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1 Plano Geral de Atuação – 2011 Manual de Apoio tecnicojurídico Eixo: Enfrentamento à venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes

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Plano Geral de Atuação – 2011

Manual de Apoio tecnicojurídico

Eixo:

Enfrentamento à venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes

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Produção:

Centro de Apoio Cível e de Tutela Coletiva

Coordenação da Área da Infância e Juventude

Jorge Luiz Ussier

Procurador de Justiça

Coordenador Geral do CAO Cível e de Tutela Coletiva

Tiago Cintra Zarif

Procurador de Justiça

Coordenador Geral Adjunto do CAO Cível e de Tutela Coletiva

Lélio Ferraz de Siqueira Neto e Fernando Henrique de Moraes Araújo

Promotores de Justiça – Coordenadores da área da infância e juventude

Equipe Técnica

Isabel Campos de Arruda e Rachel Fernanda Matos dos Santos

Assistentes Sociais do Centro de Apoio Cível e de Tutela Coletiva

Gustavo Barros

Médico psiquiatra – UNIFESP – Assistente Técnico (ATP) do Centro de Apoio Cível e de Tutela

Coletiva

Maria de Fátima Moraes Tedesco Vourodimos – Oficial de Promotoria Chefe

Maria Carla Mejuto – Oficial de Promotoria

Valdemir da Silva Araújo – Auxiliar de Promotoria

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SUMÁRIO

1a Parte do Material de Apoio (Enfoque na atuação prática – tutela coletiva)

1. Introdução................................................................................................................................... 06

2. Histórico do processo político de aprovação da Lei Estadual n. 14.592/11.................... 07

A) Em 14/06/2011: Evento do MP sobre álcool e drogas na adolescência reúne cerca de mil

pessoas.............................................................................................................................................. 09

B) Em 1o/08/2011: Estado lança programa de prevenção ao consumo de álcool na infância

em coordenação com o MP......................................................................................................... 19

C) Em 19/10/2011 – Resultado Final – Sancionada Lei Estadual para coibir comercialização e

consumo de álcool na infância e adolescência............................................................................ 24

3. Roteiro de sugestões – para obter efetividade no enfrentamento à venda e consumo de

bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes.......................................................................... 27

4. Roteiro de Peças Práticas disponibilizadas............................................................................. 30

5. Quadro sinótico das peças práticas.......................................................................................... 32

2a Parte do Material de Apoio (peças práticas)................................................................... 33

1. Modelos de peças práticas......................................................................................................... 33

A) Modelo de Portaria de IC para apuração/responsabilização civil de estabelecimentos

infratores da Lei Estadual n. 14.592/11...................................................................................... 33

B) Modelo de Recomendação – Fiscalização da venda de bebidas alcoólicas a crianças e

adolescentes e cumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11 e do disposto na Lei Federal n.

8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente).................................................................... 36

C) Minuta de Compromisso de Ajustamento de Conduta – infração de venda/comércio de

bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes.............................................................................. 39

D) Modelo de Ofício – destinado à Vigilância Sanitária Estadual com cópias de autos de

Inquérito Civil, comunicando o descumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11 para obter-se a

devida responsabilização administrativa..................................................................................... 44

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E) Modelo de Ofício – Destinado à Prefeitura Municipal, PROCON e/ou Vigilância Sanitária

Municipais em cidades em que não haja Vigilância ou PROCON Estaduais, para que auxiliem

na fiscalização do cumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11.............................................. 47

3a Parte do Material de Apoio - Doutrina e Referencial Técnico................................. 50

A) Artigo: “Adolescência e fatores de risco e proteção para o uso indevido de

álcool”............................................................................................................................................. 50

B) Artigo: “Propostas para evitar o consumo de álcool entre adolescentes – Sintonia com a

Estratégia Global da Organização Mundial da Saúde em relação ao Álcool - Resolução da 63ª

Assembléia Mundial da Saúde de Maio de 2010”.................................................................... 62

4ª Parte do Material de apoio – Políticas, Programas e Projetos................................ 81

A) Decreto nº 6.117, de 22 de maio de 2007 - Aprova a Política Nacional sobre o Álcool/

medidas para redução do uso indevido de álcool e sua associação com a violência e

criminalidade, e dá outras providências..................................................................................... 81

B) Anexo I – Política Nacional sobre o Álcool........................................................................ 82

C) Decreto nº 32.108, de 25 de agosto de 2010 - Institui a Política Distrital sobre Drogas e

cria o Sistema Distrital de Política sobre Drogas..................................................................... 89

D) Projeto – Município de PAULÍNIA - SP – Anteprojeto de uma Intervenção Comunitária

no Uso de Substâncias Psicoativas para a cidade de

Paulínia........................................................................................................................................... 102

5ª Parte do Material de apoio – Leis Estaduais a respeito do tema........................... 119

A) Lei Estadual nº 14.592, de 19 de outubro de 2011 - Proíbe vender, ofertar, fornecer,

entregar ou permitir o consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de

18 (dezoito) anos de idade.......................................................................................................... 119

B) Lei Estadual nº 10.301, de 29 de abril de 1999 - Proibição de venda de bebidas alcoólicas a

menores de 18 (dezoito) anos.................................................................................................... 125

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C) Lei Estadual nº 10.501, de 16 de fevereiro de 2000 - Obrigatoriedade da afixação de

cartazes alertando sobre os males causados pelo alcoolismo............................................... 126

D) Lei Estadual nº 12.224, de 11 de janeiro de 2006 - Disciplina o consumo de bebidas

alcoólicas...................................................................................................................................... 128

E) Lei Estadual nº12.301, de 16 de março de 2006- Proíbe o uso de bebidas alcoólicas como

premiação a menores de idade em quermesses, clubes sociais, instituições filantrópicas, casas

de espetáculos, feiras, eventos ou qualquer manifestação pública......................................... 129

F) Lei Estadual nº 12.540, de 19 de janeiro de 2007 – Dispõe sobre a cassação da eficácia da

inscrição no cadastro de contribuintes do imposto sobre operações relativas à circulação de

mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de

comunicação-ICMS, dos bares, hotéis, restaurantes e similares que venderem bebidas

alcoólicas a menores de idade ou forem flagrados consentindo ou comercializando

drogas............................................................................................................................................. 131

6ª Parte do Material de apoio – Legislação Municipal (modelos)............................. 133

A) Lei Municipal nº 14.450, de 22 de junho de 2007 - Institui o programa de combate à venda

ilegal de bebida alcoólica e de desestímulo ao seu consumo por crianças e adolescentes, no

âmbito do município de São Paulo........................................................................................... 133

B) Decreto nº 49.662, de 20 de junho de 2008 - Regulamenta a Lei nº 14.450, de 22 de junho

de 2007, que institui o Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida Alcoólica e de

Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes no âmbito do Município de São

Paulo............................................................................................................................................. 137

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1. INTRODUÇÃO

A área da infância e juventude deve, por comando constitucional, ser

tratada como prioridade absoluta (artigo 227 da Carta Magna). Além deste argumento, as recentes

mudanças normativas internas e o objetivo do Plano Geral de Atuação aprovado para o ano

de 2011 levaram o Centro de Apoio Cível e de Tutela Coletiva – área da infância e juventude

– a idealizar a elaboração do presente material de apoio tecnicojurídico.

O presente material se justifica em decorrência da necessidade de

enfrentamento do consumo de álcool por crianças e adolescentes, notadamente em razão da

aprovação da Lei Estadual n. 14.592/11, que dispõe sobre a proibição de venda e

comercialização de bebidas alcoólicas (a despeito da existência da tipificação da conduta,

conforme previsto no artigo 243 da Lei Federal n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do

Adolescente).

A finalidade do Centro de Apoio Cível é disponibilizar material de apoio

que permita ao Promotor de Justiça da Infância e Juventude, extrajudicial ou judicialmente,

cobrar a fiscalização, repressão e responsabilização de comerciantes e empresários que

comercializem bebidas alcoólicas ou permitam seu consumo nas dependências de seus

estabelecimentos comerciais.

Esclarece-se, por fim, que referido material – embora destacado (a fim de

permitir melhor manuseio e atuação prática diária) – faz parte de um contexto mais amplo (de

uma Política local de atenção a crianças e adolescentes usuários de álcool e outras drogas).

São Paulo, novembro de 2011.

CENTRO DE APOIO CÍVEL E DE TUTELA COLETIVA

Coordenação da área da Infância e Juventude

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2. HISTÓRICO DO PROCESSO POLÍTICO DE APROVAÇÃO DA LEI ESTADUAL

N. 14.592/11

Para que os Promotores de Justiça da infância e juventude compreendam

o processo historicopolítico relativo à aprovação da Lei Estadual n. 14.592/11 o Centro de

Apoio Operacional Cível (área da infância e juventude) apresenta breve explicação a respeito da

atuação do Ministério Público em tal contexto.

Desde meados de 2008 a Coordenação da área da infância e juventude do

CAO Cível vem promovendo contato com a Secretaria Estadual de Saúde e com renomados

profissionais da área da saúde mental do Estado das diversas instituições de ensino superior, com

o objetivo de alcançar a implementação de política pública de saúde mental em âmbito estadual.

Após longo processo de discussão, neste ano de 2011 o Governo do

Estado de São Paulo aceitou implementar uma das linhas de ação propostas pelo Ministério

Público de São Paulo para o enfrentamento da questão referente à venda e consumo de álcool

por crianças e adolescentes.

As notícias publicadas no portal do Ministério Público de São Paulo

(abaixo transcritas) abreviadamente esclarecem esse processo, que demonstra atuação em tudo

ajustada ao que a doutrina mais especializada sobre o tema de há muito propõe:

“Nenhum Ministério Público, em todo o mundo, ostenta volume tão grande de tão diversificadas e relevantes atribuições. (...) No exercício desse mister, tem contato diário, sistemático e concreto com a aplicação prática dessas leis, encontrando-se, pois, em posição privilegiada para verificar suas imperfeições, as omissões que mais frequentemente permitem àqueles que as descumprirem escapar das sanções previstas, as dificuldades reais de fiscalização e o que seria necessário para tornar mais efetivo esse controle. (...) Poderia, além disso, elaborar toda uma revisão do sistema normativo no tocante a uma área determinada (por exemplo, no que diz respeito à execução da pena, ao

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sistema eleitoral, ou à poluição de mananciais), sugerindo a revogação de textos de lei, a alteração ou edição de outros. Poderia sugerir a adoção de políticas públicas para assegurar a observância dessas leis. O Ministério Público, em suma, pela rica experiência advinda do trato diário com a aplicação de inúmeras das leis mais importantes do sistema legal positivo, poderia e deveria desempenhar papel destacado no esforço de assegurar efetividade a certas normas, esforço esse que aqui denominamos de enforcement. Para tanto, seria indispensável que ele se organizasse para desenvolver de modo sistemático essa análise. Contando com a participação de todos os promotores, os Centros de Apoio Operacional poderiam, por exemplo, elaborar relatório anual em que analisariam, cada um em sua área específica de atuação, os problemas enfrentados, apresentando sugestões para eliminá-lo. (...) A divulgação desses estudos e informações seria importante contribuição social prestada pela Instituição e ensejaria, num momento seguinte, maior aproximação com os Poderes Legislativo e Executivo: dever-se-ia tornar institucional e permanente o contato do Ministério Público com ambos, a fim de discutir questões relacionadas com a aplicação daquelas leis (enforcement). (...) Esses dois Poderes do Estado têm todo interesse em receber esse auxílio, que tornaria mais eficiente suas ações e elevaria o reconhecimento que lhe devota a sociedade e, pois, seu prestígio. O Ministério Público, dessa forma, seria um parceiro importante do Legislativo e do Executivo, fundamental mesmo para a eficaz aplicação das leis.”1

O resultado da atuação do Ministério Público foi a aprovação da Lei

Estadual n. 14.592/11, grande passo para coibir a venda e o consumo de álcool por crianças e

adolescentes no Estado de São Paulo.

1 FERRAZ, Antônio Augusto Mello de Camargo. FERRAZ, Patrícia André de Camargo. Ministério Público: Instituição e processo. São Paulo: Atlas, 1997. p. 120-121.

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A) Em 14/06/2011: Evento do MP sobre álcool e drogas na adolescência reúne

cerca de mil pessoas

Cerca de mil pessoas assistiram ao evento “Prevenção e tratamento de

drogas na adolescência: intervenção baseada em evidências”, promovido nesta terça-feira

(14/06/2011) pelo Ministério Público, por meio do Centro de Apoio Operacional Cível e de

Tutela Coletiva (CAO-Cível), com apoio da Escola Superior do MP (ESMP), Associação Paulista

do MP, Instituto Bairral, Sociedade Paulista de Desenvolvimento da Medicina e da Universidade

Federal de São Paulo (Unifesp). O público lotou o Auditório Ulisses Guimarães, no Palácio dos

Bandeirantes, sede do governo estadual.

Ao falar sobre a importância do evento, o Procurador-Geral de Justiça

Fernando Grella Vieira disse que uma recente pesquisa mostrou que o consumo de crack não

está mais restrito às grandes cidades brasileiras, mas em todos os municípios do País. “Apesar do

aumento no consumo da droga no Brasil, o Poder Público, vale dizer, União, Estados e Municípios pouco tem

avançado no enfrentamento do problema. E na área da infância e juventude a situação é ainda mais grave”,

lembrou Grella. E completou: “É aí que entra o MP, pois sendo órgão de defesa da sociedade, deve servi-la

levando ao Poder Público tal pleito de implementação de políticas públicas voltadas à solução dos problemas

sociais”.

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Procurador-geral Fernando Grella: implementação de políticas públicas voltadas aos problemas sociais

O Diretor da Escola Superior do Ministério Público de São Paulo,

Procurador de Justiça Mário Luiz Sarrubbo, destacou a oportunidade de se debater o problema.

“Com este evento, estamos pensando 10, 20, 30 anos adiante. Vivemos uma guerra que só venceremos quando

conseguirmos desviar as crianças e os adolescentes dessa rota de álcool e drogas”.

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Diretor da ESMP, Mário Sarrubbo: vivemos uma guerra

O secretário estadual da Saúde, Giovanni Guido Cerri, lembrou o

empenho do Governo do Estado no combate às drogas: “Temos nos preocupado muito com o assunto, e

tenho certeza que a partir deste e outros eventos poderemos montar um plano de ação para os próximos anos”.

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Secretário de Saúde Giovanni Guido: plano de ação para os próximos anos

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Outro palestrante no evento, o médico psiquiatra Ronaldo Laranjeira,

diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras

Drogas, destacou: “A combinação de vários setores da sociedade, uma verdadeira rede social, pode diminuir o

custo social das drogas. O objetivo é termos ações concretas a partir da definição de qual o melhor estilo de

tratamento, em especial para crianças e adolescentes”.

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Psiquiatra Ronaldo Laranjeira: ações concretas

Para o coordenador da área da Infância e Juventude do CAO-Cível,

promotor de Justiça Lélio Ferraz de Siqueira Neto, a articulação é essencial nessa luta. “É

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importante a participação de todos, uma articulação da sociedade para a luta contra as drogas. Temos que sair

daqui com propostas, estimulados para mudanças. Temos que montar uma estrutura formativa e não reativa”.

Ele também destacou o papel do promotor de Justiça nesse esforço: “O promotor da Infância e da

Juventude é o elo para integrar a sociedade; deve ser um agente catalisador na batalha contra as drogas”.

Coordenador da área da Infância e Juventude Lélio Ferraz: promotor é o elo para integrar a sociedade

O norte-americano Ken Winters, especialista em pesquisas de prevenção e

tratamento de adolescentes usuários e dependentes de drogas, membro do Departamento de

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Psicologia da Universidade de Minnesota e cientista sênior do Instituto de Pesquisas de

Tratamentos da Filadélfia, foi o principal palestrante do evento.

Dr. Ken Winters: foco na prevenção do uso de álcool por adolescentes é fundamental

Winters fez uma explanação de como é feita a prevenção nos EUA: “Nós

temos 14 princípios que nos norteiam para a prevenção, uma espécie de mapa para nos organizarmos. São

princípios que falam em como reduzir os riscos, atendimento de todas as formas de abuso geradas pelo uso de

drogas, definição de público alvo, planejamento familiar e dentro das escolas, planos de prevenção, e como envolver

a sociedade, os líderes comunitários, e, finalmente, a implementação desse projeto”.

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Outro destaque dado pelo especialista norteamericano foi no plano

econômico. “Temos estudos comprovando que cada dólar investido em prevenção, gera, no futuro, uma economia

de 3 a 10 dólares”, destacou. Segundo ele, “a economia se faz no campo da saúde, no sistema penitenciário, no

tempo que se ganha com processos que deixam de tramitar na Justiça”. E citou um exemplo: “Os adolescentes

inseridos em programas de prevenção às drogas, dirigem melhor e causam menos acidentes que os que não

receberam. Isso gera uma economia significativa”.

“O nosso programa de prevenção e combate às drogas e ao álcool inclui um elemento

muito importante: a família. É na relação familiar, na comunicação dos pais com os filhos que está a maior

chance de sucesso desse programa” enfatizou Winters. Para ele, “é preciso que os pais reduzam a disciplina

rígida, a ausência, e deem o exemplo, não usando drogas e abusando de bebidas, o que vale também para os

irmãos mais velhos. É preciso também que o programa cuide de familiares de adolescentes que tenham problemas

psíquicos. Na outra mão, é preciso aumentar a disciplina consistente, a relação familiar, o monitoramento dos

adolescentes, estimular a comunicação na família, os pais precisam interagir com seus filhos”.

Ele também falou da importância de trazer todos os parceiros possíveis:

“O plano de prevenção deve incluir líderes comunitários, educadores, todo o material humano possível. Os melhores

resultados acontecem quando se usa todos os personagens, quando todos os setores da sociedade participam”.

Outro fator destacado por Winders foi a persistência. “Após a escolha de

qual projeto aplicar, é preciso persistir no projeto, manter-se dentro do planejamento”. Ele também lembrou

que os educadores devem buscar conhecer quem e o que é o adolescente: “Muitos se esquecem o que

é ser adolescente. Temos que reconhecer que o adolescente quer se separar do adulto. É importante que os

educadores trabalhem como mentores, orientadores e não como mandões, dando as cartas aos jovens”.

Prestigiaram o evento, que teve tradução online pela internet e para

LIBRAS, por meio do intérprete Gualter Vieira da Costa, o subprocurador-geral de Justiça de

Gestão, Márcio Fernando Elias Rosa; o procurador de Justiça e coordenador adjunto do CAO-

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Cível, Tiago Cintra Zarif; o coordenador da área da Infância e Juventude do CAO-Cível,

promotor de Justiça Fernando Henrique de Moraes Araujo; o Desembargador José Amado de

Faria Souza, representando o presidente do Tribunal de Justiça; os deputados estaduais Donisete

Pereira Braga e Orlando Bolçone; além de promotores de Justiça, professores, médicos, e

representantes da sociedade civil.

Cerca de mil pessoas estiveram presentes ao evento

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B) Em 1o/08/2011: Estado lança programa de prevenção ao consumo de álcool na

infância em coordenação com o MP

O Governo do Estado de São Paulo lançou, nesta segunda-feira

(1o/08/2011), um programa para enfrentamento à venda de bebidas alcoólicas para crianças e

adolescentes, projeto que foi inicialmente discutido e gestado com o Ministério Público em

coordenação com vários órgãos do Estado envolvidos com a área da Infância e Juventude.

Governador Geraldo Alckmin: projeto prevê punição para quem vender álcool a menores

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O programa do Governo inclui ações para tratamento, educação e

fiscalização do consumo indevido por álcool por adolescentes nos estabelecimentos comerciais

do Estado. Na solenidade de lançamento do programa, que contou com a presença do

Procurador-Geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, o governador Geraldo Alckmin assinou o

projeto de Lei de autoria do Executivo, enviado à Assembleia Legislativa, que prevê punições

severas para estabelecimentos comerciais que venderem ou permitirem o consumo de bebidas

alcoólicas por menores de idade.

O trabalho articulado entre MP e Governo do Estado começou no dia 14

de junho, com a realização de uma palestra do médico psiquiatra norte-americano Ken Winters,

especialista em prevenção e tratamento de adolescentes usuários de álcool e drogas, promovida

pelo MP no Auditório Ulisses Guimarães, no Palácio dos Bandeirantes, que teve mais de 900

pessoas na platéia.

"A nossa proposta é não ter nem a venda e nem a possibilidade de consumo de álcool

para menores de 18 anos em nenhum estabelecimento comercial. É um grande trabalho, um verdadeiro pacto pela

infância e pela juventude”, afirmou o Governador durante o lançamento do programa que envolve

também diversas secretariais estaduais, como Saúde, Educação, Segurança Pública, Justiça e

Comunicação, além de órgãos como o Procon-SP e a Vigilância Sanitária Estadual.

O Governador explicou que, se o projeto de Lei enviado à Assembléia

Legislativa for aprovado, o estabelecimento que vender bebida alcoólica a menor ou permitir que

o menor consuma bebida alcoólica no local será multado e, em caso de reincidência, poderá ter

cassado a sua inscrição estadual, o que inviabilizará o seu funcionamento.

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Procurador-Geral Fernando Grella: ”Enfrentamento do problema é imprescindível”

Ao falar durante a cerimônia, o Procurador-Geral de Justiça, Fernando

Grella Vieira, enfatizou que “a venda e consumo de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes são

problemas não só do Ministério Público, mas também, das Polícias, da Justiça, da Saúde ou dos governos, e de

toda a sociedade, notadamente em razão de seu prejuízo para a geração, ainda em formação, de crianças e

adolescentes e, consequentemente, para as futuras”. E acrescentou: “O compromisso de todos - da família, da

sociedade e do Estado - no enfrentamento a essa forma de violência social é imprescindível”.

O Procurador-Geral também explanou o Plano Geral de Atuação do MP

na área da infância e juventude, que envolve diversas ações para o enfrentamento da questão da

venda ilegal de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes “de forma organizada, competente e

resolutiva a questão”. Fernando Grella explicou que o Plano Geral de Atuação envolve ações de

combate e possíveis compromissos de ajustamento, tanto em relação a instituições de grande

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alcance comercial, quanto aos estabelecimentos de pequeno e médio porte, a fim de que se forme

um verdadeiro “pacto cidadão” de respeito e cooperação para a preservação da infância e

juventude sadia e responsável. O Plano Geral de Atuação define uma sistemática de atendimento

comum de abordagem no enfrentamento, com material de apoio para atuação dos promotores

de Justiça em todas as regiões do Estado.

“A despeito da existência do crime de venda de bebida alcoólica previsto no Estatuto da

Criança e do Adolescente, o álcool é a substância psicotrópica mais utilizada pelos jovens e tem gerado diversos

problemas de natureza social para essa população como envolvimento em acidentes de trânsito, brigas, vandalismo,

sexo sem proteção ou sem consentimento, maior risco de suicídio, homicídio ou acidentes diversos relacionados ao

uso”, citou o Procurador-Geral.

Além disso, lembrou, uso do álcool tem sido a principal causa de morte e

inaptidão para o trabalho entre jovens, mais do que todas as drogas ilícitas combinadas,

aumentando em cinco vezes a possibilidade de dependência, com prejuízos cognitivos para a

memória, atenção e capacidade de planejamento, com grave repercussão para a vida adulta.

Secretário de Saúde Giovanni Cerri: prevenção, tratamento e reabilitação dos mais jovens

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O Secretário Estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri, mostrou números

oficiais para demonstrar a gravidade do problema gerado pelo álcool, segundo ele o maior

problema de saúde pública no País. Segundo o secretário, as crianças brasileiras começam a

beber por volta dos 13 anos de idade e 18% dos menores entre 12 e 17 anos bebem

regularmente. “Quatro em cada 10 menores compram bebidas alcoólicas livremente no comércio”, citou,

complementando que o consumo de álcool é responsável por 50% dos acidentes

automobilísticos, 60% dos casos de violência doméstica, 50% das faltas no trabalho e 90% das

internações. “É na adolescência que o vício se instala”, afirmou, anunciando que o Estado vai ampliar

o sistema de atendimento aos usuários de álcool e drogas e vai, com o programa, fazer a

prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, com prioridade para os mais jovens.

Participaram também da cerimônia os secretários de Estado Eloisa de

Sousa Arruda (Justiça e Defesa da Cidadania), Herman Jacobus Voorwld (Educação), Antonio

Ferreira Pinto (Segurança Pública), Saulo de Castro Abreu Filho (Transporte e Logística) e Davi

Zaia (Emprego e Relações do Trabalho); o subsecretário de Comunicação, Márcio Aith; o

presidente da Assembléia Legislativa, Barros Munhoz; deputados federais e estaduais; o

comandante da Polícia Militar, coronel Álvaro Batista Camilo; e os coordenadores da área da

Infância e Juventude do CAO-Cível, promotores de Justiça Lélio Ferraz de Siqueira Neto e

Fernando Henrique de Moraes Araújo, além de outras autoridades.

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C) Em 19/10/2011 – Resultado Final – Sancionada Lei Estadual para coibir

comercialização e consumo de álcool na infância e adolescência

O Governador do Estado, Geraldo Alckmin, sancionou, nesta quarta-feira

(19/10/2011), a Lei Estadual que estende a prevenção ao consumo de bebidas alcoólicas por

crianças e adolescentes. Com a lei, os estabelecimentos comerciais – incluindo bares, restaurantes

e lojas de conveniência – que já eram proibidos por lei de vender esses produtos a crianças e

adolescentes -, também não poderão mais permitir que tal público consuma bebidas alcoólicas

em suas dependências. A lei faz parte de um programa de prevenção lançado em agosto,

inicialmente discutido e gestado com o Ministério Público, em coordenação com vários órgãos

do Estado envolvidos com a área da Infância e Juventude.

Procurador-Geral Fernando Grella: lei é marco nacional na formulação de política na defesa dos direitos humanos

A partir de agora, todos os estabelecimentos que operam como

autosserviço - como supermercados, padarias e lojas de conveniência, entre outros - também

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deverão expor as bebidas alcoólicas em espaço separado dos demais produtos, com a devida

sinalização sobre a lei.

A Lei prevê sanções administrativas, além das punições civis e penais já

previstas pela legislação brasileira, a quem vende bebidas alcoólicas a menores de idade. Prevê a

aplicação de multas de até R$ 87,2 mil, além de interdição por 30 dias, ou até mesmo a perda da

inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS, de estabelecimentos que vendam, ofereçam,

entreguem ou permitam o consumo, em suas dependências, de bebida com qualquer teor

alcoólico entre menores de 18 anos de idade em todo o Estado.

O Governo do Estado fará uma campanha educativa durante 30 dias. A

partir de 19 de novembro, cerca de 500 agentes da Vigilância Sanitária Estadual e Procon irão

fiscalizar o cumprimento da lei em todo o Estado.

Ao sancionar a lei, em cerimônia realizada no Centro de Referência de

Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD), o governador Geraldo Alckmin destacou a

importância da participação do Ministério Público nesse esforço para combater o consumo

precoce de álcool e disse ter certeza na eficácia da lei.

O Governador lembrou que uma pesquisa encomendada pela Secretaria

Estadual de Saúde apontou que 18% das crianças e adolescentes paulistas fazem uso regular de

bebidas alcoólicas e que o consumo começa por volta dos 13 anos de idade, “quando o cérebro e o

fígado ainda não estão preparados, aumentando o risco de dependência”. “Essa legislação vem para

fortalecer a cidadania, o convívio em sociedade, a relação de consumo e a segurança”,

acrescentou.

Para o Secretário Estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri, a lei é “um

grande avanço do combate ao grave problema de saúde pública que é o consumo de bebidas alcoólicas em idade

precoce”. Ele alertou, porém, para a necessidade de a lei contar com o apoio da sociedade. “A

mobilização tem de começar, sobretudo, pela família, onde boa parte dos adolescentes é

introduzida no consumo do álcool”, afirmou.

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O Procurador-Geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, participou da

cerimônia de sanção da lei. Ao discursar, Grella ressaltou que a lei, nascida da ampla discussão do

problema entre o Ministério Público e o Governo do Estado, “significa um marco nacional na

formulação de política pública na defesa dos direitos humanos, resultado da articulação entre Executivo,

Legislativo, Ministério Público e a sociedade civil organizada”.

Ele também destacou que a lei põe São Paulo na vanguarda do combate

ao consumo de álcool por menores de idade e demonstra a responsabilidade de atacar as causas e

não somente os efeitos do problema.

Participaram da solenidade, ainda, secretários de Estado, deputados

federais e estaduais, vereadores, autoridades, e os coordenadores da área de Infância e Juventude

do Centro de Apoio Operacional Cível e de Tutela Coletiva (CAO-Cível) do MP, promotores de

Justiça Lélio Ferraz de Siqueira Neto e Fernando Henrique de Moraes Araújo, que participaram

ativamente das discussões do projeto com o governo estadual.

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3. ROTEIRO DE SUGESTÕES – PARA OBTER EFETIVIDADE NO

ENFRENTAMENTO À VENDA E CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A seguir, o Centro de Apoio Operacional Cível e de Tutela Coletiva (área

da infância e juventude) propõe sugestões de como o Promotor de Justiça da infância e

juventude pode traçar uma estratégia de trabalho, visando o combate à venda de bebidas

alcoólicas para crianças e adolescentes:

1o PASSO

Avaliação da legislação local (independentemente da existência da Lei

Estadual n. 14.592/11)

a – Verificar se existem leis municipais prevendo a fiscalização de

estabelecimentos comerciais que vendam bebidas alcoólicas e que já estabeleçam infração

administrativa, bem como quais órgãos são responsáveis pela fiscalização. Em caso positivo,

avaliar o espectro de abrangência da lei municipal e a necessidade de sua observância.

b – Verificar se tais leis estão sendo cumpridas, cobrando relatório

informativo a respeito das fiscalizações, por exemplo, dos últimos 12 meses, com indicação dos

locais fiscalizados, e eventuais punições administrativas impostas (para verificar se a lei está

sendo observada);

2o PASSO

A responsabilização penal (independentemente da existência da Lei

Estadual que prevê sanções administrativas)

a – Buscar a responsabilização criminal pelo delito previsto no art. 243 do

ECA e não pela contravenção penal prevista no artigo 63 do Decreto-Lei n. 3.688/41;

3o PASSO

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Articulação para uma fiscalização eficiente

a – Caso se considere necessário, realizar reuniões de articulação com as

Polícias Civil e Militar e mesmo com os serviços de fiscalização da Prefeitura para avaliar a

melhor estratégia de ação;

b – Estabelecer uma rotina de fiscalização de acordo com as

peculiaridades locais (tempo/ região/ escolas/ faculdades/ locais perigosos/ locais vulneráveis/

venda de outras drogas);

c – Estabelecer um dia específico e simbólico (dia D) para uma ação de

força e significativa;

d – Trabalhar paralelamente com a Vigilância Sanitária e a Receita Federal

para ampliar o espectro de ação e realmente trazer uma perspectiva mais ampla da

responsabilização e adequação das atividades de venda de bebidas alcoólicas.

4o PASSO

Da importância da deliberação sobre uma política pública de

enfrentamento

a – Propor que os Conselhos setoriais, especialmente o da Criança e

Adolescente e/ou Saúde/Política sobre Drogas, deliberem a respeito da necessidade de uma

política pública a respeito (inserida no contexto mais amplo de um Plano Municipal de

Atendimento Integral a crianças e adolescentes envolvidos com uso de álcool e outras drogas –

conforme manual de apoio anexo).

5o PASSO

Importância da divulgação

a – Verificar a possibilidade de divulgação das ações e principalmente da

existência da Lei Estadual 14.592/11 para a população em geral, a fim de estimular denúncias

contra os estabelecimentos que a estejam descumprindo (pelo n. 0800) em rádios, jornais e

televisão; divulgação em locais públicos, tais como escolas, colhendo a legitimidade e apoio dos

pais e responsáveis, bem como do corpo docente e funcionários.

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6o PASSO

Reuniões e contato com a comunidade

a – Caso necessário, realizar reuniões com os donos de bares, mercados e

supermercados, esclarecendo a importância, responsabilidade e alcance das ações, especialmente

para avaliar a possibilidade de serem firmados compromissos de ajustamento de conduta.

b – Estimular que representantes de Escolas, GM, Conselho Tutelar,

Secretarias de Juventude, Saúde, Educação, Assistência Social, Cultura, Conselhos Setoriais

(Infância, Anti Drogas, Saúde, Assistência Social) comuniquem a PM a respeito dos principais

locais de venda e consumo de álcool por crianças e adolescentes para a devida fiscalização e

responsabilizações penal e administrativa;

c – Eventualmente realizar audiência pública sobre o tema (para estímulo à

discussão e sensibilização dos gestores quanto à necessidade de fiscalização e responsabilizações

penal e administrativa);

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4. ROTEIRO DE PEÇAS PRÁTICAS DISPONIBILIZADAS

a) Modelo de portaria de IC para apuração/responsabilização

quanto à venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes no Município

Trata-se de instrumento jurídico e formal de apuração da situação de

venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes, colheita de informações, em especial

para responsabilização dos infratores da lei.

A medida permite que o Promotor de Justiça possa agir tanto na

responsabilização, como estimular a discussão e os aspectos formativos, inclusive de políticas

públicas, de atenção ao problema.

O desfecho do IC será decorrência da linha de ação que o Promotor de

Justiça adotar: v.g. a responsabilização civil do estabelecimento comercial que vendeu ilegalmente

bebida alcoólica a crianças/adolescentes; o encaminhamento de cópia à VISA Estadual para que

promova a elaboração de auto de infração; a obtenção de informações relativas ao

enfrentamento à venda de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes em nível de cada

Município (com a possibilidade de verificar se há leis municipais com previsão de sanções

administrativas e se os órgãos competentes estão promovendo a apuração/responsabilização nas

esferas administrativa e penal).

b) Modelo de Recomendação – proibição venda de bebidas

Referido modelo tem por objetivo propor que a Polícia Militar fiscalize o

respeito à Lei Federal n. 8.069/90 e à Lei Estadual n. 14.592/11, sem prejuízo da fiscalização

administrativa que o Poder Público possa exercer em Municípios onde já existam leis municipais

prevendo sanções para estabelecimentos que comercializem álcool a crianças e adolescentes.

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c) Modelo de compromisso de ajustamento de conduta – proibição

venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes e providências correlatas

O compromisso de ajustamento se refere a algumas possibilidades de

composição e imposição de outras obrigações cabíveis, com o objetivo de obter compensações

em pecúnia ou obrigações de fazer, com previsão de formas diversas para lidar com eventuais

situações violadoras ou até prevenir futuras.

d) Modelo de ofício – Vigilância Sanitária Estadual – comunicação

da ocorrência de infração à venda de bebidas – para permitir responsabilização

administrativa

O modelo de ofício é destinado a permitir a comunicação da ocorrência

da infração às normas de proteção, visando à responsabilização administrativa, especialmente

pelas implicações das Leis Estaduais nº 12.540/2007 e 14.592/2011.

e) Modelo de ofício – PROCON e Vigilância Sanitária Municipais,

Prefeitura Municipal – para obter auxílio na fiscalização referente à responsabilização

administrativa

O modelo de ofício é destinado aos órgãos municipais de cidades em que

não haja PROCON ou agências/divisões regionais da Vigilância Sanitária, a fim de buscar auxílio

na fiscalização da Lei Estaduais nº 14.592/2011.

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5. QUADRO SINÓTICO DAS PEÇAS PRÁTICAS

Modelo de Peça Destinatário Forma de Utilização

Momento de

Utilização

Objetivo Importância Prática

Modelo de portaria de IC para apuração/ responsabilização

civil

Estabelecimento infrator;

Prefeitura; Polícias;

GM; CT

a) Por ofício

Após a notícia de fato ilícito

Apurar a responsabilidade civil

e trabalhar na formulação de uma política de atenção

Garante: apuração/responsabilização

Maior amplitude nos resultados a serem obtidos

Modelo de

recomendação – fiscalização sobre a proibição venda de

bebidas

Polícia Militar

a) Entrega, por oficio, em reunião

Depende da estratégia

local de ação

Garantir a

necessidade de fiscalização e

responsabilização penal, administrativa,

civil

Compromisso, conhecimento e

formalização das ações

Modelo de termo de ajustamento de

conduta

Estabelecimento infrator

no IC instaurado para responsabilizar

o infrator

A partir da constatação de infração

ou previamente

ao ilícito

Obter formas de responsabilização

com cláusulas repressivas ou

mesmo prévios a atos ilícitos

Garante:

Composição/ imposição de outras penalidades/ novas formas de compensação

Modelo de ofício

destinado à Vigilância Sanitária

Estadual

Vigilância Sanitária Estadual

Por ofício

Confirmada a ocorrência da infração

Responsabilização administrativa

Obter-se o cumprimento da Lei Estadual 14.592/11

Modelo de ofício –

PROCON, Vigilância Sanitária, Prefeitura

Municipal

Procon, Vigilância

Sanitária, Prefeitura Municipal

Por ofício

Para

Prevenir ilícitos ou

fiscalizar sua ocorrência

Cooperação institucional/

Ação articulada

Eficiência de intervenções/ ações coordenadas/auxílio da Prefeitura onde não há

órgãos estaduais de fiscalização

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2a PARTE DO MATERIAL DE APOIO (PEÇAS PRÁTICAS)

A) MODELO DE PORTARIA DE IC PARA

APURAÇÃO/RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DE ESTABELECIMENTOS

INFRATORES DA LEI ESTADUAL N. 14.592/11

Observações do CAO Cível (área da infância e juventude)

A condução e desfecho deste IC dependerá do norte que o Promotor de Justiça adotar, a saber:

a) a responsabilização civil do estabelecimento comercial que vendeu ilegalmente bebida alcoólica a crianças/adolescentes, mediante o estabelecimento de TAC e/ou ajuizamento de ACP;

b) o encaminhamento de cópias à VISA Estadual para que promova a elaboração de auto de infração;

c) o encaminhamento de cópias à Delegacia de Policia para que seja formalizado registro de ocorrência por crime previsto no artigo 243 do ECA;

d) a obtenção de informações relativas ao enfrentamento à venda de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes em nível de cada Município (com a possibilidade de verificar se há leis municipais com previsão de sanções administrativas e se os órgãos competentes estão promovendo a apuração/responsabilização nas esferas administrativa e penal), com o escopo de trabalhar-se a implementação de políticas públicas em tal sentido (o que pode ser obtido em um contexto mais amplo – dentro de uma Política ou Plano Municipal de Atenção Integral – conforme proposto no manual anexo).

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por

seu representante que abaixo subscreve, com exercício na Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de XXXXXXXX, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos artigos 127, 129, III, da Constituição Federal, e pelo artigo. 8º, § 1º, da Lei n. 7.347/85.

CONSIDERANDO que tramita nesta Promotoria de Justiça o

Procedimento nº xxxxx, instaurado a partir de representação oferecida por XXX, com o fim de apurar a responsabilidade pela venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes em relação ao estabelecimento comercial YYY – fato ocorrido em _____/_____/2011, às ___h___min, na Rua...., neste Município;

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CONSIDERANDO que a Constituição Federal em seu art. 227, caput e os arts. 4º e 5o da Lei nº 8.069/90 determinam ser dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, dentre outros, o direito à dignidade e ao respeito de toda criança e adolescente, colocando-os a salvo de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão;

CONSIDERANDO a necessidade de se prevenir e coibir o uso de

bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes, que compromete o desenvolvimento social e psicológico, bem como o crescimento digno dessas pessoas em condições peculiares de desenvolvimento;

CONSIDERANDO que a venda de bebidas alcoólicas a crianças e

adolescentes constitui crime, consoante preceitua a Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente: “Art. 243. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança e adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida, Pena – detenção de 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos e multa, se o fato não constituir crime mais grave”;

CONSIDERANDO que a Constituição Federal estabelece que a

segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, a qual é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio;

CONSIDERANDO a vigência da Lei Estadual nº 14.592, de 19 de

Outubro de 2011 que proíbe vender, ofertar, fornecer, entregar ou permitir o consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências correlatas;

CONSIDERANDO ser uma das missões do Ministério Público a tutela

dos interesses transindividuais e individuais relativos à proteção da infânia e juventude; RESOLVE instaurar o presente INQUÉRITO CIVIL, visando à

continuidade da investigação, com as diligências necessárias para a apuração dos fatos. DETERMINA as seguintes providências: 1. A nomeação, sob compromisso, para secretariar os trabalhos, o Oficial

de Promotoria XXX. 2. O registro do presente procedimento no SIS MP INTEGRADO,

instituído pelo Ato Normativo nº 665/2010-PGJ-CGMP; 3. Notifique-se o representante, dando-lhe ciência da instauração do

presente procedimento;

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4. Oficie-se à Prefeitura Municipal, solicitando informe: a) Se há leis municipais prevendo a imposição de sanções administrativas a

estabelecimentos comerciais, bares, restaurantes e congêneres que comercializem bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes;

a.1) Se há previsão legal de restrição de venda nas proximidades de estabelecimentos de ensino;

a.2) A quais órgãos compete a fiscalização; a.3) Envie relatório informativo a respeito da fiscalização e autuação

referente aos últimos 12 ou 24 meses, bem como cópias das punições administrativas impostas (este último quesito tem por objetivo verificar se a lei está sendo efetivamente cumprida)

5. Oficie-se à Polícia Militar, Guarda Civil Municipal solicitando que

enviem relação de ocorrências envolvendo crianças e adolescentes usando bebidas alcoólicas nos últimos 12 ou 24 meses no Município;

6. Oficie-se à Delegacia de Polícia solicitando que envie relatório

contendo o numero de inquéritos policiais/termos circunstanciados instaurados nos últimos 12 ou 24 meses envolvendo as infrações penais previstas nos artigos 243 do ECA e 63, “a”, do Dec. Lei n. 3.688/41.

7. Oficie-se ao Conselho Tutelar, solicitando relatório referente ao

número de ocorrências envolvendo crianças/adolescentes usando bebidas alcoólicas e quais foram identificados, nos últimos 12 ou 24 meses, bem como quais as decisões do colegiado/medidas protetivas aplicadas;

8. Oficie-se à Associação Comercial do Município para que envie

relação de todos os estabelecimentos comerciais cadastrados nessa Associação que trabalhem com a venda de bebidas alcoólicas.

9. Notifique-se o responsável pelo estabelecimento comercial XXX para

comparecimento na Promotoria de Justiça na data de ______/_____/2011, às..., a fim de ser ouvido sobre os fatos tratados na representação.

10. Com as respostas tornem conclusos.

Local, data.

Promotor(a) de Justiça

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B) MODELO DE RECOMENDAÇÃO – FISCALIZAÇÃO DA VENDA DE BEBIDAS

ALCOÓLICAS A CRIANÇAS E ADOLESCENTES E CUMPRIMENTO DA LEI

ESTADUAL N. 14.592/11 E DO DISPOSTO NO ARTIGO 243 DA LEI FEDERAL N.

8.069/90 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE)

RECOMENDAÇÃO Nº XXXXXX O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por

seu órgão de execução que esta subscreve, no uso de suas atribuições legais que lhe são conferidas, com fulcro nas disposições contidas no art.127, “caput”, inciso III da Constituição Federal, e ainda:

CONSIDERANDO que a Constituição Federal em seu art. 227, caput e

os arts. 4º e 5o da Lei nº 8.069/90 determinam ser dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, dentre outros, o direito à dignidade e ao respeito de toda criança e adolescente, colocando-os a salvo de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão;

CONSIDERANDO que, para efeitos legais, criança é a pessoa de até 12

anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade, de acordo com o art. 2.º da Lei n.º 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA);

CONSIDERANDO que o direito ao respeito, conforme previsão legal,

compreende a inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, dentre outros (art. 17 da Lei 8.069/90);

CONSIDERANDO a necessidade de se prevenir e coibir o acesso de

bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes, que compromete o desenvolvimento social e psicológico, bem como o crescimento digno dessas pessoas em condições peculiares de desenvolvimento;

CONSIDERANDO que a venda de bebidas alcoólicas à criança e ao

adolescente constitui crime, consoante preceitua a Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente: “Art. 243. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança e adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida, Pena – detenção de 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos e multa, se o fato não constituir crime mais grave”;

CONSIDERANDO que a Lei Estadual nº 14.592, de 19 de Outubro de

2011 proíbe a venda, a oferta, fornecimento, entrega ou permissão de consumo de bebida

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alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências correlatas;

CONSIDERANDO que incumbe à Polícia Civil as funções de polícia

judiciária a apuração das infrações penais, bem como que compete à Polícia Militar o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública, por determinação do art. 144, §§ 4º e 5º da Constituição Federal;

CONSIDERANDO a edição do Decreto Presidencial n.º 6.117/07, que

aprova a Política Nacional sobre o Álcool, dispõe sobre as medidas para redução do uso indevido de álcool e estabelece a sua associação com a violência e criminalidade, especialmente no seu Anexo II, alíneas 5.1 e 9.3;

CONSIDERANDO que, de acordo com o Centro Brasileiro de

Informação sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID, nos últimos cinco anos a ingestão de bebidas alcoólicas aumentou 30% entre jovens de 12 a 17 anos, e 25% entre jovens de 18 a 24 anos;

RESOLVE RECOMENDAR ao Comandante da Polícia Militar local (base,

batalhão, Comando, etc) que efetue fiscalizações contínuas (vide observações que seguem abaixo) a fim de verificar o respeito e cumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11 e do artigo 243 do ECA, de acordo com os seguintes critérios e procedimentos:

a) fiscalização nos estabelecimentos comerciais ao menos uma vez por mês (a cada bimestre)/ uma vez por semana/a cada quinze dias, nos bairros X, Y, Z (de acordo com critérios de maior vulnerabilidade social/ocorrências policiais) devendo:

a.1) em caso de infração penal prevista no artigo 243 do ECA, proceder o encaminhamento do autor do fato à Delegacia de Policia para o devido registro de ocorrência.

a.2) em caso de infração prevista na Lei Estadual n. 14.592/11, ao Órgão regional da Vigilância Sanitária Estadual para que se proceda à devida autuação administrativa;

a.3) encaminhar relatório circunstanciado mensal/bimestral (etc – periodicidade a ser estabelecida) das fiscalizações realizadas à Promotoria de Justiça para ciência e providências cabíveis na esfera cível;

Observações do CAO Cível (área da infância e juventude)

A recomendação é instrumento que deve ser utilizado em hipóteses excepcionais, pois seu descumprimento acarreta a necessidade de ajuizamento de ação civil pública.

É imprescindível que o Promotor de Justiça se reúna com o Comandante da Policia Militar de seu Município para estabelecer os critérios de cumprimento e observância da recomendação, a fim de evitar eventual descumprimento e necessidade de ajuizamento de

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ação civil pública contra o Estado, pois obviamente não é este o objetivo da atuação ministerial, e sim obter-se a verificação a respeito do cumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11 e do artigo 243 do ECA. Ademais, a Polícia Militar é instituição estatal parceira do Ministério Público, devendo assim ser tratada – com o devido respeito -, garantindo-se reciprocidade nas ações que envolvem ambas as instituições, servidoras da sociedade. É importante que o Promotor de Justiça se reúna e saiba das dificuldades ou não do Comando da PM local, a fim de acertar a quantidade/rotina de fiscalizações referentes à observância das normas vigentes.

Portanto, razoável que se definam os critérios relativos à quantidade de fiscalizações a serem realizadas durante o mês (ou em prazo mais elástico, de acordo com as condições e peculiaridades/tamanho populacional, quantidade de estabelecimentos comerciais etc), locais de fiscalização e procedimentos a serem adotados por ocasião das fiscalizações (registro de ocorrência policial, encaminhamento de copias à VISA Estadual para proceder-se a devida autuação administrativa, comunicação ao MP para ciência e eventuais providências cíveis que o Promotor de Justiça considerar cabíveis, tais como formalização de TAC e ou ajuizamento de ACP etc).

Conseqüências jurídicas do não atendimento da Recomendação O não atendimento da presente Recomendação ensejará o ajuizamento de

ação civil pública pelo Ministério Público para que o Poder Judiciário obrigue o Estado de São Paulo (mais precisamente a Policia Militar) a cumprir a recomendação e promover todas as medidas necessárias destinadas a fiscalizar o fiel cumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11 e Lei Federal n. 8.069/90, observados a forma, prazos e acima propostos nesta Recomendação para sua concretização.

Local, data.

Promotor(a) de Justiça

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C) MINUTA DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA –

INFRAÇÃO DE VENDA/COMÉRCIO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS A

CRIANÇAS E ADOLESCENTES

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por seu órgão que esta subscreve, no exercício das atribuições que lhe são conferidas por lei, com fundamento no artigo 127, caput, e artigo 129, incisos II e III da Constituição Federal; no artigo 97, parágrafo único da Constituição Estadual; no artigo 25, inciso IV, da Lei nº 8.625/93; no artigo 5, § 6º da Lei nº 7.347/85; no artigo 211 da Lei Federal n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente); e nos artigos 103, inciso VIII, e 104, incisos I e II, 112, todos da Lei Complementar Estadual nº 734/93 e

e ESTABELECIMENTO COMERCIAL XXX, (endereço do

estabelecimento), nscrito no CNPJ sob nº , sediada no nº da Rua , bairro , Município de , representado por (nome), RG Nº , (nacionalidade), (naturalidade), (estado civil), (profissão), (endereço do representante), denominado COMPROMISSÁRIO, que também subscreve o presente termo, nos autos do INQUÉRITO CIVIL nº em trâmite na Promotoria de Justiça da Infância e Juventude desta comarca de..., e

CONSIDERANDO que a Constituição Federal em seu art. 227, caput e

os arts. 4º e 5o da Lei nº 8.069/90 determinam ser dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, dentre outros, o direito à dignidade e ao respeito de toda criança e adolescente, colocando-os a salvo de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão;

CONSIDERANDO que, para efeitos legais, criança é a pessoa de até 12

anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade, de acordo com o art. 2.º da Lei n.º 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA);

CONSIDERANDO que o direito ao respeito, conforme previsão

estatutária, compreende a inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, dentre outros (art. 17 da Lei 8.069/90);

CONSIDERANDO a necessidade de se prevenir e coibir o uso e

consumo de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes, que compromete o desenvolvimento social e psicológico, bem como o crescimento digno e sadio de indivíduos em condições peculiares de desenvolvimento;

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CONSIDERANDO que a venda de bebidas alcoólicas à criança e ao adolescente constitui crime, consoante preceitua a Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente: “Art. 243. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança e adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida, Pena – detenção de 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos e multa, se o fato não constituir crime mais grave”;

CONSIDERANDO que o art. 86 do ECA prevê a implantação de

políticas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, por meio de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

CONSIDERANDO que a Lei Estadual nº 14.592, de 19 de Outubro de

2011 proíbe a venda, oferta, fornecimento, entrega ou permissão de consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências correlatas;

CONSIDERANDO a edição do Decreto Presidencial n.º 6.117/07, que

aprova a Política Nacional sobre o Álcool, dispõe sobre as medidas para redução do uso indevido de álcool e estabelece a sua associação com a violência e criminalidade, especialmente no seu Anexo II, alíneas 5.1 e 9.3;

CONSIDERANDO que, de acordo com o Centro Brasileiro de

Informação sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID, nos últimos cinco anos a ingestão de bebidas alcoólicas aumentou 30% entre jovens de 12 a 17 anos, e 25% entre jovens de 18 a 24 anos;

CONSIDERANDO que a Constituição da República estabelece que a

segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, a qual é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio;

CONSIDERANDO que incumbe à Polícia Civil as funções de polícia

judiciária a apuração das infrações penais, bem como que compete à Polícia Militar o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública, por determinação do art. 144, §§ 4º e 5º da Constituição Federal;

Celebram Compromisso de Ajustamento de Conduta nos seguintes

termos: 1) Das obrigações

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a) O COMPROMISSÁRIO assume ter infringido o disposto no artigo 243 da Lei Federal n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e nos artigos 1o e 2o da Lei Estadual n. 14.592/11 e se compromete a cumprir as seguintes obrigações:

Observações do Centro de Apoio

As seguintes obrigações são meramente sugestivas, cabendo ao Promotor

de Justiça verificar quais entende cabíveis ao caso concreto a.1) de fazer, consistente em fazer constar na face de todas as comandas ou

documentos de mesmo conteúdo utilizadas em seu estabelecimento, a seguinte inscrição: “É proibida a venda, o fornecimento ou entrega de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos”.

a.2) de fazer, consistente em exigir de todos os freqüentadores de seu estabelecimento comercial a prévia apresentação de cédula de identidade (RG) ou outro documento de identidade hábil a comprovar a maioridade (com fotografia), conforme previsto no Parágrafo 3o do artigo 2o da Lei Estadual n. 14.592/11.

a.3) de fazer, consistente em entregar, a todas as pessoas menores de 18 anos de idade que a seu estabelecimento comercial ingressarem, comanda diferenciada, com cor e texto próprios contendo, em destaque, expressa advertência de impossibilidade de compra, recebimento e consumo de bebidas alcoólicas em razão do determinado no artigo 81, inciso II, e no artigo 243, ambos da Lei Federal n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente);

a.4) de fazer, consistente em elaborar no prazo de 60 (sessenta) dias, campanha de divulgação da proibição da venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes, baseado em documento elaborado pela UNIAD (modelo anexo) com divulgação periódica (durante uma semana/mês/etc) em jornal de veiculação no Município, com tamanho de XXX, pelo prazo de XXX meses, comprovando o cumprimento da obrigação mediante a apresentação mensal nos autos, de cópia(s) do jornal e nota fiscal da inserção;

a.5) de fazer, consistente em elaborar no prazo de 60 (sessenta) dias, elaborar campanha de divulgação da proibição da venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes, baseado em documento elaborado pela UNIAD (modelo anexo) com divulgação em XXX pontos do Município, tais como Escolas, Postos de Saúde, Instituições de Ensino Superior (Universidades, Faculdades), bibliotecas, ..... pelo prazo de XXX meses, comprovando o cumprimento da obrigação mediante a apresentação mensal nos autos, de cópia(s) dos cartazes;

a.6) de pagar, a título de compensação financeira pelo ilícito civil cometido, no prazo máximo de 30 dias, a quantia de de R$ __ ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente – conta n. , agencia n. , Banco .

a.7) de pagar o tratamento integral de XX criança(s)/adolescente(s) que necessitem de atendimento e internação em outro Município em razão de uso/dependência de álcool e drogas, conforme prazo e prescrição previstos nos casos analisados;

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b) O presente Compromisso de Ajustamento não exime O COMPROMISSÁRIO de responsabilidade criminal e administrativa pela infringência das normas acima relacionadas.

2) Dos prazos e forma de fiscalização de cumprimento do ajuste a) Fica estabelecido o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da presente data,

para que O COMPROMISSÁRIO dê início à implementação do uso de comandas diferenciadas, conforme as cláusulas anteriores deste compromisso de ajustamento de conduta (alíneas a.1 a a.3);

b) A fiscalização do cumprimento das obrigações assumidas neste

Compromisso de Ajustamento poderá ser realizada pelo Ministério Público, por servidores da Vara da Infância e Juventude ou pelo seu Serviço Voluntário, servidores da Prefeitura Municipal de XXX, Conselho Tutelar, Polícia Militar, Polícia Civil, PROCON e demais autoridades públicas, na esfera de suas atribuições, ou qualquer cidadão, em vista do disposto no artigo 70 do Estatuto da Criança e do Adolescente;

3) Das sanções civis para o caso de descumprimento do ajuste a) O descumprimento de quaisquer das obrigações constantes do presente

compromisso sujeitará o COMPROMISSÁRIO, a título de cláusula penal, ao pagamento de multa diária no importe de R$ .000,00 ( mil reais), exigível enquanto perdurar a violação, mediante fiscalização por parte do técnicos ou pelo próprio membro do Ministério Público (por meio de constatação direta ou por resposta a ofícios para tanto expedidos), cujo valor será atualizado de acordo com índice oficial, desde o dia de cada prática infracional até efetivo desembolso, sem prejuízo de eventual ajuizamento de ação executiva específica para cobrar-se o fiel cumprimento das obrigações, caso não respeitados as formas e os prazos previstos neste compromisso, na forma estatuída no parágrafo 6º, do artigo 5º, da Lei Federal nº 7.347, de 24 de julho de 1985, artigo 84, do Código de Defesa do Consumidor, 461 e 730, ambos do Código de Processo Civil.

4) Do início de vigência do presente ajuste a) Este ajuste somente produzirá efeitos legais a partir de sua

homologação pelo E. Conselho Superior do Ministério Público, conforme previsto no artigo 112, parágrafo único da Lei Estadual n. 734/93.

b) Após a homologação e baixa dos autos à Promotoria de Justiça o

COMPROMISSÁRIO será cientificado pelo Ministério Público por oficio, do início de vigência do presente ajuste, bem como dos prazos a serem observados.

5) Disposições Finais

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a) Fica consignado que os valores eventualmente desembolsados a título

de cláusula penal deverão ser revertidos em benefício do FUNDO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (FMDCA), de que tratam a Lei Federal nº 8.069/90 (artigos 88, IV, 214, 260, §§ 2o e 4o) e Lei Municipal n. (Lei que cria o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), na conta corrente nº..., da agência nº ..., do Banco....

b) As questões decorrentes deste compromisso serão dirimidas no Foro

da Comarca de ...., local em que está sendo firmado o presente ajuste. E, por estarem assim de acordo, firmam o presente compromisso que vai

por todos assinado.

Local e data

Promotor(a) de Justiça

COMPROMISSÁRIO (representado por )

Advogado OAB/SP nº

TESTEMUNHAS:

YYY – oficial de promotoria (matrícula n. ) YYY – oficial de promotoria (matrícula n. )

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D) MODELO DE OFÍCIO – DESTINADO À VIGILÂNCIA SANITÁRIA COM CÓPIAS DE AUTOS DE INQUÉRITO CIVIL COMUNICANDO O DESCUMPRIMENTO DA LEI ESTADUAL N. 14.592/11 PARA OBTER-SE A DEVIDA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

Local, data

Ofício nº XXXXXX

Ilmo(a). Sr.(a)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por seu

ÓRGÃO que abaixo subscreve, com exercício na Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de

XXXXXXXX, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos artigos 127, 129, III, da Constituição

Federal, e pelo artigo. 8º, § 1º, da Lei n. 7.347/85.

CONSIDERANDO que tramita nesta Promotoria de Justiça o Procedimento

nº , instaurado a partir de representação oferecida por XXX, com o fim de apurar a venda de bebidas

alcoólicas a crianças e adolescentes por comerciantes, proprietários de comércio em geral, restaurantes,

lanchonetes e, bares e similares deste Município;

CONSIDERANDO ser atribuição do Ministério Público a tutela dos interesses

transindividuais relativos à proteção da infância e juventude;

CONSIDERANDO que a Lei Estadual nº 12.540 dispõe sobre a cassação da

eficácia da inscrição no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de

Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação-ICMS, dos bares, hóteis, restaurantes e similares que venderem bebidas alcoólicas a

menores de 18 anos de idade ou forem flagrados consentindo ou comercializando drogas e

CONSIDERANDO essencialmente o teor da Lei Estadual nº 14.592, de 19 de

Outubro de 2011 que proíbe vender, ofertar, fornecer, entregar ou permitir o consumo de bebida

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alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências

correlatas, especialmente pela disposição de que:

Artigo 3º - As infrações das normas desta lei ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil ou penal e das definidas em normas específicas:

I - multa; II - interdição. Parágrafo único - As sanções previstas neste artigo poderão ser aplicadas

cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente, de procedimento administrativo. Artigo 4º - A multa será fixada em, no mínimo, 100 (cem) e, no máximo, 5.000 (cinco

mil) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo – UFESPs para cada infração cometida, aplicada em dobro na hipótese de reincidência, observada a seguinte gradação:

I - para as infrações de natureza leve, assim consideradas as condutas contrárias ao disposto no inciso I e no § 1º do artigo 2º:

a) 100 (cem) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar federal nº 123, de 14 de dezembro de 2006;

b) 500 (quinhentas) UFESPs, para fornecedor que não se enquadre na hipótese da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;

c) 1.500 (mil e quinhentas) UFESPs, para fornecedor cuja receita bruta anual seja superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;

II - Para as infrações de natureza média, assim consideradas as condutas contrárias ao disposto no inciso II e no § 2º do artigo 2º desta lei:

a) 150 (cento e cinquenta) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar federal nº 123, de 14 de dezembro de 2006;

b) 750 (setecentas e cinquenta) UFESPs, para fornecedor que não se enquadre na hipótese da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;

c) 2.000 (duas mil) UFESPs, para fornecedor cuja receita bruta anual seja superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;

III - Para as infrações de natureza grave, assim consideradas as condutas contrárias ao disposto no artigo 1º e no artigo 2º, inciso III e §§ 3º e 4º, desta lei:

a) 200 (duzentas) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar federal nº 123, de 14 de dezembro de 2006;

b) 1.000 (mil) UFESPs, para fornecedor que não se enquadre na hipótese da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;

c) 2.500 (duas mil e quinhentas) UFESPs, para fornecedor cuja receita bruta anual seja superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs.

Artigo 5º - A sanção de interdição, fixada em no máximo 30 (trinta) dias, será aplicada quando o fornecedor reincidir nas infrações dos artigos 1º e 2º, inciso III e §§ 3º e 4º, desta lei.

Artigo 6º - Na hipótese de descumprimento da sanção de interdição, ou se for verificada nova infração do disposto nesta lei, será oficiada a Secretaria da Fazenda, que deverá proceder à instauração de processo para cassação da eficácia da inscrição do fornecedor infrator no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, consoante disposto na Lei nº 12.540, de 19 de janeiro de 2007.

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Artigo 7º - Considera-se reincidência a repetição de infração de quaisquer das disposições desta lei, desde que imposta a penalidade por decisão administrativa irrecorrível.

Parágrafo único - Para os fins do disposto no “caput” deste artigo, não se considera a sanção anterior se entre a data da decisão administrativa definitiva e a da infração posterior houver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos.

Artigo 8º - A fiscalização do disposto nesta lei será realizada pelos órgãos estaduais de defesa do consumidor e de vigilância sanitária, nos respectivos âmbitos de atribuições, os quais serão responsáveis pela aplicação das sanções decorrentes de infrações às normas nela contidas, mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa.

Vem por meio deste, informar a V. Sa., para que sejam adotadas as providências

administrativas cabíveis, que a empresa...(denominação, CNPJ, responsável), situada à rua..., nesta

cidade, conforme documento anexo (indicar....), no dia ..., às ... horas, nesta cidade, assumiu ter

descumprido a Lei Federal n. 8.069/90 (art. 243) e a Lei Estadual n. 14.592/11, pois

vendeu/ofertou/forneceu/ entregou/permitiu o consumo de bebida alcoólica (verificar se foi

gratuitamente), a pessoa menor de 18 (dezoito) anos de idade – conforme cópias anexas (extraídas dos

autos de Inquérito Civil n.).

Sem mais para o momento, e aguardando o pronto atendimento do disposto na

Lei Estadual n. 14.592/11 envia-se o presente ofício com as cópias que o instruem, aproveitando o

ensejo para renovar protestos de consideração e apreço.

Local, data.

Promotor(a) de Justiça

Ilmo. (a) Sr. Diretor Técnico da Divisão Regional de Serviço de Vigilância Sanitária Estadual Município de ...

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E) MODELO DE OFÍCIO DESTINADO À PREFEITURA MUNICIPAL, PROCON E/OU VIGILÂNCIA SANITÁRIA MUNICIPAIS EM CIDADES EM QUE NAO HAJA VIGILÂNCIA OU PROCON ESTADUAIS, PARA QUE AUXILIEM NA FISCALIZAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA LEI ESTADUAL N. 14.592/11

Local, data

Ofício nº XXXXXX

Ilmo(a). Sr.(a)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por

seu Órgão que abaixo subscreve, com exercício na Promotoria de Justiça da Infância e Juventude

de XXXXXXXX, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos artigos 127, 129, III, da

Constituição Federal, e pelo artigo. 8º, § 1º, da Lei n. 7.347/85.

CONSIDERANDO que tramita nesta Promotoria de Justiça o

Procedimento nº xxxxx, instaurado a partir de representação oferecida pelo xxxxxxxxx, com o

fim de apurar a venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes por comerciantes,

proprietários de comércio em geral, restaurantes, lanchonetes e, bares e similares deste

Município;

CONSIDERANDO que a Constituição Federal em seu art. 227, caput e

os arts. 4º e 5o da Lei nº 8.069/90 determinam ser dever da família, da comunidade, da sociedade

em geral e do poder público assegurar, dentre outros, o direito à dignidade e ao respeito de toda

criança e adolescente, colocando-os a salvo de qualquer forma de negligência, discriminação,

exploração, violência, crueldade e opressão;

CONSIDERANDO a necessidade de se prevenir e coibir o acesso de

bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes, que compromete o desenvolvimento social e

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psicológico, bem como o crescimento digno dessas pessoas em condições peculiares de

desenvolvimento;

CONSIDERANDO que a venda de bebidas alcoólicas à criança e ao

adolescente constitui crime, consoante preceitua a Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do

Adolescente: “Art. 243. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma,

a criança e adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica,

ainda que por utilização indevida, Pena – detenção de 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos e multa, se o fato não

constituir crime mais grave”;

CONSIDERANDO que a Constituição Federal estabelece que a

segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, a qual é exercida para a

preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio;

CONSIDERANDO ser atribuição do Ministério Público a tutela dos

interesses difusos e coletivos e individuais homogêneos relativos à proteção da infância e

juventude;

CONSIDERANDO a lei estadual nº 12.540, que dispõe sobre a cassação

da eficácia da inscrição no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à

Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicação-ICMS, dos bares, hóteis, restaurantes e similares que

venderem bebidas alcóolicas à menores de idade ou forem flagrados consentindo ou

comercializando drogas;

CONSIDERANDO essencialmente o teor da Lei Estadual nº 14.592, de

19 de Outubro de 2011 que proíbe vender, ofertar, fornecer, entregar ou permitir o consumo de

bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá

providências correlatas;

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Vem por meio deste, SOLICITAR a V. Sa., sejam promovidas diligências

no sentido de dar cumprimento à Lei Estadual acima citada, com a elaboração de autos de

constatação públicos de locais em que seja constatada a venda ou qualquer forma de

comercialização de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes, o consumo indevido de álcool

por pessoas menores de 18 anos de idade ou a disposição de bebidas alcoólicas em desacordo ao

disposto no artigo 2o, Parágrafo 2o da Lei Estadual n. 14.592/11.

Sem mais para o momento, e aguardando o préstimo desse órgão

municipal para obter-se o devido atendimento do disposto na Lei Estadual n. 14.592/11 envia-se

o presente ofício com as cópias que o instruem, aproveitando o ensejo para renovar protestos de

consideração e apreço.

Local, data.

Promotor(a) de Justiça

Ilmo. (a) Sr. (a) Responsável pelo PROCON Municipal Ilmo. (a) Sr. (a) Diretor/Coordenador/responsável pela Vigilância Sanitária Municipal Ilmo. Sr. Responsável pelos serviços públicos municipais (discriminar)

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3a PARTE DO MATERIAL DE APOIO – DOUTRINA E REFERENCIAL TÉCNICO

A) “ADOLESCÊNCIA E FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA

O USO INDEVIDO DE ÁLCOOL”

Paulo Roberto Aranha de Macedo Médico Especialista em Psiquiatria - ABP – AMB

Especialista em Dependência Química – UNIAD / UNIFESP-EPM Consultor - Área Técnica de Álcool e Drogas

ASTEC / SAS / Ministério da Saúde

SAÚDE MENTAL E USO INDEVIDO DE ÁLCOOL E OUTRAS

DROGAS

A questão do uso abusivo e/ou dependência de álcool e outras drogas

nunca foi um problema exclusivamente psiquiátrico ou médico. As implicações sociais,

psicológicas, econômicas e políticas são enormes e devem ser consideradas na compreensão

global do problema, a qual deve considerar a tríade “substância, indivíduo e meio ambiente”

(Olievenstein, 1990) e as suas mais diversas características. A enorme quantidade de variáveis

implicadas neste consumo permite um número infindável de configurações possíveis para o uso

de substâncias psicoativas.

O comprometimento global conseqüente ao uso de álcool e outras drogas

envolve muito estigma, exclusão e preconceito. Além disso, sofre influência da desabilitação que

promove, sento esta definida como a perda ou restrição nas habilidades de um indivíduo para

exercer uma atividade, função ou papel social, em qualquer um dos domínios da vida de relação.

Suas conseqüências afetam, com considerável prejuízo, as nações do mundo inteiro,

ultrapassando fronteiras, na medida em que a problemática inerente ao abuso / dependência de

drogas avança por todas as sociedades, envolvendo homens e mulheres de diferentes grupos

étnicos, independentemente de classe social e econômica, ou mesmo de idade.

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As evidências em questão dificultam abordagens terapêuticas que não

sejam planejadas em função de cada indivíduo, e do sofrimento psíquico que o uso abusivo ou a

dependência de álcool e outras drogas traz a ele, ou aos que o cercam. Sendo assim, o

planejamento de ações terapêuticas, preventivas e educativas que sejam relativas a tal uso

somente é viável (considerando-se alguma projeção de eficácia e efetividade para tais ações)

dentro de uma perspectiva ampliada de saúde mental.

A promoção de saúde mental pode ser considerada a viabilização de

ganhos de autonomia por parte de pessoas em estado de sofrimento psíquico, com a busca da

otimização da qualidade de vida destas pessoas, considerando que a expressão dos processos

patológicos correlatos é mediada pelas práticas diárias destes indivíduos, e que estas práticas

podem agir contra ou a favor de seu bem estar psíquico, tendo portanto influência em sua vidas,

de uma forma geral.

Um conceito de “saúde mental” como sendo unicamente a ausência de

“doença mental” é limitado demais para contemplar todo um continuum evolutivo de instalação

ou remissão de acometimento psíquico, não envolvendo devidamente os aspectos subjetivos

envolvidos neste processo: cada indivíduo constitui campo de integração e interrelação de vários

fenômenos de manifestação biopsicossocial, podendo ser este indivíduo a interseção existente

entre todas esta variáveis. A maneira como este indivíduo percebe conscientemente esta

interseção pode ser definida como subjetividade, sendo esta o sítio de percepção e manifestação

do que chamamos “saúde mental” ou “transtorno psíquico” (expressão preferível, ao invés de

“doença mental”, de acordo com orientação da Organização Mundial de Saúde), no mais simples

sentido de bem-estar ou mal-estar, respectivamente.

Temos então a justificativa para que a mesma lógica permeie o

planejamento de ações preventivas voltadas a usuários de álcool e drogas – o uso abusivo de

substâncias psicoativas configura um desafio à premente organização de dispositivos de cuidados

voltados especificamente para esta clientela, cada vez mais exposta à crescente disponibilidade de

substâncias lícitas e ilícitas. Vemos então que o uso indevido de substâncias psicoativas tomou

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proporção de grave problema de saúde pública no país; esta constatação também se reflete nos

demais segmentos da sociedade pela relação comprovada de tal uso com os agravos sociais dele

decorrentes (Ministério da Saúde, 2001).

A exclusão social e a ausência de cuidados que atingem, de forma histórica

e contínua, aqueles que sofrem de transtornos mentais, apontam para a necessidade da reversão

de modelos assistenciais que não contemplem as reais necessidades de uma população (Silva

Filho, 2001). Isto é uma demanda mundial, amplamente respaldada por evidências científicas.

Citando somente um exemplo, dados fornecidos por estudo capitaneado pela Universidade de

Harvard indicam que, das dez doenças mais incapacitantes em todo o mundo, cinco são de

origem psiquiátrica: depressão, transtorno afetivo bipolar, alcoolismo, esquizofrenia e transtorno

obsessivo-compulsivo (Murray e Lopez, 1996). Apesar de responsáveis diretas por somente 1,4%

de todas as mortes, as condições neurológicas e psiquiátricas foram responsáveis por 28% de

todos os anos vividos com alguma desabilitação para a vida. Salvo variações sem repercussão

epidemiológica significativa, a realidade acima encontra equivalência em território brasileiro.

ADOLESCÊNCIA E USO INDEVIDO DE ÁLCOOL –

CONTEXTO ATUAL

Qualquer sociedade deve assumir o compromisso ético de cuidar de suas

crianças e adolescentes (Saggese, 2000), o que deveria encontrar equivalência no aumento na

atenção voltada para esta faixa etária específica; não devemos esquecer que o descaso do

presente poderá incorrer em um custo futuro pesado para toda a sociedade.

Os transtornos mentais e de comportamento têm ocorrência relativamente

comum durante a infância e adolescência (OMS, 2001). Com freqüência, não são detectados,

mesmo porque existe um certo consenso popular sobre a sua inexistência, ou mesmo sobre um

suposto caráter incomum. Apesar disso, trazem custo inestimável para a sociedade como um

todo, especialmente nos aspectos humano e financeiro. Constituem grave problema de saúde

pública mundial, o que se agrava pelo fato de que muitos dos transtornos ocorridos nestas fases

do desenvolvimento humano podem continuar se manifestando durante a idade adulta, em um

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comprometimento global de estimativa complexa e difícil; geram grande carga agregada de

doenças, sendo freqüentemente o reflexo de doença maior, em um contexto sócio-familiar.

Ainda que apresentem variação considerável, estudos investigativos

evidenciam uma prevalência geral elevada de transtornos mentais e de comportamento em

crianças – 10 a 20% delas podem ter um ou mais problemas mentais. Porém, enquanto fases do

desenvolvimento, a infância e a adolescência não proporcionam uma clara delineação /

delimitação entre fenômenos tidos como anormais, e outros aceitos como componentes de um

desenvolvimento normal, o que certamente superestima a prevalência acima mencionada. Em

contrapartida, vemos uma elevação na identificação de transtornos que, freqüentemente

observados em adultos, podem ter seu início na idade infantil, como no caso dos transtornos

depressivos. No tocante a categorias diagnósticas específicas da infância e adolescência (CID-10,

1996), vemos que transtornos hipercinéticos, distúrbios de atenção e hiperatividade, distúrbios de

conduta e transtornos emocionais da infância podem constituir fator de risco para a ocorrência

futura de comorbidades diversas.

A despeito do uso de substâncias psicoativas de caráter ilícito, e

considerando qualquer faixa etária, o uso indevido de álcool e tabaco tem a maior prevalência

global, trazendo também as mais graves conseqüências para a saúde pública mundial.

Corroborando tais afirmações, estudo conduzido pela Universidade de Harvard e instituições

colaboradoras (Murray e Lopez, 1996) sobre a carga global de doenças trouxe a estimativa de que

o álcool seria responsável por cerca de 1,5% de todas as mortes no mundo, bem como sobre

2,5% do total de anos vividos ajustados para incapacidade. Ainda segundo o mesmo estudo, esta

carga inclui transtornos físicos (cirrose hepática, miocardiopatia alcoólica, etc) e lesões

decorrentes de acidentes (industriais e automobilísticos, por exemplo) influenciados pelo uso

indevido de álcool, o qual cresce de forma preocupante em países em desenvolvimento.

Existe uma tendência mundial que aponta para o uso cada vez mais

precoce de substâncias psicoativas, incluindo o álcool, sendo que tal uso também ocorre de

forma cada vez mais pesada. No Brasil, estudo realizado pelo CEBRID – Centro Brasileiro de

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Informações sobre Drogas Psicoativas sobre o uso indevido de drogas por estudantes (n =

2.730) dos antigos 1º e 2º graus em 10 capitais brasileiras (Galduróz et. al., 1997) revelou

percentual altíssimo de adolescentes que já haviam feito uso de álcool na vida: 74,1%. Quanto a

uso freqüente, e para a mesma amostra, chegamos a 14,7%. Ficou constatado que 19,5% dos

estudantes faltaram à escola, após beber, e que 11,5% brigaram.

Comparativamente a estudos semelhantes realizados anteriormente, com o

mesmo rigor metodológico (o que permite algum nível comparativo, visto que se referem a

grupos populacionais definidos), o uso freqüente de álcool aumentou em seis capitais, e o uso

pesado (20 vezes ou mais por mês) aumentou em oito das dez capitais participantes do estudo.

Estudos como este encontram dificuldades para a sua replicação em

ambientes escolares de natureza privada, o que se justifica por diversas razões; dentre elas,

destacamos o temor (por parte de diretores e donos de escolas) de que, mediante divulgação

indevida dos dados obtidos, estes estabelecimentos de ensino fiquem de alguma forma

estigmatizados como locais nos quais haveria uma suposta facilitação ao uso de substâncias

psicoativas, o que supostamente teria impacto indesejado sobre a credibilidade da escola como

local de formação pessoal.

Ao considerarmos crianças e adolescentes em situação de rua, vemos um

agravamento da situação acima descrita, no tocante às substâncias psicoativas em geral (Noto et.

al., 1993), sendo apresentados percentuais altíssimos de uso na vida, em todas as capitais

pesquisadas, também de forma cada vez mais precoce e pesada.

FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA O USO DE

ÁLCOOL, NA ADOLESCÊNCIA

Uma vez estando claro que a promoção de saúde mental pode ser

considerada a viabilização de ganhos de autonomia por parte de pessoas em estado de

sofrimento psíquico, com a busca da otimização da qualidade de vida destas pessoas, e se estas

premissas também são válidas em relação à população de adolescentes, qualquer tentativa de

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reduzir ou eliminar uma possível influência de fatores de risco para o uso abusivo e/ou

dependência de álcool deve considerar as suas práticas diárias; vale a pena ratificar que, se estas

práticas podem influenciar positiva ou negativamente o seu bem estar, podem ser qualificadas

como fatores de proteção ou de risco para este uso indevido.

Os fatores de risco para o uso indevido de álcool são características ou

atributos de um indivíduo, grupo ou ambiente de convívio social, que contribuem para aumentar

a probabilidade da ocorrência deste uso. Em uma leitura primária, se as manifestações do uso

indevido de álcool por adolescentes encontram seu lugar na comunidade, é neste ambiente

comunitário que terão lugar as práticas terapêuticas, preventivas e educativas de maior impacto

sobre os chamados fatores de risco para este uso indevido.

Fatores de risco e de proteção podem ser identificados em todos os

domínios da vida adolescente: nos próprios indivíduos, em suas famílias, em seus pares, em suas

escolas e nas comunidades, e em qualquer outro nível de convivência sócio-ambiental; é

importante notar que tais fatores de risco não ocorrem de forma estanque, havendo entre eles

considerável transversalidade e conseqüente variabilidade de influência. Ainda assim, podemos

dizer que a vulnerabilidade é maior em indivíduos que estão insatisfeitos com a sua qualidade de

vida, possuem saúde deficiente, não detêm informações minimamente adequadas sobre a questão

de álcool e drogas, possuem fácil acesso às substâncias, e possuem integração comunitária

deficiente. Também vale a pena ressaltar que, se existem fatores de risco atuantes em cada um

dos domínios citados, estes últimos também possuem os seus fatores específicos de proteção.

Vejamos:

Domínio individual

Podemos identificar como principais fatores de risco a baixa auto-estima,

falta de auto-controle e assertividade, comportamento anti-social precoce, doenças pré-existentes

(ex.: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), baixa religiosidade e vulnerabilidade

psicossocial. Como fatores de proteção, a apresentação de habilidades sociais, flexibilidade,,

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habilidade em resolver problemas, facilidade de cooperar, autonomia, responsabilidade e

comunicabilidade são os mais influentes, paralelamente à vinculação familiar-afetiva, religiosa ou

institucional.

Domínio familiar

O uso de álcool e outras drogas pelos pais é um fator de risco importante,

assim como a ocorrência de isolamento social entre os membros da família. Também é

negativamente influente um padrão familiar disfuncional, bem como a falta do elemento paterno.

São considerados fatores de proteção a existência de vinculação familiar, com o desenvolvimento

de valores e o compartilhamento de tarefas no lar, bem como a troca de informações entre os

membros da família sobre as suas rotinas e práticas diárias; o cultivo de valores familiares, regras

e rotinas domésticas também deve ser considerado.

Domínio dos pares

Os principais fatores de risco são pares que usam drogas, ou ainda que

aprovam e/ou valorizam o seu uso; a rejeição de regras, práticas ou atividades organizadas é

considerada um sinalizador para indivíduos com potencial negativo de influência. Ao contrário,

pares que não usam álcool / drogas, e não aprovam ou valorizam o seu uso exercem influência

positiva, o mesmo ocorrendo com aqueles envolvidos com atividades de qualquer ordem

(recreativa, escolar, profissional, religiosa ou outras), que não envolvam o uso indevido de álcool

e outras drogas.

Domínio escolar

Ocorre o entrecruzamento de fatores de risco presentes em todos os

outros domínios; em verdade, a escola é o ambiente em que boa parte (ou a maioria) destes

fatores pode ser percebida. De qualquer forma, os maiores fatores de risco apresentados são a

falta de habilidade de convivência com grupos e a disponibilidade de álcool na escola e nas

redondezas; além disso, uma escola que apresente regras e papéis inconsistentes ou ambíguos

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com relação ao uso de drogas ou à conduta dos estudantes também vem por constituir

importante fator de risco relativo ao uso de álcool. Apresenta fatores de proteção a escola que

evidencia regras de padrões comportamentais claros consistentes com exemplificação dos

adultos; da mesma forma, é importante a participação dos estudantes em decisões de questões

escolares, com a inerente aquisição de responsabilidades.

ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO

A prevenção voltada para o uso abusivo e/ou dependência de álcool em

adolescentes pode ser definida como um processo de planejamento, implantação e

implementação de múltiplas estratégias voltadas para a redução dos fatores de risco específicos, e

fortalecimento dos fatores de proteção. Implica necessariamente em inserção comunitária das

práticas propostas, com a colaboração de todos os segmentos sociais disponíveis. A prevenção

primária teria como objetivo impedir o uso de álcool pela primeira vez; a secundária, impedir

uma “escalada” do uso; a prevenção terciária buscaria minimizar as conseqüências de tal uso.

O planejamento de ações voltadas para minimizar os efeitos adversos do

uso de álcool entre adolescentes deve identificar fatores de risco e proteção; deve assim

contemplar práticas que favoreçam a minimização dos fatores de risco para o consumo de álcool,

de forma paralela ao reforço de fatores de proteção.

As estratégias de prevenção devem contemplar a utilização combinada dos

seguintes elementos: fornecimento de informações sobre o álcool e outras drogas, práticas

educativas diversas, alternativas para lazer e atividades livres de drogas; devem também facilitar a

identificação de problemas pessoais, e o acesso ao suporte para tais problemas. Devem buscar o

fortalecimento de vínculos afetivos e a melhora da auto-estima dos adolescentes, e das outras

pessoas da comunidade. Também devem contemplar formas de intervenções sobre a

disponibilidade da droga (intervenções ambientais).

O MINISTÉRIO DA SAÚDE E A REDE ASSISTENCIAL

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As práticas de saúde voltadas para este problema específico devem

configurar um desenho preventivo para uma política de saúde; ciente da necessidade de

enfrentamento para esta grave questão de saúde pública (e fenômenos correlatos), e na certeza

(técnica, cientifica e epidemiologicamente) fundamentada de que tal enfrentamento colhe seus

melhores frutos quando ocorre na comunidade, o Ministério da Saúde propõe e viabiliza a

criação de redes locais de saúde mental que contemplem a atenção ambulatorial, inserida na

comunidade, flexível e resolutiva, (MS, 2002); estas redes se articulam em torno de unidades

denominadas CAPS – Centros de Atenção Psicossocial, as quais, pela disponibilidade contínua

de cuidados, constituem concreta alternativa ao modelo assistencial anteriormente centrado no

hospital psiquiátrico – excludente, não-resolutivo e ineficaz, em termos de saúde pública.

A concepção dos CAPS contempla, de forma inconteste:

- A Lei 10.216 de 06 de abril de 2001 (MS, 2002), a qual dispõe sobre o

atendimento a portadores de transtornos psíquicos, e reorienta o modelo assistencial vigente;

- As disposições e deliberações constantes no Relatório Final da Pré-

Conferência Infância e Adolescência, em 03 e 04 de dezembro de 2001;

- As deliberações ocorridas na III Conferência Nacional de Saúde Mental

(Brasília, 2001), constantes em seu relatório final (SUS, 2002);

- As “10 Recomendações para a Ação” da OMS para a Saúde Mental

(Relatório Sobre a Saúde no Mundo, OMS, 2001), a saber: proporcionar tratamento na atenção

primária, garantir o acesso a medicamentos, garantir atenção na comunidade, fornecer educação

em saúde para a população, envolver comunidades / famílias / usuários, estabelecer políticas,

programas e legislação nacionais, formar recursos humanos, criar vínculos com outros setores,

monitorizar a saúde mental na comunidade e dar mais apoio à pesquisa;

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- As Portarias Ministeriais GM/336, SAS/189, GM/816 e SAS/305,

referentes aos Centros de Atenção Psicossocial, em todas as suas modalidades (CAPS I, CAPS

II, CAPS III, CAPSi e CAPSad)

Por sua característica de serviço aberto e comunitário, o CAPS pode

oferecer programas terapêuticos de menor nível de exigência, portanto disponíveis a mais

pessoas da comunidade. As modalidades de cuidados para álcool e drogas nas unidades CAPS

devem obedecer a uma lógica de redução de danos, seja esta relativa a práticas voltadas para

DST/HIV/AIDS, seja em relação ao próprio uso indevido de álcool por adolescentes (ex.:

intervenções breves para adolescentes que fazem uso de álcool em um padrão abusivo. Devemos

ressaltar o enorme potencial benéfico desta lógica, em termos de saúde pública. Se

considerarmos somente o fato de que a faixa etária mais acometida pelo HIV gravita em torno

de 25-35 anos de idade, e se considerarmos que o vírus pode permanecer silente no organismo

por até 10 anos, vemos aqui uma irrefutável justificativa para a preconização de práticas

preventivas – e os CAPS contemplam a atuação comunitária, nos planos preventivo /

terapêutico / educativo.

O Ministério da Saúde lançou em abril passado o Programa Nacional de

Atenção Comunitária Integrada a Usuários de Álcool e Outras Drogas (Portaria GM/816 -- 30

de abril de 2002), o qual, entre outras propostas, viabiliza a implantação dos chamados CAPSad

– Centros de Atenção Psicossocial voltados para o atendimento específico em álcool e drogas; é

prevista, para os próximos 03 anos, a implantação de 250 unidades CAPSad. Já estão cadastrados

31 serviços especializados tipo CAPSad; a estes, se somam 28 unidades CAPSi - CAPS para a

infância e adolescência, já existentes (Portaria GM/336 - 19 de fevereiro de 2002).

CAPSad e CAPSi totalizam portanto 59 unidades, com previsão de rápida

expansão para este número, o qual, somado aos CAPS específicos para o atendimento a

portadores de transtornos psíquicos severos, chega a 379 unidades, espalhadas pelo Brasil –

número ainda insuficiente, de forma relativa à demanda existente, porém em franca expansão

nacional.

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Os CAPS atuam de forma articulada a outros dispositivos assistenciais em

saúde mental (ambulatórios, leitos em hospital-geral, hospitais-dia) e da rede básica de saúde

(unidades básicas de saúde, etc), bem como ao Programa de Saúde da Família e ao Programa de

Agentes Comunitários de Saúde; também se articulam em torno dos dispositivos de suporte

social existentes nas comunidades, configurando redes flexíveis de cuidados, que possam

responder por um determinado território populacional, e que se remodelem de forma dinâmica,

mediante a necessidade de inclusão / exclusão de novos serviços e formas de cuidado, de forma

pareada pela demanda assistencial. Aliando a implantação / implementação dos CAPS a outros

programas de cuidados, as Áreas Técnicas de Saúde Mental e de Álcool e Drogas do Ministério

da Saúde buscam contemplar as múltiplas possibilidades para o trabalho com os fatores de risco

e proteção já mencionados.

O rumo tomado pela implantação / implementação das práticas

assistenciais determinará a configuração real de uma política especificamente voltada para os

adolescentes que fazem uso abusivo de álcool, ou são dele dependentes. Estes são os passos

iniciais para a oportunização de condições básicas à reconstrução não somente de uma vivência

adolescente em que a participação do álcool seja mínima ou nenhuma, mas de projetos de vida

individualizados que comportem opções mais produtivas, e que detenham uma perspectiva

evolutiva para o futuro destas pessoas.

Referencias Bibliográficas

Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria Executiva. Legislação em Saúde

Mental 1990-2002. 3ª Edição. Brasília, Ministério da Saúde, 2002

Brasil, Ministério da Saúde. Relatório do seminário sobre o atendimento

aos usuários de álcool e outras drogas na rede do SUS. Caderno de Textos de Apoio da III

Conferência Nacional de Saúde Mental. MS, Brasília, 2001

Comissão Organizadora da III Conferência Nacional de Saúde Mental.

Pré-Conferência Infância e Adolescência. Relatório Final. Brasília, 2001

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Galduróz, J.C.; Noto, A. R.; Carlini, E. A.. IV Levantamento sobre o uso

de drogas entre estudantes de 1º e 2º graus em 10 capitais brasileiras – 1997. Centro Brasileiro de

Informações sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID, Escola Paulista de Medicina, 1997

Murray, C.J.L. Lopez, AD. The global burden of disease: a comprehensive

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projected to 2020. Cambridge, Massachusetts Harvard School of Public Health to World Health

Organization and World Bank. Global Burden of Disease and Injury Series, Vol I, 1996

Noto, A R.. O uso de drogas entre crianças e adolescentes em situação de

rua de seis capitais brasileiras no ano de 1997. Tese de Doutorado. Escola Paulista de Medicina,

São Paulo, 1998

Olievenstein, C. A Clínica do Toxicômano. Ed. Artes Médicas, Porto

Alegre, 1990

Organização Mundial da Saúde. Relatório sobre a Saúde no Mundo 2001 –

Saúde Mental: Nova Concepção, Nova Esperança. OMS, Genebra, 2001

Saggese, E. Apresentação. Cadernos IPUB nº 11: “Saúde Mental na

Infância e Adolescência”, 2ª edição. Rio de Janeiro, UFRJ/IPUB, 2000

Silva Filho, J.F. Saúde Mental e Qualidade de Vida. Caderno de Apoio à

III Conferência Estadual de Saúde Mental do Maranhão. Coordenação Estadual de Saúde

Mental, Gerência de Estado de Qualidade de Vida, Governo do Maranhão, 2000

Sistema Único de Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão

Organizadora da III CNSM. Relatório Final da III Conferência Nacional de Saúde Mental.

Brasília, 11 a 15 de dezembro de 2001. Conselho Nacional de Saúde / Ministério da Saúde, 2002.

Fonte: http://www.uniad.org.br/independencia/ado_fatoresrisco.htm

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B) Propostas para evitar o consumo de álcool entre adolescentes – Sintonia com a

Estratégia Global da Organização Mundial da Saúde em relação ao Álcool -

Resolução da 63ª Assembléia Mundial da Saúde de Maio de 2010.

Professor Doutor Ronaldo Laranjeira INPAD – Instituto Nacional de Políticas do Álcool e Drogas – CNPq

Professor Titular de Psiquiatria da UNIFESP

A Organização Mundial da Saúde aprovou no ano passado essa resolução

com o objetivo de ressaltar o enorme problema de saúde pública que o álcool cria no mundo

todo. Em várias regiões do mundo as bebidas alcoólicas causam maiores danos até mesmo do

que o fumo.

O uso nocivo do álcool causa cerca de 2,5 milhões de mortes no mundo

todos os anos. Dessas mortes pelos menos 320.000 são jovens de 15 a 29 anos de idade. É

responsável por 3.8% de todas as mortes, e por 4.5% de toda a incapacitação e anos de vida

perdidos

O uso de álcool é o terceiro fator de risco de saúde no mundo, perde

somente para a desnutrição e sexo sem proteção. Esse risco de saúde está relacionado a uma

série de doenças como: Câncer (cabeça e pescoço, fígado, colo-retal, mama), AVC, hipertensão,

cirrose, pancreatite, doença coronariana, diabetes.

Além de tuberculose, HIV, pneumonia, acidentes, violência familiar. É o

maior fator de risco evitável das doenças psiquiátricas. Uma parcela significante do custo das

doenças atribuídas ao álcool ocorrem devido a acidentes, incluídos aqueles relacionados aos

automóveis, violência e suicídios, que na maioria das vezes atinge a população mais jovem.

Nas Américas e em especial na América do Sul o álcool é um problema de

saúde maior ainda. É o principal fator de risco para todas as doenças, dentre um grupo de

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mais de 34 fatores, que contribuem para a morte prematura e incapacitação. Nas

Américas as mortes atribuídas ao álcool somam 6%, já a incapacitação e anos de vida perdidos

atinge 9%, sendo a principal causa, mais importante que o fumo 6%, obesidade 5% e hipertensão

4%.

Além de ser um problema de saúde pública, o consumo de álcool é

também um problema de desenvolvimento, pois o custo social nos paises em desenvolvimento é

muito maior do que nos paises desenvolvidos.

A OMS explicitamente menciona que uma atenção especial deva ser dada

a populações com risco maior em relação ao álcool como: crianças, adolescentes, mulheres em

idade de procriação, mulheres grávidas e amamentando, população indigena, e outras populações

com nível sócio economico mais baixo.

Também menciona que as ações comunitárias deveriam ser a prioridade.

As comunidades podem ser ajudadas a identificar e resolver grande número de problemas

relacionados ao álcool, como por exemplo, locais onde os adolescentes podem ter acesso a

bebidas alcoolicas. Mobilizar as comunidades para resolver esses problemas é uma medida eficaz.

A OMS recomenda que é uma política baseada em evidência, além de estabelecer uma idade na

qual o álcool possa ser consumido, que um sistema eficaz de fiscalização seja implementado, com

clara sanções determinadas.

Por que os jovens merecem um destaque especial?

O Álcool é a droga mais usada pelos jovens em todo o continente

americano.

Uma maior percentagem de jovens usam álcool do que tabaco ou outra

droga ilícita. As consequências físicas do uso do álcool pelos jovens variam de problemas

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médicos até morte, e é importante também numa série de comportamentos sexuais de riscos,

violência, acidentes e suicídio. Também causa efeitos secundários em outras pessoas, bebedores e

não bebedores, incluindo acidentes de carro que colocam todas as crianças em risco.

Em grande parte, pais e outros adultos subestimam o numero de

adolescentes que usam álcool. Subestimam o quão precoce o beber começa, a quantidade que

eles consomem, e os vários riscos que álcool cria para os adolescentes, e a natureza e extensão

das consequências para quem bebe e quem não bebe.

Muito frequentemente os pais acreditam que isso não acontece com seus

filhos, mas a maioria do adolescentes brasileiros começam a experimentar com álcool aos 14

anos e beber regularmente aos 15.

Estudos recentes mostram que o consumo de álcool tem o potencial de

desencadear mudanças biológicas com repercussões de longo prazo no cérebro, incluindo

comprometimento neurocognitivo. O uso de álcool por adolescentes não deveria ser encarado

como um rito de passagem aceitável mas uma verdadeira ameaça a saúde, como as estatísticas

sobre acidentes e mortes atestam.

Consequências Adversas do beber na adolescência

As conseqüências de curto e longo prazos que ocorrem devido ao uso de

álcool na adolescência variam no tipo e na magnitude. A adolescência é um periodo da vida

caracterizado por uma boa condição de saúde geral, e baixa incidência de doenças, no entanto a

morbidade e mortalidade aumenta mais de 200% entre o meio da infância e final da adolescência.

Esse aumento dramatico é atribuido em boa parte a um aumento de comportamento que

envolvem riscos, busca de sensações e comportamentos erráticos que seguem a puberdade e que

contribute para a violência, acidentes, comportamentos sexual de riscos, homicídios e suicídios.

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Álcool frequentemente está relacionado a todos esses fatores que criam

instabilidade nesse período da vida. As pesquisas internacionais mostram que os principais

problemas relacionados ao uso de álcool na adolescência são:

- é o principal fator de mortes por acidentes

- papel significante em comportamento sexual de risco, que inclui relações

sexuais sem proteção, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez sem planejamento - aumento

do risco de violência física e sexual - associado com problemas na escola e interrupção dos

estudos.

- associado com uso de drogas ilícitas

- associado com uso do cigarro

- pode causar uma série de consequências físicas, de ressaca a morte por

coma alcoólico

-pode causar alterações na estrutura e função no cérebro do adolescente

que está em desenvolvimento e que por isso é mais sensível a esse tipo de dano, e que pode ter

consequências muito além da adolescência

- causa efeitos nas outras pessoas, como danos a propriedades,

traumatismos, violência e até mesmo mortes, como por exemplo em acidentes de carro.

- quanto mais cedo o uso de álcool maiores as chances de desenvolver

dependência do álcool na vida adulta. Estudos internacionais mostram que 40% dos indivíduos

que começaram a beber antes dos 15 anos ficam dependentes do álcool. Que é quarto vezes mais

alta do que alguém que começa a beber após os 21 anos.

Como bebem os adolescentes brasileiros

As bebidas alcoólicas são as substâncias psicotrópicas mais utilizadas pelos

adolescentes brasileiros. O consumo de bebidas alcoólicas no Brasil só é legalmente permitido

após os 18 anos de idade, no entanto os empecilhos são pequenos para que os adolescentes

comprem e consumam álcool. Pesquisa feita pela UNIFESP mostrou que adolescentes

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conseguiram comprar bebidas alcoólicas em 85% dos 534 estabelecimentos visitados em duas

cidades do estado de São Paulo.

Pelas particularidades desse grupo, a análise dos padrões de consumo

inclui algumas variáveis muito importantes. Pesa muito a idade em que começam a beber, o

número de doses que tomam em média a cada vez que bebem, e a quantidade de bebida ingerida

nas ocasiões em que bebem muito.

Os dados apresentados aqui fazem parte do Primeiro Levantamento de

Consumo de Bebidas alcoólicas da população brasileira realizada pela Universidade Federal de

São Paulo – Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, que entrevistou 3005 brasileiros

escolhidos de uma amostra probabilística do país. Portanto os dados representam o que ocorrem

no país como um todo.

Início do Consumo

O Gráfico 1 apresenta os dados dos jovens adultos (18-25 anos), para

efeito de comparação. Adolescentes e jovens adultos apresentam diferenças na idade média do

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início do consumo e no começo do consumo regular. A opção de se utilizar os jovens de 18 a 25

anos de idade como comparação deve-se ao fato deles terem menor efeito de memória para

lembrarem do comportamento do beber do que a população mais velha. Houve diferenças

significativas em relação ao começo da experimentação e do uso regular. Isso sugere que os

adolescentes estão iniciando seu consumo de álcool cada vez mais cedo. Esse estudo fornece

informações consistentes que o fenômeno do beber precoce e regular está realmente

acontecendo com os nossos jovens.

A frequência com que bebem

Com que frequência você geralmente bebe qualquer bebida alcoólica

(incluindocerveja, vinho, destilados, bebidas “ice” ou qualquer outra bebida)?

As frequências foram definidas da seguinte maneira: Muito frequente=

todos os dias; Frequente: 1-4 vezes/semana; Ocasional= 1-3 vezes/mês;Raramente=menos de 1

vez/mês; Abstinentes: menos de 1 vez/ano ou nunca bebeu.

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O Gráfico 2 mostra que os meninos e meninas consomem bebidas

alcoólicas com freqüências semelhantes. Cerca de dois terços de adolescentes de ambos os sexos

são abstinentes. É importante lembrar que o consumo de bebidas alcoólicas é legalmente

proibido para menores de 18 anos no Brasil. Mesmo assim, em um universo de adolescentes

representativo das várias regiões do país e de áreas urbanas e rurais, quase 35% dos adolescentes

menores de idade consomem bebidas alcoólicas ao menos uma vez ao ano. Da mesma maneira,

o fato de que 24% dos adolescentes bebem pelo menos uma vez ao mês merece atenção.

Quantas doses os adolescentes bebem usualmente ?

Especialmente para os jovens, o número de doses que bebe, seja

usualmente ou esporadicamente, é tão importante quanto a freqüência com que bebe. Se cerca de

dois terços dos adolescentes são abstinentes, aqueles que bebem consomem quantidades

significativas. O Gráfico 3 apresenta a quantidade usual consumida pelos adolescentes que

beberam ao menos uma vez no último ano. Quase metade dos meninos adolescentes, que bebeu

no último ano, consumiu três doses ou mais por situação habitual. Diferentemente do gráfico de

freqüência, há diferenças entre meninos e meninas no que diz respeito à quantidade de álcool

ingerida habitualmente. Quase um terço dos meninos que bebem consumiu 5 doses ou mais no

último ano, contrastando com 11% para as meninas.

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A unidade de medida empregada na pesquisa e na avaliação foi a dose.

Corresponde, na média, a uma latinha de cerveja ou chope de 350 ml, uma taça de vinho de 90

ml, uma dose de destilado, de 30 ml, uma lata ou uma garrafa pequena de qualquer bebida “ice”.

Cada dose contém cerca de 10- 12 gramas de álcool. (anotação: colocar aqui arte com

reprodução das doses citadas acima).

Nos dias em que você bebe cerveja, vinho, bebidas ice, destilados, quantas

doses você geralmente bebe por dia?

A intensidade do beber

O Gráfico 4 analisa a intensidade do consumo de álcool entre todos os

adolescentes da amostra (não apenas os bebedores), mostra que 12% do total dos adolescentes

(17% para os meninos) apresentam padrão intenso de consumo de álcool. Além disso, outros

10% dos adolescentes consomem ao menos uma vez ao mês e potencialmente em quantidades

arriscadas. Há uma tendência de diferença entre o consumo de meninos e meninas, mas essa

diferença não chega a ser estatisticamente significante.

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Bebedor frequente pesado – bebe uma vez/ou mais por semana e

consome cinco ou mais doses por ocasião uma vez na semana ou mais

Bebedor frequente – bebe uma vez/semana ou mais e pode ou não

consumir 5 ou mais doses por ocasião pelo menos uma vez/semana, mas mais de uma vez por

ano.

Bebedor menos frequente – bebe de uma a três vezes/mês e pode ou

não beber cinco doses ou mais ao menos uma vez ao ano.

Bebedor infrequente – bebe menos de uma vez/mês, mas ao menos

uma vez/ano e não bebe cinco ou mais doses em uma ocasião.

Abstêmio – bebe menos que uma vez/ano ou nunca bebeu na vida.

O Beber com maior risco

O beber com maior risco em um curto espaço de tempo, ou o beber em

“binge”, é a prática que mais deixa o adolescente exposto a uma série de problemas de saúde e

social. Os riscos vão de acidentes de trânsito – o evento mais comum e com consequências mais

graves -, até o envolvimento em brigas, vandalismo e a prática do sexo sem camisinha.

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O Gráfico 5 mostra a percentagem em que a amostra total de adolescentes

(incluindo os não bebedores) relatam ter consumido bebidas alcoólicas em “binge”. Pouco

menos de um quarto dos meninos e 12% das meninas já bebeu em “binge” ao menos uma vez

nos últimos 12 meses, o que é uma diferença estatisticamente significativa.

Durante os últimos 12 meses, com que frequência você bebeu (SE

HOMEM: cinco ou mais doses MULHER: quatro ou mais doses) de qualquer bebida

alcoólica em uma única ocasião?

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Entram no Gráfico 6 apenas os adolescentes que já beberam em

“binge” nos últimos 12 meses.

O Gráfico 6 apresenta com que frequência os adolescentes que beberam

em binge ao menos uma vez ao ano relatam essa ocorrência. Entre os meninos e meninas que já

beberam 4 ou mais ou 5 ou mais doses em uma única ocasião nos últimos 12 meses, metade o

fizeram menos de 1 vez por mês. Por outro lado, 30% deles beberam em “binge” duas vezes por

mês ou mais. Assim, uma parte significativa dos adolescentes que bebem grandes quantidades

apresenta tal comportamento com regularidade.

As bebidas mais consumidas

O Gráfico 7 apresenta as percentagens de doses por tipo de bebidas

alcoólicas para a população adolescente de bebedores. Aproximadamente metade das doses

consumidas por adolescentes é de cerveja ou chope. Para chegar a essa conclusão, os

pesquisadores cruzaram dados sobre quantidade de doses consumidas de cada bebida e a

frequência com que são consumidas.

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Os vinhos tiveram também uma participação importante, com mais de

30% das doses consumidas por adolescentes. Não houve nenhuma diferença significativa entre

os sexos no que diz respeito aos tipos de bebida (embora os meninos tivessem uma tendência a

beber mais destilados que as meninas).

Para chegar a esses números, os entrevistadores perguntaram com

“que freqüência” o(a) adolescente consumia cada uma das bebidas e qual foi a

“quantidade” de cada uma delas consumida em um único dia, nos últimos 12 meses.

A categoria “cerveja” incluía cerveja e chope. “Bebidas ice” são

destilados misturados com refrigerantes ou sucos industrializados. “Destilados” incluem

cachaça, uísque, vodca, conhaque, rum.

QUANTO DO CONSUMO DO ÁLCOOL NO BRASIL É FEITO

POR JOVENS ?

ESSE ESTUDO NACIONAL MOSTROU OS SEGUINTES DADOS

ainda inéditos:

Os menores de 18 anos consomem 6% de todo o álcool no Brasil

Os jovens de 18 a 29 anos consomem 40% de todo o álcool no Brasil

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Portanto os jovens são os grandes consumidores de álcool no Brasil e é

exatamente por isso que eles apresentam os maiores problemas e necessitam de politicas que

diminuam esse consumo.

Apoio da população às políticas públicas sobre o uso de bebidas

alcoólicas

O conjunto de medidas que chamamos de políticas públicas sobre o uso

de bebidas alcoólicas, foi definido por Babor e Caetano (2005) como, qualquer medida da parte

de governo ou de grupos não-governamental para minimizar ou prevenir os problemas

relacionados ao uso do álcool. As políticas podem envolver a implementação de estratégias

específicas, como por exemplo, restrições ao consumo de álcool por menores, ou alocação de

recursos que refletem prioridades de ações preventivas ou de tratamento. Entre as várias

Estratégias e intervenções que são recomendadas pela OMS temos:

aumento do preço, regulação da disponibilidade física do álcool, modificação do contexto onde o

beber ocorre, fiscalização do beber e dirigir, regulação da promoção do álcool, estratégias

educacionais, tratamento e intervenções breves.

Recentemente houve um grande interesse no Brasil e na América Latina

sobre políticas públicas. Em parte foi devido a um aumento das evidências de que nosso

continente padece de uma intensidade de problemas maior do que o resto do mundo. Em média

o consumo per capita das Américas é 50% maior do que a média mundial (Babor e Caetano,

2005).

A compreensão e o apoio da população são elementos imprescindíveis

para o planejamento, o direcionamento e a implementação de políticas públicas sobre o uso de

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álcool. Além da adesão da opinião pública, a adoção dessas políticas pelos governantes deve estar

baseada em evidências científicas e em consensos entre especialistas e autoridades.

A presente pesquisa mediu, pela primeira vez no Brasil, a opinião da

população geral nacional sobre diversas políticas relacionadas ao acesso, à promoção, à

prevenção do consumo e ao tratamento do álcool. Nenhum estudo nacional sobre o álcool havia,

até agora, utilizado como base toda a população, especificamente, para obter informações sobre

esse tipo de opinião.

Algumas pesquisas internacionais já chegaram a identificar os grupos de

indivíduos mais propensos a apoiarem as políticas, a exemplo das mulheres, das pessoas casadas,

dos mais velhos e daqueles que têm baixo consumo de álcool. Mas a maioria destes trabalhos foi

realizada em países desenvolvidos, especialmente os EUA, Canadá e União Européia.

Ao revelar a aceitação da população brasileira a medidas e programas

potencialmente eficazes, o presente estudo, além de inédito, constitui uma ferramenta útil para a

discussão de determinadas políticas inovadoras.

APOIO DA POPULAÇÃO

Programas de prevenção e tratamento

A pesquisa abordou iniciativas e políticas que, na opinião dos

entrevistados, deveriam ser aumentadas, reduzidas ou permanecer as mesmas. A imensa maioria

da população geral adulta (n=2346) apóia o aumento de programas preventivos ao uso do álcool

em escolas (92,2%), programas de tratamento para o alcoolismo (91,4%) e campanhas

governamentais de alerta sobre os riscos do álcool (86,25).

Impostos sobre bebidas

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Mais da metade da população geral adulta (56%) defende o aumento dos

impostos sobre as bebidas alcoólicas. Conforme estudos conduzidos em diversos países, o

aumento da taxação e do preço das bebidas alcoólicas resultou em diminuição do consumo e,

consequentemente, dos problemas relacionados ao álcool.

Venda de bebidas para menores

Já o aumento da idade mínima de 18 anos para a venda de bebidas

alcoólicas foi defendido por 54,5% da população pesquisada. Aqui vale ressaltar que apenas 4,1%

concordam com a redução da idade mínima de 18 anos para a venda de bebidas. De acordo com

o estatuto da criança e adolescente - ECA ( art. 243 da Lei 8.069/90), é motivo de detenção e

multa "vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar de qualquer forma, a

criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar

dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida”. Caberia aos órgãos de

fiscalização, sobretudo dos municípios, garantir a aplicação do Estatuto no sentido coibir a venda

de bebida alcoólica para menores.

Esse dispositivo legal, no entanto, não tem sido cumprido, conforme

94,8% dos entrevistados que disseram concordar com a afirmativa: “na maior parte do Brasil, é

muito fácil para uma criança ou adolescente menor de 18 anos de idade comprar bebida alcoólica

em qualquer ponto de venda, mesmo sendo a venda a menores de idade proibida por Lei”. A

solução é apontada por 94,8% dos entrevistados, que defendem o aumento na fiscalização dos

comerciantes, em relação à venda de bebidas alcoólicas para menores.

Pontos de venda e horário de funcionamento

Controlar as condições de venda ao consumidor é uma medida capaz de

interferir na disponibilidade física ou na acessibilidade às bebidas alcoólicas. O objetivo, também

neste caso, é o de reduzir os danos decorrentes da ingestão alcoólica. Os estabelecimentos que

mais influenciam o uso do álcool são aqueles que vendem bebidas para serem consumidas no

próprio local.

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Para 89,2% dos entrevistados, os estabelecimentos não deveriam servir

bebidas alcoólicas para clientes que já estão bêbados. As padarias, confeitarias e mercearias, na

opinião de 74,1% deviam ser proibidas de vender bebidas alcoólicas.

Quanto à restrição do horário de venda de bebidas alcoólicas, 76,2%

defendem essa medida. Diversos municípios brasileiros têm adotado leis que regulamentam o

horário de funcionamento dos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas. São várias

as vantagens deste tipo medida, que ficou conhecida como “Lei Seca”, estudos demonstram que

o fechamento de bares após determinado horário contribui para a redução dos homicídios e da

violência doméstica (Duailibi e col, 2006).

Promoção e propaganda

Quatro perguntas foram feitas com o objetivo de avaliar a opinião da

população sobre restrições à propaganda de bebidas alcoólicas. A grande maioria dos

respondentes apoiou medidas que de alguma forma faz restrições às propagandas.

As quatro perguntas formam:

As propagandas de bebidas alcoólicas deveriam reservar um espaço para

mensagens de alerta sobre os riscos e problemas causados pelas bebidas alcoólicas?

93,8 % aprovam

Deveria haver mensagens de alerta sobre os riscos e problemas causados

pelas bebidas alcoólicas nos rótulos das garrafas ou latas, além do já existente “Beba com

moderação”?

89,2% aprovam

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Deveria ser proibida a propaganda de bebidas alcoólicas na televisão,

incluindo vinho cachaça, cerveja ou chope, uísque, rum, vodca e outros tipos fermentados e

destilados?

67,9% aprovam

As companhias fabricantes de bebidas alcoólicas deveriam ser proibidas de

patrocinar eventos culturais e esportivos?

55,2% aprovam

Declaração sobre os Jovens e o Álcool

Organização Mundial da Saúde – Conferência Jovens e Álcool que

ocorreu em Estocolmo em Fevereiro de 2001

Em 1995 os países membros da União Européia aprovaram um

documento que ficou conhecido como “The European Charter on Alcohol” que estabelece

alguns princípios e objetivos para promover e proteger a saúde e bem estar dessa região. A

declaração tem como objetivo os jovens das pressões para beber e reduzir os danos diretos ou

indiretos produzidos pelas bebidas alcoólicas. Essa declaração tem cinco princípios básicos

1. Todas as pessoas tem o direito de uma família, comunidade e uma vida

de trabalho protegida dos acidentes, violências e outras consequências negativas do consumo de

álcool.

2. Todas as pessoas tem o direito de informações imparciais e válidas,

começando o mais cedo possível na vida, sobre as consequências do consumo do álcool na

saúde, na família e na sociedade.

3. Todas as crianças e adolescentes tem o direito de crescer num ambiente

protegido das consequências negativas do consumo do álcool, e na medida do possível, da

promoção de bebidas alcoólicas.

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4. Todas as pessoas com problemas com o consume de álcool e os

membros da sua família tem o direito a tratamento e cuidados necessários.

5. Todas as pessoas que não queiram consumir álcool, ou que não possam

faze-lo devido a problemas de saúde ou outro motive, tem o direito de ser protegida das pressões

para beber e ser apoiada no seu comportamento abstêmio.

Essa declaração propõem os seguintes objetivos a serem alcançados

nos próximos anos:

• Reduzir substancialmente o número de jovens que comecem a consumir

álcool

• Postergar o inicio do beber pelos jovens.

• Reduzir substancialmente a ocorrência e frequência de beber de alto

risco entre os jovens, especialmente adolescentes e adultos jovens.

• Criar e/ou expander alternativas de comportamento ao uso de álcool e

drogas e aumentar a educação e treinamento para as pessoas que trabalham com jovens.

• Aumentar o envolvimento dos jovens em políticas relacionadas a saúde

dos jovens, especialmente aquelas que envolvam álcool.

• Aumentar a educação dos jovens sobre o álcool.

• Minimizar as pressões para que o jovem beba, especialmente em relação

às promoções do álcool, distribuição grátis, propaganda, sponsorship e disponibilidade, com

ênfase em eventos especiais.

• Apoiar ações contra a venda ilegal de álcool .

• Garantir e/ou aumentar o acesso a serviços de saúde aconselhamento,

especialmente para jovens com problemas com álcool e/ou membros da sua família com esse

tipo de problema.

• Reduzir substancialmente os danos causados pelo álcool, especialmente

acidentes, agressões e violência, especialmente entre os jovens.

QUAIS AS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS QUE CONTRIBUEM

PARA A IMPLEMENTAÇÃO DESSA POLÍTICA ?

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O país que mais pesquisou a política de retardar o consumo do álcool

entre os adolescentes foram os EUA. Há mais de 20 anos todos os estados adotadam a idade de

21 anos como limite para a venda e consumo de bebidas alcoolicas.

Atualmente praticamente ninguém questiona que a implementação dessa

medida, e uma prática de fiscalização bastante eficiente em todos os estados foi um grande

avanço na saúde dos jovens. Existem mais de 240 estudos que mostraram os benefícios dessa

prática. Alguns desses dados são:

- Estudo de 2009 mostrou que retardar o inicio da experimentação com

álcool por adolescentes reduz o risco de vários tipos de acidentes

- Diminui os acidentes de automóveis envolvendo jovens em mais de 20%

- Diminui mortalidade dos jovens

- Diminui acidentes que necessitam uma visita a hospital

- Diminui o consumo de álcool entre os jovens, podendo chegar a mais de

40%.

As evidências são significativas que o que faz a diferença é uma

fiscalização constante e a certeza de punição por parte do vendedor.

Fonte:http://www.uniad.org.br/images/stories/arquivos/Programa_do_Estado_de_Sao_Paulo_para_evitar_o_consumo_de_alcool_entre_adolescentes.pdf

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4a PARTE DO MATERIAL DE APOIO – POLÍTICAS, PROJETOS E

PROGRAMAS

A) DECRETO N o 6.117, DE 22 DE MAIO DE 2007

DECRETO N o 6.117, DE 22 DE MAIO DE 2007

Aprova a Política Nacional sobre o Álcool, dispõe sobre as medidas para

redução do uso indevido de álcool e sua associação com a violência e criminalidade, e dá outras

providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe

confere o art. 84, inciso VI, alínea "a", da Constituição,

D E C R E T A :

Art. 1 o Fica aprovada a Política Nacional sobre o Álcool, consolidada a

partir das conclusões do Grupo Técnico Interministerial instituído pelo Decreto de 28 de maio

de 2003, que formulou propostas para a política do Governo Federal em relação à atenção a

usuários de álcool, e das medidas aprovadas no âmbito do Conselho Nacional Antidrogas, na

forma do Anexo I.

Art. 2 o A implementação da Política Nacional sobre o Álcool terá início

com a implantação das medidas para redução do uso indevido de álcool e sua associação com a

violência e criminalidade a que se refere o Anexo II.

Art. 3 o Os órgãos e entidades da administração pública federal deverão

considerar em seus planejamentos as ações de governo para reduzir e prevenir os danos à saúde e

à vida, bem como as situações de violência e criminalidade associadas ao uso prejudicial de

bebidas alcoólicas na população brasileira.

Art. 4 o A Secretaria Nacional Antidrogas articulará e coordenará a

implementação da Política Nacional sobre o Álcool.

Art. 5 o Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.

Brasília, 22 de maio de 2007; 186o da Independência e 119o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Tarso Genro Fernando Haddad Márcia Bassit Lameiro da Costa Mazzoli Marcio Fortes de Almeida Jorge Armando Felix

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B) ANEXO I

POLÍTICA NACIONAL SOBRE O ÁLCOOL

I – OBJETIVO

1. A Política Nacional sobre o Álcool contém princípios fundamentais à

sustentação de estratégias para o enfrentamento coletivo dos problemas relacionados ao

consumo de álcool, contemplando a intersetorialidade e a integralidade de ações para a redução

dos danos sociais, à saúde e à vida causados pelo consumo desta substância, bem como as

situações de violência e criminalidade associadas ao uso prejudicial de bebidas alcoólicas na

população brasileira.

II DA INFORMAÇÃO E PROTEÇÃO DA POPULAÇÃO

QUANTO AO CONSUMO DO ÁLCOOL

2. O acesso e recebimento de informações sobre os efeitos do uso

prejudicial de álcool e sobre a possibilidade de modificação dos padrões de consumo, e de

orientações voltadas para o seu uso responsável, é direito de todos os consumidores.

3. Compete ao Governo, com a colaboração da sociedade, a proteção dos

segmentos populacionais vulneráveis ao consumo prejudicial e ao desenvolvimento de hábito e

dependência de álcool.

4. Compete ao Governo, com a colaboração da sociedade, a adoção de

medidas discutidas democraticamente que atenuem e previnam os danos resultantes do consumo

de álcool em situações específicas como transportes, ambientes de trabalho, eventos de massa e

em contextos de maior vulnerabilidade.

III - DO CONCEITO DE BEBIDA ALCOÓLICA

5. Para os efeitos desta Política, é considerada bebida alcoólica aquela que

contiver 0.5 grau Gay-Lussac ou mais de concentração, incluindo-se aí bebidas destiladas,

fermentadas e outras preparações, como a mistura de refrigerantes e destilados, além de

preparações farmacêuticas que contenham teor alcoólico igual ou acima de 0.5 grau Gay-Lussac.

IV – DIRETRIZES

6. São diretrizes da Política Nacional sobre o Álcool:

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1 - promover a interação entre Governo e sociedade, em todos os seus

segmentos, com ênfase na saúde pública, educação, segurança, setor produtivo, comércio,

serviços e organizações não governamentais;

2 - estabelecer ações descentralizadas e autônomas de gestão e execução

nas esferas federal, estadual, municipal e distrital;

3 - estimular para que as instâncias de controle social dos âmbitos federal,

estadual, municipal e distrital observem, no limite de suas competências, seu papel de articulador

dos diversos segmentos envolvidos;

4 - utilizar a lógica ampliada do conceito de redução de danos como

referencial para as ações políticas, educativas, terapêuticas e preventivas relativas ao uso de

álcool, em todos os níveis de governo;

5 - considerar como conceito de redução de danos, para efeitos desta

Política, o conjunto estratégico de medidas de saúde pública voltadas para minimizar os riscos à

saúde e à vida, decorrentes do consumo de álcool;

6 - ampliar e fortalecer as redes locais de atenção integral às pessoas que

apresentam problemas decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas, no âmbito do Sistema

Único de Saúde (SUS);

7 - estimular que a rede local de cuidados tenha inserção e atuação

comunitárias, seja multicêntrica, comunicável e acessível aos usuários, devendo contemplar, em

seu planejamento e funcionamento, as lógicas de território e de redução de danos;

8 - promover programas de formação específica para os trabalhadores de

saúde que atuam na rede de atenção integral a usuários de álcool do SUS;

9 - regulamentar a formação de técnicos para a atuação em unidades de

cuidados que não sejam componentes da rede SUS;

10 - promover ações de comunicação, educação e informação relativas às

conseqüências do uso do álcool;

11 promover e facilitar o acesso da população à alternativas culturais e de

lazer que possam constituir alternativas de estilo de vida que não considerem o consumo de

álcool;

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12 - incentivar a regulamentação, o monitoramento e a fiscalização da

propaganda e publicidade de bebidas alcoólicas, de modo a proteger segmentos populacionais

vulneráveis ao consumo de álcool em face do hiato existente entre as práticas de comunicação e

a realidade epidemiológica evidenciada no País;

13 - estimular e fomentar medidas que restrinjam, espacial e

temporalmente, os pontos de venda e consumo de bebidas alcoólicas, observando os contextos

de maior vulnerabilidade às situações de violência e danos sociais;

14 - incentivar a exposição para venda de bebidas alcoólicas em locais

específicos e isolados das distribuidoras, supermercados e atacadistas;

15 - fortalecer sistematicamente a fiscalização das medidas previstas em lei

que visam coibir a associação entre o consumo de álcool e o ato de dirigir;

16 - fortalecer medidas de fiscalização para o controle da venda de bebidas

alcoólicas a pessoas que apresentem sintomas de embriaguez;

17 - estimular a inclusão de ações de prevenção ao uso de bebidas

alcoólicas nas instituições de ensino, em especial nos níveis fundamental e médio;

18 privilegiar as iniciativas de prevenção ao uso prejudicial de bebidas

alcoólicas nos ambientes de trabalho;

19 - fomentar o desenvolvimento de tecnologia e pesquisa científicas

relacionadas aos danos sociais e à saúde decorrentes do consumo de álcool e a interação das

instituições de ensino e pesquisa com serviços sociais, de saúde, e de segurança pública;

20 - criar mecanismos que permitam a avaliação do impacto das ações propostas e implementadas pelos executores desta Política.

ANEXO II

Conjunto de medidas para reduzir e prevenir os danos à saúde e à vida,

bem como as situações de violência e criminalidade associadas ao uso prejudicial de bebidas

alcoólicas na população brasileira

1. Referente ao diagnóstico sobre o consumo de bebidas alcoólicas

no Brasil:

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1.1. Publicar os dados do I Levantamento Nacional sobre os Padrões de

Consumo do Álcool na População Brasileira, observando o recorte por gênero e especificando

dados sobre a população jovem e a população indígena;

1.2. Apoiar pesquisa nacional sobre o consumo de álcool, medicamentos e

outras drogas e sua associação com acidentes de trânsito entre motoristas particulares e

profissionais de transporte de cargas e de seres humanos.

2. Referente à propaganda de bebidas alcoólicas:

2.1. Incentivar a regulamentação, o monitoramento e a fiscalização da

propaganda e publicidade de bebidas alcoólicas, de modo a proteger segmentos populacionais

vulneráveis à estimulação para o consumo de álcool;

3. Referente ao tratamento e à reinserção social de usuários e

dependentes de álcool:

3.1. Ampliar o acesso ao tratamento para usuários e dependentes de álcool

aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS);

3.2. Articular, com a rede pública de saúde, os recursos comunitários não

governamentais que se ocupam do tratamento e da reinserção social dos usuários e dependentes

de álcool.

4. Referente à realização de campanhas de informação,

sensibilização e mobilização da opinião pública quanto às conseqüências do uso

indevido e do abuso de bebidas alcoólicas :

4.1. Apoiar o desenvolvimento de campanha de comunicação permanente,

utilizando diferentes meios de comunicação, como, mídia eletrônica, impressa, cinematográfico,

radiofônico e televisivo nos eixos temáticos sobre álcool e trânsito, venda de álcool para

menores, álcool e violência doméstica, álcool e agravos da saúde, álcool e homicídio e álcool e

acidentes.

5. Referente à redução da demanda de álcool por populações

vulneráveis:

5.1. Intensificar a fiscalização quanto ao cumprimento do disposto nos

arts. 79, 81, incisos II e III, e 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente;

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5.2. Intensificar a fiscalização e incentivar a aplicação de medidas

proibitivas sobre venda e consumo de bebidas alcoólicas nos campos universitários;

5.3. Implementar o “Projeto de Prevenção do Uso de Álcool entre as

Populações Indígenas" , visando à capacitação de agentes de saúde e de educação, assim como

das lideranças das comunidades indígenas, para a articulação e o fortalecimento das redes de

assistência existentes nas comunidades e nos municípios vizinhos;

5.4. Articular a elaboração e implantação de um programa de prevenção

ao uso de álcool dirigido à população dos assentamentos para a reforma agrária, bem como o

acesso desta população aos recursos de tratamentos existentes na rede pública e comunitária.

6. Referente à segurança pública:

6.1. Estabelecer regras para destinação de recursos do Fundo Nacional de

Segurança Pública (FNSP) e do Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD) para os Municípios que

aderirem a critérios pré-definidos pelo CONAD para o desenvolvimento de ações que visem

reduzir a violência e a criminalidade associadas ao consumo prejudicial do álcool.

7 . Referente à associação álcool e trânsito:

7.1. Difundir a alteração promovida no Código de Trânsito Brasileiro pela

Lei no 11.275, de 7 de fevereiro de 2006, quanto à comprovação de estado de embriaguez;

7.2. Recomendar a inclusão no curso de reciclagem previsto no artigo 268

do Código de Trânsito Brasileiro, de conteúdo referente às técnicas de intervenção breve para

usuários de álcool;

7.3. Recomendar a revisão dos conteúdos sobre uso de álcool e trânsito

nos cursos de formação de condutores e para a renovação da carteira de habilitação;

7.4. Recomendar a inclusão do tema álcool e trânsito na grade curricular

da Escola Pública de Trânsito;

7.5. Elaborar medidas para a proibição da venda de bebidas alcoólicas nas

faixas de domínio das rodovias federais.

8. Referente à capacitação de profissionais e agentes

multiplicadores de informações sobre temas relacionados à saúde, educação, trabalho e

segurança pública:

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8.1. Articular a realização de curso de capacitação em intervenção breve

para profissionais da rede básica de saúde;

8.2. Articular a realização de curso de prevenção do uso do álcool para

educadores da rede pública de ensino;

8.3. Articular a realização de curso de capacitação para profissionais de

segurança de pública;

8.4. Articular a realização de curso de capacitação para conselheiros

tutelares, dos direitos da criança e do adolescente, de saúde, educação, antidrogas, assistência

social e segurança comunitária;

8.5. Articular a realização de curso de capacitação para profissionais de

trânsito;

8.6. Articular a realização de curso de capacitação em prevenção do uso do

álcool no ambiente de trabalho.

9. Referente ao estabelecimento de parceria com os municípios para

a recomendação de ações municipais:

9.1. Apoiar a fiscalização dos estabelecimentos destinados à diversão e

lazer, especialmente para o público jovem no que se refere à proibição de mecanismos de

indução ao consumo de álcool:

9.1.1. Incentivar medidas de proibição para a consumação mínima,

promoção e degustação de bebidas alcoólicas;

9.1.2. Incentivar medidas de regulamentação para horário de

funcionamento de estabelecimentos comerciais onde haja consumo de bebidas alcoólicas;

9.2 Apoiar os Municípios na implementação de medidas de proibição da

venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolina;

9.3 Incentivar o estabelecimento de parcerias com sindicatos, associações

profissionais e comerciais para a adoção de medidas de redução dos riscos e danos associados ao

uso indevido e ao abuso de bebidas alcoólicas:

9.3.1. Incentivar a capacitação de garçons quanto à proibição da venda de

bebidas para menores e pessoas com sintomas de embriaguez;

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9.3.2. Estimular o fornecimento gratuito de água potável nos

estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas;

9.4. Promover e facilitar o acesso da população a alternativas culturais e de

lazer que possam constituir escolhas naturais e alternativas para afastar o público jovem do

consumo do álcool.

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C) DECRETO DISTRITAL Nº 32.108, DE 25 DE AGOSTO DE 2010.

DECRETO DISTRITAL Nº 32.108, DE 25 DE AGOSTO DE

2010 (Diário Oficial-DF nº 165, 26 de agosto de 2010)

Institui a Política Distrital sobre Drogas e cria o Sistema Distrital de

Política sobre Drogas.

O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso das

atribuições que lhe confere o artigo 100, inciso XXVI da Lei Orgânica do Distrito Federal,

DECRETA:

Art. 1º A Política Distrital sobre Drogas, instituída por meio deste

Decreto, fundamenta-se a Política Nacional sobre Drogas, na Política Nacional sobre o Álcool e

nas resoluções aprovadas pelo Conselho de Política sobre Drogas do Distrito Federal.

Art. 2º A Política Distrital sobre Drogas será estruturada, de acordo com

as seguintes diretrizes:

I - o respeito aos princípios éticos e à pluralidade cultural, com vista à

promoção de valores voltados à saúde física e mental, individual e coletiva, ao bem-estar, à

integração socioeconômica e à valorização das relações familiares e de trabalho;

II - a construção de uma sociedade consciente e protegida do uso de

drogas ilícitas, bem como do uso indevido ou abusivo de drogas lícitas;

III - o reconhecimento da distinção entre o usuário, a pessoa em uso

indevido, o abusador, o dependente e o traficante, de forma a tratá-los diferenciadamente;

IV - a não discriminação do usuário ou dependente de drogas, garantindo-

se-lhe o acesso aos serviços públicos e privados, para recuperação da sua saúde e qualidade de

vida;

V - a prevenção ao uso indevido de drogas;

VI - o reconhecimento de que o uso de drogas ilícitas alimenta as

atividades e as organizações criminosas;

VII - a cooperação em todos os níveis de governo e da sociedade como

estratégia para buscar efetividade e sinergia nas ações de prevenção e combate às drogas;

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VIII - a importância de estratégias de planejamento e avaliação nas

políticas de educação, cultura, esporte, lazer, desenvolvimento social, transferência de renda,

saúde, segurança pública e direitos humanos, no tocante à prevenção e combate às drogas;

IX – a produção de conhecimento no tocante à prevenção, redução da

oferta e da demanda de drogas;

X - a necessidade do uso de fundamentação científica nos programas, nos

projetos e nas 2.

Ações de prevenção e combate às drogas;

XI - a necessidade de dotações orçamentárias permanentes e específicas

para os programas, os projetos e as ações de prevenção e de combate às drogas;

XII - a regionalização das ações relacionadas à prevenção e combate às

drogas, com a efetiva participação da sociedade.

Art. 3º São objetivos da Política Distrital sobre Drogas:

I - conscientizar a sociedade a respeito dos prejuízos e das implicações do

uso indevido ou abusivo de álcool e ou de outras drogas;

II - reduzir as conseqüências decorrentes do uso indevido ou abusivo de

álcool e ou de outras drogas para o usuário, a família, a comunidade e a sociedade;

III - garantir a implantação, efetivação e melhoria dos programas, ações e

atividades de redução da demanda por drogas, nas áreas de prevenção, tratamento e reinserção

social, respeitando-se a individualidade e a dignidade da pessoa humana;

IV - avaliar e acompanhar, sistematicamente, os diferentes tratamentos e

iniciativas terapêuticas, respeitada a diversidade de modelos, visando à construção e

fortalecimento de rede integrada de atenção ao usuário/abusador/dependente de álcool ou

outras drogas;

V - informar, capacitar e formar pessoas, em todos os segmentos sociais,

para ações eficientes, eficazes e efetivas de redução da demanda e da oferta de drogas,

fundamentadas

em conhecimentos científicos e ou em experiências bem sucedidas;

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VI - ampliar o fomento governamental às ações da rede social de redução

da demanda por drogas;

VII - implementar rede de assistência integrada, governamental, não-

governamental e intersetorial, para pessoas com transtornos decorrentes do consumo de

substâncias psicoativas, de acordo com a normatização funcional mínima estabelecida pelo

CONEN e

órgãos de saúde;

VIII - favorecer a cooperação entre o Distrito Federal, os municípios, os

estados e a união, para a redução da demanda e da oferta de drogas;

IX - fomentar, em todos os níveis de governo, o planejamento, o

acompanhamento e a avaliação das ações de redução da demanda e da oferta de drogas;

X - sistematizar e divulgar as iniciativas, ações e campanhas de prevenção

ao uso indevido de drogas;

XI - promover levantamentos e pesquisas científicas a respeito da

demanda e da oferta de drogas;

XII - assegurar, nos órgãos governamentais componentes do Sistema

Distrital de Política sobre Drogas, dotações orçamentárias permanentes e específicas para

efetivação das ações

preconizadas por essa política;

XIII - criar e manter Conselhos Regionais sobre Drogas, especialmente

nas regiões administrativas densamente povoadas ou com vulnerabilidade social aumentada.

Art. 4º São Diretrizes da Política Distrital sobre Drogas na Área de

Prevenção:

I - promover, estimular e apoiar a capacitação continuada, o trabalho

interdisciplinar e multiprofissional, com a participação de todos os atores sociais, inclusive dos

pais, dos líderes religiosos e dos educadores, com o objetivo de articular, fortalecer e ampliar as

redes sociais de prevenção às drogas;

II - direcionar as ações de educação preventiva, de forma continuada, com

foco no indivíduo e seu contexto sociocultural;

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III - incentivar, na educação básica e superior, a abordagem de conteúdos

relacionados à prevenção ao uso indevido ou abusivo de álcool e ou outras drogas;

IV - priorizar ações interdisciplinares e contínuas, de caráter preventivo e

educativo, na elaboração de programas de saúde para o trabalhador e seus familiares, baseados na

responsabilidade compartilhada entre empregado e empregador;

V - propor a criação de incentivos às empresas que promovam, para seus

empregados, programas de prevenção ao uso ou ao abuso de álcool e ou outras drogas;

VI - fomentar rede integrada de prevenção ao uso ou abuso de álcool ou

outras drogas, valorizando a responsabilidade compartilhada;

VII - fundamentar as campanhas e programas de prevenção em pesquisas

e levantamentos sobre o uso ou abuso de álcool e ou outras drogas e suas conseqüências;

VIII - incentivar as diversas instâncias do poder público a promover

eventos sociais, culturais, esportivos e educacionais que estimulem a qualidade de vida da

população;

IX - garantir recursos técnicos e financeiros para desenvolvimento,

adaptação ou implementação de modelos de prevenção ao uso indevido ou abusivo de drogas.

Art. 5º São Diretrizes da Política Distrital sobre Drogas, nas Áreas de

Tratamento, Recuperação e Reinserção Social dos usuários ou dependentes de álcool e ou outras

drogas:

I - promover e garantir a articulação e a integração, em rede distrital, entre

o Sistema Único de Saúde, o Sistema Único de Assistência Social, o Sistema de Garantia de

Direitos e os atores sociais não governamentais, nas intervenções para tratamento, redução de

danos sociais e à saúde, reinserção social e ocupacional de usuários ou dependentes de álcool e

ou outras drogas;

II - desenvolver e disponibilizar banco de dados, com informações

científicas atualizadas, para subsidiar o planejamento e a avaliação das práticas de tratamento,

reinserção social e ocupacional e redução de danos sociais e à saúde;

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III - definir, monitorar e acompanhar a aplicação de diretrizes mínimas

que regulem o funcionamento de instituições dedicadas ao tratamento, reinserção social e

ocupacional e redução de danos sociais e à saúde;

IV - garantir recursos técnicos e financeiros para desenvolvimento,

adaptação ou implementação de modelos de tratamento, de reinserção social e ou ocupacional e

de redução de danos sociais e à saúde, dos usuários de álcool e ou outras drogas e de seus

familiares;

V - estabelecer parcerias e convênios entre o Distrito Federal e instituições

não-governamentais ou privadas que contribuam no tratamento, na redução de danos sociais e

à saúde, na reinserção social e ocupacional;

VI - propor a inserção no orçamento anual do Distrito Federal de

recursos para o tratamento, a reinserção social e ou ocupacional das pessoas em tratamento ou

recuperação;

VII - garantir a destinação de recursos orçamentários para o Fundo

Antidrogas do Distrito Federal - FUNPAD;

VIII - estabelecer parcerias com instituições de ensino, para a

implementação de capacitação continuada na Política Distrital sobre Drogas para os integrantes

da rede de tratamento e de recuperação de usuários de álcool e ou outras drogas;

IX - promover a atenção e o acompanhamento dos usuários de álcool ou

outras drogas, extensivo aos seus familiares, após sua alta, por uma equipe multidisciplinar,

preferencialmente na sua região administrativa de origem, por no mínimo dois anos;

X - estimular a criação de Centros de Atenção Psicossocial - Álcool e

Drogas - CAPS-AD nas regiões administrativas do Distrito Federal, inclusive para atendimento a

crianças e adolescentes;

XI - definir políticas de fiscalização do cumprimento dos protocolos de

tratamento ao usuário de álcool ou outras drogas na rede de assistência do Sistema Único de

Saúde - SUS;

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XII - estabelecer estratégias junto às administrações regionais, à Secretaria

de Estado de Saúde do Distrito Federal e à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e

Transferência de Renda do Distrito Federal objetivando:

a) fomentar a articulação das ações em conformidade com a Política

Nacional de Atenção Integral ao Usuário de Álcool e ou outras Drogas;

b) estimular a capacitação das equipes do Programa Estratégia Saúde da

Família – PESF, com a implantação dos Centros de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas -

CAPS-AD e a adoção de métodos de redução de danos;

c) fortalecer o atendimento dos serviços hospitalares de desintoxicação

nos hospitais gerais;

d) fortalecer o atendimento social ao usuário de álcool ou outras drogas,

especialmente daqueles em situação de maior vulnerabilidade social e em condição de

reintegração familiar;

XIII - promover a reinserção social dos usuários, mediante diversos

programas promovidos por instituições governamentais e não-governamentais que envolvam

trabalho, cultura, lazer, esporte e educação, utilizando recursos intersetoriais e estratégias

conjuntas;

XIV - divulgar e conscientizar a comunidade para a responsabilidade

compartilhada nas ações continuadas de reinserção social do usuário de álcool ou outras drogas;

XV - garantir adequado atendimento e acesso ao tratamento a todo

cidadão, sem distinção de crença, orientação sexual, raça, idade ou condição de saúde.

Art. 6º São diretrizes da Política Distrital sobre Drogas na Área de

Redução de Danos Sociais e à Saúde dos usuários de álcool e ou outras drogas:

I - reconhecer a estratégia de redução de danos, como medida de

intervenção preventiva, assistencial, de promoção da saúde e dos direitos humanos;

II - garantir o apoio à implementação, divulgação e acompanhamento das

iniciativas e estratégias de redução de danos desenvolvidas por organizações governamentais e

não-governamentais, em consonância com as políticas públicas de saúde;

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III - diminuir o impacto dos problemas socioeconômicos, culturais e dos

agravos à saúde associados ao uso de álcool ou outras drogas;

IV - orientar e estabelecer, com embasamento científico, intervenções e

ações de redução de danos, considerando a qualidade de vida, o bem-estar individual e

comunitário, as características locais, o contexto de vulnerabilidade e o risco social.

V - garantir, promover e destinar recursos para o treinamento, capacitação

e supervisão técnica de trabalhadores e de profissionais para atuar em atividades de redução de

danos;

VI - reconhecer a importância do agente redutor de danos no contexto da

Política de Drogas, garantindo sua capacitação e supervisão técnica;

VII - estimular a formação de multiplicadores em atividades relacionadas à

redução de danos, objetivando um maior envolvimento da comunidade com essa estratégia;

VIII - promover estratégias de divulgação, elaboração de material

educativo, sensibilização e discussão com os profissionais de saúde sobre o método, os objetivos

e a efetividade da

estratégia de redução de danos;

IX - apoiar e divulgar as pesquisas científicas realizadas na área de redução

de danos para o

aprimoramento e a adequação da política e de suas estratégias;

X - promover e implementar a integração das ações de redução de danos

com outros programas de saúde pública.

Art. 7º São diretrizes da Política Distrital sobre Drogas na Área da

Repressão ao uso de drogas:

I - planejar e adotar medidas para tornar a repressão ao tráfico de drogas

ilícitas eficaz, mediante ações coordenadas, harmônicas e concentradas articuladas com o Poder

Judiciário, o Ministério Público e as Forças Policiais;

II - promover, sustentar e aprimorar em ação contínua o

desmantelamento de organizações

criminosas e de seus respectivos patrimônios;

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III - potencializar a formação, qualificação e valorização das forças

policiais que atuam no

setor, buscando o aprimoramento permanente das ações de inteligência e

operacionalização, objetivando, sempre que possível, o conhecimento conjunto e as operações

articuladas, disponibilizando, para tanto, recursos financeiros;

IV - propiciar o pronto conhecimento e o acesso, pelos órgãos

competentes, aos sistemas de controle, de fabricação e de comercialização de produtos, reagentes

químicos ou quaisquer outros, comumente empregados na fabricação e refino de substâncias

psicoativas;

V - instrumentalizar e modernizar as forças policiais com recursos

materiais e humanos, observada a esfera de competência de cada instituição, visando a aprimorar

as ações de combate às organizações criminosas;

VI - prover as forças policiais de recursos orçamentários específicos

destinados à realização e ações de inteligência para ações repressivas.

Art. 8º São diretrizes da Política Distrital sobre Drogas na Área de

Pesquisa:

I - analisar os serviços de tratamento oferecidos e seus respectivos

modelos de atuação, seu alcance na comunidade e desempenho dos profissionais neles

envolvidos, bem como os resultados obtidos;

II - diagnosticar a prevalência do uso e abuso de substâncias psicoativas

pela população, visando à implantação de programas e políticas públicas de prevenção e de

combate às drogas;

III - criar incentivos para que a iniciativa privada invista em pesquisas

sobre os efeitos e as conseqüências do uso de álcool e ou outras drogas;

IV - fomentar pesquisas sobre prevenção ao uso de drogas, tratamento e

recuperação de

dependentes químicos;

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V - propor a criação de protocolos unificados para registros de dados

relacionados ao uso de substâncias psicoativas no âmbito das polícias civil e militar, serviços de

saúde e organizações não-governamentais;

VI - pesquisar o impacto de atividades como esporte, cultura, lazer e artes

na prevenção e

tratamento do uso de substâncias psicoativas;

VII - fomentar a parceria entre instituições de ensino e a comunidade,

com o propósito de

incentivar a coleta de dados sobre o uso de substâncias psicoativas que

sirvam, conseqüentemente, como fonte para realização de pesquisas e elaboração de projetos de

ação para prevenção ao uso indevido de drogas.

Art. 9º Fica criado o Sistema Distrital de Políticas Públicas sobre Drogas -

SIDPD, integrando as atribuições dos diversos órgãos distritais no que se refere à

implementação de ações públicas de prevenção, tratamento, reinserção social, redução dos danos

sociais e à saúde e pesquisa no campo do uso e do abuso de álcool e ou outras drogas.

Art. 10 São objetivos do SIDPD:

I - compatibilizar as ações de âmbito distrital e as ações nacionais de

prevenção, tratamento, reinserção social, redução dos danos sociais e à saúde e pesquisa no

campo do uso e do abuso de álcool e ou outras drogas, bem como fiscalizar a sua respectiva

execução;

II - estabelecer parceria nas ações de prevenção, tratamento, reinserção

social, redução dos

danos sociais e à saúde e pesquisa no campo do uso e do abuso de álcool e

ou outras drogas do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público no que se

refere à execução das Políticas de Estado voltadas para as referidas ações;

III – Promover a articulação entre as ações do poder público do Distrito

Federal e as ações de entidades não-governamentais nas áreas de prevenção, tratamento,

reinserção social e

ocupacional, redução de danos sociais e à saúde e pesquisa.

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Art. 11 Integra o SIDPD um representante dos seguintes órgãos:

I - Conselho de Política sobre Drogas - CONEN, como órgão central;

II - Chefia de Gabinete da Governadoria do Distrito Federal;

III - Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios;

IV - Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;

V - Procuradoria Geral do Distrito Federal;

VI - Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do

Distrito Federal;

VII - Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal;

VIII - Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal;

IX - Secretaria de Estado de Esporte do Distrito Federal;

X - Secretaria de Estado de Segurança Pública do Distrito Federal;

XI – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de

Renda do Distrito Federal;

XII - Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal;

XIII - Polícia Civil do Distrito Federal;

XIV - Polícia Militar do Distrito Federal.

Art. 12 Compete ao Conselho de Política sobre Drogas - CONEN:

I - propor a política distrital sobre drogas, em consonância com a política

nacional estabelecida pelo Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, compatibilizando o

plano distrital com o nacional e acompanhando a sua respectiva execução;

II - propor a adequação das estruturas e dos procedimentos da

Administração Distrital nas áreas de prevenção, tratamento e reinserção social, fiscalização e

redução da oferta de drogas;

III - fomentar pesquisas e levantamentos sobre os aspectos de saúde,

educação, sociais, culturais e econômicos decorrentes do consumo e da oferta de substâncias

psicoativas lícitas e ilícitas, que propiciem uma análise capaz de nortear as políticas públicas na

área de drogas;

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IV - promover, junto aos órgãos competentes, a inclusão de ensinamentos

referentes a substâncias psicoativas nos cursos de formação de profissionais das instituições que

compõe o SIDPD, a fim de que esses conhecimentos possam ser aplicados em suas respectivas

áreas de atuação, com base em princípios científicos, éticos e humanísticos;

V - mobilizar o corpo docente, discente, funcionários e comunidade de

escolas públicas e

privadas, para a realização de atividades de prevenção ao uso de drogas;

VI - orientar, acompanhar e fiscalizar a implantação e execução das

normas técnicas e critérios estabelecidos pelo CONEN ou órgãos normatizadores da área de

saúde para as instituições que lidam com o diagnóstico e tratamento da dependência química;

VII - fiscalizar o funcionamento de entidades, públicas, privadas ou não-

governamentais que se dediquem ao tratamento, recuperação de dependentes químicos ou

prevenção ao uso de drogas;

VIII - apoiar iniciativas e avaliar campanhas de prevenção ao uso indevido

de drogas, a fim de autorizar sua veiculação, bem como fiscalizar a respectiva execução;

IX - propor legislação, bem como normatizar, a área de prevenção,

tratamento, recuperação e redução de danos;

X - avaliar e emitir parecer quanto à viabilidade e à execução de projetos e

programas de prevenção, redução de danos, tratamento e reinserção social de usuários e ou

dependentes químicos de álcool e ou outras drogas no âmbito do Distrito Federal;

XI - estimular e apoiar a criação de Conselhos Regionais sobre Drogas;

XII - propor critérios para a celebração de convênios com entidades

públicas ou privadas, que visem a otimizar resultados pertinentes às diretrizes estabelecidas pelo

CONEN para prevenção, redução de danos sociais e à saúde, tratamento e reinserção social de

usuários e

ou dependentes químicos de álcool e ou outras drogas no âmbito do

Distrito Federal.

Art. 13 O Conselho de Política sobre Drogas - CONEN é constituído

pelos seguintes membros:

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I - Um representante da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos

Humanos e Cidadania do Distrito Federal, o qual presidirá o CONEN;

II - Um representante da Secretaria de Estado de Educação do Distrito

Federal;

III - Um representante da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito

Federal;

IV - Um representante da Secretaria de Estado de Segurança Pública do

Distrito Federal;

V - Um representante da Policia Civil do Distrito Federal, Delegado de

Polícia, com atribuições na área de repressão às drogas;

VI - Um representante da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social

e Transferência de Renda do Distrito Federal;

VII - Um representante da Secretaria de Estado de Cultura do Distrito

Federal;

VIII - Um representante da Secretaria de Estado de Esporte do Distrito

Federal;

IX - Um representante do Ministério Público do Distrito Federal e

Territórios;

X - Dois representantes dos centros de recuperação, comunidades

terapêuticas e similares, não governamentais, sediados no Distrito Federal;

XI - Um representante da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção

Distrito Federal;

XII - Um representante da Associação Médica de Brasília;

XIII - Um representante do Conselho Regional de Farmácia do Distrito

Federal;

XIV - Um representante do Conselho Regional de Psicologia - 1ª Região;

XV - Um representante do Conselho Regional de Serviço Social - 8ª

Região;

XVI - Três representantes da sociedade civil.

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§1º Para cada conselheiro titular deverá ser indicado um suplente que

atuará nas suas ausências ou impedimentos.

§2º Os representantes de que tratam os incisos X e XVI serão eleitos de

acordo com resolução do CONEN.

§3º Os representantes dos órgãos governamentais deverão ser servidores

de carreira.

Art. 14 Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 25 de agosto de 2010.

122º da República e 51º de Brasília

ROGÉRIO SCHUMANN ROSSO

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D) PROJETO – MUNICÍPIO DE PAULÍNIA – SP

Anteprojeto de uma Intervenção Comunitária no Uso de

Substâncias Psicoativas para a cidade de Paulínia

Introdução

Este anteprojeto iniciará a intervenção comunitária pelo uso do álcool,

pois, de todas as substâncias psicoativas consumidas pela sociedade hoje, lícitas ou ilícitas, o

consumo do álcool é o que acarreta o maior custo social.

Nesses últimos trezentos anos, todos os países desenvolvidos, onde a

democracia prosperou, buscaram formas de proteger a sociedade aumentando o controle social

da produção, importação, distribuição, propaganda e venda direta ao consumidor do álcool.

Mesmo países como os EUA, que tem uma forte tradição de livre comércio, existe um rígido

controle social com relação a esse produto. O grande argumento para esse controle especial é o

custo social desse produto. Na última década as pesquisas mostraram que o álcool custa à

sociedade americana cerca de U$ 148 bilhões ao ano. Os gastos com saúde consomem U$ 20

bilhões, com morte prematura U$ 32 bilhões, criminalidade U$ 20 bilhões. No entanto a grande

perda é de produtividade das empresas com cerca de U$ 70 bilhões. O argumento do custo

social faz com que o álcool seja considerado como um produto à parte e que não deveria ser

comercializado de uma forma banal.

Existe um argumento liberal de que a oferta e a demanda do álcool deveria

ser algo que o próprio mercado deveria regular e que no Brasil temos controle em demasia e não

necessitaríamos de mais um controle sobre esse produto. Além disso, seria pouco democrático

fazermos controle de um produto que é legalizado. No entanto são exatamente os países mais

desenvolvidos do ponto de vista democrático que aumentam a cada dia o controle social sobre o

álcool. Busca-se balancear o interesse da industria de bebidas com o interesse da sociedade em

proteger-se dos danos causados pelo álcool.

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No Brasil a vergonha de exercermos o controle social associado a uma

grande apatia de política de saúde tem tornado o álcool um produto com um alto custo social.

Pois sua demanda tem sido fortemente estimulada pela propaganda, pelos baixos preços e pela

excessiva oferta nos pontos de venda. Especialmente a propaganda do álcool se apossou de

vários ícones nacionais para criar a idéia de que só podemos nos divertir com um copo de

cerveja na mão. Como não temos uma política de licença para a venda de álcool qualquer pessoa

pode abrir um bar e vender álcool. Esse fato tem mudado a paisagem e a cultura urbana

brasileira. Estamos acostumados a termos bares espalhados por todas as cidades, como se isso

sempre tivesse existido, e fosse normal. A anormalidade chega a ponto de tragédia nas periferias

das grandes cidades, onde a falta de opção de lazer transformou os bares nos únicos locais de

encontro e socialização da população masculina. Contribuindo em muito para o aumento da

violência. Em um estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo no Jardim Ângela, uma

das regiões mais violentas da cidade de São Paulo, mostrou que existia um bar para cada dez

moradias. Revelando uma das maiores densidades de bares já registrada na literatura médica.

A anomalia chega a tal ponto que qualquer pessoa pode produzir e vender

álcool sem grandes preocupações. As leis são poucas e não são cumpridas.

Justificativa

Essa falta de controle tem produzido um custo social enorme para o país.

Cerca de 15% da população adulta masculina bebe de uma forma abusiva. Essa população vive

com uma família que acaba sofrendo de várias formas, com cerca de 20% das moradias estão

tendo ou já tiveram algum tipo de problema relacionados ao uso do álcool. Uma parte

significativa das crianças abandonadas tem no álcool a causa da desorganização familiar. Metade

dos acidentes automobilística é devida ao abuso de álcool. Mais da metade dos homicídios está

relacionada ao consumo de álcool. Do ponto de vista da saúde 20% das internações em clínica

geral e 50% das internações masculinas psiquiátricas são devida ao álcool. A sociedade brasileira

está pagando um alto preço pela falta de proteção com relação ao álcool.

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104

Extensivas pesquisas têm demonstrado que quanto mais elevado o

consumo médio do álcool numa população, maior a incidência de problemas relacionados ao

álcool. Isto vale para quase todos os tipos de problemas relacionados ao álcool - por exemplo,

infrações de transito ao dirigir alcoolizado, violência domestica, agressões, crimes, mortalidade

devida à cirrose hepática são situações que apresentam essa relação. Tal fato deu origem ao que

se chama de "paradoxo da prevenção", porque, paradoxalmente, as medidas preventivas

destinadas a reduzir tais problemas têm de ser dirigidas a toda a população de bebedores, e não

apenas aos bebedores pesados.

Além disso, pesquisas também têm demonstrado que quando se reduz o

consumo global de álcool em uma população, não apenas os bebedores moderados (ou "sociais",

ou que tem um padrão "normal" de consumo de álcool) são atingidos, mas os bebedores pesados

e os bebedores problemáticos também são sensíveis a essa redução de consumo.

Tais fatos - o primeiro, quanto mais elevado o consumo médio numa

população, maior a incidência de problemas relacionados ao álcool, e o segundo, que os

bebedores pesados também são sensíveis a medidas de redução global de consumo - conferem

legitimidade a políticas que visam reduzir globalmente o consumo de álcool em uma sociedade.

Além da disponibilidade do álcool, a aceitação do seu consumo também

desempenha um papel importante. Essa aceitação é determinada em grande medida por valores

sociais e culturais. A cultura pode influenciar o padrão de consumo e o contexto em que o álcool

é consumido, bem como a quantidade de álcool consumida. Atualmente, assiste-se a um grande

aumento do consumo por parte da população adolescente, com conseqüente aumento dos danos

relacionados ao álcool e o consumo do álcool não só é largamente aceito ente esta população,

como também o beber excessivo é estimulado entre os adolescentes, antecipando muitos dos

problemas relacionados ao álcool. Esta aceitação do consumo e a aceitação de um padrão de

beber excessivo também devem ser contempladas com políticas eficazes em alterar os valores

sociais e culturais.

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Objetivo geral

Redução global do consumo de álcool em Paulínia.

Objetivos específicos

Redução dos problemas relacionados ao uso do álcool

• Violência doméstica

• Acidentes automobilísticos

• Mortes violentas

• Agressões

• Morbimortalidade relacionada ao álcool

• Intoxicações públicas

• Redução dos problemas em populações específicas (adolescentes,

desempregados, idosos).

Diretrizes Básicas

Este anteprojeto definirá as diretrizes básicas relacionadas a um amplo

espectro de políticas que deveriam ser adotadas em relação ao álcool para que os objetivos

supramencionados sejam alcançados. Tais políticas incluem: prevenção, educação, sugestão de

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medidas legislativas, aplicação e fiscalização mais rigorosa de leis já existentes, treinamento da

equipe de saúde mental envolvida no tratamento de problemas relacionados ao álcool,

treinamento das equipes que prestam atendimento de urgência no pronto-socorro municipal,

instrumentação e treinamento da guarda municipal para prevenir e coibir o dirigir alcoolizado,

etc.

Foi pensando no estado e na sociedade organizada como moderadores do

custo social do álcool que a Organização Mundial da Saúde recomenda uma série de estratégias

para controlar esse produto, entre elas: aumento do preço proibição de propaganda nos meios de

comunicação restrições às vendas em alguns locais e para alguns grupos sociais como

adolescentes educação em saúde sobre os efeitos do álcool e organização de serviços para as

pessoas com problemas. A própria OMS recomenda que deveríamos buscar estratégias de

prevenção que alterasse de forma mais significativa os fatores que produzem os problemas

relacionados com o álcool numa determinada sociedade.

Comparando com os outros países o que precisamos criar urgentemente é

um sistema de controle local nos pontos de vendas do álcool. Isso poderia ser facilmente feito

através da criação de um sistema formal de controle pela venda de licenças para comercializar

esse produto.

Deveria haver um controle municipal dessas licenças, com vistas a levar

em conta os seguintes parâmetros: 1 - O número de pontos de vendas na região. Existem

evidências que quanto maior o número de pontos de vendas de álcool numa região, maior o

consumo e maior a violência local. Deveria, portanto limitar o número de locais onde a venda do

álcool fosse permitida 2 - Proximidade com escolas e outros locais onde crianças estejam

presentes. Devemos proteger os membros mais vulneráveis da nossa sociedade com relação ao

álcool e drogas. Todos os países desenvolvidos adotam esse tipo de proteção 3 - Nível de

violência na região. Inúmeras pesquisas têm apontado para a relação de álcool e violência. É

lógico que essa relação é complexa, mas com certeza controlarmos os locais mais relacionados

com o beber e a violência é uma das formas de diminuirmos essa relação. Por exemplo, se um

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incidente violento ocorrer num bar, o comerciante deveria perder a sua licença, pois ele não

estaria cuidando o suficiente do ambiente onde o álcool estaria sendo consumido 4 - Tipos de

locais onde o álcool seria consumido. A maioria dos países adota como critério o fato de se o

álcool seria consumido dentro ou fora do estabelecimento. Portanto um supermercado deveria

ter um tipo de licença diferente do que um restaurante ou um bar. A conseqüência é que os

preços dessas licenças seriam diferentes.

Um dos motivos de criarmos um sistema de licenças para vender bebidas

alcoólicas é controlar esse mercado, mas, além disso, deveria servir para captar recursos para

compensar a sociedade do dano social causado. Portanto deveríamos pensar em uma forma

adequada para gerenciar os recursos captados. O dinheiro arrecadado por esse sistema deveria

ser reservado para um fundo regional financiar ações de prevenção e tratamento em relação aos

problemas originados pelo álcool e outras drogas. Temos uma grande escassez de dinheiro para

financiar esse tipo de ações. Mesmo com a regionalização das ações de saúde através do SUS,

muito poucos recursos estão sendo alocados para o tratamento do alcoolismo e praticamente

nenhum recurso para a prevenção do uso de álcool e drogas pelos jovens. Essa seria uma boa

fonte de recurso permanente para reverter esse problema social.

O primeiro passo é convencer a população que implementar esse tipo de

sistema de licenças é: 1 - correto do ponto de vista técnico, pois é uma recomendação da própria

Organização Mundial de Saúde 2 - teria um impacto grande e rápido no sentido de diminuir uma

grande parte dos problemas relacionados com o álcool 3 - criaria recursos para financiar

programas de prevenção dos problemas do álcool e outras drogas para os jovens.

O segundo passo é convencer os políticos de que um tipo de ação como

essa é: 1 - politicamente adequada, pois é do interesse público 2 - tem o apoio popular 3 -

possível de ser implementada nos municípios. O terceiro passo será proteger essas idéias da

oposição da industria de bebidas e dos donos de bares e restaurantes. Nenhuma atividade

econômica gosta da idéia de controle dos seus lucros e farão todo o lobby possível para evitar

que esse tipo de medida seja implementado. A compensação social pelo dano ambiental que o

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álcool produz só será uma realidade quando convencermos a sociedade e o mundo político que

controlar esse produto é uma garantia de que o bem comum deve prevalecer sobre o da

indústria.

O modelo de intervenção proposto

Este anteprojeto sugere que a intervenção seja ampla, contemplando

varias frentes de atuação, já que medidas isoladas têm efeito apenas temporário e sucesso apenas

relativo. Nosso anteprojeto baseia-se no melhor modelo, segundo nossa opinião, existente na

literatura especializada, modelo formulado por Harold D. Holder, e já amplamente testado

através de diversos estudos conduzidos em diferentes culturas.

O modelo proposto por Holder é genérico e não considera possíveis

diferenças regionais. Este anteprojeto está sendo apresentado também de forma genérica, sem

considerarmos possíveis peculiaridades da comunidade de Paulínia tais especificidades seriam

consideradas a partir da aprovação deste anteprojeto, quando dar-se-ia início a um estudo mais

aprofundado da comunidade que receberia a intervenção. As especificidades da comunidade de

Paulínia seriam consideradas a fim de se elaborar um projeto específico para esse município.

Antes da intervenção, faz-se necessário um inquérito epidemiológico

rápido, por amostra domiciliar, que investigue os padrões de consumo de álcool da população

em geral, sua percepção de risco, suas atitudes em relação ao álcool, etc.

Para melhor compreensão do modelo proposto, faz-se necessário o

entendimento dos subsistemas envolvidos na questão do consumo do álcool. Para Holder, o

sistema comunitário do álcool divide-se em diversos subsistemas que interagem entre si, e são

agrupamentos naturais de fatores e variáveis que as pesquisas mostraram ser importantes na

compreensão do uso do álcool e dos problemas relacionados. Para planejar prevenção efetiva

dos problemas relacionados ao álcool, devemos considerar as interações entre esses subsistemas.

O consumo do álcool é o subsistema mais importante, central ele afeta e é afetado pelos outros

subsistemas. O gráfico a seguir ajuda a compreender melhor a interação ente os subsistemas:

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O Subsistema do Consumo: o uso do álcool como parte da rotina da

vida social

Este é o subsistema-chave. Padrões de consumo de álcool mudam com o

tempo, e os efeitos das diferenças de idade e de gênero devem ser considerados também. Os

padrões de consumo para cada grupo etário e gênero podem ser subdivididos de acordo com a

média diária de consumo e a distribuição da quantidade de doses consumida por evento, que são

influenciados por fatores como renda, preço do álcool, disponibilidade, aceitação social ou

normas sociais acerca do consumo, e regulações formais do álcool, como a idade mínima para se

beber. Quando esses fatores mudam, o efeito em cadeia das mudanças determina um novo valor

para a média de consumo diária, resultando em uma mudança no padrão para cada idade e

gênero e para a comunidade como um todo.

O Subsistema do Varejo: disponibilidade do álcool

O álcool, como qualquer produto comercial, torna-se disponível para os

consumidores através dos pontos de venda do varejo, que podem ser licenciados (como lojas,

bares, restaurantes) ou não (casas, estabelecimentos clandestinos, vendedores ambulantes,

vendedores de beira de estrada, etc.). os estabelecimentos podem ter licença para a venda de

álcool a ser consumido no próprio estabelecimento (bares, restaurantes) ou para ser consumido

fora dali (supermercados, lojas de conveniência, lojas especializadas, etc). A quantidade e o tipo

dos estabelecimentos licenciados para vender álcool em uma comunidade são afetados pelo

tamanho da população, consumo per capita, e fatores econômicos (renda média da população).

O Subsistema de Controle e Regulação Formais: leis,

administração, e fiscalização

Este subsistema reflete as leis e controles governamentais que regulam a

venda de álcool no varejo. Por exemplo, restrições podem ser colocadas no número de novas

licenças de um determinado tipo, ou nos dias e horas permitidas para a venda de álcool, como

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um meio de conter a disponibilidade de álcool. A força das leis e regulações são afetadas pelas

fiscalizações efetuadas, e pela severidade das punições para as violações.

O Subsistema de Normas Sociais: valores da comunidade e

influencias sociais que afetam o consumo

Este subsistema reflete os valores da sociedade acerca do álcool, e

influencia os níveis de consumo através de reforçadores positivos ou negativos. "Reforço

positivo" descreve o fenômeno através do qual o aumento no consumo de álcool ao longo do

tempo está associado com o aumento da aceitação do consumo de álcool. "Reforço negativo"

descreve o fenômeno pelo qual o aumento do consumo resulta em aumento dos problemas

relacionados e, conseqüentemente, em diminuição da aceitação social.

O Subsistema das Sanções Legais: usos proibidos do álcool

Este subsistema organiza-se para reforçar as leis contra o uso do álcool em

determinadas situações e contextos. Isto pode incluir dirigir alcoolizado, intoxicação pública,

posse de álcool, beber antes da idade mínima, ou beber em lugares específicos (praças e parques

públicos, estádios, auditórios, determinadas festas, etc.).

O Subsistema das Conseqüências Econômicas, Sociais e de Saúde:

identificação dos problemas e respostas organizadas pela comunidade

As conseqüências do beber estão relacionadas neste subsistema.

Mortalidade e morbidade relacionadas ao álcool refletem os riscos à saúde associados ao uso de

álcool tais riscos variam em razão da idade, gênero, e grupo de consumo. Aumento da

mortalidade/morbidade relacionada ao álcool podem estimular mudança da aceitação social e,

conseqüentemente, mudança da regulação formal com o objetivo de reduzir o consumo ou

comportamentos associados aos problemas causados pelo álcool. Este subsistema também

responde à demanda por serviços sociais e de saúde para problemas relacionados ao uso de

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álcool. Este aspecto do subsistema relaciona-se com as informações acerca do número de

pacientes, de serviços para tratamento, custos desses serviços, tamanho das listas de espera, e

tempo médio do tratamento.

Interações entre os subsistemas

Conhecendo-se as interações possíveis entre esses diversos subsistemas, é

possível planejar intervenções que possam, direta ou indiretamente, agir no subsistema de

consumo. Este anteprojeto fundamenta-se nesta idéia (detalhar melhor). A seguir, apresentamos

os principais componentes de prevenção a serem abordados nesta intervenção, e as estratégias

utilizadas para se abordar cada um desses componentes, com base no modelo da interação entre

os subsistemas propostos por Holder.

As áreas a serem abordadas

Serão cinco os componentes de prevenção abordados pelo projeto de

intervenção:

• A mobilização da comunidade

• O acesso ao álcool

• O risco de dirigir alcoolizado

• A responsabilidade de servir bebidas

• O beber abaixo da idade mínima

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A seguir, detalharemos como pretendemos abordar cada uma das áreas

supracitadas.

A mobilização da sociedade:

A mobilização da comunidade é necessária por várias razões:

• Mudar o clima social de tolerância em relação ao uso do álcool.

• Promover apoio em relação aos outros quatro componentes de

prevenção a serem adotados.

• Conferir solidez às políticas a serem implementadas, de tal forma que

elas perdurem mesmo após mudanças de governo é necessário que a população "adote" as

políticas implementadas e as reconheça como uma conquista legítima para que essas políticas

permaneçam.

Para a mobilização da sociedade da forma necessária, comunicação de

massa, como campanha publicitária, não basta. Estudos já realizados mostram que tal iniciativa,

quando realizada isoladamente, não é efetiva em reduzir danos relacionados ao consumo do

álcool. Comunicação através da mídia local é mais efetiva quando ocorre através de um veículo

de alta exposição e elevada credibilidade do que através da mídia governamental ou de anúncios

publicitários (matéria paga). A melhor maneira de mobilizar a sociedade para um projeto de

intervenção como esse é através do marketing social

O marketing social

Trata-se do uso estratégico da mídia a fim de alavancar uma iniciativa de

política pública. Ao contrario da educação em saúde ou de outros usos da comunicação pública,

o marketing social geralmente não é usado para simplesmente mudar o comportamento

individual diretamente. No entanto, indivíduos podem mudar seu comportamento como

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resultado da aquisição de novas informações presentes na atenção que a mídia dedica aos riscos

relacionados ao álcool, por exemplo.

O marketing social compreende uma série de estratégias destinadas a

promover o debate público de determinados temas pode-se conseguir atenção da mídia local

para focalizar um problema específico relacionado ao álcool, para promover a importância de

uma ou mais políticas projetadas para reduzir o problema, ou ainda para pressionar aqueles

encarregados de efetuar determinada política ou de mudar políticas existentes.

O marketing social é realizado para atrair a atenção da mídia para

determinado assunto através de atividades locais, realização de eventos, acontecimentos outros

que a mídia pode cobrir. Isso pode incluir o fornecimento de dados acerca dos problemas que se

quer destacar, ou das possíveis soluções que se deseja ganhem relevância. A idéia também é

aumentar a cobertura que a mídia tradicionalmente dá a essa temática e direcionar a cobertura

para os objetivos propostos.

A questão do acesso ao álcool

O acesso ao álcool pode ser regulado de varias formas. Uma das mais

eficazes é através do preço. Em diferentes países ao longo da história, e em comparações de

diferentes países em qualquer momento determinado, foi demonstrado que reduzir o preço real

do álcool tende a aumentar o seu consumo global em uma população. Da mesma forma, as

medidas que tornam o álcool mais facilmente acessível por meio da redução de restrições ao seu

fornecimento também tendem a aumentar o consumo. Assim, as maiores influências sobre o

consumo per capta numa população incluem fatores que podem ser manipulados politicamente -

como taxação, leis de licenciamento e acordos comerciais. A manipulação dessas influencias

pode ter um impacto imenso sobre o nível de consumo de álcool de uma população.

Um grande número de estudos sobre os efeitos de mudanças de preço no

consumo tem sido conduzidos em uma ampla variedade de países, incluindo Austrália, Bélgica,

Canadá, Dinamarca, Alemanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Quênia, Holanda, Noruega,

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Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido e EUA. Alguns estudos observaram os efeitos diretos da

mudança de preço nos níveis de dano.

As principais conclusões são:

• O álcool comporta-se como outras commodities - se o preço aumenta, o

consumo cai, e se o preço cai, o consumo aumenta.

• Bebedores pesados e até mesmo dependentes são influenciados tanto

quanto ou mais que os bebedores leves por mudanças de preço, contrariando o que usualmente

se diz que altos preços penalizam apenas bebedores moderados e têm pouco ou nenhum efeito

sobre bebedores pesados ou problemáticos.

O impacto de mudanças de preço em bebedores pesados é claramente visto nos seguintes

exemplos:

Na Dinamarca, durante a Primeira Guerra, devido ao racionamento de

comida, o preço da aquavit aumentou mais de 10 vezes e o preço da cerveja dobrou. Em dois

anos, o consumo per capta de álcool caiu 75%, casos de delirium tremens caíram para 1/13 e

mortes por alcoolismo crônico caíram para um sexto do índice anterior.

Em um estudo de "happy hours" - períodos de preços reduzidos em bares

e restaurantes - enquanto todos os bebedores bebem mais quando as bebidas são mais baratas,

os bebedores pesados aumentam o seu consumo proporcionalmente mais do que os bebedores

leves, ou seja, são mais sensíveis à redução de preços.

Um estudo americano sobre os efeitos da variação de preços devida a

mudanças nas taxas do álcool encontrou que altas taxas resultavam em menor mortalidade por

cirrose e menores índices de acidentes automobilísticos fatais.

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A idéia de que a taxação do álcool é irrelevante para a saúde pública é

comprovadamente insustentável. A evidência é clara: outras variáveis mantendo-se inalteradas, o

consumo de álcool por uma população será, em um grau significativo, influenciado pelo preço.

Além disso, dado que tanto o bebedor leve quanto o pesado são influenciados, alterações no

preço serão provavelmente traduzidas em mudanças na prevalência de problemas relacionados

ao álcool.

Outras formas de regulação do acesso:

Disponibilidade

Facilidade do acesso aumenta o consumo e os danos, enquanto restrições

ao acesso podem restringir o consumo e os danos. Um amplo espectro de pesquisas suporta esta

conclusão. O acesso pode ser dificultado através da diminuição de pontos de venda, restrições de

zoneamento, restrições do acesso de adolescentes aos pontos de venda, etc.

Densidade dos pontos de venda

Estudos na Finlândia, RU e EUA mostram que uma alta densidade de

pontos de venda em uma certa localidade aumenta significativamente as vendas de álcool.

Diversos estudam mostram que há uma relação ente densidade dos pontos de venda e problemas

relacionados ao consumo do álcool, como violência, por exemplo. Pode-se regular a densidade

dos pontos de venda através de leis específicas de zoneamento urbano e também através da

implementação do sistema de licenças, que desestimula alguns pontos de venda a diminuição da

densidade dos pontos de venda provoca uma diminuição da concorrência que, como efeito

indireto, resulta em aumento dos preços nos estabelecimentos restantes o aumento dos preços

resultante desse processo também contribui para a diminuição do consumo.

Horários de funcionamento e dias de funcionamento

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Muitos estudos sobre mudanças nos horários de funcionamento e nos dias

de venda mostraram aumento do consumo relacionado a horário mais amplo e redução do

consumo com horário mais reduzido. Após a experimentação de fechar as lojas de bebidas aos

sábados na Suécia, houve uma redução de 10% no número de prisões por embriaguez.

Achados similares ocorreram na Noruega e na Finlândia. Tanto os

horários de funcionamento quanto os dias de funcionamento podem ser regulados através do

sistema de licenças: por exemplo, o custo da licença pode ser um para os pontos de venda que

vendem álcool apenas aos fins de semana e outro para os que vendem álcool todos os dias o

custo pode ser um para os estabelecimentos que só funcionam durante o dia e outro para os que

funcionam também à noite.

Idade mínima para beber

Redução da idade mínima para se beber resulta em maior índice de

acidentes automobilísticos no grupo etário afetado pela alteração, enquanto aumento da idade

mínima reduz tais acidentes.

Os EUA encontraram 28% de redução dos acidentes fatais após aumentar

em um ano a idade mínima para se beber.

O risco de dirigir alcoolizado

Muitos dos problemas mais graves, e também mais freqüentes,

relacionados ao uso do álcool decorrem de si dirigir alcoolizado: atropelamentos e acidentes

automobilísticos em geral têm estreita relação com o consumo de álcool. A lei que proíbe dirigir

alcoolizado já existe, mas devido a ausência de fiscalização sistemática torna-se ineficaz, como

tantas outras. Para se fazer cumprir a lei é necessária uma policia treinada e equipada com

instrumentos capazes de verificar in loco se o motorista encontra-se alcoolizado acima dos níveis

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permitidos pelo Código Nacional de Trânsito operações de fiscalização (blitze) devem ser

implementadas de forma sistemática, principalmente no período noturno.

A questão de servir bebidas com responsabilidade

1. Treinamento de quem serve a bebida:

O treinamento em servir com responsabilidade tem se mostrado eficaz em

reduzir os danos causados pelo álcool entre clientes que costumam sair dos estabelecimentos

alcoolizados.

Uma pesquisa conduzida em Oregon em 1994 revelou uma redução estatisticamente significante

nos acidentes automobilísticos após 55% dos que servem bebidas terem sido treinados.

2. Responsabilidade civil do proprietário:

A responsabilidade civil dos estabelecimentos que vendem bebidas a

clientes alcoolizados está estabelecida em diversos países. É usada como uma reparação legal ao

individuo cuja intoxicação tenha resultado em perda ou dano pessoal. Começa a ser utilizada

como uma política para encorajar práticas seguras de se servir bebidas e para prevenir que se

dirija embriagado.

Os setores envolvidos

• Poder executivo

• Secretaria da Saúde

• Secretaria da Educação

• Secretaria da Criança e Adolescente

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• Secretaria da Segurança

• Poder Legislativo

• Câmara dos Vereadores

• Setores organizados da sociedade civil

• ONGs

• Lideranças comunitárias

• Igrejas

O Cronograma

Segundo o modelo proposto por Holder, tal intervenção comunitária deve

ser implementada em cinco etapas, cada uma das quais abordará as áreas acima de uma forma

condizente com o andamento da intervenção como um todo sugerimos para isso um

cronograma que segue em anexo.

Resultados

A avaliação do projeto será realizada comparando-se os dados fornecidos

pela administração pública referentes aos danos relacionados ao consumo do álcool com os

índices desses mesmos parâmetros obtidos após a intervenção comunitária proposta. Esperamos

uma redução significante dos índices que permitem avaliar danos relacionados ao consumo do

álcool na cidade de Paulínia. Tais índices serão aferidos em diversas etapas da intervenção, de tal

forma que poderemos redireciona-la, se necessário, para contemplar áreas especificas que não

estiverem sendo atingidas a contento através das intervenções planejadas de início.

Fonte:http://www.uniad.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=111:paulinia&catid=46:politicas-publicas&Itemid=99

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5a PARTE DO MATERIAL DE APOIO – LEIS ESTADUAIS A RESPEITO DO TEMA

A) LEI ESTADUAL Nº 14.592, DE 19 DE OUTUBRO DE 2011 - Proíbe vender, ofertar, fornecer, entregar ou permitir o consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências correlatas

LEI ESTADUAL Nº 14.592, DE 19 DE OUTUBRO DE 2011

Proíbe vender, ofertar, fornecer, entregar e permitir o consumo de bebida

alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências

correlatas

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte

lei:

Artigo 1º - Fica proibido, no Estado de São Paulo, vender, ofertar,

fornecer, entregar e permitir o consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos

menores de 18 (dezoito) anos de idade.

Parágrafo único - A proibição estabelecida no “caput” compreende a do

uso de bebidas alcoólicas como premiação aos menores de 18 (dezoito) anos de idade em

quermesses, clubes sociais, instituições filantrópicas, casas de espetáculos, feiras, eventos ou

qualquer manifestação pública.

Artigo 2º - A proibição prevista no artigo 1º desta lei implica o dever de

cuidado, proteção e vigilância por parte dos empresários e responsáveis pelos estabelecimentos

comerciais, fornecedores de produtos ou serviços, seus empregados ou prepostos, que devem:

I - afixar avisos da proibição de venda, oferta, fornecimento, entrega e

permissão de consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito)

anos, em tamanho e local de ampla visibilidade, com expressa referência a esta lei e ao artigo 243

da Lei federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990, constando a seguinte advertência:

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“A BEBIDA ALCOÓLICA PODE CAUSAR DEPENDÊNCIA

QUÍMICA E, EM EXCESSO, PROVOCA GRAVES MALES À SAÚDE”;

II - utilizar mecanismos que assegurem, no espaço físico onde ocorra

venda, oferta, fornecimento, entrega ou consumo de bebida alcoólica, a integral observância ao

disposto nesta lei;

III - zelar para que nas dependências de seus estabelecimentos comerciais

não se permita o consumo de bebidas alcoólicas por pessoas menores de 18 (dezoito) anos.

§ 1º - Os avisos de proibição de que trata o inciso I deste artigo serão

afixados em número suficiente para garantir sua visibilidade na totalidade dos respectivos

ambientes, conforme regulamentação a ser expedida pelo Poder Executivo.

§ 2º - Nos estabelecimentos que operam no sistema de autosserviço, tais

como supermercados, lojas de conveniência, padarias e similares, as bebidas alcoólicas deverão

ser dispostas em locais ou estandes específicos, distintos dos demais produtos expostos, com a

afixação da sinalização de que trata o inciso I deste artigo no mesmo espaço.

§ 3º - Além das medidas de que trata o inciso II deste artigo, os

empresários e responsáveis pelos estabelecimentos comerciais e seus empregados ou prepostos

deverão exigir documento oficial de identidade, a fim de comprovar a maioridade do interessado

em consumir bebida alcoólica e, em caso de recusa, deverão abster-se de fornecer o produto.

§ 4º - Cabe aos empresários e responsáveis pelos estabelecimentos

comerciais e aos seus empregados ou prepostos comprovar à autoridade fiscalizadora, quando

por esta solicitado, a idade dos consumidores que estejam fazendo uso de bebidas alcoólicas nas

suas dependências.

§ 5º - vetado.

Artigo 3º - As infrações das normas desta lei ficam sujeitas, conforme o

caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil ou penal e das

definidas em normas específicas:

I - multa;

II - interdição.

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Parágrafo único - As sanções previstas neste artigo poderão ser aplicadas

cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente, de procedimento

administrativo.

Artigo 4º - A multa será fixada em, no mínimo, 100 (cem) e, no máximo,

5.000 (cinco mil) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo – UFESPs para cada infração

cometida, aplicada em dobro na hipótese de reincidência, observada a seguinte gradação:

I - para as infrações de natureza leve, assim consideradas as condutas

contrárias ao disposto no inciso I e no § 1º do artigo 2º:

a) 100 (cem) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante pelo Regime

Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar federal nº

123, de 14 de dezembro de 2006;

b) 500 (quinhentas) UFESPs, para fornecedor que não se enquadre na

hipótese da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000 (seiscentas e

cinquenta mil) UFESPs;

c) 1.500 (mil e quinhentas) UFESPs, para fornecedor cuja receita bruta

anual seja superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;

II - Para as infrações de natureza média, assim consideradas as condutas

contrárias ao disposto no inciso II e no § 2º do artigo 2º desta lei:

a) 150 (cento e cinquenta) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante

pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei

Complementar federal nº 123, de 14 de dezembro de 2006;

b) 750 (setecentas e cinquenta) UFESPs, para fornecedor que não se

enquadre na hipótese da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000

(seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;

c) 2.000 (duas mil) UFESPs, para fornecedor cuja receita bruta anual seja

superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;

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III - Para as infrações de natureza grave, assim consideradas as condutas

contrárias ao disposto no artigo 1º e no artigo 2º, inciso III e §§ 3º e 4º, desta lei:

a) 200 (duzentas) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante pelo

Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei

Complementar federal nº 123, de 14 de dezembro de 2006;

b) 1.000 (mil) UFESPs, para fornecedor que não se enquadre na hipótese

da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil)

UFESPs;

c) 2.500 (duas mil e quinhentas) UFESPs, para fornecedor cuja receita

bruta anual seja superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs.

Artigo 5º - A sanção de interdição, fixada em no máximo 30 (trinta) dias,

será aplicada quando o fornecedor reincidir nas infrações dos artigos 1º e 2º, inciso III e §§ 3º e

4º, desta lei.

Artigo 6º - Na hipótese de descumprimento da sanção de interdição, ou

se for verificada nova infração do disposto nesta lei, será oficiada a Secretaria da Fazenda, que

deverá proceder à instauração de processo para cassação da eficácia da inscrição do fornecedor

infrator no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de

Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação – ICMS, consoante disposto na Lei nº 12.540, de 19 de janeiro de 2007.

Artigo 7º - Considera-se reincidência a repetição de infração de quaisquer

das disposições desta lei, desde que imposta a penalidade por decisão administrativa irrecorrível.

Parágrafo único - Para os fins do disposto no “caput” deste artigo, não

se considera a sanção anterior se entre a data da decisão administrativa definitiva e a da infração

posterior houver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos.

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Artigo 8º - A fiscalização do disposto nesta lei será realizada pelos órgãos

estaduais de defesa do consumidor e de vigilância sanitária, nos respectivos âmbitos de

atribuições, os quais serão responsáveis pela aplicação das sanções decorrentes de infrações às

normas nela contidas, mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa.

Artigo 9º - Passam a vigorar com a seguinte redação os dispositivos

adiante indicados da Lei nº 12.540, de 19 de janeiro de 2007:

I - o artigo 1º:

“Artigo 1º - Será cassada a eficácia da inscrição, no cadastro de

contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre

Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS,

dos fornecedores de produtos ou serviços que venderem, oferecerem, fornecerem, entregarem

ou permitirem o consumo de bebidas alcoólicas, ainda que gratuitamente, aos menores de 18

(dezoito) anos de idade, ou forem flagrados consentindo com o uso ou com a comercialização de

drogas.” (NR);

II - o artigo 2º:

“Artigo 2º - A não conformidade a que se refere o artigo 1º desta lei será

apurada na forma prevista em regulamento.” (NR)

Artigo 10 - O Poder Executivo realizará ampla campanha educativa nos

meios de comunicação, para esclarecimento sobre os deveres, proibições e sanções impostos por

esta lei.

Artigo 11 - Caberá ao Poder Executivo implementar política de prevenção

e atenção às pessoas usuárias e às pessoas dependentes da ingestão de bebidas alcoólicas.

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Artigo 12 - As despesas decorrentes da aplicação desta lei correrão à conta

das dotações próprias consignadas no orçamento, suplementadas se necessário.

Artigo 13 - Esta lei entra em vigor no prazo de 30 (trinta) dias após a data

de sua publicação, ficando revogada a Lei nº 12.224, de 11 de janeiro de 2006.

Palácio dos Bandeirantes, 19 de outubro de 2011. GERALDO ALCKMIN Giovanni Guido Cerri Secretário da Saúde Sidney Estanislau Beraldo Secretário-Chefe da Casa Civil Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 19 de outubro de 2011.

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B) LEI ESTADUAL Nº 10.301, DE 29 DE ABRIL DE 1999 - Proibição de venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 (dezoito) anos

LEI ESTADUAL Nº 10.301, de 29 de abril de 1999

(Projeto de lei nº 39/98, do Deputado Caldini Crespo - PFL)

Dispõe sobre a proibição de venda de bebidas alcoólicas a menores de 18

(dezoito) anos

O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo, nos

termos do artigo 28, § 8º, da Constituição do Estado, a seguinte lei:

Artigo 1º - Fica proibida a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18

(dezoito) anos, pelas casas noturnas, bares, restaurantes e demais estabelecimentos comerciais

localizados no Estado de São Paulo.

Artigo 2º - Vetado.

Artigo 3º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 29 de abril de 1999. a) VANDERLEI MACRIS - Presidente Publicada na Secretaria da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 29 de abril de 1999. a) Auro Augusto Caliman - Secretário Geral Parlamentar

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C) LEI ESTADUAL N.º 10.501, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2000 - Obrigatoriedade da afixação de cartazes alertando sobre os males causados pelo alcoolismo.

LEI ESTADUAL N.º 10.501, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2000.

(Projeto de lei n.º 301/99, do deputado Edir Sales - PL)

Dispõe sobre a obrigatoriedade da afixação de cartazes alertando sobre os

males causados pelo alcoolismo.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte

lei:

Artigo 1º - Os estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas

terão que manter, em local visível e próximo às bebidas quando expostas, cartazes com os

dizeres: "BEBIDA ALCOÓLICA É PREJUDICIAL À SAÚDE, À FAMÍLIA E À

SOCIEDADE".

Parágrafo único Os cartazes deverão ser confeccionados em qualquer

material gráfico, utilizando-se letras maiúsculas, todas da mesma cor, com tamanho mínimo de

2cmx1,5cm (dois centímetros por um centímetro e meio) para cada letra, destacando-as para fácil

leitura.

Artigo 2º - Os infratores estarão sujeitos à multa cominatória diária de 5

(cinco) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo - UFESPs, devida até o cumprimento do

disposto no artigo 1º desta lei.

Artigo 3º - Esta lei entrará em vigor 60 (sessenta) dias após sua publicação,

revogadas as disposições contrárias.

Palácio dos Bandeirantes, aos 16 de fevereiro de 2000. Mário Covas José da Silva Guedes Secretário da Saúde Celino Cardoso Secretário - Chefe da Casa Civil Antonio Angarita Secretário do Governo e Gestão Estratégica Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 16 de fevereiro de 2000.

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D) LEI ESTADUAL Nº 12.224, DE 11 DE JANEIRO DE 2006 - Disciplina o consumo de bebidas alcoólicas

LEI ESTADUAL Nº 12.224, DE 11 DE JANEIRO DE 2006.

(Projeto de lei nº 1301/2003, do Deputado Alberto "Turco Loco" Hiar -

PSDB)

Disciplina o consumo de bebidas alcoólicas.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte

lei:

Artigo 1º - Fica proibida a venda e o oferecimento de bebidas alcoólicas a

menores de 18 (dezoito) anos pelas casas noturnas, bares, restaurantes e similares, no Estado de

São Paulo.

Artigo 2º - O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 60

(sessenta) dias, a contar da sua publicação, estabelecendo os critérios de fiscalização e as

penalidades a serem impostas aos infratores.

Artigo 3º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio dos Bandeirantes, aos 11 de janeiro de 2006. Geraldo Alckmin Hédio Silva Júnior Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania Saulo de Castro Abreu Filho Secretário da Segurança Pública Luiz Roberto Barradas Barata Secretário da Saúde Arnaldo Madeira Secretário-Chefe da Casa Civil Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 11 de janeiro de 2006.

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E) LEI Nº 12.301, DE 16 DE MARÇO DE 2006 - Proíbe o uso de bebidas alcoólicas como premiação a menores de idade em quermesses, clubes sociais, instituições filantrópicas, casas de espetáculos, feiras, eventos ou qualquer manifestação pública.

LEI ESTADUAL nº 12.301, de 16 de março de 2006

(Projeto de lei nº 1122/2003, do Deputado José Bittencourt - PTB)

Proíbe o uso de bebidas alcoólicas como premiação a menores de idade em

quermesses, clubes sociais, instituições filantrópicas, casas de espetáculos, feiras, eventos ou qualquer

manifestação pública.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

Artigo 1º - Fica proibido, no âmbito do Estado, o uso de bebidas que tenham

teor alcoólico como premiação a menores, em quermesses, clubes sociais, instituições filantrópicas, casas

de espetáculos, feiras, eventos ou qualquer outra manifestação pública.

Artigo 2º - Para efeito de aplicação desta lei, considera-se bebida que tenha teor

alcoólico, aquela que contém, no mínimo, 1% de teor alcoólico, descriminado ou não em seu rótulo,

como premiação, brinde, cortesia ou outros modos de gratificação.

Artigo 3º - A sociedade, em conjunto com o Poder Público, Polícia Militar,

Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública, fica responsável pela fiscalização e o cumprimento desta

lei.

Artigo 4º - As pessoas físicas ou jurídicas de direito público e privado que

infringirem quaisquer dos dispositivos desta lei, ficam sujeitas às penalidades previstas no Estatuto da

Criança e do Adolescente.

Parágrafo único - Quando o infrator se tratar de pessoa física ou jurídica que

possui concessão ou autorização pública para a realização do evento, terá sua concessão ou autorização

de funcionamento cassada pelo Poder Público.

Artigo 5º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio dos Bandeirantes, aos 16 de março de 2006. Geraldo Alckmin Luiz Roberto Barradas Barata Secretário da Saúde Saulo de Castro Abreu Filho Secretário da Segurança Pública Arnaldo Madeira Secretário-Chefe da Casa Civil Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 16 de março de 2006.

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Publicada em: D.O.E em 17/03/2006, Seção I - pág. 01 Atualizado em: 20/03/2006 12:51

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F) LEI ESTADUAL Nº 12.540, DE 19 DE JANEIRO DE 2007 - Dispõe sobre a cassação da eficácia da inscrição no cadastro de contribuintes do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação-icms, dos bares, hóteis, restaurantes e similares que venderem bebidas alcóolicas à menores de idade ou forem flagrados consentindo ou comercializando drogas

LEI ESTADUAL Nº 12.540, DE 19 DE JANEIRO DE 2007. (Projeto de lei nº 268/2005, da Deputada Maria Lúcia Amary - PSDB) Dispõe sobre a cassação da eficácia da inscrição no cadastro de

contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação-ICMS, dos bares, hotéis, restaurantes e similares que venderem bebidas alcoólicas à menores de idade ou forem flagrados consentindo ou comercializando drogas

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte

lei: Artigo 1º - Será cassada a eficácia da inscrição, no cadastro de

contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, dos bares, hotéis, restaurantes e similares que venderem bebidas alcoólicas a menores de idade ou forem flagrados consentindo ou comercializando drogas.

Artigo 2º - A não conformidade tratada no artigo anterior será apurada na

forma estabelecida pela Secretaria da Fazenda e comprovada por todos os meios de prova admitidos em direito, ficando o Poder Executivo compelido a regulamentar este artigo, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias.

Artigo 3º - A falta de regularidade da inscrição no cadastro de

contribuintes do ICMS, inabilita o estabelecimento à prática de operações relativas à circulação de mercadorias e de prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.

Artigo 4º - A cassação da eficácia da inscrição do cadastro de

contribuintes do ICMS, prevista no artigo 1º, implicará aos sócios, pessoas físicas ou jurídicas, em conjunto ou separadamente, do estabelecimento penalizado:

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I - o impedimento de exercerem o mesmo ramo de atividade, mesmo que em estabelecimento distinto daquele;

II - a proibição de entrarem com pedido de inscrição de nova empresa, no

mesmo ramo de atividade; Parágrafo único - As restrições previstas nos incisos prevalecerão pelo

prazo de dez anos, contados da data de cassação. Artigo 5º - O Poder Executivo divulgará através do Diário Oficial a

relação dos estabelecimentos comerciais penalizados com base no disposto nesta lei, fazendo constar os respectivos CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, nome completo dos sócios e endereços de funcionamento.

Artigo 6º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio dos Bandeirantes, aos 19 de janeiro de 2007. José Serra Mauro Ricardo Machado Costa Secretário da Fazenda Aloysio Nunes Ferreira Filho Secretário-Chefe da Casa Civil Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa

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6a PARTE – LEGISLAÇÃO MUNICIPAL (modelos)

A) LEI MUNICIPAL Nº 14.450, DE 22 DE JUNHO DE 2007 - Institui o programa de combate à venda ilegal de bebida alcoólica e de desestímulo ao seu consumo por crianças e adolescentes, no âmbito do município de São Paulo.

LEI MUNICIPAL Nº 14.450, DE 22 DE JUNHO DE 2007

INSTITUI O PROGRAMA DE COMBATE À VENDA ILEGAL DE

BEBIDA ALCOÓLICA E DE DESESTÍMULO AO SEU CONSUMO POR CRIANÇAS E

ADOLESCENTES, NO ÂMBITO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO.

(Projeto de Lei nº 630/06, do Vereador Carlos Alberto Bezerra Jr. -

PSDB)

GILBERTO KASSAB, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das

atribuições que lhe são conferidas por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 14 de

junho de 2007, decretou e eu promulgo a seguinte lei:

Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida

Alcoólica e de Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes, no âmbito do

Município de São Paulo.

§ 1º O Programa ora instituído objetiva a execução de um conjunto de

normas e ações que contribuam, efetivamente, para diminuir o consumo de bebida alcoólica por

adolescentes e jovens.

§ 2º Para os efeitos desta lei, considera-se bebida alcoólica a bebida

potável, com qualquer teor de álcool.

DAS MEDIDAS REFERENTES AOS MERCADOS,

SUPERMERCADOS, BARES, RESTAURANTES, LANCHONETES, PADARIAS, CASAS

NOTURNAS, AMBULANTES E ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS DE QUALQUER

ESPÉCIE

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Art. 2º É proibida a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 (dezoito)

anos pelos mercados, supermercados, bares, restaurantes, lanchonetes, padarias, casas noturnas,

ambulantes e estabelecimentos comerciais de qualquer espécie.

Art. 3º O descumprimento ao disposto no art. 2º desta lei sujeitará o

estabelecimento infrator às seguintes penalidades:

I - multa no valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), dobrada

na reincidência;

II - cassação da licença de funcionamento na ocorrência da terceira

infração.

Parágrafo Único - Constatada a irregularidade, além das sanções previstas

no "caput" deste artigo, a Administração Municipal deverá comunicar o fato ao Conselho Tutelar

competente e ao Ministério Público, para a adoção das demais providências pertinentes.

Art. 4º Os novos autos e alvarás de licença de funcionamento a serem

expedidos para os estabelecimentos a que se refere o art. 2º desta lei deverão conter advertência

com o seguinte teor:

"A venda de bebida alcoólica para crianças e adolescentes sujeitará o

infrator à pena de 2 (dois) a 4 (quatro) anos de detenção."

Art. 5º Os bares, restaurantes, lanchonetes, padarias, casas noturnas e

estabelecimentos congêneres deverão veicular, em seus impressos ou dependências, a seguinte

advertência:

"O álcool causa dependência e, em excesso, provoca males à saúde."

Parágrafo Único - O descumprimento ao disposto no "caput" deste artigo

sujeitará o estabelecimento infrator à multa no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais),

dobrada a cada reincidência.

Art. 6º No caso de haver consumação mínima exigida pelo

estabelecimento, os cartões ou vouchers entregues para crianças e adolescentes deverão ser assim

identificados com essa especificação e possuírem cor diferenciada dos demais.

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Parágrafo Único - O descumprimento ao disposto neste artigo acarretará a

aplicação de multa no valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), dobrada a cada

reincidência.

DAS MEDIDAS DE CONSCIENTIZAÇÃO DA SOCIEDADE

SOBRE OS RISCOS DO CONSUMO DE ÁLCOOL PELOS ADOLESCENTES E JOVENS

Art. 7º Fica instituída a Semana Municipal contra o Alcoolismo, a ser

realizada anualmente, no período de 19 a 26 de junho, com o objetivo de estimular a realização

de atividades voltadas à diminuição do consumo do álcool e ao esclarecimento da sociedade

quanto aos riscos e males por ele causados.

§ 1º No período referido no "caput" deste artigo e periodicamente,

durante o ano, serão realizadas palestras e seminários sobre o alcoolismo, tendo como público-

alvo os alunos das escolas públicas municipais de ensino fundamental e médio, os jovens em

geral, os pais e os proprietários de estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas.

§ 2º A Semana ora instituída será incluída no Calendário Oficial de

Eventos do Município de São Paulo.

Art. 8º Será realizado curso de prevenção ao alcoolismo para os

Conselheiros Tutelares do Município de São Paulo, os quais poderão, a critério da Administração

Municipal, ser incluídos nas atividades de capacitação técnico-científica dos professores da Rede

Municipal de Ensino, a que se refere o Decreto nº 42.216, de 23 de julho de 2002.

Art. 9º Na formulação de estratégias e políticas de combate ao alcoolismo,

o Executivo utilizará bancos de dados relativos a padrões de consumo de álcool por jovens,

disponibilizados por instituições e entidades públicas e privadas especializadas.

Art. 10 O Executivo deverá divulgar à população, inclusive por intermédio

das mensagens institucionais veiculadas nos ônibus municipais, o Disque Viva Voz - 0800 510

0015 - serviço gratuito de informações e orientações sobre o consumo indevido de álcool.

Art. 11 Visando à execução desta lei e à realização das atividades nela

previstas, o Executivo contará com a contribuição do Conselho Municipal de Políticas Públicas

de Drogas e Álcool - COMUDA e o apoio das Secretarias Municipais da Saúde, de Educação e

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de Assistência e Desenvolvimento Social, podendo firmar convênios e parcerias com outras

entidades governamentais e não-governamentais.

Art. 12 O Executivo regulamentará esta lei, no que couber, no prazo de 90

(noventa) dias contados da data de sua publicação.

Art. 13 As despesas decorrentes da execução desta lei correrão por conta

das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.

Art. 14 Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as

disposições em contrário.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 22 de junho de

2007, 454º da fundação de São Paulo.

GILBERTO KASSAB, PREFEITO Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 22 de junho de 2007. CLOVIS DE BARROS CARVALHO, Secretário do Governo Municipal DATA DE PUBLICAÇÃO: 23/06/2007.

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B) DECRETO MUNICIPAL Nº 49.662, DE 20 DE JUNHO DE 2008 - Regulamenta a Lei nº 14.450, de 22 de junho de 2007, que institui o Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida Alcoólica e de Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes no âmbito do Município de São Paulo.

DECRETO MUNICIPAL Nº 49.662, DE 20 DE JUNHO DE 2008

Regulamenta a Lei nº 14.450, de 22 de junho de 2007, que institui o Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida Alcoólica e de Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes no âmbito do Município de São Paulo.

GILBERTO KASSAB, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei,

DECRETA: Art. 1º. A implementação do Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida Alcoólica e de Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes no âmbito do Município de São Paulo, instituído pela Lei nº 14.450, de 22 de junho de 2007, deverá observar as normas, critérios e procedimentos estabelecidos na referida lei e neste decreto.

Parágrafo único. Para efeitos de aplicação da Lei nº 14.450, de 2007, e deste decreto, considera-se bebida alcoólica toda bebida potável, com qualquer teor de álcool.

CAPÍTULO I DAS AÇÕES A SEREM EMPREENDIDAS PARA A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA

Art. 2º. As ações voltadas à consecução das finalidades do Programa de que trata este decreto terão caráter tanto preventivo quanto repressivo.

Art. 3º. São medidas de caráter preventivo, que devem ser realizadas pelos órgãos executores competentes, dentre outras:

I - realização periódica de palestras e seminários sobre o alcoolismo, tendo como público-alvo os alunos das escolas públicas municipais de ensino fundamental e médio, os jovens em geral, os pais e os proprietários de estabelecimentos que comercializem bebidas alcoólicas;

II - organização da SEMANA MUNICIPAL CONTRA O ALCOOLISMO, a ser realizada anualmente, no período compreendido entre os dias 19 e 26 de junho, com o objetivo de estimular a realização de atividades voltadas à diminuição do consumo de álcool e ao esclarecimento da sociedade quanto aos riscos e males por ele causados;

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III - realização de curso de prevenção ao alcoolismo para os Conselheiros Tutelares do Município de São Paulo, os quais poderão ser incluídos nas atividades de capacitação técnico-científica dos professores da rede Municipal de Ensino, a que se refere o Decreto nº 42.216, de 23 de julho de 2002;

IV - elaboração de um calendário de atividades, devendo observar um período máximo de 30 (trinta) dias entre dois eventos consecutivos, excetuados aqueles promovidos durante a SEMANA MUNICIPAL CONTRA O ALCOOLISMO, que deverão ser realizados em todos os dias dessa semana;

V - divulgação, junto à população em geral, inclusive por intermédio das mensagens institucionais veiculadas nos ônibus municipais, do DISQUE VIVA VOZ - 08005100015 - serviço gratuito de informações e orientação sobre o consumo indevido de álcool.

Art. 4º. Constituem medidas de caráter repressivo, a serem executadas pelos órgãos competentes envolvidos, as seguintes penalidades:

I - aplicação de multa no valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), dobrada na reincidência, aos mercados, supermercados, bares, restaurantes, lanchonetes, padarias, casas noturnas, ambulantes e estabelecimentos comerciais de qualquer espécie que venderem bebidas alcoólicas a menores de 18 (dezoito anos);

II - cassação do Auto de Licença de Funcionamento ou do Alvará de Funcionamento, na hipótese de ser constatada a prática da terceira infração pelo mesmo estabelecimento;

III - aplicação de multa no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), dobrada a cada reincidência, aos bares, restaurantes, lanchonetes, padarias, casas noturnas e estabelecimentos congêneres que não veicularem, em seus impressos ou dependências, a seguinte advertência: "O álcool causa dependência e, em excesso, provoca males à saúde";

IV - aplicação de multa no valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), dobrada a cada reincidência, aos estabelecimentos que exigirem consumação mínima e entregarem, para consumo, a crianças e adolescentes, cartões e "vouchers" sem referência explicita a essa condição e em cor não diferenciada dos demais.

Parágrafo único. Na hipótese de reincidência a que se refere o inciso I do "caput" deste artigo, quando for lavrada a segunda multa, o estabelecimento infrator deverá ser intimado do número de ordem da infração cometida, bem como cientificado de que a prática da terceira transgressão ao disposto no artigo 2º da Lei nº 14.450, de 2007, e no inciso I do "caput" deste artigo acarretará a cassação do respectivo Auto de Licença de Funcionamento ou do Alvará de Funcionamento.

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CAPÍTULO II

DAS AÇÕES FISCALIZATÓRIAS

Art. 5º. As ações fiscalizatórias para verificação do cumprimento às disposições da Lei nº 14.450, de 2007, e deste decreto serão realizadas de maneira planejada e, preferencialmente, estruturadas sob a forma de "comandos", visando otimizar a aplicação dos recursos humanos e materiais disponíveis, com o objetivo de ampliar a sua efetividade.

§ 1º. O planejamento referido no "caput" deste artigo implicará a adoção das seguintes medidas preliminares, dentre outras:

I - identificação prévia dos locais que mereçam especial atenção da fiscalização em razão da alta freqüência de jovens, tais como as áreas próximas de escolas, clubes, academias e os assim denominados "points";

II - levantamento e alocação dos recursos humanos e materiais para a realização das vistorias nos locais especificados no inciso I do § 1º deste artigo, bem como em outros não considerados inicialmente;

III - elaboração de um calendário de vistorias a ser distribuído entre os órgãos representados nos "comandos";

IV - expedição de ofícios às autoridades policiais das áreas escolhidas para a realização das ações fiscalizatórias, solicitando acompanhamento policial durante a execução dessas ações, em virtude de a venda de bebidas alcoólicas para menores ser, sobretudo, uma infração penal, havendo a necessidade de se exigir, nessas ocasiões, a apresentação de documento de identificação de pessoas.

§ 2º. Os "comandos" referidos no "caput" deste artigo serão constituídos, basicamente, por integrantes do Corpo de Agentes Fiscalizadores das Subprefeituras, técnicos do Departamento de Controle de Uso de Imóveis - CONTRU da Secretaria Municipal de Habitação - SEHAB, e por representantes do Conselho Municipal de Políticas Públicas de Drogas e Álcool - COMUDA, vinculado à Secretaria Municipal de Participação e Parceria - SMPP, bem como por representantes dos Conselhos Tutelares, da Guarda Civil Metropolitana - GCM e da Polícia Militar.

§ 3º. A critério da coordenação desses "comandos", poderão ser convidados também representantes de outros órgãos municipais para integrá-los, por sua afinidade com os objetivos do Programa, tais como as Secretarias Municipais da Saúde, de Educação e de Assistência e Desenvolvimento Social, as quais, nessas ocasiões, poderão promover ações de caráter didático-educativo junto ao público-alvo.

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§ 4º. Os "comandos" atuarão periodicamente, com intervalo máximo de 30 (trinta) dias entre duas vistorias consecutivas.

§ 5º. A estruturação da fiscalização sob a forma de "comandos" não exclui a verificação do cumprimento da Lei nº 14.450, de 2007, e deste decreto em vistorias de rotina, realizadas pelo Corpo de Agentes Fiscalizadores das Subprefeituras.

§ 6º. Se, durante a realização das vistorias de rotina, for constatada a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 (dezoito) anos, além da aplicação das sanções previstas na Lei nº 14.450, de 2007, deverá ser dada ciência ao Conselho Municipal de Políticas Públicas de Drogas e Álcool - COMUDA, para que comunique a infração ao Conselho Tutelar competente e ao Ministério Público, visando à adoção das demais providências pertinentes.

CAPÍTULO III

DAS ATRIBUÍÇÕES

Art. 6º. Competirá ao Conselho Municipal de Políticas Públicas de Drogas e Álcool - COMUDA a coordenação geral da implantação e execução do Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida Alcoólica e de Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes no âmbito do Município de São Paulo.

Parágrafo único. A coordenação a que se refere o "caput" deste artigo abrangerá, basicamente, as seguintes atribuições:

I - estabelecimento de articulação e canais de comunicação entre todos os órgãos envolvidos, de modo a agilizar a veiculação de informações, favorecendo a consecução dos objetivos do Programa;

II - planejamento e desenvolvimento das atividades descritas nos incisos I e V do artigo 3º deste decreto, conjuntamente com os demais órgãos envolvidos mencionados na Lei nº 14.450, de 2007, e neste decreto, observadas as especificidades e competências de cada um;

III - planejamento das vistorias e organização dos "comandos", no que se refere às atividades mencionadas nos incisos I e III do § 1º artigo 5º deste decreto;

IV - comunicação, ao Conselho Tutelar competente e ao Ministério Público, das irregularidades constatadas em vistoria, para a adoção das demais providências pertinentes, conforme disposto no parágrafo único do artigo 3º da Lei nº 14.450, 2007, e no § 6º do artigo 5º deste decreto.

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Art. 7º. Após o recebimento do calendário de vistorias a ser elaborado pelo COMUDA, competirá às Subprefeituras, por intermédio dos respectivos Gabinetes e Coordenadorias de Planejamento e Desenvolvimento Urbano - CPDU, adotar as seguintes medidas:

I - levantamento e alocação de recursos humanos e materiais necessários para a realização das vistorias, nas datas fixadas no calendário e nos locais situados na sua área de atuação;

II - encaminhamento de ofícios às autoridades policiais competentes para atuar nas áreas a serem vistoriadas, conforme previsto no inciso IV do § 1º do artigo 5º deste decreto; III - encaminhamento de ofícios à Guarda Civil Metropolitana - GCM para acompanhamento das ações fiscalizatórias, em consonância com o disposto no artigo 10 deste decreto;

IV - aplicação das sanções previstas no artigo 4º deste decreto, excetuada a cassação dos Alvarás de Funcionamento cuja competência para emissão seja do Departamento de Controle e Uso de Imóveis - CONTRU da Secretaria Municipal de Habitação;

V - execução das providências previstas no parágrafo único do artigo 4º e no § 6º do artigo 5º, ambos deste decreto.

Art. 8º. Competirá ao Departamento de Controle de Uso de Imóveis - CONTRU da Secretaria Municipal de Habitação:

I - designar um representante para atuar durante a realização dos "comandos", no âmbito de suas atribuições legais, especialmente quando se tratar de vistorias em estabelecimentos cujo licenciamento seja de sua competência;

II - informar ao COMUDA a designação do representante mencionado no inciso I deste artigo;

III - proceder à cassação dos Alvarás de Funcionamento a que se refere o inciso II do "caput" do artigo 4º deste decreto, no âmbito de sua competência.

Art. 9º. Caberá aos Conselhos Tutelares e às Secretarias Municipais da Saúde, de Educação e de Assistência e Desenvolvimento Social subsidiar o COMUDA, quando necessário, no âmbito das respectivas competências, visando à consecução dos objetivos e finalidades da Lei nº 14.450, de 2007, e deste decreto, especialmente quando da realização da Semana Municipal Contra o Alcoolismo, ocasião em que, dentre outras providências, deverá ser dada ampla publicidade, junto ao público em geral, dos programas em curso desenvolvidos por

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esses órgãos, enfatizando-se os malefícios causados ao organismo humano, decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas.

Art. 10. Caberá à Guarda Civil Metropolitana - GCM o acompanhamento das ações fiscalizatórias e a prática de atos inseridos no âmbito de suas competências legais, com o intuito de garantir a segurança da atuação dos integrantes dos "comandos".

CAPÍTULO IV

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 11. Nas ações fiscalizatórias a serem empreendidas para coibir a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 (dezoito) anos por permissionários do comércio ambulante, referidos no artigo 2º da Lei nº 14.450, de 2007, deverá ser observada a legislação específica, em especial a Lei nº 11.039, de 23 de agosto de 1991, com as alterações posteriores, e o Decreto nº 42.600, de 11 de novembro de 2002, que também contemplam a proibição da venda desses produtos ao público em geral.

Art. 12. As Secretarias às quais estejam subordinados os órgãos integrantes do Programa, referidas na Lei nº 14.450, de 2007, e neste decreto, poderão celebrar convênios e parcerias com outras entidades governamentais e não-governamentais visando à plena execução do disposto na mencionada lei e neste decreto, observada a legislação municipal pertinente.

Art. 13. Os novos Autos de Licença de Funcionamento e Alvarás de Funcionamento a serem expedidos para os estabelecimentos a que se refere o artigo 2º da Lei nº 14.450, de 2007, deverão conter advertência com o seguinte teor: "A venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes sujeitará o infrator à pena de 2 (dois) a 4 (quatro) anos de detenção".

Art. 14. Para os fins do artigo 5º da Lei nº 14.450, de 2007, consideram-se impressos os cardápios dos respectivos estabelecimentos.

Art. 15. Na formulação de políticas públicas de combate ao alcoolismo, os órgãos executores deverão utilizar bancos de dados relativos a padrões de consumo de álcool por jovens, disponibilizados por instituições públicas e privadas especializadas.

Art. 16. Anualmente, a partir da vigência deste decreto, o COMUDA deverá encaminhar relatório à Secretaria do Governo Municipal - SGM, informando as ações empreendidas no desenvolvimento do Programa, para ciência e avaliação.

Art. 17. Os órgãos executores poderão expedir portaria conjunta contendo normas complementares necessárias ao cumprimento deste decreto.

Art. 18. As despesas decorrentes da execução deste decreto correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.

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Art. 19. Este decreto entrará em vigor no prazo de 30 (trinta) dias contados da data de sua publicação.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 20 de junho de 2008, 455º da fundação de São Paulo.

GILBERTO KASSAB, PREFEITO ANGELO ANDREA MATARAZZO, Secretário Municipal de Coordenação das Subprefeituras Publicado na Secretaria do Governo Municipal, em 20 de junho de 2008. CLOVIS DE BARROS CARVALHO, Secretário do Governo Municipal