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RASCUNHO (NÃO CITAR) 23-07-07 1 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE _____________ MINISTÉRIO DA SAÚDE PLANO ESTRATÉGICO DO SECTOR SAÚDE 2007 -2012

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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE _____________

MINISTÉRIO DA SAÚDE

PLANO ESTRATÉGICO DO SECTOR SAÚDE 2007 -2012

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Índice ABREVIATURAS ........................................................................................................................................ 4

PREFÁCIO ....................................................................................................................................................... 6

SUMÁRIO EXECUTIVO ..................................................................................................................................... 6

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 6

VISÃO .............................................................................................................................................................10

DECLARAÇÃO DA MISSÃO ............................................................................................................................10

MISSÃO .......................................................................................................................................................10

PRINCÍPIOS ORIENTADORES .........................................................................................................................10

ÊNFASE NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS ........................................................................................10 ALCANÇAR A EQUIDADE E PROTECÇÃO SOCIAL PARA OS GRUPOS VULNERÁVEIS .................................11 ALTA QUALIDADE DE INTERVENÇÕES COM BASE EM EVIDÊNCIA...........................................................11 MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA E O ENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO ......................................................11 DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS .........................11 ENCORAJAR PARCERIAS, COLABORAÇÃO LOCAL E INTERNACIONAL ....................................................12 DESENVOLVIMENTO DE ESTILOS DE VIDA E COMPORTAMENTOS SAUDÁVEIS .......................................12 ADVOCACIA ..............................................................................................................................................12

ANÁLISE DA SITUAÇÃO .................................................................................................................................14

SITUAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA E DEMOGRÁFICA ...................................................................................................14 ESTRUTURAS DO GOVERNO LOCAL ...................................................................................................................17

O sector saúde em Moçambique ......................................................................................................................... 18 O Sistema de referência ..................................................................................................................................... 20

PARCERIAS: COOPERAÇÃO INTERSECTORIAL, COLABORAÇÃO COM AS ONGS, ENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO, ..............21 Colaboração Intersectorial .................................................................................................................................. 21 Sector Privado Lucrativo ..................................................................................................................................... 22 Sector Privado não Lucrativo ............................................................................................................................... 22 Sector não-alopático ........................................................................................................................................... 23 Envolvimento comunitário ................................................................................................................................... 23 Municípios ......................................................................................................................................................... 25

ESTADO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO ...................................................................................................................25 ACESSO E QUALIDADE DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE ............................................................................36 FORTALECIMENTO DOS SISTEMAS DE APOIO .......................................................................................................38

Sistemas de planificação e orçamentação .............................................................................................38 Sistema de informação ..........................................................................................................................40 Financiamento em saúde ......................................................................................................................41

Sistema de Gestão financeira .............................................................................................................................. 42 Investimentos .........................................................................................................................................43 Serviços Farmacêuticos ........................................................................................................................43 Género ..................................................................................................................................................45 Desenvolvimento dos recursos humanos ..............................................................................................45 Reforma do Sector Publico....................................................................................................................47 Direitos Humanos em saúde..................................................................................................................49 Context of the PARPA ...........................................................................................................................49

RISCOS E PRESSUPOSTOS ...........................................................................................................................50

Riscos:..................................................................................................................................................50 Pressupostos ........................................................................................................................................50

PRIORIDADES ................................................................................................................................................51

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OBJECTIVOS GERAIS ....................................................................................................................................53

RELATIVOS AO ESTADO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO ..............................................................................................53 RELATIVOS À COBERTURA POR CUIDADOS DE SAÚDE E SUA QUALIDADE:..................................................................58

No âmbito dos Cuidados de Saúde à População em Geral: .........................................................................58 No âmbito dos Cuidados de Saúde às Crianças e às Mulheres em Idade Fértil: ............................................60 No âmbito dos Cuidados de Saúde aos Jovens e Adolescentes: .................................................................61 No âmbito dos Cuidados de Saúde aos Idosos ..........................................................................................62 No âmbito dos Cuidados de Saúde aos Trabalhadores ......................................................................62

RELATIVOS À CAPACIDADE DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE PARA PRESTAR CUIDADOS DE SAÚDE DE QUALIDADE: .........62 RELATIVOS ÀS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO DOS CUIDADOS DE SAÚDE: ................................................64 RELATIVOS À POLÍTICA FARMACÊUTICA ...............................................................................................67 RELATIVOS À INVESTIGAÇÃO EM SAÚDE: ............................................................................................................68 RELATIVOS AO DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS PARA A SAÚDE ............................................................70 RELATIVOS À COBERTURA POR SERVIÇOS COM IMPACTO NA PROMOÇÃO E PROTECÇÃO DE SAÚDE ...............................72 RELATIVOS À PLANIFICAÇÃO, GESTÃO E ORGANIZAÇÃO DO SECTOR SAÚDE E SEU RELACIONAMENTO COM OUTROS SECTORES ...................................................................................................................................................73 RELATIVOS À ADVOCACIA EM SAÚDE .................................................................................................................76 RELATIVOS À COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A SAÚDE ..................................................................................77 RELATIVOS AO FINANCIAMENTO DO SECTOR SAÚDE .............................................................................................77 DESAFIOS ....................................................................................................................................................79

FINANCIAMENTO DO PLANO ESTRATÉGICO DO SECTOR 2007- 2012 ...........................................................80

MONITORIA E AVALIAÇÃO .............................................................................................................................84

Estão em uso os seguintes sub-sistemas : ............................................................................................................ 84 O processo de monitoria e avaliação .................................................................................................................... 85 Categorias gerais dos Indicadores: ...................................................................................................................... 85 Monitoria e Avaliação ao nível central .................................................................................................................. 86 Monitoria e Avaliação ao nível operacional ........................................................................................................... 86

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................................................................86

BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................................................................87

ANEXO 1: ESTIMATIVA DE CUSTOS DO PESS 2007-2012......... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

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Abreviaturas AIDI Atenção Integrada às Doenças da Infância ARV Antiretroviral ATS Aconselhamento e Testagem em Saúde BCG Vacina anti-tuberculose CAP Conhecimentos, Atitudes e Práticas CDD Controle de Doenças Diarreicas CMAM Central de Medicamentos e Artigos Médicos CNCS Conselho Nacional de Combate ao SIDA COE Cuidados Obstétricos Essenciais CRDS Centro Regional de Desenvolvimento Sanitário CS Centro de Saúde CSP Cuidados de Saúde Primários DAG Direcção de Administração e Gestão DNS Direcção Nacional de Saúde DOTS Terapia de Observação Directa DPC Direcção de Planificação e Cooperação DPS Direcção Provincial de Saúde DPT/HB Vacina tetra valente Difteria, Tétano, Pólio e Hepatite B DTS Doença de Transmissão Sexual DRH Direcção de Recursos Humanos GACOPI Gabinete de Coordenação de Projectos de Investimento GAVI Iniciativa Global para Programas de Vacinação GM Gabinete do Ministro GQ Garantia da Qualidade HIV Vírus de Imunodeficiência Humana HP Hospital Provincial HR Hospital Rural IdF Instituição de Formação IDS Inquérito Demográfico de Saúde IEC Informação, Educação e Comunicação IMC Intervenções para Mudança de Comportamento INS Instituto Nacional de Saúde IO Infecções Oportunistas IRA Infecções Respiratórias Agudas ITS Infecção de Transmissão Sexual LAN Local Area Network MF Ministério das Finanças MISAU Ministério da Saúde MPD Ministério do Plano e Desenvolvimento ODM Objectivos de Desenvolvimento do Milénio ONG Organização Não Governamental PARPA II Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta II PAV Programa Alargado de Vacinação PEN1 Plano Estratégico Nacional de combate ao HIV/SIDA

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PESS Plano Estratégico do Sector Saúde PF Planeamento Familiar PIDOM Pulverização Intra-Domiciliar PMT Praticante da Medicina Tradicional PNCTL Programa Nacional de Combate à Tuberculose e Lepra PT Parteira Tradicional PTV Prevenção da Transmissão Vertical (do HIV) REMTI Rede Mosquiteira Tratada com Insecticida SAAJ Serviço de Aconselhamento para os Adolescentes e Jovens SEA Saúde dos Escolares e Adolescentes SIDA Síndroma de Imunodeficiência Adquirida SIMP Sistema de Informação para Monitoria e Planificação SR Saúde Reprodutiva SIS Sistema de Informação para a Saúde SMI Saúde Materno-Infantil SNS Serviço Nacional de Saúde SWAp Sector-Wide Approach to programming (Abordagem Sectorial Ampla) TARV Tratamento Anti-Retroviral TB Tuberculose TIP Tratamento Intermitente Presuntivo VAS Vacina Anti-Sarampo WAN Wide Area Network

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Prefácio

Sumário Executivo (ainda em elaboração) Introdução

1. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Saúde é «um estado de completo bem estar físico, mental e social, e não somente ausência de doença ou de enfermidade».

2. A Saúde é um bem precioso que é necessário promover, preservar, manter e melhorar. O Artigo 89 da Constituição da República consagra o direito dos cidadãos à Saúde, nos seguintes termos: «Todos os cidadãos têm o direito à assistência médica e sanitária, nos termos da lei, bem como o dever de promover e defender a saúde pública».

3. O direito à Saúde está também consagrado na Carta dos Direitos Humanos das Nações Unidas que o nosso país subscreveu.

4. O Estado de Saúde da população é condicionado por uma multiplicidade de factores, que se situam nas seguintes áreas:

• Ambiente em relação com o Habitat humano, • Disponibilidade, higiene e condições de Abastecimento de água, • Nutrição (quantidade, qualidade e higiene dos alimentos), • Educação (geral, cívica, nutricional e para a Saúde), • Ambiente psico-socio-cultural, que condiciona o Comportamento, • Características genéticas e Dinâmica da População, • Forma de Organização dos Serviços de Saúde e • Tecnologia médica (preventiva, curativa, reabilitativa e de atenuação do

sofrimento).

5. A análise científica dos factores que condicionam a Saúde de uma comunidade mostra, que a medicina (tecnologia médica) constitui unicamente um de entre eles, e nem sempre o mais importante. Para a Saúde contribuem também factores de ordem sócio-económica e sócio-cultural tão importantes ou mais do que a tecnologia médica. Muitos destes factores estão fora do controlo directo do Sector Saúde e são ligados ao Desenvolvimento global da Nação.

6. Os factores que condicionam a Saúde de uma comunidade não exercem todos influências positivas, pois alguns exercem mesmo influências negativas. Uma correcta política de Saúde deve portanto visar promover os factores que influem positivamente sobre a Saúde e eliminar ou atenuar os que influem negativamente e não se pode limitar unicamente à Prestação de Cuidados médicos.

7. Por outro lado é conveniente esclarecer também que os elementos condicionantes da Saúde duma comunidade são basicamente os mesmos, qualquer que seja o estado de

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desenvolvimento sócio-económico dessa comunidade, mas podem tomar aspectos e características diferentes, de acordo com o seu estado de desenvolvimento. A acção para a Saúde é parte integrante do Desenvolvimento sócio-económico e visa melhorar a qualidade de vida.

8. A Saúde é também condição essencial para o Desenvolvimento sustentável do país, pois o Desenvolvimento exige uma população saudável e com alta capacidade produtiva. Os cidadãos doentes, desnutridos ou portadores de incapacidade ou deficiência física ou mental têm uma capacidade produtiva reduzida.

9. Em directa relação com o Desenvolvimento sustentável está o combate à pobreza, em que o nosso país está fortemente envolvido e mobilizado. O Ministério da Saúde tem um importante papel a cumprir, tanto no combate às causas da pobreza, como no alívio das suas consequências.

10. A preocupação central do Governo de Moçambique na área de saúde é melhorar o

acesso com equidade a serviços de saúde essenciais e assegurar que o sector saúde desempenha um papel essencial na estratégia de redução da pobreza no País.

11. O presente Plano Estratégico do Sector Saúde é parte integrante do Programa

Quinquenal do Governo (2005-2009) e do PARPA II e, baseia-se nas directivas do Governo para a área de saúde. Incorpora também a Estratégia de Saúde Africana (2007-2015), a Estratégia de Saúde da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e as estratégias e objectivos do quadro referencial da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD). O Plano Estratégico do Sector Saúde enquadra-se no processo de descentralização em curso no Governo de Moçambique e incorpora os princípios de uma Programação de Abordagem Sectorial Ampla “Sector Wide Approach to Policymaking” (SWAP).

12. O Plano Estratégico do Sector Saúde marca uma etapa do processo de busca de

consensos sobre as abordagens a adoptar para a melhoria do estado de saúde do povo moçambicano e visa essencialmente reduzir as iniquidades entre a zona rural e urbana assim como as iniquidade ligadas ao género, educação e nível sócio económico. O Plano estratégico é um guia para todos os intervenientes do sector saúde; é o quadro referencial a partir do qual os planos distritais e provinciais, incluindo os planos intersectoriais, devem ser desenvolvidos. O Plano Estratégico vai facilitar o alinhamento das estratégias do sector para o desenvolvimento das prioridades definidas pelo governo de Moçambique e, constitui a base dos consensos obtidos entre o Ministério e seus parceiros de desenvolvimento.

13. A revisão de médio prazo feita ao Plano Estratégico do Sector Saúde que cobriu o período

2001-2005 revelou que foram feitos progressos significativos pelo sistema de saúde como resultado da dinâmica do crescimento económico e do investimento directo do Governo na área de saúde. Várias são as lições apreendidas do plano estratégico anterior: o sector teve sérios constrangimentos na área de recursos humanos para a saúde, o nível de financiamento manteve-se abaixo do recomendado pelo relatório de macroeconomia em saúde 34 dólares americanos Per capita, o mínimo necessário para prestar cuidados

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de saúde com qualidade. Actualmente, o Governo gasta cerca de US$ 20 per capita em saúde (MISAU/DPC).

14. A iniquidade no acesso a cuidados de saúde manteve-se durante a vigência do Plano Estratégico anterior e continua sendo um grande desafio. Alguns resultados positivos da implementação do Plano Estratégico anterior relacionam-se com o aumento da distribuição de medicamentos e os grandes progressos feitos na área de imunização à crianças, situação que resultou em diminuição da mortalidade infantil.

15. A pandemia do HIV/SIA continua a expandir-se, a prevalência em 2003 foi de 16%,

preocupa o sector a ligação bidireccional entre a Segurança alimentar e nutricional e o HIV/SIDA: HIV e SIDA podem aumentar a vulnerabilidade à insegurança alimentar e nutricional, e esta pode contribuir para o aumento da susceptibilidade dos indivíduos para as novas infecções de HIV e /ou o seu rápido progresso para a SIDA (PARPA II). O sector está também preocupado com o fraco conhecimento das famílias em relação ao planeamento familiar, importância do parto institucional, aleitamento materno e a cuidados em relação a infecções respiratórias agudas, diarreia e malária. Continuam a registarem-se lacunas nas coberturas em saúde especialmente nas zonas rurais. A contribuir para esta situação é a escassez de recursos humanos e a sua contínua concentração em Maputo e em outras cidades.

16. O país continua a ser caracterizado pela baixa esperança de vida ao nascer em 2003 era 46.7 anos e por uma taxa de mortalidade infantil de 101 mortes em cada 1000 nascidos vivos em 2003 e a taxa de mortalidade em menores de cinco anos foi de 153 por 1000. Por outro lado, 41% de crianças menores de cinco anos foram encontradas com malnutrição crónica (pequenas para a idade) e 24% com baixo peso à nascença.

17. Em relação aos Objectivo de Desenvolvimento do Milénio, Moçambique reduziu a taxa de mortalidade em menores de cinco anos de 226 por 1000 (IDS 1993) para 153 por 1000 (IDS 2003) o que significa uma redução de um terço num período de 10 anos. Se a mesma tendência se mantiver vai ser possível Moçambique atingir a meta dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio de 76 por 1000 em 2015. Segundo o (IDS) A Taxa de Mortalidade Materna mostra uma redução substancial de uma estimativa de 1.600 Mortes Maternas por 100.000NV em 1990 para 690 em 1994-95 (IDS 1997) para 408 em 2001-02 (IDS, 2003). Apesar das melhorias registadas, a TMM é ainda uma das mais altas do continente, onde 75% das mortes são por causas diretas como a hemorragia, ruptura do útero, eclampsia e sépis, sendo as causas indiretas (25%) devidas principalmente à malária e HIV/SIDA. Por outro lado, cerca de 5 mulheres em cada 1,000 partos sofre de algum grau de fístula obstétrica que é uma das condições mais incapacitantes relacionada com a maternidade, significando que somente nos últimos 5 anos, entre 8.000 a 20.000 mulheres sofreram de algum grau de fistula obstétrica, e apenas cerca de 700 foram tratadas durante o mesmo período.

18. Enquanto as perspectivas são boas, não se pode porém considerar que as tendências por si vão continuar favoráveis, há relatos de reversão de indicadores em outros países. Para

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manter a actual tendência o Ministério da Saúde vai envidar esforços para aumentar as coberturas sobretudo estendendo para as áreas desprovidas de serviços e melhorar a qualidade dos serviços oferecidos.

19. O maior provedor de serviços de saúde em Moçambique é o Ministério da Saúde, complementado por cerca de 112 ONG´s que prestam serviços de saúde. As unidades sanitárias estão distribuídas de forma desigual apesar de esforços do Governo para reduzir a iniquidade em cobertura entre províncias. A variação de recursos humanos colocados nas províncias continua sendo crítica. Os dois extremos são a Província de Cabo Delgado na zona Norte do país com 60,000 hab/ médico e Maputo Cidade na Zona sul com 4000 hab/médico. Moçambique tem um médico/35,000 hab comparado com a África Sub-Sahariana que tem um médico/ 22,000 hab.

20. Reconhece-se que a melhoria da saúde dos pobres é crucial para a redução da pobreza, porque doença e pobreza estão estreitamente associados e formam um verdadeiro círculo vicioso. As infecções se transmitem mais rapidamente em situações ambientais de risco, caracterizadas pela pobreza, pela sobrepopulação, por más condições de habitação, de ventilação, de saneamento e, sobretudo, pela má nutrição. No seguimento do principio de desenvolvimento do capital humano o sector vai reduzir a lacuna no acesso a serviços de saúde de qualidade, reduzir as barreiras económicas no acesso a serviços para os pobres e melhorar a eficiência e eficácia na utilização de serviços.

21. O Plano Estratégico do Sector Saúde também tem como objectivo traduzir as iniciativas

e metas internacionais em metas de nível provincial e distrital e orientar a indicação de metas locais. Para este fim e no contexto dos desafios das Metas de Desenvolvimento do Milénio, o sector pretende reduzir em dois terços a taxa de mortalidade de menores de cinco anos até 2015, reduzir as taxas de infecção pelo HIV/SIDA para 25% entre 15-24 anos até 2015, diminuir a mortalidade por Tuberculose e Malária até 50% em 2010, reduzir em três quartos o rácio da mortalidade materna até 2015 e atingir o acesso universal a serviços de saúde sexual e reprodutiva em 2015.

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Visão

A visão do sector inspira-se na agenda nacional de desenvolvimento económico e social do país, pois o desenvolvimento exige uma população saudável e com alta capacidade produtiva. Em directa relação com o Desenvolvimento sustentável está o combate à pobreza, em que o nosso país está fortemente envolvido e mobilizado. Para os próximos vinte e cinco anos o sector visualiza “ colocar à disposição de uma cada vez maior percentagem de moçambicanos Cuidados de Saúde de qualidade aceitável, gratuitos ou a um preço comportável.”

Declaração da Missão

A missão do MISAU consiste em realizar a visão do sector. Na sua formulação ela encapsula o direito dos cidadãos `a assistência médica e sanitária e o dever dos cidadãos de promover e defender a saúde, consagrados na Constituição da República no seu artigo 94. Implícito na declaração está o reconhecimento de que esse direito, por razões conjunturais ainda não é universal derivando daí a noção de gradualismo no acesso para todos os cidadãos.

Missão Promover a saúde e o bem estar dos moçambicanos, com especial atenção para os

grupos vulneráveis através de intervenções inovativas e prestar cuidados de saúde de boa qualidade e sustentáveis, tornando-os gradualmente acessíveis a todos os moçambicanos com equidade e eficiência.

22. Princípios Orientadores

O Ministério da Saúde tem um papel muito importante no combate às causas da pobreza porque pessoas sãs e bem nutridas são muito mais produtivas e desse modo podem melhor contribuir para o crescimento do rendimento nacional e para o crescimento do rendimento familiar. Por outro lado o Ministério da Saúde tem um papel claro no alívio das consequências da pobreza, na medida em que através do SNS e, eventualmente, de instituições privadas com carácter não lucrativo, coloca à disposição de uma cada vez maior percentagem de moçambicanos Cuidados de Saúde de qualidade aceitável, gratuitos ou a um preço comportável.

Ênfase nos cuidados de saúde primários

o Ministério da Saúde deve dar a máxima prioridade aos Cuidados de Saúde Primários, como a estratégia que responde de forma mais equitável, apropriada e efectiva para as necessidades básicas. Os cuidados de saúde primários continuam relevantes como o foram quando foram propostos em 1979. O MISAU e seus parceiros vão continuar a promover e implementar o conceito participativo de cuidados de saúde primários o qual baseia-se na prestação de serviços de forma integrada, acessíveis, localmente relevantes, com tecnologia apropriada e com a participação da comunidade e garantido a apropriação na prestação de serviços.

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Alcançar a equidade e protecção social para os grupos vulneráveis

O sector vai garantir a justiça social através do aumento de alocação de recursos para os grupos populacionais mais desfavorecidos reduzindo assim o peso que representa os gastos com a saúde para estes grupos. Políticas de inserção das taxas de consulta vão ser desenvolvidas com o objectivo de providenciar cuidados de saúde gratuitos.

Acesso universal a cuidados e serviços de saúde

A constituição garante a saúde como um direito humano básico para todos os moçambicanos. Neste contexto estratégias serão desenvolvidas para garantir que todos cidadãos, em particular os mais vulneráveis membros da sociedade tenham acesso sem restrições a cuidados de saúde primários. O reforço do acesso geográfico vai ser feito através da construção de novas unidades sanitárias e da reabilitação das infra estruturas existentes bem como através do desenvolvimento e implementação da abolição das taxas de consulta.

Alta qualidade de intervenções com base em evidência

Utentes e doentes esperam que as instituições públicas providenciem cuidados de saúde de qualidade aceitável. O Ministério da Saúde deve assegurar a melhoria da qualidade do atendimento aos utentes nas Unidades Sanitárias do SNS, cujos trabalhadores deverão primar pelo humanismo e cortesia, devendo igualmente promover a melhoria da programação e organização do trabalho, das condições de biossegurança e, ainda, a melhoria do apetrechamento e do equipamento das Unidades Sanitárias, para melhor desempenho das suas funções. Um quadro referencial para o sistema de investigação em saúde vai ser desenvolvido para apoiar o processo de tomada de decisão no sector.

Mobilização comunitária e o envolvimento comunitário

O sector vai continuar a desenvolver todo um conjunto de acções tendentes à mobilização e ao envolvimento das comunidades na promoção e defesa da sua própria Saúde, conforme preconiza a segunda parte do Artigo 89 da Constituição da República e em conformidade com as recomendações da Conferência de Alma Ata sobre os Cuidados de Saúde Primários e das Declarações de Otawa e de Jacarta sobre a Promoção da Saúde no século XXI. As comunidades vão ser encorajadas a envolverem-se na revisão e solução dos seus problemas locais.

Desenvolvimento institucional e desenvolvimento de recursos humanos

O sector pretende alcançar uma organização sustentável, eficiente e eficaz através do desenvolvimento de sistemas de suporte como seja envidar esforços para a melhoria e desenvolvimento constante do processo de Planificação, Gestão e Avaliação de Saúde, tanto no que respeita à Planificação e Gestão de infra-estruturas de Saúde, como no concernente Planificação e Gestão de recursos (humanos, materiais e financeiros), de programas e de actividades. Para este efeito, devem continuar a ser desenvolvidas capacidades e adoptados novos métodos e mecanismos que provem ser mais racionais e com maior relação custo/benefício. Neste contexto é também fundamental que sejam institucionalizados, melhorados e reforçados os mecanismos de coordenação no seio dos órgãos de direcção e de orientação do Sector de Saúde a todos os níveis. Ainda neste quadro, assumem igualmente papel importante na actividade do MISAU a formação e o desenvolvimento de recursos humanos para a Saúde, a promoção e o desenvolvimento

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de capacidade e a intensificação do financiamento para a investigação em Saúde. Ainda neste contexto o sector vai continuar a implementar a agenda das reformas do sector público e melhorar o seu relacionamento externo.

Encorajar parcerias, colaboração local e Internacional

A política governamental para a Saúde é em grande parte desenvolvida pelo Ministério da Saúde, mas para ela contribuem igualmente outros Ministérios e outras instituições do Estado. Cabe ao Ministério da Saúde desenvolver com esses Ministérios e essas instituições as interligações orgânicas e funcionais para que a Cooperação Intersectorial para a Saúde seja efectiva. Parcerias são fortemente encorajadas como parte de um desenvolvimento sanitário. Parcerias entre o sector público e privado incluindo os praticantes da medicina tradicional os quais vão ser regidos através de regulação apropriada.

A cooperação com os parceiros internacionais para o desenvolvimento sanitário tem sido de um valor incalculável. Sem essa frutífera cooperação não teria sido possível atingir os níveis de indicadores de Saúde que actualmente registamos. Nos próximos anos, o apoio dos parceiros internacionais continuará a ser fundamental. Nestas condições, cabe ao MISAU, em colaboração com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, continuar a promover, dinamizar e estimular a participação dos parceiros internacionais no processo de desenvolvimento sanitário nacional e a expansão da cooperação já existente. As relações com os parceiros de desenvolvimento vão ser expandidas e o Código de Conduta actualizado quando for necessário.

Papel importante como colaboradores e parceiros na materialização dos Objectivos consignados nas Directivas do Governo para o Sector Saúde é também reservado às Organizações Não Governamentais (ONGs).

Desenvolvimento de estilos de vida e comportamentos saudáveis

O Ministério da Saúde deve promover no seio da população comportamentos e modos de vida favoráveis à Saúde (exercício físico regular, nutrição equilibrada, abstenção de uso do tabaco e de drogas, controlo do consumo de bebidas alcoólicas, etc.). Estratégias serão desenvolvidas para habilitar os indivíduos e comunidades a olharem para os determinantes sociais de saúde com vista a reduzir a vulnerabilidade e risco para a doença.

Advocacia

Uma melhoria significativa da Saúde do conjunto da população não pode ser atingida sem uma coordenação planificada e eficaz de todos os intervenientes do Sistema Nacional de Saúde e de todos os outros sectores, cuja actividade se relaciona com a Saúde.

Assim, as políticas e os planos nacionais da Saúde deverão tomar com devida consideração os contributos dos outros sectores com repercussões sobre a Saúde, estabelecendo acordos precisos e realistas, a todos os níveis e em particular nos níveis intermédio e local, para coordenar a actividade dos Serviços de Saúde com todas as outras actividades que contribuem para a promoção da Saúde e para os Cuidados de Saúde Primários.

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Da multiplicidade de factores que condicionam a Saúde e sua interligação com o Desenvolvimento, resulta que as acções que contribuem para a melhoria do estado de Saúde da População não estão todas na alçada do Ministério da Saúde, razão pela qual a política governamental para a Saúde é em grande parte desenvolvida pelo Ministério da Saúde, mas para ela contribuem igualmente outros Ministérios e outras instituições do Estado. Cabe ao Ministério da Saúde desenvolver com esses Ministérios e essas instituições as interligações orgânicas e funcionais para que a Cooperação Intersectorial para a Saúde seja efectiva. É também necessário que a liderança a todos os níveis se consciencialize da necessidade e da importância da Cooperação Intersectorial para a Saúde e do Envolvimento Comunitário e que os inscreva nas suas prioridades de gestão corrente, exercendo um forte controlo e uma supervisão contínua para que de facto eles se materializem na prática. Por outro lado, é indispensável determinar com precisão as áreas onde mecanismos apropriados de Cooperação Intersectorial para a Saúde devem ser estabelecidos e institucionalizados e as áreas onde eles devem ser reforçados e/ou desenvolvidos.

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Análise da situação Situação sócio-económica e demográfica 1. Segundo as actuais projeções feitas pelo INE, a população de Moçambique para o ano

2003 foi estimada em 18.5 milhões. A estrutura populacional caracterizada por uma base muito larga e um achatamento no topo é típica de um país menos desenvolvido e, tem implicações sócio-económicas, pois a sua população é mais propensa ao consumo do que a produção devido a elevada proporção de dependentes. A estrutura pressiona de forma preponderante os sectores chaves do desenvolvimento entre os quais a saúde. De referir que a população do país é predominantemente rural. Em 2003, 69.5 por cento da população total residia nas áreas rurais enquanto que a restante morava nas cidades consideradas urbanas (IDS 2003)

2. A manutenção da tendência de recuperação e crescimento económico iniciado nos anos

90 tem permitido o melhoramento de vida da população de Moçambique. A percentagem da população que vive abaixo da linha de pobreza diminuiu consideravelmente entre 1996-97 e 2002-03, ao passar de 69.4 para 54.1 respectivamente (IDS).

3. Moçambique tem um PIB anual calculado em US$?? (Banco Mundial 2006). Tendo

beneficiado da Iniciativa HIPC (Países Pobres Altamente Endividados), Moçambique conseguiu libertar as obrigações de serviço da dívida para apoiar a prestação de serviços sociais. Actualmente, o Governo gasta cerca de US$ 20 per capita em saúde (MISAU/DPC).

Tabela.1: Incidência da Pobreza:- Estimativa - Intervalo de Confiança (95%) (2002-03)

Região 1996-97 2002-03 Limite Inferior

Limite Superior

Nacional 69,4 54,1 50,6 57,5 Urbana 62,0 51,5 46,3 56,7 Rural 71,3 55,3 51,2 59,4 Niassa 70,6 52,1 41,1 63,2 Cabo Delgado 57,4 63,2 55,8 70,5 Nampula 68,9 52,6 43,0 62,3 Zambézia 68,1 44,6 34,6 54,6 Tete 82,3 59,8 51,5 68,1 Manica 62,6 43,6 35,4 51,7 Sofala 87,9 36,1 29,1 43,1 Inhambane 82,6 80,7 75,9 85,5 Gaza 64,6 60,1 53,2 67,1 Maputo Província

65,6 69,3 63,4 75,2

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Maputo Cidade 47,8 53,6 47,3 59,9 Fonte: PARPA II

4. O estado de saúde da população é influenciado por vários factores determinantes, de entre os quais os seguintes:

i. O baixo nível de escolaridade é característico da população em geral ( 47,8% ) e da mulher em particular , com uma taxa de alfabetização 32,7% contra os 63,5% dos homens. O último Inquérito Demográfico e de Saúde demonstrou uma forte associação entre o local de residência (rural ou urbana) ,o nível de escolaridade da mulher e a utilização de serviços de saúde . Segundo o gráfico.1 , há uma relação directa entre os factores atrás mencionados e o estado vacinal da criança , isto é , a utilização de serviços é maior nas zonas urbanas e é directamente proporcional ao nível de escolaridade. É de referir que este padrão se repete quando se analisam outros indicadores de cobertura e do estado de saúde , como a taxa de cobertura de partos institucionais, consulta pré-natal entre outros, e sublinham a importância destes factores determinantes sobre o estado de saúde da população.

Gráfico 1: Padrão vacinal e a área geográfica e nível de escolaridade, IDS 2003

Outra forte associação

com o nível de

escolaridade é a idade do primeiro

contacto sexual. Dados

apresentados nos IDS de 1997 e 2003 (idade de 20-24 anos) revelaram as seguintes análises tabela 2. :

0

20

40

60

80

100

120

TOTAL

Urban

aRur

alSem

Prim.

Secun

d. +

Per

cent

agem

Todas vacinas

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Tabela 2. Nível de Escolaridde e a Idade do 1º Conacto Sexual, IDS 2003

H = Homem, M = Mulher

dnd = dados não disponíveis

Estes resultados indicam que, apesar de os dados das raparigas serem similares para os dois IDS, evidenciando a manutenção das práticas sexuais ao longo dos anos, é de ressaltar dois aspectos importantes: a diferença de idade, entre rapazes e raparigas, no início da actividade sexual, sendo que o rapaz inicia a actividade um pouco mais tarde, e o impacto da educação no início da actividade sexual nas raparigas, corroborando desta forma, com os inúmeros estudos apresentados na literatura, segundo os quais quanto maior o nível educacional, mais tardiamente será o início da actividade sexual.

Estes factores apesar de não serem específicos do sector, contribuem grandemente para os resultados que o sector poderá atingir, pelo que haverá necessidade de se reforçar a advocacia nesse sentido. ii. O Meio ambiente é desfavorável a uma boa saúde, particularmente nas grandes cidades devido em parte ao sobre-povoamento, tratamento deficiente de lixos e excretas humanos, estagnação de águas pluviais por deficiente drenagem entre outros. A “endemização” da cólera, meningite e disenteria sugerem a necessidade de reforço do papel de advocacia do MISAU relativamente a estes factores determinantes da saúde, e uma melhor definição dos papéis e responsabilidades de cada sector em questões fundamentais como sejam, o ordenamento urbano, a drenagem de águas pluviais, remoção e processamento de dejectos, higiene na comercialização de produtos alimentares em mercados informais entre outros. Os hábitos e comportamento dos cidadãos (relacionado com o seu nível de educação e o estatuto sócio-económico), contribuem igualmente para perpetuar esta situação . Um estudo realizado pela UNICEF (Progresso para as Crianças: água, saneamento e os ODM ) em 2004, revelou que apesar do país apresentar melhorias notáveis no acesso a instalações de saneamento melhoradas quando comparado a outros países da região, encontra-se ainda longe de atingir as metas do milénio (60 % de acesso até 2015) , pois em 2004 apenas 19 por cento da população nas zonas rurais em Moçambique tinha acesso a instalações melhoradas de saneamento, comparado com 53 por cento nas zonas urbanas, totalizando apenas 32 por cento. Com vista a inverter o cenário actualmente existente na área de saúde ambiental, está em curso a elaboração de uma estratégia de saúde ambiental que irá regulamentar as intervenções chave nesta área, permitindo que exista um documento orientador que facilitará ao sector implementar as acções da sua responsabilidade, bem como a interligação com outros sectores a todos os níveis. Algumas iniciativas como a Campanha de Saneamento do meio prevista para 2008 poderão chamar a atenção da sociedade civil para a

Nível de

escolaridade

Idade no primeiro contacto sexual H/M

IDS 1997 IDS 2003

Nenhum dnd/15,6 16,4/15,7

Primário dnd/16,1 16,6/16,0

Secundário dnd/17,6 17,3/17,5

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necessidade de observância das regras básicas de higiene individual e colectiva através da adopção de uma postura cívica em relação ao meio ambiente. iii. O acesso a água potável é um elemento essencial para a garantia da qualidade de vida, e a sua disponibilidade está associada a um melhor perfil epidemiológico , especialmente no que concerne a ocorrência de doenças diarreicas, pois permite aumentar os níveis de higiene individual e colectiva. As crianças mais novas são mais vulneráveis aos efeitos negativos da água não segura, quantidades insuficientes de água, saneamento pobre e falta de higiene.A água não potável, disponibilidade inadequada de água para higiene e a falta de acesso a saneamento contribuem conjuntamente, a nível global, para cerca de 88 por cento das mortes causadas por doenças diarreicas, e para mais de 1.5 milhões das 1.9 milhões de crianças menores de cinco anos que perecem devido à diarreia em cada ano. Isto totaliza 18 por cento de todas as mortes de menores de cinco anos e significa que mais de 5.000 crianças estão a morrer todos os dias como resultado de doenças diarreicas (UNICEF: Progresso para as Crianças: água, saneamento e os ODM ).

iv. O Abastecimento de água potável continua insuficiente para satisfazer as necessidades básicas da população, segundo um estudo feito pela UNICEF ( Progresso para as Crianças: água, saneamento e os ODM ,2004). Este estudo considera o acesso a água potável em quantidade e qualidade aceitáveis, como um dos maiores desafios para o alcance das metas do Milénio (68% de cobertura de fontes melhoradas de água potável até 2015), pois apenas 26 por cento da população nas zonas rurais tinha acesso à fontes melhoradas de água potável (comparado com 72 por cento nas zonas urbanas), sendo a cobertura total de apenas 43 por cento em todo o país.

Uma das responsabilidades do sector saúde é garantir uma boa qualidade de água , não somente através da controlo laboratorial mas também efectuando o seu tratamento, evitando que a mesma possa constituir um veículo de transmissão de doenças; neste contexto, o departamento de saúde ambiental tem sido contundente a todos os níveis para a manutenção deste bem precioso. Há no entanto a necessidade de reforço da comunicação intersectorial neste âmbito, para garantir por um lado a provisão de água nas USs até ao nível mais periférico, e a qualidade da água para o consumo por outro.

Estruturas do governo local 5. O país está dividido em 11 províncias e 128 distritos e 33 município. A cidade de Maputo

tem o estatuto de província. Os ministérios sectoriais, tais como os de serviços económicos e sociais, incluindo o sector da saúde, estão representados a nível provincial e distrital. A nível distrital, a estrutura de governação consiste em directores distritais de vários sectores que respondem no dia a dia ao Administrador Distrital em questões administrativas. O país está actualmente a seguir uma política de descentralização onde se pretende reforçar o distrito, de referir que é um processo relativamente novo que deverá ter o devido acompanhamento do sector para garantir a gradual descentralização de algumas competências para este nível, como é o caso do processo de planificação distrital.

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O sector saúde em Moçambique

6. O sector saúde em Moçambique obedece a estrutura político-administrativa, e é composto

por três níveis: Central, Provincial e Distrital cujas funções permitem a prestação de cuidados de saúde a população Moçambicana.

7. O Nível Central, é um órgão orientador, pois realiza funções de definição de políticas,

normas , regulamentos , etc , sendo a este nível onde é feita a planificação estratégica do sector como um todo, e são delineadas as principais estratégias do sector que servem de orientação para a planificação provincial e distrital, isto é, as principais intervenções por níveis. No nível central encontra-se centralizada a gestão financeira de bens de capital como os grandes investimentos na rede secundária, terciária e quaternária, aprovisionamento de transporte , equipamento bem como as despesas com medicamentos . É de referir, que esta centralização da gestão de fundos a nível central, tem a sua razão de ser pois na prática ,a concentração é apenas aparente pois são acções de carácter específico (ex.: medicamentos, equipamento médico), que carecem de uma actuação acertada e atempada por pessoal qualificado para que se garanta o aprovisionamento dos mesmos a todos os níveis. De realçar que estas funções exercidas pelo nível central têm em vista melhorar a implementação das actividades nos níveis provincial e distrital.

8. O Nível Provincial realiza funções de planificação provincial tendo em linha de conta as

orientações estratégicas definidas centralmente, mas adequando-as a situação real de cada província. A este nível são coordenadas as actividades de saúde dos distritos, através de planos anuais com metas estabelecidas para os vários programas prioritários. Este nível garante a armazenagem e distribuição de materiais e medicamentos para toda a rede sanitária da província e garante que sejam cumpridas as normas e regulamentos definidos pelo nível central.

9. O Nível Distrital constitui a entidade implementadora dos planos concebidos a nível

distrital de acordo com as prioridades definidas pelo sector e harmonizado com o nível provincial. O distrito através da sua rede sanitária, permite a prestação de cuidados de saúde primários às comunidades mais recônditas, fornecendo igualmente uma atenção diferenciada nas sedes distritais.

10. O Sistema de Saúde em Moçambique inclui do sector público, sector privado com fins

lucrativos, o sector privado com fins não lucrativos. Destes, até agora, o sector público que é o Serviço Nacional de Saúde (SNS) constitui o principal prestador de serviços de saúde à escala nacional.

11. O Serviço Nacional de Saúde ( SNS ) está organizado em quatro níveis de atenção . O

nível primário (I) corresponde aos Centros de Saúde e têm como função executar a estratégia de Cuidados de Saúde Primários (CSP). Estas USs constituem o primeiro contacto da população com os Serviços de Saúde. O centro de Saúde , tendo sob sua responsabilidade a Saúde da População e do ambiente, deve assegurar a cobertura sanitária de uma população dentro de uma zona geográfica bem definida pela Área de

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Saúde. O nível secundário (II) é composto pelos Hospitais Distritais, Rurais e Gerais e têm como função prestar Cuidados de Saúde e constitui o primeiro nível de referência para os doentes que não encontram resposta nos Centros de Saúde. O nível terciário (I) é composto pelos Hospitais Provinciais e constituem a referência para os doentes que não encontram soluções ao nível dos Hospitais Distritais, Rurais e Gerais bem como dos doentes provenientes de Hospitais Distritais e Centros de Saúde que se situam nas imediações do Hospital Provincial e que não tem Hospital Rural nem Geral para onde possam ser transferidos. O nível quaternário (IV) é composto pelos Hospitais Centrais , e constitui a referência para os doentes que não encontram soluções ao nível dos Hospitais Provinciais, Distritais, Rurais e Gerais bem como dos doentes provenientes de Hospitais Distritais e Centros de Saúde que se situam nas imediações do Hospital e que não têm Hospital Geral para onde possam ser transferidos. Neste nível situam-se também os Hospitais Especializados que prestam cuidados muito diferenciados de uma só especialidade, de referir que estes hospitais só podem ser criados quando se prova que essa é a forma mais eficaz de prestação de cuidados dessa especialidade ex: Hospitais psiquiátricos.

12. No ano 2002, foi instituída uma nova classificação das USs, através do Diploma Ministerial n.º 127/2002, o qual preconizava que as Direcções Provinciais após a avaliação da rede sanitária existente, deveriam em coordenação com as Direcções Nacionais de Assistência Médica e de Planificação e Cooperação proceder gradualmente a re-classificação das Unidades Sanitárias. Este processo está em curso embora não esteja concluído pelo facto de as províncias não terem reunido os requisitos necessários, no entanto esta classificação será actualizada aquando da elaboração do plano integrado de desenvolvimento da rede sanitária, recursos humanos e equipamento.

Gráfico.nº.2. Rede sanitária em Dezembro de 2006 13. Actualmente o SNS conta com

1.338 Unidades sanitárias, sendo 3 Hospitais centrais, 7 Hospitais Provinciais, 4 Hospitais Gerais , 35 Hospitais Rurais , 775 Centros de Saúde, sendo 112 do tipo.I, 334 do tipo.II , 329 do tipo.III e 514 Postos de saúde . É de referir que apesar de o número de USs estarem a aumentar de ano para ano, uma parte significativa das mesmas está a

Rede sanitária em Dezembro de 2006

HR/G, 393%

PS, 51438%

CS, 775 58%

HP, 7 1%

HC, 30%

PS

CS.I,II,III

HR/G

HP

HC

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funcionar muito abaixo dos critérios e requisitos mínimos estabelecidos sobretudo no que concerne ao quadro de pessoal e infra-estruturas básicas.

O Sistema de referência 14. Nos últimos anos o sistema de referência tem sofrido distorções que resultaram em

grande medida da fraca operacionalidade das unidades mais periféricas. Este funcionamento abaixo dos padrões mínimos deveu-se essencialmente à guerra e à conjuntura económica que o país viveu nas últimas duas décadas. Nas unidades sanitárias esta situação caracteriza-se pela escassez crónica de insumos críticos para a prestação de cuidados de saúde, repercutindo-se negativamente na sua qualidade, sobretudo nas áreas rurais. Em consequência, o sistema de referência é na prática pouco funcional e frequentemente os utentes acedem ao SNS em qualquer dos níveis de atenção. A adicionar a estes problemas, a fragilidade dos níveis de atenção mais periféricos (centros de saúde e Hospitais Rurais/Gerais) tem sido atribuída a:

• Desequilíbrio das equipas de saúde destacando-se a baixa qualificação dos

profissionais colocados nas regiões mais remotas; • Fraca motivação dos trabalhadores resultantes das difíceis condições de

trabalho, de vida e baixas remunerações; • Infra-estruturas em condições de conservação e higiene deficientes; • Ausência de equipamentos básicos ou em mau funcionamento; • Supervisão deficiente pelos níveis superiores; • Percepção de baixa qualidade dos cuidados pelos utentes.

15. Por outro lado, o sistema de referência assentava na premissa de que a distribuição

territorial de unidades de referências seria mais homogênea e as unidades sanitárias disporiam de condições e meios de evacuação de doentes, pelo menos para as situações mais urgentes. O desenvolvimento da rede de hospitais secundários previa a criação de conglomerações de distritos em rural/geral que beneficiaria uma área de saúde correspondente a cerca de 500–600 mil habitantes.

16. Para além da disposição espacial e funcionalidade dos hospitais rurais/gerais, a rede de

comunicações , transportes e a rede de estradas deficientes, tem importância na operacionalidade do sistema de prestação de cuidados de saúde por níveis. Devido a dificuldades de comunicações (estradas), longas distâncias entre as unidades periféricas e de referência aliadas à ausência de transportes regulares entre os distritos e localidades, o acesso físico a unidades de referência tem sido severamente limitado.

17. As consequências do colapso parcial do sistema de referência são:

• A sobrecarga dos hospitais mais diferenciados principalmente nas zonas urbanas em consequência da procura aumentada de cuidados nesses níveis;

• A prestação a custo mais elevado de cuidados básicos que doutra maneira poderiam ser prestados a um custo menor, resultando em aumentos constantes dos custos e gastos nos grandes hospitais;

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• Diminuição da qualidade de atenção nos hospitais de referência. A situação nos hospitais poderá piorar devido ao aumento da morbilidade geral associada ao HIV/SIDA particularmente se nos níveis periféricos a prestação de cuidados não melhorar substancialmente.

18. A conjuntura actual do país é tal que o sistema de referência por níveis de atenção é

pouco praticável pelas razões aludidas anteriormente e exige um re-exame da situação sob a óptica de explorar canais viáveis de oferta de cuidados de saúde que incluam opções alternativas como o uso de unidades móveis.

19. No âmbito da melhoria de referência, têm sido introduzidas medidas tendentes a

melhorar o sistema de referência e que nem sempre são plenamente aceites pelos utentes , como a introdução de taxas moderadoras nos serviços de urgência dos Hospitais Centrais, que tem em vista descongestionar os serviços por um lado mas também permitir que o nível periférico exerça o seu papel de primeiro prestador.Há assim uma necessidade imperiosa de melhorar o sistema de referência quer através da adequação da infra-estrutura ,equipamento (material-médico, laboratorial, comunicações, etc) e recursos humanos capacitados mas também divulgar as normas de referência a todos os níveis para garantir a eficácia do sistema de referência.

20. A questão das cobranças de utentes versus acesso a cuidados de saúde, uso racional de

serviços de saúde, aumento de recursos para a saúde vai ser abordada de forma sistemática e objectiva para se determinar a abordagem mais efectiva. Esforços vão ser feitos para que sejam desenvolvidos e implementados esquemas de seguros sociais de saúde para cobrir a população vulnerável. De referir que o MISAU está a realizar estudos com vista a avaliar o impacto bem como as implicações da implementação de uma política de gratuitidade dos serviços de saúde

Parcerias: Cooperação intersectorial, Colaboração com as ONGs, Envolvimento comunitário,

Colaboração Intersectorial

21. Como foi referido acima, a saúde é influenciada fortemente pelos seus determinantes,

contudo, é notável a fragilidade da colaboração intersectorial a todos os níveis, indicando que há uma certa falta de clarificação dos papéis e responsabilidades de cada sector, pois chega-se por vezes ao ponto de nenhum sector em particular se responsabilizar por determinada situação que tem impacto claro sobre a saúde. Assiste-se a uma deterioração das condições básicas de saneamento um pouco por todo o país (zonas rurais e urbanas) , que se manifesta de várias formas como sejam: o deficiente sistema de recolha de lixo originando aumento do volume de lixo nas vias públicas, mercados, escolas; deficiente escoamento de excretas, proliferação de mercados em locais impróprios, etc, só para citar alguns exemplos de casos de degradação ambiental que levam a perpetuação de epidemias como a cólera. Outros sintomas de deficiente comunicação intersectorial são as dificuldades que as Unidades sanitárias enfrentam para o provimento de serviços básicos cuja disponibilidade melhoraria substancialmente a qualidade de serviços prestados à população, como o acesso à telefone , energia e água.

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Também o sector ressente-se da falta de ligação do MISAU com outras instituições do governo (policia, transportes, comércio) para intervir em casos de violência domestica (ligada ao álcool), acidentes de tráfego (devido ao alcoolismo, má sinalização e falta de respeito pelas normas de transito) entre muitos outros exemplos. De referir que somente com um reforço da colaboração intersectorial é que estes aspectos poderão ser minimizados e poder-se-à oferecer melhores cuidados de saúde à população Moçambicana, pelo que deve-se dar maior destaque ao assunto em todos os níveis.

Sector Privado Lucrativo

22. O sector privado com fins lucrativos está a desenvolver-se gradualmente especialmente

nas grandes cidades, registando-se um crescimento de consultórios privados individuais e colectivos nas diferentes especialidades. O crescimento ulterior destes operadores está também condicionado ao aumento dos rendimentos dos agregados familiares.

23. A política de saúde em vigor reconhece o papel do sector privado na prestação de

cuidados aos cidadãos. No entanto, há a necessidade de se actualizar a legislação relacionada com as variadas intervenções a serem levadas a cabo pelo sector privado para garantir a qualidade dos serviços prestados. Nas farmácias privadas há necessidade de criar legislação específica que permita uma supervisão efectiva de modo a evitar a ocorrência de atitudes anárquicas que poderão por em causa os esquemas terapêuticos instituídos pelo MISAU. Esta legislação inclui a criação de regulamentos do exercício da medicina privada, critérios para acreditação das Unidades sanitárias, pessoal mínimo necessário etc; a legislação deverá ser divulgada em todos os níveis e servirá de suporte à actividades de supervisão e inspecção do sector.

Sector Privado não Lucrativo 24. A prestação de cuidados pelo sector privado com fins não lucrativos é feita

essencialmente pelas Organizações Não Governamentais (ONGs) estrangeiras e algumas entidades religiosas de comum acordo com o MISAU. As ONGs nacionais estão a desenvolver-se paulatinamente e executam essencialmente programas de saúde comunitária nas áreas de prevenção, controle da doença e de educação e informação. Nos últimos anos houve um incremento das actividades das ONGs sobretudo na implementação do Plano Estratégico Nacional do HIV/SIDA (PEN-SIDA), que vieram dar um impulso ao programa nas actividades de Prevenção da Transmissão Vertical (PTV), assim como no Tratamento anti-retroviral (TARV). Estas parcerias não têm sido ainda suficientemente exploradas no seu potencial máximo sobretudo nas regiões mais desfavorecidas, sendo necessário melhorar a coordenação com o sector saúde para uma melhor distribuição geográfica, de forma a que as áreas de intervenção geográficas ou funcionais, coincidam com as prioridades do governo por um lado mas também evitem que haja duplicação de esforços por demasiada concentração nalgumas províncias e distritos mais preferidos(a)s, agravando as iniquidades. O MISAU a todos os níveis definiu as áreas prioritárias que carecem de reforço, o passo seguinte é coordenar actividades das ONGs para garantir a efectividade e qualidade dos serviços prestados à população.

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25. Neste contexto o sector está a institucionalizar os mecanismos de coordenação com as

ONGs quer através da participação destes nos fora criados no âmbito do SWAP, assinatura do Código de Conduta MISAU/ONG´s, assim como através da recém criada unidade de gestão de contratos das ONGs.

Sector não-alopático

26. Este sector é predominado por praticantes de medicina tradicional, herbanários, e mais

recentemente alguns praticantes de medicina ayuvérdica. A tipologia destes tipos de praticantes não está actualizada. Embora a actual política de saúde se afirme favorável à colaboração com o sector da medicina tradicional na prática poucos avanços foram registados nesta esfera. A colaboração tende a desenvolver-se na investigação de plantas medicinais. A este propósito o MISAU não tem ainda instrumentos que o permitam exercer o seu mandato no que concerne à protecção dos cidadãos contra certos praticantes que reivindicam capacidade de tratar doenças como o SIDA. Se bem que é possível que hajam plantas medicinais que possam atenuar e prolongar e quiçá curar a doença, tal declaração carece de escrutínio científico objectivo que só poderá ter lugar depois de estudos apropriados. Sendo o HIV/SIDA um problema grave para a sociedade, reivindicações de cura não comprovadas podem contrariar os esforços do governo de educação e mudança de comportamento das pessoas. Fica por explorar o potencial de parceria e colaboração com os praticantes de medicina tradicional e outros agentes não alopáticos de diagnóstico e terapêutica se considerar-se que uma proporção significativa de moçambicanos tem mais acesso a este tipo de serviços e usa-os em exclusividade ou em complementaridade com os serviços do SNS.

Envolvimento comunitário

27. Pode ser definido como o «Envolvimento activo das pessoas que vivem juntas, de forma organizada e coesa, na planificação e implementação dos Cuidados de Saúde Primários, usando recursos locais, nacionais ou outros.»

28. Ainda segundo a OMS, no processo de «Envolvimento Comunitário para a Saúde» os indivíduos assumem a responsabilidade, tanto pela sua Saúde e Bem Estar, como pelos da Comunidade e desenvolvem a capacidade de contribuir para o seu desenvolvimento e o da comunidade.

29. O envolvimento comunitário para a saúde tem longas tradições no nosso país, pois em condições de extrema escassez de recursos durante a guerra de Libertação Nacional as populações se puderam proteger de doenças, promover e preservar a saúde adoptando modos de vida saudáveis. A experiência de Moçambique neste processo foi levada à Conferência Internacional sobre os Cuidados de Saúde Primários, realizada em Alma-Ata em 1978, que na sua Declaração Final indica que o envolvimento comunitário para a Saúde é « de primordial importância e um factor chave para o desenvolvimento

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humano» e reconhece que as populações têm o dever de participar na acção visando melhorar e preservar a sua Saúde.

30. Em Moçambique , tem se assistido a formas de trabalho junto das comunidades que não passam de tentativas de impor ás comunidades, aquilo que elas devem fazer, que são formas impróprias e contraproducentes de mobilização comunitária. Há toda uma necessidade de separar o trabalho junto das comunidades da mobilização das mesmas comunidades para o seu pleno envolvimento para a promoção e defesa da sua própria Saúde.

31. Várias são as vantagens que mais frequentemente têm sido atribuídas ao «Envolvimento Comunitário para a Saúde» , assim são enumeradas algumas, tendo consciência que não foram esgotaram as demais vantagens:

• Satisfação dum direito e dum dever; • Promoção da auto responsabilidade da colectividade e de indivíduos; • Aumento das taxas de cobertura dos Cuidados de Saúde; • Melhoria da qualidade dos Cuidados de Saúde prestados; • Redução drástica da corrupção e do desleixo de alguns trabalhadores de

Saúde; • Desburocratização do funcionamento dos Centros de Saúde; • Abertura de largas perspectivas para priorizado as acções de Promoção da

Saúde e de Prevenção da Doença • Aumento da eficácia do Sistema de Saúde • Aumento da eficiência do Sistema de Saúde • Reforço da coesão e da auto-suficiência da Comunidade

32. Com efeito, o envolvimento das comunidades na análise e solução dos seus próprios problemas de saúde é universalmente considerado um factor fundamental para o sucesso de todos os programas de Saúde e para a melhoria do Estado de Saúde da População, neste contexto, o sector está a finalizar uma estratégia de partição comunitária que visa essencialmente regular e uniformizar os procedimentos em relação a estes prestadores e que permita que o sector se beneficie das actividades destes prestadores. Para se conseguirem obter formas sustentaveis de envolvimento comunitário para a Saúde é necessário que:

• O envolvimento comunitário é um dos objectivos explícito e prioritário do

Plano estratégico com estratégias coerentes para atingir tal objectivo, e estão previsas acções concretas de mobilização comunitária para a Saúde. Para tal é necessário que se faça a alocação de recursos em conformidade com a prioridade atribuída a este objectivo. Por outro lado é igualmente necessário que se envolvam os parceiros mais convenientes para este tipo de acção.

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• Haja a revitalização dos Agentes Polivalentes Elementares como forma de extensão dos cuidados de saúde para fazer face a fraca cobertura da rede sanitária devendo-se actualizar os programas de formação dos mesmos e ser definidos critérios de selecção , monitoria e avaliação dos APE’s. Há ainda a necessidade de um maior envolvimento das comunidades na sua selecção , supervisão e sustentabilidade.

• Os profissionais de saúde a todos os níveis sejam capacitados na matéria de envolvimento comunitário, assim como os trabalhadores das agências e instituições parceiras neste processo. Há assim a necessidade de se adoptarem novas e modernas metodologias de formação para que os trabalhadores de saúde aprendam a relacionar-se com as comunidades.

• Se reforce a colaboração intersectorial , com vista a uniformização da abordagem de envolvimento comunitário e se obtenha maior eficácia das intervenções.

Municípios

33. Em 1997, a Legislação sobre Municípios atribuiu-lhes a responsabilidade pelos Cuidados de Saúde Primários, em princípio os Municípios deveriam gradualmente assumir um papel mais visível na prestação de cuidados primários. Importa referir que até ao presente momento, nenhuma unidade sanitária está a ser gerida pelos municípios, têm no entanto sido reportadas actividades pontuais de reabilitações, ampliações de blocos de US, novas construções de CS, mas cuja gestão continua encarregue ao MISAU. De referir que a planificação de infra-estruturas deverá ser devidamente coordenada com o sector, uma vez que as mesmas implicam necessariamente a alocação de equipamento, medicamentos e recursos humanos , os quais devem ser planificados com muita antecedência.

34. De facto, a prestação de cuidados de saúde a nível dos municípios é um assunto que necessita de maior clareza, e os contornos desta devolução deverão ser definidos com a devida cautela, pois existe o risco de alguns dos ganhos que o SNS obteve com a implementação de CSP sejam perdidos se o processo de devolução não for bem planificado. Na verdade, é necessário ter a certeza de que a devolução não vai aumentar a iniquidade no acesso aos CSP. O MISAU mediante a manifestação de interesse de cada município está aberto a negociar e a avaliar periodicamente os modelos contratuais de transferência gradual de competências .

Estado de saúde da população

35. No nosso país, embora se tenham registado alguns progressos, as mortalidades infantil, juvenil e néonatal são ainda muito elevadas. A taxa de mortalidade infantil decresceu ligeiramente de 147/1000 para 124/1000 nados vivos (IDS-1997, 2003) e a taxa de mortalidade entre as crianças menores de cinco anos reduziu de 219/1000 para 178/1000 nascimentos (PARPA II). A taxa de mortalidade entre as crianças é usualmente considerada como sendo uma reflexão da extensão e impacto dos níveis prevalecentes de pobreza e como um indicador representativo do desenvolvimento sócio económico.

Tabela nº 2: Indicadores do Estado de Saúde da população

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Indicador 1997 2003 Esperança de Vida 44 46.7 TMI 135 101 TM<5A 153 Taxa de Mortalidade Materna

690/100.000NV 408/100 000NV

Fonte: IDS 1997/2003

Gráfico: 3. (IDS Gráfico 7.1) Evolução da Mortalidade Infantil. Moçambique, 1997 e 2003

Fonte: IDS 2003

36. Uma das grandes prioridades do sector é promover a melhoria do estado nutricional da

população, em particular, das crianças, incluindo a prevenção e tratamento das carências nutricionais. Segundo o IDS 2003, os índices de subnutrição continuam elevados. O Gráfico 4 (IDS Grãfico10.3) mostra a condição nutricional de crianças menores de cinco anos, de acordo com a idade, onde se pode verificar que a malnutrição crónica cresce com a idade e é relativamente baixa entre as crianças cujas as mães têm o nível Secundário (15 por cento). Por outro lado, a subnutrição aguda e a insuficiência de peso, apresenta uma redução em relação a idade, pois reduz drasticamente apartir do primeiro ano de vida.

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Gráfico: 4. (IDS 10.3) Condição Nutricional de Crianças com Menos de Cinco Anos, de Acordo com a Idade

Fonte: IDS 2003

37. Ainda muitas das nossas crianças sofrem e morrem de desnutrição crónica devido em

grande parte a baixa taxa de cobertura do aleitamento exclusivo até aos 6 meses que foi 30% em 2003, a alimentação complementar inadequda porque introduzida bem antes dos 6 meses e também devido a questões culturais. As crianças também morrem e sofrem devido ao baixo peso à nascença, a avitaminoses que é associada aos elevados níveis de pobreza e ao grau de insegurança alimentar no país. O gráfico 10.3, mostra a proporção de crianças com baixo peso e desnutrição crónica por área de residência e província, onde se pode concluir que quatro em cada dez crianças (41 por cento) menores de 5 anos são baixas em relação a sua idade ou sofrem de subnutrição crónica, e 4 por cento sofrem da subnutrição aguda (baixo peso para a altura).

38. As crianças das áreas rurais são mais vulneráveis à subnutrição crónica do que as das

urbanas (46contra 29 por cento), e o nível mais baixo da subnutrição crónica encontram-se em Maputo Cidade e Maputo Província (21 por cento e 24 por cento, respectivamente). Em Cabo Delgado, 56 por cento das crianças menores de cinco anos são consideradas baixas em relação à sua idade.

39. Uma das estratégias para melhorar a situação nutricional, sobretudo para o seguimento

das actividades em situação de emergência é a criação de postos sentinela com vista a melhorar a colecta dos dados do sistema de vigilância nutricional e de aviso prévio, e a tomada de intervenções adequadas. O desafio é desenvolver e implementar estratégias viáveis para melhorar a segurança alimentar tanto ao nível dos agregados familiares, como a nível nacional.

40. Constituem ainda causas de morte nas crianças menores de cinco anos a prematuridade, as infecções néonatais, a malária, as doenças diarreicas, as broncopneumonias e outras infecções respiratórias agudas, a anemia, o sarampo, o tétano néonatal, a meningite e

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outras doenças evitáveis, o trauma (acidentes, queimaduras, minas, intoxicações),a tuberculose, as parasitoses intestinais e vesicais, a asma, a febre reumática, etc..

41. Os nossos adultos ainda sofrem, são hospitalizados e/ou morrem maioritariamente por malária, SIDA onde a seroprevalência aumentou de apenas 14% em 2002 para mais de 16,2% em 2004 , de DTSs, Tuberculose, anemias, parasitoses intestinais e vesicais, asma, diabetes e muitas outras doenças.

42. A malária é hiperendémica em Moçambique e as doenças com ela relacionadas (e.g.

anemia) são as principais causas da morbilidade e mortalidade nas crianças com idade inferior a cinco anos, juntamente com a diarreia e as infecções respiratórias agudas. Das estratégias em curso no âmbito da iniciativa “Fazer recuar a Malária” que a OMS lançou há alguns anos e que constituem uma janela de oportunidade para dinamizar o combate a esta doença, destacam-se o uso de insecticidas em larga escala , o uso de redes mosquiteiras tratadas com insecticidas e o tratamento preventivo intermitente da malária na gravidez (TIP). Ainda no âmbito do combate à malária, em Moçambique tomou-se a iniciativa de oferecer gratuitamente o tratamento, permitindo um maior acesso a um maior número de pessoas sobretudo nas zonas mais desfavorecidas e assim reduzir a morbi-mortalidade por esta doença. Paralelamente a esta medida , têm sido actualizadas as normas terapêuticas com vista a alcançar uma maior eficácia do tratamento e reduzir as resistências.

43. Como na maior parte dos países da sub-região, o problema do HIV/SIDA continua a

sobrecarregar não só o sector da saúde mas também todo tecido social em geral e tem comprometido as perspectivas de redução da pobreza e a criação da riqueza em todos os níveis. Estima-se que o país tinha aproximadamente 1,6 milhões de pessoas infectadas com o HIV em 2005, a sero-prevalência aumentou de apenas 14% em 2002 para mais de 16,2% em 2004. O program de prevenção de transmissão vertical começou a ser expandido significativamente desde 2002 e, em 2006 cerca de 222 unidades sanitárias ofereciam serviços de prevenção de tranmissão vertical. Em 2006, 12 150 mulheres grávidas sero positivas receberam profilaxia com antiretrovirais; o que significa 8% do número total de mulheres grávidas sero positivas estimadas no país.

44. O impacto do HIV/SIDA nas mulheres é um assunto a considerar: dos aprox. 1,6

Milhões de pessoas vivendo com HIV/SIDA, a maioria (58%) são mulheres. As diferenças em género são mais agudas entre os grupos de idade 15-19 e 20-24, onde a prevalência em mulheres é mais de três vezes maior do que nos homens. As relações desiguais de poder entre géneros em Moçambique fazem com que seja muito difícil para as mulheres negociarem sexo seguro e insistir em que os seus parceiros utilizem preservativos. As mulheres jovens são especialmente vulneráveis ao HIV devido ao sexo entre gerações e ao sexo transaccional (frequentemente induzido pela pobreza). Para além disso, o impacto do HIV/SIDA recai fortemente nas mulheres que são ao mesmo tempo as provedoras da alimentação da família e as principais responsáveis pelos cuidados em situações de doença na sociedade. Os ganhos que as mulheres moçambicanas alcançaram em relação à igualdade de

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género, podem ser afectados já que a sociedade lhes demanda voltar aos seus tradicionais papéis de cuidarem dos familiares afectados pelo HIV/SIDA.

45. O plano estratégico para a resposta multisectorial nacional ao HIV/SIDA foi recentemente revisto para tomar em consideração a mudança epidemiológica do HIV/SIDA e a introdução de novas estratégias para prevenção, controle e tratamento. Muitos dos esforços serão direccionados à prevenção e mitigação do impacto do HIV/SIDA a nível doméstico (casa) e nacional. O plano estratégico nacional revisto tem igualmente em consideração a importância de formalizar uma agenda de investigação do HIV/SIDA a nível nacional para estabelecer uma base de evidências apropriadas que irá informar os processos de política e planificação. O Ministério da Saúde possui também um Plano Estratégico de HIV/SIDA para o Sector da Saúde (PEN-Saúde) 2004-8, que tem como seu objectivo global: “Oferecer uma combinação apropriada de serviços preventivos e curativos com vista a reduzir a transmissão via sexual de mãe para o filho, evitar a transmissão do HIV nas Unidades de Saúde, e aumentar o período e qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV (PLWHA), incluindo os próprios trabalhadores da saúde”.

46. Várias acções tendentes a reverter a situação estão em curso em todo o País e referem-

se ao reforço da abordagem sindrómica das Infecções de Transmissão Sexual (ITS), aumentar o acesso dos Jovens e adolescentes aos serviços preventivos, aumentar o acesso ao Aconselhamento e Testagem em Saúde( ATS), reduzir a transmissão vertical do HIV da mãe para o filho e oferecer tratamento anti-retro-viral até ao nível mais periférico.

47. No concernente as US´s com capacidade para oferecer TARV, foi já ultrapassada a meta

definida para o período (130), com a abertura de 150 locais para o efeito, correspondendo a 115%. Assim, houve um aumento acentuado do número de pessoas beneficiando do TARV, tendo-se passado de 19.095 atendidos em 2005 para 44.100 em 2006. Dos 44 100 pessoas em TARV 58% eram mulheres e 3 443 (8%) crianças. Em finais de Junho 2007 no total haviam sido beneficiados 63.195 pessoas, significando 42% da meta para 2009. Esforços deverão continuar para garantir o cumprimento da meta e também para aumentar a cobertura dos doentes ilegíveis que ainda é baixa. A rede das unidades sanitárias oferecendo tratamento antiretroviral cresceu de 38 em 2005 para 150 em 2006, cobrindo 70% de todos os distritos e, portanto, contribuindo para minimizar as assimetrias regionais no acesso ao tratamento antiretroviral.

48. A tuberculose é uma das principais doenças endémicas em Moçambique, constituindo a

luta contra esta doença uma prioridade do MISAU. O aumento da incidência anual de casos da tuberculose (incidência de 1.025 casos por cada 100.000 habitantes em 2004), pode ser explicado por um lado, pelo aumento da notificação por parte dos Distritos e por outro, pela epidemia do SIDA que está associada a uma frequência cada vez mais elevada de Tuberculose. A implementação deste Programa tem produzido resultados encorajadores mas será necessário assegurar que os ganhos adquiridos não sejam postos em causa pela contínua progressão do HIV/SIDA. Neste contexto está em curso a implementação de uma abordagem integrada(TB/HIV-SIDA) que permite uma maior eficácia ao tratamento e um aumento da taxa da cura da doença. Actividades de luta

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contra a tuberculose vão ser implementadas em conformidade com o Plano Estratégico da Tuberculose (2008-2012).

49. Apesar da redução conseguida, mais de 50% na prevalência da lepra em 1999, Moçambique permanece entre os países mais afectados pela doença, sendo o 2º país mais endémico em África (após a Nigéria) e o 7º no mundo. O governo moçambicano, subscreveu a resolução de eliminar a lepra como problema de saúde pública. O termo “eliminar” refere-se à definição dada pela OMS e significa no caso vertente, redução da prevalência da lepra até um nível que já não constitua um problema de saúde pública; isto é, atingir uma taxa de prevalência inferior a 1 caso por 10.000 habitantes em todos os níveis nacional, provincial e distrital.

50. A taxa de prevalência actual de Lepra em Moçambique é de 1,6 por 10.000 habitantes,

resultado promissor no que concerne ao cumprimento da meta de reduzir a prevalência da Lepra para <1caso por 10.000 Hab, no ano 2009. Na tabela 4, são apresentadas as tendências da prevalência no período 2003 a 2006 nas províncias mais endémicas do país.

Tabela . 3: Prevalência de Lepra/10.000 habitantes, período 2003 a 2006

51. De referir que estão sendo dados passos positivos rumo a eliminação desta doença nos últimos anos, com a actual taxa de prevalência de 1.6/10.000. Deverão ser evidados esforços sobretudo nas províncias de Nampula e Cabo Delgado para que num futuro não muito distante Moçambique se encontre livre da Lepra.

52. Para a incapacidade com diminuição da capacidade produtiva contribui também a lepra, a epilepsia, a cegueira (causada pelo tracoma, glaucoma, cataratas e avitaminose A), a surdez (provocada por otites médias de repetição, meningite e doenças profissionais) e o atraso mental gerado por prematuridade asfixia neo-natal, carência de iodo, malária cerebral e meningite.

53. Os traumas (agressões interpessoais, acidentes de viação, quedas acidentais, envenenamento, queimaduras, intoxicações, minas, acidentes de trabalho), a hipertensão arterial, os acidentes vasculares cerebrais e a insuficiência respiratória crónica, para além de causarem grande sofrimento, hospitalizações muitas vezes com necessidade de cuidados intensivos prolongados e morte, contribuem igualmente para a incapacidade para o resto da vida, com diminuição considerável da capacidade produtiva. Em termos de

Ano Nampula

C. Delgado

Niassa

Zambézia Manica País

2003 7,3 5,5 3,4 4,4 2,4 3.7 2004 4,9 5,2 2,9 3,4 2,3 2.5 2005 6,1 5,7 2,4 2,7 1,0 2.5 2006 3,5 3,1 2,1 1,7 0,7 1.6

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morbilidade e mortalidade, os nossos homens também pagam um pesado tributo à cirrose hepática, aos cancros do fígado, da bexiga, da próstata e do pulmão.

54. O programa Alargado de vacinação em Moçambique iniciou-se em 1979 com o

objectivo de reduzir a morbi -mortalidade das doenças previniveis por vacinação. O calendário de vacinação inclui actualmente a vacina BCG administrada logo ao nascer, a vacina contra poliomielite e a vacina tetravalente (DPT + Hepatite B) aplicadas aos 2, 3 e 4 meses de idade e a vacina contra o sarampo aplicada aos 9 meses. A componente hepatite B foi introduzido em 2001; além disso se aplica a vacina antitetânica para mulheres em idade fértil e em especial para mulheres grávidas.

55. O país precisa de alcançar altos níveis de cobertura vacinal para manter as doenças

imuno preveníveis sob controle. Para eliminar o sarampo o programa deverá garantir de forma homogénea que 95% da população menor de 5 anos de idade esteja imunizada. Para poliomielite o valor mínimo da cobertura a ser atingida é de 90%.

56. A cobertura vacinal mostrou considerável avanço no período analisado, estes sucessos

são confirmados pelo IDS 2003, onde as coberturas das crianças completamente vacinadas passou de 47% em 1997 para 63% em 2003. As taxas de cobertura vacinal para as vacinas componentes do Programa Alargado de Vacinação podem ser visualizadas no gráfico abaixo.

Gráfico: 5. Cobertura vacinal seguindo vacina e ano. Moçambique, 1981-2005

Fonte: Ministério da Saúde

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

ANO

%

BCG

DP

VAS

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57. A poliomielite, objecto de um programa mundial de erradicação, teve sua transmissão interrompida em Moçambique em 1993. Os últimos dados disponíveis a nível internacional mostram que foram notificados 114 casos de paralisia flácida em 2005 com uma taxa de 1,3 por 100.000 menores de 15 anos de idade dos quais 86% foram descartados com duas amostras de fezes colectadas de forma adequada.

58. O sarampo ocorre de maneira continua no país. Nota-se um aumento do numero de casos

em 1980, 1985, 1989, 1998 e 2003. A letalidade varia bastante e depende do estado nutricional da criança.

Tabela. 4: Taxa de Cobertura da Vacinação Contra o Sarampo: Campanha Nacional de

Vacinação - Moçambique - 2005 Província Grupo alvo (0-14

anos) N.º de crianças vacinadas

Taxa de cobertura (%)

INQUÉRITO

NIASSA 470,422 424,116 90 91,1 CABO DELGADO 679,329 627,559 92 95,3 NAMPULA 1,641,474 1,632,847 99 90,1 ZAMBEZIA 1,671,090 1,724,645 103 93,5 TETE 714,937 689,436 96 96,4 MANICA 607,433 600,269 99 94,3 SOFALA 715,200 674,700 94 96,7 INHAMBANE 588,274 537,540 91 97,5 GAZA 548,182 495,888 90 97,3 MAPUTO PROVÍNCIA 403,228 404,852 100 94,8

Gráfico: 6. Casos e letalidade por sarampo segundo ano.

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

ANO

CASOS

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Casos Letalidade

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MAPUTO CIDADE 436,881 377,526 86 98,3 TOTAL 8,476,450 8,189,378 97 95,4 Fonte:OMS,2006 59. No âmbito do Programa de Controle Acelerado de Sarampo, foi realizada em 2005 com

sucesso em distritos selecionados, a campanha de vacinação em massa contra o sarampo em crianças dos 6 meses aos 14 anos de idade onde se aplicaram mais de 8 milhões de doses de sarampo em todo o país representando uma cobertura de 97%. O inquérito de cobertura vacinal mostrou uma cobertura próxima (95%) confirmando assim o êxito da campanha.

Gráfico: 7. Casos de sarampo segundo semana epidemiológica e ano. Moçambique, 2005-2006

Fonte . Ministério da Saúde Moçambique 60. Uma outra doença objecto de eliminação é o tétano neonatal. Considerando o período

em estudo nota-se uma redução acentuada. Contudo ainda observamos em 2005 cerca de 26 casos. De referir que em 2006 foi realizada a 1ª. Volta da campanha de vacinação anti-tetânica em 15 distritos de alto risco tendo-se alcançado uma cobertura de 94.2%.

61. É fundamental melhorar o sistema de recolha e tratamento da informação sobre as

vacinações (recomendações da data quality audits realizadas pelo programa GAVI) para que se tenha um cenário real do desempenho do programa no país. Há necessidade de se melhorar a gestão do programa como seja: Promover a mobilização de recursos financeiros, humanos e materiais para atender as actividades planificadas pelo programa; assegurar uma manutenção e reparação das instalações físicas onde funciona o programa em todos os níveis, especialmente ao nível local; avaliar a possibilidade de realização anual de dois dias nacionais de vacinação antipoliomielite para o período 2007-2010; estudar a possibilidade de substituir a vacina anti tetânica (VAT) por Defteria e tétano apartir de 2007; estabelecer 100% como meta de cobertura de vacinação para cada uma das vacinas, para os menores de um ano; prover as US e as DDS de mapas e

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51

SEMANA

CASOS

2005 2006

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população actualizados; garantir que todas as vacinas sejam aplicadas em qualquer sessão de vacinação .

62. As Quebras Vacinais por seu lado, mostram uma tendência de melhoria, de 16% em 2000

para 13% em 2004, encontrando-se dentro dos limites recomendados pela OMS (abaixo de 20%).

63. Embora se tenham registado alguns progressos na redução da taxa de mortalidade

materna , tendo passado de uma estimativa de 1.600 Mortes Maternas por 100.000NV em 1990 para 690 em 1994-95 (IDS 1997) para 408 em 2001-02 (IDS, 2003), o nosso país possui ainda uma das mais elevadas taxas de mortalidade do mundo. No entanto o nosso país encontra-se ligeiramente abaixo das taxas de mortalidade dos Países subdesenvolvidos, e a menos de metade dos Países de África e África Sub-sahariana.

Mortalidade materna/ 100.000 Nados Vivos

MOÇAMBIQUE MUNDO 400

Países desenvolvidos 20

408 Países subdesenvolvidos 440

ÁFRICA 830

África do Norte 130

África Subsahariana 920

Fonte: IDS 2003

68. A Cobertura de Partos Institucionais (CPI), teve um crescimento acentuado de 28% em 1995 para 44% em 1997 e 48% em 2003, sem diferenças entre as áreas rurais e urbanas de 1997 (área rural 33.9% e urbana 81.4%) para 2003 (área rural 33.7% e urbana 81.3%), tendo a Cidade de Maputo, tanto em 1997 como em 2003, apresentado a cobertura mais alta (86.5% e 89.4% respectivamente), e as Províncias da Zambézia e Cabo-Delgado as coberturas mais baixas respectivamente em 1997 (25.5%) e 2003 (29.5%) (Gráfico3). Segundo dados de rotina do MISAU, a CPI foi de 42.87% em 2002, 45.05% em 2003, 46.74% em 2004, 48.31% em 2005 e 48.42% em 2006 (com uma tendência de diminuição na percentagem do crescimento anual desta cobertura nos últimos 3 anos, que a manter-se irá provocar uma diminuição na Cobertura). No entanto, em 2006 a Taxa de Ocupação de Camas de Maternidade foi somente 37%, indicando que o sistema nacional de saúde tem potencialidades de absorver uma maior demanda de partos institucionais. 69. Igualmente, a taxa de mortalidade materna intra-hospitalar, contrariou a previsão do

plano, pois aumentou de 182 em 2005 para 190 (óbitos maternos/100000 NV) em 2006. As Províncias de Inhambane, Cabo Delgado e Sofala similarmente a 2005, continuam a registar as mais altas taxas de mortalidade materna. O aumento tem sido justificado pela maior credibilidade nas unidades sanitárias que melhoraram o atendimento das

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complicações obstétricas, melhorando o sistema de notificação, esperando-se que com mais unidades sanitárias acreditadas em Cuidados Obstétricos de emergência, esta taxa se mantenha ou ainda venha a subir, para em seguida baixar drasticamente e continuar diminuindo.

69. O desafio nos próximos cinco anos é aumentar os cuidados obstétricos de emergência básicos (COEmB) e completos (COEmC), especialmente nas áreas rurais. Respeitante a abordagem dos COEmB , está planificado para 2009, atingir a meta de 3.0 US/ 500.000 Habitantes, tendo em 2006 sido atingido 2.3 US/ 500.000 Habitantes , o correspondente a 88% da meta. Isto exigirá um investimento não apenas em infra-estruturas e equipamento mas também numa maior disponibilidade e organização equitativa de pessoal qualificado nas zonas rurais, assim como o reforço e fortalecimento do Sistema de Referência. Neste contexto, o número de US que oferecem cuidados obstétricos de emergência básicos e completos, incluindo o tratamento intermitente presuntivo da malária será aumentado, assim como o número de US capazes de oferecer e integrar nos serviços de SSR, serviços de prevenção e tratamento de ITS/HIV/SIDA, PTV do HIV, tratamento das infecções oportunistas, Planificação Familiar, assim como serviços de saúde sexual e reprodutiva sensíveis ás necessidades dos adolescentes e jovens. Esta integração constitui um grande desafio, para o qual o sector deverá desenvolver estratégias e fluxogramas de atendimento que permitam tornar esta integração possível nos serviços existentes de saúde sexual e reprodutiva. 70. Adicionalmente, um plano para a expansão de casas de espera para as mães será desenvolvido e implementado, para garantir que as mulheres grávidas sejam devidamente monitorizadas nas últimas fases da sua gravidez, e principalmente nos casos de risco acrescido de complicações obstétricas. Deverão ser priorizadas as actividades de intervenção comunitária com vista a atingir as mulheres que não têm acesso aos cuidados de saúde, bem como a promoção de envolvimento comunitário. Prevê-se a construção de casas de espera para as mulheres grávidas em 90% das US localizadas nas sedes distritais, tendo sido atingido 31,2% em 2006.

71. Por outro lado, o acesso universal à SSR e Prevenção e tratamento do HIV/SIDA, propósito central do Plano de Acção de Maputo para a SSR em África (Conferência da UA sobre SSR, 2006) só será integralmente cumprido se todo e qualquer individuo tiver condições de escolher, obter e usar, no lugar e na hora certa, bens, produtos e consumíveis essenciais para a sua saúde sexual e reprodutiva. A definição e implementação de uma Estratégia para a Segurança em Bens, Produtos e Consumíveis Essenciais para a SSR, que vise o fortalecimento do actual Sistema, será outro desafio como forma de garantir a disponibilidade continua de medicamentos, contraceptivos, materiais e equipamentos médicos e cirúrgicos, reagentes e outros consumíveis, assegurando assim que os serviços que são prestados, tanto preventivos como curativos, sejam de boa qualidade e respondam às necessidades de cada indivíduo.

72. As nossas mulheres sofrem, são hospitalizadas e morrem pelas causas já atrás

apontadas para os adultos em geral e ainda por causas ligadas à sexualidade, à

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reprodução e à gravidez (hemorragias, eclâmpsia, infecções, aborto, gravidez precoce, etc.), por cancro da mama e do colo do útero.

73. Face ao cenário traçado acima, urge a necessidade de aprovar, distribuir e divulgar a Política Nacional de SSR, desenvolver a Estratégia Geral de SSR e finalizar a revisão/aprovação dos planos estratégicos das várias sub-componentes (Cuidados Obstétricos de Emergência Básicos (COEmBs) e Cuidados Obstétricos de Emergência Completos ( COEmCs) , Segurança de Bens e Produtos para a SSR, Casas de Espera para as mulheres grávidas,Tratamento Intermitente Preventivo da malária na gravidez (TIP). Neste contexto, vai ser realizada uma Avaliação profunda de Necessidades em Saúde Materna e Neo-Natal, que providenciará elementos importantes para uma melhor planificação, gestão, monitoria e avaliação dos Serviços de SSR. Acesso e qualidade de prestação dos serviços de saúde 74. Os serviços de saúde disponíveis e acessíveis continuam ainda insuficientes para fazer

face as necessidades da população, pois apenas 50% tem acesso a um nível aceitável de cuidados de saúde e somente 36% da população têm acesso a cuidados de saúde num raio de 30 minutos das suas casas. No entanto, é de referir que cerca de 30% da população não tem possibilidade de aceder a qualquer tipo de serviços de saúde.

75. Garantir o acesso a cuidados básicos de saúde através da promoção das capacidades da

comunidade para a identificação, análise e tomada de decisões para a resolução dos problemas de saúde bem como através da expansão da rede sanitária é uma das principais prioridades do sector. No entanto a distribuição geográfica desigual das unidades de saúde, infra-estruturas pobres, falta de um sistema de referência adequado, falta de recursos humanos capacitados a diferentes níveis, assistência técnica insuficiente e uma mão de obra cujas técnicas e competências não foram adaptadas às necessidades variáveis dum sistema de saúde abrangente, estão a afectar o acesso universal aos cuidados de saúde.

76. Os indicadores de disponibilidade de recursos por província (Camas/1000hab )

apresentam pouca alteração no número de camas por 1000 hab., de 0.87 em 2005 para 0.89 em 2006 (tab.). As províncias de Maputo Cidade, Gaza e Sofala registaram os melhores indicadores cama/1000 hab. (acima de 1). Este índice está ainda aquém dos valores aceitáveis.

Tabela. 6: Indicadores de Disponibilidade de Recursos por província

(Jan-Nov 2005/2006)

Camas/1.000 Habitantes 2005 2006 Maputo C 1.99 2.5 Maputo 0.99 0.96

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Gaza 1.23 1.21 Inhambane 1.02 1.03 Sofala 1.2 1.19 Manica 0.95 0.75 Tete 0.83 0.79 Zambézia 0.43 0.43 Nampula 0.74 0.75 Niassa 0.63 0.61 Cabo Delg 0.62 0.66

77. A região norte seguida do centro apresenta os mais baixos indicadores de disponibilidade

de recursos. Este facto é indicativo, apesar de ligeira melhoria, da persistência de grandes desigualdades territoriais. A desigualdade no acesso a cuidados de saúde entre as regiões do país e entre o campo e a cidade estão bem documentadas. Estas disparidades tem origem em factores sócio-económicos, culturais e históricos das diferentes regiões do país

78. Apesar da evolução positiva no crescimento do volume de actividades e de serviços

prestados que é reportada nos relatórios de balanço do sector, a qualidade dos cuidados de saúde prestados ainda não atingu o nível desejado, pelo que deverão ser desenvolvidos esforços adicionais para consolidar a prestação, a utilização e a qualidade dos serviços em simultâneo com a extensão na rede de cobertura.

79. A qualidade dos cuidados curativos tem sido questionada nos diferentes quadrantes da

sociedade e recentemente os meios de comunicação social tem insistido neste aspecto. O aumento da disponibilidade dos serviços curativos de saúde com qualidade, prestados com eficiência e equidade com prioridade para as camadas mais desfavorecidas da população é uma das grandes prioridades do Programa Quinquenal do Governo. Neste âmbito, foram realizadas várias acções que incluem: a elaboração do primeiro rascunho da Carga-Tipo de equipamento, a definição do quadro tipo de pessoal para cada nível de US . A prioridade nos períodos subsequentes deverá centrar-se na implementação dos mesmos em todas as US´s. Foram ainda elaboradas normas de funcionamento dos principais serviços, as quais estão sendo implementadas em todos os HCs e HPs.

80. Com vista ao desenvolvimento e expansão dos cuidados especializados básicos de saúde

na rede sanitária periférica, para promover a equidade entre as áreas urbanas e rurais, centrais e periféricas, e consequentemente melhorar a qualidade assistencial, algumas áreas foram reforçadas nomeadamente:

• A provisão de serviços básicos (água e energia), em todos os HCs, HPs E

HGs. • A melhoria da alimentação dos doentes internados e reduzidas as listas de espera

dos serviços de urgência e de consultas • A instituição de reuniões clínicas e de análise de óbitos sistemáticas, para avaliar

cada processo, tirar recomendações e actuar • A Colocação de especialistas nas áreas prioritárias, em todas as províncias,

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embora ainda em número insuficiente. 81. Nos programas clínicos, foram realizadas actividades de formação, reciclagem e

supervisão, tendo sido comprado e distribuído material médico-cirúrgico para as áreas prioritárias. A introdução de medidas e normas de controlo de qualidade, promovendo a criação de núcleos de qualidade em todas as unidades sanitárias bem como medidas promotoras da mudança de atitude do pessoal na sua interacção com os utentes, constitui uma das grandes acções deste plano. Para o efeito, foram revitalizados os conselhos de base, em 2005 e, em 2006 iniciou o seu pleno funcionamento em todas as Unidades Sanitárias com maior expressão nos hospitais Centrais, Provinciais e Gerais. O que por um lado, contribuiu para a participação dos próprios trabalhadores na melhoria do funcionamento dos hospitais com a atribuição de tarefas e responsabilidades especificas, e por outro , permitiu a melhoria da relação entre os serviços e os utentes , através de reuniões periódicas (trimestrais) com a comunidade da área de saúde da US, o que aumenta a participação dos utentes no funcionamento do Hospital.

82. De referir que esta prática não só facilita a denúncia de roubos, venda ilegal de

medicamentos, mau atendimento, cobranças ilícitas, longo tempo de espera entre outras, mas também permite obter informação sobre o bom desempenho dos serviços. Há sim a necessidade de se revitalizarem os conselhos de base em todas as USs como forma de melhorar a comunicação entre os serviços de saúde e a comunidade a todos os níveis.

Fortalecimento dos sistemas de apoio Sistemas de planificação e orçamentação 83. O MISAU desenvolveu o seu primeiro Plano Estratégico do Sector para o período 2001-

2005(10), que teve como documentos de referência , o Programa quinquenal do Governo (2000-2004) e o PARPA I, o que marcou uma importante etapa na busca de consensos sobre as abordagens a adoptar para a solução dos grandes problemas de saúde que afectam a população Moçambicana. De referir que este processo foi fundamental para orientar as intervenções de saúde quer pelo Misau como pelos parceiros do sector. No âmbito da sua operacionalização, para além do Plano Económico e Social que é o plano anual do Governo, foi instituído a nível central em 2004 o Plano Operacional Anual, pela necessidade de se ter um plano mais abrangente onde fossem visualizados todos os financiamentos , quer do orçamento do estado assim como a informação disponível sobre os fundos dos parceiros de desenvolvimento e as alocações para os fundos comuns1. De referir que neste plano constava a informação de actividades de todos os programas, as intervenções que se propunham realizar e as necessidades de recursos estimados. O Plano Operacional do MISAU continha no entanto, informação somente de nível Central, o que era importante pois as actividades inscritas no nível central tinham implicações para todo o sector. É necessário ter em conta que este nível detém os fundos para aquisição

1 Mecanismos de canalização de fundos instituídos para garantir a canalização de recursos para áreas

específicas como: medicamentos (Fundo Comum de medicamentos) e apoio a gastos correntes das

províncias numa 1ª fase (Fundo Comum Provincial) e depois incluiu-se também no Fundo Comum

Provincial os pequenos investimentos.

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de medicamentos, equipamento, etc , cuja implementação e utilização é feita ao nível provincial e distrital.

84. No nível provincial existem os planos estratégicos provinciais, que sâo operacionalizados

por dois planos: o Plano Económico e Social e o Plano Integrado. Assim à semelhança do nível central, o nível provincial elabora anualmente dois planos, o que leva a que na prática, os planos sejam pouco conhecidos pelo pessoal da saúde e se o são nem sempre são seguidos, operando-se à base de necessidades que vão surgindo.

85. O MISAU vem desenvolvendo esforços nos últimos anos com vista a harmonização dos

instrumentos de planificação aos vários níveis. Neste contexto, foram feitos avanços com vista a harmonização do PES e POA a nível central, assim desde 2007 que opera apenas um único instrumento de planificação: o PES e respectiva matriz. Porém, a prestação de contas precisa ainda de ser consolidada de forma a satisfazer as expectativas dos vários grupos de interesse, sobretudo MISAU, MPD e parceiros de cooperação. Além disso, o PES/POA continua a ser um plano de nível Central, em parte, devido a ainda fraca coordenação entre os níveis Central e Provincial nos processos de planificação, aliado ao facto de a nível provincial persistirem ainda dois planos e, por conseguinte uma duplicação do processo de planificação e prestação de contas.

86. O processo de planificação ao nível do sector é deficiente, pois de uma forma geral

confronta-se com o problema de definição de prioridades, culminando-se com planos muito ambiciosos e de difícil implementação. Por outro lado, as actividades são definidas com base no financiamento disponível e as metas para os programas são muitas vezes estabelecidas pelo nível central e sem a devida coordenação com as provincias, o que as vezes não reflecte devidamente a realidade da província. Adicionalmente, registam-se problemas de comunicação e articulação entre os níveis central e provincial/distrital que dificultam o cumprimento integral do ciclo de planificação.

87. Neste contexto, está em curso o desenho de um instrumento de planificação harmonizado

para o nível provincial, que permitirá uma integração dos actuais instrumentos de planificação ( Plano Integrado e PES Provincial) , pois no estágio actual há uma certa dificuldade em saber se as actividades e os recursos visam responder aos objectivos estratégicos do sector ou se respondem à necessidades locais definidas pontualmente.

88. Há também necessidade de capacitar os recursos humanos de nível provincial e local em

matéria de planificação, providenciar mais assistência técnica às províncias para aprimorar a qualidade dos seus planos, harmonizar o calendário e competências entre os diferentes níveis no processo de planificação, tendo em conta o ciclo de planificação do Governo. Este processo deve se concretizar com a implantação duma cultura de responsabilização e de respeito de prazos do ciclo de planificação, com a divulgação a outros níveis das estratégias definidas pelo nível central e pela exploração de mecanismos que permitam ao nível central concentrar-se sobretudo na definição de estratégias e descentralizar a planificação e a implementação para os níveis provincial e distrital.

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89. Actualmente, há uma ausência de um plano coeso que reuna juntamente as partes da componente dos serviços, desenvolvimento da capacidade dos recursos humanos, desenvolvimento de instalações, desenvolvimento de infra-estruturas laboratoriais, uma lista actualizada e completa de medicamentos essenciais fornecidos e equipamento para o diagnóstico e tratamento dos doentes. É muito improvável que um aumento na rede de cobertura primária resulte numa prestação maior de serviços, se não se priorizarem simultaneamente intervenções paralelas na área de telecomunicações e de transporte sanitário. No entanto, esta extensão de cobertura deverá ser bem selectiva, direccionada aos distritos menos favorecidos e vinculada a um sistema adequado de referência para serviços de maior complexidade, sem os quais o impacto do nível primário em termos de resultados continuará sendo bastante reduzido. Há assim uma necessidade urgente de desenvolvimento de um plano integrado de desenvolvimento de infra-estruturas abrangente à longo prazo, que integre a manutenção de edifícios, desenvolvimento de recursos humanos e equipamento e que reflicta uma expansão de serviços baseados na equidade e em consonância com desenvolvimento rural.

90. O distrito é a base de planificação e implementação dos programas de saúde. O

compromisso do governo e do MISAU em particular, de expandir os CSP por todo o país ditou que um grande esforço de formação de profissionais de saúde fosse desenvolvido no sector. Com efeito, a maioria do pessoal afecto nos distritos são profissionais da área específica de saúde que para além das suas atribuições técnicas específicas assumem tarefas de planificação, gestão e administração sanitária. O processo de descentralização está caminhando a passos largos no país, onde o distrito é considerado o pólo de desenvolvimento, e como tal constitui a génese do processo de planificação. Assim para o sector, a materialização deste processo até ao nível mais periférico constituirá uma oportunidade para melhorar os processos de planificação, através de uma maior capacitação dos recursos humanos a diferentes níveis para que o sector possa no futuro elaborar um plano harmonizado que reflicta as expectativas da população moçambicana em relação a saúde.

91. A elaboração do actual PESS (2007-2012),constitui um momento de reflexão sobre as

principais intervenções estratégicas na área de saúde, após a vigência do primeiro PESS, pois permite reprogramar as acções tendo em conta os novos desafios no contexto das reformas em curso. Espera-se que este PESS seja um instrumento fundamental de orientação e coordenação das actividades e enquadra-se na perspectiva de melhoria dos processos de planificação em curso no sector.

Sistema de informação 92. A credibilidade da informação recolhida tem sido questionada de forma repetida nas

diversas ACAs e em muitos documentos, o que se reflecte no impacto dos resultados destas avaliações que perdem fiabilidade como instrumento de seguimento. Em 2003 e também em 2004 houve uma melhoria na qualidade da informação disponibilizada à equipe de avaliação. Para poder fazer avaliações deste tipo é preciso dispor de informação fiável sobre os indicadores selecionados.

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93. Os dados para a monitoria e avaliação dos programas são colectados nas unidades sanitárias, centros de saúde e hospitais, e depois são introduzidos no sistema onde são compilados em relatórios a nível distrital e depois a nível provincial. Em seguida, estes indicadores se incorporam ao Balanço do PES Provincial e ao Balanço do Plano Económico e Social (PES) a nível central. Embora tenha se registado melhorias na qualidade da informação apresentada continua a sobrecarga nos sistemas de colecta de dados, o que obriga o pessoal a duplicar esforços para poder realizar esta actividade. Quando os dados são analisados a nível central observam-se divergências tanto em termos de formato como em conteúdo.

94. A verticalização dos programas cria muitos instrumentos para a colecta de dados ao nível

primário e gera dificuldades para o cruzamento de dados; portanto, é necessário trabalhar no sentido de unificar os instrumentos e uniformizar os processos de avaliação. Para continuar melhorando estes processos é necessário investir em recursos, com ênfase na formação de pessoal em avaliação e monitoria dos programas a nível periférico. É importante também desenvolver a cultura do uso das informações contidas nas avaliações do sector no processo de planificação a todos os níveis e, contribuir para melhorar a produção regular de relatórios e a análise de dados de forma rotineira. Importa também criar incentivo ex: supervisões e retro-informação para que o pessoal se sinta incentivado a reportar adequadamente, para além da necessidade de proporcionar a área mais recursos ou outro tipo de incentivos para a realização de actividades.

Financiamento em saúde 95. A estratégia do Governo tem sido a de aumentar os recursos disponíveis ao nível do

sector com vista a uma maior resposta às necessidades em saúde, neste contexto, o sector saúde conta para o seu funcionamento com o Orçamento do estado (OE) e com os fundos externos. Outra estratégia do Governo consiste em garantir cada vez maior transparência na gestão financeira. Nos últimos anos o Governo de Moçambique tem vindo a aumentar o orçamento geral do sector através da componente interna e externa porém, o sector continua sub financiado.

96. Em 2006 a percentagem de recursos alocados à saúde em relação a despesa total do governo componente interna foi de 8.2%, e, em relação ao financiamento total incluindo fundos externos 12.6%; o que significa que o Governo de Moçambique deve aumentar a despesa em saúde para alcançar a meta de Abuja de afectar pelo menos 15% das despesas do governo ao sector saúde. Ainda em 2006, de acordo com o Plano Económico e Social do Sector da Saúde (PES-Sectorial) a distribuição do financiamento foi de aproximadamente; 31% para o Orçamento do Estado (OE), 41% para os fundos verticais e 28% para os fundos comuns. Durante a vigência do presente Plano Estratégico do Sector Saúde esforços serão feitos para aumentar a despesa percapita na área de saúde para níveis próximos a 34 dólares americanos em seguimento da recomendação da Comissão de Macroeconomia em Saúde (OMS).

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97. O mecanismo de apoio directo às províncias, os projectos verticais e os fundos comuns, são os mecanismos usados pelos parceiros para financiar as despesas do sector. O Compromisso de Kaya kwanga orienta a parceria no sector e, o memorando de entendimento do PROSAÚDE é o instrumento que orienta o funcionamento do Fundo Comum PROSAÚDE. Os diferentes mecanismos de financiamento reflectem a ambição, que de algum modo tem sido bem sucedida, em querer resolver os múltiplos e diversos problemas que constrangem o desenvolvimento do sector. Enquanto há reconhecido esforço do governo para complementar o apoio dos doadores, ainda resta o desafio de fazer com que os fundos do PROSAUDE fluam na medida do possível através do tesouro.

98. É necessário rever os critérios de alocação de recursos, a institucionalização das Contas

Nacionais em Saúde, para visualizar com evidência onde os recursos devem ser priorizados. O CFMP, estudos sobre análises de custo de forma sistemáticas vão apoiar o processo de alocação de recursos no sector. O reforço da capacidade do MISAU, sobretudo para área de planificação e administração financeira são pré requisitos essenciais para a melhoria da planificação e gestão no sector.

99. A questão das cobranças das taxas de consulta versus acesso a cuidados de saúde, uso

racional de serviços de saúde, aumento de recursos para a saúde vai ser abordada de forma sistemática e objectiva para se determinar a abordagem mais efectiva. Esforços vão ser feitos para que sejam desenvolvidos e implementados esquemas de seguros sociais de saúde para cobrir a população vulnerável, de referir que o MISAU está a realizar estudos com vista a avaliar o impacto bem como as implicações da implementação de uma política de gratuitidade dos serviços de saúde.

Sistema de Gestão financeira 100. A introdução do e-SISTAFE, a partir do mês de Julho de 2006, no sector de saúde trouxe

melhorias substanciais na obtenção e libertação de recursos financeiros, embora tal só tenha ocorrido, como já referido, na segunda metade do ano. Tais melhorias verificaram-se ainda mais ao nível das DPS’s, cuja falta de liquidez era considerada crónica. A recolha da informação do OE melhorou substancialmente com a implementação do e-SISTAFE no sector o que facilita, sobretudo, a obtenção em tempo útil da informação proveniente das províncias (OE).

101. As dificuldades para a obtenção de informações relativas à componente externa do

investimento e outros projectos executados ao nível dos financiadores ou agências externas ao MISAU persistem. Dificuldades similares são encontradas em projectos de apoio directo, com grande enfoque para o nível provincial onde várias vezes não são obtidas informações claras sobre o financiamento envolvido

102. Serão realizados esforços para melhorar a gestão de fundos do sector sobretudo a

instalação de sistemas de controle financeiro; incluindo a reestruturação da Direcção de Administração e Finanças –DAF no contexto das reformas do sector saúde em curso, de forma a torná-lo mais operacional e com pessoal adequado para responder a um sistema de gestão moderno e transparente. A Reestruturação da DAF vai ser consubstanciada pela re-funcionalização dos DPAF nas DPS. O desafio consiste em conseguir o aumento

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dos actuais níveis de financiamento tanto na componente interna como externa do orçamento.

Investimentos

103. Apesar das unidades sanitárias se encontrarem em condições precárias (com nenhum ou

limitado acesso ao fornecimento de água e electricidade, construções deficientes) e serem insuficientes para responder as necessidades da população, o nível de financiamento e implementação do Plano de Investimento do Sector Saúde continua muito baixo. Nos investimentos do sector saúde para além das unidades sanitárias estão incluidas outras áreas críticas tais como: armazéns farmacêuticos e de outros equipamentos médicos, insituições de formação, laboratórios, centros de investigação e edificios institucionais para as Direcções Provinciais e Distritais em todos os níveis do sistema.

104. Existem muitas razões para o fraco cenário de investimento: limitada capacidade técnica

ao nível central e nas províncias; confusão sobre quem recai a responsabilidade pela supervisão dos trabalhos; fraca cultura de manutenção dos edifícios; decisões tomadas numa base ad-hoc em vez de seguirem uma análise sistemática de necessidades; incapacidade tanto do Orçamento de Estado como do PROSAUDE e outros fundos externos de gerir projectos de construção multi-anuais; limitada capacidade técnica nas províncias em termos de implementação dos planos de investimento: custos e procedimentos de concursos irrealistas; e fraca capacidade de orçamentação.

105 Embora a meta seja expandir os serviços de saúde a toda a população, esta só vai ser

possível alcançar através de uma política coerente de melhoria da capacidade técnica do pessoal do Ministério da Saúde em planificação a todos os níveis mas sobretudo a nível distrital que é a base da planificação, pois o pessoal actualmente disponível carece de formação e actualização nesta área. Há também a necessidade de se melhorar a qualidade dos planos, através da elaboração de um plano integrado da rede sanitária, equipamento e recursos que permitirá uma gestão mais eficiente a todos os níveis.

106. É igualmente necessário assegurar a integração paulatina dos fundos verticais nos

mecanismos instituídos para maximizar os recursos existentes e sobretudo para garantir que os fundos atribuídos ao sector financiam as prioridades definidas.

Serviços Farmacêuticos

107. A aquisição e distribuição de medicamentos e suplementos médico para o uso no SNS é

planificada e administrada pelo MISAU através da CMAM. Esta por sua vez prepara as estimativas de necessidade com base nos padrões de fornecimento e consumo. A CMAM estima as necessidades anuais dos serviços de saúde a vários níveis (excepto para programas como a malária e TB) usando a informação obtida no processo de requisições do ano anterior. O processo de requisição aos níveis distrital, provincial e dos hospitais centrais envolve o cálculo ajustado do consumo médio mensal e serve como base de cálculo . O número de kits de medicamentos ( Tipo-A,Tipo-B,Tipo-C) é também estimado com base nas estatísticas das consultas e nos níveis de prescrição do

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pessoal. O kit de medicamentos assegura a disponibilidade de medicamentos essenciais para as unidades sanitárias de nível primário.

108. A CMAM contrata os serviços da MEDIMOC para realizar grande parte das actividades

administrativas como os concursos, monitoria dos contratos, controle de qualidade, etc. As decisões relativas aos contratos são tomadas pela CMAM. A MEDIMOC é contratada para operar ao nível central e avia as requisições para as províncias, hospitais centrais, e alguns hospitais distritais em Maputo. Está em curso o processo de mudança contractual entre o MISAU-CMAM e a Medimoc com vista a tornar a CMAM mais eficiente.

109. A regulamentação dos medicamentos, registo, inspecção quer pública bem como do sector privado e o licenciamento das farmácias e pessoal são da responsabilidade do departamento farmacêutico do MISAU. O Departamento Farmacêutico é apoiado por comité terapêutico na produção e revisão do Formulário Nacional de Medicamentos (FNM). O FNM define o tipo de produtos que a CMAM pode adquirir e fornecer ao SNS. O FNM satisfaz as necessidades dos níveis primário e secundário de prestação de serviços, enquanto que para os níveis terciário e quaternário os prescritores na maioria são mais diferenciados com especializações específicas.

110. O Laboratótio Nacional de Controle e Qualidade dos Medicamentos (LNCQM) foi criado em 1991 (Diploma Ministerial n°19/91, BR n° 9/1ªt serie, 27 Fevereiro 1991), como uma instituição subordinada à Direcção Nacional de Assistência Médica, o principal objectivo é controlar a qualidade dos medicamentos em conformidade com as especificações estabelecidas internacionalmente.

111. O financiamento de medicamentos é assegurado por fundos internos e por um considerável volume de fundos externos. Existe um grupo de medicamentos constituído por representantes do MISAU e parceiros signatários do Fundo Comum de Medicamentos e Artigos Médicos para assegurar o acompanhamento do processo de aprovisionamento nesta área crucial do Serviço Nacional de saúde e da qual depende em grande medida a credibilidade do SNS. Os fundos para a aquisição de medicamentos cobrem cerca de 60-70% das necessidades do sector, portanto esta é uma área que ressente de sub financiamento crónico nos últimos anos. Existe um sistema de comparticipação ao nível dos Hospitais Provinciais e Centrais, onde são permitidos reter 40% das receitas como um valor adicional ao orçamento para a compra de medicamentos enquanto que a outra parte 60% retorna à conta da Central de Medicamentos e Artigos Médicos (CMAM).

112. O MISAU nos próximos anos propõe –se a aumentar o papel da CMAM no processo de procura e de exploração de outras opções de contratação de serviços. O MISAU irá também adoptar uma metodologia mais racional na avaliação das necessidades em medicamentos com base em informação epidemiológica e através da melhoria da comunicação com os níveis terciários e quaternários.

113. O MISAU irá realizar formação do pessoal no uso racional dos medicamentos bem como sobre a gestão da cadeia de distribuição. A disponibilidade de guiões baseados em

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evidências regularmente actualizados, irá apoiar uma efectiva prescrição. As actuais normas terapêuticas serão avaliadas e actualizadas e assim usadas para monitorar os comités terapêuticos. Uma das maiores limitações é a falta de recursos humanos na área farmacêutica sendo necessária uma acção urgente para inverter o actual cenário.

114. O estabelecimento da Autoridade Reguladora do Medicamento, “relativamente independente” subordinada ao MISAU vai ser contributo na função de regulador do MISAU.”

Género 115. O reforço da perspectiva do Género em todos os programas de saúde, em particular na

política de desenvolvimento de recursos humanos e formação para assegurar maior justiça e equidade social, baseada no princípio de igualdade de acesso na utilização dos serviços de saúde, é uma das áreas prioritárias do género no sector. Durante o período de vigência do anterior plano estratégico, foram realizadas acções de formação ao nível central e provincial, abrangendo um total de 260 funcionários. A perspectiva do género e a elaboração da política do Género no MISAU, constituem prioridades para o período subsequente. Outras acções que devem ser realizadas são a finalização da política do género ao nível do MISAU e a inclusão da abordagem do género no SIS.

Desenvolvimento dos recursos humanos 116. O Misau tem como um dos maiores desafios a escassez de recursos humanos a todos os

níveis, mas essencialmente a nível de quadros médios e superiores. O nosso país, com base na comparação global feita pela OMS(2006), foi classificado como um dos 57 países que enfrentam uma falta crítica de recursos humanos, pois tem uma densidade de 3 médicos e 21 enfermeiras por 100 000 habitantes; comparado com o padrão, 1 médico por 5.000 habitantes , é possível ver claramente quão longe o país se encontra para atingir o desejado. O cenário não é favorável a implementação das actividades de forma sustentável para que o sector alcance as metas definidas pelos programas prioritários.

117. Várias são as dificuldades existentes nesta área , passa-se a citar algumas : baixo

número de provedores nas zonas rurais, predominância de pessoal com qualificações profissionais inadequadas, número limitado de médicos e pessoal especializado, falta de especialistas em saúde pública (planificação e Gestão). Existe também uma capacidade limitada de formação de novos quadros, tanto de gestão como de pessoal de saúde de primeira linha, de apoio ou do sistema de referência. Além disso, os currícula de formação nem sempre se ajustam com as necessidades de um sistema de saúde moderno, não existem suficientes recursos humanos para dar a necessária formação. A epidemia de HIV/SIDA e a alta prevalência de doenças infecciosas , estão a agravar a situação, pois deve-se expandir cuidados cada vez mais complexos para o nível primário, significando necessariamente pessoal mais qualificado. A situação reflecte-se no terreno pelas baixas taxas de utilização de muitas unidades sanitárias (HSER 2002).

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118. A rede secundária e terciária também não têm capacidade para absorver a crescente procura de serviços devido ao baixo número de pessoal de saúde, a falta de planificação para que haja pessoal suficiente e devidamente treinado para responder às necessidades de saúde, e as limitações na qualidade da formação disponível, contribui para o fraco desenvolvimento de recursos humanos no sector da saúde. A nível central o Departamento de Recursos Humanos exige a transformação de um departamento administrativo e de formação num que compreenda a função de recursos humanos, em termos de: quantificação, formação e desenvolvimento para tarefas especificas, qualificações e alocação de pessoal necessário para responder às exigências do sistema de saúde. A recente revisão dos Recursos Humanos identificou os pontos fortes, fraquezas e limitações do sistema e fez recomendações para a reforma. Uma planificação e gestão pró-activo dos recursos humanos será a chave para a implementação com sucesso de muitos dos objectivos e estratégias do PESS .

119. Instrumentos de formação inovadores não foram ainda explorados, tais como

aprendizagem por solução de problemas, técnicas de aprendizagem para adultos, uso da internet e de bibliotecas computarizadas para pesquisa e laboratórios de ensino para a aplicação prática das lições aprendidas.

120. A distribuição do pessoal no país não é equitativa, estando as regiões norte e central

desfavorecidas. Não existe um sistema claro para colocação de pessoal de acordo com o fardo da doença e à carência geográfica dos diferentes quadros do pessoal de saúde. Em 2001 os distritos prestaram uma média de 2209 UA por 1000 habitantes, porém esta cifra oscilava entre as 1000 e 4000 UA entre distritos. A produtividade dos trabalhadores também variava entre 1200 e 8000 UA por ano. O tempo médio de espera dos doentes era de 45 minutos para serem atendidos numa consulta que durava, em média, 4 minutos. A percentagem de população por trabalhador variava entre 400 e 40000. Só 62% das unidades tinham um trabalhador com nível educacional superior ao elementar(Revisão Conjunta de Médio Prazo do PESS-2005)

121. A motivação do pessoal é parte integrante deste plano, e não poderá ser negligenciada.

As reformas salariais e outros incentivos tem sido atrasados, levando inevitavelmente à redução da moral do pessoal e dificuldades cada vez maiores na colocação de pessoal em áreas desfavorecidas. Está em curso o desenvolvimento de uma política compreensiva de recrutamento e de retenção, incluindo esquemas de incentivos para o pessoal.

122. O desenvolvimento de uma política compreensiva de recurso humanos terá de incorporar

as opiniões e os esforços de um número de instituições, incluindo, pelo menos as instituições Reguladoras de Profissionais de Saúde, assim como planificadores estratégicos, analistas de necessidades de saúde e institutos de formação de saúde. A estratégia de recursos humanos necessita de tomar em consideração as carreiras profissionais para todos os quadros de pessoal, critérios explícitos de avaliação do desempenho, oportunidades claras de formação e desenvolvimento para melhorar capacidades, assim como níveis de salários diferenciados e incentivos diferenciados para colocação em locais de trabalho menos atractivos.

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Reforma do Sector Publico 123. O Governo de Moçambique vem implementando a Reforma do Sector Público cujo

objectivo central é reestruturar o funcionamento dos sectores com vista a melhorar a oferta de serviços através da descentralização e simplificação de procedimentos. A estratégia da reforma do Governo faz a ligação entre o reforço da capacidade institucional para oferecer serviços ao nível local com a reestruturação do nível central para alinhar as políticas com o processo de monitoria e avaliação.

124. O Programa de Reforma do Sector Público de Moçambique baseia-se na Estratégia Global para o RSP 2001-2001. A fase II da Reforma do Sector Publico foi iniciada em Novembro de 2006, com finalização prevista para 2011. As mudanças chave desta abordagem incluem a criação da Autoridade Nacional da Função Pública que se responsabiliza: pela direcção estratégica da reforma do sector publico e pela gestão dos recursos humanos; prioridades maiores da reforma; alinhamento das reformas aos ciclos de planificação dos sectores; implementação descentralizada das reformas; uma orientação reforçada para o impacto e resultados; e uma melhor integração e sequência das reformas relacionadas.

125. Em 2001, o processo de Reforma do Sector Público comportava em si uma directiva de descentralização. Este processo teve pouco impacto no sector Saúde pois este é sem dúvida um dos mais descentralizados do país. Muitas das orientações em matéria de descentralização contidas na Reforma do Sector Público já estão implementadas no sector Saúde.

126. A descentralização no sector saúde é um processo que iniciou no pós independência

(Setembro de 1975) com a criação das Direcções Provinciais de Saúde e vem sofrendo alterações até aos dias de hoje, tendo em conta toda a conjuntura social, económica e política do país.

127. As Direcções Provinciais e Distritais de Saúde passaram a ter o seu próprio orçamento e quadro de pessoal ,e a fazerem a gestão do mesmo, embora esse orçamento não contemplasse os itens de aprovisionamento centralizado. Em 1978, numa grande Conferência Nacional, o Distrito foi declarado a unidade base da Planificação.

128. Dadas as especificidade do sector, o aprovisionamento tanto de medicamentos como de equipamentos e outros materiais e consumíveis manteve-se centralizado o que permitiu assegurar o aprovisionamento e, uma melhor eficiência .

129. Todo este sistema funcionou perfeitamente até que em meados dos anos 80 se começaram a sentir os efeitos destruidores da guerra de desestabilização. Em todo o período de guerra de estabilização (1982 a 1993) assistiu-se a um regredir do processo de descentralização.

130. Em 4 de Outubro de 1992 é assinado o Acordo de Paz que entra efectivamente em vigor . Apartir de 1994/95 os recursos disponíveis para a Saúde começam gradualmente a subir, ano após ano, tanto pela componente interna como externa do OE.

131. A partir de 1994/95 as estruturas provinciais de Saúde reforçam-se e as estruturas distritais reinstalam-se gradualmente e voltam gradualmente a funcionar como antes da guerra de desestabilização. Retoma-se o princípio de enviar para os Distritos e para as

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Unidades Sanitárias mais periféricas todos os recém graduados da Faculdade de Medicina e dos Institutos de Ciências da Saúde.

132. Em 1997/98 um grande passo em frente é dado em matéria de descentralização, com 2 medidas fundamentais:

• Descentralização total para as Províncias da gestão de todo o pessoal dos níveis

médio, básico e elementar, ficando os Órgãos Centrais, unicamente, com a responsabilidade de gestão dos recursos humanos em serviço nos próprios Órgãos Centrais e os técnicos de nível superior em todo o país.

• Criação de Orçamentos Provinciais de responsabilidade totalmente provincial,

incluindo a sua distribuição por sectores, pelo que o nível central não tem competência para decidir se em determinada Província a maior parte dos fundos é alocado à Saúde ou para outro sector. Esta componente da descentralização foi em 2006 estendido aos Distritos que passaram a ter os Fundos de Desenvolvimento Distrital, para gerirem de forma autônoma sem qualquer interferência dos níveis superiores.

133. O Ministério da Saúde irá no contexto da análise funcional rever a política de

descentralização, rever os papéis e responsabilidades de cada nível de prestação de serviços. O nível central irá assumir o papel de fazedor de políticas, regulador (definição de normas e padrões), monitoria e avaliação. O papel de liderança do MISAU vem sendo revisto e harmonizado com o processo de planificação e orçamentação aos níveis provincial e distrital, como é o caso do desenvolvimento em curso de guiões de planificação.

134. A análise funcional do MISAU , definiu como uma das prioridades a reestruturação do

sector, a qual está actualmente em curso. Os elementos chaves desta revisão, têm sido a missão do MISAU e os objectivos definidos no PARPA. Espera-se que a a actual crise em termos de recursos humanos seja minimizada com a introdução de esquema salarial para a carreira específica de saúde e pelo o desenvolvimento de um esquema de incentivos salariais sustentáveis.

135. A outra componente da Reforma do Sector Público é a “profissionalização” dos serviços

públicos. No contexto do sector saúde, os trabalhadores de saúde serão motivados a tornarem-se mais responsáveis em relação às expectativas e necessidades dos cidadãos e a aumentarem o seu profissionalismo. A qualidade dos serviços de saúde em detrimento da quantidade é agora a principal prioridade na prestação de serviços. Com vista a atingirem-se os objectivos da reforma será necessário atrair e reter pessoal qualificado, promovendo formação em trabalho através de instituições de formação locais e melhorando a gestão de recursos humanos a todos os níveis.

136. As reformas na área financeira têm em vista o melhoramento da alocação , uso eficiente

dos recursos públicos, sendo o melhoramento da gestão financeira e dos sistemas de controle acções prioritárias .Este elemento da reforma, visa responder a preocupação do sector em garantir que a gestão dos recursos atribuídos ao sector seja transparente.

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Direitos Humanos em saúde

137. Moçambique ratificou vários e importantes tratados relacionados com o direito à

saúde ou dos direitos relativos à saúde. O Artigo 89 estabelece que “todos os cidadãos tem direito a saúde, nos termos da lei, e devem ter a obrigação de promover e proteger a saúde publica”. O Artigo 16, do capitulo sobre a organização social, também prevê que “... os cuidados médicos e sanitários para todos os cidadãos devem ser organizados através de um sistema nacional de saúde, o qual deve beneficiar todo o povo Moçambicano ... e o Estado deve encorajar os cidadãos e instituições a participar na melhoria do nível de saúde da comunidade ... o Estado deve promover a expansão dos cuidados médicos e sanitários e igual acesso de todos os cidadãos ao gozo deste direito.”

138. Outros direitos humanos relacionados com a saúde são também reconhecidos, incluindo o

direito ao trabalho, à habitação e a ser livre de tortura. Além dos direitos consagrados pela Constituição, outros documentos chave, tais como a Estratégia de Redução da Pobreza, também se referem a Direitos humanos em saúde

Plano Estratégico do Sector Saúde e o PARPA II 139. O objectivo central da componente saúde do PARPA II é a melhoria do estado d saúde da

população, em particular dos pobres. As estratégias do Plano Estratégico do Sector Saúde são concomitantes com as do PARPA e visam garantir que as camadas mais desfavorecidas e grupos vulneráveis sejam abrangidas pelas intervenções preconizadas. O Plano Estratégico do Sector Saúde baseia-se numa abordagem específica de redução da pobreza, através do aumento do acesso e da resposta directa às necessidades crescentes da população. O Plano prevê a expansão da rede sanitaria com equidade para junto das comunidades, reduzindo assim o número médio de habitantes por unidade sanitária. O que significa em primeiro lugar, que a alocação de recursos deve ser feita com base em critérios de equidade, que permitem canalizar fundos directamente para as populações mais pobres e vulneráveis.

140. Na área de prestação de serviços, a prioridade continua sendo os Cuidados de Saúde

Primários com especial atenção para a integração na prestação de serviços de programas prioritários tais como: malária, tuberculose, lepra HIV/SIDA. assim como de doenças epidemicas em situações de emergência, como a cólera, disenteria e meningite.

141. Para permitir uma prestação de serviços de qualidade aceitável, o Plano Estratégico do

Sector Saúde vai focalizar a atenção na melhoria de infra estruturas básicas, começando por assegurar o abastecimento de água e energia com recurso a energia solar. O Serviço Nacional de Saúde vai ser reforçado através da colocação de pessoal adequado e apetrechamento das unidades sanitárias com equipamento necessário de acordo com a carga tipo. O reforço do SNS passa também pela melhoria da gestão e organização dos serviços a todos o níveis, para permitir a implementação completa e eficiente dos programas do sector, aumentando assim a qualidade dos serviços prestados..

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142. no que diz respeito a área de recursos humanos, será reforçada a componente de formação, junto com a colocação e fixação de quadros em zonas mais desfavorecidas, através da criação de um pacote de incentivos abrangente e sustentável. O género também merecerá uma atenção particular, não apenas no que diz respeito à promoção dos direitos da mulher no sector saúde, como também quanto a intervenções específicas que são necessárias para eliminar as barreiras existentes e promover a equidade de género no acesso aos serviços. A participação activa da comunidade na promoção e preservação da sua própria saúde é fundamental.

Riscos e Pressupostos 143. O presente Plano Estratégico poderá ser influenciado por alguns eventos imprevisíveis

impedindo que se alcance o preconizado. Assim sendo, estes riscos deverão ser monitorizados, para que sejam pontualmente minimizados para evitar quebras no processo de implementação; existem também pressupostos que favorecem a implementação do plano e permitem que sejam atingidos os resultados esperados.

Riscos:

• Abrandamento do crescimento macro-económico e redução da alocação de fundos do governo ao sector;

• Interrupção do apoio das agências internacionais resultante de mudanças de suas políticas ou devido a instabilidade económica;

• Processos eleitorais como um potencial para a instabilidade política; • Falta de capacidade do MISAU em termos de planificação e

orçamentação e gestão de recursos financeiros; • Falta de condições de trabalho adequadas para os funcionários levando a

desmotivação; • Ocorrência de emergências resultantes de calamidades, epidemias, o

que leva a um desvio de aplicação dos fundos anteriormente previstos; • Persistência de elevados níveis de analfabetismo, limitando as mudanças

nos hábitos de vida das populações; • Persistência de elevados índices de pobreza carecendo de uma

focalização continua de intervenções para os mais carentes; Pressupostos

• Crescimento económico continuo e acelerado; • Contínua estabilidade política no país; • Continuado processo de reformas do sector e adequada resposta às

mudanças no sistema de saúde; • Disponibilidade ininterrupta de recursos a vários níveis; • Planos efectivos para resolver o problema da carência de recursos

humanos no sector; • O processo e descentralização continua a ser uma prioridade no contexto

das reformas;

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Prioridades i. Face a análise de situação apresentada constata-se que o sector saúde enfrenta vários

desafios entre os quais baixas taxas nos indicadores do estado de saúde, a fraca cobertura de serviços. A fraca cobertura do acesso a serviços providenciados pelo nível primário dificulta os esforços de melhorar situação de saúde em Moçambique. Para além do sector preconizar desenvolver um plano de investimentos com ênfase na extensão da rede primária o sector propõe-se a expandir os serviços móveis para as comunidades mais remotas.

ii. O eixo principal de actuação do sector continua sendo os cuidados de saúde primários

com ênfase na participação e mobilização comunitária através dos agentes comunitários de saúde. Campanhas de mobilização comunitária, advocacia, visitas domiciliárias, e tratamento de doenças endémicas ao nível da família vai ser outra importante actividade a ser desenvolvida. As actividades a serem desenvolvidas na comunidade vão continuar com foco na Saúde reprodutiva e na criança; na prevenção e controlo das doenças transmissíveis incluindo o HIV/SIDA .

iii. O peso da doença em Moçambique é devida fundamentalmente à infecções e à doenças

transmissíveis, entre as quais destacam-se a malária, diarreias, infecções respiratórias, o HIV/SIDA e a tuberculose. A malária é o maior contribuinte do peso da doença no país. A lepra continua sendo um importante problema de saúde pública. Os níveis de malnutrição crónica nas crianças menores de cinco anos continuam bastante elevados e são consubstanciado pelos altos níveis de deficiência em ferro, Vitamina A. Aspectos positivos no sector relacionam-se com o declínio da taxa de mortalidade infantil e as altas coberturas de vacinação atingidas para as quais é necessário manter a tendência positiva. A taxa de mortalidade materna apesar de continuar alta tem estado em declínio nos últimos cinco anos.

5. O HIV/SIDA continua um fardo não apenas para o sector saúde mas para toda a camada

social e compromete os esforços e perspectivas de redução da pobreza e de criação da riqueza nacional em todos os níveis. Muitos esforços serão direccionados para a prevenção e mitigação do impacto do HIV/SIDA nas famílias e ao nível nacional. Programas de aceleração do acesso ao aconselhamento e testagem voluntária , terapia anti-retroviral e prevenção da transmissão vertical vão se implementados.

6. A proporção de partos institucionais continua a causa de preocupação, com um índex de

acesso a cuidados obstétricos essenciais abaixo de 1.23 por 500.000 Hab, o desafio nos próximos cinco anos é aumentar o acesso a s cuidados obstétricos essenciais especialmente nas zonas rurais.

7. O país continua vulnerável a frequentes desastres naturais e a surtos de doenças como: a

malária, cólera e meningite. Enquanto esforços significativos tem sido feitos para a integração de doenças no sistema de vigilância epidemiológica, mais esforços são necessários para o estabelecimento adequado de um sistema de resposta face a desastres e epidemias.

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8. Devido a escassos recursos humanos, associado a esporádicas roturas de stocks de

medicamentos no nível periférico, os pacientes tendem a deslocarem-se sempre para os níveis de referência causando enchentes e ineficiência no uso de recursos neste níveis.

9. Enquanto alguns progressos foram desenvolvidos a questão do aumento de

financiamento para o sector bem como da melhoria da gestão vão continuar na agenda do sector. A proporção de recursos alocados no sector saúde em relação ao total da despesa do governo continua abaixo da meta de Abuja, isto é pelo menos 15% das despesa do governo devem ser alocados ao sector saúde.

10. Considerando os níveis prevalecentes do peso da doença no país e em conformidade com as Directivas do Governo que indicam claramente que a saúde é uma condição essencial para o desenvolvimento sustentável e que a luta contra a pobreza requer pessoas saudáveis; o sector com vista a maximizar os limitados recursos a serem alocados, durante os próximos cincos anos considera como prioritárias as seguintes áreas:

• Estado de Saúde da População

• Cobertura de Cuidados de Saúde e sua Qualidade

• Cuidados de Saúde às Crianças e às Mulheres em Idade Fértil

• Cuidados de Saúde aos Jovens e Adolescentes

• Cuidados de Saúde aos Idosos

• Cuidados de Saúde dos Trabalhadores

• Capacidade do Serviço Nacional de Saúde para Prestar Cuidados de saúde de Qualidade

• Formas de Organização da Prestação dos Cuidados de Saúde

• Política Farmacêutica

• Investigação em Saúde

• Desenvolvimento de Recursos Humanos para a Saúde

• Cobertura por Serviços com Impacto na Promoção e Protecção de Saúde

• Planificação, Gestão e Organização do Sector Saúde e seu Relacionamento com outros Sectores

• Advocacia em Saúde

• Cooperação Internacional para a Saúde

• Financiamento do Sector Saúde

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Objectivos Gerais

1. Para se conseguirem melhorar os indicadores do Estado de Saúde da população e as condições da Prestação dos Cuidados de Saúde exigem-se medidas enérgicas, não só no concernente a estas áreas específicas, mas igualmente no concernente a outros factores conexos da actividade do Ministério da Saúde. É nessa perspectiva que se fixam os objectivos adiante enumerados. Os objectivos são formulados para os próximos anos, sem referência a um horizonte temporal determinado, mas para alguns deles fixaram-se objectivos quantificados. Nestes casos as metas indicadas são para serem cumpridas até 2012, mas para alguns de entre estes, prevêem-se projecções da evolução desses objectivos para um horizonte temporal de 10 anos (até 2015). Em alguns casos fixaram-se também metas intermediárias com prazos mais curtos.

2. Muito embora os objectivos e metas propostas sejam realistas e possíveis de atingir, para que eles sejam alcançados o Ministério da Saúde deve fazer a necessária mobilização de recursos e de vontades para a concretização dessas metas fixadas. Todo este processo exigirá muito esforço, muito trabalho, muito empenho, muita determinação e grande capacidade de persuasão.

3. Os objectivos gerais são enunciados simultaneamente com o seu grau de prioridade. Para cada objectivo geral são enunciadas as principais estratégias, os objectivos específicos que também foram, tanto quanto possível, quantificados encontram-se na matriz anexa. Os Objectivos apresentam-se estruturados do seguinte modo:

Relativos ao Estado de Saúde da População

1. Objectivo Geral: Redução da taxa de mortalidade infantil dos 124 por mil registados em 2003 para 90 por mil em 2010 e 67 por mil em 2015, deste modo cumprindo o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio,

Estratégias:

• Promover e reforçar os programas de aleitamento materno

• Promover o uso do método de Kangorro

• Expandir o acesso a cuidados essenciais ao recém nascido nas unidades sanitárias especialmente a ressuscitação dos recém nascidos

• Implementar programas de cuidados neonatais e doenças da infância nas unidades sanitárias e na comunidade

• Aumentar a provisão de serviços de prevenção da transmissão vertical e de serviços de tratamento antiretroviral pediátrico

• Reforçar as “consultas de crianças de risco”

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2. Objectivo Geral: Redução da taxa de mortalidade infanto-juvenil dos 153 por 1000 registados em 2003 para 135 por mil em 2010 e 108 por mil em 2015, deste modo cumprindo o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio:

Estratégias:

• Implementar o Programa de gestão Integrada das doenças da Infância

• Aumentar o acesso ao serviços de tratamento antiretroviral pediátrico

• Implementar o Programa de prevenção de transmissão Vertical

3. Objectivo Geral: Redução da taxa de prevalência da malnutrição, nas crianças de menos de 5 anos:

Estratégias

• Promover e estreitar os programas de aleitamento materno

• Adoptar medidas adequadas para prevenir a malnutrição e para gerir as suas consequênciass

• Implementar os programas de malnutrição e de suplementos nutricionais

• Desenvolver uma estratégia nutricional para o sector

4. Objectivo Geral: Redução da taxa de mortalidade materna dos 408 por 100.000 registados em 2003 para 350 por 100.000 em 2010 e 250 por 100.000 em 2015, deste modo cumprindo o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio,

Estratégias:

• Implementar a estratégia nacional SSR, através da estratégia geral de SSR e dos planos estratégicos das várias sub-componentes da SSR,

• Redefinição da “equipa mínima” para SR/COEm e “pacote mínimo de cuidados” para cada nível de prestação de serviços.

• Providenciar um programa compreensivo de cuidados de saúde sexual e reprodutiva

• Providenciar medidas de protecção pessoal, colectiva e tratamento presumptivo e intermitente a mulheres grávidas

• Aumentar o acesso e a disponibilidade a casas de espera

• Aumentar o acesso a serviços de cuidados obstétricos de emergência básicos e completos

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• Aumentar os serviços de prevenção da transmissão vertical e do tratamento antiretroviral a mulheres grávidas

• Aumentar o acesso a métodos de planeamento familiar modernos para mulheres em idade reprodutiva

• Providenciar serviços nutricionais para mulheres em idade reprodutiva em particular para as mulheres grávidas

• Reforçar o programa de vacinação para as mulheres em idade fertil

• Reforçar o sistema de referência

5. Objectivo Geral: Redução da taxa de prevalência de Desnutrição por micronutrientes, nas mulheres em idade fértil

Estratégias

• Providenciar serviços para as mulheres em idade fértil, em particular para as mulheres grávidas

• Providenciar (comida?) e suplementos nutricionais para mulheres grávidas

• Desenvolver programas de promoção de alimentos ricos em micronutrientes

6. Objectivo Geral: Em colaboração com o CNCS, redução do número de novas infecções pelo HIV, do nível actual de 500 por dia, para 350 em 2010 e 150 em 2015:

Estratégias

• Integrar os serviços de prevenção e tratamento do HIV/SIDA nos serviços existentes (add “testagem”)

• Intensificar as intervenções de mudança de comportamento através da Informação, Educação e Comunicação

• Promover o uso do preservativos e outras medidas protectoras

• Aumentar o acesso e a disponibilidade dos serviços integrados de Aconselhamento e Testagem Voluntária

• Em colaboração com o CNCS, aumentar as taxas de utilização do preservativo, nas relações sexuais ocasionais, no grupo de Adolescentes e Jovens.

• Aumentar o número de Adolescentes e Jovens com acesso a Aconselhamento e Testagem Voluntária nos SAAJs.

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• Expandir o número de Serviços Amigos de Adolescentes e Jovens (SAAJs) dos, e velar para que, no processo de expansão, se garanta equidade na sua distribuição geográfica,

• Aumentar a provisão dos serviços de tratamento antiretroviral e da Prevenção da Transmissão Vertical em todos os níveis de prestação de serviços

• Expandir os Programas de cuidados ao domicilio

• Aumentar o acesso ao tratamento das Infecções transmitidas sexualmente e das infecções oportunísticas, especialmente Tuberculose

• Aumentar a disponibilidade dos medicamentos essenciais e outros suplementos necessários para o diagnóstico e tratamento das Infecções de transmitidas sexualmente, HIV/SIDA e infecções Oportunísticas

7. Objectivo Geral: Reduzir o peso da malária a metade (medido pelas taxas de prevalência de parasitémia malárica e de letalidade), até 2015, em relação aos níveis observados em 2001, cumprindo dessa forma o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio relativo ao controlo da malária:

Estratégias

• Reforçar o Programa de prevenção, control e tratamento da Malária

• Melhorar o manejo de casos de Malária não complicada e da Malária complicada

• Aumentar a disponibilidade e uso de testes rápidos para o diagnóstico, da Malária

• Promover o uso de redes mosquiteiras tratadas com insecticida e outras intervenções de controlo vectorial na prevenção e controle da Malária

• Melhorar a logística para a implementação do Programa

8. Objectivo Geral: Redução da taxa de prevalência e de mortalidade por tuberculose, deste modo cumprindo o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio:

Estratégias

• Aumentar a detecção de casos de Tuberculose

• Reduzir as taxas de abandono

• Aumente o acesso ao tratamento anti- tuberculose

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• Reforçar os mecanismos para monitorar, detectar e para o manejo de casos de resistência multi-droga ao tratamento de tuberculose

• Aumentar a cobertura do DOT´s comunitário

• Reforçar a integração das estratégias do HIV/SIDA e tuberculose.

9. Objectivo Geral: Redução da taxa de prevalência de parasitoses intestinais e vesicais:

Estratégias

• Desenvolver a estrratégia integrada de combate às infecções parasitárias (parasitoses intestinais e vesicais)

• Desenvolver mecanismos para colaborar com outros sectores para implementar a estratégia mencionada acima

10. Objectivo Geral: Desenvolver estratégias de combate à tripanossomíase, filaríase, febre recorrente, até final de 2008 e passar à sua implementação em todo o território nacional a partir de 2009,

Estratégias

• Desenvolver a estrratégia integrada de combate às infecções parasitárias (tripanossomíase, filaríase, febre recorrente)

11. Objectivo Geral: No quadro da acção mundial para a Redução da taxa de prevalência da Lepra, para níveis que não constituam um problema de Saúde Pública, finalizar toda a documentação nacional de certificação até final de 2009,

Estratégias

• Implementar todos os mecanismos com vista a eliminar a Lepra

• Expandir o tratamento Multi-droga para casos de Lepra

• Promover o envolvimento comunitário na prevenção e controle da Lepra

12. Objectivo Geral: Desenvolver estratégias de prevenção da cólera, meningites e outras doenças de carácter epidémico, até fim de Junho de 2008 e passar à sua implementação em todo o território nacional a partir do segundo semestre de 2008

Estratégias

• Desenvolver capacidade para fazer face a epidemias, doenças importadas e outras situações de emergência

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• Reforçar a capacidade para fazer face a doenças incluídas no sistema de vigilância epidemiológica de forma integrada, à emergências

• Criar capacidade para a implementação integrada das doenças de vigilância epidemiológica, capacidade de resposta à emergências e mitigação do impacto dos desastres na comunidade

• Dsenvolver um sistema logístico adequado para a vigilância e resposta a situações epidêmicas.

13. Objectivo Geral: Redução da taxa de prevalência de incapacidade permanente (física e mental):

Estratégia

• Desenvolver estratégia para cuidados de saúde para idosos com ênfase no apoio nutricional, cuidados preventivos, curativos e reabilitativos

14. Objectivo Geral: Desenvolver estratégias de combate à asma, à diabetes, às neoplasias malignas da mama, do útero e da próstata, até final de 2008 e passar à sua implementação, em todo o território nacional, a partir de 2009,

Estratégias

• Desenvolver e disseminar a estratégia nacional de combate à doenças não transmissíveis

• Desenvolver programas para a detecção precoce do cancro da mama, colo, próstata e outros cancros

• Desenvolver programas de promoção de estilos de vida saudáveis

Relativos à Cobertura por Cuidados de Saúde e sua Qualidade:

No âmbito dos Cuidados de Saúde à População em Geral:

15. Objectivo Geral: Promover no seio da população comportamentos e modos de vida

favoráveis à Saúde (exercício físico regular, nutrição equilibrada, abstenção de uso do tabaco e de drogas, controlo do consumo de bebidas alcoólicas, etc.)

Estratégias

• Estabelecer programas de promoção regular do exercício físico

• Promover hábitos alimentares equilibrados

• Estabelecer programas e legislação para o controle de uso de drogas, álcool e tabaco.

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16. Objectivo Geral: Desenvolver acções tendentes à mobilização e ao envolvimento das comunidades na promoção e defesa da sua própria Saúde

Estratégias

• Implementar a estratégia de participação comunitária até final de 2008

• Desenvolver a estratégia para a implementação de programas de saúde baseados na comunidade

• Definir o perfil dos trabalhadores comunitários

• Reforçar as actuais existentes estruturas comunitária em conformidade com o processo de descentralização em curso

• Revatalizar o programa nacional dos APES

• Desenvolver mecanismos de monitoria e avaliação do envolvimento comunitãrio

17. Objectivo Geral: Em colaboração com outros órgãos centrais e locais da Administração Pública, promover, dinamizar e velar pelo aumento das taxas de cobertura e das condições de abastecimento de água da população, pela melhoria das condições de higiene geral e dos alimentos, bem como pelas condições de saneamento do meio, nomeadamente no que respeita à disposição em condições higiénicas de dejectos humanos, resíduos sólidos, lixos hospitalares e águas residuais

Estratégias

• Desenvolver e implemente o programa de apoio as autoridades locais urbanas em assuntos de higiene, ambiente saudável e problemas sanitários

• Intensificar o programa de inspecções sanitárias em termos de capacidade e frequência das inspecções para protecção pública contra riscos ambientais

18. Objectivo Geral: Desenvolver e intensificar amplos programas de Educação para a Saúde, que tratem toda a gama alargada de questões de saúde e de Orientação Nutricional (Promoção de hábitos alimentares adequados, educação nutricional e prevenção de doenças nutricionais) nas comunidades, nas Unidades Sanitárias e nas escolas, de modo a abranger equitativamente todos os sectores da população, com atenção especial às crianças e adolescentes (em particular as do sexo feminino), às mulheres grávidas e lactantes, aos idosos e aos trabalhadores,

Estratégias

• Desenvolver, rever e adoptar, os objectivos e o plano estratégico da Saúde Sexual e Reprodutiva para Adolescentes e Jovens (SSRAJ).

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• Elaborar, os protocolos padrão/convencionais e critérios de qualidade em Saúde Sexual e Reprodutiva para os SAAJ, bem como estabelecer um padrão ouro como medida de qualidade para os SAAJ´s,

19. Objectivo Geral: Desenvolver e intensificar as actividades de Saúde Oral e de assistência odonto-estomatológica

Estratégias

• Rever a estratégia de saúde oral

• Estender a cobertura de saúde oral, incluindo as escolas e as comunidades

• Colocar equipamento adequado nas unidades sanitárias para prestação de serviços de saúde oral

• Estabelecer um sistema de informação para a saúde oral

20. Objectivo Geral: Desenvolver e intensificar as actividades de Saúde Mental e de assistência psiquiátrica:

Estratégias

• Desenvolver a estratégia de saúde mental e o programa de redução da prevalência da doença mental crónica

• Assegurar a entrada em vigor de um quadro legal que proteja os direitos dos doentes mentais

• Prevenir, controle e monitorize os problemas relacionados com álcool

• Desenvolver serviços de saúde mental baseados em comunidade

No âmbito dos Cuidados de Saúde às Crianças e às Mulheres em Idade Fértil:

21. Objectivo Geral: Aumento da percentagem de crianças totalmente imunizadas e melhoria do acesso a novas vacinas:

Estratégias

• Reforçar o Programa Alargado de Vacinação

• Introduzir novas vacinas

22. Objectivo Geral: Aumento da taxa de cobertura por consultas de controle do crescimento das crianças sadias, dos 53 % registados em 2004, para 63 % em 2010 e 70% em 2015 e melhoria progressiva da sua qualidade

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Estratégias

• Reforçar os programas de controle de crescimento

• Estender as estratégias de controle de crescimento

23. Objectivo Geral: Aumentar a percentagem dos Centros de Saúde que oferecem serviços de prevenção da transmissão vertical do HIV e de Planeamento Familiar, (3 métodos), para 70 % em 2010 e 95 % em 2015;

Estratégias

• Expandir o programa de acesso ao PTV

• Reforçar o Programa de Planeamento Familiar

24. Objectivo Geral: Desenvolver, até fim de Junho de 2008, uma estratégia e plano de acção sobre a Saúde Sexual e Reprodutiva prevendo um conjunto de cuidados integrados e abrangentes e implementá-los a partir do segundo semestre de 2008

25. Objectivo Geral: Desenvolver, até finais de 2008, uma estratégia de atenção aos problemas da menopausa e implementá-la a partir de 2009;

Estratégias

• Estabelecer dentro do Programa de Saúde Reprodutiva programas para lidarem com problemas de menopausa

No âmbito dos Cuidados de Saúde aos Jovens e Adolescentes:

26. Objectivo Geral: Promover, desenvolver e dinamizar os programas e actividades de Saúde Escolar:

Estratégias

• Reforçar os já existentes programas de saúde escolar (um adicional calendário de vacinação, desparasitação, triagem para problemas de vista, audição, problemas de aprendizagem, higiene, problemas sanitários e provisão de água potável)

• Desenvolver e consolidar o carácter multisectorial do programa de atenção aos adolescentes e jovens, com o envolvimento do MEC, MJD e do MISAU

27. Objectivo Geral: Promover, desenvolver, dinamizar e tomar as medidas adequadas para que sejam implementados programas de Saúde dos Adolescentes e Jovens

Estratégias

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• Desenvolver, uma estratégia e um plano de acção de prestação de serviços de assistência em Saúde para as meninas e rapazes vítimas de violência sexual de ambos os sexos, incluindo assistência clínica e apoio psico-social com o objectivo de reduzir as consequências negativas, e passar à sua implementação, nos SAAJs,

• Reforçar os Programas dos Adolescentes

• Providenciar serviços abrangentes de saúde sexual e reprodutiva Amigos de Adolescentes

• Desenvolver estratégias para a providenciar serviços psicossociais e para cuidados as crianças vitimas de abuso sexual

No âmbito dos Cuidados de Saúde aos Idosos

28. Objectivo Geral: Desenvolver uma estratégia e um programa de acção que visem a promoção e a protecção da Saúde dos idosos com particular destaque para os aspectos nutricionais e para os cuidados clínicos: preventivos, curativos e reabilitativos.

Estratégias

• Colaborar com o Ministério do Trabalho e desenvolve um programa de saúde ocupacional (Saúde dos trabalhadores e segurança)

No âmbito dos Cuidados de Saúde aos Trabalhadores

29. Objectivo Geral: Desenvolver actividades que promovam a Saúde dos Trabalhadores, em particular as destinadas à prevenção dos acidentes de trabalho e as doenças profissionais

Relativos à capacidade do Serviço Nacional de Saúde para prestar Cuidados de Saúde de qualidade:

30. Objectivo Geral: Melhorar e continuar a expandir a rede sanitária para junto das comunidades, desse modo aumentando a extensão da cobertura da população em Cuidados de Saúde:

Estratégias

• Desenvolver e estime os custos de um Plano Nacional Integrado de Desenvolvimento da Rede Sanitária Infra estrutura, Equipamento e Recursos Humanos

• Introduzir os serviços móveis

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• Desenvolver um programa de reabilitação e promoção das infra estruturas sanitárias

• Implementar o programa para melhorar a disponibilidade da água, energia e comunicações (telefone e rádio) nas unidades sanitárias

31. Objectivo Geral: Manutenção e desenvolvimento da rede de referência de acordo com as disposições do Diploma Ministerial nº 127/2002, de 31 de Julho, que, contudo, deverá ser actualizado, até fim de Julho de 2008;

Estratégias

• Redefinir os papéis e responsabilidades das unidades sanitárias no contexto da prestação de serviços

• Revisão adequada de profissionais para cada um dos níveis

32. Objectivo Geral: Melhorar a Qualidade dos Cuidados de Saúde prestados, devendo-se para isso, utilizando as experiências já existentes em algumas províncias, desenvolver, até final de 2007, mecanismos de quantificação das melhorias qualitativas, que as permitam monitorizar e avaliar

Estratégias

• Promover serviços de saúde sensíveis aos utentes

• Estabelecer um programa de controle de qualidade e de acreditação nas unidades sanitárias

• Promover a actualização regular dos protocolos e guias de tratamento para os serviços clínicos

• Melhorar o laboratório e outros meios de diagnóstico

• Formar o pessoal para uso dos protocolos terapêuticos

33. Objectivo Geral: Melhoria gradual dos padrões de respeito pelos direitos humanos e de ética profissional, sobretudo no que respeita ao segredo profissional, promover o conhecimento dos direitos dos utentes e assegurar o seu respeito por parte dos profissionais da Saúde.

Estratégias

• Implementar a carta dos direitos e deveres dos utentes

• Desenvolver e implemente o programa de abordagem de direitos humanos para o desenvolvimento da saúde

• Colaborar com as associações profissionais de modo a torná-los mais efectivos e para que prestem contas

• Implementar a estratégia anti-corrupção do sector saúde

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• Reforçar o papel dos pontos focais do género no sector saúde

• Desenvolver e implemente o Plano de Acção do género no sector

• Desagregar e analise o sistema de informação por gênero

Relativos às formas de Organização da Prestação dos Cuidados de Saúde:

34. Objectivo Geral: Proceder, à reorganização e reestruturação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que deve desempenhar eficazmente e de forma descentralizada, o seu importante papel de prestador universal de Cuidados de Saúde, de modo a garantir a materialização do direito consignado no Artigo 89 da Constituição da República, devendo para isso preparar a legislação a submeter à aprovação da Assembleia da República e tomar as medidas adequadas, até final de 2008, para a implementação dessa legislação:

Estratégias

• Continuar com a implementação das recomendações da revisão da análise funcional

• Desenvolver o programa de descentralização do sector saúde

• Desenvolver e implemente o programa de reforço dos sistemas distritais de saúde

35. Objectivo Geral: Os Cuidados de Saúde Primários devem beneficiar da máxima prioridade, devendo-se promover a integração dos seus diversos componentes sem necessidade de recurso a programas verticais:

Estratégias

• Implementar a estratégia de cuidados de saúde primários como estratégia prioritária na prestação integrada de serviços

• Desenvolver e implemente intervenções sanitárias custo efectivas

• Melhorar a capacidade dos centros de saúde rurais e urbanos de providenciarem cuidados de saúde primários de forma adequada

36. Objectivo Geral: Estender progressivamente os Cuidados de Saúde especializados:

Estratégias

• Desenvolver um programa abrangente de extensão de seviços especializados para os níveis provincial e distrital

• Equipar devidamente os Hospitais provinciais e distritais

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37. Objectivo Geral: Proceder à melhoria do apetrechamento e do equipamento das Unidades Sanitárias do SNS, para melhor desempenho das suas funções, devendo-se para isso, até fim de 2006, efectuar uma programação das necessidades:

Estratégias

• Implementar um programa de modernização do equipamento das unidades sanitárias do Serviço Nacional de Saúde em conformidade com os padrões internacionais

• Estabelecer uma lista de equipamento padrão (médico e de diagnóstico) para todos os níveis do sistema de saúde

• Estabelecer um sistema de inventário e de manutenção para todo o equipamento do sector

38. Objectivo Geral: Promover a melhoria das condições de biossegurança em todas Unidades Sanitárias do SNS e do Sector privado:

Estratégias

• Desenvolver e implemente um programa de prevenção das infecções em todas as instituições de saúde

• Reforçar o programa de gestão de lixo hospitalar

• Desenvolver um programa de capacitação na área de biossegurança

• Estabelecer um sistema de monitoria e vigilância para a biossegurança

39. Objectivo Geral: Melhorar a capacidade de gestão dos recursos em todas as US,

Estratégias

• Desenvolver uma estratégia de capacitação em gestão para o pessoal sénior e quadros médios

• Implementar as Reformas do Sector Público no sector saúde

40. Objectivo Geral: Melhorar o funcionamento de todo o Sistema de Referência (em todas as suas componentes):

Estratégias

• Desenvolver um quadro claro para reforçar o sistema de referência dentro do sector

• Desenvolver a colaboração entre instituições nas várias províncias

• Reforçar a capacidade de diagnóstico e tratamento dos doentes nos vários níveis do sistema

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• Adquirir e instale e/ ou distribua um adequado sistema de transporte e comunicações para apoiar o sistema de referência

• Reforçar os serviços de atendimento à acidentes e emergências em todos os níveis do sistema

41. Objectivo Geral: Melhorar a eficácia, eficiência e rendimento hospitalares:

Estratégias

• Continuar com a implementação das reformas nos hospitais no contexto das reformas do sector público

• Desenvolver estratégias para melhorar a eficiência técnica e alocativa dos programas e hospitais

• Implementar a integração das estratégias dos programas na prestação de serviços (do Programa Alargado de Vacinação, Vitamina A, Prevenção da transmissão vertical, tratamento anti retroviral, doenças transmitidas sexualmente e Tuberculose)

• Desenvolver e implemente um sistema de treino em serviço e de supervisão integrada

42. Objectivo Geral: Desenvolver a capacidade para fazer face a epidemias, doenças importadas e outras situações de urgência, até final de 2008:

Estratégias

• Reforçar a legislação em saúde pública

• Reforçar a capacidade do sector para cumprir com os regulamentos internacionais de saúde

• Reforçar a capacidade sanitária dos portos marítimos

• Melhorar o sistema de vigilância epidemiológica das doenças e a capacidade de alerta

43. Objectivo Geral: Definir e realçar o papel social do Sector Privado de prestação de Cuidados de Saúde, tanto do lucrativo, como do não lucrativo, que devem continuar a desenvolver-se num espírito de colaboração e de complementaridade com o sector público e no sentido de melhor virem a exercer os seus papéis sociais respectivos:

Estratégias • Desenvolver a política e o quadro de colaboração entre sector público

e o sector privado lucrativo e não lucrativo • Estabelecer mecanismos contratuais de colaboração entre o sector

público e sector privado

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• Realizar investigação operacional sobre o papel e impacto do sector privado no país

44. Objectivo Geral: Desenvolver e tornar mais eficaz o papel de controlo, supervisão e fiscalização do MISAU e das Direcções Provinciais e Distritais de Saúde sobre o Sector privado de prestação de Cuidados de Saúde, tanto do lucrativo como do não lucrativo para que elas se não afastem dos seus objectivos e para que mantenham os padrões mínimos de qualidade e de qualificação da sua força de trabalho que são exigíveis

Estratégias • Preparar a legislação que vai regular o sector privado • Desenvolve um sistema de acreditação para o sector público e

privado • Reforçar o papel dos profissionais ligados a regulamentação • Reforça a capacidade reguladora do sector público dentro do sector

saúde

45. Objectivo Geral: Promover o desenvolvimento em moldes científicos das práticas de Medicina Tradicional e o desenvolvimento e colaboração com os praticantes da Medicina Tradicional,

Estratégias • Avaliar o papel da Medicina Tradicional no País • Estabelecer mecanismos de colaboração entre o Ministério da Saúde

e os Praticantes da Medicina Tradicional • Desenvolver a política e legislação para orientar a prática da

Medicina Tradicional • Desenvolver a legislação para proteger a Propriedade Intelectual e

Direitos dos praticantes da Medicina Tradicional

Relativos à Política Farmacêutica

46. Objectivo Geral: Promover o uso racional dos medicamentos, assegurando que o doente receba o medicamento apropriado à sua condição de Saúde, nas doses correspondentes às suas condições individuais, por um período de tempo adequado e ao menor custo para ele e para a sua comunidade

Estratégias • Actualizar regularmente a lista dos medicamentos essenciais • Implemente o programa de promoção da prescrição racional e uso

racional do medicamento • Reforçar a capacidade de armazenagem e gestão dos medicamentos

essenciais em todos os níveis do sistema de saúde

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• Estabelecer o sistema de avaliação do programa de medicamentos essenciais

47. Objectivo Geral: Assegurar a qualidade dos medicamentos, de modo a que só circulem no País medicamentos legalmente reconhecidos, seguros e eficazes, em conformidade com os padrões de qualidade estabelecidos:

Estratégias • Reforçar a capacidade técnica do Laboratório Nacional de Controle

de Qualidade • Estabelecer um sistema regulador de medicamentos e outros

produtos farmacêuticos • Realizar regularmente controle da divulgação de produtos

farmacêuticos e de testagem de medicamentos essenciais e suplementos médicos

48. Objectivo Geral: Tomar as medidas apropriadas para garantir o acesso da população aos medicamentos em condições de equidade, de modo a assegurar que os medicamentos essenciais estejam regular e atempadamente disponíveis nas quantidades necessárias, na forma e dosagem farmacêuticas adequadas e a preços comportáveis para o cidadão:

Estratégias • Aumentar a despesa percapita em medicamentos e suplementos

médicos • Reforçar a logística do sistema de aprovisionamento e distribuição de

medicamentos essenciais e suplementos médicos • Reforçar o sistema de armazenagem e distribuição de medicamentos • Reforçar a capacidade de quantificar os medicamentos e

suplementos médicos em todos os níveis do sistema de saúde

49. Objectivo Geral: Assegurar a elaboração dos Diplomas Legais necessários à regulação do domínio de Terapêutica e Farmácia e à implementação da Política Farmacêutica enunciada e submetê-los à aprovação pelos órgãos competentes:

Estratégias • Rever e adoptar a Política Nacional do Medicamento

• Desenvolver legislação para regular o sector farmacêutico

• Estabelecer a Autoridade Nacional Reguladora do Medicamento e Vacinas

Relativos à Investigação em Saúde:

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50. Objectivo Geral: Promover o desenvolvimento de capacidade de investigação em Saúde e em Nutrição e a intensificação da sua prática, nomeadamente, nas áreas epidemiológica, clínica, biomédica, fármaco-terapêutica, em economia da Saúde e em Investigação sobre os Sistemas de Saúde, elaborando, até fim de Junho de 2008, uma Agenda de investigação, que deve ser actualizada periódica e regularmente

Estratégias

• Desenvolver uma agenda nacional em investigação abrangente até final de 2008 (prioridades em investigação)

• Aumentar a capacidade de investigação em saúde em todos os níveis do sistema de saúde

51. Objectivo Geral: Promover, incentivar e financiar adequadamente a investigação em Saúde, aos diferentes níveis do Sistema de Saúde:

Estratégias

• Providenciar níveis adequados de financiamento em investigação em saúde em todos os níveis do sistema, atribui pelo menos 2% do orçamento global do Ministério da Saúde

• Estabelecer colaboração com outras instituições para a investigação em saúde

• Incorporar a componente investigação em todos os programas de saúde

52. Objectivo Geral: Promover e velar pela larga difusão e correcta utilização dos resultados da investigação, de modo a assegurar que a definição de políticas, a organização e a gestão de programas de Saúde se faça de forma mais científica e seja baseada em evidência,

Estratégias

• Assegurar que a investigação realizada é relevante para as necessidades do sector

• Estabelecer centros de investigação para facilitar o acesso a resultados de investigação por todos os trabalhadores de saúde

• Estabelecer uma rede de investigação e a cultura de publicação dos resultados de investigação em jornais

53. Objectivo Geral: Promover, incentivar e garantir que a Investigação em Saúde se faça com respeito pelas normas éticas internacionalmente aceites:

Estratégias

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• Assegurar que a investigação está sendo conduzida em conformidade com a adesão a normas e éticas aceites internacionalmente

• Estabelecer um Comité de ética para a investigação em todos os níveis do sistema de saúde

Relativos ao Desenvolvimento de Recursos Humanos para a Saúde

54. Objectivo Geral: Avaliar, até final de 2007, o actual sistema de carreiras profissionais e de formação, estabelecido pelo Decreto nº 25/76, de 19 de Junho e com as disposições complementares à carreira de Enfermagem de Saúde Materno-Infantil e, em função dos resultados dessa avaliação, tirar as ilações que se impuserem, adotando e fazendo aprovar as medidas que forem recomendadas:

Estratégias

•••• Rever a implementação do Decreto Nº 25/76, de 19 de Junho •••• Rever e actualizar a descrição de tarefas dos profissionais de saúde

em todos os níveis do sistema de saúde

55. Objectivo Geral: Rever e fazer aprovar, até fim de 2007, o actual Plano de

Desenvolvimento de Recursos Humanos (PDRH), no âmbito de um exercício mais alargado de Planificação de Saúde, que tenha igualmente em conta o Desenvolvimento da Rede Sanitária e a progressão do Orçamento da Saúde, de modo a assegurar que, no mais breve espaço de tempo, a dotação em pessoal de todas as Unidades Sanitárias esteja em conformidade com as disposições do Diploma Ministerial 127/2002 (as revised) e a reduzir de forma faseada e gradual a formação de profissionais de nível básico, incentivando a promoção de básicos a médios, para esse efeito, incrementando os respectivos cursos de promoção: Estratégias

• Submeter o Plano de Desenvolvimento de Recursos Humanos para considerações e aprovação

• Intensificar os programas de formação em pós-graduação em Moçambique como no exterior

• Rever os actuais curricula para formação de profissionais de saúde e as habilidades necessárias para o sector saúde

• Aumentar a colaboração com as instituições que formam profissionais de saúde

56. Objectivo Geral: Intensificar a formação de Recursos Humanos para a Saúde, sobretudo

aos níveis médio e superior, para permitir a expansão da rede de prestação de Cuidados de Saúde, reduzir o número médio de habitantes por médico, por enfermeiro e por outros

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profissionais de Saúde e de modo a aumentar gradualmente o nível de qualificação técnica da força de trabalho: Estratégias

• Aumentar o número das instituições de treino e os resultados em termos de recursos humanos para a saúde (em conformidade com as metas do PDRH e do Palno de Formação Acelerada de Formação)

• Rever o pessoal de saúde requerido em cada nível do sistema de saúde

• Rever os curricula de formação para os profissionais de saúde e melhore a qualidade de formação

• Estabelecer uma base de dados para todos os formadores do sector

57. Objectivo Geral: Intensificar os programas de pós-graduação, tanto no país como no exterior:

Estratégias

• Colaborar com insituições do exterior para o treino em pós graduação

• Estabelecer unidades sanitárias adicionais com capacidade para treino em pós graduação

58. Objectivo Geral: Desenvolver os programas de formação contínua, formação à distância e formação em trabalho:

Estratégias

• Realizar uma avaliação das necessidades de treino em serviço

• Desenvolver um Plano Nacional Integrado de treino em serviço

• Em conformidade com o decreto 64/98 de 3 de Dezembro, estabelecer o sistema de créditos para o contínuo desenvolvimento profissional dos trabalhadores de saúde

59. Objectivo Geral: Melhoria da gestão de Recursos Humanos, a todos os níveis, de modo a permitir uma mais racional utilização dos Recursos Humanos disponíveis e a melhoria da motivação e da produtividade no trabalho dos profissionais de Saúde:

Estratégias

• Desenvolver e implemente um sistema de avaliação do desempenho da gestão

• Rever os conteúdos do trabalho e a descrição de tarefas do pessoal

• Introduzir um sistema integrado de gestão de recursos humanos

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• Descentralizar a gestão de recursos humanos (strengthen the management of HR at provincial and district levels)

60. Objectivo Geral: Melhoria da produtividade no trabalho dos profissionais e outros trabalhadores de Saúde:

Estratégias

• Desenvolver critérios para determinar a produtividade dos trabalhadores de saúde

• Estabelecer um sistema de monitoria para a produtividade dos trabalhadores de saúde

61. Objectivo Geral: Desenvolver uma política salarial para os trabalhadores da Saúde, baseada no mérito, na competência e no comportamento profissionais, explorando ao máximo e eventualmente alargando os benefícios salariais previstos na Lei:

Estratégias

• Encomendar um estudo para rever as condições de trabalho dos profissionais de saúde e implemente as recomendações

• Desenvolver e implemente a estratégia de incentivos para os trabalhadores de saúde

• Desenvolver um programa de desenvolvimento profissional para os trabalhadores de saúde

• Rever as actuais carreiras profissionais e o sistema de treino em conformidade com o definido no Decreto nº 25/76, de 19 de Junho de 1976 e implemente as recomendações até final de 2008.

Relativos à Cobertura por Serviços com Impacto na Promoção e Protecção de Saúde

62. Objectivo Geral: Atingir uma significativa melhoria nas vidas da população, em particular, a das periferias urbanas:

Estratégias

• Desenvolver estratégias para melhorar a saúde das populações que vivem nas zonas peri-urbanas

• Apoiar as iniciativas que contribuem para reduzir a pobreza e para o aumento do Produto Interno Bruto

• Melhorar as condições sociais e o meio ambiente da população

63. Objectivo Geral: Melhoria das condições de alfabetização e escolarização das crianças do sexo feminino:

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Estratégias

• Reforçar os programas de redução de analfabetismo na mulheres

• Desenvolver programas nacionais de alfabetização para raparigas e mulheres

Relativos à Planificação, Gestão e Organização do Sector Saúde e seu relacionamento com outros Sectores

64. Objectivo Geral: Institucionalizar, melhorar e reforçar os mecanismos de coordenação no seio dos órgãos de direcção e de orientação do Sector de Saúde a todos os níveis.

Estratégias

• Definir o pacote de serviços a serem providenciados em cada um dos níveis do sistema de saúde no país

• Planificar serviços de saúde transfronteiriços

• Desenvolver mecanismos de colaboração inter-provinciais e inter-distritais de prestação de serviços

65. Objectivo Geral: Promover e tomar as medidas adequadas para que, até fim de Junho de 2006, se tenha um plano de completa reorganização e reorientação do Sistema de Informação para a Saúde (SIS), que deve ampliar a sua abrangência, melhorar a sua fiabilidade, prestar informação a quem dela necessita, incluindo o público em geral; plano este que deve ser implementado gradualmente, até fim de Junho de 2008:

Estratégias • Tomar medidas para melhorar a qualidade dos dados e da

informação produzida pelo SIS • Continuar com a estratégia de computarização do SIS • Melhorar o uso da tecnologia de informação para a colecta,

processamento, análise e disseminação da informação • Implementar mecanismos para assegurar o uso da informação em

saúde pelos decisores

66. Objectivo Geral: Inspirados nas presentes Directivas do Governo para o Sector Saúde, elaborar, até fim de Junho de 2009, e fazer aprovar até finais de 2009, um Plano Quinquenal Integrado de Desenvolvimento do Sector Saúde, para o período 2010 – 2015, com projeções para 2020, baseado em informação objectiva e em evidência científica preconizada nestas Directivas e obedecendo a rigorosos padrões técnico-científicos e de rentabilidade do Sector Saúde, internacionalmente aceites, com metas tanto quanto possível quantificadas e com prazos para o seu cumprimento

Estratégia • Desenvolver um plano de acção para a disseminação do PESS

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• Harmonizar os planos anuais com os objectivos e estratégias do PESS

67. Objectivo Geral: Promover, dinamizar e tomar as medidas apropriadas para que se materialize na prática o princípio de que a avaliação e a prestação de contas são elementos chaves do processo gestionário, velando pelo desenvolvimento duma verdadeira cultura intrínseca de avaliação e de correcção dos planos e dos programas em função de critérios objectivos derivados dos resultados da avaliação:

Estratégia

•••• Desenvolver uma estratégia de monitoria e avaliação do sector

•••• Actualizar a lista dos indicadores de monitoria e hamonizar com o Programa Quinquenal do Governo e com o PARPA

•••• Conduzir as avaliações conjuntas em coordenação com todos os parceiros do sector

•••• Reforçar e apoiar o sistema de supervisão em todos os níveis

68. Objectivo Geral: Promover, dinamizar e tomar as medidas apropriadas para que se observe uma melhoria gradual e continuada dos métodos de administração e gestão técnico-administrativa e financeira dos programas de Saúde, do SNS e das estruturas de regulamentação, normação, orientação e supervisão, tanto a nível central, como aos níveis provincial e local:

Estratégias

• Melhorar a capacidade de exercer as funções de administração pública no Ministério da Saúde

• Estabelecer um programa de capacitação para o pessoal do secretariado no sector

• Eliminar o burocratismo na tomada de decisão no sector saúde

• Introduzir tecnologias de informação na gestão do conhecimento

69. Objectivo Geral: Analisar e fazer um estudo criterioso, até final de 2006, das novas perspectivas para descentralização no Sector Saúde, que indique exactamente que novas tarefas descentralizar, para quem e como e que tenha em conta a legislação que regula o processo de descentralização para os Municípios,

Estratégias

• Reforçar a estratégia de capacitação do Ministério da Saúde

• Desenvolver a estratégia de descentralização e o programa de descentralização do sector

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• Rever a legislação que define os papéis e responsabilidades descentralizadas no sector saúde e noutras instituições relacionadas

• Reforçar o sistema distrital de saúde em conformidade com a descentralização no sistema de saúde

70. Objectivo Geral: Desenvolver e reforçar a capacidade de aprovisionamento e de logística

do Sector Saúde em todas as etapas da cadeia de aprovisionamento e distribuição, de modo a assegurar o correcto e equitativo apetrechamento, equipamentos e disponibilidade de consumíveis em todas as Unidades Sanitárias do SNS e nas restantes instituições do Sector Saúde, evitando rupturas de stocks:

Estratégias

• Usar a legislação em vigor para o aprovisionamento de bens e serviços incluindo as obras

• Promover a transparência e prestação de contas na gestão dos bens públicos

• Desenvolver e implementar um plano de aquisições anual para o sector

• Desenvolver e implementar a política de transportes – Aprovisionamento e manutenção

• Reforçar a capacidade do sector para manutenção eficiente da sua frota de transportes

71. Objectivo Geral: Promover, dinamizar e tomar as medidas apropriadas para o desenvolvimento, reforço e racionalização da capacidade de manutenção do Sector Saúde:

Estratégias

• Desenvolver a política de gestão do património (infra estruturas e equipamento)

• Estabelecer e reforçar a estratégia de manutenção preventiva do equipamento médico e outros equipamentos (incluindo veículos) no sector saúde

• Considerar a tercializarização da manutenção do equipamento médico e outro equipamento hospitalar

• Estabelecer três unidades de manutenção para o sector

72. Objectivo Geral: Promover e dinamizar o desenvolvimento e utilização de tecnologias apropriadas para a Saúde, bem como das modernas tecnologias de comunicação e informação

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Estratégias

• Introduzir tecnologias de informação modernos dentro do sector

• Explorar a introdução da tele-medicina no sector

• Expandir LAN da saúde em todas as provincias, hospitais provinciais e hospitais centrais

73. Objectivo Geral: Promover, incentivar e tomar medidas adequadas para garantir a conservação, o arquivo, a divulgação do património cultural, técnico, científico, documental e organizacional da Saúde:

Estratégias

• Estabelecer e manter centros de documentação no sector

• Colaborar com outros sectores na preservação da documentação nacional técnica e científica

• Desenvolver um sistema electrónico para gestão e disseminação da informação

74. Objectivo Geral: Tendo em conta a multiplicidade de factores que condicionam a Saúde e a sua interligação com o Desenvolvimento, do que resulta que as acções que contribuem para a melhoria do estado de Saúde da População estão muitas vezes dependentes doutros Ministérios e outras instituições do Estado, criar e desenvolver, até final de 2006, mecanismos para a Cooperação Intersectorial para a Saúde e sua implementação a partir desse mesmo ano,

Estratégias

• Reforçar a colaboração com outros sectores do Governo

• Desenvolver e estabelece instrumentos para a colaboração com outros sectores

• Implementar programas intersectorais de melhoria de saúde em todos os níveis do Governo

Relativos à Advocacia em Saúde

75. Objectivo Geral: Reforço da capacidade e intensificação das actividades de Advocacia para a Nutrição, para a Segurança Alimentar e para a Saúde em geral, de modo a vencer inércias, a mobilizar vontades e a potenciar todos os recursos e capacidades que possam ser mobilizadas para a Promoção e Protecção da Saúde, para a luta contra a doença, para o combate à malnutrição e para a prevenção da incapacidade:

Estratégias

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• Desenvolver uma estratégia de comunicação para o sector

• Mobilizar a comunidade para a promoção de estilos de vida saudáveis, comportamentos e hábitos

• Desenvolver programas de promoção de exercício fisico regular, nutrição equilibrada, abstenção ao uso de tabaco e drogas, controle dos consumidores de bebidas

• Promover e encorajar estratégias para a melhoria do aprovisonamento de água potável, higiene individual e colectiva, conservação dos alimentos e saneamento do meio.

• Desenvolver e disseminar localmente material de educação sanitária

Relativos à Cooperação Internacional para a Saúde

76. Objectivo Geral: Promover, dinamizar e estimular a valiosa participação dos parceiros internacionais no processo de desenvolvimento sanitário nacional

Estratégias

• Adotar a política do sector saúde na cooperação internacional

• Reforçar a implementação da programação de Abordagem Sectorial Ampla (SWAP)

• Consolidar a implementação do Código de Conduta

• Encorajar os parceiros de desenvolvimento a seguirem os mecanismos instituídos

77. Objectivo Geral: Promover o prestígio de Moçambique, nos fora regionais e internacionais da Saúde, desde modo suscitando novas parcerias estratégicas:

Estratégias

• Desenvolver a estratégia de particiapção do país nos fora regionais e internacionais

• Celebrar acordos de cooperação e parceria a nível regional e internacional que sejam benéficos para o País

• Utilizar todas as oportunidades para promover a imagem positiva do sector saúde do País

Relativos ao Financiamento do Sector Saúde

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78. Objectivo Geral: Garantir um financiamento sustentável ao sector por forma a assegurar o funcionamento e os investimentos necessários para prestação de cuidados de saúde com qualidade e equidade

Estratégias

• Aumentar a despesa percapita anual em saúde

• Introduzir alternativas de financiamento e mecanismos adicionais de financiamento

• Desenvolvear a capacidade e professionalismo de gestão financeira

• Melhore a gestão financeira e reforce o sistema de controle interno

• Rever e actualizar os critérios de alocação de recursos no sector

79. Objectivo Geral: Desenvolver mecanismos de financiamento de Cuidados de Saúde com vista a gradualmente eliminar as barreiras financeiras aos mais pobres no acesso aos serviços de saúde:

Estratégias

• Desenvolver a política de abolição das taxas de consulta e medicamentos gratuitos nos níveis I e II das instituições de saúde

• Rever a política de insecção para o atendimento e medicamentos

80. Objectivo Geral: Melhorar a execução orçamental a todos os níveis, garantindo a aplicação da Lei Orçamental. e passando dos 69 % de 2004 para 90 % em 2010

Estratégias

• Discutir com o Ministério da Planificação e Desenvolvimento o aumento de recursos para o sector

• Desenvolver e distribui manuais e guias para a gestão de bens e património públicos

• Reforçar o sistema de prestação de contas e de apresentação de informação financeira

• Institucionalizar as Contas Nacionais de Saúde, o Cenário Fiscal de Financiamento e Despesas de Médio Prazo

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Desafios 1. Várias são as questões que vão merecer atenção nos próximos cinco anos, entre as

quais, figuram as várias políticas e estratégias que devem ser desenvolvidas ou que embora já tenham sido desenvolvidas carecem de aprovação formal ou de serem implementadas; estas incluem, entre outras: a Autoridade Reguladora dos Medicamentos, a Política Nacional de Medicamentos, a Actualização da Estratégia Nacional de Nutrição de 2003, a Política Nacional de Saúde Sexual e Reprodutiva, a Estratégia Geral da SSR e os planos das estratégias dos vários sub-componentes, a Política do Sector Saúde para os locais de trabalho e para o HIV, a Estratégia de Higiene e Saneamento do Meio, a Estratégia de Financiamento do Sector Saúde, e a Política de Pesquisa em Saúde.

2. O processo de integração da prestação de serviços e da provisão de sistemas de apoio

continuará a ser um desafio para os próximos anos. A análise funcional do sector irá também prosseguir no decorrer dos cinco anos de vigência do PESS. Um dos maiores desafios do sector é o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). A mobilização dos recursos necessários para atingir estes objectivos é um desafio ainda maior.

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Financiamento do Plano Estratégico do sector 2007- 2012

1. O presente plano estratégico tem várias componentes as quais serão financiadas pelo governo, parceiros de desenvolvimento e outras agências através de canalização de fundos e de assistência técnica. Vários mecanismos serão usados para financiar o plano incluindo o orçamento do Estado, créditos, doações e apoio directo ao orçamento. Estima-se que durante a sua vigência 2007-2012, a relação entre os fundos do estado e fundos externos terá um rácio médio de 30:70 respectivamente.

2. O Cenário Fiscal de Despesas de Médio Prazo (CFDMP) será a base do plano financeiro

indicativo para as principais actividades e estará em consonância com os requisitos para o apoio às reformas sectoriais. A custeamento adoptada para o período do plano estratégico apresenta as necessidades estimadas mediante projecções das actividades planificadas e alocações baseadas no actual envelope de recursos(2007). A projecção do envelope de recursos para os últimos anos do ciclo de planificação estratégica é menos acurada considerando que o fluxo de fundos do governo e dos parceiros de desenvolvimento depende de factores externos e portanto com probabilidade de mudança de prioridades a medida que o tempo passa. As despesas aqui apresentadas são indicativas, os limites de despesas para este período devem ser actualizados anualmente a medida que execução de fundos for monitorada e a informação sobre recursos for disponibilizada e tornar-se mais precisa de acordo com o ciclo de planificação. O CFDMP juntamente com as projecções de recursos esperam indicar as lacunas e duplicações nas principais actividades no sentido de permitir ao MISAU e parceiros alocar recursos de uma forma mais eficiente.

3. O modelo de custeamento do plano estratégico projecta recursos tendo como base o ano

2006. O exercício enfrentou vários constrangimentos devido a insuficiência de dados para definir com exactidão as estimativas de custos. Os custos dos programas transversais têm o potencial para originar duplicações nos custos. Para evitar alguns destes problemas no actual modelo de financiamento não se teve como base o custo por programa.

4. Onde foi possível o modelo usou custos sujeitos a vários pressupostos que incluem a

taxa de inflação projectada entre 9.50% e 5.30% e, 8% taxa de inflação para a área de construção. O PIB projectado foi de 10% ao ano e proporção de despesas do governo com a saúde com um valor médio de 8.5%.

5. O modelo desenvolve estimativas do total de custos para atingir os objectivos estratégico

definidos para o perído 2007 - 2012 cujo foco é o reforço da infra-estrutura de saúde, aumentar o acesso na utilização de serviços para o HIV/AIDS e malária. O modelo mostra o total dos recurso disponíveis no sector isto é Orçamento do Estado componente interna e a ajuda externa. Mostra o resumo do total de despesas necessárias para desenvolver as actividades definidas neste plano. A estimativa assume recursos que virão do governo e dos parceiros de desenvolvimento, de projectos e dos actuais fundos comuns. ( LATH/MOH, April 2007).

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6. De acordo com o modelo projectado, o total de recursos disponíveis para o sector para o período, varia de USD 339 milhões em 2007 para USD 495 milhões em 2012 enquanto por outro lado as despesas projectadas durante o mesmo período variam de 436.62 em 2007 para 660.51 milhões de Dólares Americanos em 2012. Com base nestes dados verifica-se um déficit anual de 96.77 milhões de USD (22%) em 2007 para 164 milhões de USD (25%) em 2012. O déficit cumulativo é de cerca de 835.15 milhões de USD (25%) para o período de 5 anos de implementação do PESS. A principal implicação deste cenário e considerando os pressupostos mencionados é que será necessário fazer nova priorização das actividades do PESS para se trabalhar dentro dos recursos disponíveis, Tabela 7.

Tabela: 7. Projecção das despesas e envelope de recursos totais 2007-2012

USD Mil Montante 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL Componente interna 112.00 125.76 142.00 160.69 181.41 204.74 926.60Componente externa 227.85 239.24 251.20 263.76 276.94 290.79 1 549.78Recursos totais 339.85 365.00 393.20 424.45 458.35 495.53 2 476.38Despesa total 436.62 505.16 523.63 578.63 606.95 660.51 3 311.52Lacuna no financiamento __-96.77 -140.16 -130.43 -154.19 -148.62 -164.98 -835.15

NOTA: Necessidades 2012 equivalem à 29 USD per capita

7. As necessidades anuais para a provisão dos principais programas de saúde aumentarão anualmente de cerca de 100 para 183 milhões de Dólares Americanos, constituindo uma média de 31% do total das despesas. O sector farmacêutico e equipamento médico e cirúrgico deverá ter um aumento de 128 a 266 milhões de Dólares de 2007 a 2012, sobretudo para os níveis primário e secundário de atenção. A maior componente destes despesas é devida a actividades ligadas ao tratamento anti-retroviral. A compra de equipamento médico e cirúrgico, incluindo os transportes implicará uma despesa de 51 milhões de Dólares. As despesas em infra-estruturas de 2007 a 2012 chegarão a 540 milhões de Dólares, dos quais 58% serão direccionados para os níveis 1 e 2.

9. As tabelas seguintes indicam as necessidades de recursos projectados para os

programas específicos de saúde pública , equipamento, infra-estrutura e pessoal durante o período de vigência do PESS. O envelope de recursos projectados inclui medicamentos e suplementos médicos essenciais necessários para a implementação dos programas. Mais de 70% dos recursos dos programas serão alocados para a implementação dos programas da Malária e HIV/SIDA, Tabela 8.

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Tabela. 8: Pogramas específicos

Pogramas específicos 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total % sobre total Saúde Reprodutiva 553 616 676 737 880 1,031 4,493 0.52%

PAV 6,322 16,460 10,758 11,815 11,903 11,993 69,251 8.04%

Nutrição 165 197 229 263 293 321 1,468 0.17%

Malária 49,863 58,251 47,220 47,535 47,855 48,181 298,905 34.72%

HIV/SIDA 30,492 41,080 51,338 64,881 75,594 87,032 350,416 40.70%

Tuberculose 2,370 3,298 4,653 6,668 9,672 14,161 40,821 4.74%

Lepra 312 340 365 391 323 327 2,058 0.24%

Saneamento do meio 1,450 1,533 1,615 1,701 1,791 1,886 9,976 1.16%

Doenças negligenciadas 150 300 1,086 1,181 1,250 1,306 5,274 0.61%

Sub-Total 91,678 122,074 117,941 135,172 149,560 166,239 782,663 90.91%

Potenciais custos adicionais ligados à implementação dos programas (10 %) 9,168 12,207 11,794 13,517 14,956 16,624 78,266 9.09%

Custo total (USD) 100,845 134,281 129,735 148,689 164,516 182,862 860,929 100.00%

10. A tabela seguinte (9) mostra a s despesas projectadas em equipamentos, incluindo

transporte e tecnologias de informação. Tabela. 9: Equipamento

Natureza do equipt./âmbito 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTALTransporte e comunicações 2,866 3,138 3,389 3,582 3,776 3,976 20,726Equipamento médico-cirúrgico 4,792 5,175 5,589 6,036 6,519 7,041 35,151Sistemas de apoio* 197 241 81 62 0 0 581Total (mil, USD) 7,854 8,554 9,059 9,680 10,295 11,016 56,459

*inclui Tecnologias de informação 11. A Tabela 10, apresenta o resumo dos recursos projectados para infra-estruturas para o

sector por níveis de atenção. Os recursos necessários incluem a provisão de residências para os trabalhadores

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Tabela. 10: Infra estruturas

Âmbito 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL Nível 1 31,482 34,001 36,721 39,658 42,831 46,257 230,950Nível 2 10,800 11,664 12,597 13,605 14,693 15,869 79,228Nível 3 13,500 17,379 6,173 3,265 0 0 40,317Nível 4 12,960 20,558 27,241 29,421 8,265 0 98,445Formação 14,776 12,476 2,400 0 0 0 29,651Sistemas de apoio* 9,592 9,076 5,557 5,729 5,600 5,730 41,284Total (mil, USD) 93,110 105,154 90,688 91,678 71,389 67,857 519,875

12. O total dos recursos projectados para as necessidades em recursos humanos são

mostrados na tabela 11 por níveis de prestação de serviços. Estes custos não incluem as despesas com a formação..

Tabela. 11: Despesas com pessoal

Componente 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL A. Prestação de cuidados de saúde 44,084 49,200 56,419 66,534 74,342 82,756 373,334

Nível 1 15,743 17,562 20,373 23,912 26,784 29,375 133,748 Nível 2 11,615 13,222 15,769 19,632 21,906 24,345 106,489 Nível 3 8,558 9,486 10,595 12,710 14,419 16,270 72,038 Nível 4 8,168 8,931 9,682 10,280 11,233 12,766 61,059 B. Serviços de apoio 20,317 21,837 23,285 24,818 26,722 28,783 145,762

Nível central 11,130 11,798 12,506 13,256 14,051 14,894 77,635 Nível provincial 7,712 8,488 9,177 9,911 10,931 12,057 58,276 Nível distrital 1,475 1,552 1,602 1,652 1,739 1,831 9,850 TOTAL (mil USD) 64,401 71,037 79,704 91,352 101,063 111,539 519,096

13. Maior detalhe está disponível no relatório de custeamento do PESS o qual constituí

um dos anexos deste documento..

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Estimativa de custos do PESS 2007-2012 Maio 2007

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Monitoria e Avaliação 1. O sistema de monitoria e avaliação está a desenvolver-se e adaptando-se gradualmente

às necessidades de informação, porém, a maioria dos problemas continuam existindo sobretudo ao nível dos programas nacionais. A divisão da informação sobre o sector entre os diferentes departamentos, secções e programas supõe limitações de acesso aos dados sobre desempenho, fluxo de recursos e padrão de doença. Todos os programas nacionais desenvolvem seu plano estratégico, e cada programa conta com seus próprios indicadores de monitoria e avaliação.

2. O MISAU e parceiros instituíram o processo de avaliação conjunta anual (ACA) para

avaliarem o desempenho do sistema de saúde no contexto do SWAP. Estas avaliações pretendem demonstrar os progressos alcançados na implementação do PESS e sobretudo demonstrar até que ponto os resultados atingidos correspondem ao que havia sido programado para o período em avaliação tendo em conta os recursos alocados e as prioridades definidas. De referir que as recomendações destas avaliações servem de base para o processo de planificação do ano seguinte.

3. Espera-se que nos próximos anos seja re-definida o processo de avaliação conjunta do

sector sobretudo no que concerne aos principais indicadores a serem usados para se avaliar o desempenho nas áreas prioritárias. Os assuntos chaves, são determinantes para a selecção dos indicadores de monitoria do sector. A avaliação deverá orientar o PAF do sector; devendo incluir as projeções baseadas nos compromissos assumidos no PESS,PARPA e CFDMP.

4. O Ministério da Saúde e os seus parceiros estão actualmente no processo de

desenvolvimento de um conjunto de indicadores prioritários como parte da avaliação de desempenho do Governo (QAD), estes indicadores são parte da revisão do Plano Económico e Social em conformidade com o PESS, PARPA II e CFDMP e estão harmonizados com as metas dos ODM. O princípio orientador da monitoria e avaliação baseia-se na ligação entre os indicadores de progresso com as alocações financeiras. O escalonamento das acções inclui o desenvolvimento de um sistema de monitoria da base para o topo e que permite que os indicadores periféricos possam ser compilados num relatório de progresso do sector.

5. Actualmente os dados são colhidos através do sistema de rotina do Sistema de

Informação para a Saúde (SIS) , fichas de resumo , visitas de supervisão, avaliações conjuntas anuais e de médio-termo e estudos específicos. A monitoria é baseada nos indicadores de saúde previamente seleccionados pelo MISAU e seus parceiros (compilados ao nível do sector) os quais são também parte do processo de avaliação anual do desempenho do governo (QAD) .

Sub-sistemas do Sistema de Informação para a Saúde em uso

• Sistema de Informação para a Saúde de rotina para o Serviço Nacional de Saúde

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• Sistema de informação de recursos humanos • Vigilância epidemiológica • Gestão financeira • Gestão Institucional • Gestão das US´s • Gestão estatística • Visitas de supervisão • Estudos com grupos focais para analisar a demanda,

cobertura , etc • Pesquiza operacional • Inquéritos de base nas populações

O processo de monitoria e avaliação

• A compilação de indicadores acordados e a frequência da sua colecta e análise

• Monitoria de rotina mensal, trimestral e anual a todos os níveis • A informação do SIS é submetida do distrito para a Província para análise e

retro-informação • A informação do SIS é submetida da província para o nível central onde é

compilada, analisada e disseminada • Avaliações conjuntas no término dos programas • Avaliações de médio prazo para revisão do desempenho do sector • Avaliações Conjuntas Anuais do desempenho do sector isto é revisão e

compilação de relatórios do sector sobre o grau de implementação das actividades programadas

• Relatórios financeiros periódicos • Auditorias internas e externas

Categorias gerais dos Indicadores: 6. O impacto geral do plano estratégico do sector será avaliado pelas seguintes categorias

de indicadores:

• Melhoria dos resultados na saúde; estado de saúde, estilos de vida e comportamentos da população sobretudo entre os mais vulneráveis

• Melhoria na capacidade institucional do MISAU • Acesso na utilização e cobertura de serviços de saúde de qualidade

especialmente nas zonas remotas • Melhoria da qualidade dos serviços quer no serviços públicos assim como

privados • Aumento dos níveis de financiamento para a prestação de serviços • Melhoria nas capacidades de liderança e de gestão a todos os níveis

7. Onde for apropriado os indicadores serão desagregados por zona Rural/Urbana, região,

Género dependendo da disponibilidade da informação.

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Monitoria e Avaliação ao nível central 8. Durante a implementação deste plano, será criada capacidade em monitoria e avaliação

em todos os níveis. A Direcção de Planificação do Ministério da Saúde encarregar-se-á de prestar assistência técnica às várias Direcções, Departamentos e programas de saúde e coordenará o processo de monitoria. O processo de monitoria incluirá também actividades de auditoria para verificar o alcance dos indicadores de resultado nos diferentes serviços, assim como a relação entre as despesas e as actividades planificadas vs implementadas. Deverão ser envidados esforços para discutir os sucessos e constrangimentos com os provedores de saúde, gestores locais e incorporar os resultados da monitoria no processo de tomada de decisão. Ao nível do sector, as constatações e recomendações resultantes do processo de monitoria deverão servir de base para orientar o processo de planificação e a tomada de decisão sobre a alocação de recursos.

Monitoria e Avaliação ao nível operacional 9. Devido as diferenças entre as províncias e distritos e para encorajar a flexibilidade

destes níveis, as províncias têm a autonomia de determinar as metas anuais. Os Implementadores aos níveis Provincial e Distrital serão envolvidos na determinação das metas, desde que tenham em conta a necessidade de se atingir as metas nacionais. O pessoal será encorajado a usar estas metas definidas para desenvolver planos de trabalho que permitam uma monitoria eficaz.

.

Considerações Finais

1. O presente plano estratégico (2007-2012) foi desenvolvido com base nas directivas do Governo para o sector saúde e incorpora os 80 objectivos das directivas. O plano sucede o plano (2000-2005) e procura responder aos actuais desafios que o sector enfrenta e também alinhar com as iniciativas nacionais e internacionais na procura de melhores soluções para a melhoria do estado de saúde do povo moçambicano. O carácter participativo que orientou o seu desenvolvimento, vai facilitar a apropriação da sua implementação em todos os níveis.

2. Importa referir que o processo de implementação desta estratégia vai enfrentar vários desafios, entre os quais: o sector ressente-se de uma falta de recursos humanos cujas consequências se reflectem na inadequada capacidade de planificação orçamentação e gestão de recursos. Os sistemas de suporte do MISAU ainda são fracos e resultam num ineficiente sistema de aprovisionamento, distribuição e utilização dos escassos recursos financeiros, materiais e humanos. O sucesso deste plano depende do desenvolvimento de profissionais de saúde comprometidos com o bem estar do povo moçambicano que asseguram o alcance de níveis elevados de desempenho do sector através da prestação de cuidados de saúde de qualidade aceitável. O principal desafio é criar a adequada capacidade nas áreas de liderança e gestão.

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3. O sistema prestação de serviços já de si sobrecarregado, enfrenta ainda o desafio do aumento do peso de doenças como a malária, o HIV/SIDA e outros problemas de saúde pública. O Ministério da Saúde em si não está em condições de combater todos os problemas de saúde, havendo necessidade de desenvolver parcerias com as comunidades locais, regulamentar a colaboração com o sector privado lucrativo e não lucrativo e reforçar as cooperação já existente com os parceiros de desenvolvimento.

4. O processo de descentralização deve ser gerido com a devida cautela com vista a obterem-se maiores benefícios dos aspectos positivos do processo. Para a medição dos progressos alcançados com este plano, deverá ser desenvolvido um sistema de informação robusto que deverá ser complementado por um sólido sistema de monitoria e avaliação apoiado pela agenda de pesquisa em saúde.

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