo de moradias, efetuadas, na sua maioria, sem a implantao de infraestrutura adequada, aumentam os perigos de instabilizao dos mesmos. Quando h um adensamento destas reas por moradias precrias, os desastres associados aos escorregamentos e inundaes assumem propores catastrficas causando grandes perdas econmicas e sociais (FERNANDES et. al., 2001; CARVALHO e GALVO, 2006; LOPES, 2006; TOMINAGA, 2007 apud TOMINAGA, 2009, p. 20).

    A realidade brasileira, no que concerne aos desastres ambientais,

    caracteriza-se geralmente pela recorrncia de eventos como inundaes, enchentes, deslizamentos, escorregamentos e vendavais, ocorridos em diferentes intensidades com distintos impactos. Suas consequncias no so igualmente sentidas por toda a sociedade, algumas reas apresentam uma condio de maior vulnerabilidade e menor resilincia frente aos eventos.

    No ano de 1994 foi implantada a Poltica Nacional de Defesa Civil, cujo objetivo geral a reduo dos desastres por meio de aes preventivas, da preparao de profissionais para atuao em situaes de emergncia e desastres, da resposta aos desastres e da reconstruo, atuando nos trs nveis de governo, o federal, o estadual e o municipal. No mbito municipal, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Ribeiro Preto/SP, municpio onde se encontra o bairro Campos Elsios, foco deste estudo, vem desenvolvendo Planos Preventivos e de Contingncia visando a antecipar os desastres referentes s inundaes e alagamentos que assolam o municpio, alm de auxiliar as populaes afetadas por esses eventos climticos, quando for acionada para tal finalidade.

    As atividades de Defesa Civil, por se tratarem de questes de segurana pblica, so essenciais coletividade e deveriam beneficiar a todos de maneira geral, j que so prestadas de modo privatizado pelo Estado. No entanto, como o Estado no consegue sozinho, desempenhar de forma satisfatria as atividades de Defesa Civil, torna-se necessrio que as diferentes esferas administrativas juntem-se na forma de voluntariado na busca da prestao de um servio pblico mais eficiente e com maior qualidade (NETO, 2007).

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    De acordo com a Constituio Federal (1988) e com Carvalho e Braga (2001), o Plano Diretor constitui-se como o instrumento bsico da poltica municipal de gesto e expanso urbana, que tem como objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes, esta ferramenta de gesto, construda coletivamente e democraticamente essencial para o ordenamento do uso e ocupao do solo urbano.

    Neste sentido, o Plano Diretor constitui-se um instrumento de gesto e planejamento do espao, um documento obrigatrio para cidades com mais de vinte mil habitantes, devendo ser elaborado por equipe multidisciplinar e aprovado pela Cmara Municipal, formalizando-se como documento que fundamenta a poltica de ordenamento territorial urbano, podendo ser resumido, segundo a Associao Nacional de Transportes Urbanos- ANTP (1999, p.33) na necessidade de controlar o desenvolvimento urbano e na necessidade de rever os princpios e as normas que regem o desenvolvimento urbano, cabe ainda a este documento garantir a funo social da propriedade urbana, impondo os limites, as faculdades e obrigaes que envolvem a mesma (BRASIL, 2002).

    Em virtude das constantes ocorrncias de desastres naturais, a Lei Federal de 12.608 10 de abril de 2012, denominada Nova Lei de Defesa Civil, altera o Estatuto das Cidades, um dos seus artigos prev que os municpios com reas de risco devem rever seus planos diretores, direcionando aes efetivas para o combate aos riscos e desastres. Alm disso, dentre outras providncias, salienta a necessidade de mapeamento e fiscalizao das reas de risco, de organizao de aes pr e ps-desastre. A partir dessa lei ser possvel auxiliar a gesto da logstica mediante desastres, tornando possvel, por meio do plano de contingncia, identificar, definir e avaliar as reas de risco, bem como identificar os pontos estratgicos que serviro de base para o atendimento das equipes e para armazenamento de suprimentos (FELTRIN e RAIA JUNIOR, 2012).

    BASES TERICO-METODOLGICAS

    A presente pesquisa desenvolveu-se de acordo com procedimentos sistematizados, se utilizando de dados coletados em fonte primria, neste caso, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Ribeiro Preto (COMDEC) e as Secretarias de Obras e de Planejamento da Prefeitura de Ribeiro Preto - SP. Posteriormente, foi feita a Organizao dos Dados para que pudessem ser realizadas as interpretaes e concluses (MARCONI; LAKATOS, 2008).

    Esta pesquisa enquadra-se nas tipologias de Pesquisa Aplicada, uma vez que possui interesse prtico, para que seus resultados sejam utilizados na soluo de problemas atuais, Descritiva, pois aborda a descrio, registro, anlise e interpretao de fenmenos e situaes em um determinado espao-tempo e Experimental, pois realiza levantamentos explicativos, avaliativos e interpretativos que tm como objetivo a aplicao e modificao de uma situao existente (MARCONI; LAKATOS, 2008).

    O modelo proposto por Bertrand (1972) considera que a dinmica existente entre o potencial ecolgico (geomorfologia + clima + hidrologia), a explorao biolgica (vegetao + solo + fauna) e a ao antrpica resultam no geossistema, que uma metodologia de investigao a qual possibilita um estudo do espao

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    geogrfico que incorpora os fatores socioeconmicos na interao com os componentes fsicos e biolgicos em uma escala espao-temporal que definir a unidade de paisagem. A subdiviso dos geossistemas permite estudar unidades de paisagem classificando e correlacionando-as ao potencial de uso, interferncia social no ambiente e ao grau de degradao e alterao ambiental.

    Na anlise sistmica, Christofoletti (1979) ressalta a importncia de desenvolver uma percepo holstica que favorea a anlise dos componentes da natureza de forma integrada, possibilitando a identificao das estruturas e dos processos inerentes ao estabelecimento dos geossistemas que, quando modificados, propiciem essa percepo na paisagem em observao, uma vez que se constituem em ambientes naturais, mas configuram-se com a interferncia da sociedade, por meio dos fatores culturais, sociais e econmicos.

    O estudo morfodinmico dos limites urbanos de Ribeiro Preto (SP) foi desenvolvido a partir das teorias sistmicas apresentadas por Bertrand (1972), Tricart (1977) e Monteiro (1976). A geomorfologia, a hidrografia e os fatores climticos locais foram considerados como fatores de integrao para os estudos ambientais, utilizando-se o levantamento das reas de risco de inundao e alagamento do municpio em questo elaborado pela COMDEC, com a finalidade de avaliar as medidas propostas nesse plano a partir da realidade evidenciada, e as medidas efetivadas pelo Poder Pblico local, avaliando a eficincia de tais medidas na atualidade.

    A execuo da pesquisa se deu pela Coleta de dados, Elaborao dos dados por meio da seleo e Anlise e Interpretao dos mesmos. Assim, o presente estudo foi desenvolvido no Bairro Campos Elsios, no municpio de Ribeiro Preto (SP) rea suscetvel ocorrncia de enchentes e inundaes, na Bacia Hidrogrfica do Ribeiro Preto, que tem como principais afluentes o Crrego Retiro Saudoso e o Crrego do Tanquinho.

    O MUNICPIO DE RIBEIRO PRETO (SP)

    O municpio de Ribeiro Preto foi fundado em 1856, mas somente a partir de meados de 1875 que teve incio o processo de desenvolvimento urbano e consolidao econmica, em virtude da expanso cafeeira e da disponibilidade de terras frteis propcias nova produo (SILVA, 2004).

    O urbanismo sanitarista vigente na poca pregava a implementao de solues tcnicas dentre as quais estava includa a setorizao dos equipamentos, de forma que na regio central deveriam ficar apenas as residncias, devendo ser afastados para reas marginais os hospitais, cemitrios, fbricas, agentes poluentes e tudo o que pudesse causar doenas (SILVA; MANHAS, 2009). Enquanto residncias de alto padro para a poca foram construdas na rea central, a periferia, dividida na forma de sees (figura 01) abrigou as demais construes que causaram a desvalorizao de sua rea e que no poderiam permanecer no contato com a populao do centro da cidade. A Terceira Seo representada pela cor azul deu origem ao Bairro Campos Elseos.

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    Figura 1- Sees do Ncleo Colonial Antnio Prado Fonte: Manhas; Manhas (2009).

    Desta forma, os condicionantes fsicos, naturais e artificiais foram

    secundrios quando destacamos a segregao gerada pela legislao urbana local, o urbanismo sanitarista criou um processo de segregao espacial, resultante da desvalorizao das terras no municpio de Ribeiro Preto. Conforme destaca Rolnik (1997, p.48).

    Construiu-se com essa sucesso de leis o outro lado da geografia social proposta, outra linha imaginria que definiu os muros da cidade: para dentro, o comrcio, as fbricas no incmodas e a moradia da elite; para fora, a habitao popular e tudo o que cheira mal, polui e contamina (matadouro, fbricas qumicas, asilos de loucos, hospitais de isolamento etc.).

    Para a correta execuo dos direcionamentos propostos pela legislao

    foram necessrias a execuo de medidas para o afastamento dos focos de miasmas e agentes de contaminao conforme Silva (2004), efetuou-se a remoo do Cemitrio Municipal da rea central, levado para o lote 16, na terceira seo do ncleo Colonial Antnio Prado, onde estava iniciando a constituio do bairro Campos Elseos. Nas palavras de Capretz:

    (...) todos os equipamentos pblicos indesejveis passaram a ser implantados nos lotes do ncleo colonial, ou seja, externamente ao patrimnio da Matriz, onde estava concentrada a elite: em 1897, o Hospital de Isolamento de Leprosos foi inaugurado juntamente com um Cemitrio de Leprosos e Variolosos, no lote 24 da segunda seo do ncleo, rea que j recebia o nome de Barraco. Da mesma forma, o Matadouro Pblico, cuja localizao s margens do crrego

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    Retiro estava comprometendo a sade pblica, foi instalado definitivamente, em 1903, prximo sede e terceira seo, devido proximidade com o ribeiro Preto, onde os detritos eram jogados, e da estrada de ferro, por onde chegavam os bois e era feita a circulao dos produtos. Por fim, hospitais hospcios, asilos, orfanatos e demais equipamentos de sade e instituies de ordenamento da cidade passaram a se localizar no Barraco e Campos Elseos, tanto pela distncia da rea central, quanto pelos preos dos terrenos, que eram adquiridos por meio de desapropriaes ou doaes por parte de entidades beneficentes (CAPRETZ, 2012, p. 4).

    O primeiro Plano Diretor de Ribeiro Preto data do ano de 1945, contemporneo ao fim da poltica do Estado Novo no Brasil, perodo este caracterizado pelo retorno da democracia e pelo surgimento de uma ideologia municipalista que se instituiu com Constituio Federal de 1946. Em relao aos anos que se seguiram a partir de 1945, as transformaes nas esferas poltica e econmica foram importantes na elaborao e execuo de Planos Urbanos, onde se verificou uma poltica de autonomia municipal (FARIA, 2004).

    Esse perodo de novos direcionamentos nos processos de gesto em escala municipal coincide com a incorporao de um processo de planejamento vinculado a uma tcnica administrativa pautada em referenciais norte-americanos, que, optavam pela adoo de solues e direcionamentos exclusivamente tcnicos, completamente desvinculados das questes polticas. Especificamente o caso de Ribeiro Preto, estas alteraes passam a ser evidentes no modelo de urbanismo adotado, baseado no Zoneamento, atravs da elaborao do Plano Diretor de 1945 (FARIA, 2004, p. 3).

    Uma grande marca, ou caracterstica dessa prtica urbanstica ps-1940, verificada na atividade dos profissionais ligados ao urbanismo nos municpios brasileiros, o zoneamento e, no caso do Plano de Ribeiro Preto, o zoneamento, juntamente com o sistema virio, constituem a base do estudo desenvolvido por Oliveira Reis, que elaborou o Plano Diretor de 1945 (FARIA, 2004). Ressalta-se que nenhuma medida proposta nesse Plano foi implantada posteriormente, o que contribuiu para o crescimento desordenado da cidade.

    BREVE HISTRICO DAS INUNDAES NA REA URBANA DE RIBEIRO PRETO (1990-2007)

    Com base nas inundaes registradas pelo Caderno Regional da Folha de So Paulo, Maia4 (2007) constatou que em 17 anos (1990-2007) de anlise das inundaes na rea urbana de Ribeiro Preto, verificaram-se 43 inundaes, ou seja, em mdia cerca de 3 inundaes por ano, o que revela uma grande frequncia do fenmeno na rea urbana do municpio.

    A partir de 2002 tivemos anos com mais de trs inundaes, representando 45% do perodo analisado. O ano de 2006 foi considerado tendente a chuvoso, enquanto o perodo de 2002 a 2005 compreendeu uma srie de anos normais. Na

    4 DIEGO CORRA MAIA, Sandra Elisa Contri Pitton. IMPACTOS PLUVIAIS NA REA URBANA DE RIBEIRO

    PRETO - SP. (Tese de Doutorado), Universidade Estadual Paulista, 2007.

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    dcada de 90 do sculo XX ocorreram 20 inundaes, sendo que a partir do ano 2000 at o ano de 2006 ocorreram 24 inundaes; ou seja, aumento de 20% nas inundaes num perodo menor (MAIA, 2007, p. 61).

    Conforme Maia (2007), para o perodo considerado, no vero os maiores ndices de enchentes foram registrados em dezembro e janeiro; predominantemente aps o meio-dia (73% de frequncia), nos perodos vespertino e noturno. Utilizando as notcias jornalsticas, realizou-se um levantamento dos principais pontos de inundao e a frequncia dos eventos na rea urbana de Ribeiro Preto verificando-se que ocorridas 43 inundaes, foram citados 26 pontos de incidncia.

    O Plano Diretor de 1945 constitui-se como referncia na histria do pensamento urbano em Ribeiro Preto, j que na dcada de 1940, com o crescimento econmico e populacional, as demandas por servios urbanos, habitao e infraestrutura tambm aumentavam, surgindo a necessidade do estabelecimento de critrios de ordenamento da ocupao do solo urbano. Para Jos de Oliveira Reis (1945), toda a estruturao urbana por meio de um planejamento ordenado, baseado no zoneamento e na organizao do sistema virio como fundamentos, deve apresentar sua complementaridade com a criao dos espaos livres e preservao das reas com vegetao. Dessa maneira, a poca, a qualidade ambiental da cidade, o reflorestamento ao longo dos rios Ribeiro Preto, Retiro Saudoso e Tanquinho teriam por objetivo melhorar a qualidade ambiental da cidade, ao amenizar o clima, criar uma reserva florestal, sanear as vrzeas com um mnimo de despesas e a criar parkways destinados no s circulao viria, mas tambm ao estabelecimento de centros esportivos e de recreao.

    A ideia original do engenheiro Jos de Oliveira Reis era a criao de parques de fundo de vale, quando estes ainda no eram ocupados. Com a implantao das avenidas nos fundo de vale, os rios, gradativamente, foram confinados em calhas. Esta lgica tem mostrado suas consequncias, com as enchentes tornando-se recorrentes, na medida em que o solo vai sendo impermeabilizado com novos loteamentos, aumentando a incidncia de gua nos rios, em tempos de cheia (CALIL JNIOR; FERRARINI JNIOR, [s.d.], p. 5).

    Faria (2004) conclui que se as propostas de Oliveira Reis para o municpio de Ribeiro Preto tivessem sido efetivamente postas em prtica pelo Poder Pblico Municipal, poderia ter havido uma transformao profunda na cidade, sobretudo no que tange ocupao dos fundos de vale, atualmente degradados por uma ocupao intensa que se originou ainda no incio do sculo XX, e que hoje contribuem para os problemas de enchentes na cidade, j que esta se encontra grandemente impermeabilizada e desprovida do devido tratamento paisagstico.

    O Plano Diretor do municpio de Ribeiro Preto institudo pela Lei n 501 em 1995 estabelece em seu artigo 11 que constituem condicionantes ambientais da estruturao e organizao do espao fsico do municpio:

    I - a no urbanizao das reas demarcadas como zonas de proteo mxima (ZPM) pelo zoneamento ambiental: II - a formao de um sistema de parques lineares de fundos de vale para atividades culturais e de lazer.

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    A Seo VIII, Artigo 37 da mesma lei estabelece que a Poltica Municipal de Meio Ambiente consiste no gerenciamento dos recursos naturais, baseada na atuao conjunta do Poder Pblico e da coletividade, objetivando proteger, conservar e recuperar a qualidade ambiental propcia vida, de modo a garantir o desenvolvimento sustentado. O gerenciamento tem por base as microbacias do municpio, formadas por diversos cursos d'gua, dentre os quais se destacam o Ribeiro Preto, Crrego do Tanquinho e Crrego do Retiro Saudoso.

    Das anlises pertinentes ao acima exposto, possvel inferir que a expanso urbana do municpio de Ribeiro Preto se deu de tal forma que em muitos locais a Zona de Proteo Mxima, que tambm constitui rea de Preservao Permanente, no foi respeitada, ocasionando ocupaes irregulares em reas de risco a inundaes e alagamentos principalmente durante o vero, quando os ndices pluviomtricos so mais elevados.

    Com base nas comparaes entre os mapas hidrolgico e hipsomtrico5, constata-se que as reas de maior declividade do municpio coincidem com as mais suscetveis s inundaes e alagamentos, considerando tambm o alto grau de ocupao do solo nas reas adjacentes aos cursos dgua Ribeiro Preto, Crrego Retiro Saudoso e Crrego Tanquinho, onde se localizam os bairros Vila Virgnia, Centro e Campos Elseos.

    O Bairro Campos Elseos (figura 2) composto pelas seguintes ruas: Rua Alagoas; Rua Pompeu de Camargo; Rua Sergipe; Rua Paraba; Av. Saudade; Av. Meira Jnior com a Av. Cav. Paschoal Inecchi; Crrego do Tanquinho (da Rua Itu at Av. Marechal Costa e Silva); Ponte da Av. Cel. Quito Junqueira; Av. Eduardo Andra Matarazzo (Via Norte). Area mais suscetvel s inundaes e alagamentos atualmente, a Av. Eduardo Andra Matarazzo (Via Norte), conforme ilustrado nas figuras 2 e 3.

    Figura 2 - Localizao do Bairro Campos Elseos, Ribeiro Preto-SP Fonte: Google Maps (2014). Org.: Dickel, Mara.

    5 Disponveis na verso final da dissertao intitulada A importncia da adoo de planos preventivos de defesa civil nos municpios: o caso de Ribeiro Preto (SP), de autoria de Miramaya Jabur, defendida no curso de Ps Graduao em

    Geografia da Universidade Estadual Paulista Jlio Mesquita Filho, Rio Claro no ano de 2012.

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    A Favela do Brejo, que surgiu por volta da dcada de 1970, na margem do

    Crrego Tanquinho, em rea de Preservao Permanente, foi extinta, em 2011, por meio de um projeto de desfavelamento, que consistia em realocar as famlias que residiam nessa rea.

    Os trabalhos de campo no Bairro Campos Elseos foram realizados ao longo da Via Norte e nas reas onde antes existia a Favela do Brejo ou Tanquinho, nas margens do Crrego Tanquinho, a fim de averiguar como se encontram tais reas, conforme ser descrito posteriormente.

    Figura 3 - Delimitao das reas mais suscetveis a inundaes e alagamentos nos Campos Elsios Fonte: Google Maps (2012). Adaptado por Jabur em fevereiro de 2012.

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    Figura 4 - Uso e ocupao do Solo nas reas mais suscetveis a inundaes e alagamentos nos Campos Elseos Fonte: Google Earth (2012). Adaptado por Jabur em fevereiro de 2012.

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    AES PARA REDUO DE REAS DE RISCO NO BAIRRO CAMPOS ELSIOS

    Em julho de 2011, foi realizada uma ao de desfavelamento que acabou com a Favela do Brejo, que estava localizada margem do Crrego Tanquinho (figura 5), em rea considerada de Preservao Permanente (APP) de acordo com a Lei 4.771/65, e era um dos pontos de maior preocupao da Defesa Civil nos dias de chuva devido ao histrico de inundaes e alagamentos.

    Figura 5 - Favela do Tanquinho nas margens do Crrego Tanquinho Fonte: Prefeitura de Ribeiro Preto (2012).

    Hoje, centenas de famlias foram realocadas para reas mais seguras (figura

    6) do ponto de vista hidrolgico, e esto residindo no Conjunto Habitacional Wilson Toni (figura 7). Esse procedimento resgatou a dignidade e condio de viver com mais qualidade de vida. O Programa Municipal de Desfavelamento implantado uma forma de erradicar os assentamentos precrios, oferecendo melhores condies de moradia, com infraestrutura e fora de reas de risco ou de preservao ambiental. A realocao de famlias em situao de vulnerabilidade para reas adequadas impossibilita a ocorrncia de eventos e desastres ambientais, desta forma, o planejamento urbano, ambiental e a gesto de riscos essencial ao ambiente urbano e a reduo das vulnerabilidades sociais e ambientais.

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    Figura 6 - Remoo das Famlias da Favela do Tanquinho Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeiro Preto (2012).

    Figura 7 - Conjunto Habitacional Wilson Toni Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeiro Preto (2012).

    O Conjunto Habitacional Wilson Toni faz parte do Programa Minha Casa

    Minha Vida, cujos imveis so destinados principalmente a famlias que moram em favelas e reas de risco. Com o objetivo de realocar as populaes que residiam nas reas mais crticas, foram construdas mais de 192 unidades habitacionais (PREFEITURA DE RIBEIREO PRETO, 2011).

    Na ao de desfavelamento da Favela do Brejo, que estava localizada nas margens do Crrego Tanquinho, foram removidas 160 famlias que agora ocupam unidades habitacionais que contam com toda infraestrutura necessria para o bem- estar e sade da populao ali residente, como ligao de gua, rede de esgoto, asfaltamento das ruas, ampliao da rede de atendimento social, escolar, de sade, de transporte e de lazer, sendo que para a remoo das famlias, a prefeitura mobilizou mais de 700 pessoas e 70 caminhes para as mudanas (PREFEITURA DE RIBEIREO PRETO, 2011).

    Secretaria da Assistncia Social cabe fazer o acompanhamento das famlias removidas de favelas, tornando o mais natural possvel a vida delas na nova realidade, facilitar-lhes a adaptao ao novo meio social, conscientiz-las sobre os direitos e deveres e organizao comunitria.

    H que se considerar que o desfavelamento uma necessidade urgente no Brasil, uma vez que as pessoas precisam se sentir valorizadas, e um dos principais passos para isso a atribuio de moradia em condies dignas e salubres como vem acontecendo em Ribeiro Preto. importante, sobretudo, um acompanhamento a essas famlias, pois o desfavelamento no acaba com a remoo, mas comea nesse ponto. Ento, a execuo de polticas pblicas voltadas para a reduo dos riscos e desastres essencial, so aes vinculadas ao planejamento urbano que trazem consequncias positivas a populao residente.

    A Prefeitura de Ribeiro Preto, por meio da Coordenadoria de Limpeza Urbana e Secretaria de Infraestrutura, retirou da rea da antiga favela do Tanquinho os entulhos e lixos remanescentes aps a transferncia dos moradores para os apartamentos do Condomnio Jardim Jos Wilson Toni, to logo terminou a demolio da favela (figuras 8, 9 e 10).

    Alm da limpeza da rea, tambm foi realizado o desassoreamento (figura 11) do Crrego do Tanquinho e a revitalizao de suas margens.

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    Figura 8 - Demolio da favela do Tanquinho Fonte: Prefeitura de Ribeiro Preto (2011).

    Figura 10 - Limpeza da rea aps desfavelamento Fonte: Prefeitura de Ribeiro Preto (2011).

    Figura 9 - Lixo retirado da APP do Crrego do Tanquinho Fonte: Prefeitura de Ribeiro Preto (2011).

    Figura 11 - Desassoreamento do Crrego do Tanquinho Fonte: Prefeitura de Ribeiro Preto (2011).

    Ao trmino das obras de limpeza e desassoreamento, foi implantado o

    Projeto de Recuperao Ambiental da rea de Preservao Permanente (APP), coordenado por engenheiros da Secretaria do Meio Ambiente, como parte do projeto Vamos Arborizar Ribeiro Preto, em que foram plantadas s margens do crrego do Tanquinho, 837 mudas de rvores de essncias florestais nativas, contemplando espcies e espaamento adequados ao local (figura 11) (PREFEITURA DE RIBEIRO PRETO, 2011).

    A responsvel pelo Horto Municipal, Susana Emm Pinto, afirma que aes de plantio realizadas em rea de Preservao Permanente so muito importantes, pois a vegetao que margeia os rios desempenha um papel fundamental no equilbrio dos ecossistemas. Alm de proporcionar qualidade de vida s pessoas, preservar a estabilidade geolgica, a biodiversidade, a fauna e flora, protege o solo e melhora o paisagismo.

    Nos Campos Elseos, outra rea crtica de risco a enchentes e inundaes a Via Norte, que uma Avenida que apresenta 7 Km de extenso e apresenta grande diversidade de usos em sua rea de Preservao Permanente. De uma maneira geral, predomina vegetao extica (figura 12), observando-se tambm, em alguns trechos, pastoreio de cavalos. Em outros trechos relativamente extensos e contnuos, h o plantio de espcies nativas, em cumprimento aos Termos de Compromisso de Recuperao Ambiental firmados com a Companhia Ambiental do Estado de So Paulo (CETESB) regional de Ribeiro Preto.

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    No entanto, apesar de extensa, existem reas disponveis para se executar obras antienchente no Ribeiro Preto e realizar a revitalizao de seu entorno sem afetar a rea construda, j que hoje, segundo a COMDEC/RP (2012), esta via uma das mais problemticas do municpio no que se refere s inundaes e alagamentos, necessitando de aes para evitar ou minimizar a ocorrncia de tais eventos.

    Existe na Prefeitura um projeto elaborado pelas Secretarias de Obras Pblicas e Meio Ambiente para implantao de um Parque Linear ao longo dessa avenida, que inclui ciclovia e revitalizao da arborizao, mas at o presente momento, ao alguma foi executada.

    Figura 12 - Revitalizao da rea antes ocupada pela Favela do Tanquinho, por meio do plantio de espcies nativas Fonte: Prefeitura de Ribeiro Preto (2011).

    Figura 13 - Ribeiro Preto na Via Norte, uma das reas mais suscetveis ocorrncia de alagamentos Fonte: Prefeitura de Ribeiro Preto (2011).

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    Relatos obtidos por conversas informais com a populao realocada das favelas mostram que o nvel de satisfao com as novas condies de moradia so elevados, uma vez que consideram ter conquistado um espao prprio, em condies salubres e seguras, o que os torna at mesmo mais bem-quistos e respeitados perante a sociedade, que no mais os v como desterritorializados, proliferadores de sujeira, que demandam grandes gastos dos cofres pblicos quando da ocorrncia de desastres que os afetavam, alm de uma ameaa ordem social.

    O processo de revitalizao de reas degradadas torna-se fundamental tanto para a melhoria da qualidade ambiental urbana, quanto para o impedimento de novas ocupaes irregulares em reas imprprias. No caso especfico da Favela do Tanquinho que estava localizada na rea de preservao permanente do crrego Tanquinho, os ganhos ambientais foram considerveis, j que com o plantio de rvores, houve um aumento da infiltrao da gua das chuvas e diminuio da eroso superficial, e com a retirada da populao, dos entulhos e restos das demolies, grandes quantidades de resduos deixaram de ser despejados no rio, contribuindo para o aumento da qualidade do corpo hdrico e da populao residente dos bairros vizinhos.

    Frente ao exposto, as aes governamentais e o processo de pesquisa a respeito de novas solues para as dificuldades enfrentadas por cada municpio devem ocorrer de forma integrada e sistmica, incluindo o planejamento de novas reas de expanso urbana e a preservao, recuperao e revitalizao de reas verdes e de proteo permanente, conservao dos corpos de gua a aes de educao ambiental. O planejamento urbano e a gesto ambiental de riscos devem ser analisados pela sua complementaridade, cujas aes possam convergir para a eliminao total das reas de risco e a alterao das populaes em condies de vulnerabilidade.

    O ordenamento territorial deve considerar que as plancies de inundao, que so reas periodicamente atingidas pelo transbordamento dos cursos dgua, so reas inadequadas ocupao. De acordo com as caractersticas geolgicas e geomorfolgicas do vale, possvel prever a velocidade do processo de inundao, j que nos vales encaixados e vertentes com altas declividades as guas atingem grandes velocidades mais rapidamente, resultando em situaes de inundaes bruscas e mais destrutivas, enquanto os vales abertos, com extensas plancies, predispem inundaes mais lentas em virtude do menor gradiente de declividade das vertentes do entorno (AMARAL; RIBEIRO, 2009).

    O fato de o Estado no garantir uma moradia simples e segura s pessoas que no podem prov-la por escassez de recursos prprios, ocupando geralmente reas de preservao permanente ou outras reas de risco ambiental, faz com que o ente estatal concorra, com a sua omisso, na responsabilidade pelos danos causados a tais pessoas, pois, muitas vezes, o que se verifica a negligncia estatal em implementar polticas pblicas que atendam de modo suficiente tutela do ambiente.

    Se em determinado contexto, o Estado brasileiro, sabendo das medidas necessrias para minimizar e prevenir os efeitos dos desastres naturais silencia e no atua no sentido de adotar medidas protetivas, a sua omisso, por estar eivada de ilicitude e inconstitucionalidade, pode ensejar responsabilizao em face das

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    pessoas atingidas por determinados desastres ambientais (FENSTERSEIFER, 2010. p. 20).

    O dever de proteo do Estado consiste em evitar riscos, devendo atuar em

    defesa do cidado mediante a adoo de medidas eficazes de preveno, de modo a antecipar os desastres naturais e defender os direitos fundamentais das pessoas expostas a tais situaes. Deve-se ressaltar que o Estado foi alado pela norma constitucional como um dos principais protagonistas, juntamente com a sociedade civil, da tutela do ambiente.

    A construo social da noo de risco no conduz a uma negao ou minimizao do risco configurado em sua verso tcnica, mas sim importncia de se considerar a reinterpretao e reelaborao do risco.

    Em tese, os perigos naturais ameaam igualmente a todos, mas na prtica, atingem os mais desfavorecidos, devido a fatores como um nmero muito maior de populao de baixa renda vivendo em moradias mais vulnerveis, em reas mais densamente povoadas e em terrenos de maior suscetibilidade aos perigos. Assim, aes de gesto ambiental, planejamento e de reduo de desastres precisam ser acompanhadas do desenvolvimento social e econmico e de um criterioso gerenciamento ambiental, devendo ser elaborada com polticas de desenvolvimento sustentvel que levem em conta os perigos existentes e os planos para reduo dos riscos (ALCANTARA-AYALA, 2002; UN-ISDR, 2004, apud TOMINAGA, 2009).

    Nesse contexto, pode-se concluir que o municpio de Ribeiro Preto, mais especificamente no bairro Campos Elseos, por meio da Prefeitura e da Defesa Civil vem cumprindo com seu compromisso, medida que tem buscado assegurar s populaes mais vulnerveis a remoo delas das reas de risco, cujas condies de vida eram precrias, e a realocao para moradias seguras, salubres e dotadas da infraestrutura bsica necessria qualidade de vida. Relatos obtidos em conversa informal com a populao que foi removida da Favela do Brejo e levada para o conjunto habitacional popular, mostram o alto nvel de satisfao com as novas condies de vida, j que consideram ter conseguido um novo local para estabelecer seus laos e relaes sociais, sem medo da ocorrncia de desastres e da consequente perda dos bens materiais e estresse psicolgico que enfrentavam a cada ocorrncia de inundao ou alagamento.

    CONSIDERAES FINAIS

    O melhor entendimento dos fenmenos atmosfricos e seus impactos podem auxiliar na identificao de reas de risco e contribuir nas aes da Defesa Civil, promovendo polticas pblicas de urbanizao adequadas no Estado de So Paulo e a melhoria da qualidade de vida das populaes atingidas pelos eventos atmosfricos severos.

    Dessa forma, de extrema importncia o uso de ferramentas adequadas que possibilitem espacializar as reas de ocorrncias desses fenmenos e os danos causados, para tentar prevenir futuramente impactos socioeconmicos e ambientais. As aes voltadas gesto dos problemas geoambientais requerem intenso planejamento territorial, organizao institucional e participao da comunidade. Devem contemplar metas que respondam a diversas situaes e, para alcanarem maior eficincia e eficcia, as sugestes e alternativas apresentadas neste trabalho devem estar vinculadas Legislao e s Polticas Pblicas.

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    Alm disso, torna-se essencial a compreenso do processo de constituio e ocupao da rea. Especificamente o Bairro Campos Elseos foi concebido e estruturado inicialmente enquanto um polo de repulso, ou seja, a poltica adotada previa que esta rea, a qual era conhecida pelo nome de Barraco, receberia todas as estruturas de servios como hospitais e cemitrios e tudo o que pudesse ventura causar qualquer doena, esta rea tambm seria destinada a instalao de fabricas e agentes poluentes. A rea urbana central ficava restrita somente ao uso residencial, cujo valor de compra dos imveis limitava a ocupao e fortalecia a poltica de excluso imposta rea.

    Este incio de zoneamento levou desigualdade no preo da terra e, portanto poltica de excluso, que visava expulsar focos de doenas e tambm os pobres - do convvio com a burguesia. Aqueles que podiam pagar pela infra-estrutura e exigncias construtivas ficavam na regio central, privilegiada, servida de infra- estrutura e servios urbanos. Os que no tinham condies encontravam seu lote nas regies perifricas, mais barato, junto s fbricas, cemitrios e todos os equipamentos que haviam sido afastados do contato com a populao do centro da cidade. Neste momento foi definida uma nova geografia nas cidades, social, e no mais espacial (MARICATO, 1982; PECHMAN, 2002 Apud MANHAS; MANHAS, 2009).

    Ressalta-se que as aes para a reduo de perdas e danos nos eventos de

    inundao e alagamento no so de responsabilidade apenas do Poder Pblico, mas tambm da sociedade como um todo. O problema da vulnerabilidade uma questo fsica, econmica, social, ambiental e educativa, que est intrinsecamente relacionada ao planejamento do uso e ocupao do solo.

    Dentre as zonas mais frgeis e vulnerveis, esto os fundos de vale, onde a falta de controle institucional urbano, as ocupaes irregulares e a degradao ambiental em funo da retirada da cobertura vegetal natural, contribuem significativamente para a ocorrncia de desastres cuja magnitude resulta em perdas materiais e humanas que vm tomando propores cada vez maiores.

    Todo desastre resultante da interao desarmnica entre o homem e o meio ambiente, e a reduo do risco est associada a medidas preventivas que visem reduo da vulnerabilidade e que envolvem a planificao do desenvolvimento e o ordenamento territorial. Nesse sentido, cabe Defesa Civil o desenvolvimento de Planos de Contingncia e Emergncia que se tornem cada vez mais eficazes e que incluam a populao e os gestores municipais na elaborao de Planos Preventivos que antecedem a ao.

    REFERNCIAS

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    Artigo submetido em: 27/06/2014

    Aceito para publicao em: 07/07/2014

    Publicado em: 04/11/2014