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Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões ATA Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2012 - SESSÃO ORDINÁRIA - PLENÁRIO APROVADA EM 23 DE AGOSTO DE 2012 PUBLICADA EM 29 DE AGOSTO DE 2012 ACÓRDÃOS nºs 2194 a 2254

PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões

ATA Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2012

- SESSÃO ORDINÁRIA -

PLENÁRIO

APROVADA EM 23 DE AGOSTO DE 2012

PUBLICADA EM 29 DE AGOSTO DE 2012

ACÓRDÃOS nºs 2194 a 2254

Page 2: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2012

(Sessão Ordinária do Plenário)

Presidente: Ministro Benjamin Zymler

Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado

Secretário das Sessões: AUFC Luiz Henrique Pochyly da Costa

Subsecretária do Plenário, em substituição: AUFC Elenir Teodoro Gonçalves dos Santos

À hora regimental, o Presidente declarou aberta a sessão ordinária do Plenário, com a presença

dos Ministros Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes, dos Ministros-Substitutos

Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa e Weder de Oliveira e do Representante do

Ministério Público, Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado. Ausente o Ministro-Substituto André Luís

de Carvalho, em férias.

HOMOLOGAÇÃO DE ATA

O Tribunal Pleno homologou a Ata nº 31, da sessão ordinária realizada em 15 de agosto corrente

(Regimento Interno, artigo 101).

PUBLICAÇÃO DA ATA NA INTERNET

Os anexos das atas, de acordo com a Resolução nº 184/2005, estão publicados na página do

Tribunal de Contas da União na Internet (www.tcu.gov.br).

COMUNICAÇÕES (v. inteiro teor no Anexo I a esta Ata)

Do Ministro Valmir Campelo

Participação, na condição de relator dos processos relacionados ao Mundial de Futebol de 2014,

na última sexta-feira, em Porto Alegre, do Seminário “Obras de Mobilidade Urbana para a Copa do

Mundo de 2014.”

Do Ministro Augusto Nardes

Proposição, aprovada pelo Plenário, de fiscalização coordenada para a avaliação das ações de

governança da Amazônia brasileira, a ser presidida pelo Ministro-Substituto Weder de Oliveira, relator

da Lista de Unidades Jurisdicionadas que abriga o Ministério do Meio Ambiente e entidades

vinculadas.

MEDIDAS CAUTELARES CONCEDIDAS (v. inteiro teor no Anexo II a esta Ata)

O Plenário referendou, nos termos do disposto no § 1º do art. 276 do Regimento Interno deste

Tribunal, a concessão das medidas cautelares exaradas nos processos nºs:

TC-013.842/2012-9, pelo Ministro Raimundo Carreiro, para que a Coordenação-Geral de

Logística da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração da Secretaria Executiva do

Ministério da Justiça suspenda o Pregão Eletrônico para Registro de Preços nº 29/2011-SRP, no que se

refere ao item3 (Solução de análise estatística e mineração de dados estruturados).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

TC-022.991/2012-3, pelo Ministro Raimundo Carreiro, para que o Conselho Administrativo de

Fesa Econômica (Cade), na qualidade de gerenciador da ata de registro de preços derivada do Pregão

Eletrônico n.º 007/2012, abstenha-se de autorizar a adesão de quaisquer órgãos e entidades da

administração pública na referida ata até que o Tribunal decida sobre o mérito das questões suscitadas

neste processo de representação.

TC-015.980/2012-0, pelo Ministro José Jorge, para que a Prefeitura Municipal de Parnaíba/PI

suspenda imediatamente a Concorrência nº 14/2011 ou a execução financeira do contrato dela

decorrente, caso este já tenha sido celebrado, até que o Tribunal delibere sobre o mérito das questões

suscitadas naqueles autos.

SORTEIO ELETRÔNICO DE RELATOR DE PROCESSOS

De acordo com o parágrafo único do artigo 28 do Regimento Interno e nos termos da Portaria da

Presidência nº 9/2011, entre os dias 16 a 21 de agosto foi realizado sorteio eletrônico dos seguintes

processos:

Processo: 014.322/2012-9

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Processo Administrativo - Art. 19 da Res. 175/2005

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro ANA ARRAES

Processo: 020.365/2012-8

Interessado: SIND SERV PODER LEG FED E TCU-SINDILEGIS/SIND SERV PODER LEG

FED E TCU-SINDILEGIS

Motivo do sorteio: Processo Administrativo - Art. 28, inciso XIV do R.I.

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro VALMIR CAMPELO

Processo: 027.014/2012-6

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Processo Administrativo - Art. 28, inciso XIV do R.I.

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES

Processo: 003.028/2001-3

Interessado: Sergei Medeiros Araujo

Motivo do sorteio: Embargos de Declaração - Resolução 190/2006

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro AROLDO CEDRAZ

Processo: 006.328/2007-2

Interessado: Não há

Motivo do sorteio: Impedimento - Arts. 111 e 151, Inciso II do R.I.

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro RAIMUNDO CARREIRO

Processo: 011.122/2003-6

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Interessado: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - MS

Motivo do sorteio: Recurso de Revisão ao Plenário contra Acórdão

Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário

Relator sorteado: Ministro JOSÉ JORGE

Recurso: 005.324/2012-2/R001

Recorrente: SONIA MARIA SILVA

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 005.324/2012-2/R001

Recorrente: SATI INAFUKU NAGUMO

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 005.324/2012-2/R001

Recorrente: ROSELY LATERZA

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 007.252/2009-3/R001

Recorrente: JOAO MARCOLINO GOMES JUNIOR

Motivo do sorteio: Recurso de revisão

Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA

Recurso: 009.030/2010-7/R002

Recorrente: JULIO ATILA BATISTA DE AZEVEDO

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA

Recurso: 009.030/2010-7/R003

Recorrente: EDUARDO ROBERTO DE SOUZA TRINDADE

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA

Recurso: 009.030/2010-7/R004

Recorrente: JOSÉ SIMÕES CHACON

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA

Recurso: 009.030/2010-7/R005

Recorrente: CLEISSON AMORIM RODRIGUES

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA

Recurso: 009.030/2010-7/R006

Recorrente: SIGMA DATASERV INFORMATICA S.A./SIGMA

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Recurso: 009.220/2009-9/R001

Recorrente: /VITOR & SOUZA COMÉRCIO LTDA

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 010.467/2004-8/R002

Recorrente: JAIR MIOTTO

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 010.467/2004-8/R002

Recorrente: JAIR MIOTTO

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: ANA LÚCIA ARRAES DE ALENCAR

Recurso: 010.540/2005-8/R001

Recorrente: JOSÉ AMÉRICO BUTI

Motivo do sorteio: Recurso de revisão

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 011.033/2008-5/R002

Recorrente: JOÃO OTÁVIO DAGNONE DE MELO

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA

Recurso: 011.354/2010-0/R001

Recorrente: MARIA ARAÚJO DE AQUINO

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 011.610/2012-3/R001

Recorrente: GUSTAVO DE SOUZA FERREIRA

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 011.743/2010-7/R002

Recorrente: MARIA DE LOURDES GOMES DA SILVA

Motivo do sorteio: Recurso de revisão

Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA

Recurso: 011.743/2010-7/R002

Recorrente: GRACILIANA SELESTINO GOMES DA SILVA

Motivo do sorteio: Recurso de revisão

Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA

Recurso: 012.873/2005-4/R002

Recorrente: ANTONIO FERREIRA LIMA

Motivo do sorteio: Recurso de revisão

Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Recurso: 014.690/2008-8/R001

Recorrente: JOSSY SOARES SANTOS SILVA

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: AROLDO CEDRAZ DE OLIVEIRA

Recurso: 015.127/2009-0/R001

Recorrente: CLEBERSON CARNEIRO ZAVASKI

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 015.554/2008-0/R001

Recorrente: CAST INFORMÁTICA LTDA./CAST INFORMÁTICA LTDA

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOAO AUGUSTO RIBEIRO NARDES

Recurso: 017.376/2011-4/R001

Recorrente: FÉLIX VALUAR DE SOUSA BARROS

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: JOAO AUGUSTO RIBEIRO NARDES

Recurso: 018.331/2011-4/R002

Recorrente: MANOEL FRANCISCO ALVES SILVA

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: ANA LÚCIA ARRAES DE ALENCAR

Recurso: 019.173/2011-3/R001

Recorrente: ARTUR ALCIDES DE SOUSA BARROS

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA

Recurso: 019.603/2012-6/R001

Recorrente: ARMANDO SCHNEIDER FILHO

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: JOAO AUGUSTO RIBEIRO NARDES

Recurso: 020.147/2008-5/R001

Recorrente: JORCI MENDES DE ALMEIDA

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: ANA LÚCIA ARRAES DE ALENCAR

Recurso: 020.147/2008-5/R001

Recorrente: JORCI MENDES DE ALMEIDA

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 020.147/2008-5/R002

Recorrente: JANDER GENER CESAR GUERREIRO

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: ANA LÚCIA ARRAES DE ALENCAR

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Recurso: 020.147/2008-5/R002

Recorrente: JANDER GENER CESAR GUERREIRO

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 020.652/2006-6/R001

Recorrente: JOSE CARLOS VIEIRA DE OLIVEIRA

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 020.652/2006-6/R001

Recorrente: ANA DE ASSUNCAO LEONCIO MARCULINO

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 020.652/2006-6/R001

Recorrente: LEILA LEAL LEITE

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 020.652/2006-6/R001

Recorrente: LILINE MARIA SOARES MARTINS

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 020.652/2006-6/R001

Recorrente: MARIA DO PERPETUO SOCORRO MOURA COIMBRA

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 020.652/2006-6/R001

Recorrente: MARIA SARAIVA DE MOURA

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 020.652/2006-6/R001

Recorrente: SILVIA LETICIA ROSMANN

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 020.652/2006-6/R001

Recorrente: VILMA DE BRITO LIMA PENA

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 020.652/2006-6/R001

Recorrente: SIDRONIA COELHO COSTA

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Recurso: 025.801/2009-5/R001

Recorrente: JORGE BRISENO TORRES

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA

Recurso: 025.801/2009-5/R001

Recorrente: KATIA BORN RIBEIRO

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA

Recurso: 027.941/2007-9/R001

Recorrente: GERÊNCIA EXECUTIVA DO INSS - TERESINA/PI - INSS/MPS

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 029.043/2011-5/R001

Recorrente: CASA DE SAÚDE E MATERNIDADE SANTA LUZIA/CENTRO HOSPITALAR

DE MOSSORÓ S/A

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração

Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO

Recurso: 030.981/2011-5/R001

Recorrente: LUCAS ROCHA FURTADO

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA

Recurso: 031.534/2010-4/R001

Recorrente: JOSE RIBAMAR FONTES BELEZA

Motivo do sorteio: Recurso de revisão

Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA

Recurso: 032.272/2010-3/R001

Recorrente: JOÃO BOSCO FONSECA RODRIGUES

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA

Recurso: 032.272/2010-3/R001

Recorrente: ELISABETH CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA SANTOS

Motivo do sorteio: Pedido de reexame

Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA

SUSTENTAÇÕES ORAIS

Na apreciação do processo nº TC-010.327/2009-8, cujo relator é o Ministro Walton Alencar

Rodrigues, o Dr. Jonas Cecílio produziu sustentação oral em nome da Sondotécnica Engenharia de

Solos S.A.

Na apreciação do processo nº TC-012.133/2006-9, cuja relatora é a Ministra Ana Arraes, a Dra.

Maria da Conceição Wanderley Lasmar produziu sustentação oral em nome do Município de

Presidente Figueiredo – AM. Após a sustentação oral, a relatora retirou o processo da pauta.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

PEDIDOS DE VISTA

Com base no artigo 119 do Regimento Interno, foi suspensa a votação do processo nº TC-

013.294/2011-3, em função de pedido de vista formulado pelo Ministro Waltan Alencar Rodrigues. Já

votaram o relator, Ministro Ubiratan Aguiar, o 1º Revisor, Ministro José Jorge e o 2º revisor, Ministro

Raimundo Carreiro, cujos relatórios, votos e minutas de Acórdãos constam do Anexo IV desta Ata.

Com base no artigo 112 § 3º do Regimento Interno, foi adiada a discussão do processo nº TC-

017.154/2007-0, cujo relator é o Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, em função de novo

pedido de vista formulado pelo Ministro Raimundo Carreiro.

PROCESSO TRANSFERIDO DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DE CARÁTER

RESERVADO

Foi transferido da pauta da sessão extraordinária pública realizada nesta data o processo nº TC-

011.451/2008-5, cujo relator é o Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.

PROCESSO TRANSFERIDO PARA A SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DE CARÁTER

RESERVADO

Foi transferido para a pauta da sessão extraordinária de caráter reservado realizada nesta data o

processo nº TC-037.747/2011-8, cujo relator é o Ministro Raimundo Carreiro.

PROCESSOS EXCLUÍDOS DE PAUTA

Foram excluídos de pauta os processos de nºs:

TC-001.564/2010-2 e TC-027.911/2010-1, cujo relator é o Ministro Augusto Nardes;

TC-003.334/2012-0 e TC-010.092/2005-7, cujo relator é o Ministro Aroldo Cedraz;

TC-000.831/2009-4, TC-010.594/2012-4 e TC-028.225/2011-2, cujo relator é o Ministro

Raimundo Carreiro;

TC-013.742/2007-3, cujo relator é o Ministro José Múcio Monteiro; e

TC-003.861/2009-7 e 012.133/2006-9, cuja relatora é a Ministra Ana Arraes.

PROCESSOS APRECIADOS POR RELAÇÃO

O Tribunal Pleno aprovou as relações de processos a seguir transcritas e proferiu os Acórdãos

de nºs 2194 a 2214.

RELAÇÃO Nº 32/2012 – Plenário

Relator – Ministro VALMIR CAMPELO

ACÓRDÃO Nº 2194/2012 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento

no art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 17, inciso IV; 143, inciso III;

237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU, c/c o art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/93, em conhecer da

presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente, indeferir a medida cautelar

requerida, por não conter os requisitos de admissibilidade necessários a sua concessão, arquivar o

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

processo, devendo ser dada ciência desta deliberação à empresa representante e à Comissão de Valores

Mobiliários – CVM, acompanhada de cópia da instrução da unidade técnica constante da peça 4:

1. Processo TC-022.341/2012-9 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Interessado: Artel Serviços Técnicos Ltda. (68.568.021/0001-41)

1.2. Órgão/Entidade: Comissão de Valores Mobiliários – MF

1.3. Relator: Ministro Valmir Campelo

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou

1.5. Unidade Técnica: 9ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-9).

1.6. Advogado constituído nos autos: não há.

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2195/2012 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento

no art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 17, inciso IV; 143, inciso III;

237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU, c/c o art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/93, em conhecer da

presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente, indeferir a medida cautelar

requerida, por não conter os requisitos de admissibilidade necessários a sua concessão, arquivar o

processo, devendo ser dada ciência desta deliberação à empresa representante e ao Banco do Nordeste

do Brasil S.A. - BNB, acompanhada de cópia da instrução da unidade técnica constante da peça 5:

1. Processo TC-023.226/2012-9 (REPRESENTAÇÃO)

1.1.Interessado: Casa e Bar Nordeste Comercio de Utilidades do Lar Ltda. (06.865.579/0001-

31)

1.2. Órgão/Entidade: Banco do Nordeste do Brasil S.A. - MF

1.3. Relator: Ministro Valmir Campelo

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - CE (SECEX-CE).

1.6. Advogado constituído nos autos: não há.

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 33/2012 – Plenário

Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 34/2012 – Plenário

Relator – Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES

ACÓRDÃO Nº 2196/2012 - TCU – Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Ordinária de Plenário, e

considerando o pedido de parcelamento de multa formulado pelos responsáveis Henrique Germano

Zimmer, Danilo Roger Marçal Queiroz e Jussara Gonçalves Vieira, ACORDAM, por unanimidade,

com fundamento nos arts. 143, inciso V, “b”, e 217 do Regimento Interno/TCU, em autorizar o

parcelamento da multa imposta aos responsáveis, por intermédio do Acórdão 1.016/2012 – TCU –

Plenário, em 36 (trinta e seis) parcelas atualizadas monetariamente de acordo com a deliberação

original, fixando o vencimento da primeira em 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da

notificação, e o das demais, a cada 30 (trinta) dias, na forma prevista na legislação em vigor, alertando

aos responsáveis que a falta de recolhimento de qualquer parcela importará o vencimento antecipado

do saldo devedor (§ 2º do art. 217 do Regimento Interno/TCU):

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo TC-030.083/2007-1 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Responsáveis: Companhia Docas do Espírito Santo (27.316.538/0001-66); Danilo Roger

Marçal Queiroz (904.621.657-87); Eliane Fernandes da Silva (366.759.381-34); Henrique Germano

Zimmer (009.677.936-53); Jussara Gonçalves Vieira (474.853.707-82); Nascon Logística Ltda

(04.461.341/0001-15); Nelson Machado Fagundes (039.881.477-53); Raulino Gonçalves Filho

(117.880.117-91); Roberto Hernandes (362.040.809-20); Roberto Oliveira Pinto de Almeida

(436.916.927-53)

1.2. Interessado: Petromarte Distribuidora de Derivados de Petróleo Ltda. (03.632.191/0001-

00)

1.3. Órgão/Entidade: Companhia Docas do Espírito Santo

1.4. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues

1.5. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico

1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - ES (SECEX-ES).

1.7. Advogado constituído nos autos: não há.

1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 33/2012 – Plenário

Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 24/2012 – Plenário

Relator – Ministro AUGUSTO NARDES

ACÓRDÃO Nº 2197/2012 - TCU - Plenário

Considerando que o recorrente se limitou a invocar hipótese legal compatível com o recurso de

revisão, sem, contudo, satisfazê-la materialmente.

Considerando que a tentativa de se provocar a pura e simples rediscussão de deliberações do

Tribunal fundada, tão somente, na discordância e no descontentamento do recorrente com as

conclusões obtidas por este Tribunal não se constitui em fato ensejador do conhecimento do presente

Recurso de Revisão.

Considerando que as argumentações e os documentos ora apresentados não possuem o condão,

sequer em tese, de modificar o julgado, não restando atendido, portanto, qualquer requisito disposto no

art. 35 da Lei Orgânica do TCU.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 35 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c

o art. 288, do Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 246/2011, e de acordo com os

pareceres emitidos nos autos, em não conhecer do presente recurso de revisão, e em enviar os autos à

Secex-6 para que dê ciência às partes e aos órgãos e entidades interessados do teor desta deliberação,

acompanhada da instrução da unidade técnica (peça 63).

1. Processo TC-009.073/2003-2 (TOMADA DE CONTAS - Exercício: 2002)

1.1. Responsáveis: Luis Carlos da Fonseca (238.298.937-87); Marco Antônio de Oliveira

(029.185.951-87); Raimundo Ferreira de Miranda (184.086.801-53).

1.2. Recorrente: Marco Antônio de Oliveira (029.185.951-87).

1.3. Órgão/Entidade: Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração – ME.

1.4. Relator: Ministro Augusto Nardes.

1.5. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.

1.6. Relator da deliberação recorrida: Ministro Raimundo Carreiro.

Page 12: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); 6ª Secretaria de Controle Externo

(SECEX-6).

1.8. Advogado constituído nos autos: Júnia de Abreu Guimarães Souto (OAB/DF nº 10.778).

1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2198/2012 - TCU – Plenário

Considerando que o recorrente interpôs anteriormente recurso de revisão contra o Acórdão nº

411/2008-TCU-2ª Câmara, o qual foi conhecido, mas no mérito foi-lhe negado provimento pelo

Acórdão 1.282/2011-TCU-Plenário.

Considerando que, neste momento, o recorrente interpõe novamente Recurso de Revisão sem,

contudo, fundamentar em nenhum dos incisos do art. 35 da Lei 8.443/92.

Considerando que operou-se, portanto, a preclusão consumativa, a teor do disposto no art. 278,

§ 3º, do Regimento Interno do TCU.

Considerando, finalmente, o princípio da singularidade dos recursos.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 35 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c

o art. 288 do Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 246/2011, e de acordo com os

pareceres emitidos nos autos, em não conhecer do presente recurso de revisão, e em enviar os autos à

Secex/GO para que dê ciência às partes e aos órgãos e entidades interessados do teor desta deliberação,

acompanhada da instrução da unidade técnica (peça 39).

1. Processo TC-002.165/2006-9 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)

1.1. Apensos: 010.736/2011-5 (COBRANÇA EXECUTIVA); 010.737/2011-1 (COBRANÇA

EXECUTIVA).

1.2. Responsáveis: Antonio Gonçalves Ferreira (043.368.361-91); David Carlos Fagundes

(042.021.711-87).

1.3. Recorrente: Antonio Gonçalves Ferreira (043.368.361-91).

1.4. Órgão/Entidade: Município de Petrolina de Goiás – GO.

1.5. Relator: Ministro Augusto Nardes.

1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico.

1.7. Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes.

1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no

Estado de Goiás (SECEX-GO).

1.9. Advogado constituído nos autos: Davi Carlos Fagundes (OAB/GO 9.662) e Rafael Naves

de Oliveira Santos (OAB/GO 23.021 – A).

1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2199/2012 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35 da Lei 8.443/92, c/c o art.

143, inciso IV, alínea “a”, do Regimento Interno, e de acordo com os pareceres uniformes emitidos nos

autos, em conhecer do recurso de revisão interposto pelo Sr. Raimundo Nonato Souza Silva, para, no

mérito, dar-lhe provimento, e reformar o Acórdão 1.147/2011 – TCU – Segunda Câmara nos seguintes

termos:

a) tornar insubsistente os subitens 9.2 a 9.7;

b) com fundamento no art. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/92, julgar

regulares com ressalva as presentes contas, dando quitação ao responsável;

c) arquivar os presentes autos;

Page 13: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) corrigir o erro material contido na ementa do julgado recorrido, haja vista a inexistência de

responsabilidade solidária.

1. Processo TC-014.120/2008-6 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)

1.1. Apensos: 021.426/2011-2 (COBRANÇA EXECUTIVA); 021.425/2011-6 (COBRANÇA

EXECUTIVA).

1.2. Responsáveis: Antonio Evaldo Gomes Bastos (190.711.593-53); Raimundo Nonato Souza

Silva (779.602.893-87).

1.3. Recorrente: Raimundo Nonato Souza Silva (779.602.893-87)

1.4. Órgão/Entidade: Município de Irauçuba - CE; Prefeituras Municipais do Estado do Ceará

(184 Municípios).

1.5. Relator: Ministro Augusto Nardes.

1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé

1.7. Relator da deliberacão recorrida: Ministro Raimundo Carreiro.

1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no

Estado do Ceará (SECEX-CE).

1.9. Advogado constituído nos autos: não há.

1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2200/2012 - TCU - Plenário

Considerando que este Tribunal, por intermédio do Acórdão 1793/2011 – TCU – Plenário, fez

recomendações ao Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais/MP, ao

Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do Ministério Público;

Considerando que em 19/12/2011 o Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO,

interpôs Pedido de Reexame (Peça 92) contra o item 9.5.1.8 do Acórdão 1793/2011 – TCU – Plenário

(Peça 4, p. 55/62), que, através do Acórdão 610/2012 – TCU – Plenário (Peça 100) não foi recebido,

por inexistência de interesse recursal;

Considerando que o Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO compareceu

novamente aos autos, por intermédio do recurso interposto na peça 117, irresignado com relação às

“determinações” direcionadas ao Departamento de Coordenação e Governança das Empresas

Estatais/MP, assim como o não conhecimento de seu anterior recurso;

Considerando que a expedição de recomendações por parte do TCU não gera qualquer

sucumbência aos seus jurisdicionados, ante seu caráter não impositivo, como já decidiu esta Corte de

Contas (acórdãos 2.895/2009-Plenário, 2.112/2005-1ª Câmara e 1.103/2008-2ª Câmara);

Considerando, portanto, a ausência de legitimidade e interesse recursal e por se ter operado a

preclusão consumativa, segundo análise da Serur em seu exame de admissibilidade (Peça 119);

Os Ministros do Tribunal de Contas ACORDAM, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACÒRDAM, unanimidade, ante as razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. art. 48,

caput, da Lei nº 8.443/1992, c/c os arts. 143, IV, letra “b”, do Regimento Interno/TCU, em não

conhecer do pedido de reexame, por inexistência de legitimidade e interesse recursal e por se ter

operado a preclusão consumativa, encaminhando-se os autos à Sefti para que dê ciência desta

deliberação ao recorrente, às partes e aos órgãos/entidades interessados do teor desta deliberação,

acompanhada de cópia do exame de admissibilidade (peça 119).

1. Processo TC-011.643/2010-2 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)

1.1. Apensos: 031.992/2011-0 (SOLICITAÇÃO)

1.2. Recorrente: Serpro - Regional Brasilia/DF - MF

1.3. Interessados: Sefti Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação; Serpro -

Regional Brasilia/DF - MF

Page 14: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.4. Órgão/Entidade: Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação - MP

1.5. Relator: Ministro Augusto Nardes

1.6. Representante do Ministério Público: não atuou

1.7. Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes

1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Sec. de Fisc. de Tec. da Informação

(Sefti).

1.9. Advogado constituído nos autos: não há.

1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2201/2012 - TCU - Plenário

Considerando que o recorrente ingressa com “pedido de reconsideração”, espécie não prevista

nos normativos desta Corte;

Considerando que não seria possível receber o expediente como recurso de reconsideração,

pois essa espécie recursal somente é prevista para os processos de contas, a teor do que dispõe o artigo

285 do Regimento Interno/TCU;

Considerando que o único recurso ordinário previsto para o recorrente seria o pedido de

reexame, conforme artigo 286 do Regimento Internodo TCU;

Considerando que o recorrente já interpôs anteriormente pedido de reexame contra a decisão

recorrida (peças 38-45), o qual foi conhecido, mas no mérito foi-lhe negado provimento pelo Acórdão

327/2012 - TCU - Plenário (peça 8, p. 23), operando-se, portanto, a preclusão consumativa, a teor do

disposto no art. 278, § 3º, do Regimento do TCU.

Considerando a proposta da unidade técnica pelo não-conhecimento do presente recurso.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 35 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c

os arts. 278 e 285, do Regimento Interno do TCU, de acordo com os pareceres uniformes emitidos nos

autos, em não receber o pedido de reconsideração, em face da absoluta inadequação recursal, e em

razão da preclusão consumativa, encaminhando-se os autos à Secex/RJ para que dê ciência às partes e

aos órgãos e entidades interessados do teor da presente deliberação.

1. Processo TC-012.238/2005-2 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)

1.1. Apensos: 019.895/2006-1 (SOLICITAÇÃO); 029.147/2011-5 (SOLICITAÇÃO)

1.2. Responsáveis: Celita Cortes Tavares (725.352.297-49); Jose Gomes Temporao

(487.471.497-87); Luiz Alberto Ladezenski (741.904.407-44); Maria da Graça Oliveira Rangel

(436.034.837-15); Nelson dos Santos (489.802.347-91); Pedro Paulo Vereza Henriques (260.507.307-

68); Reinhar Braun (740.262.167-72); Santa Bárbara Engenharia S/A (17.290.057/0001-75); Valdemar

da Silva Fagundes (222.083.561-87)

1.3. Recorrente: Pedro Paulo Vereza Henriques (260.507.307-68)

1.4. Interessado: Instituto Nacional do Câncer - MS (00.394.544/0171-50)

1.5. Órgão/Entidade: Instituto Nacional do Câncer - MS

1.6. Relator: Ministro Augusto Nardes

1.7. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico

1.8. Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes

1.9. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no

Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).

1.10. Advogado constituído nos autos: não há.

1.11. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2202/2012 - TCU – Plenário

Page 15: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no artigo 143, inciso V, alínea “d”, do Regimento

Interno, c/c o enunciado 145 da Súmula de Jurisprudência predominante do Tribunal, em retificar, por

inexatidão material, o Acórdão 1782/2012-TCU-Plenário, prolatado na sessão extraordinária de

11/7/2012, Ata 26/2012, de modo que, onde se lê: “VISTOS, relatados e discutidos estes autos de

Representação destinada a apurar possíveis irregularidades perpetradas pela empresa RLP Comércio e

Assistência Técnica Ltda. em processos licitatórios, em que, na presente fase processual aprecia-se

recurso de reexame interposto contra o Acórdão 3.411/2001-Plenário, que declarou a referida empresa

inidônea para participar de licitações da administração pública federal pelo prazo de seis meses,”, leia-

se: “VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação destinada a apurar possíveis

irregularidades perpetradas pela empresa RLP Comércio e Assistência Técnica Ltda. em processos

licitatórios, em que, na presente fase processual aprecia-se recurso de reexame interposto contra o

Acórdão 3.074/2011-TCU-Plenário, que declarou a referida empresa inidônea para participar de

licitações da administração pública federal pelo prazo de seis meses,”, mantendo-se inalterados os

demais termos do acórdão ora retificado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-012.545/2011-2 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Responsável: RLP Comércio e Assistência Técnica Ltda. (00.539.911/0001-91)

1.2. Interessado: Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação - MP

1.3. Relator: Ministro Augusto Nardes

1.4. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Santa Catarina (SECEX-

SC).

1.6. Advogado constituído nos autos: não há.

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 33/2012 – Plenário

Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 30/2012 – Plenário

Relator – Ministro AROLDO CEDRAZ

ACÓRDÃO Nº 2203/2012 - TCU - Plenário

Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM,

por unanimidade, com fundamento no artigo 1º, inciso XVII, da Lei 8.443/92; c/c os artigos 15, inciso

I, alínea “o”, 143, inciso, V, alínea “a”, 264 e 265, todos do Regimento Interno, em não conhecer da

consulta adiante relacionada, por versar sobre caso concreto, e dar ciência da presente deliberação,

acompanhada de reprodução da peça 2 dos autos (instrução de mérito), ao Ministro da Pesca e

Aquicultura.

1. Processo TC-020.961/2012-0 (CONSULTA)

1.1. Órgão: Ministério da Pesca e Aquicultura (vinculador)

1.2. Relator: Ministro Aroldo Cedraz

1.3. Representante do Ministério Público: não atuou

1.4. Advogado constituído nos autos: não há.

ACÓRDÃO Nº 2204/2012 - TCU - Plenário

Page 16: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM,

por unanimidade, com fundamento nos artigos 143, incisos III e V, alínea “a”, e 169, inciso V, do

Regimento Interno; c/c o art. 40, inciso V, da Resolução TCU 191/2006, em:

1. Processo TC-034.259/2011-2 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)

1.1. Responsáveis: Aldair da Rocha (008.814.778-93); Clidenor Cosme da Silva Júnior

(812.516.104-04)

1.2. Entidade: Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social – Sesed/RN.

1.3. Relator: Ministro Aroldo Cedraz

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou

1.5. Advogado constituído nos autos: não há.

1.6. Determinações:

1.6.1. considerar saneadas ou atendidas as determinações constantes no Acórdão 461/2012 –

TCU – Plenário, exceto quanto ao subitem 1.5.1.4;

1.6.1. autuar processo de monitoramento, com fulcro no art. 243 do RI/TCU e nos termos do

art. 42 da Resolução 191/2006, visando a efetuar diligência à Secretaria de Estado da Segurança

Pública e da Defesa Social (Sesed/RN) para que informe, no prazo de 15 (quinze) dias, quais as

medidas/providências adotadas com vistas ao saneamento da falha apontada na determinação constante

no subitem 1.5.1.4 do Acórdão 461/2012 – TCU – Plenário;

1.6.2. dar ciência à Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social - Sesed/RN

de que, nos convênios atuais, no que couber, e nos vindouros, deve abster-se de considerar a

participação de empresas declaradas inidôneas pelo Tribunal de Contas da União, nos termos do art. 46

da Lei 8.443/1992, inclusive em estimativa de preços, quando contratar por meio da utilização de

recursos públicos federais;

1.6.3. determinar o arquivamento dos presentes autos.

Ata n° 33/2012 – Plenário

Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 41/2012 – Plenário

Relator – Ministro RAIMUNDO CARREIRO

ACÓRDÃO Nº 2205/2012 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo abaixo relacionado, que

trata de Monitoramento que objetiva verificar o cumprimento dos itens 9.3.5 e 9.3.6 do Acórdão

3012/2009-TCU-Plenário, proferido na Sessão Extraordinária de 9/12/2011, ao ser apreciado o TC

008.638/2009-0, oriundo de fiscalização realizada na Imetro/SC, entidade que sucedeu a extinta

Superintendência do Inmetro no Estado de Santa Catarina, com vistas ao atendimento de solicitação

procedente do Congresso Nacional, com fundamento no art. nos arts. 143, inciso III e 243, do

Regimento Interno/TCU, ACORDAM considerar satisfatórias as ações desenvolvidas pelo Instituto

Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro para cumprimento das

determinações acima citadas, conforme instrução da Unidade Técnica.

1. Processo TC-037.688/2011-1 (MONITORAMENTO)

1.1. Interessado: 9ª Secex

1.2. Unidade: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro

1.3. Relator: Ministro Raimundo Carreiro

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou

1.5. Unidade Técnica: 9ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-9).

Page 17: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.6. Advogado constituído nos autos: não há.

1.7. Determinar ao Inmetro que remeta o processo administrativo 018.758/2012-81 à Secretaria

Federal de Controle Interno/CGU, no prazo de 60 (sessenta) dias, para pleno cumprimento da

determinação contida no item 9.3.5 do Acórdão 3012/2009-TCU-Plenário; e

1.8. Apensar com base no caput do art. 42 da Resolução-TCU 191/2006, definitivamente o

presente processo ao TC 008.638/2009-0.

ACÓRDÃO Nº 2206/2012 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo abaixo relacionado, que trata

de Monitoramento do cumprimento das determinações exaradas nos Acórdãos 2.485/2008-TCU-

Plenário e 2.928/2011-TCU-Plenário, proferidos em decorrência de auditoria realizada junto ao

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região no Rio de Janeiro (TRT/1ª Região/RJ); com fundamento

no art. nos arts. 143, inciso III, 15, 105 e 243, do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em:

desarquivar este processo; com fundamento no art. 27 da Lei n.º 8.443, de 1992, expedir

quitação da multa aplicada à Senhora Letícia Ferreira Carlos de Santis, por força do Acórdão n.º

2.928/2011, in Ata n.º 49, que reformou o Acórdão n.º 2.485/2008, in Ata n.º 46; e arquivar os

presentes autos, conforme os pareceres emitidos.

1. Processo TC-003.187/2006-0 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)

1.1. Responsáveis: Alberto Fortes Gil (113.411.577-68); Carlos Alberto Araújo Drummond

(033.236.097-00); Glória Regina Ferreira Mello (406.198.347-49); Ivan Dias Rodrigues Alves

(024.809.487-49); Izidoro Soler Guelman (000.175.821-72); Jorge Luiz Fernandes da Silva

(776.615.407-20); Jose Marcio da Silva Almeida (657.577.507-15); João Mário de Medeiros

(030.633.307-44); Letícia Ferreira Carlos de Santis (182.360.141-34); Lydia Martins Barreto

(672.958.197-20); Nelson Tomaz Braga (227.211.347-87); Nídia de Assunção Aguiar (090.039.087-

53)

1.2. Interessado: Catia Cristina de Araújo Oren (023.075.897-59)

1.3. Unidade: Tribunal Regional do Trabalho 1ª Região/RJ - JT

1.4. Relator: Ministro Raimundo Carreiro

1.5. Representante do Ministério Público: não atuou

1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).

1.7. Advogados constituídos nos autos: Walter Costa Porto OAB/6.098, Guilherme Augusto F.

Fregapani OAB/DF 34.406

ACÓRDÃO Nº 2207/2012 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado, que

trata de Representação formulada pelo Senador Eduardo Matarazzo Suplicy, nos termos do artigo 62

da Resolução TCU 191/2006, encaminhada ao Tribunal por meio do Ofício 01163/2011(peça 1, p.

1/3), com vistas à apuração de denúncia apresentada por meio eletrônico, apontando indícios de

irregularidades em licitações para aquisição de medicamentos destinados a hospitais da rede pública

em São Paulo, caracterizada pela fixação de quantidade específica do produto de acordo com a

embalagem, redundando em direcionamento da licitação para determinado fornecedor que atendesse a

esse requisito, em detrimento de outros fornecedores existentes no mercado, que poderiam ofertar o

produto por preço unitário inferior; com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92 c/c os arts.

143, inciso III; do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em não conhecer da presente representação

ante o não atendimento dos requisitos de admissibilidade previstos no art. 237, parágrafo único, c/c art.

235, caput e parágrafo único, ambos do Regimento Interno do TCU, tendo em vista que a matéria

tratada não é de competência deste Tribunal; encaminhar cópia destes autos ao Tribunal de Contas do

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Estado de São Paulo para que adote as medidas que julgar pertinentes em sua respectiva esfera de

competência; dar ciência deste Acórdão ao Gabinete do Senador Eduardo Matarazzo Suplicy enviando

cópia da instrução; e arquivar os presentes autos, com fundamento no art.169, V, do RI/TCU,

considerando que não há a utilização de recursos federais, conforme instrução da Unidade Técnica

pareceres emitidos.

1. Processo TC-000.039/2012-8 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Interessado: Senador Eduardo Matarazzo Suplicy

1.2. Unidade: Ministério da Saúde – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo

1.3. Relator: Ministro Raimundo Carreiro

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - SP (SECEX-SP).

1.6. Advogado constituído nos autos: Jandira Ficher (OAB/SP 69.261)

ACÓRDÃO Nº 2208/2012 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo abaixo relacionado, que trata

do Pregão Eletrônico para Registro de Preços 17/2012, em que a Representante considera que os

termos grifados em negrito no Edital contida no subitem 7.1.4.1, indicariam a obrigatoriedade de a

licitante vencedora comprovar o fornecimento de solução Search Appliance, o que, segundo afirma,

resultaria em restrição ao caráter competitivo da licitação, contrariando o disposto no art. 3º e § 1º da

Lei 8.666/1993, afirma que foi impedida de participar do referido certame em razão da exigência

contida no subitem 7.1.4.1 do Edital, com fundamento nos arts. 143, III, e 237,VII, do RI/TCU, c/c o

art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, ACORDAM em conhecer da representação, uma vez preenchidos os

requisitos de admissibilidade, para no mérito considerá-la improcedente, dando ciência ao

representante com o envio de cópia deste Acórdão e arquivando-a, conforme os pareceres emitidos nos

autos.

1. Processo TC-026.432/2012-9 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Interessado: Empresa Individual Geraldo Iraci do Couto (37.982.238/0001-70)

1.2. Unidade: Ministério de Minas e Energia - MME

1.3. Relator: Ministro Raimundo Carreiro

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou

1.5. Unidade Técnica: 1ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-1).

1.6. Advogados constituídos nos autos: Geraldo Iraci do Couto, OAB/DF 24.147; Cláudia

Aparecida Couto, OAB/DF 24.616

1.7. Indeferir o requerimento de medida cautelar, inaudita altera pars, formulado por Via

Appia Informática (Geraldo Iraci do Couto – Firma Individual), tendo em vista a inexistência dos

pressupostos necessários para adoção da referida medida;

1.8. Comunicar o presente Acórdão ao Ministério de Minas e Energia e à Representante; e

1.9. Arquivar os presentes autos, nos termos do art. 237, parágrafo único, c/c o art. 235 e o art.

250, inciso I, do Regimento Interno/TCU.

Ata n° 33/2012 – Plenário

Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 34/2012 – Plenário

Relatora – Ministra ANA ARRAES

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2209/2012 - TCU - Plenário

Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM,

por unanimidade, quanto ao processo a seguir relacionado, com fundamento nos arts. 26 e 27 da Lei

8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I; 17, inciso I; 143, inciso V, “b” e 217, do Regimento Interno, em

parcelar a multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) de Adalberon Corrêa de Sena, imputada pelo acórdão

697/2010, com redação dada pelo acórdão .560/2012, ambos do Plenário, em 24 (vinte e quatro)

parcelas mensais, sobre as quais incidirão os acréscimos legais correspondentes, fixando prazo de 15

(quinze) dias, a contar da notificação deste acórdão, para recolhimento da 1ª parcela, vencendo as

demais em intervalos sucessivos de 30 (trinta) dias, na forma estabelecida no Regimento Interno; em

alertar o responsável de que o não recolhimento de qualquer das parcelas importará no vencimento

antecipado do saldo devedor, de acordo com os pareceres emitidos nos autos; e encaminhar os autos à

Secretaria de Recursos, para exame de novo recurso de reconsideração.

1. Processo TC-016.531/2003-0 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)

1.1. Apenso: 009.226/2003-3 (SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL)

1.2. Classe de Assunto: V.

1.3. Responsável: Adalberon Corrêa de Sena (CPF 001.526.251-00).

1.4. Interessado: Congresso Nacional.

1.5. Unidade: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (vinculador).

1.6. Relatora: ministra Ana Arraes.

1.7. Representante do Ministério Público: não atuou.

1.8. Unidade Técnica: 8ª Secretaria de Controle Externo (Secex-8).

1.9. Advogado: não há.

1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2210/2012 - TCU - Plenário

Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM,

por unanimidade, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, conhecer desta representação, uma

vez satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno, e

considerá-la improcedente; em acatar as razões de justificativa apresentadas por José Rogério Moura

de Almeida Filho; e em arquivar os autos, sem prejuízo de dar ciência desta deliberação, acompanhada

da instrução da unidade técnica, ao Conselho Municipal de Saúde de Valença/RJ.

1. Processo TC-002.413/2012-4 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Classe de Assunto: VII.

1.2.Responsáveis: Fundação Educacional Dom Andre Arcoverde (CPF 32.354.011/0001-66);

José Rogério Moura de Almeida Filho (CPF 320.957.837-00).

1.3. Unidade: Município de Valença – RJ.

1.4. Relatora: ministra Ana Arraes.

1.5. Representante do Ministério Público: não atuou

1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).

1.7. Advogado: não há.

1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2211/2012 - TCU - Plenário

Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM,

por unanimidade, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, em conhecer desta representação por

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

estarem presentes os requisitos de admissibilidade dos arts. 235 e 237 do Regimento Interno; em

considerá-la procedente; em arquivar os autos, sem prejuízo de comunicar ao Secretário Municipal de

Integração, Segurança Pública e Defesa Civil da Prefeitura de Duque de Caxias-RJ que, nos termos do

art. 8º da Lei 8.443/1992, compete originariamente à autoridade administrativa do órgão concedente a

instauração de tomada de contas especial; e em dar ciência desta deliberação à Prefeitura Municipal de

Duque de Caxias-RJ e à Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça.

1. Processo TC-016.771/2011-7 (REPRESENTAÇÃO)

1.1. Classe de Assunto: VI.

1.2. Unidade: Município de Duque de Caxias – RJ.

1.3. Relatora: ministra Ana Arraes.

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).

1.6. Advogado: não há.

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 33/2012 – Plenário

Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 32/2012 – Plenário

Relator – Ministro-Substituto AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

ACÓRDÃO Nº 2212/2012 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM,

por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso V, alínea "a", 169, inciso V, e 243, todos do

Regimento Interno, em determinar o arquivamento dos presentes autos, uma vez que cumpriu o

objetivo para o qual foi constituído, consoante exposto na instrução da unidade técnica.

1. Processo TC-010.832/2010-6 (MONITORAMENTO)

1.1. Interessado: Secretaria de Controle Externo do TCU/BA

1.2. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Cansanção - BA

1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - BA (SECEX-BA).

1.6. Advogado constituído nos autos: não há.

ACÓRDÃO Nº 2213/2012 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM,

por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso V, alínea "a", 169, inciso V, e 243, todos do

Regimento Interno, em determinar o arquivamento dos presentes autos, uma vez que cumpriu o

objetivo para o qual foi constituído, consoante exposto na instrução da unidade técnica, dando ciência

desta deliberação à Academia Brasileira de Ciências.

1. Processo TC-018.127/2012-6 (MONITORAMENTO)

1.1. Apensos: 029.228/2011-5 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)

1.2. Responsáveis: Jacob Palis Junior (044.718.307-91); Lindolpho de Carvalho Dias

(003.017.287-04); Luiz Antônio Rodrigues Elias (549.900.767-53).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.3. Unidades: Academia Brasileira de Ciências (ABC); Coord. de Gestão Orçamentária e

Financeira do CNPq; Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); Fundo Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT); Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

(Inpe); Secretaria Executiva - MCT

1.4. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti

1.5. Representante do Ministério Público: não atuou

1.6. Unidade Técnica: 6ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-6).

1.7. Advogado constituído nos autos: não há.

Ata n° 33/2012 – Plenário

Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 37/2012 – Plenário

Relator – Ministro-Substituto MARCOS BEMQUERER COSTA

ACÓRDÃO Nº 2214/2012 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento

nos arts. 15, inciso I, alínea o, 264 e 265 do Regimento Interno/TCU, em não conhecer da presente

consulta, por ter sido formulada por autoridade não especificada nos incisos I a VII do art. 264 do

RI/TCU, bem como determinar o arquivamento dos autos, sem prejuízo de que seja dada ciência desta

deliberação e da instrução produzida pela unidade técnica ao interessado, de acordo com o parecer da

Secex/CE:

1. Processo TC-019.639/2012-0 (CONSULTA)

1.1. Interessado: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 6ª Região –

Crefito-6 (23.498.256/0001-76).

1.2. Órgão/Entidade: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 6ª Região –

Crefito-6 (23.498.256/0001-76).

1.3. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.

1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Ceará (Secex/CE).

1.6. Advogado constituído nos autos: não há.

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 33/2012 – Plenário

Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária

PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA

Por meio de apreciação unitária de processos, o Plenário proferiu os Acórdãos de nºs 2215 a

2254, a seguir transcritos e incluídos no Anexo III desta Ata, juntamente com os relatórios e votos em

que se fundamentaram.

ACÓRDÃO Nº 2215/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 010.327/2009-8.

1.1. Apenso: 010.332/2009-8

2. Grupo II – Classe de Assunto: I Pedido de reexame (Relatório de levantamentos)

3. Interessados: Enger Engenharia S/A (51.167.500/0001-53) e Sondotécnica Engenharia de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Solos S/A (33.386.210/0001-19)

4. Entidade: Secretaria de Infra-estrutura Hídrica.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Ubiratan Aguiar.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).

8. Advogado constituído nos autos: Alexandre Frayze David (OAB/SP 160.614), Jonas Cecílio

(OAB/DF 14.344).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos os pedidos de reexame interpostos por Enger Engenharia S/A e

Sondotécnica Engenharia de Solos S/A, contra o Acórdão 446/2011, Plenário, que apreciou auditoria

nos contratos de “supervisão, acompanhamento técnico e controle tecnológico das obras civis, do

projeto executivo, do fornecimento em montagem de equipamentos mecânicos e elétricos” do Projeto

de integração do rio São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste setentrional (PISF).

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 48 da Lei 8.443/1992, em:

9.1. conhecer dos pedidos de reexame, para, no mérito, dar-lhes provimento;

9.2. tornar insubsistentes os subitens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5 e 9.16 do Acórdão

446/2011, Plenário;

9.3. encaminhar cópia do acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, às

recorrentes e ao Ministério da Integração Nacional.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2215-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministra que alegou impedimento na Sessão: Ana Arraes.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2216/2012 – TCU – Plenário

1. Processo: TC-008.982/2012-0.

2. Grupo II – Classe I – Agravo.

3. Agravante: EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97).

4. Entidade: Banco do Brasil (Centro de Serviços de Logística de São Paulo - CSL/SP).

5. Relator: Ministro Valmir Campelo.

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: não atuou.

8. Advogado constituído nos autos: não há

8.1. Procuradores: Sidney Luiz de Melo Leandro, RG nº 32.512.961-7 – SSP/DF e CPF nº

488.209.201-82, pela empresa EC Eletrônica Ltda. (peça nº 26), e Evelaine Lima Galvão, RG nº

2.484.222 - SSP/DF e CPF nº 011.730.521-94, por Anamaria Prates Barroso, OAB/DF 11.218 (peça

nº 36).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de agravo interposto pela empresa EC

Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97), contra o despacho do relator, mediante o qual foi: a)

deferida medida cautelar, com fundamento no art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU,

determinando-se ao Banco do Brasil que se abstivesse de adotar quaisquer atos decorrentes do pregão

eletrônico 2011/15199 (7421) e da ata de registro de preços 201274210226, obstando também que

outras entidades a utilizassem para compra do produto objeto da licitação, até que este Tribunal

deliberasse, no mérito, a respeito da regularidade dos procedimentos em causa; b) determinada, com

base no art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do Centro de Serviços de Logística de São

Paulo do Banco do Brasil, na pessoa da pregoeira Aline Alvarez Carneiro (CPF 305.868.628-54), para

que, no prazo de 15 dias, se pronunciasse sobre os fatos apontados na representação; e c) determinada,

nos termos do art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da empresa EC Eletrônica Ltda.

(CNPJ 00.255.722/0001-97), para que, no prazo de 15 dias, querendo, se manifestasse sobre as

ocorrências noticiadas no documento objeto destes autos, dado que elas poderiam resultar em decisão

contrária aos seus interesses.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 146, §1º, 183, 282 e 289, todos do

Regimento Interno/TCU, combinados com o art. 2º, §2º, da Resolução-TCU nº 36/1995, em:

9.1. não conhecer do agravo interposto pela empresa EC Eletrônica Ltda. (CNPJ

00.255.722/0001-97), porquanto não satisfeitos os pressupostos de admissibilidade aplicáveis à

espécie, mantendo, em consequência, a medida cautelar adotada em 3/4/2012, pelo relator, em

documento que compõe a peça nº 7 dos autos, bem como as demais providências determinadas naquele

despacho;

9.2. determinar o retorno dos autos à 2ª Secex, para as comunicações processuais de praxe, e

ainda para nova tramitação ao Ministério Público, em face do pedido de pronunciamento objeto do

despacho que constitui a peça nº 33 deste feito, relativamente à última instrução da unidade técnica

(peça nº 30), na qual foi examinado o mérito da representação formulada aqui pela empresa Microsol

Tecnologia S/A, frente às oitivas promovidas;

9.3. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade

representada (Banco do Brasil - Centro de Serviços de Logística de São Paulo - CSL/SP), à empresa

representante (Microsol Tecnologia S/A) e à empresa agravante (EC Eletrônica Ltda).

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2216-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton

Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2217/2012 – TCU – Plenário

1. Processo: TC-016.207/2012-2.

2. Grupo II – Classe I – Agravo.

3. Agravante: Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02).

4. Entidade: Caixa Econômica Federal.

5. Relator: Ministro Valmir Campelo.

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: não atuou.

8. Advogados: Antonio Carlos Ferreira de Araujo (OAB/SP 166.004), Carlos Vitor Paulo

(OAB/SP 246.642), Oziel Estevão (OAB/SP 115.318) e outros – peça 2.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de agravo interposto pela empresa Kaba

do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02), contra o despacho do relator, que compõe a peça nº 13

dos autos, datado de 21/6/2012, mediante o qual foi indeferido o pedido de medida cautelar então

formulado pela empresa agravante, bem assim determinada a restituição dos autos à unidade técnica,

para que desse continuidade ao exame da matéria, relativamente ao seu mérito, fazendo-se as

comunicações de praxe.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 146, §1º, 183, 282 e 289, todos do

Regimento Interno/TCU, combinados com o art. 2º, §2º, da Resolução-TCU nº 36/1995, em:

9.1. não conhecer do agravo interposto pela empresa Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ

00.526.207/0001-02), porquanto não satisfeitos os pressupostos de admissibilidade aplicáveis à

espécie, mantendo, em consequência, em seus exatos termos, o despacho agravado, que constitui a

peça nº 13 dos autos;

9.2. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade

representada (Caixa Econômica Federal) e à empresa agravante (Kaba do Brasil Ltda.).

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2217-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton

Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2218/2012 – TCU – Plenário

1. Processo: TC-019.169/2012-4.

2. Grupo I- Classe II – Solicitação do Congresso Nacional.

3. Interessada: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, em

face da Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011, formulada pelo Senhor Deputado

Federal Alexandre Santos (Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012).

4. Entidade: Banco Central do Brasil.

5. Relator: Ministro Valmir Campelo.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: 2ª Secretaria de Controle Externo (2ª Secex).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de solicitação do Congresso Nacional, em que,

mediante o Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012, o Senhor Presidente da Comissão de

Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, eminente Deputado Federal Edmar

Arruda, submete à apreciação do TCU a Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

aprovada por aquele órgão do Legislativo, visando à “realização de ato de fiscalização sobre a atuação

do Banco Central do Brasil no cumprimento de sua missão institucional quanto à averiguação da

regularidade dos atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco

BMG, mediante utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGV), e quanto à consequente

aprovação da operação por aquela autarquia.”

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo relator, e com fundamento no art. 71, inciso IV, da Constituição Federal,

c/c o art. 38, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, e ainda com os arts. 231 e 232, inciso III, do Regimento

Interno/TCU, e art. 4º, inciso I, alínea “b”, da Resolução-TCU nº 215/2008, em:

9.1. conhecer da presente solicitação do Congresso Nacional;

9.2. determinar à 2ª Secex a imediata realização de inspeção no Banco Central do Brasil, nos

termos do art. 244, § 2º, do Regimento Interno/TCU, com o objetivo de examinar a atuação da

entidade no cumprimento de sua missão institucional, relativamente à averiguação da regularidade dos

atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco BMG, mediante a

utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), bem assim quanto à consequente

aprovação da referida operação por aquela autarquia;

9.3. fixar o prazo de até 90 (noventa) dias, contados desde a autuação deste processo

(6/7/2012), para o atendimento da solicitação em causa, tendo em vista o disposto nos arts. 14, inciso I,

e 15, inciso II, da Resolução-TCU nº 215/2008;

9.4. enviar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, ao Senhor

Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, e ainda ao

Senhor Presidente do Banco Central do Brasil;

9.5. restituir os autos à 2ª Secex, para as providências a seu cargo.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2218-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton

Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2219/2012 – TCU – Plenário

1. Processo: TC-037.751/2011-5.

2. Grupo I, Classe de Assunto: I – Embargos de declaração.

3. Entidade: Caixa Econômica Federal.

4. Recorrente: In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ

01.097.636/0001-66).

5. Relator: Ministro Valmir Campelo.

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos - Serur.

8. Advogados constituídos nos autos: Joelson Dias (OAB-DF 10.441) e outros, pela In Press

Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (peça 27); Adam Luiz Alves Barra (OAB-

DF 19.786) e outros, pela Caixa Econômica Federal (peça 45); Renata Antony Souza Lima Nina

(OAB-DF 23.600) e outros, pela Informe Comunicação Integrada S/S Ltda. (peça 11, p. 2).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pela empresa In

Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66) ao

Acórdão nº 1.542/2012-TCU-Plenário, por meio do qual o Tribunal, ao examinar representação

formulada pela embargante, em face de supostas irregularidades verificadas na concorrência nº

5.548/7066-2011, do tipo técnica e preço, lançada pela Caixa Econômica Federal, tendo por objeto a

contratação de empresa para prestação de serviços técnicos especializados em assessoria de imprensa,

resolveu “9.1. conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente,

revogando, em consequência, a medida cautelar adotada em 29/12/2011 (peça nº 7) e revista

parcialmente em 12/4/2012 (peça nº 50), de forma a permitir que a Caixa Econômica Federal dê

continuidade à Concorrência nº 5.548/7066-2011, uma vez afastados todos os questionamentos

suscitados neste processo pela empresa In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica

Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66)”.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34, caput e § 1º, da

Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 287 do Regimento Interno/TCU, em:

9.1. não conhecer dos presentes embargos de declaração, porquanto não satisfeitos os

pressupostos de admissibilidade aplicáveis à espécie;

9.2. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade

representada (Caixa Econômica Federal) e às empresas interessadas (In Press Assessoria de Imprensa e

Comunicação Estratégica Ltda. e Informe Comunicação Integrada S/S Ltda).

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2219-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton

Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2220/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 004.017/2010-2.

2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação.

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Interessado: Ministério Público Federal - Procuradoria da República no Distrito Federal.

4. Órgão: Senado Federal (vinculador).

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 3ª Secretaria de Controle Externo (Secex-3).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada Procuradoria da

República no Distrito Federal, tendo por objeto o plano de assistência à saúde dos senadores, ex-

senadores e seus dependentes,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, em:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1. conhecer da representação, com fundamento no art. 237, inciso I, do Regimento Interno do

TCU, c/c com o art. 6º, inciso XVIII, alínea “c”, da Lei Complementar 75/1993, e considerá-la

parcialmente procedente;

9.2. determinar à Câmara dos Deputados que instaure procedimento para apurar os fatos e

reaver os valores indevidamente pagos ao Deputado Carlos Gomes Bezerra, a título de ressarcimento

de assistência à saúde, obedecidos os princípios do contraditório e da ampla defesa;

9.3. determinar à 3ª Secex que acompanhe, na próxima prestação de contas, o cumprimento das

recomendações exaradas pelo Ministério Público Federal ao Senado Federal, no âmbito do Inquérito

Civil nº 1.16.000.001019/2009-02;

9.4. dar ciência desta deliberação ao Senado Federal e à Procuradoria da República no Distrito

Federal;

9.5. arquivar os autos

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2220-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros que alegaram impedimento na Sessão: Augusto Nardes e Ana Arraes.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2221/2012 - TCU - Plenário

1. Processo nº TC 006.756/2011-5.

2. Grupo I - Classe V - Relatório de Levantamento.

3. Responsáveis: Alberto Beltrame (308.910.510-15); Cloer Vescia Alves (390.161.960-72);

Emival Gonçalves de Sousa (409.916.601-53).

4. Órgãos: Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS/MS); Secretaria de

Estado de Saúde do Distrito Federal (SES/DF).

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 4ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-4).

8. Advogado constituído nos autos: Daniela Bozetto Alves (OAB/RS 27.464); Fernão Leal

Mohn (OAB/RS 25.167).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento sobre o componente

“motolâncias”, motocicletas equipadas com aparelhos de primeiros socorros destinadas a atendimentos

rápidos, na rede do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), programa do Ministério da

Saúde que tem como finalidade prestar socorro em casos de urgência e emergência,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fulcro no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/92, rejeitar as razões de justificativa

apresentadas pelos Srs. Alberto Beltrame, Cloer Vescia Alves e Emival Gonçalves de Sousa, e aplicar-

lhes, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, no valor de R$ 5.000,00

(cinco mil reais), notificando-os para, no prazo de 15 (quinze) dias, efetuarem e comprovarem perante

o Tribunal o pagamento da dívida;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2. caso não atendida a notificação, determinar o desconto da dívida nos vencimentos,

subsídio, salário ou proventos dos responsáveis, observados os limites previstos na legislação

pertinente, ou, alternativamente, autorizar a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, incisos I

e II, da Lei 8.443/92;

9.3. com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar à Secretaria de

Atenção à Saúde do Ministério da Saúde que:

9.3.1. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, plano de ação contendo

medidas a serem tomadas junto às secretarias locais de saúde e suas respectivas coordenações do

Samu, para aumentar a efetiva utilização das motolâncias, incluindo estimativas de prazos para

cumprimento;

9.3.2. execute o disposto nas cláusulas segunda, terceira e quarta dos Termos de Doação com

Encargos das motolâncias, para que os municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido

restituam a motocicleta para redistribuição a municípios que tenham capacidade operacional para

colocá-las em funcionamento;

9.3.3. execute o disposto nas cláusulas quinta e sexta dos Termos de Doação com Encargos das

motolâncias, de forma que seja realizada a adequada fiscalização das obrigações e determinadas as

providências a serem adotadas pelos donatários para adequação contratual, quando for o caso;

9.3.4. execute o disposto no item “A” do Anexo à Portaria GM/MS 1.864/2003 e no item 14 do

Programa Mínimo para Implantação das Motolâncias na Rede Samu 192, para que seja realizado o

devido acompanhamento e avaliação das ações previstas na Portaria GM/MS 2.971/2008 e nos Termos

de Doação com Encargos;

9.4. com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar à

Subsecretaria de Atenção à Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito Federal que:

9.4.1. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, plano de ação, contendo as

medidas necessárias a dar plena utilização a todas as 21 motolâncias doadas pelo Ministério da Saúde,

incluindo as respectivas estimativas de prazos para cumprimento;

9.4.2. restitua ao Ministério da Saúde as motolâncias que o Samu/DF entender sem capacidade

operacional ou interesse em habilitar, conforme exigido pelo Termo de Doação com Encargos,

respeitada a reserva técnica;

9.5. com fulcro no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à Secretaria

de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde que defina prazo para que os municípios que receberam

motolâncias deem cumprimento às obrigações previstas nos Termos de Doação com Encargos,

destinando o equipamento doado para ações de atendimento de emergência da coordenação do Samu

donatária;

9.6. com fulcro nos arts. 169, § 1º, e 216 do Regimento Interno do TCU, dar ciência do inteiro

teor da presente deliberação aos responsáveis, à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde

e à Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal;

9.7. com fulcro no art. 169, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar, desde logo, o

encerramento do presente processo, após efetuadas as comunicações determinadas e expirados os

prazos dos recursos cabíveis dotados de efeito suspensivo.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2221-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira.

Page 29: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2222/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 007.574/2012-6.

2. Grupo I – Classe: VII - Desestatização.

3. Responsável: João Batista de Rezende (CPF 472.648.709-44) – Presidente.

4. Entidade: Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Desestatização e Regulação 2 (Sefid-2).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de acompanhamento de licitação para outorga de

serviços públicos, conduzida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel);

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 7, inciso I, da Instrução Normativa

TCU nº 27/98; 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92; 250, inciso II, e 258, inciso II, do Regimento Interno do

TCU, em:

9.1. aprovar, com ressalvas, o primeiro estágio do processo de desestatização referente ao

Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL;

9.2. determinar à Anatel que, nas próximas licitações, utilize o custo médio ponderado do

capital atualizado conforme item 2.6 da metodologia de estimativa aprovada pela Resolução-Anatel nº

535/2009;

9.3. recomendar à Anatel que aprimore a metodologia de estimativa do custo médio ponderado

de capital, aprovada pela Resolução-Anatel nº 535/2009;

9.4. enviar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a fundamentam, à

Anatel;

9.5. restituir os autos à Sefid-2 para acompanhamento dos demais estágios deste processo de

desestatização.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2222-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2223/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 009.086/2011-0.

2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso ao Plenário em processo administrativo.

3. Interessado: Onesild Jose da Silva (024.720.667-91).

4. Entidade: Tribunal de Contas da União.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: não atuou.

8. Advogado constituído nos autos: não há.

Page 30: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

30

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso ao Plenário contra decisão adotada pelo

Presidente sobre matéria administrativa, que, pela quarta vez, denegou pedido de alteração no método

de cálculo dos proventos de aposentadoria do interessado.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 15, inciso IV, do Regimento Interno,

em conhecer do recurso, para, no mérito, considerá-lo improcedente.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2223-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2224/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 014.467/2011-9.

2. Grupo II – Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria.

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Interessado: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais.

4. Órgãos/Entidades: Superintendência Estadual da Funasa Em Minas Gerais; Prefeitura

Municipal de Boa Esperança-MG; Prefeitura Municipal de Candeias-MG; Prefeitura Municipal de

Guanhães- MG; Prefeitura Municipal de Jaboticatubas-MG; Prefeitura Municipal de Jacinto-MG;

Prefeitura Municipal de Lassance-MG; Prefeitura Municipal de Lima Duarte-MG; Prefeitura

Municipal de Martinho Campos-MG; Prefeitura Municipal de Moema-MG; Prefeitura Municipal de

Pintópolis-MG; Prefeitura Municipal de Prudente de Morais-MG; Prefeitura Municipal de Salto da

Divisa- MG; Prefeitura Municipal de Santa Maria do Suaçuí-MG; Prefeitura Municipal de Santo

Hipólito-MG; Prefeitura Municipal de São Romão-MG.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais (Secex-MG).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, que tratam relatório final da Fiscalização de

Orientação Centralizada Superintendência Estadual da Funasa no Estado de Minas Gerais – Suest/MG

e em 16 municípios do Estado;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos art. 169, inciso I, do Regimento Interno do

TCU, c/c o art. 33 da Resolução-TCU 191/2006, em:

9.1. apensar estes autos ao TC 006.993/2011-7;

9.2. determinar à equipe responsável pela auditoria objeto do TC 006.993/2011-7, que promova

o cotejamento dos achados de auditoria levantados nestes autos e verifique a conveniência de

incorporar as determinações sugeridas pela Secex/MG à proposta final daquela fiscalização, observada

a necessidade de prévia oitiva dos gestores;

Page 31: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

31

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. autorizar o arquivamento dos processos que versam sobre proposta de auditoria na Funasa

com objeto semelhante ao da fiscalização tratada nestes autos, a serem realizadas pelas secretarias

estaduais.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2224-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2225/2012 - TCU - Plenário

1. Processo nº TC 029.328/2009-0.

1.1. Apensos: 029.792/2010-0; 029.791/2010-3.

2. Grupo II - Classe I - Assunto: Recurso de revisão.

3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:

3.1. Recorrente: João Ricardo Alves de Oliveira (048.201.422-91).

3.2. Interessado: Fundo Nacional de Saúde - FNS (00.530.493/0001-71).

4. Entidade: Prefeitura Municipal de Acará/PA.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Jorge.

6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.

7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo - PA

(SECEX-PA).

8. Advogado constituído nos autos: Luiz Otávio Valente da Silva (OAB/PA 5.185).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revisão, interposto pelo Sr. João

Ricardo Alves de Oliveira contra o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as

razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer do presente Recurso de Revisão, para, no mérito, dar-lhe provimento;

9.2. tornar insubsistente o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara;

9.3. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17, e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992,

julgar regulares as contas do Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, dando-lhe quitação;

9.4. dar ciência desta deliberação ao recorrente, ao Fundo Nacional de Saúde e à Procuradoria

da República no Estado do Pará;

9.5. apensar estes autos ao TC 024.864/2007-4.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2225-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

Page 32: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

32

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2226/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 032.656/2010-6.

1.1. Apenso: 018.388/2012-4

2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Interessado: Ministério da Integração Nacional.

3.2. Responsáveis: Darcy Alves de Lacerda (039.985.764-87), ex-prefeito; Construtora

Concreto Ltda. (01.993.197/0001-70); Construtora Esplanada Ltda. (00.818.123/0001-34); José Valter

Pereira da Silva (105.397.708-50); Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04); Raimunda Santos Lima

(049.099.934-44); Raimundo Lima de Santana (589.729.355-49).

4. Órgão: Município de Aguiar - PB.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - PB (Secex-PB).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada pelo

Ministério da Integração Nacional, em razão da não aprovação da prestação de contas do convênio

439/2001 (Siafi 445689), cujo objeto era a reconstrução de quinze habitações de famílias carentes,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 12, § 3º, 16, inciso III, alíneas “b” e “d”, 19, caput, e 23, inciso

III, alínea “a”, da Lei nº 8.443/1992 e ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar revéis Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de

Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva e as empresas Construtora Concreto Ltda. e

Construtora Esplanada Ltda., nos termos do art. 12, § 3º, da Lei n.º 8.443/1992;

9.2. julgar irregulares as contas e condenar em débito, solidariamente, Darcy Alves de Lacerda,

José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu

Silva e as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. ao pagamento das

quantias de R$ 55.938,80 (cinqüenta e cinco mil, novecentos e trinta e oito reais e oitenta centavos) e

R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais), atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora a

partir de 6/8/2002 e 26/9/2002, respectivamente, até a data da efetiva quitação, fixando-lhes o prazo de

quinze dias, a contar da ciência, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas ao

Tesouro Nacional, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU;

9.3. aplicar a Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de

Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva e às empresas Construtora Concreto Ltda. e

Construtora Esplanada Ltda. a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 267 do

Regimento Interno/TCU, no valor individual de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), fixando-lhes o

prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso

III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das multas ao Tesouro Nacional, atualizadas

monetariamente da data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se pagas após o

vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.4. autorizar o pagamento das dívidas em até trinta e seis parcelas mensais e consecutivas, nos

termos do art. 217 do Regimento Interno, caso requerido, fixando-se o vencimento da primeira parcela

em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada trinta dias, devendo

incidir, sobre cada parcela, os encargos legais devidos, na forma prevista na legislação em vigor;

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33

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.4.1. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer

parcela importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do

Regimento Interno deste Tribunal;

9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da

Lei nº 8.443/92, caso não atendidas as notificações;

9.6. declarar inidôneas as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda.

para participarem de licitações que envolvam recursos da Administração Pública Federal, mesmo os

descentralizados mediante convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres federais,

pelo prazo de cinco anos, com base no art. 46 da Lei n.º 8.443/92;

9.7. inabilitar Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de

Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva para o exercício de cargo em comissão ou

função de confiança no âmbito da Administração Pública, pelo prazo de cinco anos, nos termos do art.

60 da Lei 8.443/1992;

9.8. com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, c/c o § 6º do art. 209 do Regimento

Interno/TCU, remeter cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam à

Procuradoria da República no Estado da Paraíba.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2226-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2227/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 006.936/2012-1.

2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Interessado: Congresso Nacional.

4. Órgão: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

5. Relator: Ministro Augusto Nardes.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 2ª Secretaria de Fiscalização de Obras (SECOB-2).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

Vistos, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria realizada no Departamento

Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com o objetivo de fiscalizar o processo de licitação

das obras de revitalização - Crema 2ª Etapa - da BR 163/MS - lote 3 - km 732,1 ao km 847,2.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões

expostas pelo Relator, ACORDAM em:

9.1. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de que o

orçamento de referência da licitação 508/2011-19 considera a aquisição dos insumos betuminosos em

localização que não resulta no menor custo decorrente da combinação dos custos de aquisição, de

disponibilidade e de transporte, contrariando ao estabelecido no art. 3º da Lei de Licitações e ao

princípio da economicidade expresso no art. 70 da Constituição Federal de 1988, podendo representar

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

prejuízo estimado de R$ 1.440.332,21 (jul/2011);

9.2. com base no art. 45 da Lei nº 8.443/1992 c/c o art. 251 do Regimento Interno do Tribunal

de Contas da União, determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)

que, precedentemente à retomada do Edital nº 508/2011-19:

9.2.1. em cumprimento ao item 9.1.3 do Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, inclua no ato

convocatório e na respectiva minuta de contrato de condição/cláusula segundo a qual resulte

esclarecido que o Dnit realizará ensaios, cálculos e laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico-

econômica da utilização de pedreiras, areais e cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização das

obras e que não possuam licenciamento ou lavra concedida, identificadas no site do DNPM, mas que

possam ser objeto de prévio bloqueio dessas jazidas, junto ao DNPM, ou que possuam menor distância

de transporte, e que tais medidas serão adotadas no prazo de até 90 (noventa) dias após a emissão das

ordens de serviço e, se for a hipótese, serão adotadas as providências necessárias para o

reestabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos eventualmente celebrados,

modificando-se as fontes de aquisição dos insumos previstas originalmente no projeto, bem como se

alterando os respectivos preços dos serviços envolvidos;

9.2.2. efetue as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso

Usinado a Quente-AB-08 - capa de rolamento - execução (5 S 02 540 51):

9.2.2.1. adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de

forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva

aquisição do insumo;

9.2.2.2. adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do

areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada (1

A 00 001 91);

9.2.3. efetue as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso

Usinado a Quente-binder - execução (5 S 02 540 52):

9.2.3.1. utilize o valor de 0,00006 t como coeficiente de consumo de aditivo melhorador de

adesividade, em conformidade aos critérios previstos no projeto executivo de engenharia do Edital

508/2011-19 (dope);

9.2.3.2. adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de

forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva

aquisição do insumo;

9.2.3.3. adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do

areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada (1

A 00 001 91);

9.2.4. apresente as cotações de preços realizadas para o insumo aditivo melhorador de

adesividade (dope), conforme o estabelecido na IS 15/2006-DNIT, que justifiquem o preço adotado no

orçamento de referência do Edital 508/2011-19;

9.2.5. em face do princípio da legalidade, adote, no orçamento do Edital 508/2011-19, os

novos percentuais de BDI estipulados pelas Portarias-Direx/Dnit 42/2012 e 319/2012;

9.3. dar ciência deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamentam, à

Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2227-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues, Augusto Nardes (Relator), Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

Page 35: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2228/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 013.012/2006-8.

2. Grupo II – Classe I – Embargos de declaração (Relatório de Levantamentos)

3. Responsáveis: José Orlando Melo de Azevedo (123.807.255-00); Paulo Cesar Cardoso

Cavaco (191.596.097-53).

4. Unidade: Petróleo Brasileiro S.A.

5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Aroldo Cedraz.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 9ª Secretaria de Controle Externo (Secex/9).

8. Advogado constituído nos autos: Bruno Henrique de Oliveira Ferreira – OAB/DF 15.345 e

outros.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração interpostos pela

empresa Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras contra o Acórdão 1.765/2012-Plenário, de 11/7/2012, que

tratou de auditoria realizada para verificar regularidade das ações de manutenção e recuperação dos

sistemas de produção de óleo e gás natural na região Sudeste.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo relator, com fundamento nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992:

9.1. conhecer dos embargos;

9.2. dar-lhes provimento parcial tornando insubsistente o item 9.2.1 do Acórdão recorrido,

mantendo nos exatos termos os demais itens;

9.3 dar ciência desta deliberação à embargante.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2228-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2229/2012 – TCU – Plenário

1. Processo TC 026.363/2011-9

2. Grupo I – Classe V – Relatório de Levantamento de Auditoria – Fiscobras 2011.

3. Responsáveis/Interessados:

3.1. Responsáveis: Jorge Ernesto Pinto Fraxe, Diretor Geral do Dnit (CPF 306.174.567-04);

Denise Gomes Simões, substituta do Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo

(CPF 466.098.656-04), José Renato do Rosário Oliveira, presidente da comissão de licitação, (CPF

968.047.187-04), Reginaldo Lírio Morelato, membro da comissão de licitação e fiscal dos Contratos

(CPF 576.010.207-97), Wilson Boone de Souza (CPF 652.213.977-49); Élio Bahia Souza (CPF

189.776.697-15).Contractor Engenharia Ltda. (CNPJ 01.980.404/0001-51), ECR Engenharia (CNPJ

42.161.372/0001-40) e Delta Construções (CNPJ 10.788.628/0001-57).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.2. Interessada: Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional.

4. Unidade: Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo – Dnit/MT

5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 2 (Secob-2).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

Trata-se de levantamento de auditoria, realizado na Superintendência Regional do

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Estado do Espírito Santo (Dnit/MT), nas

obras de adequação do contorno rodoviário de Vitória – BR 101 – Estado do Espírito Santo.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso

IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência da Srª Denise Gomes

Simões, na condição de substituta do Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo,

para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência, apresentar

razões de justificativa pela ratificação da Dispensa de Licitação 46/2009, realizada em desacordo com

os arts. 24, inciso V, art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e com o art.

37, inciso XXI da Constituição Federal;

9.2. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso

IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Jorge Luiz de

Almeida, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência,

apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:

9.2.1. na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da

Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse

devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,

art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da

Constituição Federal;

9.2.2. na condição de fiscal do Contrato TT 011/2008, referente à execução das obras de

restauração do Lote 01 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, entre 16/6/2008 e 1/4/2009, conforme

Portaria 34/2008/SR-ES:

9.2.2.1. aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e

Meio Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da

Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV,

e art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit;

9.2.2.2. aprovação das medições dos serviços do Lote 01, mencionadas no Parecer Técnico de

3/1/2012, elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado a este Tribunal de Contas

por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem,

de obras de arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos

quais se concluiu, no referido Parecer Técnico, sem nunca terem sido executados, embora medidos,

atestados e pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º,

inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do

Dnit;

9.2.2.3. aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20, em

quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação

de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um

milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos)

(mai/2007), conforme evidenciado na planilha “Taxa de Ligante – Contrato TT 011/2008”;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso

IV e 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. José Renato do Rosário

Oliveira, na condição de presidente da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da

Dispensa de Licitação 46/2009, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da

comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela realização de procedimento de

contratação direta sem que este estivesse devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado,

infringindo o disposto nos art. 24, inciso V, art. 26, caput e 38, do parágrafo único, incisos II e III da

Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;

9.4. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso

IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Reginaldo Lírio

Morelato, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência,

apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:

9.4.1. na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da

Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse

devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,

art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da

Constituição Federal;

9.4.2. na condição de fiscal dos Contratos TT 011/2008 a partir de 2/4/2009, nomeado pela

Portaria 21/2009/SR-ES, e TT 231/2010, nomeado pela Portaria 33/2010/SR-ES, referentes à execução

das obras de restauração dos Lotes 01 e 02 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, respectivamente:

9.4.2.1. aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e

Meio Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da

Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV,

e art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit;

9.4.2.2. aprovação das medições dos serviços do Lote 01 mencionados no Parecer Técnico de

3/1/2012 elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do

Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de

arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais se

concluiu, no referido Parecer Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos,

atestados e pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º,

inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do

Dnit;

9.4.2.3. aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em

quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação

de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um

milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos)

(mai/2007) referentes ao Lote 01;

9.4.2.4. aprovação das medições do serviço de CBUQ do Lote 01 como sendo todo o

quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa

B”, resultando num indício de superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e

cinquenta reais e trinta e quatro centavos) (mai/2009) até julho de 2011;

9.5. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso

IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Wilson Boone de

Souza, na condição de Procurador Federal responsável pelos pareceres da Procuradoria Federal

Especializada junto à SR/Dnit-ES, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da

comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela elaboração do Parecer 185/2009

PFE/SR/Dnit/ES dando o aval a procedimento de contratação por dispensa de licitação (Dispensa de

Licitação 46/2009 oriunda da Concorrência 0596/2009-17), sem exigir a demonstração do prejuízo que

seria gerado para a administração caso a licitação fosse repetida, infringindo o disposto no art. 24,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

inciso V, da Lei 8.666/1993, e sem exigir que fossem cumpridas as etapas determinadas nos art. 26 e

38 da mesma Lei;

9.6. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso

IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Élio Bahia Souza, na

condição de Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo à época da ocorrência dos

indícios de irregularidade, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação

de audiência, apresentar razões de justificativa pela homologação e adjudicação de contratação feita

por meio da Dispensa de Licitação 46/2009, realizada em desacordo com as exigências dos art. 24,

inciso V, art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e do art. 37, inciso

XXI da Constituição Federal;

9.7. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em

atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa Delta Construções,

responsável pela execução do Contrato TT 011/2008, na pessoa de seu representante legal, para que se

manifeste, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os seguintes indícios de irregularidade:

9.7.1. execução deficiente dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio

de Concreto, bem como daqueles constantes dos Pareceres Técnicos de 1/12/2011 e de 3/1/2012

elaborados pela comissão de recebimento das obras, contrariando os arts. 66, 69 e 70 da Lei

8.666/1993;

9.7.2. liquidação irregular de despesa dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20

medidos em quantitativos superiores aos executados, irregularidade caracterizada pela

incompatibilidade entre os valores medidos e aqueles verificados pela aplicação dos percentuais de

CAP obtidos dos ensaios de acompanhamento da execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ –

capa sobre os quantitativos medidos desses mesmos serviços, resultando num indício de

superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e

cinquenta e oito reais e sessenta centavos) (mai/2007);

9.8. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em

atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa ECR Engenharia,

responsável pela supervisão da execução das obras de restauração do Lote 01 da BR-101/ES –

Contorno de Vitória, na pessoa de seu representante legal, para que se manifeste, no prazo de 15

(quinze) dias, sobre os indícios de supervisão deficiente configurados pela:

9.8.1. aprovação dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de

Concreto executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts.

62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso III, do

Regimento Interno do Dnit;

9.8.2. atestação dos serviços mencionados no Parecer Técnico de 3/1/2012 elaborado pela

comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES

,

que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de arte corrente, de sinalização,

de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais se concluiu, no referido Parecer

Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos, atestados e pagos, contrariando o

art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o

art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do Dnit;

9.9. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em

atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa Contractor Engenharia

Ltda., responsável pela execução do Contrato TT 231/2010, na pessoa de seu representante legal, para

que se manifeste, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os indícios de liquidação irregular de despesa do

serviço de CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi

efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa B”, resultando num indício de

superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e cinquenta reais e trinta e quatro

centavos) (mai/2009) até julho de 2011;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.10. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em

atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva do Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes (Dnit), na pessoa de seu Diretor-Geral, para que se manifeste, no prazo

de 15 (quinze) dias, sobre os indícios de liquidação irregular de despesa dos seguintes serviços:

9.10.1. aquisição e transporte de CAP-20 medidos em quantitativos superiores aos executados

no Lote 01, irregularidade caracterizada pela incompatibilidade entre os valores medidos e aqueles

verificados pela aplicação dos percentuais de CAP obtidos dos ensaios de acompanhamento da

execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa sobre os quantitativos medidos desses

mesmos serviços, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um milhão

setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos) (mai/2007);

9.10.2. CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi

efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa B”, resultando num indício de

superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e cinquenta reais e trinta e quatro

centavos) (mai/2009) até julho de 2011. (3.3)

9.11. recomendar à Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo, com

fundamento no art. 43, inciso I da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso III do Regimento Interno do

TCU, que se abstenha de receber definitivamente, nos termos art. 73, inciso I, alínea b da Lei

8.666/1993, as obras objeto do Contrato TT 011/2008, antes da conclusão da perícia a ser realizada

sobre a execução dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de Concreto;

9.12. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com

fundamento nos arts. 70 e 74, incisos II e IV da Constituição Federal, c/c o art. 49, incisos II e IV da

Lei 8.443/1992 (LOTCU) e o art. 27, incisos VI e XVII do Regimento Interno do Dnit, que, tendo em

vista o resultado dos ensaios realizados pela auditoria, realize uma perícia sobre a execução do

Contrato TT 011/2008, especificamente sobre os seguintes serviços:

9.12.1. Concreto Betuminoso Usinado a Quente Binder AC/BC, CBUQ – Capa de Rolamento,

CBUQ – Faixa b e CBUQ Faixa c, de modo a se verificar:

9.12.1.1. se as espessuras executadas estão de acordo com aquelas definidas em projeto para a

pista de rolamento, acostamentos, tapers e acessos, considerando as tolerâncias admitidas nas normas

pertinentes;

9.12.1.2. se os quantitativos medidos dos serviços estão de acordo com aquelas executadas;

9.12.1.3. meio fio concreto intransponível, meio-fio tipo MFC 01, meio-fio tipo MFC 05,

meio-fio de concreto – MFC 02, meio-fio tipo MFC 05 e meio fio de concreto MFC 01 AC/BC, de

modo a se verificar se a resistência do concreto dos blocos pré-moldados utilizados dos meios-fios

atende às especificações do serviço;

9.13. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com

fulcro no caput do art. 45 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 251, caput, do Regimento Interno do TCU:

9.13.1. em relação ao Contrato 17 00231/2010, corrija o preço contratado para o serviço

“corpo de bueiro BSTC D=0,80 m” de modo que o custo da atividade auxiliar “1 A 01 512 60 –

concreto ciclópico fck=15MPa AC/BC/PC” seja considerado sem o BDI;

9.13.2. ainda em relação ao mesmo contrato, nos futuros aditivos contratuais que alterem os

quantitativos contratados ou que criem novos serviços de corpo de bueiro tubular de concreto, leve em

conta o detalhamento dos tipos de tubos já utilizados e a serem usados para a definição dos novos

preços;

9.13.3. inclua no Sicro 2 composições de custo unitário para os serviços de corpo de bueiro

tubular de concreto utilizando os tubos CA-1, CA-2 e CA-3;

9.14. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que, tão

logo sejam realizadas as correções decorrentes dos resultados apresentados nos Pareceres Técnicos de

1/12/2011 e de 3/1/2012, elaborados pela comissão de recebimento das obras e encaminhados ao TCU

por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, ou, caso haja negativa da empresa executora em realizá-los

e tão logo sejam tomadas providências a respeito, dê conhecimento dos fatos ao Tribunal de Contas da

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

União, juntamente com a informação acerca das providências tomadas em relação à empresa

supervisora.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2229-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2230/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 007.644/2012-4.

2. Grupo I – Classe VII – Representação

3. Responsáveis: Marcos Frizzera Dias (084.442.497-85); Valcir Moreira Págio (005.344.357-

85); Wilson Berger Costa (674.760.907-72).

4. Unidade: Prefeitura de Afonso Cláudio – ES.

5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo – ES (Secex/ES).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pela Secretaria de

Controle Externo no Estado do Espírito Santo – Secex/ES, em razão de irregularidades observadas no

edital do Pregão Presencial 49/2012, da Prefeitura de Afonso Cláudio/ES, para aquisição de máquina

pá carregadeira, financiada com recursos do Contrato de Repasse 0348111-97/2010/MAPA/Caixa

(Siconv 105855/2010).

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer da presente representação para, no mérito, considerá-la procedente, com

fundamento no art. 237, inciso VI, do Regimento Interno do TCU;

9.2. convalidar as medidas processuais adotadas pelo Relator, por meio do despacho, peça 20;

9.3 assinar prazo de 15 (quinze dias), a contar da ciência desta deliberação, com fulcro no art.

71, IX, da Constituição Federal, c/c o art. 45 da Lei 8.443/1992, para que a Prefeitura de Afonso

Cláudio/ES, na pessoa do seu representante legal, adote as medidas necessárias com vista a anular

qualquer ato ou contrato decorrente do referido certame do Pregão Presencial 49/2012, com

fundamento no art. 3º, §1º, inciso I, e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993; e

9.4. realizar a audiência do Pregoeiro, Marcos Frizzera Dias (CPF 084.442.497-85), do

Prefeito de Afonso Cláudio/ES, Wilson Berger Costa (CPF 674.760.907-72), e ainda do Secretário

Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Econômico, Valcir Moreira Págio (CPF 005.344.357-

85), com fundamento no art. 250, inciso IV, c/c o art. 237, parágrafo único, do RI/TCU, para que se

manifestem acerca da introdução no Pregão Presencial 49/2012 para aquisição de pá carregadeira, de

cláusulas que afrontam o disposto no art. 3º, §1º, inciso I, e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993:

9.4.1. introdução, no Anexo I do Edital do Pregão Presencial 49/2012, de novas especificações

técnicas mínimas, mais amplas e pormenorizadas, se comparadas às que constataram dos certames que

lhe procederam, 97/2011 e 133/2011, e do Plano de Trabalho, e que parecem restringir o caráter

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

competitivo do processo licitatório, em descumprimento do disposto no art. 3º, §1º, inciso I, e no art.

7º, § 5º, da Lei 8.666/1993;e

9.4.2. exigência de que a empresa interessada prestasse, em caráter exclusivo, assistência

técnica no Estado do Espírito Santo durante o período de garantia da máquina, a despeito de já ter sido

a cláusula considerada restritiva ao caráter competitivo;

9.5 dar ciência deste acórdão à Prefeitura de Afonso Cláudio/ES e à empresa PME Máquinas e

Equipamentos Ltda., bem como do Relatório e Voto que a fundamentam;

9.6. encaminhar o presente processo à Secex/ES, para dar prosseguimento do feito.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2230-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2231/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 006.838/2012-0.

2. Grupo I – Classe de Assunto V – Relatório de Auditoria

3. Interessado: Congresso Nacional.

4. Entidades: Centrais Elétricas Brasileiras S.A.; Eletrobras Distribuição Piauí S.A.

5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 3 (SECOB-3).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de relatório de auditoria (Fiscobras

2012) realizada na Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP (antiga Companhia Energética do Piauí

S.A.- CEPISA) - Eletrobras - MME, tendo por objeto o Contrato 110/2009, que diz respeito à

Temática "Luz para Todos".

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo relator, em:

9.1 - com fulcro nos artigos 71, inciso IX, da Constituição Federal e 45, da Lei 8.443/1992,

determinar à Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP que:

9.1.1 - elabore estudo com a finalidade de identificar as causas das falhas nos dispositivos de

proteção, apontadas neste relatório, pautado em laudos técnicos colhidos a partir de amostras de

chaves fusíveis e para-raios danificados retirados das redes instaladas nas cidades de Valença do Piauí

e Elesbão Veloso, tudo em conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes

no Caderno de Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos

e, encaminhe ao Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, os laudos, as conclusões e o plano de ação

proposto para minimizar as falhas evidenciadas;

9.1.2 – implemente o plano de inspeção previsto na Cláusula Décima do Contrato 110/2009

com vistas a avaliar a resistência mecânica de postes e cruzetas confeccionados pela Contratada, em

conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes no Caderno de

Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos, encaminhando

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ao Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, os laudos e as conclusões dos trabalhos realizados, bem como

o planejamento das atividades de controle de qualidade desses serviços até o término do contrato;

9.1.3 - informe, no prazo de 30 (trinta) dias, as providências adotadas com vistas a cumprir os

objetivos e metas estabelecidos no Programa Luz para Todos, especialmente quanto aos trabalhos

relacionados ao Contrato 110/2009;

9.1.4 - formalize termo aditivo ao Contrato 110/2009 de forma a que sejam retratadas as

alterações procedidas às condições inicialmente pactuadas, quanto ao número de ligações domiciliares

que foram de fato executadas nos municípios cujas obras foram concluídas, encaminhando ao

Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, os documentos pactuados;

9.2 - com fulcro no artigo 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, promover a oitiva da

Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP para, no prazo de quinze dias, manifestar-se acerca da

omissão na aplicação do plano de inspeção técnica dos materiais e serviços adquiridos por meio do

Contrato 110/2009, em desacordo com a Cláusula Décima do mesmo ajuste, considerando a

possibilidade de terem sido aceitos materiais e serviços de baixa qualidade, conforme impropriedades

indicadas no relatório de fiscalização;

9.3 - com fulcro no artigo 250, inciso II, do Regimento Interno, dar ciência à Companhia Hidro

Elétrica do São Francisco S.A. - Chesf de que a ausência de cláusula de aceitabilidade de preços

unitários com valores iguais ou inferiores aos referenciais oficiais (Sinapi) e a possibilidade de preço

global acima do orçamento base, constatadas no Edital de Concorrência Nacional CN -

1.92.2007.4130, que deu origem ao Contrato 110/2009, firmado entre a Eletrobras Distribuição Piauí

S.A. e empresa Energy Instalações Elétricas Ltda, mostram-se em desconformidade com o art. 40,

inciso X, da Lei 8.666/1993, e com a Lei de Diretrizes Orçamentária (art. 115 da Lei 11.439/2006 -

LDO 2007 - referência para as licitações em apreço);

9.4 - encaminhar cópia do relatório de auditoria e da presente deliberação às Centrais Elétricas

Brasileiras S.A. – Eletrobras.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2231-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministro que alegou impedimento na Sessão: Aroldo Cedraz.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2232/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 020.933/2005-9

1.1. Apensos: 000.675/2007-1; 025.472/2008-7; 027.639/2006-6

2. Grupo I - Classe de Assunto: VII – Representação

3. Interessado: Promotoria de Justiça de Fazenda Pública do Ministério Público do Estado do

Rio de Janeiro

4. Entidade: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero

5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro

6. Representante do Ministério Público: não atuou

7. Unidade Técnica: Secex/RJ

8. Advogados constituídos nos autos: José de Assis Medeiros Neto (OAB/RJ 85104) e outros

9. Acórdão:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação que, nesta fase processual, tratam

do monitoramento dos Acórdãos nº 1.181/2008-Plenário e 2.306/2008-Plenário.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,

diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar atendidas as determinações contidas nos itens 9.6.2, 9.6.4 e 9.7 do Acórdão nº

1.181/2008-Plenário;

9.2. considerar atendidas as determinações contidas nos itens 9.4.1, 9.4.2, 9.4.3 e 9.5 do

Acórdão nº 2.306/2008-Plenário.

9.3. considerar parcialmente atendida a determinação contida no item 9.6.1 do Acórdão nº

1.181/2008-Plenário;

9.4. determinar à Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero que:

9.4.1. com relação aos Contratos nº 02.1997.065.0024, 02.1997.065.0023 e 02.1997.065.0038,

caso opte pela sua renovação, nos termos previstos nos respectivos contratos, registre nos autos que a

solução adotada é vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados, efetuados pela

concedente, que reflitam a situação do mercado local. Caso opte pela realização de novo procedimento

licitatório, notifique tempestivamente o concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do

referido contrato, cientificando-o do prazo para a desocupação da área;

9.4.2. com relação ao Contrato nº 02.1998.065.0020, caso seja de seu interesse, adote

tempestivamente as medidas necessárias para realização de procedimento licitatório destinado a

conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da impossibilidade de prorrogação do

contrato em questão e cientificando-o do prazo para a desocupação da área;

9.4.3. com relação ao Contrato nº 02.1995.065.0036, caso seja de seu interesse, adote as

medidas legais cabíveis para regularizar a concessão de uso da área objeto da avença, quando prolatada

sentença com trânsito em julgado nos Processos nº 2009.51.01.028368-8 e 2010.51.01.005439-2, em

trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro;

9.4.4. acompanhe atentamente o desenrolar das ações judiciais envolvendo contratos de

concessão de uso de áreas do Aeroporto de Jacarepaguá, listadas à fl. 1337 - anexo 9, informando a

este Tribunal sobre o desfecho de cada uma delas e sobre as providências adotadas pela entidade para

o ressarcimento dos valores que deixaram de ser recolhidos à Infraero em razão dessas ações;

9.5. determinar à Secex/RJ que realize auditoria nos contratos comerciais de concessão de área

de uso do Aeroporto de Jacarepaguá, com o objetivo de verificar, além dos aspectos legais, a

compatibilidade dos valores contratados com aqueles praticados pelo mercado;

9.6. encaminhar cópia deste acórdão, relatório e voto:

9.6.1. ao Exmo. Sr. Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro Edson Abdon

Peixoto Filho, tendo em vista a Ação Civil Pública nº 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara

Federal do Rio de Janeiro;

9.6.2. aos Exmos. Srs. Juízes Titulares das Varas Federais do Rio de Janeiro onde tramita cada

um dos 22 (vinte e dois) processos relacionados à fl. 1337 - anexo 9, bem como ao Conselho Nacional

de Justiça;

9.6.3. ao interessado;

9.7. arquivar os presentes autos.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2232-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2233/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 006.171/2012-5.

2. Grupo II – Classe de Assunto V: Relatório de Auditoria.

3. Interessado/Responsáveis:

3.1. Interessado: Congresso Nacional.

3.2. Responsáveis: Arysson Siqueira Silva (678.235.057-20); Jorge Ernesto Pinto Fraxe

(108.617.424-00); Marcelo Cotrim Borges (866.943.407-53); Rodrigo Antônio Ribeiro Costa

(747.267.907-06); Wanderson Lopes da Silva (452.014.556-20).

4. Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit/MT.

5. Relator: Ministro José Jorge.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 2 (SECOB-2).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Levantamento auditoria realizado, no âmbito do

Fiscobras 2012, nas obras de duplicação e recuperação da BR 101/RJ, no subtrecho compreendido

entre Santa Cruz (km 385,8) e Itacurussá (km 411,96), e do acesso ao Porto de Itaguaí (no Km 403,5

da BR 101/RJ), conduzidas pela Superintendência Regional do Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes no Estado do Rio de Janeiro – Dnit/RJ.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura Rodoviária – DNIT, especialmente

à Superintendência Regional do DNIT no Estado do Rio de Janeiro, que os projetos básicos e

executivos desatualizados são ineptos para fundamentar eventual processo licitatório para execução do

remanescente das obras da BR-101/RJ no trecho entre Mangaratiba e Itacurussá e do acesso ao Porto

de Itaguaí, pois não atendem aos requisitos estabelecidos no art. 7º, incisos I e II, c/c art. 6º, incisos IX

e X, todos da Lei n. 8.666/1993;

9.2. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional que:

9.2.1. consoante apurado em fiscalização deste Tribunal (item 3.1.1 do relatório da equipe de

auditoria), o indício de irregularidade grave do tipo IG-R constatado em auditoria realizada em 2009,

que se enquadra no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), apontado

no Contrato TT 267/2009 relativo aos serviços de Instalação/manutenção de canteiro e

mobilização/desmobilização de restauração e demais serviços remanescentes da BR-101/RJ no trecho

localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, subsiste e que seu saneamento

depende da apresentação de documentação que comprove a efetiva glosa dos serviços mencionados em

atendimento ao item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário;

9.2.2. consoante apurado em fiscalização deste Tribunal (item 3.1.2 do relatório da equipe de

auditoria), em face da conclusão dos serviços do Contrato TT 227/2006, conforme Termo de

Verificação e Aceitação definitivo assinado em 31/5/2010, o indício de irregularidade grave do tipo

IG-R constatado no referido ajuste no âmbito do Fiscobras 2009, referente aos serviços de duplicação

da BR-101/RJ no trecho localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, não

mais se enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), tendo

sua classificação sido alterada para IG-C (inciso VI do § 1º do art. 91 da mesma Lei).

9.3. determinar à Secob-1 que proceda, no sistema Fiscalis, a reclassificação do achado de

auditorias anteriores do presente relatório (item 3.1.2), alusivo ao indício de Sobrepreço decorrente de

preços excessivos frente ao mercado apontado no Contrato TT 227/2006 referente às obras de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

duplicação e obras de arte especiais na rodovia BR-101/RJ, trecho localizado entre Santa Cruz e

Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, de irregularidade grave com recomendação de retenção (IG-R)

para irregularidade grave com indicação de continuidade (IG-C);

9.4. determinar à Secob-2 que promova o apensamento dos presentes autos ao TC

011.341/2009-1, em razão da conexão dos assuntos tratados (indício de sobrepreço apontado no

Contrato TT 267/2009), remetendo a análise das constatações efetivadas pela Secob-2 deste Tribunal

para o âmbito daquele processo.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2233-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ACÓRDÃO Nº 2234/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 010.715/2010-0.

1.1. Apenso: 014.173/2008-0

2. Grupo I – Classe I - Assunto: Recurso de Reconsideração (em Tomada de Contas Especial)

3. Recorrente: Castellar Engenharia Ltda. (02.955.426/0001-24)

4. Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT.

5. Relator: Ministro José Jorge

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.

6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.

7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo - PR

(Secex-PR).

8. Advogados constituídos nos autos: Nayron Sousa Russo (OAB/MG 106.011); David Salim

Santos Hosni (OAB/MG 130.777); Tathiane Vieira Viggiano Fernandes (OAB/DF 27.154).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, em que se aprecia

recurso de reconsideração interposto pela empresa Castellar Engenharia Ltda. contra o Acórdão

1.387/2011-Plenário, que julgou suas contas irregulares, condenou-a em débito, solidariamente a outro

responsável, e aplicou-lhe multa.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fulcro nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, conhecer do recurso de

reconsideração interposto pela empresa Castellar Engenharia Ltda, para, no mérito, negar-lhe

provimento;

9.2. dar ciência da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto que a fundamentam,

à recorrente e à Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

no Estado do Paraná.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2234-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ACÓRDÃO Nº 2235/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 009.723/2012-9.

2. Grupo II – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria

3. Interessado: Congresso Nacional

4. Entidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e Município de

Altamira/PA

5. Relator: Ministro José Jorge.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (Secob-1).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade, integrante do

Fiscobras 2012, realizada no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e no Município

de Altamira/PA, tendo por escopo verificar a regularidade da aplicação dos recursos transferidos pelo

FNDE no âmbito do programa de construção de quadras poliesportivas nas escolas públicas.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante

das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. cientificar o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE acerca da

necessidade da adoção de medidas tendentes a garantir que a obra da quadra esportiva coberta da

Escola Municipal Saint Clair Passarinho, no Município de Altamira/PA, seja executada com base nas

versões atualizadas dos projetos, haja vista a utilização de projeto desatualizado, em desacordo ao

Termo de Compromisso firmado com o referido município;

9.2. cientificar o Município de Altamira/PA e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação-FNDE sobre as seguintes impropriedades verificadas no contrato 218/2011, resultante da

Tomada de Preços 02009-11:

9.2.1 celebração do contrato com valor acima do valor limite ajustado, em dissonância com o

art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993, sendo necessário que sejam implementadas medidas para adequar o

preço global do contrato ou que seja elaborado relatório técnico circunstanciado justificando a

extrapolação do valor de referência, conforme preconiza o art. 125, § 5º da Lei 12.465/2011;

9.2.2. celebração do contrato com base em uma planilha orçamentária que não contempla o

item 10.6 da planilha padrão do FNDE e apresenta um quantitativo superior para o item 7.3, em ofensa

ao Manual das Quadras Esportivas Cobertas - Orientações gerais para preenchimento dos dados no

SIMEC, para que essas entidades adotem as medidas necessárias para adequar o Contrato 226/2011 às

premissas estabelecidas pelo FNDE para a construção das quadras esportivas escolares;

9.2.3. ausência das composições dos custos unitários da planilha orçamentária, do detalhamento

do BDI e dos encargos sociais relativos ao contrato, bem como de exigência editalícia no sentido de as

licitantes apresentarem proposta com tais elementos, em dissonância com os ditames estabelecidos no

art. 6º, inciso IX, alínea f; art. 7º, § 2°, inciso II; e art. 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93;

9.3. recomendar ao Município de Altamira/PA que faça constar de suas vindouras leis

orçamentárias os recursos suficientes a realização das manutenções preventivas na edificação ora em

apreço;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.4. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto que a

fundamentam, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e ao Município de

Altamira/PA;

9.5. arquivar os presentes autos.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2235-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ACÓRDÃO Nº 2236/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 010.305/2012-2.

2. Grupo II – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria

3. Interessado: Congresso Nacional

4. Entidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e Município de

Aquiraz/CE

5. Relator: Ministro José Jorge.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (Secob-1).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade, integrante do

Fiscobras 2012, realizada no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e no Município

de Aquiraz/CE, tendo por escopo verificar a regularidade da aplicação dos recursos transferidos pelo

FNDE no âmbito do programa de construção de quadras poliesportivas nas escolas públicas.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante

das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. cientificar o Município de Aquiraz/CE e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação-FNDE acerca da impropriedade observada no contrato decorrente da concorrência

2011.09.01.001, no que se refere à escola João Pires Cardoso, no que diz respeito à ausência de

planilha orçamentária de quantitativos e preços unitários acompanhada das composições de seus custos

unitários, do BDI e dos encargos sociais utilizados, bem como a falta de exigência editalícia no sentido

de as licitantes apresentarem proposta com tais elementos, em dissonância com os ditames

estabelecidos no art. 6º, inciso IX, alínea f; art. 7º, § 2°, inciso II; e art. 40, § 2º, inciso II, da Lei

8.666/93;

9.2. recomendar ao Município de Aquiraz/CE que faça constar de suas vindouras leis

orçamentárias os recursos suficientes a realização das manutenções preventivas na edificação ora em

apreço;

9.3. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto que a

fundamentam, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e ao Município de Alta

Floresta/MT;

9.4. arquivar os presentes autos.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2236-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ACÓRDÃO Nº 2237/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 012.337/2012-9.

2. Grupo II – Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria.

3. Interessado: Congresso Nacional.

4. Entidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE e Município de

Campo Formoso/BA.

5. Relator: Ministro José Jorge.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (Secob-1).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade, integrante do

Fiscobras 2012, realizada no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE e no

Município de Campo Formoso/BA, com vistas a avaliar as obras de construção de quadra esportiva

coberta com palco da Escola Davino Carneiro, localizada no povoado de São Tomé do referido

município.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. dar ciência à Prefeitura Municipal de Campo Formoso/BA e ao Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação - FNDE sobre as seguintes ocorrências detectadas no Lote 2 do

Contrato 880/2011, resultante da Concorrência Pública n.º 002/2011 e referente à construção da quadra

esportiva da Escola Davino Carneiro, para a adoção das providências cabíveis:

9.1.1. celebração de contrato acima do valor de referência admitido por este Tribunal para

obras similares no âmbito do programa em análise, em dissonância com o art. 7º, § 4º, da Lei

8.666/1993, sendo necessário que sejam implementadas medidas para adequar o preço global do

contrato ou que seja elaborado relatório técnico circunstanciado justificando a extrapolação do valor de

referência, conforme preconiza o art. 125, § 5º, da Lei 12.465/2011 (LDO/2012);

9.1.2. ausência das composições dos custos unitários da planilha orçamentária, do detalhamento

do BDI e dos encargos sociais relativos ao contrato, bem como de exigência editalícia no sentido de as

licitantes apresentarem proposta com tais elementos, em dissonância com os ditames estabelecidos no

art. 6º, inciso IX, alínea f; art. 7º, § 2°, inciso II; e art. 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93.

9.2. recomendar ao Município de Campo Formoso/BA que faça constar de suas vindouras leis

orçamentárias os recursos suficientes a realização das manutenções preventivas nas edificações ora em

apreço;

9.3 encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto que a

fundamentam, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação- FNDE, à Prefeitura Municipal de

Campo Formoso/BA, ao Ministério da Educação e à 6ª Secretaria de Controle Externo deste Tribunal;

9.4. arquivar os presentes autos.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2237-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ACÓRDÃO Nº 2238/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 012.338/2012-5.

2. Grupo II – Classe V - Assunto: Relatório de Auditoria.

3. Interessado: Congresso Nacional.

4. Entidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE e Município de

Campo Formoso/BA.

5. Relator: Ministro José Jorge.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (Secob-1).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade, integrante do

Fiscobras 2012, realizada no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE e no

Município de Campo Formoso/BA, com vistas a avaliar as obras de construção de quadra esportiva

coberta com palco da Escola Rosalvo Luiz Celestino, localizada no povoado de Lajes dos Negros do

referido município.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. dar ciência à Prefeitura Municipal de Campo Formoso/BA e ao Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação - FNDE sobre as seguintes ocorrências detectadas no Lote 1 do

Contrato 880/2011, resultante da Concorrência Pública n.º 002/2011 e referente à construção da quadra

esportiva da Escola Rosalvo Luiz Celestino, para a adoção das providências cabíveis:

9.1.1. celebração de contrato acima do valor de referência admitido por este Tribunal para

obras similares no âmbito do programa em análise, em dissonância com o art. 7º, § 4º, da Lei

8.666/1993, sendo necessário que sejam implementadas medidas para adequar o preço global do

contrato ou que seja elaborado relatório técnico circunstanciado justificando a extrapolação do valor de

referência, conforme preconiza o art. 125, § 5º, da Lei 12.465/2011 (LDO/2012);

9.1.2. ausência das composições dos custos unitários da planilha orçamentária, do detalhamento

do BDI e dos encargos sociais relativos ao contrato, bem como de exigência editalícia no sentido de as

licitantes apresentarem proposta com tais elementos, em dissonância com os ditames estabelecidos no

art. 6º, inciso IX, alínea f; art. 7º, § 2°, inciso II; e art. 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93. (3.2);

9.2. recomendar ao Município de Campo Formoso/BA que faça constar de suas vindouras leis

orçamentárias os recursos suficientes a realização das manutenções preventivas nas edificações ora em

apreço;

9.3 encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto que a

fundamentam, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação- FNDE, à Prefeitura Municipal de

Campo Formoso/BA, ao Ministério da Educação e à 6ª Secretaria de Controle Externo deste Tribunal;

9.4. arquivar os presentes autos.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2238-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ACÓRDÃO Nº 2239/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 019.357/2012-5.

2. Grupo II – Classe de Assunto: VII - Natureza: Representação

3. Interessados: Progetto Arquitetura, Engenharia e Construções Ltda..

4. Entidade: Fundação Universidade de Brasília - MEC.

5. Relator: Ministro José Jorge.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 6ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-6).

8. Advogado constituído nos autos: Karina Bronzon de Castilho, OAB/DF 20.971.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pela empresa Progetto

Arquitetura, Engenharia e Construções Ltda. acerca de possíveis irregularidades ocorridas na

Concorrência 175/2012, deflagrada pela Fundação Universidade de Brasília/Centro de Planejamento

Oscar Niemeyer (FUB/Ceplan).

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer da presente Representação, com fundamento no art. 113, § 1º, da Lei nº

8.666/1993, c/c o art. 237, inciso VII, do Regimento Interno, para, no mérito, considerá-la

parcialmente procedente;

9.2. com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, c/c o art. 45 da Lei nº 8.443/1992

e o art. 251 do Regimento Interno, assinar o prazo de 15 (quinze) dias para que o FUB/Ceplan adote

as medidas necessárias à anulação da Concorrência 175/2012;

9.3. dar ciência à Fundação Universidade de Brasília/Centro de Planejamento Oscar Niemeyer

que, na condução da Concorrência 175/2012, promovida pela entidade, foram identificadas as

seguintes irregularidades:

9.3.1. acumulação das exigências de capital mínimo (R$ 290.000,00) e garantia de 1% do valor

estimado do objeto da contratação (subitens 6.5.6.5 e 6.5.6.6 do edital), respectivamente, em

desconformidade com o §2º, art. 31, da Lei 8.666/1993;

9.3.2. exigência de visto no Crea/DF, para efeitos de habilitação, para empresas registradas no

Conselho de outra região (subitem 6.5.5.1 do edital), contrariando a jurisprudência do Tribunal;

9.3.3. exigência de comprovação de elaboração de projetos com pelo menos 25.000 m2

de área

construída, no que se refere ao complexo “Praça Maior” (subitem 6.5.5.4 do edital), o que supera 50%

da área da maior das edificações que compõem o conjunto, sem que conste do processo justificativas

técnicas fundamentadas e circunstanciadas para a necessidade de se considerar como parâmetro, para

fins de comprovação de capacidade técnica, a área total do complexo;

9.3.4. exigência de comprovação de capacidade técnica por meio de apenas um único atestado

(subitem 6.5.5.4 do edital), sem que conste do processo justificativas técnicas fundamentadas e

circunstanciadas;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.4. dar ciência do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à

FUB/Ceplan e à representante;

9.5. arquivar os presentes autos.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2239-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ACÓRDÃO Nº 2240/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC-002.623/2007-4

2. Grupo I, Classe I – Recurso de Revisão em Tomada de Contas Especial

3. Recorrente: Wagner Ribeiro de Barros, (ex-prefeito, CPF 523.327.306-30)

4. Unidade: Prefeitura Municipal de Paraisópolis/MG

5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Guilherme Palmeira

6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé

7. Unidades Técnicas: Secex/MG e Serur

8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de recurso de revisão interposto por

Wagner Ribeiro de Barros contra ao Acórdão nº 1.974/2008-1ª Câmara.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, com base no art. 35 da Lei nº 8.443/1992, em:

9.1 não conhecer do recurso de revisão;

9.2 dar ciência desta deliberação ao recorrente.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2240-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro (Relator) e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ACÓRDÃO Nº 2241/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC-007.497/2012-1

2. Grupo I, Classe VII - Representação

3. Representante: Connectcom Teleinformática Comércio e Serviços Ltda. (CNPJ nº

00.308.141/0001-76)

4. Unidade: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro

Page 52: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

52

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6. Representante do Ministério Público: não atuou

7. Unidade Técnica: 8ª Secex

8. Advogado constituído nos autos: não há

9. ACÓRDÃO:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de medida cautelar,

interposta pela empresa Connectcom Teleinformática Comércio e Serviços Ltda. acerca de possíveis

irregularidades no Pregão Eletrônico por Registro de Preço nº 02/2012, para contratação de empresa

especializada para implementação de processos de governança de TI (tecnologia da informação) e

gerenciamento de serviços de TI, para o ambiente da Coordenação Geral de Tecnologia da Informação

(CGTI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 237, inciso VII, c/c o art. 113, §

1º, da Lei nº 8.666/93, em:

9.1 - conhecer da presente representação para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;

9.2 - determinar ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que:

9.2.1 - se abstenha de autorizar a adesão de outros órgãos ou entidades à Ata de Registro de

Preços decorrente do Pregão Eletrônico por Registro de Preço 02/2012;

9.2.2 - se abstenha de exigir, como condição de qualificação técnica na fase de habilitação, que

os licitantes possuam em seu quadro permanente os profissionais com as certificações requeridas;

9.2.3 - ao lançar processo licitatório, atente para as condições expressas no art. 2º do Decreto nº

3.931/2001, de forma a não utilizar sistema de registro de preços quando as peculiaridades do objeto a

ser executado, sua localização e ambiente de implementação indiquem que só será possível uma única

contratação;

9.3 - dar ciência desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a fundamentam, à

representante, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e à empresa Alive Technologies

Consultoria e Assessoria em Informática Ltda.;

9.4 - arquivar o processo.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2241-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro (Relator) e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ACÓRDÃO Nº 2242/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 017.915/2006-7

2. Grupo I - Classe I - Recurso de Revisão (em processo de Tomada de Contas Especial)

3. Recorrente: Antônio Primo de Queiroz, ex-prefeito (CPF 070.872.413-20).)

4. Unidade: Prefeitura Municipal de Moreilândia/PE

5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues

6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico

7. Unidades Técnicas: Secex/PE e Serur

8. Advogados constituídos nos autos: Ignácio Raphael de Souto Júnior (OAB/PE 19.536) e

Wilson Filho Miranda Lucena (OAB/PE 7.742-E)

Page 53: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, em fase de recurso

de revisão interposto ao Acórdão 4.533/2010 - TCU - 1ª Câmara.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18, 23, inciso II,

32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992, em:

9.1. conhecer do presente recurso de revisão para, no mérito, dar-lhe provimento, tornando

insubsistente o Acórdão 4.533/2010 - TCU - 1ª Câmara;

9.2. julgar regulares com ressalva as contas de Antônio Primo de Queiroz, dando-lhe quitação;

9.3. notificar o recorrente do teor desta deliberação;

9.4. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, à

Procuradoria da República no Estado de Pernambuco e ao FNDE, para as providências cabíveis.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2242-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro (Relator) e Ana Arraes.

13.2. Ministra que alegou impedimento na Sessão: Ana Arraes.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ACÓRDÃO Nº 2243/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 034.010/2011-4

1.1. Apensos: TC-034.460/2011-0 e TC-033.728/2011-9

2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Auditoria de Obra

3. Interessado: Congresso Nacional

4. Unidade: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro

6. Representante do Ministério Público: não atuou

7. Unidade Técnica: Secob-1

8. Advogados constituídos nos autos: Fernando Couto Garcia (OAB/MG 94.049) e Nilson

Rogério Pinto Leão (OAB/MG 50.515)

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria, realizada no âmbito do Fiscobras

2012, nas obras de ampliação do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora/MG,

com recursos provenientes dos programas de trabalho orçamentários - PTs

12.302.1073.6379.0001/2010 e 12.302.1073.14IM.0031/2012.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 91, §9º, e 96 da Lei 12.465/2011

(LDO 2012), em:

9.1. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional que foram detectados indícios de irregularidades graves com recomendação de paralisação

(IG-P) no Edital da Concorrência 1/2011 da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), relativo aos

serviços de ampliação do Hospital Universitário, e que seu saneamento depende da adoção das

Page 54: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

54

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

medidas previstas no Acórdão-TCU 1.999/2012 – Plenário, que determinou à Universidade: (i)

renegociar os preços com a primeira colocada do certame, de modo a se ajustarem aos patamares de

mercado ou, alternativamente, (ii) anular a licitação;

9.2. retornar os autos à Secob-1 para que dê prosseguimento à instrução do feito.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2243-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro (Relator) e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ACÓRDÃO Nº 2244/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC-037.249/2011-8

2. Grupo I – Classe II – Solicitação do Congresso Nacional

3. Interessado: Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da

Câmara dos Deputados

4. Unidade: Câmara dos Deputados

5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro

6. Representante do Ministério Público: não atuou

7. Unidades Técnicas: 1ª Secex, 8ª Secex e Sefid-1

8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Solicitação do Congresso Nacional, na qual se

requer que o TCU realize auditoria acerca das medidas tomadas pelo governo federal para o

escoamento da produção agropecuária.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,

diante das razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 1º, inciso II e 38 da Lei nº

8.443/92, c/c os arts. 4º, inciso I, alínea “b”, 14, inciso IV e 17, inciso II, da Resolução TCU nº

215/2008, em:

9.1 - conhecer da presente solicitação, considerando-a integralmente atendida;

9.2 - enviar cópia do presente acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam,

aos seguintes órgãos e entidades:

9.2.1 - Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural

(CAPADR) da Câmara dos Deputados;

9.2.2 - Conselho Nacional de Integração e Políticas de Transporte;

9.2.3 - Ministério dos Transportes;

9.2.4 - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

9.2.5 - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes;

9.2.6 - Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.;

9.2.7 - Secretaria de Portos da Presidência da República;

9.2.8 - Agência Nacional de Transportes Terrestres;

9.2.9 - Agência Nacional de Transportes Aquaviários;

9.2.10 - Casa Civil da Presidência da República;

9.2.11 - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;

9.2.12 - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo;

Page 55: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

55

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3 - arquivar o processo.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2244-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro (Relator) e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2245/2012 – TCU – Plenário

1. Processo TC 006.391/2012-5.

2. Grupo II – Classe V– Relatório de Auditoria.

3. Interessado: Congresso Nacional.

4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit.

5. Relatora: ministra Ana Arraes.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 2ª Secretaria de Fiscalização de Obras – Secob-2.

8. Advogado: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria realizado pela

2ª Secretaria de Fiscalização de Obras – Secob-2 no lote 3 das obras de construção da BR-158, em

trecho localizado entre as cidades de Campo Mourão e Palmital, no estado do Paraná.

ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

com fundamento no art. 169; 179, § 6º e 276, § 5º do Regimento Interno, em:

9.1. revogar, por perda de objeto, a medida cautelar adotada nestes autos (peça 58);

9.2. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional que não mais subsistem motivos para enquadramento do Contrato 060/2012-00 (relativo as

obras de construção de trecho rodoviário - Campo Mourão - Palmital - na BR-158/PR, vinculadas ao

PT 26.782.2075.128W.004) no inciso IV, § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), vez que a

licitação originária foi anulada pelo Dnit;

9.3. nos termos do art. 242, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal, determinar ao Dnit

que, tão-logo concluídas as correções do projeto básico que deverá nortear a licitação substitutiva da

Concorrência Pública 478/2010-09 (anulada conforme DOU de 20/7/2012, seção 3, p. 119), encaminhe

a este Tribunal as cópias das respectivas peças, bem como do correspondente edital, para fins de

acompanhamento;

9.4. determinar à Secob-2, com base nos arts. 241 e 242 do RI/TCU, que realize o

acompanhamento do comando constante do item 9.3, representando a este Tribunal caso persistam as

irregularidades apontadas neste processo ou sejam apuradas novas falhas;

9.5. arquivar os autos.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2245-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes (Relatora).

Page 56: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

56

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa e

Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2246/2012 – TCU – Plenário

1. Processo TC 007.175/2012-4.

2. Grupo I – Classe V – Relatório de Auditoria.

3. Interessado: Congresso Nacional.

4. Unidade: Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras.

5. Relatora: ministra Ana Arraes.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 3ª Secretaria de Fiscalização de Obras – Secob-3.

8. Advogados: Renato Otto Kloss (OAB/RJ 117.110), Juliana Cavalcante Aguiar Cruz da Silva

(OAB/RJ 149.564) e outros.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada na Petróleo Brasileiro S.A. –

Petrobras, no período de 19/3 a 4/5/2012, com o objetivo de fiscalizar a implantação da Usina

Termelétrica (UTE) Baixada Fluminense, no município de Seropédica/RJ, obra integrante do

Programa de Aceleração do Crescimento – PAC.

ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

ante as razões expostas pela relatora, em:

9.1. com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, no art. 42, § 1º, da

Lei 8.443/1992 e no art. 245, § 1º, do Regimento Interno/TCU, assinar prazo de 30 (trinta) dias a

contar da ciência desta deliberação, para que a Petróleo Brasileiro S.A. entregue ao Tribunal toda a

documentação acerca dos estudos de viabilidade técnica e econômica do empreendimento UTE

Baixada Fluminense, compreendendo:

9.1.1. estudos das alternativas de implantação do empreendimento;

9.1.2. estudos técnicos das fases I, II e III do empreendimento;

9.1.3. estudos de viabilidade econômica do empreendimento;

9.1.4. atos de aprovação dos referidos estudos;

9.1.5. relatórios, pareceres técnicos e jurídicos sobre os estudos;

9.1.6. nome completo, cargo e CPF dos responsáveis pela entrega dos documentos indicados

nos subitens anteriores.

9.2. determinar à Secob-3 que autue processo de acompanhamento com vistas a avaliar

eventuais aditivos firmados no âmbito do contrato 0802.0071016.11.2, referente às obras de

implantação da UTE Baixada Fluminense, ficando a unidade técnica autorizada, desde já, a promover

eventuais diligências e inspeções porventura necessárias para sanear o feito;

9.3. juntar cópias do relatório de auditoria e das evidências "Estimativa de Custos da

Petrobras", "Demonstrativo de Formação de Preços – DFP" e "Carta Convite" ao TC 006.810/2011-0,

a fim de subsidiar seu exame; e

9.4. encaminhar à Petrobras e ao Ministério de Minas e Energia cópia do inteiro teor do

relatório de auditoria e desta deliberação, acompanhada do relatório e do voto que a fundamentaram.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2246-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Raimundo Carreiro, José Jorge e Ana Arraes (Relatora).

Page 57: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

57

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2247/2012 – TCU – Plenário

1. Processo: TC 007.518/2005-5.

1.1. Apenso: TC 008.962/2010-3

2. Grupo II – Classe VII – Representação.

3. Interessado: Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União – MPTCU.

3.1. Responsáveis: Aláudio de Oliveira Mello Junior (CPF 004.306.502-30); Anivaldo Juvenil

Vale (CPF 078.591.476-53); Flora Valladares Coelho (CPF 012.369.897-91); Hélio Francisco dos

Santos Graça (CPF 005.459.962-87); Humberto Conde (CPF 003.931.005-10); Jorge Luiz Soares

Santos (CPF 033.031.522-68); Jorge Nemetala José Filho (CPF 005.790.092-20); José Artur Guedes

Tourinho (CPF 008.645.602-49); José Benevenuto Ferreira Virgolino (CPF 000.192.242-49); José

Maria Gomes Trindade (CPF 019.654.092-53); José das Neves Capela (CPF 000.249.372-15); João

Augusto Barbosa Monteiro (CPF 001.062.242-04); Luiz Benedito Varela (CPF 001.301.922-87);

Mário Jorge de Macedo Bringel (CPF 001.048.252-00); Silvestre de Castro Filho (CPF 003.349.954-

34).

4. Unidade: Banco da Amazônia S.A. – Basa.

5. Relatora: ministra Ana Arraes.

6. Representante do Ministério Público: procurador-geral Lucas Rocha Furtado.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo Estado de Roraima – Secex/RR.

8. Advogada: Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio (OAB 1227/RJ).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação acerca de irregularidades em

operação de renegociação de dívidas e de concessão de crédito para capital de giro realizada entre a

empresa Frangonorte Indústria e Comércio Ltda. e o Banco da Amazônia S.A. – Basa, com recursos

oriundos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte – FNO.

ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão plenária, ante as

razões expostas pela relatora, em:

9.1. considerar revel o Sr. Jorge Luiz Soares Santos, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443,

de 1992;

9.2. acolher as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. José das Neves Capela;

9.3. rejeitar parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Luiz Benedito

Varela, Aláudio de Oliveira Mello Junior, Hélio Francisco dos Santos Graça, José Artur Guedes

Tourinho, Mário Jorge de Macedo Bringel, João Augusto Barbosa Monteiro, Flora Valladares Coelho,

José Benevenuto Ferreira Virgolino, Jorge Nemetala José Filho, José Maria Gomes Trindade,

Humberto Conde, Silvestre de Castro Filho, Anivaldo Juvenil Vale, conforme explicitado no relatório

e no voto que fundamentam o presente acórdão;

9.4. em razão do caráter formal das ocorrências e das demais peculiaridades do caso concreto,

deixar de aplicar sanção aos Srs. Silvestre de Castro Filho, Anivaldo Juvenil Vale e Humberto Conde;

9.5. com fundamento no art. 58, incisos II e III, da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 268, incisos II

e III, do Regimento Interno, aplicar, individualmente, multa aos responsáveis, nos valores a seguir

indicados, a ser recolhida ao Tesouro Nacional, com incidência de encargos legais, calculados da data

deste acórdão até a data do pagamento, se este for efetuado após o vencimento do prazo abaixo

estipulado:

9.5.1. Luiz Benedito Varela: R$ 20.000,00;

9.5.2. Aláudio de Oliveira Mello Junior: R$ 20.000,00;

9.5.3. Hélio Francisco dos Santos Graça: R$ 20.000,00;

Page 58: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

58

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.5.4. José Artur Guedes Tourinho: R$ 30.000,00;

9.5.5. Mário Jorge de Macedo Bringel: R$ 20.000,00;

9.5.6. João Augusto Barbosa Monteiro: R$ 10.000,00;

9.5.7. Flora Valladares Coelho: R$ 30.000,00;

9.5.8. José Benevenuto Ferreira Virgolino: R$ 30.000,00;

9.5.9. Jorge Nemetala José Filho: R$ 30.000,00;

9.5.10. José Maria Gomes Trindade: R$ 16.000,00;

9.5.11. Jorge Luiz Soares Santos R$ 16.000,00;

9.6. fixar prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovação, perante o

Tribunal, do recolhimento das dívidas acima imputadas;

9.7. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;

9.8. autorizar o pagamento das dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais consecutivas,

caso venha a ser solicitado pelos responsáveis antes do envio do processo para cobrança judicial;

9.9. fixar o vencimento da primeira parcela em 15 (quinze) dias a contar do recebimento da

notificação e o das demais a cada 30 (trinta) dias, com incidência de encargos legais sobre o valor de

cada uma;

9.10. alertar aos responsáveis que a inadimplência de qualquer parcela acarretará vencimento

antecipado do saldo devedor;

9.11. determinar ao Banco da Amazônia S.A. – Basa que informe a este Tribunal, no prazo de

30 (trinta) dias, a contar da ciência deste acórdão, todas as ações judiciais por ele promovidas (e o

estágio atual de cada uma delas) com o intuito de recuperar os créditos inadimplidos pela empresa

Frangonorte, à conta do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte – FNO;

9.12. determinar à Secex/RR que monitore, em processo apartado, o andamento das ações de

execução a serem informadas pelo Basa nos termos do subitem 9.11.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2247-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes (Relatora).

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2248/2012 – TCU – Plenário

1. Processo TC 009.792/2008-7.

2. Grupo I – Classe I – Pedido de Reexame.

3. Recorrente: Alexandre Braga Pegado (CPF 586.650.644-00).

4. Unidade: Município de Conceição/PB.

5. Relatora: ministra Ana Arraes.

5.1. Relator da deliberação recorrida: ministro José Múcio Monteiro.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos – Serur.

8. Advogado: José Marcílio Batista (OAB/PB 8.535).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de pedido de reexame interposto pelo Sr. Alexandre

Braga Pegado contra o acórdão 2.264/2011 – Plenário.

Page 59: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

59

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

diante das razões expostas pela relatora e com fundamento no art. 48 da Lei 8.443/1992, c/c os arts.

277 e 286 do Regimento Interno, em:

9.1. conhecer do pedido de reexame e negar-lhe provimento;

9.2. dar ciência da presente deliberação ao recorrente.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2248-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes (Relatora).

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2249/2012 – TCU – Plenário

1. Processo TC 014.240/2012-2.

2. Grupo I – Classe V – Levantamento de Auditoria.

3. Interessado: Congresso Nacional.

4. Unidade: Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro – TRE/RJ.

5. Relatora: ministra Ana Arraes.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 1ª Secretaria de Fiscalização de Obras – Secob-1.

8. Advogado: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria realizado pela

1ª Secretaria de Fiscalização de Obras – Secob-1 no edital de concorrência 1/2012 – TRE/RJ, lançado

pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro para contratação da execução das obras

de construção do edifício-sede daquele órgão,

ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

com fundamento no art. 169 do Regimento Interno, em:

9.1. dar ciência ao TRE/RJ das irregularidades identificadas na concorrência 1/2012,

enviando-lhe cópia do relatório de auditoria à peça 22 dos autos, bem como desta deliberação,

acompanhada do voto e relatório que a sustentam;

9.2. arquivar os autos.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2249-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes (Relatora).

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2250/2012 - TCU – Plenário

1. Processo TC-004.794/2012-5

2. Grupo: I - Classe: V - Assunto: Relatório de Levantamento de Auditoria.

Page 60: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

60

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Interessado/Responsáveis:

3.1. Interessado: Congresso Nacional.

3.2. Responsáveis: Bento Moreira Lima Neto (000.571.693-49); Celso Itajuba Ferreira

Borgneth (001.859.733-53); Elpídio Gomes da Silva Filho (035.292.152-87); Jorge Ernesto Pinto

Fraxe (108.617.424-00); Lusivaldo Moraes dos Santos (278.745.243-49); Sílvio Romano Benjamin

Júnior (233.990.902-34); Washington de Oliveira Viegas (001.379.603-87), Eram - Estaleiro Rio

Amazonas Ltda.

4. Unidades: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Companhia

Docas do Maranhão – Codomar.

5. Relator: Ministro Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Secob-4.

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Levantamento de Auditoria realizada pela

Secob-4, objetivando verificar a execução das obras de Construção de Terminal Fluvial no Município

de Benjamin Constant no Estado do Amazonas - PT nº 26.784.2073.127G.0217/2012, objeto do

Convênio 269/2005-DAQ-Dnit celebrado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes (Dnit) e a Companhia Docas do Maranhão – Codomar,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, com

fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 43, inciso I, da Lei 8.443/92, e 250, inciso V, do Regimento

Interno, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. realizar oitiva do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), para que

apresente, no prazo de quinze dias, manifestação a respeito do indício de superfaturamento e das

deficiências dos projetos básico e executivo das obras de construção do terminal hidroviário de

Benjamin Constant/AM;

9.2. realizar oitiva da Companhia Docas do Maranhão (Codomar), para que apresente, no prazo

de quinze dias, manifestação a respeito: do indício de superfaturamento; do adiantamento de

pagamentos no Contrato 24/2006 - Codomar; das deficiências dos projetos básico e executivo; das

irregularidades observadas quanto aos acréscimos ao Contrato 24/2006-Codomar em percentual

superior ao legalmente permitido; e do indício de deficiências na fiscalização das obras de construção

do terminal hidroviário de Benjamin Constant/AM;

9.3. realizar oitiva do Estaleiro Rio Amazonas Ltda. (Eram), para que apresente, no prazo de

quinze dias, manifestação a respeito do indício de superfaturamento e do indício de adiantamento de

pagamentos no Contrato 24/2006 - Codomar, referente à obra de construção do terminal hidroviário de

Benjamin Constant/AM;

9.4. encaminhar cópia deste acórdão, bem como das peças que o fundamentam, à Secretaria de

Controle Externo do Estado do Amazonas (Secex/AM) e à 1ª Secretaria de Controle Externo do

Tribunal de Contas da União (1ª Secex);

9.5. encaminhar cópia deste acórdão, bem como das peças que o fundamentam, ao Dnit, à

Codomar e à empresa Eram - Estaleiro Rio Amazonas Ltda.;

9.6. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional que as irregularidades observadas na execução das obras relativas à Construção de Terminal

Fluvial do Município de Benjamin Constant no Estado do Amazonas - PT nº

26.784.2073.127G.0217/2012 não se enquadram no art. 91, § 1º, inciso IV, da Lei 12.465, de 12 de

agosto de 2011 (LDO 2012), e

9.7. restituir os autos à Secob-4 para continuidade da instrução.

Page 61: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

61

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2250-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos

Bemquerer Costa e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2251/2012 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC-005.313/2011-2.

2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.

3. Interessado: Tribunal de Contas da União.

4. Órgão: Ministério do Trabalho e Emprego – MTE.

5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 5ª Secretaria de Controle Externo – 5ª Secex.

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos da auditoria realizada na Secretaria de Políticas

Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego no período compreendido entre 2/8 e

23/9/2011, em cumprimento ao Acórdão n. 421/2011 – Plenário.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fulcro no art. 43, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, determinar a audiência:

9.1.1. dos responsáveis abaixo listados, por terem aprovado projetos de qualificação, por meio

das Notas Técnicas e Pareceres Técnicos referenciados, com quantitativo de pessoas a serem

qualificadas não fundamentado em critérios técnicos e objetivos para definição do número de

trabalhadores a serem treinados, sem levar em consideração aspectos como a real demanda pelos

treinamentos, a definição precisa do público alvo, os locais para realização dos cursos e a garantia de

inserção dos profissionais qualificados no mercado de trabalho, sem se basear em documentos

técnicos, metodologias ou bancos de dados, sem consultar os sistemas e registros administrativos como

PNAD, PED, RAIS, CAGED, mapas ocupacionais, estudos de prospecção de emprego formal e

estudos do nível de escolaridade e qualificação da força de trabalho, o que demonstrou falta de

planejamento na definição de vagas dos cursos e o descumprimento da Resolução Codefat n. 575/2008

quando da análise da definição do número de pessoas que demandariam os cursos de qualificação,

contrariando o item 3 (Efetividade Social PNQ) do termo de referência aprovado pela Resolução n.

575/2008 – Codefat e o art. 4º do mesmo normativo:

9.1.1.1. da Sra. Ana Paula da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do

Departamento de Qualificação, desde 6/5/2010: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.

1.089/2010 – Convênio n. 749.543, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 654/2010 – Convênio

n. 748.578, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 655/2010 – Convênio n. 748.691, Nota

Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 706/2010 – Convênio n. 749.266 e Nota Técnica

COPLAP/CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 564/2010 – CPP n. 19/2009;

9.1.1.2. do Sr. Anderson Alexandre dos Santos, CPF n. 042.793.597-09, na qualidade de

Coordenador-Geral de Qualificação, desde 17/3/2009: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.

1.089/2010 – Convênio n. 749.543, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 654/2010 – Convênio

n. 748.578, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 655/2010 – Convênio n. 748.691, Nota

Page 62: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

62

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 706/2010 – Convênio n. 749.266 e Nota Técnica

COPLAP/CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 564/2010 – CPP n. 19/2009;

9.1.1.3. da Sra. Anete Alves Fernandes Fidelis, CPF n. 146.269.501-91, na qualidade de

Coordenadora-Geral de Qualificação-Substituta, em 11/9/2009, 12/11/2009, 16/6/2009 e 9/10/2009:

Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.231/2009 – CPP 26/2009, Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 863/2009 – CPP n. 5/2010, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE

n. 096/2008 – CPP n. 11/2009 e Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 929/2009 – CPP n.

15/2009;

9.1.1.4. do Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na qualidade de Diretor do

Departamento de Qualificação, de 12/2/2009 a 7/4/2010: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.

1.216/2010 – Convênio n. 723.126, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 096/2008 – CPP n.

11/2009 e Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 929/2009 – CPP n. 15/2009;

9.1.1.5. do Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na qualidade de Secretário de

Políticas Públicas de Emprego, desde 13/4/2010: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.

1.089/2010 – Convênio n. 749.543, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 654/2010 – Convênio

n. 748.578, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 655/2010 – Convênio n. 748.691 e Nota

Técnica COPLAP/CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 564/2010 – CPP n. 19/2009;

9.1.1.6. do Sr. Ezequiel Souza do Nascimento, CPF n. 339.653.821-87, na qualidade Secretário

de Políticas Públicas de Emprego, de 8/2/2008 a 13/4/2010: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE

n. 1.216/2010 – Convênio n. 723.126, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.231/2009 – CPP

n. 26/2009, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 863/2009 – CPP n. 5/2010, Parecer Técnico

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 096/2008 – CPP n. 11/2009, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE

n. 519/2008 – CPP n. 12/2009, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 523/2008 – CPP n.

8/2008 e Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 929/2009 – CPP n. 15/2009;

9.1.1.7. da Sra. Fátima Rosa Naves de Oliveira Santos, CPF n. 355.517.711-72, na qualidade

de Coordenadora-Geral de Qualificação, de 28/2/2008 a 9/3/2010: Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.216/2010 – Convênio n. 723.126, Parecer Técnico

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 519/2008 – CPP n. 12/2009 e Parecer Técnico

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 523/2008 – CPP n. 8/2008;

9.1.1.8. do Sr. José Geraldo Machado Junior, CPF n. 736.227.887-04, na qualidade de Diretor

do Departamento de Qualificação-Substituto, em exercício em 11/11/2009 e 16/11/2009: Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.231/2009 – CPP n. 26/2009 e Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE

n. 863/2009 – CPP n. 5/2010;

9.1.1.9. do Sr. Manoel Eugênio Guimarães de Oliveira, CPF n. 334.477.481-68, na qualidade

de Secretário de Políticas Públicas de Emprego-Substituto, em exercício em 20/8/2010: Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 706/2010 – Convênio n. 749.266;

9.1.1.10. do Sr. Marcelo Aguiar dos Santos Sá, CPF n. 301.571.291-87, na qualidade de

Diretor do Departamento de Qualificação, de 22/2/2008 a 3/2/2009: Parecer Técnico

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 519/2008 – CPP n. 12/2009 e Parecer Técnico

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 523/2008 – CPP n. 8/2008;

9.1.2. dos responsáveis abaixo indicados, por terem aprovado projeto de Planseq, mediante as

Notas Técnicas e Pareceres Técnicos referenciados, sem análise da adequação dos respectivos custos

aos valores de mercado, autorizando-o com base no valor máximo do custo médio aluno-hora admitido

pelo Codefat, com risco de ofensa ao princípio da economicidade exposto no art. 11 do Decreto n.

6.170/2007, agindo, ainda, em desconformidade com o disposto no art. 10 da Resolução Codefat n.

575/2008, c/c o item 9 do Termo de Referência que a acompanha, e em descumprimento à

determinação consignada no item 9.11.1 do Acórdão n. 2.261/2005 – Plenário:

9.1.2.1. Sra. Ana Paula da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do

Departamento de Qualificação, desde 6/5/2010: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 655/2010,

Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.089/2010 e Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.

Page 63: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

63

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

564/2010;

9.1.2.2. Sr. José Geraldo Machado Júnior, CPF n. 301.571.291-87, na qualidade de Diretor do

Departamento de Qualificação-Substituto, em 11/11/2009 e 16/11/2009: Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 863/2009;

9.1.2.3. Sra. Fátima Rosa Naves de Oliveira Santos, CPF n. 355.517.711-72, na qualidade de

Coordenadora Geral de Qualificação, de 28/2/2008 a 9/3/2010: Parecer Técnico

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 519/2008, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 523/2008 e

Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.216/2010;

9.1.2.4. Sra. Anete Fernandes Alves Fidelis, CPF n. 146.269.501-91, na qualidade de

Coordenadora Geral de Qualificação Substituta, em 11/11/2009, 12/11/2009, 16/6/2009 e 9/10/2009:

Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 096/2008, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE

n. 929/2009 e Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 863/2009;

9.1.2.5. Sr. Anderson Alexandre dos Santos, CPF n. 042.793.597-09, na qualidade de

Coordenador Geral de Qualificação, desde 17/3/2009: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.

655/2010, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.089/2010 e Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 564/2010;

9.1.2.6. Sr. Ezequiel Souza do Nascimento, CPF n. 339.653.821-87, na qualidade de Secretário

de Políticas Públicas de Emprego, de 8/2/2008 a 13/4/2010: Parecer Técnico

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 096/2008, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 519/2008,

Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 929/2009, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE

n. 523/2008, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 863/2009 e Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.216/2010;

9.1.2.7. Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na qualidade de Diretor do

Departamento de Qualificação, de 12/2/2009 a 7/4/2010 e Secretário de Políticas Públicas de

Emprego, desde 13/4/2010: Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 096/2008, Parecer Técnico

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 929/2009 e Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.216/2010, e na

condição de Secretário, mediante Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 655/2010, Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.089/2010 e Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 564/2010;

9.1.2.8. Sr. Marcelo Aguiar, CPF n. 301.571.291-87, na qualidade de Diretor do Departamento

de Qualificação, de 22/2/2008 a 3/2/2009: Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 519/2008 e

Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 523/2008;

9.1.3. dos responsáveis abaixo indicados, pela aprovação dos editais referenciados, sem

estabelecer critérios técnicos e objetivos para selecionar as entidades convenentes, na medida em que

não definiram a forma como seria graduada a pontuação aos participantes do chamamento público,

acarretando o desconhecimento de como foi atribuída a pontuação para cada participante da chamada

pública, o possível favorecimento de entidades concorrentes e comprometendo o atendimento aos

princípios constitucionais da isonomia e impessoalidade e, ainda, descumprindo o art. 40, inciso VII,

da Lei n. 8.666/1993 e o art. 5º, inciso II, da então vigente Portaria Interministerial n. 127/2008:

9.1.3.1. Sra. Fátima Rosa Naves de Oliveira Santos, CPF n. 355.517.711-72, na qualidade de

Diretora do Departamento de Qualificação – Substituta, em exercício em 25/11/2009: editais das CPPs

ns. 5/2010 (Nota Informativa CGQUA/DEQ/SPPE/MTE 1060/2009) e 8/2008 (Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.107/2008);

9.1.3.2. Sr. Manoel Eugenio Guimarães de Oliveira, CPF n. 334.477.481-68, na qualidade de

Secretário de Políticas Públicas de Emprego – Substituto, em exercício em 25/11/2008: edital da CPP

n. 12/2009 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.001/2008);

9.1.3.3. Sra. Aline Ferreira dos Santos, CPF n. 805.268.455-20, na qualidade de

Coordenadora-Geral de Qualificação – Substituta, em exercício em 16/7/2010: edital da CPP n.

19/2010 (Nota Informativa CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 874/2010);

9.1.3.4. Sra. Ana Paula da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do

Departamento de Qualificação, desde 6/5/2010: edital da CPP n. 19/2010 (Nota Informativa

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 874/2010);

9.1.3.5. Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na qualidade de Secretário da SPPE,

desde 13/4/2010: edital da CPP n. 19/2010 (Nota Informativa CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 874/2010);

9.1.3.6. Sr. Marcelo Aguiar dos Santos Sá, CPF n. 301.571.291-87, na qualidade de Diretor do

Departamento de Qualificação, de 22/2/2008 até 3/2/2009: edital da CPP n. 8/2008 (Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.107/2008);

9.1.3.7. Sr. José Geraldo Machado Júnior, CPF n. 736.227.887-04, na qualidade de Diretor do

Departamento de Qualificação – Substituto, em exercício em 20/11/2009, em 13/11/2009, em

11/11/2009 e em 5/11/2009: editais das CPP ns. 11/2009 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.

1.168/2009), 26/2010 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.284/2009), 5/2010 (Nota

Informativa CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.060/2009) e 15/2009 (Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.202/2009);

9.1.3.8. Sr. Ezequiel Sousa do Nascimento, CPF n. 339.653.821-87, na qualidade de Secretário

de Políticas Públicas e Emprego do MTE, de 8/2/2008 até 13/4/2010: editais das CPP ns. 11/2009

(Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.168/2009), 26/2010 (Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.284/2009), 5/2010 (Nota Informativa CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.

1.060/2009), 8/2008 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.107/2008) e 15/2009 (Nota

Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.202/2009);

9.1.3.9. Sra. Anete Alves Fernandes Fidelis, CPF n. 146.269.501-91, na qualidade de

Coordenadora-Geral de Qualificação Substituta, em exercício em 13/11/2009, em 11/11/2009 e em

4/11/2009: editais das CPP ns. 11/2009 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.168/2009),

26/2010 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.284/2009) e 15/2009 (Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.202/2009);

9.1.4. dos responsáveis abaixo indicados, por terem celebrado os convênios referenciados, com

entidade que não reunia condições técnicas e operacionais para executar o objeto pactuado, aceitando

firmar parceria com instituição sem atestados de capacidade técnica e operacional, em afronta ao art.

1º, § 2º, art. 5º, § 2º, art. 22, todos da então vigente Portaria Interministerial n. 127/2008, ao art. 5º,

Decreto n. 6.170/2007 e ao item 9.11.2 do Acórdão n. 2.261/2005 – Plenário, assumindo o risco de que

os cursos de qualificação fossem subcontratados ou não realizados, o que comprometeria, portanto, a

efetividade das ações:

9.1.4.1. Srs. Ezequiel Sousa do Nascimento, CPF n. 339.653.821-87, na qualidade de

Secretário de Políticas Públicas de Emprego, de 8/2/2008 até 13/4/2010, Carlo Roberto Simi, CPF n.

330.130.557-15, na qualidade de Diretor do Departamento de Qualificação, de 12/2/2009 até 7/4/2010,

e Sra. Fátima Rosa Naves de Oliveira Santos, CPF n. 355.517.711-72, na qualidade de Coordenadora-

Geral de Qualificação, de 28/2/2008 até 9/3/2010: Convênio n. 726.123, aprovado pela Nota Técnica

CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.216/2009;

9.1.4.2. Sr. Manoel Eugenio Guimarães de Oliveira, CPF n. 334.477.481-68, na qualidade de

Secretário de Políticas Públicas de Emprego – Substituto, em exercício em 20/8/2010, Sra. Ana Paula

da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do Departamento de Qualificação, desde

6/5/2010, e Sr. Anderson Alexandre dos Santos, CPF n. 042.793.597-09, na qualidade de

Coordenadora-Geral de Qualificação, desde 17/3/2009: Convênio n. 749.266, aprovado pela Nota

Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 706/2010;

9.1.4.3. Sra. Ana Paula da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do

Departamento de Qualificação, desde 6/5/2010, Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na

qualidade de Secretário de Políticas Públicas de Emprego, desde 13/4/2010, e Sr. Anderson Alexandre

dos Santos, CPF n. 042.793.597-09, na qualidade de Coordenadora-Geral de Qualificação, desde

17/3/2009: Convênios ns. 748.691, aprovado pela Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.

655/2010 e 748.578, aprovado pela Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 654/2010;

9.1.4.4. Sra. Ana Paula da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do

Departamento de Qualificação, desde 6/5/2010, Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

qualidade de Secretário de Políticas Públicas de Emprego, desde 13/4/2010, e Sr. Anderson Alexandre

dos Santos, CPF n. 042.793.597-09, na qualidade de Coordenadora-Geral de Qualificação, desde

17/3/2009: Convênio n. 749.543, aprovado pela Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.

1.089/2010;

9.1.5. do Sr. Adair Antônio de Freitas Meira, CPF n. 280.486.011-68, na qualidade de

Presidente da Fundação Pró-Cerrado, desde 28/4/2000, pela prática das seguintes irregularidades na

execução do Convênio MTE/SPPE/Codefat n. 064/2009 (Siconv n. 726.100):

9.1.5.1. subestabelecimento, à Renapsi, do objeto dos Convênios ns. 726.100, 726071,

726.075, 728.980 e 743.309, em violação à alínea qq do inciso II da cláusula terceira do termo de

convênio, com o agravante de o responsável ser dirigente das duas entidades, como constatado após

consulta a sistemas públicos de dados, nos quais se verificou que o Sr. Adair Antônio de Freitas Meira,

Presidente da Fundação Pró-Cerrado e signatário do Convênio Siconv n. 726.100, consta como

Presidente da Renapsi desde 6/4/2010, e que o Sr. Gilberto Aristeu Beltrame, tesoureiro da Pró-

Cerrado desde 28/4/2000, aparece como Presidente da Renapsi no período de 20/4/2009 a 6/4/2010;

9.1.5.2. fraude à cotação prévia de preços que resultaram na contratação da Renapsi no

Convênio n. 726.100, Processo FPC n. 174/2010, relativo à contratação de equipe técnica, no qual as

propostas dos demais participantes, o Centro de Capacitação e Desenvolvimento Crescimento e a

Iniciativa Assessoria, Consultoria e Planejamento Ltda., foram determinadas por meio de aplicação de

índices sobre a proposta da Renapsi (1,023 e 1,0255, respectivamente), consoante demonstra o quadro

a seguir, configurando violação do § 3° do art. 46 da então vigente Portaria Interministerial n.

127/2008, da alínea g do inciso II da cláusula terceira do Convênio n. 726.100, e dos princípios da

impessoalidade e da moralidade:

Quadro 9

Convênio n. 064/2009 (Planseq Afrodescendentes)

Item da proposta Renapsi Crescimento Iniciativa Índice Índice

Valor (12 meses)

Valor (12

meses)

Valor (12

meses) Crescimen

to/Renapsi

Iniciativ

a/Renap

si

Coordenador geral R$ 54.000,00 R$ 55.242,00 R$ 55.377,00 1,02300 1,02550

Coordenador

pedagógico R$ 40.800,00 R$ 41.738,40 R$ 41.840,40 1,02300 1,02550

Supervisores de

monitoramento e

inserção R$ 67.200,00 R$ 68.745,60 R$ 68.913,60 1,02300 1,02550

Assitentes R$ 36.000,00 R$ 36.828,00 R$ 36.918,00 1,02300 1,02550

Profissionais de

limpeza e

manutenção R$ 5.100,00 R$ 5.217,30 R$ 5.230,05 1,02300 1,02550

Educadores e

instrutores R$ 374.256,00

R$

382.863,89 R$ 383.799,53 1,02300 1,02550

Encargos sociais R$ 115.527,24

R$

118.184,37 R$ 118.473,18 1,02300 1,02550

Total R$ 692.883,24

R$

708.819,56 R$ 710.551,76 1,02300 1,02550

9.1.5.3. contratação da Renapsi, no âmbito do Convênio n. 726.100, sem que a entidade

comprovasse capacidade técnica e operacional e sem autorização estatutária para prestação dos

serviços de fornecimento de lanches, transporte de educandos, manutenção e reparo de máquinas,

equipamentos e instalações prediais;

9.2. determinar, nos termos do art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da Rede

Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração – Renapsi, CNPJ n. 37.381.902/0001-25, do

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Centro de Capacitação e Desenvolvimento – Crescimento, CNPJ n. 06.338.499/0001-28 e da Iniciativa

Assessoria, Consultoria e Planejamento Ltda., CNPJ n. 07.626.372/0001-77, para fins de aplicação da

declaração de inidoneidade prevista no art. 46 da Lei n. 8.443/1992, em razão da fraude na cotação

prévia de preços, objeto do Processo FPC n. 174/2010, relativo à contratação de equipe técnica, no

âmbito do Convênio n. 726.100, haja vista que as propostas do Centro de Capacitação e

Desenvolvimento Crescimento e da Iniciativa Assessoria, Consultoria e Planejamento Ltda. foram

determinadas por meio da aplicação de índices (1,023 e 1,0255, respectivamente) sobre a proposta da

Renapsi;

9.3. determinar à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego que, em atendimento ao disposto

no item 9.9.2 do Acórdão n. 2.261/2005 – Plenário, apure o valor não comprovado na execução

financeira das despesas nos Convênios ns. 726.100, 726.071, 726.075, 728.980 e 743.309, uma vez

que os recibos fornecidos pela Renapsi não são documentos aceitos para comprovação da regular

aplicação dos recursos, procedendo à cobrança desses valores ou à instauração de Tomada de Contas

Especial, conforme o caso, considerando, para tanto, somente os documentos fiscais que estejam

relacionados aos elementos de despesa constantes do plano de trabalho, dentro do prazo de vigência

dos respectivos convênios, e que atendam ao disposto na legislação tributária, trabalhista,

previdenciária ou mesmo as normas relativas aos convênios, informando ao TCU, em 90 dias a contar

da ciência deste Acórdão, as medidas adotadas e os resultados alcançados;

9.4. determinar ao Departamento de Qualificação Profissional que, quando da análise das

prestações de contas dos convênios abaixo referenciados, proceda à verificação minuciosa das listas de

frequência, listas de distribuição de materiais didáticos, vale-transporte, alimentação e certificados de

conclusão dos cursos, a fim de comprovar o alcance total da meta pactuada, em especial quanto à

qualificação do número de participantes indicados, não comprovada ao Tribunal, o que representa os

valores listados, sob pena de devolução dos recursos ao erário e, em caso de insucesso, instauração de

TCE, informando ao Tribunal, no prazo de 60 dias a contar da ciência deste Acórdão, após o exame

das prestações de contas, as medidas adotadas:

Convênio Participantes Valor

724.582 302 R$ 238.580,00

724.593 5.467 R$ 4.318.930,00

724.593 2.400 R$ 1.896.000,00

726.138 865 R$ 683.350,00

9.5. encaminhar cópia deste Acórdão, bem do Relatório e da Proposta de Deliberação que o

fundamentam, ao Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2251-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

(Relator) e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2252/2012 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC 011.451/2008-5.

2. Grupo I; Classe de Assunto: VII – Denúncia.

3. Responsável: José Edmundo Seixas Dócio, CPF 075.898.835-49.

4. Entidade: Município de Igrapiúna/BA.

5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral, Lucas Rocha Furtado (manifestação

oral).

7. Unidade Técnica: Secex/BA.

8. Advogados constituídos nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Denúncia, em fase de monitoramento das

disposições constantes do Acórdão n. 2.526/2010 – Plenário, por meio do qual foi apreciado o mérito

da matéria trazida ao conhecimento do Tribunal.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 com fundamento no art. 58, inciso IV, da Lei n. 8.443/1992, aplicar ao Sr. José Edmundo

Seixas Dócio, Prefeito do Município de Igrapiúna/BA, a multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais),

fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o

Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do RI/TCU), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional,

atualizada monetariamente a partir da data deste Acórdão até a data do efetivo recolhimento, na forma

da legislação em vigor;

9.2. autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei

n. 8.443/1992, caso não atendida a notificação;

9.3. fixar o prazo de 15 (quinze) dias para que o atual Prefeito do Município de Igrapiúna/BA

comprove a implementação das determinações contidas nos subitens 1.5.1.1 e 1.5.1.3 do Acórdão n.

2.526/2010 – Plenário, alertando ao gestor que o não atendimento desta determinação caracterizará

reincidência no descumprimento de decisão deste Tribunal e poderá ensejar a aplicação de sanção

pecuniária, a teor do art. 58, inciso VII, da Lei n. 8.443/1992, c/c o art. 268, inciso VIII, do RI/TCU;

9.4. nos termos do Enunciado da Súmula de Jurisprudência do TCU n. 145, corrigir a

inexatidão material constante do subitem 1.5.1.2 do Acórdão n. 2.526/2010 – Plenário, o qual passará a

ter a seguinte redação:

“1.5.1.2. doravante, quando do recebimento de recursos federais, promova a notificação dos

partidos políticos, sindicatos de trabalhadores e entidades empresariais, com sede no município, no

prazo de 2 (dois) dias úteis, contado da data de recebimento dos recursos, nos termos do art. 2º da Lei

n. 9.452/1997;”

9.5. enviar cópia deste Acórdão, do Relatório e da Proposta de Deliberação que o

fundamentam, à Câmara Municipal de Igrapiúna/BA, à Promotoria de Justiça de Igrapiúna/BA, à

Prefeitura Municipal de Igrapiúna/BA e ao Sr. José Edmundo Seixas Dócio;

9.6. determinar à Secex/BA que monitore o cumprimento deste Acórdão.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2252-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

(Relator) e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2253/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 007.310/2012-9.

2. Grupo II – Classe V - Assunto: Relatório de Auditoria.

3. Interessados/Responsáveis:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.1. Interessado: Congresso Nacional (CN).

3.2. Responsáveis: Carlos Edilmar Luna Bacurau (035.677.344-23); Jorge Antônio Mesquita

Pereira de Almeida (341.332.917-00); Luiz Carlos Oliveira Machado (222.706.987-20); Telma

Rosilene Barbosa Medrado (103.991.605-82).

4. Entidade: Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (Valec) - MT.

5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 4 (Secob-4).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos esses autos que tratam de levantamento realizado nos atos e

procedimentos relacionados às obras de construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste - Lote 4:

Trecho Rio de Contas - Riacho da Barroca - no estado da Bahia, no âmbito do Fiscobras 2012.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante

das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. classificar o achado 3.1 do relatório de fiscalização 139/2012 como grave que não

prejudique a continuidade (IG-C) das obras referentes ao trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste

- Lote 4: Trecho Rio de Contas - Riacho da Barroca - no estado da Bahia;

9.2. determinar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que, no prazo de 60

(sessenta) dias, encaminhe ao Tribunal:

9.2.1. relatório e documentação comprobatória da execução de prospecção de sondagens

indiretas, por meio de método geofísico por eletro-resistividade, em todo corte em que não foi

executada sondagem durante a elaboração do projeto executivo, conforme informado na Nota Técnica

Valec 37/2012;

9.2.2. documentação comprobatória de revisão dos quantitativos de material a escavar e da

adequação da distribuição dos volumes a serem compensados no projeto de terraplenagem, de acordo

com as três categorias de material, conforme informado na Nota Técnica Valec 37/2012;

9.2.3. documentação comprobatória de realização de sondagens complementares em todas as

obras de arte especiais em quantidade e localização compatíveis com a extensão e número de apoios de

cada ponte ou viaduto, conforme informado na Nota Técnica Valec 37/2012;

9.2.4. documentação comprobatória de avaliação da necessidade de alteração da inclinação dos

taludes em cortes nos quais se verifica a ocorrência de material de 3ª categoria, notadamente, na

transição entre materiais desta categoria e os de 2ª categoria, conforme informado na Nota Técnica

Valec 37/2012;

9.2.5. estudo conclusivo sobre as interferências construtivas existentes no eixo da ferrovia,

conforme informado na Nota Técnica Valec 37/2012;

9.2.6. cópias dos projetos executivos das obras de arte especiais elaborados com base nos

resultados das sondagens complementares e nas avaliações técnica, econômica e ambiental das

soluções adotadas;

9.2.7. ajuste nos quantitativos dos transportes de materiais (brita para lastro e sublastro) e nos

preços contratados para execução de serviços nos quais são utilizados os insumos areia e brita, com o

objetivo de adequar as distâncias de transporte pactuadas às extensões reais de transporte;

9.2.8. ajuste nos preços contratados para produção de concretos, com o objetivo de adequar

seus custos de produção à execução por meio de método construtivo mais econômico e usualmente

adotado em obras de médio e grande porte;

9.2.9. exclusão na planilha de quantitativos e preços da previsão dos serviços por

administração;

9.2.10. elaboração de novo orçamento da obra, demonstrando os acréscimos e supressões em

relação ao contrato 55/2010;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. promover a oitiva da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. para que se

manifeste, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre:

9.3.1. alteração dos critérios de medição e pagamento dos bueiros pré-fabricados previstos na

Norma 80-ES-028A-19-8008-Valec, por meio do Memorando-Circular 183/2011-Diren, que passaram

a ser efetuados no canteiro industrial e não mais no momento de sua aplicação nas obras (achado 3.3);

9.3.2. alteração dos critérios de medição e pagamento do fornecimento de brita para lastro

previstos na Norma 80-EM-033A-58-8006-Valec, por meio do Memorando 268/2011-Diren (achado

3.3);

9.4. dar ciência desta deliberação aos responsáveis e ao interessado.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2253-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio Monteiro.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira (Relator).

ACÓRDÃO Nº 2254/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 012.773/2012-3.

2. Grupo II – Classe V - Assunto: Relatório de Auditoria (Fiscobras 2012)

3. Interessado/Responsáveis:

3.1. Interessado: Congresso Nacional (CN)

3.2. Responsáveis: Fernando de Castro Lobo Junior (327.860.344-34); Kelly Magalhães

Pegado de Araújo (527.754.533-68) e Paulo Roberto Sales Lages (231.315.434-34).

4. Órgão/Entidade: Ministério da Integração Nacional e Companhia Pernambucana de

Saneamento

5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 4 (Secob-4).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos esses autos que tratam de Levantamento de Auditoria realizado

nos atos e procedimentos relacionados às obras de construção do sistema Adutor do Agreste

Pernambucano (Adutora do Agreste), no âmbito do Fiscobras 2012.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante

das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. dar ciência ao diretor-presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento sobre as

seguintes impropriedades:

9.1.1. realização de licitação, por meio do pregão eletrônico 37/2012 CPL-Compesa, cujo

objeto, aquisição de tubos em aço carbono, não está previsto no projeto básico em fase de aprovação

pelo Ministério da Integração Nacional, em desacordo com o disposto no art. 7º, § 4º, da Lei

8.666/1993;

9.1.2. abertura de procedimento licitatório, no âmbito da execução do termo de compromisso

239/2011 (Siafi 668655), sem a autuação de processo administrativo, em desacordo com o disposto no

art. 38 da Lei 8.666/1993;

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70

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2. dar ciência ao Ministro da Integração Nacional e ao secretário de infraestrutura hídrica do

Ministério de Integração Nacional sobre a realização de licitação, por meio do pregão eletrônico

37/2012 CPL-Compesa, cujo objeto não está previsto no projeto básico em fase de aprovação nesse

Ministério, em desacordo com o disposto no art. 7º, I, § 2º, I, e § 4º da Lei 8.666/1993;

9.3. determinar à Companhia Pernambucana de Saneamento que envie a este Tribunal, no prazo

de 5 (cinco) dias úteis após a publicação do aviso, o edital da licitação das obras da Adutora do

Agreste, objeto do termo de compromisso 239/2011 (Siafi 668655);

9.4. dar ciência desta deliberação aos interessados, responsáveis e ao Tribunal de Contas do

Estado de Pernambuco;

9.5. encerrar o presente processo e arquivar os autos.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2254-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio Monteiro.

13.2. Ministra que alegou impedimento na Sessão: Ana Arraes.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira (Relator).

ENCERRAMENTO

Às dezessete horas e três minutos, a Presidência convocou Sessão Extraordinária de Caráter

Reservado a ser realizada a seguir e encerrou a sessão, da qual foi lavrada esta ata, a ser aprovada pelo

Presidente e homologada pelo Plenário.

ELENIR TEODORO GONÇALVES DOS SANTOS

Subsecretária do Plenário, em Substituição

Aprovada em 23 de agosto de 2012.

BENJAMIN ZYMLER

Presidente

ANEXO I DA ATA Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2012

(Sessão Ordinária do Plenário)

COMUNICAÇÕES

Comunicação proferida pelo Ministro Valmir Campelo.

COMUNICAÇÃO

Senhor Presidente,

Senhores Ministros,

Senhora Ministra,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Senhor Procurador-Geral,

Na condição de relator dos processos relacionados ao Mundial de Futebol de 2014, comunico

que, na última sexta-feira, participei, em Porto Alegre, do Seminário "Obras de Mobilidade Urbana

para a Copa do Mundo de 2014". O evento foi uma iniciativa da Comissão de Desenvolvimento

Urbano da Câmara dos Deputados e foi realizado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande

do Sul.

Na ocasião, proferi palestra sobre a atuação do Tribunal na fiscalização das obras de

mobilidade urbana para o Mundial. Dentre outros assuntos, manifestei minha preocupação com o

baixo nível de repasses até então disponibilizados pela Caixa Econômica Federal. Em todo o país,

menos de 6% do total de recursos foram transferidos.

Tive oportunidade, ainda, de visitar as obras no Estádio Beira-Rio, palco dos jogos da Copa na

cidade de Porto Alegre. Constatei que, apesar de o empréstimo com o BNDES para viabilização do

empreendimento não ter sido ainda assinado, as obras encontram-se a pleno vapor.

Agradeço, finalmente, a valorosa contribuição do Secretário da Secex-RS, Cláudio Augusto

Prates Thomas, bem como de meu assessor, Rafael Jardim, durante todo o transcorrer do evento.

É o que tenho a comunicar.

VALMIR CAMPELO

Ministro

Comunicação proferida pelo Ministro Augusto Nardes.

COMUNICAÇÃO

AUDITORIA COORDENADA PARA A AVALIAÇÃO DA GOVERNANÇA AMBIENTAL

DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA AMAZÔNIA EM PLENÁRIO

Senhor Presidente,

Senhores Ministros,

Senhora Ministra,

Senhor Procurador-Geral,

Como é do conhecimento de todos, as questões de ordem ambiental avultam de importância

nos cenários nacional e mundial, resultando nos esforços conjuntos das nações visando à adoção de

mecanismos de prevenção e preservação dos biomas nativos. Nesse contexto, inclusive, realizou-se

recentemente no País a Conferência das Nações Unidas denominada “Rio + 20”, oportunidade em que

temas dos mais diversos foram abordados, valendo mencionar que esta Corte de Contas se fez

representar no evento em várias frentes, em especial por mim e pelos Ministros Walton Alencar

Rodrigues e Aroldo Cedraz.

2. Dito isso, anoto que o bioma amazônico tem fundamental relevância nesse concerto,

sobretudo para a sociedade brasileira e para as áreas fronteiriças sob os mais diversos prismas, razão

porque avulta de importância a adoção de ações, por este Tribunal de Contas da União, em aprimorar o

controle externo sobre a ação governamental de fiscalização da conservação da floresta tropical

brasileira, sobretudo no que concerne à governança ambiental das unidades de conservação

responsáveis.

4. Assim, proponho a este egrégio Plenário a realização de trabalho de fiscalização coordenada

para a avaliação das ações de governança da Amazônia brasileira. Lembro que a Amazônia, como um

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

todo, estende-se por uma área de 6,4 milhões de quilômetros quadrados, abrangendo os seguintes

países: Brasil, Colômbia, Peru, Bolívia, Venezuela, Guiana, Suriname, Equador e Guiana Francesa.

5. No Brasil a Amazônia Legal corresponde a mais de 5 milhões de quilômetros quadrados,

abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins

e grande parte do Maranhão. Essa área corresponde a cerca de 60% do território brasileiro e contempla

aproximadamente 24 milhões de habitantes (IBGE 2010).

6. Nessa toada, as unidades de conservação representam a principal estratégia para manutenção

da biodiversidade in situ da Convenção de Biodiversidade Biológica (CDB). E, dado que a Amazônia

detém uma das maiores concentrações de biodiversidade do planeta, resta clara a importância ímpar

dessas áreas. Segundo imagens de satélite mais recentes, tem-se observado que a degradação dessas

áreas tem sido bastante significativa, ainda que o desmatamento tenha seu crescimento desacelerado.

7. Penso que o objetivo dessa fiscalização será avaliar se existem as condições normativas,

institucionais e operacionais necessárias para que as unidades de conservação atinjam os objetivos para

os quais foram criadas e possam ser consideradas sustentáveis, assim como as boas práticas que

possam estar induzindo ao desenvolvimento sustentável dessas regiões e as políticas adequadas à

proteção ambiental de ecossistemas.

9. Conforme reunião prévia mantida na semana passada com as suas autoridades

representantes, está prevista a participação das Secretarias de Controle Externo do TCU e dos

Tribunais de Contas dos Estados localizados na Amazônia Legal, prevendo-se, para a adequada

coordenação dos trabalhos, a aplicação do método de desenvolvimento de capacidades do Comitê de

Capacitação Regional da Olacefs, o qual foi testado recentemente pela Organização das Entidades

Fiscalizadoras Superiores do Mercosul e Associados (EFSUL) e que preleciona que os países que

participam de auditoria coordenada se integrem a treinamentos (virtual e presencial) sobre técnicas de

auditoria e sobre o tema a ser investigado.

10. Caso aprovado, o trabalho deverá ser presidido pelo Ministro-Substituto Weder de Oliveira,

relator da Lista de Unidades Jurisdicionadas que abriga o Ministério do Meio Ambiente e entidades

vinculadas, e, se possível, organizado desde já pela Segecex, com a coordenação a cargo da 8ª Secex,

podendo envolver outras secretarias do Tribunal.

11. Ressalto que dados mais detalhados da proposta deverão ser desenvolvidos e apresentados

pela equipe responsável pelo levantamento da auditoria, inclusive com a proposta de criação de um

projeto específico. Importa destacar que a presente proposta resultará em um legado a ser oferecido

pela Corte de Contas Brasileira aos órgãos fiscalizadores participantes de auditoria e,

consequentemente, à sociedade.

Essa é a proposto que faço a Vossas Excelências.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

AUGUSTO NARDES

Ministro

ANEXO II DA ATA Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2012

(Sessão Ordinária do Plenário)

MEDIDAS CAUTELARES

Comunicações sobre despachos exarados pelo Ministro Raimundo Carreiro..

COMUNICAÇÃO AO PLENÁRIO

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Senhor Presidente,

Senhores Ministros,

Senhor Representante do Ministério Público,

Comunico a este Colegiado que em 21/8/2012 proferi Decisão nos autos do TC 013.842/2012-

9, que versa sobre Representação, concedendo medida cautelar destinada à imediata suspensão do

Pregão Eletrônico para Registro de Preços nº 29/2011-SRP, no que se refere ao item 3 (Solução de

análise estatística e mineração de dados estruturados), sob a responsabilidade da Coordenação-Geral

de Logística da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração da Secretaria Executiva

do Ministério da Justiça (Copli/CGL/Spoa/SE/MJ), até que esta Corte decida sobre o mérito do

processo.

2. Na mesma oportunidade, determinei, com fulcro no art. 276, § 3º, do RI/TCU, que fosse

realizada a oitiva do órgão, para manifestar-se, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os indícios de

irregularidades noticiados.

3. Destaco que foram atendidos os requisitos básicos para a concessão da Medida Cautelar. O

fumus boni juris restou caracterizado pelo fato de que a Coordenação de Contabilidade

(CCONT/DPROG/SE/MJ) e a Coordenação de Procedimentos Licitatórios (Copli/CGL/Spoa/SE/MJ)

desvincularam-se irregularmente do instrumento convocatório, ao não aplicarem a alternativa – aos

índices de solvência e de liquidez – de comprovação de capital social mínimo em valor correspondente

a 10% do valor estimado para a contratação, apurado no último exercício social, conforme estabelecido

na alínea “c” do item 13.4.3.1. do Edital de Pregão Eletrônico 29/2011-SRP e requerido pela

Representante em recurso durante o processo licitatório.

4. O periculum in mora apresenta-se em face da iminência da adjudicação e assinatura do

contrato, tendo em vista que a homologação da licitação ocorreu em 15/5/2012. Registro que não

restou configurado o periculum in mora ao reverso.

5. Foi determinado, então, o envio dos autos à Secex-8, para a adoção das medidas a seu turno.

6. Desse modo, submeto a referida Decisão, que acompanha esta comunicação, à apreciação

deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões em 22 de agosto de 2012.

RAIMUNDO CARREIRO

Ministro

TC 013.842/2012-9

Tipo: Representação (com pedido de medida cautelar)

Unidade Jurisdicionada: Secretaria Executiva – Ministério da Justiça (SE/MJ)

Assunto: item 3 do Pregão Eletrônico 29/2011-SRP (processo 08005.000741/2011-13).

Representante: SAS Institute Brasil Ltda.,

CNPJ/MF: 01.127.357/0001-06

DECISÃO

Trata-se de representação (peça 1, p. 1-5) a respeito de possível irregularidade ocorrida na

Coordenação de Procedimentos Licitatórios – Coordenação-Geral de Logística da Subsecretaria de

Planejamento, Orçamento e Administração da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça

(Copli/CGL/Spoa/SE/MJ), formulada pela licitante SAS Institute Brasil Ltda., relacionada à fase de

habilitação do Pregão Eletrônico para Registro de Preços 29/2011-SRP (para aquisição de soluções de

software, item “3”: Solução de análise estatística e mineração de dados estruturados), quando o

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Pregoeiro e a Autoridade Homologadora, ao inabilitarem a Representante por “...índices econômicos

abaixo do mínimo exigido...” (peça 1, p. 14), teriam deixado de aplicar a alínea “c” da cláusula

13.4.3.1. do Edital (peça 1, p. 37-38).

2. Por meio da instrução à peça 9, de 5/6/2012, a unidade técnica entendeu estarem presentes os

requisitos necessários à adoção da medida prevista no art. 276 do RI/TCU, concluindo pela

necessidade de suspensão cautelar do certame.

3. Por meio do Despacho de 8/6/2012 (peça 12) entendi ser mais prudente realizar a oitiva

prévia da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça, para que prestasse os esclarecimentos

necessários ao deslinde da questão.

4. Ressalto que não houve apuração de qualquer indício de má-fé, seja das licitantes, seja do

corpo técnico do órgão; ao contrário, considerando os elementos juntados aos autos, observa-se a boa-

fé e o zelo – talvez até em excesso – de parte dos servidores do Ministério da Justiça envolvidos no

pregão eletrônico em causa, assim como não se identificou risco de dano ao Erário.

5. As oitivas foram promovidas por meio dos Ofícios nº 424/2012-TCU/SECEX-8 e

nº 425/2012-TCU/SECEX-8, ambos datados de 12/6/2012 (peças 16 e 17). Em resposta, a CGL/MJ e a

empresa DMSS Software Ltda. apresentaram as informações e esclarecimentos constantes das peças

19 e 20-21, respectivamente

6. As análises das razões de justificativas, a seguir transcritas, constam da instrução à peça 37,

de 20/8/2012.

“EXAME TÉCNICO

1. Em resposta às oitivas promovidas por esta Secretaria, por meio dos Ofícios acima citados,

CGL/MJ e DMSS Software Ltda. apresentaram as informações e esclarecimentos constantes das peças

19 e 20-21, respectivamente.

2. Dada a similaridade dos argumentos apresentados por ambos, far-se-á a análise das

manifestações de maneira conjunta.

3. Em resumo e no que importa relatar, CGL/MJ e DMSS não inovam em seus arrazoados.

Reafirmam a tese de que a aferição do percentual mínimo de 10% do valor estimado para a

contratação – conforme reza a alínea “c” do item 13.4.3.1 do Edital 29/2011 – deve se dar

relativamente ao Patrimônio Líquido da representante. A SAS Institute Brasil Ltda. encerrou o

exercício de 2010 com Patrimônio Líquido negativo em R$ 7.627.417,60 (Peça 1, p. 141); assim,

qualquer que fosse o percentual mínimo ou valor do contrato, a empresa não satisfaria o requisito de

qualificação econômico-financeira ora debatido e, portanto, não há que se falar em qualquer

ilegalidade na conduta do pregoeiro, quando decidiu pela inabilitação da representante. Cita-se,

ademais, decisão judicial que caminhou nesse sentido (Mandado de Segurança 25513-

67.2012.4.01.3400 – JF/DF; Peça 21, p. 29-36).

4. Por medida de clareza, entende-se oportuno transcrever a íntegra do dispositivo editalício

que motiva a contenda administrativa trazida a esta Corte:

13 – DA HABILITAÇÃO

[...]

13.4 – O licitante deverá apresentar os documentos que demonstrem atendimento às exigências

de habilitação, que são os indicados a seguir:

[...]

13.4.3 — QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA

[...]

c) As empresas que apresentarem resultado igual ou menor do que um 01 (um) em qualquer

dos índices referidos acima, deverão comprovar que possuem capital mínimo ou patrimônio líquido

mínimo até 10% (dez por cento) do valor estimado para a contratação, ou superior, por meio de

Balanço Patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício, já exigíveis e apresentados na

forma da lei, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, de acordo com o

disposto no art. 31, §3° da Lei n° 8.666/1993; (destaques no original)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5. De início, aponte-se que o texto do edital, na forma como colacionado acima, requer das

licitantes a comprovação de que possuem capital ou patrimônio líquido correspondentes a, no

mínimo, 10% do valor estimado para contratação.

6. Vale ressaltar que o edital abriga-se em cláusula constante da Lei 8.666/1933, praticamente

reproduzindo-a, como se vê:

Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a:

[...]

§ 2o A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e serviços,

poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de

patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como dado

objetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de

garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.

§ 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o parágrafo anterior

não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação

ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a atualização

para esta data através de índices oficiais.

7. Não prospera, decerto, qualquer exegese que venha atribuir valor de equivalência à

conjunção “ou” inserta no texto. Tal assertiva apoia-se, justamente, no fato de que capital e

patrimônio líquido traduzem-se em coisas diversas diante da Ciência Contábil. O patrimônio líquido é

um grupo expresso do lado do Passivo no Balanço Patrimonial, representando as obrigações não

exigíveis da entidade, é dizer, compreende os recursos próprios da empresa. Por seu turno, a conta de

capital – desmembrada em subscrito e integralizado – é uma das rubricas que, agrupadas, compõe o

patrimônio líquido.

8. Ainda, no magistério de José E. Tavares Borba, in Direito Societário (12ª ed., Renovar,

2009, p. 68):

Verifica-se, por conseguinte, que o capital é um valor formal e estático, enquanto o patrimônio

é real e dinâmico. O capital não se modifica no dia-a-dia da empresa - a realidade não o afeta, pois se

trata de uma cifra contábil. O patrimônio encontra-se sujeito ao sucesso ou insucesso da sociedade,

crescendo na medida em que esta realize operações lucrativas, e reduzindo-se com os prejuízos que se

forem acumulando.

O patrimônio inicial da sociedade corresponde a mais ou menos o capital. Iniciadas as

atividades sociais, o patrimônio líquido tende a exceder o capital, se a sociedade acumular lucros, e a

inferiorizar-se, na hipótese de prejuízos.

9. Naturalmente, estão lei e edital a falar de duas grandezas diversas, consoante explicado,

exatamente porque na relação entre patrimônio líquido e capital, trata-se de continente e conteúdo,

grosso modo.

10. Destarte, a lei facultou à Administração exigir quaisquer entre as três possibilidades de

garantir ao adimplemento contratual: capital mínimo, patrimônio líquido mínimo ou uma das

modalidades de garantia previstas no seu art. 56, § 1º (caução, seguro-garantia ou fiança bancária).

Há, pois, margem de discricionariedade ao gestor que, diante do caso concreto, deve decidir pela

forma que melhor atenda aos anseios da Administração e, em última análise, ao interesse público.

Esse entendimento é, inclusive, objeto de súmula desta Corte, nestes termos:

SÚMULA Nº 275/2012

Para fins de qualificação econômico-financeira, a Administração pode exigir das licitantes, de

forma não cumulativa, capital social mínimo, patrimônio líquido mínimo ou garantias que assegurem

o adimplemento do contrato a ser celebrado, no caso de compras para entrega futura e de execução

de obras e serviços.

11. O Edital 29/2011 representa a vontade da Administração e a vincula a seus termos. De

fato, a discricionariedade facultada ao gestor exaure-se com a edição do instrumento regulador do

certame. Nesse sentido, a atenta leitura da alínea “c” retro permite constatar que a Administração, ao

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

utilizar a margem de manobra legalmente concedida, faculta ao licitante duas maneiras para que este

comprove que se qualifica economicamente a contratar com o poder público: a demonstração de

capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo.

12. O Balanço Patrimonial da empresa SAS Institute Brasil Ltda. (2010 – Peça 1, p. 141)

explicita uma capital social de R$ 38.057.568,00 – quantia claramente superior aos 10% do valor

estimado para a contratação, seja essa estimativa considerada no momento pré (R$ 60.298.070,50 –

Peça 1, p. 108) ou pós (R$ 10.730.000,00 – Peça 19, p. 50) realização da fase de lances e adjudicação

dos itens do pregão.

13. Não se desconhece, de outro lado, que a exigência cumulativa do percentual mínimo, tanto

em relação ao patrimônio líquido quanto ao capital social, tornaria mais robustas as garantias de que

a vencedora, de fato, cumpriria com os termos da avença celebrada junto à Administração. Tal

exigência, contudo, afrontaria o próprio edital e constituir-se-ia em excessivo ônus à contratante,

desautorizando a jurisprudência deste Tribunal, pacífica no sentido de que os reclames do edital

devem mostrar-se razoáveis, tendo em conta a dupla finalidade constitucional do processo licitatório:

obtenção da melhor proposta para a Administração e garantia da isonomia dos interessados em com

ela contratar (Acórdão 1.533-TCU-Plenário).

14. Portanto, a aferição do percentual mínimo apenas em relação ao patrimônio líquido,

refutando a mesma medição tendo como parâmetro o capital social, constitui-se em interpretação

restritiva e não autorizada do dispositivo editalício em questão, pelo que não pode subsistir. Tal

postura afronta, ainda, o princípio da legalidade (art. 3º da Lei 8.666/1993), por ferir o art. 41 do

mesmo diploma normativo (“A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital,

ao qual se acha estritamente vinculada”). Considerando tal remate, não merecem guarida os

argumentos da CGL/MJ e DMSS Software Ltda.

15. No que segue, com relação à decisão judicial que, debruçando-se sobre o mesmo conjunto

fático, restou desfavorável à representante, cumpre repisar que, tendo em vista a independência entre

as instâncias administrativa e judicial, autoriza-se o prosseguimento do presente feito, ratificando que

a decisão desta Corte não fica condicionada à resolução definitiva do caso pelo Poder Judiciário.

Especial relevo ganha tal assertiva considerando que as razões de decidir da Exma. Juíza Federal, na

oportunidade, foram análogas àquelas apresentadas pela CGL/MJ e DMSS Software Ltda.,

cuidadosamente aqui infirmadas pelos fundamentos acima postos.

16. Adere-se, por integral concordância, à indicação de existência de fumus boni iuris e

periculum in mora, bem como à ausência de periculum in mora ao reverso, constantes dos itens 30-35

da instrução preliminar (Peça 9, p. 6-8).

17. Acerca do atual estágio do processo licitatório, informa a CGL/MJ que “ainda não foi

encaminhado para formalização do contrato e tampouco foi emitida a competente nota de empenho”

(Peça 19, p. 7). Importa ressaltar, ainda, que o item 3 do certame foi homologado e adjudicado para a

DMSS Software Ltda. (interessada), que ofereceu, após negociação, proposta no valor unitário de R$

290.000,00 (perfazendo o total de R$ 10.730.000,00) – equivalente ao lance vencedor para o item,

ofertado pela SAS Institute Brasil Ltda. (representante).

18. Nesse diapasão, vislumbra-se que o prosseguimento do certame, mantida a condição de

inabilitada da representante, poderá ensejar prejuízos à CGL/MJ e a eventuais direitos subjetivos da

empresa representante, comprometendo a decisão de mérito que vier a ser proferida pelo Tribunal.

Por outro lado, verifica-se que a adoção da medida cautelar, na forma requerida pelo representante,

não configura qualquer tipo de risco à Administração ou a direitos subjetivos de terceiros.

19. Entretanto, considera-se que o feito está suficientemente instruído de modo a admitir o

oferecimento imediato de proposta de mérito, com suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276

do Regimento Interno do TCU. Assim, entende-se oportuno submeter o feito à decisão definitiva,

suprindo a eventual adoção da cautelar requerida no mesmo sentido.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

20. Consta da peça 34 requerimento de habilitação da Empresa Individual Geraldo Iraci do

Couto.

21. Alega a requerente que, por ocasião do Pregão 29/2011, foi vencedora de item diverso

daquele ao qual concorreu a SAS Institute Brasil Ltda. e, “embora o presente processo verse sobre

outro item, o pedido da Autora [...] recai e influencia o processo do Pregão como um todo, podendo

causar dados (sic) irreparáveis à REQUERENTE”.

22. Conforme peça 1, p. 5, o pedido da representante cinge-se à que “seja determinado ao

Pregoeiro do Ministério da Justiça que torne sem efeito a inabilitação da Representante, no Pregão nº

29/2011, retomando-se a licitação a partir desta fase”.

23. Entende-se, contudo, desnecessária a participação processual da requerente nestes autos,

dado que a decisão a ser adotada, nos termos do proposto na instrução inicial e que aqui será

replicada, no mérito, restringe-se ao andamento do certame no que tange ao item 3, ao qual

concorreram a representante e a DMSS Software Ltda. entre outras.

CONCLUSÃO

24. Diante do exame levado a efeito na subseção anterior, conclui-se que os esclarecimentos

apresentados pela CGL/MJ e DMSS Software Ltda. não elidem a irregularidade apontada pela

representação (itens 8-18).

25. Assim sendo, presentes nos autos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora,

bem assim por não configurado o periculum in mora ao reverso, capaz de trazer prejuízos

significativos ao Ministério da Justiça ou a terceiros, oportunizar-se-ia a adoção do provimento

cautelar pleiteado. Contudo, deixa-se de propor tal medida por entender-se que o feito está

suficientemente instruído de modo a admitir o oferecimento imediato de proposta de mérito, com

suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276 do Regimento Interno do TCU (itens 20-23).

26. Contudo, desdobramento direto do posicionamento explicitado em informações adicionais,

mostra-se plausível que a decisão de mérito sugerida incida apenas sobre os procedimentos

relacionados à contratação do item 3, disputado pela representante (itens 23-26).

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

27. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:

a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos

nos arts. 237 e 235 do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la procedente;

b) determinar à Coordenação-Geral de Logística do Ministério da Justiça que torne sem efeito

a inabilitação da empresa SAS Institute Brasil Ltda., no âmbito do Pregão Eletrônico para Registro de

Preços 29/2011, retomando a partir daquela fase, estritamente no que tange ao item 3 (Solução de

análise estatística e mineração de dados estruturados), o referido processo licitatório (fundamento

legal: Lei 8.666, art. 31, § 2º e Súmula TCU 275);

c) indeferir o pedido de ingresso nos autos, na condição de interessada, da Empresa Individual

Geraldo Iraci do Couto;

d) encaminhar cópia do acórdão, voto e relatório que o fundamentaram à Coordenação-Geral

de Logística do Ministério da Justiça e às empresas DMSS Software Ltda., SAS Institute Brasil Ltda e

Geraldo Iraci do Couto.”

***

7. Feitos esses apontamentos, passo a decidir.

8. Como visto, a análise procedida pela unidade técnica logrou demonstrar estarem presentes

nos autos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, bem assim por não restar

configurado o periculum in mora ao reverso, capaz de trazer prejuízos significativos ao Ministério da

Justiça ou a terceiros. Contudo, a Secex-8 deixou, nesta fase, de propor a adoção da medida cautelar

por entender que o feito está suficientemente instruído de modo a admitir o oferecimento imediato de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

proposta de mérito, com suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276 do Regimento Interno do

TCU.

9. De fato, concordo que o feito está pronto a ser levado à apreciação do Tribunal. Entretanto,

tendo em vista os prazos e os procedimentos administrativos necessários para pautar o presente

processo e considerando, ainda, a iminência da assinatura do contrato, decido:

9.1. suspender, cautelarmente, nos termos do art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU, o

Pregão Eletrônico para Registro de Preços nº 29/2011-SRP, no que se refere ao item 3 (Solução de

análise estatística e mineração de dados estruturados), até que esta Corte decida sobre o mérito do

presente processo.

9.2. determinar, nos termos do art. 276, § 3.º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da

Coordenação-Geral de Logística da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração da

Secretaria Executiva do Ministério da Justiça (CGL/Spoa/SE/MJ), para, no prazo de até quinze dias da

ciência da comunicação da medida cautelar, apresentar elementos adicionais, caso entenda necessário;

9.3. indeferir o pedido de ingresso nos autos, na condição de interessada, da Empresa

Individual Geraldo Iraci do Couto;

9.4. encaminhar cópia desta Decisão, bem como da instrução à peça 37, à Coordenação-Geral

de Logística do Ministério da Justiça e às empresas DMSS Software Ltda., SAS Institute Brasil Ltda e

Geraldo Iraci do Couto;

9.5. determinar à Secex-8 que após adotar as medidas necessárias ao cumprimento desta

Decisão, retorne os autos a este Gabinete para o exame de mérito.

10. À Secex-8, com a urgência que a matéria demanda.

Brasília, 21 de agosto de 2012.

(Assinado Eletronicamente)

RAIMUNDO CARREIRO

Relator

TC 013.842/2012-9

Tipo: Representação (com pedido de medida cautelar)

Unidade Jurisdicionada: Secretaria Executiva – Ministério da Justiça (SE/MJ)

Assunto: item 3 do Pregão Eletrônico 29/2011-SRP (processo 08005.000741/2011-13).

Representante: SAS Institute Brasil Ltda.,

CNPJ/MF: 01.127.357/0001-06

DECISÃO

Trata-se de representação (peça 1, p. 1-5) a respeito de possível irregularidade ocorrida na

Coordenação de Procedimentos Licitatórios – Coordenação-Geral de Logística da Subsecretaria de

Planejamento, Orçamento e Administração da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça

(Copli/CGL/Spoa/SE/MJ), formulada pela licitante SAS Institute Brasil Ltda., relacionada à fase de

habilitação do Pregão Eletrônico para Registro de Preços 29/2011-SRP (para aquisição de soluções de

software, item “3”: Solução de análise estatística e mineração de dados estruturados), quando o

Pregoeiro e a Autoridade Homologadora, ao inabilitarem a Representante por “...índices econômicos

abaixo do mínimo exigido...” (peça 1, p. 14), teriam deixado de aplicar a alínea “c” da cláusula

13.4.3.1. do Edital (peça 1, p. 37-38).

2. Por meio da instrução à peça 9, de 5/6/2012, a unidade técnica entendeu estarem presentes os

requisitos necessários à adoção da medida prevista no art. 276 do RI/TCU, concluindo pela

necessidade de suspensão cautelar do certame.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Por meio do Despacho de 8/6/2012 (peça 12) entendi ser mais prudente realizar a oitiva

prévia da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça, para que prestasse os esclarecimentos

necessários ao deslinde da questão.

4. Ressalto que não houve apuração de qualquer indício de má-fé, seja das licitantes, seja do

corpo técnico do órgão; ao contrário, considerando os elementos juntados aos autos, observa-se a boa-

fé e o zelo – talvez até em excesso – de parte dos servidores do Ministério da Justiça envolvidos no

pregão eletrônico em causa, assim como não se identificou risco de dano ao Erário.

5. As oitivas foram promovidas por meio dos Ofícios nº 424/2012-TCU/SECEX-8 e

nº 425/2012-TCU/SECEX-8, ambos datados de 12/6/2012 (peças 16 e 17). Em resposta, a CGL/MJ e a

empresa DMSS Software Ltda. apresentaram as informações e esclarecimentos constantes das peças

19 e 20-21, respectivamente

6. As análises das razões de justificativas, a seguir transcritas, constam da instrução à peça 37,

de 20/8/2012.

“EXAME TÉCNICO

28. Em resposta às oitivas promovidas por esta Secretaria, por meio dos Ofícios acima

citados, CGL/MJ e DMSS Software Ltda. apresentaram as informações e esclarecimentos constantes

das peças 19 e 20-21, respectivamente.

29. Dada a similaridade dos argumentos apresentados por ambos, far-se-á a análise das

manifestações de maneira conjunta.

30. Em resumo e no que importa relatar, CGL/MJ e DMSS não inovam em seus arrazoados.

Reafirmam a tese de que a aferição do percentual mínimo de 10% do valor estimado para a

contratação – conforme reza a alínea “c” do item 13.4.3.1 do Edital 29/2011 – deve se dar

relativamente ao Patrimônio Líquido da representante. A SAS Institute Brasil Ltda. encerrou o

exercício de 2010 com Patrimônio Líquido negativo em R$ 7.627.417,60 (Peça 1, p. 141); assim,

qualquer que fosse o percentual mínimo ou valor do contrato, a empresa não satisfaria o requisito de

qualificação econômico-financeira ora debatido e, portanto, não há que se falar em qualquer

ilegalidade na conduta do pregoeiro, quando decidiu pela inabilitação da representante. Cita-se,

ademais, decisão judicial que caminhou nesse sentido (Mandado de Segurança 25513-

67.2012.4.01.3400 – JF/DF; Peça 21, p. 29-36).

31. Por medida de clareza, entende-se oportuno transcrever a íntegra do dispositivo editalício

que motiva a contenda administrativa trazida a esta Corte:

13 – DA HABILITAÇÃO

[...]

13.4 – O licitante deverá apresentar os documentos que demonstrem atendimento às exigências

de habilitação, que são os indicados a seguir:

[...]

13.4.3 — QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA

[...]

c) As empresas que apresentarem resultado igual ou menor do que um 01 (um) em qualquer

dos índices referidos acima, deverão comprovar que possuem capital mínimo ou patrimônio líquido

mínimo até 10% (dez por cento) do valor estimado para a contratação, ou superior, por meio de

Balanço Patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício, já exigíveis e apresentados na

forma da lei, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, de acordo com o

disposto no art. 31, §3° da Lei n° 8.666/1993; (destaques no original)

32. De início, aponte-se que o texto do edital, na forma como colacionado acima, requer das

licitantes a comprovação de que possuem capital ou patrimônio líquido correspondentes a, no

mínimo, 10% do valor estimado para contratação.

33. Vale ressaltar que o edital abriga-se em cláusula constante da Lei 8.666/1933,

praticamente reproduzindo-a, como se vê:

Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

[...]

§ 2o A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e serviços,

poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de

patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como dado

objetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de

garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.

§ 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o parágrafo anterior

não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação

ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a atualização

para esta data através de índices oficiais.

34. Não prospera, decerto, qualquer exegese que venha atribuir valor de equivalência à

conjunção “ou” inserta no texto. Tal assertiva apoia-se, justamente, no fato de que capital e

patrimônio líquido traduzem-se em coisas diversas diante da Ciência Contábil. O patrimônio líquido é

um grupo expresso do lado do Passivo no Balanço Patrimonial, representando as obrigações não

exigíveis da entidade, é dizer, compreende os recursos próprios da empresa. Por seu turno, a conta de

capital – desmembrada em subscrito e integralizado – é uma das rubricas que, agrupadas, compõe o

patrimônio líquido.

35. Ainda, no magistério de José E. Tavares Borba, in Direito Societário (12ª ed., Renovar,

2009, p. 68):

Verifica-se, por conseguinte, que o capital é um valor formal e estático, enquanto o patrimônio

é real e dinâmico. O capital não se modifica no dia-a-dia da empresa - a realidade não o afeta, pois se

trata de uma cifra contábil. O patrimônio encontra-se sujeito ao sucesso ou insucesso da sociedade,

crescendo na medida em que esta realize operações lucrativas, e reduzindo-se com os prejuízos que se

forem acumulando.

O patrimônio inicial da sociedade corresponde a mais ou menos o capital. Iniciadas as

atividades sociais, o patrimônio líquido tende a exceder o capital, se a sociedade acumular lucros, e a

inferiorizar-se, na hipótese de prejuízos.

36. Naturalmente, estão lei e edital a falar de duas grandezas diversas, consoante explicado,

exatamente porque na relação entre patrimônio líquido e capital, trata-se de continente e conteúdo,

grosso modo.

37. Destarte, a lei facultou à Administração exigir quaisquer entre as três possibilidades de

garantir ao adimplemento contratual: capital mínimo, patrimônio líquido mínimo ou uma das

modalidades de garantia previstas no seu art. 56, § 1º (caução, seguro-garantia ou fiança bancária).

Há, pois, margem de discricionariedade ao gestor que, diante do caso concreto, deve decidir pela

forma que melhor atenda aos anseios da Administração e, em última análise, ao interesse público.

Esse entendimento é, inclusive, objeto de súmula desta Corte, nestes termos:

SÚMULA Nº 275/2012

Para fins de qualificação econômico-financeira, a Administração pode exigir das licitantes, de

forma não cumulativa, capital social mínimo, patrimônio líquido mínimo ou garantias que assegurem

o adimplemento do contrato a ser celebrado, no caso de compras para entrega futura e de execução

de obras e serviços.

38. O Edital 29/2011 representa a vontade da Administração e a vincula a seus termos. De

fato, a discricionariedade facultada ao gestor exaure-se com a edição do instrumento regulador do

certame. Nesse sentido, a atenta leitura da alínea “c” retro permite constatar que a Administração, ao

utilizar a margem de manobra legalmente concedida, faculta ao licitante duas maneiras para que este

comprove que se qualifica economicamente a contratar com o poder público: a demonstração de

capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo.

39. O Balanço Patrimonial da empresa SAS Institute Brasil Ltda. (2010 – Peça 1, p. 141)

explicita uma capital social de R$ 38.057.568,00 – quantia claramente superior aos 10% do valor

estimado para a contratação, seja essa estimativa considerada no momento pré (R$ 60.298.070,50 –

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Peça 1, p. 108) ou pós (R$ 10.730.000,00 – Peça 19, p. 50) realização da fase de lances e adjudicação

dos itens do pregão.

40. Não se desconhece, de outro lado, que a exigência cumulativa do percentual mínimo, tanto

em relação ao patrimônio líquido quanto ao capital social, tornaria mais robustas as garantias de que

a vencedora, de fato, cumpriria com os termos da avença celebrada junto à Administração. Tal

exigência, contudo, afrontaria o próprio edital e constituir-se-ia em excessivo ônus à contratante,

desautorizando a jurisprudência deste Tribunal, pacífica no sentido de que os reclames do edital

devem mostrar-se razoáveis, tendo em conta a dupla finalidade constitucional do processo licitatório:

obtenção da melhor proposta para a Administração e garantia da isonomia dos interessados em com

ela contratar (Acórdão 1.533-TCU-Plenário).

41. Portanto, a aferição do percentual mínimo apenas em relação ao patrimônio líquido,

refutando a mesma medição tendo como parâmetro o capital social, constitui-se em interpretação

restritiva e não autorizada do dispositivo editalício em questão, pelo que não pode subsistir. Tal

postura afronta, ainda, o princípio da legalidade (art. 3º da Lei 8.666/1993), por ferir o art. 41 do

mesmo diploma normativo (“A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital,

ao qual se acha estritamente vinculada”). Considerando tal remate, não merecem guarida os

argumentos da CGL/MJ e DMSS Software Ltda.

42. No que segue, com relação à decisão judicial que, debruçando-se sobre o mesmo conjunto

fático, restou desfavorável à representante, cumpre repisar que, tendo em vista a independência entre

as instâncias administrativa e judicial, autoriza-se o prosseguimento do presente feito, ratificando que

a decisão desta Corte não fica condicionada à resolução definitiva do caso pelo Poder Judiciário.

Especial relevo ganha tal assertiva considerando que as razões de decidir da Exma. Juíza Federal, na

oportunidade, foram análogas àquelas apresentadas pela CGL/MJ e DMSS Software Ltda.,

cuidadosamente aqui infirmadas pelos fundamentos acima postos.

43. Adere-se, por integral concordância, à indicação de existência de fumus boni iuris e

periculum in mora, bem como à ausência de periculum in mora ao reverso, constantes dos itens 30-35

da instrução preliminar (Peça 9, p. 6-8).

44. Acerca do atual estágio do processo licitatório, informa a CGL/MJ que “ainda não foi

encaminhado para formalização do contrato e tampouco foi emitida a competente nota de empenho”

(Peça 19, p. 7). Importa ressaltar, ainda, que o item 3 do certame foi homologado e adjudicado para a

DMSS Software Ltda. (interessada), que ofereceu, após negociação, proposta no valor unitário de R$

290.000,00 (perfazendo o total de R$ 10.730.000,00) – equivalente ao lance vencedor para o item,

ofertado pela SAS Institute Brasil Ltda. (representante).

45. Nesse diapasão, vislumbra-se que o prosseguimento do certame, mantida a condição de

inabilitada da representante, poderá ensejar prejuízos à CGL/MJ e a eventuais direitos subjetivos da

empresa representante, comprometendo a decisão de mérito que vier a ser proferida pelo Tribunal.

Por outro lado, verifica-se que a adoção da medida cautelar, na forma requerida pelo representante,

não configura qualquer tipo de risco à Administração ou a direitos subjetivos de terceiros.

46. Entretanto, considera-se que o feito está suficientemente instruído de modo a admitir o

oferecimento imediato de proposta de mérito, com suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276

do Regimento Interno do TCU. Assim, entende-se oportuno submeter o feito à decisão definitiva,

suprindo a eventual adoção da cautelar requerida no mesmo sentido.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

47. Consta da peça 34 requerimento de habilitação da Empresa Individual Geraldo Iraci do

Couto.

48. Alega a requerente que, por ocasião do Pregão 29/2011, foi vencedora de item diverso

daquele ao qual concorreu a SAS Institute Brasil Ltda. e, “embora o presente processo verse sobre

outro item, o pedido da Autora [...] recai e influencia o processo do Pregão como um todo, podendo

causar dados (sic) irreparáveis à REQUERENTE”.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

49. Conforme peça 1, p. 5, o pedido da representante cinge-se à que “seja determinado ao

Pregoeiro do Ministério da Justiça que torne sem efeito a inabilitação da Representante, no Pregão nº

29/2011, retomando-se a licitação a partir desta fase”.

50. Entende-se, contudo, desnecessária a participação processual da requerente nestes autos,

dado que a decisão a ser adotada, nos termos do proposto na instrução inicial e que aqui será

replicada, no mérito, restringe-se ao andamento do certame no que tange ao item 3, ao qual

concorreram a representante e a DMSS Software Ltda. entre outras.

CONCLUSÃO

51. Diante do exame levado a efeito na subseção anterior, conclui-se que os esclarecimentos

apresentados pela CGL/MJ e DMSS Software Ltda. não elidem a irregularidade apontada pela

representação (itens 8-18).

52. Assim sendo, presentes nos autos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora,

bem assim por não configurado o periculum in mora ao reverso, capaz de trazer prejuízos

significativos ao Ministério da Justiça ou a terceiros, oportunizar-se-ia a adoção do provimento

cautelar pleiteado. Contudo, deixa-se de propor tal medida por entender-se que o feito está

suficientemente instruído de modo a admitir o oferecimento imediato de proposta de mérito, com

suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276 do Regimento Interno do TCU (itens 20-23).

53. Contudo, desdobramento direto do posicionamento explicitado em informações adicionais,

mostra-se plausível que a decisão de mérito sugerida incida apenas sobre os procedimentos

relacionados à contratação do item 3, disputado pela representante (itens 23-26).

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

54. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:

a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos

nos arts. 237 e 235 do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la procedente;

b) determinar à Coordenação-Geral de Logística do Ministério da Justiça que torne sem efeito

a inabilitação da empresa SAS Institute Brasil Ltda., no âmbito do Pregão Eletrônico para Registro de

Preços 29/2011, retomando a partir daquela fase, estritamente no que tange ao item 3 (Solução de

análise estatística e mineração de dados estruturados), o referido processo licitatório (fundamento

legal: Lei 8.666, art. 31, § 2º e Súmula TCU 275);

c) indeferir o pedido de ingresso nos autos, na condição de interessada, da Empresa Individual

Geraldo Iraci do Couto;

d) encaminhar cópia do acórdão, voto e relatório que o fundamentaram à Coordenação-Geral

de Logística do Ministério da Justiça e às empresas DMSS Software Ltda., SAS Institute Brasil Ltda e

Geraldo Iraci do Couto.”

***

7. Feitos esses apontamentos, passo a decidir.

8. Como visto, a análise procedida pela unidade técnica logrou demonstrar estarem presentes

nos autos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, bem assim por não restar

configurado o periculum in mora ao reverso, capaz de trazer prejuízos significativos ao Ministério da

Justiça ou a terceiros. Contudo, a Secex-8 deixou, nesta fase, de propor a adoção da medida cautelar

por entender que o feito está suficientemente instruído de modo a admitir o oferecimento imediato de

proposta de mérito, com suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276 do Regimento Interno do

TCU.

9. De fato, concordo que o feito está pronto a ser levado à apreciação do Tribunal. Entretanto,

tendo em vista os prazos e os procedimentos administrativos necessários para pautar o presente

processo e considerando, ainda, a iminência da assinatura do contrato, decido:

9.1. suspender, cautelarmente, nos termos do art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU, o

Pregão Eletrônico para Registro de Preços nº 29/2011-SRP, no que se refere ao item 3 (Solução de

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83

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

análise estatística e mineração de dados estruturados), até que esta Corte decida sobre o mérito do

presente processo.

9.2. determinar, nos termos do art. 276, § 3.º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da

Coordenação-Geral de Logística da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração da

Secretaria Executiva do Ministério da Justiça (CGL/Spoa/SE/MJ), para, no prazo de até quinze dias da

ciência da comunicação da medida cautelar, apresentar elementos adicionais, caso entenda necessário;

9.3. indeferir o pedido de ingresso nos autos, na condição de interessada, da Empresa

Individual Geraldo Iraci do Couto;

9.4. encaminhar cópia desta Decisão, bem como da instrução à peça 37, à Coordenação-Geral

de Logística do Ministério da Justiça e às empresas DMSS Software Ltda., SAS Institute Brasil Ltda e

Geraldo Iraci do Couto;

9.5. determinar à Secex-8 que após adotar as medidas necessárias ao cumprimento desta

Decisão, retorne os autos a este Gabinete para o exame de mérito.

10. À Secex-8, com a urgência que a matéria demanda.

Brasília, 21 de agosto de 2012.

(Assinado Eletronicamente)

RAIMUNDO CARREIRO

Relator

COMUNICAÇÃO

Senhor Presidente,

Senhores Ministros,

Senhor Procurador-Geral

Comunico a V.Exªs que exarei decisão em processo de representação formulada pela empresa

Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda., com pedido de medida cautelar, tendo como objeto

irregularidade no Pregão Eletrônico n.º 007/2012, promovida pelo Conselho Administrativo de Defesa

Econômica (Cade) para a contratação de empresa especializada na prestação de serviço de locação de

veículos automotores, com fornecimento de mão de obra especializada na condução dos referidos

veículos, no valor mensal de R$ 14.271,82, serviço a ser executado pelo prazo de doze meses.

Verificaram-se os seguintes fatos reputados irregulares, configurando a presença do fumus

boni júris:

a ausência, no termo de referência, da especificação da convenção coletiva de trabalho,

sentença normativa ou acordo coletivo que deveria fundamentar a elaboração das propostas, em

afronta ao art. 9º, § 2º, do Decreto n.º 5.450, de 2005;

a omissão quanto a solicitar do licitante interessado que demonstrasse a adequação da

convenção coletiva de trabalho considerada para a formulação de sua proposta;

o indeferimento sumário da intenção de recurso impetrado pela representa, contrariando a

jurisprudência dominante deste Tribunal e ferindo o art. 4º, inciso XVIII, da Lei n.º 10.520, de 2002 e

o art. 26 do Decreto nº 5.450, de 2005;

a estimativa de preços expressivamente superiores aos valores adotados em contratos

anteriores, notadamente os de número 016/2009 e 027/2010.

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84

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Entendi que estava caracterizado também o periculum in mora, tendo em vista a possibilidade

de que outros órgãos ou entidades públicas aderissem à ata do pregão, o que comprometeria a eficácia

de posterior decisão de mérito que viesse a ser proferida pelo Tribunal.

Portanto, entre outras medidas, determinei cautelarmente que o Cade, na qualidade de

gerenciador da ata de registro de preços derivada do Pregão Eletrônico n.º 007/2012, abstivesse-se de

autorizar a adesão de quaisquer órgãos e entidades da administração pública na referida ata até que o

Tribunal se decidisse sobre o mérito das questões suscitadas neste processo de representação, nos

termos do § 3º do art. 276 do Regimento Interno.

Diante do exposto, submeto a este Colegiado a adoção da referida medida cautelar.

Brasília - DF, 22 de agosto de 2012.

RAIMUNDO CARREIRO

Ministro-Relator

TC 022.991/2012-3

Natureza: Representação.

Entidade: Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)

Interessados: Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ n.º 06.320.095/0001-07);

GMC-Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ n.º 07.186.022/0001-37)

Assunto: Medida cautelar

DECISÃO

Tratam os autos de Representação, à peça 1, formulada pela empresa Unique Rent a Car

Locadora de Veículos Ltda.., com fundamento no art. 113, § 1º, da Lei n.º 8.666, de 1993, acerca de

possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico n.º 007/2012, promovido pelo Conselho Administrativo

de Defesa Econômica (Cade).

2. O objeto da licitação é a contratação de empresa especializada na prestação de serviço de

locação de veículos automotores, com fornecimento de mão de obra especializada na condução dos

referidos veículos.

3. A representante insurge-se contra irregularidades na condução da licitação e requer a adoção

de medida cautelar inaudita altera pars que: i) suspenda o ato que a desclassificou, o qual reputa

ilegal, posto que o pregoeiro se teria baseado na utilização de critérios de julgamento não previstos no

edital e sequer aplicáveis à espécie; ii) determine a continuidade da participação da interessada no

certame, a partir da sua desclassificação, e a suspensão de todos os atos administrativos posteriores à

ilegalidade; iii) alternativamente, garanta o direito da interessada em apresentar recurso. Requer ainda

que seja julgada procedente a representação, confirmando a medida liminar, a fim de anular o ato

ilegal que desclassificou a interessada com critérios de julgamento, no entender da representante, não

previstos no edital e sequer aplicáveis à espécie, e, por fim, a anulação de todos os atos administrativos

subsequentes à ilegalidade apontada.

4. Em síntese, apresenta os seguintes argumentos como fundamento de seu pedido: i) o

julgamento não teria sido objetivo, pois os termos do edital não teriam sido respeitados – constava que

os licitantes indicariam qual convenção coletiva de trabalho (CCT) seria adotada como parâmetro para

o cálculo dos custos da empresa com mão de obra, mas o pregoeiro teria fugido a esta regra ao definir,

durante o certame, qual convenção deveria ser considerada; ii) a CCT adotada não se referiria à

categoria econômica da qual a impetrante faz parte, sendo que esta seria a entidade legítima para

firmar convenção com a entidade representante dos motoristas, que seria o Sindicato dos Empregados

do Comércio do DF, de acordo com o art. 611 da CLT e com a Sumula n.º 347 do TST; iii) o pregoeiro

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

teria julgado o mérito do recurso que o representante interpôs sobre sua decisão, sendo que lhe cabia

avaliar apenas a existência dos pressupostos recursais; iv) teria havido grave lesão ao erário, “vez que

ao desclassificar a licitante, a Administração Pública será compelida mais pela contratação”(sic); v)

estaria presente o periculum in mora, representado pela iminência da assinatura do contrato por preço

maior que o ofertado pela recorrente.

5. Ao analisar a matéria, a o auditor responsável pela instrução do processo apresentou a

seguinte análise:

EXAME DE ADMISSIBILIDADE

2. A representação possui os requisitos de admissibilidade, uma vez que a Unique Rent a Car

Locadora de Veículos Ltda. possui legitimidade para tanto, conforme art. 113, § 1º, da Lei 8.666, de

21 de junho de 1993, c/c art. 237, VII, do RITCU, e os requisitos exigidos no art. 235 do RITCU

encontram-se presentes nas peças 1 e 2.

EXAME TÉCNICO

3. Alegações e pedidos da representante

3.1. A representante insurge-se contra o pregão para registro de preços n. 007/2012,

promovido pelo CADE, alegando, em síntese, a ocorrência de: a) violação ao princípio da vinculação

ao instrumento convocatório; b) aplicação de convenção coletiva de trabalho (CCT) de categoria

econômica da qual a impetrante não faz parte; e c) indeferimento sumário, pelo pregoeiro, do recurso

interposto pela representante contra sua desclassificação.

3.2. A violação ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório teria ocorrido quando,

após o início da fase de lances, o pregoeiro, em virtude de diligência por ele empreendida, definiu a

CCT do Seac/Sitratter como base para os licitantes elaborarem suas propostas, a despeito do

instrumento convocatório não fixar qualquer convenção coletiva nesse sentido, pelo contrário, dispor

em seu item 5.5.2 que caberia aos licitantes indicarem a qual CCT estariam sujeitas as categorias

profissionais vinculadas à execução do serviço.

3.3. Após a fixação da CCT do Seac/Sitratter, e ainda durante o certame, a representante foi

convocada pelo pregoeiro para apresentar, no prazo de duas horas, nova proposta de preços e nova

planilha de formação de custos e preços (peça 2, p. 29), devidamente ajustadas aos valores daquele

ato normativo (CCT do Seac/Sitratter), ajuste esse que, na opinião da representante, teria lhe

sujeitado à CCT de categoria econômica diversa da sua, infringindo-se, assim, o art. 611 da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), bem como a Súmula n. 374 do Colendo Tribunal Superior

do Trabalho (TST).

3.4. Além disso, a fixação da CCT do Seac/Sitratter, após o início da fase de lances, e o não

atendimento das exigências do pregoeiro, referentes aos ajustes impostos, teriam acarretado sua

desclassificação do pregão, fato que lhe motivou apresentar intenção de recurso, conforme

disposições da Lei n. 10.520, de 17 de julho de 2002, tendo sido, porém, sumariamente rejeitada tal

intenção.

3.5. Assim, sustentada por esses argumentos, a representante pede que seja concedida medida

cautelar para suspender o ato de sua desclassificação, ou, alternativamente, que lhe seja garantido o

direito de apresentar recurso, suspendendo todos os atos administrativos, e, por fim, que a presente

representação seja julgada procedente.

4. Análise

4.1. Violação ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório

4.1.1. O pregão eletrônico para registro de preços n. 007/2012, promovido pelo CADE, tem

como objeto a contratação de empresa especializada na prestação de serviço de locação de veículos

automotor, com fornecimento de mão de obra especializada (motorista) na condução dos referidos

veículos, para transporte de pessoal, documentos e pequenas cargas, conforme pode ser verificado no

item 1.1 do edital acostado à peça n. 2, p. 47.

4.1.2. De fato, como alegado pela representante, o referido edital não fixa expressamente

qualquer CCT a ser adotada pelos licitantes para elaboração das propostas, dispondo em seu item

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5.5.2 (peça 2, p. 48) que: “A proposta do licitante deverá indicar expressamente o acordo coletivo de

trabalho, a convenção coletiva de trabalho ou a sentença normativa que rege as categorias

profissionais vinculadas à execução do serviço, bem como as respectivas datas-bases e vigências;”.

4.1.3. Contudo, é necessário frisar que apesar de inexistir menção expressa sobre qual CCT,

sentença normativa ou acordo coletivo devesse ser adotado pelos licitantes, o contexto do edital

permite deduzir, indiretamente, que esses atos só poderiam ser os relativos à categoria profissional

dos motoristas, como pode ser visto, por exemplo, no item 1.1 do edital, o qual deixa claro que a mão

de obra em questão é a de motorista (peça 2, p. 47), ou na planilha resumo total, onde também consta

como valor referente à mão de obra a dos motoristas (peça 2, p. 74).

4.1.4. Assim, entende-se que o referido dispositivo editalício não pretendeu permitir que os

licitantes indicassem qualquer categoria profissional, mas sim regular que esses (os licitantes)

apontassem, em cada item licitado (foram três os itens licitados – veículos de categoria I, II e III), a

categoria do motorista em questão, ou seja, motoristas executivos (categoria I) e motoristas de carros

leves (categorias II e III). (a respeito v. peça 3, p. 63-76, por exemplo)

4.1.5 Durante o certame, surgiram dúvidas sobre qual CCT poderia ou deveria ser utilizada

para o cálculo do custo da mão de obra, tendo em vista que a CCT apresentada pela representante –

correspondente à firmada entre o Sindicato dos empregados no comércio do Distrito Federal e o

Sindicato das Empresas Locadoras de Veículos Automotores do Distrito Federal – aparentemente

poderia ser utilizada (peça 2, p. 33) para tanto, bem como a CCT do Seac/Sitratter.

4.1.6. Tal dúvida foi objeto de diligência do pregoeiro e de manifestação dos procuradores do

CADE (peça 4, p. 120-121), que se manifestaram pela aparente possibilidade de adoção das duas

CCT, opinando, contudo, pela Adoção da CCT do Seac/Sitratter, sem deixar de sugerir a realização

de diligência junto ao licitante interessado, no sentido de que esse demonstrasse a legitimidade do

Sindicato dos empregados no comércio do Distrito Federal (Sindicom-DF) para representar os

motoristas a serem empregados no serviço licitado.

4.1.7. Essa última diligência, se tivesse sido promovida, poderia ter esclarecido a questão, uma

vez que, excluindo-se a possibilidade de representação dos motoristas pelo Sindicon-DF, só restaria a

CCT do Seac/Sitratter para tanto. Porém, não há, nos documentos enviados pelo CADE, nada que

demonstre a adoção dessa medida pelo pregoeiro ou sua equipe de apoio.

4.1.8. Tem-se, ainda, o fato que toda a pesquisa de preços realizada pela CADE, durante a

fase interna do pregão, teve por base a CCT do Seac/Sitratter (peça 3, p. 30-37), e que os

procuradores da entidade, apesar da sugestão acima referida, consideraram ser esta última CCT a

mais apropriada ao caso, por tutelar especificamente os interesses dos motoristas, uma vez que a CCT

do Sindcom-DF falava apenas em “empregados que tenham entre as suas funções a de dirigir

veículos” (peça 4, p.120-121).

4.1.9 Assim, tendo em vista essas informações, não se vislumbra que o entendimento firmado

pelo pregoeiro, no sentido de que os licitantes deveriam se basear na CCT do Seac/Sitratter, provocou

inovação nos termos do edital, e, por conseguinte, não se vislumbra violação ao princípio da

vinculação do instrumento convocatório.

4.1.10. Contudo, essas mesmas informações levam à percepção da ocorrência de falhas na

construção do termo de referência do pregão n. 007/2012, do CADE, ao não especificar, desde o

início, qual CCT, sentença normativa, ou acordo coletivo de trabalho deveriam os licitantes se basear

ao elaborar suas propostas de preços e planilhas de formação de custos, circunstância que descumpre

o § 2º do art. 9º do Decreto 5.450, de 31 de maio de 2005.

4.2. Aplicação/Imposição de CCT diversa da categoria econômica da representante

4.2.1. Em toda contratação cujo serviço exija o emprego de mão de obra de categoria

profissional regulamentada haverá a imposição aos licitantes, e à própria administração pública, de

utilizar ou a CCT, ou a sentença normativa, ou o acordo coletivo de trabalho que estipular o valor da

remuneração da categoria.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.2.2. Assim, o argumento de pertencer à outra categoria econômica não é sustentável para

eximir a representante de adotar a CCT do Seac/Sitratter, se essa fosse a CCT cabível aos

profissionais envolvidos no serviço.

4.2.3. Contudo, o problema reside justamente na aparente duplicidade de CCT aplicáveis ao

caso, ou em outras palavras, no aparente conflito de representação sindical, circunstância que só

pode ser resolvida pela justiça trabalhista, conforme disposto no art. 114, III e IX, da Constituição

Federal.

4.2.4. Assim, não compete a este Tribunal de Contas manifestar-se sobre este ponto.

4.3. Indeferimento sumário pelo pregoeiro do recurso da representante

4.3.1. Conforme pode ser visto na peça 2, p. 13, a representante apresentou sua intenção de

recurso em virtude da não aceitação de sua proposta – por causa da CCT diversa daquela fixada pelo

pregoeiro durante a fase de lances – e por entender ter havido mudança de regra no andamento do

processo licitatório.

4.3.2. Por sua vez ao apreciar tal intenção o pregoeiro a rejeitou sob o argumento de que a

representante:

apresentou proposta de preços com referência a convenção coletiva inadequada ao objeto do

certame, uma vez que a jurisprudência do TST e do TRT da 10º Região, determina que ‘o

enquadramento sindical dos empregados é determinado pela atividade preponderante do empregado,

exceto quando se tratar de profissão pertencente a categoria diferenciada’. A empresa obteve a

oportunidade de adequar a sua proposta e optou por não o fazer. Além disso, a empresa sequer

indicou qual teria sido a mudan(...)

4.3.3. Em que pese a representante não ter fundamentado detalhadamente seu recurso, poderia

fazê-lo no prazo de três dias, conforme disposto no art. 4º, XVIII, da Lei n. 10.520/2002, bem como no

art. 26, do Decreto n. 5.450/2005.

4.3.4. Além disso, o art. 8º, IV, do citado decreto normatiza que caberá à autoridade

competente decidir dos recursos contra os atos do pregoeiro, quando esse mantiver sua decisão.

Norma, por sinal, reproduzida no item 12.2 do edital do pregão (peça 2, p. 52).

4.3.5. A jurisprudência deste Tribunal também é no sentido de que não é possível haver

indeferimento sumário de recursos apresentados, como, por exemplo, decidido nos

Acórdãos n. 1.994/2008-1ª Câmara e 1.619/2008-Plenário. Veja-se, por exemplo, o decidido no

Acórdão n. 339/2010-Plenário:

9.1. conhecer da presente representação, com fundamento nos arts. 235 e 237, VII, do

Regimento Interno/TCU, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;

9.2. revogar a medida cautelar que suspendeu o Pregão 713/2009;

9.3. determinar, com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal e no art. 45,

caput, da Lei 8.443/92, à Superintendência Regional no Estado da Paraíba - 13ª UNIT - do

Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT/PB, que adote, no prazo de 15

(quinze) dias, as providências necessárias ao exato cumprimento do disposto no art. 4º, XVIII, da Lei

10.520/2002 e ao princípio da isonomia, procedendo à anulação dos atos que rejeitaram as intenções

de recurso dos licitantes, bem como dos atos subsequentes, praticados no âmbito do Pregão

Eletrônico 713/2009;

(...)

9.4.2. oriente seus pregoeiros a disponibilizarem aos demais licitantes, tão logo declarado o

vencedor, toda documentação apresentada por este, notadamente no que pertine à proposta e à

habilitação, a fim de possibilitar, se for o caso, a motivação de eventuais intenções de recurso e a

fundamentação desses recursos, dando-lhes ciência, via sistema no caso de pregão eletrônico, do

local onde se encontre a aludida documentação, em cumprimento ao art. 26, caput, do Decreto nº

5.450/2005, c/c o art. 109, § 5º, da Lei 8.666/1993;

9.4.3. oriente seus pregoeiros, ao procederem ao juízo de admissibilidade das intenções de

recurso manifestadas pelos licitantes nas sessões públicas (pregão eletrônico ou presencial), que

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

busquem verificar tão-somente a presença dos pressupostos recursais, ou seja, sucumbência,

tempestividade, legitimidade, interesse e motivação, abstendo-se de analisar, de antemão, o mérito

do recurso, nos termos do art. 4º, inciso XVIII, da Lei nº 10.520/2002, c/c art. 11, inciso XVII, do

Decreto nº 3.555/2000 (pregão presencial), e do art. 26, caput, do Decreto nº 5.450/2005 (pregão

eletrônico); (...) (grifo nosso)

4.3.6. Assim, há indícios de que a representante teve seu direito de apresentar recurso contra

ato do pregoeiro sumaria e irregularmente indeferido.

4.4. Outros indícios – falha no planejamento da licitação e na estimativa de preços

4.4.1. Durante a análise da peça inicial da representação, esta Unidade Técnica (UT) entrou

em contato com o CADE a fim de obter outras informações úteis ao deslinde do processo, momento

que obteve cópia do processo administrativo que culminou no pregão 002/2012 e cujos documentos

encontram-se distribuídos nas peças 3 e 4.

4.4.2. Também foram obtidos diretamente no sítio eletrônico do CADE os contratos n.

016/2009 e 027/2010, ambos firmados com a empresa GMC – Locadora de Veículos Ltda. (peça 5 e

peça 27) e ambos referentes à prestação de serviços de locação de veículos nas categorias I e II, com

fornecimento de mão de obra especializada (motorista).

4.4.3. Cotejando-se os preços praticados nesses contratos com a estimativa de preços indicada

no termo de referência do pregão 002/2012 (peça 2, p. 73), obtém-se o quadro abaixo, o qual permite

concluir que os preços estimados no pregão foram superiores em quase 100% e 50% aos daqueles

contratos, respectivamente.

VALORES DE UM VEÍCULO DA CATEGORIA I e UM VEÍCULO DA

CATEGORIA II

CONTRATO PREGÃO

002/2012 016/2009 027/2010

VALOR MENSAL (R$) 7.980,83 7.250,00 14.271,82

FRANQUIA (KM) 1500 1800 1800

R$/KM 5,32 4,03 7,93

PREGÃO/CONTRATO 1,49 1,97

4.4.4. Verifica-se, também, que o CADE, ao adotar o valor médio orçado por três empresas do

ramo, proporcionou a obtenção de valor estimado superior aos próprios contratos anteriormente

firmados, que deveriam, de fato, parametrizar a definição do preço-base, conforme dispõe a

IN SLTI nº 2, de 2008:

Art. 15

(...)

XII - o custo estimado da contratação, o valor máximo global e mensal estabelecido em

decorrência da identificação dos elementos que compõem o preço dos serviços, definido da seguinte

forma:

(...)

b) por meio de fundamentada pesquisa dos preços praticados no mercado em contratações

similares; ou ainda por meio da adoção de valores constantes de indicadores setoriais, tabelas de

fabricantes, valores oficiais de referência, tarifas públicas ou outros equivalentes, se for o caso.

4.4.5. Além disso, conforme já abordado, a diligência realizada pelo pregoeiro, bem como o e-

mail encaminhado pelos procuradores como resposta a essa diligência (peça 3, p. 120-121), revelam

que até então a entidade não tinha certeza de qual CCT, sentença normativa ou acordo coletivo

deveria ser aplicado nos custos da mão de obra do serviço.

4.4.6. Portanto, há indícios de falhas no planejamento da licitação, notadamente na estimativa

de custos do serviço licitado, seja por adotar valores maiores do que os de mercado, seja por não

conhecer plenamente os componentes desse custo.

4.5. Apreciação da medida cautelar

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.5.1. Para concessão de medida cautelar no âmbito deste Tribunal faz-se necessária a

presença de fortes indícios de irregularidades (fumus boni iuris), de perigo de demora na decisão de

mérito (periculum in mora) e da ausência de risco de dano ao erário (periculum in mora reverso) em

vista da adoção da medida.

4.5.2. Os elementos constantes no processo indicam que há irregularidades graves em todo o

procedimento licitatório, como, por exemplo, infração a dispositivos da Lei n. 10.520/2002, ao

regulamento do pregão eletrônico (Decreto 5.450/2005) e à jurisprudência desta Corte de Contas.

4.5.3. Quanto à existência de perigo de demora na decisão de mérito, há alguns aspectos a

serem considerados, um referente ao CADE e outro referente aos demais órgãos e entidades da

administração pública.

4.5.4. Em relação ao CADE, tem-se que a empresa vencedora do certame, a GMC Locadora de

Veículos Ltda., já assinou o contrato, que teve sua execução iniciada em 1º/8/2012, conforme termo

contratual obtido junto àquela autarquia e representado na peça 8 deste processo eletrônico.

4.5.5. Já no que diz respeito aos demais órgãos e entidades da administração pública, tem-se

que esses poderão vir a aderir à ata de registro de preços proveniente do pregão eletrônico n.

007/2012 e gerenciada pelo CADE.

4.5.6. Logo, uma vez que o CADE já firmou contrato com a empresa vencedora do pregão e

esse (o contrato) já teve sua execução iniciada, entende-se existir, neste momento, perigo de demora

relativamente, apenas, aos demais órgãos e entidades da administração pública.

4.5.7. Assim, considerando-se essas informações e a fim de evitar risco de dano à

administração, será proposta medida cautelar, sem prévia oitiva das partes, para que o CADE, na

qualidade de órgão gerenciador da ata de registro de preços derivada do pregão eletrônico n.

007/2012, abstenha-se de autorizar a adesão à ata de preços resultante do certame tratado nestes

autos até ulterior decisão desta Corte.

4.5.8. Será proposta ainda, e em decorrência do disposto acima, a oitiva do CADE, nos termos

do art. 276, §, do RITCU, para, no prazo de 15 dias, manifestar-se sobre os termos desta

representação, havendo possibilidade de o Tribunal, em etapa posterior, e desde que não haja

comprometimento da continuidade do serviço prestado, interferir também no contrato firmado pelo

CADE caso confirmada substancial incompatibilidade entre os preços contratados e os praticados no

mercado.

CONCLUSÃO

5. A representação apresentada pela empresa Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda.

contra atos/fatos ocorridos no âmbito do pregão eletrônico para registro de preços n. 007/2012,

promovido pelo CADE, deve ser conhecida, uma vez que atende aos requisitos regimentais deste

Tribunal de Contas.

6. Há, no processo, indícios da ocorrência de violação de direitos do representante/licitante,

quanto ao não conhecimento de seu recurso, o que fere o princípio da legalidade (pois o direito de

recorrer tem previsão expressa em lei) e de impropriedades/irregularidades que comprometem toda a

licitação, as quais podem ter acarretado, inclusive, a contratação de serviços por preços superiores

aos de mercado.

7. Além disso, há risco de contratação dos serviços licitados por outros órgãos e entidades da

administração pública que venham a aderir à ata de registro de preços proveniente do pregão ora

questionado.

8. Em razão de tais fatos, faz-se necessário propor medida cautelar, sem prévia oitiva das

partes, para que o CADE, na qualidade de órgão gerenciador da ata de registro de preços derivada

do pregão eletrônico n. 007/2012, abstenha-se de autorizar a adesão de quaisquer órgãos ou

entidades da administração pública a essa ata.

9. Faz-se, necessário, também, propor a realização de oitiva junto ao CADE, nos termos do

art. 250, V, do RITCU, para que esse, no prazo de 15 dias, manifeste-se sobre os termos desta

representação, em especial sobre os seguintes pontos:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) imprecisão do termo de referência do pregão eletrônico n. 007/2012, especificamente

quanto à ausência de indicação de qual CCT, sentença normativa ou acordo coletivo deveriam os

licitantes se basear para elaboração de suas propostas, descumprindo-se, portanto, o art. 9º, § 2º, do

Decreto n. 5.450/2005;

b) desatendimento, pelo pregoeiro, da sugestão dos procuradores do CADE, apresentada no e-

mail datado de 19 de julho de 2012 (página 617 do processo administrativo n. 08700.000460/2012-

02), no sentido de realizar-se diligência junto ao licitante interessado para que esse demonstrasse a

legitimidade do Sindicato dos Empregados no Comércio do Distrito Federal (Sindicom-DF) para

representar os motoristas a serem empregados no serviço licitado;

c) indeferimento sumário da intenção de recurso da representante, ato em desacordo com o

art. 4º, XVIII, da Lei n. 10.520/2002, bem como com o art. 26 do Decreto n. 5.450/2005 e com a

jurisprudência deste Tribunal de Contas; e

d) adoção de estimativas de preços expressivamente superiores aos valores de contratos

anteriores, notadamente os de n. 016/2009 e 027/2010, bem como adoção de média aritmética simples

na construção dessa estimativa.

10. Além disso, tendo em vista a possibilidade de anulação do certame, entende-se necessária

a promoção de oitiva junto à empresa vencedora – GMC – Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ

07.186.022/0001-37) – para que essa, desejando, manifeste-se sobre os termos desta representação,

conforme prescrito no art. 276, § 3º do RITCU.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

11. Pelo exposto, submete-se o presente feito à consideração superior, propondo-se a adoção

das seguintes medidas:

11.1. com fundamento no art. 113, § 1º, da Lei de Licitações, c/c o art. 237, VII, e 235, todos

do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União (RITCU), conhecer da presente representação;

11.2. com fundamento no art. 276 do RITCU:

11.2.1. determinar, cautelarmente, ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)

que, enquanto gerenciador da ata de registro de preços derivada do pregão eletrônico 007/2012,

abstenha-se de autorizar a adesão de quaisquer órgãos e entidades da administração pública na

referida ata até ulterior decisão do Tribunal;

11.3. com fundamento no art. 276, § 3º do RITCU:

11.3.1. promover a oitiva do CADE para que, no prazo de 15 dias, manifeste-se sobre os

termos desta representação, em especial sobre dos seguintes pontos:

a) imprecisão do termo de referência do pregão eletrônico n. 007/2012, especificamente

quanto à ausência de indicação de qual Convenção Coletiva de Trabalho, sentença normativa ou

acordo coletivo deveriam basear-se os licitantes na elaboração de suas propostas, o que afronta o

disposto no art. 9º, § 2º, do Decreto 5.450/2005;

b) desatendimento, pelo pregoeiro, da sugestão dos procuradores do CADE, apresentada no e-

mail datado de 19 de julho de 2012 (página 617 do processo administrativo n. 08700.000460/2012-

02), no sentido de realizar diligência junto ao licitante interessado para que demonstrasse a

legitimidade do Sindicato dos Empregados no Comércio do Distrito Federal para representar os

motoristas a serem empregados no serviço licitado;

c) indeferimento sumário da intenção de recurso da representante, ato em desacordo com o

art. 4º, XVIII, da Lei n. 10.520/2002, bem como com o art. 26 do Decreto n. 5.450/2005 e com a

jurisprudência deste Tribunal de Contas; e

d) adoção de estimativas de preços expressivamente superiores aos valores de contratos

anteriores, notadamente os de n. 016/2009 e 027/2010, bem como adoção de média aritmética simples

na construção dessa estimativa.

11.4. com fundamento no art. 250, V, do RITCU, promover a oitiva da empresa

GMC-Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ 07.186.022/0001-37), vencedora do pregão n. 007/2012,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

para que se manifeste, no prazo de 15 dias, sobre os termos desta representação, alertando-a quanto à

possibilidade de o Tribunal vir a declarar a nulidade do certame; e

11.5. encaminhar cópia da representação (peças 1 e 2) ao CADE e à empresa GMC-Locadora

de Veículos Ltda.

Contrariamente ao posicionamento externado na instrução precedente, vislumbra-se violação

ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, enumerados no art.

3ª da Lei 8666, de 1993:

A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a

seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional

sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da

legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade

administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes

são correlatos (grifos acrescidos)

O princípio da vinculação ao instrumento convocatório restringe a autonomia do agente, não

se admitindo decisão de natureza pessoal e contrária aos dispositivos editalícios, como ocorreu no

certame em exame, quando o pregoeiro infringiu o comando do item 5.5.2 do edital, que explicitava

que “A proposta do licitante deverá indicar expressamente o acordo coletivo de trabalho, a

convenção coletiva de trabalho ou a sentença normativa que rege as categorias profissionais

vinculadas à execução do serviço, bem como as respectivas datas-bases e vigências”.

Conforme visto, o licitante apontou a convenção e o pregoeiro não a admitiu, afastando-se do

estabelecido no edital, a cujos termos vinculam-se tanto os licitantes como a Administração que o

expediu.

O edital também não definiu a convenção coletiva que deveria parametrizar a construção da

planilha de custos. Não houve, pois, objetividade (critérios preestabelecidos), de forma a reduzir e

limitar a margem de valoração subjetiva.

Ressalte-se que a questão de qual convenção a ser utilizada não era pacífica, tendo o assunto

sido, inclusive, submetido à Procuradoria do CADE, que também demonstrou incerteza e sugeriu a

expedição de diligência à empresa para verificar a legitimidade da representação do Sindicato dos

Empregados no Comércio do Distrito Federal (Sindicom-DF) para a categoria objeto da

controvérsia.

Em vista dessas ponderações, submete-se o presente processo à consideração, propondo:

I- com fundamento art. 237, VII, e 235, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União,

c/c a Lei 8.666, de 1993, art. 113, § 1º, conhecer da presente representação;

II- com fundamento no art. 276, caput, do Regimento Interno deste Tribunal, determinar,

cautelarmente, ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) que, na qualidade de

gerenciador da ata de registro de preços derivada do Pregão Eletrônico 007/2012, abstenha-se de

autorizar a adesão de quaisquer órgãos e entidades da administração pública à referida ata até

ulterior decisão do Tribunal;

III- determinar, nos termos do art. 276, §3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do CADE,

para que, no prazo de até quinze dias, manifeste-se sobre os fatos apontados na representação

formulada pela empresa Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda., especialmente quanto aos

tópicos seguintes, alertando-o quanto à possibilidade de o Tribunal anular a referida ata, bem como

intervir no contrato já em execução na entidade caso detectada incompatibilidade entre os preços

contratados e os praticados no mercado:

a) descumprimento dos princípios da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento

objetivo, inabilitando a empresa Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda. a despeito de o

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

instrumento convocatório dispor, em seu item 5.5.2, que caberia aos licitantes indicar a convenção

coletiva de trabalho, sentença normativa ou acordo coletivo aplicável às categorias profissionais

vinculadas à execução do serviço;

b) imprecisão do termo de referência do Pregão Eletrônico 007/2012, especificamente quanto

à ausência de indicação de qual convenção coletiva de trabalho, sentença normativa ou acordo

coletivo deveriam basear-se os licitantes na elaboração de suas propostas, o que afronta o disposto no

art. 9º, § 2º, do Decreto 5.450, de 2005;

c) desatendimento, pelo pregoeiro, da sugestão dos procuradores do CADE, apresentada no e-

mail datado de 19 de julho de 2012 (pág. 617 do processo administrativo 08700.000460/2012-02), no

sentido de realizar diligência junto ao licitante interessado para que demonstrasse a legitimidade do

Sindicato dos Empregados no Comércio do Distrito Federal para representar os motoristas a serem

empregados no serviço licitado;

d) indeferimento sumário da intenção de recurso da representante, o que afronta a Lei 10.520,

de 2002, art. 4º, XVIII, bem como o Decreto 5.450, de 2005, art. 26, e a jurisprudência deste Tribunal

de Contas (Acórdão 339/2010-Plenário); e

e) adoção de estimativas de preços expressivamente superiores aos valores de contratos

anteriores, notadamente os Contratos 16/2009 e 27/2010, bem como utilização de média aritmética

simples na construção dessa estimativa.

IV- promover a oitiva da empresa GMC-Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ 07.186.022/0001-

37), vencedora do Pregão 007/2012, para que se manifeste, se desejar, no prazo de até quinze dias,

sobre os termos desta representação, alertando-a quanto à possibilidade de o Tribunal anular a ata de

registro de preços decorrente do mencionado pregão, bem como intervir no contrato firmado com o

Conselho Administrativo de Defesa Econômica caso detectada incompatibilidade entre os preços

contratados e os praticados no mercado; e

V- encaminhar cópia da representação (peça 1) ao CADE e à empresa GMC-Locadora de

Veículos Ltda.

8. A titular da unidade técnica anuiu à proposta apresentada pela Diretora (peça 12).

9. Apresentada, em síntese, a matéria, passo a decidir.

10. Inicialmente, cumpre conhecer o feito como Representação, uma vez que se encontram

presentes os requisitos de admissibilidade, com fundamento no art. 237, inciso VII, do Regimento

Interno, c/c art. 113, § 1º da Lei 8.666, de 1993.

11. Acolho parcialmente a conclusão expressa pela unidade técnica. De fato, neste momento

cabe medida cautelar suficiente a não permitir que outros entes públicos adiram à ata registro de preços

derivada do Pregão. Além dos fatos mencionados pela representante que indicam o fumus boni iuris,

há indícios de que o valor acordado com a licitante vencedora é excessivo. Conforme registrado pela

8ª Secex, a diferença entre o contrato vigente e os dois contratos anteriores é de aproximadamente 50%

num caso e de aproximadamente 100% em outro.

12. Quanto à questão sobre a qual divergiram a Secretária da 8ª Secex, que acompanhou a

Diretora da 3ª DT, e o auditor que instruiu esta representação, acompanho o entendimento deste

último. De fato, o edital prevê que o licitante deveria indicar a convenção coletiva de trabalho (CCT),

sentença normativa ou acordo coletivo considerado para a formulação de sua proposta. No entanto, em

nenhum momento, o edital prevê que qualquer CCT, sentença normativa ou acordo coletivo seriam

aceitos. Portanto, o simples fato de a licitante ter feito a indicação não garantia que esta seria aceita.

Nem seria razoável supor que isto ocorresse, dado que apenas certas convenções, sentenças e acordos

seriam aplicáveis ao caso. Destarte, a irregularidade verificada é a omissão no edital quanto a critério

necessário para o julgamento das propostas apresentadas pelos licitantes.

13. Sobre a execução do contrato firmado, os elementos presentes nos autos são insuficientes

para decidir quanto à necessidade de adoção de medida cautelar para evitar prejuízos. Refiro-me à

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

necessidade de identificar aquelas mais adequadas a este propósito, considerando, inclusive, se

presente periculum in mora reverso. Destarte, mais apropriado proceder à oitiva prévia da entidade

antes que me decida sobre a adoção ou não de medida cautelar quanto a esta questão.

14. Considerando que a oitiva da entidade referente à medida cautelar desde logo adotada

versará sobre o mesmo assunto que a promovida para subsidiar a análise da adoção de medida cautelar

relativa à execução do contrato em curso, entendo mais adequado conceder à entidade o prazo de

quinze dias para resposta.

15. Diante do exposto, determino:

15.1. ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica, com fundamento no art. 276 do

Regimento Interno do TCU, que, cautelarmente, na qualidade de gerenciador da ata de registro de

preços derivada do Pregão Eletrônico n.º 007/2012, abstenha-se de autorizar a adesão de quaisquer

órgãos e entidades da administração pública na referida ata até que o Tribunal decida sobre o mérito

das questões suscitadas neste processo de representação;

15.2. à 8ª Secretaria de Controle Externo, que:

15.2.1. notifique o Conselho Administrativo de Defesa Econômica da medida cautelar ora

adotada, alertando-o de que a eventual consumação de irregularidades em consequência do

descumprimento desta determinação ou da execução do contrato decorrente do Pregão Eletrônico

n.º 007/2012 sujeitará os responsáveis às sanções previstas na Lei nº 8.443/92;

15.2.2. nos termos do art. 276 do Regimento Interno, promova a oitiva do Conselho

Administrativo de Defesa Econômica, para que apresente, no prazo de 15 (quinze) dias,

esclarecimentos fundamentados a respeito das seguintes ocorrências verificadas no curso do Pregão

Eletrônico n.º 007/2012:

15.2.2.1. fatos apontados na representação junto a este Tribunal formulada pela empresa

Unique Rent a Car Locadora de Veículos LTDA., de forma a esclarecer, especialmente:

15.2.2.1.1. a ausência, no termo de referência, da especificação da convenção coletiva de

trabalho, sentença normativa ou acordo coletivo que deveria fundamentar a elaboração das propostas,

em afronta ao art. 9º, § 2º, do Decreto n.º 5.450, de 2005;

15.2.2.1.2. a omissão quanto a solicitar do licitante interessado que demonstrasse a adequação

da convenção coletiva de trabalho considerada para a formulação de sua proposta;

15.2.2.1.3. o indeferimento sumário da intenção de recurso impetrado pela representa,

contrariando a jurisprudência dominante deste Tribunal e ferindo o art. 4º, inciso XVIII, da Lei

n.º 10.520, de 2002 e o art. 26 do Decreto nº 5.450, de 2005;

15.2.2.2. estimativa de preços expressivamente superiores aos valores adotados em contratos

anteriores, notadamente os de número 016/2009 e 027/2010, justificando o método utilizado e seu

fundamento;

15.2.3. após recebida resposta à oitiva determinada, analise se oportuna e necessária a adoção

de medida cautelar que evite o pagamento superfaturado dos serviços contratados em decorrência do

Pregão Eletrônico n.º 007/2012;

15.3. notifique a empresa GMC-Locadora de Veículos Ltda., vencedora do Pregão

n.º 007/2012, com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno, de que, caso deseje,

poderá manifestar-se, no prazo de 15 dias, sobre os termos desta representação, alertando-a quanto à

possibilidade de este Tribunal determinar medidas que interfiram na execução do contrato firmado em

decorrência do Pregão Eletrônico n.º 007/2012;

15.4. encaminhe ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica e à empresa GMC-

Locadora de Veículos Ltda, vencedora do Pregão Eletrônico n.º 007/2012, cópias desta decisão e da

representação de peças 1 e 2;

15.5. informe ao Presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica que a omissão

na prestação das informações solicitadas no prazo estabelecido importa em multa e exame, à revelia da

entidade, da necessidade de adoção de nova medida cautelar;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

15.6. dê ciência desta decisão à empresa Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda..

À 8ª Secex para a adoção, com a devida urgência, das providências acima ordenadas.

Brasília, 20 de agosto de 2012.

(Assinado Eletronicamente)

RAIMUNDO CARREIRO

Comunicação sobre despacho exarado pelo Ministro José Jorge.

C O M U N I C A Ç Ã O

Sr. Presidente,

Srs. Ministros,

Sr. Procurador-Geral,

Comunico ao Colendo Plenário que, no dia 17 de agosto de 2012, por meio do despacho que

faço distribuir a Vossas Excelências, concedi MEDIDA CAUTELAR nos autos do TC-015.980/2012-

0, determinando à Prefeitura Municipal de Parnaíba/PI a suspensão imediata da Concorrência nº

14/2011 – destinada à contratação de empresa de engenharia para elaboração de projeto executivo e

construção do sistema de esgotamento sanitário nas áreas subnormais na região da Lagoa do

Bebedouro, no referido município –, ou a suspensão da execução financeira do contrato dela

decorrente, caso este já tenha sido celebrado, até que o Tribunal delibere sobre o mérito das questões

suscitadas naqueles autos.

Informações complementares constam do referido despacho, que ora submeto à apreciação

deste Plenário nos termos do art. 276, § 1º, do Regimento Interno do TCU.

São essas as minhas considerações.

Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

JOSÉ JORGE

Ministro-Relator

TC 015.980/2012-0

Natureza: Representação

Unidade Jurisdicionada: Prefeitura Municipal de Parnaíba - PI

Interessada: Consbrasil Construtora Brasil Ltda. (03.086.586/0001-47)

DESPACHO

Trata-se de Representação, com pedido de medida cautelar, formulada a este Tribunal pela

empresa Consbrasil Construtora Brasil Ltda., com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/93, versando

sobre supostas irregularidades no edital da Concorrência nº 014/2011, promovido pela Prefeitura

Municipal de Parnaíba/PI com vistas à contratação de empresa de engenharia para elaboração de

projeto executivo e construção do sistema de esgotamento sanitário nas áreas subnormais na região da

Lagoa do Bebedouro, no referido município, no valor global de R$ 11.836.870,74.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2. Adoto, como parte integrante deste despacho, a instrução produzida no âmbito da Secex-PI,

pelo Auditor Jesualdo Cavalcanti Barros Filho, vazada nos seguintes termos:

“HISTÓRICO

2. Submetidos os autos à instrução na SECEX/PI (peça 4), formulou-se proposta de

deferimento da cautelar pleiteada, bem assim diligência à Prefeitura Municipal de Parnaíba nos

seguintes termos:

6. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

6.1. À vista do exposto, submete-se o presente processo à consideração superior, propondo a

adoção das seguintes medidas:

6.2. conhecer a presente Representação, nos termos do art. 237, inciso VII, do Regimento

Interno do TCU;

6.3. determinar, cautelarmente, nos termos do art. 276 do Regimento Interno/TCU, à

prefeitura municipal de Parnaíba/PI, que se abstenha de dar prosseguimento à Concorrência n.

14/2011- PMP, ou ao contrato correspondente, caso este já tenha sido firmado, até ulterior

deliberação deste Tribunal;

6.4. fixar, com fulcro no art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, o prazo de 15 (quinze) dias

para que o prefeito municipal de Parnaíba se manifeste acerca da exigência contida no item 6.2.3.1,

e.1, do edital da Concorrência Pública n. 14/2011 – PMP, de que a visita técnica seja feita “através

de um responsável técnico pertencente ao quadro da empresa, devidamente credenciado, com carta de

apresentação ou contrato social, se proprietário, e identificado pela cédula de identidade

profissional”, implicando restrição ao caráter competitivo do certame, esclarecendo-lhe que a não-

apresentação de justificativas ou seu não-acolhimento poderá ensejar a fixação de prazo para adoção

das medidas legais cabíveis com vistas à anulação do Edital de Concorrência 14/2011 - PMP;

6.5 diligenciar à prefeitura municipal de Parnaíba/PI para que informe e encaminhe a este

Tribunal a seguinte documentação referente à Concorrência n. 14/2011 - PMP:

a) atas de todas as sessões realizadas pela comissão de licitação responsável;

b) convênio ou instrumento equivalente referente à transferência dos recursos que custearão a

obra;

c) termos de adjudicação e homologação do certame, caso já expedidos;

d) contrato respectivo porventura já celebrado; e

6.6.comunicar ao autor da representação a decisão que vier a ser adotada nestes autos.

3. O Exmo Sr. Ministro Relator José Jorge, não obstante tenha concordado no essencial com a

análise, dissentiu da proposta de encaminhamento. Seguem excertos do despacho exarado para bom

entendimento:

4. Inicialmente, conheço da presente representação, porquanto atendidos os requisitos de

admissibilidade previstos no art. 237, VII e parágrafo único, do Regimento Interno deste Tribunal, c/c

o art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/93.

5. As questões noticiadas neste feito dizem respeito, essencialmente, à possível restrição

indevida ao caráter competitivo da Concorrência Pública nº 14/2011-PMP, devido a exigências

editalícias formuladas pela Prefeitura Municipal de Parnaíba/PI, objetivando a “contratação de

empresa de engenharia para elaboração de projeto executivo e construção do sistema de esgotamento

sanitário nas áreas subnormais na região da Lagoa do Bebedouro, no município de Parnaíba/PI”.

6. Em sua instrução, a Secex-PI considerou presentes os requisitos fumus boni juris e

periculum in mora, imprescindíveis para a adoção da medida excepcional pleiteada, consistente na

suspensão cautelar do certame, até que este Tribunal delibere sobre o mérito da matéria.

7. Manifesto-me, no essencial, de acordo com a análise empreendida pela unidade técnica

acerca das irregularidades suscitadas, dissentindo, no entanto, pelas razões a seguir aduzidas, da

proposta por ela formulada.

8. Com efeito, a exigência inserta no item 7.4 do edital, no sentido de que o atestado de visita

técnica a ser apresentado pela licitante deverá comprovar “o conhecimento dos locais das obras

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

previstas neste edital pelo responsável técnico e representante legal (...)” [grifei], não está em

perfeita sintonia com a jurisprudência desta Casa.

9. Como bem assinalou a Secex-PI, a jurisprudência do TCU é pacífica no sentido de que não

encontra amparo na Lei nº 8.666/93 a exigência de que de que a visita técnica seja feita

necessariamente pelo responsável técnico da licitante. A corroborar tal assertiva, impende trazer à

colação determinação expedida por meio do Acórdão nº 2583/2010-Plenário, com o seguinte teor:

“9.3. determinar ao Município de Água Doce do Norte/ES que, em relação aos atos

convocatórios das futuras licitações envolvendo a aplicação de recursos públicos federais, abstenha-

se de incluir as seguintes exigências/cláusulas:

9.3.1. que a vistoria técnica seja realizada, necessariamente, pelo engenheiro responsável

pela obra (responsável técnico) e em data única, o que não se mostra compatível com o art. 30, II, e §

1º, c/c o art. 3º, § 1º, da Lei nº 8.666/1993;” (grifei)

10. Essa previsão editalícia, no entender do Auditor responsável pela instrução da matéria,

por constituir potencial restrição ao caráter competitivo do certame, estaria a evidenciar, por si só, a

presença do fumus boni iuris. Já quanto aos demais pontos levantados pela representante, não

haveria, segundo a unidade técnica, “quaisquer documentos acostados aos autos a comprovar que

houve efetivo prejuízo à competitividade do certame” (grifei).

11. Não obstante tal conclusão, o mesmo Auditor da Secex-PI assinalou não haver na

representação formulada a este Tribunal, quanto a todas as exigências editalícias impugnadas, dados

concretos acerca da efetiva restrição ao caráter competitivo da licitação. Segundo ele, “não foram

coligidos aos autos elementos que permitissem aferir se na prática a condução da licitação trouxe

efetivo prejuízo à competitividade do certame” (grifei). Não haveria “sequer informação acerca do

resultado do certame ou da efetiva celebração de contrato com a firma vencedora”.

12. Para o Auditor, far-se-ia necessário “coligir aos autos informações acerca da conclusão

ou não da celebração do contrato, da competitividade do certame e até mesmo do convênio que

permitiu o aporte de recursos para custear as obras”.

13. Não obstante concordar com a Secex-PI que a exigência editalícia - de que somente o

responsável técnico da empresa licitante pudesse realizar a vistoria da obra - viola a jurisprudência

desta Corte, considero precipitada, num juízo de cognição sumária, conclusão no sentido da presença

do requisito do fumus boni juris para o provimento acautelatório, haja vista a ausência, nos

presentes autos, de indícios mínimos de que o caráter competitivo da licitação tenha restado, de fato,

frustrado.

14. Faz-se mister a comprovação mínima do efetivo prejuízo à competição propiciado pela

exigência editalícia inquinada, o que por ora não identifico no presente processo. A propósito, a

documentação a ser encaminhada oportunamente ao TCU, por meio de diligência, não deverá apenas

servir de subsídio à análise de mérito dos presentes autos, como defende a unidade técnica, mas sim

ser tomada, preliminarmente, como supedâneo para se concluir pela presença, ou não, do requisito do

fumus boni juris, indispensável ao provimento cautelar que ora se pleiteia.

15. Não vislumbro, pois, diante dos elementos apresentados na presente representação,

fundado receio de grave lesão ao erário ou ao interesse público, pressuposto para adoção de medida

cautelar, a teor do art. 276, caput, do Regimento Interno do TCU. Não se pode olvidar, ainda, o

conteúdo do art. 171 do RI/TCU, segundo o qual “Nenhum ato será declarado nulo se do vício não

resultar prejuízo para a parte, para o erário, para a apuração dos fatos pelo Tribunal ou para a

deliberação adotada” (grifei).

16. Nesse contexto, a realização da oitiva prévia antes de se examinar a necessidade da

concessão da cautelar suscitada, fixando-se o prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis para a resposta do

prefeito municipal de Parnaíba/PI – conforme disciplinado no art. 276, § 2º, do RI/TCU –, não trará

prejuízos à efetividade do controle externo.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17. Feitas essas considerações, e diante da possibilidade de que os

esclarecimentos/documentos a serem encaminhados ao TCU possam oferecer subsídios ao deslinde da

matéria, DECIDO:

17.1. conhecer da representação, porquanto atendidos os requisitos de admissibilidade

previstos no art. 237, VII e parágrafo único, do Regimento Interno deste Tribunal, c/c o art. 113, § 1º,

da Lei nº 8.666/93;

17.2. autorizar, com base no art. 276, § 2º, do RI/TCU, a realização de oitiva prévia do

prefeito municipal de Parnaíba/PI para que apresente, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da

notificação, esclarecimentos acerca de todos os indícios de irregularidade levantados em relação à

Concorrência Pública nº 14/2011-PMP, encaminhando ao Tribunal, no mesmo prazo, cópia dos

seguintes documentos:

17.2.1. atas de todas as sessões realizadas pela comissão de licitação;

17.2.2. convênio ou instrumento equivalente referente à transferência dos recursos que

custearão a obra;

17.2.3. termos de adjudicação e homologação do certame, caso já expedidos;

17.2.4. contrato respectivo porventura já celebrado;

17.3. determinar à Secex-PI que:

17.3.1. ao promover a oitiva acima determinada, envie ao destinatário cópia de todos os

elementos necessários à apresentação dos seus esclarecimentos a este Tribunal;

17.3.2. dê imediata ciência do teor deste despacho ao Município de Parnaíba/PI e à empresa

Consbrasil Construtora Brasil Ltda., autora da representação;

17.3.3. tão logo sejam encaminhados os elementos requeridos, instrua os autos com a urgência

que o caso requer.

3.1 Em obediência à determinação do Exmo. Relator, o prefeito de Parnaíba encaminhou a

esta Unidade Técnica sua manifestação e anexos contendo o material requisitado pela diligência

(peças 10,11 e 12), que passam a ser objeto de análise.

EXAME TÉCNICO

Ocorrência: exigência, contida no item 6.2.3, “e.1”, do edital, de que a visita técnica ao local

das obras tenha sido realizada através de um responsável técnico pertencente ao quadro da empresa

ou proprietário.

Oitiva do prefeito: 4. Alega que o caso em tela distingue-se dos casos assemelhados constantes da jurisprudência

do TCU, argumentando que no caso do item 6.2.3.1, a visita técnica poderia ser realizada tanto por

responsável técnico quanto por responsáveis legais que figurem como responsáveis técnicos e passa a

elencar excertos doutrinários e jurisprudenciais acerca da necessidade de vistoria técnica.

Análise:

5. Não prosperam as alegações do Sr. Prefeito, a redação do item 6.2.3, “e.1” não dá margem

a dúvidas, o representante do licitante há de pertencer ao quadro técnico da empresa ou ser seu

proprietário. Quanto à pertinência de sua realização, não está em jogo a necessidade real e a

obrigatoriedade legal de procedê-la.

5.1 Não há, nos termos em que o edital está formulado, a possibilidade de se nomear terceiro,

estranho à estrutura da empresa, para realizar a inspeção. Tal possibilidade dificulta a participação

de eventuais licitantes, que se veem na contingência de deslocar pessoal de suas sedes, tão somente

para realizar a inspeção, o que poderia ser feito por um profissional local em nome da empresa.

Porquanto se entende que, de fato, a exigência mostrou-se excessiva, continuando presente o fumus

boni iuris, que combinado com outros aspectos adiante tratados se mostra suficiente para o

deferimento da cautelar pleiteada.

Ocorrência: necessidade, estipulada no item 6.2.4 do edital, de efetivar a garantia da

proposta até um dia útil antes da data prevista para abertura da licitação.

Oitiva do prefeito

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6. Destaca o prefeito, em sua oitiva, que a exigência em nada destoa do Acórdão TCU

255/2010-Plenário, já que, neste aresto, o que se vedou foi a exigência de apresentação de garantia

em data anterior à da apresentação dos documentos de habilitação, e que, no caso o item 6.2.4 do

edital, exige-se somente que a garantia seja providenciada até o 1º dia útil anterior a esta data, mas

que a comprovação se dê no dia mesmo da apresentação dos demais documentos de habilitação.

Análise

7. Assiste razão ao prefeito de Parnaíba. Veja-se que conforme o edital de licitação, o certame

se daria no dia 29/5/2012, às 9:00. Assim, em qualquer das modalidades de garantia, inclusive a

caução em dinheiro – que deveria ser depositada no Banco do Brasil – o eventual licitante

necessitaria acorrer a uma instituição financeira, cujo horário de atendimento ao público se inicia às

10:00.

7.1 O item 8.2.4, por seu turno, que trata dos documentos de qualificação econômico-

financeiro, estabelece em seu subitem “b”, que a o documento comprobatório da garantia deverá ser

“colocado dentro do ENVELOPE Nº 001 – DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO”. Fica claro, pois,

que este será exigido somente quando da entrega das propostas. A exigência de que a garantia fosse

realizada até o 1º dia útil anterior é até despicienda, e parece mais uma imposição da realidade.

Ocorrência: exigência, como requisito de qualificação econômico-financeira, de

apresentação do balanço patrimonial de 2010, enquanto o edital foi lançado quando já era exigível

o balanço de 2011.

Oitiva do prefeito

9. Informa o prefeito de Parnaíba, que no edital da concorrência, a Comissão Permanente de

Licitação exigiu o balanço patrimonial de 2010 pelo fato de o processo licitatório ter se iniciado no

exercício de 2011.

9.1 Em virtude de modificações necessárias no projeto básico, que resultariam em alteração

na composição da proposta, a Comissão Permanente de Licitações procedeu à devida retificação do

edital, tendo o certame se reiniciado na data de 24/4/2012, com nova contagem do prazo, o que

resultou em nova data de 29 (29/5/2012) para realização da reunião de abertura do certame. Assim é

que, originalmente, a data da apresentação do balanço se achava razoável.

Análise

10. Poder-se-ia, com algum rigor, observar que, havendo a alteração da data da apresentação

das propostas, necessário seria aditar o edital para estabelecer modificações nos exercícios referentes

aos demonstrativos contábeis e índices a serem apresentados pela empresa. Seria medida razoável

tanto para preservar a Administração de contratar licitante que, no interregno de tempo, tornara-se

inabilitado, quanto para proporcionar a participação daqueles que se tornaram aptos. Contudo, não

há elementos indicativos que a omissão tenha resultado em prejuízo à competitividade do certame,

assim considera-se ausente o periculum in mora, que justificasse a cautelar em decorrência da

ocorrência.

Ocorrência: Execução do projeto executivo licitado juntamente com a execução de obras e

serviços.

Oitiva do prefeito

11. Registra o prefeito, através de seu representante legal, que não há obrigatoriedade da

existência de projeto executivo, conforme previsto pelo art. 7º, § 1º, lei 8.666/93.

Análise

12. De fato, entende-se que o só fato da prática da contratação conjunta tanto do projeto

executivo quanto da execução dos serviços não macula o processo, haja vista o permissivo legal

citado.

Ocorrência: Ausência de cláusulas no edital veiculando o conteúdo do art. 43, §1º, da LC

123/2006, que impõe melhor tratamento às micros e pequenas empresas, permitindo-se-lhes

comprovar a regularidade fiscal quando da assinatura do contrato e não somente no momento da

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

habilitação, bem assim omissão dos dispositivos legais constantes dos arts. 44 e 45 da LC 123/2006,

que impõe preferências às micro e pequenas empresas em caso de empate ficto.

Oitiva do prefeito

13. Quanto ao ponto, o prefeito limita-se a registrar argumentos em prol do tratamento

privilegiado às micro e pequenas empresas.

Análise

14. Parece que houve um equívoco por parte do representante legal do prefeito, já que o que

era alegado pelo representante é que a ausência destas cláusulas previstas em lei seriam elementos

suficientes para a anulação do edital. Considera-se de demasiado rigor a censura à omissão. De outra

parte não há elementos a comprovar que isto tenha ocasionado prejuízo a qualquer interessado. A

falha tem caráter formal e os dispositivos tem sede legal, podendo a Administração reconhecer os

privilégios no próprio momento do processamento da licitação. As atas das sessões da comissão de

licitação não registram o comparecimento de nenhuma micro e pequena empresa, conforme

registrado adiante.

Ocorrência: Utilização de licitação tipo “técnica e preço” para a contratação da execução

das obras.

Análise:

15. Quanto a este ponto, o prefeito de Parnaíba apresenta alegações relativas à possibilidade,

conforme itens 17 e 18, infra, de se efetivarem as contratações conjuntas da elaboração do projeto

executivo e das obras, mas não apresenta razões específicas acerca da opção pelo tipo “técnica e

preço”.

15.1 Cumpre mais uma vez estabelecer que não é prática invulgar, e muito menos vedada pela

legislação, se permitir ao executor dos serviços que elabore o projeto executivo da obra. Ocorre que,

enquanto item de serviço, a elaboração do projeto executivo pressupõe um encargo de menor monta.

Diante de um projeto básico minimamente consistente, é de se esperar que o item seja de pouca

relevância, muitas vezes assumindo a feição, na prática, de um “as built”.

15.2 Registra-se isto porque a Lei 8.666/93 restringe a possibilidade de utilização da

modalidade técnica e preço em seu art. 46:

Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados exclusivamente

para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos,

cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em

particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos,

ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior.

15.3 No caso concreto, o objeto mesmo da licitação foi definido como “contratação de

empresa para elaboração de projeto executivo e execução de obra de construção do sistema de

esgotamento sanitário, integrante do programa PAC, no município de Parnaíba/PI”. É dizer, em face

de a obra contemplar como item de serviço a elaboração do projeto executivo, adotou-se o tipo

“técnica e preço” para todo o objeto da contratação, inclusive a execução física dos serviços.

15.4 Ora, se a necessidade de um projeto executivo adquire invulgar importância no caso,

melhor seria a promoção de um certame específico para a contratação de firma especializada para a

elaboração do documento, e não formatar todo o certame de modo a exigir dos eventuais concorrentes

a apresentação de proposta técnica para dar cabo de um encargo que tem um caráter secundário ao

próprio objeto real da contratação: a execução das obras. A situação se agrava quando se percebe,

em análise mais pormenorizada constante do item seguinte, que a opção pelo tipo “técnica e preço”

acaba por exigir das empresas potencialmente interessadas requisitos que desbordam em muito do

que seria razoável.

15.5 Desta feita, considera-se o fumus boni iuris presente por restar desrespeitado o art. 46 da

Lei 8.666/93, e também o periculum in mora, eis que a contratação de uma empresa com base em

critérios não objetivos ou não pertinentes para a execução das obras se mostra iminente no caso

concreto.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ocorrências adicionais não tratadas pelo representante.

16. Neste tópico, abordam-se questões que não foram objeto de impugnação específica quando

da representação, mas que resultaram da análise de alguns tópicos do edital.

Ocorrência: Exigência constante dos itens 7.2, 7.3 e 10.1 do edital (p. 83-85 e 90-92, peça 1)

de apresentação de proposta técnica contemplando itens e critérios de pontuação pouco objetivos e

com exigência de um número mínimo de atestados a serem apresentados para efeito de

qualificação.

17. A licitação foi processada na modalidade Concorrência, tipo técnica e preço, conforme já

tratado anteriormente; não obstante isto, elegeram-se itens a serem analisados de caráter

extremamente vagos e subjetivos, quais sejam:

- Conhecimento do Problema;

- Metodologia e Plano de Trabalho;

- Experiência da Empresa e Equipe Técnica;

17.1 De notar que estes itens a serem contemplados têm importância somente para aqueles

casos em que o objeto contempla a elaboração de soluções técnicas para casos excepcionais, de obras

de maior complexidade e vulto do que a analisada, um sistema de pequeno porte de esgotamento

sanitário.

17.2 Neste ponto, é relevante notar que a lei 8.666/93, até admite a exigência de metodologia

da execução em seu art. 30, § 8 e 9:

§ 8o No caso de obras, serviços e compras de grande vulto, de alta complexidade técnica,

poderá a Administração exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja avaliação, para efeito

de sua aceitação ou não, antecederá sempre à análise dos preços e será efetuada exclusivamente por

critérios objetivos.

17.3 Não é obviamente o caso sob exame. A regra em matéria de licitação é a exigência de

comprovação dos requistos de qualificação técnica admitidos pelo art. 30 da lei 8.666/93, sob pena de

ferir o princípio da ampla competitividade do certame, consubstanciado no art. 3º, I, da Lei 8.666/93.

17.4 No caso do componente relativo à experiência da empresa e equipe técnica, a distorção

nos parece ainda mais gritante. O item 7.3.3.1, estabelece que este:

objetiva comprovar a experiência anterior da licitante, através do responsável técnico, na

execução de trabalhos de características, portes e prazos compatíveis com o objeto da licitação,

mediante a apresentação dos seguintes atestados:

• Execução de serviços de 5.000 (cinco mil) unidades ligações prediais (ruas pavimentadas ou

não);

• Construção de 29.000m (vinte e nove mil metros) de rede coletora de esgoto com tubo (PVC,

JEI ou ferro fundido);

• Construção de 02 (dois) unidades de estação elevatória de esgoto;

• Construção de 02 (dois) emissário de recalque de esgoto;

• Construção 38.000m2 (trinta e oito mil metros quadrados) de escoramento contínuo,

descontínuo ou especial;

• Construção ou recomposição de 27.000m2 de pavimentação em pedras.

17.5 Ora, tais serviços são exatamente aqueles que foram exigidos para efeito de qualificação

técnica, pelo item 6.2.3.1, “b”. Sendo assim, não poderiam ser objeto de pontuação para efeito de

qualificação técnica, todos estariam habilitados e pronto.

17.6 Também chama atenção, no tocante à proposta técnica a ser apresentada, a ausência de

objetividade na determinação de como se valorará a pontuação dos concorrentes, objeto do item 10.1

do edital. Tal dispositivo estabelece em termos igualmente vagos os itens a serem analisados em cada

item componente da proposta técnica, estabelecendo a pontuação a ser atribuída conforme não sejam

apresentadas, tenham sido julgadas de “baixa aceitabilidade”, “regulares”, “adequadas

parcialmente” e “adequada plenamente”.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17.7 Assim, serão objeto de pontuação, por exemplo, no componente “conhecimento do

problema”, itens como: “apresentação e clareza com que o item foi desenvolvido” (0 a 40 pontos,

“objetividade e síntese na apresentação dos itens” (0 a 40) pontos).

17.8 Vê-se, portanto o elevado grau de subjetividade no estabelecimento dos fatores

avaliativos e a impertinência e subjetividade dos fatores a serem avaliados.

18. Chama atenção, ainda, o fato do edital estabelecer um número mínimo de pontos a serem

obtidos em cada componente, sob pena de desclassificação, conforme previsão do item 10.1,§ 6:

§6°. Serão desclassificadas as propostas técnicas que não atingirem o mínimo de setecentos

pontos ou que recebam pontuação abaixo do estabelecido para cada item: a seguir detalhado.

QUADRO RESUMO DA PONTUAÇÃO TÉCNICA

Componente Nota Máxima Nota Mínima

Conhecimento do Problema 550 330

Metologia de Trabalho 360 252

Experiência da Equipe

Técnica

240 168

Total 1150 750

18.1 Ante a subjetividade dos itens de avaliação e dos critérios adotados, a situação já parece

preocupante para todos os componentes da proposta técnica, podendo qualquer empresa

regularmente habilitada ser alijada do processo. Mas o caso mais flagrante é mais uma vez o da

“experiência da empresa e equipe técnica”, que conforme o item do edital 10.1.2.b, é avaliada através

de 3 itens. Os dois primeiros de valor máximo de 100 (numa escala de intervalos de 25) e o terceiro de

valor 40 (numa escala de intervalos de dez).

18.2 O item 12.1.§4, por seu turno, dispõe:

§4°. Ainda no que diz respeito a Tabela III - Experiência da Empresa e Equipe Técnica, o item

1 referente à empresa terá valores de 0 (zero) a 100 (cem) pontos. Os atestados valerão 25 pontos,

sendo em um máximo de 4 (quatro) atestados plenamente aceitos para atingir na avaliação à

pontuação máxima;

18.3 Ou seja, conforme a sistemática descrita no item 9, se a empresa apresenta cinco

atestados para os dois primeiros itens, considerados plenamente válidos pela Comissão, o máximo a

que poderia chegar era, caso conseguisse a nota máxima no item 3, a 165 pontos, inferior ao mínimo

exigido, de 168, e estaria alijada automaticamente do processo.

18.4 Vê-se que o edital está, na realidade, retomando a prática, há muito repudiada pela

doutrina e jurisprudência, inclusive do TCU, de exigir a apresentação de mais de um atestado para

efeito de comprovação de qualificação técnica, embora de forma enviesada. Tem-se, também aqui, por

caracterizado o fumus boni iuris, em face da excessividade da exigência, restando contrariado o art.

37, XXI da Constituição Federal.

CONCLUSÃO

19. Tem-se por presente o fumus boni iuris a partir das considerações a seguir aduzidas em

face das seguintes disposições editalícias que se mostraram excessivas e restritivas da competitividade

da licitação, contrariando o art. 37, XXI, da Constituição Federal:

19.1 Exigência, contida no item 6.2.3, “e.1”, do edital, de que a visita técnica ao local das

obras tenha sido realizada através de um responsável técnico pertencente ao quadro da empresa ou

proprietário.

19.2 Exigência constante dos itens 7.2, 7.3 e 10.1 do edital (p. 83-85 e 90-92, peça 1) de

apresentação de proposta técnica contemplando itens e critérios de pontuação pouco objetivos e com

exigência de um número mínimo de atestados a serem apresentados para efeito de qualificação.

19.3 Utilização de licitação tipo “técnica e preço” para a contratação da execução das obras

em arrepio ao art. 46 da Lei 8.666/93.

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102

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

20. Acerca dos elementos comprobatórios do efetivo prejuízo à competitividade do certame,

vale destacar que foram encaminhadas, conforme solicitado no próprio ofício de oitiva, as atas das

sessões da comissão de licitação (p. 23, peça 10), onde se pode constatar que apenas uma empresa

compareceu ao certame (Construtora Jurema Ltda) e considerada habilitada, conforme ata de

11/6/2012 (p. 24, peça 10).

20.1 De notar que, na última sessão acostada aos autos, de 14/6/2012 (p. 25, peça 10), foi

aberta a proposta técnica da única licitante, e a sessão foi suspensa para análise da documentação.

Não foram encaminhadas outras atas posteriores, e nem o atos de adjudicação e homologação do

certame, conforme solicitado, o que leva à conclusão de que, ao menos até a data de fornecimento das

informações, 5/7/2012, o procedimento encontrava-se ainda suspenso.

21. Relativamente ao periculum in mora, cumpre notar que, embora haja a possibilidade de o

certame se encontrar suspenso, a não expedição de cautelar permite a sua continuidade, e a

formalização de contrato com a empresa, em um certame onde foram identificados indícios de

restrição ao caráter competitivo do certame, em arrepio ao art. 37, XXI, da Constituição Federal, e

30, § 10, I, da Lei 8.666/93, e onde verificou-se o comparecimento de apenas uma empresa.

21.1 Assim, propõe-se a expedição de medida cautelar nos termos formulados inicialmente, e a

realização de audiência dos membros da comissão de licitação e do atual gestor do município, todos

subscritores do edital.”

3. A Secex-PI finalizou a sua instrução com a seguinte proposição:

“PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

22. Ante o exposto, propõe-se:

22.1 determinar, cautelarmente, nos termos do art. 276 do Regimento Interno/TCU, à

prefeitura municipal de Parnaíba/PI, que se abstenha de dar prosseguimento à Concorrência n.

14/2011- PMP, ou ao contrato correspondente, caso este já tenha sido firmado, até ulterior

deliberação deste Tribunal;

22.2 realizar, com fulcro no art.43, II, da Lei 8.666/93, audiência dos membros da comissão de

licitação da Concorrência n. 14/2011 – PMP, Helivânia Dourado da Silva, CPF: 766.302.773-68

(presidente), Mario Sergio Ferreira Maia, CPF: 762.367.903-10 , Adylson Araújo Peres, CPF:

008.532.223-71 (membro), bem assim do prefeito municipal de Parnaíba, José Hamilton Furtado

Castelo Branco, CPF: 022.431.303-78, para apresentação, no prazo de quinze dias, de razões de

justificativa acerca das seguintes ocorrências:

a) exigência, contida no item 6.2.3, “e.1”, do edital, de que a visita técnica ao local das obras

tenha sido realizada através de um responsável técnico pertencente ao quadro da empresa ou

proprietário.

b) exigência constante dos itens 7.2, 7.3 e 10.1 do edital (p. 83-85 e 90-92, peça 1) de

apresentação de proposta técnica contemplando itens e critérios de pontuação pouco objetivos e com

exigência de um número mínimo de atestados a serem apresentados para efeito de classificação, em

arrepio ao art. 37, XXI, da Constituição Federal, e 30, § 10, I, da Lei 8.666/93.

c) utilização de licitação tipo “técnica e preço” para a contratação da execução das obras em

arrepio ao art. 46 da Lei 8.666/93.”

4. Passo a decidir.

5. Em sua instrução, a Secex-PI considerou presentes os requisitos fumus boni juris e

periculum in mora, imprescindíveis para a adoção da medida excepcional pleiteada, consistente na

suspensão cautelar da Concorrência nº 014/2011 ou do contrato dela decorrente, porventura já

celebrado, até que este Tribunal delibere sobre o mérito da matéria.

6. Manifesto-me de acordo com a análise empreendida pela unidade técnica acerca das

irregularidades suscitadas no edital da licitação, anuindo à proposição por ela formulada, por

vislumbrar agora, depois de efetivada a oitiva prévia do prefeito municipal de Parnaíba/PI, a

comprovação mínima do efetivo prejuízo à competição propiciado pelas sobreditas irregularidades.

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103

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7. A propósito, acerca da presença de indícios mínimos de que o caráter competitivo da

licitação tenha restado, de fato, frustrado, constato que, de acordo com as atas das sessões da comissão

de licitação (p. 23, peça 10), apenas uma empresa compareceu ao certame (Construtora Jurema Ltda.),

tendo sido considerada habilitada, conforme ata de 11/6/2012 (p. 24, peça 10). Considero atendido,

pois, o requisito do fumus boni juris.

8. Também na esteira do que sustentou a unidade técnica, “embora haja a possibilidade de o

certame se encontrar suspenso, a não expedição de cautelar permite a sua continuidade, e a

formalização de contrato com a empresa, em um certame onde foram identificados indícios de

restrição ao caráter competitivo do certame (...) e onde verificou-se o comparecimento de apenas uma

empresa”. Nesse sentido, reconheço também a presença do requisito do periculum in mora e a

necessidade de urgência na ação desta Corte.

9. Feitas essas considerações, aquiescendo à proposta da Secex-PI, com os ajustes de forma que

reputo pertinentes, DECIDO:

9.1. adotar medida cautelar, com base no art. 276 do RI/TCU, determinando à Prefeitura

Municipal de Parnaíba/PI que suspenda cautelarmente a Concorrência nº 14/2011, ou a execução

financeira do contrato dela decorrente, caso este já tenha sido celebrado, até que o Tribunal delibere

sobre o mérito da matéria;

9.2. autorizar, com fundamento no art. 237, parágrafo único, c/c o art. 250, IV, ambos do

RI/TCU, a audiência dos membros da comissão de licitação da Concorrência nº 14/2011, Srª Helivânia

Dourado da Silva, CPF 766.302.773-68, Sr. Mario Sergio Ferreira Maia, CPF 762.367.903-10, e Sr.

Adylson Araújo Peres, CPF 008.532.223-71, bem assim do prefeito municipal de Parnaíba, Sr. José

Hamilton Furtado Castelo Branco, CPF 022.431.303-78, para que apresentem, no prazo de 15 (quinze)

dias a contar da ciência, razões de justificativa acerca das ocorrências elencadas no subitem 22.2 da

instrução da unidade técnica.

9.3. determinar à Secex-PI que:

I) ao promover as audiências acima determinadas, envie aos destinatários cópia de todos os

elementos necessários à apresentação das suas razões de justificativa a este Tribunal;

II) dê imediata ciência do teor deste despacho à Prefeitura Municipal de Parnaíba/PI;

III) tão logo sejam encaminhados os elementos requeridos, instrua os autos com a urgência que

o caso requer.

Brasília, 17 de agosto de 2012.

(Assinado Eletronicamente)

JOSÉ JORGE

Relator

ANEXO III DA ATA Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2012

(Sessão Ordinária do Plenário)

PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA

Relatórios e Votos emitidos pelos respectivos Relatores, bem como os Acórdãos de nºs 2215 a

2254, aprovados pelo Plenário.

GRUPO I – CLASSE I – Plenário

TC 010.327/2009-8 [Apenso: TC 010.332/2009-8]

Natureza: Pedido de reexame (Relatório de levantamentos)

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104

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Entidade: Secretaria de Infra-estrutura Hídrica

Responsáveis: Sondotécnica Engenharia de Solos S/A (CNPJ 33.386.210/0001-19) e Enger

Engenharia S/C Ltda. (CNPJ 51.167.500/0001-53)

Interessadas: Sondotécnica Engenharia de Solos S/A (CNPJ 33.386.210/0001-19) e Enger

Engenharia S/C Ltda. (CNPJ 51.167.500/0001-53)

Advogado constituído nos autos: Alexandre Frayze David (OAB/SP 160.614), Jonas Cecílio

(OAB/DF 14.344)

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE LEVANTAMENTOS. FISCOBRAS 2009. PROJETO DE

INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO. CONTRATOS DE SUPERVISÃO DE OBRAS.

PAGAMENTO PELAS CONTRATADAS DE REMUNERAÇÕES AOS PROFISSIONAIS EM

VALORES INFERIORES AOS ESPECIFICADOS NAS PROPOSTAS VENCEDORAS DA

LICITAÇÃO. PAGAMENTOS DÚPLICES.

DETERMINAÇÕES. PEDIDOS DE REEXAME. MÉTODO DA LISTAGEM DE

ATIVIDADE E DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DE HORAS. AUSÊNCIA DE CAMPOS

ESPECÍFICOS PARA APROPRIAÇÃO DE TODOS OS CUSTOS A QUE ESTÁ SUJEITA A

CONTRATADA. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO, NO CASO CONCRETO, ENTRE AS

REMUNERAÇÕES INDICADAS NAS PROPOSTAS DE PREÇOS E AS PAGAS AOS

TRABALHADORES. AUSÊNCIA DE PAGAMENTOS EM DUPLICIDADE. PAGAMENTO

INDEVIDO. BAIXA MATERIALIDADE. ECONOMIA PROCESSUAL. CONHECIMENTO.

PROVIMENTO. INSUBSITÊNCIA DOS SUBITENS 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5 E 9.1.6 DO

ACÓRDÃO 446/2011, PLENÁRIO. RELATÓRIO

Trata-se de pedidos de reexame interpostos por Enger Engenharia S/A e Sondotécnica

Engenharia de Solos S/A contra o Acórdão 446/2011, Plenário, a seguir transcrito:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria –

Fiscobras 2009, realizado na Secretaria de Infraestrutura Hídrica (SIH) do Ministério da Integração

Nacional – MI, com o objetivo de avaliar em que medida os recursos destinados ao Projeto de

Integração do Rio São Francisco – PISF com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional estão

sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, cuja análise enfocou contratos de supervisão

de obras, resultantes do Edital 01/2005-MI,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,

diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. determinar ao Ministério da Integração Nacional – MI que:

9.1.1. em relação aos contratos de supervisão do Projeto de Integração do Rio São Francisco

com as Bacias do Nordeste Setentrional, inclua cláusula nos contratos 34/2007-MI (lote 1), 41/2007-

MI (lote 2), 15/2008-MI (lote 3), 14/2008-MI (lote 4), 10/2008-MI (lote 5), 11/2008-MI (lote 6),

12/2008-MI (lote 7), 35/2007-MI (lote 8), 36/2007-MI (lote 9), 46/2007-MI (lote 10), 13/2008-MI (lote

11), 16/2008-MI (lote 12), 40/2007-MI (lote 13), 19/2008-MI (lote 14), decorrentes do edital 01/2005,

que:

9.1.1.1. limite o pagamento dos serviços contratados à apresentação de documento

comprobatório do recolhimento mensal do INSS e do FGTS, a cargo das empresas contratadas,

gerado pelo SEFIP - Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social

(Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência

Social - GFIP; Guia de Recolhimento do FGTS - GRF ou documento equivalente), de acordo com a

legislação e os padrões estabelecidos pela Previdência Social e pela Caixa Econômica Federal;

9.1.1.2. exija das empresas contratadas, no ato do recebimento do Boletim de Medição e de

entrega dos relatórios mensal e final, a apresentação de relação nominal dos empregados designados

para execução dos serviços, com CPF, cargo, valor do salário mensal, carga horária mensal

trabalhada, período trabalhado, valor pago do INSS e do FGTS, Número de Identificação do

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105

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Trabalhador - NIT, entre outras informações que se fizerem necessárias à verificação do efetivo e

tempestivo controle do recolhimento, pela contratada, dos encargos trabalhistas e previdenciários

(FGTS e INSS) relacionados aos pagamentos de salários dos trabalhadores alocados no contrato; e

9.1.1.3. explicite que as empresas contratadas se obrigam a pagar aos profissionais por ela

contratados os salários lançados em suas propostas de preços.

9.1.2. efetue levantamento do valor total pago a maior (da primeira até a última medição

paga), relativo à diferença entre os preços unitários discriminados nos relatórios de medição de cada

parcela contratual (salários remunerados pelo MI, acrescidos dos percentuais alusivos ao adicional

de transferência, encargos sociais, custo de administração, lucro e despesas fiscais) e os preços

unitários resultantes da remuneração (salário mais adicional de transferência) efetivamente pagos

pelas empresas contratadas (acrescidos dos mesmos percentuais de encargos sociais, custo de

administração, lucro e despesas fiscais), referente a todo o período de execução dos contratos

decorrentes do Edital 01/2005 (contratos 15/2008-MI, 14/2008-MI, 10/2008-MI, 11/2008-MI,

12/2008-MI, 35/2007-MI, 46/2007-MI, 13/2008-MI, 16/2008-MI, 40/2007-MI, 19/2008-MI),

procedendo a glosa, nos próximos pagamentos a serem feitos às empresas contratadas, ou o

ressarcimento ao MI dos valores pagos indevidamente, de forma a garantir a aplicação do art. 66 da

Lei 8.666/93;

9.1.3. promova a imediata glosa dos valores abaixo descritos, em função do superfaturamento

advindo das diferenças entre a remuneração que as empresas afirmaram que pagariam e o valor real

recebido pelo profissional, referente aos contratos 34/2007-MI; 41/2007-MI e 36/2007-MI:

9.1.3.1. em relação às medições de n° 1 - fev/2008 a n°14 - mar/2009, do contrato n° 34/2007-

MI, no valor de R$ 750.242,98, decorrente de:

9.1.3.1.1. profissionais medidos pela empresa Sondotécnica e pagos pelo MI, que constavam

como contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 502.502,09);

9.1.3.1.2. profissionais medidos pela empresa Sondotécnica e pagos pelo MI, que não

constavam como contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 245.663,04); e

9.1.3.1.3. profissional medido pela empresa Sondotécnica e pagos pelo MI, sem nome

declarado pela empresa (superfaturamento no valor de R$ 2.077,85).

9.1.3.2 em relação às medições de n° 1 - ago/2008 a n°7 - fev/2009 do contrato n° 41/2007-MI,

no valor de R$ 99.564,33, decorrente de:

9.1.3.2.1. profissionais medidos pela empresa Sondotécnica e pagos pelo MI, que constavam

como contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 85.856,86); e

9.1.3.2.2. profissionais medidos pela empresa Sondotécnica e pagos pelo MI, que não

constavam como contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 13.707,48).

9.1.3.3. em relação às medições de n°1 - mar/2008 a n°12 - fev/2009 do contrato n° 36/2007-

MI, no valor de R$ 466.556,31, decorrente de:

9.1.3.3.1. profissionais medidos pela empresa Enger e pagos pelo MI, que constavam como

contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 372.835,46); e

9.1.3.3.2. profissionais medidos pela empresa Enger e pagos pelo MI, que não constavam

como contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 93.720,85).

9.1.4. promova o levantamento e a imediata glosa dos valores pagos a maior em função do

superfaturamento advindo das diferenças entre a remuneração que as empresas afirmaram que

pagariam e o valor real recebido pelo profissional, referente aos contratos 34/2007-MI; 41/2007-MI e

36/2007-MI, sobre as medições não contempladas no item 9.1.3 anterior até a última medição paga;

9.1.5. adote providências imediatas no sentido de restabelecer o equilíbrio econômico-

financeiro de todos os contratos de supervisão do Projeto de Integração do Rio São Francisco - PISF

em execução, por meio da revisão dos preços unitários, de forma que esses preços passem a retratar a

remuneração (salário mais adicional de transferência) efetivamente paga pela empresa contratada à

equipe de profissionais alocada para atendimento ao MI, considerando que foram constatados

pagamentos de remuneração em níveis inferiores aos definidos nos referidos ajustes, retendo as

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106

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

garantias contratuais e abstendo-se, em consequência, a partir da notificação desta deliberação, de

desembolsar valores superiores aos despendidos pela contratada no pagamento da remuneração dos

trabalhadores alocados ao MI, incluindo-se, nesse cálculo, os valores desembolsados com pagamento

de encargos sociais, custo de administração, lucro e despesas fiscais, de forma a garantir o

estabelecido no art. 66 da Lei 8.666/93, sob pena de responsabilidade solidária;

9.1.6. realize glosa no próximo pagamento do contrato 46/2007-MI (lote 9), firmado com a

empresa Enger Engenharia S/C Ltda. (CNPJ 51.167.500/0001-53), no valor pago a maior em função

do pagamento em duplicidade de 0,17 “Hxmês” relativo aos profissionais alocados na medição de n°

9 (nov/2008);

9.1.7. informe ao Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da ciência desta

deliberação, as medidas adotadas para dar cumprimento ao disposto nos itens anteriores;

9.1.8. apure e envie ao TCU, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da ciência desta

deliberação, o montante de serviços subcontratados no âmbito dos contratos celebrados para a

supervisão do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional,

em valor absoluto e em percentual, indicando cada subcontratação realizada e esclarecendo em que

rubrica do orçamento tais despesas foram executadas;

9.1.9. realize prévia pesquisa de preços em todos os processos de contratação realizados pelo

Ministério, com estimativas de preços suficientemente fundamentadas e detalhadas com base em

planejamento eficiente realizado pela área técnica, de forma a cumprir o estipulado no inciso II, §2º,

art. 7º, da Lei nº 8.666/93, utilizando, para isso, propostas de fornecedores e outras fontes de pesquisa

que reflitam os preços praticados no mercado;

9.2. determinar à 4ª Secex que dê continuidade à análise dos indícios de irregularidades

apresentados no item 3 da instrução de folhas 586/593, objetivando avaliar a ocorrência de

descumprimento do item 9.6 do Acórdão nº 2288/2007-TCU-Plenário, ficando desde já autorizado

com fundamento no art. 37 da Resolução-TCU nº 191/2006, se for o caso, a formação de processo

apartado, de natureza diversa do presente processo, mediante o desentranhamento ou reprodução por

cópia de peças dos presentes autos;

9.3. enviar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam, ao

Ministério da Integração Nacional, ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e às empresas

contratadas Sondotécnica Engenharia de Solos S/A (CNPJ 33.386.210/0001-19) e Enger Engenharia

S/C Ltda. (CNPJ 51.167.500/0001-53).

A Secretaria de Recursos assim se manifesta, in verbis (peça 79):

1. Trata-se de pedidos de reexame interpostos pelas empresas Enger Engenharia S/A e

Sondotécnica Engenharia de Solos S/A contra o Acórdão 446/2011-TCU-Plenário (peça 15, p. 2),

mantido pelo Acórdão 1.732/2011-TCU-Plenário (peça 16, p. 13).

2. A deliberação recorrida apreciou auditoria realizada na Secretaria de Infraestrutura

Hídrica do Ministério da Integração Nacional – SHI/MI, no Projeto de integração do Rio São

Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional, em contratos de supervisão de obras

(engenharia consultiva) resultantes do Edital 1/2005-MI.

3. Foram analisados os contratos 34, 36 e 41/2007-MI, celebrados com as empresas

Sondotécnica (os dois primeiros) e Enger Engenharia (o terceiro ajuste), ora recorrentes.

HISTÓRICO

4. A presente auditoria foi realizada em cumprimento ao Acórdão 345/2009-TCU-Plenário. O

trabalho enfocou contratos de supervisão das obras do projeto de integração do Rio São Francisco,

caracterizados pelo uso intensivo de mão de obra.

5. Como resultado, foram verificadas deficiências na fiscalização dos contratos pelo MI e,

como ponto principal, o pagamento de salários, pelas contratadas, em patamares inferiores aos

discriminados nas propostas que apresentaram na licitação.

6. Ao apreciar a matéria, o Tribunal, no que interessa ao presente recurso, determinou ao

Ministério que adotasse providências corretivas, consistentes em:

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107

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) exigir das contratadas a relação nominal dos empregados designados para execução dos

serviços e condicionar o pagamento à comprovação do recolhimento de INSS e FGTS (itens 9.1.1.1 e

9.1.1.2 do acórdão recorrido);

b) incluir, nos contratos, cláusulas que obriguem ao pagamento dos mesmos salários

indicados nas propostas de preço apresentadas na licitação (item 9.1.1.3);

c) efetuar a imediata glosa dos valores relativos às diferenças entre os salários que as

empresas afirmaram que pagariam e os que efetivamente pagaram a seus empregados, tanto nas

medições analisadas na auditoria (item 9.1.3) como em futuras medições (item 9.1.4);

d) estender o mesmo levantamento de diferenças aos demais contratos resultantes do Edital

1/2005, não contemplados na auditoria, e efetuar a correspondente glosa (item 9.1.2), bem como

adotar medida semelhante, para restabelecimento do equilíbrio financeiro, a todos os contratos de

supervisão do Projeto de Integração do Rio São Francisco (item 9.1.5);

e) realizar, especificamente quanto ao Contrato 46/2007, glosa do valor pago em duplicidade

na medição do mês de nov/2008 (item 9.1.6).

7. Para maior clareza, reproduz-se o teor do acórdão recorrido, no que interessa ao presente

recurso: (...)

8. Foram opostos embargos declaratórios, rejeitados pelo Acórdão 1.732/2011-TCU-Plenário

(peça 16, p. 13).

EXAME DE ADMISSIBILIDADE

9. Por estarem preenchidos os requisitos processuais aplicáveis à espécie, reiteram-se os

exames preliminares de admissibilidade (peça 74, p. 31, e peça 75, p. 22), acolhidos pelo Ministro-

Substituto Weder de Oliveira (peça 74, p. 35), atuando em substituição ao Ministro Walton Alencar

Rodrigues, que concluiu pelo conhecimento do recurso, na forma proposta pela Serur, suspendendo-se

os efeitos dos subitens 9.1.1 a 9.1.6 do acórdão recorrido.

10. A única ressalva diz respeito aos subitens 9.1.1.1 e 9.1.1.2 do acórdão, que dizem respeito

aos controles sobre a observância, pelas contratadas, das obrigações relativas ao INSS e FGTS

referentes ao pessoal alocado ao projeto. Pelas razões expostas no item 12, infra, entende-se que esse

tema não foi objeto de impugnação específica, não se incluindo no escopo dos presentes recursos.

EXAME TÉCNICO

11. Objeto do recurso

11.1. A principal questão debatida nos recursos diz respeito a saber se os salários informados

pelas empresas em suas propostas de preço apresentam ou não caráter vinculante – ou seja, se as

empresas estão ou não obrigadas a pagar a seus empregados o exato valor informado nas planilhas

de composição de custos unitários que apresentaram na licitação. A esse tema se referem os subitens

9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4 e 9.1.5 do acórdão recorrido, sendo a matéria questionada por ambas as

recorrentes.

11.2. Já o subitem 9.1.6 da deliberação foi questionado apenas pela Enger Engenharia S.A,

por lhe dizer respeito exclusivamente, e se refere a pagamentos em duplicidade no contrato 46/2007-

MI.

12. Itens 9.1.1.1 e 9.1.1.2 – recolhimentos de INSS e FGTS

12.1. Embora tenha constado do exame de admissibilidade e os efeitos desses subitens tenham

sido suspensos, não se observa, nos recursos, questionamentos específicos quanto às exigências de

apresentação, pelas contratadas, da relação nominal dos empregados alocados ao projeto (subitem

9.1.1.2) e de condicionamento dos pagamentos à comprovação do recolhimento dos encargos

correspondentes de INSS e FGTS (subitem 9.1.1.1).

12.2. O Tribunal busca, com essas determinações, fazer com que o Ministério da Integração

exerça eficazmente o dever de fiscalizar e acompanhar os contratos, de forma a não dar causa a que a

Administração venha a ser responsabilizada solidariamente por encargos previdenciários (Lei

8.666/1993, § 2º, art. 7º) ou subsidiariamente por encargos trabalhistas (Súmula 331 do TST)

resultantes da execução dos ajustes.

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108

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12.3. No recurso interposto contra o Acórdão 1.009/2011-TCU-Plenário, objeto de outro

processo também relativo ao projeto de integração do Rio São Francisco (TC 022.745/2009-0), há

insurgência contra determinação de idêntico teor. Nos presentes autos, contudo, esse ponto não foi

impugnado.

12.4. Com efeito, observa-se que a empresa Sondotécnica Engenharia de Solos aborda muito

brevemente a questão (peça 75, p. 20, subitem 3.2), apenas sinalizando que, por tratar-se da

fiscalização a cargo do Ministério, a matéria deveria “ser objeto de argumentação do próprio

Ministério”. Por isso, não contesta o decidido. Ao contrário, destaca trecho de parecer do MP/TCU

no TC 008.477/2008-0, onde se afirma “o interesse público que existe no fato de o empregador

respeitar o piso salarial da categoria, recolher os impostos em geral e o recolhimento do fundo de

garantia” (grifou-se).

12.5. O mesmo se diz do recurso da empresa Enger Engenharia S.A. A matéria é abordada no

subitem 2.7 das razões recursais (peça 74, p. 18 e ss.), que afirmam ser “legítimo que as Unidades de

Assessoria [do Tribunal] fiscalizem o adequado cumprimento do recolhimento dos impostos e

contribuições sociais no curso do ajuste”. A recorrente apenas ressalva que, a seu ver, “a consulta e

conhecimento deste dado (valor salarial praticado) serve única e exclusivamente para a fiscalização

das contribuições e impostos”, e não para se exigir que o salário praticado seja o informado na

proposta (tema efetivamente impugnado).

12.6. Demonstra-se, assim, que o teor dos subitens 9.1.1.1 e 9.1.1.2 não foi objeto de

contestações pelas recorrentes, não estando abrangidos pelo efeito devolutivo dos presentes recursos.

12.7. Passa-se ao exame das determinações efetivamente impugnadas.

13. Item 9.1.6 – Duplicidade de pagamentos no Contrato 46/2007:

13.1. Nos termos do acórdão recorrido, na medição do mês de nov/2008 houve o pagamento

em duplicidade de 0,17 “h/mês” relativos aos profissionais alocados ao projeto.

13.2. A análise da matéria encontra-se nos §§ 131 e ss. da instrução da peça 12, p. 38, que

retoma e detalha o achado inicial contido no relatório de auditoria.

13.3. A empresa Enger Engenharia S.A nega a existência de pagamentos em duplicidade

(subitem 2.6, peça 74, p. 17), afirmando, em síntese, que “a tabela adotada pela ilustre Auditoria

considera períodos de apuração equivocados”. Para demonstrar seu argumento, reproduz tabela em

que apresenta os períodos do efetivo faturamento e os períodos considerados nas análises do

Tribunal, idêntica à já reproduzida na citada instrução da unidade técnica a quo.

13.4. Pelas razões que se seguem, entende-se assistir razão à recorrente.

13.5. Para contextualizar a discussão, é relevante quantificar o suposto pagamento a maior, o

que pode ser feito da seguinte forma:

a) a medição do mês de nov/2008 apresentou um valor total de R$ 178.428,10 (peça 41, p.

43). Desse total, os custos com mão de obra importaram em R$ 150.031,00 (peça 41, p. 44), com

demonstração analítica contida na peça 41, p. 45-46;

b) portanto, ao quantitativo de 1,17 h/mês correspondeu uma despesa de R$ 150.031,00 (os

quantitativos mencionados ao longo deste item referem-se à fração do mês abrangida no período de

faturamento – ex.: 0,17 corresponde a 5 dias, num total de 30 –, fração essa a ser multiplicada pelo

salário de um dado profissional, para se calcular o valor a ser faturado, relativamente ao profissional

em questão);

c) se ao quantitativo de 1,17 h/mês correspondeu a despesa de R$ 150.031,00, então ao

quantitativo de 0,17 (apontado como excedente) corresponderiam R$ 21.799,38, que é o montante em

discussão neste tópico.

13.6. Todos os pagamentos foram feitos com base nos “certificados de pagamento”. Neles, as

medições compreenderam o período de um mês, e por isso tiveram o “quantitativo” estabelecido em

“1,0”. Só há duas exceções: a primeira e a nona medições, como demonstra a tabela contida no § 134

da instrução da peça 12, p. 39.

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109

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.7. A primeira medição compreendeu a prestação de 22 dias de serviço, em um mês de 31

dias. Daí o quantitativo de “0,7” (22/31), e não de “1,0”. A partir dessa primeira, as medições

passaram a abranger o período de um mês, recebendo o quantitativo “1,0”.

13.8. No entanto, havia divergência entre o regime de contagem adotado na demonstração

analítica do pessoal alocado ao projeto (a “lista de profissionais alocados no contrato”, 1ª coluna da

tabela da peça 12, p. 39) e o utilizado no certificado de pagamento (2ª coluna): a lista de pessoal

valia-se do critério do “mês calendário”, abrangendo do primeiro ao último dia de cada mês; o

certificado de pagamento, por seu turno, adotava o regime do dia 26 de um mês ao dia 25 do mês

seguinte (vide mencionada tabela).

13.9. Ante os inconvenientes da duplicidade de regimes, na nona medição (objeto deste

recurso) o período de faturamento foi estendido do dia 26/10/2008 ao dia 30/11/2008, para, a partir

daí, tanto a demonstração analítica do pessoal quanto o certificado de pagamento adotarem o mesmo

regime de “mês calendário”, unificando-se o critério de apuração em ambos os documentos.

13.10. No mês de novembro de 2008, portanto, o faturamento iniciou-se em 26/10/2008 e se

estendeu até 30/11/2008 (e não apenas até o dia 25, como nas medições anteriores), para que, a partir

décima medição, os faturamentos se iniciassem no dia 1º de cada mês (e não no dia 26 do mês

anterior). Com a extensão dos dias faturados em nov/2008, o quantitativo foi de “1,17” (35 dias, em

vez de 30 dias), e não de “1,0”, sendo essa a diferença que o acórdão recorrido reputou como

indevida e passível de glosa.

13.11. A unidade técnica fundamentou a conclusão de que o quantitativo correto deveria ser

“1,0”, e não “1,17”, tanto a partir de análise da “lista de profissionais alocados” (§§ 135 e ss. da

instrução da peça 12, p. 39) quanto a partir da análise do “certificado de pagamento” (§§ 138 e ss.).

Como este último é o documento adotado para fins de faturamento e liquidação da despesa, passa-se

a considerar as conclusões dele extraídas pela referida instrução.

13.12. A essência do achado foi registrada no § 139.1, que apresenta o seguinte teor:

Na medição 01, a contratada cobrou o quantitativo de 0,70 “Hxmês” relativo ao período de

medição de 04/03/2008 a 25/03/2008. Entretanto, como foi visto na “lista de profissionais alocados no

contrato”, os profissionais foram alocados a partir do dia 10/03/2008, havendo cobrança indevida

dos dias 04/03/2008 a 09/03/2008. Mantendo o percentual cobrado pela empresa (0,70 “Hxmês”), o

período de medição correto deveria ter sido de 10/03/2008 a 31/03/2008.

13.13. A partir desse entendimento, de que “o período de medição correto [da medição n. 1]

deveria ter sido de 10/03/2008 a 31/03/2008”, a unidade procedeu a correções nas datas dos

certificados de pagamento, produzindo a tabela contida no item 138 (peça 12, p. 40), em que todas as

datas foram deslocadas para o regime do “mês calendário”, desprezando-se o período do efetivo

faturamento (do dia 26 ao dia 25 de cada mês). Esse deslocamento de datas provocou distorções na

medição n. 9 (nov/2008), em que foi adotada a mudança do regime, comentada antes.

13.14. Veja-se que não seria necessária a “correção” das datas de faturamento, o que apenas

provocou a migração do problema da primeira para a nona medição. Concretamente, a falha que os

autos indicam é aquela expressamente registrada pela unidade técnica a quo, a saber: a “cobrança

indevida dos dias 04/03/2008 a 09/03/2008”. O tratamento dado a essa falha é que, entende-se, não

foi o mais adequado. Senão, veja-se:

a) a primeira medição foi faturada de 4/3/2008 a 25/3/2008. Como os profissionais foram

alocados a partir do dia 10/03/2008, é de fato indevida a cobrança do dia 4 ao dia 9/3 (como

registrado pela unidade técnica: “havendo cobrança indevida dos dias 04/03/2008 a 09/03/2008”);

b) para o enfrentamento dessa falha (correspondente a seis dias de pagamento por serviços

não prestados), não seriam necessárias as correções nas datas de todos os faturamentos posteriores.

A despesa era indevida e poderia ter sido impugnada por si mesma. Veja-se que, pela sistemática

adotada no acórdão recorrido, os efeitos dos seis dias de pagamento indevidos na 1ª medição, de

mar/2008, foram transferidos para a 9ª medição, de nov/2008. Tanto que o acórdão recorrido nada

impugnou em relação à medição 1 (de março), mas impugnou 6 dias na medição 9, de novembro

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110

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(reduzindo o “quantitativo” de “1,17” para “1,0” e determinando a glosa dos “0,17” de diferença,

cf. item 9.1.6 do acórdão).

13.15. A dificuldade em sustentar tal conclusão é que o recorrente foi levado a se manifestar

sobre a medição 9 (de novembro), e não sobre os 6 dias indevidos na medição 1 (de março). E, quanto

à medição 9, procede o argumento de que a diferença constatada no acórdão recorrido decorre do

fato de que “a tabela adotada pela Ilustre Auditoria considera períodos de apuração equivocados”,

como demonstra “a simples consulta da documentação de faturamento” relativa ao mês impugnado

(nov/2008).

13.16. Na situação dos autos, portanto, o responsável em nenhum momento foi chamado a se

pronunciar sobre o efetivo fato gerador da despesa passível de glosa (a “cobrança indevida dos dias

04/03/2008 a 09/03/2008”), não havendo como subsistir a condenação.

13.17. Poderia se cogitar do retorno do processo, quanto a esse ponto, à fase de contraditório,

perante o relator a quo, já que a ausência de oportunidade de manifestação configura erro de

procedimento. A baixa materialidade da falha, todavia, não recomenda tal medida. A quantificação

pode ser assim estabelecida:

a) a primeira medição teve valor total de R$ 47.966,16 (peça 38, p. 4), dos quais R$ 36.154,33

correspondem a mão de obra e R$ 11.811,83 a custos diretos (cf. discriminação na peça 38, p. 5-6);

b) o valor de mão de obra correspondeu ao quantitativo de “0,7” do salário dos profissionais

alocados (22/31, referentes aos 22 dias faturados, no período de 4/3/2008 a 25/3/2008), quantitativo

esse que figura nas tabelas contidas nos autos. O correto, no entanto, seria o quantitativo de “0,52”

(16/31, referentes aos 16 dias entre 10/3 e 25/3/2008, já que foi considerada indevida a cobrança dos

6 dias relativos ao período de 4 a 9/3/2008);

c) se ao quantitativo (indevido) de “0,7” corresponderam R$ 36.154,33, ao quantitativo

(correto) de “0,52” corresponderiam R$ 26.857,50. A diferença, que constitui o suposto prejuízo,

equivale a R$ 9.296,83, que se tem como insuficiente para justificar o retorno do processo à fase

original.

Com esses fundamentos, propõe-se o provimento do recurso quanto à questão ora analisada.

14. Demais itens – o caráter vinculante ou não dos salários informados na licitação

14.1. Os demais itens impugnados referem-se a determinações para a glosa imediata de

pagamentos considerados indevidos (e levantamentos, para glosas futuras, de períodos e outros

contratos não analisados na auditoria), resultantes da diferença entre os salários informados nas

propostas que as recorrentes apresentaram na licitação e aqueles que foram efetivamente pagos a

seus empregados, segundo dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais-CNIS, obtidos junto

ao Ministério da Previdência Social.

14.2. Adianta-se que esse tema está em análise também no TC-014.508/2007-5. Referido

processo foi posto em pauta para julgamento na sessão de 11/5/2011, mas o Procurador-Geral do

MP/TCU formulou pedido de vista, “a fim de melhor examinar importante controvérsia jurídica

contida nos autos”, qual seja, saber se “o fato de a empresa contratada remunerar seus empregados

segundo valores inferiores aos que constaram de sua proposta oferecida na licitação constitui dano à

Administração contratante”. Cópia do parecer do MP/TCU consta da peça 74, p. 26-29.

14.3. O tema é abordado por ambos os recorrentes, cujos argumentos, no conjunto, podem ser

assim sintetizados:

a) os ajustes em questão têm natureza de contrato de gerenciamento de obra pública, e não de

simples fornecimento de mão de obra especializada. Atende à necessidade da Administração de

fiscalizar e acompanhar suas obras sem ter que dispor de uma vasta gama de servidores que, em um

segundo momento, ficariam ociosos;

b) a engenharia consultiva é uma atividade técnica e intelectual complexa, em que a interação

de várias especialidades é imperiosa. Nesse ramo, o corpo de profissionais é da empresa contratada,

que responde pela qualidade técnica dos serviços prestados. Nos ajustes em exame, contrata-se o

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

serviço de consultoria especializada, e não a alocação de mão de obra ou de profissionais específicos.

Contrata-se a empresa, e não simplesmente as pessoas envolvidas;

c) o fato de a estrutura de medição dos serviços estar baseada em “homens/mês” não autoriza

presumir que os contratos sejam de locação de mão de obra. Trata-se apenas de métrica

universalmente utilizada como forma padrão dos serviços de consultoria. Os contratos de

fornecimento de mão de obra não oferecem riscos aos contratados, remunerados que são pelo seu

custo e um adicional de lucro. Nos contratos de fiscalização, ao contrário, compete ao particular

otimizar sua estrutura, para oferecer serviços de qualidade e ao menor custo possível;

d) a publicação de todo edital de licitação pública é antecedida da elaboração de um

orçamento detalhado do que se pretende contratar, orçamento este que conterá o preço aceitável pela

Administração e a composição de seus custos unitários. A importância dessa composição tem a ver

com o exame da aceitabilidade dos preços propostos, de forma a coibir tanto os preços abusivos

quanto os inexequíveis. A exigência de apresentação do orçamento das licitantes e sua decomposição

de preços unitários é também relevante para o exame de eventuais “jogos de planilha”, que resultem

em um preço total aceitável, mas que contenha itens unitários desviados da realidade do mercado;

e) tal exigência não tem como causa, porém, a futura vinculação dos preços unitários

ofertados àqueles que serão efetivamente pagos pelas contratadas a seus fornecedores e prestadores

de serviços. Nem o edital nem os termos de contrato criaram essa vinculação. Tanto que se for

verificada uma oscilação do preço dos insumos que for considerada usual ou dentro de uma álea

ordinária, o contratado seguirá sendo obrigado a prestar os serviços na forma e preços pactuados,

sem direito a indenizações ou aumentos de valores, salvo pelo reajuste anual a que se refere o art. 40,

XI, da Lei de Licitações. Assim, se, por exemplo, o salário de um engenheiro sofre acréscimos por

conta do advento do dissídio coletivo, a remuneração paga pela Administração ao contratado

permanecerá inalterada até o advento do reajuste anual. Ao contrário dos contratos para

fornecimento de mão de obra, os contratos em questão não têm seus reajustes coincidentes nem em

época nem em valores com os aumentos verificados nos salários;

f) cada empresa possui um sistema próprio de cálculo de seus custos, que varia conforme sua

capacidade de se organizar, planejar, estimar seus custos e operar dentro dessas estimativas. Ao

responder a um chamamento da Administração, cada empresa precisa ter em mente os custos que

incorrerá para fornecer o serviço licitado e após, em uma operação de engenharia reversa,

“encaixar” seu próprio custo na estrutura de preços predeterminada pela Administração licitante (o

que viabiliza a comparação objetiva das propostas). No entanto, é evidente que em uma contratação

complexa como a tratada nestes autos, inúmeras particularidades na composição de custos de cada

empresa acabam sendo ignoradas pelo edital;

g) com efeito, é virtualmente impossível à Administração Pública espelhar em um edital todos

e cada um dos custos incidentes em uma contratação do porte da operada pelo Ministério da

Integração Nacional. Da mesma forma, não se conhece edital de licitação que, ao prever a

apresentação dos salários previstos, indique campo para todas as contingências decorrentes da

contratação de um profissional. Ainda assim, o edital em questão alertou aos licitantes que o valor

proposto deveria suportar todas as despesas que incidissem ou viessem a incidir na execução dos

serviços, de forma que o licitante não poderá reclamar no futuro que a Administração impediu a

cotação de alguma despesa que era inerente à execução do contrato;

h) daí se concluir que os contratos em questão envolvem naturais riscos ao contratado, sendo

certo que o custo para a contratante e o salário pago pelas contratadas a seus empregados são coisas

bastante distintas. Fosse o objeto da contratação reduzido a contratar profissionais a um preço certo

e determinado e disponibilizá-los à Administração pelo referido valor, seria o ajuste de mera

disponibilização de mão de obra, e não de prestação de serviços. Fosse assim, e houvesse a

vinculação exigida pelo Tribunal, a estrutura das propostas das contratadas seriam bem diferentes da

apresentada;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

i) a ideia de vincular contratualmente os salários previstos em proposta e o efetivo pagamento

de funcionários deve ser amplamente discutida e estudada, pois as repercussões operacionais são

enormes para as empresas. Cita-se o exemplo de uma empresa que mantenha três contratos distintos

com o MI, alocando três engenheiros distintos, mas do mesmo nível. A cada reajuste de um dos

contratos a empresa teria que reajustar o salário do engenheiro a ele vinculado, mas não poderia

reajustar os dos outros dois engenheiros, por estarem vinculados a avenças diversas. No entanto, a

legislação trabalhista determina que todos os funcionários de mesmo nível e categoria tenham os

mesmos salários;

j) no caso presente, nem o edital, nem a proposta, nem o contrato vincularam a “tarifa

mensal” ao salário efetivamente pago aos empregados alocados ao ajuste.

14.4. Na análise do tema, enfatiza-se que os contratos em exame, de engenharia consultiva,

diferenciam-se nitidamente dos contratos para fornecimento de mão de obra. Nestes, a data base de

salários adotada na proposta é usualmente considerada como termo inicial de contagem dos reajustes

contratuais, assim como a variação dos salários em cada data base é refletida diretamente no reajuste

do contrato. Nos ajustes em questão, diferentemente, não há qualquer vínculo do período e do

montante de reajuste do contrato com a variação de salários ocorrida na vigência do contrato (de

cinco anos, no caso). É o contratado quem deve assumir os riscos de eventuais diferenças entre as

variações salariais que ocorrerem em cada período de apuração e o reajuste que lhe será

proporcionado pelo índice contratual preestabelecido.

14.5. Ademais, as empresas de consultoria consultiva contam (é natural que contem) com

corpo mais estável de empregados, comparativamente às empresas de locação de mão de obra, e de

alta especialização. Com isso, é mesmo esperado que prestem serviços a diferentes órgãos, em uma

sucessão de contratos ou mesmo em contratos simultâneos, valendo-se de um mesmo corpo técnico

(embora não necessariamente dos mesmos técnicos), sujeito, pelas regras do regime celetista, aos

princípios da equiparação salarial e da irredutibilidade de vencimentos.

14.6. Assim, procede o argumento de que a vinculação ao salário ofertado em cada um dos

múltiplos certames de que uma mesma empresa participa (simultânea ou sucessivamente) traria

dificuldades operacionais de grande relevo, pois técnicos distintos, de igual qualificação, trabalhando

em contratos diversos, não poderiam receber salários diferenciados (observadas as regras próprias

do instituto da equiparação, previstas no art. 461 da CLT). Da mesma forma, se ao término de um

contrato com maior salário a empresa, por contingências de mercado, vencesse nova licitação com

proposta de salário inferior, não poderia fazê-lo sem o comprometimento de sua própria

remuneração, ante o princípio da irredutibilidade de salários. Situação ainda mais complexa se daria

quando um mesmo técnico, de alta qualificação mas demandado em tempo apenas parcial, fosse

alocado a mais de um contrato simultaneamente, trabalhando parcelas do mês em cada um.

14.7. Essas dificuldades apenas realçam a necessidade de que o tema seja apreciado com o

devido detalhamento. E é o que, entende-se, tenha sido feito nos autos do TC-014.508/2007-5,

notadamente no parecer do MP/TCU cuja cópia consta deste processo (peça 74, p. 26-29).

14.8. Acata-se o entendimento expresso pelo MP/TCU no referido parecer, cujos principais

fundamentos podem ser assim sintetizados (o que não dispensa, contudo, a consideração, na íntegra,

do citado estudo, pela inter-relação das teses desenvolvidas):

a) a composição de custos apresentada na licitação é demonstrativa do preço a ser cobrado

da Administração pelos bens e serviços contratados, mas não dos custos que serão incorridos pelo

contratado para cumprir o objeto;

b) a apresentação da planilha é necessária como meio de viabilizar a comparação objetiva

das propostas em disputa, a análise da compatibilidade dos preços ofertados na licitação com os

praticados no mercado e o exame de futuros pleitos de reajustes contratuais. Não, porém, para

vincular o contratado quanto aos custos unitários, sujeitos a oscilações próprias da dinâmica do

mercado;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) o contrato por empreitada é celebrado por preço fixo; a retribuição do contratado se dá

mediante o preço avençado, e não por uma margem de lucro. Se, de um lado, o empreiteiro assume os

riscos de eventuais variações de preço dos materiais e da mão de obra, de outro tem a garantia de

receber remuneração prévia e precisamente definida;

d) fixado o preço do contrato, variações normais do custo dos insumos constituem riscos do

negócio, a serem suportados pelas partes. Assim como variações que elevem o preço devem ser

assumidas pelo contratado, a Administração, por outro lado, não poderá reivindicar ganhos oriundos

de reduções havidas dentro da dinâmica normal dos preços. Essas oscilações ordinárias motivam, tão

somente, a aplicação de reajustes anuais, segundo índices setoriais ou globais, conforme disponha o

edital da licitação e o contrato;

e) a proposta formulada na licitação vincula o contratado, mas quanto aos aspectos

relacionados à própria contratante, tais como os preços que serão cobrados da Administração, as

especificações dos materiais que serão empregados, as características dos serviços que serão

prestados, as técnicas empregadas, o ritmo de execução etc. Não quanto ao preço de insumos a serem

adquiridos de terceiros. Caso contrário, estar-se-ia ajustando estipulações em favor de terceiros (os

fornecedores dos insumos) e de difícil conformação: “se a empresa contratada, ao ser citada,

proceder ao pagamento da diferença apurada pelo TCU aos seus funcionários [ou a outros

fornecedores, conforme o caso], ainda assim poder-se-ia falar em descumprimento da cláusula

contratual e em dano à Administração?”;

f) uma vez que tenha obtido o menor preço oferecido na licitação e que este seja compatível

com o mercado, a Administração não atende ao interesse público ao expropriar o contratado de

vantagens conseguidas como resultado de seu esforço e de seus méritos;

g) em resumo, as planilhas de custos servem à avaliação de exequibilidade das propostas

oferecidas na licitação, à comparação com os preços de mercado e como parâmetro para aferição do

equilíbrio econômico-financeiro do contrato se este for alcançado por eventos imprevisíveis, não

representando um compromisso do contratado sobre o quanto ele vai gastar na aquisição dos insumos

necessários, incluída aí a mão de obra;

h) fosse o caso de o Poder Público firmar contrato que não corresponda a essa regra geral,

estabelecendo fórmula específica de retribuição do contratado, isso deveria ser objeto de explícita

disposição do edital, e não de mera dedução a partir da composição de custos oferecidas pelo

licitante;

i) por tudo isso, a referência do sobrepreço deve ser preferencialmente o valor de mercado, e

não eventuais diferenças, a menor, entre o valor dos insumos cotados e aqueles efetivamente

adquiridos, e que se situem dentro de margens de oscilação naturais do mercado.

14.9. Por essas razões, opina-se pelo provimento do presente recurso, com a consequente

exclusão dos subitens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3 e subitens, 9.1.4 e 9.1.5 do acórdão recorrido.

14.10. Pondera-se, no entanto, pela conveniência de que o presente feito seja apreciado em

consonância com o TC 014.508/2007-5, no sentido de que as decisões adotadas guardem

conformidade de entendimentos, eis que relativas a contratos envolvendo o mesmo projeto de

integração do Rio São Francisco, versando sobre a mesma tese jurídica.

CONCLUSÃO

15. Da análise antecedente conclui-se pelo provimento dos recursos quanto:

a) ao suposto pagamento em duplicidade na medição n. 9 (nov/2008) do Contrato 46/2007-

MI, firmado com a empresa Enger Engenharia S/A, proposta que, se acatada, resulta na exclusão do

item 9.1.6 do acórdão recorrido;

b) a não caracterização, como sobrepreço, da diferença entre os salários pagos pelas

recorrentes a seus empregados e os valores que constaram de suas propostas no certame, o que

resulta na exclusão dos itens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3 e subitens, 9.1.4 e 9.1.5.

16. Os demais itens não foram objeto de impugnação, nem sofrem consequências pela eventual

exclusão das determinações referidas.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17. Sobre as comunicações do acórdão recorrido (item 9.3), foi dada ciência da deliberação

original às contratadas (ora recorrentes), ao Ministério da Integração Nacional e ao INSS. O INSS,

porém, informou que a matéria seria de competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil (peça

15, p. 21), razão por que redirecionou o ofício àquele órgão, que já se dirigiu ao Tribunal a respeito

(peça 16, p. 1). Daí propor-se que o resultado do presente recurso seja levado ao conhecimento dos

mesmos destinatários, porém com a substituição do INSS pela RFB.

18. Por fim, registra-se que há pedido de sustentação oral formulado pelo advogado da

empresa Sondotécnica Engenharia de Solos S/A (peça 75, p. 21, letra “d”).

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

19. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se, com

fundamento nos arts. 48 e 33 da Lei 8.443/1992:

1) conhecer dos pedidos de reexame interpostos pelas empresas Enger Engenharia S/A e

Sondotécnica Engenharia de Solos S/A contra o Acórdão 446/2011-TCU-Plenário, mantido pelo

Acórdão 1.732/2011-TCU-Plenário, para, no mérito, dar-lhes provimento e, em consequência, excluir

os subitens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5 e 9.1.6 da deliberação recorrida;

2) dar ciência da decisão às recorrentes, ao Ministério da Integração Nacional e à Secretaria

da Receita Federal do Brasil.

VOTO

Trata-se de pedidos de reexame interpostos por Enger Engenharia S/A e Sondotécnica

Engenharia de Solos S/A, contra o Acórdão 446/2011, Plenário, que apreciou auditoria nos contratos

de “supervisão, acompanhamento técnico e controle tecnológico das obras civis, do projeto executivo,

do fornecimento e montagem de equipamentos mecânicos e elétricos” do Projeto de integração do rio

São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste setentrional (PISF).

Ao apreciar a matéria, o Tribunal, no que interessa ao presente recurso, determinou ao

Ministério da Integração Nacional que adotasse providências corretivas, consistentes em:

a) efetuar a glosa dos valores resultantes da diferença entre os salários que as empresas

declararam que pagariam e os que efetivamente pagaram a seus empregados;

b) estender o mesmo levantamento de diferenças aos demais contratos supervisão,

acompanhamento técnico e controle tecnológico do Projeto, não avaliados na auditoria, e efetuar a

glosa correspondente;

c) reestabelecer o equilíbrio econômico-financeiro de todos os contratos de supervisão,

acompanhamento técnico e controle tecnológico do Projeto, “por meio da revisão de preços unitários,

de forma que esses preços passem a retratar a remuneração (salário mais adicional de transferência)

efetivamente paga pela empresa contratada”;

d) realizar, especificamente quanto ao contrato celebrado com a Enger Engenharia S/C Ltda,,

glosa do valor pago em duplicidade na medição relativa ao mês de novembro de 2008; e

e) incluir novas cláusulas nos contratos de supervisão, acompanhamento técnico e controle

tecnológico do Projeto, relativas à obrigação das contratadas em fornecer, à contratante, relação

nominal dos empregados designados para execução dos serviços e cópia dos documentos probatórios

do recolhimento mensal de INSS e FGTS.

Insatisfeitas, as empresas que tiveram direito subjetivo próprio prejudicado interpuseram os

pedidos de reexame que ora se apreciam, dos quais conheço, porquanto presentes os requisitos

atinentes à espécie.

II

Alegam as recorrentes que os serviços por elas prestados têm natureza de contrato de

gerenciamento de obra pública e não de simples fornecimento de mão de obra especializada. Nesse

cenário, não haveria vinculação entre os salários indicados nas propostas de preços e os efetivamente

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pagos aos seus funcionários, porque a estrutura de custos das atividades de engenharia consultiva não

está associada apenas à alocação de mão de obra, mas, também, à expertise da empresa contratada.

Importa avaliar, para deslinde da matéria, a natureza dos serviços contratados e a forma de

remuneração usualmente utilizada pelo mercado. Os contratos em exame têm por objeto a prestação de

serviços de “supervisão, acompanhamento técnico e controle tecnológico das obras civis, do projeto

executivo, do fornecimento em montagem de equipamentos mecânicos e elétricos”.

Para execução do objeto, devem as contratadas realizar as atividades de: coordenação,

planejamento e programação; engenharia de campo; análise de projetos; acompanhamento, supervisão

e fiscalização das obras e do fornecimento; instalação e montagem de equipamentos; e aceitação final

do empreendimento (peça 52, pp.14-8). Tais atividades amoldam-se àquelas típicas da engenharia

consultiva, em especial a assistência técnica, o gerenciamento de obras e a assessoria especializada1.

A assistência técnica compreende as atividades de: verificação dos desenhos de fabricação;

acompanhamento técnico da construção; montagem de equipamentos e realização de testes; exame da

observância das especificações técnicas pelo construtor; preparo de desenhos como construído; e o

treinamento do pessoal de operação e manutenção do empreendimento.

O gerenciamento encerra as tarefas de coordenação e administração da implantação do

empreendimento, em especial: elaboração de planos gerenciais; planejamento, programação e controle

físico-financeiro; coordenação técnica e administrativa dos serviços de projetos; assistência aos

processos de compra e contratações de bens e serviços; supervisão administrativa de construção,

montagem e testes; administração e controle do fluxo de documentos; e coordenação das atividades

executivas, técnicas e administrativas.

A prestação de assessoria, por sua vez, alcança o fornecimento de informações técnicas

relevantes ao contratante, com vista a subsidiar seu processo de decisão, assim como a realização de

arbitragem, avaliações e estudos organizacionais relacionados ao empreendimento.

Claramente, o objeto contratado ajusta-se à hipótese de prestação de serviços de engenharia

consultiva, notadamente no que concerne ao gerenciamento de obra (peça 52, pp. 14-8).

A literatura especializada registra a dificuldade em se elaborar orçamentos de serviços de

engenharia, em face das incertezas que envolvem a prestação dos serviços, in verbis2:

Orçar um serviço de engenharia consultiva é tarefa que frequentemente lida com apreciável

grau de incerteza. Essa circunstância deve-se aos fatores anteriormente enunciados, sobressaindo a

natureza intangível dos produtos do serviço – soluções para o cliente – e do insumo essencial do

trabalho, que é a inteligência.

Identifica-se a existência de seis métodos orçamentários para os serviços de engenharia

consultiva, a saber: percentual sobre o valor das obras; listagem de atividades e determinação das

quantidades de horas aplicadas; contagem de documentos a serem produzidos; importância do serviço

no empreendimento; preço de serviços semelhantes; e contratos por administração.

O Ministério da Integração Nacional escolheu o método da listagem de atividade e

determinação das quantidades de horas, assim qualificado na literatura especializada3:

Para elaborar o orçamento segundo este método, levantam-se as tarefas a realizar em cada

item do escopo e estima-se a quantidade de horas de cada categoria profissional que deverá ser

aplicada para realizar tais tarefas. Calculado o preço horário dessas categorias profissionais, o

orçamento será obtido pelo produto das quantidades de horas por meio dos preços unitários

respectivos. (...)

Sendo a quantidade de horas trabalhadas o ponto de partida deste método, é necessário referir

a essa variável tanto as diversas incidências de custo como a parcela de lucro.

As incidências de custo de que trata o método, referem-se aos quesitos mão de obra, encargos

sociais, outros custos diretos, custos indiretos, encargos financeiros, despesas fiscais contingências.

1 TISAKA, Maçahico. Orçamento na construção civil: consultoria, projeto e execução. São Paulo : Pini, 2006, p. 143.

2 Idem, ibidem, p. 146.

3 Idem, ibidem, p. 149.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O custo direto de mão de obra é determinado pelos dispêndios com os salários dos

profissionais alocados ao contrato. Tais valores são calculados a partir de estimativa da quantidade de

horas de trabalho, de cada categoria profissional, a ser alocada na realização das atividades técnicas

contratadas. Incide, sobre tais custos, percentual destinado a cobrir os gastos com encargos sociais.

Outros custos diretos são aqueles que podem ser identificados e diretamente apropriados ao

objeto contratual, no momento de sua ocorrência, sem necessidade de rateio, excetuado aqueles

atinentes à mão de obra, a exemplo dos gastos com viagens, consultores especiais, comunicações,

serviços de campo e de laboratório. Indiretos são os custos que não podem ser apropriados diretamente

à execução do serviço, exigindo seu rateio entre os diversos contratos mantidos pela empresa, tal como

os custos com administração central4.

Os encargos financeiros decorrem da defasagem entre a ocorrência dos gastos necessários à

execução do contrato e o recebimento das medições pela contratada. Podem incidir, até mesmo, sobre

o custo direto de mão de obra, nos caos em que o pagamento das medições ocorre após o quinto dia

útil do mês subsequente ao de prestação dos serviços, data em que, nos termos da legislação vigente,

deve a contratada pagar os salários aos seus empregados. As despesas fiscais são representadas pela

incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e das contribuições para o Programa

de Integração Social (PIS) e para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

A rubrica contingências destina-se a absorver os custos decorrentes da exposição da consultora

a riscos financeiros, não previstos no orçamento estimativo5.

A parcela realtiva ao lucro bruto, por sua vez, destina-se a remunerar o custo de oportunidade

do capital aplicado, a capacidade administrativa, gerencial e tecnológica da contratada, a

responsabilidade pela administração do contrato e condução da obra e o investimento na formação

profissional. Tem por objetivo, ainda, criar capacidade de reinvestimento no próprio negócio6.

Nos contratos em exame, a alocação de mão de obra é atividade meio à execução dos encargos

de supervisão, acompanhamento técnico e controle tecnológico, que encerram mais de seis dezenas de

atividades técnicas de engenharia consultiva (peça 52, pp. 14-8). Nesse cenário, a identificação das

categorias profissionais e a quantificação das horas de trabalho desses profissionais expressa método

de apropriação de custos aos produtos entregues à contratante, amplamente utilizado em contabilidade

de custos.

Não é dizer, contudo, que a alocação de mão de obra e os salários pagos a tais trabalhadores

estejam dissociados do preço cobrado, a título de mão de obra, pela contratada, porque as empresas de

engenharia consultiva são remuneradas em função da alocação desses profissionais. No caso, a

remuneração das contratadas decorre do efetivo labor dos profissionais indicados na planilha de

composição de serviços, in verbis (peça 52, p. 33).

A medição será efetuada por homens x mês alocado, quando autorizado pela Fiscalização da

CONTRATANTE.

Para participações em tempo parcial a parcela de h x mês considerada será calculada com

base nas horas efetivamente trabalhadas, considerando-se : 1 h x mês = 176 horas.

Não serão remuneradas as horas extras.

Peculiaridades relativas ao método da listagem de atividade e determinação das quantidades de

horas, utilizado na elaboração do orçamento estimativo e nas propostas de preços, associadas à

ausência de campos específicos para apropriação de todos os custos a que estão sujeitas as prestadoras

desses serviços, retiram, no caso concreto, o vínculo entre os salários indicados nas propostas por elas

ofertadas e os efetivamente pagos aos seus trabalhadores.

4 “Custos da equipe de administração central da empresa consultora (diretoria, pessoal técnico de apoio e pessoal

administrativo não diretamente vinculado à prestação dos serviços); outras despesas que afetam o custo de produção como

treinamento, biblioteca, programa de qualidade, auditoria interna e externa; despesas com aluguéis, comunicação,

manutenção e transporte não diretamente relacionados com o custo direto dos serviços”. (BAETA, André Pachinoni.

Orçamento e controle de preços de obras públicas. Pini : São Paulo, 2012, p. 280). 5 TISAKA. Op. cit., pp. 150 e 159.

6 BAETA, Op. cit., p. 284.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os contratos de engenharia consultiva submetem-se a reajustamento anual de preços,

considerado o índice setorial eleito pela Administração; no caso, o Custo Nacional de Construção

Civil – Serviços de Consultoria – Coluna 39, da Fundação Getúlio Vargas.

Assim, deve a contratada suportar, em cada intervalo de doze meses, as variações de custos

ordinárias, tal como a concessão de reajustes salariais. É de se esperar, desse modo, que os salários

indicados na proposta de preços das licitantes não expressem o exato valor pago aos seus

trabalhadores, no início da execução do contrato, mas a média ponderada dos salários pagos, a cada

categoria profissional, no período que medeia o início da execução contratual e o reajustamento dos

preços. Impõe-se, pois, às licitantes estimar o reajuste salarial que concederá aos seus trabalhadores, no

curso da execução do contrato, e incorporá-lo ao preço dos serviços, por meio da rubrica

contingências. Na falta dessa provisão, obriga-se a contratada a incorporar tais custos aos valores de

mão de obra.

Diversa a situação havida nos contratos de simples alocação de mão de obra, em que o advento

de reajustamento salarial é objeto de imediata revisão do preço contratual, mediante recomposição do

equilíbrio econômico financeiro do ajuste.

Os contratos de engenharia consultiva são onerados, também, por imperfeições na alocação da

mão de obra contratada. A situação ideal, para as prestadoras desses serviços, é aquela em que elas

vendem, aos seus clientes, toda a carga horária de cada um dos seus empregados: 176 horas mensais.

Essa situação, entretanto, nem sempre se mostra factível, porque é da natureza desse mercado a

alocação de profissionais em tempo parcial.

Se o conjunto de contratos obtidos pela consultora não absorver integralmente as cargas

horárias de seus trabalhadores, haverá custos decorrentes da ociosidade de alguns deles. Se, por outro

lado, o tempo de alocação de determinado profissional superar 176 horas mensais, incorrerá a

consultora nos custos adicionais do trabalho em regime de horas extras.

Os contratos em exame mostram-se propícios a gerar tal desequilíbrio, porque há grande

variação entre as cargas horárias contratadas, até mesmo na execução de uma mesma atividade. No

caso do lote 1, por exemplo, exige-se a alocação de consultor, para supervisão de túnel, por apenas 3

horas a cada mês, e de auxiliar, para controle geométrico, por 144 horas mensais.

O controle geométrico exemplifica, também, a variação na absorção de mão de obra

especializada em um mesmo serviço: topógrafo (48 horas mensais); nivelador (24 horas mensais); e

auxiliar (144 horas mensais). Nesse caso, reduzida a possibilidade de perfeita absorção, pela

contratada, da força de trabalho desses profissionais, porquanto necessário alocar membros de uma

mesma equipe laboral, por tempos diferentes, em outros contratos.

Tais custos são também agregados à rubrica contingência. Na falta desta, hão de ser acrescidos

ao custo de mão de obra.

Além desses fatores, o orçamento estimativo não considerou os custos financeiros decorrentes

do fluxo de caixa atinente à prestação dos serviços. Nos termos contratuais, as medições apresentadas

pelas contratadas são pagas no prazo de trinta dias, contado da “data final do período de execução dos

serviços”. Antes desse prazo, entretanto, obrigam-se as contratadas a promover o pagamento dos

salários e o recolhimento das contribuições sociais respectivas. Dessa forma, razoável esperar que as

licitantes hajam distribuído tais custos entre os componentes orçados pela Administração, em especial,

salários.

O cenário descrito é suficiente para, no caso concreto, afastar a vinculação entre os salários

declarados nas propostas de preços e os efetivamente pagos. Impõe-se, portanto, tornar insubsistentes

os subitens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4 e 9.1.5 do acórdão recorrido.

Tal conclusão não se aplica, entretanto, de forma automática, a todos os contratos de

engenharia consultiva. Necessário, em cada contratação, avaliar o método orçamentário, a composição

do orçamento estimativo de preços e os critérios de medição e pagamento eleitos pela Administração,

entre outros, para concluir pela ocorrência ou inocorrência do vínculo entre os salários declarados e os

efetivamente pagos pela consultora.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

III

Opõe-se, ainda, a Enger Engenharia S/C Ltda. à determinação de restituição dos valores

alegadamente pagos em duplicidade “na medição de nº 9 (nov/2008)”, objeto do subitem 9.1.6 do

Acórdão 446/2011, Plenário. Nos termos do relatório que integra o aresto recorrido, a irregularidade

originária do dano decorre do seguinte proceder, in verbis:

136.1. Na medição 01, a contratada cobrou o quantitativo de 0,70 “Hxmês” relativo ao

período de 10/03/2008 a 31/03/2008.

136.2. Nas medições 02 a 07, a empresa cobrou o quantitativo de 1,00 “Hxmês” relativo ao

período do primeiro ao último dia do mês.

136.3. Na medição 08, a mesma cobrou o quantitativo de 1,00 “Hxmês” relativo ao período do

dia 26/09/2008 a 25/10/2008 (cobrando em duplicidade o período de 26/09/2008 a 30/09/2008, já

cobrado na medição anterior).

136.4. Na medição 09, a Enger cobrou o quantitativo de 1,17 “Hxmês” relativo ao período de

26/10/2008 a 30/11/2008. Se a empresa tivesse cobrado o quantitativo de 1,00 “Hxmês” na medição

9, ela teria compensado o valor pago a maior na medição 8 (período de 26/09/2008 a 30/09/2008).

Entretanto, na medição 9, ela mediu o quantitativo de 1,17 “Hxmês”, que foi aprovado e pago pelo

MI.

136.5. Nas medições 10 a 12, a contratada cobrou o quantitativo de 1,00 “Hxmês” relativo ao

período do primeiro ao último dia do mês.

137. Dessa forma, foi visto que houve o pagamento em duplicidade do período de 26/09/2008 a

30/09/2008 devido ao pagamento de 1,17 “Hxmês” na medição 9, quando deveria ter sido pago 1,00

“Hxmês”.

Afirma a recorrente não ter havido pagamento dúplice. Diz que a opinião da auditoria, acolhida

pelo acórdão atacado, “considera períodos de apuração equivocados”.

A análise dos nove primeiros boletins de medição indica corretos os valores pagos. Sobre o

tema assim disserta a unidade técnica, in verbis (peça 79):

13.7. A primeira medição compreendeu a prestação de 22 dias de serviço, em um mês de 31

dias. Daí o quantitativo de “0,7” (22/31), e não de “1,0”. A partir dessa primeira, as medições

passaram a abranger o período de um mês, recebendo o quantitativo “1,0”.

13.8. No entanto, havia divergência entre o regime de contagem adotado na demonstração

analítica do pessoal alocado ao projeto (a “lista de profissionais alocados no contrato”, 1ª coluna da

tabela da peça 12, p. 39) e o utilizado no certificado de pagamento (2ª coluna): a lista de pessoal

valia-se do critério do “mês calendário”, abrangendo do primeiro ao último dia de cada mês; o

certificado de pagamento, por seu turno, adotava o regime do dia 26 de um mês ao dia 25 do mês

seguinte (vide mencionada tabela).

13.9. Ante os inconvenientes da duplicidade de regimes, na nona medição (objeto deste

recurso) o período de faturamento foi estendido do dia 26/10/2008 ao dia 30/11/2008, para, a partir

daí, tanto a demonstração analítica do pessoal quanto o certificado de pagamento adotarem o mesmo

regime de “mês calendário”, unificando-se o critério de apuração em ambos os documentos.

13.10. No mês de novembro de 2008, portanto, o faturamento iniciou-se em 26/10/2008 e se

estendeu até 30/11/2008 (e não apenas até o dia 25, como nas medições anteriores), para que, a partir

décima medição, os faturamentos se iniciassem no dia 1º de cada mês (e não no dia 26 do mês

anterior). Com a extensão dos dias faturados em nov/2008, o quantitativo foi de “1,17” (35 dias, em

vez de 30 dias), e não de “1,0”, sendo essa a diferença que o acórdão recorrido reputou como

indevida e passível de glosa.

(...)

13.15. (...) E, quanto à medição 9, procede o argumento de que a diferença constatada no

acórdão recorrido decorre do fato de que “a tabela adotada pela Ilustre Auditoria considera períodos

de apuração equivocados”, como demonstra “a simples consulta da documentação de faturamento”

relativa ao mês impugnado (nov/2008).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Não se confirma, pois, pagamento indevido, no montante de R$ 36.154,33, na nona medição de

serviços.

Observa-se, contudo, o pagamento irregular de R$ 9.296,83, na primeira medição, em face da

cobrança pela alocação ficta de mão de obra. O deslocamento dessa irregularidade, da primeira para a

nona medição, e a alteração no período de faturamento, havida na nona medição, induziram a 4ª Secex

a concluir, equivocadamente, pela existência do vício apontado.

Assim, mereceria reforma o subitem 9.1.6 do acórdão recorrido, para que fosse determinada a

glosa do valor impugnado na primeira medição, em substituição àquela originalmente indicada. A

expedição de tal determinação, nesta etapa processual, não se mostra factível, por falta de contraditório

específico, uma vez que a responsável foi instada a se manifestar acerca de alegado defeito na nona

medição, e não sobre o vício que macula a primeira.

Tal omissão poderia vir a ser resolvida pela realização de nova audiência. Esse procedimento,

entretanto, não se mostra compatível com o princípio da economia processual, que rege os processos

de controle externo, em face da baixa materialidade do valor impugnado: R$ 11,7 mil, em valores

presentes.

Nesse sentir, adequado tornar insubsistente o subitem 9.1.6 do aresto recorrido.

Associo-me, por fim, às conclusões da unidade técnica acerca da ausência de contestação, pelas

recorrentes, ao disposto nos subitens 9.1.1.1 e 9.1.1.2 do acórdão impugnado.

Feitas essas considerações, voto por que o Tribunal de Contas da União aprove o acórdão que

ora submeto à apreciação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Relator

DECLARAÇÃO DE VOTO

Em apreciação, pedido de reexame interposto pela empresa Enger Engenharia S/A e

Sondotécnica Engenharia de Solos contra o Acórdão 446/2011-Plenário. Naquela decisão, em grosso

resumo, determinou-se ao Ministério da Integração Nacional que, em relação aos contratos em

execução para supervisão do Projeto de Integração do Rio São Francisco, limitasse o pagamento dos

serviços à apresentação de documento comprobatório do recolhimento mensal do INSS e FGTS, bem

como à apresentação de relação nominal dos empregados designados para execução da avença.

2. A principal questão, entretanto – e é este o foco da controvérsia – é a determinação para

vinculação do salário real pago aos funcionários da contratada com o valor declarado na proposta de

preços da vencedora da licitação. Os contratos também deveriam ser revisados para a recomposição do

equilíbrio econômico-financeira dos ajustes, com efeito ex tunc e devolução dos valores pagos

indevidamente.

3. O ministro relator Walton Alencar Rodrigues, como sempre, em habilidosa abordagem sobre

o tema, mormente acerca da maneira de orçar esses contratos de supervisão, bem como das

características específicas do objeto em contenda, considerou que os recursos devem ser conhecidos

para, no mérito, dar-lhes total provimento.

4. Trago que a matéria recorrida, no cerne, é muito semelhante à tratada no âmbito do TC

008.477/2008-0, também em sede de reexame, de relatoria da eminente Ministra Ana Arraes, com voto

revisor apresentado pelo insigne Ministro José Múcio, colocado em pauta na sessão do dia 11 de julho,

ocasião em que, pela importância e recorrência da matéria, requeri pedido de vistas do processo.

5. Naqueles autos, igualmente, debate-se a possibilidade de exigir da empresa supervisora a

identidade entre os salários declarados na proposta com os realmente despendidos pelos particulares.

Discute-se, inclusive, em face da crônica deficiência na forma de orçar esse tipo de serviço, a

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

possibilidade da criação de um grupo de trabalho para parametrizar possíveis soluções a serem

adotadas no dimensionamento de equipes nessas avenças, além de outras providências que possam

contribuir para o aprimoramento dos instrumentos convocatórios, projetos básicos e dos orçamentos

desses contratos.

6. Antecipo, desde já, que no caso concreto – embora não exatamente pelos mesmos

fundamentos – também não avalio possível a retenção ou devolução da diferença de pagamentos, tal

qual alvitrado no item 9.1.3. da decisão recorrida, no que também ajuízo o provimento do presente

recurso neste ponto.

7. O particular carece de certa previsibilidade no ordenamento jurídico vigente; precisa

conhecer as “regras do jogo”, antes de seu início, para que, em um ambiente de estabilidade, possa

estimar as consequências de seus atos; e daí firmar os termos de seus contratos, com exata ciência dos

riscos associados à oferta do preço. São condições primeiras para a decisão de contratar.

8. Eis que se evidencia o princípio da segurança jurídica.

9. Isso considerado, a LDO e massivos precedentes desta Corte indicam como parâmetro de

regulação dos preços os sistemas oficiais (mormente o Sicro e o Sinapi). O Dnit, inclusive, possui

tabela própria de custos para contratos de engenharia consultiva. As regras até o momento estão claras.

Não se extrai do ordenamento jurídico – como também de límpida jurisprudência desta Casa – que tais

regramentos não são válidos para contratos de engenharia consultiva; ou mesmo nas prestações de

serviço de caráter continuado.

10. Assim, no caso geral, intricado discutir a modificação de tal critério, mesmo avesso à

objetividade do comando legal. Ainda mais quando, inclusive no Tribunal, o assunto é objeto de

interpretações distintas.

11. Acredito que tal possibilidade – de exigir a identidade de salários pagos, de acordo com a

proposta – deveria estar explícita, sem qualquer nuvem de dúvida, já no instrumento convocatório. Tal

requisito, cuja legalidade defenderei adiante, seria condição para manutenção dos itens recorridos.

12. Exigir, mesmo por meio de termo aditivo, a modificação do critério iria desestabilizar toda

a previsão bonificadora almejada pela empresa na oferta de sua proposta. São outras regras; outras

condições. Não se poderia afirmar que as empresas teriam mesmo interesse em apresentar seus preços

sob essas condições. Seria uma afronta, entendo, à livre iniciativa e à segurança jurídica.

13. Nesses termos, concordo plenamente no acolhimento dos pedidos de reexame.

14. Tenho uma única reserva. Embora, é claro, a decisão só seja lei para o caso concreto,

mesmo diante das ressalvas prudentemente estampadas pelo relator, temo a extensão de alguma linha

de raciocínio esposada como uma firme posição desta Corte sobre a impossibilidade da disposição, em

instrumentos convocatórios, da vinculação dos salários com a proposta apresentada – pelo menos em

parte do objeto. Entendo que a opção tanto se faz legal, quanto melhor atende ao interesse público

nesse tipo de contratação, pelos motivos que passo a expor.

15. Deixo claro, desde já, que defendo tal possibilidade apenas para os contratos medidos por

homem/hora, com a aplicação do instituto de repactuação, não o de reajuste. Embora seja certo que os

serviços a serem contratados pelo poder público devam prever uma unidade de medida que permita a

mensuração dos resultados, também é cediço que algumas contratações, por suas características, têm

especial dificuldade – ou mesmo impossibilidade – de adotar essa providência; o que é mesmo

reconhecido na própria IN-MPOG 02/2008, em seu art. 11, § 1º. Atualmente, a imensa maioria dos

contratos de supervisão estão sendo feitos por homem/hora.

16. É que muito do objeto da contratação depende da efetiva presença da fiscalização na frente

de serviço. A obra a ser executada carece dos "olhos" da Administração para afiançar a sua execução

com qualidade e de acordo com a boa técnica. Um engenheiro e um técnico não tem a mesma

capacidade fiscalizatória que três engenheiros e três técnicos.

17. Logo, se o orçamento estimativo prevê três engenheiros e três técnicos, pode-se contestar a

admissão de que a contratada exerça suas funções com número menor de profissionais, mesmo

apresentando todos os relatórios e pareceres – teoricamente, objeto do contrato.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

18. É nesse ponto que – pelo menos em parte – esses contratos de supervisão se aproximam

muito da locação de mão de obra. Se o órgão tivesse à disposição funcionários para essa presença

fiscalizatória, eventualmente não careceria de contratar esse apoio com base no art. 67 da Lei de

Licitações. No passado, o DNER, por exemplo, detinha profissionais para a fiscalização das obras em

rodovias por todo o Brasil. Pela míngua do corpo técnico atual, entretanto, não é raro um engenheiro

residente cuidar de mais de mil quilômetro de vias. Contratam-se empresas supervisoras, assim, para

auxiliá-lo nessa tarefa. Na realidade, precisa-se de profissionais em número suficiente para garantir a

presença fiscalizatória da Administração.

19. A dificuldade está no quantum necessário de mão de obra para bem acompanhar o

empreendimento. Muito embora existam diferentes maneiras de orçar esses objetos – competentemente

esmiuçadas no voto do Ministro Relator – é reconhecido que tais contratações têm especial dificuldade

em parametrizar esse número; e esse é o principal motivo para a criação do grupo de trabalho a que se

refere o TC 008.477/2008-0.

20. Aludiu-se que a identificação das categorias profissionais e a quantificação das horas de

trabalho desses profissionais expressaria, apenas, o método de apropriação de custos aos produtos

entregues à contratante. Não pretenderia a Administração simplesmente ter a sua disposição a mão de

obra relacionada no orçamento estimativo; desejaria, na verdade, receber os produtos especificados em

item editalício. Far-se-ia irrelevante, portanto a quantidade de mão de obra realmente aplicada.

21. Vejo, contudo, pelo que expus, que a atividade fiscalizatória depende, sim, da exigência da

presença efetiva da mão de obra no contrato. Mais uma vez, dez profissionais, com mais "olhos",

fiscalizam melhor que um. A fiscalização depende da presença do fiscal. Um número mínimo de

profissionais devem ser exigidos, de acordo com metodologia estimativa própria (e isso é um dos

assuntos a serem tratados no grupo de trabalho a ser constituído). Tal qual defendi, nesse sentido, a

qualidade do serviço prestado depende, e muito, da presença e do número de funcionários estimados

no orçamento.

22. Nesse norte, pelo menos quanto a tal ponto, o objeto dos contratos mais se aproxima de

uma prestação de serviços que propriamente de um contrato de empreitada, no que se refere aos

contratos em espécie definidos no Código Civil.

23. Na verdade, nessas contratações de serviços de consultoria por homem/hora, a identidade

entre o valor declarado e o realmente pago é condição para a garantia da vantajosidade e moralidade

dos certames.

24. É que os serviços de engenharia consultiva que aqui tratamos têm como cliente, na prática,

unicamente os entes públicos. Rodovias, portos, usinas, ferrovias, saneamento: são obras executadas

eminentemente pelo poder público. Especialistas nessa área, assim, trabalham para empresas que

prestam serviços para a Administração ou para empresas que executam obras para a mesma

Administração; ou, ainda, para concessionárias de serviço público.

25. Existe, então, uma dificuldade intrínseca nesses tipos de contrato para a aferição do que

vem a ser o “preço de mercado”. Na realidade, o parâmetro para esse preço justo são outras

contratações realizadas pelo próprio governo.

26. Surge a pergunta: o “salário de mercado” é o salário declarado pela empresa em sua

proposta ou o salário real despendido?

27. O Dnit, em sua referência balizadora para estimar seus orçamentos nessa área (“Tabela de

Preços de Consultoria”), faz sua pesquisa em outros órgãos e contratos governamentais; mas com base

no valor contratual, não no valor real.

28. Essa deficiência na boa avaliação dos preços de mercado pode ser perfeitamente visualizada

no caso concreto que ora se examina. Como relatado, o balizamento dos preços praticados pela

contratada com os custos reais praticados apresentam relevante diferença.

29. Extrai-se dessa constatação não apenas a deficiência dos “referenciais” utilizados para

balizamento de preços de mercado, como também se auspicia que o salário real pago à mão de obra

seja diferente do que o trabalhador verdadeiramente recebe em carteira. Existe uma porta aberta para

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pagamentos “por fora”, em esquiva aos encargos trabalhistas e previdenciários a ele associados.

Reduzem-se irregularmente os encargos necessários para o cumprimento do contrato. Trata-se de uma

vantagem competitiva indevida, em forte desprestígio ao princípio da isonomia. A proposta só foi a

mais "vantajosa" porque a empresa já sabia, de antemão, que não pagaria todos os encargos

previdenciários e trabalhistas a ela incumbidos.

30. Tal prática deve ser duramente combatida. Afora o golpe em valores caros à licitação, a

Administração é solidária em matéria previdenciária; e o fiscal do contrato não detém meios para

constatar ou evitar essa diferença de valor. Ele fica refém dessa prática, viabilizada (ou facilitada) pela

existência dessas tamanhas gorduras nas contratações.

31. As margens exageradas, ainda, em contratações com menor disputa, são convidativas a toda

sorte de irregularidades. Esses excessos desconhecidos podem representar um risco à moralidade da

contratação. Em licitações realizadas prioritariamente por "técnica e preço", com a disposição de

critérios de classificação muitas vezes pouco objetivos, essas sobras são o combustível para desvios de

conduta de gestores e particulares.

32. Pergunto: por qual razão legítima existe o interesse de “esconder” que o real valor pago é

tão desproporcional ao salário real? Tal fato tem sido recorrentemente observado por equipes de

auditoria deste Tribunal.

33. Disso emana que a disposição no edital da obrigatoriedade de a contratada respeitar o valor

declarado em sua proposta, tanto evita a concepção de lucros ocultos exagerados – a materializar

possível enriquecimento sem causa da contratada (por sobrepreço nos contratos) –, quanto facilita a

missão fiscalizatória do adequado recolhimento dos encargos previdenciários, de cuja responsabilidade

a Administração é solidária. Também acrescento que a alternativa viabiliza a parametrização do real

preço de mercado para balizamento de licitações futuras com o poder público, garantindo uma

contraprestação pecuniária mais justa e desencorajando – ou ao menos dificultando – eventuais

condutas que desabonem a moralidade do certame.

34. É verdade que o ordenamento jurídico, como também os termos editalícios, tem um poder

muito limitado de coibir violações legais e desvios de conduta. Não acredito que a proposição que

discorri tenha o condão de resolver todos os problemas afetos ao superfaturamento desses tipos de

contratos. Tal fato, entretanto, não é óbice para a disposição de instrumentos e cláusulas que dificultem

esses abusos. É nesse sentido que, em um sopesar de valores, entendo ser vantajosa essa disposição

editalícia e contratual a que me refiro.

35. Logo, a opção viável, entendo, seria que o item 9.1.3. exigisse que, nos futuros certames,

fosse incluída cláusula de vinculação.

36. Julgo, entretanto, que alterar o item recorrido sob esses termos seria extrapolar as estreitas

possibilidades dessa fase recursal. Envolveria o contraditório do Ministério da Integração Nacional e

as razões apresentadas seriam outras.

37. Isso dito, tendo em vista que se discute no TC 008.477/2008-0 a criação de grupo de

trabalho para tratar, no geral, da matéria aqui examinada, e em face da necessária segurança jurídica a

ser respeitada nos ajustes em comento, acompanho a proposta do Ministro Relator, pelos fundamentos

que expus.

VALMIR CAMPELO

Ministro

ACÓRDÃO Nº 2215/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 010.327/2009-8.

1.1. Apenso: 010.332/2009-8

2. Grupo II – Classe de Assunto: I Pedido de reexame (Relatório de levantamentos)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Interessados: Enger Engenharia S/A (51.167.500/0001-53) e Sondotécnica Engenharia de

Solos S/A (33.386.210/0001-19)

4. Entidade: Secretaria de Infra-estrutura Hídrica.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Ubiratan Aguiar.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).

8. Advogado constituído nos autos: Alexandre Frayze David (OAB/SP 160.614), Jonas Cecílio

(OAB/DF 14.344).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos os pedidos de reexame interpostos por Enger Engenharia S/A e

Sondotécnica Engenharia de Solos S/A, contra o Acórdão 446/2011, Plenário, que apreciou auditoria

nos contratos de “supervisão, acompanhamento técnico e controle tecnológico das obras civis, do

projeto executivo, do fornecimento em montagem de equipamentos mecânicos e elétricos” do Projeto

de integração do rio São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste setentrional (PISF).

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 48 da Lei 8.443/1992, em:

9.1. conhecer dos pedidos de reexame, para, no mérito, dar-lhes provimento;

9.2. tornar insubsistentes os subitens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5 e 9.16 do Acórdão

446/2011, Plenário;

9.3. encaminhar cópia do acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, às

recorrentes e ao Ministério da Integração Nacional.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2215-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministra que alegou impedimento na Sessão: Ana Arraes.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO II – CLASSE I – Plenário

TC-008.982/2012-0.

Natureza: Agravo.

Entidade: Banco do Brasil (Centro de Serviços de Logística de São Paulo - CSL/SP).

Agravante: EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97).

Advogado constituído nos autos: não há.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Procuradores: Sidney Luiz de Melo Leandro, RG nº 32.512.961-7 – SSP/DF e CPF nº

488.209.201-82, pela empresa EC Eletrônica Ltda. (peça nº 26), e Evelaine Lima Galvão, RG nº

2.484.222 - SSP/DF e CPF nº 011.730.521-94, por Anamaria Prates Barroso, OAB/DF 11.218 (peça

nº 36).

Sumário: AGRAVO CONTRA MEDIDA CAUTELAR ADOTADA MEDIANTE

DESPACHO DO RELATOR. OCORRÊNCIA DE PRECLUSÃO TEMPORAL. NÃO

CONHECIMENTO. CIÊNCIA AOS INTERESSADOS.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso denominado pela empresa EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97)

de “pedido de reconsideração”, interposto contra despacho deste relator, que constitui a peça nº 7 dos

autos, cujo inteiro teor cumpre reproduzir, para melhor compreensão da matéria:

“Para compor a parte expositiva da matéria apreciada, transcrevo, a seguir, a instrução

elaborada no âmbito da 2ª Secretaria de Controle Externo (peça nº 4), que contou com a anuência do

dirigente daquela unidade (peça nº 6):

‘1. Trata-se de representação ofertada pela empresa Microsol Tecnologia S/A contra o Centro

de Serviços de Logística de São Paulo (CSL/SP) do Banco do Brasil em face de possíveis

irregularidades na condução do pregão eletrônico 2011/15199(7421).

2. O pregão do CSL/SP tem por objeto o registro de preços para eventual fornecimento,

transporte e instalação de 20.000 unidades de no-breaks de 2 KVA nas dependências do BB em todo o

Brasil, incluindo, quando for o caso, a desinstalação e a retirada do no-break existente com dação em

pagamento do equipamento substituído (trade-in).

3. Ao fim, sagrou-se vencedora do certame a empresa EC Eletrônica Ltda. com o valor global

de R$ 48.986.000,00, ou seja, R$ 2.449,30 por unidade.

4. Em suma, o arrazoado da representante está embasado em três pontos: 1) o edital não exigiu

nenhum tipo de garantia (arts. 31, inciso III, e 56, § 1º, da Lei 8.666/93); 2) houve falhas na etapa de

avaliação técnica em laboratório; e 3) invalidade da declaração na qual a empresa vencedora afirma ser

fabricante e ter postos de manutenção/suporte espalhados pelo país.

EXAME DE ADMISSIBILIDADE

5. A representação preenche os requisitos de admissibilidade constantes no art. 235 do RI/TCU,

haja vista a matéria ser de competência do TCU, referir-se a administrador sujeito à sua jurisdição,

estar redigida em linguagem clara, objetiva e com a qualificação do representante, bem como

encontrar-se acompanhada de documentação relativa ao fato acoimado.

6. Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 4º da Portaria-Segecex 19/2011, a instrução da

presente representação seria de competência da Secex/SP, pois é naquele estado que se localiza a

projeção regional da entidade envolvida.

7. Todavia, o Secretário da 2ª Secex decidiu que o presente processo seria instruído por esta

Unidade Técnica, responsável pelas unidades do Ministério da Fazenda, em face de o pregão em tela

destinar-se a atender unidades do Banco do Brasil em todo o território nacional.

EXAME TÉCNICO

8. Consoante o art. 276 do RI/TCU, o Relator poderá, em caso de urgência, de fundado receio

de grave lesão ao erário, ao interesse público, ou de risco de ineficácia da decisão de mérito, de ofício

ou mediante provocação, adotar medida cautelar, determinando a suspensão do procedimento

impugnado, até que o Tribunal julgue o mérito da questão. Tal providência deverá ser adotada quando

evidentes os pressupostos do periculum in mora e do fumus boni iuris.

9. A sessão pública do pregão eletrônico 2011/15199(7421) ocorreu em 21/7/2011 (peça 3, p.

1). A proposta da EC Eletrônica foi apenas a 9º classificada após a etapa de lances. Entre 21/7 e

23/11/2011, as oito empresas primeiro classificadas foram desclassificadas do certame. O objeto da

licitação foi adjudicado à EC Eletrônica em 11/1/2012.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Consta dos autos a ata de registro de preços 201274210226, cuja vigência é de 25/1/2012 a

24/1/2013 (peça 1, p. 61-105). Realizado contato telefônico pelo número (11) 3491-3083 com a

pregoeira do CSL/SP, Sra. Aline Alvarez Carneiro, obteve-se a informação de que os pedidos de

compra seriam consolidados e enviados entre 9 e 16/4/2012.

11. Inobstante a presente representação ter sido autuada apenas em 29/3/2012, ou seja, 78 dias

após a decisão contra a qual se insurge (adjudicação do objeto), a proximidade do período de

fornecimento dos produtos caracteriza o requisito do periculum in mora, ante a possibilidade de dano

concreto e imediato.

12. Passa-se à análise da plausibilidade do direito afirmado.

13. No que diz respeito ao fato de o edital não exigir nenhuma garantia, a própria representante

observa que o Tribunal já fixou entendimento de que não deve ser cumulada, em um mesmo processo

licitatório, a exigência de mais de uma garantia. Por outro lado, a representante, citando outros

precedentes do TCU, argumenta que a ausência de mecanismo de garantia do adimplemento do

contrato, somada ao fato de que o capital social da empresa vencedora é de apenas R$ 30.000,00 (peça

1, p. 291-292) em face do valor expressivo da contratação (R$ 48.986.000,00), traria insegurança à

Administração e violaria o princípio da supremacia do interesse público.

14. Registre-se que, conforme item 1.1.3.1 do anexo 2 do edital (peça 1, p. 36), somente as

empresas que apresentassem os índices do Sicaf iguais ou menores que 1,0 é que deveriam comprovar

possuir patrimônio líquido igual ou superior a R$ 4.300.000,00.

15. No tocante à etapa de avaliação técnica, a representante afirma que o no-break marca

Lacerda, modelo Frigate 2KL (peça 1, p. 71), oferecido pela EC Eletrônica, vencedora do certame, é o

mesmo que foi apresentado pelas empresas Lacerda Sistemas de Energia Ltda. e Emerson Network

Power do Brasil Ltda. (respectivamente, 5ª e 8ª classificadas do certame) e que já havia sido reprovado

nos dois testes anteriores.

16. O teste solicitado pela empresa Lacerda foi realizado pelo Instituto de Eletrotécnica e

Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e os ensaios ocorreram no período de 8 a 15/9/2011

(peça 1, p. 117-139). Já o teste da empresa Emerson foi realizado pelo Laboratório TÜV Rheinland e

os ensaios ocorreram no período de 10 a 18/11/2011 (peça 1, p. 164-195). Enfim, anote-se que o teste

da EC Eletrônica também foi realizado pelo IEE/USP e os ensaios ocorreram no período de 15 a

20/12/2011 (peça 1, p. 234-258).

17. Ora, embora esses tipos de teste sejam válidos ‘somente para o objeto ensaiado nas

condições especificadas, não sendo extensível a quaisquer lotes’ (peça 1, p. 117, 165 e 234), causa

certa estranheza que um produto reprovado por um determinado laboratório seja aprovado apenas três

meses depois, principalmente se for considerado não só que o primeiro produto era do próprio

fabricante (empresa Lacerda), mas também a diferença de preço entre as propostas: R$ 39.158.000,00

contra R$ 48.986.000,00 (peça 1, p. 54).

18. Outro ponto questionado é a mensagem enviada pela EC Eletrônica à pregoeira do CSL/SP

em 25/11/2011 (peça 1, p. 229), que, segundo a representante, macularia o princípio constitucional da

impessoalidade. Contudo, verifica-se que a referida correspondência ocorreu após a desclassificação

da empresa Emerson (8ª classificada) e mostra a empresa EC Eletrônica se colocando à disposição

para enviar sua amostra para homologação conforme previsto no edital, não se vislumbrando qualquer

mácula em tal mensagem, por si só.

19. Também é discutida a presença de técnicos de outras licitantes nos ensaios realizados. A

representante demonstra que a empresa Equisul Indústria e Comércio Ltda. (4ª colocada com o valor

global de R$ 39.157.999,00, mediante direito de preferência), após ser desclassificada, solicitou que os

testes vindouros fossem acompanhados por seus técnicos, o que foi denegado pelo CSL/SP (peça 1, p.

231).

20. Em primeiro lugar, chama a atenção um fato não destacado pela representante. Conforme

mensagem eletrônica constante dos autos, a Equisul assevera ter sido desclassificada em razão da

suposta ausência de independência do laboratório contratado para realizar os testes, inobstante o fato

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de que o laboratório contratado estar efetivamente relacionado na lista de laboratórios independentes

credenciados pelo próprio CSL/SP, conforme relação do item 4.13 do anexo 1 do edital (peça 1, p. 28).

21. E em segundo lugar, verifica-se que os técnicos que estavam presentes nos ensaios da

empresa Lacerda (peça 1, p. 117) eram os mesmos que estavam presentes nos ensaios da EC Eletrônica

(peça 1, p. 234). Neste sentido, entende-se que o panorama apresentado indica ou a quebra do princípio

da isonomia ou uma conexão íntima entre as empresas EC Eletrônica e Lacerda, que precisa ser

investigada para averiguar se não houve violação a princípios licitatórios.

22. Nesse passo, o último ponto contestado pela representante está justamente relacionado à

vinculação entre a vencedora do certame e a empresa fabricante dos produtos.

23. Segundo a representante, o endereço da linha de montagem indicado na Declaração de

Endereço e Produção apresentada pela EC Eletrônica (peça 1, p. 285) é o endereço da Lacerda. De

outro modo, deveria haver uma anuência formal por parte da Lacerda aquiescendo com a capacidade

de produção indicada na declaração da EC Eletrônica. Com isso, a representante entende que a EC

Eletrônica apresentou declaração falsa, devendo sujeitar-se às sanções legais, nos termos do art. 21, §

3º, do Decreto 5.450/2005.

24. Por fim, a representante lança sérias dúvidas sobre a validade da licitação, e até mesmo dos

testes realizados, ao afirmar que ‘a empresa vencedora irá subcontratar todo o objeto do certame, uma

vez que não fabrica, tratando-se de uma revendedora e assistência técnica’. De fato, a EC Eletrônica

encontra-se como um intermediário oneroso entre a Administração e a empresa Lacerda, fabricante do

produto, que ofereceu o mesmo equipamento por um preço bem menor que o vencedor (R$

39.158.000,00 contra R$ 48.986.000,00), mas que foi curiosamente reprovado no primeiro teste.

25. Em reforço a isso, outro fato não destacado pela representante também chama a atenção. A

partir de 24/11/2011, depois da convocação da EC Eletrônica, a empresa Delta Greentech Brasil S/A

inicia a postagem de uma série de mensagens (peça 2, p. 5-6) onde alega, por exemplo, que a ‘EC é

uma empresa do grupo Lacerda’ e que a ‘empresa EC Eletrônica Ltda (...) irá apresentar para testes de

aceitação o mesmo produto que já foi reprovado em laboratório’. Em 30/12/2011, as empresas Delta e

Engetron manifestaram intenção de recurso.

26. Merece destaque a mensagem onde a Delta alega que o item 4.6 do anexo 1 do edital (peça

1, p. 28), ao impedir a repetição do teste, ‘visa principalmente agilizar o processo, pois caso contrário

todos os fabricantes poderão utilizar ‘distribuidores’ para apresentação de quantos modelos acharem

possível, prejudicando os demais participantes’. Em analogia, e com base nos princípios da

economicidade e da vantajosidade para a Administração, pode-se afirmar que tal item também deveria

evitar que um produto com um preço menor fosse testado e reprovado e que, três meses depois, esse

mesmo produto fosse novamente testado, aprovado e contratado pela Administração, agora com um

preço maior.

27. Nessa série de mensagens, acerca das alegações da Delta, a pregoeira informa que a

convocação da EC Eletrônica ocorreu ‘conforme consulta ao departamento jurídico do Banco’. No

tocante aos recursos, ambos foram cancelados com a mesma justificativa: ‘recurso não será acatado

conforme análise constante do processo’. Todavia, não constam dos autos nem a consulta respondida

pelo jurídico do Banco, nem as análises que rejeitaram os recursos.

28. Paralelamente, esta Unidade Técnica fará um levantamento a fim de esmiuçar eventuais

ligações entre as licitantes, principalmente as empresas EC Eletrônica e Lacerda, com o fito de

examinar a ocorrência de outras irregularidades que afrontem os princípios atinentes ao procedimento

licitatório.

29. Toda essa conjuntura atesta a existência do fumus boni iuris, motivo pelo qual, também

estando caracterizado o periculum in mora, conclui-se que o requerimento de medida cautelar deve ser

acolhido, por estarem presentes nos autos os seus pressupostos.

30. Para o deslinde do processo, além da oitiva da parte (no caso, o CSL/SP) prevista no art.

276, § 3º, do RI/TCU, deve-se oportunizar a oitiva também da empresa EC Eletrônica Ltda. nos termos

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

do art. 250, inciso V, do RI/TCU, uma vez que os fatos apontados nesta representação podem resultar

em decisão do Tribunal no sentido de alterar o contrato em seu desfavor.

CONCLUSÃO

31. O documento apresentado deve ser conhecido como representação, por preencher os

requisitos previstos no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, e no art. 237, inciso VII e parágrafo único, do

RI/TCU (parágrafo 5 desta instrução).

32. No que tange ao requerimento de medida cautelar, entende-se que este deve ser acolhido,

por estarem presentes nos autos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora (parágrafos 9

a 29 desta instrução).

33. Diante dos fatos apurados, conclui-se que as informações constantes nos autos ainda não

são suficientes para a análise de mérito da presente representação, razão pela qual faz-se necessária a

realização de oitivas saneadoras (parágrafo 30 desta instrução).

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

34. Pelo exposto, submete-se o presente processo à consideração superior, propondo a adoção

das seguintes medidas:

34.1. conhecer a presente representação, nos termos do art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, e do art.

237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento Interno do TCU;

34.2. tendo em vista a existência dos pressupostos necessários, deferir, com fundamento no art.

276, caput, do Regimento Interno do TCU, o requerimento de medida cautelar formulado pela empresa

Microsol Tecnologia S/A (CNPJ 07.108.509/0001-00), a fim de determinar ao Centro de Serviços de

Logística de São Paulo do Banco do Brasil, na pessoa do Gerente Geral Leonel Prado de Moraes (CPF

066.003.928-19), que suspenda imediatamente todos os atos decorrentes do pregão eletrônico

2011/15199(7421) e da ata de registro de preços 201274210226;

34.3. com fulcro no art. 276, § 3º, do Regimento Interno do TCU, determinar a oitiva do Centro

de Serviços de Logística de São Paulo do Banco do Brasil, na pessoa da pregoeira Aline Alvarez

Carneiro (CPF 305.868.628-54), para que, no prazo de 15 dias, pronuncie-se sobre os fatos apontados

na presente representação, mais especificamente para:

34.3.1. apresentar justificativa devidamente fundamentada para a ausência de mecanismo de

garantia do adimplemento do contrato, considerando o exíguo o capital social da empresa EC

Eletrônica Ltda. (R$ 30.000,00) e o expressivo valor da contratação (R$ 48.986.000,00), à luz dos arts.

31, inciso III, e 56, § 1º, da Lei 8.666/93, e dos Acórdãos 112/2007-P, 2.014/2007-P e 296/2008-P,

citados pela representante;

34.3.2. apresentar justificativa devidamente fundamentada para a desclassificação da empresa

Equisul Indústria e Comércio Ltda. em razão da ausência de independência do laboratório contratado

para realizar os testes, considerando que a empresa afirma que o laboratório contratado estava

relacionado na lista de laboratórios independentes credenciados pelo próprio CSL/SP, conforme

relação do item 4.13 do anexo 1 do edital;

34.3.3. apresentar justificativa devidamente fundamentada para a presença de técnicos da

empresa Lacerda Sistemas de Energia Ltda. nos ensaios de interesse da empresa EC Eletrônica Ltda.,

conforme evidenciado no relatório de ensaio 72.901;

34.3.4. apresentar justificativa devidamente fundamentada para a aceitação da Declaração de

Endereço e Produção da empresa EC Eletrônica Ltda. com graves indícios de falsidade quanto ao

endereço da linha de montagem e à capacidade de produção;

34.3.5. apresentar justificativa devidamente fundamentada para a contratação de um produto

(no-break marca Lacerda, modelo Frigate 2KL) por um preço maior (valor global de R$ 48.986.000,00

ou R$ 2.449,30 por unidade), sendo que o mesmo produto foi testado e reprovado, três meses antes,

quando havia sido oferecido pela própria fabricante por um preço menor (valor global de R$

39.158.000,00 ou R$ 1.957,90 por unidade), à luz dos princípios da economicidade e da vantajosidade

para a Administração;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

34.3.6. apresentar cópia dos pareceres jurídicos e das análises que embasaram todas as decisões

da pregoeira, inclusive no tocante à rejeição dos recursos interpostos pelas empresas Delta Greentech

Brasil S/A e Engetron Engenharia Eletrônica Indústria e Comércio Ltda.;

34.4. nos termos do art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, determinar a oitiva da

empresa EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97) para que, no prazo de 15 dias, querendo,

manifeste-se sobre os fatos apontados na presente representação, uma vez que os mesmos podem

resultar em decisão do Tribunal no sentido de alterar o contrato em seu desfavor.’

2. Decido.

3. Verifico que as sugestões apresentadas pela unidade técnica estão apoiadas em amplo

arrazoado que merece o nosso acolhimento.

4. Isso, pelo menos neste juízo inicial, de cognição sumária, em que é exercido o poder de

cautela, num julgamento deliberatório no qual se mesclam a urgência da decisão e a impossibilidade de

aprofundamento analítico do caso, tendo-se presente que o objeto da licitação foi adjudicado à empresa

vencedora em 11/1/2012 e que os pedidos de compra serão enviados em breve, bem assim que, de

alguma forma, é perceptível a fumaça do bom direito.

5. Desse modo, conheço do expediente em exame como Representação, e considerando estarem

configurados o periculum in mora e o fumus boni juris, DETERMINO, com fundamento no art.

276, caput, do Regimento Interno/TCU, ao Banco do Brasil, em sede de medida cautelar, que se

abstenha de adotar quaisquer atos decorrentes do pregão eletrônico 2011/15199 (7421) e da ata de

registro de preços 201274210226, obstando também que outras entidades a utilizem para compra do

produto objeto da licitação, até que este Tribunal delibere, no mérito, a respeito da regularidade dos

procedimentos em causa.

6. Restituam-se os autos à 2ª Secex, para que, com a urgência requerida, transmita à entidade

representada cópia da medida acautelatória aqui adotada, bem assim para que promova as demais

providências por ela alvitradas e ora por mim igualmente acolhidas.”

2. No documento que compõe a peça nº 38 dos autos, datado de 4/6/2012, a impetrante “requer

que seja conhecido o presente pedido de reconsideração para suspender a eficácia da cautelar deferida

até o julgamento final da representação, evitando-se, assim, possíveis prejuízos ao erário.”

3. Assim, a recorrente expõe suas ponderações na forma do texto que transcrevo por inteiro:

“DA INEXISTÊNCIA DOS GRAVES INDÍCIOS DE FALSIDADE

De fato quando existe uma fundamentação de possibilidade de falsidade documental, é uma

tendência de qualquer julgador optar pelo deferimento da cautelar.

Quando foi instada a se manifesta quanto à representação, a requerente sequer foi questionada

quanto à eventual falsidade de documento.

Ora, tal fato, por si só, já viola o direito de defesa, uma vez que se existisse dúvidas quanto à

validade de documento deveria ter sido oportunizado o direito de rebater ‘as alegações de falsidade

com todos os elementos.

Roga-se a leitura de que se trata de declaração quanto ao FABRICANTE. Ora, a REVENDA

adquire diversos componentes e informou que irá integrar diversos componentes. Com isso, é do

conteúdo de uma integradora que apresentou desde o início a sua relação de fornecedores.

Com a devida licença, bastaria verificar que a empresa FABRICANTE de UMA DAS PARTES

DO PRODUTO FINAL pode ter um preço menor em um dos conteúdos que compõe o produto final,

influenciando o preço.

Quanto ao endereço da linha de montagem e de produção foi, desde o início, esclarecido que na

resposta do Banco do Brasil e acolhido pelo próprio TCU que o endereço indicado foi o do Fabricante.

Segue o texto - item 53 da defesa do Banco do Brasil:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

‘ A propósito, informamos que no processo consta documento emitido pela empresa EC

Eletrônica (documento n. 14), declarando que a RESPONSÁVEL PELA FABRICAÇÃO DOS

NOBREAKS É A EMPRESA LACERDA SISTEMAS DE ENERGIA LTDA....’

Com isso, vê-se que não houve qualquer discussão posterior de falsidade.

DA COMPOSIÇÃO DA LICITAÇÃO E DA RELAÇÃO REVENDA DE UMA DAS

PARTES E ENTREGA DA SOLUÇÃO

A licitação não foi para ‘comprar’ no breaks. Em verdade, o objeto do contrato é o seguinte:

‘....No break estático de dupla conversão (on-line), COM BATERIAS EXTERNAS PARA

EXPANSÃO DA AUTONOMIA, INTERFACE PARA MONITORAMENTO REMOTO E DAÇÃO

EM PAGAMENTO SUBSTITUÍDO (TRADE IN) ....

O relatório da área técnica do TCU reconhece que a empresa EC ELETRÔNICA atendeu as

especificações do edital. Vejamos:

‘...embora o art. 25 do Decreto 5450/2005 tenha sido observado e que A PROPOSTA DA EC

ELETRÔNICA TENHA ATENDIDO AS ESPECIFICAÇÕES DO EDITAL. NÃO

CONCORDAMOS COM O BANCO QUANDO ESTE AFIRMA QUE A PROPOSTA MAIS

VANTAJOSA FOI SELECIONADA’.

A própria área técnica do TCU afirma:

‘ ...embora não houvesse no edital restrição de pessoas jurídicas diferentes fornecerem

equipamento de mesma marca e modelo para homologação na licitação, a empresa EC como

fornecedora tornou-se UMA INTERMEDIÁRIA ONEROSA ENTRE A ADMINISTRAÇÃO E A

EMPRESA LACERDA ...’.

Tal conclusão é baseada apenas em elementos SUBJETIVOS e na falta de elementos técnicos

que não poderiam ter sido ponderados em sede de cautelar.

Nesse viés, temos que a representação afirma o seguinte:

...assim constata-se que a LACERDA figurou como uma proponente e a EC como outra

proponente no certame, ambas ofertando o MESMO PRODUTO, a saber o nobreak marca LACERDA

MODELO FRIGATE 2KL....’.

Nesse sentido, a LACERDA foi inabilitada nos testes de SUA SOLUÇÃO FINAL.

Passados 3 meses depois a EC foi instada a apresentar proposta e sua solução foi

CLASSFICADA.

O TCU achou ‘estranho’ tal fato. Contudo, existem diversos motivos técnicos. A saber:

1. 0 NO BREAK LACERDA É UM DOS ELEMENTOS DO PRODUTO FINAL;

2. 0 PRODUTO FINAL DA LACERDA NÃO FOI HOMOLOGADO, POR CONTA DA

REGULAÇÃO ESTÁTICA/DINÂMICA E NÍVEL SONORO;

3. A EC TRABALHOU COM A EQUIPE DE ENGENHARIA PARA VERIFICAR AS

ALTERAÇÕES DE PROJETO, PROGRAMAÇÃO E REGULAÇÕES.

Nesse sentido, NÃO HÁ QUE SE MACULAR A CAPACIDADE DA EC ELETRÔNICA em,

mesmo sendo revendedora, de ter capacidade técnica.

Se o edital não vedou a participação de revenda e se a revenda integrou a solução, É ILEGAL

RETIRAR-LHE O CONTRATO ASSINADO por conta de questões de entendimento pessoal.

Vejamos a composição geral da solução:

1. Equipamento no break - LACERDA SISTEMAS

2. Baterias - Moura

3.Armários/embalagens/Interligações/Disjuntores/Pallet - METALÚGICA ZONI, CEVILHA,

REVITEC, STAMPCOM, KRAFTPAK, SIEMENS E OUTRAS

4. Instalação - EC ELETRÔNICA EM CONJUNTO COM A REDE NACIONAL DE

ASSISTÊNCIA TÉCNICA DO FABRICANTE DE UM DOS ITENS (LACERDA) EM TRABALHO

INTEGRADO.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Logo, a EC será responsável por integrar a solução e não pode ser penalizada por conta de ser

uma revenda que demonstrou capacidade técnica e de integração que outras não demonstraram.

DOS FATOS NOVOS A ENSEJAR A NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DA

CAUTELAR DO PERICULUM IN MORA INVERSO

Por medida de prudência com o trato da coisa pública foi deferida a medida cautelar.

Outrossim, os contornos específicos do material envolvido e a celeridade do contexto da

cautelar impuseram a decisão irretocável de Vossa Excelência.

Contudo, novos fatos devem ser ponderados agora e podem determinar uma nova análise da

questão.

Quanto ao periculum in mora de proteção do erário, deve ser indicado que se trata de

equipamento indispensável ao funcionamento das agências. Com isso, a falta de no breaks pode

paralisar o funcionamento em caso de falta de luz. Nesse sentido, PODEM SER efetivadas COMPRAS

FRACIONADAS com vistas a impedir a falta do equipamento.

Deve ser anotado que a discussão técnica da solução de compra passou por diversas fases.

Com isso, o não prosseguimento DO CONTRATO PODE DETERMINAR COMPRA MAIS

ONEROSA POR MEIO DE FRACIONAMENTO DE DESPESAS OU ATÉ MESMO LEVAR A

CONTRATAÇÕES EMERGENCIAIS.

Nesse viés, a cautelar que veio para proteger ao erário pode levar a prejuízos ao erário.

DOS ESCLARECIMENTOS QUANTO AO FUNDAMENTO DE PERICULUM IN

MORA DA ÁREA TÉCNICA

Veja que a área técnica apontou alguns fundamentos para embasar a recomendação de anulação

do pregão. Contudo, devem ser ponderados os seguintes fatos.

DA INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO À PUBLICIDADE NO FATO DE

CONCORRENTES NÃO PODEREM ACOMPANHAR A VISTORIA TÉCNICA

Veja que a norma legal determina que existe publicidade, SALVO O CONTEÚDO DAS

PROPOSTAS. Ora, se o equipamento é a parte técnica da proposta cabe à comissão analisar. Veja

bem. Existe diversos segredos industriais e questões de sigilo profissional na questão.

Com isso, não há razão para em uma decisão cautelar indicar que houve irregularidade de

manter a indicação isonômica de que TODOS OS CONCORRENTES não iriam participar da análise.

Se assim não for, apenas o requerente terá a vantagem de acessar dados.

Agora, se existe dúvida da lisura da comissão, isso é outra questão que deve ser tratada com o

direito de defesa próprio e não em medida cautelar.

DA DIFERENÇA DAS PROPOSTAS

De fato, a decisão cautelar fundada em análise perfunctória da área técnica não verificou que

NÃO SE TRATA DE REVENDEDOR COM PREÇO MAIOR VENDENDO O MESMO PRODUTO

QUE O FABRICANTE.

A LACERDA que fornece PARTE DA SOLUÇÃO teve o seu protótipo reprovado. Outra

empresa, EMERSON NETWORK DO BRASIL LTDA, também cotou o No Break modelo Frigate

2KL e teve seu protótipo reprovado. Deve ser perguntado:

QUAL O MOTIVO QUE LEVOU EC ELETRÔNICA LOGRAR APROVAÇÃO NA ÁREA

TÉCNICA?

1. O PRODUTO DA LACERDA É PARTE DA SOLUÇÃO;

2. EXISTE A CONFIGURAÇÃO DO GABINETE;

3. EXISTE O TRABALHO TÉCNICO QUE ATENDEU AS ESPECIFICAÇÕES.

Com a devida vênia, SIMPLIFICOU-SE algo que não é tão simples.

Não se trata de MESMO PRODUTO COM PREÇO QUASE 10 MILHÕES A MAIOR como

indicou a área técnica.

Na diferença de preço decorre do fato de que a empresa EC Eletrônica melhorou

antecipadamente tecnologia de fabricação de parte da solução para atender as especificações técnicas

exigidas no edital.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Perigo ha manutenção da liminar: frisa-se que as agências bancárias não podem ficar sem os

equipamentos, por isso podem ser obrigadas a adquiri-los de forma fracionada, embutindo o custo da

aquisição dos mesmos em outras despesas, onerando demasiadamente a instituição mantenedora.

DO PEDIDO

Requer que seja conhecido o presente pedido de reconsideração para suspender a eficácia da

cautelar deferida até o julgamento final da representação, evitando-se, assim, possíveis prejuízos ao

erário.”

É o relatório.

VOTO

Preliminarmente, é de notar que o inconformismo revelado neste recurso pela empresa EC

Eletrônica Ltda. tem a ver com o despacho deste relator, que compõe a peça nº 7 dos autos, datado de

3/4/2012, mediante o qual foi:

a) deferida medida cautelar, com fundamento no art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU,

determinando-se ao Banco do Brasil que se abstivesse de adotar quaisquer atos decorrentes do pregão

eletrônico 2011/15199 (7421) e da ata de registro de preços 201274210226, obstando também que

outras entidades a utilizassem para compra do produto objeto da licitação, até que este Tribunal

deliberasse, no mérito, a respeito da regularidade dos procedimentos em causa;

b) determinada, com base no art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do Centro de

Serviços de Logística de São Paulo do Banco do Brasil, na pessoa da pregoeira Aline Alvarez Carneiro

(CPF 305.868.628-54), para que, no prazo de 15 dias, se pronunciasse sobre os fatos apontados na

representação;

c) determinada, nos termos do art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da

empresa EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97), para que, no prazo de 15 dias, querendo, se

manifestasse sobre as ocorrências noticiadas no documento objeto destes autos, dado que elas

poderiam resultar em decisão contrária aos seus interesses.

2. Desse modo, o apelo ora discutido atrai para a espécie a modalidade processual de que trata

o art. 289 do Regimento Interno/TCU, em respeito ao princípio da fungibilidade recursal, passando a

ser analisado como agravo.

3. De plano, observo o não atendimento, por parte da recorrente, de requisito para a

admissibilidade de sua petição, previsto no aludido dispositivo regimental, conforme se vê:

“Art. 289. De despacho decisório do Presidente do Tribunal, de presidente de câmara ou do

relator, desfavorável à parte, e da medida cautelar adotada com fundamento no art. 276 cabe

agravo, no prazo de cinco dias, contados na forma do art. 183.” (destacamos).

“Art. 183. Os prazos referidos neste Regimento contam-se dia a dia, a partir da data:

I – do recebimento pela parte:

a) da citação ou da comunicação de audiência;

b) da comunicação de rejeição das alegações da defesa;

c) da comunicação de diligência;

d) da notificação;

II – constante de documento que comprove a ciência da parte;

III – da publicação nos órgãos oficiais, quando a parte não for localizada;

IV – nos demais casos, salvo disposição legal expressa em contrário, da publicação do

acórdão no Diário Oficial da União.”

4. É que, consoante demonstrado nas peças nºs 16 e 21, a empresa EC Eletrônica Ltda., por seu

sócio Sandro Augusto Alves, tomou ciência do despacho ora agravado em 12/4/2012, enquanto o seu

recurso é datado de 4/6/2012, com entrada no TCU em 6/6/2012, conforme indica a peça nº 38.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5. Portanto, resta plenamente configurada a preclusão temporal, ocorrendo aí a perda da

faculdade recursal, por não ter sido exercida no tempo oportuno, porquanto entre a notificação do

despacho embargado e a interposição deste agravo escoou-se prazo bem superior aos cinco dias

previstos no art. 289 do RI/TCU.

6. De mais a mais, nem mesmo é o caso de se mitigar a rigidez das normas processuais, em

favor da verdade material, e à vista do princípio do formalismo moderado, porquanto as razões

apresentadas pela agravante – reproduzidas, em síntese apertada, na ementa abaixo, elaborada pela

própria recorrente - não se mostram suficientes para afastar os pressupostos da medida cautelar por

mim deferida:

EMENTA

PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO. PERICULUM IN MORA INVERSO.

REPRESENTAÇÃO QUE TEVE CAUTELAR DEFERIDA COM PEDIDO POUCO USUAL DE

ANULAÇÃO DE CONTRATO E NÃO PELA INCLUSÃO DA LICITANTE NO PROCEDIMENTO

LICITATÓRIO. SUSPENSÃO DE CONTRATO JÁ ASSINADO. CONTRATO EM FASE DE

EXECUÇÃO. SUSPENSÃO DE CONTRATO PELO TCU. CONTINUIDADE DE

PROCEDIMENTO DE COMPRA POR MEIO DE EMPRESA QUE FEZ REPRESENTAÇÃO NO

TCU E PODE ESTAR SE BENEFICIANDO DA CAUTELAR PARA CONTINUAR VENDENDO

PARA O BANCO DO BRASIL POR INTERMÉDIO DAS REVENDAS (DOCUMENTO 01) OU

DIRETAMENTE. LICITAÇÃO DE EQUIPAMENTO FUNDAMENTAL PARA O

FUNCIONAMENTO DE AGÊNCIAS. POSSIBILIDADE DE ABERTURA DE JUSTIFICATIVA

FUNDADA NA SUSPENSÃO DA LICITAÇÃO PARA COMPRA DIRETA OU DE MECANISMO

DE ACOMODAÇÃO DE NO BREAKS EM OUTROS SERVIÇOS. POSSÍVEL USO DE DECISÃO

CAUTELAR DO TCU PARA BURLAR LICITAÇÕES. CAUTELAR QUE BENEFICIA

APENAS UMA EMPRESA. REDISCUSSÃO DE ARGUMENTOS DE PROTEÇÃO AO ERÁRIO

PÚBLICO. PONDERAÇÃO DE POSSÍVEIS PREJUÍZOS AO ERÁRIO. EMPRESA QUE

COMERCIALIZA SOLUÇÕES NA ÁREA DE MANUTENÇÃO DE ENERGIA. APROVAÇÃO

PELA ÁREA TÉCNICA DE SOLUÇÃO. FABRICANTE DE PARTE DA SOLUÇÃO

INABILITADO. CAUTELAR DE CONCORRENTE COM PREÇO SUPERIOR A 20 MILHÕES

QUE TINHA INTERESSE DE EXCLUIR O LICITANTE. INDICAÇÃO TÉCNICA DE QUE O

MESMO PRODUTO ESTAVA COM PREÇO SUPERIOR AO FABRICANTE. ERRO MATERIAL.

COMPOSIÇÃO DE PREÇOS FEITA COM OUTROS ELEMENTOS. INEXISTÊNCIA DE

ILEGALIDADE DA NÃO ACESSIBILIDADE AO CONTEÚDO DO EQUIPAMENTO PELO

CONCORRENTE. PREVISÃO LEGAL DE SIGILO DAS PROPOSTAS. PEDIDO DE

REVOGAÇÃO DA CAUTELAR. POSSIBILIDADE DE BENEFICIÁRIOS DA CAUTELAR DE

VENDEREM DE FORMA FRACIONADA EM CADA UMA DAS AGÊNCIAS O OBJETO DO

CONTRATO QUE FOI SUSPENSO. COMPROVAÇÃO DE QUE A SUSPENSÃO DO

CONTRATO, DETERMINADA PELO TCU NA CAUTELAR, PODE GERAR PREJUÍZOS

IRREPARÁVEIS PARA DIVERSAS EMPRESAS DA CADEIA ECONÔMICA. (destaques do

original)

7. Digo isso por entender que as alegações ora trazidas pela impetrante não reúnem elementos

com maior capacidade de convencimento do que os argumentos por ela apresentados por ocasião da

oitiva promovida pela 2ª Secex (peças nºs 17 e 29), examinados na última instrução da unidade

técnica, em fase de análise pelo Ministério Público, cujas contrarrazões são vistas a seguir, além da

conclusão e consequente proposta de encaminhamento do órgão instrutivo (peça nº 30):

“MANIFESTAÇÃO DA EMPRESA EC ELETRÔNICA

47. Em resposta ao Ofício 231/2012-Secex-2, a empresa vencedora do certame encaminhou os

documentos constantes das peças 18 a 20. Além disso, foram juntados nos autos procuração da

empresa (peça 26), pedidos de vista (peça 27 e 28) e documentos na peça 29, cujo teor é idêntico aos

constantes das peças 18 a 20.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

48. Em síntese, inicia a empresa alegando preclusão do direito de impugnação dos termos do

edital, eis que a representante invoca três inconformismos ao edital, buscando o reconhecimento da

ilegalidade dos itens 9.2 do edital, 4.11.1 do anexo 1 e 1.1.3 do anexo 2 para revisão do resultado final

do pregão e a anulação do certame.

49. Alega que o certame realizou-se no dia 21/7/2011, portanto, o prazo para impugnação do

edital pelas licitantes encerrou-se em 19/7/2011, sem que houvesse qualquer contestação por parte da

representante. Assim, considera incabíveis os questionamentos, após 3 meses de publicação do

resultado do certame, pois o momento para fazê-los passou.

50. Em seguida passou a empresa vencedora discorrer sobre os itens atacados pela

representante, buscando comprovar o cumprimento do edital.

51. Quanto ao item 1.1.3 do anexo 2 do edital, afirma que a representante está equivocada

quando alega que o edital não exigiu qualquer forma de garantia, pois na parte que trata da

‘Habilitação por meio do SICAF’ (anexo 2), foram exigidos índices maiores que um. Assim, está

comprovada previsão editalícia no edital de garantia nos termos do art. 31 da Lei 8666/1993 e o seu

devido cumprimento por parte da representada EC Eletrônica (peça 17, p. 6-8).

52. No que se refere ao item 9.12 do edital, alega que a empresa jamais teve duas oportunidades

de fazer avaliação técnica do seu equipamento. O seu equipamento foi avaliado pelo mais credenciado

Instituto, tendo o laudo homologado o produto. Além disso, houve o acompanhamento por engenheiros

do Banco e os princípios da transparência e da publicidade foram fielmente seguidos e respeitados.

Dessa forma, se o laudo não foi questionado ou objeto de recurso os argumentos da representante não

são válidos (peça 17, 8-10).

53. Relativamente ao subitem 4.11.1 do anexo 1 do edital, assevera que seguindo ao previsto no

edital a empresa venceu o certame com equipamento da fabricante Lacerda Sistemas, inclusive consta

na proposta comercial tal informação.

54. Diante disso, foi indicado o endereço de fabricação e linha de produção do fabricante.

Ademais, o edital não exige que a produção e fabricação sejam próprias. Assim, devem ser afastados

os argumentos da representante (peça 17, 10-11).

55. Por fim, discorre sobre a legalidade do pregão, o princípio da vinculação ao instrumento

convocatório e assevera que a EC Eletrônica cumpriu todas as exigências editalícias.

EXAME TÉCNICO

56. A seguir, examinaremos as informações prestadas pelo Gerente Geral da CSL São Paulo,

por meio do Of. Dinop – 2012/02, de 20/4/2012 e pela pregoeira Aline Alvarez Carneiro, por meio do

Of. Dinop/CSL São Paulo (SP) – 2012/01, de 19/4/2012, em confronto com as alegações da

representante e da licitante vencedora, a fim constatar a procedência ou não da presente representação.

57.O mérito da questão reside em averiguar se o pregão está em consonância com os princípios

que norteiam as licitações públicas, principalmente com os da isonomia, da economicidade, do

interesse público e da eficiência.

58. Merece destaque a discussão sobre a contratação de um produto por um preço maior (R$

48.986.000,00), sendo que o mesmo produto foi testado e reprovado, três meses antes, quando havia

sido oferecido pela própria fabricante por um preço menor (R$ 39.158.000,00).

59. Segundo a instrução anterior, a representante afirma que o nobreak marca Lacerda, modelo

Frigate 2KL, oferecido pela EC Eletrônica, vencedora do certame, é o mesmo que foi apresentado

pelas empresas Lacerda Sistemas de Energia Ltda. e Emerson Network Power do Brasil Ltda.

(respectivamente, 5ª e 8ª classificadas do certame) e que já havia sido reprovado nos dois testes

anteriores (peça 4, p. 2).

60. O teste solicitado pela empresa Lacerda foi realizado pelo Instituto de Eletrotécnica e

Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e os ensaios ocorreram no período de 8 a 15/9/2011

(peça 1, p. 117-139). Já o teste da empresa Emerson foi realizado pelo Laboratório TÜV Rheinland e

os ensaios ocorreram no período de 10 a 18/11/2011 (peça 1, p. 164-195). O teste da EC Eletrônica

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

também foi realizado pelo IEE/USP e os ensaios ocorreram no período de 15 a 20/12/2011 (peça 1, p.

234-258).

61. Consoante disposto no item 9.2 do edital, o proponente primeiro classificado deveria

apresentar laudo de ensaio sem ônus para o Banco em até vinte dias úteis contados da convocação do

arrematante. Com antecedência mínima de dois dias, deveria ser informado ao BB o laboratório

independente escolhido, a data e hora de início dos testes e a duração para acompanhamento dos

representantes do Banco (peça 24, p. 53). Caso o equipamento entregue para homologação não

atendesse as especificações previstas no edital, a proposta do proponente seria desclassificada (subitem

9.3 do edital – peça 24, p. 53).

62. Assim, constata-se que a empresa Lacerda figurou como uma proponente e a EC Eletrônica

como outra proponente no certame, ambas ofertando o mesmo produto, a saber o nobreak marca

Lacerda, modelo Frigate 2KL.

63. Embora não houvesse no edital restrição de pessoas jurídicas diferentes fornecerem

equipamento de mesma marca e modelo para homologação na licitação, a empresa EC, como

fornecedora, tornou-se uma intermediária onerosa entre a Administração e a empresa Lacerda,

fabricante do produto, que ofereceu o equipamento por um preço bem menor que o vencedor.

64. Repise-se que, pelo que se observa do documento encaminhado pela EC Eletrônica à

pregoeira, datado de 25/11/2011 (peça 24, p. 120), o equipamento era da mesma marca e modelo

(marca Lacerda, modelo frigate 2KL), apenas os problemas apresentados quando do envio pela

Lacerda para homologação foram solucionados.

65. Igualmente verificamos por meio da alínea ‘C. Descrição do corpo de prova’ constante dos

Relatórios de Ensaio 7234 (peça 24, p. 132), 72325 (peça 24, p. 155), apresentados pela empresa

Lacerda Sistemas e dos Relatórios de Ensaio 72901 (peça 24 p. 181) e 72902 (peça 24, p. 205),

apresentados pela empresa EC Eletrônica, que os equipamentos eram da mesma marca e modelo.

66. Embora o art. 25, § 5º, do Decreto 5450/2005 tenha sido observado e que a proposta da EC

Eletrônica tenha atendido às especificações do edital, não concordamos com o Banco quando este

afirma que a proposta mais vantajosa foi selecionada.

67. Saliente-se que não é razoável que o Banco pague a importância de quase R$ 10.000.000,00

a mais, caso venha a adquirir os equipamentos da empresa EC Eletrônica, quando poderia adquiri-los

do fabricante por um custo menor. Deveria prevalecer, a nosso ver, no caso concreto, o interesse da

Administração.

68. A pregoeira, ao perceber que o produto ofertado pela empresa EC Eletrônica era da mesma

marca e modelo de um produto anteriormente ofertado pela própria fabricante, deveria ter ensejado

esforços no sentido de aproximar o valor oferecido pela representante comercial daquele ofertado pela

fabricante.

69. No entanto, a ata de registro de preço foi assinada por representantes do Banco e da

empresa EC Eletrônica em 19/01/2012 (peça 1, p. 61-70), sem que houvesse negociações com vistas à

redução do preço registrado.

70.A Administração pode anular seus próprios atos, quanto eivados de vícios que os tornam

ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência e

oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial

(Súmula 473 do STF).

71. O registro de preço obtido por meio de pregão somente deve ser aceito se demonstrado que

é a opção mais econômica para a Administração. Nesse sentido está o Acórdão 2404/2009-2ª Câmara.

72. No presente caso, ficou evidente que o resultado do registro de preço não é uma opção

vantajosa para o Banco.

73. De acordo com o art. 12, § 1º, do Decreto 3931/2001, o preço registrado poderá ser revisto

em decorrência de eventual redução daqueles praticados no mercado ou de fato que eleve o custo dos

serviços ou bens registrados, cabendo ao órgão gerenciador da ata promover as necessárias

negociações junto aos fornecedores.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

74. O art. 13, inciso III e IV, do aludido Decreto dispõe que o fornecedor terá seu registro

cancelado, quando não aceitar reduzir o seu preço registrado, na hipótese de este se tornar superior

aqueles praticados no mercado ou tiver razões de interesse público, desde que assegurados o

contraditório e a ampla defesa (§ 1º do citado artigo).

75. Diante disso, considerando que o preço praticado pela empresa EC Eletrônica (fornecedora)

é bem superior ao ofertado pela fabricante (empresa Lacerda) e tendo em vista que a ata de registro de

preço foi assinada em 19/1/2012 e que não há informação sobre a revisão do preço registrado,

propomos seja fixado prazo para que o CSL/SP do Banco do Brasil anule o pregão e todos os atos dele

decorrente, nos termos do art. 71, inciso IX, da Constituição Federal c/c art. 45, da Lei 8666/1993 e o

art. 251 do RI/TCU, em razão da inobservância dos princípios da razoabilidade, da economicidade e da

eficiência.

76. No que tange à questão acerca da ausência de garantia do adimplemento do contrato, aliado

ao fato do capital social da empresa vencedora ser de apenas R$ 30.000,00 e o expressivo valor da

contratação, assiste razão ao Banco quando afirma que é facultado à administração exigir a prestação

de garantias nas contratações de bens, obras e serviços de modo a assegurar a plena execução do

contrato, conforme disposto no caput do art. 56 da Lei 8666/1993.

77. Cabe à administração avaliar diante da complexidade do objeto a necessidade de se

estabelecer essa exigência no edital. Caso decida pela prestação de garantia contratual, o contratado

poderá optar por uma das modalidades prevista no § 1º do citado artigo.

78. No presente caso, o Banco não exigiu nenhuma das garantias contratuais previstas no §1º

do art. 56 da Lei 8666/1993. Tal fato se deu em razão da natureza do Sistema de Registro de Preço

que, na realidade, gera uma expectativa de direito em relação ao fornecimento do objeto registrado e

ao fato que o pagamento somente será realizado quando do efetivo recebimento, instalação e aceite por

parte do Banco.

79. Alega, também, o BB que a exigência poderia ser considerada onerosa e afastar possíveis

interessados na licitação.

80. O art. 15, § 4º, da Lei 8666/1993 e o art. 7º do Decreto 3.931/2001 dispõem que a

existência de preços registrados não obriga a administração a firmar as contratações que deles poderão

advir. Ora, se a contratação somente ocorrerá se houver interesse do Banco, também não seria sensata

a exigência das garantias previstas no art. 56, § 1º, durante toda a vigência do contrato.

81. Ressalte-se que, como comprovação de boa situação financeira da proponente, o Banco

exigiu a obtenção de Índices de Liquidez Geral (LG), Solvência Geral (SG) e Liquidez Corrente (LC)

maiores do que um, sendo considerada habilitada a empresa que apresentasse esse resultado em todos

os índices mencionados (subitem 2.1.11 do anexo 2 do edital – peça 24, p. 70).

82. As empresas que não apresentassem o resultado estabelecido deveriam comprovar possuir

patrimônio líquido igual ou superior a R$ 4.300.000,00 (subitem 2.1.12 do edital). Assim, constata-se

que o disposto no edital está de acordo com o art. 31, §§ 3º e 5º, da Lei de Licitação.

83. A empresa vencedora optou pela sua habilitação por meio do SICAF. Apesar do exíguo

capital social (R$ 30.000,00), ela atendeu ao disposto no edital (subitem 1.1.3 – peça 24, p. 69), eis que

apresentou os seguintes índices: SG = 5,02; LG = 4,23; LC = 5,17, conforme declaração constante na

peça 24, p. 122.

84. Diante do exposto, tendo em conta a documentação juntada aos autos, consideramos que

não procedem os argumentos da representante.

85. No que diz respeito à desclassificação da empresa Equisul Indústria e Comércio ltda. em

razão da independência do laboratório contratado, observa-se que, embora o Laboratório de Eletrônica

da Unisul tenha sido listado pelo Banco (item 4.13 do edital - peça 1, p. 28 e peça 24, p.62), como

referência para a realização dos testes, a responsabilidade pela contratação do laboratório e respectivo

custo era do licitante.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

86. Verifica-se que não houve o planejamento adequado. Referido laboratório não estava

preparado para os ensaios, eis que não possuía sequer os equipamentos de medição, conforme relatado

pelos técnicos do Banco (peça 24, p. 87-88).

87. Além disso, foram utilizados equipamentos de propriedade da empresa Equisul, inclusive

os testes iniciaram-se sob a condução de preposto da empresa, o que foi objeto de advertência pelos

técnicos do BB, em razão do descumprimento do item 4.1 do anexo 1 do edital (peça 25, p. 87).

88. Também consta informação sobre inconformidades apresentadas pelos equipamentos

durante os ensaios. Por fim, o representante do laboratório informou verbalmente aos técnicos do BB

não ter interesse em dar continuidade aos testes nos termos do edital (peça 25, p. 88).

89. Embora a pregoeira afirme que a empresa Equisul não se pronunciou a respeito da decisão

do Banco que a desclassificou, no prazo recursal, consta dos autos e-mail enviado pela mesma

pregoeira datado de 30/8/2011 (peça 1, p. 231), relatando o inconformismo da empresa Equisul com a

decisão, bem como o interesse da empresa em acompanhar os testes da empresa concorrente, o que foi

negado pelo Banco (pela 1, p. 231).

90. Também consta na peça 24, p. 91, na parte que trata do ‘Histórico de mensagens na sala de

disputa’, mensagens a esse respeito trocadas entre a pregoeira e a empresa Equisul. A questão da

presença de outros técnicos nos ensaios será tratada no tópico seguinte.

91. Assim, considerando os fatos narrados no Relatório Técnico do Banco (peça 24, p. 87-88,

constatamos que não restou comprovada a independência exigida para a emissão do laudo, o que levou

a desclassificação da empresa pelo descumprimento dos itens 4.1, 4.6 e 4.7 do anexo 1 do edital.

92. Quanto à questão referente à presença de técnicos de outras licitantes nos ensaios

realizados, conforme apontado na instrução anterior (peça 4), os técnicos que estavam presentes nos

testes da empresa Lacerda (peça 1, p. 117) eram os mesmos que estavam presentes nos ensaios da EC

Eletrônica (peça 1, p. 234), Srs. Paulo Vinícius Ribeiro Torim, Enrico Caruso e Rafael P. Gepes, o

que, segundo o representante, poderia denotar a quebra do princípio da isonomia na condução da

licitação.

93. Observou-se que o Sr. Natanael Wollmann participou dos testes na condição de indicado

pela empresa EC Eletrônica como seu representante (peça 24, p.102), enquanto a presença dos técnicos

da empresa Lacerda indicados no parágrafo anterior se deu na condição de representantes da

fabricante.

94. Ressalte-se que não há nenhum impedimento quanto à presença de representantes da

fabricante nos testes, ou mesmo de outros concorrentes, com fulcro no princípio da publicidade

insculpido no art. 3º, caput e §3º, da Lei 8666/1993 e art. 5º do Decreto 5450/2005.

95. No entanto, por outro lado o Banco não permitiu a presença de técnicos da Equisul nos

testes do produto ofertado pela empresa Lacerda, alegando que o edital não previa a presença de outros

licitantes nos ensaios e que os laudos eram públicos, disponíveis aos interessados e passíveis de

contestação (peça 1, p. 231).

96. Segundo jurisprudência do TCU, em particular os Acórdãos 1984/2008-Plenário,

1984/2006-Plenário, 1512/2006-Plenário e 346/2002-Plenário, deve-se viabilizar a inspeção às

amostras apresentadas aos interessados, garantindo a eficácia ao princípio da publicidade consagrado

no caput do art. 3º da citada Lei.

97. Diante disso, propomos que seja determinado ao Banco que na licitação que vier a suceder

o pregão eletrônico 2011/15199 (7421), ao exigir a apresentação de amostras ou protótipos ou laudos

técnicos, permita a presença dos demais licitantes nos ensaios a serem realizados, em homenagem ao

princípio da publicidade, consagrado no artigo 3º, caput e §3º, da Lei 8666/1993 e art. 5º do Decreto

5450/2005.

98. No que tange à aceitação de declaração da empresa vencedora, com graves indícios de

falsidade, quanto ao endereço de linha de montagem e capacidade de produção, temos os seguintes

comentários a fazer.

99. O edital (anexo 1), no tocante ao assunto, assim dispõe (peça 24, p. 24):

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137

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

‘4.11 No prazo descrito no item 4.2, o licitante deverá entregar documento ao Banco contendo

as seguintes informações sobre o produto ofertado:

4.11.1. Endereço no Brasil, dos escritórios, fábricas, linhas de montagem, etc. que serão

responsáveis pelo suprimento dos equipamentos ao Banco do Brasil, assim como a capacidade mensal

de fabricação, entrega e instalação. O licitante deverá disponibilizar os locais para verificação por parte

dos representantes do Banco quando solicitado.

4.11.2 Responsáveis técnicos pelo produto ofertado e pelo controle de qualidade’.

100.A EC Eletrônica em sua proposta comercial informou que o equipamento a ser ofertado é

da Marca Lacerda, Modelo Frigate 2KL (peça 20, p. 2). Além disso, apresentou declaração que a

responsável pela fabricação dos nobreak é a empresa Lacerda Sistemas (peça 24, p. 128). Em razão

disso, indicou os endereços de fabricação e linha de produção do fabricante.

101.Também consta dos autos documento da empresa Lacerda Sistemas dirigido à EC em que

informa a capacidade mensal de fabricação e entrega (peça 19, p. 1), aquiescendo com a capacidade de

produção indicada na declaração da EC Eletrônica, bem como indica os responsáveis técnicos, para

fins de atendimento do certame em análise (peça 24, p. 130).

102.Ademais, o edital não exige que a fabricação e a linha de produção sejam próprias, mas

que sejam indicados os endereços dos responsáveis pelo suprimento dos equipamentos ao Banco.

Desse modo, consideramos que não procedem as alegações da representante.

103.Em razão da solicitação contida na alínea ‘e’ do Ofício 233/2012-TCU-SECEX-2, foram

juntados aos autos os pareceres jurídicos (peça 24, p. 124-126), que embasaram as decisões da

pregoeira, bem como as análises referentes aos recursos interpostos pelas empresas Delta Greentech

Brasil S/A (peça 24, p. 106-112) e Engetron Engenharia Indústria (peça 24, p. 114-118).

104.Da leitura dos documentos juntados, especialmente às análises do Banco quanto aos

recursos impetrados, verifica-se que basicamente foi objeto de contestação pelas recorrentes o fato de a

homologação do equipamento ofertado pela empresa EC Eletrônica não atender ao item 4.6 do edital,

tendo em vista que o equipamento havia sido reprovado anteriormente e a ausência de capacidade

financeira da empresa vencedora para cumprir o contrato.

105.Concluiu, em síntese, a pregoeira, com relação aos recursos apresentados, que os princípios

básicos foram devidamente respeitados e que não havia vícios no processo, mantendo a classificação

da proposta da empresa EC Eletrônica (peça 24, p. 112 e 118).

106.Assim, observa-se que os questionamentos das empresas recorrentes são bastante similares

ao da representante no presente processo, sendo já tratada nos autos quando do exame da resposta da

oitiva da pregoeira, em atendimento ao atendimento do Ofício 233/2012-TCU-SECEX-2.

107.No que tange à manifestação da empresa EC Eletrônica, vencedora do certame, verifica-se

que foram abordados os seguintes pontos: ausência de garantia no edital; falhas na avaliação técnica,

eis que o equipamento da EC Eletrônica já havia sido reprovado e por fim, apresentação de declaração

com graves indícios de falsidade.

108. Da análise dos documentos juntados (peça 20 e peça 29), nota-se que não foram

acrescentados argumentos novos. Dessa forma, tendo em conta os esclarecimentos apresentados pela

pregoeira em atendimento aos questionamentos do Tribunal, entendemos que podem ser aproveitadas

as análises já efetuadas.

109.Diante dos fatos apresentados e acima analisados, conclui-se pela procedência parcial da

presente representação e propomos a adoção das seguintes providências; i) seja fixado prazo para o

exato cumprimento pelo CSL/SP da Lei, no sentido de declarar a nulidade do certame e dos atos

decorrentes dele; ii) seja expedida determinação ao Banco; iii) sejam arquivados os autos; e iv) seja

levado ao conhecimento dos interessados o teor da decisão que vier a ser proferida.

CONCLUSÃO

110. O documento apresentado às p. 2-13, peça 1, deve ser conhecido como representação, por

preencher os requisitos previstos nos arts. 235 e 237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU, c/c art.

113, § 1º, da Lei nº 8.666/1993.

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138

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

111. Da análise efetuada das informações prestadas pelo Banco e pela empresa vencedora,

constatamos que o resultado obtido no registro de preço não é a opção mais vantajosa para o Banco

(parágrafos 58 a 72 desta instrução).

112. Verifica-se a inobservância aos princípios da razoabilidade, da economicidade e da

eficiência, razão pela qual propomos seja assinado prazo para que o Banco promova a anulação do

pregão eletrônico 2011/15199(7421) e dos atos dele decorrentes, especialmente a ata de registro de

preços 201274210226 (parágrafo 75 desta instrução).

113. Ademais, observamos que o princípio da transparência foi violado, uma vez que o Banco

não permitiu a presença de outra licitante em teste a ser realizado, em desacordo com o art. 3º, caput e

§3º, da Lei nº 8666/1993 e art. 5º do Decreto nº 5420/2005 (parágrafo 97 desta instrução).

114. Desse modo, também propomos seja formulada determinação ao CSL/SP do Banco do

Brasil, sem prejuízo do arquivamento dos autos e de dar ciência da decisão que vier a ser adotada aos

interessados.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

115. Pelo exposto, submete-se o presente processo à consideração superior, propondo a adoção

das seguintes medidas:

a) conhecer a presente representação, nos termos do art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, e do

art. 237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento Interno do TCU, para, no mérito, considerá-la

parcialmente procedente;

b) nos termos do art. 71, inciso X, da Constituição Federal, c/c o art. 45 da Lei nº 8.443/1992 e

o art. 251 do Regimento Interno do TCU, assinar o prazo de quinze dias para que o Centro de Serviços

de Logística de São Paulo (CSL/SP) do Banco do Brasil adote as providências necessárias ao exato

cumprimento da lei, no sentido de promover a anulação do pregão eletrônico 2011/15199(7421) e de

todos os atos dele decorrentes, especialmente a ata de registro de preços 201274210226, em razão da

inobservância dos princípios da razoabilidade, da economicidade e da eficiência;

c) determinar ao Centro de Serviços de Logística de São Paulo (CSL/SP) do Banco do Brasil

que, na licitação que suceder o pregão eletrônico 2011/15199 (7421), ao exigir a apresentação de

amostras ou protótipos ou laudos técnicos, não proíba a presença dos demais licitantes nos testes a

serem realizados, em homenagem ao princípio da publicidade, consagrado no art. 3º, caput e §3º, da

Lei nº 8666/1993, e no art. 5º do Decreto 5450/2005;

d) dar ciência à representante, ao Banco do Brasil S/A e a empresa EC Eletrônica Ltda. (na

pessoa de seu representante legal – peça 26) da decisão que vier a ser proferida;

e) arquivar o presente processo, nos termos do art. 169, inciso IV, do Regimento Interno/TCU.”

8. Assim, o não conhecimento do presente pleito, com a consequente manutenção da cautelar

ora contestada e demais providências determinadas, é a solução cabível neste caso, por ser o agravo

intempestivo, afora o fato de que permanecem intactos os requisitos essenciais que renderam ensejo

àquela medida excepcional.

9. Ante todo o exposto, voto por que o Tribunal de Contas da União adote o acórdão que ora

submeto à deliberação deste colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

VALMIR CAMPELO

Ministro-Relator

ACÓRDÃO Nº 2216/2012 – TCU – Plenário

1. Processo: TC-008.982/2012-0.

2. Grupo II – Classe I – Agravo.

3. Agravante: EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97).

4. Entidade: Banco do Brasil (Centro de Serviços de Logística de São Paulo - CSL/SP).

5. Relator: Ministro Valmir Campelo.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: não atuou.

8. Advogado constituído nos autos: não há

8.1. Procuradores: Sidney Luiz de Melo Leandro, RG nº 32.512.961-7 – SSP/DF e CPF nº

488.209.201-82, pela empresa EC Eletrônica Ltda. (peça nº 26), e Evelaine Lima Galvão, RG nº

2.484.222 - SSP/DF e CPF nº 011.730.521-94, por Anamaria Prates Barroso, OAB/DF 11.218 (peça

nº 36).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de agravo interposto pela empresa EC

Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97), contra o despacho do relator, mediante o qual foi: a)

deferida medida cautelar, com fundamento no art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU,

determinando-se ao Banco do Brasil que se abstivesse de adotar quaisquer atos decorrentes do pregão

eletrônico 2011/15199 (7421) e da ata de registro de preços 201274210226, obstando também que

outras entidades a utilizassem para compra do produto objeto da licitação, até que este Tribunal

deliberasse, no mérito, a respeito da regularidade dos procedimentos em causa; b) determinada, com

base no art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do Centro de Serviços de Logística de São

Paulo do Banco do Brasil, na pessoa da pregoeira Aline Alvarez Carneiro (CPF 305.868.628-54), para

que, no prazo de 15 dias, se pronunciasse sobre os fatos apontados na representação; e c) determinada,

nos termos do art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da empresa EC Eletrônica Ltda.

(CNPJ 00.255.722/0001-97), para que, no prazo de 15 dias, querendo, se manifestasse sobre as

ocorrências noticiadas no documento objeto destes autos, dado que elas poderiam resultar em decisão

contrária aos seus interesses.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 146, §1º, 183, 282 e 289, todos do

Regimento Interno/TCU, combinados com o art. 2º, §2º, da Resolução-TCU nº 36/1995, em:

9.1. não conhecer do agravo interposto pela empresa EC Eletrônica Ltda. (CNPJ

00.255.722/0001-97), porquanto não satisfeitos os pressupostos de admissibilidade aplicáveis à

espécie, mantendo, em consequência, a medida cautelar adotada em 3/4/2012, pelo relator, em

documento que compõe a peça nº 7 dos autos, bem como as demais providências determinadas naquele

despacho;

9.2. determinar o retorno dos autos à 2ª Secex, para as comunicações processuais de praxe, e

ainda para nova tramitação ao Ministério Público, em face do pedido de pronunciamento objeto do

despacho que constitui a peça nº 33 deste feito, relativamente à última instrução da unidade técnica

(peça nº 30), na qual foi examinado o mérito da representação formulada aqui pela empresa Microsol

Tecnologia S/A, frente às oitivas promovidas;

9.3. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade

representada (Banco do Brasil - Centro de Serviços de Logística de São Paulo - CSL/SP), à empresa

representante (Microsol Tecnologia S/A) e à empresa agravante (EC Eletrônica Ltda).

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2216-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton

Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

VALMIR CAMPELO

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO II – CLASSE I – Plenário

TC-016.207/2012-2.

Natureza: Agravo.

Entidade: Caixa Econômica Federal.

Agravante: Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02).

Advogados: Antonio Carlos Ferreira de Araujo (OAB/SP 166.004), Carlos Vitor Paulo

(OAB/SP 246.642), Oziel Estevão (OAB/SP 115.318) e outros – peça 2.

Sumário: AGRAVO INTERPOSTO CONTRA DESPACHO DO RELATOR, QUE

INDEFERIU PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. OCORRÊNCIA DE PRECLUSÃO TEMPORAL.

AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE E DE INTERESSE RECURSAL DA EMPRESA AGRAVANTE.

NÃO CONHECIMENTO. CIÊNCIA.

1. Não se conhece de agravo interposto após a perda da faculdade recursal, por não ter sido

exercida no tempo oportuno, operando-se aí a preclusão temporal, porquanto entre a notificação do

despacho embargado e a interposição do agravo escoou-se prazo superior aos cinco dias previstos no

art. 289 do RI/TCU.

2. O representante ou denunciante não é considerado, automaticamente, parte processual,

devendo, para obter essa condição, formular pedido de ingresso nos autos como interessado e

comprovar razão legítima para intervir no processo.

RELATÓRIO

Aprecia-se recurso denominado pela empresa Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-

02) de “embargos de declaração”, interposto contra despacho deste relator, que constitui a peça nº 13

dos autos, cujo inteiro teor cumpre reproduzir, para melhor compreensão da matéria:

“Trata-se de representação formulada pela empresa Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ

00.526.207/0001-02), em face de supostas irregularidades existentes no Pregão Eletrônico nº 66/7066-

2012, lançado pela Caixa Econômica Federal, tendo por objeto a ‘contratação de empresa para

fornecimento de equipamentos tipo Cash Dispenser Slim, cuja solução é composta de hardwares e

softwares, juntamente com os serviços de instalação, garantia ‘on site’ de 36 (trinta e seis) meses,

carenagem e serviços sob demanda não cobertos pela garantia’, conforme termos do edital e anexos

(peça 5).

2. A instrução que compõe a peça nº 7 dos autos, elaborada no âmbito da 2ª Secex, relata e

propõe o seguinte:

‘No que se refere ao fumus boni iuris, entendemos que não procede a alegação da empresa

representante quanto ao fato de a modalidade de licitação escolhida (pregão), não ser a adequada, em

virtude de o objeto consistir em ‘equipamento que, além de ser de extensa complexidade técnica, não é

produzido em série no mercado, não existindo padrão comum a ser adquirido por nenhuma instituição

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

financeira’ e que, a ‘tecnicidade extrema e individual na especificação do edital’, retiraria o caráter de

‘bem comum’ descrito na Lei 10.520/2002.

Constata-se que os caixas eletrônicos são amplamente utilizados na rede bancária atualmente,

existindo um quantitativo razoável de fornecedores de tais equipamentos, conforme se pode verificar,

inclusive, pelo número de empresas interessadas e que foram credenciadas para participar da licitação

(9 empresas) e pelo quantitativo de empresas que efetivamente compareceu a fase de lances do pregão

(5 empresas), listadas na ata do pregão (peça 6, p. 62-66).

Desta maneira, consideramos que eventuais diferenças nas especificações, referentes aos

padrões presentes na configuração adotada em cada agente financeiro não seriam suficientes para

descaracterizar o enquadramento dos caixas eletrônicos da categoria de ‘bem comum’ para efeitos de

enquadramento da licitação na modalidade pregão.

Neste contexto, também entendemos que não procede a alegação de que o acréscimo de uma

tranca de fechadura implicaria na modificação do tipo de produto a ponto de comprometer a

competitividade do certame, o que estaria demonstrado com o que comparecimento de 5 diferentes

empresas à fase de lances do pregão, conforme a argumentação contida no item 12.1 supra.

Acrescente-se a título exemplificativo, que a própria representante admite ser fabricante de

alguns componentes utilizados na fabricação dos caixas eletrônicos ao afirmar que ‘também constam

produtos que são da linha de produção da Requerente, especialmente o descrito no anexo 1-8, item 6 –

Cofre’ (peça 1, p. 6).

Ademais, observa-se que as especificações detalhadas, longe de restringir a competitividade,

objetivaram cercar a Administração de garantias quanto a que o objeto a ser adquirido atenderia

plenamente às suas reais necessidades.

Desta forma, consideramos que não ficou caracterizada, de forma patente a existência do fumus

boni iuris.

Assim, a solicitação de concessão de medida cautelar não deverá ser atendida, considerando

não estar presentes o requisito do fumus boni iuris.

(...)

Assim, propomos que:

a) a presente representação seja conhecida, com fundamento no art. 113, § 1º, da Lei nº

8.666/93 e no art. 237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU;

b) seja indeferida a medida cautelar solicitada, considerando não estarem presentes os

requisitos necessários à sua adoção;

c) posteriormente, os autos retornem à 2ª Secex, para continuidade do exame da matéria,

quanto ao mérito.’

3. O diretor da 2ª DT/Secex2 e o titular da unidade técnica anuem à proposta de

encaminhamento oferecida pela instrução.

4. Passo a decidir.

5. À vista das informações aqui trazidas e analisadas, CONHEÇO desta representação, ante o

atendimento dos pressupostos de admissibilidade aplicáveis à espécie.

6. De outra parte, considero que a proposição acima reproduzida está apoiada em amplo e

convincente arrazoado que merece o nosso acolhimento.

7. Portanto, neste juízo inicial, de cognição sumária, tal qual a unidade técnica, entendo não

caber o deferimento do pleito apresentado pela representante, que é sempre de natureza excepcional.

8. Desse modo, INDEFIRO a medida cautelar ora requerida, pelas razões constantes da

instrução, e DETERMINO a restituição dos autos à unidade técnica, para que dê continuidade ao

exame da matéria, relativamente ao seu mérito, fazendo-se as comunicações de praxe.”

2. No documento que compõe a peça nº 14 dos autos, datado de 20/7/2012, com entrada no

TCU na mesma data (20/7/2012), a impetrante requer seja determinada “a suspensão liminar do

processo de licitação da modalidade de Pregão Eletrônico de n° 066/7066-2012, levada a efeito pela

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Caixa Econômica Federal, por intermédio da sua Gerencia de Filial Logística Brasília - GILOG/BR,

até julgamento final da presente representação”.

3. Para tanto, a recorrente aduz as seguintes razões:

“I- DA TEMPESTIVIDADE

O art. 34, § 1°, da LOTCU determina que sejam opostos os embargos de declaração para

corrigir obscuridade, omissão ou contradição da decisão recorrida, no prazo de dez dias, contados na

forma prevista no art. 30 da Lei. Nos termos do referido art. 30, iniciou-se o prazo da oposição do

recurso da data do recebimento da notificação da decisão, o que ocorreu em 11/07/2012, via carta

registrada.

Assim, o prazo final para protocolo da petição é o dia 23/07 (prorrogado em razão do último

dia do prazo, 21/07, se dar no sábado, dia sem expediente no TCU). Portanto, tempestivo o Recurso.

II - DOS EMBARGOS

Conforme se infere da decisão proferida, Vossa Excelência conheceu da representação,

contudo, indeferiu a medida cautelar, baseando-se no parecer da unidade técnica do 2° Secex.

Referida unidade técnica se manifestou, em suma, da seguinte forma:

1 - Os caixas eletrônicos são amplamente utilizados na rede bancária, de modo que eventuais

divergências nas especificações, referentes aos padrões presentes na configuração adotada em cada

agente financeiro, não seriam suficientes para descaracterizar o enquadramento dos caixas eletrônicos

da categoria de bem comum para efeito de enquadramento da licitação na modalidade de pregão.

2 - O acréscimo de uma fechadura não implicaria na modificação do tipo de produto a ponto de

comprometer a competitividade do certame, até porque compareceram 5 empresas para competir no

Pregão.

Todavia, constata-se evidente omissão e contradição com os fatos reais trazidos na

representação, não tendo sido efetuada a correta leitura e interpretação da petição inicial.

Como informado na peça exordial, o objeto central de contratação é o fornecimento dos Caixas

Eletrônicos (Terminais de Autoatendimento), os quais são fornecidos por empresas que, na verdade,

em boa parte da produção, atuam como montadoras, ou seja, compram os componentes dos Caixas no

mercado comum, com a especificação exigida no edital.

O problema é que, havendo direcionamento em alguns dos componentes internos, todos os

concorrentes são obrigados a adquirir os componentes num único fornecedor, não havendo, portanto,

concorrência de fato, de modo que o preço de custo dos componentes será sempre igual, ao contrário

do que ocorre na competição real onde é possível variar os preços, com base na variação de custos e na

mão de obra de serviço.

Verifica-se, assim, uma modalidade velada de direcionamento, contida no detalhamento dos

componentes do objeto da licitação.

Portanto, mesmo havendo 5 concorrentes diretos participantes, como constou da decisão

Embargada, relativamente aos componentes internos dos Caixas Eletrônicos, não houve concorrência

de fato, já que o preço cotado por todas é o mesmo, fabricado e fornecido por uma única empresa.

Ademais, consta anexo à inicial ‘quadro comparativo’, com indicação clara de quais pontos do

edital são contraditórios e direcionam a compra para apenas uma empresa, não sendo, portanto,

‘apenas uma fechadura’ como indicou o parecer técnico, contraditoriamente.

Assim, a decisão apresenta clara contradição e omissão em relação ao pedido da representação

e aos fatos lá mencionados.

Além de tudo, também não houve qualquer menção na decisão Embarga ao fato de que, a

manutenção dos valores nos Terminais de Autoatendimento é realizada por transportadora de valores

terceirizada, sob sua conta e risco, com seguro próprio, não se mostrando razoável a limitação da

competição com o argumento de aumentar a segurança na guarda dos valores.

Aliás, sendo realizada por transportador terceirizado, este também deveria ser consultado sobre

o melhor sistema de segurança, antes da elaboração do edital.

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143

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Pelo exposto, conforme dispõe o artigo 34 da Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União,

busca o embargante aclarar a contradição e omissão acima apontada, determinando a suspensão

liminar do processo de licitação da modalidade de Pregão Eletrônico de n° 066/7066-2012, levada a

efeito pela Caixa Econômica Federal, por intermédio da sua Gerencia de Filial Logística Brasília -

GILOG/BR, até julgamento final da presente representação.

Dessa forma, aguarda o embargante, com acatamento, o acolhimento e provimento destes

embargos.”

É o relatório.

VOTO

Preliminarmente, é de notar que o inconformismo revelado neste recurso pela empresa Kaba

do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02) tem a ver com o despacho deste relator, que compõe a

peça nº 13 dos autos, datado de 21/6/2012, mediante o qual foi indeferido o pedido de medida cautelar

então formulado pela recorrente, bem assim determinada a restituição dos autos à unidade técnica, para

que desse continuidade ao exame da matéria, relativamente ao seu mérito, fazendo-se as comunicações

de praxe.

2. Desse modo, o apelo ora discutido atrai para a espécie a modalidade processual de que trata

o art. 289 do Regimento Interno/TCU, em respeito ao princípio da fungibilidade recursal, passando a

ser analisado como agravo.

3. De plano, observo o não atendimento, por parte da recorrente, de requisito para a

admissibilidade de sua petição, previsto no aludido dispositivo regimental, conforme se vê:

“Art. 289. De despacho decisório do Presidente do Tribunal, de presidente de câmara ou do

relator, desfavorável à parte, e da medida cautelar adotada com fundamento no art. 276 cabe agravo,

no prazo de cinco dias, contados na forma do art. 183.” (destacamos).

“Art. 183. Os prazos referidos neste Regimento contam-se dia a dia, a partir da data:

I – do recebimento pela parte:

a) da citação ou da comunicação de audiência;

b) da comunicação de rejeição das alegações da defesa;

c) da comunicação de diligência;

d) da notificação;

II – constante de documento que comprove a ciência da parte;

III – da publicação nos órgãos oficiais, quando a parte não for localizada;

IV – nos demais casos, salvo disposição legal expressa em contrário, da publicação do acórdão

no Diário Oficial da União.”

4. É que, consoante demonstrado na peça nº 11, a empresa Kaba do Brasil Ltda., por seu

representante legal, Doutor Antonio Carlos Ferreira de Araujo (OAB/SP 166.004), tomou ciência do

despacho ora agravado em 11/7/2012, enquanto o seu recurso é datado de 20/7/2012, com entrada no

TCU na mesma data (20/7/2012), conforme indica a peça nº 14.

5. Portanto, resta plenamente configurada a preclusão temporal, ocorrendo aí a perda da

faculdade recursal, por não ter sido exercida no tempo oportuno, porquanto entre a notificação do

despacho embargado e a interposição deste agravo escoou-se prazo superior aos cinco dias previstos

no art. 289 do RI/TCU.

6. Note-se que nem mesmo é o caso de se mitigar a rigidez das normas processuais, em favor

da verdade material, e à vista do princípio do formalismo moderado, porquanto existe ainda outro

motivo que impede o conhecimento deste recurso.

7. Refiro-me à ausência de legitimidade da requerente para intervir no processo, bem como de

interesse recursal.

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144

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

8. Como se sabe, a jurisprudência predominante da Corte de Contas é no sentido de que o

representante, tal qual o denunciante, não é considerado, automaticamente, parte processual, devendo,

para obter essa condição, formular pedido de ingresso nos autos como interessado e comprovar razão

legítima para intervir no processo (cf. Acórdãos do Plenário nºs 773/2004, 320/2006, 2.323/2006,

139/2007, 1.855/2007, 519/2008, 649/2008, 1.218/2008, 923/2010, 1.090/2010, 1.430/2010,

1.793/2010, 2.627/2010, 3.327/2010, 88/2011, 161/2011, 257/2011, entre outros).

9. É de ver que o papel do representante ou denunciante consiste essencialmente em render

ensejo ao início da ação fiscalizatória, competindo ao próprio Tribunal, a partir daí, dar rumo às

apurações subsequentes.

10. Com efeito, não existe para o autor da representação ou denúncia prerrogativa de

comparecer aos autos para interceder por seus pontos de vista, salvo se previamente admitido como

interessado no processo.

11. De lembrar que a interposição de agravo deve observar o disposto no art. 282 do Regimento

Interno, segundo o qual “cabe ao interessado demonstrar, na peça recursal, em preliminar, o seu

interesse em intervir no processo, nos termos do § 1º do art. 146, devendo a questão ser avaliada no

juízo de admissibilidade”.

12. Por sua vez, o art. 146 do RI/TCU dispõe que “a habilitação de interessado em processo

será efetivada mediante o deferimento, pelo relator, de pedido de ingresso formulado por escrito e

devidamente fundamentado”, devendo o interessado (§ 1º) “demonstrar em seu pedido, de forma clara

e objetiva, razão legítima para intervir no processo.”

13. No caso concreto, a agravante não demonstrou a existência de qualquer interesse subjetivo

que legitimasse sua intervenção no feito como recorrente, sendo que, em momento algum, foi

solicitada a sua habilitação como interessada nos autos.

14. Só para recordar, interessado, a teor do § 2º do art. 2º da Resolução-TCU nº 36/1995, “é

aquele que, em qualquer etapa do processo, seja assim reconhecido pelo Relator ou pelo Tribunal, em

virtude da possibilidade de ter direito subjetivo próprio prejudicado pela decisão a ser exarada pelo

Tribunal ou da existência de outra razão legítima para intervir no processo”.

15. Não creio que a empresa requerente atenda a esses requisitos. Ainda que se admita que

eventual manifestação do Tribunal no sentido de impugnar determinado procedimento no âmbito do

certame em questão possa favorecer a satisfação do direito subjetivo da empresa Kaba do Brasil Ltda.,

a deliberação contrária não a prejudicaria.

16. Não há como confundir o não favorecimento com um prejuízo. O que aconteceria, na

hipótese levantada, seria apenas a primeira circunstância (o não favorecimento), sendo que daí não

resultaria agravamento adicional da situação da pleiteante, que poderia continuar recorrendo às vias

administrativas e judiciais para realizar sua pretensão.

17. No caso, o Tribunal não estaria negando o direito da requerente, dado que a Corte de

Contas não tem jurisdição para garantir ou negar direitos subjetivos. O máximo que se poderia dizer é

que o TCU teria deixado de adotar deliberação que, indiretamente, favoreceria o interesse da sobredita

licitante, lembrando que, de qualquer forma, tal decisão não teria mesmo essa finalidade.

18. Desse modo, não vejo como reconhecer legitimidade para a representante ingressar nos

autos como interessada, sob pena de se autorizar a intervenção meramente para que ela tente garantir

algo de sua conveniência, como se isso fosse igual a evitar um prejuízo.

19. Evidentemente, tal autorização equivaleria ao reconhecimento de um direito de ação

perante o TCU, para assegurar a satisfação de uma suposta prerrogativa negada pelo órgão de origem,

representando um avanço indevido nas atribuições que são próprias do Poder Judiciário.

20. Não é demais lembrar que a intervenção de particulares nos processos do TCU se dá

exclusivamente como fenômeno derivado do direito de defesa, objetivando a preservação de situação

jurídica já constituída, o que, aliás, tem lugar em qualquer processo, independentemente da natureza da

jurisdição.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

21. Portanto, nos processos do TCU, não há espaço para a participação de terceiro cuja

pretensão seja a de obter a satisfação de direito subjetivo – seara exclusiva do Poder Judiciário, como

visto –, e não apenas de conservar os que já tem reconhecidos.

22. Para finalizar, reporto-me ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, manifestado nos

autos do Mandado de Segurança nº 24.510-7/DF, julgado na Sessão Plenária de 19/11/2003, no sentido

de que, quando o certame ainda está em curso – que é a atual situação do Pregão Eletrônico nº

66/7066-2012, apreciado nestes autos, conforme consulta efetuada em 17/8/2012, no sítio

https://www5.caixa.gov.br/fornecedores/pregao_internet/asp/pregao_andamento/grd_lista_todos_preg

oes.asp# –, o licitante não é titular de direito material, pois nenhum bem jurídico se incorporou a seu

patrimônio.

23. Em consequência, seu interesse não é jurídico, mas apenas econômico. Por tal motivo, é

impossível o licitante alegar sofrer nesta Corte de Contas eventual redução de direitos processuais,

pois esses direitos sequer existem na situação específica de licitação em andamento.

24. Desse modo, por ser o agravo intempestivo, afora o fato de não estar a impetrante

legitimada como parte no processo, tampouco existindo o interesse recursal, o não conhecimento do

presente pleito, com a consequente manutenção do despacho agravado, é a solução cabível neste caso.

Ante todo o exposto, voto por que o Tribunal de Contas da União adote o acórdão que ora

submeto à deliberação deste colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

VALMIR CAMPELO

Ministro-Relator

ACÓRDÃO Nº 2217/2012 – TCU – Plenário

1. Processo: TC-016.207/2012-2.

2. Grupo II – Classe I – Agravo.

3. Agravante: Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02).

4. Entidade: Caixa Econômica Federal.

5. Relator: Ministro Valmir Campelo.

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: não atuou.

8. Advogados: Antonio Carlos Ferreira de Araujo (OAB/SP 166.004), Carlos Vitor Paulo

(OAB/SP 246.642), Oziel Estevão (OAB/SP 115.318) e outros – peça 2.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de agravo interposto pela empresa Kaba

do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02), contra o despacho do relator, que compõe a peça nº 13

dos autos, datado de 21/6/2012, mediante o qual foi indeferido o pedido de medida cautelar então

formulado pela empresa agravante, bem assim determinada a restituição dos autos à unidade técnica,

para que desse continuidade ao exame da matéria, relativamente ao seu mérito, fazendo-se as

comunicações de praxe.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 146, §1º, 183, 282 e 289, todos do

Regimento Interno/TCU, combinados com o art. 2º, §2º, da Resolução-TCU nº 36/1995, em:

9.1. não conhecer do agravo interposto pela empresa Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ

00.526.207/0001-02), porquanto não satisfeitos os pressupostos de admissibilidade aplicáveis à

espécie, mantendo, em consequência, em seus exatos termos, o despacho agravado, que constitui a

peça nº 13 dos autos;

9.2. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade

representada (Caixa Econômica Federal) e à empresa agravante (Kaba do Brasil Ltda.).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2217-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton

Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

VALMIR CAMPELO

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

Grupo I - Classe II – Plenário.

TC-019.169/2012-4. Natureza: Solicitação do Congresso Nacional.

Entidade: Banco Central do Brasil.

Interessada: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, em

face da Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011, formulada pelo Senhor Deputado

Federal Alexandre Santos (Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012).

Advogado constituído nos autos: não há.

Sumário: SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL. COMISSÃO DE

FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E CONTROLE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS.

FISCALIZAÇÃO PARA EXAMINAR A ATUAÇÃO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (BCB)

NO CUMPRIMENTO DE SUA MISSÃO INSTITUCIONAL, RELATIVAMENTE À

AVERIGUAÇÃO DA REGULARIDADE DOS ATOS PRATICADOS NO ÂMBITO DA

OPERAÇÃO DE AQUISIÇÃO DO BANCO SCHAHIN PELO BANCO BMG, MEDIANTE A

UTILIZAÇÃO DE RECURSOS DO FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO (FGC), BEM ASSIM

QUANTO À CONSEQUENTE APROVAÇÃO DA REFERIDA OPERAÇÃO POR AQUELA

AUTARQUIA. ATENDIMENTO DA SOLICITAÇÃO POR PARTE DO TCU. DETERMINAÇÃO

DE IMEDIATA REALIZAÇÃO DE INSPEÇÃO PARA ESSE FIM. CIÊNCIA ÀS AUTORIDADES

INTERESSADAS

RELATÓRIO

Para compor a parte expositiva da matéria apreciada, transcrevo a seguir a instrução que

constitui a peça nº 4 dos autos, elaborada no âmbito da 2ª Secretaria de Controle Externo (2ª Secex):

“Trata-se de solicitação da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos

Deputados, pertinente à solicitação de fiscalização sobre a atuação do Banco Central do Brasil (BCB)

no cumprimento de sua missão institucional quanto à averiguação da regularidade dos atos praticados

no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco BMG, mediante a utilização de

recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), e quanto à consequente aprovação da operação por

aquela autarquia.

EXAME DE ADMISSIBILIDADE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2. O pedido é formulado em consonância com o art. 3º, I, da Resolução TCU 215/2008, art. 231

do RI/TCU e art. 38 da LO/TCU. Além disso, a Comissão da Câmara é legitimada para realizar a

presente solicitação, nos termos do art. 4º, I, “b”, da Resolução TCU 215/2008, e do art. 232, III, do

RI/TCU, razões pelas quais a presente solicitação deverá ser conhecida.

EXAME TÉCNICO

3. Solicitação de mesma natureza foi tratada nos autos do TC 000.054/2012-7, porém referindo-

se à regularidade do empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito na operação de aquisição do Banco

Schahin pelo Banco BMG, tendo em vista que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal são

instituições associadas ao FGC.

4. Por meio do Acórdão 160/2012-TCU-Plenário, houve decisão pela impossibilidade do

atendimento daquela solicitação, porquanto falece competência ao Tribunal de Contas da União para

fiscalizar a operação que se refere ao FGC.

5. A segunda solicitação de fiscalização, objeto destes autos, tem como foco a atuação do

Banco Central do Brasil na autorização de compra do Banco Schahin pelo Banco BMG, sem deixar de

mencionar a utilização de recursos do Fundo na transação.

6. Apesar de o FGC ser entidade privada sem fins lucrativos, deve-se deixar evidente que foi

criado mediante resolução do Conselho Monetário Nacional, sendo que a reforma do estatuto ou do

regulamento do Fundo deve passar pelo exame e submissão do CMN e a escolha de diretores deve

passar pelo crivo do Banco Central.

7. Além disso, devem ser submetidos à aprovação do Banco Central do Brasil os atos

societários de instituições financeiras, de acordo com o art. 10 da Lei 4.595/1964. A compra do

Schahin foi aprovada pelo BCB.

8. Diante disso, para que seja analisada minuciosamente a atuação do BCB na compra do

Banco Schahin, com cerca de R$800 milhões oriundos do Fundo Garantidor de Crédito, entendemos

que deva ser realizada inspeção na Autarquia.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 9. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo:

i) conhecer da presente solicitação da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da

Câmara dos Deputados, mediante Ofício 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012, que versa sobre a Proposta

de Fiscalização e Controle 17/2011, de autoria do Deputado Alexandre Santos, por atender ao disposto

nos artigos. 3º, I, e 4º, I, “b”da Resolução TCU 215/2008, artigos 231 e 232, III do RI/TCU e art. 38 da

LO/TCU.

ii) autorizar, nos termos dos arts. 157 e 240 do Regimento Interno do TCU, a realização de

inspeção no Banco Central do Brasil, com vistas a subsidiar os trabalhos desta unidade para atender à

demanda da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.”

2. O Diretor da 1ª DT/2ª Secex e o titular da unidade técnica anuem à proposta de

encaminhamento oferecida pela instrução (peças nºs 5 e 6).

É o relatório.

VOTO

Preliminarmente, entendo que o Tribunal deve conhecer da presente solicitação, uma vez

satisfeitos os pressupostos de admissibilidade aplicáveis à espécie.

2. Mediante o Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012, o Senhor Presidente da Comissão de

Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, eminente Deputado Federal Edmar

Arruda, submete à apreciação do TCU a Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011,

aprovada por aquele órgão do Legislativo, visando à “realização de ato de fiscalização sobre a atuação

do Banco Central do Brasil no cumprimento de sua missão institucional quanto à averiguação da

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

regularidade dos atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco

BMG, mediante utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGV), e quanto à consequente

aprovação da operação por aquela autarquia.”

3. De início, impõe-se ressaltar que o poder de investigar constitui uma das mais expressivas

atribuições do Legislativo, traduzindo missão inerente à própria essência da instituição parlamentar,

cuja importância política decorre da tríplice função que o ordenamento constitucional lhe comete, na

condição de órgão delegado da vontade popular: função legislativa, função representativa e função

fiscalizadora.

4. Nesse contexto, entre os meios de que se vale o Legislativo para exercer as competências de

fiscalização (interpelação parlamentar, pedido de informação/fiscalização e inquérito parlamentar), o

pedido de fiscalização é, sem dúvida, um dos instrumentos mais eficazes no plano dessas atividades,

constituindo procedimento jurídico-constitucional em que a comissão incumbida do seu

desenvolvimento é dotada de absoluta autonomia, bem como de amplos e indispensáveis poderes de

investigação.

5 Desse modo, o pleito ora analisado deve merecer por parte do Tribunal de Contas da União

total acolhimento e incondicional apoio.

6. Conforme registrado pela instrução, solicitação semelhante do Congresso Nacional,

igualmente por intermédio da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos

Deputados, foi apreciada no TC-000.054/2012-7, porém em documento que requeria a avaliação do

TCU sobre “as negociações referentes à compra do Banco Schahin pelo banco BMG, envolvendo

empréstimo do Fundo Garantidor de Créditos.”

7. No caso, acolhendo a manifestação da 2ª Secex, houve por bem o Tribunal, por meio do

Acórdão nº 160/2012-TCU-Plenário, informar ao órgão solicitante sobre a impossibilidade do

atendimento daquele pleito, porquanto falecia competência ao Tribunal de Contas da União para

fiscalizar a operação noticiada na ocasião.

8. É que, consoante então demonstrado pela instrução da unidade técnica, o Fundo Garantidor

de Créditos (FGC) é uma entidade privada, sendo que os bancos públicos dela participam como

associados, em condições de igualdade com as demais instituições financeiras, tendo sua

responsabilidade limitada às contribuições mensais que, nessa qualidade (de associado), estão

obrigados a fazer para o custeio das garantias oferecidas pelo Fundo, nos termos dos normativos

pertinentes.

9. Portanto, a diferença observada no presente pedido, em relação ao anterior, reside no fato de

que, desta vez, como visto, o Parlamento pretende ver examinada pelo TCU “a atuação do Banco

Central do Brasil no cumprimento de sua missão institucional quanto à averiguação da regularidade

dos atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco BMG, mediante

utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGV), e quanto à consequente aprovação da

operação por aquela autarquia”. (destacamos).

10. Daí a proposta favorável da 2ª Secex, em pareceres uniformes, com o reconhecimento de

que, dado o novo enfoque com que o Congresso Nacional submete a presente solicitação ao Tribunal, a

matéria que constitui o seu objeto oferece oportunidade para o exercício do controle que incumbe à

Corte de Contas, em face de suas competências constitucionais, uma vez que a jurisdição do TCU

abrange a entidade em comento.

11. Desse modo, considerando os fundamentos que sustentam as conclusões do órgão

instrutivo, os quais adoto como razões de decidir, entendo caber o atendimento por esta Casa do

requerimento decorrente da sobredita Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011, o que

deverá ser levado a efeito com a realização de inspeção no Banco Central, nos termos do art. 244, § 2º,

do Regimento Interno/TCU, conforme sugere a 2ª Secex.

12. Não é demais lembrar que, de acordo com o art. 5º da Resolução-TCU nº 215/2008, este

processo tem natureza urgente e tramitação preferencial, e deve ser apreciado privativamente pelo

Plenário e exclusivamente de forma unitária.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13. Por fim, em observância ao disposto nos arts. 14, inciso I, e 15, inciso II, da mesma

Resolução-TCU nº 215/2008, é de se determinar a imediata realização da fiscalização requerida, com a

fixação do prazo de até 90 dias, contados desde a autuação deste processo (6/7/2012), para o

atendimento da solicitação em causa.

14. Ante todo o exposto, acolhendo a proposta de encaminhamento oferecida pela unidade

técnica, voto por que o Tribunal de Contas da União adote o acórdão que ora submeto à deliberação

deste colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

VALMIR CAMPELO

Ministro-Relator

ACÓRDÃO Nº 2218/2012 – TCU – Plenário 1. Processo: TC-019.169/2012-4.

2. Grupo I- Classe II – Solicitação do Congresso Nacional.

3. Interessada: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, em

face da Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011, formulada pelo Senhor Deputado

Federal Alexandre Santos (Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012).

4. Entidade: Banco Central do Brasil.

5. Relator: Ministro Valmir Campelo.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: 2ª Secretaria de Controle Externo (2ª Secex).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de solicitação do Congresso Nacional, em que,

mediante o Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012, o Senhor Presidente da Comissão de

Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, eminente Deputado Federal Edmar

Arruda, submete à apreciação do TCU a Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011,

aprovada por aquele órgão do Legislativo, visando à “realização de ato de fiscalização sobre a atuação

do Banco Central do Brasil no cumprimento de sua missão institucional quanto à averiguação da

regularidade dos atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco

BMG, mediante utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGV), e quanto à consequente

aprovação da operação por aquela autarquia.”

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo relator, e com fundamento no art. 71, inciso IV, da Constituição Federal,

c/c o art. 38, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, e ainda com os arts. 231 e 232, inciso III, do Regimento

Interno/TCU, e art. 4º, inciso I, alínea “b”, da Resolução-TCU nº 215/2008, em:

9.1. conhecer da presente solicitação do Congresso Nacional;

9.2. determinar à 2ª Secex a imediata realização de inspeção no Banco Central do Brasil, nos

termos do art. 244, § 2º, do Regimento Interno/TCU, com o objetivo de examinar a atuação da

entidade no cumprimento de sua missão institucional, relativamente à averiguação da regularidade dos

atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco BMG, mediante a

utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), bem assim quanto à consequente

aprovação da referida operação por aquela autarquia;

9.3. fixar o prazo de até 90 (noventa) dias, contados desde a autuação deste processo

(6/7/2012), para o atendimento da solicitação em causa, tendo em vista o disposto nos arts. 14, inciso I,

e 15, inciso II, da Resolução-TCU nº 215/2008;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.4. enviar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, ao Senhor

Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, e ainda ao

Senhor Presidente do Banco Central do Brasil;

9.5. restituir os autos à 2ª Secex, para as providências a seu cargo.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2218-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton

Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

VALMIR CAMPELO

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

Grupo I – Classe I – Plenário.

TC-037.751/2011-5.

Natureza: Embargos de declaração.

Entidade: Caixa Econômica Federal.

Recorrente: In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ

01.097.636/0001-66).

Advogados constituídos nos autos: Joelson Dias (OAB-DF 10.441) e outros, pela In Press

Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (peça 27); Adam Luiz Alves Barra (OAB-

DF 19.786) e outros, pela Caixa Econômica Federal (peça 45); Renata Antony Souza Lima Nina

(OAB-DF 23.600) e outros, pela Informe Comunicação Integrada S/S Ltda. (peça 11, p. 2).

Sumário: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REPRESENTAÇÃO. SUPOSTAS

IRREGULARIDADES VERIFICADAS NA CONCORRÊNCIA Nº 5.548/7066-2011, DO TIPO

TÉCNICA E PREÇO, LANÇADA PELA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, TENDO POR OBJETO

A CONTRATAÇÃO DE EMPRESA PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS

ESPECIALIZADOS EM ASSESSORIA DE IMPRENSA. IMPUTAÇÃO CONSIDERADA

IMPROCEDENTE PELO TCU, MEDIANTE O ACÓRDÃO Nº 1.542/2012-TCU-PLENÁRIO.

AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE E DE INTERESSE RECURSAL DA EMPRESA

EMBARGANTE. NÃO CONHECIMENTO.

O representante ou denunciante não é considerado, automaticamente, parte processual,

devendo, para obter essa condição, formular pedido de ingresso nos autos como interessado e

comprovar razão legítima para intervir no processo.

RELATÓRIO

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Trata-se de embargos de declaração opostos pela empresa In Press Assessoria de Imprensa e

Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66) ao Acórdão nº 1.542/2012-TCU-Plenário,

por meio do qual este Tribunal, ao examinar representação formulada pela embargante, em face de

supostas irregularidades verificadas na concorrência nº 5.548/7066-2011, do tipo técnica e preço,

lançada pela Caixa Econômica Federal, tendo por objeto a contratação de empresa para prestação de

serviços técnicos especializados em assessoria de imprensa, resolveu:

“9.1. conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente,

revogando, em consequência, a medida cautelar adotada em 29/12/2011 (peça nº 7) e revista

parcialmente em 12/4/2012 (peça nº 50), de forma a permitir que a Caixa Econômica Federal dê

continuidade à Concorrência nº 5.548/7066-2011, uma vez afastados todos os questionamentos

suscitados neste processo pela empresa In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica

Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66);

9.2. determinar o arquivamento dos autos;

9.3. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade

representada (Caixa Econômica Federal) e às empresas interessadas (In Press Assessoria de Imprensa e

Comunicação Estratégica Ltda. e Informe Comunicação Integrada S/S Ltda).”

2. A impetrante requer o conhecimento do seu recurso, visando ao saneamento das omissões

que entende presentes na deliberação embargada, para, “inclusive emprestando-lhe efeitos

infringentes, integralizar o acórdão ora recorrido, modificando-o, para julgar procedente a

representação de que trata o caso específico dos autos”.

3. Submetida a peça recursal à análise técnica da Secretaria de Recursos (Serur), sobreveio a

instrução que constitui a peça nº 88 dos autos, cujo teor transcrevo a seguir, no essencial, para compor

a parte expositiva da matéria apreciada.

“Em suma, esta Corte concluiu que não houve irregularidades no âmbito da Concorrência

5548/7066-2011, realizada pela CEF.

Irresignado com a decisão, a então representante ingressa com o recurso que ora se analisa.

Importante destacar, de plano, que a embargante requer que o Tribunal rediscuta questões

relacionadas ao processo licitatório.

Quanto à legitimidade da recorrente para apresentar o presente expediente, verifica-se que a

questão merece uma análise mais acurada.

Inicialmente, é de se notar que a interposição de embargos de declaração deve observar o

disposto no art. 282 do Regimento Interno/TCU:

Art. 282. Cabe ao interessado demonstrar, na peça recursal, em preliminar, o seu interesse em

intervir no processo, nos termos do § 1º do art. 146, devendo a questão ser avaliada no juízo de

admissibilidade.

Por sua vez, o art. 146 do RI/TCU dispõe:

Art. 146. A habilitação de interessado em processo será efetivada mediante o deferimento, pelo

relator, de pedido de ingresso formulado por escrito e devidamente fundamentado.

§ 1º O interessado deverá demonstrar em seu pedido, de forma clara e objetiva, razão legítima

para intervir no processo.

§ 2º O relator indeferirá o pedido que não preencher os requisitos do parágrafo anterior.

Considerando-se que a natureza do representante e denunciante no caso em exame é similar, a

legitimidade do representante será analisada analogamente ao tratamento dado ao denunciante.

Isto posto, verifica-se que até a publicação da Resolução/TCU 78/1996, a jurisprudência

assentada neste Tribunal construiu o entendimento de que o denunciante não seria parte nos autos,

ocupando posição secundária nos processos de denúncia, os quais, uma vez preenchidos os requisitos

de admissibilidade, passam a ser impulsionados pelo próprio TCU. Nesse sentido caminharam as

Decisões Plenárias 114/93, 232/94, 146/95, 152/95 e 593/95.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Com a entrada em vigor da citada resolução, que acrescentou o § 3º ao art. 2º da Resolução

TCU 36/1995, atribuiu-se expressamente o status de interessado ao denunciante, passando este a

figurar como parte no processo.

Ocorre que uma leitura rápida do dispositivo sob exame poderia levar a crer que o denunciante,

gozando do status de interessado, estaria dispensado de demonstrar razão legítima para intervir nos

autos, em virtude de que tal qualificação deriva de expressa disposição normativa.

Entretanto, não é essa interpretação que melhor se afeiçoa à coerência lógica do sistema

jurídico. Não significa dizer, por outro lado, que o referido dispositivo consiste em letra morta. A

rigor, com a inclusão do §3º do art. 2º da Resolução/TCU 36/1995, passou-se a admitir o denunciante

como parte no processo de denúncia, desde que ele apresente algum dos elementos exigidos pela

norma que o caracteriza como interessado, quais sejam: a) razão legítima para intervir; b) possibilidade

de lesão a direito subjetivo próprio (Resolução/TCU 36/1995, art. 2º, § 2º, com redação dada pelo art.

1º da Resolução/TCU 213/2008).

Não é outro o entendimento desta Corte de Contas, a qual entende que o ‘denunciante não é

considerado, automaticamente, parte processual, devendo, para obter essa condição, formular pedido

de ingresso nos autos como interessado e comprovar razão legítima para intervir no processo’

(Acórdão 773/2004-Plenário).

Ainda sobre os julgados desta Corte, vale ressaltar que é farta a jurisprudência no sentido

exposto no parágrafo anterior. Podem ser citados os Acórdãos 320/2006, 2323/2006, 139/2007,

1.855/2007, 519/2008, e 649/2008, 1218/2008, 2.632/2008 todos do Plenário, anteriores ao ano de

2009.

Os julgados mais recentes (a partir de 2009) também não divergem da interpretação

estabelecida. Cita-se os Acórdãos 4.423/2009, 2.389/2010, 3.793/2010, 5.057/2010 e 48/2011 da 1ª

Câmara; Acórdãos 3.003/2010, 3.037/2010, 3.200/2010, 4.073/2010, 7.317/2010, 206/2011 e

383/2011, da 2ª Câmara; Acórdãos 923/2010, 1430/2010, 1.793/2010, 2.627/2010, 3327/2010,

88/2011, 161/2011 e 257/2011, do Plenário.

Destarte, o papel do denunciante/representante consiste em iniciar a ação fiscalizatória, quando,

então, o próprio Tribunal toma o curso das apurações. Não existe para o denunciante/representante, a

não ser que admitido como interessado, prerrogativa de comparecer aos autos para a defesa de seus

pontos de vista.

No caso dos autos, o recorrente apresenta, em suas razões recursais, os seguintes argumentos

(peça 86):

(i) requer manifestação acerca do edital de licitação, item 2.3.3, que veda a participação de

licitantes coligadas entre si, visto que existem sócios comuns entre os licitantes (p. 2);

(ii) afirma não ter havido pronunciamento no acórdão embargado sobre a falta de clareza do

edital a respeito da forma de acesso aos clippings de notícia (p. 2); e

(iii) aduz que a informação prestada pela CEF no sentido de não fornecimento de clipping,

implicou em alteração impactante sobre a formulação das propostas e que diante disso deveriam ser

reabertos os prazos do Edital (p. 5).

Do exposto, observa-se, de plano, que o recorrente busca rediscutir o mérito decidido no

julgado recorrido, já analisados pela unidade técnica e transcritos nos itens 10-12 (peça 75, p. 2-4) do

relatório que precedeu o voto do Acórdão 1542/2012 – TCU - Plenário.

Sendo assim, ainda que superada a questão da admissibilidade, não haveria como dar

provimento aos presentes embargos, vez que não se verificaram as omissões suscitadas pelo

embargante, mas sim rediscussões acerca de itens que já foram analisados pelo Tribunal.

Destaque-se que o exercício de representação perante esta Corte com o objetivo de proteger o

interesse público foi respeitado, uma vez que a representação foi conhecida e seu mérito foi analisado

detidamente pela Unidade Técnica, conforme as instruções contidas nas peças 4, 30, 41 e 66 destes

autos eletrônicos, corroborada pelos pronunciamentos dispostos nas peças 74 e 75.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

É de se notar que está Corte tem como função primordial a proteção do interesse da

coletividade e, caso a secretaria instrutora tivesse verificado indícios de irregularidade, teria apurado

de forma exaustiva a sua efetiva existência, com vistas à proteção do erário.

Resta, por fim, o exame sobre a possibilidade de lesão a direito subjetivo próprio (Resolução

TCU 36/1995, art. 2º, § 2º com redação dada pelo art. 1º da Resolução TCU 213/2008).

Por oportuno, faz-se mister a elaboração de um breve comentário acerca da denúncia, aplicável

à representação, instrumento colocado à disposição do cidadão ou do representante para o resguardo

do interesse público. Inicialmente, frisa-se que, nos termos do art. 74, §2º, da Carta Magna, ‘qualquer

cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar

irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União’.

Sem maiores delongas, ressalta-se que referido dispositivo almeja a proteção do erário, em face

de irregularidades e ilegalidades que poderiam ocasionar lesões a ele. Assim, estes instrumentos não

podem servir para aqueles que se sentem prejudicados em face de uma decisão administrativa.

Ademais, só há que se falar em interesse recursal e alcance de direito subjetivo próprio, nos

casos nos quais as deliberações provenham deste Tribunal. Não é o caso do acórdão guerreado, o qual

não gerou qualquer prejuízo para a recorrente.

Do contrário, os institutos da denúncia e representação poderiam se transformar em verdadeiros

‘Mandados de Segurança Administrativos’ e permitir a tutela de interesses individuais.

Assim, considerando que o interesse público já foi resguardado por ocasião das ações de

controle empreendidas por este Tribunal, resta evidente a ausência de legitimidade e interesse para a

interposição do presente recurso.

Por derradeiro, esclarece-se que a recorrente pode buscar o seu pretenso direito nas vias

administrativa (Caixa Econômica Federal) e judicial.

Em face do acima exposto, propõe-se não conhecer os presentes embargos, ante a ausência de

legitimidade e interesse nesta seara recursal, bem como pela impropriedade da representação como

meio de tutela de interesse individual.

CONCLUSÃO DA INSTRUÇÃO PRELIMINAR

Em virtude do exposto propõe-se:

a) não conhecer dos embargos de declaração, nos termos dos arts. 146 e 282 do RI/TCU, em

razão da ausência de legitimidade e interesse recursal;

b) encaminhar os autos ao gabinete do relator sorteado para apreciação do recurso, nos termos

do caput dos artigos 48 e 50 da Resolução/TCU 191/2006, com redação dada, respectivamente, pelos

artigos 40 e 41 da Resolução/TCU 233/2010, e conforme Portaria/Serur 2/2009; e

c) posteriormente ao exame de admissibilidade, enviar os autos à 2ª Secex para dar ciência às

partes, nos termos do art. 179, §7º, do RI-TCU, e aos órgãos/entidades interessados do teor da decisão

que vier a ser adotada, encaminhando-lhes cópia da referida deliberação, acompanhada de seu relatório

e voto.”

4. O Chefe da SAR/Serur e o titular da unidade técnica anuem à proposta de encaminhamento

oferecida pela instrução preliminar.

É o relatório.

VOTO

Trago à deliberação deste colegiado os embargos de declaração opostos pela empresa In Press

Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66) ao Acórdão nº

1.542/2012-TCU-Plenário, por meio do qual este Tribunal, ao examinar representação formulada pela

embargante, em face de supostas irregularidades verificadas na concorrência nº 5.548/7066-2011, do

tipo técnica e preço, lançada pela Caixa Econômica Federal, tendo por objeto a contratação de empresa

para prestação de serviços técnicos especializados em assessoria de imprensa, resolveu:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“9.1. conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente,

revogando, em consequência, a medida cautelar adotada em 29/12/2011 (peça nº 7) e revista

parcialmente em 12/4/2012 (peça nº 50), de forma a permitir que a Caixa Econômica Federal dê

continuidade à Concorrência nº 5.548/7066-2011, uma vez afastados todos os questionamentos

suscitados neste processo pela empresa In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica

Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66);

9.2. determinar o arquivamento dos autos;

9.3. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade

representada (Caixa Econômica Federal) e às empresas interessadas (In Press Assessoria de Imprensa e

Comunicação Estratégica Ltda. e Informe Comunicação Integrada S/S Ltda).”

2. Vejo que a instrução da Serur propõe o não conhecimento da petição, ante a ausência de

legitimidade da requerente para intervir no processo, bem como de interesse recursal, pelos

fundamentos ali expendidos, os quais adoto como razões de decidir.

3. Realmente, a jurisprudência predominante na Corte de Contas é no sentido de que o

representante, tal qual o denunciante, não é considerado, automaticamente, parte processual, devendo,

para obter essa condição, formular pedido de ingresso nos autos como interessado e comprovar razão

legítima para intervir no processo (cf. Acórdãos do Plenário nºs 773/2004, 320/2006, 2.323/2006,

139/2007, 1.855/2007, 519/2008, 649/2008, 1.218/2008, 1.090/2010, entre outros).

4. É de ver que o papel do representante ou denunciante consiste essencialmente em render

ensejo ao início da ação fiscalizatória, competindo ao próprio Tribunal, a partir daí, dar rumo às

apurações subsequentes.

5. Com efeito, não existe para o autor da representação ou denúncia prerrogativa de comparecer

aos autos para interceder por seus pontos de vista, salvo se previamente admitido como interessado no

processo.

6. De lembrar que a oposição de embargos de declaração deve observar o disposto no art. 282

do Regimento Interno, segundo o qual “cabe ao interessado demonstrar, na peça recursal, em

preliminar, o seu interesse em intervir no processo, nos termos do § 1º do art. 146, devendo a questão

ser avaliada no juízo de admissibilidade”.

7. Por sua vez, o art. 146 do RI/TCU dispõe que “a habilitação de interessado em processo

será efetivada mediante o deferimento, pelo relator, de pedido de ingresso formulado por escrito e

devidamente fundamentado”, devendo o interessado (§ 1º) “demonstrar em seu pedido, de forma clara

e objetiva, razão legítima para intervir no processo.”

8. No caso concreto, segundo registrado na instrução preliminar reproduzida no relatório

precedente, a representante não demonstrou a existência de qualquer interesse subjetivo que

legitimasse sua intervenção nos autos como recorrente, sendo que, em momento algum, foi solicitada a

sua habilitação como interessada nos autos.

9. Desse modo, não estando a impetrante legitimada como parte no processo, tampouco

existindo o interesse recursal, acompanho a proposta oferecida pela instrução da Secretaria de

Recursos, no sentido de que não se conheça destes embargos.

10. Ressalte-se, por fim, que nem mesmo é o caso de se mitigar a rigidez das normas

processuais, em favor da verdade material e à vista do princípio do formalismo moderado, porquanto,

consoante esclarecido pela Serur, não há omissão a ser suprida no acórdão combatido, vez que os

aspectos supostamente ignorados ali, na verdade, foram devidamente discutidos no voto condutor do

acórdão embargado, conforme se vê na transcrição abaixo:

“QUESTÃO Nº 1 - existência de sócios comuns em duas licitantes.

10. Na instrução que compõe a peça nº 30 (penúltima manifestação), observam-se os

argumentos das partes, seguidos do ponto de vista da 2ª Secex, que não percebeu motivo suficiente

para a impugnação do procedimento acima, senão vejamos:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

‘Argumentos da Representante: a empresa In Press alega (peça 1, p. 3-4) que duas licitantes

(Informe Comunicação Integrada e CDN Comunicação Corporativa) integram o mesmo grupo

econômico, por possuírem como sócia comum a Sra. Patrícia Gonzalez de Souza, conforme se observa

no teor da cópia dos contratos sociais acostados aos autos na peça 2, p. 133-154 e 233/260.

Argumentos da CAIXA: segundo a estatal (peça 16, p. 2, item 2.1), durante a fase de

habilitação jurídica, foi efetuada pela Comissão consulta ao SICAF, conforme dispõe o subitem 6.1.1

do edital. Naquela oportunidade, verificou-se que todas as licitantes encontravam-se devidamente

cadastradas e regulares, não havendo indícios de existência de uma conjugação de fatores capaz de

justificar um aprofundamento da análise de eventuais vínculos entre as três participantes, incluindo

seus sócios e representantes.

Argumentos da Informe Comunicação: para essa empresa (peça 19, p. 2-4), a existência de

sócios comuns nas licitantes não fere a Lei 8666/93 e nem o instrumento convocatório, fato que

encontra respaldo na jurisprudência do TCU, a exemplo do Acórdão 297/2009-Plenário, o qual destaca

que o Tribunal já vedou a participação de licitantes, em situação similar: a) para realização de

convites; b) para contratação por dispensa de licitação; c) quando existe relação entre as licitantes e a

empresa responsável pela elaboração do projeto executivo; e d) quando uma empresa é contratada para

fiscalizar o serviço prestado por outra, cujos sócios sejam os mesmos.

E assegura (peça 19, p. 4) que são hipóteses que não alcançam o certame em comento, além de

que a Sra. Patrícia não é mais sócia da CDN Comunicação, conforme faz prova cópia da nova

alteração social desta empresa juntada na peça 19, p. 12-61, que foi assinada em 1º/10/2011, data

anterior à apresentação das propostas para essa concorrência.

Análise da 2ª Secex: assiste razão à CAIXA e à empresa Informe quanto ao fato de que a

jurisprudência do TCU não veda a participação em concorrências de licitantes com sócios em comum,

todavia, como bem destacado na instrução pretérita (peça 4, p. 2-3, itens 11-16), desde que se trate de

um fato isolado, ou seja, não constitua um conjunto de indícios de forma a configurar fraude ao

certame.

A empresa Informe juntou cópia da alteração contratual da CDN Comunicação, onde realmente

consta a retirada da Sra. Patrícia do quadro societário desta empresa (cópia juntada na peça 19, p.

12/61), cuja participação era de 0,01%. Observa-se que esse documento foi assinado em 1º/10/2011,

portanto, em data anterior à sessão do certame destinada à entrega das propostas, mas foi registrado

pela Junta Comercial somente em 1º/12/2011.

Consultando o sistema CNPJ, ainda não é possível constatar essa alteração no quadro societário

da CDN Comunicação, mas pode-se verificar que a Sra. Patrícia figura como um dos sócios-

administradores da empresa Informe, detendo 15% do capital social.

Verifica-se que o seu desligamento da CDN Comunicação ocorreu a apenas dez dias da

publicação do edital no Diário Oficial, embora não haja elementos nos autos capazes de demonstrar

que essa empresa ou a Informe Comunicação (duas das três únicas licitantes que participaram da

licitação, conforme anunciado pela CAIXA na peça 16, p. 15, item 3) tivessem ciência de que o

certame seria deflagrado em tão curto espaço de tempo.

Dessa forma, apesar da existência de relação entre uma das sócias-administradoras da empresa

Informe com uma das outras licitantes, que foi desfeita a apenas dez dias antes da publicação do edital

no Diário Oficial, conclui-se que faltam elementos nos autos capazes de efetivamente configurar

indício de fraude ao processo licitatório, ainda que outras irregularidades possam ter ocorrido.’

QUESTÃO Nº 2 - restrição de acesso ao clipping de noticias e consequente redução do

caráter competitivo da licitação.

11. Na instrução consubstanciada na peça nº 4 (primeira manifestação), são expostos os

argumentos da signatária da representação, seguidos do entendimento defendido pela 2ª Secex,

contrário ao sobredito questionamento, conforme se vê:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

‘Argumentos da Representante

Alega a representante que o edital não é claro quanto à forma de acesso aos clippings de

notícia, esclarecimento que é relevante para a formação da proposta técnica. Afirma que em licitações

tendo objeto semelhante ao do presente certame, o clipping de notícias é disponibilizado aos licitantes,

com detalhamento dos serviços. Cita como exemplo certames em que teriam sido disponibilizados o

clipping, como o da Agência Nacional de Saúde Suplementar, o da Embratur, o do Ministério da

Justiça e o do TCU.

Alega ainda que o não fornecimento desse documento implica a mitigação do caráter

competitivo da licitação e quebra de isonomia entre os participantes por impor a aquisição do material

junto a uma empresa de acompanhamento de mídia, situação que limita a concorrência em virtude dos

custos decorrentes.

Análise da 2ª Secex

Em análise aos editais citados pelo Representante, verificamos que em nenhum deles o clipping

foi disponibilizado.

No certame da Embratur, a contratação ocorreu por meio da Concorrência 01/2010. Não foi

possível encontrar o edital da licitação, mas no questionamento aos licitantes, disponível no link

http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/editais/download_editais/comunicado_question

amento_embratur_0012010.pdf verificou-se que a Embratur não disponibilizou o clipping. Situação

semelhante ocorreu na Concorrência 01/2011 do Ministério do Turismo, disponível no seu sítio

eletrônico.

O certame do TCU ocorreu por meio da Concorrência 03/2011. O item 1.3.2 do edital esclarece

que ‘O Tribunal não fornecerá a clipagem para a elaboração da análise editorial e da auditoria de

imagem.’.

Quanto ao certame do Ministério da Justiça, o Edital de Concorrência Pública 03/2011 não cita

a disponibilização do clipping de notícias.

A licitação da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS se deu por meio da

Concorrência 01/11. Da mesma forma, o Edital não cita a disponibilização do clipping de notícias.

Sobre a disponibilização do clipping, cabe mencionar análise realizada pela 6ª SECEX na

instrução de mérito no âmbito do TC 006.573/2009-5, relativo a um certame do Ministério do

Turismo. Naquela ocasião também se questionava, entre outros, a não disponibilização do clipping. A

posição da Unidade Técnica foi no sentido de que:

‘Em termos objetivos, não há evidência de que a fixação de período para a realização da análise

de mídia, em relação à data de apresentação das propostas, e o não fornecimento de clipping tenham

afetado a competitividade do certame. Dessa forma, entende-se desnecessário estender o exame da

matéria.’

Conclusão

Tendo em vista a análise realizada, verificamos que, ao contrário do que alega a Representante,

a disponibilização do clipping de notícias não é prática comum nos editais de concorrência para a

prestação dos serviços em análise. Além disso, não há legislação que regulamente a contratação desse

tipo de serviço, ficando a critério do contratante a opção pela disponibilização ou não do documento.

Dessa forma, concluímos que a não disponibilização do clipping não é motivo que enseje a

concessão da medida cautelar suscitada pela Representante e nem caracteriza limitação ao caráter

competitivo da licitação.’

QUESTÃO Nº 3 - ausência de reabertura do prazo para apresentação das propostas, em

razão de esclarecimentos prestados pela comissão de licitação, com alteração impactante.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12. Ainda na instrução reunida na peça nº 4 (primeira manifestação), notam-se os argumentos

da representante, acompanhados do posicionamento sustentado pela 2ª Secex, desfavorável à

pretensão da interessada, no que tange ao item supracitado, conforme se transcreve:

‘Argumentos da Representante

Alega a Representante que a informação prestada pela Caixa, no sentido do não fornecimento

do clipping, sanando omissão do edital, implicou alteração impactante sobre a formulação das

propostas, dada a restrição do prazo de 45 dias para a apresentação das propostas, conforme a Lei de

Licitações.

Informa que apenas em 11/11/2011 tomou conhecimento da necessidade de aquisição do

clipping de notícias, questão não objetivamente disposta no edital, e que as informações prestadas pela

Comissão de Licitação representaram modificações com efeitos sobre a formulação das propostas e

exige a reabertura do prazo antes estabelecido para a abertura do certame, conforme o disposto no art.

21, §4º, da Lei 8.666/1993.

Análise da 2ª Secex

De acordo com a documentação apresentada (págs. 79/119 – peça 2), a Caixa respondeu aos

questionamentos não no dia 11/11/2011, mas sim no dia 17/11/2011. Conforme análise do item II,

acima, verificou-se que não é praxe o fornecimento de clipping nos editais que tratam de contratações

da espécie.

Conclusão

Tendo em vista a prática do mercado de não fornecer o clipping e a análise realizada neste item

e no item II desta instrução, entendemos que a resposta a esse questionamento não foi fato novo que

caracterizou a modificação no edital descrita no §4º do art. 21 da Lei de Licitações, não sendo cabível

a reabertura do prazo na forma solicitada.’

QUESTÃO Nº 4 - desproporcionalidade e falta de razoabilidade no que se refere ao

período de abrangência para a análise de exposição e monitoramento das ações da CAIXA na

mídia.

13. Outra vez na instrução que forma a peça nº 30 (penúltima manifestação), percebem-se os

argumentos das licitantes interessadas e da Caixa Econômica Federal, seguidos da interpretação

conferida pela 2ª Secex, pelo não acolhimento das razões da representante a respeito dessa questão nº

4, consoante se reproduz:

‘Argumentos da Representante: o estabelecimento do período de um ano para essa análise,

considerando ainda o imenso conteúdo do Programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ e a quantidade de

material a ser analisado e todos os meios de comunicação abarcados, conforme consta na Tabela 1 do

edital (vide peça 2, p. 40) é muito amplo na concepção da empresa In Press e deveria vir acompanhada

de válida motivação (peça 1, p. 11-12).

Seu entendimento baseia-se no fato de que, em licitações com objeto semelhante, o período de

abrangência exigido seria menor, justamente com a finalidade de adequar a elaboração do diagnóstico

da situação ao prazo mínimo para o recebimento das propostas, à luz do disposto no art. 21, §2º, da

Lei 8666/93 (peça 1, p. 11-12).

Argumentos da CAIXA: a escolha do ano de 2010 ocorreu, segundo a estatal (peça 16-p. 2,

subitem 2.2.1), por ter sido o período em que o Programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ alcançou a meta

de contratar um milhão de unidades habitacionais, razão pela qual se deveria considerar a variação da

percepção da imprensa durante todo esse ano.

Para a estatal (peça 16-p. 2-3, subitem 2.2.1), também se deveria considerar a variação da

percepção da imprensa ao longo daquele ano porque houve diversos eventos diferidos em diferentes

períodos, tais como a divulgação de balanços trimestrais dos resultados da própria CAIXA e do

segmento de habitação, incluindo o programa supra mencionado, objeto alvo da análise exigida no

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

edital. Assim, mesmo uma análise com abrangência de seis meses não seria suficiente para identificar

a visão da imprensa quanto à variação/evolução dos resultados.

Essa variação do modo como a imprensa enxergava a evolução desse programa foi bastante

notória, segundo a CAIXA (peça 16-p. 3, subitem 2.2.1), uma vez que os veículos de comunicação

afirmavam que a meta de um milhão de unidades não seria atingida naquele ano, situação que se

alterou após o terceiro trimestre, quando a imprensa passou a ser menos incisiva. E, após o alcance da

meta, o seu comportamento ganhou outro viés, completamente diverso daquele inicial.

Prossegue afirmando (peça 16, p. 3, subitem 2.2.1) que, ao longo do ano também ocorreram

mudanças de estratégia na divulgação desse programa, além de que foi um ano de eleições gerais no

país, fato que causa impacto na abordagem da imprensa quanto aos programas do governo federal.

E quanto à elaboração do clipping propriamente dito, entende a estatal (peça 16-p. 3, subitem

2.2.1) que não havia a necessidade de que fosse muito extenso, haja vista a limitação imposta pelo

subitem 1.1 do anexo II do edital, de oito a dez laudas. Dessa forma, o tempo envolvido no trabalho

seria compatível com o previsto no edital e com custo baixo, pois a licitante poderia utilizar

ferramentas de busca na internet e consulta aos portais dos principais veículos de imprensa do país.

Assim, conclui (peça 16-p. 3, subitem 2.2.1) que, dada a liberalidade das licitantes para seleção

dos veículos de imprensa a serem consultados, não caberia à CAIXA mensurar o valor do clipping.

Destaque-se ainda o fato de que três empresas do mesmo segmento de mercado da Representante

realizaram esse trabalho no prazo previsto no edital para formulação de suas propostas, o que

demonstra ter sido o prazo razoável e sem envolvimento de custos impeditivos à participação da

Autora no certame.

Argumentos da Informe Comunicação: entende (peça 19, p. 4) que as argumentações da

Representante não devem prosperar, em face do que se infere da ‘resposta dada pela Comissão de

Licitação ao questionamento formulado pela empresa CDN Comunicação, que pleiteava a revisão dos

subitens 1.1, do Parâmetro I, do Anexo II c/c 7.2.2.1 do Anexo I, do edital’.

Apoiando-se no mencionado documento, afirma (peça 19, p. 4) que a CAIXA havia

estabelecido como objetivo que as ‘licitantes realizassem uma análise da exposição na mídia do

Programa Minha Casa Minha Vida e da CAIXA, no ano de 2010’, sendo que ‘caberia a cada uma

escolher quais ferramentas ou mecanismos seriam utilizados, a fim de demonstrar seu conhecimento da

instituição e sua capacidade de definição e monitoramento do tema’.

Análise da 2ª Secex: com relação ao período estabelecido para a análise da exposição da

CAIXA na mídia, foi destacado na instrução anterior (peça 4, p. 5, item 36 e 38) que este ‘tem sido

bem menor em outras licitações do que aquele estipulado no certame em comento, conforme consta na

instrução realizada no TC 006.573/2009-5, no âmbito da 6ª Secex, na qual foram examinados dados de

doze certames licitatórios semelhantes’, cujo período compreende, em média, de ‘três semanas a dois

meses’.

Para a estatal e a empresa Informe, a fixação de um período maior, ou seja, de um ano, tinha o

intuito de que as licitantes analisassem a percepção da mídia quanto à imagem da instituição e também

acerca do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ desde o início de 2010, quando havia suspeitas de que

a meta de um milhão de unidades habitacionais não seria atingida, até o seu efetivo alcance, no final

daquele mesmo ano.

As licitantes tiveram um prazo de 47 dias (vide ata da sessão do certame constante na peça 2, p.

126-128), entre a data de publicação do edital no Diário Oficial, em 10/10/2011, e aquela da sessão

para recebimento das propostas, em 25/11/2011, para elaborar a proposta técnica.

Considerando o porte e a importância da Caixa Econômica Federal no país, o prazo dado e o

fato de que se trata de empresas que detêm a expertise na prospecção de informações divulgadas

constantemente pelos grandes meios de comunicação, não parece desarrazoada a fixação do período de

um ano para análise da exposição da estatal na mídia, ainda que não seja aquele usual em licitações de

outros entes, tendo em vista ainda a relevância do programa escolhido e a variação de percepção da

imprensa quanto ao tema ao longo daquele ano.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

E no que se refere à delimitação dos meios de comunicação que deveriam ser utilizados para a

elaboração da proposta técnica, também foi destacado na instrução anterior (peça 4, p. 5, item 37) que

alguns dos editais analisados citam veículos específicos, mas a maioria menciona as formas

tradicionais e mais influentes de mídia, tal como disposto no item 10.4.1 do edital da CAIXA (vide

peça 16, p. 23).

Dessa forma, as argumentações da Representante quanto ao assunto do tópico em tela não

merecem acolhida.’

QUESTÃO Nº 5 - indisponibilidade do sítio da CAIXA em determinado momento e

consequente impossibilidade de acesso às informações relativas ao certame.

14. Para a compreensão do tópico acima, impõe-se retornar à instrução que compõe a peça nº 4

(primeira manifestação), onde são vistos os argumentos da representante, os quais são rejeitados pela

2ª Secex, conforme se lê:

‘Argumentos da Representante

A Representante informa que, de acordo com os relatórios de indisponibilidade apresentados

(págs. 103/117), o sítio da Caixa por diversas vezes esteve indisponível, inviabilizando o acesso ao

edital e às demais informações relevantes ao certame.

Alega que esse fato fere o princípio da publicidade, além de implicar redução ao caráter

competitivo da licitação, ao limitar a concorrência em razão do impedimento de acesso à informação, o

que fere o disposto no art. 3º, caput, e inc. I da Lei de Licitações.

Análise da 2ª Secex

Os documentos apresentados aparentemente demonstram a indisponibilidade da página

‘Licitações Instauradas – Detalhes’ no dias 1/11/2011, 4/11/2011, 7/11/2011, 9/11/2011 e 10/11/2011.

O item 26.12 do edital do certame em análise estabelece que quaisquer esclarecimentos

necessários para o perfeito entendimento do edital e as eventuais impugnações ou recursos deverão ser

encaminhados por escrito, por fax ou por e-mail.

Conclusão

Entendemos que a internet não é o único meio disponível para a obtenção de informações,

conforme disposto no edital, e que a disponibilidade de vários meios ocorre justamente para suprir a

falha em um deles.

Considerando ainda que o licitante já havia retirado o edital, que a resposta aos

questionamentos só ficou disponível no dia 17/11/2011, quando o sitio já estava novamente disponível,

e que aparentemente não houve mais questionamentos nesse sentido, concluímos que a

indisponibilidade do sistema da Caixa não feriu o princípio da publicidade e nem limitou a

concorrência no certame, não havendo desrespeito ao disposto no art. 3º da Lei de Licitações.’

QUESTÃO Nº 6 - obscuridade do edital quanto aos critérios de julgamento das propostas

(ausência de critérios objetivos).

15. Sobre esse aspecto, a última instrução da 2ª Secex (peça nº 66) enfrenta o questionamento

suscitado pela representante, considerando-o improcedente, pelas seguintes razões:

‘Análise da 2ª Secex

A controvérsia ora debatida é quanto aos critérios de pontuação dos itens de julgamento das

propostas técnicas, previstos no edital da Concorrência 5.548/2011. Deve-se avaliar se os referidos

critérios conferiram ao julgamento grau de subjetividade maior que o razoável, quanto à atribuição das

notas.

O instrumento convocatório estipulou que a pontuação da proposta técnica seria distribuída

dentre quatro itens: ‘Conhecimento Caixa e Diagnóstico da Situação’, ‘Planejamento e Soluções de

Imprensa’, ‘Capacidade de Atendimento’, ‘Outros Serviços Prestados’. Esclareceu-se o que se

esperava que fosse apresentado para o atendimento de cada item, para fins de avaliação da proposta.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Por exemplo, para o primeiro item, apontou-se que seriam consideradas as características e atividades,

natureza e extensão, papel político e as ações de imprensa relatadas pela licitante sobre a Caixa, bem

como a análise da exposição do banco nos jornais, revistas, emissoras de TV e web, bem como a

identificação dos pontos positivos e negativos para a imagem do banco (peça 2, p. 23).

Os referidos itens de avaliação foram divididos em subitens, especificando-se para cada um a

pontuação mínima e máxima possíveis. Para ilustrar, cite-se que o item ‘Planejamento e Soluções de

Imprensa’ (14 pontos), teve sua pontuação distribuída dentre os subitens, conforme abaixo (peça 2, p.

40-41):

Planejamento e Soluções de Imprensa Nota atribuída

Raciocínio Básico Necessidade e os problemas de

imprensa

1 a 4 pontos

Consistência lógica e

argumentos para soluções

1 a 4 pontos

Problema apontado no briefing 1 a 6 pontos

Estratégia de Imprensa Caracterização do público e

plano para mídia espontânea

1 a 10 pontos

Proposta para solução do

problema apresentado no

briefing (relações com a mídia)

1 a 10 pontos

Avaliação e mensuração dos

resultados da estratégia

1 a 10 pontos

De início, cumpre considerar que, embora os arts. 44 e 45 da Lei de Licitações visem à

imparcialidade e ao interesse público, certo grau de subjetivismo, mesmo involuntário, é inerente a

qualquer avaliação, ante a impossibilidade fática da fixação de critérios de julgamento absolutamente

objetivos. A estipulação de pontuação máxima e mínima e a fundamentação dos atos administrativos

que procedam às avaliações são mecanismos para o controle desses atos. Uma vez que os atos de

julgamento sejam amparados por arrazoados consistentes, reduz-se o risco de cometimento de

arbitrariedades.

Ao estabelecer o que seria avaliado em cada item da proposta técnica, e a composição dos

subitens que comporiam os referidos itens, prevendo as respectivas pontuações mínimas e máximas, o

edital previu parâmetros de atribuição das notas, minimizando o grau de subjetividade da análise

técnica.

Observou-se que as notas das licitantes foram atribuídas mediante avaliação fundamentada da

Comissão, que indicou as questões levadas em consideração para composição das pontuações,

conferindo concretude aos parâmetros adotados no edital.

Vejam-se, por exemplo, os comentários tecidos a respeito da avaliação do item ‘Planejamento e

Soluções de Imprensa’, constantes da avaliação da comissão técnica (‘Proposta C’ peça 39, p. 20):

Tabela 2— Planejamento e Soluções de Imprensa

Raciocínio Básico

Pagina 12 - Informa erroneamente: ‘meta do PMCMV 1 foi alcançada no primeiro ano’.

Estratégia de Imprensa

Mostra boas ações para o programa MCMV, utilizando todos os recursos oferecidos pela Caixa

(personagens, unidade móvel, superintendências regionais, publico interno etc.).

Página 16 - Sugere, como estratégia de imprensa, foco também no público interno, quando

entende-se (sic) que essa e uma atividade de comunicação interna, de acordo com a segregação de

atribuições na CAIXA.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Sugere superintendentes regionais do banco como novos porta-vozes; na verdade eles já atuam

como os porta-vozes regionais.

Apresenta na estratégia o atendimento a quem não lê jornais e também não acessa redes sociais,

mas não informa como.

A partir da fundamentação da Comissão, inclusive, as licitantes que discordaram da pontuação

recebida, puderam oferecer recursos, combatendo os argumentos considerados incompatíveis. As duas

recorrentes, como já exposto, obtiveram êxito parcial quanto a suas alegações.

No mais, após o julgamento dos recursos, todas as licitantes tiveram suas propostas técnicas

classificadas, atenuando-se o risco de eliminações que tivessem por fim restringir a participação no

certame. A empresa vencedora, além de apresentar a melhor pontuação técnica, ofertou o segundo

melhor preço, 3% acima da proposta de menor valor, e 11% inferior à proposta de valor mais alto.

Não se pode, dessa forma, afirmar que houve limites à competitividade ou prejuízos à

Administração. A competição houve, quando da participação de três licitantes, todas com propostas

técnicas classificadas. Não se fala de prejuízo ao erário, uma vez que a proposta comercial vencedora

encontra-se abaixo do patamar fixado pela Caixa, além de estar dentro da média de preços das demais

propostas apresentadas.

Pelo exposto, considera-se improcedente a representação, no que tange à ausência de critérios

objetivos para o julgamento das propostas.’

QUESTÃO Nº 7 - falta de clareza do edital: tipo de análise do briefing.

16. Para o ponto acima, temos a penúltima instrução da 2ª Secex (peça nº 30), com a

abordagem necessária, na qual são revelados os argumentos das licitantes interessadas, bem assim da

Caixa Econômica Federal, e por último o posicionamento da unidade técnica, pela rejeição das

alegações da representante, a saber:

‘Argumentos da Representante: houve falta de clareza no edital, sob a ótica da empresa In Press

(peça 1, p. 15-16), que se refere à análise de problema apontado no briefing, sem especificar, no

entanto, se essa deve ser exclusivamente editorial.

Argumentos da CAIXA: foi informado que (peça 16, p. 13-14, subitem 2.4):

o termo editorial não está presente no edital, em razão de não se ter requerido uma análise

editorial, ou seja, (...) do perfil dos veículos face a um tema ou da orientação político-partidária,

ideológica, econômica ou quaisquer outras. As informações disponibilizadas aos licitantes esclarecem

que a exigência do edital refere-se a uma análise da exposição na mídia do Programa Minha Casa

Minha Vida e da CAIXA, no ano de 2010. Portanto, este termo não foi suprimido (...)

O fato de a totalidade das empresas que apresentaram proposta técnica, atuantes no mesmo

segmento de mercado da In Press, ter apresentado a análise na forma solicitada é evidência de que o

edital foi claro quanto à solicitação acima.

Argumentos da Informe Comunicação: defende a empresa (peça 19, p. 7) não ter havido

qualquer omissão no edital, pois essa questão foi devidamente esclarecida pela Comissão de Licitação,

em resposta ao questionamento formulado pela CDN Comunicação, oportunidade em que foi afirmado

que ‘cabia às licitantes fazer uma ‘análise da avaliação da exposição do Programa e da CAIXA na

mídia, e não uma análise editorial ou auditoria de imagem nos moldes tradicionais’.’

Análise da 2ª Secex: na instrução anterior destacou-se que, nos editais dos certames com objeto

semelhante examinados, o tipo de análise que deve constar na apresentação da proposta técnica é

sempre editorial.

Contudo, sendo omisso o edital da CAIXA quanto à natureza do texto a ser apresentado pelas

empresas, o julgamento das propostas deveria considerar qualquer tipo de análise, ainda que fosse

editorial, de forma a não prejudicar qualquer licitante. Fato que não parece ter ocorrido.

Dessa forma, não se pode afirmar que faltou clareza no edital quanto a essa matéria, de maneira

a configurar infringência ao art. 40, I, da Lei 8666/1993, nada impedindo, todavia, que a previsão

editalícia pudesse ser mais específica, fato que pode ser recomendado à estatal. Não deve, portanto, ser

acolhida a tese da Representante quanto ao fato.’

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

QUESTÃO Nº 8 - falta de clareza do edital: ausência de estimativa dos deslocamentos, de

forma a atender aos subitens 12.2.3.1 do edital e 5.2.1 do seu Anexo I.

17. Quanto ao problema aí levantado, a última instrução da 2ª Secex (peça nº 66) avalia as

alegações da representante, considerando ao final que elas não devem prosperar, pelos motivos que a

seguir são anunciados:

‘Análise da 2ª Secex

Segundo a representante, o item 12.2.3.1 do edital e 5.2.1 do Anexo I mencionam a obrigação

de inclusão, no preço mensal e global proposto, dos custos de hospedagens e viagens de seus

empregados, e de todas as demais obrigações e despesas de qualquer natureza necessárias à perfeita

execução dos serviços. No entanto, o edital não teria fornecido elementos necessários à delimitação do

custo do serviço, não apontando estimativa máxima de deslocamentos dos profissionais.

A unidade técnica [na instrução anterior] deu razão à representante, quando entendeu que a

Caixa não previu adequadamente o quantitativo de deslocamentos para o contrato. Ao fixar um

patamar mínimo de quatro deslocamentos mensais, teria destoado da média do ano anterior, de dois

deslocamentos por mês. O posicionamento que se defendeu foi que o parâmetro fixado não foi realista

e que a estipulação de um patamar mínimo apenas poderia levar a Administração a exigir que o

contratado viesse a arcar com custos exorbitantes durante a prestação dos serviços, comprometendo o

equilíbrio econômico-financeiro do contrato. De outro lado, poderia levar a contratada a majorar

excessivamente o valor da proposta, ao prever quantitativo de deslocamentos superior ao efetivamente

necessário, o que teria sido verificado, quando a proposta vencedora estimou doze deslocamentos

mensais.

Tendo em conta que o patamar mínimo de deslocamentos previsto no edital levou em

consideração a média mensal do ano anterior, superando-a em duas vezes, a possibilidade de haver

desequilíbrio econômico-financeiro, torna-se minimizada. A margem de segurança utilizada é razoável

para garantir o equilíbrio contratual, evitando que a contratada tenha que arcar com custos de

deslocamentos adicionais aos estimados.

Por outro lado, é fato que, ao incluir quantitativo de deslocamentos superior à estimativa

mínima da Caixa, existiria a possibilidade de a licitante majorar excessivamente seus custos com esse

item, aumentando o valor da proposta. Todavia, agindo dessa forma, poderia perder em

competitividade, no critério preço.

Conforme apontado em instrução anterior, a proposta comercial da Informe Comunicação,

licitante classificada em primeiro lugar, considerou doze deslocamentos mensais. Ao proceder assim,

incorreu no risco de perder competitividade no quesito preço. Se o efetivo quantitativo de

deslocamentos mensais tiver média inferior, a proposta terá incluído custos superiores aos necessários.

Se os deslocamentos forem em número superior, o prejuízo terá sido da contratada.

Fixar um quantitativo máximo de deslocamentos, como foi sugerido anteriormente pela

unidade técnica, poderia levar a duas situações inconvenientes. Caso o número fosse insuficiente ao

efetivamente realizado no transcorrer do contrato, deslocamentos adicionais causariam potencial

desequilíbrio do contrato, com prejuízos para uma das partes, a depender da fórmula adotada. Outra

situação que se imagina é que, para evitar a necessidade de aditivos para recuperar o referido

equilíbrio, a Caixa poderia vir a acrescer margem de segurança à estimativa máxima, o que a

majoraria, elevando o valor das propostas, que tenderiam a elevar seus custos com deslocamentos ao

patamar máximo.

Percebe-se que tanto a fixação de um número mínimo, quanto de um máximo de

deslocamentos, trazem inconvenientes. O risco dessa estimativa e, consequentemente, do contrato, é

inerente à atividade, e não se vislumbra que tenha havido óbices à competição, pela ausência de

fixação de quantitativo máximo.

A proposta vencedora, como já pontuado, inferior à estimativa da Caixa, foi a segunda menor,

3% acima da de menor valor e 11% inferior à mais alta. Não se deve considerar que tenha havido

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

óbices à competitividade ou prejuízos aos cofres públicos, tendo-se sagrado vencedora proposta

comercial com valor global dentro dos parâmetros de mercado aferidos no processo licitatório.

Dessa forma, não se pode afirmar que a ausência de fixação de patamar máximo de

deslocamentos tenha obstado a competitividade ou que tenha causado prejuízos à Administração.

Além disso, mesmo sendo componente do preço global, o custo dos deslocamentos não representa

parcela significativa do total de serviços e nem constitui o núcleo do objeto da contratação, reduzindo

os impactos que poderia causar nos custos totais. Improcedente também nesse ponto a representação.’

QUESTÃO Nº 9 - falta de clareza do edital: ausência de estimativa para a avaliação dos

custos adicionais decorrentes dos serviços de intérprete.

18. Relativamente a este último ponto, a penúltima instrução da 2ª Secex (peça nº 30) examina

com a profundidade necessária os argumentos das licitantes interessadas, afora aqueles trazidos pela

Caixa Econômica Federal, expressando ao final o pensamento da unidade técnica, no sentido da

improcedência do aludido questionamento. Vejamos:

‘Argumentos da Representante: a falta de clareza no subitem 3.1.1 do Anexo I do edital

consiste, segundo a Autora (peça 1, p. 15-16), no fato de que foi exigido que a contratada

disponibilizasse intérprete com fluência nos idiomas que apresentem correlação com a atuação e

exposição da CAIXA, e que atue na produção e tradução de material jornalístico, todavia, sem

apresentar qualquer estimativa para a avaliação dos custos adicionais pela contratante.

Argumentos da CAIXA: a estatal esclarece (peça 16, p. 15, subitem 2.6) que iniciou

recentemente seu processo de atuação internacional, encontrando-se presente em apenas três países –

Estados Unidos, Japão e Venezuela, não possuindo escritórios, agências ou atuação direta com ampla

presença na mídia. Ademais:

A atuação do intérprete ocorrerá no atendimento a demandas de imprensa, traduzindo e

produzindo material jornalístico nos idiomas exigidos nos eventos programados.(...) A utilização de

intérprete também será necessária no suporte aos porta-vozes do banco em entrevistas concedidas a

jornalistas estrangeiros (...).

Desta forma, a demanda por serviços de interprete e tradução é muito reduzida (...). Em 2011

ocorreu o atendimento a 07 pautas de imprensa (sendo 06 em inglês e 01 em espanhol) (...).

Considerando este histórico recente de demandas, bem, como o valor total estimado do

contrato, fica claro que a prestação desses serviços não será onerosa a ponto de comprometer o

equilíbrio econômico-financeiro. Deve ser ressaltado o fato de que se trata de serviços (...) eventuais e

atípicos. Diante disso, não foi exigida comprovação de capacidade técnica especifica, tampouco

alocação permanente de profissional com esta qualificação, o que deixa claro não ter qualquer

repercussão no caráter competitivo do certame.

Argumentos da Informe Comunicação: afirma (peça 19, p. 9) que, assim como ocorre com a

maioria das empresas desse segmento de mercado, a Informe possui tradutores fixos em seu quadro de

funcionários, exatamente para dar suporte às demandas de todos os clientes.

E prossegue aduzindo (peça 19, p. 9) que, em todos os editais de licitações publicados nos

últimos meses, com objeto semelhante, não há previsão do quantitativo exato de profissionais,

exatamente por se tratar de serviços técnicos especializados, e não de terceirização de mão de obra.

Ademais, também não é possível prever a quantidade de textos a serem produzidos no decorrer do

contrato, uma vez que essa situação é característica dos serviços de assessoria de imprensa.

Análise da 2ª Secex: pelas informações trazidas aos autos pela CAIXA, principalmente quanto

à sua ainda diminuta atuação no mercado internacional, depreende-se que a participação dos serviços

de intérprete e tradução em todo o objeto do certame é muito pequena e incapaz de causar impacto no

equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

E, como bem destacado pela empresa Informe, a Administração não pode no presente caso

estabelecer quantitativo de postos de trabalho ante o risco de o fato configurar locação de mão-de-obra,

o que é vedado pela jurisprudência da Justiça do Trabalho, conforme Enunciado 331 do TST.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Porém, poderia a Administração estabelecer uma previsão do quantitativo dos serviços a serem

prestados se, de fato, constituísse parcela significativa no objeto do contrato, o que, como já exposto

acima, não é o caso. Dessa forma, devem ser rejeitadas as argumentações da Representante quanto ao

fato.’

19. Como visto, as 9 questões levantadas nesta representação pela empresa In Press Ltda.

foram enfrentadas e totalmente rejeitadas pela 2ª Secex, seja nas suas primeiras manifestações, seja na

sua última instrução, em amplos e convincentes pareceres que, pelos seus fundamentos, adoto como

razões de decidir, tecendo apenas alguns comentários que julgo pertinentes, em reforço ao que já foi

dito pela unidade técnica, em torno dos aspectos que considero mais relevantes na apreciação da

matéria em foco.

20. Primeiramente, sobre a possível redução do caráter competitivo do certame, vejo que, não

obstante a participação de somente três concorrentes, o único problema suscitado aqui em relação a

essa parte fundamental de qualquer processo licitatório tem a ver com a suposta restrição de acesso ao

clipping de noticias, cuja improcedência restou plenamente demonstrada pelo órgão instrutivo (v.

questão nº 2, no item 11 deste voto).

21. É dizer, não se nota neste feito nenhum outro apontamento a respeito de requisitos

editalícios aos quais houvesse a possibilidade de ser atribuído o baixo comparecimento de

concorrentes à convocação em tela, a exemplo de exigências, cláusulas ou condições desarrazoadas ou

injustificáveis, que pudessem comprometer, restringir ou frustrar o seu caráter competitivo, o que

resultaria na inobservância do disposto no art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993.

22. De mais a mais, como bem acentuou a nossa Secretaria de Controle Externo, na análise a

que procedeu quanto à questão nº 6 (v. item 15 deste voto):

‘Não se pode, dessa forma, afirmar que houve limites à competitividade ou prejuízos à

Administração. A competição houve, quando da participação de três licitantes, todas com propostas

técnicas classificadas. Não se fala de prejuízo ao erário, uma vez que a proposta comercial vencedora

encontra-se abaixo do patamar fixado pela Caixa, além de estar dentro da média de preços das demais

propostas apresentadas.’

23. A outra causa que me parece digna de relevo, dada a controvérsia que às vezes desperta, é

aquela reunida na questão nº 6, de que cuida o item 15 deste voto, relativamente à suposta obscuridade

do edital quanto aos critérios de julgamento das propostas, em que foi suscitada a ausência de critérios

objetivos.

24. De fato, o julgamento mediante critérios objetivos, definidos no edital, é regra de

fundamental importância para que a licitação alcance o seu objetivo principal, que é garantir a

observância do princípio constitucional da isonomia e a seleção da proposta mais vantajosa para a

administração, atuando em favor do fiel cumprimento dos princípios básicos da legalidade, da

impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da vinculação ao instrumento convocatório.

25. Daí a rigorosa previsão legal nesse sentido:

Lei nº 8.666/1993

‘Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os critérios

objetivos definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios

estabelecidos por esta Lei.

§ 1º É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou

reservado que possa ainda que indiretamente elidir o princípio da igualdade entre os licitantes.’

(...)

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o

responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios

previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele

referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.’

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

26. Dito de outro modo, quem vai participar da licitação tem o direito de saber previamente

qual é o critério pelo qual esse certame será julgado, caso contrário seria fácil conduzir o resultado da

licitação para um ou outro lado, o que não se admite nos atos da espécie.

27. Mas o que é critério objetivo ? O Professor Diógenes Gasparini, ao proferir palestra no II

Seminário de Direito Administrativo, promovido pelo Tribunal de Contas do Município de São Paulo -

TCMSP, em junho de 2004, fez essa pergunta para, em seguida, dar a resposta (sítio do TCMSP,

visitado em 18/6/2012):

‘Critério objetivo é aquele que por si só define uma situação. É aquele que independe de

qualquer argumento para confirmá-lo. Basta o confronto das várias propostas para selecionarmos a

vencedora, sem precisar justificar absolutamente nada. O menor preço, por exemplo, é critério

objetivo. Quando estabelecemos no edital, que a licitação será julgada pelo critério do menor preço,

temos aí estabelecido qual é o critério de julgamento e que esse critério é objetivo. Se temos uma

proposta de sete, uma de sete e meio e outra de oito, sendo o critério de julgamento o de menor preço,

não temos dúvida nenhuma para dizer que aquela proposta de sete é a vencedora. Não precisamos

dizer para ninguém que nossa grande experiência como Presidente de Comissão de Licitação indica

que sete é a melhor proposta, ou que somos professor de matemática, que somos isso ou aquilo para

justificar essa escolha. Não temos que justificar nada. O achômetro, desculpem a expressão, não pode

estar presente no julgamento, devendo, assim, ser banido do processo licitatório qualquer critério

subjetivo.’

28. E o prosseguimento da lição do festejado administrativista naquele evento iria dizer o que

acontece, em termos de critérios de julgamento, quando a licitação não é do tipo ‘menor preço’, mas

sim do tipo ‘melhor técnica’ ou ‘técnica e preço’, que é o caso da concorrência lançada pela CAIXA e

da qual cuidamos nesta oportunidade, vindo então à tona o seguinte ensinamento do saudoso mestre:

‘Talvez os Senhores digam, mas e no caso de licitação de melhor técnica ou de técnica e preço,

que são critérios adotados para o julgamento de certas licitações, não há aí o subjetivismo quando os

membros da Comissão de Licitação devem atribuir notas a certos fatores como qualidade, quantidade,

produtividade e metodologia, por exemplo. Isso é uma realidade, mas a lei diz que técnica e preço e

melhor técnica são critérios de julgamento de licitações cujos objetos envolvem importantes trabalhos

intelectuais [refere-se ao disposto no art. 46 da Lei nº 8.666/1993]. Esses critérios só são utilizados

excepcionalmente (...). Portanto, já temos uma restrição para a sua aplicação imposta pela própria lei

licitatória. De outro lado, quando possível a sua aplicação, ainda exige-se um cálculo matemático. Esse

cálculo levará em conta certas pontuações atribuídas pelos membros da Comissão de Licitação. A tais

pontos serão aplicados determinados pesos. Multiplicam-se todos esses pontos pelos respectivos pesos

e divide-se pela somatória dos pesos e aí se têm vários números no final dessas continhas. Nesses

cálculos ainda deve ser considerado o preço ofertado pelo proponente, também influenciado por um

peso. Com a conjugação de todos esses dados chegaremos, depois da comparação dos resultados finais

de cada licitante, à proposta vencedora. Portanto, a própria lei se encarrega de, ao máximo, retirar a

subjetividade que possa existir nesses critérios de julgamento.’

29. O magistério que acabo de expor, do renomado especialista em direito administrativo, ajuda

a compreender as razões pelas quais o critério de julgamento absolutamente objetivo só é possível

na licitação do tipo ‘menor preço’.

30. Portanto, o que deve ser esperado e exigido em relação a convocações semelhantes à

concorrência em pauta, do tipo ‘técnica e preço’, é o menor nível possível de subjetividade no seu

julgamento, com avaliações devidamente fundamentadas por parte dos membros da comissão de

licitação.

31. Isso, a partir de parâmetros bem definidos no edital, para a atribuição de notas aos diversos

fatores avaliatórios nele previstos, cuja conjugação, na forma igualmente estabelecida no ato

convocatório, há de ser suficiente para mitigar eventuais resquícios de imprecisão na maneira de julgar

as propostas oferecidas, de modo a evitar decisão que não seja impessoal ou não favoreça o interesse

público.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

32. É assim que se resguardam sobretudo os princípios da isonomia e da impessoalidade, entre

outros, na seleção da proposta mais vantajosa para a administração em licitações da espécie,

normalmente com o uso de fórmulas aritméticas ou pontuações capazes de permitir uma classificação

justa e compreensível para as licitantes envolvidas, em julgamento necessariamente vinculado ao edital

e aos documentos por elas apresentados, e sempre subordinado a juízo de rigorosa imparcialidade.

33. Ou seja, não se admite solução administrativa que deixe transparecer a imposição da

vontade pessoal do agente público, ou que se apresente como desvirtuadora dos princípios

fundamentais da legalidade, da igualdade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade ou da

vinculação ao instrumento convocatório.

34. E no caso do qual se trata, não há nos autos nenhum indicativo de desatenção aos cuidados

básicos antes comentados. Ao contrário, são bastante tranquilizadoras as informações prestadas pela 2ª

Secex, no sentido de ter havido tal precaução por parte da CAIXA, quando diz, nos itens 26 e 27 da

instrução reproduzida no relatório precedente, o seguinte:

‘Ao estabelecer o que seria avaliado em cada item da proposta técnica, e a composição dos

subitens que comporiam os referidos itens, prevendo as respectivas pontuações mínimas e máximas, o

edital previu parâmetros de atribuição das notas, minimizando o grau de subjetividade da análise

técnica.

Observou-se que as notas das licitantes foram atribuídas mediante avaliação fundamentada da

Comissão, que indicou as questões levadas em consideração para composição das pontuações,

conferindo concretude aos parâmetros adotados no edital.’

35. Em síntese, entendo não caber o prosseguimento deste feito, tendo-se por improcedente a

representação ora apreciada, porquanto as questões nela suscitadas estão fundamentadas em

argumentos que não se sustentam juridicamente.”

11. Ou seja, ainda que fosse possível conhecer deste recurso, o pleito por ele intentado não teria

melhor sorte.

12. De fato, não se mostram presentes as omissões alegadas pela impetrante, que, consoante

enfatizado pela instrução, busca, no essencial, rediscutir pontos já suficientemente debatidos no

acórdão recorrido.

13. Portanto, não cabe ao Tribunal, nesta fase processual, atender a postulações que, como

visto, procuram, a pretexto de supostas omissões, a reapreciação de questões já examinadas em

julgamento anterior, vez que embargos de declaração não se prestam a essa finalidade.

14. Ante todo o exposto, voto por que o Tribunal de Contas da União adote o acórdão que ora

submeto à deliberação deste colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

VALMIR CAMPELO

Ministro-Relator

ACÓRDÃO Nº 2219/2012 – TCU – Plenário

1. Processo: TC-037.751/2011-5.

2. Grupo I, Classe de Assunto: I – Embargos de declaração.

3. Entidade: Caixa Econômica Federal.

4. Recorrente: In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ

01.097.636/0001-66).

5. Relator: Ministro Valmir Campelo.

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos - Serur.

8. Advogados constituídos nos autos: Joelson Dias (OAB-DF 10.441) e outros, pela In Press

Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (peça 27); Adam Luiz Alves Barra (OAB-

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

DF 19.786) e outros, pela Caixa Econômica Federal (peça 45); Renata Antony Souza Lima Nina

(OAB-DF 23.600) e outros, pela Informe Comunicação Integrada S/S Ltda. (peça 11, p. 2).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pela empresa In

Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66) ao

Acórdão nº 1.542/2012-TCU-Plenário, por meio do qual o Tribunal, ao examinar representação

formulada pela embargante, em face de supostas irregularidades verificadas na concorrência nº

5.548/7066-2011, do tipo técnica e preço, lançada pela Caixa Econômica Federal, tendo por objeto a

contratação de empresa para prestação de serviços técnicos especializados em assessoria de imprensa,

resolveu “9.1. conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente,

revogando, em consequência, a medida cautelar adotada em 29/12/2011 (peça nº 7) e revista

parcialmente em 12/4/2012 (peça nº 50), de forma a permitir que a Caixa Econômica Federal dê

continuidade à Concorrência nº 5.548/7066-2011, uma vez afastados todos os questionamentos

suscitados neste processo pela empresa In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica

Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66)”.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34, caput e § 1º, da

Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 287 do Regimento Interno/TCU, em:

9.1. não conhecer dos presentes embargos de declaração, porquanto não satisfeitos os

pressupostos de admissibilidade aplicáveis à espécie;

9.2. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade

representada (Caixa Econômica Federal) e às empresas interessadas (In Press Assessoria de Imprensa e

Comunicação Estratégica Ltda. e Informe Comunicação Integrada S/S Ltda).

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2219-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton

Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

VALMIR CAMPELO

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO I – CLASSE ___ – Primeira Câmara

TC 004.017/2010-2

Natureza: Representação

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Órgão: Senado Federal

Interessado: Ministério Público Federal

Advogado constituído nos autos: não há

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. MPF. SENADO FEDERAL. ASSISTÊNCIA MÉDICO-

HOSPITALAR E ODONTOLÓGICA. DILIGÊNCIAS AO SENADO FEDERAL E À CÂMARA

DOS DEPUTADOS. RECOMENDAÇÕES DO MPF AO SENADO FEDERAL. PROCEDÊNCIA

PARCIAL. DETERMINAÇÃO. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, a instrução da unidade técnica:

“Trata-se representação formulada pelo Ministério Público Federal por meio da qual se

pretende avaliar a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos gastos efetuados pelo Senado

Federal com a assistência médico-hospitalar e odontológica prestada a Senadores, ex-Senadores e seus

dependentes. A mesma matéria, registre-se, é objeto do Inquérito Civil 1.16.000.001019/2009-02,

instaurado pelo órgão representante (fls. 1-1v, principal).

ENCAMINHAMENTOS ANTERIORES

2. O presente processo, autuado como representação em 12/2/2010, traz, em seu anexo, cópias

de demonstrativos de despesas realizadas nos últimos três anos com serviços médicos e odontológicos

no Senado. Os subscritores da peça inicial, Procuradores da República, apontam que, à exceção dos

serviços oferecidos por médicos do Senado, os demais são prestados por profissionais ou entidades na

modalidade de livre escolha dos beneficiários. Asseguram, ainda, que todos os serviços médicos e

odontológicos são pagos com recursos federais e que estes assumem vultosos montantes em razão da

inexistência de uma tabela de preços, aplicável de forma universal e igualitária, mediante a qual se

possa aferir a vantajosidade ou mesmo a compatibilidade dos valores pagos com os valores correntes

de mercado.

3. Em primeira análise, a 3ª Secretaria de Controle Externo (Secex-3), considerando o caráter

não contributivo da assistência, a natureza do ato instituidor, a possibilidade de concessão indevida de

benefícios e de contratações supostamente irregulares, propôs diligenciar ao Senado no sentido de

obter (fls. 3-7, principal):

a) cópia dos pareceres e informações técnicas que subsidiaram a edição do Ato da Mesa

Diretora 9/1995, bem com a indicação da base legal para edição do ato;

b) fundamento legal para a assistência gratuita (sem contrapartida) dos senadores com mandato,

seus dependentes e cônjuges, capaz de sustentar a legalidade da concessão, prevista no Ato da Mesa

Diretora 9/1995;

c) base legal para a assistência à saúde de ex-senadores e cônjuges, em caráter gratuito (sem

contrapartida dos beneficiários) e vitalício, capaz de sustentar a legalidade da concessão, prevista no

Ato da Mesa Diretora 9/1995;

d) esclarecimento para o fato de não haver sido adotado(a), como forma de prestação de

assistência à saúde dos beneficiários do Ato da Mesa Diretora 9/1995:

1. a autogestão, conforme Decreto 4978/2004;

2. a contratação, mediante licitação, de empresa para a prestação do serviço, nos termos da Lei

8666/1993;

3. o ressarcimento parcial para planos de saúde escolhidos livremente pelos beneficiários, por

similaridade com o estatuído no art. 230, § 3º, inciso I, da Lei n. 8.112/1990;

e) o rol de beneficiados que obtiveram ressarcimento de despesas médicas embora não

atendessem às condições exigidas pelo Ato da Mesa Diretora 9/1995 e suas alterações posteriores,

indicando a irregularidade apurada, a exemplo:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. impedimento do recebimento do benefício enquanto em exercício de outro cargo público ou

vinculado a outro sistema de previdência – descumprimento do art. 5º do Ato 9/1995;

2. não atendimento do prazo mínimo de exercício do mandato de senador para a assunção do

direito à assistência médica gratuita e vitalícia – §2º do Ato 9/1995, com a redação dada pelo Ato

2/2003;

f) cópia do Ato 18/2000, que estendeu o benefício estabelecido no Ato da Mesa Diretora

9/1995 a diretor-geral e ex-diretores-gerais, e suas alterações ulteriores;

g) informações acerca dos resultados ou do estágio atual da apuração conduzida no âmbito

daquela Casa Legislativa com respeito à contratação de empresas cujos responsáveis seriam servidores

do Senado, a exemplo, Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Distrito Federal (CNPJ

24.905.234/0001-46), presidida por José Silvério Assunção (CPF 114.231.011-53), analista

legislativo/medicina, conforme ordem bancária 2010OB800371, UG 020001.

4. A resposta do Senado, encaminhada por meio dos Ofícios 269 e 419/2010-PRESID (fls. 16-

40, principal), não apresentou pareceres, informações técnicas ou embasamento legal para a edição do

Ato da Comissão Diretora 9/1995. No que diz respeito às demais questões, a Advocacia do Senado

Federal apontou que não existe norma legal que regule a prestação de assistência médico-hospitalar

aos Senadores e que, por isso, tal assistência foi instituída por meio do ATC 9/1995, o que foi feito

com a instituição de um sistema bastante abrangente (fls. 34-37, principal). A Secretaria de Assistência

Médica e Social do Senado (SMAS), por sua vez, esclareceu que o ex-Senador Mauro Benevides,

ocupante de mandato de Deputado Federal, recebeu parecer favorável à manutenção dos benefícios

previstos pelo ATC 9/1995, visto que não se encontrava vinculado a outro plano de saúde e registrou

que a SAMS foi orientada a manter a assistência àqueles ex-Senadores vinculados ao plano antes da

edição do ATC 2/2003, que estabeleceu como condição para assistência o exercício do mandato

senatorial por pelo menos 180 dias contínuos.

5. Quanto à apuração de contratações irregulares, foi informado que os instrumentos

convocatórios passaram a conter cláusulas impeditivas para participação de empresas que tenham entre

seus sócios servidores do Senado Federal e que os processos de renovação contratual ou formalização

de termos aditivos com tais empresas foram arquivados, assim como interrompidos os contratos

vigentes (fl. 19, principal).

6. Considerando que ainda restaram pendentes de esclarecimento alguns ressarcimentos feitos

a ex-Senadores, os quais passaram a exercer mandatos de Deputado Federal e que a instituição do

benefício por Ato da Comissão Diretora contraria dispositivo do Regimento Interno do Senado, o qual

prevê a utilização de Resolução para tratamento da matéria, foram propostas novas diligências, desta

feita alcançando também a Câmara dos Deputados (fls. 860-865, anexo 1, vol. 4):

(...) ao Senado Federal para que:

a) em relação ao Ex-Senador Nivaldo Passos Krüger:

1 – justifique os ressarcimentos que lhe foram efetuados nos exercícios de 2007 e 2008 a título

de despesas para tratamento da saúde de Ex-Senador, tendo em vista que ele tomou posse como

suplente de Senador e não cumpriu o prazo de carência previsto, portanto, não atendeu os requisitos

exigidos pelo Ato n.º 9/1995, e alterações posteriores, para ser considerado beneficiário;

2 – informe as datas e os valores dos ressarcimentos que lhes foram efetuados na condição de

Ex-Senador, com base no Ato nº 9/1995, e alterações posteriores, no período de 2003 ate a presente

data;

b) em relação aos Ex-Senadores Carlos Gomes Bezerra e Wellington Roberto:

1 – justifique os ressarcimentos que lhes foram efetuados nos exercícios de 2007 e 2008 a título

de despesas para tratamento da saúde de Ex-Senadores, tendo em vista que exerciam o mandato de

Deputado Federal, portanto, não atendiam às condições do Ato n.º 9/1995, e alterações posteriores,

para serem considerados beneficiários;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2 – informe as datas e os valores dos ressarcimentos que lhes foram efetuados na condição de

ex-senador, com base no Ato nº 9/1995, e alterações posteriores, no período de 2007 até a presente

data;

c) esclareça se o Ato da Comissão Diretora n.º 18/2000 encontra-se em vigência, remetendo

cópia do dispositivo que o revogou, se for o caso;

d) justifique a instituição do plano de assistência à saúde prestada aos Senadores e seus

dependentes e Ex-Senadores e seus cônjuges por meio de Ato da Comissão Diretora, em vez de ter

sido utilizado projeto de resolução, a teor do art. 52, inciso XII, da Constituição Federal, e do art. 98,

inciso III, c/c o art. 213, inciso III, do Regimento Interno do Senado;

(...) à Câmara dos Deputados para que informe em relação aos Deputados Federais Carlos

Gomes Bezerra e Wellington Roberto:

1 – se estavam amparados pelo plano de saúde da Câmara dos Deputados nos anos de 2007 a

2010 e se fizeram uso referido plano;

2 – se receberam ressarcimento da Câmara dos Deputados a título de despesas para tratamento

de saúde entre o exercício de 2007 até a presente data, informando os respectivos valores e datas dos

eventuais ressarcimentos;

ANÁLISE DAS RESPOSTAS ENCAMINHADAS

7. Ainda antes das respostas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados a estes últimos

questionamentos, o Ministério Público Federal remeteu a esta Corte de Contas cópia de sua

recomendação dirigida ao Senado no âmbito do Inquérito Civil 1.16.000.001019/2009-02, qual seja

(fls. 50-54v, principal):

(...) o Ministério Público Federal, com base nas atribuições que lhe são cometidas pelo art. 6º,

inciso XX, da Lei Complementar nº 75/93, vem recomendar ao Senado Federal, na figura de seu

Presidente, Senador José Sarney, que:

I) ante os vícios de origem verificados nos Atos Normativos que dispõem sobre a assistência à

saúde dos Senadores e dependentes e ex-Senadores e cônjuges, criados pela Comissão Diretora do

Senado, anule o Ato n. 09/1995 e seus consectários, inclusive o Ato n. 39/1997 e o Ato n. 02/2003;

II) reaprecie o conteúdo dos Atos acima apontados, e de seus consectários, por meio de

resolução, dado ser essa a espécie normativa aplicável à matéria (arts. 48/58 do RISF - e disposições

constantes dos arts. 211 c/c 231, IV, 288, caput, todos do RISF);

III) na busca do melhor modelo de gestão dos recursos destinados à assistência médica, avalie a

possibilidade de prestar assistência à saúde dos Senadores, ex-Senadores e dependentes, mediante as

seguintes opções: a) na forma de convênio ou contrato; b) na forma de auxílio, mediante ressarcimento

parcial do valor despendido pelo beneficiário, ativo ou inativo, e seus dependentes, com planos ou

seguros privados de assistência à saúde;

Porém, caso mantidas as regras em vigor, aprimore o regime assistencial adotado, de forma a

constituir, com recursos próprios, garantias e reservas financeiras específicas, conforme estabelece a

Agência Nacional de Saúde, atentando-se, ainda, para o que segue:

IV) defina o rol de tratamentos (especialidades médicas e cirúrgicas), os exames e os demais

procedimentos médicos passíveis de ressarcimento, bem como aqueles não cobertos pela assistência

prestada pelo Senado, respeitando as exigências mínimas previstas na Lei n. 9.656/98;

V) defina tabelas de preços para o procedimento pretendido ou executado, de acordo com os

valores praticados no mercado;

VI) fixe o limite do ressarcimento por procedimento executado ou pretendido, bem assim o teto

para ressarcimento com despesas de saúde por beneficiário, a fim de que se estabeleça uma gestão

orçamentária responsável e isonômica;

VII) promova o credenciamento das empresas, clínicas, hospitais e médicos que poderão

prestar serviços mediante prévio convênio;

VIII) exija co-participação dos beneficiários;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

IX) delimite os requisitos necessários (relatório médico, recibo e nota fiscal dos honorários

médicos e despesas hospitalares - incluindo relação dos materiais, medicamentos e exames efetuados,

com preços por unidade, juntamente com as faturas ou as notas fiscais do hospital e de fornecedores de

órteses, próteses e materiais especiais -, indicação do código internacional de doenças, identificação do

médico, clínica, laboratório ou hospital responsável pelo atendimento) para a comprovação da despesa

realizada;

X) defina metodologia e memória de cálculo da estimativa de despesas para fins de alocação

de dotação na Lei Orçamentária Anual, respeitada a disponibilidade orçamentária e financeira para o

exercício respectivo;

XI) avalie a legalidade da continuidade vitalícia do benefício a ex-Senadores e cônjuges,

considerando a ausência de vínculo do titular com a Administração após o fim do exercício do

mandato.

8. As respostas do Senado à solicitação de informações por parte deste Tribunal foi

encaminhada por meio do Ofício 80/2011-PRESID/ADVOSF, datado de 25/4/2011. Quanto ao ex-

Senador Nivaldo Passos Krüger, foi apontado que o mesmo foi beneficiado pelo texto orignal do Ato

da Comissão Diretora 9/95, que ainda não exigia o exercício do mandato pelo período contínuo de 180

dias, pois a norma que modificou o texto original somente foi editada em 7/1/2003, quando o

beneficiário já exercia o mandato senatorial. O total nominal recebido pelo ex-senador é de R$

4.859,00 (fl. 56 e 68-70, principal).

9. Em relação aos ex-Senadores Carlos Gomes Bezerra e Wellington Roberto, estes foram

ressarcidos por gastos com saúde porque, embora exercendo mandatos de deputado federal, não

estavam amparados pelo plano de assistência à saúde da Câmara dos Deputados, que é uma hipótese

de cobertura pelo plano do Senado. Os valores recebidos por estes beneficiários estão listados nas fls.

70-76, principal, cabendo salientar que, em 2010, o Sr. Carlos Gomes Bezerra foi ressarcido em valor

R$ 6,7 mil acima do teto, indicando que, na prática, não há limites para os ressarcimentos (fl. 73,

principal).

10. No que diz respeito à legalidade do ato instituidor da assistência à saúde, a Advocacia do

Senado Federal apontou que existe resolução atribuindo competência à Comissão Diretora para exercer

a administração interna do Senado e que o fato de a assistência à saúde ter sido instituído por ato da

Comissão Diretora constitui matéria interna corporis, não se sujeitando, portanto, à interferência de

outros poderes ou órgãos (fl. 58, principal).

11. Ainda quanto ao Senado, não restou evidenciada, pela falta de documento comprobatório, a

revogação do Ato da Comissão Diretora 8/2000.

12. A resposta encaminhada pela Câmara dos Deputados por meio do Ofício 1353/2011-DG,

revelou contradições: enquanto a Secretaria Executiva do Pró-Saúde informou que os deputados

Wellington Roberto e Carlos Bezerra não foram beneficiários do Pró-Saúde, o Departamento Médico e

o Departamento de Finanças, Orçamento e Contabilidade apontaram que foram feitos reembolsos em

favor do Deputado Carlos Bezerra nos anos de 2008, 2009 e 2011.

13. Embora não tenha sido constatada ilegalidade na assistência à saúde prestada pelo Senado

Federal a integrantes, ex-integrantes daquela casa legislativa, vale trazer à lembrança que a doutrina

afirma existir dois tipos de normas jurídicas: normas regras e normas princípios. As normas regras,

exemplificadas pelas leis, aplicam-se somente a cada situação específica prevista em seu texto. Quanto

a princípios, cabe lembrar que a ciência jurídica elenca entre as fontes do direito os chamados

princípios gerais de direito, cujo conceito e atributos são tomados emprestados do renomado jurista

Miguel Reale:

A nosso ver, princípios gerais de direito são enunciações normativas de valor genérico, que

condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para sua aplicação e integração,

quer para a elaboração de novas normas. Cobrem, desse modo, tanto o campo da pesquisa pura do

Direito quanto o de sua utilização prática. (...) são modelos doutrinários ou dogmáticos fundamentais.

(...) eles são eficazes independentemente do texto legal. Este, quando os consagra, dá-lhes força

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

cogente, mas não lhes altera a substância, constituindo um jus prévio e exterior à lex. REALE, Miguel.

Lições Preliminares de Direito, p. 304-305, 27ª ed. São Paulo. Editora Saraiva, 2002.

14. Assim, visto que o direito é composto não apenas por normas regras, mas, também, por

princípios, aplicáveis a quaisquer casos, servindo inclusive de motivação para decisões judiciais em

situações de anomia (Decreto-Lei 4.657/42, art. 4º), sempre se mostra possível a adoção de soluções

que imponham o menor ônus aos administrados, principalmente se considerados os princípios

administrativo-constitucionais e o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade, que permite até

mesmo a apreciação do mérito administrativo.

CONCLUSÃO

15. Da análise dos documentos encaminhados pelas casas legislativas, conclui-se não existir

ilegalidade, opinião compartilhada pelo Ministério Público Federal. Persiste, entretanto, uma

desconformidade, pois o Deputado Carlos Bezerra teria recebido ressarcimentos tanto do Senado

Federal quanto da Câmara dos Deputados nos exercícios financeiros de 2008, 2009 e 2011 (fls. 72-73 e

89, principal).

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

16. Diante do exposto, considerando-se a impropriedade identificada e considerando-se que as

possíveis recomendações já foram feitas ao Senado pelo Ministério Público Federal, submetem-se os

presentes autos à consideração superior, propondo-se:

a) reiterar ao Senado Federal as recomendações feitas àquela Casa Legislativa pelo Ministério

Público Federal no âmbito do Inquérito Civil 1.16.000.001019/2009-02;

b) determinar à Câmara dos Deputados que instaure procedimento adequado para reaver os

valores indevidamente pagos ao Deputado Carlos Gomes Bezerra a título de ressarcimento de

assistência à saúde, visto que o parlamentar, além de não estar amparado pelo Pró-Saúde da Câmara

dos Deputados, já se encontrava beneficiado pela assistência à saúde do Senado Federal. As medidas

adotadas deverão ser informadas na tomada de contas referente ao exercício financeiro de 2011;

c) informar a decisão adotada à Procuradoria da República no Distrito Federal; e

d) em conformidade com o artigo 146, inciso IV, do RI-TCU, arquivar o presente processo.”

É o relatório.

VOTO

Conheço da presente representação, com fundamento no art. 237, inciso I, do Regimento

Interno do TCU, c/c com o art. 6º, inciso XVIII, alínea “c”, da Lei Complementar 75/1993.

A peça foi apresentada pelas Procuradoras da República Eliana Pires Rocha e Anna Carolina

Resende Maia e requer a este Tribunal a análise dos gastos, efetuados pelo Senado Federal, em razão

do plano de assistência à saúde, em favor dos senadores, ex-senadores e dependentes, à luz da

legalidade, legitimidade e economicidade dos atos de gestão e das despesas dele decorrentes.

A matéria, objeto do Inquérito Civil nº 1.16.000.001019/2009-02, instaurado pelo órgão

representante, foi submetida à análise da 3ª Secretaria de Controle Externo (3ª Secex) que, após

diligências ao Senado Federal e à Câmara dos Deputados, concluiu persistir apenas a desconformidade

com relação aos ressarcimentos efetuados ao Deputado Carlos Bezerra, que teria recebido valores de

ambas as Casas, nos exercícios financeiros de 2008, 2009 e 2011.

Quanto ao modelo de assistência médico-hospitalar e odontológica aos senadores, ex-senadores

e seus dependentes, a unidade instrutiva concluiu pela ausência de ilegalidade em sua instituição, mas

entendeu que os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da economicidade,

principalmente, demandavam que esta Corte de Contas reiterasse as recomendações exaradas pelo

Ministério Público no âmbito do Inquérito Civil nº 1.16.000.001019/2009-02.

Não obstante a proposta da 3ª Secex, o Senado informou já se encontrar em curso estudo para

exigir algum tipo de contrapartida dos senadores, ex-senadores e dependentes, na forma como já se faz

em relação aos demais servidores.

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173

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Assim, considerando que há indicativos no sentido de empreender ações efetivas na linha

defendida pelo Ministério Público Federal em suas recomendações, entendo desnecessária a sua

reiteração, sendo mais adequado determinar à 3ª Secex que acompanhe a questão nas próximas contas

da Entidade.

Acolho o encaminhamento proposto pela unidade técnica, no sentido de determinar à Câmara

dos Deputados que instaure procedimento para apurar os fatos e, conforme o caso, proceda às medidas

necessárias para reaver eventuais valores indevidamente pagos ao ex-senador Carlos Gomes Bezerra

(hoje Deputado Federal), a título de ressarcimento de assistência à saúde.

Ante o exposto, acolho, em parte, o encaminhamento proposto pela unidade técnica e voto por

que o Tribunal aprove o acórdão que submeto ao Colegiado. TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano

Brandão Alves de Souza, em de agosto de 2012.

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Relator

ACÓRDÃO Nº 2220/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 004.017/2010-2.

2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação.

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Interessado: Ministério Público Federal - Procuradoria da República no Distrito Federal.

4. Órgão: Senado Federal (vinculador).

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 3ª Secretaria de Controle Externo (Secex-3).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada Procuradoria da

República no Distrito Federal, tendo por objeto o plano de assistência à saúde dos senadores, ex-

senadores e seus dependentes,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer da representação, com fundamento no art. 237, inciso I, do Regimento Interno do

TCU, c/c com o art. 6º, inciso XVIII, alínea “c”, da Lei Complementar 75/1993, e considerá-la

parcialmente procedente;

9.2. determinar à Câmara dos Deputados que instaure procedimento para apurar os fatos e

reaver os valores indevidamente pagos ao Deputado Carlos Gomes Bezerra, a título de ressarcimento

de assistência à saúde, obedecidos os princípios do contraditório e da ampla defesa;

9.3. determinar à 3ª Secex que acompanhe, na próxima prestação de contas, o cumprimento das

recomendações exaradas pelo Ministério Público Federal ao Senado Federal, no âmbito do Inquérito

Civil nº 1.16.000.001019/2009-02;

9.4. dar ciência desta deliberação ao Senado Federal e à Procuradoria da República no Distrito

Federal;

9.5. arquivar os autos

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2220-33/12-P.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros que alegaram impedimento na Sessão: Augusto Nardes e Ana Arraes.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO I - CLASSE V - Plenário

TC 006.756/2011-5

Natureza: Relatório de Levantamento

Órgãos: Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS/MS); Secretaria de Estado

de Saúde do Distrito Federal (SES/DF)

Responsáveis: Alberto Beltrame (308.910.510-15); Cloer Vescia Alves (390.161.960-72);

Emival Gonçalves de Sousa (409.916.601-53)

Advogado constituído nos autos: Daniela Bozetto Alves (OAB/RS 27.464); Fernão Leal Mohn

(OAB/RS 25.167)

SUMÁRIO: LEVANTAMENTO DE AUDITORIA. MOTOLÂNCIAS.

IRREGULARIDADES. BENS OCIOSOS. CONSULTORIA JURÍDICA. INOBSERVÂNCIA DE

PARECER. AUDIÊNCIAS. REJEIÇÃO DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVAS. MULTA.

DETERMINAÇÕES E RECOMENDAÇÕES.

RELATÓRIO

Para compor a parte expositiva desta deliberação, transcrevo o relatório de levantamento

emitido pela Unidade Técnica (peça 32):

“1. Introdução

Identificação simplificada do objeto de auditoria

Tratam os autos de relatório de auditoria sobre o componente ‘motolâncias’ na rede do

Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - Samu, realizada por determinação contida em despacho

no processo administrativo TC 005.706/2011-4.

2. Após tomar conhecimento de possíveis irregularidades na aquisição das chamadas

‘motolâncias’ pelo Ministério da Saúde, por meio de notícia veiculada pela imprensa, o Exmo.

Ministro José Jorge, ressaltou o dever deste Tribunal em cobrar providências para a elucidação dos

fatos e responsabilização dos envolvidos, de modo que as ocorrências fossem acompanhadas pelo

TCU, inclusive sob a ótica da própria concepção do programa, ainda que o objeto já estivesse sendo

fiscalizado pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus).

3. Previamente, no TC 020.478/2010-0, que trata da tomada de contas da Secretaria de

Atenção à Saúde do Ministério da Saúde - SAS/MS referente ao exercício de 2009, foram anexados os

relatórios de auditorias realizadas pelo Denasus acerca da implementação dos veículos

motocicletas/motolâncias na frota do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu),

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

encaminhados pelo Exmo. Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico, por meio do Ofício

65/2010-PROC-MEVEM (fl. 4 do anexo 1 do TC 020.478/2010-0).

4. Por economia processual, foi sugerido que esta Secretaria analisasse a questão no âmbito

das contas da SAS/MS, à qual a Coordenação-Geral de Urgência e Emergência e o Departamento de

Logística estão vinculados.

5. Naquele momento, entendeu-se que, embora as indicações de possíveis irregularidades

dissessem respeito a três exercícios - 2007, 2008 e 2009 -, tratar os fatos separadamente em cada

exercício traria menos eficiência quanto ao aspecto processual. Além disso, desses três exercícios,

somente o de 2009 restava sem pronunciamento quanto ao mérito, sendo o adequado para se proceder

o saneamento das questões e possível contraditório necessário para a conclusão da matéria com um

todo (Despacho à fl. 2 do anexo 1 do TC 020.478/2010-0).

Antecedentes

6. Conforme estatuído no art. 198 da Constituição de 1988, ‘as ações e serviços públicos de

saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único’, organizado

de acordo com algumas diretrizes, entre elas, a descentralização.

7. Portanto, a descentralização é um princípio do Sistema Único de Saúde (SUS) que assume

papel de eixo estruturante, pois indica a necessidade de articulação e de cooperação entre os entes

federados - União, Estados e Municípios - para alcançar a qualidade das ações e serviços de saúde.

8. Por meio do seu relatório de gestão, disponível no endereço eletrônico

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_gestao_2010.pdf, o Ministério da Saúde

informa resultados positivos de suas ações na assistência ambulatorial e hospitalar especializada,

com a habilitação de novas unidades de saúde com atendimento especializado, inclusive com a

inauguração de novos Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Unidades de Pronto

Atendimento (UPAs). Embora se reconheça o avanço e a ampliação dos serviços de saúde, muitas

deficiências e irregularidades têm sido apontadas por este Tribunal em fiscalizações realizadas no

SUS.

9. A partir de solicitação do Congresso Nacional, foi realizada, em 2009, auditoria

operacional na aplicação de recursos federais na aquisição, controle e manutenção dos mamógrafos

na rede pública e conveniada de saúde (Acórdão 247/2010-TCU-Plenário). Constatou-se que a

quantidade de mamógrafos disponíveis para o SUS é suficiente para o rastreamento da população-

alvo, porém a produtividade desses equipamentos é baixa devido a problemas relacionados à

manutenção dos aparelhos e à falta de profissionais para sua operação. Muitos mamógrafos sequer

entram em funcionamento, demonstrando falta de planejamento, com a aquisição de equipamentos

sem consideração dos custos fixos para sua manutenção ou do quantitativo de pessoal necessário para

operá-los.

10. Ainda em 2009, foi realizada auditoria operacional no Programa Atenção Básica em

Saúde (Acórdão 1.188/2010-TCU-Plenário), com o objetivo de avaliar se as principais estratégias da

atenção básica - Saúde da Família, Saúde Bucal e Agente Comunitário de Saúde - tinham sido

efetivamente utilizadas para organizar os sistemas municipais de saúde. Entre as constatações, foi

destacada a precariedade do planejamento municipal.

11. Em 2010, em auditoria operacional no Programa Farmácia Popular (Acórdão 3.030/2010-

TCU-Plenário), foi constatada falta de planejamento sistematizado para a assistência farmacêutica

tanto no governo estadual quanto nos municipais. Na esfera federal, foram verificadas graves

deficiências e lacunas na fiscalização realizada pelo Ministério da Saúde sobre a aplicação dos

recursos repassados fundo a fundo a estados e municípios.

12. Em auditoria de conformidade nos recursos financeiros repassados fundo a fundo para a

compra de serviços de saúde da rede de assistência hospitalar e ambulatorial privada e filantrópica,

foi destacada, entre outras irregularidades, a aplicação dos recursos do Bloco da Média e Alta

Complexidade em áreas diversas daquela destinada. Além do desvio de finalidade, em muitos casos os

recursos permaneciam aplicados no mercado financeiro por longos períodos de tempo.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13. Em fiscalização de orientação centralizada acerca da implantação e operacionalização da

assistência farmacêutica básica pelos três níveis da federação (Acórdão1459/2011-TCU-Plenário),

verificou-se, entre outras constatações, excesso e vencimento do medicamento sulfato ferroso, sem

notificação ao MS para suspensão da distribuição, demonstrando problemas na coordenação

realizada pelos estados e falta de avaliação criteriosa do governo federal e estadual acerca das

razões para o desperdício do medicamento.

14. Durante sessão de julgamento das Contas de Governo de 2010, em 2/6/2011, foi apontado

pelos Ministros desta Casa:

Na área da saúde, por exemplo, aponta necessidade de melhoria da gestão do SUS, em razão

de problemas de controle, responsabilização e coordenação. (...) A análise da Saúde, função de

extrema relevância para a cidadania, revelou significativo crescimento da descentralização de

recursos. (Ministro Aroldo Cedraz)

As fiscalizações realizadas por este Tribunal de Contas nos permitem concluir que o grande

problema do SUS não é a falta de recursos, mas sua inadequada aplicação, a qual só se faz possível

na medida da deficiência do controle realizado pelo Ministério da Saúde. (Ministro José Jorge)

15. Portanto, as diversas fiscalizações realizadas por este Tribunal sobre as ações e serviços

de saúde apresentam um denominador comum: falta de planejamento e desarticulação entre as

esferas federal, estaduais e municipais. Apesar do considerável aumento da descentralização de

recursos, o Ministério da Saúde não consegue exercer, de forma adequada, sua função como

coordenador das políticas de saúde, pois, entre outros problemas, não dispõe de instrumentos capazes

de fornecer informações acerca da realidade da saúde nos municípios, já que os cadastros nacionais

carecem de confiabilidade em seus dados.

16. No caso do objeto desta auditoria, o Ministério da Saúde tem função de articulação com os

governos estaduais para regular a implementação de um novo componente na frota do SAMU, não

devendo proceder de forma vertical no cálculo das necessidades estaduais e municipais, sem permuta

de informações sobre o andamento das atividades de urgência e emergência.

17. No período de outubro de 2009 a abril de 2010, o Denasus realizou auditorias quanto à

implantação do componente motolâncias na rede Samu no próprio Ministério da Saúde (Relatório

8796), e nas Secretarias de Estado de Saúde do Distrito Federal (Relatório 9277), de Goiânia

(Relatório 9279) e de São Paulo (Relatório 9278). Em síntese, as constatações dessas auditorias

demonstraram:

a) Instituição da Portaria GM/MS 2.971/2008 posteriormente ao procedimento licitatório e

aquisição de quatrocentas motolâncias.

b) Pregão Eletrônico 212/2007 (processo SIPAR 25.000.200718/2007-18) para aquisição de

quatrocentas motolâncias apresentando impropriedades quanto ao aspecto formal de sua instrução.

c) Distribuição de motolâncias em quantitativos divergentes dos estabelecidos nas notas de

empenho, registrados em nota técnica e no edital de licitação.

d) Transferência das motocicletas sem os respectivos Termos de Doação, em desacordo com

art. 2° da Portaria GM/MS 2.971/2008.

e) Entrega das motolâncias no pátio da contratante (transformadora), enquanto a ata de

registro de preços estabelecia a entrega nos respectivos Núcleos Estaduais de Saúde. Motolâncias no

pátio da montadora há mais de quatrocentos dias.

f) Despesa realizada pelo Ministério da Saúde para o transporte de 51 motolâncias de São

Paulo à Brasília com indicativos de superfaturamento.

g) Realização dos atendimentos em duplas de motolâncias, diante da inadequação do tamanho

do baú para transportar todos os equipamentos e medicamentos (trauma/clínico).

h) Inadequação do equipamento de comunicação utilizado pelos condutores das motolâncias

com a Central de Regulação.

i) Não apresentação de projeto para implantação das motolâncias e não utilização das

motolâncias doadas.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

j) Transferência das motolâncias sem os equipamentos previstos no §1º do art. 4º da Portaria

GM/MS 2.971/2008.

k) Não efetivação de seguro para as motolâncias recebidas.

l) Falta ou demora na adoção de providências para aquisição de equipamentos de proteção

individual e para contratação de manutenção e conserto das motolâncias.

m) Capacitação de profissionais condutores das motolâncias em quantitativo inferior ao

necessário, não comprovação de capacitação desses profissionais e treinamento e capacitação em

pilotagem defensiva sem todos os itens do programa do projeto básico da Policia Rodoviária Federal.

Objetivo, escopo e questões de auditoria

18. Esta auditoria teve como objetivo verificar a legalidade e a legitimidade da concepção e da

operacionalização do componente Motolâncias no Samu, bem como da aquisição e distribuição das

motocicletas, realizadas pelo Ministério da Saúde, às coordenações do Samu. Os procedimentos

foram realizados de forma que se atendesse a objetivos específicos averiguados no Ministério da

Saúde e nas Coordenações do Samu, em especial no Distrito Federal, de acordo com a participação

de cada um no programa.

19. Inicialmente, a auditoria foi programada na modalidade conformidade. Entretanto, após o

conhecimento da concepção e da operacionalização do componente Motolâncias no Samu na fase de

planejamento, bem como da aquisição e distribuição das motocicletas, verificou-se que a abordagem

operacional seria mais adequada.

20. O escopo da auditoria englobou (i) a avaliação do planejamento para concepção do

componente motolâncias, como novo recurso disponível na política de urgência e emergência do

Ministério da Saúde; (ii) a avaliação da legalidade e legitimidade do procedimento licitatório para

aquisição das motolâncias, e o respectivo contrato; (iii) a situação atual das motolâncias, sobretudo o

nível de utilização das motos distribuídas às Coordenações locais do Samu, incluindo verificação in

loco no Samu do Distrito Federal.

21. As questões de auditoria concebidas para a realização dos trabalhos foram as seguintes:

Tabela 1: questões de auditoria

Questão de auditoria Escopo

Q.1 O MS realizou estudos que demonstrassem a necessidade e a vantagem

da implantação do componente motolâncias no Samu de forma a subsidiar o

planejamento dessa ação? Planejamento

para concepção

do componente

motolâncias como

integrante da

política de

urgência e

emergência do

Ministério da

Saúde

Q.2 Os coordenadores do Samu (executores do programa) foram consultados

(ou participaram) acerca da implantação do componente motolância?

Q. 3 Os critérios utilizados pelo MS para o estabelecimento dos quantitativos

e grade de distribuição das motos foram adequados?

Q. 4 O programa foi discutido com outras instâncias da sociedade: CIT, CNS,

audiências públicas ou entidades de classe relacionadas (caso dos

profissionais de enfermagem - Conselho Federal de Enfermagem)?

Q. 5 As ações previstas para possibilitar a operação das motos foram

realizadas de forma sincronizada?

Q. 6 O objeto da licitação foi definido adequadamente, sem caracterizações

excessivas?

Licitação e

contrato

Q.7 O orçamento apresenta sobrepreço?

Q.8 Participaram da licitação empresas que pertençam a pessoas com

interesses comuns, frustrando o caráter competitivo do certame?

Q.9 O contrato contém todas as cláusulas essenciais e necessárias, define

com precisão o objeto conforme licitado e estabelece o prazo de duração de

acordo com a legislação?

Q.10 Todas as motolâncias distribuídas foram devidamente habilitadas? Situação atual das

motolâncias - Q.11 Quais as limitações para a habilitação das motolâncias e recebimento

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

das transferências mensais de recursos federais? âmbito do

Ministério da

Saúde Q.12 Houve melhora no atendimento do Samu após a implantação do

componente motolância, e o Ministério da Saúde realizou monitoramento das

motocicletas distribuídas?

Q.13 Quais os principais fatores que limitam o funcionamento das

motolâncias? Situação atual das

motolâncias -

âmbito das

Coordenações

locais do Samu

Q. 14 As motolâncias cedidas/doadas pelo MS/CGUE estão sendo

devidamente utilizadas?

Q.15 Os recursos transferidos para o Samu-DF (incluem os recursos para as

motolâncias) estão sendo executados ou estão aplicados no mercado

financeiro?

Metodologia e limitações inerentes à auditoria

22. A estratégia metodológica no âmbito deste trabalho foi baseada em análise documental,

mediante solicitação de informações à Coordenação Geral de Urgência e Emergência (Ministério da

Saúde), à Coordenação do Samu-DF e ao Fundo de Saúde do Distrito Federal (Secretaria de Estado

de Saúde do Distrito Federal). Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de

Auditoria do Tribunal de Contas da União (Portaria-TCU 280/2010, alterada pela Portaria

168/2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU.

Nenhuma restrição foi imposta aos exames.

23. As análises no âmbito do Ministério da Saúde se concentraram principalmente no

planejamento do órgão para implementação das motolâncias no Samu, no procedimento licitatório

para compra centralizada das quatrocentas motolâncias e no respectivo contrato firmado com a

empresa vencedora.

24. No Distrito Federal, foram realizadas entrevistas com o Coordenador do Samu e com o

chefe dos pilotos das motolâncias. Também foram solicitadas, mediante ofícios, informações sobre o

funcionamento das motos e questões correlatas.

25. Dado que, no escopo da presente auditoria, estava previsto deslocamento da equipe

somente ao Samu do Distrito Federal, optou-se pela realização de pesquisa junto às demais

Coordenações do Samu nos estados, mediante envio de questionário por correio eletrônico, de forma

que se pudesse estabelecer um panorama da situação das motolâncias em nível nacional.

26. O questionário foi enviado para 115 Coordenações do Samu, espalhadas por todos os

estados da federação mais o Distrito Federal, com exceção dos estados de Rondônia e Santa

Catarina, que não receberam motolâncias do Ministério da Saúde. Do total enviado, obteve-se

resposta de 89 questionários, o que resultou numa taxa de retorno de 77,4%. As cidades que

responderam à pesquisa receberam 292 motos, de um total de quatrocentas motocicletas distribuídas

pelo Ministério da Saúde. Portanto, os dados colhidos na pesquisa respondem por 73% do total de

quatrocentas motolâncias distribuídas.

27. A pesquisa com os questionários enviados foi composta por questões fechadas e uma

aberta (Apêndice A). As questões buscaram investigar a quantidade de motolâncias em

funcionamento, bem como os fatores considerados limitantes para a utilização das motocicletas em

cada Coordenação do SAMU, como falta de profissionais, dificuldade na realização de cursos de

capacitação para pilotos e falta de equipamentos. Os resultados dessa pesquisa serão apresentados ao

longo deste relatório, de acordo com o tema a ser abordado em cada capítulo.

28. Como limitação encontrada no decorrer da presente auditoria, pode ser descrita a não

realização de observação direta com visitas in loco em cada Coordenação do Samu que recebeu

motolâncias, mas apenas no Distrito Federal. Desse modo, parte dos achados são baseados na

percepção dos coordenadores do Samu expressada em questionário enviado por correio eletrônico.

Adicionalmente, as motolâncias não podem ser um objeto de investigação isoladamente, pois estão

inseridas no componente pré-hospitalar móvel da Política Nacional de Atenção às Urgências, que

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

compreende serviços de atendimento móvel às urgências (Samu-192), em municípios e regiões de todo

o território brasileiro, no âmbito do Sistema Único de Saúde.

29. Conforme apontado anteriormente, os relatórios de auditoria do Denasus, acerca da

implementação das motolâncias no Samu, foram anexados ao TC 020.478/2010-0, que trata da

tomada de contas da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde do exercício de

2009.

30. As análises afetas ao processo licitatório e à contratação para aquisição das motolâncias

estão apresentadas no subtítulo 4 deste relatório. Os achados de auditoria, concernentes ao

planejamento da implantação do componente motolâncias no Samu e a sua utilização, estão descritos

no título 3 deste relatório.

31. Em relação ao volume de recursos fiscalizados, observa-se que a aquisição das

quatrocentas motolâncias, por meio do Contrato 10070/2009 com a Yamaha Motor da Amazônia

Ltda. (CNPJ 04.817.052/0001-06), totalizou o valor de R$ 6.032.000,00. Além disso, conforme

previsto no art. 3º da Portaria GM/MS 2.971/2008, são realizados repasses regulares e automáticos

de recursos aos respectivos fundos de saúde, para manutenção das equipes efetivamente implantadas

(motolâncias habilitadas), segundo o parâmetro de R$ 7.000,00 por mês por unidade de motocicleta

que esteja habilitada junto ao Ministério da Saúde.

32. Os recursos aplicados na aquisição de equipamentos de distribuição obrigatória pelo

Ministério da Saúde para as motolâncias não fizeram parte do escopo desta auditoria.

33. Como o único local objeto de visita in loco nesta auditoria foi o Samu-DF, já que as

informações sobre os demais núcleos estaduais foram coletadas por meio de questionário, considera-

se, para fins de contabilização de recursos fiscalizados, tão somente os repasses mensais na

modalidade fundo a fundo transferidos para aquela Coordenação, que totalizam R$ 378.000,00

(referente ao repasse de nove motos habilitadas no DF desde setembro de 2010 a março de 2011.

Assim, o volume total de recursos fiscalizados é de R$ 6.410.000,00.

2. Visão geral

34. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192) é um programa do Ministério da

Saúde que tem como finalidade prestar socorro em casos de urgência e emergência. Foi inspirado no

modelo francês - Service d'Aide Médicale d'Urgence -, que também utiliza a sigla ‘Samu’.

35. O Samu-192 é o principal componente da Política Nacional de Atenção às Urgências,

criada no ano de 2003, com cinco grandes ações como foco:

a) organizar o atendimento de urgência nos pronto-atendimentos, unidades básicas de saúde e

nas equipes do Programa Saúde da Família;

b) estruturar o atendimento pré-hospitalar móvel (Samu-192);

c) reorganizar as grandes urgências e os pronto-socorros em hospitais;

d) criar a retaguarda hospitalar para os atendidos nas urgências; e

e) estruturar o atendimento pós-hospitalar.

36. Em 2002, por meio da Portaria GM/MS 2.048/2002, o Ministério da Saúde publicou o

Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, que definiu os serviços de

atendimento móvel de urgências e seus diversos veículos de intervenção.

37. No ano seguinte, foi instituída a Política Nacional de Atenção às Urgências (Portaria

GM/MS 1.863/2003), que estabeleceu as diretrizes de regionalização da atenção às urgências e a

implantação de sistemas estaduais, regionais e municipais de redes de atenção, nos seus vários

componentes. Nesse mesmo ano, sob a Portaria GM/MS 1.864/2003, iniciou-se a implantação do

componente pré-hospitalar móvel da política, configurando a rede nacional do Samu.

38. Em 2008, com expectativa de atender à necessidade de diminuição do tempo-resposta de

atendimento, principalmente em situações com dificuldade de tráfego nos grandes centros urbanos e

em territórios de difícil acesso para ambulâncias, o Ministério da Saúde propôs a implantação do

componente motolâncias, por meio da Portaria GM/MS 2.971/2008, como mais um recurso móvel

disponível e integrado à frota do SAMU192.

Page 180: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

39. De acordo com esse normativo, o quantitativo de motocicletas a ser distribuído pelo

Ministério da Saúde deveria acompanhar o número de ambulâncias habilitadas em cada serviço,

preferencialmente, à proporção de uma motocicleta para cada Unidade de Suporte Avançado (USA) e

uma a cada duas Unidades de Suporte Básico (USB).

40. O Samu realiza o atendimento de urgência e emergência em lugares diversos, como vias

públicas, residências ou locais de trabalho. O pedido de socorro é feito por chamada telefônica

gratuita - número 192. A ligação é atendida por técnicos na Central de Regulação, que identificam a

emergência e, imediatamente, transferem o telefonema para o médico regulador. O médico regulador

faz o diagnóstico da situação e orienta o paciente ou a pessoa que fez a chamada, sobre as primeiras

ações.

41. Ao mesmo tempo, o médico regulador avalia qual o melhor procedimento: orienta a pessoa

a procurar um posto de saúde; designa uma ambulância de suporte básico de vida, com auxiliar de

enfermagem e socorrista para o atendimento no local; ou, de acordo com a gravidade do caso, envia

uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) móvel, com médico e enfermeiro. Com poder de

autoridade sanitária, o médico regulador comunica a urgência ou emergência aos hospitais públicos

e, dessa maneira, reserva leitos para que o atendimento de urgência tenha continuidade.

42. As viaturas do Samu podem ser:

a) USA - Unidades de Suporte Avançado (UTIs móveis).

b) USB - Unidades de Suporte Básico.

c) VT - Veículos de Transporte.

d) VIR - Veículo de intervenção rápida (viaturas 4x4).

e) Motolância - Veículos de intervenção rápida (utilizados para pré-atendimento).

f) Ambulancha - Unidade de Socorro Aquático.

g) Helicóptero - Unidade de Socorro aéreo.

43. Nesse contexto, a presente auditoria tem por objetivo avaliar aspectos que vão desde o

planejamento que deu suporte à concepção do componente motolância como mais um recurso da

política de urgência e emergência, no âmbito do Ministério da Saúde, a legalidade do procedimento

licitatório para compra das motolâncias e do respectivo contrato, até sua utilização pelas

Coordenações do Samu do país.

44. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal

de Contas da União (Portaria-TCU 280/2010, alterada pela Portaria 168/2011) e com observância

aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU. Nenhuma restrição foi imposta

aos exames.

45. Tem-se como benefícios estimados da presente fiscalização as propostas de determinações

e recomendações ao Ministério da Saúde com objetivo de se dar efetiva utilização às motolâncias

distribuídas, bem como aperfeiçoar o processo de planejamento para implementação de política de

saúde pública no âmbito daquela pasta.

3. Achados de auditoria

3.1. Achado 1: Ausência de planejamento prévio para implantação do componente motolância

à política de urgência e emergência do Ministério da Saúde

46. Este item tem por objetivo apresentar as conclusões da auditoria sobre o que foi

averiguado em relação ao planejamento para concepção e implementação do componente

motolâncias (questões de um a cinco da matriz de planejamento), no âmbito do Ministério da Saúde.

47. A importância e o sucesso do planejamento em políticas públicas são observados,

principalmente, durante ou após sua implantação, pois nessa última fase seus resultados podem ser

verificados diretamente.

48. O planejamento é um processo de decisão político-social que depende de informações

precisas, transparência, e concordância de diferentes visões e soluções conjuntas que sejam aceitáveis

e executáveis para as partes envolvidas.

Page 181: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

49. Um dos motivos que pode levar a falhas nos resultados de políticas públicas é a

dissociação entre sua elaboração e implementação, destacando a importância do processo de

planejamento. Portanto, diante da implantação de um novo componente no Samu - motolância -,

buscou-se verificar se o seu planejamento foi discutido com os diversos atores envolvidos no processo

- Conselho Nacional de Saúde (CNS), Comissão Intergestores Tripartite (CIT), Conselho Federal de

Enfermagem (Cofen), e Coordenações do Samu descentralizadas.

50. A questão um de auditoria teve por objetivo investigar se o Ministério da Saúde realizou

estudos que demonstrassem e fundamentassem a necessidade da implementação do componente

motolâncias no Samu, bem como as vantagens esperadas, de forma a subsidiar o planejamento dessa

ação.

51. Por meio do Ofício de Requisição 4-366/2011 (peça 22, p. 1-2), itens ‘g’ a ‘j’, foi solicitado

à Coordenação-Geral de Urgência e Emergência que apresentasse informações ou documentos

relativos a:

g) Registros dos estudos da Câmara de Assessoramento Técnico à Coordenação-Geral de

Urgência e Emergência, do Departamento de Atenção Especializada, da Secretaria de Atenção em

Saúde, instituída pela Portaria SAS/MS 100, de 3 de abril de 2009, e pela Portaria SAS/MS 491, de 9

de setembro de 2008;

h) Registros dos estudos que estabeleceram as especificações da motocicleta e das adaptações

(sistema de sinalização com sirene (30 W de potência); par de sinalizador tipo patrulheiro (led) na

parte traseira; protetor de motor; antena para cortar linha de pipa; bagageiro (20 litros)), e dos que

definiram os critérios para a distribuição das motocicletas entre os SAMU do País;

i) Registros de outros estudos realizados na fase de planejamento para a implantação do

componente motolâncias no SAMU;

j) Justificativas para a inclusão da aquisição e custeio de 1.880 motolâncias na Ação 2.2.1, até

2011;

52. Entretanto, em resposta por meio de correio eletrônico ao ofício mencionado, foi

informada a inexistência de tais registros na CGUE. Com relação às especificações técnicas das

motos, a CGUE afirmou o seguinte:

Quanto ao sistema de sinalização das Motos e Ambulâncias, elas seguem normas, como a

Resolução CNT 679; Portaria DETRAN 93; Resolução 227 de 9/2/2007; Resolução 268 de 15/2/2008

e Lei 9.503 de 23/9/1997 e Portarias do MS 2048/2002 e 2971/2008.

Quanto ao protetor de moto e antena para cortar linha de pipa são acessórios de segurança

para o condutor que devem seguir as normas do CONTRAN, como também o bagageiro.

Já o critério de distribuição, constam na Portaria 2971/2008. (peça 25, p. 1).

53. Com relação ao item ‘j’, que diz respeito à justificativa para inclusão das motolâncias na

Ação 2.2.1, foi informado o seguinte:

A época (2008) tratava-se de um novo serviço, provavelmente feito uma previsão de 1.880

motolâncias com relação as Ambulâncias em funcionamento como também das previstas, seguindo o

critério de distribuição das Ambulâncias USB e USA; Como é sabido, foram adquiridas 400 unidades

e como até o momento não temos uma avaliação muito positiva, não existe previsão de novas

aquisições de motolâncias; (peça 25, p. 1). Grifou-se.

54. Verifica-se, assim, que a ausência de estudos, ou mesmo de motivação (achado 2 abaixo),

que fundamentassem a implementação no novo componente do Samu contribuiu decisivamente para o

limitado sucesso do programa, em arrepio ao princípio da eficiência (art. 37 da Constituição/1988),

da economicidade e da probidade administrativa, que devem permear as ações públicas. A propósito,

segue lição de Marçal Justen Filho sobre princípios que regem a contratação por parte da

Administração, em especial a economicidade, eficiência e moralidade:

Mas economicidade significa, ainda mais, o dever de eficiência. Não bastam honestidade e

boas intenções para validação de atos administrativos. A economicidade impõe adoção da solução

Page 182: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

mais conveniente e eficiente sob o ponto de vista da gestão dos recursos públicos. Toda atividade

administrativa envolve uma relação sujeitável a enfoque de custo-benefício.

(...)

A economicidade consiste em considerar a atividade administrativa sob prisma econômico.

Como os recursos são extremamente escassos, é imperioso que sua utilização produza os melhores

resultados econômicos, do ponto de vista quantitativo e qualitativo. Há dever de eficiência gerencial

que recai sobre o agente público. Ele tem o dever de buscar todas as informações pertinentes ao

problema enfrentado. (JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos

Administrativos. 11 ed. São Paulo: Dialética, 2005. p 54-55.)

55. Nesse ponto, cabe destacar que a implementação das motolâncias à frota do Samu não foi

realizada de acordo como que preconiza a Lei 8.080/1990 (Lei Orgânica da Saúde):

Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) será

ascendente, do nível local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as

necessidades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos

Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União. (Grifou-se).

56. No mesmo sentido, a ausência dos estudos de planejamento e de viabilidade permite

concluir que a implementação da motolância foi realizada à revelia do art. 2º, item 4, da Portaria

GM/MS 1.863/2003 (institui a política nacional de urgência e emergência):

Art. 2.º Estabelecer que a Política Nacional de Atenção às Urgências composta pelos sistemas

de atenção às urgências estaduais, regionais e municipais, deve ser organizada de forma que permita:

(...)

4. fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos de atendimento às necessidades

coletivas em saúde, de caráter urgente e transitório, decorrentes de situações de perigo iminente, de

calamidades públicas e de acidentes com múltiplas vítimas, a partir da construção de mapas de risco

regionais e locais e da adoção de protocolos de prevenção, atenção e mitigação dos eventos;

57. A Portaria GM/MS 1.864/2003, que institui o componente pré-hospitalar móvel da Política

Nacional de Atenção às Urgências, por intermédio da implantação de Serviços de Atendimento Móvel

de Urgência em municípios e regiões de todo o território brasileiro (Samu-192), apresenta, em seus

considerandos, a competência do Ministério da Saúde em estimular a implantação de serviços de

saúde responsáveis pelo atendimento pré-hospitalar móvel no País.

58. Entretanto, esse estímulo não pode ser representado apenas pelos repasses regulares

realizados pelo Fundo Nacional de Saúde ou pela simples entrega de motocicletas, sem planejamento,

monitoramento e acompanhamento das necessidades e desempenho das diversas Coordenações do

Samu descentralizadas pelo País.

59. O montante gasto para aquisição das motocicletas (em torno de seis milhões de reais), a

princípio não apresenta alta materialidade se comparada a outras compras realizadas pelo Ministério

da Saúde. Entretanto, toma contornos mais drásticos se considerados os repasses mensais previstos

para custeamento do programa, no montante de R$ 7.000,00 mensais por moto habilitada.

60. Quando habilitadas todas as motos distribuídas (descontando-se uma reserva técnica de

20%, seriam 320 motolâncias), haverá desembolso mensal de R$ 2,24 milhões, ou R$ 26,88 milhões

anuais, em caráter continuado.

61. Some-se a isso o fato de que a previsão inicial de compra de motocicletas era de 1800

unidades (mantidos os preços da licitação anterior, seriam necessários mais R$ 21 milhões para

compra de mais 1400 unidades). A habilitação dessa quantidade de motos, também descontada a

reserva técnica de 20%, resultaria ainda em desembolso mensal de R$ 10,08 milhões mensais, ou

impressionantes R$ 120,96 milhões anualmente. Naturalmente, um projeto que prevê tamanho gasto

de recursos públicos, em caráter continuado, deve necessariamente se basear em planejamento e

motivação minudentes, que demonstre a viabilidade de implementação.

Page 183: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

62. Adicionalmente, não foram apresentados documentos que comprovassem a necessidade de

ser incluída a previsão de aquisição de 1800 motocicletas no plano Mais Saúde - Direito de Todos -

2008-2011.

63. A própria CGUE admitiu que não tem, até o momento, uma avaliação muito positiva, nem

existe previsão de novas aquisições de motolâncias, de forma que fica demonstrada a implementação

de uma política pública mais pautada pelo método da tentativa e erro do que em critérios técnicos

bem fundamentados para adequada aplicação de recursos públicos.

64. O fato de parte relevante das motolâncias não estar em utilização atualmente, como será

relatado mais à frente, constitui flagrante desperdício de recursos públicos, o qual se explica, entre

outros, pelas fragilidades na fase de planejamento de implantação no novo componente.

65. Outro fator que contribui para caracterizar o incipiente planejamento para implementação

do novo recurso diz respeito à participação de outros atores da área da saúde. Por meio da questão

quatro da matriz de planejamento, buscou-se verificar se a implementação do novo componente

motolâncias no Samu foi discutido com as instâncias cabíveis, tais como: CIT, CNS, Coordenações

estaduais do Samu, audiências públicas ou entidades de classe relacionadas. Seguem abaixo os

resultados encontrados.

Conselho Nacional de Saúde (CNS)

66. O Conselho Nacional de Saúde (CNS), considerado instância máxima de deliberação do

SUS, é dotado de caráter permanente, e tem como missão a deliberação, a fiscalização, o

acompanhamento e o monitoramento das políticas públicas de saúde. É competência do Conselho,

entre outras, a aprovação do orçamento da saúde, bem como o seu acompanhamento e a respectiva

execução orçamentária.

67. O CNS é formado por representantes de entidades e dos movimentos sociais de usuários do

SUS, além de representantes do governo, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e

do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), indicados pelos seus

respectivos dirigentes.

68. Quando indagado acerca de sua participação na concepção das motolâncias no Samu

(Ofício 508/2011 - peça 8), o Conselho informou (peça 15) que, após levantamento em suas atas, foi

verificada discussão da utilização das motocicletas no atendimento aos pacientes somente na 190ª

Reunião Ordinária (realizada nos dias 8 e 9/11/2008) e na 194ª Reunião Ordinária (realizada nos

dias 11 e 12/2/2009), conforme transcrito a seguir:

ATA DA CENTÉSIMA NONAGÉSIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DO CONSELHO NACIONAL

DE SAÚDE - CNS.

Conselheiro Armando Raggio compartilhou com o representante do Ministério da Saúde a

expectativa do CONASS na operacionalização das Unidades do Pronto Atendimento/UPAs, porque é

uma reivindicação dos gestores estaduais e municipais desde o início do SAMU. Mostrou

preocupação em relação ao uso da moto, vez que é muito vulnerável no trânsito. Por fim, chamou a

atenção para a importância de se observar a singularidade, porque o grande objetivo do SUS e a

paróquia, o vínculo, a proximidade com o paciente. (grifou-se - peça 15, p. 4)

ATA DA CENTÉSIMA NONAGÉSIMA QUARTA REUNIÃO ORDINÁRIA DO CONSELHO

NACIONAL DE SAÚDE - CNS.

O Coordenador de Urgência e Emergência/SAS/MS (...) Destacou também a implantação das

motolâncias (agilidade nos primeiros socorros) e de telemedicina nas UTIs móveis do SAMU (contato

entre equipe central de cardiologistas/neurologistas/radiologistas) e falou da estratégica de

diminuição do tempo-resposta para tratamento definitivo (projeto piloto em Porto Alegre - resultado:

diversos pacientes trombolizados sem sequelas). (grifou-se - peça 15, p. 7)

Conselheira Maria Goreti de Lima registrou que lhe preocupa a utilização de motos como

meio de deslocamento para prestar atendimento, considerando o alto índice de mortalidade nos

acidentes com esse veículo. Peça 15, p. 9.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O Coordenador de Urgência e Emergência/SAS/MS, Cloer Vécia Alves, respondeu aos

questionamentos dizendo que (...) o risco acerca da utilização de moto no atendimento de pacientes é

similar a de outro meio de transplante [supõe-se que quis dizer ‘transporte’] e as motolâncias

poderão ser implantadas somente se os profissionais cumprirem curso obrigatório de cinquenta horas

de pilotagem defensiva e com a utilização do equipamento de segurança adequado (a moto consegue

chegar, no mínimo, 30% antes em relação às ambulâncias); (peça 15, p. 9)

Encaminhamentos: 1) necessidade de treinamento integrado do SAMU com atores envolvidos

no atendimento emergencial, porta de entrada dos hospitais, serviços de urgência, regulação médica e

serviços de apoio ao transporte; 2) necessidade de integração dos serviços para efetivação dos

atendimentos; 3) desprecarização do trabalho para os profissionais do SAMU; 4) importância da

pactuação com os municípios os serviços a serem implementados de SAMU e das UPAS através da

metropolização e a regionalização do atendimento; 5) criação de grupos de resolução imediata para

pacientes trazidos do SAMU na rede intra-hospitalar. (peça 15, p. 10).

69. Em pesquisa no sítio eletrônico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass),

entidade que tem representação permanente no CNS, obteve-se a nota técnica 17/2008, que trata das

motocicletas na organização das redes de atenção integral às urgências. Essa nota recomenda a

aprovação da minuta de portaria do GM/MS que incorpora novos veículos à frota do Samu e implanta

o custeio para essa nova modalidade de deslocamento das equipes, e sugere a alteração do artigo 8º,

parágrafo único, excluindo os itens a e b. Afirma que a aprovação dos projetos deve ser feita nas CIBs

por se tratar de questão operacional.

Comissão Intergestores Tripartite (CIT)

70. Como a Comissão Intergestores Tripartite é integrada por gestores do SUS das três esferas

de governo e representa a instância de articulação e pactuação na esfera federal que atua na direção

nacional do SUS, foi solicitado, mediante Ofício 509/2011 (peça 7), que se manifestasse acerca de sua

participação na concepção das motolâncias, bem como sua opinião acerca desse componente do

Samu.

71. A coordenação da Secretaria Técnica da Comissão Intergestores Tripartite informou que a

Portaria GM/MS 2.971, de 8/12/2008, foi pactuada em reunião ordinária da Comissão lntergestores

Tripartite, realizada em 27/11/2008, conforme Pauta (peça 13, p. 3, item c) e Resumo Executivo (peça

13, p. 7, item c) apresentado.

72. De acordo com o resumo executivo:

Item Decisões / Encaminhamentos

c) Minuta de Portaria que institui o veículo

motocicleta como integrante da frota de

intervenção do Serviço de Atendimento Móvel de

Urgência em toda Rede SAMU 192, bem como

define critérios técnicos acerca da utilização

destas unidades. DAE/SAS

Cloer Alves/CGUE/DAE/SAS/MS informa que

esta portaria também está integrada à

regionalização do SAMU e que a incorporação

do veículo a motocicleta na frota pode reduzir em

30% o tempo resposta.

Conass e Conasems fazem destaque apenas nas

questões sobre a tripulação, que podem ser

resolvidas em discussão entre as equipes

técnicas.

O Plenário decidiu pela pactuação da portaria.

73. Outros esclarecimentos foram prestados por meio do Parecer Técnico 329/2011,

DAE/SAS/MS, de 6/5/2011 (peça 13, p. 23-113, e peça 14), de autoria da Coordenação Geral de

Urgência e Emergência do Ministério da Saúde.

74. Com relação à participação dos gestores estaduais e municipais, questão também

indagada por meio do Ofício 509/2011, a CIT encaminhou cópias de diversos ofícios e memorandos

dirigidos à CGUE, nos quais várias secretarias locais de saúde solicitam motolâncias ao Ministério

da Saúde. Todos esses documentos (que constituem o Anexo A ao Parecer Técnico 329/2011, peça 13,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

p. 40-84) são de datas posteriores ao término da licitação para compra das motolâncias, e, portanto,

não teriam sido considerados quando do planejamento da licitação e aquisição das motolâncias.

Conselho Federal de Enfermagem (Cofen)

75. Já o Cofen, por meio do conselheiro federal Dr. Márcio Barbosa da Silva, informou que

em nenhum momento o conselho profissional foi chamado pelo Ministério da Saúde para participar de

discussões acerca da concepção do Samu-192, seja com relação às ambulâncias, seja com relação às

motolâncias.

76. Em março de 2011, o Cofen editou a Resolução 375/2011, que dispõe que a assistência de

enfermagem em qualquer tipo de unidade móvel (terrestre, aérea ou marítima) destinada ao

atendimento pré-hospitalar e inter-hospitalar, em situações de risco conhecido ou desconhecido,

somente deve ser desenvolvida na presença de um profissional de enfermagem.

77. O conselheiro federal de enfermagem ressaltou que essa resolução não inovou, apenas

reproduziu o que já estava estabelecido na Lei 7.498/1986, a qual regulamenta o exercício da

enfermagem e dá outras providências. Os arts. 12 e 13 dessa lei estabelecem, respectivamente, as

atividades dos profissionais Técnico e Auxiliar em enfermagem. No art. 15, ficou determinado que ‘As

atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta lei, quando exercidas em instituições de saúde, públicas e

privadas, e em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob orientação e supervisão

de Enfermeiro’ (grifou-se).

78. Desse modo, a Portaria GM/MS 2.048/2002 e, consequentemente, a Portaria GM/MS

2.971/2008 estariam em desacordo com a Lei 7.498/1986. Portanto, tanto as equipes das Unidades de

Suporte Básico (USB), compostas por um condutor e um técnico em enfermagem, quanto o piloto das

motolâncias, que seria um técnico ou um auxiliar de enfermagem, estariam ilegais.

Coordenação do Samu-DF e demais Coordenações do Samu do país

79. Por meio da questão dois de auditoria, averiguou-se se os coordenadores do Samu

(executores do programa) foram consultados (ou participaram) acerca da implantação do

componente motolância.

80. Em entrevista com o Coordenador do Samu no Distrito Federal, foi informado que não

houve consulta nem participação da SES-DF na implantação do componente motocicleta.

Inicialmente, o Samu-DF não tinha interesse em receber motolâncias e desconhecia a necessidade das

motocicletas em sua frota para serviços pré-hospitalares de urgência. Foi ressaltado que a

Coordenação do Samu-DF recebeu comunicação somente poucos dias antes do recebimento das

motolâncias em solenidade com o Ministro da Saúde, realizada em 9/12/2008. No caso específico do

Distrito Federal, constatou-se que a Coordenação do Samu não teve tempo hábil para a devida

preparação para recebimento das motolâncias.

81. Por meio dos questionários enviados aos Samu no país, especificamente nas questões um a

cinco, buscou-se verificar o nível de envolvimento das coordenações para implementação do novo

componente. O objetivo dessas questões era constatar se o Ministério da Saúde comunicou

adequadamente às Coordenações do Samu sobre o novo recurso, ou mesmo se chegou a consultá-las

sobre a necessidade das motolâncias, de acordo com o perfil de atendimento em cada cidade.

82. Conforme já mencionado, o questionário foi enviado para 115 centrais de regulação do

Samu, com obtenção de resposta por parte de 89 cidades (taxa de retorno de 77,4%). Expõe-se, a

seguir, os resultados gráficos das questões mencionadas.

83. Na primeira questão, indagou-se se a Coordenação do Samu teve notícias sobre eventual

participação da respectiva Secretaria de Saúde (estadual ou municipal, conforme o caso) na

concepção do componente motolância junto ao MS. Dos 89 questionários obtidos, 88 coordenações

responderam à questão. 71 das Coordenações do Samu (80,68% do total) responderam

afirmativamente à questão, enquanto 17 (19,32% do total) responderam negativamente. As respostas

obtidas nessa questão indicam que, na percepção da grande maioria das Coordenações do Samu que

responderam a pesquisa, as secretarias de saúde estavam envolvidas na concepção do componente

motolância.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

84. Na segunda pergunta, questionou-se se a Coordenação do Samu foi consultada sobre seu

interesse em receber as motolâncias. Conforme gráfico abaixo, 61 coordenações (69,32%)

responderam afirmativamente à questão, e 27 (30,68%) afirmaram que não foram consultadas.

Apesar de a maioria ter afirmado que foi consultada sobre seu interesse em receber o recurso,

observa-se que número relevante de coordenações declarou que não foi ouvida antes de receber as

motolâncias.

Gráfico 1: consulta sobre interesse das Coordenações do Samu em receber motolâncias

61

27

Q. 2 Foi consultada se tinha interesse em receber as motolâncias?

Sim

Não

85. Ainda com objetivo de avaliar a adequação do planejamento do Ministério da Saúde para

implementação do componente motolância, questionou-se às coordenações do Samu se elas tinham

condições adequadas para receber o veículo e colocá-lo em funcionamento de forma apropriada. Os

resultados mostram que a maioria das coordenações (52 coordenações, que correspondem a 59,77%

das respostas) declarou ter condições adequadas para receber as motolâncias. Entretanto, número

relevante de coordenações - 35, ou 40,23% do total - responderam que não tinham condições

adequadas para recebimento das motocicletas.

Gráfico 2: Condições da Coordenação do Samu para receber motolâncias

52

35

Q.3 Tinha condições adequadas para recebimento das motolâncias?

Sim

Não

86. Na quarta questão do questionário indagou-se se a Coordenação do Samu foi comunicada

com antecedência adequada sobre o recebimento da motolância, de forma que pudesse se preparar

para dar início a sua utilização. De 88 respostas coletadas, foram recebidas 48 afirmativas (54,55%)

e 40 negativas (45,45%), o que indica que quase metade das coordenações que participaram da

pesquisa consideraram que não foram cientificadas com antecedência adequada sobre o recebimento

das motolâncias.

87. Por fim, foi questionado se, de acordo com o perfil de atendimentos realizados pelo Samu,

e com as características da área coberta pelo serviço de emergência, havia demanda ou necessidade

de motolâncias naquela Coordenação. A grande maioria das respostas (76, ou 86,36% das respostas)

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187

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

foi afirmativa. Apenas doze coordenações (13,64%) afirmaram que não necessitavam de motolâncias,

de acordo com o perfil dos atendimentos por elas realizado.

88. Com as questões de auditoria apresentadas acima, buscou-se verificar o planejamento do

MS diante da complexidade da implantação de um novo veículo - motolância - na frota nacional do

Samu, bem como se esse planejamento contou com a participação dos diversos atores e executores do

programa.

89. Verifica-se que as discussões acerca das motolâncias no CNS, CIT e Cofen, consideradas

importantes palcos para deliberação de uma decisão como a implantação de um novo componente no

Samu, não trataram especificamente de necessidades constatadas para a implantação de um veículo

leve rápido em cada localidade, ou possíveis limitações para essa implantação, mas teriam apenas

informado sobre a decisão já adotada.

90. Com relação ao CNS, constatou-se que houve breves discussões sobre a implementação da

motolância à frota do Samu. Do que se depreende das atas das reuniões do CNS apresentadas, a

principal preocupação foi com a vulnerabilidade da moto no trânsito, o que foi rebatido pelo

Coordenador da CGUE com argumentos de que o risco de utilização de motos no atendimento de

pacientes seria similar a de outro meio de transporte, e que os pilotos passariam, obrigatoriamente

por curso de pilotagem de cinquenta horas.

91. Com relação à realização de discussões no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite,

observou-se que a Portaria GM/MS 2.971, de 8/12/2008, que institui a motocicleta como novo

componente da frota do Samu, foi pactuada em reunião ordinária daquele órgão. Por meio do

Parecer Técnico 329/2011 DAE/SAS/MS, de 6/5/2011, foram apresentados ofícios/memorando de

solicitação de motolâncias por parte de secretarias locais de saúde.

92. Cumpre registrar que esses ofícios/memorandos em que secretarias locais de saúde

solicitam motolâncias (Anexo A ao Parecer Técnico 329/2011, peça 13, p. 40-84) são todos

posteriores à data de encerramento da licitação para compra das motolâncias. Assim, verifica-se que

os únicos documentos apresentados que comprovam participação dos gestores estaduais e municipais

são posteriores à concepção e aquisição do novo componente da frota do SUS. Não foram

identificados documentos que comprovassem a discussão com gestores locais ainda na fase de

planejamento.

93. Também não foram apresentadas pactuações com as instâncias estaduais e municipais

acerca da necessidade motolâncias, ou mesmo da quantidade que cada localidade poderia colocar em

efetivo funcionamento.

94. Já com relação à participação das Coordenações locais, a pesquisa realizada por meio de

questionário revelou que das 89 unidades do Samu consultadas, 27 (30,7%) afirmaram não terem sido

consultadas sobre eventual interesse em receber as motolâncias. Número ainda maior de

coordenações 35, ou 40,2% do total, afirmou que não tinham condições adequadas para recebimento

das motocicletas. Da mesma forma, quarenta unidades (45,4% do total) afirmaram que não foram

cientificadas com antecedência adequada sobre o recebimento das motos, de forma que elas pudessem

adiantar os devidos preparativos para colocá-las em funcionamento.

95. Ainda que o resultado da pesquisa indique que houve certa comunicação junto às

Coordenações do Samu, conclui-se que o processo poderia ter sido melhor conduzido. O fato de 35

unidades (40,2% do total das respostas) afirmarem que não tinham condições adequadas para

recebimento da motolância deveria ter sido conhecido antes mesmo da aquisição do recurso.

Considera-se grave, igualmente, a não divulgação às coordenações, em tempo adequado, sobre o

envio iminente da motolância.

96. As conclusões sobre as discussões incipientes nas instâncias cabíveis, em especial CIT e

CNS, sobre a implementação das motolâncias, bem como as deficiências de comunicação junto às

coordenações do Samu reforçam o achado de inadequação do planejamento e serão consideradas em

conjunto com o achado descrito a seguir, que trata das falhas de planejamento da ação.

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188

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

97. Deve ser destacado que o coordenador da CGUE, seu substituto, ou outros consultores que

estavam lotados na CGUE em 2008 ou em período anterior, época em que o componente motolância

estava sendo definido no Ministério da Saúde, não se encontram mais naquela Coordenação.

98. Por meio da Portaria SAS/MS 491, de 9/9/2008, foi instituída a Câmara de Assessoramento

Técnico à Coordenação-Geral de Urgência e Emergência, do Departamento de Atenção

Especializada, da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, com competência para

assessorar a CGUE/DAE/SAS/MS no desenvolvimento de estudos, definição e elaboração de

descritivos técnicos e termos de referência, que dizem respeito aos editais de aquisição de itens

relacionados ao Samu.

99. Ressalta-se que o Sr. Cloer Vescia Alves, Coordenador Geral da CGUE à época, integrava

essa Câmara, na qualidade de coordenador. Todavia, os atuais integrantes da CGUE também não

conseguiram localizar registros dos estudos da Câmara de Assessoramento Técnico. Além disso, não

foram apresentados estudos que justificassem a escolha das especificações técnicas para a

motocicleta.

100. Segue abaixo a descrição do achado conforme orientação nos manuais do TCU.

3.1.1 Situação encontrada

101. Foram identificadas fragilidades na fase de planejamento para implementação do

componente motolância à frota do Samu, as quais, em parte, ocasionaram baixa efetividade do

programa. Constatou-se ausência de estudos que fundamentassem a viabilidade da implementação do

novo componente do Samu, conforme resposta da CGUE ao Ofício 4-366/2011 (peça 25, p. 1), bem

como discussões incipientes nas instâncias cabíveis, tais como CNS e CIT, entre outros.

102. Avaliou-se que um programa que custou aos cofres públicos seis milhões de reis para

aquisição de quatrocentas motocicletas - que, em sua maioria, não estão sendo utilizadas -, com

previsão de repasse de recursos para manutenção da ordem de 26,88 milhões anuais, deveria

necessariamente basear-se em estudos de viabilidade bem fundamentados e com a devida motivação,

conforme art. 50 da Lei 9.784/1999.

103. A situação de fragilidades no planejamento da ação agrava-se se for levado em

consideração que o programa prevê a compra de mais 1400 motolâncias, que poderiam custar, aos

cofres públicos mais R$ 21 milhões para compra das máquinas e R$ 120,96 milhões anuais em

repasses para cobrir custos de manutenção. Não é razoável que desembolsos dessa ordem sejam

realizados sem o devido planejamento e sem o devido conhecimento da real capacidade de operação

das Coordenações locais do Samu.

104. Conforme itens 88-96 acima, verificou-se que houve breves e limitadas discussões acerca

da implementação das motolâncias nas instâncias de deliberação que apoiam a tomada de decisão no

âmbito do SUS, tais como CNS e CIT.

105. Verificou-se que o Ministério se deparou com situação adversa, durante a fase de

implementação do programa, que poderia ter sido facilmente considerada em momentos anteriores.

Apesar do relato sobre vagas ociosas nos cursos de capacitação promovidos pela PRF, a previsão

inicial do programa deveria contabilizar, necessariamente, o treinamento de pelo menos duas mil

pessoas para as quatrocentas motos distribuídas, já que, conforme contas do próprio ministério para

definição de custeio mensal da moto, seriam necessários cinco profissionais por moto em regime de 36

horas semanais. Conforme informado, apenas 276 profissionais foram capacitados (13,8% do

necessário), o que indica desconhecimento da capacidade de recursos humanos das Coordenações

locais do Samu.

106. Conforme relatado, as dificuldades no que diz respeito à capacitação de pilotos e número

de pessoas interessadas ou mesmo disponível para esse tipo de trabalho poderiam ser ainda mais

facilmente previstas se fosse contabilizado o número de profissionais necessários para assumir as

mais de 1800 motos inicialmente cogitadas no programa: na proporção 5/1, conforme previsão do

próprio MS, nada menos do que um exército de nove mil profissionais seriam necessários para

assumir esse número de motolâncias. Ficou patente que os idealizadores do programa não levaram tal

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

informação em conta, uma vez que não foi apresentado à equipe de auditoria nenhum estudo de

viabilidade, conforme solicitado à CGUE (itens 51-52).

3.1.2 Objetos nos quais foi constatado

107. Ofício 4-366/2011 (peça 22, p. 1-2); resposta da CGUE ao Ofício 4-366/2011 (peça 25);

processo licitatório 25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde (peças 18 e 19); Ofícios 508/2011-

TCU/Secex-4 (peça 8) e 509/2011-TCU/Secex-4 (peça 7), e respectivas respostas (Ofícios

504/SE/CNS/GM/MS - peça 15 - e Ofício ST-CIT/SGEP/MS nº 14 - peças 13 e 14); respostas enviadas

pelos coordenares dos Samu locais à pesquisa enviada pela equipe de auditoria.

3.1.3 Critério de auditoria

108. Art. 37 da Constituição de 1988 (princípio da eficiência, princípio da economicidade);

art. 36 da Lei 8.080/1990; Art. 2º, item 4, da Portaria GM/MS 1.863/2003; art. 16 da Lei 8.443/92, III,

b.

3.1.4 Evidências

109. Resposta ao Ofício de Requisição 4-366/2011 (peça 25); Ofícios 504/SE/CNS/GM/MS,

peça 15, e Ofício ST-CIT/SGEP/MS nº 14, peças 13 e 14; respostas enviadas pelos coordenadores dos

Samu locais à pesquisa enviada pela equipe de auditoria.

3.1.5 Causas

110. Não foi possível detectar.

3.1.6 Efeitos reais e potenciais potenciais

111. Efeito real: falhas de planejamento ocasionaram má aplicação de recursos públicos, em

virtude de ociosidade de 177 de um total de 288 motos pesquisadas em 89 Coordenações locais do

Samu.

112. Efeitos potenciais: como o universo que compõe as motolâncias distribuídas é de

quatrocentas unidades, há grande probabilidade de que o número de motos paradas seja maior do que

177, uma vez que 26 Coordenações não responderam a pesquisa. Outro efeito potencial diz respeito

ao serviço à população que teoricamente deixou de ser prestado, pois as motos poderiam estar em

funcionamento, e consequentemente, realizando atendimentos de emergência.

3.1.7 Encaminhamento

113. Será proposta audiência dos responsáveis da CGUE/DAE/SAS do Ministério da Saúde,

para que apresentem razões de justificativa pelos seguintes fatos: (i) aquisição e distribuição de

quatrocentas motolâncias não suportada por estudos que comprovassem a viabilidade para

implementação do programa, ocasionando compra de equipamentos que não estão sendo utilizados

pela Administração e configurando desperdício de recursos públicos, em desrespeito ao princípio da

eficiência (art. 37 da Constituição Federal de 1988).

114. Já na proposta final de mérito, deverá ser avaliada a possibilidade de se encaminhamento

no sentido cientificar o Ministério da saúde que compra de material e a implementação de novos

componentes nas políticas públicas de saúde devem ser devidamente fundamentadas em rigorosa fase

de planejamento, em que deve ser considerada, entre, outros, a capacidade real de implantação das

secretarias locais de saúde destinatárias, de forma a aumentar as chances de sucesso da ação e

minimizar as possibilidades de desperdícios de recursos públicos, como aqueles constatados na

presente auditoria, em que restou configurada compra de motolâncias que não estão sendo utilizadas,

em desatenção ao princípio da eficiência e da economicidade (art. 37 da Constituição Federal de

1988).

3.2. Achado 2: Motivação insuficiente para compra das motocicletas e não atendimento a

parecer da Consultoria Jurídica do órgão

115. No Pregão eletrônico para registro de preços 212/2007 do Ministério da Saúde (processo

25000.200718/2007-18), consta o parecer da consultoria jurídica daquela pasta

(PARECER/CONJUR/MS/CODELICI/ED 1803/2007, peça 18, p. 66-70), do qual se extrai o seguinte:

(...)

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190

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. No que tange a necessidade de instauração de um procedimento licitatório, é importante

ressaltar a justificativa que resultará na sua abertura, razão pela qual recomendamos que este ato

venha devidamente justificado não em razão da escolha da modalidade, mas na necessidade de sua

implementação, somando-se ainda a forma pela qual irá se adquirir o bem ou serviço.

5. A lei 9.784/99 alçou a motivação à categoria de princípio. Motivação é a exposição dos

fatos (circunstâncias) e dos fundamentos jurídicos (dispositivo legal) do ato, em outras palavras, na

motivação transparece aquilo que o agente apresenta como causa do ato administrativo. Hoje, em

face da ampliação do princípio do acesso ao judiciário (art. 5°, XXXV), conjugado com o da

moralidade administrativa (CF, 37, caput), a motivação é, em regra, obrigatória.

6. Não bastasse essa exigência da Lei n. 9.784/99, a própria lei que instituiu o pregão, Lei n.

10.520/2002, expressamente determinou a necessidade de a autoridade competente justificar a

necessidade da contratação. (Lei 10.520/2002, art. 3°, I).

7. É importante lembrar que é incumbência do Administrador demonstrar expressamente as

razões que sustentam a contratação pretendida, cuja ausência ou incoerência poderá ocasionar a sua

responsabilização perante o Tribunal de Contas da União e consequentemente, punições de cunho

administrativo, moral e pecuniário.

8. A Lei 8.666/93 veda justificativas da Administração de cunho genérico, fazendo-se

necessário que sejam apresentados os argumentos de fato e de direito de suas decisões, tratando-se de

formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos. Aqui,

entendemos, data vênia, não ter sido apresentada uma justificativa plausível e eficiente que venha,

efetivamente, embasar a aquisição solicitada e posteriormente efetivada, o que deverá ser

providenciado.

9. A justificativa foi apresentada no corpo do Termo de Referência, e refere-se ao Programa

do Ministério da Saúde do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192), que é um

programa que tem como finalidade prestar o socorro à população em casos de emergência. Embora

não seja competência desta área jurídica, vale ressaltar que, como consta nos subitens do item 3 da

justificativa (Termo de Referência), como por exemplo: transporte inter-hospitar de pacientes críticos

..., atendimento, desde o local de ocorrência do agravo .. até o local de destino .. , atendimento a

pacientes com risco de vida, o desempenho esperado dos veículos e equipamentos deve permitir o

atendimento a todas as necessidades apontadas ... e assim por diante, não atende as determinações

técnicas legais, exigidas em lei, especialmente do § 1°, do artigo 50 da Lei 9784/1999 (abaixo

transcrito), a Lei do Pregão n. 10520/02, no artigo 3° dispõe que na fase preparatória a autoridade

competente justificará a necessidade da contratação (...). Grifou-se.

116. Conclui o parecer pela impossibilidade do prosseguimento do feito antes que sejam

atendidas as recomendações exaradas, em especial: ‘Juntar aos autos JUSTIFICATIVA TÉCNICA

FIRMADA PELA ÁREA COMPETENTE E RATIFICADA PELA AUTORIDADE SUPERIOR, bem

como a definição da rubrica orçamentária por onde correrão as despesas’ (peça 18, p. 70). Destaques

no original.

117. Segue-se, no processo administrativo 25000.200718/2007-18 em comento, Nota Técnica

sem número, de 13/12/2007, da CGUE (peça 18, p. 74-75), a qual, sem qualquer referência ao

mencionado parecer da consultoria jurídica, supõe-se tratar-se da justificativa técnica exigida

anteriormente. Não consta, no processo mencionado, nova manifestação da Consultoria Jurídica.

118. Constatou-se também que o processo de licitação (Pregão 212/2007) e a aquisição

(Contrato 10070/2008) das motocicletas foram anteriores à Portaria GM/MS 2.971, de 8/12/2008, que

instituiu a motolância como integrante da frota de intervenção do Samu e definiu critérios técnicos

para sua utilização.

119. No Relatório de auditoria 8796 do Denasus, já havia essa constatação (80779), pois os

trâmites para a aquisição de quatrocentas motolâncias iniciaram 12/11/2007. A licitação para

Registro de Preço (212/2007) foi adjudicada e homologada em 19/5/2008. A Ata de Registro de Preço

foi firmada em 26/5/2008, mas a referida portaria foi publicada somente em 9/12/2008.

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191

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

120. A Secretaria de Atenção à Saúde apresentou os seguintes esclarecimentos (conforme

anexo 1 do TC 020.478/2010-0, p. 181-182):

De fato a Portaria 2.971/GM, de 8/12/2008, que implantou as motocicletas como mais um

recurso móvel disponível e integrado à frota do SAMU para o atendimento rápido, define seu custeio e

estabelece as normas para seu uso/funcionamento é posterior à data do processo de aquisição das

motocicletas. Isto, absolutamente, não se constitui numa irregularidade até porque a aquisição das

motos não está relacionada a esta Portaria, mas sim à Portaria 2.048/GM, de 5 de novembro 2002,

que dispõe sobre o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência e que, em

seu capítulo IV, discorre sobre os serviços de atendimento móvel de urgência e seus diversos veículos

de intervenção. No item 2.2 deste Capítulo são abordados os Veículos de Intervenção Rápida - ‘Estes

veículos, também chamados de veículos leves, veículos rápidos ou veículos de ligação médica são

utilizados para transporte de médicos com equipamentos que possibilitam oferecer suporte avançado

de vida nas ambulâncias do Tipo A, B, C e F.’

Como se vê, a discussão em torno dos veículos de intervenção rápida é antiga e remonta ao

período anterior à própria implantação do SAMU. Embora o Regulamento Técnico não cite,

nominalmente, motocicletas como veículos de intervenção rápida, até porque poderiam ser outros

tipos de veículo — um carro pequeno, por exemplo, a decisão de escolher motocicletas no Brasil está

vinculada a peculiaridades locais e exemplos de outros países que utilizam motos para esta finalidade.

Além disso, a escolha recaiu sobre as motos levando em consideração, principalmente, o trânsito

brasileiro, onde a motocicleta tem enormes vantagens na rapidez de deslocamento se comparada com

um carro pequeno, que enfrentaria os mesmo problemas de deslocamento das ambulâncias.

É importante dizer também que motocicletas - antes mesmo de sua aquisição pelo Ministério e

antes da emissão da Portaria 2.971/GM, já eram utilizadas por alguns Serviços de Atendimento Móvel

de Urgência - SAMU 192 no Brasil como veículos de intervenção rápida, utilização essa baseada no

citado Regulamento Técnico e em experiências internacionais de uso. Tanto isso é real que o artigo 6°

Portaria 2.971/GM trata desse assunto e estabelece as condições de incorporação e custeio pelo

SAMU de motos já existentes, o que de fato não ocorreu em função da substituição daquelas motos

antigas em funcionamento pelas novas fornecidas pelo Ministério.

Por fim, é preciso dizer que por ocasião da escolha das motocicletas como veículos de

intervenção rápida do SAMU e da demanda da SAS à SE para aquisição desses veículos, já tínhamos

pronto o arcabouço do que viria ser a Portaria 2.971/GM - em função das longas discussões técnicas

realizadas sobre o assunto. Poderíamos ter publicado esta Portaria em 2007? Sim, poderíamos tê-la

publicado. Decidiu-se, no entanto, publicá-la posteriormente partindo-se do entendimento que seria

mais conveniente fazê-lo após termos a plena garantia do sucesso do processo de compra e de sua

efetiva disponibilidade para entrega. De qualquer forma é possível dizer que a publicação a posteriori

da Portaria em nada prejudicou ou alterou o andamento dos trabalhos, tornando irrelevante a

questão.

121. Assim, considera-se achado de auditoria a incipiente motivação no processo licitatório

para aquisição das quatrocentas motolâncias, conforme alertado pela Consultoria Jurídica do órgão.

O fato corrobora a falta de planejamento da ação levada a cabo pela CGUE (achado 1 acima).

122. A análise da Nota Técnica sem número, de 13/12/2007, da CGUE (peça 18, p. 74-75),

indica que muito pouco foi acrescentado à já declarada incipiente justificativa submetida inicialmente

ao crivo da Consultoria Jurídica, que acompanhava o Termo de Referência.

123. Na avaliação da Consultoria Jurídica, a justificativa inicial, apresentada no Termo de

Referência, não atenderia às determinações técnicas legais, em especial § 1° do art. 50 da Lei

9.784/1999 e art. 3º da Lei 10.520/2002, conforme transcrição acima. A opinião externada pela

consultoria jurídica tem razão de ser. A justificativa inicial (peça 18, p. 43-44), contida no Termo de

Referência, limita-se a descrever o tipo de serviço prestado pelo Samu, e que ‘o desempenho esperado

dos veículos e equipamentos deve permitir o atendimento a todas as necessidades apontadas,

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192

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

incluindo os desdobramentos relacionados à evolução clínica dos pacientes durante o atendimento’. O

documento conclui da seguinte forma:

7. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU 192 é o componente da Rede Integral

de Atenção às Urgências que está sendo implantado em todo o País. Para tanto, o Ministério da

Saúde fez e está fazendo a aquisição de ambulâncias e equipamentos para sua estruturação e

renovação de frota e equipamentos a todos os SAMU já implantados. Assim, torna-se necessário a

aquisição de 400 (quatrocentas), MOTOCICLETAS, a fim de cumprir a programação estabelecida

pelo Ministério da Saúde.

124. Já a nova justificativa (peça 18, p. 74-75), a qual se assume ter sido lavrada em

atendimento ao mencionado parecer da Consultoria Jurídica, é igualmente sucinta, e tampouco

detalha de forma mais fundamentada os motivos para aquisição das motos, indicando grave

deficiência de planejamento. Mencionam-se números relativos ao Samu, como o número de

coordenações no país, à população da área atendida pelo serviço e ao número de municípios

cobertos. Genérica, a justificativa limita-se a citar critérios e indicadores, sem que eles sejam

expressamente trazidos aos autos, e conclui pela necessidade das motocicletas:

Alguns critérios apontados nos Planos Estaduais de Atendimento às Urgências e Emergências

tem dado relevância a leitura das distâncias nos territórios, já que o tempo-resposta de atendimento

das urgências é alvo de todas as ações do SAMU 192 e também a uma leitura mais minuciosa da

localização, acesso, complexidade, capacidade operacional e técnica dos recursos a serem enviados.

A leitura de indicadores referentes à morbidade, mortalidade e doenças emergentes,

apresentadas pelos SAMU, motivaram o redimensionamento de recursos de vários dos SAMU já

habilitados, com a finalidade de reversão das brechas de equidade (necessidades X oferta) das

regiões.

Para uma resposta mais rápida e adequada as urgências e emergências,’'a’ Coordenação

Geral de Urgência e Emergência propõe a implantação do serviço de ‘Motolância’ nos diversos

SAMU 192 já implantados, experiência essa, que tem se mostrado eficiente em várias cidades e

algumas capitais do país, o que vem reduzindo as sequelas e o sofrimento da população. Para tanto

solicitamos a aquisição de 400 (quatrocentas) motocicletas a serem distribuídas nos SAMU 192 já

implantados e em funcionamento no país (...).

125. Igualmente carente de fundamentações, o documento lista, sem maiores justificativas, as

características técnicas da moto a ser adquirida.

126. Ficou, portanto, caracterizada violação ao art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 e

art. 11, VI, a, da Lei Complementar 73/1993, uma vez que não restaram atendidas recomendações da

consultoria jurídica. Naturalmente, a mera presença de parecer jurídico no processo licitatório, sem

que seu exame seja levado em consideração, não atende aos normativos mencionados.

127. É de se esperar que gastos do montante de seis milhões de reais para compra de

quatrocentas motocicletas tenham a devida motivação apresentada nos autos, bem como estudo

técnico que a suporte. Ainda, constatou-se o prosseguimento do feito sem atendimento das

considerações exaradas pela Consultoria Jurídica, uma vez que a nova justificativa apresentada não

atendeu às exigências feitas, constituindo-se violação ao art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 e

art. 11, VI, a, da Lei Complementar 73/1993.

128. Segue abaixo a descrição do achado conforme orientação nos manuais do TCU.

3.2.1 Situação encontrada

129. Constatou-se motivação insuficiente, no processo licitatório 25000.200718/2007-18 do

Ministério da Saúde, para aquisição das quatrocentas motolâncias, em desatenção a parecer da

consultoria jurídica do órgão (itens 121-126).

130. Avaliou-se que um programa que custou aos cofres públicos seis milhões de reis para

aquisição de quatrocentas motocicletas - que, em sua maioria, não estão sendo utilizadas -, com

previsão de repasse de recursos para manutenção da ordem de 26,88 milhões anuais, deveria

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193

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

necessariamente basear-se em estudos de viabilidade bem fundamentados e com a devida motivação,

conforme art. 50, §1º, da Lei 9.784/1999.

3.2.2 Objetos nos quais foi constatado

131. Processo administrativo 25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde.

3.2.3 Critério de auditoria

132. Art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993; art. 11, VI, a, da Lei Complementar

73/1993; art. 50, §1º, da Lei 9.784/1999.

3.2.4 Evidências

133. Motivações incipientes constantes no item 3 do Termo de Referência do processo

administrativo 25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde (peça 18, p. 43-45) e na Nota Técnica

sem número, de 13/12/2007 (peça 18, p. 74-75); parecer da Conjur (peça 18, p. 66-70) no processo

administrativo mencionado.

3.2.5 Causas

134. Não foi possível detectar.

3.2.6 Efeitos reais e potenciais potenciais

135. A ausência de motivação impede que se afiram e se controlem as razões pela qual o

gestor praticou determinado ato administrativo.

3.2.7 Encaminhamento

136. Será proposta audiência dos responsáveis da CGUE/DAE/SAS do Ministério da Saúde,

para que apresentem razões de justificativa pelos seguintes fatos: ausência de motivação nos autos do

processo licitatório 25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde, para aquisição das motocicletas,

em desrespeito ao art. 50 da Lei 9.784/1999; e não atendimento de parecer jurídico, em

desatendimento ao art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 e art. 11, VI, a, da Lei Complementar

73/1993.

3.3. Achado 3: Quantidade significativa de motolâncias ociosas

137. Neste item, será apresentado o resultado das análises relacionadas às questões de

auditoria de número dez a quinze, que buscaram avaliar a situação atual das motolâncias sob dois

aspectos: inicialmente, no âmbito Coordenação Geral de Urgência e Emergência do Ministério da

Saúde, procurou-se identificar o quantitativo de motos habilitadas junto àquele órgão, quais as

principais limitações enfrentadas para habilitação das motos e que tipo de resultados foram

percebidos após a implementação do novo componente no Samu; já no nível das coordenações do

Samu nos estados, procurou-se identificar se as motos recebidas estão sendo de fato utilizadas e quais

as principais limitações enfrentadas no nível local. Constatou-se que quantidade significativa de

motolâncias ainda não estão em funcionamento, o que foi tratado como achado de auditoria.

138. As questões de auditoria dez e onze previstas na matriz de planejamento tiveram por

objetivo constatar se as motolâncias distribuídas foram habilitadas e quais as principais limitações

enfrentadas pelos núcleos de saúde para essa habilitação.

139. Conforme previsto no art. 3º da Portaria GM/MS 2.971/2008, são realizados repasses,

regulares e automáticos, de recursos aos respectivos fundos de saúde, para manutenção das equipes

efetivamente implantadas (motolâncias habilitadas), segundo o parâmetro de R$ 7.000,00 por mês por

unidade de motocicleta.

140. Para o estabelecimento desse valor mensal, o Ministério informou, por meio do Parecer

Técnico 542/2011 (peça 17, p. 2-4), que para o funcionamento operacional de cada motolância são

necessários cinco profissionais em jornada de trabalho de 36 horas semanais, com custos conforme a

tabela abaixo:

Tabela 2: estimativa de custo mensal de cada motolância

Itens Valor mensal (R$)

Combustível 100,00

Seguro total 500,00

Manutenção preventiva/corretiva 1.000,00

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194

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Material/insumos EPI’s 4.000,00

Profissional (salário e encargos) 10.000,00

Total 15.600,00

Fonte: Parecer Técnico 542/2011 (peça 17, p. 2-4)

141. O valor estabelecido na Portaria 2.971/2008 corresponderia a 50% do custeio, sendo a

outra metade de responsabilidade dos estados e municípios como contrapartida.

142. Para habilitação das motolâncias, os gestores estaduais e municipais devem encaminhar

à CGUE/MS um ofício solicitando o custeio, com as seguintes documentações:

Cópia autenticada do seguro contra sinistro (não é o DPVAT) das motocicletas;

2. Cópia autenticada do contrato de manutenção preventiva e corretiva das motocicletas;

3. Cópia autenticada do documento de licenciamento CRLV da motolância contendo chassi e

placa (precisa estar emplacado em nome do município);

4. Escala dos condutores (técnicos/auxiliares de enfermagem) com caracterização do vínculo

empregatício;

5. Comprovação do curso de capacitação de motociclista socorrista emitido pela instituição

prestadora com lista nominal dos participantes (Ex. Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar,

Exército ou empresas especializadas);

6. Informar compra dos uniformes das equipes assistenciais, obedecendo ao padrão visual,

assim como aquisição de EPI, equipamentos obrigatórios de segurança (capacete, colete, etc.) de

acordo com o programa mínimo para implantação das motolâncias;

7. Parecer técnico do Coordenador da Central do Samu (mesmo no caso das bases o

coordenador da Central é quem deve fazer o parecer) informando a data de

funcionamento/operacionalização do serviço;

8. Deverá ser tripulada por condutor habilitado de acordo com normas do CONTRAN:

a) Carteira Nacional de Habilitação-Categoria A

b) Curso obrigatório para Capacitação de Condutores de Veículos de Emergência. (art.145-

CTB -Resolução do CONTRAN 168/2004).

143. De acordo com a CGUE/MS (Parecer técnico 542/2011 - peça 17, p. 2-4), os fatores

limitadores para os estados e/ou municípios cumprirem os critérios de habilitação das motolâncias

são vários, tais como: insuficiência do número de profissionais; falta de capacitação profissional para

cumprimento da Portaria GM/MS 2.971/2008; problemas para aquisição de itens de segurança

obrigatórios e equipamento de proteção individual; dificuldade quanto à aplicação da legislação

trabalhista (condutor de motolância e técnico/auxiliares de enfermagem), e quanto ao seguro contra

sinistro.

144. A CGUE relatou que recebe informações quanto à dificuldade de realização do seguro,

mas o Samu de Salvador/BA apresentou seguro dos condutores e das motos pela empresa Mapfre

Vera Cruz Seguradora S/A, e no Samu de Santo André/SP, as motolâncias foram seguradas pela

empresa Porto Seguro. Já o município de Dourados/MS não apresentou o seguro contra sinistro nem

a comprovação de compra de equipamento de proteção individual.

145. Em relação à quantidade de habilitações, de acordo com o Parecer Técnico 329/2011

DAE/SAS/MS, de 6/5/2011 (peça 13, p. 25), atualmente, existem 76 motolâncias habilitadas, o que

corresponde a 19% do total de quatrocentas motolâncias distribuídas, conforme quadro a seguir:

Tabela 3: quantidade de motolâncias habilitadas segundo Ministério da Saúde

Portaria de habilitação

(GM/MS)

Município/Est

ado

Quantidade

de motos

habilitadas

Valor

transferido

mensalmente

Repasses

até

março/2011

1

Quantida

de de

motos

doadas

1 2.150, de 28/7/2010 SES/Sergipe 3 R$ 21.000,00 R$

189.000,00 32

2 2.151, de 28/4/2010 Campinas/SP 4 R$ 28.000,00 R$ 4

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

252.000,00

3 2.848, de 20/9/2010 Distrito

Federal/DF 9 R$ 63.000,00

R$

378.000,00 22

4 2.797, de 15/9/2010 Gravatá/PE 1 R$ 7.000,00 R$

42.000,00 1

5 2.798, de 15/9/2010 Fortaleza/CE 4 R$ 28.000,00 R$

168.000,00 4

6 3.081, de 7/10/2010 Goiânia/GO 11 R$ 77.000,00 R$

385.000,00 11

7 3.720, de 30/11/2010 Dourados/MS 1 R$ 7.000,00 R$

28.000,00 1

8 3.936, de 14/12/2010 São Paulo/SP 16 R$ 112.000,00 R$

336.000,00 80

9 3.937, de 14/12/2010 Salvador/BA 24 R$ 168.000,00 R$

504.000,00 24

1

0 450, de 16/3/2011 Itanhaém/SP 3 R$ 21.000,00

R$

21.000,00 5

TOTAL 76 R$ 532.000,00

R$

2.303.000,0

0

Fonte: Parecer Técnico 329/2011 DAE/SAS/MS, de 6/5/2011 (peça 13, p. 25)

146. A CGUE ainda informou que existem outras motocicletas em funcionamento, com

custeamento integral por meio de recursos próprios dos estados ou municípios (ou seja, não foram

habilitadas junto ao Ministério, e portanto não recebem o repasse mensal para custeio com verba

federal), conforme tabela abaixo:

Tabela 4: motolâncias em funcionamento com recursos próprios (sem habilitação)

Município/Estado Quantidade de motos em funcionamento

com recursos próprios

Manaus/AM 5

Recife Metropolitano/PE 11

São Luiz/MA 2

Natal/RN 7

TOTAL 27

Fonte: CGUE - informações sobre custeio das motos (peça 30, p. 1)

147. Na pesquisa realizada no âmbito desta auditoria junto às Coordenações do Samu,

questionou-se qual(is) o(s) principal(is) motivo(s) para que as motolâncias não estivessem habilitadas,

ou somente parte delas estivesse habilitada.

148. Dos 89 questionários recebidos, três deles não responderam a essa questão. Nove

Coordenações afirmaram que todas as motolâncias recebidas estavam habilitadas. Assim, com

relação ao restante das localidades que responderam à pesquisa (77 Coordenações), foram coletas

184 respostas, uma vez que cada coordenador poderia marcar mais de um motivo para justificar a

não habilitação.

149. Os principais motivos apontados para que as motolâncias não fossem habilitadas, ou

somente parte delas estivesse habilitada, foram: falta de curso de capacitação para pilotos (41

Coordenações); dificuldade para contratar seguro contra sinistro (34 Coordenações); dificuldade

para regularizar a documentação das motolâncias, que envolvia o licenciamento, emplacamento,

entre outros (29 Coordenações); falta de uniforme/equipamentos de segurança de proteção para os

pilotos (23 Coordenações); falta de pessoal interessado para trabalhar com as motos (dezessete

Coordenações).

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196

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

150. Seis Coordenações apontaram que não havia interesse em habilitar mais motolâncias e

uma Coordenação do Samu indicou que o número de motolâncias habilitadas era suficiente para

atender a demanda existente.

151. Quinze Coordenações apontaram outros motivos. Entre esses, os mais recorrentes que

diziam respeito a empecilhos para habilitação, foram: questões trabalhistas e estatutárias do

município; dificuldade de contratação de novos profissionais; coordenação que atuava na época não

demonstrou interesse; aguardo de convocação de técnicos aprovados em processo seletivo do

município; número de profissionais que receberam a capacitação insuficiente; dificuldade de criar o

cargo no município e realizar processo seletivo; legislação inadequada para condutor que atua como

técnico de enfermagem; falta de gratificação específica para pilotos.

152. Segue, abaixo, o gráfico obtido com a tabulação das respostas apresentadas para esta

questão:

Gráfico 3: motivos para não habilitação das motos

1

6

9

15

17

17

23

29

34

41

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

O NÚMERO DE MOTOLÂNCIAS HABILITADAS É SUFICIENTE PARA ATENDER

A DEMANDA EXISTENTE

NÃO HÁ INTERESSE DESTA COORDENAÇÃO EM HABILITAR MAIS

MOTOLÂNCIAS

TODAS AS MOTOLÂNCIAS ESTÃO HABILITADAS

OUTROS

FALTA DE CONTRATO DE MANUTENÇÃO PARA AS MOTOCICLETAS

FALTA DE PESSOAL INTERESSADO PARA TRABALHAR COM AS

MOTOLÂNCIAS

FALTA DE UNIFORME/EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA DE PROTEÇÃO

INDIVIDUAL PARA OS PILOTOS

DIFICULDADE PARA REGULARIZAR A DOCUMENTAÇÃO DAS MOTOLÂNCIAS

DIFICULDADE PARA CONSEGUIR O SEGURO CONTRA SINISTRO DAS

MOTOCICLETAS

FALTA DE CURSOS DE CAPACITAÇÃO PARA PILOTOS

Motivos para não habilitação de motolâncias

153. Já por meio das questões treze e catorze da matriz de planejamento, buscou-se averiguar

a utilização atual das motolâncias junto às Coordenações locais do Samu, bem como identificar os

principais fatores que limitam o seu funcionamento.

154. O baixo nível de utilização das motolâncias distribuídas constitui outro achado desta

auditoria. A questão seis do questionário enviado às Coordenações do Samu solicitava que fosse

informado o número de motos disponíveis e o número de motos habilitadas. Rememore-se que o

questionário foi enviado para 115 centrais de regulação do Samu, espalhados por todos os estados da

federação mais o Distrito Federal, com exceção dos estados de Rondônia e Santa Catarina, que não

receberam motolâncias do Ministério da Saúde. Do total enviado, obteve-se resposta de 89

questionários.

155. Tabulados os dados, constatou-se que as 89 Coordenações que responderam a pesquisa

declararam ter recebido um total de 288 motos, das quais 111 (38,54%) estariam em funcionamento,

e, portanto, 177 (61,46%) estariam ociosas, ainda sem operação.

156. Na questão 23 do questionário, indagou-se quanto tempo transcorreu para que as

motolâncias fossem colocadas em funcionamento, após o seu recebimento. Das 89 Coordenações que

responderam o questionário, 55 afirmaram que as motos ainda não estão funcionando, o que

corresponde a 61,80% das localidades que aderiram à pesquisa; doze localidades (13,48%)

afirmaram que passou mais de um ano entre o recebimento e o funcionamento das motos; nove

localidades (10,11%) afirmaram que esse tempo foi de até quatro meses; sete Coordenações do Samu

(7,87%) afirmaram que transcorreram entre nove e doze meses; por fim, seis localidades afirmaram

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197

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

que o tempo necessário para as motos entrarem em operação foi de cinco a oito meses. Segue abaixo

o gráfico correspondente.

Gráfico 4: tempo decorrido entre recebimento e funcionamento das motolâncias

96 7

12

55

0

10

20

30

40

50

60

até 4 meses 5 a 8 meses 9 a 12 meses mais de um ano ainda não estão em funcionamento

Tempo decorrido entre recebimento e funcionamento das motos

157. A tabela abaixo é resultado de cruzamento entre a questão 23 do questionário e o estado

da federação onde se encontra a Coordenação do Samu. Destacam-se os estados com maior

quantidade de Coordenações onde as motos ainda não estão em funcionamento: Minas Gerais (8);

São Paulo (8); Piauí (7); Goiás (6); e Rio de Janeiro (4).

Tabela 5: cruzamento - tempo entre recebimento e funcionamento das motos X estado na

coordenação

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198

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Count

0 0 0 1 0 1

0 0 0 0 1 1

1 0 0 0 0 1

3 1 1 2 3 10

1 0 0 1 0 2

0 0 1 0 0 1

0 0 0 0 1 1

0 1 0 0 6 7

0 0 0 1 4 5

0 0 0 2 8 10

0 0 0 0 2 2

0 1 0 0 1 2

0 0 0 0 2 2

1 0 1 0 1 3

0 0 2 0 0 2

0 1 0 0 6 7

0 0 0 0 3 3

0 0 0 1 4 5

1 0 0 0 1 2

1 0 0 0 0 1

0 0 0 0 3 3

0 0 0 1 0 1

1 2 2 3 8 16

0 0 0 0 1 1

9 6 7 12 55 89

AC

AL

AM

BA

CE

DF

ES

GO

MA

MG

MS

MT

PA

PB

PE

PI

PR

RJ

RN

RR

RS

SE

SP

TO

Estado onde

f ica a

Coordenação

do Samu

Total

até 4 meses 5 a 8 meses 9 a 12 meses

mais de

um ano

ainda não

estão em

funcionam

ento

Quanto tempo transcorreu entre recebimento e funcionamento das

motos?

Total

Fonte: pesquisa realizada pela equipe de auditoria junto às Coordenações do Samu por meio de

questionário

158. Já na questão 24 do questionário enviado às Coordenações do Samu, foi solicitado que

fossem apontados os motivos que influenciaram a demora para o início do funcionamento das

motolâncias ou para a não habilitação das motocicletas. Quatro das 89 Coordenações avaliaram que

não houve demora para início do funcionamento das motolâncias. Assim, foram coletadas 231

respostas sobre a referida demora de 85 Coordenações, já que era possível apontar mais de uma

opção.

159. De acordo com as respostas, novamente foi apontada a demora no curso de capacitação

para pilotos como motivo mais recorrente para justificar a demora no início do funcionamento das

motos (55 Coordenações), a exemplo do que ocorreu em relação à habilitação, conforme relatado

acima.

160. Os outros motivos mais recorrentes foram: dificuldade para regularizar a documentação

das motos (47 Coordenações); falta de equipamentos de saúdo cuja responsabilidade é do Ministério

da Saúde (41 Coordenações); e falta de equipamento de segurança para pilotos, cuja

responsabilidade de aquisição é da secretaria de saúdo local (41 Coordenações).

161. Dezoito Coordenações afirmam que não há servidores interessados em trabalhar como

pilotos. Dezenove Coordenações apontaram outros motivos para a demora no funcionamento das

motos. Entre esses, citam-se: dificuldade para conseguir o seguro contra sinistro; falta de legislação;

falta de gratificação pecuniária para pilotos; questões jurídicas e trabalhistas; falta de autorização da

Coordenação regional; desinteresse dos gestores anteriores; demora no recebimento do termo de

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199

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

doação assinado e publicado no Diário Oficial; nº de motolâncias recebidas é insuficiente para

atender o quantitativo mínimo exigido pela PRF para abrir turma de capacitação de pilotos.

162. Segue abaixo o gráfico correspondente à questão 24 do questionário:

Gráfico 5: motivos para demora no funcionamento das motolâncias

3

5

7

18

19

41

41

47

55

0 10 20 30 40 50 60

FALTA DE EQUIPAMENTOS DE SAÚDE CUJA RESPONSABILIDADE PARA

AQUISIÇÃO É DO SAMU

CONSIDERAMOS QUE NÃO HOUVE DEMORA

TEMPO ENTRE A CIÊNCIA DO RECEBIMENTO DA MOTO E A SUA ENTREGA

FOI MUITO EXÍGUO

INEXISTÊNCIA DE SERVIDORES INTERESSADOS EM TRABALHAR

COMO PILOTOS

OUTROS

FALTA DE UNIFORME/EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA PARA OS PILOTOS

FALTA DE EQUIPAMENTOS DE SAÚDE QUE DEVERIAM TER SIDO

DISTRIBUÍDOS PELO MS

DIFICULDADE PARA REGULARIZAR A DOCUMENTAÇÃO DAS MOTOLÂNCIAS

DEMORA NO CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA PILOTOS

Motivos para demora no início do funcionamento das motos

163. Detectou-se que apenas 76 motolâncias, o que corresponde a 19% das quatrocentas

motolâncias distribuídas, estão devidamente habilitadas. No mesmo sentido, verificou-se que 177

(61,46%) do total de 288 motos que compunham o universo pesquisado ainda estão ociosas, sem

funcionamento, mesmo decorrido, na maioria dos casos, mais de um ano após a entrega na

Coordenação local do Samu.

164. Mais uma vez, atribui-se às deficiências de planejamento outro indicativo de insucesso da

implementação das motos à frota do Samu.

165. O principal motivo apontado para justificar a não habilitação é a falta de cursos para

capacitação de pilotos, mesmo motivo apontado para demora no início do funcionamento das

motolâncias. Conforme constatação 64211 do Relatório de Auditoria 9277 do Denasus (Anexo 1 do

TC 020.478/2010-0, p. 18), houve capacitação de pilotos na Coordenação do Samu-DF em

quantitativo inferior ao necessário.

166. Por meio do Parecer Técnico 675, de 17/6/2011 (peça 26, p. 17), a CGUE fez as seguintes

alegações com relação aos cursos de capacitação:

O Ministério da Saúde vem oferecendo curso de ‘Capacitação de Motociclistas Socorrista’ aos

municípios/Estados através de convênio com a Polícia Rodoviária Federal - PRF/MJ. Porém, os

Municípios e os Estados também podem procurar outros meios, para capacitar como exemplo das

seguintes instituições: Polícia Militar, Exército e/ou empresas especializadas (Art.145-CTB -

RESOLUÇÃO Nº 168, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2004 e Resolução n.º 285, de 29 de julho de 2008)

e Portaria 2.971/GM de 08 de dezembro de 2008.

No decorrer de 2009 e 2010, o Ministério da Saúde, para viabilizar o curso, vem oferecendo

através de convênio com a PRF/MJ cursos de Capacitação de Motociclistas Socorristas. A PRF/MJ

por sua vez, declara que existe uma baixa demanda por parte dos municípios, em algumas turmas,

relataram vagas ociosas.

167. Informa a CGUE, no mesmo expediente mencionado acima, a quantidade de cursos já

realizados mediante acordo de cooperação com a Polícia Rodoviária Federal: dez cursos em 2009,

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200

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

com 107 aprovados; e 21 cursos em 2010, com 272 aprovados. Por fim, informa que existe projeto em

análise no Ministério da Saúde para dar continuidade ao convênio com a PRF.

168. Diante das informações coletadas junto às Coordenações locais do Samu, verifica-se que

foram insuficientes os esforços do Ministério da Saúde no sentido de promover os cursos de

capacitação para pilotos, tendo em vista que ainda é o motivo mais relatado para justificar a não

habilitação de motolâncias.

169. Novamente, verifica-se que o Ministério se deparou com situação adversa, durante a fase

de implementação do programa, que poderia ter sido facilmente considerada em momentos anteriores.

Apesar do relato sobre vagas ociosas nos cursos de capacitação promovidos pela PRF, a previsão

inicial do programa deveria contabilizar, necessariamente, o treinamento de pelo menos duas mil

pessoas para as quatrocentas motos distribuídas, já que, conforme contas do próprio ministério para

definição de custeio mensal da moto, seriam necessários cinco profissionais por moto em regime de 36

horas semanais. Conforme informado, apenas 276 profissionais foram capacitados (13,8% do

necessário), o que indica desconhecimento da capacidade de recursos humanos das Coordenações

locais do Samu.

170. Tem-se, assim, que esses elementos não foram levados em consideração no momento de

concepção do programa. As dificuldades no que diz respeito à capacitação de pilotos e número de

pessoas interessadas ou mesmo disponível para esse tipo de trabalho poderiam ser ainda mais

facilmente previstas se fosse contabilizado o número de profissionais necessários para assumir as

mais de 1800 motos inicialmente cogitadas no programa: na proporção 5/1, conforme previsão do

próprio MS, nada menos do que um exército de nove mil profissionais seriam necessários para

assumir esse número de motolâncias. Ficou patente que os idealizadores do programa não levaram tal

informação em conta, uma vez que não foi apresentado à equipe de auditoria nenhum estudo de

viabilidade, conforme solicitado à CGUE (Ofício de Requisição de Informações 4-366/2011 - Peça 22,

p. 1).

171. Também deve ser ressaltado o considerável intervalo de tempo entre a aquisição e a

distribuição das motocicletas e as portarias que as habilitaram (Tabela 3: quantidade de motolâncias

habilitadas segundo Ministério da Saúde, item 145 deste relatório), demonstrando, mais uma vez, o

descompasso entre o Ministério da Saúde e as Coordenações locais do Samu.

172. Com relação à dificuldade para contratação de sinistro das motocicletas, verificou-se que

o Ministério da Saúde está, acertadamente, flexibilizando essa exigência para habilitação das

motolâncias, devido à grande dificuldade das Coordenações locais para consegui-lo.

173. Verifica-se que, se somados, os motivos alegados para justificar a não habilitação das

motolâncias são em maioria de responsabilidade dos municípios: dificuldades para regularização da

moto, falta de equipamentos de segurança para os pilotos e falta de contrato de manutenção para as

motos. Tais informações corroboram o fato de que a CGUE desconhecia a realidade fática das

Coordenações locais do Samu, ou, se conhecia, optou por repassar o recurso mesmo ciente do risco

de que não fosse utilizado como de fato grande parte deles não está sendo usada.

174. Atribuir tão somente às secretarias locais e coordenações do Samu a responsabilidade

pelo fato de 177 motos (de um total de 288 pesquisadas) não estarem em funcionamento, mais de um

ano após o seu recebimento - em alguns casos dois anos -, seria no mínimo equivocado. Significaria

dizer que a decisão de distribuir quatrocentas motos às secretarias locais de saúde, sem que fosse

levada em conta a capacidade operacional das Coordenações do Samu, eximiria do Ministério a

responsabilidade pelo insucesso do programa na maior parte das cidades abarcadas.

175. Nitidamente, os motivos que ensejam a situação identificada nesta auditoria estão mais

ligados à forma como (não) foi planejada a ação. Ressalte-se que a maior parte das Coordenações

apontou mais de um fator considerado limitante na execução do programa. Portanto, o não

funcionamento das motolâncias ou a sua baixa utilização resulta de uma conjugação de fatores, e não

apenas de um único. Entre eles, está a baixa capacidade operacional das Coordenações locais, fator

que poderia (e deveria) ter sido identificado em fases iniciais da ação.

Page 201: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

201

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

176. A CGUE/MÊS relatou à equipe de auditoria sobre a impossibilidade de para reaver as

motocicletas doadas a alguns municípios, uma vez que, ao serem distribuídas, passam a fazer parte do

patrimônio do ente recebedor.

177. Entretanto, verifica-se que o termo de doação é na modalidade com encargos, ou seja,

está condicionada à efetiva utilização da moto, conforme cláusulas segunda e quarta:

CLÁUSULA SEGUNDA - DOAÇÃO COM ENCARGOS, o DONATÁRIO compromete-se a

destinar os bens, objeto deste instrumento ao desenvolvimento dos serviços e das ações de assistência

de urgência médica à população, visando à melhoria da qualidade de atendimento e o

aperfeiçoamento e expansão da capacidade operacional do Sistema Único de Saúde, em especial na

atenção às urgências, sendo estes para sua utilização pelo órgão ou entidade proponente, conforme

disposto no art. 15 do Decreto n.º 99.658/90, modificado pelo Decreto 6.087/07, de 20/04/2007,

IN/SEDAP-205, de 08/04/1988 e IN/SEDAP-09, de 26 de agosto de 1994. Termo de doação (peça 28,

p. 1).

178. O termo prevê ainda que a constatação (pelo próprio Ministério da Saúde ou por órgão

de controle externo) de não utilização do recurso doado enseja a revogação da doação:

CLÁUSULA QUARTA - Em caso de constatação, pelo Ministério da Saúde ou pelos órgãos de

controle externo, quanto a não utilização do bem doado para os fins e forma a que se propõe a

presente DOAÇÃO, será promovida a revogação parcial ou total deste termo, estando reservado o

direito de reclamar a restituição dos bens doados, podendo realocá-los em outra instituição ou

município previamente estudado, sem direito de indenização ao DONATÁRIO. Termo de doação (peça

28, p. 2).

179. Nesse sentido, caberá, na proposta de encaminhamento deste relatório, determinar ao

Ministério da Saúde que faça valer as cláusulas segunda e quarta do termo de doação das motos, de

sorte que municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido devolvam a motolância para

redistribuição. Ainda, será recomendado que os encargos previstos nos termos de doação estejam

sujeitos a prazo razoável, definido pelo Ministério da Saúde, para seu cumprimento.

180. Por fim, salienta-se que a compra de equipamentos que não são utilizados pela

Administração pode configurar caso de má gestão de recursos públicos, ensejando irregularidade das

contas do responsável, conforme art. 16, III, ‘b’:

Art. 16. As contas serão julgadas:

(...)

III - irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes ocorrências:

a) omissão no dever de prestar contas;

b) prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração à norma legal ou

regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial;

181. Segue abaixo a descrição do presente achado - grande quantidade de motos ociosas -

conforme orientação nos manuais do TCU.

3.3.1 Situação encontrada

182. Foram enviados questionários a 115 Coordenações do Samu espalhados pelo país, das

quais 89 responderam à pesquisa. Do total de Coordenações que aderiram à pesquisa, 55 (61,8%)

afirmaram que as motos recebidas do Ministério da Saúde ainda não estão em funcionamento.

183. Conforme item 155 acima, constatou-se que de um universo de 288 motos pesquisadas,

177 (61,46%) estavam ociosas, ou seja, ainda não estavam em funcionamento mesmo muitos meses -

em vários casos, mais de um ano - após a sua distribuição, o que constitui flagrante ociosidade de

recursos públicos, em área tão sensível e sabidamente carente de recursos como é a saúde. Constatou-

se, em alguns casos, dificuldade do Ministério da Saúde para reaver as motolâncias de municípios que

não cumpriram o termo de doação ao não darem a devida utilização para o recurso recebido.

Conforme previsto na cláusula quarta do Termo de Doação, a não utilização do bem doado deverá ser

revogada e a moto restituída ao Ministério da Saúde para redistribuição,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

184. Constatou-se também que apenas 76 (19%) das quatrocentas motolâncias doadas às

Coordenações do Samu estão habilitadas junto ao Ministério da Saúde, o que indica grande

dificuldade das Secretarias locais de saúde para atenderem aos requisitos definidos para habilitação.

185. Com relação especificamente ao DF, única Coordenação do Samu visitada pela equipe de

auditoria - as informações com relação às demais Coordenações foram coletadas por meio de envio

de questionário e documentos do MS -, constatou-se que apenas dez de suas 21 motolâncias estão em

pleno funcionamento.

3.3.2 Objetos nos quais foi constatado

186. Pesquisa realizada no âmbito desta auditoria junto a 115 Coordenações do Samu

(conforme itens 154 a 156); visita in loco na Coordenação do Samu-DF; Termo de Doação das

motolâncias (peça 28); Resposta ao Ofício de Requisição 4-366/2011 (peça 25).

3.3.3 Critério de auditoria

187. Art. 37 da Constituição de 1988 (princípio da eficiência); art. 36 da Lei 8.080/1990; art.

2º, item 4, da Portaria GM/MS 1.863/2003; art. 16 da Lei 8.443/92, III, b; Termo de Doação das

motolâncias.

3.3.4 Evidências

188. Ofício de Requisição 4-366/2011 (peça 22); Resposta ao Ofício de Requisição 4-366/2011

(peça 25); respostas enviadas pelos coordenares dos Samu locais à pesquisa enviada pela equipe de

auditoria; extrato de entrevista com Coordenador do Samu do Distrito Federal (peça 29, p. 1-3).

3.3.5 Causas

189. Falhas (ou ausência) de planejamento não previram as dificuldades operacionais por

parte das Coordenações do Samu, fazendo com que fossem distribuídas motolâncias a locais que não

tinham - e ainda não têm - condições para colocar as motos em funcionamento ou mesmo habilitá-las.

3.3.6 Efeitos reais e potenciais

190. Efeito real: má aplicação de recursos públicos, em virtude de ociosidade de 177 de um

total de 288 motos pesquisadas em 89 Coordenações locais do Samu.

191. Efeitos potenciais: como o universo que compõe as motolâncias distribuídas é de

quatrocentas unidades, há grande probabilidade de que o número de motos paradas seja maior do que

177, uma vez que 26 Coordenações não responderam a pesquisa. Outro efeito potencial diz respeito

ao serviço à população que teoricamente deixou de ser prestado, pois as motos poderiam estar em

funcionamento, e consequentemente, atendendo à população.

3.3.7 Encaminhamento

192. Será proposta audiência dos responsáveis da CGUE/DAE/SAS do Ministério da Saúde,

para que apresentem razões de justificativa para o fato de que foram distribuídas motolâncias para

Coordenações do Samu que não tinham capacidade de operá-las, ocasionando ociosidade de recursos

públicos investidos na área da saúde.

193. Já quando da proposta de mérito do presente processo, deverá ser avaliada a

possibilidade de ser sugerida determinação à Coordenação Geral de Urgência e Emergência do

Ministério da Saúde (CGUE/DAE/SAS/MS), com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do

Tribunal de Contas da União, para que encaminhe a este Tribunal, em prazo razoável a ser definido,

plano de ação contendo medidas a serem tomadas junto às secretarias locais de saúde e suas

respectivas Coordenações do Samu de forma a aumentar a efetiva utilização das motolâncias

distribuídas, contendo estimativas de prazos a serem cumpridas.

3.4. Achado 4: Reduzido número de motolâncias em funcionamento no DF

194. Em virtude de sua localização, o Samu do Distrito Federal recebeu visitas in loco da

equipe de auditoria. Foram realizadas entrevistas com o Coordenador do Samu do Distrito Federal,

Dr. Rodrigo Caselli, e com o chefe dos pilotos das motolâncias, técnico em enfermagem Marcos Paulo

Braz de Paula.

195. De acordo com informações prestadas pelo seu Coordenador, o Samu-DF não tinha

interesse, nem necessidade constatada para receber motolâncias. Não foi consultado acerca da

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

implantação desse componente no programa, nem apresentou proposta ou plano de trabalho para o

recebimento das motocicletas. O Samu teria sido comunicado, via telefone, poucos dias antes do

recebimento das motos em solenidade com o Ministro da Saúde (Termo de doação 5318/2008).

196. O Samu-DF possui sete USA habilitadas (com cinco dessas em funcionamento) e trinta

USB habilitadas, sendo 26 em funcionamento. O DF ainda adquiriu dois veículos de intervenção

rápida (VIR) com recursos próprios.

197. De acordo com as USA e USB habilitadas, seguindo a orientação do §1º do art. 1º da

Portaria GM/MS 2.971/2008, o DF receberia 22 motolâncias. Por meio da Portaria MS/GM

2848/2010, foram habilitadas nove motocicletas no DF, representando transferências federais

mensais no valor de R$ 63.000,00 para manutenção das equipes implantadas (art. 3º da Portaria

2.971/2008).

198. A efetiva utilização das motocicletas teria ocorrido após oito a nove meses do seu

recebimento. Esse intervalo de tempo teria sido necessário para a capacitação dos profissionais e

aquisição dos equipamentos de segurança, além de outras providências como licenciamento e

emplacamento das motocicletas. Foi apontada morosidade nos processos de licitação dentro da

Secretaria de Saúde do DF e Central de Compras do Governo do Distrito Federal - GDF.

199. Apesar da percepção inicial de que não havia necessidade do componente motolâncias,

após o início do seu funcionamento, o Coordenador do Samu-DF afirmou que foram detectadas

melhoras no atendimento de urgência e emergência, adaptando-se a rotina do Samu à presença das

motocicletas, de forma que a sua retirada traria prejuízos ao serviço.

200. Embora o Samu-DF tenha recebido 22 motocicletas, apenas dez prestam serviço

efetivamente. Todas as 22 são utilizadas em sistema de rodízio, para que o desgaste das motos se dê

uniformemente. No dia da entrevista com o chefe dos pilotos das motolâncias, relatou-se que sete

motocicletas estavam na oficina com problemas elétricos ou de motor, restando apenas três como

reserva técnica.

201. Na opinião do chefe das motolâncias do Samu-DF, pelas especificações técnicas

insuficientes da motocicleta Lander, há necessidade de que a reserva técnica seja quase o dobro da

quantidade de motocicletas que rodam. Caso o serviço fosse realizado com motos com especificações

mais adequadas ao tipo de serviço, a reserva técnica poderia ser de 20 a 25%. A motocicleta Yamaha

Lander Z250 seria utilizada para serviços administrativos na Polícia Militar ou em serviços de ronda,

em que há menor desgaste e menor necessidade de manutenção. Outras instituições, como o Corpo de

Bombeiros do DF e a Polícia Rodoviária Federal - PRF utilizam motocicletas mais potentes, como a

XT 660 da Yamaha, para serviços similares ao da motolância.

202. Na percepção do piloto, a frenagem da moto Lander é muito ruim, mas não haveria

diferença na qualidade da frenagem caso tivesse sido adquirida uma motocicleta similar da marca

Honda (tornado), que possui o freio dianteiro a disco e o traseiro a tambor, pois o problema está no

porte da motocicleta. Para ele, o ideal seria uma motocicleta de uso misto, tanto nas zonas urbanas

como rural.

203. O Sr. Marcos Paulo entregou o Memorando 12/2010-GMAU/SAMU/SAS/SES, dirigido à

Diretoria de Assistência às Urgências e Emergências (Secretaria de Atenção à Saúde - SES-DF), de

15/3/2011, em que lista os problemas da moto Lander XTZ 250cc Yamaha e as especificações que

seriam ideais para melhor desempenho da motolância, frente ao tipo de serviço prestado pelo Samu.

204. Conforme será relatado à frente, coletaram-se respostas divergentes sobre a

especificação das motos (itens 285 a 288), e portanto a questão não será tratada como achado de

auditoria.

205. O regime de funcionamento das motolâncias no DF é de segunda a sexta-feira, por uma

equipe composta de dezessete motociclistas, sendo oito com jornada de 40h semanais, seis com

jornada de 24h e três com jornada de 12h. As escalas dos motociclistas são organizadas em período

diurno, com plantões de 12h (7h-19h) ou de 6h (manhã (7h-13h) e tarde (13h-19h)).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

206. As motolâncias atuam em duplas, em cinco núcleos do Samu-DF: Sobradinho, Plano

Piloto, Guará, Taguatinga, e Ceilândia. Se houvesse mais pessoal, na avaliação do Sr. Marcos Paulo,

mais motos poderiam estar prestando atendimentos, pois existe iria demanda para isso.

207. Haveria duas razões principais para os motociclistas transitarem em dupla. Primeiro, a

questão da segurança do piloto; segundo, a questão do tamanho do baú, que não comporta todos os

equipamentos, assim, em uma moto carrega-se o equipamento para auxiliar casos de trauma e outro

para casos clínicos. De acordo com relato à equipe de auditoria, o tamanho do baú é pequeno para

acomodar os materiais necessários, mas não poderia ser maior para a moto Lander, pois prejudicaria

o equilíbrio e atrapalharia ainda mais a frenagem da motocicleta. Os pilotos testaram o uso da

mochila, mas ela foi considerada inviável para a pilotagem, devido ao risco de explosão do cilindro

de oxigênio em caso de possível acidente, e à alteração no equilíbrio do piloto, prejudicando sua

segurança.

208. Em relação às estatísticas de atendimentos das motolâncias, foram informados os

seguintes quantitativos:

Tabela 6: estatísticas de atendimento de motolâncias - Samu-DF

2010 2011

Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março

NAPH 01 - Sobradinho 43/112 33 33 63 50 74

NAPH 03 - Taguatinga 74 - 125 110 125 -

NAPH 05 - Ceilândia 63 29 118 140 118 119

NAPH 06 - Plano piloto - - 70 102 123 111

NAPH 07 - Guará - - - 65 113 112

Fonte: Coordenação do Samu do Distrito Federal

209. A manutenção preventiva e corretiva das 22 motolâncias do Samu-DF é realizada pela

empresa Ribeiro e Diniz Comércio de Peças e Serviços automotivos Ltda. - EPP, Contrato 38/2010-

SES/DF, firmado após o Pregão presencial 37/2009, ao custo mensal estimado de R$ 11.451,80.

210. Na opinião do chefe das motolâncias no Samu-DF, a oficina que realiza a manutenção

das motocicletas presta serviço adequado e trabalha com peças originais, mas, algumas vezes, a

motocicleta vai e volta com o mesmo problema. A maioria dos problemas está relacionada à parte

elétrica: sirene e sinalizadores de LED. Em muitos casos, a moto é entregue à oficina com a sirene

funcionando, logo após o concerto, apresenta problemas novamente. Algumas vezes há falta de peças,

que têm de vir de São Paulo, gerando atrasos na entrega das motos. O custo da manutenção é alto,

pois as peças são caras, e as motos quebram com muita frequência (cerca de cinco motocicletas por

semana), pois são muito exigidas.

211. O Samu-DF não conseguiu realizar seguro contra sinistro para as motocicletas. Na

percepção do Coordenador do Samu-DF, isso seria um problema nacional, já que as empresas de

seguro não têm interesse em prestar serviços para veículos utilizados como ambulâncias. Nove

motocicletas foram habilitadas mesmo sem o seguro contra sinistro.

212. Em relação aos equipamentos previstos no art. 4º, § 1º da Portaria 2.971/2008, cuja

aquisição e distribuição são responsabilidade do MS (cilindros de oxigênio, desfibrilador externo

automático - DEA e oxímetros), o Coordenador do Samu-DF afirmou que não recebeu os cilindros de

oxigênio para as motolâncias. Declarou, em resposta ao Ofício de requisição 6-366/2011, que foram

recebidos 58 DEA e 22 oxímetros.

213. Segundo o chefe dos pilotos das motolâncias, após o curso de capacitação, os

profissionais treinados estavam empolgados com o serviço a ponto de comprarem os equipamentos de

proteção individual com recursos próprios (jaquetas, luvas, capacete), previamente à aquisição pelo

GDF. Caso contrário, seria necessário aguardar a finalização do procedimento licitatório para

compra dos equipamentos de segurança, o que atrasaria ainda mais a inauguração do programa.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

214. Quanto ao equipamento de segurança, o piloto afirmou que o macacão utilizado

atualmente não é o mais adequado, e o ideal seria uma calça específica para motoqueiros, que dá

maior proteção em casos de queda.

215. Na percepção do Coordenador do Samu-DF e do chefe dos pilotos das motolâncias, o

principal fator limitador para o serviço com as motocicletas é a falta de pessoal interessado em

trabalhar como piloto. Quando do recebimento das motolâncias, não havia profissionais disponíveis,

tendo sido realocados profissionais das ambulâncias para as motos. Esse foi o caso do chefe dos

pilotos: já era técnico em enfermagem concursado, trabalhava em uma Unidade de Suporte Básico

(USB) e participou do segundo curso de capacitação para pilotos de motolâncias, realizado pela

Polícia Rodoviária Federal (PRF). Está trabalhando com a motolância há cerca de um ano e meio.

216. Todos os atuais pilotos das motolâncias do Samu-DF são técnicos em enfermagem

concursados e regidos pelo regime estatutário dos servidores públicos do Distrito Federal.

217. Havia profissionais interessados na capacitação, mas o curso apresenta grau de

dificuldade considerável e vários profissionais foram reprovados. Além disso, alguns profissionais

capacitados desistiram do trabalho com as motos, pois não existe gratificação extra ou outro

incentivo para pilotar as motocicletas, e o risco é maior do que com as ambulâncias.

218. Foram realizadas três etapas de cursos de capacitação, em convênio com a Polícia

Rodoviária Federal (PRF) e com a Polícia Militar do DF, com dezessete, 21 e dez aprovados,

respectivamente. O Coordenador do Samu-DF ressaltou que, por ser um serviço em que o profissional

se expõe a maiores riscos, cotidianamente, e não possui diferencial ou incentivo especifico para essa

atividade, acabam desistindo dessa modalidade do serviço (motolância) e voltando para a viatura -

ambulância convencional. Atualmente, o Samu-DF dispõe de somente dezoito motociclistas ativos

dentro do Grupamento de Motociclistas de Atendimento de Urgência - GMAU, dentre os mais de 40

profissionais que se formaram.

219. A aplicação dos recursos transferidos pelo governo federal é utilizada para o custeio e

para a manutenção, pois a parte de pessoal é paga com recursos constitucionais. Além disso, foi

afirmado que há aplicação da contrapartida de recursos estaduais e/ou municipais.

220. Segundo o Coordenador do Samu e o chefe dos pilotos das motolâncias, houve melhora

no atendimento pré-hospitalar de urgência em relação à quantidade de atendimentos realizados, e à

agilidade e rapidez para se chegar a locais de difícil acesso. A motolância também é utilizada como

ferramenta para informar a situação real da ocorrência para o médico regulador. O piloto ressaltou a

melhora em relação ao ganho de tempo observado, que, em sua experiência, seria de uma média de

cinco minutos. Em parceria com o helicóptero do Bombeiro e da PRF, a motocicleta também é

utilizada como guia até o local dos acidentes, quando for necessário.

221. Em casos de acidentes graves, os técnicos em enfermagem das motolâncias constituem

mais profissionais para auxiliar na assistência, além de assegurar a cena do acidente, representando

auxílio significativo para as ambulâncias. Quando a viatura chega ao local, os pilotos das

motolâncias já verificaram o histórico da vítima (alergias, uso de medicamentos, etc.) e os sinais

vitais (temperatura, pressão, frequência cardíaca, saturação, glicemia capilar e frequência

respiratória), adiantando o trabalho dos profissionais da viatura. Os pilotos também realizam

imobilização das vítimas caso haja necessidade.

222. Todos os pilotos das motolâncias, diferentemente dos profissionais técnicos em

enfermagem das viaturas, recebem treinamento, uma vez por mês, no Núcleo de Educação

Permanente do Samu-DF, tanto em relação à parte técnica (procedimentos) como de pilotagem.

223. O chefe dos pilotos descreveu um chamado/atendimento típico da motolância da seguinte

forma: o tipo de ocorrência mais comum é colisão de trânsito. A motocicleta fica de plantão em uma

das bases do Samu-DF, junto com as viaturas. A central de rádio-operação aciona a moto pelo rádio

e liga para a viatura, passando o endereço da ocorrência. Há locais, como em Sobradinho, em que o

rádio (de baixa frequência) não funciona. O motociclista se dirige ao local informado, assegura a

cena, garantindo a segurança do local, e informa a gravidade da situação para a Central e o melhor

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

caminho para a viatura chegar. Dessa forma, a motolância também funciona como mecanismo de

regulação, pois pode indicar qual tipo de ambulância é necessária no local, ou mesmo se não há

necessidade de ambulância. A regra é que todos os chamados são acompanhados pela viatura

(ambulância).

224. Em relação a acidentes com as motolâncias, foi relatada a ocorrência de três acidentes

no início do funcionamento, cerca de dois anos atrás. Em março de 2011, ocorreu um acidente mais

severo em que o profissional fraturou a tíbia e a fíbula (ossos da perna), e a moto sofreu perda total.

Foi ressaltada a ausência de seguro para as motocicletas: caso ocorra algum acidente, o profissional

tem de arcar com todas as despesas para conserto da moto e do outro eventual veículo avariado, caso

tenha culpa.

225. Os cilindros de oxigênio não estão sendo utilizados por motivos de garantia da segurança

do piloto. Foi relatado um caso de explosão de cilindro de oxigênio na mão de um profissional, dentro

de uma viatura, provocando queimaduras. Se o motociclista sofre um acidente e cai com o cilindro

nas costas, os danos podem ser muito maiores. Além disso, na percepção do piloto, o cilindro é

considerado inviável porque muda o ponto de equilíbrio do piloto da moto, prejudicando a frenagem

(maior risco de acidente) e a já mencionada possibilidade de explodir em caso de queda. Atualmente,

os profissionais carregam uma máscara com válvula de saco (BVM ou saco de Ambu) para ofertar

oxigênio do ar ambiente para a vítima, caso haja necessidade.

226. Como limitações para a execução do programa, o chefe dos pilotos relatou a falta de

gratificação para os pilotos das motolâncias e a falta de convênio médico. O tipo de comunicação

entre o piloto e a central também limita bastante o serviço, pois o piloto tem que parar a moto para

atender ao rádio ou ao telefone celular (o ideal seria fonia integrada com o capacete). O rádio, de

baixa frequência, apresenta problemas de recepção em algumas localidades. Além disso, conforme já

apontado, haveria necessidade de uma motocicleta com as especificações adequadas para o serviço

do Samu.

227. O chefe dos pilotos das motolâncias no DF acrescentou que, em contato com profissionais

de outros Samu no Brasil, em congresso realizado em setembro de 2010, teve informações de que as

motocicletas não estariam funcionando adequadamente em várias localidades, de modo que o DF

estaria em situação bastante avançada. Relatou que no Acre e no Pará, os profissionais não têm

material de proteção individual.

228. Em relação a possíveis repercussões da Resolução Cofen 375/2011 (presença obrigatória

de enfermeiro) no Samu-DF, o Coordenador afirmou que inviabilizaria o serviço de todo o Samu.

Ressaltou que o técnico em enfermagem está sob constante orientação/regulação do médico. De

acordo com o técnico em enfermagem, se o caso apresenta maior gravidade, o piloto da motolância

não intervém na vítima, mas auxilia bastante na segurança da cena.

229. Em auditoria realizada pelo Denasus na Secretaria de Estado de Saúde do Distrito

Federal (SES-DF) - Relatório de Auditoria 9277 MS/SGEP/Denasus -, no período de 9 a 12/12/2009,

foram registradas, entre outras, as seguintes constatações:

a) (64181 e 64187) A SES-DF não apresentou o projeto que implantou as motolâncias na Rede

SAMU-DF, e foi contemplada com 22 motocicletas.

b) (69393) Apesar de estar previsto o recebimento de nove motolâncias, a Coordenação

Regional do SAMU-DF recebeu 22 motocicletas.

c) (64192 e 64200) Das 22 motolâncias cedidas/doadas pelo Ministério da Saúde/CGUE,

dezoito ainda não haviam sido utilizadas na Rede SAMU-DF.

d) (69420) As motolâncias transitam em dupla por falta de espaço nos baús de carga para os

equipamentos e medicamentos (trauma/clínico).

e) (64201 e 69798) A SES-DF não efetivou seguro para as motolâncias recebidas do Ministério

da Saúde/SAS, e a as providências para aquisição de equipamentos de proteção individual ocorreram

sete meses após o recebimento das motolâncias.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

f) (64206) A CGUE/SAS/MS transferiu motolâncias para a Secretaria Estadual de Saúde no

DF, sem os equipamentos previstos na Portaria 2971/08 (art. 4º, § 1º).

g) (64465) A comunicação entre o piloto e a central de regulação é imprópria para os

condutores das motolâncias.

h) (64211) A capacitação de profissionais condutores das motolâncias, realizada pela

Coordenação do SAMU-DF, foi em quantitativo inferior ao necessário.

230. Decorrido mais de um ano do período que o Denasus realizou a auditoria, ainda podem

ser observadas limitações na atuação das motolâncias no Samu-DF.

231. Em relação à quantidade de motocicletas que efetivamente prestam o serviço, a falta de

pessoal prepondera como principal fator limitante. Segundo a Coordenação do Samu-DF, o curso de

capacitação foi ofertado a todos os profissionais interessados. Entretanto, a Coordenação da DF

informou que está sendo negociada, com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, uma gratificação

especial para os servidores que se prontificarem a trabalhar com as motolâncias, como medida para

manter e atrair profissionais (resposta ao Ofício de requisição 6-366/2011).

232. No tocante à demora para o início do funcionamento das motolâncias, consideram-se

razoáveis as justificativas apresentadas: envio súbito das motos ao Samu-DF sem aviso com a devida

antecedência, ocasionando atraso na de adoção de providências necessárias, como os processos de

aquisição de equipamentos de segurança e emplacamento das motocicletas, realização de capacitação

de pilotos.

233. Apesar de a situação do Samu-DF ser relativamente melhor do que a de outras

Coordenações - relembre-se que em 55 de um total de 89 localidades pesquisadas ainda não

iniciaram a operação com as motos -, apenas dez de suas 22 motolâncias recebidas do MS estão em

pleno funcionamento.

234. Segue abaixo a descrição do achado conforme orientação nos manuais do TCU.

3.4.1 Situação encontrada

235. Das 22 motolâncias recebidas pela Coordenação do Samu no Distrito Federal, apenas

dez estão em efetiva utilização. Como houve perda total de uma das motos, e a reserva técnica é

estimada em 20%, tem-se que há seis motos ociosas no DF.

3.4.2 Objetos nos quais foi constatado

236. Ofício de requisição 6-366/2011 (peça 22, p. 2-4); resposta ao Ofício de requisição 6-

366/2011 (papéis de trabalho dos auditores); entrevista com Diretor do Samu-DF - Dr. Rodrigo

Caselli; entrevista com chefe dos pilotos das motolâncias - técnico em enfermagem Marcos Paulo

Braz de Paula.

3.4.3 Critério de auditoria

237. Art. 37 da Constituição de 1988 (princípio da eficiência).

3.4.4 Evidências

238. Ofício de requisição 6-366/2011 (peça 22, p. 2-4); resposta ao Ofício de requisição 6-

366/2011 (papéis de trabalho dos auditores); extratos das entrevistas realizadas com Diretor do Samu

do DF e com chefe da equipe de pilotos das motolâncias (peça 29).

3.4.5 Causas

239. De acordo com as informações coletadas junto à Coordenação do Samu-DF, o principal

motivo para não funcionamento de todas as motos é a falta de servidores interessados em trabalhar

nas motolâncias.

3.4.7 Efeitos reais e potenciais

240. Efeito real: má aplicação de recursos públicos, em virtude de ociosidade de seis motos de

um total de 21 motos disponíveis na Coordenação do Samu no Distrito Federal.

241. Efeito potencial: serviço à população que teoricamente deixou de ser prestado, pois as

motos poderiam estar em funcionamento, e consequentemente, realizando atendimentos de

emergência.

Encaminhamento

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208

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

242. Com relação à Coordenação do Samu-DF, unidade visitada pela equipe no âmbito da

presente auditoria, caberá, quando da proposta de mérito, determinação à Subsecretaria de Atenção à

Saúde do Distrito Federal que apresente plano de ação contendo medidas a serem adotadas pela

Diretoria de Assistência às Urgências e Emergências com objetivo de dar plena utilização a todas as

21 unidades de motolâncias cedidas pelo Ministério da Saúde, acompanhado das respectivas

estimativas de prazos para cumprimento. No caso de avaliar-se que o Samu-DF não tem capacidade

operacional ou interesse em colocar todas as motos para funcionar, que restitua as motos

sobressalentes ao MS para devida redistribuição, conforme exigido pelo termo de doação, respeitada

a reserva técnica.

3.5. Achado 5: Falhas na sequência de ações previstas para possibilitar a operação das motos

243. A questão cinco da matriz de planejamento, última daquelas que investigaram a parte de

planejamento para implementação das motolâncias, indagou se as ações previstas para possibilitar a

operação das motos foi realizada de forma sincronizada.

244. Por meio dessa questão, buscou-se identificar, sobretudo nas licitações previstas para

compra de motos e equipamentos, se havia sincronia nos procedimentos de forma que a motolância

fosse entregue às Coordenações com todos os componentes de responsabilidade do Ministério da

Saúde.

245. No relatório de auditoria do Denasus, conforme constatação 80781 (Anexo 1 do TC

020.478/2010-0, p. 112), já havia sido informado que não foram localizados os equipamentos e

materiais de insumos que deveriam acompanhar as motos, de acordo com especificação do Termo de

Referência.

246. Em resposta (Anexo 1 do TC 020.478/2010-0, p. 182-185), a CGUE lembra que a

Portaria GM/MS 2.971/2008 estabelece os equipamentos mínimos para funcionamento da

motocicleta, e quais desses equipamentos o Ministério da Saúde era responsável pelo fornecimento:

Desfibrilador Externo Automático (DEA), Oxímetro Portátil e Cilindro de Oxigênio. Os demais

materiais, de acordo com o normativo, deveriam ser providenciados pelo gestor local do Samu.

247. Acrescenta a CGUE que os procedimentos administrativos para aquisição das motos e

dos equipamentos ocorreram de forma simultânea, mas em processos separados, o que, ao final,

resultou em descompasso na finalização das aquisições. Entre outros motivos, argumentou-se que se a

compra fosse unificada, poderia ocorrer cerceamento da concorrência, em face da natureza distinta

dos equipamentos a serem adquiridos.

248. A CGUE afirma que durante a tramitação dos processos para compra dos equipamentos,

surgiram problemas que acabaram por frustrar a intenção de que eles estivessem disponíveis ao

tempo da entrega das motos.

249. Em resumo, enumeraram-se os seguintes acontecimentos: cancelamento do Pregão

36/2008 (compra de DEA), por motivo de preço considerado abusivo, o que implicou na necessidade

de elaboração de novo descritivo técnico, novo edital e novo pregão - 147/2008 -, o qual, novamente,

foi cancelado também por motivo de preço considerado abusivo; o DEA foi finalmente adquirido por

meio do Pregão 127/2009, desta vez com preço bem menor do que os dos pregões anteriores. Como as

tentativas anteriores de compra de oxímetros não lograram êxito, somente em abril de 2009, por meio

do Pregão 128/2009, houve a compra de oxímetros, cuja entrega ocorreu entre agosto e setembro de

2010.

250. Já com relação aos cilindros de oxigênio, a CGUE afirma que foram enviados antes

mesmo da distribuição das motocicletas.

251. Conclui a CGUE que:

(...) o Ministério encontrou sim, dificuldade para equipar simultaneamente algumas

motocicletas com suas entregas, porém todos os componentes especificados na Portaria GM/MS 2.971

foram entregues para operacionalização adequada (...). é importante dizer ainda, que muitas

motocicletas, antes mesmo da completa entrega destes equipamentos, estavam em funcionamento com

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209

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

equipamentos já distribuídos anteriormente ou de propriedade dos gestores locais do Samu. (Anexo 1

do TC 020.478/2010-0, p. 184-185).

252. Foi correta a decisão do Ministério da Saúde em adquirir os equipamentos e a

motocicleta em processos de licitação separados.

253. Em que pesem os argumentos de atrasos nos processos licitatórios para compra de

desfibriladores e oxímetros, o fato é que parte relevante das motos ainda não está em funcionamento,

conforme descrito no subtítulo 3.3 acima.

254. Os argumentos elencados pelo Ministério da Saúde justificam a falta de sincronia entre a

entrega das motos e a entrega dos equipamentos. Entretanto, esse fato - o atraso nas licitações para

compras de DEA e oxímetros - não justifica o porquê de ainda hoje grande parte das motos

permaneçam sem funcionamento, uma vez que a maioria delas foi distribuída às Coordenações locais

ainda no ano de 2009.

255. Novamente, defende-se neste relatório que um planejamento melhor elaborado poderia

ter previsto com mais precisão a capacidade operacional das Coordenações locais do Samu. A

distribuição das motos sem levar em consideração a realidade das Coordenações fez com que muitas

delas recebessem o recurso sem que estivessem preparadas para colocá-lo em funcionamento.

256. Nesse sentido, o presente achado, por relacionar-se às deficiência de planejamento já

relatadas no item 1 1acima, não será alvo de nova proposta de encaminhamento, uma vez que já será

sugerida a audiência dos responsáveis para que apresentem suas justificativas relacionadas à

aquisição e distribuição de quatrocentas motolâncias sem a comprovação de planejamento que

demonstrasse a necessidade e viabilidade de implementação do novo componente à frota do Samu.

3.6. Achado 6: Falhas no processo de monitoramento e avaliação do MS

257. O programa mínimo para implantação das motolâncias na rede Samu (peça 27), indica

em seu item catorze:

14) Estatísticas:

Além de serem incluídas nas estatísticas mensais de chamados e ocorrências, enviados pelos

serviços SAMU 192 ao Ministério da Saúde, deverão ser enviadas estatísticas referentes às situações

em que estas foram utilizadas e de acordo com o Anexo III da Port. GM 2971/08, conforme planilha

abaixo:

SAMU 192 de: nº de ocorrências

Situação

a) Acionamento antes da USA

b) Difícil acesso

c) Apoio a USB

d) Apoio a USA

e) Demais situações

Total de ocorrências Motolância

Número de Motolâncias serviço:

258. Por meio do Ofício de Requisição 4-366/2011, foi questionado à CGUE se há

monitoramento realizado pelo MS acerca da utilização das motolâncias pelas coordenações do SAMU

(peça 22, p. 1, item ‘l’).

259. Como resposta àquele ofício, a Coordenação Geral de Urgência e Emergência informou

que ‘Não temos uma avaliação sistêmica dos serviços, estamos iniciando uma avaliação através da

Ouvidoria do MS para ser realizado em 2011 para todos os serviços do SAMU 192;’ (peça 25, p. 1,

item).

260. Na pesquisa realizada no âmbito desta auditoria junto às Coordenações do Samu, foi

indagado em que aspectos houve melhora no atendimento pré-hospitalar de urgência com o

funcionamento das motolâncias (questão 27).

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210

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

261. Coletaram-se 135 respostas de 33 Coordenações nas quais as motolâncias já estavam em

funcionamento (média de aproximadamente 4 respostas por Coordenação). Apresenta-se, a seguir,

gráfico com o resultado da tabulação das respostas para essa questão:

Gráfico 6: melhorias com implantação de motolâncias

1

14

19

22

22

27

30

0 5 10 15 20 25 30 35

OUTROS

AUMENTO DO NÚMERO DE ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIAS, COM

DIMINUIÇÃO DA DEMANDA REPRIMIDA

AUMENTO DA CONFIANÇA DA POPULAÇÃO NO SAMU, DEVIDO AO

ATENDIMENTO MAIS RÁPIDO

MELHORA NA QUALIDADE DO ATENDIMENTO AOS CHAMADOS DE

EMERGÊNCIA

AUXÍLIO NA REGULAÇÃO DOS RECURSOS DO SAMU

MAIOR FACILIDADE PARA CHEGAR A LOCAIS DE DIFÍCIL ACESSO, ONDE AS

AMBULÂNCIAS NÃO CHEGAVAM

MELHORA (DIMINUIÇÃO) DO TEMPO DE RESPOSTA AOS CHAMADOS DE

EMERGÊNCIA

Melhorias percebidas no Samu com implantação de motolâncias

262. Apesar de estar previsto no item catorze do programa mínimo para implantação das

motolâncias que as Coordenações devem enviar estatísticas referentes aos atendimentos, constatou-se

que o MS não realiza avaliação dos serviços, conforme transcrição no item 259 acima, o que

demonstra mais uma vez as dificuldades da CGUE no gerenciamento do programa.

263. Coletaram-se respostas sobre percepções de melhoria no atendimento do Samu em 33

localidades onde as motos já estão em operação. As principais melhorias identificadas na pesquisa

dizem respeito à diminuição no tempo-resposta aos chamados do Samu (opção marcada por trinta

Coordenações, ou 90,91% dos locais onde as motos estão em funcionamento) e melhor acesso a locais

de difícil acesso (27 Coordenações, ou 81,82%).

264. As demais respostas obtidas foram: auxílio na regulação dos recursos do Samu e melhora

na qualidade do atendimento aos chamados de emergência (22 Coordenações cada, ou 66,67%);

aumento da confiança da população no Samu (dezenove Coordenações, ou 57,58%); e diminuição de

demanda reprimida (catorze Coordenações, ou 42,42%). Uma Coordenação lembrou outro motivo:

‘aumento de segurança em deslocamentos do local da ocorrência ao Hospital, com as motos fazendo o

papel de batedores’.

265. Verifica-se, assim, que o trabalho das motolâncias tem importantes reflexos para o

trabalho do Samu, e em última consequência, para a melhora no atendimento à população. Em

entrevista realizada com o Coordenador do Samu no Distrito Federal, foi relatado à equipe de

auditoria que, inicialmente, apesar de não ter sido consultado sobre a doação das motos e não ter

manifestado vontade de trabalhar com o novo veículo, após a sua entrada em operação constatou que

as motolâncias são importante instrumento para a Coordenação e que não poderia mais abrir mão

dele. No mesmo sentido, o chefe da equipe de pilotos das motolâncias informou que há demanda, no

Samu-DF, que justifique a necessidade de mais pilotos e mais motos em operação.

266. Conclui-se que a motolância, quando devidamente em funcionamento, é instrumento que

tem sua utilidade para o Samu, com impactos positivos no trabalho de atendimento à população.

Entretanto, constatou-se que o Ministério da Saúde apresenta nova dificuldade de gerenciamento do

programa, uma vez que não faz avaliação sistemática da utilização das motolâncias, como seria

desejável.

267. Segue abaixo a descrição do presente achado conforme orientação nos manuais do TCU.

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211

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.6.1 Situação encontrada

268. Inexistência de avaliação sistêmica do componente motolância na política de atendimento

a emergências do Ministério da Saúde.

3.6.2 Objetos nos quais foi constatado

269. Ofício de Requisição 4-366/2011 (peça 22, p. 1) e respectiva resposta da CGUE (peça

25).

3.6.3 Critério de auditoria

270. Art. 37 da Constituição Federal de 1988 (princípio da eficiência); programa mínimo para

implantação das motolâncias na rede Samu (peça 27); Portaria GM/MS 1.863/2003, art. 2º, item 5.

3.6.4 Evidências

271. Resposta da CGUE (peça 25) ao Ofício de Requisição 4-366/2011, letras ‘L’ e ‘M’.

3.6.5 Causas

272. De acordo com a resposta da CGUE retromencionada, a avaliação e o monitoramento da

implementação das motolâncias é prejudicado em virtude de quadro de pessoal reduzido.

3.6.6 Efeitos reais e potenciais

273. Efeito real: a falta de monitoração sistemática do componente motolância impede a sua

avaliação e consequentemente em que medida os resultados esperados estão ou não sendo

alcançados.

274. Efeito potencial: sem informações sobre o resultado da implementação das motos, o

Ministério da Saúde pode tomar decisões equivocadas a respeito do componente, como, por exemplo,

adquirir mais unidades, sendo que as que já foram compradas ainda não estão com plena utilização.

3.6.7 Encaminhamento

275. Quando da decisão de mérito do presente processo, deverá ser avaliada a possibilidade

de encaminhamento no sentido de que se dê ciência ao Ministério da Saúde do descumprimento da

legislação no que se refere ao acompanhamento e monitoramentos das ações executadas no âmbito da

política de urgência e emergência (Portaria GM/MS 1.863/2003, art. 2º, item 5).

4. Análises que não resultaram em achados

4.1. Processo licitatório para aquisição das motocicletas e respectivo contrato

276. Neste item serão apresentados os resultados acerca das questões de auditoria

relacionadas à licitação para compra das quatrocentas motos (Pregão Eletrônico SRP 212/2007 do

MS) e o contrato firmado com a empresa vencedora do certame.

4.1.1. Definição do objeto da licitação

277. Com a questão seis da matriz de planejamento, buscou-se verificar se o objeto do pregão

212/2007 (motolâncias) havia sido definido adequadamente e sem caracterizações excessivas de

forma a propiciar algum tipo de direcionamento da licitação.

278. A compra das quatrocentas motocicletas ocorreu sob o Pregão Eletrônico 212/2007,

mediante Sistema de Registro de Preços. Constatou-se, na ata do referido pregão (peça 19, p. 96) que

participaram da disputa oito empresas diferentes, que ofertaram lances via sistema eletrônico.

279. Verificou-se que o fato de caracterização excessiva chegou a ser suscitado, mediante duas

impugnações ao edital apresentadas pela empresa licitante ‘Freedom Motors Ltda.’, as quais

alegaram especificações que restringiam sua participação no certame. Entretanto, tais indícios não se

confirmaram, pelos motivos que se apresentam abaixo.

280. Em sua primeira impugnação (peça 18, p. 122-125), a empresa afirma que determinadas

especificações do edital direcionariam o objeto para a fabricante Yamaha, e impediriam a

participação da marca Honda. As especificações que representariam caracterizações excessivas, na

opinião da impugnante, por não possibilitarem que ela concorresse com o modelo de motocicleta

‘Tornado’ foram os seguintes: exigência de freios dianteiro e traseiro a disco (a ‘Tornado’ tem freio a

disco dianteiro, mas o freio traseiro é a tambor), e exigências de componentes do painel da

motocicleta que seriam diferentes na ‘Tornado’, mas que desempenhariam as mesmas funções.

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212

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

281. O certame foi então suspenso para avaliação da impugnação do edital apresentada ao

MS. Parte das argumentações relacionadas às especificações do painel foram acatadas pelo MS e

alteradas na nova publicação do edital. A questão relativa ao freio a disco foi submetida à análise do

Laboratório de Ar-Condicionado e Refrigeração, do Departamento de Engenharia Mecânica da

Universidade de Brasília (LaAR), o qual, por meio de parecer técnico (peça 18, p. 145-149),

considerou improcedentes as alegações do impugnante. Alega-se, no referido parecer, que o

desempenho da frenagem de sistemas a disco é superior àqueles de sistemas a tambor. Conclui o

técnico da UnB: ‘Entendemos assim que a exigência de freio a disco na roda dianteira deve ser

mantida em beneficio da segurança dos funcionários da SVS’ (peça 18, p. 148), posição acatada e

mantida na nova publicação do edital.

282. Em data posterior, a licitante Freedom Motors Ltda. apresentou nova impugnação

administrativa, argumentando que o edital havia sido republicado com os mesmos vícios, sem que

tenha havido resposta à sua impugnação inicial.

283. Por sua vez, o Ministério da Saúde afirma que a resposta à primeira impugnação foi

encaminhada por meio do Parecer Técnico 47, de 30/1/2007, e que o novo descritivo técnico do edital

considera parte das argumentações trazidas pela Freedom Motors. Assevera o MS que considerou a

questão dos freios a disco superada, tendo em vista o parecer técnico da UnB já mencionado. Finaliza

negando provimento ao novo recurso.

284. Não foram encontrados indícios que apontassem direcionamento na licitação em análise.

Diante das modificações procedidas no edital e das justificativas apresentadas pelo MS com relação

ao que não foi acatado, não se considera que houve indícios de caracterização excessiva no objeto do

edital que poderia implicar em direcionamento.

285. Outra questão que se relaciona estreitamente com a parte de planejamento para

concepção das motolâncias como novo componente para o Samu diz respeito às inadequações das

especificações das motos, conforme avaliação dos pilotos do Samu-DF. Na opinião dos pilotos das

motolâncias do Samu-DF, as especificações das motocicletas não são condizentes com o tipo de

trabalho que devem desempenhar.

286. O chefe dos pilotos das motolâncias do Samu-DF já havia elaborado uma lista com os

principais problemas das motocicletas para a Coordenação do DF, previamente à visita desta

auditoria, por meio do Memorando 12/2010-GMAU/SAMU/SAS/SES, de 15/3/2011, em que são

apontados: falta de estabilidade; sistema de freio inadequado, com superaquecimento e frenagem

lenta; alto custo de manutenção (peças caras, e motos quebram com muita frequência); sistema

elétrico inadequado; potência do motor baixa e não adequada para o serviço; sistema de embreagem

ruim, com vida útil baixa; alto consumo de combustível; fixação do baú inadequada; suspensão

traseira frágil; e baixo volume de carga.

287. Entretanto, as respostas coletadas por meio dos questionários enviados às Coordenações

de Samu em todo o País mostram informações divergentes daquelas verificadas junto ao Samu do

Distrito Federal. Com efeito, por meio da pesquisa, detectou-se que a grande maioria das

Coordenações em que a motolância está em operação considera adequado o modelo de motocicleta

escolhido, de acordo com os critérios questionados. Os itens considerados mais problemáticos dizem

respeito à frenagem e ao equilíbrio da motocicleta (23,53% das 34 localidades que estão operando

com a moto consideraram que esses itens não são adequados), conforme gráfico abaixo:

Gráfico 7: avaliação das Coordenações do Samu sobre adequação do tipo de moto

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2630

2832

2926

84

62

58

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Frenagem Potência Segurança Autonomia Resistência Equilíbrio

Adequação das especificações da moto

Não

Sim

288. Portanto, apesar de o Ministério da Saúde não ter apresentado estudos para definição

dos critérios técnicos para as motolâncias, e a despeito das críticas ao modelo da motocicleta

verificadas junto ao Samu-DF, não há elementos suficientes para caracterizar uma inadequada

especificação da motocicleta como achado de auditoria. Fica, entretanto, o registro para o caso de

serem realizadas novas auditorias nos outros estados do País sobre o assunto: a especificação da

moto deve fazer parte do escopo.

4.1.2. Inadequação do orçamento

289. Por meio da questão sete da matriz de planejamento, procurou-se avaliar a adequação do

orçamento, de forma a se identificar possíveis indícios de sobrepreço nos valores contratados.

290. Inicialmente, identificou-se que o valor unitário da motocicleta na tabela da Fundação

Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), tendo como referência o mês de novembro de 2007, época

da contratação, era de R$ 11.208,00, enquanto que o valor obtido pelo Ministério da Saúde na

licitação foi de R$ 15.080,00 (34,54% superior).

291. Entretanto, cumpre registrar que o valor contratado pelo Ministério da Saúde incluíam as

seguintes adaptações/equipamentos necessárias às motolâncias, conforme termo de referência do

edital do Pregão Eletrônico SPR 212/2007 à p. 198 da peça 18 (processo 25000-200718-2007-18-

vol1): sinalizador sonoro; sinalizadores do tipo patrulheiro (led), nas partes dianteira e traseira da

moto; protetor de motor; antena protetora contra linhas de pipas; padrão de identidade visual

definida pelo MS; e um bagageiro com capacidade para 29 litros.

292. Verifica-se, assim, que não há possibilidade de se compararem os valores unitários das

motocicletas adquiridas pelo Ministério da Saúde tão somente com os valores da tabela Fipe, uma vez

que as adaptações e equipamentos necessários às motolâncias implicam custos adicionais.

293. Para aquisição da mesma motocicleta adquirida pelo Ministério da Saúde, o Ministério

da Justiça realizou o Pregão Eletrônico 65/2010, para registro de preços de 1500 unidades, da

Yamaha Lander Z250, ao valor unitário de R$ 17.970,00. A diferença entre esse e o valor da tabela

Fipe, R$ 11.735,00, tendo como referência o mês dessa licitação, é ainda maior do aquele verificado

no Pregão Eletrônico SRP 212/2007 do Ministério da Saúde.

294. No edital Pregão Eletrônico 65/2010 do Ministério da Justiça, as especificações técnicas

são semelhantes às do edital do Pregão Eletrônico SRP 212/2007 do Ministério da Saúde, pois exigem

diversas adaptações/equipamentos, tais como: sistema de sinalização visual composto por mini

sinalizadores com no mínimo três leds, selado ou vedado contra água, nas cores rubi e cristal, dotado

de lentes difusoras em plástico de engenharia com resistência automotiva e alta visibilidade,

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214

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sincronizados face a face, alimentados nominalmente com tensão de 12 a 14,7 Vcc; sinalizadores

patrulheiros dianteiro, traseiro e lateral; sirene eletrônica; amplificador; padrão visual definido pelo

MJ, entre outras.

295. A despeito de o valor unitário das motocicletas adquiridas nessas duas licitações serem

de fato superior às da tabela da Fipe, verifica-se que há necessidade de se levar em consideração as

adaptações exigidas pela Administração. Realizada comparação com licitação semelhante do

Ministério da Justiça, constata-se que não há indícios de sobrepreço nos valores desembolsados pelo

Ministério da Saúde em decorrência do Pregão Eletrônico SRP 212/2007, razão pela qual não serão

necessárias propostas de encaminhamentos.

4.1.3. Inter-relação entre responsáveis da licitação e empresas licitantes

296. Para verificar se participaram da licitação empresas que pertenciam a pessoas com

interesses comuns, frustrando o caráter competitivo do certame, foi realizada pesquisa dos

responsáveis do Ministério da Saúde e dos sócios das empresas licitantes, incluindo a empresa

vencedora do certame, conforme questão oito da matriz de planejamento.

297. Consultados os registros dos sistemas CPF e CNPJ, não foram observados indícios de

relação de parentesco ou de participação societária entre os responsáveis pelo certame e as empresas

licitantes.

4.2. Contrato 10070/2008 do Ministério da Saúde

298. A questão de auditoria nove teve por objetivo analisar questões relativas ao Contrato

10070/2008, em especial, a existência de todas as cláusulas essenciais, a definição com precisão do

objeto conforme licitado e o prazo de duração.

299. A análise do edital indica que estão presentes as cláusulas necessárias previstas no art.

55 da Lei 8.666/93. O prazo de vigência, definido na cláusula sexta do contrato como sessenta dias,

tampouco contraria o art. 57 da Lei de Licitações.

300. Todavia, cumpre registrar questão afeta ao contrato identificada pelo Denasus. Conforme

apontado na constatação 80770 do Relatório 8796 do Denasus, apesar de estabelecido na cláusula

quarta da ata de registro de preços, que a entrega das motocicletas seria nos respectivos Núcleos

Estaduais de Saúde das 26 unidades federadas, as motolâncias foram entregues pela

CGUE/DAE/SAS/MS no pátio da contratante (transformadora Rontam Eletrometalúrgica Ltda.), na

cidade de Tatuí, no estado de São Paulo.

301. A proposta apresentada pela vencedora do certame também identifica que o local de

entrega seria em cada núcleo estadual de saúde.

302. Entretanto, por meio do Memorando CGUE/DAE/SAS 271 (peça 18, p. 117 - processo

250000.109185/2008-11), o Sr. Emival, na qualidade de Coordenador Geral Substituto da

CGUE/DAE/SAS/MS, solicita ao Diretor DAE/SAS/MS, Dr. Alberto Beltrame, a alteração da cláusula

quarta da ata de registro de preços, uma vez que os núcleos estaduais de saúde não teriam a estrutura

física necessária (grande área de acomodação) para receber os veículos. As motocicletas deveriam

ficar à disposição do Ministério da Saúde no pátio da licitante vencedora, para liberação conforme

cronograma a ser entregue pela CGUE.

303. Não foi localizado no processo SIPAR 250000.109185/2008-11, referente ao Contrato

10070/2008, solicitação para que a empresa vencedora do Pregão 212/2007, ajustasse o valor da

proposta, diminuindo o valor do frete. No entanto, consta documento dessa empresa (Yamaha Motor

da Amazônia Ltda.), informando que concorda com a entrega dos veículos no pátio da

transformadora, localizada Rodovia 127-SP, Km 114,5, Tatuí/SP, e que na formação do preço não

teria composição do valor do frete, restando o preço do veículo sem alteração (peça 18, p. 128).

304. A Secretaria de Atenção à Saúde apresentou os seguintes esclarecimentos (anexo 1 do TC

020.478/2010-0, ):

O Termo de Referência e o Descritivo Técnico que embasaram, do ponto de vista técnico, a

elaboração do Edital foram escritos e apresentados pela SAS. Nenhum destes documentos faz menção

ao local de entrega das motocicletas que seriam adquiridas.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Já o Edital do Pregão Eletrônico/SRP 212/2007, elaborado no âmbito da então

CGRL/SAA/SE/MS, previu, como em muitos editais de compra centralizada pelo Ministério, a entrega

das motocicletas nos Núcleos Estaduais de Saúde das 26 unidades federadas. Tal previsão de entrega

foi, portanto, diferente do usual nas compras do SAMU - de ambulâncias, por exemplo, cuja entrega

prevista em todos os Editais têm sido na própria montadora.

Diante do processo de efetiva distribuição das motos e, mais do que isso, do complexo e

necessariamente negociado processo de implantação deste novo veículo na frota do SAMU - com

retardo nas adesões e nas apresentações de projetos de implantação pelos gestores locais (como

abordado no Esclarecimento das Constatações 80747, 80749, 80750 e 80778 abaixo), a imediata e

direta entrega das motos nos Núcleos Estaduais de Saúde revelou-se inadequada. Os Núcleos, como

se sabe, não têm infraestrutura adequada para a guarda deste quantitativo de motos, especialmente se

considerarmos que sua entrega efetiva nos locais finais de destino não seria automática e sim

dependente de um longo processo de implantação, como de fato se deu - assim, a não entrega

imediata nos Núcleos e sua permanência temporária na montadora até sua distribuição final teve

também como objetivo preservar o patrimônio público, aguardando liberação para um local

adequado.

Em função disso, o Memorando CGUE/DAE/SAS 271 de 6 de agosto de 2008, citado na

Evidência da presente Constatação, teve o único objetivo de, observada a realidade fática da

impropriedade de os Núcleos receberem direta e automaticamente as motos, solicitar à

CGRL/SAA/SE/MS que adotasse as providências necessárias para que as mesmas, até que fossem

liberadas de acordo com solicitação da CGUE/DAE/SAS/MS e de acordo com ‘Cronograma de

Entrega’, ficassem à disposição do Ministério da Saúde na licitante ou implementadora/adaptadora

que o contratado indicasse.

Tal solicitação, em nenhum momento, teve a intenção - com dolo, má-fé ou de gerar vantagem

adicional ao licitante, de desonerá-lo de qualquer outra obrigação gerada pelo Edital ou Proposta -

notadamente a de providenciar o frete entre a montadora e os Núcleos Estaduais.

A SAS não mencionou a questão do frete e tampouco tomou conhecimento, à época, da

consulta feita pela CGRL à empresa e sua resposta por meio do Ofício de 18 de agosto de 2008.

Grifou-se.

305. No Contrato 10070/2008, ficou estabelecido, no parágrafo primeiro de sua cláusula

quinta, que ‘o objeto deste contrato ficará à disposição do Ministério da Saúde, no pátio da

contratada e sua liberação se daria por solicitação advinda da CGUE/DAE/SAS/MS, conforme

cronograma de entrega a ser encaminhado’.

306. Ao final dos esclarecimentos, a CGUE sugere que o próprio Denasus, no exercício de

suas competências regimentais, quantifique os valores referentes ao frete para que a área competente

da Secretaria Executiva tome as providências administrativas e/ou judiciais para o ressarcimento pela

contratada dos gastos efetuados pelos gestores locais do Samu com este transporte.

307. Verifica-se que os preços ofertados pelas empresas licitantes, no momento da licitação,

incluíam, necessariamente, o valor de frete, uma vez estava estabelecido na cláusula quarta da ata de

registro de preços que a entrega das motocicletas deveria ser efetuada nos respectivos Núcleos

Estaduais de Saúde das 26 unidades federadas.

308. Diante da necessidade do Ministério da Saúde de que as motos ficassem à sua disposição

no pátio da transformadora, na cidade de Tatuí (SP), e não mais fossem entregues nas secretarias

locais de saúde, como previsto inicialmente, cabe analisar as implicações da modificação do que já

havia sido definido anteriormente.

309. Em um primeiro momento, constata-se que houve percepção, por parte da empresa

contratada, de valores que não eram, inicialmente, devidos pela Administração, uma vez que ela

deixou de arcar com custos de frete. Entretanto, como o contrato assinado previu que as motos

deveriam ficar à disposição do Ministério no pátio da montadora, e não mais serem entregues nos

núcleos de saúde estaduais, a empresa poderia reclamar cobrança de aluguel durante o tempo de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

guarda das motos, ou pelo menos solicitar a diferença entre os valores de frete e de aluguel, caso este

fosse maior, o que não aconteceu.

310. Desse modo, seria legítimo à empresa vencedora do certame que, diante de modificação

contratual solicitada pelo Ministério da Saúde, os custos inicialmente previstos para a parte do frete

das motocicletas fossem substituídos pelos custos de armazenamento.

311. Nesse sentido, afastam-se os indícios de prejuízo ao erário, uma vez que o custo referente

ao frete foi substituído pelos custos de armazenamento das motocicletas. Cumpre salientar ainda que

muitas das motos permaneceram à disposição do Ministério da Saúde por período superior a doze

meses.

312. Portanto, determinações ao Ministério da Saúde no sentido de que tente reaver, junto à

empresa, valores referentes ao frete das motos, que não foram arcados pela empresa contratada,

restariam inócuos. Primeiro, pelo simples fato de que o contrato assinado previa não mais a entrega

das motos nos estados, e sim a sua disponibilização no pátio da montadora, a pedido da própria

administração, sem qualquer alteração de preço. Segundo, porque, apesar de não ter arcado com

custos de frete, a empresa certamente arcou com custos de armazenamento das motos.

313. Resta, assim, mais uma vez evidenciada a precariedade no planejamento das ações da

CGUE para implementação do componente motolância à frota do Samu. Conforme relatado pela

própria CGUE, o processo de distribuição das motos não foi prejudicado exclusivamente pela falta de

sincronia nas licitações para compra de motos e de equipamentos de responsabilidade do Ministério

da Saúde (desfibriladores, oxímetros e cilindros de oxigênio), mas também pelo retardo nas adesões e

apresentações de projetos de implantação pelos gestores locais, fator que poderia ter sido facilmente

identificado em fase ainda inicial do projeto.

314. Veja-se que por meio de simples questionário enviado às coordenações locais do Samu,

esta auditoria identificou que 30,6% (27 coordenações de um total de 88 consultadas) não foram

sequer consultadas sobre eventual interesse em receber as motolâncias. No mesmo sentido, 40,2% dos

que responderam à pesquisa (35 coordenações) afirmaram que não tinham condições adequadas para

receber o veículo e colocá-lo em funcionamento de forma apropriada.

315. A alteração no local de entrega das motos, portanto, é mais um dos elementos que

comprovam falhas de planejamento para implementação das motolâncias no Samu.

4.3. Pagamento de frete de 51 motolâncias pelo MS para solenidade em Brasília

316. Nas constatações 80822 e 80763 do Relatório 8796 do Denasus, foi apontada despesa

realizada pelo Ministério da Saúde para o transporte de 51 motolâncias de São Paulo à Brasília no

valor de R$ 51.000,00 (valor unitário do frete de R$ 1.000,00), com indicativos de superfaturamento

se comparados com o transporte de 200 motolâncias ao preço unitário de R$ 430,00, informado no

Processo 25000.202273/2008-83.

317. A CGUE, por sua vez, esclareceu o seguinte:

Ora, a constatação de ‘indicativos de superfaturamento’ foi construída pelos Auditores com

base no comparativo com o transporte de 200 motocicletas ao preço unitário de R$ 430,00 (...),

informado no processo 25.000.202273/2008-83. Tal transporte jamais foi executado e jamais foi pago.

Basta verificar às folhas 11 deste já citado processo, o despacho datado de 06/04/2009 que o remete

para arquivamento uma vez que o serviço fora ‘executado conforme solicitado no Memo 882/2008-

COSUP/DIRPA e RT n° 612/2008’.

(... )

O serviço foi faturado com um valor total de R$ 10.785,64 (... ) e pago um valor total de R$

10.154,68 (...), conforme Autorizações para Transportes, Notas Fiscal, Documento de Cobrança, Nota

Despacho, Autorização de Pagamento (às folhas 12 do processo - SIPAR 25000.055053/2002-69 -

Anexo VI) e Ordem Bancária em favor do contratado constantes dos autos.

Quanto à Nota Fiscal de Serviços Fatura 25247, de 16 de dezembro de 2008, encontrada no

Processo 25000.529135/2009-20 (... ) fora Cancelada na própria empresa - cópia constante do

ANEXO VII.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Resta por fim, esclarecer, mais uma vez, que as despesas com o transporte das motocicletas de

São Paulo à Brasília foram pagas de acordo com a Nota Fiscal 25643, SIPAR 25000.496539/2009-20,

no valor de R$ 10.785,64 e, com os devidos descontos pagos o total de R$ 10.154,68, conforme já

referido acima. (Anexo 1 do TC 020.478/2010-0, fls. 190-192).

318. Diante dos esclarecimentos apresentados, verifica-se que a CGUE logrou afastar os

indícios de irregularidade encontrados pelo Denasus. Foi apresentada a cópia da Nota Fiscal

cancelada (Anexo 1, Volume 1, do TC 020.478/2010-0, fl. 259), cujo valor estaria superfaturado, bem

como cópia da Nota Fiscal 25643, que apresenta valor total de R$ 10.785,64, conforme Anexo 1 do

TC 020.478/2010-0, fl. 244, utilizada para pagar a despesa referente ao frete das 51 motolâncias.

Diante do exposto, não serão propostos encaminhamentos com relação à questão.

4.4. Critérios utilizados para distribuição das motolâncias não foram obedecidos em razão da

falta de compatibilização com as necessidades dos estados

319. Ainda no que diz respeito à fase de planejamento para implementação das motolâncias

como novo componente do Samu, procurou-se, por meio da questão três da matriz de planejamento,

conhecer os critérios utilizados pelo MS para estabelecer o quantitativo de motos a ser adquirido, bem

como os critérios para sua distribuição junto às Coordenações locais.

320. Conforme art. 1º, §1º, da Portaria GM/MS 2.971/2008, que institui a motolância como

integrante da frota do Samu e define critérios técnicos para sua utilização, o quantitativo de

motocicletas a ser distribuído acompanhará, preferencialmente, o número de ambulâncias habilitadas

em cada serviço, na proporção de uma motocicleta para cada Unidade de Suporte Avançado e uma a

cada duas Unidades de Suporte Básico.

321. As ambulâncias - USA e USB -, por sua vez, têm sua distribuição definida por meio de

critério populacional, conforme art. 3º, §3º da Portaria GM/MS 1.864/2003, que institui o componente

pré-hospitalar móvel da Política Nacional de Atenção às Urgências, na proporção de uma Unidade de

Suporte Avançado para cada quatrocentos mil habitantes e uma Unidade de Suporte Básico para cada

150 mil habitantes.

322. Portanto, ao definir que o quantitativo de motocicletas a ser distribuído deveria

acompanhar, preferencialmente, o número de USA e USB, o Ministério da Saúde determinou que as

motolâncias também seriam distribuídas conforme critério populacional.

323. Entretanto, esse critério não foi integralmente seguido devido à recusa de alguns estados

em receberem as motolâncias, como foi o caso de Santa Catarina e Rondônia. Assim, foi necessária

uma readequação, de acordo com a disposição dos estados/municípios em receberem o recurso e

proporcionar a devida utilização.

324. Os relatórios do Denasus indicaram como constatação não conforme o recebimento, por

parte de algumas Coordenações do Samu, de quantitativo de motos divergente daquele estabelecido

pelo Ministério da Saúde (constatações 80747, 80749, 80750, 80853 e 80778, contidas no relatório de

auditoria 8796 - fls. 100-159 do Anexo 1 do TC 020.478/2010-0).

325. Em resposta à constatação do Denasus, a CGUE justifica que no momento de distribuição

das motolâncias, muitos gestores retardaram a adesão, a apresentação do projeto e as demais

providências que lhe eram cabíveis. Assim, afirma a CGUE que:

a não distribuição de motos para algumas coordenações inicialmente previstas, ou a

distribuição em quantitativo inferior ou superior (...) ocorreram em função da realidade de cada

coordenação, a apresentação de projetos e a disposição de implantação real de implantar os veículos.

(Anexo 1 do TC 020.478/2010-0, fl. 188).

326. Nas considerações que antecedem a Portaria GM/MS 2.971/2008, foi apontada ‘a

dificuldade de tráfego nos grandes centros urbanos, bem como territórios de difícil acesso para os

veículos que predominam na frota atual (ambulâncias)’.

327. Entretanto, o critério de distribuição das motolâncias utilizado apoia-se somente no

quantitativo populacional (uma vez que segue o critério de distribuição das ambulâncias

convencionais). Não foi constatado, nesta auditoria, nenhum tipo de estudo com relação a quais

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

cidades ou regiões metropolitanas apresentariam maiores problemas com tráfego ou grau de

congestionamento.

328. Ainda que tal estudo fosse desejável para um adequado dimensionamento de quantidade

de motos e da sua respectiva distribuição, o fato não será tratado como achado de auditoria, uma vez

que se supõe, quanto maior a população de uma região, maiores os problemas com relação ao

trânsito.

329. Também com relação à distribuição das motolâncias, verifica-se que não há indícios de

irregularidade, uma vez que a Portaria GM/MS 2.971/2008 estabelece que os critérios de distribuição

estabelecidos devem ser seguidos preferencialmente (ou seja, não há obrigatoriedade) na proporção

de USA e USB habilitadas. Além disso, dado que determinadas secretarias de saúde se recusaram a

receber as motos (a exemplo de Santa Catarina), houve necessidade de realocação de parte das

motos, e a distribuição passou a ser realizada de acordo com o interesse e capacidade operacional

para colocar as motocicletas em funcionamento.

4.5. Recursos transferidos para o Samu-DF na modalidade fundo a fundo aplicados no

mercado financeiro

330. Por meio da questão de auditoria sete, buscou-se verificar se os recursos transferidos

para o Samu-DF (que inclui os recursos para as motolâncias) estão sendo executados ou se

encontram aplicados no mercado financeiro.

331. De acordo com o art. 3º da Portaria GM/MS 2.971/2008, compete ao Ministério da

Saúde, por intermédio do Fundo Nacional de Saúde, realizar repasses, regulares e automáticos, de

recursos aos fundos de saúde, para manutenção das equipes de motolâncias efetivamente implantadas

(habilitadas), segundo o parâmetro de R$ 7.000,00 por mês por unidade de motocicleta.

332. Por meio da Portaria GM/MS 2.848, de 20/9/2010, o Distrito Federal foi habilitado a

receber o incentivo de custeio destinado a nove motolâncias do SAMU DF, totalizando R$ 63.000,00

mensais. Entretanto, esses recursos para o custeio das motolâncias são repassados em conjunto com

os recursos destinados ao custeio do SAMU DF com um todo. Por meio da Portaria GM/MS

1.589/2005, que habilitou o SAMU DF, eram repassados R$ 586.500,00 mensais até março de 2010

(regime de caixa). A Portaria GM/MS 3.142/2009 redefiniu o limite financeiro anual dos recursos

destinados ao custeio da central do SAMU DF, e, finalmente, com a já citada Portaria GM/MS

2.848/2010, o DF passou a receber R$ 739.500,00 para o seu SAMU, incluindo os recursos para as

motolâncias.

333. Até março de 2011, esses recursos do SAMU eram destinados à conta corrente 61.352, da

agência 1607, do Banco do Brasil, de titularidade do Fundo de Saúde do DF. Os recursos

correspondentes à fonte do SAMU (138003481) eram transferidos, posteriormente, para uma conta

específica do SAMU no Banco de Brasília (BRB 070), de número 00568-4, da agência 00262. A partir

de abril de 2011, houve mudança do CNPJ do Fundo de Saúde do Distrito Federal para matriz

(12.116.247/0001-57), já que, anteriormente, o CNPJ utilizado era de filial (00.394.700/0002-99) da

Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Deve ser ressaltado que, no aspecto financeiro, o Fundo de

Saúde do DF sempre foi o titular das contas. A execução dos recursos do SAMU-DF é realizada na

conta do BRB.

334. A partir dos extratos da conta corrente do Samu (número 2120104314) no Banco

Regional de Brasília, constatou-se saldo de R$ 20.089.797,75 no dia 3/3/2011. No que se refere aos

recursos repassados ao Fundo de Saúde do DF com destino à estratégia do Samu, portanto, confirma-

se a constatação do Denasus de quantia relevante de recursos acumulados. Ressalte-se que esse saldo

de pouco mais de vinte milhões diz respeito ao recurso fundo a fundo repassado para toda a estratégia

do Samu-DF, e não somente aos valores repassados em razão das motolâncias habilitadas naquela

Coordenação.

335. De acordo com o detalhamento da despesa do Programa de Trabalho

10.302.0400.2060.0002 - Atendimento médico pré-hospitalar móvel de urgência (Samu), havia

previsão de contrapartida do DF no montante de R$ 6.906.700,00 (R$ 2.290.000,00 para material de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

consumo, R$ 4.000.000,00 para contratação de pessoa jurídica, e R$ 616.700,00 para material

permanente), mas foram empenhados R$ 2.292.952,76 dessa previsão, e liquidados apenas R$

1.673.798,85 dos recursos próprios do DF para o Samu. Os gastos com pessoal não são especificados

no programa de trabalho do Samu.

Tabela 7: detalhamento da despesa - Programa de Trabalho ‘Samu’

Esfera Fonte Lei Empenhado Liquidado

339014 138 (MS) 0,00 1.121,26 1.121,26

339030 (material de consumo) 100 (GDF) 2.290.000,00 836.735.61 599.347,31

339030 138 2.200.000,00 3.365.530,22 2.614.271,85

339030 338

(superávit) 0,00 1.143.891,55 1.088.485,30

339039 (contratação de serviços

de PJ) 100 4.000.000,00 1.451.117,30 1.069.351,69

339039 138 3.300.000,00 1.597.298,60 525.837,58

339039 338 0,00 1.200,00 1.200,00

449052 (material permanente) 100 616.700,00 5.099,85 5.099,85

449052 138 2.124.500,00 453.583.50 132.278,50

449052 338 0,00 1.569.750,00 1.569.750,00

14.531.200,0

0 10.389.417,89 7.606.746,34

Fonte: Demonstrativo de Despesas do Fundo de Saúde do DF (peça 31)

336. Como os recursos das nove motolâncias habilitadas pelo Samu-DF junto ao Ministério da

saúde imiscuem-se aos outros recursos recebidos na sua conta, recebidos na modalidade fundo a

fundo, não foi possível detectar o nível de utilização do repasse mensal de R$ 7.000,00 por cada moto.

337. Foi possível somente verificar que há saldo de pouco mais de vinte milhões de reais na

conta do Samu-DF, caracterizando não execução de recursos destinados ao programa de urgência e

emergência.

338. Por meio do Ofício de Requisição 6-366/2011, foram solicitadas ao Samu-DF

justificativas para a não execução de recursos financeiros repassados pelo Fundo Nacional de Saúde

do Ministério da Saúde para a manutenção do Samu-DF, gerando rendimentos em aplicação

financeira.

339. Como resposta, o Samu-DF limitou-se tão somente a listar a ‘Morosidade nos processos

de licitação dentro da Secretaria de Saúde do DF e Central de Compras do GDF’.

340. Por não fazer parte do escopo da presente auditoria, a não execução de recursos

destinado ao Samu-DF, comprovada pelos saldos em conta detectados, não será tratado como achado

de auditoria. Registra-se, entretanto, a informação no presente relatório, para que sirva como

subsídio aos trabalhos de planejamento de fiscalizações da 4ª Secretaria de Controle Externo deste

Tribunal.

341. Apesar de existirem cerca de 20 milhões em aplicação financeira, não foi possível afirmar

a existência de baixa execução orçamentária no componente motolância, uma vez que existem motos

em funcionamento. Entretanto, a execução orçamentária e financeira de toda a estratégia do SAMU é

realizada no mesmo programa governamental e o componente das ambulâncias não foi objeto de

avaliação desta auditoria. Por isso não foi possível propor encaminhamento relacionado ao fato.

5. Conclusão

342. A presente auditoria teve por objetivo verificar a legalidade e a legitimidade da

concepção e da operacionalização do componente Motolâncias no Samu, bem como da aquisição das

motocicletas, realizada pelo Ministério da Saúde, e a sua posterior distribuição às Coordenações

locais dos serviços de atendimento móvel de urgência.

343. Os resultados da auditoria apontaram impropriedades no processo de aquisição das

motocicletas, deficiência na fase de planejamento do componente motolâncias dentro da política de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

urgência e emergência, o que resultou em reduzido número de ambulâncias atualmente em

funcionamento nos estados e municípios contemplados.

344. Por meio de pesquisa realizada junto as Coordenações do Samu, verificou-se que, de um

total de 288 motolâncias, 177 (61,46%) ainda não estão em funcionamento, mesmo decorrido vários

meses - na maioria dos casos, mais de um ano - desde a distribuição do equipamento. Em que pese

haver alguma responsabilidade por parte de gestores locais, atribuiu-se às falhas de planejamento o

principal motivo pela baixa taxa de sucesso do programa e pela caracterização de aplicação

ineficiente de recursos públicos na área de saúde.

345. A despeito da natural tendência descentralizadora das ações de saúde, verificou-se que

foi estratégia açodada do Ministério da Saúde a aquisição das motolâncias e posterior distribuição às

Coordenações do Samu sem maiores preocupações com a real capacidade operacional das

secretarias de saúde locais.

346. Junto à CGUE, foi constatada inexistência de registros de estudos de planejamento que

propiciassem uma contratação mais efetiva à Administração. A falta de conhecimento da capacidade

operacional das Coordenações locais do Samu deveria ter sido identificada antes da compra das

motocicletas. Comprovou-se que a ação pautou-se mais pelo método de tentativa e erro do que em

critérios técnicos bem fundamentados.

347. Inicialmente, a ação previa a aquisição de 1800 motocicletas, o que acarretaria

dispêndios estimados da ordem de R$ 27 milhões para compra das motos e repasses anuais de R$

120,96 milhões, em caráter permanente, para cobrir custos de manutenção. Exigir-se-ia, ainda, um

contingente de nove mil profissionais para assumir aquele número de motolâncias, de acordo com a

proporção definida pelo Ministério da Saúde de cinco profissionais por moto.

348. Diante de números tão contundentes, é de se imaginar que a ação se pautasse por

meticuloso processo de planejamento, com vistas a aumentar as chances de sucesso do programa.

Entretanto, tal planejamento não foi constatado na presente auditoria. Não houve adequado

planejamento para a implantação do componente motolância como opção de veículo na frota nacional

do Samu.

349. Será sugerida, na proposta de encaminhamento, a audiência dos responsáveis para que

apresentem as razões de justificativa para os fatos apontados nessa auditoria (ausência de

planejamento que acarretou compra de equipamentos que não estão sendo utilizados).

350. Quando da análise de mérito do presente processo, deverá ser analisada a possibilidade

de serem exaradas as seguintes propostas de encaminhamento:

350.1 Determinar à Coordenação Geral de Urgência e Emergência do Ministério da Saúde

(CGUE/DAE/SAS/MS), com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do Tribunal de Contas

da União, que encaminhe a este Tribunal, em prazo razoável a ser definido, plano de ação contendo

medidas a serem tomadas junto às secretarias locais de saúde e suas respectivas Coordenações do

Samu de forma a aumentar a efetiva utilização das motolâncias distribuídas, contendo estimativas de

prazos a serem cumpridas (itens 153 a 193).

350.2 Determinar ao Ministério da Saúde que faça valer as cláusulas segunda e quarta do

termo de doação das motos, de sorte que municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido

restituam a motolância para redistribuição a municípios que tenham capacidade operacional para

colocá-las em funcionamento (itens 176 a 179).

350.3 Recomendar que o encargo previsto nos termos de doação (utilização do equipamento

doado para ações de atendimento de emergência da Coordenação do Samu donatária) esteja sujeito a

prazo razoável, definido pelo Ministério da Saúde, para seu cumprimento (itens 176 a 179).

350.4 Cientificar o MS que a compra de material e a implementação de novos componentes

nas políticas públicas de saúde devem ser devidamente fundamentadas em rigorosa fase de

planejamento, em que deve ser considerada, entre, outros, a capacidade real de implantação das

secretarias locais de saúde destinatárias, de forma a aumentar as chances de sucesso da ação e

minimizar as possibilidades de desperdícios de recursos públicos, como aqueles constatados na

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

presente auditoria, em que restou configurada compra de motolâncias que não estão sendo utilizadas,

em desatenção ao princípio da eficiência e da economicidade (art. 37 da Constituição Federal de

1988) (itens 51 a 114).

350.5 Cientificar o Ministério da Saúde do descumprimento da legislação no que se refere ao

acompanhamento e monitoramentos das ações executadas no âmbito da política de urgência e

emergência - Portaria GM/MS 1.863/2003, art. 2º, item 5 (itens 257 a 275).

350.6 Com relação à Coordenação do Samu-DF, unidade visitada pela equipe no âmbito da

presente auditoria, determinar à Subsecretaria de Atenção à Saúde do Distrito Federal que apresente

plano de ação, no prazo de 120 dias, contendo medidas a serem adotadas pela Diretoria de

Assistência às Urgências e Emergências com objetivo de dar plena utilização a todas as 21 unidades

de motolâncias cedidas pelo Ministério da Saúde, acompanhado das respectivas estimativas de prazos

para cumprimento. No caso de avaliar-se que o Samu-DF não tem capacidade operacional ou não tem

interesse em colocar todas as motos para funcionar, que restitua as motos sobressalentes ao MS para

devida redistribuição, conforme exigido pelo termo de doação, respeitada a reserva técnica (itens 200

e 230-242).

351. Cumpre, por fim, registrar que após a realização de audiência, deverá ser analisada a

necessidade de reabertura das contas da Secretaria de Atenção à Saúde/MS, no caso de eventual

multa a ser aplicada aos gestores, conforme art. 288, §§ 2º e 3º do Regimento Interno do TCU.

Alternativamente, poderá ser avaliada a possibilidade de tratamento das irregularidades detectadas

nesta auditoria nas contas referentes ao exercício de 2009. Registre-se também que os resultados após

a fase de audiência poderão afetar o julgamento das contas do respectivo ano. Caso se julgue

adequado, deverá ser proposto o apensamento do presente processo ao TC 020.478/2010-0, que trata

da tomada de contas da Secretaria de Atenção à Saúde/MS referente ao exercício de 2009.

6. Identificação de responsáveis

352. Para fins de realização de audiência, identificaram-se, nos autos dos processos do

Ministério da Saúde 25000-200718-2007-18 (peças 18 e 19) e 25000-109185-2008-11 (peças 20 e 21),

os responsáveis e respectivos atos praticados conforme segue abaixo.

352.1 Responsável: Sr. Emival Gonçalves de Sousa, CPF 409.916.601-53, Assistente

Administrativo CGUE/DAE/SAS/MS.

352.1.1 Atos praticados:

352.1.1.1 Solicita à CGRL efetuar aquisição das quatrocentas motocicletas, em 12/11/2007,

conforme Memorando CGUE/DAE/SAS 346 (peça 18, p. 2).

352.1.1.2 Redigiu Nota Técnica S/N, de 13/12/2007, que motiva, insuficientemente, a aquisição

das motos, em desatenção a parecer da consultoria jurídica do órgão (peça 18, p. 74-75).

352.1.1.3 Assina termo de referência alterado, dando prosseguimento ao ato, em 30/1/2008,

conforme peça 18, p. 135-136.

352.1.1.4 Assina o Despacho 77, em 20/3/2008, que dá continuidade ao ato, após reavaliação

do descritivo técnico e termo de referência, conforme peça 18, p. 153.

352.1.1.5 Assina o Despacho 84, de 22/4/2008, que dá continuidade ao ato, após alteração do

termo de referência. Peça 19, p. 20.

352.1.1.6 Uma vez terminada a licitação, solicita aquisição das motocicletas, conforme

Memorando CGUEIDAE/SAS 227, de 27/6/2008 (peça 20, p. 2).

352.2 Responsável: Sr. Cloer Vescia Alves, CPF 390.161.960-72, Coordenador Geral

CGUE/DAE/SAS/MS.

352.2.1 Atos praticados:

352.2.1.1 Assina termo de referência alterado, dando prosseguimento ao ato, em 30/1/2008

(peça 18, p. 135-136).

352.2.1.2 Manifesta ‘de acordo’ com Despacho 77, de 20/3/2008, que dá continuidade ao ato,

após reavaliação do descritivo técnico e termo de referência, conforme peça 18, p. 153.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

352.2.1.3 Manifesta ‘de acordo’ com Despacho 84, de 22/4/2008, que dá continuidade ao ato,

após alteração do termo de referência. Peça 19, p. 20.

352.2.1.4 Manifesta ‘de acordo’ com Memorando CGUEIDAE/SAS 227, de 27/6/2008 (peça

20, p. 2).

352.3 Responsável: Sr. Alberto Beltrame, CPF 308.910.510-15, Diretor do DAE/SAS/MS.

352.3.1 Atos praticados:

352.3.1.1 Manifestou ‘de acordo’ à solicitação para que a CGRL efetuasse aquisição das

quatrocentas motocicletas, em 12/11/2007, conforme Memorando CGUE/DAE/SAS 346 (peça 18, p.

2).

352.3.1.2 Manifestou ‘de acordo’ à Nota Técnica S/N, de 13/12/2007, que motiva,

insuficientemente, a aquisição das motos, em desatenção a parecer da consultoria jurídica do órgão

(peça 18, p. 75-76).

352.3.1.3 Manifestou ‘de acordo’ ao Despacho 77, de 20/3/2008, que dá continuidade ao ato,

após reavaliação do descritivo técnico e termo de referência, conforme peça 18, p. 153.

352.3.1.4 Manifesta ‘de acordo’ com Memorando CGUEIDAE/SAS 227, de 27/6/2008 (peça

20, p. 2).

7. Proposta de encaminhamento

353. Diante do exposto, elevam-se os autos à consideração superior, acompanhados das

seguintes propostas de encaminhamento:

353.1 com base nos arts. 10,§ 1º, e 12, inciso III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, III, do

RI/TCU, realizar audiência do Sr. Emival Gonçalves de Sousa, CPF 409.916.601-53, Assistente

Administrativo da CGUE/DAE/SAS/MS; do Sr. Cloer Vescia Alves, CPF 390.161.960-72,

Coordenador Geral da CGUE/DAE/SAS/MS; e do Sr. Alberto Beltrame, CPF 308.910.510-15, Diretor

do DAE/SAS/MS, para que apresentem, no prazo de quinze dias, razões de justificativas acerca dos

seguintes atos praticados:

a) aquisição e distribuição de quatrocentas motolâncias sem a comprovação de estudos que

demonstrassem a necessidade e viabilidade de implementação do novo componente à frota do Samu,

ocasionando, até o momento, grande quantidade de motos ociosas, mesmo vários meses após a sua

distribuição às Coordenações locais de atendimento de emergência do Samu, caracterizando

desperdício de recursos públicos e prática de ato antieconômico (art. 16, III, ‘b’ da Lei 8.443/1992),

em desatenção ao art. 37 da Constituição Federal de 1988 (princípio da eficiência), ao art. 36 da Lei

8.080/1990, ao art. 2º, item 2, da Portaria GM/MS 1.863, de 29 de setembro de 2003; (itens 51 a 114).

b) não atendimento de exigência do PARECER/CONJUR/MS/CODELICI/ED 1803/2007 (peça

18, p. 66-70) no que se refere à necessidade de devida motivação no processo licitatório

25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde que justificasse a aquisição das quatrocentas

motolâncias, em desatenção ao art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, art. 11, VI, a, da Lei

Complementar 73/1993, e art. 50, § 1º, da Lei 9.784/1999; (itens 115 a 136).

353.2 encaminhar cópias das fls. 6-260 do Anexo 1 (com um volume) do TC 020.478/2010-0, e

cópias desta instrução aos Srs. mencionados acima, como subsídio para suas manifestações.”

Realizadas as audiências acima propostas, a Unidade Técnica emitiu nova instrução (peça 54),

a seguir transcrita, com as adequações que julgo pertinentes:

“EXAME TÉCNICO

Audiência - Alberto Beltrame

5. As condutas que motivaram a audiência do Sr. Alberto Beltrame foram as identificadas no

item 3 acima, consubstanciadas na concordância com a solicitação para que a Coordenação Geral de

Recursos Logísticos (CGRL) efetuasse aquisição das quatrocentas motocicletas, em 12/11/2007,

conforme Memorando CGUE/DAE/SAS 346 (peça 18, p. 2); concordância com a Nota Técnica S/N, de

13/12/2007, que motiva, insuficientemente, a aquisição das motos, em desatenção a parecer da

consultoria jurídica do órgão (peça 18, p. 75-76); manifestou concordância com o Despacho 77, de

20/3/2008, que dá continuidade ao ato, após reavaliação do descritivo técnico e termo de referência

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(peça 18, p. 153); concordância com o Memorando CGUE/DAE/SAS 227, de 27/6/2008 (peça 20, p.

2).

6. As razões de justificativa do Sr. Alberto Beltrame (peça 48) sintetizam os seguintes

argumentos:

a) O MS, por meio da CGUE/DAE/SAS, realizou estudos extensos e aprofundados que

evidenciaram claramente a necessidade de implantação de um novo veículo na frota do Samu, que

fosse capaz de enfrentar o problema do longo tempo de resposta do serviço, diminuindo as chamadas

‘mortes evitáveis’;

b) A escolha da motocicleta como veículo para cumprir tal função deu-se em razão de suas

vantagens, por ser um veículo ágil, capaz de vencer as dificuldades impostas pelo congestionamento

do trânsito ou restrições de acesso a determinadas localidades, além da favorável relação custo-

benefício da intervenção. Havia necessidade de diminuir o tempo médio de resposta entre a chamada

telefônica e a chegada da equipe no local da ocorrência, nacionalmente consolidado acima de 10

minutos, o que não estava sendo obtido por meio de melhorias em aspectos gerenciais e de regulação

(recursos humanos, fluxos de liberação de veículos, conformação da regulação, entre outros). Foram

considerados ainda casos de sucesso em diversas localidades no Brasil e no exterior quanto ao uso da

motocicleta para diminuir o tempo do primeiro atendimento. Nesse sentido, é equivocado o

entendimento de que a necessidade das motos ou o planejamento de sua aquisição e incorporação à

frota do Samu tenham sido definidos com base em uma ‘lista de pedidos de motos’ enviada pelas

coordenações do Samu;

c) Embora tenha havido pedidos de aquisição, alguns anteriores à realização do pregão,

oriundos das coordenações de Salvador, Natal e São Paulo, que já utilizavam motos e desejavam

ampliar este tipo de serviço, outros posteriores à aquisição das motos pelo MS, conforme apontado no

item 92 do relatório do levantamento, e considerando as informações aqui prestadas, há um equívoco

no entendimento pelo qual os únicos documentos que comprovariam a participação dos gestores

estaduais e municipais seriam posteriores à concepção e aquisição do novo componente da frota do

SUS, indicando a ausência de discussão com os gestores locais na fase de planejamento;

d) A quantidade de motocicletas a serem adquiridas foi definida com embasamento na

quantidade de Unidades de Suporte Avançado - USA e Unidades de Suporte Básico - USB,

considerando a relação de uma moto por USA, mais uma moto a cada duas USB, consolidadas na

Portaria GM/MS 2971/2008, considerando que

A relação de 1 moto x 1 USA foi definida pelo fato de que, no processo de redução de tempo

resposta pretendido, em havendo uma adequada identificação do caso e adequada regulação, em

quase a totalidade das situações, o envio da motocicleta seria seguido pelo envio de uma USA. Deve-

se agregar ainda a isso o fato de que as USA quando em atendimento tendem a ter um tempo de uso

mais longo do que uma USB, assim, a relação de 1x1 neste caso facilitaria e agilizaria o atendimento

dos casos em que estes recursos são requeridos.

A relação 1 moto x 2 USB foi definida em função de que, quando acionadas as USB, o são

para casos menos graves em que o tempo resposta não é tão decisivo o que toma o uso da moto

propício ao definido para outras circunstâncias como apoio ao atendimento e avaliação primária.

e) No final de 2007, o Samu contava com 286 USA e 1018 USB. Considerando ainda o

acréscimo de uma reserva técnica de 20%, deveriam ser adquiridas 954 motos, sem observar as

projeções de crescimento e interiorização do Samu em médio prazo. A diminuição desse número ao

patamar de quatrocentas ocorreu por motivos prudenciais, considerando as dificuldades e a

morosidade no processo de implantação desse novo componente. Não foi desprezada a possibilidade

de adquirir uma quantidade ainda menor de motocicletas, mas a decisão ponderou aspectos de

economicidade na compra.

f) A especificação técnica das motocicletas foi definida com embasamento nas características

adotadas por outros órgãos que utilizam motos em serviços de urgência e emergência, como a Polícia

Militar, a Polícia Rodoviária Federal - PRF e o Corpo de Bombeiros de São Paulo. Entendeu-se que

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

aquelas características eram adequadas para as motos do Samu, e não há conhecimento de qualquer

inadequação ou ilegalidade nas especificações definidas, ou mesmo tentativa de direcionamento do

edital para fabricante específico de moto, possibilidade afastada pelo próprio TCU.

g) A inclusão da aquisição e custeio de 1880 motocicletas na Ação Orçamentária 2.2.1 diz

respeito à projeção de expansão do Samu, que de fato ocorreu e pode ser verificada nos dias de hoje.

h) Os coordenadores do Samu assim como os coordenadores estaduais de urgência e

emergência foram consultados e participaram da implantação das motolâncias, mediante consultas

diretas, inclusive presencialmente, além do recebimento e análise dos Relatórios Trimestrais do Samu,

que apresentavam indicadores e informações a respeito dos problemas relacionados ao tempo

resposta das intervenções do Samu, subsidiando o planejamento prévio à aquisição das motos pelo

MS. A participação dos coordenadores não se restringiu à fase de planejamento, estendendo-se ao

período posterior a aquisição e distribuição das motos.

i) Diferente do que afirmou em entrevista o Dr. Rodrigo Caselli, Coordenador do Samu no

Distrito Federal, a coordenação do Samu no DF participou das discussões relacionadas ao processo

de implementação das motolâncias durante o Congresso Brasileiro de Atenção às Urgências e II

Congresso da Rede Nacional do Samu - 192, realizado nos dias 24 a 28 de junho de 2008, ou seja,

com antecedência de cinco meses em relação à entrega das motos, o que pode ser comprovado por

diversos registros fotográficos do referido evento. Assim, é equivocado o juízo pelo qual a

Coordenação do Samu não teve tempo hábil para a devida preparação para recebimento das

ambulâncias.

j) A nenhuma coordenação foi imposta a necessidade de receber e a obrigação de implantar

motos no seu respectivo Samu. Todas elas, ou suas respectivas secretarias, manifestaram desejo de

receber este recurso. Mais do que isso, adotaram providências para buscá-las no pátio da montadora

e firmaram o termo de doação com encargos. Desse modo, é de se estranhar que parte das

Coordenações consultadas pela equipe de auditoria tenha afirmado não terem sido consultadas

quanto ao interesse em receber as motolâncias. As motos não foram ‘largadas’ pelo MS na porta das

Coordenações.

k) A análise da existência das condições adequadas para receber as motos e colocá-las em

operação carece de critérios objetivos. Deve-se observar que todas as Coordenações já tinham um

Samu implantado e em funcionamento; todas tinham Central de Regulação implantada e em

funcionamento; todas contavam com decisão política e compromisso assumido em implantar a moto

(os termos de doação com encargos expressam claramente estes compromissos); todas contavam com

a decisão de participação do custeio e disposição de contratar os RH necessários. O entendimento

pelo qual seria necessária a existência prévia de pilotos técnicos de enfermagem já treinados,

habilitados e contratados como condição terminaria por inviabilizar a implantação do componente,

até porque várias coordenações aguardaram a ‘garantia’ do recebimento da moto, consubstanciada

pela presença física da moto no pátio da prefeitura, para então tomar providências em relação à

convocação de servidores, seleção, contratação, deslocamento de função, capacitação, e para adotar

as providências em relação às demais medidas administrativas necessárias.

l) A discussão com as Coordenações do Samu para implantação das motolâncias iniciou-se

com um ano de antecedência em relação à aquisição e entrega das motos, incluindo a realização de

eventos em Curitiba (março de 2008) e Brasília (junho de 2008).

m) Quanto à discussão do assunto em instâncias como CNS, CIT, entidades de classe e

audiências públicas, não obstante a relevância do tema, todas as questões relacionadas às

motolâncias dizem respeito à operacionalização da Política Nacional de Atenção às Urgências

(PNAU), amplamente debatida com a sociedade brasileira e também com o CNS, que participou de

sua formulação e a aprovou. Em momento algum a CGUE/DAE/SAS/MS deixou de cumprir, ignorou,

atalhou ou deixou de tratar com o CNS, quando pertinente, sobre a PNAU e, dentro dela, a

implantação das motos no Samu. O CNS, por sua vez, participou das discussões e cumpriu o seu papel

de fiscalizar as políticas de saúde. Em duas ocasiões a CGUE participou de Reuniões Ordinárias do

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

CNS, quando foram apresentados vários encaminhamentos, propostas, metas, avaliações sobre o

andamento no país do pré-hospitalar fixo e móvel, do componente hospitalar e outros aspectos da

PNAU, inclusive, especificamente, a definição das motos e sua implantação.

n) A Portaria GM/MS 2971/2008, que trata da incorporação das motos à frota do Samu, define

seus custeio e dá outras providências, foi pactuada em reunião ordinária da CIT em 27 de novembro

de 2008, num processo que, diferente do juízo dos auditores, envolveu longas e ampliadas discussões,

realização de diversas reuniões de grupos técnicos da CIT, consultas a gestores estaduais e

municipais e muitos debates.

o) Não houve discussão com o Conselho Federal de Enfermagem, mas a CGUE cumpriu o

estabelecido na Portaria GM/MS 2072/2003, que institui o Comitê Gestor Nacional de Atenção às

Urgências. Deve-se destacar que esse comitê, que é a grande instância legalmente constituída para as

discussões relacionadas à PNAU, analisar indicadores do Samu e avaliar e pactuar as diretrizes e

ações prioritárias na atenção às urgências, tratou especificamente do assunto motolâncias em duas

reuniões. A referida portaria estabelece que a interlocução com os profissionais de enfermagem será

mediada pela representação da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn).

p) Não há de se falar em não atendimento aos termos do Parecer CONJUR/MS/CODELICI/ED

1803/2007, uma vez que foram seguidas todas as orientações para adequação e correção de

impropriedades contidas nos documentos relacionados ao edital, em especial a apresentação da

justificativa técnica que, ao contrário do juízo dos auditores, apresenta conteúdo adequadamente

detalhado e apto a demonstrar a necessidade e motivação de sua compra.

q) A quantidade significativa de motolâncias ociosas verificada no momento em que a

auditoria foi feita não deve ser creditada a uma pretensa falta de planejamento, de comunicação ou de

participação de diversos atores, mas sim às dificuldades inerentes ao complexo processo de

implantação. Nesse sentido, o retardo na implantação das motos no Samu não deve ser entendido

como desperdício do dinheiro público, mas como indicador da necessidade de adoção de medidas

corretivas, de chamamento de todos os gestores envolvidos às responsabilidades pactuadas e

formalmente assumidas no âmbito do processo.

Análise

7. O Sr. Alberto Beltrame defende a ideia de que o planejamento foi adequado, apresentando

argumentos para cada questão de auditoria relacionada ao assunto. Em síntese, argumentou que o

MS realizou extensos e aprofundados estudos, demonstrando a necessidade e a vantagem da

implantação do componente motolâncias no Samu; que os coordenadores do Samu foram devidamente

ouvidos em diversas reuniões e eventos que trataram da implantação do componente motolância; que

os critérios adotados para o estabelecimento dos quantitativos e grade de distribuição das motos

foram adequados; e que o programa foi discutido com outras instâncias pertinentes, como a CIT, CNS

e entidades de classe relacionadas, nos termos prescritos pela lei. Nesse sentido, a ociosidade das

motocicletas decorreria de uma complexidade natural do processo, e não de problemas no

planejamento.

8. De fato, as justificativas apresentadas afastam contestações quanto às razões que levaram à

escolha da motocicleta como veículo integrante da estratégia para diminuição do tempo de resposta

do atendimento prestado pelo Samu. As razões apostas pelo responsável demonstram tratar-se de

veículo capaz de superar os obstáculos impostos pelo trânsito e pela dificuldade de acesso a

determinadas áreas, bastante comuns nos grandes centros urbanos, causando impacto negativo nesse

indicador. Assim, a escolha desse tipo de veículo consolidou uma demanda legítima de gestores

envolvidos com ações de urgência e emergência.

9. No entanto, não há como sustentar a ideia de que a ociosidade de mais de 80% das

motocicletas adquiridas no âmbito do Pregão Eletrônico 212/2007 não tenha relação com as

deficiências observadas no planejamento do componente, especialmente em razão do método adotado

para definição da quantidade a ser adquirida. Pode-se até admitir que a relação proporcional à

quantidade de USA (1:1) e USB (1:2) sirva como estimativa de ordem de grandeza; porém, o gestor

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

partiu para a aquisição sem elementos que dessem uma noção da adequação dessa estimativa,

aplicando a ela uma contingência ‘prudencial’ para a qual também não foram fornecidos elementos

suficientes para aferir a adequação.

10. O justificante argumenta também que não foi considerada a aquisição de uma quantidade

menor de motocicletas por uma questão de economicidade, mas também não há elementos a sustentar

esse argumento. Além disso, o sistema de registro de preços possibilita a devida conjugação entre

economicidade e prudência, já que não obriga a Administração à aquisição do quantitativo total

registrado em ata.

11. Argumenta-se ainda que as coordenações locais do Samu tinham condições adequadas

para receber as motos e colocá-las em operação, e que todas contavam com decisão política e

compromisso assumido em implantar a moto, expresso claramente nos termos de doação com

encargos. Quanto a esse argumento, é necessário considerar, inicialmente, que é bastante

questionável a interpretação pela qual se poderia extrair a existência de ‘decisão política e

compromisso assumido’ das cláusulas que compõem o Termo de Doação (peça 28), que, em síntese,

restringem-se a afirmar a obrigação de utilizar a motocicleta doada no Samu e a possibilidade de

revogação da doação caso tal obrigação fosse descumprida. Além disso, mesmo que tal interpretação

fosse segura, é inquestionável que tal compromisso se deu depois da compra, ou seja, não fez parte do

processo que conduziu à decisão de adquirir as quatrocentas motocicletas.

12. Finalmente, observa-se que o próprio justificante admite a complexidade do processo de

habilitação das motocicletas, reconhecendo ainda aquela que talvez seja a maior dificuldade do

processo:

A questão começa a ficar mais complexa quando se trata de recursos humanos, sua

disponibilidade e interesse de serem contratados para este tipo de trabalho.

Se considerarmos que a existência prévia de pilotos técnicos de enfermagem já treinados,

habilitados e contratados como condição ao processo de discussão e implantação do componente

moto, se pode dizer que a quase totalidade das coordenações não tinha ‘condições adequadas’ para o

recebimento e implantação das motos.

13. Quanto a tal argumento, entende-se razoável que o gestor esteja atento à viabilidade da

política pública quando da definição de requisitos e condições para os participantes ou beneficiados.

Contudo, reconhecida a dificuldade com a obtenção dos recursos humanos, tal circunstancia estaria a

recomendar a adoção de estratégia mais cautelosa na definição da quantidade de motocicletas a

serem adquiridas, na priorização dos municípios com maior facilidade na contratação e na prestação

de apoio aos municípios com maior dificuldade. Não foi o que ocorreu.

14. Assim, não há como afastar a responsabilidade do gestor pela aquisição de uma

quantidade de motocicletas que se revelou muito superior ao efetivamente necessário. Primeiro,

perante a ausência de elementos que pudessem propiciar razoável certeza de que as quatrocentas

motocicletas seriam adequadamente aproveitadas pelas coordenações que as receberam; segundo,

porque não há elementos demonstrando a alegada economicidade na aquisição de tal quantidade;

finalmente, porque a aquisição poderia ter sido feita em quantidade menor sem prejuízo da propalada

economicidade, já que a contratação foi realizada com embasamento em ata de registro de preços,

que proporciona certa flexibilidade nas quantidades a serem adquiridas.

15. Pode-se compreender que as coordenações necessitem de algum tempo para ajustar sua

logística; contudo, muitos meses após o recebimento das motocicletas, mais da metade das

coordenações ainda não as havia posto em operação (peça 32, p. 31), em muitos casos tendo

decorrido tempo superior a um ano. Além disso, 27 das 89 coordenações que participaram da

pesquisa informaram não terem sido consultadas acerca da necessidade das motocicletas.

16. Cabe observar, finalmente, que a lista de municípios selecionados para receber

motolâncias (peça 18, p. 76-78) inclui diversas localidades do interior, com população aproximada ou

inferior a oitenta mil habitantes, para as quais há dúvidas quanto à real necessidade das motocicletas

para vencer obstáculos impostos pelo trânsito e outras dificuldades de acesso. A título de exemplo,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

podem-se citar: Apiaí - SP; Rolim de Moura - RO; Cacoal - RO; Piancó - PB; Sumé - PB; São

Raimundo Nonato - PI; Bom Jesus - PI; Picos - PI; Floriano - PI; Redenção - PA; Tuntum - MA;

Porto Franco - MA; Pedreiras - MA; Coroatá - MA; Chapadinha - MA; Ceres - GO; Tauá - CE;

Russas - CE; Itapagé - CE; Icó - CE; Camocim - CE; Livramento de Nossa Senhora - BA.

17. Pelo exposto, entende-se que não devem ser acolhidas as razões de justificativa do Sr.

Alberto Beltrame.

Audiência - Cloer Vescia Alves

18. As condutas que motivaram a audiência do Sr. Cloer Vescia Alves foram as apontadas no

item 3 desta instrução, consubstanciadas na assinatura do termo de referência alterado, dando

prosseguimento ao ato, em 30/1/2008 (peça 18, p. 135-136); concordância com o Despacho 77, de

20/3/2008, que dá continuidade ao ato, após reavaliação do descritivo técnico e termo de referência

(peça 18, p. 153); concordância com o Despacho 84, de 22/4/2008, que dá continuidade ao ato, após

alteração do termo de referência (peça 19, p. 20); concordância com o Memorando CGUE/DAE/SAS

227, de 27/6/2008 (peça 20, p. 2).

19. As razões de justificativa do Sr. Cloer Vescia Alves (peça 50) sintetizam os seguintes

argumentos:

a) A implantação das motolâncias não se tratou de ação isolada, de modo que não pode ser

abordada separadamente ou dissociada do planejamento da área de urgência como um todo. Tratou-

se de parte integrante de um conjunto de medidas e articulações em prol da melhoria do Programa

Samu 192, efetuadas em alinhamento às metas estabelecidas para a área de urgência e emergência.

b) Diversos estudos e análises foram desenvolvidos com base nas informações disponíveis na

CGUE e que constavam principalmente nos Relatórios Trimestrais enviados pelas Coordenações de

SAMU ao órgão central. Os dados e informações contidos nesses relatórios eram processados e

avaliados sistematicamente pelos gestores e consultores, como base do processo decisório e

ferramenta de planejamento, visto que refletiam a situação informada de cada serviço em todo país;

além disso, a experiência profissional e contribuições dos consultores externos contribuíram

sobremaneira e foram fundamentais para a definição do escopo das ações propostas como

desdobramento ao trabalho de planejamento e de execução das ações em alinhamento às metas

estabelecidas.

c) A contribuição do defendente foi também importante, tanto por ser técnico e consultor no

assunto quanto por já ter desempenhado, à época, como médico e gestor, todas as possíveis funções

dentro do Samu, bem como por atuar como docente e possuir vasta experiência na área de urgência e

emergência. Uma revisão objetiva da literatura também foi feita pelo defendente e incluída no

planejamento, a exemplo de um artigo publicado em julho de 2007 no Jornal Americano de Medicina

de Emergência (American Journal of Emergency Medicine) a respeito do emprego de motocicletas

como veículos de emergência, no âmbito do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) de

Portugal, intitulado Emergency motorcycle: has it a place in a medical emergency system? Tal estudo

apontava benefícios (agilidade no tratamento como oxigenação e estancamento de hemorragias) e

vantagens inequívocas do emprego de motocicleta (redução do tempo de resposta) num sistema de

emergência médica, tendo sido considerado por este profissional como uma referência adequada e

incluída em uma abordagem comparativa entre soluções de diferentes países.

d) Desse modo, ao se abordar a demonstração de necessidade e viabilidade da implantação

das motolâncias, há que se trazer à luz da estruturação de todo um trabalho demandado à CGUE,

tanto pela Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) quanto pelo Departamento de Atenção Especializada

(DAE) do Ministério da Saúde, em prol da melhoria da gestão do Programa Samu 192.

e) Diversos componentes foram estudados, analisados e debatidos simultaneamente, tendo sido

definido, como prioridade para o planejamento, o desdobramento das ações em três eixos principais

que passariam a estar integrados na mesma coordenação: APH Móvel, APH Fixo e QualiSUS. Em

relação ao Samu 192, as estatísticas referentes ao período de 2004 a 2007 foram analisadas à luz da

legislação, em especial a Portaria GM/MS 1864/2003, que em seu texto determina que o

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228

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

acompanhamento e avaliação das ações sejam efetuados por intermédio de indicadores de

desempenho, entre eles o tempo médio de resposta entre a chamada telefônica e a chegada da equipe

no local da ocorrência.

f) As análises revelaram um tempo de resposta acima de dez minutos para atendimento de

USA, sendo que nas grandes cidades este tempo demonstrou ser ainda maior; por quase todo o país os

gestores vinham acumulando reclamações da população e da mídia referentes ao tempo de resposta,

amplamente documentadas nos diversos meios de comunicação. A análise dos indicadores de tempo

de resposta e casuística de atendimento evidenciou a importância da relação entre a agilidade da

intervenção e os resultados obtidos; nas situações de maior gravidade, maior é o beneficio à

população quanto menor for o tempo de resposta. Considera-se aceitável o parâmetro internacional

de tempo de resposta para atendimento de USA menor do que dez minutos, para um serviço de APH

em condições urbanas; porém, dependendo da situação e da gravidade do chamado, mesmo uma

resposta em tempo inferior a dez minutos pode representar a perda de muitas vidas, além de gerar

grande morbidade (sequelas e incapacidades) para as vítimas de agravo à saúde;

g) Na etapa de planejamento, ao se analisar as causas que determinavam a chegada com mais

de dez minutos da USA do Samu em grande parte das ocorrências (principalmente tráfego, trotes e

áreas mais afastadas, de difícil acesso, inexistência de meios) constatava-se um sistema estruturado

quase que exclusivamente com ambulâncias, que são veículos grandes, pesados e que não conseguem

desenvolver velocidade sem que o risco seja em muito elevado; ao se observar a realidade nacional

em busca de alternativas para enfrentamento da situação, considerando-se a concentração urbana da

população brasileira, se evidenciou que alguns serviços já utilizavam veículos rápidos como solução,

a exemplo de automóveis leves e motocicletas. Tanto o Samu Salvador/BA quanto Samu Natal/RN já

vinham empregando motocicletas, plenamente inseridas na frota desses serviços, numa clara

demonstração de alinhamento com a necessidade.

h) Para consubstanciar a decisão foram realizadas visitas a serviços de diferentes instituições

que também utilizavam vetores para reduzir o tempo de resposta, como Polícia Militar, Agentes de

Trânsito, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Rodoviárias Estaduais. Nestes

serviços constatou-se que a motocicleta era referida como sendo de grande importância e já se

encontrava amplamente difundida nas diferentes regiões do país como solução viável e de baixo custo.

i) Além disso, ao se verificar modelos de serviços de atendimento pré-hospitalar em outros

países, evidenciou-se a presença de motocicletas plenamente implantadas em Portugal, Inglaterra,

Alemanha, dentre outros, sendo que o estudo elaborado em Portugal serviu também como elemento a

ser considerado na etapa de análise das evidências encontradas nas estatísticas do Samu e soluções já

adotadas em alguns estados (Bahia e Rio Grande do Norte), assim como em outros países.

j) Em relação ao modelo, diversos comparativos foram feitos considerando-se as motocicletas

com características mais predominantemente utilizadas na área pública, ou seja, de 250 a 660

cilindradas. Os modelos utilizados noutros países (motocicletas acima de mil cilindradas) foram

considerados fora da realidade nacional, tanto em termos de custo quanto de viabilidade de

implantação. Tanto as opiniões dos consultores quanto a realidade brasileira apontaram para um

modelo trail, com capacidade de torque e agilidade necessária a um bom desempenho, equilíbrio e

versatilidade, tanto em pista urbana (alagamentos, calçadas, divisores de pista, pequenos obstáculos

etc.) quanto em área de difícil acesso, mesmo em zona rural (terreno não preparado, lama, obstáculos

etc.). A análise de outros aspectos (assistência técnica, preço, dentre outros) referendou o estudo que

trouxe à tona o modelo de 250 cilindradas como um dos mais econômicos e cuja versatilidade era a

mesma de modelos mais caros (400 e 660 cilindradas).

k) No que diz respeito à quantidade, a opção inicial foi a de se associar o vetor motolância ao

tipo de intervenção e volume de atendimento das condições de maior gravidade, considerando-se as

ambulâncias do tipo USA; a relação de uma moto para cada USA garantiria a chegada do socorro

com agilidade nos acionamentos de maior gravidade, com redução de tempo de resposta estimado em

cerca de 30%, em média; no caso de intervenção por USB, que representava o maior volume de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

atendimento do Samu, as ocorrências são de média gravidade, mas à medida que decorrem os

primeiros instantes a partir da lesão ou agravo à saúde aumenta rapidamente o potencial de risco à

vida, considerando-se relevante e necessária também a aplicação de uma motolância para cada duas

USB. As estimativas iniciais apontaram a necessidade de uma frota com 286 unidades para atender ao

primeiro critério e cerca de mais quinhentas unidades para o segundo, sem considerar, ainda, a

expansão e ampliação do Samu no ano seguinte, além de uma reserva técnica aos veículos que seriam

implantados, o que representaria mais de novecentos veículos; por medida de cautela no

planejamento, a gestão optou por uma frota menor, totalizando quatrocentas unidades, o que

permitiria uma implantação gradual e garantindo cerca de 40% da necessidade inicial.

l) A projeção de uma frota maior se deu apenas como exercício em função da expansão e

ampliação do Samu prevista para os anos seguintes, o que se evidenciou na prática, tendo sido

mencionado, à época, 1800 motos para somente uma perspectiva de capacidade instalada do Samu

com mais de 2800 ambulâncias, alem de reserva técnica.

m) Quanto à viabilidade de implementação, o investimento numa motolância representaria em

torno de 10% do valor de uma USB e ao redor de 7,5% do valor de uma USA, permitindo a redução

do tempo de resposta em cerca de 30% ou mais; o custeio seria em torno de 50% do que se gasta para

manter uma ambulância USB; o espaço físico necessário para abrigo das motolâncias seria bem

menor, sendo possível alocá-las junto às unidades de saúde sem a necessidade de realização de obras

ou mesmo adaptação na estrutura física; em função do baixo consumo de combustível, as motolâncias

poderiam ser empregadas pelos gestores justamente nos locais de maior concentração de chamados,

prioritariamente nos horários e momentos de pico, com base nos dados e informações de cada central,

a partir da utilização de modelos georreferenciados.

n) As medidas para capacitação de tripulantes e relacionadas à segurança da operação foram

amplamente divulgadas, bem como discutidas e inseridas no planejamento, especialmente em 2008

nas oficinas, cursos de capacitação, Congresso Brasileiro de Atenção às Urgências e II Congresso

Nacional da Rede Samu 192.

o) Quanto ao não atendimento do Parecer CONJUR/MS/CODELICI/ED 1803/2007, no que se

refere à necessidade de devida motivação no processo licitatório 25000.200718/2007-18 do Ministério

da Saúde que justificasse a aquisição das quatrocentas motolâncias, o defendente entende que a

motivação foi adequadamente justificada e explicitada na Nota Técnica, que esclareceu plenamente os

aspectos considerados ‘genéricos’ pela Consultoria Jurídica, bem como pela Auditoria do TCU, no

Termo de Referência. Apesar de o texto da referida nota não ter elucidado muitos dos termos técnicos

relacionados a emergências médicas, utilizados da legislação vigente, compreende-se que os termos

não são de pronta compreensão ao público leigo, o que motivou o retorno do processo ao gestor para

prestação de esclarecimentos adicionais.

p) Em relação à ociosidade das motolâncias, o defendente entende que não obstante o gestor

nacional tenha produzido um processo detalhado para habilitação, privilegiando a segurança dos

operadores (pilotos das motos) e da operação (prevenção de acidentes), os gestores locais

interessados tiveram plena condição de habilitar as motolâncias. A Portaria GM/MS 2971/2008 abriu

a possibilidade de que os cursos de pilotagem fossem contratados localmente, além de ter pactuado

previamente com a Polícia Rodoviária Federal a execução do curso padrão em suas

Superintendências Regionais; não há ainda de se falar em dificuldade na contratação de seguro, já

que as grandes seguradoras possuem representação na maior parte do país, e diversas coordenações

puderam firmar os seguros sem problemas.

q) Outros óbices foram apontados, como questões trabalhistas e estatutárias do município,

dificuldade de contratação de novos profissionais, ausência de interesse por parte da coordenação à

época, dificuldade com processos seletivos e falta de gratificação; mesmo assim, os gestores que

compreenderam o alcance social e assistencial do novo componente se esforçaram em dotar o Samu

de motolâncias, enquanto tantos outros apenas buscam subterfúgios para mascarar a falta de vontade

política. Nesse sentido, é oportuno mencionar o fato de que gestores de alguns estados da federação

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

não honram o compromisso de contribuir no pacto tripartite, fazendo com que muitos municípios

tenham de arcar integralmente com o custeio do Samu, desde o início da implantação do modelo em

2004.

Análise

20. Os argumentos expendidos pelo Sr. Cloer Vescia Alves são bastante semelhantes aos

argumentos do Sr. Alberto Beltrame. Reforça-se a argumentação pela qual não teria havido falhas no

planejamento, já que as coordenações locais do Samu participaram de todas as etapas preliminares à

aquisição das motolâncias, cientificando-se de todos os requisitos para habilitação das motocicletas.

Além disso, parte das coordenações logrou êxito na habilitação, o que provaria a viabilidade do

planejamento do componente. A ociosidade observada seria creditada à inépcia ou falta de vontade

política das coordenações locais, já que os gestores que compreenderam os benefícios e o alcance

social do novo componente teriam vencido por seu esforço as dificuldades do processo.

21. Como já mencionado, entende-se que as justificativas apresentadas esclarecem a

motivação para a escolha da motocicleta como veículo integrante da estratégia para diminuir o tempo

de resposta no atendimento às urgências e emergências, em razão da capacidade de suplantar as

restrições impostas pelo trânsito e pela dificuldade de acesso a determinadas áreas. Foram

esclarecidos também os métodos adotados pela CGUE para definir a especificação técnica das

motocicletas.

22. Entretanto, a argumentação do justificante perde sustentação perante a realidade

constatada pela auditoria. Não é razoável admitir que a ociosidade de mais de 80% das motocicletas

adquiridas no âmbito do Pregão Eletrônico 212/2007, decorridos vários meses desde a sua entrega

(peça 32, p. 27-37), não tenha relação com as deficiências observadas no planejamento do

componente, especialmente em razão do método adotado para definição da quantidade a ser

adquirida.

23. Ainda, não se ignora que há fatores que podem fugir à governabilidade do gestor, como as

aludidas divergências de ordem política e dificuldades operacionais excepcionais, de difícil

previsibilidade. Ainda assim, não é razoável creditar exclusivamente a tais fatores a ociosidade de

mais de 80% das motocicletas adquiridas, dois anos após a implementação do componente. Mesmo

que tal argumentação fosse plenamente admissível, restaria sobrelevada a fragilidade do método

adotado para definir a quantidade de motocicletas a ser comprada.

24. Pode-se até admitir que a relação proporcional à quantidade de USA (1:1) e USB (1:2)

sirva como estimativa de ordem de grandeza; porém, o gestor partiu para a aquisição sem elementos

que dessem uma noção da adequação dessa estimativa, aplicando a ela uma contingência ‘prudencial’

para a qual também não foram fornecidos elementos suficientes para aferir a adequação.

25. É também nesse sentido que se analisa a questão do Parecer CONJUR/MS/CODELICI/ED

1803/2007, que reforçou a necessidade de devida motivação ao processo licitatório. As justificativas

apresentadas não deixam dúvida quanto à utilidade e aos benefícios proporcionados pela motocicleta

como componente da estratégia para diminuição do tempo de resposta do atendimento prestado pelo

Samu; permanece, contudo, a ausência de motivação para a quantidade ordenada.

26. Os justificantes argumentam que houve cautela na definição da quantidade de motocicletas

a serem adquiridas, já que esse número foi reduzido a aproximadamente 40% da estimativa inicial.

Porém, perante a ociosidade observada, constata-se que ainda assim a quantidade adquirida foi muito

superior à necessidade, ou à verdadeira capacidade de operacionalização.

27. Houvesse justificativa razoável para a definição dessa ‘linha de corte’ no patamar dos

40%, ou elementos que pudessem propiciar razoável certeza de que ao menos a maior parte das

quatrocentas motocicletas seria efetivamente habilitada, não haveria de se falar em culpa por parte

desses gestores; ausentes tais elementos, entende-se que não há como afastar a responsabilidade.

28. Pelo exposto, entende-se que não devem ser acolhidas as razões de justificativa do Sr.

Cloer Vescia Alves.

Audiência - Emival Gonçalves de Souza

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231

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

29. As condutas que motivaram a audiência do Sr. Emival Gonçalves de Sousa foram as

identificadas no item 3 desta instrução, manifestadas nos seguintes atos: solicitou à CGRL efetuar

aquisição das quatrocentas motocicletas, em 12/11/2007, conforme Memorando CGUE/DAE/SAS 346

(peça 18, p. 2); redigiu Nota Técnica S/N, de 13/12/2007, que motiva, insuficientemente, a aquisição

das motos, em desatenção a parecer da consultoria jurídica do órgão (peça 18, p. 74-75); assinou

termo de referência alterado, dando prosseguimento ao ato, em 30/1/2008 (peça 18, p. 135-136);

assinou o Despacho 77, em 20/3/2008, que dá continuidade ao ato, após reavaliação do descritivo

técnico e termo de referência (peça 18, p. 153); assinou o Despacho 84, de 22/4/2008, que dá

continuidade ao ato, após alteração do termo de referência (peça 19, p. 20); terminada a licitação,

solicitou a aquisição das motocicletas, conforme Memorando CGUE/DAE/SAS 227, de 27/6/2008

(peça 20, p. 2).

30. As razões de justificativa do Sr. Emival Gonçalves de Sousa (peça 53) sintetizam os

seguintes argumentos:

a) O defendente foi nomeado em 21/07/2004, tendo trabalhado desde então como Assistente

Técnico na Coordenação Geral de Urgência e Emergência, com atribuições de apoio, função na qual

não cabe decidir como e quando algum componente deve ou não ser implementado dentro da

coordenação. Suas funções sempre foram restritas à execução das ordens repassadas, o que sempre

foi feito dentro da ética e da moral, observando os princípios legais.

b) O nome do defendente aparece no processo de aquisição das motolâncias somente porque

foi a pessoa quem digitou toda a documentação repassada pelo Coordenador-Geral, que por sua vez

assinava e encaminhava às instancias superiores.

c) Toda a parte de estudo, viabilidade, necessidade de aquisição, instrução dos documentos e

termos legais, e tantas outras providencias eram prestadas pelos Consultores Técnicos, que

subsidiavam o Coordenador-Geral com as informações de que este necessitava. O defendente sequer

teria condições de afirmar se teriam sido tomadas todas as providências, no que se refere a estudos

técnicos, consultas, entre outras necessidades que deveriam anteceder a compra das motolâncias.

d) Agrega às suas justificativas a descrição das atividades descritas na Classificação

Brasileira de Ocupações (CBO) para a função de auxiliar de escritório.

Análise

31. O Sr. Emival Gonçalves de Sousa recorre, em sua defesa, ao argumento da ausência de

competência, chegando a afirmar que sua atuação restringiu-se à digitação da documentação

repassada pelo Coordenador-Geral. Afirma ainda que a parte de estudo, viabilidade, necessidade de

aquisição, instrução dos documentos e termos legais cabia aos consultores técnicos.

32. Analisando os documentos nos quais consta a assinatura do Sr. Emival, relacionados no

item 27 desta instrução, observa-se que em nenhum deles o justificante figura como emissor ou autor

principal; em nenhum dos documentos a assinatura do justificante aparece isolada - há sempre a

coautoria ou o pronto e imediato endosso por parte do Sr. Alberto Beltrame ou do Sr. Cloer Vescia

Alves, por vezes de ambos.

33. De fato, o próprio conteúdo dos documentos - a brevidade das informações, a ausência de

dados detalhados - suscita dúvidas quanto à atribuição da qualidade de parecerista técnico ao

justificante.

34. Embora o justificante não tenha apenas digitado os documentos - afinal sua assinatura está

presente em cada um deles, contrariando tal argumento -, há elementos suficientes para admitir que o

respaldo dado pelos demais gestores possa ter propiciado ao justificante razoável certeza de que os

atos que ele praticava não tinham nenhuma irregularidade. Deve-se considerar, finalmente, que a

responsabilidade do Sr. Emival é efetivamente inferior à dos demais responsáveis. Na qualidade de

mero assistente, pode-se entender que a sua manifestação afigura-se dispensável na fundamentação

dos atos administrativos praticados com irregularidades.

35. Assim, entende-se que devem ser acolhidas as razões de justificativa do Sr. Emival

Gonçalves de Sousa.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

DETERMINAÇÕES PROPOSTAS NO RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO

36. O Relatório do Levantamento (peça 32) propõe as seguintes medidas:

a) Determinação à CGUE/MS que encaminhe a este Tribunal plano de ação contendo medidas

a serem tomadas junto às secretarias locais de saúde e suas respectivas Coordenações do Samu, de

forma a aumentar a efetiva utilização das motolâncias distribuídas, contendo estimativas de prazos a

serem cumpridas;

b) Determinação ao MS que faça valer as cláusulas segunda e quarta do termo de doação das

motos, de sorte que municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido restituam a

motolância para redistribuição a municípios que tenham capacidade operacional para colocá-las em

funcionamento;

c) Recomendação para que o encargo previsto nos termos de doação (utilização do

equipamento doado para ações de atendimento de emergência da Coordenação do Samu donatária)

esteja sujeito a prazo razoável, definido pelo Ministério da Saúde, para seu cumprimento;

d) Cientificar o MS de que a compra de material e a implementação de novos componentes nas

políticas públicas de saúde devem ser devidamente fundamentadas em rigoroso planejamento, em que

deve ser considerada, entre outros, a capacidade real de implantação das secretarias locais de saúde

destinatárias, de forma a aumentar as chances de sucesso da ação e minimizar as possibilidades de

desperdícios de recursos públicos, como aqueles observados na presente auditoria, em que restou

configurada compra de motolâncias que não estão sendo utilizadas, em desatenção ao princípio da

eficiência e da economicidade (art. 37 da Constituição Federal de 1988);

e) Cientificar o MS do descumprimento da legislação no que se refere ao acompanhamento e

monitoramentos das ações executadas no âmbito da política de urgência e emergência - Portaria

GM/MS 1.863/2003, art. 2º, item 5 (itens 257 a 275).

f) Determinação à SES-DF para que apresente plano de ação, no prazo de 120 dias, contendo

medidas a serem adotadas pela Diretoria de Assistência às Urgências e Emergências com objetivo de

dar plena utilização a todas as 21 unidades de motolâncias cedidas pelo Ministério da Saúde,

acompanhado das respectivas estimativas de prazos para cumprimento. No caso de avaliar-se que o

Samu-DF não tem capacidade operacional ou não tem interesse em colocar todas as motos para

funcionar, que restitua as motos sobressalentes ao MS para devida redistribuição, conforme exigido

pelo termo de doação, respeitada a reserva técnica.

37. Entende-se que as medidas propostas no Relatório do Levantamento são atuais e

adequadas para a correção dos desvios identificados e o aprimoramento do processo de

implementação das motolâncias, razão pela qual devem ser integralmente incluídas na proposta de

encaminhamento.

CONCLUSÃO

38. Os trabalhos do presente levantamento identificaram deficiências no planejamento do

componente motolâncias e irregularidades no processo licitatório que procedeu à aquisição das

motocicletas. A fragilidade do método adotado para definir a quantidade de motocicletas a serem

adquiridas resultou na compra de um quantitativo muito superior ao efetivamente necessário, ou ao

que efetivamente poderia ser operacionalizado pelas coordenações do Samu. Mais de dois anos após

o Pregão Eletrônico 212/2007, mais de 80% das motos adquiridas sequer haviam sido habilitadas.

39. Os responsáveis ouvidos em audiência apresentaram informações quanto ao processo

histórico que levou o MS a incluir a motocicleta como veículo integrante dos serviços de atendimento

a urgências e emergências, esclarecendo as questões relacionadas no âmbito da auditoria. Ficou

comprovada a necessidade de um componente capaz de diminuir o tempo de resposta do atendimento,

cuja escolha recaiu sobre a motocicleta; não foram apresentados, contudo, elementos suficientes para

afirmar a viabilidade, especialmente considerando a quantidade adquirida. Assim, entende-se que as

justificativas não são suficientes para afastar a sua responsabilidade.

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233

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

40. Cabe, ainda, a efetivação das determinações e demais medidas e propostas no Relatório do

Levantamento, para que sejam solucionados os problemas identificados e aprimorado o processo de

implementação das motolâncias.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

41. Pelo exposto, submete-se o presente processo à consideração superior, propondo-se:

42. Com fulcro no art. 250, §1º, do Regimento Interno do TCU (RITCU), acolher as razões de

justificativa apresentadas pelo Sr. Emival Gonçalves de Sousa, CPF 409.916.601-53, Assistente

Administrativo da CGUE/DAE/SAS/MS à época dos fatos (itens 29 a 35 desta instrução).

43. Com fulcro no art. 43, inciso II e parágrafo único, da Lei Orgânica do TCU (LOTCU) c/c

art. 250, inciso IV e §2º, do RITCU, rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Alberto

Beltrame, CPF 308.910.510-15, Diretor do DAE/SAS/MS à época dos fatos, aplicando-lhe a multa

prevista no art. 58, inciso III, da LOTCU, em razão das irregularidades indicadas a seguir (itens 5 a

17 desta instrução):

a) aquisição e distribuição de quatrocentas motolâncias sem a comprovação de estudos que

demonstrassem a viabilidade de implementação do novo componente à frota do Samu, ocasionando

grande quantidade de motos ociosas, mesmo vários meses após a sua distribuição às Coordenações

locais de atendimento de emergência do Samu, caracterizando prática de ato antieconômico,

infringindo o disposto no art. 37 da Constituição Federal de 1988 (princípio da eficiência), no art. 36

da Lei 8.080/1990, e no art. 2º, item 2, da Portaria GM/MS 1.863, de 29 de setembro de 2003;

b) não atendimento de exigência do Parecer CONJUR/MS/CODELICI/ED 1803/2007 (peça

18, p. 66-70) no que se refere à necessidade de devida motivação, no processo licitatório

25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde, que justificasse a aquisição das quatrocentas

motolâncias, infringindo o disposto no art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, art. 11, VI, ‘a’, da

Lei Complementar 73/1993, e no art. 50, § 1º, da Lei 9.784/1999.

44. Com fulcro no art. 43, inciso II e parágrafo único, da LOTCU c/c art. 250, inciso IV e §2º,

do RITCU, rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Cloer Vescia Alves, CPF

390.161.960-72, Coordenador Geral da CGUE/DAE/SAS/MS à época dos fatos, aplicando-lhe a multa

prevista no art. 58, inciso III, da LOTCU, em razão das irregularidades indicadas a seguir (itens 18 a

28 desta instrução):

a) aquisição e distribuição de quatrocentas motolâncias sem a comprovação de estudos que

demonstrassem a viabilidade de implementação do novo componente à frota do Samu, ocasionando

grande quantidade de motos ociosas, mesmo vários meses após a sua distribuição às Coordenações

locais de atendimento de emergência do Samu, caracterizando prática de ato antieconômico,

infringindo o disposto no art. 37 da Constituição Federal de 1988 (princípio da eficiência), no art. 36

da Lei 8.080/1990, e no art. 2º, item 2, da Portaria GM/MS 1.863, de 29 de setembro de 2003;

b) não atendimento de exigência do Parecer CONJUR/MS/CODELICI/ED 1803/2007 (peça

18, p. 66-70) no que se refere à necessidade de devida motivação, no processo licitatório

25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde, que justificasse a aquisição das quatrocentas

motolâncias, infringindo o disposto no art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, art. 11, VI, ‘a’, da

Lei Complementar 73/1993, e no art. 50, § 1º, da Lei 9.784/1999.

45. Determinar à Coordenação Geral de Urgência e Emergência do Ministério da Saúde

(CGUE/DAE/SAS/MS), com fulcro no art. 250, inciso II, do RITCU, que encaminhe a este Tribunal,

no prazo de noventa dias, plano de ação contendo medidas a serem tomadas junto às secretarias

locais de saúde e suas respectivas Coordenações do Samu de forma a aumentar a efetiva utilização

das motolâncias distribuídas, contendo estimativas de prazos a serem cumpridas (peça 32, itens 153 a

193).

46. Determinar ao MS que execute o disposto nas cláusulas segunda e quarta dos termos de

doação das motolâncias, de sorte que municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido

restituam a motocicleta para redistribuição a municípios que tenham capacidade operacional para

colocá-las em funcionamento (peça 32, itens 176 a 179).

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234

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

47. Recomendar ao MS que defina prazo para que os municípios que receberam motolâncias

deem cumprimento aos encargos previstos nos termos de doação destinando o equipamento doado

para ações de atendimento de emergência da Coordenação do Samu donatária (peça 32, itens 176 a

179).

48. Cientificar o MS de que a compra de material e a implementação de novos componentes

nas políticas públicas de saúde devem ser devidamente fundamentadas em rigorosa fase de

planejamento, em que deve ser considerada, entre, outros, a capacidade real de implantação das

secretarias locais de saúde destinatárias, de forma a aumentar as chances de sucesso da ação e

minimizar as possibilidades de desperdícios de recursos públicos, como aqueles constatados na

presente auditoria, em que restou configurada compra de motolâncias que não estão sendo utilizadas,

em desatenção aos princípios da eficiência e da economicidade, nos termos do art. 37 da Constituição

Federal de 1988 (peça 32, itens 51 a 114).

49. Cientificar o MS do descumprimento da legislação referente ao acompanhamento e

monitoramentos das ações executadas no âmbito da política de urgência e emergência - Portaria

GM/MS 1.863/2003, art. 2º, item 5 (peça 32, itens 257 a 275).

50. Determinar à Subsecretaria de Atenção à Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito

Federal (SAA/SES-DF) que apresente plano de ação, no prazo de noventa dias, contendo medidas a

serem adotadas pela Diretoria de Assistência às Urgências e Emergências com objetivo de dar plena

utilização a todas as 21 motolâncias doadas pelo Ministério da Saúde, incluindo as respectivas

estimativas de prazos para cumprimento (peça 32, itens 200-229).

51. Determinar à SAA/SES-DF que restitua ao Ministério da Saúde as motolâncias para as

quais se entender que o Samu-DF não tenha capacidade operacional ou interesse em habilitar,

conforme exigido pelo termo de doação, respeitada a reserva técnica (peça 32, itens 200 e 230-242).”

Em complemento à instrução realizada pelo auditor, o Secretário da 4ª Secex emitiu o seguinte

pronunciamento (peça 56):

“3. A imputação das irregularidades mencionadas aos gestores responsáveis, bem como a

proposta de aplicação de multa (peça 54, item 43, alíneas ‘a’ e ‘b’ e item 44, alíneas ‘a’ e ‘b’),

reclamam análise de possível impacto nas contas da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da

Saúde (SAS/MS) do respectivo ano, nos termos do art. 206 do RI/TCU, in verbis:

Art. 206. A decisão definitiva em processo de tomada ou prestação de contas ordinária não

constituirá fato impeditivo da aplicação de multa ou imputação de débito em outros processos, salvo

se a matéria tiver sido examinada de forma expressa e conclusiva, hipótese na qual o seu exame

dependerá do conhecimento de eventual recurso interposto pelo Ministério Público

4. Os atos administrativos no âmbito dos quais se concretizaram as irregularidades detectadas

no presente levantamento se deram nos exercícios de 2007 e 2008, para o caso do Sr. Alberto

Beltrame (peça 32, p. 59-60, item 352.3), e no exercício de 2008, para o caso do Sr. Cloer Vescia

Alves (peça 32, p. 59, item 352.2).

5. Com relação ao exercício de 2007, a SAS/MS apresentou Tomada de Contas Simplificada,

processo TC 013.782/2008-7, em cujo rol de responsáveis não contam o Sr. Alberto Beltrame e o Sr.

Cloer Vescia Alves. Referido processo foi deliberado pelo Acórdão 4479/2019-TCU-1ª Câmara,

julgando-se as contas de um dos responsáveis regulares com ressalvas, e regulares as contas dos

demais responsáveis. Não houve qualquer avaliação, nas contas referentes ao exercício de 2007, do

programa que implementou o componente motolância na política de urgência e emergência do

Ministério da Saúde.

6. Com relação ao exercício de 2008, a SAS/MS apresentou Tomada de Contas Anual,

processo 015.085/2009-8, em cujo rol de responsáveis consta o nome do Sr. Alberto Beltrame, mas

não consta o nome do Sr. Cloer Vescia Alves. O Acórdão 665/2011-TCU-2ª Câmara julgou as contas

do Sr. Alberto Beltrame regulares, com quitação plena. Também não houve, nesse processo, qualquer

avaliação afeta à questão das motolâncias.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7. Desse modo, em que pese as contas da SAS/MS dos exercícios 2007 e 2008, anos em que

foram praticadas as irregularidades detectadas no presente levantamento, já terem sido julgadas, não

há qualquer óbice à aplicação de multa aos responsáveis, conforme expressa previsão no art. 206 do

RI/TCU, razão pela qual manifesto-me de acordo com a proposta formulada pelo AUFC Ricardo

Augusto Capovilla (doc. 47.811.557), a qual contou com a anuência da titular da Secex4/D3.”

O corpo diretivo da 4ª Secex manifestou de acordo tanto com o relatório da fiscalização (peças

33-34), quanto com o exame das audiências (peças 55-56).

É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de relatório de levantamento executado de 25/4 a 6/5/2011 sobre o

componente “motolâncias”, motocicletas equipadas com aparelhos de primeiros socorros destinadas a

atendimentos rápidos, na rede do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), programa do

Ministério da Saúde (MS) que tem como finalidade prestar socorro em casos de urgência e

emergência, sendo o principal componente da Política Nacional de Atenção às Urgências.

As viaturas do Samu podem ser: 1) Unidades de Suporte Avançado - USA; 2) Unidades de

Suporte Básico - USB; 3) Veículos de Transporte - VT; 4) Veículo de Intervenção Rápida - VIR; 5)

veículos de intervenção rápida utilizados para pré-atendimento - Motolância; 6) Unidade de socorro

aquático - Ambulancha; e 7) Unidade de socorro aéreo - Helicóptero.

Após tomar conhecimento de possíveis irregularidades na aquisição das motolâncias pelo MS,

por meio de notícia veiculada pela imprensa, o Min. José Jorge ressaltou o dever deste Tribunal em

cobrar providências para a elucidação dos fatos e responsabilização dos envolvidos, de modo que as

ocorrências fossem acompanhadas pelo TCU, ainda que o objeto já estivesse sendo fiscalizado pelo

Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus).

No TC 020.478/2010-0, que trata da tomada de contas da Secretaria de Atenção à Saúde do

Ministério da Saúde (SAS/MS) referente ao exercício de 2009, encontram-se anexados os relatórios de

auditorias realizadas pelo Denasus acerca da implantação das motolâncias na frota do Samu. Na

presente data, o referido TC encontra-se em instrução na Unidade Técnica.

O presente trabalho teve por objetivo avaliar aspectos que vão desde o planejamento que deu

suporte à concepção do componente motolância como mais um recurso da Política Nacional de

Atenção às Urgências, a legalidade do procedimento licitatório para compra das motolâncias e do

respectivo contrato, até sua utilização pelas coordenações do Samu do país, incluindo verificação in

loco no Samu do Distrito Federal (DF). Os trabalhos se concentraram, mais especificamente, no

Departamento de Atenção Especializada (DAE) da SAS/MS e na sua Coordenação-Geral de Urgência

e Emergência (CGUE).

Além de exame documental, foram enviados questionários para 115 coordenações do Samu

espalhadas pelo país, com exceção dos estados de Rondônia e Santa Catarina, que não receberam

motolâncias do MS. Do total enviado, obteve-se resposta de 89 questionários, o que resultou numa

taxa de retorno de 77%. As cidades que responderam à pesquisa receberam 288 motos, de um total de

400 motocicletas distribuídas pelo MS. Portanto, os dados colhidos na pesquisa respondem por 72% do

total de motolâncias distribuídas.

Acerca dos recursos federais envolvidos, a Unidade Técnica assinalou que a aquisição das 400

motolâncias, por meio do contrato 10.070/2009, totalizou o valor de R$ 6.032.000,00, ou seja, R$

15.080,00 por unidade. Além disso, conforme previsto no art. 3º da Portaria-MS 2.971/2008, são

realizados repasses regulares e automáticos de recursos às respectivas coordenações locais, para

manutenção das equipes efetivamente implantadas (motolâncias habilitadas), no valor de R$ 7.000,00

por mês por unidade habilitada junto ao MS, totalizando desembolso mensal de R$ 532.000,00 com as

motos habilitadas por ocasião da fiscalização.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os achados desta fiscalização foram: 1) ausência de planejamento prévio para implantação do

componente motolância à política de urgência e emergência do MS; 2) motivação insuficiente para

compra das motocicletas e não atendimento a parecer da Consultoria Jurídica (Conjur) do órgão; 3)

quantidade significativa de motolâncias ociosas; 4) reduzido número de motolâncias em

funcionamento no DF; 5) falhas na sequência de ações previstas para possibilitar a operação das

motos; e 6) falhas no processo de monitoramento e avaliação do MS.

Para os achados 1, 2 e 3, foram propostas audiências dos responsáveis do MS para

apresentarem razões de justificativa pelos fatos impugnados. Além disso, foram alvitradas

determinações, recomendações e ciências ao órgão.

Foram chamados em audiência os Srs. Emival Gonçalves de Sousa, Assistente Administrativo

da CGUE/DAE/SAS/MS, Cloer Vescia Alves, Coordenador-Geral da CGUE/DAE/SAS/MS, e Alberto

Beltrame, Diretor do DAE/SAS/MS. As condutas de cada um dos responsáveis foram devidamente

individualizadas pela Unidade Técnica, conforme parágrafo 352 do relatório da fiscalização (peça 32)

e parágrafos 5, 18 e 29 da instrução de mérito (peça 54).

O primeiro ponto da audiência dos responsáveis diz respeito à aquisição e distribuição de 400

motolâncias sem a comprovação de estudos que demonstrassem a necessidade e viabilidade de

implantação do novo componente à frota do Samu, acarretando grande quantidade de motos ociosas

(achados 1 e 3). O segundo ponto da audiência se refere ao não atendimento de exigência do parecer

1.803/2007 da Conjur/MS no que atine à necessidade de devida motivação, no processo licitatório

25000.200718/2007-18, que justificasse a aquisição das 400 motolâncias (achado 2).

Realizadas as audiências (peças 38-40), mediante delegação de competência (peça 34), a

Unidade Técnica retornou aos autos em derradeira instrução de mérito onde, ao fim, propõe o

acolhimento de uma e rejeição de duas das razões de justificativa apresentadas, com a consequente

aplicação de multa aos responsáveis, bem como a efetivação das determinações e demais medidas

sugeridas no relatório da fiscalização.

Tais os enfrentamentos em análise neste voto.

Registro, desde já, que minha única discordância com a Unidade Técnica está relacionada à

responsabilidade do Sr. Emival Gonçalves de Sousa, conforme detalharei a seguir. Quanto ao mais,

manifesto minha concordância com as instruções retratadas no relatório, incorporando-as às minhas

razões de decidir, sem prejuízo de tecer os comentários que julgo pertinentes.

À luz do art. 1º, § 1º, da Portaria-MS 2.971/2008, que institui a motolância como integrante da

frota do Samu e define critérios técnicos para sua utilização, o quantitativo de motocicletas a ser

distribuído acompanhará, preferencialmente, o número de ambulâncias habilitadas em cada serviço, na

proporção de uma motocicleta para cada Unidade de Suporte Avançado e uma a cada duas Unidades

de Suporte Básico, que, por sua vez, são distribuídas conforme critério populacional.

Deste modo, a ação previa inicialmente a aquisição de 1.800 motocicletas no plano Mais Saúde

- Direito de Todos - 2008/2011. Por meio dos processos 25000.200718/2007-18 e 25000.109185/2008-

11, a CGUE/DAE procedeu a licitação e contratação de 400 motocicletas visando dar continuidade à

implantação do Projeto Samu.

De se registrar que a doação das motalâncias para as coordenações locais do Samu ocorreu por

meio de Termo de Doação com Encargos. O referido Termo, além de listar diversos encargos de

responsabilidade das respectivas coordenações locais, prevê, em sua cláusula quarta, a possibilidade de

revogação parcial ou total do Termo em caso de comprovação, pelo MS ou pelos órgãos de controle

externo, quanto à não utilização do bem doado para os fins propostos pela doação.

Conforme informação prestada pelo MS, existiam apenas 76 motolâncias habilitadas até a data

da fiscalização. Havia ainda outras 27 motolâncias em funcionamento, mas com custeamento integral

por meio de recursos próprios dos estados ou municípios, ou seja, sem habilitação junto ao MS. A seu

turno, após tabular os dados dos questionários, a Unidade Técnica verificou que, das coordenações

respondentes, 55 afirmaram que as motos ainda não estavam funcionando. Nas demais, estavam em

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

funcionamento 111 motos, sem distinção entre habilitadas ou não, e que, portanto, 177 se encontravam

ociosas, sem operação.

O fato de a maior parte das motolâncias não estar em operação constitui flagrante desperdício

de recursos públicos, devido, principalmente, às fragilidades na fase de planejamento da implantação

do novo componente. Ademais, verificou-se que houve breves e limitadas discussões nas instâncias de

deliberação que apoiam a tomada de decisão no âmbito do SUS, tais como Conselho Nacional de

Saúde (CNS) e Comissão Intergestores Tripartite (CIT), o que pode ser considerado como outro fator

que contribuiu para caracterizar o incipiente planejamento realizado.

Com relação à participação das coordenações locais, a pesquisa realizada por meio de

questionário revelou que das 89 unidades do Samu consultadas, 27 (30%) afirmaram não terem sido

consultadas sobre eventual interesse em receber as motolâncias; 35 coordenações (39%) afirmaram

que não tinham condições adequadas para recebimento das motocicletas; e 40 unidades (45%)

afirmaram que não foram cientificadas com antecedência adequada sobre o recebimento das motos, de

forma que elas pudessem adiantar os devidos preparativos para colocá-las em funcionamento.

Observo que a lista de municípios selecionados para receber motolâncias inclui diversas

localidades do interior, com população aproximada ou inferior a 80.000 habitantes, para as quais não

há certeza quanto à real necessidade das motocicletas para vencer obstáculos impostos pelo trânsito e

outras dificuldades de acesso.

O principal motivo apontado tanto pela CGUE/DAE quanto pelo questionário aplicado para

justificar a não habilitação é a falta de cursos para capacitação de pilotos. No entanto, vários outros

motivos também foram indicados como fatores limitadores para as coordenações locais cumprirem os

critérios de habilitação das motolâncias, nos termos dos parágrafos 143 e 152 do relatório da

fiscalização.

Conforme estimativa do próprio MS para definição de custeio mensal da moto, seriam

necessários cinco profissionais por moto em regime de 36 horas semanais. Considerando 400 motos

distribuídas, seriam então necessários 2.000 profissionais. Entretanto, apenas 276 profissionais (14%)

foram capacitados, o que indica desconhecimento da capacidade de recursos humanos das

coordenações locais do Samu.

O estímulo que se espera do MS para a implantação de serviços de saúde responsáveis pelo

atendimento pré-hospitalar móvel no País não pode ser representado apenas pela simples entrega de

motocicletas, sem planejamento, monitoramento e acompanhamento das necessidades e desempenho

das diversas coordenações do Samu descentralizadas pelo País.

A ausência de estudos que fundamentassem a implantação no novo componente do Samu

contribuiu decisivamente para o limitado sucesso do programa. A própria CGUE/DAE admitiu que

não tem, até o momento, uma avaliação positiva da ação, nem existe previsão de novas aquisições de

motolâncias, de forma que fica demonstrada a instituição de uma política pública mais pautada pelo

método da tentativa e erro do que em critérios técnicos bem fundamentados para adequada aplicação

de recursos públicos.

Pertinente transcrever a escorreita conclusão a que chegou a Unidade Técnica:

“173. (...) Tais informações corroboram o fato de que a CGUE desconhecia a realidade fática

das Coordenações locais do Samu, ou, se conhecia, optou por repassar o recurso mesmo ciente do

risco de que não fosse utilizado como de fato grande parte deles não está sendo usada.

174. Atribuir tão somente às secretarias locais e coordenações do Samu a responsabilidade

pelo fato de 177 motos (de um total de 288 pesquisadas) não estarem em funcionamento, mais de um

ano após o seu recebimento - em alguns casos dois anos -, seria no mínimo equivocado. Significaria

dizer que a decisão de distribuir quatrocentas motos às secretarias locais de saúde, sem que fosse

levada em conta a capacidade operacional das Coordenações do Samu, eximiria do Ministério a

responsabilidade pelo insucesso do programa na maior parte das cidades abarcadas.

175. Nitidamente, os motivos que ensejam a situação identificada nesta auditoria estão mais

ligados à forma como (não) foi planejada a ação. Ressalte-se que a maior parte das Coordenações

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

apontou mais de um fator considerado limitante na execução do programa. Portanto, o não

funcionamento das motolâncias ou a sua baixa utilização resulta de uma conjugação de fatores, e não

apenas de um único. Entre eles, está a baixa capacidade operacional das Coordenações locais, fator

que poderia (e deveria) ter sido identificado em fases iniciais da ação.”

As razões de justificativas dos responsáveis não foram capazes de explicar a ausência de

estudos que demonstrassem a necessidade e viabilidade de implantação das motolâncias. Não há como

sustentar a ideia de que a ociosidade de grande parte das 400 motocicletas adquiridas não tenha relação

com as deficiências observadas no planejamento do componente. A alegação de economicidade na

aquisição de tal quantidade não encontra amparo que sustente o argumento. A licitação/contratação foi

efetuada sem base em elementos que assegurassem que as motocicletas seriam adequadamente

aproveitadas pelas coordenações que as receberam.

A justificativa de que houve cautela na definição da quantidade de motocicletas a serem

adquiridas, já que esse número foi reduzido de 1.800 para 400, não prospera. Perante a ociosidade

observada, infiro que a quantidade adquirida foi, de todo modo, muito superior à verdadeira

capacidade de operacionalização. Caso houvesse justificativa razoável para a definição desse

quantitativo ou elementos que pudessem propiciar razoável certeza de que a maior parte das

motocicletas seria efetivamente habilitada, não haveria que se falar em culpa por parte dos gestores;

ausentes tais elementos, entendo que não há como afastar suas responsabilidades quanto a isso.

O segundo ponto questionado na audiência foi o não atendimento de exigência do parecer

1.803/2007 da Conjur/MS no que se refere à necessidade de devida motivação que justificasse a

aquisição das 400 motolâncias.

De fato, o parecer 1.803/2007 da Conjur/MS é taxativo ao explicitar que a Lei 8.666/93 veda

justificativas de cunho genérico e que a justificativa apresentada no Termo de Referência não atendia

às determinações técnicas-legais exigidas em lei. A nova justificativa apresentada na nota técnica s/n

de 13/12/2007, em atendimento ao parecer da Conjur/MS, é tão rasa e genérica quanto a do Termo de

Referência, não fornecendo a adequada motivação para a aquisição das motos.

Naturalmente, a mera presença de parecer jurídico no processo licitatório, sem que seu exame

seja levado em consideração, não atende a finalidade da Lei. Na realidade, privilegio o entendimento

de que as assessorias jurídicas assumem papel de fundamental importância no controle da legalidade,

na defesa da instituição administrativa, do interesse público e dos direitos constitucionais.

Ficou, portanto, caracterizada violação ao art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/93, uma vez

que não restaram atendidas as ressalvas do órgão jurídico, motivo pelo qual mantenho a

responsabilidade dos gestores.

Como já dito, minha única discordância com a Unidade Técnica está relacionada à análise das

razões de justificativa do Sr. Emival Gonçalves de Sousa, pois entendo que o mesmo é responsável

pelas irregularidades, juntamente com os Srs. Cloer Vescia Alves e Alberto Beltrame, conforme as

condutas descritas no parágrafo 352 do relatório da fiscalização (peça 32) e nos parágrafos 5, 18 e 29

da instrução de mérito (peça 54).

Da leitura dos processos 25000.200718/2007-18 e 25000.109185/2008-11, verifico que foi o

Sr. Emival quem subscreveu não só o Termo de Referência que deu origem à licitação/contratação em

questão, mas também a supracitada nota técnica s/n de 13/12/2007. Em vários de seus despachos, o Sr.

Emival encaminhou o processo para providências de outra unidade do MS. Em outras tantas

oportunidades, o Sr. Emival atuou no processo na condição de Coordenador-Geral Substituto do

CGUE. Assim, não é possível crer, ao contrário do que pretende o responsável, que o mesmo tenha

atuado apenas como mero digitador.

Os atos administrativos em que se concretizaram as irregularidades detectadas no presente

levantamento ocorreram nos exercícios de 2007 e 2008, cujos processos de contas são os TC’s

013.782/2008-7 e 015.085/2009-8, respectivamente. Informação prestada pelo Secretário da 4ª Secex

revela que nenhum dos dois processos tratou do programa que implantou o componente motolância na

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Política Nacional de Atenção às Urgências. Portanto, nos termos do art. 206 do RI/TCU (Resolução-

TCU 246/2011), não há impedimento para a aplicação de multa aos responsáveis no presente processo.

Destarte, deixo de acolher as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis e aplico-

lhes a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92.

Por fim, considero que as determinações e recomendações relacionadas aos demais achados da

fiscalização são atuais e adequadas para a correção dos desvios identificados e o aprimoramento do

processo de implantação das motolâncias, razão pela qual julgo necessário incluí-las na presente

deliberação, com adaptações de estilo e exclusão da ciência sugerida no parágrafo 48 da instrução de

mérito, em vista do que dispõe o art. 4º da Portaria-Segecex 13/2011.

Ante o exposto, voto no sentido de que seja aprovado o Acórdão que ora submeto à deliberação

deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Relator

ACÓRDÃO Nº 2221/2012 - TCU - Plenário

1. Processo nº TC 006.756/2011-5.

2. Grupo I - Classe V - Relatório de Levantamento.

3. Responsáveis: Alberto Beltrame (308.910.510-15); Cloer Vescia Alves (390.161.960-72);

Emival Gonçalves de Sousa (409.916.601-53).

4. Órgãos: Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS/MS); Secretaria de

Estado de Saúde do Distrito Federal (SES/DF).

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 4ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-4).

8. Advogado constituído nos autos: Daniela Bozetto Alves (OAB/RS 27.464); Fernão Leal

Mohn (OAB/RS 25.167).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento sobre o componente

“motolâncias”, motocicletas equipadas com aparelhos de primeiros socorros destinadas a atendimentos

rápidos, na rede do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), programa do Ministério da

Saúde que tem como finalidade prestar socorro em casos de urgência e emergência,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fulcro no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/92, rejeitar as razões de justificativa

apresentadas pelos Srs. Alberto Beltrame, Cloer Vescia Alves e Emival Gonçalves de Sousa, e aplicar-

lhes, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, no valor de R$ 5.000,00

(cinco mil reais), notificando-os para, no prazo de 15 (quinze) dias, efetuarem e comprovarem perante

o Tribunal o pagamento da dívida;

9.2. caso não atendida a notificação, determinar o desconto da dívida nos vencimentos,

subsídio, salário ou proventos dos responsáveis, observados os limites previstos na legislação

pertinente, ou, alternativamente, autorizar a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, incisos I

e II, da Lei 8.443/92;

9.3. com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar à Secretaria de

Atenção à Saúde do Ministério da Saúde que:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3.1. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, plano de ação contendo

medidas a serem tomadas junto às secretarias locais de saúde e suas respectivas coordenações do

Samu, para aumentar a efetiva utilização das motolâncias, incluindo estimativas de prazos para

cumprimento;

9.3.2. execute o disposto nas cláusulas segunda, terceira e quarta dos Termos de Doação com

Encargos das motolâncias, para que os municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido

restituam a motocicleta para redistribuição a municípios que tenham capacidade operacional para

colocá-las em funcionamento;

9.3.3. execute o disposto nas cláusulas quinta e sexta dos Termos de Doação com Encargos das

motolâncias, de forma que seja realizada a adequada fiscalização das obrigações e determinadas as

providências a serem adotadas pelos donatários para adequação contratual, quando for o caso;

9.3.4. execute o disposto no item “A” do Anexo à Portaria GM/MS 1.864/2003 e no item 14 do

Programa Mínimo para Implantação das Motolâncias na Rede Samu 192, para que seja realizado o

devido acompanhamento e avaliação das ações previstas na Portaria GM/MS 2.971/2008 e nos Termos

de Doação com Encargos;

9.4. com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar à

Subsecretaria de Atenção à Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito Federal que:

9.4.1. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, plano de ação, contendo as

medidas necessárias a dar plena utilização a todas as 21 motolâncias doadas pelo Ministério da Saúde,

incluindo as respectivas estimativas de prazos para cumprimento;

9.4.2. restitua ao Ministério da Saúde as motolâncias que o Samu/DF entender sem capacidade

operacional ou interesse em habilitar, conforme exigido pelo Termo de Doação com Encargos,

respeitada a reserva técnica;

9.5. com fulcro no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à Secretaria

de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde que defina prazo para que os municípios que receberam

motolâncias deem cumprimento às obrigações previstas nos Termos de Doação com Encargos,

destinando o equipamento doado para ações de atendimento de emergência da coordenação do Samu

donatária;

9.6. com fulcro nos arts. 169, § 1º, e 216 do Regimento Interno do TCU, dar ciência do inteiro

teor da presente deliberação aos responsáveis, à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde

e à Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal;

9.7. com fulcro no art. 169, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar, desde logo, o

encerramento do presente processo, após efetuadas as comunicações determinadas e expirados os

prazos dos recursos cabíveis dotados de efeito suspensivo.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2221-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Presidente Relator

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241

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário

TC 007.574/2012-6.

Natureza: Desestatização.

Entidade: Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Responsável: João Batista de Rezende (CPF 472.648.709-44) – Presidente.

Advogado constituído nos autos: não há.

SUMÁRIO: ACOMPANHAMENTO. ANATEL. LICITAÇÃO. OUTORGA DE

AUTORIZAÇÃO DE USO DE RADIOFREQUÊNCIAS. OUTORGA DE AUTORIZAÇÃO PARA

EXPLORAÇÃO DO SERVIÇO TELEFÔNICO FIXO COMUTADO. SERVIÇO MÓVEL

PESSOAL. SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA. APROVAÇÃO. RESSALVA

PRIMEIRO ESTÁGIO. DETERMINAÇÃO. RECOMENDAÇÃO. CIÊNCIA. RELATÓRIO

Adoto, como relatório, a instrução da unidade técnica (doc. 50), com manifestação de acordo

do Diretor e do Secretário (docs. 51 e 52), nos seguintes termos:

1. Tratam os autos de processo de licitação para outorga de autorização de uso de

radiofrequências nas subfaixas de 451 MHz a 458 MHz, de 461 MHz a 468 MHz e de 2.500 MHz a

2.690 MHz, pelo prazo de quinze anos, prorrogável uma única vez por igual período, com

possibilidade de outorga de autorização para exploração do Serviço Telefônico Fixo Comutado para

o Uso do Público em Geral (STFC), do Serviço Móvel Pessoal (SMP) e do Serviço de Comunicação

Multimídia (SCM), conduzido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) nos termos do

Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL.

2. Esse certame atende aos arts. 3º e 4º do Decreto nº 7.512/2011, que determinaram a

licitação das referidas subfaixas com os objetivos de: levar conectividade às regiões rurais ou de

baixa densidade demográfica, por meio da subfaixa de 450 MHz; e disponibilizar a chamada quarta

geração (4G) da tecnologia de comunicações móveis em banda larga nas cidades brasileiras pela

subfaixa de 2,5 GHz.

3. Na subfaixa de 2,5 GHz serão ofertados, para cada área de prestação definida

territorialmente pela Anatel, blocos de radiofrequência para as Bandas P, W, V1, V2, X, T e U, para

os lotes definidos no anexo II-A do Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL. Na subfaixa de

450 MHz, será ofertado um bloco de radiofrequência para as subfaixas de 451 MHz a 458 MHz e de

461 MHz a 468 MHz com abrangência nacional. Ao todo serão licitados 273 blocos de

radiofrequências.

4. O acompanhamento dos processos de outorga de serviços públicos, nos termos do art. 7º da

Instrução Normativa (IN)-TCU nº 27/98, deve ser realizado de acordo com os seguintes estágios: a)

primeiro estágio - exame da viabilidade da concessão ou da permissão; b) segundo estágio - exame da

pré-qualificação, se houver; exame do edital e da minuta dos contratos; c) terceiro estágio - exame da

habilitação e do julgamento das propostas; e d) quarto estágio - exame do ato de outorga e dos

contratos assinados.

5. As licitações para outorga de autorização de uso de radiofrequências são regidas pela

Lei nº 9.472/97 (Lei Geral de Telecomunicações, LGT), pela Resolução-Anatel nº 65/98 (Regulamento

de Licitação) e normativos da Anatel relacionados aos serviços a serem prestados e às características

técnicas das subfaixas de radiofrequências ofertadas.

6. De acordo com a Decisão 320/2000-TCU-Plenário, as autorizações a serem outorgadas na

forma estabelecida pela LGT apresentam todas as características de uma concessão, de forma que se

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

deve proceder ao acompanhamento dessas autorizações nos moldes da IN-TCU nº 27/98. Portanto, no

TCU, as outorgas de autorização de radiofrequências são analisadas por meio do mesmo

acompanhamento dispensado às concessões, de acordo com entendimento espelhado no voto da citada

Decisão:

“autorizações a serem outorgadas na forma estabelecida pela Lei Geral de Telecomunicações

(Lei 9472/97) muito pouco se distinguem de uma concessão, sendo oportuna a proposta do analista

para que a avaliação da presente outorga e de outras autorizações com características semelhantes

seja realizada nos moldes do acompanhamento de concessões previstos nas Instrução Normativa TCU

nº 10/95 e sua sucedânea IN TCU nº 27, de 07.12.98.”

7. Assim, esta instrução cuida da análise do primeiro estágio, nos termos do art. 9º da IN-

TCU nº 27/98.

II. Histórico

8. A Anatel encaminhou (peça 1, p. 1), em março de 2012, o documento intitulado “Estudo

para determinação do preço público de autorizações para exploração do serviço de comunicação

multimídia (SCM), do Serviço telefônico fixo comutado destinado ao uso do público em geral (STFC)

e/ou do serviço móvel pessoal (SMP), bem como outorga de segmentos de radiofrequências na

subfaixa 2.500 MHz a 2.690 MHz e/ou na subfaixa de 451 MHz a 458 MHz e de 461 MHz a 468 MHz”

(peça 1, p. 2-132).

9. A fim de complementar a documentação do primeiro estágio e solicitar justificativas, a

unidade técnica diligenciou a Anatel (peça 12). Em resposta, a Agência enviou (peças 19 e 20) os

documentos e justificativas solicitados.

10. Posteriormente, identificaram-se inconsistências no cálculo do preço mínimo, e solicitou-se

(peça 17) que a Agência apresentasse novas justificativas, as quais foram encaminhadas (peça 22).

11. A Agência enviou os arquivos referentes ao cálculo do valor proporcional para cada lote

de licitação, ponderado por população da área licitada (peça 24). A Anatel ainda encaminhou ajuste

no cálculo do custo médio ponderado do capital (weighted average cost of capital, WACC) (peça 25).

12. Com o objetivo de instruir a análise do primeiro estágio deste certame, foi autorizada a

realização de inspeção (peça 21).

III. Exame técnico do primeiro estágio

III.1. Tempestividade e completude da documentação encaminhada

13. O primeiro estágio deste processo de outorga refere-se à análise dos documentos

elencados no art. 7º, inciso I, alínea “a”, da IN-TCU nº 27/98, observado o art. 8º, inciso I, que

estabelece o prazo de encaminhamento a esta Corte pelo poder concedente de “trinta dias, no mínimo,

antes da publicação do edital de licitação”. Não se aplicam a este processo os documentos indicados

no art. 7º, inciso I, alíneas “b” e “c”, daquele normativo, haja vista a desnecessidade de

licenciamento ambiental para o serviço a ser outorgado, bem como não se verificarem investimentos

ou despesas anteriormente efetuados pelo órgão concedente e vinculados à outorga licitada.

14. A Anatel encaminhou, em 20/3/2012, o estudo (peça 1, p. 2-132), acompanhado de

planilhas, cálculos e informações que embasaram suas conclusões (peças 2-5). Posteriormente foram

encaminhados pela Agência complementos, ajustes e atualizações decorrentes das diligências

empreendidas pela unidade técnica e das alterações promovidas pelo Conselho Diretor no edital de

licitação a ser publicado, sem que houvesse prejuízo à avaliação do primeiro estágio. Conclui-se que

foi atendida a documentação exigida pelo art. 7º, inciso I, alínea “a”, da IN-TCU nº 27/98.

15. Considerando-se que o Edital 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL, referente ao processo de

outorga, teve o aviso publicado em 24/4/2012 na página 130 da Seção 3 do Diário Oficial da União, e

a publicação do teor completo do edital, no sítio eletrônico da Anatel, ocorreu em 27/4/2012, verifica-

se que o prazo constante do art. 8º, inciso I, da IN-TCU nº 27/98 foi atendido.

III.2. Objeto e critérios da licitação e modelagem do estudo de viabilidade econômica

16. No presente certame serão ofertados, na subfaixa de 2,5 GHz, blocos de radiofrequência

para as Bandas P, W, V1, V2, X, T e U, e, na subfaixa de 450 MHz, um bloco de radiofrequência para

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

as subfaixas de 451 MHz a 458 MHz e de 461 MHz a 468 MHz. O edital de licitação define 273 lotes,

sendo que alguns somente serão efetivamente licitados caso determinadas condições sejam atendidas,

a exemplo de existência de lotes desertos a serem segmentados ou de renúncia de faixas atualmente

ocupadas.

17. Inicialmente ocorre a licitação do lote referente à subfaixa de 450 MHz com abrangência

nacional. Se esse lote for outorgado, prossegue-se o certame com a licitação da subfaixa de 2,5 GHz,

sendo que os licitantes que vencerem os lotes das subfaixas W, X, V1 e V2 deverão arcar com o custo

de prover parte da infraestrutura para prestação de serviço na subfaixa de 450 MHz. Caso a licitação

da subfaixa de 450 MHz resulte em insucesso, prossegue-se o certame com a licitação da subfaixa de

2,5 GHz, adicionando-se compulsoriamente frações da subfaixa de 450 MHz às subfaixas W, X, V1 e

V2 na seguinte proporção: 1/3 da subfaixa de 450 MHz para as subfaixas W e X e 1/6 da subfaixa de

450 MHz para as subfaixas V1 e V2.

18. Na presente licitação, a Anatel utiliza dois critérios para escolha dos proponentes

vencedores. Para a subfaixa de 450 MHz, será vencedor o proponente que oferecer o maior desconto

relativo a um preço de referência de uma cesta de serviços definida pela Anatel. Já para os demais

lotes (subfaixa de 2,5 GHz), o vencedor será o proponente que oferecer o maior preço de outorga

para cada lote.

19. Na faixa de 450 MHz, a área de prestação é nacional. Na faixa de 2,5 GHz, para todos os

lotes das bandas W, V1, V2 e X, a área de prestação é nacional; para os lotes da banda U licitada

individualmente e parte dos lotes da banda P é por área de registro; e para os lotes da banda U

licitada em conjunto com a banda T e o restante de lotes da banda P é por grupo de municípios

pertencentes à mesma área de registro, conforme Resolução Anatel nº 544/2010 e sendo a

disponibilidade dependente de renúncia pela atual autorizatária da faixa (peça 1, p. 36 a 38).

20. A Anatel optou por fazer seis planos de negócios: plano para prestação em 50 MHz

duplexação por divisão no tempo (time division duplexing, TDD) (subfaixas T e U); em 20 MHz +

20 MHz duplexação por divisão de frequências (frequency division duplexing, FDD) (subfaixas V1 e

V2, W ou X); em 10 MHz + 10 MHz FDD (subfaixa P); em 450 MHz com prestação nacional por uma

operadora; em 450 MHz com prestação dividida pelas operadoras das subfaixas de 2,5 GHz; e

construção de infraestrutura por parte da operadora de 2,5 GHz para atender à prestadora de

450 MHz (peça 1, p. 72-117).

21. A metodologia utilizada pela Anatel para determinação dos preços mínimos é a do fluxo de

caixa descontado (peça 1, p. 14). O valor presente líquido (VPL) referente a cada lote, correspondente

ao preço mínimo pela outorga, foi calculado utilizando-se horizonte de análise de quinze anos, com

discretização anual, apropriando-se nos fluxos de caixa de cada período investimentos, receitas e

despesas.

22. A taxa de desconto, pela qual se trazem a valor presente os fluxos de caixa futuros, foi

determinada por meio do modelo Custo Médio Ponderado de Capital (WACC), associado ao modelo

Capital Asset Pricing Model (CAPM) para o cálculo do componente do capital próprio.

23. Para elaborar o estudo, a Anatel utilizou os dados brutos apresentados na Tabela 1:

Tabela 1: Dados brutos usados nos Planos de Negócios

Variável Referência

População IBGE 2010, obtido junto ao IPEA

Acessos Estimativa baseada em modelo definido tendo como base dez/2010

PIB IBGE PIB dos Municípios 2007

WACC Consórcio FGV/CPqD revisado em 2007 e atualizado em 2012 pela

Anatel

Investimento Uso de dados de três fornecedores de equipamentos

Custos Percentual do valor de investimentos

Receita Benchmark das atuais prestadoras do SMP

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Fonte: Estudo de viabilidade econômica (peça 1, p. 71, 87; peça 24, CD, planilha

PVCPR12_PreçoMínimo 2,5 E 3,5 _ConsolidaçãoDados_v01.xls).

Nota: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; IPEA – Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada; PIB – Produto Interno Bruto; WACC - Custo Médio Ponderado de Capital;

FGV – Fundação Getúlio Vargas; CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em

Telecomunicações; SMP – Serviço Móvel Pessoal.

24. Embora a faixa de 2,5 GHz permita a outorga de vários serviços de telecomunicações, a

modelagem considera cenário de prestação do serviço móvel pessoal, pois, de acordo com a Anatel,

dentre todos os usos possíveis, esse é o serviço que permite ofertar todas as facilidades existentes, de

maneira que é mais adequado para a modelagem do estudo (peça 1, p. 57). Outros serviços tem

aplicação mais restrita e não seriam apropriados para modelagem geral.

III.3. Estimativa de demanda para os próximos quinze anos

25. O modelo econométrico para estimar o crescimento do SMP foi o mesmo utilizado na

licitação da Banda H em 2010. Esse modelo utiliza o Produto Interno Bruto (PIB) per capita para o

ano de 2007, a taxa de crescimento do PIB entre 2003 e 2007 e a penetração do serviço, e usa como

base os dados da Taxa Composta de Crescimento Anual (CAGR) da telefonia móvel para 175 países

no período de 2003 a 2007. Assim, foi desenvolvido modelo em que a taxa de crescimento do mercado

depende das outras variáveis apresentadas, conforme a equação:

log(CAGR) =β1log(penetração_móvel)+ β2log(PIB per capita)+ β3log(crescimento do PIB)+

β4dummy

26. A variável dummy é uma variável binária de controle, sendo zero para países com PIB per

capita maior que US$ 6.000,00 e um para o restante (peça 1, p. 60).

27. Segundo a Anatel, o melhor modelo de regressão para os dados utilizados foi o de mínimos

quadrados (OLS puro). O crescimento do SMP nos últimos cinco anos nos 175 países foi explicado em

60% pelas variáveis utilizadas, sendo que os coeficientes encontrados foram considerados

estatisticamente relevantes a um nível de confiança de 90%.

28. Ocorre que, para a Banda H, esse modelo foi utilizado apenas para os primeiros cinco

anos de outorga e, para a presente licitação, a Anatel o usou para os quinze anos.

29. A Agência, na sequência, apresentou gráfico em que mostra que o modelo atual é mais

aderente à realidade do que a modelagem usada para a Banda H (peça 1, p. 62).

30. A Anatel ponderou que, ao se disponibilizar novas faixas de radiofrequência, há sempre

uma nova estimativa de demanda (peça 1, p. 58-59) e que há tendências mundiais no sentido de

ampliar o uso de serviços móveis, como por exemplo, o aumento das conexões Máquina-Máquina

(M2M) e o crescimento no tráfego de vídeo em dispositivos móveis (peça 1, p. 63-66).

31. Assim, o incremento das novas faixas de 2,5 GHz e de 3,5 GHz corresponde à diferença

entre o total previsto por esse modelo e os valores projetados quando da licitação da banda H. Em

comparação com as previsões pretéritas, a Agência acredita em uma quantidade de acessos final em

2026 de 1,5 bilhões, sendo 977,6 milhões apenas para a faixa de 2,5 GHz.

32. Considerando os tipos de uso, a demanda foi segmentada em três tipos de categorias de

planos de serviços: baixa capacidade, média capacidade e alta capacidade (peça 1, p. 66-68). O

mercado foi segmentado considerando que as empresas teriam “participações proporcionais ao

tamanho do espectro que possuem”, de acordo com a faixa de população do município e a quantidade

de operadoras no mercado (peça 1, p. 69).

33. No caso da faixa de 450 MHz, destinada a atender a área rural, a Agência indicou que não

há “a mesma disponibilidade de informações observada na zona urbana” (peça 1, p. 90). A partir da

observação das séries históricas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009 (PNAD),

produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e de pesquisa realizada pelo

Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), foram

estimados, para cada Unidade da Federação, a quantidade de domicílios rurais e os percentuais

destes com acesso à telefonia e a serviço de dados, atual e potencialmente (peça 1, p. 91-105).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

III.4. Custo de capital

34. Para estabelecer a taxa de desconto a ser aplicada ao fluxo de caixa estruturado, foi

adotado o método do Custo Médio Ponderado do Capital (WACC), que representa a rentabilidade que

um projeto deve alcançar para custear o serviço da dívida (capital de terceiros) e o retorno do

investimento realizado pelo empreendedor (capital próprio). A estrutura de capital estabelece em que

proporção o capital próprio e de terceiros se juntarão para formar o capital destinado ao

empreendimento.

35. No estudo, adotou-se, inicialmente, a taxa de desconto para o mercado de telefonia móvel

determinada por uma atualização do trabalho do consórcio Fundação Getúlio Vargas/Centro de

Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (FGV/CPqD) em 2007. Esse valor corresponde a

uma taxa de desconto nominal de 13,19% a.a. e de 8,69% a.a., deflacionada pela estimativa de

inflação de 4,5% (peça 1, p. 70).

36. A Agência argumentou que esse valor ainda seria o mais apropriado e que a defasagem de

tempo não prejudicaria as hipóteses, ainda que se considere a crise econômica mundial de 2008, já

que a economia nacional tem se mostrado vigorosa, com constante disponibilidade de capital por

meio de bancos privados e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

(peça 1, p. 71). Ademais, a Anatel não utilizou a metodologia de cálculo definida pela Resolução-

Anatel nº 535/2009, em decorrência da não disponibilidade de bases de dados necessárias para a

definição do WACC.

37. Observa-se que o valor mínimo das outorgas obtido no estudo é sensível a alterações do

WACC. Desse modo, a atualização das bases de dados para incluir os valores entre 2007 e 2011 é

necessária, tendo em vista que são utilizadas séries históricas para calcular os parâmetros do WACC

e que houve acontecimentos relevantes no mercado financeiro internacional, como, por exemplo, a

crise de 2008 e a queda do risco-país do Brasil.

38. Após a diligência da Unidade Técnica (peça 12), a Anatel atualizou o cálculo do WACC

com séries históricas dos parâmetros até janeiro de 2011, chegando ao valor nominal de 12,09% a.a.

e ao valor real de 7,59% a.a., utilizando-se como deflator a meta de inflação de 4,5% (peça 22, p. 9).

39. O coeficiente de risco sistemático da prestadora típica de serviços de telecomunicações foi

o único parâmetro que não foi atualizado, segundo a Anatel, devido à dificuldade e à inviabilidade de

se “obter um grande número de informações, incluindo séries privadas” e “dado que nos últimos

cinco anos não se observou nenhuma alteração substancial no setor de telecomunicações brasileiro

que pudesse impactar no risco sistemático do setor” (peça 1, p. 7).

40. Conforme informado pela Anatel, o cálculo foi elaborado seguindo a metodologia da

Resolução-Anatel nº 535, no entanto com dados obtidos pela equipe responsável pela elaboração do

estudo de viabilidade econômico-financeira da presente licitação.

41. Analisando a metodologia utilizada pela Anatel, identificou-se a possibilidade de

aprimoramento de tal resolução. A resolução definiu título específico, no caso Global BRL 2016, que

deve ser usado como o título de longo prazo do Tesouro Nacional nas fórmulas do WACC. Seria mais

adequado definir na resolução somente o tipo de título e o prazo de vencimento, pois dessa forma, a

resolução não estaria limitada a horizonte temporal de aplicação (por exemplo, até 2016 quando

vence o título BRL 2016).

42. De fato, a fixação de um título específico não parece a mais adequada para uma norma

geral. Com o tempo, o título perde suas características iniciais, deixando de ser de longo prazo, por

exemplo, e, por fim, tem sua validade expirada, situação que obrigaria a agência a constantemente

atualizar a sua resolução.

43. Após encaminhar a primeira retificação do custo de capital, a Anatel encaminhou nova

retificação ao cálculo desse custo, em que corrigiu erro no processo de deflação do valor nominal

para o valor real, e também alterou outros parâmetros utilizados no cálculo.

44. O primeiro item atualizado foi a data-base de coleta dos dados, de 14/1/2011 para

15/4/2011. Segundo a Agência, as informações necessárias envolvendo “demonstrativos financeiros

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de final de exercício de empresas listadas em bolsa” “só estão realmente disponíveis a partir de abril

de cada ano”, de acordo com Instrução Normativa nº 202 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

(peça 25, p. 1). Por isso, foram atualizados os valores das taxas básicas de empréstimos Brasil livre

de risco soberano (componente do custo do capital próprio) e empréstimos Brasil (parte do custo do

capital de terceiros).

45. Outro ajuste foi no prêmio de risco de crédito (spread), no cálculo do prêmio CDI.

Inicialmente, estavam sendo consideradas debêntures lançadas até 2007, porém o normativo da

Anatel recomenda a utilização de debêntures emitidas em período próximo ao cálculo. Nessa versão

final foram incluídas apenas as emitidas nos “dois anos anteriores ao cálculo, quais sejam 2009 e

2010” (peça 25, p. 1).

46. Por fim, foram alterados o deflator e a fórmula de deflação aplicada ao WACC. A meta de

inflação de 4,5% foi substituída pela média geométrica dos últimos três anos do índice setorial de

telecomunicações (IST) de 4,29% (peça 25, p.1 e CD). Segundo a Agência, esse índice foi escolhido

porque “possui estreita influência tanto nas receitas como nas despesas associadas ao Plano de

Negócios” (peça 25, p. 2).

47. O valor nominal atualizado do WACC corresponde a 12,21%. Destaca-se que o valor do

WACC real permaneceu em 7,59% após essas alterações.

48. Considerando que o WACC é utilizado pela Agência nos estudos de viabilidade econômico-

financeira dos processos de outorga, bem como em outras ações regulatórias, cumpre determinar à

Anatel que, nas próximas licitações, utilize o custo médio ponderado do capital (WACC) atualizado

conforme a norma da metodologia de estimativa do custo médio ponderado de capital aprovada pela

Resolução-Anatel nº 535/2009, para o cálculo do WACC, conforme item 2.6 da referida norma; e

recomendar à Anatel que verifique a necessidade de fazer alterações na norma de metodologia para

seu aprimoramento, a fim de torná-la mais estável ao longo do tempo e menos limitada a restrito

horizonte temporal de aplicação.

III.5. Investimentos

49. O estudo considera cinco tipos de investimento: no plano para prestação em 50 MHz TDD

(subfaixas T e U); no plano para prestação em 20 MHz + 20 MHz FDD (subfaixas V1 e V2, W ou X);

em construção de infraestrutura para atender à prestadora de 450 MHz; no plano para prestação em

10 MHz + 10 MHz FDD (Subfaixa P); e na subfaixa de 450 MHz (peça 1, p. 72-117).

III.5.1. Planos para prestação na subfaixa de 2,5 GHz

50. No caso das subfaixas T, U, V, W e X, o investimento a ser realizado foi estimado tendo por

base a quantidade necessária de sites a serem instalados e o número de estações de rádio base (ERB)

3G por município em janeiro de 2010, bem como uma estimativa de custo para a implantação de uma

ERB. Considerando que a faixa de 2,5 GHz possui característica de propagação que implica em

cobertura inferior a faixa utilizada na rede 3G, a Anatel utilizou fator multiplicativo de 1,7 para a

obtenção da quantidade de sites em 2,5 GHz, conforme sugerido por estudo da empresa Qualcomm

que inicialmente não fora encaminhado a este Tribunal.

51. Foi ainda criado um fator distância para ajustar os custos relativos à implantação e à

transmissão da rede nas áreas do país (peça 1, p. 72-75). Por exemplo, inicialmente, o fator distância

para municípios com mais de 100 mil habitantes na área 9 era 1 e na área 10 era 3, ou seja, o valor

da área 10 era três vezes maior. Já no caso dos municípios com população entre 30 e 100 mil

habitantes, o fator distância era o mesmo para as áreas 9 e 10, no valor de 11.

52. Após diligência da Unidade Técnica (peça 12), a Agência enviou o estudo da Qualcomm

(peça 19) e a justificativa para os valores do fator distância (peça 22).

53. Sobre o fator distância, a Anatel justificou que “o racional existente, embora lógico, não se

mostrava perfeitamente intuitivo” e optou “por simplificar o racional para diferenciação destes

fatores entre as categorias de municípios”, em moldes semelhantes ao utilizado na licitação do 3G

(peça 22, p. 12). Foi definida padronização para os municípios de acordo com os estratos de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

população e a área, mantendo o mesmo critério tanto para as subfaixas de TDD quanto para as de

FDD.

54. No caso da subfaixa P, a Anatel optou por “um modelo orientado somente ao aumento de

capacidade da infraestrutura instalada”, representando valor médio de R$ 285,00 para cada novo

acesso, com reinvestimento a cada cinco anos. Segundo a Agência, a justificativa para isso é que,

analisando as premissas do estudo e do edital, “existe uma forte tendência de que a subfaixa P seja

adquirida por uma das empresas vencedoras das faixas U, W, V ou X, visto que ela é mais aderente a

um agente que já estará no mercado de 2,5 GHz e desejará adquirir mais faixas de frequência para

atender à demanda por serviço” (peça 1, p. 80).

III.5.2. Planos para prestação na subfaixa de 450 MHz

55. O investimento inicial para esta faixa foi calculado a partir da estimativa da quantidade

necessária de ERBs para o atendimento da demanda potencial identificada, com a implantação da

infraestrutura nos primeiros sete anos da outorga. Para isso, foram consideradas duas dimensões

técnicas: a área geográfica de cobertura da ERB, com raio de cobertura de 30 km, e a capacidade de

tráfego suportada. Considerando a obrigação de cobrir a sede de todos os municípios e todas as

escolas rurais, estimou-se o total de 6.048 ERBs necessárias. Esse valor foi multiplicado pelos custos

de cada ERB, obtido por pesquisa de mercado com dois fabricantes, e pelo fator distância, que “visa

demonstrar a dificuldade de implantação de equipamentos de transmissão” (peça 1, p. 111-113).

56. Além disso, foram acrescidos os reinvestimentos a cada cinco anos até o final da outorga e

o valor de R$ 100.000.000,00 a título de “outros investimentos necessários e não detalhados neste

estudo, como por exemplo, a limpeza da faixa de 450 MHz” (peça 1, p. 114 e 115).

57. A Unidade Técnica questionou à Anatel quais seriam esses investimentos (peça 12).

Segundo a resposta da Agência (peça 20), os principais custos são limpeza da faixa e atendimento das

regiões de sombra. No primeiro caso, o vencedor da subfaixa de 450 MHz terá que arcar com os

custos de remanejar todas as mais de 20.000 estações operando na faixa atualmente no Brasil, de

acordo com a Resolução-Anatel nº 558/2010. No segundo caso, trata-se de obrigação do 3º Plano

Geral de Metas e Universalização (PGMU III) atender a 100% das escolas rurais, inclusive as que se

localizam fora da área de cobertura estabelecida para os municípios rurais. Esses investimentos não

podem ser precisamente previstos neste momento, pois se referem a casos pontuais conforme as

estações ocupantes da faixa, as características geográficas dos municípios e a localização das escolas

rurais.

III.6. Receitas

58. O estudo fundamenta a estimativa de receitas para a faixa de 2,5 GHz no cálculo de

valores de receita média por acesso (ARPU) para as áreas de concessão do SMC. Foram utilizados

como referência “os planos de serviço ofertados no mercado atualmente” (peça 1, p. 82), de acordo

com a segmentação de demanda proposta no estudo: baixa capacidade, média capacidade e alta

capacidade.

59. Sobre esses valores, foi aplicada ponderação que considera o PIB das áreas para obter os

valores estimados de ARPU para cada grupo de cidades por área, da mesma forma que ocorreu na

licitação do 3G e da Banda H. Além disso, “foram utilizados fatores de decréscimo de receita para as

faixas FDD e TDD, separados ainda por categoria de plano de serviço” (peça 1, p. 84), tendo em

vista o comportamento histórico de queda de receita por usuário, observado na prestação do SMP.

60. Também foram consideradas “as receitas que serão auferidas pelas empresas vencedoras

das faixas W, V1, V2 e X com o aluguel de sites (infraestrutura civil, de transmissão e energia) para a

prestadora na faixa de 450 MHz” (peça 1, p. 86). Os valores foram estimados com base em média de

contratos observados e valores negociados.

61. No caso da faixa de 450 MHz, a ARPU de voz foi estimada a partir da Pesquisa de

Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)

2009, ambas do IBGE. Considerando um VPL nulo, a modelagem foi construída para obter o valor do

minuto de ligação e o consumo médio de minutos que geram a ARPU estimada. Para isso, foram

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

utilizados dados históricos da prestação de SMP no Brasil relativos à participação no mercado de

serviços pré e pós-pagos, conforme dados consolidados pela Anatel, e à receita média por minuto das

prestadoras brasileiras, conforme dados consolidados pela consultoria internacional Merrill Lynch

(peça 1, p. 121).

62. Para a receita de dados, optou-se pela oferta de um único plano em todo o território sendo

o seu preço “definido como aquele que torna o VPL nulo” (peça 1, p. 122).

63. Ainda foi considerada a receita com a venda de capacidade para a concessionária de

STFC local, a fim de permitir a oferta de SFTC local fora da área de tarifação básica. Esse preço,

inclusive, corresponde a um dos itens da cesta utilizada para escolha da melhor proposta. Também foi

considerada a receita que o prestador de 450 MHz receberá da concessionária do STFC pelo uso de

telefones de uso público (TUP) (peça 1, p. 123).

III.7. Despesa

64. As despesas (OPEX) foram estimadas como percentual em relação ao valor total de custos

e investimento (TCO), considerando ainda um decréscimo ao longo do período da outorga,

fundamentado em artigo obtido na Internet sob a justificativa de que “não há paradigma comercial no

país” nem “um histórico no exterior suficiente que sirva de base” (peça 1, p. 87).

65. Questionada pela Unidade Técnica sobre a adequação dessa estimativa fundada em um

único artigo (peça 12), a Anatel decidiu aprimorar a modelagem do OPEX, considerando “que, no

início do período, o peso de CAPEX é maior, e essa relação decresce, de modo que o percentual de

OPEX cresce substancialmente” (peça 22, p. 11). Dessa forma, essa relação passou a variar,

regionalmente e ao longo dos quinze anos, de maneira crescente de 49% a 85% do valor total de

custos e investimento para a subfaixa 2,5 GHz e de 49% a 90% para a 450 MHz.

66. Essa nova modelagem foi aplicada em todas as subfaixas, exceto na subfaixa P, pois “o

modelo anterior já permitia curva de OPEX crescente” (peça 22, p. 12).

III.8. Valor presente líquido

67. Com as estimativas de receitas, despesas e investimentos, e a definição da taxa de

desconto, o estudo montou os fluxos de caixa e chegou ao valor presente líquido para todos os planos

de negócios desenvolvidos pela Anatel.

68. Para o cálculo do fluxo projetado é feita estimativa das alíquotas de imposto de renda

(25%) e da contribuição social sobre o lucro líquido (9%) aplicadas ao lucro tributável do período.

Nos primeiros períodos, geralmente são registrados prejuízos em vez de lucros, tendo em vista os

investimentos iniciais e o crescimento da receita ao longo do tempo.

69. Segundo a legislação tributária vigente no país, nos exercícios em que foram registrados

prejuízos, a empresa adquire o direito de crédito de imposto em relação aos exercícios futuros. Nesse

caso, não há desconto desses impostos naquele exercício e, nos próximos, é permitido compensar até

30% desse crédito.

70. Entretanto, isso não foi observado no estudo original enviado pela Anatel e, nos anos que

apresentaram prejuízo, foi aplicada a alíquota total de 33% sobre esse valor. Como resultado, o lucro

líquido desses anos ficou maior do que o lucro tributável, afetando diretamente as etapas seguintes do

cálculo do fluxo de caixa e o valor final do VPL. Dessa forma, tal incoerência necessitou ser corrigida

em todos os fluxos de caixa do presente estudo.

71. Na versão atualizada do estudo encaminhada pela Anatel (peça 24, CD), em todos os

planos de negócios foi alterada a alíquota total de impostos para 34%. No caso das subfaixas U, T e

P, o cálculo da compensação tributária foi realizado para cada área de prestação, pois serão

licitadas regionalmente. Para as demais subfaixas da 2,5 GHz e a faixa de 450 MHz, foram criadas

novas planilhas contendo a soma de todos os investimentos, receitas e despesas para cada faixa

licitada e em cada ano da outorga. A partir desses valores, foram calculados os respectivos VPLs.

72. Os valores finais de VPLs obtidos estão na Tabela 2.

Tabela 2: Valores presentes líquidos das subfaixas de 450 MHz e 2,5 GHz (W, X, V1, V2, P,

U e T) antes e depois da atuação do TCU (R$)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Subfaixas

Se houver proposta vencedora para a

subfaixa 450 MHz separadamente

Se NÃO houver proposta vencedora para a

subfaixa 450 MHz separadamente

Estudo inicial Estudo final Acréscimo Estudo inicial Estudo final Acréscimo

450 MHz - - - - - -

W, X, V1 e

V2 1.551.244.605

1.808.366.83

2

257.122.22

6 - - -

450 MHZ +

W, X, V1 e

V2

- - - 1.590.219.146 1.890.572.763 300.353.617

P 935.329.984 1.055.156.90

8

119.826.92

5 935.329.984 1.055.156.908 119.826.925

U eT 874.188.684 954.462.232 80.273.548 874.188.684 954.462.232 80.273.548

Valor total 3.360.763.273 3.817.985.97

2

457.222.69

9 3.399.737.814 3.900.191.904 500.454.090

Fonte: Arquivo FRL12_Edital 450 MHz + 2,5 GHz_pós CP 4-2012_pré-PRC_v02 (AN.xls,

planilha “Preços” (peça 24)

73. Para a licitação da faixa de 450 MHz separadamente, o estudo partiu da premissa de VPL

nulo para obter os preços da cesta de serviços para os quais serão ofertados descontos na fase de

escolha da melhor proposta da licitação. Caso essa faixa seja licitada em conjunto com a de 2,5 GHz,

os preços praticados pela proponente vencedora serão, no máximo, os dessa cesta de serviços. A

Tabela 3 apresenta os valores encontrados.

Tabela 3: Preços calculados para a cesta de serviços do plano da faixa de 450 MHz (R$).

Cesta de serviços 450 MHz

Preço voz - Pré-pago 0,316

Preço voz - Pós-pago 30,600

Preço para a

Concessionária 0,251

Franquia de dados 32,595

Fonte: Arquivo PVCPR12_Cálculo Final Compensação Tributária_v02.xls, planilha

“Resultados” (peça 24, CD).

74. Por fim, a Anatel fez o cálculo para cada lote de licitação, ponderando por população da

área licitada (peça 24, CD, arquivo FRL12_Edital 450 MHz + 2,5 GHz_pós CP 4-2012_pré-PRC_v02

(NA.xls), obtendo os valores totais apresentados na tabela 4.

Tabela 4: Preços finais dos lotes das subfaixas de 450 MHz e 2,5 GHz (R$)

Subfaixas

Todos os lotes renunciados

previamente

Nenhum lote renunciado

previamente

Se houver

proposta

vencedora para

a subfaixa 450

MHz

separadamente

Se NÃO houver

proposta

vencedora para

a subfaixa 450

MHz

separadamente

Se houver

proposta

vencedora

para a

subfaixa 450

MHz

separadamente

Se NÃO

houver

proposta

vencedora

para a

subfaixa 450

MHz

separadamente

450 MHz - - - -

W, X, V1 e V2 1.808.368.000 - 1.808.368.000 -

450 MHZ + W, X, V1 e V2 - 1.890.574.000 - 1.890.574.000

P, U e T (todos os lotes) 1.860.596.000 1.860.596.000 - -

P, U e T (somente lotes novos) - - 865.128.000 865.128.000

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250

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Valor total 3.668.964.000 3.751.170.000 2.673.496.000 2.755.702.000

Fonte: Arquivo FRL12_Edital 450 MHz + 2,5 GHz_pós CP 4-2012_pré-PRC_v02 (AN.xls,

planilha “Anexo II-A – Lotes” (peça 24)

75. O valor total dos lotes previstos na presente licitação é de R$ 3,7 bilhões considerando que

a subfaixa de 450 MHz será vendida individualmente e todos os lotes que pertencem a algum

autorizatário serão renunciados. Caso não haja sucesso na licitação do Lote I (faixa de 450 MHz) e

nenhum lote seja renunciado pelos seus atuais autorizatários, o valor do total dos preços mínimos é de

R$ 2,7 bilhões.

76. Em relação à faixa de 450 MHz, cujo critério é o desconto sobre o preço da cesta de

serviços, os valores obtidos para essa cesta de serviços pela Anatel, líquidos de tributos, foram de

R$ 0,316 por minuto para ligações locais pré-pago, R$ 30,60 por mês para franquia mensal de cem

minutos, R$ 32,59465 por mês para franquia de dados e R$ 0,25134 por minuto para cessão de

capacidade de rede para a concessionária de telefonia fixa (STFC).

IV. Conclusão

77. A análise empreendida no primeiro estágio para este processo de outorga, atendendo ao

disposto na IN-TCU nº 27/98, permitiu verificar a regular condução desta fase pela Anatel.

78. O estudo de viabilidade econômica da outorga, constante do primeiro estágio, determinou

os preços mínimos dos lotes licitados na faixa de 2,5 GHz, totalizando R$ 3,7 bilhões, e os valores da

cesta de referência para a faixa de 450 MHz, por meio da metodologia do fluxo de caixa descontado,

utilizando-se de premissas, parâmetros, projeções e índices que contribuem para a coerência e a

robustez do modelo. Entretanto, alguns pontos da metodologia do estudo de viabilidade econômica

são passíveis de aprimoramentos para as próximas licitações.

79. Um item que tem efeito significativo sobre o preço mínimo de outorga é o WACC.

Inicialmente, o estudo de viabilidade enviado para esta licitação utilizava o valor de WACC calculado

pelo consórcio FGV/CPqD em 2007, com base em séries históricas e parâmetros da situação da

economia mundial à época.

80. Após questionamentos deste Tribunal (peça 12), foi elaborada atualização parcial do

WACC, com dados até janeiro de 2011 e seguindo as orientações da Resolução Anatel nº 535/2009,

que normatiza a metodologia de atualização desse parâmetro. Com isso, a taxa real caiu de 8,69%

a.a. para 7,59% a.a. (parágrafos 49-50).

81. Contudo, tal resolução definiu título específico, no caso Global BRL 2016, que deve ser

usado como o título de longo prazo do Tesouro Nacional nas fórmulas do WACC. Ocorre que,

dependendo da época em que o estudo for realizado, esse título pode não ser o mais adequado e pode

até mesmo já estar vencido. Assim, a fixação de um título específico não parece a mais adequada para

uma norma geral. (parágrafos 38 e 39).

82. Além disso, a referida atualização parcial do WACC somente foi realizada em 2012 porque

houve questionamentos do TCU. Segundo informado pela própria Anatel em ofício datado de abril de

2012, “até o presente momento, não foi publicada, nos termos do item 2.6 da Norma, resolução do

Conselho Diretor da Anatel contendo o valor apurado do WACC segundo a metodologia aprovada” e,

desde setembro de 2007, “não foi possível concluir nova contratação para atualização dos valores de

WACC nos termos da norma da Agência” (peça 22, p. 6).

83. Se tivesse sido concretizada a utilização do WACC calculado em 2007, e, portanto,

desatualizado, mesmo havendo resolução da Agência normatizando a metodologia de cálculo desse

parâmetro, os preços mínimos de outorga de todos os mais de duzentos lotes da licitação seriam

impactados significativamente.

84. Por fim, deve-se lembrar de que esse valor de WACC aplica-se não só nas licitações, mas

também no cumprimento das obrigações legais, regulamentares e contratuais das empresas

prestadoras de serviços de telecomunicações, conforme Resolução-Anatel nº 535/2009 (peça 22, p.

19). Portanto, diversos aspectos da regulação exercida pela Anatel são afetados pelo uso de valor

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251

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

calculado há cinco anos e que não considera acontecimentos relevantes no mercado financeiro

internacional, como, por exemplo, a crise de 2008 e a queda do risco-país.

85. É essencial que a Anatel cumpra sua própria resolução, conforme item 2.6 da norma da

metodologia de estimativa do custo médio ponderado de capital (Resolução-Anatel nº 535/2009) e

atualize todos os parâmetros que compõem o WACC. Ao regulamentar a questão, por meio da norma,

os atos da Agência ficam a ela vinculados. Alteração no procedimento somente é possível com a

edição de outra resolução normativa. Sendo assim, cumpre determinar à Anatel que utilize a

Resolução-Anatel nº 535/2009 na modelagem do WACC.

86. Destaca-se que a atuação do Tribunal, na análise do primeiro estágio da presente

licitação, permitiu a correção de parâmetros e premissas utilizados inicialmente pela Anatel, que

propiciaram maior robustez ao estudo de viabilidade econômico-financeira apresentado. Entre as

mudanças propostas pelo TCU e acatadas pela Anatel, ressaltam-se: crescimento do custo de

operação (OPEX) coerente com o aumento do número de usuários ao longo dos anos; atualização do

WACC, que apresentava valores de 2007, e correção do cálculo da respectiva taxa real a partir da

taxa nominal; correção do cálculo do imposto de renda e da depreciação anual no fluxo de caixa; e

alteração no fluxo de caixa, que apresentava inicialmente dezesseis períodos, enquanto a outorga é de

quinze anos. Tais alterações significaram incremento de aproximadamente R$ 500 milhões (16%) em

relação ao preço mínimo apresentado inicialmente pela Agência.

87. Ante o exposto, entende-se pela aprovação, com ressalvas, do primeiro estágio.

V. Volume de recursos fiscalizados e benefícios do controle externo

88. O Volume de Recursos Fiscalizados (VRF), nos processos de fiscalização deste Tribunal,

tem seus critérios para cálculo e registro determinados pela Portaria TCU nº 222/2003. Consoante

item 1.2 dessa Portaria, “quando forem examinados procedimentos licitatórios que ainda não tenham

resultado no empenho da despesa, o VRF corresponderá ao valor estimado pelo órgão com base na

pesquisa prévia de mercado”.

89. Desse modo, o VRF neste processo deve ser calculado pelo valor estimado pela Anatel, que

totalizou R$ 3.751.170.000,00 a valor presente, conforme Tabela 4 da presente instrução.

90. A atual sistemática de quantificação e registro sobre os benefícios das ações de controle

externo foi instituída pela Portaria TCU nº 82/2012.

91. Neste processo, os benefícios diretos qualitativos são os aperfeiçoamentos constantes

apresentados pela Anatel nos estudos enviados a partir de 2007, nas licitações relativas ao 3G e a

banda H, e a expectativa de controle, gerada pela atuação constante do Tribunal de Contas da União

para fazer valer as leis e as suas decisões.

92. O benefício efetivo, indireto e quantitativo financeiro obtido foi de R$ 457.222.699,22.

Conforme orientações de valoração de benefícios da Secretaria Geral de Controle Externo (Segecex),

esse valor calculado é a estimativa mais conservadora, correspondendo à diferença entre o preço

mínimo da outorga inicialmente calculado no estudo e o preço após a intervenção do TCU no caso de

haver proponentes vencedoras em todos os lotes da faixa de 450 MHz licitados independentemente dos

lotes de 2,5 GHz (itens 10 e 11).

VI. Proposta de encaminhamento

93. Diante do exposto, e com fulcro no art. 7, inciso I, da IN TCU nº 27/98, propõe-se:

a) aprovar, com ressalvas, o primeiro estágio deste processo de desestatização referente ao

Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL, com fundamento no art. 258, inciso II, do

Regimento Interno do TCU;

b) com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 250, inciso II, do

Regimento Interno do TCU, determinar à Anatel que, nas próximas licitações, utilize o custo médio

ponderado do capital (WACC) atualizado conforme a norma da metodologia de estimativa do custo

médio ponderado de capital, aprovada pela Resolução-Anatel nº 535/2009, para o cálculo do WACC,

conforme item 2.6 da referida norma;

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252

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 250, inciso II, do

Regimento Interno do TCU, recomendar à Anatel que verifique a necessidade de fazer alterações na

norma da metodologia de estimativa do custo médio ponderado de capital, aprovada pela Resolução-

Anatel nº 535/2009, para o seu aprimoramento, a fim de torná-la mais estável ao longo do tempo e

menos limitada a um restrito horizonte temporal de aplicação;

d) enviar cópia desta instrução e da decisão que venha a ser proferida à Anatel; e

e) restituir os autos à Sefid-2 para acompanhamento do segundo, do terceiro e do quarto

estágios deste processo de desestatização.

É o relatório.

VOTO

Tratam os autos de análise do primeiro estágio de acompanhamento de licitação para outorga

de autorização de uso de 273 blocos de radiofrequências, com possibilidade de outorga de autorização

para exploração do serviço telefônico fixo comutado para o uso do público em geral, do serviço móvel

pessoal e do serviço de comunicação multimídia, conduzida pela Agência Nacional de

Telecomunicações (Anatel) por meio do Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL.

Neste acompanhamento, a unidade técnica verificou a regular condução, pela Anatel, do

primeiro estágio que compreende o exame da viabilidade da concessão, conforme art. 7º da Instrução

Normativa (IN)-TCU nº 27/98.

O estudo de viabilidade econômica da outorga determinou preços mínimos e valores

referenciais por meio de metodologia de fluxo de caixa descontado, a partir de premissas, parâmetros,

projeções e índices, porém com aspectos passíveis de aprimoramentos para as próximas licitações.

Foram objeto de ressalvas o uso do custo médio ponderado do capital desatualizado, em

desacordo com orientações da Resolução Anatel nº 535/2009, que normatiza a metodologia de

atualização desse parâmetro, e a fixação, em norma geral, de título específico de longo prazo do

Tesouro Nacional nas fórmulas do custo médio ponderado do capital. Dependendo da época em que o

estudo de viabilidade for realizado, esse título específico pode não ser o mais adequado e pode até

mesmo já estar vencido.

Ressalto que o custo médio ponderado do capital aplica-se não só nas licitações, mas também

no cumprimento das obrigações legais, regulamentares e contratuais das empresas prestadoras de

serviços de telecomunicações, conforme Resolução-Anatel nº 535/2009, e, consequentemente, afeta

aspectos da regulação exercida pela Anatel.

Destaco que a atuação do Tribunal, na análise do primeiro estágio desta licitação, permitiu a

correção de parâmetros e premissas inicialmente utilizados pela Anatel, tais como crescimento do

custo de operação coerente com o aumento da quantidade de usuários ao longo dos anos; atualização

do custo médio ponderado do capital e correção do cálculo da respectiva taxa real a partir da taxa

nominal; correção do cálculo do imposto de renda e da depreciação anual no fluxo de caixa; e

alteração no fluxo de caixa.

Concordo com a proposta da unidade técnica de determinação à Anatel para que, nas próximas

licitações, utilize o custo médio ponderado do capital atualizado conforme metodologia de estimativa

aprovada pela Resolução-Anatel nº 535/2009, e de recomendação de alteração dessa norma de forma a

torná-la mais estável ao longo do tempo e menos limitada a horizonte temporal restrito de aplicação.

Ante o exposto, voto no sentido de que seja aprovado o Acórdão que ora submeto à deliberação

deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Relator

ACÓRDÃO Nº 2222/2012 – TCU – Plenário

Page 253: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

253

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo nº TC 007.574/2012-6.

2. Grupo I – Classe: VII - Desestatização.

3. Responsável: João Batista de Rezende (CPF 472.648.709-44) – Presidente.

4. Entidade: Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Desestatização e Regulação 2 (Sefid-2).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de acompanhamento de licitação para outorga de

serviços públicos, conduzida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel);

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 7, inciso I, da Instrução Normativa

TCU nº 27/98; 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92; 250, inciso II, e 258, inciso II, do Regimento Interno do

TCU, em:

9.1. aprovar, com ressalvas, o primeiro estágio do processo de desestatização referente ao

Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL;

9.2. determinar à Anatel que, nas próximas licitações, utilize o custo médio ponderado do

capital atualizado conforme item 2.6 da metodologia de estimativa aprovada pela Resolução-Anatel nº

535/2009;

9.3. recomendar à Anatel que aprimore a metodologia de estimativa do custo médio ponderado

de capital, aprovada pela Resolução-Anatel nº 535/2009;

9.4. enviar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a fundamentam, à

Anatel;

9.5. restituir os autos à Sefid-2 para acompanhamento dos demais estágios deste processo de

desestatização.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2222-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO II – CLASSE I – Plenário

TC 009.086/2011-0

Page 254: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

254

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Natureza: Recurso ao Plenário (Administrativo)

Entidade: Tribunal de Contas da União

Interessado: Onesild Jose da Silva (024.720.667-91)

Advogado constituído nos autos: não há

SUMÁRIO: RECURSO CONTRA DECISÃO ADOTADA PELO PRESIDENTE SOBRE

MATÉRIA ADMINISTRATIVA. CONHECIMENTO. DESPROVIMENTO. RELATÓRIO

Tratam os autos, originalmente, de requerimento formulado pelo servidor aposentado Onesild

José da Silva, com vistas a alterar o cálculo da média das remunerações que serviram de base para

determinação dos proventos de sua aposentadoria, observada a regra ínsita no art. 40, § 3º, da

Constituição Federal, com a redação conferida pela Emenda Constitucional 41/2003, e na Lei 10.887,

de 18 de junho de 2004.

Após o indeferimento do pedido pelo secretário de Gestão de Pessoas, o interessado interpôs

três recursos consecutivos, já apreciados por três instâncias administrativas, a saber: o próprio

secretário de Gestão de Pessoas, o secretário-geral de Administração e o presidente do Tribunal.

O despacho denegatório do presidente foi grafado nos seguintes termos:

Trata-se de recurso hierárquico interposto pelo servidor Onesild José da Silva contra

despacho do Secretário-Geral de Administração (peça 13) proferido em sede de pedido de

reconsideração. Aquela autoridade administrativa negou pleito do interessado que tinha por objetivo

alterar o cálculo da média das remunerações que serviram de base para o cálculo dos proventos de

aposentadoria efetuados com base no § 3° do art. 40 da Constituição Federal, com a redação

conferida pela EC 41/2003 e regulamentado pela Lei n.° 10.887/2004.

Em apertada síntese, o interessado pleiteia que a Gratificação Natalina seja computada

juntamente com a remuneração do mês de dezembro, para fins de se obter a média (a ser calculada

sobre 12 remunerações anuais) a que se refere o art. 1° da Lei n.° 10.887/2004.

A Conjur, em parecer de peça 23, ponderou que, no Regime Geral de Previdência Social

(RGPS) o décimo terceiro salário não é computado para fins de apuração do salário-de-benefício.

Isso ocorre por força de norma expressa, a saber, o § 3° do art. 29 da Lei n.° 8.213/1991, com a

redação conferida pela Lei n.° 8.870/1994.

Salientou ainda que a redação original da Lei n.° 8.213/1991, assim como a Lei n.°

10.887/2004, nada mencionava acerca do cômputo ou não do décimo terceiro salário (ou gratificação

natalina).

Naquele cenário jurídico, no qual não havia expressa determinação para a exclusão do décimo

terceiro salário do cálculo do salário-de-benefício, a jurisprudência é controvertida. Conquanto

prevaleça nos Tribunais Regionais Federais da 1ª e da 4ª Regiões o entendimento sobre a

inviabilidade da inclusão do décimo terceiro salário para fins de cálculo do salário-de-benefício, a

jurisprudência do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região teria se firmado no sentido de ser

devido o cômputo do décimo terceiro salário juntamente com o salário do mês de dezembro até o

advento da Lei n.° 8.870/1993.

Assim sendo, caso se tenha por acertado o entendimento do TRF da 3ª Região, seria de atender

ao pleito do interessado, já que a Lei n.° 10.887/2004, à semelhança da redação original da Lei n.°

8.213/1991, não prevê a exclusão da gratificação natalina da base de cálculo dos proventos de

aposentadoria.

Nada obstante essas ponderações, a posição da Conjur alinha-se ao entendimento dos TRF da

1ª e 4ª Regiões.

Dada a relevância da matéria, propôs a douta Consultoria Jurídica fosse o processo

submetido à apreciação do Plenário.

Data venia da proposta da Conjur, entendo que o recurso hierárquico deve ser de pronto

apreciado, de modo a resguardar a competência do Plenário para eventual recurso a ser manejado.

Page 255: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

255

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A citada jurisprudência do TRF da 3ª Região não é uníssona. Com efeito, a 8ª Turma daquela

Corte posicionou-se de forma divergente. Nesse sentido, transcrevo, em parte, o voto proferido pelo

Desembargador Federal Newton de Lucca, relator da Apelação Cível nº 0012681-

70.2011.4.03.9999/SP, e acolhido por unanimidade pela 8ª Turma:

“A questão que se coloca reside na possibilidade ou não de incorporação do décimo terceiro

salário (gratificação natalina) no cálculo da renda mensal inicial do benefício previdenciário.

Entendo que as alterações legislativas ocorridas não alteraram a forma de cálculo da renda

mensal inicial dos benefícios previdenciários.

Com efeito, mesmo antes das modificações promovidas pela Lei 8.870/94, quando a legislação

não previa expressamente a desconsideração dos valores recebidos a título de abono anual no valor

da renda mensal inicial, esta exclusão decorria da própria lógica do sistema.

Isso porque a gratificação natalina é um rendimento adicional, não se justificando a sua

inclusão entre os salários de contribuição considerados no cálculo de seu salário de benefício, até

porque o ano é composto de doze meses.

Cumpre ressaltar ainda que, sob a perspectiva tributária, a incidência da contribuição

previdenciária sobre o décimo terceiro salário destina-se ao custeio dos benefícios em manutenção,

pois a esses também há pagamento de gratificação natalina.” (Apelação Cível nº 0012681-

70.2011.4.03.9999/SP, Rel. Desembargador Federal Newton de Lucca, 8ª Turma, julgamento em

7.11.2011).

O fato de a Lei n.° 10.887/2004 não prever a exclusão da gratificação natalina do cálculo dos

proventos de aposentadoria não implica, ipsu facto, que deva ser somada à remuneração do mês de

dezembro.

Para fins de obtenção da média aritmética das remunerações para fins de cálculo dos

proventos de aposentadoria, a Segedam não deixa de considerar a gratificação natalina, tampouco a

adiciona à remuneração do mês de dezembro, como sugere parte da jurisprudência do TRF da 3ª

Região. Para um período de 10 anos, o Tribunal tem considerado o total de 130 remunerações, das

quais são excluídas as de menor valor, no percentual de 20% do período contributivo.

A gratificação natalina pode, em tese e na forma do procedimento atualmente adotado pela

Segedam, ser considerada como contribuição autônoma, ou, como se extrai de alguns julgados do

Poder Judiciário relativos ao RGPS, ser desconsiderada no cálculo dos proventos de aposentadoria.

Contudo, a simples adição da gratificação natalina à remuneração do mês de dezembro

revela-se indevida, pois majora de forma artificial a remuneração média do servidor, o que ofende os

princípios da contributividade e da razoabilidade.

A título meramente ilustrativo, imagine-se um servidor que perceba a quantia de R$ 1.000,00

por mês, sem nenhuma alteração ao longo dos anos. Suponha-se, também, para efeito de

simplificação, que a inflação anual é de 0%. Fácil concluir, portanto, que a média das remunerações

do servidor equivale à sua remuneração mensal, independentemente de se considerar o ano com 12 ou

13 meses. Ao se acrescentar a gratificação natalina à remuneração de dezembro, a média passa a ser

de R$ 1083,33, o que contraria toda a lógica do sistema, mesmo porque o servidor virá a perceber o

benefício previdenciário em 13 prestações anuais.

Portanto, a inclusão da gratificação natalina na remuneração do mês de dezembro aumenta de

forma artificial a média da remuneração que serve de base para o cálculo dos proventos, o que

implica inevitável violação ao caráter contributivo que o art. 40 da Constituição Federal, com a

redação conferida pela EC n.° 20/1998, procurou imprimir ao sistema.

Também viola o princípio da razoabilidade, haja vista que o segurado percebe 13 benefícios

anualmente, razão pela qual recolhe a contribuição previdenciária sobre 13 meses de remuneração,

aí incluída a gratificação natalina.

Não prospera o argumento de que a gratificação natalina não pode ser considerada como uma

remuneração autônoma, pelo simples fato de o ano possuir 12 meses. Para fins de percepção de

Page 256: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

256

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

remuneração e benefício previdenciário, bem assim de pagamento de contribuição previdenciária, o

ano é composto de treze períodos.

Ainda que não se considere a gratificação natalina para o cálculo da média das remunerações

que servirão de base para o cálculo dos proventos, consoante norma expressa atualmente vigente no

RGPS, o recolhimento da contribuição previdenciária justifica-se em face das normas legais e do

pagamento de 13 benefícios anuais.

Contudo, relembro, a sistemática adotada pela Segedam em nada desfavorece o servidor.

Muito pelo contrário, pode até mesmo contribuir para a elevação do valor da remuneração média,

sempre que se verifica aumento real de salário ao longo do ano.

Seria, então, o caso de perquirir qual o procedimento adotado pelo restante da Administração

Federal, haja vista ser imperativo adotar a mesma metodologia de cálculo para todos os integrantes

do RPPS. Contudo, não consta dos autos informação acerca de normativo eventualmente expedido

pelo Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS).

Por outro lado, é bom ressaltar que a decisão a ser proferida neste recurso hierárquico deve

respeitar o princípio do não reformatio in pejus. Por essa razão, entendo que seria precipitado adotar

procedimento similar ao que ocorre com os segurados do RGPS, ainda que se pudesse invocar o § 12

do art. 40 da Constituição Federal, conforme transcrito:

“§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares

de cargo efetivo observará, no que coube, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de

previdência social.”

Nesse ponto, manifesto minha divergência em relação ao entendimento da Conjur. A invocação

da disciplina contida no § 12 transcrito pode conduzir à aplicação da norma atualmente vigente no

RGPS – ou seja, aquela que prevê a exclusão do décimo terceiro para o cálculo do salário-de-

benefício – ao RPPS. O citado dispositivo constitucional não autoriza a aplicação de entendimento

acerca de norma não mais vigente do RGPS ao RPPS – possibilidade aventada pela Conjur - sob o

argumento de que as redações dos dispositivos legais são semelhantes.

O objetivo do § 12 do art. 40 da CF é permitir a aplicação subsidiária de critérios e requisitos

vigentes do regime geral ao regime próprio, quando houver vazio legal.

Contudo, entendo que a solução adotada pela Segedam não viola a Lei n.º 10.887/2004,

tampouco traz prejuízo ao interessado. O atendimento do pleito do interessado conduziria

inexoravelmente ao aumento indevido de seus proventos de aposentadoria.

Ante o exposto, nego provimento ao recurso hierárquico do servidor.

Insatisfeito, o interessado endereça o presente recurso ao Plenário.

VOTO

Trata-se de recurso ao Plenário contra decisão adotada pelo Presidente sobre matéria

administrativa, que, pela quarta vez, denegou pedido de alteração no método de cálculo dos proventos

de aposentadoria do interessado.

O servidor inativo Onesild José da Silva requereu alteração no método empregado pela

Segedam para determinar o valor dos proventos de sua aposentadoria, regida pelas disposições da Lei

10.887, de 18 de junho de 2004.

O pedido foi indeferido pelo secretário de Gestão de Pessoas.

Insatisfeito, o interessado exercitou, pela primeira vez, sua faculdade recursal: apresentou o

pedido de reconsideração previsto no art. 106 da Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, à autoridade

que proferiu a primeira decisão. O recurso foi conhecido e desprovido pelo secretário de Gestão de

Pessoas.

Inconformado, interpôs recurso hierárquico, fundado no art. 107 da Lei 8.112/1990, ao

secretário-geral de Administração. O recurso foi conhecido e desprovido pela autoridade

administrativa.

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257

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Descontente, exercitou, pela terceira vez, o direito de recorrer. Dirigiu o apelo ao presidente do

Tribunal, que conheceu do recurso e o desproveu. O despacho denegatório assentou-se na inexistência

do direito requerido, in verbis:

Portanto, a inclusão da gratificação natalina na remuneração do mês de dezembro aumenta de

forma artificial a média da remuneração que serve de base para o cálculo dos proventos, o que

implica inevitável violação ao caráter contributivo que o art. 40 da Constituição Federal, com a

redação conferida pela EC n.° 20/1998, procurou imprimir ao sistema.

Também viola o princípio da razoabilidade, haja vista que o segurado percebe 13 benefícios

anualmente, razão pela qual recolhe a contribuição previdenciária sobre 13 meses de remuneração,

aí incluída a gratificação natalina.

Não prospera o argumento de que a gratificação natalina não pode ser considerada como uma

remuneração autônoma, pelo simples fato de o ano possuir 12 meses. Para fins de percepção de

remuneração e benefício previdenciário, bem assim de pagamento de contribuição previdenciária, o

ano é composto de treze períodos.

Ainda que não se considere a gratificação natalina para o cálculo da média das remunerações

que servirão de base para o cálculo dos proventos, consoante norma expressa atualmente vigente no

RGPS, o recolhimento da contribuição previdenciária justifica-se em face das normas legais e do

pagamento de 13 benefícios anuais.

Contudo, relembro, a sistemática adotada pela Segedam em nada desfavorece o servidor.

Muito pelo contrário, pode até mesmo contribuir para a elevação do valor da remuneração média,

sempre que se verifica aumento real de salário ao longo do ano.

Não resignado, o interessado interpôs o presente recurso, cuja relatoria coube a mim, em

decorrência de sorteio.

II

A divergência entre o método empregado pela Segedam e o proposto pelo recorrente restringe-

se à forma de apropriação da gratificação natalina na base de cálculo dos proventos de aposentadoria.

A administração do Tribunal contabiliza a gratificação como “salário de contribuição extra”,

equivalente a um “décimo terceiro salário de contribuição”. Pretende o interessado que a gratificação

natalina seja considerada parte integrante da remuneração do mês de dezembro.

No modelo adotado pela Segedam, a média anual do salário de contribuição é determinada a

partir da divisão da soma dos treze salários de contribuição anuais por treze. No método defendido

pelo recorrente, o mesmo numerador seria dividido por doze.

A metodologia proposta pelo inativo aumentaria, indevidamente, o valor dos proventos da sua

aposentaria, em face da incorporação de um doze avos da gratificação natalina à remuneração mensal.

Nesse cenário, a gratificação de Natal incidiria sobre parcela dela mesma, em verdadeiro bis in idem

remuneratório.

O método proposto fere de morte, em um único golpe, a lógica matemática e a regra jurídica.

A média aritmética simples é obtida a partir da divisão da soma de determinadas observações

pelo número delas; isto é, resulta da divisão da soma de “n” valores por “n”. No método indicado pelo

recorrente o valor dos proventos seria determinado a partir da divisão de “n” valores por “n-1”.

Tal pretensão não se ajusta, pois, ao conceito de média e, também, ao disposto na legislação

atinente a matéria, que reclama o cálculo dos proventos a partir da “média aritmética simples” das

maiores remunerações.

O legislador não criou nova fórmula matemática, a revogar o conceito de média aritmética

simples, universalmente aceito, mas a ele recorreu, para determinar, com absoluta clareza, a forma de

cálculo dos proventos. Não se referiu a conceito indeterminado, mas a conceito determinado, que

tomou emprestado da matemática.

A pretensão do servidor aposentado, consoante registra a própria decisão recorrida, viola o

caráter contributivo de que trata o texto constitucional e o princípio da razoabilidade. Não pode, pois,

ser deferida.

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258

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Feitas essas considerações, acolho, como razões de decidir, os fundamentos da decisão atacada

e voto por que o Tribunal de Contas da União aprove o acórdão que ora submeto à apreciação deste

Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Relator

ACÓRDÃO Nº 2223/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 009.086/2011-0.

2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso ao Plenário em processo administrativo.

3. Interessado: Onesild Jose da Silva (024.720.667-91).

4. Entidade: Tribunal de Contas da União.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: não atuou.

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso ao Plenário contra decisão adotada pelo

Presidente sobre matéria administrativa, que, pela quarta vez, denegou pedido de alteração no método

de cálculo dos proventos de aposentadoria do interessado.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 15, inciso IV, do Regimento Interno,

em conhecer do recurso, para, no mérito, considerá-lo improcedente.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2223-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

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259

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

GRUPO II – CLASSE V – Plenário

TC 014.467/2011-9

Natureza(s): Relatório de Auditoria

Órgãos/Entidades: Superintendência Estadual da Funasa Em Minas Gerais; Prefeitura

Municipal de Boa Esperança-MG; Prefeitura Municipal de Candeias-MG; Prefeitura Municipal de

Guanhães- MG; Prefeitura Municipal de Jaboticatubas-MG; Prefeitura Municipal de Jacinto-MG;

Prefeitura Municipal de Lassance-MG; Prefeitura Municipal de Lima Duarte-MG; Prefeitura

Municipal de Martinho Campos-MG; Prefeitura Municipal de Moema-MG; Prefeitura Municipal de

Pintópolis-MG; Prefeitura Municipal de Prudente de Morais-MG; Prefeitura Municipal de Salto da

Divisa- MG; Prefeitura Municipal de Santa Maria do Suaçuí-MG; Prefeitura Municipal de Santo

Hipólito-MG; Prefeitura Municipal de São Romão-MG.

Interessado: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais – Secex/MG.

Advogado constituído nos autos: não há.

SUMÁRIO: FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA - FOC. FUNASA.

SUEST/MG. 16 MUNICÍPIOS DE MG. GERECIAMENTO E FISCALIZAÇÃO A CARGO DA

SUPERINTENDÊNCIA DA FUNASA. IRREGULARIDADES. FALHAS ESTRUTURAIS.

APENSAMENTO. AUTORIZAR O ARQUIVAMENTO DE PROPOSTAS DE AUDIORIA

SEMELHANTES. RELATÓRIO

Adoto como relatório parte do relatório final da fiscalização de orientação centralizada

realizada pela Secex/MG na Superintendência Estadual da Funasa no Estado de Minas Gerais –

Suest/MG e em 16 municípios do Estado, com o qual anuíram os dirigentes da unidade técnica:

“1 - APRESENTAÇÃO

Trata-se de fiscalização realizada na Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais -

Suest/MG, no período compreendido entre 25/5/2011 e 13/4/2012, com o objetivo de avaliar a

regularidade na aplicação dos recursos federais transferidos pela Fundação Nacional de Saúde -

Funasa, desde a propositura do ajuste, pelo convenente, até a análise final sobre a regularidade, ou

não, na aplicação dos recursos federais transferidos.

Esta fiscalização originou-se de Levantamento no aludido órgão, que identificou a necessidade

de realização de fiscalização do gerenciamento das transferências celebradas pela Funasa, com base

em critérios de relevância, risco e materialidade. Naquele levantamento, foram definidos os

municípios que seriam visitados: Boa Esperança, Candeias, Guanhães, Jaboticatubas, Jacinto,

Lassance, Lima Duarte, Martinho Campos, Moema, Pintópolis, Prudente de Morais, Salto da Divisa,

Santa Maria do Suaçui, Santo Hipólito e São Romão. Foram auditadas também as transferências

celebradas com o Governo do Estado de Minas Gerais, por intermédio da Secretaria de

Desenvolvimento Regional e Política Urbana/Sedru.

Em função da necessidade de avaliação da execução das transferências e do cumprimento,

pela Suest/MG, das atribuições inerentes ao gerenciamento e fiscalização das transferências, o

presente trabalho foi dividido em três fases:

a) realização do planejamento geral da auditoria, oportunidade em que foram criados os

papéis de trabalho padronizados, tais como matriz de planejamento, matriz de possíveis achados e

questionários;

b) aplicação dos procedimentos de fiscalização nos municípios selecionados; e,

c) tratamento de questões específicas da Suest/MG apontadas no Relatório de Levantamento

prévio à realização deste trabalho e nas fiscalizações dos municípios, ocasião em que foram aplicadas

as técnicas de mapa de processo, técnica de pesquisa por questionários, de exame documental e de

circularização, para verificar os controles existentes, os setores responsáveis por evitar os achados

apontados na fase anterior, e identificar oportunidades de melhoria no processo de gerenciamento e

fiscalização das transferências celebradas pela Funasa.

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260

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Nessa última fase, foram realizados testes de controle na Divisão de Engenharia de Saúde

Pública/Diesp, Serviço de Convênios/Secon, Setor de Tomada de Contas Especial, PAD e sindicância,

para avaliar os setores envolvidos na análise da execução das transferências.

A presente auditoria foi realizada sob a sistemática de fiscalização de orientação centralizada,

denominada FOC Funasa, dentro do TMS de 2011, sob a coordenação da Secex/MG.

2 - INTRODUÇÃO

2.1 - Deliberação que originou o trabalho

Em cumprimento ao Despacho, de 20/5/2011, do Excelentíssimo Senhor Ministro Walton

Alencar Rodrigues, proferido no âmbito do processo de Levantamento (TC 007.078/2011-0), realizou-

se auditoria na Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG, nos municípios de

Boa Esperança, Candeias, Guanhães, Jaboticatubas, Jacinto, Lassance, Lima Duarte, Martinho

Campos, Moema, Pintópolis, Prudente de Morais, Salto da Divisa, Santa Maria do Suaçui, Santo

Hipólito, São Romão, e na Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana/Sedru, do

Governo do Estado de Minas Gerais, no período compreendido entre 25/5/2011 e 13/4/2012.

A razão que motivou esta auditoria foi a verificação da existência de indícios de deficiência no

gerenciamento e fiscalização das transferências celebradas pela Funasa, sob a responsabilidade da

Suest/MG.

2.2 - Visão geral do objeto

No início de 2011, foi realizado Levantamento na Funasa, com o objetivo de realizar o

diagnóstico da Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG, para identificar

possíveis riscos na gestão da referida unidade regional.

Foram apontadas as seguintes deficiências, que motivaram a realização do presente trabalho,

como segue:

- ausência de segregação de funções, entre a aprovação de projetos e o acompanhamento e

fiscalização das respectivas transferências;

- não finalização dos processos de execução dos ajustes celebrados, por meio da realização de

uma ou mais visitas, após a emissão do parecer técnico final;

- não alimentação do sistema Siconv; e,

- morosidade na tramitação dos processos de tomada de contas especial.

Após a identificação das deficiências, foi procedida a apuração dos recursos gerenciados pela

Suest/MG, cuja análise concluiu que a unidade gere recursos de nove programas do Governo Federal,

entre os quais, o programa 0122 - Serviços Urbanos de Água e Esgoto, que apresenta o maior número

de transferências registradas no sistema Siafi.

Dentre as ações do aludido programa, foram escolhidas as seguintes para serem fiscalizadas,

em razão da relevância do tema, da materialidade dos recursos envolvidos e da possibilidade de

riscos na sua execução:

10GD - implantação e melhoria de sistemas públicos de abastecimento de água em municípios

de até 50.000 habitantes, exclusive de regiões metropolitanas ou regiões integradas de

desenvolvimento econômico (Ride);

10GE - implantação e melhoria de sistemas públicos de esgotamento sanitário em municípios

de até 50.000 habitantes, exclusive de regiões metropolitanas ou regiões integradas de

desenvolvimento econômico (Ride); e,

7652 - implantação de melhorias sanitárias domiciliares para prevenção e controle de

agravos.

Nesse programa, a Funasa atua como órgão integrante do componente de infraestrutura social

e urbana do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), desde 2007, prioritariamente na área de

saneamento em municípios com população total de até 50 mil habitantes, o que abrange 788

municípios mineiros, conforme o censo de 2000, desenvolvendo ações visando à implantação e/ou

ampliação de sistemas de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de resíduos sólidos, e de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

saneamento domiciliar em municípios com maiores taxas de mortalidade infantil, com potenciais

riscos à saúde, em decorrência de fatores sanitários e ambientais.

A fiscalização foi realizada tanto nos municípios beneficiários quanto na Suest/MG. Na fase de

fiscalização dos municípios, foram feitas visitas a 16 municípios, para realizar a auditoria na

execução das transferências e para identificar as ações de gerenciamento da unidade sobre as

transferências constantes da amostra. O volume de recursos fiscalizados foi de R$ 80.097.401,11. Na

fase de auditoria na Suest/MG, foram analisados processos de transferências do PAC 2, em poder da

Divisão de Engenharia de Saúde Pública - Diesp, no valor total de R$ 53.484.684,52, processos sob a

responsabilidade do Serviço de Convênios - Secon, no valor total de R$ 1.394,557,33, e processos sob

a guarda do Setor de TCE, PAD e Sindicâncias, no valor total de R$ 1.878.720,70. Esses três setores

participam do processo de gerenciamento e acompanhamento das transferências na Suest/MG, desde

a propositura até o encerramento do processo, havendo ou não a execução regular da transferência.

Os critérios de seleção da amostra para a fase de fiscalização dos municípios beneficiários

decorreram dos seguintes fatores:

a) período de conclusão e a vigência dos ajustes;

b) valores efetivamente repassados aos municípios a serem fiscalizados;

c) existência de mais de um ajuste firmado com o município beneficiário;

d) existência de fatores de risco, em especial quanto ao não atendimento das solicitações

prévias da equipe coordenadora da FOC, ao desconhecimento das transferências celebradas, e a

realização de todos os atos licitatórios em único dia;

e) municípios cujo projeto e acompanhamento foram feitos por único engenheiro da Funasa; e,

f) municípios que sofreram fiscalização da Controladoria-Geral da União ou Suest/MG, cujo

relatório apontou a existência de indícios de irregularidade.

Segundo pesquisa efetuada na fase de levantamento, as transferências realizadas pela Funasa

estão sujeitas à observância dos seguintes normativos e procedimentos:

a) Lei 11.445, de 5 de janeiro de 2007 - estabelece diretrizes nacionais para o saneamento

básico;

b) Lei 11.578, de 26 de novembro de 2007 - dispõe sobre a transferência obrigatória de

recursos financeiros para a execução pelos Estados, Distrito Federal e Municípios de ações do

Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, dentre outros assuntos;

c) Normas relativas às transferências de recursos da União, entre elas, a Instrução Normativa

STN 1/1997, Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, que revogou a Portaria

Interministerial MP/MF/MCT 127, de 29 de maio de 2008 e o Decreto 6.170, de 25 de julho de 2007;

d) Portaria Funasa 544, de 14 de maio de 2008 - estabelece os critérios para transferência de

recursos financeiros das ações financiadas pela Fundação Nacional de Saúde;

e) Portaria Funasa 623, de 11 de maio de 2010 - alterou a Portaria 544, de 14/5/2008,

dispondo sobre critérios e procedimentos para a transferência de recursos financeiros das ações de

saneamento ambiental financiadas pela Fundação Nacional de Saúde;

f) Portaria Funasa 1.104, de 23 de setembro de 2010 - dispõe sobre a descentralização dos

atos subsequentes à celebração dos Convênios e Termos de Compromisso para as Coordenações

Regionais da Fundação Nacional de Saúde; e,

g) Portaria Funasa 314, de 14 de junho de 2011 - regulamentou o repasse de recursos para

ações de saneamento, no âmbito do PAC 2.

Quanto ao objeto fiscalizado, os exames realizados enfocaram a análise da celebração,

execução e prestação de contas de 81 transferências: CV 1.338/02 (Siafi 477455), EP CV 527/2000

(Siafi 412501), CV 0401/03 (Siafi 490162), CV 0816/06 (Siafi 567443), CV 0863/05 (Siafi 558399),

CV 0875/02 (Siafi 477432), CV 1083/02 (Siafi 478589), CV 1134/05 (Siafi 558416), CV 1136/05 (Siafi

556056), CV 1140/05 (Siafi 555991), CV 1480/02 (Siafi 477037), CV 1509/04 (Siafi 523128), CV

1510/2004 (Siafi 527692), CV 1713/05 (Siafi 555507), CV 1720/05 (Siafi 555506), CV 201/04 (Siafi

520539), CV 2303 (Siafi 556978), CV 2305/05 (Siafi 556980), CV 2310 (Siafi 556985), CV 2312 (Siafi

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

556987), CV 2609 (Siafi 588719), CV 2954 (Siafi 439961), CV 2957/05 (Siafi 558453), CV 2962/05

(Siafi 558454), CV 651/02 (Siafi 478590), CV 965 (Siafi 524228), CV 967/04 (Siafi 524074), EP

0222/06 (Siafi 591650), EP 0290/06 (Siafi 567780), EP 0536/07 (Siafi 628645), EP 1186/03 (Siafi

489290), EP 622/04 (Siafi 521338), EP 948/03 (Siafi 490096), CV 18 (Siafi 135364), CV 28/1996

(Siafi 305848), TC/PAC 0083/07 (Siafi 633130), TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273), TC/PAC 0086/07

(Siafi 633250), TC/PAC 0087/07 (Siafi 633129), TC/PAC 0089/07 (Siafi 633126), TC/PAC 0095/2007

(Siafi 633272), TC/PAC 0097/07 (Siafi 633271), TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016), TC/PAC 0304/07

(Siafi 633137), TC/PAC 0305/07 (Siafi 633252), TC/PAC 0306/07 (Siafi 633044), TC/PAC 0307 (Siafi

633678), TC/PAC 0309/07 (Siafi 633134), TC/PAC 0313 (Siafi 633038), TC/PAC 0314/07 (Siafi

632108), TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034), TC/PAC 0408/07 (Siafi 633251), TC/PAC 0410/07 (Siafi

633243), TC/PAC 0411 (Siafi 633719), TC/PAC 0413/07 (Siafi 633136), TC/PAC 0415/07 (Siafi

633042), TC/PAC 0417 (Siafi 633036), TC/PAC 0418/07 (Siafi 633248), TC/PAC 0600/09 (Siafi

658083), TC/PAC 0601/09 (Siafi 658098), TC/PAC 0632/09 (Siafi 658094), TC/PAC 0686/08 (Siafi

644022), TC/PAC 0823/07 (Siafi 633131), TC/PAC 0824/07 (Siafi 633064), TC/PAC 0885 (Siafi

658122), TC/PAC 0928 (Siafi 659489), TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661), TC/PAC 1156/08 (Siafi

652138), TC/PAC 1189/08 (Siafi 650489), TC/PAC 152/11 (Siafi 669440), TC/PAC 167/11 (Siafi

668799), TC/PAC 1897 (Siafi 652024), TC/PAC 190/11 (Siafi 668711), TC/PAC 223/11 (Siafi

668797), TC/PAC 246/11 (Siafi 669490), TC/PAC 297/11 (Siafi 669475), TC/PAC 316/11 (Siafi

669432), TC/PAC 35/11 (Siafi 668660), TC/PAC 64/11 (Siafi 669420), TC/PAC 88/11 (Siafi 669496),

e, TC/PAC 95/11 (Siafi 669292).

2.3 - Objetivo e questões de auditoria

A presente auditoria teve por objetivo verificar a regularidade na aplicação dos recursos

federais transferidos pela Fundação Nacional de Saúde - Funasa, para o Estado de Minas Gerais e

seus municípios, desde a propositura da transferência do recurso até a sua análise final, cujo

gerenciamento cabe à Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG.

A partir do objetivo proposto para o trabalho, foram elaboradas as questões 1 e 2, com o fim

de avaliar em que medida os recursos estão sendo gerenciados e fiscalizados pelo concedente, e as

questões 3 a 8, com o objetivo de verificar como os recursos estãos sendo aplicados pelos

convenentes, considerando a legislação vigente:

1) A Funasa/MG observa as exigências da legislação quanto à celebração, liberação de

recursos, execução do objeto e prestação de contas das transferências realizadas?

2) A celebração do convênio e/ou aprovação do termo de compromisso observou aos requisitos

previstos na legislação?

3) A contratação foi precedida de licitação regular?

4) A execução contratual está regular?

5) A execução financeira permite vincular as despesas realizadas com os recursos

transferidos?

6) A execução física do objeto observa as especificações técnicas e exigências legais e

contratuais?

7) O beneficiário prestou contas dos recursos recebidos?

8) Os resultados obtidos são compatíveis com o propósito da transferência?

2.4 - Metodologia utilizada

A presente Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) foi realizada em conformidade

com as Normas e Padrões de Auditoria vigentes no Tribunal de Contas da União.

A FOC na Superintendência da Funasa em Minas Gerais, Suest/MG, foi realizada em três

fases:

a) elaboração de documentos padronizados, com base no plano de ação que definiu a amostra

da auditoria e o objetivo de verificar a regularidade na aplicação dos recursos federais transferidos

pela Fundação Nacional de Saúde - Funasa, para o Estado de Minas Gerais e seus municípios;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) execução de 16 (dezesseis) auditorias, em 2011, nos Municípios de Boa Esperança,

Candeias, Guanhães, Jaboticatubas, Jacinto, Lassance, Lima Duarte, Martinho Campos, Moema,

Pintópolis, Prudente de Morais, Salto da Divisa, Santa Maria do Suaçui, Santo Hipólito, São Romão,

e na Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana/Sedru, do Governo de Minas Gerais;

e,

c) realização de auditoria na Suest/MG, com o objetivo de verificar:

c.1) como é feito o gerenciamento e a fiscalização das transferências pactuadas;

c.2) identificar se a Suest/MG poderia ter adotado medidas mais efetivas, no sentido de evitar

os principais achados das 16 auditorias de 2011, quando da realização do gerenciamento e da

fiscalização dessas transferências;

c.3) a propensão de reincidência, dessas ocorrências, nas novas transferências, em especial as

decorrentes do PAC 2; e,

c.4) as medidas adotadas pela Funasa, em relação à Portaria 314, de 14 de junho de 2011, no

que diz respeito à exigência de compensação dos investimentos realizados com recursos federais, onde

haja contrato de concessão na municipalidade beneficiária da transferência.

A partir da sistematização dos achados obtidos nas auditorias dos municípios, aplicação das

técnicas de mapeamento de processos, de realização de pesquisa (aplicação de questionários), de

análise documental, de circularização e de indagação escrita ao gestor da Suest/MG, elaborou-se o

presente relatório, o qual se ateve principalmente aos achados das questões 1 e 2 da matriz de

planejamento da FOC Funasa.

2.5 - Limitações inerentes à auditoria

Cabe registrar, em relação ao presente trabalho, que o órgão não possui controles adequados

sobre as transferências celebradas pela Funasa, fato que dificultou a obtenção de informações e

esclarecimentos dos gestores e responsáveis da Suest/MG pelos setores envolvidos no processo de

gerenciamento e fiscalização das transferências auditadas.

Por exemplo, o órgão não dispõe de relação confiável das transferências celebradas, com as

informações sobre as providências adotadas e o respectivo estágio atual; foram fornecidas três

listagens do quadro de pessoal da Suest/MG, com divergências; e a unidade não dispõe de

informações sobre o benefício alcançado nas municipalidades beneficiadas, em razão das ações da

Funasa.

2.6 - Volume de recursos fiscalizados

O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 136.855.363,66. O volume de

recursos fiscalizados refere-se ao somatório dos valores envolvidos nas transferências celebradas com

diversos municípios mineiros, sendo que:

a) na fase de fiscalização dos municípios, foram analisadas oitenta e uma transferências, no

valor total de R$ 80.097.401,11; e,

b) na fase de auditoria na Suest-MG, foram analisados os achados da fase de fiscalização dos

municípios e treze processos em poder da Divisão de Engenharia de Saúde Pública - Diesp, por

amostragem, referentes ao PAC 2, no valor de R$ 53.484.684,52, sete processos do Serviço de

Convênios - Secon, no valor total de R$ 1.394,557,33, e treze processos, em análise pelo setor de

TCE/PAD/Sindicâncias, no valor de R$ 1.878.720,70.

2.7 - Benefícios estimados da fiscalização

Entre os benefícios estimados desta fiscalização, pode-se mencionar o incremento da

economia, eficiência, eficácia e efetividade da Suest-MG no gerenciamento e fiscalização das

transferências celebradas, por meio do aperfeiçoamento da gestão de riscos e de controles internos,

na melhoria da qualidade do serviço público prestado e dos processos de trabalho, bem como na

gestão administrativa e normatização interna.

2.8 - Processos conexos

- TC 020.195/2011-7 - Auditoria realizada no Município de Prudente de Morais/MG. O

processo está em fase de instrução na Secex-MG, para análise de razões de justificativas.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- TC 029.366/2011-9 - Auditoria realizada no Município de Jacinto/MG. O processo está em

fase de instrução na Secex-MG, para análise de razões de justificativas.

- TC 020.196/2011-3 - Auditoria realizada no Município de Candeias/MG. O processo foi

julgado por meio do Acórdão 2.593/2012 - TCU - 1ª Câmara.

- TC 020.197/2011-0 - Auditoria realizada no Município de Moema/MG (Fiscalis 660/2011). O

processo foi julgado, conforme o Acórdão 940/2012 - TCU - 1ª Câmara.

- TC 032.757/2011-5 - Auditoria realizada no Município de São Romão/MG. O processo está

em fase de instrução na Secex-MG, para comunicação de audiência e posterior análise de razões de

justificativas.

- TC 020.192/2011-8 - Auditoria realizada no Município de Boa Esperança/MG. O processo

está em fase de instrução na Secex-MG, para análise de razões de justificativas.

- TC 029.348/2011-0 - Auditoria realizada no Governo do Estado de Minas Gerais/MG. O

processo está em fase de instrução na Secex-MG, para análise de razões de justificativas.

- TC 019.235/2011-9 - Auditoria realizada no Município de Lima Duarte/MG. O processo foi

julgado, conforme o Acórdão 617/2012 - TCU - 1ª Câmara.

- TC 020.193/2011-4 - Auditoria realizada no Município de Salto da Divisa/MG. O processo

foi julgado, conforme o Acórdão 840/2012 - TCU - 1ª Câmara.

- TC 030.421/2011-0 - Auditoria realizada no Município de Jaboticatubas/MG. O processo foi

julgado, conforme o Acórdão 515/2012 - TCU - 1ª Câmara.

- TC 020.198/2011-6 - Auditoria realizada no Município de Martinho Campos/MG. O processo

está no gabinete do Ministro Relator Walton Alencar Rodrigues, para pronunciamento.

- TC 032.432/2011-9 - Auditoria realizada no Município de Lassance/MG. O processo está em

fase de instrução na Secex-MG, para análise de razões de justificativas.

- TC 019.236/2011-5 - Auditoria realizada no Município de Santo Hipólito/MG. O processo

está em fase de instrução na Secex-MG.

- TC 029.381/2011-8 - Auditoria realizada no Município de Pintópolis/MG. O processo foi

julgado, conforme o Acórdão 841/2012 - TCU - 1ª Câmara.

- TC 029.380/2011-1 - Auditoria realizada no Município de Santa Maria do Suaçui/MG. O

processo foi arquivado, em atendimento ao Despacho do Ministro Relator Walton Alencar Rodrigues.

- TC 020.194/2011-0 - Auditoria realizada no Município de Guanhães/MG. O processo foi

julgado, conforme o Acórdão 9.978/2011 - TCU - 1ª Câmara.

3 - ACHADOS DE AUDITORIA

3.1 - Desorganização administrativa, por parte da Suest/MG, quanto ao gerenciamento e

fiscalização das transferências celebradas pela Funasa.

3.1.1 - Situação encontrada:

Na fase de fiscalização das transferências aos municípios, foram levantados achados de

acordo com as seguintes etapas de execução das transferências, cujos resultados passaremos a

demonstrar:

Questões Assunto Quantidade de

Achados

% em relação ao

todo (Q1 a Q8)

% em relação a

execução de

transferências

pelos municípios

(itens Q3 a Q8)

Q1 Gestão das

Transferências

pela Suest/MG

92 27,06 Não considerado

Q2 Observância dos

Requisitos para a

celebração das

transferências,

24 7,06 Não considerado

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265

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pela Suest/MG

Q3 Regularidade da

Licitação

101 29,71 45,09

Q4 Regularidade da

Contratação

9 2,65 4,02

Q5 Regularidade da

execução

financeira

38 11,18 16,96

Q6 Regularidade da

execução física

63 18,53 28,13

Q7 Regularidade da

Prestação de

Contas

4 1,18 1,79

Q8 Benefício à

municipalidade

9 2,65 4,02

Total 340 100 100

Obs.: as questões Q1 e Q2 referem-se à atuação da Suest/MG, enquanto responsável pelo

gerenciamento das transferências em Minas Gerais, enquanto que as demais questões (Q3 a Q8),

referem-se à atuação dos convenentes, na qualidade de gestores das transferências recebidas da

Suest/MG

Em razão desses achados, pode-se verificar que a Suest/MG possui graves problemas no

gerenciamento e na fiscalização das transferências sob sua responsabilidade, considerando que três

itens correspondentes a cerca de 53% das irregularidades e impropriedades verificadas nos

municípios (Q3, Q4 e Q8), não são acompanhados pela Funasa, tendo por consequência a maior

propensão de inexecução parcial, ou até total, das obras conveniadas.

Para definir os agentes responsáveis e suas atribuições, a equipe de auditoria aplicou a

técnica de mapa de processos (evidência 24). A utilização dessa técnica permitiu definir os pontos de

deficiência de fiscalização das transferências realizadas, a desorganização administrativa no

gerenciamento dessas transferências, e as oportunidades de melhoria desse processo de gestão das

transferências.

A partir do mapeamento de processos e dos achados identificados na fase de fiscalização dos

municípios, foi realizada a técnica de pesquisa por questionários, nos setores Diesp, Secon e de TCE,

cujos resultados passamos a registrar, em síntese:

Questão:

Análise das respostas:

Existe algum check-list a orientar a

realização do seu serviço?

Os servidores da Diesp e da Secon informaram que existe

uma rotina de trabalho, enquanto que a maioria dos

servidores do setor de TCE informou que não existe, ou

que não sabe se existe o referido check-list. Com intuito

de dar maior celeridade aos processos de TCE, a

Suest/MG deve estabelecer rotinas e prazos, inclusive

prover o setor de servidores capacitados e adotar critérios

de avaliação da produtividade desses servidores.

As normas utilizadas pela Funasa são

suficientes a garantir a plena execução

das transferências celebradas?

Os três setores informaram, em maioria, que não são

suficientes, ou que não sabem se essas normas podem

garantir a plena execução das transferências. A Funasa

deve reavaliar suas normas de gerenciamento de

transferências, no sentido de garantir a efetividade da

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266

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

obra e o benefício à municipalidade prevista.

Há rotina/norma de acompanhamento

para notificar tempestivamente os

municípios?

Somente a maioria da Secon mencionou haver rotina

(55%), no entanto, os setores da Diesp e TCE

informaram, em maioria, não existir ou não saber.

Portanto, é necessário que a Funasa estabeleça rotina de

notificação e as consequências do não atendimento, no

sentido de que o acompanhamento seja efetivo.

Há rotina/norma de acompanhamento

para monitorar o prazo das respostas?

76 % dos entrevistados da Diesp e da Secon informaram

não haver rotina para monitorar o prazo das notificações

expedidas aos convenentes, fato que propicia a não

adoção de providências, em caso de haver alguma

pendência.

Quem acompanha o prazo para o

município atender as pendências?

A maioria dos três setores informou que o

acompanhamento das notificações fica por conta do

próprio servidor que realizou a notificação, cuja análise,

em conjunto com a questão anterior, conduz ao

entendimento que o processo de notificação, que é feito

pelo próprio servidor encarregado de instruir o processo,

não é eficiente.

As providências adotadas por Vossa

Senhoria são suficientes para

regularizar a pendência verificada?

A maioria dos servidores dos três setores informou que as

providências adotadas, para regularizar as pendências

verificadas, sob sua responsabilidade, não é suficiente, o

que pode refletir, de forma negativa, na plena execução

do objeto da avença.

As providências adotadas por Vossa

Senhoria são suficientes para garantir

a execução física do objeto da

transferência?

É interessante registrar que na Diesp, setor encarregado

do acompanhamento da execução física das

transferências, dentre outras atividades, 73,1% dos

entrevistados entendem que as medidas adotadas por eles

não são suficientes, fato que pode contribuir na baixa

efetividade na conclusão do objeto das transferências

celebradas pela Funasa.

Qual o setor responsável por verificar

a comprovação da previsão

orçamentária da contrapartida?

A atribuição de verificar a comprovação da previsão

orçamentária da contrapartida é da Secon, no entanto,

internamente, os servidores supõem que essa atribuição

seja das divisões do Setor, a Sohab ou a Sopre, e até

mesmo do próprio setor, como um todo, e há, ainda, os

que simplesmente não sabem a quem compete, fato que

evidencia a falta de definição de responsabilidades, isto é,

a desorganização administrativa.

Quem verifica a regularidade da

licitação realizada pelo beneficiário,

quanto à Portaria de designação da

Comissão de Licitação, cláusulas

editalícias, atas das sessões, mapa

comparativo de preços, homologação e

adjudicação, parcelamento do objeto,

tratamento diferenciado para micro e

pequenas empresas, publicação de

atos, se a licitação é atual ou anterior à

celebração da transferência?

A grande maioria dos servidores entrevistados,

independente do setor, afirmou que desconhece se há

controle sobre a licitação que o convenente realiza, cujo

fato é preocupante, considerando que a maior parte dos

achados da fiscalização realizada nos municípios se

refere a essa etapa da execução das transferências, sendo

um risco efetivo de que as transferências atuais e futuras

apresentem vícios na escolha do licitante, bem como na

obtenção da proposta mais vantajosa para a

administração, quiçá sem qualquer competitividade, sem

que sofra o necessário acompanhamento e intervenção

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sobre os mesmos, pela Funasa.

Exceções: quem verifica a

regularidade da licitação realizada

pelo beneficiário, quanto à planilha

orçamentária detalhada e ao projeto

básico e/ou executivo?

Nesse aspecto, a Diesp chamou a si a responsabilidade,

no entanto, não é do conhecimento dos demais setores

envolvidos no gerenciamento das transferências que essa

tarefa seja realizada pelo aludido setor. Registre-se que,

ao analisar os processos do PAC 2 por amostragem,

verificamos que nenhuma análise foi incluída nos

processos pertinentes aos seguintes convênios: 35/2011

(Alpinópolis/MG), 167/2011 (Ninheira/MG), 88/2011

(Conselheiro Pena/MG), 246/2011 (Tocantins/MG),

223/2011 (São João do Paraíso/MG), 297/2011

(Porteirinha/MG), 64/2011 (Carmo do Cajuru/MG),

190/2011 (Pedras do Indaiá/MG) e 95/2011

(Coqueiral/MG).

Quem verifica a regularidade no

cumprimento do contrato celebrado

entre o beneficiário e a empresa

contratada com respeito à publicação

do contrato, a

vigência do contrato, o limite para

acréscimos e decréscimos, e a

celebração de aditivos para serviços

adicionais?

Os setores da Diesp e de TCE desconhecem, em maioria,

quem acompanha a regularidade contratual. Os

servidores da Secon entendem que é competência deles,

no entanto, internamente, estão divididos entre as

subdivisões da Secon, a Sohab e a Sopre, bem como com

a própria Secon, enquanto alguns sequer sabem quem é o

responsável pelo acompanhamento.

Exceção: quem verifica a

compatibilidade entre a licitação e o

contrato?

Os setores da Diesp, Secon e TCE dividiram-se entre os

dois primeiros com a resposta de desconhecimento,

evidenciando que não há definição precisa sobre quem

seria o responsável por essa atribuição.

Quem verifica a regularidade da

execução financeira, quanto ao

depósito da contrapartida, a saída de

recursos para conta divergente da

específica, o pagamento antecipado, o

pagamento por despesa não realizada,

e o pagamento de despesa estranha ao

que foi pactuado?

Diesp e Secon informaram que a responsabilidade seria

desse último setor da Suest/MG, no entanto, não

especificaram se seria a Sohab ou a Sopre. A questão

sobre as subdivisões da Diesp e Secon é preocupante,

pois, internamente, os servidores não conhecem o que

cada um faz, bem como não obedecem à estrutura interna

vigente na Funasa, o que demanda providências internas

no sentido de estruturar o órgão, conforme o que foi

planejado.

O Setor de TCE desconhece, em sua maioria, o que é

preocupante, pois esse setor demonstrou profundo

desconhecimento sobre o que cada um faz no

gerenciamento e acompanhamento das transferências.

Quem verifica a regularidade da

execução física?

.

Houve coerência nas respostas apresentadas no sentido

de apontar para a Diesp a responsabilidade pelo

acompanhamento da execução física

Foram realizadas, ainda, amostragens nos processos gerenciados na Sopre e no Setor de TCE,

no sentido de verificar o andamento processual interno, oportunidade em que verificamos o seguinte:

1) No Setor de análise de prestação de contas - SOPRE, verificamos, em quatro processos, de

um total de oito analisados, as seguintes situações:

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268

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- não instauração de tomada de contas especial, em relação aos convênios 18/1995 (Siafi

135364) - PM de Janaúba/MG (evidência 22), 28/1996 (Siafi 305848) - PM de Dionísio/MG e

2954/2001 (Siafi 439961) - PM de Bonfim/MG, além do fato de se tratar de processo com mais de 10

anos de celebração, cujo prazo de vigência final expirou em 6/3/1997, 9/4/1998 e 21/12/2004,

respectivamente; e,

- proposta de instauração de tomada de contas especial, em 8/3/2012, entretanto, a TCE já

havia sido instaurada, conforme Portaria Suest/MG 1458, de 27/10/2010, nos próprios autos,

evidenciando a deficiência na análise e tornando morosa a apuração em relação ao convênio

1131/1997 (Siafi 339798) - PM de Badaró/MG.

2) No Setor de Tomada de Contas Especial, PAD e Sindicância, verificamos o seguinte em

doze processos analisados:

- Convênio 1124/2005 (Siafi 55941) - PM de Comercinho/MG - TCE instaurada por ausência

de prestação de contas parcial, não analisada em razão do documento de prestação de contas parcial

ter sido encaminhado para outro setor;

- Convênio 1006/1997 (Siafi 340004) - PM de Ataleia/MG - em 25/3/11, o responsável foi

notificado em caráter improrrogável para esclarecer sobre a regularidade do respectivo ajuste,

entretanto, somente em 16/8/2011, o setor de TCE emitiu análise técnica informando o não

atendimento do prazo, demonstrando providências intempestivas. Há pronunciamento pela abertura

de PAD em razão da não abertura de TCE, entretanto, os procedimentos administrativos disciplinares

estão suspensos (p. 171, dos esclarecimentos do responsável 1);

- Convênio 25/1995 (Siafi 136509) - PM de Januária/MG - a TCE foi instaurada em

27/10/2010, todavia, o término da vigência ocorreu em 20/12/1996. A análise do processo não foi

realizada, pois o tomador de contas apontou a existência de dois números de convênio nessa

transferência, resultando no retorno do processo ao setor de convênios para nova análise;

- Convênio 30/1996 (Siafi 305798) - PM de Paracatu/MG - a TCE foi concluída em

29/10/2007, quando foi enviada à Auditoria Interna da Funasa, em Brasília. Em 11/12/2007, foi

encaminada à CGU, pela Auditoria Interna. Em 19/8/2009, a CGU devolveu à Funasa para rever a

conclusão, pois o parecer do engenheiro apontou a suspeita de superfaturamento, no entanto, não

esclareceu o fato. Até o término da fase de execução da auditoria, a Suest/MG ainda não havia

atendido a CGU;

- Convênio 799/1997 (Siafi 331524) - PM de Bocaiúva/MG - o processo de TCE vem sendo

prorrogado sucessivamente, desde 28/12/2006, sem que o tomador finalize a instrução do processo;

- Convênio 3817/2001 (Siafi 440344) - PM de Alto Rio Doce/MG - no período de seis meses, o

processo teve quatro tomadores de contas, dos quais três solicitaram o cancelamento da portaria de

instauração de TCE, para excluir os seus nomes, tendo em vista que não possuíam disponibilidade e

conhecimento para tratar do assunto da TCE (evidência 25);

- Convênio 492/1999 (Siafi 390265) - PM Jequitinhonha/MG - o fim da vigência ocorreu em

18/09/2001, todavia, a portaria para instauração da tomada de contas especial foi emitida em

19/7/2006 (p. 2 da evidência 19). Atendendo à notificação, de 21/9/2006, o responsável apresentou

alegações de defesa, em 3/10/2006. O setor de prestação de contas da Funasa encaminhou a

documentação apresentada para o setor de engenharia, em 18/10/2006, para emissão de novo parecer

técnico, o qual só foi emitdo em 22/8/2011(p. 5-10, da evidência 19);

- Convênio 527/2000 (412501) - PM Conceição das Alagoas/MG - foi aberto um processo

administrativo disciplinar para apurar o extravio do processo da transferência. Nesse processo,

consta o despacho da Diesp/Core-MG n. 533/2010 (p. 3, da evidência 18) contendo a seguinte

informação: ‘... Relativo ao processo de projeto a Diesp deixou de anexá-lo, uma vez que o mesmo foi

enviado para a engenheira Marina Marino com a finalidade de emitir parecer técnico. Ao solicitar a

devolução do processo, fomos informados que a engenheira encaminhou-o para Brasília. Entretanto,

não se lembra o setor e para quem’. A servidora não foi responsabilizada pela não localização do

processo de projeto. No âmbito do processo, o atual chefe da Diesp declarou, textualmente, que não

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

havia controle sobre a atuação dos engenheiros no acompanhamento dos convênios sob suas

respectivas responsabilidades, apenas uma planilha, em excel, onde era anotado o convênio e para

qual engenheiro era distribuído. Afirmou, ainda, que era factível emitir um parecer técnico final,

baseando-se tão somente em uma inspeção visual da obra, mesmo que ocorresse dez anos após a sua

conclusão. Por meio do memorando interno da Diesp 389, de 10/12/2010 (p. 8-9 da evidência 18), o

chefe substituto informa que a lista de processos sob responsabilidade de um engenheiro, solicitada

pela comissão do PAD, referente ao período de 8/11/2003 a 14/9/2009, não seria enviada pois não foi

localizada no arquivo da Diesp, quando solicitou ao engenheiro responsável que apresentasse essa

relação, caso a possuísse.

Verificamos ainda, por meio do memorando interno do setor da Suest em Montes Claros, de

2012, que tomadores de contas, após emissão de portaria para instauração de tomadas de contas

especial, comunicavam a superintendência da Suest-MG que não estavam tecnicamente habilitados a

desenvolver as tarefas de tomadores de conta, devido a complexidade das atividades, e que se

posicionavam no sentido de não receberem mais processos de TCE (p.1-2 da evidência 27).

Durante a aplicação da técnica de mapa de processos, uma servidora noticiou a prática de que

há servidores instruindo processos de tomadas de contas especiais cujo tomador é outro servidor,

conforme relação de convênios listados em expediente interno ( p.1-6 da evidência 32).

Morosidade na análise de processos

Em decorrência da desorganização administrativa, observamos que os processos tramitam

por um prazo muito maior do que o adequado, conforme a seguir exposto:

1) Aprovação de projeto

A partir do confronto das transferências celebradas pela Funasa, conforme tabela fornecida

pela Diesp, constatamos que, de um universo de 700 transferências, 518 apresentavam os dados de

data de aprovação preenchidos, cuja análise permitiu concluir que o prazo para a aprovação de

projetos dura entre 30 e 2022 dias (prazo desde que o convênio inicia a vigência até o projeto de

engenharia de realização do objeto de transferência ser aprovado). O prazo médio de aprovação

desses projetos é de 374 dias (p. 1-318, da peça evidência 44).

2) Visita técnica final

Após o termo final da vigência do ajuste, a Suest/MG não é tempestiva na realização da visita

técnica de avaliação do empreendimento. Considerando o universo de 472 registros feitos pela Diesp,

264 apresentavam a data de realização da visita final do empreendimento, cuja análise permitiu

verificar que a visita final é realizada entre 2 e 4446 dias. O prazo médio para que a avaliação final

do empreendimento seja realizada é de 1223 dias (p. 1-318, da peça evidência 45). Nesse período de

tempo, a obra pode ter sofrido várias intervenções, não permitindo identificar o destino dos recursos

aplicados pela Funasa.

3) TCE

Quanto aos processos de tomada de contas especial, é preocupante o tempo médio para a sua

instauração e o tempo gasto para a sua conclusão. No primeiro caso, de um universo de 210

processos, observamos que somente 195 casos apresentavam os dados devidamente registrados, cuja

análise permitiu concluir que a Suest/MG gasta entre 69 e 5423 dias para instaurar o processo de

TCE. O prazo médio para a conclusão dos processos é de 2069 dias (p. 1-108, da peça evidência 46).

A instrução processual da TCE pela Suest/MG não encerra a apuração, porque ainda será analisada

pela Auditoria Interna da Funasa, em Brasília, e posteriormente pela CGU.

A Suest/MG possui estoque de 210 processos de TCE, conforme lista apresentada. Esses

processos foram abertos entre 70 a 3822 dias, e o prazo médio do tempo que estão abertos é de 839

dias (p. 1-118, da peça evidência 47).

Descumprimento de prazos para encerramento dos processos de TCE's

Ao examinar o memorando circular n. 10 da Audit/Presi/Funasa, de 2/5/2011 (p. 1 da

evidência 18), encaminhado aos superintendentes da Funasa nos Estados, que trata do

descumprimento de prazos para o encerrametno dos processos de TCEs, percebeu-se que a

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

desorganização gerencial e administrativa é uma constante na Funasa. O documento cita que muitos

processos de tomadas de contas especiais encontram-se paralisados, seja com os tomadores de

contas, seja nas áreas técnicas, com prazos ultrapassados na faixa dos quatro dígitos em dias de

atraso. E que, diante da situação de anormalidade administrativa, providências urgentes deverão ser

adotadas para as liberações dos processos, no sentido de que seja observado o prazo legal de 180

dias para o encerramento das TCEs. Assinala, ainda, que o próprio TCU, quando do julgamento das

TCEs, tem censurado a Funasa pela demora nas suas conclusões, além de diligenciar para o

cumprimento dos prazos, sob pena de aplicação de sanções administrativas aos responsáveis pelo

atrasos injustificados.

Informações sobre os processos analisados na fase de fiscalização de municípios

Na fase de execução da fiscalização in loco na Suest/MG, questionamos o gestor quanto às

impropriedades e irregularidades noticiadas na fase de fiscalização dos municípios, oportunidade em

que a Suest/MG apresentou algumas respostas coerentes em relação a algumas transferências. No que

diz respeito a outros ajustes, apresentou respostas não coincidentes e incompletas, além de ter

atribuído responsabilidade da unidade ao convenente em relação à ocorrência de plano de trabalho

deficiente, posto que é responsabilidade da unidade regional garantir que os documentos

apresentados pelo convenente contenham informações adequadas e confiáveis sobre o ajuste a ser

pactuado (p. 1-31, da peça evidência 43).

3.1.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio CV 0875/02 (siafi 477432)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário no

Município de Pintópolis/MG.

Convênio EP 1186/03 (Siafi 489290)/2003 - Ações de Saneamento em Pequenas Localidade no

Município de Lassance/MG.

Convênio CV 651/02 (Siafi 478590)/2002 - Execução do Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Santo Hipólito/MG.

Convênio CV 0401/03 (Siafi 490162)/2003 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Prudente de Morais/MG.

Convênio CV 1083/02 (Siafi 478589)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário

no Município de Santo Hipólito/MG.

Convênio CV 2962/05 (Siafi 558454)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Prudente de Morais/MG.

Convênio CV 1134/05 (Siafi 558416)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município

de Lima Duarte/MG.

Convênio EP 0290/06 (Siafi 567780)/2006 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Pintópolis/MG.

Convênio CV 201/04 (Siafi 520539)/2004 - Sistema de Abastecimento de Água no Município de

Lassance/MG.

Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município

de Pintópolis/MG.

Convênio CV 967/04 (Siafi 524074)/2004 - Execução de Sistema de Abastecimento de Água no

Município de Betim/MG.

Convênio CV 965 (Siafi 524228)/2004 - Sistema de abastecimento de água, Executor

Companhia De Saneamento De Minas Gerais.

Convênio CV 1509 (Siafi 523128)/2004 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município de

Belo Horizonte/MG.

Convênio CV 1510 (Siafi 527692)/2004 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município de

Várzea da Palma/MG.

Convênio 527/2000 - construção do sistema de esgotamento sanitario

Convênio CV 2954 (Siafi 439961)/2001 - Sistema de abastecimento de água de Bonfim/MG.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Candeias/MG.

Transferências CV 18 (Siafi 135364)/1995 - Melhoria da habitação rural, para controle da

doença de chagas no Município de Janaúba/MG.

Transferências CV 28 (Siafi 305848)/1996 - Construção de Estação de Tratamento de Água em

Dionísio/MG.

Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Candeias/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 0305/07 (Siafi 633252)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Jacinto/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0307 (siafi 633678)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Martinho Campos/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0309/07 (siafi 633134)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Moema/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0313 (siafi 633038)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0314/07 (siafi 632108)/2007 - Sistema de esgotamento sanitário para

atender o município de São Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0408/07 (siafi 633251)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Jacinto/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0411 (Siafi 633719)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Martinho Campos/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0417 (Siafi 633036)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0418/07 (Siafi 633248)/2007 - Melhorias sanitárias domiciliares para

atender o município de são Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0601/09 (siafi 658098)/2009 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Candeias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2009.

Transferências TC/PAC 0823/07 (siafi 633131)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Pintópolis/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.

3.1.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiências de controles

3.1.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Prejuízos em virtude da ausência de fiscalização (efeito potencial)

Prejuízos em virtude de atraso ou ausência de análise da prestação de contas (efeito potencial)

3.1.5 - Critérios:

Decreto Lei 200/1967, art. 6º; art. 7º; art. 8º; art. 10; art. 11; art. 12; art. 13

3.1.6 - Evidências:

Desorganização Administrativa Suest-MG, folhas 1/33.

Desorganização Administrativa - Parecer DIESP - Processo TCE demorou 5 anos, folhas 1/11.

Mapa de Processos - Suest-MG, folhas 1/17.

Pesquisa-questionário_na_Suest, folhas 1/18.

Alto do Rio Doce - tomadores sem disponibilidade e conhecimento, folhas 1/20.

ATALEIA - NÃO INSTAURAÇÃO TCE - PAD - SUSPENSO, folhas 1/51.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

NAD MOC CANCELA PORT-TCE, folhas 1/2.

TCE JANUÁRIA - MOROSIDADE, folhas 1/12.

TCE BADARÓ - NOVA TCE, folhas 1/58.

TCE ANÁLISE POR OUTRO SERVIDOR, folhas 1/6.

Janaúba - não instauração de TCE, folhas 1/19.

FUNASA MG_LEVANTAMENTO DE PROCESSOS_RESPOSTAS ETAPA 1_DIESP-SECON,

folhas 1/31.

FUNASA MG_LEVANTAMENTO DE PROCESSOS_DIESP_APROVAÇÃO DE PROJETO,

folhas 1/318.

FUNASA MG_LEVANTAMENTO DE PROCESSOS_DIESP_VISITA FINAL, folhas 1/52.

FUNASA MG_LEVANTAMENTO DE PROCESSOS_TCE_PRAZO PARA INSTAURAR, folhas

1/108.

FUNASA MG_LEVANTAMENTO DE PROCESSOS_TCE_PRAZO PARA INSTRUIR, folhas

1/118.

3.1.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Para efeito de melhor esclarecimento sobre as ocorrências apontadas no presente achado, as

respostas serão apresentadas, respectivamente, como segue:

item 4, do Ofício de Requisição 3-555/2012: apresentar relação de transferências

(convênio/emenda parlamentar/PAC I ou II, entre outros), na fase 3 (aprovação do projeto ou

habilitação), em poder da Diesp/Sapro ou da Secon/Sohab - onde deve constar o número da

transferência, o número Siafi, o beneficiário, objeto, a data inicial e final da vigência, e desde quando

o processo aguarda providência da Diesp, da Sohab ou do Convenente.

Resposta: apresentou a respectiva relação, no entanto, informou estar prejudicado o

questionamento quanto ao período, desde quando aguarda providência da Diesp, pois não possui

referido controle, sendo necessário manusear todos os processos existentes na Divisão. A

Secon/Sohab também informou que não possui controle sobre o tempo em que o processo aguarda

providência, para habilitação ou integração de novo plano de trabalho (p. 63-64 e 85-87, dos

esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6). O esclarecimento prestado deixa evidente que o

controle deve ser melhorado.

item 5, do Ofício de Requisição 3-555/2012: relação de processos de tomada de contas

especial, onde deve constar: estoque em 31/12/2010, estoque em 31/12/2011, processos finalizados

em 2011 (encaminhados para a auditoria interna) e processos abertos em 2011.

Resposta: após a consolidação das planilhas apresentadas pela Funasa, foram identificadas

diversas inconsistências, que resultou na resposta constante às p. 231-232, dos esclarecimentos do

responsável 1 - requisições 1 a 6. O esclarecimento prestado deixa evidente que o controle deve ser

melhorado.

i tem 8, do Ofício de Requisição 3-555/2012: informar a relação dos empreendimentos

concluídos nos últimos 3 anos, bem como a situação atual (em operação, nunca operou ou

paralisado). Em caso de não haver controle, esclarecer as razões.

Resposta: os sistemas da Suest/MG não disponibilizam consultas por período sobre a situação

atual dos convênios, pois, após a emissão do parecer técnico final do engenheiro responsável, a

Funasa não dispõe do controle da situação atual (p. 63-64, dos esclarecimentos do responsável 1 -

requisições 1 a 6). O esclarecimento prestado deixa evidente que o controle deve ser melhorado.

i tem 9, do Ofício de Requisição 3-555/2012: como a regional da Funasa em Minas Gerais é

comunicada ou toma conhecimento da liberação de recursos das transferências (convênio/emenda

parlamentar/PAC I ou II, entre outros), após a liquidação da ordem bancária pelo órgão central da

Funasa em Brasília?

Resposta: a rigor, não existe comunicação formal, pois deve a Secon consultar os sistemas

Siscon e Siafi (p. 85-87, dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6), o que demanda o

frequente acesso a sistemas, quando uma simples comunicação à Suest/MG, pelo órgão em Brasília,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

poderia evitar o retrabalho pelos setores encarregados do gerencimento das transferências

celebradas. O esclarecimento prestado deixa evidente que o controle deve ser melhorado.

item 16, do Ofício de Requisição 3-555/2012: com respeito ao acompanhamento da vigência

dos termos de convênio/compromisso, esclareça:

a) qual a área da Suest/MG responsável por essa atividade? Resposta: compete ao Setor de

Habilitação - Sohab/Secon.

b) qual a sistemática adotada pelo respectivo setor? Resposta: depende de provocação do

convenente, oportunidade em que a Sohab solicita a manifestação formal da Divisão de Engenharia e

Saúde Pública - Diesp, para posterior análise da Procuradoria Jurídica do órgão.

c) em caso desse controle ser feito por meio de sistema interno, informar o nome do sistema, as

dificuldades eventualmente enfrentadas, inclusive se o sistema emite informações gerenciais

suficientes a permitir o efetivo controle dos processos que tramitam na Suest/MG. Resposta: o Sohab

realiza o levantamento dos convênios nos sistemas Siafi gerencial e Siscon, com vigência a encerrar

em 60 dias e que não solicitaram prorrogação, para enviar ofício aos convenentes. O Secon registrou

que existe uma certa dificuldade na obtenção de dados, pois não possuem acesso ao Siafi Gerencial

(p. 85-87, dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6). O esclarecimento prestado deixa

evidente que o controle deve ser melhorado.

Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 1/232.

3.1.8 - Conclusão da equipe:

Por meio da aplicação da técnica de pesquisa por questionários, constatou-se que os

problemas mais reincidentes apurados na fase de fiscalização de municípios referem-se à realização

de procedimento licitatório, que não recebe a devida atenção por parte da Suest/MG.

Outras constatações decorrentes da aplicação da técnica mencionada anteriormente são as

seguintes:

- não há rotina de trabalho adequada, ou, caso existente, não é do conhecimento dos

servidores do setor de TCE;

- os servidores têm a percepção de que as normas de controle das transferências não são

suficientes a garantir a plena execução das transferências;

- a rotina de notificação aos convenentes e o respectivo acompanhamento das respostas não é

adequada;

- a Suest/MG tem problemas com a divisão de atribuições e responsabilidades, pois não são

claras sobre o que cada setor deve fazer, em relação ao acompanhamento e gerenciamento das

transferências, provocando sobreposição de atividades, ou, até mesmo, a ausência de

acompanhamento sobre determinadas etapas essenciais no processo de execução das transferências, a

exemplo da área de licitações e contratos;

- a verificação da regularidade da licitação e do contrato não é de responsabilidade de

nenhum dos setores entrevistados, apesar de ter sido aplicada a técnica em todos os setores por onde

tramitam o processo das transferências.

Em relação aos setores Secon e de TCE, constatamos que o gerenciamento de processos não é

adequado e não há qualquer preocupação em realizar a análise definitiva de processos antigos, o que

dificulta a responsabilização pela inexecução parcial ou total das transferências celebradas pela

Funasa.

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão para que estabeleça plano de ação,

onde sejam definidas as ações, etapas e prazos para que o órgão implemente melhorias nos processos

de habilitação, celebração, acompanhamento e fiscalização das transferências de recursos celebrados

pela Funasa, inclusive nos processos de tomada de contas especial, no estado de Minas Gerais.

3.1.9 - Proposta de encaminhamento:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote as seguintes providências:

a) implemente mecanismo para aperfeiçoar o processo de acompanhamento e gerenciamento

das transferências celebradas pela Funasa, sob a responsabilidade dessa regional, em conformidade

com o princípio constitucional da eficiência, nos termos do art. 37, caput, da Constituição Federal de

1988, no sentido de: a.1) definir as atribuições e responsabilidades dos setores envolvidos no

acompanhamento e gerenciamento desses ajustes, de forma a incluir todas as etapas da execução da

transferência, desde a celebração até a conclusão do objeto, inclusive a instauração de processo de

tomada de contas especial; a.2) estabelecer rotinas de trabalho, de forma clara e precisa, nos setores

envolvidos; e a.3) definir o processo de comunicação aos convenentes e análise das respostas

apresentadas, em especial quanto ao prazo concedido, o tempo para a análise respectiva e as

providências posteriores, dentre outros; e,

b) implemente mecanismos para reduzir o tempo médio de instrução dos processos na Diesp,

no Secon e no Setor de TCE/PAD e Sindicâncias, em conformidade com o disposto na Instrução

Normativa STN 01/1997, no art. 38, incisos I a III , da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU

507/2011, no art. 72, 76 e 80, c/c o art. 1º e § 1º, da IN/TCU 56, DE 5/12/2007, tendo em vista o prazo

excessivo apurado nas planilhas da acompanhamento de transferências, elaborada pela Diesp, e de

tramitação de processos de tomada de contas especial, elaborada pelo Setor de TCE/PAD e

Sindicância da Suest/MG.

3.2 - Ausência de previsão de medidas compensatórias onde a Copasa detém a concessão do

sistema de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário.

3.2.1 - Situação encontrada:

Em 14 de junho de 2011, a Fundação Nacional de Saúde emitiu a Portaria Funasa 314,

instituindo o processo seletivo para repasses de recursos para ações de saneamento básico, em função

especificamente da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). Destacam-se

o item 3.1.4 - Condições Específicas, alínea 'c', que previu os casos de financiamento dos sistemas de

abastecimento de água, e o item 3.2.4 - Condições Específicas, letra 'e', que previu os casos de

financiamento dos sistemas de esgotamento sanitário, em municípios cujas gestões estejam sob o

contrato de concessão, que determinam que deverá ser observado se há identidade entre o objeto

proposto no convênio com o objeto do termo de concessão. E caso seja constatada esta identidade, a

concessionária deverá garantir a compensação dos investimentos realizados com recursos federais

deste Programa.

Constatamos, ao analisar os processos do PAC 2, que os mesmos não estipularam nenhuma

cláusula sobre a referida norma, apesar de constar transferências destinadas a municípios onde há

um contrato de concessão vigente, a exemplo dos termos de compromisso 167/2011 - PM de

Ninheira/MG, 223/2011 - PM de São João do Paraíso/MG, 297/2011 - PM de Porteirinha/MG,

316/2011 - Sedru - PM de Ilicinéa/MG.

3.2.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Transferências TC/PAC 167/11 (Siafi 668799)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Ninheira/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 223/11 (Siafi 668797)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de São João do Paraíso/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 297/11 (Siafi 669475)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Porteirinha/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 316/11 (Siafi 669432)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Ilicinéa/MG, sendo convenente a Sedru/Governo do Estado de Minas Gerais, no

Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.

3.2.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.2.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Prejuízos em virtude da ausência de fiscalização (efeito potencial)

3.2.5 - Critérios:

Portaria 314/2011, Funasa, art. 5º, inciso Anexo 1, alínea e, item 3.2.4; art. 5º, inciso Anexo 1,

alínea c, item 3.1.4

3.2.6 - Evidências:

Www.copasa.com.br área de atuação, folha 1.

Relação municípios - concessão de água Copasa, folhas 1/6.

Relação municípios - concessão de Esgoto Copasa, folhas 1/4.

3.2.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Ofício de Requisição n. 2-555/2012, reiterado por meio dos Ofícios 4 e 6-555/2012, questionou

como segue:

“c) informações sobre o modo como este órgão está tratando a questão pertinente à

implementação de obras (medidas compensatórias), a título de execução do programa 0122 - serviços

urbanos de água e esgoto, onde a empresa Copasa detém a concessão dos serviços de água e/ou

esgoto.”

Resposta: a mesma é disciplinada pela Portaria 314/2011 e o pronunciamento a respeito do

assunto deverá ser tratado pela Presidência e pelo Superintendente, portanto, a norma não está sendo

observada, servindo os recursos federais transferidos para beneficiar empresa com finalidade

lucrativa, cujo resultado decorrente se reverterá aos sócios da empresa, e não à municipalidade.

(p.102-3 dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6).

Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 102/103.

3.2.8 - Conclusão da equipe:

Deve a Suest/MG promover a alteração dos termos celebrados sem a garantia de compensação

por parte da empresa concessionária de água e esgoto, em conformidade com a Portaria n. 314, de 14

de junho de 2011, de forma que os benefícios dos recursos federais transferidos se revertam ao

município convenente, e não à empresa concessionária.

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.2.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote a seguinte providência:

a) promover a alteração do termo das transferências, mediante aditivo, em conformidade com

a alínea “c”, do item 3.1.4, e alínea “e”, do item 3.2.4, do Anexo 1, da Portaria Funasa 314, de

14/6/2011, para fazer incluir a garantia de compensação dos investimentos realizados com recursos

federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), a exemplo da ausência verificada nos

termos das transferências 167/2011 (Siafi 668799) - PM de Ninheira/MG, 223/2011 (Siafi 668797) -

PM de São João do Paraíso/MG, 297/2011 (Siafi 669475) - PM de Porteirinha/MG, 316/2011 (Siafi

669432) - Sedru - PM de Ilicinéa/MG.

3.3 - Terceirização de atividade fim.

3.3.1 - Situação encontrada:

Da análise dos processos internos da Funasa, pertinentes à avaliação do plano de trabalho e

do projeto básico, bem como os relativos ao acompanhamento da execução das obras pela Divisão de

Engenharia de Saúde Pública, da Superintendência Estadual de Minas Gerais - Diesp/Suest/MG,

verificou-se que diversas atividades finalísticas do órgão foram promovidas por terceirizados.

Segundo o termo de cooperação firmado entre a União, por intermédio do Ministério da

Saúde, e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde, essa entidade se

comprometeu a realizar atividades diversas nas áreas de engenharia de saúde pública, saneamento

ambiental, saúde indígena e capacitação de recursos humanos, no entanto, a realização de atividade

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

fim da Funasa, em especial a emissão de pareceres de aprovação técnica sobre a regularidade de

convênios é atividade fim da Funasa, não podendo ser terceirizada, em conformidade com o art. 1°, §

2º, do Decreto 2271/1997, ratificado pelo posicionamento jurisprudencial deste Tribunal no Acórdão

1069/2011 - TCU - Plenário.

TC 020.192/2011-8 - Boa Esperança (p. 15-6 da evidência 9)

O Sr. André Luiz de Oliveira Carvalho, engenheiro consultor contratado pela Organização

Panamericana de Saúde, exerce a função de engenheiro da Diesp/Suest/MG, tendo subscrito, nessa

condição, a análise técnica do projeto e a visita técnica preliminar, em 21/6/2010. Realizou, também,

visita técnica ao município, em 25/2/2011 e 6/4/2011.

TC 019.235/2011-9 - Lima Duarte (p. 20-1 da evidência 1)

Em relação a essa fiscalização, verificou-se que:

a) o Sr. Celso Luiz Pinto Gonçalves, engenheiro contratado pela UNESCO, visitou o município

de Lima Duarte, em janeiro de 2006, a fim de avaliar o projeto de abastecimento de água proposto,

efetivando, ao final, recomendações de alterações. Ademais, promoveu, na fase de habilitação, a

análise técnica de toda a documentação encaminhada pelo proponente; e

b) o Sr. André Luiz de Oliveira Carvalho, engenheiro consultor pela UNESCO, exerceu a

função de Chefe da DIESP da então Coordenação Regional de Minas Gerais da Funasa/COREMG,

subscrevendo, nessa condição, os pareceres técnicos de acompanhamento da execução do objeto n. 1

(1º/9/2008) e 2 (13/5/2009). Realizou, também, visita técnica ao município, em 26/3/2007,

recomendando a aprovação do convênio. Por fim, determinou ao setor competente, em 18/5/2007, que

se fizesse a avaliação do Programa de Educação em Saúde e Mobilização Social (PESMS).

TC 020.194/2011-0 - Guanhães (p. 12-3 da evidência 5)

Em relação a essa fiscalização, verificou-se que o Sr. André Luiz de Oliveira Carvalho,

engenheiro consultor pela UNESCO, no âmbito dos processos relativos aos Termos de Compromisso

1155/2008 e 1189/2008, registrou parecer técnico recomendando a aprovação de tais pactos.

TC 020.195/2011-7 - Prudente de Morais (p. 50-1 da evidência 4)

Em relação a essa fiscalização, verificou-se que:

a) a Sra. Lívia Maria Ribeiro de Souza, engenheira consultora da Unesco, em razão do

término do contrato, encaminhou expediente, em 28/12/2007, devolvendo todos os processos que

estavam sob sua responsabilidade;

b) o Sr. Leonardo Salgado Alvim, engenheiro consultor da Unesco, realizou visita técnica ao

município de Prudente de Morais, em 11/5/2010;

c) o Sr. Robson Hilário Ferreira, engenheiro consultor da Unesco, realizou visita técnica ao

município de Prudente de Morais, em 11/5/2010 e 15/10/2010, e emitiu parecer pela não aprovação

das obras parcialmente executadas.

A realização de fiscalização e de avaliação dos empreendimentos pertinentes aos Convênios

0401/2003 (Siafi 490162) e 2962/2005 (Siafi 558454) foi realizada por engenheiros da Unesco,

atualmente sob a responsabilidade de engenheiros da Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS.

TC 020.196/2011-3 - Candeias (p. 27-8 da evidência 3)

Em relação a essa fiscalização, verificou-se a situação do Sr. Leonardo Salgado Alvim,

engenheiro contratado pela Organização Pan-americana da Organização Mundial de Saúde

(OPAS/OMS), CPF 044.606.976-02, a seguir detalhada:

a) por meio da Portaria Funasa 872, de 17/5/2010, foi designado para o acompanhamento do

TC/PAC 127/08/SES, relativo ao município de Candeias/MG, tendo emitido Relatório de Visita

Técnica n. 3, datado de 2/3/2011, sobre a atualização da situação da obra referente à execução do

sistema de esgotamento sanitário daquele município;

b) por meio da Portaria Funasa 870, de 17/5/2010, foi designado para o acompanhamento e

aprovação do Convênio 536/07/SES;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) por meio da Portaria Funasa 556, de 16/6/2011, foi designado para o acompanhamento da

execução física, visando a emissão de parecer técnico parcial, final e liberação de parcela, relativo ao

Convênio 536/07/SES; e

d) por meio da Portaria Funasa 864, de 17/5/2010, foi designado para a análise e aprovação

do TC/PAC 601/09/SAA.

TC 029.348/2011-0 - Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, do Governo

do Estado de Minas Gerais (p. 39-41 da evidência 15)

Em relação a essa fiscalização, verificou-se que:

a) em relação ao convênio 965/2004, a Sra. Juliana Gumieri Ribeiro, engenheira contratada

pela Unesco, realizou a visita técnica ao município de Timóteo/MG, em 24/9/2007;

b) o convênio 967/2004 - Betim/MG, foi analisado inicialmente pela Consultora Ana Paula

Fernandes Viana e, posteriormente, pela engenheira da Unesco, Luiza Helena Pinto. Há ainda o

registro no extrato de análise técnica, emitido pela Funasa, de 12/11/2004, que a análise foi

procedida pelo engenheiro da Unesco, Sr. Flávio Marcos Passos Gomes Júnior;

c) no convênio 1510/2004 - Várzea da Palma/MG, o Parecer Técnico da Diesp foi emitido

pelo consultor técnico da Unesco, Flávio Marcos Passos Gomes Júnior, em 24/11/2004. Em

18/6/2009, foi emitida a Portaria n. 395, designando a engenheira Fernanda Márcia Machado,

contratada pela ONG Missão Evangélica Caiuá, para emissão de parecer técnico final.

Posteriormente, em 16/1/2011, foi emitido novo parecer técnico pelo engenheiro Leonardo Salgado

Alvim, que também não era do quadro da Funasa;

d) o convênio 2303/2005 - Córrego Novo/MG, teve a análise técnica emitida pela engenheira

Lucy Mary Campos da Silva, em 4/6/2009, e pelo engenheiro Alane Esteves Soares, em 4/11/2010, os

quais não eram do quadro efetivo da Funasa;

e) o convênio 2305/2005 - Entre Folhas/MG, teve a análise de seu projeto feita pela

engenheira da Unesco, Raquel da Silveira Cota, pelo engenheiro Robson Hilário Ferreira, pela

engenheira Lucy Mary Campos da Silva e, por último, pela engenheira Fernanda Márcia Machado,

da Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS/OMS;

f) o termo de compromisso PAC 1897/2008, referente ao município de Conceição do Rio

Verde/MG, teve sua análise técnica realizada pela engenheira Fernanda Márcia Machado, em

21/3/2011, do quadro terceirizado da Funasa; e,

g) o termo de compromisso PAC 928/2009, relativo ao projeto de melhoria e ampliação do

sistema de esgotamento sanitário de Padre Paraíso/MG, foi analisado pelo engenheiro Leonardo

Salgado Alvim, quando o mesmo estava na condição de contratado pela Organização Pan-Americana

de Saúde - OPAS/OMS.

TC 029.366/2011-9 - Jacinto (p. 9-11 da evidência 11)

Em relação a essa fiscalização, verificou-se que o Sr. Leonardo Salgado Alvim, engenheiro

consultor contratado pela Organização Pan-americana de Saúde, exerce a função de engenheiro da

Diesp/Suest/MG, tendo sido nomeado, mediante portarias da Coordenadoria Regional da Funasa em

Minas Gerais, para o ‘Acompanhamento da Execução Física, visando a Emissão de Parecer Técnico

Parcial, Final e liberação de parcela’ dos convênios TC/PAC 0086/2007, TC/PAC 0305/2007 e

TC/PAC 0408/2007, firmados com o Município de Jacinto/MG.

No exercício da competência que lhe foi designada, o Sr. Leonardo Salgado Alvim assinou

diversos documentos de análise dos referidos convênios, tais como ‘Análise Técnica’, ‘Relatório de

Avaliação de Andamento’ e ‘Relatório de Visita Técnica’.

TC 029.380/2011-1 - Santa Maria do Suaçuí (p. 18-9 da evidência 8)

Em relação a essa fiscalização, verificou-se que o Sr. André Luiz de Oliveira Carvalho,

contratado pela Organização Pan-americana da Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS), por

meio da Portaria 299-Funasa, foi designado para o acompanhamento da execução física do TC/PAC

313/2007/SES, visando emissão de parecer técnico parcial, final e liberação de parcela. Em razão

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

dessas atribuições, emitiu o Relatório de Visita Técnica 3, datado de 28/7/2010, sobre a atualização

da situação da obra, referente à execução do sistema de esgotamento sanitário daquele município.

TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p. 44-5 da evidência 10)

Em relação a essa fiscalização, verificou-se que a Sra. Fernanda Márcia Machado, engenheira

consultora pela UNESCO, no âmbito dos processos relativos aos Convênios 1720/2005 e 290/2006,

efetuou visitas técnicas ao município de Pintópolis/MG, promoveu análises documentais, e emitiu

parecer favorável à aprovação do pleito em relação ao último ajuste referenciado.

3.3.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio CV 967/04 (Siafi 524074)/2004 - Execução de Sistema de Abastecimento de Água no

Município de Betim/MG.

Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Candeias/MG.

Convênio CV 965 (Siafi 524228)/2004 - Sistema de abastecimento de água, Executor

Companhia De Saneamento De Minas Gerais.

Convênio CV 0401/03 (Siafi 490162)/2003 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Prudente de Morais/MG.

Convênio CV 2962/05 (Siafi 558454)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Prudente de Morais/MG.

Convênio CV 1134/05 (Siafi 558416)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município

de Lima Duarte/MG.

Convênio EP 0290/06 (Siafi 567780)/2006 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Pintópolis/MG.

Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município

de Pintópolis/MG.

Convênio CV 1510 (Siafi 527692)/2004 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município de

Várzea da Palma/MG.

Convênio CV 2303 (Siafi 556978)/2005 - Execução do Sistema de Abastecimento de Água no

Município de Córrego Novo/MG.

Convênio CV 2305 (Siafi 556980)/2005 - Execução do Sistema de Abastecimento de Água no

Município de Entre Folhas/MG.

Transferências TC/PAC 0086/07 (Siafi 633250)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Jacinto/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Candeias/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 0305/07 (Siafi 633252)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Jacinto/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0313 (siafi 633038)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0408/07 (siafi 633251)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Jacinto/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0600/09 (siafi 658083)/2009 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Boa Esperança/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2009.

Transferências TC/PAC 0601/09 (siafi 658098)/2009 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Candeias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2009.

Transferências TC/PAC 0928 (siafi 659489)/2009 - Execução de sistema de esgotamento

sanitário para atender o município de padre paraíso/MG no PAC-2009.

Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 1189/08 (siafi 650489)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Transferências TC/PAC 1897 (Siafi 652024)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário no

Município de Conceição do Rio verde/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.

3.3.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos

3.3.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Risco de questionamento jurídico e invalidade dos atos praticados (efeito potencial)

Prejuízo decorrente de fiscalização deficiente (efeito potencial)

3.3.5 - Critérios:

Acórdão 1069/2011, Tribunal de Contas da União, Plenário

Decreto 2271/1997, art. 1º, § 2º

Instrução Normativa 2/2008, SLTI/MP, art. 9º, inciso I,II e III

3.3.6 - Evidências:

IdSisdoc_3429912v5-87_-_Relatório_completo_de_fiscalização_658-2011_prudente de

morais, folhas 10/51.

IdSisdoc_3432605v3-16_-_Relatório_completo_de_fiscalização_657-2011_guanhães, folhas

9/37.

IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas

10/46.

IdSisdoc_2936523v5-12_-_Relatório_completo_de_fiscalização_655-2011_lima duarte, folhas

8/25.

IdSisdoc_3398168v27-85_-_Relatório_completo_de_fiscalização_659-2011_candeias, folhas

8/29.

IdSisdoc_3688335v7-79_-_Relatório_completo_de_fiscalização_867-2011_santa maria do

suaçui, folhas 8/19.

IdSisdoc_3811098v17-28_-_Relatório_completo_de_fiscalização_654-2011_boa esperança,

folhas 8/24.

IdSisdoc_3727463v7-36_-_Relatório_completo_de_fiscalização_860-2011_governo do estado,

folhas 11/42.

IdSisdoc_3886632v3-70_-_Relatório_completo_de_fiscalização_864-2011_jacintopdf, folhas

7/21.

3.3.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Por meio do Memorando 27/GAB/Direx, de 10/2/2012, o Diretor Executivo da Funasa

encaminhou a relação dos prestadores de serviço da Unesco e Opas, referente ao período de 2004 a

2011, informando que esse tipo de serviço vem sendo prestado desde 2002. Foi encaminhado, também,

o trigésimo oitavo termo de cooperação ao ajuste complementar celebrado entre a União Federal, por

meio do Ministério da Saúde, e a Opas/OMS, em 21/11/1996, cujo objeto é a cooperação técnica entre

as partes, para o desenvolvimento de atividades diversas nas áreas de engenharia de saúde pública,

saneamento ambiental, saúde indígena e capacitação de recursos humanos, coordenadas pela Funasa

(p.32-43 dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6).

Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 32/43.

3.3.8 - Conclusão da equipe:

Dessa forma, restou configurada a desobediência ao art. 1º, § 2º, do Decreto 2.271/1997 e ao

art. 9º, incisos I, II e III, da Instrução Normativa SLTI/MP 2/2008, que vedam a contratação de

terceiros para a realização de serviços próprios das categorias funcionais abrangidas pelo plano de

cargos ou vinculados à missão institucional do contratante. Isso porque as atribuições inerentes à

análise técnica e ao acompanhamento/fiscalização da execução de objeto de transferência voluntária

de recursos da União, seja de convênios, emenda parlamentar ou termos de compromisso, que busque

viabilizar a adoção de políticas públicas de interesse nacional, constituem atividade precípua e

finalística da Administração e, por consequência, não podem ser objeto de terceirização.

Page 280: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.3.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote a seguinte providência:

a) evite que os técnicos da Organização Pan-americana de Saúde - OPAS, ou qualquer outro

prestador terceirizado, realize serviços próprios das categorias funcionais abrangidas pelo plano de

cargos ou vinculados à missão institucional do contratante, com fundamento no art. 1º, § 2º, do

Decreto 2.271/1997 e ao art. 9º, incisos I, II e III, da Instrução Normativa SLTI/MP 2/2008, c/c o

Acórdão TCU 1069/2011 - TCU - Plenário, tendo em vista que as atribuições inerentes à análise

técnica e ao acompanhamento/fiscalização da execução de objeto de transferência voluntária de

recursos da União, seja de convênios, emenda parlamentar ou termos de compromisso, que busque

viabilizar a adoção de políticas públicas de interesse nacional, constituem atividade precípua e

finalística da Administração e, por consequência, não podem ser objeto de terceirização, a exemplo

das ocorrências verificadas no TC/PAC 0600/09 (Siafi 658083), TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661),

TC/PAC 1189/08, CV 0401/2003 (Siafi 490162) e CV 2962/2005 (Siafi 558454), entre outros.

3.4 - Ausência de instauração da tomada de contas especial nas hipóteses legais.

3.4.1 - Situação encontrada:

Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que

foram remetidas para o presente trabalho de consolidação:

TC 020.198/2011-6 - Martinho Campos (p.18 da evidência 6)

O prazo final para apresentação da prestação de contas do Convênio 1136/2005 ocorreu em

5/2/2011, entretanto, não foi aberto processo de tomada de contas especial, apesar da omissão

apontada.

Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se, por meio de planilhas fornecidas

pela Diesp e Secon, que foi emitido o parecer técnico em 18/2/2011, e que pende de parecer financeiro

pelo Secon, não obstante o processo tenha entrado no referido setor em 28/9/2011.

TC 032.757/2011-5 - São Romão (p. 16-7 da evidência 14)

O prazo para a prestação final de contas do TC/PAC 418/2007 ocorreu em 19/2/2011. Em

razão da não apresentação da prestação de contas, a Suest/MG prorrogou, unilateralmente, até

10/5/2011, por intermédio da Notificação 97/Secon/Suest-MG. Esse prazo também não foi respeitado,

tendo o município apresentado a prestação de contas somente após a cobrança da equipe de

auditoria, em 3/11/2011, sem que a Suest/MG, nesse ínterim, tenha instaurado o devido processo de

tomada de contas especial. Cabe registrar que a prestação de contas apresentada pelo município de

São Romão não possui data de protocolo, no entanto, no ofício padrão entregue pelo município,

consta a data de 28/1/2011, não guardando conformidade com a notificação elaborada pela Funasa,

em 11/4/2011, que cobrou a prestação de contas. Em 17/11/2011, o convenente providenciou a

entrega da prestação de contas, todavia, consta a data de protocolo de 28/1/2011.

Em relação ao TC/PAC 314/2007, verificou-se que o município de São Romão encontrava-se

omisso em relação à prestação de contas final, haja vista o transcurso do prazo de 60 dias contados

do término da vigência do convênio que, conforme o 5.º Termo Aditivo, expirou em 6/8/2011.

Na fase de execução da fiscalização na Funasa, verificou-se que os dois processos

encontram-se na Diesp, para a emissão de parecer técnico, desde 17/1/2012.

Fase da auditoria na Suest/MG

Nessa fase, foram selecionados 7 processos que estavam sob a responsabilidade do setor de

análise de prestação de contas.

Page 281: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

281

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Cabe registrar a existência de dois processos, referentes a duas transferências com mais de 10

anos (Convênios 18/1995 e 28/1996), que estão praticamente esquecidos, com ausência de

providências.

O Convênio 18/1995 (Siafi 135364) foi celebrado com o Município de Janaúba/MG, em

6/12/1995, e vigeu até 6/3/1997. O ajuste pende de providências pelo Sopre, desde 6/5/2011 (p. 19, da

evidência 22). No entanto, o Ministério Público Estadual já provocou a Suest/MG, em 5/4/2011, sobre

os motivos da não aprovação do referido convênio, cuja resposta informou que decorria da não

apresentação da prestação de contas (p.16, da evidência citada anteriormente).

No que diz respeito ao Convênio 28/1996 (Siafi 305848), celebrado com o município de

Dionísio/MG, observamos que o município foi notificado quanto a ausência de prestação de contas,

todavia, não foi adotada nenhuma providência posterior pela Funasa. O processo encontra-se no

Sopre para a análise de documentos desde 12/8/2010 (p. 10-13, da evidência 23).

Consta ainda o Convênio 2.954/2001, celebrado com o município de Bonfim, cujo prazo para a

apresentação da prestação de contas findou em 19/2/2005. O parecer da Diesp foi emitido em

22/2/2011 (p. 1-4 da evidência 17), com registro de execução parcial de 52,57%. O objetivo final do

convênio foi considerado nulo, em decorrência do não funcionamento do poço tubular de

abastecimento de água. O parecer financeiro foi emitido pela não aprovação da referida prestação de

contas, em 14/3/2011 (p.10-11 da evidência 17), entretanto, até 15/2/2012, ainda não tinha sido

instaurada a devida tomada de contas especial (p.25-29 da evidência 17).

3.4.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio CV 2954 (Siafi 439961)/2001 - Sistema de abastecimento de água de Bonfim/MG.

Convênio CV 1136 (Siafi 556056)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Martinho Campos/MG.

Transferências CV 18 (Siafi 135364)/1995 - Melhoria da habitação rural, para controle da

doença de chagas no Município de Janaúba/MG.

Transferências CV 28 (Siafi 305848)/1996 - Construção de Estação de Tratamento de Água em

Dionísio/MG.

Transferências TC/PAC 0314/07 (siafi 632108)/2007 - Sistema de esgotamento sanitário para

atender o município de São Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0418/07 (Siafi 633248)/2007 - Melhorias sanitárias domiciliares para

atender o município de são Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

3.4.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles

3.4.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Prejuízos em virtude de atraso ou ausência de análise da prestação de contas (efeito real)

3.4.5 - Critérios:

Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 38, inciso I e II

Lei 8443/1992, art. 8º, caput

Portaria 623/2010, Funasa, art. 10

Portaria 127/2008, Interministerial, art. 63, § 1º, inciso I e II

3.4.6 - Evidências:

IdSisdoc_3619965v7-26_-_Relatório_completo_de_fiscalização_718-2011_martinho campos,

folhas 8/24.

IdSisdoc_4140432v3-14_-_Relatório_completo_de_fiscalização_942-2011_sao romao, folhas

10/38.

Documentos prestação de contas, parecer diesp, secon, PGF referente a Bonfim_ Convenio

2954_2001, folhas 1/29.

Janaúba - não instauração de TCE, folhas 1/19.

Dionisio - não instauração de TCE, folhas 1/13.

3.4.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Page 282: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Sobre as transferências CV 1136/2005 e TC/PAC 314/2007, a Diesp informou que a resposta

deveria ser fornecida pelo setor de convênios, todavia, esse nada informou.

Em relação ao TC/PAC 418/2007, a Diesp informou que a resposta deveria ser fornecida pelo

setor de convênios, entretanto, esse setor comunicou que estava aguardando parecer daquela divisão

(p.188-227 dos esclarecimentos do responsável 1 - Requisições 1 a 6).

Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 188/227.

3.4.8 - Conclusão da equipe:

A Suest/MG não possui controle adequado sobre o prazo de vigência de suas transferências,

resultando na ausência de providências quando não é apresentada a prestação de contas no prazo

previsto.

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.4.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote as seguintes providências:

a) implemente mecanismos para notificar o convenente, a partir do dia seguinte do término do

prazo de vigência, com o objetivo de obter a prestação de contas final, ou para que seja instaurada a

devida tomada de contas especial, em razão de não apresentação da respectiva prestação, conforme

prescreve o art. 28 e ss., da IN/STN 1/1997, c/c o art. 72 e ss., da Portaria Interministerial

MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, considerando a não observância em relação às transferências

CV 1136/2005 (Siafi 556056), TC/PAC 314/2007 (Siafi 632108) e TC/PAC 418/2007 (Siafi 633248);

e,

b) promova o levantamento das transferências, sob a responsabilidade da Suest/MG, adotando

as medidas da alínea ‘a’ para as transferências já expiradas e sem providências por parte dessa

regional.

3.5 - Ausência de providências para suspender/bloquear o repasse de recursos federais, diante

de irregularidades na execução da transferência.

3.5.1 - Situação encontrada:

Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que

foram remetidas para o presente trabalho de consolidação, como segue:

TC 020.195/2011-7 - Prudente de Morais (p. 48-9 da evidência 4)

Em relação ao convênio 2962/2005, verificou-se que, em 20/5/2010, a Funasa realizou visita in

loco no município convenente, quando constatou as seguintes falhas/irregularidades:

‘1 - BDI - informar a bonificação de despesas indiretas usadas no orçamento; 2 - Licitação -

desmembrar a obra de sistema de abastecimento de água da obra de infraestrutura/pavimentação; 3 -

Planilha orçamentária - (cópia em anexo); item 1.0 - serviços preliminares - não foram encontrados

relatórios fotográficos da execução dos mesmos, solicitamos a comprovação deste item constante da

planilha; item 4.9 - aterro de valas e cabas de fundação, com controle de grau de compactação de no

mínimo 97% do proctor normal - apresentar ensaios de laboratório do referido serviço, caso não

haja, apresentar orçamento com preço de compactação visual; item 4.12 - pavimento asfáltico com

PMF (pré-misturado a frio) espessura da capa de 3,5 cm, exclusive base - rever unidade de medida

utilizada ou quantitativos relacionados em planilha; item 5.1 - execução de travessia sob ferrovia,

com método não destrutivo, furo direcionado, em tubo camisa em PEAD DN 100mm - PN 10,

inclusive fornecimento de tubo e solda - extensão total de 28 m. Rever item, preço discriminado na

planilha, com abertura da composição de preço, autorização do órgão competente para intervenção;

e, prestação de contas - página 3 - anexo X - os itens devem ser discriminados igual ao plano de

trabalho aprovado.’

Page 283: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

283

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Apesar das irregularidades noticiadas, não foi verificada a adoção de nenhuma providência

pelo órgão concedente em relação ao referido município, além do fato de que a Funasa liberou a

segunda parcela, no dia 24/5/2010 (OB 804826), no valor de R$ 210.000,00.

Na fase de execução da fiscalização na Funasa, verificou-se, por meio de planilhas fornecidas

pela Diesp e Secon, que foi emitido o parecer técnico, em 13/4/2011, mas que pende de parecer

financeiro pelo Secon, cujo processo deu entrada no setor em 10/5/2011.

TC 019.236/2011-5 - Santo Hipólito (p. 8-9 da evidência 2)

Em relação ao convênio 651/2002, a Suest/MG transferiu recursos em valores superiores ao

efetivamente comprovado, pois foram transferidas duas parcelas, a primeira, em 6/6/2003, no valor de

R$ 119.990,18, e a segunda, em 7/1/2004, no valor de R$ 89.992,65, enquanto que o Relatório de

Visita Técnica n. 1, de 7/11/2003, apontou a execução de somente R$ 82.111,62, além de registrar que

o projeto aprovado divergiu do serviço executado até aquela data, a planilha orçamentária não estava

discriminada por distrito e não havia diário de obras.

No que diz respeito ao convênio 1083/2002, em 6/6/2003, foi depositada a quantia de R$

159.984,87. Em 7/1/2004, novo depósito, no valor de R$ 119.988,66. Entretanto, o Relatório de Visita

Técnica n. 1, de 7/11/2003, registrou a informação de que o projeto parcialmente implantado diferia

daquele aprovado e que as mudanças implementadas descaracterizavam completamente o objeto

aprovado. Nesse relatório, foi registrada a execução de serviços no valor de R$ 105.329,94.

O Relatório Técnico de Trabalho, de 22/10/2003, discriminou várias divergências, entre elas,

a verificação do nivelamento de fundo de valas, a escavação mecânica de valas em solo seco, com

profundidade maior que 2 e menor que 3 metros, e a alteração do local de construção da estação de

tratamento de esgoto.

A Notificação Técnica III, de 14/12/2004, confirma as constatações de que o projeto de

esgotamento sanitário foi desvirtuado, com diversas alterações.

As primeiras liberações de recursos foram antecedidas ao Parecer Técnico da Engenharia da

Funasa, fato registrado pelo engenheiro da Funasa responsável por acompanhar as obras, conforme

Despacho de 8/7/2009, onde foi registrado que a segunda liberação de recursos ocorreu sem o seu

conhecimento e aprovação.

Na fase de execução da fiscalização na Funasa, verificou-se, por meio de planilhas fornecidas

pela Diesp e Secon, que os convênios 651/2002 e 1083/2002 pendem de avaliação final do

empreendimento a ser realizada pela Diesp, desde 1º/3/2012 e 17/1/2012, respectivamente, no

entanto, tiveram a vigência expirada desde 29/5/2011 e 31/5/2011.

3.5.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio CV 2962/05 (Siafi 558454)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Prudente de Morais/MG.

Convênio CV 651/02 (Siafi 478590)/2002 - Execução do Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Santo Hipólito/MG.

Convênio CV 1083/02 (Siafi 478589)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário

no Município de Santo Hipólito/MG.

3.5.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos

3.5.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Prejuízos em virtude de atraso ou ausência de análise da prestação de contas (efeito real)

3.5.5 - Critérios:

Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 21, § 4 e 5

Lei 11578/2007, art. 6º

Portaria 544/2008, Funasa, art. 1º, § 1º

Portaria 623/2010, Funasa, art. 5º

3.5.6 - Evidências:

Page 284: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

284

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

IdSisdoc_3429912v5-87_-_Relatório_completo_de_fiscalização_658-2011_prudente de

morais, folhas 10/51.

IdSisdoc_3090512v5-66_-_Relatório_completo_de_fiscalização_717-2011_santo hipolito,

folhas 8/28.

3.5.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Para efeito de melhor esclarecimento sobre as ocorrências apontadas no presente achado, o

gestor foi instado, por meio do Ofício de Requisição n. 3-555/2012, cujas respostas serão

apresentadas, respectivamente, como segue:

Em relação ao convênio CV 651/2002 e CV 1083/2002, a Diesp informou que a informação

deveria ter sido fornecida pelo Secon, no entanto, esse permaneceu silente.

No que diz respeito ao CV 2962/2005, a Diesp mencionou que realizou visita em 15/10/2010,

mas que glosou 100% dos recursos, em 2011, em razão do convenente não ter sanado as pendências,

entretanto, não justificou a ocorrência.

3.5.8 - Conclusão da equipe:

O acompanhamento técnico realizado pela Divisão de Engenharia de Saúde Pública - Diesp,

da Suest/MG, não é adequado, pois os casos verificados na fase de fiscalização de municípios

permitiram comprovar que a Funasa libera recursos para obras com pendências não sanadas e que

libera recursos sem a anuência do engenheiro responsável pelo acompanhamento, conforme

verificado em relação ao Convênio 1083/2002.

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.5.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote a seguinte providência:

a) implemente mecanismos para suspender/bloquear o repasse de recursos federais, quando

for verificada irregularidade na execução de transferência de recursos federais, em conformidade

com o art. 35, da IN/STN 1/1997, c/c art. 70 e ss., da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507,

de 24/11/2011, considerando o que foi verificado na execução das transferências CV 2962/2005 (Siafi

558454), CV 651/2002 (Siafi 478590) e CV 1083/2002(Siafi 478589).

3.6 - Ausência de segregação de funções na área de engenharia.

3.6.1 - Situação encontrada:

Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que

foram remetidas para o presente trabalho de consolidação:

TC 020.192/2011-8 - Boa Esperança (p. 16-7 da evidência 9), TC 020.196/2011-3 - Candeias

(p. 28-9 da evidência 3), TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p. 45-6 da evidência 10) e TC

032.757/2011-5 - São Romão (p. 12 da evidência 14).

Verificou-se que o engenheiro responsável pela aprovação do projeto do objeto da

transferência também foi responsável pelo acompanhamento da sua execução. De acordo com a

estrutura interna da Funasa, existem os setores de aprovação e de acompanhamento, em especial, a

Seção de Análise de Projetos (Sapro) e a Seção de Acompanhamento e Avaliação (Secav), os quais

não guardam conformidade com o princípio de controle interno da segregação das funções, que vem

sendo descumprido, de forma reiterada, pela Suest-MG.

Além dos municípios citados acima, a Suest/MG informou, em resposta ao Ofício de

Requisição 1-555/2011 (p. 7-9, dos Esclarecimentos do responsável 1), que os seguintes municípios

fiscalizados também tiveram o processo de aprovação de projeto e de acompanhamento da execução

realizado pelo mesmo engenheiro:

Page 285: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

285

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- Fiscalis 660/2011 - Moema, em relação às transferências TC PAC 309/2007, CV 1140/2005 e

TC PAC 413/2007;

- Fiscalis 857/2011 - Jaboticatubas, em relação aos Termos de Compromisso PAC 85/2007 e

407/2007;

- Fiscalis 927/2011 - Lassance, em relação ao TC PAC 410/2007; e,

- Fiscalis 867/2011 - Santa Maria do Suaçui, em relação aos Termos de Compromisso PAC

95/2007 e 417/2007.

3.6.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Candeias/MG.

Convênio CV 1140/05 ( Siafi 555991)/2005 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Moema/MG.

Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município

de Pintópolis/MG.

Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0095 (Siafi 633272)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0309/07 (siafi 633134)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Moema/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0410/07 (Siafi 633243)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Lassance/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0413/07 (Siafi 633136)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Moema/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0415/07 (siafi633042)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0417 (Siafi 633036)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0418/07 (Siafi 633248)/2007 - Melhorias sanitárias domiciliares para

atender o município de são Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0600/09 (siafi 658083)/2009 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Boa Esperança/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2009.

Transferências TC/PAC 0823/07 (siafi 633131)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Pintópolis/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0824/07 (siafi 633064)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

3.6.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos

3.6.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Prejuízos gerados em razão de fiscalização deficiente decorrente da ausência de segregação

de funções (efeito potencial)

3.6.5 - Critérios:

Constituição Federal, art. 37, caput

Manual Técnico, Orientações para execução de obras e serviços de engenharia pela Funasa,

2006, p. 48 - Funasa

Portaria 1776/2003, Funasa, art. 101, inciso III; art. 102, inciso I

3.6.6 - Evidências:

Page 286: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

IdSisdoc_4140432v3-14_-_Relatório_completo_de_fiscalização_942-2011_sao romao, folhas

10/38.

IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas

10/46.

IdSisdoc_3398168v27-85_-_Relatório_completo_de_fiscalização_659-2011_candeias, folhas

8/29.

IdSisdoc_3811098v17-28_-_Relatório_completo_de_fiscalização_654-2011_boa esperança,

folhas 8/24.

3.6.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Para efeito de melhor esclarecimento sobre as ocorrências apontadas no presente achado, o

gestor foi instado, por meio do Ofício de Requisição n. 3-555/2012, cujas respostas serão

apresentadas a seguir:

item 15, do Ofício de requisição 3-555/2012: esclarecer por que há transferências

(convênio/emenda parlamentar/PAC I ou II, entre outros), cujas atividades de aprovação de projeto e

de acompanhamento técnico são realizadas pelo mesmo engenheiro da Diesp, em desacordo com a

estrutura da Funasa que prevê a existência de um setor de aprovação de projetos (Sapro) e outro de

acompanhamento e avaliação (Secav)? Em todo o caso, informar os aspectos positivos e negativos

dessa situação verificada.

Resposta: permanece a filosofia de trabalho de que o técnico que analisa o projeto não fará o

acompanhamento da obra. Atualmente, tem ocorrido de um mesmo engenheiro analisar, aprovar e

acompanhar, em virtude da carência de pessoal e o grande volume de serviços. Segundo o

respondente, é impossível que os técnicos lotados no Sapro e no Secav cuidem somente das tarefas dos

setores correspondentes (p. 63-64, dos esclarecimentos do responsável 1 - Requisições 1 a 6).

Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 63/64.

3.6.8 - Conclusão da equipe:

Segundo o Manual Técnico da Funasa de 2006, que orienta a execução de obras e serviços de

engenharia, p. 48, o técnico nomeado para exercer a função gerencial fiscalizadora do convênio não

poderá ser o mesmo que executou a análise e a aprovação do projeto, salvo por despacho

fundamentado do Chefe da Diesp. No entanto, foram vários os casos registrados na fase de

fiscalização de municípios, sem que houvesse qualquer registro fundamentado de eventual exceção.

Tal orientação encontra amparo no Decreto 7.335/2010, que previu duas unidades distintas na

estrutura das Superintendências Estaduais da Funasa, a Seção de Análise de Projetos/Sapro e a Seção

de Acompanhamento e Avaliação/Sacav, cujo disciplinamento vem desde a Portaria n. 1.776, de 8 de

setembro de 2003, que aprovou o regimento interno da Funasa.

Há de se registrar ainda que há casos em que o próprio chefe da Diesp é o engenheiro

responsável pela aprovação do projeto e acompanhamento da obra, o que constitui em situação

totalmente irregular, pois não permite a devida supervisão dos trabalhos, a exemplo das

transferências TC PAC 415/2007, 823/2007, 824/2007 e CV 1720/2005.

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.6.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote a seguinte providência:

a) implemente mecanismos para estruturar a Divisão de Engenharia de Saúde Pública - Diesp,

em conformidade com os artigos 101 e 102, da Portaria Funasa 1776, de 8/9/2003, c/c o art. 4º, do

Decreto 7.335/2010, que definiu as atribuições da Seção de Análise de Projetos - Sapro e da Seção de

Acompanhamento e Avaliação - Secav, com o objetivo de implementar a necessária segregação de

funções entre a aprovação de projeto e a análise do acompanhamento da execução de transferências,

por engenheiros distintos, evitando-se o que foi verificado nas transferências TC/PAC 309/2007 (Siafi

Page 287: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

633134), CV 1140/2005 (Siafi 555991), TC/PAC 413/2007 (Siafi 633136), TC/PAC 85/2007 (Siafi

633273), TC/PAC 407/2007 (Siafi 633034), TC/PAC 410/2007 (Siafi 633243), entre outras.

3.7 - Ausência/atraso na manifestação do órgão concedente sobre a prestação de contas

apresentada.

3.7.1 - Situação encontrada:

Durante a fase de fiscalização de municípios, foi registrada a seguinte ocorrência, que foi

remetida para o presente trabalho de consolidação:

TC 032.432/2011-9 - Lassance (p. 22-3 da evidência 13)

O município encaminhou documentos para a Funasa, no entanto, esse órgão não emitiu

análise conclusiva sobre os aludidos documentos.

A título de exemplo, o convenente encaminhou a documentação contendo cópia do processo

licitatório e fotos da execução do Convênio EP 1186/2003 (Siafi 489290). Em 2/9/2004, a Suest/MG

emitiu o relatório de avaliação da situação da obra, onde registrou a alteração do ponto de captação

dos poços. Nessa análise, a Suest/MG solicitou a apresentação das alterações de projeto decorrentes

desta situação, sem analisar os documentos citados anteriormente, que foram analisados em

14/6/2006.

Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se, por meio de planilha fornecida pela

Diesp, que a transferência está em fase de execução, com prazo de vigência até 8/4/2012.

3.7.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio EP 1186/03 (Siafi 489290)/2003 - Ações de Saneamento em Pequenas Localidade no

Município de Lassance/MG.

3.7.3 - Causas da ocorrência do achado:

deficiência de controles internos

3.7.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Prejuízos em virtude de atraso ou ausência de análise da prestação de contas (efeito real)

3.7.5 - Critérios:

Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 31, caput ; art. 31, § 1º

Portaria 623/2010, Funasa, art. 10

Portaria 127/2008, Interministerial, art. 60

3.7.6 - Evidências:

IdSisdoc_3903126v5-13_-_Relatório_completo_de_fiscalização_927-2011_lassance, folhas

9/28.

3.7.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Em resposta ao questionamento feito, o gestor permaneceu silente. (p.188-230 dos

esclarecimentos do responsável 1 – Requisições 1 a 6)

Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 188/230.

3.7.8 - Conclusão da equipe:

A ausência de resposta às demandas do convenente e o não acompanhamento adequado da

execução das transferências revelam a deficiência no papel fiscalizador da Suest/MG.

Há de se registrar que o sistema de acompanhamento não é adequado, existindo planilhas em

cada setor sobre os processos sob suas respectivas cargas, mas não permitindo ao gestor ter uma

visão consolidada sobre o acompanhamento e a fiscalização das transferências celebradas.

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.7.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote a seguinte providência:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) implemente mecanismos para que as demandas dos convenentes sejam analisadas em prazo

razoável, em conformidade com o disposto no art. 48 e ss., da Lei 9.784, de 29/1/1999, c/c o art. 31,

da IN/STN 1/1997, e com o art. 76, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011,

considerando o que foi verificado na execução do Convênio EP 1186/2003 (Siafi 489290).

3.8 - Ausência/deficiência da fiscalização do objeto.

3.8.1 - Situação encontrada:

Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que

foram remetidas para o presente trabalho de consolidação, como segue:

TC 020.195/2011-7 - Prudente de Morais (p. 45-48, da evidência 4)

O convênio 2962/2005 foi celebrado em 30/12/2005. A sua visita preliminar ocorreu em

19/6/2006, enquanto que a primeira liberação de recursos ocorreu em 27/10/2006.

Houve deficiência na fiscalização realizada pela Funasa porque, após a aprovação técnica do

convênio, conforme parecer do Eng. Antonio Otavio Gontijo, de 26/6/2006, foi realizada nova

avaliação do empreendimento em 11/2/2008, quando foram apontadas diversas irregularidades e

impropriedades não registradas na aprovação inicial do projeto.

Em 11/2/2008, a Funasa fez uma reunião com o município, ocasião em que se comprometeu a

providenciar os projetos de engenharia, com planilhas orçamentárias e especificações técnicas,

todavia, a Suest/MG não cumpriu o que foi acordado nessa reunião.

Mais adiante, em 20/5/2010, a Funasa realizou vistoria no empreendimento para liberação de

nova parcela, quando o Eng. Robson Hilário Ferreira apontou novas inconsistências, não sanadas

pelo município até a data de encerramento dessa fiscalização.

As irregularidades/impropriedades não impediram nova liberação de recursos em 24/5/2010.

Em 15/10/2010, o engenheiro da Funasa emitiu parecer pela não aprovação das obras

parcialmente executadas em razão das seguintes ocorrências:

a) ausência de publicação, na forma do art. 21, I e III, da Lei 8.666/1993;

b)ausência de divisão do objeto licitado, na forma do art. 23, parágrafo 3º, da Lei 8.666/1993;

c) ausência de depósito da contrapartida, na forma do art. 7º, II, da IN/STN 1/1997;

d) não aplicação dos recursos na caderneta de poupança, pois a previsão de realização das

despesas ultrapassa o período de 30 dias, na forma da IN/STN 1/1997;

e) não houve a retenção de 11%, na forma dos art. 112 e 121, da IN RFB 971/2009; o valor de

R$ 427,48 permaneceu na conta bancária no período de 31/10/2006 a 28/6/2010, sem que fosse

aplicado na poupança;

f) não há a comprovação de pagamento para a empresa contratada; o valor estimado para a

realização do objeto no processo licitatório é 15,37% maior do que o ajustado no convênio;

g) não foram considerados regulares os itens 1.5, 1.7 ao 1.14, e 3.14, do edital da tomada de

preços 3/2006; e,

h) as notas fiscais não fazem referência ao convênio celebrado.

Essas ocorrências já poderiam ter sido objeto de manifestação anterior, entretanto,

observamos que a fiscalização realizada pela Funasa foi deficiente, considerando que somente

evidenciou falhas existentes desde o início da avença, mais de 4 anos depois dessa data.

Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que a visita final do empreendimento

ocorreu em 15/10/2010, no entanto, o parecer técnico somente foi elaborado em 13/4/2011. O

convênio teve o seu prazo de vigência prorrogado até 19/10/2011, o que evidencia a prática da

Suest/MG em prorrogar transferências, ainda que com irregularidades, por tempo indeterminado.

TC 019.236/2011-5 - Santo Hipólito (p. 9-10 da evidência 2)

Observou-se, quanto aos Convênios 651/2002 e 1083/2002, que os mesmos foram fiscalizados

apenas uma única vez, em 7/11/2003, pelo engenheiro responsável da Funasa, cerca de 4 meses após

a realização da primeira medição. Nas visitas realizadas, constataram-se divergências entre os

serviços executados e aqueles previstos no projeto.

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289

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A fiscalização realizada pelo Município de Santo Hipólito/MG foi também deficiente, tendo em

vista que, segundo informação do engenheiro contratado pelo Município, as obras foram iniciadas

antes da designação de fiscal para acompanhamento das mesmas. Tal alegação é ratificada pelas

constatações dos Relatórios de Visita Técnica do engenheiro da Funasa.

Na fase de execução da consolidação, verificou-se que os convênios analisados expiraram o

prazo final de vigência desde 29/5/2011 e 31/5/2011, respectivamente, e ainda não foi feita a visita

técnica final do empreendimento. Em relação ao convênio 1083/2002, consta a informação na

planilha do setor de prestação de contas de que o mesmo aguarda parecer técnico final da Diesp,

para análise conclusiva para instaurar processo de tomada de contas especial.

TC 020.198/2011-6 - Martinho Campos (p. 16 da evidência 6)

O TC/PAC 0411/2007 encerrou a execução da primeira parcela liberada dos recursos em

agosto de 2009, mas só recebeu a visita técnica para a emissão de parecer em fevereiro de 2010.

A fiscalização intempestiva resultou em atraso na liberação dos recursos e, consequentemente,

na paralisação da obra.

Na fase de execução da consolidação, verificou-se que a transferência analisada está em

execução, com prazo final previsto para 28/5/2012. Ainda não foi emitido parecer técnico final. No

Setor de análise de prestação de contas, consta o registro de que a prestação de contas parcial ainda

não foi analisada, contudo, estava disponível desde 28/9/2011.

TC 029.348/2011-0 - Secretaria de Desenvolvimento Regional e Desenvolvimento de Política

Urbana - Sedru, do Governo do Estado de Minas Gerais (p. 34-9 da evidência 15 )

Os objetos dos convênios 965/2004 (Timóteo/MG), 967/2004 (Betim/MG) e 1510/2004 (Várzea

da Palma/MG) foram construídos em propriedade da interveniente executora, entretanto, o Parecer

131/PGF/PF/Funasa/MG/2004/APT, de 17/12/2004, conclui pela irregularidade na realização de

obra, por se tratar de propriedade da interveniente executora Copasa, e não da proponente, salvo se a

referida empresa se propuser a transferir a propriedade à Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Regional e Política Urbana (Sedru).

Em relação ao convênio 965/2004, verificou-se que o mesmo foi celebrado em 1º/7/2004, no

entanto, a primeira fiscalização da Funasa/MG somente foi realizada em 24/9/2007.

Foi vistoriado o local proposto para a construção do reservatório de concreto, ocasião em que

se constatou que a obra não tinha sido iniciada.

Em 7/4/2010, nova visita técnica foi realizada na cidade de Timóteo/MG, com o objetivo de

liberar a 2.ª parcela do convênio, e mais uma vez ficou constatado que nenhuma obra tinha sido

iniciada no local indicado para a construção do reservatório.

Essas duas visitas foram realizadas no local previsto no ajuste, no entanto, a obra já havia

sido concluída em outro local pela empresa Copasa S/A, sem que fosse dado conhecimento à

Suest/MG.

Em nova visita realizada em 7/5/2010, constatou-se que a obra estava totalmente concluída em

área diferente da indicada no projeto, porém restava pendente a documentação de posse do novo

terreno.

Os documentos apresentados pela Copasa, inclusive o contrato analítico, demonstram que a

execução física e financeira do objeto conveniado foi realizada em 2005, bem como o termo de

recebimento da obra data de 13/1/2006.

Em relação ao convênio 967/2004, verificamos que o mesmo foi celebrado em 1º/7/2004, no

entanto, a primeira fiscalização da Funasa/MG somente foi realizada em 12/11/2007. Naquela

ocasião, foi registrada a alteração efetivada em relação ao método construtivo pela empresa Copasa

S/A, porque foram executados apenas 4 floculadores tricompartimentais, ao invés de 6 unidades

previstas. Não foi encontrada a placa da obra.

Mais tarde, em 26 e 27/3/2010, foi realizada nova visita onde foram evidenciadas outras

pendências.

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290

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Foi registrado no relatório de 27/3/2010, que o plano de trabalho não especificou a parte

física que cabia ao concedente e ao convenente, fato que impossibilitava a conciliação entre o previsto

e o que foi realizado em relação aos equipamentos/válvulas/aparelhos/peças e acessórios.

A Funasa não apresentou manifestação conclusiva sobre as alterações realizadas pela Copasa

S/A e não foi celebrado termo aditivo convalidando a alteração de plano de trabalho realizada.

No âmbito da Copasa, verificou-se que as notas fiscais 3311, 3336, 3347, 3352, 3359, 3375,

3381, 3398, 3417 e 3425, emitidas pela Construtora Sanenco Ltda., apresentavam a vinculação ao

convênio estadual, não ao convênio firmado com a Funasa, enquanto que os documentos mantidos

pela empresa Copasa, em especial os originais, não apresentavam qualquer vinculação ao objeto

conveniado, em desacordo com o art. 30, da IN/STN 1/1997.

Os diários de obra disponibilizados pela empresa não correspondem a todo o período da obra

e não apresentam a assinatura do preposto da empresa contratada, além do fato de que há registros

que não consta sequer a assinatura do representante da Copasa.

O parecer técnico final de 1º/9/2010, emitido pelo eng. Marcelo Libanio Coutinho, registrou

que a avaliação sobre os materiais e serviços restou prejudicada em razão da deficiência no

acompanhamento do ajuste, porque a obra somente foi vistoriada no seu início, que data de

21/12/2007.

Em relação ao convênio 1509/2004 (Aglomerado da Serra), o relatório assinado pelo

engenheiro da Copasa, o senhor Glêvison Felipe de Sousa, informa que não houve

fiscalização/acompanhamento da obra por parte da Funasa e da Sedru.

Sobre o convênio 1510/2004, foram registradas diversas ocorrências que demonstram a

fragilidade dos procedimentos adotados pela Suest/MG, em especial, que:

- a convenente Sedru repassou os recursos para a Copasa, por meio de outro ajuste, sem dar

conhecimento à Funasa;

- a execução física do contrato firmado com a empresa Maquenge Máquinas e Engenharia

Ltda. foi realizada fora do prazo de vigência;

- houve a execução física de serviços na estação elevatória do Lameirão, no entanto, nem o

plano de trabalho do convênio e tampouco a licitação previu a realização desses serviços;

- somente 10% da capacidade da ETE Várzea da Palma está sendo utilizada;

- os equipamentos da casa de controle estão sendo armazenados em local distinto da ETE

Várzea da Palma;

- o ateste de realização dos serviços é prévio à emissão dos respectivos documentos fiscais, a

exemplo das notas fiscais n. 2089 e 2090, emitidas em 1º/8/2007, no entanto, atestadas em 24/7/2007;

- houve a realização de pagamento antecipado à empresa CEMIG, no valor de R$ 3.720,27,

em 23/6/2008, sem que o serviço tenha sido realizado, em razão de problemas relativos à

regularidade da propriedade do terreno;

- o convênio foi celebrado em 24/12/2004, mas somente foi vistoriado em 8/7/2010; e,

- a vistoria da Funasa atestou a realização de 100% da linha de recalque, no entanto, esse

item não foi realizado com recursos conveniados, demonstrando a deficiência no acompanhamento

das ações do ajuste.

Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que:

- o convênio 965/2004 teve a vigência expirada em 10/11/2011, no entanto, ainda não foi

realizada a visita técnica final para elaboração do parecer técnico de avaliação do empreendimento;

- o convênio 967/2004 já possui parecer técnico final desde 27/6/2011, entretanto, o processo

aguarda o pronunciamento do setor de análise de prestação de contas;

- o convênio 1509/2004 possui parecer técnico pela conclusão do objeto pactuado desde

25/3/2011, no entanto, a planilha do setor de análise de prestação de contas informa que o processo

retornou para Diesp, para a emissão de parecer técnico; e,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- o convênio 1510/2004 possui parecer técnico pela execução de 100% do objeto pactuado, no

entanto, o setor de análise de prestação de contas aguarda a prestação de contas final, desde

3/2/2012, não obstante o convênio tenha expirado o prazo de vigência desde 22/11/2011.

3.8.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio CV 967/04 (Siafi 524074)/2004 - Execução de Sistema de Abastecimento de Água no

Município de Betim/MG.

Convênio CV 965 (Siafi 524228)/2004 - Sistema de abastecimento de água, Executor

Companhia De Saneamento De Minas Gerais.

Convênio CV 1509 (Siafi 523128)/2004 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município de

Belo Horizonte/MG.

Convênio CV 1510 (Siafi 527692)/2004 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município de

Várzea da Palma/MG.

Convênio CV 1136 (Siafi 556056)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Martinho Campos/MG.

Convênio CV 651/02 (Siafi 478590)/2002 - Execução do Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Santo Hipólito/MG.

Convênio 1.338 (Siafi 477455)/2002 - execução do sistema de abastecimento de água

Convênio CV 2962/05 (Siafi 558454)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Prudente de Morais/MG.

Convênio CV 1083/02 (Siafi 478589)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário

no Município de Santo Hipólito/MG.

Transferências TC/PAC 0305/07 (Siafi 633252)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Jacinto/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0411 (Siafi 633719)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Martinho Campos/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

3.8.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos

3.8.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Prejuízos em virtude da ausência de fiscalização (efeito real)

Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito real)

Prejuízos em virtude de atraso ou ausência de análise da prestação de contas (efeito potencial)

3.8.5 - Critérios:

Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 7º, inciso V; art. 23

Lei 11578/2010, art. 7º

3.8.6 - Evidências:

IdSisdoc_3619965v7-26_-_Relatório_completo_de_fiscalização_718-2011_martinho campos,

folhas 8/24.

IdSisdoc_3429912v5-87_-_Relatório_completo_de_fiscalização_658-2011_prudente de

morais, folhas 10/51.

IdSisdoc_3090512v5-66_-_Relatório_completo_de_fiscalização_717-2011_santo hipolito,

folhas 8/28.

IdSisdoc_3727463v7-36_-_Relatório_completo_de_fiscalização_860-2011_governo do estado,

folhas 11/42.

3.8.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Para efeito de melhor esclarecimento sobre as ocorrências apontadas no presente achado, o

gestor foi instado, por meio do Ofício de Requisição n. 3-555/2012, cujas respostas serão

apresentadas como segue:

Informar se há prazo regulamentado para a Diesp realizar a avaliação final do

empreendimento? Em caso positivo, esclarecer a norma correspondente e o prazo previsto.

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292

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Resposta: a Suest/MG tenta seguir o prazo estipulado na IN/STN e/ou Termo de Convênio, no

entanto, a carência de pessoal e o acúmulo de serviço tem inviabilizado o pleno atendimento (p. 63-

64,dos esclarecimentos do responsável 1 - Requisições 1 a 6). O esclarecimento prestado deixa

evidente que o controle deve ser melhorado.

A exemplo da transferência 35/2011 (Siafi 668660), que prevê, em sua cláusula quinta, a

obrigatoriedade dos municípios beneficiários encaminharem, por cinco anos após a aprovação da

prestação de contas, relatórios técnicos, comprovando a adequada e efetiva operação dos projetos,

pergunta-se: qual o setor que acompanha esses dados, bem como se há rotina/norma para essa

atividade em relação às transferências (convênio/emenda parlamentar/PAC I ou II, entre outros)

celebradas pela Funasa?

Resposta: trata-se de fato novo e ainda não foi designado o setor responsável pelo seu

acompanhamento, porém, acredita o Sr. Marcelo Libanio Coutinho, Chefe da Diesp/Suest-MG em

substituição, que essa atribuição será de responsabilidade do Serviço de Sáude Ambiental, por meio

da Unidade Regional de Controle de Qualidade da Água, que, dentro do Vigiasus/SVS/MS, apoiará os

municípios a manterem os padrões de qualidade da água dentro das normas e o lançamento final de

efluentes dentro dos parâmetros exigidos pela legislação ambiental (p. 63-64, dos esclarecimentos do

responsável 1 - Requisições 1 a 6). O esclarecimento prestado deixa evidente que o controle deve ser

melhorado.

É fixado prazo para atendimento de notificações expedidas pela Funasa? Em caso de não

atendimento, quais as providências adotadas por esse órgão?

Resposta: sim, a Diesp informou que é fixado prazo para atendimento das notificações de

acordo com as pendências e considerando a situação das documentações solicitadas, tendo em vista

que podem depender de outros órgãos estaduais, municipais e/ou federais. Em último caso, o técnico

da Funasa solicita ou recomenda a glosa da prestação de contas e o cancelamento ou a não liberação

de parcelas. No que diz respeito ao Sopre, fixa o prazo de 30 dias, para atendimento à notificação, e,

caso não atendida, é emitido parecer financeiro conclusivo pela não aprovação do convênio e a

consequente inscrição de inadimplência no Siafi. Em relação ao Sohab, não é fixado prazo para

atendimento às demandas feitas (p. 63-64, dos esclarecimentos do responsável 1 - Requisições 1 a 6).

O esclarecimento prestado deixa evidente que o controle deve ser melhorado.

Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 63/64.

3.8.8 - Conclusão da equipe:

No presente achado, foram registradas situações que apontam para o acompanhamento

técnico deficiente das transferências celebradas pela Funasa, sob a responsabilidade da Suest/MG, a

exemplo de revisão de análise de projeto, após a aprovação do projeto, em relação ao CV 2962/2005;

única visita in loco, em 7/11/2003, até a presente data, quanto aos convênios 651/2002 e 1083/2002;

realização de vistoria final do empreendimento após 6 meses do final da vigência do ajuste, em

relação ao TC PAC 411/2007; o registro do prejuízo à emissão de parecer técnico final, em razão de

deficiência no acompanhamento do convênio 967/2004; e, por fim, o registro de 100% de execução

em relação a um item que sequer foi custeado com recursos federais, no caso do convênio 1510/2004.

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.8.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote a seguinte providência:

a) implemente mecanismos para aperfeiçoar o processo de acompanhamento e fiscalização das

transferências celebradas pela Funasa, sob a responsabilidade da Suest/MG, em conformidade com o

art. 23, da IN/STN 1/1997, c/c art. 5º e ss., da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de

24/11/2011, tendo em vista as ocorrências verificadas nas transferências CV 2962/2005 (Siafi

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

558454), 651/2002 (Siafi 478590), 1083/2002 (Siafi 478589), TC/PAC 411/2007 (Siafi 633719),

967/2004 (Siafi 524074) e 1510/2004 (Siafi 527692).

3.9 - Ausência/deficiência de análise técnica e administrativa das propostas/plano de trabalho

apresentados.

3.9.1 - Situação encontrada:

Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que

foram remetidas para o presente trabalho de auditoria:

TC 019.235/2011-9 - Lima Duarte (p. 22-3 da evidência 1)

A celebração do Convênio 1.134/2005 não foi precedida de adequada análise técnica e

administrativa pela Funasa. Não houve prévia aprovação de seu plano de trabalho e do pleito pela

autoridade competente.

Quando da subscrição do instrumento, em 15/12/2005, não havia ainda um plano de trabalho

formalmente elaborado com todos os dados e documentos complementares que a legislação exigia

(art. 116, § 1º, incisos I a VII, da Lei 8.666/1993; e art. 2º, caput¸ todos os seus incisos e parágrafos,

da IN/STN 01/1997). Ou seja, inexistia requisito essencial que permitisse seu devido exame, para fins

de aprovação.

A própria Coordenação-Geral de Convênios da Funasa reconhece, mediante o Memorando

96/CGCON/GAB, de 23/2/2006, a precariedade dos atos formais que antecederam à celebração desse

acordo, visto que, em consulta à Procuradoria Geral Federal sobre a possibilidade de convalidá-lo,

justifica-se que sua formalização decorreu apenas da aprovação, pela Presidência e de outros setores

centrais, e da emissão de empenho, deixando-se a obrigatória análise técnica de projetos pelas

unidades regionais para momento posterior.

Por fim, a aprovação do pleito pela Presidência da Funasa também foi em período bem

posterior à subscrição do termo. Embora o ato não esteja datado, deve ter sido emitido no segundo

semestre de 2007, pois diversos procedimentos que o fundamentam foram efetivados a partir de 2006

até junho de 2007.

Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que o convênio expirou a vigência

em 3/2/2012, no entanto, ainda não foi realizada a visita final do empreendimento.

TC 020.194/2011-0 - Guanhães (evidência 5)

A aprovação formal dos Termos de Compromissos 1155 e 1189, de 31 de dezembro de 2008,

condição prévia à transferência de recursos no âmbito do PAC, consoante o disposto no art. 3º, § 1º,

da Lei 11.578/2008, não teve respaldo de precedente análise técnica e administrativa dos respectivos

pleitos/planos de trabalho. Por conseguinte, a celebração desses acordos não observou o retrocitado

dispositivo legal, bem como o art. 116, § 1º, da Lei 8.666/1993.

Na verdade, os documentos de habilitação e de projetos, que são indispensáveis à adequada

caracterização do objeto, somente foram apresentados em momento posterior à data de

celebração/aprovação de tais pactos, no mês de dezembro de 2008. No caso do TC PAC 1155/2008, o

parecer técnico favorável, emitido pelo setor de engenharia, foi elaborado em março de 2009,

enquanto que o administrativo, do setor de habilitação, foi elaborado em setembro de 2009. Quanto

ao TC 1189/2008, os aludidos pareceres foram proferidos em maio e outubro de 2009,

respectivamente.

Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que as aludidas transferências ainda

estão vigentes até 26/10/2012, e que a aprovação do projeto ocorreu, respectivamente, em 25/3/2009 e

3/8/2009.

TC 020.196/2011-3 - Candeias (p. 25-6 da evidência 3)

Todos os convênios/termos de compromissos examinados foram firmados sem que tenham sido

realizadas as análises técnicas prévias dos planos de trabalho. No caso do Convênio 536/2007, o

parecer jurídico também foi emitido ''a posteriori''.

Page 294: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

294

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O convênio 536/2007 foi firmado em 31/12/2007, a análise técnica de habilitação em

9/6/2010, o parecer técnico pela aprovação do projeto em 17/6/2010, e o parecer da assessoria

jurídica em 8/9/2010.

O Termo de Compromisso 127/2008 foi firmado em 31/12/2008, e foram realizadas análise

técnicas em 15/1/2009, 4/4/2010, 7 e 8/4//2010.

O Termo de Compromisso 601/2009 foi firmado em 31/12/2009, e as análises técnicas foram

realizadas em 7/6/2010, 11/3/2011 e 9/6/2011.

Quando da subscrição dos instrumentos, não havia um plano de trabalho formalmente

elaborado que contivessem todos os dados e documentos complementares em conformidade com a

legislação vigente, ou seja, inexistia requisito essencial que permitisse seu devido exame para fins de

aprovação.

Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que as transferências 536/2007,

127/2008 e 601/2009 estão em fase de execução até 24/6/2012, 25/4/2012 e 31/12/2012,

respectivamente.

TC 029.380/2011-1 - Santa Maria do Suaçui (p. 8-9 da evidência 8)

Todos os termos de compromisso examinados foram firmados sem que tenha sido realizada a

análise técnica prévia dos planos de trabalho. No caso dos TC/PAC 95/2007, 313/2007 e 417/2007,

assinados em 31/12/2007, os pareceres jurídicos também foram emitidos ''a posteriori''. Tal situação

caracteriza o não atendimento ao comando do art. 116, § 1º, da Lei 8.666/1993, conforme se

demonstra a seguir:

a) TC/PAC 95/2007: parecer da assessoria jurídica de 5/10/2010;

b) TC/PAC 313/2007: parecer da assessoria jurídica de 16/12/2009 e análise técnica de

15/7/2009; e

c) TC/PAC 417/2007: parecer da assessoria jurídica de 9/12/2009.

Quando da subscrição dos instrumentos, não havia um plano de trabalho formalmente

elaborado com todos os dados e documentos complementares, em conformidade com a legislação

vigente, ou seja, inexistia requisito essencial que permitisse seu devido exame para fins de aprovação.

Para o TC/PAC 95/2007, em 5/8/2008, foi solicitada a cópia da LOA de 2007, enquanto que no

processo do TC/PAC 417/2007, foram encaminhados os documentos da LOA, declaração de

contrapartida e outros dados do prefeito, somente em 24/9/2009. Neste caso, o termo aditivo alterou o

plano de trabalho em 30/3/2010. Do mesmo modo, o TC/PAC 313/2007 foi aprovado antes de ter o

documento de declaração de disponibilidade da contrapartida, que ocorreu em 21/9/2009.

Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que os termos de compromisso

95/2007 e 313/2007 estão em fase de execução até 31/12/2012 e 13/4/2012, respectivamente.

A transferência TC PAC 417/2007 teve sua vigência expirada desde 29/12/2011, no entanto,

não há registro de qualquer providência por parte da Suest/MG.

TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p. 38-40 da evidência 10)

Verificou-se que a Funasa não promoveu prévia aprovação técnica e administrativa dos pleitos

formulados. Tais análises, que representam requisito essencial para a subscrição dos acordos, foram

efetuadas em períodos bastante posteriores, conforme detalhado a seguir:

a) TC/PAC 824/2007, de 31/12/2007: a aprovação técnica (Departamento de Engenharia de

Saúde Pública) foi efetuada somente na data de 2/10/2009, enquanto a administrativa (Setor de

Convênios e Habilitação), em 15/10/2009, conforme se depreende do respectivo formulário de

análise;

b) TC/PAC 823/2007, de 31/12/2007: a aprovação técnica ocorreu apenas na data de

12/10/2009, enquanto a administrativa, em 21/10/2009, conforme se depreende do respectivo

formulário de análise;

c) TC/PAC 415/2007, de 31/12/2007: a aprovação técnica ocorreu apenas na data de

13/5/2009, enquanto a administrativa, em 4/6/2009, conforme se depreende do respectivo formulário

de análise;

Page 295: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

295

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) Convênio 1720/2005, de 15/12/2005: a aprovação técnica ocorreu apenas na data de

12/10/2009, enquanto a administrativa, em 30/6/2010, conforme se depreende do respectivo

formulário de análise; e,

e) Convênio 290/2006, de 20/6/2006: a aprovação técnica ocorreu apenas na data de

28/12/2007, enquanto a administrativa, em 15/12/2006, conforme se depreende do respectivo

formulário de análise.

Essa situação indica que os documentos de habilitação, bem como os projetos indispensáveis à

adequada caracterização do objeto que se pretendia executar com recursos da União, foram

apresentados somente em momento ulterior à data de celebração/aprovação do correspondente pacto.

Desse modo, a aprovação formal dos Termos de Compromisso acima destacados, condição

legal para viabilizar a transferência de recursos no âmbito do PAC, consoante o disposto no art. 3º, §

1º, da Lei 11.578/2008, não teve respaldo de precedente análise técnica e administrativa dos

respectivos pleitos/planos de trabalho. Na prática, a autoridade competente não tinha elementos

imprescindíveis que permitissem aprová-los na oportunidade em que foram firmados. Assim, a

celebração de tais acordos representou ofensa ao retrocitado dispositivo legal, bem como ao art. 116,

§ 1º, da Lei 8.666/1993. No caso dos convênios supramencionados, tendo em vista que a legislação é

ainda mais incisiva quanto à obrigação de parecer técnico favorável e autorização preliminar pela

autoridade competente, os procedimentos colocados a efeito pela Funasa caracterizaram o

descumprimento do art. 4º, caput e § 1º, da IN/STN 01/1997.

Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que as transferências TC/PAC

824/2007, 823/2007, 415/2007, estão vencidas desde 31/12/2011, 31/12/2011, 27/4/2011,

respectivamente, sem que fosse emitido o parecer técnico final. Os convênios 1720/2005 e 290/2006

estão vigentes. As mencionadas transferências tiveram o projeto aprovado pelo Chefe da Diesp, além

do fato de que cabe a esse servidor a responsabilidade pelo acompanhamento da execução do ajuste,

não observando o princípio de controle interno da necessária segregação de funções.

TC 030.421/2011-0 - Jaboticatubas (p. 10-11 da evidência 16)

A aprovação formal dos Termos de Compromisso 85 e 407, de 31 de dezembro de 2007,

condição prévia à transferência de recursos no âmbito do PAC, não teve respaldo de precedente

análise técnica e administrativa dos respectivos pleitos, inclusive dos planos de trabalho.

Os documentos de habilitação e de projetos, que são indispensáveis à adequada

caracterização do objeto de seus planos de trabalho, somente foram apresentados em momento

posterior à data de celebração/aprovação de tais pactos, em dezembro de 2007. No caso do TC

85/2007, o parecer técnico favorável do setor de engenharia ocorreu, em dezembro de 2009, enquanto

que o parecer administrativo, do setor de habilitação, foi elaborado posteriormente, em janeiro de

2010. Quanto ao TC 407/2007, o parecer técnico favorável da Diesp foi proferido em setembro de

2009, após reanálise do projeto. O parecer administrativo, elaborado pelo Setor de Convênios e

Habilitação, em novembro de 2008, foi favorável.

Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que os referidos termos de

compromisso estão em execução.

Fase da Auditoria na Funasa

PAC 2

Para efeito de apurar a propensão de ocorrência dos achados verificados na etapa de

fiscalização das transferências nos municípios beneficiários, procedemos a análise, por amostragem,

das transferências pertinentes ao PAC 2, conforme relação fornecida (p. 45-52, dos esclarecimentos

do responsável 1), de onde extraímos as seguintes constatações:

- a Funasa não utiliza nenhum referencial de preço global de estações de tratamento de água e

esgoto para identificar as dimensões adequadas às necessidades do beneficiário, fato que pode

ensejar grandes disparidades entre projetos elaborados pela mesma empresa. Registrou ainda que a

justificativa de eventual disparidade pode ser a população e o fato do projetista ser diferente. No caso

Page 296: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

296

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

analisado, verificou-se a diferença de preços no item de serviço ‘estação de tratamento de esgoto’

para os municípios de Ilicinéa/MG (TC/PAC 316/11) e Alpinópolis/MG (TC/PAC 35/2011), referente

a obras do PAC 2, no entanto, o tipo de solução a ser utilizado é o mesmo, conforme o projeto da

empresa Planex S/A, e o preço da estação de tratamento de esgoto de Ilicínea custará R$

2.862.362,96, enquanto a de Alpinópolis custará R$ 6.865.515,12 (p. 102-103, dos esclarecimentos do

responsável 1);

- não há definição precisa do que pode ser contemplado em um ‘sistema de abastecimento de

água’ ou em um ‘sistema de esgotamento sanitário’, pois, no caso do termo de compromisso TC/PAC

246/2011 (PM Tocantins/MG), foi aprovado o plano de trabalho para a colocação de medidores cujos

beneficiários previstos incluem até pessoa jurídica, ou pessoa física com mais de um imóvel. Registre-

se que não foi verificado a presença de nenhum documento emitido pelo município beneficiário em

que constasse o compromisso de não cobrar dos usuários pela colocação desses medidores, o que foi

providenciado posteriormente (p. 121, dos esclarecimentos do responsável 1);

- a Suest/MG não analisa o plano de trabalho e o projeto básico com a devida cautela, pois

verificamos que houve a aprovação da construção de um novo sistema de captação de água no

município de Conselheiro Pena/MG, por meio do TC/PAC 88/2011, entretanto, já existe ali um

sistema em funcionamento. A justificativa oferecida para a construção do novo sistema é que o

afluente do Rio Doce, o Ribeirão João Pinto, possui melhores condições de potabilidade da água, no

entanto, foi utilizado um laudo negativo, de 2005, emitido pela empresa Copasa, alertando sobre

problemas com cianobactérias (p. 18-24, da evidência 31). Em 23/11/2011, essa empresa se reuniu

com as cidades que utilizam o Rio Doce para a captação de água, ocasião em que afirmou, com base

em laudo, que a água está própria para o consumo (p. 163 - 164, dos esclarecimentos do responsável

1). Vale registrar que existe um laudo sobre o Ribeirão João Pinto, que atesta a não potabilidade

dessa água, no entanto, o mesmo não é claro quanto ao objeto examinado ser o Rio Doce ou o seu

afluente que servirá para esse novo sistema de captação. A construção do novo sistema custará à

Funasa o valor de R$ 4.694.050,00 e terá por consequência a economia, no prazo de 20 anos, do

valor de R$ 3.600.000,00, em gastos com energia, tendo em vista que o mesmo aproveitará a força do

curso do Ribeiro João Pinto, e haverá a economia de R$ 400.000,00, no mesmo período, referente ao

custo do tratamento da água do Rio Doce (p. 8, da evidência 31). O sistema atual funcionará em

caráter de reserva, conforme previsto no projeto (p. 9, da evidência 31). À primeira vista,

considerando que não restou demonstradade forma incontestávela necessidade de um novo sistema de

captação de água, entendemos que o motivo da demanda tende mais para a economia de recursos em

favor do município beneficiário, o que não guarda conformidade com o montante de recursos a serem

aplicados pelo Governo Federal, porque o custo do objeto da transferência é maior do que o benefício

apontado.

- não foi anexado o documento pertinente à comprovação da regularidade ambiental no termo

de compromisso TC/PAC 223/2011 (PM de São João do Paraíso/MG), para a implantação de uma

nova ETA, oportunidade em que a engenheira responsável informou que o documento estava pendente

de emissão, contudo, não consta como pendência (p. 122-123, questão ‘h’, dos esclarecimentos do

responsável 1);

- a Suest/MG está admitindo a realização do objeto das transferências do PAC 2 em

propriedade da Copasa, a exemplo do TC/PAC 223/2011 (PM de São João do Paraíso/MG), no

entanto, a propriedade onde será construído o objeto da transferência deve ser do convenente,

conforme o Parecer 131/PGF/PF/Funasa/MG/2004/APT, de 17/12/2004, que conclui pela

irregularidade na realização de obra em propriedade da interveniente executora Copasa, por não se

tratar de propriedade da proponente, salvo se a mesma se propuser a transferir a propriedade à

convenente (p. 123, dos esclarecimentos do responsável 1);

- a Funasa liberou recursos de transferências sem que fosse realizada a análise conclusiva do

projeto nos termos de compromisso TC/PAC 64/2011 (Carmo do Cajuru/MG) e TC/PAC 152/11

(Luminárias/MG), não obstante o chefe da Diesp ter informado que não teve ciência desse fato,

Page 297: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

porque a liberação foi feita pela Presidência da Funasa, conforme Memorando Diesp/Suest/MG

160/2012 (p. 102-103, alínea ‘j’, dos esclarecimentos do responsável 1);

- não houve a discriminação do BDI, nem o engenheiro responsável solicitou que fosse

discriminado, em relação ao TC/PAC 190/2011 - PM de Pedras do Indaiá/MG (p. 102-103, alínea ‘k’,

dos esclarecimentos do responsável 1);

- não houve a análise detalhada do orçamento previamente à aprovação e à celebração das

transferências, pois foi constatada a ausência de detalhamento do BDI e seu percentual aplicado aos

itens da planilha no TC/PAC 190/2011 (Pedras do Indaiá/MG) e a falta de análise do orçamento no

TC/PAC 152/2011 (Luminárias/MG), fato que gerou a revisão para menor no orçamento proposto,

portanto, o valor de celebração permite a realização de objeto superior ao proposto (p. 102-103,

alínea ‘l’, dos esclarecimentos do responsável 1). Cumpre-nos registrar que, apesar de ter sido

apurado o valor a maior, a Suest/MG pretende ajustar o valor até o termo final da avença, portanto,

admite a existência de valor a maior no referido termo;

- A Suest/MG não anexou análises realizadas nos processos de avaliação da viabilidade do

projeto, em poder da Diesp, de forma a elucidar a motivação técnica na recomendação para

aprovação dos termos de compromisso TC/PAC 35/2011 (Alpinópolis/MG), TC/PAC 167/2011

(Ninheira/MG), TC/PAC 88/2011 (Conselheiro Pena/MG), TC/PAC 246/2011 (Tocantins/MG),

TC/PAC 223/2011 (São João do Paraíso/MG), TC/PAC 297/2011 (Porteirinha/MG), TC/PAC 64/2011

(Carmo do Cajuru/MG), TC/PAC 190/2011 (Pedras do Indaiá/MG) e TC/PAC 95/2011

(Coqueiral/MG), contudo, a resposta da Suest/MG foi a simples menção de que juntou as análises do

sistema Sigob aos respectivos processos (p. 102-103, alínea ‘n’, dos esclarecimentos do responsável

1); e,

- os termos de sustentabilidade não estão sendo devidamente analisados, não permitindo,

portanto, assegurar que, após a conclusão e início do funcionamento, o sistema funcionará

normalmente. Por meio de análise dos termos de sustentabilidade, verificamos que os mesmos

apresentam erros de cálculo, não possuem padrão de preenchimento, pois, em alguns, apresentam o

sistema a ser implantado no cálculo da previsão de sustentabilidade do sistema e, em outros, não

considera tais dados (p. 1-10, da evidência 30). Vale registrar que o assunto já foi tratado no item

3.48, do Acórdão 309/2003 - TCU - Plenário, onde foi apontado que ‘as análises realizadas nos

estudos de caso demonstram que os termos são preenchidos superficialmente e, às vezes, de maneira

incorreta’.

Normas que dificultam a análise financeira das transferências celebradas pela Funasa

Na fase de execução da auditoria na Funasa, restou evidenciada a falta de gerenciamento

adequado para o acompanhameto da boa e regular aplicação dos recursos transferidos pela Funasa

na execução do objeto e na análise das prestações de contas.

O memorando circular 14 Direx/Presi de 16/3/2012 (p.1-2 da evidência 20) sobre recursos de

diárias e passagens, especificou o seguinte no terceiro parágrafo: ‘Ou seja, os deslocamentos que

tenham por interesse a consecução das ações que integram o Programa de Aceleração do

Crescimento e aquelas relacionadas ao acompanhamento físico dos Convênios devem merecer total

prioridade, enquanto que outras, que vinham sendo realizadas com significativo impacto nos recursos

orçamentários, como, por exemplo, os deslocamentos que tinham por interesse o acompanhamento ‘in

loco’ das análises financeiras dos convênios e termos de compromisso não fazem sentido, uma vez que

esta administração entende que a análise que é meramente documental deva se dar na sede da

Superintendência.’ (grifo nosso)

No entender da equipe de auditoria, a Funasa pode limitar a realização de visita ‘in loco’,

desde que não prejudique a emissão do parecer financeiro sobre a regularidade da transferência.

Visita in loco em local distinto da execução do objeto da transferência

Com relação ao convênio 1.338/2002 - Jenipapo de Minas - verificou-se, na fase de execução

da consolidação, que o engenheiro da Diesp, responsável pelo acompanhamento da obra, emitiu um

relatório de visita técnica final, em 20/9/2010 (p.1-4 da evidência 21), concluindo que o objetivo final

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

cumprido foi nulo, vez que o objeto pactuado no convênio foi atingido parcialmente em 41% da

execução da rede de distribuição. No entanto, no relatório de visita técnica final, revisado em

6/6/2011 (p.13-5 da evidência 21), o objetivo do convênio foi tido como cumprido plenamente. Essa

diferença de opiniões, emitida pelo mesmo engenheiro responsável, decorreu de visita a local distinto

da execução do objeto da referida transferência.

Plano de trabalho e alterações

A equipe de auditoria teve dificuldades na análise dos aludidos processos, tendo em vista que,

na hipótese de alteração do plano de trabalho, não há clareza na definição de qual plano de trabalho

está vigente. No intuito de sanar essa deficiência, solicitamos, por meio do Ofício 1-555/2011, a cópia

dos planos de trabalho aprovados.

3.9.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio CV 1134/05 (Siafi 558416)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município

de Lima Duarte/MG.

Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município

de Pintópolis/MG.

Convênio 1.338 (Siafi 477455)/2002 - execução do sistema de abastecimento de água

Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Candeias/MG.

Convênio EP 0290/06 (Siafi 567780)/2006 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Pintópolis/MG.

Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0095 (Siafi 633272)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Candeias/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 0313 (siafi 633038)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0415/07 (siafi633042)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0417 (Siafi 633036)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0601/09 (siafi 658098)/2009 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Candeias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2009.

Transferências TC/PAC 0823/07 (siafi 633131)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Pintópolis/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0824/07 (siafi 633064)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 1189/08 (siafi 650489)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 152/11 (Siafi 669440)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Luminárias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 167/11 (Siafi 668799)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Ninheira/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 190/11 (Siafi 668711)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Pedra do Indaiá/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.

Page 299: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Transferências TC/PAC 223/11 (Siafi 668797)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de São João do Paraíso/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 246/11 (Siafi 669490)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Tocantins/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 297/11 (Siafi 669475)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Porteirinha/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 316/11 (Siafi 669432)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Ilicinéa/MG, sendo convenente a Sedru/Governo do Estado de Minas Gerais, no

Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 35/11 (Siafi 668660)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Alpinópolis/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 64/11 (Siafi 669420)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Carmo do Cajuru/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 88/11 (Siafi 669496)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Conselheiro Pena/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.

Transferências TC/PAC 95/11 (Siafi 669292)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Coqueiral/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.

3.9.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos

3.9.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Possibilidade de inexecução parcial ou total decorrente do atraso na liberação de parcelas

pactuadas no cronograma financeiro das transferências (efeito real)

3.9.5 - Critérios:

Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 4º

Lei 11578/2007, art. 3º, § 1º

3.9.6 - Evidências:

IdSisdoc_3432605v3-16_-_Relatório_completo_de_fiscalização_657-2011_guanhães, folhas

9/37.

IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas

10/46.

IdSisdoc_2936523v5-12_-_Relatório_completo_de_fiscalização_655-2011_lima duarte, folhas

8/25.

IdSisdoc_3398168v27-85_-_Relatório_completo_de_fiscalização_659-2011_candeias, folhas

8/29.

IdSisdoc_3688335v7-79_-_Relatório_completo_de_fiscalização_867-2011_santa maria do

suaçui, folhas 8/19.

IdSisdoc_3904531v7-01_-_Relatório_completo_de_fiscalização_857-2011_jaboticatubas,

folhas 10/23.

Termo de sustentabilidade - PAC 2, folhas 1/10.

Conselheiro Pena - PAC 2, folhas 1/29.

Parecer nº 131_PGF_Funasa_2004, folhas 1/2.

CV 1338_2002 Jenipapo de Minas, folhas 1/15.

Memo circular 14_Direx_Presi, folhas 1/2.

3.9.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Para efeito de melhor esclarecimento sobre as ocorrências apontadas no presente achado, as

respostas serão apresentadas como segue:

Ofício de Requisição nº 3-555/2011 - Secex/MG, de 15 de março de 2012:

item 12 - considerando que o termo de sustentabilidade, regulamentado pela Portaria Funasa

n. 176/2000, representa um indicativo de que a obra entrará ou não em operação após a sua

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

implantação, pergunta-se: quais os critérios utilizados pela Diesp para a avaliação do termo de

sustentabilidade do empreendimento?

Resposta: o termo de sustentabilidade é um indicativo de que o município assumirá a

responsabilidade pelos custos advindos das ampliações, tais como energia elétrica e pessoal.

Funciona como uma carta de intenções. A rigor, o técnico da Funasa sabe avaliar, baseado na

experiência profissional, se a solução técnica adotada é compatível com a possibilidade de o

município arcar com as novas despesas (p. 63-64, dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições

1 a 6). A existência de erros e a falta de uniformidade no preenchimento dos termos deixam evidente

que a análise deve ser melhorada, inclusive mediante a conferência de valores quando da análise

técnica.

item 13 - o termo de sustentabilidade deve ser preenchido com base no sistema (SAA/SAE) pré-

existente à transferência da Funasa ou naquele decorrente da incorporação ao sistema da obra nova,

objeto das transferências (convênio/emenda parlamentar/PAC I ou II, entre outros)?

Resposta: o termo de sustentabilidade deve considerar os valores médios advindos das

ampliações (p. 63-64, dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6). A análise dos

documentos constantes da evidência apontam que os convenentes não estão cientes desse fato,

portanto, o esclarecimento prestado deixa evidente que a análise do documento deve ser realizada

com observância dessa orientação.

Ofício de Requisição nº 4-555/2011 - Secex/MG, de 15 de março de 2012:

a) a Funasa utiliza, na avaliação de projetos de engenharia, algum referencial de preço global

de estações de tratamento de água e esgoto, entre outros, para identificar, por exemplo, projetos com

dimensões adequadas às necessidades do beneficiário?

Resposta: não é utilizado nenhum referencial de preços global para as estações de tratamento

de água e de esgoto, os preços unitários são baseados no Sinapi.

b) quais os fatores que justificam a diferença de preços no item de serviço “estação de

tratamento de esgoto” para os municípios de Ilicínea/MG e Alpinópolis/MG no PAC 2, considerando

que o tipo de solução a ser utilizado é o mesmo, conforme o projeto da empresa Planex S/A, no

entanto, a estação de tratamento de esgoto de Ilicínea custará R$ 2.862.362,96, enquanto a de

Alpinópolis custará R$ 6.865.515,12?

Resposta: a população de Alpinópolis é maior do que a de Ilicinéa, o que gera diferenças, bem

como os profissionais que elaboraram os projetos são distintos, tendo, por consequência, a diferença

nos serviços.

c) os recursos do PAC 2 podem ser utilizados para a colocação de hidrômetros, onde já existe

ligação domiciliar sem o equipamento, a exemplo do que ocorrerá no TC 246/2011 (PM

Tocantins/MG)? Em sendo possível, apresentar orientação formal a respeito?

Resposta: os Engenheiros Edilson Eduardo Verneck Machado e Ronaldo Inês Vasconcelos

apresentaram argumentos no sentido de que inexiste proibição para a realização de colocação de

medidores por meio de transferência, inclusive, destacaram a importância do objeto da transferência

para a sustentabilidade do sistema. Foi juntado o Memorando n. 2677/Coats/Cgcot/Densp, de 20 de

dezembro de 2006, onde somente consta a restrição à simples aquisição de equipamentos de medição,

o que não é o caso, pois serão realizados serviços para a colocação de hidrômetro, kit cavalete e um

hidrômetro. Há de se registrar que o relatório de viagem 015499/11 apontou a existência de ligações

já existentes, portanto, deve-se determinar à Suest/MG que, quando da realização da visita in loco,

verifique a efetiva realização dos serviços.

d) no que diz respeito ao TC 246/2011 (PM Tocantins/MG), a Funasa possui a informação de

que a Divisão de Água e Esgoto dessa Prefeitura não irá efetuar a cobrança pela instalação desses

medidores, ou que ainda não houve tal cobrança?

Resposta: a Suest/MG providenciou declaração de que não cobrará pela instalação do objeto

da transferência, em especial, a colocação de medidores de água e acessórios, o que deve ser objeto

de verificação por parte da Suest/MG, quando da realização da visita in loco.

Page 301: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

301

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e) foi autorizada, pelas Câmaras Municipais de São João do Paraíso/MG e de Ninheira/MG, a

captação de água do primeiro município para o segundo, conforme informação do chefe da Diesp?

Resposta: a Engenheira Lídia Sanguinete de Souza argumentou que o sistema encontra-se

integrado entre os referidos municípios, desde 2002, no entanto, não demonstrou a autorização das

respectivas Câmaras Municipais, o que, segundo o Chefe da Diesp, em caráter informal, apontou para

a necessidade de ser demonstrado no processo de concessão.

f) qual a motivação para a aprovação do projeto e para a concessão de recursos, por meio do

TC/PAC 88/2011 (Conselheiro Pena/MG), considerando que já existe um sistema de captação de água

do Rio Doce em operação, bem como não há laudo comparativo entre a água do Rio Doce e a de seu

afluente, o Ribeirão João Pinto, onde será instalada uma adutora nova para a captação de água, por

gravidade?

Resposta: o Engenheiro Helbio Fernandes Moraes Filho informou que a aprovação decorreu

dos seguintes fatores, como segue: inundações da estação elevatória de água bruta nos períodos

chuvosos (entre dezembro e janeiro de cada ano), custo de energia pela manutenção do atual sistema

no prazo de 20 anos, em torno de R$ 3.600.000,00, e florações de algas e cianobactérias, o que

elevaria o custo do tratamento. Informou ainda que será feito novo exame da água do Ribeirão João

Pinto, no entanto, ainda não foi apresentado o resultado.

g) no intuito de esclarecer a transferência de recursos, por meio do TC/PAC 88/2011

(Conselheiro Pena/MG), essa Superintendência tem conhecimento se as demais empresas de

abastecimento de água de outros municípios, que captam água do Rio Doce, também irão implantar

sistema alternativo para a captação de água de outros rios ou por outro meio?

Resposta: o Engenheiro Helbio Fernandes Moraes Filho asseverou que é uma constante

preocupação das concessionária de abastecimento de água, o que pode ensejar a adptação das

estações de tratamento de água existentes, ou a procura por outros mananciais. Destacou ainda que o

pleito foi aprovado pela Funasa, considerando o estudo de viabilidade técnica e financeira, onde foi

eleita a proposta aprovada, como a melhor alternativa.

h) houve a devida comunicação ao órgão ambiental sobre a implantação de uma nova ETA, em

São João do Paraíso/MG (TC 223/2011), considerando que a certidão de dispensa n. 740114/2011

não faz alusão a esse equipamento?

Resposta: a Engenheira Lídia Sanguinete de Souza informou que foi requerido o licenciamento

da ETA, em 28/9/2011, conforme documento anexo, no entanto, pende de emissão.

i) é possível realizar a construção de objeto de transferência celebrada pela Funasa, em

terreno de propriedade da empresa Copasa, a exemplo do proposto no TC 223/2011 ( São João do

Paraíso/MG)? Se afirmativo, quais documentos o município deve apresentar neste caso?

Resposta: a Engenheira Lídia Sanguinete de Souza aduziu que os bens oriundos de

transferências recebidas não irão compor a base de eventual indenização devida à Copasa, por conta

de hipotética rescisão de contrato de concessão dos serviços de água e esgoto, no entanto, tal fato não

está registrado na cláusula décima sétima do referido termo.

j) quais as razões para a liberação da primeira parcela do TC 64/2011 (Carmo do

Cajuru/MG) e do TC 152/2011 (Luminárias/MG), nos respectivos valores de R$ 1.086.475,28 e R$

1.338.126,82, considerando que o parecer técnico da engenharia recomendou a aprovação da

respectiva carta consulta (SES), para posterior celebração (DOU de 26/12/2011), com a ressalva de

que a primeira parcela fosse liberada após a realização de análise mais detida do projeto, com ênfase

na planilha orçamentária?

Resposta: a liberação dos recursos foi emitida pela Presidência da Funasa.

k) qual o motivo da ausência de demonstrativo da composição do BDI na análise do projeto de

Pedras do Indaiá (TC 190/2011)?

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Resposta: o processo foi analisado inicialmente com o BDI incluso, no entanto, foi solicitado

que o engenheiro responsável alertasse o convenente quanto à necessidade de discriminar o BDI, em

demonstrativo a parte.

l) por que os projetos do PAC 2 vêm sendo aprovados e celebrados, inclusive com liberação da

primeira parcela, sem a análise detalhada do respectivo orçamento, conforme dispõe a Portaria

Funasa n. 314/2011, a exemplo da ausência de detalhamento do BDI e seu percentual aplicado aos

itens da planilha no TC 190/2011 (Pedras do Indaiá/MG) e a falta de análise do orçamento no TC

152/2011 (Luminárias/MG), fato que gerou a revisão para menor no orçamento proposto, portanto, o

valor de celebração permite a realização de objeto superior ao proposto?

Resposta: a Diesp desconhece as razões, no entanto, afirmou que a situação pode ser

regularizada até o final da vigência do ajuste.

m) Informar se foi celebrado termo aditivo para os Termos de Compromisso do PAC 2 que

tiveram o valor pactuado alterado, em virtude das análises dos respectivos orçamentos pela Diesp, a

exemplo do TC 152/2011 (Luminárias/MG).

Resposta: o valor pode ser regularizado até o final do ajuste.

n) quais as razões para a não juntada dos documentos pertinentes às análises realizadas nos

processos de avaliação da viabilidade do projeto, em poder da Diesp, de forma a elucidar a

motivação técnica na recomendação para aprovação dos termos de compromisso 316/2011

(Sedru/Ilicinia/MG), 35/2011 (Alpinópolis/MG), 167/2011 (Ninheira/MG), 88/2011 (Conselheiro

Pena/MG), 246/2011 (Tocantins/MG), 223/2011 (São João do Paraíso/MG), 297/2011

(Porteirinha/MG), 64/2011 (Carmo do Cajuru/MG), 190/2011 (Pedras do Indaiá/MG) e 95/2011

(Coqueiral/MG)?

Resposta: juntou as análises do sistema SIGOB aos respectivos processos.

Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 1/230.

3.9.8 - Conclusão da equipe:

A Funasa celebrou transferências na modalidade de convênio, emenda parlamentar e PAC,

sem que fossem analisados os requisitos necessários à sua celebração, em especial quanto a

existência do plano de trabalho e do projeto básico do empreendimento. Tal medida gera uma

sobrecarga de trabalho para a área de engenharia do órgão que fica obrigada a realizar sucessivas

análises de diversas pendências até a aprovação final do projeto. Quando da aprovação do projeto, o

recurso pactuado já não corresponde ao valor atual da obra, gerando a reprogramação do plano de

trabalho, pois, caso não ocorra, pode ter por consequência a inexecução parcial do objeto.

Referida prática não guarda conformidade com o art. 116, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c o art.

4º, caput e § 1º, da IN/STN 01/1997, em relação a convênios, e do art. 3º da Lei 11.578/2007, no que

diz respeito aos termos de compromisso do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC.

No que diz respeito à análise dos processos do PAC 2, vale informar que, em sua maioria, não

apresentavam os documentos que evidenciavam a análise técnica procedida pela Suest/MG, contudo,

onde havia a análise, foram evidenciadas deficiênciasnessa análise, cujo entendimento da equipe de

auditoria é de que há grande propensão de os problemas identificados nas transferências anteriores

se repetirem na execução dessas transferências, caso a Suest/MG não aperfeiçoe os procedimentos de

análise, acompanhamento e fiscalização das transferências sob a sua responsabilidade.

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.9.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote as seguintes providências:

a) implemente mecanismos para aperfeiçoar o processo de análise do plano de trabalho e

respectivo projeto básico das transferências celebradas, em conformidade com o disposto no art. 116

da Lei 8.666/1993, no art. 21, caput, da IN/STN/ 1/1997 e com o art. 20 da Portaria Interministerial

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

CGU/MF/MP 507, de 24/11/2011, a exemplo das deficiências de análise evidenciadas nas

transferências CV 1338/2002 (Siafi 477455), TC/PAC 35/2011 (Siafi 668660), TC/PAC 167/2011

(Siafi 668799), TC/PAC 88/2011 (Siafi 669496), TC/PAC 246/2011 (Siafi 669490), TC/PAC 223/2011

(Siafi 668797), TC/PAC 297/2011 (Siafi 669475), TC/PAC 64/2011 (Siafi 669420), TC/PAC 190/2011

(Siafi 668711), TC/PAC 95/2011 (Siafi 669292) e TC/PAC 152/11 (Siafi 669440), entre outros; e,

b) faça juntar, ao processo físico das transferências, todos os documentos elaborados pelo

concedente e convenente, inclusive de terceiros, em conformidade com o disposto no art. 116 da Lei

8.666/1993, de forma a permitir a adequada supervisão e controle sobre os mesmos, considerando o

que foi verificado nas transferências TC/PAC 35/2011 (Siafi 668660), TC/PAC 167/2011 (Siafi

668799), TC/PAC 88/2011 (Siafi 669496), TC/PAC 246/2011 (Siafi 669490), TC/PAC 223/2011 (Siafi

668797), TC/PAC 297/2011 (Siafi 669475), TC/PAC 64/2011 (Siafi 669420), TC/PAC 190/2011 (Siafi

668711) e TC/PAC 95/2011 (Siafi 669292).

3.10 - Liberação de recursos sem observância do cronograma de desembolso.

3.10.1 - Situação encontrada:

Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que

foram remetidas para o presente trabalho de consolidação:

TC 019.235/2011-9 - Lima Duarte (p. 24-5 da evidência 1)

De acordo com o cronograma de desembolso do Convênio 1.134/2005, a Funasa repassaria,

em dezembro de 2005, o valor de R$ 880.000,00. Entretanto, tal quantia somente foi transferida em

duas parcelas de R$ 440.000,00, nos meses de agosto e outubro de 2007, ou seja, com quase dois anos

de atraso.

TC 020.193/2011-4 - Salto da Divisa (p. 10-11 da evidência 12)

Nos convênios 863/2005 e 2957/2005, a liberação de recursos pela Funasa não obedeceu ao

cronograma de desembolso constante do termo, pois as liberações se arrastaram pelos anos de 2006 a

2011, no entanto, deveriam ter ocorrido no período de 2005 a 2006.

TC 020.194/2011-0 - Guanhães (p. 13-5 da evidência 5)

Segundo o cronograma de desembolso do Termo de Compromisso TC/PAC 1155/2008, a

Funasa repassaria ao município de Guanhães, nos meses de novembro e dezembro de 2008, os

valores de R$ 360.000,00 e R$ 720.000,00, respectivamente. Em janeiro de 2009, faria repasse

complementar de R$ 720.000,00, totalizando a obrigação de transferir R$ 1.800.000,00. Entretanto,

ocorreram repasses que totalizaram R$ 720.000,00, apenas nos meses de janeiro e setembro de 2010.

Logo, após dois anos e meio do prazo inicialmente estimado, a execução financeira do pacto atingiu

apenas 40% do previsto.

Quanto ao Termo de Compromisso TC/PAC 1156/2008, foi acordado o repasse de R$

500.000,00, a ser transferido em parcelas nos meses de novembro (R$ 100.000,00) e dezembro de

2008 (R$ 200.000,00), bem como em janeiro de 2009 (R$ 200.000,00). Entretanto, apenas nos meses

de agosto de 2009 e setembro de 2010 ocorreram transferências que totalizaram o valor de R$

250.000,00. Portanto, após dois anos e meio do prazo inicialmente estimado, a execução financeira do

pacto atingiu apenas 50% do previsto.

Por fim, com relação ao Termo de Compromisso TC/PAC 1189/2008, a Funasa deveria

repassar um total de R$ 3.800.000,00, em quatro parcelas, nos meses de novembro/2008,

dezembro/2008, janeiro/2009 e fevereiro/2009. Contudo, somente foram transferidas três parcelas,

nos meses de janeiro e setembro de 2010 e março de 2011, totalizando a metade do previsto, no valor

de R$ 1.900.000,00. Por conseguinte, dois anos e meio após o prazo inicialmente fixado, a execução

financeira alcançou o patamar de 50% do previsto.

TC 020.195/2011-7 - Prudente de Morais (p. 49-50 da evidência 4)

Em relação ao CV 2962/2005, foi constatado que o cronograma físico e financeiro do ajuste

previa a execução da obra entre junho e dezembro de 2006.

Page 304: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

304

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Em virtude da falta de projeto das fundações dos reservatórios de água, o que representa

deficiência na análise técnica implementada pela Funasa, a empresa contratada executou somente

parte dos serviços referentes ao item serviços preliminares e parte do item de serviços de rede de

distribuição de água. O contingenciamento de recursos pela Funasa e a ausência de interesse do

município contribuíram para a execução parcial do ajuste.

O convênio CV 0401/2003 também teve os seus recursos contingenciados, resultando na

execução parcial da obra e na ausência de benefícios para a população prevista.

TC 020.196/2011-3 - Candeias (p. 26-7 da evidência 3)

De acordo com o cronograma de desembolso do convênio 536/2007 (Siafi 628645), a Funasa

repassaria duas parcelas de R$ 150.000,00, em novembro e dezembro de 2010. Todavia, foi realizado

o repasse único de R$ 150.000,00, em 2/6/2011.

Em relação ao TC/PAC 127/2008 (Siafi 644016), o cronograma de desembolso previu os

seguintes repasses: em novembro de 2008, no valor de R$ 330.000,00; em dezembro de 2008, de R$

660.000,00; e, em janeiro de 2009, de R$ 660.000,00. Contudo, foi feito o repasse único do valor de

R$ 660.000,00 em 2/9/2010, por meio dos documentos 2010OB808622 e 2010OB808623.

Foi verificado o contingenciamento financeiro no TC/PAC 601/2009 (Siafi 658098), pois a

Funasa repassaria parcelas variáveis a partir de dezembro de 2009, mas não houve nenhuma

transferência.

TC 020.198/2011-6 - Martinho Campos (p. 10-2 da evidência 6)

De acordo com os cronogramas de desembolso dos planos de trabalho dos convênios

0816/2006 e 2609/2006, a Funasa repassaria, em dezembro de 2006, o valor de R$ 100.000,00, para o

Convênio 2609/2006, e em julho do mesmo ano, o valor de R$ 250.000,00, para o Convênio 816/2006.

Entretanto, foram depositados os valores de R$20.000,00 (Convênio 2609/2006) e R$ 125.000,00

(Convênio 0816/2006), respectivamente, nas datas de 21/9/2009 e de 6/6/2011. Portanto, a liberação

foi tardia, com atraso de dois anos e nove meses em relação ao Convênio 2609/2006, e de quatro anos

e onze meses em relação ao Convênio 0816/2006.

No termo de compromisso TC/PAC 0411/2007, de 31/12/2007, o cronograma de desembolso

aprovado previu a liberação de recursos em três meses, entre dezembro de 2007 e fevereiro de 2008.

No entanto, a Funasa liberou a primeira parcela, no valor de R$ 60.000,00, em 12/12/2008, após a

aprovação do projeto básico, que ocorreu em 10/11/2008, contudo, com atraso em relação ao

cronograma original de um ano. Houve ainda a liberação, em 28/4/2010, no valor de R$ 120.000,00,

e em 1º/6/2010, no valor de R$ 120.000,00, após a emissão de parecer técnico favorável.

Em 15/12/2009, a empresa comunicou que estava paralisando a obra, em virtude de atraso no

pagamento de 36% dos serviços já realizados. Em maio de 2010, após a liberação da segunda

parcela, foi efetuado o pagamento devido à empresa, mas esta não retornou às atividades.

Para o Convênio 1136/2005, o cronograma de desembolso previa a transferência de R$

280.000,00, em dezembro de 2005, e outra parcela no valor de R$ 70.000,00, em março de 2006. Em

3/5/2006, foi liberada uma parcela, no valor de R$ 91.178,21, e, em 13/6/2007, uma segunda parcela

de mesmo valor. Em seguida, foi liberada a parcela no valor de R$ 45.589,10, em 14/11/2008, no

entanto, a mesma foi cancelada. O contrato previa medições mensais, todo dia 10 do mês subsequente

à emissão da fatura. A cláusula sexta do contrato estipulou o prazo de 12 meses para a execução do

objeto.

TC 029.380/2011-1 - Santa Maria do Suaçui (p. 14-5 da evidência 8)

De acordo com o cronograma de desembolso do TC/PAC 313/2007 (Siafi 633038), a Funasa

repassaria quatro parcelas, sendo duas em 2010, em janeiro e em julho, no valor de R$ 620.000,00

cada, e outras duas em março e maio de 2010, no valor de R$ 930.000,00 cada. Todavia, não foi

respeitada a programação prevista, pois foram transferidos os valores em datas distintas, a saber: R$

620.000,00, em 21/1/2010; R$ 930.000,00, em 24/3/2010; R$ 620.000,00, em 9/9/2010; R$

310.000,00, em 13/10/2010; e, R$ 620.000,00, em 13/10/2010.

Page 305: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O cronograma de desembolso do TC/PAC 95/2007 (Siafi 633272) previu o repasse, pela

Funasa, em janeiro/2008, no valor de R$ 160.000,00, em fevereiro/2008, no valor de R$ 160.000,00,

em março/2008, no valor de R$ 160.000,00, em abril/2008, no valor de R$ 160.000,00, e, em

maio/2008, no valor de R$ 160.000,00. Entretanto, houve o repasse único de R$ 320.000,00, em

6/7/2011.

Em relação ao TC/PAC 417/2007 (Siafi 633036), a Funasa repassaria parcelas variáveis, a

partir de fevereiro de 2010, mas foram repassadas duas parcelas de R$ 180.000,00, em 13/4/2010 e

em 09/9/2010, totalizando o valor de R$ 360.000,00.

TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p. 42-4 da evidência 10)

Em relação ao TC/PAC 824/2007, a Funasa deveria ter repassado os valores de R$

340.000,00, R$ 680.000,00 e R$ 680.0000,00, nos meses de dezembro de 2009, fevereiro e abril de

2010, respectivamente. Contudo, os repasses ocorreram em quatro parcelas, nos meses de dezembro

de 2009 (R$ 340.000,00), de abril de 2010 (R$ 680.000,00), de outubro de 2010 (R$ 170.000,00), e de

março de 2011 (R$ 510.000,00).

No que diz respeito ao TC/PAC 823/2007, a Funasa deveria ter repassado os valores de R$

70.000,00, R$ 140.000,00 e R$ 140.0000,00, nos meses de dezembro de 2009, fevereiro e abril de

2010, respectivamente. Contudo, os repasses ocorreram em duas parcelas, nos meses de março de

2011 (R$ 175.000,00) e de agosto de 2011 (R$ 175.000,00).

No TC/PAC 415/2007, a Funasa deveria ter repassado os valores de R$ 80.000,00, R$

160.000,00 e R$ 160.0000,00, nos meses de julho, setembro e novembro de 2009, respectivamente.

Contudo, os repasses ocorreram em três parcelas, nos meses de outubro de 2009 (R$ 80.000,00), julho

de 2010 (R$ 120.000,00) e setembro de 2010 (R$ 200.000,00).

Quanto ao convênio 1720/2005, a Funasa deveria ter repassado duas parcelas de R$

150.000,00 cada, nos meses de outubro e novembro de 2010. Os repasses foram feitos no valor

previsto, no entanto, fora do prazo planejado, em fevereiro e agosto de 2011.

O convênio 290/2006 previu o repasse de R$ 270.000,00, no mês de junho de 2006. Entretanto,

houve o repasse nos meses de outubro de 2008 e março de 2011, nos valores de R$ 54.000,00 e de R$

81.000,00, respectivamente.

Já em relação ao convênio 875/2002, a Funasa deveria ter repassado, no mês de dezembro de

2002, o valor de R$ 250.097,23. Ocorre que os repasses ocorreram em três parcelas, nos meses de

maio de 2005, no valor de R$150.058,23, de julho de 2005, no valor de R$ 50.019,50, e de julho de

2010, no valor de R$ 50.019,50.

TC 030.421/2011-0 - Jaboticatubas (p. 11-2 da evidência 16)

De acordo com o cronograma de desembolso do Termo de Compromisso 85/2007, a Funasa

repassaria três parcelas, todas em 2010, sendo a primeira em maio, no valor de R$ 109.999,58; a

segunda em julho, e a terceira em setembro, sendo as duas últimas parcelas no valor de R$

219.999,16. Todavia, houve a transferência inicial de R$ 219.999,16, em 1º/9/2010 (documento

2010OB808584) e outra de R$ 164.999,37, em 12/8/2011 (2011OB805486).

Com relação à segunda parcela, além do repasse não ter sido feito de acordo com o

cronograma de desembolso, houve ainda outro atraso no recebimento do recurso, decorrente do fato

do depósito ter sido realizado em conta corrente diferente da conta específica do convênio. Diante

disso, o valor da segunda parcela liberada somente ficou disponível para o município em 24/10/2011.

O cronograma de desembolso do Termo de Compromisso 407/2007 previa que a Funasa

repassaria três parcelas, todas em 2009, sendo a primeira de R$ 109.877,86, em outubro, a segunda e

a terceira no valor de R$ 219.755,72 cada, em novembro e dezembro, respectivamente. Entretanto,

houve transferência de duas parcelas de R$ 110.000,00, uma em 25/11/2009 (2009OB811884) e a

outra em 22/10/2010 (2010OB810915).

3.10.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio CV 2609 (Siafi 588719)/2006 - Sistema de Abastecimento de Água no Município de

Martinho Campos/MG.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Candeias/MG.

Convênio CV 2957/05 (Siafi 558453)/2005 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Salto da Divisa/MG.

Convênio CV 0401/03 (Siafi 490162)/2003 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Prudente de Morais/MG.

Convênio CV 0863/05 (Siafi 558399)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Salto da Divisa/ MG.

Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município

de Pintópolis/MG.

Convênio CV 1134/05 (Siafi 558416)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município

de Lima Duarte/MG.

Convênio EP 0290/06 (Siafi 567780)/2006 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Pintópolis/MG.

Convênio CV 0816 (siafi 567443)/2006 - Sistema de Abastecimento de Água no Município de

Martinho Campos/MG.

Convênio CV 1136 (Siafi 556056)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Martinho Campos/MG.

Convênio CV 0875/02 (siafi 477432)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário no

Município de Pintópolis/MG.

Convênio CV 2962/05 (Siafi 558454)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Prudente de Morais/MG.

Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0095 (Siafi 633272)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Candeias/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 0313 (siafi 633038)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0411 (Siafi 633719)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Martinho Campos/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0415/07 (siafi633042)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0417 (Siafi 633036)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0601/09 (siafi 658098)/2009 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Candeias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2009.

Transferências TC/PAC 0823/07 (siafi 633131)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Pintópolis/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0824/07 (siafi 633064)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 1156/08 (siafi 652138)/2008 - Melhorias Sanitárias Domiciliares do

Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 1189/08 (siafi 650489)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

Page 307: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

307

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.10.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos

3.10.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Possibilidade de inexecução parcial ou total decorrente do atraso na liberação de parcelas

pactuadas no cronograma financeiro das transferências (efeito real)

3.10.5 - Critérios:

Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 18

Lei 8666/1993, art. 116, § 3º

Lei 11578/2007, art. 4º

Portaria 544/2008, Funasa, art. 1º

Portaria 623/2010, Funasa, art. 1º

3.10.6 - Evidências:

IdSisdoc_3619965v7-26_-_Relatório_completo_de_fiscalização_718-2011_martinho campos,

folhas 8/24.

IdSisdoc_3429912v5-87_-_Relatório_completo_de_fiscalização_658-2011_prudente de

morais, folhas 10/51.

IdSisdoc_3432605v3-16_-_Relatório_completo_de_fiscalização_657-2011_guanhães, folhas

9/37.

IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas

10/46.

IdSisdoc_2936523v5-12_-_Relatório_completo_de_fiscalização_655-2011_lima duarte, folhas

8/25.

IdSisdoc_3898771v5-84_-_Relatório_completo_de_fiscalização_656-2011_salto da divisa,

folhas 8/11.

IdSisdoc_3398168v27-85_-_Relatório_completo_de_fiscalização_659-2011_candeias, folhas

8/29.

IdSisdoc_3688335v7-79_-_Relatório_completo_de_fiscalização_867-2011_santa maria do

suaçui, folhas 8/19.

IdSisdoc_3904531v7-01_-_Relatório_completo_de_fiscalização_857-2011_jaboticatubas,

folhas 10/23.

Notas Técnicas PGF, folhas 1/62.

3.10.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

não há.

3.10.8 - Conclusão da equipe:

O atraso no cronograma de desembolso pode decorrer de vários fatores, a exemplo da

ausência de prestação de contas da parcela anterior por parte do convenente; da ausência de análise

tempestiva da prestação de contas parcial apresentada; e, ainda, do contingenciamento orçamentário.

No entanto, é imprescindível que a Funasa alerte os convenentes sobre as suas respectivas

responsabilidades e que a Funasa tenha prazo certo para a análise e liberação tempestiva dos

recursos, no intuito de evitar atraso nas obras, paralisações, ou até mesmo a inexecução do objeto.

Pelo exposto, verifica-se que a Suest/MG não está atentando ao cronograma de desembolso

proposto, portanto, não guardando conformidade com o art. 4º da Lei 11.578/2007, o art. 116, § 3º,

da Lei 8.666/1993 e o art. 18 da IN/STN 01/1997.

É importante registrar que a não observância do cronograma financeiro proposto pode

resultar na inexecução parcial ou total da obra, tendo em vista a possibilidade de perda do valor

monetário ajustado, bem como na possibilidade de abandono da obra, tendo em vista a quebra do

fluxo financeiro proporcional à realização dos serviços, o que impõe maior ônus financeiro às

empresas eventualmente contratadas.

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308

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.10.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote a seguinte providência:

a) implemente mecanismos para aperfeiçoar o planejamento e o controle das transferências,

inclusive mediante a atualização, sempre que necessário, do cronograma de desembolso de recursos,

com o objetivo de manter a harmonia entre a execução física e financeira, em conformidade com o

art. 2º, § 10, e 18, da IN/STN 1/1997, c/c art. 33 e ss., da Portaria Interministerial CGU/MF/MP 507,

de 24/11/2011, no intuito de evitar as ocorrências relativas às transferências CV 1134/2005 (Siafi

558416), CV 0863/2005 (Siafi 558399), CV 2957/2005 (Siafi 558453), TC/PAC 1155/2008 (Siafi

644661), TC/PAC 1189/2008 (Siafi 650489), CV 2962/2005 (Siafi 558454), CV 0401/2003 (Siafi

490162), entre outros.

3.11 - Prorrogação indevida/injustificada da vigência da transferência.

3.11.1 - Situação encontrada:

Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que

foram remetidas para o presente trabalho de consolidação:

TC 020.197/2011-0 - Moema (p.9-10 da evidência 7)

O Convênio 1140/2005 foi assinado em 15/12/2005, mas a visita técnica preliminar para

avaliação do projeto foi realizada somente em 30/3/2010. Após ajustes na proposta, o projeto recebeu

parecer favorável, com a recomendação de que os recursos fossem liberados quando da conclusão

das obras da ETE, objeto do Convênio 309/2007, a seguir comentado.

Em 2011, o projeto foi novamente analisado pela Funasa, após correções no Plano de

Trabalho e na planilha de orçamento, devido ao cancelamento do empenho de 2006, contudo, o

parecer favorável à aprovação ocorreu em 27/7/2011. Assim, o convênio sofreu sucessivas

prorrogações de sua vigência, justificadas indevidamente com base na falta de liberação de recursos

para sua execução.

Do mesmo modo, o Convênio 309/2007 teve sua vigência prorrogada por duas vezes

(Portarias 1.476/2008 e 1.603/2009, conforme consignado no Siafi), antes da aprovação final do

projeto pela Funasa.

O Convênio 948/2003 foi assinado em 22/12/2003. Não obstante, o projeto foi aprovado após

soluções de diversas pendências em 5/7/2007. A obra teve sua ordem de início dos serviços datada de

3/8/2010. Observe-se que foram feitas oito prorrogações do convênio, sendo que as três primeiras

decorreram da demora na análise da alteração do plano de trabalho, enquanto que as demais foram

justificadas com fundamento na ausência de liberação dos recursos.

TC 032.757/2011-5 - São Romão (p. 15-6 da evidência 14)

O TC/PAC 97/2007 foi assinado em 31/12/2007 e prorrogado, por meio de termos aditivos, até

31/12/2011, sem que, até a data da auditoria, tivesse sido feita a transferência de recursos por parte

da Funasa. Em resposta à indagação escrita da auditoria, o convenente reiterou a necessidade e

afirmou ter enviado toda a documentação para a liberação dos referidos recursos.

TC 032.432/2011-9 - Lassance (p. 23-4 da evidência 13)

O convênio EP 1.186/2003 sofreu 11 prorrogações da vigência contratual, todas em razão de

atraso na liberação de recursos. Verificou-se que ja foram emitidas duas ordens bancárias para a

transferência voluntária (2006OB900002 e 2006OB901404), restando apenas o valor a ser

transferido de R$ 9.798,00. Conforme já registrado no achado ‘Atraso/Ausência na manifestação do

órgão concedente sobre a prestação de contas apresentada’, foram enviadas prestações de contas

parciais em 11/7/2004 e no exercício de 2006, que não tiveram sua análise finalizada pela Funasa.

Como as ordens bancárias são de 2/1/2006 e 15/2/2006, verificamos que o processo da transferência

voluntária não sofreu movimentação processual importante desde o exercício de 2006. Assim, o

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309

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

motivo das diversas prorrogações de vigência decorreram da própria inércia da Funasa em finalizar

a análise das prestações de contas.

Fase de Auditoria na Funasa

Foram examinadas as notas técnicas emitidas pelo procurador federal especializado junto a

Suest-MG, no período de outubro de 2011 a março de 2012, quando verificamos irregularidades e

impropriedades em 43 processos, em especial quanto à tentativa de prorrogar a vigência de

transferências já expiradas.

As principais notas técnicas constam da evidência 33 e a relação de outras notas não

digitalizadas constam da evidência 48.

3.11.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio CV 1140/05 ( Siafi 555991)/2005 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Moema/MG.

Convênio EP 1186/03 (Siafi 489290)/2003 - Ações de Saneamento em Pequenas Localidade no

Município de Lassance/MG.

Convênio EP 948/03 (Siafi 490096)/2003 - Sistema de Abastecimento de Água de Moema.

Transferências TC/PAC 0097/07 (Siafi 633271)/2007 - Sistema de abastecimento de água para

atender o município de são Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0309/07 (siafi 633134)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Moema/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

3.11.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos.

3.11.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Prejuízos em virtude da ausência de fiscalização (efeito potencial)

3.11.5 - Critérios:

Instrução Normativa 127/2008, Interministerial, art. 30, inciso V; art. 37, caput

Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 4º, § 1º; art. 7º, inciso III; art. 15, caput

3.11.6 - Evidências:

IdSisdoc_4140432v3-14_-_Relatório_completo_de_fiscalização_942-2011_sao romao, folhas

10/38.

IdSisdoc_3640978v3-22_-_Relatório_completo_de_fiscalização_660-2011_moema, folhas

8/18.

IdSisdoc_3903126v5-13_-_Relatório_completo_de_fiscalização_927-2011_lassance, folhas

9/28.

Notas Técnicas PGF, folhas 1/62.

Rol de notas técnicas da Procuradoria Jurídica da Funasa, folhas 1/3.

3.11.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Em resposta ao Ofício de Requisição 3-555/2012, reiterado pelo Ofício de Requisição 6-

555/2012, o gestor da Suest/MG apresentou esclarecimentos contraditórios quanto ao setor

responsável pela regularização da ocorrência, se Diesp ou Secon, demonstrando a própria

desorganização administrativa no gerenciamento das transferências da Funasa.

Não apresentou informações sobre as ocorrências pertinentes às transferências CV 1140/2005,

TC/PAC 309/2007, EP 948/2003 e TC/PAC 97/2007.

Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 188/230.

3.11.8 - Conclusão da equipe:

As prorrogações indevidas ocorrem em razão da celebração prévia à aprovação dos projetos

de engenharia, cujas pendências não são resolvidas por meses, talvez anos, como no caso do convênio

1140/2005, que foi celebrado em 15/12/2005, cuja visita preliminar somente ocorreu em 30/3/2010.

Segundo os engenheiros da Diesp, não há a fixação de prazo certo para que o convenente regularize a

pendência, tampouco a administração da Funasa tem interesse na rescisão dessas transferências

celebradas. Essas prorrogações reiteradas sobrecarregam as atividades do setor, em relação às

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310

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

transferências que muitas vezes sequer sairão do papel, impedindo a melhor análise sobre as

transferências realmente em execução, ou que potencialmente tenham melhores condições de gerar

benefício para a sociedade.

O Governo Federal editou o Decreto n. 7468, de 28/4/2011, que determinou, no seu art. 3º, o

cancelamento de transferências celebradas de 2007 a 2008 e ainda não iniciadas, isto é, sem

realização parcial e sem medição correspondente atestada e aferida. Observamos que a Funasa ainda

não cancelou as transferências enquadradas nessa hipótese.

Em relação ao Programa de Acelaração do Crescimento/PAC, foi editado o Decreto n.

7654/2011, que alterou o Decreto 93872, de 23/12/1986, alterando o artigo 68, para validar os restos

a pagar não processados relativos ao PAC, dentre outras despesas.

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.11.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote a seguinte providência:

a) implemente mecanismo para aperfeiçoar o controle sobre o prazo de vigência das

transferências da Funasa, sob a responsabilidade dessa regional, com fundamento no art. 15, da

IN/STN 1/1997, c/c o art. 50 e 51, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011,

tendo em vista o que consta nas Notas Técnicas da Procuradoria Federal Especializada da Funasa,

sob o número 16/2011 (TC/PAC 314/2007 - Siafi 632108), 253/2011 (TC/PAC 409/2007 - Siafi

633045), 72/2011 (TC/PAC 714/2007 - Siafi 633039), 200/2011 (CV 313/2007 - Siafi 633038),

261/2011 (CV 1713/2005 - Siafi 555507), 222/2011 (TC/PAC 079/2008 - Siafi 649634), 262/2011 (CV

823/2006 - Siafi 568391), 416/2011 (TC/PAC 305/2007 - Siafi 633252), 10/2012 (CV 645/2009 - Siafi

730089), 52/2012 (CV 174/2009 - Siafi 720241), 76/2012 (CV 2961/2005 - Siafi 555521), 80/2012 (CV

1134/2005 - Siafi 558416), 92/2012 (TC/PAC 876/2009 - Siafi 658372) e 108/2012 (CV 0506/2009 -

Siafi 728772), dentre outras.

3.12 - Ausência de comprovação de previsão orçamentária da contrapartida.

3.12.1 - Situação encontrada:

Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que

foram remetidas para o presente trabalho de consolidação:

TC 020.194/2011-0 - Guanhães (p. 15-7 da evidência 5)

Quando da celebração dos Termos de Compromisso TC/PAC 1155/2008, 1156/2008 e

1189/2008, não havia comprovação da previsão orçamentária da contrapartida.

TC 030.421/2011-0 - Jaboticatubas (p. 20-1 da evidência 16)

Quando da celebração dos Termos de Compromisso TC/PAC 85 e 407/2007, não havia

comprovação da previsão orçamentária da contrapartida.

Fase de de auditoria na Funasa

Por meio de análise das Notas Técnicas da Procuradoria Federal Especializada da Funasa,

verificamos que a análise jurídica apontou essa deficiência nos seguintes documentos: 85/2012

(TC/PAC 290/2006), 90/2012 (TC/PAC 976/2007 ) e 96/2012 (TC/PAC 602/2009).

3.12.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Transferências TC/PAC 1156/08 (siafi 652138)/2008 - Melhorias Sanitárias Domiciliares do

Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 1189/08 (siafi 650489)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

3.12.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos.

3.12.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Risco de o município não conseguir honrar os compromissos financeiros referentes às

contrapartidas previstas (efeito potencial)

3.12.5 - Critérios:

Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 2º, § 3º

Lei 11578/2007, art. 3º, inciso VII

Lei Complementar 101/2000, art. 25, § 1º, inciso IV, alínea d

3.12.6 - Evidências:

IdSisdoc_3432605v3-16_-_Relatório_completo_de_fiscalização_657-2011_guanhães, folhas

9/37.

IdSisdoc_3904531v7-01_-_Relatório_completo_de_fiscalização_857-2011_jaboticatubas,

folhas 10/23.

Notas Técnicas PGF, folhas 1/62.

3.12.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Não há.

3.12.8 - Conclusão da equipe:

A comprovação de previsão orçamentária da contrapartida ocorreu posteriormente à

assinatura dos Termos de Compromisso analisados.

Tal situação caracteriza expressa ofensa ao estabelecido no art. 3º, inciso VII, da Lei

11.578/2007, o qual exige, para fins de transferência de recursos com base em termo de compromisso,

a comprovação, pelo beneficiário, de que dispõe de recursos próprios para complementar a execução

do objeto pactuado.

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.12.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote a seguinte providência:

a) implemente mecanismo para garantir que a comprovação da contrapartida do convenente

preceda a liberação de recursos, em conformidade com o art. 2º, § 3º, da IN/STN 1/1997, c/c o art. 55,

I, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, tendo em vista o que foi

verificado nas Notas Técnicas da Procuradoria Federal Especializada da Funasa número 85/2012

(EP 290/2006 - Siafi 567780), 90/2012 (EP 976/2007 - Siafi 638225) e 96/2012 (TC/PAC 602/2009 -

Siafi 658095).

3.13 - Plano de trabalho deficiente.

3.13.1 - Situação encontrada:

Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas ocorrências de deficiências

pertinentes à elaboração de plano de trabalho, que não compreendiam os dados imprescindíveis à

perfeita caracterização dos objetos a serem pactuados, nem se faziam acompanhar de documentos

técnicos obrigatórios que viabilizassem o exame dos pleitos formulados. Essas ocorrências foram

subdivididas nas seguintes falhas:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) justificativas do tipo pró-forma, genérica, sem vínculo à efetiva necessidade local

demandada e inexistindo identificação particular do problema a ser solucionado e da população a ser

atendida (TC/PAC 1155/2008, TC/PAC 1156/2008, CV 1134/2005, TC/PAC 313/2007, TC/PAC

95/2007, TC/PAC 417/2007, CV 536/2007, TC/PAC 127/2008, TC/PAC 601/2009, CV 875/2002, CV

1720/2005, CV 290/2006, TC/PAC 85/2007 e TC/PAC 407/2007);

b) descrição superficial do objeto, que impede sua identificação precisa, o reconhecimento das

ações específicas e locais beneficiados (TC/PAC 1155/2008, TC/PAC 1156/2008, TC/PAC 1189/2008,

CV 1134/2005, 313/2007, TC/PAC 95/2007, TC/PAC 417/2007, CV 536/2007, TC/PAC 127/2008,

TC/PAC 601/2009, CV 875/2002, CV 1720/2005, CV 290/2006, TC/PAC 85/2007 e TC/PAC

407/2007);

c) deficiência do detalhamento das etapas e das metas a serem cumpridas (TC/PAC

1155/2008, TC/PAC 1156/2008, CV 1134/2005, 313/2007, TC/PAC 95/2007, TC/PAC 417/2007, CV

536/2007, TC/PAC 127/2008, TC/PAC 601/2009, CV 875/2002, CV 1720/2005, CV 290/2006,

TC/PAC 85/2007 e TC/PAC 407/2007);

d) deficiência do cronograma de desembolso (TC/PAC 1155/2008, TC/PAC 1156/2008, CV

875/2002, CV 1720/2005 e CV 290/2006);

e) falta de comprovação de titularidade pública de imóveis que serão objeto da aplicação de

recursos (TC/PAC 1155/2008, TC/PAC 1156/2008, CV 1134/2005, CV 875/2002, CV 1720/2005 e CV

290/2006);

f) ausência/deficiência do projeto básico por se tratar de obra (TC/PAC 1155/2008, TC/PAC

1156/2008, CV 1134/2005, CV 875/2002, CV 1720/2005 e CV 290/2006); e,

g) incompletude pela não apresentação dos anexos III, IV, V e VI que compõem o plano de

trabalho (CV 1134/2005).

A descrição detalhada dos problemas está registrada nos respectivos relatórios de auditoria,

conforme relação a seguir:

- TC 020.194/2011-0 - Guanhães (p. 12-3 da evidência 5), em relação às transferências

TC/PAC 1155/2008, TC/PAC 1156/2008 e TC/PAC 1189/2008;

- TC 019.235/2011-9 - Lima Duarte (p. 20-1 da evidência 1), em relação à transferência CV

1134/2005;

- TC 029.380/2011-1 - Santa Maria do Suaçuí (p. 18-9 da evidência 8), em relação às

transferências TC/PAC 313/2007, TC/PAC 95/2007, TC/PAC 417/2007;

- TC 020.196/2011-3 - Candeias (p. 27-8 da evidência 3), em relação às transferências CV

536/2007 e TC/PAC 127/2008;

- TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p. 44-5 da evidência 10), em relação às transferências CV

875/2002, CV 1720/2005 e CV 290/2006; e,

- TC 030.421/2011-0 - Jaboticatubas (p. 10-11 da evidência 16), em relação às transferências

TC/PAC 85/2007 e TC/PAC 407/2007.

3.13.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município

de Candeias/MG.

Convênio CV 1134/05 (Siafi 558416)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município

de Lima Duarte/MG.

Convênio EP 0290/06 (Siafi 567780)/2006 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município

Pintópolis/MG.

Convênio CV 0875/02 (siafi 477432)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário no

Município de Pintópolis/MG.

Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município

de Pintópolis/MG.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0095 (Siafi 633272)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Candeias/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 0313 (siafi 633038)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0417 (Siafi 633036)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0601/09 (siafi 658098)/2009 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Candeias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2009.

Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 1156/08 (siafi 652138)/2008 - Melhorias Sanitárias Domiciliares do

Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

Transferências TC/PAC 1189/08 (siafi 650489)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.

3.13.3 - Causas da ocorrência do achado:

Inobservância da legislação aplicável à matéria

Deficiência de controles internos

3.13.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Plano de trabalho impreciso, com informações mínimas e incompletas, não possibilitando ao

concedente exigir o pleno cumprimento do objeto pactuado na transferência (efeito real)

3.13.5 - Critérios:

Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 2º, § 1º; art. 2º, inciso I a VI

Lei 8666/1993, art. 116, § 1º, inciso I a VII

3.13.6 - Evidências:

IdSisdoc_3432605v3-16_-_Relatório_completo_de_fiscalização_657-2011_guanhães, folhas

9/37.

IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas

10/46.

IdSisdoc_2936523v5-12_-_Relatório_completo_de_fiscalização_655-2011_lima duarte, folhas

8/25.

IdSisdoc_3398168v27-85_-_Relatório_completo_de_fiscalização_659-2011_candeias, folhas

8/29.

IdSisdoc_3688335v7-79_-_Relatório_completo_de_fiscalização_867-2011_santa maria do

suaçui, folhas 8/19.

IdSisdoc_3904531v7-01_-_Relatório_completo_de_fiscalização_857-2011_jaboticatubas,

folhas 10/23.

3.13.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Em atendimento ao Ofício de Requisição 3-555/2012, reiterado pelo Ofício 6-555/2012, o

Gestor justificou, em relação às transferências TC/PAC 1155/2008, Convênio 536/2007, TC/PAC

127/2008, TC/PAC 601/2009, que a Diesp entende que o plano de trabalho é documento do

convenente sobre o qual não tem autonomia para modificá-lo, enquanto que Secon nada respondeu (p.

188-230, dos Esclarecimentos do responsável 1), e permaneceu silente em relação às seguintes

transferências: TC/PAC 1156/2008, TC/PAC 1189/2008, CV 1134/2005, TC/PAC 313/2007, TC/PAC

95/2007, TC/PAC 417/2007, 875/2002, 1720/2005, 290/2006, TC/PAC 85/2007 e TC/PAC 407/2007.

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314

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 188/230.

3.13.8 - Conclusão da equipe:

O uso de termos como ‘construção’ ou ‘ampliação’ ou ainda ‘melhoria’ em nada traduz o

objeto proposto, portanto, é importante registrar que o plano de trabalho deve especificar o objeto da

avença proposta, pelo convenente, de forma completa e precisa, de modo que a Suest/MG, quando do

gerenciamento da execução da transferência, possa exigir do convenente a plenitude do cumprimento

das obrigações assumidas no termo de transferência celebrado, e, em especial, que haja o benefício à

comunidade.

A situação encontrada deixou evidenciado que a Funasa não se preocupa em garantir a

efetividade da transferência, mediante a definição precisa e completa das obrigações do convenente,

portanto, restou evidenciado que os planos de trabalho vinculados aos convênios e/ou termos de

compromisso não estavam compatíveis com as exigências fixadas no art. 116, § 1º, incisos I a VII da

Lei 8.666/1993, bem como contrariaram o art. 2º, incisos I a III e IV a VI, e § 1º da IN/STN 1/1997.

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.13.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote a seguinte providência:

a) implemente mecanismo para aperfeiçoar a análise dos planos de trabalho e respectivos

projetos, no sentido de que seja exigido que o convenente detalhe, com precisão e clareza, o objeto da

transferência, a justificativa da proposição, o benefício social, as metas a serem atingidas, o

detalhamento das etapas ou fases de execução, o cronograma de desembolso, a localização exata e a

propriedade do imóvel onde será realizado o objeto da avença, em conformidade com o art. 2º, da

IN/STN 1/1997, c/c o art. 3º, da Lei 11578, de 26 de novembro de 2007, e o art. 7º, da Portaria

Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, a exemplo das ocorrências verificadas nas

transferências TC/PAC 1155/2008 (Siafi 644661), TC/PAC 1156/2008 (Siafi 652138), TC/PAC

1189/2008 (Siafi 650489), CV 1134/2005 (Siafi 558416), TC/PAC 313/2007 (Siafi 633038), TC/PAC

95/2007 (Siafi 633272) e TC/PAC 417/2007 (Siafi 633036).

3.14 - Termo de compromisso celebrado, sem os requisitos legais.

3.14.1 - Situação encontrada:

Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que

foram remetidas para o presente trabalho de consolidação, como segue:

TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p.41-2 da evidência 10)

Os Termos de Compromisso TC/PAC 824/2007 e TC/PAC 823/2007, que são instrumentos de

transferência de recursos no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foram

firmados sem que alguns requisitos legais estivessem previamente aperfeiçoados, conforme detalhados

a seguir:

a) identificação do objeto a ser executado: caracterização incompleta, superficial, que

inviabiliza o reconhecimento das ações de saneamento e os locais de intervenção. Na realidade, o

empreendimento que efetivamente seria executado foi definido posteriormente à celebração dos

termos, quando da aprovação técnica dos projetos;

b) metas a serem atingidas: não há qualquer relação com a realidade específica de cada

empreendimento, a exemplo, indicou-se unidade de referência que não tem serventia para fins de

aferição quantitativa do objetivo;

c) etapas ou fases de execução: não há divisão do objeto em etapas viáveis do ponto de vista

técnico. Aliás, torna-se impossível identificar as etapas quando o próprio objeto está delineado de

maneira imprecisa;

d) cronograma de desembolso: quando da celebração do pacto, a previsão de aporte

financeiro registrada em tal documento já estava defasada; e,

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315

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e) previsão de início e fim da execução do objeto, bem como, da conclusão das etapas ou fases

programadas: os prazos previstos não possuem credibilidade, pois, à época da celebração dos pactos,

não havia projeto de engenharia elaborado, tampouco aprovado. Logo, não se sabia ao certo qual o

objeto a ser executado e quais as suas etapas. Portanto, a fixação desses prazos é mero improviso,

desconexo com a realidade dos fatos.

TC 030.421/2011-0 - Jaboticatubas (p. 14-6, da evidência 16)

Quanto ao TC/PAC 85/2007, ao analisar tal processo, a Procuradoria Federal da Funasa

emitiu o Parecer 1910/PGF/PF/Funasa/2010, apontando as seguintes inconsistências/observações:

a) identificação do objeto a ser cumprido - o objeto não foi descrito de forma a atender as

orientações do TCU, pois não se apresenta de forma suficientemente clara e completa;

b) metas a serem atingidas - o Plano de Trabalho deveria ter descrito de forma quantitativa a

meta a ser atingida, entretanto, o fez no detalhamento de cada etapa / fase de execução;

c) etapas ou fases de execução - não consta a assinatura do agente público responsável;

d) plano de aplicação dos recursos financeiros - não consta especificação do tipo de despesa

(corrente ou de capital), nem o quantum a ser gasto com cada elemento, como pessoal, material de

consumo, obras públicas, material permanente, etc., nos termos do art. 13, da Lei 4.320/1964;

e) cronograma de desembolso - a previsão de liberação da primeira parcela seria em maio de

2010. Entretanto, recomenda-se que a previsão de liberação dos recursos guarde consonância com a

vigência do compromisso e a execução física do objeto, conforme disposto no item 23, da Nota

Técnica 09/PGF/PF/Funasa/2008; e,

f) previsão de início e fim da execução do objeto, bem como da conclusão das etapas ou fases

programadas - tal previsão consta no cronograma de execução. Recomenda-se que o início e o fim da

execução do objeto guardem consonância com a vigência do Termo de Compromisso.

A Coordenação-Geral de Convênios da Funasa emitiu despacho refutando as recomendações

da PGF/Funasa.

No que se refere ao TC/PAC 407/2007, a Procuradoria Federal da Funasa emitiu o Parecer

1590/PGF/PF/FUNASA/2009, concluindo que o referido termo de compromisso apresentou as

seguintes inconsistências:

a) identificação do objeto a ser cumprido - o objeto descrito no Plano de Trabalho não foi

descrito de forma a atender as orientações contidas no item 16, da aludida Nota Técnica;

b) metas a serem atingidas - o Plano de Trabalho deveria ser descrito de forma a quantificar a

meta;

c) etapas ou fases de execução - não consta a assinatura do agente público responsável;

d) plano de aplicação dos recursos financeiros - não consta especificação do tipo de despesa

(corrente ou de capital), nem o quantum a ser gasto com cada elemento, como pessoal, material de

consumo, obras públicas, material permanente, etc., nos termos do art. 13, da Lei 4.320/1964;

e) cronograma de desembolso - encontra-se inserido no Plano de Trabalho, que deve ser

refeito, pois, quando firmado o Termo de Compromisso, já havia transcorrido a programação de

desembolso prevista inicialmente;

f) previsão de início e fim da execução do objeto, bem como da conclusão das etapas ou fases

programadas - o início e fim da execução do objeto estão em desacordo com o Termo de

Compromisso, pois o Plano de Trabalho menciona datas anteriores à formalização do referido

instrumento; e,

g) comprovação de que os recursos referentes à contrapartida estariam assegurados - faz-se

necessário que seja juntada a LOA e o quadro Demonstrativo de Despesa do exercício de 2009, a fim

de que se possa verificar se a contrapartida foi assegurada na rubrica despesas (restos a pagar ou

exercícios anteriores). Alternativamente, admite-se a emissão de declaração do ordenador de

despesas do ente federado, indicando a existência de previsão orçamentária e a rubrica pela qual

correrá a contrapartida.

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316

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Em acatamento a considerações sobre as recomendações da PGF, a Coordenação-Geral da

Funasa emitiu despacho autorizando prosseguir o feito para fins de obtenção da assinatura do

representante legal do município, bem como do Senhor Presidente da Funasa para aprovação formal

do pacto.

Constatou-se ainda em relação às transferências TC/PAC 85/2007 e TC/PAC 407/2007 que:

a) O Plano de Trabalho não está datado; e,

b) O Município de Jaboticatubas/MG comprovou a disponibilidade de recursos próprios em

momento posterior à assinatura/aprovação do termo de compromisso, fato contrário ao estabelecido

no inciso VII do art. 3º da Lei 11.578/2007.

3.14.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no

Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0823/07 (siafi 633131)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do

Município de Pintópolis/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.

Transferências TC/PAC 0824/07 (siafi 633064)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do

Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.

3.14.3 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos.

3.14.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Atraso para se iniciar efetivamente a execução dos acordos (efeito real)

3.14.5 - Critérios:

Lei 11578/2007, art. 3º, inciso I a VII

3.14.6 - Evidências:

IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas

10/46.

IdSisdoc_3904531v7-01_-_Relatório_completo_de_fiscalização_857-2011_jaboticatubas,

folhas 10/23.

3.14.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Não há.

3.14.8 - Conclusão da equipe:

O art. 3º da Lei 11.578, de 26/11/2007, dispõe que as transferências obrigatórias para

execução das ações do PAC são condicionadas ao cumprimento dos seguintes requisitos pelos

Estados, Distrito Federal e Municípios beneficiários, conforme constante em termo de compromisso:

I - identificação do objeto a ser executado;

II - metas a serem atingidas;

III - etapas ou fases de execução;

IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;

V - cronograma de desembolso;

VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem como da conclusão das etapas ou

fases programadas; e,

VII - comprovação de que os recursos próprios para complementar a execução do objeto estão

devidamente assegurados, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão

descentralizador, quando a ação compreender obra ou serviço de engenharia.

Tal ordenamento não foi observado quando da celebração e aprovação formal dos termos de

compromisso objeto da fiscalização, conforme detalhado na situação encontrada.

A situação ora exposta revela que o art. 3º da Lei 11.578, de 26 de novembro de 2007, não foi

observado por completo, porque a aprovação formal e celebração dos aludidos termos de

compromisso estavam sujeitas ao prévio e pleno atendimento dos requisitos legais previstos.

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317

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de

transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.

3.14.9 - Proposta de encaminhamento:

Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

Regimento Interno, adote a seguinte providência:

a) implemente mecanismo para aperfeiçoar a análise dos planos de trabalho e respectivos

projetos, no sentido de que seja exigido que o convenente detalhe, com precisão e clareza, o objeto da

transferência, a justificativa da proposição, o benefício social, as metas a serem atingidas, o

detalhamento das etapas ou fases de execução, o cronograma de desembolso, a localização exata e a

propriedade do imóvel onde será realizado o objeto da avença, em conformidade com o art. 2º, da

IN/STN 1/1997, c/c o art. 3º, da Lei 11578, de 26 de novembro de 2007, e o art. 7º, da Portaria

Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, a exemplo das ocorrências verificadas nas

transferências TC/PAC 824/2007 (Siafi 633064), TC/PAC 823/2007 (Siafi 633131), TC/PAC 85/2007

(Siafi 633273) e TC/PAC 407/2007(Siafi 633034).

4 - CONCLUSÃO

Não foram constatadas impropriedades ou irregularidades para as questões de auditoria nº 3,

4, 5, 6, 7 e 8 formuladas para esta fiscalização.

As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:

Questão 1 Desorganização administrativa, por parte da Suest/MG, quanto ao gerenciamento e

fiscalização das transferências celebradas pela Funasa. (item 3.1)

Terceirização de atividade fim. (item 3.3)

Ausência de instauração da tomada de contas especial nas hipóteses legais. (item 3.4)

Ausência de providências para suspender/bloquear o repasse de recursos federais,

diante de irregularidades na execução da transferência. (item 3.5)

Ausência de segregação de funções na área de engenharia. (item 3.6)

Ausência/atraso na manifestação do órgão concedente sobre a prestação de contas

apresentada. (item 3.7)

Ausência/deficiência da fiscalização do objeto. (item 3.8)

Ausência/deficiência de análise técnica e administrativa das propostas/plano de trabalho

apresentados. (item 3.9)

Liberação de recursos sem observância do cronograma de desembolso. (item 3.10)

Prorrogação indevida/injustificada da vigência da transferência. (item 3.11)

Questão 2 Ausência de previsão de medidas compensatórias onde a Copasa detém a concessão do

sistema de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário. (item 3.2)

Ausência de comprovação de previsão orçamentária da contrapartida. (item 3.12)

Plano de trabalho deficiente. (item 3.13)

Termo de compromisso celebrado, sem os requisitos legais. (item 3.14)

Entre os benefícios estimados desta fiscalização, pode-se mencionar o incremento da

economia, eficiência, eficácia e efetividade da Suest-MG no gerenciamento e fiscalização das

transferências celebradas, por meio do aperfeiçoamento da gestão de riscos e de controles internos,

na melhoria da qualidade do serviço público prestado e dos processos de trabalho, bem como na

gestão administrativa e normatização interna.

5 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Senhor

Ministro-Relator Walton Alencar Rodrigues, com as seguintes propostas:

Responsável: Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais

Determinação a Órgão/Entidade:

5.1 Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com

fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do

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318

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Regimento Interno do TCU, adote as seguintes providências, no prazo de 180 dias, apresentando

relatório circunstanciado acerca das medidas adotadas e do resultado alcançado ao fim desse prazo:

a. implemente mecanismo para aperfeiçoar o processo de acompanhamento e gerenciamento

das transferências celebradas pela Funasa, sob a sua responsabilidade, em conformidade com o

princípio constitucional da eficiência, nos termos do art. 37, caput, da Constituição Federal de 1988,

no sentido de:

a.1) definir as atribuições e responsabilidades dos setores envolvidos no acompanhamento e

gerenciamento desses ajustes, de forma a incluir todas as etapas da execução da transferência, desde

a celebração até a conclusão do objeto, inclusive a instauração de processo de tomada de contas

especial;

a.2) estabelecer rotinas de trabalho, de forma clara e precisa, nos setores envolvidos; e,

a.3) definir o processo de comunicação aos convenentes e análise das respostas apresentadas,

em especial quanto ao prazo concedido, o tempo para a análise respectiva e as providências

posteriores, dentre outros; (3.1)

b. implemente mecanismos para reduzir o tempo médio de instrução dos processos na Diesp,

no Secon e no Setor de TCE/PAD e Sindicâncias, em conformidade com o disposto na Instrução

Normativa STN 01/1997, no art. 38, incisos I a III, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU

507/2011, art. 72, 76 e 80, c/c o art. 1º, § 1º, da IN/TCU 56, DE 5/12/2007, tendo em vista o prazo

apurado nas planilhas da acompanhamento de transferências, elaborada pela Diesp, e de tramitação

de processos de tomada de contas especial, elaborada pelo Setor de TCE/PAD e Sindicância da

Suest/MG; (3.1)

c. promova a alteração do termo das transferências, mediante aditivo, em conformidade com a

alínea “c”, do item 3.1.4, e alínea “e”, do item 3.2.4, do Anexo 1, da Portaria Funasa 314, de

14/6/2011, para fazer incluir a garantia de compensação dos investimentos realizados com recursos

federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), a exemplo da ausência verificada nos

termos das transferências 167/2011 (Siafi 668799) - PM de Ninheira/MG, 223/2011 (Siafi 668797) -

PM de São João do Paraíso/MG, 297/2011 (Siafi 669475) - PM de Porteirinha/MG, e 316/2011 (Siafi

669432) - Sedru - PM de Ilicinéa/MG; (3.2)

d. evite que os técnicos da Organização Pan-americana de Saúde - OPAS, ou qualquer outro

prestador terceirizado, realize serviços próprios das categorias funcionais abrangidas pelo plano de

cargos ou vinculados à missão institucional do contratante, com fundamento no art. 1º, § 2º, do

Decreto 2.271/1997 e ao art. 9º, incisos I, II e III, da Instrução Normativa SLTI/MP 2/2008, c/c o

Acórdão 1.069/2011 - TCU - Plenário, tendo em vista que as atribuições inerentes à análise técnica e

ao acompanhamento/fiscalização da execução de objeto de transferência voluntária de recursos da

União, seja de convênios, emenda parlamentar ou termos de compromisso, que busque viabilizar a

adoção de políticas públicas de interesse nacional, constituem atividade precípua e finalística da

Administração e, por consequência, não podem ser objeto de terceirização, a exemplo das ocorrências

verificadas no TC/PAC 0600/09 (Siafi 658083), TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661), TC/PAC 1189/08,

CV 0401/2003 (Siafi 490162) e CV 2962/2005 (Siafi 558454), entre outros; (3.3)

e. implemente mecanismos para notificar o convenente, a partir do dia seguinte do término do

prazo de vigência, com o objetivo de obter a prestação de contas final, ou para que seja instaurada

tempestivamente a devida tomada de contas especial, em razão de não apresentação da respectiva

prestação, conforme prescreve o art. 28 e ss., da IN/STN 1/1997, c/c o art. 72 e ss., da Portaria

Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, considerando a não observância em relação às

transferências CV 1136/05 (Siafi 556056), TC/PAC 314/07 (Siafi 632108) e TC/PAC 418/07 (Siafi

633248); (3.4)

f. promova o levantamento das transferências sob a responsabilidade da Suest/MG, adotando

as medidas da alínea ‘e’, para as transferências já expiradas, no entanto, sem providências, por parte

dessa regional; (3.4)

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319

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

g. implemente mecanismos para suspender/bloquear o repasse de recursos federais, diante de

qualquer irregularidade noticiada, em conformidade com o art. 35, da IN/STN 1/97, c/c art. 70 e ss.,

da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, considerando o que foi verificado

na execução das transferências CV 2962/2005 (Siafi 558454), CV 651/2002 (Siafi 478590) e CV

1083/2002 (Siafi 478589); (3.5)

h. implemente mecanismos para estruturar a Divisão de Engenharia de Saúde Pública - Diesp,

em conformidade com os artigos 101 e 102, da Portaria Funasa 1.776, de 8/9/2003, c/c o art. 4º, do

Decreto 7.335/2010, que definiu as atribuições de seus subsetores (Seção de Análise de Projetos -

Sapro e Seção de Acompanhamento e Avaliação - Secav), com o objetivo de implementar a necessária

segregação de funções, entre a aprovação de projeto e a análise do acompanhamento da execução de

transferências, por engenheiros distintos, evitando-se o que foi verificado nas transferências TC/PAC

309/07 (Siafi 633134), CV 1140/05 (Siafi 555991), TC/PAC 413/07 (Siafi 633136), TC/PAC 85/07

(Siafi 633273), TC/PAC 407/07 (Siafi 633034), TC/PAC 410/2007 (Siafi 633243), entre outras; (3.6)

i. implemente mecanismos para que as demandas dos convenentes sejam analisadas, em prazo

razoável, considerando o disposto no art. 48 e ss., da Lei 9.784, de 29/1/1999, c/c o art. 31, da IN/STN

1/97, e com o art. 76, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, considerando

o que foi verificado na execução do Convênio EP 1186/2003 (Siafi 489290); (3.7)

j. implemente mecanismos para aperfeiçoar o processo de acompanhamento e fiscalização das

transferências celebradas pela Funasa, sob a responsabilidade da Suest/MG, em conformidade com o

art. 23, da IN/STN 1/97, c/c art. 5º e ss., da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de

24/11/2011, tendo em vista as ocorrências verificadas nas transferências CV 2962/05 (Siafi 558454),

651/2002 (Siafi 478590), 1083/2002 (Siafi 478589), TC/PAC 411/07 (Siafi 633719), 967/2004 (Siafi

524074) e 1510/04 (Siafi 527692); (3.8)

k. implemente mecanismos para aperfeiçoar o processo de análise do plano de trabalho e

respectivo projeto básico das transferências celebradas, em conformidade com o disposto no art. 116

da Lei 8.666/93, no art. 21, caput, da IN/STN/ 1/97 e com o art. 20 da Portaria Interministerial

CGU/MF/MP 507 de 24/11/2011, a exemplo das deficiências de análise evidenciadas nas

transferências CV 1338/2002 (Siafi 477455), TC/PAC 35/2011 (Siafi 668660), TC/PAC 167/2011

(Siafi 668799), TC/PAC 88/2011 (Siafi 669496), TC/PAC 246/2011 (Siafi 669490), TC/PAC 223/2011

(Siafi 668797), TC/PAC 297/2011 (Siafi 669475), TC/PAC 64/2011 (Siafi 669420), TC/PAC 190/2011

(Siafi 668711), TC/PAC 95/2011 (Siafi 669292) e TC/PAC 152/11 (Siafi 669440), entre outros; (3.9)

l. faça juntar, ao processo físico das transferências, todos os documentos elaborados pelo

concedente e convenente, inclusive de terceiros, em conformidade com o disposto no art. 116 da Lei

8.666/93, de forma a permitir a adequada supervisão e controle sobre os mesmos, considerando o que

foi verificado nas transferências TC/PAC 35/2011 (Siafi 668660), TC/PAC 167/2011 (Siafi 668799),

TC/PAC 88/2011 (Siafi 669496), TC/PAC 246/2011 (Siafi 669490), TC/PAC 223/2011 (Siafi 668797),

TC/PAC 297/2011 (Siafi 669475), TC/PAC 64/2011 (Siafi 669420), TC/PAC 190/2011 (Siafi 668711)

e TC/PAC 95/2011 (Siafi 669292); (3.9)

m. implemente mecanismos para aperfeiçoar o planejamento e o controle das transferências,

inclusive mediante a atualização, sempre que necessário, do cronograma de desembolso de recursos,

com o objetivo de manter a harmonia entre a execução física e financeira, em conformidade com o

art. 2º, § 10, e 18, da IN/STN 1/97, c/c art. 33 e ss., da Portaria Interministerial CGU/MF/MP 507, de

24/11/2011, no intuito de evitar as ocorrências relativas às transferências CV 1134/05 (Siafi 558416),

CV 0863/05 (Siafi 558399), CV 2957/05 (Siafi 558453), TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661), TC/PAC

1189/08 (Siafi 650489), CV 2962/05 (Siafi 558454), CV 0401/03 (Siafi 490162), entre outros; (3.10)

n. implemente mecanismo para aperfeiçoar o controle sobre o prazo de vigência das

transferências da Funasa, sob a responsabilidade dessa regional, com fundamento no art. 15, da

IN/STN 1/1997, c/c o art. 50 e 51, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011,

tendo em vista o que consta nas Notas Técnicas, da Procuradoria Federal Especializada da Funasa,

sob o número 16/2011 (TC/PAC 314/07 - Siafi 632108), 253/2011 (TC/PAC 409/07 - Siafi 633045),

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320

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

72/2011 (TC/PAC 714/07 - Siafi 633039), 200/2011 (CV 313/07 - Siafi 633038), 261/2011 (CV

1713/05 - Siafi 555507), 222/2011 (TC/PAC 079/08 - Siafi 649634), 262/2011 (CV 823/06 - Siafi

568391), 416/2011 (TC/PAC 305/07 - Siafi 633252), 10/2012 (CV 645/09 - Siafi 730089), 52/2012

(CV 174/09 - Siafi 720241), 76/2012 (CV 2961/05 - Siafi 555521), 80/12 (CV 1134/05 - Siafi 558416),

92/2012 (TC/PAC 876/09 - Siafi 658372) e 108/2012 (CV 0506/09 - Siafi 728772), dentre outras;

(3.11)

o. implemente mecanismo para garantir que a comprovação da contrapartida do convenente

preceda a liberação de recursos, em conformidade com o art. 2º, § 3º, da IN/STN 1/1997, c/c o art. 55,

I, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, tendo em vista o que foi

verificado nas Notas Técnicas da Procuradoria Federal Especializada da Funasa número 85/2012

(EP 290/06 - Siafi 567780), 90/12 (EP 976/07 - Siafi 638225) e 96/12 (TC/PAC 602/09 - Siafi

658095); (3.12)

p. implemente mecanismo para aperfeiçoar a análise dos planos de trabalho e respectivos

projetos, no sentido de que seja exigido que o convenente detalhe, com precisão e clareza, o objeto da

transferência, a justificativa da proposição, o benefício social, as metas a serem atingidas, o

detalhamento das etapas ou fases de execução, o cronograma de desembolso, a localização exata e a

propriedade do imóvel onde será realizado o objeto da avença, em conformidade com o art. 2º, da

IN/STN 1/1997, c/c o art. 3º, da Lei 11578, de 26 de novembro de 2007, e o art. 7º, da Portaria

Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, a exemplo das ocorrências verificadas nas

transferências TC/PAC 1155/2008 (Siafi 644661), TC/PAC 1156/2008 (Siafi 652138), TC/PAC

1189/2008 (Siafi 650489), CV 1134/2005 (Siafi 558416), TC/PAC 313/2007 (Siafi 633038), TC/PAC

95/2007 (Siafi 633272) e TC/PAC 417/2007 (Siafi 633036), TC/PAC 824/2007 (Siafi 633064),

TC/PAC 823/2007 (Siafi 633131), TC/PAC 85/2007 (Siafi 633273) e TC/PAC 407/2007(Siafi 633034).

(3.13 e 3.14)

5.2 Determinar à Secex-MG que dê conhecimento do inteiro teor da Decisão que vier a ser

proferida à Presidência da Funasa, para conhecimento e providências pertinentes.

5.3 Determinar à Secex/MG, com fundamento no artigo 243 do Regimento Interno/TCU, que

monitore o cumprimento da deliberação que vier a ser proferida e os resultados delas advindo.”

VOTO

Trata-se de consolidação da fiscalização de orientação centralizada realizada pela Secex/MG,

no período de 25/5/2011 a 13/4/2012, na Superintendência Estadual da Funasa no Estado de Minas

Gerais–Suest/MG e em 16 munícipios do Estado, denominada FOC-Funasa.

O trabalho resultou de prévio levantamento de auditoria, no qual foram identificadas

deficiências no gerenciamento e fiscalização das transferências de recursos sob a responsabilidade da

Superintendência.

Dos programas gerenciados pela regional da Funasa, a equipe optou por fiscalizar o programa

“Serviços Urbanos de Água e Esgoto”, detentor do maior número de transferências registrado do

sistema Siafi.

Conforme informado pela unidade técnica, a Funasa atua no referido programa “como órgão

integrante do componente de infraestrutura social e urbana do Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC), desde 2007, prioritariamente na área de saneamento em municípios com

população total de até 50 mil habitantes.”

O programa envolve 788 municípios mineiros e desenvolve ações destinadas “à implantação

e/ou ampliação de sistemas de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de resíduos sólidos,

e de saneamento domiciliar em municípios com maiores taxas de mortalidade infantil, com potenciais

riscos à saúde, em decorrência de fatores sanitários e ambientais.”

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321

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

As equipes da Secex/MG fiscalizaram os municípios com o intuito de avaliar a aplicação dos

recursos descentralizados, bem como a atuação da Suest/MG, na supervisão e fiscalização que lhe

cabem. Os repasses auditados nas prefeituras totalizaram R$ 80.097.401,11.

Concluídos os trabalhos nos municípios, foram constituídos processos apartados, com vistas à

responsabilização dos gestores municipais por falhas ou irregularidades na execução dos recursos

descentralizados e cobranças de providências específicas por parte da Suest/MG. As demais

ocorrências ligadas à atuação da representação da Funasa foram consolidadas nestes autos.

Alem dos municípios, foram auditados os setores responsáveis pelo gerenciamento e

acompanhamento das transferências, com vistas ao exame das respectivas etapas de trabalho, desde a

propositura das avenças, até os procedimentos decorrentes da aprovação ou rejeição das prestações de

contas. Nesta fase, foram fiscalizados R$ 56.757.962,55.

Em síntese, as principais ocorrências identificadas pelos técnicos do Tribunal na Suest/MG,

dizem respeito à:

a) desorganização administrativa, dificultando o gerenciamento e a fiscalização das

transferências;

b) ausência de previsão de medidas compensatórias, nos casos em que a Companhia de

Saneamento de Minas Gerais – Copasa detém a concessão do sistema de abastecimento de água ou

esgotamento sanitário;

c) terceirização de atividade fim;

d) ausência de instauração de tomadas de contas especiais nas hipóteses legais;

e) ausência de providências para suspender ou bloquear repasses de recursos em razão de

irregularidades na execução de outras transferências;

f) ausências de segregação de funções na área de engenharia;

g) ausência/atraso na manifestação do órgão concedente sobre a prestação de contas

apresentada;

h) ausência/deficiência na fiscalização o objeto; e

i) ausência/deficiência de análise técnica e administrativa das propostas/plano de trabalho.

Embora fossem esperadas ocorrências semelhantes às levantadas pela Secex/MG, não posso

deixar de salientar seus reflexos desastrosos para a administração pública, porquanto impedem o

cumprimento do dever da Funasa de zelar pela correta aplicação dos recursos federais destinados à

área da saúde do Estado de Minas Gerais e dos seus municípios.

A equipe da Secex/MG concluiu que a Suest/MG “demora 1.223 dias [aproximadamente 3

anos e meio] após o término da vigência final, para realizar a visita técnica final do

empreendimento.”. Perde-se tempo precioso até que a Funasa saiba se a aplicação dos recursos atingiu

ou não o objeto do repasse e, se for o caso, inicie as medidas tendentes a responsabilizar os gestores e

recompor o erário.

Concluiu, ainda, que o prazo médio para que a TCE seja instaurada é de 2.069 dias (quase seis

anos), após o termo final da vigência da avença, e que, após a instauração, essas contas especiais

levam, em média, 839 dias (dois anos e meio) para serem finalizadas.

Essas constatações apenas trazem a lume a origem das inúmeras dificuldades que este Tribunal

tem enfrentado para identificar os responsáveis e precisar os valores dos débitos relativos às tomadas

de contas especiais instauradas no âmbito da Funasa, notadamente aquelas que se referem a recursos

destinados a obras de saneamento.

A título de exemplo, destaco os recentes Acórdãos 1765/2011-2ª Câmara, 5.484/2011-2ª

Câmara, 206/2012-2ª Câmara e 1.077/2012-1ª Câmara, relativos a tomadas de contas especiais de

municípios de estados distintos. No último, ao se deparar com a demora na apreciação da prestação de

contas do convenente, assim se manifestou o Ministro Weder de Oliveira:

“No caso tratado nestes autos, estão presentes elementos que indicam a possibilidade de

constrangimentos ao pleno atendimento dos princípios do contraditório e da ampla defesa, razão pela

qual o processo deve ser encerrado e os autos arquivados.

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322

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Diante da injustificada inércia na análise da prestação de contas do convênio 0037/1993, deve

ser determinado à Funasa que apure as responsabilidades pela demora na análise da prestação de

contas do convênio 0037/1993.

É que, nos autos, consta a informação de que somente em 26/3/2007 foi expedido parecer

conclusivo sobre o processo de prestação de contas (peça 4, fls. 42/43). O lapso temporal entre a

apresentação das contas e sua apreciação conclusiva desencadeou todas as dificuldades na apuração

da verdade material, constrangeu o atendimento aos princípios do contraditório e da ampla defesa e

prejudicou o ressarcimento do possível dano ao erário.”

Não é por acaso que nesses processos são constantes as alegações dos responsáveis de que as

obras foram concluídas e deterioradas pelo tempo.

Não se pode olvidar que muitas dessas contas especiais poderiam ter sido evitadas, se

tempestivas e pertinentes as medidas preventivas e repressivas a cargo da Funasa, com vistas à correta

aplicação dos recursos ou a reversão destes aos cofres públicos na fase administrativa interna.

No mérito, as irregularidades encontradas pela equipe de auditoria deram ensejo à proposta de

uma série de determinações à Suest/MG e de comunicação à Funasa para que adote as medidas que

entender pertinentes.

Com as devidas vênias, não me parece que as falhas identificadas no presente trabalho

dependam unicamente de medidas a serem adotadas no âmbito do Estado de Minas Gerais. Pode-se

afirmar que se referem a deficiências estruturais da Funasa e dos instrumentos de trabalho definidos

pela administração central do órgão, que repercutem em todos os estados da federação.

Embora aparentemente pertinentes, as determinações propostas pela Secex/MG exigem

tomadas de decisões e alterações significativas nos processos de trabalho da Suest/MG, as quais, como

dito, extrapolam as competências da Superintendência e demandam ações efetivas de todas as

instâncias da Funasa.

A questão é de extrema relevância e merece que esta Corte a enfrente de forma mais abrangente

do que a proposta nos autos, com vistas a encontrar soluções consentâneas com a preocupante

realidade da entidade.

A propósito, a natureza das ocorrências e o teor das determinações sugeridas pela unidade

técnica - destinadas a promover o aperfeiçoamento da gestão das transferências pela Funasa - denotam

o enfoque predominantemente operacional do presente trabalho, que, a meu ver, deve ser tratado como

tal, ainda que não tenha sido essa a intenção inicial.

Consoante o manual de auditoria operacional do TCU:

“O auditado sempre deve ter oportunidade de examinar o relatório preliminar de auditoria

antes que ele seja tornado público (ISSAI 3000/4.5, 2004). Dessa forma, a unidade técnica deve

diligenciar para que os auditados apresentem comentários escritos sobre o relatório preliminar,

fixando prazo compatível. (...) Representa a oportunidade do gestor tomar conhecimento dos achados,

conclusões e propostas em seu contexto completo e por escrito.”

Compulsando os autos, verifiquei que nem a Suest nem a administração central da Funasa

tiveram oportunidade de se manifestar sobre os fatos apurados neste processo e as propostas de

encaminhamento da equipe de auditoria. Assim, inadequado que este Corte de Contas faça as

determinações propostas, sem se certificar de que são factíveis e endereçadas à instância competente.

Substituir as propostas por recomendações também não surtiria os efeitos esperados, pois não

garantiriam a adoção de medidas tendentes à solução de problemas.

No primeiro semestre deste exercício, tramitaram por meu Gabinete propostas de fiscalizações

semelhantes à ora em análise, a serem realizadas em outras regionais da Funasa e conduzidas pelas

secretarias de controle externo locais.

Considerando a relevância da matéria e o fato de que esta auditoria encontrava-se em fase de

consolidação, solicitei à Segecex que reanalisasse os processos e se manifestasse sobre a oportunidade

dos trabalhos propostos. Ressaltei minha preocupação com a possibilidade de os trabalhos, por não

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323

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

possuírem coordenação única, resultarem em duplicidade de esforços e propostas destoantes para

situações idênticas.

Em 31/7/2012, nos autos relativos à proposta de FOC formulada pela Secex-MA, a Adplan

manifestou-se no sentido de que fossem adiados os trabalhos evolvendo matérias semelhantes, até que

sejam concluídos e apreciados o presente trabalho e a fiscalização objeto do TC 006.993/2011-7.

O TC 006.993/201-7 trata de FOC, a cargo da 4ª Secex e da Secob-3, realizada no período de

28/3/2011 a 9/3/2012, “com enfoque no aspecto de gestão e distribuição de atribuições e competências

no âmbito da fundação, em especial no que diz respeito às áreas e às unidades administrativas de

convênios e engenharia envolvidas diretamente na consecução das obras de saneamento objeto das

transferências.”

Segundo o titular da 4ª Secex, as conclusões do referido trabalho, “extrapolam problemas

pontuais e tratam de forma conjuntural algumas causas dos achados de auditoria. Assim, ainda que a

referida fiscalização tenha se detido sobre um assunto específico na Funasa (governança na condução

de obras em municípios com mais de cinquenta mil habitantes), os seus efeitos se farão sentir de forma

estrutural.”

Verifica-se, pois, que, no exercício de 2011 foram realizadas duas fiscalizações de orientação

centralizada envolvendo questões relacionadas a obras de saneamento em municípios.

Sendo assim, tendo em vista a maior abrangência do trabalho coordenado pela Secob, que

envolveu municípios de 11 estados da federação e as respectivas superintendências da Funasa,

determino o apensamento destes autos ao TC 006.993/2001-7, para o cotejamento dos respectivos

achados de auditoria e verificação da conveniência de se incorporar as determinações sugeridas pela

Secex/MG à proposta de encaminhamento final daquela auditoria operacional, observada a

necessidade de prévia oitiva dos gestores.

Anuindo ao pronunciamento da Adplan, nos autos do TC 011.861/2011-8, julgo necessário que,

desde já, seja autorizado o arquivamento dos processos que versam sobre proposta de auditoria na

Funasa, a serem realizadas pelas secretarias estaduais, com objetivo semelhante à fiscalização objeto

destes autos.

Nestes termos, VOTO no sentido de que o Tribunal acolha a minuta de acórdão que submeto à

deliberação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Relator

ACÓRDÃO Nº 2224/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 014.467/2011-9.

2. Grupo II – Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria.

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Interessado: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais.

4. Órgãos/Entidades: Superintendência Estadual da Funasa Em Minas Gerais; Prefeitura

Municipal de Boa Esperança-MG; Prefeitura Municipal de Candeias-MG; Prefeitura Municipal de

Guanhães- MG; Prefeitura Municipal de Jaboticatubas-MG; Prefeitura Municipal de Jacinto-MG;

Prefeitura Municipal de Lassance-MG; Prefeitura Municipal de Lima Duarte-MG; Prefeitura

Municipal de Martinho Campos-MG; Prefeitura Municipal de Moema-MG; Prefeitura Municipal de

Pintópolis-MG; Prefeitura Municipal de Prudente de Morais-MG; Prefeitura Municipal de Salto da

Divisa- MG; Prefeitura Municipal de Santa Maria do Suaçuí-MG; Prefeitura Municipal de Santo

Hipólito-MG; Prefeitura Municipal de São Romão-MG.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

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324

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais (Secex-MG).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, que tratam relatório final da Fiscalização de

Orientação Centralizada Superintendência Estadual da Funasa no Estado de Minas Gerais – Suest/MG

e em 16 municípios do Estado;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos art. 169, inciso I, do Regimento Interno do

TCU, c/c o art. 33 da Resolução-TCU 191/2006, em:

9.1. apensar estes autos ao TC 006.993/2011-7;

9.2. determinar à equipe responsável pela auditoria objeto do TC 006.993/2011-7, que promova

o cotejamento dos achados de auditoria levantados nestes autos e verifique a conveniência de

incorporar as determinações sugeridas pela Secex/MG à proposta final daquela fiscalização, observada

a necessidade de prévia oitiva dos gestores;

9.3. autorizar o arquivamento dos processos que versam sobre proposta de auditoria na Funasa

com objeto semelhante ao da fiscalização tratada nestes autos, a serem realizadas pelas secretarias

estaduais.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2224-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO II - CLASSE I - Plenário

TC 029.328/2009-0 [Apensos: TC 029.792/2010-0, TC 029.791/2010-3]

Natureza: Recurso de Revisão

Recorrente: João Ricardo Alves de Oliveira (048.201.422-91)

Entidade: Prefeitura Municipal de Acará/PA

Interessado: Fundo Nacional de Saúde - FNS (00.530.493/0001-71)

Advogado constituído nos autos: Luiz Otávio Valente da Silva (OAB/PA 5.185)

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325

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. OMISSÃO NO DEVER DE

PRESTAR CONTAS. EXISTÊNCIA DE VEÍCULOS SEMELHANTES AOS PREVISTOS NO

CONVÊNIO. IMPOSSIBILIDADE DO ESTABELECIMENTO DO NEXO DE CAUSALIDADE

ENTRE OS RECURSOS TRANSFERIDOS E AS DESPESAS REALIZADAS. CITAÇÃO.

REVELIA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO E MULTA. RECURSO DE REVISÃO.

CONHECIMENTO. APRESENTAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS. REGULARIDADE DA

DESPESA. AFASTAMENTO DO DÉBITO. RECONHECIMENTO DE SITUAÇÃO

EXCEPCIONAL A JUSTIFICAR A OMISSÃO NO DEVER DE PRESTAR CONTAS.

PROVIMENTO. APENSAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso de revisão contra o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara, relatado pelo

Ministro José Jorge, cuja parte dispositiva tem o seguinte teor:

“VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial, de

responsabilidade do Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, ex-Prefeito do Município de Acará/PA,

instaurada pelo Fundo Nacional de Saúde - FNS em decorrência da omissão no dever de prestar dos

recursos repassados à referida municipalidade, por meio do Convênio n.º 5054/2004, que por teve por

objeto a aquisição de dois veículos para uso no Sistema Único de Saúde - SUS.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 2ª Câmara,

diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea "a", da Lei n.º 8.443, de 1992,

c/c os arts. 19 e 23, inciso III, alínea "a", da mesma Lei, julgar as presentes contas irregulares e

condenar o Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, ex-Prefeito do Município de Acará/PA, ao pagamento

da quantia original de R$ 108.000,00 (cento e oito mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias,

a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea "a", do

Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Fundo Nacional de Saúde - FNS,

atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculada a partir de 16/12/2005, até a

data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor;

9.2. aplicar ao Sr. João Ricardo Alves de Oliveira a multa prevista nos arts. 19, caput, e 57 da

Lei n.º 8.443, de 1992, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze)

dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea "a", do

Regimento Interno), o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada

monetariamente desde a data do presente Acórdão até a do efetivo pagamento, se for quitada após o

vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.3. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.º 8.443, de 1992, a

cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;

9.4. autorizar, caso requerido, nos termos dos arts. 26 da Lei n.º 8.443, de 1992, e 217 do

Regimento Interno, o parcelamento das dívidas constantes dos subitens 9.1. e 9.2. deste Acórdão em

até 24 (vinte e quatro) parcelas mensais e consecutivas, corrigidas monetariamente até a data do

pagamento, fixando-se o vencimento da primeira parcela em quinze dias, a contar do recebimento das

notificações, e o das demais a cada trinta dias, informando que a falta de comprovação do

recolhimento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor; e

9.5. encaminhar cópia do presente acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o

fundamentam, à Procuradoria da República no Estado do Pará, na pessoa do seu Procurador-Chefe,

para a adoção das medidas julgadas cabíveis”

Quanto ao mérito, a Unidade Técnica, em posicionamentos uniformes (peças 18-19), propõe a

negativa de provimento, basicamente sob os seguintes auspícios:

Page 326: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

326

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“21. Compulsando os autos, verifica-se o extrato bancário de página 40, da peça 2, também

juntado à pagina 21, da peça 11, onde consta o débito em conta corrente por meio de cheque no valor

de R$ 117.956,46, sem que exista nota fiscal nesse valor.

22. Os extratos bancários constantes dos autos não contemplam os valores das notas fiscais,

motivo por que remanesce não preenchido um dos requisitos para aprovação de prestação de contas,

qual seja o nexo entre receitas e despesas.

23. Uma vez não comprovado o mencionado nexo, não há falar em aprovação da prestação de

contas, motivo por que devem ser rejeitados os argumentos colacionados pelo recorrente, negando-se

provimento ao presente recurso.”

Transcrevo, a seguir, com os ajustes pertinentes, o parecer (peça 20) emitido pelo

Representante do MP/TCU, Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado, dissentindo da proposta oferecida

pela Secretaria de Recursos:

“(...)

No mérito, antecipo-me a registrar discordância da proposta e dos fundamentos expostos na

instrução da unidade técnica, pelas considerações que se seguem.

Não obstante a já consumada omissão quanto à prestação de contas, à época devida, entendo

que os novos documentos ora apresentados logram êxito em comprovar a regularidade da aplicação

dos recursos transferidos ao município de Acará/PA.

Anoto, por oportuno, que o mencionado ente recebeu repasses provenientes de dois convênios

5054/2004 e 4081/2004, ambos tendo por objeto a aquisição de unidade móvel de saúde - UMS. O

valor de R$ 246.653,23, relativo ao somatório dos dois repasses recebidos, das contrapartidas

oferecidas e dos rendimentos obtidos pela aplicação financeira, cobriu as despesas relacionadas aos

dois ajustes.

Em que pese a correta execução do objeto conveniado, noto que o ex-Prefeito usou o saldo

daquela operação para a aquisição de terceiro veículo tipo furgão para transporte de equipes do PSF

- Programa Saúde da Família.

Cumpre registrar que o objeto do convênio 5054/2004 era tão somente a aquisição de UMS,

visando o fortalecimento do Sistema único de Saúde - SUS, conforme estabelecido no Plano de

Trabalho aprovado pelo concedente (peça 1, p. 29-38).

Conquanto irregular a aplicação do recurso público em objeto diverso do pactuado, entendo

que a compra do furgão para transporte de equipes do PSF tem pertinência com a finalidade

consignada na cláusula primeira do termo de convênio, qual seja, fortalecer o SUS. A aquisição tende

a facilitar a operacionalização das ações de promoção de saúde e, consequentemente, beneficiar toda

a municipalidade.

Em situações como essa, o TCU já se manifestou no sentido de excluir o débito, porquanto os

recursos repassados, muito embora não aplicados diretamente no objeto do convênio, o foram na

mesma área (saúde), com benefícios à comunidade. Citam-se os acórdãos 11.157/2011, 3404/2007 e

3252/2007, todos da 2ª Câmara e de relatoria de Vossa Excelência.

À unidade técnica assiste razão ao apontar falha na nota fiscal em razão do valor diferente do

débito feito da conta específica para o pagamento da ambulância. Contudo, entendo que o achado não

tem o condão de afastar o nexo de causalidade entre a despesa realizada e a compra da UMS, visto

que uma análise global da nova documentação trazida pelo ex-Prefeito permite aferir a boa e regular

aplicação dos recursos públicos, conforme demonstrado abaixo:

CHASSI 8AC9036626A940717 – Placa JVL 6662 – Convênio 5054/2004

Nota Fiscal Data Valor Cheque Conta Data Valor

631900(pç. 10, p.36) 17/02/2006 103.400,00 850001 9.187-1 13/02/2006 117.956,46

CHASSI 8AC9036626A940734 – Placa JVL 6712 – Convênio 4081/2004

Nota Fiscal Data Valor Cheque Conta Data Valor

631896(pç. 10, p.35) 17/02/2006 103.400,00 850001 9.162-6 13/02/2006 88.843,54

Total de UMS (2 un.) 206.800,00 Total pago 206.800,00

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327

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

CHASSI 9BWGF07X16P007674 – Placa JVH 9482 – Convênio 5054/2004

Nota Fiscal Data Valor Cheque Conta Data Valor

15562(pç 11, p. 9) 13/04/2006 39.000,00 850002 9.187-1 11/04/2006 29.000,00

850003 9.187-1 23/05/2006 10.000,00

Total de Furgão (1 un.) 39.000,00 Total pago 39.000,00

Anoto, por pertinente, que os cheques foram todos nominais às fornecedoras dos veículos,

foram contemporâneos às notas fiscais e foram descontados da conta específicas dos referidos

convênios. Resta, ainda, um saldo de R$ 853,23, que apesar de identificado no documento intitulado

Demonstrativo Consolidado da Execução da Receita e Despesa (peça 10, p.9), não teve seu

recolhimento comprovado nos autos.

Portanto, uma vez demonstrado, por todo o conjunto probatório, que o objeto do convênio foi

efetivamente executado e que parte do valor residual foi aplicado em matéria relacionada à finalidade

precípua do convênio e em prol da comunidade, este Representante do Ministério Público junto ao

Tribunal de Contas da União, manifestando-se pelo provimento parcial do recurso, é pela redução do

débito ao saldo de R$ 853,23 não devolvido ao concedente. Ademais, entende-se que deve ser mantida

a irregularidade das presentes contas em razão da omissão, sem que tenha sido justificada,

configurando, assim, infração à norma legal e à cláusula nona do termo de convênio.”

É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de recurso de revisão interposto pelo Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, ex-

prefeito do município de Acará/PA, contra o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara, por meio do

qual o Tribunal julgou irregulares as contas do recorrente, condenando-o em débito pelo valor

histórico de R$ 108.000,00 e aplicando-lhe multa no valor de R$ 15.000,00.

O processo versa sobre tomada de contas especial instaurada pelo Fundo Nacional de Saúde

(FNS), em decorrência da omissão no dever de prestar dos recursos repassados à municipalidade por

meio do convênio 5.054/2004 (peça 1, p. 29-36), que teve por objeto a aquisição de Unidade Móvel de

Saúde (UMS) visando ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde, no montante de R$ 118.800,00,

sendo R$ 108.000,00 à conta do concedente e R$ 10.800,00 à conta do convenente.

No âmbito do Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara, o então Relator, Min. José Jorge,

consignou que foi informado no Relatório de Verificação in loco 113-2/2007 do Ministério da Saúde

(peça 3, p. 4-12) que foram localizados, no município de Acará/PA, dois veículos com as

características previstas no objeto do convênio 5.054/2004.

Também restou assinalado que o ex-prefeito encaminhou ao Ministério da Saúde

documentação a título de prestação de contas, a qual, contudo, não foi aceita, porquanto ausentes

elementos essenciais e não atendidas as formalidades prescritas na legislação de regência.

Deste modo, somando-se a isso a revelia à citação, o Relator concluiu que a ausência da

prestação de contas, acompanhada de toda a documentação que a suporta, impossibilitou a formulação

de juízo acerca da boa e regular aplicação dos recursos transferidos à municipalidade e, sobretudo, o

estabelecimento do nexo de causalidade entre recursos transferidos e despesas realizadas, motivo pelo

qual as contas do ex-prefeito foram julgadas irregulares, com imputação de débito e multa.

Inconformado, o Sr. João Ricardo Alves de Oliveira interpôs o presente recurso de revisão,

“tendo em vista o Acórdão nº 5015/2010, cujo julgamento se reporta somente ao Convênio nº

5054/2004 embora no mesmo período tenha o Convênio de nº 4081/2004 cuja prestação de contas

estava sendo feita em conjunto junto ao Ministério da Saúde, como se comprova com os documentos

em anexos” (peça 7, p. 1-4).

Mediante despacho (peça 16), conheci do recurso na forma proposta pelo Serviço de

Admissibilidade de Recursos, uma vez atendidos os requisitos atinentes à espécie.

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328

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Desta feita, a Secretaria de Recursos (peças 18-19) considerou que os documentos

encaminhados pelo recorrente, por se referirem à execução dos dois convênios simultaneamente

(4.081/2004 e 5.054/2004), dificultavam sua análise, embora sem prejuízo para o julgamento de

mérito. Ao fim, propôs negar provimento ao recurso, por inferir que não restou comprovado o nexo de

causalidade entre receitas e despesas.

A seu turno, o Representante do MP/TCU (peça 20), registrou que o município “recebeu

repasses provenientes de dois convênios 5054/2004 e 4081/2004, ambos tendo por objeto a aquisição

de unidade móvel de saúde - UMS. O valor de R$ 246.653,23, relativo ao somatório dos dois repasses

recebidos, das contrapartidas oferecidas e dos rendimentos obtidos pela aplicação financeira, cobriu

as despesas relacionadas aos dois ajustes”.

Assim, entendendo que o objeto do convênio foi efetivamente executado e parte do valor

residual foi aplicado em matéria relacionada à finalidade precípua do convênio, em prol da

comunidade, o Parquet especializado manifestou-se pelo provimento parcial do recurso, com redução

do débito ao valor de R$ 853,23 mencionado no Demonstrativo Consolidado da Execução da Receita e

Despesa elaborado pelo município na data provável de 15/7/2006 (peça 10, p. 9), pela manutenção da

irregularidade das presentes contas em razão da omissão.

Para o deslinde do presente processo, que trata do convênio 5.054/2004, faz-se necessário

analisar os elementos relativos não só ao referido convênio, mas também os documentos relacionados

ao convênio 4.081/2004, haja vista a evidente conexão existente entre tais instrumentos.

Compulsando a base de processos desta Corte, verifico que o convênio 4.081/2004 é o ajuste

discutido no âmbito do TC 024.864/2007-4, ao qual está atualmente apensado o TC 003.400/2010-7,

ambos sob a relatoria do Min. Aroldo Cedraz.

O convênio 4.081/2004 (TC 003.400/2010-7, peça 1, p. 47-61) também teve por objeto a

aquisição de UMS visando ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde, no montante de R$

88.000,00, sendo R$ 80.000,00 à conta do concedente e R$ 8.000,00 à conta do convenente.

O TC 024.864/2007-4 foi autuado como representação pela Secex/PA em face de expediente

enviado pelo Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Pará, no qual foi solicitado posicionamento

do Tribunal acerca das irregularidades verificadas no processo licitatório realizado pela convenente

para execução do objeto do convênio 4.081/2004.

Em 19/7/2006, houve pronunciamento do então Presidente deste Tribunal, aprovado pelo

Plenário (ata 29/2006), que determinou o imediato “sobrestamento dos processos que tratam de

aquisições de unidades móveis de saúde até que grupo de trabalho constituído na Segecex conclua

levantamento mais detalhado do esquema de fraudes detectado na denominada Operação

Sanguessuga, arrole os trabalhos relativos ao assunto em andamento no âmbito do TCU e defina

critérios comuns para instrução dos processos relacionados à matéria”.

Posteriormente, na Sessão Plenária de 20/5/2009 (ata 19/2009), foi aprovada questão de ordem

que, dentre outras deliberações, estabeleceu que os processos envolvendo aquisição de UMS ficassem

sob a relatoria do Min. Aroldo Cedraz e análise pela 7ª Secex.

Por ocasião da análise da 7ª Secex, já havia sido autuado o TC 003.400/2010-7, tomada de

contas especial instaurada pelo FNS contra o Sr. João Ricardo Alves de Oliveira em razão da omissão

no dever de prestar contas dos recursos recebidos a guisa do convênio 4.081/2004. Anuindo à proposta

da Unidade Técnica, o Min. Aroldo Cedraz determinou, inicialmente, o apensamento do TC

024.864/2007-4 ao TC 003.400/2010-7.

Recentemente, em junho de 2012, no bojo da tomada de contas especial relativa ao convênio

4.081/2004 levada a cabo no TC 003.400/2010-7, o Min. Aroldo Cedraz, mediante despacho,

manifestou-se da seguinte forma:

“4. O Ministério Público, por sua vez, manifestou-se de acordo com a proposta constante da

instrução do Auditor. Afirmou, a propósito, que, em sua compreensão, as informações constantes do

processo permitem concluir ter restado minimamente comprovado o nexo de causalidade entre os

recursos do convênio em tela e a aquisição da UMS nestes autos identificada.

Page 329: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

329

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.1. Acrescentou, ademais, que os elementos que o levou a essa convicção são os seguintes:

a) houve a efetiva aquisição da UMS em conformidade com o estabelecido no convênio (nota

fiscal de fl. 67), consoante consignado pelo Convenente mediante vistoria in loco;

b) a UMS encontra-se identificada com o logotipo do SUS;

e) a aludida aquisição ocorreu em data compatível com a retirada de recursos da canta

corrente específica do ajuste; e,

d) não houve outro convênio relacionado com o objeto do que ora se analisa.

4.2. Ressaltou, ainda, que o oficio citatório dirigido ao Sr. João Alves de Oliveira menciona,

como ato impugnado, tão somente a omissão no dever de prestar contas dos recursos recebidos por

forca do convênio em questão. Observou, no entanto, que o responsável enviou ao FNS, em duas

ocasiões, documentos a título de prestação de contas, consoante se depreende da leitura do expediente

de fl. 89. Diante desse quadro, portanto, entende não caracterizada a apontada falha, ainda que os

mencionados documentos estivessem incompletos.

4.3. Com isso, caso o Tribunal resolva adotar o encaminhamento proposto pelo escalão

dirigente da 4ª Secex, seria necessário providenciar-se, previamente ao julgamento de mérito do

processo, nova citação do ex-prefeito, para que se defenda das irregularidades efetivamente havidas

na execução do convênio, as quais, segundo a análise que embasou o aludido encaminhamento,

impediram o estabelecimento do nexo de causalidade entre os recursos transferidos e as despesas

realizadas.

5. Considerando, as análises e os fundamentos apresentados pelo Auditor e pelo Ministério

Público, acolho a proposta de encaminhamento alvitrada na mencionada peça instrutiva, no sentido

de que seja realizada a audiência do responsável, a qual deve ser promovida nos autos do TC

024.86412007-4, relativo à Representação, conforme proposto pelo Parquet especializado. Para

tanto, o referido processo deve ser desapensado destes autos, os quais, por sua vez, devem ser

apensados àquele.

Ante todo o exposto, decido:

I - determinar o desapensamento do TC-024.864/2007-4 destes autos, promovendo, em

seguida, o apensamento destes ao referido processo de Representação;

II - autorizar a audiência do responsável João Ricardo Alves de Oliveira, para que apresente,

no prazo de 15 (quinze) dias, razões de justificativa sobre os fatos a seguir enumerados, constatados

na Tomada de Preços 1/2006, realizada com o objetivo de adquirir uma Unidade Móvel de Saúde -

MS com recursos do Convênio 4.081/2004:

a) ausência de autuação, protocolo e numeração do processo;

b) ausência do edital com sanções para o caso de inadimplementos;

e) ausência da solicitação do bem e do destaque orçamentário;

d) ausência de pesquisa de preços;

e) não comprovação da publicação do edital;

f) ausência de mapa de apuração de preços;

g) ausência de parecer jurídico sobre o edital;

h) ausência de comissão de licitação legalmente constituída.”

A 4ª Secex promoveu o desapensamento do TC 024.864/2007-4 em 17/7/2012 e até o momento

ainda não foi realizada a audiência determinada pelo Min. Aroldo Cedraz.

Traçado todo o panorama referente ao convênio 4.081/2004, passo a tratar do convênio

5.054/2004, mais especificamente sobre o débito imputado e sobre a prestação de contas que deveria

ter sido realizada pelo ex-prefeito.

Com as vênias de estilo por divergir dos pareceres apresentados tanto pela Unidade Técnica

quanto pelo MP/TCU, penso que o caso merece outro desfecho.

Acerca do débito, verifico que assiste razão ao recorrente, haja vista que os novos elementos

apresentados, analisados em conjunto com as informações inseridas no TC 003.400/2010-7, atestam a

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330

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

regular aplicação dos recursos federais repassados com a demonstração do nexo de causalidade entre a

despesa realizada e a compra das duas UMS.

Como resultado da tomada de preços 1/2006 do município de Acará/PA (peças 7, p. 38-43, e 8,

p. 1-5), foi assinado o contrato 20060610 (peça 9, p. 38-44) entre a municipalidade e a empresa

Minasmáquina S/A, cujo objeto era o fornecimento de duas UMS do tipo Ambulância de Suporte

Básico “B”, em atendimento aos convênios 4.081/2004 e 5.054/2004, no valor total de R$ 206.800,00.

Este montante equivale exatamente ao valor dos dois convênios somados:

FNS Município Total

Convênio 4.081/2004 R$ 80.000,00 R$ 8.000,00 R$ 88.000,00

Convênio 5.054/2004 R$ 108.000,00 R$ 10.800,00 R$ 118.800,00

Total R$ 188.000,00 R$ 18.800,00 R$ 206.800,00

Pertinente registrar que consta informação da 4ª Secex (TC 003.400/2010-7, peça 5, p. 15) de

que o valor de R$ 103.400,00 despendido com cada ambulância encontra-se abaixo do valor

referencial adotado pelo TCU para o exame dos processos envolvendo a aquisição de ambulâncias,

qual seja, R$ 109.751,77, o que afasta a ocorrência de superfaturamento na aquisição das UMS.

A compra do terceiro veículo mencionado nestes autos, um furgão para transporte de equipes,

embora apareça equivocadamente citado em alguns documentos do município de Acará/PA relativos

aos convênios 4.081/2004 e 5.054/2004 (peça 10, p. 11), não guarda absolutamente nenhuma relação

com os recursos federais repassados ao convenente. Na realidade, houve sim a utilização indevida de

R$ 2.000,00 desses recursos, em 11/4/2006. Todavia, tal valor foi devolvido pela municipalidade,

como se detalhará adiante.

Para melhor entendimento da questão, julgo necessário recompor a movimentação financeira

das contas vinculadas aos convênios 4.081/2004 e 5.054/2004:

Extrato da conta 9.162-6, vinculada ao convênio 4.081/2004

DATA DESCRIÇÃO VALOR C/D SALDO

16/12/2005 Ordem bancária R$ 80.000,00 C R$ 80.000,00

12/1/2006 Aplicação fundo R$ (80.000,00) D R$ -

13/2/2006 Depósito R$ 8.000,00 C R$ 8.000,00

13/2/2006 Resgate fundo R$ 80.843,54 C R$ 88.843,54

13/2/2006 Cheque R$ (88.843,54) D R$ -

Extrato da conta 9.187-1, vinculada ao convênio 5.054/2004

DATA DESCRIÇÃO VALOR C/D SALDO

16/12/2005 Ordem bancária R$ 108.000,00 C R$ 108.000,00

12/1/2006 Aplicação fundo R$ (108.000,00) D R$ -

13/2/2006 Depósito R$ 10.800,00 C R$ 10.800,00

13/2/2006 Resgate fundo R$ 109.138,78 C R$ 119.938,78

13/2/2006 Cheque R$ (117.956,46) D R$ 1.982,32

13/2/2006 Aplicação fundo R$ (1.982,32) D R$ -

11/4/2006 Depósito R$ 27.000,00 C R$ 27.000,00

11/4/2006 Cheque R$ (29.000,00) D R$ (2.000,00)

11/4/2006 Resgate fundo R$ 2.000,00 C R$ -

23/5/2005 Depósito R$ 10.000,00 C R$ 10.000,00

23/5/2005 Cheque R$ (10.000,00) D R$ -

Como se vê, os R$ 206.800,00 relativos às duas UMS foram pagos em 13/2/2006 à

Minasmáquina S/A por meio de dois cheques: um de R$ 88.843,54 da conta 9.162-6 e outro de R$

117.956,46 da conta 9.187-1 (peça 10, p. 31-33). Após a realização dessas operações, restou um saldo

de R$ 1.982,32, que foi reaplicado em fundo de investimento ligado à conta na mesma data.

Page 331: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

331

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

No que atine ao furgão, não é possível, com os elementos constantes nos autos, identificar a

origem dos recursos que custearam sua aquisição. Mas com certeza é possível afirmar que não foram

recursos federais repassados à guisa dos convênios 4.081/2004 e 5.054/2004, haja vista o esgotamento

dos recursos transferidos, motivo pelo qual não se insere no escopo do presente processo.

Ocorre que, como dito acima, foram indevidamente utilizados R$ 2.000,00 resgatados do fundo

de investimento ligado à conta para complementar o pagamento da primeira parcela do furgão em

11/4/2006. Todavia, identificado o erro, a prefeitura de Acará/PA providenciou, em 13/9/2007, o

ressarcimento ao Tesouro do montante de R$ 2.008,66 (TC 003.400/2010-7, peça 2, p. 85). Tal valor

corresponde aos R$ 2.000,00 resgatados mais o resto que havia no fundo de investimento da conta

9.187-1 em 28/4/2006, no valor de R$ 8,66 (peça 10, p. 15).

O erro, nesse contexto, foi o emprego da conta bancária 9.187-1 para movimentação alheia ao

convênio 5.054/2004, em desacordo com o art. 20 da IN-STN 1/1997. Todavia, pesa a favor do ex-

prefeito o fato de que tal movimentação ocorreu em data posterior ao completo encerramento das

ações relativas ao referido convênio e que os recursos indevidamente utilizados foram devolvidos à

União, ainda que com certo atraso.

Afastado o débito, resta analisar a questão da prestação de contas.

De início, afasto a preliminar arguida acerca de suposta ofensa ao contraditório ou à ampla

defesa. De acordo com o art. 179, inciso II, do RI/TCU vigente ao tempo da realização da notificação,

é válida a comunicação processual entregue pelo Tribunal no endereço do responsável. Uma vez que a

comunicação (peça 5, p. 1-4) foi realizada no endereço do próprio recorrente (peça 5, p. 31-32), não há

vício.

O ex-prefeito, por meio ofício 199 de 1º/9/2007 (peça 2, p. 38), encaminhou ao Ministério da

Saúde documentos a título de prestação de contas do convênio 5.054/2004, considerada incompleta e

devolvida pelo Ministério da Saúde por meio do ofício 915-Dicon/Secap/PA de 11/9/2007 (peça 2, p.

49) pelos seguintes motivos: “faltando extrato bancário do crédito do recurso e de aplicação, ato de

homologação e adjudicação, anexos fora do padrão exigido pelo FNS/MS” (peça 3, p. 10).

Por meio do ofício 1.199-Secap/Dicon/MS/SE/PA, datado de 27/11/2007 (peça 3, p. 39), o ex-

prefeito foi reiterado acerca da necessidade de apresentar a devida prestação de contas, na forma

anteriormente delimitada pelo ofício 915/2007-Dicon/Secap/PA.

Nas páginas seguintes do processo, vê-se que a mesma prestação de contas anteriormente

apresentada (peça 3, p. 41) foi novamente reenviada para análise pela equipe responsável do Ministério

da Saúde, conforme despachos datados de 21 e 27/11/2007 (peça 3, p. 42). Ato contínuo, por meio do

despacho 15-Dicon/Secap/FNS/MS/PA, de 28/1/2008 (peça 3, p. 44), foi proposta a instauração da

tomada de contas especial, “haja vista a não apresentação da prestação de contas” (peça 4, p. 14).

Segundo os novos documentos carreados aos autos pelo Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, o

município de Acará/PA apresentou a prestação de contas atinente ao convênio 5.054/2004 por meio do

ofício 217, que, embora datado de 24/10/2007, somente foi recebido e protocolizado pelo Ministério

da Saúde em 22/12/2010 (peça 11, p. 12), ou seja, cerca de três anos depois dos fatos acima narrados.

Diga-se de passagem, tal data coincide com o recebimento pelo cofre credor da documentação relativa

às cobranças executivas montadas a partir do Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara.

Novamente a prestação de contas foi devolvida ao responsável pelo Ministério da Saúde,

conforme ofício 65-Dicon/Secap/MS/PA, de 2/2/2011 (peça 10, p. 7), “tendo em vista os processos

encontrarem-se no Tribunal de Contas da União (TCU) em Tomada de Contas Especial, cabendo ao

Senhor apresentar defesa junto ao TCU”.

Em situações semelhantes, não teria dúvidas em manter a eiva de irregularidade das contas

porquanto a omissão no dever constitucional de prestar contas, por si só, ensejaria juízo de mácula da

gestão dos recursos públicos confiados ao interessado, conforme estampado no art. 209, § 4º, do

RI/TCU.

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332

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Verifico, também, que em certas ocasiões excepcionais, como as que relatei nos Acórdãos

2.089/2009 e 2.187/2012, da 1ª Câmara, e 741/2011, do Plenário, esta Corte já deu provimento a

recursos nos quais a irregularidade foi relevada.

Ora, no que se refere ao convênio 4.081/2004, o Relator, Min. Aroldo Cedraz, anuiu ao

posicionamento do MP/TCU e considerou como não qualificada a omissão no dever de prestar contas,

sob o seguinte argumento (TC 003.400/2010-7, peça 5, p. 23):

“(...) o responsável enviou ao FNS, em duas ocasiões, documentos a título de prestação de

contas, consoante se depreende da leitura do expediente de fl. 89. Diante desse quadro, portanto,

entende não caracterizada a apontada falha, ainda que os mencionados documentos estivessem

incompletos.”

O quadro que se apresenta é exatamente o mesmo em relação a ambos os convênios. Uma vez

que os convênios devem ser analisados em conjunto, não vejo sentido em apenar o responsável

exclusivamente pela tardia prestação de contas do convênio 5.054/2004.

Nessas condições excepcionais e tendo em consideração não só a necessidade de uniformização

das deliberações do TCU, mas também a escorreita aplicação da despesa, ainda que apresentada em

sede recursal, dou provimento ao pedido formulado pelo Sr. João Ricardo Alves de Oliveira a fim de

julgar suas contas regulares.

Por último, como já dito neste voto, o Min. Aroldo Cedraz, relator do TC 024.864/2007-4,

determinou a audiência do ex-prefeito (TC 003.400/2010-7, peça 5, p. 24) em razão de irregularidades

verificadas na tomada de preços 1/2006, realizada com o objetivo de adquirir duas UMS com recursos

dos convênios 4.081/2004 e 5.054/2004 (peça 7, p. 38). Deste modo, julgo conveniente determinar o

apensamento do presente processo ao TC 024.864/2007-4.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Relator

ACÓRDÃO Nº 2225/2012 - TCU - Plenário

1. Processo nº TC 029.328/2009-0.

1.1. Apensos: 029.792/2010-0; 029.791/2010-3.

2. Grupo II - Classe I - Assunto: Recurso de revisão.

3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:

3.1. Recorrente: João Ricardo Alves de Oliveira (048.201.422-91).

3.2. Interessado: Fundo Nacional de Saúde - FNS (00.530.493/0001-71).

4. Entidade: Prefeitura Municipal de Acará/PA.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Jorge.

6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.

7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo - PA

(SECEX-PA).

8. Advogado constituído nos autos: Luiz Otávio Valente da Silva (OAB/PA 5.185).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revisão, interposto pelo Sr. João

Ricardo Alves de Oliveira contra o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as

razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer do presente Recurso de Revisão, para, no mérito, dar-lhe provimento;

9.2. tornar insubsistente o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara;

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333

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17, e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992,

julgar regulares as contas do Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, dando-lhe quitação;

9.4. dar ciência desta deliberação ao recorrente, ao Fundo Nacional de Saúde e à Procuradoria

da República no Estado do Pará;

9.5. apensar estes autos ao TC 024.864/2007-4.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2225-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO I – CLASSE ___ – Plenário

TC 032.656/2010-6 [Apenso: TC 018.388/2012-4]

Natureza: Tomada de Contas Especial

Órgão: Município de Aguiar - PB

Responsáveis: Construtora Concreto Ltda. (01.993.197/0001-70); Construtora Esplanada Ltda.

(00.818.123/0001-34); Darcy Alves de Lacerda (039.985.764-87); José Valter Pereira da Silva

(105.397.708-50); Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04); Raimunda Santos Lima (049.099.934-44);

Raimundo Lima de Santana (589.729.355-49)

Interessados: Ministério da Integração Nacional (vinculador) (); Prefeitura Municipal de Aguiar

- PB (08.939.944/0001-30)

Advogado constituído nos autos: não há

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. VISTORIA DA CAIXA

ECONÔMICA FEDERAL. INEXECUÇÃO PARCIAL. SIMULAÇÃO DE LICITAÇÃO.

DOCUMENTOS FISCAIS EMITIDOS POR EMPRESA CONSIDERADA INEXISTENTE.

DOCUMENTAÇÃO INIDÔNEA PARA COMPROVAR A APLICAÇÃO DOS RECURSOS.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.

CITAÇÃO. REVELIA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. DECLARAÇÃO DE

INIDONEIDADE PARA PARTICIPAR DE LICITAÇÕES JUNTO À ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA FEDERAL. INABILITAÇÃO PARA EXERCÍCIO DE FUNÇÃO OU CARGO EM

COMISSÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, a instrução da Unidade Técnica:

“Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pela Coordenação de Contabilidade

do Ministério da Integração Nacional-MI contra o ex-prefeito Sr. Darcy Alves de Lacerda, em

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334

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

decorrência da não aprovação da prestação de contas do convênio 439/2001 (Siafi 445689), celebrado

em 22/1/2002 com o município de Aguiar – PB, no valor de R$ 84.000,00, cujo objeto era a

reconstrução de quinze habitações de famílias carentes naquela edilidade.

HISTÓRICO

2. A prestação de contas final dos recursos recebidos foi encaminhada por meio do ofício

21/2003, de 7/11/2003.

2.2. Conforme vistoria realizada no período de 12/2/2004 a 25/2/2004, a Caixa emitiu o

Relatório de Avaliação Final – RAF, em 27/2/2004, com as seguintes informações sobre a

compatibilidade do objeto executado com o objetivo do convênio, com referência a 14 casas visitadas

(peça 32 – item 5 e fotos):

5.1) localização das casas diversa da constante do plano de trabalho;

5.2) o projeto não foi obedecido;

5.3) o memorial descritivo dos serviços não foi atendido.

2.2.1. A conclusão do relatório foi pela não execução das casas na forma prevista no

projeto/plano de trabalho, não tendo sido atingidos a meta pactuada e o benefício social esperado. A

Secretaria Nacional de Defesa Civil aprovou o referido RAF em 16/7/2004, concluindo pela glosa total

dos recursos transferidos (peça 33).

2.3. No RAF, também foi observado existência de pagamentos efetuados à Construtora

Concreto Ltda. com notas fiscais de serviços emitidas pela Construtora Esplanada Ltda. O processo

licitatório foi homologado em nome desta empresa.

2.4. Em 31/8/2005, por meio de AR, o ex-prefeito Darcy Alves de Lacerda foi notificado pelo

concedente para apresentar justificativas ou recolher o valor total glosado de R$ 80.000,00 mais

acréscimos legais, a partir de 15/3/2002 (Ofício 1863/CGCONV/DGI/SE/MI – peça 34).

2.5. Não havendo atendimento, em 9/1/2008, foi solicitada a tomada de contas especial no

parecer financeiro 12/2008, da Coordenação Geral de Convênios do Ministério da Integração Nacional

(peça 43).

2.6. O Relatório de TCE foi emitido pelo MI em 11/2/2008, nos termos da IN-TCU 56/2007,

do art. 84 do DL 200/67 e do art. 148 do Dec. 93.872/86 (peça 46).

2.7. O Certificado de Auditoria 213691/2010 com o parecer do dirigente do controle interno

confirmam a irregularidade das contas do convênio 439/2001 (Siafi 445689) na forma da TCE

instaurada (peça 51), seguido do pronunciamento ministerial atestando o conhecimento da

irregularidade das contas com envio a este tribunal para fins de julgamento (peça 52).

EXAME TÉCNICO

3. Em cumprimento ao Despacho do Ministro Relator (peça 61), foi promovida a citação dos

responsáveis, solidariamente, mediante os Ofícios 172-178 (peças 68-74), datados de 6/3/2012, e por

meio do Edital 473, publicado no DOU 27/4/2012, nos termos abaixo:

3.1 EX-PREFEITO: com fulcro no art. 12, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, fica Vossa Senhoria

citado solidariamente com as empresas Construtora Esplanada Ltda. e Construtora Concreto Ltda. e

o(a)s Sr(a)s. Raimunda Santos Lima, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de Santana e

Marcos Tadeu Silva, para, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da presente

comunicação, apresentar alegações de defesa e/ou recolher aos cofres do Tesouro Nacional, GRU,

Código de Recolhimento n.º 13902-5, as quantias abaixo indicadas, atualizadas monetariamente,

calculadas a partir das respectivas datas até o efetivo recolhimento, abatendo-se na oportunidade a

quantia eventualmente ressarcida, na forma da legislação vigente, em decorrência do seguinte ato:

Ato impugnado: não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos do convênio

439/2001 (Siafi 445689), celebrado entre o Ministério da Integração Nacional e a Prefeitura Municipal

de Aguiar/PB, com desvio da verba federal, pois, além da inexecução parcial, os fatos adiante

informam que as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. não executaram

a obra e que ditos recursos não foram destinados ao custeio dela:

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335

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. constam do rol de

empresas ‘fantasmas’ objeto de investigação da Operação I-Licitação da Polícia Federal, cujo

Inquérito Policial 032/2004 (Processo 2004.82.01.002068-0) foi instaurado em 8/3/2004 e concluído

em 2009” (item 5 da instrução – peça 58), no qual se concluiu que elas eram usadas para se cometer

fraude a licitações públicas no Estado da Paraíba, e que os sócios de direito são meros “laranjas”,

sendo sócio de fato o Sr. Marcos Tadeu Silva; e

b) após a prestação de contas (7/11/2003), a Caixa Econômica Federal fiscalizou as obras (em

12/2/2004 e 26/2/2004) e constatou (Relatório de Avaliação Final-RAF - peça 32) as seguintes

irregularidades:

b.1) as casas construídas não acompanharam o projeto, as especificações técnicas e a planilha

orçamentária;

b.2) as casas apresentam vícios construtivos generalizados (fissuras nas paredes, pisos e

calçadas);

b.3) das quinze unidades habitacionais reconstruídas, somente nove conferem com a relação de

beneficiários acordados no Plano de Trabalho;

b.4) foi empregado material construtivo de péssima qualidade;

b.5) por falta de orientação técnica, a largura de abertura dos vãos das portas não foi adequada;

e

b.6) percentual executado e meta atingida 0%;

Dispositivos violados: arts. 20 e 22 da IN/STN 1/1997; art. 93 do Decreto-Lei 200, de

25/2/1967; arts. 186 e 876 da Lei 10.406, de 10/1/2002; arts. 70, parágrafo único, e 37, caput e inciso

XXI, da Constituição Federal de 1988.

Quantificação do débito:

Valor Histórico (R$) Data de ocorrência

55.938,80 6/8/2002

24.000,00 26/9/2002

Valor total atualizado até 6/3/2012: R$ 144.608,57.

3.1.1 Foi informado no ofício que o débito é atualizado monetariamente, sem juros de mora, os

quais serão acrescidos apenas se houver condenação por este Tribunal.

3.2 CONSTRUTORAS E SEUS SÓCIOS: com fulcro no art. 12, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, fica

essa empresa [Construtora Esplanada Ltda.] citada solidariamente com a empresa Construtora

Concreto Ltda. e o(a)s Sr(a)s. Darcy Alves de Lacerda, Raimunda Santos Lima, José Valter Pereira da

Silva, Raimundo Lima de Santana e Marcos Tadeu Silva, para, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar

do recebimento da presente comunicação, apresentar alegações de defesa e/ou recolher aos cofres do

Tesouro Nacional, GRU, Código de Recolhimento n.º 13902-5, as quantias abaixo indicadas,

atualizadas monetariamente, calculadas a partir das respectivas datas até o efetivo recolhimento,

abatendo-se na oportunidade a quantia eventualmente ressarcida, na forma da legislação vigente, em

decorrência do seguinte ato:

Ato impugnado: inexecução parcial das obras e utilização de firma fantasma para fraudar à Lei

8.666/93 e desviar recursos do convênio 439/2001 (Siafi 445689), celebrado entre o Ministério da

Integração Nacional e a Prefeitura Municipal de Aguiar/PB, para reconstrução de casas populares

naquele município, haja vista os fatos adiante:

a) as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. constam do rol de

empresas ‘fantasmas’ objeto de investigação da Operação I-Licitação da Polícia Federal, cujo

Inquérito Policial 032/2004 (Processo 2004.82.01.002068-0) foi instaurado em 8/3/2004 e concluído

em 2009” (item 5 da instrução – peça 58), no qual se concluiu que elas eram usadas para se cometer

fraude a licitações públicas no Estado da Paraíba, e que os sócios de direito são meros “laranjas”,

sendo sócio de fato o Sr. Marcos Tadeu Silva; e

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336

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) após a prestação de contas (7/11/2003), a Caixa Econômica Federal fiscalizou as obras (em

12/2/2004 e 26/2/2004) e constatou (Relatório de Avaliação Final-RAF - peça 32) as seguintes

irregularidades:

b.1) as casas construídas não acompanharam o projeto, as especificações técnicas e a planilha

orçamentária;

b.2) as casas apresentam vícios construtivos generalizados (fissuras nas paredes, pisos e

calçadas);

b.3) das quinze unidades habitacionais reconstruídas, somente nove conferem com a relação de

beneficiários acordados no Plano de Trabalho;

b.4) foi empregado material construtivo de péssima qualidade;

b.5) por falta de orientação técnica, a largura de abertura dos vãos das portas não foi adequada;

e

b.6) percentual executado e meta atingida 0%;

Dispositivos violados: art. 22 da IN/STN 1/1997; art. 93 do Decreto-Lei 200, de 25/2/1967;

arts. 186 e 876 da Lei 10.406, de 10/1/2002; arts. 70, parágrafo único, e 37, caput e inciso XXI, da

Constituição Federal de 1988.

Quantificação do débito:

Valor Histórico (R$) Data de ocorrência

55.938,80 6/8/2002

24.000,00 26/9/2002

Valor total atualizado até 6/3/2012: R$ 144.608,57.

Da mesma forma, deverá [Vossa Senhoria] essa empresa, no mesmo prazo, se assim quiser, se

manifestar sobre o seguinte indício de irregularidade, alertando-a de que o Tribunal de Contas da

União poderá desconsiderar a personalidade jurídica das sociedades empresárias a fim de

responsabilizar os mencionados sócios, caso não seja elidida a aludida ocorrência:

“as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. constam do rol de

empresas ‘fantasmas’ objeto de investigação da Operação I-Licitação da Polícia Federal, cujo

Inquérito Policial 032/2004 (Processo 2004.82.01.002068-0) foi instaurado em 8/3/2004 e concluído

em 2009” (item 5 da instrução – peça 58).

3.2.1. Foi informado no ofício que o débito é atualizado monetariamente, sem juros de mora, os

quais serão acrescidos apenas se houver condenação por este Tribunal.

3.2.2. A citação do Sr. Raimundo Lima de Santana (CPF 589.729.355-49), da Sra. Raimunda

Santos Lima (CPF 049.099.934-44) e da empresa Construtora Esplanada Ltda. (CNPJ

00.818.123/0001-34), solidariamente entre si e com os Srs. Darcy Alves de Lacerda, José Valter

Pereira da Silva, Marcos Tadeu da Silva e a empresa Construtora Concreto Ltda., foi promovida

também por meio do Edital 473, publicado no DOU de 27/4/2012 (peça 87).

3.2.3. A citação da Construtora Esplanada Ltda., da Sra. Raimunda Santos Lima e do Sr.

Raimundo Lima de Santana, por meio de ofício não logrou êxito. Conforme despacho da peça 84,

houve frustração na localização dos endereços pelos correios, registrada nos AR constantes das peças

76 (endereço desconhecido, of. 173), 78 (mudou-se, of. 175) e 83 (não procurado, of. 177),

respectivamente.

4. Apesar da citação por via editalícia da Construtora Esplanada Ltda., da Sra. Raimunda

Santos Lima e do Sr. Raimundo Lima de Santana, e de os demais responsáveis terem tomado ciência

dos expedientes que lhes foram encaminhados, conforme atestam os avisos de recebimento (AR) que

compõem as peças 75, 77, 79, 80 e 87, eles não atenderam a citação e não se manifestaram quanto às

irregularidades verificadas.

Page 337: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

337

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.1. Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inertes os aludidos responsáveis,

impõe-se que sejam considerados revéis, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art.

12, § 3º, da Lei 8.443/1992.

4.2. Mesmo tendo sido alertados de que o Tribunal de Contas da União poderá desconsiderar a

personalidade jurídica das sociedades das empresas a fim de responsabilizar os mencionados sócios,

caso não fosse elidida a ocorrência da irregularidade, eles permaneceram inertes, caracterizando a

revelia de seus interesses, arcando os referidos sócios com as consequências de seu silêncio. Essa

conduta dos responsáveis chamados aos autos, além da imputação do débito, enseja a aplicação de

sanções previstas na lei orgânica deste tribunal.

4.3. No que diz respeito à desconsideração da personalidade jurídica com o fim de também

alcançar os sócios das empresas, em casos como o presente, no qual foram registrados fortes indícios

de constituição fraudulenta da(s) contratada(s), o Código Civil Brasileiro ampara integralmente tal

procedimento, assim como a jurisprudência desta Corte de Contas (v.g. Acórdãos 275/2000, Rel. Min.

Adhemar Ghisi, e 1.209/2009, Rel. Min. José Jorge, ambos do Plenário). Dessa forma, cabe propor a

condenação solidária dos sócios das empresas, ante a possibilidade de se tornar infrutífera a

condenação apenas da pessoal jurídica das mesmas.

4.4. Portanto, compete a este tribunal desconsiderar a personalidade jurídica das empresas

citadas, para julgar irregulares as contas de seus sócios de fato e de direito, bem como imputar a eles

débito e multa, nos termos da Lei 8.443/92.

4.5. A conclusão por que sejam julgadas irregulares as contas dos sócios das mencionadas

pessoas jurídicas encontra arrimo na norma do art. 71, inciso II, da Constituição Federal, segundo o

qual o Tribunal julgará as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de

que resulte prejuízo ao erário. Deixar de julgar irregulares contas de terceiros que comentem crimes

iguais aos tratados nestes autos e possibilitar, por exemplo, que eles se candidatem a cargo eletivo é

contrariar o dispositivo constitucional citado e o desejo da nação brasileira, expressado na lei (Lei

Complementar 135/2010) da ficha limpa, de somente eleger, como agentes políticos, pessoas probas

(limpas).

4.6. Da mesma forma, entendemos apropriado aplicar às construtoras a sanção prevista no art.

46 da Lei 8.443/92, bem com que o Tribunal considere graves as irregularidades tratadas neste

processo e aplique aos referidos sócios e ao gestor público a pena prevista no art. 60 da mesma Lei.

CONCLUSÃO

5. Diante da revelia dos citados e inexistindo nos autos elementos que permitam concluir pela

ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em suas condutas, propõe-se que eles

sejam considerados revéis, para todos os efeitos, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/92.

5.1. Em razão disso, compete ao TCU, também, desconsiderar a personalidade jurídica das

empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda., para responsabilizar,

solidariamente com elas e o ex-gestor, os respectivos sócios de direito José Valter Pereira da Silva

(105.397.708-50), Raimundo Lima de Santana (589.729.355-49) e Raimunda Santos Lima

(049.099.934-44), e o sócio de fato Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04), sem o prejuízo de aplicar às

empresa a sanção prevista no art. 46 da Lei 8.443/1992.

5.2. Igualmente, uma vez que as irregularidades consignadas nos autos deixam evidente a má fé

da Sra. Raimunda Santos Lima e dos Srs. Darcy Alves de Lacerda, José Valter Raimundo Lima de

Santana, Raimundo Lima de Santana e Marcos Tadeu Silva (§ 2º do art. 202 do RI/TCU e a Decisão

Normativa 35/2002), pode ser dada sequência ao processo, com julgamento pela irregularidade das

contas (§ 6º do mesmo artigo regimental) deles, com a, consequente, imputação de débito e multa, nos

termos dos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b” e “d”, 19 e 57 da Lei 8.443/1992.

5.3. Somos ainda porque o Tribunal considere graves as irregularidades tratadas nestes autos e,

nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992, inabilite os referidos senhores, pelo período máximo

admitido, para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração

Pública.

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338

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5.4. A solidariedade entre as duas empresas citadas deve-se ao recebimento das parcelas pela

Construtora Concreto Ltda. com notas fiscais de serviços emitidas pela Construtora Esplanada Ltda.

BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE CONTROLE EXTERNO

6. Entre os benefícios potenciais propostos nesta tomada de contas especial encontra-se o

débito a ser imputado aos responsáveis e as sanções sugeridas (multa, declaração de inidoneidade de

empresas e inabilitação temporária para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no

âmbito da Administração Pública).

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

7. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:

7.1 considerar revel, para todos os efeitos, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/92, as

empresas Construtora Concreto Ltda. (01.993.197/0001-70) e Construtora Esplanada Ltda.

(00.818.123/0001-34), Darcy Alves de Lacerda (039.985.764-87), ex-prefeito municipal de Aguiar/PB,

José Valter Pereira da Silva (105.397.708-50), sócio de direito da primeira empresa, Raimundo Lima

de Santana (589.729.355-49), sócio de direito da segunda empresa, Raimunda Santos Lima

(049.099.934-44), sócia de direito da segunda empresa, e Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04), sócio

de fato das duas empresas;

7.2. desconsiderar a personalidade jurídica das empresas Construtora Concreto Ltda. e

Construtora Esplanada Ltda., para que o respectivo sócio de fato e de direito respondam,

solidariamente com elas e o ex-prefeito, pelo dano atribuído a ambos neste processo;

7.3. declarar inidônea as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda.

para participar de licitação na Administração Pública Federal, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992;

7.4. julgar irregulares, com base nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “b” e “d”, 19, caput,

da Lei 8.443/92, as contas da Sra. Raimunda Santos Lima e dos Srs. José Valter Pereira da Silva,

Raimundo Lima de Santana, Darcy Alves de Lacerda e Marcos Tadeu Silva, condenando-os,

solidariamente com as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda., ao

pagamento das quantias originais de R$ 55.938,80 e R$ 24.000,00, fixando-lhes o prazo de quinze

dias, a contar do recebimento das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso

III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional,

atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir de 6/8/2002 e

26/9/2002, respectivamente, até o recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor;

7.5. aplicar a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, individualmente, às empresas

Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda., a Sra. Raimunda Santos Lima e aos Srs.

José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de Santana, Darcy Alves de Lacerda e Marcos Tadeu

Silva, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o

Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida ao

Tesouro Nacional, sob pena de cobrança judicial do valor atualizado monetariamente, na forma da

legislação em vigor, desde a data do acórdão até o dia do efetivo pagamento;

7.6. autorizar, desde logo, o pagamento das dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e

consecutivas, nos termos do art. 217 do Regimento Interno, caso solicitado pelos responsáveis,

fixando-se o vencimento da primeira parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e

o das demais a cada trinta dias, devendo incidir sobre cada parcela, os encargos legais devidos, na

forma prevista na legislação em vigor;

7.7. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela

importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do Regimento

Interno deste Tribunal;

7.8. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da

Lei 8.443/1992, caso não atendidas as notificações;

7.9. considerar graves as infrações cometidas pela Sra. Raimunda Santos Lima e pelos Srs.

Darcy Alves de Lacerda, José Valter Raimundo Lima de Santana, Raimundo Lima de Santana e

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339

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Marcos Tadeu Silva e os inabilitar para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no

âmbito da Administração Pública, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992;

7.9. remeter cópia do Acórdão que vier a ser proferido, acompanhado do Relatório e Voto que

o fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado da Paraíba, nos

termos do art. 209, § 7º, do Regimento Interno/TCU, para ajuizamento das ações cabíveis.”

O Ministério Público manifestou-se de acordo.

É o relatório.

VOTO

Trata-se de tomada de contas especial instaurada pelo Ministério da Integração Nacional contra

o ex-prefeito do município de Aguiar – PB, sr. Darcy Alves de Lacerda, em decorrência da não

aprovação da prestação de contas do convênio 439/2001 (Siafi 445689), celebrado em 22/1/2002, cujo

objeto era a reconstrução de quinze habitações de famílias carentes.

Foram arrolados como responsáveis o gestor dos recursos, o ex-prefeito, as empresas

contratadas e, ante as precisas informações, constantes dos autos, de que as empresas teriam sido

constituídas com o explícito objetivo de fraudar licitações, foram também arrolados como responsáveis

pelos débitos os respectivos sócios, mediante desconsideração da personalidade jurídica, na forma

estabelecida no Acórdão 1891/2010 – Plenário.

Os responsáveis foram regularmente citados, não recolheram os débitos, nem apresentaram

defesa. Por não atenderem à citação, incidem na hipótese prevista no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/92,

devendo ser considerados revéis, para todos os efeitos, tendo regular prosseguimento o processo.

Ao examinar os elementos constantes dos autos, a Unidade Técnica verificou que as empresas

contratadas para execução do objeto do convênio foram consideradas fisicamente inexistentes

(empresa de fachada), o que torna todos os documentos probantes inidôneos.

Com essa informação, torna-se impossível estabelecer nexo de causalidade entre os recursos do

convênio e os documentos fiscais inseridos na prestação de contas, para comprovar a execução e o

pagamento dos serviços contratados, havendo, nesse proceder, sérios indícios de desvio dos recursos.

O dever de prestar contas, de matriz constitucional, é inerente à gestão de recursos públicos,

constituindo um dos pilares do sistema republicano. A sua ausência ou a apresentação sem os

elementos essenciais à demonstração da movimentação financeira, significa não somente o

descumprimento da Constituição e da legislação em vigor, mas a violação da transparência, na prática

dos atos de gestão, a falta de comprovação da lisura no trato com a coisa pública e a possibilidade

sempre presente de que a totalidade dos recursos públicos federais transferida ao Município tenha sido

integralmente desviada, em benefício de administrador ímprobo ou de pessoas por ele determinadas.

Incumbe ao gestor o dever constitucional de prestar contas, comprovando a regularidade da

realização da despesa pública. Não fazê-lo caracteriza expressa violação da Lei 4.320/64, do Decreto-

lei 200/67 e do Decreto 93.872/1996.

Além do dever legal e constitucional de prestar contas do bom e regular emprego dos recursos

públicos recebidos, devem os gestores fazê-lo demonstrando o estabelecimento do nexo entre o

desembolso dos referidos recursos e os comprovantes de despesas realizadas com vistas à consecução

do objeto acordado. Assim, é imperioso que, com os documentos apresentados para comprovar o bom

emprego dos valores públicos, seja possível verificar que eles foram efetivamente utilizados no objeto

pactuado, de acordo com os normativos legais e regulamentares vigentes.

Na tomada de contas especial, o gestor deve apresentar provas robustas da execução da avença

com os recursos a ela destinados. No caso em exame, ficou evidente a inexecução do objeto do

convênio e a participação determinante das empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora

Esplanada Ltda. ao fornecerem documentos fiscais que supostamente comprovariam a execução da

avença, o que justifica a declaração de inidoneidade para participarem de licitação na Administração

Pública Federal, proposta pelo Ministério Público.

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340

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A responsabilidade das empresas e dos seus sócios e administrador foi fixada com fundamento

no § 2º do art. 16 da Lei 8.443/1992 e no Acórdão 1.891/2010 - Plenário, em cujo voto se defendeu

que "os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica não se impõem apenas aos sócios de

direito da empresa; alcançam, também, eventuais "sócios ocultos" (STJ, AgRg no REsp 152.033/RS)".

Por tais razões, julgo as contas irregulares e condeno os responsáveis ao recolhimento do

débito.

Pertinente, também, ante a gravidade das infrações cometidas, a aplicação de multa, a

inabilitação para exercício de função ou cargo em comissão na administração pública e a declaração de

inidoneidade das empresas para participarem de licitações que envolvam recursos da Administração

Pública Federal, mesmo os descentralizados mediante convênios, acordos, ajustes ou outros

instrumentos congêneres federais, tudo com fundamento nos arts. 19, caput, in fine, 46, 57 e 60 da Lei

8.443/92.

Assim, acolho os pareceres e voto no sentido de que seja aprovado o acórdão que submeto ao

Plenário. TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de

2012.

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Relator

ACÓRDÃO Nº 2226/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 032.656/2010-6.

1.1. Apenso: 018.388/2012-4

2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Interessado: Ministério da Integração Nacional.

3.2. Responsáveis: Darcy Alves de Lacerda (039.985.764-87), ex-prefeito; Construtora

Concreto Ltda. (01.993.197/0001-70); Construtora Esplanada Ltda. (00.818.123/0001-34); José Valter

Pereira da Silva (105.397.708-50); Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04); Raimunda Santos Lima

(049.099.934-44); Raimundo Lima de Santana (589.729.355-49).

4. Órgão: Município de Aguiar - PB.

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.

6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - PB (Secex-PB).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada pelo

Ministério da Integração Nacional, em razão da não aprovação da prestação de contas do convênio

439/2001 (Siafi 445689), cujo objeto era a reconstrução de quinze habitações de famílias carentes,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,

com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 12, § 3º, 16, inciso III, alíneas “b” e “d”, 19, caput, e 23, inciso

III, alínea “a”, da Lei nº 8.443/1992 e ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar revéis Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de

Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva e as empresas Construtora Concreto Ltda. e

Construtora Esplanada Ltda., nos termos do art. 12, § 3º, da Lei n.º 8.443/1992;

9.2. julgar irregulares as contas e condenar em débito, solidariamente, Darcy Alves de Lacerda,

José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu

Silva e as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. ao pagamento das

quantias de R$ 55.938,80 (cinqüenta e cinco mil, novecentos e trinta e oito reais e oitenta centavos) e

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341

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais), atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora a

partir de 6/8/2002 e 26/9/2002, respectivamente, até a data da efetiva quitação, fixando-lhes o prazo de

quinze dias, a contar da ciência, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas ao

Tesouro Nacional, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU;

9.3. aplicar a Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de

Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva e às empresas Construtora Concreto Ltda. e

Construtora Esplanada Ltda. a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 267 do

Regimento Interno/TCU, no valor individual de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), fixando-lhes o

prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso

III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das multas ao Tesouro Nacional, atualizadas

monetariamente da data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se pagas após o

vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.4. autorizar o pagamento das dívidas em até trinta e seis parcelas mensais e consecutivas, nos

termos do art. 217 do Regimento Interno, caso requerido, fixando-se o vencimento da primeira parcela

em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada trinta dias, devendo

incidir, sobre cada parcela, os encargos legais devidos, na forma prevista na legislação em vigor;

9.4.1. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer

parcela importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do

Regimento Interno deste Tribunal;

9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da

Lei nº 8.443/92, caso não atendidas as notificações;

9.6. declarar inidôneas as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda.

para participarem de licitações que envolvam recursos da Administração Pública Federal, mesmo os

descentralizados mediante convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres federais,

pelo prazo de cinco anos, com base no art. 46 da Lei n.º 8.443/92;

9.7. inabilitar Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de

Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva para o exercício de cargo em comissão ou

função de confiança no âmbito da Administração Pública, pelo prazo de cinco anos, nos termos do art.

60 da Lei 8.443/1992;

9.8. com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, c/c o § 6º do art. 209 do Regimento

Interno/TCU, remeter cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam à

Procuradoria da República no Estado da Paraíba.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2226-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

WALTON ALENCAR RODRIGUES

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

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342

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO I – CLASSE V – Plenário

TC 006.936/2012-1

Natureza: Relatório de Auditoria

Órgão: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT

Interessado: Congresso Nacional

Advogado constituído nos autos: não há

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. PROCESSO DE LICITAÇÃO DE OBRAS DE

REVITALIZAÇÃO (CREMA – 2ª ETAPA) BRA 163/MS – LOTE 3 – KM 732,1 AO KM 847,2.

EDITAL 508/2011-19. EDITAL SUSPENSO POR INICIATIVA DO DNIT, PARA IMPLEMENTAR

MEDIDAS CORRETIVAS, INCLUSIVE AQUELAS EMANADAS DO ACÓRDÃO 3.260/2011-

TCU-PLENÁRIO. ACHADOS DE AUDITORIA REFEREMTES A SOBREPREÇO DECORRENTE

DE QUANTITATIVOS INADEQUADOS E PROJETO EXECUTIVO

DEFICIENTE/DESATUALIZADO. SUPERVENIÊNCIA DE PORTARIAS DO DNIT

REDUZINDO VALOR DO BDI INCIDENTES SOBRE SERVIÇOS DE ENGENHARIA E

AMPLIANDO A UTILIZAÇÃO DE BDI DIFERENCIADO PARA ITENS DE TRANSPORTES DE

MATERIAIS BETUMINOSOS. CIÊNCIA À AUTARQUIA. DETERMINAÇÕES.

ENCAMINHAMENTO DE CÓPIAS À COMISSÃO MISTA DE PLANOS, ORÇAMENTOS

PÚBLICOS E FISCALIZAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL.

RELATÓRIO

Reproduzo, no essencial e com os ajustes de forma reputados necessários, o Relatório de

Auditoria elaborado pela 2ª Secretaria de Fiscalização de Obras (Secob-2), em segmento da BR –

163/MS, realizada por força do Acórdão 2.382/2011 – Plenário, conforme se segue:

“RESUMO

Trata-se de auditoria realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(Dnit) - MT, no período compreendido entre 12/3/2012 e 1º/6/2012.

Conforme autorização do Acórdão 2.382/2011- Plenário, a presente auditoria teve por

objetivo fiscalizar o processo de licitação das obras de revitalização - Crema 2ª Etapa na BR 163/MS

- lote 3 - km 732,1 ao km 847,2 (Edital 508/2011-19) . A partir do objetivo do trabalho e considerando

que tal instrumento encontra-se em fase inicial de licitação, formularam-se as seguintes questões na

matriz de planejamento:

1 - A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada?

2 - Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?

3 - O orçamento da obra encontra-se devidamente detalhado (planilha de quantitativos e

preços unitários) e acompanhado das composições de todos os custos unitários de seus serviços?

4 - Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de

mercado?

5 - Os quantitativos definidos no orçamento da obra são condizentes com os quantitativos

apresentados no projeto básico / executivo?

Para a realização deste trabalho, foram utilizadas as diretrizes do roteiro de auditoria de

conformidade.

Para responder e verificar as questões levantadas na matriz de planejamento, foram utilizadas

as seguintes técnicas de auditoria:

a) análise documental: análise dos processos de licitação e aprovação dos projetos;

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343

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) inspeção física: para verificação amostral in loco da compatibilidade do projeto de

revitalização com a situação atual da rodovia;

c) entrevista: de representantes do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), do

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto de

Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul); e

d) pesquisa em sistemas informatizados: sítio do Dnit, sítio do Ministério do Planejamento,

sítio do Senado, SIGMINE (sistema do DNPM).

As principais constatações deste trabalho foram:

a) Sobrepreço decorrente de quantitativos inadequados;

b) Projeto executivo deficiente/desatualizado.

Registre-se que a Concorrência 508/2011-19 foi suspensa, por decisão do Dnit, visando à

possiblidade de atendimento, por parte da Superintendência Regional do Dnit no estado de Mato

Grosso do Sul, ao item 9.1.2 do Acórdão 3.260/2011-TCU-Plenário, conforme publicado no Diário

Oficial da União, de 3 de abril de 2012.

Assim, considerando que a licitação se encontra em fase inicial, ainda sem entrega das

propostas pelas licitantes, esta auditoria focou seus trabalhos no edital e nos projetos que serviram de

base para a publicação do referido certame.

O projeto utilizado como base para o Edital 508/2011-19 representa potencial prejuízo ao

erário de R$ 8.270.853,81 (jul/2011), que corresponde a 11,52% do valor da amostra selecionada

pela Curva ABC (81,28%) e a 9,36% do valor total da obra. O valor do prejuízo potencial está assim

distribuído: R$ 2.297.836,54 referente a indícios de sobrepreço no orçamento e R$ 5.973.017,27

referente a projeto executivo deficiente/desatualizado.

Além disso, pode-se citar os benefícios não quantificáveis decorrentes dessa fiscalização, tais

como o aprimoramento da gestão de projetos, a melhoria nos controles internos e o aumento na

expectativa do controle.

Por fim, é importante registrar que o Dnit publicou recentemente duas portarias que

reduziram o valor do BDI nos orçamentos referenciais de suas licitações.

A situação vigente na publicação do Edital 508/2011-19, anteriormente à emissão das duas

portarias, era a seguinte: o BDI incidente sobre os serviços de engenharia era de 27,84%, inclusive

nos itens de transportes de materiais betuminosos. Somente nos serviços de aquisição de materiais

betuminosos incidia o BDI diferenciado de 15%.

A Portaria-Direx/Dnit 42, de 17 de janeiro de 2012, reduziu o valor do BDI, até então vigente,

de 27,84% para 26,7%, que deveria ser adotado nos orçamentos das obras de engenharia do Dnit, a

partir de 1º/2/2012.

A Portaria-Direx/Dnit 319, de 3 de abril de 2012, ampliou a utilização de BDI diferenciado de

15% para os itens de Transportes de Materiais Betuminosos, quando até então se adotava o mesmo

BDI utilizado para o restante dos serviços (27,84%), a partir de 1º/5/2012.

Além disso, a Portaria-Direx/Dnit 319 determinou que as licitações cujos projetos ainda não

tivessem atendido as alterações definidas pela Portaria-Direx/Dnit 42/2012, poderiam ser realizadas

com o BDI anterior de 27,84%, até 30 de abril de 2012. A partir de 1º/5/2012, o BDI a ser adotado

deve ser de 26,7%.

Em face da existência dessas duas portarias, a equipe de auditoria provocou o Dnit a se

manifestar formalmente sobre o assunto. Em resposta, a Autarquia, mediante Ofício SR-MS/SNIT

742/2012, informou que o Edital 508/2011-19 foi suspenso visando algumas correções, sendo que

entre elas estaria o atendimento às duas portarias.

Assim, as alterações que o Dnit se prontificou a realizar na republicação do Edital 508/2011-

19, relativas à BDI, são as seguintes:

1. BDI de 27,84% para 26,7% para os serviços de engenharia, em atendimento à Portaria-

Direx/Dnit 42/2012; e

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2. BDI de 27,84% para BDI diferenciado de 15% para os itens de transporte de materiais

betuminosos, em atendimento à Portaria-Direx/Dnit 319

O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 88.341.504,57 (jul/2011). Este

montante corresponde ao valor estimado pelo Dnit no Edital de Licitação 508/2011-19. O valor dos

recursos fiscalizados registrado está de acordo como a Portaria - TCU 222/2003 (Critérios para

mensuração do Volume de Recursos Fiscalizados).

As propostas de encaminhamento para as principais constatações contemplam determinações e

ciência ao órgão.

1 - APRESENTAÇÃO Trata-se de auditoria realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(Dnit), no período compreendido entre 12/3/2012 e 1º/6/2012, conforme designações das Portarias de

Fiscalização 461, de 12/3/2012, 1181 (4/5/2012) e 1186 (7/5/2012).

A presente fiscalização tem por objetivo verificar o Edital de Concorrência 508/2011-19, que

trata da contratação das obras de Revitalização (Recuperação, Restauração e Manutenção) - Crema

2ª Etapa da Rodovia BR-163/MS - lote 3.

Segundo o Dnit, o Crema (Contrato de Restauração e Manutenção) tem por objetivo repassar

a terceiro, sob um único contrato, todas as atividades inerentes à conservação de um trecho

rodoviário, ao longo de determinado período de anos, seguindo o modelo de concessão rodoviária. De

acordo com a Instrução de Serviço - IS DG/DNIT 05, de 9/12/2005, o Crema é dividido em duas fases:

Crema 1ª Etapa, com duração de dois anos, e Crema 2ª Etapa, com duração de cinco anos.

Ainda de acordo com o normativo, o Crema 1ª Etapa é composto por intervenções de caráter

funcional (não atingem a estrutura do pavimento), como os serviços de conservação da faixa de

domínio e manutenção das pistas e do acostamento. Durante essa primeira fase, o Dnit deve realizar

levantamentos e estudos necessários para a elaboração do Crema 2ª Etapa. Nesse segundo período,

ocorrerão obras de recuperação funcional e estrutural de todo o trecho. De acordo com a IS 03, de

15/5/2008, nos três primeiros anos do Crema 2ª Etapa ocorrerá a restauração do trecho, restando

para os dois anos subsequentes apenas a conservação.

Consoante consta no Manual de Conservação Rodoviária (Dnit 2005), conservar

‘compreende o conjunto de operações rotineiras, periódicas e de emergência com o objetivo de

preservar as características técnicas e físico-operacionais (...), dentro de padrões de serviço

estabelecidos’. Em outras palavras, pode-se afirmar que conservação é a atividade pela qual são

mantidos os níveis de serviço e conforto projetados, permitindo à rodovia atingir sua vida útil no

prazo estabelecido ou aumentar esse tempo, por meio de intervenções mais profundas.

No referido manual, observa-se que a conservação rodoviária é formada por um conjunto de

operações. Três delas já foram citadas na própria definição, são elas: conservação de rotina,

periódica e de emergência. A esse grupo somam-se outros dois procedimentos que são: a restauração

e os melhoramentos.

Conforme o manual, apesar de conceitualmente distintas, as operações rotineiras, periódicas

e de emergência apresentam, muitas vezes, os mesmos serviços, diferenciando-se quanto ao motivo ou

ao momento em que são aplicadas. A conservação rotineira é formada por serviços comuns, cujo

objetivo é manter a funcionalidade dos dispositivos rodoviários (limpeza de bueiros e roçada da faixa

de domínio). A conservação periódica é composta por atividades que devem ser executadas

periodicamente, de modo a reparar ou corrigir defeitos (tapa-buraco e o fechamento de trincas). As

intervenções de emergência são aquelas originadas por eventos extraordinários que demandam ação

imediata (deslizamento de uma encosta).

Ainda segundo o manual, a restauração difere dos conceitos anteriores. Enquanto conservar

é, em essência, manter uma estrada em funcionamento, restaurar parte do pressuposto de que não é

mais economicamente viável conservar, sendo necessárias intervenções mais profundas. A rodovia

encontra-se em tal estado que não há opção senão recuperá-la estruturalmente pela restauração ou

pela reconstrução do pavimento. Melhoramentos consistem em adições ao projeto original da rodovia,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

modificando as características existentes por meio de novas estruturas ou soluções, como as terceiras-

faixas.

O Edital 508/2011-19 prevê a utilização de cerca de R$ 85 milhões em serviços de

restauração nos três primeiros anos e mais de R$ 3 milhões para a manutenção e conservação da

rodovia, ao longo dos cinco anos de contrato.

Importância socioeconômica A BR-163/MS é a rodovia que integra o Centro Norte do Brasil ao Centro Oeste e Sul do

Brasil. No estado do Mato Grosso do Sul, é a única rodovia que liga o norte do estado à capital. É

também o principal corredor de exportação dos estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do

Sul para atingir os portos dos estados de São Paulo, Paraná e de Santa Catarina.

A ampliação das áreas cultivadas em todas as regiões servidas pela rodovia contribui para o

aumento expressivo do tráfego, principalmente na ocasião da safra de grãos. O tráfego na BR-163/MS

é caracterizado por intenso trânsito de veículos pesados, muitos deles do tipo bitrem.

2 - INTRODUÇÃO

2.1 - Deliberação que originou o trabalho

Em cumprimento ao Acórdão 2.382/2011 - Plenário, realizou-se auditoria no Departamento

Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT, no período compreendido entre 12/3/2012 e

1º/6/2012.

Essa deliberação, dentre outras providências, autorizou o acompanhamento de editais de

licitação cujas obras ainda não tivessem sido iniciadas.

Assim, a Secretaria de Obras - Secob-2 selecionou uma série de editais, dentre os quais se

encontra o Edital 508/2011-19 para contratação de obras de revitalização da BR-163/MS (Crema 2ª

Etapa)-lote 3. A escolha deste instrumento foi motivada pela materialidade do certame, já que as

intervenções previstas em projeto giram em torno dos R$ 88 milhões.

A obra objeto do referido edital está vinculada aos seguintes Programas de Trabalho:

2011 - PT 26.782.1461.20DW.0054

2012 - PT 26.782.2075.20DW.0054

Registre-se que os recursos previstos nos referidos programas de trabalho abrangem todas as

obras de manutenção rodoviária do estado do Mato Grosso do Sul.

2.2 - Visão geral do objeto

O objeto da fiscalização é o Edital de Concorrência 508/2011-19, publicado em 2/1º/2012,

que trata da contratação das obras de revitalização (recuperação, restauração e conservação) -

Crema 2ª Etapa na Rodovia BR-163/MS, no segmento que vai do km 732,1 ao km 847,2, com extensão

de 115,1 km.

O valor total previsto para a obra é R$ 88.341.504,57 (jul/2011).

O trecho de rodovia em questão está inserido em uma rota de grande importância para o

escoamento da produção agrícola dos estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em

direção aos estados do Sul e Sudeste do País e aos portos de Santos e Paranaguá.

De acordo com o normativo do Dnit, na contratação sob os moldes do Crema 2ª Etapa, a

contratada fica responsável pela conservação da rodovia por um período de cinco anos. Nesse prazo,

a restauração e a manutenção da rodovia devem atender determinados parâmetros de desempenho

preestabelecidos.

O projeto das obras de revitalização do trecho foi elaborado por meio do Contrato

091º/2009-00, celebrado entre o Dnit e empresa SD Consultoria e Engenharia Ltda. Sua aprovação se

deu mediante a Portaria 4, de 21/2/2011, pelo Superintendente do Dnit em Mato Grosso do Sul,

mediante delegação concedida por intermédio da Portaria 1.381, de 9/11º/2009, do Diretor Geral do

Dnit.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O instrumento editalício previa que as propostas das licitantes deveriam ser entregues em

2/2/2012, mas a abertura foi adiada para 11/4/2012 e, posteriormente, o edital foi suspenso.

Atualmente o certame se encontra suspenso pelo Dnit, conforme aviso publicado no DOU de 3/4/2012.

A seguir, apresenta-se o mapa de localização do trecho rodoviário do Edital 508/2011-19.

2.3 - Objetivo e questões de auditoria

A presente auditoria teve por objetivo verificar o Edital de Concorrência 508/2011-19, que

trata da contratação das obras Revitalização (Recuperação, Restauração e Manutenção) CREMA 2ª

Etapa, na Rodovia BR-163/MS, trecho: Div. PR/MS Div.MS/MT segmento: km 732,1 ao km 847,2,

extensão: 115,10 km com valor estimado em R$ 88.341.504,57.

1) A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada?

2) Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?

3) O orçamento da obra encontra-se devidamente detalhado (planilha de quantitativos e

preços unitários) e acompanhado das composições de todos os custos unitários de seus serviços?

4) Os quantitativos definidos no orçamento da obra são condizentes com os quantitativos

apresentados no projeto básico / executivo?

5) Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de

mercado?

2.4 - Metodologia utilizada

Considerando que a licitação se encontra, ainda sem entrega das propostas pelas licitantes,

esta auditoria focou seus trabalhos no edital e nos projetos que serviram de base para a publicação

do referido certame.

Para responder/verificar as questões levantadas na matriz de planejamento, foram utilizadas

as seguintes técnicas de auditoria:

a) análise documental: análise dos processos de licitação e do projeto executivo de

engenharia;

b) inspeção física no local da obra;

c) entrevista: de representantes do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM),

do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto

de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul); e

d) pesquisa em sistemas informatizados: sítio do Dnit, sítio do Ministério do Planejamento,

SIGMINE (sistema do DNPM).

2.5 - Limitações inerentes à auditoria

Em virtude do curto período de tempo disponibilizado para realização dos trabalhos, não foi

possível avaliar todos os quantitativos de itens de serviço da planilha de referência. Assim, o exame se

limitou aos serviços de maior materialidade, selecionados pelo método da curva ABC.

2.6 - Volume de recursos fiscalizados

O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 88.341.504,57. Esse montante

corresponde ao valor total estimado pelo Dnit no Edital de Licitação 508/2011-19. O valor de recurso

fiscalizado registrado está de acordo com a Portaria - TCU 222/2003 (Critérios para mensuração do

Volume de Recursos Fiscalizados).

2.7 - Benefícios estimados da fiscalização

O projeto utilizado como base para o Edital 508/2011-19 representa potencial prejuízo ao

erário de R$8.270.853,81 (jul/2011), sendo R$2.297.836,54 referente a indícios de sobrepreço no

orçamento e R$5.973.017,27 referente a projeto executivo deficiente.

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347

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Além disso, entre os benefícios não quantificáveis verificados nesta fiscalização pode-se

mencionar o aprimoramento da gestão de projetos, a melhoria nos controles internos e o aumento na

expectativa do controle.

3 - ACHADOS DE AUDITORIA

3.1 - Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado.

3.1.1 - Tipificação do achado: Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)

Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - Não obstante a

gravidade da irregularidade apontada, considerando-se que o edital de licitação auditado está

suspenso por iniciativa do próprio Dnit e que os indícios de irregularidade apontados podem ser

sanados de ofício pela Autarquia, considera-se que, neste momento, o presente achado não se

enquadra no conceito de IG-P previsto no art. 91, §1°, inciso IV da LDO/2012.

3.1.2 - Situação encontrada Foi verificado indício de sobrepreço global de R$ 2.297.836,54 (jul/2011), que corresponde a

2,6% do orçamento de referência do Edital 508/2011-19, decorrente de falhas na planilha

orçamentária elaborada para a licitação das obras de revitalização (recuperação, restauração e

manutenção) - Crema 2ª Etapa, na rodovia BR-163/MS - lote 3; Trecho: Div. PR/MS - Div. MS/MT;

Subtrecho: Entr. BR-060(A)/262(A)(Campo Grande)(saída para São Paulo) - Div. MS/MT (Ponte s/

Rio Correntes); segmento: km 732,1ao km 847,2; Extensão: 115,1km.

Tal sobrepreço, demonstrado no Quadro 6, ao final deste achado, foi apurado sobre uma

amostra de 81,28% do valor estimado para a execução da obra, mediante seleção dos itens mais

relevantes pela curva ABC (vide Quadro 1, ao final do achado).

Verificou-se que o orçamento analisado apresenta deficiências decorrentes da quantificação

indevida de insumos, incorreções em preços de serviços e grandes distâncias de transporte adotadas

em algumas composições de preços unitários (CPU).

Tais irregularidades referem-se às seguintes ocorrências:

a) quantificação superestimada de aditivo melhorador de adesividade (dope) nas CPU de

concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) para as camadas de capa de rolamento (AB-08) e de

binder;

b) incorreção nos preços de transporte da areia comercial do areal até a usina de asfalto, nas

CPU de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e CBUQ-binder;

c) previsão da origem de materiais asfálticos em locais mais distantes da obra do que o

necessário.

O sobrepreço identificado está assim distribuído:

- Itens ‘a’ e ‘b’, por se tratarem de equívocos constantes das mesmas composições (CBUQ-

AB-08 para capa de rolamento e CBUQ-binder), contribuem com o valor de R$ 857.504,33 (vide

Quadro 4, ao final desse achado).

- O item ‘c’, relativo à previsão da aquisição de materiais asfálticos em locais mais distantes

do que o necessário, contribui com o valor de R$ 1.440.332,21 (vide Quadro 5, ao final desse

achado).

As impropriedades identificadas serão detalhadas a seguir.

a) quantificação superestimada de aditivo melhorador de adesividade (dope) nas

composições de preço unitário do concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) para as camadas de

capa de rolamento e de binder.

Verificou-se que, na elaboração das composições unitárias dos serviços CBUQ-AB-08 para

capa de rolamento e de CBUQ-binder, o quantitativo do aditivo melhorador de adesividade (dope) a

ser transportado foi superestimado.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O dope é um insumo utilizado para aumentar a adesividade entre os agregados graúdos e o

cimento asfáltico de petróleo - CAP. Conforme Manual de Pavimentação - Dnit 2006, página 83, o

dope normalmente é empregado na proporção de 0,5% para 99,5% de cimento asfáltico (CAP).

De acordo com o texto do projeto executivo de engenharia (volume 4 - Orçamento atualizado,

p. 8), o critério informado era: taxa de aplicação de 0,12% de dope concentrado para 6% de CAP. Em

outras palavras, significa que para cada tonelada de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento, serão

utilizados 60 kg ou 0,060 t de CAP (6% de CAP/tonelada de CBUQ) e 0,000072 t ou 0,072 kg de dope

(0,12% x 60 kg de CAP usado na tonelada de CBUQ).

E para o serviço de CBUQ-binder, a quantidade de CAP é menor ainda e corresponde à 5%

da tonelada de CBUQ (50 kg) e consequentemente resulta na quantidade de 0,00006 t de dope (0,12%

x 50 kg de CAP usado na tonelada de CBUQ).

Ocorre que na quantificação do transporte do dope nas composições de CBUQ-AB-08 para

capa de rolamento e CBUQ-binder, o critério informado não foi seguido e o cálculo do quantitativo

correspondente se deu em relação à quantidade de CBUQ e não em relação à quantidade de CAP.

Para o caso do CBUQ-AB-08 para capa de rolamento, esse procedimento resultou em um

quantitativo indevido a ser transportado no valor de 0,0012 t (0,12% x 1 t de CBUQ), ao passo que o

correto seria a proporção de 0,12% de dope para 60 kg de CAP, que resultaria no quantitativo de

0,000072 t de dope (0,12% x 6% x 1 t de CBUQ), vide volume 4 - Orçamento atualizado, p. 53.

Para o caso do CBUQ-binder, a falha ocorreu no consumo de dope e no respectivo

transporte. Foi registrado o valor de 0,000072 t para o consumo de dope e 0,0012 t para o respectivo

transporte (vide volume 4 - Orçamento atualizado, p. 54), ao passo que o valor correto a ser utilizado

é de 0,00006 t de dope (0,12% x 5% x 1 t de CBUQ), tanto para o consumo do insumo quanto para o

seu transporte.

Essas incorreções foram objeto de questionamento ao Dnit, mediante Ofício 03-255/2012-

TCU. A Superintendência do Dnit/MS manifestou-se favoravelmente a essa correção, mediante Ofício

SR-MS/DNIT 861/2012, de 30/5/2012.

A presente falha e a do item seguinte (item ‘b’) ocorreram nas composições dos serviços de

CBUQ, capa de rolamento e binder. Assim, foram feitas as devidas correções que estão registradas

nos Quadros 2 e 3, ao final desse achado.

b) Incorreção nos preços de transporte da areia comercial do areal até a usina de asfalto, nas

CPU de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e de CBUQ-binder.

Constatou-se que, nas composições dos serviços de CBUQ-AB-08 (5 S 02 540 51) para capa

de rolamento e de CBUQ-binder (5 S 02 540 52), houve inversão de valores relativos às parcelas

componentes do transporte da areia comercial, do areal até a usina de asfalto, em rodovia

pavimentada e em rodovia não pavimentada, que resultou em superestimava do valor total desse

serviço.

O transporte da areia, em função da localização da usina de asfalto, é constituído por duas

parcelas que são: transporte comercial em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e transporte

comercial em rodovia não pavimentada (1 A 00 001 91).

De acordo com o projeto executivo de engenharia (volume 4 - Orçamento atualizado, p. 218),

o transporte da areia comercial, do areal até o início da pista será realizado em trecho não

pavimentado com extensão de 0,5 km. De acordo com o Sicro 2/MS (1 A 00 001 91 - jul/2011), o custo

unitário do transporte em rodovia não pavimentada é de R$ 0,52/tkm, que importa em um valor total

para o trecho não pavimentado de R$ 0,26/t (0,5 x 0,52).

A partir do cruzamento entre o acesso do areal com a BR-163/MS até a usina de asfalto, o

transporte será realizado em rodovia pavimentada, com extensão de 6,24 km. De acordo com o Sicro

2/MS (1 A 00 002 91- jul/2011), o custo unitário do transporte em rodovia pavimentada é de R$

0,35/tkm, que importa no valor total para o trecho pavimentado de R$ 2,18/t (6,24 x 0,35).

Se os valores tivessem sido aplicados corretamente, somada essas parcelas de custo

(0,26+2,18), o custo total de transporte da areia seria de R$ 2,44/t (jul/2011).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Entretanto, na elaboração da composição do serviço houve a inversão desses valores. Ou

seja, o transporte em rodovia pavimentada, com maior distância (6,24 km), utilizou o maior custo (R$

0,52/tkm). E, o transporte em rodovia não pavimentada, cuja distância é menor (0,5 km), utilizou o

menor custo (R$ 0,35/tkm).

Essa inversão de custos resultou no valor total de transporte para a areia de R$ 3,42/t (6,24 x

0,52 + 0,5 x 0,35), superior ao valor correto que seria R$ 2,44/t de CBUQ. A redução no custo do

transporte, devido à correção é de R$ 0,98/t (3,42 - 2,44).

Esse fato foi relatado ao Dnit, mediante Ofício 3/255/2012-TCU-SECOB-2. Em resposta, a

Superintendência, por meio do Ofício SR-MS/DNIT 861/2012, de 30/5/2012, informou que realizará

as devidas correções nas composições dos serviços de CBUQ com AB-08 (5 S 02 540 51) e de CBUQ-

binder (5 S 02 540 52).

Registre-se que a presente falha aconteceu nas composições dos serviços de CBUQ-AB-08

para capa de rolamento e de CBUQ-binder. Assim, foram feitas as correções necessárias nas

respectivas composições de CBUQ (capa de rolamento e binder) e constam nos Quadros 2 e 3, ao

final desse achado.

c) Previsão da origem de materiais betuminosos com longas distâncias.

Verificou-se que o projeto previu, como origem de alguns materiais para a obra, locais mais

distantes do que aqueles em que seria possível o seu fornecimento. Em função disso, as composições

de preço unitário de alguns serviços consideraram distâncias médias de transporte mais elevadas,

ocasionando sobrepreço no orçamento de R$ 1.440.332,21 (jul/2011).

O projeto de obras rodoviárias, ao estabelecer os locais de fornecimento dos materiais a

serem empregados, deve buscar aqueles mais próximos da obra, a fim de reduzir os custos com

transporte e assim conferir uma maior economicidade ao empreendimento. Inclusive, a Lei

8.666/1993 estabelece em seu artigo 12, que esse é o procedimento a ser seguido, conforme texto a

seguir transcrito.

‘Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de obras e serviços serão considerados

principalmente os seguintes requisitos:

(...)

IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, materiais, tecnologia e matérias-primas

existentes no local para execução, conservação e operação;’

No caso dos materiais betuminosos, o orçamento do projeto deve seguir o disposto no

Acórdão 812/2011-TCU-Plenário, no qual se determinou ao Dnit:

‘(...)

1.4.1. nos orçamentos de obras rodoviárias de futuras licitações, considere as distâncias de

transporte de todos os produtos asfálticos calculadas somente a partir das fábricas/bases das

distribuidoras de asfaltos, visto que os preços de venda desses produtos, divulgados pela ANP, já

incluem os custos de transferência das refinarias até aquelas bases de distribuição.

(...)’

Dessa forma, o orçamento do projeto deve considerar o preço de aquisição divulgado pela

ANP para determinada região e o preço do transporte calculado com base na DMT a partir da

distribuidora do material localizada nesta região.

Assim, buscando a condição mais econômica, o projetista deve, ao definir os locais de origem

dos materiais, selecionar aqueles que proporcionem uma menor soma dos custos de aquisição e

transporte.

No projeto em análise, em que pese ser possível o fornecimento a partir de distribuidoras

localizadas em Campo Grande/MS, foram considerados locais mais distantes como origem dos

seguintes materiais:

- CAP 50/70 - origem: Ponta Grossa/PR (DMT = 1122,00 km);

- CAP AB-08 - origem: Araucária/PR (DMT = 1232,00 km);

- CM-30 - origem: Ponta Grossa/PR (DMT = 1122,00 km);

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- RR-1C - origem: Ponta Grossa/PR (DMT = 1122,00 km);

- aditivo melhorador de adesividade (dope) - origem: Ponta Grossa/PR (DMT = 1122,00

km);

- Óleo combustível 1 A - origem: Ponta Grossa/PR (DMT = 1122,00 km).

Verificou-se que, caso o projeto adotasse o fornecimento dos materiais betuminosos a partir

de distribuidoras em Campo Grande/MS, a DMT seria de 239,5 km e, consequentemente, haveria uma

redução no valor do orçamento de R$ 1.440.332,21 (jul/2011), conforme demonstrado no Quadro 5 ao

final deste achado.

Da mesma forma, no caso do aditivo melhorador de adesividade (dope) e do óleo combustível

1A, a adoção da DMT de 239,5 km nas CPU de CBUQ-binder e CBUQ com AB-08 reduziria os

preços unitários dos referidos serviços. Ao final deste achado estão inseridas as CPU referentes aos

serviços de CBUQ (Quadro 2 e 3, ao final do achado), depois de efetuadas as correções das DMT dos

referidos insumos.

Essas incorreções foram objeto de questionamento ao Dnit, mediante Ofício 3-255/2012-

TCU-SECOB-2. No Ofício SR-MS/DNIT 742/2012, o Dnit alega que o procedimento para a definição

dos locais de aquisição de materiais asfálticos segue a Portaria/Dnit 349/2010, que adota os preços

praticados pelas distribuidoras de asfalto, divulgados pela ANP e que a distribuidora de material

asfáltico localizada em Campo Grande não estaria relacionada pela ANP. Em complemento, informa

que encaminhou ofício à ANP, em que solicita esclarecimentos sobre as revendas de materiais

betuminosos em Campo Grande para, então, efetuarem as devidas correções no orçamento do Edital

508/2011-19.

3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado: (IG-C) - Edital 508/2011-19, 2/1/2012, CONCORRÊNCIA, Obras de Revitalização

(Recuperação, Restauração e Manutenção) CREMA 2ª

Etapa, na Rodovia BR-163/MS - Segmento: km 732,1 ao km 847,2, Extensão: 115,1 km.

Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 2.297.836,54

3.1.4 - Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos e insuficiência de recursos humanos. - Como o achado

decorre de erros identificados no orçamento do projeto executivo, especificamente em algumas

composições unitárias de preços, entende-se que a causa provável possa ser a insuficiência de

recursos humanos para fazer as devidas revisões no projeto executivo de engenharia e a deficiência

de controles internos.

3.1.5 - Critérios: Acórdão 2649/2007, Tribunal de Contas da União, Plenário.

Acórdão 812/2011, item 1.4.1, Tribunal de Contas da União, Plenário.

Decisão 1332/2002, TCU-Plenário.

Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 6º, inciso X; art. 7º, § 4º; art. 12; art. 40, § 2º, inciso II.

Lei 12465/2011, art. 125, caput.

3.1.6 - Evidências: Projeto executivo de engenharia-volume 4 -orçamento atualizado-página 8, folha 8.

Projeto executivo de engenharia-volume 4 -orçamento atualizado-CPU do CBUQ-capa-

página 53 -, folha 53.

Projeto executivo de engenharia-volume 4 -orçamento atualizado- CPU do CBUQ - binder-

página 54, folha 54.

Oficios_DNIT_393_2012_AUDINT_SR_MS_742_2012_SR_MS_630_2012, folhas 3/4.

Ofício SR_MS_DNIT_861_2012, folha 1.

Aviso_edital0508_11-19_0, folha 1.

Custo_transporte, folha 1.

3.1.7 - Conclusão da equipe:

Page 351: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

351

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Verificou-se indício de sobrepreço global de R$ 2.297.836,54 (jul/2011), que corresponde a

2,6% do valor total da obra, decorrente de falhas na planilha orçamentária elaborada para licitação

das obras de revitalização (recuperação, restauração e manutenção) Crema 2ª Etapa, na rodovia

BR-163/MS; Trecho: Div. PR/MS - Div. MS/MT; Subtrecho: Entr. BR-060(A)/262(A)(Campo

Grande)(saída para São Paulo) - Div. MS/MT (Ponte s/ Rio Correntes); segmento: km 732,1 ao km

847,2; Extensão: 115,1km.

As irregularidades que contribuíram para o sobrepreço global apurado foram:

a) consumo de corretivo de adesividade (dope) superestimado nas CPU de concreto

betuminoso usinado a quente (CBUQ) para as camadas de capa (AB-08) e de binder;

b) incorreção nos preços de transporte da areia comercial do areal até a usina de asfalto, nas

CPU de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e de CBUQ-binder;

c) previsão da origem de materiais asfálticos em locais mais distantes da obra do que o

necessário.

No que se refere aos itens a e b, registre-se que foram identificadas falhas nas composições

de preços unitários de CBUQ-AB-08 para as camadas de capa e de CBUQ-binder. Tais

impropriedades, se não forem corrigidas, podem acarretar prejuízo ao erário da ordem de

R$857.504,33 (jul/2011). Instado a se manifestar formalmente, o Dnit informou, mediante Ofício SR-

MS/DNIT 861/2012, que faria as correções nas composições de CBUQ (capa de rolamento e binder),

relativas às impropriedades apontadas nos itens ‘a’ e ‘b’.

Apesar da concordância da Autarquia, quanto às impropriedades levantadas pela equipe de

auditoria nas composições de CBUQ, até o final desta fiscalização o Edital não foi relançado com as

devidas correções. Assim, propõe-se que seja determinado ao Dnit que promova as devidas correções

nas respectivas composições de preços unitários.

Quanto ao item c, a falha refere-se à previsão de origem de materiais em locais distantes da

obra e responde pela parcela de R$ 1.440.332,21 do sobrepreço global identificado. Nesse caso, o

Dnit alega que o procedimento para a definição dos locais de aquisição de materiais asfáltico segue a

Portaria/Dnit 349/2010, que adota os preços praticados pelas distribuidoras de asfalto, divulgados

pela ANP e que a distribuidora de material asfáltico localizada em Campo Grande não estaria

relacionada pela ANP.

No entanto, apesar da orientação contida na Portaria, há que se considerar que o propósito

final da referida Portaria deve ser a busca por menores custos. Inclusive esse é o entendimento

esposado no Acórdão 812/2011-TCU-Plenário.

Assim, diante do entendimento mais recente desta Corte de Contas, consubstanciado no

Acórdão 812/2011-TCU-Plenário, mostra-se pertinente dar ciência à Autarquia de que o orçamento-

base considera a aquisição dos insumos betuminosos em localização que não resulta no menor custo

decorrente da combinação dos custos de aquisição, de disponibilidade e de transporte.

Não obstante a gravidade das irregularidades apontadas, considerando-se que o edital de

licitação auditado está suspenso por iniciativa do próprio Dnit e que os indícios de irregularidade

apontados podem ser sanados de ofício pela Autarquia, não se considera necessária a

responsabilização dos gestores identificados, por enquanto.

3.2 - Projeto executivo deficiente ou desatualizado.

3.2.1 - Tipificação do achado: Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)

Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - Não obstante a

gravidade da irregularidade apontada, considerando-se que o edital de licitação auditado está

suspenso por iniciativa do próprio Dnit e que os indícios de irregularidade apontados podem ser

sanados de ofício pela Autarquia, considera-se que, neste momento, o presente achado não se

enquadra no conceito de IG-P previsto no art. 91, §1°, inciso IV da LDO/2012.

3.2.2 - Situação encontrada:

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352

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Verificou-se que o projeto executivo de engenharia, integrante do Edital 508/2012-19, não

atende a todos os requisitos estabelecidos no art. 6º, IX, da Lei 8.666/1993. Entre os problemas

encontrados, destaca-se a ausência de estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que

poderia ser explorada para as obras. Caso se utilizasse a brita produzida poderia ser gerada uma

economia de até R$ 5.973.017,27 (jul/2011). A outra impropriedade refere-se à cotação do insumo

dope em desacordo com a IS 15/2006 do Dnit.

O Edital 508/2011-19 analisado refere-se às obras de revitalização (recuperação,

restauração e manutenção) - Crema 2ª Etapa, na rodovia BR-163/MS; Trecho: Div. PR/MS -

Div.MS/MT; Subtrecho: entr. BR-060(A)/262(A)(Campo Grande)(saída p/ São Paulo) - Div. MS/MT

(Ponte s/ Rio Correntes); segmento: km 732,1 ao km 847,2; Extensão: 115,1 km.

As impropriedades identificadas serão detalhadas a seguir.

a) ausência de estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que poderia ser

explorada para as obras.

Verificou-se que o projeto executivo de engenharia relativo ao edital em análise aponta para

a utilização de brita adquirida comercialmente, em detrimento da produção/extração deste insumo.

Registre-se que a escolha da brita comercial não está embasada em mapeamento ou estudo que

indique a inexistência de possíveis fontes de material não comercial, que justifique a referida escolha,

que pode ser antieconômica para a Administração.

A escolha da brita comercial em detrimento da brita produzida representou um acréscimo no

valor unitário do insumo da ordem de 112%, visto que, de acordo com o Sicro 2, o custo de produção

da brita é R$ 27,16/m3 (Sicro2 - 1 A 01 200 01 - jul/2011), enquanto que o preço de aquisição da

brita comercial adotado no projeto é de R$ 57,50/m³ (valores sem BDI), vide volume 4 - Orçamento

atualizado, p. 206.

Registre-se que o valor de R$ 57,50/m³ refere-se à aquisição do insumo em Coxim/MS, que

corresponde à cidade mais próxima do trecho com disponibilidade para ofertá-lo. Nesta fiscalização,

não se adotou como referência o valor da brita constante do Sicro 2, cotada na região próxima a

Campo Grande, em função da elevada distância de transporte a ser considerada, visto que a região de

maior ocorrência de material situa-se próxima à capital, Campo Grande, que dista cerca de 230 km

do trecho da obra.

No quadro 7, ao final deste achado, consta o demonstrativo da economia que poderia ser

obtida, caso tivesse sido adotada a brita produzida, considerando-se somente a redução do valor do

insumo utilizado nos principais serviços, sem levar em conta uma possível redução nas distâncias

médias de transportes. A economia verificada seria da ordem de R$ 5.973.017,27 (jul/2011), que

corresponde a 6,76% do valor total da obra (valores calculados com BDI de 27,84%).

Ressalte-se que existem Acórdãos do TCU determinando ao Dnit que realize estudos das

fontes de materiais próximas às obras a serem por ele licitadas, como é o caso dos Acórdãos 268/2003

e 3.260/2011, ambos do Plenário-TCU.

Inclusive o recente Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, traz determinações que refletem em

todas as obras do Dnit relativas ao Crema 2ª Etapa, conforme texto a seguir transcrito:

‘(...)

9.1. determinar ao Dnit que:

9.1.2. realize ensaios, cálculos e laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico/econômica

da utilização de pedreiras, areais e cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização das obras e

que não possuam licenciamento ou lavra concedida, identificados no site do Departamento Nacional

de Produção Mineral, mas possam ser objeto de prévio bloqueio das jazidas junto ao DNPM, ou que

possuam menor distância de transporte;

9.1.3. caso existam segmentos rodoviários cujos projetos de restauração e manutenção para o

Crema 2ª Etapa já estejam aprovados e não seja viável a adoção das medidas indicadas no subitem

anterior (9.1.2), previamente ao lançamento dos editais de licitação, consigne nos respectivos editais

e minutas de contrato que tais medidas serão adotadas no prazo de até 90 (noventa) dias após a

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353

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

emissão das ordens de serviço e, se for a hipótese, serão adotadas as providências necessárias para

reestabelecer o equilíbrio econômico/financeiro dos contratos eventualmente celebrados,

modificando-se as fontes de aquisição dos insumos previstas originalmente no projeto, bem como

alterando-se os respectivos preços dos serviços envolvidos;

(...)’

Provocado formalmente para se manifestar sobre o assunto, o Dnit publicou o aviso de

suspensão do referido edital, no DOU de 3 de abril de 2012, e informou que a suspensão visa ‘à

possibilidade de atendimento, por parte da Superintendência Regional/MS, aos itens 9.1.2 e 9.1.3 do

Acórdão 3.260/2011-TCU-Plenário’. Importante ressaltar que, até a presente data, o edital continua

suspenso pelo Dnit.

b) cotação do insumo dope em desacordo com a IS 15/2006 do Dnit.

Verificou-se que o insumo adesivo melhorador de adesividade (dope), que não consta do

Sicro 2, não apresenta as cotações necessárias para justificar o preço adotado no orçamento do

Edital 508/2011-19.

De acordo com o normativo do Dnit, IS 15/2006 - Rotina de procedimentos complementares

para a elaboração de projetos de infraestrutura terrestre, item 1.4.1.4.2-d, páginas 6-7, quando não

houver referência de preço de insumo no Sicro 2, devem ser realizadas, pelo menos, três cotações

para subsidiar o valor a ser adotado no orçamento, nos seguintes termos:

‘(...)

pesquisa de mercado (para equipamentos e materiais utilizados) em consonância com

metodologia estabelecida no Anexo 1 do Manual de Custos Rodoviários. Devem ser incluídas, no vol.

4, pelo menos, 3 (três) cotações de cada item não constante do Sicro 2, devidamente atestadas pela

Superintendência Regional encarregada da fiscalização da execução do projeto, identificando-se a

fonte das informações;

(...)’

O fato merece ser registrado devido à discrepância verificada entre o valor do insumo

adotado no primeiro orçamento do projeto, que era de R$ 4.500,00/t (março/2010), e o valor utilizado

na atualização do orçamento (julho/ 2011), que aumentou para R$ 31.445,00/t (vide volume 4 -

Orçamento atualizado, p. 216).

Tendo em vista tal discrepância e em face de o Sicro 2 não dispor de referência para esse

insumo, primeiramente, a equipe de fiscalização buscou, no projeto executivo, as cotações exigidas

para tal situação. Entretanto, consta somente uma cotação, que corresponde ao preço paradigma do

orçamento.

Depois, a equipe de fiscalização buscou informações em outros sistemas oficiais de preços

(Departamento de Estradas e Rodagem no Espírito Santo - DER/ES, Departamento de Estradas e

Rodagem em São Paulo - DER/SP, Secretaria de Infraestrutura do Estado do Ceará - Seinfra/CE),

para subsidiar a avaliação da adequação do preço de referência adotado no orçamento atualizado.

Os valores registrados nesses referenciais variam de R$ 15.000,00/t até 25.000,00/t (julho/2011).

Apesar de os valores pesquisados apresentarem uma elevação nos preços nesse período,

verifica-se que todos ficaram significativamente abaixo do valor adotado no orçamento de Edital.

A título ilustrativo, a equipe de fiscalização realizou cotação atual, junto ao mercado e se

obteve o valor de R$ 12.029,00/t (abril/2012).

Com a finalidade de obter esclarecimentos, o Dnit foi questionado, mediante Ofício 02-

255/2012-TCU-SECOB-2. Em resposta, a Autarquia encaminhou o Ofício SR-MS/DNIT 742/2012,

com a seguinte informação: ‘Dentre as correções a serem efetuadas nos respectivos projetos está

prevista a cotação do dope nas distribuidoras de asfalto autorizadas pela ANP que estão sendo

utilizadas no projeto’.

3.2.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado: (IG-C) - Edital 508/2011-19, 2/1/2012, CONCORRÊNCIA, Obras de Revitalização

(Recuperação, Restauração e Manutenção) CREMA 2.

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354

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Etapa, na Rodovia BR-163/MS - Segmento: km 732,1 ao km 847,2, Extensão: 115,1 km.

Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 5.973.017,27.

3.2.4 - Causas da ocorrência do achado: Insuficiência de recursos humanos e materiais e deficiência de controles internos. Como o

achado decorre de erros identificados no projeto executivo, especificamente quanto à falta de estudos

de viabilidade técnica e econômica para identificar possíveis jazidas de material mineral a serem

empregadas nas obras e à falta de cotação de insumo importante, entende-se que as causas prováveis

possam ser a insuficiência de recursos humanos e materiais, para fazer os estudos e cotações para

fundamentar as decisões existentes no projeto executivo de engenharia, bem como deficiência de

controles internos.

3.2.5 - Critérios: Acórdão 268/2003, item 9.2.1, Tribunal de Contas da União, Plenário

Acórdão 3260/2011, item 9.1.3, Tribunal de Contas da União, Plenário

Acórdão 3260/2011, item 9.1.2 , Tribunal de Contas da União, Plenário

Acórdão 796/2012, item 9.1.1, Tribunal de Contas da União, Plenário

Instrução Normativa 1/2007, MT, art. 4º

Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 6º, inciso X; art. 7º, § 1º; art. 7º, § 2º; art. 7º, caput ;

art. 12; art. 40, § 2º, inciso I; art. 40, capu

Instrução de Serviço 15/2006 -item 1.4.1.4.2 , Elaboração de projeto básico - DNIT

Resolução 237/1977, Conama, art. 2º; art. 3º; art. 8º

3.2.6 - Evidências: Projeto executivo de engenharia-volume 4 -orçamento atualizado-página 8, folha 8.

CPU_brita_produzida, folha 1.

Projeto executivo de engenharia-volume 4-orçamento atualizado, p. 206- cotação, folha 206.

Projeto executivo de engenharia-volume 4-orçamento atualizado- p.216 - cotação, folha 216.

Oficios_DNIT_393_2012_AUDINT_SR_MS_742_2012_SR_MS_630_2012, folha 3.

Aviso_edital0508_11-19_0, folha 2.

IS 15 2006_Rotina de Proc, folhas 6/7.

3.2.7 - Conclusão da equipe:

O projeto em questão apresenta as impropriedades já evidenciadas, demonstrando que não

atende aos requisitos constantes no art. 6º, IX, da Lei 8.666/93. Os principais pontos encontrados

foram:

a) ausência de estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que poderia ser

explorada para as obras; e

b) cotação do insumo dope em desacordo com a IS 15/2006 do Dnit.

No que se refere à ausência de estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que

poderia ser explorada para as obras, destaca-se que o mapeamento das jazidas e os respectivos

estudos de fontes de materiais não comerciais são importantes para a economicidade da escolha dos

insumos minerais. Sua ausência no projeto executivo do Edital 508/2011-19, bem como o motivo da

suspensão do edital pelo Dnit, indica que não foram realizados os estudos de jazidas necessários para

subsidiar a escolha adotada no projeto de brita comercial.

Ressalta-se, ainda, que a realização de tais estudos já foi objeto de determinação exarada ao

Dnit, no âmbito do Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, para que mantivesse essa observância em

todos os projetos de Crema 2ª Etapa. Inclusive, nesse Acórdão, foi prevista determinação específica

para os casos em que o projeto de engenharia já estivesse aprovado. E para essa situação, o Dnit

deveria consignar nos respectivos editais e minutas de contrato a informação de que seriam

realizados tais estudos, inclusive com a possibilidade de reflexos econômicos nos eventuais contratos

celebrados e o devido reestabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro da avença.

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355

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Além disso, como demonstrado no corpo do relatório, a diferença encontrada entre o custo

total da brita comercial e da brita produzida a ser empregada na obra é de R$ 5.973.017,27, a preços

de julho/2011.

Dessa forma, propõe-se que seja determinado ao Dnit que, previamente à reedição do Edital

508/2011- 19, inclua no corpo do instrumento licitatório e na respectiva minuta de contrato, a

informação de que, em cumprimento ao item 9.1.3 do Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, serão

realizados ensaios, cálculos e laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico-econômica da

utilização de pedreiras, areais e cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização da respectiva

obra e que não possuam licenciamento ou lavra concedidas e, se for o caso, serão adotadas as

providências necessárias para o reestabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos

eventualmente celebrados, modificando-se as fontes de aquisição dos insumos previstas originalmente

no projeto, bem como se alterando os respectivos preços dos serviços envolvidos.

Com referência à falta de cotações para o insumo dope, o Dnit, instado a se manifestar

formalmente, apresentou a seguinte declaração: ‘Dentre as correções a serem efetuadas nos

respectivos projetos está prevista a cotação do dope nas distribuidoras de asfalto autorizadas pela

ANP que estão sendo utilizadas no projeto Crema 2ª Etapa.’.

Assim, propõe-se que seja determinado ao Dnit que, na reedição do Edital 508/2011-19,

apresente as cotações para o insumo dope, em conformidade com o estabelecido na IS 15/2006 do

Dnit, que justifiquem o preço a ser adotado no orçamento de referência.

Não obstante a gravidade das irregularidades apontadas, considerando-se que o edital de

licitação auditado está suspenso por iniciativa do próprio Dnit e que os indícios de irregularidade

apontados podem ser sanados de ofício pela Autarquia, não se considera necessária a

responsabilização dos gestores identificados, por enquanto.

4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS É importante registrar que houve publicação recente de duas portarias pelo Dnit que

reduziram o valor do BDI nos orçamentos referenciais de suas licitações.

A situação vigente, na publicação do Edital 508/2011-19, antes da emissão das duas

portarias, era a seguinte: o BDI incidente sobre os serviços de engenharia era de 27,84%, inclusive

nos itens de transportes de materiais betuminosos. Somente nos serviços de aquisição de materiais

betuminosos incidia o BDI diferenciado de 15%.

A Portaria-Direx/Dnit 42, de 17 de janeiro de 2012, reduziu o valor do BDI, até então

vigente, de 27,84% para 26,7%, que deveria ser adotado nos orçamentos das obras de engenharia do

Dnit, a partir de 1º/2/2012.

A Portaria-Direx/Dnit 319, de 3 de abril de 2012, ampliou a utilização de BDI diferenciado

de 15% para os itens de Transportes de Materiais Betuminosos, que até então se adotava o mesmo

BDI utilizado para o restante dos serviços (27,84%), a partir de 1º/5/2012.

Além disso, a Portaria-Direx/Dnit 319 determinou que as licitações cujos projetos ainda não

tivessem atendido as alterações definidas pela Portaria-Direx/Dnit 42/2012, poderiam ser realizadas

com o BDI anterior de 27,84%, até 30 de abril de 2012. A partir de 1º/5/2012, o BDI a ser adotado

deve ser de 26,7%.

Em face da existência dessas duas portarias, a equipe de auditoria provocou o Dnit a se

manifestar formalmente sobre o assunto. Em resposta, a Autarquia, mediante Ofício SR-MS/SNIT

742/2012, informou que o Edital 508/2011-19 foi suspenso visando algumas correções, sendo que

entre elas estaria o atendimento às duas portarias.

Assim, as alterações que o Dnit se prontificou a realizar na republicação do Edital 508/2011-

19, relativas à BDI, são as seguintes:

BDI de 27,84% para 26,7% para os serviços de engenharia, em atendimento à Portaria-

Direx/Dnit 42/2012; e

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356

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

BDI de 27,84% para BDI diferenciado de 15% para os itens de transporte de materiais

betuminosos, em atendimento à Portaria-Direx/Dnit 319.

Por fim, destaca-se que o Exmo. Sr. Ministro-Relator Augusto Nardes é responsável pelas

fiscalizações de obras no estado de Mato Grosso do Sul, conforme Lista de Unidades Jurisdicionadas

LUJ 2011/2012.

5 - CONCLUSÃO As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:

Questão 2 Projeto executivo deficiente ou desatualizado. (item 3.2)

Questões 4 e 5 Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado. (item 3.1)

Com relação ao achado de projeto executivo deficiente ou desatualizado, verificou-se que não

foram realizados os estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que poderia ser explorada

para as obras. O mapeamento das jazidas e os respectivos estudos de fontes de materiais não

comerciais são importantes para a economicidade da escolha dos insumos minerais. Especificamente,

neste caso, a adoção da brita produzida representaria uma economia de R$ 5.973.017,27 (jul/2011).

Além disso, o recente Acórdão 3.260/2011-Plenário- TCU traz determinações ao Dnit, com

reflexos nas obras do Crema 2ª Etapa, para que realize tais estudos para subsidiar a escolha do

material pétreo adotado na obra (comercial ou produzido). Inclusive, no item 9.1.3 do referido

Acórdão, há determinação específica para os casos de projetos já aprovados.

Provocado formalmente, o Dnit publicou a suspensão do Edital 508/2011-19, no DOU

(3/4/2012), informando que a suspensão visa à possibilidade de atender ao Acórdão 3.260/2011-

Plenário-TCU.

Assim, considerando-se que o edital continua suspenso, propõe-se que seja determinado ao

Dnit que, na reedição do edital, atenda à determinação contida no item 9.1.3 do Acórdão 3.260/2011-

Plenário-TCU.

Por fim, instado a se manifestar formalmente quanto à insuficiência de cotação para o

insumo dope, o Dnit informou que está prevista a realização de cotação do dope nas distribuidoras de

asfalto autorizadas pela ANP, que estão sendo utilizadas no projeto Crema 2ª Etapa.

Assim, propõe-se que seja determinado ao Dnit que, na reedição do Edital 508/2011-19,

apresente as cotações para o insumo dope, em conformidade com o estabelecido na IS 15/2006.

Com relação ao achado de sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado, em especial

nas composições dos serviços de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e CBUQ-binder, o prejuízo

potencial é de R$ 2.297.836,54 (jul/2011).

As falhas que contribuíram para esse sobrepreço foram:

a) superestimativa de dope nas composições de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e de

CBUQ-binder;

b) incorreção nos preços do transporte de areia comercial do areal até a usina de asfalto, nas

composições de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e binder; e

c) previsão de origem de materiais em locais distantes da obra.

No que se refere aos itens ‘a’ e ‘b’, se as falhas não forem corrigidas, podem acarretar

prejuízo ao erário da ordem de R$ 857.504,33.

Instado a se manifestar formalmente, o Dnit informou que faria as devidas correções.

Apesar do posicionamento da Autarquia, não houve ainda a reedição do Edital com as

devidas correções. Assim, propõe-se que seja determinado ao Dnit que promova as correções das

impropriedades nas respectivas composições de preços unitários.

Quanto ao item ‘c’, a falha refere-se à previsão de origem de materiais em locais distantes da

obra, com contribuição de R$ 1.440.332,21 para o sobrepreço global.

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357

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Nesse caso, o Dnit alega que o procedimento segue a Portaria/Dnit 349/2010 e que adota os

preços praticados pelas distribuidoras de asfalto, divulgados pela ANP, sendo que a distribuidora de

material asfáltico de Campo Grande não estaria relacionada pela ANP.

Assim, entende-se pertinente dar ciência à Autarquia de que o orçamento de referência do

Edital 508/2011-19 considera a aquisição dos insumos betuminosos em localização que não resulta no

menor custo, decorrente da combinação dos custos de aquisição, de disponibilidade e de transporte,

que contraria ao estabelecido no art. 3º da Lei de Licitações e ao princípio da economicidade,

expresso no art. 70 da Constituição Federal de 1988.

Por fim, é importante registrar que o Dnit publicou recentemente duas portarias que

reduziram o valor do BDI nos orçamentos referenciais de suas licitações.

A situação vigente, na publicação do Edital 508/2011-19, antes da emissão das duas

portarias, era a seguinte: o BDI incidente sobre os serviços de engenharia era de 27,84%, inclusive

nos itens de transportes de materiais betuminosos. Somente nos serviços de aquisição de materiais

betuminosos incidia o BDI diferenciado de 15%.

A Portaria-Direx/Dnit 42, de 17 de janeiro de 2012, reduziu o valor do BDI, até então

vigente, de 27,84% para 26,7%, que deveria ser adotado nos orçamentos das obras de engenharia do

Dnit, a partir de 1º/2/2012.

A Portaria-Direx/Dnit 319, de 3 de abril de 2012, ampliou a utilização de BDI diferenciado

de 15% para os itens de Transportes de Materiais Betuminosos, que até então se adotava o mesmo

BDI utilizado para o restante dos serviços (27,84%), a partir de 1º/5/2012.

Além disso, a Portaria-Direx/Dnit 319/2012 determinou que as licitações cujos projetos

ainda não tivessem atendido as alterações definidas pela Portaria-Direx/Dnit 42/2012, poderiam ser

realizadas com o BDI anterior de 27,84%, até 30 de abril de 2012. A partir de 1º/5/2012, o BDI a ser

adotado deve ser de 26,7%.

Em face da existência dessas duas portarias, a equipe de auditoria provocou o Dnit a se

manifestar formalmente sobre o assunto. Em resposta, a Autarquia, mediante Ofício SR-MS/SNIT

742/2012, informou que o Edital 508/2011-19 foi suspenso visando algumas correções, sendo que

entre elas estaria o atendimento às duas portarias.

As alterações que o Dnit se prontificou a realizar na republicação do Edital 508/2011-19,

relativas a BDI, são as seguintes:

- BDI de 27,84% para 26,7% para os serviços de engenharia, em atendimento à Portaria-

Direx/Dnit 42/2012; e

- BDI de 27,84% para BDI diferenciado de 15% para os itens de transporte de materiais

betuminosos, em atendimento à Portaria-Direx/Dnit 319/2012.

Assim, propõe-se que seja determinado ao Dnit, que na republicação do Edital 508/2011-19,

adota no orçamento-base do Edital 508/2011-19, em face do princípio da legalidade, os novos

percentuais de BDI estipulados pelas Portarias-Direx/Dnit 42/2012 e 319/2012.

Não obstante a gravidade das irregularidades apontadas, considerando-se que o edital de

licitação auditado está suspenso por iniciativa do próprio Dnit e que os indícios de irregularidades

apontados podem ser sanados de ofício pela Autarquia, não se considera necessária a

responsabilização dos gestores identificados, por ora.

O projeto utilizado como base para o Edital 508/2011-19 representa potencial prejuízo ao

erário de R$8.270.853,81 (jul/2011), sendo R$2.297.836,54 referente a indícios de sobrepreço no

orçamento e R$5.973.017,27 referente a projeto executivo deficiente.

Além disso, entre os benefícios não quantificáveis verificados nesta fiscalização pode-se

mencionar o aprimoramento da gestão de projetos, a melhoria nos controles internos e o aumento na

expectativa do controle.

6 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

Proposta da equipe

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358

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Sr.

Ministro Relator Augusto Nardes, com as seguintes propostas:

Ciência do órgão

Dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de que o

orçamento de referência da licitação 508/2011-19 considera a aquisição dos insumos betuminosos em

localização que não resulta no menor custo decorrente da combinação dos custos de aquisição, de

disponibilidade e de transporte, atentando ao estabelecido no art. 3º da Lei de Licitações e ao

princípio da economicidade expresso no art. 70 da Constituição Federal de 1988 e que pode

representar prejuízo estimado de R$ 1.440.332,21 (jul/2011). (3.1)

Determinação

Determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com base no

artigo 45 da Lei 8.443/92 c/c artigo 251 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, que,

anteriormente à retomada do Edital 508/2011-19:

a) inclua, no corpo do instrumento licitatório e na respectiva minuta de contrato que, em

cumprimento ao item 9.1.3 do Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, o Dnit realizará ensaios, cálculos e

laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico-econômica da utilização de pedreiras, areais e

cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização das obras e que não possuam licenciamento ou

lavra concedida, identificadas no site do DNPM, mas que possam ser objeto de prévio bloqueio dessas

jazidas, junto ao DNPM, ou que possuam menor distância de transporte, e que tais medidas serão

adotadas no prazo de até 90 (noventa) dias após a emissão das ordens de serviço e, se for a hipótese,

serão adotadas as providências necessárias para o reestabelecimento do equilíbrio econômico-

financeiro dos contratos eventualmente celebrados, modificando-se as fontes de aquisição dos

insumos previstas originalmente no projeto, bem como se alterando os respectivos preços dos serviços

envolvidos; (3.2)

b) promova as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso

Usinado a Quente-AB-08 - capa de rolamento - execução (5 S 02 540 51):

b.1 adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de

forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva

aquisição do insumo; (3.1)

b.2) adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do

areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada

(1 A 00 001 91). (3.1)

c) promova as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso

Usinado a Quente-binder - execução (5 S 02 540 52):

c.1) utilize o valor de 0,00006 t como coeficiente de consumo de aditivo melhorador de

adesividade, em conformidade aos critérios previstos no projeto executivo de engenharia do Edital

508/2011-19 (dope); (3.1)

c.2) adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de

forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva

aquisição do insumo; (3.1)

c.3) adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do

areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada

(1 A 00 001 91). (3.1)

d) apresente as cotações de preços realizadas para o insumo aditivo melhorador de

adesividade (dope), conforme o estabelecido na IS 15/2006-DNIT, que justifiquem o preço adotado no

orçamento de referência do Edital 508/2011-19. (3.2)

e) adote no orçamento do Edital 508/2011-19, em face do princípio da legalidade, os novos

percentuais de BDI estipulados pelas Portarias-Direx/Dnit 42/2012 e 319/2012.”

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359

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2. O Assessor da 3ª Divisão Técnica da Secob-2 e o Titular daquela unidade técnica

especializada puseram-se de acordo com o encaminhamento proposto no Relatório de Auditoria.

É o Relatório.

VOTO

Como visto precedentemente, trago à apreciação deste Plenário o Relatório de Auditoria

realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com o intuito de fiscalizar

o processo de licitação do Programa de Contratação, Restauração e Manutenção por Resultados de

Rodovia Federais Pavimentadas (CREMA - 2ª Etapa), na BR-163/MS – lote 3 – km 732,1 ao km

847,2, objeto do Edital nº 508/2011-19.

2. Consoante se depreende do Relatório reproduzido, a Concorrência nº 508/2011-19 foi

suspensa por decisão do Dnit, com vistas ao atendimento, por parte da Superintendência Regional da

Autarquia, no Estado de Mato Grosso, ao item 9.1.2 do Acórdão nº 3.260/2011 – TCU – Plenário, que

assim prescreveu:

“9.1. determinar ao Dnit que:

(...)

9.1.2. realize ensaios, cálculos e laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico/econômica

da utilização de pedreiras, areais e cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização das obras e

que não possuam licenciamento ou lavra concedida, identificados no site do Departamento Nacional

da Produção Mineral, mas possam ser objeto de prévio bloqueio das jazidas junto ao DNPM, ou que

possuam menor distância de transporte.”

3. O modelo contratual CREMA é uma forma de descentralização a terceiro, pelo Dnit,

mediante um único contrato que engloba todas as ações de restauração e conservação de trechos

rodoviários. Em regra, seu objeto consiste em intervenções destinadas a consertar buracos, na fase

inicial do contrato, de forma a assegurar condições mínimas de trafegabilidade aos usuários da

rodovia. Esta 1ª etapa, conforme descrito no relatório, não atinge a estrutura do pavimento. As obras de

recuperação funcional e estrutural de todo o trecho, baseadas em catálogos de soluções pré-definidas,

preordenadas a dotar a via de estrutura capaz de suportar o tráfego por um período, em geral, de dez

anos, também integram esta etapa, que tem sua duração limitada a três anos.

4. A segunda etapa, que compreende a manutenção da pista e dos acostamentos, bem como a

conservação da faixa de domínio, dos elementos de drenagem e de sinalização estendem-se por todo o

resto do contrato (cinco anos).

5. Os trabalhos de fiscalização, cujos resultados se aprecia, trouxeram os seguintes achados de

auditoria:

i. sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado (IGC);

ii. projeto executivo deficiente ou desatualizado.

6. O indício de sobrepreço global apurado na auditoria montou a R$2.297.836,54,

correspondente a 2,6% do orçamento de referência do Edital nº 508/2011-19. As irregularidades

decorreram de falhas na planilha orçamentária elaborada para a realização das obras de revitalização

(recuperação, restauração e manutenção – CREMA 2ª etapa), na BR-163, e referem-se às seguintes

irregularidades, às quais já foram minudentemente detalhadas no relatório precedente, senão vejamos:

“a) quantificação superestimada de aditivo melhorador de adesividade (dope) nas

composições de preços unitários (CPU) de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) para as

camadas de capa e rolamento (AB-08) e de binder;

b) incorreção nos preços de transporte da areia comercial do areal até a usina de asfalto, nas

CPU de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento de CBUQ-binder;

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360

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) previsão da origem de materiais asfálticos em locais mais distantes da obra do que o

necessário.”

7. Como se pode perceber, as impropriedades apontadas têm o cerne gravitando em torno da

aquisição de materiais asfálticos em localidades mais distantes da obra. Também foi identificado o

consumo superestimado de corretivo de superadesividade (dope) nas composições de preços unitários

de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) para as camadas de capa (AB – 08) e de binder.

Vale esclarecer que o dope é um insumo utilizado para aumentar a adesividade entre os agregados

graúdos e o cimento asfáltico de petróleo – CAP.

8. Ademais, verificou-se inadequação dos preços de transporte de areia até a usina de asfalto.

9. Chamado a manifestar-se formalmente acerca destas questões, o Dnit informou que adota os

procedimentos previstos na Portaria/Dnit 349/2010, quanto à definição dos locais de aquisição de

materiais asfálticos. Outrossim, esclareceu que acolhe os preços praticados pelas distribuidoras de

asfalto, divulgados pela ANP, e que a distribuidora localizada em Campo Grande/MS (localidade mais

próxima da obra) não estaria relacionada por aquela Agência.

10. Historiado brevemente, tenho, nesse contexto, por acertado o encaminhamento proposto

pela equipe de auditoria, o qual foi encampado pelo dirigente da Secob-2. Com efeito, a questão já se

encontra dirimida e pacificada na jurisprudência do Tribunal, não havendo razão para inovar a

respeito.

11. Este Plenário, mediante o Acórdão nº 812/2011, do Plenário, pontificou que o orçamento-

base considera a aquisição dos insumos betuminosos em localização que não resulta no menor custo

decorrente da combinação dos custos de aquisição, de disponibilidade e de transporte.

12. Outrossim, diante da circunstância de encontrar-se o Edital nº 508/2011-19 suspenso, por

iniciativa do próprio Dnit, e de que os indícios mencionados podem ser saneados pela Autarquia, a

solução alvitrada atende plenamente os fins do processo.

13. No que concerne à deficiência do projeto executivo – o outro achado levantado pela equipe

de auditoria -, presta-se o mesmo argumento aduzido no parágrafo anterior. Para tanto, vejamos as

impropriedades que caracterizam os vícios apontados no projeto:

a) ausência de estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que poderia ser explorada

para as obras;

b) cotação do insumo dope em desacordo com a IS 15/2006 do Dnit.

14. Estas questões, de igual modo, foram objeto de manifestação do Dnit e de circunstanciada

análise técnica efetuada pela equipe de auditoria, tal como consignado no relatório de auditoria

reproduzido.

15. Como se verifica, a ausência dos estudos aludidos acima já foi objeto de determinação no

Acórdão nº 3.260/2011, também do Tribunal Pleno, em seu subitem 9.1.3, e deverá integrar o Edital nº

508/2011 – 19 e a respectiva minuta contratual, quando de sua retomada, na forma proposta pela

equipe de auditoria, em seu relatório, cujo teor acolho integralmente no acórdão que proponho.

16. Da mesma forma, encampo a determinação corretiva referente à adoção das cotações de

dope em conformidade com o estabelecido na IS 15/2006 do Dnit, por ocasião da reedição do aludido

Edital nº 508/2011 – 19, de molde a justificar o preço a ser adotado no orçamento de referência.

17. Conforme registrou a equipe de auditoria, o Dnit editou, recentemente, duas portarias que

reduziram os valores do BDI praticado nos orçamentos referenciais de suas licitações.

18. Destarte, na iminência de ser republicado o Edital nº 508/2011-19, então suspenso, e agora

com as devidas correções que se mostraram pertinentes, o Dnit prontificou-se a incluir no novo

instrumento convocatório as alterações advindas das mencionadas portarias, quais sejam:

i. Portaria Direx/Dnit 42/2012: redução do BDI de 27,84% para 26,7% para os serviços de

engenharia; e

Page 361: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

361

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ii. Portaria Direx/Dnit 319: BDI diferenciado de 15% para os itens de Transporte de Materiais

Betuminosos.

19. Ressalte-se a Portaria Direx/Dnit 42/2012 estabeleceu o BDI de 26,7% nos orçamentos das

obras de engenharia do Dnit, a partir de 1º/2/2012. Por sua vez, a Portaria Direx/Dnit 319 ampliou a

utilização do BDI diferenciado de 15% para o item Transporte de Materiais Betuminosos, a partir de

1º/5/2012.

20. Em que pese o Dnit haver se manifestado formalmente, mediante o Ofício SR-MS/SNIT

742/2012, a respeito das aludidas portarias, inclusive no sentido de que o teor de ambas seria acolhido

dentre as alterações procedidas no Edital nº 508/2011-19, a ser reeditado, não vejo óbices a que este

Tribunal determine que a Autarquia assim o faça, tal como sugeriu a equipe de auditoria, em sua

proposta de encaminhamento.

21. Feitas estas considerações, manifesto minha integral anuência às proposições da Secob 2,

na forma do Acórdão que proponho em anexo.

Ante todo o exposto, VOTO por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto a este

Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

AUGUSTO NARDES

Relator

ACÓRDÃO Nº 2227/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 006.936/2012-1.

2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.

3. Interessados/Responsáveis:

3.1. Interessado: Congresso Nacional.

4. Órgão: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

5. Relator: Ministro Augusto Nardes.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 2ª Secretaria de Fiscalização de Obras (SECOB-2).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

Vistos, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria realizada no Departamento

Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com o objetivo de fiscalizar o processo de licitação

das obras de revitalização - Crema 2ª Etapa - da BR 163/MS - lote 3 - km 732,1 ao km 847,2.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões

expostas pelo Relator, ACORDAM em:

9.1. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de que o

orçamento de referência da licitação 508/2011-19 considera a aquisição dos insumos betuminosos em

localização que não resulta no menor custo decorrente da combinação dos custos de aquisição, de

disponibilidade e de transporte, contrariando ao estabelecido no art. 3º da Lei de Licitações e ao

princípio da economicidade expresso no art. 70 da Constituição Federal de 1988, podendo representar

prejuízo estimado de R$ 1.440.332,21 (jul/2011);

9.2. com base no art. 45 da Lei nº 8.443/1992 c/c o art. 251 do Regimento Interno do Tribunal

de Contas da União, determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)

que, precedentemente à retomada do Edital nº 508/2011-19:

9.2.1. em cumprimento ao item 9.1.3 do Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, inclua no ato

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362

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

convocatório e na respectiva minuta de contrato de condição/cláusula segundo a qual resulte

esclarecido que o Dnit realizará ensaios, cálculos e laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico-

econômica da utilização de pedreiras, areais e cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização das

obras e que não possuam licenciamento ou lavra concedida, identificadas no site do DNPM, mas que

possam ser objeto de prévio bloqueio dessas jazidas, junto ao DNPM, ou que possuam menor distância

de transporte, e que tais medidas serão adotadas no prazo de até 90 (noventa) dias após a emissão das

ordens de serviço e, se for a hipótese, serão adotadas as providências necessárias para o

reestabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos eventualmente celebrados,

modificando-se as fontes de aquisição dos insumos previstas originalmente no projeto, bem como se

alterando os respectivos preços dos serviços envolvidos;

9.2.2. efetue as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso

Usinado a Quente-AB-08 - capa de rolamento - execução (5 S 02 540 51):

9.2.2.1. adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de

forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva

aquisição do insumo;

9.2.2.2. adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do

areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada (1

A 00 001 91);

9.2.3. efetue as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso

Usinado a Quente-binder - execução (5 S 02 540 52):

9.2.3.1. utilize o valor de 0,00006 t como coeficiente de consumo de aditivo melhorador de

adesividade, em conformidade aos critérios previstos no projeto executivo de engenharia do Edital

508/2011-19 (dope);

9.2.3.2. adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de

forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva

aquisição do insumo;

9.2.3.3. adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do

areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada (1

A 00 001 91);

9.2.4. apresente as cotações de preços realizadas para o insumo aditivo melhorador de

adesividade (dope), conforme o estabelecido na IS 15/2006-DNIT, que justifiquem o preço adotado no

orçamento de referência do Edital 508/2011-19;

9.2.5. em face do princípio da legalidade, adote, no orçamento do Edital 508/2011-19, os

novos percentuais de BDI estipulados pelas Portarias-Direx/Dnit 42/2012 e 319/2012;

9.3. dar ciência deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamentam, à

Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2227-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar

Rodrigues, Augusto Nardes (Relator), Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio

Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

AUGUSTO NARDES

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363

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO II – CLASSE I – Plenário

TC 013.012/2006-8

Natureza: Embargos de Declaração em Relatório de Levantamento.

Unidade: Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras.

Responsáveis: José Orlando Melo de Azevedo (123.807.255-00); Paulo Cesar Cardoso Cavaco

(191.596.097-53).

Interessado: Congresso Nacional.

Advogado constituído nos autos: Bruno Henrique de Oliveira Ferreira – OAB/DF 15.345.

Sumário: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONTRA DETERMINAÇÕES DO

ACÓRDÃO. CONHECIMENTO. EXCLUSÃO DO ITEM 9.2.1 DA DETERMINAÇÃO.

MANUTENÇÃO DOS DEMAIS ITENS EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE OMISSÃO,

OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. CIÊNCIA. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

A empresa Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras opôs embargos de declaração contra o Acórdão

1.765/2012-Plenário, de 11/7/2012, que tratou de auditoria realizada para verificar regularidade das

ações de manutenção e recuperação dos sistemas de produção de óleo e gás natural na região Sudeste,

no qual foram exaradas as seguintes determinações:

“9.2.1 abstenha-se de efetuar pagamento de adicional de periculosidade sem que haja laudo

pericial elaborado especificamente para a empresa cujos funcionários serão beneficiados;

9.2.3 revise os contratos celebrados anteriormente à vigência da Lei 8.666/93 sem realização

de procedimento licitatório, nos quais não tenham sido apresentadas justificativas de preço para sua

dispensa e não tenham sido determinados o valor e o prazo;

9.2.4 submenta à apreciação prévia de seu departamento jurídico os contratos, acordos,

convênio e ajustes celebrados pela empresa e suas alterações.”

2. Irresignada com a decisão apresentou a seguinte peça recursal:

“PETROLEO BRASILEIRO S.A. – PETROBRAS, sociedade de economia mista com sede

na cidade do Rio de Janeiro a Av.República do Chile, nº 65, inscrita no CNPJ, fl. 0 33.000.167/0001-

01, por seu procurador infrafirmado, vem a douta presença de V. Exa., nos termos do art. 287 do

Regimento Interno do TCU, opor

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

em face dos itens 9.2.1, 9.2.3 e 9.2.4 do Acórdão nº 1.765/2012 – TCU – Plenário, a fim de que

sejam esclarecidas obscuridades e omissões nas determinações do presente recurso, consoante as

razões adiante expostas.

DA DECISAO EMBARGADA

Em sessão realizada em 11/07/2012, este Eg. Tribunal de Contas da União assim determinou

nos itens 9.2.1, 9.2.3 e 9.2.4 do Acórdão no 1.765/2012 — TCU – Plenário:

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364

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator (...), em:

9.2. determinar a Petróleo Brasileiro S/A que:

9.2.1 abstenha-se de pagar adicional de periculosidade sem que haja laudo pericial elaborado

especificamente para a empresa cujos funcionários serão beneficiados;

(...)

9.2.3 revise os contratos celebrados anteriormente a vigência da Lei 8.666/1993 sem realização

de procedimento licitatório, nos quais não tenha sido apresentadas justificativas de preço para sua

dispensa e não tenham sido determinados o valor e o prazo;

9.2.4 submeta a apreciação prévia de seu departamento jurídico os contratos, acordos,

convênios e ajustes celebrados pela empresa e suas alterações Conforme será demonstrado a seguir, as

determinações acima transcritas contém omissões e obscuridades, que merecem ser esclarecidas,

conforme as razões de direito e de fato a seguir aduzidas.

DO ITEM 9.2.1 – ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

A expressão “abstenha-se de pagar adicional de periculosidade” e obscura, eis que a

PETROBRAS, inclusive na hipótese que gerou o presente comando, não pagou diretamente adicional

de periculosidade aos empregados, mas sim negociou com a empresa contratada um aditivo de valor,

para fazer frente ao pagamento de adicional de insalubridade dos empregados dessa contratada, que

prestava serviços a PETROBRAS.

Assim sendo, não há que se falar em abstenção de pagamento de adicional de periculosidade,

eis que não houve o pagamento direto desse ressarcimento aos empregados pela PETROBRAS.

Além disso, a determinação em referência contém obscuridade quando ordena, a contrario

sensu, que seja elaborado laudo pericial especificamente para a empresa cujos funcionários serão

beneficiados.

Ora, no bojo da parte expositiva do Acórdão, há referência à legislação vigente, que teria

fundamentado essa exigência de laudo pericial elaborado especificamente para a empresa cujos

funcionários serão beneficiados pelo pagamento do adicional.

Porém, diferentemente do que fora determinado por esse Tribunal, o art. 195 da CLT refere-se

à caracterização e classificação ou delimitação de atividades insalubres ou perigosas, não sendo

exigido, por forca desse dispositivo legal, que o laudo pericial seja elaborado especificamente para

cada empresa.

Assim sendo, faz-se necessário esclarecimento com relação ao tema, a fim de que essa Colenda

Corte de Contas indique a legislação vigente que fundamenta a deterrninação exarada.

DOS ITENS 9.2.3 (REVISÃO DE CONTRATOS) E 9.2.4 (SUBMISSÃO À

APRECIAÇÃO PRÉVIA DO DEPARTAMENTO JURÍDICO DOS CONTRATOS, ETC.)

O voto que fundamentou as determinações ora em exame assim se manifestou:

“A segunda diz respeito ao Contrato 101.2.020.90-0 celebrado entre a Petrobras e sua

subsidiária ha mais de 16 anos, à época da realização da auditoria em 2006, sem realização de

licitação, sem fixação de valores e prazos e sem apresentação de justificativa de preços para sua

dispensa.(..).

A terceira aponta a celebração de aditivo, no Contrato 4500112774, que prescindiu da

apreciação do Departamento Jurídico da Companhia, indo de encontro ao art. 38, parágrafo Único, da

Lei 8.666193.

Observe-se que nas duas últimas irregularidades apontadas acima, além de ferir os princípios

previstos na Constituição Federal e a Lei 8.666193, que no entender deste Tribunal regem as

contratações com a administração pública, a Petrobras infringiu também o regulamento que

entende deva ser aplicado a ela, o Decreto 2.745198, Procedimento Licitatório Simplificado no

âmbito da Petrobras.” (grifos e negritos nossos)

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365

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ora, há evidente obscuridade nos fundamentos utilizados para imposição das determinações

exaradas, eis que nem o voto nem Os próprios comandos especificam qual ou quais artigos do Decreto

nº 2.745/98 teriam sido supostamente infringidos. CONSIDERACÕES FINAlS

Ante o exposto, espera e confia a Embargante seja conhecido e provido o presente recurso, a

fim de que sejam esclarecidas as questões ora apresentadas, conforme as razões e fundamentos acima

expostos.”

É o Relatório.

VOTO

Trago à apreciação deste Plenário embargos de declaração opostos pela empresa Petróleo

Brasileiro S.A. – Petrobras contra o Acórdão 1.765/2012-Plenário, de 11/7/2012, que tratou de

auditoria realizada para verificar regularidade das ações de manutenção e recuperação dos sistemas de

produção de óleo e gás natural na região Sudeste.

2. Preliminarmente, conheço dos embargos de declaração por tempestivos.

3. A embargante alega a ocorrência de obscuridade e omissões nos itens 9.2.1, 9.2.3 e 9.2.4 do

Acórdão, que exarava as seguintes determinações:

“9.2.1 abstenha-se de efetuar pagamento de adicional de periculosidade sem que haja laudo

pericial elaborado especificamente para a empresa cujos funcionários serão beneficiados;

9.2.3 revise os contratos celebrados anteriormente à vigência da Lei 8.666/93 sem realização

de procedimento licitatório, nos quais não tenham sido apresentadas justificativas de preço para sua

dispensa e não tenham sido determinados o valor e o prazo;

9.2.4 submenta à apreciação prévia de seu departamento jurídico os contratos, acordos,

convênio e ajustes celebrados pela empresa e suas alterações.”

4. A determinação do item 9.2.1 decorreu da celebração de aditivo contratual para pagamento à

empresa SPEC do valor equivalente ao adicional de periculosidade a ser pago a seus empregados, com

base em laudo emitido em favor da Construtora Norberto Odebrecht, em razão de serem observadas as

mesmas condições de trabalho para ambas as empresas, nas obras realizadas na planta da Estação de

Tratamento de Fazenda Alegre.

5. Considerando que a legislação, de fato, não determina que seja emitido laudo específico em

nome da empresa para cujos empregados estão sendo pagos os adicionais, mas que sejam

caracterizadas, classificadas e delimitadas as atividades insalubres ou perigosas, segundo as normas do

Ministério do Trabalho, por meio de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do

Trabalho, registrados naquele ministério, entendo que deve ser tornado insubsistente o item do

Acórdão 9.2.1.

6. A empresa alega haver obscuridade também em relação aos itens 9.2.3 e 9.2.4, visto que não

foram apontados quais artigos do Decreto 2.745/98 teriam sido infringidos.

7. Aqui cabe esclarecer que o fundamento da irregularidade baseou nos dispositivos da

Constituição Federal e da Lei 8.666/93 (art. 24, inciso XVIII, 44, incisos III e IV, 57, inciso II, e §§3º e

4º, 65, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/93, além do art. 38, Parágrafo Único), conforme registrado no Voto,

uma vez que esta Corte de Contas considera inconstitucional o decreto.

8. O Decreto foi citado apenas a título ilustrativo para alertar a Petrobras que estaria

infringindo, até mesmo, o regulamento que entende deva ser aplicado a ela, mais especificamente os

itens 2.2, 7.1.2 e 7.2 do Decreto 2.745/98 – Procedimento Licitatório Simplificado no âmbito da

Petrobras.

9. Feitas estas análises, entendo que devam ser conhecidos os embargos de declaração para, no

mérito, dar-lhes provimento parcial, tornando insubsistente o item 9.2.1, mantendo os demais em seus

exatos termos.

Ante o exposto, VOTO por que este Tribunal adote a minuta de deliberação que trago à

apreciação deste Colegiado.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Sala das Sessões, em 22 de agosto de 2012. AROLDO CEDRAZ

Relator

ACÓRDÃO Nº 2228/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 013.012/2006-8.

2. Grupo II – Classe I – Embargos de declaração (Relatório de Levantamentos)

3. Responsáveis: José Orlando Melo de Azevedo (123.807.255-00); Paulo Cesar Cardoso

Cavaco (191.596.097-53).

4. Unidade: Petróleo Brasileiro S.A.

5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Aroldo Cedraz.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: 9ª Secretaria de Controle Externo (Secex/9).

8. Advogado constituído nos autos: Bruno Henrique de Oliveira Ferreira – OAB/DF 15.345 e

outros.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração interpostos pela

empresa Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras contra o Acórdão 1.765/2012-Plenário, de 11/7/2012, que

tratou de auditoria realizada para verificar regularidade das ações de manutenção e recuperação dos

sistemas de produção de óleo e gás natural na região Sudeste.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo relator, com fundamento nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992:

9.1. conhecer dos embargos;

9.2. dar-lhes provimento parcial tornando insubsistente o item 9.2.1 do Acórdão recorrido,

mantendo nos exatos termos os demais itens;

9.3 dar ciência desta deliberação à embargante.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2228-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

AROLDO CEDRAZ

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO I – CLASSE V – Plenário

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367

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

TC 026.363/2011-9

Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria – Fiscobras 2011.

Unidade: Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de

Transporte (Dnit) no Estado do Espírito Santo – Dnit/ES (MT).

Interessada: Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional.

Responsáveis: Jorge Ernesto Pinto Fraxe, Diretor Geral do Dnit (CPF 306.174.567-04); Denise

Gomes Simões, substituta do Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo (CPF

466.098.656-04), José Renato do Rosário Oliveira, presidente da comissão de licitação, (CPF

968.047.187-04), Reginaldo Lírio Morelato, membro da comissão de licitação e fiscal dos Contratos

(CPF 576.010.207-97), Wilson Boone de Souza (CPF 652.213.977-49); Élio Bahia Souza (CPF

189.776.697-15).Contractor Engenharia Ltda. (CNPJ 01.980.404/0001-51), ECR Engenharia (CNPJ

42.161.372/0001-40) e Delta Construções (CNPJ10.788.628/0001-57).

Advogados constituídos nos autos: não há.

Sumário: LEVANTAMENTO DE AUDITORIA. FISCOBRAS 2011. OBRAS DE

ADEQUAÇÃO DO CONTORNO RODOVIÁRIO DE VITÓRIA – BR 101 – ES. CONTRATAÇÃO

IRREGULAR POR DISPENSA OU INEXIGIBILIDADE. EXECUÇÃO DE SERVIÇOS COM

QUALIDADE DEFICIENTE. LIQUIDAÇÃO IRREGULAR DA DESPESA. AUDIÊNCIA DOS

RESPONSÁVEIS. OITIVAS. DETERMINAÇÃO. RECOMENDAÇÃO DE SANEAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de levantamento de auditoria, realizado na Superintendência Regional do Dnit no

Estado do Espírito Santo – Dnit/MT, nas obras de adequação do contorno rodoviário de Vitória – BR

101 – Estado do Espírito Santo.

2. A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar tanto o processo licitatório da Concorrência

596/2009-17, posteriormente convertida na Dispensa de Licitação 46/2009, da qual resultou o Contrato

231/2010, como também a execução dos Lotes 01 e 02 do Contorno Rodoviário no Município de

Vitória na BR-101/ES (Contratos 011/2008 e 231/2010, respectivamente).

3. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 134.914.586,64, sendo R$

64.295.175,57 referentes ao valor do Contrato TT 011/2008 (Lote 01) e R$ 70.619.411,07 referentes

ao valor do Contrato 231/2010 (Lote 02).

4. As obras de duplicação do Contorno de Vitória já foram fiscalizadas anteriormente pelo

TCU (Fiscalis 548/2004 – TC 006.809/2004-0, 397/2005 – TC 007.623/2005-0, 104/2008 – TC

007.537/2008-5 e 149/2009 – TC 007.209/2009-2).

5. Os principais achados da auditoria constam do relatório elaborado pela Secob-2 que compõe

a Peça 138 destes autos eletrônicos, cujos principais excertos transcrevo abaixo:

“[...] 3 – ACHADOS DE AUDITORIA

3.1 – Contratação irregular por dispensa ou inexigibilidade.

3.1.1 – Tipificação do achado:

Classificação – grave com recomendação de continuidade (IG-C)

Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO – Em face da baixa

materialidade do dano potencial em relação aos valores contratados, a presente irregularidade não se

enquadra no art. 94, § 1º, inciso IV da Lei 12.309/2010 (LDO 2011).

3.1.2 – Situação encontrada:

A assinatura do Contrato 17 00231/2010, no valor de R$ 66.985.178,71 (maio/2009) decorreu

de dispensa irregular de licitação, com fundamento no art. 24, inciso V da Lei 8.666, de 21 de junho de

1993, pois não atendeu aos ditames da Lei de Licitação, particularmente àqueles dispostos no inciso V

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368

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

do art. 24; nos incisos II e III do Parágrafo Único e no caput do art. 26; e no art. 38 da mesma lei, os

quais dizem respeito aos requisitos necessários para se adotar a dispensa de licitação em casos de

licitação deserta, os procedimentos obrigatórios para tornar eficazes os respectivos atos e as peças que

devem instruir o processo referente à contratação.

Em 1º de agosto de 2011 foi protocolado na Secex/ES o Ofício GAB/APF/MPF/ES 2.978/2011

dando conhecimento da Portaria de Instauração do Inquérito Civil Público 143/2011 para investigação

dos fatos e circunstâncias envolvidos na contratação direta por dispensa de licitação de empresa para

execução das obras de duplicação da Rodovia BR-101/ES, conforme noticiado em jornal local. A

Secretaria Regional deu conhecimento à Secob-2 do referido documento, de modo que a verificação da

regularidade da contratação foi incluída como objeto desta auditoria.

A Procuradoria levantou algumas questões cujos esclarecimentos considerou necessários para

confirmar as denúncias, tais como:

a) razões pelas quais o Dnit deixou para realizar a contratação no final de 2009;

b) validade, no plano prático, da premissa de que não haveria dotação no ano seguinte para o

prosseguimento das obras;

c) razão pela qual a adjudicação fora no final de dezembro de 2009 e apenas em março de 2010

fora firmado o contrato, se, realmente, havia, como alegado, pressa na contratação;

d) razão de não ter havido o adiamento requerido por associação de empreiteiras;

e) quais empresas adquiriram o edital de licitação e as razões que as levaram a desistir da

concorrência;

f) adequação do custo da obra aos parâmetros de mercado; e

g) razões da alteração do orçamento de R$ 62.533.439,00 (25 de setembro de 2009) para R$

67.315.934,36 (16 de outubro de 2009).

Os procedimentos realizados em relação à regularidade do procedimento licitatório visaram a

esclarecer os pontos levantados pelos órgãos de controle, os quais serão tratados a seguir.

Para melhor entendimento dos acontecimentos que resultaram na referida contratação, por meio

da Dispensa de Licitação 46/2009, decorrente da Concorrência 0596/2009-17, declarada deserta, ao

final deste achado apresenta-se uma tabela com os fatos ordenados cronologicamente.

a) razões pelas quais o Dnit deixou para realizar a contratação no final de 2009

A fim de se verificar as causas que levaram a licitação a ser realizada apenas no final do ano de

2009, procurou-se identificar as etapas percorridas até o lançamento do edital.

A justificativa apresentada para a utilização da dispensa de licitação foi a ‘necessidade de a

Administração atender aos anseios quanto à redução dos índices de acidentes ocorridos; eliminação do

gargalo existente, em face do excesso fluxo de veículo pesado; sendo, portanto, obra de relevante

interesse público. Há que se considerar ainda a manutenção dos recursos orçamentários destacados

para o exercício de 2009’. Desse modo deve-se verificar se a realização da licitação apenas no final do

ano pode ser atribuída à desídia da administração, caso que, conforme jurisprudência desta Corte, pode

ensejar a responsabilização dos agentes que deram causa a essa demora.

Conforme se verifica nos autos do processo administrativo 50617.001787-2009-01 do Dnit, que

trata da contratação em exame, a Portaria 450 – DG/Dnit, que delegou competência à comissão

formada por servidores lotados na Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo –

SR/ES para aprovar a revisão do projeto executivo para complementação das obras, data de 28 de abril

de 2009.

Em 25/9/2009, o Superintendente Regional do Dnit/ES editou a Portaria 0049, publicada no

Boletim Administrativo 43 aprovando o Projeto Executivo de Engenharia das Obras de

Complementação / Duplicação do Contorno de Vitória. Passaram-se, portanto, cinco meses entre a

formação da comissão e a aprovação do projeto.

No mesmo dia enviou o Memorando 464/2009/SR/ES solicitando delegação de competência

para realizar a licitação para contratação da empresa executora das obras. A delegação foi concedida

por meio da Portaria DG/Dnit 1.224, de 8/10/2009.

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369

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Daí por diante, o que se verifica não é morosidade, mas rapidez no andamento do processo. No

mesmo dia em que recebeu a delegação – quinta-feira -, o Superintendente Regional editou a Portaria

SR/ES 54 designando a comissão de licitação.

No dia 16/10/2009, sexta-feira, foram feitas todas as demais etapas internas da licitação:

i) foram elaborados, pelo responsável técnico, e aprovados, pelo coordenador e pela diretora da

área, os dados necessários para o edital de Licitação: relação de índices para qualificação econômico-

financeira; declaração de responsabilidade pela correspondência entre o projeto e as exigências da Lei

de Licitações; lista de serviços relevantes para qualificação técnico-operacional; lista de serviços

relevantes para qualificação técnico-profissional; declaração de responsabilidade técnica pela

adequação do orçamento; e check-list de verificação dos documentos obrigatórios na instrução do

processo;

ii) foi elaborada a minuta do edital e esta foi encaminhada à Procuradoria Federal Especializada

(PFE);

iii) foi aprovada a minuta do edital pela Procuradoria Federal Especializada;

iv) foi solicitada a publicação do aviso de licitação em jornal de grande circulação;

v) foi lançado o aviso de licitação.

Em 18/10/2009, domingo, foi feita a publicação do aviso de licitação em jornal de grande

circulação e, em 20/10/2009, terça-feira, foi feita a publicação no Diário Oficial da União – DOU.

Apesar de o aviso de licitação já ter sido publicado no jornal, o edital data de 19 de outubro, segunda-

feira.

No entanto, não se verificou morosidade na atuação do Dnit que tivesse dado causa a atraso na

licitação. Das informações constantes nos autos, observou-se que o certame ocorreu no final do ano

devido ao tempo necessário para a aprovação do projeto e à necessidade de delegação de competência

para realização da licitação pela Superintendência. Soma-se a isso a determinação da Portaria

1.186/2009/DG/Dnit que obrigou o adiamento da licitação para alteração do percentual de BDI do

orçamento.

b) validade da premissa de que não haveria dotação no ano seguinte para o prosseguimento das

obras

A verificação da validade da premissa de que não haveria dotação para prosseguimento das

obras no ano de 2010 é importante, pois a necessidade de manutenção dos recursos destacados para o

exercício de 2009 foi uma das razões que justificaram a utilização de dispensa de licitação, como se

verifica no Despacho 399/2009 – SCL/ES.

À folha 76 do processo administrativo 50617.001787-2009-01 do Dnit, verifica-se a declaração

de existência de recursos orçamentários oriundos do Orçamento Geral da União (OGU) de 2009, na

qual se afirma que a despesa prevista tem adequação orçamentária e financeira com a Lei

Orçamentária Anual (LOA), o Plano Plurianual (PPA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). À

folha 77 do mesmo processo, verifica-se a declaração exigida nos art. 15 a 17 da LRF, a qual reafirma

a adequação orçamentária e financeira da despesa com a LOA, o PPA e a LDO e a existência de

recursos no orçamento de 2009.

A possibilidade de se perder os recursos garantidos para 2009 se daria caso a mudança de ano

acarretasse a desvinculação dos recursos à licitação.

Em relação à vinculação formal, esta se dá com o empenho da despesa pela emissão da Nota de

Empenho, após a definição do vencedor da licitação. Entretanto, o fato de a diretoria do Dnit declarar

disponibilidade de recursos orçamentários para uma licitação já demonstra sua intenção em destinar os

recursos necessários até a conclusão das obras.

Tanto é assim que diversas licitações do Dnit – e de todos os órgãos públicos – são lançadas no

final do ano, com previsão de abertura das propostas e conclusão do processo no início do ano

seguinte. Nesses casos, a declaração de disponibilidade orçamentária exigida para o início da licitação

se refere ao ano de lançamento do edital, mas os recursos para o ano seguinte não são restringidos em

decorrência da conclusão do certame apenas no ano posterior.

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370

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Se assim fosse, as licitações somente poderiam ser iniciadas muito antes do final do ano, pois

situações inesperadas, como a existência de recursos e impugnações poderiam atrasar os processos e

impossibilitar as contratações.

Esse raciocínio também se aplica ao caso em tela, mesmo levando em conta a maneira como foi

conduzido. Procurou-se encerrar o processo licitatório ainda no ano de 2009. Porém, o empenho só foi

realizado em 4/3/2010, por meio da Nota de Empenho 2010NE900474, ou seja, os recursos que

ficaram garantidos foram os de 2010, o que não impediu a realização da obra.

Verifica-se, portanto, que tal justificativa não se mostra factível, pois o recurso disponível em

2009 continuaria garantido em 2010 caso a licitação fosse repetida em razão da deserção.

c) razão pela qual a adjudicação fora no final de dezembro de 2009 e apenas em março de

2010 fora firmado o contrato, se, realmente, havia, como alegado, pressa na contratação

Apesar da mencionada tentativa em se realizar a contratação ainda no ano de 2009, o contrato

somente foi assinado em 4/3/2010, embora a adjudicação tivesse ocorrido em 28/12/2009.

Quanto a isso, a Autarquia manifesta-se, na resposta dada pelo presidente da comissão de

licitação ao Memorando 327/2011/SR/ES, que a assinatura do contrato depende da emissão do

empenho, que é feito em Brasília, o qual somente foi emitido em março de 2010.

De fato, o empenho foi solicitado em 23/12/2009 por meio da Mensagem 688/2009, mas a Nota

de Empenho Nota de Empenho 2010NE900474 somente foi emitida em 4/3/2010.

Justifica-se, portanto, o decurso do prazo entre a adjudicação e a contratação.

d) razão de não ter havido o adiamento requerido por associação de empreiteiras

Verifica-se às folhas 276 e 278 do processo administrativo da licitação que a empresa Blokos

encaminhou correspondência ao Dnit em 18/11/2009 solicitando o adiamento da abertura das

propostas em decorrência da não disponibilização do edital. Em 3/12/2009 a empresa solicitou tornar

sem efeito a referida correspondência. Também a Associação Nacional das Empresas de Obras

Rodoviárias (Aneor) solicitou prorrogação de prazo em 27/11/2009 em decorrência da

disponibilização do edital apenas em 19/11/2009. Não obstante essas solicitações, o Dnit não alterou a

data de abertura das propostas.

Questionado a respeito, o Dnit afirmou, no Ofício 633/2011/SR-ES, que não houve a

prorrogação solicitada porque os questionamentos não eram procedentes tendo em vista que o edital

estava disponível desde 19/10/2009.

O edital, conforme publicação de aviso de licitação em jornal de grande circulação, seria

disponibilizado na própria superintendência regional e na página do sistema Comprasnet. Além disso,

como é costume do Dnit, estaria à disposição também na página da autarquia. Como não havia

controle de quem estava retirando o documento na superintendência ou na página da autarquia, foram

solicitados ao Dnit os documentos que comprovassem o depósito de caução, com vistas a verificar

quem realizou o recolhimento e em que data. Foram apresentadas as guias de depósito de caução

efetuados na Superintendência do Dnit no Espírito Santo, em Vitória, e na sede da autarquia, em

Brasília. Por meios das referidas guias verificou-se que doze empresas depositaram a caução, sendo

sete em Brasília e cinco em Vitória. Dentre essas empresas estava a Blokos, autora do questionamento

mencionado.

A fim de comprovar as alegações do Dnit, foram enviados ofícios às empresas que depositaram

caução questionando, dentre outras coisas, acerca da disponibilidade do edital e do projeto. Também

foi enviado ofício à Aneor para esclarecer a razão de sua solicitação e as respostas recebidas.

Todas as empresas responderam que não houve dificuldades em se obter o edital e o projeto e

que estes estavam disponíveis na data definida no aviso de licitação.

A empresa Blokos esclareceu por e-mail que obteve o edital após a publicação em jornal local

em 8/11/2009. A referida publicação claramente se refere ao adiamento da licitação. A obtenção do

edital na referida data não condiz com o envio posterior da solicitação de adiamento em decorrência da

indisponibilidade do edital.

Page 371: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

371

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A Aneor, por sua vez, esclareceu que não obteve resposta do Dnit à solicitação. No Ofício

633/2011/SR-ES esclarece-se que deveu-se à improcedência e intempestividade do questionamento. A

associação afirma que o prazo de disponibilização do edital fora questionado por suas associadas, não

citando qual ou quais delas apresentou a questão.

Posteriormente, o Dnit encaminhou o resultado de uma consulta gerado pelo sistema

Comprasnet que registra os usuários que acessaram o edital pelo site do sistema. O documento

apresenta os nomes dos usuários que retiraram o edital, a que empresa cada usuário está vinculado e as

datas de acesso. Consta da consulta que o edital foi retirado por usuários de pelo menos 24 empresas.

Dessas, 22 são distintas daquelas doze que depositaram caução. Ou seja, ao menos 34 empresas

tiveram acesso ao edital da licitação.

Além disso, conforme consta dos registros de retirada de edital do Comprasnet, houve retirada

de edital a partir do dia 20/10/2009, o que comprova que o documentos estava disponível pelo menos a

partir daquela data. Desse modo, o adiamento baseado na indisponibilidade do edital no prazo

instituído pela Lei de Licitações não seria necessário.

e) quais empresas adquiriram o edital de licitação e as razões que as levaram a desistir da

concorrência

Conforme explicado acima, comprovou-se que pelo menos 34 empresas obtiveram o edital de

licitação por todos os meios nos quais ele foi disponibilizado. Destas, pelo menos doze depositaram a

caução. Ressalta-se que podem ter havido mais, já que o depósito da caução podia ser registrado em

qualquer superintendência regional do Dnit no país e foram acessados apenas os registros efetuados na

superintendência do Espírito Santo e na sede da autarquia.

Foram enviados ofícios a cada uma delas com os seguintes questionamentos acerca das razões

que levaram as empresas a desistirem de participar da licitação mesmo após o depósito da caução:

– No entender da empresa, houve algum item do edital que poderia restringir ou inviabilizar a

sua participação?

– No entender da empresa, houve alguma característica do projeto ou das exigências do edital

que possa ter tornado a licitação desinteressante?

– No entender da empresa, o prazo transcorrido entre a data em que efetivamente foram

disponibilizados o edital e o projeto foi suficiente para a elaboração da proposta?

– A empresa apresentou algum questionamento, recurso, impugnação ou alguma comunicação

ao Dnit a respeito da licitação?

– Por que razão a empresa decidiu não participar da Concorrência 596/09-17?

Apenas uma empresa afirmou que desistiu de participar da licitação devido às exigências de

qualificação técnica que considerou descabidas e restritivas. As demais não tiveram dificuldades em

obter o edital e o projeto, não consideraram o edital restritivo, entenderam suficiente o prazo

disponibilizado para elaboração das propostas e justificaram sua desistência em decorrência de já

estarem envolvidas em outros projetos e, principalmente, devido à complexidade e às condições de

execução da obra no que diz respeito às interferências de povoamento e tráfego.

Desse modo, verificou-se que muitas empresas tinham condições técnicas de executar a obra,

mas desistiram em decorrência das condições de execução que deixaram a obra pouco atrativa no

entendimento delas. Não se deveu, portanto, a restrições constantes do edital ou ao prazo disponível

para elaboração das propostas. Foram, portanto, razões alheias ao controle da superintendência, mas

inerentes às características da própria obra.

f) adequação do custo da obra aos parâmetros de mercado

A adequação do custo da obra é uma questão importante quando se analisa a possibilidade de

ocorrência de irregularidades em licitação. Isso porque o favorecimento de uma ou outra empresa

geralmente se dá com o direcionamento de projetos com problemas de sobrepreço.

Page 372: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

372

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Para se verificar a adequação dos preços contratados com os referenciais do Sicro 2, foi feita a

curva ABC do Contrato em sua situação original, ou seja, sem considerar os aditivos firmados. Dessa

análise resultou verificada a compatibilidade dos preços contratados com a referência legal de custos

para obras rodoviárias, não se configurando, portanto, sobrepreço inicial no Contrato 17 00231/2010.

g) razões da alteração do orçamento de R$ 62.533.439,00 (25 de setembro de 2009) para R$

67.315.934,36 (16 de outubro de 2009)

A alteração do valor, que seguiu de adiamento da data de abertura das propostas, decorreu da

alteração do BDI aplicado sobre o orçamento-base, conforme justificado na justificativa de adiamento,

de 4/11/2009.

O BDI adotado pelo Sicro até setembro de 2009 era de 19,60%. Entretanto, em 1º de outubro

de 2009 foi editada a Portaria 1.186/2009/DG/Dnit que determinou a suspensão de todas as licitações e

alteração do BDI para 27,84%.

Portanto, em obediência à determinação da Direção Geral da Autarquia, o edital foi suspenso, o

valor foi corrigido e a entrega das propostas foi prorrogada.

Além do procedimento instaurado pelo Ministério Público, verificou-se a existência do

Relatório de Auditoria 201112110 da Controladoria Geral da União (CGU), elaborado após auditoria

sobre denúncias na área dos transportes e publicado em 8/9/2011. No relatório, a CGU concluiu que a

contratação das obras decorreu de dispensa irregular de licitação. Os elementos que levaram a esta

conclusão foram, em síntese:

I) ausência de evidências de retirada dos editais pelas empresas participantes da Concorrência.

II) ausência de justificativas consistentes para a dispensa;

III) ausência de repetição do processo licitatório de Concorrência;

IV) antecipação dos convites às empresas antes da publicação do ato que declarou a licitação

deserta;

V) validade de apenas duas propostas no processo de contratação direta; e

Diante do resultado da auditoria da CGU, o Superintendente Regional do Dnit/ES encaminhou

o Memorando 327/2011/SR/ES ao presidente da comissão de licitação solicitando esclarecimentos

sobre as irregularidades apontadas. As respostas foram encaminhadas à equipe de auditoria para

auxiliar no entendimento da questão.

A seguir são tratados os elementos apresentados pelo órgão de controle interno e justificados no

referido documento do Dnit. Não se pretende contestar ou confirmar os resultados da auditoria da

CGU, principalmente porque não se conhece quais informações foram apresentadas à equipe da

Controladoria. O que se busca é apresentar aqueles elementos que foram apresentados à equipe deste

Tribunal diante dos questionamentos apresentados ao Dnit com base nas conclusões do referido

relatório da CGU.

I) ausência de evidências de retirada dos editais pelas empresas participantes da concorrência

A questão acerca de quantas empresas retiraram o edital é importante para se verificar se foi

dada a devida publicidade ao documento e se foram atendidos os prazos legais entre sua

disponibilização e a data de apresentação das propostas.

O número de empresas que depositou caução e o número de registros de aquisição do edital por

meio da página do Comprasnet demonstra que foi dada a devida publicidade ao documento, inclusive

em data adequada ao cumprimento dos prazos legais.

II e III) ausência de justificativas consistentes para a dispensa e ausência de repetição do

processo licitatório de concorrência

Trata-se de uma questão importante na análise da regularidade da adoção de dispensa de

licitação com fundamento no inciso V do art. 24 da Lei 8.666/1993, pois o dispositivo estipula que a

licitação só não precisa ser repetida mediante a apresentação de justificativas.

Page 373: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

373

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

‘Art. 24. É dispensável a licitação:

V – quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder

ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições

preestabelecidas’.

Como a regra da Administração Pública é licitar, a exigência de que seja justificada a não

repetição do certame pretende impedir a utilização do dispositivo para fugir à modalidade de licitação

estipulada nos demais artigos da lei, no caso a concorrência. E o dispositivo legal especifica que as

justificativas apresentadas não devem ser de qualquer natureza, mas devem demonstrar que a repetição

traria prejuízos à Administração.

Na resposta ao Memorando 327/2011/SR/ES o presidente da comissão de licitação assim se

exprime:

’No que diz respeito às justificativas para a impossibilidade de repetição do processo

licitatório, e para a consequente dispensa de licitação, essas constaram às fls. 1159 dos autos do

processo administrativo (frente e verso), sendo basicamente duas, assim explicitadas na oportunidade:

'manutenção dos recursos orçamentários destacados para o exercício de 2009' e 'necessidade de a

administração atender aos anseios da população quanto à redução dos índices de acidentes ocorridos;

eliminação do gargalo existente, em face do excesso do fluxo de veículos pesados.'

Dessa forma, não se pode falar em ausência de justificativas. É importante frisar que o fato de

as justificativas terem sido declinadas de forma sintética não significa que elas não existam. O motivo

para a dispensa de licitação existia, era real e foi descrito nos autos do processo administrativo. Se a

motivação, na ótica da CGU, foi insuficiente, essa é uma formalidade que não pode levar à conclusão

de que o ato de dispensa de licitação foi ilegal. O que importa são as circunstâncias de fato que

existiam à época e que foram levadas em consideração para a tomada de decisão pelo órgão’.

A necessidade da motivação exigida no inciso V do art. 24 da Lei de Licitações decorre do

princípio da motivação dos atos administrativos, o qual obriga o administrador a motivar – registrar os

motivos – de seus atos de modo a propiciar a transparência de sua atuação e propiciar o controle de

suas ações. Não basta, portanto, que sejam apresentadas justificativas. Estas, obviamente, devem ser

condizentes com a realidade e bem fundamentadas, pois resultarão na contratação por meio de um

dispositivo de exceção.

O referido dispositivo vai mais além, especificando que tipo de justificativa deve ser

apresentado: devem ser ponderados os potenciais prejuízos decorrentes da repetição da licitação e

aqueles decorrentes da contratação direta, em tese com menor competitividade, de modo que se

comprove a inviabilidade de repetição do certame.

Desse modo, é cabível a análise de duas características das justificativas apresentadas:

i) se elas condizem com a realidade;

ii) se elas demonstram a impossibilidade de repetição da licitação sem prejuízo para a

Administração.

Esse tipo de análise, inclusive, já foi feita em situação anterior no Tribunal de Contas da

União, quando foi proferido o Acórdão 7.049/2010 – Segunda Câmara:

‘Conforme nos ensina Marçal Justen Filho (in ‘Comentários à Lei de Licitações e Contratos

Administrativos’, 8ª ed., Dialética, p.242/243), a hipótese de contratação por dispensa mediante o

inciso V do art. 24 da Lei nº 8.666/1993 se aperfeiçoa pela presença de quatro elementos:

'O primeiro é a realização de licitação anterior, concluída infrutiferamente. Pressupõe-se,

portanto, uma situação que originariamente comportava licitação, a qual foi regularmente processada.

O segundo é a ausência de interessados em participar da licitação anterior, o que provocou a

frustração da disputa.

O terceiro é o risco de prejuízos se a licitação vier a ser repetida. A Administração estaria

obrigada a renovar o processo licitatório, na sua etapa externa. No entanto, verifica-se que a repetição

dos atos acarretaria prejuízos ao interesse público. (...)

Page 374: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

374

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Por fim, a contratação tem de ser efetivada em condições idênticas àquelas da licitação anterior.

A contratação direta é autorizada no pressuposto de inexistirem outros interessados em realizar a

contratação nas condições estabelecidas no ato convocatório anterior. Portanto, a alteração das

condições importaria ofensa ao princípio da isonomia. (...)'.

Quanto ao primeiro e ao segundo elementos, observamos seu atendimento. O Convite CV-

GST-2-2061/02 teve como resultado licitação deserta (...).

Contudo, não restou explicitado no processo de dispensa de licitação DJ – GST -2 – 2073 que a

repetição de nova licitação traria riscos de prejuízos para a Eletronorte, condição necessária para

proceder à dispensa de licitação com base no inciso V do art. 24 da Lei de Licitações. Desta forma, o

terceiro elemento ensejador da dispensa não restou configurado.

É apenas mencionado no processo que, para não interromper o abastecimento dos veículos, a

Eletronorte estava utilizando o Fundo Rotativo de Caixa e que havia orientação da Auditoria Interna-

CAA da empresa para contratar por dispensa, face à ocorrência de licitação deserta (...)’ (grifo nosso).

Dentre as justificativas apresentadas no processo da licitação, a que diz respeito à manutenção

dos recursos orçamentários destacados para o exercício de 2009 já foi analisada e considerada

infactível. As demais justificativas apresentadas foram: necessidade de a administração atender aos

anseios da população quanto à redução dos índices de acidentes ocorridos; e eliminação do gargalo

existente, em face do excesso do fluxo de veículos pesados.

Ora, as referidas motivações dizem respeito à importância da própria obra, mas não à

impossibilidade de se realizar a licitação.

Toda obra pública visa a atender às necessidades e anseios da população beneficiada. As obras

rodoviárias geralmente envolvem melhoria das condições da pista e de pontos críticos de tráfego e

segurança. Ou seja, toda obra rodoviária poderia ser enquadrada nessas justificativas, algumas com

mais urgência que outras. Assim, se tais alegações pudessem ser consideradas suficientes, poderiam

ser utilizadas para dispensar a licitação de qualquer obra.

Ademais elas não demonstram risco de prejuízo à Administração em face da repetição da

licitação.

Conclui-se, portanto, que as justificativas apresentadas realmente não foram consistentes para

fundamentar a dispensa de licitação e ausência de repetição do processo licitatório de concorrência em

face das exigências do dispositivo legal pertinente.

IV) antecipação dos convites às empresas antes da publicação do ato que declarou a licitação

deserta

Após a sessão de habilitação na qual não compareceram interessadas, as etapas que deveriam

ser realizadas são as seguintes, na seguinte ordem:

i) publicação do resultado da habilitação, declarando que restou deserta;

ii) demonstração de que a repetição da licitação resultaria em prejuízo à Administração de

modo a justificar a não repetição do certame, conforme determina o inciso V do art. 24 da Lei

8.666/1993;

iii) comunicação à autoridade superior da situação que ensejou a necessidade de contratação

por dispensa de licitação, juntamente com as justificativas, conforme determina o caput do art. 26 da

mesma Lei;

iv) parecer técnico ou jurídico emitido sobre a dispensa, em atendimento ao inciso VI do art.

38;

v) ratificação da autoridade superior, conforme impõe o art. 26;

vi) publicação na imprensa oficial da dispensa de licitação, de acordo com o mesmo artigo. A

Lei estipula que a publicação, no prazo exigido, é condição para eficácia dos atos. Somente então

poderiam ser iniciados os procedimentos para a contratação por dispensa de licitação, com a busca das

empresas para oferecerem propostas;

vii) justificativa do preço e razão da escolha do fornecedor ou executante, seguindo o

especificado nos incisos II e III da Lei 8.666/1993;

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375

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ix) homologação e adjudicação do objeto;

Essas etapas decorrem do já apresentado inciso V do art. 24 da Lei 8.666/1993, além dos

dispositivos da mesma Lei a seguir transcritos:

‘Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as

situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento

previsto no final do parágrafo único do art. 8º desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três)

dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco)

dias, como condição para a eficácia dos atos.

Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste

artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:

I – caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for

o caso;

II – razão da escolha do fornecedor ou executante;

III – justificativa do preço;

IV – documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados’.

’Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo,

devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta

de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:

I – edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso;

II – comprovante das publicações do edital resumido, na forma do art. 21 desta Lei, ou da

entrega do convite;

III – ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro administrativo ou oficial, ou do

responsável pelo convite;

IV – original das propostas e dos documentos que as instruírem;

V – atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora;

VI – pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade;

VII – atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homologação;

VIII – recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e respectivas manifestações e

decisões;

IX – despacho de anulação ou de revogação da licitação, quando for o caso, fundamentado

circunstanciadamente;

X – termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme o caso;

XI – outros comprovantes de publicações;

XII – demais documentos relativos à licitação’.

Verifica-se, entretanto, que não foram esses os eventos ocorridos. Algumas exigências não

foram cumpridas e outras foram realizadas antes do momento devido, conforme se verifica na seguinte

sequência de fatos, retirada na tabela constante ao final deste achado, lembrando que a sessão de

habilitação que foi deserta ocorreu em 7/12/2009:

i) em 8/12/2009 foram enviados os ofícios solicitando propostas para três empresas;

ii) em 15/12/2009 foi publicado o resultado da sessão de habilitação no DOU, declarando-se

que foi deserta;

iii) em 15/12/2009 foram recebidas as propostas de duas empresas;

iv) em 23/12/2009 foi concluída a análise das propostas recebidas. O resultado foi encaminhado

para parecer da PFE;

v) em 23/12/2009 foram encaminhadas as justificativas para a dispensa à Procuradoria Federal

Especializada, junto com a análise das propostas recebidas, justificando o preço e a escolha da

empresa;

vi) em 23/12/2009 foi emitido parecer jurídico sobre a dispensa de licitação. O parecer não

analisa a suficiência das justificativas, limitando-se a afirmar que foram apresentadas justificativas;

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376

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

vii) em 23/12/2009 a dispensa foi declarada pelo presidente da comissão de licitação e o

processo foi encaminhado ao superintendente para ratificação;

viii) em 23/12/2009 a dispensa foi ratificada pela Superintendente Regional substituta;

ix) em 24/12/2009 foi publicado o extrato de dispensa de licitação com indicação da

contratação da empresa Contractor;

x) em 28/12/2009 a licitação foi homologada e o objeto foi adjudicado à empresa escolhida;

xi) em 04/03/2010 o contrato foi assinado;

Em relação à antecipação dos convites mencionada pela CGU, a resposta ao Memorando

327/2011/SR/ES justifica:

‘Quanto à suposta antecipação dos convites às empresas – afirma-se que os convites foram

antecipados porque feitos antes da publicação oficial do ato que declarou a licitação deserta –

entendemos que também essa é uma questão formal, já que, independentemente de publicação, o ato

que declarou a licitação deserta existia e era plenamente válido ao tempo de sua prática. Assim sendo,

ele já produzia efeitos internamente, para o próprio órgão. O que se deve considerar, em nosso modo

de entender, é que a publicação da contratação direta foi posterior à publicação do ato que declarou a

licitação deserta’.

Ao que parece, o presidente da comissão de licitação afirma que a declaração de deserção da

licitação é suficiente para que se inicie um processo de contratação por dispensa de licitação. Por isso

afirma que o ato que declarou deserta a licitação já era válido internamente, o que permitiria o envio

dos ofícios para as empresas com vistas a se realizar a contratação direta.

Na verdade, o que exige a lei é que a licitação seja repetida e, somente em situações

justificadas, pode-se declarar a dispensa de licitação, devendo ser comunicado à autoridade superior no

prazo determinado e feita a publicação em prazo também estipulado pela lei, conforme se explicou

anteriormente. A simples declaração de que a licitação foi deserta não permite a Administração a

iniciar o processo de contratação direta, pois o que se espera é a repetição do certame.

O envio dos convites antes do cumprimento das demais exigências legais, portanto, não tem

caráter apenas formal, mas da própria validade dos atos.

A maneira como se deu a contratação direta mostra que foram feitas todas as etapas

concernentes à solicitação das propostas e escolha do vencedor sem que sequer tivesse sido justificada

e aprovada a contratação por meio de dispensa de licitação. Essa aprovação se daria por meio da

apresentação das justificativas legalmente exigidas, declaração de dispensa de licitação, elaboração do

parecer jurídico acerca da dispensa, ratificação da autoridade superior e publicação da dispensa de

licitação, sem a qual a eficácia dos atos ficaria prejudicada. Somente após a escolha da empresa a ser

contratada é que se iniciou o procedimento para declarar a dispensa da licitação, como cumprimento de

formalidades constantes do parecer da PFE.

Constata-se, portanto, que a contratação direta da maneira que foi realizada feriu todos os

dispositivos legais a que está sujeita.

V) validade de apenas duas propostas no processo de contratação direta

A respeito desse ponto apontado pelo relatório da CGU, o presidente da comissão de licitação

explica que a legislação não exige da Administração o recolhimento de um número mínimo de

propostas válidas para a contratação direta, mas apenas justificativa do preço.

Merece acolhimento as justificativas apresentadas pelo presidente da comissão, conquanto as

exigências legais para dispensa de licitação são somente aquelas elencadas nos incisos II e III do art.

26 da Lei 8.666/1993 – justificativa da escolha do executante e do preço -, as quais foram atendidas,

pois a contratação foi norteada pelo preço definido na licitação e a empresa contratada apresentou

desconto em relação ao orçamento. Quanto ao número mínimo de propostas válidas, trata-se de

exigência aplicável à modalidade convite.

De fato foram solicitadas três propostas, tendo-se recebido duas, o que foi suficiente para

atender as exigências dos incisos II e III do Parágrafo Único do art. 26 da Lei 8.666/1993.

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377

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.1.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado:

(IG-C) – Contrato 17 00231/2010, 5/3/2010, Execução dos serviços necessários à realização

da complementação das obras de duplicação do contorno de Vitória., Contractor Engenharia Ltda.

3.1.4 – Causas da ocorrência do achado:

Deficiências na condução do processo licitatório.

3.1.5 – Critérios:

Acórdão 7049/2010, Tribunal de Contas da União, Plenário

Constituição Federal, art. 37, inciso XXI

Lei 8666/1993, art. 3º, § 3º; art. 24, inciso V; art. 26, § Único, inciso II; art. 26, § Único, inciso

III; art. 26, caput ; art. 38

Portaria 1186/2009, DG/Dnit, art. 3º

3.1.6 – Evidências:

Extrato_SIAFI-Nota de Empenho.

Consulta Termo de Retirada de Edital Comprasnet.

Contrato 17 00231 2010.

Aviso de adiamento da licitação.

Aviso de licitação.

Check-list dos documentos obrigatórios no processo.

Correspondência da Aneor.

Correspondências da empresa Blokos.

Declaração de dispensa.

Declaração de existência de recursos orçamentários.

Declaração de responsabilidade adequação orçamento.

Declaração de responsabilidade pela adequação do projeto.

Declaração exigida nos art. 15 a 17 da LRF.

Depósitos de caução.

Despacho 364_2009 – SCL_ES.

Despacho 399_2009 – SCL_ES.

Entrega da proposta da Almeida e Filho.

Entrega da proposta da Contractor.

Homologação e adjudicação da dispensa.

Lista de serviços qualificação técnico-operacional.

Memo 327_2011_SR_ES e resposta.

Memorando 464_2009_SR_ES.

Mensagem 688_2009.

Notícia divulgada no Jornal A Gazeta de 20_07_2011.

Ofício 633_2011_SR_ES sem anexos.

Ofício 981_2009_SR_ES.

Ofício 982_2009_SR_ES – Ofício 982/2009/SR-ES.

Ofício 983_2009_SR_ES.

Ofício MPF_ES 2978_2011 e Portaria 143_2011.

Portaria 450_09_DG_Dnit.

Portaria 49_09_SR_ES.

Portaria 1224_09_DG_Dnit.

Portaria 1186_09_DG_Dnit.

Portaria 54_09_SR_ES.

Relação de índices para qualificação econômico-financeira9 – Relação de índices para

qualificação econômico-financeira.

Parecer 118-A_2009 PFE_SR_Dnit_ES.

Parecer 185_2009 PFE_SR_Dnit_ES.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Publicações aviso de licitação.

Relatório de Auditoria 201112110 CGU.

Publicação do resultado da habilitação.

Publicação do extrato de dispensa no DOU.

Ratificação da dispensa.

Resposta ao Ofício Con-01-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-01-787_2011 – Blokos.

Resposta ao Ofício Con-02-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-02-787_2011 – Delta

Construções.

Resposta ao Ofício Con-03-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-03-787_2011 – A. Madeira.

Resposta ao Ofício Con-04-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-04-787_2011 – Construtora

Ferfranco LTDA..

Resposta ao Ofício Con-06-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-06-787_2011 – Camter.

Resposta ao Ofício Con-07-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-07-787_2011 – Galvão

Engenharia.

Resposta ao Ofício Con-08-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-08-787_2011 – Araguaia

Engenharia.

Resposta ao Ofício Con-10-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-10-787_2011 – Fidens.

Resposta ao Ofício Con-12-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-12-787_2011 – Via

Engenharia.

Resposta ao Ofício Con-13-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-13-787_2011 – Aneor.

Resposta ao Ofício Con-14-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-14-787_2011 – Contractor

Engenharia.

Cronograma dos fatos referentes à dispensa de licitação, folhas 1/2.

3.1.7 – Conclusão da equipe:

De todo o exposto, verifica-se que a contratação direta da empresa executora das obras

remanescentes do Lote 02 da BR-101/ES – Contorno de Vitória deu-se de modo irregular, pois

desatendeu os dispositivos da Lei de Licitações que regem esse tipo de contratação.

A irregularidade do procedimento decorreu:

a) da realização dos procedimentos para contratação por dispensa de licitação fundamentada no

inciso V do art. 24 sem que fossem atendidos os requisitos constantes do mesmo inciso, de se

demonstrar que a realização de nova licitação acarretaria prejuízo à Administração;

b) do desatendimento da exigência expressa no caput do art. 26 de se comunicar a intenção de

se contratar por dispensa de licitação à autoridade superior para ratificação e publicação na imprensa

oficial como condição para a eficácia dos atos.

Somente após a realização das etapas referentes à escolha da empresa a ser contratada é que foi

providenciado o atendimento dos requisitos necessários à eficácia da escolha da contratação direta,

como se fossem passos formais do processo e não passos determinantes para garantir a legalidade e

transparência dos atos.

Além disso, a justificativa apresentada – posteriormente ao processo de seleção da empresa –

para se adotar a dispensa de licitação não satisfaz a exigência legal, pois não demonstra que a repetição

da licitação traria algum prejuízo à Administração. Soma-se a isso o fato de se ter comprovado que a

justificativa não é válida.

E a exigência legal não é apenas formal, mas visa a impedir que a licitação, que é um processo

destinado a promover a igualdade de condições entre as empresas interessadas e a proporcionar um

ambiente de competição de modo que se obtenha a melhor proposta para a Administração e é regra

constitucional para contratações do poder público, seja dispensada de maneira indiscriminada,

utilizando-se um processo de contratação direta, pelo qual a escolha da contratada não proporciona

igualdade de condições e não promove um ambiente de competição.

As demais questões analisadas referentes à Concorrência declarada deserta não levaram à

constatação de outras irregularidades: verificou-se que o edital fora disponibilizado dentro do prazo

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

legal; que não há indícios de que a licitação ocorreu no fim do ano em decorrência de ato ou omissão

culpável da Administração; que se justifica a alteração no valor da licitação ocorrida durante o

processo e que resultou no adiamento da data de entrega das propostas; que não há indícios de

sobrepreço no Contrato 17 00231/2010, considerando, inclusive, o 1º Termo Aditivo; que o preço

contratado e a escolha da empresa foram justificados.

Ou seja, com base nos elementos aos quais a equipe de auditoria teve acesso, não se verificou

antieconomicidade na contratação realizada, o que não afasta a ilegalidade da contratação. A

inexistência de indícios de sobrepreço é fato que afastaria a necessidade de se propor a anulação da

contratação, pois, embora decorrente de seleção viciada, não resultou em prejuízo à Administração.

Além disso, a anulação do contrato para realização de novo procedimento licitatório não traria

qualquer benefício ao poder público ou à população, pois, dado o resultado do primeiro procedimento

realizado, não é provável que se obtenha contratação mais vantajosa que a corrente.

Esse fato, entretanto, não afasta a responsabilidade daqueles que proporcionaram a contratação

ilegal, os quais podem ser penalizados por isso.

Os agentes responsáveis pela contratação direta de maneira irregular, bem como a atuação de

cada um que enseja responsabilização, foram:

a) José Renato do Rosário Oliveira, como presidente da comissão de licitação, pela realização

de procedimento de contratação direta sem que esta estivesse devidamente justificada, declarada,

ratificada e publicada, em desacordo com os art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do

Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e com o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;

b) Reginaldo Lírio Morelato, como membro da comissão de licitação, pela realização de

procedimento de contratação direta sem que esta estivesse devidamente justificada, declarada,

ratificada e publicada, em desacordo com os art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do

Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e com o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;

c) Jorge Luiz de Almeida, como membro da comissão de licitação, pela realização de

procedimento de contratação direta sem que esta estivesse devidamente justificada, declarada,

ratificada e publicada, em desacordo com os art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do

Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e com o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;

d) Élio Bahia Souza, como Superintendente Regional do Dnit/ES pela homologação e

adjudicação de contratação feita por meio de dispensa de licitação realizada em desacordo com as

exigências dos art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do Parágrafo Único e art. 38 da Lei

8.666/1993 e do art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;

e) Denise Gomes Simões, como Substituta do Superintendente Regional do Dnit/ES, pela

ratificação de dispensa de licitação realizada em desacordo com os art. 24, inciso V, art. 26, caput e

incisos II e III do Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e com o art. 37, inciso XXI da

Constituição Federal. Embora tenha realizado esse ato com base em parecer jurídico da Procuradoria

Federal Especializada, trata-se de parecer manifestamente ilegal e que apresenta os elementos

necessários a se constatar a ilegalidade do ato;

f) Wilson Boone de Souza, como Procurador Federal responsável pelos pareceres da

Procuradoria Federal Especializada junto à SR/Dnit-ES, pela elaboração do Parecer 185/2009

PFE/SR/Dnit/ES dando o aval a procedimento de contratação por dispensa de licitação sem exigir a

demonstração do prejuízo que seria gerado para a administração caso a licitação fosse repetida,

infringindo o disposto no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993 e sem exigir que fossem cumpridas as

etapas determinadas nos art. 26 e 38 da mesma Lei.

A respeito do Parecer 185/2009 PFE/SR/Dnit/ES, que não apontou óbices à contratação direta,

é pertinente esclarecer porque sua existência não exime de culpa os responsáveis pela ratificação da

dispensa e pela homologação da dispensa e adjudicação do objeto, que o fizeram com base no

documento da Procuradoria.

Quando analisa a aplicabilidade do disposto no art. 24 da Lei de Licitações, o documento

transcreve o dispositivo legal, permitindo que se verifique que a exigência aí contida vai além da

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necessidade de a licitação ter sido declarada deserta, mas obriga a apresentação da demonstração de

que haverá prejuízo à Administração com a repetição do certame. Desse modo, seria possível se

verificar que o disposto no item 6 do parecer não abarca toda a exigência legal e, portanto, não é

suficiente para demonstrar a aplicabilidade da disposição. Além disso, em posse do processo

administrativo, o responsável poderia verificar a ausência de justificativa apresentada de acordo com a

determinação da Lei.

A seguir, ao mencionar a necessidade de atendimento do art. 26, o documento novamente

apresenta o texto legal, permitindo a verificação de que as exigências, incluindo prazos e etapas

necessárias, não foram cumpridas no momento adequado para garantir a eficácia dos atos.

Portanto, entende-se que a alegação de que se baseou no referido parecer não afasta a

culpabilidade do responsável pela ratificação da dispensa de licitação, além de propiciar a

responsabilização do autor da análise jurídica.

3.1.8 – Responsáveis:

Nome: Wilson Boone de Souza – CPF: 652.213.977-49 – Cargo: Procurador Federal da

Procuradoria Federal Especializada junto à SR/Dnit-ES (de 23/12/2009 até 23/12/2009)

Conduta: Elaboração do Parecer 185/2009 PFE/SR/Dnit/ES dando o aval ao procedimento de

contratação por dispensa de licitação (Dispensa de Licitação 46/2009) decorrente da deserção da

Concorrência 0596/2009-17, com fundamento no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993, sem que

estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24, inciso V, art. 26, caput e Parágrafo Único,

incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.

Nexo de causalidade: Com base no Parecer 185/2009 PFE/SR/Dnit/ES a dispensa foi

ratificada e, posteriormente, homologada e adjudicada, resultando na contratação com base em

dispensa irregular de licitação.

Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele

deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

Nome: Élio Bahia Souza – CPF: 189.776.697-15 – Cargo: Superintendente Regional do Dnit

no Estado do Espírito Santo (de 28/12/2009 até 28/12/2009)

Conduta: Homologação e adjudicação da Dispensa de Licitação 46/2009 com fundamento no

art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993, sem que estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24,

inciso V, art. 26, caput e Parágrafo Único, incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.

Nexo de causalidade: Em decorrência da homologação da dispensa de licitação e da

adjudicação do objeto à empresa escolhida é que se procedeu à contratação com base em dispensa

irregular de licitação.

Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele

deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

Nome: Denise Gomes Simões – CPF: 466.098.656-04 – Cargo: Superintendente Regional do

Dnit no Estado do Espírito Santo Substituta (de 23/12/2009 até 23/12/2009)

Conduta: Ratificação da Dispensa de Licitação 46/2009 com fundamento no art. 24, inciso V,

da Lei 8.666/1993, sem que estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24, inciso V, art. 26,

caput e Parágrafo Único, incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.

Nexo de causalidade: Em decorrência da ratificação da dispensa de licitação, posteriormente

houve a homologação e adjudicação, resultando na contratação com base em dispensa irregular de

licitação.

Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele

deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

Nome: José Renato do Rosário Oliveira – CPF: 968.047.187-04 – Cargo: Presidente da

Comissão de Licitação (de 8/12/2009 até 28/12/2009)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Conduta: Realização da Dispensa de Licitação 46/2009 decorrente da deserção da

Concorrência 0596/2009-17 com fundamento no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993, sem que

estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24, inciso V, art. 26, caput e Parágrafo Único,

incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.

Nexo de causalidade: A Dispensa de Licitação 46/2009 resultou na contratação com base em

dispensa irregular de licitação.

Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele

deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

Nome: Jorge Luiz de Almeida – CPF: 306.174.567-04 – Cargo: Membro da Comissão de

Licitação (de 8/12/2009 até 28/12/2009)

Conduta: Realização da Dispensa de Licitação 46/2009 decorrente da deserção da

Concorrência 0596/2009-17 com fundamento no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993, sem que

estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24, inciso V, art. 26, caput e Parágrafo Único,

incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.

Nexo de causalidade: A Dispensa de Licitação 46/2009 resultou na contratação com base em

dispensa irregular de licitação.

Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele

deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

Nome: Reginaldo Lírio Morelato – CPF: 576.010.207-97 – Cargo: Membro da Comissão de

Licitação (de 8/12/2009 até 28/12/2009)

Conduta: Realização da Dispensa de Licitação 46/2009 decorrente da deserção da

Concorrência 0596/2009-17 com fundamento no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993, sem que

estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24, inciso V, art. 26, caput e Parágrafo Único,

incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.

Nexo de causalidade: A Dispensa de Licitação 46/2009 resultou na contratação com base em

dispensa irregular de licitação.

Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele

deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

3.2 – Execução de serviços com qualidade deficiente.

3.2.1 – Tipificação do achado:

Classificação – grave com recomendação de continuidade (IG-C)

Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO – Em face da baixa

materialidade do dano potencial em relação aos valores contratados, a presente irregularidade não se

enquadra no art. 94, § 1º, inciso IV da Lei 12.309/2010 (LDO 2011).

3.2.2 – Situação encontrada:

Verificou-se na vistoria realizada no segmento correspondente ao Lote 01, Contrato TT

011/2008 – Delta Construções S/A, concluído em dezembro/2009, que os serviços de Concreto

Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), binder e capa de rolamento, e de meio fio de concreto foram

executados com falhas de natureza qualitativa. Além disso, a própria Superintendência Regional do

Dnit no Espírito Santo já havia verificado deficiências em alguns serviços.

a) Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ) Binder e Capa de Rolamento

A fim de se verificar se o revestimento foi executado em conformidade com o projeto, foram

realizadas extrações de corpos de prova ao logo de todo o trecho, em ambos os lados da rodovia, na

pista de rolamento, nos acostamentos, nos acesso e nas faixas de aceleração e desaceleração (taper).

Verificou-se que as espessuras de algumas das amostras extraídas eram inferiores às de projeto,

considerando-se a tolerância de 5% admitida na norma Dnit 031/2006 – ES – Pavimentos Flexíveis –

Concreto Asfáltico – Especificação de Serviço. Foram extraídos dez corpos de prova com o uso de

sonda rotativa, em locais definidos pela equipe de auditoria. Dos dez corpos de prova, cinco

apresentaram espessuras totais e/ou das camadas de binder ou capa inferiores às de projeto, já

considerados limites de tolerância da especificação de serviço do Dnit. Os pontos foram escolhidos de

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modo a abranger toda a extensão da pista nos lados direito e esquerdo e de modo a representar todos os

locais de aplicação do revestimento: pista, acostamentos, acessos e tapers (faixas de aceleração e

desaceleração).

Posteriormente, a Superintendência realizou a extração de outras amostras, das quais algumas

não obedeciam ao critério de aceitação da norma técnica do Dnit. Foram extraídas 17 (dezessete)

amostras contemplando acostamento, taper e pista em ambos os lados da rodovia, das quais 8 (oito)

não apresentaram espessuras totais dentro das faixas de aceitabilidade normatizadas.

Com base nas inconformidades verificadas pela auditoria e pela Superintendência, a mesma

Superintendência encaminhou questionamento à empresa supervisora das obras de duplicação do Lote

01 do Contorno de Vitória – ECR Sociedade Civil de Engenharia e Consultoria, detentora do Contrato

TT-17-009/2001, por meio do Ofício 636/2011/SR/ES, solicitando o encaminhamento de justificativas

técnicas das irregularidades apontadas, dando conhecimento dos fatos também à empresa construtora –

Delta Engenharia -, por meio do Ofício 635/2011/SR/ES.

Em resposta, a empresa supervisora encaminhou o Ofício RJ-2011/081 no qual argumenta que

as medições dos trechos contestados teriam se baseado no controle tecnológico realizado e corpos de

prova extraídos em quantidade representativa, os quais indicariam a aderência das espessuras às

exigências normativas. Apresenta em anexo os relatórios de controle tecnológico que indicariam a

conformidade dos trechos medidos.

Nessa manifestação, a supervisora julga que a quantidade de corpos de prova extraídos pelo

Dnit não constituiria uma amostra representativa, o que distorceria os resultados das espessuras médias

obtidas através do controle tecnológico realizado durante a execução das obras. Acrescenta, ainda, que

qualquer desagregação ocorrida nos corpos de prova durante o processo de extração compromete a

aferição de sua espessura final.

Cabe certa razão às afirmações apresentadas pela ECR, especialmente no que diz respeito à

representatividade das amostras extraídas durante a auditoria e posteriormente pelo Dnit. A quantidade

de corpos de prova obtidos, um total de 27, não é suficiente para determinar a rejeição ou a aceitação

dos serviços executados em 19,3 km.

Os resultados obtidos por meio desses corpos de prova, entretanto, são indícios de existência de

inconformidades na execução dos serviços por parte da Delta e de inconsistência nos resultados do

controle tecnológico realizado por parte da ECR. Isso porque a quantidade de corpos de prova que

apresentaram espessuras inferiores àquelas toleradas pela norma regente do modo de execução e dos

critérios de aceitação e medição dos serviços foi significativa: treze inconformidades registradas em 27

amostras realizadas, representando 48,15% dos corpos de prova. As espessuras desses corpos de prova

estavam entre 5,8% e 36,3% inferiores às especificadas no projeto.

Os principais impactos da redução da espessura em relação à definida em projeto podem ser:

defeitos nas camadas inferiores do pavimento e dos aterros (base e subleito) em decorrência de a

distribuição de forças não ocorrer conforme esperado, resultando em maiores esforços nas camadas

inferiores; e aceleração do aparecimento de defeitos no pavimento, tanto na camada de revestimento

quanto nas inferiores.

Por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, A Superintendêcia Regional do Dnit no Estado do

Espírito Santo encaminhou cópia do Ofício 372/2012/SR/ES, endereçado à empresa construtora do

Lote 01. Nele, o Dnit dá conhecimento à contratada, dentre outras coisas, de que verificou a

complementação da espessura do revestimento asfáltico nos segmentos em que a equipe de auditoria

havia detectado a execução com espessuras inferiores às previstas em projeto. Entretanto, a

significativa incidência de espessuras inferiores nos corpos de prova extraídos pela equipe e pelo Dnit

indica que a execução em desconformidade com o projeto ocorreu de modo generalizado na rodovia.

Por isso, não basta que sejam complementadas as espessuras somente nos locais onde a equipe extraiu

as amostras, mas em toda a extensão em que se verifique a execução deficiente.

Considerando tudo isso, mostra-se necessário que se realize uma perícia sobre a execução dos

serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa de rolamento no Contrato TT 011/2008, extraindo-se

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

corpos de prova em quantidade representativa do trecho duplicado e em todas as áreas revestidas

(acostamentos, pistas de rolamento, acessos e tapers) de modo que se possa concluir com segurança se

houve ou não execução em desconformidade com o projeto e as especificações.

Cabe observar que o resultado do procedimento pericial pode repercutir diretamente sobre a

superintendência estadual no ES, responsável pela execução e fiscalização da obra. Por isso, entende-

se que a perícia deva ser realizada pela Auditoria Interna da autarquia, competente, dentre outras

atribuições, por examinar a legalidade nas diversas unidades gestoras do DNIT, bem como a aplicação

dos recursos públicos, e apoiar o controle interno e externo no exercício de suas missões institucionais.

Além disso, como meio de se evitar o recebimento definitivo da obra antes que se afaste a

existência do indício de vício de construção apontado, propõe-se determinar à Superintendência

Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo que se abstenha de receber a obra definitivamente até

que a conformidade da execução do pavimento seja atestada por laudo pericial independente, conforme

disposto na alínea b do inciso I do art. 73 da Lei 8.666/1993.

b) Meio fio de concreto

Os meios-fios de concreto executados na obra foram feitos utilizando-se blocos pré-moldados

para a parte correspondente à guia (vertical) e concreto moldado no local para a parte correspondente à

sarjeta (horizontal). A fim de se verificar se a resistência do concreto utilizado atende às especificações

contidas na norma Dnit 020/2006 – ES – Drenagem – Meios-fios e guias – Especificação de Serviço

quanto à resistência característica à compressão mínima (fck) de 15 Mpa, foram colhidas duas

amostras de bloco pré-moldado utilizado na guia dos meios-fios, as quais foram enviadas pelo Dnit

para serem testadas pela empresa Brascontec Engenharia e Tecnologia. Os resultados dos ensaios,

realizados em conformidade com a norma NBR 7.680/2007, apontaram resistências de 8,1 e 8,8 MPa

na mostra coletada na estaca 905, lado esquerdo, e de 12,2 e 9,4 MPa na mostra coletada na estaca 505,

lado esquerdo. Se forem consideradas as médias dos resultados dos ensaios de cada bloco, as

resistências verificadas são 44% e 28% inferiores à especificada.

Verifica-se, portanto, que nenhuma das amostras obtidas atingiu a resistência definida na norma

regente do contrato, caracterizando indício de irregularidade.

Como resultado da resistência deficiente dos blocos pré-moldados utilizados nos meios-fios

tem-se a maior ocorrência de rupturas por impacto de veículos ou esforços provenientes, por exemplo,

das raízes de plantas existentes na vizinhança da rodovia e de menor durabilidade às intempéries. Essas

falhas podem causar a redução da eficiência da drenagem superficial ou até sua obstrução,

prejudicando a durabilidade do pavimento e a segurança da rodovia.

Por meio do Ofício 726/2011/SR/ES a Superintendência Regional do Dnit no Estado do

Espírito Santo deu conhecimento da ocorrência à empresa ECR, supervisora das obras de duplicação

do Lote 01 do Contorno de Vitória, solicitando sua manifestação.

No Ofício RJ-2011/092 a supervisora esclarece que o controle de qualidade das diversas etapas

da obra seria de responsabilidade da executora, a Delta Construção, e que sua parte seria acompanhar

os serviços realizados e a efetividade do plano de gestão de qualidade da construtora.

Esclarece que a confecção do meio-fio teria sido feito com concreto usinado adquirido de

empresa especializada, com a especificação de fck=15MPa. O controle de recebimento teria sido

realizado pela construtora por meio da conferência das especificações técnicas constantes das Notas

Fiscais, ensaio de consistência e moldagem de corpo de prova para ensaio de resistência, cujos

resultados teriam sido satisfatórios.

Considerando que a aprovação dos serviços executados teria sido feita por controle estatístico,

a ocorrência de valores fora da faixa seria aceitável e possível, mas não condenatório, sendo as

ocorrências verificadas pontuais e não representativa para toda a extensão do serviço executada.

Também a Delta se manifestou, por meio de expediente endereçado ao Dnit, no qual esclarece

que todo o concreto utilizado nos dispositivos de drenagem teria sido produzido com alto controle de

qualidade, em usina especializada, e que, no ato da realização das concretagens haveria um rigoroso

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

controle tecnológico, inclusive com participação efetiva da supervisora do contrato, que manteria,

paralelamente, seu próprio controle.

Considera que o problema apresentado seria pontual e estaria dentro do mínimo estatístico e

informa que fará a intervenção necessária para a correção do problema apresentado.

A norma ABNT NBR 12.655/2006 que fixa as condições exigíveis para o preparo, controle e

recebimento de concreto, em seu item 6.2.4 estabelece o critério de aceitação dos lotes de concreto

(fckest>=fck) conforme valores de resistência calculados estatisticamente (fckest) pelos métodos

apresentados no item 6.2.3.

Os seja, pelo controle estatístico é aceitável que alguma amostra apresente resistência inferior à

especificada, o que seria compensado estatisticamente por corpos de prova com resistências superiores

à esperada. Entretanto, é muito improvável que um lote que apresentasse uma amostra com fck tão

inferior à definida no projeto, como foram os casos das amostras ensaiadas durante a auditoria,

resultasse em corpos de prova com resistências muito superiores à referência de modo a compensar as

falhas daqueles primeiros.

Entretanto, para que se possa formar uma opinião conclusiva a respeito da existência ou não de

irregularidade na execução dos meios-fios, é importante que se obtenha evidências mais conclusivas e

representativas, razão pela qual se mostra necessária a realização de uma perícia sobre a execução dos

serviços de meio fio de concreto, especificamente sobre a resistência dos blocos pré-moldados de

concreto que formam a parte relativa à guia, extraindo-se corpos de prova em quantidade

representativa dos lotes de concreto utilizados.

Pelas mesmas razões atinentes aos serviços de CBUQ, entende-se que a perícia deva ser

realizada pela Auditoria Interna da autarquia.

Além disso, propõe-se, como meio de se evitar o recebimento definitivo da obra antes que se

afaste a existência do indício de vício de construção apontado, propõe-se determinar à

Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo que se abstenha de receber a obra

definitivamente até que a conformidade da resistência dos blocos pré-moldados de concreto dos meios-

fios seja atestada por laudo pericial independente, conforme disposto na alínea b do inciso I do art. 73

da Lei 8.666/1993.

c) Execução de outros serviços com falhas de ordem qualitativa

Além das falhas de execução verificadas pela equipe de auditoria, outros defeitos foram

verificados pela própria superintendência do Dnit, conforme apresentado no Parecer Técnico

encaminhado pelo Ofício 702/2011/SR/ES. Os problemas ali registrados incluem defeitos de

pavimento, como afundamento de trilha de roda, trincas tipo jacaré e trincas longitudinais, elementos

de drenagem danificados, tais como descidas d'água, meios-fios e caixas de barreira, barreiras new

jersey e de segurança danificadas, ausência de elementos, como meios-fios, descidas d'água, bueiros e

junta de dilatação, desgastes precoces, como erosões, desagregação de junta de dilatação, falta de

grelhas e tampas em caixas coletoras e a ruptura de um aterro.

O Parecer Técnico apresenta de forma detalhada as impropriedades encontradas pela

Superintendência nas obras de terraplenagem, de drenagem, complementares, de sinalização, de artes

especiais, de pavimentação e de reabilitação ambiental. Destas, destacam-se as obras de drenagem e de

arte correntes em que foram identificadas 45 pendências, seguido por pavimentação com 23

pendências e sinalização com 13 irregularidades verificadas.

Em 5/12/2011 o Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo enviou e-mail

para a equipe de auditoria apresentando as providências que estão sendo tomadas em relação aos

problemas executivos identificados. Encaminhou o Memorando 439/2011/SR/ES no qual estipula

prazo para a comissão de recebimento do Lote 01 das obras de duplicação do Contorno do Vitória

concluir suas análises e finalizar o relatório.

Posteriormente, foi encaminhado o Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, de 30/4/2012, por meio do

qual a Superintendência deu ciência à equipe de dois novos pareceres técnicos. No primeiro, datado de

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385

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1/12/2011, atribui-se o rompimento de aterro ocorrido no lado esquerdo da pista, na estaca 845, a

‘falha no projeto de drenagem superficial e falha na execução destes serviços’. No segundo, datado de

3/1/2012, a comissão responsável, após receber e analisar as manifestações da Construtora a respeito

das falhas apontadas no Parecer Técnico encaminhado pelo Ofício 702/2011/SR/ES, resolveu manter a

maioria das inconsistências anteriormente apontadas, exceto aquelas do item ‘obras complementares’,

decorrentes de acidentes e ações de terceiros após o recebimento dos serviços.

Por meio do mesmo Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, encaminhou-se cópia do Ofício

372/2012/SR/ES, endereçado à empresa construtora do Lote 01. Nele, o Dnit dá conhecimento à

contratada do Parecer Técnico que concluiu pela necessidade de correções no trecho antes do

recebimento definitivo dos serviços. Dá conhecimento, também, de que, diante da negativa da empresa

em realizar a recuperação do aterro rompido em torno da estaca 845, a Autarquia contratou os serviços

de recuperação pelo valor de R$ 741.082,86 (data-base: jul/2011). Por fim, informa que verificou a

complementação da espessura do revestimento asfáltico nos segmentos em que a equipe de auditoria

havia detectado a execução com espessuras inferiores às previstas em projeto. Diante disso, notificou a

empresa para executar os serviços que saneiem as inconsistências pendentes para a emissão do Termo

Definitivo de Recebimento das Obras.

Assim, verifica-se que a administração está tomando providências para que a executora saneie

os problemas por ela identificados. Porém, não há indicação se estão sendo tomadas medidas para

responsabilizar a empresa supervisora em decorrência da medição e atesto da execução de serviços não

realizados ou realizados em desacordo com as especificações. Não há, também, manifestação do Dnit

de que tomará providências para cobrar da empresa executora o ressarcimento do valor pago à empresa

contratada para recuperar o aterro rompido em torno da estaca 845, visto que a Autarquia considerou

como sendo de responsabilidade da executora das obras do Lote 01 a ruptura precoce do aterro.

Por isso, propõe-se determinar ao Dnit que, tão logo sejam realizadas as correções devidas, ou,

caso haja negativa da empresa executora em realizá-los e tão logo sejam tomadas providências a

respeito, dê conhecimento dos fatos ao Tribunal de Contas da União, juntamente com a informação

acerca das providências tomadas em relação à empresa supervisora.

3.2.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado:

(IG-C) – Contrato 17009/2001, elaboração de projetos, serviços de supervisão,coordenação e

controle das obras de duplicação do Contorno de Vitória/ES – BR 101, segmento km 288,1 – km

294,3. , Ecr – Sociedade Civil de Engenharia e Consultoria.

(IG-C) – Contrato TT-011/2008-00, 1/2/2008, Execução de obras de duplicação na rodovia

BR/101-ES – segmento Km 268,80 a 288,10 – Contorno de Vitória/ES, Delta Construções S/A.

3.2.4 – Causas da ocorrência do achado:

Deficiências no controle exercido pela fiscalização e supervisão.

3.2.5 – Critérios:

Lei 4320/1964, art. 63, § 1º, inciso I; art. 63, § 2º, inciso III

Lei 8666/1993, art. 66; art. 67, § 1º; art. 67, caput ; art. 69; art. 70; art. 73, inciso I, alínea b; art.

75; art. 76

Norma Técnica – ABNT – NBR 12.655/2006

Norma Técnica – Dnit – 031/2006 – ES – Pavimentos Flexíveis – Concreto Asfáltico –

Especificação de Serviço

Norma Técnica – Dnit – 020/2006 – ES – Drenagem – Meios-fios e guias – Especificação de

Serviço

Resolução 10/2007, Ministério dos Transportes – Regimento Interno do Dnit, art. 111, inciso

IV; art. 122, inciso III

3.2.6 – Evidências:

Planilha de espessuras dos corpos de prova de CBUQ – lote 1 – Planilha demonstrativa das

espessuras dos corpos de prova do revestimento, folhas 1/2.

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386

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Resultados dos ensaios dos meios-fios – lote 1 – Resultado dos ensaios dos meios-fios –

Brascontec, folhas 1/2.

Expediente – Delta – irregularidades no lote 1 – Ofício 726/2011/SR/ES, folha 1.

Expediente – Delta – irregularidades no lote 1 – Ofício RJ-2011/092 – ECR, folhas 2/12.

Expediente – Delta – irregularidades no lote 1 – Expediente da Delta Construções sobre os

resultados dos ensaios dos meios-fios, folha 3.

Ofício 702/2011-Relatório Técnico – parte 1 – Ofício 702/2011/SR/ES com Parecer Técnico da

comissão de recebimento – parte 1, folhas 1/36.

E-mail da SR/ES de 5/12/2011 – E-mail do Superintendente Regional do Dnit/ES à equipe de

auditoria, de 5/12/2011, folha 1.

Memo 439_2011_SR_ES – Memorando 439/2011/SR/ES, folha 1.

Ofício 636_2011_SR_ES – para ECR – Ofício 636/2011/SR/ES, folhas 1/3.

Ofício 635_2011_SR_ES – para Delta – Ofício 635/2011/SR/ES, folhas 1/3.

Ofício 081-ECR-Notificação por Irregularidade – Ofício RJ-2011/081 – ECR, folhas 1/13.

Irregularidade na fiscalização da execução do meio fio – ECR. – Ofício 727/2011/SR/ES, folha

1.

Portaria 21/2009/SR/ES – nomeação do fiscal do lote 1 – Portaria 21/2009/SR/ES, folha 1.

Ofício 702/2011-Relatório Técnico – parte 2 – Ofício 702/2011/SR/ES com Parecer Técnico da

comissão de recebimento – parte 2, folhas 1/25.

Ofício 45_2012_GAB_SRES

– Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, folhas 1/57.

3.2.7 – Conclusão da equipe:

Foi verificado que os serviços executados no Lote 01, Contrato TT 011/2008 – Delta

Construções S/A, concluído em dezembro/2009, das obras do Contorno de Vitória/ES apresentavam

diversas falhas de natureza qualitativa.

Dentre as deficiências citadas, destaca-se a espessura da camada de revestimento em CBUQ,

que, em treze das 27 amostras extraídas não apresentava a espessura mínima (total e/ou das camadas)

prevista em projeto.

Argumentou-se que o número de corpos de prova colhidos não era representativo do trecho

todo e que houve controle de qualidade da execução durante as obras, o qual indicou a conformidade

das espessuras de todos os exemplares analisados. Essas alegações, embora procedentes quanto à

representatividade das amostras, não são suficientes para afastar o fato de que quase 50% das amostras

extraídas serem reprováveis, o que indica inconsistência nos controles realizados. Essas inconsistência

atingem toda a extensão da rodovia duplicada, e não somente nos pontos específicos em que a

auditoria extraiu as amostras.

Portanto, julga-se necessário que se realize uma perícia sobre os serviços de revestimento

betuminoso. Entende-se que esse procedimento não deva ser feito pela própria superintendência, pois

os resultados podem repercutir sobre ela no papel de responsável pela execução e fiscalização das

obras. Por isso, propõe-se que a determinação de realização de perícia seja feita para o setor de

controle interno da autarquia, a Auditoria Interna (Audint).

É importante frisar a necessidade de que essa perícia seja feita junto com as audiências e oitivas

que venham a ser determinadas, pois se trata de um procedimento preliminar para subsidiar a análise

das justificativas e subsidiar alguma eventual determinação corretiva que possa vir a ser feita quando

da análise do mérito. Desse modo, a despeito dos procedimentos normalmente adotados por este

Tribunal, de se realizar as oitivas e audiências antes de se emitir qualquer determinação, entende-se

que esta determinação, em particular, deve ser exarada preliminarmente.

Outra deficiência encontrada que se destaca diz respeito à resistência do concreto aplicado nos

blocos pré-moldados utilizados nos meios-fios. Foram colhidos dois blocos, os quais foram ensaiados

e obtiveram-se resistências significativamente inferiores àquelas constantes das especificações.

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387

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os argumentos apresentados em defesa da qualidade do concreto utilizado também dizem

respeito à representatividade das amostras, dos controles existentes durante as obras e da possibilidade

de se aprovar amostras com resistência inferior ao especificado devido ao controle estatístico.

Novamente, quanto à condição de representatividade das amostras as alegações são

procedentes. Porém, dada a grande diferença encontrada entre a resistência do concreto e a

especificada, existe a possibilidade que se tenha utilizado concreto com características insuficientes.

Ainda, pelo fato de as amostras terem sido obtidas de pontos bem distantes resta o indício que tal

incompatibilidade não tenha ocorrido em um só ponto, mas em mais de um, quiçá em quantidade

significativa.

Por isso, também nesse caso julga-se necessária a realização de uma perícia e, pelos mesmos

motivos já apresentados, tal procedimento deve ser realizado pela Audint/Dnit. Do mesmo modo,

entende-se necessário que a determinação de realização da perícia seja feita preliminarmente, junto

com as eventuais oitivas e audiências, tal qual explicado em relação à perícia nos serviços de CBUQ.

Além disso, como meio de se evitar o recebimento definitivo da obra antes que se afaste a

existência dos indícios de vícios de construção apontados, propõe-se recomendar à Superintendência

Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo que não receba a obra definitivamente até a conclusão

da perícia ora proposta, conforme disposto na alínea b do inciso I do art. 73 da Lei 8.666/1993.

Por fim, os Pareceres Técnicos encaminhados por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES

indicam que o Dnit está providenciando que a empresa executora conclua os serviços pendentes e

repare aqueles cuja execução não foi satisfatória. Porém, não há indicação se estão sendo tomadas

medidas para responsabilizar a empresa supervisora em decorrência da medição e atesto da execução

de serviços não realizados ou realizados em desacordo com as especificações, nem como para cobrar

da empresa construtora os custos assumidos pelo Dnit para recuperação do aterro rompido em torno da

estaca 845.

Por isso, propõe-se determinar ao Dnit que, tão logo sejam realizadas as correções devidas, ou,

caso haja negativa da empresa executora em realizá-los e tão logo sejam tomadas providências a

respeito, dê conhecimento dos fatos ao Tribunal de Contas da União, juntamente com a informação

acerca das providências tomadas em relação à empresa supervisora.

3.2.8 – Responsáveis:

Nome: Jorge Luiz de Almeida – CPF: 306.174.567-04 – Cargo: Fiscal do Contrato TT

11/2008 (Portaria nº 34/2008/SR-ES) (de 16/6/2008 até 1/4/2009)

Nome: Reginaldo Lírio Morelato – CPF: 576.010.207-97 – Cargo: Fiscal do Contrato TT

11/2008 (Portaria nº 21/2009/SR-ES) (de 2/4/2009 até 30/3/2011)

Conduta: Aprovação das medições dos serviços de CBUQ executados com espessuras

inferiores àquelas definidas em projeto, já consideradas as tolerâncias da especificação de serviço.

Aprovação das medições dos serviços de meios-fios executados com blocos pré-moldados de

concreto com resistência inferior àquela definida na especificação de serviço.

Aprovação das medições de serviços executados com qualidade deficiente, conforme

demonstrado no Parecer Técnico da comissão de recebimento definitivo das obras datado de 3/1/2012.

Aprovação das medições de serviços não executados, conforme demonstrado no Parecer

Técnico da comissão de recebimento definitivo das obras datado de 3/1/2012.

Nexo de causalidade: A aprovação das medições resultou no pagamento por serviços

executados com qualidade deficiente e por serviços não executados.

Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele

deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

3.3 – Superfaturamento decorrente de pagamento por serviço não executado.

3.3.1 – Tipificação do achado:

Classificação – grave com recomendação de continuidade (IG-C)

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388

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO – Em face da baixa

materialidade do dano potencial em relação aos valores contratados, a presente irregularidade não se

enquadra no art. 94, § 1º, inciso IV da Lei 12.309/2010 (LDO 2011).

3.3.2 – Situação encontrada:

Verificou-se a ocorrência de indícios de superfaturamento por serviço não executado nos

seguintes serviços: a) aquisição e transporte de CAP-20, verificado no Lote 01 por meio da relação

entre os quantitativos dos serviços que utilizam o material betuminoso CAP-20 e o consumo de

material betuminoso verificado nos ensaios de acompanhamento da obra, gerado um prejuízo ao Erário

estimado em R$ 1.772.758,60 (ref.: 05/2007); b) corpo de bueiro tubular de concreto, verificado nos

Lotes 01 e 02, em decorrência da utilização de tubos menos robustos que aqueles cujos preços foram

orçados; e c) concreto betuminoso usinado a quente faixa C, verificado no Lote 02, em decorrência da

falta de distinção no orçamento entre os dois tipos de camada que efetivamente estavam sendo

executadas, conforme projeto: faixas B e C.

A seguir serão detalhadas as irregularidades verificadas em cada um dos serviços mencionados.

a) medição a maior dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 (Lote 01):

Verificou-se que os serviços de Fornecimento e Transporte de CAP-20 para o Contrato

011/2008, referente ao Lote 01 das obras do Contorno de Vitória, foram medidos em desacordo com as

especificações de serviço. Tal fato pode ter gerado um prejuízo ao Erário estimado em R$

1.772.758,60 (ref.: 05/2007).

Com base nos resultados dos ensaios Marshall, os quais indicam, dentre outras coisas, a taxa de

material betuminoso aplicada na mistura asfáltica, verificou-se incompatibilidade entre os percentuais

de cimento asfáltico de petróleo (CAP) utilizado efetivamente na obra e o quantitativo de CAP

medido, conforme pode ser demonstrado na planilha ‘Taxa de Ligante – Contrato TT 011/2008’.

O traço do concreto betuminoso é característica de cada mistura produzida, ou seja, a

quantidade de materiais utilizados, incluindo o percentual de CAP, varia de acordo com os materiais

utilizados na composição do concreto betuminoso usinado a quente – CBUQ. Para o CBUQ utilizado

na capa de rolamento a taxa de ligante é mais expressiva, alcançando, em alguns casos 5,5%, enquanto

que, para Binder, o percentual de ligante é menor, em geral não excede 4,5%.

A auditoria teve acesso aos ensaios Marshall de definição dos traços de CBUQ, que fornecem,

dentre outras informações, o teor de betume que deve se utilizado na mistura, ou seja, a quantidade de

material betuminoso – cimento asfáltico – a ser aplicado. Para este caso específico, definiu-se

percentual de 5,3% para a capa de rolamento e de 4,7% para a camada de binder.

A Norma Dnit 031/2006 – ES – Pavimentos flexíveis – Concreto asfáltico – especificação de

serviço, no item 8, que trata dos critérios de medição do serviço de Concreto Betuminoso Usinado a

Quente (CBUQ), estipula: ‘b) a quantidade de cimento asfáltico aplicada é obtida pela média

aritmética dos valores medidos na usina, em toneladas’, ou seja, o material betuminoso deve ser pago

de acordo com a quantidade efetivamente utilizada, não de acordo com o percentual previsto em

projeto e utilizado na determinação dos quantitativos de aquisição e de transporte do material

betuminoso licitados e contratados.

Para efeitos de estimativa do valor pago a maior nos serviços de aquisição e transporte do CAP

foram adotados os percentuais obtidos no traço definido pelos ensaios Marshall.

Há, portanto, um indício de superfaturamento decorrente de pagamento por serviço não

executado, já que as quantidades medidas de fornecimento de CAP não estão de acordo com aquelas

calculadas pelo critério de medição estipulado pela especificação de serviço.

Nesse contexto, faz-se necessária a manifestação do Dnit e das empresas executora – Delta S/A

e supervisora – ECR, assim como audiência do fiscal responsável a fim de esclarecer as

inconsistências verificadas.

b) execução de bueiros (Lotes 01 e 02):

Os serviços de corpo de bueiro tubular de concreto dos orçamentos dos Contratos 00

00011/2008 e 17 00231/2010, relativos aos Lotes 01 e 02 das obras de duplicação da BR 101/ES –

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Contorno de Vitória, não fazem distinção quanto ao tipo de tubo a ser utilizado, tendo sido adotado no

orçamento base da licitação, em geral, os mais robustos e mais caros, embora aqueles já executados

utilizaram tubos menos reforçados e, portanto, mais baratos.

A especificação de serviço DNER-ES 284/97, referente a bueiros tubulares de concreto,

estipula, no item 4.6, que na ausência de projetos específicos serão utilizados os dispositivos

padronizados pelo DNER que constam do Álbum de Projetos-Tipo de Drenagem, 1988. O Álbum foi

atualizado em 2006 pelo Instituto de Pesquisa Rodoviária do DNIT, sendo essa a versão vigente.

No desenho 6.2 da publicação são apresentados quatro tipos de tubos para cada diâmetro (CA-

1, CA-2, CA-3 e CA-4), cada um indicado para uma altura limite de aterro, sendo o CA-1 o que

apresenta armadura mais simples e o CA-4 o que apresenta armadura mais robusta. A diferença entre

as armaduras dos tubos de concreto resulta que o custo de cada um é também distinto, sendo

proporcional à quantidade de aço utilizada. Desse modo, o CA-1 é o mais barato e o CA-4 o mais caro.

O Manual de Custos Rodoviários, que é a referência para o Sicro, em seu Volume 4, Tomo 3,

Item 3.10, destaca essa variedade de tubos e seus limites de aplicação. Entretanto, as composições de

serviço para corpo de bueiro tubular do Sicro não consideram essas diferenças, adotando como padrão

os tubos CA-4. A adaptação das composições para os demais tipos de tubos deve ser feita conforme a

necessidade do projeto.

Verifica-se, entretanto, que os orçamentos-base dos projetos que fundamentaram o processo de

licitação, assim como os orçamentos contratados, não levaram em consideração a diversidade de

profundidade dos aterros, tendo adotado tubos do tipo CA-4 para os bueiros tubulares de concreto.

Conforme se observa no projeto de drenagem da obra em análise, existe indicação para utilização de

bueiros de outros tipos.

Diante disso, foi solicitado ao Dnit, por meio do Ofício de Requisição 04-787/2011, que

apresentasse o detalhamento das alturas da camada de aterro sobre os tubos de drenagem para se

verificar o tipo de armadura adequada a cada tubo de concreto armado. Em resposta ao referido ofício,

o Dnit/ES encaminhou as planilhas referentes aos dois lotes da obra, constando que só foram

executados ou estão a executar bueiros do tipo CA-1, CA-2 e CA-3.

I) LOTE 01

As obras do Lote 01 já foram concluídas e o Relatório de Controle Físico da última medição

(dezembro de 2010) indica a execução dos seguintes bueiros tubulares de concreto, totalizando

6.244,00m:

BSTC D=0,60m (CA-4) (item 410051)

BSTC D=0,80m (CA-4) (itens 39589 e 410002)

BSTC D=1,00m (CA-3) (item 410053)

BSTC D=1,20m (CA-4) (item 39590)

BDTC D=1,00m (CA-4) (item 411001)

BDTC D=1,20m (CA-4) (itens 130048 e 411002)

Além disso, a planilha enviada pelo Dnit em resposta à solicitação da auditoria mostra que a

maior parte dos bueiros executados é do tipo CA-1 (6.165,00m), havendo, ainda, alguns dos tipos CA-

2 (70,00m) e CA-3 (9,00m), mas nenhum CA-4.

O Projeto Básico do Lote 01, ao listar os bueiros a serem executados, detalhou os tipos (CA-1 a

CA-4) a serem utilizados. A despeito disso, o orçamento-base levou em conta somente tubos do tipo

CA-4, que são os mais robustos, o que pode ser verificado nas composições de custo unitário pelos

consumos de aço dos serviços de confecção de tubos de concreto armado, que correspondem aos

consumos dos tubos CA-4 do desenho 6.2 do Álbum de Projetos-Tipo de Drenagem do Dnit. A

consideração apenas dos tubos mais caros foi antieconômica e não levou em conta a otimização

apresentada pelo projeto.

Entretanto, os preços ofertados pela empresa vencedora da licitação foram inferiores aos preços

referenciais para os corpos de bueiro tubular do tipo CA-1. Assim, a antieconomicidade do orçamento-

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

base da licitação, não se refletiu na proposta vencedora, não havendo que se falar em superfaturamento

dos bueiros tubulares de concreto em relação ao Lote 01.

II) LOTE 02

As obras do Lote 02 ainda estão em andamento, tendo sido executados alguns bueiros e

restando ainda alguns a serem executados.

Verifica-se na planilha enviada pelo Dnit em resposta à solicitação da auditoria, que somente

foram utilizados tubos do tipo CA-2. A previsão é que também os bueiros restantes sejam executados

com tubos do tipo CA-2.

O projeto básico indica que devem ser utilizados tubos do tipo PA-2 (ou CA-2). Entretanto, o

único bueiro tubular constante da planilha do orçamento-base, BSTC D=0,80m, considera a utilização

de tubos do tipo CA-4, conforme se verifica na composição de preço unitário do projeto básico. Sobre

os bueiros tubulares desse contrato, duas observações são importantes: uma em relação às quantidades

e outra em relação ao preço do serviço contratado.

Quanto à quantidade, foram contratados apenas 5 m de corpo de bueiro BSTC D=0,80 m,

embora já tenham sido executados 2.356,40 m de bueiros, predominantemente de 0,60 m de diâmetro,

e estão por executar 3.375,50 m, a maior parte também de 0,60 m de diâmetro. Isso mostra que o

contrato deve passar por um futuro aditivo para adequar ao menos as quantidades dos bueiros.

Quanto ao preço, verifica-se que o preço-base do BSTC D=0,80m, que é o mesmo preço

contratado, se encontra acima do preço referencial. Identificou-se, como causa desse sobrepreço a

utilização, na composição ‘2 S 04 100 52 – Corpo BSTC D=0,80m AC/BC/PC’ do preço (com BDI),

ao invés do custo, (sem BDI) da atividade auxiliar ‘1 A 01 512 60 – concreto ciclópico fck=15MPa

AC/BC/PC’.

De qualquer modo, os preços que devem ser pagos pelos serviços de corpos de bueiros

tubulares de concreto não devem ser superiores àqueles correspondentes aos tubos realmente

utilizados.

A comparação entre os preços dos bueiros com a utilização dos tubos CA-4 e aqueles com a

utilização dos tubos indicados na planilha enviada pelo Dnit, indica que o pagamento pelos tubos mais

caros a despeito da utilização dos mais baratos pode levar a um superfaturamento de R$ 497.939,40.

Como o Contrato 17 00231/2010 não prevê a execução da quantidade de bueiros que está sendo

executada é possível que algum futuro aditivo venha a alterar os quantitativos previstos originalmente

no contrato e adicionar novos serviços para os tipos de bueiro não contratados. Por isso, é oportuno

que, caso venham a ser firmados aditivos para a alteração da quantidade de bueiros contratados, estes

adotem os tipos que realmente são necessários, distribuindo-se entre os CA-1, CA-2, CA-3 e CA-4,

além de se corrigir o preço do serviço já contratado ‘corpo de bueiro BSTC D=0,80m’.

III) AUSÊNCIA, NO SICRO 2, DO DETALHAMENTO DOS TIPOS DE BUEIROS

Conforme já explicado, os manuais do Sicro 2 e os documentos nos quais o sistema se baseia

definem quatro tipos de bueiros tubulares de concreto, classificados conforme a altura de aterro

prevista sobre suas geratrizes superiores. Para aterros menores devem ser utilizados bueiros com

armadura menos reforçada e para alturas maiores as armaduras devem ser mais robustas, para

resistirem à pressão da terra sobre os tubos.

Entretanto, as tabelas de preços do sistema que estão disponíveis para consulta e são utilizadas

na a orçamentação das obras do Dnit e de outras obras rodoviárias que utilizam recursos federais não

contemplam essa variedade de tubos, conforme se verifica nas composições de ‘corpo de bueiro

tubular’ de diversos diâmetros, registrados nas composições ‘2 S 04 100 01’ a ‘2 S 04 100 55’, ‘2 S 04

110 01’ a ‘2 S 04 110 53’ e ‘2 S 04 120 01’ a ‘2 S 04 120 53’. Essas composições, na verdade,

consideram a utilização dos tubos mais robustos e, consequentemente mais caros, o CA-4.

Tal consideração resulta que, mesmo nos casos em que seja possível utilizar os tubos mais

simples e mais baratos, o preço usado no orçamento, salvo raras exceções, é sempre o do tipo mais

caro. É o que ilustra o ocorrido nos dois lotes de obra auditados, para os quais os projetos básicos

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

indicaram a possibilidade de utilização de vários tipos de tubos, mas os orçamentos, utilizando-se das

composições do Sicro 2, adotaram os tubos mais robustos para todos os bueiros.

Para demonstrar o impacto da adoção dos tubos mais reforçados foram feitas tabelas

comparativas, as quais apontam que diferença de preços entre o tubo CA-1 e o CA-4, por exemplo, é

de cerca de 30%. Trata-se uma realidade que afronta os princípios constitucionais da eficiência e da

economicidade.

Existe, portanto, a necessidade de que o Sicro 2 inclua as composições de custos para os

bueiros tubulares que utilizam tubos de concreto dos tipos CA-1, CA-2 e CA-3. Essa necessidade foi

também demonstrada pela solicitação constante do Memorando 414/2011/SR/ES. Por meio desse

documento a Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo solicitou à Coordenação

Geral de Custos de Infraestrutura de Transportes (CGCIT), responsável pela manutenção do Sicro 2,

que informasse os custos unitários para as atividades auxiliares para confecção de tubos de concreto

armado do tipo CA-2. Essa dificuldade na elaboração das composições de custo para os bueiros mais

baratos poderia ser contornada com a existência dessas composições no próprio sistema de custos do

Dnit.

c) falta de detalhamento do CBUQ – capa e binder (Lote 02):

Foi constatado que a planilha de serviços referente ao Contrato TT 231/2010 não fazia

distinção quanto ao serviço de concreto betuminoso usinado a quente – CBUQ utilizado na capa de

rolamento e o utilizado na camada intermediária comumente denominada binder, constando todo o

quantitativo como sendo destinado à capa, embora o projeto de pavimentação preveja a divisão da

camada asfáltica em capa e binder.

Tal camada intermediária, em regra, tem custo unitário menor que a capa de rolamento devido

ao menor consumo de cimento asfáltico de petróleo – CAP e pela não utilização filler na composição

de usinagem.

Em que pese não constar na planilha de serviços contratada a distinção entre o quantitativo de

CBUQ a ser executado na capa e no binder, o Dnit forneceu o detalhamento do quantitativo executado

até 31/8/2011, constante das evidências deste achado, em que se verifica a medição total de CBUQ de

20.534,132 ton, sendo 12.517,009 ton utilizados para binder (faixa b) e 8.017,123 ton utilizados na

capa de rolamento (faixa c). Do detalhamento apresentado pelo Dnit, verifica-se que 60% do

quantitativo medido de CBUQ ‘faixa C’ refere-se, na verdade, ao CBUQ ‘faixa B’. Registre-se que

não foi apresentado o detalhamento do quantitativo que não havia sido executado.

O quantitativo total contratado de CBUQ ‘faixa C’ foi de 48.901,00 ton ao preço unitário de R$

74,38/ton. Todavia, este quantitativo deveria ter sido separado entre capa e binder. Em informações

encaminhadas, por e-mail, em 11/11/11, a Superintendência do Dnit/ES assegura que o serviço de

CBUQ ‘faixa B’ será inserido no próximo relatório de revisão em fase de obras, sendo estornada a

diferença entre o valor executado de CBUQ – binder e pago como CBUQ – capa de rolamento.

Nesse e-mail, o superintendente da Autarquia no Espírito Santo relata que foram elaboradas

novas composições, em conformidade com o Sicro 2 (maio/2009), para os serviços de usinagem e de

execução de CBUQ binder, chegando-se ao valor de R$ 72,89 para a execução do CBUQ binder. Com

base no preço apresentado pelo Dnit, o valor já pago a maior pelo serviço de CBUQ é de R$ 18.650,34

(12.517,009*(74,38 – 72,89)).

Nesse contexto, diante da sinalização da Autarquia em promover as correções devidas, faz-se

pertinente determinar ao Dnit que, tão logo sejam efetuadas as correções, encaminhe ao TCU os

elementos que comprovem os ajustes efetuados no Contrato TT 231/2010, contemplando a inclusão do

serviço de CBUQ ‘faixa B’ e o estorno de todo quantitativo deste serviço medido indevidamente e no

serviço de CBUQ com polímero para capa de rolamento.

3.3.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado:

(IG-C) – Contrato TT-011/2008-00, 1/2/2008, Execução de obras de duplicação na rodovia

BR/101-ES – segmento Km 268,80 a 288,10 – Contorno de Vitória/ES, Delta Construções S/A.

Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 1.772.758,60

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(IG-C) – Contrato 17 00231/2010, 5/3/2010, Execução dos serviços necessários à realização

da complementação das obras de duplicação do contorno de Vitória., Contractor Engenharia Ltda.

3.3.4 – Causas da ocorrência do achado:

Deficiêencias no controle exercido pela fiscalização do Dnit e pela supervisão contratada.

3.3.5 – Critérios:

Lei 8666/1993, art. 66; art. 67, § 1º; art. 78, inciso VI

3.3.6 – Evidências:

Planilha_Bueiros_CBUQ_DNIT_Lote02.

Planilha_Bueiros_DNIT_Lote01.

Quantitativo_CBUQ_CapaBinder_TT231_10.

Taxa_Ligante_TT011_2008.

Comparação dos preços referenciais dos bueiros.

Composições de bueiro no Sicro 2.

Desenho 6.2 do Álbum de drenagem – bueiros tubulares.

Composições de bueiros do Projeto Básico e aditivo – lote 01.

Composições referenciais dos bueiros – lote 01.

Projeto – Bueiros – lote 01.

Composições de bueiros do Projeto Básico e aditivo – lote 02.

Composições referenciais dos bueiros – lote 02.

Projeto – Bueiros – lote 02.

Manual de custos rodoviários – Vol 4, Tomo 3, Item 3.10.

Memo 414_2011_SR_ES.

Reatório de controle fisico – TT011_2008_Dez10.

Relatório resumo do contrato – TT011_2008.

Relatório resumo do contrato – TT231_2010.

E-mail da SR/ES de 5/12/2011.

E-mail_DnitES_Halpher_11Nov11 – E-mail da SR/ES de 11/11/2011.

3.3.7 – Conclusão da equipe:

Constatou-se a ocorrência de superfaturamento decorrente de pagamento por serviço não

executado em três grupos de serviços: execução de corpo de bueiro tubular de concreto (Lotes 01 e

02), aquisição e transporte de CAP-20 (Lote 01) e execução de CBUQ (Lote 02).

Foi verificado que os serviços de corpo de bueiro tubular de concreto dos orçamentos dos

Contratos TT 011/2008 e TT 231/2010, relativos aos Lotes 01 e 02 das obras de Adequação do

Contorno Rodoviário de Vitória – ES, não fazem distinção quanto ao tipo de tubo a ser utilizado, tendo

sido adotado, em regra, o tipo mais robusto e mais caro para toda a obra, embora seja técnica e

economicamente viável executar parte dos bueiros utilizando tubos menos reforçados, o que, inclusive,

constatou-se estar sendo feito.

Verificou-se, também, que os serviços de ‘Fornecimento e Transporte de CAP-20’ para o

Contrato 011/2008, referente ao Lote 01 das obras do Contorno de Vitória, foram medidos em

desacordo com as especificações de serviço. Com base nos resultados dos ensaios Marshall de

definição dos traços, verificou-se incompatibilidade entre os percentuais de cimento asfáltico de

petróleo aplicados em comparação com o quantitativo de CAP medido. A medição a maior resulta num

indício de superfaturamento estimado em R$ 1.772.758,60 (ref.: 05/2007).

Por fim, observou-se também liquidação irregular de despesa em decorrência do pagamento do

serviço de CBUQ – binder como CBUQ -capa de rolamento, pois a planilha de serviços contratada,

referente ao Contrato TT 231/2010, não faz distinção quanto ao serviço de concreto betuminoso

usinado a quente – CBUQ utilizado na capa de rolamento e o utilizado na camada intermediária

comumente denominada binder. O detalhamento do concreto betuminoso aplicado até 31/8/2011

apresentado pelo Dnit indica que 60% do quantitativo executado foram de binder, denominado faixa b.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Segundo informações da Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo, já

estão sendo tomadas as medidas necessárias para promover a separação dos quantitativos de CBUQ –

binder e CBUQ – capa de rolamento e realizar o estorno dos valores pagos indevidamente.

Considerando os quantitativos já executados e o preço para o CBUQ – binder apresentado pelo Dnit,

esse valor é de R$ 18.650,34.

Nesse contexto, mostra-se pertinente que se realize a oitiva do Dnit e das empresas executoras e

supervisoras, assim como a audiência dos fiscais do Dnit para que se manifestem sobre os indícios de

irregularidades apontados neste relatório, além de determinar ao Dnit que cientifique este Tribunal das

medidas corretivas adotadas em relação ao detalhamento dos quantitativos de CBUQ do Lote 02 tão

logo elas sejam efetivadas.

3.3.8 – Responsáveis:

Nome: Jorge Luiz de Almeida – CPF: 306.174.567-04 – Cargo: Fiscal do Contrato TT

11/2008 (Portaria nº 34/2008/SR-ES) (de 16/6/2008 até 1/4/2009)

Conduta: Aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em

desacordo com o critério de medição, resultando em quantitativos superiores aos executados (Lote 01).

Nexo de causalidade: A aprovação das medições resultou no pagamento por serviços não

executados (aquisição de transporte de CAP-20).

Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele

deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

Nome: Reginaldo Lírio Morelato – CPF: 576.010.207-97 – Cargo: Fiscal do Contrato TT

231/2010 (Nomeado pela Portaria nº 33/2010/SR-ES) (de 14/5/2010 até 31/7/2011), Fiscal do Contrato

TT 11/2008 (Portaria nº 21/2009/SR-ES) (de 2/4/2009 até 30/3/2011)

Conduta: Aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em

desacordo com o critério de medição, resultando em quantitativos superiores aos executados (Lote 01).

Aprovação das medições dos serviços de CBUQ como sendo o quantitativo total de CBUQ

faixa C quando na verdade foram executados, conforme projeto, com dois tipos de CBUQ: faixa B e

faixa C (Lote 02).

Nexo de causalidade: A aprovação das medições resultou no pagamento por serviços não

executados (aquisição de transporte de CAP-20) e pagamento por serviço diverso do executado

(CBUQ).

Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele

deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.

4 – ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS Como critério padrão na escolha da relatoria do processo, segue-se o disposto no art. 18-A da

Resolução-TCU 175, de 25/5/2005: ‘Art. 18-A Os processos constituídos em razão de fiscalização de

obras públicas serão distribuídos ao Relator que detiver em sua lista de unidades jurisdicionadas a

unidade da federação em que esteja localizada a obra’.

5 – CONCLUSÃO

De todo o exposto, verifica-se que a contratação direta da empresa executora das obras

remanescentes do Lote 02 da BR-101/ES – Contorno de Vitória deu-se de modo irregular, pois

desatendeu os dispositivos da Lei de Licitações que regem esse tipo de contratação.

A irregularidade do procedimento decorreu da dispensa de licitação fundamentada no inciso V

do art. 24 sem demonstrar que a realização de nova licitação acarretaria prejuízo à Administração e do

desatendimento da exigência expressa no caput do art. 26 de se comunicar a intenção de se contratar

por dispensa de licitação à autoridade superior para ratificação e publicação na imprensa oficial como

condição para a eficácia dos atos.

Somente após a realização das etapas referentes à escolha da empresa a ser contratada é que foi

providenciado o atendimento dos requisitos necessários à eficácia da escolha da contratação direta.

Além disso, a justificativa apresentada não satisfaz a exigência legal, pois não restou demonstrado que

a repetição da licitação traria algum prejuízo à Administração.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Foi verificado, ainda, que os serviços executados no Lote 01, Contrato TT 011/2008 – Delta

Construções S/A, concluído em dezembro/2009, das obras do Contorno de Vitória/ES apresentavam

diversas falhas de natureza qualitativa.

Dentre as deficiências citadas, destacam-se a espessura da camada de revestimento em CBUQ,

que, em treze das 27 amostras extraídas não apresentava a espessura mínima (total e/ou das camadas)

prevista em projeto e outra que diz respeito à resistência do concreto aplicado nos blocos pré-moldados

utilizados nos meios-fios. Foram colhidos dois blocos, os quais foram ensaiados e obtiveram-se

resistências significativamente inferiores àquelas constantes das especificações.

Por enquanto a empresa contratada realizou a complementação da espessura da camada de

CBUQ somente nos locais onde a auditoria extraiu as amostras. Entretanto, a alta incidência de

espessuras inferiores às do projeto e o fato de as amostras terem sido extraídas em locais aleatórios

indicam que a execução deficiente pode ter ocorrido em toda a extensão da rodovia.

Portanto, julga-se necessário que se realize uma perícia sobre os serviços executados. Entende-

se que esse procedimento não deva ser feito pela própria superintendência, pois os resultados podem

repercutir sobre ela no papel de responsável pela execução e fiscalização das obras. Por isso, propõe-se

que a determinação de realização de perícia seja feita para o setor de controle interno da autarquia, a

Auditoria Interna (Audint).

Por fim, constatou-se a ocorrência de superfaturamento decorrente de pagamento por serviço

não executado em três grupos de serviços: execução de corpo de bueiro tubular de concreto (Lotes 01 e

02), aquisição e transporte de CAP-20 (Lote 01) e execução de CBUQ (Lote 02).

Nesse contexto, mostra-se pertinente que se realize a oitiva do Dnit e das empresas executoras e

supervisoras, assim como a audiência dos fiscais do Dnit para que se manifestem sobre os indícios de

irregularidades apontados neste relatório, além de determinar ao Dnit que cientifique este Tribunal das

medidas corretivas adotadas em relação ao detalhamento dos quantitativos de CBUQ do Lote 02 tão

logo elas sejam efetivadas.

Entre os benefícios não quantificáveis verificados nesta fiscalização pode-se mencionar o

aprimoramento da gestão de projetos, a melhoria nos controles internos, a manutenção da expectativa

do controle e a melhoria da qualidade da obra em decorrência das correções a serem realizadas caso se

confirme o indício de execução deficiente dos serviços de CBUQ e meio-fio de concreto do Lote 01.

Os benefícios quantificáveis totalizam R$ 1.772.758,60 referentes aos serviços de

‘Fornecimento e Transporte de CAP-20’ do Contrato TT 011/2008 – Lote 01, que foram medidos em

desacordo com a especificação do serviços de CBUQ – capa e binder.

6 – PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

Proposta da equipe Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Ex

mo Sr. Ministro-

Relator Aroldo Cedraz, com a seguinte proposta:

I – Audiências de responsáveis:

Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e

art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência da senhora Denise Gomes

Simões, CPF 466.098.656-04, na condição de substituta do Superintendente Regional do Dnit no

Estado do Espírito Santo, para, no prazo de quinze dias a contar do recebimento da comunicação de

audiência, apresentar razões de justificativa pela ratificação da Dispensa de Licitação 46/2009

realizada em desacordo com os art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do Parágrafo Único e

art. 38 da Lei 8.666/1993 e com o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal. (3.1)

Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e

art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do senhor Jorge Luiz de

Almeida, CPF 306.174.567-04, para, no prazo de quinze dias a contar do recebimento da comunicação

de audiência, apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:

a) na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da

Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,

art. 26, caput e incisos II e III do Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI

da Constituição Federal; (3.1)

b) na condição de fiscal do Contrato TT 011/2008 entre 16/6/2008 e 1/4/2009 referente à

execução das obras de restauração do Lote 01 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, nomeado pela

Portaria 34/2008/SR-ES:

b.1) aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio

Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei

8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e

art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit; (3.2)

b.2) aprovação das medições dos serviços do Lote 01 mencionados no Parecer Técnico de

3/1/2012 elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do

Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de

arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais concluiu-

se, no referido Parecer Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos, atestados e

pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da

Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do Dnit; (3.2)

b.3) aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em

quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação

de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60

(mai/2007), conforme evidenciado na planilha ‘Taxa de Ligante – Contrato TT 011/2008’. (3.3)

Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e

art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do senhor José Renato do

Rosário Oliveira, CPF 968.047.187-04, na condição de presidente da comissão de licitação da

Concorrência 0596/2009-17 e da Dispensa de Licitação 46/2009, para, no prazo de quinze dias a

contar do recebimento da comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela realização

de procedimento de contratação direta sem que este estivesse devidamente justificado, declarado,

ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do

Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da Constituição Federal. (3.1)

Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e

art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do senhor Reginaldo Lírio

Morelato, CPF 576.010.207-97, para, no prazo de quinze dias a contar do recebimento da comunicação

de audiência, apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:

a) na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da

Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse

devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,

art. 26, caput e incisos II e III do Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI

da Constituição Federal; (3.1)

b) na condição de fiscal dos Contratos TT 011/2008 a partir de 2/4/2009, nomeado pela Portaria

21/2009/SR-ES, e TT 231/2010, nomeado pela Portaria 33/2010/SR-ES, referentes à execução das

obras de restauração dos Lotes 01 e 02 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, respectivamente:

b.1) aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio

Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei

8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e

art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit; (3.2)

b.2) aprovação das medições dos serviços do Lote 01 mencionados no Parecer Técnico de

3/1/2012 elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do

Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de

arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais concluiu-

se, no referido Parecer Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos, atestados e

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da

Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do Dnit; (3.2)

b.3) aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em

quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação

de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ R$ 1.772.758,60

(mai/2007) referentes ao Lote 01; (3.3)

b.4) aprovação das medições do serviço de CBUQ do Lote 01 como sendo todo o quantitativo

de CBUQ ‘faixa C’ quando foi efetivamente executado CBUQ ‘faixa C’ e CBUQ ‘faixa B’, resultando

num indício de superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (mai/2009) até julho de 2011. (3.3)

Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e

art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do senhor Wilson Boone de

Souza, CPF 652.213.977-49, na condição de Procurador Federal responsável pelos pareceres da

Procuradoria Federal Especializada junto à SR/Dnit-ES, para, no prazo de quinze dias a contar do

recebimento da comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela elaboração do

Parecer 185/2009 PFE/SR/Dnit/ES dando o aval a procedimento de contratação por dispensa de

licitação (Dispensa de Licitação 46/2009 oriunda da Concorrência 0596/2009-17) sem exigir a

demonstração do prejuízo que seria gerado para a administração caso a licitação fosse repetida,

infringindo o disposto no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993 e sem exigir que fossem cumpridas as

etapas determinadas nos art. 26 e 38 da mesma Lei. (3.1)

Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e

art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do senhor Élio Bahia Souza,

CPF 189.776.697-15, na condição de Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo à

época da ocorrência dos indícios de irregularidade, para, no prazo de quinze dias a contar do

recebimento da comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela homologação e

adjudicação de contratação feita por meio da Dispensa de Licitação 46/2009 realizada em desacordo

com as exigências dos art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do Parágrafo Único e art. 38 da

Lei 8.666/1993 e do art. 37, inciso XXI da Constituição Federal. (3.1)

II – Oitivas:

Com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em atendimento ao art.

5º, inciso LV da Constituição Federal, realizar a oitiva da Delta Construções, CNPJ nº

10.788.628/0001-57, responsável pela execução do Contrato TT 011/2008, na pessoa de seu

representante legal, para que se manifeste, no prazo de quinze dias, sobre os seguintes indícios de

irregularidade:

a) execução deficiente dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de

Concreto, bem como daqueles constantes dos Pareceres Técnicos de 1/12/2011 e de 3/1/2012

elaborados pela comissão de recebimento das obras, contrariando os arts. 66, 69 e 70 da Lei

8.666/1993; (3.2)

b) liquidação irregular de despesa dos serviço de aquisição e transporte de CAP-20 medidos em

quantitativos superiores aos executados, irregularidade caracterizada pela incompatibilidade entre os

valores medidos e aqueles obtidos pela aplicação dos percentuais de CAP obtidos dos ensaios de

acompanhamento da execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa sobre os quantitativos

medidos desses mesmos serviços, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60

(mai/2007). (3.3)

Com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em atendimento ao art.

5º, inciso LV da Constituição Federal, realizar a oitiva da ECR Engenharia, CNPJ nº 42.161.372/0001-

40, responsável pela supervisão da execução das obras de restauração do Lote 01 da BR-101/ES –

Contorno de Vitória, na pessoa de seu representante legal, para que se manifeste, no prazo de quinze

dias, sobre os indícios de supervisão deficiente configurados pela:

a) aprovação dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de Concreto

executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, §

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397

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso III, do

Regimento Interno do Dnit; (3.2)

b) atestação dos serviços mencionados no Parecer Técnico de 3/1/2012 elaborado pela

comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES

,

que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de arte corrente, de sinalização,

de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais concluiu-se, no referido Parecer

Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos, atestados e pagos, contrariando o

art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o

art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do Dnit. (3.2)

Com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em atendimento ao art.

5º, inciso LV da Constituição Federal, realizar a oitiva da Contractor Engenharia LTDA, CNPJ nº

01.980.404/0001-51, responsável pela execução do Contrato TT 231/2010, na pessoa de seu

representante legal, para que se manifeste, no prazo de quinze dias, sobre os indícios de liquidação

irregular de despesa do serviço de CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ ‘faixa

C’ quando foi efetivamente executado CBUQ ‘faixa C’ e CBUQ ‘faixa B’, resultando num indício de

superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (mai/2009) até julho de 2011. (3.3)

Com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em atendimento ao art.

5º, inciso LV da Constituição Federal, realizar a oitiva do Dnit, na pessoa de seu Diretor Geral, para

que se manifeste, no prazo de quinze dias, sobre os indícios de liquidação irregular de despesa dos

seguintes serviços:

a) aquisição e transporte de CAP-20 medidos em quantitativos superiores aos executados no

Lote 01, irregularidade caracterizada pela incompatibilidade entre os valores medidos e aqueles

obtidos pela aplicação dos percentuais de CAP obtidos dos ensaios de acompanhamento da execução

dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa sobre os quantitativos medidos desses mesmos

serviços, resultando num indício de superfaturamento de R$ R$ 1.772.758,60 (mai/2007);

b) CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ ‘faixa C’ quando foi

efetivamente executado CBUQ ‘faixa C’ e CBUQ ‘faixa B’, resultando num indício de

superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (mai/2009) até julho de 2011. (3.3)

III – Recomendação a Órgão/Unidade:

Recomendar à Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo, com

fundamento no art 43, inciso I da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso III do Regimento Interno do

TCU, que se abstenha de receber definitivamente, nos termos da alínea b do inciso I do art. 73 da Lei

8.666/1993, as obras objeto do Contrato TT 011/2008 antes da conclusão da perícia a ser realisada

sobre a execução dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de Concreto.

(3.2)

IV – Determinação a Órgão/Unidade:

Determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Dnit, com fundamento

nos arts. 70 e 74, incisos II e IV da Constituição Federal, c/c o art. 49, incisos II e IV da Lei

8.443/1992 (LOTCU) e o art. 27, incisos VI e XVII do Regimento Interno do Dnit, que, tendo em vista

o resultado dos ensaios realizados pela auditoria, realize uma perícia sobre a execução do Contrato TT

011/2008, especificamente sobre os seguintes serviços:

a) Concreto Betuminoso Usinado a Quente Binder AC/BC, CBUQ – Capa de Rolamento,

CBUQ – Faixa b e CBUQ Faixa c, de modo a se verificar:

a.1) se as espessuras executadas estão de acordo com aquelas definidas em projeto para a pista

de rolamento, acostamentos, tapers e acessos, considerando as tolerâncias admitidas nas normas

pertinentes; (3.2)

a.2) se os quantitativos medidos dos serviços estão de acordo com aquelas executadas; (3.2)

b) meio fio concreto intransponível, meio-fio tipo MFC 01, meio-fio tipo MFC 05, meio-fio de

concreto – MFC 02, meio-fio tipo MFC 05 e meio fio de concreto MFC 01 AC/BC, de modo a se

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398

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

verificar se a resistência do concreto dos blocos pré-moldados utilizados dos meios-fios atende às

especificações do serviço. (3.2)

Com fulcro no caput do art. 45 da Lei 8.443/1992, c/c o caput do art. 251 do Regimento Interno

do TCU, determinar ao Dnit que:

a) em relação ao Contrato 17 00231/2010, corrija o preço contratado para o serviço ‘corpo de

bueiro BSTC D=0,80 m’ de modo que o custo da atividade auxiliar ‘1 A 01 512 60 – concreto

ciclópico fck=15MPa AC/BC/PC’ seja considerado sem o BDI; (3.3)

b) ainda em relação ao mesmo contrato, nos futuros aditivos contratuais que alterem os

quantitativos contratados ou que criem novos serviços de corpo de bueiro tubular de concreto, leve em

conta o detalhamento dos tipos de tubos já utilizados e a serem utilizados para a definição dos novos

preços; (3.3)

c) inclua no Sicro 2 composições de custo unitário para os serviços de corpo de bueiro tubular

de concreto utilizando os tubos CA-1, CA-2 e CA-3. (3.3)

Determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Dnit, que, tão logo

sejam realizadas as correções decorrentes dos resultados apresentados nos Pareceres Técnicos de

1/12/2011 e de 3/1/2012 elaborados pela comissão de recebimento das obras e encaminhados ao TCU

por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, ou, caso haja negativa da empresa executora em realizá-los

e tão logo sejam tomadas providências a respeito, dê conhecimento dos fatos ao Tribunal de Contas da

União, juntamente com a informação acerca das providências tomadas em relação à empresa

supervisora. (3.2)

[...]”

É o Relatório.

VOTO

Como visto no Relatório precedente, o objeto da presente fiscalização é a duplicação e

restauração, com melhoramentos, da Rodovia BR-101/ES – Contorno de Vitória, com extensão de

25,50 km, realizada sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(Dnit) e envolve, além da referida duplicação, a construção de um complexo de viadutos na interseção

com a BR-262/ES.

2. A obra foi dividida em dois lotes, executados e supervisionados por meio dos seguintes

contratos: a) Lote 01 (km 268,80 ao km 288,10), Contrato 17-011/2008, firmado com a empresa Delta

Engenharia, concluído em 30/3/2011 e supervisão por meio do Contrato 17-009/2001, firmado com a

ECR Sociedade Civil de Engenharia e Consultoria; b) Lote 02 (km 288,10 ao km 294,30), Contrato

17-231/2010, firmado com a empresa Contractor Engenharia Ltda. e supervisão por meio do Contrato

17-232/2010, tendo como contratada a empresa Pro Sul.

3. Conforme consignado no Relatório precedente, as principais constatações deste trabalho

foram:

a) contratação irregular por dispensa ou inexigibilidade (achado 3.1). Constatou-se a realização

dos procedimentos para contratação, por dispensa de licitação, com fundamento no art. 24, inciso V, da

Lei 8.666/1993, sem que fossem atendidos os requisitos constantes no referido inciso, de se

demonstrar que a realização de nova licitação acarretaria prejuízo à Administração, além do

desatendimento da exigência expressa no caput do art. 26 da Lei, de se comunicar à autoridade

superior para ratificação e publicação, na imprensa oficial, como condição para a eficácia dos atos;

b) execução de serviços com qualidade deficiente (achado 3.2).. Verificou-se, na vistoria

realizada no segmento correspondente ao Lote 01, Contrato TT 011/2008, firmado com a empresa

Delta Construções S/A, que os serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), binder e

capa de rolamento, e de meio fio de concreto foram executados com falhas de natureza qualitativa.

Além disso, a própria Superintendência Regional do Dnit no Espírito Santo já havia verificado

deficiências em alguns serviços

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399

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) liquidação irregular da despesa (achado 3.3). Constatou-se a ocorrência de superfaturamento

decorrente de pagamento por serviço não executado em três grupos de serviços: execução de corpo de

bueiro tubular de concreto (Lotes 01 e 02), aquisição e transporte de CAP-20 (Lote 01) e execução de

CBUQ (Lote 02)

4. Os achados de auditoria em referência foram classificados como IG-C.

5. As propostas de encaminhamento preveem audiência dos responsáveis, oitivas,

determinações e recomendações ao Dnit.

6. Quanto às propostas de audiência, pela leitura do relatório de fiscalização, percebe-se que as

irregularidades detectadas justificam essa medida.

7. A oitiva do Dnit, na pessoa de seu Diretor Geral, justifica-se pela constatação de indícios de

liquidação irregular de despesa referente à aquisição e transporte de CAP-20 medidos em quantitativos

superiores aos executados no Lote 01, irregularidade caracterizada pela incompatibilidade entre os

valores medidos e aqueles obtidos pela aplicação dos percentuais de CAP extraídos dos ensaios de

acompanhamento da execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa sobre os quantitativos

medidos desses mesmos serviços, resultando em indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60.

8. Além disso, foi verificado o pagamento de CBUQ do Lote 02 como sendo todo o

quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa

B”, resultando num indício de superfaturamento no valor de R$ 18.650,34, de maio de 2009 até julho

de 2011.

9. Por fim, entendo, também, adequado, expedir, desde já, as recomendações e determinações

sugeridas pela unidade técnica nos incisos II e IV do item 6 da instrução transcrita no Relatório

precedente.

Nessas condições, voto pela adoção da minuta de acórdão que trago ao escrutínio deste

Colegiado.

Sala das Sessões, em 22 de agosto de 2012. AROLDO CEDRAZ

Relator

ACÓRDÃO Nº 2229/2012 – TCU – Plenário

1. Processo TC 026.363/2011-9

2. Grupo I – Classe V – Relatório de Levantamento de Auditoria – Fiscobras 2011.

3. Responsáveis/Interessados:

3.1. Responsáveis: Jorge Ernesto Pinto Fraxe, Diretor Geral do Dnit (CPF 306.174.567-04);

Denise Gomes Simões, substituta do Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo

(CPF 466.098.656-04), José Renato do Rosário Oliveira, presidente da comissão de licitação, (CPF

968.047.187-04), Reginaldo Lírio Morelato, membro da comissão de licitação e fiscal dos Contratos

(CPF 576.010.207-97), Wilson Boone de Souza (CPF 652.213.977-49); Élio Bahia Souza (CPF

189.776.697-15).Contractor Engenharia Ltda. (CNPJ 01.980.404/0001-51), ECR Engenharia (CNPJ

42.161.372/0001-40) e Delta Construções (CNPJ 10.788.628/0001-57).

3.2. Interessada: Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional.

4. Unidade: Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo – Dnit/MT

5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 2 (Secob-2).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

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400

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Trata-se de levantamento de auditoria, realizado na Superintendência Regional do

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Estado do Espírito Santo (Dnit/MT), nas

obras de adequação do contorno rodoviário de Vitória – BR 101 – Estado do Espírito Santo.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso

IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência da Srª Denise Gomes

Simões, na condição de substituta do Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo,

para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência, apresentar

razões de justificativa pela ratificação da Dispensa de Licitação 46/2009, realizada em desacordo com

os arts. 24, inciso V, art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e com o art.

37, inciso XXI da Constituição Federal;

9.2. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso

IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Jorge Luiz de

Almeida, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência,

apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:

9.2.1. na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da

Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse

devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,

art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da

Constituição Federal;

9.2.2. na condição de fiscal do Contrato TT 011/2008, referente à execução das obras de

restauração do Lote 01 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, entre 16/6/2008 e 1/4/2009, conforme

Portaria 34/2008/SR-ES:

9.2.2.1. aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e

Meio Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da

Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV,

e art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit;

9.2.2.2. aprovação das medições dos serviços do Lote 01, mencionadas no Parecer Técnico de

3/1/2012, elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado a este Tribunal de Contas

por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem,

de obras de arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos

quais se concluiu, no referido Parecer Técnico, sem nunca terem sido executados, embora medidos,

atestados e pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º,

inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do

Dnit;

9.2.2.3. aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20, em

quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação

de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um

milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos)

(mai/2007), conforme evidenciado na planilha “Taxa de Ligante – Contrato TT 011/2008”;

9.3. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso

IV e 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. José Renato do Rosário

Oliveira, na condição de presidente da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da

Dispensa de Licitação 46/2009, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da

comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela realização de procedimento de

contratação direta sem que este estivesse devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado,

infringindo o disposto nos art. 24, inciso V, art. 26, caput e 38, do parágrafo único, incisos II e III da

Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;

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401

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.4. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso

IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Reginaldo Lírio

Morelato, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência,

apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:

9.4.1. na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da

Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse

devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,

art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da

Constituição Federal;

9.4.2. na condição de fiscal dos Contratos TT 011/2008 a partir de 2/4/2009, nomeado pela

Portaria 21/2009/SR-ES, e TT 231/2010, nomeado pela Portaria 33/2010/SR-ES, referentes à execução

das obras de restauração dos Lotes 01 e 02 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, respectivamente:

9.4.2.1. aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e

Meio Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da

Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV,

e art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit;

9.4.2.2. aprovação das medições dos serviços do Lote 01 mencionados no Parecer Técnico de

3/1/2012 elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do

Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de

arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais se

concluiu, no referido Parecer Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos,

atestados e pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º,

inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do

Dnit;

9.4.2.3. aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em

quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação

de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um

milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos)

(mai/2007) referentes ao Lote 01;

9.4.2.4. aprovação das medições do serviço de CBUQ do Lote 01 como sendo todo o

quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa

B”, resultando num indício de superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e

cinquenta reais e trinta e quatro centavos) (mai/2009) até julho de 2011;

9.5. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso

IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Wilson Boone de

Souza, na condição de Procurador Federal responsável pelos pareceres da Procuradoria Federal

Especializada junto à SR/Dnit-ES, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da

comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela elaboração do Parecer 185/2009

PFE/SR/Dnit/ES dando o aval a procedimento de contratação por dispensa de licitação (Dispensa de

Licitação 46/2009 oriunda da Concorrência 0596/2009-17), sem exigir a demonstração do prejuízo que

seria gerado para a administração caso a licitação fosse repetida, infringindo o disposto no art. 24,

inciso V, da Lei 8.666/1993, e sem exigir que fossem cumpridas as etapas determinadas nos art. 26 e

38 da mesma Lei;

9.6. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso

IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Élio Bahia Souza, na

condição de Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo à época da ocorrência dos

indícios de irregularidade, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação

de audiência, apresentar razões de justificativa pela homologação e adjudicação de contratação feita

por meio da Dispensa de Licitação 46/2009, realizada em desacordo com as exigências dos art. 24,

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402

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

inciso V, art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e do art. 37, inciso

XXI da Constituição Federal;

9.7. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em

atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa Delta Construções,

responsável pela execução do Contrato TT 011/2008, na pessoa de seu representante legal, para que se

manifeste, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os seguintes indícios de irregularidade:

9.7.1. execução deficiente dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio

de Concreto, bem como daqueles constantes dos Pareceres Técnicos de 1/12/2011 e de 3/1/2012

elaborados pela comissão de recebimento das obras, contrariando os arts. 66, 69 e 70 da Lei

8.666/1993;

9.7.2. liquidação irregular de despesa dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20

medidos em quantitativos superiores aos executados, irregularidade caracterizada pela

incompatibilidade entre os valores medidos e aqueles verificados pela aplicação dos percentuais de

CAP obtidos dos ensaios de acompanhamento da execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ –

capa sobre os quantitativos medidos desses mesmos serviços, resultando num indício de

superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e

cinquenta e oito reais e sessenta centavos) (mai/2007);

9.8. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em

atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa ECR Engenharia,

responsável pela supervisão da execução das obras de restauração do Lote 01 da BR-101/ES –

Contorno de Vitória, na pessoa de seu representante legal, para que se manifeste, no prazo de 15

(quinze) dias, sobre os indícios de supervisão deficiente configurados pela:

9.8.1. aprovação dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de

Concreto executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts.

62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso III, do

Regimento Interno do Dnit;

9.8.2. atestação dos serviços mencionados no Parecer Técnico de 3/1/2012 elaborado pela

comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES

,

que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de arte corrente, de sinalização,

de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais se concluiu, no referido Parecer

Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos, atestados e pagos, contrariando o

art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o

art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do Dnit;

9.9. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em

atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa Contractor Engenharia

Ltda., responsável pela execução do Contrato TT 231/2010, na pessoa de seu representante legal, para

que se manifeste, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os indícios de liquidação irregular de despesa do

serviço de CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi

efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa B”, resultando num indício de

superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e cinquenta reais e trinta e quatro

centavos) (mai/2009) até julho de 2011;

9.10. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em

atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva do Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes (Dnit), na pessoa de seu Diretor-Geral, para que se manifeste, no prazo

de 15 (quinze) dias, sobre os indícios de liquidação irregular de despesa dos seguintes serviços:

9.10.1. aquisição e transporte de CAP-20 medidos em quantitativos superiores aos executados

no Lote 01, irregularidade caracterizada pela incompatibilidade entre os valores medidos e aqueles

verificados pela aplicação dos percentuais de CAP obtidos dos ensaios de acompanhamento da

execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa sobre os quantitativos medidos desses

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

mesmos serviços, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um milhão

setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos) (mai/2007);

9.10.2. CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi

efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa B”, resultando num indício de

superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e cinquenta reais e trinta e quatro

centavos) (mai/2009) até julho de 2011. (3.3)

9.11. recomendar à Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo, com

fundamento no art. 43, inciso I da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso III do Regimento Interno do

TCU, que se abstenha de receber definitivamente, nos termos art. 73, inciso I, alínea b da Lei

8.666/1993, as obras objeto do Contrato TT 011/2008, antes da conclusão da perícia a ser realizada

sobre a execução dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de Concreto;

9.12. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com

fundamento nos arts. 70 e 74, incisos II e IV da Constituição Federal, c/c o art. 49, incisos II e IV da

Lei 8.443/1992 (LOTCU) e o art. 27, incisos VI e XVII do Regimento Interno do Dnit, que, tendo em

vista o resultado dos ensaios realizados pela auditoria, realize uma perícia sobre a execução do

Contrato TT 011/2008, especificamente sobre os seguintes serviços:

9.12.1. Concreto Betuminoso Usinado a Quente Binder AC/BC, CBUQ – Capa de Rolamento,

CBUQ – Faixa b e CBUQ Faixa c, de modo a se verificar:

9.12.1.1. se as espessuras executadas estão de acordo com aquelas definidas em projeto para a

pista de rolamento, acostamentos, tapers e acessos, considerando as tolerâncias admitidas nas normas

pertinentes;

9.12.1.2. se os quantitativos medidos dos serviços estão de acordo com aquelas executadas;

9.12.1.3. meio fio concreto intransponível, meio-fio tipo MFC 01, meio-fio tipo MFC 05,

meio-fio de concreto – MFC 02, meio-fio tipo MFC 05 e meio fio de concreto MFC 01 AC/BC, de

modo a se verificar se a resistência do concreto dos blocos pré-moldados utilizados dos meios-fios

atende às especificações do serviço;

9.13. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com

fulcro no caput do art. 45 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 251, caput, do Regimento Interno do TCU:

9.13.1. em relação ao Contrato 17 00231/2010, corrija o preço contratado para o serviço

“corpo de bueiro BSTC D=0,80 m” de modo que o custo da atividade auxiliar “1 A 01 512 60 –

concreto ciclópico fck=15MPa AC/BC/PC” seja considerado sem o BDI;

9.13.2. ainda em relação ao mesmo contrato, nos futuros aditivos contratuais que alterem os

quantitativos contratados ou que criem novos serviços de corpo de bueiro tubular de concreto, leve em

conta o detalhamento dos tipos de tubos já utilizados e a serem usados para a definição dos novos

preços;

9.13.3. inclua no Sicro 2 composições de custo unitário para os serviços de corpo de bueiro

tubular de concreto utilizando os tubos CA-1, CA-2 e CA-3;

9.14. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que, tão

logo sejam realizadas as correções decorrentes dos resultados apresentados nos Pareceres Técnicos de

1/12/2011 e de 3/1/2012, elaborados pela comissão de recebimento das obras e encaminhados ao TCU

por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES

, ou, caso haja negativa da empresa executora em realizá-los

e tão logo sejam tomadas providências a respeito, dê conhecimento dos fatos ao Tribunal de Contas da

União, juntamente com a informação acerca das providências tomadas em relação à empresa

supervisora.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2229-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

AROLDO CEDRAZ

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário

TC 007.644/2012-4

Natureza: Representação.

Unidade: Prefeitura de Afonso Cláudio – ES.

Responsáveis: Marcos Frizzera Dias (084.442.497-85); Valcir Moreira Págio (005.344.357-85);

Wilson Berger Costa (674.760.907-72).

Advogado constituído nos autos: não há.

Sumário: REPRESENTAÇÃO. AQUISIÇÃO DE PÁ CARREGADEIRA COM RECURSOS

TRANSFERIDOS PELO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO –

MAPA. EXISTÊNCIA DE ESPECIFICAÇÕES NO EDITAL QUE DIRECIONAM PARA

AQUISIÇÃO DE MODELO DE UM FRABRICANTE ESPECÍFICO. CONCESSÃO DE

CAUTELAR. OITIVAS. ANÁLISES DAS JUSTIFICATIVAS. NÃO AFASTAMENTO DA

IRREGULARIDADE. DETERMINAÇÃO PARA ANULAÇÃO DO CERTAME. AUDIÊNCIAS.

RELATÓRIO

Adoto como Relatório a instrução da Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito

Santo – Secex/ES, peça 39, que obteve anuência de seus dirigentes, peça 40.

“INTRODUÇÃO

1. Cuidam os autos de representação a respeito de possíveis irregularidades ocorridas no Pregão

Presencial 49/2012, do Município de Afonso Cláudio/ES, destinado à aquisição de uma pá

carregadeira, financiada com recursos em parte advindos do Contrato de Repasse 0348111-

97/2010/MAPA/CAIXA (Siconv 105855/2010), decorrente de acordo firmado com o Ministério da

Agricultura, Pesca e Abastecimento – MAPA.

HISTÓRICO

2. A licitação da pá carregadeira já havia sido tentada em dois pregões, 97/2011 e 133/2011,

ambos revogados pela Administração Municipal. O primeiro foi alvo de impugnação por parte da

empresa Cantex Comércio Importação de Máquinas e Equipamentos Ltda., dirigida originariamente ao

Tribunal de Contas do Estado e encaminhada a esta Corte, que questionava a exigência de revenda

exclusiva do fabricante no Estado do Espírito Santo, atuando, por, no mínimo, cinco anos.

3. O segundo pregão substituiu o primeiro, por iniciativa própria da Prefeitura, suprimindo-se

tão somente o requisito do tempo da existência da revenda. Em face disso, a contestação da citada

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

empresa foi submetida a esta Corte – a qual deu origem à instauração do TC 035.018/2011-9, e o Exmo

Sr. Ministro-Relator, Aroldo Cedraz, acolhendo posicionamento desta Unidade Técnica, entendeu que

a alteração procedida não seria suficiente para afastar o vício contido no edital, adotando no referido

feito medida cautelar.

4. Após ser notificada da cautelar, a Administração decidiu anular o Pregão 133/2011 (peça 6),

o que acarretou na perda de seu objeto. Em seguida, aderiu à Ata de Registro de Preços 36/2011 –

Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo, decorrente

do Pregão Eletrônico 64/2011, ato do qual se teve ciência a partir da consulta sistemática a publicações

no DOU empreendida por esta Secex/ES (peça 7). A empresa fornecedora do equipamento seria a

Brasif S/A Exportação, Importação, ao custo unitário de R$ 254.300,00 (duzentos e cinquenta e quatro

mil e trezentos reais).

5. Mas apesar de ter aderido à mencionada ata, a contratação não fora efetivada, tendo o

Município optado por lançar o Pregão Presencial 49/2012, objeto desta representação. A partir da

análise do edital desse pregão, foram identificadas cláusulas restritivas à competitividade do certame.

6. Tendo em vista que o ato de homologação da licitação estava na iminência de ser publicado

pela municipalidade, e que o valor da proposta vencedora era de R$ 310.000,00, preço 21,90%

superior ao da ata de registro de preços a que havia aderido, o Ministro-Relator adotou, conforme

despacho de peça 20, medida cautelar no sentido de que a Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio/ES,

na pessoa do seu representante legal, se abstivesse de dar prosseguimento ao Pregão Presencial

49/2002 ou adotasse as medidas necessárias com vistas a suspender qualquer ato ou contrato

decorrente do referido certame, até o pronunciamento final deste Tribunal, e determinou a oitiva da

Prefeitura e da empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda., vencedora do Pregão 49/2012.

EXAME TÉCNICO

7. Em resposta às oitivas promovidas por esta Secretaria, por meio dos Ofícios 383 e

384/2012-TCU/Secex/ES (peças 22 e 23), o Município de Afonso Cláudio/ES e a empresa PME

Máquinas e Equipamentos apresentaram, tempestivamente, as informações e os esclarecimentos

constantes das peças 26 a 29, a seguir analisados. Ressalte-se que, quanto à mencionada empresa, foi-

lhe franqueada, na qualidade de arrematante do objeto do Pregão Presencial 049/2012, a oportunidade

de apresentar razões de justificativa quanto aos tópicos desta representação.

Empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda.

Justificativas (peça 29)

8. Inicialmente, a empresa reconhece que as especificações técnicas previstas no Edital 49/2012

diferem completamente das previstas no Edital do Pregão 133/2011.

9. Acrescenta que naquele ato licitatório, a empresa apresentou outro modelo de pá

carregadeira, tendo sido declarada vencedora do certame com a máquina W130 NEW HOLLAND,

cujas características superam as exigências contidas no edital, não havendo, desde logo, em razão deste

fato, qualquer direcionamento ao fabricante NEW HOLLAND.

10. Ressalta que a fabricante CASE, representada pela empresa BRASIF S. A. possui modelo

similar de equipamento, qual seja, a pá carregadeira CASE 621. Informa ainda que esse modelo

atenderia plenamente às exigências contidas no referido Edital. Além do mais, outras empresas do

ramo igualmente se encontravam aptas a participar do certame.

Análise

11. O fato de a empresa ter ofertado um produto superior às especificações exigidas no edital

não tem o condão de descaracterizar, por si só, o direcionamento. Além disso, ao informar que a pá

carregadeira CASE 621 atenderia às exigências do primeiro edital, a empresa apenas reforça o

entendimento manifestado na instrução inicial de que a realização do novo pregão após a adesão à ata

de registro de preços gerida pela Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e

Pesca do Espírito Santo, em que o modelo ofertado pela empresa vencedora do certame foi o CASE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

621, revelou-se desvantajosa para a Administração. Segundo a empresa, esse modelo atenderia

plenamente às exigências do edital precedente, referente ao Pregão 133/2012.

Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio/ES

Item da oitiva

– introdução, no Anexo I do Edital do Pregão Presencial 049/2012, de novas especificações

técnicas mínimas, se comparadas às que constaram dos certames que lhe precederam (97/2011 e

133/2011, ambos anulados), mais amplas e pormenorizadas e que, num juízo preliminar de valor,

parecem direcionar a contratação para um único fabricante, sendo que os indícios trazidos aos autos

partem da comparação destas exigências com as especificações disponíveis no sítio da fabricante New

Holland, a exemplo da identidade das características técnicas mínimas de desempenho, como a

capacidade da caçamba coroada (1,9m3), da força de desagregação (8.070 Kgf), carga de tombamento

reta e à máxima articulação (respectivamente, 7.663 Kg e 6.810 Kg), entre outras, o que pode

configurar grave restrição ao caráter competitivo.

Justificativas (peça 26, p. 2-3)

12. A Prefeitura alega que nos dois primeiros Pregões Presenciais (97/2011 e 133/2011), no

momento da solicitação do bem para ser licitado, as especificações do objeto teriam sido alteradas,

razão pela qual no Anexo I dos editais dos pregões mencionados não constariam todas as

especificações necessárias e em acordo com o Plano de Trabalho previamente aprovado pelo

Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento. E por isso esses pregões teriam sido anulados.

13. Aduz que em razão de a descrição do objeto a ser licitado não estar de acordo com o Plano

de Trabalho, tornou-se imprescindível a abertura de novo certame licitatório com especificações

condizentes com o Plano de Trabalho, evitando-se o risco de a aquisição não ser aprovada pelo

Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento.

14. Acrescenta que a alegação de que a descrição pormenorizada tende a direcionar a

contratação para um único fabricante, não deve prosperar, a uma, pois conforme se observa no próprio

procedimento licitatório, foram apresentados os orçamentos de 03 (três) fabricantes diversos, que

atendiam as especificações constantes do edital, a duas porque a empresa sagrada vencedora não foi

participante exclusiva do presente certame.

15. Alega que inexistiriam irregularidades na introdução do Anexo J do Pregão Presencial

049/2012 de especificações pormenorizadas, vez que tal especificação seria a constante no Plano de

Trabalho, que deu origem ao convênio para aquisição da pá carregadeira, e nem tampouco

direcionamento, em razão de outros fabricantes possuírem o objeto da contratação atendendo as

especificações exigidas.

Análise

16. Ao contrário do que alega a Prefeitura, o Pregão 97/2011 foi anulado para reformar a

exigência de revenda exclusiva do fabricante no Estado do Espírito Santo com atuação de no mínimo

cinco anos, que, conforme já mencionado no item 2, fora objeto de impugnação de licitante. Já o

Pregão 133/2011 foi anulado pela municipalidade após ciência de medida cautelar proferida no âmbito

deste Tribunal, associada ainda à questão da exigência de revenda exclusiva, conforme ressaltado no

item 4. Portanto, não tiveram qualquer relação com as especificações do objeto.

17. Da análise das informações acerca do plano de trabalho referente ao contrato de repasse em

questão por intermédio do sistema Siconv (Convênio 753771/2010), identificou-se que a Prefeitura já

havia realizado uma tentativa anterior de contratação da pá carregadeira, por meio do Pregão 30/2011.

E que apesar de o plano de trabalho original ter previsto especificações mais detalhadas da máquina a

ser licitada (peça 37), a própria Prefeitura, após suspender a licitação para readequação de seu objeto

em 4/4/2011 (peça 32), solicitou seu ajuste ao órgão concedente para simplificar os requisitos do

edital, que passou a ter as especificações relacionadas na peça 38.

18. A justificativa apresentada pela Prefeitura ao órgão concedente foi a seguinte (peça 34):

Venho através deste solicitar a Vossa Senhoria a autorização para Ajuste do Plano de Trabalho

tendo em vista a alteração da especificação dos equipamentos. Informamos que foi publicado o Edital

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

do Pregão Presencial nº 030/2011 que visa a aquisição de 01 (uma) Pá Carregadeira e 01 (um)

Caminhão Caçamba, conforme contrato de Repasse nº 0348111 – 97/2010/MAPA/CAIXA, mas o

processo licitatório foi suspenso devido a impugnação da Empresa TRACBEL S/A, que defere o edital

mencionando que a descrição do equipamento Pá Carregadeira esta direcionado para apenas 01

empresa. Sendo assim, solicitamos a autorização para alteração da especificação de todos os

equipamentos onde em hipótese alguma seja influenciada a especificação para apenas uma empresa

conforme documentos da impugnação feita pela empresa.

19. Transcreve-se a seguir o parecer do concedente acerca da solicitação acima mencionada, de

7/4/2011 (peça 34):

Em atendimento à solicitação da Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio, referente à proposta

105855/2010, para Ajuste de Plano de Trabalho nº 01/2011, a qual consiste no ajuste das

especificações técnicas da motorização da Pá Carregadeira e do Caminhão Caçamba, com intuito de

diminuir os detalhamentos técnicos do objeto, autorizamos a execução das alterações ora pleiteadas, de

modo a manter a lisura do processo de aquisição dos equipamentos aqui constantes, tendo em vista que

não haverá modificação das metas deste Plano de Trabalho (Pá carregadeira e Caminhão caçamba),

preservando-se, portanto, a finalidade da proposta, sem haver qualquer ferimento à Portaria nº 1.232 de

23 de Dezembro de 2008.

20. Portanto, o que motivou a solicitação de alteração do plano de trabalho, aprovada pelo

MAPA (peças 34-36), foi a impugnação do edital do Pregão 30/2011 pela empresa Tracbel S.A., que

alegava o direcionamento das especificações para um modelo do fabricante New Holland (peça 33).

Ou seja, a própria Administração já havia reconhecido naquela ocasião o direcionamento nas

especificações do edital, acarretando a suspensão do pregão. Em face disso, os requisitos da máquina

pá carregadeira tiveram seu escopo bastante reduzido no plano de trabalho, e foram reproduzidos nos

Pregões 97 e 133/2011. Após essa mudança, não há nenhum outro registro no Siconv que remeta às

especificações originais do plano de trabalho.

21. Registre-se ainda que os argumentos apresentados pela Prefeitura no sentido de que obteve

três orçamentos de fabricantes diversos e de que o pregão contou com a participação de mais de uma

empresa não são suficientes para descaracterizar o direcionamento, pois não demonstrou que os

modelos apresentados pelas empresas que elaboraram o orçamento e pela empresa que participou do

certame atenderiam às exigências do edital, conforme já suscitado na instrução inicial. Além disso,

somente duas empresas participaram do certame, sendo que uma delas não apresentou lances e a

vencedora não apresentou nenhum desconto em relação ao valor estimado pela Administração, o que

reforça os indícios de restrição à competitividade da licitação (peça 11).

22. Assim, a especificação adotada pelo município para a pá carregadeira no Pregão 49/2012,

em conformidade com a solicitação de material assinada pelo Sr. Valcir Moreira Págio, Secretário

Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Econômico (peça 27, p. 22-23), é irregular uma vez que

afronta o art. 7º, §5º, da Lei 8.666/93, o qual veda a inclusão de bens e serviços sem similaridade ou de

marcas, características e especificações exclusivas, exceto quando for apresentada justificativa técnica,

bem como o art. 3º, §1º, inciso I, da Lei de Licitações, que veda aos agentes públicos admitir, prever,

incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou

frustrem o seu caráter competitivo, e estabeleçam preferências ou distinções em razão de qualquer

circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato. Ressalte-se que a

Administração não apresentou qualquer elemento técnico que demonstrasse a necessidade, a relevância

ou potenciais benefícios do alto grau de detalhamento das especificações da máquina a ser licitada.

23. Na esteira dessa vedação legal, a jurisprudência uniforme desta Corte de Contas também

proíbe as especificações exclusivas e as imposições de marcas, como ilustram as seguintes

deliberações do TCU: Acórdãos: 17/2010-TCU-Plenário, 887/2010-TCU-2ª Câmara, 3.319/2010-

TCU-1ª Câmara, 7.054/2010-TCU-2ª Câmara, 688/2009-TCU-2ª Câmara, 1.344/2009-TCU-2ª

Câmara, 2.000/2009-TCU- 2ª Câmara, 6.640/2009-TCU-2ª Câmara, 325/2008-1ª Câmara, 3.215/2008-

1ª Câmara e 4.127/2008-1ª Câmara.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

24. Convém destacar, por fim, o recente Acórdão 1.861/2012-1ª Câmara. Em situação similar

ao caso ora analisado – edital com quinze itens de especificação técnica de uma patrulha mecanizada

coincidiam com os descritos no catálogo de um fabricante –, o Tribunal decidiu na ocasião pela

imputação de multa aos responsáveis (peça 15, p. 4).

25. Resta, assim, configurada a irregularidade no processo licitatório, uma vez que houve

afronta à legislação vigente e à jurisprudência do Tribunal.

Item da oitiva

– inserção de dispositivos editalícios que demandam da empresa interessada a prestação, em

caráter exclusivo, de assistência técnica no Estado do Espírito Santo, durante o período de garantia da

máquina.

Justificativas (peça 26, p. 3)

26. A administração alega que a inserção de referidos dispositivos no instrumento convocatório

não foi impugnada por nenhuma empresa. Portanto, não houve restrição ao caráter competitivo do

certame.

27. Aduz que tais dispositivos tinham o objetivo de assegurar que o objeto licitado tivesse

assistência técnica imediata a fim de dar celeridade aos trabalhos desenvolvidos pela Administração,

pois os municípios que adquiriram máquinas pesadas (pá carregadeira, retro escavadeira e outras) sem

tal exigência teriam ficado por muitos meses com seu maquinário parado sob a alegação de que não

possuiriam assistência no Estado.

Análise

28. De fato é importante que a Administração se previna quanto à manutenção indevida das

máquinas. Todavia, o que se questionou foi a necessidade do caráter exclusivo na manutenção,

conforme trecho a seguir transcrito da instrução anterior (peça 15, p. 4):

Por fim, passíveis de censura as disposições editalícias que demandam da empresa interessada a

prestação, em caráter exclusivo, de assistência técnica no Estado do Espírito Santo durante o período

de garantia da máquina [...], porque conduzem ao absurdo de que uma dada licitante estaria impedida

de disputar o objeto licitado por ser uma das que oferecem assistência.

29. Quanto a esse aspecto, não houve qualquer manifestação por parte do responsável.

Registre-se ainda que o fato de não ter havido qualquer impugnação não implica, necessariamente,

garantia de ampla competitividade ao certame.

Item da oitiva

– realização de nova licitação, ainda que tenha aderido à Ata de Registro do Pregão Eletrônico

061/2011, realizado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do

Espírito Santo, da qual foi vencedora a empresa Brasif S/A Exportação, Importação, ao custo unitário

de R$ 254.300,00 (duzentos e cinquenta e quatro mil e trezentos reais).

Justificativas (peça 26, p. 4-5)

30. Com relação à adesão a Ata de Registro de Preços oriunda do Pregão Eletrônico 64/2011, o

Município informou ter solicitado sua autorização à Secretaria de Estado da Agricultura,

Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo, bem como à Empresa Brasif, tendo sido

atendida em seu pleito.

31. Acrescenta que, ao conferir as especificações do equipamento cujo preço havia sido

registrado, verificou que não corresponderiam às constantes no plano de trabalho aprovado, o que teria

inviabilizado a adesão. Ao comparar as especificações no intuito de demonstrar as diferenças entre as

máquinas, a Administração grifa o item peso operacional mínimo de 10.040 kg, contra 9.400 kg do

registro de preço.

32. Ressalta, por fim, que a aquisição de equipamentos por meio de convênios não podem se

dar de forma diversa da prevista em seu plano de trabalho, que seria parte integrante do convênio

firmado entre as partes.

Análise

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

33. Das justificativas apresentadas pela Prefeitura, é possível inferir que a Administração

Municipal comparou as especificações contidas no edital do Pregão 133/2012, com as especificações

mínimas exigidas no edital do Pregão 64/2011 que resultou na ata de registros de preços em questão,

quando deveria se esperar que ela fizesse a comparação com o produto ofertado pela empresa

vencedora deste último certame.

34. Demonstrou-se, na instrução inicial e também na manifestação da empresa PME, que o

modelo referente à ata de registro de preço decorrente do Pregão Eletrônico 64/2011 atenderia às

especificações exigidas no edital do Pregão 133/2012, que fora anulado. E essas, conforme já

mencionado, estavam em acordo com a última versão do Plano de Trabalho aprovado pelo MAPA.

Transcreve-se abaixo trecho da instrução inicial que aborda essa questão:

3.1. Segundo consta do resultado do Pregão Eletrônico nº 064/2011 (peça 9), a pá carregadeira

oferecida pela empresa Brasif seria a de marca Case Construction, modelo 621D. Numa análise

apressada, tomando por base unicamente as descrições mínimas contidas naquele ato convocatório

para o Lote 03 (p. 9-10 da peça 8), chegar-se-ia à equivocada conclusão de que referido equipamento

poderia não atender as especificações que se fizeram presentes no Edital do Pregão Presencial nº

133/2011 (peça 5), ao menos quanto ao peso operacional mínimo (10.040 Kg exigido nesse último

contra 9.400 kg demandado no da Secretaria de Estado de Agricultura) e à potência líquida mínima

(128 Hp, frente à 120 Hp), sem falar que nada dispôs o edital do pregão eletrônico quanto ao mínimo

de cilindradas.

3.2. Ocorre que examinando mais amiúde as especificações do maquinário cotado (peça 14),

obtidas no sítio http: www.casece.com.br (consulta efetivada em 23/4/2012), forçoso concluir,

diferentemente da impressão inicial, que o equipamento em tela estaria em consonância com o mínimo

requerida no Pregão Presencial nº 133/2011, donde não haveria óbices para a ultimação da contratação,

ao menos sob esse aspecto.

35. Portanto, os argumentos apresentados pela Prefeitura não suficientes para elidir a

irregularidade ora analisada.

Item da oitiva

– intenção de contratar com a empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda., vencedora do

Pregão Presencial 049/2012, no valor unitário de R$ 310.000,00 (trezentos e dez mil reais), 21,9%

maior que o oferecido pela vencedora no Pregão Eletrônico 64/2011.

Justificativas (peça 26, p. 5-7)

36. A Prefeitura alega que a contratação da Empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda.,

vencedora do Pregão Presencial 49/2012, foi efetivada pelo fato de a empresa ter apresentado o menor

preço do objeto com as especificações contidas no plano de trabalho, bem como no instrumento

convocatório.

37. Ressalta que a máquina licitada no Pregão Eletrônico 64/2011 não continha as mesmas

especificações exigidas no Pregão Presencial 49/2012.

38. Destaca, por fim, que a diferença de valor entre a máquina cujo preço se encontrava

registrado no Pregão Eletrônico 64/2011 e a máquina licitada por meio do Pregão 49/2012 decorre da

superioridade desta última, em termos de qualidade e potência, em relação à primeira.

Análise

39. Verifica-se que a Administração apenas retoma o argumento manifestado, e já analisado, no

item anterior, no sentido que o modelo da máquina constante do registro de preços não atenderia às

exigências solicitadas no Pregão 49/2012, situação já analisada no item anterior. Ressalta novamente,

inclusive, o requisito peso operacional mínimo para destacar a diferença entre os modelos.

40. Ademais, o município não apresentou nenhum argumento técnico que demonstrasse as

vantagens, em termos funcionais e de operação, da pá carregadeira proposta pela vencedora do Pregão

Presencial 49/2012 em relação à máquina contratada pela Secretaria de Estado de Agricultura, que

pudessem justificar a diferença de 21,9% de preço.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

CONCLUSÃO

41. Tendo em vista que os indícios de direcionamento para um modelo de pá carregadeira do

fabricante New Holland não foram afastados, mas, ao contrário, reforçados a partir da análise do plano

de trabalho do convênio e de informações obtidas no Siconv (itens 17 e 18), e de que a contratação da

pá carregadeira modelo CASE 621, objeto da ata de registro de preços decorrente do Pregão Eletrônico

64/2011, atenderia às especificações do Pregão 133/2011, entendimento esse corroborado pela própria

concorrente, no caso a Empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda., ao manifestar-se nestes autos

(itens 8 a 11), entende-se que a medida cautelar deve ser mantida.

42. Diante dos fatos apurados, conclui-se que as informações constantes dos autos não são

suficientes para a análise do mérito da presente representação, razão pela qual se faz necessária a

audiência do Pregoeiro responsável pelo Pregão Presencial 49/2012, Sr. Marcos Frizzera Dias, do

Prefeito Municipal de Afonso Cláudio/ES, Sr. Wilson Berger Costa, e ainda do Secretário Municipal

de Agricultura e Desenvolvimento Econômico, Sr. Valcir Moreira Págio (item 22), para que se

manifestem acerca da realização de licitação para aquisição de bem sem similaridade ou de marcas,

características e especificações exclusivas, com restrição ao caráter competitivo do processo licitatório,

em descumprimento do disposto no art. 3º, §1º, inciso I, e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993.

43. Por fim, entende-se pertinente, por ocasião do julgamento de mérito dos presentes autos,

cientificar a Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio/ES quanto à indevida inserção de dispositivos

editalícios que demandam da empresa interessada a prestação, em caráter exclusivo, de assistência

técnica no Estado do Espírito Santo, durante o período de garantia da máquina (itens 26 a 29).

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

44. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:

a) manter a medida cautelar, adotada em 8/5/2012, pelo Exmo

Ministro-Relator Aroldo Cedraz,

no sentido de que a Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio/ES, na pessoa do seu representante legal,

se abstenha de dar prosseguimento ao Pregão Presencial 49/2002 ou adote as medidas necessárias com

vistas a suspender qualquer ato ou contrato decorrente do referido certame, até o pronunciamento final

deste Tribunal;

b) realizar, com fundamento no art. 250, inciso IV, c/c o art. 237, parágrafo único, do RI/TCU,

a audiência do Pregoeiro, Sr. Marcos Frizzera Dias (CPF 084.442.497-85), do Prefeito Municipal de

Afonso Cláudio/ES, Sr. Wilson Berger Costa (CPF 674.760.907-72), e ainda do Secretário Municipal

de Agricultura e Desenvolvimento Econômico, Sr. Valcir Moreira Págio (CPF 005.344.357-85), para

que se manifestem acerca da realização do Pregão Presencial 49/2012 para aquisição de pá

carregadeira sem similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, com restrição

ao caráter competitivo do processo licitatório, em descumprimento do disposto no art. 3º, §1º, inciso I,

e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993.”

É o Relatório.

VOTO

Trata-se de Representação formulada pela Secretaria de Controle Externo no Estado do

Espírito Santo – Secex/ES, em razão de irregularidades observadas no edital do Pregão Presencial

49/2012, da Prefeitura de Afonso Cláudio/ES, para aquisição de máquina pá carregadeira, financiada

com recursos do Contrato de Repasse 0348111-97/2010/MAPA/Caixa (Siconv 105855/2010).

2. Inicialmente, faço um histórico deste processo, para demonstrar que o município vem

tentando realizar a aquisição deste bem, sendo que em todas as oportunidades foram observadas

irregularidades, que levaram à anulação dos procedimentos licitatórios.

3. Inicialmente, foi realizado o Pregão 30/2011, que foi suspenso em razão de impugnação de

licitante que questionava a existência de especificações que direcionavam o certame para aquisição do

modelo do fabricante New Holland. Reconhecendo a falha, a administração pediu alteração do plano

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de trabalho, aprovado pelo Mapa, reduzindo os requisitos da pá carregadeira, os quais foram

reproduzidos nos Pregões seguintes, 97 e 133/2011.

4. Foi, então, lançado o Pregão Presencial 97/2011, cuja vencedora foi a PME Máquinas e

Equipamentos Ltda., representante da New Holland, anulado em razão de restrição editalícia quanto à

exigência de a vencedora possuir revenda exclusiva do fabricante no Estado do Espírito Santo, atuando

por, no mínimo, 5 anos.

5. Realizada nova licitação, o Pregão Presencial 133/2011, foi mantida a mesma exigência

anterior, agora sem fixação de prazo de atuação no estado. Por considerar a cláusula restritiva, foi

encaminhada representação por licitante, sendo autuado o TC 035.018/2011-9, do qual fui relator. Por

considerar presentes a fumaça do bom direito e o perigo da demora, concedi, em dezembro de 2011,

medida cautelar suspendendo o prosseguimento da licitação.

Anulado o pregão, foi exarado o Acórdão 655/2012-Plenário, em 21/3/2012, por meio do qual

a representação foi considerada procedente e a cautelar foi suspensa por perda de objeto. À época,

considerei inadequada a aplicação de multa aos gestores, uma vez que o certame foi anulado não tendo

causado qualquer prejuízo à administração pública.

6. Em razão da concessão da cautelar, a Prefeitura de Afonso Cláudio decidiu aderir, em

31/1/2012, à Ata de Registro de Preços 36/2011, da Secretaria de Estado de Agricultura,

Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo, originária do Pregão Eletrônico 64/2011, que

teve como vencedora a empresa Brasif S/A Exportação, Importação, representante da Case

Construction, ao custo unitário de R$ 254.300,00.

7. Ainda que pudesse realizar a contratação, optou por publicar edital de novo Pregão

Presencial 49/2012, motivo da autuação desta representação, incluindo especificações técnicas

mínimas bem mais extensas e pormenorizadas do que as constantes nos pregões anteriores, idênticas às

da máquina ofertada pela fabricante New Holland e às existentes no Pregão 30/2011, o que afronta o

art. 15, § 7º, inciso I, da Lei 8.666/93.

7.1 Foi incluída, também, cláusula que demanda da empresa interessada a comprovação de que

detém a exclusividade em oferecer a assistência técnica no Estado do Espírito Santo, no período de

garantia da máquina, limitando a concorrência, a exemplo do que também havia ocorrido nos Pregões

97/2011 e 133/2011.

7.2 Sagrou-se vencedora, uma vez mais, a PME Máquinas e Equipamentos Ltda., representante

da New Holland, pelo valor de R$ 310.000,00, preço 21,90% superior ao da Ata de Registro de Preços

à qual havia aderido o município.

8. Ainda que a preço superior, a prefeitura optou em levar a cabo a contratação, encontrando-se

a licitação em adiantado estágio de processamento, na iminência de ser publicado o ato de

homologação na imprensa oficial, quando determinei, cautelarmente, inaudita altera nos termos do

art. 276 do Regimento Interno/TCU, à Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio/ES, que se abstivesse

de dar prosseguimento ao Pregão Presencial 49/2002 ou adotasse as medidas necessárias com vistas a

suspender qualquer ato ou contrato decorrente do referido certame, até o pronunciamento final deste

Tribunal, medida que ora submeto à convalidação deste Plenário. Na mesma oportunidade, determinei

à Secex/ES que promovesse as oitivas prévias sugeridas, esclarecendo à PME Máquinas e

Equipamentos Ltda., na qualidade de vencedora do Pregão Presencial nº 049/2012, para que se

manifestasse, se assim o desejasse, sobre os fatos apurados, com fundamento no art. 250, inciso V, do

Regimento Interno/TCU.

9. Nesta oportunidade, estamos analisando as justificativas apresentadas pela prefeitura e pela

empresa PME para as irregularidades supracitadas.

10. As questões suscitadas na oitiva tratam da:

a) realização de nova licitação, Pregão Presencial 49/2012, ainda que tenha aderido à Ata de

Registro do Pregão Eletrônico 64/2011, realizado pela Secretaria de Estado de Agricultura,

Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo, do qual foi vencedora a empresa Brasif S/A

Exportação, Importação, representante da Case Construction, ao custo unitário de R$ 254.300,00;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) reintrodução de especificações técnicas mínimas mais amplas e pormenorizadas do

equipamento, no Edital do Pregão Presencial 49/2012, se comparadas às que constaram dos certames

que lhe precedeu, 97/2011 e 133/2011;

c) reintrodução da exigência de que a empresa interessada prestasse, em caráter exclusivo,

assistência técnica no Estado do Espírito Santo durante o período de garantia da máquina, a despeito

de já ter sido considerada a cláusula restritiva ao caráter competitivo, levando à anulação dos Pregões

97 e 133/2011;

d) intenção de contratar a empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda., no Pregão Presencial

049/2011, vencedora do primeiro pregão anulado e representante da New Holland, pelo valor unitário

de R$ 310.000,00 e 21,9% maior do que o oferecido pela vencedora do Pregão Eletrônico 64/2011.

11. A empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda. limita-se a reconhece que as

especificações técnicas prevista no Edital do Pregão 49/2012 diferem completamente das previstas no

Edital do Pregão 133/2011.

12. A administração alega, em suma, ter reintroduzido as cláusulas que direcionavam o certame

para adequar o objeto do edital do Pregão Presencial 49/2012 ao Plano de Trabalho previamente

aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento.

Ocorre, que como se pode verificar no histórico da aquisição da máquina, ocorreu exatamente

o contrário do alegado. Em razão da impugnação do primeiro Pregão 030/2011, devido à existência de

especificações que levariam ao direcionamento do certame para aquisição de uma marca específica, a

própria administração, reconhecendo a falha, pediu à convenente alteração do plano de trabalho,

reduzindo tais exigências.

13. Também, não há justificativa para reintrodução de cláusulas restritivas à competitividade,

que já foram discutidas por esta Corte, e que causaram anulação dos pregões anteriores.

14. O que se pode concluir das medidas até aqui adotadas pela administração é a intenção clara

de direcionar a contração para aquisição de uma determinada marca de equipamento ou empresa.

Nesse sentir, a situação se torna mais grave na medida em que a contratação pode trazer prejuízos ao

erário, uma vez que o vencedor do último certame apresentou preço 21,9% superior ao da empresa que

venceu o pregão anterior.

15. Desta forma, incorporo às análises e às conclusões da unidade técnica às minhas razões de

decidir, com ajustes de forma, conhecendo desta representação, para considerá-la procedente,

autorizando a realização das audiências nos termos propostos, e determinando a anulação do Pregão

Presencial 49/2012.

Ante o exposto, VOTO por que este Tribunal adote a minuta de Acórdão que trago à

apreciação deste Colegiado.

Sala das Sessões, em 22 de agosto de 2012. AROLDO CEDRAZ

Relator

ACÓRDÃO Nº 2230/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 007.644/2012-4.

2. Grupo I – Classe VII – Representação

3. Responsáveis: Marcos Frizzera Dias (084.442.497-85); Valcir Moreira Págio (005.344.357-

85); Wilson Berger Costa (674.760.907-72).

4. Unidade: Prefeitura de Afonso Cláudio – ES.

5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo – ES (Secex/ES).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pela Secretaria de

Controle Externo no Estado do Espírito Santo – Secex/ES, em razão de irregularidades observadas no

edital do Pregão Presencial 49/2012, da Prefeitura de Afonso Cláudio/ES, para aquisição de máquina

pá carregadeira, financiada com recursos do Contrato de Repasse 0348111-97/2010/MAPA/Caixa

(Siconv 105855/2010).

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer da presente representação para, no mérito, considerá-la procedente, com

fundamento no art. 237, inciso VI, do Regimento Interno do TCU;

9.2. convalidar as medidas processuais adotadas pelo Relator, por meio do despacho, peça 20;

9.3 assinar prazo de 15 (quinze dias), a contar da ciência desta deliberação, com fulcro no art.

71, IX, da Constituição Federal, c/c o art. 45 da Lei 8.443/1992, para que a Prefeitura de Afonso

Cláudio/ES, na pessoa do seu representante legal, adote as medidas necessárias com vista a anular

qualquer ato ou contrato decorrente do referido certame do Pregão Presencial 49/2012, com

fundamento no art. 3º, §1º, inciso I, e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993; e

9.4. realizar a audiência do Pregoeiro, Marcos Frizzera Dias (CPF 084.442.497-85), do

Prefeito de Afonso Cláudio/ES, Wilson Berger Costa (CPF 674.760.907-72), e ainda do Secretário

Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Econômico, Valcir Moreira Págio (CPF 005.344.357-

85), com fundamento no art. 250, inciso IV, c/c o art. 237, parágrafo único, do RI/TCU, para que se

manifestem acerca da introdução no Pregão Presencial 49/2012 para aquisição de pá carregadeira, de

cláusulas que afrontam o disposto no art. 3º, §1º, inciso I, e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993:

9.4.1. introdução, no Anexo I do Edital do Pregão Presencial 49/2012, de novas especificações

técnicas mínimas, mais amplas e pormenorizadas, se comparadas às que constataram dos certames que

lhe procederam, 97/2011 e 133/2011, e do Plano de Trabalho, e que parecem restringir o caráter

competitivo do processo licitatório, em descumprimento do disposto no art. 3º, §1º, inciso I, e no art.

7º, § 5º, da Lei 8.666/1993;e

9.4.2. exigência de que a empresa interessada prestasse, em caráter exclusivo, assistência

técnica no Estado do Espírito Santo durante o período de garantia da máquina, a despeito de já ter sido

a cláusula considerada restritiva ao caráter competitivo;

9.5 dar ciência deste acórdão à Prefeitura de Afonso Cláudio/ES e à empresa PME Máquinas e

Equipamentos Ltda., bem como do Relatório e Voto que a fundamentam;

9.6. encaminhar o presente processo à Secex/ES, para dar prosseguimento do feito.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2230-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

AROLDO CEDRAZ

Presidente Relator

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO I – CLASSE V – Plenário

TC 006.838/2012-0

Natureza(s): Relatório de Auditoria

Entidades: Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - MME; Companhia Energética do Piauí S.A.

Interessado: Congresso Nacional

Advogado constituído nos autos: não consta.

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. FISCOBRAS 2012. PROGRAMA LUZ PARA

TODOS. IRREGULARIDADES QUE NÃO SE CLASSIFICAM COMO GRAVES. OITIVA.

DETERMINAÇÕES. RELATÓRIO

Trata-se de relatório de auditoria realizada em cumprimento ao Acórdão 367/2012 - Plenário,

na Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP (antiga Companhia Energética do Piauí S.A.- CEPISA) -

Eletrobras - MME, no período compreendido entre 13/3/2012 e 11/5/2012 (peça 40).

2. A auditoria, realizada por equipe da Secob-3, integra o ciclo de fiscalizações de obras do

corrente exercício (Fiscobras 2012) e está inserida na Temática "Luz para Todos".

3. Conforme o relatório da equipe técnica, o trabalho foi idealizado como um piloto para outras

14 fiscalizações inseridas na aludida Temática e centrou-se no exame do Contrato 110/2009, firmado

entre a Eletrobras Distribuição Piauí S. A. e a empresa Energy Instalações Elétricas Ltda, no valor

global, atualizado até 31/12/2011, de R$ 53.195.846,33. Seu objeto é a contratação de empresa para

levantamento de dados, elaboração de projetos, planejamento da gestão e execução de obras de

eletrificação rural georreferenciadas, com cadastramento de consumidores, instalação e ligação de

medidores.

4. O aludido Contrato 110/2009 abrange 11 municípios (Assunção do Piauí, Elesbão Veloso,

Pio IX, Santa Cruz dos Milagres, Santana do Piauí, São João da Canabrava, São João da Serra, São

José do Piauí, São Julião, São Miguel do Tapuio e Valença do Piauí), contemplando 7.412 ligações

domiciliares, 1.726,30 km de extensão de rede de alta tensão e 736 km de rede de baixa tensão.

5. O Contrato decorreu da Concorrência Nacional CN – 1.92.2007.4130 (Lote 5), promovido

pela Eletrobras Chesf (antiga Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - Chesf), em 30/11/2007.

6. Conforme o relatório de auditoria, 3.321 consumidores haviam sido ligados à rede até janeiro

de 2012. Foi constatado que a obra se encontra com o cronograma físico atrasado, não obstante tenham

sido firmados dois aditivos contratuais de prazo.

7. Concluídos os exames considerados cabíveis pela equipe de fiscalização, são registrados os

seguintes achados de auditoria:

“3.1 - Perda potencial ou efetiva de serviços realizados, em face da não execução

concomitante de serviços essenciais à integridade da obra.

3.1.1 - Tipificação do achado: Classificação - outras irregularidades (OI)

3.1.2 - Situação encontrada: No âmbito do Contrato 110/2009, destinado à execução de obras de eletrificação rural em

Assunção do Piauí e outros dez municípios do estado do Piauí, constatou-se a possibilidade de perda

potencial ou efetiva de serviços realizados, em face da não execução concomitante de serviços

essenciais à integridade da obra, tais como: (a) manutenção tempestiva do sistema de proteção contra

sobrecarga de energia e descargas atmosféricas (chaves fusíveis e para-raios utilizados para proteção

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

dos transformadores e das instalações a jusante); (b) controle de qualidade (realização de ensaios de

funcionalidade e característica) dos materiais e serviços executados pela contratada. Essas

irregularidades configuram risco de prejuízo às instalações elétricas e demandam ações preventivas da

EDP com vistas a minorar essas ocorrências.

O Contrato 110/2009 celebrado entre a Eletrobras Distribuição Piauí - EDP e a empresa Energy

Instalações Elétricas Ltda, em atendimento ao Programa Luz para Todos, teve como objeto a

contratação de empresa para levantamento de dados, elaboração de projetos, planejamento da gestão e

execução de obras de eletrificação rural georreferenciadas, com cadastramento de consumidores,

instalação e ligação de medidores em 11 municípios do estado do Piauí. Contempla fornecimento

integral de materiais, equipamentos, e mão-de-obra necessários para realizar 7.412 ligações

domiciliares, 1726,30 km de extensão de rede de alta tensão e 736 km de rede de baixa tensão nos

municípios de Assunção do Piauí, Elesbão Veloso, Pio IX, Santa Cruz dos Milagres, Santana do Piauí,

São João da Canabrava, São João da Serra, São José do Piauí, São Julião, São Miguel do Tapuio e

Valença do Piauí.

O Contrato, assinado em 23/09/2009, embora de responsabilidade da EDP, é decorrente da

Concorrência Nacional CN - 1.92.2007.4130 (Lote 5), promovida pela Companhia Hidro Elétrica do

São Francisco - Chesf, em 30/11/2007.

Para atender ao objeto do projeto básico, a Chesf estabeleceu um padrão mínimo de materiais,

com suas respectivas especificações técnicas, e de critérios para a construção das redes de distribuição

rural, privilegiando a simplificação do sistema e, consequentemente, a redução dos custos de instalação

da eletrificação rural. O sistema previsto no projeto básico denomina-se Sistema Elétrico Monofilar

com Retorno por Terra - MRT, que se trata de sistema constituído com apenas um condutor, com

corrente de retorno que circula pela terra.

A Chesf estabeleceu também, conforme Cláusula Décima do Contrato 110/2009, a

obrigatoriedade de a Contratada apresentar um Plano de Inspeção detalhando todos os ensaios e

verificações, os esquemas e o instrumental a serem realizados na inspeção técnica dos materiais e

serviços adquiridos por meio do contrato. Tal inspeção poderia ser empreendida pela EDP ou por

pessoa física ou jurídica contratada para tal fim. Ressalta-se que, por meio do Ofício de Requisição

03-248/2012, foi solicitado, mas não disponibilizado, o Plano de Inspeção dos materiais utilizados. Em

sua resposta, a Companhia se limitou a relatar as ações empreendidas, no decorrer do ano de 2010.

Conforme constatado na auditoria, a execução do Contrato 110/2009 segue os padrões

estabelecidos no projeto básico, e em virtude da distância e dificuldade de acesso das localidades a

serem atendidas, a execução do contrato tem priorizado pequenos trechos de redes de distribuição, nos

quais, estrategicamente, foram instalados sistema de proteção contra sobrecarga de energia e descargas

atmosféricas (chaves fusíveis e para-raios utilizados para proteção dos transformadores e das

instalações a jusante).

Apesar de constatada a observância aos padrões estabelecidos, foram registradas deficiências

em três pontos: (i) na manutenção das instalações já energizadas no que se refere à substituição das

chaves fusíveis rompidas, (ii) na manutenção e no controle de qualidade dos dispositivos de proteção

contra descargas atmosféricas, e (iii) no controle de qualidade dos materiais e serviços aplicados

(postes e cruzetas de concreto armado). Assim, segue exposição referente às deficiências apontadas.

(i) Deficiência na manutenção das instalações já energizadas no que se refere à substituição das

chaves fusíveis rompidas:

De modo a proteger o sistema elétrico das sobrecargas decorrentes de descargas

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

atmosféricas, as redes elétricas são dotadas de chaves fusíveis, constituídas de dispositivo que se

rompe ao ser sobrecarregado, as chamadas 'canelas'. Diante disso, é natural que após a ocorrência

dessas descargas, o sistema elétrico de uma região deixe de funcionar em função do rompimento dessa

'canela'. Nesse caso, cabe à distribuidora de energia providenciar a troca ou a manutenção desse

equipamento para a normalização do sistema.

Observou-se, contudo, que, em mais de 60% dos trechos visitados, havia chaves fusíveis

rompidas (canela aberta), com a consequente interrupção do fornecimento de energia. Como exemplo,

relata-se o Ramal 1(ODI 2001780) da localidade Maroró, situada na cidade de Elesbão Veloso, no qual

o consumidor (medidor nº A-1161152) afirmou estar sem fornecimento de energia a cerca de um mês

(foto 1). Também, no mesmo município, a situação foi observada no Ramal 1 (ODI 2005325) da

localidade Marajó (medidor nº A-1160398) (foto 2), cujo fornecimento teria sido interrompido há três

dias.

A situação se repetiu nos três outros municípios visitados: Valença do Piauí - ODI 2006459

(foto 3), ODI 2001389 (foto 4, foto 5 e foto 6), São José do Piauí - ODI 2006809 (foto 7) e Santana do

Piauí - ODI 2006790 (foto 8).

Destaca-se que a existência de chaves fusíveis rompidas não configura problema técnico; ao

contrário, indica que ocorreu sobrecarga de tensão e o fusível rompeu protegendo o transformador e os

sistemas seguintes. A irregularidade constatada refere-se à demora na reparação do sistema, por parte

da EDP.

(ii) Deficiência na manutenção e no controle de qualidade dos dispositivos de proteção contra

descargas atmosféricas

Também são parte da proteção dos sistemas elétricos os para-raios, os quais são responsáveis

pela condução da descarga atmosférica ao solo. A princípio, após a ocorrência de raios, esses

equipamentos devem se manter íntegros, pois não é razoável que um equipamento instalado para

proteger as instalações contra estas descargas atmosféricas, diferentemente do que ocorre com a chave

fusível, queime quando tal descarga ocorra. E, caso aconteça, a substituição deve ser imediata.

Não obstante, observou-se a ocorrência de para-raios queimados, sem a tempestiva reposição

por parte da EDP. Essa situação expõe o transformador (peça chave do sistema de distribuição) e as

instalações em cadeia ao risco de queima total em decorrência de nova descarga atmosférica. Essa

situação foi observada nas ODI 2001780 (Elesbão Veloso), ODI 2005325 (Elesbão Veloso) e ODI

2001389 (Valença do Piauí).

Tais ocorrências indicam que os para-raios utilizados nesta obra podem não corresponder às

exigências técnicas para os quais foram especificados, seja por deficiência nas especificações por parte

do autor do projeto base, seja por terem sido fabricados em desacordo com as características técnicas

indicadas no rótulo dos equipamentos, ou mesmo pela deficiência na inspeção técnica dos materiais

adquiridos pela contratante. Esse conjunto de possíveis fatores constitui-se em prováveis causas dessa

irregularidade e produzem consequências negativas que recaem sobre os consumidores, os quais ficam

sem energia elétrica, além de expor a EDP a penalidades por descumprir requisitos de qualidade junto

à ANEEL.

Como já relatado, trata-se de redes de distribuição rural instaladas em localidades distantes e de

difícil acesso, e, portanto, os consumidores prejudicados não possuem condições favoráveis para

registrar as ocorrências. Nesse caso, o que se espera é que as especificações dos materiais aplicados,

bem como a qualidade desses produtos, contemplem características que se enquadrem às

peculiaridades da obra.

(iii) Deficiência no controle de qualidade dos materiais e serviços aplicados (postes e cruzetas

de concreto armado).

Outra inconsistência observada relaciona-se com a fabricação dos postes e cruzetas de

concreto armado. Em visita ao almoxarifado/fábrica de pré-moldados da contratada, foi informado que

a Energy passou a fabricar os postes e as cruzetas de concreto armado aplicados em suas obras desde o

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

final de 2011. O pátio fabril teria sido adquirido de outra empresa fornecedora de postes, cadastrada

no banco de fornecedores da EDP.

Em inspeção, foram constatadas algumas impropriedades relacionadas à construção dos postes

de concreto, como: nichos (brocas de concretagem - fotos 9 e 10), camada fina de baixa resistência na

superfície (nata de cimento segregada, possivelmente em decorrência de excesso de vibração),

utilização de pedra britada contendo impurezas, descuido no acondicionamento de aço de armação

(ferro depositado diretamente sobre a terra).

A situação se agrava ao ser constatado que, no período compreendido entre novembro de 2011

e março de 2012, não foram executados ensaios técnicos de resistência mecânica dos postes de

concreto pré-moldado. Segundo dados da contratada, a capacidade de produção do pátio fabril é de 45

postes/dia. Extrapolando essa produtividade, estima-se que foram fabricados no período (5 meses após

a aquisição do pátio fabril pela Contratada) cerca de 4600 postes. Em que pese essa elevada quantidade

de postes adquiridos pela EDP, não foi disponibilizado qualquer ensaio de resistência mecânica desses

postes. Também, não ficou demonstrada atuação tempestiva da contratante com vistas a garantir o

controle de qualidade dos materiais e serviços executados pela contratada, uma vez que não foi

disponibilizado o plano de inspeção técnica desses materiais, de forma a comprovar o controle de

qualidade prescrito na cláusula décima do Contrato 110/2009.

Ressalta-se que foram visitadas cerca de 3% das instalações já executadas nos 11 municípios

abrangidos pelo contrato. A observação feita pela equipe de auditoria pode levantar suspeitas ou

hipóteses, mas é incapaz de avaliar o fenômeno na íntegra. Cabe, portanto, por parte da EDP, uma

análise mais aprofundada das deficiências apontadas, por meio de ensaios técnicos, visto que tais

deficiências configuram risco de interrupção no fornecimento de energia aos consumidores e risco de

prejuízo por danos às instalações elétricas do sistema e por penalidades impostas pelo órgão regulador.

(...)

3.1.8 - Conclusão da equipe:

No que concerne ao presente achado, cujo objeto é o Contrato 110/2009, constatou-se a

existência de chaves fusíveis, para-raios e transformadores queimados em algumas localidades

visitadas. Constatou-se, também, a existência de defeitos de fabricação em postes e cruzetas,

confeccionados pela própria contratada.

A existência de equipamentos elétricos danificados pode decorrer de deficiência na manutenção

do sistema ou de falhas nas especificações e/ou controle de qualidade dos equipamentos e serviços

fornecidos pela contratada.

As irregularidades apontadas configuram risco de prejuízo, uma vez que expõem as instalações

elétricas do sistema a jusante a risco de dano irreversível em consequência da queima total, expõem a

EDP a penalidades estabelecidas pela ANEEL, além de interromper o fornecimento de energia aos

consumidores, comprometendo o alcance do objetivo do programa.

Nesse sentido, propõe-se determinar à EDP que elabore estudo com a finalidade de identificar

as causas das falhas nos dispositivos de proteção pautado em laudos técnicos colhidos a partir de

amostras de chaves fusíveis e para-raios danificados, retirados das redes instaladas nas cidades de

Valença do Piauí e Elesbão Veloso, tudo em conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as

demais constantes no Caderno de Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do

Programa Luz para Todos e, encaminhe ao Tribunal, no prazo de 90 dias, os laudos, as conclusões e o

plano de ação proposto para minimizar as falhas apontadas.

Propõe-se, também, determinar à EDP que implemente o plano de inspeção previsto na

Cláusula Décima do Contrato 110/2009 com vistas a avaliar a resistência mecânica de postes e

cruzetas confeccionados pela Energy, em conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as

demais constantes no Caderno de Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do

Programa Luz para Todos, encaminhando ao Tribunal, no prazo de 30 dias, os laudos e as conclusões

dos trabalhos realizados, bem como o planejamento das atividades de controle de qualidade desses

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

serviços até o término do contrato.

Propõe-se, por fim, promover oitiva da Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP para, no prazo

de quinze dias, manifestar-se acerca da omissão na aplicação do plano de inspeção técnica dos

materiais e serviços adquiridos por meio do Contrato 110/2009, em desacordo com a Cláusula Décima.

3.2 - Existência de atrasos injustificáveis nas obras e serviços.

3.2.1 - Tipificação do achado: Classificação - outras irregularidades (OI)

3.2.2 - Situação encontrada: O Contrato 110/2009, destinado à execução de obras de eletrificação rural em Assunção do

Piauí e outros dez municípios da região centro/sul do estado do Piauí, tinha como meta a realização de

7.412 ligações rurais em um prazo de quinze meses. Mesmo após a celebração de dois termos aditivos

com prorrogação de prazo de nove meses cada, restando três meses para o encerramento do contrato,

foram executadas até 3/1/2012, somente 3.321 ligações, correspondente a 44,5% do previsto. Diante

desse fato, fica evidenciada a incapacidade de atendimento das metas programadas e,

consequentemente, o não cumprimento dos objetivos do Programa Luz para Todos, relativamente a

este contrato.

A visão geral do Contrato 110/2009, dos aditivos e das respectivas execuções financeiras e

físicas, pode ser vista a partir dos seguintes dados:

1- 23/9/2009 - Assinatura do contrato: execução de 7.412 ligações em quinze meses, no valor

de R$ 43.510.584,63;

2 - 23/12/2010 - Final do prazo contratual: execução financeira de R$ 12.127.851,23 (30% do

previsto);

3 - 13/12/2010 - Assinatura do terceiro termo aditivo (prevendo prorrogação por nove meses,

22/9/2011): execução financeira ao final da prorrogação, em setembro de 2011, de R$ 20.371.530,63

(47% do previsto);

4 - 23/9/2011 - Quinto termo aditivo (prorrogação por novos nove meses, 22/6/2012) -

execução financeira, em 3/1/2012, de R$ 21.878.617,14 (50% do previsto), correspondente a 3.321

ligações (45% do previsto).

As justificativas para os aditivos de prazo, decorrentes de atrasos na obra, apresentadas pela

EDP (evidências 6 e 8), pautam-se nos seguintes argumentos:

a) carência de mão de obra disponível no Estado do Piauí que dificultou a contratação de

profissionais especializados no ramo de energia elétrica pela empresa contratada e, em consequência,

contribuiu para o atraso das obras;

b) carência do corpo técnico da EDP, a qual foi demandada acima das suas capacidades com a

implementação do PLpT;

c) grande quantidade de obras em nível nacional do PLpT que requereu, das empresas

produtoras de equipamentos e insumos, níveis de produção acima da capacidade instalada, fato que

ocasionou insuficiência desses materiais no mercado;

d) precária condição do sistema elétrico do Piauí que demandou a construção de alimentadores

para dar suporte às obras de ampliação da distribuição, fato que retarda a energização dos ramais

instalados e, consequentemente, a finalização das ligações domiciliares;

e) necessidades de campo que demandaram o agendamento de desligamentos programados de

energia, os quais contribuem para o retardamento da obra.

Consideram-se razoáveis os argumentos apresentados, uma vez que expõem as dificuldades

encontradas durante a execução da obra e do próprio PLpT. Prova disso é que, por meio do Decreto

7.520/2011, o Governo Federal determinou a prorrogação do Programa até 2014. Diante disso,

entende-se que, naquele momento, cabia à EDP celebrar o terceiro e o quinto aditivos ao Contrato

110/2009.

Em que pese à razoabilidade das justificativas para celebrar os referidos aditivos de prazo, a

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

produtividade alcançada, até o momento de encerramento da fiscalização, por meio do Contrato

110/2009, indica que a contratada não será capaz de atender às metas contratuais. Isso porque, em 28

meses de contrato (23/9/2009 a 3/1/2012), a execução física foi de 3.321 ligações, média de 118

ligações por mês. Considerando o prazo de seis meses restantes (de 3/01/2012 até o final do contrato

em 22/6/2012) e a produtividade atual que está em torno de 118 ligações por mês, ao final do contrato,

seriam atingidas 4.033 ligações, ou 55% da previsão contratual original. Ao aplicar a mesma

metodologia para a execução financeira, o contrato chegará ao final com 61% de desembolso. Resta

demonstrado, portanto, que no ritmo em que se encontram as obras, seriam necessários cerca de outros

dois anos para atingir os objetivos inicialmente previstos, ou seja, mantendo as mesmas condições

atuais de execução das obras, não se viabilizará o atingimento da meta contratual até 22/6/2012. Cabe

registrar que esse fato caracteriza ocorrência passível de multa nos termos da Cláusula Nona do

Contrato 110/2009. Diante do exposto, a EDP deve estabelecer procedimentos com vistas ao

cumprimento de metas do PLpT.

(...)

3.2.8 - Conclusão da equipe:

Apesar da razoabilidade da celebração do terceiro e do quinto aditivos, entende-se que a

manutenção da atual taxa de execução (produtividade) de ligações domiciliares não atende aos

requisitos de prazo para o Contrato 110/2009, gerando prejuízos ao cumprimento das metas do

Programa Luz para Todos. Assim, cabe à EDP agregar novas tecnologias ou esforços aos utilizados

atualmente, de modo a atingir as metas do contrato. Diante disso, propõe-se determinar à EDP que, no

prazo de 30 dias, informe as providências adotadas, com vistas a cumprir os objetivos e metas

estabelecidos no Programa Luz para Todos, especialmente quanto aos trabalhos relacionados ao

Contrato 110/2009.

3.3 - Inadequação ou inexistência dos critérios de aceitabilidade de preços unitário e

global.

3.3.1 - Tipificação do achado: Classificação - outras irregularidades (OI)

3.3.2 - Situação encontrada: O Edital da Concorrência 1.92.2007.4130, que culminou com o Contrato 110/2009, destinado à

execução de obras de eletrificação rural em 11 municípios do estado do Piauí, determinou, no item

"6.1 a.2", que as propostas dos licitantes deveriam ser desclassificadas no caso de os preços globais

ofertados superarem os preços contidos no orçamento básico em mais de 7,5%. Em desconformidade

com o art. 40, inc. X da Lei 8.666/93, e com a súmula 259 do TCU, esse critério faculta a contratação

de preço superior ao de referência, bem como não estabelece critério de aceitabilidade dos preços

unitários. Destaca-se que os serviços foram contratados sob o regime de empreitada por preço unitário.

Embora o edital tivesse estabelecido a obrigatoriedade de observância do preço máximo global,

facultou que as propostas pudessem ser superiores a esse valor em 7,5%. Esse fato não guarda

conformidade com o art. 40, inc. X da Lei 8.666/93, que veda a fixação de faixas de variação em

relação aos preços de referência, definidos no orçamento básico da licitação. Tal situação não se

alinha, também, à jurisprudência do TCU, consolidada por meio da Súmula 259, in verbis: "Nas

contratações de obras e serviços de engenharia, a definição do critério de aceitabilidade dos preços

unitários e global, com fixação de preços máximos para ambos, é obrigação e não faculdade do

gestor".

Diante disso, resta demonstrado que o item "6.1 a.2" do Edital de Concorrência epigrafado,

apresenta-se irregular. Registre-se que, amparados nessa previsão editalícia, a comissão de licitação

declarou vencedora do certame a proposta da empresa Energy Instalações Elétricas Ltda, no valor de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

R$ 43.510.584,63, superior em 4,10% do orçamento básico da Chesf, de R$ 41.798.689,96.

O Edital também deixou de prever a obrigatoriedade de observância de preços máximos

unitários, em contraposição ao art. 40, inc. X da Lei 8.666/1993 e à jurisprudência do TCU. Conforme

se observa na tabela ao final deste campo, vários itens de serviço foram contratados com preços acima

dos contidos no orçamento básico. A partir dessa constatação, buscou-se aferir a correspondência dos

preços contratados com os de mercado, de modo a verificar o cumprimento do art. 115 da Lei

11.439/2006 (LDO 2007) e, consequentemente, avaliar a ocorrência de sobrepreço ou

superfaturamento.

Registre-se que, ao se tentar analisar os preços dos serviços contratados, observou-se que

muitos não possuíam correspondentes no Sinapi, por exemplo: "instalação de rede 34,5 KV Trifásico"

(km), "instalação de rede 19,9 KV Monofásica MRT" (km), "instalação de ponto de transformação

34,5 kv-15KVA" (un). Diante disso, a análise de sobrepreço/superfaturamento da obra baseada nos

preços de serviços foi inviabilizada. A partir dessa constatação e a fim de inferir a regularidade dos

preços contratados, foi elaborada a Curva ABC dos insumos que compõem os serviços mais

representativos da obra, correspondendo a cerca de 76% do valor contratado. O resultado dessa análise

expedita não apontou para a existência de sobrepreço global na obra, conforme se verifica na Tabela 1

seguinte.

Diante das análises retro, ficou constatada a ocorrência de preços unitários acima dos valores

de mercado, mas não ficou demonstrada a existência de sobrepreço/superfaturamento global. Esses

preços unitários acima dos de mercado não guardam conformidade com o art. 40, inc. X da Lei

8.666/1993, bem como com a jurisprudência do TCU, consolidada pela Súmula 259. Cabe registrar

que esta Corte de Contas já exarou determinações à Eletrobras Chesf no que concerne ao tema como as

constantes nos Acórdãos 1693/2009, 1829/2007, 2679/2011, 1204/2011 e 1616/2008, todos do

Plenário, mas o edital analisado é anterior a essas deliberações. Diante disso, será proposta ciência à

Chesf, entidade que elaborou o edital em análise, que a previsão contida no item "6.1 a.2" não guarda

conformidade com o art. 40, inc. X da Lei 8.666/1993.

(...)

3.3.8 - Conclusão da equipe:

No Edital de Concorrência 1.92.2007.4130, constatou-se a ausência de critério de

aceitabilidade de preços unitários, bem como a possibilidade de serem contratadas empresas que

apresentaram preços globais acima dos de referência, o que não guarda conformidade com o art. 40,

inc. X da Lei 8.666/1993, bem como com a jurisprudência do TCU, consolidada pela Súmula 259.

Cabe registrar que esta Corte de Contas já exarou determinações à Eletrobras Chesf no que concerne

ao tema como as constantes nos Acórdãos 1693/2009, 1829/2007, 2679/2011, 1204/2011 e 1616/2008,

todos do Plenário. Entretanto, haja vista que, em análise expedita, não foi constatada a ocorrência de

sobrepreço/superfaturamento e o edital analisado é anterior a essas deliberações, propõe-se cientificar

a Chesf, entidade responsável pela elaboração do edital, a respeito da irregularidade em questão.

3.4 - Ausência de termo aditivo formalizando alterações das condições inicialmente

pactuadas.

3.4.1 - Tipificação do achado: Classificação - outras irregularidades (OI)

3.4.2 - Situação encontrada: No âmbito do Contrato 110/2009, destinado à execução de obras de eletrificação rural em

Assunção do Piauí e outros dez municípios da região centro/sul do estado do Piauí, celebrado entre a

Eletrobras Distribuição Piauí - EDP e a empresa Energy Instalações Elétricas Ltda, em atendimento ao

Programa Luz para Todos, foram constatadas alterações na execução do contrato no tocante aos

quantitativos de ligações domiciliares previstos para os diversos municípios (acréscimos e supressões)

que não foram objeto de formalização por meio de termos aditivos. Tal situação expõe a EDP a

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421

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

potencial risco de deixar de cumprir as metas de governo relativas à universalização do acesso à

energia elétrica.

O Contrato dispõe, em sua cláusula primeira, que os serviços serão executados conforme

Instruções Técnicas para Licitação-ITL-DLT-189-Ver.0-agosto/2007, cujo Anexo III - Relação de

Municípios define a relação de municípios a serem atendidos por lote e o respectivo número de

consumidores. Para o contrato em questão, foram previstos 7.399 consumidores monofásicos e 13

consumidores trifásicos resultando em 7.412 consumidores. Esses dados estão dispostos na tabela a

seguir em conjunto com os quantitativos realizados até janeiro de 2012.

Tabela 2: Comparativo entre o número de ligações projetadas e executadas

<<<<< tabela não apresentada >>>>>

Cabe assinalar, preliminarmente, que o número de ligações por município foi uma estimativa

feita antes da licitação, em 2007, tendo como base os dados do censo realizado pelo IBGE no ano de

2000, fato que evidencia uma imprecisão dos dados. Soma-se a isso a alteração ocupacional das terras

cultivadas nas localidades contempladas, ocorrida de 2007 até o momento de execução da obra, e o

retorno dos agricultores ao campo em função da possibilidade real da chegada do PLpT. Em

decorrência disso, nas visitas de campo foi possível constatar que novas casas foram construídas,

aumentando, assim, o número de ligações a serem realizadas. Diante disso, considera-se razoável a

ocorrência de pequenas alterações no número de ligações realizadas por município.

Entretanto, o número de ligações nos municípios que já tiveram a obra desmobilizada

demonstra alta variação do percentual executado, indicando falta de aderência entre o contrato e a

execução das obras. A partir dos dados do quadro 3.4, verifica-se a ocorrência de acréscimos em

alguns municípios, por exemplo: Santana e São José do Piauí, em detrimento de outros, como Valência

do Piauí.

Como o PLpT visa à universalização do atendimento de energia elétrica no meio rural, a

princípio, não se vislumbra irregularidade em realizar número maior de ligações que o previsto para

um determinado município. Soma-se a isso o fato de os pagamentos serem realizados por preço

unitário e não haver constatação de pagamentos sem a respectiva realização da obra. Ressalta-se, no

entanto, que, na forma que o contrato vem sendo executado, mesmo nos municípios que tiveram

percentual de execução acima do previsto, não se pode fazer juízo definitivo de que a universalização

foi alcançada. Como o projeto vem sendo desenvolvido concomitantemente às obras, por técnicos

advindos da capital ou até mesmo de outros estados, e portanto, sem o conhecimento amplo das

necessidades do município, vislumbra-se a possibilidade de existirem localidades mais afastadas ou

carentes de lideranças comunitárias que não foram contempladas com a energia elétrica nos

municípios com obras já concluídas. Esses fatos revelam a carência de dados relativos ao número de

ligações domiciliares a serem atendidas por município, os quais poderiam ser obtidos por meio de um

controle efetivo por parte da EDP.

Com base no exposto, visando formalizar as alterações ocorridas durante a execução do

contrato, cabe à EDP formalizar as alterações procedidas quanto ao número de ligações domiciliares

que foram de fato executadas nos municípios cujas obras foram concluídas.

(...)

3.4.8 - Conclusão da equipe: As alterações nos números de ligações ocorridas, durante a execução, em alguns municípios

atendidos pelo Contrato 110/2009, celebrado entre a Eletrobras Distribuição Piauí EDP e a empresa

Energy Instalações Elétricas Ltda, embora não tenha sido constatada irregularidade nos pagamentos,

revelam falta de aderência entre o contrato e a execução das obras e não permitem afirmar o

posicionamento de cada município frente à universalização do acesso. De modo a proporcionar maior

identidade entre o contrato e a sua execução e evitar a ocorrência de desembolsos descolados dos

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

termos contratuais formalizados, propõe-se determinar à EDP que formalize termo aditivo ao Contrato

110/2009 de forma a que sejam retratadas as alterações procedidas às condições inicialmente

pactuadas, quanto ao número de ligações domiciliares que foram de fato executadas nos municípios

cujas obras foram concluídas, encaminhando ao Tribunal, no prazo de 30 dias, os documentos

pactuados.”

8. Diante do exposto, propõe a equipe de fiscalização, com a anuência dos dirigentes da

Unidade Técnica (peças 41/42), que o Tribunal adote as seguintes medidas:

8.1 - Com fulcro nos artigos 71, inciso IX, da Constituição Federal e 45, inciso I, da Lei

8.443/1992, determinar à Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP que:

8.1.1 - elabore estudo com a finalidade de identificar as causas das falhas nos dispositivos de

proteção apontadas neste relatório pautado em laudos técnicos colhidos a partir de amostras de chaves

fusíveis e pararraios danificados retirados das redes instaladas nas cidades de Valença do Piauí e

Elesbão Veloso, tudo em conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes no

Caderno de Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos e,

encaminhe ao Tribunal, no prazo de 90 dias, os laudos, as conclusões e o plano de ação proposto para

minimizar as falhas evidenciadas (3.1);

8.1.2 – implemente o plano de inspeção previsto na Cláusula Décima do Contrato 110/2009

com vistas a avaliar a resistência mecânica de postes e cruzetas confeccionados pela Contratada, em

conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes no Caderno de

Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos, encaminhando

ao Tribunal, no prazo de 30 dias, os laudos e as conclusões dos trabalhos realizados, bem como o

planejamento das atividades de controle de qualidade desses serviços até o término do contrato (3.1);

8.1.3 - informe, no prazo de 30 dias, as providências adotadas, com vistas a cumprir os

objetivos e metas estabelecidos no Programa Luz para Todos, especialmente quanto aos trabalhos

relacionados ao Contrato 110/2009 (3.2);

8.1.4 - formalize termo aditivo ao Contrato 110/2009 de forma a que sejam retratadas as

alterações procedidas às condições inicialmente pactuadas, quanto ao número de ligações domiciliares

que foram de fato executadas nos municípios cujas obras foram concluídas, encaminhando ao

Tribunal, no prazo de 30 dias, os documentos pactuados (3.4);

8.2 - Com fulcro no artigo 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, promover oitiva da

Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP para, no prazo de quinze dias, manifestar-se acerca da

omissão na aplicação do plano de inspeção técnica dos materiais e serviços adquiridos por meio do

Contrato 110/2009, em desacordo com a Cláusula Décima do mesmo ajuste, considerando a

possibilidade de terem sido aceitos materiais e serviços de baixa qualidade, conforme impropriedades

indicadas no relatório de fiscalização (3.1);

8.3 - Com fulcro no ao artigo 250, inciso II, do Regimento Interno, dar ciência à Companhia

Hidro Elétrica do São Francisco S.A. - Chesf que a ausência de cláusula de aceitabilidade de preços

unitários com valores iguais ou inferiores aos referenciais oficiais (Sinapi) e a possibilidade de preço

global acima do orçamento base constatadas no Edital de Concorrência Nacional CN - 1.92.2007.4130,

que deu origem ao Contrato 110/2009 firmado entre a Eletrobras Distribuição Piauí S.A. e empresa

Energy Instalações Elétricas Ltda, mostram-se em desconformidade com o art. 40, inciso X, da Lei

8.666/1993, e com a Lei de Diretrizes Orçamentária (art. 115 da Lei 11.439/2006 - LDO 2007 -

referência para as licitações em apreço) (3.3);

8.4 - Encaminhar cópia desse relatório e do Acórdão a ser prolatado às Centrais Elétricas

Brasileiras S.A. – Eletrobras.

É o Relatório.

VOTO

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Trago à apreciação deste Colegiado o relatório de auditoria, realizada por equipe da Secob-3,

nas obras de eletrificação rural do Programa Luz para Todos, objeto do Contrato 110/2009, firmado

entre a Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP e a empresa Energy Instalações Elétricas Ltda.

A auditoria serviu de modelo para mais 14 fiscalizações de obras que compõem a fiscalização

Temática Luz para Todos. A relevância do tema é evidente ante a materialidade dos recursos previstos

na Lei Orçamentária para serem aplicados pelas empresas do grupo Eletrobras (R$ 625 milhões), bem

como ante a importância socioeconômica do Programa Luz para Todos para as regiões Norte e

Nordeste. Cabe registrar que a meta do Programa é realizar mais de 60 mil ligações domiciliares nos

estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí, Rondônia e Roraima.

As principais ocorrências verificadas pela equipe de auditoria no contrato, obras e serviços

fiscalizados são:

a) perda potencial ou efetiva de serviços realizados, em face da não execução concomitante de

serviços essenciais à integridade da obra;

b) existência de atrasos injustificáveis nas obras e serviços;

c) inadequação ou inexistência dos critérios de aceitabilidade de preços unitário e global no

Edital da Concorrência Nacional CN - 1.92.2007.4130;

d) ausência de termo aditivo formalizando alterações das condições inicialmente pactuadas.

Considerando que não foram apontados no processo indícios de dano ao Erário, mostra-se

adequado o encaminhamento proposto pela Unidade Técnica, que abrange determinações à EDP, bem

como sua oitiva, além de ciência à CHESF da impropriedade verificada no edital da licitação nacional,

promovida sob sua responsabilidade.

Face ao exposto, acolho as propostas e Voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora

submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

RAIMUNDO CARREIRO

Relator

ACÓRDÃO Nº 2231/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 006.838/2012-0.

2. Grupo I – Classe de Assunto V – Relatório de Auditoria

3. Interessado: Congresso Nacional.

4. Entidades: Centrais Elétricas Brasileiras S.A.; Eletrobras Distribuição Piauí S.A.

5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 3 (SECOB-3).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de relatório de auditoria (Fiscobras

2012) realizada na Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP (antiga Companhia Energética do Piauí

S.A.- CEPISA) - Eletrobras - MME, tendo por objeto o Contrato 110/2009, que diz respeito à

Temática "Luz para Todos".

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo relator, em:

9.1 - com fulcro nos artigos 71, inciso IX, da Constituição Federal e 45, da Lei 8.443/1992,

determinar à Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP que:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.1 - elabore estudo com a finalidade de identificar as causas das falhas nos dispositivos de

proteção, apontadas neste relatório, pautado em laudos técnicos colhidos a partir de amostras de

chaves fusíveis e para-raios danificados retirados das redes instaladas nas cidades de Valença do Piauí

e Elesbão Veloso, tudo em conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes

no Caderno de Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos

e, encaminhe ao Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, os laudos, as conclusões e o plano de ação

proposto para minimizar as falhas evidenciadas;

9.1.2 – implemente o plano de inspeção previsto na Cláusula Décima do Contrato 110/2009

com vistas a avaliar a resistência mecânica de postes e cruzetas confeccionados pela Contratada, em

conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes no Caderno de

Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos, encaminhando

ao Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, os laudos e as conclusões dos trabalhos realizados, bem como

o planejamento das atividades de controle de qualidade desses serviços até o término do contrato;

9.1.3 - informe, no prazo de 30 (trinta) dias, as providências adotadas com vistas a cumprir os

objetivos e metas estabelecidos no Programa Luz para Todos, especialmente quanto aos trabalhos

relacionados ao Contrato 110/2009;

9.1.4 - formalize termo aditivo ao Contrato 110/2009 de forma a que sejam retratadas as

alterações procedidas às condições inicialmente pactuadas, quanto ao número de ligações domiciliares

que foram de fato executadas nos municípios cujas obras foram concluídas, encaminhando ao

Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, os documentos pactuados;

9.2 - com fulcro no artigo 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, promover a oitiva da

Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP para, no prazo de quinze dias, manifestar-se acerca da

omissão na aplicação do plano de inspeção técnica dos materiais e serviços adquiridos por meio do

Contrato 110/2009, em desacordo com a Cláusula Décima do mesmo ajuste, considerando a

possibilidade de terem sido aceitos materiais e serviços de baixa qualidade, conforme impropriedades

indicadas no relatório de fiscalização;

9.3 - com fulcro no artigo 250, inciso II, do Regimento Interno, dar ciência à Companhia Hidro

Elétrica do São Francisco S.A. - Chesf de que a ausência de cláusula de aceitabilidade de preços

unitários com valores iguais ou inferiores aos referenciais oficiais (Sinapi) e a possibilidade de preço

global acima do orçamento base, constatadas no Edital de Concorrência Nacional CN -

1.92.2007.4130, que deu origem ao Contrato 110/2009, firmado entre a Eletrobras Distribuição Piauí

S.A. e empresa Energy Instalações Elétricas Ltda, mostram-se em desconformidade com o art. 40,

inciso X, da Lei 8.666/1993, e com a Lei de Diretrizes Orçamentária (art. 115 da Lei 11.439/2006 -

LDO 2007 - referência para as licitações em apreço);

9.4 - encaminhar cópia do relatório de auditoria e da presente deliberação às Centrais Elétricas

Brasileiras S.A. – Eletrobras.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2231-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministro que alegou impedimento na Sessão: Aroldo Cedraz.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

RAIMUNDO CARREIRO

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário

TC 020.933/2005-9 [Apensos: TC 000.675/2007-1, TC 025.472/2008-7, TC 027.639/2006-6]

Natureza: Representação

Entidade: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero)

Interessado: Promotoria de Justiça de Fazenda Pública do Ministério Público do Estado do Rio

de Janeiro

Advogados constituídos nos autos: José de Assis Medeiros Neto (OAB/RJ 85104) e outros

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. INFRAERO. POSSÍVEIS IRREGULARIDADES NA

CONCESSÃO DE USO DE ÁREAS DE PROPRIEDADE DA UNIÃO LOCALIZADAS NO

AEROPORTO DE JACAREPAGUÁ-RJ. CONHECIMENTO, PROCEDÊNCIA E

DETERMINAÇÕES (ACÓRDÃOS Nº 1.181/2008, 2.306/2008, 3.087/2008 E 674/2009-TCU-

PLENÁRIO). MONITORAMENTO. ATENDIMENTO DE TODAS AS DETERMINAÇÕES, COM

EXCEÇÃO DE UMA, ATENDIDA PARCIALMENTE. NOVAS DETERMINAÇÕES. CIÊNCIA.

ARQUIVAMENTO. RELATÓRIO Trata-se de representação autuada em virtude de análise de

documentação encaminhada a este Tribunal pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - 12ª

Promotoria de Justiça de Fazenda Pública - versando sobre supostas irregularidades em contrato de

concessão de uso de área do Aeroporto de Jacarepaguá. O presente processo foi apreciado por este

Plenário em quatro oportunidades:

Acórdão nº 1.181/2008-Plenário:

“9.1. conhecer do expediente encaminhado como representação, com fundamento no art. 237,

inciso III, do Regimento Interno/TCU, para, no mérito, considerá-la procedente;

9.2. acolher as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Manoel Albuquerque Abreu e

Lima e Vanda Cássia Tostes Vieira;

9.3. acolher parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Luís Carlos Rodrigues

de Araújo;

9.4. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sra. Maria Elena de Rezende Rocha;

9.5. excluir do processo o Sr. Marco Aurélio Campos Tavares;

9.6. determinar à Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero que:

9.6.1. no tocante ao Contrato nº 2.89.65.005-4, faça constar no instrumento contratual a real

destinação dada ao terreno cedido à Medise – Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., informando a

este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, as providências adotadas;

9.6.2. não prorrogue o Contrato nº 2.89.65.005-4 após expirada a vigência atualmente pactuada

mediante o décimo termo aditivo (30/4/2014), realizando o pertinente processo licitatório caso seja de

seu interesse ceder essa área a terceiros;

9.6.3. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, uma relação de todos os

contratos de concessão de uso de áreas pertencentes ao Aeroporto de Jacarepaguá, identificando os de

utilização de área aeroportuária, nos termos do art. 40 da Lei nº 7.656/1986 (Código Brasileiro de

Aeronáutica), e os destinados a estabelecimentos comerciais, informando a data de celebração do

contrato, o nome e CNPJ do beneficiário, a destinação dada à área cedida, e o atual prazo de vigência

do contrato;

9.6.4. não prorrogue nenhum contrato de concessão de uso de área pertencente ao Aeroporto de

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426

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Jacarepaguá destinada a estabelecimentos comerciais até decisão definitiva deste Tribunal sobre a

matéria;

9.7. determinar à Secex/RJ que:

9.7.1. monitore o cumprimento das determinações efetuadas à Infraero;

9.7.2. analise as informações sobre os contratos de concessão de uso a serem encaminhadas ao

Tribunal pela Infraero, verificando, em cada contrato, a observância do disposto na Decisão nº

701/1994-TCU-Plenário, bem como às Leis nº 8.666/93 e 7.656/1986 (Código Brasileiro de

Aeronáutica);

9.8. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à 12ª

Promotoria de Justiça de Fazenda Pública do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e à

Infraero.”

Acórdão nº 2.306/2008-Plenário:

“9.1. deferir o pedido de ingresso nos autos das empresas Disbarra Distribuidora Barra de

Veículos Ltda. e Barrafor Veículos Ltda., nos termos do art. 146 e 282 do Regimento Interno deste

Tribunal;

9.2. conhecer dos embargos de declaração opostos pelas empresas acima mencionadas em

relação ao item 9.6.4 do Acórdão nº 1.181/2008-TCU-Plenário para, no mérito, negar-lhes provimento;

9.3. considerar atendida, pela Infraero, a determinação contida no item 9.6.3 do Acórdão nº

1.181/2008-TCU-Plenário;

9.4. dar continuidade à apreciação da matéria iniciada pelo Acórdão nº 1.181/2008-TCU-

Plenário e determinar à Infraero que:

9.4.1. não prorrogue nenhum contrato de concessão de uso de área pertencente ao Aeroporto de

Jacarepaguá, destinada a estabelecimentos comerciais, após o término do último prazo de prorrogação

previsto em cláusula contratual, realizando o pertinente processo licitatório caso seja de seu interesse

ceder a área a terceiros;

9.4.2. notifique cada um dos contratantes não amparados pelo art. 40 da Lei nº 7.565/86 e art.

1º da Lei nº5.332/67 e, portanto, alcançados pela determinação do item anterior, do teor desta

deliberação;

9.4.3. informe a este Tribunal, no prazo de 15 (quinze) dias, o que consiste as “facilidades de

telecomunicações” referentes aos contratos firmados com a Embratel – Empresa Brasileira de

Telecomunicações S/A, Telemar Norte Leste S/A, Tim Celular S/A, TNL PCS S/A e Pointer Network

S/A, com fundamento no art. 73 da Lei nº 9.472/97;

9.5. determinar à Secex/RJ que:

9.5.1. monitore o cumprimento da determinação efetuada à Infraero;

9.5.2 analise, em relação aos contratos a seguir relacionados, a observância do disposto na

Decisão nº 701/1994-TCU-Plenário, bem como às Leis nº 8.666/93 e 7.565/86 (Código Brasileiro de

Aeronáutica), encaminhando suas conclusões a este relator: Contratos nº 02.1997.065.0028,

02.1997.065.0024, 02.1997.065.0023, 02.1988.065.0020, 02.1995.065.0036 e 02.1997.065.0038;

9.6. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à 12ª

Promotoria de Justiça de Fazenda Pública do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e à

Infraero;

9.7. dar ciência desta deliberação aos interessados;

9.8. encaminhar os autos ao gabinete do Ministro Valmir Campelo, relator do pedido de

reexame interposto pela Sra. Maria Elena de Rezende Rocha, para o prosseguimento do feito.”

Acórdão nº 3.087/2008-Plenário:

“9.1. deferir o pedido de ingresso nos autos da empresa Rio Sport Center Academia Ltda., nos

termos dos arts. 146 e 282 do Regimento Interno deste Tribunal;

9.2. conhecer dos embargos de declaração opostos pela empresa acima mencionada para, no

mérito, dar-lhes provimento;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. acrescentar ao Acórdão nº 2.306/2008-TCU-Plenário o item 9.4.1.1, com a seguinte

redação:

"9.4.1.1. a determinação do item anterior não se aplica aos contratos de concessão celebrados

pela Infraero com terceiros, com a interveniência do concessionário principal, que tenham por objeto

a prestação de serviços acessórios e/ou complementares à atividade empresarial do concessionário

principal e sejam instalados no interior da área cedida pela Infraero a esse concessionário;";

9.4. ouvir em audiência os Srs. Sérgio Maurício Brito Gaudenzi, Presidente da Infraero, Luis

Fernando de Menezes Marques, Superintendente do Aeroporto de Jacarepaguá, e Carlos Nivan Maia,

Superintendente de Auditoria Interna, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem a este

Tribunal razões de justificativa pelo fato de os assim chamados "contratos de interveniência" não

terem sido devidamente identificados pela Infraero na relação encaminhada a este Tribunal mediante o

Ofício CF nº 21626/PRAI/2008, de 10/9/2008, em cumprimento ao item 9.6.3 do Acórdão nº

1.181/2008-TCU-Plenário;

9.5. determinar à 3ª Secex que adote as providências necessárias para que as informações a

serem prestadas pela Infraero, em cumprimento à Comunicação efetuada por este Relator e aprovada

pelo Plenário na sessão de 3/12/2008, identifiquem claramente os "contratos de interveniência"

relativamente a contratos de concessão de uso de áreas pertencentes aos 35 aeroportos administrados

pela estatal, mencionados na citada comunicação;

9.6. dar ciência desta deliberação aos interessados.”

Acórdão nº 674/2009-Plenário:

“9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos pelo Sr. Knut Edward Aune para, no

mérito, negar-lhes provimento;

9.2. acolher as razões de justificativa encaminhadas pelos Srs. Sérgio Maurício Brito

Gaudenzi, ex-Presidente da Infraero, Luis Fernando de Menezes Marques, Superintendente do

Aeroporto de Jacarepaguá, e Carlos Nivan Maia, ex-Superintendente de Auditoria Interna da empresa,

em cumprimento à audiência determinada pelo item 9.4 do Acórdão nº 3.087/2008-TCU-Plenário;

9.3. dar ciência desta deliberação ao embargante e aos responsáveis mencionados no item

anterior;

9.4. encaminhar os autos ao gabinete do Ministro Valmir Campelo, relator do pedido de

reexame interposto pela Sra. Maria Elena de Rezende Rocha, para o prosseguimento do feito.”

2. Nesta etapa processual examina-se o monitoramento das determinações efetuadas à Empresa

Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Transcrevo a seguir a parte principal da instrução

do feito, elaborada por auditor da Secex/RJ (peça 81):

“Análise - Monitoramento das determinações contidas no Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU

– Plenário e no Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário

4. Feitos os breves registros acima, analise-se, a partir deste ponto, o cumprimento das

determinações feitas pelo Tribunal à Infraero:

4.1 prorrogação de contratos de concessão de uso de áreas pertencentes ao Aeroporto de

Jacarepaguá, destinadas a estabelecimentos comerciais (subitem 9.4.1, do Acórdão n.º 2.306/2008

– TCU – Plenário):

4.1.1 solicitou-se, por meio do subitem 1.3, do Ofício de Requisição datado de 15/4/2010,

esclarecimentos acerca do cumprimento da determinação supramencionada (fls. 600/601 – Volume 3);

4.1.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 386/SBJR (JRCM)/2010, de 27/4/2010, o

seguinte, in verbis (fls. 607/611 – Volume 3):

“1.3 Com relação à eventual prorrogação de contrato desta dependência, esclarecemos que

após revisão da decisão anterior contida no item 9.6.4 do Acórdão nº 1181/2008, onde o Ministro

Relator do TCU decidiu rever sua a decisão estabelecida no item 9.4.2, do Acórdão nº 2306/2008 –

TCU – Plenário o seguinte: ‘não se prorrogue nenhum contrato de concessão de uso de área

pertencente ao Aeroporto de Jacarepaguá, destinada a estabelecimentos comerciais, após o término

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

do último prazo de prorrogação previsto em cláusula contratual, realizando o pertinente processo

licitatório caso seja de seu interesse ceder essa área a terceiros’.

Após análise da nova redação estabelecida no Acórdão nº 2306/2008, pela Procuradoria

Jurídica da Sede da Infraero e a Diretoria Executiva, foi decidido que os contratos que não

apresentassem irregularidades e que tivessem expressamente previsto em cláusula contratual inicial a

possibilidade de prorrogação do prazo de renovação pretendido, limitado às possibilidades previstas

e registradas no instrumento contratual, poderiam ser renovados, com vistas a preservar o equilíbrio

originalmente acordados entre as partes, cujo procedimento foi adotado nos contratos firmados com

as empresas, a saber: Banco Bradesco S/A, Cooperativa Ouro Táxi Ltda., Cremonini Comércio de

Produtos Alimentícios Ltda-ME, Banco ABN AMRO Real, Disbarra Distribuidora Barra de Veículos,

Aeromil Táxi Aéreo Ltda., Eiffel Comércio Automottivo Ltda., cujos instrumentos contratuais iniciais e

aditivos subsequentes, comprovam a existência de previsão de renovação estabelecida no contrato

inicial, cujas cópias dos instrumentos contratuais estamos disponibilizando a Equipe de Inspeção

(anexos 03);”

4.1.3 conclui-se, desta forma, que a Infraero somente renovou os contratos que não

apresentavam irregularidades e que tivessem expressamente previstos, em cláusula contratual inicial, a

possibilidade de prorrogação de prazo, com vistas a preservar o equilíbrio originalmente acordados

entre as partes, tendo sido este procedimento adotado nos contratos firmados com as seguintes

empresas:

4.1.3.1 Banco Bradesco S/A – Contrato n.º 02.2003.065.0002, sem interveniência, cujo objeto

é a cessão de área destinada à instalação de caixa de autoatendimento automático, pelo prazo de 60

(sessenta) meses, prorrogável por mais 60 (sessenta) meses, decorrente da Concorrência Pública n.º

003/SBJR (JRAF)/2003, sendo o prazo de vigência atual de 1/9/2003 a 31/8/2010, podendo, no

entanto, ser prorrogado até 31/8/2013, conforme Cláusula Décima Primeira do edital e Item 3, das

Condições Especiais Anexas ao TC n.º 2.03.65.002-6, do Termo Contratual (fls. 157/188 – Anexo 9 –

Volume Principal, e fls. 190 – Anexo 9 – Volume Principal/207 – Anexo 9 – Volume 1,

respectivamente);

4.1.3.2 Cooperativa Ouro Táxi Ltda. – Contrato n.º 02.2003.065.0005, sem interveniência,

cujo objeto é a cessão de área destinada à instalação de cooperativa de taxi comum, do tipo

“amarelinho”, pelo prazo de 60 (sessenta) meses, prorrogável por mais 60 (sessenta) meses, decorrente

da Concorrência Pública n.º 005/SBJR (JRAF)/2003, sendo o prazo de vigência atual de 1/10/2003 a

30/9/2010, podendo, no entanto, ser prorrogado até 30/9/2013, conforme Cláusula Décima Primeira do

edital e Item 1, da Cláusula Primeira – Das Condições Especiais Anexas ao TC n.º 2.03.65.005-0, do

Termo Contratual (fls. 223/275 – Anexo 9 – Volume 1, e fls. 276/293 – Anexo 9 – Volume 1,

respectivamente);

4.1.3.3 Cremonini Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. ME - Contrato n.º

02.2003.065.0006, sem interveniência, cujo objeto é a cessão de área destinada à instalação de

lanchonete e bar, pelo prazo de 60 (sessenta) meses, prorrogável por mais 60 (sessenta) meses,

decorrente da Concorrência Pública n.º 001/SBJR (JRAF)/2003, sendo o prazo de vigência atual de

1/10/2003 a 30/9/2010, podendo, no entanto, ser prorrogado até 30/9/2013, conforme Cláusula Décima

Primeira do edital e Item 1, da Cláusula Primeira – Das Condições Especiais Anexas ao TC n.º

2.03.65.006-9, do Termo Contratual (fls. 306/342 – Anexo 9 – Volume 1, e fls. 344/362 – Anexo 9 –

Volume 1, respectivamente);

4.1.3.4 Banco ABN AMRO Real - Contrato n.º 02.2003.065.00064, sem interveniência, cujo

objeto é a cessão de área destinada à instalação de agência bancária, pelo prazo de 60 (sessenta) meses,

prorrogável por mais 60 (sessenta) meses, decorrente da Concorrência Pública n.º 004/SBJR

(JRAF)/2003, sendo o prazo de vigência atual de 1/11/2003 a 31/10/2010, podendo, no entanto, ser

prorrogado até 31/10/2013, conforme Cláusula Décima Primeira do edital e Item 1, da Cláusula

Primeira – Das Condições Especiais Anexas ao TC n.º 2.03.65.004-3, do Termo Contratual (fls. 400 –

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Anexo 9 – Volume 1/430 – Anexo 9 – Volume 2, e fls. 432/448 – Anexo 9 – Volume 2,

respectivamente);

4.1.3.5 Disbarra Distribuidora Barra de Veículos – Contrato n.º 02.1998.065.0025, sem

interveniência, cujo objeto é a cessão de área destinada à exposição e venda de veículos da bandeira

Volkswagen, que sucedeu o Contrato n.º 2.88.65.025-5 [prazo de vigência: 60 (sessenta) meses,

período de vigência: 1/11/1988 a 30/10/1993] e o Contrato n.º 2.93.65.012-8 [prazo de vigência: 60

(sessenta) meses, período de vigência: 1/11/1993 a 30/10/1998], pelo prazo de 60 (sessenta) meses,

prorrogável por mais 2 (dois) períodos de 60 (sessenta) meses, sem licitação, com amparo na Decisão

n.º 701/94 – TCU – Plenário, sendo o prazo de vigência atual de 1/11/1998 a 31/10/2013, não podendo

mais ser prorrogado, conforme Item 3, da Clausula Primeira – Das Condições Especiais Anexas ao TC

n.º 2.98.65.025-8, do Termo Contratual (fls. 463/477 – Anexo 9 – Volume 2, fls. 498/504 – Anexo 9 –

Volume 2, e fls. 514/524 – Anexo 9 – Volume 2, respectivamente);

4.1.3.5.1 registre-se, por oportuno, que o Termo Aditivo n.º 066.2008.(III)/0065, de

30/12/2008, estabeleceu o seguinte, in verbis (fls. 486/489 – Anexo 9 – Volume 2):

“Cláusula Primeira

Conforme previsto na Cláusula Primeira do TA 033.2003.(III)/0065, e em consonância ao item

9.4.1 do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário, prorroga-se por mais 60 (sessenta) meses o prazo

de vigência do aludido contrato, passando o seu término de 31/10/2008 para 31/10/2013.

O prazo estipulado no parágrafo acima é improrrogável, portanto o CONCESSIONÁRIO,

desde já, assume o compromisso de no dia imediatamente posterior ao término do prazo estipulado

neste instrumento, de desocupar e devolver à CONCEDENTE a área aeroportuária que lhe foi dada

em concessão de uso.

A área de que trata o Contrato, ora aditado, será licitada e após entregue ao vencedor do feito

no dia imediatamente seguinte ao término do prazo contratual.

O CONCESSIONÁRIO, desde que preencha integralmente os requisitos editalícios, poderá

participar do processo licitatório e em vencendo o certame fica desobrigado a desocupar a área findo

o prazo estipulado neste instrumento.; (...)”

4.1.3.6 Aeromil Táxi Aéreo Ltda. – Contrato n.º 02.2008.065.0002, com interveniência da

empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda. (Contrato n.º 2.89.65.005-4), cujo objeto é a

cessão de área destinada à instalação de publicidade própria em painel localizado no Hospital Barra

D’or, pelo prazo de 12 (doze) meses, prorrogável por mais 12 (doze) meses, decorrente do Processo de

Inexigibilidade de Licitação n.º 001/SBJR/2008, sendo o prazo de vigência atual de 1/5/2008 a

30/4/2010, conforme Cláusula Primeira, do Termo Aditivo n.º 008.2009. (III)/0065 (fls. 530/544 –

Anexo 9 – Volume 2, e fls. 546/547 – Anexo 9 – Volume 2, respectivamente); e

4.1.3.7 Eiffel Comércio Automotivo Ltda. - Contrato n.º 02.1995.065.0031, sem interveniência,

cujo objeto é a cessão de área destinada à exposição e venda de veículos da bandeira Renault, pelo

prazo de 120 (cento e vinte) meses, prorrogável por mais 120 (cento e vinte) meses, decorrente da

Concorrência Pública n.º 016/SRRJ (CIRJ)/95, sendo o prazo de vigência atual de 1/10/1995 a

30/9/2009, podendo, no entanto, ser prorrogado até 30/9/2015, conforme Cláusula Décima Primeira do

edital e Cláusula 4 – Do Prazo, do Termo Contratual, destacando-se, no entanto, o seguinte (fls.

552/595 – Anexo 9 – Volume 2, e fls. 597 – Anexo 9 – Volume 2/607 – Anexo 9 – Volume 3,

respectivamente):

4.1.3.7.1 solicitou-se, por meio do subitem 1.4, do Ofício de Requisição datado de 12/5/2010,

a relação dos contratos rescindidos unilateralmente pela Infraero, atendendo à recomendação do

Ministério Público Federal, bem como cópia dos expedientes recebidos daquele órgão (fl. 605 –

Volume 3); e

4.1.3.7.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 511/SBJR (JRCM)/2010, de 19/5/2010, que o

referido contrato não foi renovado pela Infraero devido à constatação de irregularidades durante a

concessão, estando a concessionária ainda ocupando a área, amparada em Mandado de Segurança,

cujos efeitos da liminar foram confirmados, tendo sido anulados todos os atos praticados no processo

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

administrativo a partir do oferecimento, pela concessionária, do recurso administrativo, que deverá ser

objeto de decisão fundamentada por parte da Infraero, conforme sentença prolatada em 10/12/2009

pelo Exmo. Juiz da 2ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dr. Mauro Luis Rocha Lopes, nos autos do

Processo n.º 2009.51.01.024750, que se encontram, no momento, no Tribunal Regional Federal da 2ª

Região – TRF – 2ª Região, para processamento e julgamento do recurso apresentado pela Infraero (fls.

618/620 – Volume 3, e consulta ao site www.jfrj.gov.br, respectivamente).

4.1.4 propõe-se, desta forma, considerar atendido pela Infraero o subitem 9.4.1, do Acórdão

n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário.

4.2 notificação dos contratantes não amparados pelo art. 40, da Lei n.º 7.565/86, e art.

1º, da Lei n.º 5.332/67, acerca da impossibilidade de prorrogação contratual, após o término do

último prazo de prorrogação previsto nos respectivos ajustes, em atendimento ao subitem 9.4.2,

do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:

4.2.1 solicitou-se, por meio do subitem 1.2, do Ofício de Requisição datado de 15/4/2010,

documentos, informações e esclarecimentos acerca do cumprimento da determinação supramencionada

(fls. 600/601 – Volume 3);

4.2.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 386/SBJR (JRCM)/2010, de 27/4/2010, o

seguinte, in verbis (fls. 607/611 – Volume 3):

“1.2 Comprovação da notificação expedida aos contratantes não amparados pelo art. 40 da

Lei nº 7.565/86 – CBA e art. 1º, da Lei nº 5.332/67, acerca da impossibilidade de prorrogação

contratual, após o término do último prazo de prorrogação previsto nos respectivos ajustes, as

empresas a seguir especificadas: Banco Bradesco S/A, Cooperativas Ouro Táxi, Cremonini Comércio

de Produtos Alimentícios Ltda-ME, Banco ABN Amro, Disbarra Distribuidora Barra de Veículos

Ltda., Barrafor Veículos Ltda., Aeromil Táxi Aéreo Ltda., Eiffel Comércio Automottivo Ltda. e Tycoon

Estúdios Cinematográficos Ltda., cujas cópias das correspondências enviadas as empresa

mencionadas à época estamos disponibilizando a Equipe de Inspeção (anexos 02);”

4.2.3 conclui-se, desta forma, que a Infraero notificou as empresas abaixo relacionadas, não

amparadas pelo art. 40, da Lei n.º 7.565/86, e art. 1º, da Lei n.º 5.332/67, acerca da impossibilidade de

prorrogação contratual, após o término do último prazo de prorrogação previsto nos respectivos

ajustes:

4.2.3.1 Banco Bradesco S/A – Ofício CF n.º 1.065/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fl. 647 –

Anexo 9 - Volume 3);

4.2.3.2 Cooperativa Ouro Táxi Ltda. – Ofício CF n.º 1.062/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008

(fls. 649/650 – Anexo 9 - Volume 3);

4.2.3.3 Cremonini Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. ME – Ofício CF n.º 1.063/SBJR

(JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fls. 652/653 – Anexo 9 - Volume 3);

4.2.3.4 Banco ABN AMRO Real – Ofício CF n.º 1.061/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fls.

655/656 – Anexo 9 - Volume 3);

4.2.3.5 Disbarra Distribuidora Barra de Veículos – Ofício CF n.º 1.058/SBJR (JRCM)/2008,

de 24/9/2008 (fls. 658/660 – Anexo 9 - Volume 3);

4.2.3.6 Barrafor Veículos Ltda. - Ofício CF n.º 1.067/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fl.

662 – Anexo 9 - Volume 3):

4.2.3.6.1 registre-se, no entanto, que, por meio do subitem 1.4, do Ofício de Requisição datado

de 12/5/2010, solicitou-se a relação dos contratos rescindidos unilateralmente pela Infraero, atendendo

recomendação do Ministério Público Federal, bem como cópia dos expedientes recebidos daquele

órgão (fl. 605 – Volume 3);

4.2.3.6.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 511/SBJR (JRCM)/2010, de 19/5/2010, que o

referido contrato não foi renovado pela Infraero, devido à constatação de irregularidades durante a

concessão, estando a concessionária ainda ocupando a área, amparada em decisão liminar de

antecipação de efeitos da tutela, adotada em Ação Ordinária, a qual determinou a suspensão dos efeitos

da Notificação Extrajudicial feita à concessionária pela Infraero, devendo a mesma se abster de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

praticar qualquer ato que implique recuperação e desocupação da área em questão até o julgamento

final desta demanda, bem como emitir, mensalmente, o competente boleto de pagamento da

remuneração estipulada no contrato de concessão de uso, conforme sentença prolatada em 27/7/2009

pelo Exmo. Juiz Substituto da 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dr. Bruno Otero Nery, nos autos do

Processo n.º 2009.51.01.016732-9, que se encontram, no momento, conclusos, sem liminar, no

Gabinete da Exma. Juíza Titular da 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dra. Regina Coeli Formisano

(fls. 618/620 – Volume 3 e consulta ao site www.jfrj.gov.br, respectivamente); e

4.2.3.6.3 a Infraero, por sua vez, ajuizou, em 10/9/2009, Ação de Reintegração de Posse,

Processo n.º 2009.51.01.020760-1, em desfavor da Barrafor Veículos Ltda., cujos autos encontram-se,

no momento, suspensos até a conclusão do Processo nº 2009.51.01.016732-9 (subitem 4.2.3.6.2 desta

instrução), conforme decisão da Exma. Juíza Titular da 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dra. Regina

Coeli Formisano (consulta ao site www.jfrj.gov.br).

4.2.3.7 Aeromil Táxi Aéreo Ltda. - Ofício CF n.º 1.066/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fls.

736/737 – Anexo 9 - Volume 3); e

4.2.3.8 Eiffel Comércio Automotivo Ltda. – Ofício CF n.º 1.423/SBJR (JRCM)/2008, de

8/12/2008, que remete ao Ofício CF n.º 1.057/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fls. 739/740 –

Anexo 9 - Volume 3);

4.2.3.8.1 registre-se, no entanto, que, por meio do subitem 1.4, do Ofício de Requisição datado

de 12/5/2010, solicitou-se a relação dos contratos rescindidos unilateralmente pela Infraero, atendendo

recomendação do Ministério Público Federal, bem como cópia dos expedientes recebidos daquele

órgão (fl. 605 – Volume 3); e

4.2.3.8.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 511/SBJR (JRCM)/2010, de 19/5/2010, que o

referido contrato não foi renovado pela Infraero, devido à constatação de irregularidades durante a

concessão, estando a concessionária ainda ocupando a área, amparada em Mandado de Segurança,

cujos efeitos da liminar foram confirmados, tendo sido anulados todos os atos praticados no processo

administrativo a partir do oferecimento, pela concessionária, do recurso administrativo, que deverá ser

objeto de decisão fundamentada por parte da Infraero, conforme sentença prolatada em 10/12/2009

pelo Exmo. Juiz da 2ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dr. Mauro Luis Rocha Lopes, nos autos do

Processo n.º 2009.51.01.024750, que se encontram, no momento, no TRF – 2ª Região, para

processamento e julgamento do recurso apresentado pela Infraero (fls. 618/620 – Volume 3, e consulta

ao site www.jfrj.gov.br, respectivamente).

4.2.4 propõe-se, desta forma, considerar atendido pela Infraero o subitem 9.4.2, do Acórdão

n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário.

4.3 fixação de prazo de vigência elástico do Contrato n.º 02.1997.065.0028, firmado com

a empresa Alpar Alternat. Participações Ltda. (vigência até 30/11/2030), do Contrato n.º

02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária Infrabarra Ltda. (vigência até 31/12/2031) e do

Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000 Banco Imobiliário

(vigência até 31/8/2036), em atendimento ao subitem 9.5.2, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU –

Plenário (determinação à Secex/RJ):

4.3.1 solicitou-se, por meio do subitem 1.4.1, do Ofício de Requisição datado de 15/4/2010,

esclarecimentos acerca da vigência dos contratos acima mencionados (fls. 600/601 – Volume 3);

4.3.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 386/SBJR (JRCM)/2010, de 27/4/2010, o

seguinte, in verbis (fls. 607/611 – Volume 3):

“1.4.1. Quanto às explicações a respeito da vigência informamos o seguinte:

1.4.1.1 Contrato nº 02.1997.065.0028 – Alpar Alternativa Participações Ltda. – instrumento

contratual decorrente de processo licitatório na modalidade de Concorrência Pública nº

023/SRRJ(NERJ)/1996-JR, cujo prazo de vigência do citado contrato foi estabelecido consoante à

vigência prevista do Edital do mencionado certame, todavia, este contrato foi rescindido

unilateralmente pela INFRAERO em 01-09-2008, face ao descumprimento de condições contratuais

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

por parte do Concessionário, sendo a área objeto do contrato em questão, desocupada restituída à

Infraero, cujas pastas estamos disponibilizando a Equipe de Inspeção para verificação

Por oportuno, informamos que se encontra em trâmites administrativos, processo visando à

instauração de novo certame licitatório para o lote 105; (...)

1.4.1.2 Contrato nº 02.1997.065.0024 – Concessionária Infrabarra Ltda. – (...)

1.4.1.3 Contrato nº 02.19997.065.0023 – Ipanema 2000 Banco Imobiliário Ltda. – (...)”

4.3.3 solicitou-se, posteriormente, por meio do subitem 1.1, do Ofício de Requisição datado

de 30/4/2010, novos esclarecimentos acerca da vigência do Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado

com a Concessionária Infrabarra Ltda. e do Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa

Ipanema 2000 Banco Imobiliário (fl. 604 – Volume 3);

4.3.4 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 426/SBJR (JRCM)/2010, de 6/5/2010, o

seguinte, in verbis (fls. 612/615 – Volume 3):

“1.1.1 – Com relação ao Contrato nº 02.19997.065.0024, firmado com a Empresa

Concessionária Infrabarra Ltda., esclarecemos que a vigência deste instrumento contratual é

decorrente do prazo previsto no Edital do certame licitatório na modalidade de Concorrência Pública

nº 025/SRRJ(NERJ)/1996-JR, instaurada no ano de 1996, cujo Edital estabelecia que a concessão

seria de 15 (quinze) anos.

O contrato em questão teve início em 01-01-1997 com término estabelecido em 31-12-2016,

prazo este destinado a amortizar o capital empregado na construção do empreendimento, podendo o

mesmo a critério exclusivo da INFRAERO, ser prorrogado por igual período o que finaliza a

concessão em 31-12-2031.

1.1.2 Quanto o Contrato nº 02.1997.065.0023, firmado com a Empresa Ipanema 2000 Banco

Imobiliário Ltda., esclarecemos que a vigência deste instrumento contratual é decorrente do prazo

estabelecido no Edital do certame licitatório na modalidade de Concorrência Pública nº

022/SRRJ(NERJ)/1996-JR, instaurada no ano de 1996, cujo Edital estabeleceu que o prazo da

concessão seria de 15 (quinze) anos.

O contrato em questão teve início em 01-01-1997 com término estabelecido em 31-08-2021,

prazo este destinado a amortizar o capital empregado na construção do empreendimento, podendo o

mesmo a critério exclusivo da INFRAERO, ser prorrogado por igual período o que finaliza a

concessão em 31-08-2036.

Esclarecemos que este Concessionário após o início da concessão entrou em divergência com

a INFRAERO, face à impossibilidade de execução das obras previstas dentro do prazo avençado, o

que impossibilitou a implantação do empreendimento proposto dentro do prazo de obras previsto no

contrato, face as inúmeras dificuldades enfrentadas junto aos Órgãos Ambientais para obter as

Licenças necessárias, sendo ajuizada pela INFRAERO Ação de Reintegração de Posse, cujo em litígio

judicial transcorreu por 05 (cinco) anos e, após negociação conduzida pela Diretoria Executiva da

INFRAERO, foi ajustado o acordo no T.A nº 031.2004.(III)/0065, cujos restabelecimentos dos prazos

previstos no Edital do processo licitatório foram restabelecidos no T.A nº 014.2007(III)/0065.

1.1.2 – Esclarecemos que os documentos que subsidiaram a formação do prazo de vigência

estabelecido nas Concorrências Públicas, cujos certames foram vencedoras às Empresas

Concessionária Infrabarra Ltda. e Ipanema 2000 Banco Imobiliário Ltda., não foram localizadas,

uma vez que na época da elaboração e instauração do processos licitatórios, não havia orientação

aos gestores de preservar toda documentação onde foram apurados os embasamentos que

subsidiaram as condições estabelecidas no edital do certame e, por conseguinte, no contrato de

concessão de uso de área, o que acarretou que a guarda da documentação que antecedeu o processo

licitatório ficou sob a guarda das diversas áreas responsáveis pela execução dos trabalhos.

Ressaltamos que a situação apontada nestes contratoas hoje está superada, uma vez que as Normas

Internas da INFRAERO estabelecem que todo estudo, pesquisa, análise financeira, processo

licitatório, análise de engenharia, ou seja, todos os documentos que subsidiaram os

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

dados/informações estabelecidas no Edital, deverão obrigatoriamente compor a pasta do contrato

durante toda a vigência do instrumento contratual.”

4.3.5 conclui-se, desta forma, o seguinte:

4.3.5.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0028, firmado com a empresa Alpar

Alternativa Participações Ltda.:

4.3.5.1.1 verificou-se que o contrato foi rescindido unilateralmente pela Infraero devido ao

descumprimento, pelo concessionário, de condições contratuais, conforme Notificação Extrajudicial

datada de 11/9/2008, sendo a referida área desocupada e restituída à Infraero, estando a entidade, no

momento, realizando os trâmites administrativos para a instauração de novo procedimento licitatório

(fl. 747 – Anexo 9 - Volume 3).

4.3.5.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária

Infrabarra Ltda., antigo Consórcio Alpar - R2:

4.3.5.2.1 verificou-se que o subitem 11.2, do edital da Concorrência Pública n.º

025/SRRJ(NERJ)/1996-JR, estabelecia que o prazo de vigência contratual seria de 180 (cento e

oitenta) meses, contados a partir do início do contrato, podendo, caso houvesse interesse das partes, e

revistas as bases contratuais, ser prorrogado por mais 180 (cento e oitenta) meses, em 3 (três) períodos

iguais de 60 (sessenta) meses cada (fls. 750/788 – Anexo 9 - Volume 3);

4.3.5.2.2 informou-se que o período de vigência do contrato é de 1/1/1997 a 31/12/2016, prazo

este destinado a amortização do capital, podendo o mesmo, a critério da Infraero, ser prorrogado até

21/12/2031;

4.3.5.2.3 verificou-se, no entanto, que, de acordo a Cláusula Terceira – Do Prazo Contratual,

do Termo de Contrato, o período de vigência do contrato seria de 1/1/1997 a 31/12/2011, prazo este

destinado à amortização do capital, podendo o mesmo, a critério da Infraero, ser prorrogado até

21/12/2026 (fls. 790 – Anexo 9 - Volume 3/806 – Anexo 9 - Volume 4);

4.3.5.2.4 informou-se, posteriormente, contudo, que a concessionária não implantou o

empreendimento dentro do prazo de obras previsto no contrato, face às inúmeras dificuldades

enfrentadas junto aos órgãos ambientais para obter as licenças necessárias, tendo a Infraero prorrogado

a vigência do referido contrato até 31/12/2016, mantendo, no entanto, o prazo de reversão das

benfeitorias, 31/12/2011, conforme informações constantes do Ofício CF n.º 3484/CIRJ/98, de

28/5/1998, e Cláusula Primeira do Termo Aditivo n.º 017.98 (III)/0065 – Primeiro Aditamento ao

Contrato nº 02.1997.065.0024 (fl. 808 – Anexo 9 - Volume 4, e fls. 812/814 – Anexo 9 - Volume 4,

respectivamente); e

4.3.5.2.5 registre-se, por fim, que no local se encontra, em pleno funcionamento, um centro

comercial com diversas lojas, dentre as quais, Shopping Matriz, Nextel, Webjet, Mc Donald’s

Comércio de Alimentos, Lojas Americanas, conforme Despacho n.º 051/JRFA, de 12/5/2010 (fls.

1.250/1.278 – Anexo 9 - Volume 6).

4.3.5.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000

Banco Imobiliário Ltda.

4.3.5.3.1 verificou-se que o subitem 11.2, do edital da Concorrência Pública n.º

022/SRRJ(NERJ)/1996-JR, estabelecia que o prazo de vigência contratual seria de 180 (cento e

oitenta) meses, contados a partir do início do contrato, podendo, caso houvesse interesse das partes, e

revistas as bases contratuais, ser prorrogado por mais 180 (cento e oitenta) meses, em 3 (três) períodos

iguais de 60 (sessenta) meses cada (fls. 830/849 – Anexo 9 - Volume 4);

4.3.5.3.2 informou-se que o período de vigência do contrato é de 1/1/1997 a 31/8/2021, prazo

este destinado a amortização do capital, podendo o mesmo, a critério da Infraero, ser prorrogado até

21/12/2036;

4.3.5.3.3 verifica-se, no entanto, que, de acordo com a Cláusula Terceira – Do Prazo

Contratual, do Termo de Contrato, o período de vigência do contrato seria de 1/1/1997 a 31/12/2011,

prazo este destinado a amortização do capital, podendo o mesmo, a critério da Infraero, ser prorrogado

até 21/12/2026 (fls. 851/867 – Anexo 9 - Volume 4);

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.3.5.3.4 informou-se, posteriormente, contudo, que a concessionária não implantou o

empreendimento dentro do prazo de obras previsto no contrato, face às inúmeras dificuldades

enfrentadas junto aos órgãos ambientais para obter as licenças necessárias, motivo pelo qual a Infraero

ajuizou Ação de Reintegração de Posse, cujo litígio transcorreu por 5 (cinco) anos, tendo a Diretoria

Executiva da entidade firmado com a concessionária acordo por meio do T.A n.º 031.2004.(III)/0065,

que previa o reestabelecendo dos prazos previstos no edital de licitação, o que foi formalizado por

meio do T.A n.º 014.2007(III)/0065, fazendo com que os prazos de vigência contratual e de

amortização de investimentos terminem em 30/8/2021 (fls. 869/873 – Anexo 9 - Volume 4, e fls.

875/879 – Anexo 9 - Volume 4, respectivamente); e

4.3.5.3.5 registre-se, por fim, que no local se encontra, em pleno funcionamento, a empresa

Etna, especializada em decoração, conforme Despacho n.º 051/JRFA, de 12/5/2010, e site

http://www.etna.com.br (fls. 1.250/1.278 – Anexo 9 - Volume 6).

4.3.6 propõe-se, desta forma, o seguinte:

4.3.6.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0028, firmado com a empresa Alpar

Alternativa Participações Ltda.:

4.3.6.1.1 não determinar qualquer ação à Infraero tendo em vista que o referido contrato foi

rescindido unilateralmente.

4.3.6.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária

Infrabarra Ltda., antigo Consórcio Alpar - R2:

4.3.6.2.1 determinar à Infraero que:

4.3.6.2.1.1 caso opte pela renovação contratual, nos termos do subitem 11.2, do edital da

Concorrência Pública n.º 025/SRRJ(NERJ)/1996-JR, c/c a Cláusula Primeira do Termo Aditivo n.º

017.98 (III)/0065 – Primeiro Aditamento ao Contrato nº 02.1997.065.0024, registre nos autos que a

solução adotada é vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados efetuados pela

concedente, que reflitam a situação do mercado local, diante da possibilidade de se realizar

procedimento licitatório; e

4.3.6.2.1.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o

concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo

para desocupação da área.

4.3.6.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000

Banco Imobiliário Ltda.:

4.3.6.3.1 determinar à Infraero que:

4.3.6.3.1.1 caso opte pela renovação contratual, nos termos do subitem 11.2, do edital da

Concorrência Pública n.º 022/SRRJ(NERJ)/1996-JR, c/c o T.A n.º 031.2004.(III)/0065 e T.A n.º

014.2007(III)/0065, registre nos autos que a solução adotada foi mais vantajosa economicamente, com

base em estudos pormenorizados efetuados pela concedente, que reflitam a situação do mercado local,

diante da possibilidade de se realizar procedimento licitatório; e

4.3.6.3.1.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o

concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo

para desocupação da área.

4.4 identificação da fundamentação legal do Contrato n.º 02.1988.065.0020, firmado

com a empresa Milly Cultural Serviços Ltda. (vigência até 31/3/2013), do Contrato n.º

02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda. (vigência até

30/9/2015), e do Contrato n.º 02.1997.065.0038, firmado com a empresa W.N.R. Comércio

Participação Ltda. (vigência até 31/5/2027), em atendimento ao subitem 9.5.2, do Acórdão n.º

2.306/2008 – TCU – Plenário (determinação à Secex/RJ):

4.4.1 solicitou-se, por meio do subitem 1.4.2, do Ofício de Requisição datado de 15/4/2010,

informações acerca da fundamentação legal dos contratos supramencionados (fls. 600/601 – Volume

3):

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.4.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 386/SBJR (JRCM)/2010, de 27/4/2010, o

seguinte, in verbis (fls. 607/611 – Volume 3):

“1.4.2 Solicitação de esclarecimentos referente à fundamentação legal:

1.4.2.1 Contrato nº 02.1998.065.0020 – Milly Cultural Serviços Ltda. – Instrumento contratual

com fundamento na Dispensa de Licitação consoante ao disposto na Circular Normativa nº 13.07/A

(CIN) subitem 11.2 – letra “b”, que estabelecia na ocasião a utilização de áreas edificadas ou não

edificadas, instalações, equipamentos e facilidades em aeroportos sob jurisdição da INFRAERO, cuja

cópia estamos disponibilizando a Equipe de Inspeção (anexo 04);

1.4.2.2 Contrato nº 02.1995.065.0036 – Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda.- Instrumento

contratual com fundamento na CF CIRC nº 955/DC(DCCO)/91;

1.4.2.3 Contrato nº 02.1997.065.0038 – WNR Comércio e Participação Ltda. – Instrumento

contratual com fundamento na Medida Provisória nº 1561/97, cujo documento estamos

disponibilizando a Equipe de Inspeção (anexo 05);”

4.4.3 solicitaram-se, posteriormente, por meio do subitem 1.2, do Ofício de Requisição datado

de 30/4/2010, esclarecimentos acerca da vigência dos normativos que alicerçaram a celebração do

Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly Cultural Serviços Ltda., e do Contrato

n.º 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda. (fl. 604 –

Volume 3).

4.4.4 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 426/SBJR (JRCM)/2010, de 6/5/2010, o

seguinte, in verbis (fls. 612/615 – Volume 3):

“1.1 Em resposta ao questionamento sobre a vigência da Circular Normativa nº 13.07/A

(CIN), que subsidiou as bases do contrato nº 02.19998.065.0020, firmado com Milly Cultural e

Serviços Ltda., informamos que o Instrumento Normativo mencionado foi revogado em 04-05-1998,

situação idêntica se aplica a CF Circular nº 955/DC(DCCO)/91, de 11-03-9, usada como fundamento

legal do Contrato nº 02.19995.065.0036 firmado com a Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda.,

assim visando propiciar análise dos procedimentos atualmente praticados no âmbito da INFRAERO,

estamos fornecendo cópia das Normas Internas (anexos 01 a 10), cujos documentos regulamentam

todos os procedimentos afetos a concessão de uso de área, bem como as diretrizes que norteiam os

processos licitatórios (anexo 11).”

4.4.5 conclui-se, desta forma, o seguinte:

4.4.5.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly Cultural

Serviços Ltda.:

4.4.5.1.1 a contratação foi alicerçada em normativo interno da Infraero, subitem 11.2, alínea

“b”, da Circular Normativa n.º 13.07/A (CIN), de 4/5/1988, revogada em 4/5/1998, que estabelecia o

seguinte, in verbis:

“11 – É dispensável a licitação: (...)

11.2 – A juízo do Superintendente Regional, quando: (...)

b) a utilização envolver apenas parte da área com dimensões suficientes para abrigar todos os

possíveis interessados; e (...)” (fls. 881/888 – Anexo 9, Volume 4)

4.4.5.1.2 destaque-se que o contrato foi assinado em 1/11/1988 com a empresa Milly Veículos

Peças e Serviços Ltda., tendo sido a área, inicialmente, concedida para o comércio de automóveis e

peças, conforme expediente encaminhado pela concessionária, em 5/9/1997 (fls. 889/893 – Anexo 9 -

Volume 4);

4.4.5.1.3 registre-se, no entanto, que, devido a diversas irregularidades na concessão, as quais

foram reconhecidas pela própria Infraero, a concessionária não obteve o licenciamento para aquela

atividade (diga-se: comércio de automóveis e peças) junto a Prefeitura do Rio de Janeiro, tendo

alterado, no contrato social, a razão social para Milly Cultural Serviços Ltda., e proposto a alteração da

destinação da área para estabelecimento de ensino, considerando o pagamento ininterrupto, durante 9

(nove) anos, de “arrendamento”, bem como os altos investimentos realizados, conforme documento

“Folha de Ementa / Despacho”, da Infraero, expediente encaminhado pela concessionária, em

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5/9/1997, e Ofício CF CIRC n.º 039/SBRJ, de 16/9/1997 (fls. 901/904 – Anexo 9 - Volume 4, fls.

889/893 – Anexo 9 - Volume 4, e fls. 894/895 – Anexo 9 - Volume 4, respectivamente);

4.4.5.1.4 consigne-se que a Infraero deferiu o pleito, considerando que a entidade poderia “(...)

responder por perdas e danos e lucros cessantes, vez que a Milly vem cumprindo ao longo dos anos os

pagamentos da concessão; (...)”, conforme documento “Folha de Ementa / Despacho, da Infraero (fls.

901/904 – Anexo 9 - Volume 4); e

4.4.5.1.5 destaque-se, por fim, que o período de vigência atual do contrato é de 1/1/1989 a

31/3/2013, não podendo mais ser prorrogado, e que no local se encontra, em pleno funcionamento, o

Colégio CEC Barra, conforme Cláusula Quarta e Cláusula Sexta do Termo Aditivo n.º 008.98

(III)/0065 e Documento da Infraero “Dados Cadastrais dos Contratos em Ordem Alfabética” (fls.

905/909 – Anexo 9 - Volume 4, e fl. 059 – Anexo 9 – Volume Principal).

4.4.5.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon

Estúdios Cinematográficos Ltda.:

4.4.5.2.1 a contratação foi alicerçada em documento interno da Infraero, CF CIRC n.º

955/DC(DCCO), de 11/3/1991, que, à época, regulamentava o tema “Dispensa de Licitação”, nele

compreendido a dispensa de licitação propriamente dita e a inexigibilidade de licitação, até edição do

Regulamento de Licitações e Contratos da Infraero, Ato Administrativo n.º 1.005, 30/7/1998, revogado

pela Portaria Normativa n.º 935/MD, de 26/6/2009 (fls. 911/913 – Anexo 9 - Volume 4);

4.4.5.2.2 o Ministério Público Federal, Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro,

recomendou à Infraero, em 3/11/2009, que procedesse à rescisão do referido contrato, juntamente com

o Contrato n.º 02.1999.065.0056, firmado com a empresa Rio Sport Center Academia Ltda., pelos

motivos abaixo expostos, conforme informação constante do documento “Recomendação n.º 46/2009”

(fls. 914/919 – Anexo 9 - Volume 4):

4.4.5.2.2.1 celebração do contrato de concessão de uso de área superior a 15 (quinze) anos,

tendo em vista que o referido ajuste sucedeu o Contrato n.º 2.1990.065.4220, cuja vigência era de

1/10/1990 a 30/9/1995, tendo aquele (diga-se, o Contrato n.º 02.1995.065.0036) estabelecido uma

vigência inicial de 1/10/1995 a 30/9/2000, sendo o mesmo, posteriormente, renovado em 2 (duas)

ocasiões, que estabeleceram novos prazos de vigência de 1/10/2000 a 30/9/2005 e de 1/10/2005 a

30/9/2010, com previsão, por fim, de uma última prorrogação, de 1/10/2010 a 30/9/2015, o que faria

com que o contrato tivesse a duração de 25 (vinte e cinco) anos;

4.4.5.2.2.2 ausência de procedimento licitatório, contrariando o disposto no art. 37, inciso XXI,

da Constituição Federal, art. 2º, da Lei n.º 8.666/93, e art. 41, da Lei n.º 7.565/86; e

4.4.5.2.2.3 descumprimento das Decisões n.ºs 701/1994 e 17/1995, do Tribunal de Contas da

União.

4.4.5.2.3 a concessionária foi notificada pela Infraero acerca da rescisão unilateral por meio do

Ofício CF n.º 1.590/SBJR (JRCM)/2009, de 18/11/2009, tendo obtido a concessão de medida liminar,

determinando à Infraero que se abstivesse de praticar qualquer ato lesivo à posse da Tycoon Estúdios

Cinematográficos Ltda. sobre a área cedida por meio do contrato em questão, conforme sentença

prolatada em 18/12/2009 pela Exma. Juíza Substituta da 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dra.

Cleyde Muniz da Silva Carvalho, nos autos do Processo n.º 2009.51.01.028368-8 (fls. 922/925 –

Anexo 9 - Volume 4, e consulta ao site www.jfrj.gov.br, respectivamente);

4.4.5.2.4 a Infraero, por sua vez, ajuizou, em 13/4/2010, Ação de Reintegração de Posse,

Processo n.º 2010.51.01.005439-2, em desfavor da Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda., cujos

autos encontram-se, no momento, conclusos para sentença, desde 27/5/2010, no Gabinete da Exma.

Juíza Titular da 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dra. Claudia Maria Pereira Bastos Neiva (consulta

ao site www.jfrj.jus.br); e

4.4.5.2.5 destaque-se, por fim, que, no local, encontra-se, em pleno funcionamento, a empresa

Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda.

4.4.5.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR

Comércio e Participação Ltda.:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.4.5.3.1 a contratação foi alicerçada pela Medida Provisória n.º 1.561, de 19/12/1996,

convertida na Lei n.º 9.469, de 10/7/1997, que dispõe sobre a intervenção da União nas causas em que

figurarem, como autores ou réus, entes da administração indireta, além de regular os pagamentos

devidos pela Fazenda Pública em virtude de sentença judiciária, assunto, portanto, absolutamente

estranho ao tema Licitações e Contratos Administrativos (fls. 961/968 – Anexo 9 - Volume 4);

4.4.5.3.2 verifica-se, analisando o conteúdo do Ofício CF n.º 239/SBJR, de 25/9/1995, que

versa sobre a situação, à época, do referido contrato, o seguinte (fls. 969/973 – Anexo 9 - Volume 4):

4.4.5.3.2.1 em 12/6/1989 a Infraero realizou procedimento licitatório, na modalidade carta

convite, regulamento, à época, pelo Decreto Lei n.º 2.300/86, para exploração de serviços do tipo fast

food, tendo a sido declarada vencedora a empresa WNR;

4.4.5.3.2.2 em 20/6/1989 a empresa WNR acrescenta a razão social da firma já existente os

serviços de exploração de bar e restaurante;

4.4.5.3.2.3 em 22/6/1989 a empresa WNR arquiva os atos constitutivos na Junta Comercial,

com a respectiva legalização para exercer os serviços de exploração de bar e restaurante;

4.4.5.3.2.4 em 5/7/1989 foi assinado o contrato entre a Infraero e a empresa WNR Comércio e

Participação Ltda.;

4.4.5.3.2.5 em 1/9/1990 a Infraero envia carta a concessionária considerando, através de Ato

Administrativo, nulo o referido contrato, tendo em vista que, em auditoria realizada pela Secretaria de

Finanças do Ministério da Aeronáutica, foram apontadas várias irregularidades em licitações realizadas

pela Superintendência Regional no Rio de Janeiro – SRRJ;

4.4.5.3.2.6 a concessionária, em processo judicial, alegou o seguinte: (i) à época da assinatura

do contrato a empresa estava legalmente constituída como empresa do ramo de alimentação; (ii) a

Infraero, mesmo após anular o contrato, recebeu durante 6 (seis) meses o pagamento de aluguel; e (iii)

a empresa investiu recursos na consecução das obras;

4.4.5.3.2.7 em 16/5/1995 a Exma. Juíza da 9ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dra. Valéria

Medeiros de Albuquerque, decidiu favoravelmente à empresa WNR Comércio e Participação Ltda.,

julgando improcedente a Ação de Reintegração de Posse movida pela Infraero, condenando a mesma

ao pagamento das custas e dos honorários de 10% (dez por cento) do valor da causa, conforme os

autos do Processo n.º 96.02.11613-7;

4.4.5.3.2.8 em 16/6/1995 a Infraero interpôs Apelação Cível objetivando reformular a sentença

que julgou improcedente o pedido de Reintegração de Posse, tendo sido a sentença mantida pelo TRF

– 2ª Região, conforme os autos da Apelação Cível n.º 105.048/RJ; e

4.4.5.3.2.9 em 1/6/1997 foi assinado o referido contrato pelo prazo de 180 (cento e oitenta)

meses (período de vigência de 1/6/1997 a 31/5/2012), prorrogável por mais 180 (cento e oitenta)

meses, em 3 (três) períodos de 60 (sessenta) meses (períodos de vigência: de 1/6/2012 a 31/5/2017, de

1/6/2017 a 31/5/2022, e de 1/6/2022 a 31/5/2027).

4.4.6 propõe-se, desta forma, o seguinte:

4.4.6.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly Cultural

Serviços Ltda.:

4.4.6.1.1 determinar à Infraero que:

4.4.6.1.1.1 adote, tempestivamente, todas as medidas necessárias para realização de

procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da

impossibilidade de prorrogação do contrato em questão, informando, ainda, ao mesmo o prazo para

desocupação da área.

4.4.6.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon

Estúdios Cinematográficos Ltda.:

4.4.6.2.1 determinar à Infraero que:

4.4.6.2.1.1 adote as medidas legais cabíveis para regularizar a concessão de uso do Lote 98 do

Aeroporto de Jacarepaguá, atualmente ocupado pela empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos

Ltda., quando prolatada sentença com trânsito em julgado nos Processos n.ºs 2009.51.01.028368-8 e

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2010.51.01.005439-2, ambos em trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro, conforme relatado no

subitem 4.4.5.2 desta instrução.

4.4.6.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR

Comércio e Participação Ltda.:

4.4.6.3.1 determinar à Infraero que:

4.4.6.3.1.1 caso opte pela renovação contratual, registre nos autos que a solução adotada é

vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados efetuados pela concedente, que

reflitam a situação do mercado local, diante da possibilidade de se realizar procedimento licitatório; e

4.4.6.3.1.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o

concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo

para desocupação da área.

4.5 adequação do objeto do Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa Medise -

Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., a real destinação dada à área, em atendimento ao subitem

9.6.1, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:

4.5.1 solicitaram-se, por meio de Ofício de Requisição datado de 30/4/2010, os seguintes

documentos, informações e esclarecimentos, in verbis (fl. 603 – Volume 3):

“1.1. esclarecimentos acerca da destinação dada à área, por meio do 14º Termo Aditivo, de

10/10/2008, ou seja, “(...) industrialização e representação de produtos médicos e farmacêuticos para

aeronaves e aeroportos (...)”, bem como da implantação de “(...) um centro de atendimento

emergencial, e um hospital destinado ao atendimento do público em geral, contendo unidade de

administração, unidade de emergência, unidade de centro cirúrgico, Raio X, centro de terapia

intensiva, unidade de internação, unidade de serviço.”;

1.2. eventual notificação à empresa acerca da impossibilidade de prorrogação contratual,

após o término do último prazo de prorrogação previsto no respectivo ajuste, ou seja 30/4/2014; e

1.3. data prevista para início dos procedimentos administrativos destinados a licitar a área

atualmente ocupada pela empresa.”

4.5.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 427/SBJR (JRCM)/2010, de 7/5/2010, o

seguinte, in verbis (fls. 616/617 – Volume 3):

“1.1. O 14º Termo Aditivo a Contrato n º 02.1989.065.0005 foi ajustado em 10/10/2008, em

fiel cumprimento a recomendação estabelecida no Acórdão nº 1181/2008 onde o Exmº Sr. Dr.

Procurador Federal determinou que fosse estabelecido no mencionado instrumento contratual a

efetiva destinação dada em concessão de uso, face à constatação de que o Hospital Barra D’or

operava como hospital de atendimento ao público geral e não apenas uma unidade de emergência

conforme previsto no instrumento contratual avençado com a Infraero.

Visando promover a efetiva regularização da área conforme determinado à Infraero e, após

submetido à análise das áreas de Controle Interno dessa Empresa (Procuradoria Jurídica da

Regional e da Sede, Controladoria Interna e da Diretoria Comercial) foi decido que se promovesse a

imediata regularização em atendimento à recomendação do MPF.

Ressaltamos que visando resguardar a fidelidade da destinação da área estabelecida no

Instrumento inicial, foram mantidas integralmente todas as atividades previstas no início da

concessão, sendo introduzida apenas à atividade pendente de regularização desenvolvida pelo

Concessionário Medise.

Salientamos que deixamos de apresentar os documentos comprobatórios das informações ora

prestados, uma vez que as pasta do contrato em questão foram disponibilizada esse Tribunal de

Contas da União, através da Secretaria de Controle Externo do Rio de Janeiro, fins análise da

Representação em curso no citado Órgão.

1.2. Com relação ao questionamento acerca de eventual notificação à Empresa Medise

anunciando a impossibilidade de prorrogação contratual após o término do último prazo previsto no

contrato, ressaltamos que o Concessionário possui pleno conhecimento do prazo final do contrato

desde 1998, época em que foi ajustado termo aditivo ao contrato, sendo alterado o término de 2004

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

para 2014, face à necessidade de amortizar novos investimentos empregados na área pelo

Concessionário, portanto, subtende-se que a condição editalícia está expressamente registrada e

noticiada a Empresa, situação esta que é de pleno conhecimento da empresa, já tendo sido inclusive

objeto de reunião neste Aeroporto com o concessionário, ou seja, o prazo fatal deste contrato

ocorrerá em 30-04-2014.

1.3 Quanto à data prevista para início dos procedimentos administrativos destinados a

instauração de certame licitatório, esclarecemos que legislação em vigor atualmente na Infraero

estabelece que o prazo deverá ser de no mínimo 06 (seis) meses anteriores ao término da vigência do

instrumento contratual, todavia, considerando a magnitude do empreendimento hoje em operação e,

ainda, visando propiciar a desmobilização das operações do hospital, com antecedência suficiente de

modo que o Concessionário possa promover a retirada dos equipamentos de sua propriedade, esta

Administração iniciará os procedimentos visando à realização do processo licitatório, com 02 (dois)

anos de antecedência, ou seja, no início do exercício 2012.”

4.5.3 solicitaram-se, posteriormente, por meio do subitem 1.1, do Ofício de Requisição datado

de 20/5/2010, os seguintes documentos, informações e esclarecimentos, in verbis (fl. 606 – Volume 3):

“1.1. relativamente ao Contrato de Concessão de Uso de Área n.º 02.1989.065.0005, firmado

entre a Infraero e a empresa Medise – Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.:

1.1.1 situação atual do procedimento administrativo instaurado pelo Ministério Público

Federal versando sobre possíveis irregularidades verificadas na formalização e execução do mesmo;

e

1.1.2 repactuação do ajuste supra, formalizada por meio do 14º Termo Aditivo, de 10/10/2008,

informando motivo, fundamentação legal, percentual do reajuste, valores do contrato antes e depois

da referida alteração, bem como aqueles efetivamente recebidos do concessionário nos meses de

julho/2008, julho/2009 e janeiro/2010.”

4.5.4 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 591/SBJR (JRCM)/2010, de 9/6/2010, o

seguinte, in verbis (fls. 621/627 – Volume 3):

“1.1 Relativo ao Termo de Contrato nº 02.1989.065.005-4, firmado entre a INFRAERO e a

MEDISE MEDICINA, DIAGNÓSTICO E SERVIÇOS LTDA:

1.1.1 Com relação à solicitação do andamento atual do procedimento administrativo

instaurado pelo Ministério Público Federal, versando sobre possíveis irregularidades verificadas na

formalização e execução do contrato especificado no item 1.1., informamos que a Procuradoria

Jurídica da INFRAERO, informou que o Procedimento Administrativo nº 1.30.012.000622/2005-27

concluiu pela existência de elementos caracterizadores das irregularidades/ilegalidades no Termo de

Contrato mencionado, notadamente, a ausência de licitação destinada à respectiva concessão,

acréscimo quantitativo e prorrogações, dentre outras irregularidades, o que ensejou o ajuizamento da

ação civil pública nº 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio

de Janeiro.

Informamos ainda que o procedimento administrativo citado, aguardará a definição da

supracitada ação civil pública.

1.1.2 Quanto aos esclarecimentos solicitados pertinentes à repactuação do ajuste, formalizado

no 14º Termo Aditivo nº 062.2008.(III)/0065, ocorrido em 10-10-2008 (doc. anexo 1), informamos que

em decorrência da determinação contida no Acórdão nº 1181/2008, este Aeroporto expediu a CF nº

848/SBJR(JRCM)/2008, de 04-08-2008 (doc. anexo 2) à Superintendência de Relações Comerciais –

DCRC, órgão vinculado a Diretoria Comercial – DC, cujo documento solicitou orientações visando o

ajuste na concessão em tela, visando à aplicação dos procedimentos a serem adotados.

Em resposta a nossa correspondência a Superintendência de Relações Comerciais enviou a

este Aeroporto a CF nº 18006/DCRC(RCGC))/2008, de 06-08-2008 (doc. anexo 3), prestando

esclarecimentos especificamente com relação à determinação do TCU, sendo estabelecido que se

fizesse constar no instrumento contratual a real destinação da área dada em concessão à Medise,

sendo, inclusive, estabelecido no 5º parágrafo da mencionada carta que era competência da

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Procuradoria Jurídica local, ou seja, da Superintendência Regional do Rio de Janeiro, avaliar que

ação da INFRAERO atenderia tal determinação, dentre elas a adaptação do objeto do Termo de

Contrato e, ainda, avaliar a legalidade de promover o ajustamento das bases contratuais.

Em face de tal decisão este Aeroporto encaminhou a Procuradoria Jurídica da Regional -

PJGL o Despacho nº 037/SBJR(JRCM)/2008, de 08-08-2008 (doc. anexo 4), no qual solicitou

orientação, sendo proferido parecer sugerindo a imediata adequação do objeto contratual, fins

encaminhamento do instrumento contratual ao TCU, não havendo manifestação relativa à revisão do

Preço Específico Mensal em função da inclusão da nova atividade “hospital de atendimento geral”

não prevista quando da concessão inicial.

Considerando que tanto a DCRC como a PJRJ não se manifestaram quanto à revisão das

bases contratuais, a Gerente Comercial do Aeroporto de Jacarepaguá encaminhou e-mail, em 25-08-

2008 (doc. anexo 5) à Gerente Comercial da Regional, solicitando posicionamento sobre a revisão do

preço, obtendo a resposta de que após conversa com Superintendente Regional à época, foi

considerado que o momento não era oportuno para promover a revisão das bases financeiras, uma

vez que a renegociação do preço poderia demandar delonga do prazo, podendo acarretar no

descumprimento do prazo estabelecido pelo TCU para promover a regularização do instrumento

contratual.

Uma vez que o entendimento da Administração do Aeroporto de Jacarepaguá era divergente

das demais áreas, cujo processo foi submetido à apreciação, no tocante em especial à determinação

estabelecida no Acórdão nº 1181/2008-TCU, de promover a regularização no instrumento contratual

da real atividade desenvolvida pela Medise na área objeto do Termo de Contrato nº 2.89.065.005-4,

decidiu este Aeroporto que introduzir a atividade efetivamente desenvolvida pelo Concessionário

estava condicionada à revisão das bases financeiras, vez que a atividade a ser introduzida não tinha

sido prevista quando da concessão inicial, portanto, a regularização estava vinculada a repactuação

do preço.

Assim sendo, este Aeroporto enviou a CF nº 914/SBJR(JRCM)/2008, de 26-08-2008 (doc.

anexo 6) ao Concessionário, notificando-o das condições estabelecidas no Acórdão nº 1181/2008 e

informando que em decorrência da regularização da atividade ora desenvolvida, as bases financeira

seria revista, sendo proposto o percentual de 50% (cinquenta por cento). Tendo à Medise apresentada

contra proposta através de carta, de 25-08-2008 (doc. anexo 7) de revisão do preço em 25% (vinte e

cinco por cento). Após avaliação este Aeroporto encaminhou através da CF nº

919/SBJR(JRCM)/2008, de 29-08-2008 (doc. anexo 8) contendo nova propositura de revisão do preço

com base no percentual de 30% (trinta por cento), tendo a Medise concordado com o valor proposto

em 01-09-2008 (doc. anexo 9).

Salientamos que o 14º Termo Aditivo nº 062.2008(III)/2008, manteve a integralidade das

atividades prevista no Contrato, visando manter a caracterização inicial da área dada em concessão

de uso, sendo incluída na parte integrante das atividades desenvolvidas “...e um hospital de

atendimento público geral...”

O instrumento contratual mencionado foi ajustado com base no Regulamento de Licitações e

contratos, de 04-08-1998, cuja fundamentação legal adotada foi o Art. 58, inciso I, parágrafos 1º e 2º,

c/c com o Art. 65, inciso II, alínea “d” da Lei nº 8.666/93.

Quanto aos valores solicitados antes e depois da mencionada alteração, estamos

discriminando no quadro abaixo o valor praticado até 30-09-2008 e o novo Preço Específico Mensal

de R$ 141.012,48 (cento e quarenta e um mil, doze reais e quarenta e oito centavos) após a revisão

das bases sendo aplicado o percentual de 30% (trinta por cento) em decorrência do cumprimento da

determinação estabelecida no Acórdão nº 1181/2008.

(...)

Visando prestar as informações solicitadas relativas aos valores efetivamente recebidos do

Concessionário nos meses de julho/2008, julho/2009 e janeiro/2010, estamos encaminhando Relatório

de boletos gerados do período compreendido entre julho/2008 a maio/2010, onde poderá ser atestado

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

o efetivo pagamento dos valores devidos registrados no segundo campo situação 7 – pago (doc. anexo

10)

Informamos também, que consoante ao estabelecido nas Cláusulas Segundo dos Termos

Aditivos nºs 004.98(III)/0065, de 01-01-1998 (doc. anexo 11) e 035.2004(III)/0065, de 01-08-2004

(doc. anexo 12), no exercício de 2008, foi expedida a CF nº 1211/SBJR(JRCM)/2008, de 21-10-2008

(doc. anexo 13), notificando o Concessionário da revisão das bases contratuais a ser ajustada a partir

de 01-05-2009, sendo inicialmente proposto o percentual de 40% (quarenta por cento).

A Medise apresentou contra proposta através de carta datada de 31-12-2008 (doc. anexo 14)

de reajuste de 10% (dez por cento) do valor então praticado, cuja propositura não foi acolhida pela

Administração do Aeroporto, sendo encaminhada a mencionada Empresa a CF nº

87/SBJR/2009, de 31-01-2009 (doc. anexo 15), na qual foi apresentada nova proposta cujo índice

apurado foi de 30,24% (trinta inteiros e vinte e quatro por cento), sendo o percentual sugerido por

esta dependência aeroportuária foi ratificado pela Medise em correspondência, de 06-03-2009 (doc.

anexo 16), ficando o Preço Específico Mensal modificado a partir de 01-05-2009 para R$ 183.654,65

(cento e oitenta e três mil, seiscentos e cinquenta e quatro reais e sessenta e cinco centavos), conforme

especificado no quadro a seguir:

(...)

Esclarecemos que o Termo Aditivo nº 010.2009(III)/0065 (doc. anexo 17), que estabeleceu

novas bases financeiras teve início de vigência em 01-09-2009, em decorrência da pendência de

regularidade fiscal do Concessionário junto a Receita Federal , contudo, cabe informar que os

valores devidamente acordados a partir da data avençada para repactuação, ou seja, 01-05-2009,

foram efetivamente cobrados e pagos pela Medise, através de emissão de boletos mensais das

diferenças devidas, pertinentes as competências 05, 06, 07e 08/2009, no valor de R$ 42.642,17

(quarenta e dois mil, seiscentos e quarenta e dois reais e dezessete centavos), conforme pode ser

evidenciado no Relatório de boletos gerados do período compreendido entre Julho/2008 a Maio/2009

(doc. anexo 10).

Informamos que a data base anual de atualização do Preço Específico Mensal do presente

Contrato é outubro, dessa forma foi formalizada comunicação ao Concessionário através da CF nº

213/SBJR/2009, de 01-03-2009 (doc. anexo 18), alertando-o que no mês de outubro/2009, o

instrumento contratual seria revisto pela IGP-DI.

Vale destacar que o IGP-DI apurado no período de 12 (doze) meses foi negativo, sendo

apurado -06515, em decorrência o sistema financeiro da INFRAERO promoveu o ajuste devido,

conforme esclarecimentos contidos no e-mail, de 19-10-2009 (doc. anexo 19), dessa forma o Preço

Específico Mensal sofreu redução do valor então praticado, sendo reduzido em R$ 1.196,51 (um mil,

cento e noventa e seis reais e cinquenta e um reais), conforme demonstrado a seguir: (...)”

4.5.5 verifica-se, analisando o conteúdo do Ofício CF n.º 427/SBJR (JRCM)/2010, de

7/5/2010, e do Ofício CF n.º 591/SBJR (JRCM)/2010, de 9/6/2010, o seguinte (fls. 616/617 – Volume

3, e fls. 621/627 – Volume 3, respectivamente):

4.5.5.1 incluiu-se, na Cláusula Primeira do Termo Aditivo n.º 062.2008 (III)/0065, a atividade

pendente de regularização, hospital destinado ao atendimento de público em geral, alterando a parte

final do Item 2, das Condições Especiais Anexas ao TC n.º 2.89.65.005-4, in verbis (fls. 1.080/1.083 –

Anexo 9 – Volume 5 e fls. 1.022/1.036 – Anexo 9 – Volume 5, respectivamente):

“(...) Como parte integrante do complexo, será implantado um CENTRO DE ATENDIMENTO

emergencial, e um HOSPITAL destinado a atendimento ao público em geral, contendo unidade de

administração, unidade de emergência, unidade de centro cirúrgico, Raio X, centro de terapia

intensiva, unidade de internação, unidade de serviço” (grifo acrescido)

4.5.5.2 manteve-se, no entanto, na Cláusula Primeira do Termo Aditivo n.º 062.2008

(III)/0065, com a justificativa de resguardar a fidelidade da destinação da área estabelecida no

instrumento inicial, todas as atividades previstas no Item 2, das Condições Especiais Anexas ao TC n.º

2.89.65.005-4, ou seja, industrialização e representação de produtos médicos e farmacêuticos para

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aeronaves e aeroportos, envolvendo, in verbis (fls. 1.080/1.083 – Anexo 9 – Volume 5 e fls.

1.022/1.036 – Anexo 9 – Volume 5, respectivamente):

“(...) - conjunto de primeiros socorros para aeronaves, de acordo com o Regulamento

Brasileiro de Homologação Aeronáutica, NSMA 58-121, de 30 de junho de 1988, bem como os

equivalentes para aeronaves de pequeno porte da Aviação Geral;

- conjunto de primeiros socorros para uso em Aeroportos;

- comercialização dos produtos médicos e farmacêuticos ligados às aeronaves e apoio ao

Aeroporto;

- SHOW ROOM voltado para a área de produtos aero-médicos/farmacêuticos e equipamentos

de emergência para uso em aeronaves e Aeroportos. (...)”

4.5.5.3 destaque-se, por oportuno, que as atividades acima elencadas nunca foram executadas

pelo concessionário, e que, tampouco funcionou no local um centro de atendimento emergencial, tendo

em vista que, nesta área, funciona desde 1998 o Hospital Barra D’or, conforme informações do site da

Rede D’or.

4.5.5.4 transcreva-se, a título exemplificativo, parte do Despacho n.º 37/SBJR (JRCM)/2008,

de 8/8/2008, do então Superintendente do Aeroporto de Jacarepaguá, Sr. Luis Fernando de Menezes

Marques, que versa sobre o cumprimento do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário, in verbis (fls.

1.090/1.093 – Anexo 9 – Volume 5):

“Todas as atividades descritas no objeto, que foram por nós sublinhadas, não são executadas

na área dada em concessão de uso, sendo realizada na área dada parcialmente a atividade descrita

na ‘parte integrante do complexo’, haja vista que no local não funciona um centro de atendimento

emergencial e sim um hospital. (...)

Quanto adaptação do objeto contratual, deverá ser introduzida apenas a palavra HOSPITAL,

ficando a nova redação a ser especificada no termo aditivo da seguinte forma: (...)” (grifo acrescido)

4.5.5.5 registre-se que, juntamente com a alteração do objeto contratual, houve revisão das

bases financeiras do contrato, elevando consideravelmente a arrecadação da Infraero, tendo sido o

mesmo reajustado em 30% (trinta por cento), a partir de 1/10/2008, passando de R$ 108.471,15 (cento

e oito mil, quatrocentos e setenta e um reais, e quinze centavos) para R$ 141.012,48 (cento e quarenta

e um mil, doze reais, e quarenta e oito centavos), e, posteriormente, em 30,24% (trinta vírgula vinte e

quatro por cento), a partir de 1/5/2009, passando para R$ 183.654,65 (cento e oitenta e três mil,

seiscentos e cinquenta e quatro reais, e sessenta e cinco centavos), sendo, por fim, reduzido em 0,65%

(zero vírgula sessenta e cinco por cento), a partir de 1/10/2009, passando para R$ 182.458,14 (cento e

oitenta e dois mil, quatrocentos e cinquenta e oito reais, e quatorze centavos); e

4.5.5.6 registre-se, por fim, que o ajuizamento, pelo Ministério Público Federal, da Ação Civil

Pública nº 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro, será analisado

posteriormente, no subitem 5.4 desta instrução.

4.5.6 conclui-se, desta forma, que a Infraero atendeu, parcialmente, a determinação contida no

subitem 9.6.1, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário, tendo em vista que foi incluído no objeto

contratual a previsão de criação de um hospital geral, que, na verdade, já estava em pleno

funcionamento desde 1998, tendo sido mantidas atividades que nunca foram executadas pelo

concessionário, quais sejam:

4.5.6.1 centro de atendimento emergencial, contendo unidade de administração, unidade de

emergência, unidade de centro cirúrgico, Raio X, centro de terapia intensiva, unidade de internação,

unidade de serviço; e

4.5.6.2 conjunto de primeiros socorros para aeronaves, conjunto de primeiros socorros para

uso em aeroportos, comercialização dos produtos médicos e farmacêuticos ligados às aeronaves e

apoio ao aeroporto e show room voltado para a área de produtos aero-médicos/farmacêuticos e

equipamentos de emergência para uso em aeronaves e aeroportos.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.5.7 conclui-se, por fim, que neste momento eventual proposta de adequação do instrumento

contratual a real destinação dada à área, ou seja, hospital geral desde 1998, seria inoportuna, devido a

possibilidade de eventuais questionamentos por parte do atual concessionário.

4.5.8 propõe-se, desta forma, o seguinte:

4.5.8.1 considerar parcialmente atendida a determinação contida no subitem 9.6.1, do Acórdão

n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário;

4.5.8.2 relativamente ao Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa Medise -

Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.:

4.5.8.2.1 determinar à Infraero que:

4.5.8.2.1.1 adote, tempestivamente, todas as medidas necessárias para realização de

procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da

impossibilidade de prorrogação do contrato em questão, informando, ainda, ao mesmo o prazo para

desocupação da área.

Análise – Achados da Inspeção

5. Verificaram-se, no curso dos trabalhos de inspeção, os seguintes aspectos abaixo

relacionados, que estão indiretamente ligados ao monitoramento das determinações contidas no

Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário e no Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:

5.1 grande número de processos judiciais, relacionados a contratos de concessão de uso

de áreas no Aeroporto de Jacarepaguá, onde a Infraero figura como ré:

5.1.1 solicitaram-se, por meio de Ofício de Requisição datado de 12/5/2010, os seguintes

documentos, informações e esclarecimentos, in verbis (fl. 605 – Volume 3):

“1.2 relação de todos os contratos de concessão de uso de área comercial com pendências na

justiça, indicando número, nome de fantasia e razão social do concessionário, número do processo,

vara, e estado atual;

1.3 relação de todas as áreas destinadas a estabelecimento comercial que, em virtude de

pendências na justiça, ou seja, por problemas alheios à vontade da Infraero, não possam ser

concedidas, gerando, com isso, perda de receita; e

1.4 relação dos contratos rescindidos unilateralmente pela Infraero, atendendo recomendação

do Ministério Público, encaminhando, ainda, cópia dos expedientes recebidos daquele órgão.”

5.1.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 511/SBJR (JRCM)/2010, de 19/5/2010, o

seguinte, in verbis (fls. 618/620 – Volume 3):

“1.2 Encaminhamos em anexo Planilha (anexo 2) relacionando todos os contratos de

concessão de uso de área desta dependência, cujos quais existem Ação Judicial em trâmite.

Esclarecemos que os contratos cujo andamento está registrado como Ação Judicial com

liminar, o boleto de pagamento mensal está sendo emitido pela Infraero em cumprimento à decisão do

Juízo competente.

1.3 Atualmente este Aeroporto possui três contratos, que muito embora as Ações estejam em

trâmite às áreas estão indisponíveis para nova concessão, a saber:

JOB – área de hangar ocupada pela empresa que teve sua homologação cassada pela

autoridade competente, portanto, cuja Ação foi ajuizada pela Infraero em 2003 sem êxito até a

presente data.

SERRARIA JACUNDÁ – área reintegrada liminarmente à Infraero em 2005, pendente de

expedição de Sentença definitiva, uma vez que para instauração de novo certame licitatório será

necessário realizar investimentos no local pelo licitante vencedor, portanto, o processo somente

poderá ser instaurado após efetivada a reintegração definitiva; e.

ROTOR – escritório administrativo cuja área não foi desocupada, cuja Ação foi ajuizada em

2007, permanecendo até a presente data pendente à Reintegração de Posse à Infraero.

SPACE - escritório administrativo cuja área não foi desocupada, cuja Ação foi ajuizada em

2009, permanecendo até a presente data pendente à Reintegração de Posse à Infraero.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.4 Informamos que dois contratos desta Dependência Aeroportuária foram Rescindidos

unilateralmente pela Infraero, em cumprimento à Recomendação do Ministério Público, sendo o

primeiro da Rio Sport Center Academia Ltda., cuja cópia do Procedimento Administrativo (anexo 3) e

Notificação Extrajudicial enviada ao citado concessionário estamos encaminhando em atendimento a

vossa solicitação (anexo 4).

Quanto ao contrato firmado com a Tycoon Estúdios Cinematográfico Ltda. onde o MFP

também expediu recomendação visando à defesa da ordem jurídica, estamos neste momento

impossibilitados de fornecer as cópias solicitadas, uma vez que as pastas do Contrato nº

02.1995.065.0036 foram disponibilizadas a V.Sª para análise, todavia, assim que as mesmas foram

restituídas este Aeroporto providenciará o envio dos documentos solicitados.

Vale, ainda, registrar que existem outros dois contratos cujas Empresas encontram

estabelecidas na Av. Ayrton Senna e em plena operação das suas atividades, também tiveram os seus

instrumentos contratuais não renovados, em face de constatação de irregularidades durante a

concessão, a saber: Barrafor Veículos, concessionária de veículos Ford e o da Eiffel Comércio

Automotivo Ltda., concessionária de veículos Renault, cujas Empresas permanecem ocupando área

aeroportuária, amparadas em Liminar de Manutenção de Posse concedida pelos Juízos competente.

5.1.3 solicitaram-se, ainda, por meio de Ofício de Requisição datado de 20/5/2010, os

seguintes documentos, informações e esclarecimentos, in verbis (fl. 606 – Volume 3):

“1.2 valor estimado, histórico e atualizado, por exercício financeiro, para concessão de uso da

área atualmente ocupada pela SERRARIA JACUNDÁ, reintegrada liminarmente à Infraero em 2005,

e até hoje pendente de prolação de sentença definitiva.”

5.1.4 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 591/SBJR (JRCM)/2010, de 9/6/2010, o

seguinte, in verbis (fls. 621/627 – Volume 3):

“1.2. Quanto ao questionamento relativo à área hoje indisponibilizada para concessão,

situada na Av. Ayrton Senna, reintegrada liminarmente à INFRAERO em 2005, cujo local até então

estava ocupado pela Empresa SERRARIA JACUNDÁ COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., estamos

encaminhando o Relatório Financeiro (doc. anexo 20) apurado no sistema, no qual permite identificar

os valores que estavam sendo recebidos enquanto mantida a ocupação da área.

Considerando que conforme estabelecido pela Diretoria Comercial, atualmente o valor do m2

de área é apurado através da média obtida no sistema dos contratos cadastrados no âmbito da

INFRAERO em rede nacional, para o mesmo ramo de atividade, e, uma vez que não temos definição

do tipo de negócio a ser implantado no local, não é possível precisar o valor para concessão da área

em tela, todavia, o Lote nº 99, possuiu a dimensão de 13.000,00m2 (treze mil metros quadrados), e, em

função da metragem da área, o valor mínimo a ser estabelecido pelo m2 é de R$ 10,00 (dez reais).

Em atendimento a vossa solicitação, informamos a seguir o valor estimado de perda anual de

receita em face da impossibilidade de conceder a área para o desenvolvimento de atividade

comercial. (...)

Conforme evidenciado o montante mínimo apurado de perda de receita do período

compreendido entre 2005 a 2010 é de R$ 7.911.400,00 (sete milhões, novecentos e onze mil e

quatrocentos reais), cabendo frisar, que não foi computado valor estimado pertinente a Parte Variável

estabelecida nos instrumentos contratuais da INFRAERO.”

5.1.5 conclui-se, desta forma, que a Infraero figura como ré em nada menos de 22 (vinte e

dois) processos judiciais relativos à concessão de uso de áreas do Aeroporto de Jacarepaguá,

destacando-se, sobremaneira, o Processo n.º 2003.51.01.005138-6, em trâmite na 16ª Vara Federal do

Rio de Janeiro, que se refere à área ocupada pela antiga Serraria Jacundá, com aproximadamente

13.000 m2

(treze mil metros quadrados), situada no Lote n.º 99, da Avenida Ayrton Senna, que está

desativada, estando a área abandonada, e sem gerar qualquer tipo de receita, tendo em vista que, apesar

da área ter sido reintegrada liminarmente em 2005, até hoje, não houve a prolação da sentença

definitiva, o que impede a realização de procedimento licitatório, gerando um prejuízo estimado, no

período de janeiro de 2005 a dezembro de 2010 (projeção), de, no mínimo, R$ 7.911.400,00 (sete

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

milhões, novecentos e onze mil, e quatrocentos reais), não atualizado, desconsiderando, ainda, a parte

variável, que incide sobre o faturamento bruto do concessionário.

5.1.6 propõe-se, desta forma, o seguinte:

5.1.6.1 seja verificada a conveniência e oportunidade de ser encaminhada cópia do relatório,

do voto e do acórdão que vier a ser adotado ao Exmo. Juiz Titular da 16ª Vara Federal do Rio de

Janeiro e ao Conselho Nacional de Justiça, haja vista a existência do Processo n.º 2003.51.01.005138-

6, que versa sobre o Contrato n.º 02.1996.065.0041, firmado entre a Infraero e a empresa Serraria

Jacundá Comércio e Indústria de Madeira Ltda., no aguardo de decisão definitiva, tendo em vista a

considerável perda de receita por parte da Infraero, estimada, no período de 2005 a 2010, em, no

mínimo, R$ 7.911.400,00 (sete milhões, novecentos e onze mil, e quatrocentos reais), já que a área não

se encontra liberada para instauração de procedimento licitatório, além de não gerar receita, pois o

atual concessionário não efetua qualquer pagamento.

5.2 problemas na obtenção das licenças ambientais pelos concessionários:

5.2.1 verificou-se que o Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária

Infrabarra Ltda., e o Contrato n.º 02.19997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000 Banco

Imobiliário Ltda., foram aditados em função de problemas com licenciamento ambiental, acarretando

dilação no prazo original de concessão, conforme relatado no subitem 4.3 desta instrução;

5.2.2 informou-se, em reunião realizada na Secex/RJ, em 10/6/2010, que a Infraero elabora,

atualmente, antes de licitar uma determinada área, o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, cabendo à

licitante vencedora, no entanto, elaborar o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, bem como obter

as demais licenças ambientais necessárias à implantação (prévia, de instalação, e de operação); e

5.2.3 conclui-se, desta forma, que as ações adotadas, atualmente, pela concedente são

adequadas para minimizar eventuais problemas que possam surgir na obtenção das licenças ambientais

pelos futuros concessionários, sendo desnecessário, no momento, propor a adoção de qualquer medida

à Infraero.

5.3 problemas na obtenção de licenças junto a Prefeitura do Rio de Janeiro pelos

concessionários:

5.3.1 verificou-se que o Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly

Cultural Serviços Ltda., foi aditado em função de problemas de licenciamento junto a Prefeitura do

Rio de Janeiro, acarretando dilação no prazo original de concessão, conforme relatado no subitem 4.4

desta instrução;

5.3.2 informou-se, em reunião realizada na Secex/RJ, em 10/6/2010, que a Infraero faz

constar, atualmente, dos editais de licitação, informação de que o local e o tipo de empreendimento ou

atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo, nos termos de

certidão fornecida pela Prefeitura do Rio de Janeiro; e

5.3.3 conclui-se, desta forma, que as ações adotadas, atualmente, pela concedente são

adequadas para minimizar eventuais problemas que possam surgir na obtenção de licença junto a

Prefeitura do Rio de Janeiro pelos futuros concessionários, sendo desnecessário, no momento, propor a

adoção de qualquer medida à Infraero.

5.4 procedimentos administrativos instaurados pelo Ministério Público Federal,

Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, para verificar irregularidades e

ilegalidades em contratos de concessão de uso do Aeroporto de Jacarepaguá:

5.4.1 referentemente ao Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon

Estúdios Cinematográficos Ltda., e ao Contrato n.º 02.1999.065.0056, firmado com a empresa Rio

Sport Center Academia Ltda., este último não analisado pela Equipe de Inspeção:

5.4.1.1 verificou-se que os contratos em questão foram rescindidos unilateralmente pela

Infraero, em atendimento à Recomendação n.º 46/2009, de 3/11/2009, do Ministério Público Federal,

conforme relatado no subitem 4.4.5.2.2 desta instrução (fls. 914/919 – Anexo 9 – Volume 4);

5.4.1.2 registre-se que as referidas empresas encontram-se, no momento, em pleno

funcionamento, por força de medida liminar, consoante, respectivamente, sentenças exaradas no

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Processo n.º 2009.51.01.028368-8, em trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro e Processo n.º

2009.51.01.012032-5, em trâmite na 12ª Vara Federal do Rio de Janeiro (consulta ao site

www.jfrj.gov.br); e

5.4.1.3 destaque-se, por oportuno, que a Infraero interpôs Ação de Reintegração de Posse em

desfavor dos respectivos concessionários, consoante, respectivamente, Processo n.º

2010.51.01.005439-2, em trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro, e Processo n.º

2009.51.01.020074-6, em trâmite na 12ª Vara Federal do Rio de Janeiro (consulta ao site

www.jfrj.gov.br).

5.4.2 referentemente ao Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa Medise -

Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.:

5.4.2.1 verificou-se que o Ministério Público Federal, apontou, por meio do Procedimento

Administrativo n.º 1.30.012.000622/2005-27, irregularidades e ilegalidades no contrato em questão, o

que ensejou o ajuizamento da Ação Civil Pública n.º 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara

Federal do Rio de Janeiro, conforme transcrição do Ofício CF n.º 591/SBJR (JRCM)/2010, de

9/6/2010, no subitem 4.5.4 desta instrução;

5.4.3 conclui-se relativamente ao Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado com a empresa

Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda., e ao Contrato n.º 02.1999.065.0056, firmado com a empresa

Rio Sport Center Academia Ltda., que as ações adotadas pela concedente são adequadas ao

equacionamento da questão, sendo desnecessário, no momento, propor a adoção de qualquer medida à

Infraero;

5.4.4 conclui-se, ainda, relativamente ao Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa

Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., que as irregularidades e ilegalidades estão sendo

tratadas na Ação Civil Pública n.º 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal do Rio de

Janeiro, cujos autos encontram-se, no momento, no Ministério Público Federal, por motivo de

manifestação, mantendo-se, no entanto, a proposta do subitem 4.5.8.2.1 desta instrução; e

5.4.5 destaque-se, por fim, que a eventual propositura de anulação não parece ser o

direcionamento mais adequado para a referida avença pelos motivos a seguir expostos:

5.4.5.1 no local se encontra em pleno funcionamento um hospital geral, cujo nome de fantasia

é Barra D’or, conforme informações do site http://www.redelabsdor.com.br/barrador/, o que,

certamente, tornaria ainda mais difícil o êxito numa Ação de Reintegração de Posse eventualmente

interposta pela Infraero; e

5.4.5.2 o período de vigência do atual do contrato é de 1/5/1989 a 30/4/2014, não podendo

mais ser prorrogado, sendo o histórico dos resultados da Infraero com rescisões unilaterais ou, até

mesmo, não prorrogações contratuais, extremamente desfavoráveis à entidade, haja vista a prolação de

muitas decisões na Justiça Federal do Rio de Janeiro contrárias aos interesses da entidade, as quais

garantem ao concessionário a manutenção da área até a decisão definitiva da questão, favorecendo, na

prática, o concessionário, que, em alguns casos pontuais, sequer efetua o pagamento.

5.4.6 citem-se, como exemplos, os contratos abaixo relacionados, onde os concessionários

permanecem ocupando as respectivas áreas, realizando, no entanto, os respectivos pagamentos:

5.4.6.1 Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon Estúdios

Cinematográficos Ltda., e Contrato n.º 02.1999.065.0056, firmado com a empresa Rio Sport Center

Academia Ltda., rescindidos pela Infraero atendendo recomendação do Ministério Público Federal,

conforme relatado no subitem 5.4.1 desta instrução; e

5.4.6.2 Contrato n.º 02.1995.065.0031, firmado com a empresa Eiffel Comércio Automotivo

Ltda., e Contrato n.º 02.1999.065.0025, firmado com a empresa Barrafor Veículos Ltda., não

renovados pela Infraero devido à constatação de irregularidades durante a concessão, conforme

relatado nos subitens 4.1.3.7 e 4.2.3.6 desta instrução.

5.4.7 propõe-se, desta forma, o seguinte:

5.4.7.1 determinar à Infraero que:

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5.4.7.1.1 adote, tempestivamente, todas as medidas necessárias para realização de

procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da

impossibilidade de prorrogação do contrato em questão, informando, ainda, ao mesmo o prazo para

desocupação da área, conforme proposto no subitem 4.5.8.2.1 desta instrução.

5.4.7.2 determinar a Secex/RJ que:

5.4.7.2.1 encaminhe cópia do relatório, do voto e do acórdão que vier a ser adotado ao Exmo.

Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, Dr. Edson Abdon Peixoto Filho, tendo em vista

a propositura de Ação Civil Pública n.º 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal do Rio de

Janeiro, versando sobre irregularidades e ilegalidades na execução do Contrato n.º 2.89.65.005-4,

firmado entre a Infraero e a empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.

5.5 ausência de pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU por parte de

determinados concessionários, amparados por decisão judicial:

5.5.1 verificou-se que determinados concessionários, amparados por decisão judicial, não

estão recolhendo o Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU devido à Prefeitura do Rio de Janeiro,

relativamente à área concedida, por se tratar de imóvel público;

5.5.2 informou-se, em reunião realizada na Secex/RJ, em 10/6/2010, que a questão vem

sendo acompanhada pela Procuradoria Jurídica da Infraero, estando a jurisprudência do tema ainda não

consolidada, motivo pelo qual a Infraero não faz constar na estimativa de preço do valor da concessão

o imposto eventualmente não recolhido, o que, em tese, representa uma vantagem competitiva para

concessionário;

5.5.3 registre-se que, em todos os instrumentos contratuais relativos à concessão de área de

uso, há previsão expressa acerca da responsabilidade do concessionário pelos impostos, taxas,

contribuições e demais tributos incidentes sobre a área; e

5.5.4 conclui-se, desta forma, que as ações adotadas, atualmente, pela concedente são

adequadas para minimizar eventuais problemas que possam surgir, decorrentes da ausência de

pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU por determinados concessionários,

amparados por decisão judicial, sendo desnecessário, no momento, propor a adoção de qualquer

medida à Infraero.

Conclusão

6. O prazo contratual de concessão de uso de áreas aeroportuárias, com investimentos, é

limitado, de uma maneira geral, a 240 (duzentos e quarenta) meses, podendo, em casos especiais,

atingir 300 (trezentos) meses, desde que previsto no instrumento convocatório e no correspondente

contrato, devendo, no último caso, ser justificado e autorizado pelo Conselho de Administração ou, por

delegação, pela Diretoria Executiva da Infraero, segundo a natureza e as características específicas da

atividade a ser desenvolvida, conforme disposto no art. 14, do Regulamento de Licitações e Contratos

da Infraero (Portaria Normativa n.º 935/MD, de 26/6/2009, do Ministro de Estado da Defesa).

7. O Aeroporto de Jacarepaguá, localizado no bairro da Barra da Tijuca, área extremamente

valorizada do Município do Rio de Janeiro, é destinado, basicamente, à aviação executiva, tendo,

portanto, uma área construída bem menor que a dos outros aeródromos da cidade, Aeroporto do

Galeão, localizado no bairro da Ilha do Governador, e Aeroporto Santos Dumont, localizado no bairro

do Centro, dispondo, em sua área interna, de pequenas lojas, restaurantes e lanchonetes, jornaleiros,

hangares, serviços de taxi comum e especial, dentre outros, e, em sua área externa, localizada na

importante e movimentada Avenida Ayrton Senna, diversos tipos de estabelecimento, todos, de grande

porte.

8. Registre-se, inicialmente, que o Aeroporto de Jacarepaguá tem, no momento, o seguinte

quantitativo de contratos de concessão de uso:

8.1 81 (oitenta e um) contratos na situação “normal”, onde não existem pendências;

8.2 7 (sete) contratos na situação “em ação judicial”, onde os boletos de pagamento são

gerados no sistema, mas, no entanto, não liberados para pagamento, não gerando, por conseguinte,

receita; e

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8.3 15 (quinze) contratos na situação “ocupação por liminar”, onde os boletos de pagamento

são gerados no sistema e liberados para pagamento, gerando, por conseguinte, receita.

9. Repise-se, por oportuno, que o objetivo desta inspeção foi obter documentos, informações

e esclarecimentos necessários à conclusão do monitoramento das determinações contidas no Acórdão

n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário e no Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário, cujas conclusões

estão a seguir elencadas:

9.1 referentemente as determinações do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:

9.1.1 subitem 9.6.1, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:

9.1.1.1 considerar parcialmente atendida a determinação em questão, haja vista as conclusões

dos subitens 4.5.5, 4.5.6 e 4.5.7 desta instrução.

9.1.2 subitem 9.6.2, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:

9.1.2.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista a conclusão do subitem

4.1.1.2.1 da instrução anterior, in verbis (fls. 588/595 – Volume 2):

“4.1.1.2.1. não se encaminharam quaisquer informações adicionais tendo em vista que a

determinação em exame não ensejava ações imediatas da Infraero já que o Contrato n.º

02.1989.065.0005, firmado entre a Infraero e a empresa Medise – Medicina, Diagnóstico e Serviços

Ltda. somente terá a vigência expirada em 30/4/2014.”

9.1.1.2 determinar à Infraero a adoção da medida proposta no subitem 4.5.8.2.1 desta

instrução.

9.1.3 subitem 9.6.3, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:

9.1.3.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista a conclusão do subitem

4.1.1.3 da instrução anterior, in verbis (fls. 588/595 – Volume 2):

“4.1.1.3.1. encaminhou-se, por meio do expediente CF n.º 21.626/PRAI/2008, de 10/9/2008, 2

(duas) planilhas contendo informações dos contratos de concessão de uso de áreas pertencentes ao

Aeroporto de Jacarepaguá (fls. 354 – Volume 1/463 – Volume 2);

4.1.1.3.2.encaminhou-se, ainda, posteriormente, por meio do expediente CF n.º 31/SBJR/2009,

de 15/1/2009, 1 (uma) planilha, atualizada, dos contratos de concessão de uso de áreas pertencentes

ao Aeroporto de Jacarepaguá, identificado os contratos de interveniência (fls. 526/535 – Volume 2); e

4.1.1.3.2. registre-se que esta Corte de Contas considerou atendida a presente determinação,

por meio do subitem 9.3, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário.”

9.1.4 subitem 9.6.4, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:

9.1.4.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista as conclusões do subitem

4.1.3 desta instrução, destacando-se, no entanto, o novo entendimento dado ao assunto, por meio do

subitem 9.4.1, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário.

9.2 referentemente as determinações do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:

9.2.1 subitem 9.4.1, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:

9.2.1.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista as conclusões do subitem

4.1.3 desta instrução.

9.2.2 subitem 9.4.2, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:

9.2.2.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista as conclusões do subitem

4.2.3 desta instrução.

9.2.3 subitem 9.4.3, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:

9.2.3.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista o encaminhamento, por meio

do expediente CF n.º 29.948/PRAI/2008, de 4/12/2008, do expediente, anexo, CF n.º 1.383/SBJR

(JRCM)/2008, de 27/11/2008, contendo as informações requeridas, consoante relatado no subitem

4.1.2.3 da instrução anterior (fls. 588/595 – Volume 2).

10. Registre-se, ainda, que o Voto do Exmo. Ministro Relator, Raimundo Carneiro, que

alicerçou o Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário, destacou que os contratos abaixo relacionados,

devido as suas vigências elásticas, que ultrapassam o ano de 2030, deveriam ser objeto de análise por

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parte desta Corte de Contas, tendo sido, portanto, expedida determinação específica à Secex/RJ, por

meio do subitem 9.5.2, do referido acórdão:

10.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0028, firmado com a empresa Alpar

Alternativa Participações Ltda.:

10.1.1 verificou-se que o contrato foi rescindido unilateralmente pela Infraero, devido ao

descumprimento, pelo concessionário, de condições contratuais, conforme relatado no subitem 4.3.5.1

desta instrução, sendo desnecessário, portanto, expedir qualquer determinação ou alerta à Infraero.

10.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária

Infrabarra Ltda., antigo Consórcio Alpar - R2:

10.2.1 verificou-se que o prazo contratual, previsto no edital da Concorrência Pública n.º

025/SRRJ(NERJ)/1996-JR, foi prorrogado antes do início da operação da empresa devido a problemas

na obtenção das licenças ambientais, conforme relatado no subitem 4.3.5.2 desta instrução; e

10.2.2 propõe-se, desta forma, determinar à Infraero a adoção das medidas previstas no

subitem 4.3.6.2.1 desta instrução.

10.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema

2000 Banco Imobiliário Ltda.:

10.3.1 verificou-se que o prazo contratual, previsto no edital da Concorrência Pública n.º

022/SRRJ(NERJ)/1996-JR, foi prorrogado antes do início da operação da empresa devido a problemas

na obtenção das licenças ambientais, conforme relatado no subitem 4.3.5.3 desta instrução; e

10.3.2 propõe-se, desta forma, determinar à Infraero a adoção das medidas previstas no

subitem 4.3.6.3.1 desta instrução.

11. Consigne-se, ainda, que o Voto do Exmo. Ministro Relator, Raimundo Carneiro, que

alicerçou o Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário, destacou que a fundamentação legal dos

contratos abaixo relacionados deveria ser objeto de análise por parte desta Corte de Contas, tendo sido

expedida, portanto, determinação específica à Secex/RJ, por meio do subitem 9.5.2, do referido

acórdão:

11.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly

Cultural Serviços Ltda.:

11.1.1 o contrato foi assinado em 1/11/1988 com a empresa Milly Veículos Peças e Serviços

Ltda., tendo sido verificado irregularidades na concessão como um todo, bem como na fundamentação

legal, inaplicável ao presente caso, tendo em vista se tratar de normativo interno da Infraero, subitem

11.2, alínea “b”, da Circular Normativa n.º 13.07/A (CIN), de 4/5/1988, revogada em 4/5/1998,

conforme relatado no subitem 4.4.5.1.1 desta instrução, o que poderia ensejar propositura de anulação,

a qual não se entende ser o direcionamento mais adequado para a referida avença pelos motivos a

seguir expostos:

11.1.1.1 no local encontra-se em pleno funcionamento um colégio, cujo nome de fantasia é

Colégio CEC Barra, conforme informações do site http://www.cec.g12.br/, o que, certamente, tornaria

ainda mais difícil o êxito numa Ação de Reintegração de Posse eventualmente interposta pela Infraero;

e

11.1.1.2 o período de vigência atual do contrato é de 1/1/1989 a 31/3/2013, não podendo mais

ser prorrogado, sendo o histórico dos resultados da Infraero com rescisões unilaterais ou, até mesmo,

não prorrogações contratuais, extremamente desfavoráveis à entidade, haja vista a prolação de muitas

decisões na Justiça Federal do Rio de Janeiro contrárias aos interesses da entidade, as quais garantem

ao concessionário a manutenção da área até a decisão definitiva da questão, favorecendo, na prática, o

concessionário, que, em alguns casos, sequer efetua o pagamento.

11.1.2 citem-se, como exemplos, os contratos relacionados no subitem 5.4.6 desta instrução;

11.1.3 propõe-se, desta forma, determinar à Infraero a adoção das medidas previstas no

subitem 4.4.6.1.1.1 desta instrução.

11.2 relativamente ao Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon

Estúdios Cinematográficos Ltda.:

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450

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11.2.1 o contrato foi assinado, inicialmente, em 1/10/1990 com a empresa Tycoon Estúdios

Cinematográficos Ltda., tendo sido verificado irregularidades na concessão como um todo, bem como

na fundamentação legal, inaplicável ao presente caso, tendo em vista se tratar de documento interno da

Infraero, CF CIRC n.º 955/DC(DCCO), de 11/3/1991, o que poderia ensejar propositura de anulação, a

qual não se entende, novamente, ser o direcionamento mais adequado para a referida avença, haja vista

o contrato ter sido rescindido unilateralmente, atendendo à recomendação do Ministério Público

Federal, tendo a concessionária, no entanto, obtido, judicialmente, a manutenção da área até a decisão

definitiva da questão, conforme relatado no subitem 4.4.5.2 desta instrução; e

11.2.2 propõe-se, desta forma, determinar à Infraero a adoção das medidas previstas no

subitem 4.4.6.2.1 desta instrução.

11.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR

Comércio e Participação Ltda.:

11.3.1 o contrato foi assinado em 5/7/1989 com a empresa WNR Comércio e Participação

Ltda., tendo sido verificado irregularidades na concessão como um todo, bem como na fundamentação

legal, inaplicável ao presente caso, Medida Provisória n.º 1.561, de 19/12/1996, convertida na Lei n.º

9.469, de 10/7/1997, que dispõe sobre assunto absolutamente estranho ao tema Licitações e Contratos

Administrativos, conforme relatado no subitem 4.4.5.3 desta instrução, o que poderia ensejar

propositura de anulação, a qual não se entende ser o direcionamento mais adequado para a referida

avença pelos motivos a seguir expostos:

11.3.1.1 no local encontra-se em pleno funcionamento um restaurante, do tipo churrascaria,

cujo nome de fantasia é Rio/Brasa, conforme informações do site http://www.riobrasa.com.br/; e

11.3.1.2 o período de vigência atual do contrato é de 1/6/1997 a 31/5/2012, podendo ser

prorrogado ou não, a critério das partes, sendo o histórico dos resultados da Infraero com rescisões

unilaterais ou, até mesmo, não prorrogações contratuais, extremamente desfavoráveis à entidade, haja

vista a prolação de muitas decisões na Justiça Federal do Rio de Janeiro contrárias aos interesses da

entidade, as quais garantem ao concessionário a manutenção da área até a decisão definitiva da

questão, favorecendo, na prática, o concessionário, que, em alguns casos, sequer efetua o pagamento.

11.3.2 citem-se, como exemplos, novamente, os contratos relacionados no subitem 5.4.6 desta

instrução; e

11.3.3 propõe-se, desta forma, determinar à Infraero a adoção das medidas previstas no

subitem 4.4.6.3.1 desta instrução.

12. Destaque-se, ainda, em relação ao Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa

Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., que, em que pese a verificação de irregularidades e

ilegalidades pelo Ministério Público Federal, as quais estão sendo apuradas na Ação Civil Pública n.º

2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro, não se propõe a anulação do

referido ajuste pelos motivos anteriormente expostos, os quais foram relatados no subitem 5.4.5 desta

instrução.

13. Entende-se, ainda, que, na hipótese desta Corte de Contas deliberar, em outra ocasião, pela

realização de auditoria nos contratos de concessão de área de uso do Aeroporto de Jacarepaguá, sejam

priorizados os contratos comerciais, em detrimento dos operacionais, que são afetos à atividade fim da

Infraero (hangares, por exemplo), já que aqueles lotes estão localizados na Avenida Ayrton Senna, e,

devido ao alto valor comercial dos mesmos, certamente, terão seus valores de concessão

potencializados pelos altos investimentos a serem realizados por conta das Olimpíadas de 2016, a qual

será realizada na cidade do Rio de Janeiro, sendo o bairro da Barra da Tijuca o maior polo de

concentração das chamadas “arenas esportivas”, muitas das quais “herdadas” do Pan Americano de

2007, quais sejam:

13.1 Lote 105, com área de 9.530 m2

(nove mil, quinhentos e trinta metros quadrados),

atualmente desocupada, tendo em vista a rescisão do Contrato nº 02.1997.065.0028, firmado com a

empresa Alpar Alternativa Participações Ltda.;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.2 Lote 104, com área de 29.182 m2

(vinte e nove mil, cento e oitenta e dois metros

quadrados), atualmente ocupada por empresa do ramo de decoração, de nome de fantasia Etna,

decorrente do Contrato n.º 02.19997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000 Banco

Imobiliário Ltda.;

13.3 Lote 103, com área de 30.065 m2

(trinta mil e sessenta e cinco metros quadrados),

atualmente ocupada por um centro comercial, de nome de fantasia Barra Express, decorrente do

Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a empresa Concessionária Infrabarra Ltda.;

13.4 Lote 102, com área de 14.024 m2

(quatorze mil e vinte e quatro metros quadrados),

atualmente ocupada por uma concessionária de veículos da bandeira Renault, decorrente do Contrato

n.º 02.1995.065.0031, firmado com a empresa Eiffel Comércio Automotivo Ltda.;

13.5 Lote 101, com área de 17.306 m2

(dezessete mil, trezentos e seis metros quadrados),

atualmente ocupada por um hospital geral, decorrente do Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a

empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.;

13.6 Lote 100, com área de 31.834 m2

(trinta e um mil, oitocentos e trinta e quatro metros

quadrados), atualmente ocupada por uma concessionária de veículos da bandeira Volkswagen,

decorrente do Contrato n.º 02.1998.065.0025, firmado com a empresa Disbarra Distribuidora Barra

de Veículos;

13.7 Lote 99, com área de 13.005 m2

(treze mil e cinco metros quadrados), atualmente

desocupada, anteriormente ocupada por uma serraria, decorrente do Contrato n.º 02.1996.065.0041,

firmado com a empresa Serraria Jacundá Comércio e Indústria Ltda., cuja área foi reintegrada

liminarmente em 2005, estando pendente, até o presente momento, de sentença definitiva;

13.8 Lote 98, com área de 14.644 m2

(quatorze mil, seiscentos e quarenta e quatro reais metros

quadrados), atualmente ocupada por um estúdio, decorrente do Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado

com a empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda.;

13.9 Lote 97, com área de 28.831 m2

(vinte e oito mil, oitocentos e trinta e um metros

quadrados), atualmente ocupada por uma academia de esportes, decorrente do Contrato n.º

02.1999.065.0056, firmado com a empresa Rio Sport Center Academia Ltda.;

13.10 Lote 96, com área de 6.597 m2

(seis mil, quinhentos e noventa e sete metros quadrados),

atualmente ocupada por uma churrascaria, de nome de fantasia Barra Brasa, decorrente do Contrato n.º

02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR Comércio e Participação Ltda.;

13.11 Lote 95, com área de 25.791 m2

(vinte e cinco mil, setecentos e noventa e um metros

quadrados), atualmente ocupada por uma concessionária de veículos da bandeira Ford, decorrente do

Contrato n.º 02.1999.065.0025, firmado com a empresa Barrafor Veículos Ltda.;

13.12 Lote 94, com área de 5.624 m2

(cinco mil, seiscentos e vinte e quatro metros

quadrados), atualmente ocupada por um posto de gasolina, da bandeira Petrobras, decorrente do

Contrato n.º 02.2008.065.0004, firmado com a empresa Petrobras Distribuidora S.A.; e

13.13 Lote 93, com área de 7.022 m2

(sete mil e vinte e dois metros quadrados), atualmente

ocupada por um colégio, de nome de fantasia CEC, decorrente do Contrato nº 02.1988.065.0020,

firmado com a empresa Milly Cultural Serviços Ltda.

14. Propõe-se, por fim, que seja encaminhada cópia do relatório, do voto e do acórdão que

vier a ser adotado ao Exmo. Promotor de Justiça junto à 12ª Vara de Fazenda Pública da Capital, Dr.

Eduardo Slerca, tendo em vista o encaminhamento de documentação versando sobre supostas

irregularidades em diversos contratos de concessão de uso de imóvel da Infraero, dentre os quais,

Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.,

que acabou por resultar na presente Representação.

Proposta de Encaminhamento

15. Ante ao acima exposto, elevam-se os autos a consideração superior propondo:

15.1 considerar parcialmente atendidas pela Infraero as seguintes determinações:

15.1.1 referentemente ao Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

15.1.1.1 considerar parcialmente atendida a determinação contida no subitem 9.6.1, tendo em

vista a conclusão do subitem 9.1.1 desta instrução;

15.1.1.2 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.6.2, tendo em vista a

conclusão do subitem 9.1.2 desta instrução;

15.1.1.3 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.6.3, tendo em vista a

conclusão do subitem 9.1.3 desta instrução; e

15.1.1.4 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.6.4, tendo em vista a

conclusão do subitem 9.1.4 desta instrução.

15.1.2 referentemente ao Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:

15.1.2.1 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.4.1, tendo em vista a

conclusão do subitem 9.2.1 desta instrução;

15.1.2.2 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.4.2, tendo em vista a

conclusão do subitem 9.2.2 desta instrução; e

15.1.2.3 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.4.3, tendo em vista a

conclusão do subitem 9.2.3 desta instrução.

15.2 considerar atendida pela Secex/RJ as seguintes determinações:

15.2.1 referentemente ao Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:

15.2.1.1 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.7.

15.2.2 referentemente ao Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:

15.2.2.1 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.5.

15.3 determinar à Infraero que:

15.3.1 relativamente ao Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa Medise -

Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., tendo em vista a conclusão do subitem 12 e a análise do

subitem 4.5 desta instrução:

15.3.1.1 adote, tempestivamente, todas as medidas necessárias para realização de

procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da

impossibilidade de prorrogação do contrato em questão, informando, ainda, ao mesmo o prazo para

desocupação da área.

15.3.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a empresa

Concessionária Infrabarra Ltda., antigo Consórcio Alpar - R2, tendo em vista a conclusão do subitem

10.2 e a análise do subitem 4.3 desta instrução:

15.3.2.1 caso opte pela renovação contratual, nos termos do subitem 11.2, do edital da

Concorrência Pública n.º 025/SRRJ(NERJ)/1996-JR, c/c a Cláusula Primeira do Termo Aditivo n.º

017.98 (III)/0065 – Primeiro Aditamento ao Contrato nº 02.1997.065.0024, registre nos autos que a

solução adotada é vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados efetuados pela

concedente, que reflitam a situação do mercado local, diante da possibilidade de se realizar

procedimento licitatório; e

15.3.2.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o

concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo

para desocupação da área.

15.3.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema

2000 Banco Imobiliário Ltda., tendo em vista a conclusão do subitem 10.3 e a análise do subitem 4.3

desta instrução:

15.3.3.1 caso opte pela renovação contratual, nos termos do subitem 11.2, do edital da

Concorrência Pública n.º 022/SRRJ(NERJ)/1996-JR, c/c o T.A n.º 031.2004.(III)/0065 e T.A n.º

014.2007(III)/0065, registre nos autos que a solução adotada foi mais vantajosa economicamente, com

base em estudos pormenorizados efetuados pela concedente, que reflitam a situação do mercado local,

diante da possibilidade de se realizar procedimento licitatório; e

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

15.3.3.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o

concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo

para desocupação da área.

15.3.4 relativamente ao Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly

Cultural Serviços Ltda., tendo em vista a conclusão do subitem 11.1 e a análise do subitem 4.4 desta

instrução:

15.3.4.1 adote, tempestivamente, todas as medidas necessárias para realização de

procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da

impossibilidade de prorrogação do contrato em questão, informando, ainda, ao mesmo o prazo para

desocupação da área.

15.3.5 relativamente ao Contrato n.º 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon

Estúdios Cinematográficos Ltda.:

15.3.5.1 adote as medidas legais cabíveis para regularizar a concessão de uso do Lote 98 do

Aeroporto de Jacarepaguá, atualmente ocupado pela empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos

Ltda., quando prolatada sentença de mérito transitada em julgado nos Processos n.ºs

2009.51.01.028368-8 e 2010.51.01.005439-2, ambos em trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de

Janeiro, conforme relatado no subitem 4.4.5.2 desta instrução.

15.3.6 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR

Comércio e Participação Ltda., tendo em vista a conclusão do subitem 11.3 e a análise do subitem 4.4

desta instrução:

15.3.6.1 caso opte pela renovação contratual, registre nos autos que a solução adotada é

vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados efetuados pela concedente, que

reflitam a situação do mercado local, diante da possibilidade de se realizar procedimento licitatório; e

15.3.5.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o

concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo

para desocupação da área.

15.4 determinar à Secex/RJ que:

15.4.1 encaminhe cópia do relatório, do voto e do acórdão que vier a ser adotado ao Exmo

Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, Dr. Edson Abdon Peixoto Filho, tendo em vista

a propositura de Ação Civil Pública n.º 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal do Rio de

Janeiro, versando sobre irregularidades e ilegalidades na execução do Contrato n.º 2.89.65.005-4,

firmado entre a Infraero e a empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.;

15.4.2 encaminhe cópia do relatório, do voto e do acórdão que vier a ser adotado ao Exmo

Promotor de Justiça junto a 12ª Vara de Fazenda Pública da Capital, Dr. Eduardo Slerca, tendo em

vista o encaminhamento de documentação versando sobre supostas irregularidades em diversos

contratos de concessão de uso de imóvel da Infraero, dentre os quais, o Contrato n.º 2.89.65.005-4,

firmado com a empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.; e

15.4.3 encaminhe cópia do relatório, do voto e do acórdão que vier a ser adotado ao Exmo.

Juiz Titular da 16ª Vara Federal do Rio de Janeiro e ao Conselho Nacional de Justiça, haja vista a

existência do Processo n.º 2003.51.01.005138-6, que versa sobre o Contrato n.º 02.1996.065.0041,

firmado entre a Infraero e a empresa Serraria Jacundá Comércio e Indústria de Madeira Ltda., tendo

em vista a considerável perda de receita por parte da Infraero, estimada, no período de 2005 a 2010,

em, no mínimo, R$ 7.911.400,00 (sete milhões, novecentos e onze mil, e quatrocentos reais), já que a

área não se encontra liberada para instauração de procedimento licitatório, além de não gerar receita,

pois o atual concessionário não efetua qualquer pagamento.

15.5 arquivar os presentes autos, nos termos do art. 169, inciso IV, do RI/TCU.”

3. O Gerente de Divisão da 2ª DT assim se manifestou acerca da matéria (peça 82):

“(...) Estou de acordo com essas proposições. Cabe registrar ainda que, da análise da

documentação acostada aos autos e da subtração de informações fruto de reuniões realizadas com

gestores da área, a conduta da administração atual da Infraero nos parece sinalizar para a busca de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

correção de rumo dessas concessões de uso de áreas adjacentes ao Aeroporto de Jacarepaguá, seja com

relação aos contratos em curso, seja no tocante as novas áreas que estão sendo preparadas para serem

licitadas, mormente se analisarmos os atos praticados por administradores á época das concessões,

muitos deles que poderiam, inclusive, resultar em questionamentos, mas que, devido ao decurso do

tempo e a carência de legislação específica, entende-se carecer de oportunidade e conveniência trazer

essas questões vintenárias à discussão.

Por fim sugere-se, em acréscimo às proposições efetuadas pelo Sr. Auditor, recomendar à

Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero que análise a conveniência e a

oportunidade de se realizar estudos detalhados nos valores praticados nos contratos de concessão de

uso em vigor - Aeroporto de Jacarepaguá, tendo em vista o tempo decorrido, a forma de condução das

negociações efetuadas no passado, a materialidade envolvida e o tempo restante de contratação, vis-à-

vis a possibilidade de se buscar repactuar esses contratos, a exemplo da iniciativa observada

recentemente de celebração de aditivo na contratação que envolve a empresa concessionária Medise –

Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda. (Hospital Barra D’Or).”

4. O titular da unidade técnica se posicionou favoravelmente às conclusões da instrução, com o

acréscimo sugerido pelo Gerente de Divisão (peça 82).

É o relatório.

VOTO

Inicialmente, registro que a determinação à Infraero contida no item 9.6.3 do Acórdão nº

1.181/2008-Plenário foi considerada cumprida pelo Tribunal, conforme consignado no item 9.3 do

Acórdão nº 2.306/2008-Plenário.

2. Por meio dos itens 9.6.4 do Acórdão nº 1.181/2008-Plenário e 9.4.1 do Acórdão nº

2.306/2009-Plenário (acrescido do item 9.4.1.1 pelo Acórdão nº 3.087/2008-Plenário), este Tribunal

determinou à Infraero que não prorrogasse nenhum contrato de concessão de uso de área pertencente

ao Aeroporto de Jacarepaguá, destinada a estabelecimentos comerciais, após o término do último prazo

de prorrogação previsto em cláusula contratual, comando este que não se aplica aos contratos de

concessão celebrados pela Infraero com terceiros, com a interveniência do concessionário principal,

que tenham por objeto a prestação de serviços acessórios e/ou complementares à atividade empresarial

do concessionário principal e sejam instalados no interior da área cedida pela estatal a esse

concessionário.

3. Os documentos acostados aos autos demonstram que a Infraero atendeu este Tribunal ao

renovar somente os contratos que previam, em cláusula contratual inicial, a possibilidade de

prorrogação de prazo, com vistas a preservar o equilíbrio originalmente acordados entre as partes, a

saber: Banco Bradesco S/A (Contrato nº 02.2003.065.0002), Cooperativa Ouro Táxi Ltda. (Contrato nº

02.2003.065.0005), Cremonini Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. ME (Contrato nº

02.2003.065.0006), Banco ABN Amro Real (Contrato nº 02.2003.065.00064), Disbarra Distribuidora

Barra de Veículos Ltda. (Contrato nº 02.1998.065.0025) e Aeromil Táxi Aéreo Ltda. (Contrato nº

02.2008.065.0002).

4. Quanto à determinação à Infraero para que notificasse os contratantes não amparados pelo

art. 40 da Lei nº 7.565/86 e art. 1º da Lei nº 5.332/67 acerca da impossibilidade de prorrogação

contratual após o término do último prazo de prorrogação previsto nos respectivos ajustes (item 9.4.2

do Acórdão nº 2.306/2008-Plenário), verifico que a estatal comprovou ter notificado os seguintes

contratantes, não amparados pela legislação acima citada, sobre esse fato: Banco Bradesco S/A,

Cooperativa Ouro Táxi Ltda., Cremonini Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. ME, Banco ABN

Amro Real, Disbarra Distribuidora Barra de Veículos Ltda., Barrafor Veículos Ltda., Aeromil Táxi

Aéreo Ltda., Eiffel Comércio Automotivo Ltda. e Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda. Assim,

considero cumprido o item 9.4.2 do Acórdão nº 2.306/2008-Plenário.

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455

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5. A Infraero também atendeu o disposto no item 9.4.3 do Acórdão nº 2.306/2008-Plenário

quando encaminhou a este Tribunal as informações requeridas sobre as “facilidades de

telecomunicações”, referentes aos contratos firmados com a Embratel – Empresa Brasileira de

Telecomunicações S/A, Telemar Norte Leste S/A, Tim Celular S/A, TNL PCS S/A e Pointer Network

S/A, com fundamento no art. 73 da Lei nº 9.472/97 (fls. 485/487 - v. 2).

6. Sobre a determinação à Secex/RJ para que analisasse seis contratos firmados pela Infraero

(item 9.5.2 do Acórdão nº 2.306/2008-Plenário), constato o seguinte:

a) Contrato nº 02.1997.065.0028, firmado com a empresa Alpar Alternativa Participações

Ltda.: foi rescindido e a área desocupada e restituída à Infraero;

b) Contrato nº 02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária Infrabarra Ltda. (antigo

Consórcio Alpar-R2): a concessionária não implantou o empreendimento dentro do prazo de obras

previsto no contrato, face às dificuldades enfrentadas para obter as licenças ambientais necessárias. A

Infraero prorrogou a sua vigência até 31/12/2016, mantendo o prazo de reversão das benfeitorias

inicialmente acordado (31/12/2011);

c) Contrato nº 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000 Banco Imobiliário

Ltda.: a concessionária não implantou o empreendimento dentro do prazo de obras previsto no

contrato, face às dificuldades enfrentadas para obter as licenças ambientais necessárias. Neste caso a

Infraero ajuizou uma ação de reintegração de posse, que resultou em acordo restabelecendo os prazos

de vigência contratual e de amortização de investimentos previstos no edital de licitação (T. A. nº

014.2007-III/0065);

d) Contrato nº 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly Cultural Serviços Ltda.: a

avença expira em 31/3/2013 e não pode ser mais prorrogada;

e) Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos

Ltda.: o Ministério Público Federal recomendou a rescisão do contrato, e assim procedeu a Infraero. A

concessionária obteve liminar determinando à estatal que se abstivesse de praticar qualquer ato

referente à área cedida por meio do contrato em questão (Processo nº 2009.51.01.028368-8). A

Infraero ajuizou uma ação de reintegração de posse (Processo nº 2010.51.01.005439-2), em

tramitação;

f) Contrato nº 02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR Comércio e Participação

Ltda.: contrato assinado em 1989 e considerado nulo em 1990 pela Infraero, diante de irregularidades

identificadas em auditoria realizada pela Secretaria de Finanças do Ministério da Aeronáutica. A

Infraero ajuizou uma ação de integração de posse, julgada improcedente pela 9ª Vara Federal do Rio

de Janeiro em 1995, sentença mantida em 1997 pelo TRF – 2ª Região. Em 1/6/1997 foi assinado o

contrato vigente, pelo prazo de 180 meses, prorrogável, a critério da estatal, por até três períodos de 60

meses.

7. Diante das situações particulares encontradas durante o monitoramento dos contratos acima

citados, acolho as determinações sugeridas à Infraero pela unidade técnica, apresentadas no relatório

precedente, que podem assim serem resumidas:

- Contratos nº 02.1997.065.0024, 02.1997.065.0023 e 02.1997.065.0038: caso a estatal opte

pela renovação, nos termos previstos nos respectivos contratos, registre nos autos que a solução

adotada é vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados, efetuados pela

concedente, que reflitam a situação do mercado local. Caso opte pela realização de procedimento

licitatório, notifique tempestivamente o concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do

referido contrato, cientificando-o do prazo para a desocupação da área;

- Contrato nº 02.1998.065.0020: adote tempestivamente as medidas necessárias para realização

de procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca

da impossibilidade de prorrogação do contrato em questão e sobre o prazo para a desocupação da área;

- Contrato nº 02.1995.065.0036: adote as medidas legais cabíveis para regularizar a concessão

de uso da área objeto da avença, quando prolatada sentença com trânsito em julgado nos Processos nº

2009.51.01.028368-8 e 2010.51.01.005439-2, em trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro.

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456

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

8. Sobre a determinação à Infraero para adequar o objeto do Contrato nº 2.89.65.005-4, firmado

com a empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., à real destinação dada à área (item

9.6.1 do Acórdão nº 1.181/2008-Plenário), observo que foi parcialmente atendida quando a estatal

incluiu no objeto contratual a implantação de um hospital destinado ao atendimento do público em

geral (Cláusula Primeira do Termo Aditivo nº 062.2008 (III)/0065). Entretanto, o citado termo aditivo,

com a justificativa de resguardar a fidelidade da destinação da área estabelecida no instrumento

original, manteve as atividades inicialmente previstas no contrato, muito embora não tenham sido

executadas pelo concessionário até o momento.

9. Como a vigência desse contrato expira em 30/4/2014, sem possibilidade de prorrogação,

penso que reiterar a determinação para que a Infraero proceda à adequação do instrumento contratual à

real destinação da área (somente hospital geral) é uma medida que poderia resultar em eventual

questionamento por parte do atual concessionário. Há que se destacar o histórico extremamente

desfavorável à Infraero no tocante a disputas judiciais envolvendo contratos de cessão de áreas no

aeroporto em tela, as quais muitas vezes garantem ao concessionário a manutenção da área até a

decisão definitiva da questão. Dessa forma, considerando que a atividade efetivamente exercida na

área cedida foi acrescida ao contrato original mediante termo aditivo, a unidade técnica propõe

determinação à Infraero para que adote as medidas necessárias para realização de procedimento

licitatório destinado a conceder a referida área, ante a impossibilidade de prorrogação do contrato em

questão. No entanto, deixo de acolher a determinação sugerida, uma vez que o item 9.6.2 do Acórdão

nº 1.181/2008-Plenário contempla essa providência.

10. Registro que, a fim de obter documentos, informações e esclarecimentos necessários à

conclusão do monitoramento das determinações contidas nos Acórdãos nº 1.181/2008 e 2.306/2008-

Plenário, a unidade técnica realizou uma inspeção na Infraero, Aeroporto de Jacarepaguá. Na

oportunidade, identificou 22 processos judiciais, referentes a contratos de concessão de uso de áreas no

aeroporto, onde a estatal figura como (fl. 1337 - anexo 9). Dentre esses, a unidade técnica destacou o

de nº 02.1996.065.0041, que se refere à área ocupada pela antiga Serraria Jacundá, atualmente

desativada e abandonada. Apesar de ter sido reintegrada liminarmente à Infraero em 2005, até hoje não

houve a prolação da sentença definitiva, o que impede a realização de procedimento licitatório,

gerando um prejuízo estimado, entre janeiro/2005 a dezembro/2010, de R$ 7,9 milhões em valores não

atualizados, sem contar a parte variável que incide sobre o faturamento bruto do concessionário

(Processo nº 2003.51.01.005138-6, em trâmite na 16ª Vara Federal do Rio de Janeiro).

11. Além desse contrato firmado com a Serraria Jacundá, outras seis avenças também são

objeto de ações judiciais e não geram receita para a Infraero, a saber: Contratos nº 02.2002.065.0011,

02.2001.065.0009, 02.1998.065.0018, 02.1997.065.0045, 02.1998.065.0017 e 02.1999.065.0035. Com

relação aos 15 contratos restantes, constantes da mencionada relação, observo que os contratantes

estão ocupando as áreas em razão de medida cautelar e, em princípio, não há prejuízos ao erário, pois

os boletos de pagamento são normalmente liberados para pagamento, gerando receita para a Infraero.

12. Entendo que a proposta da Secex/RJ de encaminhar cópia do acórdão a ser proferido,

acompanhado do relatório e voto, ao Exmo. Sr. Juiz Titular da Vara Federal do Rio de Janeiro onde

tramita o processo relativo à Serraria Jacundá, bem como ao Conselho Nacional de Justiça, deve ser

estendida aos demais 21 contratos objeto de ações judiciais e relacionados à fl. 1337 - anexo 9.

13. Acrescento, também, determinação à Infraero para que acompanhe atentamente o

desenrolar das ações judiciais envolvendo contratos de concessão de uso de áreas do Aeroporto de

Jacarepaguá, informando a este Tribunal sobre o desfecho de cada uma delas e sobre as providências

adotadas para que a entidade seja ressarcida dos valores que porventura deixaram de ser recolhidos em

razão dessas ações.

14. Por fim, registro que a Secex/RJ abordou um aspecto que considero relevante. O Aeroporto

de Jacarepaguá está localizado no bairro da Barra da Tijuca, área extremamente valorizada do

município do Rio de Janeiro. Destinado basicamente à aviação executiva, tem uma área construída

menor que a dos outros aeroportos da cidade, dispondo em sua área interna de pequenas lojas,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

restaurantes e lanchonetes, jornaleiros, hangares, serviços de táxi comum e especial, dentre outros.

Porém, em sua área externa, localizada na importante e movimentada Avenida Ayrton Senna, possui

diversos lotes de grande porte, destinados a variados tipos de estabelecimentos.

15. Esses lotes, de elevado valor comercial, serão ainda mais valorizados em um futuro

próximo, tendo em vista os grandes investimentos a serem realizados (alguns já iniciados) por conta

das Olimpíadas de 2016 na cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente no bairro da Barra da

Tijuca, que se constituirá no maior pólo de concentração das arenas esportivas a serem utilizadas nos

jogos.

16. Por conseguinte, entendo que este Tribunal deve ficar atento à questão, razão pela qual

proponho, nesta oportunidade, a realização de uma auditoria nos contratos comerciais de concessão de

área de uso do Aeroporto de Jacarepaguá, com o objetivo de verificar, além dos aspectos legais, a

compatibilidade dos valores contratados com aqueles praticados pelo mercado. Nesse sentido, entendo

que a recomendação à Infraero sugerida pelo Gerente de Divisão da Secex/RJ deve ser avaliada após a

realização do referido trabalho.

Com essas observações, acolho o parecer da unidade técnica e Voto no sentido de que o

Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

RAIMUNDO CARREIRO

Relator

ACÓRDÃO Nº 2232/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 020.933/2005-9

1.1. Apensos: 000.675/2007-1; 025.472/2008-7; 027.639/2006-6

2. Grupo I - Classe de Assunto: VII – Representação

3. Interessado: Promotoria de Justiça de Fazenda Pública do Ministério Público do Estado do

Rio de Janeiro

4. Entidade: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero

5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro

6. Representante do Ministério Público: não atuou

7. Unidade Técnica: Secex/RJ

8. Advogados constituídos nos autos: José de Assis Medeiros Neto (OAB/RJ 85104) e outros

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação que, nesta fase processual, tratam

do monitoramento dos Acórdãos nº 1.181/2008-Plenário e 2.306/2008-Plenário.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,

diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar atendidas as determinações contidas nos itens 9.6.2, 9.6.4 e 9.7 do Acórdão nº

1.181/2008-Plenário;

9.2. considerar atendidas as determinações contidas nos itens 9.4.1, 9.4.2, 9.4.3 e 9.5 do

Acórdão nº 2.306/2008-Plenário.

9.3. considerar parcialmente atendida a determinação contida no item 9.6.1 do Acórdão nº

1.181/2008-Plenário;

9.4. determinar à Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero que:

9.4.1. com relação aos Contratos nº 02.1997.065.0024, 02.1997.065.0023 e 02.1997.065.0038,

caso opte pela sua renovação, nos termos previstos nos respectivos contratos, registre nos autos que a

solução adotada é vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados, efetuados pela

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

concedente, que reflitam a situação do mercado local. Caso opte pela realização de novo procedimento

licitatório, notifique tempestivamente o concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do

referido contrato, cientificando-o do prazo para a desocupação da área;

9.4.2. com relação ao Contrato nº 02.1998.065.0020, caso seja de seu interesse, adote

tempestivamente as medidas necessárias para realização de procedimento licitatório destinado a

conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da impossibilidade de prorrogação do

contrato em questão e cientificando-o do prazo para a desocupação da área;

9.4.3. com relação ao Contrato nº 02.1995.065.0036, caso seja de seu interesse, adote as

medidas legais cabíveis para regularizar a concessão de uso da área objeto da avença, quando prolatada

sentença com trânsito em julgado nos Processos nº 2009.51.01.028368-8 e 2010.51.01.005439-2, em

trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro;

9.4.4. acompanhe atentamente o desenrolar das ações judiciais envolvendo contratos de

concessão de uso de áreas do Aeroporto de Jacarepaguá, listadas à fl. 1337 - anexo 9, informando a

este Tribunal sobre o desfecho de cada uma delas e sobre as providências adotadas pela entidade para

o ressarcimento dos valores que deixaram de ser recolhidos à Infraero em razão dessas ações;

9.5. determinar à Secex/RJ que realize auditoria nos contratos comerciais de concessão de área

de uso do Aeroporto de Jacarepaguá, com o objetivo de verificar, além dos aspectos legais, a

compatibilidade dos valores contratados com aqueles praticados pelo mercado;

9.6. encaminhar cópia deste acórdão, relatório e voto:

9.6.1. ao Exmo. Sr. Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro Edson Abdon

Peixoto Filho, tendo em vista a Ação Civil Pública nº 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara

Federal do Rio de Janeiro;

9.6.2. aos Exmos. Srs. Juízes Titulares das Varas Federais do Rio de Janeiro onde tramita cada

um dos 22 (vinte e dois) processos relacionados à fl. 1337 - anexo 9, bem como ao Conselho Nacional

de Justiça;

9.6.3. ao interessado;

9.7. arquivar os presentes autos.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2232-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,

Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa

e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

RAIMUNDO CARREIRO

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO I – CLASSE V – Plenário

TC 006.171/2012-5

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459

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Natureza: Relatório de Auditoria.

Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit/MT.

Responsáveis: Arysson Siqueira Silva (678.235.057-20); Jorge Ernesto Pinto Fraxe

(108.617.424-00); Marcelo Cotrim Borges (866.943.407-53); Rodrigo Antônio Ribeiro Costa

(747.267.907-06); Wanderson Lopes da Silva (452.014.556-20)

Interessado: Congresso Nacional.

Advogado constituído nos autos: não há.

SUMÁRIO: AUDITORIA DE CONFORMIDADE. FISCOBRAS/2012. ADEQUAÇÃO DE

TRECHO DA BR-101/RJ. OBRA CONCLUÍDA. CONTINUIDADE DA ANÁLISE DE

SOBREPREÇO IDENTIFICADO EM CONTRATO NO ÂMBITO DO FISCOBRAS/2009.

AUMENTO DO SOBREPREÇO INICIALMENTE ESTIMADO. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO

DE NOVAS IRREGURIDALIDADES E IMPROPRIDADES. NECESSIDADE DE ATUALIZAÇÃO

DOS PROJETOS BÁSICO E EXECUTIVO NO CASO DA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO

REMANESCENTE. CIÊNCIA AO DNIT. COMUNICAÇÃO À COMISSÃO DO CONGRESSO

NACIONAL. APENSAMENTO AO TC 011.341/2009-1 (FISCOBRAS 2009).

RELATÓRIO

Adoto como Relatório a instrução produzida no âmbito da Secob-2, a qual contou anuência

superior:

“1 - APRESENTAÇÃO O presente trabalho trata da fiscalização das obras do trecho da BR-101/RJ, no subtrecho

compreendido entre Santa Cruz (km 385,8) e Itacurussá (km 411,96) e no acesso ao Porto de Itaguaí,

em continuação aos trabalhos que vêm sendo realizado no trecho desde 2003. A presente auditoria

teve como objetivo, em atendimento ao item 9.13 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário, concluir a

análise iniciada no âmbito do TC 011.341/2009-1 (Fiscobras 2009) do indício de sobrepreço no

Contrato TT 267/2009 e seus aditivos, bem como acompanhar o cumprimento de determinações

exaradas pela Corte de Contas.

Importância socioeconômica As obras para ampliação da capacidade da rodovia BR-101/RJ, inseridas no Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, têm como objetivo adequar o segmento

rodoviário às demandas crescentes de tráfego, oriundas da ampliação das operações no Porto de

Itaguaí, da instalação de grandes empresas na região, do fluxo de turistas que se deslocam para o

litoral sul-fluminense e do crescimento populacional da região.?

Além disso, essa obra se integra ao "Arco Rodoviário do Rio de Janeiro", que conta com a

implantação e a duplicação de trechos de outras rodovias federais, contribuindo para melhorar o

tráfego na BR-101/RJ e no acesso ao Porto de Itaguaí.

2 - INTRODUÇÃO

2.1 - Deliberação que originou o trabalho

Em cumprimento ao Acórdão 367/2012 - Plenário, realizou-se auditoria no Departamento

Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT, no período compreendido entre 2/3/2012 e

10/7/2012.

As razões que motivaram a presente auditoria foram: i) a existência de contratos (Contrato TT

227/2006 e Contrato TT 267/2009) classificados como Irregularidades Graves com Retenção Cautelar

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460

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(IG-R) em fiscalizações anteriores e ii) o cumprimento da determinação contida no item 9.13 do

Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário.

2.2 - Visão geral do objeto

O objeto desta auditoria consiste nos serviços de duplicação, restauração e obras de arte

especial na rodovia BR-101/RJ, no subtrecho compreendido entre Santa Cruz (km 385,8) e Itacurussá

(km 411,96) e no acesso ao Porto de Itaguaí (km 403,5), no Estado do Rio de Janeiro, perfazendo um

total de 29,66 km, como pode ser observado no mapa inserido ao final deste subitem.

Inicialmente, a execução da obra foi licitada, em sua totalidade, pelo Edital n° 105/2006

(DOU de 27/4/2006), com base em projetos básicos aprovados em novembro/2001 (km 385,8 ao km

415,0 da BR-101/RJ) e abril/2003 (acesso ao Porto de Sepetiba). Sagrou-se vencedor do certame o

Consórcio Carioca / Serveng / Paulista, culminando na assinatura do Contrato TT-227/2006, em

05/10/2006.

No período transcorrido entre a contratação das obras, em 2006, e a aprovação do projeto

executivo, em 2009, o projeto básico foi amplamente alterado. Neste período, reduziu-se o escopo do

contrato original (Contrato 227/2006), que passou a abranger apenas as obras de duplicação (fase

01). Foram suprimidos os serviços de restauração, sinalização, passarelas, acesso ao Porto de

Itaguaí, dentre outros. Apesar da redução do objeto contratual, o valor do Contrato TT-227/2006 foi

incrementado em 24,95%, passando de R$ 142.934.987,85 para R$ 178.598.203,07. Esse contrato foi

encerrado em 31/5/2010.

Para concluir a obra, uma vez que o valor do Contrato TT 227/2006 alcançou o limite de

aditivos permitido pela Lei 8666/1993, o Edital 518/08 foi publicado em 3 de novembro de 2008 com o

seguinte objeto: ''Restauração da pista existente da BR- 101/RJ, e reconstrução da pista da BR-

493/RJ, execução de barreiras New Jersey, construção de 11 (onze) passarelas, execução da pista

interna da Nuclep, execução da correção do caimento transversal das OAEs da BR-101/RJ,

sinalização, drenagem e construção das pontes sobre o rio Cação na BR-493/RJ''.

O Contrato TT 008/2007 foi assinado em 10/1/2007 com o Consórcio Engesur/Projemax/Pacs

(EPP), cujo objeto era a elaboração do projeto executivo e supervisão das obras, mas somente em

janeiro de 2009, após publicação do Edital 518/08, o projeto executivo completo das obras de

duplicação (fase 1) e restauração (fase 2) do trecho da BR-101/RJ foi aprovado por uma comissão

formada por servidores da Superintendência do DNIT/RJ.

Além do contrato de supervisão, a autarquia também celebrou o Contrato PP-182/2007 com a

empresa Concremat Engenharia e Tecnologia para realizar a gestão ambiental dos serviços em

execução.

Da concorrência (Edital 518/08) para execução da chamada fase 2, sagrou-se vencedor,

novamente, o Consórcio Carioca / Serveng / Paulista, que firmou, em 01/06/09, o Contrato TT

267/2009, no valor de R$ 66.432.847,27. Após três Revisões de Projeto em Fase de Obras (RPFO), o

Contrato TT 267/2009 alcançou o montante de R$ 81.748.105,25, ou seja, houve um incremento de

23,05% em relação ao valor inicialmente avençado.

Paralelamente ao Contrato TT 267/2009, o Dnit firmou o Contrato ST 010/2009, assinado com

a empresa Geosonda, para a execução de obras de reforço das cabeceiras das OAEs na rodovia BR

101/RJ.

Na fiscalização realizada no âmbito do Fiscobras 2009 (TC 011.341/2009-1) apontou-se

indício de sobrepreço nos seguintes contratos: i) Contrato TT 227/2006, que resultou posteriormente

na abertura de Tomada de Contas Especial (TC 012.760/2011-0); e ii) Contrato TT 267/2009, que se

tornou objeto da retenção cautelar dos itens relativos à instalação do canteiro e à mobilização de

recursos para a fase 2 da obra. Adicionalmente, consignou-se no relatório a possibilidade de um

eventual ''jogo de planilha'' no Contrato TT 267/2009, razão pela qual o Tribunal determinou no item

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461

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.13 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário que a Secob-2 reavaliasse o sobrepreço inicialmente

apurado considerando os respectivos aditivos contratuais efetivados após aquela análise inicial.

No mesmo relatório apontava que os Contratos ST 010/2009, TT 008/2007 e PP-182/2007

também continham indícios de sobrepreço e, por isso o Tribunal, por intermédio no Acórdão

1054/2011-TCU-Plenário, determinou a instauração das respectivas Tomadas de Contas Especiais

(TC 012.764/2011-6 e TC 012.767/2011-5).

Assim, o presente relatório tem como objetivo atender ao referido decisum avaliando o

sobrepreço inicialmente apurado no Contrato TT 267/2009, bem como levantar documentos que

poderão ser utilizados na instrução das Tomadas de Contas Especial abertas para os contratos ST

010/2009, TT 008/2007 e PP-182/2007.

2.3 - Objetivo e questões de auditoria

A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras da BR-101/RJ - Adequação Santa

Cruz - Itacurussá - Mangaratiba.

A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo

aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

1) Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de

mercado?

2) A administração está tomando providências com vistas a regularizar a situação da obra?

2.4 - Metodologia utilizada

No desenvolvimento dos trabalhos, observaram-se os padrões gerais de auditoria definidos no

Roteiro de Auditoria de Obras Públicas, tendo sido utilizadas as matrizes de planejamento e de

achados.

Para responder as questões levantadas, foram utilizadas as seguintes técnicas de auditoria:

a) pesquisa em sistemas informatizados: SIAC (SISDNIT), SIASG e SIAFI;

b) análise documental;

c) visita ''in loco'';

d) análise de preços dos serviços contratados.

2.5 - Volume de recursos fiscalizados

O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 81.748.105,25. O volume de R$

81.748.105,25 (PI) corresponde ao valor do Contrato 267/2009, calculado de acordo com a

orientação contida no item 4.2.1 do Anexo I ao Memorando-Circular nº 12/2011-Segecex.

2.6 - Benefícios estimados da fiscalização

O benefício quantificável para esta fiscalização relativo ao indício de superfaturamento

decorrente de preços excessivos frente ao mercado no Contrato TT 267/2009 será registrado no

âmbito do TC 011.341/2009-1, processo onde o achado foi originalmente registrado.

Pode-se mencionar, também como benefício desta fiscalização, o aumento da expectativa de

controle por parte dos órgãos auditados, em especial para o acompanhamento da retenção cautelar

de valores determinada nos Acórdãos 3025/2009-TCU-Plenário, 2144/2010-TCU-Plenário e

1054/2011-TCU-Plenário.

3 - ACHADOS DE OUTRAS FISCALIZAÇÕES

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462

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.1 - Achados pendentes de solução

3.1.1 - (IG-R confirmado) Itens instalação/manutenção de canteiros e

mobilização/desmobilização não se encontram detalhados no custo direto da obra. (TC

011.341/2009-1)

Objeto: Contrato TT 267/09-00, Restauração de pista existente, Execução de Barreiras New

Jersey, Construção de 11(onze) passarelas, Execução pista interna da Nuclep, Execução da correção

do caimento transversal das OAEs da Rodovia BR101/RJ, Consórcio Carioca - Serveng - S.A.

Paulista.

Este achado está sendo tratado no processo 011.341/2009-1 e foi considerado confirmado

conforme AC-3.025-53/2009-PL.

Registra-se que o Contrato TT 267/2009 já se encontra praticamente concluído, restando um

pequeno saldo financeiro, que inclui os valores a serem glosados em atendimento ao item 9.12.1 do

Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário. Este item estava com sua eficácia suspensa desde a interposição,

pelo Consórcio Construtor, de pedido de reexame. Os argumentos foram analisados no âmbito do TC

011.341/2009-1 e, por meio do item 9.1 do Acórdão 1379/2012-TCU-Plenário, o Tribunal conheceu

do pedido de reexame para, no mérito, negar-lhe provimento.?

Assim, o Contrato TT 267/2009, que se encontra paralisado desde julho de 2011, deve manter

sua classificação como irregularidade grave do tipo IG-R referente a glosa de valores nos serviços de

Instalação/manutenção de canteiro e de mobilização/desmobilização até que o Dnit comprove o

atendimento ao item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário.?

Propõe-se, então, comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e

Fiscalização do Congresso Nacional que o Contrato TT 267/2009 ainda se enquadra como indício de

irregularidade grave do tipo IG-R até que o Dnit apresente documentação que comprove a efetiva

glosa dos serviços, conforme item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário.?

3.1.2 - (IG-R confirmado) Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado.

(TC 011.341/2009-1)

Objeto: Contrato TT-227/2006-00, 17/10/2006, Obras e serviços de duplicação e obras de arte

especiais na rodovia BR-101/RJ, do km 385,80 ao km 411,96, e acesso ao Porto de Sepetiba (km

403,5) , Consórcio Carioca - Serveng - S.A. Paulista.

Este achado está sendo tratado no processo 011.341/2009-1 e foi considerado confirmado

conforme AC-3.025-53/2009-PL.

O Contrato TT 227/2006, concluído em 31/05/2010, está sendo objeto de Tomada de Contas

Espacial (TCE) no âmbito do TC 012.760/2011-0 devido aos indícios de superfaturamento decorrente

de preços excessivos frente ao mercado.?

Uma vez que o termo de verificação e aceitação definitiva dos serviços do referido contrato já

foi emitido pela Superintendência do Dnit no Estado do Rio de Janeiro e que a TCE relativa a esse

indício de irregularidade foi instaurada, observa-se que o Contrato TT 227/2006 não mais se

enquadra no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012).?

Desta feita, propõe-se determinar a Secob-1 que reclassifique o presente contrato, alterando-o

de IG-R para IG-C, bem como comunicar a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e

Fiscalização do Congresso Nacional sobre desta reclassificação.?

3.1.3 - (IG-C) Descumprimento de determinação exarada pelo TCU. (TC 005.906/2011-3)

Objeto: Contrato TT-227/2006-00, 17/10/2006, Obras e serviços de duplicação e obras de arte

especiais na rodovia BR-101/RJ, do km 385,80 ao km 411,96, e acesso ao Porto de Sepetiba (km

403,5) , Consórcio Carioca - Serveng - S.A. Paulista.

Este achado está sendo tratado no processo 005.906/2011-3.

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463

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O achado está sendo tratado no âmbito do TC 005.906/2011-3, onde será analisada a

audiência do responsável conforme determinação contida no item 9.1.1 do Acórdão 502/2012-TCU-

Plenário.

3.1.4 - (IG-C) Descumprimento de determinação exarada pelo TCU. (TC 005.906/2011-3)

Objeto: Contrato TT 267/09-00, Restauração de pista existente, Execução de Barreiras New

Jersey, Construção de 11(onze) passarelas, Execução pista interna da Nuclep, Execução da correção

do caimento transversal das OAEs da Rodovia BR101/RJ, Consórcio Carioca - Serveng - S.A.

Paulista.

Este achado está sendo tratado no processo 005.906/2011-3.

O achado está sendo tratado no âmbito do TC 005.906/2011-3, onde será analisada a

audiência do responsável conforme determinação contida no item 9.1.1 do Acórdão 502/2012-TCU-

Plenário.

3.1.5 - (IG-C) Obstrução ao livre exercício da fiscalização pelo TCU. (TC 005.906/2011-3)

Objeto: Contrato TT 267/09-00, Restauração de pista existente, Execução de Barreiras New

Jersey, Construção de 11(onze) passarelas, Execução pista interna da Nuclep, Execução da correção

do caimento transversal das OAEs da Rodovia BR101/RJ, Consórcio Carioca - Serveng - S.A.

Paulista.

Este achado está sendo tratado no processo 005.906/2011-3.

O achado está sendo tratado no âmbito do TC 005.906/2011-3, onde será analisada a

audiência do responsável conforme determinação contida no item 9.1.2 do Acórdão 502/2012-TCU-

Plenário.

3.1.6 - (IG-C) Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado. (TC

011.341/2009-1)

Objeto: Contrato TT 267/09-00, Restauração de pista existente, Execução de Barreiras New

Jersey, Construção de 11(onze) passarelas, Execução pista interna da Nuclep, Execução da correção

do caimento transversal das OAEs da Rodovia BR101/RJ, Consórcio Carioca - Serveng - S.A.

Paulista.

Este achado está sendo tratado no processo 011.341/2009-1.

Em atendimento ao item 9.13 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário (TC 011.341/2009-1),

realizou-se a reavaliação do sobrepreço inicialmente apurado no âmbito do Fiscobras 2009 no

Contrato TT-267/2009 considerando os aditivos da avença, conforme consta no anexo 7.5 deste

relatório.

Constatou-se que o Contrato TT 267/2009 está praticamente concluído. De acordo com

relatório do SISDNIT, 96,10% do valor contratado já foi pago. Ainda se encontram incluídos no

saldo contratual os valores referentes aos serviços de Instalação/manutenção de canteiro e de

mobilização/desmobilização que devem ser glosados conforme item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-

TCU-Plenário.

Na a análise empreendida no anexo 7.5 deste relatório concluiu-se que o indicio de sobrepreço

inicialmente apontado no Contrato 267/2009 passou, após a celebração de três termos aditivos

envolvendo alteração da planilha orçamentária, de R$ 3.116.995,50 para R$ 12.127.770,02.

Assim, em razão da conexão dos assuntos tratados, propõe-se apensar o presente processo ao

TC 011.341/2009-1 para instrução conjunta, remetendo para este processo a realização de eventuais

audiências e oitivas.

4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS Em cumprimento ao disposto no item 9.20 do Acórdão 2382/2011-TCU-Plenário, manteve-se

nestes autos a relatoria do Excelentíssimo Senhor Ministro José Jorge, visto ser o Relator dos TC

012.075/2010-8 e TC 005.906/2011-3, que ainda se encontram abertos.

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464

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Além do indício de superfaturamento apontado no anexo a este relatório, a presente auditoria

também levantou documentos que poderão subsidiar a instrução das Tomadas de Contas Especiais -

TCE instauradas pelo item 9.1 do Acórdão 1.054/2011-TCU-Plenário (TC 011.341/2009-1). São três

TCEs abertas que se referem aos seguintes contratos:

- Contrato 227/2006 (TC 012.760/2011-0), sobrepreço em itens da planilha de serviços, que

ratificada pela Medida Cautelar contida no Acórdão 3.025/2009 (Item 9.1.1 do Acórdão 1.054/2011-

TCU-Plenário);

- Contrato 10/2009 (TC 012.764/2011-6), sobrepreço apontado no serviço de ''Jetgrouting''

nas cabeceiras da Ponte sobre o Rio Cação (Item 9.1.2 do Acórdão 1.054/2011-TCU-Plenário);

- Contrato 008/2007 para a supervisão das obras e o Contrato 182/2007 (TC 012.767/2011-5)

que trata da gestão ambiental das obras (Item 9.1.3 do Acórdão 1.054/2011-TCU-Plenário). Como há

um pedido de reexame, contido no TC 011.341/2009-1, os efeitos desta determinação se encontram

suspensos.

Destaca-se ainda que, no item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário (TC

011.341/2009-1), o Tribunal determinou ao Dnit a glosa definitiva de recursos dos serviços de

''Mobilização e desmobilização de canteiro'' e ''Instalação e manutenção de canteiro'' do Contrato TT

267/2009. Houve, contudo, um pedido de reexame da matéria e, portanto, seus efeitos permaneceram

suspensos até 6/6/2012, quando o Tribunal negou provimento ao recurso por intermédio do Acórdão

1379/2012-TCU-Plenário.

Outro procedimento de auditoria foi realizado para avaliar se ainda existem contratos que

recebem recursos do PT 26.782.2075.7630.0033 e se há, por parte da autarquia, interesse em

continuar as obras do acesso ao Porto de Itaguaí. Conforme Ofício 222/2012/SRDNIT/RJ, não

existem contratos vigentes neste PT, mas de acordo com o Superintendente Regional do Dnit Estado

do Rio de Janeiro ''as obras de complementação do trecho de Acesso ao Porto de Itaguaí (BR-493/RJ)

se encontram na dependência de autorização, pela Sede/DNIT, para início dos seus procedimentos

licitatórios''.

Com relação a este trecho, constatou-se ''in loco'' que há uma OAE, com seus encabeçamentos,

recém-construída na estrada de acesso ao Porto de Itaguaí. Essa obra, com aproximadamente 500

metros de extensão, alterou pontualmente o traçado da pista que liga a BR-101/RJ e o Porto.

Conforme explicitou o fiscal da obra, o Sr. Arysson, a nova variante foi doada pela empresa LLX e,

por isso, o contrato de supervisão foi reativado para acompanhar as obras em execução pela referida

empresa. Observa-se por meio da imagem extraída do Google Earth na data de 15/7/2011, contida no

anexo ''Mudança de traçado do acesso ao Porto'', que após esta obra há alteração de traçado no

acesso ao porto. À época, a obra ainda não estava terminada, mas conforme informado, seria

inaugurada em 19/3/2012, juntamente com a restrição de acesso ao trecho antigo.

Ainda sobre o acesso ao porto, as justificativas apresentadas pelo consórcio supervisor para

alteração dos quantitativos dos serviços contido na 3ª RPFO as justificativas para a redução de

quantitativos do projeto incluem: i) os serviços de acesso ao porto não tem liberação para execução

dos serviços por causa da necessidade de remanejamento prévio de três adutoras da Companhia de

Água e Esgoto do Estado (CEDAE), e ii) os serviços a serem executados no acesso interno da

Nuclebrás Equipamentos Pesados (NUCLEP) foram suprimidos devido a falta de licença ambiental

emitida para supressão vegetal e início das atividades.

Além do acesso ao porto, verificou-se, na visita a obra, que, provavelmente, as obras a serem

licitadas incluem a construção de um viaduto que dará mais segurança a estrada de acesso à

Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). Atualmente, os caminhões que chegam ou partem deste

destino necessitam cruzar as duas faixas de rolamento da BR-101/RJ, após transitarem em um retorno

adaptado, como pode ser verificado no anexo ''Retorno e acesso à CSA'' e no anexo fotográfico.

Considerando o volume diário de caminhões que atravessam a rodovia e o fluxo de veículos que

transitam em alta velocidade, o local se tornou um ponto crítico na rodovia.

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465

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

As alterações de projeto contempladas nos Contratos TT 227/2006 e TT 267/2009, bem como

as modificações efetuadas pela LLX no acesso ao Porto de Itaguaí e no retorno de acesso à CSA, e,

ainda, conhecendo o intuito da SRDNIT/RJ em licitar as obras remanescentes, mostra-se necessário

atualizar o traçado da rodovia e, consequentemente, o projeto executivo a ser licitado.

Desta feita, sabendo que, tanto o Contrato TT 227/2007 quanto o TT 267/2009 foram objeto de

Revisão de Projeto em Fase de Obras com reflexos financeiros próximos a 25% daqueles inicialmente

contratados e que estes aditivos contribuíram para os indícios de irregularidades apontado nos

Fiscobras 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012, destaca-se que o projeto executivo aprovado, cujo escopo

contempla as obras de duplicação e restauração já concluídas, não atende as obras remanescentes

como preconiza o art. 6 da lei 8.666/1993.

Propõe-se, desta forma, dar ciência ao Dnit para que somente licite os trechos remanescentes

após atualização completa do projeto executivo do acesso ao Porto de Itaguaí (Sepetiba) e sua nova

variante, bem como do projeto do viaduto de acesso à Companhia Siderúrgica do Atlântico, evitando

que novo contrato, baseado em projeto executivo desatualizado, seja assinado.

Por fim, cumpre informar que o Acórdão 645/2012-TCU-Plenário (TC 007.286/2008-3) e o

Acórdão 502/2012-TCU-Plenário (TC 005.906/2011-3), referentes a esta obra, foram exarados pelo

Tribunal durante o período de auditoria. Enquanto o primeiro julgou as defesas apresentadas pelos

responsáveis naquele processo, o segundo determinou a realização das audiências em relação aos

indícios de irregularidade apontados no Fiscobras 2011.

5 - CONCLUSÃO Diante da análise efetuada, conclui-se que o Contrato TT 267/2009 está com indícios de

superfaturamento da ordem de R$ 12.127.770,02, na data base maio 2008. Destaca-se que os cálculos

foram realizados considerando a última medição disponível no SISDNIT (20ª medição), utilizando

preferencialmente os referenciais o Sicro-2 e o Sinapi adaptados a realidade da obra, conforme

estabelece o caput do art. 125 da Lei 12.465/2011 (LDO 2012).

Destaca-se que alguns preços dos serviços já haviam sido analisados tanto no âmbito do

Fiscobras 2009 quanto na Instrução do TC 011.341/2009-1. Dessa forma, o indício de

superfaturamento apontado na presente análise alinhou-se aos indícios de sobrepreço apontados no

relatório de auditoria de 2009.

No voto do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário referente ao TC 011.341/2009-1, o Ministro

Relator destacou que deixou de avaliar temporariamente as responsabilidades do Sr. Rodrigo Antônio

Ribeiro da Costa e do Sr. Marcelo Cotrim Borges quanto ao indício de sobrepreço no referido

contrato para que, se constatado sobrepreço ou superfaturamento em futuras fiscalizações, fosse

possível aplicar as multas propostas pela unidade técnica na instrução sem ocorrer em ''bis in idem'',

bem como avaliar a possibilidade de instaurar Tomada de Contas Especial.

Desta forma, uma vez que se constatou indício de superfaturamento no Contrato TT 267/2009

originalmente apontado no Fiscobras 2009 (TC 011.341/2009-1), consoante anexo 7.5 deste relatório,

propõe-se apensar o presente processo ao TC 011.341/2009-1 para realização de audiência dos

responsáveis, oitiva da Superintendência do Dnit no Estado do Rio de Janeiro e do Consórcio

Construtor.

Ademais, em relação ao interesse da autarquia em licitar o trecho remanescente da obra

atenta-se, conforme ponderações realizadas nos esclarecimentos adicionais, ao fato de que o Projeto

Executivo da obra ainda necessita ser ajustado para atender o §2º do art. 7 da Lei 8666/1993, visto

que: i) houve mudança de traçado no acesso ao porto, ii) ainda há interferências de adutoras

localizadas na projeção da pista, iii) não há licença ambiental para iniciar os trabalhos no acesso

interno da NUCLEP e iv) houve alteração no trânsito de acesso a CSA. Propõe-se, assim, dar ciência

ao Dnit para que o projeto executivo das obras remanescentes do trecho da BR-101/RJ e seus acessos

está desatualizado e não atende ao referido artigo da lei de licitações.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O benefício quantificável para esta fiscalização relativo ao indício de superfaturamento

decorrente de preços excessivos frente ao mercado no Contrato TT 267/2009 será registrado no

âmbito do TC 011.341/2009-1, processo onde o achado foi originalmente registrado.

Pode-se mencionar, também como benefício desta fiscalização, o aumento da expectativa de

controle por parte dos órgãos auditados, em especial para o acompanhamento da retenção cautelar

de valores determinada nos Acórdãos 3025/2009-TCU-Plenário, 2144/2010-TCU-Plenário e

1054/2011-TCU-Plenário.

6 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

Proposta da equipe Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Sr.

Ministro-Relator José Jorge, com a(s) seguinte(s) proposta(s):

I) Dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura Rodoviária – DNIT e

especialmente à Superintendência Regional do DNIT no Estado do Rio de Janeiro que os projetos

básicos ou executivos desatualizados são ineptos para fundamentar eventual processo licitatório para

execução do remanescente das obras da BR-101/RJ no trecho entre Mangaratiba e Itacurussá e do

acesso ao Porto de Itaguaí, pois não atendem aos requisitos estabelecidos no art. 7º, incisos I e II, c/c

art. 6º, incisos IX e X, todos da Lei n. 8.666/1993;

II) Determinar à 2ª Secretaria de Fiscalização de Obras do Tribunal de Contas da União

(Secob-2) que apense o presente processo ao TC 011.341/2009-1, em razão da conexão dos assuntos

tratados (indício de sobrepreço apontado no Contrato TT 267/2009), remetendo as eventuais

audiências e oitivas para serem realizadas no âmbito daquele processo;

III) Determinar à 1ª Secretaria de Fiscalização de Obras do Tribunal de Contas da União

(Secob-1) que proceda, no sistema Fiscalis, a reclassificação do achado de auditorias anteriores 3.1.2

do presente relatório que trata do indício de Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao

mercado apontado no Contrato TT 227/2006 referente às obras de duplicação e obras de arte

especiais na rodovia BR-101/RJ, trecho localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de

Itaguaí, de irregularidade grave com recomendação de retenção (IG-R) para irregularidade grave

com indicação de continuidade (IG-C);

IV) Comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do

Congresso Nacional que, conforme tratado no item 3.1.1 deste relatório, o indício de irregularidade

grave do tipo IG-R constatado em auditoria realizada em 2009, que se enquadra no disposto no inciso

IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), apontado no Contrato TT 267/2009 relativo aos

serviços de Instalação/manutenção de canteiro e mobilização/desmobilização de restauração e demais

serviços remanescentes da BR-101/RJ no trecho localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao

porto de Itaguaí, subsiste e que seu saneamento depende da apresentação de documentação que

comprove a efetiva glosa dos serviços mencionados em atendimento ao item 9.12.1 do Acórdão

1054/2011-TCU-Plenário;

V) comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional que, conforme tratado no item 3.1.2 deste relatório, devido a conclusão dos serviços do

Contrato TT 227/2006, consoante apresentação do Termo de Verificação e Aceitação definitivo

assinado em 31/5/2010, o indício de irregularidade grave do tipo IG-R constatado no âmbito do

Fiscobras 2009, apontado no Contrato TT 227/2006 relativo aos serviços de duplicação da BR-101/RJ

no trecho localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, não mais se

enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), tendo sua

classificação sido alterada para IG-C (inciso VI do § 1º do art. 91 da mesma Lei).

À consideração superior.”

É o Relatório.

VOTO

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467

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Trata-se de auditoria de conformidade realizada, no âmbito do Fiscobras 2012, nas obras de

duplicação e recuperação da BR 101/RJ, no subtrecho compreendido entre Santa Cruz (Km 385,8) e

Itacuruçá (Km 411,96), e do acesso ao Porto de Itaguaí (no Km 403,5 da BR 101/RJ), que já estão

concluídas e foram conduzidas pela Superintendência Regional do Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes no Estado do Rio de Janeiro – Dnit/RJ.

2. Em continuidade aos trabalhos de fiscalização executados no âmbito do Fiscobras 2009, a

presente auditoria teve como objetivo principal concluir a análise do indício de sobrepreço detectado

no Contrato TT 267/2009, e respectivos aditivos, firmado com o Consórcio Carioca/Serveng/Paulista

para a execução da segunda fase das obras em comento, em cumprimento ao subitem 9.13 do Acórdão

1054/2011 – Plenário (TC 011.341/2009-1), da minha relatoria:

“9.13. determinar à Secob-2 que, no âmbito do Fiscobras 2011, reavalie o sobrepreço

inicialmente apurado, no âmbito do Fiscobras 2009, no Contrato TT-267/2009, firmado entre o Dnit e

o Consórcio Carioca/Serveng/Paulista, para a execução da segunda fase das obras do

empreendimento em questão, considerando-se para tanto os respectivos aditivos contratuais

efetivados após aquela análise inicial, sem prejuízo de autorizar, desde logo, as medidas necessárias à

instrução do feito;”

3. É de se consignar que, além do referido contrato, foram identificadas naquela ocasião

(Fiscobras 2009) irregularidades em outros ajustes celebrados no âmbito do empreendimento em

questão, com destaque para o sobrepreço apontado no Contrato TT 227/2006, também firmado com o

Consórcio Carioca/Serveng/Paulista para execução da primeira fase das obras, sendo que, por meio do

Acórdão 1.054/2011 – Plenário, foi determinada a constituição de processos apartados de tomadas de

contas especiais para apuração das ocorrências, com a manutenção de retenção cautelar expedida à

época.

4. Conforme o relatório da equipe de auditoria, embora não tenham sido levantadas novas

impropriedades ou irregularidades, a unidade técnica salienta que, em relação ao sobrepreço verificado

no Contrato TT 267/2009, o montante passou de R$ 3.116.995,50 para R$ 12.127.770,02, após a

celebração dos termos aditivos contratuais pertinentes a 1ª e 2ª Revisão de Projeto, cuja possibilidade,

aliás, já havia sido por mim aventada no Voto condutor da mencionada deliberação.

5. Nada obstante, em virtude da correlação dos assuntos, mostra-se pertinente a proposta da

unidade técnica de promover o apensamento dos presentes autos ao TC 011.341/2009-1 (Fiscobras

2009), de modo que se realize naquele processo a análise da irregularidade como um todo, evitando-se,

assim, a emissão de posicionamentos conflitantes, motivo porque deixo de formular qualquer juízo

sobre a matéria no presente momento.

6. Adicionalmente, em face da informação do Dnit/RJ acerca da possibilidade de realização de

licitação para contratação de obras de complementação do trecho de acesso ao Porto de Itaguaí, a

equipe de auditoria identificou a presença de interferências no local das obras, as quais eram

inexistentes outrora e que por isso demandam a atualização do traçado da rodovia e,

consequentemente, do projeto executivo. Assim, afigura-se pertinente e oportuna a proposta da Secob-

2 de se dar ciência ao Dnit sobre essa constatação para as providências cabíveis.

7. Desta forma, acompanho a proposta formulada pela unidade técnica, sem prejuízo de expedir

comunicação à Comissão Mista de Orçamento de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do

Congresso Nacional com vistas a atualizá-la das informações anteriormente prestadas por este Tribunal

sobre o empreendimento em questão.

Com essas considerações, VOTO por que seja adotada a deliberação que ora submeto à

apreciação deste Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.

JOSÉ JORGE

Relator

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2233/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 006.171/2012-5.

2. Grupo II – Classe de Assunto V: Relatório de Auditoria.

3. Interessado/Responsáveis:

3.1. Interessado: Congresso Nacional.

3.2. Responsáveis: Arysson Siqueira Silva (678.235.057-20); Jorge Ernesto Pinto Fraxe

(108.617.424-00); Marcelo Cotrim Borges (866.943.407-53); Rodrigo Antônio Ribeiro Costa

(747.267.907-06); Wanderson Lopes da Silva (452.014.556-20).

4. Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit/MT.

5. Relator: Ministro José Jorge.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 2 (SECOB-2).

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Levantamento auditoria realizado, no âmbito do

Fiscobras 2012, nas obras de duplicação e recuperação da BR 101/RJ, no subtrecho compreendido

entre Santa Cruz (km 385,8) e Itacurussá (km 411,96), e do acesso ao Porto de Itaguaí (no Km 403,5

da BR 101/RJ), conduzidas pela Superintendência Regional do Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes no Estado do Rio de Janeiro – Dnit/RJ.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura Rodoviária – DNIT, especialmente

à Superintendência Regional do DNIT no Estado do Rio de Janeiro, que os projetos básicos e

executivos desatualizados são ineptos para fundamentar eventual processo licitatório para execução do

remanescente das obras da BR-101/RJ no trecho entre Mangaratiba e Itacurussá e do acesso ao Porto

de Itaguaí, pois não atendem aos requisitos estabelecidos no art. 7º, incisos I e II, c/c art. 6º, incisos IX

e X, todos da Lei n. 8.666/1993;

9.2. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional que:

9.2.1. consoante apurado em fiscalização deste Tribunal (item 3.1.1 do relatório da equipe de

auditoria), o indício de irregularidade grave do tipo IG-R constatado em auditoria realizada em 2009,

que se enquadra no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), apontado

no Contrato TT 267/2009 relativo aos serviços de Instalação/manutenção de canteiro e

mobilização/desmobilização de restauração e demais serviços remanescentes da BR-101/RJ no trecho

localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, subsiste e que seu saneamento

depende da apresentação de documentação que comprove a efetiva glosa dos serviços mencionados em

atendimento ao item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário;

9.2.2. consoante apurado em fiscalização deste Tribunal (item 3.1.2 do relatório da equipe de

auditoria), em face da conclusão dos serviços do Contrato TT 227/2006, conforme Termo de

Verificação e Aceitação definitivo assinado em 31/5/2010, o indício de irregularidade grave do tipo

IG-R constatado no referido ajuste no âmbito do Fiscobras 2009, referente aos serviços de duplicação

da BR-101/RJ no trecho localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, não

mais se enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), tendo

sua classificação sido alterada para IG-C (inciso VI do § 1º do art. 91 da mesma Lei).

9.3. determinar à Secob-1 que proceda, no sistema Fiscalis, a reclassificação do achado de

auditorias anteriores do presente relatório (item 3.1.2), alusivo ao indício de Sobrepreço decorrente de

preços excessivos frente ao mercado apontado no Contrato TT 227/2006 referente às obras de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

duplicação e obras de arte especiais na rodovia BR-101/RJ, trecho localizado entre Santa Cruz e

Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, de irregularidade grave com recomendação de retenção (IG-R)

para irregularidade grave com indicação de continuidade (IG-C);

9.4. determinar à Secob-2 que promova o apensamento dos presentes autos ao TC

011.341/2009-1, em razão da conexão dos assuntos tratados (indício de sobrepreço apontado no

Contrato TT 267/2009), remetendo a análise das constatações efetivadas pela Secob-2 deste Tribunal

para o âmbito daquele processo.

10. Ata n° 33/2012 – Plenário.

11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2233-33/12-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,

Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

(Assinado Eletronicamente)

BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)

JOSÉ JORGE

Presidente Relator

Fui presente: (Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

GRUPO I – CLASSE I – Plenário

TC 010.715/2010-0 [Apenso: TC 014.173/2008-0]

Natureza: Recurso de Reconsideração (em Tomada de Contas Especial)

Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT

Recorrente: Castellar Engenharia Ltda. (02.955.426/0001-24)

Advogados constituídos nos autos: Nayron Sousa Russo (OAB/MG 106.011); David Salim

Santos Hosni (OAB/MG 130.777); Tathiane Vieira Viggiano Fernandes (OAB/DF 27.154).

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. PROGRAMA EMERGENCIAL DE

TRAFEGABILIDADE E SEGURANÇA NAS ESTRADAS (PETSE). INOBSERVÂNCIA DA

INSTRUÇÃO DE SERVIÇO DNIT 2/2006. PREÇOS CONTRATADOS SEM O DESCONTO

MÍNIMO DE 20% SOBRE OS VALORES DO SICRO. PAGAMENTOS INDEVIDOS. CONTAS

IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. CONHECIMENTO.

RAZÕES INSUFICIÊNTES PARA ALTERAR A DELIBERAÇÃO ATACADA. NEGATIVA DE

PROVIMENTO. COMUNICAÇÕES.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de recurso de reconsideração interposto pela empresa Castellar Engenharia

Ltda., em face do Acórdão 1.387/2011-Plenário, por meio do qual este Tribunal, ao apreciar tomada de

contas especial instaurada em decorrência de débito apurado nas obras rodoviárias emergências da BR

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

476-PR, executadas no âmbito do Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas

(PETSE), julgou irregulares suas contas, condenou-a em débito e multa.

2. As alegações recursais então trazidas à baila foram apreciadas pela Secretaria de Recursos

desta Casa (Serur), nos termos da instrução a seguir reproduzida, com cujo encaminhamento

alinharam-se os dirigentes da unidade (peças 37, 38 e 39):

“HISTÓRICO

2. Cuidam os autos de tomada de contas especial oriunda de conversão do TC 014.173/2008-0

(processo de fiscalização), determinada pelo Acórdão 780/2010 – TCU – Plenário (peça 1, p. 12-13),

em face de irregularidade identificada em Levantamento de Auditoria (TC 002.301/2006-2 –

Fiscobras 2006) realizado pela Secex/PR no âmbito do Programa Emergencial de Trafegabilidade e

Segurança nas Estradas – PETSE, especificamente nas obras rodoviárias emergenciais da BR 476,

envolvendo débito pertinente ao pagamento de serviços sem o desconto de 20% sobre os preços da

Tabela SICRO 2, conforme estabelecido na Instrução de Serviço Dnit nº 2, de 7/1/2006.

3. O débito identificado pela Secex/PR na aplicação dos recursos do PETSE refere-se ao

contrato UT-09-011/2006, no valor total de R$ 4.858.319,97, firmado com a empresa Castellar

Engenharia, para a execução de obras rodoviárias emergenciais na BR-476, no trecho compreendido

entre o entroncamento com a PR-151 (B)/364 (São Mateus do Sul) e o entroncamento com a

BR-466(A) (Ponte Manoel Ribas), do km 277,9 ao km 364,2.

4. Constataram-se pagamentos de serviços sem contemplar o desconto de 20% sobre os

preços da tabela SICRO2, conforme o disposto da Instrução de Serviço Dnit nº 2, de 7/1/2006.

Apurou-se o débito relativo ao somatório dos valores pagos a maior, abaixo discriminados:

Data Valor (R$)

31/1/2006 15.531,79

28/2/2006 34.519,21

31/3/2006 247.388,51

28/4/2006 229.199,17

31/5/2006 140.884,53

TOTAL 667.523,21

5. Em 2006, houve seis fiscalizações no Paraná, no âmbito do PETSE, relacionadas à questão

de pagamentos que não contemplavam o citado desconto de 20%. Os relatórios encontram-se nos TC

002.302/2006-0, TC 002.385/2006-0, TC 003.392/2006-1, TC 002.003/2006-0, TC 002.004/2006-8 e

TC 002.301/2006-2.

6. Em todos os casos já houve decisão definitiva com o entendimento de que o desconto de

20% deveria ser aplicado.

7. Especificamente no presente caso, processo originário TC 002.301/2006-2, ficou expresso

no Acórdão 395/2008-TCU-Plenário:

9.1.1.1. somente efetue pagamentos para os serviços executados pela contratada até o limite de

80% dos preços constantes do SICRO do Estado do Paraná de janeiro de 2006, em respeito aos

termos da Instrução de Serviço Dnit nº 2, de 7/1/2006, art. 1º, inciso II; ou, alternativamente,

9.1.1.2. para os serviços cujos preços unitários ultrapassem o referido percentual, previamente

à realização de qualquer pagamento, submeta ao Diretor de Infra-Estrutura Terrestre desse

Departamento a respectiva composição unitária do preço ofertado, acompanhada das devidas

justificativas a que se refere o inciso III do art. 1º da Instrução de Serviço Dnit nº 2, de 7/1/2006,

encaminhando à Secex/PR cópia da referida documentação;

8. Tendo em vista que a maior parte dos pagamentos para a empresa Castellar Engenharia

Ltda. já haviam sido realizados, foi prolatado o Acórdão 1.472/2008 – TCU - Plenário com vistas à

recuperação dos valores:

9.1. determinar ao Diretor-Geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de

Transportes e à Superintendência Regional do Dnit no Estado do Paraná que adotem, no prazo de 60

(sessenta) dias contados da ciência desta deliberação, as medidas cabíveis com vistas à recuperação

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471

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

dos valores pagos indevidamente à empresa Castellar Engenharia de Obras no âmbito do Contrato

UT-09-011/2006, conforme entendimento manifestado por este Tribunal por meio dos Acórdãos

1.395/2006 e 395/2008, ambos do Plenário, sem prejuízo da instauração da devida tomada de contas

especial, sob pena de responsabilidade solidária das autoridades competentes e da empresa

beneficiária;

9. Insatisfeita com o teor dessa deliberação, a empresa Castellar Engenharia Ltda. interpôs

pedido de reexame. Este Tribunal, ao apreciar a peça recursal, mediante o Acórdão 1.002/2009 –

TCU – Plenário, deu-lhe provimento, tornando insubsistente a determinação acima transcrita (item

9.1 do Acórdão 1.472/2008 – TCU – Plenário), considerando que a documentação apresentada pela

recorrente deve merecer exame mais aprofundado no âmbito da Secex/PR, para então poder concluir

se houve ou não irregularidade nos pagamentos efetuados. Desta forma, retornaram-se os autos ao

relator a quo para as medidas cabíveis.

10. Em seguida a Secex/PR realizou novos levantamentos e o relato completo da situação,

apontando a responsabilização, a composição do débito e os documentos comprobatórios, que se

encontram no TC 014.173/2008-0, apensado ao presente processo e que foi julgado pelo Plenário do

Tribunal em 14/4/2010, mediante o já citado Acórdão 780/2010 – TCU – Plenário (peça 1, p. 12-13),

com entendimento de conversão dos autos na presente tomada de contas especial.

11. Os responsáveis arrolados, a empresa Castellar Engenharia Ltda. e o Sr. David José de

Castro Gouvea, ex-Superintendente Regional do Dnit no Paraná, foram citados solidariamente pelos

valores pagos a maior levantados pela Secex/PR (peça 1, p. 14-17). Em resposta, apresentaram

alegações de defesa (peça 1, p. 21-31 e p. 33-37, respectivamente), mas não foram consideradas

suficientes para elidir as irregularidades a eles atribuídas.

12. Dando-se prosseguimento ao processo, o Tribunal, entendendo pela existência dos débitos

apontados, julgou, mediante o Acórdão 1.387/2011 - TCU - Plenário (peça 2, p. 31-32), as presentes

contas irregulares, condenando os citados responsáveis em débito solidário, como ainda aplicou-lhes

multas, individualmente.

13. Inconformada com a decisão, a empresa Castellar Engenharia Ltda. comparece aos autos,

apresentando recurso de reconsideração, formulado nas peças 6 e 7, que é agora analisado.

ADMISSIBILIDADE

14. Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (peça 7, p. 49-50), ratificado à fl. 52 pelo

Exmo. Ministro-Relator José Jorge, que concluiu pelo conhecimento do recurso, suspendendo-se os

efeitos dos itens 9.1, 9.3 e 9.4 do Acórdão 1.387/2011 – TCU - Plenário, eis que preenchidos os

requisitos processuais aplicáveis à espécie.

MÉRITO

Argumentos:

15. Em linhas gerais a recorrente reforça argumentos já apresentados, repisando que todas as

normas vigentes em relação ao PETSE foram atendidas para celebração do contrato em questão e

que, se considerada uma adequada análise de economicidade do valor contratual, houve um desconto

efetivo de aproximadamente 20% em relação ao orçamento real elaborado conforme as orientações

do Manual de Custos Rodoviários e os referenciais do SICRO. No intuito de demonstrar sua tese,

apresenta as considerações a seguir.

16. É idônea a utilização do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias - SICRO como referência

para a análise de preços praticados nas obras rodoviárias em geral. Considerando que os preços

contratuais em questão estão abaixo do SICRO, não há que se falar em dano ao erário.

17. Fato é que não houve qualquer irregularidade na celebração do Contrato UT-09-

011/2006, tendo o processo de dispensa de licitação atendido corretamente a todas as normas

regulamentadoras vigentes à época da aceitação da proposta, não havendo que se falar em valores

recebidos a maior ou necessidade de restituição ao erário.

18. O PETSE foi instituído por meio da Portaria n. 1.806/05. Trata-se de programa de

recuperação emergencial de trechos de rodovias federais consideradas em estado precário, adotando,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

por esse motivo, a prerrogativa de dispensa de licitação para celebração de contratos para prestação

de serviços emergenciais de recuperação das estradas, até que fosse possível promover os

procedimentos licitatórios adequados para a contratação desses serviços.

19. Em 6/1/2006, por meio do Ofício n. 011/06 (doc. 4), o DNIT convocou este recorrente para

iniciar as obras do PETSE na BR 476/PR. Ainda em 6/1/2006, a Castellar apresentou sua proposta ao

Dnit (doc. 5), baseada no orçamento elaborado pela Autarquia (doc. 6), que prontamente aceitou o

valor proposto e, de imediato, já em 9/1/2006, os serviços foram efetivamente iniciados, como pode

ser comprovado pelo Diário de Obras de mesma data (doc. 7).

20. Somente após a aceitação da proposta, estabelecimento do vínculo entre o DNIT e a

Castellar e efetivo início dos serviços, já com a formação do equilíbrio econômico-financeiro do

contrato, é que foi publicada, em 11/1/2006, a Instrução de Serviços do DNIT n. 02/2006 (doc. 8), a

qual instituiu o desconto de 20% em relação aos preços do SICRO como condição para a celebração

de Contratos do PETSE.

21. Como se pode perceber, em verdade, por ter sido publicada em momento posterior à

aceitação pelo DNIT da proposta da Castellar e início efetivo da prestação dos serviços emergenciais,

a IS 02/2006 não pode retroagir seus efeitos para prejudicar a relação perfeitamente estabelecida em

momento anterior, sob pena de gerar enorme insegurança jurídica entre o particular contratado e o

DNIT.

22. A obrigatoriedade de oferecer descontos iguais ou superiores a 20% do referencial do

SICRO passou a vigorar somente a partir de 11/1/2006, não podendo se exigir tal condição para as

propostas oferecidas e aceitas anteriormente a sua vigência.

23. Acerca da não retroatividade das normas, a jurisprudência desta Corte de Contas já

apontou, por diversas vezes, a inadequação de se analisar fato anterior com norma posterior.

24. Se de outra forma a proposta houvesse sido apresentada posteriormente à publicação da IS

2/2006 e o DNIT tivesse exigido o desconto de 20% em relação ao primeiro orçamento que havia sido

apresentado — que conforme se verificou posteriormente no processo de dispensa possuía sérias

deficiências, que foram então corrigidas —, certamente este recorrente não teria concordado com os

termos do acordo e não aceitaria executar os serviços.

25. Desse modo, como se pode perceber, o contrato foi regularmente acertado conforme a

Portaria 1.806/05, norma vigente à data de aceite da proposta, cuja condição estabelecida para

celebração do contrato era a de oferecer preços conforme o SICRO, o que efetivamente foi feito,

obtendo-se, inclusive, um preço 8,86% inferior ao do orçamento, o qual, como se verificará abaixo,

não contempla todos os serviços e custos necessários para realização do objeto licitado.

26. O processo de dispensa de licitação atendeu a todos os requisitos legais que regem a

matéria. A caracterização da situação emergencial restou registrada nos motivos da citada Portaria

n. 1.806/05. Já as razões de escolha do executante e da justificativa do preço foram devidamente

registradas no processo administrativo de dispensa de licitação por meio do documento denominado

‘Justificativa dos preços praticados e dos descontos em relação à tabela do SICRO/SC (Setembro/05)

nos contratos do PETSE’ (doc. 9).

27. Como se pode perceber do referido documento, foram pesquisadas três empresas antes de

se convidar a Castellar para os serviços, tendo a proposta desta recorrente se mostrado a mais

vantajosa, tanto em relação ao primeiro orçamento apresentado (desconto de 8,86%), quanto em

relação ao orçamento corrigido (desconto de 20,02%), demonstrando indiscutivelmente a vantagem

do preço dado em relação à eventual licitação promovida para contratação dos serviços.

28. Após o processo de dispensa de licitação, atendendo a todos os requisitos das normas

vigentes à época de aceitação da proposta e início dos serviços, foi devidamente aprovado pela

Diretoria de Infraestrutura Terrestre do DNIT, em 29/3/2006 (doc. 9), e pela Diretoria Geral em

30/3/2006 (doc. 10).

29. Neste contexto, deve-se esclarecer que, não obstante as formalidades do processo de

dispensa terem sido efetuadas após o início dos serviços, culminando com a formalização do Contrato

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473

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

UT-09-011/2006 em 13/4/2006, o efetivo vínculo contratual entre a Castellar e o DNIT já foi

estabelecido em 6/1/2006, com a apresentação e aceitação da proposta.

30. A demora na formalização deveu-se ao já demonstrado caráter emergencial dos serviços,

que, por questões de segurança de trafegabilidade nas estradas, não poderiam aguardar o

desenvolvimento burocrático do processo administrativo.

31. Tal situação já foi considerada regular pelo TCU nos contratos do PETSE. Como

considerou a própria Unidade Técnica no relatório do Acórdão ora recorrido, ‘é verdade que as

obras foram executadas sem amparo contratual de janeiro a abril de 2006 e, pela excepcionalidade

dos fatos que envolveram o PETSE em todo o País, o Tribunal considerou a questão’.

32. Demonstrada a total regularidade da avença, ainda que se considere que havia a

obrigação desta Recorrente em oferecer o desconto de 20% propugnado na IS 2/2006, o que se admite

apenas por argumentar, é certo que, se corretamente avaliada a economicidade do valor do contrato

em relação ao orçamento da obra elaborado com base nas orientações do Manual de Custos

Rodoviários do DNIT e nos referenciais adequados do SICRO, verifica-se desconto de cerca de 20%,

como se passa a demonstrar.

33. Apesar de a proposta de preços da Castellar já oferecer um desconto de 8,86% em relação

ao orçamento original do processo de dispensa de licitação, o que por si já seria suficiente para

atender as normas em vigência quando de sua apresentarão e aceitação, é certo que aquele

orçamento não se mostrava adequado para embasar o processo de dispensa de licitação, uma vez que

não contemplava todas as despesas necessárias à realização do objeto.

34. Como já exposto, esta situação de insuficiência do primeiro orçamento apresentado pelo

DNIT foi verificada ainda no processo de dispensa de licitação, de modo que foram tomadas as

medidas consideradas à época adequadas para saneá-lo e, assim, possibilitar a correta avaliação da

economicidade do preço contratado.

35. No entanto, essa tentativa de adequar o orçamento às finalidades do processo foi mal

interpretada pelo TCU, que entendeu a inclusão dessas despesas no orçamento referencial como uma

manobra para inchar os preços e obter o desconto em questão, o que não é verdade.

36. Primeiramente porque, por não se aplicar obrigatoriamente o desconto de 20% a este

contrato, não havia a necessidade de se demonstrar um desconto dessa monta para validar a proposta

apresentada pela Castellar em 6/1/2006. Essa proposta já havia se mostrado vantajosa e estava

conforme as exigências legais à época de sua apresentação e aceitação.

37. Acontece que se identificou que o orçamento original do DNIT deixou de contemplar custos

necessários à execução das obras e que devem, necessariamente, ser considerados em qualquer

análise de economicidade que se realize em relação a estes ou a qualquer outro serviço, sob pena de

se apresentar como orçamento fictício, que não reflete adequadamente a realidade da obra a que se

refere.

38. O orçamento tem suporte teórico-conceitual na Engenharia de Custos e deve ser capaz de

refletir a estimativa de todos os custos necessários para execução adequada do empreendimento.

39. Diante disso, procurou-se adequar o orçamento à realidade de uma eventual licitação,

conforme entendimento do DNIT à época, adequando as seguintes questões e gerando um segundo

orçamento (doc. 11):

a) adequação do referencial de preços utilizado, para melhor representatividade das médias de

mercado;

b) inclusão das despesas de mobilização e desmobilização desconsideradas no orçamento

inicial; e

c) inclusão das despesas de instalação e manutenção de canteiro de obras, desconsideradas no

orçamento inicial.

40. Reafirmamos que tal procedimento não foi uma tentativa do DNIT de inchar o orçamento

original para legitimar uma contratação fora das bases normativas. O que houve foi uma adequação

do orçamento para correta reflexão da realidade e assim, demonstrar no processo de dispensa que o

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474

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

orçamento da Castellar, naquele momento, era o melhor que se poderia obter para a administração,

tendo, inclusive, um desconto superior àquele proposto pela norma que foi posteriormente publicada

pelo DNIT.

41. Especificamente em relação à mobilização e desmobilização e manutenção de canteiro, a

Castellar já havia demonstrado em suas manifestações anteriores a necessidade de inclusão destas

despesas no orçamento referencial das obras.

42. A parcela de mobilização compreende as despesas para transportar, desde sua origem até

o local onde se implantará o canteiro da obra, os recursos humanos, bem como todos os equipamentos

e instalações necessários para execução das obras.

43. Ocorre que o DNIT não tinha conhecimento de qual licitante seria contratada (3 empresas

apresentaram propostas), tampouco teria condições de mensurar ou avaliar de onde os equipamentos

e equipes seriam transportados.

44. Consequentemente, de fato era indispensável apresentar um custo estimado para o item

mobilização/desmobilização que refletisse a realidade das obras.

45. Da mesma forma, era necessário considerar um custo para remunerar as despesas com os

serviços de instalação e manutenção de canteiro que refletisse a expectativa do DNIT de gastos com a

construção e manutenção das edificações e de suas instalações destinadas a abrigar o pessoal

(alojamentos, refeitórios, sanitários, etc.) e as dependências necessárias à obra (escritórios,

laboratórios, oficinas, almoxarifados, etc.).

46. As próprias normas do DNIT vigentes à época da elaboração do orçamento determinavam

expressamente a inclusão destes valores no referencial, como dispões a Instrução de Serviço n.

01/2004 do DNIT (doc. 12).

47. Assim, por se tratar de despesas efetivas que seriam suportadas pela contratada, o DNIT,

no segundo orçamento, após reconhecer que houve erro ao desconsiderar estes custos na análise da

economicidade das propostas apresentadas, considerou as despesas com mobilização e

desmobilização e instalação e manutenção de canteiros e acampamento no orçamento. Importante

informar que estas despesas, como não poderiam deixar de ser, estavam sendo consideradas nos

orçamentos de outras obras do PETSE.

48. Embora estes custos não estivessem indicados no primeiro orçamento tiveram que ser,

necessariamente, considerados pelas empresas em suas propostas de preços, conforme reconhece o

próprio Manual de Custos Rodoviários do DNIT.

49. Como visto, mostra-se indispensável considerar os custos com mobilização,

desmobilização e instalação e manutenção de canteiro.

50. Portanto, a representatividade dos descontos ofertados devem ser analisados em relação a

um orçamento adequado, que contemple todos os custos necessários à realização do objeto. Do

contrário, a diferença de preços em relação ao orçamento (desconto), por óbvio, diminuirá, visto que

haverá custos considerados pelas empresas (mobilização e desmobilização, canteiro e acampamento,

adicional de mão de obra) que não estarão contemplados no orçamento, ensejando em uma

comparação inadequada.

51. A Castellar teve efetivas despesas com o deslocamento de equipamentos, mão de obra,

instalação e manutenção de canteiro para realizar as obras na BR 476/PR.

52. Oportuno informar que esta Recorrente, antes das obras do PETSE, executava obras na

BR 280/SC (contrato anexo, doc. 13), com canteiro de obras em União da Vitória, no Estado de Santa

Catarina, a uma distância significativa de cerca de 94 km do escritório em Canoinhas, de onde geria

as obras do PETSE.

53. Desse modo, demonstra-se que houve sim custos com o deslocamento de mão de obra e

diversos equipamentos como caminhões, rolos, vibroacabadora, fresadora, caminhão usina de micro

revestimento, retroescavadeiras, escavadeiras, entre outros, que podem ser comprovados pelas fotos

que constam das medições. Além disso, sabe-se que era impossível a coordenação de toda a obra

Page 475: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

somente por meio de um canteiro localizado a 94 km de distância, de modo que seria necessária a

locação de escritório próximo aos locais de serviço na BR 476/PR.

54. Tais custos foram diluídos entre os demais serviços, pois não havia no primeiro orçamento

item específico para locar as despesas com mobilização e desmobilizarão e instalação de canteiro.

55. Diante de todo este contexto acima demonstrado, merece ser revista a afirmativa deste

Tribunal, consignada no Acórdão 780/2010 e transcrita no Acórdão ora recorrido, de que:

13. Como afirmado pela unidade técnica, não havia necessidade de inserção de tais rubricas

no orçamento, dado que era da inspiração original do próprio programa PETSE o aproveitamento de

contratos de manutenção em andamento para a aplicação direta dos recursos destinados a esta

intervenção; em outras palavras, a execução da despesa seria feita sem licitação, uma vez identificado

o caráter de emergência, com empresas que já estavam mobilizadas, instaladas nas proximidades dos

trechos a serem recuperados.

56. Ao contrário, em nenhuma das normas do PETSE há a afirmativa de que seriam

contratadas somente as empresas nas proximidades dos locais de obras como condição do programa

e, consequentemente, não seriam cotados nos orçamentos valores de mobilização, desmobilização e

manutenção de canteiro.

57. As normas do PETSE estipulam tão somente que os contratos de manutenção já existentes

em andamento ou paralisados/suspensos por ausência de recursos poderão se valer de recursos do

programa para realizarem os serviços emergenciais, vejamos:

Portaria n. 1.806/05

Art. 5º Os trechos de rodovias de que trata o Anexo II, na extensão de 19.264,2 mil Km, que

possuem contratos celebrados oriundos de legal procedimento licitatório, mas que se encontram em

andamento e/ou paralisados por falta ou insuficiência de recursos, poderão ter a sua regular

execução através de créditos orçamentários extraordinários, na forma da legislação vigente.

IS DNIT 01/2006

Art. 5º Os trechos de rodovias de que trata o Anexo II, na extensão indicada, que possuam

contratos celebrados oriundos de procedimento licitatório, mas que se encontram em andamento e/ou

paralisados por falta ou insuficiência de recursos, poderão ter a sua regular execução com utilização

dos créditos orçamentários extraordinários, na forma da norma vigente.

58. Ou seja, a desconsideração dos serviços de mobilização e desmobilização seria somente

para as rodovias que já estivessem com contratos em andamento ou paralisados, listadas no Anexo II

da Portaria 1.806/05. De outra forma, se os serviços se dessem nas rodovias listadas no Anexo I da

Portaria 1.806/05, para as quais ainda não havia contrato, certamente o orçamento deveria prever

todas as despesas necessárias para contratação de serviços na rodovia, inclusive mobilização e

desmobilização e manutenção de canteiro. Neste sentido, verifica-se que o trecho em questão da BR

476/PR estava no Anexo I da referida Portaria, não no Anexo II.

59. Ora, num processo de dispensa de licitação o fato de se escolher contratar com empresa

que esteja mobilizada próxima ao local das obras é certamente vantajoso e deve ter sido procedimento

observado pelos diretores do DNIT, uma vez que ela terá possibilidade de oferecer descontos mais

significativos, inclusive em relação à mobilização e desmobilização. No entanto, esta não era

condição fundamental do PETSE. Em nenhuma norma se encontra esta determinação.

60. Corroborando este entendimento, em casos já decididos nesta Corte de Contas não foi

questionada a inclusão destes valores no orçamento do PETSE e, inclusive, algumas vezes foi

considerado regular o oferecimento de descontos significativos justamente sobre estes itens (Acórdãos

1.064/2009, 2.587/2010 e 278/2011, todos do Plenário).

61. Por diversas vezes esta Corte de Contas avaliou orçamentos do PETSE que contemplavam

os custos de mobilização, desmobilização e instalação e manutenção de canteiro, sem, no entanto,

questionar a legitimidade destes valores. Na verdade, conforme consignado por esta Corte de Contas,

a análise do desconto de 20% deve ser realizada em relação ao preço global, incluindo no orçamento

os valores de mobilização e desmobilização e instalação e manutenção de canteiro.

Page 476: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

62. Conclui-se, portanto, que foi totalmente regular o ajuste no orçamento referencial para

consideração da mobilização e desmobilização, possibilitando uma correta avaliação da

economicidade da proposta apresentada por esta empresa.

63. Já em relação ao referencial do SICRO adotado no processo de dispensa de licitação,

devemos fazer duas observações, uma quanto à data-base utilizada e outra quanto à localidade do

referencial adotado.

64. Quanto à data-base, o TCU entendeu que seria mais adequada a utilização da base de

janeiro de 2006, uma vez que ‘os preços praticados devem ser condizentes com o próprio período da

execução das obras’.

65. No entanto, discordamos do posicionamento da Unidade Técnica, pelo fato de que, quando

do início dos serviços, em 9/1/2006, ainda não havia sido publicado o SICRO de janeiro de 2006 , o

qual viria ser disponibilizado para consulta somente em 16/2/2006, mais de um mês após a aceitação

da proposta e inícios efetivo dos serviços.

66. Nesse contexto, é certo que não havia como se balizar as atividades por um referencial

inexistente à época, devendo, portanto, ser utilizado aquele que estava disponível à administração à

época de formação do vínculo e início dos serviços.

67. Desse modo, não há como se adotar o SICRO/PR de janeiro de 2006, sendo, portanto,

utilizada a data-base de elaboração do orçamento original, de setembro de 2005.

68. Além da definição da data-base, a justificativa de preços dentro do processo de dispensa de

licitação identificou que, por questões de defasagem de pesquisas de mercado, a adoção do

referencial do estado do Paraná poderia gerar distorções quanto à realidade de mercado, propondo,

portanto, a utilização do referencial do estado de Santa Catarina. Desta forma, foi totalmente

justificada a utilização do SICRO de Santa Catarina no processo de dispensa de licitação.

69. Apesar disso, para que não reste dúvida acerca da vantagem do Contrato UT-09-011/2006,

para avaliação da economicidade dos preços do presente contrato, iremos adotar como referência o

SICRO do Paraná, por se referir diretamente ao Estado em que houve a execução dos serviços e ser

este o paradigma considerado mais adequado por esta Corte de Contas.

70. Dessa forma, somente considerando esses fatores, bem como aceitando a utilização do

SICRO/PR, na data-base adequada de setembro/2005, uma vez que, como se demonstrou, os serviços

começaram (9/1/2006) antes da publicação dos valores de janeiro de 2006 (16/2/6), temos que a

proposta da Castellar já possui um desconto de 17,22% em relação ao orçamento elaborado com base

no SICRO.

71. No entanto, mostra-se imprescindível realizar um ajuste nas composições do SICRO/PR de

setembro de 2005 (data base do contrato) para que as mesmas contemplem os custos com EPI,

transporte, alimentação e ferramentas manuais, pois, nesta época, estes custos ainda não eram

considerados nas CPU's do SICRO 2, o que passou a ocorrer a partir da IS n. 15/2006.

72. Destaca-se que desde, a primeira publicação do Manual de Custos Rodoviários do DNIT,

em 2003, já havia a orientação para que o engenheiro de custos, ao orçar a obra, considere nos

preços dos serviços os valores dos adicionais de mão de obra.

73. Como se pode perceber, esses valores não estavam inclusos nas composições do SICRO2,

devendo ser incluídos quando necessários.

74. Em 2004, corroborando este entendimento do Manual de Custos Rodoviários e visando ao

seu adequado atendimento, o DNIT exarou a já citada Instrução de Serviços n. 01/2004 (doc. 12), que

mais uma vez consignou a necessidade de considerar os adicionais de mão de obra nos orçamentos

elaborados.

75. Somente a partir do SICRO de março de 2007 é que estes valores passaram a ser incluídos

diretamente nas composições referenciais do referido Sistema, por determinação da Instrução de

Serviços n. 15/2007.

76. Desse modo, para uma adequada e correta análise de economicidade do preço do Contrato

UT-09-011/2006, deve-se considerar nos preços de referência o valor do adicional de mão de obra,

Page 477: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sob pena de o orçamento não refletir a realidade com devida fidedignidade e, assim, deixar de

demonstrar a real vantagem dos preços contratados.

77. Assim, considerando o adicional de mão de obra, os preços contratuais se mostram

19,08% abaixo do orçamento elaborado com base no SICRO 2 Paraná (doc. 14).

78. Enfim, verifica-se que, ainda que não fosse obrigatório neste caso apresentar um desconto

de 20% em relação ao orçamento de referência, se feita uma adequada análise dos efetivos custos dos

serviços prestados percebemos que, na realidade, a proposta da Castellar representou um desconto

significativo, equivalente àquele propugnado pela norma do DNIT.

79. A empresa, ao celebrar o contrato, expressou validamente sua vontade de executar as

obras com essas características, sob o pressuposto de que as condições efetivas de sua proposta

seriam mantidas durante todo o período do vínculo contratual, consoante expresso na Constituição

Federal (art. 37, inciso XXI) e ressaltado na Lei de Licitações (art. 58, §1º).

80. Com efeito, uma vez concluído livremente, o contrato incorpora-se ao ordenamento

jurídico, constituindo uma verdadeira norma de direito que deve ser preservada pelas partes.

81. Em outras palavras, a equação econômico-financeira estabelecida a partir da proposta e

da conseqüente celebração do contrato deve ser mantida durante toda a sua execução, expressando a

correspondência entre os serviços a serem prestados e a contraprestação financeira. Neste sentido

encontram-se lições da doutrina e julgados do Superior Tribunal de Justiça.

82. Ante ao todo exposto, verifica-se que o ordenamento jurídico não respalda a alteração

unilateral de preços contratuais, pois viola o direito constitucional do contratado ao equilíbrio

econômico-financeiro, que recai sobre a manutenção das condições efetivas da proposta e, por

conseguinte, infringe os princípios da isonomia, da segurança jurídica, da legalidade e da confiança.

83. Conforme todo o exposto, é possível concluir que a contratação da Castellar Engenharia

para as obras do PETSE na rodovia BR 476/PR foi totalmente regular e representou a proposta mais

vantajosa para a Administração, uma vez que consignou um desconto de 19,08% em relação ao

orçamento dos serviços elaborado com base no referencial do SICRO 2/PR (setembro de 2005).

84. Diante disso, é imperioso concluir pela necessidade de se rever a decisão tomada no

Acórdão n. 1387/2011, ora recorrido, que, injustamente, imputou a esta empresa um débito inexistente

de R$ 1.392.738,97 (R$ 667.523,21 a preços iniciais) e aplicou uma multa no valor de R$ 5.000,00,

penalidades esta que, se mantidas, ensejaram enriquecimento ilícito da Administração.

85. Ante todo o exposto, a Castellar Engenharia Ltda. requer seja conhecido o presente

recurso para, no mérito, seja-lhe dado provimento com a revisão do Acórdão n. 1387/2011 —

Plenário e reconhecimento da total regularidade do Contrato UT-09-01 1/2006.

86. Nesses termos, pede deferimento.

Análise:

87. Antes de se debruçar sobre os argumentos carreados pela empresa recorrente, cabe

inicialmente registrar o contexto em que foi implementado o Programa Emergencial de

Trafegabilidade e Segurança nas Estradas – PETSE.

88. Com o fim de restabelecer condições adequadas de tráfego aos usuários das rodovias

federais, instituiu-se o citado PETSE em 30/12/2005, pela Portaria Dnit n. 1.806, que previa

operações tapa-buracos ou recomposição de pequenos trechos, mediante contratações emergenciais

de empresas, para que esses serviços fossem concluídos no período máximo de 6 meses.

89. Logo depois, em 7/1/2006, o Dnit editou a Instrução de Serviço - IS 2/2006, para

regulamentar a forma de aceitação dos preços dos serviços a serem contratados. Consta do próprio

texto dessa norma as razões que justificaram a fixação de critérios para definir os preços máximos

que seriam aceitos nos contratos emergenciais abrangidos pelo PETSE, in verbis:

Considerando que o contido nos incisos I, § 1º, do art. 3º da Portaria nº 1.806, de 2005 e no

inciso I, § 1º, do art. 1° da Instrução de Serviço nº 01/06, dispondo sobre o Programa Emergencial de

Trafegabilidade e Segurança nas Estradas - Petse, merece maior detalhamento e interpretação para

sua correta e recomendada aplicação;

Page 478: PLENÁRIO - Portal TCU...Recorrente: LEILA LEAL LEITE Motivo do sorteio: Pedido de reexame Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO Recurso: 020.652/2006-6/R001 Recorrente: LILINE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Considerando que o objeto da dispensa de licitação, se fosse submetido ao recomendável

processo licitatório, na livre concorrência de mercado provavelmente se obteria preço inferior ao

referenciado pelo Sistema de Custos Rodoviários – Sicro (grifos acrescidos)

90. Os três incisos do art. 1º da IS Dnit 2/2006 tornam claras as premissas e os critérios que

deveriam ser adotados no âmbito do Programa:

Art. 1°. Determinar a todos os Coordenadores de Unit, responsáveis diretos pelos

cumprimento e gerenciamento dos procedimentos emanados do Programa Emergencial de

Trafegabilidade e Segurança nas Estradas - Petse, aprovado pela Portaria n° 1.806, de 30 de

dezembro de 2005, publicada no DOU de 31 de dezembro de 2005, a adoção dos seguintes critérios,

no tocante o contido no inciso I, § 1°, do art. 3° dessa portaria e no inciso I, § 1° da Instrução de

Serviço nº 01/06, quando referente a trechos rodoviários elencados no anexo I da portaria de

aprovação, sem cobertura contratual, e, portanto, passíveis de dispensa de licitação, para que:

I - Os preços obtidos com a utilização do Sistema de Custos Rodoviários - Sicro, são apenas

referenciais máximos para fins de elaboração do Programa Anual de Trabalho e Orçamento - Pato,

ou planilha detalhada dos serviços a serem executados, e serão aprovados pelo Coordenador da Unit;

II - a composição de preços unitários deverá contemplar uma redução, de, no mínimo, 20%

(vinte por cento) dos valores obtidos pela aplicação do Sistema de Custos Rodoviários - Sicro;

III - obtendo o Coordenador da Unit preços cuja redução não tenha atingido ao mínimo de

20% (vinte por cento), esses deverão ser devidamente justificados, e, após a aprovação do

Coordenador, serem submetidos à homologação pelo Diretor da Diretoria de Infra-Estrutura

Terrestre - DIT/Dnit.

91. Como se vê, o Dnit regulamentou, para resguardar o erário, os critérios de fixação de

preços máximos dos serviços no âmbito do PETSE. Frise-se que isso foi providenciado com a rapidez

que era necessária (apenas uma semana após a instituição do PETSE), em face da natureza

emergencial do Programa, que reclamava pela execução célere dos serviços, que deveriam estar

concluídos no prazo de 6 meses.

92. Agora se debruçando sobre os próprios argumentos trazidos pela recorrente, destaca-se

inicialmente que em 6/1/2006 o Dnit/PR convocou a empresa Castellar Engenharia, recorrente, para

apresentar sua proposta, que, no mesmo dia, apresentou-a ao Dnit/PR e, ainda no mesmo dia, a

autarquia teria analisado e aceitado os preços propostos para a execução dos serviços do PETSE.

93. Frise-se que tudo isso foi providenciado não só num único dia, mas na véspera da edição

da citada IS 2/2006, que fixou os termos de aceitação dos preços. Como se vê, agiu-se de forma muito

mais urgente e célere que o exigido pelo Programa (que previa a conclusão dos serviços em 6 meses).

Não se vislumbra na peça recursal, nem nos autos, nenhuma razão para tanta pressa.

94. Também cabe registrar que é muito difícil, no prazo exíguo de um dia, convocar uma

empresa para apresentar uma proposta complexa, que envolve obras rodoviárias, para que esta

levantasse diversos custos até se obter uma proposta, para então ser encaminhada para o Dnit/PR, a

qual seria analisada e tramitada pelos competentes setores da autarquia até sua aceitação. Por outro

lado, é inverossímil que, na véspera da edição da IS Dnit 2/2006, a empresa recorrente e o Sr. David

José de Castro Gouvea, à época Superintendente Regional do Dnit no Paraná, que aprovou os preços

propostos, não tivessem conhecimento do teor da norma e de sua iminente edição.

95. De qualquer forma, não assiste razão à recorrente ao afirmar que, no caso, esta Corte

aplicou essa norma retroativamente, que restaram prejudicados os princípios da isonomia, da

segurança jurídica, da legalidade e da confiança, bem com o direito constitucional do contratado ao

equilíbrio econômico-financeiro.

96. Isso porque, diante da edição da citada IS 2/2006, em 7/1/2006, caberia ao dirigente do

Dnit/PR providenciar negociação com a empresa Castellar Engenharia no sentido de adequar os

preços propostos aos critérios fixados pelo normativo (a exigência do desconto de 20% sobre a

composição de preços previsto na Tabela SICRO2), em atenção aos princípios da legalidade e da

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

economicidade. Desta forma, restou viciado o respectivo processo de dispensa de licitação, o qual,

diante da apontada irregularidade, não poderia ter sido aprovado pela diretoria do Dnit/PR.

97. Ademais, ao invés de se adequar os valores dos serviços propostos, a empresa contratada

executou os serviços sem cobertura contratual por cerca de 3 meses, pois o contrato em questão (UT-

09-011/2006) só foi formalizado em 13/4/2006.

98. A propósito, não haveria qualquer prejuízo à empresa Castellar Engenharia em relação ao

que já havia sido executado, vez que, conforme ela mesma afirmou, o início da obra somente ocorreu

em 9/1/2006, posteriormente à edição da citada IS 2/2006, em 7/1/2006.

99. Portanto, na ausência de instrumento de contrato e sendo o referido desconto regra de

conhecimento de ambas as partes, sua não observância implicou ato de gestão ilegítimo e

antieconômico, ao arrepio da Lei 8.443/1992.

100. Frisa-se que os princípios da segurança jurídica e do direito ao equilíbrio econômico-

financeiro não servem para proteger vantagens ilegítimas obtidas por uma empresa contratada pela

Administração, pois estes princípios devem estar contidos nos limites da legalidade e de outros

princípios que regem os contratos administrativos, em especial o da supremacia do interesse público.

101. Outrossim, a não aceitação do desconto implicaria a desistência do contrato, ou, ainda,

conforme previsto no inciso III do art. 1º da IS Dnit 2/2006, deveria ocorrer a justificação adequada

para os preços propostos.

102. Nem há que se falar em enriquecimento ilícito do erário, nem que bastaria que os preços

estivessem abaixo dos registrados no sistema SICRO para estarem condizentes com o mercado, pois o

PETSE apresentava especificidades que permitiram a apresentação de propostas em licitações

realizadas na mesma região com descontos superiores a 30% da tabela SICRO, conforme já

consignado no trecho abaixo transcrito do Voto, com o qual se manifesta inteira concordância:

28. Com efeito, esse singelo argumento de que, por estarem abaixo dos preços consignados no

sistema SICRO, os valores contratados estariam condizentes com o mercado não é suficiente para

comprovar a sua adequação, ante as especificidades que abarcam a contratação ora em análise.

29. O fato é que os preços da Tabela SICRO representam o preço médio ou mediano do

mercado, e não o menor preço praticado, o qual é, por óbvio, o suportado pelas empreiteiras. E, por

este motivo, as licitações realizadas pelo Dnit estipulam tais valores como os máximos a serem

aceitos.

30. O que se observa, na prática, inclusive em licitações realizadas na mesma região onde se

localiza a rodovia objeto do contrato questionado, é que as propostas das licitantes apresentam

descontos por vezes superiores a 30% em relação ao referencial, conforme consignado no

TC 021.288/2006-1, que tratou de auditoria operacional realizada no sistema SICRO (Acórdão

1.692/2007).

31. Dessa forma, a imposição pelo Dnit de desconto mínimo de 20% a ser obervado nos

contratos emergenciais no âmbito do PETSE refletiu essa situação verificada no mercado.

103. A propósito, como visto nos autos e também consignado no voto condutor do acórdão

recorrido, as justificativas apresentadas durante todo o trâmite do processo, por se prenderem a

alegações de cunho subjetivo, não se prestaram a efetivamente demonstrar a razoabilidade dos preços

contratados. Não foram acostadas aos autos composições de custos, seja de insumos ou de

equipamentos, seja de mão de obra, com especificação e comprovação dos itens destoantes, um a um,

incluindo a apresentação, conforme o caso, da documentação comprobatória, ou seja, notas fiscais,

convenções coletivas de trabalho, folha de pagamento, recibos, índices de reajuste porventura

aplicados aos insumos no período de realização das obras, dentre outros.

104. Tampouco merece acolhida a alegada necessidade de inclusão no orçamento referencial

das obras de despesas relativas à mobilização e desmobilização e manutenção de canteiro, uma vez

que a própria empresa não cotou qualquer valor para essas ações em sua proposta.

105. A propósito, a empresa recorrente entra em contradição ao alegar que ‘tais custos foram

diluídos entre os demais serviços, pois não havia no primeiro orçamento item específico para locar as

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

despesas com mobilização e desmobilizarão e instalação de canteiro’. Ora, se os custos com

mobilização e desmobilizarão e instalação de canteiro tinham sido diluídos entre os demais serviços

no orçamento original, a inclusão destes custos no segundo orçamento ensejaria duplicidade dos

mesmos.

106. Ressalta-se que, como a própria recorrente afirma, ela estava executando obras na BR

280/SC, a 94 km de distância do local das obras do PETSE, não se podendo falar que estava muito

distante dos trechos a serem recuperados.

107. De qualquer forma, se houve as supostas despesas da Castellar com o deslocamento de

equipamentos, mão de obra, instalação e manutenção de canteiro, estas já tinham sido diluídas em

outros itens do orçamento original, como a própria recorrente afirma.

108. Nem lhe aproveita a alegação de que era razoável a utilização da tabela SICRO de Santa

Catarina, de setembro de 2005, para balizar os preços dos serviços contratados. A uma, porque em

janeiro de 2006, à época da proposta oferecida pela Castellar, já estavam disponíveis os

levantamentos do Estado do Paraná de novembro de 2005, mais recentes que aquela utilizada. A duas,

porque na data de assinatura do contrato, 13/4/2006, já estavam disponíveis os preços de janeiro de

2006, compatíveis com o período de realização dos trabalhos.

109. Repisa-se que este Tribunal tem decidido que, nos casos da espécie, deve ser considerado

como parâmetro os valores do SICRO2/PR relativos ao mês de janeiro/2006 (Acórdãos 1322/2006,

1395/2006, 1398/2006, 1448/2006, 1449/2006, 395/2008, 1604/2008, 1901/2008, e 2263/2008, todos

do Plenário).

110. A propósito, como já exaustivamente demonstrado nos autos, a indevida inclusão no

orçamento de despesas relativas à mobilização e desmobilização e manutenção de canteiro e a

utilização inadequada da tabela SICRO/SC de setembro/2005 caracterizam-se artifícios para tentar

demonstrar o desconto fictício de 20% em relação ao SICRO, previsto pela IS Dnit 2/2006. Por

oportuno, transcreve-se análise que elucida essa questão, com a qual se manifesta inteira

concordância, que está inserta no Relatório integrante do Acórdão recorrido:

23. Sobre esse assunto, a alteração do orçamento para tentar caracterizar um desconto de

20%, a análise empreendida no relatório do Acórdão 780/2010-Plenário é elucidativa (fls. 03/04,

itens 9 a 10.3). Após o relato de uma troca de números, preços e serviços, o relatório conclui:

‘10. Causa espécie o raciocínio empreendido pela empresa privada Castellar para justificar

seus preços; causa mais assombro, ainda, que o administrador público David José de Castro Gouvêa

(então Superintendente Regional do Dnit no Paraná) tenha se valido dos mesmos argumentos para

aumentar artificialmente os valores do orçamento para a obra em questão.

10.1. Veja-se que o orçamento inicial do Dnit/PR não apresentava os itens referentes à

mobilização, desmobilização e canteiro (fls. 82/83-Anexo 1); tampouco o primeiro orçamento

apresentado pela Castellar às fls. 117/122-Anexo 1 – fundamentalmente porque, depreende-se, não

havia necessidade desse tipo de rubrica/serviço, dado que era da inspiração original do próprio

programa Petse o aproveitamento de contratos de manutenção em andamento para a aplicação direta

dos recursos destinados a esta intervenção; em outras palavras, a execução da despesa seria feito sem

licitação, uma vez identificado o caráter de emergência, com empresas que já estavam mobilizadas,

instaladas nas proximidades dos trechos a serem recuperados. Em contrapartida deveriam oferecer

essas empresas desconto de 20%. Não há explicação ontológica para o número cabalístico de 20% a

não ser, entendo, como sendo parte de um processo de legitimação pública para as contratações feitas

nos moldes realizados.

10.2. Então a empresa Castellar apresenta uma proposta com desconto de apenas 8,86% e se

forma um problema – a aceitabilidade da proposta no plano interno do Dnit e no plano externo,

perante a fiscalização deste TCU. Eis que, então, a empresa privada leva ao conhecimento do

administrador público (Dnit/PR) de que o Egrégio TCU orientou seus jurisdicionados a respeito do

BDI em obras rodoviárias que deveria contemplar um percentual de apenas 23,90% e que as rubricas

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

relativas a mobilização, desmobilização e manutenção de canteiros (que antes justificavam um BDI de

32,68%) agora deveriam ser discriminadas diretamente no quadro de quantidades.

10.3. E o administrador público (Dnit/PR) disse então ‘ah... é mesmo! Esquecemos-nos dos

valores relativos à mobilização/desmobilização e manutenção de canteiros’. E incrementou sua

planilha paradigmática de custos em cerca de meio milhão de reais e com mais alguns ajustes

ali/aqui... pronto: alcançou-se o percentual de desconto de 20%.’

24. O assunto foi tratado de forma incisiva na Proposta de Deliberação do Acórdão 780/2010-

Plenário, à fl. 09:

‘8. Conforme visto no Relatório, o Dnit, mais especificamente o coordenador identificado

acima, a despeito da previsão da Instrução de Serviço Dnit nº 2, de 7 de janeiro de 2006, não adotou

as medidas adequadas objetivando a redução dos valores propostos pela empresa Castellar

Engenharia Ltda. em 20%, nos moldes ali previstos.

9. A unidade técnica detalhou com precisão os procedimentos adotados pelo responsável, que

resultaram na revisão do orçamento inicial da superintendência regional para a obra, acrescendo o

seu valor de modo que o preço proposto pela contratada, com pequena alteração, alcançou desconto

equivalente a 20,02% do orçado.

10. Tanto a alteração do parâmetro de preços utilizado - substituição do Sicro2/PR, relativo a

setembro de 2005, que estaria defasado, pelo Sicro2/SC, também de setembro de 2005, como a

inclusão dos itens mobilização, desmobilização e manutenção de canteiros no orçamento se

mostraram medidas irregulares.

(...)14. A inclusão indevida de tais itens no orçamento foi o fator preponderante para que o

valor proposto pela empresa demonstrasse o desconto fictício de 20% em relação ao Sicro.’

111. Ante todo o exposto, considerando que a recorrente não logrou êxito em demonstrar a

regularidade dos valores que recebera pelos discutidos serviços realizados no âmbito do PETSE, não

há como lhe dar provimento ao recurso, devendo-se manter o Acórdão recorrido, em seus exatos

termos.

PROPOSTA

112. Diante do exposto, com fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, bem

como no art. 285, caput, do Regimento Interno do TCU, submetem-se os autos à consideração

superior, propondo:

a) conhecer do Recurso de Reconsideração interposto pela empresa Castellar Engenharia

Ltda., contra o Acórdão 1.387/2011 - TCU - Plenário para, no mérito, negar-lhe provimento;

b) dar ciência à recorrente e demais interessados do acórdão que for prolatado, bem como do

relatório e voto que o fundamentarem.”

3. O Ministério Público atuante junto a esta Corte, representado nos autos pelo Subprocurador-

Geral Paulo Soares Bugarin, aquiesceu ao desfecho alvitrado (peça 42).

4. Estando os autos conclusos em meu Gabinete, a recorrente apresentou memorial em que

repisa os argumentos aduzidos previamente em sua peça recursal (peça 51).

É o relatório.

VOTO

Trago à apreciação do Plenário recurso de reconsideração interporto pela empresa Castellar

Engenharia Ltda., em face do Acórdão 1.387/2011 deste mesmo Colegiado, que, apreciando tomada de

contas especial, julgou irregulares suas contas, condenou-a em débito, solidariamente com outro

responsável, e aplicou-lhe multa.

2. Consoante exposto no relatório precedente, estes autos de contas especiais foram instaurados

em cumprimento ao Acórdão 780/2010-Plenário (TC 014.173/2008-0), para apurar irregularidades em

pagamentos efetuados à Castellar, pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(Dnit), como contrapartida à realização de obras de conservação e recuperação da BR-476/PR, no

trecho compreendido entre os quilômetros 264,2 e 277,9.

3. Tais serviços, contratados por meio do UT-09-011/2006, estavam inseridos no âmbito do

Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas (PETSE), instituído pela Portaria

Dnit n.º 1.806, de 30/12/2005. Referido programa, por um lado, autorizou a contratação direta, em

caráter emergencial, da empresa de engenharia para execução da obra. No entanto, por outro, exigiu,

como condição de aceitabilidade da proposta, que fosse dado um desconto de, no mínimo, 20%, em

relação à tabela Sicro, na composição de preços unitários apresentados. Em caso de impossibilidade de

concessão do desconto, o preço ofertado deveria ser devidamente justificado e homologado pelo titular

da Diretoria de Infraestrutura Terrestre do Dnit (art. 1º da Instrução de Serviço Dnit n.º 2, de

7/1/2006).

4. Conforme restou apurado nos autos, os preços ofertados pela contratada não contemplaram o

desconto imposto pela IS n.º 2/2006. Tampouco houve apresentação de justificativa plausível para sua

não observância. Em decorrência, a empresa foi condenada a restituir ao erário as quantias percebidas

em patamares superiores a 80% dos preços referenciados no Sicro-PR (janeiro/2006), as quais

perfazem, em valor histórico, R$ 667.523,21 (seiscentos e sessenta e sete mil, quinhentos e vinte e três

reais e vinte e um centavos).

5. Por discordar desse posicionamento do Tribunal, a recorrente interpôs o recurso ora em

análise, cujas razões de insurgência constam do relatório anterior.

6. Feita essa breve introdução, cumpre-me ratificar o exame de admissibilidade empreendido

mediante despacho (pág. 52, peça 7), no sentido de conhecer do recurso de reconsideração, porquanto

preenchidos os requisitos exigidos pelos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992.

7. Com relação ao mérito, vejo que a Secretaria de Recursos (Serur) refutou com propriedade

todas as ponderações apresentadas, concluindo pela negativa de provimento ao recurso. Tal

encaminhamento mereceu, ainda, o aval do Ministério Público junto ao TCU.

8. Registro, de antemão, que perfilho desse mesmo entendimento, motivo por que incorporo os

fundamentos ali expendidos às minhas razões de decidir.

9. Com efeito, os pontos da decisão questionados pela recorrente já foram discutidos à exaustão

tanto nestes autos quanto em outros processos que cuidaram de contratos celebrados no âmbito do

PETSE.

10. Primeiramente, tenho que não deve prosperar a tentativa da Castellar de negar

aplicabilidade ao seu caso do desconto previsto no art. 1º da IS n.º 2/2006. Ainda que a empresa tenha

enviado sua proposta ao Dnit no dia imediatamente anterior à edição do normativo (7/1/2006), a

execução dos serviços somente se iniciou dois dias depois (9/1/2006). Nesse sentido, como se tratava

de norma cogente, que impunha restrição à admissibilidade da proposta, competia às partes, Dnit e

Castellar, renegociar os valores apresentados como forma de atender os regramentos especialmente

editados para nortear as contratações do PETSE.

11. Não foi sem razão, inclusive, que o próprio contrato celebrado entre as partes incluiu, no rol

de normativos aplicáveis ao trato, a IS n.º 2/2006, verbis (fl. 289, anexo 1, TC 014.173/2008-0):

DO FUNDAMENTO LEGAL - Esta adjudicação decorre de dispensa de licitação n.º 4512006,

publicado no DOU de 31 de março de 2006, Seção 3, em virtude da decretação de emergência,

baseada nos termos do Art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/93, e na Portaria DG/DNIT n° 1.806/05, de

30/12/05, publicada no DOU de 31/12/05, que instituiu o PROGRAMA EMERGENCIAL DE

TRAFEGABILIDADE E SEGURANÇA NAS ESTRADAS — PETSE, declarando estado de emergência

nas rodovias federais constante do Anexo 1, inclusive as transferidas aos Estados Através da MP

82/02, atendendo às Instruções de Serviços DG n° 03/2004, 01/2006 e 02/2006 e, cuja autorização

foi aprovada pela Diretoria Colegiada/DNIT, à fl. 251, através do Relato n° 302/2006 constante às fls

246 a 250, incluído na Pauta do dia 30/03/2006, constante da Ata n° RE/2006, conforme consta do

Processo Administrativo n° 50609.000042/2006-73, submetendo-se as partes às cláusulas e condições

aqui estabelecidas e às Normas vigentes no DNIT. (destaquei)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12. A propósito, embora não haja exigência de pré-questionamento da matéria para interposição

de recurso no TCU, pode-se verificar, compulsando os autos, que a recorrente, até esse momento, não

havia oposto qualquer embargo à incidência da IS n.º 2/2006 ao contrato UT-09-011/2006. Muito pelo

contrário, o que se vê, em diversas oportunidades, é o intento da contratada em demonstrar que seus

preços estão em consonância com tal dispositivo. Nesse sentido, a título de exemplo, trago o seguinte

excerto de correspondência enviada pela Castellar ao Dnit (fl. 256, anexo 1, TC 014.173/2008-0):

Castellar Engenharia Ltda, inscrita no CNPJ no 02.955.426/0001-24, vem, por seu

Procurador Legal Alexandre Zamberlan abaixo assinado, em atendimento ao seu ofício n.° 0321

datado de 24/03/2006, apresentar nova Proposta de Preços atingindo o desconto de 20% em relação

do Sicro II de Setembro de 2005, atendendo assim à Instrução de Serviço n° 02/2006, conforme sua

solicitação.

Assim sendo, o valor da nova proposta é de R$ 4.858.319,97 (Quatro milhões oitocentos e

cinqüenta e oito mil trezentos e dezenove reais e noventa e sete centavos), referente ao mês de

setembro/2005. (destaquei)

13. Tem-se, portanto, que o posicionamento ora sustentado pela recorrente revela-se, no

mínimo, contraditório com suas manifestações outrora proferidas nestes autos.

14. Ainda com relação à matéria, ao analisar outros contratos celebrados para manutenção de

rodovias federais no estado do Paraná, no âmbito do mesmo PETSE, o Tribunal já sedimentou o

entendimento de que é irregular o pagamento efetuado sem a observância do desconto previsto na IS

n.º 2/2006, salvo em situações excepcionais devidamente justificadas. Tais deliberações podem ser

colhidas nos processos TC 002.302/2006-0, TC 002.285/2006-0, TC 003.392/2006-1, TC

002.003/2006-0 e TC 002.004/2006-8.

15. Passando aos argumentos apresentados para legitimar os ajustes efetuados no orçamento

inicial do Dnit, referentes à inclusão dos serviços de mobilização e desmobilização, à manutenção de

canteiros e à alteração do referencial para o Sicro-SC (setembro/2005), que elevaram valor orçado para

a obra, entendo que não são suficientes para alterar o juízo anteriormente firmado. Acerca da assunto,

destaco o seguinte trecho do voto do relator a quo, que afastou argumentação semelhante:

9. A unidade técnica detalhou com precisão os procedimentos adotados pelo responsável, que

resultaram na revisão do orçamento inicial da superintendência regional para a obra, acrescendo o

seu valor de modo que o preço proposto pela contratada, com pequena alteração, alcançou desconto

equivalente a 20,02% do orçado.

10. Tanto a alteração do parâmetro de preços utilizado - substituição do SICRO2/PR, relativo

a setembro de 2005, que estaria defasado, pelo SICRO2/SC, também de setembro de 2005, como a

inclusão dos itens mobilização, desmobilização e manutenção de canteiros no orçamento se

mostraram medidas irregulares.

11. Quanto ao primeiro procedimento, este Tribunal tem decidido que, nos casos da espécie,

devem ser considerados como parâmetros os valores do SICRO2/PR relativos ao mês de janeiro/2006

(Acórdãos 1322/2006, 1395/2006, 1398/2006, 1448/2006, 1449/2006, 395/2008, 1604/2008,

1901/2008, e 2263/2008, todos do Plenário).

12. Da mesma forma, a inclusão dos itens relativos à mobilização, desmobilização e

manutenção de canteiros no orçamento foi indevida uma vez que não estavam previstas tais despesas

para a referida obra. Aliás, a própria empresa não cotou qualquer valor para essas ações.

13. Como afirmado pela unidade técnica, não havia necessidade de inserção de tais rubricas

no orçamento "dado que era da inspiração original do próprio programa PETSE o aproveitamento de

contratos de manutenção em andamento para a aplicação direta dos recursos destinados a esta

intervenção; em outras palavras, a execução da despesa seria feita sem licitação, uma vez identificado

o caráter de emergência, com empresas que já estavam mobilizadas, instaladas nas proximidades dos

trechos a serem recuperados.

16. Por fim, ainda acerca dos referidos ajustes efetuados no orçamento, tenho que o simples

fato de outros contratos celebrados no âmbito do PETSE terem previsto despesas com mobilização e

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