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Plano Geral de Atuação – 2011
Manual de Apoio tecnicojurídico
Eixo:
Enfrentamento à venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes
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Produção:
Centro de Apoio Cível e de Tutela Coletiva
Coordenação da Área da Infância e Juventude
Jorge Luiz Ussier
Procurador de Justiça
Coordenador Geral do CAO Cível e de Tutela Coletiva
Tiago Cintra Zarif
Procurador de Justiça
Coordenador Geral Adjunto do CAO Cível e de Tutela Coletiva
Lélio Ferraz de Siqueira Neto e Fernando Henrique de Moraes Araújo
Promotores de Justiça – Coordenadores da área da infância e juventude
Equipe Técnica
Isabel Campos de Arruda e Rachel Fernanda Matos dos Santos
Assistentes Sociais do Centro de Apoio Cível e de Tutela Coletiva
Gustavo Barros
Médico psiquiatra – UNIFESP – Assistente Técnico (ATP) do Centro de Apoio Cível e de Tutela
Coletiva
Maria de Fátima Moraes Tedesco Vourodimos – Oficial de Promotoria Chefe
Maria Carla Mejuto – Oficial de Promotoria
Valdemir da Silva Araújo – Auxiliar de Promotoria
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SUMÁRIO
1a Parte do Material de Apoio (Enfoque na atuação prática – tutela coletiva)
1. Introdução................................................................................................................................... 06
2. Histórico do processo político de aprovação da Lei Estadual n. 14.592/11.................... 07
A) Em 14/06/2011: Evento do MP sobre álcool e drogas na adolescência reúne cerca de mil
pessoas.............................................................................................................................................. 09
B) Em 1o/08/2011: Estado lança programa de prevenção ao consumo de álcool na infância
em coordenação com o MP......................................................................................................... 19
C) Em 19/10/2011 – Resultado Final – Sancionada Lei Estadual para coibir comercialização e
consumo de álcool na infância e adolescência............................................................................ 24
3. Roteiro de sugestões – para obter efetividade no enfrentamento à venda e consumo de
bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes.......................................................................... 27
4. Roteiro de Peças Práticas disponibilizadas............................................................................. 30
5. Quadro sinótico das peças práticas.......................................................................................... 32
2a Parte do Material de Apoio (peças práticas)................................................................... 33
1. Modelos de peças práticas......................................................................................................... 33
A) Modelo de Portaria de IC para apuração/responsabilização civil de estabelecimentos
infratores da Lei Estadual n. 14.592/11...................................................................................... 33
B) Modelo de Recomendação – Fiscalização da venda de bebidas alcoólicas a crianças e
adolescentes e cumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11 e do disposto na Lei Federal n.
8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente).................................................................... 36
C) Minuta de Compromisso de Ajustamento de Conduta – infração de venda/comércio de
bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes.............................................................................. 39
D) Modelo de Ofício – destinado à Vigilância Sanitária Estadual com cópias de autos de
Inquérito Civil, comunicando o descumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11 para obter-se a
devida responsabilização administrativa..................................................................................... 44
4
E) Modelo de Ofício – Destinado à Prefeitura Municipal, PROCON e/ou Vigilância Sanitária
Municipais em cidades em que não haja Vigilância ou PROCON Estaduais, para que auxiliem
na fiscalização do cumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11.............................................. 47
3a Parte do Material de Apoio - Doutrina e Referencial Técnico................................. 50
A) Artigo: “Adolescência e fatores de risco e proteção para o uso indevido de
álcool”............................................................................................................................................. 50
B) Artigo: “Propostas para evitar o consumo de álcool entre adolescentes – Sintonia com a
Estratégia Global da Organização Mundial da Saúde em relação ao Álcool - Resolução da 63ª
Assembléia Mundial da Saúde de Maio de 2010”.................................................................... 62
4ª Parte do Material de apoio – Políticas, Programas e Projetos................................ 81
A) Decreto nº 6.117, de 22 de maio de 2007 - Aprova a Política Nacional sobre o Álcool/
medidas para redução do uso indevido de álcool e sua associação com a violência e
criminalidade, e dá outras providências..................................................................................... 81
B) Anexo I – Política Nacional sobre o Álcool........................................................................ 82
C) Decreto nº 32.108, de 25 de agosto de 2010 - Institui a Política Distrital sobre Drogas e
cria o Sistema Distrital de Política sobre Drogas..................................................................... 89
D) Projeto – Município de PAULÍNIA - SP – Anteprojeto de uma Intervenção Comunitária
no Uso de Substâncias Psicoativas para a cidade de
Paulínia........................................................................................................................................... 102
5ª Parte do Material de apoio – Leis Estaduais a respeito do tema........................... 119
A) Lei Estadual nº 14.592, de 19 de outubro de 2011 - Proíbe vender, ofertar, fornecer,
entregar ou permitir o consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de
18 (dezoito) anos de idade.......................................................................................................... 119
B) Lei Estadual nº 10.301, de 29 de abril de 1999 - Proibição de venda de bebidas alcoólicas a
menores de 18 (dezoito) anos.................................................................................................... 125
5
C) Lei Estadual nº 10.501, de 16 de fevereiro de 2000 - Obrigatoriedade da afixação de
cartazes alertando sobre os males causados pelo alcoolismo............................................... 126
D) Lei Estadual nº 12.224, de 11 de janeiro de 2006 - Disciplina o consumo de bebidas
alcoólicas...................................................................................................................................... 128
E) Lei Estadual nº12.301, de 16 de março de 2006- Proíbe o uso de bebidas alcoólicas como
premiação a menores de idade em quermesses, clubes sociais, instituições filantrópicas, casas
de espetáculos, feiras, eventos ou qualquer manifestação pública......................................... 129
F) Lei Estadual nº 12.540, de 19 de janeiro de 2007 – Dispõe sobre a cassação da eficácia da
inscrição no cadastro de contribuintes do imposto sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação-ICMS, dos bares, hotéis, restaurantes e similares que venderem bebidas
alcoólicas a menores de idade ou forem flagrados consentindo ou comercializando
drogas............................................................................................................................................. 131
6ª Parte do Material de apoio – Legislação Municipal (modelos)............................. 133
A) Lei Municipal nº 14.450, de 22 de junho de 2007 - Institui o programa de combate à venda
ilegal de bebida alcoólica e de desestímulo ao seu consumo por crianças e adolescentes, no
âmbito do município de São Paulo........................................................................................... 133
B) Decreto nº 49.662, de 20 de junho de 2008 - Regulamenta a Lei nº 14.450, de 22 de junho
de 2007, que institui o Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida Alcoólica e de
Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes no âmbito do Município de São
Paulo............................................................................................................................................. 137
6
1. INTRODUÇÃO
A área da infância e juventude deve, por comando constitucional, ser
tratada como prioridade absoluta (artigo 227 da Carta Magna). Além deste argumento, as recentes
mudanças normativas internas e o objetivo do Plano Geral de Atuação aprovado para o ano
de 2011 levaram o Centro de Apoio Cível e de Tutela Coletiva – área da infância e juventude
– a idealizar a elaboração do presente material de apoio tecnicojurídico.
O presente material se justifica em decorrência da necessidade de
enfrentamento do consumo de álcool por crianças e adolescentes, notadamente em razão da
aprovação da Lei Estadual n. 14.592/11, que dispõe sobre a proibição de venda e
comercialização de bebidas alcoólicas (a despeito da existência da tipificação da conduta,
conforme previsto no artigo 243 da Lei Federal n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do
Adolescente).
A finalidade do Centro de Apoio Cível é disponibilizar material de apoio
que permita ao Promotor de Justiça da Infância e Juventude, extrajudicial ou judicialmente,
cobrar a fiscalização, repressão e responsabilização de comerciantes e empresários que
comercializem bebidas alcoólicas ou permitam seu consumo nas dependências de seus
estabelecimentos comerciais.
Esclarece-se, por fim, que referido material – embora destacado (a fim de
permitir melhor manuseio e atuação prática diária) – faz parte de um contexto mais amplo (de
uma Política local de atenção a crianças e adolescentes usuários de álcool e outras drogas).
São Paulo, novembro de 2011.
CENTRO DE APOIO CÍVEL E DE TUTELA COLETIVA
Coordenação da área da Infância e Juventude
7
2. HISTÓRICO DO PROCESSO POLÍTICO DE APROVAÇÃO DA LEI ESTADUAL
N. 14.592/11
Para que os Promotores de Justiça da infância e juventude compreendam
o processo historicopolítico relativo à aprovação da Lei Estadual n. 14.592/11 o Centro de
Apoio Operacional Cível (área da infância e juventude) apresenta breve explicação a respeito da
atuação do Ministério Público em tal contexto.
Desde meados de 2008 a Coordenação da área da infância e juventude do
CAO Cível vem promovendo contato com a Secretaria Estadual de Saúde e com renomados
profissionais da área da saúde mental do Estado das diversas instituições de ensino superior, com
o objetivo de alcançar a implementação de política pública de saúde mental em âmbito estadual.
Após longo processo de discussão, neste ano de 2011 o Governo do
Estado de São Paulo aceitou implementar uma das linhas de ação propostas pelo Ministério
Público de São Paulo para o enfrentamento da questão referente à venda e consumo de álcool
por crianças e adolescentes.
As notícias publicadas no portal do Ministério Público de São Paulo
(abaixo transcritas) abreviadamente esclarecem esse processo, que demonstra atuação em tudo
ajustada ao que a doutrina mais especializada sobre o tema de há muito propõe:
“Nenhum Ministério Público, em todo o mundo, ostenta volume tão grande de tão diversificadas e relevantes atribuições. (...) No exercício desse mister, tem contato diário, sistemático e concreto com a aplicação prática dessas leis, encontrando-se, pois, em posição privilegiada para verificar suas imperfeições, as omissões que mais frequentemente permitem àqueles que as descumprirem escapar das sanções previstas, as dificuldades reais de fiscalização e o que seria necessário para tornar mais efetivo esse controle. (...) Poderia, além disso, elaborar toda uma revisão do sistema normativo no tocante a uma área determinada (por exemplo, no que diz respeito à execução da pena, ao
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sistema eleitoral, ou à poluição de mananciais), sugerindo a revogação de textos de lei, a alteração ou edição de outros. Poderia sugerir a adoção de políticas públicas para assegurar a observância dessas leis. O Ministério Público, em suma, pela rica experiência advinda do trato diário com a aplicação de inúmeras das leis mais importantes do sistema legal positivo, poderia e deveria desempenhar papel destacado no esforço de assegurar efetividade a certas normas, esforço esse que aqui denominamos de enforcement. Para tanto, seria indispensável que ele se organizasse para desenvolver de modo sistemático essa análise. Contando com a participação de todos os promotores, os Centros de Apoio Operacional poderiam, por exemplo, elaborar relatório anual em que analisariam, cada um em sua área específica de atuação, os problemas enfrentados, apresentando sugestões para eliminá-lo. (...) A divulgação desses estudos e informações seria importante contribuição social prestada pela Instituição e ensejaria, num momento seguinte, maior aproximação com os Poderes Legislativo e Executivo: dever-se-ia tornar institucional e permanente o contato do Ministério Público com ambos, a fim de discutir questões relacionadas com a aplicação daquelas leis (enforcement). (...) Esses dois Poderes do Estado têm todo interesse em receber esse auxílio, que tornaria mais eficiente suas ações e elevaria o reconhecimento que lhe devota a sociedade e, pois, seu prestígio. O Ministério Público, dessa forma, seria um parceiro importante do Legislativo e do Executivo, fundamental mesmo para a eficaz aplicação das leis.”1
O resultado da atuação do Ministério Público foi a aprovação da Lei
Estadual n. 14.592/11, grande passo para coibir a venda e o consumo de álcool por crianças e
adolescentes no Estado de São Paulo.
1 FERRAZ, Antônio Augusto Mello de Camargo. FERRAZ, Patrícia André de Camargo. Ministério Público: Instituição e processo. São Paulo: Atlas, 1997. p. 120-121.
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A) Em 14/06/2011: Evento do MP sobre álcool e drogas na adolescência reúne
cerca de mil pessoas
Cerca de mil pessoas assistiram ao evento “Prevenção e tratamento de
drogas na adolescência: intervenção baseada em evidências”, promovido nesta terça-feira
(14/06/2011) pelo Ministério Público, por meio do Centro de Apoio Operacional Cível e de
Tutela Coletiva (CAO-Cível), com apoio da Escola Superior do MP (ESMP), Associação Paulista
do MP, Instituto Bairral, Sociedade Paulista de Desenvolvimento da Medicina e da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp). O público lotou o Auditório Ulisses Guimarães, no Palácio dos
Bandeirantes, sede do governo estadual.
Ao falar sobre a importância do evento, o Procurador-Geral de Justiça
Fernando Grella Vieira disse que uma recente pesquisa mostrou que o consumo de crack não
está mais restrito às grandes cidades brasileiras, mas em todos os municípios do País. “Apesar do
aumento no consumo da droga no Brasil, o Poder Público, vale dizer, União, Estados e Municípios pouco tem
avançado no enfrentamento do problema. E na área da infância e juventude a situação é ainda mais grave”,
lembrou Grella. E completou: “É aí que entra o MP, pois sendo órgão de defesa da sociedade, deve servi-la
levando ao Poder Público tal pleito de implementação de políticas públicas voltadas à solução dos problemas
sociais”.
10
Procurador-geral Fernando Grella: implementação de políticas públicas voltadas aos problemas sociais
O Diretor da Escola Superior do Ministério Público de São Paulo,
Procurador de Justiça Mário Luiz Sarrubbo, destacou a oportunidade de se debater o problema.
“Com este evento, estamos pensando 10, 20, 30 anos adiante. Vivemos uma guerra que só venceremos quando
conseguirmos desviar as crianças e os adolescentes dessa rota de álcool e drogas”.
11
Diretor da ESMP, Mário Sarrubbo: vivemos uma guerra
O secretário estadual da Saúde, Giovanni Guido Cerri, lembrou o
empenho do Governo do Estado no combate às drogas: “Temos nos preocupado muito com o assunto, e
tenho certeza que a partir deste e outros eventos poderemos montar um plano de ação para os próximos anos”.
12
Secretário de Saúde Giovanni Guido: plano de ação para os próximos anos
13
Outro palestrante no evento, o médico psiquiatra Ronaldo Laranjeira,
diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras
Drogas, destacou: “A combinação de vários setores da sociedade, uma verdadeira rede social, pode diminuir o
custo social das drogas. O objetivo é termos ações concretas a partir da definição de qual o melhor estilo de
tratamento, em especial para crianças e adolescentes”.
14
Psiquiatra Ronaldo Laranjeira: ações concretas
Para o coordenador da área da Infância e Juventude do CAO-Cível,
promotor de Justiça Lélio Ferraz de Siqueira Neto, a articulação é essencial nessa luta. “É
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importante a participação de todos, uma articulação da sociedade para a luta contra as drogas. Temos que sair
daqui com propostas, estimulados para mudanças. Temos que montar uma estrutura formativa e não reativa”.
Ele também destacou o papel do promotor de Justiça nesse esforço: “O promotor da Infância e da
Juventude é o elo para integrar a sociedade; deve ser um agente catalisador na batalha contra as drogas”.
Coordenador da área da Infância e Juventude Lélio Ferraz: promotor é o elo para integrar a sociedade
O norte-americano Ken Winters, especialista em pesquisas de prevenção e
tratamento de adolescentes usuários e dependentes de drogas, membro do Departamento de
16
Psicologia da Universidade de Minnesota e cientista sênior do Instituto de Pesquisas de
Tratamentos da Filadélfia, foi o principal palestrante do evento.
Dr. Ken Winters: foco na prevenção do uso de álcool por adolescentes é fundamental
Winters fez uma explanação de como é feita a prevenção nos EUA: “Nós
temos 14 princípios que nos norteiam para a prevenção, uma espécie de mapa para nos organizarmos. São
princípios que falam em como reduzir os riscos, atendimento de todas as formas de abuso geradas pelo uso de
drogas, definição de público alvo, planejamento familiar e dentro das escolas, planos de prevenção, e como envolver
a sociedade, os líderes comunitários, e, finalmente, a implementação desse projeto”.
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Outro destaque dado pelo especialista norteamericano foi no plano
econômico. “Temos estudos comprovando que cada dólar investido em prevenção, gera, no futuro, uma economia
de 3 a 10 dólares”, destacou. Segundo ele, “a economia se faz no campo da saúde, no sistema penitenciário, no
tempo que se ganha com processos que deixam de tramitar na Justiça”. E citou um exemplo: “Os adolescentes
inseridos em programas de prevenção às drogas, dirigem melhor e causam menos acidentes que os que não
receberam. Isso gera uma economia significativa”.
“O nosso programa de prevenção e combate às drogas e ao álcool inclui um elemento
muito importante: a família. É na relação familiar, na comunicação dos pais com os filhos que está a maior
chance de sucesso desse programa” enfatizou Winters. Para ele, “é preciso que os pais reduzam a disciplina
rígida, a ausência, e deem o exemplo, não usando drogas e abusando de bebidas, o que vale também para os
irmãos mais velhos. É preciso também que o programa cuide de familiares de adolescentes que tenham problemas
psíquicos. Na outra mão, é preciso aumentar a disciplina consistente, a relação familiar, o monitoramento dos
adolescentes, estimular a comunicação na família, os pais precisam interagir com seus filhos”.
Ele também falou da importância de trazer todos os parceiros possíveis:
“O plano de prevenção deve incluir líderes comunitários, educadores, todo o material humano possível. Os melhores
resultados acontecem quando se usa todos os personagens, quando todos os setores da sociedade participam”.
Outro fator destacado por Winders foi a persistência. “Após a escolha de
qual projeto aplicar, é preciso persistir no projeto, manter-se dentro do planejamento”. Ele também lembrou
que os educadores devem buscar conhecer quem e o que é o adolescente: “Muitos se esquecem o que
é ser adolescente. Temos que reconhecer que o adolescente quer se separar do adulto. É importante que os
educadores trabalhem como mentores, orientadores e não como mandões, dando as cartas aos jovens”.
Prestigiaram o evento, que teve tradução online pela internet e para
LIBRAS, por meio do intérprete Gualter Vieira da Costa, o subprocurador-geral de Justiça de
Gestão, Márcio Fernando Elias Rosa; o procurador de Justiça e coordenador adjunto do CAO-
18
Cível, Tiago Cintra Zarif; o coordenador da área da Infância e Juventude do CAO-Cível,
promotor de Justiça Fernando Henrique de Moraes Araujo; o Desembargador José Amado de
Faria Souza, representando o presidente do Tribunal de Justiça; os deputados estaduais Donisete
Pereira Braga e Orlando Bolçone; além de promotores de Justiça, professores, médicos, e
representantes da sociedade civil.
Cerca de mil pessoas estiveram presentes ao evento
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B) Em 1o/08/2011: Estado lança programa de prevenção ao consumo de álcool na
infância em coordenação com o MP
O Governo do Estado de São Paulo lançou, nesta segunda-feira
(1o/08/2011), um programa para enfrentamento à venda de bebidas alcoólicas para crianças e
adolescentes, projeto que foi inicialmente discutido e gestado com o Ministério Público em
coordenação com vários órgãos do Estado envolvidos com a área da Infância e Juventude.
Governador Geraldo Alckmin: projeto prevê punição para quem vender álcool a menores
20
O programa do Governo inclui ações para tratamento, educação e
fiscalização do consumo indevido por álcool por adolescentes nos estabelecimentos comerciais
do Estado. Na solenidade de lançamento do programa, que contou com a presença do
Procurador-Geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, o governador Geraldo Alckmin assinou o
projeto de Lei de autoria do Executivo, enviado à Assembleia Legislativa, que prevê punições
severas para estabelecimentos comerciais que venderem ou permitirem o consumo de bebidas
alcoólicas por menores de idade.
O trabalho articulado entre MP e Governo do Estado começou no dia 14
de junho, com a realização de uma palestra do médico psiquiatra norte-americano Ken Winters,
especialista em prevenção e tratamento de adolescentes usuários de álcool e drogas, promovida
pelo MP no Auditório Ulisses Guimarães, no Palácio dos Bandeirantes, que teve mais de 900
pessoas na platéia.
"A nossa proposta é não ter nem a venda e nem a possibilidade de consumo de álcool
para menores de 18 anos em nenhum estabelecimento comercial. É um grande trabalho, um verdadeiro pacto pela
infância e pela juventude”, afirmou o Governador durante o lançamento do programa que envolve
também diversas secretariais estaduais, como Saúde, Educação, Segurança Pública, Justiça e
Comunicação, além de órgãos como o Procon-SP e a Vigilância Sanitária Estadual.
O Governador explicou que, se o projeto de Lei enviado à Assembléia
Legislativa for aprovado, o estabelecimento que vender bebida alcoólica a menor ou permitir que
o menor consuma bebida alcoólica no local será multado e, em caso de reincidência, poderá ter
cassado a sua inscrição estadual, o que inviabilizará o seu funcionamento.
21
Procurador-Geral Fernando Grella: ”Enfrentamento do problema é imprescindível”
Ao falar durante a cerimônia, o Procurador-Geral de Justiça, Fernando
Grella Vieira, enfatizou que “a venda e consumo de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes são
problemas não só do Ministério Público, mas também, das Polícias, da Justiça, da Saúde ou dos governos, e de
toda a sociedade, notadamente em razão de seu prejuízo para a geração, ainda em formação, de crianças e
adolescentes e, consequentemente, para as futuras”. E acrescentou: “O compromisso de todos - da família, da
sociedade e do Estado - no enfrentamento a essa forma de violência social é imprescindível”.
O Procurador-Geral também explanou o Plano Geral de Atuação do MP
na área da infância e juventude, que envolve diversas ações para o enfrentamento da questão da
venda ilegal de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes “de forma organizada, competente e
resolutiva a questão”. Fernando Grella explicou que o Plano Geral de Atuação envolve ações de
combate e possíveis compromissos de ajustamento, tanto em relação a instituições de grande
22
alcance comercial, quanto aos estabelecimentos de pequeno e médio porte, a fim de que se forme
um verdadeiro “pacto cidadão” de respeito e cooperação para a preservação da infância e
juventude sadia e responsável. O Plano Geral de Atuação define uma sistemática de atendimento
comum de abordagem no enfrentamento, com material de apoio para atuação dos promotores
de Justiça em todas as regiões do Estado.
“A despeito da existência do crime de venda de bebida alcoólica previsto no Estatuto da
Criança e do Adolescente, o álcool é a substância psicotrópica mais utilizada pelos jovens e tem gerado diversos
problemas de natureza social para essa população como envolvimento em acidentes de trânsito, brigas, vandalismo,
sexo sem proteção ou sem consentimento, maior risco de suicídio, homicídio ou acidentes diversos relacionados ao
uso”, citou o Procurador-Geral.
Além disso, lembrou, uso do álcool tem sido a principal causa de morte e
inaptidão para o trabalho entre jovens, mais do que todas as drogas ilícitas combinadas,
aumentando em cinco vezes a possibilidade de dependência, com prejuízos cognitivos para a
memória, atenção e capacidade de planejamento, com grave repercussão para a vida adulta.
Secretário de Saúde Giovanni Cerri: prevenção, tratamento e reabilitação dos mais jovens
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O Secretário Estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri, mostrou números
oficiais para demonstrar a gravidade do problema gerado pelo álcool, segundo ele o maior
problema de saúde pública no País. Segundo o secretário, as crianças brasileiras começam a
beber por volta dos 13 anos de idade e 18% dos menores entre 12 e 17 anos bebem
regularmente. “Quatro em cada 10 menores compram bebidas alcoólicas livremente no comércio”, citou,
complementando que o consumo de álcool é responsável por 50% dos acidentes
automobilísticos, 60% dos casos de violência doméstica, 50% das faltas no trabalho e 90% das
internações. “É na adolescência que o vício se instala”, afirmou, anunciando que o Estado vai ampliar
o sistema de atendimento aos usuários de álcool e drogas e vai, com o programa, fazer a
prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, com prioridade para os mais jovens.
Participaram também da cerimônia os secretários de Estado Eloisa de
Sousa Arruda (Justiça e Defesa da Cidadania), Herman Jacobus Voorwld (Educação), Antonio
Ferreira Pinto (Segurança Pública), Saulo de Castro Abreu Filho (Transporte e Logística) e Davi
Zaia (Emprego e Relações do Trabalho); o subsecretário de Comunicação, Márcio Aith; o
presidente da Assembléia Legislativa, Barros Munhoz; deputados federais e estaduais; o
comandante da Polícia Militar, coronel Álvaro Batista Camilo; e os coordenadores da área da
Infância e Juventude do CAO-Cível, promotores de Justiça Lélio Ferraz de Siqueira Neto e
Fernando Henrique de Moraes Araújo, além de outras autoridades.
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C) Em 19/10/2011 – Resultado Final – Sancionada Lei Estadual para coibir
comercialização e consumo de álcool na infância e adolescência
O Governador do Estado, Geraldo Alckmin, sancionou, nesta quarta-feira
(19/10/2011), a Lei Estadual que estende a prevenção ao consumo de bebidas alcoólicas por
crianças e adolescentes. Com a lei, os estabelecimentos comerciais – incluindo bares, restaurantes
e lojas de conveniência – que já eram proibidos por lei de vender esses produtos a crianças e
adolescentes -, também não poderão mais permitir que tal público consuma bebidas alcoólicas
em suas dependências. A lei faz parte de um programa de prevenção lançado em agosto,
inicialmente discutido e gestado com o Ministério Público, em coordenação com vários órgãos
do Estado envolvidos com a área da Infância e Juventude.
Procurador-Geral Fernando Grella: lei é marco nacional na formulação de política na defesa dos direitos humanos
A partir de agora, todos os estabelecimentos que operam como
autosserviço - como supermercados, padarias e lojas de conveniência, entre outros - também
25
deverão expor as bebidas alcoólicas em espaço separado dos demais produtos, com a devida
sinalização sobre a lei.
A Lei prevê sanções administrativas, além das punições civis e penais já
previstas pela legislação brasileira, a quem vende bebidas alcoólicas a menores de idade. Prevê a
aplicação de multas de até R$ 87,2 mil, além de interdição por 30 dias, ou até mesmo a perda da
inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS, de estabelecimentos que vendam, ofereçam,
entreguem ou permitam o consumo, em suas dependências, de bebida com qualquer teor
alcoólico entre menores de 18 anos de idade em todo o Estado.
O Governo do Estado fará uma campanha educativa durante 30 dias. A
partir de 19 de novembro, cerca de 500 agentes da Vigilância Sanitária Estadual e Procon irão
fiscalizar o cumprimento da lei em todo o Estado.
Ao sancionar a lei, em cerimônia realizada no Centro de Referência de
Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD), o governador Geraldo Alckmin destacou a
importância da participação do Ministério Público nesse esforço para combater o consumo
precoce de álcool e disse ter certeza na eficácia da lei.
O Governador lembrou que uma pesquisa encomendada pela Secretaria
Estadual de Saúde apontou que 18% das crianças e adolescentes paulistas fazem uso regular de
bebidas alcoólicas e que o consumo começa por volta dos 13 anos de idade, “quando o cérebro e o
fígado ainda não estão preparados, aumentando o risco de dependência”. “Essa legislação vem para
fortalecer a cidadania, o convívio em sociedade, a relação de consumo e a segurança”,
acrescentou.
Para o Secretário Estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri, a lei é “um
grande avanço do combate ao grave problema de saúde pública que é o consumo de bebidas alcoólicas em idade
precoce”. Ele alertou, porém, para a necessidade de a lei contar com o apoio da sociedade. “A
mobilização tem de começar, sobretudo, pela família, onde boa parte dos adolescentes é
introduzida no consumo do álcool”, afirmou.
26
O Procurador-Geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, participou da
cerimônia de sanção da lei. Ao discursar, Grella ressaltou que a lei, nascida da ampla discussão do
problema entre o Ministério Público e o Governo do Estado, “significa um marco nacional na
formulação de política pública na defesa dos direitos humanos, resultado da articulação entre Executivo,
Legislativo, Ministério Público e a sociedade civil organizada”.
Ele também destacou que a lei põe São Paulo na vanguarda do combate
ao consumo de álcool por menores de idade e demonstra a responsabilidade de atacar as causas e
não somente os efeitos do problema.
Participaram da solenidade, ainda, secretários de Estado, deputados
federais e estaduais, vereadores, autoridades, e os coordenadores da área de Infância e Juventude
do Centro de Apoio Operacional Cível e de Tutela Coletiva (CAO-Cível) do MP, promotores de
Justiça Lélio Ferraz de Siqueira Neto e Fernando Henrique de Moraes Araújo, que participaram
ativamente das discussões do projeto com o governo estadual.
27
3. ROTEIRO DE SUGESTÕES – PARA OBTER EFETIVIDADE NO
ENFRENTAMENTO À VENDA E CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
A seguir, o Centro de Apoio Operacional Cível e de Tutela Coletiva (área
da infância e juventude) propõe sugestões de como o Promotor de Justiça da infância e
juventude pode traçar uma estratégia de trabalho, visando o combate à venda de bebidas
alcoólicas para crianças e adolescentes:
1o PASSO
Avaliação da legislação local (independentemente da existência da Lei
Estadual n. 14.592/11)
a – Verificar se existem leis municipais prevendo a fiscalização de
estabelecimentos comerciais que vendam bebidas alcoólicas e que já estabeleçam infração
administrativa, bem como quais órgãos são responsáveis pela fiscalização. Em caso positivo,
avaliar o espectro de abrangência da lei municipal e a necessidade de sua observância.
b – Verificar se tais leis estão sendo cumpridas, cobrando relatório
informativo a respeito das fiscalizações, por exemplo, dos últimos 12 meses, com indicação dos
locais fiscalizados, e eventuais punições administrativas impostas (para verificar se a lei está
sendo observada);
2o PASSO
A responsabilização penal (independentemente da existência da Lei
Estadual que prevê sanções administrativas)
a – Buscar a responsabilização criminal pelo delito previsto no art. 243 do
ECA e não pela contravenção penal prevista no artigo 63 do Decreto-Lei n. 3.688/41;
3o PASSO
28
Articulação para uma fiscalização eficiente
a – Caso se considere necessário, realizar reuniões de articulação com as
Polícias Civil e Militar e mesmo com os serviços de fiscalização da Prefeitura para avaliar a
melhor estratégia de ação;
b – Estabelecer uma rotina de fiscalização de acordo com as
peculiaridades locais (tempo/ região/ escolas/ faculdades/ locais perigosos/ locais vulneráveis/
venda de outras drogas);
c – Estabelecer um dia específico e simbólico (dia D) para uma ação de
força e significativa;
d – Trabalhar paralelamente com a Vigilância Sanitária e a Receita Federal
para ampliar o espectro de ação e realmente trazer uma perspectiva mais ampla da
responsabilização e adequação das atividades de venda de bebidas alcoólicas.
4o PASSO
Da importância da deliberação sobre uma política pública de
enfrentamento
a – Propor que os Conselhos setoriais, especialmente o da Criança e
Adolescente e/ou Saúde/Política sobre Drogas, deliberem a respeito da necessidade de uma
política pública a respeito (inserida no contexto mais amplo de um Plano Municipal de
Atendimento Integral a crianças e adolescentes envolvidos com uso de álcool e outras drogas –
conforme manual de apoio anexo).
5o PASSO
Importância da divulgação
a – Verificar a possibilidade de divulgação das ações e principalmente da
existência da Lei Estadual 14.592/11 para a população em geral, a fim de estimular denúncias
contra os estabelecimentos que a estejam descumprindo (pelo n. 0800) em rádios, jornais e
televisão; divulgação em locais públicos, tais como escolas, colhendo a legitimidade e apoio dos
pais e responsáveis, bem como do corpo docente e funcionários.
29
6o PASSO
Reuniões e contato com a comunidade
a – Caso necessário, realizar reuniões com os donos de bares, mercados e
supermercados, esclarecendo a importância, responsabilidade e alcance das ações, especialmente
para avaliar a possibilidade de serem firmados compromissos de ajustamento de conduta.
b – Estimular que representantes de Escolas, GM, Conselho Tutelar,
Secretarias de Juventude, Saúde, Educação, Assistência Social, Cultura, Conselhos Setoriais
(Infância, Anti Drogas, Saúde, Assistência Social) comuniquem a PM a respeito dos principais
locais de venda e consumo de álcool por crianças e adolescentes para a devida fiscalização e
responsabilizações penal e administrativa;
c – Eventualmente realizar audiência pública sobre o tema (para estímulo à
discussão e sensibilização dos gestores quanto à necessidade de fiscalização e responsabilizações
penal e administrativa);
30
4. ROTEIRO DE PEÇAS PRÁTICAS DISPONIBILIZADAS
a) Modelo de portaria de IC para apuração/responsabilização
quanto à venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes no Município
Trata-se de instrumento jurídico e formal de apuração da situação de
venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes, colheita de informações, em especial
para responsabilização dos infratores da lei.
A medida permite que o Promotor de Justiça possa agir tanto na
responsabilização, como estimular a discussão e os aspectos formativos, inclusive de políticas
públicas, de atenção ao problema.
O desfecho do IC será decorrência da linha de ação que o Promotor de
Justiça adotar: v.g. a responsabilização civil do estabelecimento comercial que vendeu ilegalmente
bebida alcoólica a crianças/adolescentes; o encaminhamento de cópia à VISA Estadual para que
promova a elaboração de auto de infração; a obtenção de informações relativas ao
enfrentamento à venda de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes em nível de cada
Município (com a possibilidade de verificar se há leis municipais com previsão de sanções
administrativas e se os órgãos competentes estão promovendo a apuração/responsabilização nas
esferas administrativa e penal).
b) Modelo de Recomendação – proibição venda de bebidas
Referido modelo tem por objetivo propor que a Polícia Militar fiscalize o
respeito à Lei Federal n. 8.069/90 e à Lei Estadual n. 14.592/11, sem prejuízo da fiscalização
administrativa que o Poder Público possa exercer em Municípios onde já existam leis municipais
prevendo sanções para estabelecimentos que comercializem álcool a crianças e adolescentes.
31
c) Modelo de compromisso de ajustamento de conduta – proibição
venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes e providências correlatas
O compromisso de ajustamento se refere a algumas possibilidades de
composição e imposição de outras obrigações cabíveis, com o objetivo de obter compensações
em pecúnia ou obrigações de fazer, com previsão de formas diversas para lidar com eventuais
situações violadoras ou até prevenir futuras.
d) Modelo de ofício – Vigilância Sanitária Estadual – comunicação
da ocorrência de infração à venda de bebidas – para permitir responsabilização
administrativa
O modelo de ofício é destinado a permitir a comunicação da ocorrência
da infração às normas de proteção, visando à responsabilização administrativa, especialmente
pelas implicações das Leis Estaduais nº 12.540/2007 e 14.592/2011.
e) Modelo de ofício – PROCON e Vigilância Sanitária Municipais,
Prefeitura Municipal – para obter auxílio na fiscalização referente à responsabilização
administrativa
O modelo de ofício é destinado aos órgãos municipais de cidades em que
não haja PROCON ou agências/divisões regionais da Vigilância Sanitária, a fim de buscar auxílio
na fiscalização da Lei Estaduais nº 14.592/2011.
32
5. QUADRO SINÓTICO DAS PEÇAS PRÁTICAS
Modelo de Peça Destinatário Forma de Utilização
Momento de
Utilização
Objetivo Importância Prática
Modelo de portaria de IC para apuração/ responsabilização
civil
Estabelecimento infrator;
Prefeitura; Polícias;
GM; CT
a) Por ofício
Após a notícia de fato ilícito
Apurar a responsabilidade civil
e trabalhar na formulação de uma política de atenção
Garante: apuração/responsabilização
Maior amplitude nos resultados a serem obtidos
Modelo de
recomendação – fiscalização sobre a proibição venda de
bebidas
Polícia Militar
a) Entrega, por oficio, em reunião
Depende da estratégia
local de ação
Garantir a
necessidade de fiscalização e
responsabilização penal, administrativa,
civil
Compromisso, conhecimento e
formalização das ações
Modelo de termo de ajustamento de
conduta
Estabelecimento infrator
no IC instaurado para responsabilizar
o infrator
A partir da constatação de infração
ou previamente
ao ilícito
Obter formas de responsabilização
com cláusulas repressivas ou
mesmo prévios a atos ilícitos
Garante:
Composição/ imposição de outras penalidades/ novas formas de compensação
Modelo de ofício
destinado à Vigilância Sanitária
Estadual
Vigilância Sanitária Estadual
Por ofício
Confirmada a ocorrência da infração
Responsabilização administrativa
Obter-se o cumprimento da Lei Estadual 14.592/11
Modelo de ofício –
PROCON, Vigilância Sanitária, Prefeitura
Municipal
Procon, Vigilância
Sanitária, Prefeitura Municipal
Por ofício
Para
Prevenir ilícitos ou
fiscalizar sua ocorrência
Cooperação institucional/
Ação articulada
Eficiência de intervenções/ ações coordenadas/auxílio da Prefeitura onde não há
órgãos estaduais de fiscalização
33
2a PARTE DO MATERIAL DE APOIO (PEÇAS PRÁTICAS)
A) MODELO DE PORTARIA DE IC PARA
APURAÇÃO/RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DE ESTABELECIMENTOS
INFRATORES DA LEI ESTADUAL N. 14.592/11
Observações do CAO Cível (área da infância e juventude)
A condução e desfecho deste IC dependerá do norte que o Promotor de Justiça adotar, a saber:
a) a responsabilização civil do estabelecimento comercial que vendeu ilegalmente bebida alcoólica a crianças/adolescentes, mediante o estabelecimento de TAC e/ou ajuizamento de ACP;
b) o encaminhamento de cópias à VISA Estadual para que promova a elaboração de auto de infração;
c) o encaminhamento de cópias à Delegacia de Policia para que seja formalizado registro de ocorrência por crime previsto no artigo 243 do ECA;
d) a obtenção de informações relativas ao enfrentamento à venda de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes em nível de cada Município (com a possibilidade de verificar se há leis municipais com previsão de sanções administrativas e se os órgãos competentes estão promovendo a apuração/responsabilização nas esferas administrativa e penal), com o escopo de trabalhar-se a implementação de políticas públicas em tal sentido (o que pode ser obtido em um contexto mais amplo – dentro de uma Política ou Plano Municipal de Atenção Integral – conforme proposto no manual anexo).
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por
seu representante que abaixo subscreve, com exercício na Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de XXXXXXXX, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos artigos 127, 129, III, da Constituição Federal, e pelo artigo. 8º, § 1º, da Lei n. 7.347/85.
CONSIDERANDO que tramita nesta Promotoria de Justiça o
Procedimento nº xxxxx, instaurado a partir de representação oferecida por XXX, com o fim de apurar a responsabilidade pela venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes em relação ao estabelecimento comercial YYY – fato ocorrido em _____/_____/2011, às ___h___min, na Rua...., neste Município;
34
CONSIDERANDO que a Constituição Federal em seu art. 227, caput e os arts. 4º e 5o da Lei nº 8.069/90 determinam ser dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, dentre outros, o direito à dignidade e ao respeito de toda criança e adolescente, colocando-os a salvo de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão;
CONSIDERANDO a necessidade de se prevenir e coibir o uso de
bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes, que compromete o desenvolvimento social e psicológico, bem como o crescimento digno dessas pessoas em condições peculiares de desenvolvimento;
CONSIDERANDO que a venda de bebidas alcoólicas a crianças e
adolescentes constitui crime, consoante preceitua a Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente: “Art. 243. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança e adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida, Pena – detenção de 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos e multa, se o fato não constituir crime mais grave”;
CONSIDERANDO que a Constituição Federal estabelece que a
segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, a qual é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio;
CONSIDERANDO a vigência da Lei Estadual nº 14.592, de 19 de
Outubro de 2011 que proíbe vender, ofertar, fornecer, entregar ou permitir o consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências correlatas;
CONSIDERANDO ser uma das missões do Ministério Público a tutela
dos interesses transindividuais e individuais relativos à proteção da infânia e juventude; RESOLVE instaurar o presente INQUÉRITO CIVIL, visando à
continuidade da investigação, com as diligências necessárias para a apuração dos fatos. DETERMINA as seguintes providências: 1. A nomeação, sob compromisso, para secretariar os trabalhos, o Oficial
de Promotoria XXX. 2. O registro do presente procedimento no SIS MP INTEGRADO,
instituído pelo Ato Normativo nº 665/2010-PGJ-CGMP; 3. Notifique-se o representante, dando-lhe ciência da instauração do
presente procedimento;
35
4. Oficie-se à Prefeitura Municipal, solicitando informe: a) Se há leis municipais prevendo a imposição de sanções administrativas a
estabelecimentos comerciais, bares, restaurantes e congêneres que comercializem bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes;
a.1) Se há previsão legal de restrição de venda nas proximidades de estabelecimentos de ensino;
a.2) A quais órgãos compete a fiscalização; a.3) Envie relatório informativo a respeito da fiscalização e autuação
referente aos últimos 12 ou 24 meses, bem como cópias das punições administrativas impostas (este último quesito tem por objetivo verificar se a lei está sendo efetivamente cumprida)
5. Oficie-se à Polícia Militar, Guarda Civil Municipal solicitando que
enviem relação de ocorrências envolvendo crianças e adolescentes usando bebidas alcoólicas nos últimos 12 ou 24 meses no Município;
6. Oficie-se à Delegacia de Polícia solicitando que envie relatório
contendo o numero de inquéritos policiais/termos circunstanciados instaurados nos últimos 12 ou 24 meses envolvendo as infrações penais previstas nos artigos 243 do ECA e 63, “a”, do Dec. Lei n. 3.688/41.
7. Oficie-se ao Conselho Tutelar, solicitando relatório referente ao
número de ocorrências envolvendo crianças/adolescentes usando bebidas alcoólicas e quais foram identificados, nos últimos 12 ou 24 meses, bem como quais as decisões do colegiado/medidas protetivas aplicadas;
8. Oficie-se à Associação Comercial do Município para que envie
relação de todos os estabelecimentos comerciais cadastrados nessa Associação que trabalhem com a venda de bebidas alcoólicas.
9. Notifique-se o responsável pelo estabelecimento comercial XXX para
comparecimento na Promotoria de Justiça na data de ______/_____/2011, às..., a fim de ser ouvido sobre os fatos tratados na representação.
10. Com as respostas tornem conclusos.
Local, data.
Promotor(a) de Justiça
36
B) MODELO DE RECOMENDAÇÃO – FISCALIZAÇÃO DA VENDA DE BEBIDAS
ALCOÓLICAS A CRIANÇAS E ADOLESCENTES E CUMPRIMENTO DA LEI
ESTADUAL N. 14.592/11 E DO DISPOSTO NO ARTIGO 243 DA LEI FEDERAL N.
8.069/90 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE)
RECOMENDAÇÃO Nº XXXXXX O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por
seu órgão de execução que esta subscreve, no uso de suas atribuições legais que lhe são conferidas, com fulcro nas disposições contidas no art.127, “caput”, inciso III da Constituição Federal, e ainda:
CONSIDERANDO que a Constituição Federal em seu art. 227, caput e
os arts. 4º e 5o da Lei nº 8.069/90 determinam ser dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, dentre outros, o direito à dignidade e ao respeito de toda criança e adolescente, colocando-os a salvo de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão;
CONSIDERANDO que, para efeitos legais, criança é a pessoa de até 12
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade, de acordo com o art. 2.º da Lei n.º 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA);
CONSIDERANDO que o direito ao respeito, conforme previsão legal,
compreende a inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, dentre outros (art. 17 da Lei 8.069/90);
CONSIDERANDO a necessidade de se prevenir e coibir o acesso de
bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes, que compromete o desenvolvimento social e psicológico, bem como o crescimento digno dessas pessoas em condições peculiares de desenvolvimento;
CONSIDERANDO que a venda de bebidas alcoólicas à criança e ao
adolescente constitui crime, consoante preceitua a Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente: “Art. 243. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança e adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida, Pena – detenção de 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos e multa, se o fato não constituir crime mais grave”;
CONSIDERANDO que a Lei Estadual nº 14.592, de 19 de Outubro de
2011 proíbe a venda, a oferta, fornecimento, entrega ou permissão de consumo de bebida
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alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências correlatas;
CONSIDERANDO que incumbe à Polícia Civil as funções de polícia
judiciária a apuração das infrações penais, bem como que compete à Polícia Militar o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública, por determinação do art. 144, §§ 4º e 5º da Constituição Federal;
CONSIDERANDO a edição do Decreto Presidencial n.º 6.117/07, que
aprova a Política Nacional sobre o Álcool, dispõe sobre as medidas para redução do uso indevido de álcool e estabelece a sua associação com a violência e criminalidade, especialmente no seu Anexo II, alíneas 5.1 e 9.3;
CONSIDERANDO que, de acordo com o Centro Brasileiro de
Informação sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID, nos últimos cinco anos a ingestão de bebidas alcoólicas aumentou 30% entre jovens de 12 a 17 anos, e 25% entre jovens de 18 a 24 anos;
RESOLVE RECOMENDAR ao Comandante da Polícia Militar local (base,
batalhão, Comando, etc) que efetue fiscalizações contínuas (vide observações que seguem abaixo) a fim de verificar o respeito e cumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11 e do artigo 243 do ECA, de acordo com os seguintes critérios e procedimentos:
a) fiscalização nos estabelecimentos comerciais ao menos uma vez por mês (a cada bimestre)/ uma vez por semana/a cada quinze dias, nos bairros X, Y, Z (de acordo com critérios de maior vulnerabilidade social/ocorrências policiais) devendo:
a.1) em caso de infração penal prevista no artigo 243 do ECA, proceder o encaminhamento do autor do fato à Delegacia de Policia para o devido registro de ocorrência.
a.2) em caso de infração prevista na Lei Estadual n. 14.592/11, ao Órgão regional da Vigilância Sanitária Estadual para que se proceda à devida autuação administrativa;
a.3) encaminhar relatório circunstanciado mensal/bimestral (etc – periodicidade a ser estabelecida) das fiscalizações realizadas à Promotoria de Justiça para ciência e providências cabíveis na esfera cível;
Observações do CAO Cível (área da infância e juventude)
A recomendação é instrumento que deve ser utilizado em hipóteses excepcionais, pois seu descumprimento acarreta a necessidade de ajuizamento de ação civil pública.
É imprescindível que o Promotor de Justiça se reúna com o Comandante da Policia Militar de seu Município para estabelecer os critérios de cumprimento e observância da recomendação, a fim de evitar eventual descumprimento e necessidade de ajuizamento de
38
ação civil pública contra o Estado, pois obviamente não é este o objetivo da atuação ministerial, e sim obter-se a verificação a respeito do cumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11 e do artigo 243 do ECA. Ademais, a Polícia Militar é instituição estatal parceira do Ministério Público, devendo assim ser tratada – com o devido respeito -, garantindo-se reciprocidade nas ações que envolvem ambas as instituições, servidoras da sociedade. É importante que o Promotor de Justiça se reúna e saiba das dificuldades ou não do Comando da PM local, a fim de acertar a quantidade/rotina de fiscalizações referentes à observância das normas vigentes.
Portanto, razoável que se definam os critérios relativos à quantidade de fiscalizações a serem realizadas durante o mês (ou em prazo mais elástico, de acordo com as condições e peculiaridades/tamanho populacional, quantidade de estabelecimentos comerciais etc), locais de fiscalização e procedimentos a serem adotados por ocasião das fiscalizações (registro de ocorrência policial, encaminhamento de copias à VISA Estadual para proceder-se a devida autuação administrativa, comunicação ao MP para ciência e eventuais providências cíveis que o Promotor de Justiça considerar cabíveis, tais como formalização de TAC e ou ajuizamento de ACP etc).
Conseqüências jurídicas do não atendimento da Recomendação O não atendimento da presente Recomendação ensejará o ajuizamento de
ação civil pública pelo Ministério Público para que o Poder Judiciário obrigue o Estado de São Paulo (mais precisamente a Policia Militar) a cumprir a recomendação e promover todas as medidas necessárias destinadas a fiscalizar o fiel cumprimento da Lei Estadual n. 14.592/11 e Lei Federal n. 8.069/90, observados a forma, prazos e acima propostos nesta Recomendação para sua concretização.
Local, data.
Promotor(a) de Justiça
39
C) MINUTA DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA –
INFRAÇÃO DE VENDA/COMÉRCIO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS A
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por seu órgão que esta subscreve, no exercício das atribuições que lhe são conferidas por lei, com fundamento no artigo 127, caput, e artigo 129, incisos II e III da Constituição Federal; no artigo 97, parágrafo único da Constituição Estadual; no artigo 25, inciso IV, da Lei nº 8.625/93; no artigo 5, § 6º da Lei nº 7.347/85; no artigo 211 da Lei Federal n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente); e nos artigos 103, inciso VIII, e 104, incisos I e II, 112, todos da Lei Complementar Estadual nº 734/93 e
e ESTABELECIMENTO COMERCIAL XXX, (endereço do
estabelecimento), nscrito no CNPJ sob nº , sediada no nº da Rua , bairro , Município de , representado por (nome), RG Nº , (nacionalidade), (naturalidade), (estado civil), (profissão), (endereço do representante), denominado COMPROMISSÁRIO, que também subscreve o presente termo, nos autos do INQUÉRITO CIVIL nº em trâmite na Promotoria de Justiça da Infância e Juventude desta comarca de..., e
CONSIDERANDO que a Constituição Federal em seu art. 227, caput e
os arts. 4º e 5o da Lei nº 8.069/90 determinam ser dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, dentre outros, o direito à dignidade e ao respeito de toda criança e adolescente, colocando-os a salvo de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão;
CONSIDERANDO que, para efeitos legais, criança é a pessoa de até 12
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade, de acordo com o art. 2.º da Lei n.º 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA);
CONSIDERANDO que o direito ao respeito, conforme previsão
estatutária, compreende a inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, dentre outros (art. 17 da Lei 8.069/90);
CONSIDERANDO a necessidade de se prevenir e coibir o uso e
consumo de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes, que compromete o desenvolvimento social e psicológico, bem como o crescimento digno e sadio de indivíduos em condições peculiares de desenvolvimento;
40
CONSIDERANDO que a venda de bebidas alcoólicas à criança e ao adolescente constitui crime, consoante preceitua a Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente: “Art. 243. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança e adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida, Pena – detenção de 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos e multa, se o fato não constituir crime mais grave”;
CONSIDERANDO que o art. 86 do ECA prevê a implantação de
políticas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, por meio de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
CONSIDERANDO que a Lei Estadual nº 14.592, de 19 de Outubro de
2011 proíbe a venda, oferta, fornecimento, entrega ou permissão de consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências correlatas;
CONSIDERANDO a edição do Decreto Presidencial n.º 6.117/07, que
aprova a Política Nacional sobre o Álcool, dispõe sobre as medidas para redução do uso indevido de álcool e estabelece a sua associação com a violência e criminalidade, especialmente no seu Anexo II, alíneas 5.1 e 9.3;
CONSIDERANDO que, de acordo com o Centro Brasileiro de
Informação sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID, nos últimos cinco anos a ingestão de bebidas alcoólicas aumentou 30% entre jovens de 12 a 17 anos, e 25% entre jovens de 18 a 24 anos;
CONSIDERANDO que a Constituição da República estabelece que a
segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, a qual é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio;
CONSIDERANDO que incumbe à Polícia Civil as funções de polícia
judiciária a apuração das infrações penais, bem como que compete à Polícia Militar o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública, por determinação do art. 144, §§ 4º e 5º da Constituição Federal;
Celebram Compromisso de Ajustamento de Conduta nos seguintes
termos: 1) Das obrigações
41
a) O COMPROMISSÁRIO assume ter infringido o disposto no artigo 243 da Lei Federal n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e nos artigos 1o e 2o da Lei Estadual n. 14.592/11 e se compromete a cumprir as seguintes obrigações:
Observações do Centro de Apoio
As seguintes obrigações são meramente sugestivas, cabendo ao Promotor
de Justiça verificar quais entende cabíveis ao caso concreto a.1) de fazer, consistente em fazer constar na face de todas as comandas ou
documentos de mesmo conteúdo utilizadas em seu estabelecimento, a seguinte inscrição: “É proibida a venda, o fornecimento ou entrega de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos”.
a.2) de fazer, consistente em exigir de todos os freqüentadores de seu estabelecimento comercial a prévia apresentação de cédula de identidade (RG) ou outro documento de identidade hábil a comprovar a maioridade (com fotografia), conforme previsto no Parágrafo 3o do artigo 2o da Lei Estadual n. 14.592/11.
a.3) de fazer, consistente em entregar, a todas as pessoas menores de 18 anos de idade que a seu estabelecimento comercial ingressarem, comanda diferenciada, com cor e texto próprios contendo, em destaque, expressa advertência de impossibilidade de compra, recebimento e consumo de bebidas alcoólicas em razão do determinado no artigo 81, inciso II, e no artigo 243, ambos da Lei Federal n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
a.4) de fazer, consistente em elaborar no prazo de 60 (sessenta) dias, campanha de divulgação da proibição da venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes, baseado em documento elaborado pela UNIAD (modelo anexo) com divulgação periódica (durante uma semana/mês/etc) em jornal de veiculação no Município, com tamanho de XXX, pelo prazo de XXX meses, comprovando o cumprimento da obrigação mediante a apresentação mensal nos autos, de cópia(s) do jornal e nota fiscal da inserção;
a.5) de fazer, consistente em elaborar no prazo de 60 (sessenta) dias, elaborar campanha de divulgação da proibição da venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes, baseado em documento elaborado pela UNIAD (modelo anexo) com divulgação em XXX pontos do Município, tais como Escolas, Postos de Saúde, Instituições de Ensino Superior (Universidades, Faculdades), bibliotecas, ..... pelo prazo de XXX meses, comprovando o cumprimento da obrigação mediante a apresentação mensal nos autos, de cópia(s) dos cartazes;
a.6) de pagar, a título de compensação financeira pelo ilícito civil cometido, no prazo máximo de 30 dias, a quantia de de R$ __ ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente – conta n. , agencia n. , Banco .
a.7) de pagar o tratamento integral de XX criança(s)/adolescente(s) que necessitem de atendimento e internação em outro Município em razão de uso/dependência de álcool e drogas, conforme prazo e prescrição previstos nos casos analisados;
42
b) O presente Compromisso de Ajustamento não exime O COMPROMISSÁRIO de responsabilidade criminal e administrativa pela infringência das normas acima relacionadas.
2) Dos prazos e forma de fiscalização de cumprimento do ajuste a) Fica estabelecido o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da presente data,
para que O COMPROMISSÁRIO dê início à implementação do uso de comandas diferenciadas, conforme as cláusulas anteriores deste compromisso de ajustamento de conduta (alíneas a.1 a a.3);
b) A fiscalização do cumprimento das obrigações assumidas neste
Compromisso de Ajustamento poderá ser realizada pelo Ministério Público, por servidores da Vara da Infância e Juventude ou pelo seu Serviço Voluntário, servidores da Prefeitura Municipal de XXX, Conselho Tutelar, Polícia Militar, Polícia Civil, PROCON e demais autoridades públicas, na esfera de suas atribuições, ou qualquer cidadão, em vista do disposto no artigo 70 do Estatuto da Criança e do Adolescente;
3) Das sanções civis para o caso de descumprimento do ajuste a) O descumprimento de quaisquer das obrigações constantes do presente
compromisso sujeitará o COMPROMISSÁRIO, a título de cláusula penal, ao pagamento de multa diária no importe de R$ .000,00 ( mil reais), exigível enquanto perdurar a violação, mediante fiscalização por parte do técnicos ou pelo próprio membro do Ministério Público (por meio de constatação direta ou por resposta a ofícios para tanto expedidos), cujo valor será atualizado de acordo com índice oficial, desde o dia de cada prática infracional até efetivo desembolso, sem prejuízo de eventual ajuizamento de ação executiva específica para cobrar-se o fiel cumprimento das obrigações, caso não respeitados as formas e os prazos previstos neste compromisso, na forma estatuída no parágrafo 6º, do artigo 5º, da Lei Federal nº 7.347, de 24 de julho de 1985, artigo 84, do Código de Defesa do Consumidor, 461 e 730, ambos do Código de Processo Civil.
4) Do início de vigência do presente ajuste a) Este ajuste somente produzirá efeitos legais a partir de sua
homologação pelo E. Conselho Superior do Ministério Público, conforme previsto no artigo 112, parágrafo único da Lei Estadual n. 734/93.
b) Após a homologação e baixa dos autos à Promotoria de Justiça o
COMPROMISSÁRIO será cientificado pelo Ministério Público por oficio, do início de vigência do presente ajuste, bem como dos prazos a serem observados.
5) Disposições Finais
43
a) Fica consignado que os valores eventualmente desembolsados a título
de cláusula penal deverão ser revertidos em benefício do FUNDO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (FMDCA), de que tratam a Lei Federal nº 8.069/90 (artigos 88, IV, 214, 260, §§ 2o e 4o) e Lei Municipal n. (Lei que cria o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), na conta corrente nº..., da agência nº ..., do Banco....
b) As questões decorrentes deste compromisso serão dirimidas no Foro
da Comarca de ...., local em que está sendo firmado o presente ajuste. E, por estarem assim de acordo, firmam o presente compromisso que vai
por todos assinado.
Local e data
Promotor(a) de Justiça
COMPROMISSÁRIO (representado por )
Advogado OAB/SP nº
TESTEMUNHAS:
YYY – oficial de promotoria (matrícula n. ) YYY – oficial de promotoria (matrícula n. )
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D) MODELO DE OFÍCIO – DESTINADO À VIGILÂNCIA SANITÁRIA COM CÓPIAS DE AUTOS DE INQUÉRITO CIVIL COMUNICANDO O DESCUMPRIMENTO DA LEI ESTADUAL N. 14.592/11 PARA OBTER-SE A DEVIDA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Local, data
Ofício nº XXXXXX
Ilmo(a). Sr.(a)
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por seu
ÓRGÃO que abaixo subscreve, com exercício na Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de
XXXXXXXX, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos artigos 127, 129, III, da Constituição
Federal, e pelo artigo. 8º, § 1º, da Lei n. 7.347/85.
CONSIDERANDO que tramita nesta Promotoria de Justiça o Procedimento
nº , instaurado a partir de representação oferecida por XXX, com o fim de apurar a venda de bebidas
alcoólicas a crianças e adolescentes por comerciantes, proprietários de comércio em geral, restaurantes,
lanchonetes e, bares e similares deste Município;
CONSIDERANDO ser atribuição do Ministério Público a tutela dos interesses
transindividuais relativos à proteção da infância e juventude;
CONSIDERANDO que a Lei Estadual nº 12.540 dispõe sobre a cassação da
eficácia da inscrição no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação-ICMS, dos bares, hóteis, restaurantes e similares que venderem bebidas alcoólicas a
menores de 18 anos de idade ou forem flagrados consentindo ou comercializando drogas e
CONSIDERANDO essencialmente o teor da Lei Estadual nº 14.592, de 19 de
Outubro de 2011 que proíbe vender, ofertar, fornecer, entregar ou permitir o consumo de bebida
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alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências
correlatas, especialmente pela disposição de que:
Artigo 3º - As infrações das normas desta lei ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil ou penal e das definidas em normas específicas:
I - multa; II - interdição. Parágrafo único - As sanções previstas neste artigo poderão ser aplicadas
cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente, de procedimento administrativo. Artigo 4º - A multa será fixada em, no mínimo, 100 (cem) e, no máximo, 5.000 (cinco
mil) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo – UFESPs para cada infração cometida, aplicada em dobro na hipótese de reincidência, observada a seguinte gradação:
I - para as infrações de natureza leve, assim consideradas as condutas contrárias ao disposto no inciso I e no § 1º do artigo 2º:
a) 100 (cem) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar federal nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
b) 500 (quinhentas) UFESPs, para fornecedor que não se enquadre na hipótese da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;
c) 1.500 (mil e quinhentas) UFESPs, para fornecedor cuja receita bruta anual seja superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;
II - Para as infrações de natureza média, assim consideradas as condutas contrárias ao disposto no inciso II e no § 2º do artigo 2º desta lei:
a) 150 (cento e cinquenta) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar federal nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
b) 750 (setecentas e cinquenta) UFESPs, para fornecedor que não se enquadre na hipótese da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;
c) 2.000 (duas mil) UFESPs, para fornecedor cuja receita bruta anual seja superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;
III - Para as infrações de natureza grave, assim consideradas as condutas contrárias ao disposto no artigo 1º e no artigo 2º, inciso III e §§ 3º e 4º, desta lei:
a) 200 (duzentas) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar federal nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
b) 1.000 (mil) UFESPs, para fornecedor que não se enquadre na hipótese da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;
c) 2.500 (duas mil e quinhentas) UFESPs, para fornecedor cuja receita bruta anual seja superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs.
Artigo 5º - A sanção de interdição, fixada em no máximo 30 (trinta) dias, será aplicada quando o fornecedor reincidir nas infrações dos artigos 1º e 2º, inciso III e §§ 3º e 4º, desta lei.
Artigo 6º - Na hipótese de descumprimento da sanção de interdição, ou se for verificada nova infração do disposto nesta lei, será oficiada a Secretaria da Fazenda, que deverá proceder à instauração de processo para cassação da eficácia da inscrição do fornecedor infrator no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, consoante disposto na Lei nº 12.540, de 19 de janeiro de 2007.
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Artigo 7º - Considera-se reincidência a repetição de infração de quaisquer das disposições desta lei, desde que imposta a penalidade por decisão administrativa irrecorrível.
Parágrafo único - Para os fins do disposto no “caput” deste artigo, não se considera a sanção anterior se entre a data da decisão administrativa definitiva e a da infração posterior houver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos.
Artigo 8º - A fiscalização do disposto nesta lei será realizada pelos órgãos estaduais de defesa do consumidor e de vigilância sanitária, nos respectivos âmbitos de atribuições, os quais serão responsáveis pela aplicação das sanções decorrentes de infrações às normas nela contidas, mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa.
Vem por meio deste, informar a V. Sa., para que sejam adotadas as providências
administrativas cabíveis, que a empresa...(denominação, CNPJ, responsável), situada à rua..., nesta
cidade, conforme documento anexo (indicar....), no dia ..., às ... horas, nesta cidade, assumiu ter
descumprido a Lei Federal n. 8.069/90 (art. 243) e a Lei Estadual n. 14.592/11, pois
vendeu/ofertou/forneceu/ entregou/permitiu o consumo de bebida alcoólica (verificar se foi
gratuitamente), a pessoa menor de 18 (dezoito) anos de idade – conforme cópias anexas (extraídas dos
autos de Inquérito Civil n.).
Sem mais para o momento, e aguardando o pronto atendimento do disposto na
Lei Estadual n. 14.592/11 envia-se o presente ofício com as cópias que o instruem, aproveitando o
ensejo para renovar protestos de consideração e apreço.
Local, data.
Promotor(a) de Justiça
Ilmo. (a) Sr. Diretor Técnico da Divisão Regional de Serviço de Vigilância Sanitária Estadual Município de ...
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E) MODELO DE OFÍCIO DESTINADO À PREFEITURA MUNICIPAL, PROCON E/OU VIGILÂNCIA SANITÁRIA MUNICIPAIS EM CIDADES EM QUE NAO HAJA VIGILÂNCIA OU PROCON ESTADUAIS, PARA QUE AUXILIEM NA FISCALIZAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA LEI ESTADUAL N. 14.592/11
Local, data
Ofício nº XXXXXX
Ilmo(a). Sr.(a)
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por
seu Órgão que abaixo subscreve, com exercício na Promotoria de Justiça da Infância e Juventude
de XXXXXXXX, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos artigos 127, 129, III, da
Constituição Federal, e pelo artigo. 8º, § 1º, da Lei n. 7.347/85.
CONSIDERANDO que tramita nesta Promotoria de Justiça o
Procedimento nº xxxxx, instaurado a partir de representação oferecida pelo xxxxxxxxx, com o
fim de apurar a venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes por comerciantes,
proprietários de comércio em geral, restaurantes, lanchonetes e, bares e similares deste
Município;
CONSIDERANDO que a Constituição Federal em seu art. 227, caput e
os arts. 4º e 5o da Lei nº 8.069/90 determinam ser dever da família, da comunidade, da sociedade
em geral e do poder público assegurar, dentre outros, o direito à dignidade e ao respeito de toda
criança e adolescente, colocando-os a salvo de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão;
CONSIDERANDO a necessidade de se prevenir e coibir o acesso de
bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes, que compromete o desenvolvimento social e
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psicológico, bem como o crescimento digno dessas pessoas em condições peculiares de
desenvolvimento;
CONSIDERANDO que a venda de bebidas alcoólicas à criança e ao
adolescente constitui crime, consoante preceitua a Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do
Adolescente: “Art. 243. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma,
a criança e adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica,
ainda que por utilização indevida, Pena – detenção de 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos e multa, se o fato não
constituir crime mais grave”;
CONSIDERANDO que a Constituição Federal estabelece que a
segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, a qual é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio;
CONSIDERANDO ser atribuição do Ministério Público a tutela dos
interesses difusos e coletivos e individuais homogêneos relativos à proteção da infância e
juventude;
CONSIDERANDO a lei estadual nº 12.540, que dispõe sobre a cassação
da eficácia da inscrição no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à
Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação-ICMS, dos bares, hóteis, restaurantes e similares que
venderem bebidas alcóolicas à menores de idade ou forem flagrados consentindo ou
comercializando drogas;
CONSIDERANDO essencialmente o teor da Lei Estadual nº 14.592, de
19 de Outubro de 2011 que proíbe vender, ofertar, fornecer, entregar ou permitir o consumo de
bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá
providências correlatas;
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Vem por meio deste, SOLICITAR a V. Sa., sejam promovidas diligências
no sentido de dar cumprimento à Lei Estadual acima citada, com a elaboração de autos de
constatação públicos de locais em que seja constatada a venda ou qualquer forma de
comercialização de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes, o consumo indevido de álcool
por pessoas menores de 18 anos de idade ou a disposição de bebidas alcoólicas em desacordo ao
disposto no artigo 2o, Parágrafo 2o da Lei Estadual n. 14.592/11.
Sem mais para o momento, e aguardando o préstimo desse órgão
municipal para obter-se o devido atendimento do disposto na Lei Estadual n. 14.592/11 envia-se
o presente ofício com as cópias que o instruem, aproveitando o ensejo para renovar protestos de
consideração e apreço.
Local, data.
Promotor(a) de Justiça
Ilmo. (a) Sr. (a) Responsável pelo PROCON Municipal Ilmo. (a) Sr. (a) Diretor/Coordenador/responsável pela Vigilância Sanitária Municipal Ilmo. Sr. Responsável pelos serviços públicos municipais (discriminar)
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3a PARTE DO MATERIAL DE APOIO – DOUTRINA E REFERENCIAL TÉCNICO
A) “ADOLESCÊNCIA E FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA
O USO INDEVIDO DE ÁLCOOL”
Paulo Roberto Aranha de Macedo Médico Especialista em Psiquiatria - ABP – AMB
Especialista em Dependência Química – UNIAD / UNIFESP-EPM Consultor - Área Técnica de Álcool e Drogas
ASTEC / SAS / Ministério da Saúde
SAÚDE MENTAL E USO INDEVIDO DE ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS
A questão do uso abusivo e/ou dependência de álcool e outras drogas
nunca foi um problema exclusivamente psiquiátrico ou médico. As implicações sociais,
psicológicas, econômicas e políticas são enormes e devem ser consideradas na compreensão
global do problema, a qual deve considerar a tríade “substância, indivíduo e meio ambiente”
(Olievenstein, 1990) e as suas mais diversas características. A enorme quantidade de variáveis
implicadas neste consumo permite um número infindável de configurações possíveis para o uso
de substâncias psicoativas.
O comprometimento global conseqüente ao uso de álcool e outras drogas
envolve muito estigma, exclusão e preconceito. Além disso, sofre influência da desabilitação que
promove, sento esta definida como a perda ou restrição nas habilidades de um indivíduo para
exercer uma atividade, função ou papel social, em qualquer um dos domínios da vida de relação.
Suas conseqüências afetam, com considerável prejuízo, as nações do mundo inteiro,
ultrapassando fronteiras, na medida em que a problemática inerente ao abuso / dependência de
drogas avança por todas as sociedades, envolvendo homens e mulheres de diferentes grupos
étnicos, independentemente de classe social e econômica, ou mesmo de idade.
51
As evidências em questão dificultam abordagens terapêuticas que não
sejam planejadas em função de cada indivíduo, e do sofrimento psíquico que o uso abusivo ou a
dependência de álcool e outras drogas traz a ele, ou aos que o cercam. Sendo assim, o
planejamento de ações terapêuticas, preventivas e educativas que sejam relativas a tal uso
somente é viável (considerando-se alguma projeção de eficácia e efetividade para tais ações)
dentro de uma perspectiva ampliada de saúde mental.
A promoção de saúde mental pode ser considerada a viabilização de
ganhos de autonomia por parte de pessoas em estado de sofrimento psíquico, com a busca da
otimização da qualidade de vida destas pessoas, considerando que a expressão dos processos
patológicos correlatos é mediada pelas práticas diárias destes indivíduos, e que estas práticas
podem agir contra ou a favor de seu bem estar psíquico, tendo portanto influência em sua vidas,
de uma forma geral.
Um conceito de “saúde mental” como sendo unicamente a ausência de
“doença mental” é limitado demais para contemplar todo um continuum evolutivo de instalação
ou remissão de acometimento psíquico, não envolvendo devidamente os aspectos subjetivos
envolvidos neste processo: cada indivíduo constitui campo de integração e interrelação de vários
fenômenos de manifestação biopsicossocial, podendo ser este indivíduo a interseção existente
entre todas esta variáveis. A maneira como este indivíduo percebe conscientemente esta
interseção pode ser definida como subjetividade, sendo esta o sítio de percepção e manifestação
do que chamamos “saúde mental” ou “transtorno psíquico” (expressão preferível, ao invés de
“doença mental”, de acordo com orientação da Organização Mundial de Saúde), no mais simples
sentido de bem-estar ou mal-estar, respectivamente.
Temos então a justificativa para que a mesma lógica permeie o
planejamento de ações preventivas voltadas a usuários de álcool e drogas – o uso abusivo de
substâncias psicoativas configura um desafio à premente organização de dispositivos de cuidados
voltados especificamente para esta clientela, cada vez mais exposta à crescente disponibilidade de
substâncias lícitas e ilícitas. Vemos então que o uso indevido de substâncias psicoativas tomou
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proporção de grave problema de saúde pública no país; esta constatação também se reflete nos
demais segmentos da sociedade pela relação comprovada de tal uso com os agravos sociais dele
decorrentes (Ministério da Saúde, 2001).
A exclusão social e a ausência de cuidados que atingem, de forma histórica
e contínua, aqueles que sofrem de transtornos mentais, apontam para a necessidade da reversão
de modelos assistenciais que não contemplem as reais necessidades de uma população (Silva
Filho, 2001). Isto é uma demanda mundial, amplamente respaldada por evidências científicas.
Citando somente um exemplo, dados fornecidos por estudo capitaneado pela Universidade de
Harvard indicam que, das dez doenças mais incapacitantes em todo o mundo, cinco são de
origem psiquiátrica: depressão, transtorno afetivo bipolar, alcoolismo, esquizofrenia e transtorno
obsessivo-compulsivo (Murray e Lopez, 1996). Apesar de responsáveis diretas por somente 1,4%
de todas as mortes, as condições neurológicas e psiquiátricas foram responsáveis por 28% de
todos os anos vividos com alguma desabilitação para a vida. Salvo variações sem repercussão
epidemiológica significativa, a realidade acima encontra equivalência em território brasileiro.
ADOLESCÊNCIA E USO INDEVIDO DE ÁLCOOL –
CONTEXTO ATUAL
Qualquer sociedade deve assumir o compromisso ético de cuidar de suas
crianças e adolescentes (Saggese, 2000), o que deveria encontrar equivalência no aumento na
atenção voltada para esta faixa etária específica; não devemos esquecer que o descaso do
presente poderá incorrer em um custo futuro pesado para toda a sociedade.
Os transtornos mentais e de comportamento têm ocorrência relativamente
comum durante a infância e adolescência (OMS, 2001). Com freqüência, não são detectados,
mesmo porque existe um certo consenso popular sobre a sua inexistência, ou mesmo sobre um
suposto caráter incomum. Apesar disso, trazem custo inestimável para a sociedade como um
todo, especialmente nos aspectos humano e financeiro. Constituem grave problema de saúde
pública mundial, o que se agrava pelo fato de que muitos dos transtornos ocorridos nestas fases
do desenvolvimento humano podem continuar se manifestando durante a idade adulta, em um
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comprometimento global de estimativa complexa e difícil; geram grande carga agregada de
doenças, sendo freqüentemente o reflexo de doença maior, em um contexto sócio-familiar.
Ainda que apresentem variação considerável, estudos investigativos
evidenciam uma prevalência geral elevada de transtornos mentais e de comportamento em
crianças – 10 a 20% delas podem ter um ou mais problemas mentais. Porém, enquanto fases do
desenvolvimento, a infância e a adolescência não proporcionam uma clara delineação /
delimitação entre fenômenos tidos como anormais, e outros aceitos como componentes de um
desenvolvimento normal, o que certamente superestima a prevalência acima mencionada. Em
contrapartida, vemos uma elevação na identificação de transtornos que, freqüentemente
observados em adultos, podem ter seu início na idade infantil, como no caso dos transtornos
depressivos. No tocante a categorias diagnósticas específicas da infância e adolescência (CID-10,
1996), vemos que transtornos hipercinéticos, distúrbios de atenção e hiperatividade, distúrbios de
conduta e transtornos emocionais da infância podem constituir fator de risco para a ocorrência
futura de comorbidades diversas.
A despeito do uso de substâncias psicoativas de caráter ilícito, e
considerando qualquer faixa etária, o uso indevido de álcool e tabaco tem a maior prevalência
global, trazendo também as mais graves conseqüências para a saúde pública mundial.
Corroborando tais afirmações, estudo conduzido pela Universidade de Harvard e instituições
colaboradoras (Murray e Lopez, 1996) sobre a carga global de doenças trouxe a estimativa de que
o álcool seria responsável por cerca de 1,5% de todas as mortes no mundo, bem como sobre
2,5% do total de anos vividos ajustados para incapacidade. Ainda segundo o mesmo estudo, esta
carga inclui transtornos físicos (cirrose hepática, miocardiopatia alcoólica, etc) e lesões
decorrentes de acidentes (industriais e automobilísticos, por exemplo) influenciados pelo uso
indevido de álcool, o qual cresce de forma preocupante em países em desenvolvimento.
Existe uma tendência mundial que aponta para o uso cada vez mais
precoce de substâncias psicoativas, incluindo o álcool, sendo que tal uso também ocorre de
forma cada vez mais pesada. No Brasil, estudo realizado pelo CEBRID – Centro Brasileiro de
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Informações sobre Drogas Psicoativas sobre o uso indevido de drogas por estudantes (n =
2.730) dos antigos 1º e 2º graus em 10 capitais brasileiras (Galduróz et. al., 1997) revelou
percentual altíssimo de adolescentes que já haviam feito uso de álcool na vida: 74,1%. Quanto a
uso freqüente, e para a mesma amostra, chegamos a 14,7%. Ficou constatado que 19,5% dos
estudantes faltaram à escola, após beber, e que 11,5% brigaram.
Comparativamente a estudos semelhantes realizados anteriormente, com o
mesmo rigor metodológico (o que permite algum nível comparativo, visto que se referem a
grupos populacionais definidos), o uso freqüente de álcool aumentou em seis capitais, e o uso
pesado (20 vezes ou mais por mês) aumentou em oito das dez capitais participantes do estudo.
Estudos como este encontram dificuldades para a sua replicação em
ambientes escolares de natureza privada, o que se justifica por diversas razões; dentre elas,
destacamos o temor (por parte de diretores e donos de escolas) de que, mediante divulgação
indevida dos dados obtidos, estes estabelecimentos de ensino fiquem de alguma forma
estigmatizados como locais nos quais haveria uma suposta facilitação ao uso de substâncias
psicoativas, o que supostamente teria impacto indesejado sobre a credibilidade da escola como
local de formação pessoal.
Ao considerarmos crianças e adolescentes em situação de rua, vemos um
agravamento da situação acima descrita, no tocante às substâncias psicoativas em geral (Noto et.
al., 1993), sendo apresentados percentuais altíssimos de uso na vida, em todas as capitais
pesquisadas, também de forma cada vez mais precoce e pesada.
FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA O USO DE
ÁLCOOL, NA ADOLESCÊNCIA
Uma vez estando claro que a promoção de saúde mental pode ser
considerada a viabilização de ganhos de autonomia por parte de pessoas em estado de
sofrimento psíquico, com a busca da otimização da qualidade de vida destas pessoas, e se estas
premissas também são válidas em relação à população de adolescentes, qualquer tentativa de
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reduzir ou eliminar uma possível influência de fatores de risco para o uso abusivo e/ou
dependência de álcool deve considerar as suas práticas diárias; vale a pena ratificar que, se estas
práticas podem influenciar positiva ou negativamente o seu bem estar, podem ser qualificadas
como fatores de proteção ou de risco para este uso indevido.
Os fatores de risco para o uso indevido de álcool são características ou
atributos de um indivíduo, grupo ou ambiente de convívio social, que contribuem para aumentar
a probabilidade da ocorrência deste uso. Em uma leitura primária, se as manifestações do uso
indevido de álcool por adolescentes encontram seu lugar na comunidade, é neste ambiente
comunitário que terão lugar as práticas terapêuticas, preventivas e educativas de maior impacto
sobre os chamados fatores de risco para este uso indevido.
Fatores de risco e de proteção podem ser identificados em todos os
domínios da vida adolescente: nos próprios indivíduos, em suas famílias, em seus pares, em suas
escolas e nas comunidades, e em qualquer outro nível de convivência sócio-ambiental; é
importante notar que tais fatores de risco não ocorrem de forma estanque, havendo entre eles
considerável transversalidade e conseqüente variabilidade de influência. Ainda assim, podemos
dizer que a vulnerabilidade é maior em indivíduos que estão insatisfeitos com a sua qualidade de
vida, possuem saúde deficiente, não detêm informações minimamente adequadas sobre a questão
de álcool e drogas, possuem fácil acesso às substâncias, e possuem integração comunitária
deficiente. Também vale a pena ressaltar que, se existem fatores de risco atuantes em cada um
dos domínios citados, estes últimos também possuem os seus fatores específicos de proteção.
Vejamos:
Domínio individual
Podemos identificar como principais fatores de risco a baixa auto-estima,
falta de auto-controle e assertividade, comportamento anti-social precoce, doenças pré-existentes
(ex.: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), baixa religiosidade e vulnerabilidade
psicossocial. Como fatores de proteção, a apresentação de habilidades sociais, flexibilidade,,
56
habilidade em resolver problemas, facilidade de cooperar, autonomia, responsabilidade e
comunicabilidade são os mais influentes, paralelamente à vinculação familiar-afetiva, religiosa ou
institucional.
Domínio familiar
O uso de álcool e outras drogas pelos pais é um fator de risco importante,
assim como a ocorrência de isolamento social entre os membros da família. Também é
negativamente influente um padrão familiar disfuncional, bem como a falta do elemento paterno.
São considerados fatores de proteção a existência de vinculação familiar, com o desenvolvimento
de valores e o compartilhamento de tarefas no lar, bem como a troca de informações entre os
membros da família sobre as suas rotinas e práticas diárias; o cultivo de valores familiares, regras
e rotinas domésticas também deve ser considerado.
Domínio dos pares
Os principais fatores de risco são pares que usam drogas, ou ainda que
aprovam e/ou valorizam o seu uso; a rejeição de regras, práticas ou atividades organizadas é
considerada um sinalizador para indivíduos com potencial negativo de influência. Ao contrário,
pares que não usam álcool / drogas, e não aprovam ou valorizam o seu uso exercem influência
positiva, o mesmo ocorrendo com aqueles envolvidos com atividades de qualquer ordem
(recreativa, escolar, profissional, religiosa ou outras), que não envolvam o uso indevido de álcool
e outras drogas.
Domínio escolar
Ocorre o entrecruzamento de fatores de risco presentes em todos os
outros domínios; em verdade, a escola é o ambiente em que boa parte (ou a maioria) destes
fatores pode ser percebida. De qualquer forma, os maiores fatores de risco apresentados são a
falta de habilidade de convivência com grupos e a disponibilidade de álcool na escola e nas
redondezas; além disso, uma escola que apresente regras e papéis inconsistentes ou ambíguos
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com relação ao uso de drogas ou à conduta dos estudantes também vem por constituir
importante fator de risco relativo ao uso de álcool. Apresenta fatores de proteção a escola que
evidencia regras de padrões comportamentais claros consistentes com exemplificação dos
adultos; da mesma forma, é importante a participação dos estudantes em decisões de questões
escolares, com a inerente aquisição de responsabilidades.
ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
A prevenção voltada para o uso abusivo e/ou dependência de álcool em
adolescentes pode ser definida como um processo de planejamento, implantação e
implementação de múltiplas estratégias voltadas para a redução dos fatores de risco específicos, e
fortalecimento dos fatores de proteção. Implica necessariamente em inserção comunitária das
práticas propostas, com a colaboração de todos os segmentos sociais disponíveis. A prevenção
primária teria como objetivo impedir o uso de álcool pela primeira vez; a secundária, impedir
uma “escalada” do uso; a prevenção terciária buscaria minimizar as conseqüências de tal uso.
O planejamento de ações voltadas para minimizar os efeitos adversos do
uso de álcool entre adolescentes deve identificar fatores de risco e proteção; deve assim
contemplar práticas que favoreçam a minimização dos fatores de risco para o consumo de álcool,
de forma paralela ao reforço de fatores de proteção.
As estratégias de prevenção devem contemplar a utilização combinada dos
seguintes elementos: fornecimento de informações sobre o álcool e outras drogas, práticas
educativas diversas, alternativas para lazer e atividades livres de drogas; devem também facilitar a
identificação de problemas pessoais, e o acesso ao suporte para tais problemas. Devem buscar o
fortalecimento de vínculos afetivos e a melhora da auto-estima dos adolescentes, e das outras
pessoas da comunidade. Também devem contemplar formas de intervenções sobre a
disponibilidade da droga (intervenções ambientais).
O MINISTÉRIO DA SAÚDE E A REDE ASSISTENCIAL
58
As práticas de saúde voltadas para este problema específico devem
configurar um desenho preventivo para uma política de saúde; ciente da necessidade de
enfrentamento para esta grave questão de saúde pública (e fenômenos correlatos), e na certeza
(técnica, cientifica e epidemiologicamente) fundamentada de que tal enfrentamento colhe seus
melhores frutos quando ocorre na comunidade, o Ministério da Saúde propõe e viabiliza a
criação de redes locais de saúde mental que contemplem a atenção ambulatorial, inserida na
comunidade, flexível e resolutiva, (MS, 2002); estas redes se articulam em torno de unidades
denominadas CAPS – Centros de Atenção Psicossocial, as quais, pela disponibilidade contínua
de cuidados, constituem concreta alternativa ao modelo assistencial anteriormente centrado no
hospital psiquiátrico – excludente, não-resolutivo e ineficaz, em termos de saúde pública.
A concepção dos CAPS contempla, de forma inconteste:
- A Lei 10.216 de 06 de abril de 2001 (MS, 2002), a qual dispõe sobre o
atendimento a portadores de transtornos psíquicos, e reorienta o modelo assistencial vigente;
- As disposições e deliberações constantes no Relatório Final da Pré-
Conferência Infância e Adolescência, em 03 e 04 de dezembro de 2001;
- As deliberações ocorridas na III Conferência Nacional de Saúde Mental
(Brasília, 2001), constantes em seu relatório final (SUS, 2002);
- As “10 Recomendações para a Ação” da OMS para a Saúde Mental
(Relatório Sobre a Saúde no Mundo, OMS, 2001), a saber: proporcionar tratamento na atenção
primária, garantir o acesso a medicamentos, garantir atenção na comunidade, fornecer educação
em saúde para a população, envolver comunidades / famílias / usuários, estabelecer políticas,
programas e legislação nacionais, formar recursos humanos, criar vínculos com outros setores,
monitorizar a saúde mental na comunidade e dar mais apoio à pesquisa;
59
- As Portarias Ministeriais GM/336, SAS/189, GM/816 e SAS/305,
referentes aos Centros de Atenção Psicossocial, em todas as suas modalidades (CAPS I, CAPS
II, CAPS III, CAPSi e CAPSad)
Por sua característica de serviço aberto e comunitário, o CAPS pode
oferecer programas terapêuticos de menor nível de exigência, portanto disponíveis a mais
pessoas da comunidade. As modalidades de cuidados para álcool e drogas nas unidades CAPS
devem obedecer a uma lógica de redução de danos, seja esta relativa a práticas voltadas para
DST/HIV/AIDS, seja em relação ao próprio uso indevido de álcool por adolescentes (ex.:
intervenções breves para adolescentes que fazem uso de álcool em um padrão abusivo. Devemos
ressaltar o enorme potencial benéfico desta lógica, em termos de saúde pública. Se
considerarmos somente o fato de que a faixa etária mais acometida pelo HIV gravita em torno
de 25-35 anos de idade, e se considerarmos que o vírus pode permanecer silente no organismo
por até 10 anos, vemos aqui uma irrefutável justificativa para a preconização de práticas
preventivas – e os CAPS contemplam a atuação comunitária, nos planos preventivo /
terapêutico / educativo.
O Ministério da Saúde lançou em abril passado o Programa Nacional de
Atenção Comunitária Integrada a Usuários de Álcool e Outras Drogas (Portaria GM/816 -- 30
de abril de 2002), o qual, entre outras propostas, viabiliza a implantação dos chamados CAPSad
– Centros de Atenção Psicossocial voltados para o atendimento específico em álcool e drogas; é
prevista, para os próximos 03 anos, a implantação de 250 unidades CAPSad. Já estão cadastrados
31 serviços especializados tipo CAPSad; a estes, se somam 28 unidades CAPSi - CAPS para a
infância e adolescência, já existentes (Portaria GM/336 - 19 de fevereiro de 2002).
CAPSad e CAPSi totalizam portanto 59 unidades, com previsão de rápida
expansão para este número, o qual, somado aos CAPS específicos para o atendimento a
portadores de transtornos psíquicos severos, chega a 379 unidades, espalhadas pelo Brasil –
número ainda insuficiente, de forma relativa à demanda existente, porém em franca expansão
nacional.
60
Os CAPS atuam de forma articulada a outros dispositivos assistenciais em
saúde mental (ambulatórios, leitos em hospital-geral, hospitais-dia) e da rede básica de saúde
(unidades básicas de saúde, etc), bem como ao Programa de Saúde da Família e ao Programa de
Agentes Comunitários de Saúde; também se articulam em torno dos dispositivos de suporte
social existentes nas comunidades, configurando redes flexíveis de cuidados, que possam
responder por um determinado território populacional, e que se remodelem de forma dinâmica,
mediante a necessidade de inclusão / exclusão de novos serviços e formas de cuidado, de forma
pareada pela demanda assistencial. Aliando a implantação / implementação dos CAPS a outros
programas de cuidados, as Áreas Técnicas de Saúde Mental e de Álcool e Drogas do Ministério
da Saúde buscam contemplar as múltiplas possibilidades para o trabalho com os fatores de risco
e proteção já mencionados.
O rumo tomado pela implantação / implementação das práticas
assistenciais determinará a configuração real de uma política especificamente voltada para os
adolescentes que fazem uso abusivo de álcool, ou são dele dependentes. Estes são os passos
iniciais para a oportunização de condições básicas à reconstrução não somente de uma vivência
adolescente em que a participação do álcool seja mínima ou nenhuma, mas de projetos de vida
individualizados que comportem opções mais produtivas, e que detenham uma perspectiva
evolutiva para o futuro destas pessoas.
Referencias Bibliográficas
Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria Executiva. Legislação em Saúde
Mental 1990-2002. 3ª Edição. Brasília, Ministério da Saúde, 2002
Brasil, Ministério da Saúde. Relatório do seminário sobre o atendimento
aos usuários de álcool e outras drogas na rede do SUS. Caderno de Textos de Apoio da III
Conferência Nacional de Saúde Mental. MS, Brasília, 2001
Comissão Organizadora da III Conferência Nacional de Saúde Mental.
Pré-Conferência Infância e Adolescência. Relatório Final. Brasília, 2001
61
Galduróz, J.C.; Noto, A. R.; Carlini, E. A.. IV Levantamento sobre o uso
de drogas entre estudantes de 1º e 2º graus em 10 capitais brasileiras – 1997. Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID, Escola Paulista de Medicina, 1997
Murray, C.J.L. Lopez, AD. The global burden of disease: a comprehensive
assessment of mortality and disability, form diseases, injuries and risk factors in 1990 and
projected to 2020. Cambridge, Massachusetts Harvard School of Public Health to World Health
Organization and World Bank. Global Burden of Disease and Injury Series, Vol I, 1996
Noto, A R.. O uso de drogas entre crianças e adolescentes em situação de
rua de seis capitais brasileiras no ano de 1997. Tese de Doutorado. Escola Paulista de Medicina,
São Paulo, 1998
Olievenstein, C. A Clínica do Toxicômano. Ed. Artes Médicas, Porto
Alegre, 1990
Organização Mundial da Saúde. Relatório sobre a Saúde no Mundo 2001 –
Saúde Mental: Nova Concepção, Nova Esperança. OMS, Genebra, 2001
Saggese, E. Apresentação. Cadernos IPUB nº 11: “Saúde Mental na
Infância e Adolescência”, 2ª edição. Rio de Janeiro, UFRJ/IPUB, 2000
Silva Filho, J.F. Saúde Mental e Qualidade de Vida. Caderno de Apoio à
III Conferência Estadual de Saúde Mental do Maranhão. Coordenação Estadual de Saúde
Mental, Gerência de Estado de Qualidade de Vida, Governo do Maranhão, 2000
Sistema Único de Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão
Organizadora da III CNSM. Relatório Final da III Conferência Nacional de Saúde Mental.
Brasília, 11 a 15 de dezembro de 2001. Conselho Nacional de Saúde / Ministério da Saúde, 2002.
Fonte: http://www.uniad.org.br/independencia/ado_fatoresrisco.htm
62
B) Propostas para evitar o consumo de álcool entre adolescentes – Sintonia com a
Estratégia Global da Organização Mundial da Saúde em relação ao Álcool -
Resolução da 63ª Assembléia Mundial da Saúde de Maio de 2010.
Professor Doutor Ronaldo Laranjeira INPAD – Instituto Nacional de Políticas do Álcool e Drogas – CNPq
Professor Titular de Psiquiatria da UNIFESP
A Organização Mundial da Saúde aprovou no ano passado essa resolução
com o objetivo de ressaltar o enorme problema de saúde pública que o álcool cria no mundo
todo. Em várias regiões do mundo as bebidas alcoólicas causam maiores danos até mesmo do
que o fumo.
O uso nocivo do álcool causa cerca de 2,5 milhões de mortes no mundo
todos os anos. Dessas mortes pelos menos 320.000 são jovens de 15 a 29 anos de idade. É
responsável por 3.8% de todas as mortes, e por 4.5% de toda a incapacitação e anos de vida
perdidos
O uso de álcool é o terceiro fator de risco de saúde no mundo, perde
somente para a desnutrição e sexo sem proteção. Esse risco de saúde está relacionado a uma
série de doenças como: Câncer (cabeça e pescoço, fígado, colo-retal, mama), AVC, hipertensão,
cirrose, pancreatite, doença coronariana, diabetes.
Além de tuberculose, HIV, pneumonia, acidentes, violência familiar. É o
maior fator de risco evitável das doenças psiquiátricas. Uma parcela significante do custo das
doenças atribuídas ao álcool ocorrem devido a acidentes, incluídos aqueles relacionados aos
automóveis, violência e suicídios, que na maioria das vezes atinge a população mais jovem.
Nas Américas e em especial na América do Sul o álcool é um problema de
saúde maior ainda. É o principal fator de risco para todas as doenças, dentre um grupo de
63
mais de 34 fatores, que contribuem para a morte prematura e incapacitação. Nas
Américas as mortes atribuídas ao álcool somam 6%, já a incapacitação e anos de vida perdidos
atinge 9%, sendo a principal causa, mais importante que o fumo 6%, obesidade 5% e hipertensão
4%.
Além de ser um problema de saúde pública, o consumo de álcool é
também um problema de desenvolvimento, pois o custo social nos paises em desenvolvimento é
muito maior do que nos paises desenvolvidos.
A OMS explicitamente menciona que uma atenção especial deva ser dada
a populações com risco maior em relação ao álcool como: crianças, adolescentes, mulheres em
idade de procriação, mulheres grávidas e amamentando, população indigena, e outras populações
com nível sócio economico mais baixo.
Também menciona que as ações comunitárias deveriam ser a prioridade.
As comunidades podem ser ajudadas a identificar e resolver grande número de problemas
relacionados ao álcool, como por exemplo, locais onde os adolescentes podem ter acesso a
bebidas alcoolicas. Mobilizar as comunidades para resolver esses problemas é uma medida eficaz.
A OMS recomenda que é uma política baseada em evidência, além de estabelecer uma idade na
qual o álcool possa ser consumido, que um sistema eficaz de fiscalização seja implementado, com
clara sanções determinadas.
Por que os jovens merecem um destaque especial?
O Álcool é a droga mais usada pelos jovens em todo o continente
americano.
Uma maior percentagem de jovens usam álcool do que tabaco ou outra
droga ilícita. As consequências físicas do uso do álcool pelos jovens variam de problemas
64
médicos até morte, e é importante também numa série de comportamentos sexuais de riscos,
violência, acidentes e suicídio. Também causa efeitos secundários em outras pessoas, bebedores e
não bebedores, incluindo acidentes de carro que colocam todas as crianças em risco.
Em grande parte, pais e outros adultos subestimam o numero de
adolescentes que usam álcool. Subestimam o quão precoce o beber começa, a quantidade que
eles consomem, e os vários riscos que álcool cria para os adolescentes, e a natureza e extensão
das consequências para quem bebe e quem não bebe.
Muito frequentemente os pais acreditam que isso não acontece com seus
filhos, mas a maioria do adolescentes brasileiros começam a experimentar com álcool aos 14
anos e beber regularmente aos 15.
Estudos recentes mostram que o consumo de álcool tem o potencial de
desencadear mudanças biológicas com repercussões de longo prazo no cérebro, incluindo
comprometimento neurocognitivo. O uso de álcool por adolescentes não deveria ser encarado
como um rito de passagem aceitável mas uma verdadeira ameaça a saúde, como as estatísticas
sobre acidentes e mortes atestam.
Consequências Adversas do beber na adolescência
As conseqüências de curto e longo prazos que ocorrem devido ao uso de
álcool na adolescência variam no tipo e na magnitude. A adolescência é um periodo da vida
caracterizado por uma boa condição de saúde geral, e baixa incidência de doenças, no entanto a
morbidade e mortalidade aumenta mais de 200% entre o meio da infância e final da adolescência.
Esse aumento dramatico é atribuido em boa parte a um aumento de comportamento que
envolvem riscos, busca de sensações e comportamentos erráticos que seguem a puberdade e que
contribute para a violência, acidentes, comportamentos sexual de riscos, homicídios e suicídios.
65
Álcool frequentemente está relacionado a todos esses fatores que criam
instabilidade nesse período da vida. As pesquisas internacionais mostram que os principais
problemas relacionados ao uso de álcool na adolescência são:
- é o principal fator de mortes por acidentes
- papel significante em comportamento sexual de risco, que inclui relações
sexuais sem proteção, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez sem planejamento - aumento
do risco de violência física e sexual - associado com problemas na escola e interrupção dos
estudos.
- associado com uso de drogas ilícitas
- associado com uso do cigarro
- pode causar uma série de consequências físicas, de ressaca a morte por
coma alcoólico
-pode causar alterações na estrutura e função no cérebro do adolescente
que está em desenvolvimento e que por isso é mais sensível a esse tipo de dano, e que pode ter
consequências muito além da adolescência
- causa efeitos nas outras pessoas, como danos a propriedades,
traumatismos, violência e até mesmo mortes, como por exemplo em acidentes de carro.
- quanto mais cedo o uso de álcool maiores as chances de desenvolver
dependência do álcool na vida adulta. Estudos internacionais mostram que 40% dos indivíduos
que começaram a beber antes dos 15 anos ficam dependentes do álcool. Que é quarto vezes mais
alta do que alguém que começa a beber após os 21 anos.
Como bebem os adolescentes brasileiros
As bebidas alcoólicas são as substâncias psicotrópicas mais utilizadas pelos
adolescentes brasileiros. O consumo de bebidas alcoólicas no Brasil só é legalmente permitido
após os 18 anos de idade, no entanto os empecilhos são pequenos para que os adolescentes
comprem e consumam álcool. Pesquisa feita pela UNIFESP mostrou que adolescentes
66
conseguiram comprar bebidas alcoólicas em 85% dos 534 estabelecimentos visitados em duas
cidades do estado de São Paulo.
Pelas particularidades desse grupo, a análise dos padrões de consumo
inclui algumas variáveis muito importantes. Pesa muito a idade em que começam a beber, o
número de doses que tomam em média a cada vez que bebem, e a quantidade de bebida ingerida
nas ocasiões em que bebem muito.
Os dados apresentados aqui fazem parte do Primeiro Levantamento de
Consumo de Bebidas alcoólicas da população brasileira realizada pela Universidade Federal de
São Paulo – Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, que entrevistou 3005 brasileiros
escolhidos de uma amostra probabilística do país. Portanto os dados representam o que ocorrem
no país como um todo.
Início do Consumo
O Gráfico 1 apresenta os dados dos jovens adultos (18-25 anos), para
efeito de comparação. Adolescentes e jovens adultos apresentam diferenças na idade média do
67
início do consumo e no começo do consumo regular. A opção de se utilizar os jovens de 18 a 25
anos de idade como comparação deve-se ao fato deles terem menor efeito de memória para
lembrarem do comportamento do beber do que a população mais velha. Houve diferenças
significativas em relação ao começo da experimentação e do uso regular. Isso sugere que os
adolescentes estão iniciando seu consumo de álcool cada vez mais cedo. Esse estudo fornece
informações consistentes que o fenômeno do beber precoce e regular está realmente
acontecendo com os nossos jovens.
A frequência com que bebem
Com que frequência você geralmente bebe qualquer bebida alcoólica
(incluindocerveja, vinho, destilados, bebidas “ice” ou qualquer outra bebida)?
As frequências foram definidas da seguinte maneira: Muito frequente=
todos os dias; Frequente: 1-4 vezes/semana; Ocasional= 1-3 vezes/mês;Raramente=menos de 1
vez/mês; Abstinentes: menos de 1 vez/ano ou nunca bebeu.
68
O Gráfico 2 mostra que os meninos e meninas consomem bebidas
alcoólicas com freqüências semelhantes. Cerca de dois terços de adolescentes de ambos os sexos
são abstinentes. É importante lembrar que o consumo de bebidas alcoólicas é legalmente
proibido para menores de 18 anos no Brasil. Mesmo assim, em um universo de adolescentes
representativo das várias regiões do país e de áreas urbanas e rurais, quase 35% dos adolescentes
menores de idade consomem bebidas alcoólicas ao menos uma vez ao ano. Da mesma maneira,
o fato de que 24% dos adolescentes bebem pelo menos uma vez ao mês merece atenção.
Quantas doses os adolescentes bebem usualmente ?
Especialmente para os jovens, o número de doses que bebe, seja
usualmente ou esporadicamente, é tão importante quanto a freqüência com que bebe. Se cerca de
dois terços dos adolescentes são abstinentes, aqueles que bebem consomem quantidades
significativas. O Gráfico 3 apresenta a quantidade usual consumida pelos adolescentes que
beberam ao menos uma vez no último ano. Quase metade dos meninos adolescentes, que bebeu
no último ano, consumiu três doses ou mais por situação habitual. Diferentemente do gráfico de
freqüência, há diferenças entre meninos e meninas no que diz respeito à quantidade de álcool
ingerida habitualmente. Quase um terço dos meninos que bebem consumiu 5 doses ou mais no
último ano, contrastando com 11% para as meninas.
69
A unidade de medida empregada na pesquisa e na avaliação foi a dose.
Corresponde, na média, a uma latinha de cerveja ou chope de 350 ml, uma taça de vinho de 90
ml, uma dose de destilado, de 30 ml, uma lata ou uma garrafa pequena de qualquer bebida “ice”.
Cada dose contém cerca de 10- 12 gramas de álcool. (anotação: colocar aqui arte com
reprodução das doses citadas acima).
Nos dias em que você bebe cerveja, vinho, bebidas ice, destilados, quantas
doses você geralmente bebe por dia?
A intensidade do beber
O Gráfico 4 analisa a intensidade do consumo de álcool entre todos os
adolescentes da amostra (não apenas os bebedores), mostra que 12% do total dos adolescentes
(17% para os meninos) apresentam padrão intenso de consumo de álcool. Além disso, outros
10% dos adolescentes consomem ao menos uma vez ao mês e potencialmente em quantidades
arriscadas. Há uma tendência de diferença entre o consumo de meninos e meninas, mas essa
diferença não chega a ser estatisticamente significante.
70
Bebedor frequente pesado – bebe uma vez/ou mais por semana e
consome cinco ou mais doses por ocasião uma vez na semana ou mais
Bebedor frequente – bebe uma vez/semana ou mais e pode ou não
consumir 5 ou mais doses por ocasião pelo menos uma vez/semana, mas mais de uma vez por
ano.
Bebedor menos frequente – bebe de uma a três vezes/mês e pode ou
não beber cinco doses ou mais ao menos uma vez ao ano.
Bebedor infrequente – bebe menos de uma vez/mês, mas ao menos
uma vez/ano e não bebe cinco ou mais doses em uma ocasião.
Abstêmio – bebe menos que uma vez/ano ou nunca bebeu na vida.
O Beber com maior risco
O beber com maior risco em um curto espaço de tempo, ou o beber em
“binge”, é a prática que mais deixa o adolescente exposto a uma série de problemas de saúde e
social. Os riscos vão de acidentes de trânsito – o evento mais comum e com consequências mais
graves -, até o envolvimento em brigas, vandalismo e a prática do sexo sem camisinha.
71
O Gráfico 5 mostra a percentagem em que a amostra total de adolescentes
(incluindo os não bebedores) relatam ter consumido bebidas alcoólicas em “binge”. Pouco
menos de um quarto dos meninos e 12% das meninas já bebeu em “binge” ao menos uma vez
nos últimos 12 meses, o que é uma diferença estatisticamente significativa.
Durante os últimos 12 meses, com que frequência você bebeu (SE
HOMEM: cinco ou mais doses MULHER: quatro ou mais doses) de qualquer bebida
alcoólica em uma única ocasião?
72
Entram no Gráfico 6 apenas os adolescentes que já beberam em
“binge” nos últimos 12 meses.
O Gráfico 6 apresenta com que frequência os adolescentes que beberam
em binge ao menos uma vez ao ano relatam essa ocorrência. Entre os meninos e meninas que já
beberam 4 ou mais ou 5 ou mais doses em uma única ocasião nos últimos 12 meses, metade o
fizeram menos de 1 vez por mês. Por outro lado, 30% deles beberam em “binge” duas vezes por
mês ou mais. Assim, uma parte significativa dos adolescentes que bebem grandes quantidades
apresenta tal comportamento com regularidade.
As bebidas mais consumidas
O Gráfico 7 apresenta as percentagens de doses por tipo de bebidas
alcoólicas para a população adolescente de bebedores. Aproximadamente metade das doses
consumidas por adolescentes é de cerveja ou chope. Para chegar a essa conclusão, os
pesquisadores cruzaram dados sobre quantidade de doses consumidas de cada bebida e a
frequência com que são consumidas.
73
Os vinhos tiveram também uma participação importante, com mais de
30% das doses consumidas por adolescentes. Não houve nenhuma diferença significativa entre
os sexos no que diz respeito aos tipos de bebida (embora os meninos tivessem uma tendência a
beber mais destilados que as meninas).
Para chegar a esses números, os entrevistadores perguntaram com
“que freqüência” o(a) adolescente consumia cada uma das bebidas e qual foi a
“quantidade” de cada uma delas consumida em um único dia, nos últimos 12 meses.
A categoria “cerveja” incluía cerveja e chope. “Bebidas ice” são
destilados misturados com refrigerantes ou sucos industrializados. “Destilados” incluem
cachaça, uísque, vodca, conhaque, rum.
QUANTO DO CONSUMO DO ÁLCOOL NO BRASIL É FEITO
POR JOVENS ?
ESSE ESTUDO NACIONAL MOSTROU OS SEGUINTES DADOS
ainda inéditos:
Os menores de 18 anos consomem 6% de todo o álcool no Brasil
Os jovens de 18 a 29 anos consomem 40% de todo o álcool no Brasil
74
Portanto os jovens são os grandes consumidores de álcool no Brasil e é
exatamente por isso que eles apresentam os maiores problemas e necessitam de politicas que
diminuam esse consumo.
Apoio da população às políticas públicas sobre o uso de bebidas
alcoólicas
O conjunto de medidas que chamamos de políticas públicas sobre o uso
de bebidas alcoólicas, foi definido por Babor e Caetano (2005) como, qualquer medida da parte
de governo ou de grupos não-governamental para minimizar ou prevenir os problemas
relacionados ao uso do álcool. As políticas podem envolver a implementação de estratégias
específicas, como por exemplo, restrições ao consumo de álcool por menores, ou alocação de
recursos que refletem prioridades de ações preventivas ou de tratamento. Entre as várias
Estratégias e intervenções que são recomendadas pela OMS temos:
aumento do preço, regulação da disponibilidade física do álcool, modificação do contexto onde o
beber ocorre, fiscalização do beber e dirigir, regulação da promoção do álcool, estratégias
educacionais, tratamento e intervenções breves.
Recentemente houve um grande interesse no Brasil e na América Latina
sobre políticas públicas. Em parte foi devido a um aumento das evidências de que nosso
continente padece de uma intensidade de problemas maior do que o resto do mundo. Em média
o consumo per capita das Américas é 50% maior do que a média mundial (Babor e Caetano,
2005).
A compreensão e o apoio da população são elementos imprescindíveis
para o planejamento, o direcionamento e a implementação de políticas públicas sobre o uso de
75
álcool. Além da adesão da opinião pública, a adoção dessas políticas pelos governantes deve estar
baseada em evidências científicas e em consensos entre especialistas e autoridades.
A presente pesquisa mediu, pela primeira vez no Brasil, a opinião da
população geral nacional sobre diversas políticas relacionadas ao acesso, à promoção, à
prevenção do consumo e ao tratamento do álcool. Nenhum estudo nacional sobre o álcool havia,
até agora, utilizado como base toda a população, especificamente, para obter informações sobre
esse tipo de opinião.
Algumas pesquisas internacionais já chegaram a identificar os grupos de
indivíduos mais propensos a apoiarem as políticas, a exemplo das mulheres, das pessoas casadas,
dos mais velhos e daqueles que têm baixo consumo de álcool. Mas a maioria destes trabalhos foi
realizada em países desenvolvidos, especialmente os EUA, Canadá e União Européia.
Ao revelar a aceitação da população brasileira a medidas e programas
potencialmente eficazes, o presente estudo, além de inédito, constitui uma ferramenta útil para a
discussão de determinadas políticas inovadoras.
APOIO DA POPULAÇÃO
Programas de prevenção e tratamento
A pesquisa abordou iniciativas e políticas que, na opinião dos
entrevistados, deveriam ser aumentadas, reduzidas ou permanecer as mesmas. A imensa maioria
da população geral adulta (n=2346) apóia o aumento de programas preventivos ao uso do álcool
em escolas (92,2%), programas de tratamento para o alcoolismo (91,4%) e campanhas
governamentais de alerta sobre os riscos do álcool (86,25).
Impostos sobre bebidas
76
Mais da metade da população geral adulta (56%) defende o aumento dos
impostos sobre as bebidas alcoólicas. Conforme estudos conduzidos em diversos países, o
aumento da taxação e do preço das bebidas alcoólicas resultou em diminuição do consumo e,
consequentemente, dos problemas relacionados ao álcool.
Venda de bebidas para menores
Já o aumento da idade mínima de 18 anos para a venda de bebidas
alcoólicas foi defendido por 54,5% da população pesquisada. Aqui vale ressaltar que apenas 4,1%
concordam com a redução da idade mínima de 18 anos para a venda de bebidas. De acordo com
o estatuto da criança e adolescente - ECA ( art. 243 da Lei 8.069/90), é motivo de detenção e
multa "vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar de qualquer forma, a
criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar
dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida”. Caberia aos órgãos de
fiscalização, sobretudo dos municípios, garantir a aplicação do Estatuto no sentido coibir a venda
de bebida alcoólica para menores.
Esse dispositivo legal, no entanto, não tem sido cumprido, conforme
94,8% dos entrevistados que disseram concordar com a afirmativa: “na maior parte do Brasil, é
muito fácil para uma criança ou adolescente menor de 18 anos de idade comprar bebida alcoólica
em qualquer ponto de venda, mesmo sendo a venda a menores de idade proibida por Lei”. A
solução é apontada por 94,8% dos entrevistados, que defendem o aumento na fiscalização dos
comerciantes, em relação à venda de bebidas alcoólicas para menores.
Pontos de venda e horário de funcionamento
Controlar as condições de venda ao consumidor é uma medida capaz de
interferir na disponibilidade física ou na acessibilidade às bebidas alcoólicas. O objetivo, também
neste caso, é o de reduzir os danos decorrentes da ingestão alcoólica. Os estabelecimentos que
mais influenciam o uso do álcool são aqueles que vendem bebidas para serem consumidas no
próprio local.
77
Para 89,2% dos entrevistados, os estabelecimentos não deveriam servir
bebidas alcoólicas para clientes que já estão bêbados. As padarias, confeitarias e mercearias, na
opinião de 74,1% deviam ser proibidas de vender bebidas alcoólicas.
Quanto à restrição do horário de venda de bebidas alcoólicas, 76,2%
defendem essa medida. Diversos municípios brasileiros têm adotado leis que regulamentam o
horário de funcionamento dos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas. São várias
as vantagens deste tipo medida, que ficou conhecida como “Lei Seca”, estudos demonstram que
o fechamento de bares após determinado horário contribui para a redução dos homicídios e da
violência doméstica (Duailibi e col, 2006).
Promoção e propaganda
Quatro perguntas foram feitas com o objetivo de avaliar a opinião da
população sobre restrições à propaganda de bebidas alcoólicas. A grande maioria dos
respondentes apoiou medidas que de alguma forma faz restrições às propagandas.
As quatro perguntas formam:
As propagandas de bebidas alcoólicas deveriam reservar um espaço para
mensagens de alerta sobre os riscos e problemas causados pelas bebidas alcoólicas?
93,8 % aprovam
Deveria haver mensagens de alerta sobre os riscos e problemas causados
pelas bebidas alcoólicas nos rótulos das garrafas ou latas, além do já existente “Beba com
moderação”?
89,2% aprovam
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Deveria ser proibida a propaganda de bebidas alcoólicas na televisão,
incluindo vinho cachaça, cerveja ou chope, uísque, rum, vodca e outros tipos fermentados e
destilados?
67,9% aprovam
As companhias fabricantes de bebidas alcoólicas deveriam ser proibidas de
patrocinar eventos culturais e esportivos?
55,2% aprovam
Declaração sobre os Jovens e o Álcool
Organização Mundial da Saúde – Conferência Jovens e Álcool que
ocorreu em Estocolmo em Fevereiro de 2001
Em 1995 os países membros da União Européia aprovaram um
documento que ficou conhecido como “The European Charter on Alcohol” que estabelece
alguns princípios e objetivos para promover e proteger a saúde e bem estar dessa região. A
declaração tem como objetivo os jovens das pressões para beber e reduzir os danos diretos ou
indiretos produzidos pelas bebidas alcoólicas. Essa declaração tem cinco princípios básicos
1. Todas as pessoas tem o direito de uma família, comunidade e uma vida
de trabalho protegida dos acidentes, violências e outras consequências negativas do consumo de
álcool.
2. Todas as pessoas tem o direito de informações imparciais e válidas,
começando o mais cedo possível na vida, sobre as consequências do consumo do álcool na
saúde, na família e na sociedade.
3. Todas as crianças e adolescentes tem o direito de crescer num ambiente
protegido das consequências negativas do consumo do álcool, e na medida do possível, da
promoção de bebidas alcoólicas.
79
4. Todas as pessoas com problemas com o consume de álcool e os
membros da sua família tem o direito a tratamento e cuidados necessários.
5. Todas as pessoas que não queiram consumir álcool, ou que não possam
faze-lo devido a problemas de saúde ou outro motive, tem o direito de ser protegida das pressões
para beber e ser apoiada no seu comportamento abstêmio.
Essa declaração propõem os seguintes objetivos a serem alcançados
nos próximos anos:
• Reduzir substancialmente o número de jovens que comecem a consumir
álcool
• Postergar o inicio do beber pelos jovens.
• Reduzir substancialmente a ocorrência e frequência de beber de alto
risco entre os jovens, especialmente adolescentes e adultos jovens.
• Criar e/ou expander alternativas de comportamento ao uso de álcool e
drogas e aumentar a educação e treinamento para as pessoas que trabalham com jovens.
• Aumentar o envolvimento dos jovens em políticas relacionadas a saúde
dos jovens, especialmente aquelas que envolvam álcool.
• Aumentar a educação dos jovens sobre o álcool.
• Minimizar as pressões para que o jovem beba, especialmente em relação
às promoções do álcool, distribuição grátis, propaganda, sponsorship e disponibilidade, com
ênfase em eventos especiais.
• Apoiar ações contra a venda ilegal de álcool .
• Garantir e/ou aumentar o acesso a serviços de saúde aconselhamento,
especialmente para jovens com problemas com álcool e/ou membros da sua família com esse
tipo de problema.
• Reduzir substancialmente os danos causados pelo álcool, especialmente
acidentes, agressões e violência, especialmente entre os jovens.
QUAIS AS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS QUE CONTRIBUEM
PARA A IMPLEMENTAÇÃO DESSA POLÍTICA ?
80
O país que mais pesquisou a política de retardar o consumo do álcool
entre os adolescentes foram os EUA. Há mais de 20 anos todos os estados adotadam a idade de
21 anos como limite para a venda e consumo de bebidas alcoolicas.
Atualmente praticamente ninguém questiona que a implementação dessa
medida, e uma prática de fiscalização bastante eficiente em todos os estados foi um grande
avanço na saúde dos jovens. Existem mais de 240 estudos que mostraram os benefícios dessa
prática. Alguns desses dados são:
- Estudo de 2009 mostrou que retardar o inicio da experimentação com
álcool por adolescentes reduz o risco de vários tipos de acidentes
- Diminui os acidentes de automóveis envolvendo jovens em mais de 20%
- Diminui mortalidade dos jovens
- Diminui acidentes que necessitam uma visita a hospital
- Diminui o consumo de álcool entre os jovens, podendo chegar a mais de
40%.
As evidências são significativas que o que faz a diferença é uma
fiscalização constante e a certeza de punição por parte do vendedor.
Fonte:http://www.uniad.org.br/images/stories/arquivos/Programa_do_Estado_de_Sao_Paulo_para_evitar_o_consumo_de_alcool_entre_adolescentes.pdf
81
4a PARTE DO MATERIAL DE APOIO – POLÍTICAS, PROJETOS E
PROGRAMAS
A) DECRETO N o 6.117, DE 22 DE MAIO DE 2007
DECRETO N o 6.117, DE 22 DE MAIO DE 2007
Aprova a Política Nacional sobre o Álcool, dispõe sobre as medidas para
redução do uso indevido de álcool e sua associação com a violência e criminalidade, e dá outras
providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
confere o art. 84, inciso VI, alínea "a", da Constituição,
D E C R E T A :
Art. 1 o Fica aprovada a Política Nacional sobre o Álcool, consolidada a
partir das conclusões do Grupo Técnico Interministerial instituído pelo Decreto de 28 de maio
de 2003, que formulou propostas para a política do Governo Federal em relação à atenção a
usuários de álcool, e das medidas aprovadas no âmbito do Conselho Nacional Antidrogas, na
forma do Anexo I.
Art. 2 o A implementação da Política Nacional sobre o Álcool terá início
com a implantação das medidas para redução do uso indevido de álcool e sua associação com a
violência e criminalidade a que se refere o Anexo II.
Art. 3 o Os órgãos e entidades da administração pública federal deverão
considerar em seus planejamentos as ações de governo para reduzir e prevenir os danos à saúde e
à vida, bem como as situações de violência e criminalidade associadas ao uso prejudicial de
bebidas alcoólicas na população brasileira.
Art. 4 o A Secretaria Nacional Antidrogas articulará e coordenará a
implementação da Política Nacional sobre o Álcool.
Art. 5 o Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.
Brasília, 22 de maio de 2007; 186o da Independência e 119o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Tarso Genro Fernando Haddad Márcia Bassit Lameiro da Costa Mazzoli Marcio Fortes de Almeida Jorge Armando Felix
82
B) ANEXO I
POLÍTICA NACIONAL SOBRE O ÁLCOOL
I – OBJETIVO
1. A Política Nacional sobre o Álcool contém princípios fundamentais à
sustentação de estratégias para o enfrentamento coletivo dos problemas relacionados ao
consumo de álcool, contemplando a intersetorialidade e a integralidade de ações para a redução
dos danos sociais, à saúde e à vida causados pelo consumo desta substância, bem como as
situações de violência e criminalidade associadas ao uso prejudicial de bebidas alcoólicas na
população brasileira.
II DA INFORMAÇÃO E PROTEÇÃO DA POPULAÇÃO
QUANTO AO CONSUMO DO ÁLCOOL
2. O acesso e recebimento de informações sobre os efeitos do uso
prejudicial de álcool e sobre a possibilidade de modificação dos padrões de consumo, e de
orientações voltadas para o seu uso responsável, é direito de todos os consumidores.
3. Compete ao Governo, com a colaboração da sociedade, a proteção dos
segmentos populacionais vulneráveis ao consumo prejudicial e ao desenvolvimento de hábito e
dependência de álcool.
4. Compete ao Governo, com a colaboração da sociedade, a adoção de
medidas discutidas democraticamente que atenuem e previnam os danos resultantes do consumo
de álcool em situações específicas como transportes, ambientes de trabalho, eventos de massa e
em contextos de maior vulnerabilidade.
III - DO CONCEITO DE BEBIDA ALCOÓLICA
5. Para os efeitos desta Política, é considerada bebida alcoólica aquela que
contiver 0.5 grau Gay-Lussac ou mais de concentração, incluindo-se aí bebidas destiladas,
fermentadas e outras preparações, como a mistura de refrigerantes e destilados, além de
preparações farmacêuticas que contenham teor alcoólico igual ou acima de 0.5 grau Gay-Lussac.
IV – DIRETRIZES
6. São diretrizes da Política Nacional sobre o Álcool:
83
1 - promover a interação entre Governo e sociedade, em todos os seus
segmentos, com ênfase na saúde pública, educação, segurança, setor produtivo, comércio,
serviços e organizações não governamentais;
2 - estabelecer ações descentralizadas e autônomas de gestão e execução
nas esferas federal, estadual, municipal e distrital;
3 - estimular para que as instâncias de controle social dos âmbitos federal,
estadual, municipal e distrital observem, no limite de suas competências, seu papel de articulador
dos diversos segmentos envolvidos;
4 - utilizar a lógica ampliada do conceito de redução de danos como
referencial para as ações políticas, educativas, terapêuticas e preventivas relativas ao uso de
álcool, em todos os níveis de governo;
5 - considerar como conceito de redução de danos, para efeitos desta
Política, o conjunto estratégico de medidas de saúde pública voltadas para minimizar os riscos à
saúde e à vida, decorrentes do consumo de álcool;
6 - ampliar e fortalecer as redes locais de atenção integral às pessoas que
apresentam problemas decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas, no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS);
7 - estimular que a rede local de cuidados tenha inserção e atuação
comunitárias, seja multicêntrica, comunicável e acessível aos usuários, devendo contemplar, em
seu planejamento e funcionamento, as lógicas de território e de redução de danos;
8 - promover programas de formação específica para os trabalhadores de
saúde que atuam na rede de atenção integral a usuários de álcool do SUS;
9 - regulamentar a formação de técnicos para a atuação em unidades de
cuidados que não sejam componentes da rede SUS;
10 - promover ações de comunicação, educação e informação relativas às
conseqüências do uso do álcool;
11 promover e facilitar o acesso da população à alternativas culturais e de
lazer que possam constituir alternativas de estilo de vida que não considerem o consumo de
álcool;
84
12 - incentivar a regulamentação, o monitoramento e a fiscalização da
propaganda e publicidade de bebidas alcoólicas, de modo a proteger segmentos populacionais
vulneráveis ao consumo de álcool em face do hiato existente entre as práticas de comunicação e
a realidade epidemiológica evidenciada no País;
13 - estimular e fomentar medidas que restrinjam, espacial e
temporalmente, os pontos de venda e consumo de bebidas alcoólicas, observando os contextos
de maior vulnerabilidade às situações de violência e danos sociais;
14 - incentivar a exposição para venda de bebidas alcoólicas em locais
específicos e isolados das distribuidoras, supermercados e atacadistas;
15 - fortalecer sistematicamente a fiscalização das medidas previstas em lei
que visam coibir a associação entre o consumo de álcool e o ato de dirigir;
16 - fortalecer medidas de fiscalização para o controle da venda de bebidas
alcoólicas a pessoas que apresentem sintomas de embriaguez;
17 - estimular a inclusão de ações de prevenção ao uso de bebidas
alcoólicas nas instituições de ensino, em especial nos níveis fundamental e médio;
18 privilegiar as iniciativas de prevenção ao uso prejudicial de bebidas
alcoólicas nos ambientes de trabalho;
19 - fomentar o desenvolvimento de tecnologia e pesquisa científicas
relacionadas aos danos sociais e à saúde decorrentes do consumo de álcool e a interação das
instituições de ensino e pesquisa com serviços sociais, de saúde, e de segurança pública;
20 - criar mecanismos que permitam a avaliação do impacto das ações propostas e implementadas pelos executores desta Política.
ANEXO II
Conjunto de medidas para reduzir e prevenir os danos à saúde e à vida,
bem como as situações de violência e criminalidade associadas ao uso prejudicial de bebidas
alcoólicas na população brasileira
1. Referente ao diagnóstico sobre o consumo de bebidas alcoólicas
no Brasil:
85
1.1. Publicar os dados do I Levantamento Nacional sobre os Padrões de
Consumo do Álcool na População Brasileira, observando o recorte por gênero e especificando
dados sobre a população jovem e a população indígena;
1.2. Apoiar pesquisa nacional sobre o consumo de álcool, medicamentos e
outras drogas e sua associação com acidentes de trânsito entre motoristas particulares e
profissionais de transporte de cargas e de seres humanos.
2. Referente à propaganda de bebidas alcoólicas:
2.1. Incentivar a regulamentação, o monitoramento e a fiscalização da
propaganda e publicidade de bebidas alcoólicas, de modo a proteger segmentos populacionais
vulneráveis à estimulação para o consumo de álcool;
3. Referente ao tratamento e à reinserção social de usuários e
dependentes de álcool:
3.1. Ampliar o acesso ao tratamento para usuários e dependentes de álcool
aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS);
3.2. Articular, com a rede pública de saúde, os recursos comunitários não
governamentais que se ocupam do tratamento e da reinserção social dos usuários e dependentes
de álcool.
4. Referente à realização de campanhas de informação,
sensibilização e mobilização da opinião pública quanto às conseqüências do uso
indevido e do abuso de bebidas alcoólicas :
4.1. Apoiar o desenvolvimento de campanha de comunicação permanente,
utilizando diferentes meios de comunicação, como, mídia eletrônica, impressa, cinematográfico,
radiofônico e televisivo nos eixos temáticos sobre álcool e trânsito, venda de álcool para
menores, álcool e violência doméstica, álcool e agravos da saúde, álcool e homicídio e álcool e
acidentes.
5. Referente à redução da demanda de álcool por populações
vulneráveis:
5.1. Intensificar a fiscalização quanto ao cumprimento do disposto nos
arts. 79, 81, incisos II e III, e 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente;
86
5.2. Intensificar a fiscalização e incentivar a aplicação de medidas
proibitivas sobre venda e consumo de bebidas alcoólicas nos campos universitários;
5.3. Implementar o “Projeto de Prevenção do Uso de Álcool entre as
Populações Indígenas" , visando à capacitação de agentes de saúde e de educação, assim como
das lideranças das comunidades indígenas, para a articulação e o fortalecimento das redes de
assistência existentes nas comunidades e nos municípios vizinhos;
5.4. Articular a elaboração e implantação de um programa de prevenção
ao uso de álcool dirigido à população dos assentamentos para a reforma agrária, bem como o
acesso desta população aos recursos de tratamentos existentes na rede pública e comunitária.
6. Referente à segurança pública:
6.1. Estabelecer regras para destinação de recursos do Fundo Nacional de
Segurança Pública (FNSP) e do Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD) para os Municípios que
aderirem a critérios pré-definidos pelo CONAD para o desenvolvimento de ações que visem
reduzir a violência e a criminalidade associadas ao consumo prejudicial do álcool.
7 . Referente à associação álcool e trânsito:
7.1. Difundir a alteração promovida no Código de Trânsito Brasileiro pela
Lei no 11.275, de 7 de fevereiro de 2006, quanto à comprovação de estado de embriaguez;
7.2. Recomendar a inclusão no curso de reciclagem previsto no artigo 268
do Código de Trânsito Brasileiro, de conteúdo referente às técnicas de intervenção breve para
usuários de álcool;
7.3. Recomendar a revisão dos conteúdos sobre uso de álcool e trânsito
nos cursos de formação de condutores e para a renovação da carteira de habilitação;
7.4. Recomendar a inclusão do tema álcool e trânsito na grade curricular
da Escola Pública de Trânsito;
7.5. Elaborar medidas para a proibição da venda de bebidas alcoólicas nas
faixas de domínio das rodovias federais.
8. Referente à capacitação de profissionais e agentes
multiplicadores de informações sobre temas relacionados à saúde, educação, trabalho e
segurança pública:
87
8.1. Articular a realização de curso de capacitação em intervenção breve
para profissionais da rede básica de saúde;
8.2. Articular a realização de curso de prevenção do uso do álcool para
educadores da rede pública de ensino;
8.3. Articular a realização de curso de capacitação para profissionais de
segurança de pública;
8.4. Articular a realização de curso de capacitação para conselheiros
tutelares, dos direitos da criança e do adolescente, de saúde, educação, antidrogas, assistência
social e segurança comunitária;
8.5. Articular a realização de curso de capacitação para profissionais de
trânsito;
8.6. Articular a realização de curso de capacitação em prevenção do uso do
álcool no ambiente de trabalho.
9. Referente ao estabelecimento de parceria com os municípios para
a recomendação de ações municipais:
9.1. Apoiar a fiscalização dos estabelecimentos destinados à diversão e
lazer, especialmente para o público jovem no que se refere à proibição de mecanismos de
indução ao consumo de álcool:
9.1.1. Incentivar medidas de proibição para a consumação mínima,
promoção e degustação de bebidas alcoólicas;
9.1.2. Incentivar medidas de regulamentação para horário de
funcionamento de estabelecimentos comerciais onde haja consumo de bebidas alcoólicas;
9.2 Apoiar os Municípios na implementação de medidas de proibição da
venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolina;
9.3 Incentivar o estabelecimento de parcerias com sindicatos, associações
profissionais e comerciais para a adoção de medidas de redução dos riscos e danos associados ao
uso indevido e ao abuso de bebidas alcoólicas:
9.3.1. Incentivar a capacitação de garçons quanto à proibição da venda de
bebidas para menores e pessoas com sintomas de embriaguez;
88
9.3.2. Estimular o fornecimento gratuito de água potável nos
estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas;
9.4. Promover e facilitar o acesso da população a alternativas culturais e de
lazer que possam constituir escolhas naturais e alternativas para afastar o público jovem do
consumo do álcool.
89
C) DECRETO DISTRITAL Nº 32.108, DE 25 DE AGOSTO DE 2010.
DECRETO DISTRITAL Nº 32.108, DE 25 DE AGOSTO DE
2010 (Diário Oficial-DF nº 165, 26 de agosto de 2010)
Institui a Política Distrital sobre Drogas e cria o Sistema Distrital de
Política sobre Drogas.
O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso das
atribuições que lhe confere o artigo 100, inciso XXVI da Lei Orgânica do Distrito Federal,
DECRETA:
Art. 1º A Política Distrital sobre Drogas, instituída por meio deste
Decreto, fundamenta-se a Política Nacional sobre Drogas, na Política Nacional sobre o Álcool e
nas resoluções aprovadas pelo Conselho de Política sobre Drogas do Distrito Federal.
Art. 2º A Política Distrital sobre Drogas será estruturada, de acordo com
as seguintes diretrizes:
I - o respeito aos princípios éticos e à pluralidade cultural, com vista à
promoção de valores voltados à saúde física e mental, individual e coletiva, ao bem-estar, à
integração socioeconômica e à valorização das relações familiares e de trabalho;
II - a construção de uma sociedade consciente e protegida do uso de
drogas ilícitas, bem como do uso indevido ou abusivo de drogas lícitas;
III - o reconhecimento da distinção entre o usuário, a pessoa em uso
indevido, o abusador, o dependente e o traficante, de forma a tratá-los diferenciadamente;
IV - a não discriminação do usuário ou dependente de drogas, garantindo-
se-lhe o acesso aos serviços públicos e privados, para recuperação da sua saúde e qualidade de
vida;
V - a prevenção ao uso indevido de drogas;
VI - o reconhecimento de que o uso de drogas ilícitas alimenta as
atividades e as organizações criminosas;
VII - a cooperação em todos os níveis de governo e da sociedade como
estratégia para buscar efetividade e sinergia nas ações de prevenção e combate às drogas;
90
VIII - a importância de estratégias de planejamento e avaliação nas
políticas de educação, cultura, esporte, lazer, desenvolvimento social, transferência de renda,
saúde, segurança pública e direitos humanos, no tocante à prevenção e combate às drogas;
IX – a produção de conhecimento no tocante à prevenção, redução da
oferta e da demanda de drogas;
X - a necessidade do uso de fundamentação científica nos programas, nos
projetos e nas 2.
Ações de prevenção e combate às drogas;
XI - a necessidade de dotações orçamentárias permanentes e específicas
para os programas, os projetos e as ações de prevenção e de combate às drogas;
XII - a regionalização das ações relacionadas à prevenção e combate às
drogas, com a efetiva participação da sociedade.
Art. 3º São objetivos da Política Distrital sobre Drogas:
I - conscientizar a sociedade a respeito dos prejuízos e das implicações do
uso indevido ou abusivo de álcool e ou de outras drogas;
II - reduzir as conseqüências decorrentes do uso indevido ou abusivo de
álcool e ou de outras drogas para o usuário, a família, a comunidade e a sociedade;
III - garantir a implantação, efetivação e melhoria dos programas, ações e
atividades de redução da demanda por drogas, nas áreas de prevenção, tratamento e reinserção
social, respeitando-se a individualidade e a dignidade da pessoa humana;
IV - avaliar e acompanhar, sistematicamente, os diferentes tratamentos e
iniciativas terapêuticas, respeitada a diversidade de modelos, visando à construção e
fortalecimento de rede integrada de atenção ao usuário/abusador/dependente de álcool ou
outras drogas;
V - informar, capacitar e formar pessoas, em todos os segmentos sociais,
para ações eficientes, eficazes e efetivas de redução da demanda e da oferta de drogas,
fundamentadas
em conhecimentos científicos e ou em experiências bem sucedidas;
91
VI - ampliar o fomento governamental às ações da rede social de redução
da demanda por drogas;
VII - implementar rede de assistência integrada, governamental, não-
governamental e intersetorial, para pessoas com transtornos decorrentes do consumo de
substâncias psicoativas, de acordo com a normatização funcional mínima estabelecida pelo
CONEN e
órgãos de saúde;
VIII - favorecer a cooperação entre o Distrito Federal, os municípios, os
estados e a união, para a redução da demanda e da oferta de drogas;
IX - fomentar, em todos os níveis de governo, o planejamento, o
acompanhamento e a avaliação das ações de redução da demanda e da oferta de drogas;
X - sistematizar e divulgar as iniciativas, ações e campanhas de prevenção
ao uso indevido de drogas;
XI - promover levantamentos e pesquisas científicas a respeito da
demanda e da oferta de drogas;
XII - assegurar, nos órgãos governamentais componentes do Sistema
Distrital de Política sobre Drogas, dotações orçamentárias permanentes e específicas para
efetivação das ações
preconizadas por essa política;
XIII - criar e manter Conselhos Regionais sobre Drogas, especialmente
nas regiões administrativas densamente povoadas ou com vulnerabilidade social aumentada.
Art. 4º São Diretrizes da Política Distrital sobre Drogas na Área de
Prevenção:
I - promover, estimular e apoiar a capacitação continuada, o trabalho
interdisciplinar e multiprofissional, com a participação de todos os atores sociais, inclusive dos
pais, dos líderes religiosos e dos educadores, com o objetivo de articular, fortalecer e ampliar as
redes sociais de prevenção às drogas;
II - direcionar as ações de educação preventiva, de forma continuada, com
foco no indivíduo e seu contexto sociocultural;
92
III - incentivar, na educação básica e superior, a abordagem de conteúdos
relacionados à prevenção ao uso indevido ou abusivo de álcool e ou outras drogas;
IV - priorizar ações interdisciplinares e contínuas, de caráter preventivo e
educativo, na elaboração de programas de saúde para o trabalhador e seus familiares, baseados na
responsabilidade compartilhada entre empregado e empregador;
V - propor a criação de incentivos às empresas que promovam, para seus
empregados, programas de prevenção ao uso ou ao abuso de álcool e ou outras drogas;
VI - fomentar rede integrada de prevenção ao uso ou abuso de álcool ou
outras drogas, valorizando a responsabilidade compartilhada;
VII - fundamentar as campanhas e programas de prevenção em pesquisas
e levantamentos sobre o uso ou abuso de álcool e ou outras drogas e suas conseqüências;
VIII - incentivar as diversas instâncias do poder público a promover
eventos sociais, culturais, esportivos e educacionais que estimulem a qualidade de vida da
população;
IX - garantir recursos técnicos e financeiros para desenvolvimento,
adaptação ou implementação de modelos de prevenção ao uso indevido ou abusivo de drogas.
Art. 5º São Diretrizes da Política Distrital sobre Drogas, nas Áreas de
Tratamento, Recuperação e Reinserção Social dos usuários ou dependentes de álcool e ou outras
drogas:
I - promover e garantir a articulação e a integração, em rede distrital, entre
o Sistema Único de Saúde, o Sistema Único de Assistência Social, o Sistema de Garantia de
Direitos e os atores sociais não governamentais, nas intervenções para tratamento, redução de
danos sociais e à saúde, reinserção social e ocupacional de usuários ou dependentes de álcool e
ou outras drogas;
II - desenvolver e disponibilizar banco de dados, com informações
científicas atualizadas, para subsidiar o planejamento e a avaliação das práticas de tratamento,
reinserção social e ocupacional e redução de danos sociais e à saúde;
93
III - definir, monitorar e acompanhar a aplicação de diretrizes mínimas
que regulem o funcionamento de instituições dedicadas ao tratamento, reinserção social e
ocupacional e redução de danos sociais e à saúde;
IV - garantir recursos técnicos e financeiros para desenvolvimento,
adaptação ou implementação de modelos de tratamento, de reinserção social e ou ocupacional e
de redução de danos sociais e à saúde, dos usuários de álcool e ou outras drogas e de seus
familiares;
V - estabelecer parcerias e convênios entre o Distrito Federal e instituições
não-governamentais ou privadas que contribuam no tratamento, na redução de danos sociais e
à saúde, na reinserção social e ocupacional;
VI - propor a inserção no orçamento anual do Distrito Federal de
recursos para o tratamento, a reinserção social e ou ocupacional das pessoas em tratamento ou
recuperação;
VII - garantir a destinação de recursos orçamentários para o Fundo
Antidrogas do Distrito Federal - FUNPAD;
VIII - estabelecer parcerias com instituições de ensino, para a
implementação de capacitação continuada na Política Distrital sobre Drogas para os integrantes
da rede de tratamento e de recuperação de usuários de álcool e ou outras drogas;
IX - promover a atenção e o acompanhamento dos usuários de álcool ou
outras drogas, extensivo aos seus familiares, após sua alta, por uma equipe multidisciplinar,
preferencialmente na sua região administrativa de origem, por no mínimo dois anos;
X - estimular a criação de Centros de Atenção Psicossocial - Álcool e
Drogas - CAPS-AD nas regiões administrativas do Distrito Federal, inclusive para atendimento a
crianças e adolescentes;
XI - definir políticas de fiscalização do cumprimento dos protocolos de
tratamento ao usuário de álcool ou outras drogas na rede de assistência do Sistema Único de
Saúde - SUS;
94
XII - estabelecer estratégias junto às administrações regionais, à Secretaria
de Estado de Saúde do Distrito Federal e à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e
Transferência de Renda do Distrito Federal objetivando:
a) fomentar a articulação das ações em conformidade com a Política
Nacional de Atenção Integral ao Usuário de Álcool e ou outras Drogas;
b) estimular a capacitação das equipes do Programa Estratégia Saúde da
Família – PESF, com a implantação dos Centros de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas -
CAPS-AD e a adoção de métodos de redução de danos;
c) fortalecer o atendimento dos serviços hospitalares de desintoxicação
nos hospitais gerais;
d) fortalecer o atendimento social ao usuário de álcool ou outras drogas,
especialmente daqueles em situação de maior vulnerabilidade social e em condição de
reintegração familiar;
XIII - promover a reinserção social dos usuários, mediante diversos
programas promovidos por instituições governamentais e não-governamentais que envolvam
trabalho, cultura, lazer, esporte e educação, utilizando recursos intersetoriais e estratégias
conjuntas;
XIV - divulgar e conscientizar a comunidade para a responsabilidade
compartilhada nas ações continuadas de reinserção social do usuário de álcool ou outras drogas;
XV - garantir adequado atendimento e acesso ao tratamento a todo
cidadão, sem distinção de crença, orientação sexual, raça, idade ou condição de saúde.
Art. 6º São diretrizes da Política Distrital sobre Drogas na Área de
Redução de Danos Sociais e à Saúde dos usuários de álcool e ou outras drogas:
I - reconhecer a estratégia de redução de danos, como medida de
intervenção preventiva, assistencial, de promoção da saúde e dos direitos humanos;
II - garantir o apoio à implementação, divulgação e acompanhamento das
iniciativas e estratégias de redução de danos desenvolvidas por organizações governamentais e
não-governamentais, em consonância com as políticas públicas de saúde;
95
III - diminuir o impacto dos problemas socioeconômicos, culturais e dos
agravos à saúde associados ao uso de álcool ou outras drogas;
IV - orientar e estabelecer, com embasamento científico, intervenções e
ações de redução de danos, considerando a qualidade de vida, o bem-estar individual e
comunitário, as características locais, o contexto de vulnerabilidade e o risco social.
V - garantir, promover e destinar recursos para o treinamento, capacitação
e supervisão técnica de trabalhadores e de profissionais para atuar em atividades de redução de
danos;
VI - reconhecer a importância do agente redutor de danos no contexto da
Política de Drogas, garantindo sua capacitação e supervisão técnica;
VII - estimular a formação de multiplicadores em atividades relacionadas à
redução de danos, objetivando um maior envolvimento da comunidade com essa estratégia;
VIII - promover estratégias de divulgação, elaboração de material
educativo, sensibilização e discussão com os profissionais de saúde sobre o método, os objetivos
e a efetividade da
estratégia de redução de danos;
IX - apoiar e divulgar as pesquisas científicas realizadas na área de redução
de danos para o
aprimoramento e a adequação da política e de suas estratégias;
X - promover e implementar a integração das ações de redução de danos
com outros programas de saúde pública.
Art. 7º São diretrizes da Política Distrital sobre Drogas na Área da
Repressão ao uso de drogas:
I - planejar e adotar medidas para tornar a repressão ao tráfico de drogas
ilícitas eficaz, mediante ações coordenadas, harmônicas e concentradas articuladas com o Poder
Judiciário, o Ministério Público e as Forças Policiais;
II - promover, sustentar e aprimorar em ação contínua o
desmantelamento de organizações
criminosas e de seus respectivos patrimônios;
96
III - potencializar a formação, qualificação e valorização das forças
policiais que atuam no
setor, buscando o aprimoramento permanente das ações de inteligência e
operacionalização, objetivando, sempre que possível, o conhecimento conjunto e as operações
articuladas, disponibilizando, para tanto, recursos financeiros;
IV - propiciar o pronto conhecimento e o acesso, pelos órgãos
competentes, aos sistemas de controle, de fabricação e de comercialização de produtos, reagentes
químicos ou quaisquer outros, comumente empregados na fabricação e refino de substâncias
psicoativas;
V - instrumentalizar e modernizar as forças policiais com recursos
materiais e humanos, observada a esfera de competência de cada instituição, visando a aprimorar
as ações de combate às organizações criminosas;
VI - prover as forças policiais de recursos orçamentários específicos
destinados à realização e ações de inteligência para ações repressivas.
Art. 8º São diretrizes da Política Distrital sobre Drogas na Área de
Pesquisa:
I - analisar os serviços de tratamento oferecidos e seus respectivos
modelos de atuação, seu alcance na comunidade e desempenho dos profissionais neles
envolvidos, bem como os resultados obtidos;
II - diagnosticar a prevalência do uso e abuso de substâncias psicoativas
pela população, visando à implantação de programas e políticas públicas de prevenção e de
combate às drogas;
III - criar incentivos para que a iniciativa privada invista em pesquisas
sobre os efeitos e as conseqüências do uso de álcool e ou outras drogas;
IV - fomentar pesquisas sobre prevenção ao uso de drogas, tratamento e
recuperação de
dependentes químicos;
97
V - propor a criação de protocolos unificados para registros de dados
relacionados ao uso de substâncias psicoativas no âmbito das polícias civil e militar, serviços de
saúde e organizações não-governamentais;
VI - pesquisar o impacto de atividades como esporte, cultura, lazer e artes
na prevenção e
tratamento do uso de substâncias psicoativas;
VII - fomentar a parceria entre instituições de ensino e a comunidade,
com o propósito de
incentivar a coleta de dados sobre o uso de substâncias psicoativas que
sirvam, conseqüentemente, como fonte para realização de pesquisas e elaboração de projetos de
ação para prevenção ao uso indevido de drogas.
Art. 9º Fica criado o Sistema Distrital de Políticas Públicas sobre Drogas -
SIDPD, integrando as atribuições dos diversos órgãos distritais no que se refere à
implementação de ações públicas de prevenção, tratamento, reinserção social, redução dos danos
sociais e à saúde e pesquisa no campo do uso e do abuso de álcool e ou outras drogas.
Art. 10 São objetivos do SIDPD:
I - compatibilizar as ações de âmbito distrital e as ações nacionais de
prevenção, tratamento, reinserção social, redução dos danos sociais e à saúde e pesquisa no
campo do uso e do abuso de álcool e ou outras drogas, bem como fiscalizar a sua respectiva
execução;
II - estabelecer parceria nas ações de prevenção, tratamento, reinserção
social, redução dos
danos sociais e à saúde e pesquisa no campo do uso e do abuso de álcool e
ou outras drogas do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público no que se
refere à execução das Políticas de Estado voltadas para as referidas ações;
III – Promover a articulação entre as ações do poder público do Distrito
Federal e as ações de entidades não-governamentais nas áreas de prevenção, tratamento,
reinserção social e
ocupacional, redução de danos sociais e à saúde e pesquisa.
98
Art. 11 Integra o SIDPD um representante dos seguintes órgãos:
I - Conselho de Política sobre Drogas - CONEN, como órgão central;
II - Chefia de Gabinete da Governadoria do Distrito Federal;
III - Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios;
IV - Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
V - Procuradoria Geral do Distrito Federal;
VI - Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do
Distrito Federal;
VII - Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal;
VIII - Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal;
IX - Secretaria de Estado de Esporte do Distrito Federal;
X - Secretaria de Estado de Segurança Pública do Distrito Federal;
XI – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de
Renda do Distrito Federal;
XII - Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal;
XIII - Polícia Civil do Distrito Federal;
XIV - Polícia Militar do Distrito Federal.
Art. 12 Compete ao Conselho de Política sobre Drogas - CONEN:
I - propor a política distrital sobre drogas, em consonância com a política
nacional estabelecida pelo Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, compatibilizando o
plano distrital com o nacional e acompanhando a sua respectiva execução;
II - propor a adequação das estruturas e dos procedimentos da
Administração Distrital nas áreas de prevenção, tratamento e reinserção social, fiscalização e
redução da oferta de drogas;
III - fomentar pesquisas e levantamentos sobre os aspectos de saúde,
educação, sociais, culturais e econômicos decorrentes do consumo e da oferta de substâncias
psicoativas lícitas e ilícitas, que propiciem uma análise capaz de nortear as políticas públicas na
área de drogas;
99
IV - promover, junto aos órgãos competentes, a inclusão de ensinamentos
referentes a substâncias psicoativas nos cursos de formação de profissionais das instituições que
compõe o SIDPD, a fim de que esses conhecimentos possam ser aplicados em suas respectivas
áreas de atuação, com base em princípios científicos, éticos e humanísticos;
V - mobilizar o corpo docente, discente, funcionários e comunidade de
escolas públicas e
privadas, para a realização de atividades de prevenção ao uso de drogas;
VI - orientar, acompanhar e fiscalizar a implantação e execução das
normas técnicas e critérios estabelecidos pelo CONEN ou órgãos normatizadores da área de
saúde para as instituições que lidam com o diagnóstico e tratamento da dependência química;
VII - fiscalizar o funcionamento de entidades, públicas, privadas ou não-
governamentais que se dediquem ao tratamento, recuperação de dependentes químicos ou
prevenção ao uso de drogas;
VIII - apoiar iniciativas e avaliar campanhas de prevenção ao uso indevido
de drogas, a fim de autorizar sua veiculação, bem como fiscalizar a respectiva execução;
IX - propor legislação, bem como normatizar, a área de prevenção,
tratamento, recuperação e redução de danos;
X - avaliar e emitir parecer quanto à viabilidade e à execução de projetos e
programas de prevenção, redução de danos, tratamento e reinserção social de usuários e ou
dependentes químicos de álcool e ou outras drogas no âmbito do Distrito Federal;
XI - estimular e apoiar a criação de Conselhos Regionais sobre Drogas;
XII - propor critérios para a celebração de convênios com entidades
públicas ou privadas, que visem a otimizar resultados pertinentes às diretrizes estabelecidas pelo
CONEN para prevenção, redução de danos sociais e à saúde, tratamento e reinserção social de
usuários e
ou dependentes químicos de álcool e ou outras drogas no âmbito do
Distrito Federal.
Art. 13 O Conselho de Política sobre Drogas - CONEN é constituído
pelos seguintes membros:
100
I - Um representante da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos
Humanos e Cidadania do Distrito Federal, o qual presidirá o CONEN;
II - Um representante da Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal;
III - Um representante da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito
Federal;
IV - Um representante da Secretaria de Estado de Segurança Pública do
Distrito Federal;
V - Um representante da Policia Civil do Distrito Federal, Delegado de
Polícia, com atribuições na área de repressão às drogas;
VI - Um representante da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social
e Transferência de Renda do Distrito Federal;
VII - Um representante da Secretaria de Estado de Cultura do Distrito
Federal;
VIII - Um representante da Secretaria de Estado de Esporte do Distrito
Federal;
IX - Um representante do Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios;
X - Dois representantes dos centros de recuperação, comunidades
terapêuticas e similares, não governamentais, sediados no Distrito Federal;
XI - Um representante da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção
Distrito Federal;
XII - Um representante da Associação Médica de Brasília;
XIII - Um representante do Conselho Regional de Farmácia do Distrito
Federal;
XIV - Um representante do Conselho Regional de Psicologia - 1ª Região;
XV - Um representante do Conselho Regional de Serviço Social - 8ª
Região;
XVI - Três representantes da sociedade civil.
101
§1º Para cada conselheiro titular deverá ser indicado um suplente que
atuará nas suas ausências ou impedimentos.
§2º Os representantes de que tratam os incisos X e XVI serão eleitos de
acordo com resolução do CONEN.
§3º Os representantes dos órgãos governamentais deverão ser servidores
de carreira.
Art. 14 Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 25 de agosto de 2010.
122º da República e 51º de Brasília
ROGÉRIO SCHUMANN ROSSO
102
D) PROJETO – MUNICÍPIO DE PAULÍNIA – SP
Anteprojeto de uma Intervenção Comunitária no Uso de
Substâncias Psicoativas para a cidade de Paulínia
Introdução
Este anteprojeto iniciará a intervenção comunitária pelo uso do álcool,
pois, de todas as substâncias psicoativas consumidas pela sociedade hoje, lícitas ou ilícitas, o
consumo do álcool é o que acarreta o maior custo social.
Nesses últimos trezentos anos, todos os países desenvolvidos, onde a
democracia prosperou, buscaram formas de proteger a sociedade aumentando o controle social
da produção, importação, distribuição, propaganda e venda direta ao consumidor do álcool.
Mesmo países como os EUA, que tem uma forte tradição de livre comércio, existe um rígido
controle social com relação a esse produto. O grande argumento para esse controle especial é o
custo social desse produto. Na última década as pesquisas mostraram que o álcool custa à
sociedade americana cerca de U$ 148 bilhões ao ano. Os gastos com saúde consomem U$ 20
bilhões, com morte prematura U$ 32 bilhões, criminalidade U$ 20 bilhões. No entanto a grande
perda é de produtividade das empresas com cerca de U$ 70 bilhões. O argumento do custo
social faz com que o álcool seja considerado como um produto à parte e que não deveria ser
comercializado de uma forma banal.
Existe um argumento liberal de que a oferta e a demanda do álcool deveria
ser algo que o próprio mercado deveria regular e que no Brasil temos controle em demasia e não
necessitaríamos de mais um controle sobre esse produto. Além disso, seria pouco democrático
fazermos controle de um produto que é legalizado. No entanto são exatamente os países mais
desenvolvidos do ponto de vista democrático que aumentam a cada dia o controle social sobre o
álcool. Busca-se balancear o interesse da industria de bebidas com o interesse da sociedade em
proteger-se dos danos causados pelo álcool.
103
No Brasil a vergonha de exercermos o controle social associado a uma
grande apatia de política de saúde tem tornado o álcool um produto com um alto custo social.
Pois sua demanda tem sido fortemente estimulada pela propaganda, pelos baixos preços e pela
excessiva oferta nos pontos de venda. Especialmente a propaganda do álcool se apossou de
vários ícones nacionais para criar a idéia de que só podemos nos divertir com um copo de
cerveja na mão. Como não temos uma política de licença para a venda de álcool qualquer pessoa
pode abrir um bar e vender álcool. Esse fato tem mudado a paisagem e a cultura urbana
brasileira. Estamos acostumados a termos bares espalhados por todas as cidades, como se isso
sempre tivesse existido, e fosse normal. A anormalidade chega a ponto de tragédia nas periferias
das grandes cidades, onde a falta de opção de lazer transformou os bares nos únicos locais de
encontro e socialização da população masculina. Contribuindo em muito para o aumento da
violência. Em um estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo no Jardim Ângela, uma
das regiões mais violentas da cidade de São Paulo, mostrou que existia um bar para cada dez
moradias. Revelando uma das maiores densidades de bares já registrada na literatura médica.
A anomalia chega a tal ponto que qualquer pessoa pode produzir e vender
álcool sem grandes preocupações. As leis são poucas e não são cumpridas.
Justificativa
Essa falta de controle tem produzido um custo social enorme para o país.
Cerca de 15% da população adulta masculina bebe de uma forma abusiva. Essa população vive
com uma família que acaba sofrendo de várias formas, com cerca de 20% das moradias estão
tendo ou já tiveram algum tipo de problema relacionados ao uso do álcool. Uma parte
significativa das crianças abandonadas tem no álcool a causa da desorganização familiar. Metade
dos acidentes automobilística é devida ao abuso de álcool. Mais da metade dos homicídios está
relacionada ao consumo de álcool. Do ponto de vista da saúde 20% das internações em clínica
geral e 50% das internações masculinas psiquiátricas são devida ao álcool. A sociedade brasileira
está pagando um alto preço pela falta de proteção com relação ao álcool.
104
Extensivas pesquisas têm demonstrado que quanto mais elevado o
consumo médio do álcool numa população, maior a incidência de problemas relacionados ao
álcool. Isto vale para quase todos os tipos de problemas relacionados ao álcool - por exemplo,
infrações de transito ao dirigir alcoolizado, violência domestica, agressões, crimes, mortalidade
devida à cirrose hepática são situações que apresentam essa relação. Tal fato deu origem ao que
se chama de "paradoxo da prevenção", porque, paradoxalmente, as medidas preventivas
destinadas a reduzir tais problemas têm de ser dirigidas a toda a população de bebedores, e não
apenas aos bebedores pesados.
Além disso, pesquisas também têm demonstrado que quando se reduz o
consumo global de álcool em uma população, não apenas os bebedores moderados (ou "sociais",
ou que tem um padrão "normal" de consumo de álcool) são atingidos, mas os bebedores pesados
e os bebedores problemáticos também são sensíveis a essa redução de consumo.
Tais fatos - o primeiro, quanto mais elevado o consumo médio numa
população, maior a incidência de problemas relacionados ao álcool, e o segundo, que os
bebedores pesados também são sensíveis a medidas de redução global de consumo - conferem
legitimidade a políticas que visam reduzir globalmente o consumo de álcool em uma sociedade.
Além da disponibilidade do álcool, a aceitação do seu consumo também
desempenha um papel importante. Essa aceitação é determinada em grande medida por valores
sociais e culturais. A cultura pode influenciar o padrão de consumo e o contexto em que o álcool
é consumido, bem como a quantidade de álcool consumida. Atualmente, assiste-se a um grande
aumento do consumo por parte da população adolescente, com conseqüente aumento dos danos
relacionados ao álcool e o consumo do álcool não só é largamente aceito ente esta população,
como também o beber excessivo é estimulado entre os adolescentes, antecipando muitos dos
problemas relacionados ao álcool. Esta aceitação do consumo e a aceitação de um padrão de
beber excessivo também devem ser contempladas com políticas eficazes em alterar os valores
sociais e culturais.
105
Objetivo geral
Redução global do consumo de álcool em Paulínia.
Objetivos específicos
Redução dos problemas relacionados ao uso do álcool
• Violência doméstica
• Acidentes automobilísticos
• Mortes violentas
• Agressões
• Morbimortalidade relacionada ao álcool
• Intoxicações públicas
• Redução dos problemas em populações específicas (adolescentes,
desempregados, idosos).
Diretrizes Básicas
Este anteprojeto definirá as diretrizes básicas relacionadas a um amplo
espectro de políticas que deveriam ser adotadas em relação ao álcool para que os objetivos
supramencionados sejam alcançados. Tais políticas incluem: prevenção, educação, sugestão de
106
medidas legislativas, aplicação e fiscalização mais rigorosa de leis já existentes, treinamento da
equipe de saúde mental envolvida no tratamento de problemas relacionados ao álcool,
treinamento das equipes que prestam atendimento de urgência no pronto-socorro municipal,
instrumentação e treinamento da guarda municipal para prevenir e coibir o dirigir alcoolizado,
etc.
Foi pensando no estado e na sociedade organizada como moderadores do
custo social do álcool que a Organização Mundial da Saúde recomenda uma série de estratégias
para controlar esse produto, entre elas: aumento do preço proibição de propaganda nos meios de
comunicação restrições às vendas em alguns locais e para alguns grupos sociais como
adolescentes educação em saúde sobre os efeitos do álcool e organização de serviços para as
pessoas com problemas. A própria OMS recomenda que deveríamos buscar estratégias de
prevenção que alterasse de forma mais significativa os fatores que produzem os problemas
relacionados com o álcool numa determinada sociedade.
Comparando com os outros países o que precisamos criar urgentemente é
um sistema de controle local nos pontos de vendas do álcool. Isso poderia ser facilmente feito
através da criação de um sistema formal de controle pela venda de licenças para comercializar
esse produto.
Deveria haver um controle municipal dessas licenças, com vistas a levar
em conta os seguintes parâmetros: 1 - O número de pontos de vendas na região. Existem
evidências que quanto maior o número de pontos de vendas de álcool numa região, maior o
consumo e maior a violência local. Deveria, portanto limitar o número de locais onde a venda do
álcool fosse permitida 2 - Proximidade com escolas e outros locais onde crianças estejam
presentes. Devemos proteger os membros mais vulneráveis da nossa sociedade com relação ao
álcool e drogas. Todos os países desenvolvidos adotam esse tipo de proteção 3 - Nível de
violência na região. Inúmeras pesquisas têm apontado para a relação de álcool e violência. É
lógico que essa relação é complexa, mas com certeza controlarmos os locais mais relacionados
com o beber e a violência é uma das formas de diminuirmos essa relação. Por exemplo, se um
107
incidente violento ocorrer num bar, o comerciante deveria perder a sua licença, pois ele não
estaria cuidando o suficiente do ambiente onde o álcool estaria sendo consumido 4 - Tipos de
locais onde o álcool seria consumido. A maioria dos países adota como critério o fato de se o
álcool seria consumido dentro ou fora do estabelecimento. Portanto um supermercado deveria
ter um tipo de licença diferente do que um restaurante ou um bar. A conseqüência é que os
preços dessas licenças seriam diferentes.
Um dos motivos de criarmos um sistema de licenças para vender bebidas
alcoólicas é controlar esse mercado, mas, além disso, deveria servir para captar recursos para
compensar a sociedade do dano social causado. Portanto deveríamos pensar em uma forma
adequada para gerenciar os recursos captados. O dinheiro arrecadado por esse sistema deveria
ser reservado para um fundo regional financiar ações de prevenção e tratamento em relação aos
problemas originados pelo álcool e outras drogas. Temos uma grande escassez de dinheiro para
financiar esse tipo de ações. Mesmo com a regionalização das ações de saúde através do SUS,
muito poucos recursos estão sendo alocados para o tratamento do alcoolismo e praticamente
nenhum recurso para a prevenção do uso de álcool e drogas pelos jovens. Essa seria uma boa
fonte de recurso permanente para reverter esse problema social.
O primeiro passo é convencer a população que implementar esse tipo de
sistema de licenças é: 1 - correto do ponto de vista técnico, pois é uma recomendação da própria
Organização Mundial de Saúde 2 - teria um impacto grande e rápido no sentido de diminuir uma
grande parte dos problemas relacionados com o álcool 3 - criaria recursos para financiar
programas de prevenção dos problemas do álcool e outras drogas para os jovens.
O segundo passo é convencer os políticos de que um tipo de ação como
essa é: 1 - politicamente adequada, pois é do interesse público 2 - tem o apoio popular 3 -
possível de ser implementada nos municípios. O terceiro passo será proteger essas idéias da
oposição da industria de bebidas e dos donos de bares e restaurantes. Nenhuma atividade
econômica gosta da idéia de controle dos seus lucros e farão todo o lobby possível para evitar
que esse tipo de medida seja implementado. A compensação social pelo dano ambiental que o
108
álcool produz só será uma realidade quando convencermos a sociedade e o mundo político que
controlar esse produto é uma garantia de que o bem comum deve prevalecer sobre o da
indústria.
O modelo de intervenção proposto
Este anteprojeto sugere que a intervenção seja ampla, contemplando
varias frentes de atuação, já que medidas isoladas têm efeito apenas temporário e sucesso apenas
relativo. Nosso anteprojeto baseia-se no melhor modelo, segundo nossa opinião, existente na
literatura especializada, modelo formulado por Harold D. Holder, e já amplamente testado
através de diversos estudos conduzidos em diferentes culturas.
O modelo proposto por Holder é genérico e não considera possíveis
diferenças regionais. Este anteprojeto está sendo apresentado também de forma genérica, sem
considerarmos possíveis peculiaridades da comunidade de Paulínia tais especificidades seriam
consideradas a partir da aprovação deste anteprojeto, quando dar-se-ia início a um estudo mais
aprofundado da comunidade que receberia a intervenção. As especificidades da comunidade de
Paulínia seriam consideradas a fim de se elaborar um projeto específico para esse município.
Antes da intervenção, faz-se necessário um inquérito epidemiológico
rápido, por amostra domiciliar, que investigue os padrões de consumo de álcool da população
em geral, sua percepção de risco, suas atitudes em relação ao álcool, etc.
Para melhor compreensão do modelo proposto, faz-se necessário o
entendimento dos subsistemas envolvidos na questão do consumo do álcool. Para Holder, o
sistema comunitário do álcool divide-se em diversos subsistemas que interagem entre si, e são
agrupamentos naturais de fatores e variáveis que as pesquisas mostraram ser importantes na
compreensão do uso do álcool e dos problemas relacionados. Para planejar prevenção efetiva
dos problemas relacionados ao álcool, devemos considerar as interações entre esses subsistemas.
O consumo do álcool é o subsistema mais importante, central ele afeta e é afetado pelos outros
subsistemas. O gráfico a seguir ajuda a compreender melhor a interação ente os subsistemas:
109
O Subsistema do Consumo: o uso do álcool como parte da rotina da
vida social
Este é o subsistema-chave. Padrões de consumo de álcool mudam com o
tempo, e os efeitos das diferenças de idade e de gênero devem ser considerados também. Os
padrões de consumo para cada grupo etário e gênero podem ser subdivididos de acordo com a
média diária de consumo e a distribuição da quantidade de doses consumida por evento, que são
influenciados por fatores como renda, preço do álcool, disponibilidade, aceitação social ou
normas sociais acerca do consumo, e regulações formais do álcool, como a idade mínima para se
beber. Quando esses fatores mudam, o efeito em cadeia das mudanças determina um novo valor
para a média de consumo diária, resultando em uma mudança no padrão para cada idade e
gênero e para a comunidade como um todo.
O Subsistema do Varejo: disponibilidade do álcool
O álcool, como qualquer produto comercial, torna-se disponível para os
consumidores através dos pontos de venda do varejo, que podem ser licenciados (como lojas,
bares, restaurantes) ou não (casas, estabelecimentos clandestinos, vendedores ambulantes,
vendedores de beira de estrada, etc.). os estabelecimentos podem ter licença para a venda de
álcool a ser consumido no próprio estabelecimento (bares, restaurantes) ou para ser consumido
fora dali (supermercados, lojas de conveniência, lojas especializadas, etc). A quantidade e o tipo
dos estabelecimentos licenciados para vender álcool em uma comunidade são afetados pelo
tamanho da população, consumo per capita, e fatores econômicos (renda média da população).
O Subsistema de Controle e Regulação Formais: leis,
administração, e fiscalização
Este subsistema reflete as leis e controles governamentais que regulam a
venda de álcool no varejo. Por exemplo, restrições podem ser colocadas no número de novas
licenças de um determinado tipo, ou nos dias e horas permitidas para a venda de álcool, como
110
um meio de conter a disponibilidade de álcool. A força das leis e regulações são afetadas pelas
fiscalizações efetuadas, e pela severidade das punições para as violações.
O Subsistema de Normas Sociais: valores da comunidade e
influencias sociais que afetam o consumo
Este subsistema reflete os valores da sociedade acerca do álcool, e
influencia os níveis de consumo através de reforçadores positivos ou negativos. "Reforço
positivo" descreve o fenômeno através do qual o aumento no consumo de álcool ao longo do
tempo está associado com o aumento da aceitação do consumo de álcool. "Reforço negativo"
descreve o fenômeno pelo qual o aumento do consumo resulta em aumento dos problemas
relacionados e, conseqüentemente, em diminuição da aceitação social.
O Subsistema das Sanções Legais: usos proibidos do álcool
Este subsistema organiza-se para reforçar as leis contra o uso do álcool em
determinadas situações e contextos. Isto pode incluir dirigir alcoolizado, intoxicação pública,
posse de álcool, beber antes da idade mínima, ou beber em lugares específicos (praças e parques
públicos, estádios, auditórios, determinadas festas, etc.).
O Subsistema das Conseqüências Econômicas, Sociais e de Saúde:
identificação dos problemas e respostas organizadas pela comunidade
As conseqüências do beber estão relacionadas neste subsistema.
Mortalidade e morbidade relacionadas ao álcool refletem os riscos à saúde associados ao uso de
álcool tais riscos variam em razão da idade, gênero, e grupo de consumo. Aumento da
mortalidade/morbidade relacionada ao álcool podem estimular mudança da aceitação social e,
conseqüentemente, mudança da regulação formal com o objetivo de reduzir o consumo ou
comportamentos associados aos problemas causados pelo álcool. Este subsistema também
responde à demanda por serviços sociais e de saúde para problemas relacionados ao uso de
111
álcool. Este aspecto do subsistema relaciona-se com as informações acerca do número de
pacientes, de serviços para tratamento, custos desses serviços, tamanho das listas de espera, e
tempo médio do tratamento.
Interações entre os subsistemas
Conhecendo-se as interações possíveis entre esses diversos subsistemas, é
possível planejar intervenções que possam, direta ou indiretamente, agir no subsistema de
consumo. Este anteprojeto fundamenta-se nesta idéia (detalhar melhor). A seguir, apresentamos
os principais componentes de prevenção a serem abordados nesta intervenção, e as estratégias
utilizadas para se abordar cada um desses componentes, com base no modelo da interação entre
os subsistemas propostos por Holder.
As áreas a serem abordadas
Serão cinco os componentes de prevenção abordados pelo projeto de
intervenção:
• A mobilização da comunidade
• O acesso ao álcool
• O risco de dirigir alcoolizado
• A responsabilidade de servir bebidas
• O beber abaixo da idade mínima
112
A seguir, detalharemos como pretendemos abordar cada uma das áreas
supracitadas.
A mobilização da sociedade:
A mobilização da comunidade é necessária por várias razões:
• Mudar o clima social de tolerância em relação ao uso do álcool.
• Promover apoio em relação aos outros quatro componentes de
prevenção a serem adotados.
• Conferir solidez às políticas a serem implementadas, de tal forma que
elas perdurem mesmo após mudanças de governo é necessário que a população "adote" as
políticas implementadas e as reconheça como uma conquista legítima para que essas políticas
permaneçam.
Para a mobilização da sociedade da forma necessária, comunicação de
massa, como campanha publicitária, não basta. Estudos já realizados mostram que tal iniciativa,
quando realizada isoladamente, não é efetiva em reduzir danos relacionados ao consumo do
álcool. Comunicação através da mídia local é mais efetiva quando ocorre através de um veículo
de alta exposição e elevada credibilidade do que através da mídia governamental ou de anúncios
publicitários (matéria paga). A melhor maneira de mobilizar a sociedade para um projeto de
intervenção como esse é através do marketing social
O marketing social
Trata-se do uso estratégico da mídia a fim de alavancar uma iniciativa de
política pública. Ao contrario da educação em saúde ou de outros usos da comunicação pública,
o marketing social geralmente não é usado para simplesmente mudar o comportamento
individual diretamente. No entanto, indivíduos podem mudar seu comportamento como
113
resultado da aquisição de novas informações presentes na atenção que a mídia dedica aos riscos
relacionados ao álcool, por exemplo.
O marketing social compreende uma série de estratégias destinadas a
promover o debate público de determinados temas pode-se conseguir atenção da mídia local
para focalizar um problema específico relacionado ao álcool, para promover a importância de
uma ou mais políticas projetadas para reduzir o problema, ou ainda para pressionar aqueles
encarregados de efetuar determinada política ou de mudar políticas existentes.
O marketing social é realizado para atrair a atenção da mídia para
determinado assunto através de atividades locais, realização de eventos, acontecimentos outros
que a mídia pode cobrir. Isso pode incluir o fornecimento de dados acerca dos problemas que se
quer destacar, ou das possíveis soluções que se deseja ganhem relevância. A idéia também é
aumentar a cobertura que a mídia tradicionalmente dá a essa temática e direcionar a cobertura
para os objetivos propostos.
A questão do acesso ao álcool
O acesso ao álcool pode ser regulado de varias formas. Uma das mais
eficazes é através do preço. Em diferentes países ao longo da história, e em comparações de
diferentes países em qualquer momento determinado, foi demonstrado que reduzir o preço real
do álcool tende a aumentar o seu consumo global em uma população. Da mesma forma, as
medidas que tornam o álcool mais facilmente acessível por meio da redução de restrições ao seu
fornecimento também tendem a aumentar o consumo. Assim, as maiores influências sobre o
consumo per capta numa população incluem fatores que podem ser manipulados politicamente -
como taxação, leis de licenciamento e acordos comerciais. A manipulação dessas influencias
pode ter um impacto imenso sobre o nível de consumo de álcool de uma população.
Um grande número de estudos sobre os efeitos de mudanças de preço no
consumo tem sido conduzidos em uma ampla variedade de países, incluindo Austrália, Bélgica,
Canadá, Dinamarca, Alemanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Quênia, Holanda, Noruega,
114
Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido e EUA. Alguns estudos observaram os efeitos diretos da
mudança de preço nos níveis de dano.
As principais conclusões são:
• O álcool comporta-se como outras commodities - se o preço aumenta, o
consumo cai, e se o preço cai, o consumo aumenta.
• Bebedores pesados e até mesmo dependentes são influenciados tanto
quanto ou mais que os bebedores leves por mudanças de preço, contrariando o que usualmente
se diz que altos preços penalizam apenas bebedores moderados e têm pouco ou nenhum efeito
sobre bebedores pesados ou problemáticos.
O impacto de mudanças de preço em bebedores pesados é claramente visto nos seguintes
exemplos:
Na Dinamarca, durante a Primeira Guerra, devido ao racionamento de
comida, o preço da aquavit aumentou mais de 10 vezes e o preço da cerveja dobrou. Em dois
anos, o consumo per capta de álcool caiu 75%, casos de delirium tremens caíram para 1/13 e
mortes por alcoolismo crônico caíram para um sexto do índice anterior.
Em um estudo de "happy hours" - períodos de preços reduzidos em bares
e restaurantes - enquanto todos os bebedores bebem mais quando as bebidas são mais baratas,
os bebedores pesados aumentam o seu consumo proporcionalmente mais do que os bebedores
leves, ou seja, são mais sensíveis à redução de preços.
Um estudo americano sobre os efeitos da variação de preços devida a
mudanças nas taxas do álcool encontrou que altas taxas resultavam em menor mortalidade por
cirrose e menores índices de acidentes automobilísticos fatais.
115
A idéia de que a taxação do álcool é irrelevante para a saúde pública é
comprovadamente insustentável. A evidência é clara: outras variáveis mantendo-se inalteradas, o
consumo de álcool por uma população será, em um grau significativo, influenciado pelo preço.
Além disso, dado que tanto o bebedor leve quanto o pesado são influenciados, alterações no
preço serão provavelmente traduzidas em mudanças na prevalência de problemas relacionados
ao álcool.
Outras formas de regulação do acesso:
Disponibilidade
Facilidade do acesso aumenta o consumo e os danos, enquanto restrições
ao acesso podem restringir o consumo e os danos. Um amplo espectro de pesquisas suporta esta
conclusão. O acesso pode ser dificultado através da diminuição de pontos de venda, restrições de
zoneamento, restrições do acesso de adolescentes aos pontos de venda, etc.
Densidade dos pontos de venda
Estudos na Finlândia, RU e EUA mostram que uma alta densidade de
pontos de venda em uma certa localidade aumenta significativamente as vendas de álcool.
Diversos estudam mostram que há uma relação ente densidade dos pontos de venda e problemas
relacionados ao consumo do álcool, como violência, por exemplo. Pode-se regular a densidade
dos pontos de venda através de leis específicas de zoneamento urbano e também através da
implementação do sistema de licenças, que desestimula alguns pontos de venda a diminuição da
densidade dos pontos de venda provoca uma diminuição da concorrência que, como efeito
indireto, resulta em aumento dos preços nos estabelecimentos restantes o aumento dos preços
resultante desse processo também contribui para a diminuição do consumo.
Horários de funcionamento e dias de funcionamento
116
Muitos estudos sobre mudanças nos horários de funcionamento e nos dias
de venda mostraram aumento do consumo relacionado a horário mais amplo e redução do
consumo com horário mais reduzido. Após a experimentação de fechar as lojas de bebidas aos
sábados na Suécia, houve uma redução de 10% no número de prisões por embriaguez.
Achados similares ocorreram na Noruega e na Finlândia. Tanto os
horários de funcionamento quanto os dias de funcionamento podem ser regulados através do
sistema de licenças: por exemplo, o custo da licença pode ser um para os pontos de venda que
vendem álcool apenas aos fins de semana e outro para os que vendem álcool todos os dias o
custo pode ser um para os estabelecimentos que só funcionam durante o dia e outro para os que
funcionam também à noite.
Idade mínima para beber
Redução da idade mínima para se beber resulta em maior índice de
acidentes automobilísticos no grupo etário afetado pela alteração, enquanto aumento da idade
mínima reduz tais acidentes.
Os EUA encontraram 28% de redução dos acidentes fatais após aumentar
em um ano a idade mínima para se beber.
O risco de dirigir alcoolizado
Muitos dos problemas mais graves, e também mais freqüentes,
relacionados ao uso do álcool decorrem de si dirigir alcoolizado: atropelamentos e acidentes
automobilísticos em geral têm estreita relação com o consumo de álcool. A lei que proíbe dirigir
alcoolizado já existe, mas devido a ausência de fiscalização sistemática torna-se ineficaz, como
tantas outras. Para se fazer cumprir a lei é necessária uma policia treinada e equipada com
instrumentos capazes de verificar in loco se o motorista encontra-se alcoolizado acima dos níveis
117
permitidos pelo Código Nacional de Trânsito operações de fiscalização (blitze) devem ser
implementadas de forma sistemática, principalmente no período noturno.
A questão de servir bebidas com responsabilidade
1. Treinamento de quem serve a bebida:
O treinamento em servir com responsabilidade tem se mostrado eficaz em
reduzir os danos causados pelo álcool entre clientes que costumam sair dos estabelecimentos
alcoolizados.
Uma pesquisa conduzida em Oregon em 1994 revelou uma redução estatisticamente significante
nos acidentes automobilísticos após 55% dos que servem bebidas terem sido treinados.
2. Responsabilidade civil do proprietário:
A responsabilidade civil dos estabelecimentos que vendem bebidas a
clientes alcoolizados está estabelecida em diversos países. É usada como uma reparação legal ao
individuo cuja intoxicação tenha resultado em perda ou dano pessoal. Começa a ser utilizada
como uma política para encorajar práticas seguras de se servir bebidas e para prevenir que se
dirija embriagado.
Os setores envolvidos
• Poder executivo
• Secretaria da Saúde
• Secretaria da Educação
• Secretaria da Criança e Adolescente
118
• Secretaria da Segurança
• Poder Legislativo
• Câmara dos Vereadores
• Setores organizados da sociedade civil
• ONGs
• Lideranças comunitárias
• Igrejas
O Cronograma
Segundo o modelo proposto por Holder, tal intervenção comunitária deve
ser implementada em cinco etapas, cada uma das quais abordará as áreas acima de uma forma
condizente com o andamento da intervenção como um todo sugerimos para isso um
cronograma que segue em anexo.
Resultados
A avaliação do projeto será realizada comparando-se os dados fornecidos
pela administração pública referentes aos danos relacionados ao consumo do álcool com os
índices desses mesmos parâmetros obtidos após a intervenção comunitária proposta. Esperamos
uma redução significante dos índices que permitem avaliar danos relacionados ao consumo do
álcool na cidade de Paulínia. Tais índices serão aferidos em diversas etapas da intervenção, de tal
forma que poderemos redireciona-la, se necessário, para contemplar áreas especificas que não
estiverem sendo atingidas a contento através das intervenções planejadas de início.
Fonte:http://www.uniad.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=111:paulinia&catid=46:politicas-publicas&Itemid=99
119
5a PARTE DO MATERIAL DE APOIO – LEIS ESTADUAIS A RESPEITO DO TEMA
A) LEI ESTADUAL Nº 14.592, DE 19 DE OUTUBRO DE 2011 - Proíbe vender, ofertar, fornecer, entregar ou permitir o consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências correlatas
LEI ESTADUAL Nº 14.592, DE 19 DE OUTUBRO DE 2011
Proíbe vender, ofertar, fornecer, entregar e permitir o consumo de bebida
alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências
correlatas
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte
lei:
Artigo 1º - Fica proibido, no Estado de São Paulo, vender, ofertar,
fornecer, entregar e permitir o consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos
menores de 18 (dezoito) anos de idade.
Parágrafo único - A proibição estabelecida no “caput” compreende a do
uso de bebidas alcoólicas como premiação aos menores de 18 (dezoito) anos de idade em
quermesses, clubes sociais, instituições filantrópicas, casas de espetáculos, feiras, eventos ou
qualquer manifestação pública.
Artigo 2º - A proibição prevista no artigo 1º desta lei implica o dever de
cuidado, proteção e vigilância por parte dos empresários e responsáveis pelos estabelecimentos
comerciais, fornecedores de produtos ou serviços, seus empregados ou prepostos, que devem:
I - afixar avisos da proibição de venda, oferta, fornecimento, entrega e
permissão de consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito)
anos, em tamanho e local de ampla visibilidade, com expressa referência a esta lei e ao artigo 243
da Lei federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990, constando a seguinte advertência:
120
“A BEBIDA ALCOÓLICA PODE CAUSAR DEPENDÊNCIA
QUÍMICA E, EM EXCESSO, PROVOCA GRAVES MALES À SAÚDE”;
II - utilizar mecanismos que assegurem, no espaço físico onde ocorra
venda, oferta, fornecimento, entrega ou consumo de bebida alcoólica, a integral observância ao
disposto nesta lei;
III - zelar para que nas dependências de seus estabelecimentos comerciais
não se permita o consumo de bebidas alcoólicas por pessoas menores de 18 (dezoito) anos.
§ 1º - Os avisos de proibição de que trata o inciso I deste artigo serão
afixados em número suficiente para garantir sua visibilidade na totalidade dos respectivos
ambientes, conforme regulamentação a ser expedida pelo Poder Executivo.
§ 2º - Nos estabelecimentos que operam no sistema de autosserviço, tais
como supermercados, lojas de conveniência, padarias e similares, as bebidas alcoólicas deverão
ser dispostas em locais ou estandes específicos, distintos dos demais produtos expostos, com a
afixação da sinalização de que trata o inciso I deste artigo no mesmo espaço.
§ 3º - Além das medidas de que trata o inciso II deste artigo, os
empresários e responsáveis pelos estabelecimentos comerciais e seus empregados ou prepostos
deverão exigir documento oficial de identidade, a fim de comprovar a maioridade do interessado
em consumir bebida alcoólica e, em caso de recusa, deverão abster-se de fornecer o produto.
§ 4º - Cabe aos empresários e responsáveis pelos estabelecimentos
comerciais e aos seus empregados ou prepostos comprovar à autoridade fiscalizadora, quando
por esta solicitado, a idade dos consumidores que estejam fazendo uso de bebidas alcoólicas nas
suas dependências.
§ 5º - vetado.
Artigo 3º - As infrações das normas desta lei ficam sujeitas, conforme o
caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil ou penal e das
definidas em normas específicas:
I - multa;
II - interdição.
121
Parágrafo único - As sanções previstas neste artigo poderão ser aplicadas
cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente, de procedimento
administrativo.
Artigo 4º - A multa será fixada em, no mínimo, 100 (cem) e, no máximo,
5.000 (cinco mil) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo – UFESPs para cada infração
cometida, aplicada em dobro na hipótese de reincidência, observada a seguinte gradação:
I - para as infrações de natureza leve, assim consideradas as condutas
contrárias ao disposto no inciso I e no § 1º do artigo 2º:
a) 100 (cem) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante pelo Regime
Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar federal nº
123, de 14 de dezembro de 2006;
b) 500 (quinhentas) UFESPs, para fornecedor que não se enquadre na
hipótese da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000 (seiscentas e
cinquenta mil) UFESPs;
c) 1.500 (mil e quinhentas) UFESPs, para fornecedor cuja receita bruta
anual seja superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;
II - Para as infrações de natureza média, assim consideradas as condutas
contrárias ao disposto no inciso II e no § 2º do artigo 2º desta lei:
a) 150 (cento e cinquenta) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante
pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei
Complementar federal nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
b) 750 (setecentas e cinquenta) UFESPs, para fornecedor que não se
enquadre na hipótese da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000
(seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;
c) 2.000 (duas mil) UFESPs, para fornecedor cuja receita bruta anual seja
superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs;
122
III - Para as infrações de natureza grave, assim consideradas as condutas
contrárias ao disposto no artigo 1º e no artigo 2º, inciso III e §§ 3º e 4º, desta lei:
a) 200 (duzentas) UFESPs, em se tratando de fornecedor optante pelo
Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, instituído pela Lei
Complementar federal nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
b) 1.000 (mil) UFESPs, para fornecedor que não se enquadre na hipótese
da alínea “a” e cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil)
UFESPs;
c) 2.500 (duas mil e quinhentas) UFESPs, para fornecedor cuja receita
bruta anual seja superior a 650.000 (seiscentas e cinquenta mil) UFESPs.
Artigo 5º - A sanção de interdição, fixada em no máximo 30 (trinta) dias,
será aplicada quando o fornecedor reincidir nas infrações dos artigos 1º e 2º, inciso III e §§ 3º e
4º, desta lei.
Artigo 6º - Na hipótese de descumprimento da sanção de interdição, ou
se for verificada nova infração do disposto nesta lei, será oficiada a Secretaria da Fazenda, que
deverá proceder à instauração de processo para cassação da eficácia da inscrição do fornecedor
infrator no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação – ICMS, consoante disposto na Lei nº 12.540, de 19 de janeiro de 2007.
Artigo 7º - Considera-se reincidência a repetição de infração de quaisquer
das disposições desta lei, desde que imposta a penalidade por decisão administrativa irrecorrível.
Parágrafo único - Para os fins do disposto no “caput” deste artigo, não
se considera a sanção anterior se entre a data da decisão administrativa definitiva e a da infração
posterior houver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos.
123
Artigo 8º - A fiscalização do disposto nesta lei será realizada pelos órgãos
estaduais de defesa do consumidor e de vigilância sanitária, nos respectivos âmbitos de
atribuições, os quais serão responsáveis pela aplicação das sanções decorrentes de infrações às
normas nela contidas, mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa.
Artigo 9º - Passam a vigorar com a seguinte redação os dispositivos
adiante indicados da Lei nº 12.540, de 19 de janeiro de 2007:
I - o artigo 1º:
“Artigo 1º - Será cassada a eficácia da inscrição, no cadastro de
contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS,
dos fornecedores de produtos ou serviços que venderem, oferecerem, fornecerem, entregarem
ou permitirem o consumo de bebidas alcoólicas, ainda que gratuitamente, aos menores de 18
(dezoito) anos de idade, ou forem flagrados consentindo com o uso ou com a comercialização de
drogas.” (NR);
II - o artigo 2º:
“Artigo 2º - A não conformidade a que se refere o artigo 1º desta lei será
apurada na forma prevista em regulamento.” (NR)
Artigo 10 - O Poder Executivo realizará ampla campanha educativa nos
meios de comunicação, para esclarecimento sobre os deveres, proibições e sanções impostos por
esta lei.
Artigo 11 - Caberá ao Poder Executivo implementar política de prevenção
e atenção às pessoas usuárias e às pessoas dependentes da ingestão de bebidas alcoólicas.
124
Artigo 12 - As despesas decorrentes da aplicação desta lei correrão à conta
das dotações próprias consignadas no orçamento, suplementadas se necessário.
Artigo 13 - Esta lei entra em vigor no prazo de 30 (trinta) dias após a data
de sua publicação, ficando revogada a Lei nº 12.224, de 11 de janeiro de 2006.
Palácio dos Bandeirantes, 19 de outubro de 2011. GERALDO ALCKMIN Giovanni Guido Cerri Secretário da Saúde Sidney Estanislau Beraldo Secretário-Chefe da Casa Civil Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 19 de outubro de 2011.
125
B) LEI ESTADUAL Nº 10.301, DE 29 DE ABRIL DE 1999 - Proibição de venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 (dezoito) anos
LEI ESTADUAL Nº 10.301, de 29 de abril de 1999
(Projeto de lei nº 39/98, do Deputado Caldini Crespo - PFL)
Dispõe sobre a proibição de venda de bebidas alcoólicas a menores de 18
(dezoito) anos
O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo, nos
termos do artigo 28, § 8º, da Constituição do Estado, a seguinte lei:
Artigo 1º - Fica proibida a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18
(dezoito) anos, pelas casas noturnas, bares, restaurantes e demais estabelecimentos comerciais
localizados no Estado de São Paulo.
Artigo 2º - Vetado.
Artigo 3º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 29 de abril de 1999. a) VANDERLEI MACRIS - Presidente Publicada na Secretaria da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 29 de abril de 1999. a) Auro Augusto Caliman - Secretário Geral Parlamentar
126
C) LEI ESTADUAL N.º 10.501, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2000 - Obrigatoriedade da afixação de cartazes alertando sobre os males causados pelo alcoolismo.
LEI ESTADUAL N.º 10.501, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2000.
(Projeto de lei n.º 301/99, do deputado Edir Sales - PL)
Dispõe sobre a obrigatoriedade da afixação de cartazes alertando sobre os
males causados pelo alcoolismo.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte
lei:
Artigo 1º - Os estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas
terão que manter, em local visível e próximo às bebidas quando expostas, cartazes com os
dizeres: "BEBIDA ALCOÓLICA É PREJUDICIAL À SAÚDE, À FAMÍLIA E À
SOCIEDADE".
Parágrafo único Os cartazes deverão ser confeccionados em qualquer
material gráfico, utilizando-se letras maiúsculas, todas da mesma cor, com tamanho mínimo de
2cmx1,5cm (dois centímetros por um centímetro e meio) para cada letra, destacando-as para fácil
leitura.
Artigo 2º - Os infratores estarão sujeitos à multa cominatória diária de 5
(cinco) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo - UFESPs, devida até o cumprimento do
disposto no artigo 1º desta lei.
Artigo 3º - Esta lei entrará em vigor 60 (sessenta) dias após sua publicação,
revogadas as disposições contrárias.
Palácio dos Bandeirantes, aos 16 de fevereiro de 2000. Mário Covas José da Silva Guedes Secretário da Saúde Celino Cardoso Secretário - Chefe da Casa Civil Antonio Angarita Secretário do Governo e Gestão Estratégica Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 16 de fevereiro de 2000.
127
128
D) LEI ESTADUAL Nº 12.224, DE 11 DE JANEIRO DE 2006 - Disciplina o consumo de bebidas alcoólicas
LEI ESTADUAL Nº 12.224, DE 11 DE JANEIRO DE 2006.
(Projeto de lei nº 1301/2003, do Deputado Alberto "Turco Loco" Hiar -
PSDB)
Disciplina o consumo de bebidas alcoólicas.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte
lei:
Artigo 1º - Fica proibida a venda e o oferecimento de bebidas alcoólicas a
menores de 18 (dezoito) anos pelas casas noturnas, bares, restaurantes e similares, no Estado de
São Paulo.
Artigo 2º - O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 60
(sessenta) dias, a contar da sua publicação, estabelecendo os critérios de fiscalização e as
penalidades a serem impostas aos infratores.
Artigo 3º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio dos Bandeirantes, aos 11 de janeiro de 2006. Geraldo Alckmin Hédio Silva Júnior Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania Saulo de Castro Abreu Filho Secretário da Segurança Pública Luiz Roberto Barradas Barata Secretário da Saúde Arnaldo Madeira Secretário-Chefe da Casa Civil Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 11 de janeiro de 2006.
129
E) LEI Nº 12.301, DE 16 DE MARÇO DE 2006 - Proíbe o uso de bebidas alcoólicas como premiação a menores de idade em quermesses, clubes sociais, instituições filantrópicas, casas de espetáculos, feiras, eventos ou qualquer manifestação pública.
LEI ESTADUAL nº 12.301, de 16 de março de 2006
(Projeto de lei nº 1122/2003, do Deputado José Bittencourt - PTB)
Proíbe o uso de bebidas alcoólicas como premiação a menores de idade em
quermesses, clubes sociais, instituições filantrópicas, casas de espetáculos, feiras, eventos ou qualquer
manifestação pública.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:
Artigo 1º - Fica proibido, no âmbito do Estado, o uso de bebidas que tenham
teor alcoólico como premiação a menores, em quermesses, clubes sociais, instituições filantrópicas, casas
de espetáculos, feiras, eventos ou qualquer outra manifestação pública.
Artigo 2º - Para efeito de aplicação desta lei, considera-se bebida que tenha teor
alcoólico, aquela que contém, no mínimo, 1% de teor alcoólico, descriminado ou não em seu rótulo,
como premiação, brinde, cortesia ou outros modos de gratificação.
Artigo 3º - A sociedade, em conjunto com o Poder Público, Polícia Militar,
Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública, fica responsável pela fiscalização e o cumprimento desta
lei.
Artigo 4º - As pessoas físicas ou jurídicas de direito público e privado que
infringirem quaisquer dos dispositivos desta lei, ficam sujeitas às penalidades previstas no Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Parágrafo único - Quando o infrator se tratar de pessoa física ou jurídica que
possui concessão ou autorização pública para a realização do evento, terá sua concessão ou autorização
de funcionamento cassada pelo Poder Público.
Artigo 5º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio dos Bandeirantes, aos 16 de março de 2006. Geraldo Alckmin Luiz Roberto Barradas Barata Secretário da Saúde Saulo de Castro Abreu Filho Secretário da Segurança Pública Arnaldo Madeira Secretário-Chefe da Casa Civil Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 16 de março de 2006.
130
Publicada em: D.O.E em 17/03/2006, Seção I - pág. 01 Atualizado em: 20/03/2006 12:51
131
F) LEI ESTADUAL Nº 12.540, DE 19 DE JANEIRO DE 2007 - Dispõe sobre a cassação da eficácia da inscrição no cadastro de contribuintes do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação-icms, dos bares, hóteis, restaurantes e similares que venderem bebidas alcóolicas à menores de idade ou forem flagrados consentindo ou comercializando drogas
LEI ESTADUAL Nº 12.540, DE 19 DE JANEIRO DE 2007. (Projeto de lei nº 268/2005, da Deputada Maria Lúcia Amary - PSDB) Dispõe sobre a cassação da eficácia da inscrição no cadastro de
contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação-ICMS, dos bares, hotéis, restaurantes e similares que venderem bebidas alcoólicas à menores de idade ou forem flagrados consentindo ou comercializando drogas
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte
lei: Artigo 1º - Será cassada a eficácia da inscrição, no cadastro de
contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, dos bares, hotéis, restaurantes e similares que venderem bebidas alcoólicas a menores de idade ou forem flagrados consentindo ou comercializando drogas.
Artigo 2º - A não conformidade tratada no artigo anterior será apurada na
forma estabelecida pela Secretaria da Fazenda e comprovada por todos os meios de prova admitidos em direito, ficando o Poder Executivo compelido a regulamentar este artigo, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias.
Artigo 3º - A falta de regularidade da inscrição no cadastro de
contribuintes do ICMS, inabilita o estabelecimento à prática de operações relativas à circulação de mercadorias e de prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.
Artigo 4º - A cassação da eficácia da inscrição do cadastro de
contribuintes do ICMS, prevista no artigo 1º, implicará aos sócios, pessoas físicas ou jurídicas, em conjunto ou separadamente, do estabelecimento penalizado:
132
I - o impedimento de exercerem o mesmo ramo de atividade, mesmo que em estabelecimento distinto daquele;
II - a proibição de entrarem com pedido de inscrição de nova empresa, no
mesmo ramo de atividade; Parágrafo único - As restrições previstas nos incisos prevalecerão pelo
prazo de dez anos, contados da data de cassação. Artigo 5º - O Poder Executivo divulgará através do Diário Oficial a
relação dos estabelecimentos comerciais penalizados com base no disposto nesta lei, fazendo constar os respectivos CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, nome completo dos sócios e endereços de funcionamento.
Artigo 6º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio dos Bandeirantes, aos 19 de janeiro de 2007. José Serra Mauro Ricardo Machado Costa Secretário da Fazenda Aloysio Nunes Ferreira Filho Secretário-Chefe da Casa Civil Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa
133
6a PARTE – LEGISLAÇÃO MUNICIPAL (modelos)
A) LEI MUNICIPAL Nº 14.450, DE 22 DE JUNHO DE 2007 - Institui o programa de combate à venda ilegal de bebida alcoólica e de desestímulo ao seu consumo por crianças e adolescentes, no âmbito do município de São Paulo.
LEI MUNICIPAL Nº 14.450, DE 22 DE JUNHO DE 2007
INSTITUI O PROGRAMA DE COMBATE À VENDA ILEGAL DE
BEBIDA ALCOÓLICA E DE DESESTÍMULO AO SEU CONSUMO POR CRIANÇAS E
ADOLESCENTES, NO ÂMBITO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO.
(Projeto de Lei nº 630/06, do Vereador Carlos Alberto Bezerra Jr. -
PSDB)
GILBERTO KASSAB, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das
atribuições que lhe são conferidas por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 14 de
junho de 2007, decretou e eu promulgo a seguinte lei:
Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida
Alcoólica e de Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes, no âmbito do
Município de São Paulo.
§ 1º O Programa ora instituído objetiva a execução de um conjunto de
normas e ações que contribuam, efetivamente, para diminuir o consumo de bebida alcoólica por
adolescentes e jovens.
§ 2º Para os efeitos desta lei, considera-se bebida alcoólica a bebida
potável, com qualquer teor de álcool.
DAS MEDIDAS REFERENTES AOS MERCADOS,
SUPERMERCADOS, BARES, RESTAURANTES, LANCHONETES, PADARIAS, CASAS
NOTURNAS, AMBULANTES E ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS DE QUALQUER
ESPÉCIE
134
Art. 2º É proibida a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 (dezoito)
anos pelos mercados, supermercados, bares, restaurantes, lanchonetes, padarias, casas noturnas,
ambulantes e estabelecimentos comerciais de qualquer espécie.
Art. 3º O descumprimento ao disposto no art. 2º desta lei sujeitará o
estabelecimento infrator às seguintes penalidades:
I - multa no valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), dobrada
na reincidência;
II - cassação da licença de funcionamento na ocorrência da terceira
infração.
Parágrafo Único - Constatada a irregularidade, além das sanções previstas
no "caput" deste artigo, a Administração Municipal deverá comunicar o fato ao Conselho Tutelar
competente e ao Ministério Público, para a adoção das demais providências pertinentes.
Art. 4º Os novos autos e alvarás de licença de funcionamento a serem
expedidos para os estabelecimentos a que se refere o art. 2º desta lei deverão conter advertência
com o seguinte teor:
"A venda de bebida alcoólica para crianças e adolescentes sujeitará o
infrator à pena de 2 (dois) a 4 (quatro) anos de detenção."
Art. 5º Os bares, restaurantes, lanchonetes, padarias, casas noturnas e
estabelecimentos congêneres deverão veicular, em seus impressos ou dependências, a seguinte
advertência:
"O álcool causa dependência e, em excesso, provoca males à saúde."
Parágrafo Único - O descumprimento ao disposto no "caput" deste artigo
sujeitará o estabelecimento infrator à multa no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais),
dobrada a cada reincidência.
Art. 6º No caso de haver consumação mínima exigida pelo
estabelecimento, os cartões ou vouchers entregues para crianças e adolescentes deverão ser assim
identificados com essa especificação e possuírem cor diferenciada dos demais.
135
Parágrafo Único - O descumprimento ao disposto neste artigo acarretará a
aplicação de multa no valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), dobrada a cada
reincidência.
DAS MEDIDAS DE CONSCIENTIZAÇÃO DA SOCIEDADE
SOBRE OS RISCOS DO CONSUMO DE ÁLCOOL PELOS ADOLESCENTES E JOVENS
Art. 7º Fica instituída a Semana Municipal contra o Alcoolismo, a ser
realizada anualmente, no período de 19 a 26 de junho, com o objetivo de estimular a realização
de atividades voltadas à diminuição do consumo do álcool e ao esclarecimento da sociedade
quanto aos riscos e males por ele causados.
§ 1º No período referido no "caput" deste artigo e periodicamente,
durante o ano, serão realizadas palestras e seminários sobre o alcoolismo, tendo como público-
alvo os alunos das escolas públicas municipais de ensino fundamental e médio, os jovens em
geral, os pais e os proprietários de estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas.
§ 2º A Semana ora instituída será incluída no Calendário Oficial de
Eventos do Município de São Paulo.
Art. 8º Será realizado curso de prevenção ao alcoolismo para os
Conselheiros Tutelares do Município de São Paulo, os quais poderão, a critério da Administração
Municipal, ser incluídos nas atividades de capacitação técnico-científica dos professores da Rede
Municipal de Ensino, a que se refere o Decreto nº 42.216, de 23 de julho de 2002.
Art. 9º Na formulação de estratégias e políticas de combate ao alcoolismo,
o Executivo utilizará bancos de dados relativos a padrões de consumo de álcool por jovens,
disponibilizados por instituições e entidades públicas e privadas especializadas.
Art. 10 O Executivo deverá divulgar à população, inclusive por intermédio
das mensagens institucionais veiculadas nos ônibus municipais, o Disque Viva Voz - 0800 510
0015 - serviço gratuito de informações e orientações sobre o consumo indevido de álcool.
Art. 11 Visando à execução desta lei e à realização das atividades nela
previstas, o Executivo contará com a contribuição do Conselho Municipal de Políticas Públicas
de Drogas e Álcool - COMUDA e o apoio das Secretarias Municipais da Saúde, de Educação e
136
de Assistência e Desenvolvimento Social, podendo firmar convênios e parcerias com outras
entidades governamentais e não-governamentais.
Art. 12 O Executivo regulamentará esta lei, no que couber, no prazo de 90
(noventa) dias contados da data de sua publicação.
Art. 13 As despesas decorrentes da execução desta lei correrão por conta
das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.
Art. 14 Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 22 de junho de
2007, 454º da fundação de São Paulo.
GILBERTO KASSAB, PREFEITO Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 22 de junho de 2007. CLOVIS DE BARROS CARVALHO, Secretário do Governo Municipal DATA DE PUBLICAÇÃO: 23/06/2007.
137
B) DECRETO MUNICIPAL Nº 49.662, DE 20 DE JUNHO DE 2008 - Regulamenta a Lei nº 14.450, de 22 de junho de 2007, que institui o Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida Alcoólica e de Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes no âmbito do Município de São Paulo.
DECRETO MUNICIPAL Nº 49.662, DE 20 DE JUNHO DE 2008
Regulamenta a Lei nº 14.450, de 22 de junho de 2007, que institui o Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida Alcoólica e de Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes no âmbito do Município de São Paulo.
GILBERTO KASSAB, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei,
DECRETA: Art. 1º. A implementação do Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida Alcoólica e de Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes no âmbito do Município de São Paulo, instituído pela Lei nº 14.450, de 22 de junho de 2007, deverá observar as normas, critérios e procedimentos estabelecidos na referida lei e neste decreto.
Parágrafo único. Para efeitos de aplicação da Lei nº 14.450, de 2007, e deste decreto, considera-se bebida alcoólica toda bebida potável, com qualquer teor de álcool.
CAPÍTULO I DAS AÇÕES A SEREM EMPREENDIDAS PARA A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA
Art. 2º. As ações voltadas à consecução das finalidades do Programa de que trata este decreto terão caráter tanto preventivo quanto repressivo.
Art. 3º. São medidas de caráter preventivo, que devem ser realizadas pelos órgãos executores competentes, dentre outras:
I - realização periódica de palestras e seminários sobre o alcoolismo, tendo como público-alvo os alunos das escolas públicas municipais de ensino fundamental e médio, os jovens em geral, os pais e os proprietários de estabelecimentos que comercializem bebidas alcoólicas;
II - organização da SEMANA MUNICIPAL CONTRA O ALCOOLISMO, a ser realizada anualmente, no período compreendido entre os dias 19 e 26 de junho, com o objetivo de estimular a realização de atividades voltadas à diminuição do consumo de álcool e ao esclarecimento da sociedade quanto aos riscos e males por ele causados;
138
III - realização de curso de prevenção ao alcoolismo para os Conselheiros Tutelares do Município de São Paulo, os quais poderão ser incluídos nas atividades de capacitação técnico-científica dos professores da rede Municipal de Ensino, a que se refere o Decreto nº 42.216, de 23 de julho de 2002;
IV - elaboração de um calendário de atividades, devendo observar um período máximo de 30 (trinta) dias entre dois eventos consecutivos, excetuados aqueles promovidos durante a SEMANA MUNICIPAL CONTRA O ALCOOLISMO, que deverão ser realizados em todos os dias dessa semana;
V - divulgação, junto à população em geral, inclusive por intermédio das mensagens institucionais veiculadas nos ônibus municipais, do DISQUE VIVA VOZ - 08005100015 - serviço gratuito de informações e orientação sobre o consumo indevido de álcool.
Art. 4º. Constituem medidas de caráter repressivo, a serem executadas pelos órgãos competentes envolvidos, as seguintes penalidades:
I - aplicação de multa no valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), dobrada na reincidência, aos mercados, supermercados, bares, restaurantes, lanchonetes, padarias, casas noturnas, ambulantes e estabelecimentos comerciais de qualquer espécie que venderem bebidas alcoólicas a menores de 18 (dezoito anos);
II - cassação do Auto de Licença de Funcionamento ou do Alvará de Funcionamento, na hipótese de ser constatada a prática da terceira infração pelo mesmo estabelecimento;
III - aplicação de multa no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), dobrada a cada reincidência, aos bares, restaurantes, lanchonetes, padarias, casas noturnas e estabelecimentos congêneres que não veicularem, em seus impressos ou dependências, a seguinte advertência: "O álcool causa dependência e, em excesso, provoca males à saúde";
IV - aplicação de multa no valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), dobrada a cada reincidência, aos estabelecimentos que exigirem consumação mínima e entregarem, para consumo, a crianças e adolescentes, cartões e "vouchers" sem referência explicita a essa condição e em cor não diferenciada dos demais.
Parágrafo único. Na hipótese de reincidência a que se refere o inciso I do "caput" deste artigo, quando for lavrada a segunda multa, o estabelecimento infrator deverá ser intimado do número de ordem da infração cometida, bem como cientificado de que a prática da terceira transgressão ao disposto no artigo 2º da Lei nº 14.450, de 2007, e no inciso I do "caput" deste artigo acarretará a cassação do respectivo Auto de Licença de Funcionamento ou do Alvará de Funcionamento.
139
CAPÍTULO II
DAS AÇÕES FISCALIZATÓRIAS
Art. 5º. As ações fiscalizatórias para verificação do cumprimento às disposições da Lei nº 14.450, de 2007, e deste decreto serão realizadas de maneira planejada e, preferencialmente, estruturadas sob a forma de "comandos", visando otimizar a aplicação dos recursos humanos e materiais disponíveis, com o objetivo de ampliar a sua efetividade.
§ 1º. O planejamento referido no "caput" deste artigo implicará a adoção das seguintes medidas preliminares, dentre outras:
I - identificação prévia dos locais que mereçam especial atenção da fiscalização em razão da alta freqüência de jovens, tais como as áreas próximas de escolas, clubes, academias e os assim denominados "points";
II - levantamento e alocação dos recursos humanos e materiais para a realização das vistorias nos locais especificados no inciso I do § 1º deste artigo, bem como em outros não considerados inicialmente;
III - elaboração de um calendário de vistorias a ser distribuído entre os órgãos representados nos "comandos";
IV - expedição de ofícios às autoridades policiais das áreas escolhidas para a realização das ações fiscalizatórias, solicitando acompanhamento policial durante a execução dessas ações, em virtude de a venda de bebidas alcoólicas para menores ser, sobretudo, uma infração penal, havendo a necessidade de se exigir, nessas ocasiões, a apresentação de documento de identificação de pessoas.
§ 2º. Os "comandos" referidos no "caput" deste artigo serão constituídos, basicamente, por integrantes do Corpo de Agentes Fiscalizadores das Subprefeituras, técnicos do Departamento de Controle de Uso de Imóveis - CONTRU da Secretaria Municipal de Habitação - SEHAB, e por representantes do Conselho Municipal de Políticas Públicas de Drogas e Álcool - COMUDA, vinculado à Secretaria Municipal de Participação e Parceria - SMPP, bem como por representantes dos Conselhos Tutelares, da Guarda Civil Metropolitana - GCM e da Polícia Militar.
§ 3º. A critério da coordenação desses "comandos", poderão ser convidados também representantes de outros órgãos municipais para integrá-los, por sua afinidade com os objetivos do Programa, tais como as Secretarias Municipais da Saúde, de Educação e de Assistência e Desenvolvimento Social, as quais, nessas ocasiões, poderão promover ações de caráter didático-educativo junto ao público-alvo.
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§ 4º. Os "comandos" atuarão periodicamente, com intervalo máximo de 30 (trinta) dias entre duas vistorias consecutivas.
§ 5º. A estruturação da fiscalização sob a forma de "comandos" não exclui a verificação do cumprimento da Lei nº 14.450, de 2007, e deste decreto em vistorias de rotina, realizadas pelo Corpo de Agentes Fiscalizadores das Subprefeituras.
§ 6º. Se, durante a realização das vistorias de rotina, for constatada a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 (dezoito) anos, além da aplicação das sanções previstas na Lei nº 14.450, de 2007, deverá ser dada ciência ao Conselho Municipal de Políticas Públicas de Drogas e Álcool - COMUDA, para que comunique a infração ao Conselho Tutelar competente e ao Ministério Público, visando à adoção das demais providências pertinentes.
CAPÍTULO III
DAS ATRIBUÍÇÕES
Art. 6º. Competirá ao Conselho Municipal de Políticas Públicas de Drogas e Álcool - COMUDA a coordenação geral da implantação e execução do Programa de Combate à Venda Ilegal de Bebida Alcoólica e de Desestímulo ao seu Consumo por Crianças e Adolescentes no âmbito do Município de São Paulo.
Parágrafo único. A coordenação a que se refere o "caput" deste artigo abrangerá, basicamente, as seguintes atribuições:
I - estabelecimento de articulação e canais de comunicação entre todos os órgãos envolvidos, de modo a agilizar a veiculação de informações, favorecendo a consecução dos objetivos do Programa;
II - planejamento e desenvolvimento das atividades descritas nos incisos I e V do artigo 3º deste decreto, conjuntamente com os demais órgãos envolvidos mencionados na Lei nº 14.450, de 2007, e neste decreto, observadas as especificidades e competências de cada um;
III - planejamento das vistorias e organização dos "comandos", no que se refere às atividades mencionadas nos incisos I e III do § 1º artigo 5º deste decreto;
IV - comunicação, ao Conselho Tutelar competente e ao Ministério Público, das irregularidades constatadas em vistoria, para a adoção das demais providências pertinentes, conforme disposto no parágrafo único do artigo 3º da Lei nº 14.450, 2007, e no § 6º do artigo 5º deste decreto.
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Art. 7º. Após o recebimento do calendário de vistorias a ser elaborado pelo COMUDA, competirá às Subprefeituras, por intermédio dos respectivos Gabinetes e Coordenadorias de Planejamento e Desenvolvimento Urbano - CPDU, adotar as seguintes medidas:
I - levantamento e alocação de recursos humanos e materiais necessários para a realização das vistorias, nas datas fixadas no calendário e nos locais situados na sua área de atuação;
II - encaminhamento de ofícios às autoridades policiais competentes para atuar nas áreas a serem vistoriadas, conforme previsto no inciso IV do § 1º do artigo 5º deste decreto; III - encaminhamento de ofícios à Guarda Civil Metropolitana - GCM para acompanhamento das ações fiscalizatórias, em consonância com o disposto no artigo 10 deste decreto;
IV - aplicação das sanções previstas no artigo 4º deste decreto, excetuada a cassação dos Alvarás de Funcionamento cuja competência para emissão seja do Departamento de Controle e Uso de Imóveis - CONTRU da Secretaria Municipal de Habitação;
V - execução das providências previstas no parágrafo único do artigo 4º e no § 6º do artigo 5º, ambos deste decreto.
Art. 8º. Competirá ao Departamento de Controle de Uso de Imóveis - CONTRU da Secretaria Municipal de Habitação:
I - designar um representante para atuar durante a realização dos "comandos", no âmbito de suas atribuições legais, especialmente quando se tratar de vistorias em estabelecimentos cujo licenciamento seja de sua competência;
II - informar ao COMUDA a designação do representante mencionado no inciso I deste artigo;
III - proceder à cassação dos Alvarás de Funcionamento a que se refere o inciso II do "caput" do artigo 4º deste decreto, no âmbito de sua competência.
Art. 9º. Caberá aos Conselhos Tutelares e às Secretarias Municipais da Saúde, de Educação e de Assistência e Desenvolvimento Social subsidiar o COMUDA, quando necessário, no âmbito das respectivas competências, visando à consecução dos objetivos e finalidades da Lei nº 14.450, de 2007, e deste decreto, especialmente quando da realização da Semana Municipal Contra o Alcoolismo, ocasião em que, dentre outras providências, deverá ser dada ampla publicidade, junto ao público em geral, dos programas em curso desenvolvidos por
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esses órgãos, enfatizando-se os malefícios causados ao organismo humano, decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas.
Art. 10. Caberá à Guarda Civil Metropolitana - GCM o acompanhamento das ações fiscalizatórias e a prática de atos inseridos no âmbito de suas competências legais, com o intuito de garantir a segurança da atuação dos integrantes dos "comandos".
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 11. Nas ações fiscalizatórias a serem empreendidas para coibir a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 (dezoito) anos por permissionários do comércio ambulante, referidos no artigo 2º da Lei nº 14.450, de 2007, deverá ser observada a legislação específica, em especial a Lei nº 11.039, de 23 de agosto de 1991, com as alterações posteriores, e o Decreto nº 42.600, de 11 de novembro de 2002, que também contemplam a proibição da venda desses produtos ao público em geral.
Art. 12. As Secretarias às quais estejam subordinados os órgãos integrantes do Programa, referidas na Lei nº 14.450, de 2007, e neste decreto, poderão celebrar convênios e parcerias com outras entidades governamentais e não-governamentais visando à plena execução do disposto na mencionada lei e neste decreto, observada a legislação municipal pertinente.
Art. 13. Os novos Autos de Licença de Funcionamento e Alvarás de Funcionamento a serem expedidos para os estabelecimentos a que se refere o artigo 2º da Lei nº 14.450, de 2007, deverão conter advertência com o seguinte teor: "A venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes sujeitará o infrator à pena de 2 (dois) a 4 (quatro) anos de detenção".
Art. 14. Para os fins do artigo 5º da Lei nº 14.450, de 2007, consideram-se impressos os cardápios dos respectivos estabelecimentos.
Art. 15. Na formulação de políticas públicas de combate ao alcoolismo, os órgãos executores deverão utilizar bancos de dados relativos a padrões de consumo de álcool por jovens, disponibilizados por instituições públicas e privadas especializadas.
Art. 16. Anualmente, a partir da vigência deste decreto, o COMUDA deverá encaminhar relatório à Secretaria do Governo Municipal - SGM, informando as ações empreendidas no desenvolvimento do Programa, para ciência e avaliação.
Art. 17. Os órgãos executores poderão expedir portaria conjunta contendo normas complementares necessárias ao cumprimento deste decreto.
Art. 18. As despesas decorrentes da execução deste decreto correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.
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Art. 19. Este decreto entrará em vigor no prazo de 30 (trinta) dias contados da data de sua publicação.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 20 de junho de 2008, 455º da fundação de São Paulo.
GILBERTO KASSAB, PREFEITO ANGELO ANDREA MATARAZZO, Secretário Municipal de Coordenação das Subprefeituras Publicado na Secretaria do Governo Municipal, em 20 de junho de 2008. CLOVIS DE BARROS CARVALHO, Secretário do Governo Municipal