Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Tribunal de Contas da União Secretaria das Sessões
ATA Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2012
- SESSÃO ORDINÁRIA -
PLENÁRIO
APROVADA EM 23 DE AGOSTO DE 2012
PUBLICADA EM 29 DE AGOSTO DE 2012
ACÓRDÃOS nºs 2194 a 2254
2
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2012
(Sessão Ordinária do Plenário)
Presidente: Ministro Benjamin Zymler
Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado
Secretário das Sessões: AUFC Luiz Henrique Pochyly da Costa
Subsecretária do Plenário, em substituição: AUFC Elenir Teodoro Gonçalves dos Santos
À hora regimental, o Presidente declarou aberta a sessão ordinária do Plenário, com a presença
dos Ministros Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes, dos Ministros-Substitutos
Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa e Weder de Oliveira e do Representante do
Ministério Público, Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado. Ausente o Ministro-Substituto André Luís
de Carvalho, em férias.
HOMOLOGAÇÃO DE ATA
O Tribunal Pleno homologou a Ata nº 31, da sessão ordinária realizada em 15 de agosto corrente
(Regimento Interno, artigo 101).
PUBLICAÇÃO DA ATA NA INTERNET
Os anexos das atas, de acordo com a Resolução nº 184/2005, estão publicados na página do
Tribunal de Contas da União na Internet (www.tcu.gov.br).
COMUNICAÇÕES (v. inteiro teor no Anexo I a esta Ata)
Do Ministro Valmir Campelo
Participação, na condição de relator dos processos relacionados ao Mundial de Futebol de 2014,
na última sexta-feira, em Porto Alegre, do Seminário “Obras de Mobilidade Urbana para a Copa do
Mundo de 2014.”
Do Ministro Augusto Nardes
Proposição, aprovada pelo Plenário, de fiscalização coordenada para a avaliação das ações de
governança da Amazônia brasileira, a ser presidida pelo Ministro-Substituto Weder de Oliveira, relator
da Lista de Unidades Jurisdicionadas que abriga o Ministério do Meio Ambiente e entidades
vinculadas.
MEDIDAS CAUTELARES CONCEDIDAS (v. inteiro teor no Anexo II a esta Ata)
O Plenário referendou, nos termos do disposto no § 1º do art. 276 do Regimento Interno deste
Tribunal, a concessão das medidas cautelares exaradas nos processos nºs:
TC-013.842/2012-9, pelo Ministro Raimundo Carreiro, para que a Coordenação-Geral de
Logística da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração da Secretaria Executiva do
Ministério da Justiça suspenda o Pregão Eletrônico para Registro de Preços nº 29/2011-SRP, no que se
refere ao item3 (Solução de análise estatística e mineração de dados estruturados).
3
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
TC-022.991/2012-3, pelo Ministro Raimundo Carreiro, para que o Conselho Administrativo de
Fesa Econômica (Cade), na qualidade de gerenciador da ata de registro de preços derivada do Pregão
Eletrônico n.º 007/2012, abstenha-se de autorizar a adesão de quaisquer órgãos e entidades da
administração pública na referida ata até que o Tribunal decida sobre o mérito das questões suscitadas
neste processo de representação.
TC-015.980/2012-0, pelo Ministro José Jorge, para que a Prefeitura Municipal de Parnaíba/PI
suspenda imediatamente a Concorrência nº 14/2011 ou a execução financeira do contrato dela
decorrente, caso este já tenha sido celebrado, até que o Tribunal delibere sobre o mérito das questões
suscitadas naqueles autos.
SORTEIO ELETRÔNICO DE RELATOR DE PROCESSOS
De acordo com o parágrafo único do artigo 28 do Regimento Interno e nos termos da Portaria da
Presidência nº 9/2011, entre os dias 16 a 21 de agosto foi realizado sorteio eletrônico dos seguintes
processos:
Processo: 014.322/2012-9
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Processo Administrativo - Art. 19 da Res. 175/2005
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro ANA ARRAES
Processo: 020.365/2012-8
Interessado: SIND SERV PODER LEG FED E TCU-SINDILEGIS/SIND SERV PODER LEG
FED E TCU-SINDILEGIS
Motivo do sorteio: Processo Administrativo - Art. 28, inciso XIV do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro VALMIR CAMPELO
Processo: 027.014/2012-6
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Processo Administrativo - Art. 28, inciso XIV do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES
Processo: 003.028/2001-3
Interessado: Sergei Medeiros Araujo
Motivo do sorteio: Embargos de Declaração - Resolução 190/2006
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro AROLDO CEDRAZ
Processo: 006.328/2007-2
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Impedimento - Arts. 111 e 151, Inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro RAIMUNDO CARREIRO
Processo: 011.122/2003-6
4
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Interessado: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - MS
Motivo do sorteio: Recurso de Revisão ao Plenário contra Acórdão
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro JOSÉ JORGE
Recurso: 005.324/2012-2/R001
Recorrente: SONIA MARIA SILVA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 005.324/2012-2/R001
Recorrente: SATI INAFUKU NAGUMO
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 005.324/2012-2/R001
Recorrente: ROSELY LATERZA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 007.252/2009-3/R001
Recorrente: JOAO MARCOLINO GOMES JUNIOR
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA
Recurso: 009.030/2010-7/R002
Recorrente: JULIO ATILA BATISTA DE AZEVEDO
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA
Recurso: 009.030/2010-7/R003
Recorrente: EDUARDO ROBERTO DE SOUZA TRINDADE
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA
Recurso: 009.030/2010-7/R004
Recorrente: JOSÉ SIMÕES CHACON
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA
Recurso: 009.030/2010-7/R005
Recorrente: CLEISSON AMORIM RODRIGUES
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA
Recurso: 009.030/2010-7/R006
Recorrente: SIGMA DATASERV INFORMATICA S.A./SIGMA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA
5
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Recurso: 009.220/2009-9/R001
Recorrente: /VITOR & SOUZA COMÉRCIO LTDA
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 010.467/2004-8/R002
Recorrente: JAIR MIOTTO
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 010.467/2004-8/R002
Recorrente: JAIR MIOTTO
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: ANA LÚCIA ARRAES DE ALENCAR
Recurso: 010.540/2005-8/R001
Recorrente: JOSÉ AMÉRICO BUTI
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 011.033/2008-5/R002
Recorrente: JOÃO OTÁVIO DAGNONE DE MELO
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA
Recurso: 011.354/2010-0/R001
Recorrente: MARIA ARAÚJO DE AQUINO
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 011.610/2012-3/R001
Recorrente: GUSTAVO DE SOUZA FERREIRA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 011.743/2010-7/R002
Recorrente: MARIA DE LOURDES GOMES DA SILVA
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA
Recurso: 011.743/2010-7/R002
Recorrente: GRACILIANA SELESTINO GOMES DA SILVA
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA
Recurso: 012.873/2005-4/R002
Recorrente: ANTONIO FERREIRA LIMA
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA
6
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Recurso: 014.690/2008-8/R001
Recorrente: JOSSY SOARES SANTOS SILVA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: AROLDO CEDRAZ DE OLIVEIRA
Recurso: 015.127/2009-0/R001
Recorrente: CLEBERSON CARNEIRO ZAVASKI
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 015.554/2008-0/R001
Recorrente: CAST INFORMÁTICA LTDA./CAST INFORMÁTICA LTDA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOAO AUGUSTO RIBEIRO NARDES
Recurso: 017.376/2011-4/R001
Recorrente: FÉLIX VALUAR DE SOUSA BARROS
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: JOAO AUGUSTO RIBEIRO NARDES
Recurso: 018.331/2011-4/R002
Recorrente: MANOEL FRANCISCO ALVES SILVA
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: ANA LÚCIA ARRAES DE ALENCAR
Recurso: 019.173/2011-3/R001
Recorrente: ARTUR ALCIDES DE SOUSA BARROS
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA
Recurso: 019.603/2012-6/R001
Recorrente: ARMANDO SCHNEIDER FILHO
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: JOAO AUGUSTO RIBEIRO NARDES
Recurso: 020.147/2008-5/R001
Recorrente: JORCI MENDES DE ALMEIDA
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: ANA LÚCIA ARRAES DE ALENCAR
Recurso: 020.147/2008-5/R001
Recorrente: JORCI MENDES DE ALMEIDA
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 020.147/2008-5/R002
Recorrente: JANDER GENER CESAR GUERREIRO
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: ANA LÚCIA ARRAES DE ALENCAR
7
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Recurso: 020.147/2008-5/R002
Recorrente: JANDER GENER CESAR GUERREIRO
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 020.652/2006-6/R001
Recorrente: JOSE CARLOS VIEIRA DE OLIVEIRA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 020.652/2006-6/R001
Recorrente: ANA DE ASSUNCAO LEONCIO MARCULINO
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 020.652/2006-6/R001
Recorrente: LEILA LEAL LEITE
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 020.652/2006-6/R001
Recorrente: LILINE MARIA SOARES MARTINS
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 020.652/2006-6/R001
Recorrente: MARIA DO PERPETUO SOCORRO MOURA COIMBRA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 020.652/2006-6/R001
Recorrente: MARIA SARAIVA DE MOURA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 020.652/2006-6/R001
Recorrente: SILVIA LETICIA ROSMANN
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 020.652/2006-6/R001
Recorrente: VILMA DE BRITO LIMA PENA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 020.652/2006-6/R001
Recorrente: SIDRONIA COELHO COSTA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
8
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Recurso: 025.801/2009-5/R001
Recorrente: JORGE BRISENO TORRES
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA
Recurso: 025.801/2009-5/R001
Recorrente: KATIA BORN RIBEIRO
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA
Recurso: 027.941/2007-9/R001
Recorrente: GERÊNCIA EXECUTIVA DO INSS - TERESINA/PI - INSS/MPS
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 029.043/2011-5/R001
Recorrente: CASA DE SAÚDE E MATERNIDADE SANTA LUZIA/CENTRO HOSPITALAR
DE MOSSORÓ S/A
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO
Recurso: 030.981/2011-5/R001
Recorrente: LUCAS ROCHA FURTADO
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA
Recurso: 031.534/2010-4/R001
Recorrente: JOSE RIBAMAR FONTES BELEZA
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO SILVA
Recurso: 032.272/2010-3/R001
Recorrente: JOÃO BOSCO FONSECA RODRIGUES
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA
Recurso: 032.272/2010-3/R001
Recorrente: ELISABETH CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA SANTOS
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ JORGE DE VASCONCELOS LIMA
SUSTENTAÇÕES ORAIS
Na apreciação do processo nº TC-010.327/2009-8, cujo relator é o Ministro Walton Alencar
Rodrigues, o Dr. Jonas Cecílio produziu sustentação oral em nome da Sondotécnica Engenharia de
Solos S.A.
Na apreciação do processo nº TC-012.133/2006-9, cuja relatora é a Ministra Ana Arraes, a Dra.
Maria da Conceição Wanderley Lasmar produziu sustentação oral em nome do Município de
Presidente Figueiredo – AM. Após a sustentação oral, a relatora retirou o processo da pauta.
9
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
PEDIDOS DE VISTA
Com base no artigo 119 do Regimento Interno, foi suspensa a votação do processo nº TC-
013.294/2011-3, em função de pedido de vista formulado pelo Ministro Waltan Alencar Rodrigues. Já
votaram o relator, Ministro Ubiratan Aguiar, o 1º Revisor, Ministro José Jorge e o 2º revisor, Ministro
Raimundo Carreiro, cujos relatórios, votos e minutas de Acórdãos constam do Anexo IV desta Ata.
Com base no artigo 112 § 3º do Regimento Interno, foi adiada a discussão do processo nº TC-
017.154/2007-0, cujo relator é o Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, em função de novo
pedido de vista formulado pelo Ministro Raimundo Carreiro.
PROCESSO TRANSFERIDO DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DE CARÁTER
RESERVADO
Foi transferido da pauta da sessão extraordinária pública realizada nesta data o processo nº TC-
011.451/2008-5, cujo relator é o Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
PROCESSO TRANSFERIDO PARA A SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DE CARÁTER
RESERVADO
Foi transferido para a pauta da sessão extraordinária de caráter reservado realizada nesta data o
processo nº TC-037.747/2011-8, cujo relator é o Ministro Raimundo Carreiro.
PROCESSOS EXCLUÍDOS DE PAUTA
Foram excluídos de pauta os processos de nºs:
TC-001.564/2010-2 e TC-027.911/2010-1, cujo relator é o Ministro Augusto Nardes;
TC-003.334/2012-0 e TC-010.092/2005-7, cujo relator é o Ministro Aroldo Cedraz;
TC-000.831/2009-4, TC-010.594/2012-4 e TC-028.225/2011-2, cujo relator é o Ministro
Raimundo Carreiro;
TC-013.742/2007-3, cujo relator é o Ministro José Múcio Monteiro; e
TC-003.861/2009-7 e 012.133/2006-9, cuja relatora é a Ministra Ana Arraes.
PROCESSOS APRECIADOS POR RELAÇÃO
O Tribunal Pleno aprovou as relações de processos a seguir transcritas e proferiu os Acórdãos
de nºs 2194 a 2214.
RELAÇÃO Nº 32/2012 – Plenário
Relator – Ministro VALMIR CAMPELO
ACÓRDÃO Nº 2194/2012 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 17, inciso IV; 143, inciso III;
237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU, c/c o art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/93, em conhecer da
presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente, indeferir a medida cautelar
requerida, por não conter os requisitos de admissibilidade necessários a sua concessão, arquivar o
10
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
processo, devendo ser dada ciência desta deliberação à empresa representante e à Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, acompanhada de cópia da instrução da unidade técnica constante da peça 4:
1. Processo TC-022.341/2012-9 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Interessado: Artel Serviços Técnicos Ltda. (68.568.021/0001-41)
1.2. Órgão/Entidade: Comissão de Valores Mobiliários – MF
1.3. Relator: Ministro Valmir Campelo
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: 9ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-9).
1.6. Advogado constituído nos autos: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 2195/2012 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 17, inciso IV; 143, inciso III;
237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU, c/c o art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/93, em conhecer da
presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente, indeferir a medida cautelar
requerida, por não conter os requisitos de admissibilidade necessários a sua concessão, arquivar o
processo, devendo ser dada ciência desta deliberação à empresa representante e ao Banco do Nordeste
do Brasil S.A. - BNB, acompanhada de cópia da instrução da unidade técnica constante da peça 5:
1. Processo TC-023.226/2012-9 (REPRESENTAÇÃO)
1.1.Interessado: Casa e Bar Nordeste Comercio de Utilidades do Lar Ltda. (06.865.579/0001-
31)
1.2. Órgão/Entidade: Banco do Nordeste do Brasil S.A. - MF
1.3. Relator: Ministro Valmir Campelo
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - CE (SECEX-CE).
1.6. Advogado constituído nos autos: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
Ata n° 33/2012 – Plenário
Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária
RELAÇÃO Nº 34/2012 – Plenário
Relator – Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES
ACÓRDÃO Nº 2196/2012 - TCU – Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Ordinária de Plenário, e
considerando o pedido de parcelamento de multa formulado pelos responsáveis Henrique Germano
Zimmer, Danilo Roger Marçal Queiroz e Jussara Gonçalves Vieira, ACORDAM, por unanimidade,
com fundamento nos arts. 143, inciso V, “b”, e 217 do Regimento Interno/TCU, em autorizar o
parcelamento da multa imposta aos responsáveis, por intermédio do Acórdão 1.016/2012 – TCU –
Plenário, em 36 (trinta e seis) parcelas atualizadas monetariamente de acordo com a deliberação
original, fixando o vencimento da primeira em 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da
notificação, e o das demais, a cada 30 (trinta) dias, na forma prevista na legislação em vigor, alertando
aos responsáveis que a falta de recolhimento de qualquer parcela importará o vencimento antecipado
do saldo devedor (§ 2º do art. 217 do Regimento Interno/TCU):
11
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
1. Processo TC-030.083/2007-1 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Responsáveis: Companhia Docas do Espírito Santo (27.316.538/0001-66); Danilo Roger
Marçal Queiroz (904.621.657-87); Eliane Fernandes da Silva (366.759.381-34); Henrique Germano
Zimmer (009.677.936-53); Jussara Gonçalves Vieira (474.853.707-82); Nascon Logística Ltda
(04.461.341/0001-15); Nelson Machado Fagundes (039.881.477-53); Raulino Gonçalves Filho
(117.880.117-91); Roberto Hernandes (362.040.809-20); Roberto Oliveira Pinto de Almeida
(436.916.927-53)
1.2. Interessado: Petromarte Distribuidora de Derivados de Petróleo Ltda. (03.632.191/0001-
00)
1.3. Órgão/Entidade: Companhia Docas do Espírito Santo
1.4. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.5. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - ES (SECEX-ES).
1.7. Advogado constituído nos autos: não há.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
Ata n° 33/2012 – Plenário
Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária
RELAÇÃO Nº 24/2012 – Plenário
Relator – Ministro AUGUSTO NARDES
ACÓRDÃO Nº 2197/2012 - TCU - Plenário
Considerando que o recorrente se limitou a invocar hipótese legal compatível com o recurso de
revisão, sem, contudo, satisfazê-la materialmente.
Considerando que a tentativa de se provocar a pura e simples rediscussão de deliberações do
Tribunal fundada, tão somente, na discordância e no descontentamento do recorrente com as
conclusões obtidas por este Tribunal não se constitui em fato ensejador do conhecimento do presente
Recurso de Revisão.
Considerando que as argumentações e os documentos ora apresentados não possuem o condão,
sequer em tese, de modificar o julgado, não restando atendido, portanto, qualquer requisito disposto no
art. 35 da Lei Orgânica do TCU.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 35 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c
o art. 288, do Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 246/2011, e de acordo com os
pareceres emitidos nos autos, em não conhecer do presente recurso de revisão, e em enviar os autos à
Secex-6 para que dê ciência às partes e aos órgãos e entidades interessados do teor desta deliberação,
acompanhada da instrução da unidade técnica (peça 63).
1. Processo TC-009.073/2003-2 (TOMADA DE CONTAS - Exercício: 2002)
1.1. Responsáveis: Luis Carlos da Fonseca (238.298.937-87); Marco Antônio de Oliveira
(029.185.951-87); Raimundo Ferreira de Miranda (184.086.801-53).
1.2. Recorrente: Marco Antônio de Oliveira (029.185.951-87).
1.3. Órgão/Entidade: Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração – ME.
1.4. Relator: Ministro Augusto Nardes.
1.5. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
1.6. Relator da deliberação recorrida: Ministro Raimundo Carreiro.
12
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
1.7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); 6ª Secretaria de Controle Externo
(SECEX-6).
1.8. Advogado constituído nos autos: Júnia de Abreu Guimarães Souto (OAB/DF nº 10.778).
1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 2198/2012 - TCU – Plenário
Considerando que o recorrente interpôs anteriormente recurso de revisão contra o Acórdão nº
411/2008-TCU-2ª Câmara, o qual foi conhecido, mas no mérito foi-lhe negado provimento pelo
Acórdão 1.282/2011-TCU-Plenário.
Considerando que, neste momento, o recorrente interpõe novamente Recurso de Revisão sem,
contudo, fundamentar em nenhum dos incisos do art. 35 da Lei 8.443/92.
Considerando que operou-se, portanto, a preclusão consumativa, a teor do disposto no art. 278,
§ 3º, do Regimento Interno do TCU.
Considerando, finalmente, o princípio da singularidade dos recursos.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 35 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c
o art. 288 do Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 246/2011, e de acordo com os
pareceres emitidos nos autos, em não conhecer do presente recurso de revisão, e em enviar os autos à
Secex/GO para que dê ciência às partes e aos órgãos e entidades interessados do teor desta deliberação,
acompanhada da instrução da unidade técnica (peça 39).
1. Processo TC-002.165/2006-9 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Apensos: 010.736/2011-5 (COBRANÇA EXECUTIVA); 010.737/2011-1 (COBRANÇA
EXECUTIVA).
1.2. Responsáveis: Antonio Gonçalves Ferreira (043.368.361-91); David Carlos Fagundes
(042.021.711-87).
1.3. Recorrente: Antonio Gonçalves Ferreira (043.368.361-91).
1.4. Órgão/Entidade: Município de Petrolina de Goiás – GO.
1.5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico.
1.7. Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes.
1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no
Estado de Goiás (SECEX-GO).
1.9. Advogado constituído nos autos: Davi Carlos Fagundes (OAB/GO 9.662) e Rafael Naves
de Oliveira Santos (OAB/GO 23.021 – A).
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 2199/2012 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35 da Lei 8.443/92, c/c o art.
143, inciso IV, alínea “a”, do Regimento Interno, e de acordo com os pareceres uniformes emitidos nos
autos, em conhecer do recurso de revisão interposto pelo Sr. Raimundo Nonato Souza Silva, para, no
mérito, dar-lhe provimento, e reformar o Acórdão 1.147/2011 – TCU – Segunda Câmara nos seguintes
termos:
a) tornar insubsistente os subitens 9.2 a 9.7;
b) com fundamento no art. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/92, julgar
regulares com ressalva as presentes contas, dando quitação ao responsável;
c) arquivar os presentes autos;
13
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
d) corrigir o erro material contido na ementa do julgado recorrido, haja vista a inexistência de
responsabilidade solidária.
1. Processo TC-014.120/2008-6 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Apensos: 021.426/2011-2 (COBRANÇA EXECUTIVA); 021.425/2011-6 (COBRANÇA
EXECUTIVA).
1.2. Responsáveis: Antonio Evaldo Gomes Bastos (190.711.593-53); Raimundo Nonato Souza
Silva (779.602.893-87).
1.3. Recorrente: Raimundo Nonato Souza Silva (779.602.893-87)
1.4. Órgão/Entidade: Município de Irauçuba - CE; Prefeituras Municipais do Estado do Ceará
(184 Municípios).
1.5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.7. Relator da deliberacão recorrida: Ministro Raimundo Carreiro.
1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no
Estado do Ceará (SECEX-CE).
1.9. Advogado constituído nos autos: não há.
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 2200/2012 - TCU - Plenário
Considerando que este Tribunal, por intermédio do Acórdão 1793/2011 – TCU – Plenário, fez
recomendações ao Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais/MP, ao
Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do Ministério Público;
Considerando que em 19/12/2011 o Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO,
interpôs Pedido de Reexame (Peça 92) contra o item 9.5.1.8 do Acórdão 1793/2011 – TCU – Plenário
(Peça 4, p. 55/62), que, através do Acórdão 610/2012 – TCU – Plenário (Peça 100) não foi recebido,
por inexistência de interesse recursal;
Considerando que o Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO compareceu
novamente aos autos, por intermédio do recurso interposto na peça 117, irresignado com relação às
“determinações” direcionadas ao Departamento de Coordenação e Governança das Empresas
Estatais/MP, assim como o não conhecimento de seu anterior recurso;
Considerando que a expedição de recomendações por parte do TCU não gera qualquer
sucumbência aos seus jurisdicionados, ante seu caráter não impositivo, como já decidiu esta Corte de
Contas (acórdãos 2.895/2009-Plenário, 2.112/2005-1ª Câmara e 1.103/2008-2ª Câmara);
Considerando, portanto, a ausência de legitimidade e interesse recursal e por se ter operado a
preclusão consumativa, segundo análise da Serur em seu exame de admissibilidade (Peça 119);
Os Ministros do Tribunal de Contas ACORDAM, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACÒRDAM, unanimidade, ante as razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. art. 48,
caput, da Lei nº 8.443/1992, c/c os arts. 143, IV, letra “b”, do Regimento Interno/TCU, em não
conhecer do pedido de reexame, por inexistência de legitimidade e interesse recursal e por se ter
operado a preclusão consumativa, encaminhando-se os autos à Sefti para que dê ciência desta
deliberação ao recorrente, às partes e aos órgãos/entidades interessados do teor desta deliberação,
acompanhada de cópia do exame de admissibilidade (peça 119).
1. Processo TC-011.643/2010-2 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)
1.1. Apensos: 031.992/2011-0 (SOLICITAÇÃO)
1.2. Recorrente: Serpro - Regional Brasilia/DF - MF
1.3. Interessados: Sefti Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação; Serpro -
Regional Brasilia/DF - MF
14
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
1.4. Órgão/Entidade: Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação - MP
1.5. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.6. Representante do Ministério Público: não atuou
1.7. Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes
1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Sec. de Fisc. de Tec. da Informação
(Sefti).
1.9. Advogado constituído nos autos: não há.
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 2201/2012 - TCU - Plenário
Considerando que o recorrente ingressa com “pedido de reconsideração”, espécie não prevista
nos normativos desta Corte;
Considerando que não seria possível receber o expediente como recurso de reconsideração,
pois essa espécie recursal somente é prevista para os processos de contas, a teor do que dispõe o artigo
285 do Regimento Interno/TCU;
Considerando que o único recurso ordinário previsto para o recorrente seria o pedido de
reexame, conforme artigo 286 do Regimento Internodo TCU;
Considerando que o recorrente já interpôs anteriormente pedido de reexame contra a decisão
recorrida (peças 38-45), o qual foi conhecido, mas no mérito foi-lhe negado provimento pelo Acórdão
327/2012 - TCU - Plenário (peça 8, p. 23), operando-se, portanto, a preclusão consumativa, a teor do
disposto no art. 278, § 3º, do Regimento do TCU.
Considerando a proposta da unidade técnica pelo não-conhecimento do presente recurso.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 35 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c
os arts. 278 e 285, do Regimento Interno do TCU, de acordo com os pareceres uniformes emitidos nos
autos, em não receber o pedido de reconsideração, em face da absoluta inadequação recursal, e em
razão da preclusão consumativa, encaminhando-se os autos à Secex/RJ para que dê ciência às partes e
aos órgãos e entidades interessados do teor da presente deliberação.
1. Processo TC-012.238/2005-2 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)
1.1. Apensos: 019.895/2006-1 (SOLICITAÇÃO); 029.147/2011-5 (SOLICITAÇÃO)
1.2. Responsáveis: Celita Cortes Tavares (725.352.297-49); Jose Gomes Temporao
(487.471.497-87); Luiz Alberto Ladezenski (741.904.407-44); Maria da Graça Oliveira Rangel
(436.034.837-15); Nelson dos Santos (489.802.347-91); Pedro Paulo Vereza Henriques (260.507.307-
68); Reinhar Braun (740.262.167-72); Santa Bárbara Engenharia S/A (17.290.057/0001-75); Valdemar
da Silva Fagundes (222.083.561-87)
1.3. Recorrente: Pedro Paulo Vereza Henriques (260.507.307-68)
1.4. Interessado: Instituto Nacional do Câncer - MS (00.394.544/0171-50)
1.5. Órgão/Entidade: Instituto Nacional do Câncer - MS
1.6. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.7. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico
1.8. Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes
1.9. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no
Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
1.10. Advogado constituído nos autos: não há.
1.11. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 2202/2012 - TCU – Plenário
15
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Os ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no artigo 143, inciso V, alínea “d”, do Regimento
Interno, c/c o enunciado 145 da Súmula de Jurisprudência predominante do Tribunal, em retificar, por
inexatidão material, o Acórdão 1782/2012-TCU-Plenário, prolatado na sessão extraordinária de
11/7/2012, Ata 26/2012, de modo que, onde se lê: “VISTOS, relatados e discutidos estes autos de
Representação destinada a apurar possíveis irregularidades perpetradas pela empresa RLP Comércio e
Assistência Técnica Ltda. em processos licitatórios, em que, na presente fase processual aprecia-se
recurso de reexame interposto contra o Acórdão 3.411/2001-Plenário, que declarou a referida empresa
inidônea para participar de licitações da administração pública federal pelo prazo de seis meses,”, leia-
se: “VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação destinada a apurar possíveis
irregularidades perpetradas pela empresa RLP Comércio e Assistência Técnica Ltda. em processos
licitatórios, em que, na presente fase processual aprecia-se recurso de reexame interposto contra o
Acórdão 3.074/2011-TCU-Plenário, que declarou a referida empresa inidônea para participar de
licitações da administração pública federal pelo prazo de seis meses,”, mantendo-se inalterados os
demais termos do acórdão ora retificado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.
1. Processo TC-012.545/2011-2 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Responsável: RLP Comércio e Assistência Técnica Ltda. (00.539.911/0001-91)
1.2. Interessado: Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação - MP
1.3. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.4. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Santa Catarina (SECEX-
SC).
1.6. Advogado constituído nos autos: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
Ata n° 33/2012 – Plenário
Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária
RELAÇÃO Nº 30/2012 – Plenário
Relator – Ministro AROLDO CEDRAZ
ACÓRDÃO Nº 2203/2012 - TCU - Plenário
Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM,
por unanimidade, com fundamento no artigo 1º, inciso XVII, da Lei 8.443/92; c/c os artigos 15, inciso
I, alínea “o”, 143, inciso, V, alínea “a”, 264 e 265, todos do Regimento Interno, em não conhecer da
consulta adiante relacionada, por versar sobre caso concreto, e dar ciência da presente deliberação,
acompanhada de reprodução da peça 2 dos autos (instrução de mérito), ao Ministro da Pesca e
Aquicultura.
1. Processo TC-020.961/2012-0 (CONSULTA)
1.1. Órgão: Ministério da Pesca e Aquicultura (vinculador)
1.2. Relator: Ministro Aroldo Cedraz
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Advogado constituído nos autos: não há.
ACÓRDÃO Nº 2204/2012 - TCU - Plenário
16
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM,
por unanimidade, com fundamento nos artigos 143, incisos III e V, alínea “a”, e 169, inciso V, do
Regimento Interno; c/c o art. 40, inciso V, da Resolução TCU 191/2006, em:
1. Processo TC-034.259/2011-2 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)
1.1. Responsáveis: Aldair da Rocha (008.814.778-93); Clidenor Cosme da Silva Júnior
(812.516.104-04)
1.2. Entidade: Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social – Sesed/RN.
1.3. Relator: Ministro Aroldo Cedraz
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Advogado constituído nos autos: não há.
1.6. Determinações:
1.6.1. considerar saneadas ou atendidas as determinações constantes no Acórdão 461/2012 –
TCU – Plenário, exceto quanto ao subitem 1.5.1.4;
1.6.1. autuar processo de monitoramento, com fulcro no art. 243 do RI/TCU e nos termos do
art. 42 da Resolução 191/2006, visando a efetuar diligência à Secretaria de Estado da Segurança
Pública e da Defesa Social (Sesed/RN) para que informe, no prazo de 15 (quinze) dias, quais as
medidas/providências adotadas com vistas ao saneamento da falha apontada na determinação constante
no subitem 1.5.1.4 do Acórdão 461/2012 – TCU – Plenário;
1.6.2. dar ciência à Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social - Sesed/RN
de que, nos convênios atuais, no que couber, e nos vindouros, deve abster-se de considerar a
participação de empresas declaradas inidôneas pelo Tribunal de Contas da União, nos termos do art. 46
da Lei 8.443/1992, inclusive em estimativa de preços, quando contratar por meio da utilização de
recursos públicos federais;
1.6.3. determinar o arquivamento dos presentes autos.
Ata n° 33/2012 – Plenário
Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária
RELAÇÃO Nº 41/2012 – Plenário
Relator – Ministro RAIMUNDO CARREIRO
ACÓRDÃO Nº 2205/2012 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo abaixo relacionado, que
trata de Monitoramento que objetiva verificar o cumprimento dos itens 9.3.5 e 9.3.6 do Acórdão
3012/2009-TCU-Plenário, proferido na Sessão Extraordinária de 9/12/2011, ao ser apreciado o TC
008.638/2009-0, oriundo de fiscalização realizada na Imetro/SC, entidade que sucedeu a extinta
Superintendência do Inmetro no Estado de Santa Catarina, com vistas ao atendimento de solicitação
procedente do Congresso Nacional, com fundamento no art. nos arts. 143, inciso III e 243, do
Regimento Interno/TCU, ACORDAM considerar satisfatórias as ações desenvolvidas pelo Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro para cumprimento das
determinações acima citadas, conforme instrução da Unidade Técnica.
1. Processo TC-037.688/2011-1 (MONITORAMENTO)
1.1. Interessado: 9ª Secex
1.2. Unidade: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro
1.3. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: 9ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-9).
17
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
1.6. Advogado constituído nos autos: não há.
1.7. Determinar ao Inmetro que remeta o processo administrativo 018.758/2012-81 à Secretaria
Federal de Controle Interno/CGU, no prazo de 60 (sessenta) dias, para pleno cumprimento da
determinação contida no item 9.3.5 do Acórdão 3012/2009-TCU-Plenário; e
1.8. Apensar com base no caput do art. 42 da Resolução-TCU 191/2006, definitivamente o
presente processo ao TC 008.638/2009-0.
ACÓRDÃO Nº 2206/2012 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo abaixo relacionado, que trata
de Monitoramento do cumprimento das determinações exaradas nos Acórdãos 2.485/2008-TCU-
Plenário e 2.928/2011-TCU-Plenário, proferidos em decorrência de auditoria realizada junto ao
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região no Rio de Janeiro (TRT/1ª Região/RJ); com fundamento
no art. nos arts. 143, inciso III, 15, 105 e 243, do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em:
desarquivar este processo; com fundamento no art. 27 da Lei n.º 8.443, de 1992, expedir
quitação da multa aplicada à Senhora Letícia Ferreira Carlos de Santis, por força do Acórdão n.º
2.928/2011, in Ata n.º 49, que reformou o Acórdão n.º 2.485/2008, in Ata n.º 46; e arquivar os
presentes autos, conforme os pareceres emitidos.
1. Processo TC-003.187/2006-0 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)
1.1. Responsáveis: Alberto Fortes Gil (113.411.577-68); Carlos Alberto Araújo Drummond
(033.236.097-00); Glória Regina Ferreira Mello (406.198.347-49); Ivan Dias Rodrigues Alves
(024.809.487-49); Izidoro Soler Guelman (000.175.821-72); Jorge Luiz Fernandes da Silva
(776.615.407-20); Jose Marcio da Silva Almeida (657.577.507-15); João Mário de Medeiros
(030.633.307-44); Letícia Ferreira Carlos de Santis (182.360.141-34); Lydia Martins Barreto
(672.958.197-20); Nelson Tomaz Braga (227.211.347-87); Nídia de Assunção Aguiar (090.039.087-
53)
1.2. Interessado: Catia Cristina de Araújo Oren (023.075.897-59)
1.3. Unidade: Tribunal Regional do Trabalho 1ª Região/RJ - JT
1.4. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.7. Advogados constituídos nos autos: Walter Costa Porto OAB/6.098, Guilherme Augusto F.
Fregapani OAB/DF 34.406
ACÓRDÃO Nº 2207/2012 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado, que
trata de Representação formulada pelo Senador Eduardo Matarazzo Suplicy, nos termos do artigo 62
da Resolução TCU 191/2006, encaminhada ao Tribunal por meio do Ofício 01163/2011(peça 1, p.
1/3), com vistas à apuração de denúncia apresentada por meio eletrônico, apontando indícios de
irregularidades em licitações para aquisição de medicamentos destinados a hospitais da rede pública
em São Paulo, caracterizada pela fixação de quantidade específica do produto de acordo com a
embalagem, redundando em direcionamento da licitação para determinado fornecedor que atendesse a
esse requisito, em detrimento de outros fornecedores existentes no mercado, que poderiam ofertar o
produto por preço unitário inferior; com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92 c/c os arts.
143, inciso III; do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em não conhecer da presente representação
ante o não atendimento dos requisitos de admissibilidade previstos no art. 237, parágrafo único, c/c art.
235, caput e parágrafo único, ambos do Regimento Interno do TCU, tendo em vista que a matéria
tratada não é de competência deste Tribunal; encaminhar cópia destes autos ao Tribunal de Contas do
18
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Estado de São Paulo para que adote as medidas que julgar pertinentes em sua respectiva esfera de
competência; dar ciência deste Acórdão ao Gabinete do Senador Eduardo Matarazzo Suplicy enviando
cópia da instrução; e arquivar os presentes autos, com fundamento no art.169, V, do RI/TCU,
considerando que não há a utilização de recursos federais, conforme instrução da Unidade Técnica
pareceres emitidos.
1. Processo TC-000.039/2012-8 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Interessado: Senador Eduardo Matarazzo Suplicy
1.2. Unidade: Ministério da Saúde – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo
1.3. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - SP (SECEX-SP).
1.6. Advogado constituído nos autos: Jandira Ficher (OAB/SP 69.261)
ACÓRDÃO Nº 2208/2012 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo abaixo relacionado, que trata
do Pregão Eletrônico para Registro de Preços 17/2012, em que a Representante considera que os
termos grifados em negrito no Edital contida no subitem 7.1.4.1, indicariam a obrigatoriedade de a
licitante vencedora comprovar o fornecimento de solução Search Appliance, o que, segundo afirma,
resultaria em restrição ao caráter competitivo da licitação, contrariando o disposto no art. 3º e § 1º da
Lei 8.666/1993, afirma que foi impedida de participar do referido certame em razão da exigência
contida no subitem 7.1.4.1 do Edital, com fundamento nos arts. 143, III, e 237,VII, do RI/TCU, c/c o
art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, ACORDAM em conhecer da representação, uma vez preenchidos os
requisitos de admissibilidade, para no mérito considerá-la improcedente, dando ciência ao
representante com o envio de cópia deste Acórdão e arquivando-a, conforme os pareceres emitidos nos
autos.
1. Processo TC-026.432/2012-9 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Interessado: Empresa Individual Geraldo Iraci do Couto (37.982.238/0001-70)
1.2. Unidade: Ministério de Minas e Energia - MME
1.3. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: 1ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-1).
1.6. Advogados constituídos nos autos: Geraldo Iraci do Couto, OAB/DF 24.147; Cláudia
Aparecida Couto, OAB/DF 24.616
1.7. Indeferir o requerimento de medida cautelar, inaudita altera pars, formulado por Via
Appia Informática (Geraldo Iraci do Couto – Firma Individual), tendo em vista a inexistência dos
pressupostos necessários para adoção da referida medida;
1.8. Comunicar o presente Acórdão ao Ministério de Minas e Energia e à Representante; e
1.9. Arquivar os presentes autos, nos termos do art. 237, parágrafo único, c/c o art. 235 e o art.
250, inciso I, do Regimento Interno/TCU.
Ata n° 33/2012 – Plenário
Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária
RELAÇÃO Nº 34/2012 – Plenário
Relatora – Ministra ANA ARRAES
19
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ACÓRDÃO Nº 2209/2012 - TCU - Plenário
Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM,
por unanimidade, quanto ao processo a seguir relacionado, com fundamento nos arts. 26 e 27 da Lei
8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I; 17, inciso I; 143, inciso V, “b” e 217, do Regimento Interno, em
parcelar a multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) de Adalberon Corrêa de Sena, imputada pelo acórdão
697/2010, com redação dada pelo acórdão .560/2012, ambos do Plenário, em 24 (vinte e quatro)
parcelas mensais, sobre as quais incidirão os acréscimos legais correspondentes, fixando prazo de 15
(quinze) dias, a contar da notificação deste acórdão, para recolhimento da 1ª parcela, vencendo as
demais em intervalos sucessivos de 30 (trinta) dias, na forma estabelecida no Regimento Interno; em
alertar o responsável de que o não recolhimento de qualquer das parcelas importará no vencimento
antecipado do saldo devedor, de acordo com os pareceres emitidos nos autos; e encaminhar os autos à
Secretaria de Recursos, para exame de novo recurso de reconsideração.
1. Processo TC-016.531/2003-0 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)
1.1. Apenso: 009.226/2003-3 (SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL)
1.2. Classe de Assunto: V.
1.3. Responsável: Adalberon Corrêa de Sena (CPF 001.526.251-00).
1.4. Interessado: Congresso Nacional.
1.5. Unidade: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (vinculador).
1.6. Relatora: ministra Ana Arraes.
1.7. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.8. Unidade Técnica: 8ª Secretaria de Controle Externo (Secex-8).
1.9. Advogado: não há.
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 2210/2012 - TCU - Plenário
Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM,
por unanimidade, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, conhecer desta representação, uma
vez satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno, e
considerá-la improcedente; em acatar as razões de justificativa apresentadas por José Rogério Moura
de Almeida Filho; e em arquivar os autos, sem prejuízo de dar ciência desta deliberação, acompanhada
da instrução da unidade técnica, ao Conselho Municipal de Saúde de Valença/RJ.
1. Processo TC-002.413/2012-4 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Classe de Assunto: VII.
1.2.Responsáveis: Fundação Educacional Dom Andre Arcoverde (CPF 32.354.011/0001-66);
José Rogério Moura de Almeida Filho (CPF 320.957.837-00).
1.3. Unidade: Município de Valença – RJ.
1.4. Relatora: ministra Ana Arraes.
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).
1.7. Advogado: não há.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 2211/2012 - TCU - Plenário
Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM,
por unanimidade, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, em conhecer desta representação por
20
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
estarem presentes os requisitos de admissibilidade dos arts. 235 e 237 do Regimento Interno; em
considerá-la procedente; em arquivar os autos, sem prejuízo de comunicar ao Secretário Municipal de
Integração, Segurança Pública e Defesa Civil da Prefeitura de Duque de Caxias-RJ que, nos termos do
art. 8º da Lei 8.443/1992, compete originariamente à autoridade administrativa do órgão concedente a
instauração de tomada de contas especial; e em dar ciência desta deliberação à Prefeitura Municipal de
Duque de Caxias-RJ e à Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça.
1. Processo TC-016.771/2011-7 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Classe de Assunto: VI.
1.2. Unidade: Município de Duque de Caxias – RJ.
1.3. Relatora: ministra Ana Arraes.
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).
1.6. Advogado: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
Ata n° 33/2012 – Plenário
Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária
RELAÇÃO Nº 32/2012 – Plenário
Relator – Ministro-Substituto AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
ACÓRDÃO Nº 2212/2012 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM,
por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso V, alínea "a", 169, inciso V, e 243, todos do
Regimento Interno, em determinar o arquivamento dos presentes autos, uma vez que cumpriu o
objetivo para o qual foi constituído, consoante exposto na instrução da unidade técnica.
1. Processo TC-010.832/2010-6 (MONITORAMENTO)
1.1. Interessado: Secretaria de Controle Externo do TCU/BA
1.2. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Cansanção - BA
1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - BA (SECEX-BA).
1.6. Advogado constituído nos autos: não há.
ACÓRDÃO Nº 2213/2012 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM,
por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso V, alínea "a", 169, inciso V, e 243, todos do
Regimento Interno, em determinar o arquivamento dos presentes autos, uma vez que cumpriu o
objetivo para o qual foi constituído, consoante exposto na instrução da unidade técnica, dando ciência
desta deliberação à Academia Brasileira de Ciências.
1. Processo TC-018.127/2012-6 (MONITORAMENTO)
1.1. Apensos: 029.228/2011-5 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)
1.2. Responsáveis: Jacob Palis Junior (044.718.307-91); Lindolpho de Carvalho Dias
(003.017.287-04); Luiz Antônio Rodrigues Elias (549.900.767-53).
21
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
1.3. Unidades: Academia Brasileira de Ciências (ABC); Coord. de Gestão Orçamentária e
Financeira do CNPq; Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT); Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe); Secretaria Executiva - MCT
1.4. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou
1.6. Unidade Técnica: 6ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-6).
1.7. Advogado constituído nos autos: não há.
Ata n° 33/2012 – Plenário
Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária
RELAÇÃO Nº 37/2012 – Plenário
Relator – Ministro-Substituto MARCOS BEMQUERER COSTA
ACÓRDÃO Nº 2214/2012 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
nos arts. 15, inciso I, alínea o, 264 e 265 do Regimento Interno/TCU, em não conhecer da presente
consulta, por ter sido formulada por autoridade não especificada nos incisos I a VII do art. 264 do
RI/TCU, bem como determinar o arquivamento dos autos, sem prejuízo de que seja dada ciência desta
deliberação e da instrução produzida pela unidade técnica ao interessado, de acordo com o parecer da
Secex/CE:
1. Processo TC-019.639/2012-0 (CONSULTA)
1.1. Interessado: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 6ª Região –
Crefito-6 (23.498.256/0001-76).
1.2. Órgão/Entidade: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 6ª Região –
Crefito-6 (23.498.256/0001-76).
1.3. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Ceará (Secex/CE).
1.6. Advogado constituído nos autos: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
Ata n° 33/2012 – Plenário
Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária
PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA
Por meio de apreciação unitária de processos, o Plenário proferiu os Acórdãos de nºs 2215 a
2254, a seguir transcritos e incluídos no Anexo III desta Ata, juntamente com os relatórios e votos em
que se fundamentaram.
ACÓRDÃO Nº 2215/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 010.327/2009-8.
1.1. Apenso: 010.332/2009-8
2. Grupo II – Classe de Assunto: I Pedido de reexame (Relatório de levantamentos)
3. Interessados: Enger Engenharia S/A (51.167.500/0001-53) e Sondotécnica Engenharia de
22
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Solos S/A (33.386.210/0001-19)
4. Entidade: Secretaria de Infra-estrutura Hídrica.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Ubiratan Aguiar.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Advogado constituído nos autos: Alexandre Frayze David (OAB/SP 160.614), Jonas Cecílio
(OAB/DF 14.344).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos os pedidos de reexame interpostos por Enger Engenharia S/A e
Sondotécnica Engenharia de Solos S/A, contra o Acórdão 446/2011, Plenário, que apreciou auditoria
nos contratos de “supervisão, acompanhamento técnico e controle tecnológico das obras civis, do
projeto executivo, do fornecimento em montagem de equipamentos mecânicos e elétricos” do Projeto
de integração do rio São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste setentrional (PISF).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 48 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos pedidos de reexame, para, no mérito, dar-lhes provimento;
9.2. tornar insubsistentes os subitens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5 e 9.16 do Acórdão
446/2011, Plenário;
9.3. encaminhar cópia do acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, às
recorrentes e ao Ministério da Integração Nacional.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2215-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministra que alegou impedimento na Sessão: Ana Arraes.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2216/2012 – TCU – Plenário
1. Processo: TC-008.982/2012-0.
2. Grupo II – Classe I – Agravo.
3. Agravante: EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97).
4. Entidade: Banco do Brasil (Centro de Serviços de Logística de São Paulo - CSL/SP).
5. Relator: Ministro Valmir Campelo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogado constituído nos autos: não há
8.1. Procuradores: Sidney Luiz de Melo Leandro, RG nº 32.512.961-7 – SSP/DF e CPF nº
488.209.201-82, pela empresa EC Eletrônica Ltda. (peça nº 26), e Evelaine Lima Galvão, RG nº
2.484.222 - SSP/DF e CPF nº 011.730.521-94, por Anamaria Prates Barroso, OAB/DF 11.218 (peça
nº 36).
23
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de agravo interposto pela empresa EC
Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97), contra o despacho do relator, mediante o qual foi: a)
deferida medida cautelar, com fundamento no art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU,
determinando-se ao Banco do Brasil que se abstivesse de adotar quaisquer atos decorrentes do pregão
eletrônico 2011/15199 (7421) e da ata de registro de preços 201274210226, obstando também que
outras entidades a utilizassem para compra do produto objeto da licitação, até que este Tribunal
deliberasse, no mérito, a respeito da regularidade dos procedimentos em causa; b) determinada, com
base no art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do Centro de Serviços de Logística de São
Paulo do Banco do Brasil, na pessoa da pregoeira Aline Alvarez Carneiro (CPF 305.868.628-54), para
que, no prazo de 15 dias, se pronunciasse sobre os fatos apontados na representação; e c) determinada,
nos termos do art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da empresa EC Eletrônica Ltda.
(CNPJ 00.255.722/0001-97), para que, no prazo de 15 dias, querendo, se manifestasse sobre as
ocorrências noticiadas no documento objeto destes autos, dado que elas poderiam resultar em decisão
contrária aos seus interesses.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 146, §1º, 183, 282 e 289, todos do
Regimento Interno/TCU, combinados com o art. 2º, §2º, da Resolução-TCU nº 36/1995, em:
9.1. não conhecer do agravo interposto pela empresa EC Eletrônica Ltda. (CNPJ
00.255.722/0001-97), porquanto não satisfeitos os pressupostos de admissibilidade aplicáveis à
espécie, mantendo, em consequência, a medida cautelar adotada em 3/4/2012, pelo relator, em
documento que compõe a peça nº 7 dos autos, bem como as demais providências determinadas naquele
despacho;
9.2. determinar o retorno dos autos à 2ª Secex, para as comunicações processuais de praxe, e
ainda para nova tramitação ao Ministério Público, em face do pedido de pronunciamento objeto do
despacho que constitui a peça nº 33 deste feito, relativamente à última instrução da unidade técnica
(peça nº 30), na qual foi examinado o mérito da representação formulada aqui pela empresa Microsol
Tecnologia S/A, frente às oitivas promovidas;
9.3. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade
representada (Banco do Brasil - Centro de Serviços de Logística de São Paulo - CSL/SP), à empresa
representante (Microsol Tecnologia S/A) e à empresa agravante (EC Eletrônica Ltda).
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2216-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton
Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2217/2012 – TCU – Plenário
1. Processo: TC-016.207/2012-2.
2. Grupo II – Classe I – Agravo.
3. Agravante: Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02).
4. Entidade: Caixa Econômica Federal.
5. Relator: Ministro Valmir Campelo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.
24
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogados: Antonio Carlos Ferreira de Araujo (OAB/SP 166.004), Carlos Vitor Paulo
(OAB/SP 246.642), Oziel Estevão (OAB/SP 115.318) e outros – peça 2.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de agravo interposto pela empresa Kaba
do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02), contra o despacho do relator, que compõe a peça nº 13
dos autos, datado de 21/6/2012, mediante o qual foi indeferido o pedido de medida cautelar então
formulado pela empresa agravante, bem assim determinada a restituição dos autos à unidade técnica,
para que desse continuidade ao exame da matéria, relativamente ao seu mérito, fazendo-se as
comunicações de praxe.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 146, §1º, 183, 282 e 289, todos do
Regimento Interno/TCU, combinados com o art. 2º, §2º, da Resolução-TCU nº 36/1995, em:
9.1. não conhecer do agravo interposto pela empresa Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ
00.526.207/0001-02), porquanto não satisfeitos os pressupostos de admissibilidade aplicáveis à
espécie, mantendo, em consequência, em seus exatos termos, o despacho agravado, que constitui a
peça nº 13 dos autos;
9.2. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade
representada (Caixa Econômica Federal) e à empresa agravante (Kaba do Brasil Ltda.).
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2217-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton
Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2218/2012 – TCU – Plenário
1. Processo: TC-019.169/2012-4.
2. Grupo I- Classe II – Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessada: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, em
face da Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011, formulada pelo Senhor Deputado
Federal Alexandre Santos (Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012).
4. Entidade: Banco Central do Brasil.
5. Relator: Ministro Valmir Campelo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: 2ª Secretaria de Controle Externo (2ª Secex).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de solicitação do Congresso Nacional, em que,
mediante o Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012, o Senhor Presidente da Comissão de
Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, eminente Deputado Federal Edmar
Arruda, submete à apreciação do TCU a Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011,
25
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
aprovada por aquele órgão do Legislativo, visando à “realização de ato de fiscalização sobre a atuação
do Banco Central do Brasil no cumprimento de sua missão institucional quanto à averiguação da
regularidade dos atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco
BMG, mediante utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGV), e quanto à consequente
aprovação da operação por aquela autarquia.”
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo relator, e com fundamento no art. 71, inciso IV, da Constituição Federal,
c/c o art. 38, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, e ainda com os arts. 231 e 232, inciso III, do Regimento
Interno/TCU, e art. 4º, inciso I, alínea “b”, da Resolução-TCU nº 215/2008, em:
9.1. conhecer da presente solicitação do Congresso Nacional;
9.2. determinar à 2ª Secex a imediata realização de inspeção no Banco Central do Brasil, nos
termos do art. 244, § 2º, do Regimento Interno/TCU, com o objetivo de examinar a atuação da
entidade no cumprimento de sua missão institucional, relativamente à averiguação da regularidade dos
atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco BMG, mediante a
utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), bem assim quanto à consequente
aprovação da referida operação por aquela autarquia;
9.3. fixar o prazo de até 90 (noventa) dias, contados desde a autuação deste processo
(6/7/2012), para o atendimento da solicitação em causa, tendo em vista o disposto nos arts. 14, inciso I,
e 15, inciso II, da Resolução-TCU nº 215/2008;
9.4. enviar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, ao Senhor
Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, e ainda ao
Senhor Presidente do Banco Central do Brasil;
9.5. restituir os autos à 2ª Secex, para as providências a seu cargo.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2218-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton
Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2219/2012 – TCU – Plenário
1. Processo: TC-037.751/2011-5.
2. Grupo I, Classe de Assunto: I – Embargos de declaração.
3. Entidade: Caixa Econômica Federal.
4. Recorrente: In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ
01.097.636/0001-66).
5. Relator: Ministro Valmir Campelo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos - Serur.
8. Advogados constituídos nos autos: Joelson Dias (OAB-DF 10.441) e outros, pela In Press
Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (peça 27); Adam Luiz Alves Barra (OAB-
DF 19.786) e outros, pela Caixa Econômica Federal (peça 45); Renata Antony Souza Lima Nina
(OAB-DF 23.600) e outros, pela Informe Comunicação Integrada S/S Ltda. (peça 11, p. 2).
26
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pela empresa In
Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66) ao
Acórdão nº 1.542/2012-TCU-Plenário, por meio do qual o Tribunal, ao examinar representação
formulada pela embargante, em face de supostas irregularidades verificadas na concorrência nº
5.548/7066-2011, do tipo técnica e preço, lançada pela Caixa Econômica Federal, tendo por objeto a
contratação de empresa para prestação de serviços técnicos especializados em assessoria de imprensa,
resolveu “9.1. conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente,
revogando, em consequência, a medida cautelar adotada em 29/12/2011 (peça nº 7) e revista
parcialmente em 12/4/2012 (peça nº 50), de forma a permitir que a Caixa Econômica Federal dê
continuidade à Concorrência nº 5.548/7066-2011, uma vez afastados todos os questionamentos
suscitados neste processo pela empresa In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica
Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66)”.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34, caput e § 1º, da
Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 287 do Regimento Interno/TCU, em:
9.1. não conhecer dos presentes embargos de declaração, porquanto não satisfeitos os
pressupostos de admissibilidade aplicáveis à espécie;
9.2. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade
representada (Caixa Econômica Federal) e às empresas interessadas (In Press Assessoria de Imprensa e
Comunicação Estratégica Ltda. e Informe Comunicação Integrada S/S Ltda).
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2219-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton
Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2220/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 004.017/2010-2.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério Público Federal - Procuradoria da República no Distrito Federal.
4. Órgão: Senado Federal (vinculador).
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 3ª Secretaria de Controle Externo (Secex-3).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada Procuradoria da
República no Distrito Federal, tendo por objeto o plano de assistência à saúde dos senadores, ex-
senadores e seus dependentes,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
27
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.1. conhecer da representação, com fundamento no art. 237, inciso I, do Regimento Interno do
TCU, c/c com o art. 6º, inciso XVIII, alínea “c”, da Lei Complementar 75/1993, e considerá-la
parcialmente procedente;
9.2. determinar à Câmara dos Deputados que instaure procedimento para apurar os fatos e
reaver os valores indevidamente pagos ao Deputado Carlos Gomes Bezerra, a título de ressarcimento
de assistência à saúde, obedecidos os princípios do contraditório e da ampla defesa;
9.3. determinar à 3ª Secex que acompanhe, na próxima prestação de contas, o cumprimento das
recomendações exaradas pelo Ministério Público Federal ao Senado Federal, no âmbito do Inquérito
Civil nº 1.16.000.001019/2009-02;
9.4. dar ciência desta deliberação ao Senado Federal e à Procuradoria da República no Distrito
Federal;
9.5. arquivar os autos
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2220-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros que alegaram impedimento na Sessão: Augusto Nardes e Ana Arraes.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2221/2012 - TCU - Plenário
1. Processo nº TC 006.756/2011-5.
2. Grupo I - Classe V - Relatório de Levantamento.
3. Responsáveis: Alberto Beltrame (308.910.510-15); Cloer Vescia Alves (390.161.960-72);
Emival Gonçalves de Sousa (409.916.601-53).
4. Órgãos: Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS/MS); Secretaria de
Estado de Saúde do Distrito Federal (SES/DF).
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 4ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-4).
8. Advogado constituído nos autos: Daniela Bozetto Alves (OAB/RS 27.464); Fernão Leal
Mohn (OAB/RS 25.167).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento sobre o componente
“motolâncias”, motocicletas equipadas com aparelhos de primeiros socorros destinadas a atendimentos
rápidos, na rede do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), programa do Ministério da
Saúde que tem como finalidade prestar socorro em casos de urgência e emergência,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fulcro no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/92, rejeitar as razões de justificativa
apresentadas pelos Srs. Alberto Beltrame, Cloer Vescia Alves e Emival Gonçalves de Sousa, e aplicar-
lhes, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais), notificando-os para, no prazo de 15 (quinze) dias, efetuarem e comprovarem perante
o Tribunal o pagamento da dívida;
28
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.2. caso não atendida a notificação, determinar o desconto da dívida nos vencimentos,
subsídio, salário ou proventos dos responsáveis, observados os limites previstos na legislação
pertinente, ou, alternativamente, autorizar a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, incisos I
e II, da Lei 8.443/92;
9.3. com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar à Secretaria de
Atenção à Saúde do Ministério da Saúde que:
9.3.1. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, plano de ação contendo
medidas a serem tomadas junto às secretarias locais de saúde e suas respectivas coordenações do
Samu, para aumentar a efetiva utilização das motolâncias, incluindo estimativas de prazos para
cumprimento;
9.3.2. execute o disposto nas cláusulas segunda, terceira e quarta dos Termos de Doação com
Encargos das motolâncias, para que os municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido
restituam a motocicleta para redistribuição a municípios que tenham capacidade operacional para
colocá-las em funcionamento;
9.3.3. execute o disposto nas cláusulas quinta e sexta dos Termos de Doação com Encargos das
motolâncias, de forma que seja realizada a adequada fiscalização das obrigações e determinadas as
providências a serem adotadas pelos donatários para adequação contratual, quando for o caso;
9.3.4. execute o disposto no item “A” do Anexo à Portaria GM/MS 1.864/2003 e no item 14 do
Programa Mínimo para Implantação das Motolâncias na Rede Samu 192, para que seja realizado o
devido acompanhamento e avaliação das ações previstas na Portaria GM/MS 2.971/2008 e nos Termos
de Doação com Encargos;
9.4. com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar à
Subsecretaria de Atenção à Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito Federal que:
9.4.1. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, plano de ação, contendo as
medidas necessárias a dar plena utilização a todas as 21 motolâncias doadas pelo Ministério da Saúde,
incluindo as respectivas estimativas de prazos para cumprimento;
9.4.2. restitua ao Ministério da Saúde as motolâncias que o Samu/DF entender sem capacidade
operacional ou interesse em habilitar, conforme exigido pelo Termo de Doação com Encargos,
respeitada a reserva técnica;
9.5. com fulcro no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à Secretaria
de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde que defina prazo para que os municípios que receberam
motolâncias deem cumprimento às obrigações previstas nos Termos de Doação com Encargos,
destinando o equipamento doado para ações de atendimento de emergência da coordenação do Samu
donatária;
9.6. com fulcro nos arts. 169, § 1º, e 216 do Regimento Interno do TCU, dar ciência do inteiro
teor da presente deliberação aos responsáveis, à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde
e à Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal;
9.7. com fulcro no art. 169, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar, desde logo, o
encerramento do presente processo, após efetuadas as comunicações determinadas e expirados os
prazos dos recursos cabíveis dotados de efeito suspensivo.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2221-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira.
29
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ACÓRDÃO Nº 2222/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 007.574/2012-6.
2. Grupo I – Classe: VII - Desestatização.
3. Responsável: João Batista de Rezende (CPF 472.648.709-44) – Presidente.
4. Entidade: Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Desestatização e Regulação 2 (Sefid-2).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de acompanhamento de licitação para outorga de
serviços públicos, conduzida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel);
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 7, inciso I, da Instrução Normativa
TCU nº 27/98; 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92; 250, inciso II, e 258, inciso II, do Regimento Interno do
TCU, em:
9.1. aprovar, com ressalvas, o primeiro estágio do processo de desestatização referente ao
Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL;
9.2. determinar à Anatel que, nas próximas licitações, utilize o custo médio ponderado do
capital atualizado conforme item 2.6 da metodologia de estimativa aprovada pela Resolução-Anatel nº
535/2009;
9.3. recomendar à Anatel que aprimore a metodologia de estimativa do custo médio ponderado
de capital, aprovada pela Resolução-Anatel nº 535/2009;
9.4. enviar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a fundamentam, à
Anatel;
9.5. restituir os autos à Sefid-2 para acompanhamento dos demais estágios deste processo de
desestatização.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2222-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2223/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 009.086/2011-0.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso ao Plenário em processo administrativo.
3. Interessado: Onesild Jose da Silva (024.720.667-91).
4. Entidade: Tribunal de Contas da União.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
30
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso ao Plenário contra decisão adotada pelo
Presidente sobre matéria administrativa, que, pela quarta vez, denegou pedido de alteração no método
de cálculo dos proventos de aposentadoria do interessado.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 15, inciso IV, do Regimento Interno,
em conhecer do recurso, para, no mérito, considerá-lo improcedente.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2223-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2224/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 014.467/2011-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais.
4. Órgãos/Entidades: Superintendência Estadual da Funasa Em Minas Gerais; Prefeitura
Municipal de Boa Esperança-MG; Prefeitura Municipal de Candeias-MG; Prefeitura Municipal de
Guanhães- MG; Prefeitura Municipal de Jaboticatubas-MG; Prefeitura Municipal de Jacinto-MG;
Prefeitura Municipal de Lassance-MG; Prefeitura Municipal de Lima Duarte-MG; Prefeitura
Municipal de Martinho Campos-MG; Prefeitura Municipal de Moema-MG; Prefeitura Municipal de
Pintópolis-MG; Prefeitura Municipal de Prudente de Morais-MG; Prefeitura Municipal de Salto da
Divisa- MG; Prefeitura Municipal de Santa Maria do Suaçuí-MG; Prefeitura Municipal de Santo
Hipólito-MG; Prefeitura Municipal de São Romão-MG.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais (Secex-MG).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos, que tratam relatório final da Fiscalização de
Orientação Centralizada Superintendência Estadual da Funasa no Estado de Minas Gerais – Suest/MG
e em 16 municípios do Estado;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos art. 169, inciso I, do Regimento Interno do
TCU, c/c o art. 33 da Resolução-TCU 191/2006, em:
9.1. apensar estes autos ao TC 006.993/2011-7;
9.2. determinar à equipe responsável pela auditoria objeto do TC 006.993/2011-7, que promova
o cotejamento dos achados de auditoria levantados nestes autos e verifique a conveniência de
incorporar as determinações sugeridas pela Secex/MG à proposta final daquela fiscalização, observada
a necessidade de prévia oitiva dos gestores;
31
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.3. autorizar o arquivamento dos processos que versam sobre proposta de auditoria na Funasa
com objeto semelhante ao da fiscalização tratada nestes autos, a serem realizadas pelas secretarias
estaduais.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2224-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2225/2012 - TCU - Plenário
1. Processo nº TC 029.328/2009-0.
1.1. Apensos: 029.792/2010-0; 029.791/2010-3.
2. Grupo II - Classe I - Assunto: Recurso de revisão.
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Recorrente: João Ricardo Alves de Oliveira (048.201.422-91).
3.2. Interessado: Fundo Nacional de Saúde - FNS (00.530.493/0001-71).
4. Entidade: Prefeitura Municipal de Acará/PA.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo - PA
(SECEX-PA).
8. Advogado constituído nos autos: Luiz Otávio Valente da Silva (OAB/PA 5.185).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revisão, interposto pelo Sr. João
Ricardo Alves de Oliveira contra o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do presente Recurso de Revisão, para, no mérito, dar-lhe provimento;
9.2. tornar insubsistente o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara;
9.3. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17, e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992,
julgar regulares as contas do Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, dando-lhe quitação;
9.4. dar ciência desta deliberação ao recorrente, ao Fundo Nacional de Saúde e à Procuradoria
da República no Estado do Pará;
9.5. apensar estes autos ao TC 024.864/2007-4.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2225-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
32
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2226/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 032.656/2010-6.
1.1. Apenso: 018.388/2012-4
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério da Integração Nacional.
3.2. Responsáveis: Darcy Alves de Lacerda (039.985.764-87), ex-prefeito; Construtora
Concreto Ltda. (01.993.197/0001-70); Construtora Esplanada Ltda. (00.818.123/0001-34); José Valter
Pereira da Silva (105.397.708-50); Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04); Raimunda Santos Lima
(049.099.934-44); Raimundo Lima de Santana (589.729.355-49).
4. Órgão: Município de Aguiar - PB.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - PB (Secex-PB).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada pelo
Ministério da Integração Nacional, em razão da não aprovação da prestação de contas do convênio
439/2001 (Siafi 445689), cujo objeto era a reconstrução de quinze habitações de famílias carentes,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 12, § 3º, 16, inciso III, alíneas “b” e “d”, 19, caput, e 23, inciso
III, alínea “a”, da Lei nº 8.443/1992 e ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar revéis Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de
Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva e as empresas Construtora Concreto Ltda. e
Construtora Esplanada Ltda., nos termos do art. 12, § 3º, da Lei n.º 8.443/1992;
9.2. julgar irregulares as contas e condenar em débito, solidariamente, Darcy Alves de Lacerda,
José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu
Silva e as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. ao pagamento das
quantias de R$ 55.938,80 (cinqüenta e cinco mil, novecentos e trinta e oito reais e oitenta centavos) e
R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais), atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora a
partir de 6/8/2002 e 26/9/2002, respectivamente, até a data da efetiva quitação, fixando-lhes o prazo de
quinze dias, a contar da ciência, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas ao
Tesouro Nacional, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU;
9.3. aplicar a Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de
Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva e às empresas Construtora Concreto Ltda. e
Construtora Esplanada Ltda. a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 267 do
Regimento Interno/TCU, no valor individual de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), fixando-lhes o
prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso
III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das multas ao Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente da data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se pagas após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar o pagamento das dívidas em até trinta e seis parcelas mensais e consecutivas, nos
termos do art. 217 do Regimento Interno, caso requerido, fixando-se o vencimento da primeira parcela
em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada trinta dias, devendo
incidir, sobre cada parcela, os encargos legais devidos, na forma prevista na legislação em vigor;
33
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.4.1. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer
parcela importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do
Regimento Interno deste Tribunal;
9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da
Lei nº 8.443/92, caso não atendidas as notificações;
9.6. declarar inidôneas as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda.
para participarem de licitações que envolvam recursos da Administração Pública Federal, mesmo os
descentralizados mediante convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres federais,
pelo prazo de cinco anos, com base no art. 46 da Lei n.º 8.443/92;
9.7. inabilitar Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de
Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública, pelo prazo de cinco anos, nos termos do art.
60 da Lei 8.443/1992;
9.8. com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, c/c o § 6º do art. 209 do Regimento
Interno/TCU, remeter cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam à
Procuradoria da República no Estado da Paraíba.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2226-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2227/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 006.936/2012-1.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional.
4. Órgão: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 2ª Secretaria de Fiscalização de Obras (SECOB-2).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria realizada no Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com o objetivo de fiscalizar o processo de licitação
das obras de revitalização - Crema 2ª Etapa - da BR 163/MS - lote 3 - km 732,1 ao km 847,2.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões
expostas pelo Relator, ACORDAM em:
9.1. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de que o
orçamento de referência da licitação 508/2011-19 considera a aquisição dos insumos betuminosos em
localização que não resulta no menor custo decorrente da combinação dos custos de aquisição, de
disponibilidade e de transporte, contrariando ao estabelecido no art. 3º da Lei de Licitações e ao
princípio da economicidade expresso no art. 70 da Constituição Federal de 1988, podendo representar
34
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
prejuízo estimado de R$ 1.440.332,21 (jul/2011);
9.2. com base no art. 45 da Lei nº 8.443/1992 c/c o art. 251 do Regimento Interno do Tribunal
de Contas da União, determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)
que, precedentemente à retomada do Edital nº 508/2011-19:
9.2.1. em cumprimento ao item 9.1.3 do Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, inclua no ato
convocatório e na respectiva minuta de contrato de condição/cláusula segundo a qual resulte
esclarecido que o Dnit realizará ensaios, cálculos e laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico-
econômica da utilização de pedreiras, areais e cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização das
obras e que não possuam licenciamento ou lavra concedida, identificadas no site do DNPM, mas que
possam ser objeto de prévio bloqueio dessas jazidas, junto ao DNPM, ou que possuam menor distância
de transporte, e que tais medidas serão adotadas no prazo de até 90 (noventa) dias após a emissão das
ordens de serviço e, se for a hipótese, serão adotadas as providências necessárias para o
reestabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos eventualmente celebrados,
modificando-se as fontes de aquisição dos insumos previstas originalmente no projeto, bem como se
alterando os respectivos preços dos serviços envolvidos;
9.2.2. efetue as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso
Usinado a Quente-AB-08 - capa de rolamento - execução (5 S 02 540 51):
9.2.2.1. adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de
forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva
aquisição do insumo;
9.2.2.2. adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do
areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada (1
A 00 001 91);
9.2.3. efetue as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso
Usinado a Quente-binder - execução (5 S 02 540 52):
9.2.3.1. utilize o valor de 0,00006 t como coeficiente de consumo de aditivo melhorador de
adesividade, em conformidade aos critérios previstos no projeto executivo de engenharia do Edital
508/2011-19 (dope);
9.2.3.2. adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de
forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva
aquisição do insumo;
9.2.3.3. adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do
areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada (1
A 00 001 91);
9.2.4. apresente as cotações de preços realizadas para o insumo aditivo melhorador de
adesividade (dope), conforme o estabelecido na IS 15/2006-DNIT, que justifiquem o preço adotado no
orçamento de referência do Edital 508/2011-19;
9.2.5. em face do princípio da legalidade, adote, no orçamento do Edital 508/2011-19, os
novos percentuais de BDI estipulados pelas Portarias-Direx/Dnit 42/2012 e 319/2012;
9.3. dar ciência deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamentam, à
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2227-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues, Augusto Nardes (Relator), Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
35
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2228/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 013.012/2006-8.
2. Grupo II – Classe I – Embargos de declaração (Relatório de Levantamentos)
3. Responsáveis: José Orlando Melo de Azevedo (123.807.255-00); Paulo Cesar Cardoso
Cavaco (191.596.097-53).
4. Unidade: Petróleo Brasileiro S.A.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 9ª Secretaria de Controle Externo (Secex/9).
8. Advogado constituído nos autos: Bruno Henrique de Oliveira Ferreira – OAB/DF 15.345 e
outros.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração interpostos pela
empresa Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras contra o Acórdão 1.765/2012-Plenário, de 11/7/2012, que
tratou de auditoria realizada para verificar regularidade das ações de manutenção e recuperação dos
sistemas de produção de óleo e gás natural na região Sudeste.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo relator, com fundamento nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992:
9.1. conhecer dos embargos;
9.2. dar-lhes provimento parcial tornando insubsistente o item 9.2.1 do Acórdão recorrido,
mantendo nos exatos termos os demais itens;
9.3 dar ciência desta deliberação à embargante.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2228-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2229/2012 – TCU – Plenário
1. Processo TC 026.363/2011-9
2. Grupo I – Classe V – Relatório de Levantamento de Auditoria – Fiscobras 2011.
3. Responsáveis/Interessados:
3.1. Responsáveis: Jorge Ernesto Pinto Fraxe, Diretor Geral do Dnit (CPF 306.174.567-04);
Denise Gomes Simões, substituta do Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo
(CPF 466.098.656-04), José Renato do Rosário Oliveira, presidente da comissão de licitação, (CPF
968.047.187-04), Reginaldo Lírio Morelato, membro da comissão de licitação e fiscal dos Contratos
(CPF 576.010.207-97), Wilson Boone de Souza (CPF 652.213.977-49); Élio Bahia Souza (CPF
189.776.697-15).Contractor Engenharia Ltda. (CNPJ 01.980.404/0001-51), ECR Engenharia (CNPJ
42.161.372/0001-40) e Delta Construções (CNPJ 10.788.628/0001-57).
36
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
3.2. Interessada: Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional.
4. Unidade: Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo – Dnit/MT
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 2 (Secob-2).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
Trata-se de levantamento de auditoria, realizado na Superintendência Regional do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Estado do Espírito Santo (Dnit/MT), nas
obras de adequação do contorno rodoviário de Vitória – BR 101 – Estado do Espírito Santo.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso
IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência da Srª Denise Gomes
Simões, na condição de substituta do Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo,
para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência, apresentar
razões de justificativa pela ratificação da Dispensa de Licitação 46/2009, realizada em desacordo com
os arts. 24, inciso V, art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e com o art.
37, inciso XXI da Constituição Federal;
9.2. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso
IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Jorge Luiz de
Almeida, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência,
apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:
9.2.1. na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da
Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse
devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,
art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da
Constituição Federal;
9.2.2. na condição de fiscal do Contrato TT 011/2008, referente à execução das obras de
restauração do Lote 01 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, entre 16/6/2008 e 1/4/2009, conforme
Portaria 34/2008/SR-ES:
9.2.2.1. aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e
Meio Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da
Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV,
e art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit;
9.2.2.2. aprovação das medições dos serviços do Lote 01, mencionadas no Parecer Técnico de
3/1/2012, elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado a este Tribunal de Contas
por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem,
de obras de arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos
quais se concluiu, no referido Parecer Técnico, sem nunca terem sido executados, embora medidos,
atestados e pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º,
inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do
Dnit;
9.2.2.3. aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20, em
quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação
de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um
milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos)
(mai/2007), conforme evidenciado na planilha “Taxa de Ligante – Contrato TT 011/2008”;
37
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.3. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso
IV e 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. José Renato do Rosário
Oliveira, na condição de presidente da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da
Dispensa de Licitação 46/2009, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da
comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela realização de procedimento de
contratação direta sem que este estivesse devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado,
infringindo o disposto nos art. 24, inciso V, art. 26, caput e 38, do parágrafo único, incisos II e III da
Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;
9.4. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso
IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Reginaldo Lírio
Morelato, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência,
apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:
9.4.1. na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da
Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse
devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,
art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da
Constituição Federal;
9.4.2. na condição de fiscal dos Contratos TT 011/2008 a partir de 2/4/2009, nomeado pela
Portaria 21/2009/SR-ES, e TT 231/2010, nomeado pela Portaria 33/2010/SR-ES, referentes à execução
das obras de restauração dos Lotes 01 e 02 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, respectivamente:
9.4.2.1. aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e
Meio Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da
Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV,
e art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit;
9.4.2.2. aprovação das medições dos serviços do Lote 01 mencionados no Parecer Técnico de
3/1/2012 elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do
Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de
arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais se
concluiu, no referido Parecer Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos,
atestados e pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º,
inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do
Dnit;
9.4.2.3. aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em
quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação
de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um
milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos)
(mai/2007) referentes ao Lote 01;
9.4.2.4. aprovação das medições do serviço de CBUQ do Lote 01 como sendo todo o
quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa
B”, resultando num indício de superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e
cinquenta reais e trinta e quatro centavos) (mai/2009) até julho de 2011;
9.5. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso
IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Wilson Boone de
Souza, na condição de Procurador Federal responsável pelos pareceres da Procuradoria Federal
Especializada junto à SR/Dnit-ES, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da
comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela elaboração do Parecer 185/2009
PFE/SR/Dnit/ES dando o aval a procedimento de contratação por dispensa de licitação (Dispensa de
Licitação 46/2009 oriunda da Concorrência 0596/2009-17), sem exigir a demonstração do prejuízo que
seria gerado para a administração caso a licitação fosse repetida, infringindo o disposto no art. 24,
38
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
inciso V, da Lei 8.666/1993, e sem exigir que fossem cumpridas as etapas determinadas nos art. 26 e
38 da mesma Lei;
9.6. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso
IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Élio Bahia Souza, na
condição de Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo à época da ocorrência dos
indícios de irregularidade, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação
de audiência, apresentar razões de justificativa pela homologação e adjudicação de contratação feita
por meio da Dispensa de Licitação 46/2009, realizada em desacordo com as exigências dos art. 24,
inciso V, art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e do art. 37, inciso
XXI da Constituição Federal;
9.7. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em
atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa Delta Construções,
responsável pela execução do Contrato TT 011/2008, na pessoa de seu representante legal, para que se
manifeste, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os seguintes indícios de irregularidade:
9.7.1. execução deficiente dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio
de Concreto, bem como daqueles constantes dos Pareceres Técnicos de 1/12/2011 e de 3/1/2012
elaborados pela comissão de recebimento das obras, contrariando os arts. 66, 69 e 70 da Lei
8.666/1993;
9.7.2. liquidação irregular de despesa dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20
medidos em quantitativos superiores aos executados, irregularidade caracterizada pela
incompatibilidade entre os valores medidos e aqueles verificados pela aplicação dos percentuais de
CAP obtidos dos ensaios de acompanhamento da execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ –
capa sobre os quantitativos medidos desses mesmos serviços, resultando num indício de
superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e
cinquenta e oito reais e sessenta centavos) (mai/2007);
9.8. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em
atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa ECR Engenharia,
responsável pela supervisão da execução das obras de restauração do Lote 01 da BR-101/ES –
Contorno de Vitória, na pessoa de seu representante legal, para que se manifeste, no prazo de 15
(quinze) dias, sobre os indícios de supervisão deficiente configurados pela:
9.8.1. aprovação dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de
Concreto executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts.
62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso III, do
Regimento Interno do Dnit;
9.8.2. atestação dos serviços mencionados no Parecer Técnico de 3/1/2012 elaborado pela
comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES
,
que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de arte corrente, de sinalização,
de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais se concluiu, no referido Parecer
Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos, atestados e pagos, contrariando o
art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o
art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do Dnit;
9.9. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em
atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa Contractor Engenharia
Ltda., responsável pela execução do Contrato TT 231/2010, na pessoa de seu representante legal, para
que se manifeste, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os indícios de liquidação irregular de despesa do
serviço de CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi
efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa B”, resultando num indício de
superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e cinquenta reais e trinta e quatro
centavos) (mai/2009) até julho de 2011;
39
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.10. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em
atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit), na pessoa de seu Diretor-Geral, para que se manifeste, no prazo
de 15 (quinze) dias, sobre os indícios de liquidação irregular de despesa dos seguintes serviços:
9.10.1. aquisição e transporte de CAP-20 medidos em quantitativos superiores aos executados
no Lote 01, irregularidade caracterizada pela incompatibilidade entre os valores medidos e aqueles
verificados pela aplicação dos percentuais de CAP obtidos dos ensaios de acompanhamento da
execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa sobre os quantitativos medidos desses
mesmos serviços, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um milhão
setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos) (mai/2007);
9.10.2. CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi
efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa B”, resultando num indício de
superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e cinquenta reais e trinta e quatro
centavos) (mai/2009) até julho de 2011. (3.3)
9.11. recomendar à Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo, com
fundamento no art. 43, inciso I da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso III do Regimento Interno do
TCU, que se abstenha de receber definitivamente, nos termos art. 73, inciso I, alínea b da Lei
8.666/1993, as obras objeto do Contrato TT 011/2008, antes da conclusão da perícia a ser realizada
sobre a execução dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de Concreto;
9.12. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com
fundamento nos arts. 70 e 74, incisos II e IV da Constituição Federal, c/c o art. 49, incisos II e IV da
Lei 8.443/1992 (LOTCU) e o art. 27, incisos VI e XVII do Regimento Interno do Dnit, que, tendo em
vista o resultado dos ensaios realizados pela auditoria, realize uma perícia sobre a execução do
Contrato TT 011/2008, especificamente sobre os seguintes serviços:
9.12.1. Concreto Betuminoso Usinado a Quente Binder AC/BC, CBUQ – Capa de Rolamento,
CBUQ – Faixa b e CBUQ Faixa c, de modo a se verificar:
9.12.1.1. se as espessuras executadas estão de acordo com aquelas definidas em projeto para a
pista de rolamento, acostamentos, tapers e acessos, considerando as tolerâncias admitidas nas normas
pertinentes;
9.12.1.2. se os quantitativos medidos dos serviços estão de acordo com aquelas executadas;
9.12.1.3. meio fio concreto intransponível, meio-fio tipo MFC 01, meio-fio tipo MFC 05,
meio-fio de concreto – MFC 02, meio-fio tipo MFC 05 e meio fio de concreto MFC 01 AC/BC, de
modo a se verificar se a resistência do concreto dos blocos pré-moldados utilizados dos meios-fios
atende às especificações do serviço;
9.13. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com
fulcro no caput do art. 45 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 251, caput, do Regimento Interno do TCU:
9.13.1. em relação ao Contrato 17 00231/2010, corrija o preço contratado para o serviço
“corpo de bueiro BSTC D=0,80 m” de modo que o custo da atividade auxiliar “1 A 01 512 60 –
concreto ciclópico fck=15MPa AC/BC/PC” seja considerado sem o BDI;
9.13.2. ainda em relação ao mesmo contrato, nos futuros aditivos contratuais que alterem os
quantitativos contratados ou que criem novos serviços de corpo de bueiro tubular de concreto, leve em
conta o detalhamento dos tipos de tubos já utilizados e a serem usados para a definição dos novos
preços;
9.13.3. inclua no Sicro 2 composições de custo unitário para os serviços de corpo de bueiro
tubular de concreto utilizando os tubos CA-1, CA-2 e CA-3;
9.14. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que, tão
logo sejam realizadas as correções decorrentes dos resultados apresentados nos Pareceres Técnicos de
1/12/2011 e de 3/1/2012, elaborados pela comissão de recebimento das obras e encaminhados ao TCU
por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, ou, caso haja negativa da empresa executora em realizá-los
e tão logo sejam tomadas providências a respeito, dê conhecimento dos fatos ao Tribunal de Contas da
40
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
União, juntamente com a informação acerca das providências tomadas em relação à empresa
supervisora.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2229-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2230/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 007.644/2012-4.
2. Grupo I – Classe VII – Representação
3. Responsáveis: Marcos Frizzera Dias (084.442.497-85); Valcir Moreira Págio (005.344.357-
85); Wilson Berger Costa (674.760.907-72).
4. Unidade: Prefeitura de Afonso Cláudio – ES.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo – ES (Secex/ES).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pela Secretaria de
Controle Externo no Estado do Espírito Santo – Secex/ES, em razão de irregularidades observadas no
edital do Pregão Presencial 49/2012, da Prefeitura de Afonso Cláudio/ES, para aquisição de máquina
pá carregadeira, financiada com recursos do Contrato de Repasse 0348111-97/2010/MAPA/Caixa
(Siconv 105855/2010).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente representação para, no mérito, considerá-la procedente, com
fundamento no art. 237, inciso VI, do Regimento Interno do TCU;
9.2. convalidar as medidas processuais adotadas pelo Relator, por meio do despacho, peça 20;
9.3 assinar prazo de 15 (quinze dias), a contar da ciência desta deliberação, com fulcro no art.
71, IX, da Constituição Federal, c/c o art. 45 da Lei 8.443/1992, para que a Prefeitura de Afonso
Cláudio/ES, na pessoa do seu representante legal, adote as medidas necessárias com vista a anular
qualquer ato ou contrato decorrente do referido certame do Pregão Presencial 49/2012, com
fundamento no art. 3º, §1º, inciso I, e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993; e
9.4. realizar a audiência do Pregoeiro, Marcos Frizzera Dias (CPF 084.442.497-85), do
Prefeito de Afonso Cláudio/ES, Wilson Berger Costa (CPF 674.760.907-72), e ainda do Secretário
Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Econômico, Valcir Moreira Págio (CPF 005.344.357-
85), com fundamento no art. 250, inciso IV, c/c o art. 237, parágrafo único, do RI/TCU, para que se
manifestem acerca da introdução no Pregão Presencial 49/2012 para aquisição de pá carregadeira, de
cláusulas que afrontam o disposto no art. 3º, §1º, inciso I, e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993:
9.4.1. introdução, no Anexo I do Edital do Pregão Presencial 49/2012, de novas especificações
técnicas mínimas, mais amplas e pormenorizadas, se comparadas às que constataram dos certames que
lhe procederam, 97/2011 e 133/2011, e do Plano de Trabalho, e que parecem restringir o caráter
41
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
competitivo do processo licitatório, em descumprimento do disposto no art. 3º, §1º, inciso I, e no art.
7º, § 5º, da Lei 8.666/1993;e
9.4.2. exigência de que a empresa interessada prestasse, em caráter exclusivo, assistência
técnica no Estado do Espírito Santo durante o período de garantia da máquina, a despeito de já ter sido
a cláusula considerada restritiva ao caráter competitivo;
9.5 dar ciência deste acórdão à Prefeitura de Afonso Cláudio/ES e à empresa PME Máquinas e
Equipamentos Ltda., bem como do Relatório e Voto que a fundamentam;
9.6. encaminhar o presente processo à Secex/ES, para dar prosseguimento do feito.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2230-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2231/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 006.838/2012-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto V – Relatório de Auditoria
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidades: Centrais Elétricas Brasileiras S.A.; Eletrobras Distribuição Piauí S.A.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 3 (SECOB-3).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de relatório de auditoria (Fiscobras
2012) realizada na Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP (antiga Companhia Energética do Piauí
S.A.- CEPISA) - Eletrobras - MME, tendo por objeto o Contrato 110/2009, que diz respeito à
Temática "Luz para Todos".
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo relator, em:
9.1 - com fulcro nos artigos 71, inciso IX, da Constituição Federal e 45, da Lei 8.443/1992,
determinar à Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP que:
9.1.1 - elabore estudo com a finalidade de identificar as causas das falhas nos dispositivos de
proteção, apontadas neste relatório, pautado em laudos técnicos colhidos a partir de amostras de
chaves fusíveis e para-raios danificados retirados das redes instaladas nas cidades de Valença do Piauí
e Elesbão Veloso, tudo em conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes
no Caderno de Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos
e, encaminhe ao Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, os laudos, as conclusões e o plano de ação
proposto para minimizar as falhas evidenciadas;
9.1.2 – implemente o plano de inspeção previsto na Cláusula Décima do Contrato 110/2009
com vistas a avaliar a resistência mecânica de postes e cruzetas confeccionados pela Contratada, em
conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes no Caderno de
Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos, encaminhando
42
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ao Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, os laudos e as conclusões dos trabalhos realizados, bem como
o planejamento das atividades de controle de qualidade desses serviços até o término do contrato;
9.1.3 - informe, no prazo de 30 (trinta) dias, as providências adotadas com vistas a cumprir os
objetivos e metas estabelecidos no Programa Luz para Todos, especialmente quanto aos trabalhos
relacionados ao Contrato 110/2009;
9.1.4 - formalize termo aditivo ao Contrato 110/2009 de forma a que sejam retratadas as
alterações procedidas às condições inicialmente pactuadas, quanto ao número de ligações domiciliares
que foram de fato executadas nos municípios cujas obras foram concluídas, encaminhando ao
Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, os documentos pactuados;
9.2 - com fulcro no artigo 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, promover a oitiva da
Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP para, no prazo de quinze dias, manifestar-se acerca da
omissão na aplicação do plano de inspeção técnica dos materiais e serviços adquiridos por meio do
Contrato 110/2009, em desacordo com a Cláusula Décima do mesmo ajuste, considerando a
possibilidade de terem sido aceitos materiais e serviços de baixa qualidade, conforme impropriedades
indicadas no relatório de fiscalização;
9.3 - com fulcro no artigo 250, inciso II, do Regimento Interno, dar ciência à Companhia Hidro
Elétrica do São Francisco S.A. - Chesf de que a ausência de cláusula de aceitabilidade de preços
unitários com valores iguais ou inferiores aos referenciais oficiais (Sinapi) e a possibilidade de preço
global acima do orçamento base, constatadas no Edital de Concorrência Nacional CN -
1.92.2007.4130, que deu origem ao Contrato 110/2009, firmado entre a Eletrobras Distribuição Piauí
S.A. e empresa Energy Instalações Elétricas Ltda, mostram-se em desconformidade com o art. 40,
inciso X, da Lei 8.666/1993, e com a Lei de Diretrizes Orçamentária (art. 115 da Lei 11.439/2006 -
LDO 2007 - referência para as licitações em apreço);
9.4 - encaminhar cópia do relatório de auditoria e da presente deliberação às Centrais Elétricas
Brasileiras S.A. – Eletrobras.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2231-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministro que alegou impedimento na Sessão: Aroldo Cedraz.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2232/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 020.933/2005-9
1.1. Apensos: 000.675/2007-1; 025.472/2008-7; 027.639/2006-6
2. Grupo I - Classe de Assunto: VII – Representação
3. Interessado: Promotoria de Justiça de Fazenda Pública do Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro
4. Entidade: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secex/RJ
8. Advogados constituídos nos autos: José de Assis Medeiros Neto (OAB/RJ 85104) e outros
9. Acórdão:
43
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação que, nesta fase processual, tratam
do monitoramento dos Acórdãos nº 1.181/2008-Plenário e 2.306/2008-Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar atendidas as determinações contidas nos itens 9.6.2, 9.6.4 e 9.7 do Acórdão nº
1.181/2008-Plenário;
9.2. considerar atendidas as determinações contidas nos itens 9.4.1, 9.4.2, 9.4.3 e 9.5 do
Acórdão nº 2.306/2008-Plenário.
9.3. considerar parcialmente atendida a determinação contida no item 9.6.1 do Acórdão nº
1.181/2008-Plenário;
9.4. determinar à Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero que:
9.4.1. com relação aos Contratos nº 02.1997.065.0024, 02.1997.065.0023 e 02.1997.065.0038,
caso opte pela sua renovação, nos termos previstos nos respectivos contratos, registre nos autos que a
solução adotada é vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados, efetuados pela
concedente, que reflitam a situação do mercado local. Caso opte pela realização de novo procedimento
licitatório, notifique tempestivamente o concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do
referido contrato, cientificando-o do prazo para a desocupação da área;
9.4.2. com relação ao Contrato nº 02.1998.065.0020, caso seja de seu interesse, adote
tempestivamente as medidas necessárias para realização de procedimento licitatório destinado a
conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da impossibilidade de prorrogação do
contrato em questão e cientificando-o do prazo para a desocupação da área;
9.4.3. com relação ao Contrato nº 02.1995.065.0036, caso seja de seu interesse, adote as
medidas legais cabíveis para regularizar a concessão de uso da área objeto da avença, quando prolatada
sentença com trânsito em julgado nos Processos nº 2009.51.01.028368-8 e 2010.51.01.005439-2, em
trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro;
9.4.4. acompanhe atentamente o desenrolar das ações judiciais envolvendo contratos de
concessão de uso de áreas do Aeroporto de Jacarepaguá, listadas à fl. 1337 - anexo 9, informando a
este Tribunal sobre o desfecho de cada uma delas e sobre as providências adotadas pela entidade para
o ressarcimento dos valores que deixaram de ser recolhidos à Infraero em razão dessas ações;
9.5. determinar à Secex/RJ que realize auditoria nos contratos comerciais de concessão de área
de uso do Aeroporto de Jacarepaguá, com o objetivo de verificar, além dos aspectos legais, a
compatibilidade dos valores contratados com aqueles praticados pelo mercado;
9.6. encaminhar cópia deste acórdão, relatório e voto:
9.6.1. ao Exmo. Sr. Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro Edson Abdon
Peixoto Filho, tendo em vista a Ação Civil Pública nº 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara
Federal do Rio de Janeiro;
9.6.2. aos Exmos. Srs. Juízes Titulares das Varas Federais do Rio de Janeiro onde tramita cada
um dos 22 (vinte e dois) processos relacionados à fl. 1337 - anexo 9, bem como ao Conselho Nacional
de Justiça;
9.6.3. ao interessado;
9.7. arquivar os presentes autos.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2232-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
44
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ACÓRDÃO Nº 2233/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 006.171/2012-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto V: Relatório de Auditoria.
3. Interessado/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional.
3.2. Responsáveis: Arysson Siqueira Silva (678.235.057-20); Jorge Ernesto Pinto Fraxe
(108.617.424-00); Marcelo Cotrim Borges (866.943.407-53); Rodrigo Antônio Ribeiro Costa
(747.267.907-06); Wanderson Lopes da Silva (452.014.556-20).
4. Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit/MT.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 2 (SECOB-2).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Levantamento auditoria realizado, no âmbito do
Fiscobras 2012, nas obras de duplicação e recuperação da BR 101/RJ, no subtrecho compreendido
entre Santa Cruz (km 385,8) e Itacurussá (km 411,96), e do acesso ao Porto de Itaguaí (no Km 403,5
da BR 101/RJ), conduzidas pela Superintendência Regional do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes no Estado do Rio de Janeiro – Dnit/RJ.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura Rodoviária – DNIT, especialmente
à Superintendência Regional do DNIT no Estado do Rio de Janeiro, que os projetos básicos e
executivos desatualizados são ineptos para fundamentar eventual processo licitatório para execução do
remanescente das obras da BR-101/RJ no trecho entre Mangaratiba e Itacurussá e do acesso ao Porto
de Itaguaí, pois não atendem aos requisitos estabelecidos no art. 7º, incisos I e II, c/c art. 6º, incisos IX
e X, todos da Lei n. 8.666/1993;
9.2. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que:
9.2.1. consoante apurado em fiscalização deste Tribunal (item 3.1.1 do relatório da equipe de
auditoria), o indício de irregularidade grave do tipo IG-R constatado em auditoria realizada em 2009,
que se enquadra no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), apontado
no Contrato TT 267/2009 relativo aos serviços de Instalação/manutenção de canteiro e
mobilização/desmobilização de restauração e demais serviços remanescentes da BR-101/RJ no trecho
localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, subsiste e que seu saneamento
depende da apresentação de documentação que comprove a efetiva glosa dos serviços mencionados em
atendimento ao item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário;
9.2.2. consoante apurado em fiscalização deste Tribunal (item 3.1.2 do relatório da equipe de
auditoria), em face da conclusão dos serviços do Contrato TT 227/2006, conforme Termo de
Verificação e Aceitação definitivo assinado em 31/5/2010, o indício de irregularidade grave do tipo
IG-R constatado no referido ajuste no âmbito do Fiscobras 2009, referente aos serviços de duplicação
da BR-101/RJ no trecho localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, não
mais se enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), tendo
sua classificação sido alterada para IG-C (inciso VI do § 1º do art. 91 da mesma Lei).
9.3. determinar à Secob-1 que proceda, no sistema Fiscalis, a reclassificação do achado de
auditorias anteriores do presente relatório (item 3.1.2), alusivo ao indício de Sobrepreço decorrente de
preços excessivos frente ao mercado apontado no Contrato TT 227/2006 referente às obras de
45
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
duplicação e obras de arte especiais na rodovia BR-101/RJ, trecho localizado entre Santa Cruz e
Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, de irregularidade grave com recomendação de retenção (IG-R)
para irregularidade grave com indicação de continuidade (IG-C);
9.4. determinar à Secob-2 que promova o apensamento dos presentes autos ao TC
011.341/2009-1, em razão da conexão dos assuntos tratados (indício de sobrepreço apontado no
Contrato TT 267/2009), remetendo a análise das constatações efetivadas pela Secob-2 deste Tribunal
para o âmbito daquele processo.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2233-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
ACÓRDÃO Nº 2234/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 010.715/2010-0.
1.1. Apenso: 014.173/2008-0
2. Grupo I – Classe I - Assunto: Recurso de Reconsideração (em Tomada de Contas Especial)
3. Recorrente: Castellar Engenharia Ltda. (02.955.426/0001-24)
4. Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT.
5. Relator: Ministro José Jorge
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo - PR
(Secex-PR).
8. Advogados constituídos nos autos: Nayron Sousa Russo (OAB/MG 106.011); David Salim
Santos Hosni (OAB/MG 130.777); Tathiane Vieira Viggiano Fernandes (OAB/DF 27.154).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, em que se aprecia
recurso de reconsideração interposto pela empresa Castellar Engenharia Ltda. contra o Acórdão
1.387/2011-Plenário, que julgou suas contas irregulares, condenou-a em débito, solidariamente a outro
responsável, e aplicou-lhe multa.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fulcro nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, conhecer do recurso de
reconsideração interposto pela empresa Castellar Engenharia Ltda, para, no mérito, negar-lhe
provimento;
9.2. dar ciência da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto que a fundamentam,
à recorrente e à Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
no Estado do Paraná.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2234-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
46
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
ACÓRDÃO Nº 2235/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 009.723/2012-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria
3. Interessado: Congresso Nacional
4. Entidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e Município de
Altamira/PA
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (Secob-1).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade, integrante do
Fiscobras 2012, realizada no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e no Município
de Altamira/PA, tendo por escopo verificar a regularidade da aplicação dos recursos transferidos pelo
FNDE no âmbito do programa de construção de quadras poliesportivas nas escolas públicas.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. cientificar o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE acerca da
necessidade da adoção de medidas tendentes a garantir que a obra da quadra esportiva coberta da
Escola Municipal Saint Clair Passarinho, no Município de Altamira/PA, seja executada com base nas
versões atualizadas dos projetos, haja vista a utilização de projeto desatualizado, em desacordo ao
Termo de Compromisso firmado com o referido município;
9.2. cientificar o Município de Altamira/PA e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação-FNDE sobre as seguintes impropriedades verificadas no contrato 218/2011, resultante da
Tomada de Preços 02009-11:
9.2.1 celebração do contrato com valor acima do valor limite ajustado, em dissonância com o
art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993, sendo necessário que sejam implementadas medidas para adequar o
preço global do contrato ou que seja elaborado relatório técnico circunstanciado justificando a
extrapolação do valor de referência, conforme preconiza o art. 125, § 5º da Lei 12.465/2011;
9.2.2. celebração do contrato com base em uma planilha orçamentária que não contempla o
item 10.6 da planilha padrão do FNDE e apresenta um quantitativo superior para o item 7.3, em ofensa
ao Manual das Quadras Esportivas Cobertas - Orientações gerais para preenchimento dos dados no
SIMEC, para que essas entidades adotem as medidas necessárias para adequar o Contrato 226/2011 às
premissas estabelecidas pelo FNDE para a construção das quadras esportivas escolares;
9.2.3. ausência das composições dos custos unitários da planilha orçamentária, do detalhamento
do BDI e dos encargos sociais relativos ao contrato, bem como de exigência editalícia no sentido de as
licitantes apresentarem proposta com tais elementos, em dissonância com os ditames estabelecidos no
art. 6º, inciso IX, alínea f; art. 7º, § 2°, inciso II; e art. 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93;
9.3. recomendar ao Município de Altamira/PA que faça constar de suas vindouras leis
orçamentárias os recursos suficientes a realização das manutenções preventivas na edificação ora em
apreço;
47
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.4. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto que a
fundamentam, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e ao Município de
Altamira/PA;
9.5. arquivar os presentes autos.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2235-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
ACÓRDÃO Nº 2236/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 010.305/2012-2.
2. Grupo II – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria
3. Interessado: Congresso Nacional
4. Entidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e Município de
Aquiraz/CE
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (Secob-1).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade, integrante do
Fiscobras 2012, realizada no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e no Município
de Aquiraz/CE, tendo por escopo verificar a regularidade da aplicação dos recursos transferidos pelo
FNDE no âmbito do programa de construção de quadras poliesportivas nas escolas públicas.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. cientificar o Município de Aquiraz/CE e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação-FNDE acerca da impropriedade observada no contrato decorrente da concorrência
2011.09.01.001, no que se refere à escola João Pires Cardoso, no que diz respeito à ausência de
planilha orçamentária de quantitativos e preços unitários acompanhada das composições de seus custos
unitários, do BDI e dos encargos sociais utilizados, bem como a falta de exigência editalícia no sentido
de as licitantes apresentarem proposta com tais elementos, em dissonância com os ditames
estabelecidos no art. 6º, inciso IX, alínea f; art. 7º, § 2°, inciso II; e art. 40, § 2º, inciso II, da Lei
8.666/93;
9.2. recomendar ao Município de Aquiraz/CE que faça constar de suas vindouras leis
orçamentárias os recursos suficientes a realização das manutenções preventivas na edificação ora em
apreço;
9.3. encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto que a
fundamentam, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE e ao Município de Alta
Floresta/MT;
9.4. arquivar os presentes autos.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
48
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2236-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
ACÓRDÃO Nº 2237/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 012.337/2012-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE e Município de
Campo Formoso/BA.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (Secob-1).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade, integrante do
Fiscobras 2012, realizada no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE e no
Município de Campo Formoso/BA, com vistas a avaliar as obras de construção de quadra esportiva
coberta com palco da Escola Davino Carneiro, localizada no povoado de São Tomé do referido
município.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. dar ciência à Prefeitura Municipal de Campo Formoso/BA e ao Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação - FNDE sobre as seguintes ocorrências detectadas no Lote 2 do
Contrato 880/2011, resultante da Concorrência Pública n.º 002/2011 e referente à construção da quadra
esportiva da Escola Davino Carneiro, para a adoção das providências cabíveis:
9.1.1. celebração de contrato acima do valor de referência admitido por este Tribunal para
obras similares no âmbito do programa em análise, em dissonância com o art. 7º, § 4º, da Lei
8.666/1993, sendo necessário que sejam implementadas medidas para adequar o preço global do
contrato ou que seja elaborado relatório técnico circunstanciado justificando a extrapolação do valor de
referência, conforme preconiza o art. 125, § 5º, da Lei 12.465/2011 (LDO/2012);
9.1.2. ausência das composições dos custos unitários da planilha orçamentária, do detalhamento
do BDI e dos encargos sociais relativos ao contrato, bem como de exigência editalícia no sentido de as
licitantes apresentarem proposta com tais elementos, em dissonância com os ditames estabelecidos no
art. 6º, inciso IX, alínea f; art. 7º, § 2°, inciso II; e art. 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93.
9.2. recomendar ao Município de Campo Formoso/BA que faça constar de suas vindouras leis
orçamentárias os recursos suficientes a realização das manutenções preventivas nas edificações ora em
apreço;
9.3 encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto que a
fundamentam, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação- FNDE, à Prefeitura Municipal de
Campo Formoso/BA, ao Ministério da Educação e à 6ª Secretaria de Controle Externo deste Tribunal;
9.4. arquivar os presentes autos.
49
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2237-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
ACÓRDÃO Nº 2238/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 012.338/2012-5.
2. Grupo II – Classe V - Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE e Município de
Campo Formoso/BA.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (Secob-1).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de conformidade, integrante do
Fiscobras 2012, realizada no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE e no
Município de Campo Formoso/BA, com vistas a avaliar as obras de construção de quadra esportiva
coberta com palco da Escola Rosalvo Luiz Celestino, localizada no povoado de Lajes dos Negros do
referido município.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. dar ciência à Prefeitura Municipal de Campo Formoso/BA e ao Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação - FNDE sobre as seguintes ocorrências detectadas no Lote 1 do
Contrato 880/2011, resultante da Concorrência Pública n.º 002/2011 e referente à construção da quadra
esportiva da Escola Rosalvo Luiz Celestino, para a adoção das providências cabíveis:
9.1.1. celebração de contrato acima do valor de referência admitido por este Tribunal para
obras similares no âmbito do programa em análise, em dissonância com o art. 7º, § 4º, da Lei
8.666/1993, sendo necessário que sejam implementadas medidas para adequar o preço global do
contrato ou que seja elaborado relatório técnico circunstanciado justificando a extrapolação do valor de
referência, conforme preconiza o art. 125, § 5º, da Lei 12.465/2011 (LDO/2012);
9.1.2. ausência das composições dos custos unitários da planilha orçamentária, do detalhamento
do BDI e dos encargos sociais relativos ao contrato, bem como de exigência editalícia no sentido de as
licitantes apresentarem proposta com tais elementos, em dissonância com os ditames estabelecidos no
art. 6º, inciso IX, alínea f; art. 7º, § 2°, inciso II; e art. 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93. (3.2);
9.2. recomendar ao Município de Campo Formoso/BA que faça constar de suas vindouras leis
orçamentárias os recursos suficientes a realização das manutenções preventivas nas edificações ora em
apreço;
9.3 encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto que a
fundamentam, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação- FNDE, à Prefeitura Municipal de
Campo Formoso/BA, ao Ministério da Educação e à 6ª Secretaria de Controle Externo deste Tribunal;
9.4. arquivar os presentes autos.
50
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2238-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
ACÓRDÃO Nº 2239/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 019.357/2012-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VII - Natureza: Representação
3. Interessados: Progetto Arquitetura, Engenharia e Construções Ltda..
4. Entidade: Fundação Universidade de Brasília - MEC.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 6ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-6).
8. Advogado constituído nos autos: Karina Bronzon de Castilho, OAB/DF 20.971.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pela empresa Progetto
Arquitetura, Engenharia e Construções Ltda. acerca de possíveis irregularidades ocorridas na
Concorrência 175/2012, deflagrada pela Fundação Universidade de Brasília/Centro de Planejamento
Oscar Niemeyer (FUB/Ceplan).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente Representação, com fundamento no art. 113, § 1º, da Lei nº
8.666/1993, c/c o art. 237, inciso VII, do Regimento Interno, para, no mérito, considerá-la
parcialmente procedente;
9.2. com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, c/c o art. 45 da Lei nº 8.443/1992
e o art. 251 do Regimento Interno, assinar o prazo de 15 (quinze) dias para que o FUB/Ceplan adote
as medidas necessárias à anulação da Concorrência 175/2012;
9.3. dar ciência à Fundação Universidade de Brasília/Centro de Planejamento Oscar Niemeyer
que, na condução da Concorrência 175/2012, promovida pela entidade, foram identificadas as
seguintes irregularidades:
9.3.1. acumulação das exigências de capital mínimo (R$ 290.000,00) e garantia de 1% do valor
estimado do objeto da contratação (subitens 6.5.6.5 e 6.5.6.6 do edital), respectivamente, em
desconformidade com o §2º, art. 31, da Lei 8.666/1993;
9.3.2. exigência de visto no Crea/DF, para efeitos de habilitação, para empresas registradas no
Conselho de outra região (subitem 6.5.5.1 do edital), contrariando a jurisprudência do Tribunal;
9.3.3. exigência de comprovação de elaboração de projetos com pelo menos 25.000 m2
de área
construída, no que se refere ao complexo “Praça Maior” (subitem 6.5.5.4 do edital), o que supera 50%
da área da maior das edificações que compõem o conjunto, sem que conste do processo justificativas
técnicas fundamentadas e circunstanciadas para a necessidade de se considerar como parâmetro, para
fins de comprovação de capacidade técnica, a área total do complexo;
9.3.4. exigência de comprovação de capacidade técnica por meio de apenas um único atestado
(subitem 6.5.5.4 do edital), sem que conste do processo justificativas técnicas fundamentadas e
circunstanciadas;
51
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.4. dar ciência do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à
FUB/Ceplan e à representante;
9.5. arquivar os presentes autos.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2239-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
ACÓRDÃO Nº 2240/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC-002.623/2007-4
2. Grupo I, Classe I – Recurso de Revisão em Tomada de Contas Especial
3. Recorrente: Wagner Ribeiro de Barros, (ex-prefeito, CPF 523.327.306-30)
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Paraisópolis/MG
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Guilherme Palmeira
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
7. Unidades Técnicas: Secex/MG e Serur
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de recurso de revisão interposto por
Wagner Ribeiro de Barros contra ao Acórdão nº 1.974/2008-1ª Câmara.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, com base no art. 35 da Lei nº 8.443/1992, em:
9.1 não conhecer do recurso de revisão;
9.2 dar ciência desta deliberação ao recorrente.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2240-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro (Relator) e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
ACÓRDÃO Nº 2241/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC-007.497/2012-1
2. Grupo I, Classe VII - Representação
3. Representante: Connectcom Teleinformática Comércio e Serviços Ltda. (CNPJ nº
00.308.141/0001-76)
4. Unidade: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
52
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: 8ª Secex
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. ACÓRDÃO:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de medida cautelar,
interposta pela empresa Connectcom Teleinformática Comércio e Serviços Ltda. acerca de possíveis
irregularidades no Pregão Eletrônico por Registro de Preço nº 02/2012, para contratação de empresa
especializada para implementação de processos de governança de TI (tecnologia da informação) e
gerenciamento de serviços de TI, para o ambiente da Coordenação Geral de Tecnologia da Informação
(CGTI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 237, inciso VII, c/c o art. 113, §
1º, da Lei nº 8.666/93, em:
9.1 - conhecer da presente representação para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2 - determinar ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que:
9.2.1 - se abstenha de autorizar a adesão de outros órgãos ou entidades à Ata de Registro de
Preços decorrente do Pregão Eletrônico por Registro de Preço 02/2012;
9.2.2 - se abstenha de exigir, como condição de qualificação técnica na fase de habilitação, que
os licitantes possuam em seu quadro permanente os profissionais com as certificações requeridas;
9.2.3 - ao lançar processo licitatório, atente para as condições expressas no art. 2º do Decreto nº
3.931/2001, de forma a não utilizar sistema de registro de preços quando as peculiaridades do objeto a
ser executado, sua localização e ambiente de implementação indiquem que só será possível uma única
contratação;
9.3 - dar ciência desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a fundamentam, à
representante, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e à empresa Alive Technologies
Consultoria e Assessoria em Informática Ltda.;
9.4 - arquivar o processo.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2241-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro (Relator) e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
ACÓRDÃO Nº 2242/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 017.915/2006-7
2. Grupo I - Classe I - Recurso de Revisão (em processo de Tomada de Contas Especial)
3. Recorrente: Antônio Primo de Queiroz, ex-prefeito (CPF 070.872.413-20).)
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Moreilândia/PE
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico
7. Unidades Técnicas: Secex/PE e Serur
8. Advogados constituídos nos autos: Ignácio Raphael de Souto Júnior (OAB/PE 19.536) e
Wilson Filho Miranda Lucena (OAB/PE 7.742-E)
53
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, em fase de recurso
de revisão interposto ao Acórdão 4.533/2010 - TCU - 1ª Câmara.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18, 23, inciso II,
32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer do presente recurso de revisão para, no mérito, dar-lhe provimento, tornando
insubsistente o Acórdão 4.533/2010 - TCU - 1ª Câmara;
9.2. julgar regulares com ressalva as contas de Antônio Primo de Queiroz, dando-lhe quitação;
9.3. notificar o recorrente do teor desta deliberação;
9.4. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, à
Procuradoria da República no Estado de Pernambuco e ao FNDE, para as providências cabíveis.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2242-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro (Relator) e Ana Arraes.
13.2. Ministra que alegou impedimento na Sessão: Ana Arraes.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
ACÓRDÃO Nº 2243/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 034.010/2011-4
1.1. Apensos: TC-034.460/2011-0 e TC-033.728/2011-9
2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Auditoria de Obra
3. Interessado: Congresso Nacional
4. Unidade: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secob-1
8. Advogados constituídos nos autos: Fernando Couto Garcia (OAB/MG 94.049) e Nilson
Rogério Pinto Leão (OAB/MG 50.515)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria, realizada no âmbito do Fiscobras
2012, nas obras de ampliação do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora/MG,
com recursos provenientes dos programas de trabalho orçamentários - PTs
12.302.1073.6379.0001/2010 e 12.302.1073.14IM.0031/2012.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 91, §9º, e 96 da Lei 12.465/2011
(LDO 2012), em:
9.1. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que foram detectados indícios de irregularidades graves com recomendação de paralisação
(IG-P) no Edital da Concorrência 1/2011 da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), relativo aos
serviços de ampliação do Hospital Universitário, e que seu saneamento depende da adoção das
54
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
medidas previstas no Acórdão-TCU 1.999/2012 – Plenário, que determinou à Universidade: (i)
renegociar os preços com a primeira colocada do certame, de modo a se ajustarem aos patamares de
mercado ou, alternativamente, (ii) anular a licitação;
9.2. retornar os autos à Secob-1 para que dê prosseguimento à instrução do feito.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2243-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro (Relator) e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
ACÓRDÃO Nº 2244/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC-037.249/2011-8
2. Grupo I – Classe II – Solicitação do Congresso Nacional
3. Interessado: Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da
Câmara dos Deputados
4. Unidade: Câmara dos Deputados
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidades Técnicas: 1ª Secex, 8ª Secex e Sefid-1
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Solicitação do Congresso Nacional, na qual se
requer que o TCU realize auditoria acerca das medidas tomadas pelo governo federal para o
escoamento da produção agropecuária.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,
diante das razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 1º, inciso II e 38 da Lei nº
8.443/92, c/c os arts. 4º, inciso I, alínea “b”, 14, inciso IV e 17, inciso II, da Resolução TCU nº
215/2008, em:
9.1 - conhecer da presente solicitação, considerando-a integralmente atendida;
9.2 - enviar cópia do presente acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam,
aos seguintes órgãos e entidades:
9.2.1 - Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural
(CAPADR) da Câmara dos Deputados;
9.2.2 - Conselho Nacional de Integração e Políticas de Transporte;
9.2.3 - Ministério dos Transportes;
9.2.4 - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
9.2.5 - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes;
9.2.6 - Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.;
9.2.7 - Secretaria de Portos da Presidência da República;
9.2.8 - Agência Nacional de Transportes Terrestres;
9.2.9 - Agência Nacional de Transportes Aquaviários;
9.2.10 - Casa Civil da Presidência da República;
9.2.11 - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
9.2.12 - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo;
55
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.3 - arquivar o processo.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2244-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro (Relator) e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2245/2012 – TCU – Plenário
1. Processo TC 006.391/2012-5.
2. Grupo II – Classe V– Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 2ª Secretaria de Fiscalização de Obras – Secob-2.
8. Advogado: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria realizado pela
2ª Secretaria de Fiscalização de Obras – Secob-2 no lote 3 das obras de construção da BR-158, em
trecho localizado entre as cidades de Campo Mourão e Palmital, no estado do Paraná.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
com fundamento no art. 169; 179, § 6º e 276, § 5º do Regimento Interno, em:
9.1. revogar, por perda de objeto, a medida cautelar adotada nestes autos (peça 58);
9.2. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que não mais subsistem motivos para enquadramento do Contrato 060/2012-00 (relativo as
obras de construção de trecho rodoviário - Campo Mourão - Palmital - na BR-158/PR, vinculadas ao
PT 26.782.2075.128W.004) no inciso IV, § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), vez que a
licitação originária foi anulada pelo Dnit;
9.3. nos termos do art. 242, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal, determinar ao Dnit
que, tão-logo concluídas as correções do projeto básico que deverá nortear a licitação substitutiva da
Concorrência Pública 478/2010-09 (anulada conforme DOU de 20/7/2012, seção 3, p. 119), encaminhe
a este Tribunal as cópias das respectivas peças, bem como do correspondente edital, para fins de
acompanhamento;
9.4. determinar à Secob-2, com base nos arts. 241 e 242 do RI/TCU, que realize o
acompanhamento do comando constante do item 9.3, representando a este Tribunal caso persistam as
irregularidades apontadas neste processo ou sejam apuradas novas falhas;
9.5. arquivar os autos.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2245-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes (Relatora).
56
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa e
Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2246/2012 – TCU – Plenário
1. Processo TC 007.175/2012-4.
2. Grupo I – Classe V – Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Unidade: Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 3ª Secretaria de Fiscalização de Obras – Secob-3.
8. Advogados: Renato Otto Kloss (OAB/RJ 117.110), Juliana Cavalcante Aguiar Cruz da Silva
(OAB/RJ 149.564) e outros.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada na Petróleo Brasileiro S.A. –
Petrobras, no período de 19/3 a 4/5/2012, com o objetivo de fiscalizar a implantação da Usina
Termelétrica (UTE) Baixada Fluminense, no município de Seropédica/RJ, obra integrante do
Programa de Aceleração do Crescimento – PAC.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pela relatora, em:
9.1. com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, no art. 42, § 1º, da
Lei 8.443/1992 e no art. 245, § 1º, do Regimento Interno/TCU, assinar prazo de 30 (trinta) dias a
contar da ciência desta deliberação, para que a Petróleo Brasileiro S.A. entregue ao Tribunal toda a
documentação acerca dos estudos de viabilidade técnica e econômica do empreendimento UTE
Baixada Fluminense, compreendendo:
9.1.1. estudos das alternativas de implantação do empreendimento;
9.1.2. estudos técnicos das fases I, II e III do empreendimento;
9.1.3. estudos de viabilidade econômica do empreendimento;
9.1.4. atos de aprovação dos referidos estudos;
9.1.5. relatórios, pareceres técnicos e jurídicos sobre os estudos;
9.1.6. nome completo, cargo e CPF dos responsáveis pela entrega dos documentos indicados
nos subitens anteriores.
9.2. determinar à Secob-3 que autue processo de acompanhamento com vistas a avaliar
eventuais aditivos firmados no âmbito do contrato 0802.0071016.11.2, referente às obras de
implantação da UTE Baixada Fluminense, ficando a unidade técnica autorizada, desde já, a promover
eventuais diligências e inspeções porventura necessárias para sanear o feito;
9.3. juntar cópias do relatório de auditoria e das evidências "Estimativa de Custos da
Petrobras", "Demonstrativo de Formação de Preços – DFP" e "Carta Convite" ao TC 006.810/2011-0,
a fim de subsidiar seu exame; e
9.4. encaminhar à Petrobras e ao Ministério de Minas e Energia cópia do inteiro teor do
relatório de auditoria e desta deliberação, acompanhada do relatório e do voto que a fundamentaram.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2246-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Raimundo Carreiro, José Jorge e Ana Arraes (Relatora).
57
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2247/2012 – TCU – Plenário
1. Processo: TC 007.518/2005-5.
1.1. Apenso: TC 008.962/2010-3
2. Grupo II – Classe VII – Representação.
3. Interessado: Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União – MPTCU.
3.1. Responsáveis: Aláudio de Oliveira Mello Junior (CPF 004.306.502-30); Anivaldo Juvenil
Vale (CPF 078.591.476-53); Flora Valladares Coelho (CPF 012.369.897-91); Hélio Francisco dos
Santos Graça (CPF 005.459.962-87); Humberto Conde (CPF 003.931.005-10); Jorge Luiz Soares
Santos (CPF 033.031.522-68); Jorge Nemetala José Filho (CPF 005.790.092-20); José Artur Guedes
Tourinho (CPF 008.645.602-49); José Benevenuto Ferreira Virgolino (CPF 000.192.242-49); José
Maria Gomes Trindade (CPF 019.654.092-53); José das Neves Capela (CPF 000.249.372-15); João
Augusto Barbosa Monteiro (CPF 001.062.242-04); Luiz Benedito Varela (CPF 001.301.922-87);
Mário Jorge de Macedo Bringel (CPF 001.048.252-00); Silvestre de Castro Filho (CPF 003.349.954-
34).
4. Unidade: Banco da Amazônia S.A. – Basa.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: procurador-geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo Estado de Roraima – Secex/RR.
8. Advogada: Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio (OAB 1227/RJ).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação acerca de irregularidades em
operação de renegociação de dívidas e de concessão de crédito para capital de giro realizada entre a
empresa Frangonorte Indústria e Comércio Ltda. e o Banco da Amazônia S.A. – Basa, com recursos
oriundos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte – FNO.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão plenária, ante as
razões expostas pela relatora, em:
9.1. considerar revel o Sr. Jorge Luiz Soares Santos, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443,
de 1992;
9.2. acolher as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. José das Neves Capela;
9.3. rejeitar parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Luiz Benedito
Varela, Aláudio de Oliveira Mello Junior, Hélio Francisco dos Santos Graça, José Artur Guedes
Tourinho, Mário Jorge de Macedo Bringel, João Augusto Barbosa Monteiro, Flora Valladares Coelho,
José Benevenuto Ferreira Virgolino, Jorge Nemetala José Filho, José Maria Gomes Trindade,
Humberto Conde, Silvestre de Castro Filho, Anivaldo Juvenil Vale, conforme explicitado no relatório
e no voto que fundamentam o presente acórdão;
9.4. em razão do caráter formal das ocorrências e das demais peculiaridades do caso concreto,
deixar de aplicar sanção aos Srs. Silvestre de Castro Filho, Anivaldo Juvenil Vale e Humberto Conde;
9.5. com fundamento no art. 58, incisos II e III, da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 268, incisos II
e III, do Regimento Interno, aplicar, individualmente, multa aos responsáveis, nos valores a seguir
indicados, a ser recolhida ao Tesouro Nacional, com incidência de encargos legais, calculados da data
deste acórdão até a data do pagamento, se este for efetuado após o vencimento do prazo abaixo
estipulado:
9.5.1. Luiz Benedito Varela: R$ 20.000,00;
9.5.2. Aláudio de Oliveira Mello Junior: R$ 20.000,00;
9.5.3. Hélio Francisco dos Santos Graça: R$ 20.000,00;
58
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.5.4. José Artur Guedes Tourinho: R$ 30.000,00;
9.5.5. Mário Jorge de Macedo Bringel: R$ 20.000,00;
9.5.6. João Augusto Barbosa Monteiro: R$ 10.000,00;
9.5.7. Flora Valladares Coelho: R$ 30.000,00;
9.5.8. José Benevenuto Ferreira Virgolino: R$ 30.000,00;
9.5.9. Jorge Nemetala José Filho: R$ 30.000,00;
9.5.10. José Maria Gomes Trindade: R$ 16.000,00;
9.5.11. Jorge Luiz Soares Santos R$ 16.000,00;
9.6. fixar prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovação, perante o
Tribunal, do recolhimento das dívidas acima imputadas;
9.7. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;
9.8. autorizar o pagamento das dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais consecutivas,
caso venha a ser solicitado pelos responsáveis antes do envio do processo para cobrança judicial;
9.9. fixar o vencimento da primeira parcela em 15 (quinze) dias a contar do recebimento da
notificação e o das demais a cada 30 (trinta) dias, com incidência de encargos legais sobre o valor de
cada uma;
9.10. alertar aos responsáveis que a inadimplência de qualquer parcela acarretará vencimento
antecipado do saldo devedor;
9.11. determinar ao Banco da Amazônia S.A. – Basa que informe a este Tribunal, no prazo de
30 (trinta) dias, a contar da ciência deste acórdão, todas as ações judiciais por ele promovidas (e o
estágio atual de cada uma delas) com o intuito de recuperar os créditos inadimplidos pela empresa
Frangonorte, à conta do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte – FNO;
9.12. determinar à Secex/RR que monitore, em processo apartado, o andamento das ações de
execução a serem informadas pelo Basa nos termos do subitem 9.11.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2247-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes (Relatora).
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2248/2012 – TCU – Plenário
1. Processo TC 009.792/2008-7.
2. Grupo I – Classe I – Pedido de Reexame.
3. Recorrente: Alexandre Braga Pegado (CPF 586.650.644-00).
4. Unidade: Município de Conceição/PB.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
5.1. Relator da deliberação recorrida: ministro José Múcio Monteiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos – Serur.
8. Advogado: José Marcílio Batista (OAB/PB 8.535).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de pedido de reexame interposto pelo Sr. Alexandre
Braga Pegado contra o acórdão 2.264/2011 – Plenário.
59
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pela relatora e com fundamento no art. 48 da Lei 8.443/1992, c/c os arts.
277 e 286 do Regimento Interno, em:
9.1. conhecer do pedido de reexame e negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência da presente deliberação ao recorrente.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2248-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes (Relatora).
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2249/2012 – TCU – Plenário
1. Processo TC 014.240/2012-2.
2. Grupo I – Classe V – Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Unidade: Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro – TRE/RJ.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 1ª Secretaria de Fiscalização de Obras – Secob-1.
8. Advogado: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria realizado pela
1ª Secretaria de Fiscalização de Obras – Secob-1 no edital de concorrência 1/2012 – TRE/RJ, lançado
pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro para contratação da execução das obras
de construção do edifício-sede daquele órgão,
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
com fundamento no art. 169 do Regimento Interno, em:
9.1. dar ciência ao TRE/RJ das irregularidades identificadas na concorrência 1/2012,
enviando-lhe cópia do relatório de auditoria à peça 22 dos autos, bem como desta deliberação,
acompanhada do voto e relatório que a sustentam;
9.2. arquivar os autos.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2249-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes (Relatora).
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2250/2012 - TCU – Plenário
1. Processo TC-004.794/2012-5
2. Grupo: I - Classe: V - Assunto: Relatório de Levantamento de Auditoria.
60
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
3. Interessado/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional.
3.2. Responsáveis: Bento Moreira Lima Neto (000.571.693-49); Celso Itajuba Ferreira
Borgneth (001.859.733-53); Elpídio Gomes da Silva Filho (035.292.152-87); Jorge Ernesto Pinto
Fraxe (108.617.424-00); Lusivaldo Moraes dos Santos (278.745.243-49); Sílvio Romano Benjamin
Júnior (233.990.902-34); Washington de Oliveira Viegas (001.379.603-87), Eram - Estaleiro Rio
Amazonas Ltda.
4. Unidades: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Companhia
Docas do Maranhão – Codomar.
5. Relator: Ministro Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secob-4.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Levantamento de Auditoria realizada pela
Secob-4, objetivando verificar a execução das obras de Construção de Terminal Fluvial no Município
de Benjamin Constant no Estado do Amazonas - PT nº 26.784.2073.127G.0217/2012, objeto do
Convênio 269/2005-DAQ-Dnit celebrado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit) e a Companhia Docas do Maranhão – Codomar,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, com
fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 43, inciso I, da Lei 8.443/92, e 250, inciso V, do Regimento
Interno, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. realizar oitiva do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), para que
apresente, no prazo de quinze dias, manifestação a respeito do indício de superfaturamento e das
deficiências dos projetos básico e executivo das obras de construção do terminal hidroviário de
Benjamin Constant/AM;
9.2. realizar oitiva da Companhia Docas do Maranhão (Codomar), para que apresente, no prazo
de quinze dias, manifestação a respeito: do indício de superfaturamento; do adiantamento de
pagamentos no Contrato 24/2006 - Codomar; das deficiências dos projetos básico e executivo; das
irregularidades observadas quanto aos acréscimos ao Contrato 24/2006-Codomar em percentual
superior ao legalmente permitido; e do indício de deficiências na fiscalização das obras de construção
do terminal hidroviário de Benjamin Constant/AM;
9.3. realizar oitiva do Estaleiro Rio Amazonas Ltda. (Eram), para que apresente, no prazo de
quinze dias, manifestação a respeito do indício de superfaturamento e do indício de adiantamento de
pagamentos no Contrato 24/2006 - Codomar, referente à obra de construção do terminal hidroviário de
Benjamin Constant/AM;
9.4. encaminhar cópia deste acórdão, bem como das peças que o fundamentam, à Secretaria de
Controle Externo do Estado do Amazonas (Secex/AM) e à 1ª Secretaria de Controle Externo do
Tribunal de Contas da União (1ª Secex);
9.5. encaminhar cópia deste acórdão, bem como das peças que o fundamentam, ao Dnit, à
Codomar e à empresa Eram - Estaleiro Rio Amazonas Ltda.;
9.6. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que as irregularidades observadas na execução das obras relativas à Construção de Terminal
Fluvial do Município de Benjamin Constant no Estado do Amazonas - PT nº
26.784.2073.127G.0217/2012 não se enquadram no art. 91, § 1º, inciso IV, da Lei 12.465, de 12 de
agosto de 2011 (LDO 2012), e
9.7. restituir os autos à Secob-4 para continuidade da instrução.
61
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2250-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2251/2012 – TCU – Plenário
1. Processo n. TC-005.313/2011-2.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Órgão: Ministério do Trabalho e Emprego – MTE.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 5ª Secretaria de Controle Externo – 5ª Secex.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da auditoria realizada na Secretaria de Políticas
Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego no período compreendido entre 2/8 e
23/9/2011, em cumprimento ao Acórdão n. 421/2011 – Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fulcro no art. 43, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, determinar a audiência:
9.1.1. dos responsáveis abaixo listados, por terem aprovado projetos de qualificação, por meio
das Notas Técnicas e Pareceres Técnicos referenciados, com quantitativo de pessoas a serem
qualificadas não fundamentado em critérios técnicos e objetivos para definição do número de
trabalhadores a serem treinados, sem levar em consideração aspectos como a real demanda pelos
treinamentos, a definição precisa do público alvo, os locais para realização dos cursos e a garantia de
inserção dos profissionais qualificados no mercado de trabalho, sem se basear em documentos
técnicos, metodologias ou bancos de dados, sem consultar os sistemas e registros administrativos como
PNAD, PED, RAIS, CAGED, mapas ocupacionais, estudos de prospecção de emprego formal e
estudos do nível de escolaridade e qualificação da força de trabalho, o que demonstrou falta de
planejamento na definição de vagas dos cursos e o descumprimento da Resolução Codefat n. 575/2008
quando da análise da definição do número de pessoas que demandariam os cursos de qualificação,
contrariando o item 3 (Efetividade Social PNQ) do termo de referência aprovado pela Resolução n.
575/2008 – Codefat e o art. 4º do mesmo normativo:
9.1.1.1. da Sra. Ana Paula da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do
Departamento de Qualificação, desde 6/5/2010: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.
1.089/2010 – Convênio n. 749.543, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 654/2010 – Convênio
n. 748.578, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 655/2010 – Convênio n. 748.691, Nota
Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 706/2010 – Convênio n. 749.266 e Nota Técnica
COPLAP/CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 564/2010 – CPP n. 19/2009;
9.1.1.2. do Sr. Anderson Alexandre dos Santos, CPF n. 042.793.597-09, na qualidade de
Coordenador-Geral de Qualificação, desde 17/3/2009: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.
1.089/2010 – Convênio n. 749.543, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 654/2010 – Convênio
n. 748.578, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 655/2010 – Convênio n. 748.691, Nota
62
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 706/2010 – Convênio n. 749.266 e Nota Técnica
COPLAP/CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 564/2010 – CPP n. 19/2009;
9.1.1.3. da Sra. Anete Alves Fernandes Fidelis, CPF n. 146.269.501-91, na qualidade de
Coordenadora-Geral de Qualificação-Substituta, em 11/9/2009, 12/11/2009, 16/6/2009 e 9/10/2009:
Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.231/2009 – CPP 26/2009, Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 863/2009 – CPP n. 5/2010, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE
n. 096/2008 – CPP n. 11/2009 e Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 929/2009 – CPP n.
15/2009;
9.1.1.4. do Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na qualidade de Diretor do
Departamento de Qualificação, de 12/2/2009 a 7/4/2010: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.
1.216/2010 – Convênio n. 723.126, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 096/2008 – CPP n.
11/2009 e Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 929/2009 – CPP n. 15/2009;
9.1.1.5. do Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na qualidade de Secretário de
Políticas Públicas de Emprego, desde 13/4/2010: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.
1.089/2010 – Convênio n. 749.543, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 654/2010 – Convênio
n. 748.578, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 655/2010 – Convênio n. 748.691 e Nota
Técnica COPLAP/CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 564/2010 – CPP n. 19/2009;
9.1.1.6. do Sr. Ezequiel Souza do Nascimento, CPF n. 339.653.821-87, na qualidade Secretário
de Políticas Públicas de Emprego, de 8/2/2008 a 13/4/2010: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE
n. 1.216/2010 – Convênio n. 723.126, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.231/2009 – CPP
n. 26/2009, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 863/2009 – CPP n. 5/2010, Parecer Técnico
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 096/2008 – CPP n. 11/2009, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE
n. 519/2008 – CPP n. 12/2009, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 523/2008 – CPP n.
8/2008 e Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 929/2009 – CPP n. 15/2009;
9.1.1.7. da Sra. Fátima Rosa Naves de Oliveira Santos, CPF n. 355.517.711-72, na qualidade
de Coordenadora-Geral de Qualificação, de 28/2/2008 a 9/3/2010: Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.216/2010 – Convênio n. 723.126, Parecer Técnico
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 519/2008 – CPP n. 12/2009 e Parecer Técnico
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 523/2008 – CPP n. 8/2008;
9.1.1.8. do Sr. José Geraldo Machado Junior, CPF n. 736.227.887-04, na qualidade de Diretor
do Departamento de Qualificação-Substituto, em exercício em 11/11/2009 e 16/11/2009: Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.231/2009 – CPP n. 26/2009 e Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE
n. 863/2009 – CPP n. 5/2010;
9.1.1.9. do Sr. Manoel Eugênio Guimarães de Oliveira, CPF n. 334.477.481-68, na qualidade
de Secretário de Políticas Públicas de Emprego-Substituto, em exercício em 20/8/2010: Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 706/2010 – Convênio n. 749.266;
9.1.1.10. do Sr. Marcelo Aguiar dos Santos Sá, CPF n. 301.571.291-87, na qualidade de
Diretor do Departamento de Qualificação, de 22/2/2008 a 3/2/2009: Parecer Técnico
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 519/2008 – CPP n. 12/2009 e Parecer Técnico
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 523/2008 – CPP n. 8/2008;
9.1.2. dos responsáveis abaixo indicados, por terem aprovado projeto de Planseq, mediante as
Notas Técnicas e Pareceres Técnicos referenciados, sem análise da adequação dos respectivos custos
aos valores de mercado, autorizando-o com base no valor máximo do custo médio aluno-hora admitido
pelo Codefat, com risco de ofensa ao princípio da economicidade exposto no art. 11 do Decreto n.
6.170/2007, agindo, ainda, em desconformidade com o disposto no art. 10 da Resolução Codefat n.
575/2008, c/c o item 9 do Termo de Referência que a acompanha, e em descumprimento à
determinação consignada no item 9.11.1 do Acórdão n. 2.261/2005 – Plenário:
9.1.2.1. Sra. Ana Paula da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do
Departamento de Qualificação, desde 6/5/2010: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 655/2010,
Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.089/2010 e Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.
63
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
564/2010;
9.1.2.2. Sr. José Geraldo Machado Júnior, CPF n. 301.571.291-87, na qualidade de Diretor do
Departamento de Qualificação-Substituto, em 11/11/2009 e 16/11/2009: Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 863/2009;
9.1.2.3. Sra. Fátima Rosa Naves de Oliveira Santos, CPF n. 355.517.711-72, na qualidade de
Coordenadora Geral de Qualificação, de 28/2/2008 a 9/3/2010: Parecer Técnico
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 519/2008, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 523/2008 e
Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.216/2010;
9.1.2.4. Sra. Anete Fernandes Alves Fidelis, CPF n. 146.269.501-91, na qualidade de
Coordenadora Geral de Qualificação Substituta, em 11/11/2009, 12/11/2009, 16/6/2009 e 9/10/2009:
Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 096/2008, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE
n. 929/2009 e Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 863/2009;
9.1.2.5. Sr. Anderson Alexandre dos Santos, CPF n. 042.793.597-09, na qualidade de
Coordenador Geral de Qualificação, desde 17/3/2009: Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.
655/2010, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.089/2010 e Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 564/2010;
9.1.2.6. Sr. Ezequiel Souza do Nascimento, CPF n. 339.653.821-87, na qualidade de Secretário
de Políticas Públicas de Emprego, de 8/2/2008 a 13/4/2010: Parecer Técnico
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 096/2008, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 519/2008,
Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 929/2009, Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE
n. 523/2008, Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 863/2009 e Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.216/2010;
9.1.2.7. Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na qualidade de Diretor do
Departamento de Qualificação, de 12/2/2009 a 7/4/2010 e Secretário de Políticas Públicas de
Emprego, desde 13/4/2010: Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 096/2008, Parecer Técnico
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 929/2009 e Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.216/2010, e na
condição de Secretário, mediante Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 655/2010, Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.089/2010 e Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 564/2010;
9.1.2.8. Sr. Marcelo Aguiar, CPF n. 301.571.291-87, na qualidade de Diretor do Departamento
de Qualificação, de 22/2/2008 a 3/2/2009: Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 519/2008 e
Parecer Técnico CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 523/2008;
9.1.3. dos responsáveis abaixo indicados, pela aprovação dos editais referenciados, sem
estabelecer critérios técnicos e objetivos para selecionar as entidades convenentes, na medida em que
não definiram a forma como seria graduada a pontuação aos participantes do chamamento público,
acarretando o desconhecimento de como foi atribuída a pontuação para cada participante da chamada
pública, o possível favorecimento de entidades concorrentes e comprometendo o atendimento aos
princípios constitucionais da isonomia e impessoalidade e, ainda, descumprindo o art. 40, inciso VII,
da Lei n. 8.666/1993 e o art. 5º, inciso II, da então vigente Portaria Interministerial n. 127/2008:
9.1.3.1. Sra. Fátima Rosa Naves de Oliveira Santos, CPF n. 355.517.711-72, na qualidade de
Diretora do Departamento de Qualificação – Substituta, em exercício em 25/11/2009: editais das CPPs
ns. 5/2010 (Nota Informativa CGQUA/DEQ/SPPE/MTE 1060/2009) e 8/2008 (Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.107/2008);
9.1.3.2. Sr. Manoel Eugenio Guimarães de Oliveira, CPF n. 334.477.481-68, na qualidade de
Secretário de Políticas Públicas de Emprego – Substituto, em exercício em 25/11/2008: edital da CPP
n. 12/2009 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.001/2008);
9.1.3.3. Sra. Aline Ferreira dos Santos, CPF n. 805.268.455-20, na qualidade de
Coordenadora-Geral de Qualificação – Substituta, em exercício em 16/7/2010: edital da CPP n.
19/2010 (Nota Informativa CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 874/2010);
9.1.3.4. Sra. Ana Paula da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do
Departamento de Qualificação, desde 6/5/2010: edital da CPP n. 19/2010 (Nota Informativa
64
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 874/2010);
9.1.3.5. Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na qualidade de Secretário da SPPE,
desde 13/4/2010: edital da CPP n. 19/2010 (Nota Informativa CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 874/2010);
9.1.3.6. Sr. Marcelo Aguiar dos Santos Sá, CPF n. 301.571.291-87, na qualidade de Diretor do
Departamento de Qualificação, de 22/2/2008 até 3/2/2009: edital da CPP n. 8/2008 (Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.107/2008);
9.1.3.7. Sr. José Geraldo Machado Júnior, CPF n. 736.227.887-04, na qualidade de Diretor do
Departamento de Qualificação – Substituto, em exercício em 20/11/2009, em 13/11/2009, em
11/11/2009 e em 5/11/2009: editais das CPP ns. 11/2009 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.
1.168/2009), 26/2010 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.284/2009), 5/2010 (Nota
Informativa CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.060/2009) e 15/2009 (Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.202/2009);
9.1.3.8. Sr. Ezequiel Sousa do Nascimento, CPF n. 339.653.821-87, na qualidade de Secretário
de Políticas Públicas e Emprego do MTE, de 8/2/2008 até 13/4/2010: editais das CPP ns. 11/2009
(Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.168/2009), 26/2010 (Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.284/2009), 5/2010 (Nota Informativa CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.
1.060/2009), 8/2008 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.107/2008) e 15/2009 (Nota
Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.202/2009);
9.1.3.9. Sra. Anete Alves Fernandes Fidelis, CPF n. 146.269.501-91, na qualidade de
Coordenadora-Geral de Qualificação Substituta, em exercício em 13/11/2009, em 11/11/2009 e em
4/11/2009: editais das CPP ns. 11/2009 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.168/2009),
26/2010 (Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.284/2009) e 15/2009 (Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.202/2009);
9.1.4. dos responsáveis abaixo indicados, por terem celebrado os convênios referenciados, com
entidade que não reunia condições técnicas e operacionais para executar o objeto pactuado, aceitando
firmar parceria com instituição sem atestados de capacidade técnica e operacional, em afronta ao art.
1º, § 2º, art. 5º, § 2º, art. 22, todos da então vigente Portaria Interministerial n. 127/2008, ao art. 5º,
Decreto n. 6.170/2007 e ao item 9.11.2 do Acórdão n. 2.261/2005 – Plenário, assumindo o risco de que
os cursos de qualificação fossem subcontratados ou não realizados, o que comprometeria, portanto, a
efetividade das ações:
9.1.4.1. Srs. Ezequiel Sousa do Nascimento, CPF n. 339.653.821-87, na qualidade de
Secretário de Políticas Públicas de Emprego, de 8/2/2008 até 13/4/2010, Carlo Roberto Simi, CPF n.
330.130.557-15, na qualidade de Diretor do Departamento de Qualificação, de 12/2/2009 até 7/4/2010,
e Sra. Fátima Rosa Naves de Oliveira Santos, CPF n. 355.517.711-72, na qualidade de Coordenadora-
Geral de Qualificação, de 28/2/2008 até 9/3/2010: Convênio n. 726.123, aprovado pela Nota Técnica
CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 1.216/2009;
9.1.4.2. Sr. Manoel Eugenio Guimarães de Oliveira, CPF n. 334.477.481-68, na qualidade de
Secretário de Políticas Públicas de Emprego – Substituto, em exercício em 20/8/2010, Sra. Ana Paula
da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do Departamento de Qualificação, desde
6/5/2010, e Sr. Anderson Alexandre dos Santos, CPF n. 042.793.597-09, na qualidade de
Coordenadora-Geral de Qualificação, desde 17/3/2009: Convênio n. 749.266, aprovado pela Nota
Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 706/2010;
9.1.4.3. Sra. Ana Paula da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do
Departamento de Qualificação, desde 6/5/2010, Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na
qualidade de Secretário de Políticas Públicas de Emprego, desde 13/4/2010, e Sr. Anderson Alexandre
dos Santos, CPF n. 042.793.597-09, na qualidade de Coordenadora-Geral de Qualificação, desde
17/3/2009: Convênios ns. 748.691, aprovado pela Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.
655/2010 e 748.578, aprovado pela Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n. 654/2010;
9.1.4.4. Sra. Ana Paula da Silva, CPF n. 763.588.959-15, na qualidade de Diretora do
Departamento de Qualificação, desde 6/5/2010, Sr. Carlo Roberto Simi, CPF n. 330.130.557-15, na
65
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
qualidade de Secretário de Políticas Públicas de Emprego, desde 13/4/2010, e Sr. Anderson Alexandre
dos Santos, CPF n. 042.793.597-09, na qualidade de Coordenadora-Geral de Qualificação, desde
17/3/2009: Convênio n. 749.543, aprovado pela Nota Técnica CGQUA/DEQ/SPPE/MTE n.
1.089/2010;
9.1.5. do Sr. Adair Antônio de Freitas Meira, CPF n. 280.486.011-68, na qualidade de
Presidente da Fundação Pró-Cerrado, desde 28/4/2000, pela prática das seguintes irregularidades na
execução do Convênio MTE/SPPE/Codefat n. 064/2009 (Siconv n. 726.100):
9.1.5.1. subestabelecimento, à Renapsi, do objeto dos Convênios ns. 726.100, 726071,
726.075, 728.980 e 743.309, em violação à alínea qq do inciso II da cláusula terceira do termo de
convênio, com o agravante de o responsável ser dirigente das duas entidades, como constatado após
consulta a sistemas públicos de dados, nos quais se verificou que o Sr. Adair Antônio de Freitas Meira,
Presidente da Fundação Pró-Cerrado e signatário do Convênio Siconv n. 726.100, consta como
Presidente da Renapsi desde 6/4/2010, e que o Sr. Gilberto Aristeu Beltrame, tesoureiro da Pró-
Cerrado desde 28/4/2000, aparece como Presidente da Renapsi no período de 20/4/2009 a 6/4/2010;
9.1.5.2. fraude à cotação prévia de preços que resultaram na contratação da Renapsi no
Convênio n. 726.100, Processo FPC n. 174/2010, relativo à contratação de equipe técnica, no qual as
propostas dos demais participantes, o Centro de Capacitação e Desenvolvimento Crescimento e a
Iniciativa Assessoria, Consultoria e Planejamento Ltda., foram determinadas por meio de aplicação de
índices sobre a proposta da Renapsi (1,023 e 1,0255, respectivamente), consoante demonstra o quadro
a seguir, configurando violação do § 3° do art. 46 da então vigente Portaria Interministerial n.
127/2008, da alínea g do inciso II da cláusula terceira do Convênio n. 726.100, e dos princípios da
impessoalidade e da moralidade:
Quadro 9
Convênio n. 064/2009 (Planseq Afrodescendentes)
Item da proposta Renapsi Crescimento Iniciativa Índice Índice
Valor (12 meses)
Valor (12
meses)
Valor (12
meses) Crescimen
to/Renapsi
Iniciativ
a/Renap
si
Coordenador geral R$ 54.000,00 R$ 55.242,00 R$ 55.377,00 1,02300 1,02550
Coordenador
pedagógico R$ 40.800,00 R$ 41.738,40 R$ 41.840,40 1,02300 1,02550
Supervisores de
monitoramento e
inserção R$ 67.200,00 R$ 68.745,60 R$ 68.913,60 1,02300 1,02550
Assitentes R$ 36.000,00 R$ 36.828,00 R$ 36.918,00 1,02300 1,02550
Profissionais de
limpeza e
manutenção R$ 5.100,00 R$ 5.217,30 R$ 5.230,05 1,02300 1,02550
Educadores e
instrutores R$ 374.256,00
R$
382.863,89 R$ 383.799,53 1,02300 1,02550
Encargos sociais R$ 115.527,24
R$
118.184,37 R$ 118.473,18 1,02300 1,02550
Total R$ 692.883,24
R$
708.819,56 R$ 710.551,76 1,02300 1,02550
9.1.5.3. contratação da Renapsi, no âmbito do Convênio n. 726.100, sem que a entidade
comprovasse capacidade técnica e operacional e sem autorização estatutária para prestação dos
serviços de fornecimento de lanches, transporte de educandos, manutenção e reparo de máquinas,
equipamentos e instalações prediais;
9.2. determinar, nos termos do art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da Rede
Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração – Renapsi, CNPJ n. 37.381.902/0001-25, do
66
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Centro de Capacitação e Desenvolvimento – Crescimento, CNPJ n. 06.338.499/0001-28 e da Iniciativa
Assessoria, Consultoria e Planejamento Ltda., CNPJ n. 07.626.372/0001-77, para fins de aplicação da
declaração de inidoneidade prevista no art. 46 da Lei n. 8.443/1992, em razão da fraude na cotação
prévia de preços, objeto do Processo FPC n. 174/2010, relativo à contratação de equipe técnica, no
âmbito do Convênio n. 726.100, haja vista que as propostas do Centro de Capacitação e
Desenvolvimento Crescimento e da Iniciativa Assessoria, Consultoria e Planejamento Ltda. foram
determinadas por meio da aplicação de índices (1,023 e 1,0255, respectivamente) sobre a proposta da
Renapsi;
9.3. determinar à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego que, em atendimento ao disposto
no item 9.9.2 do Acórdão n. 2.261/2005 – Plenário, apure o valor não comprovado na execução
financeira das despesas nos Convênios ns. 726.100, 726.071, 726.075, 728.980 e 743.309, uma vez
que os recibos fornecidos pela Renapsi não são documentos aceitos para comprovação da regular
aplicação dos recursos, procedendo à cobrança desses valores ou à instauração de Tomada de Contas
Especial, conforme o caso, considerando, para tanto, somente os documentos fiscais que estejam
relacionados aos elementos de despesa constantes do plano de trabalho, dentro do prazo de vigência
dos respectivos convênios, e que atendam ao disposto na legislação tributária, trabalhista,
previdenciária ou mesmo as normas relativas aos convênios, informando ao TCU, em 90 dias a contar
da ciência deste Acórdão, as medidas adotadas e os resultados alcançados;
9.4. determinar ao Departamento de Qualificação Profissional que, quando da análise das
prestações de contas dos convênios abaixo referenciados, proceda à verificação minuciosa das listas de
frequência, listas de distribuição de materiais didáticos, vale-transporte, alimentação e certificados de
conclusão dos cursos, a fim de comprovar o alcance total da meta pactuada, em especial quanto à
qualificação do número de participantes indicados, não comprovada ao Tribunal, o que representa os
valores listados, sob pena de devolução dos recursos ao erário e, em caso de insucesso, instauração de
TCE, informando ao Tribunal, no prazo de 60 dias a contar da ciência deste Acórdão, após o exame
das prestações de contas, as medidas adotadas:
Convênio Participantes Valor
724.582 302 R$ 238.580,00
724.593 5.467 R$ 4.318.930,00
724.593 2.400 R$ 1.896.000,00
726.138 865 R$ 683.350,00
9.5. encaminhar cópia deste Acórdão, bem do Relatório e da Proposta de Deliberação que o
fundamentam, ao Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2251-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
(Relator) e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2252/2012 – TCU – Plenário
1. Processo n. TC 011.451/2008-5.
2. Grupo I; Classe de Assunto: VII – Denúncia.
3. Responsável: José Edmundo Seixas Dócio, CPF 075.898.835-49.
4. Entidade: Município de Igrapiúna/BA.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
67
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral, Lucas Rocha Furtado (manifestação
oral).
7. Unidade Técnica: Secex/BA.
8. Advogados constituídos nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Denúncia, em fase de monitoramento das
disposições constantes do Acórdão n. 2.526/2010 – Plenário, por meio do qual foi apreciado o mérito
da matéria trazida ao conhecimento do Tribunal.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1 com fundamento no art. 58, inciso IV, da Lei n. 8.443/1992, aplicar ao Sr. José Edmundo
Seixas Dócio, Prefeito do Município de Igrapiúna/BA, a multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais),
fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o
Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do RI/TCU), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente a partir da data deste Acórdão até a data do efetivo recolhimento, na forma
da legislação em vigor;
9.2. autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei
n. 8.443/1992, caso não atendida a notificação;
9.3. fixar o prazo de 15 (quinze) dias para que o atual Prefeito do Município de Igrapiúna/BA
comprove a implementação das determinações contidas nos subitens 1.5.1.1 e 1.5.1.3 do Acórdão n.
2.526/2010 – Plenário, alertando ao gestor que o não atendimento desta determinação caracterizará
reincidência no descumprimento de decisão deste Tribunal e poderá ensejar a aplicação de sanção
pecuniária, a teor do art. 58, inciso VII, da Lei n. 8.443/1992, c/c o art. 268, inciso VIII, do RI/TCU;
9.4. nos termos do Enunciado da Súmula de Jurisprudência do TCU n. 145, corrigir a
inexatidão material constante do subitem 1.5.1.2 do Acórdão n. 2.526/2010 – Plenário, o qual passará a
ter a seguinte redação:
“1.5.1.2. doravante, quando do recebimento de recursos federais, promova a notificação dos
partidos políticos, sindicatos de trabalhadores e entidades empresariais, com sede no município, no
prazo de 2 (dois) dias úteis, contado da data de recebimento dos recursos, nos termos do art. 2º da Lei
n. 9.452/1997;”
9.5. enviar cópia deste Acórdão, do Relatório e da Proposta de Deliberação que o
fundamentam, à Câmara Municipal de Igrapiúna/BA, à Promotoria de Justiça de Igrapiúna/BA, à
Prefeitura Municipal de Igrapiúna/BA e ao Sr. José Edmundo Seixas Dócio;
9.6. determinar à Secex/BA que monitore o cumprimento deste Acórdão.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2252-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
(Relator) e Weder de Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 2253/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 007.310/2012-9.
2. Grupo II – Classe V - Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessados/Responsáveis:
68
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
3.1. Interessado: Congresso Nacional (CN).
3.2. Responsáveis: Carlos Edilmar Luna Bacurau (035.677.344-23); Jorge Antônio Mesquita
Pereira de Almeida (341.332.917-00); Luiz Carlos Oliveira Machado (222.706.987-20); Telma
Rosilene Barbosa Medrado (103.991.605-82).
4. Entidade: Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (Valec) - MT.
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 4 (Secob-4).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos esses autos que tratam de levantamento realizado nos atos e
procedimentos relacionados às obras de construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste - Lote 4:
Trecho Rio de Contas - Riacho da Barroca - no estado da Bahia, no âmbito do Fiscobras 2012.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. classificar o achado 3.1 do relatório de fiscalização 139/2012 como grave que não
prejudique a continuidade (IG-C) das obras referentes ao trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste
- Lote 4: Trecho Rio de Contas - Riacho da Barroca - no estado da Bahia;
9.2. determinar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que, no prazo de 60
(sessenta) dias, encaminhe ao Tribunal:
9.2.1. relatório e documentação comprobatória da execução de prospecção de sondagens
indiretas, por meio de método geofísico por eletro-resistividade, em todo corte em que não foi
executada sondagem durante a elaboração do projeto executivo, conforme informado na Nota Técnica
Valec 37/2012;
9.2.2. documentação comprobatória de revisão dos quantitativos de material a escavar e da
adequação da distribuição dos volumes a serem compensados no projeto de terraplenagem, de acordo
com as três categorias de material, conforme informado na Nota Técnica Valec 37/2012;
9.2.3. documentação comprobatória de realização de sondagens complementares em todas as
obras de arte especiais em quantidade e localização compatíveis com a extensão e número de apoios de
cada ponte ou viaduto, conforme informado na Nota Técnica Valec 37/2012;
9.2.4. documentação comprobatória de avaliação da necessidade de alteração da inclinação dos
taludes em cortes nos quais se verifica a ocorrência de material de 3ª categoria, notadamente, na
transição entre materiais desta categoria e os de 2ª categoria, conforme informado na Nota Técnica
Valec 37/2012;
9.2.5. estudo conclusivo sobre as interferências construtivas existentes no eixo da ferrovia,
conforme informado na Nota Técnica Valec 37/2012;
9.2.6. cópias dos projetos executivos das obras de arte especiais elaborados com base nos
resultados das sondagens complementares e nas avaliações técnica, econômica e ambiental das
soluções adotadas;
9.2.7. ajuste nos quantitativos dos transportes de materiais (brita para lastro e sublastro) e nos
preços contratados para execução de serviços nos quais são utilizados os insumos areia e brita, com o
objetivo de adequar as distâncias de transporte pactuadas às extensões reais de transporte;
9.2.8. ajuste nos preços contratados para produção de concretos, com o objetivo de adequar
seus custos de produção à execução por meio de método construtivo mais econômico e usualmente
adotado em obras de médio e grande porte;
9.2.9. exclusão na planilha de quantitativos e preços da previsão dos serviços por
administração;
9.2.10. elaboração de novo orçamento da obra, demonstrando os acréscimos e supressões em
relação ao contrato 55/2010;
69
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.3. promover a oitiva da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. para que se
manifeste, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre:
9.3.1. alteração dos critérios de medição e pagamento dos bueiros pré-fabricados previstos na
Norma 80-ES-028A-19-8008-Valec, por meio do Memorando-Circular 183/2011-Diren, que passaram
a ser efetuados no canteiro industrial e não mais no momento de sua aplicação nas obras (achado 3.3);
9.3.2. alteração dos critérios de medição e pagamento do fornecimento de brita para lastro
previstos na Norma 80-EM-033A-58-8006-Valec, por meio do Memorando 268/2011-Diren (achado
3.3);
9.4. dar ciência desta deliberação aos responsáveis e ao interessado.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2253-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio Monteiro.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira (Relator).
ACÓRDÃO Nº 2254/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 012.773/2012-3.
2. Grupo II – Classe V - Assunto: Relatório de Auditoria (Fiscobras 2012)
3. Interessado/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional (CN)
3.2. Responsáveis: Fernando de Castro Lobo Junior (327.860.344-34); Kelly Magalhães
Pegado de Araújo (527.754.533-68) e Paulo Roberto Sales Lages (231.315.434-34).
4. Órgão/Entidade: Ministério da Integração Nacional e Companhia Pernambucana de
Saneamento
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 4 (Secob-4).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos esses autos que tratam de Levantamento de Auditoria realizado
nos atos e procedimentos relacionados às obras de construção do sistema Adutor do Agreste
Pernambucano (Adutora do Agreste), no âmbito do Fiscobras 2012.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. dar ciência ao diretor-presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento sobre as
seguintes impropriedades:
9.1.1. realização de licitação, por meio do pregão eletrônico 37/2012 CPL-Compesa, cujo
objeto, aquisição de tubos em aço carbono, não está previsto no projeto básico em fase de aprovação
pelo Ministério da Integração Nacional, em desacordo com o disposto no art. 7º, § 4º, da Lei
8.666/1993;
9.1.2. abertura de procedimento licitatório, no âmbito da execução do termo de compromisso
239/2011 (Siafi 668655), sem a autuação de processo administrativo, em desacordo com o disposto no
art. 38 da Lei 8.666/1993;
70
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.2. dar ciência ao Ministro da Integração Nacional e ao secretário de infraestrutura hídrica do
Ministério de Integração Nacional sobre a realização de licitação, por meio do pregão eletrônico
37/2012 CPL-Compesa, cujo objeto não está previsto no projeto básico em fase de aprovação nesse
Ministério, em desacordo com o disposto no art. 7º, I, § 2º, I, e § 4º da Lei 8.666/1993;
9.3. determinar à Companhia Pernambucana de Saneamento que envie a este Tribunal, no prazo
de 5 (cinco) dias úteis após a publicação do aviso, o edital da licitação das obras da Adutora do
Agreste, objeto do termo de compromisso 239/2011 (Siafi 668655);
9.4. dar ciência desta deliberação aos interessados, responsáveis e ao Tribunal de Contas do
Estado de Pernambuco;
9.5. encerrar o presente processo e arquivar os autos.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2254-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio Monteiro.
13.2. Ministra que alegou impedimento na Sessão: Ana Arraes.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira (Relator).
ENCERRAMENTO
Às dezessete horas e três minutos, a Presidência convocou Sessão Extraordinária de Caráter
Reservado a ser realizada a seguir e encerrou a sessão, da qual foi lavrada esta ata, a ser aprovada pelo
Presidente e homologada pelo Plenário.
ELENIR TEODORO GONÇALVES DOS SANTOS
Subsecretária do Plenário, em Substituição
Aprovada em 23 de agosto de 2012.
BENJAMIN ZYMLER
Presidente
ANEXO I DA ATA Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2012
(Sessão Ordinária do Plenário)
COMUNICAÇÕES
Comunicação proferida pelo Ministro Valmir Campelo.
COMUNICAÇÃO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhora Ministra,
71
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Senhor Procurador-Geral,
Na condição de relator dos processos relacionados ao Mundial de Futebol de 2014, comunico
que, na última sexta-feira, participei, em Porto Alegre, do Seminário "Obras de Mobilidade Urbana
para a Copa do Mundo de 2014". O evento foi uma iniciativa da Comissão de Desenvolvimento
Urbano da Câmara dos Deputados e foi realizado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande
do Sul.
Na ocasião, proferi palestra sobre a atuação do Tribunal na fiscalização das obras de
mobilidade urbana para o Mundial. Dentre outros assuntos, manifestei minha preocupação com o
baixo nível de repasses até então disponibilizados pela Caixa Econômica Federal. Em todo o país,
menos de 6% do total de recursos foram transferidos.
Tive oportunidade, ainda, de visitar as obras no Estádio Beira-Rio, palco dos jogos da Copa na
cidade de Porto Alegre. Constatei que, apesar de o empréstimo com o BNDES para viabilização do
empreendimento não ter sido ainda assinado, as obras encontram-se a pleno vapor.
Agradeço, finalmente, a valorosa contribuição do Secretário da Secex-RS, Cláudio Augusto
Prates Thomas, bem como de meu assessor, Rafael Jardim, durante todo o transcorrer do evento.
É o que tenho a comunicar.
VALMIR CAMPELO
Ministro
Comunicação proferida pelo Ministro Augusto Nardes.
COMUNICAÇÃO
AUDITORIA COORDENADA PARA A AVALIAÇÃO DA GOVERNANÇA AMBIENTAL
DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA AMAZÔNIA EM PLENÁRIO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhora Ministra,
Senhor Procurador-Geral,
Como é do conhecimento de todos, as questões de ordem ambiental avultam de importância
nos cenários nacional e mundial, resultando nos esforços conjuntos das nações visando à adoção de
mecanismos de prevenção e preservação dos biomas nativos. Nesse contexto, inclusive, realizou-se
recentemente no País a Conferência das Nações Unidas denominada “Rio + 20”, oportunidade em que
temas dos mais diversos foram abordados, valendo mencionar que esta Corte de Contas se fez
representar no evento em várias frentes, em especial por mim e pelos Ministros Walton Alencar
Rodrigues e Aroldo Cedraz.
2. Dito isso, anoto que o bioma amazônico tem fundamental relevância nesse concerto,
sobretudo para a sociedade brasileira e para as áreas fronteiriças sob os mais diversos prismas, razão
porque avulta de importância a adoção de ações, por este Tribunal de Contas da União, em aprimorar o
controle externo sobre a ação governamental de fiscalização da conservação da floresta tropical
brasileira, sobretudo no que concerne à governança ambiental das unidades de conservação
responsáveis.
4. Assim, proponho a este egrégio Plenário a realização de trabalho de fiscalização coordenada
para a avaliação das ações de governança da Amazônia brasileira. Lembro que a Amazônia, como um
72
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
todo, estende-se por uma área de 6,4 milhões de quilômetros quadrados, abrangendo os seguintes
países: Brasil, Colômbia, Peru, Bolívia, Venezuela, Guiana, Suriname, Equador e Guiana Francesa.
5. No Brasil a Amazônia Legal corresponde a mais de 5 milhões de quilômetros quadrados,
abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins
e grande parte do Maranhão. Essa área corresponde a cerca de 60% do território brasileiro e contempla
aproximadamente 24 milhões de habitantes (IBGE 2010).
6. Nessa toada, as unidades de conservação representam a principal estratégia para manutenção
da biodiversidade in situ da Convenção de Biodiversidade Biológica (CDB). E, dado que a Amazônia
detém uma das maiores concentrações de biodiversidade do planeta, resta clara a importância ímpar
dessas áreas. Segundo imagens de satélite mais recentes, tem-se observado que a degradação dessas
áreas tem sido bastante significativa, ainda que o desmatamento tenha seu crescimento desacelerado.
7. Penso que o objetivo dessa fiscalização será avaliar se existem as condições normativas,
institucionais e operacionais necessárias para que as unidades de conservação atinjam os objetivos para
os quais foram criadas e possam ser consideradas sustentáveis, assim como as boas práticas que
possam estar induzindo ao desenvolvimento sustentável dessas regiões e as políticas adequadas à
proteção ambiental de ecossistemas.
9. Conforme reunião prévia mantida na semana passada com as suas autoridades
representantes, está prevista a participação das Secretarias de Controle Externo do TCU e dos
Tribunais de Contas dos Estados localizados na Amazônia Legal, prevendo-se, para a adequada
coordenação dos trabalhos, a aplicação do método de desenvolvimento de capacidades do Comitê de
Capacitação Regional da Olacefs, o qual foi testado recentemente pela Organização das Entidades
Fiscalizadoras Superiores do Mercosul e Associados (EFSUL) e que preleciona que os países que
participam de auditoria coordenada se integrem a treinamentos (virtual e presencial) sobre técnicas de
auditoria e sobre o tema a ser investigado.
10. Caso aprovado, o trabalho deverá ser presidido pelo Ministro-Substituto Weder de Oliveira,
relator da Lista de Unidades Jurisdicionadas que abriga o Ministério do Meio Ambiente e entidades
vinculadas, e, se possível, organizado desde já pela Segecex, com a coordenação a cargo da 8ª Secex,
podendo envolver outras secretarias do Tribunal.
11. Ressalto que dados mais detalhados da proposta deverão ser desenvolvidos e apresentados
pela equipe responsável pelo levantamento da auditoria, inclusive com a proposta de criação de um
projeto específico. Importa destacar que a presente proposta resultará em um legado a ser oferecido
pela Corte de Contas Brasileira aos órgãos fiscalizadores participantes de auditoria e,
consequentemente, à sociedade.
Essa é a proposto que faço a Vossas Excelências.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
AUGUSTO NARDES
Ministro
ANEXO II DA ATA Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2012
(Sessão Ordinária do Plenário)
MEDIDAS CAUTELARES
Comunicações sobre despachos exarados pelo Ministro Raimundo Carreiro..
COMUNICAÇÃO AO PLENÁRIO
73
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhor Representante do Ministério Público,
Comunico a este Colegiado que em 21/8/2012 proferi Decisão nos autos do TC 013.842/2012-
9, que versa sobre Representação, concedendo medida cautelar destinada à imediata suspensão do
Pregão Eletrônico para Registro de Preços nº 29/2011-SRP, no que se refere ao item 3 (Solução de
análise estatística e mineração de dados estruturados), sob a responsabilidade da Coordenação-Geral
de Logística da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração da Secretaria Executiva
do Ministério da Justiça (Copli/CGL/Spoa/SE/MJ), até que esta Corte decida sobre o mérito do
processo.
2. Na mesma oportunidade, determinei, com fulcro no art. 276, § 3º, do RI/TCU, que fosse
realizada a oitiva do órgão, para manifestar-se, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os indícios de
irregularidades noticiados.
3. Destaco que foram atendidos os requisitos básicos para a concessão da Medida Cautelar. O
fumus boni juris restou caracterizado pelo fato de que a Coordenação de Contabilidade
(CCONT/DPROG/SE/MJ) e a Coordenação de Procedimentos Licitatórios (Copli/CGL/Spoa/SE/MJ)
desvincularam-se irregularmente do instrumento convocatório, ao não aplicarem a alternativa – aos
índices de solvência e de liquidez – de comprovação de capital social mínimo em valor correspondente
a 10% do valor estimado para a contratação, apurado no último exercício social, conforme estabelecido
na alínea “c” do item 13.4.3.1. do Edital de Pregão Eletrônico 29/2011-SRP e requerido pela
Representante em recurso durante o processo licitatório.
4. O periculum in mora apresenta-se em face da iminência da adjudicação e assinatura do
contrato, tendo em vista que a homologação da licitação ocorreu em 15/5/2012. Registro que não
restou configurado o periculum in mora ao reverso.
5. Foi determinado, então, o envio dos autos à Secex-8, para a adoção das medidas a seu turno.
6. Desse modo, submeto a referida Decisão, que acompanha esta comunicação, à apreciação
deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões em 22 de agosto de 2012.
RAIMUNDO CARREIRO
Ministro
TC 013.842/2012-9
Tipo: Representação (com pedido de medida cautelar)
Unidade Jurisdicionada: Secretaria Executiva – Ministério da Justiça (SE/MJ)
Assunto: item 3 do Pregão Eletrônico 29/2011-SRP (processo 08005.000741/2011-13).
Representante: SAS Institute Brasil Ltda.,
CNPJ/MF: 01.127.357/0001-06
DECISÃO
Trata-se de representação (peça 1, p. 1-5) a respeito de possível irregularidade ocorrida na
Coordenação de Procedimentos Licitatórios – Coordenação-Geral de Logística da Subsecretaria de
Planejamento, Orçamento e Administração da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça
(Copli/CGL/Spoa/SE/MJ), formulada pela licitante SAS Institute Brasil Ltda., relacionada à fase de
habilitação do Pregão Eletrônico para Registro de Preços 29/2011-SRP (para aquisição de soluções de
software, item “3”: Solução de análise estatística e mineração de dados estruturados), quando o
74
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Pregoeiro e a Autoridade Homologadora, ao inabilitarem a Representante por “...índices econômicos
abaixo do mínimo exigido...” (peça 1, p. 14), teriam deixado de aplicar a alínea “c” da cláusula
13.4.3.1. do Edital (peça 1, p. 37-38).
2. Por meio da instrução à peça 9, de 5/6/2012, a unidade técnica entendeu estarem presentes os
requisitos necessários à adoção da medida prevista no art. 276 do RI/TCU, concluindo pela
necessidade de suspensão cautelar do certame.
3. Por meio do Despacho de 8/6/2012 (peça 12) entendi ser mais prudente realizar a oitiva
prévia da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça, para que prestasse os esclarecimentos
necessários ao deslinde da questão.
4. Ressalto que não houve apuração de qualquer indício de má-fé, seja das licitantes, seja do
corpo técnico do órgão; ao contrário, considerando os elementos juntados aos autos, observa-se a boa-
fé e o zelo – talvez até em excesso – de parte dos servidores do Ministério da Justiça envolvidos no
pregão eletrônico em causa, assim como não se identificou risco de dano ao Erário.
5. As oitivas foram promovidas por meio dos Ofícios nº 424/2012-TCU/SECEX-8 e
nº 425/2012-TCU/SECEX-8, ambos datados de 12/6/2012 (peças 16 e 17). Em resposta, a CGL/MJ e a
empresa DMSS Software Ltda. apresentaram as informações e esclarecimentos constantes das peças
19 e 20-21, respectivamente
6. As análises das razões de justificativas, a seguir transcritas, constam da instrução à peça 37,
de 20/8/2012.
“EXAME TÉCNICO
1. Em resposta às oitivas promovidas por esta Secretaria, por meio dos Ofícios acima citados,
CGL/MJ e DMSS Software Ltda. apresentaram as informações e esclarecimentos constantes das peças
19 e 20-21, respectivamente.
2. Dada a similaridade dos argumentos apresentados por ambos, far-se-á a análise das
manifestações de maneira conjunta.
3. Em resumo e no que importa relatar, CGL/MJ e DMSS não inovam em seus arrazoados.
Reafirmam a tese de que a aferição do percentual mínimo de 10% do valor estimado para a
contratação – conforme reza a alínea “c” do item 13.4.3.1 do Edital 29/2011 – deve se dar
relativamente ao Patrimônio Líquido da representante. A SAS Institute Brasil Ltda. encerrou o
exercício de 2010 com Patrimônio Líquido negativo em R$ 7.627.417,60 (Peça 1, p. 141); assim,
qualquer que fosse o percentual mínimo ou valor do contrato, a empresa não satisfaria o requisito de
qualificação econômico-financeira ora debatido e, portanto, não há que se falar em qualquer
ilegalidade na conduta do pregoeiro, quando decidiu pela inabilitação da representante. Cita-se,
ademais, decisão judicial que caminhou nesse sentido (Mandado de Segurança 25513-
67.2012.4.01.3400 – JF/DF; Peça 21, p. 29-36).
4. Por medida de clareza, entende-se oportuno transcrever a íntegra do dispositivo editalício
que motiva a contenda administrativa trazida a esta Corte:
13 – DA HABILITAÇÃO
[...]
13.4 – O licitante deverá apresentar os documentos que demonstrem atendimento às exigências
de habilitação, que são os indicados a seguir:
[...]
13.4.3 — QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
[...]
c) As empresas que apresentarem resultado igual ou menor do que um 01 (um) em qualquer
dos índices referidos acima, deverão comprovar que possuem capital mínimo ou patrimônio líquido
mínimo até 10% (dez por cento) do valor estimado para a contratação, ou superior, por meio de
Balanço Patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício, já exigíveis e apresentados na
forma da lei, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, de acordo com o
disposto no art. 31, §3° da Lei n° 8.666/1993; (destaques no original)
75
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
5. De início, aponte-se que o texto do edital, na forma como colacionado acima, requer das
licitantes a comprovação de que possuem capital ou patrimônio líquido correspondentes a, no
mínimo, 10% do valor estimado para contratação.
6. Vale ressaltar que o edital abriga-se em cláusula constante da Lei 8.666/1933, praticamente
reproduzindo-a, como se vê:
Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a:
[...]
§ 2o A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e serviços,
poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de
patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como dado
objetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de
garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.
§ 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o parágrafo anterior
não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação
ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a atualização
para esta data através de índices oficiais.
7. Não prospera, decerto, qualquer exegese que venha atribuir valor de equivalência à
conjunção “ou” inserta no texto. Tal assertiva apoia-se, justamente, no fato de que capital e
patrimônio líquido traduzem-se em coisas diversas diante da Ciência Contábil. O patrimônio líquido é
um grupo expresso do lado do Passivo no Balanço Patrimonial, representando as obrigações não
exigíveis da entidade, é dizer, compreende os recursos próprios da empresa. Por seu turno, a conta de
capital – desmembrada em subscrito e integralizado – é uma das rubricas que, agrupadas, compõe o
patrimônio líquido.
8. Ainda, no magistério de José E. Tavares Borba, in Direito Societário (12ª ed., Renovar,
2009, p. 68):
Verifica-se, por conseguinte, que o capital é um valor formal e estático, enquanto o patrimônio
é real e dinâmico. O capital não se modifica no dia-a-dia da empresa - a realidade não o afeta, pois se
trata de uma cifra contábil. O patrimônio encontra-se sujeito ao sucesso ou insucesso da sociedade,
crescendo na medida em que esta realize operações lucrativas, e reduzindo-se com os prejuízos que se
forem acumulando.
O patrimônio inicial da sociedade corresponde a mais ou menos o capital. Iniciadas as
atividades sociais, o patrimônio líquido tende a exceder o capital, se a sociedade acumular lucros, e a
inferiorizar-se, na hipótese de prejuízos.
9. Naturalmente, estão lei e edital a falar de duas grandezas diversas, consoante explicado,
exatamente porque na relação entre patrimônio líquido e capital, trata-se de continente e conteúdo,
grosso modo.
10. Destarte, a lei facultou à Administração exigir quaisquer entre as três possibilidades de
garantir ao adimplemento contratual: capital mínimo, patrimônio líquido mínimo ou uma das
modalidades de garantia previstas no seu art. 56, § 1º (caução, seguro-garantia ou fiança bancária).
Há, pois, margem de discricionariedade ao gestor que, diante do caso concreto, deve decidir pela
forma que melhor atenda aos anseios da Administração e, em última análise, ao interesse público.
Esse entendimento é, inclusive, objeto de súmula desta Corte, nestes termos:
SÚMULA Nº 275/2012
Para fins de qualificação econômico-financeira, a Administração pode exigir das licitantes, de
forma não cumulativa, capital social mínimo, patrimônio líquido mínimo ou garantias que assegurem
o adimplemento do contrato a ser celebrado, no caso de compras para entrega futura e de execução
de obras e serviços.
11. O Edital 29/2011 representa a vontade da Administração e a vincula a seus termos. De
fato, a discricionariedade facultada ao gestor exaure-se com a edição do instrumento regulador do
certame. Nesse sentido, a atenta leitura da alínea “c” retro permite constatar que a Administração, ao
76
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
utilizar a margem de manobra legalmente concedida, faculta ao licitante duas maneiras para que este
comprove que se qualifica economicamente a contratar com o poder público: a demonstração de
capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo.
12. O Balanço Patrimonial da empresa SAS Institute Brasil Ltda. (2010 – Peça 1, p. 141)
explicita uma capital social de R$ 38.057.568,00 – quantia claramente superior aos 10% do valor
estimado para a contratação, seja essa estimativa considerada no momento pré (R$ 60.298.070,50 –
Peça 1, p. 108) ou pós (R$ 10.730.000,00 – Peça 19, p. 50) realização da fase de lances e adjudicação
dos itens do pregão.
13. Não se desconhece, de outro lado, que a exigência cumulativa do percentual mínimo, tanto
em relação ao patrimônio líquido quanto ao capital social, tornaria mais robustas as garantias de que
a vencedora, de fato, cumpriria com os termos da avença celebrada junto à Administração. Tal
exigência, contudo, afrontaria o próprio edital e constituir-se-ia em excessivo ônus à contratante,
desautorizando a jurisprudência deste Tribunal, pacífica no sentido de que os reclames do edital
devem mostrar-se razoáveis, tendo em conta a dupla finalidade constitucional do processo licitatório:
obtenção da melhor proposta para a Administração e garantia da isonomia dos interessados em com
ela contratar (Acórdão 1.533-TCU-Plenário).
14. Portanto, a aferição do percentual mínimo apenas em relação ao patrimônio líquido,
refutando a mesma medição tendo como parâmetro o capital social, constitui-se em interpretação
restritiva e não autorizada do dispositivo editalício em questão, pelo que não pode subsistir. Tal
postura afronta, ainda, o princípio da legalidade (art. 3º da Lei 8.666/1993), por ferir o art. 41 do
mesmo diploma normativo (“A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital,
ao qual se acha estritamente vinculada”). Considerando tal remate, não merecem guarida os
argumentos da CGL/MJ e DMSS Software Ltda.
15. No que segue, com relação à decisão judicial que, debruçando-se sobre o mesmo conjunto
fático, restou desfavorável à representante, cumpre repisar que, tendo em vista a independência entre
as instâncias administrativa e judicial, autoriza-se o prosseguimento do presente feito, ratificando que
a decisão desta Corte não fica condicionada à resolução definitiva do caso pelo Poder Judiciário.
Especial relevo ganha tal assertiva considerando que as razões de decidir da Exma. Juíza Federal, na
oportunidade, foram análogas àquelas apresentadas pela CGL/MJ e DMSS Software Ltda.,
cuidadosamente aqui infirmadas pelos fundamentos acima postos.
16. Adere-se, por integral concordância, à indicação de existência de fumus boni iuris e
periculum in mora, bem como à ausência de periculum in mora ao reverso, constantes dos itens 30-35
da instrução preliminar (Peça 9, p. 6-8).
17. Acerca do atual estágio do processo licitatório, informa a CGL/MJ que “ainda não foi
encaminhado para formalização do contrato e tampouco foi emitida a competente nota de empenho”
(Peça 19, p. 7). Importa ressaltar, ainda, que o item 3 do certame foi homologado e adjudicado para a
DMSS Software Ltda. (interessada), que ofereceu, após negociação, proposta no valor unitário de R$
290.000,00 (perfazendo o total de R$ 10.730.000,00) – equivalente ao lance vencedor para o item,
ofertado pela SAS Institute Brasil Ltda. (representante).
18. Nesse diapasão, vislumbra-se que o prosseguimento do certame, mantida a condição de
inabilitada da representante, poderá ensejar prejuízos à CGL/MJ e a eventuais direitos subjetivos da
empresa representante, comprometendo a decisão de mérito que vier a ser proferida pelo Tribunal.
Por outro lado, verifica-se que a adoção da medida cautelar, na forma requerida pelo representante,
não configura qualquer tipo de risco à Administração ou a direitos subjetivos de terceiros.
19. Entretanto, considera-se que o feito está suficientemente instruído de modo a admitir o
oferecimento imediato de proposta de mérito, com suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276
do Regimento Interno do TCU. Assim, entende-se oportuno submeter o feito à decisão definitiva,
suprindo a eventual adoção da cautelar requerida no mesmo sentido.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
77
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
20. Consta da peça 34 requerimento de habilitação da Empresa Individual Geraldo Iraci do
Couto.
21. Alega a requerente que, por ocasião do Pregão 29/2011, foi vencedora de item diverso
daquele ao qual concorreu a SAS Institute Brasil Ltda. e, “embora o presente processo verse sobre
outro item, o pedido da Autora [...] recai e influencia o processo do Pregão como um todo, podendo
causar dados (sic) irreparáveis à REQUERENTE”.
22. Conforme peça 1, p. 5, o pedido da representante cinge-se à que “seja determinado ao
Pregoeiro do Ministério da Justiça que torne sem efeito a inabilitação da Representante, no Pregão nº
29/2011, retomando-se a licitação a partir desta fase”.
23. Entende-se, contudo, desnecessária a participação processual da requerente nestes autos,
dado que a decisão a ser adotada, nos termos do proposto na instrução inicial e que aqui será
replicada, no mérito, restringe-se ao andamento do certame no que tange ao item 3, ao qual
concorreram a representante e a DMSS Software Ltda. entre outras.
CONCLUSÃO
24. Diante do exame levado a efeito na subseção anterior, conclui-se que os esclarecimentos
apresentados pela CGL/MJ e DMSS Software Ltda. não elidem a irregularidade apontada pela
representação (itens 8-18).
25. Assim sendo, presentes nos autos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora,
bem assim por não configurado o periculum in mora ao reverso, capaz de trazer prejuízos
significativos ao Ministério da Justiça ou a terceiros, oportunizar-se-ia a adoção do provimento
cautelar pleiteado. Contudo, deixa-se de propor tal medida por entender-se que o feito está
suficientemente instruído de modo a admitir o oferecimento imediato de proposta de mérito, com
suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276 do Regimento Interno do TCU (itens 20-23).
26. Contudo, desdobramento direto do posicionamento explicitado em informações adicionais,
mostra-se plausível que a decisão de mérito sugerida incida apenas sobre os procedimentos
relacionados à contratação do item 3, disputado pela representante (itens 23-26).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
27. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos
nos arts. 237 e 235 do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la procedente;
b) determinar à Coordenação-Geral de Logística do Ministério da Justiça que torne sem efeito
a inabilitação da empresa SAS Institute Brasil Ltda., no âmbito do Pregão Eletrônico para Registro de
Preços 29/2011, retomando a partir daquela fase, estritamente no que tange ao item 3 (Solução de
análise estatística e mineração de dados estruturados), o referido processo licitatório (fundamento
legal: Lei 8.666, art. 31, § 2º e Súmula TCU 275);
c) indeferir o pedido de ingresso nos autos, na condição de interessada, da Empresa Individual
Geraldo Iraci do Couto;
d) encaminhar cópia do acórdão, voto e relatório que o fundamentaram à Coordenação-Geral
de Logística do Ministério da Justiça e às empresas DMSS Software Ltda., SAS Institute Brasil Ltda e
Geraldo Iraci do Couto.”
***
7. Feitos esses apontamentos, passo a decidir.
8. Como visto, a análise procedida pela unidade técnica logrou demonstrar estarem presentes
nos autos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, bem assim por não restar
configurado o periculum in mora ao reverso, capaz de trazer prejuízos significativos ao Ministério da
Justiça ou a terceiros. Contudo, a Secex-8 deixou, nesta fase, de propor a adoção da medida cautelar
por entender que o feito está suficientemente instruído de modo a admitir o oferecimento imediato de
78
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
proposta de mérito, com suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276 do Regimento Interno do
TCU.
9. De fato, concordo que o feito está pronto a ser levado à apreciação do Tribunal. Entretanto,
tendo em vista os prazos e os procedimentos administrativos necessários para pautar o presente
processo e considerando, ainda, a iminência da assinatura do contrato, decido:
9.1. suspender, cautelarmente, nos termos do art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU, o
Pregão Eletrônico para Registro de Preços nº 29/2011-SRP, no que se refere ao item 3 (Solução de
análise estatística e mineração de dados estruturados), até que esta Corte decida sobre o mérito do
presente processo.
9.2. determinar, nos termos do art. 276, § 3.º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da
Coordenação-Geral de Logística da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração da
Secretaria Executiva do Ministério da Justiça (CGL/Spoa/SE/MJ), para, no prazo de até quinze dias da
ciência da comunicação da medida cautelar, apresentar elementos adicionais, caso entenda necessário;
9.3. indeferir o pedido de ingresso nos autos, na condição de interessada, da Empresa
Individual Geraldo Iraci do Couto;
9.4. encaminhar cópia desta Decisão, bem como da instrução à peça 37, à Coordenação-Geral
de Logística do Ministério da Justiça e às empresas DMSS Software Ltda., SAS Institute Brasil Ltda e
Geraldo Iraci do Couto;
9.5. determinar à Secex-8 que após adotar as medidas necessárias ao cumprimento desta
Decisão, retorne os autos a este Gabinete para o exame de mérito.
10. À Secex-8, com a urgência que a matéria demanda.
Brasília, 21 de agosto de 2012.
(Assinado Eletronicamente)
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
TC 013.842/2012-9
Tipo: Representação (com pedido de medida cautelar)
Unidade Jurisdicionada: Secretaria Executiva – Ministério da Justiça (SE/MJ)
Assunto: item 3 do Pregão Eletrônico 29/2011-SRP (processo 08005.000741/2011-13).
Representante: SAS Institute Brasil Ltda.,
CNPJ/MF: 01.127.357/0001-06
DECISÃO
Trata-se de representação (peça 1, p. 1-5) a respeito de possível irregularidade ocorrida na
Coordenação de Procedimentos Licitatórios – Coordenação-Geral de Logística da Subsecretaria de
Planejamento, Orçamento e Administração da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça
(Copli/CGL/Spoa/SE/MJ), formulada pela licitante SAS Institute Brasil Ltda., relacionada à fase de
habilitação do Pregão Eletrônico para Registro de Preços 29/2011-SRP (para aquisição de soluções de
software, item “3”: Solução de análise estatística e mineração de dados estruturados), quando o
Pregoeiro e a Autoridade Homologadora, ao inabilitarem a Representante por “...índices econômicos
abaixo do mínimo exigido...” (peça 1, p. 14), teriam deixado de aplicar a alínea “c” da cláusula
13.4.3.1. do Edital (peça 1, p. 37-38).
2. Por meio da instrução à peça 9, de 5/6/2012, a unidade técnica entendeu estarem presentes os
requisitos necessários à adoção da medida prevista no art. 276 do RI/TCU, concluindo pela
necessidade de suspensão cautelar do certame.
79
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
3. Por meio do Despacho de 8/6/2012 (peça 12) entendi ser mais prudente realizar a oitiva
prévia da Secretaria Executiva do Ministério da Justiça, para que prestasse os esclarecimentos
necessários ao deslinde da questão.
4. Ressalto que não houve apuração de qualquer indício de má-fé, seja das licitantes, seja do
corpo técnico do órgão; ao contrário, considerando os elementos juntados aos autos, observa-se a boa-
fé e o zelo – talvez até em excesso – de parte dos servidores do Ministério da Justiça envolvidos no
pregão eletrônico em causa, assim como não se identificou risco de dano ao Erário.
5. As oitivas foram promovidas por meio dos Ofícios nº 424/2012-TCU/SECEX-8 e
nº 425/2012-TCU/SECEX-8, ambos datados de 12/6/2012 (peças 16 e 17). Em resposta, a CGL/MJ e a
empresa DMSS Software Ltda. apresentaram as informações e esclarecimentos constantes das peças
19 e 20-21, respectivamente
6. As análises das razões de justificativas, a seguir transcritas, constam da instrução à peça 37,
de 20/8/2012.
“EXAME TÉCNICO
28. Em resposta às oitivas promovidas por esta Secretaria, por meio dos Ofícios acima
citados, CGL/MJ e DMSS Software Ltda. apresentaram as informações e esclarecimentos constantes
das peças 19 e 20-21, respectivamente.
29. Dada a similaridade dos argumentos apresentados por ambos, far-se-á a análise das
manifestações de maneira conjunta.
30. Em resumo e no que importa relatar, CGL/MJ e DMSS não inovam em seus arrazoados.
Reafirmam a tese de que a aferição do percentual mínimo de 10% do valor estimado para a
contratação – conforme reza a alínea “c” do item 13.4.3.1 do Edital 29/2011 – deve se dar
relativamente ao Patrimônio Líquido da representante. A SAS Institute Brasil Ltda. encerrou o
exercício de 2010 com Patrimônio Líquido negativo em R$ 7.627.417,60 (Peça 1, p. 141); assim,
qualquer que fosse o percentual mínimo ou valor do contrato, a empresa não satisfaria o requisito de
qualificação econômico-financeira ora debatido e, portanto, não há que se falar em qualquer
ilegalidade na conduta do pregoeiro, quando decidiu pela inabilitação da representante. Cita-se,
ademais, decisão judicial que caminhou nesse sentido (Mandado de Segurança 25513-
67.2012.4.01.3400 – JF/DF; Peça 21, p. 29-36).
31. Por medida de clareza, entende-se oportuno transcrever a íntegra do dispositivo editalício
que motiva a contenda administrativa trazida a esta Corte:
13 – DA HABILITAÇÃO
[...]
13.4 – O licitante deverá apresentar os documentos que demonstrem atendimento às exigências
de habilitação, que são os indicados a seguir:
[...]
13.4.3 — QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
[...]
c) As empresas que apresentarem resultado igual ou menor do que um 01 (um) em qualquer
dos índices referidos acima, deverão comprovar que possuem capital mínimo ou patrimônio líquido
mínimo até 10% (dez por cento) do valor estimado para a contratação, ou superior, por meio de
Balanço Patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício, já exigíveis e apresentados na
forma da lei, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, de acordo com o
disposto no art. 31, §3° da Lei n° 8.666/1993; (destaques no original)
32. De início, aponte-se que o texto do edital, na forma como colacionado acima, requer das
licitantes a comprovação de que possuem capital ou patrimônio líquido correspondentes a, no
mínimo, 10% do valor estimado para contratação.
33. Vale ressaltar que o edital abriga-se em cláusula constante da Lei 8.666/1933,
praticamente reproduzindo-a, como se vê:
Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a:
80
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
[...]
§ 2o A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e serviços,
poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de
patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como dado
objetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de
garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.
§ 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o parágrafo anterior
não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação
ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a atualização
para esta data através de índices oficiais.
34. Não prospera, decerto, qualquer exegese que venha atribuir valor de equivalência à
conjunção “ou” inserta no texto. Tal assertiva apoia-se, justamente, no fato de que capital e
patrimônio líquido traduzem-se em coisas diversas diante da Ciência Contábil. O patrimônio líquido é
um grupo expresso do lado do Passivo no Balanço Patrimonial, representando as obrigações não
exigíveis da entidade, é dizer, compreende os recursos próprios da empresa. Por seu turno, a conta de
capital – desmembrada em subscrito e integralizado – é uma das rubricas que, agrupadas, compõe o
patrimônio líquido.
35. Ainda, no magistério de José E. Tavares Borba, in Direito Societário (12ª ed., Renovar,
2009, p. 68):
Verifica-se, por conseguinte, que o capital é um valor formal e estático, enquanto o patrimônio
é real e dinâmico. O capital não se modifica no dia-a-dia da empresa - a realidade não o afeta, pois se
trata de uma cifra contábil. O patrimônio encontra-se sujeito ao sucesso ou insucesso da sociedade,
crescendo na medida em que esta realize operações lucrativas, e reduzindo-se com os prejuízos que se
forem acumulando.
O patrimônio inicial da sociedade corresponde a mais ou menos o capital. Iniciadas as
atividades sociais, o patrimônio líquido tende a exceder o capital, se a sociedade acumular lucros, e a
inferiorizar-se, na hipótese de prejuízos.
36. Naturalmente, estão lei e edital a falar de duas grandezas diversas, consoante explicado,
exatamente porque na relação entre patrimônio líquido e capital, trata-se de continente e conteúdo,
grosso modo.
37. Destarte, a lei facultou à Administração exigir quaisquer entre as três possibilidades de
garantir ao adimplemento contratual: capital mínimo, patrimônio líquido mínimo ou uma das
modalidades de garantia previstas no seu art. 56, § 1º (caução, seguro-garantia ou fiança bancária).
Há, pois, margem de discricionariedade ao gestor que, diante do caso concreto, deve decidir pela
forma que melhor atenda aos anseios da Administração e, em última análise, ao interesse público.
Esse entendimento é, inclusive, objeto de súmula desta Corte, nestes termos:
SÚMULA Nº 275/2012
Para fins de qualificação econômico-financeira, a Administração pode exigir das licitantes, de
forma não cumulativa, capital social mínimo, patrimônio líquido mínimo ou garantias que assegurem
o adimplemento do contrato a ser celebrado, no caso de compras para entrega futura e de execução
de obras e serviços.
38. O Edital 29/2011 representa a vontade da Administração e a vincula a seus termos. De
fato, a discricionariedade facultada ao gestor exaure-se com a edição do instrumento regulador do
certame. Nesse sentido, a atenta leitura da alínea “c” retro permite constatar que a Administração, ao
utilizar a margem de manobra legalmente concedida, faculta ao licitante duas maneiras para que este
comprove que se qualifica economicamente a contratar com o poder público: a demonstração de
capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo.
39. O Balanço Patrimonial da empresa SAS Institute Brasil Ltda. (2010 – Peça 1, p. 141)
explicita uma capital social de R$ 38.057.568,00 – quantia claramente superior aos 10% do valor
estimado para a contratação, seja essa estimativa considerada no momento pré (R$ 60.298.070,50 –
81
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Peça 1, p. 108) ou pós (R$ 10.730.000,00 – Peça 19, p. 50) realização da fase de lances e adjudicação
dos itens do pregão.
40. Não se desconhece, de outro lado, que a exigência cumulativa do percentual mínimo, tanto
em relação ao patrimônio líquido quanto ao capital social, tornaria mais robustas as garantias de que
a vencedora, de fato, cumpriria com os termos da avença celebrada junto à Administração. Tal
exigência, contudo, afrontaria o próprio edital e constituir-se-ia em excessivo ônus à contratante,
desautorizando a jurisprudência deste Tribunal, pacífica no sentido de que os reclames do edital
devem mostrar-se razoáveis, tendo em conta a dupla finalidade constitucional do processo licitatório:
obtenção da melhor proposta para a Administração e garantia da isonomia dos interessados em com
ela contratar (Acórdão 1.533-TCU-Plenário).
41. Portanto, a aferição do percentual mínimo apenas em relação ao patrimônio líquido,
refutando a mesma medição tendo como parâmetro o capital social, constitui-se em interpretação
restritiva e não autorizada do dispositivo editalício em questão, pelo que não pode subsistir. Tal
postura afronta, ainda, o princípio da legalidade (art. 3º da Lei 8.666/1993), por ferir o art. 41 do
mesmo diploma normativo (“A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital,
ao qual se acha estritamente vinculada”). Considerando tal remate, não merecem guarida os
argumentos da CGL/MJ e DMSS Software Ltda.
42. No que segue, com relação à decisão judicial que, debruçando-se sobre o mesmo conjunto
fático, restou desfavorável à representante, cumpre repisar que, tendo em vista a independência entre
as instâncias administrativa e judicial, autoriza-se o prosseguimento do presente feito, ratificando que
a decisão desta Corte não fica condicionada à resolução definitiva do caso pelo Poder Judiciário.
Especial relevo ganha tal assertiva considerando que as razões de decidir da Exma. Juíza Federal, na
oportunidade, foram análogas àquelas apresentadas pela CGL/MJ e DMSS Software Ltda.,
cuidadosamente aqui infirmadas pelos fundamentos acima postos.
43. Adere-se, por integral concordância, à indicação de existência de fumus boni iuris e
periculum in mora, bem como à ausência de periculum in mora ao reverso, constantes dos itens 30-35
da instrução preliminar (Peça 9, p. 6-8).
44. Acerca do atual estágio do processo licitatório, informa a CGL/MJ que “ainda não foi
encaminhado para formalização do contrato e tampouco foi emitida a competente nota de empenho”
(Peça 19, p. 7). Importa ressaltar, ainda, que o item 3 do certame foi homologado e adjudicado para a
DMSS Software Ltda. (interessada), que ofereceu, após negociação, proposta no valor unitário de R$
290.000,00 (perfazendo o total de R$ 10.730.000,00) – equivalente ao lance vencedor para o item,
ofertado pela SAS Institute Brasil Ltda. (representante).
45. Nesse diapasão, vislumbra-se que o prosseguimento do certame, mantida a condição de
inabilitada da representante, poderá ensejar prejuízos à CGL/MJ e a eventuais direitos subjetivos da
empresa representante, comprometendo a decisão de mérito que vier a ser proferida pelo Tribunal.
Por outro lado, verifica-se que a adoção da medida cautelar, na forma requerida pelo representante,
não configura qualquer tipo de risco à Administração ou a direitos subjetivos de terceiros.
46. Entretanto, considera-se que o feito está suficientemente instruído de modo a admitir o
oferecimento imediato de proposta de mérito, com suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276
do Regimento Interno do TCU. Assim, entende-se oportuno submeter o feito à decisão definitiva,
suprindo a eventual adoção da cautelar requerida no mesmo sentido.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
47. Consta da peça 34 requerimento de habilitação da Empresa Individual Geraldo Iraci do
Couto.
48. Alega a requerente que, por ocasião do Pregão 29/2011, foi vencedora de item diverso
daquele ao qual concorreu a SAS Institute Brasil Ltda. e, “embora o presente processo verse sobre
outro item, o pedido da Autora [...] recai e influencia o processo do Pregão como um todo, podendo
causar dados (sic) irreparáveis à REQUERENTE”.
82
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
49. Conforme peça 1, p. 5, o pedido da representante cinge-se à que “seja determinado ao
Pregoeiro do Ministério da Justiça que torne sem efeito a inabilitação da Representante, no Pregão nº
29/2011, retomando-se a licitação a partir desta fase”.
50. Entende-se, contudo, desnecessária a participação processual da requerente nestes autos,
dado que a decisão a ser adotada, nos termos do proposto na instrução inicial e que aqui será
replicada, no mérito, restringe-se ao andamento do certame no que tange ao item 3, ao qual
concorreram a representante e a DMSS Software Ltda. entre outras.
CONCLUSÃO
51. Diante do exame levado a efeito na subseção anterior, conclui-se que os esclarecimentos
apresentados pela CGL/MJ e DMSS Software Ltda. não elidem a irregularidade apontada pela
representação (itens 8-18).
52. Assim sendo, presentes nos autos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora,
bem assim por não configurado o periculum in mora ao reverso, capaz de trazer prejuízos
significativos ao Ministério da Justiça ou a terceiros, oportunizar-se-ia a adoção do provimento
cautelar pleiteado. Contudo, deixa-se de propor tal medida por entender-se que o feito está
suficientemente instruído de modo a admitir o oferecimento imediato de proposta de mérito, com
suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276 do Regimento Interno do TCU (itens 20-23).
53. Contudo, desdobramento direto do posicionamento explicitado em informações adicionais,
mostra-se plausível que a decisão de mérito sugerida incida apenas sobre os procedimentos
relacionados à contratação do item 3, disputado pela representante (itens 23-26).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
54. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos
nos arts. 237 e 235 do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la procedente;
b) determinar à Coordenação-Geral de Logística do Ministério da Justiça que torne sem efeito
a inabilitação da empresa SAS Institute Brasil Ltda., no âmbito do Pregão Eletrônico para Registro de
Preços 29/2011, retomando a partir daquela fase, estritamente no que tange ao item 3 (Solução de
análise estatística e mineração de dados estruturados), o referido processo licitatório (fundamento
legal: Lei 8.666, art. 31, § 2º e Súmula TCU 275);
c) indeferir o pedido de ingresso nos autos, na condição de interessada, da Empresa Individual
Geraldo Iraci do Couto;
d) encaminhar cópia do acórdão, voto e relatório que o fundamentaram à Coordenação-Geral
de Logística do Ministério da Justiça e às empresas DMSS Software Ltda., SAS Institute Brasil Ltda e
Geraldo Iraci do Couto.”
***
7. Feitos esses apontamentos, passo a decidir.
8. Como visto, a análise procedida pela unidade técnica logrou demonstrar estarem presentes
nos autos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, bem assim por não restar
configurado o periculum in mora ao reverso, capaz de trazer prejuízos significativos ao Ministério da
Justiça ou a terceiros. Contudo, a Secex-8 deixou, nesta fase, de propor a adoção da medida cautelar
por entender que o feito está suficientemente instruído de modo a admitir o oferecimento imediato de
proposta de mérito, com suporte no permissivo previsto pelo § 6º do art. 276 do Regimento Interno do
TCU.
9. De fato, concordo que o feito está pronto a ser levado à apreciação do Tribunal. Entretanto,
tendo em vista os prazos e os procedimentos administrativos necessários para pautar o presente
processo e considerando, ainda, a iminência da assinatura do contrato, decido:
9.1. suspender, cautelarmente, nos termos do art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU, o
Pregão Eletrônico para Registro de Preços nº 29/2011-SRP, no que se refere ao item 3 (Solução de
83
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
análise estatística e mineração de dados estruturados), até que esta Corte decida sobre o mérito do
presente processo.
9.2. determinar, nos termos do art. 276, § 3.º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da
Coordenação-Geral de Logística da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração da
Secretaria Executiva do Ministério da Justiça (CGL/Spoa/SE/MJ), para, no prazo de até quinze dias da
ciência da comunicação da medida cautelar, apresentar elementos adicionais, caso entenda necessário;
9.3. indeferir o pedido de ingresso nos autos, na condição de interessada, da Empresa
Individual Geraldo Iraci do Couto;
9.4. encaminhar cópia desta Decisão, bem como da instrução à peça 37, à Coordenação-Geral
de Logística do Ministério da Justiça e às empresas DMSS Software Ltda., SAS Institute Brasil Ltda e
Geraldo Iraci do Couto;
9.5. determinar à Secex-8 que após adotar as medidas necessárias ao cumprimento desta
Decisão, retorne os autos a este Gabinete para o exame de mérito.
10. À Secex-8, com a urgência que a matéria demanda.
Brasília, 21 de agosto de 2012.
(Assinado Eletronicamente)
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
COMUNICAÇÃO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral
Comunico a V.Exªs que exarei decisão em processo de representação formulada pela empresa
Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda., com pedido de medida cautelar, tendo como objeto
irregularidade no Pregão Eletrônico n.º 007/2012, promovida pelo Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) para a contratação de empresa especializada na prestação de serviço de locação de
veículos automotores, com fornecimento de mão de obra especializada na condução dos referidos
veículos, no valor mensal de R$ 14.271,82, serviço a ser executado pelo prazo de doze meses.
Verificaram-se os seguintes fatos reputados irregulares, configurando a presença do fumus
boni júris:
a ausência, no termo de referência, da especificação da convenção coletiva de trabalho,
sentença normativa ou acordo coletivo que deveria fundamentar a elaboração das propostas, em
afronta ao art. 9º, § 2º, do Decreto n.º 5.450, de 2005;
a omissão quanto a solicitar do licitante interessado que demonstrasse a adequação da
convenção coletiva de trabalho considerada para a formulação de sua proposta;
o indeferimento sumário da intenção de recurso impetrado pela representa, contrariando a
jurisprudência dominante deste Tribunal e ferindo o art. 4º, inciso XVIII, da Lei n.º 10.520, de 2002 e
o art. 26 do Decreto nº 5.450, de 2005;
a estimativa de preços expressivamente superiores aos valores adotados em contratos
anteriores, notadamente os de número 016/2009 e 027/2010.
84
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Entendi que estava caracterizado também o periculum in mora, tendo em vista a possibilidade
de que outros órgãos ou entidades públicas aderissem à ata do pregão, o que comprometeria a eficácia
de posterior decisão de mérito que viesse a ser proferida pelo Tribunal.
Portanto, entre outras medidas, determinei cautelarmente que o Cade, na qualidade de
gerenciador da ata de registro de preços derivada do Pregão Eletrônico n.º 007/2012, abstivesse-se de
autorizar a adesão de quaisquer órgãos e entidades da administração pública na referida ata até que o
Tribunal se decidisse sobre o mérito das questões suscitadas neste processo de representação, nos
termos do § 3º do art. 276 do Regimento Interno.
Diante do exposto, submeto a este Colegiado a adoção da referida medida cautelar.
Brasília - DF, 22 de agosto de 2012.
RAIMUNDO CARREIRO
Ministro-Relator
TC 022.991/2012-3
Natureza: Representação.
Entidade: Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
Interessados: Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ n.º 06.320.095/0001-07);
GMC-Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ n.º 07.186.022/0001-37)
Assunto: Medida cautelar
DECISÃO
Tratam os autos de Representação, à peça 1, formulada pela empresa Unique Rent a Car
Locadora de Veículos Ltda.., com fundamento no art. 113, § 1º, da Lei n.º 8.666, de 1993, acerca de
possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico n.º 007/2012, promovido pelo Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade).
2. O objeto da licitação é a contratação de empresa especializada na prestação de serviço de
locação de veículos automotores, com fornecimento de mão de obra especializada na condução dos
referidos veículos.
3. A representante insurge-se contra irregularidades na condução da licitação e requer a adoção
de medida cautelar inaudita altera pars que: i) suspenda o ato que a desclassificou, o qual reputa
ilegal, posto que o pregoeiro se teria baseado na utilização de critérios de julgamento não previstos no
edital e sequer aplicáveis à espécie; ii) determine a continuidade da participação da interessada no
certame, a partir da sua desclassificação, e a suspensão de todos os atos administrativos posteriores à
ilegalidade; iii) alternativamente, garanta o direito da interessada em apresentar recurso. Requer ainda
que seja julgada procedente a representação, confirmando a medida liminar, a fim de anular o ato
ilegal que desclassificou a interessada com critérios de julgamento, no entender da representante, não
previstos no edital e sequer aplicáveis à espécie, e, por fim, a anulação de todos os atos administrativos
subsequentes à ilegalidade apontada.
4. Em síntese, apresenta os seguintes argumentos como fundamento de seu pedido: i) o
julgamento não teria sido objetivo, pois os termos do edital não teriam sido respeitados – constava que
os licitantes indicariam qual convenção coletiva de trabalho (CCT) seria adotada como parâmetro para
o cálculo dos custos da empresa com mão de obra, mas o pregoeiro teria fugido a esta regra ao definir,
durante o certame, qual convenção deveria ser considerada; ii) a CCT adotada não se referiria à
categoria econômica da qual a impetrante faz parte, sendo que esta seria a entidade legítima para
firmar convenção com a entidade representante dos motoristas, que seria o Sindicato dos Empregados
do Comércio do DF, de acordo com o art. 611 da CLT e com a Sumula n.º 347 do TST; iii) o pregoeiro
85
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
teria julgado o mérito do recurso que o representante interpôs sobre sua decisão, sendo que lhe cabia
avaliar apenas a existência dos pressupostos recursais; iv) teria havido grave lesão ao erário, “vez que
ao desclassificar a licitante, a Administração Pública será compelida mais pela contratação”(sic); v)
estaria presente o periculum in mora, representado pela iminência da assinatura do contrato por preço
maior que o ofertado pela recorrente.
5. Ao analisar a matéria, a o auditor responsável pela instrução do processo apresentou a
seguinte análise:
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
2. A representação possui os requisitos de admissibilidade, uma vez que a Unique Rent a Car
Locadora de Veículos Ltda. possui legitimidade para tanto, conforme art. 113, § 1º, da Lei 8.666, de
21 de junho de 1993, c/c art. 237, VII, do RITCU, e os requisitos exigidos no art. 235 do RITCU
encontram-se presentes nas peças 1 e 2.
EXAME TÉCNICO
3. Alegações e pedidos da representante
3.1. A representante insurge-se contra o pregão para registro de preços n. 007/2012,
promovido pelo CADE, alegando, em síntese, a ocorrência de: a) violação ao princípio da vinculação
ao instrumento convocatório; b) aplicação de convenção coletiva de trabalho (CCT) de categoria
econômica da qual a impetrante não faz parte; e c) indeferimento sumário, pelo pregoeiro, do recurso
interposto pela representante contra sua desclassificação.
3.2. A violação ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório teria ocorrido quando,
após o início da fase de lances, o pregoeiro, em virtude de diligência por ele empreendida, definiu a
CCT do Seac/Sitratter como base para os licitantes elaborarem suas propostas, a despeito do
instrumento convocatório não fixar qualquer convenção coletiva nesse sentido, pelo contrário, dispor
em seu item 5.5.2 que caberia aos licitantes indicarem a qual CCT estariam sujeitas as categorias
profissionais vinculadas à execução do serviço.
3.3. Após a fixação da CCT do Seac/Sitratter, e ainda durante o certame, a representante foi
convocada pelo pregoeiro para apresentar, no prazo de duas horas, nova proposta de preços e nova
planilha de formação de custos e preços (peça 2, p. 29), devidamente ajustadas aos valores daquele
ato normativo (CCT do Seac/Sitratter), ajuste esse que, na opinião da representante, teria lhe
sujeitado à CCT de categoria econômica diversa da sua, infringindo-se, assim, o art. 611 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), bem como a Súmula n. 374 do Colendo Tribunal Superior
do Trabalho (TST).
3.4. Além disso, a fixação da CCT do Seac/Sitratter, após o início da fase de lances, e o não
atendimento das exigências do pregoeiro, referentes aos ajustes impostos, teriam acarretado sua
desclassificação do pregão, fato que lhe motivou apresentar intenção de recurso, conforme
disposições da Lei n. 10.520, de 17 de julho de 2002, tendo sido, porém, sumariamente rejeitada tal
intenção.
3.5. Assim, sustentada por esses argumentos, a representante pede que seja concedida medida
cautelar para suspender o ato de sua desclassificação, ou, alternativamente, que lhe seja garantido o
direito de apresentar recurso, suspendendo todos os atos administrativos, e, por fim, que a presente
representação seja julgada procedente.
4. Análise
4.1. Violação ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório
4.1.1. O pregão eletrônico para registro de preços n. 007/2012, promovido pelo CADE, tem
como objeto a contratação de empresa especializada na prestação de serviço de locação de veículos
automotor, com fornecimento de mão de obra especializada (motorista) na condução dos referidos
veículos, para transporte de pessoal, documentos e pequenas cargas, conforme pode ser verificado no
item 1.1 do edital acostado à peça n. 2, p. 47.
4.1.2. De fato, como alegado pela representante, o referido edital não fixa expressamente
qualquer CCT a ser adotada pelos licitantes para elaboração das propostas, dispondo em seu item
86
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
5.5.2 (peça 2, p. 48) que: “A proposta do licitante deverá indicar expressamente o acordo coletivo de
trabalho, a convenção coletiva de trabalho ou a sentença normativa que rege as categorias
profissionais vinculadas à execução do serviço, bem como as respectivas datas-bases e vigências;”.
4.1.3. Contudo, é necessário frisar que apesar de inexistir menção expressa sobre qual CCT,
sentença normativa ou acordo coletivo devesse ser adotado pelos licitantes, o contexto do edital
permite deduzir, indiretamente, que esses atos só poderiam ser os relativos à categoria profissional
dos motoristas, como pode ser visto, por exemplo, no item 1.1 do edital, o qual deixa claro que a mão
de obra em questão é a de motorista (peça 2, p. 47), ou na planilha resumo total, onde também consta
como valor referente à mão de obra a dos motoristas (peça 2, p. 74).
4.1.4. Assim, entende-se que o referido dispositivo editalício não pretendeu permitir que os
licitantes indicassem qualquer categoria profissional, mas sim regular que esses (os licitantes)
apontassem, em cada item licitado (foram três os itens licitados – veículos de categoria I, II e III), a
categoria do motorista em questão, ou seja, motoristas executivos (categoria I) e motoristas de carros
leves (categorias II e III). (a respeito v. peça 3, p. 63-76, por exemplo)
4.1.5 Durante o certame, surgiram dúvidas sobre qual CCT poderia ou deveria ser utilizada
para o cálculo do custo da mão de obra, tendo em vista que a CCT apresentada pela representante –
correspondente à firmada entre o Sindicato dos empregados no comércio do Distrito Federal e o
Sindicato das Empresas Locadoras de Veículos Automotores do Distrito Federal – aparentemente
poderia ser utilizada (peça 2, p. 33) para tanto, bem como a CCT do Seac/Sitratter.
4.1.6. Tal dúvida foi objeto de diligência do pregoeiro e de manifestação dos procuradores do
CADE (peça 4, p. 120-121), que se manifestaram pela aparente possibilidade de adoção das duas
CCT, opinando, contudo, pela Adoção da CCT do Seac/Sitratter, sem deixar de sugerir a realização
de diligência junto ao licitante interessado, no sentido de que esse demonstrasse a legitimidade do
Sindicato dos empregados no comércio do Distrito Federal (Sindicom-DF) para representar os
motoristas a serem empregados no serviço licitado.
4.1.7. Essa última diligência, se tivesse sido promovida, poderia ter esclarecido a questão, uma
vez que, excluindo-se a possibilidade de representação dos motoristas pelo Sindicon-DF, só restaria a
CCT do Seac/Sitratter para tanto. Porém, não há, nos documentos enviados pelo CADE, nada que
demonstre a adoção dessa medida pelo pregoeiro ou sua equipe de apoio.
4.1.8. Tem-se, ainda, o fato que toda a pesquisa de preços realizada pela CADE, durante a
fase interna do pregão, teve por base a CCT do Seac/Sitratter (peça 3, p. 30-37), e que os
procuradores da entidade, apesar da sugestão acima referida, consideraram ser esta última CCT a
mais apropriada ao caso, por tutelar especificamente os interesses dos motoristas, uma vez que a CCT
do Sindcom-DF falava apenas em “empregados que tenham entre as suas funções a de dirigir
veículos” (peça 4, p.120-121).
4.1.9 Assim, tendo em vista essas informações, não se vislumbra que o entendimento firmado
pelo pregoeiro, no sentido de que os licitantes deveriam se basear na CCT do Seac/Sitratter, provocou
inovação nos termos do edital, e, por conseguinte, não se vislumbra violação ao princípio da
vinculação do instrumento convocatório.
4.1.10. Contudo, essas mesmas informações levam à percepção da ocorrência de falhas na
construção do termo de referência do pregão n. 007/2012, do CADE, ao não especificar, desde o
início, qual CCT, sentença normativa, ou acordo coletivo de trabalho deveriam os licitantes se basear
ao elaborar suas propostas de preços e planilhas de formação de custos, circunstância que descumpre
o § 2º do art. 9º do Decreto 5.450, de 31 de maio de 2005.
4.2. Aplicação/Imposição de CCT diversa da categoria econômica da representante
4.2.1. Em toda contratação cujo serviço exija o emprego de mão de obra de categoria
profissional regulamentada haverá a imposição aos licitantes, e à própria administração pública, de
utilizar ou a CCT, ou a sentença normativa, ou o acordo coletivo de trabalho que estipular o valor da
remuneração da categoria.
87
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
4.2.2. Assim, o argumento de pertencer à outra categoria econômica não é sustentável para
eximir a representante de adotar a CCT do Seac/Sitratter, se essa fosse a CCT cabível aos
profissionais envolvidos no serviço.
4.2.3. Contudo, o problema reside justamente na aparente duplicidade de CCT aplicáveis ao
caso, ou em outras palavras, no aparente conflito de representação sindical, circunstância que só
pode ser resolvida pela justiça trabalhista, conforme disposto no art. 114, III e IX, da Constituição
Federal.
4.2.4. Assim, não compete a este Tribunal de Contas manifestar-se sobre este ponto.
4.3. Indeferimento sumário pelo pregoeiro do recurso da representante
4.3.1. Conforme pode ser visto na peça 2, p. 13, a representante apresentou sua intenção de
recurso em virtude da não aceitação de sua proposta – por causa da CCT diversa daquela fixada pelo
pregoeiro durante a fase de lances – e por entender ter havido mudança de regra no andamento do
processo licitatório.
4.3.2. Por sua vez ao apreciar tal intenção o pregoeiro a rejeitou sob o argumento de que a
representante:
apresentou proposta de preços com referência a convenção coletiva inadequada ao objeto do
certame, uma vez que a jurisprudência do TST e do TRT da 10º Região, determina que ‘o
enquadramento sindical dos empregados é determinado pela atividade preponderante do empregado,
exceto quando se tratar de profissão pertencente a categoria diferenciada’. A empresa obteve a
oportunidade de adequar a sua proposta e optou por não o fazer. Além disso, a empresa sequer
indicou qual teria sido a mudan(...)
4.3.3. Em que pese a representante não ter fundamentado detalhadamente seu recurso, poderia
fazê-lo no prazo de três dias, conforme disposto no art. 4º, XVIII, da Lei n. 10.520/2002, bem como no
art. 26, do Decreto n. 5.450/2005.
4.3.4. Além disso, o art. 8º, IV, do citado decreto normatiza que caberá à autoridade
competente decidir dos recursos contra os atos do pregoeiro, quando esse mantiver sua decisão.
Norma, por sinal, reproduzida no item 12.2 do edital do pregão (peça 2, p. 52).
4.3.5. A jurisprudência deste Tribunal também é no sentido de que não é possível haver
indeferimento sumário de recursos apresentados, como, por exemplo, decidido nos
Acórdãos n. 1.994/2008-1ª Câmara e 1.619/2008-Plenário. Veja-se, por exemplo, o decidido no
Acórdão n. 339/2010-Plenário:
9.1. conhecer da presente representação, com fundamento nos arts. 235 e 237, VII, do
Regimento Interno/TCU, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2. revogar a medida cautelar que suspendeu o Pregão 713/2009;
9.3. determinar, com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal e no art. 45,
caput, da Lei 8.443/92, à Superintendência Regional no Estado da Paraíba - 13ª UNIT - do
Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT/PB, que adote, no prazo de 15
(quinze) dias, as providências necessárias ao exato cumprimento do disposto no art. 4º, XVIII, da Lei
10.520/2002 e ao princípio da isonomia, procedendo à anulação dos atos que rejeitaram as intenções
de recurso dos licitantes, bem como dos atos subsequentes, praticados no âmbito do Pregão
Eletrônico 713/2009;
(...)
9.4.2. oriente seus pregoeiros a disponibilizarem aos demais licitantes, tão logo declarado o
vencedor, toda documentação apresentada por este, notadamente no que pertine à proposta e à
habilitação, a fim de possibilitar, se for o caso, a motivação de eventuais intenções de recurso e a
fundamentação desses recursos, dando-lhes ciência, via sistema no caso de pregão eletrônico, do
local onde se encontre a aludida documentação, em cumprimento ao art. 26, caput, do Decreto nº
5.450/2005, c/c o art. 109, § 5º, da Lei 8.666/1993;
9.4.3. oriente seus pregoeiros, ao procederem ao juízo de admissibilidade das intenções de
recurso manifestadas pelos licitantes nas sessões públicas (pregão eletrônico ou presencial), que
88
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
busquem verificar tão-somente a presença dos pressupostos recursais, ou seja, sucumbência,
tempestividade, legitimidade, interesse e motivação, abstendo-se de analisar, de antemão, o mérito
do recurso, nos termos do art. 4º, inciso XVIII, da Lei nº 10.520/2002, c/c art. 11, inciso XVII, do
Decreto nº 3.555/2000 (pregão presencial), e do art. 26, caput, do Decreto nº 5.450/2005 (pregão
eletrônico); (...) (grifo nosso)
4.3.6. Assim, há indícios de que a representante teve seu direito de apresentar recurso contra
ato do pregoeiro sumaria e irregularmente indeferido.
4.4. Outros indícios – falha no planejamento da licitação e na estimativa de preços
4.4.1. Durante a análise da peça inicial da representação, esta Unidade Técnica (UT) entrou
em contato com o CADE a fim de obter outras informações úteis ao deslinde do processo, momento
que obteve cópia do processo administrativo que culminou no pregão 002/2012 e cujos documentos
encontram-se distribuídos nas peças 3 e 4.
4.4.2. Também foram obtidos diretamente no sítio eletrônico do CADE os contratos n.
016/2009 e 027/2010, ambos firmados com a empresa GMC – Locadora de Veículos Ltda. (peça 5 e
peça 27) e ambos referentes à prestação de serviços de locação de veículos nas categorias I e II, com
fornecimento de mão de obra especializada (motorista).
4.4.3. Cotejando-se os preços praticados nesses contratos com a estimativa de preços indicada
no termo de referência do pregão 002/2012 (peça 2, p. 73), obtém-se o quadro abaixo, o qual permite
concluir que os preços estimados no pregão foram superiores em quase 100% e 50% aos daqueles
contratos, respectivamente.
VALORES DE UM VEÍCULO DA CATEGORIA I e UM VEÍCULO DA
CATEGORIA II
CONTRATO PREGÃO
002/2012 016/2009 027/2010
VALOR MENSAL (R$) 7.980,83 7.250,00 14.271,82
FRANQUIA (KM) 1500 1800 1800
R$/KM 5,32 4,03 7,93
PREGÃO/CONTRATO 1,49 1,97
4.4.4. Verifica-se, também, que o CADE, ao adotar o valor médio orçado por três empresas do
ramo, proporcionou a obtenção de valor estimado superior aos próprios contratos anteriormente
firmados, que deveriam, de fato, parametrizar a definição do preço-base, conforme dispõe a
IN SLTI nº 2, de 2008:
Art. 15
(...)
XII - o custo estimado da contratação, o valor máximo global e mensal estabelecido em
decorrência da identificação dos elementos que compõem o preço dos serviços, definido da seguinte
forma:
(...)
b) por meio de fundamentada pesquisa dos preços praticados no mercado em contratações
similares; ou ainda por meio da adoção de valores constantes de indicadores setoriais, tabelas de
fabricantes, valores oficiais de referência, tarifas públicas ou outros equivalentes, se for o caso.
4.4.5. Além disso, conforme já abordado, a diligência realizada pelo pregoeiro, bem como o e-
mail encaminhado pelos procuradores como resposta a essa diligência (peça 3, p. 120-121), revelam
que até então a entidade não tinha certeza de qual CCT, sentença normativa ou acordo coletivo
deveria ser aplicado nos custos da mão de obra do serviço.
4.4.6. Portanto, há indícios de falhas no planejamento da licitação, notadamente na estimativa
de custos do serviço licitado, seja por adotar valores maiores do que os de mercado, seja por não
conhecer plenamente os componentes desse custo.
4.5. Apreciação da medida cautelar
89
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
4.5.1. Para concessão de medida cautelar no âmbito deste Tribunal faz-se necessária a
presença de fortes indícios de irregularidades (fumus boni iuris), de perigo de demora na decisão de
mérito (periculum in mora) e da ausência de risco de dano ao erário (periculum in mora reverso) em
vista da adoção da medida.
4.5.2. Os elementos constantes no processo indicam que há irregularidades graves em todo o
procedimento licitatório, como, por exemplo, infração a dispositivos da Lei n. 10.520/2002, ao
regulamento do pregão eletrônico (Decreto 5.450/2005) e à jurisprudência desta Corte de Contas.
4.5.3. Quanto à existência de perigo de demora na decisão de mérito, há alguns aspectos a
serem considerados, um referente ao CADE e outro referente aos demais órgãos e entidades da
administração pública.
4.5.4. Em relação ao CADE, tem-se que a empresa vencedora do certame, a GMC Locadora de
Veículos Ltda., já assinou o contrato, que teve sua execução iniciada em 1º/8/2012, conforme termo
contratual obtido junto àquela autarquia e representado na peça 8 deste processo eletrônico.
4.5.5. Já no que diz respeito aos demais órgãos e entidades da administração pública, tem-se
que esses poderão vir a aderir à ata de registro de preços proveniente do pregão eletrônico n.
007/2012 e gerenciada pelo CADE.
4.5.6. Logo, uma vez que o CADE já firmou contrato com a empresa vencedora do pregão e
esse (o contrato) já teve sua execução iniciada, entende-se existir, neste momento, perigo de demora
relativamente, apenas, aos demais órgãos e entidades da administração pública.
4.5.7. Assim, considerando-se essas informações e a fim de evitar risco de dano à
administração, será proposta medida cautelar, sem prévia oitiva das partes, para que o CADE, na
qualidade de órgão gerenciador da ata de registro de preços derivada do pregão eletrônico n.
007/2012, abstenha-se de autorizar a adesão à ata de preços resultante do certame tratado nestes
autos até ulterior decisão desta Corte.
4.5.8. Será proposta ainda, e em decorrência do disposto acima, a oitiva do CADE, nos termos
do art. 276, §, do RITCU, para, no prazo de 15 dias, manifestar-se sobre os termos desta
representação, havendo possibilidade de o Tribunal, em etapa posterior, e desde que não haja
comprometimento da continuidade do serviço prestado, interferir também no contrato firmado pelo
CADE caso confirmada substancial incompatibilidade entre os preços contratados e os praticados no
mercado.
CONCLUSÃO
5. A representação apresentada pela empresa Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda.
contra atos/fatos ocorridos no âmbito do pregão eletrônico para registro de preços n. 007/2012,
promovido pelo CADE, deve ser conhecida, uma vez que atende aos requisitos regimentais deste
Tribunal de Contas.
6. Há, no processo, indícios da ocorrência de violação de direitos do representante/licitante,
quanto ao não conhecimento de seu recurso, o que fere o princípio da legalidade (pois o direito de
recorrer tem previsão expressa em lei) e de impropriedades/irregularidades que comprometem toda a
licitação, as quais podem ter acarretado, inclusive, a contratação de serviços por preços superiores
aos de mercado.
7. Além disso, há risco de contratação dos serviços licitados por outros órgãos e entidades da
administração pública que venham a aderir à ata de registro de preços proveniente do pregão ora
questionado.
8. Em razão de tais fatos, faz-se necessário propor medida cautelar, sem prévia oitiva das
partes, para que o CADE, na qualidade de órgão gerenciador da ata de registro de preços derivada
do pregão eletrônico n. 007/2012, abstenha-se de autorizar a adesão de quaisquer órgãos ou
entidades da administração pública a essa ata.
9. Faz-se, necessário, também, propor a realização de oitiva junto ao CADE, nos termos do
art. 250, V, do RITCU, para que esse, no prazo de 15 dias, manifeste-se sobre os termos desta
representação, em especial sobre os seguintes pontos:
90
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
a) imprecisão do termo de referência do pregão eletrônico n. 007/2012, especificamente
quanto à ausência de indicação de qual CCT, sentença normativa ou acordo coletivo deveriam os
licitantes se basear para elaboração de suas propostas, descumprindo-se, portanto, o art. 9º, § 2º, do
Decreto n. 5.450/2005;
b) desatendimento, pelo pregoeiro, da sugestão dos procuradores do CADE, apresentada no e-
mail datado de 19 de julho de 2012 (página 617 do processo administrativo n. 08700.000460/2012-
02), no sentido de realizar-se diligência junto ao licitante interessado para que esse demonstrasse a
legitimidade do Sindicato dos Empregados no Comércio do Distrito Federal (Sindicom-DF) para
representar os motoristas a serem empregados no serviço licitado;
c) indeferimento sumário da intenção de recurso da representante, ato em desacordo com o
art. 4º, XVIII, da Lei n. 10.520/2002, bem como com o art. 26 do Decreto n. 5.450/2005 e com a
jurisprudência deste Tribunal de Contas; e
d) adoção de estimativas de preços expressivamente superiores aos valores de contratos
anteriores, notadamente os de n. 016/2009 e 027/2010, bem como adoção de média aritmética simples
na construção dessa estimativa.
10. Além disso, tendo em vista a possibilidade de anulação do certame, entende-se necessária
a promoção de oitiva junto à empresa vencedora – GMC – Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ
07.186.022/0001-37) – para que essa, desejando, manifeste-se sobre os termos desta representação,
conforme prescrito no art. 276, § 3º do RITCU.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
11. Pelo exposto, submete-se o presente feito à consideração superior, propondo-se a adoção
das seguintes medidas:
11.1. com fundamento no art. 113, § 1º, da Lei de Licitações, c/c o art. 237, VII, e 235, todos
do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União (RITCU), conhecer da presente representação;
11.2. com fundamento no art. 276 do RITCU:
11.2.1. determinar, cautelarmente, ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)
que, enquanto gerenciador da ata de registro de preços derivada do pregão eletrônico 007/2012,
abstenha-se de autorizar a adesão de quaisquer órgãos e entidades da administração pública na
referida ata até ulterior decisão do Tribunal;
11.3. com fundamento no art. 276, § 3º do RITCU:
11.3.1. promover a oitiva do CADE para que, no prazo de 15 dias, manifeste-se sobre os
termos desta representação, em especial sobre dos seguintes pontos:
a) imprecisão do termo de referência do pregão eletrônico n. 007/2012, especificamente
quanto à ausência de indicação de qual Convenção Coletiva de Trabalho, sentença normativa ou
acordo coletivo deveriam basear-se os licitantes na elaboração de suas propostas, o que afronta o
disposto no art. 9º, § 2º, do Decreto 5.450/2005;
b) desatendimento, pelo pregoeiro, da sugestão dos procuradores do CADE, apresentada no e-
mail datado de 19 de julho de 2012 (página 617 do processo administrativo n. 08700.000460/2012-
02), no sentido de realizar diligência junto ao licitante interessado para que demonstrasse a
legitimidade do Sindicato dos Empregados no Comércio do Distrito Federal para representar os
motoristas a serem empregados no serviço licitado;
c) indeferimento sumário da intenção de recurso da representante, ato em desacordo com o
art. 4º, XVIII, da Lei n. 10.520/2002, bem como com o art. 26 do Decreto n. 5.450/2005 e com a
jurisprudência deste Tribunal de Contas; e
d) adoção de estimativas de preços expressivamente superiores aos valores de contratos
anteriores, notadamente os de n. 016/2009 e 027/2010, bem como adoção de média aritmética simples
na construção dessa estimativa.
11.4. com fundamento no art. 250, V, do RITCU, promover a oitiva da empresa
GMC-Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ 07.186.022/0001-37), vencedora do pregão n. 007/2012,
91
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
para que se manifeste, no prazo de 15 dias, sobre os termos desta representação, alertando-a quanto à
possibilidade de o Tribunal vir a declarar a nulidade do certame; e
11.5. encaminhar cópia da representação (peças 1 e 2) ao CADE e à empresa GMC-Locadora
de Veículos Ltda.
Contrariamente ao posicionamento externado na instrução precedente, vislumbra-se violação
ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, enumerados no art.
3ª da Lei 8666, de 1993:
A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a
seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes
são correlatos (grifos acrescidos)
O princípio da vinculação ao instrumento convocatório restringe a autonomia do agente, não
se admitindo decisão de natureza pessoal e contrária aos dispositivos editalícios, como ocorreu no
certame em exame, quando o pregoeiro infringiu o comando do item 5.5.2 do edital, que explicitava
que “A proposta do licitante deverá indicar expressamente o acordo coletivo de trabalho, a
convenção coletiva de trabalho ou a sentença normativa que rege as categorias profissionais
vinculadas à execução do serviço, bem como as respectivas datas-bases e vigências”.
Conforme visto, o licitante apontou a convenção e o pregoeiro não a admitiu, afastando-se do
estabelecido no edital, a cujos termos vinculam-se tanto os licitantes como a Administração que o
expediu.
O edital também não definiu a convenção coletiva que deveria parametrizar a construção da
planilha de custos. Não houve, pois, objetividade (critérios preestabelecidos), de forma a reduzir e
limitar a margem de valoração subjetiva.
Ressalte-se que a questão de qual convenção a ser utilizada não era pacífica, tendo o assunto
sido, inclusive, submetido à Procuradoria do CADE, que também demonstrou incerteza e sugeriu a
expedição de diligência à empresa para verificar a legitimidade da representação do Sindicato dos
Empregados no Comércio do Distrito Federal (Sindicom-DF) para a categoria objeto da
controvérsia.
Em vista dessas ponderações, submete-se o presente processo à consideração, propondo:
I- com fundamento art. 237, VII, e 235, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União,
c/c a Lei 8.666, de 1993, art. 113, § 1º, conhecer da presente representação;
II- com fundamento no art. 276, caput, do Regimento Interno deste Tribunal, determinar,
cautelarmente, ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) que, na qualidade de
gerenciador da ata de registro de preços derivada do Pregão Eletrônico 007/2012, abstenha-se de
autorizar a adesão de quaisquer órgãos e entidades da administração pública à referida ata até
ulterior decisão do Tribunal;
III- determinar, nos termos do art. 276, §3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do CADE,
para que, no prazo de até quinze dias, manifeste-se sobre os fatos apontados na representação
formulada pela empresa Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda., especialmente quanto aos
tópicos seguintes, alertando-o quanto à possibilidade de o Tribunal anular a referida ata, bem como
intervir no contrato já em execução na entidade caso detectada incompatibilidade entre os preços
contratados e os praticados no mercado:
a) descumprimento dos princípios da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento
objetivo, inabilitando a empresa Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda. a despeito de o
92
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
instrumento convocatório dispor, em seu item 5.5.2, que caberia aos licitantes indicar a convenção
coletiva de trabalho, sentença normativa ou acordo coletivo aplicável às categorias profissionais
vinculadas à execução do serviço;
b) imprecisão do termo de referência do Pregão Eletrônico 007/2012, especificamente quanto
à ausência de indicação de qual convenção coletiva de trabalho, sentença normativa ou acordo
coletivo deveriam basear-se os licitantes na elaboração de suas propostas, o que afronta o disposto no
art. 9º, § 2º, do Decreto 5.450, de 2005;
c) desatendimento, pelo pregoeiro, da sugestão dos procuradores do CADE, apresentada no e-
mail datado de 19 de julho de 2012 (pág. 617 do processo administrativo 08700.000460/2012-02), no
sentido de realizar diligência junto ao licitante interessado para que demonstrasse a legitimidade do
Sindicato dos Empregados no Comércio do Distrito Federal para representar os motoristas a serem
empregados no serviço licitado;
d) indeferimento sumário da intenção de recurso da representante, o que afronta a Lei 10.520,
de 2002, art. 4º, XVIII, bem como o Decreto 5.450, de 2005, art. 26, e a jurisprudência deste Tribunal
de Contas (Acórdão 339/2010-Plenário); e
e) adoção de estimativas de preços expressivamente superiores aos valores de contratos
anteriores, notadamente os Contratos 16/2009 e 27/2010, bem como utilização de média aritmética
simples na construção dessa estimativa.
IV- promover a oitiva da empresa GMC-Locadora de Veículos Ltda. (CNPJ 07.186.022/0001-
37), vencedora do Pregão 007/2012, para que se manifeste, se desejar, no prazo de até quinze dias,
sobre os termos desta representação, alertando-a quanto à possibilidade de o Tribunal anular a ata de
registro de preços decorrente do mencionado pregão, bem como intervir no contrato firmado com o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica caso detectada incompatibilidade entre os preços
contratados e os praticados no mercado; e
V- encaminhar cópia da representação (peça 1) ao CADE e à empresa GMC-Locadora de
Veículos Ltda.
8. A titular da unidade técnica anuiu à proposta apresentada pela Diretora (peça 12).
9. Apresentada, em síntese, a matéria, passo a decidir.
10. Inicialmente, cumpre conhecer o feito como Representação, uma vez que se encontram
presentes os requisitos de admissibilidade, com fundamento no art. 237, inciso VII, do Regimento
Interno, c/c art. 113, § 1º da Lei 8.666, de 1993.
11. Acolho parcialmente a conclusão expressa pela unidade técnica. De fato, neste momento
cabe medida cautelar suficiente a não permitir que outros entes públicos adiram à ata registro de preços
derivada do Pregão. Além dos fatos mencionados pela representante que indicam o fumus boni iuris,
há indícios de que o valor acordado com a licitante vencedora é excessivo. Conforme registrado pela
8ª Secex, a diferença entre o contrato vigente e os dois contratos anteriores é de aproximadamente 50%
num caso e de aproximadamente 100% em outro.
12. Quanto à questão sobre a qual divergiram a Secretária da 8ª Secex, que acompanhou a
Diretora da 3ª DT, e o auditor que instruiu esta representação, acompanho o entendimento deste
último. De fato, o edital prevê que o licitante deveria indicar a convenção coletiva de trabalho (CCT),
sentença normativa ou acordo coletivo considerado para a formulação de sua proposta. No entanto, em
nenhum momento, o edital prevê que qualquer CCT, sentença normativa ou acordo coletivo seriam
aceitos. Portanto, o simples fato de a licitante ter feito a indicação não garantia que esta seria aceita.
Nem seria razoável supor que isto ocorresse, dado que apenas certas convenções, sentenças e acordos
seriam aplicáveis ao caso. Destarte, a irregularidade verificada é a omissão no edital quanto a critério
necessário para o julgamento das propostas apresentadas pelos licitantes.
13. Sobre a execução do contrato firmado, os elementos presentes nos autos são insuficientes
para decidir quanto à necessidade de adoção de medida cautelar para evitar prejuízos. Refiro-me à
93
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
necessidade de identificar aquelas mais adequadas a este propósito, considerando, inclusive, se
presente periculum in mora reverso. Destarte, mais apropriado proceder à oitiva prévia da entidade
antes que me decida sobre a adoção ou não de medida cautelar quanto a esta questão.
14. Considerando que a oitiva da entidade referente à medida cautelar desde logo adotada
versará sobre o mesmo assunto que a promovida para subsidiar a análise da adoção de medida cautelar
relativa à execução do contrato em curso, entendo mais adequado conceder à entidade o prazo de
quinze dias para resposta.
15. Diante do exposto, determino:
15.1. ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica, com fundamento no art. 276 do
Regimento Interno do TCU, que, cautelarmente, na qualidade de gerenciador da ata de registro de
preços derivada do Pregão Eletrônico n.º 007/2012, abstenha-se de autorizar a adesão de quaisquer
órgãos e entidades da administração pública na referida ata até que o Tribunal decida sobre o mérito
das questões suscitadas neste processo de representação;
15.2. à 8ª Secretaria de Controle Externo, que:
15.2.1. notifique o Conselho Administrativo de Defesa Econômica da medida cautelar ora
adotada, alertando-o de que a eventual consumação de irregularidades em consequência do
descumprimento desta determinação ou da execução do contrato decorrente do Pregão Eletrônico
n.º 007/2012 sujeitará os responsáveis às sanções previstas na Lei nº 8.443/92;
15.2.2. nos termos do art. 276 do Regimento Interno, promova a oitiva do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica, para que apresente, no prazo de 15 (quinze) dias,
esclarecimentos fundamentados a respeito das seguintes ocorrências verificadas no curso do Pregão
Eletrônico n.º 007/2012:
15.2.2.1. fatos apontados na representação junto a este Tribunal formulada pela empresa
Unique Rent a Car Locadora de Veículos LTDA., de forma a esclarecer, especialmente:
15.2.2.1.1. a ausência, no termo de referência, da especificação da convenção coletiva de
trabalho, sentença normativa ou acordo coletivo que deveria fundamentar a elaboração das propostas,
em afronta ao art. 9º, § 2º, do Decreto n.º 5.450, de 2005;
15.2.2.1.2. a omissão quanto a solicitar do licitante interessado que demonstrasse a adequação
da convenção coletiva de trabalho considerada para a formulação de sua proposta;
15.2.2.1.3. o indeferimento sumário da intenção de recurso impetrado pela representa,
contrariando a jurisprudência dominante deste Tribunal e ferindo o art. 4º, inciso XVIII, da Lei
n.º 10.520, de 2002 e o art. 26 do Decreto nº 5.450, de 2005;
15.2.2.2. estimativa de preços expressivamente superiores aos valores adotados em contratos
anteriores, notadamente os de número 016/2009 e 027/2010, justificando o método utilizado e seu
fundamento;
15.2.3. após recebida resposta à oitiva determinada, analise se oportuna e necessária a adoção
de medida cautelar que evite o pagamento superfaturado dos serviços contratados em decorrência do
Pregão Eletrônico n.º 007/2012;
15.3. notifique a empresa GMC-Locadora de Veículos Ltda., vencedora do Pregão
n.º 007/2012, com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno, de que, caso deseje,
poderá manifestar-se, no prazo de 15 dias, sobre os termos desta representação, alertando-a quanto à
possibilidade de este Tribunal determinar medidas que interfiram na execução do contrato firmado em
decorrência do Pregão Eletrônico n.º 007/2012;
15.4. encaminhe ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica e à empresa GMC-
Locadora de Veículos Ltda, vencedora do Pregão Eletrônico n.º 007/2012, cópias desta decisão e da
representação de peças 1 e 2;
15.5. informe ao Presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica que a omissão
na prestação das informações solicitadas no prazo estabelecido importa em multa e exame, à revelia da
entidade, da necessidade de adoção de nova medida cautelar;
94
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
15.6. dê ciência desta decisão à empresa Unique Rent a Car Locadora de Veículos Ltda..
À 8ª Secex para a adoção, com a devida urgência, das providências acima ordenadas.
Brasília, 20 de agosto de 2012.
(Assinado Eletronicamente)
RAIMUNDO CARREIRO
Comunicação sobre despacho exarado pelo Ministro José Jorge.
C O M U N I C A Ç Ã O
Sr. Presidente,
Srs. Ministros,
Sr. Procurador-Geral,
Comunico ao Colendo Plenário que, no dia 17 de agosto de 2012, por meio do despacho que
faço distribuir a Vossas Excelências, concedi MEDIDA CAUTELAR nos autos do TC-015.980/2012-
0, determinando à Prefeitura Municipal de Parnaíba/PI a suspensão imediata da Concorrência nº
14/2011 – destinada à contratação de empresa de engenharia para elaboração de projeto executivo e
construção do sistema de esgotamento sanitário nas áreas subnormais na região da Lagoa do
Bebedouro, no referido município –, ou a suspensão da execução financeira do contrato dela
decorrente, caso este já tenha sido celebrado, até que o Tribunal delibere sobre o mérito das questões
suscitadas naqueles autos.
Informações complementares constam do referido despacho, que ora submeto à apreciação
deste Plenário nos termos do art. 276, § 1º, do Regimento Interno do TCU.
São essas as minhas considerações.
Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
JOSÉ JORGE
Ministro-Relator
TC 015.980/2012-0
Natureza: Representação
Unidade Jurisdicionada: Prefeitura Municipal de Parnaíba - PI
Interessada: Consbrasil Construtora Brasil Ltda. (03.086.586/0001-47)
DESPACHO
Trata-se de Representação, com pedido de medida cautelar, formulada a este Tribunal pela
empresa Consbrasil Construtora Brasil Ltda., com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/93, versando
sobre supostas irregularidades no edital da Concorrência nº 014/2011, promovido pela Prefeitura
Municipal de Parnaíba/PI com vistas à contratação de empresa de engenharia para elaboração de
projeto executivo e construção do sistema de esgotamento sanitário nas áreas subnormais na região da
Lagoa do Bebedouro, no referido município, no valor global de R$ 11.836.870,74.
95
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
2. Adoto, como parte integrante deste despacho, a instrução produzida no âmbito da Secex-PI,
pelo Auditor Jesualdo Cavalcanti Barros Filho, vazada nos seguintes termos:
“HISTÓRICO
2. Submetidos os autos à instrução na SECEX/PI (peça 4), formulou-se proposta de
deferimento da cautelar pleiteada, bem assim diligência à Prefeitura Municipal de Parnaíba nos
seguintes termos:
6. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
6.1. À vista do exposto, submete-se o presente processo à consideração superior, propondo a
adoção das seguintes medidas:
6.2. conhecer a presente Representação, nos termos do art. 237, inciso VII, do Regimento
Interno do TCU;
6.3. determinar, cautelarmente, nos termos do art. 276 do Regimento Interno/TCU, à
prefeitura municipal de Parnaíba/PI, que se abstenha de dar prosseguimento à Concorrência n.
14/2011- PMP, ou ao contrato correspondente, caso este já tenha sido firmado, até ulterior
deliberação deste Tribunal;
6.4. fixar, com fulcro no art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, o prazo de 15 (quinze) dias
para que o prefeito municipal de Parnaíba se manifeste acerca da exigência contida no item 6.2.3.1,
e.1, do edital da Concorrência Pública n. 14/2011 – PMP, de que a visita técnica seja feita “através
de um responsável técnico pertencente ao quadro da empresa, devidamente credenciado, com carta de
apresentação ou contrato social, se proprietário, e identificado pela cédula de identidade
profissional”, implicando restrição ao caráter competitivo do certame, esclarecendo-lhe que a não-
apresentação de justificativas ou seu não-acolhimento poderá ensejar a fixação de prazo para adoção
das medidas legais cabíveis com vistas à anulação do Edital de Concorrência 14/2011 - PMP;
6.5 diligenciar à prefeitura municipal de Parnaíba/PI para que informe e encaminhe a este
Tribunal a seguinte documentação referente à Concorrência n. 14/2011 - PMP:
a) atas de todas as sessões realizadas pela comissão de licitação responsável;
b) convênio ou instrumento equivalente referente à transferência dos recursos que custearão a
obra;
c) termos de adjudicação e homologação do certame, caso já expedidos;
d) contrato respectivo porventura já celebrado; e
6.6.comunicar ao autor da representação a decisão que vier a ser adotada nestes autos.
3. O Exmo Sr. Ministro Relator José Jorge, não obstante tenha concordado no essencial com a
análise, dissentiu da proposta de encaminhamento. Seguem excertos do despacho exarado para bom
entendimento:
4. Inicialmente, conheço da presente representação, porquanto atendidos os requisitos de
admissibilidade previstos no art. 237, VII e parágrafo único, do Regimento Interno deste Tribunal, c/c
o art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/93.
5. As questões noticiadas neste feito dizem respeito, essencialmente, à possível restrição
indevida ao caráter competitivo da Concorrência Pública nº 14/2011-PMP, devido a exigências
editalícias formuladas pela Prefeitura Municipal de Parnaíba/PI, objetivando a “contratação de
empresa de engenharia para elaboração de projeto executivo e construção do sistema de esgotamento
sanitário nas áreas subnormais na região da Lagoa do Bebedouro, no município de Parnaíba/PI”.
6. Em sua instrução, a Secex-PI considerou presentes os requisitos fumus boni juris e
periculum in mora, imprescindíveis para a adoção da medida excepcional pleiteada, consistente na
suspensão cautelar do certame, até que este Tribunal delibere sobre o mérito da matéria.
7. Manifesto-me, no essencial, de acordo com a análise empreendida pela unidade técnica
acerca das irregularidades suscitadas, dissentindo, no entanto, pelas razões a seguir aduzidas, da
proposta por ela formulada.
8. Com efeito, a exigência inserta no item 7.4 do edital, no sentido de que o atestado de visita
técnica a ser apresentado pela licitante deverá comprovar “o conhecimento dos locais das obras
96
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
previstas neste edital pelo responsável técnico e representante legal (...)” [grifei], não está em
perfeita sintonia com a jurisprudência desta Casa.
9. Como bem assinalou a Secex-PI, a jurisprudência do TCU é pacífica no sentido de que não
encontra amparo na Lei nº 8.666/93 a exigência de que de que a visita técnica seja feita
necessariamente pelo responsável técnico da licitante. A corroborar tal assertiva, impende trazer à
colação determinação expedida por meio do Acórdão nº 2583/2010-Plenário, com o seguinte teor:
“9.3. determinar ao Município de Água Doce do Norte/ES que, em relação aos atos
convocatórios das futuras licitações envolvendo a aplicação de recursos públicos federais, abstenha-
se de incluir as seguintes exigências/cláusulas:
9.3.1. que a vistoria técnica seja realizada, necessariamente, pelo engenheiro responsável
pela obra (responsável técnico) e em data única, o que não se mostra compatível com o art. 30, II, e §
1º, c/c o art. 3º, § 1º, da Lei nº 8.666/1993;” (grifei)
10. Essa previsão editalícia, no entender do Auditor responsável pela instrução da matéria,
por constituir potencial restrição ao caráter competitivo do certame, estaria a evidenciar, por si só, a
presença do fumus boni iuris. Já quanto aos demais pontos levantados pela representante, não
haveria, segundo a unidade técnica, “quaisquer documentos acostados aos autos a comprovar que
houve efetivo prejuízo à competitividade do certame” (grifei).
11. Não obstante tal conclusão, o mesmo Auditor da Secex-PI assinalou não haver na
representação formulada a este Tribunal, quanto a todas as exigências editalícias impugnadas, dados
concretos acerca da efetiva restrição ao caráter competitivo da licitação. Segundo ele, “não foram
coligidos aos autos elementos que permitissem aferir se na prática a condução da licitação trouxe
efetivo prejuízo à competitividade do certame” (grifei). Não haveria “sequer informação acerca do
resultado do certame ou da efetiva celebração de contrato com a firma vencedora”.
12. Para o Auditor, far-se-ia necessário “coligir aos autos informações acerca da conclusão
ou não da celebração do contrato, da competitividade do certame e até mesmo do convênio que
permitiu o aporte de recursos para custear as obras”.
13. Não obstante concordar com a Secex-PI que a exigência editalícia - de que somente o
responsável técnico da empresa licitante pudesse realizar a vistoria da obra - viola a jurisprudência
desta Corte, considero precipitada, num juízo de cognição sumária, conclusão no sentido da presença
do requisito do fumus boni juris para o provimento acautelatório, haja vista a ausência, nos
presentes autos, de indícios mínimos de que o caráter competitivo da licitação tenha restado, de fato,
frustrado.
14. Faz-se mister a comprovação mínima do efetivo prejuízo à competição propiciado pela
exigência editalícia inquinada, o que por ora não identifico no presente processo. A propósito, a
documentação a ser encaminhada oportunamente ao TCU, por meio de diligência, não deverá apenas
servir de subsídio à análise de mérito dos presentes autos, como defende a unidade técnica, mas sim
ser tomada, preliminarmente, como supedâneo para se concluir pela presença, ou não, do requisito do
fumus boni juris, indispensável ao provimento cautelar que ora se pleiteia.
15. Não vislumbro, pois, diante dos elementos apresentados na presente representação,
fundado receio de grave lesão ao erário ou ao interesse público, pressuposto para adoção de medida
cautelar, a teor do art. 276, caput, do Regimento Interno do TCU. Não se pode olvidar, ainda, o
conteúdo do art. 171 do RI/TCU, segundo o qual “Nenhum ato será declarado nulo se do vício não
resultar prejuízo para a parte, para o erário, para a apuração dos fatos pelo Tribunal ou para a
deliberação adotada” (grifei).
16. Nesse contexto, a realização da oitiva prévia antes de se examinar a necessidade da
concessão da cautelar suscitada, fixando-se o prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis para a resposta do
prefeito municipal de Parnaíba/PI – conforme disciplinado no art. 276, § 2º, do RI/TCU –, não trará
prejuízos à efetividade do controle externo.
97
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
17. Feitas essas considerações, e diante da possibilidade de que os
esclarecimentos/documentos a serem encaminhados ao TCU possam oferecer subsídios ao deslinde da
matéria, DECIDO:
17.1. conhecer da representação, porquanto atendidos os requisitos de admissibilidade
previstos no art. 237, VII e parágrafo único, do Regimento Interno deste Tribunal, c/c o art. 113, § 1º,
da Lei nº 8.666/93;
17.2. autorizar, com base no art. 276, § 2º, do RI/TCU, a realização de oitiva prévia do
prefeito municipal de Parnaíba/PI para que apresente, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da
notificação, esclarecimentos acerca de todos os indícios de irregularidade levantados em relação à
Concorrência Pública nº 14/2011-PMP, encaminhando ao Tribunal, no mesmo prazo, cópia dos
seguintes documentos:
17.2.1. atas de todas as sessões realizadas pela comissão de licitação;
17.2.2. convênio ou instrumento equivalente referente à transferência dos recursos que
custearão a obra;
17.2.3. termos de adjudicação e homologação do certame, caso já expedidos;
17.2.4. contrato respectivo porventura já celebrado;
17.3. determinar à Secex-PI que:
17.3.1. ao promover a oitiva acima determinada, envie ao destinatário cópia de todos os
elementos necessários à apresentação dos seus esclarecimentos a este Tribunal;
17.3.2. dê imediata ciência do teor deste despacho ao Município de Parnaíba/PI e à empresa
Consbrasil Construtora Brasil Ltda., autora da representação;
17.3.3. tão logo sejam encaminhados os elementos requeridos, instrua os autos com a urgência
que o caso requer.
3.1 Em obediência à determinação do Exmo. Relator, o prefeito de Parnaíba encaminhou a
esta Unidade Técnica sua manifestação e anexos contendo o material requisitado pela diligência
(peças 10,11 e 12), que passam a ser objeto de análise.
EXAME TÉCNICO
Ocorrência: exigência, contida no item 6.2.3, “e.1”, do edital, de que a visita técnica ao local
das obras tenha sido realizada através de um responsável técnico pertencente ao quadro da empresa
ou proprietário.
Oitiva do prefeito: 4. Alega que o caso em tela distingue-se dos casos assemelhados constantes da jurisprudência
do TCU, argumentando que no caso do item 6.2.3.1, a visita técnica poderia ser realizada tanto por
responsável técnico quanto por responsáveis legais que figurem como responsáveis técnicos e passa a
elencar excertos doutrinários e jurisprudenciais acerca da necessidade de vistoria técnica.
Análise:
5. Não prosperam as alegações do Sr. Prefeito, a redação do item 6.2.3, “e.1” não dá margem
a dúvidas, o representante do licitante há de pertencer ao quadro técnico da empresa ou ser seu
proprietário. Quanto à pertinência de sua realização, não está em jogo a necessidade real e a
obrigatoriedade legal de procedê-la.
5.1 Não há, nos termos em que o edital está formulado, a possibilidade de se nomear terceiro,
estranho à estrutura da empresa, para realizar a inspeção. Tal possibilidade dificulta a participação
de eventuais licitantes, que se veem na contingência de deslocar pessoal de suas sedes, tão somente
para realizar a inspeção, o que poderia ser feito por um profissional local em nome da empresa.
Porquanto se entende que, de fato, a exigência mostrou-se excessiva, continuando presente o fumus
boni iuris, que combinado com outros aspectos adiante tratados se mostra suficiente para o
deferimento da cautelar pleiteada.
Ocorrência: necessidade, estipulada no item 6.2.4 do edital, de efetivar a garantia da
proposta até um dia útil antes da data prevista para abertura da licitação.
Oitiva do prefeito
98
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
6. Destaca o prefeito, em sua oitiva, que a exigência em nada destoa do Acórdão TCU
255/2010-Plenário, já que, neste aresto, o que se vedou foi a exigência de apresentação de garantia
em data anterior à da apresentação dos documentos de habilitação, e que, no caso o item 6.2.4 do
edital, exige-se somente que a garantia seja providenciada até o 1º dia útil anterior a esta data, mas
que a comprovação se dê no dia mesmo da apresentação dos demais documentos de habilitação.
Análise
7. Assiste razão ao prefeito de Parnaíba. Veja-se que conforme o edital de licitação, o certame
se daria no dia 29/5/2012, às 9:00. Assim, em qualquer das modalidades de garantia, inclusive a
caução em dinheiro – que deveria ser depositada no Banco do Brasil – o eventual licitante
necessitaria acorrer a uma instituição financeira, cujo horário de atendimento ao público se inicia às
10:00.
7.1 O item 8.2.4, por seu turno, que trata dos documentos de qualificação econômico-
financeiro, estabelece em seu subitem “b”, que a o documento comprobatório da garantia deverá ser
“colocado dentro do ENVELOPE Nº 001 – DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO”. Fica claro, pois,
que este será exigido somente quando da entrega das propostas. A exigência de que a garantia fosse
realizada até o 1º dia útil anterior é até despicienda, e parece mais uma imposição da realidade.
Ocorrência: exigência, como requisito de qualificação econômico-financeira, de
apresentação do balanço patrimonial de 2010, enquanto o edital foi lançado quando já era exigível
o balanço de 2011.
Oitiva do prefeito
9. Informa o prefeito de Parnaíba, que no edital da concorrência, a Comissão Permanente de
Licitação exigiu o balanço patrimonial de 2010 pelo fato de o processo licitatório ter se iniciado no
exercício de 2011.
9.1 Em virtude de modificações necessárias no projeto básico, que resultariam em alteração
na composição da proposta, a Comissão Permanente de Licitações procedeu à devida retificação do
edital, tendo o certame se reiniciado na data de 24/4/2012, com nova contagem do prazo, o que
resultou em nova data de 29 (29/5/2012) para realização da reunião de abertura do certame. Assim é
que, originalmente, a data da apresentação do balanço se achava razoável.
Análise
10. Poder-se-ia, com algum rigor, observar que, havendo a alteração da data da apresentação
das propostas, necessário seria aditar o edital para estabelecer modificações nos exercícios referentes
aos demonstrativos contábeis e índices a serem apresentados pela empresa. Seria medida razoável
tanto para preservar a Administração de contratar licitante que, no interregno de tempo, tornara-se
inabilitado, quanto para proporcionar a participação daqueles que se tornaram aptos. Contudo, não
há elementos indicativos que a omissão tenha resultado em prejuízo à competitividade do certame,
assim considera-se ausente o periculum in mora, que justificasse a cautelar em decorrência da
ocorrência.
Ocorrência: Execução do projeto executivo licitado juntamente com a execução de obras e
serviços.
Oitiva do prefeito
11. Registra o prefeito, através de seu representante legal, que não há obrigatoriedade da
existência de projeto executivo, conforme previsto pelo art. 7º, § 1º, lei 8.666/93.
Análise
12. De fato, entende-se que o só fato da prática da contratação conjunta tanto do projeto
executivo quanto da execução dos serviços não macula o processo, haja vista o permissivo legal
citado.
Ocorrência: Ausência de cláusulas no edital veiculando o conteúdo do art. 43, §1º, da LC
123/2006, que impõe melhor tratamento às micros e pequenas empresas, permitindo-se-lhes
comprovar a regularidade fiscal quando da assinatura do contrato e não somente no momento da
99
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
habilitação, bem assim omissão dos dispositivos legais constantes dos arts. 44 e 45 da LC 123/2006,
que impõe preferências às micro e pequenas empresas em caso de empate ficto.
Oitiva do prefeito
13. Quanto ao ponto, o prefeito limita-se a registrar argumentos em prol do tratamento
privilegiado às micro e pequenas empresas.
Análise
14. Parece que houve um equívoco por parte do representante legal do prefeito, já que o que
era alegado pelo representante é que a ausência destas cláusulas previstas em lei seriam elementos
suficientes para a anulação do edital. Considera-se de demasiado rigor a censura à omissão. De outra
parte não há elementos a comprovar que isto tenha ocasionado prejuízo a qualquer interessado. A
falha tem caráter formal e os dispositivos tem sede legal, podendo a Administração reconhecer os
privilégios no próprio momento do processamento da licitação. As atas das sessões da comissão de
licitação não registram o comparecimento de nenhuma micro e pequena empresa, conforme
registrado adiante.
Ocorrência: Utilização de licitação tipo “técnica e preço” para a contratação da execução
das obras.
Análise:
15. Quanto a este ponto, o prefeito de Parnaíba apresenta alegações relativas à possibilidade,
conforme itens 17 e 18, infra, de se efetivarem as contratações conjuntas da elaboração do projeto
executivo e das obras, mas não apresenta razões específicas acerca da opção pelo tipo “técnica e
preço”.
15.1 Cumpre mais uma vez estabelecer que não é prática invulgar, e muito menos vedada pela
legislação, se permitir ao executor dos serviços que elabore o projeto executivo da obra. Ocorre que,
enquanto item de serviço, a elaboração do projeto executivo pressupõe um encargo de menor monta.
Diante de um projeto básico minimamente consistente, é de se esperar que o item seja de pouca
relevância, muitas vezes assumindo a feição, na prática, de um “as built”.
15.2 Registra-se isto porque a Lei 8.666/93 restringe a possibilidade de utilização da
modalidade técnica e preço em seu art. 46:
Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados exclusivamente
para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos,
cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em
particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos,
ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior.
15.3 No caso concreto, o objeto mesmo da licitação foi definido como “contratação de
empresa para elaboração de projeto executivo e execução de obra de construção do sistema de
esgotamento sanitário, integrante do programa PAC, no município de Parnaíba/PI”. É dizer, em face
de a obra contemplar como item de serviço a elaboração do projeto executivo, adotou-se o tipo
“técnica e preço” para todo o objeto da contratação, inclusive a execução física dos serviços.
15.4 Ora, se a necessidade de um projeto executivo adquire invulgar importância no caso,
melhor seria a promoção de um certame específico para a contratação de firma especializada para a
elaboração do documento, e não formatar todo o certame de modo a exigir dos eventuais concorrentes
a apresentação de proposta técnica para dar cabo de um encargo que tem um caráter secundário ao
próprio objeto real da contratação: a execução das obras. A situação se agrava quando se percebe,
em análise mais pormenorizada constante do item seguinte, que a opção pelo tipo “técnica e preço”
acaba por exigir das empresas potencialmente interessadas requisitos que desbordam em muito do
que seria razoável.
15.5 Desta feita, considera-se o fumus boni iuris presente por restar desrespeitado o art. 46 da
Lei 8.666/93, e também o periculum in mora, eis que a contratação de uma empresa com base em
critérios não objetivos ou não pertinentes para a execução das obras se mostra iminente no caso
concreto.
100
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Ocorrências adicionais não tratadas pelo representante.
16. Neste tópico, abordam-se questões que não foram objeto de impugnação específica quando
da representação, mas que resultaram da análise de alguns tópicos do edital.
Ocorrência: Exigência constante dos itens 7.2, 7.3 e 10.1 do edital (p. 83-85 e 90-92, peça 1)
de apresentação de proposta técnica contemplando itens e critérios de pontuação pouco objetivos e
com exigência de um número mínimo de atestados a serem apresentados para efeito de
qualificação.
17. A licitação foi processada na modalidade Concorrência, tipo técnica e preço, conforme já
tratado anteriormente; não obstante isto, elegeram-se itens a serem analisados de caráter
extremamente vagos e subjetivos, quais sejam:
- Conhecimento do Problema;
- Metodologia e Plano de Trabalho;
- Experiência da Empresa e Equipe Técnica;
17.1 De notar que estes itens a serem contemplados têm importância somente para aqueles
casos em que o objeto contempla a elaboração de soluções técnicas para casos excepcionais, de obras
de maior complexidade e vulto do que a analisada, um sistema de pequeno porte de esgotamento
sanitário.
17.2 Neste ponto, é relevante notar que a lei 8.666/93, até admite a exigência de metodologia
da execução em seu art. 30, § 8 e 9:
§ 8o No caso de obras, serviços e compras de grande vulto, de alta complexidade técnica,
poderá a Administração exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja avaliação, para efeito
de sua aceitação ou não, antecederá sempre à análise dos preços e será efetuada exclusivamente por
critérios objetivos.
17.3 Não é obviamente o caso sob exame. A regra em matéria de licitação é a exigência de
comprovação dos requistos de qualificação técnica admitidos pelo art. 30 da lei 8.666/93, sob pena de
ferir o princípio da ampla competitividade do certame, consubstanciado no art. 3º, I, da Lei 8.666/93.
17.4 No caso do componente relativo à experiência da empresa e equipe técnica, a distorção
nos parece ainda mais gritante. O item 7.3.3.1, estabelece que este:
objetiva comprovar a experiência anterior da licitante, através do responsável técnico, na
execução de trabalhos de características, portes e prazos compatíveis com o objeto da licitação,
mediante a apresentação dos seguintes atestados:
• Execução de serviços de 5.000 (cinco mil) unidades ligações prediais (ruas pavimentadas ou
não);
• Construção de 29.000m (vinte e nove mil metros) de rede coletora de esgoto com tubo (PVC,
JEI ou ferro fundido);
• Construção de 02 (dois) unidades de estação elevatória de esgoto;
• Construção de 02 (dois) emissário de recalque de esgoto;
• Construção 38.000m2 (trinta e oito mil metros quadrados) de escoramento contínuo,
descontínuo ou especial;
• Construção ou recomposição de 27.000m2 de pavimentação em pedras.
17.5 Ora, tais serviços são exatamente aqueles que foram exigidos para efeito de qualificação
técnica, pelo item 6.2.3.1, “b”. Sendo assim, não poderiam ser objeto de pontuação para efeito de
qualificação técnica, todos estariam habilitados e pronto.
17.6 Também chama atenção, no tocante à proposta técnica a ser apresentada, a ausência de
objetividade na determinação de como se valorará a pontuação dos concorrentes, objeto do item 10.1
do edital. Tal dispositivo estabelece em termos igualmente vagos os itens a serem analisados em cada
item componente da proposta técnica, estabelecendo a pontuação a ser atribuída conforme não sejam
apresentadas, tenham sido julgadas de “baixa aceitabilidade”, “regulares”, “adequadas
parcialmente” e “adequada plenamente”.
101
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
17.7 Assim, serão objeto de pontuação, por exemplo, no componente “conhecimento do
problema”, itens como: “apresentação e clareza com que o item foi desenvolvido” (0 a 40 pontos,
“objetividade e síntese na apresentação dos itens” (0 a 40) pontos).
17.8 Vê-se, portanto o elevado grau de subjetividade no estabelecimento dos fatores
avaliativos e a impertinência e subjetividade dos fatores a serem avaliados.
18. Chama atenção, ainda, o fato do edital estabelecer um número mínimo de pontos a serem
obtidos em cada componente, sob pena de desclassificação, conforme previsão do item 10.1,§ 6:
§6°. Serão desclassificadas as propostas técnicas que não atingirem o mínimo de setecentos
pontos ou que recebam pontuação abaixo do estabelecido para cada item: a seguir detalhado.
QUADRO RESUMO DA PONTUAÇÃO TÉCNICA
Componente Nota Máxima Nota Mínima
Conhecimento do Problema 550 330
Metologia de Trabalho 360 252
Experiência da Equipe
Técnica
240 168
Total 1150 750
18.1 Ante a subjetividade dos itens de avaliação e dos critérios adotados, a situação já parece
preocupante para todos os componentes da proposta técnica, podendo qualquer empresa
regularmente habilitada ser alijada do processo. Mas o caso mais flagrante é mais uma vez o da
“experiência da empresa e equipe técnica”, que conforme o item do edital 10.1.2.b, é avaliada através
de 3 itens. Os dois primeiros de valor máximo de 100 (numa escala de intervalos de 25) e o terceiro de
valor 40 (numa escala de intervalos de dez).
18.2 O item 12.1.§4, por seu turno, dispõe:
§4°. Ainda no que diz respeito a Tabela III - Experiência da Empresa e Equipe Técnica, o item
1 referente à empresa terá valores de 0 (zero) a 100 (cem) pontos. Os atestados valerão 25 pontos,
sendo em um máximo de 4 (quatro) atestados plenamente aceitos para atingir na avaliação à
pontuação máxima;
18.3 Ou seja, conforme a sistemática descrita no item 9, se a empresa apresenta cinco
atestados para os dois primeiros itens, considerados plenamente válidos pela Comissão, o máximo a
que poderia chegar era, caso conseguisse a nota máxima no item 3, a 165 pontos, inferior ao mínimo
exigido, de 168, e estaria alijada automaticamente do processo.
18.4 Vê-se que o edital está, na realidade, retomando a prática, há muito repudiada pela
doutrina e jurisprudência, inclusive do TCU, de exigir a apresentação de mais de um atestado para
efeito de comprovação de qualificação técnica, embora de forma enviesada. Tem-se, também aqui, por
caracterizado o fumus boni iuris, em face da excessividade da exigência, restando contrariado o art.
37, XXI da Constituição Federal.
CONCLUSÃO
19. Tem-se por presente o fumus boni iuris a partir das considerações a seguir aduzidas em
face das seguintes disposições editalícias que se mostraram excessivas e restritivas da competitividade
da licitação, contrariando o art. 37, XXI, da Constituição Federal:
19.1 Exigência, contida no item 6.2.3, “e.1”, do edital, de que a visita técnica ao local das
obras tenha sido realizada através de um responsável técnico pertencente ao quadro da empresa ou
proprietário.
19.2 Exigência constante dos itens 7.2, 7.3 e 10.1 do edital (p. 83-85 e 90-92, peça 1) de
apresentação de proposta técnica contemplando itens e critérios de pontuação pouco objetivos e com
exigência de um número mínimo de atestados a serem apresentados para efeito de qualificação.
19.3 Utilização de licitação tipo “técnica e preço” para a contratação da execução das obras
em arrepio ao art. 46 da Lei 8.666/93.
102
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
20. Acerca dos elementos comprobatórios do efetivo prejuízo à competitividade do certame,
vale destacar que foram encaminhadas, conforme solicitado no próprio ofício de oitiva, as atas das
sessões da comissão de licitação (p. 23, peça 10), onde se pode constatar que apenas uma empresa
compareceu ao certame (Construtora Jurema Ltda) e considerada habilitada, conforme ata de
11/6/2012 (p. 24, peça 10).
20.1 De notar que, na última sessão acostada aos autos, de 14/6/2012 (p. 25, peça 10), foi
aberta a proposta técnica da única licitante, e a sessão foi suspensa para análise da documentação.
Não foram encaminhadas outras atas posteriores, e nem o atos de adjudicação e homologação do
certame, conforme solicitado, o que leva à conclusão de que, ao menos até a data de fornecimento das
informações, 5/7/2012, o procedimento encontrava-se ainda suspenso.
21. Relativamente ao periculum in mora, cumpre notar que, embora haja a possibilidade de o
certame se encontrar suspenso, a não expedição de cautelar permite a sua continuidade, e a
formalização de contrato com a empresa, em um certame onde foram identificados indícios de
restrição ao caráter competitivo do certame, em arrepio ao art. 37, XXI, da Constituição Federal, e
30, § 10, I, da Lei 8.666/93, e onde verificou-se o comparecimento de apenas uma empresa.
21.1 Assim, propõe-se a expedição de medida cautelar nos termos formulados inicialmente, e a
realização de audiência dos membros da comissão de licitação e do atual gestor do município, todos
subscritores do edital.”
3. A Secex-PI finalizou a sua instrução com a seguinte proposição:
“PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
22. Ante o exposto, propõe-se:
22.1 determinar, cautelarmente, nos termos do art. 276 do Regimento Interno/TCU, à
prefeitura municipal de Parnaíba/PI, que se abstenha de dar prosseguimento à Concorrência n.
14/2011- PMP, ou ao contrato correspondente, caso este já tenha sido firmado, até ulterior
deliberação deste Tribunal;
22.2 realizar, com fulcro no art.43, II, da Lei 8.666/93, audiência dos membros da comissão de
licitação da Concorrência n. 14/2011 – PMP, Helivânia Dourado da Silva, CPF: 766.302.773-68
(presidente), Mario Sergio Ferreira Maia, CPF: 762.367.903-10 , Adylson Araújo Peres, CPF:
008.532.223-71 (membro), bem assim do prefeito municipal de Parnaíba, José Hamilton Furtado
Castelo Branco, CPF: 022.431.303-78, para apresentação, no prazo de quinze dias, de razões de
justificativa acerca das seguintes ocorrências:
a) exigência, contida no item 6.2.3, “e.1”, do edital, de que a visita técnica ao local das obras
tenha sido realizada através de um responsável técnico pertencente ao quadro da empresa ou
proprietário.
b) exigência constante dos itens 7.2, 7.3 e 10.1 do edital (p. 83-85 e 90-92, peça 1) de
apresentação de proposta técnica contemplando itens e critérios de pontuação pouco objetivos e com
exigência de um número mínimo de atestados a serem apresentados para efeito de classificação, em
arrepio ao art. 37, XXI, da Constituição Federal, e 30, § 10, I, da Lei 8.666/93.
c) utilização de licitação tipo “técnica e preço” para a contratação da execução das obras em
arrepio ao art. 46 da Lei 8.666/93.”
4. Passo a decidir.
5. Em sua instrução, a Secex-PI considerou presentes os requisitos fumus boni juris e
periculum in mora, imprescindíveis para a adoção da medida excepcional pleiteada, consistente na
suspensão cautelar da Concorrência nº 014/2011 ou do contrato dela decorrente, porventura já
celebrado, até que este Tribunal delibere sobre o mérito da matéria.
6. Manifesto-me de acordo com a análise empreendida pela unidade técnica acerca das
irregularidades suscitadas no edital da licitação, anuindo à proposição por ela formulada, por
vislumbrar agora, depois de efetivada a oitiva prévia do prefeito municipal de Parnaíba/PI, a
comprovação mínima do efetivo prejuízo à competição propiciado pelas sobreditas irregularidades.
103
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
7. A propósito, acerca da presença de indícios mínimos de que o caráter competitivo da
licitação tenha restado, de fato, frustrado, constato que, de acordo com as atas das sessões da comissão
de licitação (p. 23, peça 10), apenas uma empresa compareceu ao certame (Construtora Jurema Ltda.),
tendo sido considerada habilitada, conforme ata de 11/6/2012 (p. 24, peça 10). Considero atendido,
pois, o requisito do fumus boni juris.
8. Também na esteira do que sustentou a unidade técnica, “embora haja a possibilidade de o
certame se encontrar suspenso, a não expedição de cautelar permite a sua continuidade, e a
formalização de contrato com a empresa, em um certame onde foram identificados indícios de
restrição ao caráter competitivo do certame (...) e onde verificou-se o comparecimento de apenas uma
empresa”. Nesse sentido, reconheço também a presença do requisito do periculum in mora e a
necessidade de urgência na ação desta Corte.
9. Feitas essas considerações, aquiescendo à proposta da Secex-PI, com os ajustes de forma que
reputo pertinentes, DECIDO:
9.1. adotar medida cautelar, com base no art. 276 do RI/TCU, determinando à Prefeitura
Municipal de Parnaíba/PI que suspenda cautelarmente a Concorrência nº 14/2011, ou a execução
financeira do contrato dela decorrente, caso este já tenha sido celebrado, até que o Tribunal delibere
sobre o mérito da matéria;
9.2. autorizar, com fundamento no art. 237, parágrafo único, c/c o art. 250, IV, ambos do
RI/TCU, a audiência dos membros da comissão de licitação da Concorrência nº 14/2011, Srª Helivânia
Dourado da Silva, CPF 766.302.773-68, Sr. Mario Sergio Ferreira Maia, CPF 762.367.903-10, e Sr.
Adylson Araújo Peres, CPF 008.532.223-71, bem assim do prefeito municipal de Parnaíba, Sr. José
Hamilton Furtado Castelo Branco, CPF 022.431.303-78, para que apresentem, no prazo de 15 (quinze)
dias a contar da ciência, razões de justificativa acerca das ocorrências elencadas no subitem 22.2 da
instrução da unidade técnica.
9.3. determinar à Secex-PI que:
I) ao promover as audiências acima determinadas, envie aos destinatários cópia de todos os
elementos necessários à apresentação das suas razões de justificativa a este Tribunal;
II) dê imediata ciência do teor deste despacho à Prefeitura Municipal de Parnaíba/PI;
III) tão logo sejam encaminhados os elementos requeridos, instrua os autos com a urgência que
o caso requer.
Brasília, 17 de agosto de 2012.
(Assinado Eletronicamente)
JOSÉ JORGE
Relator
ANEXO III DA ATA Nº 33, DE 22 DE AGOSTO DE 2012
(Sessão Ordinária do Plenário)
PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA
Relatórios e Votos emitidos pelos respectivos Relatores, bem como os Acórdãos de nºs 2215 a
2254, aprovados pelo Plenário.
GRUPO I – CLASSE I – Plenário
TC 010.327/2009-8 [Apenso: TC 010.332/2009-8]
Natureza: Pedido de reexame (Relatório de levantamentos)
104
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Entidade: Secretaria de Infra-estrutura Hídrica
Responsáveis: Sondotécnica Engenharia de Solos S/A (CNPJ 33.386.210/0001-19) e Enger
Engenharia S/C Ltda. (CNPJ 51.167.500/0001-53)
Interessadas: Sondotécnica Engenharia de Solos S/A (CNPJ 33.386.210/0001-19) e Enger
Engenharia S/C Ltda. (CNPJ 51.167.500/0001-53)
Advogado constituído nos autos: Alexandre Frayze David (OAB/SP 160.614), Jonas Cecílio
(OAB/DF 14.344)
SUMÁRIO: RELATÓRIO DE LEVANTAMENTOS. FISCOBRAS 2009. PROJETO DE
INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO. CONTRATOS DE SUPERVISÃO DE OBRAS.
PAGAMENTO PELAS CONTRATADAS DE REMUNERAÇÕES AOS PROFISSIONAIS EM
VALORES INFERIORES AOS ESPECIFICADOS NAS PROPOSTAS VENCEDORAS DA
LICITAÇÃO. PAGAMENTOS DÚPLICES.
DETERMINAÇÕES. PEDIDOS DE REEXAME. MÉTODO DA LISTAGEM DE
ATIVIDADE E DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DE HORAS. AUSÊNCIA DE CAMPOS
ESPECÍFICOS PARA APROPRIAÇÃO DE TODOS OS CUSTOS A QUE ESTÁ SUJEITA A
CONTRATADA. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO, NO CASO CONCRETO, ENTRE AS
REMUNERAÇÕES INDICADAS NAS PROPOSTAS DE PREÇOS E AS PAGAS AOS
TRABALHADORES. AUSÊNCIA DE PAGAMENTOS EM DUPLICIDADE. PAGAMENTO
INDEVIDO. BAIXA MATERIALIDADE. ECONOMIA PROCESSUAL. CONHECIMENTO.
PROVIMENTO. INSUBSITÊNCIA DOS SUBITENS 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5 E 9.1.6 DO
ACÓRDÃO 446/2011, PLENÁRIO. RELATÓRIO
Trata-se de pedidos de reexame interpostos por Enger Engenharia S/A e Sondotécnica
Engenharia de Solos S/A contra o Acórdão 446/2011, Plenário, a seguir transcrito:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria –
Fiscobras 2009, realizado na Secretaria de Infraestrutura Hídrica (SIH) do Ministério da Integração
Nacional – MI, com o objetivo de avaliar em que medida os recursos destinados ao Projeto de
Integração do Rio São Francisco – PISF com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional estão
sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, cuja análise enfocou contratos de supervisão
de obras, resultantes do Edital 01/2005-MI,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar ao Ministério da Integração Nacional – MI que:
9.1.1. em relação aos contratos de supervisão do Projeto de Integração do Rio São Francisco
com as Bacias do Nordeste Setentrional, inclua cláusula nos contratos 34/2007-MI (lote 1), 41/2007-
MI (lote 2), 15/2008-MI (lote 3), 14/2008-MI (lote 4), 10/2008-MI (lote 5), 11/2008-MI (lote 6),
12/2008-MI (lote 7), 35/2007-MI (lote 8), 36/2007-MI (lote 9), 46/2007-MI (lote 10), 13/2008-MI (lote
11), 16/2008-MI (lote 12), 40/2007-MI (lote 13), 19/2008-MI (lote 14), decorrentes do edital 01/2005,
que:
9.1.1.1. limite o pagamento dos serviços contratados à apresentação de documento
comprobatório do recolhimento mensal do INSS e do FGTS, a cargo das empresas contratadas,
gerado pelo SEFIP - Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social
(Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência
Social - GFIP; Guia de Recolhimento do FGTS - GRF ou documento equivalente), de acordo com a
legislação e os padrões estabelecidos pela Previdência Social e pela Caixa Econômica Federal;
9.1.1.2. exija das empresas contratadas, no ato do recebimento do Boletim de Medição e de
entrega dos relatórios mensal e final, a apresentação de relação nominal dos empregados designados
para execução dos serviços, com CPF, cargo, valor do salário mensal, carga horária mensal
trabalhada, período trabalhado, valor pago do INSS e do FGTS, Número de Identificação do
105
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Trabalhador - NIT, entre outras informações que se fizerem necessárias à verificação do efetivo e
tempestivo controle do recolhimento, pela contratada, dos encargos trabalhistas e previdenciários
(FGTS e INSS) relacionados aos pagamentos de salários dos trabalhadores alocados no contrato; e
9.1.1.3. explicite que as empresas contratadas se obrigam a pagar aos profissionais por ela
contratados os salários lançados em suas propostas de preços.
9.1.2. efetue levantamento do valor total pago a maior (da primeira até a última medição
paga), relativo à diferença entre os preços unitários discriminados nos relatórios de medição de cada
parcela contratual (salários remunerados pelo MI, acrescidos dos percentuais alusivos ao adicional
de transferência, encargos sociais, custo de administração, lucro e despesas fiscais) e os preços
unitários resultantes da remuneração (salário mais adicional de transferência) efetivamente pagos
pelas empresas contratadas (acrescidos dos mesmos percentuais de encargos sociais, custo de
administração, lucro e despesas fiscais), referente a todo o período de execução dos contratos
decorrentes do Edital 01/2005 (contratos 15/2008-MI, 14/2008-MI, 10/2008-MI, 11/2008-MI,
12/2008-MI, 35/2007-MI, 46/2007-MI, 13/2008-MI, 16/2008-MI, 40/2007-MI, 19/2008-MI),
procedendo a glosa, nos próximos pagamentos a serem feitos às empresas contratadas, ou o
ressarcimento ao MI dos valores pagos indevidamente, de forma a garantir a aplicação do art. 66 da
Lei 8.666/93;
9.1.3. promova a imediata glosa dos valores abaixo descritos, em função do superfaturamento
advindo das diferenças entre a remuneração que as empresas afirmaram que pagariam e o valor real
recebido pelo profissional, referente aos contratos 34/2007-MI; 41/2007-MI e 36/2007-MI:
9.1.3.1. em relação às medições de n° 1 - fev/2008 a n°14 - mar/2009, do contrato n° 34/2007-
MI, no valor de R$ 750.242,98, decorrente de:
9.1.3.1.1. profissionais medidos pela empresa Sondotécnica e pagos pelo MI, que constavam
como contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 502.502,09);
9.1.3.1.2. profissionais medidos pela empresa Sondotécnica e pagos pelo MI, que não
constavam como contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 245.663,04); e
9.1.3.1.3. profissional medido pela empresa Sondotécnica e pagos pelo MI, sem nome
declarado pela empresa (superfaturamento no valor de R$ 2.077,85).
9.1.3.2 em relação às medições de n° 1 - ago/2008 a n°7 - fev/2009 do contrato n° 41/2007-MI,
no valor de R$ 99.564,33, decorrente de:
9.1.3.2.1. profissionais medidos pela empresa Sondotécnica e pagos pelo MI, que constavam
como contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 85.856,86); e
9.1.3.2.2. profissionais medidos pela empresa Sondotécnica e pagos pelo MI, que não
constavam como contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 13.707,48).
9.1.3.3. em relação às medições de n°1 - mar/2008 a n°12 - fev/2009 do contrato n° 36/2007-
MI, no valor de R$ 466.556,31, decorrente de:
9.1.3.3.1. profissionais medidos pela empresa Enger e pagos pelo MI, que constavam como
contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 372.835,46); e
9.1.3.3.2. profissionais medidos pela empresa Enger e pagos pelo MI, que não constavam
como contratados por esta empresa (superfaturamento no valor de R$ 93.720,85).
9.1.4. promova o levantamento e a imediata glosa dos valores pagos a maior em função do
superfaturamento advindo das diferenças entre a remuneração que as empresas afirmaram que
pagariam e o valor real recebido pelo profissional, referente aos contratos 34/2007-MI; 41/2007-MI e
36/2007-MI, sobre as medições não contempladas no item 9.1.3 anterior até a última medição paga;
9.1.5. adote providências imediatas no sentido de restabelecer o equilíbrio econômico-
financeiro de todos os contratos de supervisão do Projeto de Integração do Rio São Francisco - PISF
em execução, por meio da revisão dos preços unitários, de forma que esses preços passem a retratar a
remuneração (salário mais adicional de transferência) efetivamente paga pela empresa contratada à
equipe de profissionais alocada para atendimento ao MI, considerando que foram constatados
pagamentos de remuneração em níveis inferiores aos definidos nos referidos ajustes, retendo as
106
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
garantias contratuais e abstendo-se, em consequência, a partir da notificação desta deliberação, de
desembolsar valores superiores aos despendidos pela contratada no pagamento da remuneração dos
trabalhadores alocados ao MI, incluindo-se, nesse cálculo, os valores desembolsados com pagamento
de encargos sociais, custo de administração, lucro e despesas fiscais, de forma a garantir o
estabelecido no art. 66 da Lei 8.666/93, sob pena de responsabilidade solidária;
9.1.6. realize glosa no próximo pagamento do contrato 46/2007-MI (lote 9), firmado com a
empresa Enger Engenharia S/C Ltda. (CNPJ 51.167.500/0001-53), no valor pago a maior em função
do pagamento em duplicidade de 0,17 “Hxmês” relativo aos profissionais alocados na medição de n°
9 (nov/2008);
9.1.7. informe ao Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da ciência desta
deliberação, as medidas adotadas para dar cumprimento ao disposto nos itens anteriores;
9.1.8. apure e envie ao TCU, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da ciência desta
deliberação, o montante de serviços subcontratados no âmbito dos contratos celebrados para a
supervisão do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional,
em valor absoluto e em percentual, indicando cada subcontratação realizada e esclarecendo em que
rubrica do orçamento tais despesas foram executadas;
9.1.9. realize prévia pesquisa de preços em todos os processos de contratação realizados pelo
Ministério, com estimativas de preços suficientemente fundamentadas e detalhadas com base em
planejamento eficiente realizado pela área técnica, de forma a cumprir o estipulado no inciso II, §2º,
art. 7º, da Lei nº 8.666/93, utilizando, para isso, propostas de fornecedores e outras fontes de pesquisa
que reflitam os preços praticados no mercado;
9.2. determinar à 4ª Secex que dê continuidade à análise dos indícios de irregularidades
apresentados no item 3 da instrução de folhas 586/593, objetivando avaliar a ocorrência de
descumprimento do item 9.6 do Acórdão nº 2288/2007-TCU-Plenário, ficando desde já autorizado
com fundamento no art. 37 da Resolução-TCU nº 191/2006, se for o caso, a formação de processo
apartado, de natureza diversa do presente processo, mediante o desentranhamento ou reprodução por
cópia de peças dos presentes autos;
9.3. enviar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam, ao
Ministério da Integração Nacional, ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e às empresas
contratadas Sondotécnica Engenharia de Solos S/A (CNPJ 33.386.210/0001-19) e Enger Engenharia
S/C Ltda. (CNPJ 51.167.500/0001-53).
A Secretaria de Recursos assim se manifesta, in verbis (peça 79):
1. Trata-se de pedidos de reexame interpostos pelas empresas Enger Engenharia S/A e
Sondotécnica Engenharia de Solos S/A contra o Acórdão 446/2011-TCU-Plenário (peça 15, p. 2),
mantido pelo Acórdão 1.732/2011-TCU-Plenário (peça 16, p. 13).
2. A deliberação recorrida apreciou auditoria realizada na Secretaria de Infraestrutura
Hídrica do Ministério da Integração Nacional – SHI/MI, no Projeto de integração do Rio São
Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional, em contratos de supervisão de obras
(engenharia consultiva) resultantes do Edital 1/2005-MI.
3. Foram analisados os contratos 34, 36 e 41/2007-MI, celebrados com as empresas
Sondotécnica (os dois primeiros) e Enger Engenharia (o terceiro ajuste), ora recorrentes.
HISTÓRICO
4. A presente auditoria foi realizada em cumprimento ao Acórdão 345/2009-TCU-Plenário. O
trabalho enfocou contratos de supervisão das obras do projeto de integração do Rio São Francisco,
caracterizados pelo uso intensivo de mão de obra.
5. Como resultado, foram verificadas deficiências na fiscalização dos contratos pelo MI e,
como ponto principal, o pagamento de salários, pelas contratadas, em patamares inferiores aos
discriminados nas propostas que apresentaram na licitação.
6. Ao apreciar a matéria, o Tribunal, no que interessa ao presente recurso, determinou ao
Ministério que adotasse providências corretivas, consistentes em:
107
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
a) exigir das contratadas a relação nominal dos empregados designados para execução dos
serviços e condicionar o pagamento à comprovação do recolhimento de INSS e FGTS (itens 9.1.1.1 e
9.1.1.2 do acórdão recorrido);
b) incluir, nos contratos, cláusulas que obriguem ao pagamento dos mesmos salários
indicados nas propostas de preço apresentadas na licitação (item 9.1.1.3);
c) efetuar a imediata glosa dos valores relativos às diferenças entre os salários que as
empresas afirmaram que pagariam e os que efetivamente pagaram a seus empregados, tanto nas
medições analisadas na auditoria (item 9.1.3) como em futuras medições (item 9.1.4);
d) estender o mesmo levantamento de diferenças aos demais contratos resultantes do Edital
1/2005, não contemplados na auditoria, e efetuar a correspondente glosa (item 9.1.2), bem como
adotar medida semelhante, para restabelecimento do equilíbrio financeiro, a todos os contratos de
supervisão do Projeto de Integração do Rio São Francisco (item 9.1.5);
e) realizar, especificamente quanto ao Contrato 46/2007, glosa do valor pago em duplicidade
na medição do mês de nov/2008 (item 9.1.6).
7. Para maior clareza, reproduz-se o teor do acórdão recorrido, no que interessa ao presente
recurso: (...)
8. Foram opostos embargos declaratórios, rejeitados pelo Acórdão 1.732/2011-TCU-Plenário
(peça 16, p. 13).
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
9. Por estarem preenchidos os requisitos processuais aplicáveis à espécie, reiteram-se os
exames preliminares de admissibilidade (peça 74, p. 31, e peça 75, p. 22), acolhidos pelo Ministro-
Substituto Weder de Oliveira (peça 74, p. 35), atuando em substituição ao Ministro Walton Alencar
Rodrigues, que concluiu pelo conhecimento do recurso, na forma proposta pela Serur, suspendendo-se
os efeitos dos subitens 9.1.1 a 9.1.6 do acórdão recorrido.
10. A única ressalva diz respeito aos subitens 9.1.1.1 e 9.1.1.2 do acórdão, que dizem respeito
aos controles sobre a observância, pelas contratadas, das obrigações relativas ao INSS e FGTS
referentes ao pessoal alocado ao projeto. Pelas razões expostas no item 12, infra, entende-se que esse
tema não foi objeto de impugnação específica, não se incluindo no escopo dos presentes recursos.
EXAME TÉCNICO
11. Objeto do recurso
11.1. A principal questão debatida nos recursos diz respeito a saber se os salários informados
pelas empresas em suas propostas de preço apresentam ou não caráter vinculante – ou seja, se as
empresas estão ou não obrigadas a pagar a seus empregados o exato valor informado nas planilhas
de composição de custos unitários que apresentaram na licitação. A esse tema se referem os subitens
9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4 e 9.1.5 do acórdão recorrido, sendo a matéria questionada por ambas as
recorrentes.
11.2. Já o subitem 9.1.6 da deliberação foi questionado apenas pela Enger Engenharia S.A,
por lhe dizer respeito exclusivamente, e se refere a pagamentos em duplicidade no contrato 46/2007-
MI.
12. Itens 9.1.1.1 e 9.1.1.2 – recolhimentos de INSS e FGTS
12.1. Embora tenha constado do exame de admissibilidade e os efeitos desses subitens tenham
sido suspensos, não se observa, nos recursos, questionamentos específicos quanto às exigências de
apresentação, pelas contratadas, da relação nominal dos empregados alocados ao projeto (subitem
9.1.1.2) e de condicionamento dos pagamentos à comprovação do recolhimento dos encargos
correspondentes de INSS e FGTS (subitem 9.1.1.1).
12.2. O Tribunal busca, com essas determinações, fazer com que o Ministério da Integração
exerça eficazmente o dever de fiscalizar e acompanhar os contratos, de forma a não dar causa a que a
Administração venha a ser responsabilizada solidariamente por encargos previdenciários (Lei
8.666/1993, § 2º, art. 7º) ou subsidiariamente por encargos trabalhistas (Súmula 331 do TST)
resultantes da execução dos ajustes.
108
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
12.3. No recurso interposto contra o Acórdão 1.009/2011-TCU-Plenário, objeto de outro
processo também relativo ao projeto de integração do Rio São Francisco (TC 022.745/2009-0), há
insurgência contra determinação de idêntico teor. Nos presentes autos, contudo, esse ponto não foi
impugnado.
12.4. Com efeito, observa-se que a empresa Sondotécnica Engenharia de Solos aborda muito
brevemente a questão (peça 75, p. 20, subitem 3.2), apenas sinalizando que, por tratar-se da
fiscalização a cargo do Ministério, a matéria deveria “ser objeto de argumentação do próprio
Ministério”. Por isso, não contesta o decidido. Ao contrário, destaca trecho de parecer do MP/TCU
no TC 008.477/2008-0, onde se afirma “o interesse público que existe no fato de o empregador
respeitar o piso salarial da categoria, recolher os impostos em geral e o recolhimento do fundo de
garantia” (grifou-se).
12.5. O mesmo se diz do recurso da empresa Enger Engenharia S.A. A matéria é abordada no
subitem 2.7 das razões recursais (peça 74, p. 18 e ss.), que afirmam ser “legítimo que as Unidades de
Assessoria [do Tribunal] fiscalizem o adequado cumprimento do recolhimento dos impostos e
contribuições sociais no curso do ajuste”. A recorrente apenas ressalva que, a seu ver, “a consulta e
conhecimento deste dado (valor salarial praticado) serve única e exclusivamente para a fiscalização
das contribuições e impostos”, e não para se exigir que o salário praticado seja o informado na
proposta (tema efetivamente impugnado).
12.6. Demonstra-se, assim, que o teor dos subitens 9.1.1.1 e 9.1.1.2 não foi objeto de
contestações pelas recorrentes, não estando abrangidos pelo efeito devolutivo dos presentes recursos.
12.7. Passa-se ao exame das determinações efetivamente impugnadas.
13. Item 9.1.6 – Duplicidade de pagamentos no Contrato 46/2007:
13.1. Nos termos do acórdão recorrido, na medição do mês de nov/2008 houve o pagamento
em duplicidade de 0,17 “h/mês” relativos aos profissionais alocados ao projeto.
13.2. A análise da matéria encontra-se nos §§ 131 e ss. da instrução da peça 12, p. 38, que
retoma e detalha o achado inicial contido no relatório de auditoria.
13.3. A empresa Enger Engenharia S.A nega a existência de pagamentos em duplicidade
(subitem 2.6, peça 74, p. 17), afirmando, em síntese, que “a tabela adotada pela ilustre Auditoria
considera períodos de apuração equivocados”. Para demonstrar seu argumento, reproduz tabela em
que apresenta os períodos do efetivo faturamento e os períodos considerados nas análises do
Tribunal, idêntica à já reproduzida na citada instrução da unidade técnica a quo.
13.4. Pelas razões que se seguem, entende-se assistir razão à recorrente.
13.5. Para contextualizar a discussão, é relevante quantificar o suposto pagamento a maior, o
que pode ser feito da seguinte forma:
a) a medição do mês de nov/2008 apresentou um valor total de R$ 178.428,10 (peça 41, p.
43). Desse total, os custos com mão de obra importaram em R$ 150.031,00 (peça 41, p. 44), com
demonstração analítica contida na peça 41, p. 45-46;
b) portanto, ao quantitativo de 1,17 h/mês correspondeu uma despesa de R$ 150.031,00 (os
quantitativos mencionados ao longo deste item referem-se à fração do mês abrangida no período de
faturamento – ex.: 0,17 corresponde a 5 dias, num total de 30 –, fração essa a ser multiplicada pelo
salário de um dado profissional, para se calcular o valor a ser faturado, relativamente ao profissional
em questão);
c) se ao quantitativo de 1,17 h/mês correspondeu a despesa de R$ 150.031,00, então ao
quantitativo de 0,17 (apontado como excedente) corresponderiam R$ 21.799,38, que é o montante em
discussão neste tópico.
13.6. Todos os pagamentos foram feitos com base nos “certificados de pagamento”. Neles, as
medições compreenderam o período de um mês, e por isso tiveram o “quantitativo” estabelecido em
“1,0”. Só há duas exceções: a primeira e a nona medições, como demonstra a tabela contida no § 134
da instrução da peça 12, p. 39.
109
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
13.7. A primeira medição compreendeu a prestação de 22 dias de serviço, em um mês de 31
dias. Daí o quantitativo de “0,7” (22/31), e não de “1,0”. A partir dessa primeira, as medições
passaram a abranger o período de um mês, recebendo o quantitativo “1,0”.
13.8. No entanto, havia divergência entre o regime de contagem adotado na demonstração
analítica do pessoal alocado ao projeto (a “lista de profissionais alocados no contrato”, 1ª coluna da
tabela da peça 12, p. 39) e o utilizado no certificado de pagamento (2ª coluna): a lista de pessoal
valia-se do critério do “mês calendário”, abrangendo do primeiro ao último dia de cada mês; o
certificado de pagamento, por seu turno, adotava o regime do dia 26 de um mês ao dia 25 do mês
seguinte (vide mencionada tabela).
13.9. Ante os inconvenientes da duplicidade de regimes, na nona medição (objeto deste
recurso) o período de faturamento foi estendido do dia 26/10/2008 ao dia 30/11/2008, para, a partir
daí, tanto a demonstração analítica do pessoal quanto o certificado de pagamento adotarem o mesmo
regime de “mês calendário”, unificando-se o critério de apuração em ambos os documentos.
13.10. No mês de novembro de 2008, portanto, o faturamento iniciou-se em 26/10/2008 e se
estendeu até 30/11/2008 (e não apenas até o dia 25, como nas medições anteriores), para que, a partir
décima medição, os faturamentos se iniciassem no dia 1º de cada mês (e não no dia 26 do mês
anterior). Com a extensão dos dias faturados em nov/2008, o quantitativo foi de “1,17” (35 dias, em
vez de 30 dias), e não de “1,0”, sendo essa a diferença que o acórdão recorrido reputou como
indevida e passível de glosa.
13.11. A unidade técnica fundamentou a conclusão de que o quantitativo correto deveria ser
“1,0”, e não “1,17”, tanto a partir de análise da “lista de profissionais alocados” (§§ 135 e ss. da
instrução da peça 12, p. 39) quanto a partir da análise do “certificado de pagamento” (§§ 138 e ss.).
Como este último é o documento adotado para fins de faturamento e liquidação da despesa, passa-se
a considerar as conclusões dele extraídas pela referida instrução.
13.12. A essência do achado foi registrada no § 139.1, que apresenta o seguinte teor:
Na medição 01, a contratada cobrou o quantitativo de 0,70 “Hxmês” relativo ao período de
medição de 04/03/2008 a 25/03/2008. Entretanto, como foi visto na “lista de profissionais alocados no
contrato”, os profissionais foram alocados a partir do dia 10/03/2008, havendo cobrança indevida
dos dias 04/03/2008 a 09/03/2008. Mantendo o percentual cobrado pela empresa (0,70 “Hxmês”), o
período de medição correto deveria ter sido de 10/03/2008 a 31/03/2008.
13.13. A partir desse entendimento, de que “o período de medição correto [da medição n. 1]
deveria ter sido de 10/03/2008 a 31/03/2008”, a unidade procedeu a correções nas datas dos
certificados de pagamento, produzindo a tabela contida no item 138 (peça 12, p. 40), em que todas as
datas foram deslocadas para o regime do “mês calendário”, desprezando-se o período do efetivo
faturamento (do dia 26 ao dia 25 de cada mês). Esse deslocamento de datas provocou distorções na
medição n. 9 (nov/2008), em que foi adotada a mudança do regime, comentada antes.
13.14. Veja-se que não seria necessária a “correção” das datas de faturamento, o que apenas
provocou a migração do problema da primeira para a nona medição. Concretamente, a falha que os
autos indicam é aquela expressamente registrada pela unidade técnica a quo, a saber: a “cobrança
indevida dos dias 04/03/2008 a 09/03/2008”. O tratamento dado a essa falha é que, entende-se, não
foi o mais adequado. Senão, veja-se:
a) a primeira medição foi faturada de 4/3/2008 a 25/3/2008. Como os profissionais foram
alocados a partir do dia 10/03/2008, é de fato indevida a cobrança do dia 4 ao dia 9/3 (como
registrado pela unidade técnica: “havendo cobrança indevida dos dias 04/03/2008 a 09/03/2008”);
b) para o enfrentamento dessa falha (correspondente a seis dias de pagamento por serviços
não prestados), não seriam necessárias as correções nas datas de todos os faturamentos posteriores.
A despesa era indevida e poderia ter sido impugnada por si mesma. Veja-se que, pela sistemática
adotada no acórdão recorrido, os efeitos dos seis dias de pagamento indevidos na 1ª medição, de
mar/2008, foram transferidos para a 9ª medição, de nov/2008. Tanto que o acórdão recorrido nada
impugnou em relação à medição 1 (de março), mas impugnou 6 dias na medição 9, de novembro
110
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
(reduzindo o “quantitativo” de “1,17” para “1,0” e determinando a glosa dos “0,17” de diferença,
cf. item 9.1.6 do acórdão).
13.15. A dificuldade em sustentar tal conclusão é que o recorrente foi levado a se manifestar
sobre a medição 9 (de novembro), e não sobre os 6 dias indevidos na medição 1 (de março). E, quanto
à medição 9, procede o argumento de que a diferença constatada no acórdão recorrido decorre do
fato de que “a tabela adotada pela Ilustre Auditoria considera períodos de apuração equivocados”,
como demonstra “a simples consulta da documentação de faturamento” relativa ao mês impugnado
(nov/2008).
13.16. Na situação dos autos, portanto, o responsável em nenhum momento foi chamado a se
pronunciar sobre o efetivo fato gerador da despesa passível de glosa (a “cobrança indevida dos dias
04/03/2008 a 09/03/2008”), não havendo como subsistir a condenação.
13.17. Poderia se cogitar do retorno do processo, quanto a esse ponto, à fase de contraditório,
perante o relator a quo, já que a ausência de oportunidade de manifestação configura erro de
procedimento. A baixa materialidade da falha, todavia, não recomenda tal medida. A quantificação
pode ser assim estabelecida:
a) a primeira medição teve valor total de R$ 47.966,16 (peça 38, p. 4), dos quais R$ 36.154,33
correspondem a mão de obra e R$ 11.811,83 a custos diretos (cf. discriminação na peça 38, p. 5-6);
b) o valor de mão de obra correspondeu ao quantitativo de “0,7” do salário dos profissionais
alocados (22/31, referentes aos 22 dias faturados, no período de 4/3/2008 a 25/3/2008), quantitativo
esse que figura nas tabelas contidas nos autos. O correto, no entanto, seria o quantitativo de “0,52”
(16/31, referentes aos 16 dias entre 10/3 e 25/3/2008, já que foi considerada indevida a cobrança dos
6 dias relativos ao período de 4 a 9/3/2008);
c) se ao quantitativo (indevido) de “0,7” corresponderam R$ 36.154,33, ao quantitativo
(correto) de “0,52” corresponderiam R$ 26.857,50. A diferença, que constitui o suposto prejuízo,
equivale a R$ 9.296,83, que se tem como insuficiente para justificar o retorno do processo à fase
original.
Com esses fundamentos, propõe-se o provimento do recurso quanto à questão ora analisada.
14. Demais itens – o caráter vinculante ou não dos salários informados na licitação
14.1. Os demais itens impugnados referem-se a determinações para a glosa imediata de
pagamentos considerados indevidos (e levantamentos, para glosas futuras, de períodos e outros
contratos não analisados na auditoria), resultantes da diferença entre os salários informados nas
propostas que as recorrentes apresentaram na licitação e aqueles que foram efetivamente pagos a
seus empregados, segundo dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais-CNIS, obtidos junto
ao Ministério da Previdência Social.
14.2. Adianta-se que esse tema está em análise também no TC-014.508/2007-5. Referido
processo foi posto em pauta para julgamento na sessão de 11/5/2011, mas o Procurador-Geral do
MP/TCU formulou pedido de vista, “a fim de melhor examinar importante controvérsia jurídica
contida nos autos”, qual seja, saber se “o fato de a empresa contratada remunerar seus empregados
segundo valores inferiores aos que constaram de sua proposta oferecida na licitação constitui dano à
Administração contratante”. Cópia do parecer do MP/TCU consta da peça 74, p. 26-29.
14.3. O tema é abordado por ambos os recorrentes, cujos argumentos, no conjunto, podem ser
assim sintetizados:
a) os ajustes em questão têm natureza de contrato de gerenciamento de obra pública, e não de
simples fornecimento de mão de obra especializada. Atende à necessidade da Administração de
fiscalizar e acompanhar suas obras sem ter que dispor de uma vasta gama de servidores que, em um
segundo momento, ficariam ociosos;
b) a engenharia consultiva é uma atividade técnica e intelectual complexa, em que a interação
de várias especialidades é imperiosa. Nesse ramo, o corpo de profissionais é da empresa contratada,
que responde pela qualidade técnica dos serviços prestados. Nos ajustes em exame, contrata-se o
111
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
serviço de consultoria especializada, e não a alocação de mão de obra ou de profissionais específicos.
Contrata-se a empresa, e não simplesmente as pessoas envolvidas;
c) o fato de a estrutura de medição dos serviços estar baseada em “homens/mês” não autoriza
presumir que os contratos sejam de locação de mão de obra. Trata-se apenas de métrica
universalmente utilizada como forma padrão dos serviços de consultoria. Os contratos de
fornecimento de mão de obra não oferecem riscos aos contratados, remunerados que são pelo seu
custo e um adicional de lucro. Nos contratos de fiscalização, ao contrário, compete ao particular
otimizar sua estrutura, para oferecer serviços de qualidade e ao menor custo possível;
d) a publicação de todo edital de licitação pública é antecedida da elaboração de um
orçamento detalhado do que se pretende contratar, orçamento este que conterá o preço aceitável pela
Administração e a composição de seus custos unitários. A importância dessa composição tem a ver
com o exame da aceitabilidade dos preços propostos, de forma a coibir tanto os preços abusivos
quanto os inexequíveis. A exigência de apresentação do orçamento das licitantes e sua decomposição
de preços unitários é também relevante para o exame de eventuais “jogos de planilha”, que resultem
em um preço total aceitável, mas que contenha itens unitários desviados da realidade do mercado;
e) tal exigência não tem como causa, porém, a futura vinculação dos preços unitários
ofertados àqueles que serão efetivamente pagos pelas contratadas a seus fornecedores e prestadores
de serviços. Nem o edital nem os termos de contrato criaram essa vinculação. Tanto que se for
verificada uma oscilação do preço dos insumos que for considerada usual ou dentro de uma álea
ordinária, o contratado seguirá sendo obrigado a prestar os serviços na forma e preços pactuados,
sem direito a indenizações ou aumentos de valores, salvo pelo reajuste anual a que se refere o art. 40,
XI, da Lei de Licitações. Assim, se, por exemplo, o salário de um engenheiro sofre acréscimos por
conta do advento do dissídio coletivo, a remuneração paga pela Administração ao contratado
permanecerá inalterada até o advento do reajuste anual. Ao contrário dos contratos para
fornecimento de mão de obra, os contratos em questão não têm seus reajustes coincidentes nem em
época nem em valores com os aumentos verificados nos salários;
f) cada empresa possui um sistema próprio de cálculo de seus custos, que varia conforme sua
capacidade de se organizar, planejar, estimar seus custos e operar dentro dessas estimativas. Ao
responder a um chamamento da Administração, cada empresa precisa ter em mente os custos que
incorrerá para fornecer o serviço licitado e após, em uma operação de engenharia reversa,
“encaixar” seu próprio custo na estrutura de preços predeterminada pela Administração licitante (o
que viabiliza a comparação objetiva das propostas). No entanto, é evidente que em uma contratação
complexa como a tratada nestes autos, inúmeras particularidades na composição de custos de cada
empresa acabam sendo ignoradas pelo edital;
g) com efeito, é virtualmente impossível à Administração Pública espelhar em um edital todos
e cada um dos custos incidentes em uma contratação do porte da operada pelo Ministério da
Integração Nacional. Da mesma forma, não se conhece edital de licitação que, ao prever a
apresentação dos salários previstos, indique campo para todas as contingências decorrentes da
contratação de um profissional. Ainda assim, o edital em questão alertou aos licitantes que o valor
proposto deveria suportar todas as despesas que incidissem ou viessem a incidir na execução dos
serviços, de forma que o licitante não poderá reclamar no futuro que a Administração impediu a
cotação de alguma despesa que era inerente à execução do contrato;
h) daí se concluir que os contratos em questão envolvem naturais riscos ao contratado, sendo
certo que o custo para a contratante e o salário pago pelas contratadas a seus empregados são coisas
bastante distintas. Fosse o objeto da contratação reduzido a contratar profissionais a um preço certo
e determinado e disponibilizá-los à Administração pelo referido valor, seria o ajuste de mera
disponibilização de mão de obra, e não de prestação de serviços. Fosse assim, e houvesse a
vinculação exigida pelo Tribunal, a estrutura das propostas das contratadas seriam bem diferentes da
apresentada;
112
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
i) a ideia de vincular contratualmente os salários previstos em proposta e o efetivo pagamento
de funcionários deve ser amplamente discutida e estudada, pois as repercussões operacionais são
enormes para as empresas. Cita-se o exemplo de uma empresa que mantenha três contratos distintos
com o MI, alocando três engenheiros distintos, mas do mesmo nível. A cada reajuste de um dos
contratos a empresa teria que reajustar o salário do engenheiro a ele vinculado, mas não poderia
reajustar os dos outros dois engenheiros, por estarem vinculados a avenças diversas. No entanto, a
legislação trabalhista determina que todos os funcionários de mesmo nível e categoria tenham os
mesmos salários;
j) no caso presente, nem o edital, nem a proposta, nem o contrato vincularam a “tarifa
mensal” ao salário efetivamente pago aos empregados alocados ao ajuste.
14.4. Na análise do tema, enfatiza-se que os contratos em exame, de engenharia consultiva,
diferenciam-se nitidamente dos contratos para fornecimento de mão de obra. Nestes, a data base de
salários adotada na proposta é usualmente considerada como termo inicial de contagem dos reajustes
contratuais, assim como a variação dos salários em cada data base é refletida diretamente no reajuste
do contrato. Nos ajustes em questão, diferentemente, não há qualquer vínculo do período e do
montante de reajuste do contrato com a variação de salários ocorrida na vigência do contrato (de
cinco anos, no caso). É o contratado quem deve assumir os riscos de eventuais diferenças entre as
variações salariais que ocorrerem em cada período de apuração e o reajuste que lhe será
proporcionado pelo índice contratual preestabelecido.
14.5. Ademais, as empresas de consultoria consultiva contam (é natural que contem) com
corpo mais estável de empregados, comparativamente às empresas de locação de mão de obra, e de
alta especialização. Com isso, é mesmo esperado que prestem serviços a diferentes órgãos, em uma
sucessão de contratos ou mesmo em contratos simultâneos, valendo-se de um mesmo corpo técnico
(embora não necessariamente dos mesmos técnicos), sujeito, pelas regras do regime celetista, aos
princípios da equiparação salarial e da irredutibilidade de vencimentos.
14.6. Assim, procede o argumento de que a vinculação ao salário ofertado em cada um dos
múltiplos certames de que uma mesma empresa participa (simultânea ou sucessivamente) traria
dificuldades operacionais de grande relevo, pois técnicos distintos, de igual qualificação, trabalhando
em contratos diversos, não poderiam receber salários diferenciados (observadas as regras próprias
do instituto da equiparação, previstas no art. 461 da CLT). Da mesma forma, se ao término de um
contrato com maior salário a empresa, por contingências de mercado, vencesse nova licitação com
proposta de salário inferior, não poderia fazê-lo sem o comprometimento de sua própria
remuneração, ante o princípio da irredutibilidade de salários. Situação ainda mais complexa se daria
quando um mesmo técnico, de alta qualificação mas demandado em tempo apenas parcial, fosse
alocado a mais de um contrato simultaneamente, trabalhando parcelas do mês em cada um.
14.7. Essas dificuldades apenas realçam a necessidade de que o tema seja apreciado com o
devido detalhamento. E é o que, entende-se, tenha sido feito nos autos do TC-014.508/2007-5,
notadamente no parecer do MP/TCU cuja cópia consta deste processo (peça 74, p. 26-29).
14.8. Acata-se o entendimento expresso pelo MP/TCU no referido parecer, cujos principais
fundamentos podem ser assim sintetizados (o que não dispensa, contudo, a consideração, na íntegra,
do citado estudo, pela inter-relação das teses desenvolvidas):
a) a composição de custos apresentada na licitação é demonstrativa do preço a ser cobrado
da Administração pelos bens e serviços contratados, mas não dos custos que serão incorridos pelo
contratado para cumprir o objeto;
b) a apresentação da planilha é necessária como meio de viabilizar a comparação objetiva
das propostas em disputa, a análise da compatibilidade dos preços ofertados na licitação com os
praticados no mercado e o exame de futuros pleitos de reajustes contratuais. Não, porém, para
vincular o contratado quanto aos custos unitários, sujeitos a oscilações próprias da dinâmica do
mercado;
113
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
c) o contrato por empreitada é celebrado por preço fixo; a retribuição do contratado se dá
mediante o preço avençado, e não por uma margem de lucro. Se, de um lado, o empreiteiro assume os
riscos de eventuais variações de preço dos materiais e da mão de obra, de outro tem a garantia de
receber remuneração prévia e precisamente definida;
d) fixado o preço do contrato, variações normais do custo dos insumos constituem riscos do
negócio, a serem suportados pelas partes. Assim como variações que elevem o preço devem ser
assumidas pelo contratado, a Administração, por outro lado, não poderá reivindicar ganhos oriundos
de reduções havidas dentro da dinâmica normal dos preços. Essas oscilações ordinárias motivam, tão
somente, a aplicação de reajustes anuais, segundo índices setoriais ou globais, conforme disponha o
edital da licitação e o contrato;
e) a proposta formulada na licitação vincula o contratado, mas quanto aos aspectos
relacionados à própria contratante, tais como os preços que serão cobrados da Administração, as
especificações dos materiais que serão empregados, as características dos serviços que serão
prestados, as técnicas empregadas, o ritmo de execução etc. Não quanto ao preço de insumos a serem
adquiridos de terceiros. Caso contrário, estar-se-ia ajustando estipulações em favor de terceiros (os
fornecedores dos insumos) e de difícil conformação: “se a empresa contratada, ao ser citada,
proceder ao pagamento da diferença apurada pelo TCU aos seus funcionários [ou a outros
fornecedores, conforme o caso], ainda assim poder-se-ia falar em descumprimento da cláusula
contratual e em dano à Administração?”;
f) uma vez que tenha obtido o menor preço oferecido na licitação e que este seja compatível
com o mercado, a Administração não atende ao interesse público ao expropriar o contratado de
vantagens conseguidas como resultado de seu esforço e de seus méritos;
g) em resumo, as planilhas de custos servem à avaliação de exequibilidade das propostas
oferecidas na licitação, à comparação com os preços de mercado e como parâmetro para aferição do
equilíbrio econômico-financeiro do contrato se este for alcançado por eventos imprevisíveis, não
representando um compromisso do contratado sobre o quanto ele vai gastar na aquisição dos insumos
necessários, incluída aí a mão de obra;
h) fosse o caso de o Poder Público firmar contrato que não corresponda a essa regra geral,
estabelecendo fórmula específica de retribuição do contratado, isso deveria ser objeto de explícita
disposição do edital, e não de mera dedução a partir da composição de custos oferecidas pelo
licitante;
i) por tudo isso, a referência do sobrepreço deve ser preferencialmente o valor de mercado, e
não eventuais diferenças, a menor, entre o valor dos insumos cotados e aqueles efetivamente
adquiridos, e que se situem dentro de margens de oscilação naturais do mercado.
14.9. Por essas razões, opina-se pelo provimento do presente recurso, com a consequente
exclusão dos subitens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3 e subitens, 9.1.4 e 9.1.5 do acórdão recorrido.
14.10. Pondera-se, no entanto, pela conveniência de que o presente feito seja apreciado em
consonância com o TC 014.508/2007-5, no sentido de que as decisões adotadas guardem
conformidade de entendimentos, eis que relativas a contratos envolvendo o mesmo projeto de
integração do Rio São Francisco, versando sobre a mesma tese jurídica.
CONCLUSÃO
15. Da análise antecedente conclui-se pelo provimento dos recursos quanto:
a) ao suposto pagamento em duplicidade na medição n. 9 (nov/2008) do Contrato 46/2007-
MI, firmado com a empresa Enger Engenharia S/A, proposta que, se acatada, resulta na exclusão do
item 9.1.6 do acórdão recorrido;
b) a não caracterização, como sobrepreço, da diferença entre os salários pagos pelas
recorrentes a seus empregados e os valores que constaram de suas propostas no certame, o que
resulta na exclusão dos itens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3 e subitens, 9.1.4 e 9.1.5.
16. Os demais itens não foram objeto de impugnação, nem sofrem consequências pela eventual
exclusão das determinações referidas.
114
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
17. Sobre as comunicações do acórdão recorrido (item 9.3), foi dada ciência da deliberação
original às contratadas (ora recorrentes), ao Ministério da Integração Nacional e ao INSS. O INSS,
porém, informou que a matéria seria de competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil (peça
15, p. 21), razão por que redirecionou o ofício àquele órgão, que já se dirigiu ao Tribunal a respeito
(peça 16, p. 1). Daí propor-se que o resultado do presente recurso seja levado ao conhecimento dos
mesmos destinatários, porém com a substituição do INSS pela RFB.
18. Por fim, registra-se que há pedido de sustentação oral formulado pelo advogado da
empresa Sondotécnica Engenharia de Solos S/A (peça 75, p. 21, letra “d”).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
19. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se, com
fundamento nos arts. 48 e 33 da Lei 8.443/1992:
1) conhecer dos pedidos de reexame interpostos pelas empresas Enger Engenharia S/A e
Sondotécnica Engenharia de Solos S/A contra o Acórdão 446/2011-TCU-Plenário, mantido pelo
Acórdão 1.732/2011-TCU-Plenário, para, no mérito, dar-lhes provimento e, em consequência, excluir
os subitens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5 e 9.1.6 da deliberação recorrida;
2) dar ciência da decisão às recorrentes, ao Ministério da Integração Nacional e à Secretaria
da Receita Federal do Brasil.
VOTO
Trata-se de pedidos de reexame interpostos por Enger Engenharia S/A e Sondotécnica
Engenharia de Solos S/A, contra o Acórdão 446/2011, Plenário, que apreciou auditoria nos contratos
de “supervisão, acompanhamento técnico e controle tecnológico das obras civis, do projeto executivo,
do fornecimento e montagem de equipamentos mecânicos e elétricos” do Projeto de integração do rio
São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste setentrional (PISF).
Ao apreciar a matéria, o Tribunal, no que interessa ao presente recurso, determinou ao
Ministério da Integração Nacional que adotasse providências corretivas, consistentes em:
a) efetuar a glosa dos valores resultantes da diferença entre os salários que as empresas
declararam que pagariam e os que efetivamente pagaram a seus empregados;
b) estender o mesmo levantamento de diferenças aos demais contratos supervisão,
acompanhamento técnico e controle tecnológico do Projeto, não avaliados na auditoria, e efetuar a
glosa correspondente;
c) reestabelecer o equilíbrio econômico-financeiro de todos os contratos de supervisão,
acompanhamento técnico e controle tecnológico do Projeto, “por meio da revisão de preços unitários,
de forma que esses preços passem a retratar a remuneração (salário mais adicional de transferência)
efetivamente paga pela empresa contratada”;
d) realizar, especificamente quanto ao contrato celebrado com a Enger Engenharia S/C Ltda,,
glosa do valor pago em duplicidade na medição relativa ao mês de novembro de 2008; e
e) incluir novas cláusulas nos contratos de supervisão, acompanhamento técnico e controle
tecnológico do Projeto, relativas à obrigação das contratadas em fornecer, à contratante, relação
nominal dos empregados designados para execução dos serviços e cópia dos documentos probatórios
do recolhimento mensal de INSS e FGTS.
Insatisfeitas, as empresas que tiveram direito subjetivo próprio prejudicado interpuseram os
pedidos de reexame que ora se apreciam, dos quais conheço, porquanto presentes os requisitos
atinentes à espécie.
II
Alegam as recorrentes que os serviços por elas prestados têm natureza de contrato de
gerenciamento de obra pública e não de simples fornecimento de mão de obra especializada. Nesse
cenário, não haveria vinculação entre os salários indicados nas propostas de preços e os efetivamente
115
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
pagos aos seus funcionários, porque a estrutura de custos das atividades de engenharia consultiva não
está associada apenas à alocação de mão de obra, mas, também, à expertise da empresa contratada.
Importa avaliar, para deslinde da matéria, a natureza dos serviços contratados e a forma de
remuneração usualmente utilizada pelo mercado. Os contratos em exame têm por objeto a prestação de
serviços de “supervisão, acompanhamento técnico e controle tecnológico das obras civis, do projeto
executivo, do fornecimento em montagem de equipamentos mecânicos e elétricos”.
Para execução do objeto, devem as contratadas realizar as atividades de: coordenação,
planejamento e programação; engenharia de campo; análise de projetos; acompanhamento, supervisão
e fiscalização das obras e do fornecimento; instalação e montagem de equipamentos; e aceitação final
do empreendimento (peça 52, pp.14-8). Tais atividades amoldam-se àquelas típicas da engenharia
consultiva, em especial a assistência técnica, o gerenciamento de obras e a assessoria especializada1.
A assistência técnica compreende as atividades de: verificação dos desenhos de fabricação;
acompanhamento técnico da construção; montagem de equipamentos e realização de testes; exame da
observância das especificações técnicas pelo construtor; preparo de desenhos como construído; e o
treinamento do pessoal de operação e manutenção do empreendimento.
O gerenciamento encerra as tarefas de coordenação e administração da implantação do
empreendimento, em especial: elaboração de planos gerenciais; planejamento, programação e controle
físico-financeiro; coordenação técnica e administrativa dos serviços de projetos; assistência aos
processos de compra e contratações de bens e serviços; supervisão administrativa de construção,
montagem e testes; administração e controle do fluxo de documentos; e coordenação das atividades
executivas, técnicas e administrativas.
A prestação de assessoria, por sua vez, alcança o fornecimento de informações técnicas
relevantes ao contratante, com vista a subsidiar seu processo de decisão, assim como a realização de
arbitragem, avaliações e estudos organizacionais relacionados ao empreendimento.
Claramente, o objeto contratado ajusta-se à hipótese de prestação de serviços de engenharia
consultiva, notadamente no que concerne ao gerenciamento de obra (peça 52, pp. 14-8).
A literatura especializada registra a dificuldade em se elaborar orçamentos de serviços de
engenharia, em face das incertezas que envolvem a prestação dos serviços, in verbis2:
Orçar um serviço de engenharia consultiva é tarefa que frequentemente lida com apreciável
grau de incerteza. Essa circunstância deve-se aos fatores anteriormente enunciados, sobressaindo a
natureza intangível dos produtos do serviço – soluções para o cliente – e do insumo essencial do
trabalho, que é a inteligência.
Identifica-se a existência de seis métodos orçamentários para os serviços de engenharia
consultiva, a saber: percentual sobre o valor das obras; listagem de atividades e determinação das
quantidades de horas aplicadas; contagem de documentos a serem produzidos; importância do serviço
no empreendimento; preço de serviços semelhantes; e contratos por administração.
O Ministério da Integração Nacional escolheu o método da listagem de atividade e
determinação das quantidades de horas, assim qualificado na literatura especializada3:
Para elaborar o orçamento segundo este método, levantam-se as tarefas a realizar em cada
item do escopo e estima-se a quantidade de horas de cada categoria profissional que deverá ser
aplicada para realizar tais tarefas. Calculado o preço horário dessas categorias profissionais, o
orçamento será obtido pelo produto das quantidades de horas por meio dos preços unitários
respectivos. (...)
Sendo a quantidade de horas trabalhadas o ponto de partida deste método, é necessário referir
a essa variável tanto as diversas incidências de custo como a parcela de lucro.
As incidências de custo de que trata o método, referem-se aos quesitos mão de obra, encargos
sociais, outros custos diretos, custos indiretos, encargos financeiros, despesas fiscais contingências.
1 TISAKA, Maçahico. Orçamento na construção civil: consultoria, projeto e execução. São Paulo : Pini, 2006, p. 143.
2 Idem, ibidem, p. 146.
3 Idem, ibidem, p. 149.
116
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
O custo direto de mão de obra é determinado pelos dispêndios com os salários dos
profissionais alocados ao contrato. Tais valores são calculados a partir de estimativa da quantidade de
horas de trabalho, de cada categoria profissional, a ser alocada na realização das atividades técnicas
contratadas. Incide, sobre tais custos, percentual destinado a cobrir os gastos com encargos sociais.
Outros custos diretos são aqueles que podem ser identificados e diretamente apropriados ao
objeto contratual, no momento de sua ocorrência, sem necessidade de rateio, excetuado aqueles
atinentes à mão de obra, a exemplo dos gastos com viagens, consultores especiais, comunicações,
serviços de campo e de laboratório. Indiretos são os custos que não podem ser apropriados diretamente
à execução do serviço, exigindo seu rateio entre os diversos contratos mantidos pela empresa, tal como
os custos com administração central4.
Os encargos financeiros decorrem da defasagem entre a ocorrência dos gastos necessários à
execução do contrato e o recebimento das medições pela contratada. Podem incidir, até mesmo, sobre
o custo direto de mão de obra, nos caos em que o pagamento das medições ocorre após o quinto dia
útil do mês subsequente ao de prestação dos serviços, data em que, nos termos da legislação vigente,
deve a contratada pagar os salários aos seus empregados. As despesas fiscais são representadas pela
incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e das contribuições para o Programa
de Integração Social (PIS) e para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
A rubrica contingências destina-se a absorver os custos decorrentes da exposição da consultora
a riscos financeiros, não previstos no orçamento estimativo5.
A parcela realtiva ao lucro bruto, por sua vez, destina-se a remunerar o custo de oportunidade
do capital aplicado, a capacidade administrativa, gerencial e tecnológica da contratada, a
responsabilidade pela administração do contrato e condução da obra e o investimento na formação
profissional. Tem por objetivo, ainda, criar capacidade de reinvestimento no próprio negócio6.
Nos contratos em exame, a alocação de mão de obra é atividade meio à execução dos encargos
de supervisão, acompanhamento técnico e controle tecnológico, que encerram mais de seis dezenas de
atividades técnicas de engenharia consultiva (peça 52, pp. 14-8). Nesse cenário, a identificação das
categorias profissionais e a quantificação das horas de trabalho desses profissionais expressa método
de apropriação de custos aos produtos entregues à contratante, amplamente utilizado em contabilidade
de custos.
Não é dizer, contudo, que a alocação de mão de obra e os salários pagos a tais trabalhadores
estejam dissociados do preço cobrado, a título de mão de obra, pela contratada, porque as empresas de
engenharia consultiva são remuneradas em função da alocação desses profissionais. No caso, a
remuneração das contratadas decorre do efetivo labor dos profissionais indicados na planilha de
composição de serviços, in verbis (peça 52, p. 33).
A medição será efetuada por homens x mês alocado, quando autorizado pela Fiscalização da
CONTRATANTE.
Para participações em tempo parcial a parcela de h x mês considerada será calculada com
base nas horas efetivamente trabalhadas, considerando-se : 1 h x mês = 176 horas.
Não serão remuneradas as horas extras.
Peculiaridades relativas ao método da listagem de atividade e determinação das quantidades de
horas, utilizado na elaboração do orçamento estimativo e nas propostas de preços, associadas à
ausência de campos específicos para apropriação de todos os custos a que estão sujeitas as prestadoras
desses serviços, retiram, no caso concreto, o vínculo entre os salários indicados nas propostas por elas
ofertadas e os efetivamente pagos aos seus trabalhadores.
4 “Custos da equipe de administração central da empresa consultora (diretoria, pessoal técnico de apoio e pessoal
administrativo não diretamente vinculado à prestação dos serviços); outras despesas que afetam o custo de produção como
treinamento, biblioteca, programa de qualidade, auditoria interna e externa; despesas com aluguéis, comunicação,
manutenção e transporte não diretamente relacionados com o custo direto dos serviços”. (BAETA, André Pachinoni.
Orçamento e controle de preços de obras públicas. Pini : São Paulo, 2012, p. 280). 5 TISAKA. Op. cit., pp. 150 e 159.
6 BAETA, Op. cit., p. 284.
117
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Os contratos de engenharia consultiva submetem-se a reajustamento anual de preços,
considerado o índice setorial eleito pela Administração; no caso, o Custo Nacional de Construção
Civil – Serviços de Consultoria – Coluna 39, da Fundação Getúlio Vargas.
Assim, deve a contratada suportar, em cada intervalo de doze meses, as variações de custos
ordinárias, tal como a concessão de reajustes salariais. É de se esperar, desse modo, que os salários
indicados na proposta de preços das licitantes não expressem o exato valor pago aos seus
trabalhadores, no início da execução do contrato, mas a média ponderada dos salários pagos, a cada
categoria profissional, no período que medeia o início da execução contratual e o reajustamento dos
preços. Impõe-se, pois, às licitantes estimar o reajuste salarial que concederá aos seus trabalhadores, no
curso da execução do contrato, e incorporá-lo ao preço dos serviços, por meio da rubrica
contingências. Na falta dessa provisão, obriga-se a contratada a incorporar tais custos aos valores de
mão de obra.
Diversa a situação havida nos contratos de simples alocação de mão de obra, em que o advento
de reajustamento salarial é objeto de imediata revisão do preço contratual, mediante recomposição do
equilíbrio econômico financeiro do ajuste.
Os contratos de engenharia consultiva são onerados, também, por imperfeições na alocação da
mão de obra contratada. A situação ideal, para as prestadoras desses serviços, é aquela em que elas
vendem, aos seus clientes, toda a carga horária de cada um dos seus empregados: 176 horas mensais.
Essa situação, entretanto, nem sempre se mostra factível, porque é da natureza desse mercado a
alocação de profissionais em tempo parcial.
Se o conjunto de contratos obtidos pela consultora não absorver integralmente as cargas
horárias de seus trabalhadores, haverá custos decorrentes da ociosidade de alguns deles. Se, por outro
lado, o tempo de alocação de determinado profissional superar 176 horas mensais, incorrerá a
consultora nos custos adicionais do trabalho em regime de horas extras.
Os contratos em exame mostram-se propícios a gerar tal desequilíbrio, porque há grande
variação entre as cargas horárias contratadas, até mesmo na execução de uma mesma atividade. No
caso do lote 1, por exemplo, exige-se a alocação de consultor, para supervisão de túnel, por apenas 3
horas a cada mês, e de auxiliar, para controle geométrico, por 144 horas mensais.
O controle geométrico exemplifica, também, a variação na absorção de mão de obra
especializada em um mesmo serviço: topógrafo (48 horas mensais); nivelador (24 horas mensais); e
auxiliar (144 horas mensais). Nesse caso, reduzida a possibilidade de perfeita absorção, pela
contratada, da força de trabalho desses profissionais, porquanto necessário alocar membros de uma
mesma equipe laboral, por tempos diferentes, em outros contratos.
Tais custos são também agregados à rubrica contingência. Na falta desta, hão de ser acrescidos
ao custo de mão de obra.
Além desses fatores, o orçamento estimativo não considerou os custos financeiros decorrentes
do fluxo de caixa atinente à prestação dos serviços. Nos termos contratuais, as medições apresentadas
pelas contratadas são pagas no prazo de trinta dias, contado da “data final do período de execução dos
serviços”. Antes desse prazo, entretanto, obrigam-se as contratadas a promover o pagamento dos
salários e o recolhimento das contribuições sociais respectivas. Dessa forma, razoável esperar que as
licitantes hajam distribuído tais custos entre os componentes orçados pela Administração, em especial,
salários.
O cenário descrito é suficiente para, no caso concreto, afastar a vinculação entre os salários
declarados nas propostas de preços e os efetivamente pagos. Impõe-se, portanto, tornar insubsistentes
os subitens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4 e 9.1.5 do acórdão recorrido.
Tal conclusão não se aplica, entretanto, de forma automática, a todos os contratos de
engenharia consultiva. Necessário, em cada contratação, avaliar o método orçamentário, a composição
do orçamento estimativo de preços e os critérios de medição e pagamento eleitos pela Administração,
entre outros, para concluir pela ocorrência ou inocorrência do vínculo entre os salários declarados e os
efetivamente pagos pela consultora.
118
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
III
Opõe-se, ainda, a Enger Engenharia S/C Ltda. à determinação de restituição dos valores
alegadamente pagos em duplicidade “na medição de nº 9 (nov/2008)”, objeto do subitem 9.1.6 do
Acórdão 446/2011, Plenário. Nos termos do relatório que integra o aresto recorrido, a irregularidade
originária do dano decorre do seguinte proceder, in verbis:
136.1. Na medição 01, a contratada cobrou o quantitativo de 0,70 “Hxmês” relativo ao
período de 10/03/2008 a 31/03/2008.
136.2. Nas medições 02 a 07, a empresa cobrou o quantitativo de 1,00 “Hxmês” relativo ao
período do primeiro ao último dia do mês.
136.3. Na medição 08, a mesma cobrou o quantitativo de 1,00 “Hxmês” relativo ao período do
dia 26/09/2008 a 25/10/2008 (cobrando em duplicidade o período de 26/09/2008 a 30/09/2008, já
cobrado na medição anterior).
136.4. Na medição 09, a Enger cobrou o quantitativo de 1,17 “Hxmês” relativo ao período de
26/10/2008 a 30/11/2008. Se a empresa tivesse cobrado o quantitativo de 1,00 “Hxmês” na medição
9, ela teria compensado o valor pago a maior na medição 8 (período de 26/09/2008 a 30/09/2008).
Entretanto, na medição 9, ela mediu o quantitativo de 1,17 “Hxmês”, que foi aprovado e pago pelo
MI.
136.5. Nas medições 10 a 12, a contratada cobrou o quantitativo de 1,00 “Hxmês” relativo ao
período do primeiro ao último dia do mês.
137. Dessa forma, foi visto que houve o pagamento em duplicidade do período de 26/09/2008 a
30/09/2008 devido ao pagamento de 1,17 “Hxmês” na medição 9, quando deveria ter sido pago 1,00
“Hxmês”.
Afirma a recorrente não ter havido pagamento dúplice. Diz que a opinião da auditoria, acolhida
pelo acórdão atacado, “considera períodos de apuração equivocados”.
A análise dos nove primeiros boletins de medição indica corretos os valores pagos. Sobre o
tema assim disserta a unidade técnica, in verbis (peça 79):
13.7. A primeira medição compreendeu a prestação de 22 dias de serviço, em um mês de 31
dias. Daí o quantitativo de “0,7” (22/31), e não de “1,0”. A partir dessa primeira, as medições
passaram a abranger o período de um mês, recebendo o quantitativo “1,0”.
13.8. No entanto, havia divergência entre o regime de contagem adotado na demonstração
analítica do pessoal alocado ao projeto (a “lista de profissionais alocados no contrato”, 1ª coluna da
tabela da peça 12, p. 39) e o utilizado no certificado de pagamento (2ª coluna): a lista de pessoal
valia-se do critério do “mês calendário”, abrangendo do primeiro ao último dia de cada mês; o
certificado de pagamento, por seu turno, adotava o regime do dia 26 de um mês ao dia 25 do mês
seguinte (vide mencionada tabela).
13.9. Ante os inconvenientes da duplicidade de regimes, na nona medição (objeto deste
recurso) o período de faturamento foi estendido do dia 26/10/2008 ao dia 30/11/2008, para, a partir
daí, tanto a demonstração analítica do pessoal quanto o certificado de pagamento adotarem o mesmo
regime de “mês calendário”, unificando-se o critério de apuração em ambos os documentos.
13.10. No mês de novembro de 2008, portanto, o faturamento iniciou-se em 26/10/2008 e se
estendeu até 30/11/2008 (e não apenas até o dia 25, como nas medições anteriores), para que, a partir
décima medição, os faturamentos se iniciassem no dia 1º de cada mês (e não no dia 26 do mês
anterior). Com a extensão dos dias faturados em nov/2008, o quantitativo foi de “1,17” (35 dias, em
vez de 30 dias), e não de “1,0”, sendo essa a diferença que o acórdão recorrido reputou como
indevida e passível de glosa.
(...)
13.15. (...) E, quanto à medição 9, procede o argumento de que a diferença constatada no
acórdão recorrido decorre do fato de que “a tabela adotada pela Ilustre Auditoria considera períodos
de apuração equivocados”, como demonstra “a simples consulta da documentação de faturamento”
relativa ao mês impugnado (nov/2008).
119
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Não se confirma, pois, pagamento indevido, no montante de R$ 36.154,33, na nona medição de
serviços.
Observa-se, contudo, o pagamento irregular de R$ 9.296,83, na primeira medição, em face da
cobrança pela alocação ficta de mão de obra. O deslocamento dessa irregularidade, da primeira para a
nona medição, e a alteração no período de faturamento, havida na nona medição, induziram a 4ª Secex
a concluir, equivocadamente, pela existência do vício apontado.
Assim, mereceria reforma o subitem 9.1.6 do acórdão recorrido, para que fosse determinada a
glosa do valor impugnado na primeira medição, em substituição àquela originalmente indicada. A
expedição de tal determinação, nesta etapa processual, não se mostra factível, por falta de contraditório
específico, uma vez que a responsável foi instada a se manifestar acerca de alegado defeito na nona
medição, e não sobre o vício que macula a primeira.
Tal omissão poderia vir a ser resolvida pela realização de nova audiência. Esse procedimento,
entretanto, não se mostra compatível com o princípio da economia processual, que rege os processos
de controle externo, em face da baixa materialidade do valor impugnado: R$ 11,7 mil, em valores
presentes.
Nesse sentir, adequado tornar insubsistente o subitem 9.1.6 do aresto recorrido.
Associo-me, por fim, às conclusões da unidade técnica acerca da ausência de contestação, pelas
recorrentes, ao disposto nos subitens 9.1.1.1 e 9.1.1.2 do acórdão impugnado.
Feitas essas considerações, voto por que o Tribunal de Contas da União aprove o acórdão que
ora submeto à apreciação deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Relator
DECLARAÇÃO DE VOTO
Em apreciação, pedido de reexame interposto pela empresa Enger Engenharia S/A e
Sondotécnica Engenharia de Solos contra o Acórdão 446/2011-Plenário. Naquela decisão, em grosso
resumo, determinou-se ao Ministério da Integração Nacional que, em relação aos contratos em
execução para supervisão do Projeto de Integração do Rio São Francisco, limitasse o pagamento dos
serviços à apresentação de documento comprobatório do recolhimento mensal do INSS e FGTS, bem
como à apresentação de relação nominal dos empregados designados para execução da avença.
2. A principal questão, entretanto – e é este o foco da controvérsia – é a determinação para
vinculação do salário real pago aos funcionários da contratada com o valor declarado na proposta de
preços da vencedora da licitação. Os contratos também deveriam ser revisados para a recomposição do
equilíbrio econômico-financeira dos ajustes, com efeito ex tunc e devolução dos valores pagos
indevidamente.
3. O ministro relator Walton Alencar Rodrigues, como sempre, em habilidosa abordagem sobre
o tema, mormente acerca da maneira de orçar esses contratos de supervisão, bem como das
características específicas do objeto em contenda, considerou que os recursos devem ser conhecidos
para, no mérito, dar-lhes total provimento.
4. Trago que a matéria recorrida, no cerne, é muito semelhante à tratada no âmbito do TC
008.477/2008-0, também em sede de reexame, de relatoria da eminente Ministra Ana Arraes, com voto
revisor apresentado pelo insigne Ministro José Múcio, colocado em pauta na sessão do dia 11 de julho,
ocasião em que, pela importância e recorrência da matéria, requeri pedido de vistas do processo.
5. Naqueles autos, igualmente, debate-se a possibilidade de exigir da empresa supervisora a
identidade entre os salários declarados na proposta com os realmente despendidos pelos particulares.
Discute-se, inclusive, em face da crônica deficiência na forma de orçar esse tipo de serviço, a
120
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
possibilidade da criação de um grupo de trabalho para parametrizar possíveis soluções a serem
adotadas no dimensionamento de equipes nessas avenças, além de outras providências que possam
contribuir para o aprimoramento dos instrumentos convocatórios, projetos básicos e dos orçamentos
desses contratos.
6. Antecipo, desde já, que no caso concreto – embora não exatamente pelos mesmos
fundamentos – também não avalio possível a retenção ou devolução da diferença de pagamentos, tal
qual alvitrado no item 9.1.3. da decisão recorrida, no que também ajuízo o provimento do presente
recurso neste ponto.
7. O particular carece de certa previsibilidade no ordenamento jurídico vigente; precisa
conhecer as “regras do jogo”, antes de seu início, para que, em um ambiente de estabilidade, possa
estimar as consequências de seus atos; e daí firmar os termos de seus contratos, com exata ciência dos
riscos associados à oferta do preço. São condições primeiras para a decisão de contratar.
8. Eis que se evidencia o princípio da segurança jurídica.
9. Isso considerado, a LDO e massivos precedentes desta Corte indicam como parâmetro de
regulação dos preços os sistemas oficiais (mormente o Sicro e o Sinapi). O Dnit, inclusive, possui
tabela própria de custos para contratos de engenharia consultiva. As regras até o momento estão claras.
Não se extrai do ordenamento jurídico – como também de límpida jurisprudência desta Casa – que tais
regramentos não são válidos para contratos de engenharia consultiva; ou mesmo nas prestações de
serviço de caráter continuado.
10. Assim, no caso geral, intricado discutir a modificação de tal critério, mesmo avesso à
objetividade do comando legal. Ainda mais quando, inclusive no Tribunal, o assunto é objeto de
interpretações distintas.
11. Acredito que tal possibilidade – de exigir a identidade de salários pagos, de acordo com a
proposta – deveria estar explícita, sem qualquer nuvem de dúvida, já no instrumento convocatório. Tal
requisito, cuja legalidade defenderei adiante, seria condição para manutenção dos itens recorridos.
12. Exigir, mesmo por meio de termo aditivo, a modificação do critério iria desestabilizar toda
a previsão bonificadora almejada pela empresa na oferta de sua proposta. São outras regras; outras
condições. Não se poderia afirmar que as empresas teriam mesmo interesse em apresentar seus preços
sob essas condições. Seria uma afronta, entendo, à livre iniciativa e à segurança jurídica.
13. Nesses termos, concordo plenamente no acolhimento dos pedidos de reexame.
14. Tenho uma única reserva. Embora, é claro, a decisão só seja lei para o caso concreto,
mesmo diante das ressalvas prudentemente estampadas pelo relator, temo a extensão de alguma linha
de raciocínio esposada como uma firme posição desta Corte sobre a impossibilidade da disposição, em
instrumentos convocatórios, da vinculação dos salários com a proposta apresentada – pelo menos em
parte do objeto. Entendo que a opção tanto se faz legal, quanto melhor atende ao interesse público
nesse tipo de contratação, pelos motivos que passo a expor.
15. Deixo claro, desde já, que defendo tal possibilidade apenas para os contratos medidos por
homem/hora, com a aplicação do instituto de repactuação, não o de reajuste. Embora seja certo que os
serviços a serem contratados pelo poder público devam prever uma unidade de medida que permita a
mensuração dos resultados, também é cediço que algumas contratações, por suas características, têm
especial dificuldade – ou mesmo impossibilidade – de adotar essa providência; o que é mesmo
reconhecido na própria IN-MPOG 02/2008, em seu art. 11, § 1º. Atualmente, a imensa maioria dos
contratos de supervisão estão sendo feitos por homem/hora.
16. É que muito do objeto da contratação depende da efetiva presença da fiscalização na frente
de serviço. A obra a ser executada carece dos "olhos" da Administração para afiançar a sua execução
com qualidade e de acordo com a boa técnica. Um engenheiro e um técnico não tem a mesma
capacidade fiscalizatória que três engenheiros e três técnicos.
17. Logo, se o orçamento estimativo prevê três engenheiros e três técnicos, pode-se contestar a
admissão de que a contratada exerça suas funções com número menor de profissionais, mesmo
apresentando todos os relatórios e pareceres – teoricamente, objeto do contrato.
121
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
18. É nesse ponto que – pelo menos em parte – esses contratos de supervisão se aproximam
muito da locação de mão de obra. Se o órgão tivesse à disposição funcionários para essa presença
fiscalizatória, eventualmente não careceria de contratar esse apoio com base no art. 67 da Lei de
Licitações. No passado, o DNER, por exemplo, detinha profissionais para a fiscalização das obras em
rodovias por todo o Brasil. Pela míngua do corpo técnico atual, entretanto, não é raro um engenheiro
residente cuidar de mais de mil quilômetro de vias. Contratam-se empresas supervisoras, assim, para
auxiliá-lo nessa tarefa. Na realidade, precisa-se de profissionais em número suficiente para garantir a
presença fiscalizatória da Administração.
19. A dificuldade está no quantum necessário de mão de obra para bem acompanhar o
empreendimento. Muito embora existam diferentes maneiras de orçar esses objetos – competentemente
esmiuçadas no voto do Ministro Relator – é reconhecido que tais contratações têm especial dificuldade
em parametrizar esse número; e esse é o principal motivo para a criação do grupo de trabalho a que se
refere o TC 008.477/2008-0.
20. Aludiu-se que a identificação das categorias profissionais e a quantificação das horas de
trabalho desses profissionais expressaria, apenas, o método de apropriação de custos aos produtos
entregues à contratante. Não pretenderia a Administração simplesmente ter a sua disposição a mão de
obra relacionada no orçamento estimativo; desejaria, na verdade, receber os produtos especificados em
item editalício. Far-se-ia irrelevante, portanto a quantidade de mão de obra realmente aplicada.
21. Vejo, contudo, pelo que expus, que a atividade fiscalizatória depende, sim, da exigência da
presença efetiva da mão de obra no contrato. Mais uma vez, dez profissionais, com mais "olhos",
fiscalizam melhor que um. A fiscalização depende da presença do fiscal. Um número mínimo de
profissionais devem ser exigidos, de acordo com metodologia estimativa própria (e isso é um dos
assuntos a serem tratados no grupo de trabalho a ser constituído). Tal qual defendi, nesse sentido, a
qualidade do serviço prestado depende, e muito, da presença e do número de funcionários estimados
no orçamento.
22. Nesse norte, pelo menos quanto a tal ponto, o objeto dos contratos mais se aproxima de
uma prestação de serviços que propriamente de um contrato de empreitada, no que se refere aos
contratos em espécie definidos no Código Civil.
23. Na verdade, nessas contratações de serviços de consultoria por homem/hora, a identidade
entre o valor declarado e o realmente pago é condição para a garantia da vantajosidade e moralidade
dos certames.
24. É que os serviços de engenharia consultiva que aqui tratamos têm como cliente, na prática,
unicamente os entes públicos. Rodovias, portos, usinas, ferrovias, saneamento: são obras executadas
eminentemente pelo poder público. Especialistas nessa área, assim, trabalham para empresas que
prestam serviços para a Administração ou para empresas que executam obras para a mesma
Administração; ou, ainda, para concessionárias de serviço público.
25. Existe, então, uma dificuldade intrínseca nesses tipos de contrato para a aferição do que
vem a ser o “preço de mercado”. Na realidade, o parâmetro para esse preço justo são outras
contratações realizadas pelo próprio governo.
26. Surge a pergunta: o “salário de mercado” é o salário declarado pela empresa em sua
proposta ou o salário real despendido?
27. O Dnit, em sua referência balizadora para estimar seus orçamentos nessa área (“Tabela de
Preços de Consultoria”), faz sua pesquisa em outros órgãos e contratos governamentais; mas com base
no valor contratual, não no valor real.
28. Essa deficiência na boa avaliação dos preços de mercado pode ser perfeitamente visualizada
no caso concreto que ora se examina. Como relatado, o balizamento dos preços praticados pela
contratada com os custos reais praticados apresentam relevante diferença.
29. Extrai-se dessa constatação não apenas a deficiência dos “referenciais” utilizados para
balizamento de preços de mercado, como também se auspicia que o salário real pago à mão de obra
seja diferente do que o trabalhador verdadeiramente recebe em carteira. Existe uma porta aberta para
122
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
pagamentos “por fora”, em esquiva aos encargos trabalhistas e previdenciários a ele associados.
Reduzem-se irregularmente os encargos necessários para o cumprimento do contrato. Trata-se de uma
vantagem competitiva indevida, em forte desprestígio ao princípio da isonomia. A proposta só foi a
mais "vantajosa" porque a empresa já sabia, de antemão, que não pagaria todos os encargos
previdenciários e trabalhistas a ela incumbidos.
30. Tal prática deve ser duramente combatida. Afora o golpe em valores caros à licitação, a
Administração é solidária em matéria previdenciária; e o fiscal do contrato não detém meios para
constatar ou evitar essa diferença de valor. Ele fica refém dessa prática, viabilizada (ou facilitada) pela
existência dessas tamanhas gorduras nas contratações.
31. As margens exageradas, ainda, em contratações com menor disputa, são convidativas a toda
sorte de irregularidades. Esses excessos desconhecidos podem representar um risco à moralidade da
contratação. Em licitações realizadas prioritariamente por "técnica e preço", com a disposição de
critérios de classificação muitas vezes pouco objetivos, essas sobras são o combustível para desvios de
conduta de gestores e particulares.
32. Pergunto: por qual razão legítima existe o interesse de “esconder” que o real valor pago é
tão desproporcional ao salário real? Tal fato tem sido recorrentemente observado por equipes de
auditoria deste Tribunal.
33. Disso emana que a disposição no edital da obrigatoriedade de a contratada respeitar o valor
declarado em sua proposta, tanto evita a concepção de lucros ocultos exagerados – a materializar
possível enriquecimento sem causa da contratada (por sobrepreço nos contratos) –, quanto facilita a
missão fiscalizatória do adequado recolhimento dos encargos previdenciários, de cuja responsabilidade
a Administração é solidária. Também acrescento que a alternativa viabiliza a parametrização do real
preço de mercado para balizamento de licitações futuras com o poder público, garantindo uma
contraprestação pecuniária mais justa e desencorajando – ou ao menos dificultando – eventuais
condutas que desabonem a moralidade do certame.
34. É verdade que o ordenamento jurídico, como também os termos editalícios, tem um poder
muito limitado de coibir violações legais e desvios de conduta. Não acredito que a proposição que
discorri tenha o condão de resolver todos os problemas afetos ao superfaturamento desses tipos de
contratos. Tal fato, entretanto, não é óbice para a disposição de instrumentos e cláusulas que dificultem
esses abusos. É nesse sentido que, em um sopesar de valores, entendo ser vantajosa essa disposição
editalícia e contratual a que me refiro.
35. Logo, a opção viável, entendo, seria que o item 9.1.3. exigisse que, nos futuros certames,
fosse incluída cláusula de vinculação.
36. Julgo, entretanto, que alterar o item recorrido sob esses termos seria extrapolar as estreitas
possibilidades dessa fase recursal. Envolveria o contraditório do Ministério da Integração Nacional e
as razões apresentadas seriam outras.
37. Isso dito, tendo em vista que se discute no TC 008.477/2008-0 a criação de grupo de
trabalho para tratar, no geral, da matéria aqui examinada, e em face da necessária segurança jurídica a
ser respeitada nos ajustes em comento, acompanho a proposta do Ministro Relator, pelos fundamentos
que expus.
VALMIR CAMPELO
Ministro
ACÓRDÃO Nº 2215/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 010.327/2009-8.
1.1. Apenso: 010.332/2009-8
2. Grupo II – Classe de Assunto: I Pedido de reexame (Relatório de levantamentos)
123
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
3. Interessados: Enger Engenharia S/A (51.167.500/0001-53) e Sondotécnica Engenharia de
Solos S/A (33.386.210/0001-19)
4. Entidade: Secretaria de Infra-estrutura Hídrica.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Ubiratan Aguiar.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Advogado constituído nos autos: Alexandre Frayze David (OAB/SP 160.614), Jonas Cecílio
(OAB/DF 14.344).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos os pedidos de reexame interpostos por Enger Engenharia S/A e
Sondotécnica Engenharia de Solos S/A, contra o Acórdão 446/2011, Plenário, que apreciou auditoria
nos contratos de “supervisão, acompanhamento técnico e controle tecnológico das obras civis, do
projeto executivo, do fornecimento em montagem de equipamentos mecânicos e elétricos” do Projeto
de integração do rio São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste setentrional (PISF).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 48 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos pedidos de reexame, para, no mérito, dar-lhes provimento;
9.2. tornar insubsistentes os subitens 9.1.1.3, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5 e 9.16 do Acórdão
446/2011, Plenário;
9.3. encaminhar cópia do acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, às
recorrentes e ao Ministério da Integração Nacional.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2215-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministra que alegou impedimento na Sessão: Ana Arraes.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO II – CLASSE I – Plenário
TC-008.982/2012-0.
Natureza: Agravo.
Entidade: Banco do Brasil (Centro de Serviços de Logística de São Paulo - CSL/SP).
Agravante: EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97).
Advogado constituído nos autos: não há.
124
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Procuradores: Sidney Luiz de Melo Leandro, RG nº 32.512.961-7 – SSP/DF e CPF nº
488.209.201-82, pela empresa EC Eletrônica Ltda. (peça nº 26), e Evelaine Lima Galvão, RG nº
2.484.222 - SSP/DF e CPF nº 011.730.521-94, por Anamaria Prates Barroso, OAB/DF 11.218 (peça
nº 36).
Sumário: AGRAVO CONTRA MEDIDA CAUTELAR ADOTADA MEDIANTE
DESPACHO DO RELATOR. OCORRÊNCIA DE PRECLUSÃO TEMPORAL. NÃO
CONHECIMENTO. CIÊNCIA AOS INTERESSADOS.
RELATÓRIO
Trata-se de recurso denominado pela empresa EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97)
de “pedido de reconsideração”, interposto contra despacho deste relator, que constitui a peça nº 7 dos
autos, cujo inteiro teor cumpre reproduzir, para melhor compreensão da matéria:
“Para compor a parte expositiva da matéria apreciada, transcrevo, a seguir, a instrução
elaborada no âmbito da 2ª Secretaria de Controle Externo (peça nº 4), que contou com a anuência do
dirigente daquela unidade (peça nº 6):
‘1. Trata-se de representação ofertada pela empresa Microsol Tecnologia S/A contra o Centro
de Serviços de Logística de São Paulo (CSL/SP) do Banco do Brasil em face de possíveis
irregularidades na condução do pregão eletrônico 2011/15199(7421).
2. O pregão do CSL/SP tem por objeto o registro de preços para eventual fornecimento,
transporte e instalação de 20.000 unidades de no-breaks de 2 KVA nas dependências do BB em todo o
Brasil, incluindo, quando for o caso, a desinstalação e a retirada do no-break existente com dação em
pagamento do equipamento substituído (trade-in).
3. Ao fim, sagrou-se vencedora do certame a empresa EC Eletrônica Ltda. com o valor global
de R$ 48.986.000,00, ou seja, R$ 2.449,30 por unidade.
4. Em suma, o arrazoado da representante está embasado em três pontos: 1) o edital não exigiu
nenhum tipo de garantia (arts. 31, inciso III, e 56, § 1º, da Lei 8.666/93); 2) houve falhas na etapa de
avaliação técnica em laboratório; e 3) invalidade da declaração na qual a empresa vencedora afirma ser
fabricante e ter postos de manutenção/suporte espalhados pelo país.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
5. A representação preenche os requisitos de admissibilidade constantes no art. 235 do RI/TCU,
haja vista a matéria ser de competência do TCU, referir-se a administrador sujeito à sua jurisdição,
estar redigida em linguagem clara, objetiva e com a qualificação do representante, bem como
encontrar-se acompanhada de documentação relativa ao fato acoimado.
6. Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 4º da Portaria-Segecex 19/2011, a instrução da
presente representação seria de competência da Secex/SP, pois é naquele estado que se localiza a
projeção regional da entidade envolvida.
7. Todavia, o Secretário da 2ª Secex decidiu que o presente processo seria instruído por esta
Unidade Técnica, responsável pelas unidades do Ministério da Fazenda, em face de o pregão em tela
destinar-se a atender unidades do Banco do Brasil em todo o território nacional.
EXAME TÉCNICO
8. Consoante o art. 276 do RI/TCU, o Relator poderá, em caso de urgência, de fundado receio
de grave lesão ao erário, ao interesse público, ou de risco de ineficácia da decisão de mérito, de ofício
ou mediante provocação, adotar medida cautelar, determinando a suspensão do procedimento
impugnado, até que o Tribunal julgue o mérito da questão. Tal providência deverá ser adotada quando
evidentes os pressupostos do periculum in mora e do fumus boni iuris.
9. A sessão pública do pregão eletrônico 2011/15199(7421) ocorreu em 21/7/2011 (peça 3, p.
1). A proposta da EC Eletrônica foi apenas a 9º classificada após a etapa de lances. Entre 21/7 e
23/11/2011, as oito empresas primeiro classificadas foram desclassificadas do certame. O objeto da
licitação foi adjudicado à EC Eletrônica em 11/1/2012.
125
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
10. Consta dos autos a ata de registro de preços 201274210226, cuja vigência é de 25/1/2012 a
24/1/2013 (peça 1, p. 61-105). Realizado contato telefônico pelo número (11) 3491-3083 com a
pregoeira do CSL/SP, Sra. Aline Alvarez Carneiro, obteve-se a informação de que os pedidos de
compra seriam consolidados e enviados entre 9 e 16/4/2012.
11. Inobstante a presente representação ter sido autuada apenas em 29/3/2012, ou seja, 78 dias
após a decisão contra a qual se insurge (adjudicação do objeto), a proximidade do período de
fornecimento dos produtos caracteriza o requisito do periculum in mora, ante a possibilidade de dano
concreto e imediato.
12. Passa-se à análise da plausibilidade do direito afirmado.
13. No que diz respeito ao fato de o edital não exigir nenhuma garantia, a própria representante
observa que o Tribunal já fixou entendimento de que não deve ser cumulada, em um mesmo processo
licitatório, a exigência de mais de uma garantia. Por outro lado, a representante, citando outros
precedentes do TCU, argumenta que a ausência de mecanismo de garantia do adimplemento do
contrato, somada ao fato de que o capital social da empresa vencedora é de apenas R$ 30.000,00 (peça
1, p. 291-292) em face do valor expressivo da contratação (R$ 48.986.000,00), traria insegurança à
Administração e violaria o princípio da supremacia do interesse público.
14. Registre-se que, conforme item 1.1.3.1 do anexo 2 do edital (peça 1, p. 36), somente as
empresas que apresentassem os índices do Sicaf iguais ou menores que 1,0 é que deveriam comprovar
possuir patrimônio líquido igual ou superior a R$ 4.300.000,00.
15. No tocante à etapa de avaliação técnica, a representante afirma que o no-break marca
Lacerda, modelo Frigate 2KL (peça 1, p. 71), oferecido pela EC Eletrônica, vencedora do certame, é o
mesmo que foi apresentado pelas empresas Lacerda Sistemas de Energia Ltda. e Emerson Network
Power do Brasil Ltda. (respectivamente, 5ª e 8ª classificadas do certame) e que já havia sido reprovado
nos dois testes anteriores.
16. O teste solicitado pela empresa Lacerda foi realizado pelo Instituto de Eletrotécnica e
Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e os ensaios ocorreram no período de 8 a 15/9/2011
(peça 1, p. 117-139). Já o teste da empresa Emerson foi realizado pelo Laboratório TÜV Rheinland e
os ensaios ocorreram no período de 10 a 18/11/2011 (peça 1, p. 164-195). Enfim, anote-se que o teste
da EC Eletrônica também foi realizado pelo IEE/USP e os ensaios ocorreram no período de 15 a
20/12/2011 (peça 1, p. 234-258).
17. Ora, embora esses tipos de teste sejam válidos ‘somente para o objeto ensaiado nas
condições especificadas, não sendo extensível a quaisquer lotes’ (peça 1, p. 117, 165 e 234), causa
certa estranheza que um produto reprovado por um determinado laboratório seja aprovado apenas três
meses depois, principalmente se for considerado não só que o primeiro produto era do próprio
fabricante (empresa Lacerda), mas também a diferença de preço entre as propostas: R$ 39.158.000,00
contra R$ 48.986.000,00 (peça 1, p. 54).
18. Outro ponto questionado é a mensagem enviada pela EC Eletrônica à pregoeira do CSL/SP
em 25/11/2011 (peça 1, p. 229), que, segundo a representante, macularia o princípio constitucional da
impessoalidade. Contudo, verifica-se que a referida correspondência ocorreu após a desclassificação
da empresa Emerson (8ª classificada) e mostra a empresa EC Eletrônica se colocando à disposição
para enviar sua amostra para homologação conforme previsto no edital, não se vislumbrando qualquer
mácula em tal mensagem, por si só.
19. Também é discutida a presença de técnicos de outras licitantes nos ensaios realizados. A
representante demonstra que a empresa Equisul Indústria e Comércio Ltda. (4ª colocada com o valor
global de R$ 39.157.999,00, mediante direito de preferência), após ser desclassificada, solicitou que os
testes vindouros fossem acompanhados por seus técnicos, o que foi denegado pelo CSL/SP (peça 1, p.
231).
20. Em primeiro lugar, chama a atenção um fato não destacado pela representante. Conforme
mensagem eletrônica constante dos autos, a Equisul assevera ter sido desclassificada em razão da
suposta ausência de independência do laboratório contratado para realizar os testes, inobstante o fato
126
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
de que o laboratório contratado estar efetivamente relacionado na lista de laboratórios independentes
credenciados pelo próprio CSL/SP, conforme relação do item 4.13 do anexo 1 do edital (peça 1, p. 28).
21. E em segundo lugar, verifica-se que os técnicos que estavam presentes nos ensaios da
empresa Lacerda (peça 1, p. 117) eram os mesmos que estavam presentes nos ensaios da EC Eletrônica
(peça 1, p. 234). Neste sentido, entende-se que o panorama apresentado indica ou a quebra do princípio
da isonomia ou uma conexão íntima entre as empresas EC Eletrônica e Lacerda, que precisa ser
investigada para averiguar se não houve violação a princípios licitatórios.
22. Nesse passo, o último ponto contestado pela representante está justamente relacionado à
vinculação entre a vencedora do certame e a empresa fabricante dos produtos.
23. Segundo a representante, o endereço da linha de montagem indicado na Declaração de
Endereço e Produção apresentada pela EC Eletrônica (peça 1, p. 285) é o endereço da Lacerda. De
outro modo, deveria haver uma anuência formal por parte da Lacerda aquiescendo com a capacidade
de produção indicada na declaração da EC Eletrônica. Com isso, a representante entende que a EC
Eletrônica apresentou declaração falsa, devendo sujeitar-se às sanções legais, nos termos do art. 21, §
3º, do Decreto 5.450/2005.
24. Por fim, a representante lança sérias dúvidas sobre a validade da licitação, e até mesmo dos
testes realizados, ao afirmar que ‘a empresa vencedora irá subcontratar todo o objeto do certame, uma
vez que não fabrica, tratando-se de uma revendedora e assistência técnica’. De fato, a EC Eletrônica
encontra-se como um intermediário oneroso entre a Administração e a empresa Lacerda, fabricante do
produto, que ofereceu o mesmo equipamento por um preço bem menor que o vencedor (R$
39.158.000,00 contra R$ 48.986.000,00), mas que foi curiosamente reprovado no primeiro teste.
25. Em reforço a isso, outro fato não destacado pela representante também chama a atenção. A
partir de 24/11/2011, depois da convocação da EC Eletrônica, a empresa Delta Greentech Brasil S/A
inicia a postagem de uma série de mensagens (peça 2, p. 5-6) onde alega, por exemplo, que a ‘EC é
uma empresa do grupo Lacerda’ e que a ‘empresa EC Eletrônica Ltda (...) irá apresentar para testes de
aceitação o mesmo produto que já foi reprovado em laboratório’. Em 30/12/2011, as empresas Delta e
Engetron manifestaram intenção de recurso.
26. Merece destaque a mensagem onde a Delta alega que o item 4.6 do anexo 1 do edital (peça
1, p. 28), ao impedir a repetição do teste, ‘visa principalmente agilizar o processo, pois caso contrário
todos os fabricantes poderão utilizar ‘distribuidores’ para apresentação de quantos modelos acharem
possível, prejudicando os demais participantes’. Em analogia, e com base nos princípios da
economicidade e da vantajosidade para a Administração, pode-se afirmar que tal item também deveria
evitar que um produto com um preço menor fosse testado e reprovado e que, três meses depois, esse
mesmo produto fosse novamente testado, aprovado e contratado pela Administração, agora com um
preço maior.
27. Nessa série de mensagens, acerca das alegações da Delta, a pregoeira informa que a
convocação da EC Eletrônica ocorreu ‘conforme consulta ao departamento jurídico do Banco’. No
tocante aos recursos, ambos foram cancelados com a mesma justificativa: ‘recurso não será acatado
conforme análise constante do processo’. Todavia, não constam dos autos nem a consulta respondida
pelo jurídico do Banco, nem as análises que rejeitaram os recursos.
28. Paralelamente, esta Unidade Técnica fará um levantamento a fim de esmiuçar eventuais
ligações entre as licitantes, principalmente as empresas EC Eletrônica e Lacerda, com o fito de
examinar a ocorrência de outras irregularidades que afrontem os princípios atinentes ao procedimento
licitatório.
29. Toda essa conjuntura atesta a existência do fumus boni iuris, motivo pelo qual, também
estando caracterizado o periculum in mora, conclui-se que o requerimento de medida cautelar deve ser
acolhido, por estarem presentes nos autos os seus pressupostos.
30. Para o deslinde do processo, além da oitiva da parte (no caso, o CSL/SP) prevista no art.
276, § 3º, do RI/TCU, deve-se oportunizar a oitiva também da empresa EC Eletrônica Ltda. nos termos
127
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
do art. 250, inciso V, do RI/TCU, uma vez que os fatos apontados nesta representação podem resultar
em decisão do Tribunal no sentido de alterar o contrato em seu desfavor.
CONCLUSÃO
31. O documento apresentado deve ser conhecido como representação, por preencher os
requisitos previstos no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, e no art. 237, inciso VII e parágrafo único, do
RI/TCU (parágrafo 5 desta instrução).
32. No que tange ao requerimento de medida cautelar, entende-se que este deve ser acolhido,
por estarem presentes nos autos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora (parágrafos 9
a 29 desta instrução).
33. Diante dos fatos apurados, conclui-se que as informações constantes nos autos ainda não
são suficientes para a análise de mérito da presente representação, razão pela qual faz-se necessária a
realização de oitivas saneadoras (parágrafo 30 desta instrução).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
34. Pelo exposto, submete-se o presente processo à consideração superior, propondo a adoção
das seguintes medidas:
34.1. conhecer a presente representação, nos termos do art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, e do art.
237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento Interno do TCU;
34.2. tendo em vista a existência dos pressupostos necessários, deferir, com fundamento no art.
276, caput, do Regimento Interno do TCU, o requerimento de medida cautelar formulado pela empresa
Microsol Tecnologia S/A (CNPJ 07.108.509/0001-00), a fim de determinar ao Centro de Serviços de
Logística de São Paulo do Banco do Brasil, na pessoa do Gerente Geral Leonel Prado de Moraes (CPF
066.003.928-19), que suspenda imediatamente todos os atos decorrentes do pregão eletrônico
2011/15199(7421) e da ata de registro de preços 201274210226;
34.3. com fulcro no art. 276, § 3º, do Regimento Interno do TCU, determinar a oitiva do Centro
de Serviços de Logística de São Paulo do Banco do Brasil, na pessoa da pregoeira Aline Alvarez
Carneiro (CPF 305.868.628-54), para que, no prazo de 15 dias, pronuncie-se sobre os fatos apontados
na presente representação, mais especificamente para:
34.3.1. apresentar justificativa devidamente fundamentada para a ausência de mecanismo de
garantia do adimplemento do contrato, considerando o exíguo o capital social da empresa EC
Eletrônica Ltda. (R$ 30.000,00) e o expressivo valor da contratação (R$ 48.986.000,00), à luz dos arts.
31, inciso III, e 56, § 1º, da Lei 8.666/93, e dos Acórdãos 112/2007-P, 2.014/2007-P e 296/2008-P,
citados pela representante;
34.3.2. apresentar justificativa devidamente fundamentada para a desclassificação da empresa
Equisul Indústria e Comércio Ltda. em razão da ausência de independência do laboratório contratado
para realizar os testes, considerando que a empresa afirma que o laboratório contratado estava
relacionado na lista de laboratórios independentes credenciados pelo próprio CSL/SP, conforme
relação do item 4.13 do anexo 1 do edital;
34.3.3. apresentar justificativa devidamente fundamentada para a presença de técnicos da
empresa Lacerda Sistemas de Energia Ltda. nos ensaios de interesse da empresa EC Eletrônica Ltda.,
conforme evidenciado no relatório de ensaio 72.901;
34.3.4. apresentar justificativa devidamente fundamentada para a aceitação da Declaração de
Endereço e Produção da empresa EC Eletrônica Ltda. com graves indícios de falsidade quanto ao
endereço da linha de montagem e à capacidade de produção;
34.3.5. apresentar justificativa devidamente fundamentada para a contratação de um produto
(no-break marca Lacerda, modelo Frigate 2KL) por um preço maior (valor global de R$ 48.986.000,00
ou R$ 2.449,30 por unidade), sendo que o mesmo produto foi testado e reprovado, três meses antes,
quando havia sido oferecido pela própria fabricante por um preço menor (valor global de R$
39.158.000,00 ou R$ 1.957,90 por unidade), à luz dos princípios da economicidade e da vantajosidade
para a Administração;
128
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
34.3.6. apresentar cópia dos pareceres jurídicos e das análises que embasaram todas as decisões
da pregoeira, inclusive no tocante à rejeição dos recursos interpostos pelas empresas Delta Greentech
Brasil S/A e Engetron Engenharia Eletrônica Indústria e Comércio Ltda.;
34.4. nos termos do art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, determinar a oitiva da
empresa EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97) para que, no prazo de 15 dias, querendo,
manifeste-se sobre os fatos apontados na presente representação, uma vez que os mesmos podem
resultar em decisão do Tribunal no sentido de alterar o contrato em seu desfavor.’
2. Decido.
3. Verifico que as sugestões apresentadas pela unidade técnica estão apoiadas em amplo
arrazoado que merece o nosso acolhimento.
4. Isso, pelo menos neste juízo inicial, de cognição sumária, em que é exercido o poder de
cautela, num julgamento deliberatório no qual se mesclam a urgência da decisão e a impossibilidade de
aprofundamento analítico do caso, tendo-se presente que o objeto da licitação foi adjudicado à empresa
vencedora em 11/1/2012 e que os pedidos de compra serão enviados em breve, bem assim que, de
alguma forma, é perceptível a fumaça do bom direito.
5. Desse modo, conheço do expediente em exame como Representação, e considerando estarem
configurados o periculum in mora e o fumus boni juris, DETERMINO, com fundamento no art.
276, caput, do Regimento Interno/TCU, ao Banco do Brasil, em sede de medida cautelar, que se
abstenha de adotar quaisquer atos decorrentes do pregão eletrônico 2011/15199 (7421) e da ata de
registro de preços 201274210226, obstando também que outras entidades a utilizem para compra do
produto objeto da licitação, até que este Tribunal delibere, no mérito, a respeito da regularidade dos
procedimentos em causa.
6. Restituam-se os autos à 2ª Secex, para que, com a urgência requerida, transmita à entidade
representada cópia da medida acautelatória aqui adotada, bem assim para que promova as demais
providências por ela alvitradas e ora por mim igualmente acolhidas.”
2. No documento que compõe a peça nº 38 dos autos, datado de 4/6/2012, a impetrante “requer
que seja conhecido o presente pedido de reconsideração para suspender a eficácia da cautelar deferida
até o julgamento final da representação, evitando-se, assim, possíveis prejuízos ao erário.”
3. Assim, a recorrente expõe suas ponderações na forma do texto que transcrevo por inteiro:
“DA INEXISTÊNCIA DOS GRAVES INDÍCIOS DE FALSIDADE
De fato quando existe uma fundamentação de possibilidade de falsidade documental, é uma
tendência de qualquer julgador optar pelo deferimento da cautelar.
Quando foi instada a se manifesta quanto à representação, a requerente sequer foi questionada
quanto à eventual falsidade de documento.
Ora, tal fato, por si só, já viola o direito de defesa, uma vez que se existisse dúvidas quanto à
validade de documento deveria ter sido oportunizado o direito de rebater ‘as alegações de falsidade
com todos os elementos.
Roga-se a leitura de que se trata de declaração quanto ao FABRICANTE. Ora, a REVENDA
adquire diversos componentes e informou que irá integrar diversos componentes. Com isso, é do
conteúdo de uma integradora que apresentou desde o início a sua relação de fornecedores.
Com a devida licença, bastaria verificar que a empresa FABRICANTE de UMA DAS PARTES
DO PRODUTO FINAL pode ter um preço menor em um dos conteúdos que compõe o produto final,
influenciando o preço.
Quanto ao endereço da linha de montagem e de produção foi, desde o início, esclarecido que na
resposta do Banco do Brasil e acolhido pelo próprio TCU que o endereço indicado foi o do Fabricante.
Segue o texto - item 53 da defesa do Banco do Brasil:
129
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
‘ A propósito, informamos que no processo consta documento emitido pela empresa EC
Eletrônica (documento n. 14), declarando que a RESPONSÁVEL PELA FABRICAÇÃO DOS
NOBREAKS É A EMPRESA LACERDA SISTEMAS DE ENERGIA LTDA....’
Com isso, vê-se que não houve qualquer discussão posterior de falsidade.
DA COMPOSIÇÃO DA LICITAÇÃO E DA RELAÇÃO REVENDA DE UMA DAS
PARTES E ENTREGA DA SOLUÇÃO
A licitação não foi para ‘comprar’ no breaks. Em verdade, o objeto do contrato é o seguinte:
‘....No break estático de dupla conversão (on-line), COM BATERIAS EXTERNAS PARA
EXPANSÃO DA AUTONOMIA, INTERFACE PARA MONITORAMENTO REMOTO E DAÇÃO
EM PAGAMENTO SUBSTITUÍDO (TRADE IN) ....
O relatório da área técnica do TCU reconhece que a empresa EC ELETRÔNICA atendeu as
especificações do edital. Vejamos:
‘...embora o art. 25 do Decreto 5450/2005 tenha sido observado e que A PROPOSTA DA EC
ELETRÔNICA TENHA ATENDIDO AS ESPECIFICAÇÕES DO EDITAL. NÃO
CONCORDAMOS COM O BANCO QUANDO ESTE AFIRMA QUE A PROPOSTA MAIS
VANTAJOSA FOI SELECIONADA’.
A própria área técnica do TCU afirma:
‘ ...embora não houvesse no edital restrição de pessoas jurídicas diferentes fornecerem
equipamento de mesma marca e modelo para homologação na licitação, a empresa EC como
fornecedora tornou-se UMA INTERMEDIÁRIA ONEROSA ENTRE A ADMINISTRAÇÃO E A
EMPRESA LACERDA ...’.
Tal conclusão é baseada apenas em elementos SUBJETIVOS e na falta de elementos técnicos
que não poderiam ter sido ponderados em sede de cautelar.
Nesse viés, temos que a representação afirma o seguinte:
...assim constata-se que a LACERDA figurou como uma proponente e a EC como outra
proponente no certame, ambas ofertando o MESMO PRODUTO, a saber o nobreak marca LACERDA
MODELO FRIGATE 2KL....’.
Nesse sentido, a LACERDA foi inabilitada nos testes de SUA SOLUÇÃO FINAL.
Passados 3 meses depois a EC foi instada a apresentar proposta e sua solução foi
CLASSFICADA.
O TCU achou ‘estranho’ tal fato. Contudo, existem diversos motivos técnicos. A saber:
1. 0 NO BREAK LACERDA É UM DOS ELEMENTOS DO PRODUTO FINAL;
2. 0 PRODUTO FINAL DA LACERDA NÃO FOI HOMOLOGADO, POR CONTA DA
REGULAÇÃO ESTÁTICA/DINÂMICA E NÍVEL SONORO;
3. A EC TRABALHOU COM A EQUIPE DE ENGENHARIA PARA VERIFICAR AS
ALTERAÇÕES DE PROJETO, PROGRAMAÇÃO E REGULAÇÕES.
Nesse sentido, NÃO HÁ QUE SE MACULAR A CAPACIDADE DA EC ELETRÔNICA em,
mesmo sendo revendedora, de ter capacidade técnica.
Se o edital não vedou a participação de revenda e se a revenda integrou a solução, É ILEGAL
RETIRAR-LHE O CONTRATO ASSINADO por conta de questões de entendimento pessoal.
Vejamos a composição geral da solução:
1. Equipamento no break - LACERDA SISTEMAS
2. Baterias - Moura
3.Armários/embalagens/Interligações/Disjuntores/Pallet - METALÚGICA ZONI, CEVILHA,
REVITEC, STAMPCOM, KRAFTPAK, SIEMENS E OUTRAS
4. Instalação - EC ELETRÔNICA EM CONJUNTO COM A REDE NACIONAL DE
ASSISTÊNCIA TÉCNICA DO FABRICANTE DE UM DOS ITENS (LACERDA) EM TRABALHO
INTEGRADO.
130
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Logo, a EC será responsável por integrar a solução e não pode ser penalizada por conta de ser
uma revenda que demonstrou capacidade técnica e de integração que outras não demonstraram.
DOS FATOS NOVOS A ENSEJAR A NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DA
CAUTELAR DO PERICULUM IN MORA INVERSO
Por medida de prudência com o trato da coisa pública foi deferida a medida cautelar.
Outrossim, os contornos específicos do material envolvido e a celeridade do contexto da
cautelar impuseram a decisão irretocável de Vossa Excelência.
Contudo, novos fatos devem ser ponderados agora e podem determinar uma nova análise da
questão.
Quanto ao periculum in mora de proteção do erário, deve ser indicado que se trata de
equipamento indispensável ao funcionamento das agências. Com isso, a falta de no breaks pode
paralisar o funcionamento em caso de falta de luz. Nesse sentido, PODEM SER efetivadas COMPRAS
FRACIONADAS com vistas a impedir a falta do equipamento.
Deve ser anotado que a discussão técnica da solução de compra passou por diversas fases.
Com isso, o não prosseguimento DO CONTRATO PODE DETERMINAR COMPRA MAIS
ONEROSA POR MEIO DE FRACIONAMENTO DE DESPESAS OU ATÉ MESMO LEVAR A
CONTRATAÇÕES EMERGENCIAIS.
Nesse viés, a cautelar que veio para proteger ao erário pode levar a prejuízos ao erário.
DOS ESCLARECIMENTOS QUANTO AO FUNDAMENTO DE PERICULUM IN
MORA DA ÁREA TÉCNICA
Veja que a área técnica apontou alguns fundamentos para embasar a recomendação de anulação
do pregão. Contudo, devem ser ponderados os seguintes fatos.
DA INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO À PUBLICIDADE NO FATO DE
CONCORRENTES NÃO PODEREM ACOMPANHAR A VISTORIA TÉCNICA
Veja que a norma legal determina que existe publicidade, SALVO O CONTEÚDO DAS
PROPOSTAS. Ora, se o equipamento é a parte técnica da proposta cabe à comissão analisar. Veja
bem. Existe diversos segredos industriais e questões de sigilo profissional na questão.
Com isso, não há razão para em uma decisão cautelar indicar que houve irregularidade de
manter a indicação isonômica de que TODOS OS CONCORRENTES não iriam participar da análise.
Se assim não for, apenas o requerente terá a vantagem de acessar dados.
Agora, se existe dúvida da lisura da comissão, isso é outra questão que deve ser tratada com o
direito de defesa próprio e não em medida cautelar.
DA DIFERENÇA DAS PROPOSTAS
De fato, a decisão cautelar fundada em análise perfunctória da área técnica não verificou que
NÃO SE TRATA DE REVENDEDOR COM PREÇO MAIOR VENDENDO O MESMO PRODUTO
QUE O FABRICANTE.
A LACERDA que fornece PARTE DA SOLUÇÃO teve o seu protótipo reprovado. Outra
empresa, EMERSON NETWORK DO BRASIL LTDA, também cotou o No Break modelo Frigate
2KL e teve seu protótipo reprovado. Deve ser perguntado:
QUAL O MOTIVO QUE LEVOU EC ELETRÔNICA LOGRAR APROVAÇÃO NA ÁREA
TÉCNICA?
1. O PRODUTO DA LACERDA É PARTE DA SOLUÇÃO;
2. EXISTE A CONFIGURAÇÃO DO GABINETE;
3. EXISTE O TRABALHO TÉCNICO QUE ATENDEU AS ESPECIFICAÇÕES.
Com a devida vênia, SIMPLIFICOU-SE algo que não é tão simples.
Não se trata de MESMO PRODUTO COM PREÇO QUASE 10 MILHÕES A MAIOR como
indicou a área técnica.
Na diferença de preço decorre do fato de que a empresa EC Eletrônica melhorou
antecipadamente tecnologia de fabricação de parte da solução para atender as especificações técnicas
exigidas no edital.
131
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Perigo ha manutenção da liminar: frisa-se que as agências bancárias não podem ficar sem os
equipamentos, por isso podem ser obrigadas a adquiri-los de forma fracionada, embutindo o custo da
aquisição dos mesmos em outras despesas, onerando demasiadamente a instituição mantenedora.
DO PEDIDO
Requer que seja conhecido o presente pedido de reconsideração para suspender a eficácia da
cautelar deferida até o julgamento final da representação, evitando-se, assim, possíveis prejuízos ao
erário.”
É o relatório.
VOTO
Preliminarmente, é de notar que o inconformismo revelado neste recurso pela empresa EC
Eletrônica Ltda. tem a ver com o despacho deste relator, que compõe a peça nº 7 dos autos, datado de
3/4/2012, mediante o qual foi:
a) deferida medida cautelar, com fundamento no art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU,
determinando-se ao Banco do Brasil que se abstivesse de adotar quaisquer atos decorrentes do pregão
eletrônico 2011/15199 (7421) e da ata de registro de preços 201274210226, obstando também que
outras entidades a utilizassem para compra do produto objeto da licitação, até que este Tribunal
deliberasse, no mérito, a respeito da regularidade dos procedimentos em causa;
b) determinada, com base no art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do Centro de
Serviços de Logística de São Paulo do Banco do Brasil, na pessoa da pregoeira Aline Alvarez Carneiro
(CPF 305.868.628-54), para que, no prazo de 15 dias, se pronunciasse sobre os fatos apontados na
representação;
c) determinada, nos termos do art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da
empresa EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97), para que, no prazo de 15 dias, querendo, se
manifestasse sobre as ocorrências noticiadas no documento objeto destes autos, dado que elas
poderiam resultar em decisão contrária aos seus interesses.
2. Desse modo, o apelo ora discutido atrai para a espécie a modalidade processual de que trata
o art. 289 do Regimento Interno/TCU, em respeito ao princípio da fungibilidade recursal, passando a
ser analisado como agravo.
3. De plano, observo o não atendimento, por parte da recorrente, de requisito para a
admissibilidade de sua petição, previsto no aludido dispositivo regimental, conforme se vê:
“Art. 289. De despacho decisório do Presidente do Tribunal, de presidente de câmara ou do
relator, desfavorável à parte, e da medida cautelar adotada com fundamento no art. 276 cabe
agravo, no prazo de cinco dias, contados na forma do art. 183.” (destacamos).
“Art. 183. Os prazos referidos neste Regimento contam-se dia a dia, a partir da data:
I – do recebimento pela parte:
a) da citação ou da comunicação de audiência;
b) da comunicação de rejeição das alegações da defesa;
c) da comunicação de diligência;
d) da notificação;
II – constante de documento que comprove a ciência da parte;
III – da publicação nos órgãos oficiais, quando a parte não for localizada;
IV – nos demais casos, salvo disposição legal expressa em contrário, da publicação do
acórdão no Diário Oficial da União.”
4. É que, consoante demonstrado nas peças nºs 16 e 21, a empresa EC Eletrônica Ltda., por seu
sócio Sandro Augusto Alves, tomou ciência do despacho ora agravado em 12/4/2012, enquanto o seu
recurso é datado de 4/6/2012, com entrada no TCU em 6/6/2012, conforme indica a peça nº 38.
132
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
5. Portanto, resta plenamente configurada a preclusão temporal, ocorrendo aí a perda da
faculdade recursal, por não ter sido exercida no tempo oportuno, porquanto entre a notificação do
despacho embargado e a interposição deste agravo escoou-se prazo bem superior aos cinco dias
previstos no art. 289 do RI/TCU.
6. De mais a mais, nem mesmo é o caso de se mitigar a rigidez das normas processuais, em
favor da verdade material, e à vista do princípio do formalismo moderado, porquanto as razões
apresentadas pela agravante – reproduzidas, em síntese apertada, na ementa abaixo, elaborada pela
própria recorrente - não se mostram suficientes para afastar os pressupostos da medida cautelar por
mim deferida:
EMENTA
PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO. PERICULUM IN MORA INVERSO.
REPRESENTAÇÃO QUE TEVE CAUTELAR DEFERIDA COM PEDIDO POUCO USUAL DE
ANULAÇÃO DE CONTRATO E NÃO PELA INCLUSÃO DA LICITANTE NO PROCEDIMENTO
LICITATÓRIO. SUSPENSÃO DE CONTRATO JÁ ASSINADO. CONTRATO EM FASE DE
EXECUÇÃO. SUSPENSÃO DE CONTRATO PELO TCU. CONTINUIDADE DE
PROCEDIMENTO DE COMPRA POR MEIO DE EMPRESA QUE FEZ REPRESENTAÇÃO NO
TCU E PODE ESTAR SE BENEFICIANDO DA CAUTELAR PARA CONTINUAR VENDENDO
PARA O BANCO DO BRASIL POR INTERMÉDIO DAS REVENDAS (DOCUMENTO 01) OU
DIRETAMENTE. LICITAÇÃO DE EQUIPAMENTO FUNDAMENTAL PARA O
FUNCIONAMENTO DE AGÊNCIAS. POSSIBILIDADE DE ABERTURA DE JUSTIFICATIVA
FUNDADA NA SUSPENSÃO DA LICITAÇÃO PARA COMPRA DIRETA OU DE MECANISMO
DE ACOMODAÇÃO DE NO BREAKS EM OUTROS SERVIÇOS. POSSÍVEL USO DE DECISÃO
CAUTELAR DO TCU PARA BURLAR LICITAÇÕES. CAUTELAR QUE BENEFICIA
APENAS UMA EMPRESA. REDISCUSSÃO DE ARGUMENTOS DE PROTEÇÃO AO ERÁRIO
PÚBLICO. PONDERAÇÃO DE POSSÍVEIS PREJUÍZOS AO ERÁRIO. EMPRESA QUE
COMERCIALIZA SOLUÇÕES NA ÁREA DE MANUTENÇÃO DE ENERGIA. APROVAÇÃO
PELA ÁREA TÉCNICA DE SOLUÇÃO. FABRICANTE DE PARTE DA SOLUÇÃO
INABILITADO. CAUTELAR DE CONCORRENTE COM PREÇO SUPERIOR A 20 MILHÕES
QUE TINHA INTERESSE DE EXCLUIR O LICITANTE. INDICAÇÃO TÉCNICA DE QUE O
MESMO PRODUTO ESTAVA COM PREÇO SUPERIOR AO FABRICANTE. ERRO MATERIAL.
COMPOSIÇÃO DE PREÇOS FEITA COM OUTROS ELEMENTOS. INEXISTÊNCIA DE
ILEGALIDADE DA NÃO ACESSIBILIDADE AO CONTEÚDO DO EQUIPAMENTO PELO
CONCORRENTE. PREVISÃO LEGAL DE SIGILO DAS PROPOSTAS. PEDIDO DE
REVOGAÇÃO DA CAUTELAR. POSSIBILIDADE DE BENEFICIÁRIOS DA CAUTELAR DE
VENDEREM DE FORMA FRACIONADA EM CADA UMA DAS AGÊNCIAS O OBJETO DO
CONTRATO QUE FOI SUSPENSO. COMPROVAÇÃO DE QUE A SUSPENSÃO DO
CONTRATO, DETERMINADA PELO TCU NA CAUTELAR, PODE GERAR PREJUÍZOS
IRREPARÁVEIS PARA DIVERSAS EMPRESAS DA CADEIA ECONÔMICA. (destaques do
original)
7. Digo isso por entender que as alegações ora trazidas pela impetrante não reúnem elementos
com maior capacidade de convencimento do que os argumentos por ela apresentados por ocasião da
oitiva promovida pela 2ª Secex (peças nºs 17 e 29), examinados na última instrução da unidade
técnica, em fase de análise pelo Ministério Público, cujas contrarrazões são vistas a seguir, além da
conclusão e consequente proposta de encaminhamento do órgão instrutivo (peça nº 30):
“MANIFESTAÇÃO DA EMPRESA EC ELETRÔNICA
47. Em resposta ao Ofício 231/2012-Secex-2, a empresa vencedora do certame encaminhou os
documentos constantes das peças 18 a 20. Além disso, foram juntados nos autos procuração da
empresa (peça 26), pedidos de vista (peça 27 e 28) e documentos na peça 29, cujo teor é idêntico aos
constantes das peças 18 a 20.
133
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
48. Em síntese, inicia a empresa alegando preclusão do direito de impugnação dos termos do
edital, eis que a representante invoca três inconformismos ao edital, buscando o reconhecimento da
ilegalidade dos itens 9.2 do edital, 4.11.1 do anexo 1 e 1.1.3 do anexo 2 para revisão do resultado final
do pregão e a anulação do certame.
49. Alega que o certame realizou-se no dia 21/7/2011, portanto, o prazo para impugnação do
edital pelas licitantes encerrou-se em 19/7/2011, sem que houvesse qualquer contestação por parte da
representante. Assim, considera incabíveis os questionamentos, após 3 meses de publicação do
resultado do certame, pois o momento para fazê-los passou.
50. Em seguida passou a empresa vencedora discorrer sobre os itens atacados pela
representante, buscando comprovar o cumprimento do edital.
51. Quanto ao item 1.1.3 do anexo 2 do edital, afirma que a representante está equivocada
quando alega que o edital não exigiu qualquer forma de garantia, pois na parte que trata da
‘Habilitação por meio do SICAF’ (anexo 2), foram exigidos índices maiores que um. Assim, está
comprovada previsão editalícia no edital de garantia nos termos do art. 31 da Lei 8666/1993 e o seu
devido cumprimento por parte da representada EC Eletrônica (peça 17, p. 6-8).
52. No que se refere ao item 9.12 do edital, alega que a empresa jamais teve duas oportunidades
de fazer avaliação técnica do seu equipamento. O seu equipamento foi avaliado pelo mais credenciado
Instituto, tendo o laudo homologado o produto. Além disso, houve o acompanhamento por engenheiros
do Banco e os princípios da transparência e da publicidade foram fielmente seguidos e respeitados.
Dessa forma, se o laudo não foi questionado ou objeto de recurso os argumentos da representante não
são válidos (peça 17, 8-10).
53. Relativamente ao subitem 4.11.1 do anexo 1 do edital, assevera que seguindo ao previsto no
edital a empresa venceu o certame com equipamento da fabricante Lacerda Sistemas, inclusive consta
na proposta comercial tal informação.
54. Diante disso, foi indicado o endereço de fabricação e linha de produção do fabricante.
Ademais, o edital não exige que a produção e fabricação sejam próprias. Assim, devem ser afastados
os argumentos da representante (peça 17, 10-11).
55. Por fim, discorre sobre a legalidade do pregão, o princípio da vinculação ao instrumento
convocatório e assevera que a EC Eletrônica cumpriu todas as exigências editalícias.
EXAME TÉCNICO
56. A seguir, examinaremos as informações prestadas pelo Gerente Geral da CSL São Paulo,
por meio do Of. Dinop – 2012/02, de 20/4/2012 e pela pregoeira Aline Alvarez Carneiro, por meio do
Of. Dinop/CSL São Paulo (SP) – 2012/01, de 19/4/2012, em confronto com as alegações da
representante e da licitante vencedora, a fim constatar a procedência ou não da presente representação.
57.O mérito da questão reside em averiguar se o pregão está em consonância com os princípios
que norteiam as licitações públicas, principalmente com os da isonomia, da economicidade, do
interesse público e da eficiência.
58. Merece destaque a discussão sobre a contratação de um produto por um preço maior (R$
48.986.000,00), sendo que o mesmo produto foi testado e reprovado, três meses antes, quando havia
sido oferecido pela própria fabricante por um preço menor (R$ 39.158.000,00).
59. Segundo a instrução anterior, a representante afirma que o nobreak marca Lacerda, modelo
Frigate 2KL, oferecido pela EC Eletrônica, vencedora do certame, é o mesmo que foi apresentado
pelas empresas Lacerda Sistemas de Energia Ltda. e Emerson Network Power do Brasil Ltda.
(respectivamente, 5ª e 8ª classificadas do certame) e que já havia sido reprovado nos dois testes
anteriores (peça 4, p. 2).
60. O teste solicitado pela empresa Lacerda foi realizado pelo Instituto de Eletrotécnica e
Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e os ensaios ocorreram no período de 8 a 15/9/2011
(peça 1, p. 117-139). Já o teste da empresa Emerson foi realizado pelo Laboratório TÜV Rheinland e
os ensaios ocorreram no período de 10 a 18/11/2011 (peça 1, p. 164-195). O teste da EC Eletrônica
134
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
também foi realizado pelo IEE/USP e os ensaios ocorreram no período de 15 a 20/12/2011 (peça 1, p.
234-258).
61. Consoante disposto no item 9.2 do edital, o proponente primeiro classificado deveria
apresentar laudo de ensaio sem ônus para o Banco em até vinte dias úteis contados da convocação do
arrematante. Com antecedência mínima de dois dias, deveria ser informado ao BB o laboratório
independente escolhido, a data e hora de início dos testes e a duração para acompanhamento dos
representantes do Banco (peça 24, p. 53). Caso o equipamento entregue para homologação não
atendesse as especificações previstas no edital, a proposta do proponente seria desclassificada (subitem
9.3 do edital – peça 24, p. 53).
62. Assim, constata-se que a empresa Lacerda figurou como uma proponente e a EC Eletrônica
como outra proponente no certame, ambas ofertando o mesmo produto, a saber o nobreak marca
Lacerda, modelo Frigate 2KL.
63. Embora não houvesse no edital restrição de pessoas jurídicas diferentes fornecerem
equipamento de mesma marca e modelo para homologação na licitação, a empresa EC, como
fornecedora, tornou-se uma intermediária onerosa entre a Administração e a empresa Lacerda,
fabricante do produto, que ofereceu o equipamento por um preço bem menor que o vencedor.
64. Repise-se que, pelo que se observa do documento encaminhado pela EC Eletrônica à
pregoeira, datado de 25/11/2011 (peça 24, p. 120), o equipamento era da mesma marca e modelo
(marca Lacerda, modelo frigate 2KL), apenas os problemas apresentados quando do envio pela
Lacerda para homologação foram solucionados.
65. Igualmente verificamos por meio da alínea ‘C. Descrição do corpo de prova’ constante dos
Relatórios de Ensaio 7234 (peça 24, p. 132), 72325 (peça 24, p. 155), apresentados pela empresa
Lacerda Sistemas e dos Relatórios de Ensaio 72901 (peça 24 p. 181) e 72902 (peça 24, p. 205),
apresentados pela empresa EC Eletrônica, que os equipamentos eram da mesma marca e modelo.
66. Embora o art. 25, § 5º, do Decreto 5450/2005 tenha sido observado e que a proposta da EC
Eletrônica tenha atendido às especificações do edital, não concordamos com o Banco quando este
afirma que a proposta mais vantajosa foi selecionada.
67. Saliente-se que não é razoável que o Banco pague a importância de quase R$ 10.000.000,00
a mais, caso venha a adquirir os equipamentos da empresa EC Eletrônica, quando poderia adquiri-los
do fabricante por um custo menor. Deveria prevalecer, a nosso ver, no caso concreto, o interesse da
Administração.
68. A pregoeira, ao perceber que o produto ofertado pela empresa EC Eletrônica era da mesma
marca e modelo de um produto anteriormente ofertado pela própria fabricante, deveria ter ensejado
esforços no sentido de aproximar o valor oferecido pela representante comercial daquele ofertado pela
fabricante.
69. No entanto, a ata de registro de preço foi assinada por representantes do Banco e da
empresa EC Eletrônica em 19/01/2012 (peça 1, p. 61-70), sem que houvesse negociações com vistas à
redução do preço registrado.
70.A Administração pode anular seus próprios atos, quanto eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência e
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial
(Súmula 473 do STF).
71. O registro de preço obtido por meio de pregão somente deve ser aceito se demonstrado que
é a opção mais econômica para a Administração. Nesse sentido está o Acórdão 2404/2009-2ª Câmara.
72. No presente caso, ficou evidente que o resultado do registro de preço não é uma opção
vantajosa para o Banco.
73. De acordo com o art. 12, § 1º, do Decreto 3931/2001, o preço registrado poderá ser revisto
em decorrência de eventual redução daqueles praticados no mercado ou de fato que eleve o custo dos
serviços ou bens registrados, cabendo ao órgão gerenciador da ata promover as necessárias
negociações junto aos fornecedores.
135
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
74. O art. 13, inciso III e IV, do aludido Decreto dispõe que o fornecedor terá seu registro
cancelado, quando não aceitar reduzir o seu preço registrado, na hipótese de este se tornar superior
aqueles praticados no mercado ou tiver razões de interesse público, desde que assegurados o
contraditório e a ampla defesa (§ 1º do citado artigo).
75. Diante disso, considerando que o preço praticado pela empresa EC Eletrônica (fornecedora)
é bem superior ao ofertado pela fabricante (empresa Lacerda) e tendo em vista que a ata de registro de
preço foi assinada em 19/1/2012 e que não há informação sobre a revisão do preço registrado,
propomos seja fixado prazo para que o CSL/SP do Banco do Brasil anule o pregão e todos os atos dele
decorrente, nos termos do art. 71, inciso IX, da Constituição Federal c/c art. 45, da Lei 8666/1993 e o
art. 251 do RI/TCU, em razão da inobservância dos princípios da razoabilidade, da economicidade e da
eficiência.
76. No que tange à questão acerca da ausência de garantia do adimplemento do contrato, aliado
ao fato do capital social da empresa vencedora ser de apenas R$ 30.000,00 e o expressivo valor da
contratação, assiste razão ao Banco quando afirma que é facultado à administração exigir a prestação
de garantias nas contratações de bens, obras e serviços de modo a assegurar a plena execução do
contrato, conforme disposto no caput do art. 56 da Lei 8666/1993.
77. Cabe à administração avaliar diante da complexidade do objeto a necessidade de se
estabelecer essa exigência no edital. Caso decida pela prestação de garantia contratual, o contratado
poderá optar por uma das modalidades prevista no § 1º do citado artigo.
78. No presente caso, o Banco não exigiu nenhuma das garantias contratuais previstas no §1º
do art. 56 da Lei 8666/1993. Tal fato se deu em razão da natureza do Sistema de Registro de Preço
que, na realidade, gera uma expectativa de direito em relação ao fornecimento do objeto registrado e
ao fato que o pagamento somente será realizado quando do efetivo recebimento, instalação e aceite por
parte do Banco.
79. Alega, também, o BB que a exigência poderia ser considerada onerosa e afastar possíveis
interessados na licitação.
80. O art. 15, § 4º, da Lei 8666/1993 e o art. 7º do Decreto 3.931/2001 dispõem que a
existência de preços registrados não obriga a administração a firmar as contratações que deles poderão
advir. Ora, se a contratação somente ocorrerá se houver interesse do Banco, também não seria sensata
a exigência das garantias previstas no art. 56, § 1º, durante toda a vigência do contrato.
81. Ressalte-se que, como comprovação de boa situação financeira da proponente, o Banco
exigiu a obtenção de Índices de Liquidez Geral (LG), Solvência Geral (SG) e Liquidez Corrente (LC)
maiores do que um, sendo considerada habilitada a empresa que apresentasse esse resultado em todos
os índices mencionados (subitem 2.1.11 do anexo 2 do edital – peça 24, p. 70).
82. As empresas que não apresentassem o resultado estabelecido deveriam comprovar possuir
patrimônio líquido igual ou superior a R$ 4.300.000,00 (subitem 2.1.12 do edital). Assim, constata-se
que o disposto no edital está de acordo com o art. 31, §§ 3º e 5º, da Lei de Licitação.
83. A empresa vencedora optou pela sua habilitação por meio do SICAF. Apesar do exíguo
capital social (R$ 30.000,00), ela atendeu ao disposto no edital (subitem 1.1.3 – peça 24, p. 69), eis que
apresentou os seguintes índices: SG = 5,02; LG = 4,23; LC = 5,17, conforme declaração constante na
peça 24, p. 122.
84. Diante do exposto, tendo em conta a documentação juntada aos autos, consideramos que
não procedem os argumentos da representante.
85. No que diz respeito à desclassificação da empresa Equisul Indústria e Comércio ltda. em
razão da independência do laboratório contratado, observa-se que, embora o Laboratório de Eletrônica
da Unisul tenha sido listado pelo Banco (item 4.13 do edital - peça 1, p. 28 e peça 24, p.62), como
referência para a realização dos testes, a responsabilidade pela contratação do laboratório e respectivo
custo era do licitante.
136
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
86. Verifica-se que não houve o planejamento adequado. Referido laboratório não estava
preparado para os ensaios, eis que não possuía sequer os equipamentos de medição, conforme relatado
pelos técnicos do Banco (peça 24, p. 87-88).
87. Além disso, foram utilizados equipamentos de propriedade da empresa Equisul, inclusive
os testes iniciaram-se sob a condução de preposto da empresa, o que foi objeto de advertência pelos
técnicos do BB, em razão do descumprimento do item 4.1 do anexo 1 do edital (peça 25, p. 87).
88. Também consta informação sobre inconformidades apresentadas pelos equipamentos
durante os ensaios. Por fim, o representante do laboratório informou verbalmente aos técnicos do BB
não ter interesse em dar continuidade aos testes nos termos do edital (peça 25, p. 88).
89. Embora a pregoeira afirme que a empresa Equisul não se pronunciou a respeito da decisão
do Banco que a desclassificou, no prazo recursal, consta dos autos e-mail enviado pela mesma
pregoeira datado de 30/8/2011 (peça 1, p. 231), relatando o inconformismo da empresa Equisul com a
decisão, bem como o interesse da empresa em acompanhar os testes da empresa concorrente, o que foi
negado pelo Banco (pela 1, p. 231).
90. Também consta na peça 24, p. 91, na parte que trata do ‘Histórico de mensagens na sala de
disputa’, mensagens a esse respeito trocadas entre a pregoeira e a empresa Equisul. A questão da
presença de outros técnicos nos ensaios será tratada no tópico seguinte.
91. Assim, considerando os fatos narrados no Relatório Técnico do Banco (peça 24, p. 87-88,
constatamos que não restou comprovada a independência exigida para a emissão do laudo, o que levou
a desclassificação da empresa pelo descumprimento dos itens 4.1, 4.6 e 4.7 do anexo 1 do edital.
92. Quanto à questão referente à presença de técnicos de outras licitantes nos ensaios
realizados, conforme apontado na instrução anterior (peça 4), os técnicos que estavam presentes nos
testes da empresa Lacerda (peça 1, p. 117) eram os mesmos que estavam presentes nos ensaios da EC
Eletrônica (peça 1, p. 234), Srs. Paulo Vinícius Ribeiro Torim, Enrico Caruso e Rafael P. Gepes, o
que, segundo o representante, poderia denotar a quebra do princípio da isonomia na condução da
licitação.
93. Observou-se que o Sr. Natanael Wollmann participou dos testes na condição de indicado
pela empresa EC Eletrônica como seu representante (peça 24, p.102), enquanto a presença dos técnicos
da empresa Lacerda indicados no parágrafo anterior se deu na condição de representantes da
fabricante.
94. Ressalte-se que não há nenhum impedimento quanto à presença de representantes da
fabricante nos testes, ou mesmo de outros concorrentes, com fulcro no princípio da publicidade
insculpido no art. 3º, caput e §3º, da Lei 8666/1993 e art. 5º do Decreto 5450/2005.
95. No entanto, por outro lado o Banco não permitiu a presença de técnicos da Equisul nos
testes do produto ofertado pela empresa Lacerda, alegando que o edital não previa a presença de outros
licitantes nos ensaios e que os laudos eram públicos, disponíveis aos interessados e passíveis de
contestação (peça 1, p. 231).
96. Segundo jurisprudência do TCU, em particular os Acórdãos 1984/2008-Plenário,
1984/2006-Plenário, 1512/2006-Plenário e 346/2002-Plenário, deve-se viabilizar a inspeção às
amostras apresentadas aos interessados, garantindo a eficácia ao princípio da publicidade consagrado
no caput do art. 3º da citada Lei.
97. Diante disso, propomos que seja determinado ao Banco que na licitação que vier a suceder
o pregão eletrônico 2011/15199 (7421), ao exigir a apresentação de amostras ou protótipos ou laudos
técnicos, permita a presença dos demais licitantes nos ensaios a serem realizados, em homenagem ao
princípio da publicidade, consagrado no artigo 3º, caput e §3º, da Lei 8666/1993 e art. 5º do Decreto
5450/2005.
98. No que tange à aceitação de declaração da empresa vencedora, com graves indícios de
falsidade, quanto ao endereço de linha de montagem e capacidade de produção, temos os seguintes
comentários a fazer.
99. O edital (anexo 1), no tocante ao assunto, assim dispõe (peça 24, p. 24):
137
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
‘4.11 No prazo descrito no item 4.2, o licitante deverá entregar documento ao Banco contendo
as seguintes informações sobre o produto ofertado:
4.11.1. Endereço no Brasil, dos escritórios, fábricas, linhas de montagem, etc. que serão
responsáveis pelo suprimento dos equipamentos ao Banco do Brasil, assim como a capacidade mensal
de fabricação, entrega e instalação. O licitante deverá disponibilizar os locais para verificação por parte
dos representantes do Banco quando solicitado.
4.11.2 Responsáveis técnicos pelo produto ofertado e pelo controle de qualidade’.
100.A EC Eletrônica em sua proposta comercial informou que o equipamento a ser ofertado é
da Marca Lacerda, Modelo Frigate 2KL (peça 20, p. 2). Além disso, apresentou declaração que a
responsável pela fabricação dos nobreak é a empresa Lacerda Sistemas (peça 24, p. 128). Em razão
disso, indicou os endereços de fabricação e linha de produção do fabricante.
101.Também consta dos autos documento da empresa Lacerda Sistemas dirigido à EC em que
informa a capacidade mensal de fabricação e entrega (peça 19, p. 1), aquiescendo com a capacidade de
produção indicada na declaração da EC Eletrônica, bem como indica os responsáveis técnicos, para
fins de atendimento do certame em análise (peça 24, p. 130).
102.Ademais, o edital não exige que a fabricação e a linha de produção sejam próprias, mas
que sejam indicados os endereços dos responsáveis pelo suprimento dos equipamentos ao Banco.
Desse modo, consideramos que não procedem as alegações da representante.
103.Em razão da solicitação contida na alínea ‘e’ do Ofício 233/2012-TCU-SECEX-2, foram
juntados aos autos os pareceres jurídicos (peça 24, p. 124-126), que embasaram as decisões da
pregoeira, bem como as análises referentes aos recursos interpostos pelas empresas Delta Greentech
Brasil S/A (peça 24, p. 106-112) e Engetron Engenharia Indústria (peça 24, p. 114-118).
104.Da leitura dos documentos juntados, especialmente às análises do Banco quanto aos
recursos impetrados, verifica-se que basicamente foi objeto de contestação pelas recorrentes o fato de a
homologação do equipamento ofertado pela empresa EC Eletrônica não atender ao item 4.6 do edital,
tendo em vista que o equipamento havia sido reprovado anteriormente e a ausência de capacidade
financeira da empresa vencedora para cumprir o contrato.
105.Concluiu, em síntese, a pregoeira, com relação aos recursos apresentados, que os princípios
básicos foram devidamente respeitados e que não havia vícios no processo, mantendo a classificação
da proposta da empresa EC Eletrônica (peça 24, p. 112 e 118).
106.Assim, observa-se que os questionamentos das empresas recorrentes são bastante similares
ao da representante no presente processo, sendo já tratada nos autos quando do exame da resposta da
oitiva da pregoeira, em atendimento ao atendimento do Ofício 233/2012-TCU-SECEX-2.
107.No que tange à manifestação da empresa EC Eletrônica, vencedora do certame, verifica-se
que foram abordados os seguintes pontos: ausência de garantia no edital; falhas na avaliação técnica,
eis que o equipamento da EC Eletrônica já havia sido reprovado e por fim, apresentação de declaração
com graves indícios de falsidade.
108. Da análise dos documentos juntados (peça 20 e peça 29), nota-se que não foram
acrescentados argumentos novos. Dessa forma, tendo em conta os esclarecimentos apresentados pela
pregoeira em atendimento aos questionamentos do Tribunal, entendemos que podem ser aproveitadas
as análises já efetuadas.
109.Diante dos fatos apresentados e acima analisados, conclui-se pela procedência parcial da
presente representação e propomos a adoção das seguintes providências; i) seja fixado prazo para o
exato cumprimento pelo CSL/SP da Lei, no sentido de declarar a nulidade do certame e dos atos
decorrentes dele; ii) seja expedida determinação ao Banco; iii) sejam arquivados os autos; e iv) seja
levado ao conhecimento dos interessados o teor da decisão que vier a ser proferida.
CONCLUSÃO
110. O documento apresentado às p. 2-13, peça 1, deve ser conhecido como representação, por
preencher os requisitos previstos nos arts. 235 e 237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU, c/c art.
113, § 1º, da Lei nº 8.666/1993.
138
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
111. Da análise efetuada das informações prestadas pelo Banco e pela empresa vencedora,
constatamos que o resultado obtido no registro de preço não é a opção mais vantajosa para o Banco
(parágrafos 58 a 72 desta instrução).
112. Verifica-se a inobservância aos princípios da razoabilidade, da economicidade e da
eficiência, razão pela qual propomos seja assinado prazo para que o Banco promova a anulação do
pregão eletrônico 2011/15199(7421) e dos atos dele decorrentes, especialmente a ata de registro de
preços 201274210226 (parágrafo 75 desta instrução).
113. Ademais, observamos que o princípio da transparência foi violado, uma vez que o Banco
não permitiu a presença de outra licitante em teste a ser realizado, em desacordo com o art. 3º, caput e
§3º, da Lei nº 8666/1993 e art. 5º do Decreto nº 5420/2005 (parágrafo 97 desta instrução).
114. Desse modo, também propomos seja formulada determinação ao CSL/SP do Banco do
Brasil, sem prejuízo do arquivamento dos autos e de dar ciência da decisão que vier a ser adotada aos
interessados.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
115. Pelo exposto, submete-se o presente processo à consideração superior, propondo a adoção
das seguintes medidas:
a) conhecer a presente representação, nos termos do art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, e do
art. 237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento Interno do TCU, para, no mérito, considerá-la
parcialmente procedente;
b) nos termos do art. 71, inciso X, da Constituição Federal, c/c o art. 45 da Lei nº 8.443/1992 e
o art. 251 do Regimento Interno do TCU, assinar o prazo de quinze dias para que o Centro de Serviços
de Logística de São Paulo (CSL/SP) do Banco do Brasil adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, no sentido de promover a anulação do pregão eletrônico 2011/15199(7421) e de
todos os atos dele decorrentes, especialmente a ata de registro de preços 201274210226, em razão da
inobservância dos princípios da razoabilidade, da economicidade e da eficiência;
c) determinar ao Centro de Serviços de Logística de São Paulo (CSL/SP) do Banco do Brasil
que, na licitação que suceder o pregão eletrônico 2011/15199 (7421), ao exigir a apresentação de
amostras ou protótipos ou laudos técnicos, não proíba a presença dos demais licitantes nos testes a
serem realizados, em homenagem ao princípio da publicidade, consagrado no art. 3º, caput e §3º, da
Lei nº 8666/1993, e no art. 5º do Decreto 5450/2005;
d) dar ciência à representante, ao Banco do Brasil S/A e a empresa EC Eletrônica Ltda. (na
pessoa de seu representante legal – peça 26) da decisão que vier a ser proferida;
e) arquivar o presente processo, nos termos do art. 169, inciso IV, do Regimento Interno/TCU.”
8. Assim, o não conhecimento do presente pleito, com a consequente manutenção da cautelar
ora contestada e demais providências determinadas, é a solução cabível neste caso, por ser o agravo
intempestivo, afora o fato de que permanecem intactos os requisitos essenciais que renderam ensejo
àquela medida excepcional.
9. Ante todo o exposto, voto por que o Tribunal de Contas da União adote o acórdão que ora
submeto à deliberação deste colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
ACÓRDÃO Nº 2216/2012 – TCU – Plenário
1. Processo: TC-008.982/2012-0.
2. Grupo II – Classe I – Agravo.
3. Agravante: EC Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97).
4. Entidade: Banco do Brasil (Centro de Serviços de Logística de São Paulo - CSL/SP).
5. Relator: Ministro Valmir Campelo.
139
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogado constituído nos autos: não há
8.1. Procuradores: Sidney Luiz de Melo Leandro, RG nº 32.512.961-7 – SSP/DF e CPF nº
488.209.201-82, pela empresa EC Eletrônica Ltda. (peça nº 26), e Evelaine Lima Galvão, RG nº
2.484.222 - SSP/DF e CPF nº 011.730.521-94, por Anamaria Prates Barroso, OAB/DF 11.218 (peça
nº 36).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de agravo interposto pela empresa EC
Eletrônica Ltda. (CNPJ 00.255.722/0001-97), contra o despacho do relator, mediante o qual foi: a)
deferida medida cautelar, com fundamento no art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU,
determinando-se ao Banco do Brasil que se abstivesse de adotar quaisquer atos decorrentes do pregão
eletrônico 2011/15199 (7421) e da ata de registro de preços 201274210226, obstando também que
outras entidades a utilizassem para compra do produto objeto da licitação, até que este Tribunal
deliberasse, no mérito, a respeito da regularidade dos procedimentos em causa; b) determinada, com
base no art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do Centro de Serviços de Logística de São
Paulo do Banco do Brasil, na pessoa da pregoeira Aline Alvarez Carneiro (CPF 305.868.628-54), para
que, no prazo de 15 dias, se pronunciasse sobre os fatos apontados na representação; e c) determinada,
nos termos do art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da empresa EC Eletrônica Ltda.
(CNPJ 00.255.722/0001-97), para que, no prazo de 15 dias, querendo, se manifestasse sobre as
ocorrências noticiadas no documento objeto destes autos, dado que elas poderiam resultar em decisão
contrária aos seus interesses.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 146, §1º, 183, 282 e 289, todos do
Regimento Interno/TCU, combinados com o art. 2º, §2º, da Resolução-TCU nº 36/1995, em:
9.1. não conhecer do agravo interposto pela empresa EC Eletrônica Ltda. (CNPJ
00.255.722/0001-97), porquanto não satisfeitos os pressupostos de admissibilidade aplicáveis à
espécie, mantendo, em consequência, a medida cautelar adotada em 3/4/2012, pelo relator, em
documento que compõe a peça nº 7 dos autos, bem como as demais providências determinadas naquele
despacho;
9.2. determinar o retorno dos autos à 2ª Secex, para as comunicações processuais de praxe, e
ainda para nova tramitação ao Ministério Público, em face do pedido de pronunciamento objeto do
despacho que constitui a peça nº 33 deste feito, relativamente à última instrução da unidade técnica
(peça nº 30), na qual foi examinado o mérito da representação formulada aqui pela empresa Microsol
Tecnologia S/A, frente às oitivas promovidas;
9.3. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade
representada (Banco do Brasil - Centro de Serviços de Logística de São Paulo - CSL/SP), à empresa
representante (Microsol Tecnologia S/A) e à empresa agravante (EC Eletrônica Ltda).
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2216-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton
Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
140
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
VALMIR CAMPELO
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO II – CLASSE I – Plenário
TC-016.207/2012-2.
Natureza: Agravo.
Entidade: Caixa Econômica Federal.
Agravante: Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02).
Advogados: Antonio Carlos Ferreira de Araujo (OAB/SP 166.004), Carlos Vitor Paulo
(OAB/SP 246.642), Oziel Estevão (OAB/SP 115.318) e outros – peça 2.
Sumário: AGRAVO INTERPOSTO CONTRA DESPACHO DO RELATOR, QUE
INDEFERIU PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. OCORRÊNCIA DE PRECLUSÃO TEMPORAL.
AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE E DE INTERESSE RECURSAL DA EMPRESA AGRAVANTE.
NÃO CONHECIMENTO. CIÊNCIA.
1. Não se conhece de agravo interposto após a perda da faculdade recursal, por não ter sido
exercida no tempo oportuno, operando-se aí a preclusão temporal, porquanto entre a notificação do
despacho embargado e a interposição do agravo escoou-se prazo superior aos cinco dias previstos no
art. 289 do RI/TCU.
2. O representante ou denunciante não é considerado, automaticamente, parte processual,
devendo, para obter essa condição, formular pedido de ingresso nos autos como interessado e
comprovar razão legítima para intervir no processo.
RELATÓRIO
Aprecia-se recurso denominado pela empresa Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-
02) de “embargos de declaração”, interposto contra despacho deste relator, que constitui a peça nº 13
dos autos, cujo inteiro teor cumpre reproduzir, para melhor compreensão da matéria:
“Trata-se de representação formulada pela empresa Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ
00.526.207/0001-02), em face de supostas irregularidades existentes no Pregão Eletrônico nº 66/7066-
2012, lançado pela Caixa Econômica Federal, tendo por objeto a ‘contratação de empresa para
fornecimento de equipamentos tipo Cash Dispenser Slim, cuja solução é composta de hardwares e
softwares, juntamente com os serviços de instalação, garantia ‘on site’ de 36 (trinta e seis) meses,
carenagem e serviços sob demanda não cobertos pela garantia’, conforme termos do edital e anexos
(peça 5).
2. A instrução que compõe a peça nº 7 dos autos, elaborada no âmbito da 2ª Secex, relata e
propõe o seguinte:
‘No que se refere ao fumus boni iuris, entendemos que não procede a alegação da empresa
representante quanto ao fato de a modalidade de licitação escolhida (pregão), não ser a adequada, em
virtude de o objeto consistir em ‘equipamento que, além de ser de extensa complexidade técnica, não é
produzido em série no mercado, não existindo padrão comum a ser adquirido por nenhuma instituição
141
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
financeira’ e que, a ‘tecnicidade extrema e individual na especificação do edital’, retiraria o caráter de
‘bem comum’ descrito na Lei 10.520/2002.
Constata-se que os caixas eletrônicos são amplamente utilizados na rede bancária atualmente,
existindo um quantitativo razoável de fornecedores de tais equipamentos, conforme se pode verificar,
inclusive, pelo número de empresas interessadas e que foram credenciadas para participar da licitação
(9 empresas) e pelo quantitativo de empresas que efetivamente compareceu a fase de lances do pregão
(5 empresas), listadas na ata do pregão (peça 6, p. 62-66).
Desta maneira, consideramos que eventuais diferenças nas especificações, referentes aos
padrões presentes na configuração adotada em cada agente financeiro não seriam suficientes para
descaracterizar o enquadramento dos caixas eletrônicos da categoria de ‘bem comum’ para efeitos de
enquadramento da licitação na modalidade pregão.
Neste contexto, também entendemos que não procede a alegação de que o acréscimo de uma
tranca de fechadura implicaria na modificação do tipo de produto a ponto de comprometer a
competitividade do certame, o que estaria demonstrado com o que comparecimento de 5 diferentes
empresas à fase de lances do pregão, conforme a argumentação contida no item 12.1 supra.
Acrescente-se a título exemplificativo, que a própria representante admite ser fabricante de
alguns componentes utilizados na fabricação dos caixas eletrônicos ao afirmar que ‘também constam
produtos que são da linha de produção da Requerente, especialmente o descrito no anexo 1-8, item 6 –
Cofre’ (peça 1, p. 6).
Ademais, observa-se que as especificações detalhadas, longe de restringir a competitividade,
objetivaram cercar a Administração de garantias quanto a que o objeto a ser adquirido atenderia
plenamente às suas reais necessidades.
Desta forma, consideramos que não ficou caracterizada, de forma patente a existência do fumus
boni iuris.
Assim, a solicitação de concessão de medida cautelar não deverá ser atendida, considerando
não estar presentes o requisito do fumus boni iuris.
(...)
Assim, propomos que:
a) a presente representação seja conhecida, com fundamento no art. 113, § 1º, da Lei nº
8.666/93 e no art. 237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU;
b) seja indeferida a medida cautelar solicitada, considerando não estarem presentes os
requisitos necessários à sua adoção;
c) posteriormente, os autos retornem à 2ª Secex, para continuidade do exame da matéria,
quanto ao mérito.’
3. O diretor da 2ª DT/Secex2 e o titular da unidade técnica anuem à proposta de
encaminhamento oferecida pela instrução.
4. Passo a decidir.
5. À vista das informações aqui trazidas e analisadas, CONHEÇO desta representação, ante o
atendimento dos pressupostos de admissibilidade aplicáveis à espécie.
6. De outra parte, considero que a proposição acima reproduzida está apoiada em amplo e
convincente arrazoado que merece o nosso acolhimento.
7. Portanto, neste juízo inicial, de cognição sumária, tal qual a unidade técnica, entendo não
caber o deferimento do pleito apresentado pela representante, que é sempre de natureza excepcional.
8. Desse modo, INDEFIRO a medida cautelar ora requerida, pelas razões constantes da
instrução, e DETERMINO a restituição dos autos à unidade técnica, para que dê continuidade ao
exame da matéria, relativamente ao seu mérito, fazendo-se as comunicações de praxe.”
2. No documento que compõe a peça nº 14 dos autos, datado de 20/7/2012, com entrada no
TCU na mesma data (20/7/2012), a impetrante requer seja determinada “a suspensão liminar do
processo de licitação da modalidade de Pregão Eletrônico de n° 066/7066-2012, levada a efeito pela
142
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Caixa Econômica Federal, por intermédio da sua Gerencia de Filial Logística Brasília - GILOG/BR,
até julgamento final da presente representação”.
3. Para tanto, a recorrente aduz as seguintes razões:
“I- DA TEMPESTIVIDADE
O art. 34, § 1°, da LOTCU determina que sejam opostos os embargos de declaração para
corrigir obscuridade, omissão ou contradição da decisão recorrida, no prazo de dez dias, contados na
forma prevista no art. 30 da Lei. Nos termos do referido art. 30, iniciou-se o prazo da oposição do
recurso da data do recebimento da notificação da decisão, o que ocorreu em 11/07/2012, via carta
registrada.
Assim, o prazo final para protocolo da petição é o dia 23/07 (prorrogado em razão do último
dia do prazo, 21/07, se dar no sábado, dia sem expediente no TCU). Portanto, tempestivo o Recurso.
II - DOS EMBARGOS
Conforme se infere da decisão proferida, Vossa Excelência conheceu da representação,
contudo, indeferiu a medida cautelar, baseando-se no parecer da unidade técnica do 2° Secex.
Referida unidade técnica se manifestou, em suma, da seguinte forma:
1 - Os caixas eletrônicos são amplamente utilizados na rede bancária, de modo que eventuais
divergências nas especificações, referentes aos padrões presentes na configuração adotada em cada
agente financeiro, não seriam suficientes para descaracterizar o enquadramento dos caixas eletrônicos
da categoria de bem comum para efeito de enquadramento da licitação na modalidade de pregão.
2 - O acréscimo de uma fechadura não implicaria na modificação do tipo de produto a ponto de
comprometer a competitividade do certame, até porque compareceram 5 empresas para competir no
Pregão.
Todavia, constata-se evidente omissão e contradição com os fatos reais trazidos na
representação, não tendo sido efetuada a correta leitura e interpretação da petição inicial.
Como informado na peça exordial, o objeto central de contratação é o fornecimento dos Caixas
Eletrônicos (Terminais de Autoatendimento), os quais são fornecidos por empresas que, na verdade,
em boa parte da produção, atuam como montadoras, ou seja, compram os componentes dos Caixas no
mercado comum, com a especificação exigida no edital.
O problema é que, havendo direcionamento em alguns dos componentes internos, todos os
concorrentes são obrigados a adquirir os componentes num único fornecedor, não havendo, portanto,
concorrência de fato, de modo que o preço de custo dos componentes será sempre igual, ao contrário
do que ocorre na competição real onde é possível variar os preços, com base na variação de custos e na
mão de obra de serviço.
Verifica-se, assim, uma modalidade velada de direcionamento, contida no detalhamento dos
componentes do objeto da licitação.
Portanto, mesmo havendo 5 concorrentes diretos participantes, como constou da decisão
Embargada, relativamente aos componentes internos dos Caixas Eletrônicos, não houve concorrência
de fato, já que o preço cotado por todas é o mesmo, fabricado e fornecido por uma única empresa.
Ademais, consta anexo à inicial ‘quadro comparativo’, com indicação clara de quais pontos do
edital são contraditórios e direcionam a compra para apenas uma empresa, não sendo, portanto,
‘apenas uma fechadura’ como indicou o parecer técnico, contraditoriamente.
Assim, a decisão apresenta clara contradição e omissão em relação ao pedido da representação
e aos fatos lá mencionados.
Além de tudo, também não houve qualquer menção na decisão Embarga ao fato de que, a
manutenção dos valores nos Terminais de Autoatendimento é realizada por transportadora de valores
terceirizada, sob sua conta e risco, com seguro próprio, não se mostrando razoável a limitação da
competição com o argumento de aumentar a segurança na guarda dos valores.
Aliás, sendo realizada por transportador terceirizado, este também deveria ser consultado sobre
o melhor sistema de segurança, antes da elaboração do edital.
143
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Pelo exposto, conforme dispõe o artigo 34 da Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União,
busca o embargante aclarar a contradição e omissão acima apontada, determinando a suspensão
liminar do processo de licitação da modalidade de Pregão Eletrônico de n° 066/7066-2012, levada a
efeito pela Caixa Econômica Federal, por intermédio da sua Gerencia de Filial Logística Brasília -
GILOG/BR, até julgamento final da presente representação.
Dessa forma, aguarda o embargante, com acatamento, o acolhimento e provimento destes
embargos.”
É o relatório.
VOTO
Preliminarmente, é de notar que o inconformismo revelado neste recurso pela empresa Kaba
do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02) tem a ver com o despacho deste relator, que compõe a
peça nº 13 dos autos, datado de 21/6/2012, mediante o qual foi indeferido o pedido de medida cautelar
então formulado pela recorrente, bem assim determinada a restituição dos autos à unidade técnica, para
que desse continuidade ao exame da matéria, relativamente ao seu mérito, fazendo-se as comunicações
de praxe.
2. Desse modo, o apelo ora discutido atrai para a espécie a modalidade processual de que trata
o art. 289 do Regimento Interno/TCU, em respeito ao princípio da fungibilidade recursal, passando a
ser analisado como agravo.
3. De plano, observo o não atendimento, por parte da recorrente, de requisito para a
admissibilidade de sua petição, previsto no aludido dispositivo regimental, conforme se vê:
“Art. 289. De despacho decisório do Presidente do Tribunal, de presidente de câmara ou do
relator, desfavorável à parte, e da medida cautelar adotada com fundamento no art. 276 cabe agravo,
no prazo de cinco dias, contados na forma do art. 183.” (destacamos).
“Art. 183. Os prazos referidos neste Regimento contam-se dia a dia, a partir da data:
I – do recebimento pela parte:
a) da citação ou da comunicação de audiência;
b) da comunicação de rejeição das alegações da defesa;
c) da comunicação de diligência;
d) da notificação;
II – constante de documento que comprove a ciência da parte;
III – da publicação nos órgãos oficiais, quando a parte não for localizada;
IV – nos demais casos, salvo disposição legal expressa em contrário, da publicação do acórdão
no Diário Oficial da União.”
4. É que, consoante demonstrado na peça nº 11, a empresa Kaba do Brasil Ltda., por seu
representante legal, Doutor Antonio Carlos Ferreira de Araujo (OAB/SP 166.004), tomou ciência do
despacho ora agravado em 11/7/2012, enquanto o seu recurso é datado de 20/7/2012, com entrada no
TCU na mesma data (20/7/2012), conforme indica a peça nº 14.
5. Portanto, resta plenamente configurada a preclusão temporal, ocorrendo aí a perda da
faculdade recursal, por não ter sido exercida no tempo oportuno, porquanto entre a notificação do
despacho embargado e a interposição deste agravo escoou-se prazo superior aos cinco dias previstos
no art. 289 do RI/TCU.
6. Note-se que nem mesmo é o caso de se mitigar a rigidez das normas processuais, em favor
da verdade material, e à vista do princípio do formalismo moderado, porquanto existe ainda outro
motivo que impede o conhecimento deste recurso.
7. Refiro-me à ausência de legitimidade da requerente para intervir no processo, bem como de
interesse recursal.
144
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
8. Como se sabe, a jurisprudência predominante da Corte de Contas é no sentido de que o
representante, tal qual o denunciante, não é considerado, automaticamente, parte processual, devendo,
para obter essa condição, formular pedido de ingresso nos autos como interessado e comprovar razão
legítima para intervir no processo (cf. Acórdãos do Plenário nºs 773/2004, 320/2006, 2.323/2006,
139/2007, 1.855/2007, 519/2008, 649/2008, 1.218/2008, 923/2010, 1.090/2010, 1.430/2010,
1.793/2010, 2.627/2010, 3.327/2010, 88/2011, 161/2011, 257/2011, entre outros).
9. É de ver que o papel do representante ou denunciante consiste essencialmente em render
ensejo ao início da ação fiscalizatória, competindo ao próprio Tribunal, a partir daí, dar rumo às
apurações subsequentes.
10. Com efeito, não existe para o autor da representação ou denúncia prerrogativa de
comparecer aos autos para interceder por seus pontos de vista, salvo se previamente admitido como
interessado no processo.
11. De lembrar que a interposição de agravo deve observar o disposto no art. 282 do Regimento
Interno, segundo o qual “cabe ao interessado demonstrar, na peça recursal, em preliminar, o seu
interesse em intervir no processo, nos termos do § 1º do art. 146, devendo a questão ser avaliada no
juízo de admissibilidade”.
12. Por sua vez, o art. 146 do RI/TCU dispõe que “a habilitação de interessado em processo
será efetivada mediante o deferimento, pelo relator, de pedido de ingresso formulado por escrito e
devidamente fundamentado”, devendo o interessado (§ 1º) “demonstrar em seu pedido, de forma clara
e objetiva, razão legítima para intervir no processo.”
13. No caso concreto, a agravante não demonstrou a existência de qualquer interesse subjetivo
que legitimasse sua intervenção no feito como recorrente, sendo que, em momento algum, foi
solicitada a sua habilitação como interessada nos autos.
14. Só para recordar, interessado, a teor do § 2º do art. 2º da Resolução-TCU nº 36/1995, “é
aquele que, em qualquer etapa do processo, seja assim reconhecido pelo Relator ou pelo Tribunal, em
virtude da possibilidade de ter direito subjetivo próprio prejudicado pela decisão a ser exarada pelo
Tribunal ou da existência de outra razão legítima para intervir no processo”.
15. Não creio que a empresa requerente atenda a esses requisitos. Ainda que se admita que
eventual manifestação do Tribunal no sentido de impugnar determinado procedimento no âmbito do
certame em questão possa favorecer a satisfação do direito subjetivo da empresa Kaba do Brasil Ltda.,
a deliberação contrária não a prejudicaria.
16. Não há como confundir o não favorecimento com um prejuízo. O que aconteceria, na
hipótese levantada, seria apenas a primeira circunstância (o não favorecimento), sendo que daí não
resultaria agravamento adicional da situação da pleiteante, que poderia continuar recorrendo às vias
administrativas e judiciais para realizar sua pretensão.
17. No caso, o Tribunal não estaria negando o direito da requerente, dado que a Corte de
Contas não tem jurisdição para garantir ou negar direitos subjetivos. O máximo que se poderia dizer é
que o TCU teria deixado de adotar deliberação que, indiretamente, favoreceria o interesse da sobredita
licitante, lembrando que, de qualquer forma, tal decisão não teria mesmo essa finalidade.
18. Desse modo, não vejo como reconhecer legitimidade para a representante ingressar nos
autos como interessada, sob pena de se autorizar a intervenção meramente para que ela tente garantir
algo de sua conveniência, como se isso fosse igual a evitar um prejuízo.
19. Evidentemente, tal autorização equivaleria ao reconhecimento de um direito de ação
perante o TCU, para assegurar a satisfação de uma suposta prerrogativa negada pelo órgão de origem,
representando um avanço indevido nas atribuições que são próprias do Poder Judiciário.
20. Não é demais lembrar que a intervenção de particulares nos processos do TCU se dá
exclusivamente como fenômeno derivado do direito de defesa, objetivando a preservação de situação
jurídica já constituída, o que, aliás, tem lugar em qualquer processo, independentemente da natureza da
jurisdição.
145
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
21. Portanto, nos processos do TCU, não há espaço para a participação de terceiro cuja
pretensão seja a de obter a satisfação de direito subjetivo – seara exclusiva do Poder Judiciário, como
visto –, e não apenas de conservar os que já tem reconhecidos.
22. Para finalizar, reporto-me ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, manifestado nos
autos do Mandado de Segurança nº 24.510-7/DF, julgado na Sessão Plenária de 19/11/2003, no sentido
de que, quando o certame ainda está em curso – que é a atual situação do Pregão Eletrônico nº
66/7066-2012, apreciado nestes autos, conforme consulta efetuada em 17/8/2012, no sítio
https://www5.caixa.gov.br/fornecedores/pregao_internet/asp/pregao_andamento/grd_lista_todos_preg
oes.asp# –, o licitante não é titular de direito material, pois nenhum bem jurídico se incorporou a seu
patrimônio.
23. Em consequência, seu interesse não é jurídico, mas apenas econômico. Por tal motivo, é
impossível o licitante alegar sofrer nesta Corte de Contas eventual redução de direitos processuais,
pois esses direitos sequer existem na situação específica de licitação em andamento.
24. Desse modo, por ser o agravo intempestivo, afora o fato de não estar a impetrante
legitimada como parte no processo, tampouco existindo o interesse recursal, o não conhecimento do
presente pleito, com a consequente manutenção do despacho agravado, é a solução cabível neste caso.
Ante todo o exposto, voto por que o Tribunal de Contas da União adote o acórdão que ora
submeto à deliberação deste colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
ACÓRDÃO Nº 2217/2012 – TCU – Plenário
1. Processo: TC-016.207/2012-2.
2. Grupo II – Classe I – Agravo.
3. Agravante: Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02).
4. Entidade: Caixa Econômica Federal.
5. Relator: Ministro Valmir Campelo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogados: Antonio Carlos Ferreira de Araujo (OAB/SP 166.004), Carlos Vitor Paulo
(OAB/SP 246.642), Oziel Estevão (OAB/SP 115.318) e outros – peça 2.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de agravo interposto pela empresa Kaba
do Brasil Ltda. (CNPJ 00.526.207/0001-02), contra o despacho do relator, que compõe a peça nº 13
dos autos, datado de 21/6/2012, mediante o qual foi indeferido o pedido de medida cautelar então
formulado pela empresa agravante, bem assim determinada a restituição dos autos à unidade técnica,
para que desse continuidade ao exame da matéria, relativamente ao seu mérito, fazendo-se as
comunicações de praxe.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 146, §1º, 183, 282 e 289, todos do
Regimento Interno/TCU, combinados com o art. 2º, §2º, da Resolução-TCU nº 36/1995, em:
9.1. não conhecer do agravo interposto pela empresa Kaba do Brasil Ltda. (CNPJ
00.526.207/0001-02), porquanto não satisfeitos os pressupostos de admissibilidade aplicáveis à
espécie, mantendo, em consequência, em seus exatos termos, o despacho agravado, que constitui a
peça nº 13 dos autos;
9.2. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade
representada (Caixa Econômica Federal) e à empresa agravante (Kaba do Brasil Ltda.).
146
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2217-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton
Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
VALMIR CAMPELO
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
Grupo I - Classe II – Plenário.
TC-019.169/2012-4. Natureza: Solicitação do Congresso Nacional.
Entidade: Banco Central do Brasil.
Interessada: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, em
face da Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011, formulada pelo Senhor Deputado
Federal Alexandre Santos (Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012).
Advogado constituído nos autos: não há.
Sumário: SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL. COMISSÃO DE
FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E CONTROLE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS.
FISCALIZAÇÃO PARA EXAMINAR A ATUAÇÃO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (BCB)
NO CUMPRIMENTO DE SUA MISSÃO INSTITUCIONAL, RELATIVAMENTE À
AVERIGUAÇÃO DA REGULARIDADE DOS ATOS PRATICADOS NO ÂMBITO DA
OPERAÇÃO DE AQUISIÇÃO DO BANCO SCHAHIN PELO BANCO BMG, MEDIANTE A
UTILIZAÇÃO DE RECURSOS DO FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO (FGC), BEM ASSIM
QUANTO À CONSEQUENTE APROVAÇÃO DA REFERIDA OPERAÇÃO POR AQUELA
AUTARQUIA. ATENDIMENTO DA SOLICITAÇÃO POR PARTE DO TCU. DETERMINAÇÃO
DE IMEDIATA REALIZAÇÃO DE INSPEÇÃO PARA ESSE FIM. CIÊNCIA ÀS AUTORIDADES
INTERESSADAS
RELATÓRIO
Para compor a parte expositiva da matéria apreciada, transcrevo a seguir a instrução que
constitui a peça nº 4 dos autos, elaborada no âmbito da 2ª Secretaria de Controle Externo (2ª Secex):
“Trata-se de solicitação da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos
Deputados, pertinente à solicitação de fiscalização sobre a atuação do Banco Central do Brasil (BCB)
no cumprimento de sua missão institucional quanto à averiguação da regularidade dos atos praticados
no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco BMG, mediante a utilização de
recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), e quanto à consequente aprovação da operação por
aquela autarquia.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
147
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
2. O pedido é formulado em consonância com o art. 3º, I, da Resolução TCU 215/2008, art. 231
do RI/TCU e art. 38 da LO/TCU. Além disso, a Comissão da Câmara é legitimada para realizar a
presente solicitação, nos termos do art. 4º, I, “b”, da Resolução TCU 215/2008, e do art. 232, III, do
RI/TCU, razões pelas quais a presente solicitação deverá ser conhecida.
EXAME TÉCNICO
3. Solicitação de mesma natureza foi tratada nos autos do TC 000.054/2012-7, porém referindo-
se à regularidade do empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito na operação de aquisição do Banco
Schahin pelo Banco BMG, tendo em vista que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal são
instituições associadas ao FGC.
4. Por meio do Acórdão 160/2012-TCU-Plenário, houve decisão pela impossibilidade do
atendimento daquela solicitação, porquanto falece competência ao Tribunal de Contas da União para
fiscalizar a operação que se refere ao FGC.
5. A segunda solicitação de fiscalização, objeto destes autos, tem como foco a atuação do
Banco Central do Brasil na autorização de compra do Banco Schahin pelo Banco BMG, sem deixar de
mencionar a utilização de recursos do Fundo na transação.
6. Apesar de o FGC ser entidade privada sem fins lucrativos, deve-se deixar evidente que foi
criado mediante resolução do Conselho Monetário Nacional, sendo que a reforma do estatuto ou do
regulamento do Fundo deve passar pelo exame e submissão do CMN e a escolha de diretores deve
passar pelo crivo do Banco Central.
7. Além disso, devem ser submetidos à aprovação do Banco Central do Brasil os atos
societários de instituições financeiras, de acordo com o art. 10 da Lei 4.595/1964. A compra do
Schahin foi aprovada pelo BCB.
8. Diante disso, para que seja analisada minuciosamente a atuação do BCB na compra do
Banco Schahin, com cerca de R$800 milhões oriundos do Fundo Garantidor de Crédito, entendemos
que deva ser realizada inspeção na Autarquia.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 9. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo:
i) conhecer da presente solicitação da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da
Câmara dos Deputados, mediante Ofício 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012, que versa sobre a Proposta
de Fiscalização e Controle 17/2011, de autoria do Deputado Alexandre Santos, por atender ao disposto
nos artigos. 3º, I, e 4º, I, “b”da Resolução TCU 215/2008, artigos 231 e 232, III do RI/TCU e art. 38 da
LO/TCU.
ii) autorizar, nos termos dos arts. 157 e 240 do Regimento Interno do TCU, a realização de
inspeção no Banco Central do Brasil, com vistas a subsidiar os trabalhos desta unidade para atender à
demanda da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.”
2. O Diretor da 1ª DT/2ª Secex e o titular da unidade técnica anuem à proposta de
encaminhamento oferecida pela instrução (peças nºs 5 e 6).
É o relatório.
VOTO
Preliminarmente, entendo que o Tribunal deve conhecer da presente solicitação, uma vez
satisfeitos os pressupostos de admissibilidade aplicáveis à espécie.
2. Mediante o Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012, o Senhor Presidente da Comissão de
Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, eminente Deputado Federal Edmar
Arruda, submete à apreciação do TCU a Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011,
aprovada por aquele órgão do Legislativo, visando à “realização de ato de fiscalização sobre a atuação
do Banco Central do Brasil no cumprimento de sua missão institucional quanto à averiguação da
148
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
regularidade dos atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco
BMG, mediante utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGV), e quanto à consequente
aprovação da operação por aquela autarquia.”
3. De início, impõe-se ressaltar que o poder de investigar constitui uma das mais expressivas
atribuições do Legislativo, traduzindo missão inerente à própria essência da instituição parlamentar,
cuja importância política decorre da tríplice função que o ordenamento constitucional lhe comete, na
condição de órgão delegado da vontade popular: função legislativa, função representativa e função
fiscalizadora.
4. Nesse contexto, entre os meios de que se vale o Legislativo para exercer as competências de
fiscalização (interpelação parlamentar, pedido de informação/fiscalização e inquérito parlamentar), o
pedido de fiscalização é, sem dúvida, um dos instrumentos mais eficazes no plano dessas atividades,
constituindo procedimento jurídico-constitucional em que a comissão incumbida do seu
desenvolvimento é dotada de absoluta autonomia, bem como de amplos e indispensáveis poderes de
investigação.
5 Desse modo, o pleito ora analisado deve merecer por parte do Tribunal de Contas da União
total acolhimento e incondicional apoio.
6. Conforme registrado pela instrução, solicitação semelhante do Congresso Nacional,
igualmente por intermédio da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos
Deputados, foi apreciada no TC-000.054/2012-7, porém em documento que requeria a avaliação do
TCU sobre “as negociações referentes à compra do Banco Schahin pelo banco BMG, envolvendo
empréstimo do Fundo Garantidor de Créditos.”
7. No caso, acolhendo a manifestação da 2ª Secex, houve por bem o Tribunal, por meio do
Acórdão nº 160/2012-TCU-Plenário, informar ao órgão solicitante sobre a impossibilidade do
atendimento daquele pleito, porquanto falecia competência ao Tribunal de Contas da União para
fiscalizar a operação noticiada na ocasião.
8. É que, consoante então demonstrado pela instrução da unidade técnica, o Fundo Garantidor
de Créditos (FGC) é uma entidade privada, sendo que os bancos públicos dela participam como
associados, em condições de igualdade com as demais instituições financeiras, tendo sua
responsabilidade limitada às contribuições mensais que, nessa qualidade (de associado), estão
obrigados a fazer para o custeio das garantias oferecidas pelo Fundo, nos termos dos normativos
pertinentes.
9. Portanto, a diferença observada no presente pedido, em relação ao anterior, reside no fato de
que, desta vez, como visto, o Parlamento pretende ver examinada pelo TCU “a atuação do Banco
Central do Brasil no cumprimento de sua missão institucional quanto à averiguação da regularidade
dos atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco BMG, mediante
utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGV), e quanto à consequente aprovação da
operação por aquela autarquia”. (destacamos).
10. Daí a proposta favorável da 2ª Secex, em pareceres uniformes, com o reconhecimento de
que, dado o novo enfoque com que o Congresso Nacional submete a presente solicitação ao Tribunal, a
matéria que constitui o seu objeto oferece oportunidade para o exercício do controle que incumbe à
Corte de Contas, em face de suas competências constitucionais, uma vez que a jurisdição do TCU
abrange a entidade em comento.
11. Desse modo, considerando os fundamentos que sustentam as conclusões do órgão
instrutivo, os quais adoto como razões de decidir, entendo caber o atendimento por esta Casa do
requerimento decorrente da sobredita Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011, o que
deverá ser levado a efeito com a realização de inspeção no Banco Central, nos termos do art. 244, § 2º,
do Regimento Interno/TCU, conforme sugere a 2ª Secex.
12. Não é demais lembrar que, de acordo com o art. 5º da Resolução-TCU nº 215/2008, este
processo tem natureza urgente e tramitação preferencial, e deve ser apreciado privativamente pelo
Plenário e exclusivamente de forma unitária.
149
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
13. Por fim, em observância ao disposto nos arts. 14, inciso I, e 15, inciso II, da mesma
Resolução-TCU nº 215/2008, é de se determinar a imediata realização da fiscalização requerida, com a
fixação do prazo de até 90 dias, contados desde a autuação deste processo (6/7/2012), para o
atendimento da solicitação em causa.
14. Ante todo o exposto, acolhendo a proposta de encaminhamento oferecida pela unidade
técnica, voto por que o Tribunal de Contas da União adote o acórdão que ora submeto à deliberação
deste colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
ACÓRDÃO Nº 2218/2012 – TCU – Plenário 1. Processo: TC-019.169/2012-4.
2. Grupo I- Classe II – Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessada: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, em
face da Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011, formulada pelo Senhor Deputado
Federal Alexandre Santos (Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012).
4. Entidade: Banco Central do Brasil.
5. Relator: Ministro Valmir Campelo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: 2ª Secretaria de Controle Externo (2ª Secex).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de solicitação do Congresso Nacional, em que,
mediante o Ofício nº 306/2012/CFFC-P, de 4/7/2012, o Senhor Presidente da Comissão de
Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, eminente Deputado Federal Edmar
Arruda, submete à apreciação do TCU a Proposta de Fiscalização e Controle - PFC nº 17/2011,
aprovada por aquele órgão do Legislativo, visando à “realização de ato de fiscalização sobre a atuação
do Banco Central do Brasil no cumprimento de sua missão institucional quanto à averiguação da
regularidade dos atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco
BMG, mediante utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGV), e quanto à consequente
aprovação da operação por aquela autarquia.”
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo relator, e com fundamento no art. 71, inciso IV, da Constituição Federal,
c/c o art. 38, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, e ainda com os arts. 231 e 232, inciso III, do Regimento
Interno/TCU, e art. 4º, inciso I, alínea “b”, da Resolução-TCU nº 215/2008, em:
9.1. conhecer da presente solicitação do Congresso Nacional;
9.2. determinar à 2ª Secex a imediata realização de inspeção no Banco Central do Brasil, nos
termos do art. 244, § 2º, do Regimento Interno/TCU, com o objetivo de examinar a atuação da
entidade no cumprimento de sua missão institucional, relativamente à averiguação da regularidade dos
atos praticados no âmbito da operação de aquisição do Banco Schahin pelo Banco BMG, mediante a
utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), bem assim quanto à consequente
aprovação da referida operação por aquela autarquia;
9.3. fixar o prazo de até 90 (noventa) dias, contados desde a autuação deste processo
(6/7/2012), para o atendimento da solicitação em causa, tendo em vista o disposto nos arts. 14, inciso I,
e 15, inciso II, da Resolução-TCU nº 215/2008;
150
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.4. enviar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, ao Senhor
Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, e ainda ao
Senhor Presidente do Banco Central do Brasil;
9.5. restituir os autos à 2ª Secex, para as providências a seu cargo.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2218-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton
Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
VALMIR CAMPELO
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
Grupo I – Classe I – Plenário.
TC-037.751/2011-5.
Natureza: Embargos de declaração.
Entidade: Caixa Econômica Federal.
Recorrente: In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ
01.097.636/0001-66).
Advogados constituídos nos autos: Joelson Dias (OAB-DF 10.441) e outros, pela In Press
Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (peça 27); Adam Luiz Alves Barra (OAB-
DF 19.786) e outros, pela Caixa Econômica Federal (peça 45); Renata Antony Souza Lima Nina
(OAB-DF 23.600) e outros, pela Informe Comunicação Integrada S/S Ltda. (peça 11, p. 2).
Sumário: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REPRESENTAÇÃO. SUPOSTAS
IRREGULARIDADES VERIFICADAS NA CONCORRÊNCIA Nº 5.548/7066-2011, DO TIPO
TÉCNICA E PREÇO, LANÇADA PELA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, TENDO POR OBJETO
A CONTRATAÇÃO DE EMPRESA PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS
ESPECIALIZADOS EM ASSESSORIA DE IMPRENSA. IMPUTAÇÃO CONSIDERADA
IMPROCEDENTE PELO TCU, MEDIANTE O ACÓRDÃO Nº 1.542/2012-TCU-PLENÁRIO.
AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE E DE INTERESSE RECURSAL DA EMPRESA
EMBARGANTE. NÃO CONHECIMENTO.
O representante ou denunciante não é considerado, automaticamente, parte processual,
devendo, para obter essa condição, formular pedido de ingresso nos autos como interessado e
comprovar razão legítima para intervir no processo.
RELATÓRIO
151
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Trata-se de embargos de declaração opostos pela empresa In Press Assessoria de Imprensa e
Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66) ao Acórdão nº 1.542/2012-TCU-Plenário,
por meio do qual este Tribunal, ao examinar representação formulada pela embargante, em face de
supostas irregularidades verificadas na concorrência nº 5.548/7066-2011, do tipo técnica e preço,
lançada pela Caixa Econômica Federal, tendo por objeto a contratação de empresa para prestação de
serviços técnicos especializados em assessoria de imprensa, resolveu:
“9.1. conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente,
revogando, em consequência, a medida cautelar adotada em 29/12/2011 (peça nº 7) e revista
parcialmente em 12/4/2012 (peça nº 50), de forma a permitir que a Caixa Econômica Federal dê
continuidade à Concorrência nº 5.548/7066-2011, uma vez afastados todos os questionamentos
suscitados neste processo pela empresa In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica
Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66);
9.2. determinar o arquivamento dos autos;
9.3. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade
representada (Caixa Econômica Federal) e às empresas interessadas (In Press Assessoria de Imprensa e
Comunicação Estratégica Ltda. e Informe Comunicação Integrada S/S Ltda).”
2. A impetrante requer o conhecimento do seu recurso, visando ao saneamento das omissões
que entende presentes na deliberação embargada, para, “inclusive emprestando-lhe efeitos
infringentes, integralizar o acórdão ora recorrido, modificando-o, para julgar procedente a
representação de que trata o caso específico dos autos”.
3. Submetida a peça recursal à análise técnica da Secretaria de Recursos (Serur), sobreveio a
instrução que constitui a peça nº 88 dos autos, cujo teor transcrevo a seguir, no essencial, para compor
a parte expositiva da matéria apreciada.
“Em suma, esta Corte concluiu que não houve irregularidades no âmbito da Concorrência
5548/7066-2011, realizada pela CEF.
Irresignado com a decisão, a então representante ingressa com o recurso que ora se analisa.
Importante destacar, de plano, que a embargante requer que o Tribunal rediscuta questões
relacionadas ao processo licitatório.
Quanto à legitimidade da recorrente para apresentar o presente expediente, verifica-se que a
questão merece uma análise mais acurada.
Inicialmente, é de se notar que a interposição de embargos de declaração deve observar o
disposto no art. 282 do Regimento Interno/TCU:
Art. 282. Cabe ao interessado demonstrar, na peça recursal, em preliminar, o seu interesse em
intervir no processo, nos termos do § 1º do art. 146, devendo a questão ser avaliada no juízo de
admissibilidade.
Por sua vez, o art. 146 do RI/TCU dispõe:
Art. 146. A habilitação de interessado em processo será efetivada mediante o deferimento, pelo
relator, de pedido de ingresso formulado por escrito e devidamente fundamentado.
§ 1º O interessado deverá demonstrar em seu pedido, de forma clara e objetiva, razão legítima
para intervir no processo.
§ 2º O relator indeferirá o pedido que não preencher os requisitos do parágrafo anterior.
Considerando-se que a natureza do representante e denunciante no caso em exame é similar, a
legitimidade do representante será analisada analogamente ao tratamento dado ao denunciante.
Isto posto, verifica-se que até a publicação da Resolução/TCU 78/1996, a jurisprudência
assentada neste Tribunal construiu o entendimento de que o denunciante não seria parte nos autos,
ocupando posição secundária nos processos de denúncia, os quais, uma vez preenchidos os requisitos
de admissibilidade, passam a ser impulsionados pelo próprio TCU. Nesse sentido caminharam as
Decisões Plenárias 114/93, 232/94, 146/95, 152/95 e 593/95.
152
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Com a entrada em vigor da citada resolução, que acrescentou o § 3º ao art. 2º da Resolução
TCU 36/1995, atribuiu-se expressamente o status de interessado ao denunciante, passando este a
figurar como parte no processo.
Ocorre que uma leitura rápida do dispositivo sob exame poderia levar a crer que o denunciante,
gozando do status de interessado, estaria dispensado de demonstrar razão legítima para intervir nos
autos, em virtude de que tal qualificação deriva de expressa disposição normativa.
Entretanto, não é essa interpretação que melhor se afeiçoa à coerência lógica do sistema
jurídico. Não significa dizer, por outro lado, que o referido dispositivo consiste em letra morta. A
rigor, com a inclusão do §3º do art. 2º da Resolução/TCU 36/1995, passou-se a admitir o denunciante
como parte no processo de denúncia, desde que ele apresente algum dos elementos exigidos pela
norma que o caracteriza como interessado, quais sejam: a) razão legítima para intervir; b) possibilidade
de lesão a direito subjetivo próprio (Resolução/TCU 36/1995, art. 2º, § 2º, com redação dada pelo art.
1º da Resolução/TCU 213/2008).
Não é outro o entendimento desta Corte de Contas, a qual entende que o ‘denunciante não é
considerado, automaticamente, parte processual, devendo, para obter essa condição, formular pedido
de ingresso nos autos como interessado e comprovar razão legítima para intervir no processo’
(Acórdão 773/2004-Plenário).
Ainda sobre os julgados desta Corte, vale ressaltar que é farta a jurisprudência no sentido
exposto no parágrafo anterior. Podem ser citados os Acórdãos 320/2006, 2323/2006, 139/2007,
1.855/2007, 519/2008, e 649/2008, 1218/2008, 2.632/2008 todos do Plenário, anteriores ao ano de
2009.
Os julgados mais recentes (a partir de 2009) também não divergem da interpretação
estabelecida. Cita-se os Acórdãos 4.423/2009, 2.389/2010, 3.793/2010, 5.057/2010 e 48/2011 da 1ª
Câmara; Acórdãos 3.003/2010, 3.037/2010, 3.200/2010, 4.073/2010, 7.317/2010, 206/2011 e
383/2011, da 2ª Câmara; Acórdãos 923/2010, 1430/2010, 1.793/2010, 2.627/2010, 3327/2010,
88/2011, 161/2011 e 257/2011, do Plenário.
Destarte, o papel do denunciante/representante consiste em iniciar a ação fiscalizatória, quando,
então, o próprio Tribunal toma o curso das apurações. Não existe para o denunciante/representante, a
não ser que admitido como interessado, prerrogativa de comparecer aos autos para a defesa de seus
pontos de vista.
No caso dos autos, o recorrente apresenta, em suas razões recursais, os seguintes argumentos
(peça 86):
(i) requer manifestação acerca do edital de licitação, item 2.3.3, que veda a participação de
licitantes coligadas entre si, visto que existem sócios comuns entre os licitantes (p. 2);
(ii) afirma não ter havido pronunciamento no acórdão embargado sobre a falta de clareza do
edital a respeito da forma de acesso aos clippings de notícia (p. 2); e
(iii) aduz que a informação prestada pela CEF no sentido de não fornecimento de clipping,
implicou em alteração impactante sobre a formulação das propostas e que diante disso deveriam ser
reabertos os prazos do Edital (p. 5).
Do exposto, observa-se, de plano, que o recorrente busca rediscutir o mérito decidido no
julgado recorrido, já analisados pela unidade técnica e transcritos nos itens 10-12 (peça 75, p. 2-4) do
relatório que precedeu o voto do Acórdão 1542/2012 – TCU - Plenário.
Sendo assim, ainda que superada a questão da admissibilidade, não haveria como dar
provimento aos presentes embargos, vez que não se verificaram as omissões suscitadas pelo
embargante, mas sim rediscussões acerca de itens que já foram analisados pelo Tribunal.
Destaque-se que o exercício de representação perante esta Corte com o objetivo de proteger o
interesse público foi respeitado, uma vez que a representação foi conhecida e seu mérito foi analisado
detidamente pela Unidade Técnica, conforme as instruções contidas nas peças 4, 30, 41 e 66 destes
autos eletrônicos, corroborada pelos pronunciamentos dispostos nas peças 74 e 75.
153
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
É de se notar que está Corte tem como função primordial a proteção do interesse da
coletividade e, caso a secretaria instrutora tivesse verificado indícios de irregularidade, teria apurado
de forma exaustiva a sua efetiva existência, com vistas à proteção do erário.
Resta, por fim, o exame sobre a possibilidade de lesão a direito subjetivo próprio (Resolução
TCU 36/1995, art. 2º, § 2º com redação dada pelo art. 1º da Resolução TCU 213/2008).
Por oportuno, faz-se mister a elaboração de um breve comentário acerca da denúncia, aplicável
à representação, instrumento colocado à disposição do cidadão ou do representante para o resguardo
do interesse público. Inicialmente, frisa-se que, nos termos do art. 74, §2º, da Carta Magna, ‘qualquer
cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar
irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União’.
Sem maiores delongas, ressalta-se que referido dispositivo almeja a proteção do erário, em face
de irregularidades e ilegalidades que poderiam ocasionar lesões a ele. Assim, estes instrumentos não
podem servir para aqueles que se sentem prejudicados em face de uma decisão administrativa.
Ademais, só há que se falar em interesse recursal e alcance de direito subjetivo próprio, nos
casos nos quais as deliberações provenham deste Tribunal. Não é o caso do acórdão guerreado, o qual
não gerou qualquer prejuízo para a recorrente.
Do contrário, os institutos da denúncia e representação poderiam se transformar em verdadeiros
‘Mandados de Segurança Administrativos’ e permitir a tutela de interesses individuais.
Assim, considerando que o interesse público já foi resguardado por ocasião das ações de
controle empreendidas por este Tribunal, resta evidente a ausência de legitimidade e interesse para a
interposição do presente recurso.
Por derradeiro, esclarece-se que a recorrente pode buscar o seu pretenso direito nas vias
administrativa (Caixa Econômica Federal) e judicial.
Em face do acima exposto, propõe-se não conhecer os presentes embargos, ante a ausência de
legitimidade e interesse nesta seara recursal, bem como pela impropriedade da representação como
meio de tutela de interesse individual.
CONCLUSÃO DA INSTRUÇÃO PRELIMINAR
Em virtude do exposto propõe-se:
a) não conhecer dos embargos de declaração, nos termos dos arts. 146 e 282 do RI/TCU, em
razão da ausência de legitimidade e interesse recursal;
b) encaminhar os autos ao gabinete do relator sorteado para apreciação do recurso, nos termos
do caput dos artigos 48 e 50 da Resolução/TCU 191/2006, com redação dada, respectivamente, pelos
artigos 40 e 41 da Resolução/TCU 233/2010, e conforme Portaria/Serur 2/2009; e
c) posteriormente ao exame de admissibilidade, enviar os autos à 2ª Secex para dar ciência às
partes, nos termos do art. 179, §7º, do RI-TCU, e aos órgãos/entidades interessados do teor da decisão
que vier a ser adotada, encaminhando-lhes cópia da referida deliberação, acompanhada de seu relatório
e voto.”
4. O Chefe da SAR/Serur e o titular da unidade técnica anuem à proposta de encaminhamento
oferecida pela instrução preliminar.
É o relatório.
VOTO
Trago à deliberação deste colegiado os embargos de declaração opostos pela empresa In Press
Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66) ao Acórdão nº
1.542/2012-TCU-Plenário, por meio do qual este Tribunal, ao examinar representação formulada pela
embargante, em face de supostas irregularidades verificadas na concorrência nº 5.548/7066-2011, do
tipo técnica e preço, lançada pela Caixa Econômica Federal, tendo por objeto a contratação de empresa
para prestação de serviços técnicos especializados em assessoria de imprensa, resolveu:
154
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
“9.1. conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente,
revogando, em consequência, a medida cautelar adotada em 29/12/2011 (peça nº 7) e revista
parcialmente em 12/4/2012 (peça nº 50), de forma a permitir que a Caixa Econômica Federal dê
continuidade à Concorrência nº 5.548/7066-2011, uma vez afastados todos os questionamentos
suscitados neste processo pela empresa In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica
Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66);
9.2. determinar o arquivamento dos autos;
9.3. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade
representada (Caixa Econômica Federal) e às empresas interessadas (In Press Assessoria de Imprensa e
Comunicação Estratégica Ltda. e Informe Comunicação Integrada S/S Ltda).”
2. Vejo que a instrução da Serur propõe o não conhecimento da petição, ante a ausência de
legitimidade da requerente para intervir no processo, bem como de interesse recursal, pelos
fundamentos ali expendidos, os quais adoto como razões de decidir.
3. Realmente, a jurisprudência predominante na Corte de Contas é no sentido de que o
representante, tal qual o denunciante, não é considerado, automaticamente, parte processual, devendo,
para obter essa condição, formular pedido de ingresso nos autos como interessado e comprovar razão
legítima para intervir no processo (cf. Acórdãos do Plenário nºs 773/2004, 320/2006, 2.323/2006,
139/2007, 1.855/2007, 519/2008, 649/2008, 1.218/2008, 1.090/2010, entre outros).
4. É de ver que o papel do representante ou denunciante consiste essencialmente em render
ensejo ao início da ação fiscalizatória, competindo ao próprio Tribunal, a partir daí, dar rumo às
apurações subsequentes.
5. Com efeito, não existe para o autor da representação ou denúncia prerrogativa de comparecer
aos autos para interceder por seus pontos de vista, salvo se previamente admitido como interessado no
processo.
6. De lembrar que a oposição de embargos de declaração deve observar o disposto no art. 282
do Regimento Interno, segundo o qual “cabe ao interessado demonstrar, na peça recursal, em
preliminar, o seu interesse em intervir no processo, nos termos do § 1º do art. 146, devendo a questão
ser avaliada no juízo de admissibilidade”.
7. Por sua vez, o art. 146 do RI/TCU dispõe que “a habilitação de interessado em processo
será efetivada mediante o deferimento, pelo relator, de pedido de ingresso formulado por escrito e
devidamente fundamentado”, devendo o interessado (§ 1º) “demonstrar em seu pedido, de forma clara
e objetiva, razão legítima para intervir no processo.”
8. No caso concreto, segundo registrado na instrução preliminar reproduzida no relatório
precedente, a representante não demonstrou a existência de qualquer interesse subjetivo que
legitimasse sua intervenção nos autos como recorrente, sendo que, em momento algum, foi solicitada a
sua habilitação como interessada nos autos.
9. Desse modo, não estando a impetrante legitimada como parte no processo, tampouco
existindo o interesse recursal, acompanho a proposta oferecida pela instrução da Secretaria de
Recursos, no sentido de que não se conheça destes embargos.
10. Ressalte-se, por fim, que nem mesmo é o caso de se mitigar a rigidez das normas
processuais, em favor da verdade material e à vista do princípio do formalismo moderado, porquanto,
consoante esclarecido pela Serur, não há omissão a ser suprida no acórdão combatido, vez que os
aspectos supostamente ignorados ali, na verdade, foram devidamente discutidos no voto condutor do
acórdão embargado, conforme se vê na transcrição abaixo:
“QUESTÃO Nº 1 - existência de sócios comuns em duas licitantes.
10. Na instrução que compõe a peça nº 30 (penúltima manifestação), observam-se os
argumentos das partes, seguidos do ponto de vista da 2ª Secex, que não percebeu motivo suficiente
para a impugnação do procedimento acima, senão vejamos:
155
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
‘Argumentos da Representante: a empresa In Press alega (peça 1, p. 3-4) que duas licitantes
(Informe Comunicação Integrada e CDN Comunicação Corporativa) integram o mesmo grupo
econômico, por possuírem como sócia comum a Sra. Patrícia Gonzalez de Souza, conforme se observa
no teor da cópia dos contratos sociais acostados aos autos na peça 2, p. 133-154 e 233/260.
Argumentos da CAIXA: segundo a estatal (peça 16, p. 2, item 2.1), durante a fase de
habilitação jurídica, foi efetuada pela Comissão consulta ao SICAF, conforme dispõe o subitem 6.1.1
do edital. Naquela oportunidade, verificou-se que todas as licitantes encontravam-se devidamente
cadastradas e regulares, não havendo indícios de existência de uma conjugação de fatores capaz de
justificar um aprofundamento da análise de eventuais vínculos entre as três participantes, incluindo
seus sócios e representantes.
Argumentos da Informe Comunicação: para essa empresa (peça 19, p. 2-4), a existência de
sócios comuns nas licitantes não fere a Lei 8666/93 e nem o instrumento convocatório, fato que
encontra respaldo na jurisprudência do TCU, a exemplo do Acórdão 297/2009-Plenário, o qual destaca
que o Tribunal já vedou a participação de licitantes, em situação similar: a) para realização de
convites; b) para contratação por dispensa de licitação; c) quando existe relação entre as licitantes e a
empresa responsável pela elaboração do projeto executivo; e d) quando uma empresa é contratada para
fiscalizar o serviço prestado por outra, cujos sócios sejam os mesmos.
E assegura (peça 19, p. 4) que são hipóteses que não alcançam o certame em comento, além de
que a Sra. Patrícia não é mais sócia da CDN Comunicação, conforme faz prova cópia da nova
alteração social desta empresa juntada na peça 19, p. 12-61, que foi assinada em 1º/10/2011, data
anterior à apresentação das propostas para essa concorrência.
Análise da 2ª Secex: assiste razão à CAIXA e à empresa Informe quanto ao fato de que a
jurisprudência do TCU não veda a participação em concorrências de licitantes com sócios em comum,
todavia, como bem destacado na instrução pretérita (peça 4, p. 2-3, itens 11-16), desde que se trate de
um fato isolado, ou seja, não constitua um conjunto de indícios de forma a configurar fraude ao
certame.
A empresa Informe juntou cópia da alteração contratual da CDN Comunicação, onde realmente
consta a retirada da Sra. Patrícia do quadro societário desta empresa (cópia juntada na peça 19, p.
12/61), cuja participação era de 0,01%. Observa-se que esse documento foi assinado em 1º/10/2011,
portanto, em data anterior à sessão do certame destinada à entrega das propostas, mas foi registrado
pela Junta Comercial somente em 1º/12/2011.
Consultando o sistema CNPJ, ainda não é possível constatar essa alteração no quadro societário
da CDN Comunicação, mas pode-se verificar que a Sra. Patrícia figura como um dos sócios-
administradores da empresa Informe, detendo 15% do capital social.
Verifica-se que o seu desligamento da CDN Comunicação ocorreu a apenas dez dias da
publicação do edital no Diário Oficial, embora não haja elementos nos autos capazes de demonstrar
que essa empresa ou a Informe Comunicação (duas das três únicas licitantes que participaram da
licitação, conforme anunciado pela CAIXA na peça 16, p. 15, item 3) tivessem ciência de que o
certame seria deflagrado em tão curto espaço de tempo.
Dessa forma, apesar da existência de relação entre uma das sócias-administradoras da empresa
Informe com uma das outras licitantes, que foi desfeita a apenas dez dias antes da publicação do edital
no Diário Oficial, conclui-se que faltam elementos nos autos capazes de efetivamente configurar
indício de fraude ao processo licitatório, ainda que outras irregularidades possam ter ocorrido.’
QUESTÃO Nº 2 - restrição de acesso ao clipping de noticias e consequente redução do
caráter competitivo da licitação.
11. Na instrução consubstanciada na peça nº 4 (primeira manifestação), são expostos os
argumentos da signatária da representação, seguidos do entendimento defendido pela 2ª Secex,
contrário ao sobredito questionamento, conforme se vê:
156
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
‘Argumentos da Representante
Alega a representante que o edital não é claro quanto à forma de acesso aos clippings de
notícia, esclarecimento que é relevante para a formação da proposta técnica. Afirma que em licitações
tendo objeto semelhante ao do presente certame, o clipping de notícias é disponibilizado aos licitantes,
com detalhamento dos serviços. Cita como exemplo certames em que teriam sido disponibilizados o
clipping, como o da Agência Nacional de Saúde Suplementar, o da Embratur, o do Ministério da
Justiça e o do TCU.
Alega ainda que o não fornecimento desse documento implica a mitigação do caráter
competitivo da licitação e quebra de isonomia entre os participantes por impor a aquisição do material
junto a uma empresa de acompanhamento de mídia, situação que limita a concorrência em virtude dos
custos decorrentes.
Análise da 2ª Secex
Em análise aos editais citados pelo Representante, verificamos que em nenhum deles o clipping
foi disponibilizado.
No certame da Embratur, a contratação ocorreu por meio da Concorrência 01/2010. Não foi
possível encontrar o edital da licitação, mas no questionamento aos licitantes, disponível no link
http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/editais/download_editais/comunicado_question
amento_embratur_0012010.pdf verificou-se que a Embratur não disponibilizou o clipping. Situação
semelhante ocorreu na Concorrência 01/2011 do Ministério do Turismo, disponível no seu sítio
eletrônico.
O certame do TCU ocorreu por meio da Concorrência 03/2011. O item 1.3.2 do edital esclarece
que ‘O Tribunal não fornecerá a clipagem para a elaboração da análise editorial e da auditoria de
imagem.’.
Quanto ao certame do Ministério da Justiça, o Edital de Concorrência Pública 03/2011 não cita
a disponibilização do clipping de notícias.
A licitação da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS se deu por meio da
Concorrência 01/11. Da mesma forma, o Edital não cita a disponibilização do clipping de notícias.
Sobre a disponibilização do clipping, cabe mencionar análise realizada pela 6ª SECEX na
instrução de mérito no âmbito do TC 006.573/2009-5, relativo a um certame do Ministério do
Turismo. Naquela ocasião também se questionava, entre outros, a não disponibilização do clipping. A
posição da Unidade Técnica foi no sentido de que:
‘Em termos objetivos, não há evidência de que a fixação de período para a realização da análise
de mídia, em relação à data de apresentação das propostas, e o não fornecimento de clipping tenham
afetado a competitividade do certame. Dessa forma, entende-se desnecessário estender o exame da
matéria.’
Conclusão
Tendo em vista a análise realizada, verificamos que, ao contrário do que alega a Representante,
a disponibilização do clipping de notícias não é prática comum nos editais de concorrência para a
prestação dos serviços em análise. Além disso, não há legislação que regulamente a contratação desse
tipo de serviço, ficando a critério do contratante a opção pela disponibilização ou não do documento.
Dessa forma, concluímos que a não disponibilização do clipping não é motivo que enseje a
concessão da medida cautelar suscitada pela Representante e nem caracteriza limitação ao caráter
competitivo da licitação.’
QUESTÃO Nº 3 - ausência de reabertura do prazo para apresentação das propostas, em
razão de esclarecimentos prestados pela comissão de licitação, com alteração impactante.
157
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
12. Ainda na instrução reunida na peça nº 4 (primeira manifestação), notam-se os argumentos
da representante, acompanhados do posicionamento sustentado pela 2ª Secex, desfavorável à
pretensão da interessada, no que tange ao item supracitado, conforme se transcreve:
‘Argumentos da Representante
Alega a Representante que a informação prestada pela Caixa, no sentido do não fornecimento
do clipping, sanando omissão do edital, implicou alteração impactante sobre a formulação das
propostas, dada a restrição do prazo de 45 dias para a apresentação das propostas, conforme a Lei de
Licitações.
Informa que apenas em 11/11/2011 tomou conhecimento da necessidade de aquisição do
clipping de notícias, questão não objetivamente disposta no edital, e que as informações prestadas pela
Comissão de Licitação representaram modificações com efeitos sobre a formulação das propostas e
exige a reabertura do prazo antes estabelecido para a abertura do certame, conforme o disposto no art.
21, §4º, da Lei 8.666/1993.
Análise da 2ª Secex
De acordo com a documentação apresentada (págs. 79/119 – peça 2), a Caixa respondeu aos
questionamentos não no dia 11/11/2011, mas sim no dia 17/11/2011. Conforme análise do item II,
acima, verificou-se que não é praxe o fornecimento de clipping nos editais que tratam de contratações
da espécie.
Conclusão
Tendo em vista a prática do mercado de não fornecer o clipping e a análise realizada neste item
e no item II desta instrução, entendemos que a resposta a esse questionamento não foi fato novo que
caracterizou a modificação no edital descrita no §4º do art. 21 da Lei de Licitações, não sendo cabível
a reabertura do prazo na forma solicitada.’
QUESTÃO Nº 4 - desproporcionalidade e falta de razoabilidade no que se refere ao
período de abrangência para a análise de exposição e monitoramento das ações da CAIXA na
mídia.
13. Outra vez na instrução que forma a peça nº 30 (penúltima manifestação), percebem-se os
argumentos das licitantes interessadas e da Caixa Econômica Federal, seguidos da interpretação
conferida pela 2ª Secex, pelo não acolhimento das razões da representante a respeito dessa questão nº
4, consoante se reproduz:
‘Argumentos da Representante: o estabelecimento do período de um ano para essa análise,
considerando ainda o imenso conteúdo do Programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ e a quantidade de
material a ser analisado e todos os meios de comunicação abarcados, conforme consta na Tabela 1 do
edital (vide peça 2, p. 40) é muito amplo na concepção da empresa In Press e deveria vir acompanhada
de válida motivação (peça 1, p. 11-12).
Seu entendimento baseia-se no fato de que, em licitações com objeto semelhante, o período de
abrangência exigido seria menor, justamente com a finalidade de adequar a elaboração do diagnóstico
da situação ao prazo mínimo para o recebimento das propostas, à luz do disposto no art. 21, §2º, da
Lei 8666/93 (peça 1, p. 11-12).
Argumentos da CAIXA: a escolha do ano de 2010 ocorreu, segundo a estatal (peça 16-p. 2,
subitem 2.2.1), por ter sido o período em que o Programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ alcançou a meta
de contratar um milhão de unidades habitacionais, razão pela qual se deveria considerar a variação da
percepção da imprensa durante todo esse ano.
Para a estatal (peça 16-p. 2-3, subitem 2.2.1), também se deveria considerar a variação da
percepção da imprensa ao longo daquele ano porque houve diversos eventos diferidos em diferentes
períodos, tais como a divulgação de balanços trimestrais dos resultados da própria CAIXA e do
segmento de habitação, incluindo o programa supra mencionado, objeto alvo da análise exigida no
158
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
edital. Assim, mesmo uma análise com abrangência de seis meses não seria suficiente para identificar
a visão da imprensa quanto à variação/evolução dos resultados.
Essa variação do modo como a imprensa enxergava a evolução desse programa foi bastante
notória, segundo a CAIXA (peça 16-p. 3, subitem 2.2.1), uma vez que os veículos de comunicação
afirmavam que a meta de um milhão de unidades não seria atingida naquele ano, situação que se
alterou após o terceiro trimestre, quando a imprensa passou a ser menos incisiva. E, após o alcance da
meta, o seu comportamento ganhou outro viés, completamente diverso daquele inicial.
Prossegue afirmando (peça 16, p. 3, subitem 2.2.1) que, ao longo do ano também ocorreram
mudanças de estratégia na divulgação desse programa, além de que foi um ano de eleições gerais no
país, fato que causa impacto na abordagem da imprensa quanto aos programas do governo federal.
E quanto à elaboração do clipping propriamente dito, entende a estatal (peça 16-p. 3, subitem
2.2.1) que não havia a necessidade de que fosse muito extenso, haja vista a limitação imposta pelo
subitem 1.1 do anexo II do edital, de oito a dez laudas. Dessa forma, o tempo envolvido no trabalho
seria compatível com o previsto no edital e com custo baixo, pois a licitante poderia utilizar
ferramentas de busca na internet e consulta aos portais dos principais veículos de imprensa do país.
Assim, conclui (peça 16-p. 3, subitem 2.2.1) que, dada a liberalidade das licitantes para seleção
dos veículos de imprensa a serem consultados, não caberia à CAIXA mensurar o valor do clipping.
Destaque-se ainda o fato de que três empresas do mesmo segmento de mercado da Representante
realizaram esse trabalho no prazo previsto no edital para formulação de suas propostas, o que
demonstra ter sido o prazo razoável e sem envolvimento de custos impeditivos à participação da
Autora no certame.
Argumentos da Informe Comunicação: entende (peça 19, p. 4) que as argumentações da
Representante não devem prosperar, em face do que se infere da ‘resposta dada pela Comissão de
Licitação ao questionamento formulado pela empresa CDN Comunicação, que pleiteava a revisão dos
subitens 1.1, do Parâmetro I, do Anexo II c/c 7.2.2.1 do Anexo I, do edital’.
Apoiando-se no mencionado documento, afirma (peça 19, p. 4) que a CAIXA havia
estabelecido como objetivo que as ‘licitantes realizassem uma análise da exposição na mídia do
Programa Minha Casa Minha Vida e da CAIXA, no ano de 2010’, sendo que ‘caberia a cada uma
escolher quais ferramentas ou mecanismos seriam utilizados, a fim de demonstrar seu conhecimento da
instituição e sua capacidade de definição e monitoramento do tema’.
Análise da 2ª Secex: com relação ao período estabelecido para a análise da exposição da
CAIXA na mídia, foi destacado na instrução anterior (peça 4, p. 5, item 36 e 38) que este ‘tem sido
bem menor em outras licitações do que aquele estipulado no certame em comento, conforme consta na
instrução realizada no TC 006.573/2009-5, no âmbito da 6ª Secex, na qual foram examinados dados de
doze certames licitatórios semelhantes’, cujo período compreende, em média, de ‘três semanas a dois
meses’.
Para a estatal e a empresa Informe, a fixação de um período maior, ou seja, de um ano, tinha o
intuito de que as licitantes analisassem a percepção da mídia quanto à imagem da instituição e também
acerca do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ desde o início de 2010, quando havia suspeitas de que
a meta de um milhão de unidades habitacionais não seria atingida, até o seu efetivo alcance, no final
daquele mesmo ano.
As licitantes tiveram um prazo de 47 dias (vide ata da sessão do certame constante na peça 2, p.
126-128), entre a data de publicação do edital no Diário Oficial, em 10/10/2011, e aquela da sessão
para recebimento das propostas, em 25/11/2011, para elaborar a proposta técnica.
Considerando o porte e a importância da Caixa Econômica Federal no país, o prazo dado e o
fato de que se trata de empresas que detêm a expertise na prospecção de informações divulgadas
constantemente pelos grandes meios de comunicação, não parece desarrazoada a fixação do período de
um ano para análise da exposição da estatal na mídia, ainda que não seja aquele usual em licitações de
outros entes, tendo em vista ainda a relevância do programa escolhido e a variação de percepção da
imprensa quanto ao tema ao longo daquele ano.
159
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
E no que se refere à delimitação dos meios de comunicação que deveriam ser utilizados para a
elaboração da proposta técnica, também foi destacado na instrução anterior (peça 4, p. 5, item 37) que
alguns dos editais analisados citam veículos específicos, mas a maioria menciona as formas
tradicionais e mais influentes de mídia, tal como disposto no item 10.4.1 do edital da CAIXA (vide
peça 16, p. 23).
Dessa forma, as argumentações da Representante quanto ao assunto do tópico em tela não
merecem acolhida.’
QUESTÃO Nº 5 - indisponibilidade do sítio da CAIXA em determinado momento e
consequente impossibilidade de acesso às informações relativas ao certame.
14. Para a compreensão do tópico acima, impõe-se retornar à instrução que compõe a peça nº 4
(primeira manifestação), onde são vistos os argumentos da representante, os quais são rejeitados pela
2ª Secex, conforme se lê:
‘Argumentos da Representante
A Representante informa que, de acordo com os relatórios de indisponibilidade apresentados
(págs. 103/117), o sítio da Caixa por diversas vezes esteve indisponível, inviabilizando o acesso ao
edital e às demais informações relevantes ao certame.
Alega que esse fato fere o princípio da publicidade, além de implicar redução ao caráter
competitivo da licitação, ao limitar a concorrência em razão do impedimento de acesso à informação, o
que fere o disposto no art. 3º, caput, e inc. I da Lei de Licitações.
Análise da 2ª Secex
Os documentos apresentados aparentemente demonstram a indisponibilidade da página
‘Licitações Instauradas – Detalhes’ no dias 1/11/2011, 4/11/2011, 7/11/2011, 9/11/2011 e 10/11/2011.
O item 26.12 do edital do certame em análise estabelece que quaisquer esclarecimentos
necessários para o perfeito entendimento do edital e as eventuais impugnações ou recursos deverão ser
encaminhados por escrito, por fax ou por e-mail.
Conclusão
Entendemos que a internet não é o único meio disponível para a obtenção de informações,
conforme disposto no edital, e que a disponibilidade de vários meios ocorre justamente para suprir a
falha em um deles.
Considerando ainda que o licitante já havia retirado o edital, que a resposta aos
questionamentos só ficou disponível no dia 17/11/2011, quando o sitio já estava novamente disponível,
e que aparentemente não houve mais questionamentos nesse sentido, concluímos que a
indisponibilidade do sistema da Caixa não feriu o princípio da publicidade e nem limitou a
concorrência no certame, não havendo desrespeito ao disposto no art. 3º da Lei de Licitações.’
QUESTÃO Nº 6 - obscuridade do edital quanto aos critérios de julgamento das propostas
(ausência de critérios objetivos).
15. Sobre esse aspecto, a última instrução da 2ª Secex (peça nº 66) enfrenta o questionamento
suscitado pela representante, considerando-o improcedente, pelas seguintes razões:
‘Análise da 2ª Secex
A controvérsia ora debatida é quanto aos critérios de pontuação dos itens de julgamento das
propostas técnicas, previstos no edital da Concorrência 5.548/2011. Deve-se avaliar se os referidos
critérios conferiram ao julgamento grau de subjetividade maior que o razoável, quanto à atribuição das
notas.
O instrumento convocatório estipulou que a pontuação da proposta técnica seria distribuída
dentre quatro itens: ‘Conhecimento Caixa e Diagnóstico da Situação’, ‘Planejamento e Soluções de
Imprensa’, ‘Capacidade de Atendimento’, ‘Outros Serviços Prestados’. Esclareceu-se o que se
esperava que fosse apresentado para o atendimento de cada item, para fins de avaliação da proposta.
160
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Por exemplo, para o primeiro item, apontou-se que seriam consideradas as características e atividades,
natureza e extensão, papel político e as ações de imprensa relatadas pela licitante sobre a Caixa, bem
como a análise da exposição do banco nos jornais, revistas, emissoras de TV e web, bem como a
identificação dos pontos positivos e negativos para a imagem do banco (peça 2, p. 23).
Os referidos itens de avaliação foram divididos em subitens, especificando-se para cada um a
pontuação mínima e máxima possíveis. Para ilustrar, cite-se que o item ‘Planejamento e Soluções de
Imprensa’ (14 pontos), teve sua pontuação distribuída dentre os subitens, conforme abaixo (peça 2, p.
40-41):
Planejamento e Soluções de Imprensa Nota atribuída
Raciocínio Básico Necessidade e os problemas de
imprensa
1 a 4 pontos
Consistência lógica e
argumentos para soluções
1 a 4 pontos
Problema apontado no briefing 1 a 6 pontos
Estratégia de Imprensa Caracterização do público e
plano para mídia espontânea
1 a 10 pontos
Proposta para solução do
problema apresentado no
briefing (relações com a mídia)
1 a 10 pontos
Avaliação e mensuração dos
resultados da estratégia
1 a 10 pontos
De início, cumpre considerar que, embora os arts. 44 e 45 da Lei de Licitações visem à
imparcialidade e ao interesse público, certo grau de subjetivismo, mesmo involuntário, é inerente a
qualquer avaliação, ante a impossibilidade fática da fixação de critérios de julgamento absolutamente
objetivos. A estipulação de pontuação máxima e mínima e a fundamentação dos atos administrativos
que procedam às avaliações são mecanismos para o controle desses atos. Uma vez que os atos de
julgamento sejam amparados por arrazoados consistentes, reduz-se o risco de cometimento de
arbitrariedades.
Ao estabelecer o que seria avaliado em cada item da proposta técnica, e a composição dos
subitens que comporiam os referidos itens, prevendo as respectivas pontuações mínimas e máximas, o
edital previu parâmetros de atribuição das notas, minimizando o grau de subjetividade da análise
técnica.
Observou-se que as notas das licitantes foram atribuídas mediante avaliação fundamentada da
Comissão, que indicou as questões levadas em consideração para composição das pontuações,
conferindo concretude aos parâmetros adotados no edital.
Vejam-se, por exemplo, os comentários tecidos a respeito da avaliação do item ‘Planejamento e
Soluções de Imprensa’, constantes da avaliação da comissão técnica (‘Proposta C’ peça 39, p. 20):
Tabela 2— Planejamento e Soluções de Imprensa
Raciocínio Básico
Pagina 12 - Informa erroneamente: ‘meta do PMCMV 1 foi alcançada no primeiro ano’.
Estratégia de Imprensa
Mostra boas ações para o programa MCMV, utilizando todos os recursos oferecidos pela Caixa
(personagens, unidade móvel, superintendências regionais, publico interno etc.).
Página 16 - Sugere, como estratégia de imprensa, foco também no público interno, quando
entende-se (sic) que essa e uma atividade de comunicação interna, de acordo com a segregação de
atribuições na CAIXA.
161
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Sugere superintendentes regionais do banco como novos porta-vozes; na verdade eles já atuam
como os porta-vozes regionais.
Apresenta na estratégia o atendimento a quem não lê jornais e também não acessa redes sociais,
mas não informa como.
A partir da fundamentação da Comissão, inclusive, as licitantes que discordaram da pontuação
recebida, puderam oferecer recursos, combatendo os argumentos considerados incompatíveis. As duas
recorrentes, como já exposto, obtiveram êxito parcial quanto a suas alegações.
No mais, após o julgamento dos recursos, todas as licitantes tiveram suas propostas técnicas
classificadas, atenuando-se o risco de eliminações que tivessem por fim restringir a participação no
certame. A empresa vencedora, além de apresentar a melhor pontuação técnica, ofertou o segundo
melhor preço, 3% acima da proposta de menor valor, e 11% inferior à proposta de valor mais alto.
Não se pode, dessa forma, afirmar que houve limites à competitividade ou prejuízos à
Administração. A competição houve, quando da participação de três licitantes, todas com propostas
técnicas classificadas. Não se fala de prejuízo ao erário, uma vez que a proposta comercial vencedora
encontra-se abaixo do patamar fixado pela Caixa, além de estar dentro da média de preços das demais
propostas apresentadas.
Pelo exposto, considera-se improcedente a representação, no que tange à ausência de critérios
objetivos para o julgamento das propostas.’
QUESTÃO Nº 7 - falta de clareza do edital: tipo de análise do briefing.
16. Para o ponto acima, temos a penúltima instrução da 2ª Secex (peça nº 30), com a
abordagem necessária, na qual são revelados os argumentos das licitantes interessadas, bem assim da
Caixa Econômica Federal, e por último o posicionamento da unidade técnica, pela rejeição das
alegações da representante, a saber:
‘Argumentos da Representante: houve falta de clareza no edital, sob a ótica da empresa In Press
(peça 1, p. 15-16), que se refere à análise de problema apontado no briefing, sem especificar, no
entanto, se essa deve ser exclusivamente editorial.
Argumentos da CAIXA: foi informado que (peça 16, p. 13-14, subitem 2.4):
o termo editorial não está presente no edital, em razão de não se ter requerido uma análise
editorial, ou seja, (...) do perfil dos veículos face a um tema ou da orientação político-partidária,
ideológica, econômica ou quaisquer outras. As informações disponibilizadas aos licitantes esclarecem
que a exigência do edital refere-se a uma análise da exposição na mídia do Programa Minha Casa
Minha Vida e da CAIXA, no ano de 2010. Portanto, este termo não foi suprimido (...)
O fato de a totalidade das empresas que apresentaram proposta técnica, atuantes no mesmo
segmento de mercado da In Press, ter apresentado a análise na forma solicitada é evidência de que o
edital foi claro quanto à solicitação acima.
Argumentos da Informe Comunicação: defende a empresa (peça 19, p. 7) não ter havido
qualquer omissão no edital, pois essa questão foi devidamente esclarecida pela Comissão de Licitação,
em resposta ao questionamento formulado pela CDN Comunicação, oportunidade em que foi afirmado
que ‘cabia às licitantes fazer uma ‘análise da avaliação da exposição do Programa e da CAIXA na
mídia, e não uma análise editorial ou auditoria de imagem nos moldes tradicionais’.’
Análise da 2ª Secex: na instrução anterior destacou-se que, nos editais dos certames com objeto
semelhante examinados, o tipo de análise que deve constar na apresentação da proposta técnica é
sempre editorial.
Contudo, sendo omisso o edital da CAIXA quanto à natureza do texto a ser apresentado pelas
empresas, o julgamento das propostas deveria considerar qualquer tipo de análise, ainda que fosse
editorial, de forma a não prejudicar qualquer licitante. Fato que não parece ter ocorrido.
Dessa forma, não se pode afirmar que faltou clareza no edital quanto a essa matéria, de maneira
a configurar infringência ao art. 40, I, da Lei 8666/1993, nada impedindo, todavia, que a previsão
editalícia pudesse ser mais específica, fato que pode ser recomendado à estatal. Não deve, portanto, ser
acolhida a tese da Representante quanto ao fato.’
162
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
QUESTÃO Nº 8 - falta de clareza do edital: ausência de estimativa dos deslocamentos, de
forma a atender aos subitens 12.2.3.1 do edital e 5.2.1 do seu Anexo I.
17. Quanto ao problema aí levantado, a última instrução da 2ª Secex (peça nº 66) avalia as
alegações da representante, considerando ao final que elas não devem prosperar, pelos motivos que a
seguir são anunciados:
‘Análise da 2ª Secex
Segundo a representante, o item 12.2.3.1 do edital e 5.2.1 do Anexo I mencionam a obrigação
de inclusão, no preço mensal e global proposto, dos custos de hospedagens e viagens de seus
empregados, e de todas as demais obrigações e despesas de qualquer natureza necessárias à perfeita
execução dos serviços. No entanto, o edital não teria fornecido elementos necessários à delimitação do
custo do serviço, não apontando estimativa máxima de deslocamentos dos profissionais.
A unidade técnica [na instrução anterior] deu razão à representante, quando entendeu que a
Caixa não previu adequadamente o quantitativo de deslocamentos para o contrato. Ao fixar um
patamar mínimo de quatro deslocamentos mensais, teria destoado da média do ano anterior, de dois
deslocamentos por mês. O posicionamento que se defendeu foi que o parâmetro fixado não foi realista
e que a estipulação de um patamar mínimo apenas poderia levar a Administração a exigir que o
contratado viesse a arcar com custos exorbitantes durante a prestação dos serviços, comprometendo o
equilíbrio econômico-financeiro do contrato. De outro lado, poderia levar a contratada a majorar
excessivamente o valor da proposta, ao prever quantitativo de deslocamentos superior ao efetivamente
necessário, o que teria sido verificado, quando a proposta vencedora estimou doze deslocamentos
mensais.
Tendo em conta que o patamar mínimo de deslocamentos previsto no edital levou em
consideração a média mensal do ano anterior, superando-a em duas vezes, a possibilidade de haver
desequilíbrio econômico-financeiro, torna-se minimizada. A margem de segurança utilizada é razoável
para garantir o equilíbrio contratual, evitando que a contratada tenha que arcar com custos de
deslocamentos adicionais aos estimados.
Por outro lado, é fato que, ao incluir quantitativo de deslocamentos superior à estimativa
mínima da Caixa, existiria a possibilidade de a licitante majorar excessivamente seus custos com esse
item, aumentando o valor da proposta. Todavia, agindo dessa forma, poderia perder em
competitividade, no critério preço.
Conforme apontado em instrução anterior, a proposta comercial da Informe Comunicação,
licitante classificada em primeiro lugar, considerou doze deslocamentos mensais. Ao proceder assim,
incorreu no risco de perder competitividade no quesito preço. Se o efetivo quantitativo de
deslocamentos mensais tiver média inferior, a proposta terá incluído custos superiores aos necessários.
Se os deslocamentos forem em número superior, o prejuízo terá sido da contratada.
Fixar um quantitativo máximo de deslocamentos, como foi sugerido anteriormente pela
unidade técnica, poderia levar a duas situações inconvenientes. Caso o número fosse insuficiente ao
efetivamente realizado no transcorrer do contrato, deslocamentos adicionais causariam potencial
desequilíbrio do contrato, com prejuízos para uma das partes, a depender da fórmula adotada. Outra
situação que se imagina é que, para evitar a necessidade de aditivos para recuperar o referido
equilíbrio, a Caixa poderia vir a acrescer margem de segurança à estimativa máxima, o que a
majoraria, elevando o valor das propostas, que tenderiam a elevar seus custos com deslocamentos ao
patamar máximo.
Percebe-se que tanto a fixação de um número mínimo, quanto de um máximo de
deslocamentos, trazem inconvenientes. O risco dessa estimativa e, consequentemente, do contrato, é
inerente à atividade, e não se vislumbra que tenha havido óbices à competição, pela ausência de
fixação de quantitativo máximo.
A proposta vencedora, como já pontuado, inferior à estimativa da Caixa, foi a segunda menor,
3% acima da de menor valor e 11% inferior à mais alta. Não se deve considerar que tenha havido
163
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
óbices à competitividade ou prejuízos aos cofres públicos, tendo-se sagrado vencedora proposta
comercial com valor global dentro dos parâmetros de mercado aferidos no processo licitatório.
Dessa forma, não se pode afirmar que a ausência de fixação de patamar máximo de
deslocamentos tenha obstado a competitividade ou que tenha causado prejuízos à Administração.
Além disso, mesmo sendo componente do preço global, o custo dos deslocamentos não representa
parcela significativa do total de serviços e nem constitui o núcleo do objeto da contratação, reduzindo
os impactos que poderia causar nos custos totais. Improcedente também nesse ponto a representação.’
QUESTÃO Nº 9 - falta de clareza do edital: ausência de estimativa para a avaliação dos
custos adicionais decorrentes dos serviços de intérprete.
18. Relativamente a este último ponto, a penúltima instrução da 2ª Secex (peça nº 30) examina
com a profundidade necessária os argumentos das licitantes interessadas, afora aqueles trazidos pela
Caixa Econômica Federal, expressando ao final o pensamento da unidade técnica, no sentido da
improcedência do aludido questionamento. Vejamos:
‘Argumentos da Representante: a falta de clareza no subitem 3.1.1 do Anexo I do edital
consiste, segundo a Autora (peça 1, p. 15-16), no fato de que foi exigido que a contratada
disponibilizasse intérprete com fluência nos idiomas que apresentem correlação com a atuação e
exposição da CAIXA, e que atue na produção e tradução de material jornalístico, todavia, sem
apresentar qualquer estimativa para a avaliação dos custos adicionais pela contratante.
Argumentos da CAIXA: a estatal esclarece (peça 16, p. 15, subitem 2.6) que iniciou
recentemente seu processo de atuação internacional, encontrando-se presente em apenas três países –
Estados Unidos, Japão e Venezuela, não possuindo escritórios, agências ou atuação direta com ampla
presença na mídia. Ademais:
A atuação do intérprete ocorrerá no atendimento a demandas de imprensa, traduzindo e
produzindo material jornalístico nos idiomas exigidos nos eventos programados.(...) A utilização de
intérprete também será necessária no suporte aos porta-vozes do banco em entrevistas concedidas a
jornalistas estrangeiros (...).
Desta forma, a demanda por serviços de interprete e tradução é muito reduzida (...). Em 2011
ocorreu o atendimento a 07 pautas de imprensa (sendo 06 em inglês e 01 em espanhol) (...).
Considerando este histórico recente de demandas, bem, como o valor total estimado do
contrato, fica claro que a prestação desses serviços não será onerosa a ponto de comprometer o
equilíbrio econômico-financeiro. Deve ser ressaltado o fato de que se trata de serviços (...) eventuais e
atípicos. Diante disso, não foi exigida comprovação de capacidade técnica especifica, tampouco
alocação permanente de profissional com esta qualificação, o que deixa claro não ter qualquer
repercussão no caráter competitivo do certame.
Argumentos da Informe Comunicação: afirma (peça 19, p. 9) que, assim como ocorre com a
maioria das empresas desse segmento de mercado, a Informe possui tradutores fixos em seu quadro de
funcionários, exatamente para dar suporte às demandas de todos os clientes.
E prossegue aduzindo (peça 19, p. 9) que, em todos os editais de licitações publicados nos
últimos meses, com objeto semelhante, não há previsão do quantitativo exato de profissionais,
exatamente por se tratar de serviços técnicos especializados, e não de terceirização de mão de obra.
Ademais, também não é possível prever a quantidade de textos a serem produzidos no decorrer do
contrato, uma vez que essa situação é característica dos serviços de assessoria de imprensa.
Análise da 2ª Secex: pelas informações trazidas aos autos pela CAIXA, principalmente quanto
à sua ainda diminuta atuação no mercado internacional, depreende-se que a participação dos serviços
de intérprete e tradução em todo o objeto do certame é muito pequena e incapaz de causar impacto no
equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
E, como bem destacado pela empresa Informe, a Administração não pode no presente caso
estabelecer quantitativo de postos de trabalho ante o risco de o fato configurar locação de mão-de-obra,
o que é vedado pela jurisprudência da Justiça do Trabalho, conforme Enunciado 331 do TST.
164
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Porém, poderia a Administração estabelecer uma previsão do quantitativo dos serviços a serem
prestados se, de fato, constituísse parcela significativa no objeto do contrato, o que, como já exposto
acima, não é o caso. Dessa forma, devem ser rejeitadas as argumentações da Representante quanto ao
fato.’
19. Como visto, as 9 questões levantadas nesta representação pela empresa In Press Ltda.
foram enfrentadas e totalmente rejeitadas pela 2ª Secex, seja nas suas primeiras manifestações, seja na
sua última instrução, em amplos e convincentes pareceres que, pelos seus fundamentos, adoto como
razões de decidir, tecendo apenas alguns comentários que julgo pertinentes, em reforço ao que já foi
dito pela unidade técnica, em torno dos aspectos que considero mais relevantes na apreciação da
matéria em foco.
20. Primeiramente, sobre a possível redução do caráter competitivo do certame, vejo que, não
obstante a participação de somente três concorrentes, o único problema suscitado aqui em relação a
essa parte fundamental de qualquer processo licitatório tem a ver com a suposta restrição de acesso ao
clipping de noticias, cuja improcedência restou plenamente demonstrada pelo órgão instrutivo (v.
questão nº 2, no item 11 deste voto).
21. É dizer, não se nota neste feito nenhum outro apontamento a respeito de requisitos
editalícios aos quais houvesse a possibilidade de ser atribuído o baixo comparecimento de
concorrentes à convocação em tela, a exemplo de exigências, cláusulas ou condições desarrazoadas ou
injustificáveis, que pudessem comprometer, restringir ou frustrar o seu caráter competitivo, o que
resultaria na inobservância do disposto no art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993.
22. De mais a mais, como bem acentuou a nossa Secretaria de Controle Externo, na análise a
que procedeu quanto à questão nº 6 (v. item 15 deste voto):
‘Não se pode, dessa forma, afirmar que houve limites à competitividade ou prejuízos à
Administração. A competição houve, quando da participação de três licitantes, todas com propostas
técnicas classificadas. Não se fala de prejuízo ao erário, uma vez que a proposta comercial vencedora
encontra-se abaixo do patamar fixado pela Caixa, além de estar dentro da média de preços das demais
propostas apresentadas.’
23. A outra causa que me parece digna de relevo, dada a controvérsia que às vezes desperta, é
aquela reunida na questão nº 6, de que cuida o item 15 deste voto, relativamente à suposta obscuridade
do edital quanto aos critérios de julgamento das propostas, em que foi suscitada a ausência de critérios
objetivos.
24. De fato, o julgamento mediante critérios objetivos, definidos no edital, é regra de
fundamental importância para que a licitação alcance o seu objetivo principal, que é garantir a
observância do princípio constitucional da isonomia e a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração, atuando em favor do fiel cumprimento dos princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da vinculação ao instrumento convocatório.
25. Daí a rigorosa previsão legal nesse sentido:
Lei nº 8.666/1993
‘Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os critérios
objetivos definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios
estabelecidos por esta Lei.
§ 1º É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou
reservado que possa ainda que indiretamente elidir o princípio da igualdade entre os licitantes.’
(...)
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o
responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios
previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele
referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.’
165
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
26. Dito de outro modo, quem vai participar da licitação tem o direito de saber previamente
qual é o critério pelo qual esse certame será julgado, caso contrário seria fácil conduzir o resultado da
licitação para um ou outro lado, o que não se admite nos atos da espécie.
27. Mas o que é critério objetivo ? O Professor Diógenes Gasparini, ao proferir palestra no II
Seminário de Direito Administrativo, promovido pelo Tribunal de Contas do Município de São Paulo -
TCMSP, em junho de 2004, fez essa pergunta para, em seguida, dar a resposta (sítio do TCMSP,
visitado em 18/6/2012):
‘Critério objetivo é aquele que por si só define uma situação. É aquele que independe de
qualquer argumento para confirmá-lo. Basta o confronto das várias propostas para selecionarmos a
vencedora, sem precisar justificar absolutamente nada. O menor preço, por exemplo, é critério
objetivo. Quando estabelecemos no edital, que a licitação será julgada pelo critério do menor preço,
temos aí estabelecido qual é o critério de julgamento e que esse critério é objetivo. Se temos uma
proposta de sete, uma de sete e meio e outra de oito, sendo o critério de julgamento o de menor preço,
não temos dúvida nenhuma para dizer que aquela proposta de sete é a vencedora. Não precisamos
dizer para ninguém que nossa grande experiência como Presidente de Comissão de Licitação indica
que sete é a melhor proposta, ou que somos professor de matemática, que somos isso ou aquilo para
justificar essa escolha. Não temos que justificar nada. O achômetro, desculpem a expressão, não pode
estar presente no julgamento, devendo, assim, ser banido do processo licitatório qualquer critério
subjetivo.’
28. E o prosseguimento da lição do festejado administrativista naquele evento iria dizer o que
acontece, em termos de critérios de julgamento, quando a licitação não é do tipo ‘menor preço’, mas
sim do tipo ‘melhor técnica’ ou ‘técnica e preço’, que é o caso da concorrência lançada pela CAIXA e
da qual cuidamos nesta oportunidade, vindo então à tona o seguinte ensinamento do saudoso mestre:
‘Talvez os Senhores digam, mas e no caso de licitação de melhor técnica ou de técnica e preço,
que são critérios adotados para o julgamento de certas licitações, não há aí o subjetivismo quando os
membros da Comissão de Licitação devem atribuir notas a certos fatores como qualidade, quantidade,
produtividade e metodologia, por exemplo. Isso é uma realidade, mas a lei diz que técnica e preço e
melhor técnica são critérios de julgamento de licitações cujos objetos envolvem importantes trabalhos
intelectuais [refere-se ao disposto no art. 46 da Lei nº 8.666/1993]. Esses critérios só são utilizados
excepcionalmente (...). Portanto, já temos uma restrição para a sua aplicação imposta pela própria lei
licitatória. De outro lado, quando possível a sua aplicação, ainda exige-se um cálculo matemático. Esse
cálculo levará em conta certas pontuações atribuídas pelos membros da Comissão de Licitação. A tais
pontos serão aplicados determinados pesos. Multiplicam-se todos esses pontos pelos respectivos pesos
e divide-se pela somatória dos pesos e aí se têm vários números no final dessas continhas. Nesses
cálculos ainda deve ser considerado o preço ofertado pelo proponente, também influenciado por um
peso. Com a conjugação de todos esses dados chegaremos, depois da comparação dos resultados finais
de cada licitante, à proposta vencedora. Portanto, a própria lei se encarrega de, ao máximo, retirar a
subjetividade que possa existir nesses critérios de julgamento.’
29. O magistério que acabo de expor, do renomado especialista em direito administrativo, ajuda
a compreender as razões pelas quais o critério de julgamento absolutamente objetivo só é possível
na licitação do tipo ‘menor preço’.
30. Portanto, o que deve ser esperado e exigido em relação a convocações semelhantes à
concorrência em pauta, do tipo ‘técnica e preço’, é o menor nível possível de subjetividade no seu
julgamento, com avaliações devidamente fundamentadas por parte dos membros da comissão de
licitação.
31. Isso, a partir de parâmetros bem definidos no edital, para a atribuição de notas aos diversos
fatores avaliatórios nele previstos, cuja conjugação, na forma igualmente estabelecida no ato
convocatório, há de ser suficiente para mitigar eventuais resquícios de imprecisão na maneira de julgar
as propostas oferecidas, de modo a evitar decisão que não seja impessoal ou não favoreça o interesse
público.
166
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
32. É assim que se resguardam sobretudo os princípios da isonomia e da impessoalidade, entre
outros, na seleção da proposta mais vantajosa para a administração em licitações da espécie,
normalmente com o uso de fórmulas aritméticas ou pontuações capazes de permitir uma classificação
justa e compreensível para as licitantes envolvidas, em julgamento necessariamente vinculado ao edital
e aos documentos por elas apresentados, e sempre subordinado a juízo de rigorosa imparcialidade.
33. Ou seja, não se admite solução administrativa que deixe transparecer a imposição da
vontade pessoal do agente público, ou que se apresente como desvirtuadora dos princípios
fundamentais da legalidade, da igualdade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade ou da
vinculação ao instrumento convocatório.
34. E no caso do qual se trata, não há nos autos nenhum indicativo de desatenção aos cuidados
básicos antes comentados. Ao contrário, são bastante tranquilizadoras as informações prestadas pela 2ª
Secex, no sentido de ter havido tal precaução por parte da CAIXA, quando diz, nos itens 26 e 27 da
instrução reproduzida no relatório precedente, o seguinte:
‘Ao estabelecer o que seria avaliado em cada item da proposta técnica, e a composição dos
subitens que comporiam os referidos itens, prevendo as respectivas pontuações mínimas e máximas, o
edital previu parâmetros de atribuição das notas, minimizando o grau de subjetividade da análise
técnica.
Observou-se que as notas das licitantes foram atribuídas mediante avaliação fundamentada da
Comissão, que indicou as questões levadas em consideração para composição das pontuações,
conferindo concretude aos parâmetros adotados no edital.’
35. Em síntese, entendo não caber o prosseguimento deste feito, tendo-se por improcedente a
representação ora apreciada, porquanto as questões nela suscitadas estão fundamentadas em
argumentos que não se sustentam juridicamente.”
11. Ou seja, ainda que fosse possível conhecer deste recurso, o pleito por ele intentado não teria
melhor sorte.
12. De fato, não se mostram presentes as omissões alegadas pela impetrante, que, consoante
enfatizado pela instrução, busca, no essencial, rediscutir pontos já suficientemente debatidos no
acórdão recorrido.
13. Portanto, não cabe ao Tribunal, nesta fase processual, atender a postulações que, como
visto, procuram, a pretexto de supostas omissões, a reapreciação de questões já examinadas em
julgamento anterior, vez que embargos de declaração não se prestam a essa finalidade.
14. Ante todo o exposto, voto por que o Tribunal de Contas da União adote o acórdão que ora
submeto à deliberação deste colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
ACÓRDÃO Nº 2219/2012 – TCU – Plenário
1. Processo: TC-037.751/2011-5.
2. Grupo I, Classe de Assunto: I – Embargos de declaração.
3. Entidade: Caixa Econômica Federal.
4. Recorrente: In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ
01.097.636/0001-66).
5. Relator: Ministro Valmir Campelo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Valmir Campelo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos - Serur.
8. Advogados constituídos nos autos: Joelson Dias (OAB-DF 10.441) e outros, pela In Press
Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (peça 27); Adam Luiz Alves Barra (OAB-
167
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
DF 19.786) e outros, pela Caixa Econômica Federal (peça 45); Renata Antony Souza Lima Nina
(OAB-DF 23.600) e outros, pela Informe Comunicação Integrada S/S Ltda. (peça 11, p. 2).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pela empresa In
Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66) ao
Acórdão nº 1.542/2012-TCU-Plenário, por meio do qual o Tribunal, ao examinar representação
formulada pela embargante, em face de supostas irregularidades verificadas na concorrência nº
5.548/7066-2011, do tipo técnica e preço, lançada pela Caixa Econômica Federal, tendo por objeto a
contratação de empresa para prestação de serviços técnicos especializados em assessoria de imprensa,
resolveu “9.1. conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la improcedente,
revogando, em consequência, a medida cautelar adotada em 29/12/2011 (peça nº 7) e revista
parcialmente em 12/4/2012 (peça nº 50), de forma a permitir que a Caixa Econômica Federal dê
continuidade à Concorrência nº 5.548/7066-2011, uma vez afastados todos os questionamentos
suscitados neste processo pela empresa In Press Assessoria de Imprensa e Comunicação Estratégica
Ltda. (CNPJ 01.097.636/0001-66)”.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34, caput e § 1º, da
Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 287 do Regimento Interno/TCU, em:
9.1. não conhecer dos presentes embargos de declaração, porquanto não satisfeitos os
pressupostos de admissibilidade aplicáveis à espécie;
9.2. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à entidade
representada (Caixa Econômica Federal) e às empresas interessadas (In Press Assessoria de Imprensa e
Comunicação Estratégica Ltda. e Informe Comunicação Integrada S/S Ltda).
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2219-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo (Relator), Walton
Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
VALMIR CAMPELO
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I – CLASSE ___ – Primeira Câmara
TC 004.017/2010-2
Natureza: Representação
168
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Órgão: Senado Federal
Interessado: Ministério Público Federal
Advogado constituído nos autos: não há
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. MPF. SENADO FEDERAL. ASSISTÊNCIA MÉDICO-
HOSPITALAR E ODONTOLÓGICA. DILIGÊNCIAS AO SENADO FEDERAL E À CÂMARA
DOS DEPUTADOS. RECOMENDAÇÕES DO MPF AO SENADO FEDERAL. PROCEDÊNCIA
PARCIAL. DETERMINAÇÃO. ARQUIVAMENTO.
RELATÓRIO
Adoto, como relatório, a instrução da unidade técnica:
“Trata-se representação formulada pelo Ministério Público Federal por meio da qual se
pretende avaliar a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos gastos efetuados pelo Senado
Federal com a assistência médico-hospitalar e odontológica prestada a Senadores, ex-Senadores e seus
dependentes. A mesma matéria, registre-se, é objeto do Inquérito Civil 1.16.000.001019/2009-02,
instaurado pelo órgão representante (fls. 1-1v, principal).
ENCAMINHAMENTOS ANTERIORES
2. O presente processo, autuado como representação em 12/2/2010, traz, em seu anexo, cópias
de demonstrativos de despesas realizadas nos últimos três anos com serviços médicos e odontológicos
no Senado. Os subscritores da peça inicial, Procuradores da República, apontam que, à exceção dos
serviços oferecidos por médicos do Senado, os demais são prestados por profissionais ou entidades na
modalidade de livre escolha dos beneficiários. Asseguram, ainda, que todos os serviços médicos e
odontológicos são pagos com recursos federais e que estes assumem vultosos montantes em razão da
inexistência de uma tabela de preços, aplicável de forma universal e igualitária, mediante a qual se
possa aferir a vantajosidade ou mesmo a compatibilidade dos valores pagos com os valores correntes
de mercado.
3. Em primeira análise, a 3ª Secretaria de Controle Externo (Secex-3), considerando o caráter
não contributivo da assistência, a natureza do ato instituidor, a possibilidade de concessão indevida de
benefícios e de contratações supostamente irregulares, propôs diligenciar ao Senado no sentido de
obter (fls. 3-7, principal):
a) cópia dos pareceres e informações técnicas que subsidiaram a edição do Ato da Mesa
Diretora 9/1995, bem com a indicação da base legal para edição do ato;
b) fundamento legal para a assistência gratuita (sem contrapartida) dos senadores com mandato,
seus dependentes e cônjuges, capaz de sustentar a legalidade da concessão, prevista no Ato da Mesa
Diretora 9/1995;
c) base legal para a assistência à saúde de ex-senadores e cônjuges, em caráter gratuito (sem
contrapartida dos beneficiários) e vitalício, capaz de sustentar a legalidade da concessão, prevista no
Ato da Mesa Diretora 9/1995;
d) esclarecimento para o fato de não haver sido adotado(a), como forma de prestação de
assistência à saúde dos beneficiários do Ato da Mesa Diretora 9/1995:
1. a autogestão, conforme Decreto 4978/2004;
2. a contratação, mediante licitação, de empresa para a prestação do serviço, nos termos da Lei
8666/1993;
3. o ressarcimento parcial para planos de saúde escolhidos livremente pelos beneficiários, por
similaridade com o estatuído no art. 230, § 3º, inciso I, da Lei n. 8.112/1990;
e) o rol de beneficiados que obtiveram ressarcimento de despesas médicas embora não
atendessem às condições exigidas pelo Ato da Mesa Diretora 9/1995 e suas alterações posteriores,
indicando a irregularidade apurada, a exemplo:
169
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
1. impedimento do recebimento do benefício enquanto em exercício de outro cargo público ou
vinculado a outro sistema de previdência – descumprimento do art. 5º do Ato 9/1995;
2. não atendimento do prazo mínimo de exercício do mandato de senador para a assunção do
direito à assistência médica gratuita e vitalícia – §2º do Ato 9/1995, com a redação dada pelo Ato
2/2003;
f) cópia do Ato 18/2000, que estendeu o benefício estabelecido no Ato da Mesa Diretora
9/1995 a diretor-geral e ex-diretores-gerais, e suas alterações ulteriores;
g) informações acerca dos resultados ou do estágio atual da apuração conduzida no âmbito
daquela Casa Legislativa com respeito à contratação de empresas cujos responsáveis seriam servidores
do Senado, a exemplo, Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Distrito Federal (CNPJ
24.905.234/0001-46), presidida por José Silvério Assunção (CPF 114.231.011-53), analista
legislativo/medicina, conforme ordem bancária 2010OB800371, UG 020001.
4. A resposta do Senado, encaminhada por meio dos Ofícios 269 e 419/2010-PRESID (fls. 16-
40, principal), não apresentou pareceres, informações técnicas ou embasamento legal para a edição do
Ato da Comissão Diretora 9/1995. No que diz respeito às demais questões, a Advocacia do Senado
Federal apontou que não existe norma legal que regule a prestação de assistência médico-hospitalar
aos Senadores e que, por isso, tal assistência foi instituída por meio do ATC 9/1995, o que foi feito
com a instituição de um sistema bastante abrangente (fls. 34-37, principal). A Secretaria de Assistência
Médica e Social do Senado (SMAS), por sua vez, esclareceu que o ex-Senador Mauro Benevides,
ocupante de mandato de Deputado Federal, recebeu parecer favorável à manutenção dos benefícios
previstos pelo ATC 9/1995, visto que não se encontrava vinculado a outro plano de saúde e registrou
que a SAMS foi orientada a manter a assistência àqueles ex-Senadores vinculados ao plano antes da
edição do ATC 2/2003, que estabeleceu como condição para assistência o exercício do mandato
senatorial por pelo menos 180 dias contínuos.
5. Quanto à apuração de contratações irregulares, foi informado que os instrumentos
convocatórios passaram a conter cláusulas impeditivas para participação de empresas que tenham entre
seus sócios servidores do Senado Federal e que os processos de renovação contratual ou formalização
de termos aditivos com tais empresas foram arquivados, assim como interrompidos os contratos
vigentes (fl. 19, principal).
6. Considerando que ainda restaram pendentes de esclarecimento alguns ressarcimentos feitos
a ex-Senadores, os quais passaram a exercer mandatos de Deputado Federal e que a instituição do
benefício por Ato da Comissão Diretora contraria dispositivo do Regimento Interno do Senado, o qual
prevê a utilização de Resolução para tratamento da matéria, foram propostas novas diligências, desta
feita alcançando também a Câmara dos Deputados (fls. 860-865, anexo 1, vol. 4):
(...) ao Senado Federal para que:
a) em relação ao Ex-Senador Nivaldo Passos Krüger:
1 – justifique os ressarcimentos que lhe foram efetuados nos exercícios de 2007 e 2008 a título
de despesas para tratamento da saúde de Ex-Senador, tendo em vista que ele tomou posse como
suplente de Senador e não cumpriu o prazo de carência previsto, portanto, não atendeu os requisitos
exigidos pelo Ato n.º 9/1995, e alterações posteriores, para ser considerado beneficiário;
2 – informe as datas e os valores dos ressarcimentos que lhes foram efetuados na condição de
Ex-Senador, com base no Ato nº 9/1995, e alterações posteriores, no período de 2003 ate a presente
data;
b) em relação aos Ex-Senadores Carlos Gomes Bezerra e Wellington Roberto:
1 – justifique os ressarcimentos que lhes foram efetuados nos exercícios de 2007 e 2008 a título
de despesas para tratamento da saúde de Ex-Senadores, tendo em vista que exerciam o mandato de
Deputado Federal, portanto, não atendiam às condições do Ato n.º 9/1995, e alterações posteriores,
para serem considerados beneficiários;
170
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
2 – informe as datas e os valores dos ressarcimentos que lhes foram efetuados na condição de
ex-senador, com base no Ato nº 9/1995, e alterações posteriores, no período de 2007 até a presente
data;
c) esclareça se o Ato da Comissão Diretora n.º 18/2000 encontra-se em vigência, remetendo
cópia do dispositivo que o revogou, se for o caso;
d) justifique a instituição do plano de assistência à saúde prestada aos Senadores e seus
dependentes e Ex-Senadores e seus cônjuges por meio de Ato da Comissão Diretora, em vez de ter
sido utilizado projeto de resolução, a teor do art. 52, inciso XII, da Constituição Federal, e do art. 98,
inciso III, c/c o art. 213, inciso III, do Regimento Interno do Senado;
(...) à Câmara dos Deputados para que informe em relação aos Deputados Federais Carlos
Gomes Bezerra e Wellington Roberto:
1 – se estavam amparados pelo plano de saúde da Câmara dos Deputados nos anos de 2007 a
2010 e se fizeram uso referido plano;
2 – se receberam ressarcimento da Câmara dos Deputados a título de despesas para tratamento
de saúde entre o exercício de 2007 até a presente data, informando os respectivos valores e datas dos
eventuais ressarcimentos;
ANÁLISE DAS RESPOSTAS ENCAMINHADAS
7. Ainda antes das respostas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados a estes últimos
questionamentos, o Ministério Público Federal remeteu a esta Corte de Contas cópia de sua
recomendação dirigida ao Senado no âmbito do Inquérito Civil 1.16.000.001019/2009-02, qual seja
(fls. 50-54v, principal):
(...) o Ministério Público Federal, com base nas atribuições que lhe são cometidas pelo art. 6º,
inciso XX, da Lei Complementar nº 75/93, vem recomendar ao Senado Federal, na figura de seu
Presidente, Senador José Sarney, que:
I) ante os vícios de origem verificados nos Atos Normativos que dispõem sobre a assistência à
saúde dos Senadores e dependentes e ex-Senadores e cônjuges, criados pela Comissão Diretora do
Senado, anule o Ato n. 09/1995 e seus consectários, inclusive o Ato n. 39/1997 e o Ato n. 02/2003;
II) reaprecie o conteúdo dos Atos acima apontados, e de seus consectários, por meio de
resolução, dado ser essa a espécie normativa aplicável à matéria (arts. 48/58 do RISF - e disposições
constantes dos arts. 211 c/c 231, IV, 288, caput, todos do RISF);
III) na busca do melhor modelo de gestão dos recursos destinados à assistência médica, avalie a
possibilidade de prestar assistência à saúde dos Senadores, ex-Senadores e dependentes, mediante as
seguintes opções: a) na forma de convênio ou contrato; b) na forma de auxílio, mediante ressarcimento
parcial do valor despendido pelo beneficiário, ativo ou inativo, e seus dependentes, com planos ou
seguros privados de assistência à saúde;
Porém, caso mantidas as regras em vigor, aprimore o regime assistencial adotado, de forma a
constituir, com recursos próprios, garantias e reservas financeiras específicas, conforme estabelece a
Agência Nacional de Saúde, atentando-se, ainda, para o que segue:
IV) defina o rol de tratamentos (especialidades médicas e cirúrgicas), os exames e os demais
procedimentos médicos passíveis de ressarcimento, bem como aqueles não cobertos pela assistência
prestada pelo Senado, respeitando as exigências mínimas previstas na Lei n. 9.656/98;
V) defina tabelas de preços para o procedimento pretendido ou executado, de acordo com os
valores praticados no mercado;
VI) fixe o limite do ressarcimento por procedimento executado ou pretendido, bem assim o teto
para ressarcimento com despesas de saúde por beneficiário, a fim de que se estabeleça uma gestão
orçamentária responsável e isonômica;
VII) promova o credenciamento das empresas, clínicas, hospitais e médicos que poderão
prestar serviços mediante prévio convênio;
VIII) exija co-participação dos beneficiários;
171
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
IX) delimite os requisitos necessários (relatório médico, recibo e nota fiscal dos honorários
médicos e despesas hospitalares - incluindo relação dos materiais, medicamentos e exames efetuados,
com preços por unidade, juntamente com as faturas ou as notas fiscais do hospital e de fornecedores de
órteses, próteses e materiais especiais -, indicação do código internacional de doenças, identificação do
médico, clínica, laboratório ou hospital responsável pelo atendimento) para a comprovação da despesa
realizada;
X) defina metodologia e memória de cálculo da estimativa de despesas para fins de alocação
de dotação na Lei Orçamentária Anual, respeitada a disponibilidade orçamentária e financeira para o
exercício respectivo;
XI) avalie a legalidade da continuidade vitalícia do benefício a ex-Senadores e cônjuges,
considerando a ausência de vínculo do titular com a Administração após o fim do exercício do
mandato.
8. As respostas do Senado à solicitação de informações por parte deste Tribunal foi
encaminhada por meio do Ofício 80/2011-PRESID/ADVOSF, datado de 25/4/2011. Quanto ao ex-
Senador Nivaldo Passos Krüger, foi apontado que o mesmo foi beneficiado pelo texto orignal do Ato
da Comissão Diretora 9/95, que ainda não exigia o exercício do mandato pelo período contínuo de 180
dias, pois a norma que modificou o texto original somente foi editada em 7/1/2003, quando o
beneficiário já exercia o mandato senatorial. O total nominal recebido pelo ex-senador é de R$
4.859,00 (fl. 56 e 68-70, principal).
9. Em relação aos ex-Senadores Carlos Gomes Bezerra e Wellington Roberto, estes foram
ressarcidos por gastos com saúde porque, embora exercendo mandatos de deputado federal, não
estavam amparados pelo plano de assistência à saúde da Câmara dos Deputados, que é uma hipótese
de cobertura pelo plano do Senado. Os valores recebidos por estes beneficiários estão listados nas fls.
70-76, principal, cabendo salientar que, em 2010, o Sr. Carlos Gomes Bezerra foi ressarcido em valor
R$ 6,7 mil acima do teto, indicando que, na prática, não há limites para os ressarcimentos (fl. 73,
principal).
10. No que diz respeito à legalidade do ato instituidor da assistência à saúde, a Advocacia do
Senado Federal apontou que existe resolução atribuindo competência à Comissão Diretora para exercer
a administração interna do Senado e que o fato de a assistência à saúde ter sido instituído por ato da
Comissão Diretora constitui matéria interna corporis, não se sujeitando, portanto, à interferência de
outros poderes ou órgãos (fl. 58, principal).
11. Ainda quanto ao Senado, não restou evidenciada, pela falta de documento comprobatório, a
revogação do Ato da Comissão Diretora 8/2000.
12. A resposta encaminhada pela Câmara dos Deputados por meio do Ofício 1353/2011-DG,
revelou contradições: enquanto a Secretaria Executiva do Pró-Saúde informou que os deputados
Wellington Roberto e Carlos Bezerra não foram beneficiários do Pró-Saúde, o Departamento Médico e
o Departamento de Finanças, Orçamento e Contabilidade apontaram que foram feitos reembolsos em
favor do Deputado Carlos Bezerra nos anos de 2008, 2009 e 2011.
13. Embora não tenha sido constatada ilegalidade na assistência à saúde prestada pelo Senado
Federal a integrantes, ex-integrantes daquela casa legislativa, vale trazer à lembrança que a doutrina
afirma existir dois tipos de normas jurídicas: normas regras e normas princípios. As normas regras,
exemplificadas pelas leis, aplicam-se somente a cada situação específica prevista em seu texto. Quanto
a princípios, cabe lembrar que a ciência jurídica elenca entre as fontes do direito os chamados
princípios gerais de direito, cujo conceito e atributos são tomados emprestados do renomado jurista
Miguel Reale:
A nosso ver, princípios gerais de direito são enunciações normativas de valor genérico, que
condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para sua aplicação e integração,
quer para a elaboração de novas normas. Cobrem, desse modo, tanto o campo da pesquisa pura do
Direito quanto o de sua utilização prática. (...) são modelos doutrinários ou dogmáticos fundamentais.
(...) eles são eficazes independentemente do texto legal. Este, quando os consagra, dá-lhes força
172
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
cogente, mas não lhes altera a substância, constituindo um jus prévio e exterior à lex. REALE, Miguel.
Lições Preliminares de Direito, p. 304-305, 27ª ed. São Paulo. Editora Saraiva, 2002.
14. Assim, visto que o direito é composto não apenas por normas regras, mas, também, por
princípios, aplicáveis a quaisquer casos, servindo inclusive de motivação para decisões judiciais em
situações de anomia (Decreto-Lei 4.657/42, art. 4º), sempre se mostra possível a adoção de soluções
que imponham o menor ônus aos administrados, principalmente se considerados os princípios
administrativo-constitucionais e o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade, que permite até
mesmo a apreciação do mérito administrativo.
CONCLUSÃO
15. Da análise dos documentos encaminhados pelas casas legislativas, conclui-se não existir
ilegalidade, opinião compartilhada pelo Ministério Público Federal. Persiste, entretanto, uma
desconformidade, pois o Deputado Carlos Bezerra teria recebido ressarcimentos tanto do Senado
Federal quanto da Câmara dos Deputados nos exercícios financeiros de 2008, 2009 e 2011 (fls. 72-73 e
89, principal).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
16. Diante do exposto, considerando-se a impropriedade identificada e considerando-se que as
possíveis recomendações já foram feitas ao Senado pelo Ministério Público Federal, submetem-se os
presentes autos à consideração superior, propondo-se:
a) reiterar ao Senado Federal as recomendações feitas àquela Casa Legislativa pelo Ministério
Público Federal no âmbito do Inquérito Civil 1.16.000.001019/2009-02;
b) determinar à Câmara dos Deputados que instaure procedimento adequado para reaver os
valores indevidamente pagos ao Deputado Carlos Gomes Bezerra a título de ressarcimento de
assistência à saúde, visto que o parlamentar, além de não estar amparado pelo Pró-Saúde da Câmara
dos Deputados, já se encontrava beneficiado pela assistência à saúde do Senado Federal. As medidas
adotadas deverão ser informadas na tomada de contas referente ao exercício financeiro de 2011;
c) informar a decisão adotada à Procuradoria da República no Distrito Federal; e
d) em conformidade com o artigo 146, inciso IV, do RI-TCU, arquivar o presente processo.”
É o relatório.
VOTO
Conheço da presente representação, com fundamento no art. 237, inciso I, do Regimento
Interno do TCU, c/c com o art. 6º, inciso XVIII, alínea “c”, da Lei Complementar 75/1993.
A peça foi apresentada pelas Procuradoras da República Eliana Pires Rocha e Anna Carolina
Resende Maia e requer a este Tribunal a análise dos gastos, efetuados pelo Senado Federal, em razão
do plano de assistência à saúde, em favor dos senadores, ex-senadores e dependentes, à luz da
legalidade, legitimidade e economicidade dos atos de gestão e das despesas dele decorrentes.
A matéria, objeto do Inquérito Civil nº 1.16.000.001019/2009-02, instaurado pelo órgão
representante, foi submetida à análise da 3ª Secretaria de Controle Externo (3ª Secex) que, após
diligências ao Senado Federal e à Câmara dos Deputados, concluiu persistir apenas a desconformidade
com relação aos ressarcimentos efetuados ao Deputado Carlos Bezerra, que teria recebido valores de
ambas as Casas, nos exercícios financeiros de 2008, 2009 e 2011.
Quanto ao modelo de assistência médico-hospitalar e odontológica aos senadores, ex-senadores
e seus dependentes, a unidade instrutiva concluiu pela ausência de ilegalidade em sua instituição, mas
entendeu que os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da economicidade,
principalmente, demandavam que esta Corte de Contas reiterasse as recomendações exaradas pelo
Ministério Público no âmbito do Inquérito Civil nº 1.16.000.001019/2009-02.
Não obstante a proposta da 3ª Secex, o Senado informou já se encontrar em curso estudo para
exigir algum tipo de contrapartida dos senadores, ex-senadores e dependentes, na forma como já se faz
em relação aos demais servidores.
173
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Assim, considerando que há indicativos no sentido de empreender ações efetivas na linha
defendida pelo Ministério Público Federal em suas recomendações, entendo desnecessária a sua
reiteração, sendo mais adequado determinar à 3ª Secex que acompanhe a questão nas próximas contas
da Entidade.
Acolho o encaminhamento proposto pela unidade técnica, no sentido de determinar à Câmara
dos Deputados que instaure procedimento para apurar os fatos e, conforme o caso, proceda às medidas
necessárias para reaver eventuais valores indevidamente pagos ao ex-senador Carlos Gomes Bezerra
(hoje Deputado Federal), a título de ressarcimento de assistência à saúde.
Ante o exposto, acolho, em parte, o encaminhamento proposto pela unidade técnica e voto por
que o Tribunal aprove o acórdão que submeto ao Colegiado. TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano
Brandão Alves de Souza, em de agosto de 2012.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Relator
ACÓRDÃO Nº 2220/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 004.017/2010-2.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério Público Federal - Procuradoria da República no Distrito Federal.
4. Órgão: Senado Federal (vinculador).
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 3ª Secretaria de Controle Externo (Secex-3).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada Procuradoria da
República no Distrito Federal, tendo por objeto o plano de assistência à saúde dos senadores, ex-
senadores e seus dependentes,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da representação, com fundamento no art. 237, inciso I, do Regimento Interno do
TCU, c/c com o art. 6º, inciso XVIII, alínea “c”, da Lei Complementar 75/1993, e considerá-la
parcialmente procedente;
9.2. determinar à Câmara dos Deputados que instaure procedimento para apurar os fatos e
reaver os valores indevidamente pagos ao Deputado Carlos Gomes Bezerra, a título de ressarcimento
de assistência à saúde, obedecidos os princípios do contraditório e da ampla defesa;
9.3. determinar à 3ª Secex que acompanhe, na próxima prestação de contas, o cumprimento das
recomendações exaradas pelo Ministério Público Federal ao Senado Federal, no âmbito do Inquérito
Civil nº 1.16.000.001019/2009-02;
9.4. dar ciência desta deliberação ao Senado Federal e à Procuradoria da República no Distrito
Federal;
9.5. arquivar os autos
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2220-33/12-P.
174
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros que alegaram impedimento na Sessão: Augusto Nardes e Ana Arraes.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I - CLASSE V - Plenário
TC 006.756/2011-5
Natureza: Relatório de Levantamento
Órgãos: Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS/MS); Secretaria de Estado
de Saúde do Distrito Federal (SES/DF)
Responsáveis: Alberto Beltrame (308.910.510-15); Cloer Vescia Alves (390.161.960-72);
Emival Gonçalves de Sousa (409.916.601-53)
Advogado constituído nos autos: Daniela Bozetto Alves (OAB/RS 27.464); Fernão Leal Mohn
(OAB/RS 25.167)
SUMÁRIO: LEVANTAMENTO DE AUDITORIA. MOTOLÂNCIAS.
IRREGULARIDADES. BENS OCIOSOS. CONSULTORIA JURÍDICA. INOBSERVÂNCIA DE
PARECER. AUDIÊNCIAS. REJEIÇÃO DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVAS. MULTA.
DETERMINAÇÕES E RECOMENDAÇÕES.
RELATÓRIO
Para compor a parte expositiva desta deliberação, transcrevo o relatório de levantamento
emitido pela Unidade Técnica (peça 32):
“1. Introdução
Identificação simplificada do objeto de auditoria
Tratam os autos de relatório de auditoria sobre o componente ‘motolâncias’ na rede do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - Samu, realizada por determinação contida em despacho
no processo administrativo TC 005.706/2011-4.
2. Após tomar conhecimento de possíveis irregularidades na aquisição das chamadas
‘motolâncias’ pelo Ministério da Saúde, por meio de notícia veiculada pela imprensa, o Exmo.
Ministro José Jorge, ressaltou o dever deste Tribunal em cobrar providências para a elucidação dos
fatos e responsabilização dos envolvidos, de modo que as ocorrências fossem acompanhadas pelo
TCU, inclusive sob a ótica da própria concepção do programa, ainda que o objeto já estivesse sendo
fiscalizado pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus).
3. Previamente, no TC 020.478/2010-0, que trata da tomada de contas da Secretaria de
Atenção à Saúde do Ministério da Saúde - SAS/MS referente ao exercício de 2009, foram anexados os
relatórios de auditorias realizadas pelo Denasus acerca da implementação dos veículos
motocicletas/motolâncias na frota do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu),
175
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
encaminhados pelo Exmo. Procurador Marinus Eduardo de Vries Marsico, por meio do Ofício
65/2010-PROC-MEVEM (fl. 4 do anexo 1 do TC 020.478/2010-0).
4. Por economia processual, foi sugerido que esta Secretaria analisasse a questão no âmbito
das contas da SAS/MS, à qual a Coordenação-Geral de Urgência e Emergência e o Departamento de
Logística estão vinculados.
5. Naquele momento, entendeu-se que, embora as indicações de possíveis irregularidades
dissessem respeito a três exercícios - 2007, 2008 e 2009 -, tratar os fatos separadamente em cada
exercício traria menos eficiência quanto ao aspecto processual. Além disso, desses três exercícios,
somente o de 2009 restava sem pronunciamento quanto ao mérito, sendo o adequado para se proceder
o saneamento das questões e possível contraditório necessário para a conclusão da matéria com um
todo (Despacho à fl. 2 do anexo 1 do TC 020.478/2010-0).
Antecedentes
6. Conforme estatuído no art. 198 da Constituição de 1988, ‘as ações e serviços públicos de
saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único’, organizado
de acordo com algumas diretrizes, entre elas, a descentralização.
7. Portanto, a descentralização é um princípio do Sistema Único de Saúde (SUS) que assume
papel de eixo estruturante, pois indica a necessidade de articulação e de cooperação entre os entes
federados - União, Estados e Municípios - para alcançar a qualidade das ações e serviços de saúde.
8. Por meio do seu relatório de gestão, disponível no endereço eletrônico
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_gestao_2010.pdf, o Ministério da Saúde
informa resultados positivos de suas ações na assistência ambulatorial e hospitalar especializada,
com a habilitação de novas unidades de saúde com atendimento especializado, inclusive com a
inauguração de novos Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Unidades de Pronto
Atendimento (UPAs). Embora se reconheça o avanço e a ampliação dos serviços de saúde, muitas
deficiências e irregularidades têm sido apontadas por este Tribunal em fiscalizações realizadas no
SUS.
9. A partir de solicitação do Congresso Nacional, foi realizada, em 2009, auditoria
operacional na aplicação de recursos federais na aquisição, controle e manutenção dos mamógrafos
na rede pública e conveniada de saúde (Acórdão 247/2010-TCU-Plenário). Constatou-se que a
quantidade de mamógrafos disponíveis para o SUS é suficiente para o rastreamento da população-
alvo, porém a produtividade desses equipamentos é baixa devido a problemas relacionados à
manutenção dos aparelhos e à falta de profissionais para sua operação. Muitos mamógrafos sequer
entram em funcionamento, demonstrando falta de planejamento, com a aquisição de equipamentos
sem consideração dos custos fixos para sua manutenção ou do quantitativo de pessoal necessário para
operá-los.
10. Ainda em 2009, foi realizada auditoria operacional no Programa Atenção Básica em
Saúde (Acórdão 1.188/2010-TCU-Plenário), com o objetivo de avaliar se as principais estratégias da
atenção básica - Saúde da Família, Saúde Bucal e Agente Comunitário de Saúde - tinham sido
efetivamente utilizadas para organizar os sistemas municipais de saúde. Entre as constatações, foi
destacada a precariedade do planejamento municipal.
11. Em 2010, em auditoria operacional no Programa Farmácia Popular (Acórdão 3.030/2010-
TCU-Plenário), foi constatada falta de planejamento sistematizado para a assistência farmacêutica
tanto no governo estadual quanto nos municipais. Na esfera federal, foram verificadas graves
deficiências e lacunas na fiscalização realizada pelo Ministério da Saúde sobre a aplicação dos
recursos repassados fundo a fundo a estados e municípios.
12. Em auditoria de conformidade nos recursos financeiros repassados fundo a fundo para a
compra de serviços de saúde da rede de assistência hospitalar e ambulatorial privada e filantrópica,
foi destacada, entre outras irregularidades, a aplicação dos recursos do Bloco da Média e Alta
Complexidade em áreas diversas daquela destinada. Além do desvio de finalidade, em muitos casos os
recursos permaneciam aplicados no mercado financeiro por longos períodos de tempo.
176
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
13. Em fiscalização de orientação centralizada acerca da implantação e operacionalização da
assistência farmacêutica básica pelos três níveis da federação (Acórdão1459/2011-TCU-Plenário),
verificou-se, entre outras constatações, excesso e vencimento do medicamento sulfato ferroso, sem
notificação ao MS para suspensão da distribuição, demonstrando problemas na coordenação
realizada pelos estados e falta de avaliação criteriosa do governo federal e estadual acerca das
razões para o desperdício do medicamento.
14. Durante sessão de julgamento das Contas de Governo de 2010, em 2/6/2011, foi apontado
pelos Ministros desta Casa:
Na área da saúde, por exemplo, aponta necessidade de melhoria da gestão do SUS, em razão
de problemas de controle, responsabilização e coordenação. (...) A análise da Saúde, função de
extrema relevância para a cidadania, revelou significativo crescimento da descentralização de
recursos. (Ministro Aroldo Cedraz)
As fiscalizações realizadas por este Tribunal de Contas nos permitem concluir que o grande
problema do SUS não é a falta de recursos, mas sua inadequada aplicação, a qual só se faz possível
na medida da deficiência do controle realizado pelo Ministério da Saúde. (Ministro José Jorge)
15. Portanto, as diversas fiscalizações realizadas por este Tribunal sobre as ações e serviços
de saúde apresentam um denominador comum: falta de planejamento e desarticulação entre as
esferas federal, estaduais e municipais. Apesar do considerável aumento da descentralização de
recursos, o Ministério da Saúde não consegue exercer, de forma adequada, sua função como
coordenador das políticas de saúde, pois, entre outros problemas, não dispõe de instrumentos capazes
de fornecer informações acerca da realidade da saúde nos municípios, já que os cadastros nacionais
carecem de confiabilidade em seus dados.
16. No caso do objeto desta auditoria, o Ministério da Saúde tem função de articulação com os
governos estaduais para regular a implementação de um novo componente na frota do SAMU, não
devendo proceder de forma vertical no cálculo das necessidades estaduais e municipais, sem permuta
de informações sobre o andamento das atividades de urgência e emergência.
17. No período de outubro de 2009 a abril de 2010, o Denasus realizou auditorias quanto à
implantação do componente motolâncias na rede Samu no próprio Ministério da Saúde (Relatório
8796), e nas Secretarias de Estado de Saúde do Distrito Federal (Relatório 9277), de Goiânia
(Relatório 9279) e de São Paulo (Relatório 9278). Em síntese, as constatações dessas auditorias
demonstraram:
a) Instituição da Portaria GM/MS 2.971/2008 posteriormente ao procedimento licitatório e
aquisição de quatrocentas motolâncias.
b) Pregão Eletrônico 212/2007 (processo SIPAR 25.000.200718/2007-18) para aquisição de
quatrocentas motolâncias apresentando impropriedades quanto ao aspecto formal de sua instrução.
c) Distribuição de motolâncias em quantitativos divergentes dos estabelecidos nas notas de
empenho, registrados em nota técnica e no edital de licitação.
d) Transferência das motocicletas sem os respectivos Termos de Doação, em desacordo com
art. 2° da Portaria GM/MS 2.971/2008.
e) Entrega das motolâncias no pátio da contratante (transformadora), enquanto a ata de
registro de preços estabelecia a entrega nos respectivos Núcleos Estaduais de Saúde. Motolâncias no
pátio da montadora há mais de quatrocentos dias.
f) Despesa realizada pelo Ministério da Saúde para o transporte de 51 motolâncias de São
Paulo à Brasília com indicativos de superfaturamento.
g) Realização dos atendimentos em duplas de motolâncias, diante da inadequação do tamanho
do baú para transportar todos os equipamentos e medicamentos (trauma/clínico).
h) Inadequação do equipamento de comunicação utilizado pelos condutores das motolâncias
com a Central de Regulação.
i) Não apresentação de projeto para implantação das motolâncias e não utilização das
motolâncias doadas.
177
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
j) Transferência das motolâncias sem os equipamentos previstos no §1º do art. 4º da Portaria
GM/MS 2.971/2008.
k) Não efetivação de seguro para as motolâncias recebidas.
l) Falta ou demora na adoção de providências para aquisição de equipamentos de proteção
individual e para contratação de manutenção e conserto das motolâncias.
m) Capacitação de profissionais condutores das motolâncias em quantitativo inferior ao
necessário, não comprovação de capacitação desses profissionais e treinamento e capacitação em
pilotagem defensiva sem todos os itens do programa do projeto básico da Policia Rodoviária Federal.
Objetivo, escopo e questões de auditoria
18. Esta auditoria teve como objetivo verificar a legalidade e a legitimidade da concepção e da
operacionalização do componente Motolâncias no Samu, bem como da aquisição e distribuição das
motocicletas, realizadas pelo Ministério da Saúde, às coordenações do Samu. Os procedimentos
foram realizados de forma que se atendesse a objetivos específicos averiguados no Ministério da
Saúde e nas Coordenações do Samu, em especial no Distrito Federal, de acordo com a participação
de cada um no programa.
19. Inicialmente, a auditoria foi programada na modalidade conformidade. Entretanto, após o
conhecimento da concepção e da operacionalização do componente Motolâncias no Samu na fase de
planejamento, bem como da aquisição e distribuição das motocicletas, verificou-se que a abordagem
operacional seria mais adequada.
20. O escopo da auditoria englobou (i) a avaliação do planejamento para concepção do
componente motolâncias, como novo recurso disponível na política de urgência e emergência do
Ministério da Saúde; (ii) a avaliação da legalidade e legitimidade do procedimento licitatório para
aquisição das motolâncias, e o respectivo contrato; (iii) a situação atual das motolâncias, sobretudo o
nível de utilização das motos distribuídas às Coordenações locais do Samu, incluindo verificação in
loco no Samu do Distrito Federal.
21. As questões de auditoria concebidas para a realização dos trabalhos foram as seguintes:
Tabela 1: questões de auditoria
Questão de auditoria Escopo
Q.1 O MS realizou estudos que demonstrassem a necessidade e a vantagem
da implantação do componente motolâncias no Samu de forma a subsidiar o
planejamento dessa ação? Planejamento
para concepção
do componente
motolâncias como
integrante da
política de
urgência e
emergência do
Ministério da
Saúde
Q.2 Os coordenadores do Samu (executores do programa) foram consultados
(ou participaram) acerca da implantação do componente motolância?
Q. 3 Os critérios utilizados pelo MS para o estabelecimento dos quantitativos
e grade de distribuição das motos foram adequados?
Q. 4 O programa foi discutido com outras instâncias da sociedade: CIT, CNS,
audiências públicas ou entidades de classe relacionadas (caso dos
profissionais de enfermagem - Conselho Federal de Enfermagem)?
Q. 5 As ações previstas para possibilitar a operação das motos foram
realizadas de forma sincronizada?
Q. 6 O objeto da licitação foi definido adequadamente, sem caracterizações
excessivas?
Licitação e
contrato
Q.7 O orçamento apresenta sobrepreço?
Q.8 Participaram da licitação empresas que pertençam a pessoas com
interesses comuns, frustrando o caráter competitivo do certame?
Q.9 O contrato contém todas as cláusulas essenciais e necessárias, define
com precisão o objeto conforme licitado e estabelece o prazo de duração de
acordo com a legislação?
Q.10 Todas as motolâncias distribuídas foram devidamente habilitadas? Situação atual das
motolâncias - Q.11 Quais as limitações para a habilitação das motolâncias e recebimento
178
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
das transferências mensais de recursos federais? âmbito do
Ministério da
Saúde Q.12 Houve melhora no atendimento do Samu após a implantação do
componente motolância, e o Ministério da Saúde realizou monitoramento das
motocicletas distribuídas?
Q.13 Quais os principais fatores que limitam o funcionamento das
motolâncias? Situação atual das
motolâncias -
âmbito das
Coordenações
locais do Samu
Q. 14 As motolâncias cedidas/doadas pelo MS/CGUE estão sendo
devidamente utilizadas?
Q.15 Os recursos transferidos para o Samu-DF (incluem os recursos para as
motolâncias) estão sendo executados ou estão aplicados no mercado
financeiro?
Metodologia e limitações inerentes à auditoria
22. A estratégia metodológica no âmbito deste trabalho foi baseada em análise documental,
mediante solicitação de informações à Coordenação Geral de Urgência e Emergência (Ministério da
Saúde), à Coordenação do Samu-DF e ao Fundo de Saúde do Distrito Federal (Secretaria de Estado
de Saúde do Distrito Federal). Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de
Auditoria do Tribunal de Contas da União (Portaria-TCU 280/2010, alterada pela Portaria
168/2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU.
Nenhuma restrição foi imposta aos exames.
23. As análises no âmbito do Ministério da Saúde se concentraram principalmente no
planejamento do órgão para implementação das motolâncias no Samu, no procedimento licitatório
para compra centralizada das quatrocentas motolâncias e no respectivo contrato firmado com a
empresa vencedora.
24. No Distrito Federal, foram realizadas entrevistas com o Coordenador do Samu e com o
chefe dos pilotos das motolâncias. Também foram solicitadas, mediante ofícios, informações sobre o
funcionamento das motos e questões correlatas.
25. Dado que, no escopo da presente auditoria, estava previsto deslocamento da equipe
somente ao Samu do Distrito Federal, optou-se pela realização de pesquisa junto às demais
Coordenações do Samu nos estados, mediante envio de questionário por correio eletrônico, de forma
que se pudesse estabelecer um panorama da situação das motolâncias em nível nacional.
26. O questionário foi enviado para 115 Coordenações do Samu, espalhadas por todos os
estados da federação mais o Distrito Federal, com exceção dos estados de Rondônia e Santa
Catarina, que não receberam motolâncias do Ministério da Saúde. Do total enviado, obteve-se
resposta de 89 questionários, o que resultou numa taxa de retorno de 77,4%. As cidades que
responderam à pesquisa receberam 292 motos, de um total de quatrocentas motocicletas distribuídas
pelo Ministério da Saúde. Portanto, os dados colhidos na pesquisa respondem por 73% do total de
quatrocentas motolâncias distribuídas.
27. A pesquisa com os questionários enviados foi composta por questões fechadas e uma
aberta (Apêndice A). As questões buscaram investigar a quantidade de motolâncias em
funcionamento, bem como os fatores considerados limitantes para a utilização das motocicletas em
cada Coordenação do SAMU, como falta de profissionais, dificuldade na realização de cursos de
capacitação para pilotos e falta de equipamentos. Os resultados dessa pesquisa serão apresentados ao
longo deste relatório, de acordo com o tema a ser abordado em cada capítulo.
28. Como limitação encontrada no decorrer da presente auditoria, pode ser descrita a não
realização de observação direta com visitas in loco em cada Coordenação do Samu que recebeu
motolâncias, mas apenas no Distrito Federal. Desse modo, parte dos achados são baseados na
percepção dos coordenadores do Samu expressada em questionário enviado por correio eletrônico.
Adicionalmente, as motolâncias não podem ser um objeto de investigação isoladamente, pois estão
inseridas no componente pré-hospitalar móvel da Política Nacional de Atenção às Urgências, que
179
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
compreende serviços de atendimento móvel às urgências (Samu-192), em municípios e regiões de todo
o território brasileiro, no âmbito do Sistema Único de Saúde.
29. Conforme apontado anteriormente, os relatórios de auditoria do Denasus, acerca da
implementação das motolâncias no Samu, foram anexados ao TC 020.478/2010-0, que trata da
tomada de contas da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde do exercício de
2009.
30. As análises afetas ao processo licitatório e à contratação para aquisição das motolâncias
estão apresentadas no subtítulo 4 deste relatório. Os achados de auditoria, concernentes ao
planejamento da implantação do componente motolâncias no Samu e a sua utilização, estão descritos
no título 3 deste relatório.
31. Em relação ao volume de recursos fiscalizados, observa-se que a aquisição das
quatrocentas motolâncias, por meio do Contrato 10070/2009 com a Yamaha Motor da Amazônia
Ltda. (CNPJ 04.817.052/0001-06), totalizou o valor de R$ 6.032.000,00. Além disso, conforme
previsto no art. 3º da Portaria GM/MS 2.971/2008, são realizados repasses regulares e automáticos
de recursos aos respectivos fundos de saúde, para manutenção das equipes efetivamente implantadas
(motolâncias habilitadas), segundo o parâmetro de R$ 7.000,00 por mês por unidade de motocicleta
que esteja habilitada junto ao Ministério da Saúde.
32. Os recursos aplicados na aquisição de equipamentos de distribuição obrigatória pelo
Ministério da Saúde para as motolâncias não fizeram parte do escopo desta auditoria.
33. Como o único local objeto de visita in loco nesta auditoria foi o Samu-DF, já que as
informações sobre os demais núcleos estaduais foram coletadas por meio de questionário, considera-
se, para fins de contabilização de recursos fiscalizados, tão somente os repasses mensais na
modalidade fundo a fundo transferidos para aquela Coordenação, que totalizam R$ 378.000,00
(referente ao repasse de nove motos habilitadas no DF desde setembro de 2010 a março de 2011.
Assim, o volume total de recursos fiscalizados é de R$ 6.410.000,00.
2. Visão geral
34. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192) é um programa do Ministério da
Saúde que tem como finalidade prestar socorro em casos de urgência e emergência. Foi inspirado no
modelo francês - Service d'Aide Médicale d'Urgence -, que também utiliza a sigla ‘Samu’.
35. O Samu-192 é o principal componente da Política Nacional de Atenção às Urgências,
criada no ano de 2003, com cinco grandes ações como foco:
a) organizar o atendimento de urgência nos pronto-atendimentos, unidades básicas de saúde e
nas equipes do Programa Saúde da Família;
b) estruturar o atendimento pré-hospitalar móvel (Samu-192);
c) reorganizar as grandes urgências e os pronto-socorros em hospitais;
d) criar a retaguarda hospitalar para os atendidos nas urgências; e
e) estruturar o atendimento pós-hospitalar.
36. Em 2002, por meio da Portaria GM/MS 2.048/2002, o Ministério da Saúde publicou o
Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, que definiu os serviços de
atendimento móvel de urgências e seus diversos veículos de intervenção.
37. No ano seguinte, foi instituída a Política Nacional de Atenção às Urgências (Portaria
GM/MS 1.863/2003), que estabeleceu as diretrizes de regionalização da atenção às urgências e a
implantação de sistemas estaduais, regionais e municipais de redes de atenção, nos seus vários
componentes. Nesse mesmo ano, sob a Portaria GM/MS 1.864/2003, iniciou-se a implantação do
componente pré-hospitalar móvel da política, configurando a rede nacional do Samu.
38. Em 2008, com expectativa de atender à necessidade de diminuição do tempo-resposta de
atendimento, principalmente em situações com dificuldade de tráfego nos grandes centros urbanos e
em territórios de difícil acesso para ambulâncias, o Ministério da Saúde propôs a implantação do
componente motolâncias, por meio da Portaria GM/MS 2.971/2008, como mais um recurso móvel
disponível e integrado à frota do SAMU192.
180
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
39. De acordo com esse normativo, o quantitativo de motocicletas a ser distribuído pelo
Ministério da Saúde deveria acompanhar o número de ambulâncias habilitadas em cada serviço,
preferencialmente, à proporção de uma motocicleta para cada Unidade de Suporte Avançado (USA) e
uma a cada duas Unidades de Suporte Básico (USB).
40. O Samu realiza o atendimento de urgência e emergência em lugares diversos, como vias
públicas, residências ou locais de trabalho. O pedido de socorro é feito por chamada telefônica
gratuita - número 192. A ligação é atendida por técnicos na Central de Regulação, que identificam a
emergência e, imediatamente, transferem o telefonema para o médico regulador. O médico regulador
faz o diagnóstico da situação e orienta o paciente ou a pessoa que fez a chamada, sobre as primeiras
ações.
41. Ao mesmo tempo, o médico regulador avalia qual o melhor procedimento: orienta a pessoa
a procurar um posto de saúde; designa uma ambulância de suporte básico de vida, com auxiliar de
enfermagem e socorrista para o atendimento no local; ou, de acordo com a gravidade do caso, envia
uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) móvel, com médico e enfermeiro. Com poder de
autoridade sanitária, o médico regulador comunica a urgência ou emergência aos hospitais públicos
e, dessa maneira, reserva leitos para que o atendimento de urgência tenha continuidade.
42. As viaturas do Samu podem ser:
a) USA - Unidades de Suporte Avançado (UTIs móveis).
b) USB - Unidades de Suporte Básico.
c) VT - Veículos de Transporte.
d) VIR - Veículo de intervenção rápida (viaturas 4x4).
e) Motolância - Veículos de intervenção rápida (utilizados para pré-atendimento).
f) Ambulancha - Unidade de Socorro Aquático.
g) Helicóptero - Unidade de Socorro aéreo.
43. Nesse contexto, a presente auditoria tem por objetivo avaliar aspectos que vão desde o
planejamento que deu suporte à concepção do componente motolância como mais um recurso da
política de urgência e emergência, no âmbito do Ministério da Saúde, a legalidade do procedimento
licitatório para compra das motolâncias e do respectivo contrato, até sua utilização pelas
Coordenações do Samu do país.
44. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal
de Contas da União (Portaria-TCU 280/2010, alterada pela Portaria 168/2011) e com observância
aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU. Nenhuma restrição foi imposta
aos exames.
45. Tem-se como benefícios estimados da presente fiscalização as propostas de determinações
e recomendações ao Ministério da Saúde com objetivo de se dar efetiva utilização às motolâncias
distribuídas, bem como aperfeiçoar o processo de planejamento para implementação de política de
saúde pública no âmbito daquela pasta.
3. Achados de auditoria
3.1. Achado 1: Ausência de planejamento prévio para implantação do componente motolância
à política de urgência e emergência do Ministério da Saúde
46. Este item tem por objetivo apresentar as conclusões da auditoria sobre o que foi
averiguado em relação ao planejamento para concepção e implementação do componente
motolâncias (questões de um a cinco da matriz de planejamento), no âmbito do Ministério da Saúde.
47. A importância e o sucesso do planejamento em políticas públicas são observados,
principalmente, durante ou após sua implantação, pois nessa última fase seus resultados podem ser
verificados diretamente.
48. O planejamento é um processo de decisão político-social que depende de informações
precisas, transparência, e concordância de diferentes visões e soluções conjuntas que sejam aceitáveis
e executáveis para as partes envolvidas.
181
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
49. Um dos motivos que pode levar a falhas nos resultados de políticas públicas é a
dissociação entre sua elaboração e implementação, destacando a importância do processo de
planejamento. Portanto, diante da implantação de um novo componente no Samu - motolância -,
buscou-se verificar se o seu planejamento foi discutido com os diversos atores envolvidos no processo
- Conselho Nacional de Saúde (CNS), Comissão Intergestores Tripartite (CIT), Conselho Federal de
Enfermagem (Cofen), e Coordenações do Samu descentralizadas.
50. A questão um de auditoria teve por objetivo investigar se o Ministério da Saúde realizou
estudos que demonstrassem e fundamentassem a necessidade da implementação do componente
motolâncias no Samu, bem como as vantagens esperadas, de forma a subsidiar o planejamento dessa
ação.
51. Por meio do Ofício de Requisição 4-366/2011 (peça 22, p. 1-2), itens ‘g’ a ‘j’, foi solicitado
à Coordenação-Geral de Urgência e Emergência que apresentasse informações ou documentos
relativos a:
g) Registros dos estudos da Câmara de Assessoramento Técnico à Coordenação-Geral de
Urgência e Emergência, do Departamento de Atenção Especializada, da Secretaria de Atenção em
Saúde, instituída pela Portaria SAS/MS 100, de 3 de abril de 2009, e pela Portaria SAS/MS 491, de 9
de setembro de 2008;
h) Registros dos estudos que estabeleceram as especificações da motocicleta e das adaptações
(sistema de sinalização com sirene (30 W de potência); par de sinalizador tipo patrulheiro (led) na
parte traseira; protetor de motor; antena para cortar linha de pipa; bagageiro (20 litros)), e dos que
definiram os critérios para a distribuição das motocicletas entre os SAMU do País;
i) Registros de outros estudos realizados na fase de planejamento para a implantação do
componente motolâncias no SAMU;
j) Justificativas para a inclusão da aquisição e custeio de 1.880 motolâncias na Ação 2.2.1, até
2011;
52. Entretanto, em resposta por meio de correio eletrônico ao ofício mencionado, foi
informada a inexistência de tais registros na CGUE. Com relação às especificações técnicas das
motos, a CGUE afirmou o seguinte:
Quanto ao sistema de sinalização das Motos e Ambulâncias, elas seguem normas, como a
Resolução CNT 679; Portaria DETRAN 93; Resolução 227 de 9/2/2007; Resolução 268 de 15/2/2008
e Lei 9.503 de 23/9/1997 e Portarias do MS 2048/2002 e 2971/2008.
Quanto ao protetor de moto e antena para cortar linha de pipa são acessórios de segurança
para o condutor que devem seguir as normas do CONTRAN, como também o bagageiro.
Já o critério de distribuição, constam na Portaria 2971/2008. (peça 25, p. 1).
53. Com relação ao item ‘j’, que diz respeito à justificativa para inclusão das motolâncias na
Ação 2.2.1, foi informado o seguinte:
A época (2008) tratava-se de um novo serviço, provavelmente feito uma previsão de 1.880
motolâncias com relação as Ambulâncias em funcionamento como também das previstas, seguindo o
critério de distribuição das Ambulâncias USB e USA; Como é sabido, foram adquiridas 400 unidades
e como até o momento não temos uma avaliação muito positiva, não existe previsão de novas
aquisições de motolâncias; (peça 25, p. 1). Grifou-se.
54. Verifica-se, assim, que a ausência de estudos, ou mesmo de motivação (achado 2 abaixo),
que fundamentassem a implementação no novo componente do Samu contribuiu decisivamente para o
limitado sucesso do programa, em arrepio ao princípio da eficiência (art. 37 da Constituição/1988),
da economicidade e da probidade administrativa, que devem permear as ações públicas. A propósito,
segue lição de Marçal Justen Filho sobre princípios que regem a contratação por parte da
Administração, em especial a economicidade, eficiência e moralidade:
Mas economicidade significa, ainda mais, o dever de eficiência. Não bastam honestidade e
boas intenções para validação de atos administrativos. A economicidade impõe adoção da solução
182
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
mais conveniente e eficiente sob o ponto de vista da gestão dos recursos públicos. Toda atividade
administrativa envolve uma relação sujeitável a enfoque de custo-benefício.
(...)
A economicidade consiste em considerar a atividade administrativa sob prisma econômico.
Como os recursos são extremamente escassos, é imperioso que sua utilização produza os melhores
resultados econômicos, do ponto de vista quantitativo e qualitativo. Há dever de eficiência gerencial
que recai sobre o agente público. Ele tem o dever de buscar todas as informações pertinentes ao
problema enfrentado. (JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. 11 ed. São Paulo: Dialética, 2005. p 54-55.)
55. Nesse ponto, cabe destacar que a implementação das motolâncias à frota do Samu não foi
realizada de acordo como que preconiza a Lei 8.080/1990 (Lei Orgânica da Saúde):
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) será
ascendente, do nível local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as
necessidades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos
Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União. (Grifou-se).
56. No mesmo sentido, a ausência dos estudos de planejamento e de viabilidade permite
concluir que a implementação da motolância foi realizada à revelia do art. 2º, item 4, da Portaria
GM/MS 1.863/2003 (institui a política nacional de urgência e emergência):
Art. 2.º Estabelecer que a Política Nacional de Atenção às Urgências composta pelos sistemas
de atenção às urgências estaduais, regionais e municipais, deve ser organizada de forma que permita:
(...)
4. fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos de atendimento às necessidades
coletivas em saúde, de caráter urgente e transitório, decorrentes de situações de perigo iminente, de
calamidades públicas e de acidentes com múltiplas vítimas, a partir da construção de mapas de risco
regionais e locais e da adoção de protocolos de prevenção, atenção e mitigação dos eventos;
57. A Portaria GM/MS 1.864/2003, que institui o componente pré-hospitalar móvel da Política
Nacional de Atenção às Urgências, por intermédio da implantação de Serviços de Atendimento Móvel
de Urgência em municípios e regiões de todo o território brasileiro (Samu-192), apresenta, em seus
considerandos, a competência do Ministério da Saúde em estimular a implantação de serviços de
saúde responsáveis pelo atendimento pré-hospitalar móvel no País.
58. Entretanto, esse estímulo não pode ser representado apenas pelos repasses regulares
realizados pelo Fundo Nacional de Saúde ou pela simples entrega de motocicletas, sem planejamento,
monitoramento e acompanhamento das necessidades e desempenho das diversas Coordenações do
Samu descentralizadas pelo País.
59. O montante gasto para aquisição das motocicletas (em torno de seis milhões de reais), a
princípio não apresenta alta materialidade se comparada a outras compras realizadas pelo Ministério
da Saúde. Entretanto, toma contornos mais drásticos se considerados os repasses mensais previstos
para custeamento do programa, no montante de R$ 7.000,00 mensais por moto habilitada.
60. Quando habilitadas todas as motos distribuídas (descontando-se uma reserva técnica de
20%, seriam 320 motolâncias), haverá desembolso mensal de R$ 2,24 milhões, ou R$ 26,88 milhões
anuais, em caráter continuado.
61. Some-se a isso o fato de que a previsão inicial de compra de motocicletas era de 1800
unidades (mantidos os preços da licitação anterior, seriam necessários mais R$ 21 milhões para
compra de mais 1400 unidades). A habilitação dessa quantidade de motos, também descontada a
reserva técnica de 20%, resultaria ainda em desembolso mensal de R$ 10,08 milhões mensais, ou
impressionantes R$ 120,96 milhões anualmente. Naturalmente, um projeto que prevê tamanho gasto
de recursos públicos, em caráter continuado, deve necessariamente se basear em planejamento e
motivação minudentes, que demonstre a viabilidade de implementação.
183
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
62. Adicionalmente, não foram apresentados documentos que comprovassem a necessidade de
ser incluída a previsão de aquisição de 1800 motocicletas no plano Mais Saúde - Direito de Todos -
2008-2011.
63. A própria CGUE admitiu que não tem, até o momento, uma avaliação muito positiva, nem
existe previsão de novas aquisições de motolâncias, de forma que fica demonstrada a implementação
de uma política pública mais pautada pelo método da tentativa e erro do que em critérios técnicos
bem fundamentados para adequada aplicação de recursos públicos.
64. O fato de parte relevante das motolâncias não estar em utilização atualmente, como será
relatado mais à frente, constitui flagrante desperdício de recursos públicos, o qual se explica, entre
outros, pelas fragilidades na fase de planejamento de implantação no novo componente.
65. Outro fator que contribui para caracterizar o incipiente planejamento para implementação
do novo recurso diz respeito à participação de outros atores da área da saúde. Por meio da questão
quatro da matriz de planejamento, buscou-se verificar se a implementação do novo componente
motolâncias no Samu foi discutido com as instâncias cabíveis, tais como: CIT, CNS, Coordenações
estaduais do Samu, audiências públicas ou entidades de classe relacionadas. Seguem abaixo os
resultados encontrados.
Conselho Nacional de Saúde (CNS)
66. O Conselho Nacional de Saúde (CNS), considerado instância máxima de deliberação do
SUS, é dotado de caráter permanente, e tem como missão a deliberação, a fiscalização, o
acompanhamento e o monitoramento das políticas públicas de saúde. É competência do Conselho,
entre outras, a aprovação do orçamento da saúde, bem como o seu acompanhamento e a respectiva
execução orçamentária.
67. O CNS é formado por representantes de entidades e dos movimentos sociais de usuários do
SUS, além de representantes do governo, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e
do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), indicados pelos seus
respectivos dirigentes.
68. Quando indagado acerca de sua participação na concepção das motolâncias no Samu
(Ofício 508/2011 - peça 8), o Conselho informou (peça 15) que, após levantamento em suas atas, foi
verificada discussão da utilização das motocicletas no atendimento aos pacientes somente na 190ª
Reunião Ordinária (realizada nos dias 8 e 9/11/2008) e na 194ª Reunião Ordinária (realizada nos
dias 11 e 12/2/2009), conforme transcrito a seguir:
ATA DA CENTÉSIMA NONAGÉSIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DO CONSELHO NACIONAL
DE SAÚDE - CNS.
Conselheiro Armando Raggio compartilhou com o representante do Ministério da Saúde a
expectativa do CONASS na operacionalização das Unidades do Pronto Atendimento/UPAs, porque é
uma reivindicação dos gestores estaduais e municipais desde o início do SAMU. Mostrou
preocupação em relação ao uso da moto, vez que é muito vulnerável no trânsito. Por fim, chamou a
atenção para a importância de se observar a singularidade, porque o grande objetivo do SUS e a
paróquia, o vínculo, a proximidade com o paciente. (grifou-se - peça 15, p. 4)
ATA DA CENTÉSIMA NONAGÉSIMA QUARTA REUNIÃO ORDINÁRIA DO CONSELHO
NACIONAL DE SAÚDE - CNS.
O Coordenador de Urgência e Emergência/SAS/MS (...) Destacou também a implantação das
motolâncias (agilidade nos primeiros socorros) e de telemedicina nas UTIs móveis do SAMU (contato
entre equipe central de cardiologistas/neurologistas/radiologistas) e falou da estratégica de
diminuição do tempo-resposta para tratamento definitivo (projeto piloto em Porto Alegre - resultado:
diversos pacientes trombolizados sem sequelas). (grifou-se - peça 15, p. 7)
Conselheira Maria Goreti de Lima registrou que lhe preocupa a utilização de motos como
meio de deslocamento para prestar atendimento, considerando o alto índice de mortalidade nos
acidentes com esse veículo. Peça 15, p. 9.
184
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
O Coordenador de Urgência e Emergência/SAS/MS, Cloer Vécia Alves, respondeu aos
questionamentos dizendo que (...) o risco acerca da utilização de moto no atendimento de pacientes é
similar a de outro meio de transplante [supõe-se que quis dizer ‘transporte’] e as motolâncias
poderão ser implantadas somente se os profissionais cumprirem curso obrigatório de cinquenta horas
de pilotagem defensiva e com a utilização do equipamento de segurança adequado (a moto consegue
chegar, no mínimo, 30% antes em relação às ambulâncias); (peça 15, p. 9)
Encaminhamentos: 1) necessidade de treinamento integrado do SAMU com atores envolvidos
no atendimento emergencial, porta de entrada dos hospitais, serviços de urgência, regulação médica e
serviços de apoio ao transporte; 2) necessidade de integração dos serviços para efetivação dos
atendimentos; 3) desprecarização do trabalho para os profissionais do SAMU; 4) importância da
pactuação com os municípios os serviços a serem implementados de SAMU e das UPAS através da
metropolização e a regionalização do atendimento; 5) criação de grupos de resolução imediata para
pacientes trazidos do SAMU na rede intra-hospitalar. (peça 15, p. 10).
69. Em pesquisa no sítio eletrônico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass),
entidade que tem representação permanente no CNS, obteve-se a nota técnica 17/2008, que trata das
motocicletas na organização das redes de atenção integral às urgências. Essa nota recomenda a
aprovação da minuta de portaria do GM/MS que incorpora novos veículos à frota do Samu e implanta
o custeio para essa nova modalidade de deslocamento das equipes, e sugere a alteração do artigo 8º,
parágrafo único, excluindo os itens a e b. Afirma que a aprovação dos projetos deve ser feita nas CIBs
por se tratar de questão operacional.
Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
70. Como a Comissão Intergestores Tripartite é integrada por gestores do SUS das três esferas
de governo e representa a instância de articulação e pactuação na esfera federal que atua na direção
nacional do SUS, foi solicitado, mediante Ofício 509/2011 (peça 7), que se manifestasse acerca de sua
participação na concepção das motolâncias, bem como sua opinião acerca desse componente do
Samu.
71. A coordenação da Secretaria Técnica da Comissão Intergestores Tripartite informou que a
Portaria GM/MS 2.971, de 8/12/2008, foi pactuada em reunião ordinária da Comissão lntergestores
Tripartite, realizada em 27/11/2008, conforme Pauta (peça 13, p. 3, item c) e Resumo Executivo (peça
13, p. 7, item c) apresentado.
72. De acordo com o resumo executivo:
Item Decisões / Encaminhamentos
c) Minuta de Portaria que institui o veículo
motocicleta como integrante da frota de
intervenção do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência em toda Rede SAMU 192, bem como
define critérios técnicos acerca da utilização
destas unidades. DAE/SAS
Cloer Alves/CGUE/DAE/SAS/MS informa que
esta portaria também está integrada à
regionalização do SAMU e que a incorporação
do veículo a motocicleta na frota pode reduzir em
30% o tempo resposta.
Conass e Conasems fazem destaque apenas nas
questões sobre a tripulação, que podem ser
resolvidas em discussão entre as equipes
técnicas.
O Plenário decidiu pela pactuação da portaria.
73. Outros esclarecimentos foram prestados por meio do Parecer Técnico 329/2011,
DAE/SAS/MS, de 6/5/2011 (peça 13, p. 23-113, e peça 14), de autoria da Coordenação Geral de
Urgência e Emergência do Ministério da Saúde.
74. Com relação à participação dos gestores estaduais e municipais, questão também
indagada por meio do Ofício 509/2011, a CIT encaminhou cópias de diversos ofícios e memorandos
dirigidos à CGUE, nos quais várias secretarias locais de saúde solicitam motolâncias ao Ministério
da Saúde. Todos esses documentos (que constituem o Anexo A ao Parecer Técnico 329/2011, peça 13,
185
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
p. 40-84) são de datas posteriores ao término da licitação para compra das motolâncias, e, portanto,
não teriam sido considerados quando do planejamento da licitação e aquisição das motolâncias.
Conselho Federal de Enfermagem (Cofen)
75. Já o Cofen, por meio do conselheiro federal Dr. Márcio Barbosa da Silva, informou que
em nenhum momento o conselho profissional foi chamado pelo Ministério da Saúde para participar de
discussões acerca da concepção do Samu-192, seja com relação às ambulâncias, seja com relação às
motolâncias.
76. Em março de 2011, o Cofen editou a Resolução 375/2011, que dispõe que a assistência de
enfermagem em qualquer tipo de unidade móvel (terrestre, aérea ou marítima) destinada ao
atendimento pré-hospitalar e inter-hospitalar, em situações de risco conhecido ou desconhecido,
somente deve ser desenvolvida na presença de um profissional de enfermagem.
77. O conselheiro federal de enfermagem ressaltou que essa resolução não inovou, apenas
reproduziu o que já estava estabelecido na Lei 7.498/1986, a qual regulamenta o exercício da
enfermagem e dá outras providências. Os arts. 12 e 13 dessa lei estabelecem, respectivamente, as
atividades dos profissionais Técnico e Auxiliar em enfermagem. No art. 15, ficou determinado que ‘As
atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta lei, quando exercidas em instituições de saúde, públicas e
privadas, e em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob orientação e supervisão
de Enfermeiro’ (grifou-se).
78. Desse modo, a Portaria GM/MS 2.048/2002 e, consequentemente, a Portaria GM/MS
2.971/2008 estariam em desacordo com a Lei 7.498/1986. Portanto, tanto as equipes das Unidades de
Suporte Básico (USB), compostas por um condutor e um técnico em enfermagem, quanto o piloto das
motolâncias, que seria um técnico ou um auxiliar de enfermagem, estariam ilegais.
Coordenação do Samu-DF e demais Coordenações do Samu do país
79. Por meio da questão dois de auditoria, averiguou-se se os coordenadores do Samu
(executores do programa) foram consultados (ou participaram) acerca da implantação do
componente motolância.
80. Em entrevista com o Coordenador do Samu no Distrito Federal, foi informado que não
houve consulta nem participação da SES-DF na implantação do componente motocicleta.
Inicialmente, o Samu-DF não tinha interesse em receber motolâncias e desconhecia a necessidade das
motocicletas em sua frota para serviços pré-hospitalares de urgência. Foi ressaltado que a
Coordenação do Samu-DF recebeu comunicação somente poucos dias antes do recebimento das
motolâncias em solenidade com o Ministro da Saúde, realizada em 9/12/2008. No caso específico do
Distrito Federal, constatou-se que a Coordenação do Samu não teve tempo hábil para a devida
preparação para recebimento das motolâncias.
81. Por meio dos questionários enviados aos Samu no país, especificamente nas questões um a
cinco, buscou-se verificar o nível de envolvimento das coordenações para implementação do novo
componente. O objetivo dessas questões era constatar se o Ministério da Saúde comunicou
adequadamente às Coordenações do Samu sobre o novo recurso, ou mesmo se chegou a consultá-las
sobre a necessidade das motolâncias, de acordo com o perfil de atendimento em cada cidade.
82. Conforme já mencionado, o questionário foi enviado para 115 centrais de regulação do
Samu, com obtenção de resposta por parte de 89 cidades (taxa de retorno de 77,4%). Expõe-se, a
seguir, os resultados gráficos das questões mencionadas.
83. Na primeira questão, indagou-se se a Coordenação do Samu teve notícias sobre eventual
participação da respectiva Secretaria de Saúde (estadual ou municipal, conforme o caso) na
concepção do componente motolância junto ao MS. Dos 89 questionários obtidos, 88 coordenações
responderam à questão. 71 das Coordenações do Samu (80,68% do total) responderam
afirmativamente à questão, enquanto 17 (19,32% do total) responderam negativamente. As respostas
obtidas nessa questão indicam que, na percepção da grande maioria das Coordenações do Samu que
responderam a pesquisa, as secretarias de saúde estavam envolvidas na concepção do componente
motolância.
186
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
84. Na segunda pergunta, questionou-se se a Coordenação do Samu foi consultada sobre seu
interesse em receber as motolâncias. Conforme gráfico abaixo, 61 coordenações (69,32%)
responderam afirmativamente à questão, e 27 (30,68%) afirmaram que não foram consultadas.
Apesar de a maioria ter afirmado que foi consultada sobre seu interesse em receber o recurso,
observa-se que número relevante de coordenações declarou que não foi ouvida antes de receber as
motolâncias.
Gráfico 1: consulta sobre interesse das Coordenações do Samu em receber motolâncias
61
27
Q. 2 Foi consultada se tinha interesse em receber as motolâncias?
Sim
Não
85. Ainda com objetivo de avaliar a adequação do planejamento do Ministério da Saúde para
implementação do componente motolância, questionou-se às coordenações do Samu se elas tinham
condições adequadas para receber o veículo e colocá-lo em funcionamento de forma apropriada. Os
resultados mostram que a maioria das coordenações (52 coordenações, que correspondem a 59,77%
das respostas) declarou ter condições adequadas para receber as motolâncias. Entretanto, número
relevante de coordenações - 35, ou 40,23% do total - responderam que não tinham condições
adequadas para recebimento das motocicletas.
Gráfico 2: Condições da Coordenação do Samu para receber motolâncias
52
35
Q.3 Tinha condições adequadas para recebimento das motolâncias?
Sim
Não
86. Na quarta questão do questionário indagou-se se a Coordenação do Samu foi comunicada
com antecedência adequada sobre o recebimento da motolância, de forma que pudesse se preparar
para dar início a sua utilização. De 88 respostas coletadas, foram recebidas 48 afirmativas (54,55%)
e 40 negativas (45,45%), o que indica que quase metade das coordenações que participaram da
pesquisa consideraram que não foram cientificadas com antecedência adequada sobre o recebimento
das motolâncias.
87. Por fim, foi questionado se, de acordo com o perfil de atendimentos realizados pelo Samu,
e com as características da área coberta pelo serviço de emergência, havia demanda ou necessidade
de motolâncias naquela Coordenação. A grande maioria das respostas (76, ou 86,36% das respostas)
187
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
foi afirmativa. Apenas doze coordenações (13,64%) afirmaram que não necessitavam de motolâncias,
de acordo com o perfil dos atendimentos por elas realizado.
88. Com as questões de auditoria apresentadas acima, buscou-se verificar o planejamento do
MS diante da complexidade da implantação de um novo veículo - motolância - na frota nacional do
Samu, bem como se esse planejamento contou com a participação dos diversos atores e executores do
programa.
89. Verifica-se que as discussões acerca das motolâncias no CNS, CIT e Cofen, consideradas
importantes palcos para deliberação de uma decisão como a implantação de um novo componente no
Samu, não trataram especificamente de necessidades constatadas para a implantação de um veículo
leve rápido em cada localidade, ou possíveis limitações para essa implantação, mas teriam apenas
informado sobre a decisão já adotada.
90. Com relação ao CNS, constatou-se que houve breves discussões sobre a implementação da
motolância à frota do Samu. Do que se depreende das atas das reuniões do CNS apresentadas, a
principal preocupação foi com a vulnerabilidade da moto no trânsito, o que foi rebatido pelo
Coordenador da CGUE com argumentos de que o risco de utilização de motos no atendimento de
pacientes seria similar a de outro meio de transporte, e que os pilotos passariam, obrigatoriamente
por curso de pilotagem de cinquenta horas.
91. Com relação à realização de discussões no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite,
observou-se que a Portaria GM/MS 2.971, de 8/12/2008, que institui a motocicleta como novo
componente da frota do Samu, foi pactuada em reunião ordinária daquele órgão. Por meio do
Parecer Técnico 329/2011 DAE/SAS/MS, de 6/5/2011, foram apresentados ofícios/memorando de
solicitação de motolâncias por parte de secretarias locais de saúde.
92. Cumpre registrar que esses ofícios/memorandos em que secretarias locais de saúde
solicitam motolâncias (Anexo A ao Parecer Técnico 329/2011, peça 13, p. 40-84) são todos
posteriores à data de encerramento da licitação para compra das motolâncias. Assim, verifica-se que
os únicos documentos apresentados que comprovam participação dos gestores estaduais e municipais
são posteriores à concepção e aquisição do novo componente da frota do SUS. Não foram
identificados documentos que comprovassem a discussão com gestores locais ainda na fase de
planejamento.
93. Também não foram apresentadas pactuações com as instâncias estaduais e municipais
acerca da necessidade motolâncias, ou mesmo da quantidade que cada localidade poderia colocar em
efetivo funcionamento.
94. Já com relação à participação das Coordenações locais, a pesquisa realizada por meio de
questionário revelou que das 89 unidades do Samu consultadas, 27 (30,7%) afirmaram não terem sido
consultadas sobre eventual interesse em receber as motolâncias. Número ainda maior de
coordenações 35, ou 40,2% do total, afirmou que não tinham condições adequadas para recebimento
das motocicletas. Da mesma forma, quarenta unidades (45,4% do total) afirmaram que não foram
cientificadas com antecedência adequada sobre o recebimento das motos, de forma que elas pudessem
adiantar os devidos preparativos para colocá-las em funcionamento.
95. Ainda que o resultado da pesquisa indique que houve certa comunicação junto às
Coordenações do Samu, conclui-se que o processo poderia ter sido melhor conduzido. O fato de 35
unidades (40,2% do total das respostas) afirmarem que não tinham condições adequadas para
recebimento da motolância deveria ter sido conhecido antes mesmo da aquisição do recurso.
Considera-se grave, igualmente, a não divulgação às coordenações, em tempo adequado, sobre o
envio iminente da motolância.
96. As conclusões sobre as discussões incipientes nas instâncias cabíveis, em especial CIT e
CNS, sobre a implementação das motolâncias, bem como as deficiências de comunicação junto às
coordenações do Samu reforçam o achado de inadequação do planejamento e serão consideradas em
conjunto com o achado descrito a seguir, que trata das falhas de planejamento da ação.
188
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
97. Deve ser destacado que o coordenador da CGUE, seu substituto, ou outros consultores que
estavam lotados na CGUE em 2008 ou em período anterior, época em que o componente motolância
estava sendo definido no Ministério da Saúde, não se encontram mais naquela Coordenação.
98. Por meio da Portaria SAS/MS 491, de 9/9/2008, foi instituída a Câmara de Assessoramento
Técnico à Coordenação-Geral de Urgência e Emergência, do Departamento de Atenção
Especializada, da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, com competência para
assessorar a CGUE/DAE/SAS/MS no desenvolvimento de estudos, definição e elaboração de
descritivos técnicos e termos de referência, que dizem respeito aos editais de aquisição de itens
relacionados ao Samu.
99. Ressalta-se que o Sr. Cloer Vescia Alves, Coordenador Geral da CGUE à época, integrava
essa Câmara, na qualidade de coordenador. Todavia, os atuais integrantes da CGUE também não
conseguiram localizar registros dos estudos da Câmara de Assessoramento Técnico. Além disso, não
foram apresentados estudos que justificassem a escolha das especificações técnicas para a
motocicleta.
100. Segue abaixo a descrição do achado conforme orientação nos manuais do TCU.
3.1.1 Situação encontrada
101. Foram identificadas fragilidades na fase de planejamento para implementação do
componente motolância à frota do Samu, as quais, em parte, ocasionaram baixa efetividade do
programa. Constatou-se ausência de estudos que fundamentassem a viabilidade da implementação do
novo componente do Samu, conforme resposta da CGUE ao Ofício 4-366/2011 (peça 25, p. 1), bem
como discussões incipientes nas instâncias cabíveis, tais como CNS e CIT, entre outros.
102. Avaliou-se que um programa que custou aos cofres públicos seis milhões de reis para
aquisição de quatrocentas motocicletas - que, em sua maioria, não estão sendo utilizadas -, com
previsão de repasse de recursos para manutenção da ordem de 26,88 milhões anuais, deveria
necessariamente basear-se em estudos de viabilidade bem fundamentados e com a devida motivação,
conforme art. 50 da Lei 9.784/1999.
103. A situação de fragilidades no planejamento da ação agrava-se se for levado em
consideração que o programa prevê a compra de mais 1400 motolâncias, que poderiam custar, aos
cofres públicos mais R$ 21 milhões para compra das máquinas e R$ 120,96 milhões anuais em
repasses para cobrir custos de manutenção. Não é razoável que desembolsos dessa ordem sejam
realizados sem o devido planejamento e sem o devido conhecimento da real capacidade de operação
das Coordenações locais do Samu.
104. Conforme itens 88-96 acima, verificou-se que houve breves e limitadas discussões acerca
da implementação das motolâncias nas instâncias de deliberação que apoiam a tomada de decisão no
âmbito do SUS, tais como CNS e CIT.
105. Verificou-se que o Ministério se deparou com situação adversa, durante a fase de
implementação do programa, que poderia ter sido facilmente considerada em momentos anteriores.
Apesar do relato sobre vagas ociosas nos cursos de capacitação promovidos pela PRF, a previsão
inicial do programa deveria contabilizar, necessariamente, o treinamento de pelo menos duas mil
pessoas para as quatrocentas motos distribuídas, já que, conforme contas do próprio ministério para
definição de custeio mensal da moto, seriam necessários cinco profissionais por moto em regime de 36
horas semanais. Conforme informado, apenas 276 profissionais foram capacitados (13,8% do
necessário), o que indica desconhecimento da capacidade de recursos humanos das Coordenações
locais do Samu.
106. Conforme relatado, as dificuldades no que diz respeito à capacitação de pilotos e número
de pessoas interessadas ou mesmo disponível para esse tipo de trabalho poderiam ser ainda mais
facilmente previstas se fosse contabilizado o número de profissionais necessários para assumir as
mais de 1800 motos inicialmente cogitadas no programa: na proporção 5/1, conforme previsão do
próprio MS, nada menos do que um exército de nove mil profissionais seriam necessários para
assumir esse número de motolâncias. Ficou patente que os idealizadores do programa não levaram tal
189
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
informação em conta, uma vez que não foi apresentado à equipe de auditoria nenhum estudo de
viabilidade, conforme solicitado à CGUE (itens 51-52).
3.1.2 Objetos nos quais foi constatado
107. Ofício 4-366/2011 (peça 22, p. 1-2); resposta da CGUE ao Ofício 4-366/2011 (peça 25);
processo licitatório 25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde (peças 18 e 19); Ofícios 508/2011-
TCU/Secex-4 (peça 8) e 509/2011-TCU/Secex-4 (peça 7), e respectivas respostas (Ofícios
504/SE/CNS/GM/MS - peça 15 - e Ofício ST-CIT/SGEP/MS nº 14 - peças 13 e 14); respostas enviadas
pelos coordenares dos Samu locais à pesquisa enviada pela equipe de auditoria.
3.1.3 Critério de auditoria
108. Art. 37 da Constituição de 1988 (princípio da eficiência, princípio da economicidade);
art. 36 da Lei 8.080/1990; Art. 2º, item 4, da Portaria GM/MS 1.863/2003; art. 16 da Lei 8.443/92, III,
b.
3.1.4 Evidências
109. Resposta ao Ofício de Requisição 4-366/2011 (peça 25); Ofícios 504/SE/CNS/GM/MS,
peça 15, e Ofício ST-CIT/SGEP/MS nº 14, peças 13 e 14; respostas enviadas pelos coordenadores dos
Samu locais à pesquisa enviada pela equipe de auditoria.
3.1.5 Causas
110. Não foi possível detectar.
3.1.6 Efeitos reais e potenciais potenciais
111. Efeito real: falhas de planejamento ocasionaram má aplicação de recursos públicos, em
virtude de ociosidade de 177 de um total de 288 motos pesquisadas em 89 Coordenações locais do
Samu.
112. Efeitos potenciais: como o universo que compõe as motolâncias distribuídas é de
quatrocentas unidades, há grande probabilidade de que o número de motos paradas seja maior do que
177, uma vez que 26 Coordenações não responderam a pesquisa. Outro efeito potencial diz respeito
ao serviço à população que teoricamente deixou de ser prestado, pois as motos poderiam estar em
funcionamento, e consequentemente, realizando atendimentos de emergência.
3.1.7 Encaminhamento
113. Será proposta audiência dos responsáveis da CGUE/DAE/SAS do Ministério da Saúde,
para que apresentem razões de justificativa pelos seguintes fatos: (i) aquisição e distribuição de
quatrocentas motolâncias não suportada por estudos que comprovassem a viabilidade para
implementação do programa, ocasionando compra de equipamentos que não estão sendo utilizados
pela Administração e configurando desperdício de recursos públicos, em desrespeito ao princípio da
eficiência (art. 37 da Constituição Federal de 1988).
114. Já na proposta final de mérito, deverá ser avaliada a possibilidade de se encaminhamento
no sentido cientificar o Ministério da saúde que compra de material e a implementação de novos
componentes nas políticas públicas de saúde devem ser devidamente fundamentadas em rigorosa fase
de planejamento, em que deve ser considerada, entre, outros, a capacidade real de implantação das
secretarias locais de saúde destinatárias, de forma a aumentar as chances de sucesso da ação e
minimizar as possibilidades de desperdícios de recursos públicos, como aqueles constatados na
presente auditoria, em que restou configurada compra de motolâncias que não estão sendo utilizadas,
em desatenção ao princípio da eficiência e da economicidade (art. 37 da Constituição Federal de
1988).
3.2. Achado 2: Motivação insuficiente para compra das motocicletas e não atendimento a
parecer da Consultoria Jurídica do órgão
115. No Pregão eletrônico para registro de preços 212/2007 do Ministério da Saúde (processo
25000.200718/2007-18), consta o parecer da consultoria jurídica daquela pasta
(PARECER/CONJUR/MS/CODELICI/ED 1803/2007, peça 18, p. 66-70), do qual se extrai o seguinte:
(...)
190
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
4. No que tange a necessidade de instauração de um procedimento licitatório, é importante
ressaltar a justificativa que resultará na sua abertura, razão pela qual recomendamos que este ato
venha devidamente justificado não em razão da escolha da modalidade, mas na necessidade de sua
implementação, somando-se ainda a forma pela qual irá se adquirir o bem ou serviço.
5. A lei 9.784/99 alçou a motivação à categoria de princípio. Motivação é a exposição dos
fatos (circunstâncias) e dos fundamentos jurídicos (dispositivo legal) do ato, em outras palavras, na
motivação transparece aquilo que o agente apresenta como causa do ato administrativo. Hoje, em
face da ampliação do princípio do acesso ao judiciário (art. 5°, XXXV), conjugado com o da
moralidade administrativa (CF, 37, caput), a motivação é, em regra, obrigatória.
6. Não bastasse essa exigência da Lei n. 9.784/99, a própria lei que instituiu o pregão, Lei n.
10.520/2002, expressamente determinou a necessidade de a autoridade competente justificar a
necessidade da contratação. (Lei 10.520/2002, art. 3°, I).
7. É importante lembrar que é incumbência do Administrador demonstrar expressamente as
razões que sustentam a contratação pretendida, cuja ausência ou incoerência poderá ocasionar a sua
responsabilização perante o Tribunal de Contas da União e consequentemente, punições de cunho
administrativo, moral e pecuniário.
8. A Lei 8.666/93 veda justificativas da Administração de cunho genérico, fazendo-se
necessário que sejam apresentados os argumentos de fato e de direito de suas decisões, tratando-se de
formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos. Aqui,
entendemos, data vênia, não ter sido apresentada uma justificativa plausível e eficiente que venha,
efetivamente, embasar a aquisição solicitada e posteriormente efetivada, o que deverá ser
providenciado.
9. A justificativa foi apresentada no corpo do Termo de Referência, e refere-se ao Programa
do Ministério da Saúde do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192), que é um
programa que tem como finalidade prestar o socorro à população em casos de emergência. Embora
não seja competência desta área jurídica, vale ressaltar que, como consta nos subitens do item 3 da
justificativa (Termo de Referência), como por exemplo: transporte inter-hospitar de pacientes críticos
..., atendimento, desde o local de ocorrência do agravo .. até o local de destino .. , atendimento a
pacientes com risco de vida, o desempenho esperado dos veículos e equipamentos deve permitir o
atendimento a todas as necessidades apontadas ... e assim por diante, não atende as determinações
técnicas legais, exigidas em lei, especialmente do § 1°, do artigo 50 da Lei 9784/1999 (abaixo
transcrito), a Lei do Pregão n. 10520/02, no artigo 3° dispõe que na fase preparatória a autoridade
competente justificará a necessidade da contratação (...). Grifou-se.
116. Conclui o parecer pela impossibilidade do prosseguimento do feito antes que sejam
atendidas as recomendações exaradas, em especial: ‘Juntar aos autos JUSTIFICATIVA TÉCNICA
FIRMADA PELA ÁREA COMPETENTE E RATIFICADA PELA AUTORIDADE SUPERIOR, bem
como a definição da rubrica orçamentária por onde correrão as despesas’ (peça 18, p. 70). Destaques
no original.
117. Segue-se, no processo administrativo 25000.200718/2007-18 em comento, Nota Técnica
sem número, de 13/12/2007, da CGUE (peça 18, p. 74-75), a qual, sem qualquer referência ao
mencionado parecer da consultoria jurídica, supõe-se tratar-se da justificativa técnica exigida
anteriormente. Não consta, no processo mencionado, nova manifestação da Consultoria Jurídica.
118. Constatou-se também que o processo de licitação (Pregão 212/2007) e a aquisição
(Contrato 10070/2008) das motocicletas foram anteriores à Portaria GM/MS 2.971, de 8/12/2008, que
instituiu a motolância como integrante da frota de intervenção do Samu e definiu critérios técnicos
para sua utilização.
119. No Relatório de auditoria 8796 do Denasus, já havia essa constatação (80779), pois os
trâmites para a aquisição de quatrocentas motolâncias iniciaram 12/11/2007. A licitação para
Registro de Preço (212/2007) foi adjudicada e homologada em 19/5/2008. A Ata de Registro de Preço
foi firmada em 26/5/2008, mas a referida portaria foi publicada somente em 9/12/2008.
191
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
120. A Secretaria de Atenção à Saúde apresentou os seguintes esclarecimentos (conforme
anexo 1 do TC 020.478/2010-0, p. 181-182):
De fato a Portaria 2.971/GM, de 8/12/2008, que implantou as motocicletas como mais um
recurso móvel disponível e integrado à frota do SAMU para o atendimento rápido, define seu custeio e
estabelece as normas para seu uso/funcionamento é posterior à data do processo de aquisição das
motocicletas. Isto, absolutamente, não se constitui numa irregularidade até porque a aquisição das
motos não está relacionada a esta Portaria, mas sim à Portaria 2.048/GM, de 5 de novembro 2002,
que dispõe sobre o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência e que, em
seu capítulo IV, discorre sobre os serviços de atendimento móvel de urgência e seus diversos veículos
de intervenção. No item 2.2 deste Capítulo são abordados os Veículos de Intervenção Rápida - ‘Estes
veículos, também chamados de veículos leves, veículos rápidos ou veículos de ligação médica são
utilizados para transporte de médicos com equipamentos que possibilitam oferecer suporte avançado
de vida nas ambulâncias do Tipo A, B, C e F.’
Como se vê, a discussão em torno dos veículos de intervenção rápida é antiga e remonta ao
período anterior à própria implantação do SAMU. Embora o Regulamento Técnico não cite,
nominalmente, motocicletas como veículos de intervenção rápida, até porque poderiam ser outros
tipos de veículo — um carro pequeno, por exemplo, a decisão de escolher motocicletas no Brasil está
vinculada a peculiaridades locais e exemplos de outros países que utilizam motos para esta finalidade.
Além disso, a escolha recaiu sobre as motos levando em consideração, principalmente, o trânsito
brasileiro, onde a motocicleta tem enormes vantagens na rapidez de deslocamento se comparada com
um carro pequeno, que enfrentaria os mesmo problemas de deslocamento das ambulâncias.
É importante dizer também que motocicletas - antes mesmo de sua aquisição pelo Ministério e
antes da emissão da Portaria 2.971/GM, já eram utilizadas por alguns Serviços de Atendimento Móvel
de Urgência - SAMU 192 no Brasil como veículos de intervenção rápida, utilização essa baseada no
citado Regulamento Técnico e em experiências internacionais de uso. Tanto isso é real que o artigo 6°
Portaria 2.971/GM trata desse assunto e estabelece as condições de incorporação e custeio pelo
SAMU de motos já existentes, o que de fato não ocorreu em função da substituição daquelas motos
antigas em funcionamento pelas novas fornecidas pelo Ministério.
Por fim, é preciso dizer que por ocasião da escolha das motocicletas como veículos de
intervenção rápida do SAMU e da demanda da SAS à SE para aquisição desses veículos, já tínhamos
pronto o arcabouço do que viria ser a Portaria 2.971/GM - em função das longas discussões técnicas
realizadas sobre o assunto. Poderíamos ter publicado esta Portaria em 2007? Sim, poderíamos tê-la
publicado. Decidiu-se, no entanto, publicá-la posteriormente partindo-se do entendimento que seria
mais conveniente fazê-lo após termos a plena garantia do sucesso do processo de compra e de sua
efetiva disponibilidade para entrega. De qualquer forma é possível dizer que a publicação a posteriori
da Portaria em nada prejudicou ou alterou o andamento dos trabalhos, tornando irrelevante a
questão.
121. Assim, considera-se achado de auditoria a incipiente motivação no processo licitatório
para aquisição das quatrocentas motolâncias, conforme alertado pela Consultoria Jurídica do órgão.
O fato corrobora a falta de planejamento da ação levada a cabo pela CGUE (achado 1 acima).
122. A análise da Nota Técnica sem número, de 13/12/2007, da CGUE (peça 18, p. 74-75),
indica que muito pouco foi acrescentado à já declarada incipiente justificativa submetida inicialmente
ao crivo da Consultoria Jurídica, que acompanhava o Termo de Referência.
123. Na avaliação da Consultoria Jurídica, a justificativa inicial, apresentada no Termo de
Referência, não atenderia às determinações técnicas legais, em especial § 1° do art. 50 da Lei
9.784/1999 e art. 3º da Lei 10.520/2002, conforme transcrição acima. A opinião externada pela
consultoria jurídica tem razão de ser. A justificativa inicial (peça 18, p. 43-44), contida no Termo de
Referência, limita-se a descrever o tipo de serviço prestado pelo Samu, e que ‘o desempenho esperado
dos veículos e equipamentos deve permitir o atendimento a todas as necessidades apontadas,
192
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
incluindo os desdobramentos relacionados à evolução clínica dos pacientes durante o atendimento’. O
documento conclui da seguinte forma:
7. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU 192 é o componente da Rede Integral
de Atenção às Urgências que está sendo implantado em todo o País. Para tanto, o Ministério da
Saúde fez e está fazendo a aquisição de ambulâncias e equipamentos para sua estruturação e
renovação de frota e equipamentos a todos os SAMU já implantados. Assim, torna-se necessário a
aquisição de 400 (quatrocentas), MOTOCICLETAS, a fim de cumprir a programação estabelecida
pelo Ministério da Saúde.
124. Já a nova justificativa (peça 18, p. 74-75), a qual se assume ter sido lavrada em
atendimento ao mencionado parecer da Consultoria Jurídica, é igualmente sucinta, e tampouco
detalha de forma mais fundamentada os motivos para aquisição das motos, indicando grave
deficiência de planejamento. Mencionam-se números relativos ao Samu, como o número de
coordenações no país, à população da área atendida pelo serviço e ao número de municípios
cobertos. Genérica, a justificativa limita-se a citar critérios e indicadores, sem que eles sejam
expressamente trazidos aos autos, e conclui pela necessidade das motocicletas:
Alguns critérios apontados nos Planos Estaduais de Atendimento às Urgências e Emergências
tem dado relevância a leitura das distâncias nos territórios, já que o tempo-resposta de atendimento
das urgências é alvo de todas as ações do SAMU 192 e também a uma leitura mais minuciosa da
localização, acesso, complexidade, capacidade operacional e técnica dos recursos a serem enviados.
A leitura de indicadores referentes à morbidade, mortalidade e doenças emergentes,
apresentadas pelos SAMU, motivaram o redimensionamento de recursos de vários dos SAMU já
habilitados, com a finalidade de reversão das brechas de equidade (necessidades X oferta) das
regiões.
Para uma resposta mais rápida e adequada as urgências e emergências,’'a’ Coordenação
Geral de Urgência e Emergência propõe a implantação do serviço de ‘Motolância’ nos diversos
SAMU 192 já implantados, experiência essa, que tem se mostrado eficiente em várias cidades e
algumas capitais do país, o que vem reduzindo as sequelas e o sofrimento da população. Para tanto
solicitamos a aquisição de 400 (quatrocentas) motocicletas a serem distribuídas nos SAMU 192 já
implantados e em funcionamento no país (...).
125. Igualmente carente de fundamentações, o documento lista, sem maiores justificativas, as
características técnicas da moto a ser adquirida.
126. Ficou, portanto, caracterizada violação ao art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 e
art. 11, VI, a, da Lei Complementar 73/1993, uma vez que não restaram atendidas recomendações da
consultoria jurídica. Naturalmente, a mera presença de parecer jurídico no processo licitatório, sem
que seu exame seja levado em consideração, não atende aos normativos mencionados.
127. É de se esperar que gastos do montante de seis milhões de reais para compra de
quatrocentas motocicletas tenham a devida motivação apresentada nos autos, bem como estudo
técnico que a suporte. Ainda, constatou-se o prosseguimento do feito sem atendimento das
considerações exaradas pela Consultoria Jurídica, uma vez que a nova justificativa apresentada não
atendeu às exigências feitas, constituindo-se violação ao art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 e
art. 11, VI, a, da Lei Complementar 73/1993.
128. Segue abaixo a descrição do achado conforme orientação nos manuais do TCU.
3.2.1 Situação encontrada
129. Constatou-se motivação insuficiente, no processo licitatório 25000.200718/2007-18 do
Ministério da Saúde, para aquisição das quatrocentas motolâncias, em desatenção a parecer da
consultoria jurídica do órgão (itens 121-126).
130. Avaliou-se que um programa que custou aos cofres públicos seis milhões de reis para
aquisição de quatrocentas motocicletas - que, em sua maioria, não estão sendo utilizadas -, com
previsão de repasse de recursos para manutenção da ordem de 26,88 milhões anuais, deveria
193
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
necessariamente basear-se em estudos de viabilidade bem fundamentados e com a devida motivação,
conforme art. 50, §1º, da Lei 9.784/1999.
3.2.2 Objetos nos quais foi constatado
131. Processo administrativo 25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde.
3.2.3 Critério de auditoria
132. Art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993; art. 11, VI, a, da Lei Complementar
73/1993; art. 50, §1º, da Lei 9.784/1999.
3.2.4 Evidências
133. Motivações incipientes constantes no item 3 do Termo de Referência do processo
administrativo 25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde (peça 18, p. 43-45) e na Nota Técnica
sem número, de 13/12/2007 (peça 18, p. 74-75); parecer da Conjur (peça 18, p. 66-70) no processo
administrativo mencionado.
3.2.5 Causas
134. Não foi possível detectar.
3.2.6 Efeitos reais e potenciais potenciais
135. A ausência de motivação impede que se afiram e se controlem as razões pela qual o
gestor praticou determinado ato administrativo.
3.2.7 Encaminhamento
136. Será proposta audiência dos responsáveis da CGUE/DAE/SAS do Ministério da Saúde,
para que apresentem razões de justificativa pelos seguintes fatos: ausência de motivação nos autos do
processo licitatório 25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde, para aquisição das motocicletas,
em desrespeito ao art. 50 da Lei 9.784/1999; e não atendimento de parecer jurídico, em
desatendimento ao art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 e art. 11, VI, a, da Lei Complementar
73/1993.
3.3. Achado 3: Quantidade significativa de motolâncias ociosas
137. Neste item, será apresentado o resultado das análises relacionadas às questões de
auditoria de número dez a quinze, que buscaram avaliar a situação atual das motolâncias sob dois
aspectos: inicialmente, no âmbito Coordenação Geral de Urgência e Emergência do Ministério da
Saúde, procurou-se identificar o quantitativo de motos habilitadas junto àquele órgão, quais as
principais limitações enfrentadas para habilitação das motos e que tipo de resultados foram
percebidos após a implementação do novo componente no Samu; já no nível das coordenações do
Samu nos estados, procurou-se identificar se as motos recebidas estão sendo de fato utilizadas e quais
as principais limitações enfrentadas no nível local. Constatou-se que quantidade significativa de
motolâncias ainda não estão em funcionamento, o que foi tratado como achado de auditoria.
138. As questões de auditoria dez e onze previstas na matriz de planejamento tiveram por
objetivo constatar se as motolâncias distribuídas foram habilitadas e quais as principais limitações
enfrentadas pelos núcleos de saúde para essa habilitação.
139. Conforme previsto no art. 3º da Portaria GM/MS 2.971/2008, são realizados repasses,
regulares e automáticos, de recursos aos respectivos fundos de saúde, para manutenção das equipes
efetivamente implantadas (motolâncias habilitadas), segundo o parâmetro de R$ 7.000,00 por mês por
unidade de motocicleta.
140. Para o estabelecimento desse valor mensal, o Ministério informou, por meio do Parecer
Técnico 542/2011 (peça 17, p. 2-4), que para o funcionamento operacional de cada motolância são
necessários cinco profissionais em jornada de trabalho de 36 horas semanais, com custos conforme a
tabela abaixo:
Tabela 2: estimativa de custo mensal de cada motolância
Itens Valor mensal (R$)
Combustível 100,00
Seguro total 500,00
Manutenção preventiva/corretiva 1.000,00
194
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Material/insumos EPI’s 4.000,00
Profissional (salário e encargos) 10.000,00
Total 15.600,00
Fonte: Parecer Técnico 542/2011 (peça 17, p. 2-4)
141. O valor estabelecido na Portaria 2.971/2008 corresponderia a 50% do custeio, sendo a
outra metade de responsabilidade dos estados e municípios como contrapartida.
142. Para habilitação das motolâncias, os gestores estaduais e municipais devem encaminhar
à CGUE/MS um ofício solicitando o custeio, com as seguintes documentações:
Cópia autenticada do seguro contra sinistro (não é o DPVAT) das motocicletas;
2. Cópia autenticada do contrato de manutenção preventiva e corretiva das motocicletas;
3. Cópia autenticada do documento de licenciamento CRLV da motolância contendo chassi e
placa (precisa estar emplacado em nome do município);
4. Escala dos condutores (técnicos/auxiliares de enfermagem) com caracterização do vínculo
empregatício;
5. Comprovação do curso de capacitação de motociclista socorrista emitido pela instituição
prestadora com lista nominal dos participantes (Ex. Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar,
Exército ou empresas especializadas);
6. Informar compra dos uniformes das equipes assistenciais, obedecendo ao padrão visual,
assim como aquisição de EPI, equipamentos obrigatórios de segurança (capacete, colete, etc.) de
acordo com o programa mínimo para implantação das motolâncias;
7. Parecer técnico do Coordenador da Central do Samu (mesmo no caso das bases o
coordenador da Central é quem deve fazer o parecer) informando a data de
funcionamento/operacionalização do serviço;
8. Deverá ser tripulada por condutor habilitado de acordo com normas do CONTRAN:
a) Carteira Nacional de Habilitação-Categoria A
b) Curso obrigatório para Capacitação de Condutores de Veículos de Emergência. (art.145-
CTB -Resolução do CONTRAN 168/2004).
143. De acordo com a CGUE/MS (Parecer técnico 542/2011 - peça 17, p. 2-4), os fatores
limitadores para os estados e/ou municípios cumprirem os critérios de habilitação das motolâncias
são vários, tais como: insuficiência do número de profissionais; falta de capacitação profissional para
cumprimento da Portaria GM/MS 2.971/2008; problemas para aquisição de itens de segurança
obrigatórios e equipamento de proteção individual; dificuldade quanto à aplicação da legislação
trabalhista (condutor de motolância e técnico/auxiliares de enfermagem), e quanto ao seguro contra
sinistro.
144. A CGUE relatou que recebe informações quanto à dificuldade de realização do seguro,
mas o Samu de Salvador/BA apresentou seguro dos condutores e das motos pela empresa Mapfre
Vera Cruz Seguradora S/A, e no Samu de Santo André/SP, as motolâncias foram seguradas pela
empresa Porto Seguro. Já o município de Dourados/MS não apresentou o seguro contra sinistro nem
a comprovação de compra de equipamento de proteção individual.
145. Em relação à quantidade de habilitações, de acordo com o Parecer Técnico 329/2011
DAE/SAS/MS, de 6/5/2011 (peça 13, p. 25), atualmente, existem 76 motolâncias habilitadas, o que
corresponde a 19% do total de quatrocentas motolâncias distribuídas, conforme quadro a seguir:
Tabela 3: quantidade de motolâncias habilitadas segundo Ministério da Saúde
Portaria de habilitação
(GM/MS)
Município/Est
ado
Quantidade
de motos
habilitadas
Valor
transferido
mensalmente
Repasses
até
março/2011
1
Quantida
de de
motos
doadas
1 2.150, de 28/7/2010 SES/Sergipe 3 R$ 21.000,00 R$
189.000,00 32
2 2.151, de 28/4/2010 Campinas/SP 4 R$ 28.000,00 R$ 4
195
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
252.000,00
3 2.848, de 20/9/2010 Distrito
Federal/DF 9 R$ 63.000,00
R$
378.000,00 22
4 2.797, de 15/9/2010 Gravatá/PE 1 R$ 7.000,00 R$
42.000,00 1
5 2.798, de 15/9/2010 Fortaleza/CE 4 R$ 28.000,00 R$
168.000,00 4
6 3.081, de 7/10/2010 Goiânia/GO 11 R$ 77.000,00 R$
385.000,00 11
7 3.720, de 30/11/2010 Dourados/MS 1 R$ 7.000,00 R$
28.000,00 1
8 3.936, de 14/12/2010 São Paulo/SP 16 R$ 112.000,00 R$
336.000,00 80
9 3.937, de 14/12/2010 Salvador/BA 24 R$ 168.000,00 R$
504.000,00 24
1
0 450, de 16/3/2011 Itanhaém/SP 3 R$ 21.000,00
R$
21.000,00 5
TOTAL 76 R$ 532.000,00
R$
2.303.000,0
0
Fonte: Parecer Técnico 329/2011 DAE/SAS/MS, de 6/5/2011 (peça 13, p. 25)
146. A CGUE ainda informou que existem outras motocicletas em funcionamento, com
custeamento integral por meio de recursos próprios dos estados ou municípios (ou seja, não foram
habilitadas junto ao Ministério, e portanto não recebem o repasse mensal para custeio com verba
federal), conforme tabela abaixo:
Tabela 4: motolâncias em funcionamento com recursos próprios (sem habilitação)
Município/Estado Quantidade de motos em funcionamento
com recursos próprios
Manaus/AM 5
Recife Metropolitano/PE 11
São Luiz/MA 2
Natal/RN 7
TOTAL 27
Fonte: CGUE - informações sobre custeio das motos (peça 30, p. 1)
147. Na pesquisa realizada no âmbito desta auditoria junto às Coordenações do Samu,
questionou-se qual(is) o(s) principal(is) motivo(s) para que as motolâncias não estivessem habilitadas,
ou somente parte delas estivesse habilitada.
148. Dos 89 questionários recebidos, três deles não responderam a essa questão. Nove
Coordenações afirmaram que todas as motolâncias recebidas estavam habilitadas. Assim, com
relação ao restante das localidades que responderam à pesquisa (77 Coordenações), foram coletas
184 respostas, uma vez que cada coordenador poderia marcar mais de um motivo para justificar a
não habilitação.
149. Os principais motivos apontados para que as motolâncias não fossem habilitadas, ou
somente parte delas estivesse habilitada, foram: falta de curso de capacitação para pilotos (41
Coordenações); dificuldade para contratar seguro contra sinistro (34 Coordenações); dificuldade
para regularizar a documentação das motolâncias, que envolvia o licenciamento, emplacamento,
entre outros (29 Coordenações); falta de uniforme/equipamentos de segurança de proteção para os
pilotos (23 Coordenações); falta de pessoal interessado para trabalhar com as motos (dezessete
Coordenações).
196
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
150. Seis Coordenações apontaram que não havia interesse em habilitar mais motolâncias e
uma Coordenação do Samu indicou que o número de motolâncias habilitadas era suficiente para
atender a demanda existente.
151. Quinze Coordenações apontaram outros motivos. Entre esses, os mais recorrentes que
diziam respeito a empecilhos para habilitação, foram: questões trabalhistas e estatutárias do
município; dificuldade de contratação de novos profissionais; coordenação que atuava na época não
demonstrou interesse; aguardo de convocação de técnicos aprovados em processo seletivo do
município; número de profissionais que receberam a capacitação insuficiente; dificuldade de criar o
cargo no município e realizar processo seletivo; legislação inadequada para condutor que atua como
técnico de enfermagem; falta de gratificação específica para pilotos.
152. Segue, abaixo, o gráfico obtido com a tabulação das respostas apresentadas para esta
questão:
Gráfico 3: motivos para não habilitação das motos
1
6
9
15
17
17
23
29
34
41
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
O NÚMERO DE MOTOLÂNCIAS HABILITADAS É SUFICIENTE PARA ATENDER
A DEMANDA EXISTENTE
NÃO HÁ INTERESSE DESTA COORDENAÇÃO EM HABILITAR MAIS
MOTOLÂNCIAS
TODAS AS MOTOLÂNCIAS ESTÃO HABILITADAS
OUTROS
FALTA DE CONTRATO DE MANUTENÇÃO PARA AS MOTOCICLETAS
FALTA DE PESSOAL INTERESSADO PARA TRABALHAR COM AS
MOTOLÂNCIAS
FALTA DE UNIFORME/EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL PARA OS PILOTOS
DIFICULDADE PARA REGULARIZAR A DOCUMENTAÇÃO DAS MOTOLÂNCIAS
DIFICULDADE PARA CONSEGUIR O SEGURO CONTRA SINISTRO DAS
MOTOCICLETAS
FALTA DE CURSOS DE CAPACITAÇÃO PARA PILOTOS
Motivos para não habilitação de motolâncias
153. Já por meio das questões treze e catorze da matriz de planejamento, buscou-se averiguar
a utilização atual das motolâncias junto às Coordenações locais do Samu, bem como identificar os
principais fatores que limitam o seu funcionamento.
154. O baixo nível de utilização das motolâncias distribuídas constitui outro achado desta
auditoria. A questão seis do questionário enviado às Coordenações do Samu solicitava que fosse
informado o número de motos disponíveis e o número de motos habilitadas. Rememore-se que o
questionário foi enviado para 115 centrais de regulação do Samu, espalhados por todos os estados da
federação mais o Distrito Federal, com exceção dos estados de Rondônia e Santa Catarina, que não
receberam motolâncias do Ministério da Saúde. Do total enviado, obteve-se resposta de 89
questionários.
155. Tabulados os dados, constatou-se que as 89 Coordenações que responderam a pesquisa
declararam ter recebido um total de 288 motos, das quais 111 (38,54%) estariam em funcionamento,
e, portanto, 177 (61,46%) estariam ociosas, ainda sem operação.
156. Na questão 23 do questionário, indagou-se quanto tempo transcorreu para que as
motolâncias fossem colocadas em funcionamento, após o seu recebimento. Das 89 Coordenações que
responderam o questionário, 55 afirmaram que as motos ainda não estão funcionando, o que
corresponde a 61,80% das localidades que aderiram à pesquisa; doze localidades (13,48%)
afirmaram que passou mais de um ano entre o recebimento e o funcionamento das motos; nove
localidades (10,11%) afirmaram que esse tempo foi de até quatro meses; sete Coordenações do Samu
(7,87%) afirmaram que transcorreram entre nove e doze meses; por fim, seis localidades afirmaram
197
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
que o tempo necessário para as motos entrarem em operação foi de cinco a oito meses. Segue abaixo
o gráfico correspondente.
Gráfico 4: tempo decorrido entre recebimento e funcionamento das motolâncias
96 7
12
55
0
10
20
30
40
50
60
até 4 meses 5 a 8 meses 9 a 12 meses mais de um ano ainda não estão em funcionamento
Tempo decorrido entre recebimento e funcionamento das motos
157. A tabela abaixo é resultado de cruzamento entre a questão 23 do questionário e o estado
da federação onde se encontra a Coordenação do Samu. Destacam-se os estados com maior
quantidade de Coordenações onde as motos ainda não estão em funcionamento: Minas Gerais (8);
São Paulo (8); Piauí (7); Goiás (6); e Rio de Janeiro (4).
Tabela 5: cruzamento - tempo entre recebimento e funcionamento das motos X estado na
coordenação
198
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Count
0 0 0 1 0 1
0 0 0 0 1 1
1 0 0 0 0 1
3 1 1 2 3 10
1 0 0 1 0 2
0 0 1 0 0 1
0 0 0 0 1 1
0 1 0 0 6 7
0 0 0 1 4 5
0 0 0 2 8 10
0 0 0 0 2 2
0 1 0 0 1 2
0 0 0 0 2 2
1 0 1 0 1 3
0 0 2 0 0 2
0 1 0 0 6 7
0 0 0 0 3 3
0 0 0 1 4 5
1 0 0 0 1 2
1 0 0 0 0 1
0 0 0 0 3 3
0 0 0 1 0 1
1 2 2 3 8 16
0 0 0 0 1 1
9 6 7 12 55 89
AC
AL
AM
BA
CE
DF
ES
GO
MA
MG
MS
MT
PA
PB
PE
PI
PR
RJ
RN
RR
RS
SE
SP
TO
Estado onde
f ica a
Coordenação
do Samu
Total
até 4 meses 5 a 8 meses 9 a 12 meses
mais de
um ano
ainda não
estão em
funcionam
ento
Quanto tempo transcorreu entre recebimento e funcionamento das
motos?
Total
Fonte: pesquisa realizada pela equipe de auditoria junto às Coordenações do Samu por meio de
questionário
158. Já na questão 24 do questionário enviado às Coordenações do Samu, foi solicitado que
fossem apontados os motivos que influenciaram a demora para o início do funcionamento das
motolâncias ou para a não habilitação das motocicletas. Quatro das 89 Coordenações avaliaram que
não houve demora para início do funcionamento das motolâncias. Assim, foram coletadas 231
respostas sobre a referida demora de 85 Coordenações, já que era possível apontar mais de uma
opção.
159. De acordo com as respostas, novamente foi apontada a demora no curso de capacitação
para pilotos como motivo mais recorrente para justificar a demora no início do funcionamento das
motos (55 Coordenações), a exemplo do que ocorreu em relação à habilitação, conforme relatado
acima.
160. Os outros motivos mais recorrentes foram: dificuldade para regularizar a documentação
das motos (47 Coordenações); falta de equipamentos de saúdo cuja responsabilidade é do Ministério
da Saúde (41 Coordenações); e falta de equipamento de segurança para pilotos, cuja
responsabilidade de aquisição é da secretaria de saúdo local (41 Coordenações).
161. Dezoito Coordenações afirmam que não há servidores interessados em trabalhar como
pilotos. Dezenove Coordenações apontaram outros motivos para a demora no funcionamento das
motos. Entre esses, citam-se: dificuldade para conseguir o seguro contra sinistro; falta de legislação;
falta de gratificação pecuniária para pilotos; questões jurídicas e trabalhistas; falta de autorização da
Coordenação regional; desinteresse dos gestores anteriores; demora no recebimento do termo de
199
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
doação assinado e publicado no Diário Oficial; nº de motolâncias recebidas é insuficiente para
atender o quantitativo mínimo exigido pela PRF para abrir turma de capacitação de pilotos.
162. Segue abaixo o gráfico correspondente à questão 24 do questionário:
Gráfico 5: motivos para demora no funcionamento das motolâncias
3
5
7
18
19
41
41
47
55
0 10 20 30 40 50 60
FALTA DE EQUIPAMENTOS DE SAÚDE CUJA RESPONSABILIDADE PARA
AQUISIÇÃO É DO SAMU
CONSIDERAMOS QUE NÃO HOUVE DEMORA
TEMPO ENTRE A CIÊNCIA DO RECEBIMENTO DA MOTO E A SUA ENTREGA
FOI MUITO EXÍGUO
INEXISTÊNCIA DE SERVIDORES INTERESSADOS EM TRABALHAR
COMO PILOTOS
OUTROS
FALTA DE UNIFORME/EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA PARA OS PILOTOS
FALTA DE EQUIPAMENTOS DE SAÚDE QUE DEVERIAM TER SIDO
DISTRIBUÍDOS PELO MS
DIFICULDADE PARA REGULARIZAR A DOCUMENTAÇÃO DAS MOTOLÂNCIAS
DEMORA NO CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA PILOTOS
Motivos para demora no início do funcionamento das motos
163. Detectou-se que apenas 76 motolâncias, o que corresponde a 19% das quatrocentas
motolâncias distribuídas, estão devidamente habilitadas. No mesmo sentido, verificou-se que 177
(61,46%) do total de 288 motos que compunham o universo pesquisado ainda estão ociosas, sem
funcionamento, mesmo decorrido, na maioria dos casos, mais de um ano após a entrega na
Coordenação local do Samu.
164. Mais uma vez, atribui-se às deficiências de planejamento outro indicativo de insucesso da
implementação das motos à frota do Samu.
165. O principal motivo apontado para justificar a não habilitação é a falta de cursos para
capacitação de pilotos, mesmo motivo apontado para demora no início do funcionamento das
motolâncias. Conforme constatação 64211 do Relatório de Auditoria 9277 do Denasus (Anexo 1 do
TC 020.478/2010-0, p. 18), houve capacitação de pilotos na Coordenação do Samu-DF em
quantitativo inferior ao necessário.
166. Por meio do Parecer Técnico 675, de 17/6/2011 (peça 26, p. 17), a CGUE fez as seguintes
alegações com relação aos cursos de capacitação:
O Ministério da Saúde vem oferecendo curso de ‘Capacitação de Motociclistas Socorrista’ aos
municípios/Estados através de convênio com a Polícia Rodoviária Federal - PRF/MJ. Porém, os
Municípios e os Estados também podem procurar outros meios, para capacitar como exemplo das
seguintes instituições: Polícia Militar, Exército e/ou empresas especializadas (Art.145-CTB -
RESOLUÇÃO Nº 168, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2004 e Resolução n.º 285, de 29 de julho de 2008)
e Portaria 2.971/GM de 08 de dezembro de 2008.
No decorrer de 2009 e 2010, o Ministério da Saúde, para viabilizar o curso, vem oferecendo
através de convênio com a PRF/MJ cursos de Capacitação de Motociclistas Socorristas. A PRF/MJ
por sua vez, declara que existe uma baixa demanda por parte dos municípios, em algumas turmas,
relataram vagas ociosas.
167. Informa a CGUE, no mesmo expediente mencionado acima, a quantidade de cursos já
realizados mediante acordo de cooperação com a Polícia Rodoviária Federal: dez cursos em 2009,
200
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
com 107 aprovados; e 21 cursos em 2010, com 272 aprovados. Por fim, informa que existe projeto em
análise no Ministério da Saúde para dar continuidade ao convênio com a PRF.
168. Diante das informações coletadas junto às Coordenações locais do Samu, verifica-se que
foram insuficientes os esforços do Ministério da Saúde no sentido de promover os cursos de
capacitação para pilotos, tendo em vista que ainda é o motivo mais relatado para justificar a não
habilitação de motolâncias.
169. Novamente, verifica-se que o Ministério se deparou com situação adversa, durante a fase
de implementação do programa, que poderia ter sido facilmente considerada em momentos anteriores.
Apesar do relato sobre vagas ociosas nos cursos de capacitação promovidos pela PRF, a previsão
inicial do programa deveria contabilizar, necessariamente, o treinamento de pelo menos duas mil
pessoas para as quatrocentas motos distribuídas, já que, conforme contas do próprio ministério para
definição de custeio mensal da moto, seriam necessários cinco profissionais por moto em regime de 36
horas semanais. Conforme informado, apenas 276 profissionais foram capacitados (13,8% do
necessário), o que indica desconhecimento da capacidade de recursos humanos das Coordenações
locais do Samu.
170. Tem-se, assim, que esses elementos não foram levados em consideração no momento de
concepção do programa. As dificuldades no que diz respeito à capacitação de pilotos e número de
pessoas interessadas ou mesmo disponível para esse tipo de trabalho poderiam ser ainda mais
facilmente previstas se fosse contabilizado o número de profissionais necessários para assumir as
mais de 1800 motos inicialmente cogitadas no programa: na proporção 5/1, conforme previsão do
próprio MS, nada menos do que um exército de nove mil profissionais seriam necessários para
assumir esse número de motolâncias. Ficou patente que os idealizadores do programa não levaram tal
informação em conta, uma vez que não foi apresentado à equipe de auditoria nenhum estudo de
viabilidade, conforme solicitado à CGUE (Ofício de Requisição de Informações 4-366/2011 - Peça 22,
p. 1).
171. Também deve ser ressaltado o considerável intervalo de tempo entre a aquisição e a
distribuição das motocicletas e as portarias que as habilitaram (Tabela 3: quantidade de motolâncias
habilitadas segundo Ministério da Saúde, item 145 deste relatório), demonstrando, mais uma vez, o
descompasso entre o Ministério da Saúde e as Coordenações locais do Samu.
172. Com relação à dificuldade para contratação de sinistro das motocicletas, verificou-se que
o Ministério da Saúde está, acertadamente, flexibilizando essa exigência para habilitação das
motolâncias, devido à grande dificuldade das Coordenações locais para consegui-lo.
173. Verifica-se que, se somados, os motivos alegados para justificar a não habilitação das
motolâncias são em maioria de responsabilidade dos municípios: dificuldades para regularização da
moto, falta de equipamentos de segurança para os pilotos e falta de contrato de manutenção para as
motos. Tais informações corroboram o fato de que a CGUE desconhecia a realidade fática das
Coordenações locais do Samu, ou, se conhecia, optou por repassar o recurso mesmo ciente do risco
de que não fosse utilizado como de fato grande parte deles não está sendo usada.
174. Atribuir tão somente às secretarias locais e coordenações do Samu a responsabilidade
pelo fato de 177 motos (de um total de 288 pesquisadas) não estarem em funcionamento, mais de um
ano após o seu recebimento - em alguns casos dois anos -, seria no mínimo equivocado. Significaria
dizer que a decisão de distribuir quatrocentas motos às secretarias locais de saúde, sem que fosse
levada em conta a capacidade operacional das Coordenações do Samu, eximiria do Ministério a
responsabilidade pelo insucesso do programa na maior parte das cidades abarcadas.
175. Nitidamente, os motivos que ensejam a situação identificada nesta auditoria estão mais
ligados à forma como (não) foi planejada a ação. Ressalte-se que a maior parte das Coordenações
apontou mais de um fator considerado limitante na execução do programa. Portanto, o não
funcionamento das motolâncias ou a sua baixa utilização resulta de uma conjugação de fatores, e não
apenas de um único. Entre eles, está a baixa capacidade operacional das Coordenações locais, fator
que poderia (e deveria) ter sido identificado em fases iniciais da ação.
201
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
176. A CGUE/MÊS relatou à equipe de auditoria sobre a impossibilidade de para reaver as
motocicletas doadas a alguns municípios, uma vez que, ao serem distribuídas, passam a fazer parte do
patrimônio do ente recebedor.
177. Entretanto, verifica-se que o termo de doação é na modalidade com encargos, ou seja,
está condicionada à efetiva utilização da moto, conforme cláusulas segunda e quarta:
CLÁUSULA SEGUNDA - DOAÇÃO COM ENCARGOS, o DONATÁRIO compromete-se a
destinar os bens, objeto deste instrumento ao desenvolvimento dos serviços e das ações de assistência
de urgência médica à população, visando à melhoria da qualidade de atendimento e o
aperfeiçoamento e expansão da capacidade operacional do Sistema Único de Saúde, em especial na
atenção às urgências, sendo estes para sua utilização pelo órgão ou entidade proponente, conforme
disposto no art. 15 do Decreto n.º 99.658/90, modificado pelo Decreto 6.087/07, de 20/04/2007,
IN/SEDAP-205, de 08/04/1988 e IN/SEDAP-09, de 26 de agosto de 1994. Termo de doação (peça 28,
p. 1).
178. O termo prevê ainda que a constatação (pelo próprio Ministério da Saúde ou por órgão
de controle externo) de não utilização do recurso doado enseja a revogação da doação:
CLÁUSULA QUARTA - Em caso de constatação, pelo Ministério da Saúde ou pelos órgãos de
controle externo, quanto a não utilização do bem doado para os fins e forma a que se propõe a
presente DOAÇÃO, será promovida a revogação parcial ou total deste termo, estando reservado o
direito de reclamar a restituição dos bens doados, podendo realocá-los em outra instituição ou
município previamente estudado, sem direito de indenização ao DONATÁRIO. Termo de doação (peça
28, p. 2).
179. Nesse sentido, caberá, na proposta de encaminhamento deste relatório, determinar ao
Ministério da Saúde que faça valer as cláusulas segunda e quarta do termo de doação das motos, de
sorte que municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido devolvam a motolância para
redistribuição. Ainda, será recomendado que os encargos previstos nos termos de doação estejam
sujeitos a prazo razoável, definido pelo Ministério da Saúde, para seu cumprimento.
180. Por fim, salienta-se que a compra de equipamentos que não são utilizados pela
Administração pode configurar caso de má gestão de recursos públicos, ensejando irregularidade das
contas do responsável, conforme art. 16, III, ‘b’:
Art. 16. As contas serão julgadas:
(...)
III - irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes ocorrências:
a) omissão no dever de prestar contas;
b) prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração à norma legal ou
regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial;
181. Segue abaixo a descrição do presente achado - grande quantidade de motos ociosas -
conforme orientação nos manuais do TCU.
3.3.1 Situação encontrada
182. Foram enviados questionários a 115 Coordenações do Samu espalhados pelo país, das
quais 89 responderam à pesquisa. Do total de Coordenações que aderiram à pesquisa, 55 (61,8%)
afirmaram que as motos recebidas do Ministério da Saúde ainda não estão em funcionamento.
183. Conforme item 155 acima, constatou-se que de um universo de 288 motos pesquisadas,
177 (61,46%) estavam ociosas, ou seja, ainda não estavam em funcionamento mesmo muitos meses -
em vários casos, mais de um ano - após a sua distribuição, o que constitui flagrante ociosidade de
recursos públicos, em área tão sensível e sabidamente carente de recursos como é a saúde. Constatou-
se, em alguns casos, dificuldade do Ministério da Saúde para reaver as motolâncias de municípios que
não cumpriram o termo de doação ao não darem a devida utilização para o recurso recebido.
Conforme previsto na cláusula quarta do Termo de Doação, a não utilização do bem doado deverá ser
revogada e a moto restituída ao Ministério da Saúde para redistribuição,
202
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
184. Constatou-se também que apenas 76 (19%) das quatrocentas motolâncias doadas às
Coordenações do Samu estão habilitadas junto ao Ministério da Saúde, o que indica grande
dificuldade das Secretarias locais de saúde para atenderem aos requisitos definidos para habilitação.
185. Com relação especificamente ao DF, única Coordenação do Samu visitada pela equipe de
auditoria - as informações com relação às demais Coordenações foram coletadas por meio de envio
de questionário e documentos do MS -, constatou-se que apenas dez de suas 21 motolâncias estão em
pleno funcionamento.
3.3.2 Objetos nos quais foi constatado
186. Pesquisa realizada no âmbito desta auditoria junto a 115 Coordenações do Samu
(conforme itens 154 a 156); visita in loco na Coordenação do Samu-DF; Termo de Doação das
motolâncias (peça 28); Resposta ao Ofício de Requisição 4-366/2011 (peça 25).
3.3.3 Critério de auditoria
187. Art. 37 da Constituição de 1988 (princípio da eficiência); art. 36 da Lei 8.080/1990; art.
2º, item 4, da Portaria GM/MS 1.863/2003; art. 16 da Lei 8.443/92, III, b; Termo de Doação das
motolâncias.
3.3.4 Evidências
188. Ofício de Requisição 4-366/2011 (peça 22); Resposta ao Ofício de Requisição 4-366/2011
(peça 25); respostas enviadas pelos coordenares dos Samu locais à pesquisa enviada pela equipe de
auditoria; extrato de entrevista com Coordenador do Samu do Distrito Federal (peça 29, p. 1-3).
3.3.5 Causas
189. Falhas (ou ausência) de planejamento não previram as dificuldades operacionais por
parte das Coordenações do Samu, fazendo com que fossem distribuídas motolâncias a locais que não
tinham - e ainda não têm - condições para colocar as motos em funcionamento ou mesmo habilitá-las.
3.3.6 Efeitos reais e potenciais
190. Efeito real: má aplicação de recursos públicos, em virtude de ociosidade de 177 de um
total de 288 motos pesquisadas em 89 Coordenações locais do Samu.
191. Efeitos potenciais: como o universo que compõe as motolâncias distribuídas é de
quatrocentas unidades, há grande probabilidade de que o número de motos paradas seja maior do que
177, uma vez que 26 Coordenações não responderam a pesquisa. Outro efeito potencial diz respeito
ao serviço à população que teoricamente deixou de ser prestado, pois as motos poderiam estar em
funcionamento, e consequentemente, atendendo à população.
3.3.7 Encaminhamento
192. Será proposta audiência dos responsáveis da CGUE/DAE/SAS do Ministério da Saúde,
para que apresentem razões de justificativa para o fato de que foram distribuídas motolâncias para
Coordenações do Samu que não tinham capacidade de operá-las, ocasionando ociosidade de recursos
públicos investidos na área da saúde.
193. Já quando da proposta de mérito do presente processo, deverá ser avaliada a
possibilidade de ser sugerida determinação à Coordenação Geral de Urgência e Emergência do
Ministério da Saúde (CGUE/DAE/SAS/MS), com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do
Tribunal de Contas da União, para que encaminhe a este Tribunal, em prazo razoável a ser definido,
plano de ação contendo medidas a serem tomadas junto às secretarias locais de saúde e suas
respectivas Coordenações do Samu de forma a aumentar a efetiva utilização das motolâncias
distribuídas, contendo estimativas de prazos a serem cumpridas.
3.4. Achado 4: Reduzido número de motolâncias em funcionamento no DF
194. Em virtude de sua localização, o Samu do Distrito Federal recebeu visitas in loco da
equipe de auditoria. Foram realizadas entrevistas com o Coordenador do Samu do Distrito Federal,
Dr. Rodrigo Caselli, e com o chefe dos pilotos das motolâncias, técnico em enfermagem Marcos Paulo
Braz de Paula.
195. De acordo com informações prestadas pelo seu Coordenador, o Samu-DF não tinha
interesse, nem necessidade constatada para receber motolâncias. Não foi consultado acerca da
203
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
implantação desse componente no programa, nem apresentou proposta ou plano de trabalho para o
recebimento das motocicletas. O Samu teria sido comunicado, via telefone, poucos dias antes do
recebimento das motos em solenidade com o Ministro da Saúde (Termo de doação 5318/2008).
196. O Samu-DF possui sete USA habilitadas (com cinco dessas em funcionamento) e trinta
USB habilitadas, sendo 26 em funcionamento. O DF ainda adquiriu dois veículos de intervenção
rápida (VIR) com recursos próprios.
197. De acordo com as USA e USB habilitadas, seguindo a orientação do §1º do art. 1º da
Portaria GM/MS 2.971/2008, o DF receberia 22 motolâncias. Por meio da Portaria MS/GM
2848/2010, foram habilitadas nove motocicletas no DF, representando transferências federais
mensais no valor de R$ 63.000,00 para manutenção das equipes implantadas (art. 3º da Portaria
2.971/2008).
198. A efetiva utilização das motocicletas teria ocorrido após oito a nove meses do seu
recebimento. Esse intervalo de tempo teria sido necessário para a capacitação dos profissionais e
aquisição dos equipamentos de segurança, além de outras providências como licenciamento e
emplacamento das motocicletas. Foi apontada morosidade nos processos de licitação dentro da
Secretaria de Saúde do DF e Central de Compras do Governo do Distrito Federal - GDF.
199. Apesar da percepção inicial de que não havia necessidade do componente motolâncias,
após o início do seu funcionamento, o Coordenador do Samu-DF afirmou que foram detectadas
melhoras no atendimento de urgência e emergência, adaptando-se a rotina do Samu à presença das
motocicletas, de forma que a sua retirada traria prejuízos ao serviço.
200. Embora o Samu-DF tenha recebido 22 motocicletas, apenas dez prestam serviço
efetivamente. Todas as 22 são utilizadas em sistema de rodízio, para que o desgaste das motos se dê
uniformemente. No dia da entrevista com o chefe dos pilotos das motolâncias, relatou-se que sete
motocicletas estavam na oficina com problemas elétricos ou de motor, restando apenas três como
reserva técnica.
201. Na opinião do chefe das motolâncias do Samu-DF, pelas especificações técnicas
insuficientes da motocicleta Lander, há necessidade de que a reserva técnica seja quase o dobro da
quantidade de motocicletas que rodam. Caso o serviço fosse realizado com motos com especificações
mais adequadas ao tipo de serviço, a reserva técnica poderia ser de 20 a 25%. A motocicleta Yamaha
Lander Z250 seria utilizada para serviços administrativos na Polícia Militar ou em serviços de ronda,
em que há menor desgaste e menor necessidade de manutenção. Outras instituições, como o Corpo de
Bombeiros do DF e a Polícia Rodoviária Federal - PRF utilizam motocicletas mais potentes, como a
XT 660 da Yamaha, para serviços similares ao da motolância.
202. Na percepção do piloto, a frenagem da moto Lander é muito ruim, mas não haveria
diferença na qualidade da frenagem caso tivesse sido adquirida uma motocicleta similar da marca
Honda (tornado), que possui o freio dianteiro a disco e o traseiro a tambor, pois o problema está no
porte da motocicleta. Para ele, o ideal seria uma motocicleta de uso misto, tanto nas zonas urbanas
como rural.
203. O Sr. Marcos Paulo entregou o Memorando 12/2010-GMAU/SAMU/SAS/SES, dirigido à
Diretoria de Assistência às Urgências e Emergências (Secretaria de Atenção à Saúde - SES-DF), de
15/3/2011, em que lista os problemas da moto Lander XTZ 250cc Yamaha e as especificações que
seriam ideais para melhor desempenho da motolância, frente ao tipo de serviço prestado pelo Samu.
204. Conforme será relatado à frente, coletaram-se respostas divergentes sobre a
especificação das motos (itens 285 a 288), e portanto a questão não será tratada como achado de
auditoria.
205. O regime de funcionamento das motolâncias no DF é de segunda a sexta-feira, por uma
equipe composta de dezessete motociclistas, sendo oito com jornada de 40h semanais, seis com
jornada de 24h e três com jornada de 12h. As escalas dos motociclistas são organizadas em período
diurno, com plantões de 12h (7h-19h) ou de 6h (manhã (7h-13h) e tarde (13h-19h)).
204
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
206. As motolâncias atuam em duplas, em cinco núcleos do Samu-DF: Sobradinho, Plano
Piloto, Guará, Taguatinga, e Ceilândia. Se houvesse mais pessoal, na avaliação do Sr. Marcos Paulo,
mais motos poderiam estar prestando atendimentos, pois existe iria demanda para isso.
207. Haveria duas razões principais para os motociclistas transitarem em dupla. Primeiro, a
questão da segurança do piloto; segundo, a questão do tamanho do baú, que não comporta todos os
equipamentos, assim, em uma moto carrega-se o equipamento para auxiliar casos de trauma e outro
para casos clínicos. De acordo com relato à equipe de auditoria, o tamanho do baú é pequeno para
acomodar os materiais necessários, mas não poderia ser maior para a moto Lander, pois prejudicaria
o equilíbrio e atrapalharia ainda mais a frenagem da motocicleta. Os pilotos testaram o uso da
mochila, mas ela foi considerada inviável para a pilotagem, devido ao risco de explosão do cilindro
de oxigênio em caso de possível acidente, e à alteração no equilíbrio do piloto, prejudicando sua
segurança.
208. Em relação às estatísticas de atendimentos das motolâncias, foram informados os
seguintes quantitativos:
Tabela 6: estatísticas de atendimento de motolâncias - Samu-DF
2010 2011
Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março
NAPH 01 - Sobradinho 43/112 33 33 63 50 74
NAPH 03 - Taguatinga 74 - 125 110 125 -
NAPH 05 - Ceilândia 63 29 118 140 118 119
NAPH 06 - Plano piloto - - 70 102 123 111
NAPH 07 - Guará - - - 65 113 112
Fonte: Coordenação do Samu do Distrito Federal
209. A manutenção preventiva e corretiva das 22 motolâncias do Samu-DF é realizada pela
empresa Ribeiro e Diniz Comércio de Peças e Serviços automotivos Ltda. - EPP, Contrato 38/2010-
SES/DF, firmado após o Pregão presencial 37/2009, ao custo mensal estimado de R$ 11.451,80.
210. Na opinião do chefe das motolâncias no Samu-DF, a oficina que realiza a manutenção
das motocicletas presta serviço adequado e trabalha com peças originais, mas, algumas vezes, a
motocicleta vai e volta com o mesmo problema. A maioria dos problemas está relacionada à parte
elétrica: sirene e sinalizadores de LED. Em muitos casos, a moto é entregue à oficina com a sirene
funcionando, logo após o concerto, apresenta problemas novamente. Algumas vezes há falta de peças,
que têm de vir de São Paulo, gerando atrasos na entrega das motos. O custo da manutenção é alto,
pois as peças são caras, e as motos quebram com muita frequência (cerca de cinco motocicletas por
semana), pois são muito exigidas.
211. O Samu-DF não conseguiu realizar seguro contra sinistro para as motocicletas. Na
percepção do Coordenador do Samu-DF, isso seria um problema nacional, já que as empresas de
seguro não têm interesse em prestar serviços para veículos utilizados como ambulâncias. Nove
motocicletas foram habilitadas mesmo sem o seguro contra sinistro.
212. Em relação aos equipamentos previstos no art. 4º, § 1º da Portaria 2.971/2008, cuja
aquisição e distribuição são responsabilidade do MS (cilindros de oxigênio, desfibrilador externo
automático - DEA e oxímetros), o Coordenador do Samu-DF afirmou que não recebeu os cilindros de
oxigênio para as motolâncias. Declarou, em resposta ao Ofício de requisição 6-366/2011, que foram
recebidos 58 DEA e 22 oxímetros.
213. Segundo o chefe dos pilotos das motolâncias, após o curso de capacitação, os
profissionais treinados estavam empolgados com o serviço a ponto de comprarem os equipamentos de
proteção individual com recursos próprios (jaquetas, luvas, capacete), previamente à aquisição pelo
GDF. Caso contrário, seria necessário aguardar a finalização do procedimento licitatório para
compra dos equipamentos de segurança, o que atrasaria ainda mais a inauguração do programa.
205
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
214. Quanto ao equipamento de segurança, o piloto afirmou que o macacão utilizado
atualmente não é o mais adequado, e o ideal seria uma calça específica para motoqueiros, que dá
maior proteção em casos de queda.
215. Na percepção do Coordenador do Samu-DF e do chefe dos pilotos das motolâncias, o
principal fator limitador para o serviço com as motocicletas é a falta de pessoal interessado em
trabalhar como piloto. Quando do recebimento das motolâncias, não havia profissionais disponíveis,
tendo sido realocados profissionais das ambulâncias para as motos. Esse foi o caso do chefe dos
pilotos: já era técnico em enfermagem concursado, trabalhava em uma Unidade de Suporte Básico
(USB) e participou do segundo curso de capacitação para pilotos de motolâncias, realizado pela
Polícia Rodoviária Federal (PRF). Está trabalhando com a motolância há cerca de um ano e meio.
216. Todos os atuais pilotos das motolâncias do Samu-DF são técnicos em enfermagem
concursados e regidos pelo regime estatutário dos servidores públicos do Distrito Federal.
217. Havia profissionais interessados na capacitação, mas o curso apresenta grau de
dificuldade considerável e vários profissionais foram reprovados. Além disso, alguns profissionais
capacitados desistiram do trabalho com as motos, pois não existe gratificação extra ou outro
incentivo para pilotar as motocicletas, e o risco é maior do que com as ambulâncias.
218. Foram realizadas três etapas de cursos de capacitação, em convênio com a Polícia
Rodoviária Federal (PRF) e com a Polícia Militar do DF, com dezessete, 21 e dez aprovados,
respectivamente. O Coordenador do Samu-DF ressaltou que, por ser um serviço em que o profissional
se expõe a maiores riscos, cotidianamente, e não possui diferencial ou incentivo especifico para essa
atividade, acabam desistindo dessa modalidade do serviço (motolância) e voltando para a viatura -
ambulância convencional. Atualmente, o Samu-DF dispõe de somente dezoito motociclistas ativos
dentro do Grupamento de Motociclistas de Atendimento de Urgência - GMAU, dentre os mais de 40
profissionais que se formaram.
219. A aplicação dos recursos transferidos pelo governo federal é utilizada para o custeio e
para a manutenção, pois a parte de pessoal é paga com recursos constitucionais. Além disso, foi
afirmado que há aplicação da contrapartida de recursos estaduais e/ou municipais.
220. Segundo o Coordenador do Samu e o chefe dos pilotos das motolâncias, houve melhora
no atendimento pré-hospitalar de urgência em relação à quantidade de atendimentos realizados, e à
agilidade e rapidez para se chegar a locais de difícil acesso. A motolância também é utilizada como
ferramenta para informar a situação real da ocorrência para o médico regulador. O piloto ressaltou a
melhora em relação ao ganho de tempo observado, que, em sua experiência, seria de uma média de
cinco minutos. Em parceria com o helicóptero do Bombeiro e da PRF, a motocicleta também é
utilizada como guia até o local dos acidentes, quando for necessário.
221. Em casos de acidentes graves, os técnicos em enfermagem das motolâncias constituem
mais profissionais para auxiliar na assistência, além de assegurar a cena do acidente, representando
auxílio significativo para as ambulâncias. Quando a viatura chega ao local, os pilotos das
motolâncias já verificaram o histórico da vítima (alergias, uso de medicamentos, etc.) e os sinais
vitais (temperatura, pressão, frequência cardíaca, saturação, glicemia capilar e frequência
respiratória), adiantando o trabalho dos profissionais da viatura. Os pilotos também realizam
imobilização das vítimas caso haja necessidade.
222. Todos os pilotos das motolâncias, diferentemente dos profissionais técnicos em
enfermagem das viaturas, recebem treinamento, uma vez por mês, no Núcleo de Educação
Permanente do Samu-DF, tanto em relação à parte técnica (procedimentos) como de pilotagem.
223. O chefe dos pilotos descreveu um chamado/atendimento típico da motolância da seguinte
forma: o tipo de ocorrência mais comum é colisão de trânsito. A motocicleta fica de plantão em uma
das bases do Samu-DF, junto com as viaturas. A central de rádio-operação aciona a moto pelo rádio
e liga para a viatura, passando o endereço da ocorrência. Há locais, como em Sobradinho, em que o
rádio (de baixa frequência) não funciona. O motociclista se dirige ao local informado, assegura a
cena, garantindo a segurança do local, e informa a gravidade da situação para a Central e o melhor
206
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
caminho para a viatura chegar. Dessa forma, a motolância também funciona como mecanismo de
regulação, pois pode indicar qual tipo de ambulância é necessária no local, ou mesmo se não há
necessidade de ambulância. A regra é que todos os chamados são acompanhados pela viatura
(ambulância).
224. Em relação a acidentes com as motolâncias, foi relatada a ocorrência de três acidentes
no início do funcionamento, cerca de dois anos atrás. Em março de 2011, ocorreu um acidente mais
severo em que o profissional fraturou a tíbia e a fíbula (ossos da perna), e a moto sofreu perda total.
Foi ressaltada a ausência de seguro para as motocicletas: caso ocorra algum acidente, o profissional
tem de arcar com todas as despesas para conserto da moto e do outro eventual veículo avariado, caso
tenha culpa.
225. Os cilindros de oxigênio não estão sendo utilizados por motivos de garantia da segurança
do piloto. Foi relatado um caso de explosão de cilindro de oxigênio na mão de um profissional, dentro
de uma viatura, provocando queimaduras. Se o motociclista sofre um acidente e cai com o cilindro
nas costas, os danos podem ser muito maiores. Além disso, na percepção do piloto, o cilindro é
considerado inviável porque muda o ponto de equilíbrio do piloto da moto, prejudicando a frenagem
(maior risco de acidente) e a já mencionada possibilidade de explodir em caso de queda. Atualmente,
os profissionais carregam uma máscara com válvula de saco (BVM ou saco de Ambu) para ofertar
oxigênio do ar ambiente para a vítima, caso haja necessidade.
226. Como limitações para a execução do programa, o chefe dos pilotos relatou a falta de
gratificação para os pilotos das motolâncias e a falta de convênio médico. O tipo de comunicação
entre o piloto e a central também limita bastante o serviço, pois o piloto tem que parar a moto para
atender ao rádio ou ao telefone celular (o ideal seria fonia integrada com o capacete). O rádio, de
baixa frequência, apresenta problemas de recepção em algumas localidades. Além disso, conforme já
apontado, haveria necessidade de uma motocicleta com as especificações adequadas para o serviço
do Samu.
227. O chefe dos pilotos das motolâncias no DF acrescentou que, em contato com profissionais
de outros Samu no Brasil, em congresso realizado em setembro de 2010, teve informações de que as
motocicletas não estariam funcionando adequadamente em várias localidades, de modo que o DF
estaria em situação bastante avançada. Relatou que no Acre e no Pará, os profissionais não têm
material de proteção individual.
228. Em relação a possíveis repercussões da Resolução Cofen 375/2011 (presença obrigatória
de enfermeiro) no Samu-DF, o Coordenador afirmou que inviabilizaria o serviço de todo o Samu.
Ressaltou que o técnico em enfermagem está sob constante orientação/regulação do médico. De
acordo com o técnico em enfermagem, se o caso apresenta maior gravidade, o piloto da motolância
não intervém na vítima, mas auxilia bastante na segurança da cena.
229. Em auditoria realizada pelo Denasus na Secretaria de Estado de Saúde do Distrito
Federal (SES-DF) - Relatório de Auditoria 9277 MS/SGEP/Denasus -, no período de 9 a 12/12/2009,
foram registradas, entre outras, as seguintes constatações:
a) (64181 e 64187) A SES-DF não apresentou o projeto que implantou as motolâncias na Rede
SAMU-DF, e foi contemplada com 22 motocicletas.
b) (69393) Apesar de estar previsto o recebimento de nove motolâncias, a Coordenação
Regional do SAMU-DF recebeu 22 motocicletas.
c) (64192 e 64200) Das 22 motolâncias cedidas/doadas pelo Ministério da Saúde/CGUE,
dezoito ainda não haviam sido utilizadas na Rede SAMU-DF.
d) (69420) As motolâncias transitam em dupla por falta de espaço nos baús de carga para os
equipamentos e medicamentos (trauma/clínico).
e) (64201 e 69798) A SES-DF não efetivou seguro para as motolâncias recebidas do Ministério
da Saúde/SAS, e a as providências para aquisição de equipamentos de proteção individual ocorreram
sete meses após o recebimento das motolâncias.
207
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
f) (64206) A CGUE/SAS/MS transferiu motolâncias para a Secretaria Estadual de Saúde no
DF, sem os equipamentos previstos na Portaria 2971/08 (art. 4º, § 1º).
g) (64465) A comunicação entre o piloto e a central de regulação é imprópria para os
condutores das motolâncias.
h) (64211) A capacitação de profissionais condutores das motolâncias, realizada pela
Coordenação do SAMU-DF, foi em quantitativo inferior ao necessário.
230. Decorrido mais de um ano do período que o Denasus realizou a auditoria, ainda podem
ser observadas limitações na atuação das motolâncias no Samu-DF.
231. Em relação à quantidade de motocicletas que efetivamente prestam o serviço, a falta de
pessoal prepondera como principal fator limitante. Segundo a Coordenação do Samu-DF, o curso de
capacitação foi ofertado a todos os profissionais interessados. Entretanto, a Coordenação da DF
informou que está sendo negociada, com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, uma gratificação
especial para os servidores que se prontificarem a trabalhar com as motolâncias, como medida para
manter e atrair profissionais (resposta ao Ofício de requisição 6-366/2011).
232. No tocante à demora para o início do funcionamento das motolâncias, consideram-se
razoáveis as justificativas apresentadas: envio súbito das motos ao Samu-DF sem aviso com a devida
antecedência, ocasionando atraso na de adoção de providências necessárias, como os processos de
aquisição de equipamentos de segurança e emplacamento das motocicletas, realização de capacitação
de pilotos.
233. Apesar de a situação do Samu-DF ser relativamente melhor do que a de outras
Coordenações - relembre-se que em 55 de um total de 89 localidades pesquisadas ainda não
iniciaram a operação com as motos -, apenas dez de suas 22 motolâncias recebidas do MS estão em
pleno funcionamento.
234. Segue abaixo a descrição do achado conforme orientação nos manuais do TCU.
3.4.1 Situação encontrada
235. Das 22 motolâncias recebidas pela Coordenação do Samu no Distrito Federal, apenas
dez estão em efetiva utilização. Como houve perda total de uma das motos, e a reserva técnica é
estimada em 20%, tem-se que há seis motos ociosas no DF.
3.4.2 Objetos nos quais foi constatado
236. Ofício de requisição 6-366/2011 (peça 22, p. 2-4); resposta ao Ofício de requisição 6-
366/2011 (papéis de trabalho dos auditores); entrevista com Diretor do Samu-DF - Dr. Rodrigo
Caselli; entrevista com chefe dos pilotos das motolâncias - técnico em enfermagem Marcos Paulo
Braz de Paula.
3.4.3 Critério de auditoria
237. Art. 37 da Constituição de 1988 (princípio da eficiência).
3.4.4 Evidências
238. Ofício de requisição 6-366/2011 (peça 22, p. 2-4); resposta ao Ofício de requisição 6-
366/2011 (papéis de trabalho dos auditores); extratos das entrevistas realizadas com Diretor do Samu
do DF e com chefe da equipe de pilotos das motolâncias (peça 29).
3.4.5 Causas
239. De acordo com as informações coletadas junto à Coordenação do Samu-DF, o principal
motivo para não funcionamento de todas as motos é a falta de servidores interessados em trabalhar
nas motolâncias.
3.4.7 Efeitos reais e potenciais
240. Efeito real: má aplicação de recursos públicos, em virtude de ociosidade de seis motos de
um total de 21 motos disponíveis na Coordenação do Samu no Distrito Federal.
241. Efeito potencial: serviço à população que teoricamente deixou de ser prestado, pois as
motos poderiam estar em funcionamento, e consequentemente, realizando atendimentos de
emergência.
Encaminhamento
208
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
242. Com relação à Coordenação do Samu-DF, unidade visitada pela equipe no âmbito da
presente auditoria, caberá, quando da proposta de mérito, determinação à Subsecretaria de Atenção à
Saúde do Distrito Federal que apresente plano de ação contendo medidas a serem adotadas pela
Diretoria de Assistência às Urgências e Emergências com objetivo de dar plena utilização a todas as
21 unidades de motolâncias cedidas pelo Ministério da Saúde, acompanhado das respectivas
estimativas de prazos para cumprimento. No caso de avaliar-se que o Samu-DF não tem capacidade
operacional ou interesse em colocar todas as motos para funcionar, que restitua as motos
sobressalentes ao MS para devida redistribuição, conforme exigido pelo termo de doação, respeitada
a reserva técnica.
3.5. Achado 5: Falhas na sequência de ações previstas para possibilitar a operação das motos
243. A questão cinco da matriz de planejamento, última daquelas que investigaram a parte de
planejamento para implementação das motolâncias, indagou se as ações previstas para possibilitar a
operação das motos foi realizada de forma sincronizada.
244. Por meio dessa questão, buscou-se identificar, sobretudo nas licitações previstas para
compra de motos e equipamentos, se havia sincronia nos procedimentos de forma que a motolância
fosse entregue às Coordenações com todos os componentes de responsabilidade do Ministério da
Saúde.
245. No relatório de auditoria do Denasus, conforme constatação 80781 (Anexo 1 do TC
020.478/2010-0, p. 112), já havia sido informado que não foram localizados os equipamentos e
materiais de insumos que deveriam acompanhar as motos, de acordo com especificação do Termo de
Referência.
246. Em resposta (Anexo 1 do TC 020.478/2010-0, p. 182-185), a CGUE lembra que a
Portaria GM/MS 2.971/2008 estabelece os equipamentos mínimos para funcionamento da
motocicleta, e quais desses equipamentos o Ministério da Saúde era responsável pelo fornecimento:
Desfibrilador Externo Automático (DEA), Oxímetro Portátil e Cilindro de Oxigênio. Os demais
materiais, de acordo com o normativo, deveriam ser providenciados pelo gestor local do Samu.
247. Acrescenta a CGUE que os procedimentos administrativos para aquisição das motos e
dos equipamentos ocorreram de forma simultânea, mas em processos separados, o que, ao final,
resultou em descompasso na finalização das aquisições. Entre outros motivos, argumentou-se que se a
compra fosse unificada, poderia ocorrer cerceamento da concorrência, em face da natureza distinta
dos equipamentos a serem adquiridos.
248. A CGUE afirma que durante a tramitação dos processos para compra dos equipamentos,
surgiram problemas que acabaram por frustrar a intenção de que eles estivessem disponíveis ao
tempo da entrega das motos.
249. Em resumo, enumeraram-se os seguintes acontecimentos: cancelamento do Pregão
36/2008 (compra de DEA), por motivo de preço considerado abusivo, o que implicou na necessidade
de elaboração de novo descritivo técnico, novo edital e novo pregão - 147/2008 -, o qual, novamente,
foi cancelado também por motivo de preço considerado abusivo; o DEA foi finalmente adquirido por
meio do Pregão 127/2009, desta vez com preço bem menor do que os dos pregões anteriores. Como as
tentativas anteriores de compra de oxímetros não lograram êxito, somente em abril de 2009, por meio
do Pregão 128/2009, houve a compra de oxímetros, cuja entrega ocorreu entre agosto e setembro de
2010.
250. Já com relação aos cilindros de oxigênio, a CGUE afirma que foram enviados antes
mesmo da distribuição das motocicletas.
251. Conclui a CGUE que:
(...) o Ministério encontrou sim, dificuldade para equipar simultaneamente algumas
motocicletas com suas entregas, porém todos os componentes especificados na Portaria GM/MS 2.971
foram entregues para operacionalização adequada (...). é importante dizer ainda, que muitas
motocicletas, antes mesmo da completa entrega destes equipamentos, estavam em funcionamento com
209
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
equipamentos já distribuídos anteriormente ou de propriedade dos gestores locais do Samu. (Anexo 1
do TC 020.478/2010-0, p. 184-185).
252. Foi correta a decisão do Ministério da Saúde em adquirir os equipamentos e a
motocicleta em processos de licitação separados.
253. Em que pesem os argumentos de atrasos nos processos licitatórios para compra de
desfibriladores e oxímetros, o fato é que parte relevante das motos ainda não está em funcionamento,
conforme descrito no subtítulo 3.3 acima.
254. Os argumentos elencados pelo Ministério da Saúde justificam a falta de sincronia entre a
entrega das motos e a entrega dos equipamentos. Entretanto, esse fato - o atraso nas licitações para
compras de DEA e oxímetros - não justifica o porquê de ainda hoje grande parte das motos
permaneçam sem funcionamento, uma vez que a maioria delas foi distribuída às Coordenações locais
ainda no ano de 2009.
255. Novamente, defende-se neste relatório que um planejamento melhor elaborado poderia
ter previsto com mais precisão a capacidade operacional das Coordenações locais do Samu. A
distribuição das motos sem levar em consideração a realidade das Coordenações fez com que muitas
delas recebessem o recurso sem que estivessem preparadas para colocá-lo em funcionamento.
256. Nesse sentido, o presente achado, por relacionar-se às deficiência de planejamento já
relatadas no item 1 1acima, não será alvo de nova proposta de encaminhamento, uma vez que já será
sugerida a audiência dos responsáveis para que apresentem suas justificativas relacionadas à
aquisição e distribuição de quatrocentas motolâncias sem a comprovação de planejamento que
demonstrasse a necessidade e viabilidade de implementação do novo componente à frota do Samu.
3.6. Achado 6: Falhas no processo de monitoramento e avaliação do MS
257. O programa mínimo para implantação das motolâncias na rede Samu (peça 27), indica
em seu item catorze:
14) Estatísticas:
Além de serem incluídas nas estatísticas mensais de chamados e ocorrências, enviados pelos
serviços SAMU 192 ao Ministério da Saúde, deverão ser enviadas estatísticas referentes às situações
em que estas foram utilizadas e de acordo com o Anexo III da Port. GM 2971/08, conforme planilha
abaixo:
SAMU 192 de: nº de ocorrências
Situação
a) Acionamento antes da USA
b) Difícil acesso
c) Apoio a USB
d) Apoio a USA
e) Demais situações
Total de ocorrências Motolância
Número de Motolâncias serviço:
258. Por meio do Ofício de Requisição 4-366/2011, foi questionado à CGUE se há
monitoramento realizado pelo MS acerca da utilização das motolâncias pelas coordenações do SAMU
(peça 22, p. 1, item ‘l’).
259. Como resposta àquele ofício, a Coordenação Geral de Urgência e Emergência informou
que ‘Não temos uma avaliação sistêmica dos serviços, estamos iniciando uma avaliação através da
Ouvidoria do MS para ser realizado em 2011 para todos os serviços do SAMU 192;’ (peça 25, p. 1,
item).
260. Na pesquisa realizada no âmbito desta auditoria junto às Coordenações do Samu, foi
indagado em que aspectos houve melhora no atendimento pré-hospitalar de urgência com o
funcionamento das motolâncias (questão 27).
210
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
261. Coletaram-se 135 respostas de 33 Coordenações nas quais as motolâncias já estavam em
funcionamento (média de aproximadamente 4 respostas por Coordenação). Apresenta-se, a seguir,
gráfico com o resultado da tabulação das respostas para essa questão:
Gráfico 6: melhorias com implantação de motolâncias
1
14
19
22
22
27
30
0 5 10 15 20 25 30 35
OUTROS
AUMENTO DO NÚMERO DE ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIAS, COM
DIMINUIÇÃO DA DEMANDA REPRIMIDA
AUMENTO DA CONFIANÇA DA POPULAÇÃO NO SAMU, DEVIDO AO
ATENDIMENTO MAIS RÁPIDO
MELHORA NA QUALIDADE DO ATENDIMENTO AOS CHAMADOS DE
EMERGÊNCIA
AUXÍLIO NA REGULAÇÃO DOS RECURSOS DO SAMU
MAIOR FACILIDADE PARA CHEGAR A LOCAIS DE DIFÍCIL ACESSO, ONDE AS
AMBULÂNCIAS NÃO CHEGAVAM
MELHORA (DIMINUIÇÃO) DO TEMPO DE RESPOSTA AOS CHAMADOS DE
EMERGÊNCIA
Melhorias percebidas no Samu com implantação de motolâncias
262. Apesar de estar previsto no item catorze do programa mínimo para implantação das
motolâncias que as Coordenações devem enviar estatísticas referentes aos atendimentos, constatou-se
que o MS não realiza avaliação dos serviços, conforme transcrição no item 259 acima, o que
demonstra mais uma vez as dificuldades da CGUE no gerenciamento do programa.
263. Coletaram-se respostas sobre percepções de melhoria no atendimento do Samu em 33
localidades onde as motos já estão em operação. As principais melhorias identificadas na pesquisa
dizem respeito à diminuição no tempo-resposta aos chamados do Samu (opção marcada por trinta
Coordenações, ou 90,91% dos locais onde as motos estão em funcionamento) e melhor acesso a locais
de difícil acesso (27 Coordenações, ou 81,82%).
264. As demais respostas obtidas foram: auxílio na regulação dos recursos do Samu e melhora
na qualidade do atendimento aos chamados de emergência (22 Coordenações cada, ou 66,67%);
aumento da confiança da população no Samu (dezenove Coordenações, ou 57,58%); e diminuição de
demanda reprimida (catorze Coordenações, ou 42,42%). Uma Coordenação lembrou outro motivo:
‘aumento de segurança em deslocamentos do local da ocorrência ao Hospital, com as motos fazendo o
papel de batedores’.
265. Verifica-se, assim, que o trabalho das motolâncias tem importantes reflexos para o
trabalho do Samu, e em última consequência, para a melhora no atendimento à população. Em
entrevista realizada com o Coordenador do Samu no Distrito Federal, foi relatado à equipe de
auditoria que, inicialmente, apesar de não ter sido consultado sobre a doação das motos e não ter
manifestado vontade de trabalhar com o novo veículo, após a sua entrada em operação constatou que
as motolâncias são importante instrumento para a Coordenação e que não poderia mais abrir mão
dele. No mesmo sentido, o chefe da equipe de pilotos das motolâncias informou que há demanda, no
Samu-DF, que justifique a necessidade de mais pilotos e mais motos em operação.
266. Conclui-se que a motolância, quando devidamente em funcionamento, é instrumento que
tem sua utilidade para o Samu, com impactos positivos no trabalho de atendimento à população.
Entretanto, constatou-se que o Ministério da Saúde apresenta nova dificuldade de gerenciamento do
programa, uma vez que não faz avaliação sistemática da utilização das motolâncias, como seria
desejável.
267. Segue abaixo a descrição do presente achado conforme orientação nos manuais do TCU.
211
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
3.6.1 Situação encontrada
268. Inexistência de avaliação sistêmica do componente motolância na política de atendimento
a emergências do Ministério da Saúde.
3.6.2 Objetos nos quais foi constatado
269. Ofício de Requisição 4-366/2011 (peça 22, p. 1) e respectiva resposta da CGUE (peça
25).
3.6.3 Critério de auditoria
270. Art. 37 da Constituição Federal de 1988 (princípio da eficiência); programa mínimo para
implantação das motolâncias na rede Samu (peça 27); Portaria GM/MS 1.863/2003, art. 2º, item 5.
3.6.4 Evidências
271. Resposta da CGUE (peça 25) ao Ofício de Requisição 4-366/2011, letras ‘L’ e ‘M’.
3.6.5 Causas
272. De acordo com a resposta da CGUE retromencionada, a avaliação e o monitoramento da
implementação das motolâncias é prejudicado em virtude de quadro de pessoal reduzido.
3.6.6 Efeitos reais e potenciais
273. Efeito real: a falta de monitoração sistemática do componente motolância impede a sua
avaliação e consequentemente em que medida os resultados esperados estão ou não sendo
alcançados.
274. Efeito potencial: sem informações sobre o resultado da implementação das motos, o
Ministério da Saúde pode tomar decisões equivocadas a respeito do componente, como, por exemplo,
adquirir mais unidades, sendo que as que já foram compradas ainda não estão com plena utilização.
3.6.7 Encaminhamento
275. Quando da decisão de mérito do presente processo, deverá ser avaliada a possibilidade
de encaminhamento no sentido de que se dê ciência ao Ministério da Saúde do descumprimento da
legislação no que se refere ao acompanhamento e monitoramentos das ações executadas no âmbito da
política de urgência e emergência (Portaria GM/MS 1.863/2003, art. 2º, item 5).
4. Análises que não resultaram em achados
4.1. Processo licitatório para aquisição das motocicletas e respectivo contrato
276. Neste item serão apresentados os resultados acerca das questões de auditoria
relacionadas à licitação para compra das quatrocentas motos (Pregão Eletrônico SRP 212/2007 do
MS) e o contrato firmado com a empresa vencedora do certame.
4.1.1. Definição do objeto da licitação
277. Com a questão seis da matriz de planejamento, buscou-se verificar se o objeto do pregão
212/2007 (motolâncias) havia sido definido adequadamente e sem caracterizações excessivas de
forma a propiciar algum tipo de direcionamento da licitação.
278. A compra das quatrocentas motocicletas ocorreu sob o Pregão Eletrônico 212/2007,
mediante Sistema de Registro de Preços. Constatou-se, na ata do referido pregão (peça 19, p. 96) que
participaram da disputa oito empresas diferentes, que ofertaram lances via sistema eletrônico.
279. Verificou-se que o fato de caracterização excessiva chegou a ser suscitado, mediante duas
impugnações ao edital apresentadas pela empresa licitante ‘Freedom Motors Ltda.’, as quais
alegaram especificações que restringiam sua participação no certame. Entretanto, tais indícios não se
confirmaram, pelos motivos que se apresentam abaixo.
280. Em sua primeira impugnação (peça 18, p. 122-125), a empresa afirma que determinadas
especificações do edital direcionariam o objeto para a fabricante Yamaha, e impediriam a
participação da marca Honda. As especificações que representariam caracterizações excessivas, na
opinião da impugnante, por não possibilitarem que ela concorresse com o modelo de motocicleta
‘Tornado’ foram os seguintes: exigência de freios dianteiro e traseiro a disco (a ‘Tornado’ tem freio a
disco dianteiro, mas o freio traseiro é a tambor), e exigências de componentes do painel da
motocicleta que seriam diferentes na ‘Tornado’, mas que desempenhariam as mesmas funções.
212
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
281. O certame foi então suspenso para avaliação da impugnação do edital apresentada ao
MS. Parte das argumentações relacionadas às especificações do painel foram acatadas pelo MS e
alteradas na nova publicação do edital. A questão relativa ao freio a disco foi submetida à análise do
Laboratório de Ar-Condicionado e Refrigeração, do Departamento de Engenharia Mecânica da
Universidade de Brasília (LaAR), o qual, por meio de parecer técnico (peça 18, p. 145-149),
considerou improcedentes as alegações do impugnante. Alega-se, no referido parecer, que o
desempenho da frenagem de sistemas a disco é superior àqueles de sistemas a tambor. Conclui o
técnico da UnB: ‘Entendemos assim que a exigência de freio a disco na roda dianteira deve ser
mantida em beneficio da segurança dos funcionários da SVS’ (peça 18, p. 148), posição acatada e
mantida na nova publicação do edital.
282. Em data posterior, a licitante Freedom Motors Ltda. apresentou nova impugnação
administrativa, argumentando que o edital havia sido republicado com os mesmos vícios, sem que
tenha havido resposta à sua impugnação inicial.
283. Por sua vez, o Ministério da Saúde afirma que a resposta à primeira impugnação foi
encaminhada por meio do Parecer Técnico 47, de 30/1/2007, e que o novo descritivo técnico do edital
considera parte das argumentações trazidas pela Freedom Motors. Assevera o MS que considerou a
questão dos freios a disco superada, tendo em vista o parecer técnico da UnB já mencionado. Finaliza
negando provimento ao novo recurso.
284. Não foram encontrados indícios que apontassem direcionamento na licitação em análise.
Diante das modificações procedidas no edital e das justificativas apresentadas pelo MS com relação
ao que não foi acatado, não se considera que houve indícios de caracterização excessiva no objeto do
edital que poderia implicar em direcionamento.
285. Outra questão que se relaciona estreitamente com a parte de planejamento para
concepção das motolâncias como novo componente para o Samu diz respeito às inadequações das
especificações das motos, conforme avaliação dos pilotos do Samu-DF. Na opinião dos pilotos das
motolâncias do Samu-DF, as especificações das motocicletas não são condizentes com o tipo de
trabalho que devem desempenhar.
286. O chefe dos pilotos das motolâncias do Samu-DF já havia elaborado uma lista com os
principais problemas das motocicletas para a Coordenação do DF, previamente à visita desta
auditoria, por meio do Memorando 12/2010-GMAU/SAMU/SAS/SES, de 15/3/2011, em que são
apontados: falta de estabilidade; sistema de freio inadequado, com superaquecimento e frenagem
lenta; alto custo de manutenção (peças caras, e motos quebram com muita frequência); sistema
elétrico inadequado; potência do motor baixa e não adequada para o serviço; sistema de embreagem
ruim, com vida útil baixa; alto consumo de combustível; fixação do baú inadequada; suspensão
traseira frágil; e baixo volume de carga.
287. Entretanto, as respostas coletadas por meio dos questionários enviados às Coordenações
de Samu em todo o País mostram informações divergentes daquelas verificadas junto ao Samu do
Distrito Federal. Com efeito, por meio da pesquisa, detectou-se que a grande maioria das
Coordenações em que a motolância está em operação considera adequado o modelo de motocicleta
escolhido, de acordo com os critérios questionados. Os itens considerados mais problemáticos dizem
respeito à frenagem e ao equilíbrio da motocicleta (23,53% das 34 localidades que estão operando
com a moto consideraram que esses itens não são adequados), conforme gráfico abaixo:
Gráfico 7: avaliação das Coordenações do Samu sobre adequação do tipo de moto
213
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
2630
2832
2926
84
62
58
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Frenagem Potência Segurança Autonomia Resistência Equilíbrio
Adequação das especificações da moto
Não
Sim
288. Portanto, apesar de o Ministério da Saúde não ter apresentado estudos para definição
dos critérios técnicos para as motolâncias, e a despeito das críticas ao modelo da motocicleta
verificadas junto ao Samu-DF, não há elementos suficientes para caracterizar uma inadequada
especificação da motocicleta como achado de auditoria. Fica, entretanto, o registro para o caso de
serem realizadas novas auditorias nos outros estados do País sobre o assunto: a especificação da
moto deve fazer parte do escopo.
4.1.2. Inadequação do orçamento
289. Por meio da questão sete da matriz de planejamento, procurou-se avaliar a adequação do
orçamento, de forma a se identificar possíveis indícios de sobrepreço nos valores contratados.
290. Inicialmente, identificou-se que o valor unitário da motocicleta na tabela da Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), tendo como referência o mês de novembro de 2007, época
da contratação, era de R$ 11.208,00, enquanto que o valor obtido pelo Ministério da Saúde na
licitação foi de R$ 15.080,00 (34,54% superior).
291. Entretanto, cumpre registrar que o valor contratado pelo Ministério da Saúde incluíam as
seguintes adaptações/equipamentos necessárias às motolâncias, conforme termo de referência do
edital do Pregão Eletrônico SPR 212/2007 à p. 198 da peça 18 (processo 25000-200718-2007-18-
vol1): sinalizador sonoro; sinalizadores do tipo patrulheiro (led), nas partes dianteira e traseira da
moto; protetor de motor; antena protetora contra linhas de pipas; padrão de identidade visual
definida pelo MS; e um bagageiro com capacidade para 29 litros.
292. Verifica-se, assim, que não há possibilidade de se compararem os valores unitários das
motocicletas adquiridas pelo Ministério da Saúde tão somente com os valores da tabela Fipe, uma vez
que as adaptações e equipamentos necessários às motolâncias implicam custos adicionais.
293. Para aquisição da mesma motocicleta adquirida pelo Ministério da Saúde, o Ministério
da Justiça realizou o Pregão Eletrônico 65/2010, para registro de preços de 1500 unidades, da
Yamaha Lander Z250, ao valor unitário de R$ 17.970,00. A diferença entre esse e o valor da tabela
Fipe, R$ 11.735,00, tendo como referência o mês dessa licitação, é ainda maior do aquele verificado
no Pregão Eletrônico SRP 212/2007 do Ministério da Saúde.
294. No edital Pregão Eletrônico 65/2010 do Ministério da Justiça, as especificações técnicas
são semelhantes às do edital do Pregão Eletrônico SRP 212/2007 do Ministério da Saúde, pois exigem
diversas adaptações/equipamentos, tais como: sistema de sinalização visual composto por mini
sinalizadores com no mínimo três leds, selado ou vedado contra água, nas cores rubi e cristal, dotado
de lentes difusoras em plástico de engenharia com resistência automotiva e alta visibilidade,
214
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
sincronizados face a face, alimentados nominalmente com tensão de 12 a 14,7 Vcc; sinalizadores
patrulheiros dianteiro, traseiro e lateral; sirene eletrônica; amplificador; padrão visual definido pelo
MJ, entre outras.
295. A despeito de o valor unitário das motocicletas adquiridas nessas duas licitações serem
de fato superior às da tabela da Fipe, verifica-se que há necessidade de se levar em consideração as
adaptações exigidas pela Administração. Realizada comparação com licitação semelhante do
Ministério da Justiça, constata-se que não há indícios de sobrepreço nos valores desembolsados pelo
Ministério da Saúde em decorrência do Pregão Eletrônico SRP 212/2007, razão pela qual não serão
necessárias propostas de encaminhamentos.
4.1.3. Inter-relação entre responsáveis da licitação e empresas licitantes
296. Para verificar se participaram da licitação empresas que pertenciam a pessoas com
interesses comuns, frustrando o caráter competitivo do certame, foi realizada pesquisa dos
responsáveis do Ministério da Saúde e dos sócios das empresas licitantes, incluindo a empresa
vencedora do certame, conforme questão oito da matriz de planejamento.
297. Consultados os registros dos sistemas CPF e CNPJ, não foram observados indícios de
relação de parentesco ou de participação societária entre os responsáveis pelo certame e as empresas
licitantes.
4.2. Contrato 10070/2008 do Ministério da Saúde
298. A questão de auditoria nove teve por objetivo analisar questões relativas ao Contrato
10070/2008, em especial, a existência de todas as cláusulas essenciais, a definição com precisão do
objeto conforme licitado e o prazo de duração.
299. A análise do edital indica que estão presentes as cláusulas necessárias previstas no art.
55 da Lei 8.666/93. O prazo de vigência, definido na cláusula sexta do contrato como sessenta dias,
tampouco contraria o art. 57 da Lei de Licitações.
300. Todavia, cumpre registrar questão afeta ao contrato identificada pelo Denasus. Conforme
apontado na constatação 80770 do Relatório 8796 do Denasus, apesar de estabelecido na cláusula
quarta da ata de registro de preços, que a entrega das motocicletas seria nos respectivos Núcleos
Estaduais de Saúde das 26 unidades federadas, as motolâncias foram entregues pela
CGUE/DAE/SAS/MS no pátio da contratante (transformadora Rontam Eletrometalúrgica Ltda.), na
cidade de Tatuí, no estado de São Paulo.
301. A proposta apresentada pela vencedora do certame também identifica que o local de
entrega seria em cada núcleo estadual de saúde.
302. Entretanto, por meio do Memorando CGUE/DAE/SAS 271 (peça 18, p. 117 - processo
250000.109185/2008-11), o Sr. Emival, na qualidade de Coordenador Geral Substituto da
CGUE/DAE/SAS/MS, solicita ao Diretor DAE/SAS/MS, Dr. Alberto Beltrame, a alteração da cláusula
quarta da ata de registro de preços, uma vez que os núcleos estaduais de saúde não teriam a estrutura
física necessária (grande área de acomodação) para receber os veículos. As motocicletas deveriam
ficar à disposição do Ministério da Saúde no pátio da licitante vencedora, para liberação conforme
cronograma a ser entregue pela CGUE.
303. Não foi localizado no processo SIPAR 250000.109185/2008-11, referente ao Contrato
10070/2008, solicitação para que a empresa vencedora do Pregão 212/2007, ajustasse o valor da
proposta, diminuindo o valor do frete. No entanto, consta documento dessa empresa (Yamaha Motor
da Amazônia Ltda.), informando que concorda com a entrega dos veículos no pátio da
transformadora, localizada Rodovia 127-SP, Km 114,5, Tatuí/SP, e que na formação do preço não
teria composição do valor do frete, restando o preço do veículo sem alteração (peça 18, p. 128).
304. A Secretaria de Atenção à Saúde apresentou os seguintes esclarecimentos (anexo 1 do TC
020.478/2010-0, ):
O Termo de Referência e o Descritivo Técnico que embasaram, do ponto de vista técnico, a
elaboração do Edital foram escritos e apresentados pela SAS. Nenhum destes documentos faz menção
ao local de entrega das motocicletas que seriam adquiridas.
215
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Já o Edital do Pregão Eletrônico/SRP 212/2007, elaborado no âmbito da então
CGRL/SAA/SE/MS, previu, como em muitos editais de compra centralizada pelo Ministério, a entrega
das motocicletas nos Núcleos Estaduais de Saúde das 26 unidades federadas. Tal previsão de entrega
foi, portanto, diferente do usual nas compras do SAMU - de ambulâncias, por exemplo, cuja entrega
prevista em todos os Editais têm sido na própria montadora.
Diante do processo de efetiva distribuição das motos e, mais do que isso, do complexo e
necessariamente negociado processo de implantação deste novo veículo na frota do SAMU - com
retardo nas adesões e nas apresentações de projetos de implantação pelos gestores locais (como
abordado no Esclarecimento das Constatações 80747, 80749, 80750 e 80778 abaixo), a imediata e
direta entrega das motos nos Núcleos Estaduais de Saúde revelou-se inadequada. Os Núcleos, como
se sabe, não têm infraestrutura adequada para a guarda deste quantitativo de motos, especialmente se
considerarmos que sua entrega efetiva nos locais finais de destino não seria automática e sim
dependente de um longo processo de implantação, como de fato se deu - assim, a não entrega
imediata nos Núcleos e sua permanência temporária na montadora até sua distribuição final teve
também como objetivo preservar o patrimônio público, aguardando liberação para um local
adequado.
Em função disso, o Memorando CGUE/DAE/SAS 271 de 6 de agosto de 2008, citado na
Evidência da presente Constatação, teve o único objetivo de, observada a realidade fática da
impropriedade de os Núcleos receberem direta e automaticamente as motos, solicitar à
CGRL/SAA/SE/MS que adotasse as providências necessárias para que as mesmas, até que fossem
liberadas de acordo com solicitação da CGUE/DAE/SAS/MS e de acordo com ‘Cronograma de
Entrega’, ficassem à disposição do Ministério da Saúde na licitante ou implementadora/adaptadora
que o contratado indicasse.
Tal solicitação, em nenhum momento, teve a intenção - com dolo, má-fé ou de gerar vantagem
adicional ao licitante, de desonerá-lo de qualquer outra obrigação gerada pelo Edital ou Proposta -
notadamente a de providenciar o frete entre a montadora e os Núcleos Estaduais.
A SAS não mencionou a questão do frete e tampouco tomou conhecimento, à época, da
consulta feita pela CGRL à empresa e sua resposta por meio do Ofício de 18 de agosto de 2008.
Grifou-se.
305. No Contrato 10070/2008, ficou estabelecido, no parágrafo primeiro de sua cláusula
quinta, que ‘o objeto deste contrato ficará à disposição do Ministério da Saúde, no pátio da
contratada e sua liberação se daria por solicitação advinda da CGUE/DAE/SAS/MS, conforme
cronograma de entrega a ser encaminhado’.
306. Ao final dos esclarecimentos, a CGUE sugere que o próprio Denasus, no exercício de
suas competências regimentais, quantifique os valores referentes ao frete para que a área competente
da Secretaria Executiva tome as providências administrativas e/ou judiciais para o ressarcimento pela
contratada dos gastos efetuados pelos gestores locais do Samu com este transporte.
307. Verifica-se que os preços ofertados pelas empresas licitantes, no momento da licitação,
incluíam, necessariamente, o valor de frete, uma vez estava estabelecido na cláusula quarta da ata de
registro de preços que a entrega das motocicletas deveria ser efetuada nos respectivos Núcleos
Estaduais de Saúde das 26 unidades federadas.
308. Diante da necessidade do Ministério da Saúde de que as motos ficassem à sua disposição
no pátio da transformadora, na cidade de Tatuí (SP), e não mais fossem entregues nas secretarias
locais de saúde, como previsto inicialmente, cabe analisar as implicações da modificação do que já
havia sido definido anteriormente.
309. Em um primeiro momento, constata-se que houve percepção, por parte da empresa
contratada, de valores que não eram, inicialmente, devidos pela Administração, uma vez que ela
deixou de arcar com custos de frete. Entretanto, como o contrato assinado previu que as motos
deveriam ficar à disposição do Ministério no pátio da montadora, e não mais serem entregues nos
núcleos de saúde estaduais, a empresa poderia reclamar cobrança de aluguel durante o tempo de
216
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
guarda das motos, ou pelo menos solicitar a diferença entre os valores de frete e de aluguel, caso este
fosse maior, o que não aconteceu.
310. Desse modo, seria legítimo à empresa vencedora do certame que, diante de modificação
contratual solicitada pelo Ministério da Saúde, os custos inicialmente previstos para a parte do frete
das motocicletas fossem substituídos pelos custos de armazenamento.
311. Nesse sentido, afastam-se os indícios de prejuízo ao erário, uma vez que o custo referente
ao frete foi substituído pelos custos de armazenamento das motocicletas. Cumpre salientar ainda que
muitas das motos permaneceram à disposição do Ministério da Saúde por período superior a doze
meses.
312. Portanto, determinações ao Ministério da Saúde no sentido de que tente reaver, junto à
empresa, valores referentes ao frete das motos, que não foram arcados pela empresa contratada,
restariam inócuos. Primeiro, pelo simples fato de que o contrato assinado previa não mais a entrega
das motos nos estados, e sim a sua disponibilização no pátio da montadora, a pedido da própria
administração, sem qualquer alteração de preço. Segundo, porque, apesar de não ter arcado com
custos de frete, a empresa certamente arcou com custos de armazenamento das motos.
313. Resta, assim, mais uma vez evidenciada a precariedade no planejamento das ações da
CGUE para implementação do componente motolância à frota do Samu. Conforme relatado pela
própria CGUE, o processo de distribuição das motos não foi prejudicado exclusivamente pela falta de
sincronia nas licitações para compra de motos e de equipamentos de responsabilidade do Ministério
da Saúde (desfibriladores, oxímetros e cilindros de oxigênio), mas também pelo retardo nas adesões e
apresentações de projetos de implantação pelos gestores locais, fator que poderia ter sido facilmente
identificado em fase ainda inicial do projeto.
314. Veja-se que por meio de simples questionário enviado às coordenações locais do Samu,
esta auditoria identificou que 30,6% (27 coordenações de um total de 88 consultadas) não foram
sequer consultadas sobre eventual interesse em receber as motolâncias. No mesmo sentido, 40,2% dos
que responderam à pesquisa (35 coordenações) afirmaram que não tinham condições adequadas para
receber o veículo e colocá-lo em funcionamento de forma apropriada.
315. A alteração no local de entrega das motos, portanto, é mais um dos elementos que
comprovam falhas de planejamento para implementação das motolâncias no Samu.
4.3. Pagamento de frete de 51 motolâncias pelo MS para solenidade em Brasília
316. Nas constatações 80822 e 80763 do Relatório 8796 do Denasus, foi apontada despesa
realizada pelo Ministério da Saúde para o transporte de 51 motolâncias de São Paulo à Brasília no
valor de R$ 51.000,00 (valor unitário do frete de R$ 1.000,00), com indicativos de superfaturamento
se comparados com o transporte de 200 motolâncias ao preço unitário de R$ 430,00, informado no
Processo 25000.202273/2008-83.
317. A CGUE, por sua vez, esclareceu o seguinte:
Ora, a constatação de ‘indicativos de superfaturamento’ foi construída pelos Auditores com
base no comparativo com o transporte de 200 motocicletas ao preço unitário de R$ 430,00 (...),
informado no processo 25.000.202273/2008-83. Tal transporte jamais foi executado e jamais foi pago.
Basta verificar às folhas 11 deste já citado processo, o despacho datado de 06/04/2009 que o remete
para arquivamento uma vez que o serviço fora ‘executado conforme solicitado no Memo 882/2008-
COSUP/DIRPA e RT n° 612/2008’.
(... )
O serviço foi faturado com um valor total de R$ 10.785,64 (... ) e pago um valor total de R$
10.154,68 (...), conforme Autorizações para Transportes, Notas Fiscal, Documento de Cobrança, Nota
Despacho, Autorização de Pagamento (às folhas 12 do processo - SIPAR 25000.055053/2002-69 -
Anexo VI) e Ordem Bancária em favor do contratado constantes dos autos.
Quanto à Nota Fiscal de Serviços Fatura 25247, de 16 de dezembro de 2008, encontrada no
Processo 25000.529135/2009-20 (... ) fora Cancelada na própria empresa - cópia constante do
ANEXO VII.
217
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Resta por fim, esclarecer, mais uma vez, que as despesas com o transporte das motocicletas de
São Paulo à Brasília foram pagas de acordo com a Nota Fiscal 25643, SIPAR 25000.496539/2009-20,
no valor de R$ 10.785,64 e, com os devidos descontos pagos o total de R$ 10.154,68, conforme já
referido acima. (Anexo 1 do TC 020.478/2010-0, fls. 190-192).
318. Diante dos esclarecimentos apresentados, verifica-se que a CGUE logrou afastar os
indícios de irregularidade encontrados pelo Denasus. Foi apresentada a cópia da Nota Fiscal
cancelada (Anexo 1, Volume 1, do TC 020.478/2010-0, fl. 259), cujo valor estaria superfaturado, bem
como cópia da Nota Fiscal 25643, que apresenta valor total de R$ 10.785,64, conforme Anexo 1 do
TC 020.478/2010-0, fl. 244, utilizada para pagar a despesa referente ao frete das 51 motolâncias.
Diante do exposto, não serão propostos encaminhamentos com relação à questão.
4.4. Critérios utilizados para distribuição das motolâncias não foram obedecidos em razão da
falta de compatibilização com as necessidades dos estados
319. Ainda no que diz respeito à fase de planejamento para implementação das motolâncias
como novo componente do Samu, procurou-se, por meio da questão três da matriz de planejamento,
conhecer os critérios utilizados pelo MS para estabelecer o quantitativo de motos a ser adquirido, bem
como os critérios para sua distribuição junto às Coordenações locais.
320. Conforme art. 1º, §1º, da Portaria GM/MS 2.971/2008, que institui a motolância como
integrante da frota do Samu e define critérios técnicos para sua utilização, o quantitativo de
motocicletas a ser distribuído acompanhará, preferencialmente, o número de ambulâncias habilitadas
em cada serviço, na proporção de uma motocicleta para cada Unidade de Suporte Avançado e uma a
cada duas Unidades de Suporte Básico.
321. As ambulâncias - USA e USB -, por sua vez, têm sua distribuição definida por meio de
critério populacional, conforme art. 3º, §3º da Portaria GM/MS 1.864/2003, que institui o componente
pré-hospitalar móvel da Política Nacional de Atenção às Urgências, na proporção de uma Unidade de
Suporte Avançado para cada quatrocentos mil habitantes e uma Unidade de Suporte Básico para cada
150 mil habitantes.
322. Portanto, ao definir que o quantitativo de motocicletas a ser distribuído deveria
acompanhar, preferencialmente, o número de USA e USB, o Ministério da Saúde determinou que as
motolâncias também seriam distribuídas conforme critério populacional.
323. Entretanto, esse critério não foi integralmente seguido devido à recusa de alguns estados
em receberem as motolâncias, como foi o caso de Santa Catarina e Rondônia. Assim, foi necessária
uma readequação, de acordo com a disposição dos estados/municípios em receberem o recurso e
proporcionar a devida utilização.
324. Os relatórios do Denasus indicaram como constatação não conforme o recebimento, por
parte de algumas Coordenações do Samu, de quantitativo de motos divergente daquele estabelecido
pelo Ministério da Saúde (constatações 80747, 80749, 80750, 80853 e 80778, contidas no relatório de
auditoria 8796 - fls. 100-159 do Anexo 1 do TC 020.478/2010-0).
325. Em resposta à constatação do Denasus, a CGUE justifica que no momento de distribuição
das motolâncias, muitos gestores retardaram a adesão, a apresentação do projeto e as demais
providências que lhe eram cabíveis. Assim, afirma a CGUE que:
a não distribuição de motos para algumas coordenações inicialmente previstas, ou a
distribuição em quantitativo inferior ou superior (...) ocorreram em função da realidade de cada
coordenação, a apresentação de projetos e a disposição de implantação real de implantar os veículos.
(Anexo 1 do TC 020.478/2010-0, fl. 188).
326. Nas considerações que antecedem a Portaria GM/MS 2.971/2008, foi apontada ‘a
dificuldade de tráfego nos grandes centros urbanos, bem como territórios de difícil acesso para os
veículos que predominam na frota atual (ambulâncias)’.
327. Entretanto, o critério de distribuição das motolâncias utilizado apoia-se somente no
quantitativo populacional (uma vez que segue o critério de distribuição das ambulâncias
convencionais). Não foi constatado, nesta auditoria, nenhum tipo de estudo com relação a quais
218
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
cidades ou regiões metropolitanas apresentariam maiores problemas com tráfego ou grau de
congestionamento.
328. Ainda que tal estudo fosse desejável para um adequado dimensionamento de quantidade
de motos e da sua respectiva distribuição, o fato não será tratado como achado de auditoria, uma vez
que se supõe, quanto maior a população de uma região, maiores os problemas com relação ao
trânsito.
329. Também com relação à distribuição das motolâncias, verifica-se que não há indícios de
irregularidade, uma vez que a Portaria GM/MS 2.971/2008 estabelece que os critérios de distribuição
estabelecidos devem ser seguidos preferencialmente (ou seja, não há obrigatoriedade) na proporção
de USA e USB habilitadas. Além disso, dado que determinadas secretarias de saúde se recusaram a
receber as motos (a exemplo de Santa Catarina), houve necessidade de realocação de parte das
motos, e a distribuição passou a ser realizada de acordo com o interesse e capacidade operacional
para colocar as motocicletas em funcionamento.
4.5. Recursos transferidos para o Samu-DF na modalidade fundo a fundo aplicados no
mercado financeiro
330. Por meio da questão de auditoria sete, buscou-se verificar se os recursos transferidos
para o Samu-DF (que inclui os recursos para as motolâncias) estão sendo executados ou se
encontram aplicados no mercado financeiro.
331. De acordo com o art. 3º da Portaria GM/MS 2.971/2008, compete ao Ministério da
Saúde, por intermédio do Fundo Nacional de Saúde, realizar repasses, regulares e automáticos, de
recursos aos fundos de saúde, para manutenção das equipes de motolâncias efetivamente implantadas
(habilitadas), segundo o parâmetro de R$ 7.000,00 por mês por unidade de motocicleta.
332. Por meio da Portaria GM/MS 2.848, de 20/9/2010, o Distrito Federal foi habilitado a
receber o incentivo de custeio destinado a nove motolâncias do SAMU DF, totalizando R$ 63.000,00
mensais. Entretanto, esses recursos para o custeio das motolâncias são repassados em conjunto com
os recursos destinados ao custeio do SAMU DF com um todo. Por meio da Portaria GM/MS
1.589/2005, que habilitou o SAMU DF, eram repassados R$ 586.500,00 mensais até março de 2010
(regime de caixa). A Portaria GM/MS 3.142/2009 redefiniu o limite financeiro anual dos recursos
destinados ao custeio da central do SAMU DF, e, finalmente, com a já citada Portaria GM/MS
2.848/2010, o DF passou a receber R$ 739.500,00 para o seu SAMU, incluindo os recursos para as
motolâncias.
333. Até março de 2011, esses recursos do SAMU eram destinados à conta corrente 61.352, da
agência 1607, do Banco do Brasil, de titularidade do Fundo de Saúde do DF. Os recursos
correspondentes à fonte do SAMU (138003481) eram transferidos, posteriormente, para uma conta
específica do SAMU no Banco de Brasília (BRB 070), de número 00568-4, da agência 00262. A partir
de abril de 2011, houve mudança do CNPJ do Fundo de Saúde do Distrito Federal para matriz
(12.116.247/0001-57), já que, anteriormente, o CNPJ utilizado era de filial (00.394.700/0002-99) da
Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Deve ser ressaltado que, no aspecto financeiro, o Fundo de
Saúde do DF sempre foi o titular das contas. A execução dos recursos do SAMU-DF é realizada na
conta do BRB.
334. A partir dos extratos da conta corrente do Samu (número 2120104314) no Banco
Regional de Brasília, constatou-se saldo de R$ 20.089.797,75 no dia 3/3/2011. No que se refere aos
recursos repassados ao Fundo de Saúde do DF com destino à estratégia do Samu, portanto, confirma-
se a constatação do Denasus de quantia relevante de recursos acumulados. Ressalte-se que esse saldo
de pouco mais de vinte milhões diz respeito ao recurso fundo a fundo repassado para toda a estratégia
do Samu-DF, e não somente aos valores repassados em razão das motolâncias habilitadas naquela
Coordenação.
335. De acordo com o detalhamento da despesa do Programa de Trabalho
10.302.0400.2060.0002 - Atendimento médico pré-hospitalar móvel de urgência (Samu), havia
previsão de contrapartida do DF no montante de R$ 6.906.700,00 (R$ 2.290.000,00 para material de
219
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
consumo, R$ 4.000.000,00 para contratação de pessoa jurídica, e R$ 616.700,00 para material
permanente), mas foram empenhados R$ 2.292.952,76 dessa previsão, e liquidados apenas R$
1.673.798,85 dos recursos próprios do DF para o Samu. Os gastos com pessoal não são especificados
no programa de trabalho do Samu.
Tabela 7: detalhamento da despesa - Programa de Trabalho ‘Samu’
Esfera Fonte Lei Empenhado Liquidado
339014 138 (MS) 0,00 1.121,26 1.121,26
339030 (material de consumo) 100 (GDF) 2.290.000,00 836.735.61 599.347,31
339030 138 2.200.000,00 3.365.530,22 2.614.271,85
339030 338
(superávit) 0,00 1.143.891,55 1.088.485,30
339039 (contratação de serviços
de PJ) 100 4.000.000,00 1.451.117,30 1.069.351,69
339039 138 3.300.000,00 1.597.298,60 525.837,58
339039 338 0,00 1.200,00 1.200,00
449052 (material permanente) 100 616.700,00 5.099,85 5.099,85
449052 138 2.124.500,00 453.583.50 132.278,50
449052 338 0,00 1.569.750,00 1.569.750,00
14.531.200,0
0 10.389.417,89 7.606.746,34
Fonte: Demonstrativo de Despesas do Fundo de Saúde do DF (peça 31)
336. Como os recursos das nove motolâncias habilitadas pelo Samu-DF junto ao Ministério da
saúde imiscuem-se aos outros recursos recebidos na sua conta, recebidos na modalidade fundo a
fundo, não foi possível detectar o nível de utilização do repasse mensal de R$ 7.000,00 por cada moto.
337. Foi possível somente verificar que há saldo de pouco mais de vinte milhões de reais na
conta do Samu-DF, caracterizando não execução de recursos destinados ao programa de urgência e
emergência.
338. Por meio do Ofício de Requisição 6-366/2011, foram solicitadas ao Samu-DF
justificativas para a não execução de recursos financeiros repassados pelo Fundo Nacional de Saúde
do Ministério da Saúde para a manutenção do Samu-DF, gerando rendimentos em aplicação
financeira.
339. Como resposta, o Samu-DF limitou-se tão somente a listar a ‘Morosidade nos processos
de licitação dentro da Secretaria de Saúde do DF e Central de Compras do GDF’.
340. Por não fazer parte do escopo da presente auditoria, a não execução de recursos
destinado ao Samu-DF, comprovada pelos saldos em conta detectados, não será tratado como achado
de auditoria. Registra-se, entretanto, a informação no presente relatório, para que sirva como
subsídio aos trabalhos de planejamento de fiscalizações da 4ª Secretaria de Controle Externo deste
Tribunal.
341. Apesar de existirem cerca de 20 milhões em aplicação financeira, não foi possível afirmar
a existência de baixa execução orçamentária no componente motolância, uma vez que existem motos
em funcionamento. Entretanto, a execução orçamentária e financeira de toda a estratégia do SAMU é
realizada no mesmo programa governamental e o componente das ambulâncias não foi objeto de
avaliação desta auditoria. Por isso não foi possível propor encaminhamento relacionado ao fato.
5. Conclusão
342. A presente auditoria teve por objetivo verificar a legalidade e a legitimidade da
concepção e da operacionalização do componente Motolâncias no Samu, bem como da aquisição das
motocicletas, realizada pelo Ministério da Saúde, e a sua posterior distribuição às Coordenações
locais dos serviços de atendimento móvel de urgência.
343. Os resultados da auditoria apontaram impropriedades no processo de aquisição das
motocicletas, deficiência na fase de planejamento do componente motolâncias dentro da política de
220
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
urgência e emergência, o que resultou em reduzido número de ambulâncias atualmente em
funcionamento nos estados e municípios contemplados.
344. Por meio de pesquisa realizada junto as Coordenações do Samu, verificou-se que, de um
total de 288 motolâncias, 177 (61,46%) ainda não estão em funcionamento, mesmo decorrido vários
meses - na maioria dos casos, mais de um ano - desde a distribuição do equipamento. Em que pese
haver alguma responsabilidade por parte de gestores locais, atribuiu-se às falhas de planejamento o
principal motivo pela baixa taxa de sucesso do programa e pela caracterização de aplicação
ineficiente de recursos públicos na área de saúde.
345. A despeito da natural tendência descentralizadora das ações de saúde, verificou-se que
foi estratégia açodada do Ministério da Saúde a aquisição das motolâncias e posterior distribuição às
Coordenações do Samu sem maiores preocupações com a real capacidade operacional das
secretarias de saúde locais.
346. Junto à CGUE, foi constatada inexistência de registros de estudos de planejamento que
propiciassem uma contratação mais efetiva à Administração. A falta de conhecimento da capacidade
operacional das Coordenações locais do Samu deveria ter sido identificada antes da compra das
motocicletas. Comprovou-se que a ação pautou-se mais pelo método de tentativa e erro do que em
critérios técnicos bem fundamentados.
347. Inicialmente, a ação previa a aquisição de 1800 motocicletas, o que acarretaria
dispêndios estimados da ordem de R$ 27 milhões para compra das motos e repasses anuais de R$
120,96 milhões, em caráter permanente, para cobrir custos de manutenção. Exigir-se-ia, ainda, um
contingente de nove mil profissionais para assumir aquele número de motolâncias, de acordo com a
proporção definida pelo Ministério da Saúde de cinco profissionais por moto.
348. Diante de números tão contundentes, é de se imaginar que a ação se pautasse por
meticuloso processo de planejamento, com vistas a aumentar as chances de sucesso do programa.
Entretanto, tal planejamento não foi constatado na presente auditoria. Não houve adequado
planejamento para a implantação do componente motolância como opção de veículo na frota nacional
do Samu.
349. Será sugerida, na proposta de encaminhamento, a audiência dos responsáveis para que
apresentem as razões de justificativa para os fatos apontados nessa auditoria (ausência de
planejamento que acarretou compra de equipamentos que não estão sendo utilizados).
350. Quando da análise de mérito do presente processo, deverá ser analisada a possibilidade
de serem exaradas as seguintes propostas de encaminhamento:
350.1 Determinar à Coordenação Geral de Urgência e Emergência do Ministério da Saúde
(CGUE/DAE/SAS/MS), com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do Tribunal de Contas
da União, que encaminhe a este Tribunal, em prazo razoável a ser definido, plano de ação contendo
medidas a serem tomadas junto às secretarias locais de saúde e suas respectivas Coordenações do
Samu de forma a aumentar a efetiva utilização das motolâncias distribuídas, contendo estimativas de
prazos a serem cumpridas (itens 153 a 193).
350.2 Determinar ao Ministério da Saúde que faça valer as cláusulas segunda e quarta do
termo de doação das motos, de sorte que municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido
restituam a motolância para redistribuição a municípios que tenham capacidade operacional para
colocá-las em funcionamento (itens 176 a 179).
350.3 Recomendar que o encargo previsto nos termos de doação (utilização do equipamento
doado para ações de atendimento de emergência da Coordenação do Samu donatária) esteja sujeito a
prazo razoável, definido pelo Ministério da Saúde, para seu cumprimento (itens 176 a 179).
350.4 Cientificar o MS que a compra de material e a implementação de novos componentes
nas políticas públicas de saúde devem ser devidamente fundamentadas em rigorosa fase de
planejamento, em que deve ser considerada, entre, outros, a capacidade real de implantação das
secretarias locais de saúde destinatárias, de forma a aumentar as chances de sucesso da ação e
minimizar as possibilidades de desperdícios de recursos públicos, como aqueles constatados na
221
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
presente auditoria, em que restou configurada compra de motolâncias que não estão sendo utilizadas,
em desatenção ao princípio da eficiência e da economicidade (art. 37 da Constituição Federal de
1988) (itens 51 a 114).
350.5 Cientificar o Ministério da Saúde do descumprimento da legislação no que se refere ao
acompanhamento e monitoramentos das ações executadas no âmbito da política de urgência e
emergência - Portaria GM/MS 1.863/2003, art. 2º, item 5 (itens 257 a 275).
350.6 Com relação à Coordenação do Samu-DF, unidade visitada pela equipe no âmbito da
presente auditoria, determinar à Subsecretaria de Atenção à Saúde do Distrito Federal que apresente
plano de ação, no prazo de 120 dias, contendo medidas a serem adotadas pela Diretoria de
Assistência às Urgências e Emergências com objetivo de dar plena utilização a todas as 21 unidades
de motolâncias cedidas pelo Ministério da Saúde, acompanhado das respectivas estimativas de prazos
para cumprimento. No caso de avaliar-se que o Samu-DF não tem capacidade operacional ou não tem
interesse em colocar todas as motos para funcionar, que restitua as motos sobressalentes ao MS para
devida redistribuição, conforme exigido pelo termo de doação, respeitada a reserva técnica (itens 200
e 230-242).
351. Cumpre, por fim, registrar que após a realização de audiência, deverá ser analisada a
necessidade de reabertura das contas da Secretaria de Atenção à Saúde/MS, no caso de eventual
multa a ser aplicada aos gestores, conforme art. 288, §§ 2º e 3º do Regimento Interno do TCU.
Alternativamente, poderá ser avaliada a possibilidade de tratamento das irregularidades detectadas
nesta auditoria nas contas referentes ao exercício de 2009. Registre-se também que os resultados após
a fase de audiência poderão afetar o julgamento das contas do respectivo ano. Caso se julgue
adequado, deverá ser proposto o apensamento do presente processo ao TC 020.478/2010-0, que trata
da tomada de contas da Secretaria de Atenção à Saúde/MS referente ao exercício de 2009.
6. Identificação de responsáveis
352. Para fins de realização de audiência, identificaram-se, nos autos dos processos do
Ministério da Saúde 25000-200718-2007-18 (peças 18 e 19) e 25000-109185-2008-11 (peças 20 e 21),
os responsáveis e respectivos atos praticados conforme segue abaixo.
352.1 Responsável: Sr. Emival Gonçalves de Sousa, CPF 409.916.601-53, Assistente
Administrativo CGUE/DAE/SAS/MS.
352.1.1 Atos praticados:
352.1.1.1 Solicita à CGRL efetuar aquisição das quatrocentas motocicletas, em 12/11/2007,
conforme Memorando CGUE/DAE/SAS 346 (peça 18, p. 2).
352.1.1.2 Redigiu Nota Técnica S/N, de 13/12/2007, que motiva, insuficientemente, a aquisição
das motos, em desatenção a parecer da consultoria jurídica do órgão (peça 18, p. 74-75).
352.1.1.3 Assina termo de referência alterado, dando prosseguimento ao ato, em 30/1/2008,
conforme peça 18, p. 135-136.
352.1.1.4 Assina o Despacho 77, em 20/3/2008, que dá continuidade ao ato, após reavaliação
do descritivo técnico e termo de referência, conforme peça 18, p. 153.
352.1.1.5 Assina o Despacho 84, de 22/4/2008, que dá continuidade ao ato, após alteração do
termo de referência. Peça 19, p. 20.
352.1.1.6 Uma vez terminada a licitação, solicita aquisição das motocicletas, conforme
Memorando CGUEIDAE/SAS 227, de 27/6/2008 (peça 20, p. 2).
352.2 Responsável: Sr. Cloer Vescia Alves, CPF 390.161.960-72, Coordenador Geral
CGUE/DAE/SAS/MS.
352.2.1 Atos praticados:
352.2.1.1 Assina termo de referência alterado, dando prosseguimento ao ato, em 30/1/2008
(peça 18, p. 135-136).
352.2.1.2 Manifesta ‘de acordo’ com Despacho 77, de 20/3/2008, que dá continuidade ao ato,
após reavaliação do descritivo técnico e termo de referência, conforme peça 18, p. 153.
222
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
352.2.1.3 Manifesta ‘de acordo’ com Despacho 84, de 22/4/2008, que dá continuidade ao ato,
após alteração do termo de referência. Peça 19, p. 20.
352.2.1.4 Manifesta ‘de acordo’ com Memorando CGUEIDAE/SAS 227, de 27/6/2008 (peça
20, p. 2).
352.3 Responsável: Sr. Alberto Beltrame, CPF 308.910.510-15, Diretor do DAE/SAS/MS.
352.3.1 Atos praticados:
352.3.1.1 Manifestou ‘de acordo’ à solicitação para que a CGRL efetuasse aquisição das
quatrocentas motocicletas, em 12/11/2007, conforme Memorando CGUE/DAE/SAS 346 (peça 18, p.
2).
352.3.1.2 Manifestou ‘de acordo’ à Nota Técnica S/N, de 13/12/2007, que motiva,
insuficientemente, a aquisição das motos, em desatenção a parecer da consultoria jurídica do órgão
(peça 18, p. 75-76).
352.3.1.3 Manifestou ‘de acordo’ ao Despacho 77, de 20/3/2008, que dá continuidade ao ato,
após reavaliação do descritivo técnico e termo de referência, conforme peça 18, p. 153.
352.3.1.4 Manifesta ‘de acordo’ com Memorando CGUEIDAE/SAS 227, de 27/6/2008 (peça
20, p. 2).
7. Proposta de encaminhamento
353. Diante do exposto, elevam-se os autos à consideração superior, acompanhados das
seguintes propostas de encaminhamento:
353.1 com base nos arts. 10,§ 1º, e 12, inciso III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, III, do
RI/TCU, realizar audiência do Sr. Emival Gonçalves de Sousa, CPF 409.916.601-53, Assistente
Administrativo da CGUE/DAE/SAS/MS; do Sr. Cloer Vescia Alves, CPF 390.161.960-72,
Coordenador Geral da CGUE/DAE/SAS/MS; e do Sr. Alberto Beltrame, CPF 308.910.510-15, Diretor
do DAE/SAS/MS, para que apresentem, no prazo de quinze dias, razões de justificativas acerca dos
seguintes atos praticados:
a) aquisição e distribuição de quatrocentas motolâncias sem a comprovação de estudos que
demonstrassem a necessidade e viabilidade de implementação do novo componente à frota do Samu,
ocasionando, até o momento, grande quantidade de motos ociosas, mesmo vários meses após a sua
distribuição às Coordenações locais de atendimento de emergência do Samu, caracterizando
desperdício de recursos públicos e prática de ato antieconômico (art. 16, III, ‘b’ da Lei 8.443/1992),
em desatenção ao art. 37 da Constituição Federal de 1988 (princípio da eficiência), ao art. 36 da Lei
8.080/1990, ao art. 2º, item 2, da Portaria GM/MS 1.863, de 29 de setembro de 2003; (itens 51 a 114).
b) não atendimento de exigência do PARECER/CONJUR/MS/CODELICI/ED 1803/2007 (peça
18, p. 66-70) no que se refere à necessidade de devida motivação no processo licitatório
25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde que justificasse a aquisição das quatrocentas
motolâncias, em desatenção ao art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, art. 11, VI, a, da Lei
Complementar 73/1993, e art. 50, § 1º, da Lei 9.784/1999; (itens 115 a 136).
353.2 encaminhar cópias das fls. 6-260 do Anexo 1 (com um volume) do TC 020.478/2010-0, e
cópias desta instrução aos Srs. mencionados acima, como subsídio para suas manifestações.”
Realizadas as audiências acima propostas, a Unidade Técnica emitiu nova instrução (peça 54),
a seguir transcrita, com as adequações que julgo pertinentes:
“EXAME TÉCNICO
Audiência - Alberto Beltrame
5. As condutas que motivaram a audiência do Sr. Alberto Beltrame foram as identificadas no
item 3 acima, consubstanciadas na concordância com a solicitação para que a Coordenação Geral de
Recursos Logísticos (CGRL) efetuasse aquisição das quatrocentas motocicletas, em 12/11/2007,
conforme Memorando CGUE/DAE/SAS 346 (peça 18, p. 2); concordância com a Nota Técnica S/N, de
13/12/2007, que motiva, insuficientemente, a aquisição das motos, em desatenção a parecer da
consultoria jurídica do órgão (peça 18, p. 75-76); manifestou concordância com o Despacho 77, de
20/3/2008, que dá continuidade ao ato, após reavaliação do descritivo técnico e termo de referência
223
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
(peça 18, p. 153); concordância com o Memorando CGUE/DAE/SAS 227, de 27/6/2008 (peça 20, p.
2).
6. As razões de justificativa do Sr. Alberto Beltrame (peça 48) sintetizam os seguintes
argumentos:
a) O MS, por meio da CGUE/DAE/SAS, realizou estudos extensos e aprofundados que
evidenciaram claramente a necessidade de implantação de um novo veículo na frota do Samu, que
fosse capaz de enfrentar o problema do longo tempo de resposta do serviço, diminuindo as chamadas
‘mortes evitáveis’;
b) A escolha da motocicleta como veículo para cumprir tal função deu-se em razão de suas
vantagens, por ser um veículo ágil, capaz de vencer as dificuldades impostas pelo congestionamento
do trânsito ou restrições de acesso a determinadas localidades, além da favorável relação custo-
benefício da intervenção. Havia necessidade de diminuir o tempo médio de resposta entre a chamada
telefônica e a chegada da equipe no local da ocorrência, nacionalmente consolidado acima de 10
minutos, o que não estava sendo obtido por meio de melhorias em aspectos gerenciais e de regulação
(recursos humanos, fluxos de liberação de veículos, conformação da regulação, entre outros). Foram
considerados ainda casos de sucesso em diversas localidades no Brasil e no exterior quanto ao uso da
motocicleta para diminuir o tempo do primeiro atendimento. Nesse sentido, é equivocado o
entendimento de que a necessidade das motos ou o planejamento de sua aquisição e incorporação à
frota do Samu tenham sido definidos com base em uma ‘lista de pedidos de motos’ enviada pelas
coordenações do Samu;
c) Embora tenha havido pedidos de aquisição, alguns anteriores à realização do pregão,
oriundos das coordenações de Salvador, Natal e São Paulo, que já utilizavam motos e desejavam
ampliar este tipo de serviço, outros posteriores à aquisição das motos pelo MS, conforme apontado no
item 92 do relatório do levantamento, e considerando as informações aqui prestadas, há um equívoco
no entendimento pelo qual os únicos documentos que comprovariam a participação dos gestores
estaduais e municipais seriam posteriores à concepção e aquisição do novo componente da frota do
SUS, indicando a ausência de discussão com os gestores locais na fase de planejamento;
d) A quantidade de motocicletas a serem adquiridas foi definida com embasamento na
quantidade de Unidades de Suporte Avançado - USA e Unidades de Suporte Básico - USB,
considerando a relação de uma moto por USA, mais uma moto a cada duas USB, consolidadas na
Portaria GM/MS 2971/2008, considerando que
A relação de 1 moto x 1 USA foi definida pelo fato de que, no processo de redução de tempo
resposta pretendido, em havendo uma adequada identificação do caso e adequada regulação, em
quase a totalidade das situações, o envio da motocicleta seria seguido pelo envio de uma USA. Deve-
se agregar ainda a isso o fato de que as USA quando em atendimento tendem a ter um tempo de uso
mais longo do que uma USB, assim, a relação de 1x1 neste caso facilitaria e agilizaria o atendimento
dos casos em que estes recursos são requeridos.
A relação 1 moto x 2 USB foi definida em função de que, quando acionadas as USB, o são
para casos menos graves em que o tempo resposta não é tão decisivo o que toma o uso da moto
propício ao definido para outras circunstâncias como apoio ao atendimento e avaliação primária.
e) No final de 2007, o Samu contava com 286 USA e 1018 USB. Considerando ainda o
acréscimo de uma reserva técnica de 20%, deveriam ser adquiridas 954 motos, sem observar as
projeções de crescimento e interiorização do Samu em médio prazo. A diminuição desse número ao
patamar de quatrocentas ocorreu por motivos prudenciais, considerando as dificuldades e a
morosidade no processo de implantação desse novo componente. Não foi desprezada a possibilidade
de adquirir uma quantidade ainda menor de motocicletas, mas a decisão ponderou aspectos de
economicidade na compra.
f) A especificação técnica das motocicletas foi definida com embasamento nas características
adotadas por outros órgãos que utilizam motos em serviços de urgência e emergência, como a Polícia
Militar, a Polícia Rodoviária Federal - PRF e o Corpo de Bombeiros de São Paulo. Entendeu-se que
224
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
aquelas características eram adequadas para as motos do Samu, e não há conhecimento de qualquer
inadequação ou ilegalidade nas especificações definidas, ou mesmo tentativa de direcionamento do
edital para fabricante específico de moto, possibilidade afastada pelo próprio TCU.
g) A inclusão da aquisição e custeio de 1880 motocicletas na Ação Orçamentária 2.2.1 diz
respeito à projeção de expansão do Samu, que de fato ocorreu e pode ser verificada nos dias de hoje.
h) Os coordenadores do Samu assim como os coordenadores estaduais de urgência e
emergência foram consultados e participaram da implantação das motolâncias, mediante consultas
diretas, inclusive presencialmente, além do recebimento e análise dos Relatórios Trimestrais do Samu,
que apresentavam indicadores e informações a respeito dos problemas relacionados ao tempo
resposta das intervenções do Samu, subsidiando o planejamento prévio à aquisição das motos pelo
MS. A participação dos coordenadores não se restringiu à fase de planejamento, estendendo-se ao
período posterior a aquisição e distribuição das motos.
i) Diferente do que afirmou em entrevista o Dr. Rodrigo Caselli, Coordenador do Samu no
Distrito Federal, a coordenação do Samu no DF participou das discussões relacionadas ao processo
de implementação das motolâncias durante o Congresso Brasileiro de Atenção às Urgências e II
Congresso da Rede Nacional do Samu - 192, realizado nos dias 24 a 28 de junho de 2008, ou seja,
com antecedência de cinco meses em relação à entrega das motos, o que pode ser comprovado por
diversos registros fotográficos do referido evento. Assim, é equivocado o juízo pelo qual a
Coordenação do Samu não teve tempo hábil para a devida preparação para recebimento das
ambulâncias.
j) A nenhuma coordenação foi imposta a necessidade de receber e a obrigação de implantar
motos no seu respectivo Samu. Todas elas, ou suas respectivas secretarias, manifestaram desejo de
receber este recurso. Mais do que isso, adotaram providências para buscá-las no pátio da montadora
e firmaram o termo de doação com encargos. Desse modo, é de se estranhar que parte das
Coordenações consultadas pela equipe de auditoria tenha afirmado não terem sido consultadas
quanto ao interesse em receber as motolâncias. As motos não foram ‘largadas’ pelo MS na porta das
Coordenações.
k) A análise da existência das condições adequadas para receber as motos e colocá-las em
operação carece de critérios objetivos. Deve-se observar que todas as Coordenações já tinham um
Samu implantado e em funcionamento; todas tinham Central de Regulação implantada e em
funcionamento; todas contavam com decisão política e compromisso assumido em implantar a moto
(os termos de doação com encargos expressam claramente estes compromissos); todas contavam com
a decisão de participação do custeio e disposição de contratar os RH necessários. O entendimento
pelo qual seria necessária a existência prévia de pilotos técnicos de enfermagem já treinados,
habilitados e contratados como condição terminaria por inviabilizar a implantação do componente,
até porque várias coordenações aguardaram a ‘garantia’ do recebimento da moto, consubstanciada
pela presença física da moto no pátio da prefeitura, para então tomar providências em relação à
convocação de servidores, seleção, contratação, deslocamento de função, capacitação, e para adotar
as providências em relação às demais medidas administrativas necessárias.
l) A discussão com as Coordenações do Samu para implantação das motolâncias iniciou-se
com um ano de antecedência em relação à aquisição e entrega das motos, incluindo a realização de
eventos em Curitiba (março de 2008) e Brasília (junho de 2008).
m) Quanto à discussão do assunto em instâncias como CNS, CIT, entidades de classe e
audiências públicas, não obstante a relevância do tema, todas as questões relacionadas às
motolâncias dizem respeito à operacionalização da Política Nacional de Atenção às Urgências
(PNAU), amplamente debatida com a sociedade brasileira e também com o CNS, que participou de
sua formulação e a aprovou. Em momento algum a CGUE/DAE/SAS/MS deixou de cumprir, ignorou,
atalhou ou deixou de tratar com o CNS, quando pertinente, sobre a PNAU e, dentro dela, a
implantação das motos no Samu. O CNS, por sua vez, participou das discussões e cumpriu o seu papel
de fiscalizar as políticas de saúde. Em duas ocasiões a CGUE participou de Reuniões Ordinárias do
225
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
CNS, quando foram apresentados vários encaminhamentos, propostas, metas, avaliações sobre o
andamento no país do pré-hospitalar fixo e móvel, do componente hospitalar e outros aspectos da
PNAU, inclusive, especificamente, a definição das motos e sua implantação.
n) A Portaria GM/MS 2971/2008, que trata da incorporação das motos à frota do Samu, define
seus custeio e dá outras providências, foi pactuada em reunião ordinária da CIT em 27 de novembro
de 2008, num processo que, diferente do juízo dos auditores, envolveu longas e ampliadas discussões,
realização de diversas reuniões de grupos técnicos da CIT, consultas a gestores estaduais e
municipais e muitos debates.
o) Não houve discussão com o Conselho Federal de Enfermagem, mas a CGUE cumpriu o
estabelecido na Portaria GM/MS 2072/2003, que institui o Comitê Gestor Nacional de Atenção às
Urgências. Deve-se destacar que esse comitê, que é a grande instância legalmente constituída para as
discussões relacionadas à PNAU, analisar indicadores do Samu e avaliar e pactuar as diretrizes e
ações prioritárias na atenção às urgências, tratou especificamente do assunto motolâncias em duas
reuniões. A referida portaria estabelece que a interlocução com os profissionais de enfermagem será
mediada pela representação da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn).
p) Não há de se falar em não atendimento aos termos do Parecer CONJUR/MS/CODELICI/ED
1803/2007, uma vez que foram seguidas todas as orientações para adequação e correção de
impropriedades contidas nos documentos relacionados ao edital, em especial a apresentação da
justificativa técnica que, ao contrário do juízo dos auditores, apresenta conteúdo adequadamente
detalhado e apto a demonstrar a necessidade e motivação de sua compra.
q) A quantidade significativa de motolâncias ociosas verificada no momento em que a
auditoria foi feita não deve ser creditada a uma pretensa falta de planejamento, de comunicação ou de
participação de diversos atores, mas sim às dificuldades inerentes ao complexo processo de
implantação. Nesse sentido, o retardo na implantação das motos no Samu não deve ser entendido
como desperdício do dinheiro público, mas como indicador da necessidade de adoção de medidas
corretivas, de chamamento de todos os gestores envolvidos às responsabilidades pactuadas e
formalmente assumidas no âmbito do processo.
Análise
7. O Sr. Alberto Beltrame defende a ideia de que o planejamento foi adequado, apresentando
argumentos para cada questão de auditoria relacionada ao assunto. Em síntese, argumentou que o
MS realizou extensos e aprofundados estudos, demonstrando a necessidade e a vantagem da
implantação do componente motolâncias no Samu; que os coordenadores do Samu foram devidamente
ouvidos em diversas reuniões e eventos que trataram da implantação do componente motolância; que
os critérios adotados para o estabelecimento dos quantitativos e grade de distribuição das motos
foram adequados; e que o programa foi discutido com outras instâncias pertinentes, como a CIT, CNS
e entidades de classe relacionadas, nos termos prescritos pela lei. Nesse sentido, a ociosidade das
motocicletas decorreria de uma complexidade natural do processo, e não de problemas no
planejamento.
8. De fato, as justificativas apresentadas afastam contestações quanto às razões que levaram à
escolha da motocicleta como veículo integrante da estratégia para diminuição do tempo de resposta
do atendimento prestado pelo Samu. As razões apostas pelo responsável demonstram tratar-se de
veículo capaz de superar os obstáculos impostos pelo trânsito e pela dificuldade de acesso a
determinadas áreas, bastante comuns nos grandes centros urbanos, causando impacto negativo nesse
indicador. Assim, a escolha desse tipo de veículo consolidou uma demanda legítima de gestores
envolvidos com ações de urgência e emergência.
9. No entanto, não há como sustentar a ideia de que a ociosidade de mais de 80% das
motocicletas adquiridas no âmbito do Pregão Eletrônico 212/2007 não tenha relação com as
deficiências observadas no planejamento do componente, especialmente em razão do método adotado
para definição da quantidade a ser adquirida. Pode-se até admitir que a relação proporcional à
quantidade de USA (1:1) e USB (1:2) sirva como estimativa de ordem de grandeza; porém, o gestor
226
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
partiu para a aquisição sem elementos que dessem uma noção da adequação dessa estimativa,
aplicando a ela uma contingência ‘prudencial’ para a qual também não foram fornecidos elementos
suficientes para aferir a adequação.
10. O justificante argumenta também que não foi considerada a aquisição de uma quantidade
menor de motocicletas por uma questão de economicidade, mas também não há elementos a sustentar
esse argumento. Além disso, o sistema de registro de preços possibilita a devida conjugação entre
economicidade e prudência, já que não obriga a Administração à aquisição do quantitativo total
registrado em ata.
11. Argumenta-se ainda que as coordenações locais do Samu tinham condições adequadas
para receber as motos e colocá-las em operação, e que todas contavam com decisão política e
compromisso assumido em implantar a moto, expresso claramente nos termos de doação com
encargos. Quanto a esse argumento, é necessário considerar, inicialmente, que é bastante
questionável a interpretação pela qual se poderia extrair a existência de ‘decisão política e
compromisso assumido’ das cláusulas que compõem o Termo de Doação (peça 28), que, em síntese,
restringem-se a afirmar a obrigação de utilizar a motocicleta doada no Samu e a possibilidade de
revogação da doação caso tal obrigação fosse descumprida. Além disso, mesmo que tal interpretação
fosse segura, é inquestionável que tal compromisso se deu depois da compra, ou seja, não fez parte do
processo que conduziu à decisão de adquirir as quatrocentas motocicletas.
12. Finalmente, observa-se que o próprio justificante admite a complexidade do processo de
habilitação das motocicletas, reconhecendo ainda aquela que talvez seja a maior dificuldade do
processo:
A questão começa a ficar mais complexa quando se trata de recursos humanos, sua
disponibilidade e interesse de serem contratados para este tipo de trabalho.
Se considerarmos que a existência prévia de pilotos técnicos de enfermagem já treinados,
habilitados e contratados como condição ao processo de discussão e implantação do componente
moto, se pode dizer que a quase totalidade das coordenações não tinha ‘condições adequadas’ para o
recebimento e implantação das motos.
13. Quanto a tal argumento, entende-se razoável que o gestor esteja atento à viabilidade da
política pública quando da definição de requisitos e condições para os participantes ou beneficiados.
Contudo, reconhecida a dificuldade com a obtenção dos recursos humanos, tal circunstancia estaria a
recomendar a adoção de estratégia mais cautelosa na definição da quantidade de motocicletas a
serem adquiridas, na priorização dos municípios com maior facilidade na contratação e na prestação
de apoio aos municípios com maior dificuldade. Não foi o que ocorreu.
14. Assim, não há como afastar a responsabilidade do gestor pela aquisição de uma
quantidade de motocicletas que se revelou muito superior ao efetivamente necessário. Primeiro,
perante a ausência de elementos que pudessem propiciar razoável certeza de que as quatrocentas
motocicletas seriam adequadamente aproveitadas pelas coordenações que as receberam; segundo,
porque não há elementos demonstrando a alegada economicidade na aquisição de tal quantidade;
finalmente, porque a aquisição poderia ter sido feita em quantidade menor sem prejuízo da propalada
economicidade, já que a contratação foi realizada com embasamento em ata de registro de preços,
que proporciona certa flexibilidade nas quantidades a serem adquiridas.
15. Pode-se compreender que as coordenações necessitem de algum tempo para ajustar sua
logística; contudo, muitos meses após o recebimento das motocicletas, mais da metade das
coordenações ainda não as havia posto em operação (peça 32, p. 31), em muitos casos tendo
decorrido tempo superior a um ano. Além disso, 27 das 89 coordenações que participaram da
pesquisa informaram não terem sido consultadas acerca da necessidade das motocicletas.
16. Cabe observar, finalmente, que a lista de municípios selecionados para receber
motolâncias (peça 18, p. 76-78) inclui diversas localidades do interior, com população aproximada ou
inferior a oitenta mil habitantes, para as quais há dúvidas quanto à real necessidade das motocicletas
para vencer obstáculos impostos pelo trânsito e outras dificuldades de acesso. A título de exemplo,
227
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
podem-se citar: Apiaí - SP; Rolim de Moura - RO; Cacoal - RO; Piancó - PB; Sumé - PB; São
Raimundo Nonato - PI; Bom Jesus - PI; Picos - PI; Floriano - PI; Redenção - PA; Tuntum - MA;
Porto Franco - MA; Pedreiras - MA; Coroatá - MA; Chapadinha - MA; Ceres - GO; Tauá - CE;
Russas - CE; Itapagé - CE; Icó - CE; Camocim - CE; Livramento de Nossa Senhora - BA.
17. Pelo exposto, entende-se que não devem ser acolhidas as razões de justificativa do Sr.
Alberto Beltrame.
Audiência - Cloer Vescia Alves
18. As condutas que motivaram a audiência do Sr. Cloer Vescia Alves foram as apontadas no
item 3 desta instrução, consubstanciadas na assinatura do termo de referência alterado, dando
prosseguimento ao ato, em 30/1/2008 (peça 18, p. 135-136); concordância com o Despacho 77, de
20/3/2008, que dá continuidade ao ato, após reavaliação do descritivo técnico e termo de referência
(peça 18, p. 153); concordância com o Despacho 84, de 22/4/2008, que dá continuidade ao ato, após
alteração do termo de referência (peça 19, p. 20); concordância com o Memorando CGUE/DAE/SAS
227, de 27/6/2008 (peça 20, p. 2).
19. As razões de justificativa do Sr. Cloer Vescia Alves (peça 50) sintetizam os seguintes
argumentos:
a) A implantação das motolâncias não se tratou de ação isolada, de modo que não pode ser
abordada separadamente ou dissociada do planejamento da área de urgência como um todo. Tratou-
se de parte integrante de um conjunto de medidas e articulações em prol da melhoria do Programa
Samu 192, efetuadas em alinhamento às metas estabelecidas para a área de urgência e emergência.
b) Diversos estudos e análises foram desenvolvidos com base nas informações disponíveis na
CGUE e que constavam principalmente nos Relatórios Trimestrais enviados pelas Coordenações de
SAMU ao órgão central. Os dados e informações contidos nesses relatórios eram processados e
avaliados sistematicamente pelos gestores e consultores, como base do processo decisório e
ferramenta de planejamento, visto que refletiam a situação informada de cada serviço em todo país;
além disso, a experiência profissional e contribuições dos consultores externos contribuíram
sobremaneira e foram fundamentais para a definição do escopo das ações propostas como
desdobramento ao trabalho de planejamento e de execução das ações em alinhamento às metas
estabelecidas.
c) A contribuição do defendente foi também importante, tanto por ser técnico e consultor no
assunto quanto por já ter desempenhado, à época, como médico e gestor, todas as possíveis funções
dentro do Samu, bem como por atuar como docente e possuir vasta experiência na área de urgência e
emergência. Uma revisão objetiva da literatura também foi feita pelo defendente e incluída no
planejamento, a exemplo de um artigo publicado em julho de 2007 no Jornal Americano de Medicina
de Emergência (American Journal of Emergency Medicine) a respeito do emprego de motocicletas
como veículos de emergência, no âmbito do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) de
Portugal, intitulado Emergency motorcycle: has it a place in a medical emergency system? Tal estudo
apontava benefícios (agilidade no tratamento como oxigenação e estancamento de hemorragias) e
vantagens inequívocas do emprego de motocicleta (redução do tempo de resposta) num sistema de
emergência médica, tendo sido considerado por este profissional como uma referência adequada e
incluída em uma abordagem comparativa entre soluções de diferentes países.
d) Desse modo, ao se abordar a demonstração de necessidade e viabilidade da implantação
das motolâncias, há que se trazer à luz da estruturação de todo um trabalho demandado à CGUE,
tanto pela Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) quanto pelo Departamento de Atenção Especializada
(DAE) do Ministério da Saúde, em prol da melhoria da gestão do Programa Samu 192.
e) Diversos componentes foram estudados, analisados e debatidos simultaneamente, tendo sido
definido, como prioridade para o planejamento, o desdobramento das ações em três eixos principais
que passariam a estar integrados na mesma coordenação: APH Móvel, APH Fixo e QualiSUS. Em
relação ao Samu 192, as estatísticas referentes ao período de 2004 a 2007 foram analisadas à luz da
legislação, em especial a Portaria GM/MS 1864/2003, que em seu texto determina que o
228
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
acompanhamento e avaliação das ações sejam efetuados por intermédio de indicadores de
desempenho, entre eles o tempo médio de resposta entre a chamada telefônica e a chegada da equipe
no local da ocorrência.
f) As análises revelaram um tempo de resposta acima de dez minutos para atendimento de
USA, sendo que nas grandes cidades este tempo demonstrou ser ainda maior; por quase todo o país os
gestores vinham acumulando reclamações da população e da mídia referentes ao tempo de resposta,
amplamente documentadas nos diversos meios de comunicação. A análise dos indicadores de tempo
de resposta e casuística de atendimento evidenciou a importância da relação entre a agilidade da
intervenção e os resultados obtidos; nas situações de maior gravidade, maior é o beneficio à
população quanto menor for o tempo de resposta. Considera-se aceitável o parâmetro internacional
de tempo de resposta para atendimento de USA menor do que dez minutos, para um serviço de APH
em condições urbanas; porém, dependendo da situação e da gravidade do chamado, mesmo uma
resposta em tempo inferior a dez minutos pode representar a perda de muitas vidas, além de gerar
grande morbidade (sequelas e incapacidades) para as vítimas de agravo à saúde;
g) Na etapa de planejamento, ao se analisar as causas que determinavam a chegada com mais
de dez minutos da USA do Samu em grande parte das ocorrências (principalmente tráfego, trotes e
áreas mais afastadas, de difícil acesso, inexistência de meios) constatava-se um sistema estruturado
quase que exclusivamente com ambulâncias, que são veículos grandes, pesados e que não conseguem
desenvolver velocidade sem que o risco seja em muito elevado; ao se observar a realidade nacional
em busca de alternativas para enfrentamento da situação, considerando-se a concentração urbana da
população brasileira, se evidenciou que alguns serviços já utilizavam veículos rápidos como solução,
a exemplo de automóveis leves e motocicletas. Tanto o Samu Salvador/BA quanto Samu Natal/RN já
vinham empregando motocicletas, plenamente inseridas na frota desses serviços, numa clara
demonstração de alinhamento com a necessidade.
h) Para consubstanciar a decisão foram realizadas visitas a serviços de diferentes instituições
que também utilizavam vetores para reduzir o tempo de resposta, como Polícia Militar, Agentes de
Trânsito, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Rodoviárias Estaduais. Nestes
serviços constatou-se que a motocicleta era referida como sendo de grande importância e já se
encontrava amplamente difundida nas diferentes regiões do país como solução viável e de baixo custo.
i) Além disso, ao se verificar modelos de serviços de atendimento pré-hospitalar em outros
países, evidenciou-se a presença de motocicletas plenamente implantadas em Portugal, Inglaterra,
Alemanha, dentre outros, sendo que o estudo elaborado em Portugal serviu também como elemento a
ser considerado na etapa de análise das evidências encontradas nas estatísticas do Samu e soluções já
adotadas em alguns estados (Bahia e Rio Grande do Norte), assim como em outros países.
j) Em relação ao modelo, diversos comparativos foram feitos considerando-se as motocicletas
com características mais predominantemente utilizadas na área pública, ou seja, de 250 a 660
cilindradas. Os modelos utilizados noutros países (motocicletas acima de mil cilindradas) foram
considerados fora da realidade nacional, tanto em termos de custo quanto de viabilidade de
implantação. Tanto as opiniões dos consultores quanto a realidade brasileira apontaram para um
modelo trail, com capacidade de torque e agilidade necessária a um bom desempenho, equilíbrio e
versatilidade, tanto em pista urbana (alagamentos, calçadas, divisores de pista, pequenos obstáculos
etc.) quanto em área de difícil acesso, mesmo em zona rural (terreno não preparado, lama, obstáculos
etc.). A análise de outros aspectos (assistência técnica, preço, dentre outros) referendou o estudo que
trouxe à tona o modelo de 250 cilindradas como um dos mais econômicos e cuja versatilidade era a
mesma de modelos mais caros (400 e 660 cilindradas).
k) No que diz respeito à quantidade, a opção inicial foi a de se associar o vetor motolância ao
tipo de intervenção e volume de atendimento das condições de maior gravidade, considerando-se as
ambulâncias do tipo USA; a relação de uma moto para cada USA garantiria a chegada do socorro
com agilidade nos acionamentos de maior gravidade, com redução de tempo de resposta estimado em
cerca de 30%, em média; no caso de intervenção por USB, que representava o maior volume de
229
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
atendimento do Samu, as ocorrências são de média gravidade, mas à medida que decorrem os
primeiros instantes a partir da lesão ou agravo à saúde aumenta rapidamente o potencial de risco à
vida, considerando-se relevante e necessária também a aplicação de uma motolância para cada duas
USB. As estimativas iniciais apontaram a necessidade de uma frota com 286 unidades para atender ao
primeiro critério e cerca de mais quinhentas unidades para o segundo, sem considerar, ainda, a
expansão e ampliação do Samu no ano seguinte, além de uma reserva técnica aos veículos que seriam
implantados, o que representaria mais de novecentos veículos; por medida de cautela no
planejamento, a gestão optou por uma frota menor, totalizando quatrocentas unidades, o que
permitiria uma implantação gradual e garantindo cerca de 40% da necessidade inicial.
l) A projeção de uma frota maior se deu apenas como exercício em função da expansão e
ampliação do Samu prevista para os anos seguintes, o que se evidenciou na prática, tendo sido
mencionado, à época, 1800 motos para somente uma perspectiva de capacidade instalada do Samu
com mais de 2800 ambulâncias, alem de reserva técnica.
m) Quanto à viabilidade de implementação, o investimento numa motolância representaria em
torno de 10% do valor de uma USB e ao redor de 7,5% do valor de uma USA, permitindo a redução
do tempo de resposta em cerca de 30% ou mais; o custeio seria em torno de 50% do que se gasta para
manter uma ambulância USB; o espaço físico necessário para abrigo das motolâncias seria bem
menor, sendo possível alocá-las junto às unidades de saúde sem a necessidade de realização de obras
ou mesmo adaptação na estrutura física; em função do baixo consumo de combustível, as motolâncias
poderiam ser empregadas pelos gestores justamente nos locais de maior concentração de chamados,
prioritariamente nos horários e momentos de pico, com base nos dados e informações de cada central,
a partir da utilização de modelos georreferenciados.
n) As medidas para capacitação de tripulantes e relacionadas à segurança da operação foram
amplamente divulgadas, bem como discutidas e inseridas no planejamento, especialmente em 2008
nas oficinas, cursos de capacitação, Congresso Brasileiro de Atenção às Urgências e II Congresso
Nacional da Rede Samu 192.
o) Quanto ao não atendimento do Parecer CONJUR/MS/CODELICI/ED 1803/2007, no que se
refere à necessidade de devida motivação no processo licitatório 25000.200718/2007-18 do Ministério
da Saúde que justificasse a aquisição das quatrocentas motolâncias, o defendente entende que a
motivação foi adequadamente justificada e explicitada na Nota Técnica, que esclareceu plenamente os
aspectos considerados ‘genéricos’ pela Consultoria Jurídica, bem como pela Auditoria do TCU, no
Termo de Referência. Apesar de o texto da referida nota não ter elucidado muitos dos termos técnicos
relacionados a emergências médicas, utilizados da legislação vigente, compreende-se que os termos
não são de pronta compreensão ao público leigo, o que motivou o retorno do processo ao gestor para
prestação de esclarecimentos adicionais.
p) Em relação à ociosidade das motolâncias, o defendente entende que não obstante o gestor
nacional tenha produzido um processo detalhado para habilitação, privilegiando a segurança dos
operadores (pilotos das motos) e da operação (prevenção de acidentes), os gestores locais
interessados tiveram plena condição de habilitar as motolâncias. A Portaria GM/MS 2971/2008 abriu
a possibilidade de que os cursos de pilotagem fossem contratados localmente, além de ter pactuado
previamente com a Polícia Rodoviária Federal a execução do curso padrão em suas
Superintendências Regionais; não há ainda de se falar em dificuldade na contratação de seguro, já
que as grandes seguradoras possuem representação na maior parte do país, e diversas coordenações
puderam firmar os seguros sem problemas.
q) Outros óbices foram apontados, como questões trabalhistas e estatutárias do município,
dificuldade de contratação de novos profissionais, ausência de interesse por parte da coordenação à
época, dificuldade com processos seletivos e falta de gratificação; mesmo assim, os gestores que
compreenderam o alcance social e assistencial do novo componente se esforçaram em dotar o Samu
de motolâncias, enquanto tantos outros apenas buscam subterfúgios para mascarar a falta de vontade
política. Nesse sentido, é oportuno mencionar o fato de que gestores de alguns estados da federação
230
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
não honram o compromisso de contribuir no pacto tripartite, fazendo com que muitos municípios
tenham de arcar integralmente com o custeio do Samu, desde o início da implantação do modelo em
2004.
Análise
20. Os argumentos expendidos pelo Sr. Cloer Vescia Alves são bastante semelhantes aos
argumentos do Sr. Alberto Beltrame. Reforça-se a argumentação pela qual não teria havido falhas no
planejamento, já que as coordenações locais do Samu participaram de todas as etapas preliminares à
aquisição das motolâncias, cientificando-se de todos os requisitos para habilitação das motocicletas.
Além disso, parte das coordenações logrou êxito na habilitação, o que provaria a viabilidade do
planejamento do componente. A ociosidade observada seria creditada à inépcia ou falta de vontade
política das coordenações locais, já que os gestores que compreenderam os benefícios e o alcance
social do novo componente teriam vencido por seu esforço as dificuldades do processo.
21. Como já mencionado, entende-se que as justificativas apresentadas esclarecem a
motivação para a escolha da motocicleta como veículo integrante da estratégia para diminuir o tempo
de resposta no atendimento às urgências e emergências, em razão da capacidade de suplantar as
restrições impostas pelo trânsito e pela dificuldade de acesso a determinadas áreas. Foram
esclarecidos também os métodos adotados pela CGUE para definir a especificação técnica das
motocicletas.
22. Entretanto, a argumentação do justificante perde sustentação perante a realidade
constatada pela auditoria. Não é razoável admitir que a ociosidade de mais de 80% das motocicletas
adquiridas no âmbito do Pregão Eletrônico 212/2007, decorridos vários meses desde a sua entrega
(peça 32, p. 27-37), não tenha relação com as deficiências observadas no planejamento do
componente, especialmente em razão do método adotado para definição da quantidade a ser
adquirida.
23. Ainda, não se ignora que há fatores que podem fugir à governabilidade do gestor, como as
aludidas divergências de ordem política e dificuldades operacionais excepcionais, de difícil
previsibilidade. Ainda assim, não é razoável creditar exclusivamente a tais fatores a ociosidade de
mais de 80% das motocicletas adquiridas, dois anos após a implementação do componente. Mesmo
que tal argumentação fosse plenamente admissível, restaria sobrelevada a fragilidade do método
adotado para definir a quantidade de motocicletas a ser comprada.
24. Pode-se até admitir que a relação proporcional à quantidade de USA (1:1) e USB (1:2)
sirva como estimativa de ordem de grandeza; porém, o gestor partiu para a aquisição sem elementos
que dessem uma noção da adequação dessa estimativa, aplicando a ela uma contingência ‘prudencial’
para a qual também não foram fornecidos elementos suficientes para aferir a adequação.
25. É também nesse sentido que se analisa a questão do Parecer CONJUR/MS/CODELICI/ED
1803/2007, que reforçou a necessidade de devida motivação ao processo licitatório. As justificativas
apresentadas não deixam dúvida quanto à utilidade e aos benefícios proporcionados pela motocicleta
como componente da estratégia para diminuição do tempo de resposta do atendimento prestado pelo
Samu; permanece, contudo, a ausência de motivação para a quantidade ordenada.
26. Os justificantes argumentam que houve cautela na definição da quantidade de motocicletas
a serem adquiridas, já que esse número foi reduzido a aproximadamente 40% da estimativa inicial.
Porém, perante a ociosidade observada, constata-se que ainda assim a quantidade adquirida foi muito
superior à necessidade, ou à verdadeira capacidade de operacionalização.
27. Houvesse justificativa razoável para a definição dessa ‘linha de corte’ no patamar dos
40%, ou elementos que pudessem propiciar razoável certeza de que ao menos a maior parte das
quatrocentas motocicletas seria efetivamente habilitada, não haveria de se falar em culpa por parte
desses gestores; ausentes tais elementos, entende-se que não há como afastar a responsabilidade.
28. Pelo exposto, entende-se que não devem ser acolhidas as razões de justificativa do Sr.
Cloer Vescia Alves.
Audiência - Emival Gonçalves de Souza
231
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
29. As condutas que motivaram a audiência do Sr. Emival Gonçalves de Sousa foram as
identificadas no item 3 desta instrução, manifestadas nos seguintes atos: solicitou à CGRL efetuar
aquisição das quatrocentas motocicletas, em 12/11/2007, conforme Memorando CGUE/DAE/SAS 346
(peça 18, p. 2); redigiu Nota Técnica S/N, de 13/12/2007, que motiva, insuficientemente, a aquisição
das motos, em desatenção a parecer da consultoria jurídica do órgão (peça 18, p. 74-75); assinou
termo de referência alterado, dando prosseguimento ao ato, em 30/1/2008 (peça 18, p. 135-136);
assinou o Despacho 77, em 20/3/2008, que dá continuidade ao ato, após reavaliação do descritivo
técnico e termo de referência (peça 18, p. 153); assinou o Despacho 84, de 22/4/2008, que dá
continuidade ao ato, após alteração do termo de referência (peça 19, p. 20); terminada a licitação,
solicitou a aquisição das motocicletas, conforme Memorando CGUE/DAE/SAS 227, de 27/6/2008
(peça 20, p. 2).
30. As razões de justificativa do Sr. Emival Gonçalves de Sousa (peça 53) sintetizam os
seguintes argumentos:
a) O defendente foi nomeado em 21/07/2004, tendo trabalhado desde então como Assistente
Técnico na Coordenação Geral de Urgência e Emergência, com atribuições de apoio, função na qual
não cabe decidir como e quando algum componente deve ou não ser implementado dentro da
coordenação. Suas funções sempre foram restritas à execução das ordens repassadas, o que sempre
foi feito dentro da ética e da moral, observando os princípios legais.
b) O nome do defendente aparece no processo de aquisição das motolâncias somente porque
foi a pessoa quem digitou toda a documentação repassada pelo Coordenador-Geral, que por sua vez
assinava e encaminhava às instancias superiores.
c) Toda a parte de estudo, viabilidade, necessidade de aquisição, instrução dos documentos e
termos legais, e tantas outras providencias eram prestadas pelos Consultores Técnicos, que
subsidiavam o Coordenador-Geral com as informações de que este necessitava. O defendente sequer
teria condições de afirmar se teriam sido tomadas todas as providências, no que se refere a estudos
técnicos, consultas, entre outras necessidades que deveriam anteceder a compra das motolâncias.
d) Agrega às suas justificativas a descrição das atividades descritas na Classificação
Brasileira de Ocupações (CBO) para a função de auxiliar de escritório.
Análise
31. O Sr. Emival Gonçalves de Sousa recorre, em sua defesa, ao argumento da ausência de
competência, chegando a afirmar que sua atuação restringiu-se à digitação da documentação
repassada pelo Coordenador-Geral. Afirma ainda que a parte de estudo, viabilidade, necessidade de
aquisição, instrução dos documentos e termos legais cabia aos consultores técnicos.
32. Analisando os documentos nos quais consta a assinatura do Sr. Emival, relacionados no
item 27 desta instrução, observa-se que em nenhum deles o justificante figura como emissor ou autor
principal; em nenhum dos documentos a assinatura do justificante aparece isolada - há sempre a
coautoria ou o pronto e imediato endosso por parte do Sr. Alberto Beltrame ou do Sr. Cloer Vescia
Alves, por vezes de ambos.
33. De fato, o próprio conteúdo dos documentos - a brevidade das informações, a ausência de
dados detalhados - suscita dúvidas quanto à atribuição da qualidade de parecerista técnico ao
justificante.
34. Embora o justificante não tenha apenas digitado os documentos - afinal sua assinatura está
presente em cada um deles, contrariando tal argumento -, há elementos suficientes para admitir que o
respaldo dado pelos demais gestores possa ter propiciado ao justificante razoável certeza de que os
atos que ele praticava não tinham nenhuma irregularidade. Deve-se considerar, finalmente, que a
responsabilidade do Sr. Emival é efetivamente inferior à dos demais responsáveis. Na qualidade de
mero assistente, pode-se entender que a sua manifestação afigura-se dispensável na fundamentação
dos atos administrativos praticados com irregularidades.
35. Assim, entende-se que devem ser acolhidas as razões de justificativa do Sr. Emival
Gonçalves de Sousa.
232
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
DETERMINAÇÕES PROPOSTAS NO RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO
36. O Relatório do Levantamento (peça 32) propõe as seguintes medidas:
a) Determinação à CGUE/MS que encaminhe a este Tribunal plano de ação contendo medidas
a serem tomadas junto às secretarias locais de saúde e suas respectivas Coordenações do Samu, de
forma a aumentar a efetiva utilização das motolâncias distribuídas, contendo estimativas de prazos a
serem cumpridas;
b) Determinação ao MS que faça valer as cláusulas segunda e quarta do termo de doação das
motos, de sorte que municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido restituam a
motolância para redistribuição a municípios que tenham capacidade operacional para colocá-las em
funcionamento;
c) Recomendação para que o encargo previsto nos termos de doação (utilização do
equipamento doado para ações de atendimento de emergência da Coordenação do Samu donatária)
esteja sujeito a prazo razoável, definido pelo Ministério da Saúde, para seu cumprimento;
d) Cientificar o MS de que a compra de material e a implementação de novos componentes nas
políticas públicas de saúde devem ser devidamente fundamentadas em rigoroso planejamento, em que
deve ser considerada, entre outros, a capacidade real de implantação das secretarias locais de saúde
destinatárias, de forma a aumentar as chances de sucesso da ação e minimizar as possibilidades de
desperdícios de recursos públicos, como aqueles observados na presente auditoria, em que restou
configurada compra de motolâncias que não estão sendo utilizadas, em desatenção ao princípio da
eficiência e da economicidade (art. 37 da Constituição Federal de 1988);
e) Cientificar o MS do descumprimento da legislação no que se refere ao acompanhamento e
monitoramentos das ações executadas no âmbito da política de urgência e emergência - Portaria
GM/MS 1.863/2003, art. 2º, item 5 (itens 257 a 275).
f) Determinação à SES-DF para que apresente plano de ação, no prazo de 120 dias, contendo
medidas a serem adotadas pela Diretoria de Assistência às Urgências e Emergências com objetivo de
dar plena utilização a todas as 21 unidades de motolâncias cedidas pelo Ministério da Saúde,
acompanhado das respectivas estimativas de prazos para cumprimento. No caso de avaliar-se que o
Samu-DF não tem capacidade operacional ou não tem interesse em colocar todas as motos para
funcionar, que restitua as motos sobressalentes ao MS para devida redistribuição, conforme exigido
pelo termo de doação, respeitada a reserva técnica.
37. Entende-se que as medidas propostas no Relatório do Levantamento são atuais e
adequadas para a correção dos desvios identificados e o aprimoramento do processo de
implementação das motolâncias, razão pela qual devem ser integralmente incluídas na proposta de
encaminhamento.
CONCLUSÃO
38. Os trabalhos do presente levantamento identificaram deficiências no planejamento do
componente motolâncias e irregularidades no processo licitatório que procedeu à aquisição das
motocicletas. A fragilidade do método adotado para definir a quantidade de motocicletas a serem
adquiridas resultou na compra de um quantitativo muito superior ao efetivamente necessário, ou ao
que efetivamente poderia ser operacionalizado pelas coordenações do Samu. Mais de dois anos após
o Pregão Eletrônico 212/2007, mais de 80% das motos adquiridas sequer haviam sido habilitadas.
39. Os responsáveis ouvidos em audiência apresentaram informações quanto ao processo
histórico que levou o MS a incluir a motocicleta como veículo integrante dos serviços de atendimento
a urgências e emergências, esclarecendo as questões relacionadas no âmbito da auditoria. Ficou
comprovada a necessidade de um componente capaz de diminuir o tempo de resposta do atendimento,
cuja escolha recaiu sobre a motocicleta; não foram apresentados, contudo, elementos suficientes para
afirmar a viabilidade, especialmente considerando a quantidade adquirida. Assim, entende-se que as
justificativas não são suficientes para afastar a sua responsabilidade.
233
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
40. Cabe, ainda, a efetivação das determinações e demais medidas e propostas no Relatório do
Levantamento, para que sejam solucionados os problemas identificados e aprimorado o processo de
implementação das motolâncias.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
41. Pelo exposto, submete-se o presente processo à consideração superior, propondo-se:
42. Com fulcro no art. 250, §1º, do Regimento Interno do TCU (RITCU), acolher as razões de
justificativa apresentadas pelo Sr. Emival Gonçalves de Sousa, CPF 409.916.601-53, Assistente
Administrativo da CGUE/DAE/SAS/MS à época dos fatos (itens 29 a 35 desta instrução).
43. Com fulcro no art. 43, inciso II e parágrafo único, da Lei Orgânica do TCU (LOTCU) c/c
art. 250, inciso IV e §2º, do RITCU, rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Alberto
Beltrame, CPF 308.910.510-15, Diretor do DAE/SAS/MS à época dos fatos, aplicando-lhe a multa
prevista no art. 58, inciso III, da LOTCU, em razão das irregularidades indicadas a seguir (itens 5 a
17 desta instrução):
a) aquisição e distribuição de quatrocentas motolâncias sem a comprovação de estudos que
demonstrassem a viabilidade de implementação do novo componente à frota do Samu, ocasionando
grande quantidade de motos ociosas, mesmo vários meses após a sua distribuição às Coordenações
locais de atendimento de emergência do Samu, caracterizando prática de ato antieconômico,
infringindo o disposto no art. 37 da Constituição Federal de 1988 (princípio da eficiência), no art. 36
da Lei 8.080/1990, e no art. 2º, item 2, da Portaria GM/MS 1.863, de 29 de setembro de 2003;
b) não atendimento de exigência do Parecer CONJUR/MS/CODELICI/ED 1803/2007 (peça
18, p. 66-70) no que se refere à necessidade de devida motivação, no processo licitatório
25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde, que justificasse a aquisição das quatrocentas
motolâncias, infringindo o disposto no art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, art. 11, VI, ‘a’, da
Lei Complementar 73/1993, e no art. 50, § 1º, da Lei 9.784/1999.
44. Com fulcro no art. 43, inciso II e parágrafo único, da LOTCU c/c art. 250, inciso IV e §2º,
do RITCU, rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Cloer Vescia Alves, CPF
390.161.960-72, Coordenador Geral da CGUE/DAE/SAS/MS à época dos fatos, aplicando-lhe a multa
prevista no art. 58, inciso III, da LOTCU, em razão das irregularidades indicadas a seguir (itens 18 a
28 desta instrução):
a) aquisição e distribuição de quatrocentas motolâncias sem a comprovação de estudos que
demonstrassem a viabilidade de implementação do novo componente à frota do Samu, ocasionando
grande quantidade de motos ociosas, mesmo vários meses após a sua distribuição às Coordenações
locais de atendimento de emergência do Samu, caracterizando prática de ato antieconômico,
infringindo o disposto no art. 37 da Constituição Federal de 1988 (princípio da eficiência), no art. 36
da Lei 8.080/1990, e no art. 2º, item 2, da Portaria GM/MS 1.863, de 29 de setembro de 2003;
b) não atendimento de exigência do Parecer CONJUR/MS/CODELICI/ED 1803/2007 (peça
18, p. 66-70) no que se refere à necessidade de devida motivação, no processo licitatório
25000.200718/2007-18 do Ministério da Saúde, que justificasse a aquisição das quatrocentas
motolâncias, infringindo o disposto no art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, art. 11, VI, ‘a’, da
Lei Complementar 73/1993, e no art. 50, § 1º, da Lei 9.784/1999.
45. Determinar à Coordenação Geral de Urgência e Emergência do Ministério da Saúde
(CGUE/DAE/SAS/MS), com fulcro no art. 250, inciso II, do RITCU, que encaminhe a este Tribunal,
no prazo de noventa dias, plano de ação contendo medidas a serem tomadas junto às secretarias
locais de saúde e suas respectivas Coordenações do Samu de forma a aumentar a efetiva utilização
das motolâncias distribuídas, contendo estimativas de prazos a serem cumpridas (peça 32, itens 153 a
193).
46. Determinar ao MS que execute o disposto nas cláusulas segunda e quarta dos termos de
doação das motolâncias, de sorte que municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido
restituam a motocicleta para redistribuição a municípios que tenham capacidade operacional para
colocá-las em funcionamento (peça 32, itens 176 a 179).
234
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
47. Recomendar ao MS que defina prazo para que os municípios que receberam motolâncias
deem cumprimento aos encargos previstos nos termos de doação destinando o equipamento doado
para ações de atendimento de emergência da Coordenação do Samu donatária (peça 32, itens 176 a
179).
48. Cientificar o MS de que a compra de material e a implementação de novos componentes
nas políticas públicas de saúde devem ser devidamente fundamentadas em rigorosa fase de
planejamento, em que deve ser considerada, entre, outros, a capacidade real de implantação das
secretarias locais de saúde destinatárias, de forma a aumentar as chances de sucesso da ação e
minimizar as possibilidades de desperdícios de recursos públicos, como aqueles constatados na
presente auditoria, em que restou configurada compra de motolâncias que não estão sendo utilizadas,
em desatenção aos princípios da eficiência e da economicidade, nos termos do art. 37 da Constituição
Federal de 1988 (peça 32, itens 51 a 114).
49. Cientificar o MS do descumprimento da legislação referente ao acompanhamento e
monitoramentos das ações executadas no âmbito da política de urgência e emergência - Portaria
GM/MS 1.863/2003, art. 2º, item 5 (peça 32, itens 257 a 275).
50. Determinar à Subsecretaria de Atenção à Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito
Federal (SAA/SES-DF) que apresente plano de ação, no prazo de noventa dias, contendo medidas a
serem adotadas pela Diretoria de Assistência às Urgências e Emergências com objetivo de dar plena
utilização a todas as 21 motolâncias doadas pelo Ministério da Saúde, incluindo as respectivas
estimativas de prazos para cumprimento (peça 32, itens 200-229).
51. Determinar à SAA/SES-DF que restitua ao Ministério da Saúde as motolâncias para as
quais se entender que o Samu-DF não tenha capacidade operacional ou interesse em habilitar,
conforme exigido pelo termo de doação, respeitada a reserva técnica (peça 32, itens 200 e 230-242).”
Em complemento à instrução realizada pelo auditor, o Secretário da 4ª Secex emitiu o seguinte
pronunciamento (peça 56):
“3. A imputação das irregularidades mencionadas aos gestores responsáveis, bem como a
proposta de aplicação de multa (peça 54, item 43, alíneas ‘a’ e ‘b’ e item 44, alíneas ‘a’ e ‘b’),
reclamam análise de possível impacto nas contas da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da
Saúde (SAS/MS) do respectivo ano, nos termos do art. 206 do RI/TCU, in verbis:
Art. 206. A decisão definitiva em processo de tomada ou prestação de contas ordinária não
constituirá fato impeditivo da aplicação de multa ou imputação de débito em outros processos, salvo
se a matéria tiver sido examinada de forma expressa e conclusiva, hipótese na qual o seu exame
dependerá do conhecimento de eventual recurso interposto pelo Ministério Público
4. Os atos administrativos no âmbito dos quais se concretizaram as irregularidades detectadas
no presente levantamento se deram nos exercícios de 2007 e 2008, para o caso do Sr. Alberto
Beltrame (peça 32, p. 59-60, item 352.3), e no exercício de 2008, para o caso do Sr. Cloer Vescia
Alves (peça 32, p. 59, item 352.2).
5. Com relação ao exercício de 2007, a SAS/MS apresentou Tomada de Contas Simplificada,
processo TC 013.782/2008-7, em cujo rol de responsáveis não contam o Sr. Alberto Beltrame e o Sr.
Cloer Vescia Alves. Referido processo foi deliberado pelo Acórdão 4479/2019-TCU-1ª Câmara,
julgando-se as contas de um dos responsáveis regulares com ressalvas, e regulares as contas dos
demais responsáveis. Não houve qualquer avaliação, nas contas referentes ao exercício de 2007, do
programa que implementou o componente motolância na política de urgência e emergência do
Ministério da Saúde.
6. Com relação ao exercício de 2008, a SAS/MS apresentou Tomada de Contas Anual,
processo 015.085/2009-8, em cujo rol de responsáveis consta o nome do Sr. Alberto Beltrame, mas
não consta o nome do Sr. Cloer Vescia Alves. O Acórdão 665/2011-TCU-2ª Câmara julgou as contas
do Sr. Alberto Beltrame regulares, com quitação plena. Também não houve, nesse processo, qualquer
avaliação afeta à questão das motolâncias.
235
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
7. Desse modo, em que pese as contas da SAS/MS dos exercícios 2007 e 2008, anos em que
foram praticadas as irregularidades detectadas no presente levantamento, já terem sido julgadas, não
há qualquer óbice à aplicação de multa aos responsáveis, conforme expressa previsão no art. 206 do
RI/TCU, razão pela qual manifesto-me de acordo com a proposta formulada pelo AUFC Ricardo
Augusto Capovilla (doc. 47.811.557), a qual contou com a anuência da titular da Secex4/D3.”
O corpo diretivo da 4ª Secex manifestou de acordo tanto com o relatório da fiscalização (peças
33-34), quanto com o exame das audiências (peças 55-56).
É o relatório.
VOTO
Cuidam os autos de relatório de levantamento executado de 25/4 a 6/5/2011 sobre o
componente “motolâncias”, motocicletas equipadas com aparelhos de primeiros socorros destinadas a
atendimentos rápidos, na rede do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), programa do
Ministério da Saúde (MS) que tem como finalidade prestar socorro em casos de urgência e
emergência, sendo o principal componente da Política Nacional de Atenção às Urgências.
As viaturas do Samu podem ser: 1) Unidades de Suporte Avançado - USA; 2) Unidades de
Suporte Básico - USB; 3) Veículos de Transporte - VT; 4) Veículo de Intervenção Rápida - VIR; 5)
veículos de intervenção rápida utilizados para pré-atendimento - Motolância; 6) Unidade de socorro
aquático - Ambulancha; e 7) Unidade de socorro aéreo - Helicóptero.
Após tomar conhecimento de possíveis irregularidades na aquisição das motolâncias pelo MS,
por meio de notícia veiculada pela imprensa, o Min. José Jorge ressaltou o dever deste Tribunal em
cobrar providências para a elucidação dos fatos e responsabilização dos envolvidos, de modo que as
ocorrências fossem acompanhadas pelo TCU, ainda que o objeto já estivesse sendo fiscalizado pelo
Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus).
No TC 020.478/2010-0, que trata da tomada de contas da Secretaria de Atenção à Saúde do
Ministério da Saúde (SAS/MS) referente ao exercício de 2009, encontram-se anexados os relatórios de
auditorias realizadas pelo Denasus acerca da implantação das motolâncias na frota do Samu. Na
presente data, o referido TC encontra-se em instrução na Unidade Técnica.
O presente trabalho teve por objetivo avaliar aspectos que vão desde o planejamento que deu
suporte à concepção do componente motolância como mais um recurso da Política Nacional de
Atenção às Urgências, a legalidade do procedimento licitatório para compra das motolâncias e do
respectivo contrato, até sua utilização pelas coordenações do Samu do país, incluindo verificação in
loco no Samu do Distrito Federal (DF). Os trabalhos se concentraram, mais especificamente, no
Departamento de Atenção Especializada (DAE) da SAS/MS e na sua Coordenação-Geral de Urgência
e Emergência (CGUE).
Além de exame documental, foram enviados questionários para 115 coordenações do Samu
espalhadas pelo país, com exceção dos estados de Rondônia e Santa Catarina, que não receberam
motolâncias do MS. Do total enviado, obteve-se resposta de 89 questionários, o que resultou numa
taxa de retorno de 77%. As cidades que responderam à pesquisa receberam 288 motos, de um total de
400 motocicletas distribuídas pelo MS. Portanto, os dados colhidos na pesquisa respondem por 72% do
total de motolâncias distribuídas.
Acerca dos recursos federais envolvidos, a Unidade Técnica assinalou que a aquisição das 400
motolâncias, por meio do contrato 10.070/2009, totalizou o valor de R$ 6.032.000,00, ou seja, R$
15.080,00 por unidade. Além disso, conforme previsto no art. 3º da Portaria-MS 2.971/2008, são
realizados repasses regulares e automáticos de recursos às respectivas coordenações locais, para
manutenção das equipes efetivamente implantadas (motolâncias habilitadas), no valor de R$ 7.000,00
por mês por unidade habilitada junto ao MS, totalizando desembolso mensal de R$ 532.000,00 com as
motos habilitadas por ocasião da fiscalização.
236
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Os achados desta fiscalização foram: 1) ausência de planejamento prévio para implantação do
componente motolância à política de urgência e emergência do MS; 2) motivação insuficiente para
compra das motocicletas e não atendimento a parecer da Consultoria Jurídica (Conjur) do órgão; 3)
quantidade significativa de motolâncias ociosas; 4) reduzido número de motolâncias em
funcionamento no DF; 5) falhas na sequência de ações previstas para possibilitar a operação das
motos; e 6) falhas no processo de monitoramento e avaliação do MS.
Para os achados 1, 2 e 3, foram propostas audiências dos responsáveis do MS para
apresentarem razões de justificativa pelos fatos impugnados. Além disso, foram alvitradas
determinações, recomendações e ciências ao órgão.
Foram chamados em audiência os Srs. Emival Gonçalves de Sousa, Assistente Administrativo
da CGUE/DAE/SAS/MS, Cloer Vescia Alves, Coordenador-Geral da CGUE/DAE/SAS/MS, e Alberto
Beltrame, Diretor do DAE/SAS/MS. As condutas de cada um dos responsáveis foram devidamente
individualizadas pela Unidade Técnica, conforme parágrafo 352 do relatório da fiscalização (peça 32)
e parágrafos 5, 18 e 29 da instrução de mérito (peça 54).
O primeiro ponto da audiência dos responsáveis diz respeito à aquisição e distribuição de 400
motolâncias sem a comprovação de estudos que demonstrassem a necessidade e viabilidade de
implantação do novo componente à frota do Samu, acarretando grande quantidade de motos ociosas
(achados 1 e 3). O segundo ponto da audiência se refere ao não atendimento de exigência do parecer
1.803/2007 da Conjur/MS no que atine à necessidade de devida motivação, no processo licitatório
25000.200718/2007-18, que justificasse a aquisição das 400 motolâncias (achado 2).
Realizadas as audiências (peças 38-40), mediante delegação de competência (peça 34), a
Unidade Técnica retornou aos autos em derradeira instrução de mérito onde, ao fim, propõe o
acolhimento de uma e rejeição de duas das razões de justificativa apresentadas, com a consequente
aplicação de multa aos responsáveis, bem como a efetivação das determinações e demais medidas
sugeridas no relatório da fiscalização.
Tais os enfrentamentos em análise neste voto.
Registro, desde já, que minha única discordância com a Unidade Técnica está relacionada à
responsabilidade do Sr. Emival Gonçalves de Sousa, conforme detalharei a seguir. Quanto ao mais,
manifesto minha concordância com as instruções retratadas no relatório, incorporando-as às minhas
razões de decidir, sem prejuízo de tecer os comentários que julgo pertinentes.
À luz do art. 1º, § 1º, da Portaria-MS 2.971/2008, que institui a motolância como integrante da
frota do Samu e define critérios técnicos para sua utilização, o quantitativo de motocicletas a ser
distribuído acompanhará, preferencialmente, o número de ambulâncias habilitadas em cada serviço, na
proporção de uma motocicleta para cada Unidade de Suporte Avançado e uma a cada duas Unidades
de Suporte Básico, que, por sua vez, são distribuídas conforme critério populacional.
Deste modo, a ação previa inicialmente a aquisição de 1.800 motocicletas no plano Mais Saúde
- Direito de Todos - 2008/2011. Por meio dos processos 25000.200718/2007-18 e 25000.109185/2008-
11, a CGUE/DAE procedeu a licitação e contratação de 400 motocicletas visando dar continuidade à
implantação do Projeto Samu.
De se registrar que a doação das motalâncias para as coordenações locais do Samu ocorreu por
meio de Termo de Doação com Encargos. O referido Termo, além de listar diversos encargos de
responsabilidade das respectivas coordenações locais, prevê, em sua cláusula quarta, a possibilidade de
revogação parcial ou total do Termo em caso de comprovação, pelo MS ou pelos órgãos de controle
externo, quanto à não utilização do bem doado para os fins propostos pela doação.
Conforme informação prestada pelo MS, existiam apenas 76 motolâncias habilitadas até a data
da fiscalização. Havia ainda outras 27 motolâncias em funcionamento, mas com custeamento integral
por meio de recursos próprios dos estados ou municípios, ou seja, sem habilitação junto ao MS. A seu
turno, após tabular os dados dos questionários, a Unidade Técnica verificou que, das coordenações
respondentes, 55 afirmaram que as motos ainda não estavam funcionando. Nas demais, estavam em
237
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
funcionamento 111 motos, sem distinção entre habilitadas ou não, e que, portanto, 177 se encontravam
ociosas, sem operação.
O fato de a maior parte das motolâncias não estar em operação constitui flagrante desperdício
de recursos públicos, devido, principalmente, às fragilidades na fase de planejamento da implantação
do novo componente. Ademais, verificou-se que houve breves e limitadas discussões nas instâncias de
deliberação que apoiam a tomada de decisão no âmbito do SUS, tais como Conselho Nacional de
Saúde (CNS) e Comissão Intergestores Tripartite (CIT), o que pode ser considerado como outro fator
que contribuiu para caracterizar o incipiente planejamento realizado.
Com relação à participação das coordenações locais, a pesquisa realizada por meio de
questionário revelou que das 89 unidades do Samu consultadas, 27 (30%) afirmaram não terem sido
consultadas sobre eventual interesse em receber as motolâncias; 35 coordenações (39%) afirmaram
que não tinham condições adequadas para recebimento das motocicletas; e 40 unidades (45%)
afirmaram que não foram cientificadas com antecedência adequada sobre o recebimento das motos, de
forma que elas pudessem adiantar os devidos preparativos para colocá-las em funcionamento.
Observo que a lista de municípios selecionados para receber motolâncias inclui diversas
localidades do interior, com população aproximada ou inferior a 80.000 habitantes, para as quais não
há certeza quanto à real necessidade das motocicletas para vencer obstáculos impostos pelo trânsito e
outras dificuldades de acesso.
O principal motivo apontado tanto pela CGUE/DAE quanto pelo questionário aplicado para
justificar a não habilitação é a falta de cursos para capacitação de pilotos. No entanto, vários outros
motivos também foram indicados como fatores limitadores para as coordenações locais cumprirem os
critérios de habilitação das motolâncias, nos termos dos parágrafos 143 e 152 do relatório da
fiscalização.
Conforme estimativa do próprio MS para definição de custeio mensal da moto, seriam
necessários cinco profissionais por moto em regime de 36 horas semanais. Considerando 400 motos
distribuídas, seriam então necessários 2.000 profissionais. Entretanto, apenas 276 profissionais (14%)
foram capacitados, o que indica desconhecimento da capacidade de recursos humanos das
coordenações locais do Samu.
O estímulo que se espera do MS para a implantação de serviços de saúde responsáveis pelo
atendimento pré-hospitalar móvel no País não pode ser representado apenas pela simples entrega de
motocicletas, sem planejamento, monitoramento e acompanhamento das necessidades e desempenho
das diversas coordenações do Samu descentralizadas pelo País.
A ausência de estudos que fundamentassem a implantação no novo componente do Samu
contribuiu decisivamente para o limitado sucesso do programa. A própria CGUE/DAE admitiu que
não tem, até o momento, uma avaliação positiva da ação, nem existe previsão de novas aquisições de
motolâncias, de forma que fica demonstrada a instituição de uma política pública mais pautada pelo
método da tentativa e erro do que em critérios técnicos bem fundamentados para adequada aplicação
de recursos públicos.
Pertinente transcrever a escorreita conclusão a que chegou a Unidade Técnica:
“173. (...) Tais informações corroboram o fato de que a CGUE desconhecia a realidade fática
das Coordenações locais do Samu, ou, se conhecia, optou por repassar o recurso mesmo ciente do
risco de que não fosse utilizado como de fato grande parte deles não está sendo usada.
174. Atribuir tão somente às secretarias locais e coordenações do Samu a responsabilidade
pelo fato de 177 motos (de um total de 288 pesquisadas) não estarem em funcionamento, mais de um
ano após o seu recebimento - em alguns casos dois anos -, seria no mínimo equivocado. Significaria
dizer que a decisão de distribuir quatrocentas motos às secretarias locais de saúde, sem que fosse
levada em conta a capacidade operacional das Coordenações do Samu, eximiria do Ministério a
responsabilidade pelo insucesso do programa na maior parte das cidades abarcadas.
175. Nitidamente, os motivos que ensejam a situação identificada nesta auditoria estão mais
ligados à forma como (não) foi planejada a ação. Ressalte-se que a maior parte das Coordenações
238
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
apontou mais de um fator considerado limitante na execução do programa. Portanto, o não
funcionamento das motolâncias ou a sua baixa utilização resulta de uma conjugação de fatores, e não
apenas de um único. Entre eles, está a baixa capacidade operacional das Coordenações locais, fator
que poderia (e deveria) ter sido identificado em fases iniciais da ação.”
As razões de justificativas dos responsáveis não foram capazes de explicar a ausência de
estudos que demonstrassem a necessidade e viabilidade de implantação das motolâncias. Não há como
sustentar a ideia de que a ociosidade de grande parte das 400 motocicletas adquiridas não tenha relação
com as deficiências observadas no planejamento do componente. A alegação de economicidade na
aquisição de tal quantidade não encontra amparo que sustente o argumento. A licitação/contratação foi
efetuada sem base em elementos que assegurassem que as motocicletas seriam adequadamente
aproveitadas pelas coordenações que as receberam.
A justificativa de que houve cautela na definição da quantidade de motocicletas a serem
adquiridas, já que esse número foi reduzido de 1.800 para 400, não prospera. Perante a ociosidade
observada, infiro que a quantidade adquirida foi, de todo modo, muito superior à verdadeira
capacidade de operacionalização. Caso houvesse justificativa razoável para a definição desse
quantitativo ou elementos que pudessem propiciar razoável certeza de que a maior parte das
motocicletas seria efetivamente habilitada, não haveria que se falar em culpa por parte dos gestores;
ausentes tais elementos, entendo que não há como afastar suas responsabilidades quanto a isso.
O segundo ponto questionado na audiência foi o não atendimento de exigência do parecer
1.803/2007 da Conjur/MS no que se refere à necessidade de devida motivação que justificasse a
aquisição das 400 motolâncias.
De fato, o parecer 1.803/2007 da Conjur/MS é taxativo ao explicitar que a Lei 8.666/93 veda
justificativas de cunho genérico e que a justificativa apresentada no Termo de Referência não atendia
às determinações técnicas-legais exigidas em lei. A nova justificativa apresentada na nota técnica s/n
de 13/12/2007, em atendimento ao parecer da Conjur/MS, é tão rasa e genérica quanto a do Termo de
Referência, não fornecendo a adequada motivação para a aquisição das motos.
Naturalmente, a mera presença de parecer jurídico no processo licitatório, sem que seu exame
seja levado em consideração, não atende a finalidade da Lei. Na realidade, privilegio o entendimento
de que as assessorias jurídicas assumem papel de fundamental importância no controle da legalidade,
na defesa da instituição administrativa, do interesse público e dos direitos constitucionais.
Ficou, portanto, caracterizada violação ao art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/93, uma vez
que não restaram atendidas as ressalvas do órgão jurídico, motivo pelo qual mantenho a
responsabilidade dos gestores.
Como já dito, minha única discordância com a Unidade Técnica está relacionada à análise das
razões de justificativa do Sr. Emival Gonçalves de Sousa, pois entendo que o mesmo é responsável
pelas irregularidades, juntamente com os Srs. Cloer Vescia Alves e Alberto Beltrame, conforme as
condutas descritas no parágrafo 352 do relatório da fiscalização (peça 32) e nos parágrafos 5, 18 e 29
da instrução de mérito (peça 54).
Da leitura dos processos 25000.200718/2007-18 e 25000.109185/2008-11, verifico que foi o
Sr. Emival quem subscreveu não só o Termo de Referência que deu origem à licitação/contratação em
questão, mas também a supracitada nota técnica s/n de 13/12/2007. Em vários de seus despachos, o Sr.
Emival encaminhou o processo para providências de outra unidade do MS. Em outras tantas
oportunidades, o Sr. Emival atuou no processo na condição de Coordenador-Geral Substituto do
CGUE. Assim, não é possível crer, ao contrário do que pretende o responsável, que o mesmo tenha
atuado apenas como mero digitador.
Os atos administrativos em que se concretizaram as irregularidades detectadas no presente
levantamento ocorreram nos exercícios de 2007 e 2008, cujos processos de contas são os TC’s
013.782/2008-7 e 015.085/2009-8, respectivamente. Informação prestada pelo Secretário da 4ª Secex
revela que nenhum dos dois processos tratou do programa que implantou o componente motolância na
239
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Política Nacional de Atenção às Urgências. Portanto, nos termos do art. 206 do RI/TCU (Resolução-
TCU 246/2011), não há impedimento para a aplicação de multa aos responsáveis no presente processo.
Destarte, deixo de acolher as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis e aplico-
lhes a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92.
Por fim, considero que as determinações e recomendações relacionadas aos demais achados da
fiscalização são atuais e adequadas para a correção dos desvios identificados e o aprimoramento do
processo de implantação das motolâncias, razão pela qual julgo necessário incluí-las na presente
deliberação, com adaptações de estilo e exclusão da ciência sugerida no parágrafo 48 da instrução de
mérito, em vista do que dispõe o art. 4º da Portaria-Segecex 13/2011.
Ante o exposto, voto no sentido de que seja aprovado o Acórdão que ora submeto à deliberação
deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Relator
ACÓRDÃO Nº 2221/2012 - TCU - Plenário
1. Processo nº TC 006.756/2011-5.
2. Grupo I - Classe V - Relatório de Levantamento.
3. Responsáveis: Alberto Beltrame (308.910.510-15); Cloer Vescia Alves (390.161.960-72);
Emival Gonçalves de Sousa (409.916.601-53).
4. Órgãos: Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS/MS); Secretaria de
Estado de Saúde do Distrito Federal (SES/DF).
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 4ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-4).
8. Advogado constituído nos autos: Daniela Bozetto Alves (OAB/RS 27.464); Fernão Leal
Mohn (OAB/RS 25.167).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento sobre o componente
“motolâncias”, motocicletas equipadas com aparelhos de primeiros socorros destinadas a atendimentos
rápidos, na rede do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), programa do Ministério da
Saúde que tem como finalidade prestar socorro em casos de urgência e emergência,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fulcro no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/92, rejeitar as razões de justificativa
apresentadas pelos Srs. Alberto Beltrame, Cloer Vescia Alves e Emival Gonçalves de Sousa, e aplicar-
lhes, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais), notificando-os para, no prazo de 15 (quinze) dias, efetuarem e comprovarem perante
o Tribunal o pagamento da dívida;
9.2. caso não atendida a notificação, determinar o desconto da dívida nos vencimentos,
subsídio, salário ou proventos dos responsáveis, observados os limites previstos na legislação
pertinente, ou, alternativamente, autorizar a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, incisos I
e II, da Lei 8.443/92;
9.3. com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar à Secretaria de
Atenção à Saúde do Ministério da Saúde que:
240
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.3.1. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, plano de ação contendo
medidas a serem tomadas junto às secretarias locais de saúde e suas respectivas coordenações do
Samu, para aumentar a efetiva utilização das motolâncias, incluindo estimativas de prazos para
cumprimento;
9.3.2. execute o disposto nas cláusulas segunda, terceira e quarta dos Termos de Doação com
Encargos das motolâncias, para que os municípios que não intencionam utilizar o recurso recebido
restituam a motocicleta para redistribuição a municípios que tenham capacidade operacional para
colocá-las em funcionamento;
9.3.3. execute o disposto nas cláusulas quinta e sexta dos Termos de Doação com Encargos das
motolâncias, de forma que seja realizada a adequada fiscalização das obrigações e determinadas as
providências a serem adotadas pelos donatários para adequação contratual, quando for o caso;
9.3.4. execute o disposto no item “A” do Anexo à Portaria GM/MS 1.864/2003 e no item 14 do
Programa Mínimo para Implantação das Motolâncias na Rede Samu 192, para que seja realizado o
devido acompanhamento e avaliação das ações previstas na Portaria GM/MS 2.971/2008 e nos Termos
de Doação com Encargos;
9.4. com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar à
Subsecretaria de Atenção à Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito Federal que:
9.4.1. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, plano de ação, contendo as
medidas necessárias a dar plena utilização a todas as 21 motolâncias doadas pelo Ministério da Saúde,
incluindo as respectivas estimativas de prazos para cumprimento;
9.4.2. restitua ao Ministério da Saúde as motolâncias que o Samu/DF entender sem capacidade
operacional ou interesse em habilitar, conforme exigido pelo Termo de Doação com Encargos,
respeitada a reserva técnica;
9.5. com fulcro no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à Secretaria
de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde que defina prazo para que os municípios que receberam
motolâncias deem cumprimento às obrigações previstas nos Termos de Doação com Encargos,
destinando o equipamento doado para ações de atendimento de emergência da coordenação do Samu
donatária;
9.6. com fulcro nos arts. 169, § 1º, e 216 do Regimento Interno do TCU, dar ciência do inteiro
teor da presente deliberação aos responsáveis, à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde
e à Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal;
9.7. com fulcro no art. 169, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar, desde logo, o
encerramento do presente processo, após efetuadas as comunicações determinadas e expirados os
prazos dos recursos cabíveis dotados de efeito suspensivo.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2221-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator
241
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I – CLASSE VII – Plenário
TC 007.574/2012-6.
Natureza: Desestatização.
Entidade: Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Responsável: João Batista de Rezende (CPF 472.648.709-44) – Presidente.
Advogado constituído nos autos: não há.
SUMÁRIO: ACOMPANHAMENTO. ANATEL. LICITAÇÃO. OUTORGA DE
AUTORIZAÇÃO DE USO DE RADIOFREQUÊNCIAS. OUTORGA DE AUTORIZAÇÃO PARA
EXPLORAÇÃO DO SERVIÇO TELEFÔNICO FIXO COMUTADO. SERVIÇO MÓVEL
PESSOAL. SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA. APROVAÇÃO. RESSALVA
PRIMEIRO ESTÁGIO. DETERMINAÇÃO. RECOMENDAÇÃO. CIÊNCIA. RELATÓRIO
Adoto, como relatório, a instrução da unidade técnica (doc. 50), com manifestação de acordo
do Diretor e do Secretário (docs. 51 e 52), nos seguintes termos:
1. Tratam os autos de processo de licitação para outorga de autorização de uso de
radiofrequências nas subfaixas de 451 MHz a 458 MHz, de 461 MHz a 468 MHz e de 2.500 MHz a
2.690 MHz, pelo prazo de quinze anos, prorrogável uma única vez por igual período, com
possibilidade de outorga de autorização para exploração do Serviço Telefônico Fixo Comutado para
o Uso do Público em Geral (STFC), do Serviço Móvel Pessoal (SMP) e do Serviço de Comunicação
Multimídia (SCM), conduzido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) nos termos do
Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL.
2. Esse certame atende aos arts. 3º e 4º do Decreto nº 7.512/2011, que determinaram a
licitação das referidas subfaixas com os objetivos de: levar conectividade às regiões rurais ou de
baixa densidade demográfica, por meio da subfaixa de 450 MHz; e disponibilizar a chamada quarta
geração (4G) da tecnologia de comunicações móveis em banda larga nas cidades brasileiras pela
subfaixa de 2,5 GHz.
3. Na subfaixa de 2,5 GHz serão ofertados, para cada área de prestação definida
territorialmente pela Anatel, blocos de radiofrequência para as Bandas P, W, V1, V2, X, T e U, para
os lotes definidos no anexo II-A do Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL. Na subfaixa de
450 MHz, será ofertado um bloco de radiofrequência para as subfaixas de 451 MHz a 458 MHz e de
461 MHz a 468 MHz com abrangência nacional. Ao todo serão licitados 273 blocos de
radiofrequências.
4. O acompanhamento dos processos de outorga de serviços públicos, nos termos do art. 7º da
Instrução Normativa (IN)-TCU nº 27/98, deve ser realizado de acordo com os seguintes estágios: a)
primeiro estágio - exame da viabilidade da concessão ou da permissão; b) segundo estágio - exame da
pré-qualificação, se houver; exame do edital e da minuta dos contratos; c) terceiro estágio - exame da
habilitação e do julgamento das propostas; e d) quarto estágio - exame do ato de outorga e dos
contratos assinados.
5. As licitações para outorga de autorização de uso de radiofrequências são regidas pela
Lei nº 9.472/97 (Lei Geral de Telecomunicações, LGT), pela Resolução-Anatel nº 65/98 (Regulamento
de Licitação) e normativos da Anatel relacionados aos serviços a serem prestados e às características
técnicas das subfaixas de radiofrequências ofertadas.
6. De acordo com a Decisão 320/2000-TCU-Plenário, as autorizações a serem outorgadas na
forma estabelecida pela LGT apresentam todas as características de uma concessão, de forma que se
242
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
deve proceder ao acompanhamento dessas autorizações nos moldes da IN-TCU nº 27/98. Portanto, no
TCU, as outorgas de autorização de radiofrequências são analisadas por meio do mesmo
acompanhamento dispensado às concessões, de acordo com entendimento espelhado no voto da citada
Decisão:
“autorizações a serem outorgadas na forma estabelecida pela Lei Geral de Telecomunicações
(Lei 9472/97) muito pouco se distinguem de uma concessão, sendo oportuna a proposta do analista
para que a avaliação da presente outorga e de outras autorizações com características semelhantes
seja realizada nos moldes do acompanhamento de concessões previstos nas Instrução Normativa TCU
nº 10/95 e sua sucedânea IN TCU nº 27, de 07.12.98.”
7. Assim, esta instrução cuida da análise do primeiro estágio, nos termos do art. 9º da IN-
TCU nº 27/98.
II. Histórico
8. A Anatel encaminhou (peça 1, p. 1), em março de 2012, o documento intitulado “Estudo
para determinação do preço público de autorizações para exploração do serviço de comunicação
multimídia (SCM), do Serviço telefônico fixo comutado destinado ao uso do público em geral (STFC)
e/ou do serviço móvel pessoal (SMP), bem como outorga de segmentos de radiofrequências na
subfaixa 2.500 MHz a 2.690 MHz e/ou na subfaixa de 451 MHz a 458 MHz e de 461 MHz a 468 MHz”
(peça 1, p. 2-132).
9. A fim de complementar a documentação do primeiro estágio e solicitar justificativas, a
unidade técnica diligenciou a Anatel (peça 12). Em resposta, a Agência enviou (peças 19 e 20) os
documentos e justificativas solicitados.
10. Posteriormente, identificaram-se inconsistências no cálculo do preço mínimo, e solicitou-se
(peça 17) que a Agência apresentasse novas justificativas, as quais foram encaminhadas (peça 22).
11. A Agência enviou os arquivos referentes ao cálculo do valor proporcional para cada lote
de licitação, ponderado por população da área licitada (peça 24). A Anatel ainda encaminhou ajuste
no cálculo do custo médio ponderado do capital (weighted average cost of capital, WACC) (peça 25).
12. Com o objetivo de instruir a análise do primeiro estágio deste certame, foi autorizada a
realização de inspeção (peça 21).
III. Exame técnico do primeiro estágio
III.1. Tempestividade e completude da documentação encaminhada
13. O primeiro estágio deste processo de outorga refere-se à análise dos documentos
elencados no art. 7º, inciso I, alínea “a”, da IN-TCU nº 27/98, observado o art. 8º, inciso I, que
estabelece o prazo de encaminhamento a esta Corte pelo poder concedente de “trinta dias, no mínimo,
antes da publicação do edital de licitação”. Não se aplicam a este processo os documentos indicados
no art. 7º, inciso I, alíneas “b” e “c”, daquele normativo, haja vista a desnecessidade de
licenciamento ambiental para o serviço a ser outorgado, bem como não se verificarem investimentos
ou despesas anteriormente efetuados pelo órgão concedente e vinculados à outorga licitada.
14. A Anatel encaminhou, em 20/3/2012, o estudo (peça 1, p. 2-132), acompanhado de
planilhas, cálculos e informações que embasaram suas conclusões (peças 2-5). Posteriormente foram
encaminhados pela Agência complementos, ajustes e atualizações decorrentes das diligências
empreendidas pela unidade técnica e das alterações promovidas pelo Conselho Diretor no edital de
licitação a ser publicado, sem que houvesse prejuízo à avaliação do primeiro estágio. Conclui-se que
foi atendida a documentação exigida pelo art. 7º, inciso I, alínea “a”, da IN-TCU nº 27/98.
15. Considerando-se que o Edital 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL, referente ao processo de
outorga, teve o aviso publicado em 24/4/2012 na página 130 da Seção 3 do Diário Oficial da União, e
a publicação do teor completo do edital, no sítio eletrônico da Anatel, ocorreu em 27/4/2012, verifica-
se que o prazo constante do art. 8º, inciso I, da IN-TCU nº 27/98 foi atendido.
III.2. Objeto e critérios da licitação e modelagem do estudo de viabilidade econômica
16. No presente certame serão ofertados, na subfaixa de 2,5 GHz, blocos de radiofrequência
para as Bandas P, W, V1, V2, X, T e U, e, na subfaixa de 450 MHz, um bloco de radiofrequência para
243
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
as subfaixas de 451 MHz a 458 MHz e de 461 MHz a 468 MHz. O edital de licitação define 273 lotes,
sendo que alguns somente serão efetivamente licitados caso determinadas condições sejam atendidas,
a exemplo de existência de lotes desertos a serem segmentados ou de renúncia de faixas atualmente
ocupadas.
17. Inicialmente ocorre a licitação do lote referente à subfaixa de 450 MHz com abrangência
nacional. Se esse lote for outorgado, prossegue-se o certame com a licitação da subfaixa de 2,5 GHz,
sendo que os licitantes que vencerem os lotes das subfaixas W, X, V1 e V2 deverão arcar com o custo
de prover parte da infraestrutura para prestação de serviço na subfaixa de 450 MHz. Caso a licitação
da subfaixa de 450 MHz resulte em insucesso, prossegue-se o certame com a licitação da subfaixa de
2,5 GHz, adicionando-se compulsoriamente frações da subfaixa de 450 MHz às subfaixas W, X, V1 e
V2 na seguinte proporção: 1/3 da subfaixa de 450 MHz para as subfaixas W e X e 1/6 da subfaixa de
450 MHz para as subfaixas V1 e V2.
18. Na presente licitação, a Anatel utiliza dois critérios para escolha dos proponentes
vencedores. Para a subfaixa de 450 MHz, será vencedor o proponente que oferecer o maior desconto
relativo a um preço de referência de uma cesta de serviços definida pela Anatel. Já para os demais
lotes (subfaixa de 2,5 GHz), o vencedor será o proponente que oferecer o maior preço de outorga
para cada lote.
19. Na faixa de 450 MHz, a área de prestação é nacional. Na faixa de 2,5 GHz, para todos os
lotes das bandas W, V1, V2 e X, a área de prestação é nacional; para os lotes da banda U licitada
individualmente e parte dos lotes da banda P é por área de registro; e para os lotes da banda U
licitada em conjunto com a banda T e o restante de lotes da banda P é por grupo de municípios
pertencentes à mesma área de registro, conforme Resolução Anatel nº 544/2010 e sendo a
disponibilidade dependente de renúncia pela atual autorizatária da faixa (peça 1, p. 36 a 38).
20. A Anatel optou por fazer seis planos de negócios: plano para prestação em 50 MHz
duplexação por divisão no tempo (time division duplexing, TDD) (subfaixas T e U); em 20 MHz +
20 MHz duplexação por divisão de frequências (frequency division duplexing, FDD) (subfaixas V1 e
V2, W ou X); em 10 MHz + 10 MHz FDD (subfaixa P); em 450 MHz com prestação nacional por uma
operadora; em 450 MHz com prestação dividida pelas operadoras das subfaixas de 2,5 GHz; e
construção de infraestrutura por parte da operadora de 2,5 GHz para atender à prestadora de
450 MHz (peça 1, p. 72-117).
21. A metodologia utilizada pela Anatel para determinação dos preços mínimos é a do fluxo de
caixa descontado (peça 1, p. 14). O valor presente líquido (VPL) referente a cada lote, correspondente
ao preço mínimo pela outorga, foi calculado utilizando-se horizonte de análise de quinze anos, com
discretização anual, apropriando-se nos fluxos de caixa de cada período investimentos, receitas e
despesas.
22. A taxa de desconto, pela qual se trazem a valor presente os fluxos de caixa futuros, foi
determinada por meio do modelo Custo Médio Ponderado de Capital (WACC), associado ao modelo
Capital Asset Pricing Model (CAPM) para o cálculo do componente do capital próprio.
23. Para elaborar o estudo, a Anatel utilizou os dados brutos apresentados na Tabela 1:
Tabela 1: Dados brutos usados nos Planos de Negócios
Variável Referência
População IBGE 2010, obtido junto ao IPEA
Acessos Estimativa baseada em modelo definido tendo como base dez/2010
PIB IBGE PIB dos Municípios 2007
WACC Consórcio FGV/CPqD revisado em 2007 e atualizado em 2012 pela
Anatel
Investimento Uso de dados de três fornecedores de equipamentos
Custos Percentual do valor de investimentos
Receita Benchmark das atuais prestadoras do SMP
244
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Fonte: Estudo de viabilidade econômica (peça 1, p. 71, 87; peça 24, CD, planilha
PVCPR12_PreçoMínimo 2,5 E 3,5 _ConsolidaçãoDados_v01.xls).
Nota: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; IPEA – Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada; PIB – Produto Interno Bruto; WACC - Custo Médio Ponderado de Capital;
FGV – Fundação Getúlio Vargas; CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações; SMP – Serviço Móvel Pessoal.
24. Embora a faixa de 2,5 GHz permita a outorga de vários serviços de telecomunicações, a
modelagem considera cenário de prestação do serviço móvel pessoal, pois, de acordo com a Anatel,
dentre todos os usos possíveis, esse é o serviço que permite ofertar todas as facilidades existentes, de
maneira que é mais adequado para a modelagem do estudo (peça 1, p. 57). Outros serviços tem
aplicação mais restrita e não seriam apropriados para modelagem geral.
III.3. Estimativa de demanda para os próximos quinze anos
25. O modelo econométrico para estimar o crescimento do SMP foi o mesmo utilizado na
licitação da Banda H em 2010. Esse modelo utiliza o Produto Interno Bruto (PIB) per capita para o
ano de 2007, a taxa de crescimento do PIB entre 2003 e 2007 e a penetração do serviço, e usa como
base os dados da Taxa Composta de Crescimento Anual (CAGR) da telefonia móvel para 175 países
no período de 2003 a 2007. Assim, foi desenvolvido modelo em que a taxa de crescimento do mercado
depende das outras variáveis apresentadas, conforme a equação:
log(CAGR) =β1log(penetração_móvel)+ β2log(PIB per capita)+ β3log(crescimento do PIB)+
β4dummy
26. A variável dummy é uma variável binária de controle, sendo zero para países com PIB per
capita maior que US$ 6.000,00 e um para o restante (peça 1, p. 60).
27. Segundo a Anatel, o melhor modelo de regressão para os dados utilizados foi o de mínimos
quadrados (OLS puro). O crescimento do SMP nos últimos cinco anos nos 175 países foi explicado em
60% pelas variáveis utilizadas, sendo que os coeficientes encontrados foram considerados
estatisticamente relevantes a um nível de confiança de 90%.
28. Ocorre que, para a Banda H, esse modelo foi utilizado apenas para os primeiros cinco
anos de outorga e, para a presente licitação, a Anatel o usou para os quinze anos.
29. A Agência, na sequência, apresentou gráfico em que mostra que o modelo atual é mais
aderente à realidade do que a modelagem usada para a Banda H (peça 1, p. 62).
30. A Anatel ponderou que, ao se disponibilizar novas faixas de radiofrequência, há sempre
uma nova estimativa de demanda (peça 1, p. 58-59) e que há tendências mundiais no sentido de
ampliar o uso de serviços móveis, como por exemplo, o aumento das conexões Máquina-Máquina
(M2M) e o crescimento no tráfego de vídeo em dispositivos móveis (peça 1, p. 63-66).
31. Assim, o incremento das novas faixas de 2,5 GHz e de 3,5 GHz corresponde à diferença
entre o total previsto por esse modelo e os valores projetados quando da licitação da banda H. Em
comparação com as previsões pretéritas, a Agência acredita em uma quantidade de acessos final em
2026 de 1,5 bilhões, sendo 977,6 milhões apenas para a faixa de 2,5 GHz.
32. Considerando os tipos de uso, a demanda foi segmentada em três tipos de categorias de
planos de serviços: baixa capacidade, média capacidade e alta capacidade (peça 1, p. 66-68). O
mercado foi segmentado considerando que as empresas teriam “participações proporcionais ao
tamanho do espectro que possuem”, de acordo com a faixa de população do município e a quantidade
de operadoras no mercado (peça 1, p. 69).
33. No caso da faixa de 450 MHz, destinada a atender a área rural, a Agência indicou que não
há “a mesma disponibilidade de informações observada na zona urbana” (peça 1, p. 90). A partir da
observação das séries históricas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009 (PNAD),
produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e de pesquisa realizada pelo
Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), foram
estimados, para cada Unidade da Federação, a quantidade de domicílios rurais e os percentuais
destes com acesso à telefonia e a serviço de dados, atual e potencialmente (peça 1, p. 91-105).
245
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
III.4. Custo de capital
34. Para estabelecer a taxa de desconto a ser aplicada ao fluxo de caixa estruturado, foi
adotado o método do Custo Médio Ponderado do Capital (WACC), que representa a rentabilidade que
um projeto deve alcançar para custear o serviço da dívida (capital de terceiros) e o retorno do
investimento realizado pelo empreendedor (capital próprio). A estrutura de capital estabelece em que
proporção o capital próprio e de terceiros se juntarão para formar o capital destinado ao
empreendimento.
35. No estudo, adotou-se, inicialmente, a taxa de desconto para o mercado de telefonia móvel
determinada por uma atualização do trabalho do consórcio Fundação Getúlio Vargas/Centro de
Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (FGV/CPqD) em 2007. Esse valor corresponde a
uma taxa de desconto nominal de 13,19% a.a. e de 8,69% a.a., deflacionada pela estimativa de
inflação de 4,5% (peça 1, p. 70).
36. A Agência argumentou que esse valor ainda seria o mais apropriado e que a defasagem de
tempo não prejudicaria as hipóteses, ainda que se considere a crise econômica mundial de 2008, já
que a economia nacional tem se mostrado vigorosa, com constante disponibilidade de capital por
meio de bancos privados e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
(peça 1, p. 71). Ademais, a Anatel não utilizou a metodologia de cálculo definida pela Resolução-
Anatel nº 535/2009, em decorrência da não disponibilidade de bases de dados necessárias para a
definição do WACC.
37. Observa-se que o valor mínimo das outorgas obtido no estudo é sensível a alterações do
WACC. Desse modo, a atualização das bases de dados para incluir os valores entre 2007 e 2011 é
necessária, tendo em vista que são utilizadas séries históricas para calcular os parâmetros do WACC
e que houve acontecimentos relevantes no mercado financeiro internacional, como, por exemplo, a
crise de 2008 e a queda do risco-país do Brasil.
38. Após a diligência da Unidade Técnica (peça 12), a Anatel atualizou o cálculo do WACC
com séries históricas dos parâmetros até janeiro de 2011, chegando ao valor nominal de 12,09% a.a.
e ao valor real de 7,59% a.a., utilizando-se como deflator a meta de inflação de 4,5% (peça 22, p. 9).
39. O coeficiente de risco sistemático da prestadora típica de serviços de telecomunicações foi
o único parâmetro que não foi atualizado, segundo a Anatel, devido à dificuldade e à inviabilidade de
se “obter um grande número de informações, incluindo séries privadas” e “dado que nos últimos
cinco anos não se observou nenhuma alteração substancial no setor de telecomunicações brasileiro
que pudesse impactar no risco sistemático do setor” (peça 1, p. 7).
40. Conforme informado pela Anatel, o cálculo foi elaborado seguindo a metodologia da
Resolução-Anatel nº 535, no entanto com dados obtidos pela equipe responsável pela elaboração do
estudo de viabilidade econômico-financeira da presente licitação.
41. Analisando a metodologia utilizada pela Anatel, identificou-se a possibilidade de
aprimoramento de tal resolução. A resolução definiu título específico, no caso Global BRL 2016, que
deve ser usado como o título de longo prazo do Tesouro Nacional nas fórmulas do WACC. Seria mais
adequado definir na resolução somente o tipo de título e o prazo de vencimento, pois dessa forma, a
resolução não estaria limitada a horizonte temporal de aplicação (por exemplo, até 2016 quando
vence o título BRL 2016).
42. De fato, a fixação de um título específico não parece a mais adequada para uma norma
geral. Com o tempo, o título perde suas características iniciais, deixando de ser de longo prazo, por
exemplo, e, por fim, tem sua validade expirada, situação que obrigaria a agência a constantemente
atualizar a sua resolução.
43. Após encaminhar a primeira retificação do custo de capital, a Anatel encaminhou nova
retificação ao cálculo desse custo, em que corrigiu erro no processo de deflação do valor nominal
para o valor real, e também alterou outros parâmetros utilizados no cálculo.
44. O primeiro item atualizado foi a data-base de coleta dos dados, de 14/1/2011 para
15/4/2011. Segundo a Agência, as informações necessárias envolvendo “demonstrativos financeiros
246
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
de final de exercício de empresas listadas em bolsa” “só estão realmente disponíveis a partir de abril
de cada ano”, de acordo com Instrução Normativa nº 202 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
(peça 25, p. 1). Por isso, foram atualizados os valores das taxas básicas de empréstimos Brasil livre
de risco soberano (componente do custo do capital próprio) e empréstimos Brasil (parte do custo do
capital de terceiros).
45. Outro ajuste foi no prêmio de risco de crédito (spread), no cálculo do prêmio CDI.
Inicialmente, estavam sendo consideradas debêntures lançadas até 2007, porém o normativo da
Anatel recomenda a utilização de debêntures emitidas em período próximo ao cálculo. Nessa versão
final foram incluídas apenas as emitidas nos “dois anos anteriores ao cálculo, quais sejam 2009 e
2010” (peça 25, p. 1).
46. Por fim, foram alterados o deflator e a fórmula de deflação aplicada ao WACC. A meta de
inflação de 4,5% foi substituída pela média geométrica dos últimos três anos do índice setorial de
telecomunicações (IST) de 4,29% (peça 25, p.1 e CD). Segundo a Agência, esse índice foi escolhido
porque “possui estreita influência tanto nas receitas como nas despesas associadas ao Plano de
Negócios” (peça 25, p. 2).
47. O valor nominal atualizado do WACC corresponde a 12,21%. Destaca-se que o valor do
WACC real permaneceu em 7,59% após essas alterações.
48. Considerando que o WACC é utilizado pela Agência nos estudos de viabilidade econômico-
financeira dos processos de outorga, bem como em outras ações regulatórias, cumpre determinar à
Anatel que, nas próximas licitações, utilize o custo médio ponderado do capital (WACC) atualizado
conforme a norma da metodologia de estimativa do custo médio ponderado de capital aprovada pela
Resolução-Anatel nº 535/2009, para o cálculo do WACC, conforme item 2.6 da referida norma; e
recomendar à Anatel que verifique a necessidade de fazer alterações na norma de metodologia para
seu aprimoramento, a fim de torná-la mais estável ao longo do tempo e menos limitada a restrito
horizonte temporal de aplicação.
III.5. Investimentos
49. O estudo considera cinco tipos de investimento: no plano para prestação em 50 MHz TDD
(subfaixas T e U); no plano para prestação em 20 MHz + 20 MHz FDD (subfaixas V1 e V2, W ou X);
em construção de infraestrutura para atender à prestadora de 450 MHz; no plano para prestação em
10 MHz + 10 MHz FDD (Subfaixa P); e na subfaixa de 450 MHz (peça 1, p. 72-117).
III.5.1. Planos para prestação na subfaixa de 2,5 GHz
50. No caso das subfaixas T, U, V, W e X, o investimento a ser realizado foi estimado tendo por
base a quantidade necessária de sites a serem instalados e o número de estações de rádio base (ERB)
3G por município em janeiro de 2010, bem como uma estimativa de custo para a implantação de uma
ERB. Considerando que a faixa de 2,5 GHz possui característica de propagação que implica em
cobertura inferior a faixa utilizada na rede 3G, a Anatel utilizou fator multiplicativo de 1,7 para a
obtenção da quantidade de sites em 2,5 GHz, conforme sugerido por estudo da empresa Qualcomm
que inicialmente não fora encaminhado a este Tribunal.
51. Foi ainda criado um fator distância para ajustar os custos relativos à implantação e à
transmissão da rede nas áreas do país (peça 1, p. 72-75). Por exemplo, inicialmente, o fator distância
para municípios com mais de 100 mil habitantes na área 9 era 1 e na área 10 era 3, ou seja, o valor
da área 10 era três vezes maior. Já no caso dos municípios com população entre 30 e 100 mil
habitantes, o fator distância era o mesmo para as áreas 9 e 10, no valor de 11.
52. Após diligência da Unidade Técnica (peça 12), a Agência enviou o estudo da Qualcomm
(peça 19) e a justificativa para os valores do fator distância (peça 22).
53. Sobre o fator distância, a Anatel justificou que “o racional existente, embora lógico, não se
mostrava perfeitamente intuitivo” e optou “por simplificar o racional para diferenciação destes
fatores entre as categorias de municípios”, em moldes semelhantes ao utilizado na licitação do 3G
(peça 22, p. 12). Foi definida padronização para os municípios de acordo com os estratos de
247
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
população e a área, mantendo o mesmo critério tanto para as subfaixas de TDD quanto para as de
FDD.
54. No caso da subfaixa P, a Anatel optou por “um modelo orientado somente ao aumento de
capacidade da infraestrutura instalada”, representando valor médio de R$ 285,00 para cada novo
acesso, com reinvestimento a cada cinco anos. Segundo a Agência, a justificativa para isso é que,
analisando as premissas do estudo e do edital, “existe uma forte tendência de que a subfaixa P seja
adquirida por uma das empresas vencedoras das faixas U, W, V ou X, visto que ela é mais aderente a
um agente que já estará no mercado de 2,5 GHz e desejará adquirir mais faixas de frequência para
atender à demanda por serviço” (peça 1, p. 80).
III.5.2. Planos para prestação na subfaixa de 450 MHz
55. O investimento inicial para esta faixa foi calculado a partir da estimativa da quantidade
necessária de ERBs para o atendimento da demanda potencial identificada, com a implantação da
infraestrutura nos primeiros sete anos da outorga. Para isso, foram consideradas duas dimensões
técnicas: a área geográfica de cobertura da ERB, com raio de cobertura de 30 km, e a capacidade de
tráfego suportada. Considerando a obrigação de cobrir a sede de todos os municípios e todas as
escolas rurais, estimou-se o total de 6.048 ERBs necessárias. Esse valor foi multiplicado pelos custos
de cada ERB, obtido por pesquisa de mercado com dois fabricantes, e pelo fator distância, que “visa
demonstrar a dificuldade de implantação de equipamentos de transmissão” (peça 1, p. 111-113).
56. Além disso, foram acrescidos os reinvestimentos a cada cinco anos até o final da outorga e
o valor de R$ 100.000.000,00 a título de “outros investimentos necessários e não detalhados neste
estudo, como por exemplo, a limpeza da faixa de 450 MHz” (peça 1, p. 114 e 115).
57. A Unidade Técnica questionou à Anatel quais seriam esses investimentos (peça 12).
Segundo a resposta da Agência (peça 20), os principais custos são limpeza da faixa e atendimento das
regiões de sombra. No primeiro caso, o vencedor da subfaixa de 450 MHz terá que arcar com os
custos de remanejar todas as mais de 20.000 estações operando na faixa atualmente no Brasil, de
acordo com a Resolução-Anatel nº 558/2010. No segundo caso, trata-se de obrigação do 3º Plano
Geral de Metas e Universalização (PGMU III) atender a 100% das escolas rurais, inclusive as que se
localizam fora da área de cobertura estabelecida para os municípios rurais. Esses investimentos não
podem ser precisamente previstos neste momento, pois se referem a casos pontuais conforme as
estações ocupantes da faixa, as características geográficas dos municípios e a localização das escolas
rurais.
III.6. Receitas
58. O estudo fundamenta a estimativa de receitas para a faixa de 2,5 GHz no cálculo de
valores de receita média por acesso (ARPU) para as áreas de concessão do SMC. Foram utilizados
como referência “os planos de serviço ofertados no mercado atualmente” (peça 1, p. 82), de acordo
com a segmentação de demanda proposta no estudo: baixa capacidade, média capacidade e alta
capacidade.
59. Sobre esses valores, foi aplicada ponderação que considera o PIB das áreas para obter os
valores estimados de ARPU para cada grupo de cidades por área, da mesma forma que ocorreu na
licitação do 3G e da Banda H. Além disso, “foram utilizados fatores de decréscimo de receita para as
faixas FDD e TDD, separados ainda por categoria de plano de serviço” (peça 1, p. 84), tendo em
vista o comportamento histórico de queda de receita por usuário, observado na prestação do SMP.
60. Também foram consideradas “as receitas que serão auferidas pelas empresas vencedoras
das faixas W, V1, V2 e X com o aluguel de sites (infraestrutura civil, de transmissão e energia) para a
prestadora na faixa de 450 MHz” (peça 1, p. 86). Os valores foram estimados com base em média de
contratos observados e valores negociados.
61. No caso da faixa de 450 MHz, a ARPU de voz foi estimada a partir da Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
2009, ambas do IBGE. Considerando um VPL nulo, a modelagem foi construída para obter o valor do
minuto de ligação e o consumo médio de minutos que geram a ARPU estimada. Para isso, foram
248
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
utilizados dados históricos da prestação de SMP no Brasil relativos à participação no mercado de
serviços pré e pós-pagos, conforme dados consolidados pela Anatel, e à receita média por minuto das
prestadoras brasileiras, conforme dados consolidados pela consultoria internacional Merrill Lynch
(peça 1, p. 121).
62. Para a receita de dados, optou-se pela oferta de um único plano em todo o território sendo
o seu preço “definido como aquele que torna o VPL nulo” (peça 1, p. 122).
63. Ainda foi considerada a receita com a venda de capacidade para a concessionária de
STFC local, a fim de permitir a oferta de SFTC local fora da área de tarifação básica. Esse preço,
inclusive, corresponde a um dos itens da cesta utilizada para escolha da melhor proposta. Também foi
considerada a receita que o prestador de 450 MHz receberá da concessionária do STFC pelo uso de
telefones de uso público (TUP) (peça 1, p. 123).
III.7. Despesa
64. As despesas (OPEX) foram estimadas como percentual em relação ao valor total de custos
e investimento (TCO), considerando ainda um decréscimo ao longo do período da outorga,
fundamentado em artigo obtido na Internet sob a justificativa de que “não há paradigma comercial no
país” nem “um histórico no exterior suficiente que sirva de base” (peça 1, p. 87).
65. Questionada pela Unidade Técnica sobre a adequação dessa estimativa fundada em um
único artigo (peça 12), a Anatel decidiu aprimorar a modelagem do OPEX, considerando “que, no
início do período, o peso de CAPEX é maior, e essa relação decresce, de modo que o percentual de
OPEX cresce substancialmente” (peça 22, p. 11). Dessa forma, essa relação passou a variar,
regionalmente e ao longo dos quinze anos, de maneira crescente de 49% a 85% do valor total de
custos e investimento para a subfaixa 2,5 GHz e de 49% a 90% para a 450 MHz.
66. Essa nova modelagem foi aplicada em todas as subfaixas, exceto na subfaixa P, pois “o
modelo anterior já permitia curva de OPEX crescente” (peça 22, p. 12).
III.8. Valor presente líquido
67. Com as estimativas de receitas, despesas e investimentos, e a definição da taxa de
desconto, o estudo montou os fluxos de caixa e chegou ao valor presente líquido para todos os planos
de negócios desenvolvidos pela Anatel.
68. Para o cálculo do fluxo projetado é feita estimativa das alíquotas de imposto de renda
(25%) e da contribuição social sobre o lucro líquido (9%) aplicadas ao lucro tributável do período.
Nos primeiros períodos, geralmente são registrados prejuízos em vez de lucros, tendo em vista os
investimentos iniciais e o crescimento da receita ao longo do tempo.
69. Segundo a legislação tributária vigente no país, nos exercícios em que foram registrados
prejuízos, a empresa adquire o direito de crédito de imposto em relação aos exercícios futuros. Nesse
caso, não há desconto desses impostos naquele exercício e, nos próximos, é permitido compensar até
30% desse crédito.
70. Entretanto, isso não foi observado no estudo original enviado pela Anatel e, nos anos que
apresentaram prejuízo, foi aplicada a alíquota total de 33% sobre esse valor. Como resultado, o lucro
líquido desses anos ficou maior do que o lucro tributável, afetando diretamente as etapas seguintes do
cálculo do fluxo de caixa e o valor final do VPL. Dessa forma, tal incoerência necessitou ser corrigida
em todos os fluxos de caixa do presente estudo.
71. Na versão atualizada do estudo encaminhada pela Anatel (peça 24, CD), em todos os
planos de negócios foi alterada a alíquota total de impostos para 34%. No caso das subfaixas U, T e
P, o cálculo da compensação tributária foi realizado para cada área de prestação, pois serão
licitadas regionalmente. Para as demais subfaixas da 2,5 GHz e a faixa de 450 MHz, foram criadas
novas planilhas contendo a soma de todos os investimentos, receitas e despesas para cada faixa
licitada e em cada ano da outorga. A partir desses valores, foram calculados os respectivos VPLs.
72. Os valores finais de VPLs obtidos estão na Tabela 2.
Tabela 2: Valores presentes líquidos das subfaixas de 450 MHz e 2,5 GHz (W, X, V1, V2, P,
U e T) antes e depois da atuação do TCU (R$)
249
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Subfaixas
Se houver proposta vencedora para a
subfaixa 450 MHz separadamente
Se NÃO houver proposta vencedora para a
subfaixa 450 MHz separadamente
Estudo inicial Estudo final Acréscimo Estudo inicial Estudo final Acréscimo
450 MHz - - - - - -
W, X, V1 e
V2 1.551.244.605
1.808.366.83
2
257.122.22
6 - - -
450 MHZ +
W, X, V1 e
V2
- - - 1.590.219.146 1.890.572.763 300.353.617
P 935.329.984 1.055.156.90
8
119.826.92
5 935.329.984 1.055.156.908 119.826.925
U eT 874.188.684 954.462.232 80.273.548 874.188.684 954.462.232 80.273.548
Valor total 3.360.763.273 3.817.985.97
2
457.222.69
9 3.399.737.814 3.900.191.904 500.454.090
Fonte: Arquivo FRL12_Edital 450 MHz + 2,5 GHz_pós CP 4-2012_pré-PRC_v02 (AN.xls,
planilha “Preços” (peça 24)
73. Para a licitação da faixa de 450 MHz separadamente, o estudo partiu da premissa de VPL
nulo para obter os preços da cesta de serviços para os quais serão ofertados descontos na fase de
escolha da melhor proposta da licitação. Caso essa faixa seja licitada em conjunto com a de 2,5 GHz,
os preços praticados pela proponente vencedora serão, no máximo, os dessa cesta de serviços. A
Tabela 3 apresenta os valores encontrados.
Tabela 3: Preços calculados para a cesta de serviços do plano da faixa de 450 MHz (R$).
Cesta de serviços 450 MHz
Preço voz - Pré-pago 0,316
Preço voz - Pós-pago 30,600
Preço para a
Concessionária 0,251
Franquia de dados 32,595
Fonte: Arquivo PVCPR12_Cálculo Final Compensação Tributária_v02.xls, planilha
“Resultados” (peça 24, CD).
74. Por fim, a Anatel fez o cálculo para cada lote de licitação, ponderando por população da
área licitada (peça 24, CD, arquivo FRL12_Edital 450 MHz + 2,5 GHz_pós CP 4-2012_pré-PRC_v02
(NA.xls), obtendo os valores totais apresentados na tabela 4.
Tabela 4: Preços finais dos lotes das subfaixas de 450 MHz e 2,5 GHz (R$)
Subfaixas
Todos os lotes renunciados
previamente
Nenhum lote renunciado
previamente
Se houver
proposta
vencedora para
a subfaixa 450
MHz
separadamente
Se NÃO houver
proposta
vencedora para
a subfaixa 450
MHz
separadamente
Se houver
proposta
vencedora
para a
subfaixa 450
MHz
separadamente
Se NÃO
houver
proposta
vencedora
para a
subfaixa 450
MHz
separadamente
450 MHz - - - -
W, X, V1 e V2 1.808.368.000 - 1.808.368.000 -
450 MHZ + W, X, V1 e V2 - 1.890.574.000 - 1.890.574.000
P, U e T (todos os lotes) 1.860.596.000 1.860.596.000 - -
P, U e T (somente lotes novos) - - 865.128.000 865.128.000
250
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Valor total 3.668.964.000 3.751.170.000 2.673.496.000 2.755.702.000
Fonte: Arquivo FRL12_Edital 450 MHz + 2,5 GHz_pós CP 4-2012_pré-PRC_v02 (AN.xls,
planilha “Anexo II-A – Lotes” (peça 24)
75. O valor total dos lotes previstos na presente licitação é de R$ 3,7 bilhões considerando que
a subfaixa de 450 MHz será vendida individualmente e todos os lotes que pertencem a algum
autorizatário serão renunciados. Caso não haja sucesso na licitação do Lote I (faixa de 450 MHz) e
nenhum lote seja renunciado pelos seus atuais autorizatários, o valor do total dos preços mínimos é de
R$ 2,7 bilhões.
76. Em relação à faixa de 450 MHz, cujo critério é o desconto sobre o preço da cesta de
serviços, os valores obtidos para essa cesta de serviços pela Anatel, líquidos de tributos, foram de
R$ 0,316 por minuto para ligações locais pré-pago, R$ 30,60 por mês para franquia mensal de cem
minutos, R$ 32,59465 por mês para franquia de dados e R$ 0,25134 por minuto para cessão de
capacidade de rede para a concessionária de telefonia fixa (STFC).
IV. Conclusão
77. A análise empreendida no primeiro estágio para este processo de outorga, atendendo ao
disposto na IN-TCU nº 27/98, permitiu verificar a regular condução desta fase pela Anatel.
78. O estudo de viabilidade econômica da outorga, constante do primeiro estágio, determinou
os preços mínimos dos lotes licitados na faixa de 2,5 GHz, totalizando R$ 3,7 bilhões, e os valores da
cesta de referência para a faixa de 450 MHz, por meio da metodologia do fluxo de caixa descontado,
utilizando-se de premissas, parâmetros, projeções e índices que contribuem para a coerência e a
robustez do modelo. Entretanto, alguns pontos da metodologia do estudo de viabilidade econômica
são passíveis de aprimoramentos para as próximas licitações.
79. Um item que tem efeito significativo sobre o preço mínimo de outorga é o WACC.
Inicialmente, o estudo de viabilidade enviado para esta licitação utilizava o valor de WACC calculado
pelo consórcio FGV/CPqD em 2007, com base em séries históricas e parâmetros da situação da
economia mundial à época.
80. Após questionamentos deste Tribunal (peça 12), foi elaborada atualização parcial do
WACC, com dados até janeiro de 2011 e seguindo as orientações da Resolução Anatel nº 535/2009,
que normatiza a metodologia de atualização desse parâmetro. Com isso, a taxa real caiu de 8,69%
a.a. para 7,59% a.a. (parágrafos 49-50).
81. Contudo, tal resolução definiu título específico, no caso Global BRL 2016, que deve ser
usado como o título de longo prazo do Tesouro Nacional nas fórmulas do WACC. Ocorre que,
dependendo da época em que o estudo for realizado, esse título pode não ser o mais adequado e pode
até mesmo já estar vencido. Assim, a fixação de um título específico não parece a mais adequada para
uma norma geral. (parágrafos 38 e 39).
82. Além disso, a referida atualização parcial do WACC somente foi realizada em 2012 porque
houve questionamentos do TCU. Segundo informado pela própria Anatel em ofício datado de abril de
2012, “até o presente momento, não foi publicada, nos termos do item 2.6 da Norma, resolução do
Conselho Diretor da Anatel contendo o valor apurado do WACC segundo a metodologia aprovada” e,
desde setembro de 2007, “não foi possível concluir nova contratação para atualização dos valores de
WACC nos termos da norma da Agência” (peça 22, p. 6).
83. Se tivesse sido concretizada a utilização do WACC calculado em 2007, e, portanto,
desatualizado, mesmo havendo resolução da Agência normatizando a metodologia de cálculo desse
parâmetro, os preços mínimos de outorga de todos os mais de duzentos lotes da licitação seriam
impactados significativamente.
84. Por fim, deve-se lembrar de que esse valor de WACC aplica-se não só nas licitações, mas
também no cumprimento das obrigações legais, regulamentares e contratuais das empresas
prestadoras de serviços de telecomunicações, conforme Resolução-Anatel nº 535/2009 (peça 22, p.
19). Portanto, diversos aspectos da regulação exercida pela Anatel são afetados pelo uso de valor
251
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
calculado há cinco anos e que não considera acontecimentos relevantes no mercado financeiro
internacional, como, por exemplo, a crise de 2008 e a queda do risco-país.
85. É essencial que a Anatel cumpra sua própria resolução, conforme item 2.6 da norma da
metodologia de estimativa do custo médio ponderado de capital (Resolução-Anatel nº 535/2009) e
atualize todos os parâmetros que compõem o WACC. Ao regulamentar a questão, por meio da norma,
os atos da Agência ficam a ela vinculados. Alteração no procedimento somente é possível com a
edição de outra resolução normativa. Sendo assim, cumpre determinar à Anatel que utilize a
Resolução-Anatel nº 535/2009 na modelagem do WACC.
86. Destaca-se que a atuação do Tribunal, na análise do primeiro estágio da presente
licitação, permitiu a correção de parâmetros e premissas utilizados inicialmente pela Anatel, que
propiciaram maior robustez ao estudo de viabilidade econômico-financeira apresentado. Entre as
mudanças propostas pelo TCU e acatadas pela Anatel, ressaltam-se: crescimento do custo de
operação (OPEX) coerente com o aumento do número de usuários ao longo dos anos; atualização do
WACC, que apresentava valores de 2007, e correção do cálculo da respectiva taxa real a partir da
taxa nominal; correção do cálculo do imposto de renda e da depreciação anual no fluxo de caixa; e
alteração no fluxo de caixa, que apresentava inicialmente dezesseis períodos, enquanto a outorga é de
quinze anos. Tais alterações significaram incremento de aproximadamente R$ 500 milhões (16%) em
relação ao preço mínimo apresentado inicialmente pela Agência.
87. Ante o exposto, entende-se pela aprovação, com ressalvas, do primeiro estágio.
V. Volume de recursos fiscalizados e benefícios do controle externo
88. O Volume de Recursos Fiscalizados (VRF), nos processos de fiscalização deste Tribunal,
tem seus critérios para cálculo e registro determinados pela Portaria TCU nº 222/2003. Consoante
item 1.2 dessa Portaria, “quando forem examinados procedimentos licitatórios que ainda não tenham
resultado no empenho da despesa, o VRF corresponderá ao valor estimado pelo órgão com base na
pesquisa prévia de mercado”.
89. Desse modo, o VRF neste processo deve ser calculado pelo valor estimado pela Anatel, que
totalizou R$ 3.751.170.000,00 a valor presente, conforme Tabela 4 da presente instrução.
90. A atual sistemática de quantificação e registro sobre os benefícios das ações de controle
externo foi instituída pela Portaria TCU nº 82/2012.
91. Neste processo, os benefícios diretos qualitativos são os aperfeiçoamentos constantes
apresentados pela Anatel nos estudos enviados a partir de 2007, nas licitações relativas ao 3G e a
banda H, e a expectativa de controle, gerada pela atuação constante do Tribunal de Contas da União
para fazer valer as leis e as suas decisões.
92. O benefício efetivo, indireto e quantitativo financeiro obtido foi de R$ 457.222.699,22.
Conforme orientações de valoração de benefícios da Secretaria Geral de Controle Externo (Segecex),
esse valor calculado é a estimativa mais conservadora, correspondendo à diferença entre o preço
mínimo da outorga inicialmente calculado no estudo e o preço após a intervenção do TCU no caso de
haver proponentes vencedoras em todos os lotes da faixa de 450 MHz licitados independentemente dos
lotes de 2,5 GHz (itens 10 e 11).
VI. Proposta de encaminhamento
93. Diante do exposto, e com fulcro no art. 7, inciso I, da IN TCU nº 27/98, propõe-se:
a) aprovar, com ressalvas, o primeiro estágio deste processo de desestatização referente ao
Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL, com fundamento no art. 258, inciso II, do
Regimento Interno do TCU;
b) com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 250, inciso II, do
Regimento Interno do TCU, determinar à Anatel que, nas próximas licitações, utilize o custo médio
ponderado do capital (WACC) atualizado conforme a norma da metodologia de estimativa do custo
médio ponderado de capital, aprovada pela Resolução-Anatel nº 535/2009, para o cálculo do WACC,
conforme item 2.6 da referida norma;
252
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
c) com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 250, inciso II, do
Regimento Interno do TCU, recomendar à Anatel que verifique a necessidade de fazer alterações na
norma da metodologia de estimativa do custo médio ponderado de capital, aprovada pela Resolução-
Anatel nº 535/2009, para o seu aprimoramento, a fim de torná-la mais estável ao longo do tempo e
menos limitada a um restrito horizonte temporal de aplicação;
d) enviar cópia desta instrução e da decisão que venha a ser proferida à Anatel; e
e) restituir os autos à Sefid-2 para acompanhamento do segundo, do terceiro e do quarto
estágios deste processo de desestatização.
É o relatório.
VOTO
Tratam os autos de análise do primeiro estágio de acompanhamento de licitação para outorga
de autorização de uso de 273 blocos de radiofrequências, com possibilidade de outorga de autorização
para exploração do serviço telefônico fixo comutado para o uso do público em geral, do serviço móvel
pessoal e do serviço de comunicação multimídia, conduzida pela Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) por meio do Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL.
Neste acompanhamento, a unidade técnica verificou a regular condução, pela Anatel, do
primeiro estágio que compreende o exame da viabilidade da concessão, conforme art. 7º da Instrução
Normativa (IN)-TCU nº 27/98.
O estudo de viabilidade econômica da outorga determinou preços mínimos e valores
referenciais por meio de metodologia de fluxo de caixa descontado, a partir de premissas, parâmetros,
projeções e índices, porém com aspectos passíveis de aprimoramentos para as próximas licitações.
Foram objeto de ressalvas o uso do custo médio ponderado do capital desatualizado, em
desacordo com orientações da Resolução Anatel nº 535/2009, que normatiza a metodologia de
atualização desse parâmetro, e a fixação, em norma geral, de título específico de longo prazo do
Tesouro Nacional nas fórmulas do custo médio ponderado do capital. Dependendo da época em que o
estudo de viabilidade for realizado, esse título específico pode não ser o mais adequado e pode até
mesmo já estar vencido.
Ressalto que o custo médio ponderado do capital aplica-se não só nas licitações, mas também
no cumprimento das obrigações legais, regulamentares e contratuais das empresas prestadoras de
serviços de telecomunicações, conforme Resolução-Anatel nº 535/2009, e, consequentemente, afeta
aspectos da regulação exercida pela Anatel.
Destaco que a atuação do Tribunal, na análise do primeiro estágio desta licitação, permitiu a
correção de parâmetros e premissas inicialmente utilizados pela Anatel, tais como crescimento do
custo de operação coerente com o aumento da quantidade de usuários ao longo dos anos; atualização
do custo médio ponderado do capital e correção do cálculo da respectiva taxa real a partir da taxa
nominal; correção do cálculo do imposto de renda e da depreciação anual no fluxo de caixa; e
alteração no fluxo de caixa.
Concordo com a proposta da unidade técnica de determinação à Anatel para que, nas próximas
licitações, utilize o custo médio ponderado do capital atualizado conforme metodologia de estimativa
aprovada pela Resolução-Anatel nº 535/2009, e de recomendação de alteração dessa norma de forma a
torná-la mais estável ao longo do tempo e menos limitada a horizonte temporal restrito de aplicação.
Ante o exposto, voto no sentido de que seja aprovado o Acórdão que ora submeto à deliberação
deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Relator
ACÓRDÃO Nº 2222/2012 – TCU – Plenário
253
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
1. Processo nº TC 007.574/2012-6.
2. Grupo I – Classe: VII - Desestatização.
3. Responsável: João Batista de Rezende (CPF 472.648.709-44) – Presidente.
4. Entidade: Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Desestatização e Regulação 2 (Sefid-2).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de acompanhamento de licitação para outorga de
serviços públicos, conduzida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel);
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 7, inciso I, da Instrução Normativa
TCU nº 27/98; 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92; 250, inciso II, e 258, inciso II, do Regimento Interno do
TCU, em:
9.1. aprovar, com ressalvas, o primeiro estágio do processo de desestatização referente ao
Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV-ANATEL;
9.2. determinar à Anatel que, nas próximas licitações, utilize o custo médio ponderado do
capital atualizado conforme item 2.6 da metodologia de estimativa aprovada pela Resolução-Anatel nº
535/2009;
9.3. recomendar à Anatel que aprimore a metodologia de estimativa do custo médio ponderado
de capital, aprovada pela Resolução-Anatel nº 535/2009;
9.4. enviar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a fundamentam, à
Anatel;
9.5. restituir os autos à Sefid-2 para acompanhamento dos demais estágios deste processo de
desestatização.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2222-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO II – CLASSE I – Plenário
TC 009.086/2011-0
254
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Natureza: Recurso ao Plenário (Administrativo)
Entidade: Tribunal de Contas da União
Interessado: Onesild Jose da Silva (024.720.667-91)
Advogado constituído nos autos: não há
SUMÁRIO: RECURSO CONTRA DECISÃO ADOTADA PELO PRESIDENTE SOBRE
MATÉRIA ADMINISTRATIVA. CONHECIMENTO. DESPROVIMENTO. RELATÓRIO
Tratam os autos, originalmente, de requerimento formulado pelo servidor aposentado Onesild
José da Silva, com vistas a alterar o cálculo da média das remunerações que serviram de base para
determinação dos proventos de sua aposentadoria, observada a regra ínsita no art. 40, § 3º, da
Constituição Federal, com a redação conferida pela Emenda Constitucional 41/2003, e na Lei 10.887,
de 18 de junho de 2004.
Após o indeferimento do pedido pelo secretário de Gestão de Pessoas, o interessado interpôs
três recursos consecutivos, já apreciados por três instâncias administrativas, a saber: o próprio
secretário de Gestão de Pessoas, o secretário-geral de Administração e o presidente do Tribunal.
O despacho denegatório do presidente foi grafado nos seguintes termos:
Trata-se de recurso hierárquico interposto pelo servidor Onesild José da Silva contra
despacho do Secretário-Geral de Administração (peça 13) proferido em sede de pedido de
reconsideração. Aquela autoridade administrativa negou pleito do interessado que tinha por objetivo
alterar o cálculo da média das remunerações que serviram de base para o cálculo dos proventos de
aposentadoria efetuados com base no § 3° do art. 40 da Constituição Federal, com a redação
conferida pela EC 41/2003 e regulamentado pela Lei n.° 10.887/2004.
Em apertada síntese, o interessado pleiteia que a Gratificação Natalina seja computada
juntamente com a remuneração do mês de dezembro, para fins de se obter a média (a ser calculada
sobre 12 remunerações anuais) a que se refere o art. 1° da Lei n.° 10.887/2004.
A Conjur, em parecer de peça 23, ponderou que, no Regime Geral de Previdência Social
(RGPS) o décimo terceiro salário não é computado para fins de apuração do salário-de-benefício.
Isso ocorre por força de norma expressa, a saber, o § 3° do art. 29 da Lei n.° 8.213/1991, com a
redação conferida pela Lei n.° 8.870/1994.
Salientou ainda que a redação original da Lei n.° 8.213/1991, assim como a Lei n.°
10.887/2004, nada mencionava acerca do cômputo ou não do décimo terceiro salário (ou gratificação
natalina).
Naquele cenário jurídico, no qual não havia expressa determinação para a exclusão do décimo
terceiro salário do cálculo do salário-de-benefício, a jurisprudência é controvertida. Conquanto
prevaleça nos Tribunais Regionais Federais da 1ª e da 4ª Regiões o entendimento sobre a
inviabilidade da inclusão do décimo terceiro salário para fins de cálculo do salário-de-benefício, a
jurisprudência do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região teria se firmado no sentido de ser
devido o cômputo do décimo terceiro salário juntamente com o salário do mês de dezembro até o
advento da Lei n.° 8.870/1993.
Assim sendo, caso se tenha por acertado o entendimento do TRF da 3ª Região, seria de atender
ao pleito do interessado, já que a Lei n.° 10.887/2004, à semelhança da redação original da Lei n.°
8.213/1991, não prevê a exclusão da gratificação natalina da base de cálculo dos proventos de
aposentadoria.
Nada obstante essas ponderações, a posição da Conjur alinha-se ao entendimento dos TRF da
1ª e 4ª Regiões.
Dada a relevância da matéria, propôs a douta Consultoria Jurídica fosse o processo
submetido à apreciação do Plenário.
Data venia da proposta da Conjur, entendo que o recurso hierárquico deve ser de pronto
apreciado, de modo a resguardar a competência do Plenário para eventual recurso a ser manejado.
255
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
A citada jurisprudência do TRF da 3ª Região não é uníssona. Com efeito, a 8ª Turma daquela
Corte posicionou-se de forma divergente. Nesse sentido, transcrevo, em parte, o voto proferido pelo
Desembargador Federal Newton de Lucca, relator da Apelação Cível nº 0012681-
70.2011.4.03.9999/SP, e acolhido por unanimidade pela 8ª Turma:
“A questão que se coloca reside na possibilidade ou não de incorporação do décimo terceiro
salário (gratificação natalina) no cálculo da renda mensal inicial do benefício previdenciário.
Entendo que as alterações legislativas ocorridas não alteraram a forma de cálculo da renda
mensal inicial dos benefícios previdenciários.
Com efeito, mesmo antes das modificações promovidas pela Lei 8.870/94, quando a legislação
não previa expressamente a desconsideração dos valores recebidos a título de abono anual no valor
da renda mensal inicial, esta exclusão decorria da própria lógica do sistema.
Isso porque a gratificação natalina é um rendimento adicional, não se justificando a sua
inclusão entre os salários de contribuição considerados no cálculo de seu salário de benefício, até
porque o ano é composto de doze meses.
Cumpre ressaltar ainda que, sob a perspectiva tributária, a incidência da contribuição
previdenciária sobre o décimo terceiro salário destina-se ao custeio dos benefícios em manutenção,
pois a esses também há pagamento de gratificação natalina.” (Apelação Cível nº 0012681-
70.2011.4.03.9999/SP, Rel. Desembargador Federal Newton de Lucca, 8ª Turma, julgamento em
7.11.2011).
O fato de a Lei n.° 10.887/2004 não prever a exclusão da gratificação natalina do cálculo dos
proventos de aposentadoria não implica, ipsu facto, que deva ser somada à remuneração do mês de
dezembro.
Para fins de obtenção da média aritmética das remunerações para fins de cálculo dos
proventos de aposentadoria, a Segedam não deixa de considerar a gratificação natalina, tampouco a
adiciona à remuneração do mês de dezembro, como sugere parte da jurisprudência do TRF da 3ª
Região. Para um período de 10 anos, o Tribunal tem considerado o total de 130 remunerações, das
quais são excluídas as de menor valor, no percentual de 20% do período contributivo.
A gratificação natalina pode, em tese e na forma do procedimento atualmente adotado pela
Segedam, ser considerada como contribuição autônoma, ou, como se extrai de alguns julgados do
Poder Judiciário relativos ao RGPS, ser desconsiderada no cálculo dos proventos de aposentadoria.
Contudo, a simples adição da gratificação natalina à remuneração do mês de dezembro
revela-se indevida, pois majora de forma artificial a remuneração média do servidor, o que ofende os
princípios da contributividade e da razoabilidade.
A título meramente ilustrativo, imagine-se um servidor que perceba a quantia de R$ 1.000,00
por mês, sem nenhuma alteração ao longo dos anos. Suponha-se, também, para efeito de
simplificação, que a inflação anual é de 0%. Fácil concluir, portanto, que a média das remunerações
do servidor equivale à sua remuneração mensal, independentemente de se considerar o ano com 12 ou
13 meses. Ao se acrescentar a gratificação natalina à remuneração de dezembro, a média passa a ser
de R$ 1083,33, o que contraria toda a lógica do sistema, mesmo porque o servidor virá a perceber o
benefício previdenciário em 13 prestações anuais.
Portanto, a inclusão da gratificação natalina na remuneração do mês de dezembro aumenta de
forma artificial a média da remuneração que serve de base para o cálculo dos proventos, o que
implica inevitável violação ao caráter contributivo que o art. 40 da Constituição Federal, com a
redação conferida pela EC n.° 20/1998, procurou imprimir ao sistema.
Também viola o princípio da razoabilidade, haja vista que o segurado percebe 13 benefícios
anualmente, razão pela qual recolhe a contribuição previdenciária sobre 13 meses de remuneração,
aí incluída a gratificação natalina.
Não prospera o argumento de que a gratificação natalina não pode ser considerada como uma
remuneração autônoma, pelo simples fato de o ano possuir 12 meses. Para fins de percepção de
256
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
remuneração e benefício previdenciário, bem assim de pagamento de contribuição previdenciária, o
ano é composto de treze períodos.
Ainda que não se considere a gratificação natalina para o cálculo da média das remunerações
que servirão de base para o cálculo dos proventos, consoante norma expressa atualmente vigente no
RGPS, o recolhimento da contribuição previdenciária justifica-se em face das normas legais e do
pagamento de 13 benefícios anuais.
Contudo, relembro, a sistemática adotada pela Segedam em nada desfavorece o servidor.
Muito pelo contrário, pode até mesmo contribuir para a elevação do valor da remuneração média,
sempre que se verifica aumento real de salário ao longo do ano.
Seria, então, o caso de perquirir qual o procedimento adotado pelo restante da Administração
Federal, haja vista ser imperativo adotar a mesma metodologia de cálculo para todos os integrantes
do RPPS. Contudo, não consta dos autos informação acerca de normativo eventualmente expedido
pelo Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS).
Por outro lado, é bom ressaltar que a decisão a ser proferida neste recurso hierárquico deve
respeitar o princípio do não reformatio in pejus. Por essa razão, entendo que seria precipitado adotar
procedimento similar ao que ocorre com os segurados do RGPS, ainda que se pudesse invocar o § 12
do art. 40 da Constituição Federal, conforme transcrito:
“§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares
de cargo efetivo observará, no que coube, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de
previdência social.”
Nesse ponto, manifesto minha divergência em relação ao entendimento da Conjur. A invocação
da disciplina contida no § 12 transcrito pode conduzir à aplicação da norma atualmente vigente no
RGPS – ou seja, aquela que prevê a exclusão do décimo terceiro para o cálculo do salário-de-
benefício – ao RPPS. O citado dispositivo constitucional não autoriza a aplicação de entendimento
acerca de norma não mais vigente do RGPS ao RPPS – possibilidade aventada pela Conjur - sob o
argumento de que as redações dos dispositivos legais são semelhantes.
O objetivo do § 12 do art. 40 da CF é permitir a aplicação subsidiária de critérios e requisitos
vigentes do regime geral ao regime próprio, quando houver vazio legal.
Contudo, entendo que a solução adotada pela Segedam não viola a Lei n.º 10.887/2004,
tampouco traz prejuízo ao interessado. O atendimento do pleito do interessado conduziria
inexoravelmente ao aumento indevido de seus proventos de aposentadoria.
Ante o exposto, nego provimento ao recurso hierárquico do servidor.
Insatisfeito, o interessado endereça o presente recurso ao Plenário.
VOTO
Trata-se de recurso ao Plenário contra decisão adotada pelo Presidente sobre matéria
administrativa, que, pela quarta vez, denegou pedido de alteração no método de cálculo dos proventos
de aposentadoria do interessado.
O servidor inativo Onesild José da Silva requereu alteração no método empregado pela
Segedam para determinar o valor dos proventos de sua aposentadoria, regida pelas disposições da Lei
10.887, de 18 de junho de 2004.
O pedido foi indeferido pelo secretário de Gestão de Pessoas.
Insatisfeito, o interessado exercitou, pela primeira vez, sua faculdade recursal: apresentou o
pedido de reconsideração previsto no art. 106 da Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, à autoridade
que proferiu a primeira decisão. O recurso foi conhecido e desprovido pelo secretário de Gestão de
Pessoas.
Inconformado, interpôs recurso hierárquico, fundado no art. 107 da Lei 8.112/1990, ao
secretário-geral de Administração. O recurso foi conhecido e desprovido pela autoridade
administrativa.
257
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Descontente, exercitou, pela terceira vez, o direito de recorrer. Dirigiu o apelo ao presidente do
Tribunal, que conheceu do recurso e o desproveu. O despacho denegatório assentou-se na inexistência
do direito requerido, in verbis:
Portanto, a inclusão da gratificação natalina na remuneração do mês de dezembro aumenta de
forma artificial a média da remuneração que serve de base para o cálculo dos proventos, o que
implica inevitável violação ao caráter contributivo que o art. 40 da Constituição Federal, com a
redação conferida pela EC n.° 20/1998, procurou imprimir ao sistema.
Também viola o princípio da razoabilidade, haja vista que o segurado percebe 13 benefícios
anualmente, razão pela qual recolhe a contribuição previdenciária sobre 13 meses de remuneração,
aí incluída a gratificação natalina.
Não prospera o argumento de que a gratificação natalina não pode ser considerada como uma
remuneração autônoma, pelo simples fato de o ano possuir 12 meses. Para fins de percepção de
remuneração e benefício previdenciário, bem assim de pagamento de contribuição previdenciária, o
ano é composto de treze períodos.
Ainda que não se considere a gratificação natalina para o cálculo da média das remunerações
que servirão de base para o cálculo dos proventos, consoante norma expressa atualmente vigente no
RGPS, o recolhimento da contribuição previdenciária justifica-se em face das normas legais e do
pagamento de 13 benefícios anuais.
Contudo, relembro, a sistemática adotada pela Segedam em nada desfavorece o servidor.
Muito pelo contrário, pode até mesmo contribuir para a elevação do valor da remuneração média,
sempre que se verifica aumento real de salário ao longo do ano.
Não resignado, o interessado interpôs o presente recurso, cuja relatoria coube a mim, em
decorrência de sorteio.
II
A divergência entre o método empregado pela Segedam e o proposto pelo recorrente restringe-
se à forma de apropriação da gratificação natalina na base de cálculo dos proventos de aposentadoria.
A administração do Tribunal contabiliza a gratificação como “salário de contribuição extra”,
equivalente a um “décimo terceiro salário de contribuição”. Pretende o interessado que a gratificação
natalina seja considerada parte integrante da remuneração do mês de dezembro.
No modelo adotado pela Segedam, a média anual do salário de contribuição é determinada a
partir da divisão da soma dos treze salários de contribuição anuais por treze. No método defendido
pelo recorrente, o mesmo numerador seria dividido por doze.
A metodologia proposta pelo inativo aumentaria, indevidamente, o valor dos proventos da sua
aposentaria, em face da incorporação de um doze avos da gratificação natalina à remuneração mensal.
Nesse cenário, a gratificação de Natal incidiria sobre parcela dela mesma, em verdadeiro bis in idem
remuneratório.
O método proposto fere de morte, em um único golpe, a lógica matemática e a regra jurídica.
A média aritmética simples é obtida a partir da divisão da soma de determinadas observações
pelo número delas; isto é, resulta da divisão da soma de “n” valores por “n”. No método indicado pelo
recorrente o valor dos proventos seria determinado a partir da divisão de “n” valores por “n-1”.
Tal pretensão não se ajusta, pois, ao conceito de média e, também, ao disposto na legislação
atinente a matéria, que reclama o cálculo dos proventos a partir da “média aritmética simples” das
maiores remunerações.
O legislador não criou nova fórmula matemática, a revogar o conceito de média aritmética
simples, universalmente aceito, mas a ele recorreu, para determinar, com absoluta clareza, a forma de
cálculo dos proventos. Não se referiu a conceito indeterminado, mas a conceito determinado, que
tomou emprestado da matemática.
A pretensão do servidor aposentado, consoante registra a própria decisão recorrida, viola o
caráter contributivo de que trata o texto constitucional e o princípio da razoabilidade. Não pode, pois,
ser deferida.
258
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Feitas essas considerações, acolho, como razões de decidir, os fundamentos da decisão atacada
e voto por que o Tribunal de Contas da União aprove o acórdão que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Relator
ACÓRDÃO Nº 2223/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 009.086/2011-0.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso ao Plenário em processo administrativo.
3. Interessado: Onesild Jose da Silva (024.720.667-91).
4. Entidade: Tribunal de Contas da União.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso ao Plenário contra decisão adotada pelo
Presidente sobre matéria administrativa, que, pela quarta vez, denegou pedido de alteração no método
de cálculo dos proventos de aposentadoria do interessado.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 15, inciso IV, do Regimento Interno,
em conhecer do recurso, para, no mérito, considerá-lo improcedente.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2223-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
259
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
GRUPO II – CLASSE V – Plenário
TC 014.467/2011-9
Natureza(s): Relatório de Auditoria
Órgãos/Entidades: Superintendência Estadual da Funasa Em Minas Gerais; Prefeitura
Municipal de Boa Esperança-MG; Prefeitura Municipal de Candeias-MG; Prefeitura Municipal de
Guanhães- MG; Prefeitura Municipal de Jaboticatubas-MG; Prefeitura Municipal de Jacinto-MG;
Prefeitura Municipal de Lassance-MG; Prefeitura Municipal de Lima Duarte-MG; Prefeitura
Municipal de Martinho Campos-MG; Prefeitura Municipal de Moema-MG; Prefeitura Municipal de
Pintópolis-MG; Prefeitura Municipal de Prudente de Morais-MG; Prefeitura Municipal de Salto da
Divisa- MG; Prefeitura Municipal de Santa Maria do Suaçuí-MG; Prefeitura Municipal de Santo
Hipólito-MG; Prefeitura Municipal de São Romão-MG.
Interessado: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais – Secex/MG.
Advogado constituído nos autos: não há.
SUMÁRIO: FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA - FOC. FUNASA.
SUEST/MG. 16 MUNICÍPIOS DE MG. GERECIAMENTO E FISCALIZAÇÃO A CARGO DA
SUPERINTENDÊNCIA DA FUNASA. IRREGULARIDADES. FALHAS ESTRUTURAIS.
APENSAMENTO. AUTORIZAR O ARQUIVAMENTO DE PROPOSTAS DE AUDIORIA
SEMELHANTES. RELATÓRIO
Adoto como relatório parte do relatório final da fiscalização de orientação centralizada
realizada pela Secex/MG na Superintendência Estadual da Funasa no Estado de Minas Gerais –
Suest/MG e em 16 municípios do Estado, com o qual anuíram os dirigentes da unidade técnica:
“1 - APRESENTAÇÃO
Trata-se de fiscalização realizada na Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais -
Suest/MG, no período compreendido entre 25/5/2011 e 13/4/2012, com o objetivo de avaliar a
regularidade na aplicação dos recursos federais transferidos pela Fundação Nacional de Saúde -
Funasa, desde a propositura do ajuste, pelo convenente, até a análise final sobre a regularidade, ou
não, na aplicação dos recursos federais transferidos.
Esta fiscalização originou-se de Levantamento no aludido órgão, que identificou a necessidade
de realização de fiscalização do gerenciamento das transferências celebradas pela Funasa, com base
em critérios de relevância, risco e materialidade. Naquele levantamento, foram definidos os
municípios que seriam visitados: Boa Esperança, Candeias, Guanhães, Jaboticatubas, Jacinto,
Lassance, Lima Duarte, Martinho Campos, Moema, Pintópolis, Prudente de Morais, Salto da Divisa,
Santa Maria do Suaçui, Santo Hipólito e São Romão. Foram auditadas também as transferências
celebradas com o Governo do Estado de Minas Gerais, por intermédio da Secretaria de
Desenvolvimento Regional e Política Urbana/Sedru.
Em função da necessidade de avaliação da execução das transferências e do cumprimento,
pela Suest/MG, das atribuições inerentes ao gerenciamento e fiscalização das transferências, o
presente trabalho foi dividido em três fases:
a) realização do planejamento geral da auditoria, oportunidade em que foram criados os
papéis de trabalho padronizados, tais como matriz de planejamento, matriz de possíveis achados e
questionários;
b) aplicação dos procedimentos de fiscalização nos municípios selecionados; e,
c) tratamento de questões específicas da Suest/MG apontadas no Relatório de Levantamento
prévio à realização deste trabalho e nas fiscalizações dos municípios, ocasião em que foram aplicadas
as técnicas de mapa de processo, técnica de pesquisa por questionários, de exame documental e de
circularização, para verificar os controles existentes, os setores responsáveis por evitar os achados
apontados na fase anterior, e identificar oportunidades de melhoria no processo de gerenciamento e
fiscalização das transferências celebradas pela Funasa.
260
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Nessa última fase, foram realizados testes de controle na Divisão de Engenharia de Saúde
Pública/Diesp, Serviço de Convênios/Secon, Setor de Tomada de Contas Especial, PAD e sindicância,
para avaliar os setores envolvidos na análise da execução das transferências.
A presente auditoria foi realizada sob a sistemática de fiscalização de orientação centralizada,
denominada FOC Funasa, dentro do TMS de 2011, sob a coordenação da Secex/MG.
2 - INTRODUÇÃO
2.1 - Deliberação que originou o trabalho
Em cumprimento ao Despacho, de 20/5/2011, do Excelentíssimo Senhor Ministro Walton
Alencar Rodrigues, proferido no âmbito do processo de Levantamento (TC 007.078/2011-0), realizou-
se auditoria na Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG, nos municípios de
Boa Esperança, Candeias, Guanhães, Jaboticatubas, Jacinto, Lassance, Lima Duarte, Martinho
Campos, Moema, Pintópolis, Prudente de Morais, Salto da Divisa, Santa Maria do Suaçui, Santo
Hipólito, São Romão, e na Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana/Sedru, do
Governo do Estado de Minas Gerais, no período compreendido entre 25/5/2011 e 13/4/2012.
A razão que motivou esta auditoria foi a verificação da existência de indícios de deficiência no
gerenciamento e fiscalização das transferências celebradas pela Funasa, sob a responsabilidade da
Suest/MG.
2.2 - Visão geral do objeto
No início de 2011, foi realizado Levantamento na Funasa, com o objetivo de realizar o
diagnóstico da Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG, para identificar
possíveis riscos na gestão da referida unidade regional.
Foram apontadas as seguintes deficiências, que motivaram a realização do presente trabalho,
como segue:
- ausência de segregação de funções, entre a aprovação de projetos e o acompanhamento e
fiscalização das respectivas transferências;
- não finalização dos processos de execução dos ajustes celebrados, por meio da realização de
uma ou mais visitas, após a emissão do parecer técnico final;
- não alimentação do sistema Siconv; e,
- morosidade na tramitação dos processos de tomada de contas especial.
Após a identificação das deficiências, foi procedida a apuração dos recursos gerenciados pela
Suest/MG, cuja análise concluiu que a unidade gere recursos de nove programas do Governo Federal,
entre os quais, o programa 0122 - Serviços Urbanos de Água e Esgoto, que apresenta o maior número
de transferências registradas no sistema Siafi.
Dentre as ações do aludido programa, foram escolhidas as seguintes para serem fiscalizadas,
em razão da relevância do tema, da materialidade dos recursos envolvidos e da possibilidade de
riscos na sua execução:
10GD - implantação e melhoria de sistemas públicos de abastecimento de água em municípios
de até 50.000 habitantes, exclusive de regiões metropolitanas ou regiões integradas de
desenvolvimento econômico (Ride);
10GE - implantação e melhoria de sistemas públicos de esgotamento sanitário em municípios
de até 50.000 habitantes, exclusive de regiões metropolitanas ou regiões integradas de
desenvolvimento econômico (Ride); e,
7652 - implantação de melhorias sanitárias domiciliares para prevenção e controle de
agravos.
Nesse programa, a Funasa atua como órgão integrante do componente de infraestrutura social
e urbana do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), desde 2007, prioritariamente na área de
saneamento em municípios com população total de até 50 mil habitantes, o que abrange 788
municípios mineiros, conforme o censo de 2000, desenvolvendo ações visando à implantação e/ou
ampliação de sistemas de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de resíduos sólidos, e de
261
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
saneamento domiciliar em municípios com maiores taxas de mortalidade infantil, com potenciais
riscos à saúde, em decorrência de fatores sanitários e ambientais.
A fiscalização foi realizada tanto nos municípios beneficiários quanto na Suest/MG. Na fase de
fiscalização dos municípios, foram feitas visitas a 16 municípios, para realizar a auditoria na
execução das transferências e para identificar as ações de gerenciamento da unidade sobre as
transferências constantes da amostra. O volume de recursos fiscalizados foi de R$ 80.097.401,11. Na
fase de auditoria na Suest/MG, foram analisados processos de transferências do PAC 2, em poder da
Divisão de Engenharia de Saúde Pública - Diesp, no valor total de R$ 53.484.684,52, processos sob a
responsabilidade do Serviço de Convênios - Secon, no valor total de R$ 1.394,557,33, e processos sob
a guarda do Setor de TCE, PAD e Sindicâncias, no valor total de R$ 1.878.720,70. Esses três setores
participam do processo de gerenciamento e acompanhamento das transferências na Suest/MG, desde
a propositura até o encerramento do processo, havendo ou não a execução regular da transferência.
Os critérios de seleção da amostra para a fase de fiscalização dos municípios beneficiários
decorreram dos seguintes fatores:
a) período de conclusão e a vigência dos ajustes;
b) valores efetivamente repassados aos municípios a serem fiscalizados;
c) existência de mais de um ajuste firmado com o município beneficiário;
d) existência de fatores de risco, em especial quanto ao não atendimento das solicitações
prévias da equipe coordenadora da FOC, ao desconhecimento das transferências celebradas, e a
realização de todos os atos licitatórios em único dia;
e) municípios cujo projeto e acompanhamento foram feitos por único engenheiro da Funasa; e,
f) municípios que sofreram fiscalização da Controladoria-Geral da União ou Suest/MG, cujo
relatório apontou a existência de indícios de irregularidade.
Segundo pesquisa efetuada na fase de levantamento, as transferências realizadas pela Funasa
estão sujeitas à observância dos seguintes normativos e procedimentos:
a) Lei 11.445, de 5 de janeiro de 2007 - estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico;
b) Lei 11.578, de 26 de novembro de 2007 - dispõe sobre a transferência obrigatória de
recursos financeiros para a execução pelos Estados, Distrito Federal e Municípios de ações do
Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, dentre outros assuntos;
c) Normas relativas às transferências de recursos da União, entre elas, a Instrução Normativa
STN 1/1997, Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, que revogou a Portaria
Interministerial MP/MF/MCT 127, de 29 de maio de 2008 e o Decreto 6.170, de 25 de julho de 2007;
d) Portaria Funasa 544, de 14 de maio de 2008 - estabelece os critérios para transferência de
recursos financeiros das ações financiadas pela Fundação Nacional de Saúde;
e) Portaria Funasa 623, de 11 de maio de 2010 - alterou a Portaria 544, de 14/5/2008,
dispondo sobre critérios e procedimentos para a transferência de recursos financeiros das ações de
saneamento ambiental financiadas pela Fundação Nacional de Saúde;
f) Portaria Funasa 1.104, de 23 de setembro de 2010 - dispõe sobre a descentralização dos
atos subsequentes à celebração dos Convênios e Termos de Compromisso para as Coordenações
Regionais da Fundação Nacional de Saúde; e,
g) Portaria Funasa 314, de 14 de junho de 2011 - regulamentou o repasse de recursos para
ações de saneamento, no âmbito do PAC 2.
Quanto ao objeto fiscalizado, os exames realizados enfocaram a análise da celebração,
execução e prestação de contas de 81 transferências: CV 1.338/02 (Siafi 477455), EP CV 527/2000
(Siafi 412501), CV 0401/03 (Siafi 490162), CV 0816/06 (Siafi 567443), CV 0863/05 (Siafi 558399),
CV 0875/02 (Siafi 477432), CV 1083/02 (Siafi 478589), CV 1134/05 (Siafi 558416), CV 1136/05 (Siafi
556056), CV 1140/05 (Siafi 555991), CV 1480/02 (Siafi 477037), CV 1509/04 (Siafi 523128), CV
1510/2004 (Siafi 527692), CV 1713/05 (Siafi 555507), CV 1720/05 (Siafi 555506), CV 201/04 (Siafi
520539), CV 2303 (Siafi 556978), CV 2305/05 (Siafi 556980), CV 2310 (Siafi 556985), CV 2312 (Siafi
262
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
556987), CV 2609 (Siafi 588719), CV 2954 (Siafi 439961), CV 2957/05 (Siafi 558453), CV 2962/05
(Siafi 558454), CV 651/02 (Siafi 478590), CV 965 (Siafi 524228), CV 967/04 (Siafi 524074), EP
0222/06 (Siafi 591650), EP 0290/06 (Siafi 567780), EP 0536/07 (Siafi 628645), EP 1186/03 (Siafi
489290), EP 622/04 (Siafi 521338), EP 948/03 (Siafi 490096), CV 18 (Siafi 135364), CV 28/1996
(Siafi 305848), TC/PAC 0083/07 (Siafi 633130), TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273), TC/PAC 0086/07
(Siafi 633250), TC/PAC 0087/07 (Siafi 633129), TC/PAC 0089/07 (Siafi 633126), TC/PAC 0095/2007
(Siafi 633272), TC/PAC 0097/07 (Siafi 633271), TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016), TC/PAC 0304/07
(Siafi 633137), TC/PAC 0305/07 (Siafi 633252), TC/PAC 0306/07 (Siafi 633044), TC/PAC 0307 (Siafi
633678), TC/PAC 0309/07 (Siafi 633134), TC/PAC 0313 (Siafi 633038), TC/PAC 0314/07 (Siafi
632108), TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034), TC/PAC 0408/07 (Siafi 633251), TC/PAC 0410/07 (Siafi
633243), TC/PAC 0411 (Siafi 633719), TC/PAC 0413/07 (Siafi 633136), TC/PAC 0415/07 (Siafi
633042), TC/PAC 0417 (Siafi 633036), TC/PAC 0418/07 (Siafi 633248), TC/PAC 0600/09 (Siafi
658083), TC/PAC 0601/09 (Siafi 658098), TC/PAC 0632/09 (Siafi 658094), TC/PAC 0686/08 (Siafi
644022), TC/PAC 0823/07 (Siafi 633131), TC/PAC 0824/07 (Siafi 633064), TC/PAC 0885 (Siafi
658122), TC/PAC 0928 (Siafi 659489), TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661), TC/PAC 1156/08 (Siafi
652138), TC/PAC 1189/08 (Siafi 650489), TC/PAC 152/11 (Siafi 669440), TC/PAC 167/11 (Siafi
668799), TC/PAC 1897 (Siafi 652024), TC/PAC 190/11 (Siafi 668711), TC/PAC 223/11 (Siafi
668797), TC/PAC 246/11 (Siafi 669490), TC/PAC 297/11 (Siafi 669475), TC/PAC 316/11 (Siafi
669432), TC/PAC 35/11 (Siafi 668660), TC/PAC 64/11 (Siafi 669420), TC/PAC 88/11 (Siafi 669496),
e, TC/PAC 95/11 (Siafi 669292).
2.3 - Objetivo e questões de auditoria
A presente auditoria teve por objetivo verificar a regularidade na aplicação dos recursos
federais transferidos pela Fundação Nacional de Saúde - Funasa, para o Estado de Minas Gerais e
seus municípios, desde a propositura da transferência do recurso até a sua análise final, cujo
gerenciamento cabe à Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG.
A partir do objetivo proposto para o trabalho, foram elaboradas as questões 1 e 2, com o fim
de avaliar em que medida os recursos estão sendo gerenciados e fiscalizados pelo concedente, e as
questões 3 a 8, com o objetivo de verificar como os recursos estãos sendo aplicados pelos
convenentes, considerando a legislação vigente:
1) A Funasa/MG observa as exigências da legislação quanto à celebração, liberação de
recursos, execução do objeto e prestação de contas das transferências realizadas?
2) A celebração do convênio e/ou aprovação do termo de compromisso observou aos requisitos
previstos na legislação?
3) A contratação foi precedida de licitação regular?
4) A execução contratual está regular?
5) A execução financeira permite vincular as despesas realizadas com os recursos
transferidos?
6) A execução física do objeto observa as especificações técnicas e exigências legais e
contratuais?
7) O beneficiário prestou contas dos recursos recebidos?
8) Os resultados obtidos são compatíveis com o propósito da transferência?
2.4 - Metodologia utilizada
A presente Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) foi realizada em conformidade
com as Normas e Padrões de Auditoria vigentes no Tribunal de Contas da União.
A FOC na Superintendência da Funasa em Minas Gerais, Suest/MG, foi realizada em três
fases:
a) elaboração de documentos padronizados, com base no plano de ação que definiu a amostra
da auditoria e o objetivo de verificar a regularidade na aplicação dos recursos federais transferidos
pela Fundação Nacional de Saúde - Funasa, para o Estado de Minas Gerais e seus municípios;
263
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
b) execução de 16 (dezesseis) auditorias, em 2011, nos Municípios de Boa Esperança,
Candeias, Guanhães, Jaboticatubas, Jacinto, Lassance, Lima Duarte, Martinho Campos, Moema,
Pintópolis, Prudente de Morais, Salto da Divisa, Santa Maria do Suaçui, Santo Hipólito, São Romão,
e na Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana/Sedru, do Governo de Minas Gerais;
e,
c) realização de auditoria na Suest/MG, com o objetivo de verificar:
c.1) como é feito o gerenciamento e a fiscalização das transferências pactuadas;
c.2) identificar se a Suest/MG poderia ter adotado medidas mais efetivas, no sentido de evitar
os principais achados das 16 auditorias de 2011, quando da realização do gerenciamento e da
fiscalização dessas transferências;
c.3) a propensão de reincidência, dessas ocorrências, nas novas transferências, em especial as
decorrentes do PAC 2; e,
c.4) as medidas adotadas pela Funasa, em relação à Portaria 314, de 14 de junho de 2011, no
que diz respeito à exigência de compensação dos investimentos realizados com recursos federais, onde
haja contrato de concessão na municipalidade beneficiária da transferência.
A partir da sistematização dos achados obtidos nas auditorias dos municípios, aplicação das
técnicas de mapeamento de processos, de realização de pesquisa (aplicação de questionários), de
análise documental, de circularização e de indagação escrita ao gestor da Suest/MG, elaborou-se o
presente relatório, o qual se ateve principalmente aos achados das questões 1 e 2 da matriz de
planejamento da FOC Funasa.
2.5 - Limitações inerentes à auditoria
Cabe registrar, em relação ao presente trabalho, que o órgão não possui controles adequados
sobre as transferências celebradas pela Funasa, fato que dificultou a obtenção de informações e
esclarecimentos dos gestores e responsáveis da Suest/MG pelos setores envolvidos no processo de
gerenciamento e fiscalização das transferências auditadas.
Por exemplo, o órgão não dispõe de relação confiável das transferências celebradas, com as
informações sobre as providências adotadas e o respectivo estágio atual; foram fornecidas três
listagens do quadro de pessoal da Suest/MG, com divergências; e a unidade não dispõe de
informações sobre o benefício alcançado nas municipalidades beneficiadas, em razão das ações da
Funasa.
2.6 - Volume de recursos fiscalizados
O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 136.855.363,66. O volume de
recursos fiscalizados refere-se ao somatório dos valores envolvidos nas transferências celebradas com
diversos municípios mineiros, sendo que:
a) na fase de fiscalização dos municípios, foram analisadas oitenta e uma transferências, no
valor total de R$ 80.097.401,11; e,
b) na fase de auditoria na Suest-MG, foram analisados os achados da fase de fiscalização dos
municípios e treze processos em poder da Divisão de Engenharia de Saúde Pública - Diesp, por
amostragem, referentes ao PAC 2, no valor de R$ 53.484.684,52, sete processos do Serviço de
Convênios - Secon, no valor total de R$ 1.394,557,33, e treze processos, em análise pelo setor de
TCE/PAD/Sindicâncias, no valor de R$ 1.878.720,70.
2.7 - Benefícios estimados da fiscalização
Entre os benefícios estimados desta fiscalização, pode-se mencionar o incremento da
economia, eficiência, eficácia e efetividade da Suest-MG no gerenciamento e fiscalização das
transferências celebradas, por meio do aperfeiçoamento da gestão de riscos e de controles internos,
na melhoria da qualidade do serviço público prestado e dos processos de trabalho, bem como na
gestão administrativa e normatização interna.
2.8 - Processos conexos
- TC 020.195/2011-7 - Auditoria realizada no Município de Prudente de Morais/MG. O
processo está em fase de instrução na Secex-MG, para análise de razões de justificativas.
264
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
- TC 029.366/2011-9 - Auditoria realizada no Município de Jacinto/MG. O processo está em
fase de instrução na Secex-MG, para análise de razões de justificativas.
- TC 020.196/2011-3 - Auditoria realizada no Município de Candeias/MG. O processo foi
julgado por meio do Acórdão 2.593/2012 - TCU - 1ª Câmara.
- TC 020.197/2011-0 - Auditoria realizada no Município de Moema/MG (Fiscalis 660/2011). O
processo foi julgado, conforme o Acórdão 940/2012 - TCU - 1ª Câmara.
- TC 032.757/2011-5 - Auditoria realizada no Município de São Romão/MG. O processo está
em fase de instrução na Secex-MG, para comunicação de audiência e posterior análise de razões de
justificativas.
- TC 020.192/2011-8 - Auditoria realizada no Município de Boa Esperança/MG. O processo
está em fase de instrução na Secex-MG, para análise de razões de justificativas.
- TC 029.348/2011-0 - Auditoria realizada no Governo do Estado de Minas Gerais/MG. O
processo está em fase de instrução na Secex-MG, para análise de razões de justificativas.
- TC 019.235/2011-9 - Auditoria realizada no Município de Lima Duarte/MG. O processo foi
julgado, conforme o Acórdão 617/2012 - TCU - 1ª Câmara.
- TC 020.193/2011-4 - Auditoria realizada no Município de Salto da Divisa/MG. O processo
foi julgado, conforme o Acórdão 840/2012 - TCU - 1ª Câmara.
- TC 030.421/2011-0 - Auditoria realizada no Município de Jaboticatubas/MG. O processo foi
julgado, conforme o Acórdão 515/2012 - TCU - 1ª Câmara.
- TC 020.198/2011-6 - Auditoria realizada no Município de Martinho Campos/MG. O processo
está no gabinete do Ministro Relator Walton Alencar Rodrigues, para pronunciamento.
- TC 032.432/2011-9 - Auditoria realizada no Município de Lassance/MG. O processo está em
fase de instrução na Secex-MG, para análise de razões de justificativas.
- TC 019.236/2011-5 - Auditoria realizada no Município de Santo Hipólito/MG. O processo
está em fase de instrução na Secex-MG.
- TC 029.381/2011-8 - Auditoria realizada no Município de Pintópolis/MG. O processo foi
julgado, conforme o Acórdão 841/2012 - TCU - 1ª Câmara.
- TC 029.380/2011-1 - Auditoria realizada no Município de Santa Maria do Suaçui/MG. O
processo foi arquivado, em atendimento ao Despacho do Ministro Relator Walton Alencar Rodrigues.
- TC 020.194/2011-0 - Auditoria realizada no Município de Guanhães/MG. O processo foi
julgado, conforme o Acórdão 9.978/2011 - TCU - 1ª Câmara.
3 - ACHADOS DE AUDITORIA
3.1 - Desorganização administrativa, por parte da Suest/MG, quanto ao gerenciamento e
fiscalização das transferências celebradas pela Funasa.
3.1.1 - Situação encontrada:
Na fase de fiscalização das transferências aos municípios, foram levantados achados de
acordo com as seguintes etapas de execução das transferências, cujos resultados passaremos a
demonstrar:
Questões Assunto Quantidade de
Achados
% em relação ao
todo (Q1 a Q8)
% em relação a
execução de
transferências
pelos municípios
(itens Q3 a Q8)
Q1 Gestão das
Transferências
pela Suest/MG
92 27,06 Não considerado
Q2 Observância dos
Requisitos para a
celebração das
transferências,
24 7,06 Não considerado
265
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
pela Suest/MG
Q3 Regularidade da
Licitação
101 29,71 45,09
Q4 Regularidade da
Contratação
9 2,65 4,02
Q5 Regularidade da
execução
financeira
38 11,18 16,96
Q6 Regularidade da
execução física
63 18,53 28,13
Q7 Regularidade da
Prestação de
Contas
4 1,18 1,79
Q8 Benefício à
municipalidade
9 2,65 4,02
Total 340 100 100
Obs.: as questões Q1 e Q2 referem-se à atuação da Suest/MG, enquanto responsável pelo
gerenciamento das transferências em Minas Gerais, enquanto que as demais questões (Q3 a Q8),
referem-se à atuação dos convenentes, na qualidade de gestores das transferências recebidas da
Suest/MG
Em razão desses achados, pode-se verificar que a Suest/MG possui graves problemas no
gerenciamento e na fiscalização das transferências sob sua responsabilidade, considerando que três
itens correspondentes a cerca de 53% das irregularidades e impropriedades verificadas nos
municípios (Q3, Q4 e Q8), não são acompanhados pela Funasa, tendo por consequência a maior
propensão de inexecução parcial, ou até total, das obras conveniadas.
Para definir os agentes responsáveis e suas atribuições, a equipe de auditoria aplicou a
técnica de mapa de processos (evidência 24). A utilização dessa técnica permitiu definir os pontos de
deficiência de fiscalização das transferências realizadas, a desorganização administrativa no
gerenciamento dessas transferências, e as oportunidades de melhoria desse processo de gestão das
transferências.
A partir do mapeamento de processos e dos achados identificados na fase de fiscalização dos
municípios, foi realizada a técnica de pesquisa por questionários, nos setores Diesp, Secon e de TCE,
cujos resultados passamos a registrar, em síntese:
Questão:
Análise das respostas:
Existe algum check-list a orientar a
realização do seu serviço?
Os servidores da Diesp e da Secon informaram que existe
uma rotina de trabalho, enquanto que a maioria dos
servidores do setor de TCE informou que não existe, ou
que não sabe se existe o referido check-list. Com intuito
de dar maior celeridade aos processos de TCE, a
Suest/MG deve estabelecer rotinas e prazos, inclusive
prover o setor de servidores capacitados e adotar critérios
de avaliação da produtividade desses servidores.
As normas utilizadas pela Funasa são
suficientes a garantir a plena execução
das transferências celebradas?
Os três setores informaram, em maioria, que não são
suficientes, ou que não sabem se essas normas podem
garantir a plena execução das transferências. A Funasa
deve reavaliar suas normas de gerenciamento de
transferências, no sentido de garantir a efetividade da
266
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
obra e o benefício à municipalidade prevista.
Há rotina/norma de acompanhamento
para notificar tempestivamente os
municípios?
Somente a maioria da Secon mencionou haver rotina
(55%), no entanto, os setores da Diesp e TCE
informaram, em maioria, não existir ou não saber.
Portanto, é necessário que a Funasa estabeleça rotina de
notificação e as consequências do não atendimento, no
sentido de que o acompanhamento seja efetivo.
Há rotina/norma de acompanhamento
para monitorar o prazo das respostas?
76 % dos entrevistados da Diesp e da Secon informaram
não haver rotina para monitorar o prazo das notificações
expedidas aos convenentes, fato que propicia a não
adoção de providências, em caso de haver alguma
pendência.
Quem acompanha o prazo para o
município atender as pendências?
A maioria dos três setores informou que o
acompanhamento das notificações fica por conta do
próprio servidor que realizou a notificação, cuja análise,
em conjunto com a questão anterior, conduz ao
entendimento que o processo de notificação, que é feito
pelo próprio servidor encarregado de instruir o processo,
não é eficiente.
As providências adotadas por Vossa
Senhoria são suficientes para
regularizar a pendência verificada?
A maioria dos servidores dos três setores informou que as
providências adotadas, para regularizar as pendências
verificadas, sob sua responsabilidade, não é suficiente, o
que pode refletir, de forma negativa, na plena execução
do objeto da avença.
As providências adotadas por Vossa
Senhoria são suficientes para garantir
a execução física do objeto da
transferência?
É interessante registrar que na Diesp, setor encarregado
do acompanhamento da execução física das
transferências, dentre outras atividades, 73,1% dos
entrevistados entendem que as medidas adotadas por eles
não são suficientes, fato que pode contribuir na baixa
efetividade na conclusão do objeto das transferências
celebradas pela Funasa.
Qual o setor responsável por verificar
a comprovação da previsão
orçamentária da contrapartida?
A atribuição de verificar a comprovação da previsão
orçamentária da contrapartida é da Secon, no entanto,
internamente, os servidores supõem que essa atribuição
seja das divisões do Setor, a Sohab ou a Sopre, e até
mesmo do próprio setor, como um todo, e há, ainda, os
que simplesmente não sabem a quem compete, fato que
evidencia a falta de definição de responsabilidades, isto é,
a desorganização administrativa.
Quem verifica a regularidade da
licitação realizada pelo beneficiário,
quanto à Portaria de designação da
Comissão de Licitação, cláusulas
editalícias, atas das sessões, mapa
comparativo de preços, homologação e
adjudicação, parcelamento do objeto,
tratamento diferenciado para micro e
pequenas empresas, publicação de
atos, se a licitação é atual ou anterior à
celebração da transferência?
A grande maioria dos servidores entrevistados,
independente do setor, afirmou que desconhece se há
controle sobre a licitação que o convenente realiza, cujo
fato é preocupante, considerando que a maior parte dos
achados da fiscalização realizada nos municípios se
refere a essa etapa da execução das transferências, sendo
um risco efetivo de que as transferências atuais e futuras
apresentem vícios na escolha do licitante, bem como na
obtenção da proposta mais vantajosa para a
administração, quiçá sem qualquer competitividade, sem
que sofra o necessário acompanhamento e intervenção
267
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
sobre os mesmos, pela Funasa.
Exceções: quem verifica a
regularidade da licitação realizada
pelo beneficiário, quanto à planilha
orçamentária detalhada e ao projeto
básico e/ou executivo?
Nesse aspecto, a Diesp chamou a si a responsabilidade,
no entanto, não é do conhecimento dos demais setores
envolvidos no gerenciamento das transferências que essa
tarefa seja realizada pelo aludido setor. Registre-se que,
ao analisar os processos do PAC 2 por amostragem,
verificamos que nenhuma análise foi incluída nos
processos pertinentes aos seguintes convênios: 35/2011
(Alpinópolis/MG), 167/2011 (Ninheira/MG), 88/2011
(Conselheiro Pena/MG), 246/2011 (Tocantins/MG),
223/2011 (São João do Paraíso/MG), 297/2011
(Porteirinha/MG), 64/2011 (Carmo do Cajuru/MG),
190/2011 (Pedras do Indaiá/MG) e 95/2011
(Coqueiral/MG).
Quem verifica a regularidade no
cumprimento do contrato celebrado
entre o beneficiário e a empresa
contratada com respeito à publicação
do contrato, a
vigência do contrato, o limite para
acréscimos e decréscimos, e a
celebração de aditivos para serviços
adicionais?
Os setores da Diesp e de TCE desconhecem, em maioria,
quem acompanha a regularidade contratual. Os
servidores da Secon entendem que é competência deles,
no entanto, internamente, estão divididos entre as
subdivisões da Secon, a Sohab e a Sopre, bem como com
a própria Secon, enquanto alguns sequer sabem quem é o
responsável pelo acompanhamento.
Exceção: quem verifica a
compatibilidade entre a licitação e o
contrato?
Os setores da Diesp, Secon e TCE dividiram-se entre os
dois primeiros com a resposta de desconhecimento,
evidenciando que não há definição precisa sobre quem
seria o responsável por essa atribuição.
Quem verifica a regularidade da
execução financeira, quanto ao
depósito da contrapartida, a saída de
recursos para conta divergente da
específica, o pagamento antecipado, o
pagamento por despesa não realizada,
e o pagamento de despesa estranha ao
que foi pactuado?
Diesp e Secon informaram que a responsabilidade seria
desse último setor da Suest/MG, no entanto, não
especificaram se seria a Sohab ou a Sopre. A questão
sobre as subdivisões da Diesp e Secon é preocupante,
pois, internamente, os servidores não conhecem o que
cada um faz, bem como não obedecem à estrutura interna
vigente na Funasa, o que demanda providências internas
no sentido de estruturar o órgão, conforme o que foi
planejado.
O Setor de TCE desconhece, em sua maioria, o que é
preocupante, pois esse setor demonstrou profundo
desconhecimento sobre o que cada um faz no
gerenciamento e acompanhamento das transferências.
Quem verifica a regularidade da
execução física?
.
Houve coerência nas respostas apresentadas no sentido
de apontar para a Diesp a responsabilidade pelo
acompanhamento da execução física
Foram realizadas, ainda, amostragens nos processos gerenciados na Sopre e no Setor de TCE,
no sentido de verificar o andamento processual interno, oportunidade em que verificamos o seguinte:
1) No Setor de análise de prestação de contas - SOPRE, verificamos, em quatro processos, de
um total de oito analisados, as seguintes situações:
268
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
- não instauração de tomada de contas especial, em relação aos convênios 18/1995 (Siafi
135364) - PM de Janaúba/MG (evidência 22), 28/1996 (Siafi 305848) - PM de Dionísio/MG e
2954/2001 (Siafi 439961) - PM de Bonfim/MG, além do fato de se tratar de processo com mais de 10
anos de celebração, cujo prazo de vigência final expirou em 6/3/1997, 9/4/1998 e 21/12/2004,
respectivamente; e,
- proposta de instauração de tomada de contas especial, em 8/3/2012, entretanto, a TCE já
havia sido instaurada, conforme Portaria Suest/MG 1458, de 27/10/2010, nos próprios autos,
evidenciando a deficiência na análise e tornando morosa a apuração em relação ao convênio
1131/1997 (Siafi 339798) - PM de Badaró/MG.
2) No Setor de Tomada de Contas Especial, PAD e Sindicância, verificamos o seguinte em
doze processos analisados:
- Convênio 1124/2005 (Siafi 55941) - PM de Comercinho/MG - TCE instaurada por ausência
de prestação de contas parcial, não analisada em razão do documento de prestação de contas parcial
ter sido encaminhado para outro setor;
- Convênio 1006/1997 (Siafi 340004) - PM de Ataleia/MG - em 25/3/11, o responsável foi
notificado em caráter improrrogável para esclarecer sobre a regularidade do respectivo ajuste,
entretanto, somente em 16/8/2011, o setor de TCE emitiu análise técnica informando o não
atendimento do prazo, demonstrando providências intempestivas. Há pronunciamento pela abertura
de PAD em razão da não abertura de TCE, entretanto, os procedimentos administrativos disciplinares
estão suspensos (p. 171, dos esclarecimentos do responsável 1);
- Convênio 25/1995 (Siafi 136509) - PM de Januária/MG - a TCE foi instaurada em
27/10/2010, todavia, o término da vigência ocorreu em 20/12/1996. A análise do processo não foi
realizada, pois o tomador de contas apontou a existência de dois números de convênio nessa
transferência, resultando no retorno do processo ao setor de convênios para nova análise;
- Convênio 30/1996 (Siafi 305798) - PM de Paracatu/MG - a TCE foi concluída em
29/10/2007, quando foi enviada à Auditoria Interna da Funasa, em Brasília. Em 11/12/2007, foi
encaminada à CGU, pela Auditoria Interna. Em 19/8/2009, a CGU devolveu à Funasa para rever a
conclusão, pois o parecer do engenheiro apontou a suspeita de superfaturamento, no entanto, não
esclareceu o fato. Até o término da fase de execução da auditoria, a Suest/MG ainda não havia
atendido a CGU;
- Convênio 799/1997 (Siafi 331524) - PM de Bocaiúva/MG - o processo de TCE vem sendo
prorrogado sucessivamente, desde 28/12/2006, sem que o tomador finalize a instrução do processo;
- Convênio 3817/2001 (Siafi 440344) - PM de Alto Rio Doce/MG - no período de seis meses, o
processo teve quatro tomadores de contas, dos quais três solicitaram o cancelamento da portaria de
instauração de TCE, para excluir os seus nomes, tendo em vista que não possuíam disponibilidade e
conhecimento para tratar do assunto da TCE (evidência 25);
- Convênio 492/1999 (Siafi 390265) - PM Jequitinhonha/MG - o fim da vigência ocorreu em
18/09/2001, todavia, a portaria para instauração da tomada de contas especial foi emitida em
19/7/2006 (p. 2 da evidência 19). Atendendo à notificação, de 21/9/2006, o responsável apresentou
alegações de defesa, em 3/10/2006. O setor de prestação de contas da Funasa encaminhou a
documentação apresentada para o setor de engenharia, em 18/10/2006, para emissão de novo parecer
técnico, o qual só foi emitdo em 22/8/2011(p. 5-10, da evidência 19);
- Convênio 527/2000 (412501) - PM Conceição das Alagoas/MG - foi aberto um processo
administrativo disciplinar para apurar o extravio do processo da transferência. Nesse processo,
consta o despacho da Diesp/Core-MG n. 533/2010 (p. 3, da evidência 18) contendo a seguinte
informação: ‘... Relativo ao processo de projeto a Diesp deixou de anexá-lo, uma vez que o mesmo foi
enviado para a engenheira Marina Marino com a finalidade de emitir parecer técnico. Ao solicitar a
devolução do processo, fomos informados que a engenheira encaminhou-o para Brasília. Entretanto,
não se lembra o setor e para quem’. A servidora não foi responsabilizada pela não localização do
processo de projeto. No âmbito do processo, o atual chefe da Diesp declarou, textualmente, que não
269
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
havia controle sobre a atuação dos engenheiros no acompanhamento dos convênios sob suas
respectivas responsabilidades, apenas uma planilha, em excel, onde era anotado o convênio e para
qual engenheiro era distribuído. Afirmou, ainda, que era factível emitir um parecer técnico final,
baseando-se tão somente em uma inspeção visual da obra, mesmo que ocorresse dez anos após a sua
conclusão. Por meio do memorando interno da Diesp 389, de 10/12/2010 (p. 8-9 da evidência 18), o
chefe substituto informa que a lista de processos sob responsabilidade de um engenheiro, solicitada
pela comissão do PAD, referente ao período de 8/11/2003 a 14/9/2009, não seria enviada pois não foi
localizada no arquivo da Diesp, quando solicitou ao engenheiro responsável que apresentasse essa
relação, caso a possuísse.
Verificamos ainda, por meio do memorando interno do setor da Suest em Montes Claros, de
2012, que tomadores de contas, após emissão de portaria para instauração de tomadas de contas
especial, comunicavam a superintendência da Suest-MG que não estavam tecnicamente habilitados a
desenvolver as tarefas de tomadores de conta, devido a complexidade das atividades, e que se
posicionavam no sentido de não receberem mais processos de TCE (p.1-2 da evidência 27).
Durante a aplicação da técnica de mapa de processos, uma servidora noticiou a prática de que
há servidores instruindo processos de tomadas de contas especiais cujo tomador é outro servidor,
conforme relação de convênios listados em expediente interno ( p.1-6 da evidência 32).
Morosidade na análise de processos
Em decorrência da desorganização administrativa, observamos que os processos tramitam
por um prazo muito maior do que o adequado, conforme a seguir exposto:
1) Aprovação de projeto
A partir do confronto das transferências celebradas pela Funasa, conforme tabela fornecida
pela Diesp, constatamos que, de um universo de 700 transferências, 518 apresentavam os dados de
data de aprovação preenchidos, cuja análise permitiu concluir que o prazo para a aprovação de
projetos dura entre 30 e 2022 dias (prazo desde que o convênio inicia a vigência até o projeto de
engenharia de realização do objeto de transferência ser aprovado). O prazo médio de aprovação
desses projetos é de 374 dias (p. 1-318, da peça evidência 44).
2) Visita técnica final
Após o termo final da vigência do ajuste, a Suest/MG não é tempestiva na realização da visita
técnica de avaliação do empreendimento. Considerando o universo de 472 registros feitos pela Diesp,
264 apresentavam a data de realização da visita final do empreendimento, cuja análise permitiu
verificar que a visita final é realizada entre 2 e 4446 dias. O prazo médio para que a avaliação final
do empreendimento seja realizada é de 1223 dias (p. 1-318, da peça evidência 45). Nesse período de
tempo, a obra pode ter sofrido várias intervenções, não permitindo identificar o destino dos recursos
aplicados pela Funasa.
3) TCE
Quanto aos processos de tomada de contas especial, é preocupante o tempo médio para a sua
instauração e o tempo gasto para a sua conclusão. No primeiro caso, de um universo de 210
processos, observamos que somente 195 casos apresentavam os dados devidamente registrados, cuja
análise permitiu concluir que a Suest/MG gasta entre 69 e 5423 dias para instaurar o processo de
TCE. O prazo médio para a conclusão dos processos é de 2069 dias (p. 1-108, da peça evidência 46).
A instrução processual da TCE pela Suest/MG não encerra a apuração, porque ainda será analisada
pela Auditoria Interna da Funasa, em Brasília, e posteriormente pela CGU.
A Suest/MG possui estoque de 210 processos de TCE, conforme lista apresentada. Esses
processos foram abertos entre 70 a 3822 dias, e o prazo médio do tempo que estão abertos é de 839
dias (p. 1-118, da peça evidência 47).
Descumprimento de prazos para encerramento dos processos de TCE's
Ao examinar o memorando circular n. 10 da Audit/Presi/Funasa, de 2/5/2011 (p. 1 da
evidência 18), encaminhado aos superintendentes da Funasa nos Estados, que trata do
descumprimento de prazos para o encerrametno dos processos de TCEs, percebeu-se que a
270
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
desorganização gerencial e administrativa é uma constante na Funasa. O documento cita que muitos
processos de tomadas de contas especiais encontram-se paralisados, seja com os tomadores de
contas, seja nas áreas técnicas, com prazos ultrapassados na faixa dos quatro dígitos em dias de
atraso. E que, diante da situação de anormalidade administrativa, providências urgentes deverão ser
adotadas para as liberações dos processos, no sentido de que seja observado o prazo legal de 180
dias para o encerramento das TCEs. Assinala, ainda, que o próprio TCU, quando do julgamento das
TCEs, tem censurado a Funasa pela demora nas suas conclusões, além de diligenciar para o
cumprimento dos prazos, sob pena de aplicação de sanções administrativas aos responsáveis pelo
atrasos injustificados.
Informações sobre os processos analisados na fase de fiscalização de municípios
Na fase de execução da fiscalização in loco na Suest/MG, questionamos o gestor quanto às
impropriedades e irregularidades noticiadas na fase de fiscalização dos municípios, oportunidade em
que a Suest/MG apresentou algumas respostas coerentes em relação a algumas transferências. No que
diz respeito a outros ajustes, apresentou respostas não coincidentes e incompletas, além de ter
atribuído responsabilidade da unidade ao convenente em relação à ocorrência de plano de trabalho
deficiente, posto que é responsabilidade da unidade regional garantir que os documentos
apresentados pelo convenente contenham informações adequadas e confiáveis sobre o ajuste a ser
pactuado (p. 1-31, da peça evidência 43).
3.1.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio CV 0875/02 (siafi 477432)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário no
Município de Pintópolis/MG.
Convênio EP 1186/03 (Siafi 489290)/2003 - Ações de Saneamento em Pequenas Localidade no
Município de Lassance/MG.
Convênio CV 651/02 (Siafi 478590)/2002 - Execução do Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Santo Hipólito/MG.
Convênio CV 0401/03 (Siafi 490162)/2003 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Prudente de Morais/MG.
Convênio CV 1083/02 (Siafi 478589)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário
no Município de Santo Hipólito/MG.
Convênio CV 2962/05 (Siafi 558454)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Prudente de Morais/MG.
Convênio CV 1134/05 (Siafi 558416)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município
de Lima Duarte/MG.
Convênio EP 0290/06 (Siafi 567780)/2006 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Pintópolis/MG.
Convênio CV 201/04 (Siafi 520539)/2004 - Sistema de Abastecimento de Água no Município de
Lassance/MG.
Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município
de Pintópolis/MG.
Convênio CV 967/04 (Siafi 524074)/2004 - Execução de Sistema de Abastecimento de Água no
Município de Betim/MG.
Convênio CV 965 (Siafi 524228)/2004 - Sistema de abastecimento de água, Executor
Companhia De Saneamento De Minas Gerais.
Convênio CV 1509 (Siafi 523128)/2004 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município de
Belo Horizonte/MG.
Convênio CV 1510 (Siafi 527692)/2004 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município de
Várzea da Palma/MG.
Convênio 527/2000 - construção do sistema de esgotamento sanitario
Convênio CV 2954 (Siafi 439961)/2001 - Sistema de abastecimento de água de Bonfim/MG.
271
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Candeias/MG.
Transferências CV 18 (Siafi 135364)/1995 - Melhoria da habitação rural, para controle da
doença de chagas no Município de Janaúba/MG.
Transferências CV 28 (Siafi 305848)/1996 - Construção de Estação de Tratamento de Água em
Dionísio/MG.
Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Candeias/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 0305/07 (Siafi 633252)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Jacinto/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0307 (siafi 633678)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Martinho Campos/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0309/07 (siafi 633134)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Moema/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0313 (siafi 633038)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0314/07 (siafi 632108)/2007 - Sistema de esgotamento sanitário para
atender o município de São Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0408/07 (siafi 633251)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Jacinto/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0411 (Siafi 633719)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Martinho Campos/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0417 (Siafi 633036)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0418/07 (Siafi 633248)/2007 - Melhorias sanitárias domiciliares para
atender o município de são Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0601/09 (siafi 658098)/2009 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Candeias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2009.
Transferências TC/PAC 0823/07 (siafi 633131)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Pintópolis/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.
3.1.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiências de controles
3.1.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Prejuízos em virtude da ausência de fiscalização (efeito potencial)
Prejuízos em virtude de atraso ou ausência de análise da prestação de contas (efeito potencial)
3.1.5 - Critérios:
Decreto Lei 200/1967, art. 6º; art. 7º; art. 8º; art. 10; art. 11; art. 12; art. 13
3.1.6 - Evidências:
Desorganização Administrativa Suest-MG, folhas 1/33.
Desorganização Administrativa - Parecer DIESP - Processo TCE demorou 5 anos, folhas 1/11.
Mapa de Processos - Suest-MG, folhas 1/17.
Pesquisa-questionário_na_Suest, folhas 1/18.
Alto do Rio Doce - tomadores sem disponibilidade e conhecimento, folhas 1/20.
ATALEIA - NÃO INSTAURAÇÃO TCE - PAD - SUSPENSO, folhas 1/51.
272
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
NAD MOC CANCELA PORT-TCE, folhas 1/2.
TCE JANUÁRIA - MOROSIDADE, folhas 1/12.
TCE BADARÓ - NOVA TCE, folhas 1/58.
TCE ANÁLISE POR OUTRO SERVIDOR, folhas 1/6.
Janaúba - não instauração de TCE, folhas 1/19.
FUNASA MG_LEVANTAMENTO DE PROCESSOS_RESPOSTAS ETAPA 1_DIESP-SECON,
folhas 1/31.
FUNASA MG_LEVANTAMENTO DE PROCESSOS_DIESP_APROVAÇÃO DE PROJETO,
folhas 1/318.
FUNASA MG_LEVANTAMENTO DE PROCESSOS_DIESP_VISITA FINAL, folhas 1/52.
FUNASA MG_LEVANTAMENTO DE PROCESSOS_TCE_PRAZO PARA INSTAURAR, folhas
1/108.
FUNASA MG_LEVANTAMENTO DE PROCESSOS_TCE_PRAZO PARA INSTRUIR, folhas
1/118.
3.1.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Para efeito de melhor esclarecimento sobre as ocorrências apontadas no presente achado, as
respostas serão apresentadas, respectivamente, como segue:
item 4, do Ofício de Requisição 3-555/2012: apresentar relação de transferências
(convênio/emenda parlamentar/PAC I ou II, entre outros), na fase 3 (aprovação do projeto ou
habilitação), em poder da Diesp/Sapro ou da Secon/Sohab - onde deve constar o número da
transferência, o número Siafi, o beneficiário, objeto, a data inicial e final da vigência, e desde quando
o processo aguarda providência da Diesp, da Sohab ou do Convenente.
Resposta: apresentou a respectiva relação, no entanto, informou estar prejudicado o
questionamento quanto ao período, desde quando aguarda providência da Diesp, pois não possui
referido controle, sendo necessário manusear todos os processos existentes na Divisão. A
Secon/Sohab também informou que não possui controle sobre o tempo em que o processo aguarda
providência, para habilitação ou integração de novo plano de trabalho (p. 63-64 e 85-87, dos
esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6). O esclarecimento prestado deixa evidente que o
controle deve ser melhorado.
item 5, do Ofício de Requisição 3-555/2012: relação de processos de tomada de contas
especial, onde deve constar: estoque em 31/12/2010, estoque em 31/12/2011, processos finalizados
em 2011 (encaminhados para a auditoria interna) e processos abertos em 2011.
Resposta: após a consolidação das planilhas apresentadas pela Funasa, foram identificadas
diversas inconsistências, que resultou na resposta constante às p. 231-232, dos esclarecimentos do
responsável 1 - requisições 1 a 6. O esclarecimento prestado deixa evidente que o controle deve ser
melhorado.
i tem 8, do Ofício de Requisição 3-555/2012: informar a relação dos empreendimentos
concluídos nos últimos 3 anos, bem como a situação atual (em operação, nunca operou ou
paralisado). Em caso de não haver controle, esclarecer as razões.
Resposta: os sistemas da Suest/MG não disponibilizam consultas por período sobre a situação
atual dos convênios, pois, após a emissão do parecer técnico final do engenheiro responsável, a
Funasa não dispõe do controle da situação atual (p. 63-64, dos esclarecimentos do responsável 1 -
requisições 1 a 6). O esclarecimento prestado deixa evidente que o controle deve ser melhorado.
i tem 9, do Ofício de Requisição 3-555/2012: como a regional da Funasa em Minas Gerais é
comunicada ou toma conhecimento da liberação de recursos das transferências (convênio/emenda
parlamentar/PAC I ou II, entre outros), após a liquidação da ordem bancária pelo órgão central da
Funasa em Brasília?
Resposta: a rigor, não existe comunicação formal, pois deve a Secon consultar os sistemas
Siscon e Siafi (p. 85-87, dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6), o que demanda o
frequente acesso a sistemas, quando uma simples comunicação à Suest/MG, pelo órgão em Brasília,
273
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
poderia evitar o retrabalho pelos setores encarregados do gerencimento das transferências
celebradas. O esclarecimento prestado deixa evidente que o controle deve ser melhorado.
item 16, do Ofício de Requisição 3-555/2012: com respeito ao acompanhamento da vigência
dos termos de convênio/compromisso, esclareça:
a) qual a área da Suest/MG responsável por essa atividade? Resposta: compete ao Setor de
Habilitação - Sohab/Secon.
b) qual a sistemática adotada pelo respectivo setor? Resposta: depende de provocação do
convenente, oportunidade em que a Sohab solicita a manifestação formal da Divisão de Engenharia e
Saúde Pública - Diesp, para posterior análise da Procuradoria Jurídica do órgão.
c) em caso desse controle ser feito por meio de sistema interno, informar o nome do sistema, as
dificuldades eventualmente enfrentadas, inclusive se o sistema emite informações gerenciais
suficientes a permitir o efetivo controle dos processos que tramitam na Suest/MG. Resposta: o Sohab
realiza o levantamento dos convênios nos sistemas Siafi gerencial e Siscon, com vigência a encerrar
em 60 dias e que não solicitaram prorrogação, para enviar ofício aos convenentes. O Secon registrou
que existe uma certa dificuldade na obtenção de dados, pois não possuem acesso ao Siafi Gerencial
(p. 85-87, dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6). O esclarecimento prestado deixa
evidente que o controle deve ser melhorado.
Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 1/232.
3.1.8 - Conclusão da equipe:
Por meio da aplicação da técnica de pesquisa por questionários, constatou-se que os
problemas mais reincidentes apurados na fase de fiscalização de municípios referem-se à realização
de procedimento licitatório, que não recebe a devida atenção por parte da Suest/MG.
Outras constatações decorrentes da aplicação da técnica mencionada anteriormente são as
seguintes:
- não há rotina de trabalho adequada, ou, caso existente, não é do conhecimento dos
servidores do setor de TCE;
- os servidores têm a percepção de que as normas de controle das transferências não são
suficientes a garantir a plena execução das transferências;
- a rotina de notificação aos convenentes e o respectivo acompanhamento das respostas não é
adequada;
- a Suest/MG tem problemas com a divisão de atribuições e responsabilidades, pois não são
claras sobre o que cada setor deve fazer, em relação ao acompanhamento e gerenciamento das
transferências, provocando sobreposição de atividades, ou, até mesmo, a ausência de
acompanhamento sobre determinadas etapas essenciais no processo de execução das transferências, a
exemplo da área de licitações e contratos;
- a verificação da regularidade da licitação e do contrato não é de responsabilidade de
nenhum dos setores entrevistados, apesar de ter sido aplicada a técnica em todos os setores por onde
tramitam o processo das transferências.
Em relação aos setores Secon e de TCE, constatamos que o gerenciamento de processos não é
adequado e não há qualquer preocupação em realizar a análise definitiva de processos antigos, o que
dificulta a responsabilização pela inexecução parcial ou total das transferências celebradas pela
Funasa.
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão para que estabeleça plano de ação,
onde sejam definidas as ações, etapas e prazos para que o órgão implemente melhorias nos processos
de habilitação, celebração, acompanhamento e fiscalização das transferências de recursos celebrados
pela Funasa, inclusive nos processos de tomada de contas especial, no estado de Minas Gerais.
3.1.9 - Proposta de encaminhamento:
274
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote as seguintes providências:
a) implemente mecanismo para aperfeiçoar o processo de acompanhamento e gerenciamento
das transferências celebradas pela Funasa, sob a responsabilidade dessa regional, em conformidade
com o princípio constitucional da eficiência, nos termos do art. 37, caput, da Constituição Federal de
1988, no sentido de: a.1) definir as atribuições e responsabilidades dos setores envolvidos no
acompanhamento e gerenciamento desses ajustes, de forma a incluir todas as etapas da execução da
transferência, desde a celebração até a conclusão do objeto, inclusive a instauração de processo de
tomada de contas especial; a.2) estabelecer rotinas de trabalho, de forma clara e precisa, nos setores
envolvidos; e a.3) definir o processo de comunicação aos convenentes e análise das respostas
apresentadas, em especial quanto ao prazo concedido, o tempo para a análise respectiva e as
providências posteriores, dentre outros; e,
b) implemente mecanismos para reduzir o tempo médio de instrução dos processos na Diesp,
no Secon e no Setor de TCE/PAD e Sindicâncias, em conformidade com o disposto na Instrução
Normativa STN 01/1997, no art. 38, incisos I a III , da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU
507/2011, no art. 72, 76 e 80, c/c o art. 1º e § 1º, da IN/TCU 56, DE 5/12/2007, tendo em vista o prazo
excessivo apurado nas planilhas da acompanhamento de transferências, elaborada pela Diesp, e de
tramitação de processos de tomada de contas especial, elaborada pelo Setor de TCE/PAD e
Sindicância da Suest/MG.
3.2 - Ausência de previsão de medidas compensatórias onde a Copasa detém a concessão do
sistema de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário.
3.2.1 - Situação encontrada:
Em 14 de junho de 2011, a Fundação Nacional de Saúde emitiu a Portaria Funasa 314,
instituindo o processo seletivo para repasses de recursos para ações de saneamento básico, em função
especificamente da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). Destacam-se
o item 3.1.4 - Condições Específicas, alínea 'c', que previu os casos de financiamento dos sistemas de
abastecimento de água, e o item 3.2.4 - Condições Específicas, letra 'e', que previu os casos de
financiamento dos sistemas de esgotamento sanitário, em municípios cujas gestões estejam sob o
contrato de concessão, que determinam que deverá ser observado se há identidade entre o objeto
proposto no convênio com o objeto do termo de concessão. E caso seja constatada esta identidade, a
concessionária deverá garantir a compensação dos investimentos realizados com recursos federais
deste Programa.
Constatamos, ao analisar os processos do PAC 2, que os mesmos não estipularam nenhuma
cláusula sobre a referida norma, apesar de constar transferências destinadas a municípios onde há
um contrato de concessão vigente, a exemplo dos termos de compromisso 167/2011 - PM de
Ninheira/MG, 223/2011 - PM de São João do Paraíso/MG, 297/2011 - PM de Porteirinha/MG,
316/2011 - Sedru - PM de Ilicinéa/MG.
3.2.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Transferências TC/PAC 167/11 (Siafi 668799)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Ninheira/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 223/11 (Siafi 668797)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de São João do Paraíso/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 297/11 (Siafi 669475)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Porteirinha/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 316/11 (Siafi 669432)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Ilicinéa/MG, sendo convenente a Sedru/Governo do Estado de Minas Gerais, no
Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.
3.2.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles internos.
275
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
3.2.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Prejuízos em virtude da ausência de fiscalização (efeito potencial)
3.2.5 - Critérios:
Portaria 314/2011, Funasa, art. 5º, inciso Anexo 1, alínea e, item 3.2.4; art. 5º, inciso Anexo 1,
alínea c, item 3.1.4
3.2.6 - Evidências:
Www.copasa.com.br área de atuação, folha 1.
Relação municípios - concessão de água Copasa, folhas 1/6.
Relação municípios - concessão de Esgoto Copasa, folhas 1/4.
3.2.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Ofício de Requisição n. 2-555/2012, reiterado por meio dos Ofícios 4 e 6-555/2012, questionou
como segue:
“c) informações sobre o modo como este órgão está tratando a questão pertinente à
implementação de obras (medidas compensatórias), a título de execução do programa 0122 - serviços
urbanos de água e esgoto, onde a empresa Copasa detém a concessão dos serviços de água e/ou
esgoto.”
Resposta: a mesma é disciplinada pela Portaria 314/2011 e o pronunciamento a respeito do
assunto deverá ser tratado pela Presidência e pelo Superintendente, portanto, a norma não está sendo
observada, servindo os recursos federais transferidos para beneficiar empresa com finalidade
lucrativa, cujo resultado decorrente se reverterá aos sócios da empresa, e não à municipalidade.
(p.102-3 dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6).
Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 102/103.
3.2.8 - Conclusão da equipe:
Deve a Suest/MG promover a alteração dos termos celebrados sem a garantia de compensação
por parte da empresa concessionária de água e esgoto, em conformidade com a Portaria n. 314, de 14
de junho de 2011, de forma que os benefícios dos recursos federais transferidos se revertam ao
município convenente, e não à empresa concessionária.
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.2.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote a seguinte providência:
a) promover a alteração do termo das transferências, mediante aditivo, em conformidade com
a alínea “c”, do item 3.1.4, e alínea “e”, do item 3.2.4, do Anexo 1, da Portaria Funasa 314, de
14/6/2011, para fazer incluir a garantia de compensação dos investimentos realizados com recursos
federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), a exemplo da ausência verificada nos
termos das transferências 167/2011 (Siafi 668799) - PM de Ninheira/MG, 223/2011 (Siafi 668797) -
PM de São João do Paraíso/MG, 297/2011 (Siafi 669475) - PM de Porteirinha/MG, 316/2011 (Siafi
669432) - Sedru - PM de Ilicinéa/MG.
3.3 - Terceirização de atividade fim.
3.3.1 - Situação encontrada:
Da análise dos processos internos da Funasa, pertinentes à avaliação do plano de trabalho e
do projeto básico, bem como os relativos ao acompanhamento da execução das obras pela Divisão de
Engenharia de Saúde Pública, da Superintendência Estadual de Minas Gerais - Diesp/Suest/MG,
verificou-se que diversas atividades finalísticas do órgão foram promovidas por terceirizados.
Segundo o termo de cooperação firmado entre a União, por intermédio do Ministério da
Saúde, e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde, essa entidade se
comprometeu a realizar atividades diversas nas áreas de engenharia de saúde pública, saneamento
ambiental, saúde indígena e capacitação de recursos humanos, no entanto, a realização de atividade
276
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
fim da Funasa, em especial a emissão de pareceres de aprovação técnica sobre a regularidade de
convênios é atividade fim da Funasa, não podendo ser terceirizada, em conformidade com o art. 1°, §
2º, do Decreto 2271/1997, ratificado pelo posicionamento jurisprudencial deste Tribunal no Acórdão
1069/2011 - TCU - Plenário.
TC 020.192/2011-8 - Boa Esperança (p. 15-6 da evidência 9)
O Sr. André Luiz de Oliveira Carvalho, engenheiro consultor contratado pela Organização
Panamericana de Saúde, exerce a função de engenheiro da Diesp/Suest/MG, tendo subscrito, nessa
condição, a análise técnica do projeto e a visita técnica preliminar, em 21/6/2010. Realizou, também,
visita técnica ao município, em 25/2/2011 e 6/4/2011.
TC 019.235/2011-9 - Lima Duarte (p. 20-1 da evidência 1)
Em relação a essa fiscalização, verificou-se que:
a) o Sr. Celso Luiz Pinto Gonçalves, engenheiro contratado pela UNESCO, visitou o município
de Lima Duarte, em janeiro de 2006, a fim de avaliar o projeto de abastecimento de água proposto,
efetivando, ao final, recomendações de alterações. Ademais, promoveu, na fase de habilitação, a
análise técnica de toda a documentação encaminhada pelo proponente; e
b) o Sr. André Luiz de Oliveira Carvalho, engenheiro consultor pela UNESCO, exerceu a
função de Chefe da DIESP da então Coordenação Regional de Minas Gerais da Funasa/COREMG,
subscrevendo, nessa condição, os pareceres técnicos de acompanhamento da execução do objeto n. 1
(1º/9/2008) e 2 (13/5/2009). Realizou, também, visita técnica ao município, em 26/3/2007,
recomendando a aprovação do convênio. Por fim, determinou ao setor competente, em 18/5/2007, que
se fizesse a avaliação do Programa de Educação em Saúde e Mobilização Social (PESMS).
TC 020.194/2011-0 - Guanhães (p. 12-3 da evidência 5)
Em relação a essa fiscalização, verificou-se que o Sr. André Luiz de Oliveira Carvalho,
engenheiro consultor pela UNESCO, no âmbito dos processos relativos aos Termos de Compromisso
1155/2008 e 1189/2008, registrou parecer técnico recomendando a aprovação de tais pactos.
TC 020.195/2011-7 - Prudente de Morais (p. 50-1 da evidência 4)
Em relação a essa fiscalização, verificou-se que:
a) a Sra. Lívia Maria Ribeiro de Souza, engenheira consultora da Unesco, em razão do
término do contrato, encaminhou expediente, em 28/12/2007, devolvendo todos os processos que
estavam sob sua responsabilidade;
b) o Sr. Leonardo Salgado Alvim, engenheiro consultor da Unesco, realizou visita técnica ao
município de Prudente de Morais, em 11/5/2010;
c) o Sr. Robson Hilário Ferreira, engenheiro consultor da Unesco, realizou visita técnica ao
município de Prudente de Morais, em 11/5/2010 e 15/10/2010, e emitiu parecer pela não aprovação
das obras parcialmente executadas.
A realização de fiscalização e de avaliação dos empreendimentos pertinentes aos Convênios
0401/2003 (Siafi 490162) e 2962/2005 (Siafi 558454) foi realizada por engenheiros da Unesco,
atualmente sob a responsabilidade de engenheiros da Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS.
TC 020.196/2011-3 - Candeias (p. 27-8 da evidência 3)
Em relação a essa fiscalização, verificou-se a situação do Sr. Leonardo Salgado Alvim,
engenheiro contratado pela Organização Pan-americana da Organização Mundial de Saúde
(OPAS/OMS), CPF 044.606.976-02, a seguir detalhada:
a) por meio da Portaria Funasa 872, de 17/5/2010, foi designado para o acompanhamento do
TC/PAC 127/08/SES, relativo ao município de Candeias/MG, tendo emitido Relatório de Visita
Técnica n. 3, datado de 2/3/2011, sobre a atualização da situação da obra referente à execução do
sistema de esgotamento sanitário daquele município;
b) por meio da Portaria Funasa 870, de 17/5/2010, foi designado para o acompanhamento e
aprovação do Convênio 536/07/SES;
277
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
c) por meio da Portaria Funasa 556, de 16/6/2011, foi designado para o acompanhamento da
execução física, visando a emissão de parecer técnico parcial, final e liberação de parcela, relativo ao
Convênio 536/07/SES; e
d) por meio da Portaria Funasa 864, de 17/5/2010, foi designado para a análise e aprovação
do TC/PAC 601/09/SAA.
TC 029.348/2011-0 - Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, do Governo
do Estado de Minas Gerais (p. 39-41 da evidência 15)
Em relação a essa fiscalização, verificou-se que:
a) em relação ao convênio 965/2004, a Sra. Juliana Gumieri Ribeiro, engenheira contratada
pela Unesco, realizou a visita técnica ao município de Timóteo/MG, em 24/9/2007;
b) o convênio 967/2004 - Betim/MG, foi analisado inicialmente pela Consultora Ana Paula
Fernandes Viana e, posteriormente, pela engenheira da Unesco, Luiza Helena Pinto. Há ainda o
registro no extrato de análise técnica, emitido pela Funasa, de 12/11/2004, que a análise foi
procedida pelo engenheiro da Unesco, Sr. Flávio Marcos Passos Gomes Júnior;
c) no convênio 1510/2004 - Várzea da Palma/MG, o Parecer Técnico da Diesp foi emitido
pelo consultor técnico da Unesco, Flávio Marcos Passos Gomes Júnior, em 24/11/2004. Em
18/6/2009, foi emitida a Portaria n. 395, designando a engenheira Fernanda Márcia Machado,
contratada pela ONG Missão Evangélica Caiuá, para emissão de parecer técnico final.
Posteriormente, em 16/1/2011, foi emitido novo parecer técnico pelo engenheiro Leonardo Salgado
Alvim, que também não era do quadro da Funasa;
d) o convênio 2303/2005 - Córrego Novo/MG, teve a análise técnica emitida pela engenheira
Lucy Mary Campos da Silva, em 4/6/2009, e pelo engenheiro Alane Esteves Soares, em 4/11/2010, os
quais não eram do quadro efetivo da Funasa;
e) o convênio 2305/2005 - Entre Folhas/MG, teve a análise de seu projeto feita pela
engenheira da Unesco, Raquel da Silveira Cota, pelo engenheiro Robson Hilário Ferreira, pela
engenheira Lucy Mary Campos da Silva e, por último, pela engenheira Fernanda Márcia Machado,
da Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS/OMS;
f) o termo de compromisso PAC 1897/2008, referente ao município de Conceição do Rio
Verde/MG, teve sua análise técnica realizada pela engenheira Fernanda Márcia Machado, em
21/3/2011, do quadro terceirizado da Funasa; e,
g) o termo de compromisso PAC 928/2009, relativo ao projeto de melhoria e ampliação do
sistema de esgotamento sanitário de Padre Paraíso/MG, foi analisado pelo engenheiro Leonardo
Salgado Alvim, quando o mesmo estava na condição de contratado pela Organização Pan-Americana
de Saúde - OPAS/OMS.
TC 029.366/2011-9 - Jacinto (p. 9-11 da evidência 11)
Em relação a essa fiscalização, verificou-se que o Sr. Leonardo Salgado Alvim, engenheiro
consultor contratado pela Organização Pan-americana de Saúde, exerce a função de engenheiro da
Diesp/Suest/MG, tendo sido nomeado, mediante portarias da Coordenadoria Regional da Funasa em
Minas Gerais, para o ‘Acompanhamento da Execução Física, visando a Emissão de Parecer Técnico
Parcial, Final e liberação de parcela’ dos convênios TC/PAC 0086/2007, TC/PAC 0305/2007 e
TC/PAC 0408/2007, firmados com o Município de Jacinto/MG.
No exercício da competência que lhe foi designada, o Sr. Leonardo Salgado Alvim assinou
diversos documentos de análise dos referidos convênios, tais como ‘Análise Técnica’, ‘Relatório de
Avaliação de Andamento’ e ‘Relatório de Visita Técnica’.
TC 029.380/2011-1 - Santa Maria do Suaçuí (p. 18-9 da evidência 8)
Em relação a essa fiscalização, verificou-se que o Sr. André Luiz de Oliveira Carvalho,
contratado pela Organização Pan-americana da Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS), por
meio da Portaria 299-Funasa, foi designado para o acompanhamento da execução física do TC/PAC
313/2007/SES, visando emissão de parecer técnico parcial, final e liberação de parcela. Em razão
278
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
dessas atribuições, emitiu o Relatório de Visita Técnica 3, datado de 28/7/2010, sobre a atualização
da situação da obra, referente à execução do sistema de esgotamento sanitário daquele município.
TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p. 44-5 da evidência 10)
Em relação a essa fiscalização, verificou-se que a Sra. Fernanda Márcia Machado, engenheira
consultora pela UNESCO, no âmbito dos processos relativos aos Convênios 1720/2005 e 290/2006,
efetuou visitas técnicas ao município de Pintópolis/MG, promoveu análises documentais, e emitiu
parecer favorável à aprovação do pleito em relação ao último ajuste referenciado.
3.3.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio CV 967/04 (Siafi 524074)/2004 - Execução de Sistema de Abastecimento de Água no
Município de Betim/MG.
Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Candeias/MG.
Convênio CV 965 (Siafi 524228)/2004 - Sistema de abastecimento de água, Executor
Companhia De Saneamento De Minas Gerais.
Convênio CV 0401/03 (Siafi 490162)/2003 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Prudente de Morais/MG.
Convênio CV 2962/05 (Siafi 558454)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Prudente de Morais/MG.
Convênio CV 1134/05 (Siafi 558416)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município
de Lima Duarte/MG.
Convênio EP 0290/06 (Siafi 567780)/2006 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Pintópolis/MG.
Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município
de Pintópolis/MG.
Convênio CV 1510 (Siafi 527692)/2004 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município de
Várzea da Palma/MG.
Convênio CV 2303 (Siafi 556978)/2005 - Execução do Sistema de Abastecimento de Água no
Município de Córrego Novo/MG.
Convênio CV 2305 (Siafi 556980)/2005 - Execução do Sistema de Abastecimento de Água no
Município de Entre Folhas/MG.
Transferências TC/PAC 0086/07 (Siafi 633250)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Jacinto/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Candeias/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 0305/07 (Siafi 633252)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Jacinto/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0313 (siafi 633038)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0408/07 (siafi 633251)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Jacinto/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0600/09 (siafi 658083)/2009 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Boa Esperança/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2009.
Transferências TC/PAC 0601/09 (siafi 658098)/2009 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Candeias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2009.
Transferências TC/PAC 0928 (siafi 659489)/2009 - Execução de sistema de esgotamento
sanitário para atender o município de padre paraíso/MG no PAC-2009.
Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 1189/08 (siafi 650489)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
279
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Transferências TC/PAC 1897 (Siafi 652024)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário no
Município de Conceição do Rio verde/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.
3.3.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles internos
3.3.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Risco de questionamento jurídico e invalidade dos atos praticados (efeito potencial)
Prejuízo decorrente de fiscalização deficiente (efeito potencial)
3.3.5 - Critérios:
Acórdão 1069/2011, Tribunal de Contas da União, Plenário
Decreto 2271/1997, art. 1º, § 2º
Instrução Normativa 2/2008, SLTI/MP, art. 9º, inciso I,II e III
3.3.6 - Evidências:
IdSisdoc_3429912v5-87_-_Relatório_completo_de_fiscalização_658-2011_prudente de
morais, folhas 10/51.
IdSisdoc_3432605v3-16_-_Relatório_completo_de_fiscalização_657-2011_guanhães, folhas
9/37.
IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas
10/46.
IdSisdoc_2936523v5-12_-_Relatório_completo_de_fiscalização_655-2011_lima duarte, folhas
8/25.
IdSisdoc_3398168v27-85_-_Relatório_completo_de_fiscalização_659-2011_candeias, folhas
8/29.
IdSisdoc_3688335v7-79_-_Relatório_completo_de_fiscalização_867-2011_santa maria do
suaçui, folhas 8/19.
IdSisdoc_3811098v17-28_-_Relatório_completo_de_fiscalização_654-2011_boa esperança,
folhas 8/24.
IdSisdoc_3727463v7-36_-_Relatório_completo_de_fiscalização_860-2011_governo do estado,
folhas 11/42.
IdSisdoc_3886632v3-70_-_Relatório_completo_de_fiscalização_864-2011_jacintopdf, folhas
7/21.
3.3.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Por meio do Memorando 27/GAB/Direx, de 10/2/2012, o Diretor Executivo da Funasa
encaminhou a relação dos prestadores de serviço da Unesco e Opas, referente ao período de 2004 a
2011, informando que esse tipo de serviço vem sendo prestado desde 2002. Foi encaminhado, também,
o trigésimo oitavo termo de cooperação ao ajuste complementar celebrado entre a União Federal, por
meio do Ministério da Saúde, e a Opas/OMS, em 21/11/1996, cujo objeto é a cooperação técnica entre
as partes, para o desenvolvimento de atividades diversas nas áreas de engenharia de saúde pública,
saneamento ambiental, saúde indígena e capacitação de recursos humanos, coordenadas pela Funasa
(p.32-43 dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6).
Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 32/43.
3.3.8 - Conclusão da equipe:
Dessa forma, restou configurada a desobediência ao art. 1º, § 2º, do Decreto 2.271/1997 e ao
art. 9º, incisos I, II e III, da Instrução Normativa SLTI/MP 2/2008, que vedam a contratação de
terceiros para a realização de serviços próprios das categorias funcionais abrangidas pelo plano de
cargos ou vinculados à missão institucional do contratante. Isso porque as atribuições inerentes à
análise técnica e ao acompanhamento/fiscalização da execução de objeto de transferência voluntária
de recursos da União, seja de convênios, emenda parlamentar ou termos de compromisso, que busque
viabilizar a adoção de políticas públicas de interesse nacional, constituem atividade precípua e
finalística da Administração e, por consequência, não podem ser objeto de terceirização.
280
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.3.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote a seguinte providência:
a) evite que os técnicos da Organização Pan-americana de Saúde - OPAS, ou qualquer outro
prestador terceirizado, realize serviços próprios das categorias funcionais abrangidas pelo plano de
cargos ou vinculados à missão institucional do contratante, com fundamento no art. 1º, § 2º, do
Decreto 2.271/1997 e ao art. 9º, incisos I, II e III, da Instrução Normativa SLTI/MP 2/2008, c/c o
Acórdão TCU 1069/2011 - TCU - Plenário, tendo em vista que as atribuições inerentes à análise
técnica e ao acompanhamento/fiscalização da execução de objeto de transferência voluntária de
recursos da União, seja de convênios, emenda parlamentar ou termos de compromisso, que busque
viabilizar a adoção de políticas públicas de interesse nacional, constituem atividade precípua e
finalística da Administração e, por consequência, não podem ser objeto de terceirização, a exemplo
das ocorrências verificadas no TC/PAC 0600/09 (Siafi 658083), TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661),
TC/PAC 1189/08, CV 0401/2003 (Siafi 490162) e CV 2962/2005 (Siafi 558454), entre outros.
3.4 - Ausência de instauração da tomada de contas especial nas hipóteses legais.
3.4.1 - Situação encontrada:
Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que
foram remetidas para o presente trabalho de consolidação:
TC 020.198/2011-6 - Martinho Campos (p.18 da evidência 6)
O prazo final para apresentação da prestação de contas do Convênio 1136/2005 ocorreu em
5/2/2011, entretanto, não foi aberto processo de tomada de contas especial, apesar da omissão
apontada.
Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se, por meio de planilhas fornecidas
pela Diesp e Secon, que foi emitido o parecer técnico em 18/2/2011, e que pende de parecer financeiro
pelo Secon, não obstante o processo tenha entrado no referido setor em 28/9/2011.
TC 032.757/2011-5 - São Romão (p. 16-7 da evidência 14)
O prazo para a prestação final de contas do TC/PAC 418/2007 ocorreu em 19/2/2011. Em
razão da não apresentação da prestação de contas, a Suest/MG prorrogou, unilateralmente, até
10/5/2011, por intermédio da Notificação 97/Secon/Suest-MG. Esse prazo também não foi respeitado,
tendo o município apresentado a prestação de contas somente após a cobrança da equipe de
auditoria, em 3/11/2011, sem que a Suest/MG, nesse ínterim, tenha instaurado o devido processo de
tomada de contas especial. Cabe registrar que a prestação de contas apresentada pelo município de
São Romão não possui data de protocolo, no entanto, no ofício padrão entregue pelo município,
consta a data de 28/1/2011, não guardando conformidade com a notificação elaborada pela Funasa,
em 11/4/2011, que cobrou a prestação de contas. Em 17/11/2011, o convenente providenciou a
entrega da prestação de contas, todavia, consta a data de protocolo de 28/1/2011.
Em relação ao TC/PAC 314/2007, verificou-se que o município de São Romão encontrava-se
omisso em relação à prestação de contas final, haja vista o transcurso do prazo de 60 dias contados
do término da vigência do convênio que, conforme o 5.º Termo Aditivo, expirou em 6/8/2011.
Na fase de execução da fiscalização na Funasa, verificou-se que os dois processos
encontram-se na Diesp, para a emissão de parecer técnico, desde 17/1/2012.
Fase da auditoria na Suest/MG
Nessa fase, foram selecionados 7 processos que estavam sob a responsabilidade do setor de
análise de prestação de contas.
281
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Cabe registrar a existência de dois processos, referentes a duas transferências com mais de 10
anos (Convênios 18/1995 e 28/1996), que estão praticamente esquecidos, com ausência de
providências.
O Convênio 18/1995 (Siafi 135364) foi celebrado com o Município de Janaúba/MG, em
6/12/1995, e vigeu até 6/3/1997. O ajuste pende de providências pelo Sopre, desde 6/5/2011 (p. 19, da
evidência 22). No entanto, o Ministério Público Estadual já provocou a Suest/MG, em 5/4/2011, sobre
os motivos da não aprovação do referido convênio, cuja resposta informou que decorria da não
apresentação da prestação de contas (p.16, da evidência citada anteriormente).
No que diz respeito ao Convênio 28/1996 (Siafi 305848), celebrado com o município de
Dionísio/MG, observamos que o município foi notificado quanto a ausência de prestação de contas,
todavia, não foi adotada nenhuma providência posterior pela Funasa. O processo encontra-se no
Sopre para a análise de documentos desde 12/8/2010 (p. 10-13, da evidência 23).
Consta ainda o Convênio 2.954/2001, celebrado com o município de Bonfim, cujo prazo para a
apresentação da prestação de contas findou em 19/2/2005. O parecer da Diesp foi emitido em
22/2/2011 (p. 1-4 da evidência 17), com registro de execução parcial de 52,57%. O objetivo final do
convênio foi considerado nulo, em decorrência do não funcionamento do poço tubular de
abastecimento de água. O parecer financeiro foi emitido pela não aprovação da referida prestação de
contas, em 14/3/2011 (p.10-11 da evidência 17), entretanto, até 15/2/2012, ainda não tinha sido
instaurada a devida tomada de contas especial (p.25-29 da evidência 17).
3.4.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio CV 2954 (Siafi 439961)/2001 - Sistema de abastecimento de água de Bonfim/MG.
Convênio CV 1136 (Siafi 556056)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Martinho Campos/MG.
Transferências CV 18 (Siafi 135364)/1995 - Melhoria da habitação rural, para controle da
doença de chagas no Município de Janaúba/MG.
Transferências CV 28 (Siafi 305848)/1996 - Construção de Estação de Tratamento de Água em
Dionísio/MG.
Transferências TC/PAC 0314/07 (siafi 632108)/2007 - Sistema de esgotamento sanitário para
atender o município de São Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0418/07 (Siafi 633248)/2007 - Melhorias sanitárias domiciliares para
atender o município de são Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
3.4.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles
3.4.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Prejuízos em virtude de atraso ou ausência de análise da prestação de contas (efeito real)
3.4.5 - Critérios:
Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 38, inciso I e II
Lei 8443/1992, art. 8º, caput
Portaria 623/2010, Funasa, art. 10
Portaria 127/2008, Interministerial, art. 63, § 1º, inciso I e II
3.4.6 - Evidências:
IdSisdoc_3619965v7-26_-_Relatório_completo_de_fiscalização_718-2011_martinho campos,
folhas 8/24.
IdSisdoc_4140432v3-14_-_Relatório_completo_de_fiscalização_942-2011_sao romao, folhas
10/38.
Documentos prestação de contas, parecer diesp, secon, PGF referente a Bonfim_ Convenio
2954_2001, folhas 1/29.
Janaúba - não instauração de TCE, folhas 1/19.
Dionisio - não instauração de TCE, folhas 1/13.
3.4.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
282
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Sobre as transferências CV 1136/2005 e TC/PAC 314/2007, a Diesp informou que a resposta
deveria ser fornecida pelo setor de convênios, todavia, esse nada informou.
Em relação ao TC/PAC 418/2007, a Diesp informou que a resposta deveria ser fornecida pelo
setor de convênios, entretanto, esse setor comunicou que estava aguardando parecer daquela divisão
(p.188-227 dos esclarecimentos do responsável 1 - Requisições 1 a 6).
Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 188/227.
3.4.8 - Conclusão da equipe:
A Suest/MG não possui controle adequado sobre o prazo de vigência de suas transferências,
resultando na ausência de providências quando não é apresentada a prestação de contas no prazo
previsto.
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.4.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote as seguintes providências:
a) implemente mecanismos para notificar o convenente, a partir do dia seguinte do término do
prazo de vigência, com o objetivo de obter a prestação de contas final, ou para que seja instaurada a
devida tomada de contas especial, em razão de não apresentação da respectiva prestação, conforme
prescreve o art. 28 e ss., da IN/STN 1/1997, c/c o art. 72 e ss., da Portaria Interministerial
MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, considerando a não observância em relação às transferências
CV 1136/2005 (Siafi 556056), TC/PAC 314/2007 (Siafi 632108) e TC/PAC 418/2007 (Siafi 633248);
e,
b) promova o levantamento das transferências, sob a responsabilidade da Suest/MG, adotando
as medidas da alínea ‘a’ para as transferências já expiradas e sem providências por parte dessa
regional.
3.5 - Ausência de providências para suspender/bloquear o repasse de recursos federais, diante
de irregularidades na execução da transferência.
3.5.1 - Situação encontrada:
Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que
foram remetidas para o presente trabalho de consolidação, como segue:
TC 020.195/2011-7 - Prudente de Morais (p. 48-9 da evidência 4)
Em relação ao convênio 2962/2005, verificou-se que, em 20/5/2010, a Funasa realizou visita in
loco no município convenente, quando constatou as seguintes falhas/irregularidades:
‘1 - BDI - informar a bonificação de despesas indiretas usadas no orçamento; 2 - Licitação -
desmembrar a obra de sistema de abastecimento de água da obra de infraestrutura/pavimentação; 3 -
Planilha orçamentária - (cópia em anexo); item 1.0 - serviços preliminares - não foram encontrados
relatórios fotográficos da execução dos mesmos, solicitamos a comprovação deste item constante da
planilha; item 4.9 - aterro de valas e cabas de fundação, com controle de grau de compactação de no
mínimo 97% do proctor normal - apresentar ensaios de laboratório do referido serviço, caso não
haja, apresentar orçamento com preço de compactação visual; item 4.12 - pavimento asfáltico com
PMF (pré-misturado a frio) espessura da capa de 3,5 cm, exclusive base - rever unidade de medida
utilizada ou quantitativos relacionados em planilha; item 5.1 - execução de travessia sob ferrovia,
com método não destrutivo, furo direcionado, em tubo camisa em PEAD DN 100mm - PN 10,
inclusive fornecimento de tubo e solda - extensão total de 28 m. Rever item, preço discriminado na
planilha, com abertura da composição de preço, autorização do órgão competente para intervenção;
e, prestação de contas - página 3 - anexo X - os itens devem ser discriminados igual ao plano de
trabalho aprovado.’
283
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Apesar das irregularidades noticiadas, não foi verificada a adoção de nenhuma providência
pelo órgão concedente em relação ao referido município, além do fato de que a Funasa liberou a
segunda parcela, no dia 24/5/2010 (OB 804826), no valor de R$ 210.000,00.
Na fase de execução da fiscalização na Funasa, verificou-se, por meio de planilhas fornecidas
pela Diesp e Secon, que foi emitido o parecer técnico, em 13/4/2011, mas que pende de parecer
financeiro pelo Secon, cujo processo deu entrada no setor em 10/5/2011.
TC 019.236/2011-5 - Santo Hipólito (p. 8-9 da evidência 2)
Em relação ao convênio 651/2002, a Suest/MG transferiu recursos em valores superiores ao
efetivamente comprovado, pois foram transferidas duas parcelas, a primeira, em 6/6/2003, no valor de
R$ 119.990,18, e a segunda, em 7/1/2004, no valor de R$ 89.992,65, enquanto que o Relatório de
Visita Técnica n. 1, de 7/11/2003, apontou a execução de somente R$ 82.111,62, além de registrar que
o projeto aprovado divergiu do serviço executado até aquela data, a planilha orçamentária não estava
discriminada por distrito e não havia diário de obras.
No que diz respeito ao convênio 1083/2002, em 6/6/2003, foi depositada a quantia de R$
159.984,87. Em 7/1/2004, novo depósito, no valor de R$ 119.988,66. Entretanto, o Relatório de Visita
Técnica n. 1, de 7/11/2003, registrou a informação de que o projeto parcialmente implantado diferia
daquele aprovado e que as mudanças implementadas descaracterizavam completamente o objeto
aprovado. Nesse relatório, foi registrada a execução de serviços no valor de R$ 105.329,94.
O Relatório Técnico de Trabalho, de 22/10/2003, discriminou várias divergências, entre elas,
a verificação do nivelamento de fundo de valas, a escavação mecânica de valas em solo seco, com
profundidade maior que 2 e menor que 3 metros, e a alteração do local de construção da estação de
tratamento de esgoto.
A Notificação Técnica III, de 14/12/2004, confirma as constatações de que o projeto de
esgotamento sanitário foi desvirtuado, com diversas alterações.
As primeiras liberações de recursos foram antecedidas ao Parecer Técnico da Engenharia da
Funasa, fato registrado pelo engenheiro da Funasa responsável por acompanhar as obras, conforme
Despacho de 8/7/2009, onde foi registrado que a segunda liberação de recursos ocorreu sem o seu
conhecimento e aprovação.
Na fase de execução da fiscalização na Funasa, verificou-se, por meio de planilhas fornecidas
pela Diesp e Secon, que os convênios 651/2002 e 1083/2002 pendem de avaliação final do
empreendimento a ser realizada pela Diesp, desde 1º/3/2012 e 17/1/2012, respectivamente, no
entanto, tiveram a vigência expirada desde 29/5/2011 e 31/5/2011.
3.5.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio CV 2962/05 (Siafi 558454)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Prudente de Morais/MG.
Convênio CV 651/02 (Siafi 478590)/2002 - Execução do Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Santo Hipólito/MG.
Convênio CV 1083/02 (Siafi 478589)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário
no Município de Santo Hipólito/MG.
3.5.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles internos
3.5.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Prejuízos em virtude de atraso ou ausência de análise da prestação de contas (efeito real)
3.5.5 - Critérios:
Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 21, § 4 e 5
Lei 11578/2007, art. 6º
Portaria 544/2008, Funasa, art. 1º, § 1º
Portaria 623/2010, Funasa, art. 5º
3.5.6 - Evidências:
284
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
IdSisdoc_3429912v5-87_-_Relatório_completo_de_fiscalização_658-2011_prudente de
morais, folhas 10/51.
IdSisdoc_3090512v5-66_-_Relatório_completo_de_fiscalização_717-2011_santo hipolito,
folhas 8/28.
3.5.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Para efeito de melhor esclarecimento sobre as ocorrências apontadas no presente achado, o
gestor foi instado, por meio do Ofício de Requisição n. 3-555/2012, cujas respostas serão
apresentadas, respectivamente, como segue:
Em relação ao convênio CV 651/2002 e CV 1083/2002, a Diesp informou que a informação
deveria ter sido fornecida pelo Secon, no entanto, esse permaneceu silente.
No que diz respeito ao CV 2962/2005, a Diesp mencionou que realizou visita em 15/10/2010,
mas que glosou 100% dos recursos, em 2011, em razão do convenente não ter sanado as pendências,
entretanto, não justificou a ocorrência.
3.5.8 - Conclusão da equipe:
O acompanhamento técnico realizado pela Divisão de Engenharia de Saúde Pública - Diesp,
da Suest/MG, não é adequado, pois os casos verificados na fase de fiscalização de municípios
permitiram comprovar que a Funasa libera recursos para obras com pendências não sanadas e que
libera recursos sem a anuência do engenheiro responsável pelo acompanhamento, conforme
verificado em relação ao Convênio 1083/2002.
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.5.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote a seguinte providência:
a) implemente mecanismos para suspender/bloquear o repasse de recursos federais, quando
for verificada irregularidade na execução de transferência de recursos federais, em conformidade
com o art. 35, da IN/STN 1/1997, c/c art. 70 e ss., da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507,
de 24/11/2011, considerando o que foi verificado na execução das transferências CV 2962/2005 (Siafi
558454), CV 651/2002 (Siafi 478590) e CV 1083/2002(Siafi 478589).
3.6 - Ausência de segregação de funções na área de engenharia.
3.6.1 - Situação encontrada:
Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que
foram remetidas para o presente trabalho de consolidação:
TC 020.192/2011-8 - Boa Esperança (p. 16-7 da evidência 9), TC 020.196/2011-3 - Candeias
(p. 28-9 da evidência 3), TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p. 45-6 da evidência 10) e TC
032.757/2011-5 - São Romão (p. 12 da evidência 14).
Verificou-se que o engenheiro responsável pela aprovação do projeto do objeto da
transferência também foi responsável pelo acompanhamento da sua execução. De acordo com a
estrutura interna da Funasa, existem os setores de aprovação e de acompanhamento, em especial, a
Seção de Análise de Projetos (Sapro) e a Seção de Acompanhamento e Avaliação (Secav), os quais
não guardam conformidade com o princípio de controle interno da segregação das funções, que vem
sendo descumprido, de forma reiterada, pela Suest-MG.
Além dos municípios citados acima, a Suest/MG informou, em resposta ao Ofício de
Requisição 1-555/2011 (p. 7-9, dos Esclarecimentos do responsável 1), que os seguintes municípios
fiscalizados também tiveram o processo de aprovação de projeto e de acompanhamento da execução
realizado pelo mesmo engenheiro:
285
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
- Fiscalis 660/2011 - Moema, em relação às transferências TC PAC 309/2007, CV 1140/2005 e
TC PAC 413/2007;
- Fiscalis 857/2011 - Jaboticatubas, em relação aos Termos de Compromisso PAC 85/2007 e
407/2007;
- Fiscalis 927/2011 - Lassance, em relação ao TC PAC 410/2007; e,
- Fiscalis 867/2011 - Santa Maria do Suaçui, em relação aos Termos de Compromisso PAC
95/2007 e 417/2007.
3.6.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Candeias/MG.
Convênio CV 1140/05 ( Siafi 555991)/2005 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Moema/MG.
Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município
de Pintópolis/MG.
Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0095 (Siafi 633272)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0309/07 (siafi 633134)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Moema/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0410/07 (Siafi 633243)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Lassance/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0413/07 (Siafi 633136)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Moema/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0415/07 (siafi633042)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0417 (Siafi 633036)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0418/07 (Siafi 633248)/2007 - Melhorias sanitárias domiciliares para
atender o município de são Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0600/09 (siafi 658083)/2009 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Boa Esperança/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2009.
Transferências TC/PAC 0823/07 (siafi 633131)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Pintópolis/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0824/07 (siafi 633064)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
3.6.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles internos
3.6.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Prejuízos gerados em razão de fiscalização deficiente decorrente da ausência de segregação
de funções (efeito potencial)
3.6.5 - Critérios:
Constituição Federal, art. 37, caput
Manual Técnico, Orientações para execução de obras e serviços de engenharia pela Funasa,
2006, p. 48 - Funasa
Portaria 1776/2003, Funasa, art. 101, inciso III; art. 102, inciso I
3.6.6 - Evidências:
286
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
IdSisdoc_4140432v3-14_-_Relatório_completo_de_fiscalização_942-2011_sao romao, folhas
10/38.
IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas
10/46.
IdSisdoc_3398168v27-85_-_Relatório_completo_de_fiscalização_659-2011_candeias, folhas
8/29.
IdSisdoc_3811098v17-28_-_Relatório_completo_de_fiscalização_654-2011_boa esperança,
folhas 8/24.
3.6.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Para efeito de melhor esclarecimento sobre as ocorrências apontadas no presente achado, o
gestor foi instado, por meio do Ofício de Requisição n. 3-555/2012, cujas respostas serão
apresentadas a seguir:
item 15, do Ofício de requisição 3-555/2012: esclarecer por que há transferências
(convênio/emenda parlamentar/PAC I ou II, entre outros), cujas atividades de aprovação de projeto e
de acompanhamento técnico são realizadas pelo mesmo engenheiro da Diesp, em desacordo com a
estrutura da Funasa que prevê a existência de um setor de aprovação de projetos (Sapro) e outro de
acompanhamento e avaliação (Secav)? Em todo o caso, informar os aspectos positivos e negativos
dessa situação verificada.
Resposta: permanece a filosofia de trabalho de que o técnico que analisa o projeto não fará o
acompanhamento da obra. Atualmente, tem ocorrido de um mesmo engenheiro analisar, aprovar e
acompanhar, em virtude da carência de pessoal e o grande volume de serviços. Segundo o
respondente, é impossível que os técnicos lotados no Sapro e no Secav cuidem somente das tarefas dos
setores correspondentes (p. 63-64, dos esclarecimentos do responsável 1 - Requisições 1 a 6).
Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 63/64.
3.6.8 - Conclusão da equipe:
Segundo o Manual Técnico da Funasa de 2006, que orienta a execução de obras e serviços de
engenharia, p. 48, o técnico nomeado para exercer a função gerencial fiscalizadora do convênio não
poderá ser o mesmo que executou a análise e a aprovação do projeto, salvo por despacho
fundamentado do Chefe da Diesp. No entanto, foram vários os casos registrados na fase de
fiscalização de municípios, sem que houvesse qualquer registro fundamentado de eventual exceção.
Tal orientação encontra amparo no Decreto 7.335/2010, que previu duas unidades distintas na
estrutura das Superintendências Estaduais da Funasa, a Seção de Análise de Projetos/Sapro e a Seção
de Acompanhamento e Avaliação/Sacav, cujo disciplinamento vem desde a Portaria n. 1.776, de 8 de
setembro de 2003, que aprovou o regimento interno da Funasa.
Há de se registrar ainda que há casos em que o próprio chefe da Diesp é o engenheiro
responsável pela aprovação do projeto e acompanhamento da obra, o que constitui em situação
totalmente irregular, pois não permite a devida supervisão dos trabalhos, a exemplo das
transferências TC PAC 415/2007, 823/2007, 824/2007 e CV 1720/2005.
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.6.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote a seguinte providência:
a) implemente mecanismos para estruturar a Divisão de Engenharia de Saúde Pública - Diesp,
em conformidade com os artigos 101 e 102, da Portaria Funasa 1776, de 8/9/2003, c/c o art. 4º, do
Decreto 7.335/2010, que definiu as atribuições da Seção de Análise de Projetos - Sapro e da Seção de
Acompanhamento e Avaliação - Secav, com o objetivo de implementar a necessária segregação de
funções entre a aprovação de projeto e a análise do acompanhamento da execução de transferências,
por engenheiros distintos, evitando-se o que foi verificado nas transferências TC/PAC 309/2007 (Siafi
287
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
633134), CV 1140/2005 (Siafi 555991), TC/PAC 413/2007 (Siafi 633136), TC/PAC 85/2007 (Siafi
633273), TC/PAC 407/2007 (Siafi 633034), TC/PAC 410/2007 (Siafi 633243), entre outras.
3.7 - Ausência/atraso na manifestação do órgão concedente sobre a prestação de contas
apresentada.
3.7.1 - Situação encontrada:
Durante a fase de fiscalização de municípios, foi registrada a seguinte ocorrência, que foi
remetida para o presente trabalho de consolidação:
TC 032.432/2011-9 - Lassance (p. 22-3 da evidência 13)
O município encaminhou documentos para a Funasa, no entanto, esse órgão não emitiu
análise conclusiva sobre os aludidos documentos.
A título de exemplo, o convenente encaminhou a documentação contendo cópia do processo
licitatório e fotos da execução do Convênio EP 1186/2003 (Siafi 489290). Em 2/9/2004, a Suest/MG
emitiu o relatório de avaliação da situação da obra, onde registrou a alteração do ponto de captação
dos poços. Nessa análise, a Suest/MG solicitou a apresentação das alterações de projeto decorrentes
desta situação, sem analisar os documentos citados anteriormente, que foram analisados em
14/6/2006.
Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se, por meio de planilha fornecida pela
Diesp, que a transferência está em fase de execução, com prazo de vigência até 8/4/2012.
3.7.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio EP 1186/03 (Siafi 489290)/2003 - Ações de Saneamento em Pequenas Localidade no
Município de Lassance/MG.
3.7.3 - Causas da ocorrência do achado:
deficiência de controles internos
3.7.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Prejuízos em virtude de atraso ou ausência de análise da prestação de contas (efeito real)
3.7.5 - Critérios:
Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 31, caput ; art. 31, § 1º
Portaria 623/2010, Funasa, art. 10
Portaria 127/2008, Interministerial, art. 60
3.7.6 - Evidências:
IdSisdoc_3903126v5-13_-_Relatório_completo_de_fiscalização_927-2011_lassance, folhas
9/28.
3.7.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Em resposta ao questionamento feito, o gestor permaneceu silente. (p.188-230 dos
esclarecimentos do responsável 1 – Requisições 1 a 6)
Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 188/230.
3.7.8 - Conclusão da equipe:
A ausência de resposta às demandas do convenente e o não acompanhamento adequado da
execução das transferências revelam a deficiência no papel fiscalizador da Suest/MG.
Há de se registrar que o sistema de acompanhamento não é adequado, existindo planilhas em
cada setor sobre os processos sob suas respectivas cargas, mas não permitindo ao gestor ter uma
visão consolidada sobre o acompanhamento e a fiscalização das transferências celebradas.
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.7.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote a seguinte providência:
288
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
a) implemente mecanismos para que as demandas dos convenentes sejam analisadas em prazo
razoável, em conformidade com o disposto no art. 48 e ss., da Lei 9.784, de 29/1/1999, c/c o art. 31,
da IN/STN 1/1997, e com o art. 76, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011,
considerando o que foi verificado na execução do Convênio EP 1186/2003 (Siafi 489290).
3.8 - Ausência/deficiência da fiscalização do objeto.
3.8.1 - Situação encontrada:
Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que
foram remetidas para o presente trabalho de consolidação, como segue:
TC 020.195/2011-7 - Prudente de Morais (p. 45-48, da evidência 4)
O convênio 2962/2005 foi celebrado em 30/12/2005. A sua visita preliminar ocorreu em
19/6/2006, enquanto que a primeira liberação de recursos ocorreu em 27/10/2006.
Houve deficiência na fiscalização realizada pela Funasa porque, após a aprovação técnica do
convênio, conforme parecer do Eng. Antonio Otavio Gontijo, de 26/6/2006, foi realizada nova
avaliação do empreendimento em 11/2/2008, quando foram apontadas diversas irregularidades e
impropriedades não registradas na aprovação inicial do projeto.
Em 11/2/2008, a Funasa fez uma reunião com o município, ocasião em que se comprometeu a
providenciar os projetos de engenharia, com planilhas orçamentárias e especificações técnicas,
todavia, a Suest/MG não cumpriu o que foi acordado nessa reunião.
Mais adiante, em 20/5/2010, a Funasa realizou vistoria no empreendimento para liberação de
nova parcela, quando o Eng. Robson Hilário Ferreira apontou novas inconsistências, não sanadas
pelo município até a data de encerramento dessa fiscalização.
As irregularidades/impropriedades não impediram nova liberação de recursos em 24/5/2010.
Em 15/10/2010, o engenheiro da Funasa emitiu parecer pela não aprovação das obras
parcialmente executadas em razão das seguintes ocorrências:
a) ausência de publicação, na forma do art. 21, I e III, da Lei 8.666/1993;
b)ausência de divisão do objeto licitado, na forma do art. 23, parágrafo 3º, da Lei 8.666/1993;
c) ausência de depósito da contrapartida, na forma do art. 7º, II, da IN/STN 1/1997;
d) não aplicação dos recursos na caderneta de poupança, pois a previsão de realização das
despesas ultrapassa o período de 30 dias, na forma da IN/STN 1/1997;
e) não houve a retenção de 11%, na forma dos art. 112 e 121, da IN RFB 971/2009; o valor de
R$ 427,48 permaneceu na conta bancária no período de 31/10/2006 a 28/6/2010, sem que fosse
aplicado na poupança;
f) não há a comprovação de pagamento para a empresa contratada; o valor estimado para a
realização do objeto no processo licitatório é 15,37% maior do que o ajustado no convênio;
g) não foram considerados regulares os itens 1.5, 1.7 ao 1.14, e 3.14, do edital da tomada de
preços 3/2006; e,
h) as notas fiscais não fazem referência ao convênio celebrado.
Essas ocorrências já poderiam ter sido objeto de manifestação anterior, entretanto,
observamos que a fiscalização realizada pela Funasa foi deficiente, considerando que somente
evidenciou falhas existentes desde o início da avença, mais de 4 anos depois dessa data.
Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que a visita final do empreendimento
ocorreu em 15/10/2010, no entanto, o parecer técnico somente foi elaborado em 13/4/2011. O
convênio teve o seu prazo de vigência prorrogado até 19/10/2011, o que evidencia a prática da
Suest/MG em prorrogar transferências, ainda que com irregularidades, por tempo indeterminado.
TC 019.236/2011-5 - Santo Hipólito (p. 9-10 da evidência 2)
Observou-se, quanto aos Convênios 651/2002 e 1083/2002, que os mesmos foram fiscalizados
apenas uma única vez, em 7/11/2003, pelo engenheiro responsável da Funasa, cerca de 4 meses após
a realização da primeira medição. Nas visitas realizadas, constataram-se divergências entre os
serviços executados e aqueles previstos no projeto.
289
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
A fiscalização realizada pelo Município de Santo Hipólito/MG foi também deficiente, tendo em
vista que, segundo informação do engenheiro contratado pelo Município, as obras foram iniciadas
antes da designação de fiscal para acompanhamento das mesmas. Tal alegação é ratificada pelas
constatações dos Relatórios de Visita Técnica do engenheiro da Funasa.
Na fase de execução da consolidação, verificou-se que os convênios analisados expiraram o
prazo final de vigência desde 29/5/2011 e 31/5/2011, respectivamente, e ainda não foi feita a visita
técnica final do empreendimento. Em relação ao convênio 1083/2002, consta a informação na
planilha do setor de prestação de contas de que o mesmo aguarda parecer técnico final da Diesp,
para análise conclusiva para instaurar processo de tomada de contas especial.
TC 020.198/2011-6 - Martinho Campos (p. 16 da evidência 6)
O TC/PAC 0411/2007 encerrou a execução da primeira parcela liberada dos recursos em
agosto de 2009, mas só recebeu a visita técnica para a emissão de parecer em fevereiro de 2010.
A fiscalização intempestiva resultou em atraso na liberação dos recursos e, consequentemente,
na paralisação da obra.
Na fase de execução da consolidação, verificou-se que a transferência analisada está em
execução, com prazo final previsto para 28/5/2012. Ainda não foi emitido parecer técnico final. No
Setor de análise de prestação de contas, consta o registro de que a prestação de contas parcial ainda
não foi analisada, contudo, estava disponível desde 28/9/2011.
TC 029.348/2011-0 - Secretaria de Desenvolvimento Regional e Desenvolvimento de Política
Urbana - Sedru, do Governo do Estado de Minas Gerais (p. 34-9 da evidência 15 )
Os objetos dos convênios 965/2004 (Timóteo/MG), 967/2004 (Betim/MG) e 1510/2004 (Várzea
da Palma/MG) foram construídos em propriedade da interveniente executora, entretanto, o Parecer
131/PGF/PF/Funasa/MG/2004/APT, de 17/12/2004, conclui pela irregularidade na realização de
obra, por se tratar de propriedade da interveniente executora Copasa, e não da proponente, salvo se a
referida empresa se propuser a transferir a propriedade à Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Regional e Política Urbana (Sedru).
Em relação ao convênio 965/2004, verificou-se que o mesmo foi celebrado em 1º/7/2004, no
entanto, a primeira fiscalização da Funasa/MG somente foi realizada em 24/9/2007.
Foi vistoriado o local proposto para a construção do reservatório de concreto, ocasião em que
se constatou que a obra não tinha sido iniciada.
Em 7/4/2010, nova visita técnica foi realizada na cidade de Timóteo/MG, com o objetivo de
liberar a 2.ª parcela do convênio, e mais uma vez ficou constatado que nenhuma obra tinha sido
iniciada no local indicado para a construção do reservatório.
Essas duas visitas foram realizadas no local previsto no ajuste, no entanto, a obra já havia
sido concluída em outro local pela empresa Copasa S/A, sem que fosse dado conhecimento à
Suest/MG.
Em nova visita realizada em 7/5/2010, constatou-se que a obra estava totalmente concluída em
área diferente da indicada no projeto, porém restava pendente a documentação de posse do novo
terreno.
Os documentos apresentados pela Copasa, inclusive o contrato analítico, demonstram que a
execução física e financeira do objeto conveniado foi realizada em 2005, bem como o termo de
recebimento da obra data de 13/1/2006.
Em relação ao convênio 967/2004, verificamos que o mesmo foi celebrado em 1º/7/2004, no
entanto, a primeira fiscalização da Funasa/MG somente foi realizada em 12/11/2007. Naquela
ocasião, foi registrada a alteração efetivada em relação ao método construtivo pela empresa Copasa
S/A, porque foram executados apenas 4 floculadores tricompartimentais, ao invés de 6 unidades
previstas. Não foi encontrada a placa da obra.
Mais tarde, em 26 e 27/3/2010, foi realizada nova visita onde foram evidenciadas outras
pendências.
290
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Foi registrado no relatório de 27/3/2010, que o plano de trabalho não especificou a parte
física que cabia ao concedente e ao convenente, fato que impossibilitava a conciliação entre o previsto
e o que foi realizado em relação aos equipamentos/válvulas/aparelhos/peças e acessórios.
A Funasa não apresentou manifestação conclusiva sobre as alterações realizadas pela Copasa
S/A e não foi celebrado termo aditivo convalidando a alteração de plano de trabalho realizada.
No âmbito da Copasa, verificou-se que as notas fiscais 3311, 3336, 3347, 3352, 3359, 3375,
3381, 3398, 3417 e 3425, emitidas pela Construtora Sanenco Ltda., apresentavam a vinculação ao
convênio estadual, não ao convênio firmado com a Funasa, enquanto que os documentos mantidos
pela empresa Copasa, em especial os originais, não apresentavam qualquer vinculação ao objeto
conveniado, em desacordo com o art. 30, da IN/STN 1/1997.
Os diários de obra disponibilizados pela empresa não correspondem a todo o período da obra
e não apresentam a assinatura do preposto da empresa contratada, além do fato de que há registros
que não consta sequer a assinatura do representante da Copasa.
O parecer técnico final de 1º/9/2010, emitido pelo eng. Marcelo Libanio Coutinho, registrou
que a avaliação sobre os materiais e serviços restou prejudicada em razão da deficiência no
acompanhamento do ajuste, porque a obra somente foi vistoriada no seu início, que data de
21/12/2007.
Em relação ao convênio 1509/2004 (Aglomerado da Serra), o relatório assinado pelo
engenheiro da Copasa, o senhor Glêvison Felipe de Sousa, informa que não houve
fiscalização/acompanhamento da obra por parte da Funasa e da Sedru.
Sobre o convênio 1510/2004, foram registradas diversas ocorrências que demonstram a
fragilidade dos procedimentos adotados pela Suest/MG, em especial, que:
- a convenente Sedru repassou os recursos para a Copasa, por meio de outro ajuste, sem dar
conhecimento à Funasa;
- a execução física do contrato firmado com a empresa Maquenge Máquinas e Engenharia
Ltda. foi realizada fora do prazo de vigência;
- houve a execução física de serviços na estação elevatória do Lameirão, no entanto, nem o
plano de trabalho do convênio e tampouco a licitação previu a realização desses serviços;
- somente 10% da capacidade da ETE Várzea da Palma está sendo utilizada;
- os equipamentos da casa de controle estão sendo armazenados em local distinto da ETE
Várzea da Palma;
- o ateste de realização dos serviços é prévio à emissão dos respectivos documentos fiscais, a
exemplo das notas fiscais n. 2089 e 2090, emitidas em 1º/8/2007, no entanto, atestadas em 24/7/2007;
- houve a realização de pagamento antecipado à empresa CEMIG, no valor de R$ 3.720,27,
em 23/6/2008, sem que o serviço tenha sido realizado, em razão de problemas relativos à
regularidade da propriedade do terreno;
- o convênio foi celebrado em 24/12/2004, mas somente foi vistoriado em 8/7/2010; e,
- a vistoria da Funasa atestou a realização de 100% da linha de recalque, no entanto, esse
item não foi realizado com recursos conveniados, demonstrando a deficiência no acompanhamento
das ações do ajuste.
Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que:
- o convênio 965/2004 teve a vigência expirada em 10/11/2011, no entanto, ainda não foi
realizada a visita técnica final para elaboração do parecer técnico de avaliação do empreendimento;
- o convênio 967/2004 já possui parecer técnico final desde 27/6/2011, entretanto, o processo
aguarda o pronunciamento do setor de análise de prestação de contas;
- o convênio 1509/2004 possui parecer técnico pela conclusão do objeto pactuado desde
25/3/2011, no entanto, a planilha do setor de análise de prestação de contas informa que o processo
retornou para Diesp, para a emissão de parecer técnico; e,
291
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
- o convênio 1510/2004 possui parecer técnico pela execução de 100% do objeto pactuado, no
entanto, o setor de análise de prestação de contas aguarda a prestação de contas final, desde
3/2/2012, não obstante o convênio tenha expirado o prazo de vigência desde 22/11/2011.
3.8.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio CV 967/04 (Siafi 524074)/2004 - Execução de Sistema de Abastecimento de Água no
Município de Betim/MG.
Convênio CV 965 (Siafi 524228)/2004 - Sistema de abastecimento de água, Executor
Companhia De Saneamento De Minas Gerais.
Convênio CV 1509 (Siafi 523128)/2004 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município de
Belo Horizonte/MG.
Convênio CV 1510 (Siafi 527692)/2004 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município de
Várzea da Palma/MG.
Convênio CV 1136 (Siafi 556056)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Martinho Campos/MG.
Convênio CV 651/02 (Siafi 478590)/2002 - Execução do Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Santo Hipólito/MG.
Convênio 1.338 (Siafi 477455)/2002 - execução do sistema de abastecimento de água
Convênio CV 2962/05 (Siafi 558454)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Prudente de Morais/MG.
Convênio CV 1083/02 (Siafi 478589)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário
no Município de Santo Hipólito/MG.
Transferências TC/PAC 0305/07 (Siafi 633252)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Jacinto/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0411 (Siafi 633719)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Martinho Campos/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
3.8.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles internos
3.8.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Prejuízos em virtude da ausência de fiscalização (efeito real)
Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito real)
Prejuízos em virtude de atraso ou ausência de análise da prestação de contas (efeito potencial)
3.8.5 - Critérios:
Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 7º, inciso V; art. 23
Lei 11578/2010, art. 7º
3.8.6 - Evidências:
IdSisdoc_3619965v7-26_-_Relatório_completo_de_fiscalização_718-2011_martinho campos,
folhas 8/24.
IdSisdoc_3429912v5-87_-_Relatório_completo_de_fiscalização_658-2011_prudente de
morais, folhas 10/51.
IdSisdoc_3090512v5-66_-_Relatório_completo_de_fiscalização_717-2011_santo hipolito,
folhas 8/28.
IdSisdoc_3727463v7-36_-_Relatório_completo_de_fiscalização_860-2011_governo do estado,
folhas 11/42.
3.8.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Para efeito de melhor esclarecimento sobre as ocorrências apontadas no presente achado, o
gestor foi instado, por meio do Ofício de Requisição n. 3-555/2012, cujas respostas serão
apresentadas como segue:
Informar se há prazo regulamentado para a Diesp realizar a avaliação final do
empreendimento? Em caso positivo, esclarecer a norma correspondente e o prazo previsto.
292
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Resposta: a Suest/MG tenta seguir o prazo estipulado na IN/STN e/ou Termo de Convênio, no
entanto, a carência de pessoal e o acúmulo de serviço tem inviabilizado o pleno atendimento (p. 63-
64,dos esclarecimentos do responsável 1 - Requisições 1 a 6). O esclarecimento prestado deixa
evidente que o controle deve ser melhorado.
A exemplo da transferência 35/2011 (Siafi 668660), que prevê, em sua cláusula quinta, a
obrigatoriedade dos municípios beneficiários encaminharem, por cinco anos após a aprovação da
prestação de contas, relatórios técnicos, comprovando a adequada e efetiva operação dos projetos,
pergunta-se: qual o setor que acompanha esses dados, bem como se há rotina/norma para essa
atividade em relação às transferências (convênio/emenda parlamentar/PAC I ou II, entre outros)
celebradas pela Funasa?
Resposta: trata-se de fato novo e ainda não foi designado o setor responsável pelo seu
acompanhamento, porém, acredita o Sr. Marcelo Libanio Coutinho, Chefe da Diesp/Suest-MG em
substituição, que essa atribuição será de responsabilidade do Serviço de Sáude Ambiental, por meio
da Unidade Regional de Controle de Qualidade da Água, que, dentro do Vigiasus/SVS/MS, apoiará os
municípios a manterem os padrões de qualidade da água dentro das normas e o lançamento final de
efluentes dentro dos parâmetros exigidos pela legislação ambiental (p. 63-64, dos esclarecimentos do
responsável 1 - Requisições 1 a 6). O esclarecimento prestado deixa evidente que o controle deve ser
melhorado.
É fixado prazo para atendimento de notificações expedidas pela Funasa? Em caso de não
atendimento, quais as providências adotadas por esse órgão?
Resposta: sim, a Diesp informou que é fixado prazo para atendimento das notificações de
acordo com as pendências e considerando a situação das documentações solicitadas, tendo em vista
que podem depender de outros órgãos estaduais, municipais e/ou federais. Em último caso, o técnico
da Funasa solicita ou recomenda a glosa da prestação de contas e o cancelamento ou a não liberação
de parcelas. No que diz respeito ao Sopre, fixa o prazo de 30 dias, para atendimento à notificação, e,
caso não atendida, é emitido parecer financeiro conclusivo pela não aprovação do convênio e a
consequente inscrição de inadimplência no Siafi. Em relação ao Sohab, não é fixado prazo para
atendimento às demandas feitas (p. 63-64, dos esclarecimentos do responsável 1 - Requisições 1 a 6).
O esclarecimento prestado deixa evidente que o controle deve ser melhorado.
Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 63/64.
3.8.8 - Conclusão da equipe:
No presente achado, foram registradas situações que apontam para o acompanhamento
técnico deficiente das transferências celebradas pela Funasa, sob a responsabilidade da Suest/MG, a
exemplo de revisão de análise de projeto, após a aprovação do projeto, em relação ao CV 2962/2005;
única visita in loco, em 7/11/2003, até a presente data, quanto aos convênios 651/2002 e 1083/2002;
realização de vistoria final do empreendimento após 6 meses do final da vigência do ajuste, em
relação ao TC PAC 411/2007; o registro do prejuízo à emissão de parecer técnico final, em razão de
deficiência no acompanhamento do convênio 967/2004; e, por fim, o registro de 100% de execução
em relação a um item que sequer foi custeado com recursos federais, no caso do convênio 1510/2004.
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.8.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote a seguinte providência:
a) implemente mecanismos para aperfeiçoar o processo de acompanhamento e fiscalização das
transferências celebradas pela Funasa, sob a responsabilidade da Suest/MG, em conformidade com o
art. 23, da IN/STN 1/1997, c/c art. 5º e ss., da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de
24/11/2011, tendo em vista as ocorrências verificadas nas transferências CV 2962/2005 (Siafi
293
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
558454), 651/2002 (Siafi 478590), 1083/2002 (Siafi 478589), TC/PAC 411/2007 (Siafi 633719),
967/2004 (Siafi 524074) e 1510/2004 (Siafi 527692).
3.9 - Ausência/deficiência de análise técnica e administrativa das propostas/plano de trabalho
apresentados.
3.9.1 - Situação encontrada:
Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que
foram remetidas para o presente trabalho de auditoria:
TC 019.235/2011-9 - Lima Duarte (p. 22-3 da evidência 1)
A celebração do Convênio 1.134/2005 não foi precedida de adequada análise técnica e
administrativa pela Funasa. Não houve prévia aprovação de seu plano de trabalho e do pleito pela
autoridade competente.
Quando da subscrição do instrumento, em 15/12/2005, não havia ainda um plano de trabalho
formalmente elaborado com todos os dados e documentos complementares que a legislação exigia
(art. 116, § 1º, incisos I a VII, da Lei 8.666/1993; e art. 2º, caput¸ todos os seus incisos e parágrafos,
da IN/STN 01/1997). Ou seja, inexistia requisito essencial que permitisse seu devido exame, para fins
de aprovação.
A própria Coordenação-Geral de Convênios da Funasa reconhece, mediante o Memorando
96/CGCON/GAB, de 23/2/2006, a precariedade dos atos formais que antecederam à celebração desse
acordo, visto que, em consulta à Procuradoria Geral Federal sobre a possibilidade de convalidá-lo,
justifica-se que sua formalização decorreu apenas da aprovação, pela Presidência e de outros setores
centrais, e da emissão de empenho, deixando-se a obrigatória análise técnica de projetos pelas
unidades regionais para momento posterior.
Por fim, a aprovação do pleito pela Presidência da Funasa também foi em período bem
posterior à subscrição do termo. Embora o ato não esteja datado, deve ter sido emitido no segundo
semestre de 2007, pois diversos procedimentos que o fundamentam foram efetivados a partir de 2006
até junho de 2007.
Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que o convênio expirou a vigência
em 3/2/2012, no entanto, ainda não foi realizada a visita final do empreendimento.
TC 020.194/2011-0 - Guanhães (evidência 5)
A aprovação formal dos Termos de Compromissos 1155 e 1189, de 31 de dezembro de 2008,
condição prévia à transferência de recursos no âmbito do PAC, consoante o disposto no art. 3º, § 1º,
da Lei 11.578/2008, não teve respaldo de precedente análise técnica e administrativa dos respectivos
pleitos/planos de trabalho. Por conseguinte, a celebração desses acordos não observou o retrocitado
dispositivo legal, bem como o art. 116, § 1º, da Lei 8.666/1993.
Na verdade, os documentos de habilitação e de projetos, que são indispensáveis à adequada
caracterização do objeto, somente foram apresentados em momento posterior à data de
celebração/aprovação de tais pactos, no mês de dezembro de 2008. No caso do TC PAC 1155/2008, o
parecer técnico favorável, emitido pelo setor de engenharia, foi elaborado em março de 2009,
enquanto que o administrativo, do setor de habilitação, foi elaborado em setembro de 2009. Quanto
ao TC 1189/2008, os aludidos pareceres foram proferidos em maio e outubro de 2009,
respectivamente.
Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que as aludidas transferências ainda
estão vigentes até 26/10/2012, e que a aprovação do projeto ocorreu, respectivamente, em 25/3/2009 e
3/8/2009.
TC 020.196/2011-3 - Candeias (p. 25-6 da evidência 3)
Todos os convênios/termos de compromissos examinados foram firmados sem que tenham sido
realizadas as análises técnicas prévias dos planos de trabalho. No caso do Convênio 536/2007, o
parecer jurídico também foi emitido ''a posteriori''.
294
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
O convênio 536/2007 foi firmado em 31/12/2007, a análise técnica de habilitação em
9/6/2010, o parecer técnico pela aprovação do projeto em 17/6/2010, e o parecer da assessoria
jurídica em 8/9/2010.
O Termo de Compromisso 127/2008 foi firmado em 31/12/2008, e foram realizadas análise
técnicas em 15/1/2009, 4/4/2010, 7 e 8/4//2010.
O Termo de Compromisso 601/2009 foi firmado em 31/12/2009, e as análises técnicas foram
realizadas em 7/6/2010, 11/3/2011 e 9/6/2011.
Quando da subscrição dos instrumentos, não havia um plano de trabalho formalmente
elaborado que contivessem todos os dados e documentos complementares em conformidade com a
legislação vigente, ou seja, inexistia requisito essencial que permitisse seu devido exame para fins de
aprovação.
Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que as transferências 536/2007,
127/2008 e 601/2009 estão em fase de execução até 24/6/2012, 25/4/2012 e 31/12/2012,
respectivamente.
TC 029.380/2011-1 - Santa Maria do Suaçui (p. 8-9 da evidência 8)
Todos os termos de compromisso examinados foram firmados sem que tenha sido realizada a
análise técnica prévia dos planos de trabalho. No caso dos TC/PAC 95/2007, 313/2007 e 417/2007,
assinados em 31/12/2007, os pareceres jurídicos também foram emitidos ''a posteriori''. Tal situação
caracteriza o não atendimento ao comando do art. 116, § 1º, da Lei 8.666/1993, conforme se
demonstra a seguir:
a) TC/PAC 95/2007: parecer da assessoria jurídica de 5/10/2010;
b) TC/PAC 313/2007: parecer da assessoria jurídica de 16/12/2009 e análise técnica de
15/7/2009; e
c) TC/PAC 417/2007: parecer da assessoria jurídica de 9/12/2009.
Quando da subscrição dos instrumentos, não havia um plano de trabalho formalmente
elaborado com todos os dados e documentos complementares, em conformidade com a legislação
vigente, ou seja, inexistia requisito essencial que permitisse seu devido exame para fins de aprovação.
Para o TC/PAC 95/2007, em 5/8/2008, foi solicitada a cópia da LOA de 2007, enquanto que no
processo do TC/PAC 417/2007, foram encaminhados os documentos da LOA, declaração de
contrapartida e outros dados do prefeito, somente em 24/9/2009. Neste caso, o termo aditivo alterou o
plano de trabalho em 30/3/2010. Do mesmo modo, o TC/PAC 313/2007 foi aprovado antes de ter o
documento de declaração de disponibilidade da contrapartida, que ocorreu em 21/9/2009.
Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que os termos de compromisso
95/2007 e 313/2007 estão em fase de execução até 31/12/2012 e 13/4/2012, respectivamente.
A transferência TC PAC 417/2007 teve sua vigência expirada desde 29/12/2011, no entanto,
não há registro de qualquer providência por parte da Suest/MG.
TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p. 38-40 da evidência 10)
Verificou-se que a Funasa não promoveu prévia aprovação técnica e administrativa dos pleitos
formulados. Tais análises, que representam requisito essencial para a subscrição dos acordos, foram
efetuadas em períodos bastante posteriores, conforme detalhado a seguir:
a) TC/PAC 824/2007, de 31/12/2007: a aprovação técnica (Departamento de Engenharia de
Saúde Pública) foi efetuada somente na data de 2/10/2009, enquanto a administrativa (Setor de
Convênios e Habilitação), em 15/10/2009, conforme se depreende do respectivo formulário de
análise;
b) TC/PAC 823/2007, de 31/12/2007: a aprovação técnica ocorreu apenas na data de
12/10/2009, enquanto a administrativa, em 21/10/2009, conforme se depreende do respectivo
formulário de análise;
c) TC/PAC 415/2007, de 31/12/2007: a aprovação técnica ocorreu apenas na data de
13/5/2009, enquanto a administrativa, em 4/6/2009, conforme se depreende do respectivo formulário
de análise;
295
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
d) Convênio 1720/2005, de 15/12/2005: a aprovação técnica ocorreu apenas na data de
12/10/2009, enquanto a administrativa, em 30/6/2010, conforme se depreende do respectivo
formulário de análise; e,
e) Convênio 290/2006, de 20/6/2006: a aprovação técnica ocorreu apenas na data de
28/12/2007, enquanto a administrativa, em 15/12/2006, conforme se depreende do respectivo
formulário de análise.
Essa situação indica que os documentos de habilitação, bem como os projetos indispensáveis à
adequada caracterização do objeto que se pretendia executar com recursos da União, foram
apresentados somente em momento ulterior à data de celebração/aprovação do correspondente pacto.
Desse modo, a aprovação formal dos Termos de Compromisso acima destacados, condição
legal para viabilizar a transferência de recursos no âmbito do PAC, consoante o disposto no art. 3º, §
1º, da Lei 11.578/2008, não teve respaldo de precedente análise técnica e administrativa dos
respectivos pleitos/planos de trabalho. Na prática, a autoridade competente não tinha elementos
imprescindíveis que permitissem aprová-los na oportunidade em que foram firmados. Assim, a
celebração de tais acordos representou ofensa ao retrocitado dispositivo legal, bem como ao art. 116,
§ 1º, da Lei 8.666/1993. No caso dos convênios supramencionados, tendo em vista que a legislação é
ainda mais incisiva quanto à obrigação de parecer técnico favorável e autorização preliminar pela
autoridade competente, os procedimentos colocados a efeito pela Funasa caracterizaram o
descumprimento do art. 4º, caput e § 1º, da IN/STN 01/1997.
Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que as transferências TC/PAC
824/2007, 823/2007, 415/2007, estão vencidas desde 31/12/2011, 31/12/2011, 27/4/2011,
respectivamente, sem que fosse emitido o parecer técnico final. Os convênios 1720/2005 e 290/2006
estão vigentes. As mencionadas transferências tiveram o projeto aprovado pelo Chefe da Diesp, além
do fato de que cabe a esse servidor a responsabilidade pelo acompanhamento da execução do ajuste,
não observando o princípio de controle interno da necessária segregação de funções.
TC 030.421/2011-0 - Jaboticatubas (p. 10-11 da evidência 16)
A aprovação formal dos Termos de Compromisso 85 e 407, de 31 de dezembro de 2007,
condição prévia à transferência de recursos no âmbito do PAC, não teve respaldo de precedente
análise técnica e administrativa dos respectivos pleitos, inclusive dos planos de trabalho.
Os documentos de habilitação e de projetos, que são indispensáveis à adequada
caracterização do objeto de seus planos de trabalho, somente foram apresentados em momento
posterior à data de celebração/aprovação de tais pactos, em dezembro de 2007. No caso do TC
85/2007, o parecer técnico favorável do setor de engenharia ocorreu, em dezembro de 2009, enquanto
que o parecer administrativo, do setor de habilitação, foi elaborado posteriormente, em janeiro de
2010. Quanto ao TC 407/2007, o parecer técnico favorável da Diesp foi proferido em setembro de
2009, após reanálise do projeto. O parecer administrativo, elaborado pelo Setor de Convênios e
Habilitação, em novembro de 2008, foi favorável.
Na fase de execução da auditoria na Funasa, verificou-se que os referidos termos de
compromisso estão em execução.
Fase da Auditoria na Funasa
PAC 2
Para efeito de apurar a propensão de ocorrência dos achados verificados na etapa de
fiscalização das transferências nos municípios beneficiários, procedemos a análise, por amostragem,
das transferências pertinentes ao PAC 2, conforme relação fornecida (p. 45-52, dos esclarecimentos
do responsável 1), de onde extraímos as seguintes constatações:
- a Funasa não utiliza nenhum referencial de preço global de estações de tratamento de água e
esgoto para identificar as dimensões adequadas às necessidades do beneficiário, fato que pode
ensejar grandes disparidades entre projetos elaborados pela mesma empresa. Registrou ainda que a
justificativa de eventual disparidade pode ser a população e o fato do projetista ser diferente. No caso
296
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
analisado, verificou-se a diferença de preços no item de serviço ‘estação de tratamento de esgoto’
para os municípios de Ilicinéa/MG (TC/PAC 316/11) e Alpinópolis/MG (TC/PAC 35/2011), referente
a obras do PAC 2, no entanto, o tipo de solução a ser utilizado é o mesmo, conforme o projeto da
empresa Planex S/A, e o preço da estação de tratamento de esgoto de Ilicínea custará R$
2.862.362,96, enquanto a de Alpinópolis custará R$ 6.865.515,12 (p. 102-103, dos esclarecimentos do
responsável 1);
- não há definição precisa do que pode ser contemplado em um ‘sistema de abastecimento de
água’ ou em um ‘sistema de esgotamento sanitário’, pois, no caso do termo de compromisso TC/PAC
246/2011 (PM Tocantins/MG), foi aprovado o plano de trabalho para a colocação de medidores cujos
beneficiários previstos incluem até pessoa jurídica, ou pessoa física com mais de um imóvel. Registre-
se que não foi verificado a presença de nenhum documento emitido pelo município beneficiário em
que constasse o compromisso de não cobrar dos usuários pela colocação desses medidores, o que foi
providenciado posteriormente (p. 121, dos esclarecimentos do responsável 1);
- a Suest/MG não analisa o plano de trabalho e o projeto básico com a devida cautela, pois
verificamos que houve a aprovação da construção de um novo sistema de captação de água no
município de Conselheiro Pena/MG, por meio do TC/PAC 88/2011, entretanto, já existe ali um
sistema em funcionamento. A justificativa oferecida para a construção do novo sistema é que o
afluente do Rio Doce, o Ribeirão João Pinto, possui melhores condições de potabilidade da água, no
entanto, foi utilizado um laudo negativo, de 2005, emitido pela empresa Copasa, alertando sobre
problemas com cianobactérias (p. 18-24, da evidência 31). Em 23/11/2011, essa empresa se reuniu
com as cidades que utilizam o Rio Doce para a captação de água, ocasião em que afirmou, com base
em laudo, que a água está própria para o consumo (p. 163 - 164, dos esclarecimentos do responsável
1). Vale registrar que existe um laudo sobre o Ribeirão João Pinto, que atesta a não potabilidade
dessa água, no entanto, o mesmo não é claro quanto ao objeto examinado ser o Rio Doce ou o seu
afluente que servirá para esse novo sistema de captação. A construção do novo sistema custará à
Funasa o valor de R$ 4.694.050,00 e terá por consequência a economia, no prazo de 20 anos, do
valor de R$ 3.600.000,00, em gastos com energia, tendo em vista que o mesmo aproveitará a força do
curso do Ribeiro João Pinto, e haverá a economia de R$ 400.000,00, no mesmo período, referente ao
custo do tratamento da água do Rio Doce (p. 8, da evidência 31). O sistema atual funcionará em
caráter de reserva, conforme previsto no projeto (p. 9, da evidência 31). À primeira vista,
considerando que não restou demonstradade forma incontestávela necessidade de um novo sistema de
captação de água, entendemos que o motivo da demanda tende mais para a economia de recursos em
favor do município beneficiário, o que não guarda conformidade com o montante de recursos a serem
aplicados pelo Governo Federal, porque o custo do objeto da transferência é maior do que o benefício
apontado.
- não foi anexado o documento pertinente à comprovação da regularidade ambiental no termo
de compromisso TC/PAC 223/2011 (PM de São João do Paraíso/MG), para a implantação de uma
nova ETA, oportunidade em que a engenheira responsável informou que o documento estava pendente
de emissão, contudo, não consta como pendência (p. 122-123, questão ‘h’, dos esclarecimentos do
responsável 1);
- a Suest/MG está admitindo a realização do objeto das transferências do PAC 2 em
propriedade da Copasa, a exemplo do TC/PAC 223/2011 (PM de São João do Paraíso/MG), no
entanto, a propriedade onde será construído o objeto da transferência deve ser do convenente,
conforme o Parecer 131/PGF/PF/Funasa/MG/2004/APT, de 17/12/2004, que conclui pela
irregularidade na realização de obra em propriedade da interveniente executora Copasa, por não se
tratar de propriedade da proponente, salvo se a mesma se propuser a transferir a propriedade à
convenente (p. 123, dos esclarecimentos do responsável 1);
- a Funasa liberou recursos de transferências sem que fosse realizada a análise conclusiva do
projeto nos termos de compromisso TC/PAC 64/2011 (Carmo do Cajuru/MG) e TC/PAC 152/11
(Luminárias/MG), não obstante o chefe da Diesp ter informado que não teve ciência desse fato,
297
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
porque a liberação foi feita pela Presidência da Funasa, conforme Memorando Diesp/Suest/MG
160/2012 (p. 102-103, alínea ‘j’, dos esclarecimentos do responsável 1);
- não houve a discriminação do BDI, nem o engenheiro responsável solicitou que fosse
discriminado, em relação ao TC/PAC 190/2011 - PM de Pedras do Indaiá/MG (p. 102-103, alínea ‘k’,
dos esclarecimentos do responsável 1);
- não houve a análise detalhada do orçamento previamente à aprovação e à celebração das
transferências, pois foi constatada a ausência de detalhamento do BDI e seu percentual aplicado aos
itens da planilha no TC/PAC 190/2011 (Pedras do Indaiá/MG) e a falta de análise do orçamento no
TC/PAC 152/2011 (Luminárias/MG), fato que gerou a revisão para menor no orçamento proposto,
portanto, o valor de celebração permite a realização de objeto superior ao proposto (p. 102-103,
alínea ‘l’, dos esclarecimentos do responsável 1). Cumpre-nos registrar que, apesar de ter sido
apurado o valor a maior, a Suest/MG pretende ajustar o valor até o termo final da avença, portanto,
admite a existência de valor a maior no referido termo;
- A Suest/MG não anexou análises realizadas nos processos de avaliação da viabilidade do
projeto, em poder da Diesp, de forma a elucidar a motivação técnica na recomendação para
aprovação dos termos de compromisso TC/PAC 35/2011 (Alpinópolis/MG), TC/PAC 167/2011
(Ninheira/MG), TC/PAC 88/2011 (Conselheiro Pena/MG), TC/PAC 246/2011 (Tocantins/MG),
TC/PAC 223/2011 (São João do Paraíso/MG), TC/PAC 297/2011 (Porteirinha/MG), TC/PAC 64/2011
(Carmo do Cajuru/MG), TC/PAC 190/2011 (Pedras do Indaiá/MG) e TC/PAC 95/2011
(Coqueiral/MG), contudo, a resposta da Suest/MG foi a simples menção de que juntou as análises do
sistema Sigob aos respectivos processos (p. 102-103, alínea ‘n’, dos esclarecimentos do responsável
1); e,
- os termos de sustentabilidade não estão sendo devidamente analisados, não permitindo,
portanto, assegurar que, após a conclusão e início do funcionamento, o sistema funcionará
normalmente. Por meio de análise dos termos de sustentabilidade, verificamos que os mesmos
apresentam erros de cálculo, não possuem padrão de preenchimento, pois, em alguns, apresentam o
sistema a ser implantado no cálculo da previsão de sustentabilidade do sistema e, em outros, não
considera tais dados (p. 1-10, da evidência 30). Vale registrar que o assunto já foi tratado no item
3.48, do Acórdão 309/2003 - TCU - Plenário, onde foi apontado que ‘as análises realizadas nos
estudos de caso demonstram que os termos são preenchidos superficialmente e, às vezes, de maneira
incorreta’.
Normas que dificultam a análise financeira das transferências celebradas pela Funasa
Na fase de execução da auditoria na Funasa, restou evidenciada a falta de gerenciamento
adequado para o acompanhameto da boa e regular aplicação dos recursos transferidos pela Funasa
na execução do objeto e na análise das prestações de contas.
O memorando circular 14 Direx/Presi de 16/3/2012 (p.1-2 da evidência 20) sobre recursos de
diárias e passagens, especificou o seguinte no terceiro parágrafo: ‘Ou seja, os deslocamentos que
tenham por interesse a consecução das ações que integram o Programa de Aceleração do
Crescimento e aquelas relacionadas ao acompanhamento físico dos Convênios devem merecer total
prioridade, enquanto que outras, que vinham sendo realizadas com significativo impacto nos recursos
orçamentários, como, por exemplo, os deslocamentos que tinham por interesse o acompanhamento ‘in
loco’ das análises financeiras dos convênios e termos de compromisso não fazem sentido, uma vez que
esta administração entende que a análise que é meramente documental deva se dar na sede da
Superintendência.’ (grifo nosso)
No entender da equipe de auditoria, a Funasa pode limitar a realização de visita ‘in loco’,
desde que não prejudique a emissão do parecer financeiro sobre a regularidade da transferência.
Visita in loco em local distinto da execução do objeto da transferência
Com relação ao convênio 1.338/2002 - Jenipapo de Minas - verificou-se, na fase de execução
da consolidação, que o engenheiro da Diesp, responsável pelo acompanhamento da obra, emitiu um
relatório de visita técnica final, em 20/9/2010 (p.1-4 da evidência 21), concluindo que o objetivo final
298
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
cumprido foi nulo, vez que o objeto pactuado no convênio foi atingido parcialmente em 41% da
execução da rede de distribuição. No entanto, no relatório de visita técnica final, revisado em
6/6/2011 (p.13-5 da evidência 21), o objetivo do convênio foi tido como cumprido plenamente. Essa
diferença de opiniões, emitida pelo mesmo engenheiro responsável, decorreu de visita a local distinto
da execução do objeto da referida transferência.
Plano de trabalho e alterações
A equipe de auditoria teve dificuldades na análise dos aludidos processos, tendo em vista que,
na hipótese de alteração do plano de trabalho, não há clareza na definição de qual plano de trabalho
está vigente. No intuito de sanar essa deficiência, solicitamos, por meio do Ofício 1-555/2011, a cópia
dos planos de trabalho aprovados.
3.9.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio CV 1134/05 (Siafi 558416)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município
de Lima Duarte/MG.
Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município
de Pintópolis/MG.
Convênio 1.338 (Siafi 477455)/2002 - execução do sistema de abastecimento de água
Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Candeias/MG.
Convênio EP 0290/06 (Siafi 567780)/2006 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Pintópolis/MG.
Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0095 (Siafi 633272)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Candeias/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 0313 (siafi 633038)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0415/07 (siafi633042)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0417 (Siafi 633036)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0601/09 (siafi 658098)/2009 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Candeias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2009.
Transferências TC/PAC 0823/07 (siafi 633131)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Pintópolis/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0824/07 (siafi 633064)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 1189/08 (siafi 650489)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 152/11 (Siafi 669440)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Luminárias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 167/11 (Siafi 668799)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Ninheira/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 190/11 (Siafi 668711)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Pedra do Indaiá/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.
299
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Transferências TC/PAC 223/11 (Siafi 668797)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de São João do Paraíso/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 246/11 (Siafi 669490)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Tocantins/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 297/11 (Siafi 669475)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Porteirinha/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 316/11 (Siafi 669432)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Ilicinéa/MG, sendo convenente a Sedru/Governo do Estado de Minas Gerais, no
Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 35/11 (Siafi 668660)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Alpinópolis/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 64/11 (Siafi 669420)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Carmo do Cajuru/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 88/11 (Siafi 669496)/2011 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Conselheiro Pena/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2011.
Transferências TC/PAC 95/11 (Siafi 669292)/2011 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Coqueiral/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2011.
3.9.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles internos
3.9.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Possibilidade de inexecução parcial ou total decorrente do atraso na liberação de parcelas
pactuadas no cronograma financeiro das transferências (efeito real)
3.9.5 - Critérios:
Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 4º
Lei 11578/2007, art. 3º, § 1º
3.9.6 - Evidências:
IdSisdoc_3432605v3-16_-_Relatório_completo_de_fiscalização_657-2011_guanhães, folhas
9/37.
IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas
10/46.
IdSisdoc_2936523v5-12_-_Relatório_completo_de_fiscalização_655-2011_lima duarte, folhas
8/25.
IdSisdoc_3398168v27-85_-_Relatório_completo_de_fiscalização_659-2011_candeias, folhas
8/29.
IdSisdoc_3688335v7-79_-_Relatório_completo_de_fiscalização_867-2011_santa maria do
suaçui, folhas 8/19.
IdSisdoc_3904531v7-01_-_Relatório_completo_de_fiscalização_857-2011_jaboticatubas,
folhas 10/23.
Termo de sustentabilidade - PAC 2, folhas 1/10.
Conselheiro Pena - PAC 2, folhas 1/29.
Parecer nº 131_PGF_Funasa_2004, folhas 1/2.
CV 1338_2002 Jenipapo de Minas, folhas 1/15.
Memo circular 14_Direx_Presi, folhas 1/2.
3.9.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Para efeito de melhor esclarecimento sobre as ocorrências apontadas no presente achado, as
respostas serão apresentadas como segue:
Ofício de Requisição nº 3-555/2011 - Secex/MG, de 15 de março de 2012:
item 12 - considerando que o termo de sustentabilidade, regulamentado pela Portaria Funasa
n. 176/2000, representa um indicativo de que a obra entrará ou não em operação após a sua
300
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
implantação, pergunta-se: quais os critérios utilizados pela Diesp para a avaliação do termo de
sustentabilidade do empreendimento?
Resposta: o termo de sustentabilidade é um indicativo de que o município assumirá a
responsabilidade pelos custos advindos das ampliações, tais como energia elétrica e pessoal.
Funciona como uma carta de intenções. A rigor, o técnico da Funasa sabe avaliar, baseado na
experiência profissional, se a solução técnica adotada é compatível com a possibilidade de o
município arcar com as novas despesas (p. 63-64, dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições
1 a 6). A existência de erros e a falta de uniformidade no preenchimento dos termos deixam evidente
que a análise deve ser melhorada, inclusive mediante a conferência de valores quando da análise
técnica.
item 13 - o termo de sustentabilidade deve ser preenchido com base no sistema (SAA/SAE) pré-
existente à transferência da Funasa ou naquele decorrente da incorporação ao sistema da obra nova,
objeto das transferências (convênio/emenda parlamentar/PAC I ou II, entre outros)?
Resposta: o termo de sustentabilidade deve considerar os valores médios advindos das
ampliações (p. 63-64, dos esclarecimentos do responsável 1 - requisições 1 a 6). A análise dos
documentos constantes da evidência apontam que os convenentes não estão cientes desse fato,
portanto, o esclarecimento prestado deixa evidente que a análise do documento deve ser realizada
com observância dessa orientação.
Ofício de Requisição nº 4-555/2011 - Secex/MG, de 15 de março de 2012:
a) a Funasa utiliza, na avaliação de projetos de engenharia, algum referencial de preço global
de estações de tratamento de água e esgoto, entre outros, para identificar, por exemplo, projetos com
dimensões adequadas às necessidades do beneficiário?
Resposta: não é utilizado nenhum referencial de preços global para as estações de tratamento
de água e de esgoto, os preços unitários são baseados no Sinapi.
b) quais os fatores que justificam a diferença de preços no item de serviço “estação de
tratamento de esgoto” para os municípios de Ilicínea/MG e Alpinópolis/MG no PAC 2, considerando
que o tipo de solução a ser utilizado é o mesmo, conforme o projeto da empresa Planex S/A, no
entanto, a estação de tratamento de esgoto de Ilicínea custará R$ 2.862.362,96, enquanto a de
Alpinópolis custará R$ 6.865.515,12?
Resposta: a população de Alpinópolis é maior do que a de Ilicinéa, o que gera diferenças, bem
como os profissionais que elaboraram os projetos são distintos, tendo, por consequência, a diferença
nos serviços.
c) os recursos do PAC 2 podem ser utilizados para a colocação de hidrômetros, onde já existe
ligação domiciliar sem o equipamento, a exemplo do que ocorrerá no TC 246/2011 (PM
Tocantins/MG)? Em sendo possível, apresentar orientação formal a respeito?
Resposta: os Engenheiros Edilson Eduardo Verneck Machado e Ronaldo Inês Vasconcelos
apresentaram argumentos no sentido de que inexiste proibição para a realização de colocação de
medidores por meio de transferência, inclusive, destacaram a importância do objeto da transferência
para a sustentabilidade do sistema. Foi juntado o Memorando n. 2677/Coats/Cgcot/Densp, de 20 de
dezembro de 2006, onde somente consta a restrição à simples aquisição de equipamentos de medição,
o que não é o caso, pois serão realizados serviços para a colocação de hidrômetro, kit cavalete e um
hidrômetro. Há de se registrar que o relatório de viagem 015499/11 apontou a existência de ligações
já existentes, portanto, deve-se determinar à Suest/MG que, quando da realização da visita in loco,
verifique a efetiva realização dos serviços.
d) no que diz respeito ao TC 246/2011 (PM Tocantins/MG), a Funasa possui a informação de
que a Divisão de Água e Esgoto dessa Prefeitura não irá efetuar a cobrança pela instalação desses
medidores, ou que ainda não houve tal cobrança?
Resposta: a Suest/MG providenciou declaração de que não cobrará pela instalação do objeto
da transferência, em especial, a colocação de medidores de água e acessórios, o que deve ser objeto
de verificação por parte da Suest/MG, quando da realização da visita in loco.
301
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
e) foi autorizada, pelas Câmaras Municipais de São João do Paraíso/MG e de Ninheira/MG, a
captação de água do primeiro município para o segundo, conforme informação do chefe da Diesp?
Resposta: a Engenheira Lídia Sanguinete de Souza argumentou que o sistema encontra-se
integrado entre os referidos municípios, desde 2002, no entanto, não demonstrou a autorização das
respectivas Câmaras Municipais, o que, segundo o Chefe da Diesp, em caráter informal, apontou para
a necessidade de ser demonstrado no processo de concessão.
f) qual a motivação para a aprovação do projeto e para a concessão de recursos, por meio do
TC/PAC 88/2011 (Conselheiro Pena/MG), considerando que já existe um sistema de captação de água
do Rio Doce em operação, bem como não há laudo comparativo entre a água do Rio Doce e a de seu
afluente, o Ribeirão João Pinto, onde será instalada uma adutora nova para a captação de água, por
gravidade?
Resposta: o Engenheiro Helbio Fernandes Moraes Filho informou que a aprovação decorreu
dos seguintes fatores, como segue: inundações da estação elevatória de água bruta nos períodos
chuvosos (entre dezembro e janeiro de cada ano), custo de energia pela manutenção do atual sistema
no prazo de 20 anos, em torno de R$ 3.600.000,00, e florações de algas e cianobactérias, o que
elevaria o custo do tratamento. Informou ainda que será feito novo exame da água do Ribeirão João
Pinto, no entanto, ainda não foi apresentado o resultado.
g) no intuito de esclarecer a transferência de recursos, por meio do TC/PAC 88/2011
(Conselheiro Pena/MG), essa Superintendência tem conhecimento se as demais empresas de
abastecimento de água de outros municípios, que captam água do Rio Doce, também irão implantar
sistema alternativo para a captação de água de outros rios ou por outro meio?
Resposta: o Engenheiro Helbio Fernandes Moraes Filho asseverou que é uma constante
preocupação das concessionária de abastecimento de água, o que pode ensejar a adptação das
estações de tratamento de água existentes, ou a procura por outros mananciais. Destacou ainda que o
pleito foi aprovado pela Funasa, considerando o estudo de viabilidade técnica e financeira, onde foi
eleita a proposta aprovada, como a melhor alternativa.
h) houve a devida comunicação ao órgão ambiental sobre a implantação de uma nova ETA, em
São João do Paraíso/MG (TC 223/2011), considerando que a certidão de dispensa n. 740114/2011
não faz alusão a esse equipamento?
Resposta: a Engenheira Lídia Sanguinete de Souza informou que foi requerido o licenciamento
da ETA, em 28/9/2011, conforme documento anexo, no entanto, pende de emissão.
i) é possível realizar a construção de objeto de transferência celebrada pela Funasa, em
terreno de propriedade da empresa Copasa, a exemplo do proposto no TC 223/2011 ( São João do
Paraíso/MG)? Se afirmativo, quais documentos o município deve apresentar neste caso?
Resposta: a Engenheira Lídia Sanguinete de Souza aduziu que os bens oriundos de
transferências recebidas não irão compor a base de eventual indenização devida à Copasa, por conta
de hipotética rescisão de contrato de concessão dos serviços de água e esgoto, no entanto, tal fato não
está registrado na cláusula décima sétima do referido termo.
j) quais as razões para a liberação da primeira parcela do TC 64/2011 (Carmo do
Cajuru/MG) e do TC 152/2011 (Luminárias/MG), nos respectivos valores de R$ 1.086.475,28 e R$
1.338.126,82, considerando que o parecer técnico da engenharia recomendou a aprovação da
respectiva carta consulta (SES), para posterior celebração (DOU de 26/12/2011), com a ressalva de
que a primeira parcela fosse liberada após a realização de análise mais detida do projeto, com ênfase
na planilha orçamentária?
Resposta: a liberação dos recursos foi emitida pela Presidência da Funasa.
k) qual o motivo da ausência de demonstrativo da composição do BDI na análise do projeto de
Pedras do Indaiá (TC 190/2011)?
302
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Resposta: o processo foi analisado inicialmente com o BDI incluso, no entanto, foi solicitado
que o engenheiro responsável alertasse o convenente quanto à necessidade de discriminar o BDI, em
demonstrativo a parte.
l) por que os projetos do PAC 2 vêm sendo aprovados e celebrados, inclusive com liberação da
primeira parcela, sem a análise detalhada do respectivo orçamento, conforme dispõe a Portaria
Funasa n. 314/2011, a exemplo da ausência de detalhamento do BDI e seu percentual aplicado aos
itens da planilha no TC 190/2011 (Pedras do Indaiá/MG) e a falta de análise do orçamento no TC
152/2011 (Luminárias/MG), fato que gerou a revisão para menor no orçamento proposto, portanto, o
valor de celebração permite a realização de objeto superior ao proposto?
Resposta: a Diesp desconhece as razões, no entanto, afirmou que a situação pode ser
regularizada até o final da vigência do ajuste.
m) Informar se foi celebrado termo aditivo para os Termos de Compromisso do PAC 2 que
tiveram o valor pactuado alterado, em virtude das análises dos respectivos orçamentos pela Diesp, a
exemplo do TC 152/2011 (Luminárias/MG).
Resposta: o valor pode ser regularizado até o final do ajuste.
n) quais as razões para a não juntada dos documentos pertinentes às análises realizadas nos
processos de avaliação da viabilidade do projeto, em poder da Diesp, de forma a elucidar a
motivação técnica na recomendação para aprovação dos termos de compromisso 316/2011
(Sedru/Ilicinia/MG), 35/2011 (Alpinópolis/MG), 167/2011 (Ninheira/MG), 88/2011 (Conselheiro
Pena/MG), 246/2011 (Tocantins/MG), 223/2011 (São João do Paraíso/MG), 297/2011
(Porteirinha/MG), 64/2011 (Carmo do Cajuru/MG), 190/2011 (Pedras do Indaiá/MG) e 95/2011
(Coqueiral/MG)?
Resposta: juntou as análises do sistema SIGOB aos respectivos processos.
Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 1/230.
3.9.8 - Conclusão da equipe:
A Funasa celebrou transferências na modalidade de convênio, emenda parlamentar e PAC,
sem que fossem analisados os requisitos necessários à sua celebração, em especial quanto a
existência do plano de trabalho e do projeto básico do empreendimento. Tal medida gera uma
sobrecarga de trabalho para a área de engenharia do órgão que fica obrigada a realizar sucessivas
análises de diversas pendências até a aprovação final do projeto. Quando da aprovação do projeto, o
recurso pactuado já não corresponde ao valor atual da obra, gerando a reprogramação do plano de
trabalho, pois, caso não ocorra, pode ter por consequência a inexecução parcial do objeto.
Referida prática não guarda conformidade com o art. 116, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c o art.
4º, caput e § 1º, da IN/STN 01/1997, em relação a convênios, e do art. 3º da Lei 11.578/2007, no que
diz respeito aos termos de compromisso do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC.
No que diz respeito à análise dos processos do PAC 2, vale informar que, em sua maioria, não
apresentavam os documentos que evidenciavam a análise técnica procedida pela Suest/MG, contudo,
onde havia a análise, foram evidenciadas deficiênciasnessa análise, cujo entendimento da equipe de
auditoria é de que há grande propensão de os problemas identificados nas transferências anteriores
se repetirem na execução dessas transferências, caso a Suest/MG não aperfeiçoe os procedimentos de
análise, acompanhamento e fiscalização das transferências sob a sua responsabilidade.
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.9.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote as seguintes providências:
a) implemente mecanismos para aperfeiçoar o processo de análise do plano de trabalho e
respectivo projeto básico das transferências celebradas, em conformidade com o disposto no art. 116
da Lei 8.666/1993, no art. 21, caput, da IN/STN/ 1/1997 e com o art. 20 da Portaria Interministerial
303
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
CGU/MF/MP 507, de 24/11/2011, a exemplo das deficiências de análise evidenciadas nas
transferências CV 1338/2002 (Siafi 477455), TC/PAC 35/2011 (Siafi 668660), TC/PAC 167/2011
(Siafi 668799), TC/PAC 88/2011 (Siafi 669496), TC/PAC 246/2011 (Siafi 669490), TC/PAC 223/2011
(Siafi 668797), TC/PAC 297/2011 (Siafi 669475), TC/PAC 64/2011 (Siafi 669420), TC/PAC 190/2011
(Siafi 668711), TC/PAC 95/2011 (Siafi 669292) e TC/PAC 152/11 (Siafi 669440), entre outros; e,
b) faça juntar, ao processo físico das transferências, todos os documentos elaborados pelo
concedente e convenente, inclusive de terceiros, em conformidade com o disposto no art. 116 da Lei
8.666/1993, de forma a permitir a adequada supervisão e controle sobre os mesmos, considerando o
que foi verificado nas transferências TC/PAC 35/2011 (Siafi 668660), TC/PAC 167/2011 (Siafi
668799), TC/PAC 88/2011 (Siafi 669496), TC/PAC 246/2011 (Siafi 669490), TC/PAC 223/2011 (Siafi
668797), TC/PAC 297/2011 (Siafi 669475), TC/PAC 64/2011 (Siafi 669420), TC/PAC 190/2011 (Siafi
668711) e TC/PAC 95/2011 (Siafi 669292).
3.10 - Liberação de recursos sem observância do cronograma de desembolso.
3.10.1 - Situação encontrada:
Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que
foram remetidas para o presente trabalho de consolidação:
TC 019.235/2011-9 - Lima Duarte (p. 24-5 da evidência 1)
De acordo com o cronograma de desembolso do Convênio 1.134/2005, a Funasa repassaria,
em dezembro de 2005, o valor de R$ 880.000,00. Entretanto, tal quantia somente foi transferida em
duas parcelas de R$ 440.000,00, nos meses de agosto e outubro de 2007, ou seja, com quase dois anos
de atraso.
TC 020.193/2011-4 - Salto da Divisa (p. 10-11 da evidência 12)
Nos convênios 863/2005 e 2957/2005, a liberação de recursos pela Funasa não obedeceu ao
cronograma de desembolso constante do termo, pois as liberações se arrastaram pelos anos de 2006 a
2011, no entanto, deveriam ter ocorrido no período de 2005 a 2006.
TC 020.194/2011-0 - Guanhães (p. 13-5 da evidência 5)
Segundo o cronograma de desembolso do Termo de Compromisso TC/PAC 1155/2008, a
Funasa repassaria ao município de Guanhães, nos meses de novembro e dezembro de 2008, os
valores de R$ 360.000,00 e R$ 720.000,00, respectivamente. Em janeiro de 2009, faria repasse
complementar de R$ 720.000,00, totalizando a obrigação de transferir R$ 1.800.000,00. Entretanto,
ocorreram repasses que totalizaram R$ 720.000,00, apenas nos meses de janeiro e setembro de 2010.
Logo, após dois anos e meio do prazo inicialmente estimado, a execução financeira do pacto atingiu
apenas 40% do previsto.
Quanto ao Termo de Compromisso TC/PAC 1156/2008, foi acordado o repasse de R$
500.000,00, a ser transferido em parcelas nos meses de novembro (R$ 100.000,00) e dezembro de
2008 (R$ 200.000,00), bem como em janeiro de 2009 (R$ 200.000,00). Entretanto, apenas nos meses
de agosto de 2009 e setembro de 2010 ocorreram transferências que totalizaram o valor de R$
250.000,00. Portanto, após dois anos e meio do prazo inicialmente estimado, a execução financeira do
pacto atingiu apenas 50% do previsto.
Por fim, com relação ao Termo de Compromisso TC/PAC 1189/2008, a Funasa deveria
repassar um total de R$ 3.800.000,00, em quatro parcelas, nos meses de novembro/2008,
dezembro/2008, janeiro/2009 e fevereiro/2009. Contudo, somente foram transferidas três parcelas,
nos meses de janeiro e setembro de 2010 e março de 2011, totalizando a metade do previsto, no valor
de R$ 1.900.000,00. Por conseguinte, dois anos e meio após o prazo inicialmente fixado, a execução
financeira alcançou o patamar de 50% do previsto.
TC 020.195/2011-7 - Prudente de Morais (p. 49-50 da evidência 4)
Em relação ao CV 2962/2005, foi constatado que o cronograma físico e financeiro do ajuste
previa a execução da obra entre junho e dezembro de 2006.
304
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Em virtude da falta de projeto das fundações dos reservatórios de água, o que representa
deficiência na análise técnica implementada pela Funasa, a empresa contratada executou somente
parte dos serviços referentes ao item serviços preliminares e parte do item de serviços de rede de
distribuição de água. O contingenciamento de recursos pela Funasa e a ausência de interesse do
município contribuíram para a execução parcial do ajuste.
O convênio CV 0401/2003 também teve os seus recursos contingenciados, resultando na
execução parcial da obra e na ausência de benefícios para a população prevista.
TC 020.196/2011-3 - Candeias (p. 26-7 da evidência 3)
De acordo com o cronograma de desembolso do convênio 536/2007 (Siafi 628645), a Funasa
repassaria duas parcelas de R$ 150.000,00, em novembro e dezembro de 2010. Todavia, foi realizado
o repasse único de R$ 150.000,00, em 2/6/2011.
Em relação ao TC/PAC 127/2008 (Siafi 644016), o cronograma de desembolso previu os
seguintes repasses: em novembro de 2008, no valor de R$ 330.000,00; em dezembro de 2008, de R$
660.000,00; e, em janeiro de 2009, de R$ 660.000,00. Contudo, foi feito o repasse único do valor de
R$ 660.000,00 em 2/9/2010, por meio dos documentos 2010OB808622 e 2010OB808623.
Foi verificado o contingenciamento financeiro no TC/PAC 601/2009 (Siafi 658098), pois a
Funasa repassaria parcelas variáveis a partir de dezembro de 2009, mas não houve nenhuma
transferência.
TC 020.198/2011-6 - Martinho Campos (p. 10-2 da evidência 6)
De acordo com os cronogramas de desembolso dos planos de trabalho dos convênios
0816/2006 e 2609/2006, a Funasa repassaria, em dezembro de 2006, o valor de R$ 100.000,00, para o
Convênio 2609/2006, e em julho do mesmo ano, o valor de R$ 250.000,00, para o Convênio 816/2006.
Entretanto, foram depositados os valores de R$20.000,00 (Convênio 2609/2006) e R$ 125.000,00
(Convênio 0816/2006), respectivamente, nas datas de 21/9/2009 e de 6/6/2011. Portanto, a liberação
foi tardia, com atraso de dois anos e nove meses em relação ao Convênio 2609/2006, e de quatro anos
e onze meses em relação ao Convênio 0816/2006.
No termo de compromisso TC/PAC 0411/2007, de 31/12/2007, o cronograma de desembolso
aprovado previu a liberação de recursos em três meses, entre dezembro de 2007 e fevereiro de 2008.
No entanto, a Funasa liberou a primeira parcela, no valor de R$ 60.000,00, em 12/12/2008, após a
aprovação do projeto básico, que ocorreu em 10/11/2008, contudo, com atraso em relação ao
cronograma original de um ano. Houve ainda a liberação, em 28/4/2010, no valor de R$ 120.000,00,
e em 1º/6/2010, no valor de R$ 120.000,00, após a emissão de parecer técnico favorável.
Em 15/12/2009, a empresa comunicou que estava paralisando a obra, em virtude de atraso no
pagamento de 36% dos serviços já realizados. Em maio de 2010, após a liberação da segunda
parcela, foi efetuado o pagamento devido à empresa, mas esta não retornou às atividades.
Para o Convênio 1136/2005, o cronograma de desembolso previa a transferência de R$
280.000,00, em dezembro de 2005, e outra parcela no valor de R$ 70.000,00, em março de 2006. Em
3/5/2006, foi liberada uma parcela, no valor de R$ 91.178,21, e, em 13/6/2007, uma segunda parcela
de mesmo valor. Em seguida, foi liberada a parcela no valor de R$ 45.589,10, em 14/11/2008, no
entanto, a mesma foi cancelada. O contrato previa medições mensais, todo dia 10 do mês subsequente
à emissão da fatura. A cláusula sexta do contrato estipulou o prazo de 12 meses para a execução do
objeto.
TC 029.380/2011-1 - Santa Maria do Suaçui (p. 14-5 da evidência 8)
De acordo com o cronograma de desembolso do TC/PAC 313/2007 (Siafi 633038), a Funasa
repassaria quatro parcelas, sendo duas em 2010, em janeiro e em julho, no valor de R$ 620.000,00
cada, e outras duas em março e maio de 2010, no valor de R$ 930.000,00 cada. Todavia, não foi
respeitada a programação prevista, pois foram transferidos os valores em datas distintas, a saber: R$
620.000,00, em 21/1/2010; R$ 930.000,00, em 24/3/2010; R$ 620.000,00, em 9/9/2010; R$
310.000,00, em 13/10/2010; e, R$ 620.000,00, em 13/10/2010.
305
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
O cronograma de desembolso do TC/PAC 95/2007 (Siafi 633272) previu o repasse, pela
Funasa, em janeiro/2008, no valor de R$ 160.000,00, em fevereiro/2008, no valor de R$ 160.000,00,
em março/2008, no valor de R$ 160.000,00, em abril/2008, no valor de R$ 160.000,00, e, em
maio/2008, no valor de R$ 160.000,00. Entretanto, houve o repasse único de R$ 320.000,00, em
6/7/2011.
Em relação ao TC/PAC 417/2007 (Siafi 633036), a Funasa repassaria parcelas variáveis, a
partir de fevereiro de 2010, mas foram repassadas duas parcelas de R$ 180.000,00, em 13/4/2010 e
em 09/9/2010, totalizando o valor de R$ 360.000,00.
TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p. 42-4 da evidência 10)
Em relação ao TC/PAC 824/2007, a Funasa deveria ter repassado os valores de R$
340.000,00, R$ 680.000,00 e R$ 680.0000,00, nos meses de dezembro de 2009, fevereiro e abril de
2010, respectivamente. Contudo, os repasses ocorreram em quatro parcelas, nos meses de dezembro
de 2009 (R$ 340.000,00), de abril de 2010 (R$ 680.000,00), de outubro de 2010 (R$ 170.000,00), e de
março de 2011 (R$ 510.000,00).
No que diz respeito ao TC/PAC 823/2007, a Funasa deveria ter repassado os valores de R$
70.000,00, R$ 140.000,00 e R$ 140.0000,00, nos meses de dezembro de 2009, fevereiro e abril de
2010, respectivamente. Contudo, os repasses ocorreram em duas parcelas, nos meses de março de
2011 (R$ 175.000,00) e de agosto de 2011 (R$ 175.000,00).
No TC/PAC 415/2007, a Funasa deveria ter repassado os valores de R$ 80.000,00, R$
160.000,00 e R$ 160.0000,00, nos meses de julho, setembro e novembro de 2009, respectivamente.
Contudo, os repasses ocorreram em três parcelas, nos meses de outubro de 2009 (R$ 80.000,00), julho
de 2010 (R$ 120.000,00) e setembro de 2010 (R$ 200.000,00).
Quanto ao convênio 1720/2005, a Funasa deveria ter repassado duas parcelas de R$
150.000,00 cada, nos meses de outubro e novembro de 2010. Os repasses foram feitos no valor
previsto, no entanto, fora do prazo planejado, em fevereiro e agosto de 2011.
O convênio 290/2006 previu o repasse de R$ 270.000,00, no mês de junho de 2006. Entretanto,
houve o repasse nos meses de outubro de 2008 e março de 2011, nos valores de R$ 54.000,00 e de R$
81.000,00, respectivamente.
Já em relação ao convênio 875/2002, a Funasa deveria ter repassado, no mês de dezembro de
2002, o valor de R$ 250.097,23. Ocorre que os repasses ocorreram em três parcelas, nos meses de
maio de 2005, no valor de R$150.058,23, de julho de 2005, no valor de R$ 50.019,50, e de julho de
2010, no valor de R$ 50.019,50.
TC 030.421/2011-0 - Jaboticatubas (p. 11-2 da evidência 16)
De acordo com o cronograma de desembolso do Termo de Compromisso 85/2007, a Funasa
repassaria três parcelas, todas em 2010, sendo a primeira em maio, no valor de R$ 109.999,58; a
segunda em julho, e a terceira em setembro, sendo as duas últimas parcelas no valor de R$
219.999,16. Todavia, houve a transferência inicial de R$ 219.999,16, em 1º/9/2010 (documento
2010OB808584) e outra de R$ 164.999,37, em 12/8/2011 (2011OB805486).
Com relação à segunda parcela, além do repasse não ter sido feito de acordo com o
cronograma de desembolso, houve ainda outro atraso no recebimento do recurso, decorrente do fato
do depósito ter sido realizado em conta corrente diferente da conta específica do convênio. Diante
disso, o valor da segunda parcela liberada somente ficou disponível para o município em 24/10/2011.
O cronograma de desembolso do Termo de Compromisso 407/2007 previa que a Funasa
repassaria três parcelas, todas em 2009, sendo a primeira de R$ 109.877,86, em outubro, a segunda e
a terceira no valor de R$ 219.755,72 cada, em novembro e dezembro, respectivamente. Entretanto,
houve transferência de duas parcelas de R$ 110.000,00, uma em 25/11/2009 (2009OB811884) e a
outra em 22/10/2010 (2010OB810915).
3.10.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio CV 2609 (Siafi 588719)/2006 - Sistema de Abastecimento de Água no Município de
Martinho Campos/MG.
306
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Candeias/MG.
Convênio CV 2957/05 (Siafi 558453)/2005 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Salto da Divisa/MG.
Convênio CV 0401/03 (Siafi 490162)/2003 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Prudente de Morais/MG.
Convênio CV 0863/05 (Siafi 558399)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Salto da Divisa/ MG.
Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município
de Pintópolis/MG.
Convênio CV 1134/05 (Siafi 558416)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município
de Lima Duarte/MG.
Convênio EP 0290/06 (Siafi 567780)/2006 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Pintópolis/MG.
Convênio CV 0816 (siafi 567443)/2006 - Sistema de Abastecimento de Água no Município de
Martinho Campos/MG.
Convênio CV 1136 (Siafi 556056)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Martinho Campos/MG.
Convênio CV 0875/02 (siafi 477432)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário no
Município de Pintópolis/MG.
Convênio CV 2962/05 (Siafi 558454)/2005 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Prudente de Morais/MG.
Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0095 (Siafi 633272)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Candeias/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 0313 (siafi 633038)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0411 (Siafi 633719)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Martinho Campos/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0415/07 (siafi633042)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0417 (Siafi 633036)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0601/09 (siafi 658098)/2009 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Candeias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2009.
Transferências TC/PAC 0823/07 (siafi 633131)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Pintópolis/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0824/07 (siafi 633064)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 1156/08 (siafi 652138)/2008 - Melhorias Sanitárias Domiciliares do
Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 1189/08 (siafi 650489)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
307
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
3.10.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles internos
3.10.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Possibilidade de inexecução parcial ou total decorrente do atraso na liberação de parcelas
pactuadas no cronograma financeiro das transferências (efeito real)
3.10.5 - Critérios:
Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 18
Lei 8666/1993, art. 116, § 3º
Lei 11578/2007, art. 4º
Portaria 544/2008, Funasa, art. 1º
Portaria 623/2010, Funasa, art. 1º
3.10.6 - Evidências:
IdSisdoc_3619965v7-26_-_Relatório_completo_de_fiscalização_718-2011_martinho campos,
folhas 8/24.
IdSisdoc_3429912v5-87_-_Relatório_completo_de_fiscalização_658-2011_prudente de
morais, folhas 10/51.
IdSisdoc_3432605v3-16_-_Relatório_completo_de_fiscalização_657-2011_guanhães, folhas
9/37.
IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas
10/46.
IdSisdoc_2936523v5-12_-_Relatório_completo_de_fiscalização_655-2011_lima duarte, folhas
8/25.
IdSisdoc_3898771v5-84_-_Relatório_completo_de_fiscalização_656-2011_salto da divisa,
folhas 8/11.
IdSisdoc_3398168v27-85_-_Relatório_completo_de_fiscalização_659-2011_candeias, folhas
8/29.
IdSisdoc_3688335v7-79_-_Relatório_completo_de_fiscalização_867-2011_santa maria do
suaçui, folhas 8/19.
IdSisdoc_3904531v7-01_-_Relatório_completo_de_fiscalização_857-2011_jaboticatubas,
folhas 10/23.
Notas Técnicas PGF, folhas 1/62.
3.10.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
não há.
3.10.8 - Conclusão da equipe:
O atraso no cronograma de desembolso pode decorrer de vários fatores, a exemplo da
ausência de prestação de contas da parcela anterior por parte do convenente; da ausência de análise
tempestiva da prestação de contas parcial apresentada; e, ainda, do contingenciamento orçamentário.
No entanto, é imprescindível que a Funasa alerte os convenentes sobre as suas respectivas
responsabilidades e que a Funasa tenha prazo certo para a análise e liberação tempestiva dos
recursos, no intuito de evitar atraso nas obras, paralisações, ou até mesmo a inexecução do objeto.
Pelo exposto, verifica-se que a Suest/MG não está atentando ao cronograma de desembolso
proposto, portanto, não guardando conformidade com o art. 4º da Lei 11.578/2007, o art. 116, § 3º,
da Lei 8.666/1993 e o art. 18 da IN/STN 01/1997.
É importante registrar que a não observância do cronograma financeiro proposto pode
resultar na inexecução parcial ou total da obra, tendo em vista a possibilidade de perda do valor
monetário ajustado, bem como na possibilidade de abandono da obra, tendo em vista a quebra do
fluxo financeiro proporcional à realização dos serviços, o que impõe maior ônus financeiro às
empresas eventualmente contratadas.
308
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.10.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote a seguinte providência:
a) implemente mecanismos para aperfeiçoar o planejamento e o controle das transferências,
inclusive mediante a atualização, sempre que necessário, do cronograma de desembolso de recursos,
com o objetivo de manter a harmonia entre a execução física e financeira, em conformidade com o
art. 2º, § 10, e 18, da IN/STN 1/1997, c/c art. 33 e ss., da Portaria Interministerial CGU/MF/MP 507,
de 24/11/2011, no intuito de evitar as ocorrências relativas às transferências CV 1134/2005 (Siafi
558416), CV 0863/2005 (Siafi 558399), CV 2957/2005 (Siafi 558453), TC/PAC 1155/2008 (Siafi
644661), TC/PAC 1189/2008 (Siafi 650489), CV 2962/2005 (Siafi 558454), CV 0401/2003 (Siafi
490162), entre outros.
3.11 - Prorrogação indevida/injustificada da vigência da transferência.
3.11.1 - Situação encontrada:
Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que
foram remetidas para o presente trabalho de consolidação:
TC 020.197/2011-0 - Moema (p.9-10 da evidência 7)
O Convênio 1140/2005 foi assinado em 15/12/2005, mas a visita técnica preliminar para
avaliação do projeto foi realizada somente em 30/3/2010. Após ajustes na proposta, o projeto recebeu
parecer favorável, com a recomendação de que os recursos fossem liberados quando da conclusão
das obras da ETE, objeto do Convênio 309/2007, a seguir comentado.
Em 2011, o projeto foi novamente analisado pela Funasa, após correções no Plano de
Trabalho e na planilha de orçamento, devido ao cancelamento do empenho de 2006, contudo, o
parecer favorável à aprovação ocorreu em 27/7/2011. Assim, o convênio sofreu sucessivas
prorrogações de sua vigência, justificadas indevidamente com base na falta de liberação de recursos
para sua execução.
Do mesmo modo, o Convênio 309/2007 teve sua vigência prorrogada por duas vezes
(Portarias 1.476/2008 e 1.603/2009, conforme consignado no Siafi), antes da aprovação final do
projeto pela Funasa.
O Convênio 948/2003 foi assinado em 22/12/2003. Não obstante, o projeto foi aprovado após
soluções de diversas pendências em 5/7/2007. A obra teve sua ordem de início dos serviços datada de
3/8/2010. Observe-se que foram feitas oito prorrogações do convênio, sendo que as três primeiras
decorreram da demora na análise da alteração do plano de trabalho, enquanto que as demais foram
justificadas com fundamento na ausência de liberação dos recursos.
TC 032.757/2011-5 - São Romão (p. 15-6 da evidência 14)
O TC/PAC 97/2007 foi assinado em 31/12/2007 e prorrogado, por meio de termos aditivos, até
31/12/2011, sem que, até a data da auditoria, tivesse sido feita a transferência de recursos por parte
da Funasa. Em resposta à indagação escrita da auditoria, o convenente reiterou a necessidade e
afirmou ter enviado toda a documentação para a liberação dos referidos recursos.
TC 032.432/2011-9 - Lassance (p. 23-4 da evidência 13)
O convênio EP 1.186/2003 sofreu 11 prorrogações da vigência contratual, todas em razão de
atraso na liberação de recursos. Verificou-se que ja foram emitidas duas ordens bancárias para a
transferência voluntária (2006OB900002 e 2006OB901404), restando apenas o valor a ser
transferido de R$ 9.798,00. Conforme já registrado no achado ‘Atraso/Ausência na manifestação do
órgão concedente sobre a prestação de contas apresentada’, foram enviadas prestações de contas
parciais em 11/7/2004 e no exercício de 2006, que não tiveram sua análise finalizada pela Funasa.
Como as ordens bancárias são de 2/1/2006 e 15/2/2006, verificamos que o processo da transferência
voluntária não sofreu movimentação processual importante desde o exercício de 2006. Assim, o
309
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
motivo das diversas prorrogações de vigência decorreram da própria inércia da Funasa em finalizar
a análise das prestações de contas.
Fase de Auditoria na Funasa
Foram examinadas as notas técnicas emitidas pelo procurador federal especializado junto a
Suest-MG, no período de outubro de 2011 a março de 2012, quando verificamos irregularidades e
impropriedades em 43 processos, em especial quanto à tentativa de prorrogar a vigência de
transferências já expiradas.
As principais notas técnicas constam da evidência 33 e a relação de outras notas não
digitalizadas constam da evidência 48.
3.11.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio CV 1140/05 ( Siafi 555991)/2005 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Moema/MG.
Convênio EP 1186/03 (Siafi 489290)/2003 - Ações de Saneamento em Pequenas Localidade no
Município de Lassance/MG.
Convênio EP 948/03 (Siafi 490096)/2003 - Sistema de Abastecimento de Água de Moema.
Transferências TC/PAC 0097/07 (Siafi 633271)/2007 - Sistema de abastecimento de água para
atender o município de são Romão/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0309/07 (siafi 633134)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Moema/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
3.11.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles internos.
3.11.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Prejuízos em virtude da ausência de fiscalização (efeito potencial)
3.11.5 - Critérios:
Instrução Normativa 127/2008, Interministerial, art. 30, inciso V; art. 37, caput
Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 4º, § 1º; art. 7º, inciso III; art. 15, caput
3.11.6 - Evidências:
IdSisdoc_4140432v3-14_-_Relatório_completo_de_fiscalização_942-2011_sao romao, folhas
10/38.
IdSisdoc_3640978v3-22_-_Relatório_completo_de_fiscalização_660-2011_moema, folhas
8/18.
IdSisdoc_3903126v5-13_-_Relatório_completo_de_fiscalização_927-2011_lassance, folhas
9/28.
Notas Técnicas PGF, folhas 1/62.
Rol de notas técnicas da Procuradoria Jurídica da Funasa, folhas 1/3.
3.11.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Em resposta ao Ofício de Requisição 3-555/2012, reiterado pelo Ofício de Requisição 6-
555/2012, o gestor da Suest/MG apresentou esclarecimentos contraditórios quanto ao setor
responsável pela regularização da ocorrência, se Diesp ou Secon, demonstrando a própria
desorganização administrativa no gerenciamento das transferências da Funasa.
Não apresentou informações sobre as ocorrências pertinentes às transferências CV 1140/2005,
TC/PAC 309/2007, EP 948/2003 e TC/PAC 97/2007.
Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 188/230.
3.11.8 - Conclusão da equipe:
As prorrogações indevidas ocorrem em razão da celebração prévia à aprovação dos projetos
de engenharia, cujas pendências não são resolvidas por meses, talvez anos, como no caso do convênio
1140/2005, que foi celebrado em 15/12/2005, cuja visita preliminar somente ocorreu em 30/3/2010.
Segundo os engenheiros da Diesp, não há a fixação de prazo certo para que o convenente regularize a
pendência, tampouco a administração da Funasa tem interesse na rescisão dessas transferências
celebradas. Essas prorrogações reiteradas sobrecarregam as atividades do setor, em relação às
310
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
transferências que muitas vezes sequer sairão do papel, impedindo a melhor análise sobre as
transferências realmente em execução, ou que potencialmente tenham melhores condições de gerar
benefício para a sociedade.
O Governo Federal editou o Decreto n. 7468, de 28/4/2011, que determinou, no seu art. 3º, o
cancelamento de transferências celebradas de 2007 a 2008 e ainda não iniciadas, isto é, sem
realização parcial e sem medição correspondente atestada e aferida. Observamos que a Funasa ainda
não cancelou as transferências enquadradas nessa hipótese.
Em relação ao Programa de Acelaração do Crescimento/PAC, foi editado o Decreto n.
7654/2011, que alterou o Decreto 93872, de 23/12/1986, alterando o artigo 68, para validar os restos
a pagar não processados relativos ao PAC, dentre outras despesas.
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.11.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote a seguinte providência:
a) implemente mecanismo para aperfeiçoar o controle sobre o prazo de vigência das
transferências da Funasa, sob a responsabilidade dessa regional, com fundamento no art. 15, da
IN/STN 1/1997, c/c o art. 50 e 51, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011,
tendo em vista o que consta nas Notas Técnicas da Procuradoria Federal Especializada da Funasa,
sob o número 16/2011 (TC/PAC 314/2007 - Siafi 632108), 253/2011 (TC/PAC 409/2007 - Siafi
633045), 72/2011 (TC/PAC 714/2007 - Siafi 633039), 200/2011 (CV 313/2007 - Siafi 633038),
261/2011 (CV 1713/2005 - Siafi 555507), 222/2011 (TC/PAC 079/2008 - Siafi 649634), 262/2011 (CV
823/2006 - Siafi 568391), 416/2011 (TC/PAC 305/2007 - Siafi 633252), 10/2012 (CV 645/2009 - Siafi
730089), 52/2012 (CV 174/2009 - Siafi 720241), 76/2012 (CV 2961/2005 - Siafi 555521), 80/2012 (CV
1134/2005 - Siafi 558416), 92/2012 (TC/PAC 876/2009 - Siafi 658372) e 108/2012 (CV 0506/2009 -
Siafi 728772), dentre outras.
3.12 - Ausência de comprovação de previsão orçamentária da contrapartida.
3.12.1 - Situação encontrada:
Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que
foram remetidas para o presente trabalho de consolidação:
TC 020.194/2011-0 - Guanhães (p. 15-7 da evidência 5)
Quando da celebração dos Termos de Compromisso TC/PAC 1155/2008, 1156/2008 e
1189/2008, não havia comprovação da previsão orçamentária da contrapartida.
TC 030.421/2011-0 - Jaboticatubas (p. 20-1 da evidência 16)
Quando da celebração dos Termos de Compromisso TC/PAC 85 e 407/2007, não havia
comprovação da previsão orçamentária da contrapartida.
Fase de de auditoria na Funasa
Por meio de análise das Notas Técnicas da Procuradoria Federal Especializada da Funasa,
verificamos que a análise jurídica apontou essa deficiência nos seguintes documentos: 85/2012
(TC/PAC 290/2006), 90/2012 (TC/PAC 976/2007 ) e 96/2012 (TC/PAC 602/2009).
3.12.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.
311
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Transferências TC/PAC 1156/08 (siafi 652138)/2008 - Melhorias Sanitárias Domiciliares do
Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 1189/08 (siafi 650489)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
3.12.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles internos.
3.12.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Risco de o município não conseguir honrar os compromissos financeiros referentes às
contrapartidas previstas (efeito potencial)
3.12.5 - Critérios:
Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 2º, § 3º
Lei 11578/2007, art. 3º, inciso VII
Lei Complementar 101/2000, art. 25, § 1º, inciso IV, alínea d
3.12.6 - Evidências:
IdSisdoc_3432605v3-16_-_Relatório_completo_de_fiscalização_657-2011_guanhães, folhas
9/37.
IdSisdoc_3904531v7-01_-_Relatório_completo_de_fiscalização_857-2011_jaboticatubas,
folhas 10/23.
Notas Técnicas PGF, folhas 1/62.
3.12.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Não há.
3.12.8 - Conclusão da equipe:
A comprovação de previsão orçamentária da contrapartida ocorreu posteriormente à
assinatura dos Termos de Compromisso analisados.
Tal situação caracteriza expressa ofensa ao estabelecido no art. 3º, inciso VII, da Lei
11.578/2007, o qual exige, para fins de transferência de recursos com base em termo de compromisso,
a comprovação, pelo beneficiário, de que dispõe de recursos próprios para complementar a execução
do objeto pactuado.
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.12.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote a seguinte providência:
a) implemente mecanismo para garantir que a comprovação da contrapartida do convenente
preceda a liberação de recursos, em conformidade com o art. 2º, § 3º, da IN/STN 1/1997, c/c o art. 55,
I, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, tendo em vista o que foi
verificado nas Notas Técnicas da Procuradoria Federal Especializada da Funasa número 85/2012
(EP 290/2006 - Siafi 567780), 90/2012 (EP 976/2007 - Siafi 638225) e 96/2012 (TC/PAC 602/2009 -
Siafi 658095).
3.13 - Plano de trabalho deficiente.
3.13.1 - Situação encontrada:
Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas ocorrências de deficiências
pertinentes à elaboração de plano de trabalho, que não compreendiam os dados imprescindíveis à
perfeita caracterização dos objetos a serem pactuados, nem se faziam acompanhar de documentos
técnicos obrigatórios que viabilizassem o exame dos pleitos formulados. Essas ocorrências foram
subdivididas nas seguintes falhas:
312
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
a) justificativas do tipo pró-forma, genérica, sem vínculo à efetiva necessidade local
demandada e inexistindo identificação particular do problema a ser solucionado e da população a ser
atendida (TC/PAC 1155/2008, TC/PAC 1156/2008, CV 1134/2005, TC/PAC 313/2007, TC/PAC
95/2007, TC/PAC 417/2007, CV 536/2007, TC/PAC 127/2008, TC/PAC 601/2009, CV 875/2002, CV
1720/2005, CV 290/2006, TC/PAC 85/2007 e TC/PAC 407/2007);
b) descrição superficial do objeto, que impede sua identificação precisa, o reconhecimento das
ações específicas e locais beneficiados (TC/PAC 1155/2008, TC/PAC 1156/2008, TC/PAC 1189/2008,
CV 1134/2005, 313/2007, TC/PAC 95/2007, TC/PAC 417/2007, CV 536/2007, TC/PAC 127/2008,
TC/PAC 601/2009, CV 875/2002, CV 1720/2005, CV 290/2006, TC/PAC 85/2007 e TC/PAC
407/2007);
c) deficiência do detalhamento das etapas e das metas a serem cumpridas (TC/PAC
1155/2008, TC/PAC 1156/2008, CV 1134/2005, 313/2007, TC/PAC 95/2007, TC/PAC 417/2007, CV
536/2007, TC/PAC 127/2008, TC/PAC 601/2009, CV 875/2002, CV 1720/2005, CV 290/2006,
TC/PAC 85/2007 e TC/PAC 407/2007);
d) deficiência do cronograma de desembolso (TC/PAC 1155/2008, TC/PAC 1156/2008, CV
875/2002, CV 1720/2005 e CV 290/2006);
e) falta de comprovação de titularidade pública de imóveis que serão objeto da aplicação de
recursos (TC/PAC 1155/2008, TC/PAC 1156/2008, CV 1134/2005, CV 875/2002, CV 1720/2005 e CV
290/2006);
f) ausência/deficiência do projeto básico por se tratar de obra (TC/PAC 1155/2008, TC/PAC
1156/2008, CV 1134/2005, CV 875/2002, CV 1720/2005 e CV 290/2006); e,
g) incompletude pela não apresentação dos anexos III, IV, V e VI que compõem o plano de
trabalho (CV 1134/2005).
A descrição detalhada dos problemas está registrada nos respectivos relatórios de auditoria,
conforme relação a seguir:
- TC 020.194/2011-0 - Guanhães (p. 12-3 da evidência 5), em relação às transferências
TC/PAC 1155/2008, TC/PAC 1156/2008 e TC/PAC 1189/2008;
- TC 019.235/2011-9 - Lima Duarte (p. 20-1 da evidência 1), em relação à transferência CV
1134/2005;
- TC 029.380/2011-1 - Santa Maria do Suaçuí (p. 18-9 da evidência 8), em relação às
transferências TC/PAC 313/2007, TC/PAC 95/2007, TC/PAC 417/2007;
- TC 020.196/2011-3 - Candeias (p. 27-8 da evidência 3), em relação às transferências CV
536/2007 e TC/PAC 127/2008;
- TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p. 44-5 da evidência 10), em relação às transferências CV
875/2002, CV 1720/2005 e CV 290/2006; e,
- TC 030.421/2011-0 - Jaboticatubas (p. 10-11 da evidência 16), em relação às transferências
TC/PAC 85/2007 e TC/PAC 407/2007.
3.13.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Convênio EP 0536/07 (siafi 628645)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário no Município
de Candeias/MG.
Convênio CV 1134/05 (Siafi 558416)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município
de Lima Duarte/MG.
Convênio EP 0290/06 (Siafi 567780)/2006 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no Município
Pintópolis/MG.
Convênio CV 0875/02 (siafi 477432)/2002 - Execução do Sistema de Esgotamento Sanitário no
Município de Pintópolis/MG.
Convênio CV 1720/05 (Siafi 555506)/2005 - Sistema de Abastecimento de Água no Município
de Pintópolis/MG.
313
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0095 (Siafi 633272)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0127/08 (Siafi 644016)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Candeias/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 0313 (siafi 633038)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0417 (Siafi 633036)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Santa Maria do Suaçui/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0601/09 (siafi 658098)/2009 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Candeias/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2009.
Transferências TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661)/2008 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Guanhães/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 1156/08 (siafi 652138)/2008 - Melhorias Sanitárias Domiciliares do
Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
Transferências TC/PAC 1189/08 (siafi 650489)/2008 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Guanhães/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2008.
3.13.3 - Causas da ocorrência do achado:
Inobservância da legislação aplicável à matéria
Deficiência de controles internos
3.13.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Plano de trabalho impreciso, com informações mínimas e incompletas, não possibilitando ao
concedente exigir o pleno cumprimento do objeto pactuado na transferência (efeito real)
3.13.5 - Critérios:
Instrução Normativa 1/1997, STN, art. 2º, § 1º; art. 2º, inciso I a VI
Lei 8666/1993, art. 116, § 1º, inciso I a VII
3.13.6 - Evidências:
IdSisdoc_3432605v3-16_-_Relatório_completo_de_fiscalização_657-2011_guanhães, folhas
9/37.
IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas
10/46.
IdSisdoc_2936523v5-12_-_Relatório_completo_de_fiscalização_655-2011_lima duarte, folhas
8/25.
IdSisdoc_3398168v27-85_-_Relatório_completo_de_fiscalização_659-2011_candeias, folhas
8/29.
IdSisdoc_3688335v7-79_-_Relatório_completo_de_fiscalização_867-2011_santa maria do
suaçui, folhas 8/19.
IdSisdoc_3904531v7-01_-_Relatório_completo_de_fiscalização_857-2011_jaboticatubas,
folhas 10/23.
3.13.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Em atendimento ao Ofício de Requisição 3-555/2012, reiterado pelo Ofício 6-555/2012, o
Gestor justificou, em relação às transferências TC/PAC 1155/2008, Convênio 536/2007, TC/PAC
127/2008, TC/PAC 601/2009, que a Diesp entende que o plano de trabalho é documento do
convenente sobre o qual não tem autonomia para modificá-lo, enquanto que Secon nada respondeu (p.
188-230, dos Esclarecimentos do responsável 1), e permaneceu silente em relação às seguintes
transferências: TC/PAC 1156/2008, TC/PAC 1189/2008, CV 1134/2005, TC/PAC 313/2007, TC/PAC
95/2007, TC/PAC 417/2007, 875/2002, 1720/2005, 290/2006, TC/PAC 85/2007 e TC/PAC 407/2007.
314
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Conforme peça Requisições_1 a 6, folhas 188/230.
3.13.8 - Conclusão da equipe:
O uso de termos como ‘construção’ ou ‘ampliação’ ou ainda ‘melhoria’ em nada traduz o
objeto proposto, portanto, é importante registrar que o plano de trabalho deve especificar o objeto da
avença proposta, pelo convenente, de forma completa e precisa, de modo que a Suest/MG, quando do
gerenciamento da execução da transferência, possa exigir do convenente a plenitude do cumprimento
das obrigações assumidas no termo de transferência celebrado, e, em especial, que haja o benefício à
comunidade.
A situação encontrada deixou evidenciado que a Funasa não se preocupa em garantir a
efetividade da transferência, mediante a definição precisa e completa das obrigações do convenente,
portanto, restou evidenciado que os planos de trabalho vinculados aos convênios e/ou termos de
compromisso não estavam compatíveis com as exigências fixadas no art. 116, § 1º, incisos I a VII da
Lei 8.666/1993, bem como contrariaram o art. 2º, incisos I a III e IV a VI, e § 1º da IN/STN 1/1997.
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.13.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote a seguinte providência:
a) implemente mecanismo para aperfeiçoar a análise dos planos de trabalho e respectivos
projetos, no sentido de que seja exigido que o convenente detalhe, com precisão e clareza, o objeto da
transferência, a justificativa da proposição, o benefício social, as metas a serem atingidas, o
detalhamento das etapas ou fases de execução, o cronograma de desembolso, a localização exata e a
propriedade do imóvel onde será realizado o objeto da avença, em conformidade com o art. 2º, da
IN/STN 1/1997, c/c o art. 3º, da Lei 11578, de 26 de novembro de 2007, e o art. 7º, da Portaria
Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, a exemplo das ocorrências verificadas nas
transferências TC/PAC 1155/2008 (Siafi 644661), TC/PAC 1156/2008 (Siafi 652138), TC/PAC
1189/2008 (Siafi 650489), CV 1134/2005 (Siafi 558416), TC/PAC 313/2007 (Siafi 633038), TC/PAC
95/2007 (Siafi 633272) e TC/PAC 417/2007 (Siafi 633036).
3.14 - Termo de compromisso celebrado, sem os requisitos legais.
3.14.1 - Situação encontrada:
Durante a fase de fiscalização de municípios, foram registradas as seguintes ocorrências, que
foram remetidas para o presente trabalho de consolidação, como segue:
TC 029.381/2011-8 - Pintópolis (p.41-2 da evidência 10)
Os Termos de Compromisso TC/PAC 824/2007 e TC/PAC 823/2007, que são instrumentos de
transferência de recursos no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foram
firmados sem que alguns requisitos legais estivessem previamente aperfeiçoados, conforme detalhados
a seguir:
a) identificação do objeto a ser executado: caracterização incompleta, superficial, que
inviabiliza o reconhecimento das ações de saneamento e os locais de intervenção. Na realidade, o
empreendimento que efetivamente seria executado foi definido posteriormente à celebração dos
termos, quando da aprovação técnica dos projetos;
b) metas a serem atingidas: não há qualquer relação com a realidade específica de cada
empreendimento, a exemplo, indicou-se unidade de referência que não tem serventia para fins de
aferição quantitativa do objetivo;
c) etapas ou fases de execução: não há divisão do objeto em etapas viáveis do ponto de vista
técnico. Aliás, torna-se impossível identificar as etapas quando o próprio objeto está delineado de
maneira imprecisa;
d) cronograma de desembolso: quando da celebração do pacto, a previsão de aporte
financeiro registrada em tal documento já estava defasada; e,
315
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
e) previsão de início e fim da execução do objeto, bem como, da conclusão das etapas ou fases
programadas: os prazos previstos não possuem credibilidade, pois, à época da celebração dos pactos,
não havia projeto de engenharia elaborado, tampouco aprovado. Logo, não se sabia ao certo qual o
objeto a ser executado e quais as suas etapas. Portanto, a fixação desses prazos é mero improviso,
desconexo com a realidade dos fatos.
TC 030.421/2011-0 - Jaboticatubas (p. 14-6, da evidência 16)
Quanto ao TC/PAC 85/2007, ao analisar tal processo, a Procuradoria Federal da Funasa
emitiu o Parecer 1910/PGF/PF/Funasa/2010, apontando as seguintes inconsistências/observações:
a) identificação do objeto a ser cumprido - o objeto não foi descrito de forma a atender as
orientações do TCU, pois não se apresenta de forma suficientemente clara e completa;
b) metas a serem atingidas - o Plano de Trabalho deveria ter descrito de forma quantitativa a
meta a ser atingida, entretanto, o fez no detalhamento de cada etapa / fase de execução;
c) etapas ou fases de execução - não consta a assinatura do agente público responsável;
d) plano de aplicação dos recursos financeiros - não consta especificação do tipo de despesa
(corrente ou de capital), nem o quantum a ser gasto com cada elemento, como pessoal, material de
consumo, obras públicas, material permanente, etc., nos termos do art. 13, da Lei 4.320/1964;
e) cronograma de desembolso - a previsão de liberação da primeira parcela seria em maio de
2010. Entretanto, recomenda-se que a previsão de liberação dos recursos guarde consonância com a
vigência do compromisso e a execução física do objeto, conforme disposto no item 23, da Nota
Técnica 09/PGF/PF/Funasa/2008; e,
f) previsão de início e fim da execução do objeto, bem como da conclusão das etapas ou fases
programadas - tal previsão consta no cronograma de execução. Recomenda-se que o início e o fim da
execução do objeto guardem consonância com a vigência do Termo de Compromisso.
A Coordenação-Geral de Convênios da Funasa emitiu despacho refutando as recomendações
da PGF/Funasa.
No que se refere ao TC/PAC 407/2007, a Procuradoria Federal da Funasa emitiu o Parecer
1590/PGF/PF/FUNASA/2009, concluindo que o referido termo de compromisso apresentou as
seguintes inconsistências:
a) identificação do objeto a ser cumprido - o objeto descrito no Plano de Trabalho não foi
descrito de forma a atender as orientações contidas no item 16, da aludida Nota Técnica;
b) metas a serem atingidas - o Plano de Trabalho deveria ser descrito de forma a quantificar a
meta;
c) etapas ou fases de execução - não consta a assinatura do agente público responsável;
d) plano de aplicação dos recursos financeiros - não consta especificação do tipo de despesa
(corrente ou de capital), nem o quantum a ser gasto com cada elemento, como pessoal, material de
consumo, obras públicas, material permanente, etc., nos termos do art. 13, da Lei 4.320/1964;
e) cronograma de desembolso - encontra-se inserido no Plano de Trabalho, que deve ser
refeito, pois, quando firmado o Termo de Compromisso, já havia transcorrido a programação de
desembolso prevista inicialmente;
f) previsão de início e fim da execução do objeto, bem como da conclusão das etapas ou fases
programadas - o início e fim da execução do objeto estão em desacordo com o Termo de
Compromisso, pois o Plano de Trabalho menciona datas anteriores à formalização do referido
instrumento; e,
g) comprovação de que os recursos referentes à contrapartida estariam assegurados - faz-se
necessário que seja juntada a LOA e o quadro Demonstrativo de Despesa do exercício de 2009, a fim
de que se possa verificar se a contrapartida foi assegurada na rubrica despesas (restos a pagar ou
exercícios anteriores). Alternativamente, admite-se a emissão de declaração do ordenador de
despesas do ente federado, indicando a existência de previsão orçamentária e a rubrica pela qual
correrá a contrapartida.
316
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Em acatamento a considerações sobre as recomendações da PGF, a Coordenação-Geral da
Funasa emitiu despacho autorizando prosseguir o feito para fins de obtenção da assinatura do
representante legal do município, bem como do Senhor Presidente da Funasa para aprovação formal
do pacto.
Constatou-se ainda em relação às transferências TC/PAC 85/2007 e TC/PAC 407/2007 que:
a) O Plano de Trabalho não está datado; e,
b) O Município de Jaboticatubas/MG comprovou a disponibilidade de recursos próprios em
momento posterior à assinatura/aprovação do termo de compromisso, fato contrário ao estabelecido
no inciso VII do art. 3º da Lei 11.578/2007.
3.14.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
Transferências TC/PAC 0085/07 (Siafi 633273)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Jaboticatubas/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0407/07 (Siafi 633034)/2007 - Melhorias Sanitárias Domiciliares no
Município de Jaboticatubas/MG, no Programa de Aceleração de Crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0823/07 (siafi 633131)/2007 - Sistema de Abastecimento de Água do
Município de Pintópolis/MG, no programa de aceleração do crescimento - PAC/2007.
Transferências TC/PAC 0824/07 (siafi 633064)/2007 - Sistema de Esgotamento Sanitário do
Município de Pintópolis/MG, no Programa de Aceleramento do Crescimento - PAC/2007.
3.14.3 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles internos.
3.14.4 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Atraso para se iniciar efetivamente a execução dos acordos (efeito real)
3.14.5 - Critérios:
Lei 11578/2007, art. 3º, inciso I a VII
3.14.6 - Evidências:
IdSisdoc_3834493v3-51_-_Relatório_completo_de_fiscalização_868-2011_pintopolis, folhas
10/46.
IdSisdoc_3904531v7-01_-_Relatório_completo_de_fiscalização_857-2011_jaboticatubas,
folhas 10/23.
3.14.7 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Não há.
3.14.8 - Conclusão da equipe:
O art. 3º da Lei 11.578, de 26/11/2007, dispõe que as transferências obrigatórias para
execução das ações do PAC são condicionadas ao cumprimento dos seguintes requisitos pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios beneficiários, conforme constante em termo de compromisso:
I - identificação do objeto a ser executado;
II - metas a serem atingidas;
III - etapas ou fases de execução;
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
V - cronograma de desembolso;
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem como da conclusão das etapas ou
fases programadas; e,
VII - comprovação de que os recursos próprios para complementar a execução do objeto estão
devidamente assegurados, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão
descentralizador, quando a ação compreender obra ou serviço de engenharia.
Tal ordenamento não foi observado quando da celebração e aprovação formal dos termos de
compromisso objeto da fiscalização, conforme detalhado na situação encontrada.
A situação ora exposta revela que o art. 3º da Lei 11.578, de 26 de novembro de 2007, não foi
observado por completo, porque a aprovação formal e celebração dos aludidos termos de
compromisso estavam sujeitas ao prévio e pleno atendimento dos requisitos legais previstos.
317
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
O presente achado corrobora a desorganização administrativa da Suest/MG, na gestão de
transferências, impondo-se a expedição de determinação ao órgão.
3.14.9 - Proposta de encaminhamento:
Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno, adote a seguinte providência:
a) implemente mecanismo para aperfeiçoar a análise dos planos de trabalho e respectivos
projetos, no sentido de que seja exigido que o convenente detalhe, com precisão e clareza, o objeto da
transferência, a justificativa da proposição, o benefício social, as metas a serem atingidas, o
detalhamento das etapas ou fases de execução, o cronograma de desembolso, a localização exata e a
propriedade do imóvel onde será realizado o objeto da avença, em conformidade com o art. 2º, da
IN/STN 1/1997, c/c o art. 3º, da Lei 11578, de 26 de novembro de 2007, e o art. 7º, da Portaria
Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, a exemplo das ocorrências verificadas nas
transferências TC/PAC 824/2007 (Siafi 633064), TC/PAC 823/2007 (Siafi 633131), TC/PAC 85/2007
(Siafi 633273) e TC/PAC 407/2007(Siafi 633034).
4 - CONCLUSÃO
Não foram constatadas impropriedades ou irregularidades para as questões de auditoria nº 3,
4, 5, 6, 7 e 8 formuladas para esta fiscalização.
As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:
Questão 1 Desorganização administrativa, por parte da Suest/MG, quanto ao gerenciamento e
fiscalização das transferências celebradas pela Funasa. (item 3.1)
Terceirização de atividade fim. (item 3.3)
Ausência de instauração da tomada de contas especial nas hipóteses legais. (item 3.4)
Ausência de providências para suspender/bloquear o repasse de recursos federais,
diante de irregularidades na execução da transferência. (item 3.5)
Ausência de segregação de funções na área de engenharia. (item 3.6)
Ausência/atraso na manifestação do órgão concedente sobre a prestação de contas
apresentada. (item 3.7)
Ausência/deficiência da fiscalização do objeto. (item 3.8)
Ausência/deficiência de análise técnica e administrativa das propostas/plano de trabalho
apresentados. (item 3.9)
Liberação de recursos sem observância do cronograma de desembolso. (item 3.10)
Prorrogação indevida/injustificada da vigência da transferência. (item 3.11)
Questão 2 Ausência de previsão de medidas compensatórias onde a Copasa detém a concessão do
sistema de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário. (item 3.2)
Ausência de comprovação de previsão orçamentária da contrapartida. (item 3.12)
Plano de trabalho deficiente. (item 3.13)
Termo de compromisso celebrado, sem os requisitos legais. (item 3.14)
Entre os benefícios estimados desta fiscalização, pode-se mencionar o incremento da
economia, eficiência, eficácia e efetividade da Suest-MG no gerenciamento e fiscalização das
transferências celebradas, por meio do aperfeiçoamento da gestão de riscos e de controles internos,
na melhoria da qualidade do serviço público prestado e dos processos de trabalho, bem como na
gestão administrativa e normatização interna.
5 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Senhor
Ministro-Relator Walton Alencar Rodrigues, com as seguintes propostas:
Responsável: Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais
Determinação a Órgão/Entidade:
5.1 Determinar a Superintendência Estadual da Funasa em Minas Gerais - Suest/MG que, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c o art. 250, inciso III, do
318
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Regimento Interno do TCU, adote as seguintes providências, no prazo de 180 dias, apresentando
relatório circunstanciado acerca das medidas adotadas e do resultado alcançado ao fim desse prazo:
a. implemente mecanismo para aperfeiçoar o processo de acompanhamento e gerenciamento
das transferências celebradas pela Funasa, sob a sua responsabilidade, em conformidade com o
princípio constitucional da eficiência, nos termos do art. 37, caput, da Constituição Federal de 1988,
no sentido de:
a.1) definir as atribuições e responsabilidades dos setores envolvidos no acompanhamento e
gerenciamento desses ajustes, de forma a incluir todas as etapas da execução da transferência, desde
a celebração até a conclusão do objeto, inclusive a instauração de processo de tomada de contas
especial;
a.2) estabelecer rotinas de trabalho, de forma clara e precisa, nos setores envolvidos; e,
a.3) definir o processo de comunicação aos convenentes e análise das respostas apresentadas,
em especial quanto ao prazo concedido, o tempo para a análise respectiva e as providências
posteriores, dentre outros; (3.1)
b. implemente mecanismos para reduzir o tempo médio de instrução dos processos na Diesp,
no Secon e no Setor de TCE/PAD e Sindicâncias, em conformidade com o disposto na Instrução
Normativa STN 01/1997, no art. 38, incisos I a III, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU
507/2011, art. 72, 76 e 80, c/c o art. 1º, § 1º, da IN/TCU 56, DE 5/12/2007, tendo em vista o prazo
apurado nas planilhas da acompanhamento de transferências, elaborada pela Diesp, e de tramitação
de processos de tomada de contas especial, elaborada pelo Setor de TCE/PAD e Sindicância da
Suest/MG; (3.1)
c. promova a alteração do termo das transferências, mediante aditivo, em conformidade com a
alínea “c”, do item 3.1.4, e alínea “e”, do item 3.2.4, do Anexo 1, da Portaria Funasa 314, de
14/6/2011, para fazer incluir a garantia de compensação dos investimentos realizados com recursos
federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), a exemplo da ausência verificada nos
termos das transferências 167/2011 (Siafi 668799) - PM de Ninheira/MG, 223/2011 (Siafi 668797) -
PM de São João do Paraíso/MG, 297/2011 (Siafi 669475) - PM de Porteirinha/MG, e 316/2011 (Siafi
669432) - Sedru - PM de Ilicinéa/MG; (3.2)
d. evite que os técnicos da Organização Pan-americana de Saúde - OPAS, ou qualquer outro
prestador terceirizado, realize serviços próprios das categorias funcionais abrangidas pelo plano de
cargos ou vinculados à missão institucional do contratante, com fundamento no art. 1º, § 2º, do
Decreto 2.271/1997 e ao art. 9º, incisos I, II e III, da Instrução Normativa SLTI/MP 2/2008, c/c o
Acórdão 1.069/2011 - TCU - Plenário, tendo em vista que as atribuições inerentes à análise técnica e
ao acompanhamento/fiscalização da execução de objeto de transferência voluntária de recursos da
União, seja de convênios, emenda parlamentar ou termos de compromisso, que busque viabilizar a
adoção de políticas públicas de interesse nacional, constituem atividade precípua e finalística da
Administração e, por consequência, não podem ser objeto de terceirização, a exemplo das ocorrências
verificadas no TC/PAC 0600/09 (Siafi 658083), TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661), TC/PAC 1189/08,
CV 0401/2003 (Siafi 490162) e CV 2962/2005 (Siafi 558454), entre outros; (3.3)
e. implemente mecanismos para notificar o convenente, a partir do dia seguinte do término do
prazo de vigência, com o objetivo de obter a prestação de contas final, ou para que seja instaurada
tempestivamente a devida tomada de contas especial, em razão de não apresentação da respectiva
prestação, conforme prescreve o art. 28 e ss., da IN/STN 1/1997, c/c o art. 72 e ss., da Portaria
Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, considerando a não observância em relação às
transferências CV 1136/05 (Siafi 556056), TC/PAC 314/07 (Siafi 632108) e TC/PAC 418/07 (Siafi
633248); (3.4)
f. promova o levantamento das transferências sob a responsabilidade da Suest/MG, adotando
as medidas da alínea ‘e’, para as transferências já expiradas, no entanto, sem providências, por parte
dessa regional; (3.4)
319
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
g. implemente mecanismos para suspender/bloquear o repasse de recursos federais, diante de
qualquer irregularidade noticiada, em conformidade com o art. 35, da IN/STN 1/97, c/c art. 70 e ss.,
da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, considerando o que foi verificado
na execução das transferências CV 2962/2005 (Siafi 558454), CV 651/2002 (Siafi 478590) e CV
1083/2002 (Siafi 478589); (3.5)
h. implemente mecanismos para estruturar a Divisão de Engenharia de Saúde Pública - Diesp,
em conformidade com os artigos 101 e 102, da Portaria Funasa 1.776, de 8/9/2003, c/c o art. 4º, do
Decreto 7.335/2010, que definiu as atribuições de seus subsetores (Seção de Análise de Projetos -
Sapro e Seção de Acompanhamento e Avaliação - Secav), com o objetivo de implementar a necessária
segregação de funções, entre a aprovação de projeto e a análise do acompanhamento da execução de
transferências, por engenheiros distintos, evitando-se o que foi verificado nas transferências TC/PAC
309/07 (Siafi 633134), CV 1140/05 (Siafi 555991), TC/PAC 413/07 (Siafi 633136), TC/PAC 85/07
(Siafi 633273), TC/PAC 407/07 (Siafi 633034), TC/PAC 410/2007 (Siafi 633243), entre outras; (3.6)
i. implemente mecanismos para que as demandas dos convenentes sejam analisadas, em prazo
razoável, considerando o disposto no art. 48 e ss., da Lei 9.784, de 29/1/1999, c/c o art. 31, da IN/STN
1/97, e com o art. 76, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, considerando
o que foi verificado na execução do Convênio EP 1186/2003 (Siafi 489290); (3.7)
j. implemente mecanismos para aperfeiçoar o processo de acompanhamento e fiscalização das
transferências celebradas pela Funasa, sob a responsabilidade da Suest/MG, em conformidade com o
art. 23, da IN/STN 1/97, c/c art. 5º e ss., da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de
24/11/2011, tendo em vista as ocorrências verificadas nas transferências CV 2962/05 (Siafi 558454),
651/2002 (Siafi 478590), 1083/2002 (Siafi 478589), TC/PAC 411/07 (Siafi 633719), 967/2004 (Siafi
524074) e 1510/04 (Siafi 527692); (3.8)
k. implemente mecanismos para aperfeiçoar o processo de análise do plano de trabalho e
respectivo projeto básico das transferências celebradas, em conformidade com o disposto no art. 116
da Lei 8.666/93, no art. 21, caput, da IN/STN/ 1/97 e com o art. 20 da Portaria Interministerial
CGU/MF/MP 507 de 24/11/2011, a exemplo das deficiências de análise evidenciadas nas
transferências CV 1338/2002 (Siafi 477455), TC/PAC 35/2011 (Siafi 668660), TC/PAC 167/2011
(Siafi 668799), TC/PAC 88/2011 (Siafi 669496), TC/PAC 246/2011 (Siafi 669490), TC/PAC 223/2011
(Siafi 668797), TC/PAC 297/2011 (Siafi 669475), TC/PAC 64/2011 (Siafi 669420), TC/PAC 190/2011
(Siafi 668711), TC/PAC 95/2011 (Siafi 669292) e TC/PAC 152/11 (Siafi 669440), entre outros; (3.9)
l. faça juntar, ao processo físico das transferências, todos os documentos elaborados pelo
concedente e convenente, inclusive de terceiros, em conformidade com o disposto no art. 116 da Lei
8.666/93, de forma a permitir a adequada supervisão e controle sobre os mesmos, considerando o que
foi verificado nas transferências TC/PAC 35/2011 (Siafi 668660), TC/PAC 167/2011 (Siafi 668799),
TC/PAC 88/2011 (Siafi 669496), TC/PAC 246/2011 (Siafi 669490), TC/PAC 223/2011 (Siafi 668797),
TC/PAC 297/2011 (Siafi 669475), TC/PAC 64/2011 (Siafi 669420), TC/PAC 190/2011 (Siafi 668711)
e TC/PAC 95/2011 (Siafi 669292); (3.9)
m. implemente mecanismos para aperfeiçoar o planejamento e o controle das transferências,
inclusive mediante a atualização, sempre que necessário, do cronograma de desembolso de recursos,
com o objetivo de manter a harmonia entre a execução física e financeira, em conformidade com o
art. 2º, § 10, e 18, da IN/STN 1/97, c/c art. 33 e ss., da Portaria Interministerial CGU/MF/MP 507, de
24/11/2011, no intuito de evitar as ocorrências relativas às transferências CV 1134/05 (Siafi 558416),
CV 0863/05 (Siafi 558399), CV 2957/05 (Siafi 558453), TC/PAC 1155/08 (Siafi 644661), TC/PAC
1189/08 (Siafi 650489), CV 2962/05 (Siafi 558454), CV 0401/03 (Siafi 490162), entre outros; (3.10)
n. implemente mecanismo para aperfeiçoar o controle sobre o prazo de vigência das
transferências da Funasa, sob a responsabilidade dessa regional, com fundamento no art. 15, da
IN/STN 1/1997, c/c o art. 50 e 51, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011,
tendo em vista o que consta nas Notas Técnicas, da Procuradoria Federal Especializada da Funasa,
sob o número 16/2011 (TC/PAC 314/07 - Siafi 632108), 253/2011 (TC/PAC 409/07 - Siafi 633045),
320
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
72/2011 (TC/PAC 714/07 - Siafi 633039), 200/2011 (CV 313/07 - Siafi 633038), 261/2011 (CV
1713/05 - Siafi 555507), 222/2011 (TC/PAC 079/08 - Siafi 649634), 262/2011 (CV 823/06 - Siafi
568391), 416/2011 (TC/PAC 305/07 - Siafi 633252), 10/2012 (CV 645/09 - Siafi 730089), 52/2012
(CV 174/09 - Siafi 720241), 76/2012 (CV 2961/05 - Siafi 555521), 80/12 (CV 1134/05 - Siafi 558416),
92/2012 (TC/PAC 876/09 - Siafi 658372) e 108/2012 (CV 0506/09 - Siafi 728772), dentre outras;
(3.11)
o. implemente mecanismo para garantir que a comprovação da contrapartida do convenente
preceda a liberação de recursos, em conformidade com o art. 2º, § 3º, da IN/STN 1/1997, c/c o art. 55,
I, da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, tendo em vista o que foi
verificado nas Notas Técnicas da Procuradoria Federal Especializada da Funasa número 85/2012
(EP 290/06 - Siafi 567780), 90/12 (EP 976/07 - Siafi 638225) e 96/12 (TC/PAC 602/09 - Siafi
658095); (3.12)
p. implemente mecanismo para aperfeiçoar a análise dos planos de trabalho e respectivos
projetos, no sentido de que seja exigido que o convenente detalhe, com precisão e clareza, o objeto da
transferência, a justificativa da proposição, o benefício social, as metas a serem atingidas, o
detalhamento das etapas ou fases de execução, o cronograma de desembolso, a localização exata e a
propriedade do imóvel onde será realizado o objeto da avença, em conformidade com o art. 2º, da
IN/STN 1/1997, c/c o art. 3º, da Lei 11578, de 26 de novembro de 2007, e o art. 7º, da Portaria
Interministerial MPOG/MF/CGU 507, de 24/11/2011, a exemplo das ocorrências verificadas nas
transferências TC/PAC 1155/2008 (Siafi 644661), TC/PAC 1156/2008 (Siafi 652138), TC/PAC
1189/2008 (Siafi 650489), CV 1134/2005 (Siafi 558416), TC/PAC 313/2007 (Siafi 633038), TC/PAC
95/2007 (Siafi 633272) e TC/PAC 417/2007 (Siafi 633036), TC/PAC 824/2007 (Siafi 633064),
TC/PAC 823/2007 (Siafi 633131), TC/PAC 85/2007 (Siafi 633273) e TC/PAC 407/2007(Siafi 633034).
(3.13 e 3.14)
5.2 Determinar à Secex-MG que dê conhecimento do inteiro teor da Decisão que vier a ser
proferida à Presidência da Funasa, para conhecimento e providências pertinentes.
5.3 Determinar à Secex/MG, com fundamento no artigo 243 do Regimento Interno/TCU, que
monitore o cumprimento da deliberação que vier a ser proferida e os resultados delas advindo.”
VOTO
Trata-se de consolidação da fiscalização de orientação centralizada realizada pela Secex/MG,
no período de 25/5/2011 a 13/4/2012, na Superintendência Estadual da Funasa no Estado de Minas
Gerais–Suest/MG e em 16 munícipios do Estado, denominada FOC-Funasa.
O trabalho resultou de prévio levantamento de auditoria, no qual foram identificadas
deficiências no gerenciamento e fiscalização das transferências de recursos sob a responsabilidade da
Superintendência.
Dos programas gerenciados pela regional da Funasa, a equipe optou por fiscalizar o programa
“Serviços Urbanos de Água e Esgoto”, detentor do maior número de transferências registrado do
sistema Siafi.
Conforme informado pela unidade técnica, a Funasa atua no referido programa “como órgão
integrante do componente de infraestrutura social e urbana do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), desde 2007, prioritariamente na área de saneamento em municípios com
população total de até 50 mil habitantes.”
O programa envolve 788 municípios mineiros e desenvolve ações destinadas “à implantação
e/ou ampliação de sistemas de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de resíduos sólidos,
e de saneamento domiciliar em municípios com maiores taxas de mortalidade infantil, com potenciais
riscos à saúde, em decorrência de fatores sanitários e ambientais.”
321
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
As equipes da Secex/MG fiscalizaram os municípios com o intuito de avaliar a aplicação dos
recursos descentralizados, bem como a atuação da Suest/MG, na supervisão e fiscalização que lhe
cabem. Os repasses auditados nas prefeituras totalizaram R$ 80.097.401,11.
Concluídos os trabalhos nos municípios, foram constituídos processos apartados, com vistas à
responsabilização dos gestores municipais por falhas ou irregularidades na execução dos recursos
descentralizados e cobranças de providências específicas por parte da Suest/MG. As demais
ocorrências ligadas à atuação da representação da Funasa foram consolidadas nestes autos.
Alem dos municípios, foram auditados os setores responsáveis pelo gerenciamento e
acompanhamento das transferências, com vistas ao exame das respectivas etapas de trabalho, desde a
propositura das avenças, até os procedimentos decorrentes da aprovação ou rejeição das prestações de
contas. Nesta fase, foram fiscalizados R$ 56.757.962,55.
Em síntese, as principais ocorrências identificadas pelos técnicos do Tribunal na Suest/MG,
dizem respeito à:
a) desorganização administrativa, dificultando o gerenciamento e a fiscalização das
transferências;
b) ausência de previsão de medidas compensatórias, nos casos em que a Companhia de
Saneamento de Minas Gerais – Copasa detém a concessão do sistema de abastecimento de água ou
esgotamento sanitário;
c) terceirização de atividade fim;
d) ausência de instauração de tomadas de contas especiais nas hipóteses legais;
e) ausência de providências para suspender ou bloquear repasses de recursos em razão de
irregularidades na execução de outras transferências;
f) ausências de segregação de funções na área de engenharia;
g) ausência/atraso na manifestação do órgão concedente sobre a prestação de contas
apresentada;
h) ausência/deficiência na fiscalização o objeto; e
i) ausência/deficiência de análise técnica e administrativa das propostas/plano de trabalho.
Embora fossem esperadas ocorrências semelhantes às levantadas pela Secex/MG, não posso
deixar de salientar seus reflexos desastrosos para a administração pública, porquanto impedem o
cumprimento do dever da Funasa de zelar pela correta aplicação dos recursos federais destinados à
área da saúde do Estado de Minas Gerais e dos seus municípios.
A equipe da Secex/MG concluiu que a Suest/MG “demora 1.223 dias [aproximadamente 3
anos e meio] após o término da vigência final, para realizar a visita técnica final do
empreendimento.”. Perde-se tempo precioso até que a Funasa saiba se a aplicação dos recursos atingiu
ou não o objeto do repasse e, se for o caso, inicie as medidas tendentes a responsabilizar os gestores e
recompor o erário.
Concluiu, ainda, que o prazo médio para que a TCE seja instaurada é de 2.069 dias (quase seis
anos), após o termo final da vigência da avença, e que, após a instauração, essas contas especiais
levam, em média, 839 dias (dois anos e meio) para serem finalizadas.
Essas constatações apenas trazem a lume a origem das inúmeras dificuldades que este Tribunal
tem enfrentado para identificar os responsáveis e precisar os valores dos débitos relativos às tomadas
de contas especiais instauradas no âmbito da Funasa, notadamente aquelas que se referem a recursos
destinados a obras de saneamento.
A título de exemplo, destaco os recentes Acórdãos 1765/2011-2ª Câmara, 5.484/2011-2ª
Câmara, 206/2012-2ª Câmara e 1.077/2012-1ª Câmara, relativos a tomadas de contas especiais de
municípios de estados distintos. No último, ao se deparar com a demora na apreciação da prestação de
contas do convenente, assim se manifestou o Ministro Weder de Oliveira:
“No caso tratado nestes autos, estão presentes elementos que indicam a possibilidade de
constrangimentos ao pleno atendimento dos princípios do contraditório e da ampla defesa, razão pela
qual o processo deve ser encerrado e os autos arquivados.
322
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Diante da injustificada inércia na análise da prestação de contas do convênio 0037/1993, deve
ser determinado à Funasa que apure as responsabilidades pela demora na análise da prestação de
contas do convênio 0037/1993.
É que, nos autos, consta a informação de que somente em 26/3/2007 foi expedido parecer
conclusivo sobre o processo de prestação de contas (peça 4, fls. 42/43). O lapso temporal entre a
apresentação das contas e sua apreciação conclusiva desencadeou todas as dificuldades na apuração
da verdade material, constrangeu o atendimento aos princípios do contraditório e da ampla defesa e
prejudicou o ressarcimento do possível dano ao erário.”
Não é por acaso que nesses processos são constantes as alegações dos responsáveis de que as
obras foram concluídas e deterioradas pelo tempo.
Não se pode olvidar que muitas dessas contas especiais poderiam ter sido evitadas, se
tempestivas e pertinentes as medidas preventivas e repressivas a cargo da Funasa, com vistas à correta
aplicação dos recursos ou a reversão destes aos cofres públicos na fase administrativa interna.
No mérito, as irregularidades encontradas pela equipe de auditoria deram ensejo à proposta de
uma série de determinações à Suest/MG e de comunicação à Funasa para que adote as medidas que
entender pertinentes.
Com as devidas vênias, não me parece que as falhas identificadas no presente trabalho
dependam unicamente de medidas a serem adotadas no âmbito do Estado de Minas Gerais. Pode-se
afirmar que se referem a deficiências estruturais da Funasa e dos instrumentos de trabalho definidos
pela administração central do órgão, que repercutem em todos os estados da federação.
Embora aparentemente pertinentes, as determinações propostas pela Secex/MG exigem
tomadas de decisões e alterações significativas nos processos de trabalho da Suest/MG, as quais, como
dito, extrapolam as competências da Superintendência e demandam ações efetivas de todas as
instâncias da Funasa.
A questão é de extrema relevância e merece que esta Corte a enfrente de forma mais abrangente
do que a proposta nos autos, com vistas a encontrar soluções consentâneas com a preocupante
realidade da entidade.
A propósito, a natureza das ocorrências e o teor das determinações sugeridas pela unidade
técnica - destinadas a promover o aperfeiçoamento da gestão das transferências pela Funasa - denotam
o enfoque predominantemente operacional do presente trabalho, que, a meu ver, deve ser tratado como
tal, ainda que não tenha sido essa a intenção inicial.
Consoante o manual de auditoria operacional do TCU:
“O auditado sempre deve ter oportunidade de examinar o relatório preliminar de auditoria
antes que ele seja tornado público (ISSAI 3000/4.5, 2004). Dessa forma, a unidade técnica deve
diligenciar para que os auditados apresentem comentários escritos sobre o relatório preliminar,
fixando prazo compatível. (...) Representa a oportunidade do gestor tomar conhecimento dos achados,
conclusões e propostas em seu contexto completo e por escrito.”
Compulsando os autos, verifiquei que nem a Suest nem a administração central da Funasa
tiveram oportunidade de se manifestar sobre os fatos apurados neste processo e as propostas de
encaminhamento da equipe de auditoria. Assim, inadequado que este Corte de Contas faça as
determinações propostas, sem se certificar de que são factíveis e endereçadas à instância competente.
Substituir as propostas por recomendações também não surtiria os efeitos esperados, pois não
garantiriam a adoção de medidas tendentes à solução de problemas.
No primeiro semestre deste exercício, tramitaram por meu Gabinete propostas de fiscalizações
semelhantes à ora em análise, a serem realizadas em outras regionais da Funasa e conduzidas pelas
secretarias de controle externo locais.
Considerando a relevância da matéria e o fato de que esta auditoria encontrava-se em fase de
consolidação, solicitei à Segecex que reanalisasse os processos e se manifestasse sobre a oportunidade
dos trabalhos propostos. Ressaltei minha preocupação com a possibilidade de os trabalhos, por não
323
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
possuírem coordenação única, resultarem em duplicidade de esforços e propostas destoantes para
situações idênticas.
Em 31/7/2012, nos autos relativos à proposta de FOC formulada pela Secex-MA, a Adplan
manifestou-se no sentido de que fossem adiados os trabalhos evolvendo matérias semelhantes, até que
sejam concluídos e apreciados o presente trabalho e a fiscalização objeto do TC 006.993/2011-7.
O TC 006.993/201-7 trata de FOC, a cargo da 4ª Secex e da Secob-3, realizada no período de
28/3/2011 a 9/3/2012, “com enfoque no aspecto de gestão e distribuição de atribuições e competências
no âmbito da fundação, em especial no que diz respeito às áreas e às unidades administrativas de
convênios e engenharia envolvidas diretamente na consecução das obras de saneamento objeto das
transferências.”
Segundo o titular da 4ª Secex, as conclusões do referido trabalho, “extrapolam problemas
pontuais e tratam de forma conjuntural algumas causas dos achados de auditoria. Assim, ainda que a
referida fiscalização tenha se detido sobre um assunto específico na Funasa (governança na condução
de obras em municípios com mais de cinquenta mil habitantes), os seus efeitos se farão sentir de forma
estrutural.”
Verifica-se, pois, que, no exercício de 2011 foram realizadas duas fiscalizações de orientação
centralizada envolvendo questões relacionadas a obras de saneamento em municípios.
Sendo assim, tendo em vista a maior abrangência do trabalho coordenado pela Secob, que
envolveu municípios de 11 estados da federação e as respectivas superintendências da Funasa,
determino o apensamento destes autos ao TC 006.993/2001-7, para o cotejamento dos respectivos
achados de auditoria e verificação da conveniência de se incorporar as determinações sugeridas pela
Secex/MG à proposta de encaminhamento final daquela auditoria operacional, observada a
necessidade de prévia oitiva dos gestores.
Anuindo ao pronunciamento da Adplan, nos autos do TC 011.861/2011-8, julgo necessário que,
desde já, seja autorizado o arquivamento dos processos que versam sobre proposta de auditoria na
Funasa, a serem realizadas pelas secretarias estaduais, com objetivo semelhante à fiscalização objeto
destes autos.
Nestes termos, VOTO no sentido de que o Tribunal acolha a minuta de acórdão que submeto à
deliberação deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Relator
ACÓRDÃO Nº 2224/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 014.467/2011-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais.
4. Órgãos/Entidades: Superintendência Estadual da Funasa Em Minas Gerais; Prefeitura
Municipal de Boa Esperança-MG; Prefeitura Municipal de Candeias-MG; Prefeitura Municipal de
Guanhães- MG; Prefeitura Municipal de Jaboticatubas-MG; Prefeitura Municipal de Jacinto-MG;
Prefeitura Municipal de Lassance-MG; Prefeitura Municipal de Lima Duarte-MG; Prefeitura
Municipal de Martinho Campos-MG; Prefeitura Municipal de Moema-MG; Prefeitura Municipal de
Pintópolis-MG; Prefeitura Municipal de Prudente de Morais-MG; Prefeitura Municipal de Salto da
Divisa- MG; Prefeitura Municipal de Santa Maria do Suaçuí-MG; Prefeitura Municipal de Santo
Hipólito-MG; Prefeitura Municipal de São Romão-MG.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
324
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais (Secex-MG).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos, que tratam relatório final da Fiscalização de
Orientação Centralizada Superintendência Estadual da Funasa no Estado de Minas Gerais – Suest/MG
e em 16 municípios do Estado;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos art. 169, inciso I, do Regimento Interno do
TCU, c/c o art. 33 da Resolução-TCU 191/2006, em:
9.1. apensar estes autos ao TC 006.993/2011-7;
9.2. determinar à equipe responsável pela auditoria objeto do TC 006.993/2011-7, que promova
o cotejamento dos achados de auditoria levantados nestes autos e verifique a conveniência de
incorporar as determinações sugeridas pela Secex/MG à proposta final daquela fiscalização, observada
a necessidade de prévia oitiva dos gestores;
9.3. autorizar o arquivamento dos processos que versam sobre proposta de auditoria na Funasa
com objeto semelhante ao da fiscalização tratada nestes autos, a serem realizadas pelas secretarias
estaduais.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2224-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO II - CLASSE I - Plenário
TC 029.328/2009-0 [Apensos: TC 029.792/2010-0, TC 029.791/2010-3]
Natureza: Recurso de Revisão
Recorrente: João Ricardo Alves de Oliveira (048.201.422-91)
Entidade: Prefeitura Municipal de Acará/PA
Interessado: Fundo Nacional de Saúde - FNS (00.530.493/0001-71)
Advogado constituído nos autos: Luiz Otávio Valente da Silva (OAB/PA 5.185)
325
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. OMISSÃO NO DEVER DE
PRESTAR CONTAS. EXISTÊNCIA DE VEÍCULOS SEMELHANTES AOS PREVISTOS NO
CONVÊNIO. IMPOSSIBILIDADE DO ESTABELECIMENTO DO NEXO DE CAUSALIDADE
ENTRE OS RECURSOS TRANSFERIDOS E AS DESPESAS REALIZADAS. CITAÇÃO.
REVELIA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO E MULTA. RECURSO DE REVISÃO.
CONHECIMENTO. APRESENTAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS. REGULARIDADE DA
DESPESA. AFASTAMENTO DO DÉBITO. RECONHECIMENTO DE SITUAÇÃO
EXCEPCIONAL A JUSTIFICAR A OMISSÃO NO DEVER DE PRESTAR CONTAS.
PROVIMENTO. APENSAMENTO.
RELATÓRIO
Trata-se de recurso de revisão contra o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara, relatado pelo
Ministro José Jorge, cuja parte dispositiva tem o seguinte teor:
“VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial, de
responsabilidade do Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, ex-Prefeito do Município de Acará/PA,
instaurada pelo Fundo Nacional de Saúde - FNS em decorrência da omissão no dever de prestar dos
recursos repassados à referida municipalidade, por meio do Convênio n.º 5054/2004, que por teve por
objeto a aquisição de dois veículos para uso no Sistema Único de Saúde - SUS.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 2ª Câmara,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea "a", da Lei n.º 8.443, de 1992,
c/c os arts. 19 e 23, inciso III, alínea "a", da mesma Lei, julgar as presentes contas irregulares e
condenar o Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, ex-Prefeito do Município de Acará/PA, ao pagamento
da quantia original de R$ 108.000,00 (cento e oito mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias,
a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea "a", do
Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Fundo Nacional de Saúde - FNS,
atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculada a partir de 16/12/2005, até a
data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor;
9.2. aplicar ao Sr. João Ricardo Alves de Oliveira a multa prevista nos arts. 19, caput, e 57 da
Lei n.º 8.443, de 1992, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze)
dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea "a", do
Regimento Interno), o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente desde a data do presente Acórdão até a do efetivo pagamento, se for quitada após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.3. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.º 8.443, de 1992, a
cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;
9.4. autorizar, caso requerido, nos termos dos arts. 26 da Lei n.º 8.443, de 1992, e 217 do
Regimento Interno, o parcelamento das dívidas constantes dos subitens 9.1. e 9.2. deste Acórdão em
até 24 (vinte e quatro) parcelas mensais e consecutivas, corrigidas monetariamente até a data do
pagamento, fixando-se o vencimento da primeira parcela em quinze dias, a contar do recebimento das
notificações, e o das demais a cada trinta dias, informando que a falta de comprovação do
recolhimento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor; e
9.5. encaminhar cópia do presente acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o
fundamentam, à Procuradoria da República no Estado do Pará, na pessoa do seu Procurador-Chefe,
para a adoção das medidas julgadas cabíveis”
Quanto ao mérito, a Unidade Técnica, em posicionamentos uniformes (peças 18-19), propõe a
negativa de provimento, basicamente sob os seguintes auspícios:
326
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
“21. Compulsando os autos, verifica-se o extrato bancário de página 40, da peça 2, também
juntado à pagina 21, da peça 11, onde consta o débito em conta corrente por meio de cheque no valor
de R$ 117.956,46, sem que exista nota fiscal nesse valor.
22. Os extratos bancários constantes dos autos não contemplam os valores das notas fiscais,
motivo por que remanesce não preenchido um dos requisitos para aprovação de prestação de contas,
qual seja o nexo entre receitas e despesas.
23. Uma vez não comprovado o mencionado nexo, não há falar em aprovação da prestação de
contas, motivo por que devem ser rejeitados os argumentos colacionados pelo recorrente, negando-se
provimento ao presente recurso.”
Transcrevo, a seguir, com os ajustes pertinentes, o parecer (peça 20) emitido pelo
Representante do MP/TCU, Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado, dissentindo da proposta oferecida
pela Secretaria de Recursos:
“(...)
No mérito, antecipo-me a registrar discordância da proposta e dos fundamentos expostos na
instrução da unidade técnica, pelas considerações que se seguem.
Não obstante a já consumada omissão quanto à prestação de contas, à época devida, entendo
que os novos documentos ora apresentados logram êxito em comprovar a regularidade da aplicação
dos recursos transferidos ao município de Acará/PA.
Anoto, por oportuno, que o mencionado ente recebeu repasses provenientes de dois convênios
5054/2004 e 4081/2004, ambos tendo por objeto a aquisição de unidade móvel de saúde - UMS. O
valor de R$ 246.653,23, relativo ao somatório dos dois repasses recebidos, das contrapartidas
oferecidas e dos rendimentos obtidos pela aplicação financeira, cobriu as despesas relacionadas aos
dois ajustes.
Em que pese a correta execução do objeto conveniado, noto que o ex-Prefeito usou o saldo
daquela operação para a aquisição de terceiro veículo tipo furgão para transporte de equipes do PSF
- Programa Saúde da Família.
Cumpre registrar que o objeto do convênio 5054/2004 era tão somente a aquisição de UMS,
visando o fortalecimento do Sistema único de Saúde - SUS, conforme estabelecido no Plano de
Trabalho aprovado pelo concedente (peça 1, p. 29-38).
Conquanto irregular a aplicação do recurso público em objeto diverso do pactuado, entendo
que a compra do furgão para transporte de equipes do PSF tem pertinência com a finalidade
consignada na cláusula primeira do termo de convênio, qual seja, fortalecer o SUS. A aquisição tende
a facilitar a operacionalização das ações de promoção de saúde e, consequentemente, beneficiar toda
a municipalidade.
Em situações como essa, o TCU já se manifestou no sentido de excluir o débito, porquanto os
recursos repassados, muito embora não aplicados diretamente no objeto do convênio, o foram na
mesma área (saúde), com benefícios à comunidade. Citam-se os acórdãos 11.157/2011, 3404/2007 e
3252/2007, todos da 2ª Câmara e de relatoria de Vossa Excelência.
À unidade técnica assiste razão ao apontar falha na nota fiscal em razão do valor diferente do
débito feito da conta específica para o pagamento da ambulância. Contudo, entendo que o achado não
tem o condão de afastar o nexo de causalidade entre a despesa realizada e a compra da UMS, visto
que uma análise global da nova documentação trazida pelo ex-Prefeito permite aferir a boa e regular
aplicação dos recursos públicos, conforme demonstrado abaixo:
CHASSI 8AC9036626A940717 – Placa JVL 6662 – Convênio 5054/2004
Nota Fiscal Data Valor Cheque Conta Data Valor
631900(pç. 10, p.36) 17/02/2006 103.400,00 850001 9.187-1 13/02/2006 117.956,46
CHASSI 8AC9036626A940734 – Placa JVL 6712 – Convênio 4081/2004
Nota Fiscal Data Valor Cheque Conta Data Valor
631896(pç. 10, p.35) 17/02/2006 103.400,00 850001 9.162-6 13/02/2006 88.843,54
Total de UMS (2 un.) 206.800,00 Total pago 206.800,00
327
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
CHASSI 9BWGF07X16P007674 – Placa JVH 9482 – Convênio 5054/2004
Nota Fiscal Data Valor Cheque Conta Data Valor
15562(pç 11, p. 9) 13/04/2006 39.000,00 850002 9.187-1 11/04/2006 29.000,00
850003 9.187-1 23/05/2006 10.000,00
Total de Furgão (1 un.) 39.000,00 Total pago 39.000,00
Anoto, por pertinente, que os cheques foram todos nominais às fornecedoras dos veículos,
foram contemporâneos às notas fiscais e foram descontados da conta específicas dos referidos
convênios. Resta, ainda, um saldo de R$ 853,23, que apesar de identificado no documento intitulado
Demonstrativo Consolidado da Execução da Receita e Despesa (peça 10, p.9), não teve seu
recolhimento comprovado nos autos.
Portanto, uma vez demonstrado, por todo o conjunto probatório, que o objeto do convênio foi
efetivamente executado e que parte do valor residual foi aplicado em matéria relacionada à finalidade
precípua do convênio e em prol da comunidade, este Representante do Ministério Público junto ao
Tribunal de Contas da União, manifestando-se pelo provimento parcial do recurso, é pela redução do
débito ao saldo de R$ 853,23 não devolvido ao concedente. Ademais, entende-se que deve ser mantida
a irregularidade das presentes contas em razão da omissão, sem que tenha sido justificada,
configurando, assim, infração à norma legal e à cláusula nona do termo de convênio.”
É o relatório.
VOTO
Cuidam os autos de recurso de revisão interposto pelo Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, ex-
prefeito do município de Acará/PA, contra o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara, por meio do
qual o Tribunal julgou irregulares as contas do recorrente, condenando-o em débito pelo valor
histórico de R$ 108.000,00 e aplicando-lhe multa no valor de R$ 15.000,00.
O processo versa sobre tomada de contas especial instaurada pelo Fundo Nacional de Saúde
(FNS), em decorrência da omissão no dever de prestar dos recursos repassados à municipalidade por
meio do convênio 5.054/2004 (peça 1, p. 29-36), que teve por objeto a aquisição de Unidade Móvel de
Saúde (UMS) visando ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde, no montante de R$ 118.800,00,
sendo R$ 108.000,00 à conta do concedente e R$ 10.800,00 à conta do convenente.
No âmbito do Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara, o então Relator, Min. José Jorge,
consignou que foi informado no Relatório de Verificação in loco 113-2/2007 do Ministério da Saúde
(peça 3, p. 4-12) que foram localizados, no município de Acará/PA, dois veículos com as
características previstas no objeto do convênio 5.054/2004.
Também restou assinalado que o ex-prefeito encaminhou ao Ministério da Saúde
documentação a título de prestação de contas, a qual, contudo, não foi aceita, porquanto ausentes
elementos essenciais e não atendidas as formalidades prescritas na legislação de regência.
Deste modo, somando-se a isso a revelia à citação, o Relator concluiu que a ausência da
prestação de contas, acompanhada de toda a documentação que a suporta, impossibilitou a formulação
de juízo acerca da boa e regular aplicação dos recursos transferidos à municipalidade e, sobretudo, o
estabelecimento do nexo de causalidade entre recursos transferidos e despesas realizadas, motivo pelo
qual as contas do ex-prefeito foram julgadas irregulares, com imputação de débito e multa.
Inconformado, o Sr. João Ricardo Alves de Oliveira interpôs o presente recurso de revisão,
“tendo em vista o Acórdão nº 5015/2010, cujo julgamento se reporta somente ao Convênio nº
5054/2004 embora no mesmo período tenha o Convênio de nº 4081/2004 cuja prestação de contas
estava sendo feita em conjunto junto ao Ministério da Saúde, como se comprova com os documentos
em anexos” (peça 7, p. 1-4).
Mediante despacho (peça 16), conheci do recurso na forma proposta pelo Serviço de
Admissibilidade de Recursos, uma vez atendidos os requisitos atinentes à espécie.
328
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Desta feita, a Secretaria de Recursos (peças 18-19) considerou que os documentos
encaminhados pelo recorrente, por se referirem à execução dos dois convênios simultaneamente
(4.081/2004 e 5.054/2004), dificultavam sua análise, embora sem prejuízo para o julgamento de
mérito. Ao fim, propôs negar provimento ao recurso, por inferir que não restou comprovado o nexo de
causalidade entre receitas e despesas.
A seu turno, o Representante do MP/TCU (peça 20), registrou que o município “recebeu
repasses provenientes de dois convênios 5054/2004 e 4081/2004, ambos tendo por objeto a aquisição
de unidade móvel de saúde - UMS. O valor de R$ 246.653,23, relativo ao somatório dos dois repasses
recebidos, das contrapartidas oferecidas e dos rendimentos obtidos pela aplicação financeira, cobriu
as despesas relacionadas aos dois ajustes”.
Assim, entendendo que o objeto do convênio foi efetivamente executado e parte do valor
residual foi aplicado em matéria relacionada à finalidade precípua do convênio, em prol da
comunidade, o Parquet especializado manifestou-se pelo provimento parcial do recurso, com redução
do débito ao valor de R$ 853,23 mencionado no Demonstrativo Consolidado da Execução da Receita e
Despesa elaborado pelo município na data provável de 15/7/2006 (peça 10, p. 9), pela manutenção da
irregularidade das presentes contas em razão da omissão.
Para o deslinde do presente processo, que trata do convênio 5.054/2004, faz-se necessário
analisar os elementos relativos não só ao referido convênio, mas também os documentos relacionados
ao convênio 4.081/2004, haja vista a evidente conexão existente entre tais instrumentos.
Compulsando a base de processos desta Corte, verifico que o convênio 4.081/2004 é o ajuste
discutido no âmbito do TC 024.864/2007-4, ao qual está atualmente apensado o TC 003.400/2010-7,
ambos sob a relatoria do Min. Aroldo Cedraz.
O convênio 4.081/2004 (TC 003.400/2010-7, peça 1, p. 47-61) também teve por objeto a
aquisição de UMS visando ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde, no montante de R$
88.000,00, sendo R$ 80.000,00 à conta do concedente e R$ 8.000,00 à conta do convenente.
O TC 024.864/2007-4 foi autuado como representação pela Secex/PA em face de expediente
enviado pelo Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Pará, no qual foi solicitado posicionamento
do Tribunal acerca das irregularidades verificadas no processo licitatório realizado pela convenente
para execução do objeto do convênio 4.081/2004.
Em 19/7/2006, houve pronunciamento do então Presidente deste Tribunal, aprovado pelo
Plenário (ata 29/2006), que determinou o imediato “sobrestamento dos processos que tratam de
aquisições de unidades móveis de saúde até que grupo de trabalho constituído na Segecex conclua
levantamento mais detalhado do esquema de fraudes detectado na denominada Operação
Sanguessuga, arrole os trabalhos relativos ao assunto em andamento no âmbito do TCU e defina
critérios comuns para instrução dos processos relacionados à matéria”.
Posteriormente, na Sessão Plenária de 20/5/2009 (ata 19/2009), foi aprovada questão de ordem
que, dentre outras deliberações, estabeleceu que os processos envolvendo aquisição de UMS ficassem
sob a relatoria do Min. Aroldo Cedraz e análise pela 7ª Secex.
Por ocasião da análise da 7ª Secex, já havia sido autuado o TC 003.400/2010-7, tomada de
contas especial instaurada pelo FNS contra o Sr. João Ricardo Alves de Oliveira em razão da omissão
no dever de prestar contas dos recursos recebidos a guisa do convênio 4.081/2004. Anuindo à proposta
da Unidade Técnica, o Min. Aroldo Cedraz determinou, inicialmente, o apensamento do TC
024.864/2007-4 ao TC 003.400/2010-7.
Recentemente, em junho de 2012, no bojo da tomada de contas especial relativa ao convênio
4.081/2004 levada a cabo no TC 003.400/2010-7, o Min. Aroldo Cedraz, mediante despacho,
manifestou-se da seguinte forma:
“4. O Ministério Público, por sua vez, manifestou-se de acordo com a proposta constante da
instrução do Auditor. Afirmou, a propósito, que, em sua compreensão, as informações constantes do
processo permitem concluir ter restado minimamente comprovado o nexo de causalidade entre os
recursos do convênio em tela e a aquisição da UMS nestes autos identificada.
329
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
4.1. Acrescentou, ademais, que os elementos que o levou a essa convicção são os seguintes:
a) houve a efetiva aquisição da UMS em conformidade com o estabelecido no convênio (nota
fiscal de fl. 67), consoante consignado pelo Convenente mediante vistoria in loco;
b) a UMS encontra-se identificada com o logotipo do SUS;
e) a aludida aquisição ocorreu em data compatível com a retirada de recursos da canta
corrente específica do ajuste; e,
d) não houve outro convênio relacionado com o objeto do que ora se analisa.
4.2. Ressaltou, ainda, que o oficio citatório dirigido ao Sr. João Alves de Oliveira menciona,
como ato impugnado, tão somente a omissão no dever de prestar contas dos recursos recebidos por
forca do convênio em questão. Observou, no entanto, que o responsável enviou ao FNS, em duas
ocasiões, documentos a título de prestação de contas, consoante se depreende da leitura do expediente
de fl. 89. Diante desse quadro, portanto, entende não caracterizada a apontada falha, ainda que os
mencionados documentos estivessem incompletos.
4.3. Com isso, caso o Tribunal resolva adotar o encaminhamento proposto pelo escalão
dirigente da 4ª Secex, seria necessário providenciar-se, previamente ao julgamento de mérito do
processo, nova citação do ex-prefeito, para que se defenda das irregularidades efetivamente havidas
na execução do convênio, as quais, segundo a análise que embasou o aludido encaminhamento,
impediram o estabelecimento do nexo de causalidade entre os recursos transferidos e as despesas
realizadas.
5. Considerando, as análises e os fundamentos apresentados pelo Auditor e pelo Ministério
Público, acolho a proposta de encaminhamento alvitrada na mencionada peça instrutiva, no sentido
de que seja realizada a audiência do responsável, a qual deve ser promovida nos autos do TC
024.86412007-4, relativo à Representação, conforme proposto pelo Parquet especializado. Para
tanto, o referido processo deve ser desapensado destes autos, os quais, por sua vez, devem ser
apensados àquele.
Ante todo o exposto, decido:
I - determinar o desapensamento do TC-024.864/2007-4 destes autos, promovendo, em
seguida, o apensamento destes ao referido processo de Representação;
II - autorizar a audiência do responsável João Ricardo Alves de Oliveira, para que apresente,
no prazo de 15 (quinze) dias, razões de justificativa sobre os fatos a seguir enumerados, constatados
na Tomada de Preços 1/2006, realizada com o objetivo de adquirir uma Unidade Móvel de Saúde -
MS com recursos do Convênio 4.081/2004:
a) ausência de autuação, protocolo e numeração do processo;
b) ausência do edital com sanções para o caso de inadimplementos;
e) ausência da solicitação do bem e do destaque orçamentário;
d) ausência de pesquisa de preços;
e) não comprovação da publicação do edital;
f) ausência de mapa de apuração de preços;
g) ausência de parecer jurídico sobre o edital;
h) ausência de comissão de licitação legalmente constituída.”
A 4ª Secex promoveu o desapensamento do TC 024.864/2007-4 em 17/7/2012 e até o momento
ainda não foi realizada a audiência determinada pelo Min. Aroldo Cedraz.
Traçado todo o panorama referente ao convênio 4.081/2004, passo a tratar do convênio
5.054/2004, mais especificamente sobre o débito imputado e sobre a prestação de contas que deveria
ter sido realizada pelo ex-prefeito.
Com as vênias de estilo por divergir dos pareceres apresentados tanto pela Unidade Técnica
quanto pelo MP/TCU, penso que o caso merece outro desfecho.
Acerca do débito, verifico que assiste razão ao recorrente, haja vista que os novos elementos
apresentados, analisados em conjunto com as informações inseridas no TC 003.400/2010-7, atestam a
330
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
regular aplicação dos recursos federais repassados com a demonstração do nexo de causalidade entre a
despesa realizada e a compra das duas UMS.
Como resultado da tomada de preços 1/2006 do município de Acará/PA (peças 7, p. 38-43, e 8,
p. 1-5), foi assinado o contrato 20060610 (peça 9, p. 38-44) entre a municipalidade e a empresa
Minasmáquina S/A, cujo objeto era o fornecimento de duas UMS do tipo Ambulância de Suporte
Básico “B”, em atendimento aos convênios 4.081/2004 e 5.054/2004, no valor total de R$ 206.800,00.
Este montante equivale exatamente ao valor dos dois convênios somados:
FNS Município Total
Convênio 4.081/2004 R$ 80.000,00 R$ 8.000,00 R$ 88.000,00
Convênio 5.054/2004 R$ 108.000,00 R$ 10.800,00 R$ 118.800,00
Total R$ 188.000,00 R$ 18.800,00 R$ 206.800,00
Pertinente registrar que consta informação da 4ª Secex (TC 003.400/2010-7, peça 5, p. 15) de
que o valor de R$ 103.400,00 despendido com cada ambulância encontra-se abaixo do valor
referencial adotado pelo TCU para o exame dos processos envolvendo a aquisição de ambulâncias,
qual seja, R$ 109.751,77, o que afasta a ocorrência de superfaturamento na aquisição das UMS.
A compra do terceiro veículo mencionado nestes autos, um furgão para transporte de equipes,
embora apareça equivocadamente citado em alguns documentos do município de Acará/PA relativos
aos convênios 4.081/2004 e 5.054/2004 (peça 10, p. 11), não guarda absolutamente nenhuma relação
com os recursos federais repassados ao convenente. Na realidade, houve sim a utilização indevida de
R$ 2.000,00 desses recursos, em 11/4/2006. Todavia, tal valor foi devolvido pela municipalidade,
como se detalhará adiante.
Para melhor entendimento da questão, julgo necessário recompor a movimentação financeira
das contas vinculadas aos convênios 4.081/2004 e 5.054/2004:
Extrato da conta 9.162-6, vinculada ao convênio 4.081/2004
DATA DESCRIÇÃO VALOR C/D SALDO
16/12/2005 Ordem bancária R$ 80.000,00 C R$ 80.000,00
12/1/2006 Aplicação fundo R$ (80.000,00) D R$ -
13/2/2006 Depósito R$ 8.000,00 C R$ 8.000,00
13/2/2006 Resgate fundo R$ 80.843,54 C R$ 88.843,54
13/2/2006 Cheque R$ (88.843,54) D R$ -
Extrato da conta 9.187-1, vinculada ao convênio 5.054/2004
DATA DESCRIÇÃO VALOR C/D SALDO
16/12/2005 Ordem bancária R$ 108.000,00 C R$ 108.000,00
12/1/2006 Aplicação fundo R$ (108.000,00) D R$ -
13/2/2006 Depósito R$ 10.800,00 C R$ 10.800,00
13/2/2006 Resgate fundo R$ 109.138,78 C R$ 119.938,78
13/2/2006 Cheque R$ (117.956,46) D R$ 1.982,32
13/2/2006 Aplicação fundo R$ (1.982,32) D R$ -
11/4/2006 Depósito R$ 27.000,00 C R$ 27.000,00
11/4/2006 Cheque R$ (29.000,00) D R$ (2.000,00)
11/4/2006 Resgate fundo R$ 2.000,00 C R$ -
23/5/2005 Depósito R$ 10.000,00 C R$ 10.000,00
23/5/2005 Cheque R$ (10.000,00) D R$ -
Como se vê, os R$ 206.800,00 relativos às duas UMS foram pagos em 13/2/2006 à
Minasmáquina S/A por meio de dois cheques: um de R$ 88.843,54 da conta 9.162-6 e outro de R$
117.956,46 da conta 9.187-1 (peça 10, p. 31-33). Após a realização dessas operações, restou um saldo
de R$ 1.982,32, que foi reaplicado em fundo de investimento ligado à conta na mesma data.
331
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
No que atine ao furgão, não é possível, com os elementos constantes nos autos, identificar a
origem dos recursos que custearam sua aquisição. Mas com certeza é possível afirmar que não foram
recursos federais repassados à guisa dos convênios 4.081/2004 e 5.054/2004, haja vista o esgotamento
dos recursos transferidos, motivo pelo qual não se insere no escopo do presente processo.
Ocorre que, como dito acima, foram indevidamente utilizados R$ 2.000,00 resgatados do fundo
de investimento ligado à conta para complementar o pagamento da primeira parcela do furgão em
11/4/2006. Todavia, identificado o erro, a prefeitura de Acará/PA providenciou, em 13/9/2007, o
ressarcimento ao Tesouro do montante de R$ 2.008,66 (TC 003.400/2010-7, peça 2, p. 85). Tal valor
corresponde aos R$ 2.000,00 resgatados mais o resto que havia no fundo de investimento da conta
9.187-1 em 28/4/2006, no valor de R$ 8,66 (peça 10, p. 15).
O erro, nesse contexto, foi o emprego da conta bancária 9.187-1 para movimentação alheia ao
convênio 5.054/2004, em desacordo com o art. 20 da IN-STN 1/1997. Todavia, pesa a favor do ex-
prefeito o fato de que tal movimentação ocorreu em data posterior ao completo encerramento das
ações relativas ao referido convênio e que os recursos indevidamente utilizados foram devolvidos à
União, ainda que com certo atraso.
Afastado o débito, resta analisar a questão da prestação de contas.
De início, afasto a preliminar arguida acerca de suposta ofensa ao contraditório ou à ampla
defesa. De acordo com o art. 179, inciso II, do RI/TCU vigente ao tempo da realização da notificação,
é válida a comunicação processual entregue pelo Tribunal no endereço do responsável. Uma vez que a
comunicação (peça 5, p. 1-4) foi realizada no endereço do próprio recorrente (peça 5, p. 31-32), não há
vício.
O ex-prefeito, por meio ofício 199 de 1º/9/2007 (peça 2, p. 38), encaminhou ao Ministério da
Saúde documentos a título de prestação de contas do convênio 5.054/2004, considerada incompleta e
devolvida pelo Ministério da Saúde por meio do ofício 915-Dicon/Secap/PA de 11/9/2007 (peça 2, p.
49) pelos seguintes motivos: “faltando extrato bancário do crédito do recurso e de aplicação, ato de
homologação e adjudicação, anexos fora do padrão exigido pelo FNS/MS” (peça 3, p. 10).
Por meio do ofício 1.199-Secap/Dicon/MS/SE/PA, datado de 27/11/2007 (peça 3, p. 39), o ex-
prefeito foi reiterado acerca da necessidade de apresentar a devida prestação de contas, na forma
anteriormente delimitada pelo ofício 915/2007-Dicon/Secap/PA.
Nas páginas seguintes do processo, vê-se que a mesma prestação de contas anteriormente
apresentada (peça 3, p. 41) foi novamente reenviada para análise pela equipe responsável do Ministério
da Saúde, conforme despachos datados de 21 e 27/11/2007 (peça 3, p. 42). Ato contínuo, por meio do
despacho 15-Dicon/Secap/FNS/MS/PA, de 28/1/2008 (peça 3, p. 44), foi proposta a instauração da
tomada de contas especial, “haja vista a não apresentação da prestação de contas” (peça 4, p. 14).
Segundo os novos documentos carreados aos autos pelo Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, o
município de Acará/PA apresentou a prestação de contas atinente ao convênio 5.054/2004 por meio do
ofício 217, que, embora datado de 24/10/2007, somente foi recebido e protocolizado pelo Ministério
da Saúde em 22/12/2010 (peça 11, p. 12), ou seja, cerca de três anos depois dos fatos acima narrados.
Diga-se de passagem, tal data coincide com o recebimento pelo cofre credor da documentação relativa
às cobranças executivas montadas a partir do Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara.
Novamente a prestação de contas foi devolvida ao responsável pelo Ministério da Saúde,
conforme ofício 65-Dicon/Secap/MS/PA, de 2/2/2011 (peça 10, p. 7), “tendo em vista os processos
encontrarem-se no Tribunal de Contas da União (TCU) em Tomada de Contas Especial, cabendo ao
Senhor apresentar defesa junto ao TCU”.
Em situações semelhantes, não teria dúvidas em manter a eiva de irregularidade das contas
porquanto a omissão no dever constitucional de prestar contas, por si só, ensejaria juízo de mácula da
gestão dos recursos públicos confiados ao interessado, conforme estampado no art. 209, § 4º, do
RI/TCU.
332
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Verifico, também, que em certas ocasiões excepcionais, como as que relatei nos Acórdãos
2.089/2009 e 2.187/2012, da 1ª Câmara, e 741/2011, do Plenário, esta Corte já deu provimento a
recursos nos quais a irregularidade foi relevada.
Ora, no que se refere ao convênio 4.081/2004, o Relator, Min. Aroldo Cedraz, anuiu ao
posicionamento do MP/TCU e considerou como não qualificada a omissão no dever de prestar contas,
sob o seguinte argumento (TC 003.400/2010-7, peça 5, p. 23):
“(...) o responsável enviou ao FNS, em duas ocasiões, documentos a título de prestação de
contas, consoante se depreende da leitura do expediente de fl. 89. Diante desse quadro, portanto,
entende não caracterizada a apontada falha, ainda que os mencionados documentos estivessem
incompletos.”
O quadro que se apresenta é exatamente o mesmo em relação a ambos os convênios. Uma vez
que os convênios devem ser analisados em conjunto, não vejo sentido em apenar o responsável
exclusivamente pela tardia prestação de contas do convênio 5.054/2004.
Nessas condições excepcionais e tendo em consideração não só a necessidade de uniformização
das deliberações do TCU, mas também a escorreita aplicação da despesa, ainda que apresentada em
sede recursal, dou provimento ao pedido formulado pelo Sr. João Ricardo Alves de Oliveira a fim de
julgar suas contas regulares.
Por último, como já dito neste voto, o Min. Aroldo Cedraz, relator do TC 024.864/2007-4,
determinou a audiência do ex-prefeito (TC 003.400/2010-7, peça 5, p. 24) em razão de irregularidades
verificadas na tomada de preços 1/2006, realizada com o objetivo de adquirir duas UMS com recursos
dos convênios 4.081/2004 e 5.054/2004 (peça 7, p. 38). Deste modo, julgo conveniente determinar o
apensamento do presente processo ao TC 024.864/2007-4.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Relator
ACÓRDÃO Nº 2225/2012 - TCU - Plenário
1. Processo nº TC 029.328/2009-0.
1.1. Apensos: 029.792/2010-0; 029.791/2010-3.
2. Grupo II - Classe I - Assunto: Recurso de revisão.
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Recorrente: João Ricardo Alves de Oliveira (048.201.422-91).
3.2. Interessado: Fundo Nacional de Saúde - FNS (00.530.493/0001-71).
4. Entidade: Prefeitura Municipal de Acará/PA.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo - PA
(SECEX-PA).
8. Advogado constituído nos autos: Luiz Otávio Valente da Silva (OAB/PA 5.185).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revisão, interposto pelo Sr. João
Ricardo Alves de Oliveira contra o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do presente Recurso de Revisão, para, no mérito, dar-lhe provimento;
9.2. tornar insubsistente o Acórdão 5.015/2010 - TCU - 2ª Câmara;
333
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.3. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17, e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992,
julgar regulares as contas do Sr. João Ricardo Alves de Oliveira, dando-lhe quitação;
9.4. dar ciência desta deliberação ao recorrente, ao Fundo Nacional de Saúde e à Procuradoria
da República no Estado do Pará;
9.5. apensar estes autos ao TC 024.864/2007-4.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2225-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I – CLASSE ___ – Plenário
TC 032.656/2010-6 [Apenso: TC 018.388/2012-4]
Natureza: Tomada de Contas Especial
Órgão: Município de Aguiar - PB
Responsáveis: Construtora Concreto Ltda. (01.993.197/0001-70); Construtora Esplanada Ltda.
(00.818.123/0001-34); Darcy Alves de Lacerda (039.985.764-87); José Valter Pereira da Silva
(105.397.708-50); Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04); Raimunda Santos Lima (049.099.934-44);
Raimundo Lima de Santana (589.729.355-49)
Interessados: Ministério da Integração Nacional (vinculador) (); Prefeitura Municipal de Aguiar
- PB (08.939.944/0001-30)
Advogado constituído nos autos: não há
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. VISTORIA DA CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL. INEXECUÇÃO PARCIAL. SIMULAÇÃO DE LICITAÇÃO.
DOCUMENTOS FISCAIS EMITIDOS POR EMPRESA CONSIDERADA INEXISTENTE.
DOCUMENTAÇÃO INIDÔNEA PARA COMPROVAR A APLICAÇÃO DOS RECURSOS.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
CITAÇÃO. REVELIA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. DECLARAÇÃO DE
INIDONEIDADE PARA PARTICIPAR DE LICITAÇÕES JUNTO À ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA FEDERAL. INABILITAÇÃO PARA EXERCÍCIO DE FUNÇÃO OU CARGO EM
COMISSÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
RELATÓRIO
Adoto, como relatório, a instrução da Unidade Técnica:
“Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pela Coordenação de Contabilidade
do Ministério da Integração Nacional-MI contra o ex-prefeito Sr. Darcy Alves de Lacerda, em
334
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
decorrência da não aprovação da prestação de contas do convênio 439/2001 (Siafi 445689), celebrado
em 22/1/2002 com o município de Aguiar – PB, no valor de R$ 84.000,00, cujo objeto era a
reconstrução de quinze habitações de famílias carentes naquela edilidade.
HISTÓRICO
2. A prestação de contas final dos recursos recebidos foi encaminhada por meio do ofício
21/2003, de 7/11/2003.
2.2. Conforme vistoria realizada no período de 12/2/2004 a 25/2/2004, a Caixa emitiu o
Relatório de Avaliação Final – RAF, em 27/2/2004, com as seguintes informações sobre a
compatibilidade do objeto executado com o objetivo do convênio, com referência a 14 casas visitadas
(peça 32 – item 5 e fotos):
5.1) localização das casas diversa da constante do plano de trabalho;
5.2) o projeto não foi obedecido;
5.3) o memorial descritivo dos serviços não foi atendido.
2.2.1. A conclusão do relatório foi pela não execução das casas na forma prevista no
projeto/plano de trabalho, não tendo sido atingidos a meta pactuada e o benefício social esperado. A
Secretaria Nacional de Defesa Civil aprovou o referido RAF em 16/7/2004, concluindo pela glosa total
dos recursos transferidos (peça 33).
2.3. No RAF, também foi observado existência de pagamentos efetuados à Construtora
Concreto Ltda. com notas fiscais de serviços emitidas pela Construtora Esplanada Ltda. O processo
licitatório foi homologado em nome desta empresa.
2.4. Em 31/8/2005, por meio de AR, o ex-prefeito Darcy Alves de Lacerda foi notificado pelo
concedente para apresentar justificativas ou recolher o valor total glosado de R$ 80.000,00 mais
acréscimos legais, a partir de 15/3/2002 (Ofício 1863/CGCONV/DGI/SE/MI – peça 34).
2.5. Não havendo atendimento, em 9/1/2008, foi solicitada a tomada de contas especial no
parecer financeiro 12/2008, da Coordenação Geral de Convênios do Ministério da Integração Nacional
(peça 43).
2.6. O Relatório de TCE foi emitido pelo MI em 11/2/2008, nos termos da IN-TCU 56/2007,
do art. 84 do DL 200/67 e do art. 148 do Dec. 93.872/86 (peça 46).
2.7. O Certificado de Auditoria 213691/2010 com o parecer do dirigente do controle interno
confirmam a irregularidade das contas do convênio 439/2001 (Siafi 445689) na forma da TCE
instaurada (peça 51), seguido do pronunciamento ministerial atestando o conhecimento da
irregularidade das contas com envio a este tribunal para fins de julgamento (peça 52).
EXAME TÉCNICO
3. Em cumprimento ao Despacho do Ministro Relator (peça 61), foi promovida a citação dos
responsáveis, solidariamente, mediante os Ofícios 172-178 (peças 68-74), datados de 6/3/2012, e por
meio do Edital 473, publicado no DOU 27/4/2012, nos termos abaixo:
3.1 EX-PREFEITO: com fulcro no art. 12, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, fica Vossa Senhoria
citado solidariamente com as empresas Construtora Esplanada Ltda. e Construtora Concreto Ltda. e
o(a)s Sr(a)s. Raimunda Santos Lima, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de Santana e
Marcos Tadeu Silva, para, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da presente
comunicação, apresentar alegações de defesa e/ou recolher aos cofres do Tesouro Nacional, GRU,
Código de Recolhimento n.º 13902-5, as quantias abaixo indicadas, atualizadas monetariamente,
calculadas a partir das respectivas datas até o efetivo recolhimento, abatendo-se na oportunidade a
quantia eventualmente ressarcida, na forma da legislação vigente, em decorrência do seguinte ato:
Ato impugnado: não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos do convênio
439/2001 (Siafi 445689), celebrado entre o Ministério da Integração Nacional e a Prefeitura Municipal
de Aguiar/PB, com desvio da verba federal, pois, além da inexecução parcial, os fatos adiante
informam que as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. não executaram
a obra e que ditos recursos não foram destinados ao custeio dela:
335
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
a) as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. constam do rol de
empresas ‘fantasmas’ objeto de investigação da Operação I-Licitação da Polícia Federal, cujo
Inquérito Policial 032/2004 (Processo 2004.82.01.002068-0) foi instaurado em 8/3/2004 e concluído
em 2009” (item 5 da instrução – peça 58), no qual se concluiu que elas eram usadas para se cometer
fraude a licitações públicas no Estado da Paraíba, e que os sócios de direito são meros “laranjas”,
sendo sócio de fato o Sr. Marcos Tadeu Silva; e
b) após a prestação de contas (7/11/2003), a Caixa Econômica Federal fiscalizou as obras (em
12/2/2004 e 26/2/2004) e constatou (Relatório de Avaliação Final-RAF - peça 32) as seguintes
irregularidades:
b.1) as casas construídas não acompanharam o projeto, as especificações técnicas e a planilha
orçamentária;
b.2) as casas apresentam vícios construtivos generalizados (fissuras nas paredes, pisos e
calçadas);
b.3) das quinze unidades habitacionais reconstruídas, somente nove conferem com a relação de
beneficiários acordados no Plano de Trabalho;
b.4) foi empregado material construtivo de péssima qualidade;
b.5) por falta de orientação técnica, a largura de abertura dos vãos das portas não foi adequada;
e
b.6) percentual executado e meta atingida 0%;
Dispositivos violados: arts. 20 e 22 da IN/STN 1/1997; art. 93 do Decreto-Lei 200, de
25/2/1967; arts. 186 e 876 da Lei 10.406, de 10/1/2002; arts. 70, parágrafo único, e 37, caput e inciso
XXI, da Constituição Federal de 1988.
Quantificação do débito:
Valor Histórico (R$) Data de ocorrência
55.938,80 6/8/2002
24.000,00 26/9/2002
Valor total atualizado até 6/3/2012: R$ 144.608,57.
3.1.1 Foi informado no ofício que o débito é atualizado monetariamente, sem juros de mora, os
quais serão acrescidos apenas se houver condenação por este Tribunal.
3.2 CONSTRUTORAS E SEUS SÓCIOS: com fulcro no art. 12, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, fica
essa empresa [Construtora Esplanada Ltda.] citada solidariamente com a empresa Construtora
Concreto Ltda. e o(a)s Sr(a)s. Darcy Alves de Lacerda, Raimunda Santos Lima, José Valter Pereira da
Silva, Raimundo Lima de Santana e Marcos Tadeu Silva, para, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar
do recebimento da presente comunicação, apresentar alegações de defesa e/ou recolher aos cofres do
Tesouro Nacional, GRU, Código de Recolhimento n.º 13902-5, as quantias abaixo indicadas,
atualizadas monetariamente, calculadas a partir das respectivas datas até o efetivo recolhimento,
abatendo-se na oportunidade a quantia eventualmente ressarcida, na forma da legislação vigente, em
decorrência do seguinte ato:
Ato impugnado: inexecução parcial das obras e utilização de firma fantasma para fraudar à Lei
8.666/93 e desviar recursos do convênio 439/2001 (Siafi 445689), celebrado entre o Ministério da
Integração Nacional e a Prefeitura Municipal de Aguiar/PB, para reconstrução de casas populares
naquele município, haja vista os fatos adiante:
a) as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. constam do rol de
empresas ‘fantasmas’ objeto de investigação da Operação I-Licitação da Polícia Federal, cujo
Inquérito Policial 032/2004 (Processo 2004.82.01.002068-0) foi instaurado em 8/3/2004 e concluído
em 2009” (item 5 da instrução – peça 58), no qual se concluiu que elas eram usadas para se cometer
fraude a licitações públicas no Estado da Paraíba, e que os sócios de direito são meros “laranjas”,
sendo sócio de fato o Sr. Marcos Tadeu Silva; e
336
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
b) após a prestação de contas (7/11/2003), a Caixa Econômica Federal fiscalizou as obras (em
12/2/2004 e 26/2/2004) e constatou (Relatório de Avaliação Final-RAF - peça 32) as seguintes
irregularidades:
b.1) as casas construídas não acompanharam o projeto, as especificações técnicas e a planilha
orçamentária;
b.2) as casas apresentam vícios construtivos generalizados (fissuras nas paredes, pisos e
calçadas);
b.3) das quinze unidades habitacionais reconstruídas, somente nove conferem com a relação de
beneficiários acordados no Plano de Trabalho;
b.4) foi empregado material construtivo de péssima qualidade;
b.5) por falta de orientação técnica, a largura de abertura dos vãos das portas não foi adequada;
e
b.6) percentual executado e meta atingida 0%;
Dispositivos violados: art. 22 da IN/STN 1/1997; art. 93 do Decreto-Lei 200, de 25/2/1967;
arts. 186 e 876 da Lei 10.406, de 10/1/2002; arts. 70, parágrafo único, e 37, caput e inciso XXI, da
Constituição Federal de 1988.
Quantificação do débito:
Valor Histórico (R$) Data de ocorrência
55.938,80 6/8/2002
24.000,00 26/9/2002
Valor total atualizado até 6/3/2012: R$ 144.608,57.
Da mesma forma, deverá [Vossa Senhoria] essa empresa, no mesmo prazo, se assim quiser, se
manifestar sobre o seguinte indício de irregularidade, alertando-a de que o Tribunal de Contas da
União poderá desconsiderar a personalidade jurídica das sociedades empresárias a fim de
responsabilizar os mencionados sócios, caso não seja elidida a aludida ocorrência:
“as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. constam do rol de
empresas ‘fantasmas’ objeto de investigação da Operação I-Licitação da Polícia Federal, cujo
Inquérito Policial 032/2004 (Processo 2004.82.01.002068-0) foi instaurado em 8/3/2004 e concluído
em 2009” (item 5 da instrução – peça 58).
3.2.1. Foi informado no ofício que o débito é atualizado monetariamente, sem juros de mora, os
quais serão acrescidos apenas se houver condenação por este Tribunal.
3.2.2. A citação do Sr. Raimundo Lima de Santana (CPF 589.729.355-49), da Sra. Raimunda
Santos Lima (CPF 049.099.934-44) e da empresa Construtora Esplanada Ltda. (CNPJ
00.818.123/0001-34), solidariamente entre si e com os Srs. Darcy Alves de Lacerda, José Valter
Pereira da Silva, Marcos Tadeu da Silva e a empresa Construtora Concreto Ltda., foi promovida
também por meio do Edital 473, publicado no DOU de 27/4/2012 (peça 87).
3.2.3. A citação da Construtora Esplanada Ltda., da Sra. Raimunda Santos Lima e do Sr.
Raimundo Lima de Santana, por meio de ofício não logrou êxito. Conforme despacho da peça 84,
houve frustração na localização dos endereços pelos correios, registrada nos AR constantes das peças
76 (endereço desconhecido, of. 173), 78 (mudou-se, of. 175) e 83 (não procurado, of. 177),
respectivamente.
4. Apesar da citação por via editalícia da Construtora Esplanada Ltda., da Sra. Raimunda
Santos Lima e do Sr. Raimundo Lima de Santana, e de os demais responsáveis terem tomado ciência
dos expedientes que lhes foram encaminhados, conforme atestam os avisos de recebimento (AR) que
compõem as peças 75, 77, 79, 80 e 87, eles não atenderam a citação e não se manifestaram quanto às
irregularidades verificadas.
337
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
4.1. Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inertes os aludidos responsáveis,
impõe-se que sejam considerados revéis, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art.
12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
4.2. Mesmo tendo sido alertados de que o Tribunal de Contas da União poderá desconsiderar a
personalidade jurídica das sociedades das empresas a fim de responsabilizar os mencionados sócios,
caso não fosse elidida a ocorrência da irregularidade, eles permaneceram inertes, caracterizando a
revelia de seus interesses, arcando os referidos sócios com as consequências de seu silêncio. Essa
conduta dos responsáveis chamados aos autos, além da imputação do débito, enseja a aplicação de
sanções previstas na lei orgânica deste tribunal.
4.3. No que diz respeito à desconsideração da personalidade jurídica com o fim de também
alcançar os sócios das empresas, em casos como o presente, no qual foram registrados fortes indícios
de constituição fraudulenta da(s) contratada(s), o Código Civil Brasileiro ampara integralmente tal
procedimento, assim como a jurisprudência desta Corte de Contas (v.g. Acórdãos 275/2000, Rel. Min.
Adhemar Ghisi, e 1.209/2009, Rel. Min. José Jorge, ambos do Plenário). Dessa forma, cabe propor a
condenação solidária dos sócios das empresas, ante a possibilidade de se tornar infrutífera a
condenação apenas da pessoal jurídica das mesmas.
4.4. Portanto, compete a este tribunal desconsiderar a personalidade jurídica das empresas
citadas, para julgar irregulares as contas de seus sócios de fato e de direito, bem como imputar a eles
débito e multa, nos termos da Lei 8.443/92.
4.5. A conclusão por que sejam julgadas irregulares as contas dos sócios das mencionadas
pessoas jurídicas encontra arrimo na norma do art. 71, inciso II, da Constituição Federal, segundo o
qual o Tribunal julgará as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de
que resulte prejuízo ao erário. Deixar de julgar irregulares contas de terceiros que comentem crimes
iguais aos tratados nestes autos e possibilitar, por exemplo, que eles se candidatem a cargo eletivo é
contrariar o dispositivo constitucional citado e o desejo da nação brasileira, expressado na lei (Lei
Complementar 135/2010) da ficha limpa, de somente eleger, como agentes políticos, pessoas probas
(limpas).
4.6. Da mesma forma, entendemos apropriado aplicar às construtoras a sanção prevista no art.
46 da Lei 8.443/92, bem com que o Tribunal considere graves as irregularidades tratadas neste
processo e aplique aos referidos sócios e ao gestor público a pena prevista no art. 60 da mesma Lei.
CONCLUSÃO
5. Diante da revelia dos citados e inexistindo nos autos elementos que permitam concluir pela
ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em suas condutas, propõe-se que eles
sejam considerados revéis, para todos os efeitos, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/92.
5.1. Em razão disso, compete ao TCU, também, desconsiderar a personalidade jurídica das
empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda., para responsabilizar,
solidariamente com elas e o ex-gestor, os respectivos sócios de direito José Valter Pereira da Silva
(105.397.708-50), Raimundo Lima de Santana (589.729.355-49) e Raimunda Santos Lima
(049.099.934-44), e o sócio de fato Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04), sem o prejuízo de aplicar às
empresa a sanção prevista no art. 46 da Lei 8.443/1992.
5.2. Igualmente, uma vez que as irregularidades consignadas nos autos deixam evidente a má fé
da Sra. Raimunda Santos Lima e dos Srs. Darcy Alves de Lacerda, José Valter Raimundo Lima de
Santana, Raimundo Lima de Santana e Marcos Tadeu Silva (§ 2º do art. 202 do RI/TCU e a Decisão
Normativa 35/2002), pode ser dada sequência ao processo, com julgamento pela irregularidade das
contas (§ 6º do mesmo artigo regimental) deles, com a, consequente, imputação de débito e multa, nos
termos dos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b” e “d”, 19 e 57 da Lei 8.443/1992.
5.3. Somos ainda porque o Tribunal considere graves as irregularidades tratadas nestes autos e,
nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992, inabilite os referidos senhores, pelo período máximo
admitido, para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração
Pública.
338
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
5.4. A solidariedade entre as duas empresas citadas deve-se ao recebimento das parcelas pela
Construtora Concreto Ltda. com notas fiscais de serviços emitidas pela Construtora Esplanada Ltda.
BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE CONTROLE EXTERNO
6. Entre os benefícios potenciais propostos nesta tomada de contas especial encontra-se o
débito a ser imputado aos responsáveis e as sanções sugeridas (multa, declaração de inidoneidade de
empresas e inabilitação temporária para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no
âmbito da Administração Pública).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
7. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
7.1 considerar revel, para todos os efeitos, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/92, as
empresas Construtora Concreto Ltda. (01.993.197/0001-70) e Construtora Esplanada Ltda.
(00.818.123/0001-34), Darcy Alves de Lacerda (039.985.764-87), ex-prefeito municipal de Aguiar/PB,
José Valter Pereira da Silva (105.397.708-50), sócio de direito da primeira empresa, Raimundo Lima
de Santana (589.729.355-49), sócio de direito da segunda empresa, Raimunda Santos Lima
(049.099.934-44), sócia de direito da segunda empresa, e Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04), sócio
de fato das duas empresas;
7.2. desconsiderar a personalidade jurídica das empresas Construtora Concreto Ltda. e
Construtora Esplanada Ltda., para que o respectivo sócio de fato e de direito respondam,
solidariamente com elas e o ex-prefeito, pelo dano atribuído a ambos neste processo;
7.3. declarar inidônea as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda.
para participar de licitação na Administração Pública Federal, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992;
7.4. julgar irregulares, com base nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “b” e “d”, 19, caput,
da Lei 8.443/92, as contas da Sra. Raimunda Santos Lima e dos Srs. José Valter Pereira da Silva,
Raimundo Lima de Santana, Darcy Alves de Lacerda e Marcos Tadeu Silva, condenando-os,
solidariamente com as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda., ao
pagamento das quantias originais de R$ 55.938,80 e R$ 24.000,00, fixando-lhes o prazo de quinze
dias, a contar do recebimento das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso
III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir de 6/8/2002 e
26/9/2002, respectivamente, até o recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor;
7.5. aplicar a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, individualmente, às empresas
Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda., a Sra. Raimunda Santos Lima e aos Srs.
José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de Santana, Darcy Alves de Lacerda e Marcos Tadeu
Silva, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o
Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida ao
Tesouro Nacional, sob pena de cobrança judicial do valor atualizado monetariamente, na forma da
legislação em vigor, desde a data do acórdão até o dia do efetivo pagamento;
7.6. autorizar, desde logo, o pagamento das dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e
consecutivas, nos termos do art. 217 do Regimento Interno, caso solicitado pelos responsáveis,
fixando-se o vencimento da primeira parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e
o das demais a cada trinta dias, devendo incidir sobre cada parcela, os encargos legais devidos, na
forma prevista na legislação em vigor;
7.7. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela
importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do Regimento
Interno deste Tribunal;
7.8. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da
Lei 8.443/1992, caso não atendidas as notificações;
7.9. considerar graves as infrações cometidas pela Sra. Raimunda Santos Lima e pelos Srs.
Darcy Alves de Lacerda, José Valter Raimundo Lima de Santana, Raimundo Lima de Santana e
339
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Marcos Tadeu Silva e os inabilitar para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no
âmbito da Administração Pública, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992;
7.9. remeter cópia do Acórdão que vier a ser proferido, acompanhado do Relatório e Voto que
o fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado da Paraíba, nos
termos do art. 209, § 7º, do Regimento Interno/TCU, para ajuizamento das ações cabíveis.”
O Ministério Público manifestou-se de acordo.
É o relatório.
VOTO
Trata-se de tomada de contas especial instaurada pelo Ministério da Integração Nacional contra
o ex-prefeito do município de Aguiar – PB, sr. Darcy Alves de Lacerda, em decorrência da não
aprovação da prestação de contas do convênio 439/2001 (Siafi 445689), celebrado em 22/1/2002, cujo
objeto era a reconstrução de quinze habitações de famílias carentes.
Foram arrolados como responsáveis o gestor dos recursos, o ex-prefeito, as empresas
contratadas e, ante as precisas informações, constantes dos autos, de que as empresas teriam sido
constituídas com o explícito objetivo de fraudar licitações, foram também arrolados como responsáveis
pelos débitos os respectivos sócios, mediante desconsideração da personalidade jurídica, na forma
estabelecida no Acórdão 1891/2010 – Plenário.
Os responsáveis foram regularmente citados, não recolheram os débitos, nem apresentaram
defesa. Por não atenderem à citação, incidem na hipótese prevista no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/92,
devendo ser considerados revéis, para todos os efeitos, tendo regular prosseguimento o processo.
Ao examinar os elementos constantes dos autos, a Unidade Técnica verificou que as empresas
contratadas para execução do objeto do convênio foram consideradas fisicamente inexistentes
(empresa de fachada), o que torna todos os documentos probantes inidôneos.
Com essa informação, torna-se impossível estabelecer nexo de causalidade entre os recursos do
convênio e os documentos fiscais inseridos na prestação de contas, para comprovar a execução e o
pagamento dos serviços contratados, havendo, nesse proceder, sérios indícios de desvio dos recursos.
O dever de prestar contas, de matriz constitucional, é inerente à gestão de recursos públicos,
constituindo um dos pilares do sistema republicano. A sua ausência ou a apresentação sem os
elementos essenciais à demonstração da movimentação financeira, significa não somente o
descumprimento da Constituição e da legislação em vigor, mas a violação da transparência, na prática
dos atos de gestão, a falta de comprovação da lisura no trato com a coisa pública e a possibilidade
sempre presente de que a totalidade dos recursos públicos federais transferida ao Município tenha sido
integralmente desviada, em benefício de administrador ímprobo ou de pessoas por ele determinadas.
Incumbe ao gestor o dever constitucional de prestar contas, comprovando a regularidade da
realização da despesa pública. Não fazê-lo caracteriza expressa violação da Lei 4.320/64, do Decreto-
lei 200/67 e do Decreto 93.872/1996.
Além do dever legal e constitucional de prestar contas do bom e regular emprego dos recursos
públicos recebidos, devem os gestores fazê-lo demonstrando o estabelecimento do nexo entre o
desembolso dos referidos recursos e os comprovantes de despesas realizadas com vistas à consecução
do objeto acordado. Assim, é imperioso que, com os documentos apresentados para comprovar o bom
emprego dos valores públicos, seja possível verificar que eles foram efetivamente utilizados no objeto
pactuado, de acordo com os normativos legais e regulamentares vigentes.
Na tomada de contas especial, o gestor deve apresentar provas robustas da execução da avença
com os recursos a ela destinados. No caso em exame, ficou evidente a inexecução do objeto do
convênio e a participação determinante das empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora
Esplanada Ltda. ao fornecerem documentos fiscais que supostamente comprovariam a execução da
avença, o que justifica a declaração de inidoneidade para participarem de licitação na Administração
Pública Federal, proposta pelo Ministério Público.
340
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
A responsabilidade das empresas e dos seus sócios e administrador foi fixada com fundamento
no § 2º do art. 16 da Lei 8.443/1992 e no Acórdão 1.891/2010 - Plenário, em cujo voto se defendeu
que "os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica não se impõem apenas aos sócios de
direito da empresa; alcançam, também, eventuais "sócios ocultos" (STJ, AgRg no REsp 152.033/RS)".
Por tais razões, julgo as contas irregulares e condeno os responsáveis ao recolhimento do
débito.
Pertinente, também, ante a gravidade das infrações cometidas, a aplicação de multa, a
inabilitação para exercício de função ou cargo em comissão na administração pública e a declaração de
inidoneidade das empresas para participarem de licitações que envolvam recursos da Administração
Pública Federal, mesmo os descentralizados mediante convênios, acordos, ajustes ou outros
instrumentos congêneres federais, tudo com fundamento nos arts. 19, caput, in fine, 46, 57 e 60 da Lei
8.443/92.
Assim, acolho os pareceres e voto no sentido de que seja aprovado o acórdão que submeto ao
Plenário. TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de
2012.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Relator
ACÓRDÃO Nº 2226/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 032.656/2010-6.
1.1. Apenso: 018.388/2012-4
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério da Integração Nacional.
3.2. Responsáveis: Darcy Alves de Lacerda (039.985.764-87), ex-prefeito; Construtora
Concreto Ltda. (01.993.197/0001-70); Construtora Esplanada Ltda. (00.818.123/0001-34); José Valter
Pereira da Silva (105.397.708-50); Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04); Raimunda Santos Lima
(049.099.934-44); Raimundo Lima de Santana (589.729.355-49).
4. Órgão: Município de Aguiar - PB.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - PB (Secex-PB).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada pelo
Ministério da Integração Nacional, em razão da não aprovação da prestação de contas do convênio
439/2001 (Siafi 445689), cujo objeto era a reconstrução de quinze habitações de famílias carentes,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 12, § 3º, 16, inciso III, alíneas “b” e “d”, 19, caput, e 23, inciso
III, alínea “a”, da Lei nº 8.443/1992 e ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar revéis Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de
Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva e as empresas Construtora Concreto Ltda. e
Construtora Esplanada Ltda., nos termos do art. 12, § 3º, da Lei n.º 8.443/1992;
9.2. julgar irregulares as contas e condenar em débito, solidariamente, Darcy Alves de Lacerda,
José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu
Silva e as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda. ao pagamento das
quantias de R$ 55.938,80 (cinqüenta e cinco mil, novecentos e trinta e oito reais e oitenta centavos) e
341
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais), atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora a
partir de 6/8/2002 e 26/9/2002, respectivamente, até a data da efetiva quitação, fixando-lhes o prazo de
quinze dias, a contar da ciência, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas ao
Tesouro Nacional, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU;
9.3. aplicar a Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de
Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva e às empresas Construtora Concreto Ltda. e
Construtora Esplanada Ltda. a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 267 do
Regimento Interno/TCU, no valor individual de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), fixando-lhes o
prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso
III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das multas ao Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente da data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se pagas após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar o pagamento das dívidas em até trinta e seis parcelas mensais e consecutivas, nos
termos do art. 217 do Regimento Interno, caso requerido, fixando-se o vencimento da primeira parcela
em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada trinta dias, devendo
incidir, sobre cada parcela, os encargos legais devidos, na forma prevista na legislação em vigor;
9.4.1. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer
parcela importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do
Regimento Interno deste Tribunal;
9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da
Lei nº 8.443/92, caso não atendidas as notificações;
9.6. declarar inidôneas as empresas Construtora Concreto Ltda. e Construtora Esplanada Ltda.
para participarem de licitações que envolvam recursos da Administração Pública Federal, mesmo os
descentralizados mediante convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres federais,
pelo prazo de cinco anos, com base no art. 46 da Lei n.º 8.443/92;
9.7. inabilitar Darcy Alves de Lacerda, José Valter Pereira da Silva, Raimundo Lima de
Santana, Raimunda Santos Lima e Marcos Tadeu Silva para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública, pelo prazo de cinco anos, nos termos do art.
60 da Lei 8.443/1992;
9.8. com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, c/c o § 6º do art. 209 do Regimento
Interno/TCU, remeter cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam à
Procuradoria da República no Estado da Paraíba.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2226-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
342
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I – CLASSE V – Plenário
TC 006.936/2012-1
Natureza: Relatório de Auditoria
Órgão: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT
Interessado: Congresso Nacional
Advogado constituído nos autos: não há
SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. PROCESSO DE LICITAÇÃO DE OBRAS DE
REVITALIZAÇÃO (CREMA – 2ª ETAPA) BRA 163/MS – LOTE 3 – KM 732,1 AO KM 847,2.
EDITAL 508/2011-19. EDITAL SUSPENSO POR INICIATIVA DO DNIT, PARA IMPLEMENTAR
MEDIDAS CORRETIVAS, INCLUSIVE AQUELAS EMANADAS DO ACÓRDÃO 3.260/2011-
TCU-PLENÁRIO. ACHADOS DE AUDITORIA REFEREMTES A SOBREPREÇO DECORRENTE
DE QUANTITATIVOS INADEQUADOS E PROJETO EXECUTIVO
DEFICIENTE/DESATUALIZADO. SUPERVENIÊNCIA DE PORTARIAS DO DNIT
REDUZINDO VALOR DO BDI INCIDENTES SOBRE SERVIÇOS DE ENGENHARIA E
AMPLIANDO A UTILIZAÇÃO DE BDI DIFERENCIADO PARA ITENS DE TRANSPORTES DE
MATERIAIS BETUMINOSOS. CIÊNCIA À AUTARQUIA. DETERMINAÇÕES.
ENCAMINHAMENTO DE CÓPIAS À COMISSÃO MISTA DE PLANOS, ORÇAMENTOS
PÚBLICOS E FISCALIZAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL.
RELATÓRIO
Reproduzo, no essencial e com os ajustes de forma reputados necessários, o Relatório de
Auditoria elaborado pela 2ª Secretaria de Fiscalização de Obras (Secob-2), em segmento da BR –
163/MS, realizada por força do Acórdão 2.382/2011 – Plenário, conforme se segue:
“RESUMO
Trata-se de auditoria realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(Dnit) - MT, no período compreendido entre 12/3/2012 e 1º/6/2012.
Conforme autorização do Acórdão 2.382/2011- Plenário, a presente auditoria teve por
objetivo fiscalizar o processo de licitação das obras de revitalização - Crema 2ª Etapa na BR 163/MS
- lote 3 - km 732,1 ao km 847,2 (Edital 508/2011-19) . A partir do objetivo do trabalho e considerando
que tal instrumento encontra-se em fase inicial de licitação, formularam-se as seguintes questões na
matriz de planejamento:
1 - A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada?
2 - Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?
3 - O orçamento da obra encontra-se devidamente detalhado (planilha de quantitativos e
preços unitários) e acompanhado das composições de todos os custos unitários de seus serviços?
4 - Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de
mercado?
5 - Os quantitativos definidos no orçamento da obra são condizentes com os quantitativos
apresentados no projeto básico / executivo?
Para a realização deste trabalho, foram utilizadas as diretrizes do roteiro de auditoria de
conformidade.
Para responder e verificar as questões levantadas na matriz de planejamento, foram utilizadas
as seguintes técnicas de auditoria:
a) análise documental: análise dos processos de licitação e aprovação dos projetos;
343
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
b) inspeção física: para verificação amostral in loco da compatibilidade do projeto de
revitalização com a situação atual da rodovia;
c) entrevista: de representantes do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto de
Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul); e
d) pesquisa em sistemas informatizados: sítio do Dnit, sítio do Ministério do Planejamento,
sítio do Senado, SIGMINE (sistema do DNPM).
As principais constatações deste trabalho foram:
a) Sobrepreço decorrente de quantitativos inadequados;
b) Projeto executivo deficiente/desatualizado.
Registre-se que a Concorrência 508/2011-19 foi suspensa, por decisão do Dnit, visando à
possiblidade de atendimento, por parte da Superintendência Regional do Dnit no estado de Mato
Grosso do Sul, ao item 9.1.2 do Acórdão 3.260/2011-TCU-Plenário, conforme publicado no Diário
Oficial da União, de 3 de abril de 2012.
Assim, considerando que a licitação se encontra em fase inicial, ainda sem entrega das
propostas pelas licitantes, esta auditoria focou seus trabalhos no edital e nos projetos que serviram de
base para a publicação do referido certame.
O projeto utilizado como base para o Edital 508/2011-19 representa potencial prejuízo ao
erário de R$ 8.270.853,81 (jul/2011), que corresponde a 11,52% do valor da amostra selecionada
pela Curva ABC (81,28%) e a 9,36% do valor total da obra. O valor do prejuízo potencial está assim
distribuído: R$ 2.297.836,54 referente a indícios de sobrepreço no orçamento e R$ 5.973.017,27
referente a projeto executivo deficiente/desatualizado.
Além disso, pode-se citar os benefícios não quantificáveis decorrentes dessa fiscalização, tais
como o aprimoramento da gestão de projetos, a melhoria nos controles internos e o aumento na
expectativa do controle.
Por fim, é importante registrar que o Dnit publicou recentemente duas portarias que
reduziram o valor do BDI nos orçamentos referenciais de suas licitações.
A situação vigente na publicação do Edital 508/2011-19, anteriormente à emissão das duas
portarias, era a seguinte: o BDI incidente sobre os serviços de engenharia era de 27,84%, inclusive
nos itens de transportes de materiais betuminosos. Somente nos serviços de aquisição de materiais
betuminosos incidia o BDI diferenciado de 15%.
A Portaria-Direx/Dnit 42, de 17 de janeiro de 2012, reduziu o valor do BDI, até então vigente,
de 27,84% para 26,7%, que deveria ser adotado nos orçamentos das obras de engenharia do Dnit, a
partir de 1º/2/2012.
A Portaria-Direx/Dnit 319, de 3 de abril de 2012, ampliou a utilização de BDI diferenciado de
15% para os itens de Transportes de Materiais Betuminosos, quando até então se adotava o mesmo
BDI utilizado para o restante dos serviços (27,84%), a partir de 1º/5/2012.
Além disso, a Portaria-Direx/Dnit 319 determinou que as licitações cujos projetos ainda não
tivessem atendido as alterações definidas pela Portaria-Direx/Dnit 42/2012, poderiam ser realizadas
com o BDI anterior de 27,84%, até 30 de abril de 2012. A partir de 1º/5/2012, o BDI a ser adotado
deve ser de 26,7%.
Em face da existência dessas duas portarias, a equipe de auditoria provocou o Dnit a se
manifestar formalmente sobre o assunto. Em resposta, a Autarquia, mediante Ofício SR-MS/SNIT
742/2012, informou que o Edital 508/2011-19 foi suspenso visando algumas correções, sendo que
entre elas estaria o atendimento às duas portarias.
Assim, as alterações que o Dnit se prontificou a realizar na republicação do Edital 508/2011-
19, relativas à BDI, são as seguintes:
1. BDI de 27,84% para 26,7% para os serviços de engenharia, em atendimento à Portaria-
Direx/Dnit 42/2012; e
344
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
2. BDI de 27,84% para BDI diferenciado de 15% para os itens de transporte de materiais
betuminosos, em atendimento à Portaria-Direx/Dnit 319
O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 88.341.504,57 (jul/2011). Este
montante corresponde ao valor estimado pelo Dnit no Edital de Licitação 508/2011-19. O valor dos
recursos fiscalizados registrado está de acordo como a Portaria - TCU 222/2003 (Critérios para
mensuração do Volume de Recursos Fiscalizados).
As propostas de encaminhamento para as principais constatações contemplam determinações e
ciência ao órgão.
1 - APRESENTAÇÃO Trata-se de auditoria realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(Dnit), no período compreendido entre 12/3/2012 e 1º/6/2012, conforme designações das Portarias de
Fiscalização 461, de 12/3/2012, 1181 (4/5/2012) e 1186 (7/5/2012).
A presente fiscalização tem por objetivo verificar o Edital de Concorrência 508/2011-19, que
trata da contratação das obras de Revitalização (Recuperação, Restauração e Manutenção) - Crema
2ª Etapa da Rodovia BR-163/MS - lote 3.
Segundo o Dnit, o Crema (Contrato de Restauração e Manutenção) tem por objetivo repassar
a terceiro, sob um único contrato, todas as atividades inerentes à conservação de um trecho
rodoviário, ao longo de determinado período de anos, seguindo o modelo de concessão rodoviária. De
acordo com a Instrução de Serviço - IS DG/DNIT 05, de 9/12/2005, o Crema é dividido em duas fases:
Crema 1ª Etapa, com duração de dois anos, e Crema 2ª Etapa, com duração de cinco anos.
Ainda de acordo com o normativo, o Crema 1ª Etapa é composto por intervenções de caráter
funcional (não atingem a estrutura do pavimento), como os serviços de conservação da faixa de
domínio e manutenção das pistas e do acostamento. Durante essa primeira fase, o Dnit deve realizar
levantamentos e estudos necessários para a elaboração do Crema 2ª Etapa. Nesse segundo período,
ocorrerão obras de recuperação funcional e estrutural de todo o trecho. De acordo com a IS 03, de
15/5/2008, nos três primeiros anos do Crema 2ª Etapa ocorrerá a restauração do trecho, restando
para os dois anos subsequentes apenas a conservação.
Consoante consta no Manual de Conservação Rodoviária (Dnit 2005), conservar
‘compreende o conjunto de operações rotineiras, periódicas e de emergência com o objetivo de
preservar as características técnicas e físico-operacionais (...), dentro de padrões de serviço
estabelecidos’. Em outras palavras, pode-se afirmar que conservação é a atividade pela qual são
mantidos os níveis de serviço e conforto projetados, permitindo à rodovia atingir sua vida útil no
prazo estabelecido ou aumentar esse tempo, por meio de intervenções mais profundas.
No referido manual, observa-se que a conservação rodoviária é formada por um conjunto de
operações. Três delas já foram citadas na própria definição, são elas: conservação de rotina,
periódica e de emergência. A esse grupo somam-se outros dois procedimentos que são: a restauração
e os melhoramentos.
Conforme o manual, apesar de conceitualmente distintas, as operações rotineiras, periódicas
e de emergência apresentam, muitas vezes, os mesmos serviços, diferenciando-se quanto ao motivo ou
ao momento em que são aplicadas. A conservação rotineira é formada por serviços comuns, cujo
objetivo é manter a funcionalidade dos dispositivos rodoviários (limpeza de bueiros e roçada da faixa
de domínio). A conservação periódica é composta por atividades que devem ser executadas
periodicamente, de modo a reparar ou corrigir defeitos (tapa-buraco e o fechamento de trincas). As
intervenções de emergência são aquelas originadas por eventos extraordinários que demandam ação
imediata (deslizamento de uma encosta).
Ainda segundo o manual, a restauração difere dos conceitos anteriores. Enquanto conservar
é, em essência, manter uma estrada em funcionamento, restaurar parte do pressuposto de que não é
mais economicamente viável conservar, sendo necessárias intervenções mais profundas. A rodovia
encontra-se em tal estado que não há opção senão recuperá-la estruturalmente pela restauração ou
pela reconstrução do pavimento. Melhoramentos consistem em adições ao projeto original da rodovia,
345
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
modificando as características existentes por meio de novas estruturas ou soluções, como as terceiras-
faixas.
O Edital 508/2011-19 prevê a utilização de cerca de R$ 85 milhões em serviços de
restauração nos três primeiros anos e mais de R$ 3 milhões para a manutenção e conservação da
rodovia, ao longo dos cinco anos de contrato.
Importância socioeconômica A BR-163/MS é a rodovia que integra o Centro Norte do Brasil ao Centro Oeste e Sul do
Brasil. No estado do Mato Grosso do Sul, é a única rodovia que liga o norte do estado à capital. É
também o principal corredor de exportação dos estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul para atingir os portos dos estados de São Paulo, Paraná e de Santa Catarina.
A ampliação das áreas cultivadas em todas as regiões servidas pela rodovia contribui para o
aumento expressivo do tráfego, principalmente na ocasião da safra de grãos. O tráfego na BR-163/MS
é caracterizado por intenso trânsito de veículos pesados, muitos deles do tipo bitrem.
2 - INTRODUÇÃO
2.1 - Deliberação que originou o trabalho
Em cumprimento ao Acórdão 2.382/2011 - Plenário, realizou-se auditoria no Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT, no período compreendido entre 12/3/2012 e
1º/6/2012.
Essa deliberação, dentre outras providências, autorizou o acompanhamento de editais de
licitação cujas obras ainda não tivessem sido iniciadas.
Assim, a Secretaria de Obras - Secob-2 selecionou uma série de editais, dentre os quais se
encontra o Edital 508/2011-19 para contratação de obras de revitalização da BR-163/MS (Crema 2ª
Etapa)-lote 3. A escolha deste instrumento foi motivada pela materialidade do certame, já que as
intervenções previstas em projeto giram em torno dos R$ 88 milhões.
A obra objeto do referido edital está vinculada aos seguintes Programas de Trabalho:
2011 - PT 26.782.1461.20DW.0054
2012 - PT 26.782.2075.20DW.0054
Registre-se que os recursos previstos nos referidos programas de trabalho abrangem todas as
obras de manutenção rodoviária do estado do Mato Grosso do Sul.
2.2 - Visão geral do objeto
O objeto da fiscalização é o Edital de Concorrência 508/2011-19, publicado em 2/1º/2012,
que trata da contratação das obras de revitalização (recuperação, restauração e conservação) -
Crema 2ª Etapa na Rodovia BR-163/MS, no segmento que vai do km 732,1 ao km 847,2, com extensão
de 115,1 km.
O valor total previsto para a obra é R$ 88.341.504,57 (jul/2011).
O trecho de rodovia em questão está inserido em uma rota de grande importância para o
escoamento da produção agrícola dos estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em
direção aos estados do Sul e Sudeste do País e aos portos de Santos e Paranaguá.
De acordo com o normativo do Dnit, na contratação sob os moldes do Crema 2ª Etapa, a
contratada fica responsável pela conservação da rodovia por um período de cinco anos. Nesse prazo,
a restauração e a manutenção da rodovia devem atender determinados parâmetros de desempenho
preestabelecidos.
O projeto das obras de revitalização do trecho foi elaborado por meio do Contrato
091º/2009-00, celebrado entre o Dnit e empresa SD Consultoria e Engenharia Ltda. Sua aprovação se
deu mediante a Portaria 4, de 21/2/2011, pelo Superintendente do Dnit em Mato Grosso do Sul,
mediante delegação concedida por intermédio da Portaria 1.381, de 9/11º/2009, do Diretor Geral do
Dnit.
346
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
O instrumento editalício previa que as propostas das licitantes deveriam ser entregues em
2/2/2012, mas a abertura foi adiada para 11/4/2012 e, posteriormente, o edital foi suspenso.
Atualmente o certame se encontra suspenso pelo Dnit, conforme aviso publicado no DOU de 3/4/2012.
A seguir, apresenta-se o mapa de localização do trecho rodoviário do Edital 508/2011-19.
2.3 - Objetivo e questões de auditoria
A presente auditoria teve por objetivo verificar o Edital de Concorrência 508/2011-19, que
trata da contratação das obras Revitalização (Recuperação, Restauração e Manutenção) CREMA 2ª
Etapa, na Rodovia BR-163/MS, trecho: Div. PR/MS Div.MS/MT segmento: km 732,1 ao km 847,2,
extensão: 115,10 km com valor estimado em R$ 88.341.504,57.
1) A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada?
2) Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?
3) O orçamento da obra encontra-se devidamente detalhado (planilha de quantitativos e
preços unitários) e acompanhado das composições de todos os custos unitários de seus serviços?
4) Os quantitativos definidos no orçamento da obra são condizentes com os quantitativos
apresentados no projeto básico / executivo?
5) Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de
mercado?
2.4 - Metodologia utilizada
Considerando que a licitação se encontra, ainda sem entrega das propostas pelas licitantes,
esta auditoria focou seus trabalhos no edital e nos projetos que serviram de base para a publicação
do referido certame.
Para responder/verificar as questões levantadas na matriz de planejamento, foram utilizadas
as seguintes técnicas de auditoria:
a) análise documental: análise dos processos de licitação e do projeto executivo de
engenharia;
b) inspeção física no local da obra;
c) entrevista: de representantes do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM),
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto
de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul); e
d) pesquisa em sistemas informatizados: sítio do Dnit, sítio do Ministério do Planejamento,
SIGMINE (sistema do DNPM).
2.5 - Limitações inerentes à auditoria
Em virtude do curto período de tempo disponibilizado para realização dos trabalhos, não foi
possível avaliar todos os quantitativos de itens de serviço da planilha de referência. Assim, o exame se
limitou aos serviços de maior materialidade, selecionados pelo método da curva ABC.
2.6 - Volume de recursos fiscalizados
O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 88.341.504,57. Esse montante
corresponde ao valor total estimado pelo Dnit no Edital de Licitação 508/2011-19. O valor de recurso
fiscalizado registrado está de acordo com a Portaria - TCU 222/2003 (Critérios para mensuração do
Volume de Recursos Fiscalizados).
2.7 - Benefícios estimados da fiscalização
O projeto utilizado como base para o Edital 508/2011-19 representa potencial prejuízo ao
erário de R$8.270.853,81 (jul/2011), sendo R$2.297.836,54 referente a indícios de sobrepreço no
orçamento e R$5.973.017,27 referente a projeto executivo deficiente.
347
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Além disso, entre os benefícios não quantificáveis verificados nesta fiscalização pode-se
mencionar o aprimoramento da gestão de projetos, a melhoria nos controles internos e o aumento na
expectativa do controle.
3 - ACHADOS DE AUDITORIA
3.1 - Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado.
3.1.1 - Tipificação do achado: Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - Não obstante a
gravidade da irregularidade apontada, considerando-se que o edital de licitação auditado está
suspenso por iniciativa do próprio Dnit e que os indícios de irregularidade apontados podem ser
sanados de ofício pela Autarquia, considera-se que, neste momento, o presente achado não se
enquadra no conceito de IG-P previsto no art. 91, §1°, inciso IV da LDO/2012.
3.1.2 - Situação encontrada Foi verificado indício de sobrepreço global de R$ 2.297.836,54 (jul/2011), que corresponde a
2,6% do orçamento de referência do Edital 508/2011-19, decorrente de falhas na planilha
orçamentária elaborada para a licitação das obras de revitalização (recuperação, restauração e
manutenção) - Crema 2ª Etapa, na rodovia BR-163/MS - lote 3; Trecho: Div. PR/MS - Div. MS/MT;
Subtrecho: Entr. BR-060(A)/262(A)(Campo Grande)(saída para São Paulo) - Div. MS/MT (Ponte s/
Rio Correntes); segmento: km 732,1ao km 847,2; Extensão: 115,1km.
Tal sobrepreço, demonstrado no Quadro 6, ao final deste achado, foi apurado sobre uma
amostra de 81,28% do valor estimado para a execução da obra, mediante seleção dos itens mais
relevantes pela curva ABC (vide Quadro 1, ao final do achado).
Verificou-se que o orçamento analisado apresenta deficiências decorrentes da quantificação
indevida de insumos, incorreções em preços de serviços e grandes distâncias de transporte adotadas
em algumas composições de preços unitários (CPU).
Tais irregularidades referem-se às seguintes ocorrências:
a) quantificação superestimada de aditivo melhorador de adesividade (dope) nas CPU de
concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) para as camadas de capa de rolamento (AB-08) e de
binder;
b) incorreção nos preços de transporte da areia comercial do areal até a usina de asfalto, nas
CPU de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e CBUQ-binder;
c) previsão da origem de materiais asfálticos em locais mais distantes da obra do que o
necessário.
O sobrepreço identificado está assim distribuído:
- Itens ‘a’ e ‘b’, por se tratarem de equívocos constantes das mesmas composições (CBUQ-
AB-08 para capa de rolamento e CBUQ-binder), contribuem com o valor de R$ 857.504,33 (vide
Quadro 4, ao final desse achado).
- O item ‘c’, relativo à previsão da aquisição de materiais asfálticos em locais mais distantes
do que o necessário, contribui com o valor de R$ 1.440.332,21 (vide Quadro 5, ao final desse
achado).
As impropriedades identificadas serão detalhadas a seguir.
a) quantificação superestimada de aditivo melhorador de adesividade (dope) nas
composições de preço unitário do concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) para as camadas de
capa de rolamento e de binder.
Verificou-se que, na elaboração das composições unitárias dos serviços CBUQ-AB-08 para
capa de rolamento e de CBUQ-binder, o quantitativo do aditivo melhorador de adesividade (dope) a
ser transportado foi superestimado.
348
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
O dope é um insumo utilizado para aumentar a adesividade entre os agregados graúdos e o
cimento asfáltico de petróleo - CAP. Conforme Manual de Pavimentação - Dnit 2006, página 83, o
dope normalmente é empregado na proporção de 0,5% para 99,5% de cimento asfáltico (CAP).
De acordo com o texto do projeto executivo de engenharia (volume 4 - Orçamento atualizado,
p. 8), o critério informado era: taxa de aplicação de 0,12% de dope concentrado para 6% de CAP. Em
outras palavras, significa que para cada tonelada de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento, serão
utilizados 60 kg ou 0,060 t de CAP (6% de CAP/tonelada de CBUQ) e 0,000072 t ou 0,072 kg de dope
(0,12% x 60 kg de CAP usado na tonelada de CBUQ).
E para o serviço de CBUQ-binder, a quantidade de CAP é menor ainda e corresponde à 5%
da tonelada de CBUQ (50 kg) e consequentemente resulta na quantidade de 0,00006 t de dope (0,12%
x 50 kg de CAP usado na tonelada de CBUQ).
Ocorre que na quantificação do transporte do dope nas composições de CBUQ-AB-08 para
capa de rolamento e CBUQ-binder, o critério informado não foi seguido e o cálculo do quantitativo
correspondente se deu em relação à quantidade de CBUQ e não em relação à quantidade de CAP.
Para o caso do CBUQ-AB-08 para capa de rolamento, esse procedimento resultou em um
quantitativo indevido a ser transportado no valor de 0,0012 t (0,12% x 1 t de CBUQ), ao passo que o
correto seria a proporção de 0,12% de dope para 60 kg de CAP, que resultaria no quantitativo de
0,000072 t de dope (0,12% x 6% x 1 t de CBUQ), vide volume 4 - Orçamento atualizado, p. 53.
Para o caso do CBUQ-binder, a falha ocorreu no consumo de dope e no respectivo
transporte. Foi registrado o valor de 0,000072 t para o consumo de dope e 0,0012 t para o respectivo
transporte (vide volume 4 - Orçamento atualizado, p. 54), ao passo que o valor correto a ser utilizado
é de 0,00006 t de dope (0,12% x 5% x 1 t de CBUQ), tanto para o consumo do insumo quanto para o
seu transporte.
Essas incorreções foram objeto de questionamento ao Dnit, mediante Ofício 03-255/2012-
TCU. A Superintendência do Dnit/MS manifestou-se favoravelmente a essa correção, mediante Ofício
SR-MS/DNIT 861/2012, de 30/5/2012.
A presente falha e a do item seguinte (item ‘b’) ocorreram nas composições dos serviços de
CBUQ, capa de rolamento e binder. Assim, foram feitas as devidas correções que estão registradas
nos Quadros 2 e 3, ao final desse achado.
b) Incorreção nos preços de transporte da areia comercial do areal até a usina de asfalto, nas
CPU de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e de CBUQ-binder.
Constatou-se que, nas composições dos serviços de CBUQ-AB-08 (5 S 02 540 51) para capa
de rolamento e de CBUQ-binder (5 S 02 540 52), houve inversão de valores relativos às parcelas
componentes do transporte da areia comercial, do areal até a usina de asfalto, em rodovia
pavimentada e em rodovia não pavimentada, que resultou em superestimava do valor total desse
serviço.
O transporte da areia, em função da localização da usina de asfalto, é constituído por duas
parcelas que são: transporte comercial em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e transporte
comercial em rodovia não pavimentada (1 A 00 001 91).
De acordo com o projeto executivo de engenharia (volume 4 - Orçamento atualizado, p. 218),
o transporte da areia comercial, do areal até o início da pista será realizado em trecho não
pavimentado com extensão de 0,5 km. De acordo com o Sicro 2/MS (1 A 00 001 91 - jul/2011), o custo
unitário do transporte em rodovia não pavimentada é de R$ 0,52/tkm, que importa em um valor total
para o trecho não pavimentado de R$ 0,26/t (0,5 x 0,52).
A partir do cruzamento entre o acesso do areal com a BR-163/MS até a usina de asfalto, o
transporte será realizado em rodovia pavimentada, com extensão de 6,24 km. De acordo com o Sicro
2/MS (1 A 00 002 91- jul/2011), o custo unitário do transporte em rodovia pavimentada é de R$
0,35/tkm, que importa no valor total para o trecho pavimentado de R$ 2,18/t (6,24 x 0,35).
Se os valores tivessem sido aplicados corretamente, somada essas parcelas de custo
(0,26+2,18), o custo total de transporte da areia seria de R$ 2,44/t (jul/2011).
349
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Entretanto, na elaboração da composição do serviço houve a inversão desses valores. Ou
seja, o transporte em rodovia pavimentada, com maior distância (6,24 km), utilizou o maior custo (R$
0,52/tkm). E, o transporte em rodovia não pavimentada, cuja distância é menor (0,5 km), utilizou o
menor custo (R$ 0,35/tkm).
Essa inversão de custos resultou no valor total de transporte para a areia de R$ 3,42/t (6,24 x
0,52 + 0,5 x 0,35), superior ao valor correto que seria R$ 2,44/t de CBUQ. A redução no custo do
transporte, devido à correção é de R$ 0,98/t (3,42 - 2,44).
Esse fato foi relatado ao Dnit, mediante Ofício 3/255/2012-TCU-SECOB-2. Em resposta, a
Superintendência, por meio do Ofício SR-MS/DNIT 861/2012, de 30/5/2012, informou que realizará
as devidas correções nas composições dos serviços de CBUQ com AB-08 (5 S 02 540 51) e de CBUQ-
binder (5 S 02 540 52).
Registre-se que a presente falha aconteceu nas composições dos serviços de CBUQ-AB-08
para capa de rolamento e de CBUQ-binder. Assim, foram feitas as correções necessárias nas
respectivas composições de CBUQ (capa de rolamento e binder) e constam nos Quadros 2 e 3, ao
final desse achado.
c) Previsão da origem de materiais betuminosos com longas distâncias.
Verificou-se que o projeto previu, como origem de alguns materiais para a obra, locais mais
distantes do que aqueles em que seria possível o seu fornecimento. Em função disso, as composições
de preço unitário de alguns serviços consideraram distâncias médias de transporte mais elevadas,
ocasionando sobrepreço no orçamento de R$ 1.440.332,21 (jul/2011).
O projeto de obras rodoviárias, ao estabelecer os locais de fornecimento dos materiais a
serem empregados, deve buscar aqueles mais próximos da obra, a fim de reduzir os custos com
transporte e assim conferir uma maior economicidade ao empreendimento. Inclusive, a Lei
8.666/1993 estabelece em seu artigo 12, que esse é o procedimento a ser seguido, conforme texto a
seguir transcrito.
‘Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de obras e serviços serão considerados
principalmente os seguintes requisitos:
(...)
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, materiais, tecnologia e matérias-primas
existentes no local para execução, conservação e operação;’
No caso dos materiais betuminosos, o orçamento do projeto deve seguir o disposto no
Acórdão 812/2011-TCU-Plenário, no qual se determinou ao Dnit:
‘(...)
1.4.1. nos orçamentos de obras rodoviárias de futuras licitações, considere as distâncias de
transporte de todos os produtos asfálticos calculadas somente a partir das fábricas/bases das
distribuidoras de asfaltos, visto que os preços de venda desses produtos, divulgados pela ANP, já
incluem os custos de transferência das refinarias até aquelas bases de distribuição.
(...)’
Dessa forma, o orçamento do projeto deve considerar o preço de aquisição divulgado pela
ANP para determinada região e o preço do transporte calculado com base na DMT a partir da
distribuidora do material localizada nesta região.
Assim, buscando a condição mais econômica, o projetista deve, ao definir os locais de origem
dos materiais, selecionar aqueles que proporcionem uma menor soma dos custos de aquisição e
transporte.
No projeto em análise, em que pese ser possível o fornecimento a partir de distribuidoras
localizadas em Campo Grande/MS, foram considerados locais mais distantes como origem dos
seguintes materiais:
- CAP 50/70 - origem: Ponta Grossa/PR (DMT = 1122,00 km);
- CAP AB-08 - origem: Araucária/PR (DMT = 1232,00 km);
- CM-30 - origem: Ponta Grossa/PR (DMT = 1122,00 km);
350
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
- RR-1C - origem: Ponta Grossa/PR (DMT = 1122,00 km);
- aditivo melhorador de adesividade (dope) - origem: Ponta Grossa/PR (DMT = 1122,00
km);
- Óleo combustível 1 A - origem: Ponta Grossa/PR (DMT = 1122,00 km).
Verificou-se que, caso o projeto adotasse o fornecimento dos materiais betuminosos a partir
de distribuidoras em Campo Grande/MS, a DMT seria de 239,5 km e, consequentemente, haveria uma
redução no valor do orçamento de R$ 1.440.332,21 (jul/2011), conforme demonstrado no Quadro 5 ao
final deste achado.
Da mesma forma, no caso do aditivo melhorador de adesividade (dope) e do óleo combustível
1A, a adoção da DMT de 239,5 km nas CPU de CBUQ-binder e CBUQ com AB-08 reduziria os
preços unitários dos referidos serviços. Ao final deste achado estão inseridas as CPU referentes aos
serviços de CBUQ (Quadro 2 e 3, ao final do achado), depois de efetuadas as correções das DMT dos
referidos insumos.
Essas incorreções foram objeto de questionamento ao Dnit, mediante Ofício 3-255/2012-
TCU-SECOB-2. No Ofício SR-MS/DNIT 742/2012, o Dnit alega que o procedimento para a definição
dos locais de aquisição de materiais asfálticos segue a Portaria/Dnit 349/2010, que adota os preços
praticados pelas distribuidoras de asfalto, divulgados pela ANP e que a distribuidora de material
asfáltico localizada em Campo Grande não estaria relacionada pela ANP. Em complemento, informa
que encaminhou ofício à ANP, em que solicita esclarecimentos sobre as revendas de materiais
betuminosos em Campo Grande para, então, efetuarem as devidas correções no orçamento do Edital
508/2011-19.
3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado: (IG-C) - Edital 508/2011-19, 2/1/2012, CONCORRÊNCIA, Obras de Revitalização
(Recuperação, Restauração e Manutenção) CREMA 2ª
Etapa, na Rodovia BR-163/MS - Segmento: km 732,1 ao km 847,2, Extensão: 115,1 km.
Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 2.297.836,54
3.1.4 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiência de controles internos e insuficiência de recursos humanos. - Como o achado
decorre de erros identificados no orçamento do projeto executivo, especificamente em algumas
composições unitárias de preços, entende-se que a causa provável possa ser a insuficiência de
recursos humanos para fazer as devidas revisões no projeto executivo de engenharia e a deficiência
de controles internos.
3.1.5 - Critérios: Acórdão 2649/2007, Tribunal de Contas da União, Plenário.
Acórdão 812/2011, item 1.4.1, Tribunal de Contas da União, Plenário.
Decisão 1332/2002, TCU-Plenário.
Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 6º, inciso X; art. 7º, § 4º; art. 12; art. 40, § 2º, inciso II.
Lei 12465/2011, art. 125, caput.
3.1.6 - Evidências: Projeto executivo de engenharia-volume 4 -orçamento atualizado-página 8, folha 8.
Projeto executivo de engenharia-volume 4 -orçamento atualizado-CPU do CBUQ-capa-
página 53 -, folha 53.
Projeto executivo de engenharia-volume 4 -orçamento atualizado- CPU do CBUQ - binder-
página 54, folha 54.
Oficios_DNIT_393_2012_AUDINT_SR_MS_742_2012_SR_MS_630_2012, folhas 3/4.
Ofício SR_MS_DNIT_861_2012, folha 1.
Aviso_edital0508_11-19_0, folha 1.
Custo_transporte, folha 1.
3.1.7 - Conclusão da equipe:
351
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Verificou-se indício de sobrepreço global de R$ 2.297.836,54 (jul/2011), que corresponde a
2,6% do valor total da obra, decorrente de falhas na planilha orçamentária elaborada para licitação
das obras de revitalização (recuperação, restauração e manutenção) Crema 2ª Etapa, na rodovia
BR-163/MS; Trecho: Div. PR/MS - Div. MS/MT; Subtrecho: Entr. BR-060(A)/262(A)(Campo
Grande)(saída para São Paulo) - Div. MS/MT (Ponte s/ Rio Correntes); segmento: km 732,1 ao km
847,2; Extensão: 115,1km.
As irregularidades que contribuíram para o sobrepreço global apurado foram:
a) consumo de corretivo de adesividade (dope) superestimado nas CPU de concreto
betuminoso usinado a quente (CBUQ) para as camadas de capa (AB-08) e de binder;
b) incorreção nos preços de transporte da areia comercial do areal até a usina de asfalto, nas
CPU de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e de CBUQ-binder;
c) previsão da origem de materiais asfálticos em locais mais distantes da obra do que o
necessário.
No que se refere aos itens a e b, registre-se que foram identificadas falhas nas composições
de preços unitários de CBUQ-AB-08 para as camadas de capa e de CBUQ-binder. Tais
impropriedades, se não forem corrigidas, podem acarretar prejuízo ao erário da ordem de
R$857.504,33 (jul/2011). Instado a se manifestar formalmente, o Dnit informou, mediante Ofício SR-
MS/DNIT 861/2012, que faria as correções nas composições de CBUQ (capa de rolamento e binder),
relativas às impropriedades apontadas nos itens ‘a’ e ‘b’.
Apesar da concordância da Autarquia, quanto às impropriedades levantadas pela equipe de
auditoria nas composições de CBUQ, até o final desta fiscalização o Edital não foi relançado com as
devidas correções. Assim, propõe-se que seja determinado ao Dnit que promova as devidas correções
nas respectivas composições de preços unitários.
Quanto ao item c, a falha refere-se à previsão de origem de materiais em locais distantes da
obra e responde pela parcela de R$ 1.440.332,21 do sobrepreço global identificado. Nesse caso, o
Dnit alega que o procedimento para a definição dos locais de aquisição de materiais asfáltico segue a
Portaria/Dnit 349/2010, que adota os preços praticados pelas distribuidoras de asfalto, divulgados
pela ANP e que a distribuidora de material asfáltico localizada em Campo Grande não estaria
relacionada pela ANP.
No entanto, apesar da orientação contida na Portaria, há que se considerar que o propósito
final da referida Portaria deve ser a busca por menores custos. Inclusive esse é o entendimento
esposado no Acórdão 812/2011-TCU-Plenário.
Assim, diante do entendimento mais recente desta Corte de Contas, consubstanciado no
Acórdão 812/2011-TCU-Plenário, mostra-se pertinente dar ciência à Autarquia de que o orçamento-
base considera a aquisição dos insumos betuminosos em localização que não resulta no menor custo
decorrente da combinação dos custos de aquisição, de disponibilidade e de transporte.
Não obstante a gravidade das irregularidades apontadas, considerando-se que o edital de
licitação auditado está suspenso por iniciativa do próprio Dnit e que os indícios de irregularidade
apontados podem ser sanados de ofício pela Autarquia, não se considera necessária a
responsabilização dos gestores identificados, por enquanto.
3.2 - Projeto executivo deficiente ou desatualizado.
3.2.1 - Tipificação do achado: Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - Não obstante a
gravidade da irregularidade apontada, considerando-se que o edital de licitação auditado está
suspenso por iniciativa do próprio Dnit e que os indícios de irregularidade apontados podem ser
sanados de ofício pela Autarquia, considera-se que, neste momento, o presente achado não se
enquadra no conceito de IG-P previsto no art. 91, §1°, inciso IV da LDO/2012.
3.2.2 - Situação encontrada:
352
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Verificou-se que o projeto executivo de engenharia, integrante do Edital 508/2012-19, não
atende a todos os requisitos estabelecidos no art. 6º, IX, da Lei 8.666/1993. Entre os problemas
encontrados, destaca-se a ausência de estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que
poderia ser explorada para as obras. Caso se utilizasse a brita produzida poderia ser gerada uma
economia de até R$ 5.973.017,27 (jul/2011). A outra impropriedade refere-se à cotação do insumo
dope em desacordo com a IS 15/2006 do Dnit.
O Edital 508/2011-19 analisado refere-se às obras de revitalização (recuperação,
restauração e manutenção) - Crema 2ª Etapa, na rodovia BR-163/MS; Trecho: Div. PR/MS -
Div.MS/MT; Subtrecho: entr. BR-060(A)/262(A)(Campo Grande)(saída p/ São Paulo) - Div. MS/MT
(Ponte s/ Rio Correntes); segmento: km 732,1 ao km 847,2; Extensão: 115,1 km.
As impropriedades identificadas serão detalhadas a seguir.
a) ausência de estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que poderia ser
explorada para as obras.
Verificou-se que o projeto executivo de engenharia relativo ao edital em análise aponta para
a utilização de brita adquirida comercialmente, em detrimento da produção/extração deste insumo.
Registre-se que a escolha da brita comercial não está embasada em mapeamento ou estudo que
indique a inexistência de possíveis fontes de material não comercial, que justifique a referida escolha,
que pode ser antieconômica para a Administração.
A escolha da brita comercial em detrimento da brita produzida representou um acréscimo no
valor unitário do insumo da ordem de 112%, visto que, de acordo com o Sicro 2, o custo de produção
da brita é R$ 27,16/m3 (Sicro2 - 1 A 01 200 01 - jul/2011), enquanto que o preço de aquisição da
brita comercial adotado no projeto é de R$ 57,50/m³ (valores sem BDI), vide volume 4 - Orçamento
atualizado, p. 206.
Registre-se que o valor de R$ 57,50/m³ refere-se à aquisição do insumo em Coxim/MS, que
corresponde à cidade mais próxima do trecho com disponibilidade para ofertá-lo. Nesta fiscalização,
não se adotou como referência o valor da brita constante do Sicro 2, cotada na região próxima a
Campo Grande, em função da elevada distância de transporte a ser considerada, visto que a região de
maior ocorrência de material situa-se próxima à capital, Campo Grande, que dista cerca de 230 km
do trecho da obra.
No quadro 7, ao final deste achado, consta o demonstrativo da economia que poderia ser
obtida, caso tivesse sido adotada a brita produzida, considerando-se somente a redução do valor do
insumo utilizado nos principais serviços, sem levar em conta uma possível redução nas distâncias
médias de transportes. A economia verificada seria da ordem de R$ 5.973.017,27 (jul/2011), que
corresponde a 6,76% do valor total da obra (valores calculados com BDI de 27,84%).
Ressalte-se que existem Acórdãos do TCU determinando ao Dnit que realize estudos das
fontes de materiais próximas às obras a serem por ele licitadas, como é o caso dos Acórdãos 268/2003
e 3.260/2011, ambos do Plenário-TCU.
Inclusive o recente Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, traz determinações que refletem em
todas as obras do Dnit relativas ao Crema 2ª Etapa, conforme texto a seguir transcrito:
‘(...)
9.1. determinar ao Dnit que:
9.1.2. realize ensaios, cálculos e laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico/econômica
da utilização de pedreiras, areais e cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização das obras e
que não possuam licenciamento ou lavra concedida, identificados no site do Departamento Nacional
de Produção Mineral, mas possam ser objeto de prévio bloqueio das jazidas junto ao DNPM, ou que
possuam menor distância de transporte;
9.1.3. caso existam segmentos rodoviários cujos projetos de restauração e manutenção para o
Crema 2ª Etapa já estejam aprovados e não seja viável a adoção das medidas indicadas no subitem
anterior (9.1.2), previamente ao lançamento dos editais de licitação, consigne nos respectivos editais
e minutas de contrato que tais medidas serão adotadas no prazo de até 90 (noventa) dias após a
353
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
emissão das ordens de serviço e, se for a hipótese, serão adotadas as providências necessárias para
reestabelecer o equilíbrio econômico/financeiro dos contratos eventualmente celebrados,
modificando-se as fontes de aquisição dos insumos previstas originalmente no projeto, bem como
alterando-se os respectivos preços dos serviços envolvidos;
(...)’
Provocado formalmente para se manifestar sobre o assunto, o Dnit publicou o aviso de
suspensão do referido edital, no DOU de 3 de abril de 2012, e informou que a suspensão visa ‘à
possibilidade de atendimento, por parte da Superintendência Regional/MS, aos itens 9.1.2 e 9.1.3 do
Acórdão 3.260/2011-TCU-Plenário’. Importante ressaltar que, até a presente data, o edital continua
suspenso pelo Dnit.
b) cotação do insumo dope em desacordo com a IS 15/2006 do Dnit.
Verificou-se que o insumo adesivo melhorador de adesividade (dope), que não consta do
Sicro 2, não apresenta as cotações necessárias para justificar o preço adotado no orçamento do
Edital 508/2011-19.
De acordo com o normativo do Dnit, IS 15/2006 - Rotina de procedimentos complementares
para a elaboração de projetos de infraestrutura terrestre, item 1.4.1.4.2-d, páginas 6-7, quando não
houver referência de preço de insumo no Sicro 2, devem ser realizadas, pelo menos, três cotações
para subsidiar o valor a ser adotado no orçamento, nos seguintes termos:
‘(...)
pesquisa de mercado (para equipamentos e materiais utilizados) em consonância com
metodologia estabelecida no Anexo 1 do Manual de Custos Rodoviários. Devem ser incluídas, no vol.
4, pelo menos, 3 (três) cotações de cada item não constante do Sicro 2, devidamente atestadas pela
Superintendência Regional encarregada da fiscalização da execução do projeto, identificando-se a
fonte das informações;
(...)’
O fato merece ser registrado devido à discrepância verificada entre o valor do insumo
adotado no primeiro orçamento do projeto, que era de R$ 4.500,00/t (março/2010), e o valor utilizado
na atualização do orçamento (julho/ 2011), que aumentou para R$ 31.445,00/t (vide volume 4 -
Orçamento atualizado, p. 216).
Tendo em vista tal discrepância e em face de o Sicro 2 não dispor de referência para esse
insumo, primeiramente, a equipe de fiscalização buscou, no projeto executivo, as cotações exigidas
para tal situação. Entretanto, consta somente uma cotação, que corresponde ao preço paradigma do
orçamento.
Depois, a equipe de fiscalização buscou informações em outros sistemas oficiais de preços
(Departamento de Estradas e Rodagem no Espírito Santo - DER/ES, Departamento de Estradas e
Rodagem em São Paulo - DER/SP, Secretaria de Infraestrutura do Estado do Ceará - Seinfra/CE),
para subsidiar a avaliação da adequação do preço de referência adotado no orçamento atualizado.
Os valores registrados nesses referenciais variam de R$ 15.000,00/t até 25.000,00/t (julho/2011).
Apesar de os valores pesquisados apresentarem uma elevação nos preços nesse período,
verifica-se que todos ficaram significativamente abaixo do valor adotado no orçamento de Edital.
A título ilustrativo, a equipe de fiscalização realizou cotação atual, junto ao mercado e se
obteve o valor de R$ 12.029,00/t (abril/2012).
Com a finalidade de obter esclarecimentos, o Dnit foi questionado, mediante Ofício 02-
255/2012-TCU-SECOB-2. Em resposta, a Autarquia encaminhou o Ofício SR-MS/DNIT 742/2012,
com a seguinte informação: ‘Dentre as correções a serem efetuadas nos respectivos projetos está
prevista a cotação do dope nas distribuidoras de asfalto autorizadas pela ANP que estão sendo
utilizadas no projeto’.
3.2.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado: (IG-C) - Edital 508/2011-19, 2/1/2012, CONCORRÊNCIA, Obras de Revitalização
(Recuperação, Restauração e Manutenção) CREMA 2.
354
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Etapa, na Rodovia BR-163/MS - Segmento: km 732,1 ao km 847,2, Extensão: 115,1 km.
Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 5.973.017,27.
3.2.4 - Causas da ocorrência do achado: Insuficiência de recursos humanos e materiais e deficiência de controles internos. Como o
achado decorre de erros identificados no projeto executivo, especificamente quanto à falta de estudos
de viabilidade técnica e econômica para identificar possíveis jazidas de material mineral a serem
empregadas nas obras e à falta de cotação de insumo importante, entende-se que as causas prováveis
possam ser a insuficiência de recursos humanos e materiais, para fazer os estudos e cotações para
fundamentar as decisões existentes no projeto executivo de engenharia, bem como deficiência de
controles internos.
3.2.5 - Critérios: Acórdão 268/2003, item 9.2.1, Tribunal de Contas da União, Plenário
Acórdão 3260/2011, item 9.1.3, Tribunal de Contas da União, Plenário
Acórdão 3260/2011, item 9.1.2 , Tribunal de Contas da União, Plenário
Acórdão 796/2012, item 9.1.1, Tribunal de Contas da União, Plenário
Instrução Normativa 1/2007, MT, art. 4º
Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 6º, inciso X; art. 7º, § 1º; art. 7º, § 2º; art. 7º, caput ;
art. 12; art. 40, § 2º, inciso I; art. 40, capu
Instrução de Serviço 15/2006 -item 1.4.1.4.2 , Elaboração de projeto básico - DNIT
Resolução 237/1977, Conama, art. 2º; art. 3º; art. 8º
3.2.6 - Evidências: Projeto executivo de engenharia-volume 4 -orçamento atualizado-página 8, folha 8.
CPU_brita_produzida, folha 1.
Projeto executivo de engenharia-volume 4-orçamento atualizado, p. 206- cotação, folha 206.
Projeto executivo de engenharia-volume 4-orçamento atualizado- p.216 - cotação, folha 216.
Oficios_DNIT_393_2012_AUDINT_SR_MS_742_2012_SR_MS_630_2012, folha 3.
Aviso_edital0508_11-19_0, folha 2.
IS 15 2006_Rotina de Proc, folhas 6/7.
3.2.7 - Conclusão da equipe:
O projeto em questão apresenta as impropriedades já evidenciadas, demonstrando que não
atende aos requisitos constantes no art. 6º, IX, da Lei 8.666/93. Os principais pontos encontrados
foram:
a) ausência de estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que poderia ser
explorada para as obras; e
b) cotação do insumo dope em desacordo com a IS 15/2006 do Dnit.
No que se refere à ausência de estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que
poderia ser explorada para as obras, destaca-se que o mapeamento das jazidas e os respectivos
estudos de fontes de materiais não comerciais são importantes para a economicidade da escolha dos
insumos minerais. Sua ausência no projeto executivo do Edital 508/2011-19, bem como o motivo da
suspensão do edital pelo Dnit, indica que não foram realizados os estudos de jazidas necessários para
subsidiar a escolha adotada no projeto de brita comercial.
Ressalta-se, ainda, que a realização de tais estudos já foi objeto de determinação exarada ao
Dnit, no âmbito do Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, para que mantivesse essa observância em
todos os projetos de Crema 2ª Etapa. Inclusive, nesse Acórdão, foi prevista determinação específica
para os casos em que o projeto de engenharia já estivesse aprovado. E para essa situação, o Dnit
deveria consignar nos respectivos editais e minutas de contrato a informação de que seriam
realizados tais estudos, inclusive com a possibilidade de reflexos econômicos nos eventuais contratos
celebrados e o devido reestabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro da avença.
355
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Além disso, como demonstrado no corpo do relatório, a diferença encontrada entre o custo
total da brita comercial e da brita produzida a ser empregada na obra é de R$ 5.973.017,27, a preços
de julho/2011.
Dessa forma, propõe-se que seja determinado ao Dnit que, previamente à reedição do Edital
508/2011- 19, inclua no corpo do instrumento licitatório e na respectiva minuta de contrato, a
informação de que, em cumprimento ao item 9.1.3 do Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, serão
realizados ensaios, cálculos e laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico-econômica da
utilização de pedreiras, areais e cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização da respectiva
obra e que não possuam licenciamento ou lavra concedidas e, se for o caso, serão adotadas as
providências necessárias para o reestabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos
eventualmente celebrados, modificando-se as fontes de aquisição dos insumos previstas originalmente
no projeto, bem como se alterando os respectivos preços dos serviços envolvidos.
Com referência à falta de cotações para o insumo dope, o Dnit, instado a se manifestar
formalmente, apresentou a seguinte declaração: ‘Dentre as correções a serem efetuadas nos
respectivos projetos está prevista a cotação do dope nas distribuidoras de asfalto autorizadas pela
ANP que estão sendo utilizadas no projeto Crema 2ª Etapa.’.
Assim, propõe-se que seja determinado ao Dnit que, na reedição do Edital 508/2011-19,
apresente as cotações para o insumo dope, em conformidade com o estabelecido na IS 15/2006 do
Dnit, que justifiquem o preço a ser adotado no orçamento de referência.
Não obstante a gravidade das irregularidades apontadas, considerando-se que o edital de
licitação auditado está suspenso por iniciativa do próprio Dnit e que os indícios de irregularidade
apontados podem ser sanados de ofício pela Autarquia, não se considera necessária a
responsabilização dos gestores identificados, por enquanto.
4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS É importante registrar que houve publicação recente de duas portarias pelo Dnit que
reduziram o valor do BDI nos orçamentos referenciais de suas licitações.
A situação vigente, na publicação do Edital 508/2011-19, antes da emissão das duas
portarias, era a seguinte: o BDI incidente sobre os serviços de engenharia era de 27,84%, inclusive
nos itens de transportes de materiais betuminosos. Somente nos serviços de aquisição de materiais
betuminosos incidia o BDI diferenciado de 15%.
A Portaria-Direx/Dnit 42, de 17 de janeiro de 2012, reduziu o valor do BDI, até então
vigente, de 27,84% para 26,7%, que deveria ser adotado nos orçamentos das obras de engenharia do
Dnit, a partir de 1º/2/2012.
A Portaria-Direx/Dnit 319, de 3 de abril de 2012, ampliou a utilização de BDI diferenciado
de 15% para os itens de Transportes de Materiais Betuminosos, que até então se adotava o mesmo
BDI utilizado para o restante dos serviços (27,84%), a partir de 1º/5/2012.
Além disso, a Portaria-Direx/Dnit 319 determinou que as licitações cujos projetos ainda não
tivessem atendido as alterações definidas pela Portaria-Direx/Dnit 42/2012, poderiam ser realizadas
com o BDI anterior de 27,84%, até 30 de abril de 2012. A partir de 1º/5/2012, o BDI a ser adotado
deve ser de 26,7%.
Em face da existência dessas duas portarias, a equipe de auditoria provocou o Dnit a se
manifestar formalmente sobre o assunto. Em resposta, a Autarquia, mediante Ofício SR-MS/SNIT
742/2012, informou que o Edital 508/2011-19 foi suspenso visando algumas correções, sendo que
entre elas estaria o atendimento às duas portarias.
Assim, as alterações que o Dnit se prontificou a realizar na republicação do Edital 508/2011-
19, relativas à BDI, são as seguintes:
BDI de 27,84% para 26,7% para os serviços de engenharia, em atendimento à Portaria-
Direx/Dnit 42/2012; e
356
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
BDI de 27,84% para BDI diferenciado de 15% para os itens de transporte de materiais
betuminosos, em atendimento à Portaria-Direx/Dnit 319.
Por fim, destaca-se que o Exmo. Sr. Ministro-Relator Augusto Nardes é responsável pelas
fiscalizações de obras no estado de Mato Grosso do Sul, conforme Lista de Unidades Jurisdicionadas
LUJ 2011/2012.
5 - CONCLUSÃO As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:
Questão 2 Projeto executivo deficiente ou desatualizado. (item 3.2)
Questões 4 e 5 Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado. (item 3.1)
Com relação ao achado de projeto executivo deficiente ou desatualizado, verificou-se que não
foram realizados os estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que poderia ser explorada
para as obras. O mapeamento das jazidas e os respectivos estudos de fontes de materiais não
comerciais são importantes para a economicidade da escolha dos insumos minerais. Especificamente,
neste caso, a adoção da brita produzida representaria uma economia de R$ 5.973.017,27 (jul/2011).
Além disso, o recente Acórdão 3.260/2011-Plenário- TCU traz determinações ao Dnit, com
reflexos nas obras do Crema 2ª Etapa, para que realize tais estudos para subsidiar a escolha do
material pétreo adotado na obra (comercial ou produzido). Inclusive, no item 9.1.3 do referido
Acórdão, há determinação específica para os casos de projetos já aprovados.
Provocado formalmente, o Dnit publicou a suspensão do Edital 508/2011-19, no DOU
(3/4/2012), informando que a suspensão visa à possibilidade de atender ao Acórdão 3.260/2011-
Plenário-TCU.
Assim, considerando-se que o edital continua suspenso, propõe-se que seja determinado ao
Dnit que, na reedição do edital, atenda à determinação contida no item 9.1.3 do Acórdão 3.260/2011-
Plenário-TCU.
Por fim, instado a se manifestar formalmente quanto à insuficiência de cotação para o
insumo dope, o Dnit informou que está prevista a realização de cotação do dope nas distribuidoras de
asfalto autorizadas pela ANP, que estão sendo utilizadas no projeto Crema 2ª Etapa.
Assim, propõe-se que seja determinado ao Dnit que, na reedição do Edital 508/2011-19,
apresente as cotações para o insumo dope, em conformidade com o estabelecido na IS 15/2006.
Com relação ao achado de sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado, em especial
nas composições dos serviços de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e CBUQ-binder, o prejuízo
potencial é de R$ 2.297.836,54 (jul/2011).
As falhas que contribuíram para esse sobrepreço foram:
a) superestimativa de dope nas composições de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e de
CBUQ-binder;
b) incorreção nos preços do transporte de areia comercial do areal até a usina de asfalto, nas
composições de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento e binder; e
c) previsão de origem de materiais em locais distantes da obra.
No que se refere aos itens ‘a’ e ‘b’, se as falhas não forem corrigidas, podem acarretar
prejuízo ao erário da ordem de R$ 857.504,33.
Instado a se manifestar formalmente, o Dnit informou que faria as devidas correções.
Apesar do posicionamento da Autarquia, não houve ainda a reedição do Edital com as
devidas correções. Assim, propõe-se que seja determinado ao Dnit que promova as correções das
impropriedades nas respectivas composições de preços unitários.
Quanto ao item ‘c’, a falha refere-se à previsão de origem de materiais em locais distantes da
obra, com contribuição de R$ 1.440.332,21 para o sobrepreço global.
357
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Nesse caso, o Dnit alega que o procedimento segue a Portaria/Dnit 349/2010 e que adota os
preços praticados pelas distribuidoras de asfalto, divulgados pela ANP, sendo que a distribuidora de
material asfáltico de Campo Grande não estaria relacionada pela ANP.
Assim, entende-se pertinente dar ciência à Autarquia de que o orçamento de referência do
Edital 508/2011-19 considera a aquisição dos insumos betuminosos em localização que não resulta no
menor custo, decorrente da combinação dos custos de aquisição, de disponibilidade e de transporte,
que contraria ao estabelecido no art. 3º da Lei de Licitações e ao princípio da economicidade,
expresso no art. 70 da Constituição Federal de 1988.
Por fim, é importante registrar que o Dnit publicou recentemente duas portarias que
reduziram o valor do BDI nos orçamentos referenciais de suas licitações.
A situação vigente, na publicação do Edital 508/2011-19, antes da emissão das duas
portarias, era a seguinte: o BDI incidente sobre os serviços de engenharia era de 27,84%, inclusive
nos itens de transportes de materiais betuminosos. Somente nos serviços de aquisição de materiais
betuminosos incidia o BDI diferenciado de 15%.
A Portaria-Direx/Dnit 42, de 17 de janeiro de 2012, reduziu o valor do BDI, até então
vigente, de 27,84% para 26,7%, que deveria ser adotado nos orçamentos das obras de engenharia do
Dnit, a partir de 1º/2/2012.
A Portaria-Direx/Dnit 319, de 3 de abril de 2012, ampliou a utilização de BDI diferenciado
de 15% para os itens de Transportes de Materiais Betuminosos, que até então se adotava o mesmo
BDI utilizado para o restante dos serviços (27,84%), a partir de 1º/5/2012.
Além disso, a Portaria-Direx/Dnit 319/2012 determinou que as licitações cujos projetos
ainda não tivessem atendido as alterações definidas pela Portaria-Direx/Dnit 42/2012, poderiam ser
realizadas com o BDI anterior de 27,84%, até 30 de abril de 2012. A partir de 1º/5/2012, o BDI a ser
adotado deve ser de 26,7%.
Em face da existência dessas duas portarias, a equipe de auditoria provocou o Dnit a se
manifestar formalmente sobre o assunto. Em resposta, a Autarquia, mediante Ofício SR-MS/SNIT
742/2012, informou que o Edital 508/2011-19 foi suspenso visando algumas correções, sendo que
entre elas estaria o atendimento às duas portarias.
As alterações que o Dnit se prontificou a realizar na republicação do Edital 508/2011-19,
relativas a BDI, são as seguintes:
- BDI de 27,84% para 26,7% para os serviços de engenharia, em atendimento à Portaria-
Direx/Dnit 42/2012; e
- BDI de 27,84% para BDI diferenciado de 15% para os itens de transporte de materiais
betuminosos, em atendimento à Portaria-Direx/Dnit 319/2012.
Assim, propõe-se que seja determinado ao Dnit, que na republicação do Edital 508/2011-19,
adota no orçamento-base do Edital 508/2011-19, em face do princípio da legalidade, os novos
percentuais de BDI estipulados pelas Portarias-Direx/Dnit 42/2012 e 319/2012.
Não obstante a gravidade das irregularidades apontadas, considerando-se que o edital de
licitação auditado está suspenso por iniciativa do próprio Dnit e que os indícios de irregularidades
apontados podem ser sanados de ofício pela Autarquia, não se considera necessária a
responsabilização dos gestores identificados, por ora.
O projeto utilizado como base para o Edital 508/2011-19 representa potencial prejuízo ao
erário de R$8.270.853,81 (jul/2011), sendo R$2.297.836,54 referente a indícios de sobrepreço no
orçamento e R$5.973.017,27 referente a projeto executivo deficiente.
Além disso, entre os benefícios não quantificáveis verificados nesta fiscalização pode-se
mencionar o aprimoramento da gestão de projetos, a melhoria nos controles internos e o aumento na
expectativa do controle.
6 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
358
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Sr.
Ministro Relator Augusto Nardes, com as seguintes propostas:
Ciência do órgão
Dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de que o
orçamento de referência da licitação 508/2011-19 considera a aquisição dos insumos betuminosos em
localização que não resulta no menor custo decorrente da combinação dos custos de aquisição, de
disponibilidade e de transporte, atentando ao estabelecido no art. 3º da Lei de Licitações e ao
princípio da economicidade expresso no art. 70 da Constituição Federal de 1988 e que pode
representar prejuízo estimado de R$ 1.440.332,21 (jul/2011). (3.1)
Determinação
Determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com base no
artigo 45 da Lei 8.443/92 c/c artigo 251 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, que,
anteriormente à retomada do Edital 508/2011-19:
a) inclua, no corpo do instrumento licitatório e na respectiva minuta de contrato que, em
cumprimento ao item 9.1.3 do Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, o Dnit realizará ensaios, cálculos e
laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico-econômica da utilização de pedreiras, areais e
cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização das obras e que não possuam licenciamento ou
lavra concedida, identificadas no site do DNPM, mas que possam ser objeto de prévio bloqueio dessas
jazidas, junto ao DNPM, ou que possuam menor distância de transporte, e que tais medidas serão
adotadas no prazo de até 90 (noventa) dias após a emissão das ordens de serviço e, se for a hipótese,
serão adotadas as providências necessárias para o reestabelecimento do equilíbrio econômico-
financeiro dos contratos eventualmente celebrados, modificando-se as fontes de aquisição dos
insumos previstas originalmente no projeto, bem como se alterando os respectivos preços dos serviços
envolvidos; (3.2)
b) promova as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso
Usinado a Quente-AB-08 - capa de rolamento - execução (5 S 02 540 51):
b.1 adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de
forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva
aquisição do insumo; (3.1)
b.2) adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do
areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada
(1 A 00 001 91). (3.1)
c) promova as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso
Usinado a Quente-binder - execução (5 S 02 540 52):
c.1) utilize o valor de 0,00006 t como coeficiente de consumo de aditivo melhorador de
adesividade, em conformidade aos critérios previstos no projeto executivo de engenharia do Edital
508/2011-19 (dope); (3.1)
c.2) adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de
forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva
aquisição do insumo; (3.1)
c.3) adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do
areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada
(1 A 00 001 91). (3.1)
d) apresente as cotações de preços realizadas para o insumo aditivo melhorador de
adesividade (dope), conforme o estabelecido na IS 15/2006-DNIT, que justifiquem o preço adotado no
orçamento de referência do Edital 508/2011-19. (3.2)
e) adote no orçamento do Edital 508/2011-19, em face do princípio da legalidade, os novos
percentuais de BDI estipulados pelas Portarias-Direx/Dnit 42/2012 e 319/2012.”
359
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
2. O Assessor da 3ª Divisão Técnica da Secob-2 e o Titular daquela unidade técnica
especializada puseram-se de acordo com o encaminhamento proposto no Relatório de Auditoria.
É o Relatório.
VOTO
Como visto precedentemente, trago à apreciação deste Plenário o Relatório de Auditoria
realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com o intuito de fiscalizar
o processo de licitação do Programa de Contratação, Restauração e Manutenção por Resultados de
Rodovia Federais Pavimentadas (CREMA - 2ª Etapa), na BR-163/MS – lote 3 – km 732,1 ao km
847,2, objeto do Edital nº 508/2011-19.
2. Consoante se depreende do Relatório reproduzido, a Concorrência nº 508/2011-19 foi
suspensa por decisão do Dnit, com vistas ao atendimento, por parte da Superintendência Regional da
Autarquia, no Estado de Mato Grosso, ao item 9.1.2 do Acórdão nº 3.260/2011 – TCU – Plenário, que
assim prescreveu:
“9.1. determinar ao Dnit que:
(...)
9.1.2. realize ensaios, cálculos e laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico/econômica
da utilização de pedreiras, areais e cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização das obras e
que não possuam licenciamento ou lavra concedida, identificados no site do Departamento Nacional
da Produção Mineral, mas possam ser objeto de prévio bloqueio das jazidas junto ao DNPM, ou que
possuam menor distância de transporte.”
3. O modelo contratual CREMA é uma forma de descentralização a terceiro, pelo Dnit,
mediante um único contrato que engloba todas as ações de restauração e conservação de trechos
rodoviários. Em regra, seu objeto consiste em intervenções destinadas a consertar buracos, na fase
inicial do contrato, de forma a assegurar condições mínimas de trafegabilidade aos usuários da
rodovia. Esta 1ª etapa, conforme descrito no relatório, não atinge a estrutura do pavimento. As obras de
recuperação funcional e estrutural de todo o trecho, baseadas em catálogos de soluções pré-definidas,
preordenadas a dotar a via de estrutura capaz de suportar o tráfego por um período, em geral, de dez
anos, também integram esta etapa, que tem sua duração limitada a três anos.
4. A segunda etapa, que compreende a manutenção da pista e dos acostamentos, bem como a
conservação da faixa de domínio, dos elementos de drenagem e de sinalização estendem-se por todo o
resto do contrato (cinco anos).
5. Os trabalhos de fiscalização, cujos resultados se aprecia, trouxeram os seguintes achados de
auditoria:
i. sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado (IGC);
ii. projeto executivo deficiente ou desatualizado.
6. O indício de sobrepreço global apurado na auditoria montou a R$2.297.836,54,
correspondente a 2,6% do orçamento de referência do Edital nº 508/2011-19. As irregularidades
decorreram de falhas na planilha orçamentária elaborada para a realização das obras de revitalização
(recuperação, restauração e manutenção – CREMA 2ª etapa), na BR-163, e referem-se às seguintes
irregularidades, às quais já foram minudentemente detalhadas no relatório precedente, senão vejamos:
“a) quantificação superestimada de aditivo melhorador de adesividade (dope) nas
composições de preços unitários (CPU) de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) para as
camadas de capa e rolamento (AB-08) e de binder;
b) incorreção nos preços de transporte da areia comercial do areal até a usina de asfalto, nas
CPU de CBUQ-AB-08 para capa de rolamento de CBUQ-binder;
360
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
c) previsão da origem de materiais asfálticos em locais mais distantes da obra do que o
necessário.”
7. Como se pode perceber, as impropriedades apontadas têm o cerne gravitando em torno da
aquisição de materiais asfálticos em localidades mais distantes da obra. Também foi identificado o
consumo superestimado de corretivo de superadesividade (dope) nas composições de preços unitários
de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) para as camadas de capa (AB – 08) e de binder.
Vale esclarecer que o dope é um insumo utilizado para aumentar a adesividade entre os agregados
graúdos e o cimento asfáltico de petróleo – CAP.
8. Ademais, verificou-se inadequação dos preços de transporte de areia até a usina de asfalto.
9. Chamado a manifestar-se formalmente acerca destas questões, o Dnit informou que adota os
procedimentos previstos na Portaria/Dnit 349/2010, quanto à definição dos locais de aquisição de
materiais asfálticos. Outrossim, esclareceu que acolhe os preços praticados pelas distribuidoras de
asfalto, divulgados pela ANP, e que a distribuidora localizada em Campo Grande/MS (localidade mais
próxima da obra) não estaria relacionada por aquela Agência.
10. Historiado brevemente, tenho, nesse contexto, por acertado o encaminhamento proposto
pela equipe de auditoria, o qual foi encampado pelo dirigente da Secob-2. Com efeito, a questão já se
encontra dirimida e pacificada na jurisprudência do Tribunal, não havendo razão para inovar a
respeito.
11. Este Plenário, mediante o Acórdão nº 812/2011, do Plenário, pontificou que o orçamento-
base considera a aquisição dos insumos betuminosos em localização que não resulta no menor custo
decorrente da combinação dos custos de aquisição, de disponibilidade e de transporte.
12. Outrossim, diante da circunstância de encontrar-se o Edital nº 508/2011-19 suspenso, por
iniciativa do próprio Dnit, e de que os indícios mencionados podem ser saneados pela Autarquia, a
solução alvitrada atende plenamente os fins do processo.
13. No que concerne à deficiência do projeto executivo – o outro achado levantado pela equipe
de auditoria -, presta-se o mesmo argumento aduzido no parágrafo anterior. Para tanto, vejamos as
impropriedades que caracterizam os vícios apontados no projeto:
a) ausência de estudos conclusivos quanto à ocorrência de pedreira que poderia ser explorada
para as obras;
b) cotação do insumo dope em desacordo com a IS 15/2006 do Dnit.
14. Estas questões, de igual modo, foram objeto de manifestação do Dnit e de circunstanciada
análise técnica efetuada pela equipe de auditoria, tal como consignado no relatório de auditoria
reproduzido.
15. Como se verifica, a ausência dos estudos aludidos acima já foi objeto de determinação no
Acórdão nº 3.260/2011, também do Tribunal Pleno, em seu subitem 9.1.3, e deverá integrar o Edital nº
508/2011 – 19 e a respectiva minuta contratual, quando de sua retomada, na forma proposta pela
equipe de auditoria, em seu relatório, cujo teor acolho integralmente no acórdão que proponho.
16. Da mesma forma, encampo a determinação corretiva referente à adoção das cotações de
dope em conformidade com o estabelecido na IS 15/2006 do Dnit, por ocasião da reedição do aludido
Edital nº 508/2011 – 19, de molde a justificar o preço a ser adotado no orçamento de referência.
17. Conforme registrou a equipe de auditoria, o Dnit editou, recentemente, duas portarias que
reduziram os valores do BDI praticado nos orçamentos referenciais de suas licitações.
18. Destarte, na iminência de ser republicado o Edital nº 508/2011-19, então suspenso, e agora
com as devidas correções que se mostraram pertinentes, o Dnit prontificou-se a incluir no novo
instrumento convocatório as alterações advindas das mencionadas portarias, quais sejam:
i. Portaria Direx/Dnit 42/2012: redução do BDI de 27,84% para 26,7% para os serviços de
engenharia; e
361
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ii. Portaria Direx/Dnit 319: BDI diferenciado de 15% para os itens de Transporte de Materiais
Betuminosos.
19. Ressalte-se a Portaria Direx/Dnit 42/2012 estabeleceu o BDI de 26,7% nos orçamentos das
obras de engenharia do Dnit, a partir de 1º/2/2012. Por sua vez, a Portaria Direx/Dnit 319 ampliou a
utilização do BDI diferenciado de 15% para o item Transporte de Materiais Betuminosos, a partir de
1º/5/2012.
20. Em que pese o Dnit haver se manifestado formalmente, mediante o Ofício SR-MS/SNIT
742/2012, a respeito das aludidas portarias, inclusive no sentido de que o teor de ambas seria acolhido
dentre as alterações procedidas no Edital nº 508/2011-19, a ser reeditado, não vejo óbices a que este
Tribunal determine que a Autarquia assim o faça, tal como sugeriu a equipe de auditoria, em sua
proposta de encaminhamento.
21. Feitas estas considerações, manifesto minha integral anuência às proposições da Secob 2,
na forma do Acórdão que proponho em anexo.
Ante todo o exposto, VOTO por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto a este
Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
AUGUSTO NARDES
Relator
ACÓRDÃO Nº 2227/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 006.936/2012-1.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional.
4. Órgão: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 2ª Secretaria de Fiscalização de Obras (SECOB-2).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria realizada no Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com o objetivo de fiscalizar o processo de licitação
das obras de revitalização - Crema 2ª Etapa - da BR 163/MS - lote 3 - km 732,1 ao km 847,2.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões
expostas pelo Relator, ACORDAM em:
9.1. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de que o
orçamento de referência da licitação 508/2011-19 considera a aquisição dos insumos betuminosos em
localização que não resulta no menor custo decorrente da combinação dos custos de aquisição, de
disponibilidade e de transporte, contrariando ao estabelecido no art. 3º da Lei de Licitações e ao
princípio da economicidade expresso no art. 70 da Constituição Federal de 1988, podendo representar
prejuízo estimado de R$ 1.440.332,21 (jul/2011);
9.2. com base no art. 45 da Lei nº 8.443/1992 c/c o art. 251 do Regimento Interno do Tribunal
de Contas da União, determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)
que, precedentemente à retomada do Edital nº 508/2011-19:
9.2.1. em cumprimento ao item 9.1.3 do Acórdão 3.260/2011-Plenário-TCU, inclua no ato
362
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
convocatório e na respectiva minuta de contrato de condição/cláusula segundo a qual resulte
esclarecido que o Dnit realizará ensaios, cálculos e laudos conclusivos acerca da viabilidade técnico-
econômica da utilização de pedreiras, areais e cascalheiras circunvizinhas aos trechos de realização das
obras e que não possuam licenciamento ou lavra concedida, identificadas no site do DNPM, mas que
possam ser objeto de prévio bloqueio dessas jazidas, junto ao DNPM, ou que possuam menor distância
de transporte, e que tais medidas serão adotadas no prazo de até 90 (noventa) dias após a emissão das
ordens de serviço e, se for a hipótese, serão adotadas as providências necessárias para o
reestabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos eventualmente celebrados,
modificando-se as fontes de aquisição dos insumos previstas originalmente no projeto, bem como se
alterando os respectivos preços dos serviços envolvidos;
9.2.2. efetue as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso
Usinado a Quente-AB-08 - capa de rolamento - execução (5 S 02 540 51):
9.2.2.1. adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de
forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva
aquisição do insumo;
9.2.2.2. adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do
areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada (1
A 00 001 91);
9.2.3. efetue as seguintes correções na composição de preço unitário de Concreto Betuminoso
Usinado a Quente-binder - execução (5 S 02 540 52):
9.2.3.1. utilize o valor de 0,00006 t como coeficiente de consumo de aditivo melhorador de
adesividade, em conformidade aos critérios previstos no projeto executivo de engenharia do Edital
508/2011-19 (dope);
9.2.3.2. adote a quantidade para o transporte do aditivo melhorador de adesividade (dope), de
forma que a quantidade a ser transportada corresponda ao quantitativo previsto para a respectiva
aquisição do insumo;
9.2.3.3. adote os valores corretos para os custos de transporte comercial da areia comercial do
areal até a usina de asfalto em rodovia pavimentada (1 A 00 002 91) e em rodovia não pavimentada (1
A 00 001 91);
9.2.4. apresente as cotações de preços realizadas para o insumo aditivo melhorador de
adesividade (dope), conforme o estabelecido na IS 15/2006-DNIT, que justifiquem o preço adotado no
orçamento de referência do Edital 508/2011-19;
9.2.5. em face do princípio da legalidade, adote, no orçamento do Edital 508/2011-19, os
novos percentuais de BDI estipulados pelas Portarias-Direx/Dnit 42/2012 e 319/2012;
9.3. dar ciência deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamentam, à
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2227-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues, Augusto Nardes (Relator), Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio
Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
AUGUSTO NARDES
363
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO II – CLASSE I – Plenário
TC 013.012/2006-8
Natureza: Embargos de Declaração em Relatório de Levantamento.
Unidade: Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras.
Responsáveis: José Orlando Melo de Azevedo (123.807.255-00); Paulo Cesar Cardoso Cavaco
(191.596.097-53).
Interessado: Congresso Nacional.
Advogado constituído nos autos: Bruno Henrique de Oliveira Ferreira – OAB/DF 15.345.
Sumário: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONTRA DETERMINAÇÕES DO
ACÓRDÃO. CONHECIMENTO. EXCLUSÃO DO ITEM 9.2.1 DA DETERMINAÇÃO.
MANUTENÇÃO DOS DEMAIS ITENS EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE OMISSÃO,
OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. CIÊNCIA. ARQUIVAMENTO.
RELATÓRIO
A empresa Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras opôs embargos de declaração contra o Acórdão
1.765/2012-Plenário, de 11/7/2012, que tratou de auditoria realizada para verificar regularidade das
ações de manutenção e recuperação dos sistemas de produção de óleo e gás natural na região Sudeste,
no qual foram exaradas as seguintes determinações:
“9.2.1 abstenha-se de efetuar pagamento de adicional de periculosidade sem que haja laudo
pericial elaborado especificamente para a empresa cujos funcionários serão beneficiados;
9.2.3 revise os contratos celebrados anteriormente à vigência da Lei 8.666/93 sem realização
de procedimento licitatório, nos quais não tenham sido apresentadas justificativas de preço para sua
dispensa e não tenham sido determinados o valor e o prazo;
9.2.4 submenta à apreciação prévia de seu departamento jurídico os contratos, acordos,
convênio e ajustes celebrados pela empresa e suas alterações.”
2. Irresignada com a decisão apresentou a seguinte peça recursal:
“PETROLEO BRASILEIRO S.A. – PETROBRAS, sociedade de economia mista com sede
na cidade do Rio de Janeiro a Av.República do Chile, nº 65, inscrita no CNPJ, fl. 0 33.000.167/0001-
01, por seu procurador infrafirmado, vem a douta presença de V. Exa., nos termos do art. 287 do
Regimento Interno do TCU, opor
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
em face dos itens 9.2.1, 9.2.3 e 9.2.4 do Acórdão nº 1.765/2012 – TCU – Plenário, a fim de que
sejam esclarecidas obscuridades e omissões nas determinações do presente recurso, consoante as
razões adiante expostas.
DA DECISAO EMBARGADA
Em sessão realizada em 11/07/2012, este Eg. Tribunal de Contas da União assim determinou
nos itens 9.2.1, 9.2.3 e 9.2.4 do Acórdão no 1.765/2012 — TCU – Plenário:
364
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
“ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator (...), em:
9.2. determinar a Petróleo Brasileiro S/A que:
9.2.1 abstenha-se de pagar adicional de periculosidade sem que haja laudo pericial elaborado
especificamente para a empresa cujos funcionários serão beneficiados;
(...)
9.2.3 revise os contratos celebrados anteriormente a vigência da Lei 8.666/1993 sem realização
de procedimento licitatório, nos quais não tenha sido apresentadas justificativas de preço para sua
dispensa e não tenham sido determinados o valor e o prazo;
9.2.4 submeta a apreciação prévia de seu departamento jurídico os contratos, acordos,
convênios e ajustes celebrados pela empresa e suas alterações Conforme será demonstrado a seguir, as
determinações acima transcritas contém omissões e obscuridades, que merecem ser esclarecidas,
conforme as razões de direito e de fato a seguir aduzidas.
DO ITEM 9.2.1 – ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
A expressão “abstenha-se de pagar adicional de periculosidade” e obscura, eis que a
PETROBRAS, inclusive na hipótese que gerou o presente comando, não pagou diretamente adicional
de periculosidade aos empregados, mas sim negociou com a empresa contratada um aditivo de valor,
para fazer frente ao pagamento de adicional de insalubridade dos empregados dessa contratada, que
prestava serviços a PETROBRAS.
Assim sendo, não há que se falar em abstenção de pagamento de adicional de periculosidade,
eis que não houve o pagamento direto desse ressarcimento aos empregados pela PETROBRAS.
Além disso, a determinação em referência contém obscuridade quando ordena, a contrario
sensu, que seja elaborado laudo pericial especificamente para a empresa cujos funcionários serão
beneficiados.
Ora, no bojo da parte expositiva do Acórdão, há referência à legislação vigente, que teria
fundamentado essa exigência de laudo pericial elaborado especificamente para a empresa cujos
funcionários serão beneficiados pelo pagamento do adicional.
Porém, diferentemente do que fora determinado por esse Tribunal, o art. 195 da CLT refere-se
à caracterização e classificação ou delimitação de atividades insalubres ou perigosas, não sendo
exigido, por forca desse dispositivo legal, que o laudo pericial seja elaborado especificamente para
cada empresa.
Assim sendo, faz-se necessário esclarecimento com relação ao tema, a fim de que essa Colenda
Corte de Contas indique a legislação vigente que fundamenta a deterrninação exarada.
DOS ITENS 9.2.3 (REVISÃO DE CONTRATOS) E 9.2.4 (SUBMISSÃO À
APRECIAÇÃO PRÉVIA DO DEPARTAMENTO JURÍDICO DOS CONTRATOS, ETC.)
O voto que fundamentou as determinações ora em exame assim se manifestou:
“A segunda diz respeito ao Contrato 101.2.020.90-0 celebrado entre a Petrobras e sua
subsidiária ha mais de 16 anos, à época da realização da auditoria em 2006, sem realização de
licitação, sem fixação de valores e prazos e sem apresentação de justificativa de preços para sua
dispensa.(..).
A terceira aponta a celebração de aditivo, no Contrato 4500112774, que prescindiu da
apreciação do Departamento Jurídico da Companhia, indo de encontro ao art. 38, parágrafo Único, da
Lei 8.666193.
Observe-se que nas duas últimas irregularidades apontadas acima, além de ferir os princípios
previstos na Constituição Federal e a Lei 8.666193, que no entender deste Tribunal regem as
contratações com a administração pública, a Petrobras infringiu também o regulamento que
entende deva ser aplicado a ela, o Decreto 2.745198, Procedimento Licitatório Simplificado no
âmbito da Petrobras.” (grifos e negritos nossos)
365
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Ora, há evidente obscuridade nos fundamentos utilizados para imposição das determinações
exaradas, eis que nem o voto nem Os próprios comandos especificam qual ou quais artigos do Decreto
nº 2.745/98 teriam sido supostamente infringidos. CONSIDERACÕES FINAlS
Ante o exposto, espera e confia a Embargante seja conhecido e provido o presente recurso, a
fim de que sejam esclarecidas as questões ora apresentadas, conforme as razões e fundamentos acima
expostos.”
É o Relatório.
VOTO
Trago à apreciação deste Plenário embargos de declaração opostos pela empresa Petróleo
Brasileiro S.A. – Petrobras contra o Acórdão 1.765/2012-Plenário, de 11/7/2012, que tratou de
auditoria realizada para verificar regularidade das ações de manutenção e recuperação dos sistemas de
produção de óleo e gás natural na região Sudeste.
2. Preliminarmente, conheço dos embargos de declaração por tempestivos.
3. A embargante alega a ocorrência de obscuridade e omissões nos itens 9.2.1, 9.2.3 e 9.2.4 do
Acórdão, que exarava as seguintes determinações:
“9.2.1 abstenha-se de efetuar pagamento de adicional de periculosidade sem que haja laudo
pericial elaborado especificamente para a empresa cujos funcionários serão beneficiados;
9.2.3 revise os contratos celebrados anteriormente à vigência da Lei 8.666/93 sem realização
de procedimento licitatório, nos quais não tenham sido apresentadas justificativas de preço para sua
dispensa e não tenham sido determinados o valor e o prazo;
9.2.4 submenta à apreciação prévia de seu departamento jurídico os contratos, acordos,
convênio e ajustes celebrados pela empresa e suas alterações.”
4. A determinação do item 9.2.1 decorreu da celebração de aditivo contratual para pagamento à
empresa SPEC do valor equivalente ao adicional de periculosidade a ser pago a seus empregados, com
base em laudo emitido em favor da Construtora Norberto Odebrecht, em razão de serem observadas as
mesmas condições de trabalho para ambas as empresas, nas obras realizadas na planta da Estação de
Tratamento de Fazenda Alegre.
5. Considerando que a legislação, de fato, não determina que seja emitido laudo específico em
nome da empresa para cujos empregados estão sendo pagos os adicionais, mas que sejam
caracterizadas, classificadas e delimitadas as atividades insalubres ou perigosas, segundo as normas do
Ministério do Trabalho, por meio de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do
Trabalho, registrados naquele ministério, entendo que deve ser tornado insubsistente o item do
Acórdão 9.2.1.
6. A empresa alega haver obscuridade também em relação aos itens 9.2.3 e 9.2.4, visto que não
foram apontados quais artigos do Decreto 2.745/98 teriam sido infringidos.
7. Aqui cabe esclarecer que o fundamento da irregularidade baseou nos dispositivos da
Constituição Federal e da Lei 8.666/93 (art. 24, inciso XVIII, 44, incisos III e IV, 57, inciso II, e §§3º e
4º, 65, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/93, além do art. 38, Parágrafo Único), conforme registrado no Voto,
uma vez que esta Corte de Contas considera inconstitucional o decreto.
8. O Decreto foi citado apenas a título ilustrativo para alertar a Petrobras que estaria
infringindo, até mesmo, o regulamento que entende deva ser aplicado a ela, mais especificamente os
itens 2.2, 7.1.2 e 7.2 do Decreto 2.745/98 – Procedimento Licitatório Simplificado no âmbito da
Petrobras.
9. Feitas estas análises, entendo que devam ser conhecidos os embargos de declaração para, no
mérito, dar-lhes provimento parcial, tornando insubsistente o item 9.2.1, mantendo os demais em seus
exatos termos.
Ante o exposto, VOTO por que este Tribunal adote a minuta de deliberação que trago à
apreciação deste Colegiado.
366
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Sala das Sessões, em 22 de agosto de 2012. AROLDO CEDRAZ
Relator
ACÓRDÃO Nº 2228/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 013.012/2006-8.
2. Grupo II – Classe I – Embargos de declaração (Relatório de Levantamentos)
3. Responsáveis: José Orlando Melo de Azevedo (123.807.255-00); Paulo Cesar Cardoso
Cavaco (191.596.097-53).
4. Unidade: Petróleo Brasileiro S.A.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 9ª Secretaria de Controle Externo (Secex/9).
8. Advogado constituído nos autos: Bruno Henrique de Oliveira Ferreira – OAB/DF 15.345 e
outros.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração interpostos pela
empresa Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras contra o Acórdão 1.765/2012-Plenário, de 11/7/2012, que
tratou de auditoria realizada para verificar regularidade das ações de manutenção e recuperação dos
sistemas de produção de óleo e gás natural na região Sudeste.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo relator, com fundamento nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992:
9.1. conhecer dos embargos;
9.2. dar-lhes provimento parcial tornando insubsistente o item 9.2.1 do Acórdão recorrido,
mantendo nos exatos termos os demais itens;
9.3 dar ciência desta deliberação à embargante.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2228-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
AROLDO CEDRAZ
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I – CLASSE V – Plenário
367
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
TC 026.363/2011-9
Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria – Fiscobras 2011.
Unidade: Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
Transporte (Dnit) no Estado do Espírito Santo – Dnit/ES (MT).
Interessada: Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional.
Responsáveis: Jorge Ernesto Pinto Fraxe, Diretor Geral do Dnit (CPF 306.174.567-04); Denise
Gomes Simões, substituta do Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo (CPF
466.098.656-04), José Renato do Rosário Oliveira, presidente da comissão de licitação, (CPF
968.047.187-04), Reginaldo Lírio Morelato, membro da comissão de licitação e fiscal dos Contratos
(CPF 576.010.207-97), Wilson Boone de Souza (CPF 652.213.977-49); Élio Bahia Souza (CPF
189.776.697-15).Contractor Engenharia Ltda. (CNPJ 01.980.404/0001-51), ECR Engenharia (CNPJ
42.161.372/0001-40) e Delta Construções (CNPJ10.788.628/0001-57).
Advogados constituídos nos autos: não há.
Sumário: LEVANTAMENTO DE AUDITORIA. FISCOBRAS 2011. OBRAS DE
ADEQUAÇÃO DO CONTORNO RODOVIÁRIO DE VITÓRIA – BR 101 – ES. CONTRATAÇÃO
IRREGULAR POR DISPENSA OU INEXIGIBILIDADE. EXECUÇÃO DE SERVIÇOS COM
QUALIDADE DEFICIENTE. LIQUIDAÇÃO IRREGULAR DA DESPESA. AUDIÊNCIA DOS
RESPONSÁVEIS. OITIVAS. DETERMINAÇÃO. RECOMENDAÇÃO DE SANEAMENTO.
RELATÓRIO
Trata-se de levantamento de auditoria, realizado na Superintendência Regional do Dnit no
Estado do Espírito Santo – Dnit/MT, nas obras de adequação do contorno rodoviário de Vitória – BR
101 – Estado do Espírito Santo.
2. A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar tanto o processo licitatório da Concorrência
596/2009-17, posteriormente convertida na Dispensa de Licitação 46/2009, da qual resultou o Contrato
231/2010, como também a execução dos Lotes 01 e 02 do Contorno Rodoviário no Município de
Vitória na BR-101/ES (Contratos 011/2008 e 231/2010, respectivamente).
3. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 134.914.586,64, sendo R$
64.295.175,57 referentes ao valor do Contrato TT 011/2008 (Lote 01) e R$ 70.619.411,07 referentes
ao valor do Contrato 231/2010 (Lote 02).
4. As obras de duplicação do Contorno de Vitória já foram fiscalizadas anteriormente pelo
TCU (Fiscalis 548/2004 – TC 006.809/2004-0, 397/2005 – TC 007.623/2005-0, 104/2008 – TC
007.537/2008-5 e 149/2009 – TC 007.209/2009-2).
5. Os principais achados da auditoria constam do relatório elaborado pela Secob-2 que compõe
a Peça 138 destes autos eletrônicos, cujos principais excertos transcrevo abaixo:
“[...] 3 – ACHADOS DE AUDITORIA
3.1 – Contratação irregular por dispensa ou inexigibilidade.
3.1.1 – Tipificação do achado:
Classificação – grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO – Em face da baixa
materialidade do dano potencial em relação aos valores contratados, a presente irregularidade não se
enquadra no art. 94, § 1º, inciso IV da Lei 12.309/2010 (LDO 2011).
3.1.2 – Situação encontrada:
A assinatura do Contrato 17 00231/2010, no valor de R$ 66.985.178,71 (maio/2009) decorreu
de dispensa irregular de licitação, com fundamento no art. 24, inciso V da Lei 8.666, de 21 de junho de
1993, pois não atendeu aos ditames da Lei de Licitação, particularmente àqueles dispostos no inciso V
368
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
do art. 24; nos incisos II e III do Parágrafo Único e no caput do art. 26; e no art. 38 da mesma lei, os
quais dizem respeito aos requisitos necessários para se adotar a dispensa de licitação em casos de
licitação deserta, os procedimentos obrigatórios para tornar eficazes os respectivos atos e as peças que
devem instruir o processo referente à contratação.
Em 1º de agosto de 2011 foi protocolado na Secex/ES o Ofício GAB/APF/MPF/ES 2.978/2011
dando conhecimento da Portaria de Instauração do Inquérito Civil Público 143/2011 para investigação
dos fatos e circunstâncias envolvidos na contratação direta por dispensa de licitação de empresa para
execução das obras de duplicação da Rodovia BR-101/ES, conforme noticiado em jornal local. A
Secretaria Regional deu conhecimento à Secob-2 do referido documento, de modo que a verificação da
regularidade da contratação foi incluída como objeto desta auditoria.
A Procuradoria levantou algumas questões cujos esclarecimentos considerou necessários para
confirmar as denúncias, tais como:
a) razões pelas quais o Dnit deixou para realizar a contratação no final de 2009;
b) validade, no plano prático, da premissa de que não haveria dotação no ano seguinte para o
prosseguimento das obras;
c) razão pela qual a adjudicação fora no final de dezembro de 2009 e apenas em março de 2010
fora firmado o contrato, se, realmente, havia, como alegado, pressa na contratação;
d) razão de não ter havido o adiamento requerido por associação de empreiteiras;
e) quais empresas adquiriram o edital de licitação e as razões que as levaram a desistir da
concorrência;
f) adequação do custo da obra aos parâmetros de mercado; e
g) razões da alteração do orçamento de R$ 62.533.439,00 (25 de setembro de 2009) para R$
67.315.934,36 (16 de outubro de 2009).
Os procedimentos realizados em relação à regularidade do procedimento licitatório visaram a
esclarecer os pontos levantados pelos órgãos de controle, os quais serão tratados a seguir.
Para melhor entendimento dos acontecimentos que resultaram na referida contratação, por meio
da Dispensa de Licitação 46/2009, decorrente da Concorrência 0596/2009-17, declarada deserta, ao
final deste achado apresenta-se uma tabela com os fatos ordenados cronologicamente.
a) razões pelas quais o Dnit deixou para realizar a contratação no final de 2009
A fim de se verificar as causas que levaram a licitação a ser realizada apenas no final do ano de
2009, procurou-se identificar as etapas percorridas até o lançamento do edital.
A justificativa apresentada para a utilização da dispensa de licitação foi a ‘necessidade de a
Administração atender aos anseios quanto à redução dos índices de acidentes ocorridos; eliminação do
gargalo existente, em face do excesso fluxo de veículo pesado; sendo, portanto, obra de relevante
interesse público. Há que se considerar ainda a manutenção dos recursos orçamentários destacados
para o exercício de 2009’. Desse modo deve-se verificar se a realização da licitação apenas no final do
ano pode ser atribuída à desídia da administração, caso que, conforme jurisprudência desta Corte, pode
ensejar a responsabilização dos agentes que deram causa a essa demora.
Conforme se verifica nos autos do processo administrativo 50617.001787-2009-01 do Dnit, que
trata da contratação em exame, a Portaria 450 – DG/Dnit, que delegou competência à comissão
formada por servidores lotados na Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo –
SR/ES para aprovar a revisão do projeto executivo para complementação das obras, data de 28 de abril
de 2009.
Em 25/9/2009, o Superintendente Regional do Dnit/ES editou a Portaria 0049, publicada no
Boletim Administrativo 43 aprovando o Projeto Executivo de Engenharia das Obras de
Complementação / Duplicação do Contorno de Vitória. Passaram-se, portanto, cinco meses entre a
formação da comissão e a aprovação do projeto.
No mesmo dia enviou o Memorando 464/2009/SR/ES solicitando delegação de competência
para realizar a licitação para contratação da empresa executora das obras. A delegação foi concedida
por meio da Portaria DG/Dnit 1.224, de 8/10/2009.
369
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Daí por diante, o que se verifica não é morosidade, mas rapidez no andamento do processo. No
mesmo dia em que recebeu a delegação – quinta-feira -, o Superintendente Regional editou a Portaria
SR/ES 54 designando a comissão de licitação.
No dia 16/10/2009, sexta-feira, foram feitas todas as demais etapas internas da licitação:
i) foram elaborados, pelo responsável técnico, e aprovados, pelo coordenador e pela diretora da
área, os dados necessários para o edital de Licitação: relação de índices para qualificação econômico-
financeira; declaração de responsabilidade pela correspondência entre o projeto e as exigências da Lei
de Licitações; lista de serviços relevantes para qualificação técnico-operacional; lista de serviços
relevantes para qualificação técnico-profissional; declaração de responsabilidade técnica pela
adequação do orçamento; e check-list de verificação dos documentos obrigatórios na instrução do
processo;
ii) foi elaborada a minuta do edital e esta foi encaminhada à Procuradoria Federal Especializada
(PFE);
iii) foi aprovada a minuta do edital pela Procuradoria Federal Especializada;
iv) foi solicitada a publicação do aviso de licitação em jornal de grande circulação;
v) foi lançado o aviso de licitação.
Em 18/10/2009, domingo, foi feita a publicação do aviso de licitação em jornal de grande
circulação e, em 20/10/2009, terça-feira, foi feita a publicação no Diário Oficial da União – DOU.
Apesar de o aviso de licitação já ter sido publicado no jornal, o edital data de 19 de outubro, segunda-
feira.
No entanto, não se verificou morosidade na atuação do Dnit que tivesse dado causa a atraso na
licitação. Das informações constantes nos autos, observou-se que o certame ocorreu no final do ano
devido ao tempo necessário para a aprovação do projeto e à necessidade de delegação de competência
para realização da licitação pela Superintendência. Soma-se a isso a determinação da Portaria
1.186/2009/DG/Dnit que obrigou o adiamento da licitação para alteração do percentual de BDI do
orçamento.
b) validade da premissa de que não haveria dotação no ano seguinte para o prosseguimento das
obras
A verificação da validade da premissa de que não haveria dotação para prosseguimento das
obras no ano de 2010 é importante, pois a necessidade de manutenção dos recursos destacados para o
exercício de 2009 foi uma das razões que justificaram a utilização de dispensa de licitação, como se
verifica no Despacho 399/2009 – SCL/ES.
À folha 76 do processo administrativo 50617.001787-2009-01 do Dnit, verifica-se a declaração
de existência de recursos orçamentários oriundos do Orçamento Geral da União (OGU) de 2009, na
qual se afirma que a despesa prevista tem adequação orçamentária e financeira com a Lei
Orçamentária Anual (LOA), o Plano Plurianual (PPA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). À
folha 77 do mesmo processo, verifica-se a declaração exigida nos art. 15 a 17 da LRF, a qual reafirma
a adequação orçamentária e financeira da despesa com a LOA, o PPA e a LDO e a existência de
recursos no orçamento de 2009.
A possibilidade de se perder os recursos garantidos para 2009 se daria caso a mudança de ano
acarretasse a desvinculação dos recursos à licitação.
Em relação à vinculação formal, esta se dá com o empenho da despesa pela emissão da Nota de
Empenho, após a definição do vencedor da licitação. Entretanto, o fato de a diretoria do Dnit declarar
disponibilidade de recursos orçamentários para uma licitação já demonstra sua intenção em destinar os
recursos necessários até a conclusão das obras.
Tanto é assim que diversas licitações do Dnit – e de todos os órgãos públicos – são lançadas no
final do ano, com previsão de abertura das propostas e conclusão do processo no início do ano
seguinte. Nesses casos, a declaração de disponibilidade orçamentária exigida para o início da licitação
se refere ao ano de lançamento do edital, mas os recursos para o ano seguinte não são restringidos em
decorrência da conclusão do certame apenas no ano posterior.
370
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Se assim fosse, as licitações somente poderiam ser iniciadas muito antes do final do ano, pois
situações inesperadas, como a existência de recursos e impugnações poderiam atrasar os processos e
impossibilitar as contratações.
Esse raciocínio também se aplica ao caso em tela, mesmo levando em conta a maneira como foi
conduzido. Procurou-se encerrar o processo licitatório ainda no ano de 2009. Porém, o empenho só foi
realizado em 4/3/2010, por meio da Nota de Empenho 2010NE900474, ou seja, os recursos que
ficaram garantidos foram os de 2010, o que não impediu a realização da obra.
Verifica-se, portanto, que tal justificativa não se mostra factível, pois o recurso disponível em
2009 continuaria garantido em 2010 caso a licitação fosse repetida em razão da deserção.
c) razão pela qual a adjudicação fora no final de dezembro de 2009 e apenas em março de
2010 fora firmado o contrato, se, realmente, havia, como alegado, pressa na contratação
Apesar da mencionada tentativa em se realizar a contratação ainda no ano de 2009, o contrato
somente foi assinado em 4/3/2010, embora a adjudicação tivesse ocorrido em 28/12/2009.
Quanto a isso, a Autarquia manifesta-se, na resposta dada pelo presidente da comissão de
licitação ao Memorando 327/2011/SR/ES, que a assinatura do contrato depende da emissão do
empenho, que é feito em Brasília, o qual somente foi emitido em março de 2010.
De fato, o empenho foi solicitado em 23/12/2009 por meio da Mensagem 688/2009, mas a Nota
de Empenho Nota de Empenho 2010NE900474 somente foi emitida em 4/3/2010.
Justifica-se, portanto, o decurso do prazo entre a adjudicação e a contratação.
d) razão de não ter havido o adiamento requerido por associação de empreiteiras
Verifica-se às folhas 276 e 278 do processo administrativo da licitação que a empresa Blokos
encaminhou correspondência ao Dnit em 18/11/2009 solicitando o adiamento da abertura das
propostas em decorrência da não disponibilização do edital. Em 3/12/2009 a empresa solicitou tornar
sem efeito a referida correspondência. Também a Associação Nacional das Empresas de Obras
Rodoviárias (Aneor) solicitou prorrogação de prazo em 27/11/2009 em decorrência da
disponibilização do edital apenas em 19/11/2009. Não obstante essas solicitações, o Dnit não alterou a
data de abertura das propostas.
Questionado a respeito, o Dnit afirmou, no Ofício 633/2011/SR-ES, que não houve a
prorrogação solicitada porque os questionamentos não eram procedentes tendo em vista que o edital
estava disponível desde 19/10/2009.
O edital, conforme publicação de aviso de licitação em jornal de grande circulação, seria
disponibilizado na própria superintendência regional e na página do sistema Comprasnet. Além disso,
como é costume do Dnit, estaria à disposição também na página da autarquia. Como não havia
controle de quem estava retirando o documento na superintendência ou na página da autarquia, foram
solicitados ao Dnit os documentos que comprovassem o depósito de caução, com vistas a verificar
quem realizou o recolhimento e em que data. Foram apresentadas as guias de depósito de caução
efetuados na Superintendência do Dnit no Espírito Santo, em Vitória, e na sede da autarquia, em
Brasília. Por meios das referidas guias verificou-se que doze empresas depositaram a caução, sendo
sete em Brasília e cinco em Vitória. Dentre essas empresas estava a Blokos, autora do questionamento
mencionado.
A fim de comprovar as alegações do Dnit, foram enviados ofícios às empresas que depositaram
caução questionando, dentre outras coisas, acerca da disponibilidade do edital e do projeto. Também
foi enviado ofício à Aneor para esclarecer a razão de sua solicitação e as respostas recebidas.
Todas as empresas responderam que não houve dificuldades em se obter o edital e o projeto e
que estes estavam disponíveis na data definida no aviso de licitação.
A empresa Blokos esclareceu por e-mail que obteve o edital após a publicação em jornal local
em 8/11/2009. A referida publicação claramente se refere ao adiamento da licitação. A obtenção do
edital na referida data não condiz com o envio posterior da solicitação de adiamento em decorrência da
indisponibilidade do edital.
371
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
A Aneor, por sua vez, esclareceu que não obteve resposta do Dnit à solicitação. No Ofício
633/2011/SR-ES esclarece-se que deveu-se à improcedência e intempestividade do questionamento. A
associação afirma que o prazo de disponibilização do edital fora questionado por suas associadas, não
citando qual ou quais delas apresentou a questão.
Posteriormente, o Dnit encaminhou o resultado de uma consulta gerado pelo sistema
Comprasnet que registra os usuários que acessaram o edital pelo site do sistema. O documento
apresenta os nomes dos usuários que retiraram o edital, a que empresa cada usuário está vinculado e as
datas de acesso. Consta da consulta que o edital foi retirado por usuários de pelo menos 24 empresas.
Dessas, 22 são distintas daquelas doze que depositaram caução. Ou seja, ao menos 34 empresas
tiveram acesso ao edital da licitação.
Além disso, conforme consta dos registros de retirada de edital do Comprasnet, houve retirada
de edital a partir do dia 20/10/2009, o que comprova que o documentos estava disponível pelo menos a
partir daquela data. Desse modo, o adiamento baseado na indisponibilidade do edital no prazo
instituído pela Lei de Licitações não seria necessário.
e) quais empresas adquiriram o edital de licitação e as razões que as levaram a desistir da
concorrência
Conforme explicado acima, comprovou-se que pelo menos 34 empresas obtiveram o edital de
licitação por todos os meios nos quais ele foi disponibilizado. Destas, pelo menos doze depositaram a
caução. Ressalta-se que podem ter havido mais, já que o depósito da caução podia ser registrado em
qualquer superintendência regional do Dnit no país e foram acessados apenas os registros efetuados na
superintendência do Espírito Santo e na sede da autarquia.
Foram enviados ofícios a cada uma delas com os seguintes questionamentos acerca das razões
que levaram as empresas a desistirem de participar da licitação mesmo após o depósito da caução:
– No entender da empresa, houve algum item do edital que poderia restringir ou inviabilizar a
sua participação?
– No entender da empresa, houve alguma característica do projeto ou das exigências do edital
que possa ter tornado a licitação desinteressante?
– No entender da empresa, o prazo transcorrido entre a data em que efetivamente foram
disponibilizados o edital e o projeto foi suficiente para a elaboração da proposta?
– A empresa apresentou algum questionamento, recurso, impugnação ou alguma comunicação
ao Dnit a respeito da licitação?
– Por que razão a empresa decidiu não participar da Concorrência 596/09-17?
Apenas uma empresa afirmou que desistiu de participar da licitação devido às exigências de
qualificação técnica que considerou descabidas e restritivas. As demais não tiveram dificuldades em
obter o edital e o projeto, não consideraram o edital restritivo, entenderam suficiente o prazo
disponibilizado para elaboração das propostas e justificaram sua desistência em decorrência de já
estarem envolvidas em outros projetos e, principalmente, devido à complexidade e às condições de
execução da obra no que diz respeito às interferências de povoamento e tráfego.
Desse modo, verificou-se que muitas empresas tinham condições técnicas de executar a obra,
mas desistiram em decorrência das condições de execução que deixaram a obra pouco atrativa no
entendimento delas. Não se deveu, portanto, a restrições constantes do edital ou ao prazo disponível
para elaboração das propostas. Foram, portanto, razões alheias ao controle da superintendência, mas
inerentes às características da própria obra.
f) adequação do custo da obra aos parâmetros de mercado
A adequação do custo da obra é uma questão importante quando se analisa a possibilidade de
ocorrência de irregularidades em licitação. Isso porque o favorecimento de uma ou outra empresa
geralmente se dá com o direcionamento de projetos com problemas de sobrepreço.
372
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Para se verificar a adequação dos preços contratados com os referenciais do Sicro 2, foi feita a
curva ABC do Contrato em sua situação original, ou seja, sem considerar os aditivos firmados. Dessa
análise resultou verificada a compatibilidade dos preços contratados com a referência legal de custos
para obras rodoviárias, não se configurando, portanto, sobrepreço inicial no Contrato 17 00231/2010.
g) razões da alteração do orçamento de R$ 62.533.439,00 (25 de setembro de 2009) para R$
67.315.934,36 (16 de outubro de 2009)
A alteração do valor, que seguiu de adiamento da data de abertura das propostas, decorreu da
alteração do BDI aplicado sobre o orçamento-base, conforme justificado na justificativa de adiamento,
de 4/11/2009.
O BDI adotado pelo Sicro até setembro de 2009 era de 19,60%. Entretanto, em 1º de outubro
de 2009 foi editada a Portaria 1.186/2009/DG/Dnit que determinou a suspensão de todas as licitações e
alteração do BDI para 27,84%.
Portanto, em obediência à determinação da Direção Geral da Autarquia, o edital foi suspenso, o
valor foi corrigido e a entrega das propostas foi prorrogada.
Além do procedimento instaurado pelo Ministério Público, verificou-se a existência do
Relatório de Auditoria 201112110 da Controladoria Geral da União (CGU), elaborado após auditoria
sobre denúncias na área dos transportes e publicado em 8/9/2011. No relatório, a CGU concluiu que a
contratação das obras decorreu de dispensa irregular de licitação. Os elementos que levaram a esta
conclusão foram, em síntese:
I) ausência de evidências de retirada dos editais pelas empresas participantes da Concorrência.
II) ausência de justificativas consistentes para a dispensa;
III) ausência de repetição do processo licitatório de Concorrência;
IV) antecipação dos convites às empresas antes da publicação do ato que declarou a licitação
deserta;
V) validade de apenas duas propostas no processo de contratação direta; e
Diante do resultado da auditoria da CGU, o Superintendente Regional do Dnit/ES encaminhou
o Memorando 327/2011/SR/ES ao presidente da comissão de licitação solicitando esclarecimentos
sobre as irregularidades apontadas. As respostas foram encaminhadas à equipe de auditoria para
auxiliar no entendimento da questão.
A seguir são tratados os elementos apresentados pelo órgão de controle interno e justificados no
referido documento do Dnit. Não se pretende contestar ou confirmar os resultados da auditoria da
CGU, principalmente porque não se conhece quais informações foram apresentadas à equipe da
Controladoria. O que se busca é apresentar aqueles elementos que foram apresentados à equipe deste
Tribunal diante dos questionamentos apresentados ao Dnit com base nas conclusões do referido
relatório da CGU.
I) ausência de evidências de retirada dos editais pelas empresas participantes da concorrência
A questão acerca de quantas empresas retiraram o edital é importante para se verificar se foi
dada a devida publicidade ao documento e se foram atendidos os prazos legais entre sua
disponibilização e a data de apresentação das propostas.
O número de empresas que depositou caução e o número de registros de aquisição do edital por
meio da página do Comprasnet demonstra que foi dada a devida publicidade ao documento, inclusive
em data adequada ao cumprimento dos prazos legais.
II e III) ausência de justificativas consistentes para a dispensa e ausência de repetição do
processo licitatório de concorrência
Trata-se de uma questão importante na análise da regularidade da adoção de dispensa de
licitação com fundamento no inciso V do art. 24 da Lei 8.666/1993, pois o dispositivo estipula que a
licitação só não precisa ser repetida mediante a apresentação de justificativas.
373
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
‘Art. 24. É dispensável a licitação:
V – quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder
ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições
preestabelecidas’.
Como a regra da Administração Pública é licitar, a exigência de que seja justificada a não
repetição do certame pretende impedir a utilização do dispositivo para fugir à modalidade de licitação
estipulada nos demais artigos da lei, no caso a concorrência. E o dispositivo legal especifica que as
justificativas apresentadas não devem ser de qualquer natureza, mas devem demonstrar que a repetição
traria prejuízos à Administração.
Na resposta ao Memorando 327/2011/SR/ES o presidente da comissão de licitação assim se
exprime:
’No que diz respeito às justificativas para a impossibilidade de repetição do processo
licitatório, e para a consequente dispensa de licitação, essas constaram às fls. 1159 dos autos do
processo administrativo (frente e verso), sendo basicamente duas, assim explicitadas na oportunidade:
'manutenção dos recursos orçamentários destacados para o exercício de 2009' e 'necessidade de a
administração atender aos anseios da população quanto à redução dos índices de acidentes ocorridos;
eliminação do gargalo existente, em face do excesso do fluxo de veículos pesados.'
Dessa forma, não se pode falar em ausência de justificativas. É importante frisar que o fato de
as justificativas terem sido declinadas de forma sintética não significa que elas não existam. O motivo
para a dispensa de licitação existia, era real e foi descrito nos autos do processo administrativo. Se a
motivação, na ótica da CGU, foi insuficiente, essa é uma formalidade que não pode levar à conclusão
de que o ato de dispensa de licitação foi ilegal. O que importa são as circunstâncias de fato que
existiam à época e que foram levadas em consideração para a tomada de decisão pelo órgão’.
A necessidade da motivação exigida no inciso V do art. 24 da Lei de Licitações decorre do
princípio da motivação dos atos administrativos, o qual obriga o administrador a motivar – registrar os
motivos – de seus atos de modo a propiciar a transparência de sua atuação e propiciar o controle de
suas ações. Não basta, portanto, que sejam apresentadas justificativas. Estas, obviamente, devem ser
condizentes com a realidade e bem fundamentadas, pois resultarão na contratação por meio de um
dispositivo de exceção.
O referido dispositivo vai mais além, especificando que tipo de justificativa deve ser
apresentado: devem ser ponderados os potenciais prejuízos decorrentes da repetição da licitação e
aqueles decorrentes da contratação direta, em tese com menor competitividade, de modo que se
comprove a inviabilidade de repetição do certame.
Desse modo, é cabível a análise de duas características das justificativas apresentadas:
i) se elas condizem com a realidade;
ii) se elas demonstram a impossibilidade de repetição da licitação sem prejuízo para a
Administração.
Esse tipo de análise, inclusive, já foi feita em situação anterior no Tribunal de Contas da
União, quando foi proferido o Acórdão 7.049/2010 – Segunda Câmara:
‘Conforme nos ensina Marçal Justen Filho (in ‘Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos’, 8ª ed., Dialética, p.242/243), a hipótese de contratação por dispensa mediante o
inciso V do art. 24 da Lei nº 8.666/1993 se aperfeiçoa pela presença de quatro elementos:
'O primeiro é a realização de licitação anterior, concluída infrutiferamente. Pressupõe-se,
portanto, uma situação que originariamente comportava licitação, a qual foi regularmente processada.
O segundo é a ausência de interessados em participar da licitação anterior, o que provocou a
frustração da disputa.
O terceiro é o risco de prejuízos se a licitação vier a ser repetida. A Administração estaria
obrigada a renovar o processo licitatório, na sua etapa externa. No entanto, verifica-se que a repetição
dos atos acarretaria prejuízos ao interesse público. (...)
374
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Por fim, a contratação tem de ser efetivada em condições idênticas àquelas da licitação anterior.
A contratação direta é autorizada no pressuposto de inexistirem outros interessados em realizar a
contratação nas condições estabelecidas no ato convocatório anterior. Portanto, a alteração das
condições importaria ofensa ao princípio da isonomia. (...)'.
Quanto ao primeiro e ao segundo elementos, observamos seu atendimento. O Convite CV-
GST-2-2061/02 teve como resultado licitação deserta (...).
Contudo, não restou explicitado no processo de dispensa de licitação DJ – GST -2 – 2073 que a
repetição de nova licitação traria riscos de prejuízos para a Eletronorte, condição necessária para
proceder à dispensa de licitação com base no inciso V do art. 24 da Lei de Licitações. Desta forma, o
terceiro elemento ensejador da dispensa não restou configurado.
É apenas mencionado no processo que, para não interromper o abastecimento dos veículos, a
Eletronorte estava utilizando o Fundo Rotativo de Caixa e que havia orientação da Auditoria Interna-
CAA da empresa para contratar por dispensa, face à ocorrência de licitação deserta (...)’ (grifo nosso).
Dentre as justificativas apresentadas no processo da licitação, a que diz respeito à manutenção
dos recursos orçamentários destacados para o exercício de 2009 já foi analisada e considerada
infactível. As demais justificativas apresentadas foram: necessidade de a administração atender aos
anseios da população quanto à redução dos índices de acidentes ocorridos; e eliminação do gargalo
existente, em face do excesso do fluxo de veículos pesados.
Ora, as referidas motivações dizem respeito à importância da própria obra, mas não à
impossibilidade de se realizar a licitação.
Toda obra pública visa a atender às necessidades e anseios da população beneficiada. As obras
rodoviárias geralmente envolvem melhoria das condições da pista e de pontos críticos de tráfego e
segurança. Ou seja, toda obra rodoviária poderia ser enquadrada nessas justificativas, algumas com
mais urgência que outras. Assim, se tais alegações pudessem ser consideradas suficientes, poderiam
ser utilizadas para dispensar a licitação de qualquer obra.
Ademais elas não demonstram risco de prejuízo à Administração em face da repetição da
licitação.
Conclui-se, portanto, que as justificativas apresentadas realmente não foram consistentes para
fundamentar a dispensa de licitação e ausência de repetição do processo licitatório de concorrência em
face das exigências do dispositivo legal pertinente.
IV) antecipação dos convites às empresas antes da publicação do ato que declarou a licitação
deserta
Após a sessão de habilitação na qual não compareceram interessadas, as etapas que deveriam
ser realizadas são as seguintes, na seguinte ordem:
i) publicação do resultado da habilitação, declarando que restou deserta;
ii) demonstração de que a repetição da licitação resultaria em prejuízo à Administração de
modo a justificar a não repetição do certame, conforme determina o inciso V do art. 24 da Lei
8.666/1993;
iii) comunicação à autoridade superior da situação que ensejou a necessidade de contratação
por dispensa de licitação, juntamente com as justificativas, conforme determina o caput do art. 26 da
mesma Lei;
iv) parecer técnico ou jurídico emitido sobre a dispensa, em atendimento ao inciso VI do art.
38;
v) ratificação da autoridade superior, conforme impõe o art. 26;
vi) publicação na imprensa oficial da dispensa de licitação, de acordo com o mesmo artigo. A
Lei estipula que a publicação, no prazo exigido, é condição para eficácia dos atos. Somente então
poderiam ser iniciados os procedimentos para a contratação por dispensa de licitação, com a busca das
empresas para oferecerem propostas;
vii) justificativa do preço e razão da escolha do fornecedor ou executante, seguindo o
especificado nos incisos II e III da Lei 8.666/1993;
375
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ix) homologação e adjudicação do objeto;
Essas etapas decorrem do já apresentado inciso V do art. 24 da Lei 8.666/1993, além dos
dispositivos da mesma Lei a seguir transcritos:
‘Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as
situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento
previsto no final do parágrafo único do art. 8º desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três)
dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco)
dias, como condição para a eficácia dos atos.
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste
artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
I – caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for
o caso;
II – razão da escolha do fornecedor ou executante;
III – justificativa do preço;
IV – documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados’.
’Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo,
devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta
de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:
I – edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso;
II – comprovante das publicações do edital resumido, na forma do art. 21 desta Lei, ou da
entrega do convite;
III – ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro administrativo ou oficial, ou do
responsável pelo convite;
IV – original das propostas e dos documentos que as instruírem;
V – atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora;
VI – pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade;
VII – atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homologação;
VIII – recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e respectivas manifestações e
decisões;
IX – despacho de anulação ou de revogação da licitação, quando for o caso, fundamentado
circunstanciadamente;
X – termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme o caso;
XI – outros comprovantes de publicações;
XII – demais documentos relativos à licitação’.
Verifica-se, entretanto, que não foram esses os eventos ocorridos. Algumas exigências não
foram cumpridas e outras foram realizadas antes do momento devido, conforme se verifica na seguinte
sequência de fatos, retirada na tabela constante ao final deste achado, lembrando que a sessão de
habilitação que foi deserta ocorreu em 7/12/2009:
i) em 8/12/2009 foram enviados os ofícios solicitando propostas para três empresas;
ii) em 15/12/2009 foi publicado o resultado da sessão de habilitação no DOU, declarando-se
que foi deserta;
iii) em 15/12/2009 foram recebidas as propostas de duas empresas;
iv) em 23/12/2009 foi concluída a análise das propostas recebidas. O resultado foi encaminhado
para parecer da PFE;
v) em 23/12/2009 foram encaminhadas as justificativas para a dispensa à Procuradoria Federal
Especializada, junto com a análise das propostas recebidas, justificando o preço e a escolha da
empresa;
vi) em 23/12/2009 foi emitido parecer jurídico sobre a dispensa de licitação. O parecer não
analisa a suficiência das justificativas, limitando-se a afirmar que foram apresentadas justificativas;
376
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
vii) em 23/12/2009 a dispensa foi declarada pelo presidente da comissão de licitação e o
processo foi encaminhado ao superintendente para ratificação;
viii) em 23/12/2009 a dispensa foi ratificada pela Superintendente Regional substituta;
ix) em 24/12/2009 foi publicado o extrato de dispensa de licitação com indicação da
contratação da empresa Contractor;
x) em 28/12/2009 a licitação foi homologada e o objeto foi adjudicado à empresa escolhida;
xi) em 04/03/2010 o contrato foi assinado;
Em relação à antecipação dos convites mencionada pela CGU, a resposta ao Memorando
327/2011/SR/ES justifica:
‘Quanto à suposta antecipação dos convites às empresas – afirma-se que os convites foram
antecipados porque feitos antes da publicação oficial do ato que declarou a licitação deserta –
entendemos que também essa é uma questão formal, já que, independentemente de publicação, o ato
que declarou a licitação deserta existia e era plenamente válido ao tempo de sua prática. Assim sendo,
ele já produzia efeitos internamente, para o próprio órgão. O que se deve considerar, em nosso modo
de entender, é que a publicação da contratação direta foi posterior à publicação do ato que declarou a
licitação deserta’.
Ao que parece, o presidente da comissão de licitação afirma que a declaração de deserção da
licitação é suficiente para que se inicie um processo de contratação por dispensa de licitação. Por isso
afirma que o ato que declarou deserta a licitação já era válido internamente, o que permitiria o envio
dos ofícios para as empresas com vistas a se realizar a contratação direta.
Na verdade, o que exige a lei é que a licitação seja repetida e, somente em situações
justificadas, pode-se declarar a dispensa de licitação, devendo ser comunicado à autoridade superior no
prazo determinado e feita a publicação em prazo também estipulado pela lei, conforme se explicou
anteriormente. A simples declaração de que a licitação foi deserta não permite a Administração a
iniciar o processo de contratação direta, pois o que se espera é a repetição do certame.
O envio dos convites antes do cumprimento das demais exigências legais, portanto, não tem
caráter apenas formal, mas da própria validade dos atos.
A maneira como se deu a contratação direta mostra que foram feitas todas as etapas
concernentes à solicitação das propostas e escolha do vencedor sem que sequer tivesse sido justificada
e aprovada a contratação por meio de dispensa de licitação. Essa aprovação se daria por meio da
apresentação das justificativas legalmente exigidas, declaração de dispensa de licitação, elaboração do
parecer jurídico acerca da dispensa, ratificação da autoridade superior e publicação da dispensa de
licitação, sem a qual a eficácia dos atos ficaria prejudicada. Somente após a escolha da empresa a ser
contratada é que se iniciou o procedimento para declarar a dispensa da licitação, como cumprimento de
formalidades constantes do parecer da PFE.
Constata-se, portanto, que a contratação direta da maneira que foi realizada feriu todos os
dispositivos legais a que está sujeita.
V) validade de apenas duas propostas no processo de contratação direta
A respeito desse ponto apontado pelo relatório da CGU, o presidente da comissão de licitação
explica que a legislação não exige da Administração o recolhimento de um número mínimo de
propostas válidas para a contratação direta, mas apenas justificativa do preço.
Merece acolhimento as justificativas apresentadas pelo presidente da comissão, conquanto as
exigências legais para dispensa de licitação são somente aquelas elencadas nos incisos II e III do art.
26 da Lei 8.666/1993 – justificativa da escolha do executante e do preço -, as quais foram atendidas,
pois a contratação foi norteada pelo preço definido na licitação e a empresa contratada apresentou
desconto em relação ao orçamento. Quanto ao número mínimo de propostas válidas, trata-se de
exigência aplicável à modalidade convite.
De fato foram solicitadas três propostas, tendo-se recebido duas, o que foi suficiente para
atender as exigências dos incisos II e III do Parágrafo Único do art. 26 da Lei 8.666/1993.
377
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
3.1.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado:
(IG-C) – Contrato 17 00231/2010, 5/3/2010, Execução dos serviços necessários à realização
da complementação das obras de duplicação do contorno de Vitória., Contractor Engenharia Ltda.
3.1.4 – Causas da ocorrência do achado:
Deficiências na condução do processo licitatório.
3.1.5 – Critérios:
Acórdão 7049/2010, Tribunal de Contas da União, Plenário
Constituição Federal, art. 37, inciso XXI
Lei 8666/1993, art. 3º, § 3º; art. 24, inciso V; art. 26, § Único, inciso II; art. 26, § Único, inciso
III; art. 26, caput ; art. 38
Portaria 1186/2009, DG/Dnit, art. 3º
3.1.6 – Evidências:
Extrato_SIAFI-Nota de Empenho.
Consulta Termo de Retirada de Edital Comprasnet.
Contrato 17 00231 2010.
Aviso de adiamento da licitação.
Aviso de licitação.
Check-list dos documentos obrigatórios no processo.
Correspondência da Aneor.
Correspondências da empresa Blokos.
Declaração de dispensa.
Declaração de existência de recursos orçamentários.
Declaração de responsabilidade adequação orçamento.
Declaração de responsabilidade pela adequação do projeto.
Declaração exigida nos art. 15 a 17 da LRF.
Depósitos de caução.
Despacho 364_2009 – SCL_ES.
Despacho 399_2009 – SCL_ES.
Entrega da proposta da Almeida e Filho.
Entrega da proposta da Contractor.
Homologação e adjudicação da dispensa.
Lista de serviços qualificação técnico-operacional.
Memo 327_2011_SR_ES e resposta.
Memorando 464_2009_SR_ES.
Mensagem 688_2009.
Notícia divulgada no Jornal A Gazeta de 20_07_2011.
Ofício 633_2011_SR_ES sem anexos.
Ofício 981_2009_SR_ES.
Ofício 982_2009_SR_ES – Ofício 982/2009/SR-ES.
Ofício 983_2009_SR_ES.
Ofício MPF_ES 2978_2011 e Portaria 143_2011.
Portaria 450_09_DG_Dnit.
Portaria 49_09_SR_ES.
Portaria 1224_09_DG_Dnit.
Portaria 1186_09_DG_Dnit.
Portaria 54_09_SR_ES.
Relação de índices para qualificação econômico-financeira9 – Relação de índices para
qualificação econômico-financeira.
Parecer 118-A_2009 PFE_SR_Dnit_ES.
Parecer 185_2009 PFE_SR_Dnit_ES.
378
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Publicações aviso de licitação.
Relatório de Auditoria 201112110 CGU.
Publicação do resultado da habilitação.
Publicação do extrato de dispensa no DOU.
Ratificação da dispensa.
Resposta ao Ofício Con-01-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-01-787_2011 – Blokos.
Resposta ao Ofício Con-02-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-02-787_2011 – Delta
Construções.
Resposta ao Ofício Con-03-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-03-787_2011 – A. Madeira.
Resposta ao Ofício Con-04-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-04-787_2011 – Construtora
Ferfranco LTDA..
Resposta ao Ofício Con-06-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-06-787_2011 – Camter.
Resposta ao Ofício Con-07-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-07-787_2011 – Galvão
Engenharia.
Resposta ao Ofício Con-08-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-08-787_2011 – Araguaia
Engenharia.
Resposta ao Ofício Con-10-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-10-787_2011 – Fidens.
Resposta ao Ofício Con-12-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-12-787_2011 – Via
Engenharia.
Resposta ao Ofício Con-13-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-13-787_2011 – Aneor.
Resposta ao Ofício Con-14-787_2011 – Resposta ao Ofício Con-14-787_2011 – Contractor
Engenharia.
Cronograma dos fatos referentes à dispensa de licitação, folhas 1/2.
3.1.7 – Conclusão da equipe:
De todo o exposto, verifica-se que a contratação direta da empresa executora das obras
remanescentes do Lote 02 da BR-101/ES – Contorno de Vitória deu-se de modo irregular, pois
desatendeu os dispositivos da Lei de Licitações que regem esse tipo de contratação.
A irregularidade do procedimento decorreu:
a) da realização dos procedimentos para contratação por dispensa de licitação fundamentada no
inciso V do art. 24 sem que fossem atendidos os requisitos constantes do mesmo inciso, de se
demonstrar que a realização de nova licitação acarretaria prejuízo à Administração;
b) do desatendimento da exigência expressa no caput do art. 26 de se comunicar a intenção de
se contratar por dispensa de licitação à autoridade superior para ratificação e publicação na imprensa
oficial como condição para a eficácia dos atos.
Somente após a realização das etapas referentes à escolha da empresa a ser contratada é que foi
providenciado o atendimento dos requisitos necessários à eficácia da escolha da contratação direta,
como se fossem passos formais do processo e não passos determinantes para garantir a legalidade e
transparência dos atos.
Além disso, a justificativa apresentada – posteriormente ao processo de seleção da empresa –
para se adotar a dispensa de licitação não satisfaz a exigência legal, pois não demonstra que a repetição
da licitação traria algum prejuízo à Administração. Soma-se a isso o fato de se ter comprovado que a
justificativa não é válida.
E a exigência legal não é apenas formal, mas visa a impedir que a licitação, que é um processo
destinado a promover a igualdade de condições entre as empresas interessadas e a proporcionar um
ambiente de competição de modo que se obtenha a melhor proposta para a Administração e é regra
constitucional para contratações do poder público, seja dispensada de maneira indiscriminada,
utilizando-se um processo de contratação direta, pelo qual a escolha da contratada não proporciona
igualdade de condições e não promove um ambiente de competição.
As demais questões analisadas referentes à Concorrência declarada deserta não levaram à
constatação de outras irregularidades: verificou-se que o edital fora disponibilizado dentro do prazo
379
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
legal; que não há indícios de que a licitação ocorreu no fim do ano em decorrência de ato ou omissão
culpável da Administração; que se justifica a alteração no valor da licitação ocorrida durante o
processo e que resultou no adiamento da data de entrega das propostas; que não há indícios de
sobrepreço no Contrato 17 00231/2010, considerando, inclusive, o 1º Termo Aditivo; que o preço
contratado e a escolha da empresa foram justificados.
Ou seja, com base nos elementos aos quais a equipe de auditoria teve acesso, não se verificou
antieconomicidade na contratação realizada, o que não afasta a ilegalidade da contratação. A
inexistência de indícios de sobrepreço é fato que afastaria a necessidade de se propor a anulação da
contratação, pois, embora decorrente de seleção viciada, não resultou em prejuízo à Administração.
Além disso, a anulação do contrato para realização de novo procedimento licitatório não traria
qualquer benefício ao poder público ou à população, pois, dado o resultado do primeiro procedimento
realizado, não é provável que se obtenha contratação mais vantajosa que a corrente.
Esse fato, entretanto, não afasta a responsabilidade daqueles que proporcionaram a contratação
ilegal, os quais podem ser penalizados por isso.
Os agentes responsáveis pela contratação direta de maneira irregular, bem como a atuação de
cada um que enseja responsabilização, foram:
a) José Renato do Rosário Oliveira, como presidente da comissão de licitação, pela realização
de procedimento de contratação direta sem que esta estivesse devidamente justificada, declarada,
ratificada e publicada, em desacordo com os art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do
Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e com o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;
b) Reginaldo Lírio Morelato, como membro da comissão de licitação, pela realização de
procedimento de contratação direta sem que esta estivesse devidamente justificada, declarada,
ratificada e publicada, em desacordo com os art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do
Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e com o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;
c) Jorge Luiz de Almeida, como membro da comissão de licitação, pela realização de
procedimento de contratação direta sem que esta estivesse devidamente justificada, declarada,
ratificada e publicada, em desacordo com os art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do
Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e com o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;
d) Élio Bahia Souza, como Superintendente Regional do Dnit/ES pela homologação e
adjudicação de contratação feita por meio de dispensa de licitação realizada em desacordo com as
exigências dos art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do Parágrafo Único e art. 38 da Lei
8.666/1993 e do art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;
e) Denise Gomes Simões, como Substituta do Superintendente Regional do Dnit/ES, pela
ratificação de dispensa de licitação realizada em desacordo com os art. 24, inciso V, art. 26, caput e
incisos II e III do Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e com o art. 37, inciso XXI da
Constituição Federal. Embora tenha realizado esse ato com base em parecer jurídico da Procuradoria
Federal Especializada, trata-se de parecer manifestamente ilegal e que apresenta os elementos
necessários a se constatar a ilegalidade do ato;
f) Wilson Boone de Souza, como Procurador Federal responsável pelos pareceres da
Procuradoria Federal Especializada junto à SR/Dnit-ES, pela elaboração do Parecer 185/2009
PFE/SR/Dnit/ES dando o aval a procedimento de contratação por dispensa de licitação sem exigir a
demonstração do prejuízo que seria gerado para a administração caso a licitação fosse repetida,
infringindo o disposto no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993 e sem exigir que fossem cumpridas as
etapas determinadas nos art. 26 e 38 da mesma Lei.
A respeito do Parecer 185/2009 PFE/SR/Dnit/ES, que não apontou óbices à contratação direta,
é pertinente esclarecer porque sua existência não exime de culpa os responsáveis pela ratificação da
dispensa e pela homologação da dispensa e adjudicação do objeto, que o fizeram com base no
documento da Procuradoria.
Quando analisa a aplicabilidade do disposto no art. 24 da Lei de Licitações, o documento
transcreve o dispositivo legal, permitindo que se verifique que a exigência aí contida vai além da
380
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
necessidade de a licitação ter sido declarada deserta, mas obriga a apresentação da demonstração de
que haverá prejuízo à Administração com a repetição do certame. Desse modo, seria possível se
verificar que o disposto no item 6 do parecer não abarca toda a exigência legal e, portanto, não é
suficiente para demonstrar a aplicabilidade da disposição. Além disso, em posse do processo
administrativo, o responsável poderia verificar a ausência de justificativa apresentada de acordo com a
determinação da Lei.
A seguir, ao mencionar a necessidade de atendimento do art. 26, o documento novamente
apresenta o texto legal, permitindo a verificação de que as exigências, incluindo prazos e etapas
necessárias, não foram cumpridas no momento adequado para garantir a eficácia dos atos.
Portanto, entende-se que a alegação de que se baseou no referido parecer não afasta a
culpabilidade do responsável pela ratificação da dispensa de licitação, além de propiciar a
responsabilização do autor da análise jurídica.
3.1.8 – Responsáveis:
Nome: Wilson Boone de Souza – CPF: 652.213.977-49 – Cargo: Procurador Federal da
Procuradoria Federal Especializada junto à SR/Dnit-ES (de 23/12/2009 até 23/12/2009)
Conduta: Elaboração do Parecer 185/2009 PFE/SR/Dnit/ES dando o aval ao procedimento de
contratação por dispensa de licitação (Dispensa de Licitação 46/2009) decorrente da deserção da
Concorrência 0596/2009-17, com fundamento no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993, sem que
estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24, inciso V, art. 26, caput e Parágrafo Único,
incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.
Nexo de causalidade: Com base no Parecer 185/2009 PFE/SR/Dnit/ES a dispensa foi
ratificada e, posteriormente, homologada e adjudicada, resultando na contratação com base em
dispensa irregular de licitação.
Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele
deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.
Nome: Élio Bahia Souza – CPF: 189.776.697-15 – Cargo: Superintendente Regional do Dnit
no Estado do Espírito Santo (de 28/12/2009 até 28/12/2009)
Conduta: Homologação e adjudicação da Dispensa de Licitação 46/2009 com fundamento no
art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993, sem que estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24,
inciso V, art. 26, caput e Parágrafo Único, incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.
Nexo de causalidade: Em decorrência da homologação da dispensa de licitação e da
adjudicação do objeto à empresa escolhida é que se procedeu à contratação com base em dispensa
irregular de licitação.
Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele
deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.
Nome: Denise Gomes Simões – CPF: 466.098.656-04 – Cargo: Superintendente Regional do
Dnit no Estado do Espírito Santo Substituta (de 23/12/2009 até 23/12/2009)
Conduta: Ratificação da Dispensa de Licitação 46/2009 com fundamento no art. 24, inciso V,
da Lei 8.666/1993, sem que estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24, inciso V, art. 26,
caput e Parágrafo Único, incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.
Nexo de causalidade: Em decorrência da ratificação da dispensa de licitação, posteriormente
houve a homologação e adjudicação, resultando na contratação com base em dispensa irregular de
licitação.
Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele
deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.
Nome: José Renato do Rosário Oliveira – CPF: 968.047.187-04 – Cargo: Presidente da
Comissão de Licitação (de 8/12/2009 até 28/12/2009)
381
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Conduta: Realização da Dispensa de Licitação 46/2009 decorrente da deserção da
Concorrência 0596/2009-17 com fundamento no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993, sem que
estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24, inciso V, art. 26, caput e Parágrafo Único,
incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.
Nexo de causalidade: A Dispensa de Licitação 46/2009 resultou na contratação com base em
dispensa irregular de licitação.
Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele
deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.
Nome: Jorge Luiz de Almeida – CPF: 306.174.567-04 – Cargo: Membro da Comissão de
Licitação (de 8/12/2009 até 28/12/2009)
Conduta: Realização da Dispensa de Licitação 46/2009 decorrente da deserção da
Concorrência 0596/2009-17 com fundamento no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993, sem que
estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24, inciso V, art. 26, caput e Parágrafo Único,
incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.
Nexo de causalidade: A Dispensa de Licitação 46/2009 resultou na contratação com base em
dispensa irregular de licitação.
Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele
deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.
Nome: Reginaldo Lírio Morelato – CPF: 576.010.207-97 – Cargo: Membro da Comissão de
Licitação (de 8/12/2009 até 28/12/2009)
Conduta: Realização da Dispensa de Licitação 46/2009 decorrente da deserção da
Concorrência 0596/2009-17 com fundamento no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993, sem que
estivessem presentes os elementos exigidos no art. 24, inciso V, art. 26, caput e Parágrafo Único,
incisos II e III e art. 38 da Lei 8.666/1993.
Nexo de causalidade: A Dispensa de Licitação 46/2009 resultou na contratação com base em
dispensa irregular de licitação.
Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele
deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.
3.2 – Execução de serviços com qualidade deficiente.
3.2.1 – Tipificação do achado:
Classificação – grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO – Em face da baixa
materialidade do dano potencial em relação aos valores contratados, a presente irregularidade não se
enquadra no art. 94, § 1º, inciso IV da Lei 12.309/2010 (LDO 2011).
3.2.2 – Situação encontrada:
Verificou-se na vistoria realizada no segmento correspondente ao Lote 01, Contrato TT
011/2008 – Delta Construções S/A, concluído em dezembro/2009, que os serviços de Concreto
Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), binder e capa de rolamento, e de meio fio de concreto foram
executados com falhas de natureza qualitativa. Além disso, a própria Superintendência Regional do
Dnit no Espírito Santo já havia verificado deficiências em alguns serviços.
a) Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ) Binder e Capa de Rolamento
A fim de se verificar se o revestimento foi executado em conformidade com o projeto, foram
realizadas extrações de corpos de prova ao logo de todo o trecho, em ambos os lados da rodovia, na
pista de rolamento, nos acostamentos, nos acesso e nas faixas de aceleração e desaceleração (taper).
Verificou-se que as espessuras de algumas das amostras extraídas eram inferiores às de projeto,
considerando-se a tolerância de 5% admitida na norma Dnit 031/2006 – ES – Pavimentos Flexíveis –
Concreto Asfáltico – Especificação de Serviço. Foram extraídos dez corpos de prova com o uso de
sonda rotativa, em locais definidos pela equipe de auditoria. Dos dez corpos de prova, cinco
apresentaram espessuras totais e/ou das camadas de binder ou capa inferiores às de projeto, já
considerados limites de tolerância da especificação de serviço do Dnit. Os pontos foram escolhidos de
382
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
modo a abranger toda a extensão da pista nos lados direito e esquerdo e de modo a representar todos os
locais de aplicação do revestimento: pista, acostamentos, acessos e tapers (faixas de aceleração e
desaceleração).
Posteriormente, a Superintendência realizou a extração de outras amostras, das quais algumas
não obedeciam ao critério de aceitação da norma técnica do Dnit. Foram extraídas 17 (dezessete)
amostras contemplando acostamento, taper e pista em ambos os lados da rodovia, das quais 8 (oito)
não apresentaram espessuras totais dentro das faixas de aceitabilidade normatizadas.
Com base nas inconformidades verificadas pela auditoria e pela Superintendência, a mesma
Superintendência encaminhou questionamento à empresa supervisora das obras de duplicação do Lote
01 do Contorno de Vitória – ECR Sociedade Civil de Engenharia e Consultoria, detentora do Contrato
TT-17-009/2001, por meio do Ofício 636/2011/SR/ES, solicitando o encaminhamento de justificativas
técnicas das irregularidades apontadas, dando conhecimento dos fatos também à empresa construtora –
Delta Engenharia -, por meio do Ofício 635/2011/SR/ES.
Em resposta, a empresa supervisora encaminhou o Ofício RJ-2011/081 no qual argumenta que
as medições dos trechos contestados teriam se baseado no controle tecnológico realizado e corpos de
prova extraídos em quantidade representativa, os quais indicariam a aderência das espessuras às
exigências normativas. Apresenta em anexo os relatórios de controle tecnológico que indicariam a
conformidade dos trechos medidos.
Nessa manifestação, a supervisora julga que a quantidade de corpos de prova extraídos pelo
Dnit não constituiria uma amostra representativa, o que distorceria os resultados das espessuras médias
obtidas através do controle tecnológico realizado durante a execução das obras. Acrescenta, ainda, que
qualquer desagregação ocorrida nos corpos de prova durante o processo de extração compromete a
aferição de sua espessura final.
Cabe certa razão às afirmações apresentadas pela ECR, especialmente no que diz respeito à
representatividade das amostras extraídas durante a auditoria e posteriormente pelo Dnit. A quantidade
de corpos de prova obtidos, um total de 27, não é suficiente para determinar a rejeição ou a aceitação
dos serviços executados em 19,3 km.
Os resultados obtidos por meio desses corpos de prova, entretanto, são indícios de existência de
inconformidades na execução dos serviços por parte da Delta e de inconsistência nos resultados do
controle tecnológico realizado por parte da ECR. Isso porque a quantidade de corpos de prova que
apresentaram espessuras inferiores àquelas toleradas pela norma regente do modo de execução e dos
critérios de aceitação e medição dos serviços foi significativa: treze inconformidades registradas em 27
amostras realizadas, representando 48,15% dos corpos de prova. As espessuras desses corpos de prova
estavam entre 5,8% e 36,3% inferiores às especificadas no projeto.
Os principais impactos da redução da espessura em relação à definida em projeto podem ser:
defeitos nas camadas inferiores do pavimento e dos aterros (base e subleito) em decorrência de a
distribuição de forças não ocorrer conforme esperado, resultando em maiores esforços nas camadas
inferiores; e aceleração do aparecimento de defeitos no pavimento, tanto na camada de revestimento
quanto nas inferiores.
Por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, A Superintendêcia Regional do Dnit no Estado do
Espírito Santo encaminhou cópia do Ofício 372/2012/SR/ES, endereçado à empresa construtora do
Lote 01. Nele, o Dnit dá conhecimento à contratada, dentre outras coisas, de que verificou a
complementação da espessura do revestimento asfáltico nos segmentos em que a equipe de auditoria
havia detectado a execução com espessuras inferiores às previstas em projeto. Entretanto, a
significativa incidência de espessuras inferiores nos corpos de prova extraídos pela equipe e pelo Dnit
indica que a execução em desconformidade com o projeto ocorreu de modo generalizado na rodovia.
Por isso, não basta que sejam complementadas as espessuras somente nos locais onde a equipe extraiu
as amostras, mas em toda a extensão em que se verifique a execução deficiente.
Considerando tudo isso, mostra-se necessário que se realize uma perícia sobre a execução dos
serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa de rolamento no Contrato TT 011/2008, extraindo-se
383
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
corpos de prova em quantidade representativa do trecho duplicado e em todas as áreas revestidas
(acostamentos, pistas de rolamento, acessos e tapers) de modo que se possa concluir com segurança se
houve ou não execução em desconformidade com o projeto e as especificações.
Cabe observar que o resultado do procedimento pericial pode repercutir diretamente sobre a
superintendência estadual no ES, responsável pela execução e fiscalização da obra. Por isso, entende-
se que a perícia deva ser realizada pela Auditoria Interna da autarquia, competente, dentre outras
atribuições, por examinar a legalidade nas diversas unidades gestoras do DNIT, bem como a aplicação
dos recursos públicos, e apoiar o controle interno e externo no exercício de suas missões institucionais.
Além disso, como meio de se evitar o recebimento definitivo da obra antes que se afaste a
existência do indício de vício de construção apontado, propõe-se determinar à Superintendência
Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo que se abstenha de receber a obra definitivamente até
que a conformidade da execução do pavimento seja atestada por laudo pericial independente, conforme
disposto na alínea b do inciso I do art. 73 da Lei 8.666/1993.
b) Meio fio de concreto
Os meios-fios de concreto executados na obra foram feitos utilizando-se blocos pré-moldados
para a parte correspondente à guia (vertical) e concreto moldado no local para a parte correspondente à
sarjeta (horizontal). A fim de se verificar se a resistência do concreto utilizado atende às especificações
contidas na norma Dnit 020/2006 – ES – Drenagem – Meios-fios e guias – Especificação de Serviço
quanto à resistência característica à compressão mínima (fck) de 15 Mpa, foram colhidas duas
amostras de bloco pré-moldado utilizado na guia dos meios-fios, as quais foram enviadas pelo Dnit
para serem testadas pela empresa Brascontec Engenharia e Tecnologia. Os resultados dos ensaios,
realizados em conformidade com a norma NBR 7.680/2007, apontaram resistências de 8,1 e 8,8 MPa
na mostra coletada na estaca 905, lado esquerdo, e de 12,2 e 9,4 MPa na mostra coletada na estaca 505,
lado esquerdo. Se forem consideradas as médias dos resultados dos ensaios de cada bloco, as
resistências verificadas são 44% e 28% inferiores à especificada.
Verifica-se, portanto, que nenhuma das amostras obtidas atingiu a resistência definida na norma
regente do contrato, caracterizando indício de irregularidade.
Como resultado da resistência deficiente dos blocos pré-moldados utilizados nos meios-fios
tem-se a maior ocorrência de rupturas por impacto de veículos ou esforços provenientes, por exemplo,
das raízes de plantas existentes na vizinhança da rodovia e de menor durabilidade às intempéries. Essas
falhas podem causar a redução da eficiência da drenagem superficial ou até sua obstrução,
prejudicando a durabilidade do pavimento e a segurança da rodovia.
Por meio do Ofício 726/2011/SR/ES a Superintendência Regional do Dnit no Estado do
Espírito Santo deu conhecimento da ocorrência à empresa ECR, supervisora das obras de duplicação
do Lote 01 do Contorno de Vitória, solicitando sua manifestação.
No Ofício RJ-2011/092 a supervisora esclarece que o controle de qualidade das diversas etapas
da obra seria de responsabilidade da executora, a Delta Construção, e que sua parte seria acompanhar
os serviços realizados e a efetividade do plano de gestão de qualidade da construtora.
Esclarece que a confecção do meio-fio teria sido feito com concreto usinado adquirido de
empresa especializada, com a especificação de fck=15MPa. O controle de recebimento teria sido
realizado pela construtora por meio da conferência das especificações técnicas constantes das Notas
Fiscais, ensaio de consistência e moldagem de corpo de prova para ensaio de resistência, cujos
resultados teriam sido satisfatórios.
Considerando que a aprovação dos serviços executados teria sido feita por controle estatístico,
a ocorrência de valores fora da faixa seria aceitável e possível, mas não condenatório, sendo as
ocorrências verificadas pontuais e não representativa para toda a extensão do serviço executada.
Também a Delta se manifestou, por meio de expediente endereçado ao Dnit, no qual esclarece
que todo o concreto utilizado nos dispositivos de drenagem teria sido produzido com alto controle de
qualidade, em usina especializada, e que, no ato da realização das concretagens haveria um rigoroso
384
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
controle tecnológico, inclusive com participação efetiva da supervisora do contrato, que manteria,
paralelamente, seu próprio controle.
Considera que o problema apresentado seria pontual e estaria dentro do mínimo estatístico e
informa que fará a intervenção necessária para a correção do problema apresentado.
A norma ABNT NBR 12.655/2006 que fixa as condições exigíveis para o preparo, controle e
recebimento de concreto, em seu item 6.2.4 estabelece o critério de aceitação dos lotes de concreto
(fckest>=fck) conforme valores de resistência calculados estatisticamente (fckest) pelos métodos
apresentados no item 6.2.3.
Os seja, pelo controle estatístico é aceitável que alguma amostra apresente resistência inferior à
especificada, o que seria compensado estatisticamente por corpos de prova com resistências superiores
à esperada. Entretanto, é muito improvável que um lote que apresentasse uma amostra com fck tão
inferior à definida no projeto, como foram os casos das amostras ensaiadas durante a auditoria,
resultasse em corpos de prova com resistências muito superiores à referência de modo a compensar as
falhas daqueles primeiros.
Entretanto, para que se possa formar uma opinião conclusiva a respeito da existência ou não de
irregularidade na execução dos meios-fios, é importante que se obtenha evidências mais conclusivas e
representativas, razão pela qual se mostra necessária a realização de uma perícia sobre a execução dos
serviços de meio fio de concreto, especificamente sobre a resistência dos blocos pré-moldados de
concreto que formam a parte relativa à guia, extraindo-se corpos de prova em quantidade
representativa dos lotes de concreto utilizados.
Pelas mesmas razões atinentes aos serviços de CBUQ, entende-se que a perícia deva ser
realizada pela Auditoria Interna da autarquia.
Além disso, propõe-se, como meio de se evitar o recebimento definitivo da obra antes que se
afaste a existência do indício de vício de construção apontado, propõe-se determinar à
Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo que se abstenha de receber a obra
definitivamente até que a conformidade da resistência dos blocos pré-moldados de concreto dos meios-
fios seja atestada por laudo pericial independente, conforme disposto na alínea b do inciso I do art. 73
da Lei 8.666/1993.
c) Execução de outros serviços com falhas de ordem qualitativa
Além das falhas de execução verificadas pela equipe de auditoria, outros defeitos foram
verificados pela própria superintendência do Dnit, conforme apresentado no Parecer Técnico
encaminhado pelo Ofício 702/2011/SR/ES. Os problemas ali registrados incluem defeitos de
pavimento, como afundamento de trilha de roda, trincas tipo jacaré e trincas longitudinais, elementos
de drenagem danificados, tais como descidas d'água, meios-fios e caixas de barreira, barreiras new
jersey e de segurança danificadas, ausência de elementos, como meios-fios, descidas d'água, bueiros e
junta de dilatação, desgastes precoces, como erosões, desagregação de junta de dilatação, falta de
grelhas e tampas em caixas coletoras e a ruptura de um aterro.
O Parecer Técnico apresenta de forma detalhada as impropriedades encontradas pela
Superintendência nas obras de terraplenagem, de drenagem, complementares, de sinalização, de artes
especiais, de pavimentação e de reabilitação ambiental. Destas, destacam-se as obras de drenagem e de
arte correntes em que foram identificadas 45 pendências, seguido por pavimentação com 23
pendências e sinalização com 13 irregularidades verificadas.
Em 5/12/2011 o Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo enviou e-mail
para a equipe de auditoria apresentando as providências que estão sendo tomadas em relação aos
problemas executivos identificados. Encaminhou o Memorando 439/2011/SR/ES no qual estipula
prazo para a comissão de recebimento do Lote 01 das obras de duplicação do Contorno do Vitória
concluir suas análises e finalizar o relatório.
Posteriormente, foi encaminhado o Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, de 30/4/2012, por meio do
qual a Superintendência deu ciência à equipe de dois novos pareceres técnicos. No primeiro, datado de
385
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
1/12/2011, atribui-se o rompimento de aterro ocorrido no lado esquerdo da pista, na estaca 845, a
‘falha no projeto de drenagem superficial e falha na execução destes serviços’. No segundo, datado de
3/1/2012, a comissão responsável, após receber e analisar as manifestações da Construtora a respeito
das falhas apontadas no Parecer Técnico encaminhado pelo Ofício 702/2011/SR/ES, resolveu manter a
maioria das inconsistências anteriormente apontadas, exceto aquelas do item ‘obras complementares’,
decorrentes de acidentes e ações de terceiros após o recebimento dos serviços.
Por meio do mesmo Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, encaminhou-se cópia do Ofício
372/2012/SR/ES, endereçado à empresa construtora do Lote 01. Nele, o Dnit dá conhecimento à
contratada do Parecer Técnico que concluiu pela necessidade de correções no trecho antes do
recebimento definitivo dos serviços. Dá conhecimento, também, de que, diante da negativa da empresa
em realizar a recuperação do aterro rompido em torno da estaca 845, a Autarquia contratou os serviços
de recuperação pelo valor de R$ 741.082,86 (data-base: jul/2011). Por fim, informa que verificou a
complementação da espessura do revestimento asfáltico nos segmentos em que a equipe de auditoria
havia detectado a execução com espessuras inferiores às previstas em projeto. Diante disso, notificou a
empresa para executar os serviços que saneiem as inconsistências pendentes para a emissão do Termo
Definitivo de Recebimento das Obras.
Assim, verifica-se que a administração está tomando providências para que a executora saneie
os problemas por ela identificados. Porém, não há indicação se estão sendo tomadas medidas para
responsabilizar a empresa supervisora em decorrência da medição e atesto da execução de serviços não
realizados ou realizados em desacordo com as especificações. Não há, também, manifestação do Dnit
de que tomará providências para cobrar da empresa executora o ressarcimento do valor pago à empresa
contratada para recuperar o aterro rompido em torno da estaca 845, visto que a Autarquia considerou
como sendo de responsabilidade da executora das obras do Lote 01 a ruptura precoce do aterro.
Por isso, propõe-se determinar ao Dnit que, tão logo sejam realizadas as correções devidas, ou,
caso haja negativa da empresa executora em realizá-los e tão logo sejam tomadas providências a
respeito, dê conhecimento dos fatos ao Tribunal de Contas da União, juntamente com a informação
acerca das providências tomadas em relação à empresa supervisora.
3.2.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado:
(IG-C) – Contrato 17009/2001, elaboração de projetos, serviços de supervisão,coordenação e
controle das obras de duplicação do Contorno de Vitória/ES – BR 101, segmento km 288,1 – km
294,3. , Ecr – Sociedade Civil de Engenharia e Consultoria.
(IG-C) – Contrato TT-011/2008-00, 1/2/2008, Execução de obras de duplicação na rodovia
BR/101-ES – segmento Km 268,80 a 288,10 – Contorno de Vitória/ES, Delta Construções S/A.
3.2.4 – Causas da ocorrência do achado:
Deficiências no controle exercido pela fiscalização e supervisão.
3.2.5 – Critérios:
Lei 4320/1964, art. 63, § 1º, inciso I; art. 63, § 2º, inciso III
Lei 8666/1993, art. 66; art. 67, § 1º; art. 67, caput ; art. 69; art. 70; art. 73, inciso I, alínea b; art.
75; art. 76
Norma Técnica – ABNT – NBR 12.655/2006
Norma Técnica – Dnit – 031/2006 – ES – Pavimentos Flexíveis – Concreto Asfáltico –
Especificação de Serviço
Norma Técnica – Dnit – 020/2006 – ES – Drenagem – Meios-fios e guias – Especificação de
Serviço
Resolução 10/2007, Ministério dos Transportes – Regimento Interno do Dnit, art. 111, inciso
IV; art. 122, inciso III
3.2.6 – Evidências:
Planilha de espessuras dos corpos de prova de CBUQ – lote 1 – Planilha demonstrativa das
espessuras dos corpos de prova do revestimento, folhas 1/2.
386
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Resultados dos ensaios dos meios-fios – lote 1 – Resultado dos ensaios dos meios-fios –
Brascontec, folhas 1/2.
Expediente – Delta – irregularidades no lote 1 – Ofício 726/2011/SR/ES, folha 1.
Expediente – Delta – irregularidades no lote 1 – Ofício RJ-2011/092 – ECR, folhas 2/12.
Expediente – Delta – irregularidades no lote 1 – Expediente da Delta Construções sobre os
resultados dos ensaios dos meios-fios, folha 3.
Ofício 702/2011-Relatório Técnico – parte 1 – Ofício 702/2011/SR/ES com Parecer Técnico da
comissão de recebimento – parte 1, folhas 1/36.
E-mail da SR/ES de 5/12/2011 – E-mail do Superintendente Regional do Dnit/ES à equipe de
auditoria, de 5/12/2011, folha 1.
Memo 439_2011_SR_ES – Memorando 439/2011/SR/ES, folha 1.
Ofício 636_2011_SR_ES – para ECR – Ofício 636/2011/SR/ES, folhas 1/3.
Ofício 635_2011_SR_ES – para Delta – Ofício 635/2011/SR/ES, folhas 1/3.
Ofício 081-ECR-Notificação por Irregularidade – Ofício RJ-2011/081 – ECR, folhas 1/13.
Irregularidade na fiscalização da execução do meio fio – ECR. – Ofício 727/2011/SR/ES, folha
1.
Portaria 21/2009/SR/ES – nomeação do fiscal do lote 1 – Portaria 21/2009/SR/ES, folha 1.
Ofício 702/2011-Relatório Técnico – parte 2 – Ofício 702/2011/SR/ES com Parecer Técnico da
comissão de recebimento – parte 2, folhas 1/25.
Ofício 45_2012_GAB_SRES
– Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, folhas 1/57.
3.2.7 – Conclusão da equipe:
Foi verificado que os serviços executados no Lote 01, Contrato TT 011/2008 – Delta
Construções S/A, concluído em dezembro/2009, das obras do Contorno de Vitória/ES apresentavam
diversas falhas de natureza qualitativa.
Dentre as deficiências citadas, destaca-se a espessura da camada de revestimento em CBUQ,
que, em treze das 27 amostras extraídas não apresentava a espessura mínima (total e/ou das camadas)
prevista em projeto.
Argumentou-se que o número de corpos de prova colhidos não era representativo do trecho
todo e que houve controle de qualidade da execução durante as obras, o qual indicou a conformidade
das espessuras de todos os exemplares analisados. Essas alegações, embora procedentes quanto à
representatividade das amostras, não são suficientes para afastar o fato de que quase 50% das amostras
extraídas serem reprováveis, o que indica inconsistência nos controles realizados. Essas inconsistência
atingem toda a extensão da rodovia duplicada, e não somente nos pontos específicos em que a
auditoria extraiu as amostras.
Portanto, julga-se necessário que se realize uma perícia sobre os serviços de revestimento
betuminoso. Entende-se que esse procedimento não deva ser feito pela própria superintendência, pois
os resultados podem repercutir sobre ela no papel de responsável pela execução e fiscalização das
obras. Por isso, propõe-se que a determinação de realização de perícia seja feita para o setor de
controle interno da autarquia, a Auditoria Interna (Audint).
É importante frisar a necessidade de que essa perícia seja feita junto com as audiências e oitivas
que venham a ser determinadas, pois se trata de um procedimento preliminar para subsidiar a análise
das justificativas e subsidiar alguma eventual determinação corretiva que possa vir a ser feita quando
da análise do mérito. Desse modo, a despeito dos procedimentos normalmente adotados por este
Tribunal, de se realizar as oitivas e audiências antes de se emitir qualquer determinação, entende-se
que esta determinação, em particular, deve ser exarada preliminarmente.
Outra deficiência encontrada que se destaca diz respeito à resistência do concreto aplicado nos
blocos pré-moldados utilizados nos meios-fios. Foram colhidos dois blocos, os quais foram ensaiados
e obtiveram-se resistências significativamente inferiores àquelas constantes das especificações.
387
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Os argumentos apresentados em defesa da qualidade do concreto utilizado também dizem
respeito à representatividade das amostras, dos controles existentes durante as obras e da possibilidade
de se aprovar amostras com resistência inferior ao especificado devido ao controle estatístico.
Novamente, quanto à condição de representatividade das amostras as alegações são
procedentes. Porém, dada a grande diferença encontrada entre a resistência do concreto e a
especificada, existe a possibilidade que se tenha utilizado concreto com características insuficientes.
Ainda, pelo fato de as amostras terem sido obtidas de pontos bem distantes resta o indício que tal
incompatibilidade não tenha ocorrido em um só ponto, mas em mais de um, quiçá em quantidade
significativa.
Por isso, também nesse caso julga-se necessária a realização de uma perícia e, pelos mesmos
motivos já apresentados, tal procedimento deve ser realizado pela Audint/Dnit. Do mesmo modo,
entende-se necessário que a determinação de realização da perícia seja feita preliminarmente, junto
com as eventuais oitivas e audiências, tal qual explicado em relação à perícia nos serviços de CBUQ.
Além disso, como meio de se evitar o recebimento definitivo da obra antes que se afaste a
existência dos indícios de vícios de construção apontados, propõe-se recomendar à Superintendência
Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo que não receba a obra definitivamente até a conclusão
da perícia ora proposta, conforme disposto na alínea b do inciso I do art. 73 da Lei 8.666/1993.
Por fim, os Pareceres Técnicos encaminhados por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES
indicam que o Dnit está providenciando que a empresa executora conclua os serviços pendentes e
repare aqueles cuja execução não foi satisfatória. Porém, não há indicação se estão sendo tomadas
medidas para responsabilizar a empresa supervisora em decorrência da medição e atesto da execução
de serviços não realizados ou realizados em desacordo com as especificações, nem como para cobrar
da empresa construtora os custos assumidos pelo Dnit para recuperação do aterro rompido em torno da
estaca 845.
Por isso, propõe-se determinar ao Dnit que, tão logo sejam realizadas as correções devidas, ou,
caso haja negativa da empresa executora em realizá-los e tão logo sejam tomadas providências a
respeito, dê conhecimento dos fatos ao Tribunal de Contas da União, juntamente com a informação
acerca das providências tomadas em relação à empresa supervisora.
3.2.8 – Responsáveis:
Nome: Jorge Luiz de Almeida – CPF: 306.174.567-04 – Cargo: Fiscal do Contrato TT
11/2008 (Portaria nº 34/2008/SR-ES) (de 16/6/2008 até 1/4/2009)
Nome: Reginaldo Lírio Morelato – CPF: 576.010.207-97 – Cargo: Fiscal do Contrato TT
11/2008 (Portaria nº 21/2009/SR-ES) (de 2/4/2009 até 30/3/2011)
Conduta: Aprovação das medições dos serviços de CBUQ executados com espessuras
inferiores àquelas definidas em projeto, já consideradas as tolerâncias da especificação de serviço.
Aprovação das medições dos serviços de meios-fios executados com blocos pré-moldados de
concreto com resistência inferior àquela definida na especificação de serviço.
Aprovação das medições de serviços executados com qualidade deficiente, conforme
demonstrado no Parecer Técnico da comissão de recebimento definitivo das obras datado de 3/1/2012.
Aprovação das medições de serviços não executados, conforme demonstrado no Parecer
Técnico da comissão de recebimento definitivo das obras datado de 3/1/2012.
Nexo de causalidade: A aprovação das medições resultou no pagamento por serviços
executados com qualidade deficiente e por serviços não executados.
Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele
deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.
3.3 – Superfaturamento decorrente de pagamento por serviço não executado.
3.3.1 – Tipificação do achado:
Classificação – grave com recomendação de continuidade (IG-C)
388
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO – Em face da baixa
materialidade do dano potencial em relação aos valores contratados, a presente irregularidade não se
enquadra no art. 94, § 1º, inciso IV da Lei 12.309/2010 (LDO 2011).
3.3.2 – Situação encontrada:
Verificou-se a ocorrência de indícios de superfaturamento por serviço não executado nos
seguintes serviços: a) aquisição e transporte de CAP-20, verificado no Lote 01 por meio da relação
entre os quantitativos dos serviços que utilizam o material betuminoso CAP-20 e o consumo de
material betuminoso verificado nos ensaios de acompanhamento da obra, gerado um prejuízo ao Erário
estimado em R$ 1.772.758,60 (ref.: 05/2007); b) corpo de bueiro tubular de concreto, verificado nos
Lotes 01 e 02, em decorrência da utilização de tubos menos robustos que aqueles cujos preços foram
orçados; e c) concreto betuminoso usinado a quente faixa C, verificado no Lote 02, em decorrência da
falta de distinção no orçamento entre os dois tipos de camada que efetivamente estavam sendo
executadas, conforme projeto: faixas B e C.
A seguir serão detalhadas as irregularidades verificadas em cada um dos serviços mencionados.
a) medição a maior dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 (Lote 01):
Verificou-se que os serviços de Fornecimento e Transporte de CAP-20 para o Contrato
011/2008, referente ao Lote 01 das obras do Contorno de Vitória, foram medidos em desacordo com as
especificações de serviço. Tal fato pode ter gerado um prejuízo ao Erário estimado em R$
1.772.758,60 (ref.: 05/2007).
Com base nos resultados dos ensaios Marshall, os quais indicam, dentre outras coisas, a taxa de
material betuminoso aplicada na mistura asfáltica, verificou-se incompatibilidade entre os percentuais
de cimento asfáltico de petróleo (CAP) utilizado efetivamente na obra e o quantitativo de CAP
medido, conforme pode ser demonstrado na planilha ‘Taxa de Ligante – Contrato TT 011/2008’.
O traço do concreto betuminoso é característica de cada mistura produzida, ou seja, a
quantidade de materiais utilizados, incluindo o percentual de CAP, varia de acordo com os materiais
utilizados na composição do concreto betuminoso usinado a quente – CBUQ. Para o CBUQ utilizado
na capa de rolamento a taxa de ligante é mais expressiva, alcançando, em alguns casos 5,5%, enquanto
que, para Binder, o percentual de ligante é menor, em geral não excede 4,5%.
A auditoria teve acesso aos ensaios Marshall de definição dos traços de CBUQ, que fornecem,
dentre outras informações, o teor de betume que deve se utilizado na mistura, ou seja, a quantidade de
material betuminoso – cimento asfáltico – a ser aplicado. Para este caso específico, definiu-se
percentual de 5,3% para a capa de rolamento e de 4,7% para a camada de binder.
A Norma Dnit 031/2006 – ES – Pavimentos flexíveis – Concreto asfáltico – especificação de
serviço, no item 8, que trata dos critérios de medição do serviço de Concreto Betuminoso Usinado a
Quente (CBUQ), estipula: ‘b) a quantidade de cimento asfáltico aplicada é obtida pela média
aritmética dos valores medidos na usina, em toneladas’, ou seja, o material betuminoso deve ser pago
de acordo com a quantidade efetivamente utilizada, não de acordo com o percentual previsto em
projeto e utilizado na determinação dos quantitativos de aquisição e de transporte do material
betuminoso licitados e contratados.
Para efeitos de estimativa do valor pago a maior nos serviços de aquisição e transporte do CAP
foram adotados os percentuais obtidos no traço definido pelos ensaios Marshall.
Há, portanto, um indício de superfaturamento decorrente de pagamento por serviço não
executado, já que as quantidades medidas de fornecimento de CAP não estão de acordo com aquelas
calculadas pelo critério de medição estipulado pela especificação de serviço.
Nesse contexto, faz-se necessária a manifestação do Dnit e das empresas executora – Delta S/A
e supervisora – ECR, assim como audiência do fiscal responsável a fim de esclarecer as
inconsistências verificadas.
b) execução de bueiros (Lotes 01 e 02):
Os serviços de corpo de bueiro tubular de concreto dos orçamentos dos Contratos 00
00011/2008 e 17 00231/2010, relativos aos Lotes 01 e 02 das obras de duplicação da BR 101/ES –
389
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Contorno de Vitória, não fazem distinção quanto ao tipo de tubo a ser utilizado, tendo sido adotado no
orçamento base da licitação, em geral, os mais robustos e mais caros, embora aqueles já executados
utilizaram tubos menos reforçados e, portanto, mais baratos.
A especificação de serviço DNER-ES 284/97, referente a bueiros tubulares de concreto,
estipula, no item 4.6, que na ausência de projetos específicos serão utilizados os dispositivos
padronizados pelo DNER que constam do Álbum de Projetos-Tipo de Drenagem, 1988. O Álbum foi
atualizado em 2006 pelo Instituto de Pesquisa Rodoviária do DNIT, sendo essa a versão vigente.
No desenho 6.2 da publicação são apresentados quatro tipos de tubos para cada diâmetro (CA-
1, CA-2, CA-3 e CA-4), cada um indicado para uma altura limite de aterro, sendo o CA-1 o que
apresenta armadura mais simples e o CA-4 o que apresenta armadura mais robusta. A diferença entre
as armaduras dos tubos de concreto resulta que o custo de cada um é também distinto, sendo
proporcional à quantidade de aço utilizada. Desse modo, o CA-1 é o mais barato e o CA-4 o mais caro.
O Manual de Custos Rodoviários, que é a referência para o Sicro, em seu Volume 4, Tomo 3,
Item 3.10, destaca essa variedade de tubos e seus limites de aplicação. Entretanto, as composições de
serviço para corpo de bueiro tubular do Sicro não consideram essas diferenças, adotando como padrão
os tubos CA-4. A adaptação das composições para os demais tipos de tubos deve ser feita conforme a
necessidade do projeto.
Verifica-se, entretanto, que os orçamentos-base dos projetos que fundamentaram o processo de
licitação, assim como os orçamentos contratados, não levaram em consideração a diversidade de
profundidade dos aterros, tendo adotado tubos do tipo CA-4 para os bueiros tubulares de concreto.
Conforme se observa no projeto de drenagem da obra em análise, existe indicação para utilização de
bueiros de outros tipos.
Diante disso, foi solicitado ao Dnit, por meio do Ofício de Requisição 04-787/2011, que
apresentasse o detalhamento das alturas da camada de aterro sobre os tubos de drenagem para se
verificar o tipo de armadura adequada a cada tubo de concreto armado. Em resposta ao referido ofício,
o Dnit/ES encaminhou as planilhas referentes aos dois lotes da obra, constando que só foram
executados ou estão a executar bueiros do tipo CA-1, CA-2 e CA-3.
I) LOTE 01
As obras do Lote 01 já foram concluídas e o Relatório de Controle Físico da última medição
(dezembro de 2010) indica a execução dos seguintes bueiros tubulares de concreto, totalizando
6.244,00m:
BSTC D=0,60m (CA-4) (item 410051)
BSTC D=0,80m (CA-4) (itens 39589 e 410002)
BSTC D=1,00m (CA-3) (item 410053)
BSTC D=1,20m (CA-4) (item 39590)
BDTC D=1,00m (CA-4) (item 411001)
BDTC D=1,20m (CA-4) (itens 130048 e 411002)
Além disso, a planilha enviada pelo Dnit em resposta à solicitação da auditoria mostra que a
maior parte dos bueiros executados é do tipo CA-1 (6.165,00m), havendo, ainda, alguns dos tipos CA-
2 (70,00m) e CA-3 (9,00m), mas nenhum CA-4.
O Projeto Básico do Lote 01, ao listar os bueiros a serem executados, detalhou os tipos (CA-1 a
CA-4) a serem utilizados. A despeito disso, o orçamento-base levou em conta somente tubos do tipo
CA-4, que são os mais robustos, o que pode ser verificado nas composições de custo unitário pelos
consumos de aço dos serviços de confecção de tubos de concreto armado, que correspondem aos
consumos dos tubos CA-4 do desenho 6.2 do Álbum de Projetos-Tipo de Drenagem do Dnit. A
consideração apenas dos tubos mais caros foi antieconômica e não levou em conta a otimização
apresentada pelo projeto.
Entretanto, os preços ofertados pela empresa vencedora da licitação foram inferiores aos preços
referenciais para os corpos de bueiro tubular do tipo CA-1. Assim, a antieconomicidade do orçamento-
390
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
base da licitação, não se refletiu na proposta vencedora, não havendo que se falar em superfaturamento
dos bueiros tubulares de concreto em relação ao Lote 01.
II) LOTE 02
As obras do Lote 02 ainda estão em andamento, tendo sido executados alguns bueiros e
restando ainda alguns a serem executados.
Verifica-se na planilha enviada pelo Dnit em resposta à solicitação da auditoria, que somente
foram utilizados tubos do tipo CA-2. A previsão é que também os bueiros restantes sejam executados
com tubos do tipo CA-2.
O projeto básico indica que devem ser utilizados tubos do tipo PA-2 (ou CA-2). Entretanto, o
único bueiro tubular constante da planilha do orçamento-base, BSTC D=0,80m, considera a utilização
de tubos do tipo CA-4, conforme se verifica na composição de preço unitário do projeto básico. Sobre
os bueiros tubulares desse contrato, duas observações são importantes: uma em relação às quantidades
e outra em relação ao preço do serviço contratado.
Quanto à quantidade, foram contratados apenas 5 m de corpo de bueiro BSTC D=0,80 m,
embora já tenham sido executados 2.356,40 m de bueiros, predominantemente de 0,60 m de diâmetro,
e estão por executar 3.375,50 m, a maior parte também de 0,60 m de diâmetro. Isso mostra que o
contrato deve passar por um futuro aditivo para adequar ao menos as quantidades dos bueiros.
Quanto ao preço, verifica-se que o preço-base do BSTC D=0,80m, que é o mesmo preço
contratado, se encontra acima do preço referencial. Identificou-se, como causa desse sobrepreço a
utilização, na composição ‘2 S 04 100 52 – Corpo BSTC D=0,80m AC/BC/PC’ do preço (com BDI),
ao invés do custo, (sem BDI) da atividade auxiliar ‘1 A 01 512 60 – concreto ciclópico fck=15MPa
AC/BC/PC’.
De qualquer modo, os preços que devem ser pagos pelos serviços de corpos de bueiros
tubulares de concreto não devem ser superiores àqueles correspondentes aos tubos realmente
utilizados.
A comparação entre os preços dos bueiros com a utilização dos tubos CA-4 e aqueles com a
utilização dos tubos indicados na planilha enviada pelo Dnit, indica que o pagamento pelos tubos mais
caros a despeito da utilização dos mais baratos pode levar a um superfaturamento de R$ 497.939,40.
Como o Contrato 17 00231/2010 não prevê a execução da quantidade de bueiros que está sendo
executada é possível que algum futuro aditivo venha a alterar os quantitativos previstos originalmente
no contrato e adicionar novos serviços para os tipos de bueiro não contratados. Por isso, é oportuno
que, caso venham a ser firmados aditivos para a alteração da quantidade de bueiros contratados, estes
adotem os tipos que realmente são necessários, distribuindo-se entre os CA-1, CA-2, CA-3 e CA-4,
além de se corrigir o preço do serviço já contratado ‘corpo de bueiro BSTC D=0,80m’.
III) AUSÊNCIA, NO SICRO 2, DO DETALHAMENTO DOS TIPOS DE BUEIROS
Conforme já explicado, os manuais do Sicro 2 e os documentos nos quais o sistema se baseia
definem quatro tipos de bueiros tubulares de concreto, classificados conforme a altura de aterro
prevista sobre suas geratrizes superiores. Para aterros menores devem ser utilizados bueiros com
armadura menos reforçada e para alturas maiores as armaduras devem ser mais robustas, para
resistirem à pressão da terra sobre os tubos.
Entretanto, as tabelas de preços do sistema que estão disponíveis para consulta e são utilizadas
na a orçamentação das obras do Dnit e de outras obras rodoviárias que utilizam recursos federais não
contemplam essa variedade de tubos, conforme se verifica nas composições de ‘corpo de bueiro
tubular’ de diversos diâmetros, registrados nas composições ‘2 S 04 100 01’ a ‘2 S 04 100 55’, ‘2 S 04
110 01’ a ‘2 S 04 110 53’ e ‘2 S 04 120 01’ a ‘2 S 04 120 53’. Essas composições, na verdade,
consideram a utilização dos tubos mais robustos e, consequentemente mais caros, o CA-4.
Tal consideração resulta que, mesmo nos casos em que seja possível utilizar os tubos mais
simples e mais baratos, o preço usado no orçamento, salvo raras exceções, é sempre o do tipo mais
caro. É o que ilustra o ocorrido nos dois lotes de obra auditados, para os quais os projetos básicos
391
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
indicaram a possibilidade de utilização de vários tipos de tubos, mas os orçamentos, utilizando-se das
composições do Sicro 2, adotaram os tubos mais robustos para todos os bueiros.
Para demonstrar o impacto da adoção dos tubos mais reforçados foram feitas tabelas
comparativas, as quais apontam que diferença de preços entre o tubo CA-1 e o CA-4, por exemplo, é
de cerca de 30%. Trata-se uma realidade que afronta os princípios constitucionais da eficiência e da
economicidade.
Existe, portanto, a necessidade de que o Sicro 2 inclua as composições de custos para os
bueiros tubulares que utilizam tubos de concreto dos tipos CA-1, CA-2 e CA-3. Essa necessidade foi
também demonstrada pela solicitação constante do Memorando 414/2011/SR/ES. Por meio desse
documento a Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo solicitou à Coordenação
Geral de Custos de Infraestrutura de Transportes (CGCIT), responsável pela manutenção do Sicro 2,
que informasse os custos unitários para as atividades auxiliares para confecção de tubos de concreto
armado do tipo CA-2. Essa dificuldade na elaboração das composições de custo para os bueiros mais
baratos poderia ser contornada com a existência dessas composições no próprio sistema de custos do
Dnit.
c) falta de detalhamento do CBUQ – capa e binder (Lote 02):
Foi constatado que a planilha de serviços referente ao Contrato TT 231/2010 não fazia
distinção quanto ao serviço de concreto betuminoso usinado a quente – CBUQ utilizado na capa de
rolamento e o utilizado na camada intermediária comumente denominada binder, constando todo o
quantitativo como sendo destinado à capa, embora o projeto de pavimentação preveja a divisão da
camada asfáltica em capa e binder.
Tal camada intermediária, em regra, tem custo unitário menor que a capa de rolamento devido
ao menor consumo de cimento asfáltico de petróleo – CAP e pela não utilização filler na composição
de usinagem.
Em que pese não constar na planilha de serviços contratada a distinção entre o quantitativo de
CBUQ a ser executado na capa e no binder, o Dnit forneceu o detalhamento do quantitativo executado
até 31/8/2011, constante das evidências deste achado, em que se verifica a medição total de CBUQ de
20.534,132 ton, sendo 12.517,009 ton utilizados para binder (faixa b) e 8.017,123 ton utilizados na
capa de rolamento (faixa c). Do detalhamento apresentado pelo Dnit, verifica-se que 60% do
quantitativo medido de CBUQ ‘faixa C’ refere-se, na verdade, ao CBUQ ‘faixa B’. Registre-se que
não foi apresentado o detalhamento do quantitativo que não havia sido executado.
O quantitativo total contratado de CBUQ ‘faixa C’ foi de 48.901,00 ton ao preço unitário de R$
74,38/ton. Todavia, este quantitativo deveria ter sido separado entre capa e binder. Em informações
encaminhadas, por e-mail, em 11/11/11, a Superintendência do Dnit/ES assegura que o serviço de
CBUQ ‘faixa B’ será inserido no próximo relatório de revisão em fase de obras, sendo estornada a
diferença entre o valor executado de CBUQ – binder e pago como CBUQ – capa de rolamento.
Nesse e-mail, o superintendente da Autarquia no Espírito Santo relata que foram elaboradas
novas composições, em conformidade com o Sicro 2 (maio/2009), para os serviços de usinagem e de
execução de CBUQ binder, chegando-se ao valor de R$ 72,89 para a execução do CBUQ binder. Com
base no preço apresentado pelo Dnit, o valor já pago a maior pelo serviço de CBUQ é de R$ 18.650,34
(12.517,009*(74,38 – 72,89)).
Nesse contexto, diante da sinalização da Autarquia em promover as correções devidas, faz-se
pertinente determinar ao Dnit que, tão logo sejam efetuadas as correções, encaminhe ao TCU os
elementos que comprovem os ajustes efetuados no Contrato TT 231/2010, contemplando a inclusão do
serviço de CBUQ ‘faixa B’ e o estorno de todo quantitativo deste serviço medido indevidamente e no
serviço de CBUQ com polímero para capa de rolamento.
3.3.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado:
(IG-C) – Contrato TT-011/2008-00, 1/2/2008, Execução de obras de duplicação na rodovia
BR/101-ES – segmento Km 268,80 a 288,10 – Contorno de Vitória/ES, Delta Construções S/A.
Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 1.772.758,60
392
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
(IG-C) – Contrato 17 00231/2010, 5/3/2010, Execução dos serviços necessários à realização
da complementação das obras de duplicação do contorno de Vitória., Contractor Engenharia Ltda.
3.3.4 – Causas da ocorrência do achado:
Deficiêencias no controle exercido pela fiscalização do Dnit e pela supervisão contratada.
3.3.5 – Critérios:
Lei 8666/1993, art. 66; art. 67, § 1º; art. 78, inciso VI
3.3.6 – Evidências:
Planilha_Bueiros_CBUQ_DNIT_Lote02.
Planilha_Bueiros_DNIT_Lote01.
Quantitativo_CBUQ_CapaBinder_TT231_10.
Taxa_Ligante_TT011_2008.
Comparação dos preços referenciais dos bueiros.
Composições de bueiro no Sicro 2.
Desenho 6.2 do Álbum de drenagem – bueiros tubulares.
Composições de bueiros do Projeto Básico e aditivo – lote 01.
Composições referenciais dos bueiros – lote 01.
Projeto – Bueiros – lote 01.
Composições de bueiros do Projeto Básico e aditivo – lote 02.
Composições referenciais dos bueiros – lote 02.
Projeto – Bueiros – lote 02.
Manual de custos rodoviários – Vol 4, Tomo 3, Item 3.10.
Memo 414_2011_SR_ES.
Reatório de controle fisico – TT011_2008_Dez10.
Relatório resumo do contrato – TT011_2008.
Relatório resumo do contrato – TT231_2010.
E-mail da SR/ES de 5/12/2011.
E-mail_DnitES_Halpher_11Nov11 – E-mail da SR/ES de 11/11/2011.
3.3.7 – Conclusão da equipe:
Constatou-se a ocorrência de superfaturamento decorrente de pagamento por serviço não
executado em três grupos de serviços: execução de corpo de bueiro tubular de concreto (Lotes 01 e
02), aquisição e transporte de CAP-20 (Lote 01) e execução de CBUQ (Lote 02).
Foi verificado que os serviços de corpo de bueiro tubular de concreto dos orçamentos dos
Contratos TT 011/2008 e TT 231/2010, relativos aos Lotes 01 e 02 das obras de Adequação do
Contorno Rodoviário de Vitória – ES, não fazem distinção quanto ao tipo de tubo a ser utilizado, tendo
sido adotado, em regra, o tipo mais robusto e mais caro para toda a obra, embora seja técnica e
economicamente viável executar parte dos bueiros utilizando tubos menos reforçados, o que, inclusive,
constatou-se estar sendo feito.
Verificou-se, também, que os serviços de ‘Fornecimento e Transporte de CAP-20’ para o
Contrato 011/2008, referente ao Lote 01 das obras do Contorno de Vitória, foram medidos em
desacordo com as especificações de serviço. Com base nos resultados dos ensaios Marshall de
definição dos traços, verificou-se incompatibilidade entre os percentuais de cimento asfáltico de
petróleo aplicados em comparação com o quantitativo de CAP medido. A medição a maior resulta num
indício de superfaturamento estimado em R$ 1.772.758,60 (ref.: 05/2007).
Por fim, observou-se também liquidação irregular de despesa em decorrência do pagamento do
serviço de CBUQ – binder como CBUQ -capa de rolamento, pois a planilha de serviços contratada,
referente ao Contrato TT 231/2010, não faz distinção quanto ao serviço de concreto betuminoso
usinado a quente – CBUQ utilizado na capa de rolamento e o utilizado na camada intermediária
comumente denominada binder. O detalhamento do concreto betuminoso aplicado até 31/8/2011
apresentado pelo Dnit indica que 60% do quantitativo executado foram de binder, denominado faixa b.
393
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Segundo informações da Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo, já
estão sendo tomadas as medidas necessárias para promover a separação dos quantitativos de CBUQ –
binder e CBUQ – capa de rolamento e realizar o estorno dos valores pagos indevidamente.
Considerando os quantitativos já executados e o preço para o CBUQ – binder apresentado pelo Dnit,
esse valor é de R$ 18.650,34.
Nesse contexto, mostra-se pertinente que se realize a oitiva do Dnit e das empresas executoras e
supervisoras, assim como a audiência dos fiscais do Dnit para que se manifestem sobre os indícios de
irregularidades apontados neste relatório, além de determinar ao Dnit que cientifique este Tribunal das
medidas corretivas adotadas em relação ao detalhamento dos quantitativos de CBUQ do Lote 02 tão
logo elas sejam efetivadas.
3.3.8 – Responsáveis:
Nome: Jorge Luiz de Almeida – CPF: 306.174.567-04 – Cargo: Fiscal do Contrato TT
11/2008 (Portaria nº 34/2008/SR-ES) (de 16/6/2008 até 1/4/2009)
Conduta: Aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em
desacordo com o critério de medição, resultando em quantitativos superiores aos executados (Lote 01).
Nexo de causalidade: A aprovação das medições resultou no pagamento por serviços não
executados (aquisição de transporte de CAP-20).
Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele
deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.
Nome: Reginaldo Lírio Morelato – CPF: 576.010.207-97 – Cargo: Fiscal do Contrato TT
231/2010 (Nomeado pela Portaria nº 33/2010/SR-ES) (de 14/5/2010 até 31/7/2011), Fiscal do Contrato
TT 11/2008 (Portaria nº 21/2009/SR-ES) (de 2/4/2009 até 30/3/2011)
Conduta: Aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em
desacordo com o critério de medição, resultando em quantitativos superiores aos executados (Lote 01).
Aprovação das medições dos serviços de CBUQ como sendo o quantitativo total de CBUQ
faixa C quando na verdade foram executados, conforme projeto, com dois tipos de CBUQ: faixa B e
faixa C (Lote 02).
Nexo de causalidade: A aprovação das medições resultou no pagamento por serviços não
executados (aquisição de transporte de CAP-20) e pagamento por serviço diverso do executado
(CBUQ).
Culpabilidade: A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele
deve ser ouvido em audiência a fim de avaliar se merece ser apenado com a aplicação de multa.
4 – ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS Como critério padrão na escolha da relatoria do processo, segue-se o disposto no art. 18-A da
Resolução-TCU 175, de 25/5/2005: ‘Art. 18-A Os processos constituídos em razão de fiscalização de
obras públicas serão distribuídos ao Relator que detiver em sua lista de unidades jurisdicionadas a
unidade da federação em que esteja localizada a obra’.
5 – CONCLUSÃO
De todo o exposto, verifica-se que a contratação direta da empresa executora das obras
remanescentes do Lote 02 da BR-101/ES – Contorno de Vitória deu-se de modo irregular, pois
desatendeu os dispositivos da Lei de Licitações que regem esse tipo de contratação.
A irregularidade do procedimento decorreu da dispensa de licitação fundamentada no inciso V
do art. 24 sem demonstrar que a realização de nova licitação acarretaria prejuízo à Administração e do
desatendimento da exigência expressa no caput do art. 26 de se comunicar a intenção de se contratar
por dispensa de licitação à autoridade superior para ratificação e publicação na imprensa oficial como
condição para a eficácia dos atos.
Somente após a realização das etapas referentes à escolha da empresa a ser contratada é que foi
providenciado o atendimento dos requisitos necessários à eficácia da escolha da contratação direta.
Além disso, a justificativa apresentada não satisfaz a exigência legal, pois não restou demonstrado que
a repetição da licitação traria algum prejuízo à Administração.
394
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Foi verificado, ainda, que os serviços executados no Lote 01, Contrato TT 011/2008 – Delta
Construções S/A, concluído em dezembro/2009, das obras do Contorno de Vitória/ES apresentavam
diversas falhas de natureza qualitativa.
Dentre as deficiências citadas, destacam-se a espessura da camada de revestimento em CBUQ,
que, em treze das 27 amostras extraídas não apresentava a espessura mínima (total e/ou das camadas)
prevista em projeto e outra que diz respeito à resistência do concreto aplicado nos blocos pré-moldados
utilizados nos meios-fios. Foram colhidos dois blocos, os quais foram ensaiados e obtiveram-se
resistências significativamente inferiores àquelas constantes das especificações.
Por enquanto a empresa contratada realizou a complementação da espessura da camada de
CBUQ somente nos locais onde a auditoria extraiu as amostras. Entretanto, a alta incidência de
espessuras inferiores às do projeto e o fato de as amostras terem sido extraídas em locais aleatórios
indicam que a execução deficiente pode ter ocorrido em toda a extensão da rodovia.
Portanto, julga-se necessário que se realize uma perícia sobre os serviços executados. Entende-
se que esse procedimento não deva ser feito pela própria superintendência, pois os resultados podem
repercutir sobre ela no papel de responsável pela execução e fiscalização das obras. Por isso, propõe-se
que a determinação de realização de perícia seja feita para o setor de controle interno da autarquia, a
Auditoria Interna (Audint).
Por fim, constatou-se a ocorrência de superfaturamento decorrente de pagamento por serviço
não executado em três grupos de serviços: execução de corpo de bueiro tubular de concreto (Lotes 01 e
02), aquisição e transporte de CAP-20 (Lote 01) e execução de CBUQ (Lote 02).
Nesse contexto, mostra-se pertinente que se realize a oitiva do Dnit e das empresas executoras e
supervisoras, assim como a audiência dos fiscais do Dnit para que se manifestem sobre os indícios de
irregularidades apontados neste relatório, além de determinar ao Dnit que cientifique este Tribunal das
medidas corretivas adotadas em relação ao detalhamento dos quantitativos de CBUQ do Lote 02 tão
logo elas sejam efetivadas.
Entre os benefícios não quantificáveis verificados nesta fiscalização pode-se mencionar o
aprimoramento da gestão de projetos, a melhoria nos controles internos, a manutenção da expectativa
do controle e a melhoria da qualidade da obra em decorrência das correções a serem realizadas caso se
confirme o indício de execução deficiente dos serviços de CBUQ e meio-fio de concreto do Lote 01.
Os benefícios quantificáveis totalizam R$ 1.772.758,60 referentes aos serviços de
‘Fornecimento e Transporte de CAP-20’ do Contrato TT 011/2008 – Lote 01, que foram medidos em
desacordo com a especificação do serviços de CBUQ – capa e binder.
6 – PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Ex
mo Sr. Ministro-
Relator Aroldo Cedraz, com a seguinte proposta:
I – Audiências de responsáveis:
Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e
art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência da senhora Denise Gomes
Simões, CPF 466.098.656-04, na condição de substituta do Superintendente Regional do Dnit no
Estado do Espírito Santo, para, no prazo de quinze dias a contar do recebimento da comunicação de
audiência, apresentar razões de justificativa pela ratificação da Dispensa de Licitação 46/2009
realizada em desacordo com os art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do Parágrafo Único e
art. 38 da Lei 8.666/1993 e com o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal. (3.1)
Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e
art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do senhor Jorge Luiz de
Almeida, CPF 306.174.567-04, para, no prazo de quinze dias a contar do recebimento da comunicação
de audiência, apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:
a) na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da
Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse
395
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,
art. 26, caput e incisos II e III do Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI
da Constituição Federal; (3.1)
b) na condição de fiscal do Contrato TT 011/2008 entre 16/6/2008 e 1/4/2009 referente à
execução das obras de restauração do Lote 01 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, nomeado pela
Portaria 34/2008/SR-ES:
b.1) aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio
Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei
8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e
art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit; (3.2)
b.2) aprovação das medições dos serviços do Lote 01 mencionados no Parecer Técnico de
3/1/2012 elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do
Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de
arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais concluiu-
se, no referido Parecer Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos, atestados e
pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da
Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do Dnit; (3.2)
b.3) aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em
quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação
de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60
(mai/2007), conforme evidenciado na planilha ‘Taxa de Ligante – Contrato TT 011/2008’. (3.3)
Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e
art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do senhor José Renato do
Rosário Oliveira, CPF 968.047.187-04, na condição de presidente da comissão de licitação da
Concorrência 0596/2009-17 e da Dispensa de Licitação 46/2009, para, no prazo de quinze dias a
contar do recebimento da comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela realização
de procedimento de contratação direta sem que este estivesse devidamente justificado, declarado,
ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do
Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da Constituição Federal. (3.1)
Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e
art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do senhor Reginaldo Lírio
Morelato, CPF 576.010.207-97, para, no prazo de quinze dias a contar do recebimento da comunicação
de audiência, apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:
a) na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da
Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse
devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,
art. 26, caput e incisos II e III do Parágrafo Único e art. 38 da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI
da Constituição Federal; (3.1)
b) na condição de fiscal dos Contratos TT 011/2008 a partir de 2/4/2009, nomeado pela Portaria
21/2009/SR-ES, e TT 231/2010, nomeado pela Portaria 33/2010/SR-ES, referentes à execução das
obras de restauração dos Lotes 01 e 02 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, respectivamente:
b.1) aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio
Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei
8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e
art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit; (3.2)
b.2) aprovação das medições dos serviços do Lote 01 mencionados no Parecer Técnico de
3/1/2012 elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do
Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de
arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais concluiu-
se, no referido Parecer Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos, atestados e
396
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da
Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do Dnit; (3.2)
b.3) aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em
quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação
de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ R$ 1.772.758,60
(mai/2007) referentes ao Lote 01; (3.3)
b.4) aprovação das medições do serviço de CBUQ do Lote 01 como sendo todo o quantitativo
de CBUQ ‘faixa C’ quando foi efetivamente executado CBUQ ‘faixa C’ e CBUQ ‘faixa B’, resultando
num indício de superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (mai/2009) até julho de 2011. (3.3)
Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e
art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do senhor Wilson Boone de
Souza, CPF 652.213.977-49, na condição de Procurador Federal responsável pelos pareceres da
Procuradoria Federal Especializada junto à SR/Dnit-ES, para, no prazo de quinze dias a contar do
recebimento da comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela elaboração do
Parecer 185/2009 PFE/SR/Dnit/ES dando o aval a procedimento de contratação por dispensa de
licitação (Dispensa de Licitação 46/2009 oriunda da Concorrência 0596/2009-17) sem exigir a
demonstração do prejuízo que seria gerado para a administração caso a licitação fosse repetida,
infringindo o disposto no art. 24, inciso V, da Lei 8.666/1993 e sem exigir que fossem cumpridas as
etapas determinadas nos art. 26 e 38 da mesma Lei. (3.1)
Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV e
art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do senhor Élio Bahia Souza,
CPF 189.776.697-15, na condição de Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo à
época da ocorrência dos indícios de irregularidade, para, no prazo de quinze dias a contar do
recebimento da comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela homologação e
adjudicação de contratação feita por meio da Dispensa de Licitação 46/2009 realizada em desacordo
com as exigências dos art. 24, inciso V, art. 26, caput e incisos II e III do Parágrafo Único e art. 38 da
Lei 8.666/1993 e do art. 37, inciso XXI da Constituição Federal. (3.1)
II – Oitivas:
Com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em atendimento ao art.
5º, inciso LV da Constituição Federal, realizar a oitiva da Delta Construções, CNPJ nº
10.788.628/0001-57, responsável pela execução do Contrato TT 011/2008, na pessoa de seu
representante legal, para que se manifeste, no prazo de quinze dias, sobre os seguintes indícios de
irregularidade:
a) execução deficiente dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de
Concreto, bem como daqueles constantes dos Pareceres Técnicos de 1/12/2011 e de 3/1/2012
elaborados pela comissão de recebimento das obras, contrariando os arts. 66, 69 e 70 da Lei
8.666/1993; (3.2)
b) liquidação irregular de despesa dos serviço de aquisição e transporte de CAP-20 medidos em
quantitativos superiores aos executados, irregularidade caracterizada pela incompatibilidade entre os
valores medidos e aqueles obtidos pela aplicação dos percentuais de CAP obtidos dos ensaios de
acompanhamento da execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa sobre os quantitativos
medidos desses mesmos serviços, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60
(mai/2007). (3.3)
Com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em atendimento ao art.
5º, inciso LV da Constituição Federal, realizar a oitiva da ECR Engenharia, CNPJ nº 42.161.372/0001-
40, responsável pela supervisão da execução das obras de restauração do Lote 01 da BR-101/ES –
Contorno de Vitória, na pessoa de seu representante legal, para que se manifeste, no prazo de quinze
dias, sobre os indícios de supervisão deficiente configurados pela:
a) aprovação dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de Concreto
executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, §
397
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso III, do
Regimento Interno do Dnit; (3.2)
b) atestação dos serviços mencionados no Parecer Técnico de 3/1/2012 elaborado pela
comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES
,
que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de arte corrente, de sinalização,
de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais concluiu-se, no referido Parecer
Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos, atestados e pagos, contrariando o
art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o
art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do Dnit. (3.2)
Com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em atendimento ao art.
5º, inciso LV da Constituição Federal, realizar a oitiva da Contractor Engenharia LTDA, CNPJ nº
01.980.404/0001-51, responsável pela execução do Contrato TT 231/2010, na pessoa de seu
representante legal, para que se manifeste, no prazo de quinze dias, sobre os indícios de liquidação
irregular de despesa do serviço de CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ ‘faixa
C’ quando foi efetivamente executado CBUQ ‘faixa C’ e CBUQ ‘faixa B’, resultando num indício de
superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (mai/2009) até julho de 2011. (3.3)
Com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em atendimento ao art.
5º, inciso LV da Constituição Federal, realizar a oitiva do Dnit, na pessoa de seu Diretor Geral, para
que se manifeste, no prazo de quinze dias, sobre os indícios de liquidação irregular de despesa dos
seguintes serviços:
a) aquisição e transporte de CAP-20 medidos em quantitativos superiores aos executados no
Lote 01, irregularidade caracterizada pela incompatibilidade entre os valores medidos e aqueles
obtidos pela aplicação dos percentuais de CAP obtidos dos ensaios de acompanhamento da execução
dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa sobre os quantitativos medidos desses mesmos
serviços, resultando num indício de superfaturamento de R$ R$ 1.772.758,60 (mai/2007);
b) CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ ‘faixa C’ quando foi
efetivamente executado CBUQ ‘faixa C’ e CBUQ ‘faixa B’, resultando num indício de
superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (mai/2009) até julho de 2011. (3.3)
III – Recomendação a Órgão/Unidade:
Recomendar à Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo, com
fundamento no art 43, inciso I da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso III do Regimento Interno do
TCU, que se abstenha de receber definitivamente, nos termos da alínea b do inciso I do art. 73 da Lei
8.666/1993, as obras objeto do Contrato TT 011/2008 antes da conclusão da perícia a ser realisada
sobre a execução dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de Concreto.
(3.2)
IV – Determinação a Órgão/Unidade:
Determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Dnit, com fundamento
nos arts. 70 e 74, incisos II e IV da Constituição Federal, c/c o art. 49, incisos II e IV da Lei
8.443/1992 (LOTCU) e o art. 27, incisos VI e XVII do Regimento Interno do Dnit, que, tendo em vista
o resultado dos ensaios realizados pela auditoria, realize uma perícia sobre a execução do Contrato TT
011/2008, especificamente sobre os seguintes serviços:
a) Concreto Betuminoso Usinado a Quente Binder AC/BC, CBUQ – Capa de Rolamento,
CBUQ – Faixa b e CBUQ Faixa c, de modo a se verificar:
a.1) se as espessuras executadas estão de acordo com aquelas definidas em projeto para a pista
de rolamento, acostamentos, tapers e acessos, considerando as tolerâncias admitidas nas normas
pertinentes; (3.2)
a.2) se os quantitativos medidos dos serviços estão de acordo com aquelas executadas; (3.2)
b) meio fio concreto intransponível, meio-fio tipo MFC 01, meio-fio tipo MFC 05, meio-fio de
concreto – MFC 02, meio-fio tipo MFC 05 e meio fio de concreto MFC 01 AC/BC, de modo a se
398
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
verificar se a resistência do concreto dos blocos pré-moldados utilizados dos meios-fios atende às
especificações do serviço. (3.2)
Com fulcro no caput do art. 45 da Lei 8.443/1992, c/c o caput do art. 251 do Regimento Interno
do TCU, determinar ao Dnit que:
a) em relação ao Contrato 17 00231/2010, corrija o preço contratado para o serviço ‘corpo de
bueiro BSTC D=0,80 m’ de modo que o custo da atividade auxiliar ‘1 A 01 512 60 – concreto
ciclópico fck=15MPa AC/BC/PC’ seja considerado sem o BDI; (3.3)
b) ainda em relação ao mesmo contrato, nos futuros aditivos contratuais que alterem os
quantitativos contratados ou que criem novos serviços de corpo de bueiro tubular de concreto, leve em
conta o detalhamento dos tipos de tubos já utilizados e a serem utilizados para a definição dos novos
preços; (3.3)
c) inclua no Sicro 2 composições de custo unitário para os serviços de corpo de bueiro tubular
de concreto utilizando os tubos CA-1, CA-2 e CA-3. (3.3)
Determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Dnit, que, tão logo
sejam realizadas as correções decorrentes dos resultados apresentados nos Pareceres Técnicos de
1/12/2011 e de 3/1/2012 elaborados pela comissão de recebimento das obras e encaminhados ao TCU
por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, ou, caso haja negativa da empresa executora em realizá-los
e tão logo sejam tomadas providências a respeito, dê conhecimento dos fatos ao Tribunal de Contas da
União, juntamente com a informação acerca das providências tomadas em relação à empresa
supervisora. (3.2)
[...]”
É o Relatório.
VOTO
Como visto no Relatório precedente, o objeto da presente fiscalização é a duplicação e
restauração, com melhoramentos, da Rodovia BR-101/ES – Contorno de Vitória, com extensão de
25,50 km, realizada sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(Dnit) e envolve, além da referida duplicação, a construção de um complexo de viadutos na interseção
com a BR-262/ES.
2. A obra foi dividida em dois lotes, executados e supervisionados por meio dos seguintes
contratos: a) Lote 01 (km 268,80 ao km 288,10), Contrato 17-011/2008, firmado com a empresa Delta
Engenharia, concluído em 30/3/2011 e supervisão por meio do Contrato 17-009/2001, firmado com a
ECR Sociedade Civil de Engenharia e Consultoria; b) Lote 02 (km 288,10 ao km 294,30), Contrato
17-231/2010, firmado com a empresa Contractor Engenharia Ltda. e supervisão por meio do Contrato
17-232/2010, tendo como contratada a empresa Pro Sul.
3. Conforme consignado no Relatório precedente, as principais constatações deste trabalho
foram:
a) contratação irregular por dispensa ou inexigibilidade (achado 3.1). Constatou-se a realização
dos procedimentos para contratação, por dispensa de licitação, com fundamento no art. 24, inciso V, da
Lei 8.666/1993, sem que fossem atendidos os requisitos constantes no referido inciso, de se
demonstrar que a realização de nova licitação acarretaria prejuízo à Administração, além do
desatendimento da exigência expressa no caput do art. 26 da Lei, de se comunicar à autoridade
superior para ratificação e publicação, na imprensa oficial, como condição para a eficácia dos atos;
b) execução de serviços com qualidade deficiente (achado 3.2).. Verificou-se, na vistoria
realizada no segmento correspondente ao Lote 01, Contrato TT 011/2008, firmado com a empresa
Delta Construções S/A, que os serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), binder e
capa de rolamento, e de meio fio de concreto foram executados com falhas de natureza qualitativa.
Além disso, a própria Superintendência Regional do Dnit no Espírito Santo já havia verificado
deficiências em alguns serviços
399
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
c) liquidação irregular da despesa (achado 3.3). Constatou-se a ocorrência de superfaturamento
decorrente de pagamento por serviço não executado em três grupos de serviços: execução de corpo de
bueiro tubular de concreto (Lotes 01 e 02), aquisição e transporte de CAP-20 (Lote 01) e execução de
CBUQ (Lote 02)
4. Os achados de auditoria em referência foram classificados como IG-C.
5. As propostas de encaminhamento preveem audiência dos responsáveis, oitivas,
determinações e recomendações ao Dnit.
6. Quanto às propostas de audiência, pela leitura do relatório de fiscalização, percebe-se que as
irregularidades detectadas justificam essa medida.
7. A oitiva do Dnit, na pessoa de seu Diretor Geral, justifica-se pela constatação de indícios de
liquidação irregular de despesa referente à aquisição e transporte de CAP-20 medidos em quantitativos
superiores aos executados no Lote 01, irregularidade caracterizada pela incompatibilidade entre os
valores medidos e aqueles obtidos pela aplicação dos percentuais de CAP extraídos dos ensaios de
acompanhamento da execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa sobre os quantitativos
medidos desses mesmos serviços, resultando em indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60.
8. Além disso, foi verificado o pagamento de CBUQ do Lote 02 como sendo todo o
quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa
B”, resultando num indício de superfaturamento no valor de R$ 18.650,34, de maio de 2009 até julho
de 2011.
9. Por fim, entendo, também, adequado, expedir, desde já, as recomendações e determinações
sugeridas pela unidade técnica nos incisos II e IV do item 6 da instrução transcrita no Relatório
precedente.
Nessas condições, voto pela adoção da minuta de acórdão que trago ao escrutínio deste
Colegiado.
Sala das Sessões, em 22 de agosto de 2012. AROLDO CEDRAZ
Relator
ACÓRDÃO Nº 2229/2012 – TCU – Plenário
1. Processo TC 026.363/2011-9
2. Grupo I – Classe V – Relatório de Levantamento de Auditoria – Fiscobras 2011.
3. Responsáveis/Interessados:
3.1. Responsáveis: Jorge Ernesto Pinto Fraxe, Diretor Geral do Dnit (CPF 306.174.567-04);
Denise Gomes Simões, substituta do Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo
(CPF 466.098.656-04), José Renato do Rosário Oliveira, presidente da comissão de licitação, (CPF
968.047.187-04), Reginaldo Lírio Morelato, membro da comissão de licitação e fiscal dos Contratos
(CPF 576.010.207-97), Wilson Boone de Souza (CPF 652.213.977-49); Élio Bahia Souza (CPF
189.776.697-15).Contractor Engenharia Ltda. (CNPJ 01.980.404/0001-51), ECR Engenharia (CNPJ
42.161.372/0001-40) e Delta Construções (CNPJ 10.788.628/0001-57).
3.2. Interessada: Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional.
4. Unidade: Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo – Dnit/MT
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 2 (Secob-2).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
400
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Trata-se de levantamento de auditoria, realizado na Superintendência Regional do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Estado do Espírito Santo (Dnit/MT), nas
obras de adequação do contorno rodoviário de Vitória – BR 101 – Estado do Espírito Santo.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso
IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência da Srª Denise Gomes
Simões, na condição de substituta do Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo,
para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência, apresentar
razões de justificativa pela ratificação da Dispensa de Licitação 46/2009, realizada em desacordo com
os arts. 24, inciso V, art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e com o art.
37, inciso XXI da Constituição Federal;
9.2. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso
IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Jorge Luiz de
Almeida, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência,
apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:
9.2.1. na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da
Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse
devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,
art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da
Constituição Federal;
9.2.2. na condição de fiscal do Contrato TT 011/2008, referente à execução das obras de
restauração do Lote 01 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, entre 16/6/2008 e 1/4/2009, conforme
Portaria 34/2008/SR-ES:
9.2.2.1. aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e
Meio Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da
Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV,
e art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit;
9.2.2.2. aprovação das medições dos serviços do Lote 01, mencionadas no Parecer Técnico de
3/1/2012, elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado a este Tribunal de Contas
por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem,
de obras de arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos
quais se concluiu, no referido Parecer Técnico, sem nunca terem sido executados, embora medidos,
atestados e pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º,
inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do
Dnit;
9.2.2.3. aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20, em
quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação
de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um
milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos)
(mai/2007), conforme evidenciado na planilha “Taxa de Ligante – Contrato TT 011/2008”;
9.3. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso
IV e 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. José Renato do Rosário
Oliveira, na condição de presidente da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da
Dispensa de Licitação 46/2009, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da
comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela realização de procedimento de
contratação direta sem que este estivesse devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado,
infringindo o disposto nos art. 24, inciso V, art. 26, caput e 38, do parágrafo único, incisos II e III da
Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da Constituição Federal;
401
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.4. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso
IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Reginaldo Lírio
Morelato, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação de audiência,
apresentar razões de justificativa pelos seguintes indícios de irregularidade:
9.4.1. na condição de membro da comissão de licitação da Concorrência 0596/2009-17 e da
Dispensa de Licitação 46/2009, ter realizado procedimento de contratação direta sem que este estivesse
devidamente justificado, declarado, ratificado e publicado, infringindo o disposto nos art. 24, inciso V,
art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e no art. 37, inciso XXI da
Constituição Federal;
9.4.2. na condição de fiscal dos Contratos TT 011/2008 a partir de 2/4/2009, nomeado pela
Portaria 21/2009/SR-ES, e TT 231/2010, nomeado pela Portaria 33/2010/SR-ES, referentes à execução
das obras de restauração dos Lotes 01 e 02 da BR-101/ES – Contorno de Vitória, respectivamente:
9.4.2.1. aprovação das medições dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e
Meio Fio de Concreto do Lote 01 executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da
Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV,
e art. 122, inciso III, do Regimento Interno do Dnit;
9.4.2.2. aprovação das medições dos serviços do Lote 01 mencionados no Parecer Técnico de
3/1/2012 elaborado pela comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do
Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de
arte corrente, de sinalização, de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais se
concluiu, no referido Parecer Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos,
atestados e pagos, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º,
inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do
Dnit;
9.4.2.3. aprovação das medições dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20 em
quantitativos superiores aos obtidos pela aplicação do critério de medição estipulado na especificação
de serviço Dnit 031/2006 – ES, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um
milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos)
(mai/2007) referentes ao Lote 01;
9.4.2.4. aprovação das medições do serviço de CBUQ do Lote 01 como sendo todo o
quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa
B”, resultando num indício de superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e
cinquenta reais e trinta e quatro centavos) (mai/2009) até julho de 2011;
9.5. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso
IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Wilson Boone de
Souza, na condição de Procurador Federal responsável pelos pareceres da Procuradoria Federal
Especializada junto à SR/Dnit-ES, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da
comunicação de audiência, apresentar razões de justificativa pela elaboração do Parecer 185/2009
PFE/SR/Dnit/ES dando o aval a procedimento de contratação por dispensa de licitação (Dispensa de
Licitação 46/2009 oriunda da Concorrência 0596/2009-17), sem exigir a demonstração do prejuízo que
seria gerado para a administração caso a licitação fosse repetida, infringindo o disposto no art. 24,
inciso V, da Lei 8.666/1993, e sem exigir que fossem cumpridas as etapas determinadas nos art. 26 e
38 da mesma Lei;
9.6. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso
IV e art. 183, inciso I, alínea a do Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Élio Bahia Souza, na
condição de Superintendente Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo à época da ocorrência dos
indícios de irregularidade, para, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da comunicação
de audiência, apresentar razões de justificativa pela homologação e adjudicação de contratação feita
por meio da Dispensa de Licitação 46/2009, realizada em desacordo com as exigências dos art. 24,
402
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
inciso V, art. 26, caput e 38, parágrafo único, incisos II e III da Lei 8.666/1993 e do art. 37, inciso
XXI da Constituição Federal;
9.7. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em
atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa Delta Construções,
responsável pela execução do Contrato TT 011/2008, na pessoa de seu representante legal, para que se
manifeste, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os seguintes indícios de irregularidade:
9.7.1. execução deficiente dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio
de Concreto, bem como daqueles constantes dos Pareceres Técnicos de 1/12/2011 e de 3/1/2012
elaborados pela comissão de recebimento das obras, contrariando os arts. 66, 69 e 70 da Lei
8.666/1993;
9.7.2. liquidação irregular de despesa dos serviços de aquisição e transporte de CAP-20
medidos em quantitativos superiores aos executados, irregularidade caracterizada pela
incompatibilidade entre os valores medidos e aqueles verificados pela aplicação dos percentuais de
CAP obtidos dos ensaios de acompanhamento da execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ –
capa sobre os quantitativos medidos desses mesmos serviços, resultando num indício de
superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um milhão setecentos e setenta e dois mil setecentos e
cinquenta e oito reais e sessenta centavos) (mai/2007);
9.8. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em
atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa ECR Engenharia,
responsável pela supervisão da execução das obras de restauração do Lote 01 da BR-101/ES –
Contorno de Vitória, na pessoa de seu representante legal, para que se manifeste, no prazo de 15
(quinze) dias, sobre os indícios de supervisão deficiente configurados pela:
9.8.1. aprovação dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de
Concreto executados com qualidade deficiente, contrariando o art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts.
62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso III, do
Regimento Interno do Dnit;
9.8.2. atestação dos serviços mencionados no Parecer Técnico de 3/1/2012 elaborado pela
comissão de recebimento das obras e encaminhado ao TCU por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES
,
que dizem respeito a obras de terraplenagem, de drenagem, de obras de arte corrente, de sinalização,
de obras de arte especiais e de pavimentação, alguns dos quais se concluiu, no referido Parecer
Técnico, não terem sido executados, embora tenham sido medidos, atestados e pagos, contrariando o
art. 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, os arts. 62, 63, § 1ª, inciso I e § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964 e o
art. 111, inciso IV, e art. 122, inciso VI, do Regimento Interno do Dnit;
9.9. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em
atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva da empresa Contractor Engenharia
Ltda., responsável pela execução do Contrato TT 231/2010, na pessoa de seu representante legal, para
que se manifeste, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os indícios de liquidação irregular de despesa do
serviço de CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi
efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa B”, resultando num indício de
superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e cinquenta reais e trinta e quatro
centavos) (mai/2009) até julho de 2011;
9.10. realizar, com fundamento no art. 250, inciso V do Regimento Interno do TCU e em
atendimento ao art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, a oitiva do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit), na pessoa de seu Diretor-Geral, para que se manifeste, no prazo
de 15 (quinze) dias, sobre os indícios de liquidação irregular de despesa dos seguintes serviços:
9.10.1. aquisição e transporte de CAP-20 medidos em quantitativos superiores aos executados
no Lote 01, irregularidade caracterizada pela incompatibilidade entre os valores medidos e aqueles
verificados pela aplicação dos percentuais de CAP obtidos dos ensaios de acompanhamento da
execução dos serviços de CBUQ – binder e CBUQ – capa sobre os quantitativos medidos desses
403
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
mesmos serviços, resultando num indício de superfaturamento de R$ 1.772.758,60 (um milhão
setecentos e setenta e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos) (mai/2007);
9.10.2. CBUQ do Lote 02 como sendo todo o quantitativo de CBUQ “faixa C” quando foi
efetivamente executado CBUQ “faixa C” e CBUQ “faixa B”, resultando num indício de
superfaturamento no valor de R$ 18.650,34 (dezoito mil seiscentos e cinquenta reais e trinta e quatro
centavos) (mai/2009) até julho de 2011. (3.3)
9.11. recomendar à Superintendência Regional do Dnit no Estado do Espírito Santo, com
fundamento no art. 43, inciso I da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso III do Regimento Interno do
TCU, que se abstenha de receber definitivamente, nos termos art. 73, inciso I, alínea b da Lei
8.666/1993, as obras objeto do Contrato TT 011/2008, antes da conclusão da perícia a ser realizada
sobre a execução dos serviços de Concreto Betuminoso Usinado a Quente e Meio Fio de Concreto;
9.12. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com
fundamento nos arts. 70 e 74, incisos II e IV da Constituição Federal, c/c o art. 49, incisos II e IV da
Lei 8.443/1992 (LOTCU) e o art. 27, incisos VI e XVII do Regimento Interno do Dnit, que, tendo em
vista o resultado dos ensaios realizados pela auditoria, realize uma perícia sobre a execução do
Contrato TT 011/2008, especificamente sobre os seguintes serviços:
9.12.1. Concreto Betuminoso Usinado a Quente Binder AC/BC, CBUQ – Capa de Rolamento,
CBUQ – Faixa b e CBUQ Faixa c, de modo a se verificar:
9.12.1.1. se as espessuras executadas estão de acordo com aquelas definidas em projeto para a
pista de rolamento, acostamentos, tapers e acessos, considerando as tolerâncias admitidas nas normas
pertinentes;
9.12.1.2. se os quantitativos medidos dos serviços estão de acordo com aquelas executadas;
9.12.1.3. meio fio concreto intransponível, meio-fio tipo MFC 01, meio-fio tipo MFC 05,
meio-fio de concreto – MFC 02, meio-fio tipo MFC 05 e meio fio de concreto MFC 01 AC/BC, de
modo a se verificar se a resistência do concreto dos blocos pré-moldados utilizados dos meios-fios
atende às especificações do serviço;
9.13. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com
fulcro no caput do art. 45 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 251, caput, do Regimento Interno do TCU:
9.13.1. em relação ao Contrato 17 00231/2010, corrija o preço contratado para o serviço
“corpo de bueiro BSTC D=0,80 m” de modo que o custo da atividade auxiliar “1 A 01 512 60 –
concreto ciclópico fck=15MPa AC/BC/PC” seja considerado sem o BDI;
9.13.2. ainda em relação ao mesmo contrato, nos futuros aditivos contratuais que alterem os
quantitativos contratados ou que criem novos serviços de corpo de bueiro tubular de concreto, leve em
conta o detalhamento dos tipos de tubos já utilizados e a serem usados para a definição dos novos
preços;
9.13.3. inclua no Sicro 2 composições de custo unitário para os serviços de corpo de bueiro
tubular de concreto utilizando os tubos CA-1, CA-2 e CA-3;
9.14. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que, tão
logo sejam realizadas as correções decorrentes dos resultados apresentados nos Pareceres Técnicos de
1/12/2011 e de 3/1/2012, elaborados pela comissão de recebimento das obras e encaminhados ao TCU
por meio do Ofício 45/2012 – GAB.SRES
, ou, caso haja negativa da empresa executora em realizá-los
e tão logo sejam tomadas providências a respeito, dê conhecimento dos fatos ao Tribunal de Contas da
União, juntamente com a informação acerca das providências tomadas em relação à empresa
supervisora.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2229-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
404
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
AROLDO CEDRAZ
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I – CLASSE VII – Plenário
TC 007.644/2012-4
Natureza: Representação.
Unidade: Prefeitura de Afonso Cláudio – ES.
Responsáveis: Marcos Frizzera Dias (084.442.497-85); Valcir Moreira Págio (005.344.357-85);
Wilson Berger Costa (674.760.907-72).
Advogado constituído nos autos: não há.
Sumário: REPRESENTAÇÃO. AQUISIÇÃO DE PÁ CARREGADEIRA COM RECURSOS
TRANSFERIDOS PELO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO –
MAPA. EXISTÊNCIA DE ESPECIFICAÇÕES NO EDITAL QUE DIRECIONAM PARA
AQUISIÇÃO DE MODELO DE UM FRABRICANTE ESPECÍFICO. CONCESSÃO DE
CAUTELAR. OITIVAS. ANÁLISES DAS JUSTIFICATIVAS. NÃO AFASTAMENTO DA
IRREGULARIDADE. DETERMINAÇÃO PARA ANULAÇÃO DO CERTAME. AUDIÊNCIAS.
RELATÓRIO
Adoto como Relatório a instrução da Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito
Santo – Secex/ES, peça 39, que obteve anuência de seus dirigentes, peça 40.
“INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de representação a respeito de possíveis irregularidades ocorridas no Pregão
Presencial 49/2012, do Município de Afonso Cláudio/ES, destinado à aquisição de uma pá
carregadeira, financiada com recursos em parte advindos do Contrato de Repasse 0348111-
97/2010/MAPA/CAIXA (Siconv 105855/2010), decorrente de acordo firmado com o Ministério da
Agricultura, Pesca e Abastecimento – MAPA.
HISTÓRICO
2. A licitação da pá carregadeira já havia sido tentada em dois pregões, 97/2011 e 133/2011,
ambos revogados pela Administração Municipal. O primeiro foi alvo de impugnação por parte da
empresa Cantex Comércio Importação de Máquinas e Equipamentos Ltda., dirigida originariamente ao
Tribunal de Contas do Estado e encaminhada a esta Corte, que questionava a exigência de revenda
exclusiva do fabricante no Estado do Espírito Santo, atuando, por, no mínimo, cinco anos.
3. O segundo pregão substituiu o primeiro, por iniciativa própria da Prefeitura, suprimindo-se
tão somente o requisito do tempo da existência da revenda. Em face disso, a contestação da citada
405
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
empresa foi submetida a esta Corte – a qual deu origem à instauração do TC 035.018/2011-9, e o Exmo
Sr. Ministro-Relator, Aroldo Cedraz, acolhendo posicionamento desta Unidade Técnica, entendeu que
a alteração procedida não seria suficiente para afastar o vício contido no edital, adotando no referido
feito medida cautelar.
4. Após ser notificada da cautelar, a Administração decidiu anular o Pregão 133/2011 (peça 6),
o que acarretou na perda de seu objeto. Em seguida, aderiu à Ata de Registro de Preços 36/2011 –
Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo, decorrente
do Pregão Eletrônico 64/2011, ato do qual se teve ciência a partir da consulta sistemática a publicações
no DOU empreendida por esta Secex/ES (peça 7). A empresa fornecedora do equipamento seria a
Brasif S/A Exportação, Importação, ao custo unitário de R$ 254.300,00 (duzentos e cinquenta e quatro
mil e trezentos reais).
5. Mas apesar de ter aderido à mencionada ata, a contratação não fora efetivada, tendo o
Município optado por lançar o Pregão Presencial 49/2012, objeto desta representação. A partir da
análise do edital desse pregão, foram identificadas cláusulas restritivas à competitividade do certame.
6. Tendo em vista que o ato de homologação da licitação estava na iminência de ser publicado
pela municipalidade, e que o valor da proposta vencedora era de R$ 310.000,00, preço 21,90%
superior ao da ata de registro de preços a que havia aderido, o Ministro-Relator adotou, conforme
despacho de peça 20, medida cautelar no sentido de que a Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio/ES,
na pessoa do seu representante legal, se abstivesse de dar prosseguimento ao Pregão Presencial
49/2002 ou adotasse as medidas necessárias com vistas a suspender qualquer ato ou contrato
decorrente do referido certame, até o pronunciamento final deste Tribunal, e determinou a oitiva da
Prefeitura e da empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda., vencedora do Pregão 49/2012.
EXAME TÉCNICO
7. Em resposta às oitivas promovidas por esta Secretaria, por meio dos Ofícios 383 e
384/2012-TCU/Secex/ES (peças 22 e 23), o Município de Afonso Cláudio/ES e a empresa PME
Máquinas e Equipamentos apresentaram, tempestivamente, as informações e os esclarecimentos
constantes das peças 26 a 29, a seguir analisados. Ressalte-se que, quanto à mencionada empresa, foi-
lhe franqueada, na qualidade de arrematante do objeto do Pregão Presencial 049/2012, a oportunidade
de apresentar razões de justificativa quanto aos tópicos desta representação.
Empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda.
Justificativas (peça 29)
8. Inicialmente, a empresa reconhece que as especificações técnicas previstas no Edital 49/2012
diferem completamente das previstas no Edital do Pregão 133/2011.
9. Acrescenta que naquele ato licitatório, a empresa apresentou outro modelo de pá
carregadeira, tendo sido declarada vencedora do certame com a máquina W130 NEW HOLLAND,
cujas características superam as exigências contidas no edital, não havendo, desde logo, em razão deste
fato, qualquer direcionamento ao fabricante NEW HOLLAND.
10. Ressalta que a fabricante CASE, representada pela empresa BRASIF S. A. possui modelo
similar de equipamento, qual seja, a pá carregadeira CASE 621. Informa ainda que esse modelo
atenderia plenamente às exigências contidas no referido Edital. Além do mais, outras empresas do
ramo igualmente se encontravam aptas a participar do certame.
Análise
11. O fato de a empresa ter ofertado um produto superior às especificações exigidas no edital
não tem o condão de descaracterizar, por si só, o direcionamento. Além disso, ao informar que a pá
carregadeira CASE 621 atenderia às exigências do primeiro edital, a empresa apenas reforça o
entendimento manifestado na instrução inicial de que a realização do novo pregão após a adesão à ata
de registro de preços gerida pela Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e
Pesca do Espírito Santo, em que o modelo ofertado pela empresa vencedora do certame foi o CASE
406
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
621, revelou-se desvantajosa para a Administração. Segundo a empresa, esse modelo atenderia
plenamente às exigências do edital precedente, referente ao Pregão 133/2012.
Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio/ES
Item da oitiva
– introdução, no Anexo I do Edital do Pregão Presencial 049/2012, de novas especificações
técnicas mínimas, se comparadas às que constaram dos certames que lhe precederam (97/2011 e
133/2011, ambos anulados), mais amplas e pormenorizadas e que, num juízo preliminar de valor,
parecem direcionar a contratação para um único fabricante, sendo que os indícios trazidos aos autos
partem da comparação destas exigências com as especificações disponíveis no sítio da fabricante New
Holland, a exemplo da identidade das características técnicas mínimas de desempenho, como a
capacidade da caçamba coroada (1,9m3), da força de desagregação (8.070 Kgf), carga de tombamento
reta e à máxima articulação (respectivamente, 7.663 Kg e 6.810 Kg), entre outras, o que pode
configurar grave restrição ao caráter competitivo.
Justificativas (peça 26, p. 2-3)
12. A Prefeitura alega que nos dois primeiros Pregões Presenciais (97/2011 e 133/2011), no
momento da solicitação do bem para ser licitado, as especificações do objeto teriam sido alteradas,
razão pela qual no Anexo I dos editais dos pregões mencionados não constariam todas as
especificações necessárias e em acordo com o Plano de Trabalho previamente aprovado pelo
Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento. E por isso esses pregões teriam sido anulados.
13. Aduz que em razão de a descrição do objeto a ser licitado não estar de acordo com o Plano
de Trabalho, tornou-se imprescindível a abertura de novo certame licitatório com especificações
condizentes com o Plano de Trabalho, evitando-se o risco de a aquisição não ser aprovada pelo
Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento.
14. Acrescenta que a alegação de que a descrição pormenorizada tende a direcionar a
contratação para um único fabricante, não deve prosperar, a uma, pois conforme se observa no próprio
procedimento licitatório, foram apresentados os orçamentos de 03 (três) fabricantes diversos, que
atendiam as especificações constantes do edital, a duas porque a empresa sagrada vencedora não foi
participante exclusiva do presente certame.
15. Alega que inexistiriam irregularidades na introdução do Anexo J do Pregão Presencial
049/2012 de especificações pormenorizadas, vez que tal especificação seria a constante no Plano de
Trabalho, que deu origem ao convênio para aquisição da pá carregadeira, e nem tampouco
direcionamento, em razão de outros fabricantes possuírem o objeto da contratação atendendo as
especificações exigidas.
Análise
16. Ao contrário do que alega a Prefeitura, o Pregão 97/2011 foi anulado para reformar a
exigência de revenda exclusiva do fabricante no Estado do Espírito Santo com atuação de no mínimo
cinco anos, que, conforme já mencionado no item 2, fora objeto de impugnação de licitante. Já o
Pregão 133/2011 foi anulado pela municipalidade após ciência de medida cautelar proferida no âmbito
deste Tribunal, associada ainda à questão da exigência de revenda exclusiva, conforme ressaltado no
item 4. Portanto, não tiveram qualquer relação com as especificações do objeto.
17. Da análise das informações acerca do plano de trabalho referente ao contrato de repasse em
questão por intermédio do sistema Siconv (Convênio 753771/2010), identificou-se que a Prefeitura já
havia realizado uma tentativa anterior de contratação da pá carregadeira, por meio do Pregão 30/2011.
E que apesar de o plano de trabalho original ter previsto especificações mais detalhadas da máquina a
ser licitada (peça 37), a própria Prefeitura, após suspender a licitação para readequação de seu objeto
em 4/4/2011 (peça 32), solicitou seu ajuste ao órgão concedente para simplificar os requisitos do
edital, que passou a ter as especificações relacionadas na peça 38.
18. A justificativa apresentada pela Prefeitura ao órgão concedente foi a seguinte (peça 34):
Venho através deste solicitar a Vossa Senhoria a autorização para Ajuste do Plano de Trabalho
tendo em vista a alteração da especificação dos equipamentos. Informamos que foi publicado o Edital
407
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
do Pregão Presencial nº 030/2011 que visa a aquisição de 01 (uma) Pá Carregadeira e 01 (um)
Caminhão Caçamba, conforme contrato de Repasse nº 0348111 – 97/2010/MAPA/CAIXA, mas o
processo licitatório foi suspenso devido a impugnação da Empresa TRACBEL S/A, que defere o edital
mencionando que a descrição do equipamento Pá Carregadeira esta direcionado para apenas 01
empresa. Sendo assim, solicitamos a autorização para alteração da especificação de todos os
equipamentos onde em hipótese alguma seja influenciada a especificação para apenas uma empresa
conforme documentos da impugnação feita pela empresa.
19. Transcreve-se a seguir o parecer do concedente acerca da solicitação acima mencionada, de
7/4/2011 (peça 34):
Em atendimento à solicitação da Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio, referente à proposta
105855/2010, para Ajuste de Plano de Trabalho nº 01/2011, a qual consiste no ajuste das
especificações técnicas da motorização da Pá Carregadeira e do Caminhão Caçamba, com intuito de
diminuir os detalhamentos técnicos do objeto, autorizamos a execução das alterações ora pleiteadas, de
modo a manter a lisura do processo de aquisição dos equipamentos aqui constantes, tendo em vista que
não haverá modificação das metas deste Plano de Trabalho (Pá carregadeira e Caminhão caçamba),
preservando-se, portanto, a finalidade da proposta, sem haver qualquer ferimento à Portaria nº 1.232 de
23 de Dezembro de 2008.
20. Portanto, o que motivou a solicitação de alteração do plano de trabalho, aprovada pelo
MAPA (peças 34-36), foi a impugnação do edital do Pregão 30/2011 pela empresa Tracbel S.A., que
alegava o direcionamento das especificações para um modelo do fabricante New Holland (peça 33).
Ou seja, a própria Administração já havia reconhecido naquela ocasião o direcionamento nas
especificações do edital, acarretando a suspensão do pregão. Em face disso, os requisitos da máquina
pá carregadeira tiveram seu escopo bastante reduzido no plano de trabalho, e foram reproduzidos nos
Pregões 97 e 133/2011. Após essa mudança, não há nenhum outro registro no Siconv que remeta às
especificações originais do plano de trabalho.
21. Registre-se ainda que os argumentos apresentados pela Prefeitura no sentido de que obteve
três orçamentos de fabricantes diversos e de que o pregão contou com a participação de mais de uma
empresa não são suficientes para descaracterizar o direcionamento, pois não demonstrou que os
modelos apresentados pelas empresas que elaboraram o orçamento e pela empresa que participou do
certame atenderiam às exigências do edital, conforme já suscitado na instrução inicial. Além disso,
somente duas empresas participaram do certame, sendo que uma delas não apresentou lances e a
vencedora não apresentou nenhum desconto em relação ao valor estimado pela Administração, o que
reforça os indícios de restrição à competitividade da licitação (peça 11).
22. Assim, a especificação adotada pelo município para a pá carregadeira no Pregão 49/2012,
em conformidade com a solicitação de material assinada pelo Sr. Valcir Moreira Págio, Secretário
Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Econômico (peça 27, p. 22-23), é irregular uma vez que
afronta o art. 7º, §5º, da Lei 8.666/93, o qual veda a inclusão de bens e serviços sem similaridade ou de
marcas, características e especificações exclusivas, exceto quando for apresentada justificativa técnica,
bem como o art. 3º, §1º, inciso I, da Lei de Licitações, que veda aos agentes públicos admitir, prever,
incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou
frustrem o seu caráter competitivo, e estabeleçam preferências ou distinções em razão de qualquer
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato. Ressalte-se que a
Administração não apresentou qualquer elemento técnico que demonstrasse a necessidade, a relevância
ou potenciais benefícios do alto grau de detalhamento das especificações da máquina a ser licitada.
23. Na esteira dessa vedação legal, a jurisprudência uniforme desta Corte de Contas também
proíbe as especificações exclusivas e as imposições de marcas, como ilustram as seguintes
deliberações do TCU: Acórdãos: 17/2010-TCU-Plenário, 887/2010-TCU-2ª Câmara, 3.319/2010-
TCU-1ª Câmara, 7.054/2010-TCU-2ª Câmara, 688/2009-TCU-2ª Câmara, 1.344/2009-TCU-2ª
Câmara, 2.000/2009-TCU- 2ª Câmara, 6.640/2009-TCU-2ª Câmara, 325/2008-1ª Câmara, 3.215/2008-
1ª Câmara e 4.127/2008-1ª Câmara.
408
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
24. Convém destacar, por fim, o recente Acórdão 1.861/2012-1ª Câmara. Em situação similar
ao caso ora analisado – edital com quinze itens de especificação técnica de uma patrulha mecanizada
coincidiam com os descritos no catálogo de um fabricante –, o Tribunal decidiu na ocasião pela
imputação de multa aos responsáveis (peça 15, p. 4).
25. Resta, assim, configurada a irregularidade no processo licitatório, uma vez que houve
afronta à legislação vigente e à jurisprudência do Tribunal.
Item da oitiva
– inserção de dispositivos editalícios que demandam da empresa interessada a prestação, em
caráter exclusivo, de assistência técnica no Estado do Espírito Santo, durante o período de garantia da
máquina.
Justificativas (peça 26, p. 3)
26. A administração alega que a inserção de referidos dispositivos no instrumento convocatório
não foi impugnada por nenhuma empresa. Portanto, não houve restrição ao caráter competitivo do
certame.
27. Aduz que tais dispositivos tinham o objetivo de assegurar que o objeto licitado tivesse
assistência técnica imediata a fim de dar celeridade aos trabalhos desenvolvidos pela Administração,
pois os municípios que adquiriram máquinas pesadas (pá carregadeira, retro escavadeira e outras) sem
tal exigência teriam ficado por muitos meses com seu maquinário parado sob a alegação de que não
possuiriam assistência no Estado.
Análise
28. De fato é importante que a Administração se previna quanto à manutenção indevida das
máquinas. Todavia, o que se questionou foi a necessidade do caráter exclusivo na manutenção,
conforme trecho a seguir transcrito da instrução anterior (peça 15, p. 4):
Por fim, passíveis de censura as disposições editalícias que demandam da empresa interessada a
prestação, em caráter exclusivo, de assistência técnica no Estado do Espírito Santo durante o período
de garantia da máquina [...], porque conduzem ao absurdo de que uma dada licitante estaria impedida
de disputar o objeto licitado por ser uma das que oferecem assistência.
29. Quanto a esse aspecto, não houve qualquer manifestação por parte do responsável.
Registre-se ainda que o fato de não ter havido qualquer impugnação não implica, necessariamente,
garantia de ampla competitividade ao certame.
Item da oitiva
– realização de nova licitação, ainda que tenha aderido à Ata de Registro do Pregão Eletrônico
061/2011, realizado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do
Espírito Santo, da qual foi vencedora a empresa Brasif S/A Exportação, Importação, ao custo unitário
de R$ 254.300,00 (duzentos e cinquenta e quatro mil e trezentos reais).
Justificativas (peça 26, p. 4-5)
30. Com relação à adesão a Ata de Registro de Preços oriunda do Pregão Eletrônico 64/2011, o
Município informou ter solicitado sua autorização à Secretaria de Estado da Agricultura,
Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo, bem como à Empresa Brasif, tendo sido
atendida em seu pleito.
31. Acrescenta que, ao conferir as especificações do equipamento cujo preço havia sido
registrado, verificou que não corresponderiam às constantes no plano de trabalho aprovado, o que teria
inviabilizado a adesão. Ao comparar as especificações no intuito de demonstrar as diferenças entre as
máquinas, a Administração grifa o item peso operacional mínimo de 10.040 kg, contra 9.400 kg do
registro de preço.
32. Ressalta, por fim, que a aquisição de equipamentos por meio de convênios não podem se
dar de forma diversa da prevista em seu plano de trabalho, que seria parte integrante do convênio
firmado entre as partes.
Análise
409
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
33. Das justificativas apresentadas pela Prefeitura, é possível inferir que a Administração
Municipal comparou as especificações contidas no edital do Pregão 133/2012, com as especificações
mínimas exigidas no edital do Pregão 64/2011 que resultou na ata de registros de preços em questão,
quando deveria se esperar que ela fizesse a comparação com o produto ofertado pela empresa
vencedora deste último certame.
34. Demonstrou-se, na instrução inicial e também na manifestação da empresa PME, que o
modelo referente à ata de registro de preço decorrente do Pregão Eletrônico 64/2011 atenderia às
especificações exigidas no edital do Pregão 133/2012, que fora anulado. E essas, conforme já
mencionado, estavam em acordo com a última versão do Plano de Trabalho aprovado pelo MAPA.
Transcreve-se abaixo trecho da instrução inicial que aborda essa questão:
3.1. Segundo consta do resultado do Pregão Eletrônico nº 064/2011 (peça 9), a pá carregadeira
oferecida pela empresa Brasif seria a de marca Case Construction, modelo 621D. Numa análise
apressada, tomando por base unicamente as descrições mínimas contidas naquele ato convocatório
para o Lote 03 (p. 9-10 da peça 8), chegar-se-ia à equivocada conclusão de que referido equipamento
poderia não atender as especificações que se fizeram presentes no Edital do Pregão Presencial nº
133/2011 (peça 5), ao menos quanto ao peso operacional mínimo (10.040 Kg exigido nesse último
contra 9.400 kg demandado no da Secretaria de Estado de Agricultura) e à potência líquida mínima
(128 Hp, frente à 120 Hp), sem falar que nada dispôs o edital do pregão eletrônico quanto ao mínimo
de cilindradas.
3.2. Ocorre que examinando mais amiúde as especificações do maquinário cotado (peça 14),
obtidas no sítio http: www.casece.com.br (consulta efetivada em 23/4/2012), forçoso concluir,
diferentemente da impressão inicial, que o equipamento em tela estaria em consonância com o mínimo
requerida no Pregão Presencial nº 133/2011, donde não haveria óbices para a ultimação da contratação,
ao menos sob esse aspecto.
35. Portanto, os argumentos apresentados pela Prefeitura não suficientes para elidir a
irregularidade ora analisada.
Item da oitiva
– intenção de contratar com a empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda., vencedora do
Pregão Presencial 049/2012, no valor unitário de R$ 310.000,00 (trezentos e dez mil reais), 21,9%
maior que o oferecido pela vencedora no Pregão Eletrônico 64/2011.
Justificativas (peça 26, p. 5-7)
36. A Prefeitura alega que a contratação da Empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda.,
vencedora do Pregão Presencial 49/2012, foi efetivada pelo fato de a empresa ter apresentado o menor
preço do objeto com as especificações contidas no plano de trabalho, bem como no instrumento
convocatório.
37. Ressalta que a máquina licitada no Pregão Eletrônico 64/2011 não continha as mesmas
especificações exigidas no Pregão Presencial 49/2012.
38. Destaca, por fim, que a diferença de valor entre a máquina cujo preço se encontrava
registrado no Pregão Eletrônico 64/2011 e a máquina licitada por meio do Pregão 49/2012 decorre da
superioridade desta última, em termos de qualidade e potência, em relação à primeira.
Análise
39. Verifica-se que a Administração apenas retoma o argumento manifestado, e já analisado, no
item anterior, no sentido que o modelo da máquina constante do registro de preços não atenderia às
exigências solicitadas no Pregão 49/2012, situação já analisada no item anterior. Ressalta novamente,
inclusive, o requisito peso operacional mínimo para destacar a diferença entre os modelos.
40. Ademais, o município não apresentou nenhum argumento técnico que demonstrasse as
vantagens, em termos funcionais e de operação, da pá carregadeira proposta pela vencedora do Pregão
Presencial 49/2012 em relação à máquina contratada pela Secretaria de Estado de Agricultura, que
pudessem justificar a diferença de 21,9% de preço.
410
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
CONCLUSÃO
41. Tendo em vista que os indícios de direcionamento para um modelo de pá carregadeira do
fabricante New Holland não foram afastados, mas, ao contrário, reforçados a partir da análise do plano
de trabalho do convênio e de informações obtidas no Siconv (itens 17 e 18), e de que a contratação da
pá carregadeira modelo CASE 621, objeto da ata de registro de preços decorrente do Pregão Eletrônico
64/2011, atenderia às especificações do Pregão 133/2011, entendimento esse corroborado pela própria
concorrente, no caso a Empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda., ao manifestar-se nestes autos
(itens 8 a 11), entende-se que a medida cautelar deve ser mantida.
42. Diante dos fatos apurados, conclui-se que as informações constantes dos autos não são
suficientes para a análise do mérito da presente representação, razão pela qual se faz necessária a
audiência do Pregoeiro responsável pelo Pregão Presencial 49/2012, Sr. Marcos Frizzera Dias, do
Prefeito Municipal de Afonso Cláudio/ES, Sr. Wilson Berger Costa, e ainda do Secretário Municipal
de Agricultura e Desenvolvimento Econômico, Sr. Valcir Moreira Págio (item 22), para que se
manifestem acerca da realização de licitação para aquisição de bem sem similaridade ou de marcas,
características e especificações exclusivas, com restrição ao caráter competitivo do processo licitatório,
em descumprimento do disposto no art. 3º, §1º, inciso I, e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993.
43. Por fim, entende-se pertinente, por ocasião do julgamento de mérito dos presentes autos,
cientificar a Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio/ES quanto à indevida inserção de dispositivos
editalícios que demandam da empresa interessada a prestação, em caráter exclusivo, de assistência
técnica no Estado do Espírito Santo, durante o período de garantia da máquina (itens 26 a 29).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
44. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) manter a medida cautelar, adotada em 8/5/2012, pelo Exmo
Ministro-Relator Aroldo Cedraz,
no sentido de que a Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio/ES, na pessoa do seu representante legal,
se abstenha de dar prosseguimento ao Pregão Presencial 49/2002 ou adote as medidas necessárias com
vistas a suspender qualquer ato ou contrato decorrente do referido certame, até o pronunciamento final
deste Tribunal;
b) realizar, com fundamento no art. 250, inciso IV, c/c o art. 237, parágrafo único, do RI/TCU,
a audiência do Pregoeiro, Sr. Marcos Frizzera Dias (CPF 084.442.497-85), do Prefeito Municipal de
Afonso Cláudio/ES, Sr. Wilson Berger Costa (CPF 674.760.907-72), e ainda do Secretário Municipal
de Agricultura e Desenvolvimento Econômico, Sr. Valcir Moreira Págio (CPF 005.344.357-85), para
que se manifestem acerca da realização do Pregão Presencial 49/2012 para aquisição de pá
carregadeira sem similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, com restrição
ao caráter competitivo do processo licitatório, em descumprimento do disposto no art. 3º, §1º, inciso I,
e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993.”
É o Relatório.
VOTO
Trata-se de Representação formulada pela Secretaria de Controle Externo no Estado do
Espírito Santo – Secex/ES, em razão de irregularidades observadas no edital do Pregão Presencial
49/2012, da Prefeitura de Afonso Cláudio/ES, para aquisição de máquina pá carregadeira, financiada
com recursos do Contrato de Repasse 0348111-97/2010/MAPA/Caixa (Siconv 105855/2010).
2. Inicialmente, faço um histórico deste processo, para demonstrar que o município vem
tentando realizar a aquisição deste bem, sendo que em todas as oportunidades foram observadas
irregularidades, que levaram à anulação dos procedimentos licitatórios.
3. Inicialmente, foi realizado o Pregão 30/2011, que foi suspenso em razão de impugnação de
licitante que questionava a existência de especificações que direcionavam o certame para aquisição do
modelo do fabricante New Holland. Reconhecendo a falha, a administração pediu alteração do plano
411
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
de trabalho, aprovado pelo Mapa, reduzindo os requisitos da pá carregadeira, os quais foram
reproduzidos nos Pregões seguintes, 97 e 133/2011.
4. Foi, então, lançado o Pregão Presencial 97/2011, cuja vencedora foi a PME Máquinas e
Equipamentos Ltda., representante da New Holland, anulado em razão de restrição editalícia quanto à
exigência de a vencedora possuir revenda exclusiva do fabricante no Estado do Espírito Santo, atuando
por, no mínimo, 5 anos.
5. Realizada nova licitação, o Pregão Presencial 133/2011, foi mantida a mesma exigência
anterior, agora sem fixação de prazo de atuação no estado. Por considerar a cláusula restritiva, foi
encaminhada representação por licitante, sendo autuado o TC 035.018/2011-9, do qual fui relator. Por
considerar presentes a fumaça do bom direito e o perigo da demora, concedi, em dezembro de 2011,
medida cautelar suspendendo o prosseguimento da licitação.
Anulado o pregão, foi exarado o Acórdão 655/2012-Plenário, em 21/3/2012, por meio do qual
a representação foi considerada procedente e a cautelar foi suspensa por perda de objeto. À época,
considerei inadequada a aplicação de multa aos gestores, uma vez que o certame foi anulado não tendo
causado qualquer prejuízo à administração pública.
6. Em razão da concessão da cautelar, a Prefeitura de Afonso Cláudio decidiu aderir, em
31/1/2012, à Ata de Registro de Preços 36/2011, da Secretaria de Estado de Agricultura,
Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo, originária do Pregão Eletrônico 64/2011, que
teve como vencedora a empresa Brasif S/A Exportação, Importação, representante da Case
Construction, ao custo unitário de R$ 254.300,00.
7. Ainda que pudesse realizar a contratação, optou por publicar edital de novo Pregão
Presencial 49/2012, motivo da autuação desta representação, incluindo especificações técnicas
mínimas bem mais extensas e pormenorizadas do que as constantes nos pregões anteriores, idênticas às
da máquina ofertada pela fabricante New Holland e às existentes no Pregão 30/2011, o que afronta o
art. 15, § 7º, inciso I, da Lei 8.666/93.
7.1 Foi incluída, também, cláusula que demanda da empresa interessada a comprovação de que
detém a exclusividade em oferecer a assistência técnica no Estado do Espírito Santo, no período de
garantia da máquina, limitando a concorrência, a exemplo do que também havia ocorrido nos Pregões
97/2011 e 133/2011.
7.2 Sagrou-se vencedora, uma vez mais, a PME Máquinas e Equipamentos Ltda., representante
da New Holland, pelo valor de R$ 310.000,00, preço 21,90% superior ao da Ata de Registro de Preços
à qual havia aderido o município.
8. Ainda que a preço superior, a prefeitura optou em levar a cabo a contratação, encontrando-se
a licitação em adiantado estágio de processamento, na iminência de ser publicado o ato de
homologação na imprensa oficial, quando determinei, cautelarmente, inaudita altera nos termos do
art. 276 do Regimento Interno/TCU, à Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio/ES, que se abstivesse
de dar prosseguimento ao Pregão Presencial 49/2002 ou adotasse as medidas necessárias com vistas a
suspender qualquer ato ou contrato decorrente do referido certame, até o pronunciamento final deste
Tribunal, medida que ora submeto à convalidação deste Plenário. Na mesma oportunidade, determinei
à Secex/ES que promovesse as oitivas prévias sugeridas, esclarecendo à PME Máquinas e
Equipamentos Ltda., na qualidade de vencedora do Pregão Presencial nº 049/2012, para que se
manifestasse, se assim o desejasse, sobre os fatos apurados, com fundamento no art. 250, inciso V, do
Regimento Interno/TCU.
9. Nesta oportunidade, estamos analisando as justificativas apresentadas pela prefeitura e pela
empresa PME para as irregularidades supracitadas.
10. As questões suscitadas na oitiva tratam da:
a) realização de nova licitação, Pregão Presencial 49/2012, ainda que tenha aderido à Ata de
Registro do Pregão Eletrônico 64/2011, realizado pela Secretaria de Estado de Agricultura,
Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo, do qual foi vencedora a empresa Brasif S/A
Exportação, Importação, representante da Case Construction, ao custo unitário de R$ 254.300,00;
412
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
b) reintrodução de especificações técnicas mínimas mais amplas e pormenorizadas do
equipamento, no Edital do Pregão Presencial 49/2012, se comparadas às que constaram dos certames
que lhe precedeu, 97/2011 e 133/2011;
c) reintrodução da exigência de que a empresa interessada prestasse, em caráter exclusivo,
assistência técnica no Estado do Espírito Santo durante o período de garantia da máquina, a despeito
de já ter sido considerada a cláusula restritiva ao caráter competitivo, levando à anulação dos Pregões
97 e 133/2011;
d) intenção de contratar a empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda., no Pregão Presencial
049/2011, vencedora do primeiro pregão anulado e representante da New Holland, pelo valor unitário
de R$ 310.000,00 e 21,9% maior do que o oferecido pela vencedora do Pregão Eletrônico 64/2011.
11. A empresa PME Máquinas e Equipamentos Ltda. limita-se a reconhece que as
especificações técnicas prevista no Edital do Pregão 49/2012 diferem completamente das previstas no
Edital do Pregão 133/2011.
12. A administração alega, em suma, ter reintroduzido as cláusulas que direcionavam o certame
para adequar o objeto do edital do Pregão Presencial 49/2012 ao Plano de Trabalho previamente
aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento.
Ocorre, que como se pode verificar no histórico da aquisição da máquina, ocorreu exatamente
o contrário do alegado. Em razão da impugnação do primeiro Pregão 030/2011, devido à existência de
especificações que levariam ao direcionamento do certame para aquisição de uma marca específica, a
própria administração, reconhecendo a falha, pediu à convenente alteração do plano de trabalho,
reduzindo tais exigências.
13. Também, não há justificativa para reintrodução de cláusulas restritivas à competitividade,
que já foram discutidas por esta Corte, e que causaram anulação dos pregões anteriores.
14. O que se pode concluir das medidas até aqui adotadas pela administração é a intenção clara
de direcionar a contração para aquisição de uma determinada marca de equipamento ou empresa.
Nesse sentir, a situação se torna mais grave na medida em que a contratação pode trazer prejuízos ao
erário, uma vez que o vencedor do último certame apresentou preço 21,9% superior ao da empresa que
venceu o pregão anterior.
15. Desta forma, incorporo às análises e às conclusões da unidade técnica às minhas razões de
decidir, com ajustes de forma, conhecendo desta representação, para considerá-la procedente,
autorizando a realização das audiências nos termos propostos, e determinando a anulação do Pregão
Presencial 49/2012.
Ante o exposto, VOTO por que este Tribunal adote a minuta de Acórdão que trago à
apreciação deste Colegiado.
Sala das Sessões, em 22 de agosto de 2012. AROLDO CEDRAZ
Relator
ACÓRDÃO Nº 2230/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 007.644/2012-4.
2. Grupo I – Classe VII – Representação
3. Responsáveis: Marcos Frizzera Dias (084.442.497-85); Valcir Moreira Págio (005.344.357-
85); Wilson Berger Costa (674.760.907-72).
4. Unidade: Prefeitura de Afonso Cláudio – ES.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo – ES (Secex/ES).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
413
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pela Secretaria de
Controle Externo no Estado do Espírito Santo – Secex/ES, em razão de irregularidades observadas no
edital do Pregão Presencial 49/2012, da Prefeitura de Afonso Cláudio/ES, para aquisição de máquina
pá carregadeira, financiada com recursos do Contrato de Repasse 0348111-97/2010/MAPA/Caixa
(Siconv 105855/2010).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente representação para, no mérito, considerá-la procedente, com
fundamento no art. 237, inciso VI, do Regimento Interno do TCU;
9.2. convalidar as medidas processuais adotadas pelo Relator, por meio do despacho, peça 20;
9.3 assinar prazo de 15 (quinze dias), a contar da ciência desta deliberação, com fulcro no art.
71, IX, da Constituição Federal, c/c o art. 45 da Lei 8.443/1992, para que a Prefeitura de Afonso
Cláudio/ES, na pessoa do seu representante legal, adote as medidas necessárias com vista a anular
qualquer ato ou contrato decorrente do referido certame do Pregão Presencial 49/2012, com
fundamento no art. 3º, §1º, inciso I, e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993; e
9.4. realizar a audiência do Pregoeiro, Marcos Frizzera Dias (CPF 084.442.497-85), do
Prefeito de Afonso Cláudio/ES, Wilson Berger Costa (CPF 674.760.907-72), e ainda do Secretário
Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Econômico, Valcir Moreira Págio (CPF 005.344.357-
85), com fundamento no art. 250, inciso IV, c/c o art. 237, parágrafo único, do RI/TCU, para que se
manifestem acerca da introdução no Pregão Presencial 49/2012 para aquisição de pá carregadeira, de
cláusulas que afrontam o disposto no art. 3º, §1º, inciso I, e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993:
9.4.1. introdução, no Anexo I do Edital do Pregão Presencial 49/2012, de novas especificações
técnicas mínimas, mais amplas e pormenorizadas, se comparadas às que constataram dos certames que
lhe procederam, 97/2011 e 133/2011, e do Plano de Trabalho, e que parecem restringir o caráter
competitivo do processo licitatório, em descumprimento do disposto no art. 3º, §1º, inciso I, e no art.
7º, § 5º, da Lei 8.666/1993;e
9.4.2. exigência de que a empresa interessada prestasse, em caráter exclusivo, assistência
técnica no Estado do Espírito Santo durante o período de garantia da máquina, a despeito de já ter sido
a cláusula considerada restritiva ao caráter competitivo;
9.5 dar ciência deste acórdão à Prefeitura de Afonso Cláudio/ES e à empresa PME Máquinas e
Equipamentos Ltda., bem como do Relatório e Voto que a fundamentam;
9.6. encaminhar o presente processo à Secex/ES, para dar prosseguimento do feito.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2230-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
AROLDO CEDRAZ
Presidente Relator
414
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I – CLASSE V – Plenário
TC 006.838/2012-0
Natureza(s): Relatório de Auditoria
Entidades: Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - MME; Companhia Energética do Piauí S.A.
Interessado: Congresso Nacional
Advogado constituído nos autos: não consta.
SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. FISCOBRAS 2012. PROGRAMA LUZ PARA
TODOS. IRREGULARIDADES QUE NÃO SE CLASSIFICAM COMO GRAVES. OITIVA.
DETERMINAÇÕES. RELATÓRIO
Trata-se de relatório de auditoria realizada em cumprimento ao Acórdão 367/2012 - Plenário,
na Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP (antiga Companhia Energética do Piauí S.A.- CEPISA) -
Eletrobras - MME, no período compreendido entre 13/3/2012 e 11/5/2012 (peça 40).
2. A auditoria, realizada por equipe da Secob-3, integra o ciclo de fiscalizações de obras do
corrente exercício (Fiscobras 2012) e está inserida na Temática "Luz para Todos".
3. Conforme o relatório da equipe técnica, o trabalho foi idealizado como um piloto para outras
14 fiscalizações inseridas na aludida Temática e centrou-se no exame do Contrato 110/2009, firmado
entre a Eletrobras Distribuição Piauí S. A. e a empresa Energy Instalações Elétricas Ltda, no valor
global, atualizado até 31/12/2011, de R$ 53.195.846,33. Seu objeto é a contratação de empresa para
levantamento de dados, elaboração de projetos, planejamento da gestão e execução de obras de
eletrificação rural georreferenciadas, com cadastramento de consumidores, instalação e ligação de
medidores.
4. O aludido Contrato 110/2009 abrange 11 municípios (Assunção do Piauí, Elesbão Veloso,
Pio IX, Santa Cruz dos Milagres, Santana do Piauí, São João da Canabrava, São João da Serra, São
José do Piauí, São Julião, São Miguel do Tapuio e Valença do Piauí), contemplando 7.412 ligações
domiciliares, 1.726,30 km de extensão de rede de alta tensão e 736 km de rede de baixa tensão.
5. O Contrato decorreu da Concorrência Nacional CN – 1.92.2007.4130 (Lote 5), promovido
pela Eletrobras Chesf (antiga Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - Chesf), em 30/11/2007.
6. Conforme o relatório de auditoria, 3.321 consumidores haviam sido ligados à rede até janeiro
de 2012. Foi constatado que a obra se encontra com o cronograma físico atrasado, não obstante tenham
sido firmados dois aditivos contratuais de prazo.
7. Concluídos os exames considerados cabíveis pela equipe de fiscalização, são registrados os
seguintes achados de auditoria:
“3.1 - Perda potencial ou efetiva de serviços realizados, em face da não execução
concomitante de serviços essenciais à integridade da obra.
3.1.1 - Tipificação do achado: Classificação - outras irregularidades (OI)
3.1.2 - Situação encontrada: No âmbito do Contrato 110/2009, destinado à execução de obras de eletrificação rural em
Assunção do Piauí e outros dez municípios do estado do Piauí, constatou-se a possibilidade de perda
potencial ou efetiva de serviços realizados, em face da não execução concomitante de serviços
essenciais à integridade da obra, tais como: (a) manutenção tempestiva do sistema de proteção contra
sobrecarga de energia e descargas atmosféricas (chaves fusíveis e para-raios utilizados para proteção
415
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
dos transformadores e das instalações a jusante); (b) controle de qualidade (realização de ensaios de
funcionalidade e característica) dos materiais e serviços executados pela contratada. Essas
irregularidades configuram risco de prejuízo às instalações elétricas e demandam ações preventivas da
EDP com vistas a minorar essas ocorrências.
O Contrato 110/2009 celebrado entre a Eletrobras Distribuição Piauí - EDP e a empresa Energy
Instalações Elétricas Ltda, em atendimento ao Programa Luz para Todos, teve como objeto a
contratação de empresa para levantamento de dados, elaboração de projetos, planejamento da gestão e
execução de obras de eletrificação rural georreferenciadas, com cadastramento de consumidores,
instalação e ligação de medidores em 11 municípios do estado do Piauí. Contempla fornecimento
integral de materiais, equipamentos, e mão-de-obra necessários para realizar 7.412 ligações
domiciliares, 1726,30 km de extensão de rede de alta tensão e 736 km de rede de baixa tensão nos
municípios de Assunção do Piauí, Elesbão Veloso, Pio IX, Santa Cruz dos Milagres, Santana do Piauí,
São João da Canabrava, São João da Serra, São José do Piauí, São Julião, São Miguel do Tapuio e
Valença do Piauí.
O Contrato, assinado em 23/09/2009, embora de responsabilidade da EDP, é decorrente da
Concorrência Nacional CN - 1.92.2007.4130 (Lote 5), promovida pela Companhia Hidro Elétrica do
São Francisco - Chesf, em 30/11/2007.
Para atender ao objeto do projeto básico, a Chesf estabeleceu um padrão mínimo de materiais,
com suas respectivas especificações técnicas, e de critérios para a construção das redes de distribuição
rural, privilegiando a simplificação do sistema e, consequentemente, a redução dos custos de instalação
da eletrificação rural. O sistema previsto no projeto básico denomina-se Sistema Elétrico Monofilar
com Retorno por Terra - MRT, que se trata de sistema constituído com apenas um condutor, com
corrente de retorno que circula pela terra.
A Chesf estabeleceu também, conforme Cláusula Décima do Contrato 110/2009, a
obrigatoriedade de a Contratada apresentar um Plano de Inspeção detalhando todos os ensaios e
verificações, os esquemas e o instrumental a serem realizados na inspeção técnica dos materiais e
serviços adquiridos por meio do contrato. Tal inspeção poderia ser empreendida pela EDP ou por
pessoa física ou jurídica contratada para tal fim. Ressalta-se que, por meio do Ofício de Requisição
03-248/2012, foi solicitado, mas não disponibilizado, o Plano de Inspeção dos materiais utilizados. Em
sua resposta, a Companhia se limitou a relatar as ações empreendidas, no decorrer do ano de 2010.
Conforme constatado na auditoria, a execução do Contrato 110/2009 segue os padrões
estabelecidos no projeto básico, e em virtude da distância e dificuldade de acesso das localidades a
serem atendidas, a execução do contrato tem priorizado pequenos trechos de redes de distribuição, nos
quais, estrategicamente, foram instalados sistema de proteção contra sobrecarga de energia e descargas
atmosféricas (chaves fusíveis e para-raios utilizados para proteção dos transformadores e das
instalações a jusante).
Apesar de constatada a observância aos padrões estabelecidos, foram registradas deficiências
em três pontos: (i) na manutenção das instalações já energizadas no que se refere à substituição das
chaves fusíveis rompidas, (ii) na manutenção e no controle de qualidade dos dispositivos de proteção
contra descargas atmosféricas, e (iii) no controle de qualidade dos materiais e serviços aplicados
(postes e cruzetas de concreto armado). Assim, segue exposição referente às deficiências apontadas.
(i) Deficiência na manutenção das instalações já energizadas no que se refere à substituição das
chaves fusíveis rompidas:
De modo a proteger o sistema elétrico das sobrecargas decorrentes de descargas
416
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
atmosféricas, as redes elétricas são dotadas de chaves fusíveis, constituídas de dispositivo que se
rompe ao ser sobrecarregado, as chamadas 'canelas'. Diante disso, é natural que após a ocorrência
dessas descargas, o sistema elétrico de uma região deixe de funcionar em função do rompimento dessa
'canela'. Nesse caso, cabe à distribuidora de energia providenciar a troca ou a manutenção desse
equipamento para a normalização do sistema.
Observou-se, contudo, que, em mais de 60% dos trechos visitados, havia chaves fusíveis
rompidas (canela aberta), com a consequente interrupção do fornecimento de energia. Como exemplo,
relata-se o Ramal 1(ODI 2001780) da localidade Maroró, situada na cidade de Elesbão Veloso, no qual
o consumidor (medidor nº A-1161152) afirmou estar sem fornecimento de energia a cerca de um mês
(foto 1). Também, no mesmo município, a situação foi observada no Ramal 1 (ODI 2005325) da
localidade Marajó (medidor nº A-1160398) (foto 2), cujo fornecimento teria sido interrompido há três
dias.
A situação se repetiu nos três outros municípios visitados: Valença do Piauí - ODI 2006459
(foto 3), ODI 2001389 (foto 4, foto 5 e foto 6), São José do Piauí - ODI 2006809 (foto 7) e Santana do
Piauí - ODI 2006790 (foto 8).
Destaca-se que a existência de chaves fusíveis rompidas não configura problema técnico; ao
contrário, indica que ocorreu sobrecarga de tensão e o fusível rompeu protegendo o transformador e os
sistemas seguintes. A irregularidade constatada refere-se à demora na reparação do sistema, por parte
da EDP.
(ii) Deficiência na manutenção e no controle de qualidade dos dispositivos de proteção contra
descargas atmosféricas
Também são parte da proteção dos sistemas elétricos os para-raios, os quais são responsáveis
pela condução da descarga atmosférica ao solo. A princípio, após a ocorrência de raios, esses
equipamentos devem se manter íntegros, pois não é razoável que um equipamento instalado para
proteger as instalações contra estas descargas atmosféricas, diferentemente do que ocorre com a chave
fusível, queime quando tal descarga ocorra. E, caso aconteça, a substituição deve ser imediata.
Não obstante, observou-se a ocorrência de para-raios queimados, sem a tempestiva reposição
por parte da EDP. Essa situação expõe o transformador (peça chave do sistema de distribuição) e as
instalações em cadeia ao risco de queima total em decorrência de nova descarga atmosférica. Essa
situação foi observada nas ODI 2001780 (Elesbão Veloso), ODI 2005325 (Elesbão Veloso) e ODI
2001389 (Valença do Piauí).
Tais ocorrências indicam que os para-raios utilizados nesta obra podem não corresponder às
exigências técnicas para os quais foram especificados, seja por deficiência nas especificações por parte
do autor do projeto base, seja por terem sido fabricados em desacordo com as características técnicas
indicadas no rótulo dos equipamentos, ou mesmo pela deficiência na inspeção técnica dos materiais
adquiridos pela contratante. Esse conjunto de possíveis fatores constitui-se em prováveis causas dessa
irregularidade e produzem consequências negativas que recaem sobre os consumidores, os quais ficam
sem energia elétrica, além de expor a EDP a penalidades por descumprir requisitos de qualidade junto
à ANEEL.
Como já relatado, trata-se de redes de distribuição rural instaladas em localidades distantes e de
difícil acesso, e, portanto, os consumidores prejudicados não possuem condições favoráveis para
registrar as ocorrências. Nesse caso, o que se espera é que as especificações dos materiais aplicados,
bem como a qualidade desses produtos, contemplem características que se enquadrem às
peculiaridades da obra.
(iii) Deficiência no controle de qualidade dos materiais e serviços aplicados (postes e cruzetas
de concreto armado).
Outra inconsistência observada relaciona-se com a fabricação dos postes e cruzetas de
concreto armado. Em visita ao almoxarifado/fábrica de pré-moldados da contratada, foi informado que
a Energy passou a fabricar os postes e as cruzetas de concreto armado aplicados em suas obras desde o
417
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
final de 2011. O pátio fabril teria sido adquirido de outra empresa fornecedora de postes, cadastrada
no banco de fornecedores da EDP.
Em inspeção, foram constatadas algumas impropriedades relacionadas à construção dos postes
de concreto, como: nichos (brocas de concretagem - fotos 9 e 10), camada fina de baixa resistência na
superfície (nata de cimento segregada, possivelmente em decorrência de excesso de vibração),
utilização de pedra britada contendo impurezas, descuido no acondicionamento de aço de armação
(ferro depositado diretamente sobre a terra).
A situação se agrava ao ser constatado que, no período compreendido entre novembro de 2011
e março de 2012, não foram executados ensaios técnicos de resistência mecânica dos postes de
concreto pré-moldado. Segundo dados da contratada, a capacidade de produção do pátio fabril é de 45
postes/dia. Extrapolando essa produtividade, estima-se que foram fabricados no período (5 meses após
a aquisição do pátio fabril pela Contratada) cerca de 4600 postes. Em que pese essa elevada quantidade
de postes adquiridos pela EDP, não foi disponibilizado qualquer ensaio de resistência mecânica desses
postes. Também, não ficou demonstrada atuação tempestiva da contratante com vistas a garantir o
controle de qualidade dos materiais e serviços executados pela contratada, uma vez que não foi
disponibilizado o plano de inspeção técnica desses materiais, de forma a comprovar o controle de
qualidade prescrito na cláusula décima do Contrato 110/2009.
Ressalta-se que foram visitadas cerca de 3% das instalações já executadas nos 11 municípios
abrangidos pelo contrato. A observação feita pela equipe de auditoria pode levantar suspeitas ou
hipóteses, mas é incapaz de avaliar o fenômeno na íntegra. Cabe, portanto, por parte da EDP, uma
análise mais aprofundada das deficiências apontadas, por meio de ensaios técnicos, visto que tais
deficiências configuram risco de interrupção no fornecimento de energia aos consumidores e risco de
prejuízo por danos às instalações elétricas do sistema e por penalidades impostas pelo órgão regulador.
(...)
3.1.8 - Conclusão da equipe:
No que concerne ao presente achado, cujo objeto é o Contrato 110/2009, constatou-se a
existência de chaves fusíveis, para-raios e transformadores queimados em algumas localidades
visitadas. Constatou-se, também, a existência de defeitos de fabricação em postes e cruzetas,
confeccionados pela própria contratada.
A existência de equipamentos elétricos danificados pode decorrer de deficiência na manutenção
do sistema ou de falhas nas especificações e/ou controle de qualidade dos equipamentos e serviços
fornecidos pela contratada.
As irregularidades apontadas configuram risco de prejuízo, uma vez que expõem as instalações
elétricas do sistema a jusante a risco de dano irreversível em consequência da queima total, expõem a
EDP a penalidades estabelecidas pela ANEEL, além de interromper o fornecimento de energia aos
consumidores, comprometendo o alcance do objetivo do programa.
Nesse sentido, propõe-se determinar à EDP que elabore estudo com a finalidade de identificar
as causas das falhas nos dispositivos de proteção pautado em laudos técnicos colhidos a partir de
amostras de chaves fusíveis e para-raios danificados, retirados das redes instaladas nas cidades de
Valença do Piauí e Elesbão Veloso, tudo em conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as
demais constantes no Caderno de Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do
Programa Luz para Todos e, encaminhe ao Tribunal, no prazo de 90 dias, os laudos, as conclusões e o
plano de ação proposto para minimizar as falhas apontadas.
Propõe-se, também, determinar à EDP que implemente o plano de inspeção previsto na
Cláusula Décima do Contrato 110/2009 com vistas a avaliar a resistência mecânica de postes e
cruzetas confeccionados pela Energy, em conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as
demais constantes no Caderno de Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do
Programa Luz para Todos, encaminhando ao Tribunal, no prazo de 30 dias, os laudos e as conclusões
dos trabalhos realizados, bem como o planejamento das atividades de controle de qualidade desses
418
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
serviços até o término do contrato.
Propõe-se, por fim, promover oitiva da Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP para, no prazo
de quinze dias, manifestar-se acerca da omissão na aplicação do plano de inspeção técnica dos
materiais e serviços adquiridos por meio do Contrato 110/2009, em desacordo com a Cláusula Décima.
3.2 - Existência de atrasos injustificáveis nas obras e serviços.
3.2.1 - Tipificação do achado: Classificação - outras irregularidades (OI)
3.2.2 - Situação encontrada: O Contrato 110/2009, destinado à execução de obras de eletrificação rural em Assunção do
Piauí e outros dez municípios da região centro/sul do estado do Piauí, tinha como meta a realização de
7.412 ligações rurais em um prazo de quinze meses. Mesmo após a celebração de dois termos aditivos
com prorrogação de prazo de nove meses cada, restando três meses para o encerramento do contrato,
foram executadas até 3/1/2012, somente 3.321 ligações, correspondente a 44,5% do previsto. Diante
desse fato, fica evidenciada a incapacidade de atendimento das metas programadas e,
consequentemente, o não cumprimento dos objetivos do Programa Luz para Todos, relativamente a
este contrato.
A visão geral do Contrato 110/2009, dos aditivos e das respectivas execuções financeiras e
físicas, pode ser vista a partir dos seguintes dados:
1- 23/9/2009 - Assinatura do contrato: execução de 7.412 ligações em quinze meses, no valor
de R$ 43.510.584,63;
2 - 23/12/2010 - Final do prazo contratual: execução financeira de R$ 12.127.851,23 (30% do
previsto);
3 - 13/12/2010 - Assinatura do terceiro termo aditivo (prevendo prorrogação por nove meses,
22/9/2011): execução financeira ao final da prorrogação, em setembro de 2011, de R$ 20.371.530,63
(47% do previsto);
4 - 23/9/2011 - Quinto termo aditivo (prorrogação por novos nove meses, 22/6/2012) -
execução financeira, em 3/1/2012, de R$ 21.878.617,14 (50% do previsto), correspondente a 3.321
ligações (45% do previsto).
As justificativas para os aditivos de prazo, decorrentes de atrasos na obra, apresentadas pela
EDP (evidências 6 e 8), pautam-se nos seguintes argumentos:
a) carência de mão de obra disponível no Estado do Piauí que dificultou a contratação de
profissionais especializados no ramo de energia elétrica pela empresa contratada e, em consequência,
contribuiu para o atraso das obras;
b) carência do corpo técnico da EDP, a qual foi demandada acima das suas capacidades com a
implementação do PLpT;
c) grande quantidade de obras em nível nacional do PLpT que requereu, das empresas
produtoras de equipamentos e insumos, níveis de produção acima da capacidade instalada, fato que
ocasionou insuficiência desses materiais no mercado;
d) precária condição do sistema elétrico do Piauí que demandou a construção de alimentadores
para dar suporte às obras de ampliação da distribuição, fato que retarda a energização dos ramais
instalados e, consequentemente, a finalização das ligações domiciliares;
e) necessidades de campo que demandaram o agendamento de desligamentos programados de
energia, os quais contribuem para o retardamento da obra.
Consideram-se razoáveis os argumentos apresentados, uma vez que expõem as dificuldades
encontradas durante a execução da obra e do próprio PLpT. Prova disso é que, por meio do Decreto
7.520/2011, o Governo Federal determinou a prorrogação do Programa até 2014. Diante disso,
entende-se que, naquele momento, cabia à EDP celebrar o terceiro e o quinto aditivos ao Contrato
110/2009.
Em que pese à razoabilidade das justificativas para celebrar os referidos aditivos de prazo, a
419
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
produtividade alcançada, até o momento de encerramento da fiscalização, por meio do Contrato
110/2009, indica que a contratada não será capaz de atender às metas contratuais. Isso porque, em 28
meses de contrato (23/9/2009 a 3/1/2012), a execução física foi de 3.321 ligações, média de 118
ligações por mês. Considerando o prazo de seis meses restantes (de 3/01/2012 até o final do contrato
em 22/6/2012) e a produtividade atual que está em torno de 118 ligações por mês, ao final do contrato,
seriam atingidas 4.033 ligações, ou 55% da previsão contratual original. Ao aplicar a mesma
metodologia para a execução financeira, o contrato chegará ao final com 61% de desembolso. Resta
demonstrado, portanto, que no ritmo em que se encontram as obras, seriam necessários cerca de outros
dois anos para atingir os objetivos inicialmente previstos, ou seja, mantendo as mesmas condições
atuais de execução das obras, não se viabilizará o atingimento da meta contratual até 22/6/2012. Cabe
registrar que esse fato caracteriza ocorrência passível de multa nos termos da Cláusula Nona do
Contrato 110/2009. Diante do exposto, a EDP deve estabelecer procedimentos com vistas ao
cumprimento de metas do PLpT.
(...)
3.2.8 - Conclusão da equipe:
Apesar da razoabilidade da celebração do terceiro e do quinto aditivos, entende-se que a
manutenção da atual taxa de execução (produtividade) de ligações domiciliares não atende aos
requisitos de prazo para o Contrato 110/2009, gerando prejuízos ao cumprimento das metas do
Programa Luz para Todos. Assim, cabe à EDP agregar novas tecnologias ou esforços aos utilizados
atualmente, de modo a atingir as metas do contrato. Diante disso, propõe-se determinar à EDP que, no
prazo de 30 dias, informe as providências adotadas, com vistas a cumprir os objetivos e metas
estabelecidos no Programa Luz para Todos, especialmente quanto aos trabalhos relacionados ao
Contrato 110/2009.
3.3 - Inadequação ou inexistência dos critérios de aceitabilidade de preços unitário e
global.
3.3.1 - Tipificação do achado: Classificação - outras irregularidades (OI)
3.3.2 - Situação encontrada: O Edital da Concorrência 1.92.2007.4130, que culminou com o Contrato 110/2009, destinado à
execução de obras de eletrificação rural em 11 municípios do estado do Piauí, determinou, no item
"6.1 a.2", que as propostas dos licitantes deveriam ser desclassificadas no caso de os preços globais
ofertados superarem os preços contidos no orçamento básico em mais de 7,5%. Em desconformidade
com o art. 40, inc. X da Lei 8.666/93, e com a súmula 259 do TCU, esse critério faculta a contratação
de preço superior ao de referência, bem como não estabelece critério de aceitabilidade dos preços
unitários. Destaca-se que os serviços foram contratados sob o regime de empreitada por preço unitário.
Embora o edital tivesse estabelecido a obrigatoriedade de observância do preço máximo global,
facultou que as propostas pudessem ser superiores a esse valor em 7,5%. Esse fato não guarda
conformidade com o art. 40, inc. X da Lei 8.666/93, que veda a fixação de faixas de variação em
relação aos preços de referência, definidos no orçamento básico da licitação. Tal situação não se
alinha, também, à jurisprudência do TCU, consolidada por meio da Súmula 259, in verbis: "Nas
contratações de obras e serviços de engenharia, a definição do critério de aceitabilidade dos preços
unitários e global, com fixação de preços máximos para ambos, é obrigação e não faculdade do
gestor".
Diante disso, resta demonstrado que o item "6.1 a.2" do Edital de Concorrência epigrafado,
apresenta-se irregular. Registre-se que, amparados nessa previsão editalícia, a comissão de licitação
declarou vencedora do certame a proposta da empresa Energy Instalações Elétricas Ltda, no valor de
420
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
R$ 43.510.584,63, superior em 4,10% do orçamento básico da Chesf, de R$ 41.798.689,96.
O Edital também deixou de prever a obrigatoriedade de observância de preços máximos
unitários, em contraposição ao art. 40, inc. X da Lei 8.666/1993 e à jurisprudência do TCU. Conforme
se observa na tabela ao final deste campo, vários itens de serviço foram contratados com preços acima
dos contidos no orçamento básico. A partir dessa constatação, buscou-se aferir a correspondência dos
preços contratados com os de mercado, de modo a verificar o cumprimento do art. 115 da Lei
11.439/2006 (LDO 2007) e, consequentemente, avaliar a ocorrência de sobrepreço ou
superfaturamento.
Registre-se que, ao se tentar analisar os preços dos serviços contratados, observou-se que
muitos não possuíam correspondentes no Sinapi, por exemplo: "instalação de rede 34,5 KV Trifásico"
(km), "instalação de rede 19,9 KV Monofásica MRT" (km), "instalação de ponto de transformação
34,5 kv-15KVA" (un). Diante disso, a análise de sobrepreço/superfaturamento da obra baseada nos
preços de serviços foi inviabilizada. A partir dessa constatação e a fim de inferir a regularidade dos
preços contratados, foi elaborada a Curva ABC dos insumos que compõem os serviços mais
representativos da obra, correspondendo a cerca de 76% do valor contratado. O resultado dessa análise
expedita não apontou para a existência de sobrepreço global na obra, conforme se verifica na Tabela 1
seguinte.
Diante das análises retro, ficou constatada a ocorrência de preços unitários acima dos valores
de mercado, mas não ficou demonstrada a existência de sobrepreço/superfaturamento global. Esses
preços unitários acima dos de mercado não guardam conformidade com o art. 40, inc. X da Lei
8.666/1993, bem como com a jurisprudência do TCU, consolidada pela Súmula 259. Cabe registrar
que esta Corte de Contas já exarou determinações à Eletrobras Chesf no que concerne ao tema como as
constantes nos Acórdãos 1693/2009, 1829/2007, 2679/2011, 1204/2011 e 1616/2008, todos do
Plenário, mas o edital analisado é anterior a essas deliberações. Diante disso, será proposta ciência à
Chesf, entidade que elaborou o edital em análise, que a previsão contida no item "6.1 a.2" não guarda
conformidade com o art. 40, inc. X da Lei 8.666/1993.
(...)
3.3.8 - Conclusão da equipe:
No Edital de Concorrência 1.92.2007.4130, constatou-se a ausência de critério de
aceitabilidade de preços unitários, bem como a possibilidade de serem contratadas empresas que
apresentaram preços globais acima dos de referência, o que não guarda conformidade com o art. 40,
inc. X da Lei 8.666/1993, bem como com a jurisprudência do TCU, consolidada pela Súmula 259.
Cabe registrar que esta Corte de Contas já exarou determinações à Eletrobras Chesf no que concerne
ao tema como as constantes nos Acórdãos 1693/2009, 1829/2007, 2679/2011, 1204/2011 e 1616/2008,
todos do Plenário. Entretanto, haja vista que, em análise expedita, não foi constatada a ocorrência de
sobrepreço/superfaturamento e o edital analisado é anterior a essas deliberações, propõe-se cientificar
a Chesf, entidade responsável pela elaboração do edital, a respeito da irregularidade em questão.
3.4 - Ausência de termo aditivo formalizando alterações das condições inicialmente
pactuadas.
3.4.1 - Tipificação do achado: Classificação - outras irregularidades (OI)
3.4.2 - Situação encontrada: No âmbito do Contrato 110/2009, destinado à execução de obras de eletrificação rural em
Assunção do Piauí e outros dez municípios da região centro/sul do estado do Piauí, celebrado entre a
Eletrobras Distribuição Piauí - EDP e a empresa Energy Instalações Elétricas Ltda, em atendimento ao
Programa Luz para Todos, foram constatadas alterações na execução do contrato no tocante aos
quantitativos de ligações domiciliares previstos para os diversos municípios (acréscimos e supressões)
que não foram objeto de formalização por meio de termos aditivos. Tal situação expõe a EDP a
421
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
potencial risco de deixar de cumprir as metas de governo relativas à universalização do acesso à
energia elétrica.
O Contrato dispõe, em sua cláusula primeira, que os serviços serão executados conforme
Instruções Técnicas para Licitação-ITL-DLT-189-Ver.0-agosto/2007, cujo Anexo III - Relação de
Municípios define a relação de municípios a serem atendidos por lote e o respectivo número de
consumidores. Para o contrato em questão, foram previstos 7.399 consumidores monofásicos e 13
consumidores trifásicos resultando em 7.412 consumidores. Esses dados estão dispostos na tabela a
seguir em conjunto com os quantitativos realizados até janeiro de 2012.
Tabela 2: Comparativo entre o número de ligações projetadas e executadas
<<<<< tabela não apresentada >>>>>
Cabe assinalar, preliminarmente, que o número de ligações por município foi uma estimativa
feita antes da licitação, em 2007, tendo como base os dados do censo realizado pelo IBGE no ano de
2000, fato que evidencia uma imprecisão dos dados. Soma-se a isso a alteração ocupacional das terras
cultivadas nas localidades contempladas, ocorrida de 2007 até o momento de execução da obra, e o
retorno dos agricultores ao campo em função da possibilidade real da chegada do PLpT. Em
decorrência disso, nas visitas de campo foi possível constatar que novas casas foram construídas,
aumentando, assim, o número de ligações a serem realizadas. Diante disso, considera-se razoável a
ocorrência de pequenas alterações no número de ligações realizadas por município.
Entretanto, o número de ligações nos municípios que já tiveram a obra desmobilizada
demonstra alta variação do percentual executado, indicando falta de aderência entre o contrato e a
execução das obras. A partir dos dados do quadro 3.4, verifica-se a ocorrência de acréscimos em
alguns municípios, por exemplo: Santana e São José do Piauí, em detrimento de outros, como Valência
do Piauí.
Como o PLpT visa à universalização do atendimento de energia elétrica no meio rural, a
princípio, não se vislumbra irregularidade em realizar número maior de ligações que o previsto para
um determinado município. Soma-se a isso o fato de os pagamentos serem realizados por preço
unitário e não haver constatação de pagamentos sem a respectiva realização da obra. Ressalta-se, no
entanto, que, na forma que o contrato vem sendo executado, mesmo nos municípios que tiveram
percentual de execução acima do previsto, não se pode fazer juízo definitivo de que a universalização
foi alcançada. Como o projeto vem sendo desenvolvido concomitantemente às obras, por técnicos
advindos da capital ou até mesmo de outros estados, e portanto, sem o conhecimento amplo das
necessidades do município, vislumbra-se a possibilidade de existirem localidades mais afastadas ou
carentes de lideranças comunitárias que não foram contempladas com a energia elétrica nos
municípios com obras já concluídas. Esses fatos revelam a carência de dados relativos ao número de
ligações domiciliares a serem atendidas por município, os quais poderiam ser obtidos por meio de um
controle efetivo por parte da EDP.
Com base no exposto, visando formalizar as alterações ocorridas durante a execução do
contrato, cabe à EDP formalizar as alterações procedidas quanto ao número de ligações domiciliares
que foram de fato executadas nos municípios cujas obras foram concluídas.
(...)
3.4.8 - Conclusão da equipe: As alterações nos números de ligações ocorridas, durante a execução, em alguns municípios
atendidos pelo Contrato 110/2009, celebrado entre a Eletrobras Distribuição Piauí EDP e a empresa
Energy Instalações Elétricas Ltda, embora não tenha sido constatada irregularidade nos pagamentos,
revelam falta de aderência entre o contrato e a execução das obras e não permitem afirmar o
posicionamento de cada município frente à universalização do acesso. De modo a proporcionar maior
identidade entre o contrato e a sua execução e evitar a ocorrência de desembolsos descolados dos
422
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
termos contratuais formalizados, propõe-se determinar à EDP que formalize termo aditivo ao Contrato
110/2009 de forma a que sejam retratadas as alterações procedidas às condições inicialmente
pactuadas, quanto ao número de ligações domiciliares que foram de fato executadas nos municípios
cujas obras foram concluídas, encaminhando ao Tribunal, no prazo de 30 dias, os documentos
pactuados.”
8. Diante do exposto, propõe a equipe de fiscalização, com a anuência dos dirigentes da
Unidade Técnica (peças 41/42), que o Tribunal adote as seguintes medidas:
8.1 - Com fulcro nos artigos 71, inciso IX, da Constituição Federal e 45, inciso I, da Lei
8.443/1992, determinar à Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP que:
8.1.1 - elabore estudo com a finalidade de identificar as causas das falhas nos dispositivos de
proteção apontadas neste relatório pautado em laudos técnicos colhidos a partir de amostras de chaves
fusíveis e pararraios danificados retirados das redes instaladas nas cidades de Valença do Piauí e
Elesbão Veloso, tudo em conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes no
Caderno de Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos e,
encaminhe ao Tribunal, no prazo de 90 dias, os laudos, as conclusões e o plano de ação proposto para
minimizar as falhas evidenciadas (3.1);
8.1.2 – implemente o plano de inspeção previsto na Cláusula Décima do Contrato 110/2009
com vistas a avaliar a resistência mecânica de postes e cruzetas confeccionados pela Contratada, em
conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes no Caderno de
Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos, encaminhando
ao Tribunal, no prazo de 30 dias, os laudos e as conclusões dos trabalhos realizados, bem como o
planejamento das atividades de controle de qualidade desses serviços até o término do contrato (3.1);
8.1.3 - informe, no prazo de 30 dias, as providências adotadas, com vistas a cumprir os
objetivos e metas estabelecidos no Programa Luz para Todos, especialmente quanto aos trabalhos
relacionados ao Contrato 110/2009 (3.2);
8.1.4 - formalize termo aditivo ao Contrato 110/2009 de forma a que sejam retratadas as
alterações procedidas às condições inicialmente pactuadas, quanto ao número de ligações domiciliares
que foram de fato executadas nos municípios cujas obras foram concluídas, encaminhando ao
Tribunal, no prazo de 30 dias, os documentos pactuados (3.4);
8.2 - Com fulcro no artigo 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, promover oitiva da
Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP para, no prazo de quinze dias, manifestar-se acerca da
omissão na aplicação do plano de inspeção técnica dos materiais e serviços adquiridos por meio do
Contrato 110/2009, em desacordo com a Cláusula Décima do mesmo ajuste, considerando a
possibilidade de terem sido aceitos materiais e serviços de baixa qualidade, conforme impropriedades
indicadas no relatório de fiscalização (3.1);
8.3 - Com fulcro no ao artigo 250, inciso II, do Regimento Interno, dar ciência à Companhia
Hidro Elétrica do São Francisco S.A. - Chesf que a ausência de cláusula de aceitabilidade de preços
unitários com valores iguais ou inferiores aos referenciais oficiais (Sinapi) e a possibilidade de preço
global acima do orçamento base constatadas no Edital de Concorrência Nacional CN - 1.92.2007.4130,
que deu origem ao Contrato 110/2009 firmado entre a Eletrobras Distribuição Piauí S.A. e empresa
Energy Instalações Elétricas Ltda, mostram-se em desconformidade com o art. 40, inciso X, da Lei
8.666/1993, e com a Lei de Diretrizes Orçamentária (art. 115 da Lei 11.439/2006 - LDO 2007 -
referência para as licitações em apreço) (3.3);
8.4 - Encaminhar cópia desse relatório e do Acórdão a ser prolatado às Centrais Elétricas
Brasileiras S.A. – Eletrobras.
É o Relatório.
VOTO
423
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Trago à apreciação deste Colegiado o relatório de auditoria, realizada por equipe da Secob-3,
nas obras de eletrificação rural do Programa Luz para Todos, objeto do Contrato 110/2009, firmado
entre a Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP e a empresa Energy Instalações Elétricas Ltda.
A auditoria serviu de modelo para mais 14 fiscalizações de obras que compõem a fiscalização
Temática Luz para Todos. A relevância do tema é evidente ante a materialidade dos recursos previstos
na Lei Orçamentária para serem aplicados pelas empresas do grupo Eletrobras (R$ 625 milhões), bem
como ante a importância socioeconômica do Programa Luz para Todos para as regiões Norte e
Nordeste. Cabe registrar que a meta do Programa é realizar mais de 60 mil ligações domiciliares nos
estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí, Rondônia e Roraima.
As principais ocorrências verificadas pela equipe de auditoria no contrato, obras e serviços
fiscalizados são:
a) perda potencial ou efetiva de serviços realizados, em face da não execução concomitante de
serviços essenciais à integridade da obra;
b) existência de atrasos injustificáveis nas obras e serviços;
c) inadequação ou inexistência dos critérios de aceitabilidade de preços unitário e global no
Edital da Concorrência Nacional CN - 1.92.2007.4130;
d) ausência de termo aditivo formalizando alterações das condições inicialmente pactuadas.
Considerando que não foram apontados no processo indícios de dano ao Erário, mostra-se
adequado o encaminhamento proposto pela Unidade Técnica, que abrange determinações à EDP, bem
como sua oitiva, além de ciência à CHESF da impropriedade verificada no edital da licitação nacional,
promovida sob sua responsabilidade.
Face ao exposto, acolho as propostas e Voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora
submeto à consideração deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
ACÓRDÃO Nº 2231/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 006.838/2012-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto V – Relatório de Auditoria
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidades: Centrais Elétricas Brasileiras S.A.; Eletrobras Distribuição Piauí S.A.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 3 (SECOB-3).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de relatório de auditoria (Fiscobras
2012) realizada na Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP (antiga Companhia Energética do Piauí
S.A.- CEPISA) - Eletrobras - MME, tendo por objeto o Contrato 110/2009, que diz respeito à
Temática "Luz para Todos".
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo relator, em:
9.1 - com fulcro nos artigos 71, inciso IX, da Constituição Federal e 45, da Lei 8.443/1992,
determinar à Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP que:
424
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.1.1 - elabore estudo com a finalidade de identificar as causas das falhas nos dispositivos de
proteção, apontadas neste relatório, pautado em laudos técnicos colhidos a partir de amostras de
chaves fusíveis e para-raios danificados retirados das redes instaladas nas cidades de Valença do Piauí
e Elesbão Veloso, tudo em conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes
no Caderno de Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos
e, encaminhe ao Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, os laudos, as conclusões e o plano de ação
proposto para minimizar as falhas evidenciadas;
9.1.2 – implemente o plano de inspeção previsto na Cláusula Décima do Contrato 110/2009
com vistas a avaliar a resistência mecânica de postes e cruzetas confeccionados pela Contratada, em
conformidade com as Normas da ABNT aplicáveis e as demais constantes no Caderno de
Especificações Técnicas para Rede de Distribuição Rural do Programa Luz para Todos, encaminhando
ao Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, os laudos e as conclusões dos trabalhos realizados, bem como
o planejamento das atividades de controle de qualidade desses serviços até o término do contrato;
9.1.3 - informe, no prazo de 30 (trinta) dias, as providências adotadas com vistas a cumprir os
objetivos e metas estabelecidos no Programa Luz para Todos, especialmente quanto aos trabalhos
relacionados ao Contrato 110/2009;
9.1.4 - formalize termo aditivo ao Contrato 110/2009 de forma a que sejam retratadas as
alterações procedidas às condições inicialmente pactuadas, quanto ao número de ligações domiciliares
que foram de fato executadas nos municípios cujas obras foram concluídas, encaminhando ao
Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, os documentos pactuados;
9.2 - com fulcro no artigo 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, promover a oitiva da
Eletrobras Distribuição Piauí S.A. - EDP para, no prazo de quinze dias, manifestar-se acerca da
omissão na aplicação do plano de inspeção técnica dos materiais e serviços adquiridos por meio do
Contrato 110/2009, em desacordo com a Cláusula Décima do mesmo ajuste, considerando a
possibilidade de terem sido aceitos materiais e serviços de baixa qualidade, conforme impropriedades
indicadas no relatório de fiscalização;
9.3 - com fulcro no artigo 250, inciso II, do Regimento Interno, dar ciência à Companhia Hidro
Elétrica do São Francisco S.A. - Chesf de que a ausência de cláusula de aceitabilidade de preços
unitários com valores iguais ou inferiores aos referenciais oficiais (Sinapi) e a possibilidade de preço
global acima do orçamento base, constatadas no Edital de Concorrência Nacional CN -
1.92.2007.4130, que deu origem ao Contrato 110/2009, firmado entre a Eletrobras Distribuição Piauí
S.A. e empresa Energy Instalações Elétricas Ltda, mostram-se em desconformidade com o art. 40,
inciso X, da Lei 8.666/1993, e com a Lei de Diretrizes Orçamentária (art. 115 da Lei 11.439/2006 -
LDO 2007 - referência para as licitações em apreço);
9.4 - encaminhar cópia do relatório de auditoria e da presente deliberação às Centrais Elétricas
Brasileiras S.A. – Eletrobras.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2231-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministro que alegou impedimento na Sessão: Aroldo Cedraz.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
RAIMUNDO CARREIRO
425
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I – CLASSE VII – Plenário
TC 020.933/2005-9 [Apensos: TC 000.675/2007-1, TC 025.472/2008-7, TC 027.639/2006-6]
Natureza: Representação
Entidade: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero)
Interessado: Promotoria de Justiça de Fazenda Pública do Ministério Público do Estado do Rio
de Janeiro
Advogados constituídos nos autos: José de Assis Medeiros Neto (OAB/RJ 85104) e outros
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. INFRAERO. POSSÍVEIS IRREGULARIDADES NA
CONCESSÃO DE USO DE ÁREAS DE PROPRIEDADE DA UNIÃO LOCALIZADAS NO
AEROPORTO DE JACAREPAGUÁ-RJ. CONHECIMENTO, PROCEDÊNCIA E
DETERMINAÇÕES (ACÓRDÃOS Nº 1.181/2008, 2.306/2008, 3.087/2008 E 674/2009-TCU-
PLENÁRIO). MONITORAMENTO. ATENDIMENTO DE TODAS AS DETERMINAÇÕES, COM
EXCEÇÃO DE UMA, ATENDIDA PARCIALMENTE. NOVAS DETERMINAÇÕES. CIÊNCIA.
ARQUIVAMENTO. RELATÓRIO Trata-se de representação autuada em virtude de análise de
documentação encaminhada a este Tribunal pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - 12ª
Promotoria de Justiça de Fazenda Pública - versando sobre supostas irregularidades em contrato de
concessão de uso de área do Aeroporto de Jacarepaguá. O presente processo foi apreciado por este
Plenário em quatro oportunidades:
Acórdão nº 1.181/2008-Plenário:
“9.1. conhecer do expediente encaminhado como representação, com fundamento no art. 237,
inciso III, do Regimento Interno/TCU, para, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. acolher as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Manoel Albuquerque Abreu e
Lima e Vanda Cássia Tostes Vieira;
9.3. acolher parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Luís Carlos Rodrigues
de Araújo;
9.4. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sra. Maria Elena de Rezende Rocha;
9.5. excluir do processo o Sr. Marco Aurélio Campos Tavares;
9.6. determinar à Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero que:
9.6.1. no tocante ao Contrato nº 2.89.65.005-4, faça constar no instrumento contratual a real
destinação dada ao terreno cedido à Medise – Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., informando a
este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, as providências adotadas;
9.6.2. não prorrogue o Contrato nº 2.89.65.005-4 após expirada a vigência atualmente pactuada
mediante o décimo termo aditivo (30/4/2014), realizando o pertinente processo licitatório caso seja de
seu interesse ceder essa área a terceiros;
9.6.3. encaminhe a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias, uma relação de todos os
contratos de concessão de uso de áreas pertencentes ao Aeroporto de Jacarepaguá, identificando os de
utilização de área aeroportuária, nos termos do art. 40 da Lei nº 7.656/1986 (Código Brasileiro de
Aeronáutica), e os destinados a estabelecimentos comerciais, informando a data de celebração do
contrato, o nome e CNPJ do beneficiário, a destinação dada à área cedida, e o atual prazo de vigência
do contrato;
9.6.4. não prorrogue nenhum contrato de concessão de uso de área pertencente ao Aeroporto de
426
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Jacarepaguá destinada a estabelecimentos comerciais até decisão definitiva deste Tribunal sobre a
matéria;
9.7. determinar à Secex/RJ que:
9.7.1. monitore o cumprimento das determinações efetuadas à Infraero;
9.7.2. analise as informações sobre os contratos de concessão de uso a serem encaminhadas ao
Tribunal pela Infraero, verificando, em cada contrato, a observância do disposto na Decisão nº
701/1994-TCU-Plenário, bem como às Leis nº 8.666/93 e 7.656/1986 (Código Brasileiro de
Aeronáutica);
9.8. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à 12ª
Promotoria de Justiça de Fazenda Pública do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e à
Infraero.”
Acórdão nº 2.306/2008-Plenário:
“9.1. deferir o pedido de ingresso nos autos das empresas Disbarra Distribuidora Barra de
Veículos Ltda. e Barrafor Veículos Ltda., nos termos do art. 146 e 282 do Regimento Interno deste
Tribunal;
9.2. conhecer dos embargos de declaração opostos pelas empresas acima mencionadas em
relação ao item 9.6.4 do Acórdão nº 1.181/2008-TCU-Plenário para, no mérito, negar-lhes provimento;
9.3. considerar atendida, pela Infraero, a determinação contida no item 9.6.3 do Acórdão nº
1.181/2008-TCU-Plenário;
9.4. dar continuidade à apreciação da matéria iniciada pelo Acórdão nº 1.181/2008-TCU-
Plenário e determinar à Infraero que:
9.4.1. não prorrogue nenhum contrato de concessão de uso de área pertencente ao Aeroporto de
Jacarepaguá, destinada a estabelecimentos comerciais, após o término do último prazo de prorrogação
previsto em cláusula contratual, realizando o pertinente processo licitatório caso seja de seu interesse
ceder a área a terceiros;
9.4.2. notifique cada um dos contratantes não amparados pelo art. 40 da Lei nº 7.565/86 e art.
1º da Lei nº5.332/67 e, portanto, alcançados pela determinação do item anterior, do teor desta
deliberação;
9.4.3. informe a este Tribunal, no prazo de 15 (quinze) dias, o que consiste as “facilidades de
telecomunicações” referentes aos contratos firmados com a Embratel – Empresa Brasileira de
Telecomunicações S/A, Telemar Norte Leste S/A, Tim Celular S/A, TNL PCS S/A e Pointer Network
S/A, com fundamento no art. 73 da Lei nº 9.472/97;
9.5. determinar à Secex/RJ que:
9.5.1. monitore o cumprimento da determinação efetuada à Infraero;
9.5.2 analise, em relação aos contratos a seguir relacionados, a observância do disposto na
Decisão nº 701/1994-TCU-Plenário, bem como às Leis nº 8.666/93 e 7.565/86 (Código Brasileiro de
Aeronáutica), encaminhando suas conclusões a este relator: Contratos nº 02.1997.065.0028,
02.1997.065.0024, 02.1997.065.0023, 02.1988.065.0020, 02.1995.065.0036 e 02.1997.065.0038;
9.6. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à 12ª
Promotoria de Justiça de Fazenda Pública do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e à
Infraero;
9.7. dar ciência desta deliberação aos interessados;
9.8. encaminhar os autos ao gabinete do Ministro Valmir Campelo, relator do pedido de
reexame interposto pela Sra. Maria Elena de Rezende Rocha, para o prosseguimento do feito.”
Acórdão nº 3.087/2008-Plenário:
“9.1. deferir o pedido de ingresso nos autos da empresa Rio Sport Center Academia Ltda., nos
termos dos arts. 146 e 282 do Regimento Interno deste Tribunal;
9.2. conhecer dos embargos de declaração opostos pela empresa acima mencionada para, no
mérito, dar-lhes provimento;
427
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.3. acrescentar ao Acórdão nº 2.306/2008-TCU-Plenário o item 9.4.1.1, com a seguinte
redação:
"9.4.1.1. a determinação do item anterior não se aplica aos contratos de concessão celebrados
pela Infraero com terceiros, com a interveniência do concessionário principal, que tenham por objeto
a prestação de serviços acessórios e/ou complementares à atividade empresarial do concessionário
principal e sejam instalados no interior da área cedida pela Infraero a esse concessionário;";
9.4. ouvir em audiência os Srs. Sérgio Maurício Brito Gaudenzi, Presidente da Infraero, Luis
Fernando de Menezes Marques, Superintendente do Aeroporto de Jacarepaguá, e Carlos Nivan Maia,
Superintendente de Auditoria Interna, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem a este
Tribunal razões de justificativa pelo fato de os assim chamados "contratos de interveniência" não
terem sido devidamente identificados pela Infraero na relação encaminhada a este Tribunal mediante o
Ofício CF nº 21626/PRAI/2008, de 10/9/2008, em cumprimento ao item 9.6.3 do Acórdão nº
1.181/2008-TCU-Plenário;
9.5. determinar à 3ª Secex que adote as providências necessárias para que as informações a
serem prestadas pela Infraero, em cumprimento à Comunicação efetuada por este Relator e aprovada
pelo Plenário na sessão de 3/12/2008, identifiquem claramente os "contratos de interveniência"
relativamente a contratos de concessão de uso de áreas pertencentes aos 35 aeroportos administrados
pela estatal, mencionados na citada comunicação;
9.6. dar ciência desta deliberação aos interessados.”
Acórdão nº 674/2009-Plenário:
“9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos pelo Sr. Knut Edward Aune para, no
mérito, negar-lhes provimento;
9.2. acolher as razões de justificativa encaminhadas pelos Srs. Sérgio Maurício Brito
Gaudenzi, ex-Presidente da Infraero, Luis Fernando de Menezes Marques, Superintendente do
Aeroporto de Jacarepaguá, e Carlos Nivan Maia, ex-Superintendente de Auditoria Interna da empresa,
em cumprimento à audiência determinada pelo item 9.4 do Acórdão nº 3.087/2008-TCU-Plenário;
9.3. dar ciência desta deliberação ao embargante e aos responsáveis mencionados no item
anterior;
9.4. encaminhar os autos ao gabinete do Ministro Valmir Campelo, relator do pedido de
reexame interposto pela Sra. Maria Elena de Rezende Rocha, para o prosseguimento do feito.”
2. Nesta etapa processual examina-se o monitoramento das determinações efetuadas à Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Transcrevo a seguir a parte principal da instrução
do feito, elaborada por auditor da Secex/RJ (peça 81):
“Análise - Monitoramento das determinações contidas no Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU
– Plenário e no Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário
4. Feitos os breves registros acima, analise-se, a partir deste ponto, o cumprimento das
determinações feitas pelo Tribunal à Infraero:
4.1 prorrogação de contratos de concessão de uso de áreas pertencentes ao Aeroporto de
Jacarepaguá, destinadas a estabelecimentos comerciais (subitem 9.4.1, do Acórdão n.º 2.306/2008
– TCU – Plenário):
4.1.1 solicitou-se, por meio do subitem 1.3, do Ofício de Requisição datado de 15/4/2010,
esclarecimentos acerca do cumprimento da determinação supramencionada (fls. 600/601 – Volume 3);
4.1.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 386/SBJR (JRCM)/2010, de 27/4/2010, o
seguinte, in verbis (fls. 607/611 – Volume 3):
“1.3 Com relação à eventual prorrogação de contrato desta dependência, esclarecemos que
após revisão da decisão anterior contida no item 9.6.4 do Acórdão nº 1181/2008, onde o Ministro
Relator do TCU decidiu rever sua a decisão estabelecida no item 9.4.2, do Acórdão nº 2306/2008 –
TCU – Plenário o seguinte: ‘não se prorrogue nenhum contrato de concessão de uso de área
pertencente ao Aeroporto de Jacarepaguá, destinada a estabelecimentos comerciais, após o término
428
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
do último prazo de prorrogação previsto em cláusula contratual, realizando o pertinente processo
licitatório caso seja de seu interesse ceder essa área a terceiros’.
Após análise da nova redação estabelecida no Acórdão nº 2306/2008, pela Procuradoria
Jurídica da Sede da Infraero e a Diretoria Executiva, foi decidido que os contratos que não
apresentassem irregularidades e que tivessem expressamente previsto em cláusula contratual inicial a
possibilidade de prorrogação do prazo de renovação pretendido, limitado às possibilidades previstas
e registradas no instrumento contratual, poderiam ser renovados, com vistas a preservar o equilíbrio
originalmente acordados entre as partes, cujo procedimento foi adotado nos contratos firmados com
as empresas, a saber: Banco Bradesco S/A, Cooperativa Ouro Táxi Ltda., Cremonini Comércio de
Produtos Alimentícios Ltda-ME, Banco ABN AMRO Real, Disbarra Distribuidora Barra de Veículos,
Aeromil Táxi Aéreo Ltda., Eiffel Comércio Automottivo Ltda., cujos instrumentos contratuais iniciais e
aditivos subsequentes, comprovam a existência de previsão de renovação estabelecida no contrato
inicial, cujas cópias dos instrumentos contratuais estamos disponibilizando a Equipe de Inspeção
(anexos 03);”
4.1.3 conclui-se, desta forma, que a Infraero somente renovou os contratos que não
apresentavam irregularidades e que tivessem expressamente previstos, em cláusula contratual inicial, a
possibilidade de prorrogação de prazo, com vistas a preservar o equilíbrio originalmente acordados
entre as partes, tendo sido este procedimento adotado nos contratos firmados com as seguintes
empresas:
4.1.3.1 Banco Bradesco S/A – Contrato n.º 02.2003.065.0002, sem interveniência, cujo objeto
é a cessão de área destinada à instalação de caixa de autoatendimento automático, pelo prazo de 60
(sessenta) meses, prorrogável por mais 60 (sessenta) meses, decorrente da Concorrência Pública n.º
003/SBJR (JRAF)/2003, sendo o prazo de vigência atual de 1/9/2003 a 31/8/2010, podendo, no
entanto, ser prorrogado até 31/8/2013, conforme Cláusula Décima Primeira do edital e Item 3, das
Condições Especiais Anexas ao TC n.º 2.03.65.002-6, do Termo Contratual (fls. 157/188 – Anexo 9 –
Volume Principal, e fls. 190 – Anexo 9 – Volume Principal/207 – Anexo 9 – Volume 1,
respectivamente);
4.1.3.2 Cooperativa Ouro Táxi Ltda. – Contrato n.º 02.2003.065.0005, sem interveniência,
cujo objeto é a cessão de área destinada à instalação de cooperativa de taxi comum, do tipo
“amarelinho”, pelo prazo de 60 (sessenta) meses, prorrogável por mais 60 (sessenta) meses, decorrente
da Concorrência Pública n.º 005/SBJR (JRAF)/2003, sendo o prazo de vigência atual de 1/10/2003 a
30/9/2010, podendo, no entanto, ser prorrogado até 30/9/2013, conforme Cláusula Décima Primeira do
edital e Item 1, da Cláusula Primeira – Das Condições Especiais Anexas ao TC n.º 2.03.65.005-0, do
Termo Contratual (fls. 223/275 – Anexo 9 – Volume 1, e fls. 276/293 – Anexo 9 – Volume 1,
respectivamente);
4.1.3.3 Cremonini Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. ME - Contrato n.º
02.2003.065.0006, sem interveniência, cujo objeto é a cessão de área destinada à instalação de
lanchonete e bar, pelo prazo de 60 (sessenta) meses, prorrogável por mais 60 (sessenta) meses,
decorrente da Concorrência Pública n.º 001/SBJR (JRAF)/2003, sendo o prazo de vigência atual de
1/10/2003 a 30/9/2010, podendo, no entanto, ser prorrogado até 30/9/2013, conforme Cláusula Décima
Primeira do edital e Item 1, da Cláusula Primeira – Das Condições Especiais Anexas ao TC n.º
2.03.65.006-9, do Termo Contratual (fls. 306/342 – Anexo 9 – Volume 1, e fls. 344/362 – Anexo 9 –
Volume 1, respectivamente);
4.1.3.4 Banco ABN AMRO Real - Contrato n.º 02.2003.065.00064, sem interveniência, cujo
objeto é a cessão de área destinada à instalação de agência bancária, pelo prazo de 60 (sessenta) meses,
prorrogável por mais 60 (sessenta) meses, decorrente da Concorrência Pública n.º 004/SBJR
(JRAF)/2003, sendo o prazo de vigência atual de 1/11/2003 a 31/10/2010, podendo, no entanto, ser
prorrogado até 31/10/2013, conforme Cláusula Décima Primeira do edital e Item 1, da Cláusula
Primeira – Das Condições Especiais Anexas ao TC n.º 2.03.65.004-3, do Termo Contratual (fls. 400 –
429
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Anexo 9 – Volume 1/430 – Anexo 9 – Volume 2, e fls. 432/448 – Anexo 9 – Volume 2,
respectivamente);
4.1.3.5 Disbarra Distribuidora Barra de Veículos – Contrato n.º 02.1998.065.0025, sem
interveniência, cujo objeto é a cessão de área destinada à exposição e venda de veículos da bandeira
Volkswagen, que sucedeu o Contrato n.º 2.88.65.025-5 [prazo de vigência: 60 (sessenta) meses,
período de vigência: 1/11/1988 a 30/10/1993] e o Contrato n.º 2.93.65.012-8 [prazo de vigência: 60
(sessenta) meses, período de vigência: 1/11/1993 a 30/10/1998], pelo prazo de 60 (sessenta) meses,
prorrogável por mais 2 (dois) períodos de 60 (sessenta) meses, sem licitação, com amparo na Decisão
n.º 701/94 – TCU – Plenário, sendo o prazo de vigência atual de 1/11/1998 a 31/10/2013, não podendo
mais ser prorrogado, conforme Item 3, da Clausula Primeira – Das Condições Especiais Anexas ao TC
n.º 2.98.65.025-8, do Termo Contratual (fls. 463/477 – Anexo 9 – Volume 2, fls. 498/504 – Anexo 9 –
Volume 2, e fls. 514/524 – Anexo 9 – Volume 2, respectivamente);
4.1.3.5.1 registre-se, por oportuno, que o Termo Aditivo n.º 066.2008.(III)/0065, de
30/12/2008, estabeleceu o seguinte, in verbis (fls. 486/489 – Anexo 9 – Volume 2):
“Cláusula Primeira
Conforme previsto na Cláusula Primeira do TA 033.2003.(III)/0065, e em consonância ao item
9.4.1 do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário, prorroga-se por mais 60 (sessenta) meses o prazo
de vigência do aludido contrato, passando o seu término de 31/10/2008 para 31/10/2013.
O prazo estipulado no parágrafo acima é improrrogável, portanto o CONCESSIONÁRIO,
desde já, assume o compromisso de no dia imediatamente posterior ao término do prazo estipulado
neste instrumento, de desocupar e devolver à CONCEDENTE a área aeroportuária que lhe foi dada
em concessão de uso.
A área de que trata o Contrato, ora aditado, será licitada e após entregue ao vencedor do feito
no dia imediatamente seguinte ao término do prazo contratual.
O CONCESSIONÁRIO, desde que preencha integralmente os requisitos editalícios, poderá
participar do processo licitatório e em vencendo o certame fica desobrigado a desocupar a área findo
o prazo estipulado neste instrumento.; (...)”
4.1.3.6 Aeromil Táxi Aéreo Ltda. – Contrato n.º 02.2008.065.0002, com interveniência da
empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda. (Contrato n.º 2.89.65.005-4), cujo objeto é a
cessão de área destinada à instalação de publicidade própria em painel localizado no Hospital Barra
D’or, pelo prazo de 12 (doze) meses, prorrogável por mais 12 (doze) meses, decorrente do Processo de
Inexigibilidade de Licitação n.º 001/SBJR/2008, sendo o prazo de vigência atual de 1/5/2008 a
30/4/2010, conforme Cláusula Primeira, do Termo Aditivo n.º 008.2009. (III)/0065 (fls. 530/544 –
Anexo 9 – Volume 2, e fls. 546/547 – Anexo 9 – Volume 2, respectivamente); e
4.1.3.7 Eiffel Comércio Automotivo Ltda. - Contrato n.º 02.1995.065.0031, sem interveniência,
cujo objeto é a cessão de área destinada à exposição e venda de veículos da bandeira Renault, pelo
prazo de 120 (cento e vinte) meses, prorrogável por mais 120 (cento e vinte) meses, decorrente da
Concorrência Pública n.º 016/SRRJ (CIRJ)/95, sendo o prazo de vigência atual de 1/10/1995 a
30/9/2009, podendo, no entanto, ser prorrogado até 30/9/2015, conforme Cláusula Décima Primeira do
edital e Cláusula 4 – Do Prazo, do Termo Contratual, destacando-se, no entanto, o seguinte (fls.
552/595 – Anexo 9 – Volume 2, e fls. 597 – Anexo 9 – Volume 2/607 – Anexo 9 – Volume 3,
respectivamente):
4.1.3.7.1 solicitou-se, por meio do subitem 1.4, do Ofício de Requisição datado de 12/5/2010,
a relação dos contratos rescindidos unilateralmente pela Infraero, atendendo à recomendação do
Ministério Público Federal, bem como cópia dos expedientes recebidos daquele órgão (fl. 605 –
Volume 3); e
4.1.3.7.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 511/SBJR (JRCM)/2010, de 19/5/2010, que o
referido contrato não foi renovado pela Infraero devido à constatação de irregularidades durante a
concessão, estando a concessionária ainda ocupando a área, amparada em Mandado de Segurança,
cujos efeitos da liminar foram confirmados, tendo sido anulados todos os atos praticados no processo
430
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
administrativo a partir do oferecimento, pela concessionária, do recurso administrativo, que deverá ser
objeto de decisão fundamentada por parte da Infraero, conforme sentença prolatada em 10/12/2009
pelo Exmo. Juiz da 2ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dr. Mauro Luis Rocha Lopes, nos autos do
Processo n.º 2009.51.01.024750, que se encontram, no momento, no Tribunal Regional Federal da 2ª
Região – TRF – 2ª Região, para processamento e julgamento do recurso apresentado pela Infraero (fls.
618/620 – Volume 3, e consulta ao site www.jfrj.gov.br, respectivamente).
4.1.4 propõe-se, desta forma, considerar atendido pela Infraero o subitem 9.4.1, do Acórdão
n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário.
4.2 notificação dos contratantes não amparados pelo art. 40, da Lei n.º 7.565/86, e art.
1º, da Lei n.º 5.332/67, acerca da impossibilidade de prorrogação contratual, após o término do
último prazo de prorrogação previsto nos respectivos ajustes, em atendimento ao subitem 9.4.2,
do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:
4.2.1 solicitou-se, por meio do subitem 1.2, do Ofício de Requisição datado de 15/4/2010,
documentos, informações e esclarecimentos acerca do cumprimento da determinação supramencionada
(fls. 600/601 – Volume 3);
4.2.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 386/SBJR (JRCM)/2010, de 27/4/2010, o
seguinte, in verbis (fls. 607/611 – Volume 3):
“1.2 Comprovação da notificação expedida aos contratantes não amparados pelo art. 40 da
Lei nº 7.565/86 – CBA e art. 1º, da Lei nº 5.332/67, acerca da impossibilidade de prorrogação
contratual, após o término do último prazo de prorrogação previsto nos respectivos ajustes, as
empresas a seguir especificadas: Banco Bradesco S/A, Cooperativas Ouro Táxi, Cremonini Comércio
de Produtos Alimentícios Ltda-ME, Banco ABN Amro, Disbarra Distribuidora Barra de Veículos
Ltda., Barrafor Veículos Ltda., Aeromil Táxi Aéreo Ltda., Eiffel Comércio Automottivo Ltda. e Tycoon
Estúdios Cinematográficos Ltda., cujas cópias das correspondências enviadas as empresa
mencionadas à época estamos disponibilizando a Equipe de Inspeção (anexos 02);”
4.2.3 conclui-se, desta forma, que a Infraero notificou as empresas abaixo relacionadas, não
amparadas pelo art. 40, da Lei n.º 7.565/86, e art. 1º, da Lei n.º 5.332/67, acerca da impossibilidade de
prorrogação contratual, após o término do último prazo de prorrogação previsto nos respectivos
ajustes:
4.2.3.1 Banco Bradesco S/A – Ofício CF n.º 1.065/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fl. 647 –
Anexo 9 - Volume 3);
4.2.3.2 Cooperativa Ouro Táxi Ltda. – Ofício CF n.º 1.062/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008
(fls. 649/650 – Anexo 9 - Volume 3);
4.2.3.3 Cremonini Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. ME – Ofício CF n.º 1.063/SBJR
(JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fls. 652/653 – Anexo 9 - Volume 3);
4.2.3.4 Banco ABN AMRO Real – Ofício CF n.º 1.061/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fls.
655/656 – Anexo 9 - Volume 3);
4.2.3.5 Disbarra Distribuidora Barra de Veículos – Ofício CF n.º 1.058/SBJR (JRCM)/2008,
de 24/9/2008 (fls. 658/660 – Anexo 9 - Volume 3);
4.2.3.6 Barrafor Veículos Ltda. - Ofício CF n.º 1.067/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fl.
662 – Anexo 9 - Volume 3):
4.2.3.6.1 registre-se, no entanto, que, por meio do subitem 1.4, do Ofício de Requisição datado
de 12/5/2010, solicitou-se a relação dos contratos rescindidos unilateralmente pela Infraero, atendendo
recomendação do Ministério Público Federal, bem como cópia dos expedientes recebidos daquele
órgão (fl. 605 – Volume 3);
4.2.3.6.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 511/SBJR (JRCM)/2010, de 19/5/2010, que o
referido contrato não foi renovado pela Infraero, devido à constatação de irregularidades durante a
concessão, estando a concessionária ainda ocupando a área, amparada em decisão liminar de
antecipação de efeitos da tutela, adotada em Ação Ordinária, a qual determinou a suspensão dos efeitos
da Notificação Extrajudicial feita à concessionária pela Infraero, devendo a mesma se abster de
431
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
praticar qualquer ato que implique recuperação e desocupação da área em questão até o julgamento
final desta demanda, bem como emitir, mensalmente, o competente boleto de pagamento da
remuneração estipulada no contrato de concessão de uso, conforme sentença prolatada em 27/7/2009
pelo Exmo. Juiz Substituto da 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dr. Bruno Otero Nery, nos autos do
Processo n.º 2009.51.01.016732-9, que se encontram, no momento, conclusos, sem liminar, no
Gabinete da Exma. Juíza Titular da 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dra. Regina Coeli Formisano
(fls. 618/620 – Volume 3 e consulta ao site www.jfrj.gov.br, respectivamente); e
4.2.3.6.3 a Infraero, por sua vez, ajuizou, em 10/9/2009, Ação de Reintegração de Posse,
Processo n.º 2009.51.01.020760-1, em desfavor da Barrafor Veículos Ltda., cujos autos encontram-se,
no momento, suspensos até a conclusão do Processo nº 2009.51.01.016732-9 (subitem 4.2.3.6.2 desta
instrução), conforme decisão da Exma. Juíza Titular da 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dra. Regina
Coeli Formisano (consulta ao site www.jfrj.gov.br).
4.2.3.7 Aeromil Táxi Aéreo Ltda. - Ofício CF n.º 1.066/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fls.
736/737 – Anexo 9 - Volume 3); e
4.2.3.8 Eiffel Comércio Automotivo Ltda. – Ofício CF n.º 1.423/SBJR (JRCM)/2008, de
8/12/2008, que remete ao Ofício CF n.º 1.057/SBJR (JRCM)/2008, de 24/9/2008 (fls. 739/740 –
Anexo 9 - Volume 3);
4.2.3.8.1 registre-se, no entanto, que, por meio do subitem 1.4, do Ofício de Requisição datado
de 12/5/2010, solicitou-se a relação dos contratos rescindidos unilateralmente pela Infraero, atendendo
recomendação do Ministério Público Federal, bem como cópia dos expedientes recebidos daquele
órgão (fl. 605 – Volume 3); e
4.2.3.8.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 511/SBJR (JRCM)/2010, de 19/5/2010, que o
referido contrato não foi renovado pela Infraero, devido à constatação de irregularidades durante a
concessão, estando a concessionária ainda ocupando a área, amparada em Mandado de Segurança,
cujos efeitos da liminar foram confirmados, tendo sido anulados todos os atos praticados no processo
administrativo a partir do oferecimento, pela concessionária, do recurso administrativo, que deverá ser
objeto de decisão fundamentada por parte da Infraero, conforme sentença prolatada em 10/12/2009
pelo Exmo. Juiz da 2ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dr. Mauro Luis Rocha Lopes, nos autos do
Processo n.º 2009.51.01.024750, que se encontram, no momento, no TRF – 2ª Região, para
processamento e julgamento do recurso apresentado pela Infraero (fls. 618/620 – Volume 3, e consulta
ao site www.jfrj.gov.br, respectivamente).
4.2.4 propõe-se, desta forma, considerar atendido pela Infraero o subitem 9.4.2, do Acórdão
n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário.
4.3 fixação de prazo de vigência elástico do Contrato n.º 02.1997.065.0028, firmado com
a empresa Alpar Alternat. Participações Ltda. (vigência até 30/11/2030), do Contrato n.º
02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária Infrabarra Ltda. (vigência até 31/12/2031) e do
Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000 Banco Imobiliário
(vigência até 31/8/2036), em atendimento ao subitem 9.5.2, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU –
Plenário (determinação à Secex/RJ):
4.3.1 solicitou-se, por meio do subitem 1.4.1, do Ofício de Requisição datado de 15/4/2010,
esclarecimentos acerca da vigência dos contratos acima mencionados (fls. 600/601 – Volume 3);
4.3.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 386/SBJR (JRCM)/2010, de 27/4/2010, o
seguinte, in verbis (fls. 607/611 – Volume 3):
“1.4.1. Quanto às explicações a respeito da vigência informamos o seguinte:
1.4.1.1 Contrato nº 02.1997.065.0028 – Alpar Alternativa Participações Ltda. – instrumento
contratual decorrente de processo licitatório na modalidade de Concorrência Pública nº
023/SRRJ(NERJ)/1996-JR, cujo prazo de vigência do citado contrato foi estabelecido consoante à
vigência prevista do Edital do mencionado certame, todavia, este contrato foi rescindido
unilateralmente pela INFRAERO em 01-09-2008, face ao descumprimento de condições contratuais
432
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
por parte do Concessionário, sendo a área objeto do contrato em questão, desocupada restituída à
Infraero, cujas pastas estamos disponibilizando a Equipe de Inspeção para verificação
Por oportuno, informamos que se encontra em trâmites administrativos, processo visando à
instauração de novo certame licitatório para o lote 105; (...)
1.4.1.2 Contrato nº 02.1997.065.0024 – Concessionária Infrabarra Ltda. – (...)
1.4.1.3 Contrato nº 02.19997.065.0023 – Ipanema 2000 Banco Imobiliário Ltda. – (...)”
4.3.3 solicitou-se, posteriormente, por meio do subitem 1.1, do Ofício de Requisição datado
de 30/4/2010, novos esclarecimentos acerca da vigência do Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado
com a Concessionária Infrabarra Ltda. e do Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa
Ipanema 2000 Banco Imobiliário (fl. 604 – Volume 3);
4.3.4 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 426/SBJR (JRCM)/2010, de 6/5/2010, o
seguinte, in verbis (fls. 612/615 – Volume 3):
“1.1.1 – Com relação ao Contrato nº 02.19997.065.0024, firmado com a Empresa
Concessionária Infrabarra Ltda., esclarecemos que a vigência deste instrumento contratual é
decorrente do prazo previsto no Edital do certame licitatório na modalidade de Concorrência Pública
nº 025/SRRJ(NERJ)/1996-JR, instaurada no ano de 1996, cujo Edital estabelecia que a concessão
seria de 15 (quinze) anos.
O contrato em questão teve início em 01-01-1997 com término estabelecido em 31-12-2016,
prazo este destinado a amortizar o capital empregado na construção do empreendimento, podendo o
mesmo a critério exclusivo da INFRAERO, ser prorrogado por igual período o que finaliza a
concessão em 31-12-2031.
1.1.2 Quanto o Contrato nº 02.1997.065.0023, firmado com a Empresa Ipanema 2000 Banco
Imobiliário Ltda., esclarecemos que a vigência deste instrumento contratual é decorrente do prazo
estabelecido no Edital do certame licitatório na modalidade de Concorrência Pública nº
022/SRRJ(NERJ)/1996-JR, instaurada no ano de 1996, cujo Edital estabeleceu que o prazo da
concessão seria de 15 (quinze) anos.
O contrato em questão teve início em 01-01-1997 com término estabelecido em 31-08-2021,
prazo este destinado a amortizar o capital empregado na construção do empreendimento, podendo o
mesmo a critério exclusivo da INFRAERO, ser prorrogado por igual período o que finaliza a
concessão em 31-08-2036.
Esclarecemos que este Concessionário após o início da concessão entrou em divergência com
a INFRAERO, face à impossibilidade de execução das obras previstas dentro do prazo avençado, o
que impossibilitou a implantação do empreendimento proposto dentro do prazo de obras previsto no
contrato, face as inúmeras dificuldades enfrentadas junto aos Órgãos Ambientais para obter as
Licenças necessárias, sendo ajuizada pela INFRAERO Ação de Reintegração de Posse, cujo em litígio
judicial transcorreu por 05 (cinco) anos e, após negociação conduzida pela Diretoria Executiva da
INFRAERO, foi ajustado o acordo no T.A nº 031.2004.(III)/0065, cujos restabelecimentos dos prazos
previstos no Edital do processo licitatório foram restabelecidos no T.A nº 014.2007(III)/0065.
1.1.2 – Esclarecemos que os documentos que subsidiaram a formação do prazo de vigência
estabelecido nas Concorrências Públicas, cujos certames foram vencedoras às Empresas
Concessionária Infrabarra Ltda. e Ipanema 2000 Banco Imobiliário Ltda., não foram localizadas,
uma vez que na época da elaboração e instauração do processos licitatórios, não havia orientação
aos gestores de preservar toda documentação onde foram apurados os embasamentos que
subsidiaram as condições estabelecidas no edital do certame e, por conseguinte, no contrato de
concessão de uso de área, o que acarretou que a guarda da documentação que antecedeu o processo
licitatório ficou sob a guarda das diversas áreas responsáveis pela execução dos trabalhos.
Ressaltamos que a situação apontada nestes contratoas hoje está superada, uma vez que as Normas
Internas da INFRAERO estabelecem que todo estudo, pesquisa, análise financeira, processo
licitatório, análise de engenharia, ou seja, todos os documentos que subsidiaram os
433
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
dados/informações estabelecidas no Edital, deverão obrigatoriamente compor a pasta do contrato
durante toda a vigência do instrumento contratual.”
4.3.5 conclui-se, desta forma, o seguinte:
4.3.5.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0028, firmado com a empresa Alpar
Alternativa Participações Ltda.:
4.3.5.1.1 verificou-se que o contrato foi rescindido unilateralmente pela Infraero devido ao
descumprimento, pelo concessionário, de condições contratuais, conforme Notificação Extrajudicial
datada de 11/9/2008, sendo a referida área desocupada e restituída à Infraero, estando a entidade, no
momento, realizando os trâmites administrativos para a instauração de novo procedimento licitatório
(fl. 747 – Anexo 9 - Volume 3).
4.3.5.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária
Infrabarra Ltda., antigo Consórcio Alpar - R2:
4.3.5.2.1 verificou-se que o subitem 11.2, do edital da Concorrência Pública n.º
025/SRRJ(NERJ)/1996-JR, estabelecia que o prazo de vigência contratual seria de 180 (cento e
oitenta) meses, contados a partir do início do contrato, podendo, caso houvesse interesse das partes, e
revistas as bases contratuais, ser prorrogado por mais 180 (cento e oitenta) meses, em 3 (três) períodos
iguais de 60 (sessenta) meses cada (fls. 750/788 – Anexo 9 - Volume 3);
4.3.5.2.2 informou-se que o período de vigência do contrato é de 1/1/1997 a 31/12/2016, prazo
este destinado a amortização do capital, podendo o mesmo, a critério da Infraero, ser prorrogado até
21/12/2031;
4.3.5.2.3 verificou-se, no entanto, que, de acordo a Cláusula Terceira – Do Prazo Contratual,
do Termo de Contrato, o período de vigência do contrato seria de 1/1/1997 a 31/12/2011, prazo este
destinado à amortização do capital, podendo o mesmo, a critério da Infraero, ser prorrogado até
21/12/2026 (fls. 790 – Anexo 9 - Volume 3/806 – Anexo 9 - Volume 4);
4.3.5.2.4 informou-se, posteriormente, contudo, que a concessionária não implantou o
empreendimento dentro do prazo de obras previsto no contrato, face às inúmeras dificuldades
enfrentadas junto aos órgãos ambientais para obter as licenças necessárias, tendo a Infraero prorrogado
a vigência do referido contrato até 31/12/2016, mantendo, no entanto, o prazo de reversão das
benfeitorias, 31/12/2011, conforme informações constantes do Ofício CF n.º 3484/CIRJ/98, de
28/5/1998, e Cláusula Primeira do Termo Aditivo n.º 017.98 (III)/0065 – Primeiro Aditamento ao
Contrato nº 02.1997.065.0024 (fl. 808 – Anexo 9 - Volume 4, e fls. 812/814 – Anexo 9 - Volume 4,
respectivamente); e
4.3.5.2.5 registre-se, por fim, que no local se encontra, em pleno funcionamento, um centro
comercial com diversas lojas, dentre as quais, Shopping Matriz, Nextel, Webjet, Mc Donald’s
Comércio de Alimentos, Lojas Americanas, conforme Despacho n.º 051/JRFA, de 12/5/2010 (fls.
1.250/1.278 – Anexo 9 - Volume 6).
4.3.5.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000
Banco Imobiliário Ltda.
4.3.5.3.1 verificou-se que o subitem 11.2, do edital da Concorrência Pública n.º
022/SRRJ(NERJ)/1996-JR, estabelecia que o prazo de vigência contratual seria de 180 (cento e
oitenta) meses, contados a partir do início do contrato, podendo, caso houvesse interesse das partes, e
revistas as bases contratuais, ser prorrogado por mais 180 (cento e oitenta) meses, em 3 (três) períodos
iguais de 60 (sessenta) meses cada (fls. 830/849 – Anexo 9 - Volume 4);
4.3.5.3.2 informou-se que o período de vigência do contrato é de 1/1/1997 a 31/8/2021, prazo
este destinado a amortização do capital, podendo o mesmo, a critério da Infraero, ser prorrogado até
21/12/2036;
4.3.5.3.3 verifica-se, no entanto, que, de acordo com a Cláusula Terceira – Do Prazo
Contratual, do Termo de Contrato, o período de vigência do contrato seria de 1/1/1997 a 31/12/2011,
prazo este destinado a amortização do capital, podendo o mesmo, a critério da Infraero, ser prorrogado
até 21/12/2026 (fls. 851/867 – Anexo 9 - Volume 4);
434
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
4.3.5.3.4 informou-se, posteriormente, contudo, que a concessionária não implantou o
empreendimento dentro do prazo de obras previsto no contrato, face às inúmeras dificuldades
enfrentadas junto aos órgãos ambientais para obter as licenças necessárias, motivo pelo qual a Infraero
ajuizou Ação de Reintegração de Posse, cujo litígio transcorreu por 5 (cinco) anos, tendo a Diretoria
Executiva da entidade firmado com a concessionária acordo por meio do T.A n.º 031.2004.(III)/0065,
que previa o reestabelecendo dos prazos previstos no edital de licitação, o que foi formalizado por
meio do T.A n.º 014.2007(III)/0065, fazendo com que os prazos de vigência contratual e de
amortização de investimentos terminem em 30/8/2021 (fls. 869/873 – Anexo 9 - Volume 4, e fls.
875/879 – Anexo 9 - Volume 4, respectivamente); e
4.3.5.3.5 registre-se, por fim, que no local se encontra, em pleno funcionamento, a empresa
Etna, especializada em decoração, conforme Despacho n.º 051/JRFA, de 12/5/2010, e site
http://www.etna.com.br (fls. 1.250/1.278 – Anexo 9 - Volume 6).
4.3.6 propõe-se, desta forma, o seguinte:
4.3.6.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0028, firmado com a empresa Alpar
Alternativa Participações Ltda.:
4.3.6.1.1 não determinar qualquer ação à Infraero tendo em vista que o referido contrato foi
rescindido unilateralmente.
4.3.6.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária
Infrabarra Ltda., antigo Consórcio Alpar - R2:
4.3.6.2.1 determinar à Infraero que:
4.3.6.2.1.1 caso opte pela renovação contratual, nos termos do subitem 11.2, do edital da
Concorrência Pública n.º 025/SRRJ(NERJ)/1996-JR, c/c a Cláusula Primeira do Termo Aditivo n.º
017.98 (III)/0065 – Primeiro Aditamento ao Contrato nº 02.1997.065.0024, registre nos autos que a
solução adotada é vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados efetuados pela
concedente, que reflitam a situação do mercado local, diante da possibilidade de se realizar
procedimento licitatório; e
4.3.6.2.1.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o
concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo
para desocupação da área.
4.3.6.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000
Banco Imobiliário Ltda.:
4.3.6.3.1 determinar à Infraero que:
4.3.6.3.1.1 caso opte pela renovação contratual, nos termos do subitem 11.2, do edital da
Concorrência Pública n.º 022/SRRJ(NERJ)/1996-JR, c/c o T.A n.º 031.2004.(III)/0065 e T.A n.º
014.2007(III)/0065, registre nos autos que a solução adotada foi mais vantajosa economicamente, com
base em estudos pormenorizados efetuados pela concedente, que reflitam a situação do mercado local,
diante da possibilidade de se realizar procedimento licitatório; e
4.3.6.3.1.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o
concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo
para desocupação da área.
4.4 identificação da fundamentação legal do Contrato n.º 02.1988.065.0020, firmado
com a empresa Milly Cultural Serviços Ltda. (vigência até 31/3/2013), do Contrato n.º
02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda. (vigência até
30/9/2015), e do Contrato n.º 02.1997.065.0038, firmado com a empresa W.N.R. Comércio
Participação Ltda. (vigência até 31/5/2027), em atendimento ao subitem 9.5.2, do Acórdão n.º
2.306/2008 – TCU – Plenário (determinação à Secex/RJ):
4.4.1 solicitou-se, por meio do subitem 1.4.2, do Ofício de Requisição datado de 15/4/2010,
informações acerca da fundamentação legal dos contratos supramencionados (fls. 600/601 – Volume
3):
435
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
4.4.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 386/SBJR (JRCM)/2010, de 27/4/2010, o
seguinte, in verbis (fls. 607/611 – Volume 3):
“1.4.2 Solicitação de esclarecimentos referente à fundamentação legal:
1.4.2.1 Contrato nº 02.1998.065.0020 – Milly Cultural Serviços Ltda. – Instrumento contratual
com fundamento na Dispensa de Licitação consoante ao disposto na Circular Normativa nº 13.07/A
(CIN) subitem 11.2 – letra “b”, que estabelecia na ocasião a utilização de áreas edificadas ou não
edificadas, instalações, equipamentos e facilidades em aeroportos sob jurisdição da INFRAERO, cuja
cópia estamos disponibilizando a Equipe de Inspeção (anexo 04);
1.4.2.2 Contrato nº 02.1995.065.0036 – Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda.- Instrumento
contratual com fundamento na CF CIRC nº 955/DC(DCCO)/91;
1.4.2.3 Contrato nº 02.1997.065.0038 – WNR Comércio e Participação Ltda. – Instrumento
contratual com fundamento na Medida Provisória nº 1561/97, cujo documento estamos
disponibilizando a Equipe de Inspeção (anexo 05);”
4.4.3 solicitaram-se, posteriormente, por meio do subitem 1.2, do Ofício de Requisição datado
de 30/4/2010, esclarecimentos acerca da vigência dos normativos que alicerçaram a celebração do
Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly Cultural Serviços Ltda., e do Contrato
n.º 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda. (fl. 604 –
Volume 3).
4.4.4 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 426/SBJR (JRCM)/2010, de 6/5/2010, o
seguinte, in verbis (fls. 612/615 – Volume 3):
“1.1 Em resposta ao questionamento sobre a vigência da Circular Normativa nº 13.07/A
(CIN), que subsidiou as bases do contrato nº 02.19998.065.0020, firmado com Milly Cultural e
Serviços Ltda., informamos que o Instrumento Normativo mencionado foi revogado em 04-05-1998,
situação idêntica se aplica a CF Circular nº 955/DC(DCCO)/91, de 11-03-9, usada como fundamento
legal do Contrato nº 02.19995.065.0036 firmado com a Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda.,
assim visando propiciar análise dos procedimentos atualmente praticados no âmbito da INFRAERO,
estamos fornecendo cópia das Normas Internas (anexos 01 a 10), cujos documentos regulamentam
todos os procedimentos afetos a concessão de uso de área, bem como as diretrizes que norteiam os
processos licitatórios (anexo 11).”
4.4.5 conclui-se, desta forma, o seguinte:
4.4.5.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly Cultural
Serviços Ltda.:
4.4.5.1.1 a contratação foi alicerçada em normativo interno da Infraero, subitem 11.2, alínea
“b”, da Circular Normativa n.º 13.07/A (CIN), de 4/5/1988, revogada em 4/5/1998, que estabelecia o
seguinte, in verbis:
“11 – É dispensável a licitação: (...)
11.2 – A juízo do Superintendente Regional, quando: (...)
b) a utilização envolver apenas parte da área com dimensões suficientes para abrigar todos os
possíveis interessados; e (...)” (fls. 881/888 – Anexo 9, Volume 4)
4.4.5.1.2 destaque-se que o contrato foi assinado em 1/11/1988 com a empresa Milly Veículos
Peças e Serviços Ltda., tendo sido a área, inicialmente, concedida para o comércio de automóveis e
peças, conforme expediente encaminhado pela concessionária, em 5/9/1997 (fls. 889/893 – Anexo 9 -
Volume 4);
4.4.5.1.3 registre-se, no entanto, que, devido a diversas irregularidades na concessão, as quais
foram reconhecidas pela própria Infraero, a concessionária não obteve o licenciamento para aquela
atividade (diga-se: comércio de automóveis e peças) junto a Prefeitura do Rio de Janeiro, tendo
alterado, no contrato social, a razão social para Milly Cultural Serviços Ltda., e proposto a alteração da
destinação da área para estabelecimento de ensino, considerando o pagamento ininterrupto, durante 9
(nove) anos, de “arrendamento”, bem como os altos investimentos realizados, conforme documento
“Folha de Ementa / Despacho”, da Infraero, expediente encaminhado pela concessionária, em
436
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
5/9/1997, e Ofício CF CIRC n.º 039/SBRJ, de 16/9/1997 (fls. 901/904 – Anexo 9 - Volume 4, fls.
889/893 – Anexo 9 - Volume 4, e fls. 894/895 – Anexo 9 - Volume 4, respectivamente);
4.4.5.1.4 consigne-se que a Infraero deferiu o pleito, considerando que a entidade poderia “(...)
responder por perdas e danos e lucros cessantes, vez que a Milly vem cumprindo ao longo dos anos os
pagamentos da concessão; (...)”, conforme documento “Folha de Ementa / Despacho, da Infraero (fls.
901/904 – Anexo 9 - Volume 4); e
4.4.5.1.5 destaque-se, por fim, que o período de vigência atual do contrato é de 1/1/1989 a
31/3/2013, não podendo mais ser prorrogado, e que no local se encontra, em pleno funcionamento, o
Colégio CEC Barra, conforme Cláusula Quarta e Cláusula Sexta do Termo Aditivo n.º 008.98
(III)/0065 e Documento da Infraero “Dados Cadastrais dos Contratos em Ordem Alfabética” (fls.
905/909 – Anexo 9 - Volume 4, e fl. 059 – Anexo 9 – Volume Principal).
4.4.5.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon
Estúdios Cinematográficos Ltda.:
4.4.5.2.1 a contratação foi alicerçada em documento interno da Infraero, CF CIRC n.º
955/DC(DCCO), de 11/3/1991, que, à época, regulamentava o tema “Dispensa de Licitação”, nele
compreendido a dispensa de licitação propriamente dita e a inexigibilidade de licitação, até edição do
Regulamento de Licitações e Contratos da Infraero, Ato Administrativo n.º 1.005, 30/7/1998, revogado
pela Portaria Normativa n.º 935/MD, de 26/6/2009 (fls. 911/913 – Anexo 9 - Volume 4);
4.4.5.2.2 o Ministério Público Federal, Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro,
recomendou à Infraero, em 3/11/2009, que procedesse à rescisão do referido contrato, juntamente com
o Contrato n.º 02.1999.065.0056, firmado com a empresa Rio Sport Center Academia Ltda., pelos
motivos abaixo expostos, conforme informação constante do documento “Recomendação n.º 46/2009”
(fls. 914/919 – Anexo 9 - Volume 4):
4.4.5.2.2.1 celebração do contrato de concessão de uso de área superior a 15 (quinze) anos,
tendo em vista que o referido ajuste sucedeu o Contrato n.º 2.1990.065.4220, cuja vigência era de
1/10/1990 a 30/9/1995, tendo aquele (diga-se, o Contrato n.º 02.1995.065.0036) estabelecido uma
vigência inicial de 1/10/1995 a 30/9/2000, sendo o mesmo, posteriormente, renovado em 2 (duas)
ocasiões, que estabeleceram novos prazos de vigência de 1/10/2000 a 30/9/2005 e de 1/10/2005 a
30/9/2010, com previsão, por fim, de uma última prorrogação, de 1/10/2010 a 30/9/2015, o que faria
com que o contrato tivesse a duração de 25 (vinte e cinco) anos;
4.4.5.2.2.2 ausência de procedimento licitatório, contrariando o disposto no art. 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, art. 2º, da Lei n.º 8.666/93, e art. 41, da Lei n.º 7.565/86; e
4.4.5.2.2.3 descumprimento das Decisões n.ºs 701/1994 e 17/1995, do Tribunal de Contas da
União.
4.4.5.2.3 a concessionária foi notificada pela Infraero acerca da rescisão unilateral por meio do
Ofício CF n.º 1.590/SBJR (JRCM)/2009, de 18/11/2009, tendo obtido a concessão de medida liminar,
determinando à Infraero que se abstivesse de praticar qualquer ato lesivo à posse da Tycoon Estúdios
Cinematográficos Ltda. sobre a área cedida por meio do contrato em questão, conforme sentença
prolatada em 18/12/2009 pela Exma. Juíza Substituta da 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dra.
Cleyde Muniz da Silva Carvalho, nos autos do Processo n.º 2009.51.01.028368-8 (fls. 922/925 –
Anexo 9 - Volume 4, e consulta ao site www.jfrj.gov.br, respectivamente);
4.4.5.2.4 a Infraero, por sua vez, ajuizou, em 13/4/2010, Ação de Reintegração de Posse,
Processo n.º 2010.51.01.005439-2, em desfavor da Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda., cujos
autos encontram-se, no momento, conclusos para sentença, desde 27/5/2010, no Gabinete da Exma.
Juíza Titular da 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dra. Claudia Maria Pereira Bastos Neiva (consulta
ao site www.jfrj.jus.br); e
4.4.5.2.5 destaque-se, por fim, que, no local, encontra-se, em pleno funcionamento, a empresa
Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda.
4.4.5.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR
Comércio e Participação Ltda.:
437
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
4.4.5.3.1 a contratação foi alicerçada pela Medida Provisória n.º 1.561, de 19/12/1996,
convertida na Lei n.º 9.469, de 10/7/1997, que dispõe sobre a intervenção da União nas causas em que
figurarem, como autores ou réus, entes da administração indireta, além de regular os pagamentos
devidos pela Fazenda Pública em virtude de sentença judiciária, assunto, portanto, absolutamente
estranho ao tema Licitações e Contratos Administrativos (fls. 961/968 – Anexo 9 - Volume 4);
4.4.5.3.2 verifica-se, analisando o conteúdo do Ofício CF n.º 239/SBJR, de 25/9/1995, que
versa sobre a situação, à época, do referido contrato, o seguinte (fls. 969/973 – Anexo 9 - Volume 4):
4.4.5.3.2.1 em 12/6/1989 a Infraero realizou procedimento licitatório, na modalidade carta
convite, regulamento, à época, pelo Decreto Lei n.º 2.300/86, para exploração de serviços do tipo fast
food, tendo a sido declarada vencedora a empresa WNR;
4.4.5.3.2.2 em 20/6/1989 a empresa WNR acrescenta a razão social da firma já existente os
serviços de exploração de bar e restaurante;
4.4.5.3.2.3 em 22/6/1989 a empresa WNR arquiva os atos constitutivos na Junta Comercial,
com a respectiva legalização para exercer os serviços de exploração de bar e restaurante;
4.4.5.3.2.4 em 5/7/1989 foi assinado o contrato entre a Infraero e a empresa WNR Comércio e
Participação Ltda.;
4.4.5.3.2.5 em 1/9/1990 a Infraero envia carta a concessionária considerando, através de Ato
Administrativo, nulo o referido contrato, tendo em vista que, em auditoria realizada pela Secretaria de
Finanças do Ministério da Aeronáutica, foram apontadas várias irregularidades em licitações realizadas
pela Superintendência Regional no Rio de Janeiro – SRRJ;
4.4.5.3.2.6 a concessionária, em processo judicial, alegou o seguinte: (i) à época da assinatura
do contrato a empresa estava legalmente constituída como empresa do ramo de alimentação; (ii) a
Infraero, mesmo após anular o contrato, recebeu durante 6 (seis) meses o pagamento de aluguel; e (iii)
a empresa investiu recursos na consecução das obras;
4.4.5.3.2.7 em 16/5/1995 a Exma. Juíza da 9ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Dra. Valéria
Medeiros de Albuquerque, decidiu favoravelmente à empresa WNR Comércio e Participação Ltda.,
julgando improcedente a Ação de Reintegração de Posse movida pela Infraero, condenando a mesma
ao pagamento das custas e dos honorários de 10% (dez por cento) do valor da causa, conforme os
autos do Processo n.º 96.02.11613-7;
4.4.5.3.2.8 em 16/6/1995 a Infraero interpôs Apelação Cível objetivando reformular a sentença
que julgou improcedente o pedido de Reintegração de Posse, tendo sido a sentença mantida pelo TRF
– 2ª Região, conforme os autos da Apelação Cível n.º 105.048/RJ; e
4.4.5.3.2.9 em 1/6/1997 foi assinado o referido contrato pelo prazo de 180 (cento e oitenta)
meses (período de vigência de 1/6/1997 a 31/5/2012), prorrogável por mais 180 (cento e oitenta)
meses, em 3 (três) períodos de 60 (sessenta) meses (períodos de vigência: de 1/6/2012 a 31/5/2017, de
1/6/2017 a 31/5/2022, e de 1/6/2022 a 31/5/2027).
4.4.6 propõe-se, desta forma, o seguinte:
4.4.6.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly Cultural
Serviços Ltda.:
4.4.6.1.1 determinar à Infraero que:
4.4.6.1.1.1 adote, tempestivamente, todas as medidas necessárias para realização de
procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da
impossibilidade de prorrogação do contrato em questão, informando, ainda, ao mesmo o prazo para
desocupação da área.
4.4.6.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon
Estúdios Cinematográficos Ltda.:
4.4.6.2.1 determinar à Infraero que:
4.4.6.2.1.1 adote as medidas legais cabíveis para regularizar a concessão de uso do Lote 98 do
Aeroporto de Jacarepaguá, atualmente ocupado pela empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos
Ltda., quando prolatada sentença com trânsito em julgado nos Processos n.ºs 2009.51.01.028368-8 e
438
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
2010.51.01.005439-2, ambos em trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro, conforme relatado no
subitem 4.4.5.2 desta instrução.
4.4.6.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR
Comércio e Participação Ltda.:
4.4.6.3.1 determinar à Infraero que:
4.4.6.3.1.1 caso opte pela renovação contratual, registre nos autos que a solução adotada é
vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados efetuados pela concedente, que
reflitam a situação do mercado local, diante da possibilidade de se realizar procedimento licitatório; e
4.4.6.3.1.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o
concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo
para desocupação da área.
4.5 adequação do objeto do Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa Medise -
Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., a real destinação dada à área, em atendimento ao subitem
9.6.1, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:
4.5.1 solicitaram-se, por meio de Ofício de Requisição datado de 30/4/2010, os seguintes
documentos, informações e esclarecimentos, in verbis (fl. 603 – Volume 3):
“1.1. esclarecimentos acerca da destinação dada à área, por meio do 14º Termo Aditivo, de
10/10/2008, ou seja, “(...) industrialização e representação de produtos médicos e farmacêuticos para
aeronaves e aeroportos (...)”, bem como da implantação de “(...) um centro de atendimento
emergencial, e um hospital destinado ao atendimento do público em geral, contendo unidade de
administração, unidade de emergência, unidade de centro cirúrgico, Raio X, centro de terapia
intensiva, unidade de internação, unidade de serviço.”;
1.2. eventual notificação à empresa acerca da impossibilidade de prorrogação contratual,
após o término do último prazo de prorrogação previsto no respectivo ajuste, ou seja 30/4/2014; e
1.3. data prevista para início dos procedimentos administrativos destinados a licitar a área
atualmente ocupada pela empresa.”
4.5.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 427/SBJR (JRCM)/2010, de 7/5/2010, o
seguinte, in verbis (fls. 616/617 – Volume 3):
“1.1. O 14º Termo Aditivo a Contrato n º 02.1989.065.0005 foi ajustado em 10/10/2008, em
fiel cumprimento a recomendação estabelecida no Acórdão nº 1181/2008 onde o Exmº Sr. Dr.
Procurador Federal determinou que fosse estabelecido no mencionado instrumento contratual a
efetiva destinação dada em concessão de uso, face à constatação de que o Hospital Barra D’or
operava como hospital de atendimento ao público geral e não apenas uma unidade de emergência
conforme previsto no instrumento contratual avençado com a Infraero.
Visando promover a efetiva regularização da área conforme determinado à Infraero e, após
submetido à análise das áreas de Controle Interno dessa Empresa (Procuradoria Jurídica da
Regional e da Sede, Controladoria Interna e da Diretoria Comercial) foi decido que se promovesse a
imediata regularização em atendimento à recomendação do MPF.
Ressaltamos que visando resguardar a fidelidade da destinação da área estabelecida no
Instrumento inicial, foram mantidas integralmente todas as atividades previstas no início da
concessão, sendo introduzida apenas à atividade pendente de regularização desenvolvida pelo
Concessionário Medise.
Salientamos que deixamos de apresentar os documentos comprobatórios das informações ora
prestados, uma vez que as pasta do contrato em questão foram disponibilizada esse Tribunal de
Contas da União, através da Secretaria de Controle Externo do Rio de Janeiro, fins análise da
Representação em curso no citado Órgão.
1.2. Com relação ao questionamento acerca de eventual notificação à Empresa Medise
anunciando a impossibilidade de prorrogação contratual após o término do último prazo previsto no
contrato, ressaltamos que o Concessionário possui pleno conhecimento do prazo final do contrato
desde 1998, época em que foi ajustado termo aditivo ao contrato, sendo alterado o término de 2004
439
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
para 2014, face à necessidade de amortizar novos investimentos empregados na área pelo
Concessionário, portanto, subtende-se que a condição editalícia está expressamente registrada e
noticiada a Empresa, situação esta que é de pleno conhecimento da empresa, já tendo sido inclusive
objeto de reunião neste Aeroporto com o concessionário, ou seja, o prazo fatal deste contrato
ocorrerá em 30-04-2014.
1.3 Quanto à data prevista para início dos procedimentos administrativos destinados a
instauração de certame licitatório, esclarecemos que legislação em vigor atualmente na Infraero
estabelece que o prazo deverá ser de no mínimo 06 (seis) meses anteriores ao término da vigência do
instrumento contratual, todavia, considerando a magnitude do empreendimento hoje em operação e,
ainda, visando propiciar a desmobilização das operações do hospital, com antecedência suficiente de
modo que o Concessionário possa promover a retirada dos equipamentos de sua propriedade, esta
Administração iniciará os procedimentos visando à realização do processo licitatório, com 02 (dois)
anos de antecedência, ou seja, no início do exercício 2012.”
4.5.3 solicitaram-se, posteriormente, por meio do subitem 1.1, do Ofício de Requisição datado
de 20/5/2010, os seguintes documentos, informações e esclarecimentos, in verbis (fl. 606 – Volume 3):
“1.1. relativamente ao Contrato de Concessão de Uso de Área n.º 02.1989.065.0005, firmado
entre a Infraero e a empresa Medise – Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.:
1.1.1 situação atual do procedimento administrativo instaurado pelo Ministério Público
Federal versando sobre possíveis irregularidades verificadas na formalização e execução do mesmo;
e
1.1.2 repactuação do ajuste supra, formalizada por meio do 14º Termo Aditivo, de 10/10/2008,
informando motivo, fundamentação legal, percentual do reajuste, valores do contrato antes e depois
da referida alteração, bem como aqueles efetivamente recebidos do concessionário nos meses de
julho/2008, julho/2009 e janeiro/2010.”
4.5.4 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 591/SBJR (JRCM)/2010, de 9/6/2010, o
seguinte, in verbis (fls. 621/627 – Volume 3):
“1.1 Relativo ao Termo de Contrato nº 02.1989.065.005-4, firmado entre a INFRAERO e a
MEDISE MEDICINA, DIAGNÓSTICO E SERVIÇOS LTDA:
1.1.1 Com relação à solicitação do andamento atual do procedimento administrativo
instaurado pelo Ministério Público Federal, versando sobre possíveis irregularidades verificadas na
formalização e execução do contrato especificado no item 1.1., informamos que a Procuradoria
Jurídica da INFRAERO, informou que o Procedimento Administrativo nº 1.30.012.000622/2005-27
concluiu pela existência de elementos caracterizadores das irregularidades/ilegalidades no Termo de
Contrato mencionado, notadamente, a ausência de licitação destinada à respectiva concessão,
acréscimo quantitativo e prorrogações, dentre outras irregularidades, o que ensejou o ajuizamento da
ação civil pública nº 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio
de Janeiro.
Informamos ainda que o procedimento administrativo citado, aguardará a definição da
supracitada ação civil pública.
1.1.2 Quanto aos esclarecimentos solicitados pertinentes à repactuação do ajuste, formalizado
no 14º Termo Aditivo nº 062.2008.(III)/0065, ocorrido em 10-10-2008 (doc. anexo 1), informamos que
em decorrência da determinação contida no Acórdão nº 1181/2008, este Aeroporto expediu a CF nº
848/SBJR(JRCM)/2008, de 04-08-2008 (doc. anexo 2) à Superintendência de Relações Comerciais –
DCRC, órgão vinculado a Diretoria Comercial – DC, cujo documento solicitou orientações visando o
ajuste na concessão em tela, visando à aplicação dos procedimentos a serem adotados.
Em resposta a nossa correspondência a Superintendência de Relações Comerciais enviou a
este Aeroporto a CF nº 18006/DCRC(RCGC))/2008, de 06-08-2008 (doc. anexo 3), prestando
esclarecimentos especificamente com relação à determinação do TCU, sendo estabelecido que se
fizesse constar no instrumento contratual a real destinação da área dada em concessão à Medise,
sendo, inclusive, estabelecido no 5º parágrafo da mencionada carta que era competência da
440
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Procuradoria Jurídica local, ou seja, da Superintendência Regional do Rio de Janeiro, avaliar que
ação da INFRAERO atenderia tal determinação, dentre elas a adaptação do objeto do Termo de
Contrato e, ainda, avaliar a legalidade de promover o ajustamento das bases contratuais.
Em face de tal decisão este Aeroporto encaminhou a Procuradoria Jurídica da Regional -
PJGL o Despacho nº 037/SBJR(JRCM)/2008, de 08-08-2008 (doc. anexo 4), no qual solicitou
orientação, sendo proferido parecer sugerindo a imediata adequação do objeto contratual, fins
encaminhamento do instrumento contratual ao TCU, não havendo manifestação relativa à revisão do
Preço Específico Mensal em função da inclusão da nova atividade “hospital de atendimento geral”
não prevista quando da concessão inicial.
Considerando que tanto a DCRC como a PJRJ não se manifestaram quanto à revisão das
bases contratuais, a Gerente Comercial do Aeroporto de Jacarepaguá encaminhou e-mail, em 25-08-
2008 (doc. anexo 5) à Gerente Comercial da Regional, solicitando posicionamento sobre a revisão do
preço, obtendo a resposta de que após conversa com Superintendente Regional à época, foi
considerado que o momento não era oportuno para promover a revisão das bases financeiras, uma
vez que a renegociação do preço poderia demandar delonga do prazo, podendo acarretar no
descumprimento do prazo estabelecido pelo TCU para promover a regularização do instrumento
contratual.
Uma vez que o entendimento da Administração do Aeroporto de Jacarepaguá era divergente
das demais áreas, cujo processo foi submetido à apreciação, no tocante em especial à determinação
estabelecida no Acórdão nº 1181/2008-TCU, de promover a regularização no instrumento contratual
da real atividade desenvolvida pela Medise na área objeto do Termo de Contrato nº 2.89.065.005-4,
decidiu este Aeroporto que introduzir a atividade efetivamente desenvolvida pelo Concessionário
estava condicionada à revisão das bases financeiras, vez que a atividade a ser introduzida não tinha
sido prevista quando da concessão inicial, portanto, a regularização estava vinculada a repactuação
do preço.
Assim sendo, este Aeroporto enviou a CF nº 914/SBJR(JRCM)/2008, de 26-08-2008 (doc.
anexo 6) ao Concessionário, notificando-o das condições estabelecidas no Acórdão nº 1181/2008 e
informando que em decorrência da regularização da atividade ora desenvolvida, as bases financeira
seria revista, sendo proposto o percentual de 50% (cinquenta por cento). Tendo à Medise apresentada
contra proposta através de carta, de 25-08-2008 (doc. anexo 7) de revisão do preço em 25% (vinte e
cinco por cento). Após avaliação este Aeroporto encaminhou através da CF nº
919/SBJR(JRCM)/2008, de 29-08-2008 (doc. anexo 8) contendo nova propositura de revisão do preço
com base no percentual de 30% (trinta por cento), tendo a Medise concordado com o valor proposto
em 01-09-2008 (doc. anexo 9).
Salientamos que o 14º Termo Aditivo nº 062.2008(III)/2008, manteve a integralidade das
atividades prevista no Contrato, visando manter a caracterização inicial da área dada em concessão
de uso, sendo incluída na parte integrante das atividades desenvolvidas “...e um hospital de
atendimento público geral...”
O instrumento contratual mencionado foi ajustado com base no Regulamento de Licitações e
contratos, de 04-08-1998, cuja fundamentação legal adotada foi o Art. 58, inciso I, parágrafos 1º e 2º,
c/c com o Art. 65, inciso II, alínea “d” da Lei nº 8.666/93.
Quanto aos valores solicitados antes e depois da mencionada alteração, estamos
discriminando no quadro abaixo o valor praticado até 30-09-2008 e o novo Preço Específico Mensal
de R$ 141.012,48 (cento e quarenta e um mil, doze reais e quarenta e oito centavos) após a revisão
das bases sendo aplicado o percentual de 30% (trinta por cento) em decorrência do cumprimento da
determinação estabelecida no Acórdão nº 1181/2008.
(...)
Visando prestar as informações solicitadas relativas aos valores efetivamente recebidos do
Concessionário nos meses de julho/2008, julho/2009 e janeiro/2010, estamos encaminhando Relatório
de boletos gerados do período compreendido entre julho/2008 a maio/2010, onde poderá ser atestado
441
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
o efetivo pagamento dos valores devidos registrados no segundo campo situação 7 – pago (doc. anexo
10)
Informamos também, que consoante ao estabelecido nas Cláusulas Segundo dos Termos
Aditivos nºs 004.98(III)/0065, de 01-01-1998 (doc. anexo 11) e 035.2004(III)/0065, de 01-08-2004
(doc. anexo 12), no exercício de 2008, foi expedida a CF nº 1211/SBJR(JRCM)/2008, de 21-10-2008
(doc. anexo 13), notificando o Concessionário da revisão das bases contratuais a ser ajustada a partir
de 01-05-2009, sendo inicialmente proposto o percentual de 40% (quarenta por cento).
A Medise apresentou contra proposta através de carta datada de 31-12-2008 (doc. anexo 14)
de reajuste de 10% (dez por cento) do valor então praticado, cuja propositura não foi acolhida pela
Administração do Aeroporto, sendo encaminhada a mencionada Empresa a CF nº
87/SBJR/2009, de 31-01-2009 (doc. anexo 15), na qual foi apresentada nova proposta cujo índice
apurado foi de 30,24% (trinta inteiros e vinte e quatro por cento), sendo o percentual sugerido por
esta dependência aeroportuária foi ratificado pela Medise em correspondência, de 06-03-2009 (doc.
anexo 16), ficando o Preço Específico Mensal modificado a partir de 01-05-2009 para R$ 183.654,65
(cento e oitenta e três mil, seiscentos e cinquenta e quatro reais e sessenta e cinco centavos), conforme
especificado no quadro a seguir:
(...)
Esclarecemos que o Termo Aditivo nº 010.2009(III)/0065 (doc. anexo 17), que estabeleceu
novas bases financeiras teve início de vigência em 01-09-2009, em decorrência da pendência de
regularidade fiscal do Concessionário junto a Receita Federal , contudo, cabe informar que os
valores devidamente acordados a partir da data avençada para repactuação, ou seja, 01-05-2009,
foram efetivamente cobrados e pagos pela Medise, através de emissão de boletos mensais das
diferenças devidas, pertinentes as competências 05, 06, 07e 08/2009, no valor de R$ 42.642,17
(quarenta e dois mil, seiscentos e quarenta e dois reais e dezessete centavos), conforme pode ser
evidenciado no Relatório de boletos gerados do período compreendido entre Julho/2008 a Maio/2009
(doc. anexo 10).
Informamos que a data base anual de atualização do Preço Específico Mensal do presente
Contrato é outubro, dessa forma foi formalizada comunicação ao Concessionário através da CF nº
213/SBJR/2009, de 01-03-2009 (doc. anexo 18), alertando-o que no mês de outubro/2009, o
instrumento contratual seria revisto pela IGP-DI.
Vale destacar que o IGP-DI apurado no período de 12 (doze) meses foi negativo, sendo
apurado -06515, em decorrência o sistema financeiro da INFRAERO promoveu o ajuste devido,
conforme esclarecimentos contidos no e-mail, de 19-10-2009 (doc. anexo 19), dessa forma o Preço
Específico Mensal sofreu redução do valor então praticado, sendo reduzido em R$ 1.196,51 (um mil,
cento e noventa e seis reais e cinquenta e um reais), conforme demonstrado a seguir: (...)”
4.5.5 verifica-se, analisando o conteúdo do Ofício CF n.º 427/SBJR (JRCM)/2010, de
7/5/2010, e do Ofício CF n.º 591/SBJR (JRCM)/2010, de 9/6/2010, o seguinte (fls. 616/617 – Volume
3, e fls. 621/627 – Volume 3, respectivamente):
4.5.5.1 incluiu-se, na Cláusula Primeira do Termo Aditivo n.º 062.2008 (III)/0065, a atividade
pendente de regularização, hospital destinado ao atendimento de público em geral, alterando a parte
final do Item 2, das Condições Especiais Anexas ao TC n.º 2.89.65.005-4, in verbis (fls. 1.080/1.083 –
Anexo 9 – Volume 5 e fls. 1.022/1.036 – Anexo 9 – Volume 5, respectivamente):
“(...) Como parte integrante do complexo, será implantado um CENTRO DE ATENDIMENTO
emergencial, e um HOSPITAL destinado a atendimento ao público em geral, contendo unidade de
administração, unidade de emergência, unidade de centro cirúrgico, Raio X, centro de terapia
intensiva, unidade de internação, unidade de serviço” (grifo acrescido)
4.5.5.2 manteve-se, no entanto, na Cláusula Primeira do Termo Aditivo n.º 062.2008
(III)/0065, com a justificativa de resguardar a fidelidade da destinação da área estabelecida no
instrumento inicial, todas as atividades previstas no Item 2, das Condições Especiais Anexas ao TC n.º
2.89.65.005-4, ou seja, industrialização e representação de produtos médicos e farmacêuticos para
442
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
aeronaves e aeroportos, envolvendo, in verbis (fls. 1.080/1.083 – Anexo 9 – Volume 5 e fls.
1.022/1.036 – Anexo 9 – Volume 5, respectivamente):
“(...) - conjunto de primeiros socorros para aeronaves, de acordo com o Regulamento
Brasileiro de Homologação Aeronáutica, NSMA 58-121, de 30 de junho de 1988, bem como os
equivalentes para aeronaves de pequeno porte da Aviação Geral;
- conjunto de primeiros socorros para uso em Aeroportos;
- comercialização dos produtos médicos e farmacêuticos ligados às aeronaves e apoio ao
Aeroporto;
- SHOW ROOM voltado para a área de produtos aero-médicos/farmacêuticos e equipamentos
de emergência para uso em aeronaves e Aeroportos. (...)”
4.5.5.3 destaque-se, por oportuno, que as atividades acima elencadas nunca foram executadas
pelo concessionário, e que, tampouco funcionou no local um centro de atendimento emergencial, tendo
em vista que, nesta área, funciona desde 1998 o Hospital Barra D’or, conforme informações do site da
Rede D’or.
4.5.5.4 transcreva-se, a título exemplificativo, parte do Despacho n.º 37/SBJR (JRCM)/2008,
de 8/8/2008, do então Superintendente do Aeroporto de Jacarepaguá, Sr. Luis Fernando de Menezes
Marques, que versa sobre o cumprimento do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário, in verbis (fls.
1.090/1.093 – Anexo 9 – Volume 5):
“Todas as atividades descritas no objeto, que foram por nós sublinhadas, não são executadas
na área dada em concessão de uso, sendo realizada na área dada parcialmente a atividade descrita
na ‘parte integrante do complexo’, haja vista que no local não funciona um centro de atendimento
emergencial e sim um hospital. (...)
Quanto adaptação do objeto contratual, deverá ser introduzida apenas a palavra HOSPITAL,
ficando a nova redação a ser especificada no termo aditivo da seguinte forma: (...)” (grifo acrescido)
4.5.5.5 registre-se que, juntamente com a alteração do objeto contratual, houve revisão das
bases financeiras do contrato, elevando consideravelmente a arrecadação da Infraero, tendo sido o
mesmo reajustado em 30% (trinta por cento), a partir de 1/10/2008, passando de R$ 108.471,15 (cento
e oito mil, quatrocentos e setenta e um reais, e quinze centavos) para R$ 141.012,48 (cento e quarenta
e um mil, doze reais, e quarenta e oito centavos), e, posteriormente, em 30,24% (trinta vírgula vinte e
quatro por cento), a partir de 1/5/2009, passando para R$ 183.654,65 (cento e oitenta e três mil,
seiscentos e cinquenta e quatro reais, e sessenta e cinco centavos), sendo, por fim, reduzido em 0,65%
(zero vírgula sessenta e cinco por cento), a partir de 1/10/2009, passando para R$ 182.458,14 (cento e
oitenta e dois mil, quatrocentos e cinquenta e oito reais, e quatorze centavos); e
4.5.5.6 registre-se, por fim, que o ajuizamento, pelo Ministério Público Federal, da Ação Civil
Pública nº 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro, será analisado
posteriormente, no subitem 5.4 desta instrução.
4.5.6 conclui-se, desta forma, que a Infraero atendeu, parcialmente, a determinação contida no
subitem 9.6.1, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário, tendo em vista que foi incluído no objeto
contratual a previsão de criação de um hospital geral, que, na verdade, já estava em pleno
funcionamento desde 1998, tendo sido mantidas atividades que nunca foram executadas pelo
concessionário, quais sejam:
4.5.6.1 centro de atendimento emergencial, contendo unidade de administração, unidade de
emergência, unidade de centro cirúrgico, Raio X, centro de terapia intensiva, unidade de internação,
unidade de serviço; e
4.5.6.2 conjunto de primeiros socorros para aeronaves, conjunto de primeiros socorros para
uso em aeroportos, comercialização dos produtos médicos e farmacêuticos ligados às aeronaves e
apoio ao aeroporto e show room voltado para a área de produtos aero-médicos/farmacêuticos e
equipamentos de emergência para uso em aeronaves e aeroportos.
443
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
4.5.7 conclui-se, por fim, que neste momento eventual proposta de adequação do instrumento
contratual a real destinação dada à área, ou seja, hospital geral desde 1998, seria inoportuna, devido a
possibilidade de eventuais questionamentos por parte do atual concessionário.
4.5.8 propõe-se, desta forma, o seguinte:
4.5.8.1 considerar parcialmente atendida a determinação contida no subitem 9.6.1, do Acórdão
n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário;
4.5.8.2 relativamente ao Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa Medise -
Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.:
4.5.8.2.1 determinar à Infraero que:
4.5.8.2.1.1 adote, tempestivamente, todas as medidas necessárias para realização de
procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da
impossibilidade de prorrogação do contrato em questão, informando, ainda, ao mesmo o prazo para
desocupação da área.
Análise – Achados da Inspeção
5. Verificaram-se, no curso dos trabalhos de inspeção, os seguintes aspectos abaixo
relacionados, que estão indiretamente ligados ao monitoramento das determinações contidas no
Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário e no Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:
5.1 grande número de processos judiciais, relacionados a contratos de concessão de uso
de áreas no Aeroporto de Jacarepaguá, onde a Infraero figura como ré:
5.1.1 solicitaram-se, por meio de Ofício de Requisição datado de 12/5/2010, os seguintes
documentos, informações e esclarecimentos, in verbis (fl. 605 – Volume 3):
“1.2 relação de todos os contratos de concessão de uso de área comercial com pendências na
justiça, indicando número, nome de fantasia e razão social do concessionário, número do processo,
vara, e estado atual;
1.3 relação de todas as áreas destinadas a estabelecimento comercial que, em virtude de
pendências na justiça, ou seja, por problemas alheios à vontade da Infraero, não possam ser
concedidas, gerando, com isso, perda de receita; e
1.4 relação dos contratos rescindidos unilateralmente pela Infraero, atendendo recomendação
do Ministério Público, encaminhando, ainda, cópia dos expedientes recebidos daquele órgão.”
5.1.2 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 511/SBJR (JRCM)/2010, de 19/5/2010, o
seguinte, in verbis (fls. 618/620 – Volume 3):
“1.2 Encaminhamos em anexo Planilha (anexo 2) relacionando todos os contratos de
concessão de uso de área desta dependência, cujos quais existem Ação Judicial em trâmite.
Esclarecemos que os contratos cujo andamento está registrado como Ação Judicial com
liminar, o boleto de pagamento mensal está sendo emitido pela Infraero em cumprimento à decisão do
Juízo competente.
1.3 Atualmente este Aeroporto possui três contratos, que muito embora as Ações estejam em
trâmite às áreas estão indisponíveis para nova concessão, a saber:
JOB – área de hangar ocupada pela empresa que teve sua homologação cassada pela
autoridade competente, portanto, cuja Ação foi ajuizada pela Infraero em 2003 sem êxito até a
presente data.
SERRARIA JACUNDÁ – área reintegrada liminarmente à Infraero em 2005, pendente de
expedição de Sentença definitiva, uma vez que para instauração de novo certame licitatório será
necessário realizar investimentos no local pelo licitante vencedor, portanto, o processo somente
poderá ser instaurado após efetivada a reintegração definitiva; e.
ROTOR – escritório administrativo cuja área não foi desocupada, cuja Ação foi ajuizada em
2007, permanecendo até a presente data pendente à Reintegração de Posse à Infraero.
SPACE - escritório administrativo cuja área não foi desocupada, cuja Ação foi ajuizada em
2009, permanecendo até a presente data pendente à Reintegração de Posse à Infraero.
444
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
1.4 Informamos que dois contratos desta Dependência Aeroportuária foram Rescindidos
unilateralmente pela Infraero, em cumprimento à Recomendação do Ministério Público, sendo o
primeiro da Rio Sport Center Academia Ltda., cuja cópia do Procedimento Administrativo (anexo 3) e
Notificação Extrajudicial enviada ao citado concessionário estamos encaminhando em atendimento a
vossa solicitação (anexo 4).
Quanto ao contrato firmado com a Tycoon Estúdios Cinematográfico Ltda. onde o MFP
também expediu recomendação visando à defesa da ordem jurídica, estamos neste momento
impossibilitados de fornecer as cópias solicitadas, uma vez que as pastas do Contrato nº
02.1995.065.0036 foram disponibilizadas a V.Sª para análise, todavia, assim que as mesmas foram
restituídas este Aeroporto providenciará o envio dos documentos solicitados.
Vale, ainda, registrar que existem outros dois contratos cujas Empresas encontram
estabelecidas na Av. Ayrton Senna e em plena operação das suas atividades, também tiveram os seus
instrumentos contratuais não renovados, em face de constatação de irregularidades durante a
concessão, a saber: Barrafor Veículos, concessionária de veículos Ford e o da Eiffel Comércio
Automotivo Ltda., concessionária de veículos Renault, cujas Empresas permanecem ocupando área
aeroportuária, amparadas em Liminar de Manutenção de Posse concedida pelos Juízos competente.
5.1.3 solicitaram-se, ainda, por meio de Ofício de Requisição datado de 20/5/2010, os
seguintes documentos, informações e esclarecimentos, in verbis (fl. 606 – Volume 3):
“1.2 valor estimado, histórico e atualizado, por exercício financeiro, para concessão de uso da
área atualmente ocupada pela SERRARIA JACUNDÁ, reintegrada liminarmente à Infraero em 2005,
e até hoje pendente de prolação de sentença definitiva.”
5.1.4 informou-se, por meio do Ofício CF n.º 591/SBJR (JRCM)/2010, de 9/6/2010, o
seguinte, in verbis (fls. 621/627 – Volume 3):
“1.2. Quanto ao questionamento relativo à área hoje indisponibilizada para concessão,
situada na Av. Ayrton Senna, reintegrada liminarmente à INFRAERO em 2005, cujo local até então
estava ocupado pela Empresa SERRARIA JACUNDÁ COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., estamos
encaminhando o Relatório Financeiro (doc. anexo 20) apurado no sistema, no qual permite identificar
os valores que estavam sendo recebidos enquanto mantida a ocupação da área.
Considerando que conforme estabelecido pela Diretoria Comercial, atualmente o valor do m2
de área é apurado através da média obtida no sistema dos contratos cadastrados no âmbito da
INFRAERO em rede nacional, para o mesmo ramo de atividade, e, uma vez que não temos definição
do tipo de negócio a ser implantado no local, não é possível precisar o valor para concessão da área
em tela, todavia, o Lote nº 99, possuiu a dimensão de 13.000,00m2 (treze mil metros quadrados), e, em
função da metragem da área, o valor mínimo a ser estabelecido pelo m2 é de R$ 10,00 (dez reais).
Em atendimento a vossa solicitação, informamos a seguir o valor estimado de perda anual de
receita em face da impossibilidade de conceder a área para o desenvolvimento de atividade
comercial. (...)
Conforme evidenciado o montante mínimo apurado de perda de receita do período
compreendido entre 2005 a 2010 é de R$ 7.911.400,00 (sete milhões, novecentos e onze mil e
quatrocentos reais), cabendo frisar, que não foi computado valor estimado pertinente a Parte Variável
estabelecida nos instrumentos contratuais da INFRAERO.”
5.1.5 conclui-se, desta forma, que a Infraero figura como ré em nada menos de 22 (vinte e
dois) processos judiciais relativos à concessão de uso de áreas do Aeroporto de Jacarepaguá,
destacando-se, sobremaneira, o Processo n.º 2003.51.01.005138-6, em trâmite na 16ª Vara Federal do
Rio de Janeiro, que se refere à área ocupada pela antiga Serraria Jacundá, com aproximadamente
13.000 m2
(treze mil metros quadrados), situada no Lote n.º 99, da Avenida Ayrton Senna, que está
desativada, estando a área abandonada, e sem gerar qualquer tipo de receita, tendo em vista que, apesar
da área ter sido reintegrada liminarmente em 2005, até hoje, não houve a prolação da sentença
definitiva, o que impede a realização de procedimento licitatório, gerando um prejuízo estimado, no
período de janeiro de 2005 a dezembro de 2010 (projeção), de, no mínimo, R$ 7.911.400,00 (sete
445
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
milhões, novecentos e onze mil, e quatrocentos reais), não atualizado, desconsiderando, ainda, a parte
variável, que incide sobre o faturamento bruto do concessionário.
5.1.6 propõe-se, desta forma, o seguinte:
5.1.6.1 seja verificada a conveniência e oportunidade de ser encaminhada cópia do relatório,
do voto e do acórdão que vier a ser adotado ao Exmo. Juiz Titular da 16ª Vara Federal do Rio de
Janeiro e ao Conselho Nacional de Justiça, haja vista a existência do Processo n.º 2003.51.01.005138-
6, que versa sobre o Contrato n.º 02.1996.065.0041, firmado entre a Infraero e a empresa Serraria
Jacundá Comércio e Indústria de Madeira Ltda., no aguardo de decisão definitiva, tendo em vista a
considerável perda de receita por parte da Infraero, estimada, no período de 2005 a 2010, em, no
mínimo, R$ 7.911.400,00 (sete milhões, novecentos e onze mil, e quatrocentos reais), já que a área não
se encontra liberada para instauração de procedimento licitatório, além de não gerar receita, pois o
atual concessionário não efetua qualquer pagamento.
5.2 problemas na obtenção das licenças ambientais pelos concessionários:
5.2.1 verificou-se que o Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária
Infrabarra Ltda., e o Contrato n.º 02.19997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000 Banco
Imobiliário Ltda., foram aditados em função de problemas com licenciamento ambiental, acarretando
dilação no prazo original de concessão, conforme relatado no subitem 4.3 desta instrução;
5.2.2 informou-se, em reunião realizada na Secex/RJ, em 10/6/2010, que a Infraero elabora,
atualmente, antes de licitar uma determinada área, o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, cabendo à
licitante vencedora, no entanto, elaborar o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, bem como obter
as demais licenças ambientais necessárias à implantação (prévia, de instalação, e de operação); e
5.2.3 conclui-se, desta forma, que as ações adotadas, atualmente, pela concedente são
adequadas para minimizar eventuais problemas que possam surgir na obtenção das licenças ambientais
pelos futuros concessionários, sendo desnecessário, no momento, propor a adoção de qualquer medida
à Infraero.
5.3 problemas na obtenção de licenças junto a Prefeitura do Rio de Janeiro pelos
concessionários:
5.3.1 verificou-se que o Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly
Cultural Serviços Ltda., foi aditado em função de problemas de licenciamento junto a Prefeitura do
Rio de Janeiro, acarretando dilação no prazo original de concessão, conforme relatado no subitem 4.4
desta instrução;
5.3.2 informou-se, em reunião realizada na Secex/RJ, em 10/6/2010, que a Infraero faz
constar, atualmente, dos editais de licitação, informação de que o local e o tipo de empreendimento ou
atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo, nos termos de
certidão fornecida pela Prefeitura do Rio de Janeiro; e
5.3.3 conclui-se, desta forma, que as ações adotadas, atualmente, pela concedente são
adequadas para minimizar eventuais problemas que possam surgir na obtenção de licença junto a
Prefeitura do Rio de Janeiro pelos futuros concessionários, sendo desnecessário, no momento, propor a
adoção de qualquer medida à Infraero.
5.4 procedimentos administrativos instaurados pelo Ministério Público Federal,
Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, para verificar irregularidades e
ilegalidades em contratos de concessão de uso do Aeroporto de Jacarepaguá:
5.4.1 referentemente ao Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon
Estúdios Cinematográficos Ltda., e ao Contrato n.º 02.1999.065.0056, firmado com a empresa Rio
Sport Center Academia Ltda., este último não analisado pela Equipe de Inspeção:
5.4.1.1 verificou-se que os contratos em questão foram rescindidos unilateralmente pela
Infraero, em atendimento à Recomendação n.º 46/2009, de 3/11/2009, do Ministério Público Federal,
conforme relatado no subitem 4.4.5.2.2 desta instrução (fls. 914/919 – Anexo 9 – Volume 4);
5.4.1.2 registre-se que as referidas empresas encontram-se, no momento, em pleno
funcionamento, por força de medida liminar, consoante, respectivamente, sentenças exaradas no
446
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Processo n.º 2009.51.01.028368-8, em trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro e Processo n.º
2009.51.01.012032-5, em trâmite na 12ª Vara Federal do Rio de Janeiro (consulta ao site
www.jfrj.gov.br); e
5.4.1.3 destaque-se, por oportuno, que a Infraero interpôs Ação de Reintegração de Posse em
desfavor dos respectivos concessionários, consoante, respectivamente, Processo n.º
2010.51.01.005439-2, em trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro, e Processo n.º
2009.51.01.020074-6, em trâmite na 12ª Vara Federal do Rio de Janeiro (consulta ao site
www.jfrj.gov.br).
5.4.2 referentemente ao Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa Medise -
Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.:
5.4.2.1 verificou-se que o Ministério Público Federal, apontou, por meio do Procedimento
Administrativo n.º 1.30.012.000622/2005-27, irregularidades e ilegalidades no contrato em questão, o
que ensejou o ajuizamento da Ação Civil Pública n.º 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara
Federal do Rio de Janeiro, conforme transcrição do Ofício CF n.º 591/SBJR (JRCM)/2010, de
9/6/2010, no subitem 4.5.4 desta instrução;
5.4.3 conclui-se relativamente ao Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado com a empresa
Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda., e ao Contrato n.º 02.1999.065.0056, firmado com a empresa
Rio Sport Center Academia Ltda., que as ações adotadas pela concedente são adequadas ao
equacionamento da questão, sendo desnecessário, no momento, propor a adoção de qualquer medida à
Infraero;
5.4.4 conclui-se, ainda, relativamente ao Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa
Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., que as irregularidades e ilegalidades estão sendo
tratadas na Ação Civil Pública n.º 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal do Rio de
Janeiro, cujos autos encontram-se, no momento, no Ministério Público Federal, por motivo de
manifestação, mantendo-se, no entanto, a proposta do subitem 4.5.8.2.1 desta instrução; e
5.4.5 destaque-se, por fim, que a eventual propositura de anulação não parece ser o
direcionamento mais adequado para a referida avença pelos motivos a seguir expostos:
5.4.5.1 no local se encontra em pleno funcionamento um hospital geral, cujo nome de fantasia
é Barra D’or, conforme informações do site http://www.redelabsdor.com.br/barrador/, o que,
certamente, tornaria ainda mais difícil o êxito numa Ação de Reintegração de Posse eventualmente
interposta pela Infraero; e
5.4.5.2 o período de vigência do atual do contrato é de 1/5/1989 a 30/4/2014, não podendo
mais ser prorrogado, sendo o histórico dos resultados da Infraero com rescisões unilaterais ou, até
mesmo, não prorrogações contratuais, extremamente desfavoráveis à entidade, haja vista a prolação de
muitas decisões na Justiça Federal do Rio de Janeiro contrárias aos interesses da entidade, as quais
garantem ao concessionário a manutenção da área até a decisão definitiva da questão, favorecendo, na
prática, o concessionário, que, em alguns casos pontuais, sequer efetua o pagamento.
5.4.6 citem-se, como exemplos, os contratos abaixo relacionados, onde os concessionários
permanecem ocupando as respectivas áreas, realizando, no entanto, os respectivos pagamentos:
5.4.6.1 Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon Estúdios
Cinematográficos Ltda., e Contrato n.º 02.1999.065.0056, firmado com a empresa Rio Sport Center
Academia Ltda., rescindidos pela Infraero atendendo recomendação do Ministério Público Federal,
conforme relatado no subitem 5.4.1 desta instrução; e
5.4.6.2 Contrato n.º 02.1995.065.0031, firmado com a empresa Eiffel Comércio Automotivo
Ltda., e Contrato n.º 02.1999.065.0025, firmado com a empresa Barrafor Veículos Ltda., não
renovados pela Infraero devido à constatação de irregularidades durante a concessão, conforme
relatado nos subitens 4.1.3.7 e 4.2.3.6 desta instrução.
5.4.7 propõe-se, desta forma, o seguinte:
5.4.7.1 determinar à Infraero que:
447
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
5.4.7.1.1 adote, tempestivamente, todas as medidas necessárias para realização de
procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da
impossibilidade de prorrogação do contrato em questão, informando, ainda, ao mesmo o prazo para
desocupação da área, conforme proposto no subitem 4.5.8.2.1 desta instrução.
5.4.7.2 determinar a Secex/RJ que:
5.4.7.2.1 encaminhe cópia do relatório, do voto e do acórdão que vier a ser adotado ao Exmo.
Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, Dr. Edson Abdon Peixoto Filho, tendo em vista
a propositura de Ação Civil Pública n.º 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal do Rio de
Janeiro, versando sobre irregularidades e ilegalidades na execução do Contrato n.º 2.89.65.005-4,
firmado entre a Infraero e a empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.
5.5 ausência de pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU por parte de
determinados concessionários, amparados por decisão judicial:
5.5.1 verificou-se que determinados concessionários, amparados por decisão judicial, não
estão recolhendo o Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU devido à Prefeitura do Rio de Janeiro,
relativamente à área concedida, por se tratar de imóvel público;
5.5.2 informou-se, em reunião realizada na Secex/RJ, em 10/6/2010, que a questão vem
sendo acompanhada pela Procuradoria Jurídica da Infraero, estando a jurisprudência do tema ainda não
consolidada, motivo pelo qual a Infraero não faz constar na estimativa de preço do valor da concessão
o imposto eventualmente não recolhido, o que, em tese, representa uma vantagem competitiva para
concessionário;
5.5.3 registre-se que, em todos os instrumentos contratuais relativos à concessão de área de
uso, há previsão expressa acerca da responsabilidade do concessionário pelos impostos, taxas,
contribuições e demais tributos incidentes sobre a área; e
5.5.4 conclui-se, desta forma, que as ações adotadas, atualmente, pela concedente são
adequadas para minimizar eventuais problemas que possam surgir, decorrentes da ausência de
pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU por determinados concessionários,
amparados por decisão judicial, sendo desnecessário, no momento, propor a adoção de qualquer
medida à Infraero.
Conclusão
6. O prazo contratual de concessão de uso de áreas aeroportuárias, com investimentos, é
limitado, de uma maneira geral, a 240 (duzentos e quarenta) meses, podendo, em casos especiais,
atingir 300 (trezentos) meses, desde que previsto no instrumento convocatório e no correspondente
contrato, devendo, no último caso, ser justificado e autorizado pelo Conselho de Administração ou, por
delegação, pela Diretoria Executiva da Infraero, segundo a natureza e as características específicas da
atividade a ser desenvolvida, conforme disposto no art. 14, do Regulamento de Licitações e Contratos
da Infraero (Portaria Normativa n.º 935/MD, de 26/6/2009, do Ministro de Estado da Defesa).
7. O Aeroporto de Jacarepaguá, localizado no bairro da Barra da Tijuca, área extremamente
valorizada do Município do Rio de Janeiro, é destinado, basicamente, à aviação executiva, tendo,
portanto, uma área construída bem menor que a dos outros aeródromos da cidade, Aeroporto do
Galeão, localizado no bairro da Ilha do Governador, e Aeroporto Santos Dumont, localizado no bairro
do Centro, dispondo, em sua área interna, de pequenas lojas, restaurantes e lanchonetes, jornaleiros,
hangares, serviços de taxi comum e especial, dentre outros, e, em sua área externa, localizada na
importante e movimentada Avenida Ayrton Senna, diversos tipos de estabelecimento, todos, de grande
porte.
8. Registre-se, inicialmente, que o Aeroporto de Jacarepaguá tem, no momento, o seguinte
quantitativo de contratos de concessão de uso:
8.1 81 (oitenta e um) contratos na situação “normal”, onde não existem pendências;
8.2 7 (sete) contratos na situação “em ação judicial”, onde os boletos de pagamento são
gerados no sistema, mas, no entanto, não liberados para pagamento, não gerando, por conseguinte,
receita; e
448
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
8.3 15 (quinze) contratos na situação “ocupação por liminar”, onde os boletos de pagamento
são gerados no sistema e liberados para pagamento, gerando, por conseguinte, receita.
9. Repise-se, por oportuno, que o objetivo desta inspeção foi obter documentos, informações
e esclarecimentos necessários à conclusão do monitoramento das determinações contidas no Acórdão
n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário e no Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário, cujas conclusões
estão a seguir elencadas:
9.1 referentemente as determinações do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:
9.1.1 subitem 9.6.1, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:
9.1.1.1 considerar parcialmente atendida a determinação em questão, haja vista as conclusões
dos subitens 4.5.5, 4.5.6 e 4.5.7 desta instrução.
9.1.2 subitem 9.6.2, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:
9.1.2.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista a conclusão do subitem
4.1.1.2.1 da instrução anterior, in verbis (fls. 588/595 – Volume 2):
“4.1.1.2.1. não se encaminharam quaisquer informações adicionais tendo em vista que a
determinação em exame não ensejava ações imediatas da Infraero já que o Contrato n.º
02.1989.065.0005, firmado entre a Infraero e a empresa Medise – Medicina, Diagnóstico e Serviços
Ltda. somente terá a vigência expirada em 30/4/2014.”
9.1.1.2 determinar à Infraero a adoção da medida proposta no subitem 4.5.8.2.1 desta
instrução.
9.1.3 subitem 9.6.3, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:
9.1.3.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista a conclusão do subitem
4.1.1.3 da instrução anterior, in verbis (fls. 588/595 – Volume 2):
“4.1.1.3.1. encaminhou-se, por meio do expediente CF n.º 21.626/PRAI/2008, de 10/9/2008, 2
(duas) planilhas contendo informações dos contratos de concessão de uso de áreas pertencentes ao
Aeroporto de Jacarepaguá (fls. 354 – Volume 1/463 – Volume 2);
4.1.1.3.2.encaminhou-se, ainda, posteriormente, por meio do expediente CF n.º 31/SBJR/2009,
de 15/1/2009, 1 (uma) planilha, atualizada, dos contratos de concessão de uso de áreas pertencentes
ao Aeroporto de Jacarepaguá, identificado os contratos de interveniência (fls. 526/535 – Volume 2); e
4.1.1.3.2. registre-se que esta Corte de Contas considerou atendida a presente determinação,
por meio do subitem 9.3, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário.”
9.1.4 subitem 9.6.4, do Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:
9.1.4.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista as conclusões do subitem
4.1.3 desta instrução, destacando-se, no entanto, o novo entendimento dado ao assunto, por meio do
subitem 9.4.1, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário.
9.2 referentemente as determinações do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:
9.2.1 subitem 9.4.1, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:
9.2.1.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista as conclusões do subitem
4.1.3 desta instrução.
9.2.2 subitem 9.4.2, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:
9.2.2.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista as conclusões do subitem
4.2.3 desta instrução.
9.2.3 subitem 9.4.3, do Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:
9.2.3.1 considerar atendida a determinação em questão, haja vista o encaminhamento, por meio
do expediente CF n.º 29.948/PRAI/2008, de 4/12/2008, do expediente, anexo, CF n.º 1.383/SBJR
(JRCM)/2008, de 27/11/2008, contendo as informações requeridas, consoante relatado no subitem
4.1.2.3 da instrução anterior (fls. 588/595 – Volume 2).
10. Registre-se, ainda, que o Voto do Exmo. Ministro Relator, Raimundo Carneiro, que
alicerçou o Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário, destacou que os contratos abaixo relacionados,
devido as suas vigências elásticas, que ultrapassam o ano de 2030, deveriam ser objeto de análise por
449
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
parte desta Corte de Contas, tendo sido, portanto, expedida determinação específica à Secex/RJ, por
meio do subitem 9.5.2, do referido acórdão:
10.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0028, firmado com a empresa Alpar
Alternativa Participações Ltda.:
10.1.1 verificou-se que o contrato foi rescindido unilateralmente pela Infraero, devido ao
descumprimento, pelo concessionário, de condições contratuais, conforme relatado no subitem 4.3.5.1
desta instrução, sendo desnecessário, portanto, expedir qualquer determinação ou alerta à Infraero.
10.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária
Infrabarra Ltda., antigo Consórcio Alpar - R2:
10.2.1 verificou-se que o prazo contratual, previsto no edital da Concorrência Pública n.º
025/SRRJ(NERJ)/1996-JR, foi prorrogado antes do início da operação da empresa devido a problemas
na obtenção das licenças ambientais, conforme relatado no subitem 4.3.5.2 desta instrução; e
10.2.2 propõe-se, desta forma, determinar à Infraero a adoção das medidas previstas no
subitem 4.3.6.2.1 desta instrução.
10.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema
2000 Banco Imobiliário Ltda.:
10.3.1 verificou-se que o prazo contratual, previsto no edital da Concorrência Pública n.º
022/SRRJ(NERJ)/1996-JR, foi prorrogado antes do início da operação da empresa devido a problemas
na obtenção das licenças ambientais, conforme relatado no subitem 4.3.5.3 desta instrução; e
10.3.2 propõe-se, desta forma, determinar à Infraero a adoção das medidas previstas no
subitem 4.3.6.3.1 desta instrução.
11. Consigne-se, ainda, que o Voto do Exmo. Ministro Relator, Raimundo Carneiro, que
alicerçou o Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário, destacou que a fundamentação legal dos
contratos abaixo relacionados deveria ser objeto de análise por parte desta Corte de Contas, tendo sido
expedida, portanto, determinação específica à Secex/RJ, por meio do subitem 9.5.2, do referido
acórdão:
11.1 relativamente ao Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly
Cultural Serviços Ltda.:
11.1.1 o contrato foi assinado em 1/11/1988 com a empresa Milly Veículos Peças e Serviços
Ltda., tendo sido verificado irregularidades na concessão como um todo, bem como na fundamentação
legal, inaplicável ao presente caso, tendo em vista se tratar de normativo interno da Infraero, subitem
11.2, alínea “b”, da Circular Normativa n.º 13.07/A (CIN), de 4/5/1988, revogada em 4/5/1998,
conforme relatado no subitem 4.4.5.1.1 desta instrução, o que poderia ensejar propositura de anulação,
a qual não se entende ser o direcionamento mais adequado para a referida avença pelos motivos a
seguir expostos:
11.1.1.1 no local encontra-se em pleno funcionamento um colégio, cujo nome de fantasia é
Colégio CEC Barra, conforme informações do site http://www.cec.g12.br/, o que, certamente, tornaria
ainda mais difícil o êxito numa Ação de Reintegração de Posse eventualmente interposta pela Infraero;
e
11.1.1.2 o período de vigência atual do contrato é de 1/1/1989 a 31/3/2013, não podendo mais
ser prorrogado, sendo o histórico dos resultados da Infraero com rescisões unilaterais ou, até mesmo,
não prorrogações contratuais, extremamente desfavoráveis à entidade, haja vista a prolação de muitas
decisões na Justiça Federal do Rio de Janeiro contrárias aos interesses da entidade, as quais garantem
ao concessionário a manutenção da área até a decisão definitiva da questão, favorecendo, na prática, o
concessionário, que, em alguns casos, sequer efetua o pagamento.
11.1.2 citem-se, como exemplos, os contratos relacionados no subitem 5.4.6 desta instrução;
11.1.3 propõe-se, desta forma, determinar à Infraero a adoção das medidas previstas no
subitem 4.4.6.1.1.1 desta instrução.
11.2 relativamente ao Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon
Estúdios Cinematográficos Ltda.:
450
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
11.2.1 o contrato foi assinado, inicialmente, em 1/10/1990 com a empresa Tycoon Estúdios
Cinematográficos Ltda., tendo sido verificado irregularidades na concessão como um todo, bem como
na fundamentação legal, inaplicável ao presente caso, tendo em vista se tratar de documento interno da
Infraero, CF CIRC n.º 955/DC(DCCO), de 11/3/1991, o que poderia ensejar propositura de anulação, a
qual não se entende, novamente, ser o direcionamento mais adequado para a referida avença, haja vista
o contrato ter sido rescindido unilateralmente, atendendo à recomendação do Ministério Público
Federal, tendo a concessionária, no entanto, obtido, judicialmente, a manutenção da área até a decisão
definitiva da questão, conforme relatado no subitem 4.4.5.2 desta instrução; e
11.2.2 propõe-se, desta forma, determinar à Infraero a adoção das medidas previstas no
subitem 4.4.6.2.1 desta instrução.
11.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR
Comércio e Participação Ltda.:
11.3.1 o contrato foi assinado em 5/7/1989 com a empresa WNR Comércio e Participação
Ltda., tendo sido verificado irregularidades na concessão como um todo, bem como na fundamentação
legal, inaplicável ao presente caso, Medida Provisória n.º 1.561, de 19/12/1996, convertida na Lei n.º
9.469, de 10/7/1997, que dispõe sobre assunto absolutamente estranho ao tema Licitações e Contratos
Administrativos, conforme relatado no subitem 4.4.5.3 desta instrução, o que poderia ensejar
propositura de anulação, a qual não se entende ser o direcionamento mais adequado para a referida
avença pelos motivos a seguir expostos:
11.3.1.1 no local encontra-se em pleno funcionamento um restaurante, do tipo churrascaria,
cujo nome de fantasia é Rio/Brasa, conforme informações do site http://www.riobrasa.com.br/; e
11.3.1.2 o período de vigência atual do contrato é de 1/6/1997 a 31/5/2012, podendo ser
prorrogado ou não, a critério das partes, sendo o histórico dos resultados da Infraero com rescisões
unilaterais ou, até mesmo, não prorrogações contratuais, extremamente desfavoráveis à entidade, haja
vista a prolação de muitas decisões na Justiça Federal do Rio de Janeiro contrárias aos interesses da
entidade, as quais garantem ao concessionário a manutenção da área até a decisão definitiva da
questão, favorecendo, na prática, o concessionário, que, em alguns casos, sequer efetua o pagamento.
11.3.2 citem-se, como exemplos, novamente, os contratos relacionados no subitem 5.4.6 desta
instrução; e
11.3.3 propõe-se, desta forma, determinar à Infraero a adoção das medidas previstas no
subitem 4.4.6.3.1 desta instrução.
12. Destaque-se, ainda, em relação ao Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa
Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., que, em que pese a verificação de irregularidades e
ilegalidades pelo Ministério Público Federal, as quais estão sendo apuradas na Ação Civil Pública n.º
2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro, não se propõe a anulação do
referido ajuste pelos motivos anteriormente expostos, os quais foram relatados no subitem 5.4.5 desta
instrução.
13. Entende-se, ainda, que, na hipótese desta Corte de Contas deliberar, em outra ocasião, pela
realização de auditoria nos contratos de concessão de área de uso do Aeroporto de Jacarepaguá, sejam
priorizados os contratos comerciais, em detrimento dos operacionais, que são afetos à atividade fim da
Infraero (hangares, por exemplo), já que aqueles lotes estão localizados na Avenida Ayrton Senna, e,
devido ao alto valor comercial dos mesmos, certamente, terão seus valores de concessão
potencializados pelos altos investimentos a serem realizados por conta das Olimpíadas de 2016, a qual
será realizada na cidade do Rio de Janeiro, sendo o bairro da Barra da Tijuca o maior polo de
concentração das chamadas “arenas esportivas”, muitas das quais “herdadas” do Pan Americano de
2007, quais sejam:
13.1 Lote 105, com área de 9.530 m2
(nove mil, quinhentos e trinta metros quadrados),
atualmente desocupada, tendo em vista a rescisão do Contrato nº 02.1997.065.0028, firmado com a
empresa Alpar Alternativa Participações Ltda.;
451
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
13.2 Lote 104, com área de 29.182 m2
(vinte e nove mil, cento e oitenta e dois metros
quadrados), atualmente ocupada por empresa do ramo de decoração, de nome de fantasia Etna,
decorrente do Contrato n.º 02.19997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000 Banco
Imobiliário Ltda.;
13.3 Lote 103, com área de 30.065 m2
(trinta mil e sessenta e cinco metros quadrados),
atualmente ocupada por um centro comercial, de nome de fantasia Barra Express, decorrente do
Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a empresa Concessionária Infrabarra Ltda.;
13.4 Lote 102, com área de 14.024 m2
(quatorze mil e vinte e quatro metros quadrados),
atualmente ocupada por uma concessionária de veículos da bandeira Renault, decorrente do Contrato
n.º 02.1995.065.0031, firmado com a empresa Eiffel Comércio Automotivo Ltda.;
13.5 Lote 101, com área de 17.306 m2
(dezessete mil, trezentos e seis metros quadrados),
atualmente ocupada por um hospital geral, decorrente do Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a
empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.;
13.6 Lote 100, com área de 31.834 m2
(trinta e um mil, oitocentos e trinta e quatro metros
quadrados), atualmente ocupada por uma concessionária de veículos da bandeira Volkswagen,
decorrente do Contrato n.º 02.1998.065.0025, firmado com a empresa Disbarra Distribuidora Barra
de Veículos;
13.7 Lote 99, com área de 13.005 m2
(treze mil e cinco metros quadrados), atualmente
desocupada, anteriormente ocupada por uma serraria, decorrente do Contrato n.º 02.1996.065.0041,
firmado com a empresa Serraria Jacundá Comércio e Indústria Ltda., cuja área foi reintegrada
liminarmente em 2005, estando pendente, até o presente momento, de sentença definitiva;
13.8 Lote 98, com área de 14.644 m2
(quatorze mil, seiscentos e quarenta e quatro reais metros
quadrados), atualmente ocupada por um estúdio, decorrente do Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado
com a empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda.;
13.9 Lote 97, com área de 28.831 m2
(vinte e oito mil, oitocentos e trinta e um metros
quadrados), atualmente ocupada por uma academia de esportes, decorrente do Contrato n.º
02.1999.065.0056, firmado com a empresa Rio Sport Center Academia Ltda.;
13.10 Lote 96, com área de 6.597 m2
(seis mil, quinhentos e noventa e sete metros quadrados),
atualmente ocupada por uma churrascaria, de nome de fantasia Barra Brasa, decorrente do Contrato n.º
02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR Comércio e Participação Ltda.;
13.11 Lote 95, com área de 25.791 m2
(vinte e cinco mil, setecentos e noventa e um metros
quadrados), atualmente ocupada por uma concessionária de veículos da bandeira Ford, decorrente do
Contrato n.º 02.1999.065.0025, firmado com a empresa Barrafor Veículos Ltda.;
13.12 Lote 94, com área de 5.624 m2
(cinco mil, seiscentos e vinte e quatro metros
quadrados), atualmente ocupada por um posto de gasolina, da bandeira Petrobras, decorrente do
Contrato n.º 02.2008.065.0004, firmado com a empresa Petrobras Distribuidora S.A.; e
13.13 Lote 93, com área de 7.022 m2
(sete mil e vinte e dois metros quadrados), atualmente
ocupada por um colégio, de nome de fantasia CEC, decorrente do Contrato nº 02.1988.065.0020,
firmado com a empresa Milly Cultural Serviços Ltda.
14. Propõe-se, por fim, que seja encaminhada cópia do relatório, do voto e do acórdão que
vier a ser adotado ao Exmo. Promotor de Justiça junto à 12ª Vara de Fazenda Pública da Capital, Dr.
Eduardo Slerca, tendo em vista o encaminhamento de documentação versando sobre supostas
irregularidades em diversos contratos de concessão de uso de imóvel da Infraero, dentre os quais,
Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.,
que acabou por resultar na presente Representação.
Proposta de Encaminhamento
15. Ante ao acima exposto, elevam-se os autos a consideração superior propondo:
15.1 considerar parcialmente atendidas pela Infraero as seguintes determinações:
15.1.1 referentemente ao Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:
452
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
15.1.1.1 considerar parcialmente atendida a determinação contida no subitem 9.6.1, tendo em
vista a conclusão do subitem 9.1.1 desta instrução;
15.1.1.2 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.6.2, tendo em vista a
conclusão do subitem 9.1.2 desta instrução;
15.1.1.3 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.6.3, tendo em vista a
conclusão do subitem 9.1.3 desta instrução; e
15.1.1.4 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.6.4, tendo em vista a
conclusão do subitem 9.1.4 desta instrução.
15.1.2 referentemente ao Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:
15.1.2.1 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.4.1, tendo em vista a
conclusão do subitem 9.2.1 desta instrução;
15.1.2.2 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.4.2, tendo em vista a
conclusão do subitem 9.2.2 desta instrução; e
15.1.2.3 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.4.3, tendo em vista a
conclusão do subitem 9.2.3 desta instrução.
15.2 considerar atendida pela Secex/RJ as seguintes determinações:
15.2.1 referentemente ao Acórdão n.º 1.181/2008 – TCU – Plenário:
15.2.1.1 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.7.
15.2.2 referentemente ao Acórdão n.º 2.306/2008 – TCU – Plenário:
15.2.2.1 considerar atendida a determinação contida no subitem 9.5.
15.3 determinar à Infraero que:
15.3.1 relativamente ao Contrato n.º 2.89.65.005-4, firmado com a empresa Medise -
Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., tendo em vista a conclusão do subitem 12 e a análise do
subitem 4.5 desta instrução:
15.3.1.1 adote, tempestivamente, todas as medidas necessárias para realização de
procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da
impossibilidade de prorrogação do contrato em questão, informando, ainda, ao mesmo o prazo para
desocupação da área.
15.3.2 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0024, firmado com a empresa
Concessionária Infrabarra Ltda., antigo Consórcio Alpar - R2, tendo em vista a conclusão do subitem
10.2 e a análise do subitem 4.3 desta instrução:
15.3.2.1 caso opte pela renovação contratual, nos termos do subitem 11.2, do edital da
Concorrência Pública n.º 025/SRRJ(NERJ)/1996-JR, c/c a Cláusula Primeira do Termo Aditivo n.º
017.98 (III)/0065 – Primeiro Aditamento ao Contrato nº 02.1997.065.0024, registre nos autos que a
solução adotada é vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados efetuados pela
concedente, que reflitam a situação do mercado local, diante da possibilidade de se realizar
procedimento licitatório; e
15.3.2.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o
concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo
para desocupação da área.
15.3.3 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema
2000 Banco Imobiliário Ltda., tendo em vista a conclusão do subitem 10.3 e a análise do subitem 4.3
desta instrução:
15.3.3.1 caso opte pela renovação contratual, nos termos do subitem 11.2, do edital da
Concorrência Pública n.º 022/SRRJ(NERJ)/1996-JR, c/c o T.A n.º 031.2004.(III)/0065 e T.A n.º
014.2007(III)/0065, registre nos autos que a solução adotada foi mais vantajosa economicamente, com
base em estudos pormenorizados efetuados pela concedente, que reflitam a situação do mercado local,
diante da possibilidade de se realizar procedimento licitatório; e
453
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
15.3.3.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o
concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo
para desocupação da área.
15.3.4 relativamente ao Contrato n.º 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly
Cultural Serviços Ltda., tendo em vista a conclusão do subitem 11.1 e a análise do subitem 4.4 desta
instrução:
15.3.4.1 adote, tempestivamente, todas as medidas necessárias para realização de
procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da
impossibilidade de prorrogação do contrato em questão, informando, ainda, ao mesmo o prazo para
desocupação da área.
15.3.5 relativamente ao Contrato n.º 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon
Estúdios Cinematográficos Ltda.:
15.3.5.1 adote as medidas legais cabíveis para regularizar a concessão de uso do Lote 98 do
Aeroporto de Jacarepaguá, atualmente ocupado pela empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos
Ltda., quando prolatada sentença de mérito transitada em julgado nos Processos n.ºs
2009.51.01.028368-8 e 2010.51.01.005439-2, ambos em trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de
Janeiro, conforme relatado no subitem 4.4.5.2 desta instrução.
15.3.6 relativamente ao Contrato n.º 02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR
Comércio e Participação Ltda., tendo em vista a conclusão do subitem 11.3 e a análise do subitem 4.4
desta instrução:
15.3.6.1 caso opte pela renovação contratual, registre nos autos que a solução adotada é
vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados efetuados pela concedente, que
reflitam a situação do mercado local, diante da possibilidade de se realizar procedimento licitatório; e
15.3.5.2 caso opte pela realização de procedimento licitatório, notifique, tempestivamente, o
concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do referido contrato, informando, ainda, o prazo
para desocupação da área.
15.4 determinar à Secex/RJ que:
15.4.1 encaminhe cópia do relatório, do voto e do acórdão que vier a ser adotado ao Exmo
Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, Dr. Edson Abdon Peixoto Filho, tendo em vista
a propositura de Ação Civil Pública n.º 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara Federal do Rio de
Janeiro, versando sobre irregularidades e ilegalidades na execução do Contrato n.º 2.89.65.005-4,
firmado entre a Infraero e a empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.;
15.4.2 encaminhe cópia do relatório, do voto e do acórdão que vier a ser adotado ao Exmo
Promotor de Justiça junto a 12ª Vara de Fazenda Pública da Capital, Dr. Eduardo Slerca, tendo em
vista o encaminhamento de documentação versando sobre supostas irregularidades em diversos
contratos de concessão de uso de imóvel da Infraero, dentre os quais, o Contrato n.º 2.89.65.005-4,
firmado com a empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda.; e
15.4.3 encaminhe cópia do relatório, do voto e do acórdão que vier a ser adotado ao Exmo.
Juiz Titular da 16ª Vara Federal do Rio de Janeiro e ao Conselho Nacional de Justiça, haja vista a
existência do Processo n.º 2003.51.01.005138-6, que versa sobre o Contrato n.º 02.1996.065.0041,
firmado entre a Infraero e a empresa Serraria Jacundá Comércio e Indústria de Madeira Ltda., tendo
em vista a considerável perda de receita por parte da Infraero, estimada, no período de 2005 a 2010,
em, no mínimo, R$ 7.911.400,00 (sete milhões, novecentos e onze mil, e quatrocentos reais), já que a
área não se encontra liberada para instauração de procedimento licitatório, além de não gerar receita,
pois o atual concessionário não efetua qualquer pagamento.
15.5 arquivar os presentes autos, nos termos do art. 169, inciso IV, do RI/TCU.”
3. O Gerente de Divisão da 2ª DT assim se manifestou acerca da matéria (peça 82):
“(...) Estou de acordo com essas proposições. Cabe registrar ainda que, da análise da
documentação acostada aos autos e da subtração de informações fruto de reuniões realizadas com
gestores da área, a conduta da administração atual da Infraero nos parece sinalizar para a busca de
454
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
correção de rumo dessas concessões de uso de áreas adjacentes ao Aeroporto de Jacarepaguá, seja com
relação aos contratos em curso, seja no tocante as novas áreas que estão sendo preparadas para serem
licitadas, mormente se analisarmos os atos praticados por administradores á época das concessões,
muitos deles que poderiam, inclusive, resultar em questionamentos, mas que, devido ao decurso do
tempo e a carência de legislação específica, entende-se carecer de oportunidade e conveniência trazer
essas questões vintenárias à discussão.
Por fim sugere-se, em acréscimo às proposições efetuadas pelo Sr. Auditor, recomendar à
Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero que análise a conveniência e a
oportunidade de se realizar estudos detalhados nos valores praticados nos contratos de concessão de
uso em vigor - Aeroporto de Jacarepaguá, tendo em vista o tempo decorrido, a forma de condução das
negociações efetuadas no passado, a materialidade envolvida e o tempo restante de contratação, vis-à-
vis a possibilidade de se buscar repactuar esses contratos, a exemplo da iniciativa observada
recentemente de celebração de aditivo na contratação que envolve a empresa concessionária Medise –
Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda. (Hospital Barra D’Or).”
4. O titular da unidade técnica se posicionou favoravelmente às conclusões da instrução, com o
acréscimo sugerido pelo Gerente de Divisão (peça 82).
É o relatório.
VOTO
Inicialmente, registro que a determinação à Infraero contida no item 9.6.3 do Acórdão nº
1.181/2008-Plenário foi considerada cumprida pelo Tribunal, conforme consignado no item 9.3 do
Acórdão nº 2.306/2008-Plenário.
2. Por meio dos itens 9.6.4 do Acórdão nº 1.181/2008-Plenário e 9.4.1 do Acórdão nº
2.306/2009-Plenário (acrescido do item 9.4.1.1 pelo Acórdão nº 3.087/2008-Plenário), este Tribunal
determinou à Infraero que não prorrogasse nenhum contrato de concessão de uso de área pertencente
ao Aeroporto de Jacarepaguá, destinada a estabelecimentos comerciais, após o término do último prazo
de prorrogação previsto em cláusula contratual, comando este que não se aplica aos contratos de
concessão celebrados pela Infraero com terceiros, com a interveniência do concessionário principal,
que tenham por objeto a prestação de serviços acessórios e/ou complementares à atividade empresarial
do concessionário principal e sejam instalados no interior da área cedida pela estatal a esse
concessionário.
3. Os documentos acostados aos autos demonstram que a Infraero atendeu este Tribunal ao
renovar somente os contratos que previam, em cláusula contratual inicial, a possibilidade de
prorrogação de prazo, com vistas a preservar o equilíbrio originalmente acordados entre as partes, a
saber: Banco Bradesco S/A (Contrato nº 02.2003.065.0002), Cooperativa Ouro Táxi Ltda. (Contrato nº
02.2003.065.0005), Cremonini Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. ME (Contrato nº
02.2003.065.0006), Banco ABN Amro Real (Contrato nº 02.2003.065.00064), Disbarra Distribuidora
Barra de Veículos Ltda. (Contrato nº 02.1998.065.0025) e Aeromil Táxi Aéreo Ltda. (Contrato nº
02.2008.065.0002).
4. Quanto à determinação à Infraero para que notificasse os contratantes não amparados pelo
art. 40 da Lei nº 7.565/86 e art. 1º da Lei nº 5.332/67 acerca da impossibilidade de prorrogação
contratual após o término do último prazo de prorrogação previsto nos respectivos ajustes (item 9.4.2
do Acórdão nº 2.306/2008-Plenário), verifico que a estatal comprovou ter notificado os seguintes
contratantes, não amparados pela legislação acima citada, sobre esse fato: Banco Bradesco S/A,
Cooperativa Ouro Táxi Ltda., Cremonini Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. ME, Banco ABN
Amro Real, Disbarra Distribuidora Barra de Veículos Ltda., Barrafor Veículos Ltda., Aeromil Táxi
Aéreo Ltda., Eiffel Comércio Automotivo Ltda. e Tycoon Estúdios Cinematográficos Ltda. Assim,
considero cumprido o item 9.4.2 do Acórdão nº 2.306/2008-Plenário.
455
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
5. A Infraero também atendeu o disposto no item 9.4.3 do Acórdão nº 2.306/2008-Plenário
quando encaminhou a este Tribunal as informações requeridas sobre as “facilidades de
telecomunicações”, referentes aos contratos firmados com a Embratel – Empresa Brasileira de
Telecomunicações S/A, Telemar Norte Leste S/A, Tim Celular S/A, TNL PCS S/A e Pointer Network
S/A, com fundamento no art. 73 da Lei nº 9.472/97 (fls. 485/487 - v. 2).
6. Sobre a determinação à Secex/RJ para que analisasse seis contratos firmados pela Infraero
(item 9.5.2 do Acórdão nº 2.306/2008-Plenário), constato o seguinte:
a) Contrato nº 02.1997.065.0028, firmado com a empresa Alpar Alternativa Participações
Ltda.: foi rescindido e a área desocupada e restituída à Infraero;
b) Contrato nº 02.1997.065.0024, firmado com a Concessionária Infrabarra Ltda. (antigo
Consórcio Alpar-R2): a concessionária não implantou o empreendimento dentro do prazo de obras
previsto no contrato, face às dificuldades enfrentadas para obter as licenças ambientais necessárias. A
Infraero prorrogou a sua vigência até 31/12/2016, mantendo o prazo de reversão das benfeitorias
inicialmente acordado (31/12/2011);
c) Contrato nº 02.1997.065.0023, firmado com a empresa Ipanema 2000 Banco Imobiliário
Ltda.: a concessionária não implantou o empreendimento dentro do prazo de obras previsto no
contrato, face às dificuldades enfrentadas para obter as licenças ambientais necessárias. Neste caso a
Infraero ajuizou uma ação de reintegração de posse, que resultou em acordo restabelecendo os prazos
de vigência contratual e de amortização de investimentos previstos no edital de licitação (T. A. nº
014.2007-III/0065);
d) Contrato nº 02.1998.065.0020, firmado com a empresa Milly Cultural Serviços Ltda.: a
avença expira em 31/3/2013 e não pode ser mais prorrogada;
e) Contrato nº 02.1995.065.0036, firmado com a empresa Tycoon Estúdios Cinematográficos
Ltda.: o Ministério Público Federal recomendou a rescisão do contrato, e assim procedeu a Infraero. A
concessionária obteve liminar determinando à estatal que se abstivesse de praticar qualquer ato
referente à área cedida por meio do contrato em questão (Processo nº 2009.51.01.028368-8). A
Infraero ajuizou uma ação de reintegração de posse (Processo nº 2010.51.01.005439-2), em
tramitação;
f) Contrato nº 02.1997.065.0038, firmado com a empresa WNR Comércio e Participação
Ltda.: contrato assinado em 1989 e considerado nulo em 1990 pela Infraero, diante de irregularidades
identificadas em auditoria realizada pela Secretaria de Finanças do Ministério da Aeronáutica. A
Infraero ajuizou uma ação de integração de posse, julgada improcedente pela 9ª Vara Federal do Rio
de Janeiro em 1995, sentença mantida em 1997 pelo TRF – 2ª Região. Em 1/6/1997 foi assinado o
contrato vigente, pelo prazo de 180 meses, prorrogável, a critério da estatal, por até três períodos de 60
meses.
7. Diante das situações particulares encontradas durante o monitoramento dos contratos acima
citados, acolho as determinações sugeridas à Infraero pela unidade técnica, apresentadas no relatório
precedente, que podem assim serem resumidas:
- Contratos nº 02.1997.065.0024, 02.1997.065.0023 e 02.1997.065.0038: caso a estatal opte
pela renovação, nos termos previstos nos respectivos contratos, registre nos autos que a solução
adotada é vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados, efetuados pela
concedente, que reflitam a situação do mercado local. Caso opte pela realização de procedimento
licitatório, notifique tempestivamente o concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do
referido contrato, cientificando-o do prazo para a desocupação da área;
- Contrato nº 02.1998.065.0020: adote tempestivamente as medidas necessárias para realização
de procedimento licitatório destinado a conceder a referida área, notificando o concessionário acerca
da impossibilidade de prorrogação do contrato em questão e sobre o prazo para a desocupação da área;
- Contrato nº 02.1995.065.0036: adote as medidas legais cabíveis para regularizar a concessão
de uso da área objeto da avença, quando prolatada sentença com trânsito em julgado nos Processos nº
2009.51.01.028368-8 e 2010.51.01.005439-2, em trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro.
456
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
8. Sobre a determinação à Infraero para adequar o objeto do Contrato nº 2.89.65.005-4, firmado
com a empresa Medise - Medicina, Diagnóstico e Serviços Ltda., à real destinação dada à área (item
9.6.1 do Acórdão nº 1.181/2008-Plenário), observo que foi parcialmente atendida quando a estatal
incluiu no objeto contratual a implantação de um hospital destinado ao atendimento do público em
geral (Cláusula Primeira do Termo Aditivo nº 062.2008 (III)/0065). Entretanto, o citado termo aditivo,
com a justificativa de resguardar a fidelidade da destinação da área estabelecida no instrumento
original, manteve as atividades inicialmente previstas no contrato, muito embora não tenham sido
executadas pelo concessionário até o momento.
9. Como a vigência desse contrato expira em 30/4/2014, sem possibilidade de prorrogação,
penso que reiterar a determinação para que a Infraero proceda à adequação do instrumento contratual à
real destinação da área (somente hospital geral) é uma medida que poderia resultar em eventual
questionamento por parte do atual concessionário. Há que se destacar o histórico extremamente
desfavorável à Infraero no tocante a disputas judiciais envolvendo contratos de cessão de áreas no
aeroporto em tela, as quais muitas vezes garantem ao concessionário a manutenção da área até a
decisão definitiva da questão. Dessa forma, considerando que a atividade efetivamente exercida na
área cedida foi acrescida ao contrato original mediante termo aditivo, a unidade técnica propõe
determinação à Infraero para que adote as medidas necessárias para realização de procedimento
licitatório destinado a conceder a referida área, ante a impossibilidade de prorrogação do contrato em
questão. No entanto, deixo de acolher a determinação sugerida, uma vez que o item 9.6.2 do Acórdão
nº 1.181/2008-Plenário contempla essa providência.
10. Registro que, a fim de obter documentos, informações e esclarecimentos necessários à
conclusão do monitoramento das determinações contidas nos Acórdãos nº 1.181/2008 e 2.306/2008-
Plenário, a unidade técnica realizou uma inspeção na Infraero, Aeroporto de Jacarepaguá. Na
oportunidade, identificou 22 processos judiciais, referentes a contratos de concessão de uso de áreas no
aeroporto, onde a estatal figura como (fl. 1337 - anexo 9). Dentre esses, a unidade técnica destacou o
de nº 02.1996.065.0041, que se refere à área ocupada pela antiga Serraria Jacundá, atualmente
desativada e abandonada. Apesar de ter sido reintegrada liminarmente à Infraero em 2005, até hoje não
houve a prolação da sentença definitiva, o que impede a realização de procedimento licitatório,
gerando um prejuízo estimado, entre janeiro/2005 a dezembro/2010, de R$ 7,9 milhões em valores não
atualizados, sem contar a parte variável que incide sobre o faturamento bruto do concessionário
(Processo nº 2003.51.01.005138-6, em trâmite na 16ª Vara Federal do Rio de Janeiro).
11. Além desse contrato firmado com a Serraria Jacundá, outras seis avenças também são
objeto de ações judiciais e não geram receita para a Infraero, a saber: Contratos nº 02.2002.065.0011,
02.2001.065.0009, 02.1998.065.0018, 02.1997.065.0045, 02.1998.065.0017 e 02.1999.065.0035. Com
relação aos 15 contratos restantes, constantes da mencionada relação, observo que os contratantes
estão ocupando as áreas em razão de medida cautelar e, em princípio, não há prejuízos ao erário, pois
os boletos de pagamento são normalmente liberados para pagamento, gerando receita para a Infraero.
12. Entendo que a proposta da Secex/RJ de encaminhar cópia do acórdão a ser proferido,
acompanhado do relatório e voto, ao Exmo. Sr. Juiz Titular da Vara Federal do Rio de Janeiro onde
tramita o processo relativo à Serraria Jacundá, bem como ao Conselho Nacional de Justiça, deve ser
estendida aos demais 21 contratos objeto de ações judiciais e relacionados à fl. 1337 - anexo 9.
13. Acrescento, também, determinação à Infraero para que acompanhe atentamente o
desenrolar das ações judiciais envolvendo contratos de concessão de uso de áreas do Aeroporto de
Jacarepaguá, informando a este Tribunal sobre o desfecho de cada uma delas e sobre as providências
adotadas para que a entidade seja ressarcida dos valores que porventura deixaram de ser recolhidos em
razão dessas ações.
14. Por fim, registro que a Secex/RJ abordou um aspecto que considero relevante. O Aeroporto
de Jacarepaguá está localizado no bairro da Barra da Tijuca, área extremamente valorizada do
município do Rio de Janeiro. Destinado basicamente à aviação executiva, tem uma área construída
menor que a dos outros aeroportos da cidade, dispondo em sua área interna de pequenas lojas,
457
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
restaurantes e lanchonetes, jornaleiros, hangares, serviços de táxi comum e especial, dentre outros.
Porém, em sua área externa, localizada na importante e movimentada Avenida Ayrton Senna, possui
diversos lotes de grande porte, destinados a variados tipos de estabelecimentos.
15. Esses lotes, de elevado valor comercial, serão ainda mais valorizados em um futuro
próximo, tendo em vista os grandes investimentos a serem realizados (alguns já iniciados) por conta
das Olimpíadas de 2016 na cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente no bairro da Barra da
Tijuca, que se constituirá no maior pólo de concentração das arenas esportivas a serem utilizadas nos
jogos.
16. Por conseguinte, entendo que este Tribunal deve ficar atento à questão, razão pela qual
proponho, nesta oportunidade, a realização de uma auditoria nos contratos comerciais de concessão de
área de uso do Aeroporto de Jacarepaguá, com o objetivo de verificar, além dos aspectos legais, a
compatibilidade dos valores contratados com aqueles praticados pelo mercado. Nesse sentido, entendo
que a recomendação à Infraero sugerida pelo Gerente de Divisão da Secex/RJ deve ser avaliada após a
realização do referido trabalho.
Com essas observações, acolho o parecer da unidade técnica e Voto no sentido de que o
Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
ACÓRDÃO Nº 2232/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 020.933/2005-9
1.1. Apensos: 000.675/2007-1; 025.472/2008-7; 027.639/2006-6
2. Grupo I - Classe de Assunto: VII – Representação
3. Interessado: Promotoria de Justiça de Fazenda Pública do Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro
4. Entidade: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secex/RJ
8. Advogados constituídos nos autos: José de Assis Medeiros Neto (OAB/RJ 85104) e outros
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação que, nesta fase processual, tratam
do monitoramento dos Acórdãos nº 1.181/2008-Plenário e 2.306/2008-Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar atendidas as determinações contidas nos itens 9.6.2, 9.6.4 e 9.7 do Acórdão nº
1.181/2008-Plenário;
9.2. considerar atendidas as determinações contidas nos itens 9.4.1, 9.4.2, 9.4.3 e 9.5 do
Acórdão nº 2.306/2008-Plenário.
9.3. considerar parcialmente atendida a determinação contida no item 9.6.1 do Acórdão nº
1.181/2008-Plenário;
9.4. determinar à Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero que:
9.4.1. com relação aos Contratos nº 02.1997.065.0024, 02.1997.065.0023 e 02.1997.065.0038,
caso opte pela sua renovação, nos termos previstos nos respectivos contratos, registre nos autos que a
solução adotada é vantajosa economicamente, com base em estudos pormenorizados, efetuados pela
458
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
concedente, que reflitam a situação do mercado local. Caso opte pela realização de novo procedimento
licitatório, notifique tempestivamente o concessionário acerca do desinteresse na prorrogação do
referido contrato, cientificando-o do prazo para a desocupação da área;
9.4.2. com relação ao Contrato nº 02.1998.065.0020, caso seja de seu interesse, adote
tempestivamente as medidas necessárias para realização de procedimento licitatório destinado a
conceder a referida área, notificando o concessionário acerca da impossibilidade de prorrogação do
contrato em questão e cientificando-o do prazo para a desocupação da área;
9.4.3. com relação ao Contrato nº 02.1995.065.0036, caso seja de seu interesse, adote as
medidas legais cabíveis para regularizar a concessão de uso da área objeto da avença, quando prolatada
sentença com trânsito em julgado nos Processos nº 2009.51.01.028368-8 e 2010.51.01.005439-2, em
trâmite na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro;
9.4.4. acompanhe atentamente o desenrolar das ações judiciais envolvendo contratos de
concessão de uso de áreas do Aeroporto de Jacarepaguá, listadas à fl. 1337 - anexo 9, informando a
este Tribunal sobre o desfecho de cada uma delas e sobre as providências adotadas pela entidade para
o ressarcimento dos valores que deixaram de ser recolhidos à Infraero em razão dessas ações;
9.5. determinar à Secex/RJ que realize auditoria nos contratos comerciais de concessão de área
de uso do Aeroporto de Jacarepaguá, com o objetivo de verificar, além dos aspectos legais, a
compatibilidade dos valores contratados com aqueles praticados pelo mercado;
9.6. encaminhar cópia deste acórdão, relatório e voto:
9.6.1. ao Exmo. Sr. Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro Edson Abdon
Peixoto Filho, tendo em vista a Ação Civil Pública nº 2009.51.01.012335-1, em trâmite na 3ª Vara
Federal do Rio de Janeiro;
9.6.2. aos Exmos. Srs. Juízes Titulares das Varas Federais do Rio de Janeiro onde tramita cada
um dos 22 (vinte e dois) processos relacionados à fl. 1337 - anexo 9, bem como ao Conselho Nacional
de Justiça;
9.6.3. ao interessado;
9.7. arquivar os presentes autos.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2232-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
RAIMUNDO CARREIRO
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I – CLASSE V – Plenário
TC 006.171/2012-5
459
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Natureza: Relatório de Auditoria.
Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit/MT.
Responsáveis: Arysson Siqueira Silva (678.235.057-20); Jorge Ernesto Pinto Fraxe
(108.617.424-00); Marcelo Cotrim Borges (866.943.407-53); Rodrigo Antônio Ribeiro Costa
(747.267.907-06); Wanderson Lopes da Silva (452.014.556-20)
Interessado: Congresso Nacional.
Advogado constituído nos autos: não há.
SUMÁRIO: AUDITORIA DE CONFORMIDADE. FISCOBRAS/2012. ADEQUAÇÃO DE
TRECHO DA BR-101/RJ. OBRA CONCLUÍDA. CONTINUIDADE DA ANÁLISE DE
SOBREPREÇO IDENTIFICADO EM CONTRATO NO ÂMBITO DO FISCOBRAS/2009.
AUMENTO DO SOBREPREÇO INICIALMENTE ESTIMADO. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO
DE NOVAS IRREGURIDALIDADES E IMPROPRIDADES. NECESSIDADE DE ATUALIZAÇÃO
DOS PROJETOS BÁSICO E EXECUTIVO NO CASO DA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO
REMANESCENTE. CIÊNCIA AO DNIT. COMUNICAÇÃO À COMISSÃO DO CONGRESSO
NACIONAL. APENSAMENTO AO TC 011.341/2009-1 (FISCOBRAS 2009).
RELATÓRIO
Adoto como Relatório a instrução produzida no âmbito da Secob-2, a qual contou anuência
superior:
“1 - APRESENTAÇÃO O presente trabalho trata da fiscalização das obras do trecho da BR-101/RJ, no subtrecho
compreendido entre Santa Cruz (km 385,8) e Itacurussá (km 411,96) e no acesso ao Porto de Itaguaí,
em continuação aos trabalhos que vêm sendo realizado no trecho desde 2003. A presente auditoria
teve como objetivo, em atendimento ao item 9.13 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário, concluir a
análise iniciada no âmbito do TC 011.341/2009-1 (Fiscobras 2009) do indício de sobrepreço no
Contrato TT 267/2009 e seus aditivos, bem como acompanhar o cumprimento de determinações
exaradas pela Corte de Contas.
Importância socioeconômica As obras para ampliação da capacidade da rodovia BR-101/RJ, inseridas no Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, têm como objetivo adequar o segmento
rodoviário às demandas crescentes de tráfego, oriundas da ampliação das operações no Porto de
Itaguaí, da instalação de grandes empresas na região, do fluxo de turistas que se deslocam para o
litoral sul-fluminense e do crescimento populacional da região.?
Além disso, essa obra se integra ao "Arco Rodoviário do Rio de Janeiro", que conta com a
implantação e a duplicação de trechos de outras rodovias federais, contribuindo para melhorar o
tráfego na BR-101/RJ e no acesso ao Porto de Itaguaí.
2 - INTRODUÇÃO
2.1 - Deliberação que originou o trabalho
Em cumprimento ao Acórdão 367/2012 - Plenário, realizou-se auditoria no Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT, no período compreendido entre 2/3/2012 e
10/7/2012.
As razões que motivaram a presente auditoria foram: i) a existência de contratos (Contrato TT
227/2006 e Contrato TT 267/2009) classificados como Irregularidades Graves com Retenção Cautelar
460
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
(IG-R) em fiscalizações anteriores e ii) o cumprimento da determinação contida no item 9.13 do
Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário.
2.2 - Visão geral do objeto
O objeto desta auditoria consiste nos serviços de duplicação, restauração e obras de arte
especial na rodovia BR-101/RJ, no subtrecho compreendido entre Santa Cruz (km 385,8) e Itacurussá
(km 411,96) e no acesso ao Porto de Itaguaí (km 403,5), no Estado do Rio de Janeiro, perfazendo um
total de 29,66 km, como pode ser observado no mapa inserido ao final deste subitem.
Inicialmente, a execução da obra foi licitada, em sua totalidade, pelo Edital n° 105/2006
(DOU de 27/4/2006), com base em projetos básicos aprovados em novembro/2001 (km 385,8 ao km
415,0 da BR-101/RJ) e abril/2003 (acesso ao Porto de Sepetiba). Sagrou-se vencedor do certame o
Consórcio Carioca / Serveng / Paulista, culminando na assinatura do Contrato TT-227/2006, em
05/10/2006.
No período transcorrido entre a contratação das obras, em 2006, e a aprovação do projeto
executivo, em 2009, o projeto básico foi amplamente alterado. Neste período, reduziu-se o escopo do
contrato original (Contrato 227/2006), que passou a abranger apenas as obras de duplicação (fase
01). Foram suprimidos os serviços de restauração, sinalização, passarelas, acesso ao Porto de
Itaguaí, dentre outros. Apesar da redução do objeto contratual, o valor do Contrato TT-227/2006 foi
incrementado em 24,95%, passando de R$ 142.934.987,85 para R$ 178.598.203,07. Esse contrato foi
encerrado em 31/5/2010.
Para concluir a obra, uma vez que o valor do Contrato TT 227/2006 alcançou o limite de
aditivos permitido pela Lei 8666/1993, o Edital 518/08 foi publicado em 3 de novembro de 2008 com o
seguinte objeto: ''Restauração da pista existente da BR- 101/RJ, e reconstrução da pista da BR-
493/RJ, execução de barreiras New Jersey, construção de 11 (onze) passarelas, execução da pista
interna da Nuclep, execução da correção do caimento transversal das OAEs da BR-101/RJ,
sinalização, drenagem e construção das pontes sobre o rio Cação na BR-493/RJ''.
O Contrato TT 008/2007 foi assinado em 10/1/2007 com o Consórcio Engesur/Projemax/Pacs
(EPP), cujo objeto era a elaboração do projeto executivo e supervisão das obras, mas somente em
janeiro de 2009, após publicação do Edital 518/08, o projeto executivo completo das obras de
duplicação (fase 1) e restauração (fase 2) do trecho da BR-101/RJ foi aprovado por uma comissão
formada por servidores da Superintendência do DNIT/RJ.
Além do contrato de supervisão, a autarquia também celebrou o Contrato PP-182/2007 com a
empresa Concremat Engenharia e Tecnologia para realizar a gestão ambiental dos serviços em
execução.
Da concorrência (Edital 518/08) para execução da chamada fase 2, sagrou-se vencedor,
novamente, o Consórcio Carioca / Serveng / Paulista, que firmou, em 01/06/09, o Contrato TT
267/2009, no valor de R$ 66.432.847,27. Após três Revisões de Projeto em Fase de Obras (RPFO), o
Contrato TT 267/2009 alcançou o montante de R$ 81.748.105,25, ou seja, houve um incremento de
23,05% em relação ao valor inicialmente avençado.
Paralelamente ao Contrato TT 267/2009, o Dnit firmou o Contrato ST 010/2009, assinado com
a empresa Geosonda, para a execução de obras de reforço das cabeceiras das OAEs na rodovia BR
101/RJ.
Na fiscalização realizada no âmbito do Fiscobras 2009 (TC 011.341/2009-1) apontou-se
indício de sobrepreço nos seguintes contratos: i) Contrato TT 227/2006, que resultou posteriormente
na abertura de Tomada de Contas Especial (TC 012.760/2011-0); e ii) Contrato TT 267/2009, que se
tornou objeto da retenção cautelar dos itens relativos à instalação do canteiro e à mobilização de
recursos para a fase 2 da obra. Adicionalmente, consignou-se no relatório a possibilidade de um
eventual ''jogo de planilha'' no Contrato TT 267/2009, razão pela qual o Tribunal determinou no item
461
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
9.13 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário que a Secob-2 reavaliasse o sobrepreço inicialmente
apurado considerando os respectivos aditivos contratuais efetivados após aquela análise inicial.
No mesmo relatório apontava que os Contratos ST 010/2009, TT 008/2007 e PP-182/2007
também continham indícios de sobrepreço e, por isso o Tribunal, por intermédio no Acórdão
1054/2011-TCU-Plenário, determinou a instauração das respectivas Tomadas de Contas Especiais
(TC 012.764/2011-6 e TC 012.767/2011-5).
Assim, o presente relatório tem como objetivo atender ao referido decisum avaliando o
sobrepreço inicialmente apurado no Contrato TT 267/2009, bem como levantar documentos que
poderão ser utilizados na instrução das Tomadas de Contas Especial abertas para os contratos ST
010/2009, TT 008/2007 e PP-182/2007.
2.3 - Objetivo e questões de auditoria
A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras da BR-101/RJ - Adequação Santa
Cruz - Itacurussá - Mangaratiba.
A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo
aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:
1) Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de
mercado?
2) A administração está tomando providências com vistas a regularizar a situação da obra?
2.4 - Metodologia utilizada
No desenvolvimento dos trabalhos, observaram-se os padrões gerais de auditoria definidos no
Roteiro de Auditoria de Obras Públicas, tendo sido utilizadas as matrizes de planejamento e de
achados.
Para responder as questões levantadas, foram utilizadas as seguintes técnicas de auditoria:
a) pesquisa em sistemas informatizados: SIAC (SISDNIT), SIASG e SIAFI;
b) análise documental;
c) visita ''in loco'';
d) análise de preços dos serviços contratados.
2.5 - Volume de recursos fiscalizados
O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 81.748.105,25. O volume de R$
81.748.105,25 (PI) corresponde ao valor do Contrato 267/2009, calculado de acordo com a
orientação contida no item 4.2.1 do Anexo I ao Memorando-Circular nº 12/2011-Segecex.
2.6 - Benefícios estimados da fiscalização
O benefício quantificável para esta fiscalização relativo ao indício de superfaturamento
decorrente de preços excessivos frente ao mercado no Contrato TT 267/2009 será registrado no
âmbito do TC 011.341/2009-1, processo onde o achado foi originalmente registrado.
Pode-se mencionar, também como benefício desta fiscalização, o aumento da expectativa de
controle por parte dos órgãos auditados, em especial para o acompanhamento da retenção cautelar
de valores determinada nos Acórdãos 3025/2009-TCU-Plenário, 2144/2010-TCU-Plenário e
1054/2011-TCU-Plenário.
3 - ACHADOS DE OUTRAS FISCALIZAÇÕES
462
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
3.1 - Achados pendentes de solução
3.1.1 - (IG-R confirmado) Itens instalação/manutenção de canteiros e
mobilização/desmobilização não se encontram detalhados no custo direto da obra. (TC
011.341/2009-1)
Objeto: Contrato TT 267/09-00, Restauração de pista existente, Execução de Barreiras New
Jersey, Construção de 11(onze) passarelas, Execução pista interna da Nuclep, Execução da correção
do caimento transversal das OAEs da Rodovia BR101/RJ, Consórcio Carioca - Serveng - S.A.
Paulista.
Este achado está sendo tratado no processo 011.341/2009-1 e foi considerado confirmado
conforme AC-3.025-53/2009-PL.
Registra-se que o Contrato TT 267/2009 já se encontra praticamente concluído, restando um
pequeno saldo financeiro, que inclui os valores a serem glosados em atendimento ao item 9.12.1 do
Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário. Este item estava com sua eficácia suspensa desde a interposição,
pelo Consórcio Construtor, de pedido de reexame. Os argumentos foram analisados no âmbito do TC
011.341/2009-1 e, por meio do item 9.1 do Acórdão 1379/2012-TCU-Plenário, o Tribunal conheceu
do pedido de reexame para, no mérito, negar-lhe provimento.?
Assim, o Contrato TT 267/2009, que se encontra paralisado desde julho de 2011, deve manter
sua classificação como irregularidade grave do tipo IG-R referente a glosa de valores nos serviços de
Instalação/manutenção de canteiro e de mobilização/desmobilização até que o Dnit comprove o
atendimento ao item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário.?
Propõe-se, então, comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização do Congresso Nacional que o Contrato TT 267/2009 ainda se enquadra como indício de
irregularidade grave do tipo IG-R até que o Dnit apresente documentação que comprove a efetiva
glosa dos serviços, conforme item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário.?
3.1.2 - (IG-R confirmado) Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado.
(TC 011.341/2009-1)
Objeto: Contrato TT-227/2006-00, 17/10/2006, Obras e serviços de duplicação e obras de arte
especiais na rodovia BR-101/RJ, do km 385,80 ao km 411,96, e acesso ao Porto de Sepetiba (km
403,5) , Consórcio Carioca - Serveng - S.A. Paulista.
Este achado está sendo tratado no processo 011.341/2009-1 e foi considerado confirmado
conforme AC-3.025-53/2009-PL.
O Contrato TT 227/2006, concluído em 31/05/2010, está sendo objeto de Tomada de Contas
Espacial (TCE) no âmbito do TC 012.760/2011-0 devido aos indícios de superfaturamento decorrente
de preços excessivos frente ao mercado.?
Uma vez que o termo de verificação e aceitação definitiva dos serviços do referido contrato já
foi emitido pela Superintendência do Dnit no Estado do Rio de Janeiro e que a TCE relativa a esse
indício de irregularidade foi instaurada, observa-se que o Contrato TT 227/2006 não mais se
enquadra no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012).?
Desta feita, propõe-se determinar a Secob-1 que reclassifique o presente contrato, alterando-o
de IG-R para IG-C, bem como comunicar a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização do Congresso Nacional sobre desta reclassificação.?
3.1.3 - (IG-C) Descumprimento de determinação exarada pelo TCU. (TC 005.906/2011-3)
Objeto: Contrato TT-227/2006-00, 17/10/2006, Obras e serviços de duplicação e obras de arte
especiais na rodovia BR-101/RJ, do km 385,80 ao km 411,96, e acesso ao Porto de Sepetiba (km
403,5) , Consórcio Carioca - Serveng - S.A. Paulista.
Este achado está sendo tratado no processo 005.906/2011-3.
463
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
O achado está sendo tratado no âmbito do TC 005.906/2011-3, onde será analisada a
audiência do responsável conforme determinação contida no item 9.1.1 do Acórdão 502/2012-TCU-
Plenário.
3.1.4 - (IG-C) Descumprimento de determinação exarada pelo TCU. (TC 005.906/2011-3)
Objeto: Contrato TT 267/09-00, Restauração de pista existente, Execução de Barreiras New
Jersey, Construção de 11(onze) passarelas, Execução pista interna da Nuclep, Execução da correção
do caimento transversal das OAEs da Rodovia BR101/RJ, Consórcio Carioca - Serveng - S.A.
Paulista.
Este achado está sendo tratado no processo 005.906/2011-3.
O achado está sendo tratado no âmbito do TC 005.906/2011-3, onde será analisada a
audiência do responsável conforme determinação contida no item 9.1.1 do Acórdão 502/2012-TCU-
Plenário.
3.1.5 - (IG-C) Obstrução ao livre exercício da fiscalização pelo TCU. (TC 005.906/2011-3)
Objeto: Contrato TT 267/09-00, Restauração de pista existente, Execução de Barreiras New
Jersey, Construção de 11(onze) passarelas, Execução pista interna da Nuclep, Execução da correção
do caimento transversal das OAEs da Rodovia BR101/RJ, Consórcio Carioca - Serveng - S.A.
Paulista.
Este achado está sendo tratado no processo 005.906/2011-3.
O achado está sendo tratado no âmbito do TC 005.906/2011-3, onde será analisada a
audiência do responsável conforme determinação contida no item 9.1.2 do Acórdão 502/2012-TCU-
Plenário.
3.1.6 - (IG-C) Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado. (TC
011.341/2009-1)
Objeto: Contrato TT 267/09-00, Restauração de pista existente, Execução de Barreiras New
Jersey, Construção de 11(onze) passarelas, Execução pista interna da Nuclep, Execução da correção
do caimento transversal das OAEs da Rodovia BR101/RJ, Consórcio Carioca - Serveng - S.A.
Paulista.
Este achado está sendo tratado no processo 011.341/2009-1.
Em atendimento ao item 9.13 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário (TC 011.341/2009-1),
realizou-se a reavaliação do sobrepreço inicialmente apurado no âmbito do Fiscobras 2009 no
Contrato TT-267/2009 considerando os aditivos da avença, conforme consta no anexo 7.5 deste
relatório.
Constatou-se que o Contrato TT 267/2009 está praticamente concluído. De acordo com
relatório do SISDNIT, 96,10% do valor contratado já foi pago. Ainda se encontram incluídos no
saldo contratual os valores referentes aos serviços de Instalação/manutenção de canteiro e de
mobilização/desmobilização que devem ser glosados conforme item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-
TCU-Plenário.
Na a análise empreendida no anexo 7.5 deste relatório concluiu-se que o indicio de sobrepreço
inicialmente apontado no Contrato 267/2009 passou, após a celebração de três termos aditivos
envolvendo alteração da planilha orçamentária, de R$ 3.116.995,50 para R$ 12.127.770,02.
Assim, em razão da conexão dos assuntos tratados, propõe-se apensar o presente processo ao
TC 011.341/2009-1 para instrução conjunta, remetendo para este processo a realização de eventuais
audiências e oitivas.
4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS Em cumprimento ao disposto no item 9.20 do Acórdão 2382/2011-TCU-Plenário, manteve-se
nestes autos a relatoria do Excelentíssimo Senhor Ministro José Jorge, visto ser o Relator dos TC
012.075/2010-8 e TC 005.906/2011-3, que ainda se encontram abertos.
464
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Além do indício de superfaturamento apontado no anexo a este relatório, a presente auditoria
também levantou documentos que poderão subsidiar a instrução das Tomadas de Contas Especiais -
TCE instauradas pelo item 9.1 do Acórdão 1.054/2011-TCU-Plenário (TC 011.341/2009-1). São três
TCEs abertas que se referem aos seguintes contratos:
- Contrato 227/2006 (TC 012.760/2011-0), sobrepreço em itens da planilha de serviços, que
ratificada pela Medida Cautelar contida no Acórdão 3.025/2009 (Item 9.1.1 do Acórdão 1.054/2011-
TCU-Plenário);
- Contrato 10/2009 (TC 012.764/2011-6), sobrepreço apontado no serviço de ''Jetgrouting''
nas cabeceiras da Ponte sobre o Rio Cação (Item 9.1.2 do Acórdão 1.054/2011-TCU-Plenário);
- Contrato 008/2007 para a supervisão das obras e o Contrato 182/2007 (TC 012.767/2011-5)
que trata da gestão ambiental das obras (Item 9.1.3 do Acórdão 1.054/2011-TCU-Plenário). Como há
um pedido de reexame, contido no TC 011.341/2009-1, os efeitos desta determinação se encontram
suspensos.
Destaca-se ainda que, no item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário (TC
011.341/2009-1), o Tribunal determinou ao Dnit a glosa definitiva de recursos dos serviços de
''Mobilização e desmobilização de canteiro'' e ''Instalação e manutenção de canteiro'' do Contrato TT
267/2009. Houve, contudo, um pedido de reexame da matéria e, portanto, seus efeitos permaneceram
suspensos até 6/6/2012, quando o Tribunal negou provimento ao recurso por intermédio do Acórdão
1379/2012-TCU-Plenário.
Outro procedimento de auditoria foi realizado para avaliar se ainda existem contratos que
recebem recursos do PT 26.782.2075.7630.0033 e se há, por parte da autarquia, interesse em
continuar as obras do acesso ao Porto de Itaguaí. Conforme Ofício 222/2012/SRDNIT/RJ, não
existem contratos vigentes neste PT, mas de acordo com o Superintendente Regional do Dnit Estado
do Rio de Janeiro ''as obras de complementação do trecho de Acesso ao Porto de Itaguaí (BR-493/RJ)
se encontram na dependência de autorização, pela Sede/DNIT, para início dos seus procedimentos
licitatórios''.
Com relação a este trecho, constatou-se ''in loco'' que há uma OAE, com seus encabeçamentos,
recém-construída na estrada de acesso ao Porto de Itaguaí. Essa obra, com aproximadamente 500
metros de extensão, alterou pontualmente o traçado da pista que liga a BR-101/RJ e o Porto.
Conforme explicitou o fiscal da obra, o Sr. Arysson, a nova variante foi doada pela empresa LLX e,
por isso, o contrato de supervisão foi reativado para acompanhar as obras em execução pela referida
empresa. Observa-se por meio da imagem extraída do Google Earth na data de 15/7/2011, contida no
anexo ''Mudança de traçado do acesso ao Porto'', que após esta obra há alteração de traçado no
acesso ao porto. À época, a obra ainda não estava terminada, mas conforme informado, seria
inaugurada em 19/3/2012, juntamente com a restrição de acesso ao trecho antigo.
Ainda sobre o acesso ao porto, as justificativas apresentadas pelo consórcio supervisor para
alteração dos quantitativos dos serviços contido na 3ª RPFO as justificativas para a redução de
quantitativos do projeto incluem: i) os serviços de acesso ao porto não tem liberação para execução
dos serviços por causa da necessidade de remanejamento prévio de três adutoras da Companhia de
Água e Esgoto do Estado (CEDAE), e ii) os serviços a serem executados no acesso interno da
Nuclebrás Equipamentos Pesados (NUCLEP) foram suprimidos devido a falta de licença ambiental
emitida para supressão vegetal e início das atividades.
Além do acesso ao porto, verificou-se, na visita a obra, que, provavelmente, as obras a serem
licitadas incluem a construção de um viaduto que dará mais segurança a estrada de acesso à
Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). Atualmente, os caminhões que chegam ou partem deste
destino necessitam cruzar as duas faixas de rolamento da BR-101/RJ, após transitarem em um retorno
adaptado, como pode ser verificado no anexo ''Retorno e acesso à CSA'' e no anexo fotográfico.
Considerando o volume diário de caminhões que atravessam a rodovia e o fluxo de veículos que
transitam em alta velocidade, o local se tornou um ponto crítico na rodovia.
465
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
As alterações de projeto contempladas nos Contratos TT 227/2006 e TT 267/2009, bem como
as modificações efetuadas pela LLX no acesso ao Porto de Itaguaí e no retorno de acesso à CSA, e,
ainda, conhecendo o intuito da SRDNIT/RJ em licitar as obras remanescentes, mostra-se necessário
atualizar o traçado da rodovia e, consequentemente, o projeto executivo a ser licitado.
Desta feita, sabendo que, tanto o Contrato TT 227/2007 quanto o TT 267/2009 foram objeto de
Revisão de Projeto em Fase de Obras com reflexos financeiros próximos a 25% daqueles inicialmente
contratados e que estes aditivos contribuíram para os indícios de irregularidades apontado nos
Fiscobras 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012, destaca-se que o projeto executivo aprovado, cujo escopo
contempla as obras de duplicação e restauração já concluídas, não atende as obras remanescentes
como preconiza o art. 6 da lei 8.666/1993.
Propõe-se, desta forma, dar ciência ao Dnit para que somente licite os trechos remanescentes
após atualização completa do projeto executivo do acesso ao Porto de Itaguaí (Sepetiba) e sua nova
variante, bem como do projeto do viaduto de acesso à Companhia Siderúrgica do Atlântico, evitando
que novo contrato, baseado em projeto executivo desatualizado, seja assinado.
Por fim, cumpre informar que o Acórdão 645/2012-TCU-Plenário (TC 007.286/2008-3) e o
Acórdão 502/2012-TCU-Plenário (TC 005.906/2011-3), referentes a esta obra, foram exarados pelo
Tribunal durante o período de auditoria. Enquanto o primeiro julgou as defesas apresentadas pelos
responsáveis naquele processo, o segundo determinou a realização das audiências em relação aos
indícios de irregularidade apontados no Fiscobras 2011.
5 - CONCLUSÃO Diante da análise efetuada, conclui-se que o Contrato TT 267/2009 está com indícios de
superfaturamento da ordem de R$ 12.127.770,02, na data base maio 2008. Destaca-se que os cálculos
foram realizados considerando a última medição disponível no SISDNIT (20ª medição), utilizando
preferencialmente os referenciais o Sicro-2 e o Sinapi adaptados a realidade da obra, conforme
estabelece o caput do art. 125 da Lei 12.465/2011 (LDO 2012).
Destaca-se que alguns preços dos serviços já haviam sido analisados tanto no âmbito do
Fiscobras 2009 quanto na Instrução do TC 011.341/2009-1. Dessa forma, o indício de
superfaturamento apontado na presente análise alinhou-se aos indícios de sobrepreço apontados no
relatório de auditoria de 2009.
No voto do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário referente ao TC 011.341/2009-1, o Ministro
Relator destacou que deixou de avaliar temporariamente as responsabilidades do Sr. Rodrigo Antônio
Ribeiro da Costa e do Sr. Marcelo Cotrim Borges quanto ao indício de sobrepreço no referido
contrato para que, se constatado sobrepreço ou superfaturamento em futuras fiscalizações, fosse
possível aplicar as multas propostas pela unidade técnica na instrução sem ocorrer em ''bis in idem'',
bem como avaliar a possibilidade de instaurar Tomada de Contas Especial.
Desta forma, uma vez que se constatou indício de superfaturamento no Contrato TT 267/2009
originalmente apontado no Fiscobras 2009 (TC 011.341/2009-1), consoante anexo 7.5 deste relatório,
propõe-se apensar o presente processo ao TC 011.341/2009-1 para realização de audiência dos
responsáveis, oitiva da Superintendência do Dnit no Estado do Rio de Janeiro e do Consórcio
Construtor.
Ademais, em relação ao interesse da autarquia em licitar o trecho remanescente da obra
atenta-se, conforme ponderações realizadas nos esclarecimentos adicionais, ao fato de que o Projeto
Executivo da obra ainda necessita ser ajustado para atender o §2º do art. 7 da Lei 8666/1993, visto
que: i) houve mudança de traçado no acesso ao porto, ii) ainda há interferências de adutoras
localizadas na projeção da pista, iii) não há licença ambiental para iniciar os trabalhos no acesso
interno da NUCLEP e iv) houve alteração no trânsito de acesso a CSA. Propõe-se, assim, dar ciência
ao Dnit para que o projeto executivo das obras remanescentes do trecho da BR-101/RJ e seus acessos
está desatualizado e não atende ao referido artigo da lei de licitações.
466
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
O benefício quantificável para esta fiscalização relativo ao indício de superfaturamento
decorrente de preços excessivos frente ao mercado no Contrato TT 267/2009 será registrado no
âmbito do TC 011.341/2009-1, processo onde o achado foi originalmente registrado.
Pode-se mencionar, também como benefício desta fiscalização, o aumento da expectativa de
controle por parte dos órgãos auditados, em especial para o acompanhamento da retenção cautelar
de valores determinada nos Acórdãos 3025/2009-TCU-Plenário, 2144/2010-TCU-Plenário e
1054/2011-TCU-Plenário.
6 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Sr.
Ministro-Relator José Jorge, com a(s) seguinte(s) proposta(s):
I) Dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura Rodoviária – DNIT e
especialmente à Superintendência Regional do DNIT no Estado do Rio de Janeiro que os projetos
básicos ou executivos desatualizados são ineptos para fundamentar eventual processo licitatório para
execução do remanescente das obras da BR-101/RJ no trecho entre Mangaratiba e Itacurussá e do
acesso ao Porto de Itaguaí, pois não atendem aos requisitos estabelecidos no art. 7º, incisos I e II, c/c
art. 6º, incisos IX e X, todos da Lei n. 8.666/1993;
II) Determinar à 2ª Secretaria de Fiscalização de Obras do Tribunal de Contas da União
(Secob-2) que apense o presente processo ao TC 011.341/2009-1, em razão da conexão dos assuntos
tratados (indício de sobrepreço apontado no Contrato TT 267/2009), remetendo as eventuais
audiências e oitivas para serem realizadas no âmbito daquele processo;
III) Determinar à 1ª Secretaria de Fiscalização de Obras do Tribunal de Contas da União
(Secob-1) que proceda, no sistema Fiscalis, a reclassificação do achado de auditorias anteriores 3.1.2
do presente relatório que trata do indício de Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao
mercado apontado no Contrato TT 227/2006 referente às obras de duplicação e obras de arte
especiais na rodovia BR-101/RJ, trecho localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de
Itaguaí, de irregularidade grave com recomendação de retenção (IG-R) para irregularidade grave
com indicação de continuidade (IG-C);
IV) Comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do
Congresso Nacional que, conforme tratado no item 3.1.1 deste relatório, o indício de irregularidade
grave do tipo IG-R constatado em auditoria realizada em 2009, que se enquadra no disposto no inciso
IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), apontado no Contrato TT 267/2009 relativo aos
serviços de Instalação/manutenção de canteiro e mobilização/desmobilização de restauração e demais
serviços remanescentes da BR-101/RJ no trecho localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao
porto de Itaguaí, subsiste e que seu saneamento depende da apresentação de documentação que
comprove a efetiva glosa dos serviços mencionados em atendimento ao item 9.12.1 do Acórdão
1054/2011-TCU-Plenário;
V) comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que, conforme tratado no item 3.1.2 deste relatório, devido a conclusão dos serviços do
Contrato TT 227/2006, consoante apresentação do Termo de Verificação e Aceitação definitivo
assinado em 31/5/2010, o indício de irregularidade grave do tipo IG-R constatado no âmbito do
Fiscobras 2009, apontado no Contrato TT 227/2006 relativo aos serviços de duplicação da BR-101/RJ
no trecho localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, não mais se
enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), tendo sua
classificação sido alterada para IG-C (inciso VI do § 1º do art. 91 da mesma Lei).
À consideração superior.”
É o Relatório.
VOTO
467
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Trata-se de auditoria de conformidade realizada, no âmbito do Fiscobras 2012, nas obras de
duplicação e recuperação da BR 101/RJ, no subtrecho compreendido entre Santa Cruz (Km 385,8) e
Itacuruçá (Km 411,96), e do acesso ao Porto de Itaguaí (no Km 403,5 da BR 101/RJ), que já estão
concluídas e foram conduzidas pela Superintendência Regional do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes no Estado do Rio de Janeiro – Dnit/RJ.
2. Em continuidade aos trabalhos de fiscalização executados no âmbito do Fiscobras 2009, a
presente auditoria teve como objetivo principal concluir a análise do indício de sobrepreço detectado
no Contrato TT 267/2009, e respectivos aditivos, firmado com o Consórcio Carioca/Serveng/Paulista
para a execução da segunda fase das obras em comento, em cumprimento ao subitem 9.13 do Acórdão
1054/2011 – Plenário (TC 011.341/2009-1), da minha relatoria:
“9.13. determinar à Secob-2 que, no âmbito do Fiscobras 2011, reavalie o sobrepreço
inicialmente apurado, no âmbito do Fiscobras 2009, no Contrato TT-267/2009, firmado entre o Dnit e
o Consórcio Carioca/Serveng/Paulista, para a execução da segunda fase das obras do
empreendimento em questão, considerando-se para tanto os respectivos aditivos contratuais
efetivados após aquela análise inicial, sem prejuízo de autorizar, desde logo, as medidas necessárias à
instrução do feito;”
3. É de se consignar que, além do referido contrato, foram identificadas naquela ocasião
(Fiscobras 2009) irregularidades em outros ajustes celebrados no âmbito do empreendimento em
questão, com destaque para o sobrepreço apontado no Contrato TT 227/2006, também firmado com o
Consórcio Carioca/Serveng/Paulista para execução da primeira fase das obras, sendo que, por meio do
Acórdão 1.054/2011 – Plenário, foi determinada a constituição de processos apartados de tomadas de
contas especiais para apuração das ocorrências, com a manutenção de retenção cautelar expedida à
época.
4. Conforme o relatório da equipe de auditoria, embora não tenham sido levantadas novas
impropriedades ou irregularidades, a unidade técnica salienta que, em relação ao sobrepreço verificado
no Contrato TT 267/2009, o montante passou de R$ 3.116.995,50 para R$ 12.127.770,02, após a
celebração dos termos aditivos contratuais pertinentes a 1ª e 2ª Revisão de Projeto, cuja possibilidade,
aliás, já havia sido por mim aventada no Voto condutor da mencionada deliberação.
5. Nada obstante, em virtude da correlação dos assuntos, mostra-se pertinente a proposta da
unidade técnica de promover o apensamento dos presentes autos ao TC 011.341/2009-1 (Fiscobras
2009), de modo que se realize naquele processo a análise da irregularidade como um todo, evitando-se,
assim, a emissão de posicionamentos conflitantes, motivo porque deixo de formular qualquer juízo
sobre a matéria no presente momento.
6. Adicionalmente, em face da informação do Dnit/RJ acerca da possibilidade de realização de
licitação para contratação de obras de complementação do trecho de acesso ao Porto de Itaguaí, a
equipe de auditoria identificou a presença de interferências no local das obras, as quais eram
inexistentes outrora e que por isso demandam a atualização do traçado da rodovia e,
consequentemente, do projeto executivo. Assim, afigura-se pertinente e oportuna a proposta da Secob-
2 de se dar ciência ao Dnit sobre essa constatação para as providências cabíveis.
7. Desta forma, acompanho a proposta formulada pela unidade técnica, sem prejuízo de expedir
comunicação à Comissão Mista de Orçamento de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do
Congresso Nacional com vistas a atualizá-la das informações anteriormente prestadas por este Tribunal
sobre o empreendimento em questão.
Com essas considerações, VOTO por que seja adotada a deliberação que ora submeto à
apreciação deste Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 22 de agosto de 2012.
JOSÉ JORGE
Relator
468
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ACÓRDÃO Nº 2233/2012 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 006.171/2012-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto V: Relatório de Auditoria.
3. Interessado/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional.
3.2. Responsáveis: Arysson Siqueira Silva (678.235.057-20); Jorge Ernesto Pinto Fraxe
(108.617.424-00); Marcelo Cotrim Borges (866.943.407-53); Rodrigo Antônio Ribeiro Costa
(747.267.907-06); Wanderson Lopes da Silva (452.014.556-20).
4. Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit/MT.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras 2 (SECOB-2).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Levantamento auditoria realizado, no âmbito do
Fiscobras 2012, nas obras de duplicação e recuperação da BR 101/RJ, no subtrecho compreendido
entre Santa Cruz (km 385,8) e Itacurussá (km 411,96), e do acesso ao Porto de Itaguaí (no Km 403,5
da BR 101/RJ), conduzidas pela Superintendência Regional do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes no Estado do Rio de Janeiro – Dnit/RJ.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura Rodoviária – DNIT, especialmente
à Superintendência Regional do DNIT no Estado do Rio de Janeiro, que os projetos básicos e
executivos desatualizados são ineptos para fundamentar eventual processo licitatório para execução do
remanescente das obras da BR-101/RJ no trecho entre Mangaratiba e Itacurussá e do acesso ao Porto
de Itaguaí, pois não atendem aos requisitos estabelecidos no art. 7º, incisos I e II, c/c art. 6º, incisos IX
e X, todos da Lei n. 8.666/1993;
9.2. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que:
9.2.1. consoante apurado em fiscalização deste Tribunal (item 3.1.1 do relatório da equipe de
auditoria), o indício de irregularidade grave do tipo IG-R constatado em auditoria realizada em 2009,
que se enquadra no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), apontado
no Contrato TT 267/2009 relativo aos serviços de Instalação/manutenção de canteiro e
mobilização/desmobilização de restauração e demais serviços remanescentes da BR-101/RJ no trecho
localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, subsiste e que seu saneamento
depende da apresentação de documentação que comprove a efetiva glosa dos serviços mencionados em
atendimento ao item 9.12.1 do Acórdão 1054/2011-TCU-Plenário;
9.2.2. consoante apurado em fiscalização deste Tribunal (item 3.1.2 do relatório da equipe de
auditoria), em face da conclusão dos serviços do Contrato TT 227/2006, conforme Termo de
Verificação e Aceitação definitivo assinado em 31/5/2010, o indício de irregularidade grave do tipo
IG-R constatado no referido ajuste no âmbito do Fiscobras 2009, referente aos serviços de duplicação
da BR-101/RJ no trecho localizado entre Santa Cruz e Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, não
mais se enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), tendo
sua classificação sido alterada para IG-C (inciso VI do § 1º do art. 91 da mesma Lei).
9.3. determinar à Secob-1 que proceda, no sistema Fiscalis, a reclassificação do achado de
auditorias anteriores do presente relatório (item 3.1.2), alusivo ao indício de Sobrepreço decorrente de
preços excessivos frente ao mercado apontado no Contrato TT 227/2006 referente às obras de
469
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
duplicação e obras de arte especiais na rodovia BR-101/RJ, trecho localizado entre Santa Cruz e
Itacurussá e acesso ao porto de Itaguaí, de irregularidade grave com recomendação de retenção (IG-R)
para irregularidade grave com indicação de continuidade (IG-C);
9.4. determinar à Secob-2 que promova o apensamento dos presentes autos ao TC
011.341/2009-1, em razão da conexão dos assuntos tratados (indício de sobrepreço apontado no
Contrato TT 267/2009), remetendo a análise das constatações efetivadas pela Secob-2 deste Tribunal
para o âmbito daquele processo.
10. Ata n° 33/2012 – Plenário.
11. Data da Sessão: 22/8/2012 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2233-33/12-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz,
Raimundo Carreiro, José Jorge (Relator), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
(Assinado Eletronicamente)
JOSÉ JORGE
Presidente Relator
Fui presente: (Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I – CLASSE I – Plenário
TC 010.715/2010-0 [Apenso: TC 014.173/2008-0]
Natureza: Recurso de Reconsideração (em Tomada de Contas Especial)
Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT
Recorrente: Castellar Engenharia Ltda. (02.955.426/0001-24)
Advogados constituídos nos autos: Nayron Sousa Russo (OAB/MG 106.011); David Salim
Santos Hosni (OAB/MG 130.777); Tathiane Vieira Viggiano Fernandes (OAB/DF 27.154).
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. PROGRAMA EMERGENCIAL DE
TRAFEGABILIDADE E SEGURANÇA NAS ESTRADAS (PETSE). INOBSERVÂNCIA DA
INSTRUÇÃO DE SERVIÇO DNIT 2/2006. PREÇOS CONTRATADOS SEM O DESCONTO
MÍNIMO DE 20% SOBRE OS VALORES DO SICRO. PAGAMENTOS INDEVIDOS. CONTAS
IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. CONHECIMENTO.
RAZÕES INSUFICIÊNTES PARA ALTERAR A DELIBERAÇÃO ATACADA. NEGATIVA DE
PROVIMENTO. COMUNICAÇÕES.
RELATÓRIO
Cuidam os autos de recurso de reconsideração interposto pela empresa Castellar Engenharia
Ltda., em face do Acórdão 1.387/2011-Plenário, por meio do qual este Tribunal, ao apreciar tomada de
contas especial instaurada em decorrência de débito apurado nas obras rodoviárias emergências da BR
470
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
476-PR, executadas no âmbito do Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas
(PETSE), julgou irregulares suas contas, condenou-a em débito e multa.
2. As alegações recursais então trazidas à baila foram apreciadas pela Secretaria de Recursos
desta Casa (Serur), nos termos da instrução a seguir reproduzida, com cujo encaminhamento
alinharam-se os dirigentes da unidade (peças 37, 38 e 39):
“HISTÓRICO
2. Cuidam os autos de tomada de contas especial oriunda de conversão do TC 014.173/2008-0
(processo de fiscalização), determinada pelo Acórdão 780/2010 – TCU – Plenário (peça 1, p. 12-13),
em face de irregularidade identificada em Levantamento de Auditoria (TC 002.301/2006-2 –
Fiscobras 2006) realizado pela Secex/PR no âmbito do Programa Emergencial de Trafegabilidade e
Segurança nas Estradas – PETSE, especificamente nas obras rodoviárias emergenciais da BR 476,
envolvendo débito pertinente ao pagamento de serviços sem o desconto de 20% sobre os preços da
Tabela SICRO 2, conforme estabelecido na Instrução de Serviço Dnit nº 2, de 7/1/2006.
3. O débito identificado pela Secex/PR na aplicação dos recursos do PETSE refere-se ao
contrato UT-09-011/2006, no valor total de R$ 4.858.319,97, firmado com a empresa Castellar
Engenharia, para a execução de obras rodoviárias emergenciais na BR-476, no trecho compreendido
entre o entroncamento com a PR-151 (B)/364 (São Mateus do Sul) e o entroncamento com a
BR-466(A) (Ponte Manoel Ribas), do km 277,9 ao km 364,2.
4. Constataram-se pagamentos de serviços sem contemplar o desconto de 20% sobre os
preços da tabela SICRO2, conforme o disposto da Instrução de Serviço Dnit nº 2, de 7/1/2006.
Apurou-se o débito relativo ao somatório dos valores pagos a maior, abaixo discriminados:
Data Valor (R$)
31/1/2006 15.531,79
28/2/2006 34.519,21
31/3/2006 247.388,51
28/4/2006 229.199,17
31/5/2006 140.884,53
TOTAL 667.523,21
5. Em 2006, houve seis fiscalizações no Paraná, no âmbito do PETSE, relacionadas à questão
de pagamentos que não contemplavam o citado desconto de 20%. Os relatórios encontram-se nos TC
002.302/2006-0, TC 002.385/2006-0, TC 003.392/2006-1, TC 002.003/2006-0, TC 002.004/2006-8 e
TC 002.301/2006-2.
6. Em todos os casos já houve decisão definitiva com o entendimento de que o desconto de
20% deveria ser aplicado.
7. Especificamente no presente caso, processo originário TC 002.301/2006-2, ficou expresso
no Acórdão 395/2008-TCU-Plenário:
9.1.1.1. somente efetue pagamentos para os serviços executados pela contratada até o limite de
80% dos preços constantes do SICRO do Estado do Paraná de janeiro de 2006, em respeito aos
termos da Instrução de Serviço Dnit nº 2, de 7/1/2006, art. 1º, inciso II; ou, alternativamente,
9.1.1.2. para os serviços cujos preços unitários ultrapassem o referido percentual, previamente
à realização de qualquer pagamento, submeta ao Diretor de Infra-Estrutura Terrestre desse
Departamento a respectiva composição unitária do preço ofertado, acompanhada das devidas
justificativas a que se refere o inciso III do art. 1º da Instrução de Serviço Dnit nº 2, de 7/1/2006,
encaminhando à Secex/PR cópia da referida documentação;
8. Tendo em vista que a maior parte dos pagamentos para a empresa Castellar Engenharia
Ltda. já haviam sido realizados, foi prolatado o Acórdão 1.472/2008 – TCU - Plenário com vistas à
recuperação dos valores:
9.1. determinar ao Diretor-Geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
Transportes e à Superintendência Regional do Dnit no Estado do Paraná que adotem, no prazo de 60
(sessenta) dias contados da ciência desta deliberação, as medidas cabíveis com vistas à recuperação
471
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
dos valores pagos indevidamente à empresa Castellar Engenharia de Obras no âmbito do Contrato
UT-09-011/2006, conforme entendimento manifestado por este Tribunal por meio dos Acórdãos
1.395/2006 e 395/2008, ambos do Plenário, sem prejuízo da instauração da devida tomada de contas
especial, sob pena de responsabilidade solidária das autoridades competentes e da empresa
beneficiária;
9. Insatisfeita com o teor dessa deliberação, a empresa Castellar Engenharia Ltda. interpôs
pedido de reexame. Este Tribunal, ao apreciar a peça recursal, mediante o Acórdão 1.002/2009 –
TCU – Plenário, deu-lhe provimento, tornando insubsistente a determinação acima transcrita (item
9.1 do Acórdão 1.472/2008 – TCU – Plenário), considerando que a documentação apresentada pela
recorrente deve merecer exame mais aprofundado no âmbito da Secex/PR, para então poder concluir
se houve ou não irregularidade nos pagamentos efetuados. Desta forma, retornaram-se os autos ao
relator a quo para as medidas cabíveis.
10. Em seguida a Secex/PR realizou novos levantamentos e o relato completo da situação,
apontando a responsabilização, a composição do débito e os documentos comprobatórios, que se
encontram no TC 014.173/2008-0, apensado ao presente processo e que foi julgado pelo Plenário do
Tribunal em 14/4/2010, mediante o já citado Acórdão 780/2010 – TCU – Plenário (peça 1, p. 12-13),
com entendimento de conversão dos autos na presente tomada de contas especial.
11. Os responsáveis arrolados, a empresa Castellar Engenharia Ltda. e o Sr. David José de
Castro Gouvea, ex-Superintendente Regional do Dnit no Paraná, foram citados solidariamente pelos
valores pagos a maior levantados pela Secex/PR (peça 1, p. 14-17). Em resposta, apresentaram
alegações de defesa (peça 1, p. 21-31 e p. 33-37, respectivamente), mas não foram consideradas
suficientes para elidir as irregularidades a eles atribuídas.
12. Dando-se prosseguimento ao processo, o Tribunal, entendendo pela existência dos débitos
apontados, julgou, mediante o Acórdão 1.387/2011 - TCU - Plenário (peça 2, p. 31-32), as presentes
contas irregulares, condenando os citados responsáveis em débito solidário, como ainda aplicou-lhes
multas, individualmente.
13. Inconformada com a decisão, a empresa Castellar Engenharia Ltda. comparece aos autos,
apresentando recurso de reconsideração, formulado nas peças 6 e 7, que é agora analisado.
ADMISSIBILIDADE
14. Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (peça 7, p. 49-50), ratificado à fl. 52 pelo
Exmo. Ministro-Relator José Jorge, que concluiu pelo conhecimento do recurso, suspendendo-se os
efeitos dos itens 9.1, 9.3 e 9.4 do Acórdão 1.387/2011 – TCU - Plenário, eis que preenchidos os
requisitos processuais aplicáveis à espécie.
MÉRITO
Argumentos:
15. Em linhas gerais a recorrente reforça argumentos já apresentados, repisando que todas as
normas vigentes em relação ao PETSE foram atendidas para celebração do contrato em questão e
que, se considerada uma adequada análise de economicidade do valor contratual, houve um desconto
efetivo de aproximadamente 20% em relação ao orçamento real elaborado conforme as orientações
do Manual de Custos Rodoviários e os referenciais do SICRO. No intuito de demonstrar sua tese,
apresenta as considerações a seguir.
16. É idônea a utilização do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias - SICRO como referência
para a análise de preços praticados nas obras rodoviárias em geral. Considerando que os preços
contratuais em questão estão abaixo do SICRO, não há que se falar em dano ao erário.
17. Fato é que não houve qualquer irregularidade na celebração do Contrato UT-09-
011/2006, tendo o processo de dispensa de licitação atendido corretamente a todas as normas
regulamentadoras vigentes à época da aceitação da proposta, não havendo que se falar em valores
recebidos a maior ou necessidade de restituição ao erário.
18. O PETSE foi instituído por meio da Portaria n. 1.806/05. Trata-se de programa de
recuperação emergencial de trechos de rodovias federais consideradas em estado precário, adotando,
472
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
por esse motivo, a prerrogativa de dispensa de licitação para celebração de contratos para prestação
de serviços emergenciais de recuperação das estradas, até que fosse possível promover os
procedimentos licitatórios adequados para a contratação desses serviços.
19. Em 6/1/2006, por meio do Ofício n. 011/06 (doc. 4), o DNIT convocou este recorrente para
iniciar as obras do PETSE na BR 476/PR. Ainda em 6/1/2006, a Castellar apresentou sua proposta ao
Dnit (doc. 5), baseada no orçamento elaborado pela Autarquia (doc. 6), que prontamente aceitou o
valor proposto e, de imediato, já em 9/1/2006, os serviços foram efetivamente iniciados, como pode
ser comprovado pelo Diário de Obras de mesma data (doc. 7).
20. Somente após a aceitação da proposta, estabelecimento do vínculo entre o DNIT e a
Castellar e efetivo início dos serviços, já com a formação do equilíbrio econômico-financeiro do
contrato, é que foi publicada, em 11/1/2006, a Instrução de Serviços do DNIT n. 02/2006 (doc. 8), a
qual instituiu o desconto de 20% em relação aos preços do SICRO como condição para a celebração
de Contratos do PETSE.
21. Como se pode perceber, em verdade, por ter sido publicada em momento posterior à
aceitação pelo DNIT da proposta da Castellar e início efetivo da prestação dos serviços emergenciais,
a IS 02/2006 não pode retroagir seus efeitos para prejudicar a relação perfeitamente estabelecida em
momento anterior, sob pena de gerar enorme insegurança jurídica entre o particular contratado e o
DNIT.
22. A obrigatoriedade de oferecer descontos iguais ou superiores a 20% do referencial do
SICRO passou a vigorar somente a partir de 11/1/2006, não podendo se exigir tal condição para as
propostas oferecidas e aceitas anteriormente a sua vigência.
23. Acerca da não retroatividade das normas, a jurisprudência desta Corte de Contas já
apontou, por diversas vezes, a inadequação de se analisar fato anterior com norma posterior.
24. Se de outra forma a proposta houvesse sido apresentada posteriormente à publicação da IS
2/2006 e o DNIT tivesse exigido o desconto de 20% em relação ao primeiro orçamento que havia sido
apresentado — que conforme se verificou posteriormente no processo de dispensa possuía sérias
deficiências, que foram então corrigidas —, certamente este recorrente não teria concordado com os
termos do acordo e não aceitaria executar os serviços.
25. Desse modo, como se pode perceber, o contrato foi regularmente acertado conforme a
Portaria 1.806/05, norma vigente à data de aceite da proposta, cuja condição estabelecida para
celebração do contrato era a de oferecer preços conforme o SICRO, o que efetivamente foi feito,
obtendo-se, inclusive, um preço 8,86% inferior ao do orçamento, o qual, como se verificará abaixo,
não contempla todos os serviços e custos necessários para realização do objeto licitado.
26. O processo de dispensa de licitação atendeu a todos os requisitos legais que regem a
matéria. A caracterização da situação emergencial restou registrada nos motivos da citada Portaria
n. 1.806/05. Já as razões de escolha do executante e da justificativa do preço foram devidamente
registradas no processo administrativo de dispensa de licitação por meio do documento denominado
‘Justificativa dos preços praticados e dos descontos em relação à tabela do SICRO/SC (Setembro/05)
nos contratos do PETSE’ (doc. 9).
27. Como se pode perceber do referido documento, foram pesquisadas três empresas antes de
se convidar a Castellar para os serviços, tendo a proposta desta recorrente se mostrado a mais
vantajosa, tanto em relação ao primeiro orçamento apresentado (desconto de 8,86%), quanto em
relação ao orçamento corrigido (desconto de 20,02%), demonstrando indiscutivelmente a vantagem
do preço dado em relação à eventual licitação promovida para contratação dos serviços.
28. Após o processo de dispensa de licitação, atendendo a todos os requisitos das normas
vigentes à época de aceitação da proposta e início dos serviços, foi devidamente aprovado pela
Diretoria de Infraestrutura Terrestre do DNIT, em 29/3/2006 (doc. 9), e pela Diretoria Geral em
30/3/2006 (doc. 10).
29. Neste contexto, deve-se esclarecer que, não obstante as formalidades do processo de
dispensa terem sido efetuadas após o início dos serviços, culminando com a formalização do Contrato
473
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
UT-09-011/2006 em 13/4/2006, o efetivo vínculo contratual entre a Castellar e o DNIT já foi
estabelecido em 6/1/2006, com a apresentação e aceitação da proposta.
30. A demora na formalização deveu-se ao já demonstrado caráter emergencial dos serviços,
que, por questões de segurança de trafegabilidade nas estradas, não poderiam aguardar o
desenvolvimento burocrático do processo administrativo.
31. Tal situação já foi considerada regular pelo TCU nos contratos do PETSE. Como
considerou a própria Unidade Técnica no relatório do Acórdão ora recorrido, ‘é verdade que as
obras foram executadas sem amparo contratual de janeiro a abril de 2006 e, pela excepcionalidade
dos fatos que envolveram o PETSE em todo o País, o Tribunal considerou a questão’.
32. Demonstrada a total regularidade da avença, ainda que se considere que havia a
obrigação desta Recorrente em oferecer o desconto de 20% propugnado na IS 2/2006, o que se admite
apenas por argumentar, é certo que, se corretamente avaliada a economicidade do valor do contrato
em relação ao orçamento da obra elaborado com base nas orientações do Manual de Custos
Rodoviários do DNIT e nos referenciais adequados do SICRO, verifica-se desconto de cerca de 20%,
como se passa a demonstrar.
33. Apesar de a proposta de preços da Castellar já oferecer um desconto de 8,86% em relação
ao orçamento original do processo de dispensa de licitação, o que por si já seria suficiente para
atender as normas em vigência quando de sua apresentarão e aceitação, é certo que aquele
orçamento não se mostrava adequado para embasar o processo de dispensa de licitação, uma vez que
não contemplava todas as despesas necessárias à realização do objeto.
34. Como já exposto, esta situação de insuficiência do primeiro orçamento apresentado pelo
DNIT foi verificada ainda no processo de dispensa de licitação, de modo que foram tomadas as
medidas consideradas à época adequadas para saneá-lo e, assim, possibilitar a correta avaliação da
economicidade do preço contratado.
35. No entanto, essa tentativa de adequar o orçamento às finalidades do processo foi mal
interpretada pelo TCU, que entendeu a inclusão dessas despesas no orçamento referencial como uma
manobra para inchar os preços e obter o desconto em questão, o que não é verdade.
36. Primeiramente porque, por não se aplicar obrigatoriamente o desconto de 20% a este
contrato, não havia a necessidade de se demonstrar um desconto dessa monta para validar a proposta
apresentada pela Castellar em 6/1/2006. Essa proposta já havia se mostrado vantajosa e estava
conforme as exigências legais à época de sua apresentação e aceitação.
37. Acontece que se identificou que o orçamento original do DNIT deixou de contemplar custos
necessários à execução das obras e que devem, necessariamente, ser considerados em qualquer
análise de economicidade que se realize em relação a estes ou a qualquer outro serviço, sob pena de
se apresentar como orçamento fictício, que não reflete adequadamente a realidade da obra a que se
refere.
38. O orçamento tem suporte teórico-conceitual na Engenharia de Custos e deve ser capaz de
refletir a estimativa de todos os custos necessários para execução adequada do empreendimento.
39. Diante disso, procurou-se adequar o orçamento à realidade de uma eventual licitação,
conforme entendimento do DNIT à época, adequando as seguintes questões e gerando um segundo
orçamento (doc. 11):
a) adequação do referencial de preços utilizado, para melhor representatividade das médias de
mercado;
b) inclusão das despesas de mobilização e desmobilização desconsideradas no orçamento
inicial; e
c) inclusão das despesas de instalação e manutenção de canteiro de obras, desconsideradas no
orçamento inicial.
40. Reafirmamos que tal procedimento não foi uma tentativa do DNIT de inchar o orçamento
original para legitimar uma contratação fora das bases normativas. O que houve foi uma adequação
do orçamento para correta reflexão da realidade e assim, demonstrar no processo de dispensa que o
474
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
orçamento da Castellar, naquele momento, era o melhor que se poderia obter para a administração,
tendo, inclusive, um desconto superior àquele proposto pela norma que foi posteriormente publicada
pelo DNIT.
41. Especificamente em relação à mobilização e desmobilização e manutenção de canteiro, a
Castellar já havia demonstrado em suas manifestações anteriores a necessidade de inclusão destas
despesas no orçamento referencial das obras.
42. A parcela de mobilização compreende as despesas para transportar, desde sua origem até
o local onde se implantará o canteiro da obra, os recursos humanos, bem como todos os equipamentos
e instalações necessários para execução das obras.
43. Ocorre que o DNIT não tinha conhecimento de qual licitante seria contratada (3 empresas
apresentaram propostas), tampouco teria condições de mensurar ou avaliar de onde os equipamentos
e equipes seriam transportados.
44. Consequentemente, de fato era indispensável apresentar um custo estimado para o item
mobilização/desmobilização que refletisse a realidade das obras.
45. Da mesma forma, era necessário considerar um custo para remunerar as despesas com os
serviços de instalação e manutenção de canteiro que refletisse a expectativa do DNIT de gastos com a
construção e manutenção das edificações e de suas instalações destinadas a abrigar o pessoal
(alojamentos, refeitórios, sanitários, etc.) e as dependências necessárias à obra (escritórios,
laboratórios, oficinas, almoxarifados, etc.).
46. As próprias normas do DNIT vigentes à época da elaboração do orçamento determinavam
expressamente a inclusão destes valores no referencial, como dispões a Instrução de Serviço n.
01/2004 do DNIT (doc. 12).
47. Assim, por se tratar de despesas efetivas que seriam suportadas pela contratada, o DNIT,
no segundo orçamento, após reconhecer que houve erro ao desconsiderar estes custos na análise da
economicidade das propostas apresentadas, considerou as despesas com mobilização e
desmobilização e instalação e manutenção de canteiros e acampamento no orçamento. Importante
informar que estas despesas, como não poderiam deixar de ser, estavam sendo consideradas nos
orçamentos de outras obras do PETSE.
48. Embora estes custos não estivessem indicados no primeiro orçamento tiveram que ser,
necessariamente, considerados pelas empresas em suas propostas de preços, conforme reconhece o
próprio Manual de Custos Rodoviários do DNIT.
49. Como visto, mostra-se indispensável considerar os custos com mobilização,
desmobilização e instalação e manutenção de canteiro.
50. Portanto, a representatividade dos descontos ofertados devem ser analisados em relação a
um orçamento adequado, que contemple todos os custos necessários à realização do objeto. Do
contrário, a diferença de preços em relação ao orçamento (desconto), por óbvio, diminuirá, visto que
haverá custos considerados pelas empresas (mobilização e desmobilização, canteiro e acampamento,
adicional de mão de obra) que não estarão contemplados no orçamento, ensejando em uma
comparação inadequada.
51. A Castellar teve efetivas despesas com o deslocamento de equipamentos, mão de obra,
instalação e manutenção de canteiro para realizar as obras na BR 476/PR.
52. Oportuno informar que esta Recorrente, antes das obras do PETSE, executava obras na
BR 280/SC (contrato anexo, doc. 13), com canteiro de obras em União da Vitória, no Estado de Santa
Catarina, a uma distância significativa de cerca de 94 km do escritório em Canoinhas, de onde geria
as obras do PETSE.
53. Desse modo, demonstra-se que houve sim custos com o deslocamento de mão de obra e
diversos equipamentos como caminhões, rolos, vibroacabadora, fresadora, caminhão usina de micro
revestimento, retroescavadeiras, escavadeiras, entre outros, que podem ser comprovados pelas fotos
que constam das medições. Além disso, sabe-se que era impossível a coordenação de toda a obra
475
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
somente por meio de um canteiro localizado a 94 km de distância, de modo que seria necessária a
locação de escritório próximo aos locais de serviço na BR 476/PR.
54. Tais custos foram diluídos entre os demais serviços, pois não havia no primeiro orçamento
item específico para locar as despesas com mobilização e desmobilizarão e instalação de canteiro.
55. Diante de todo este contexto acima demonstrado, merece ser revista a afirmativa deste
Tribunal, consignada no Acórdão 780/2010 e transcrita no Acórdão ora recorrido, de que:
13. Como afirmado pela unidade técnica, não havia necessidade de inserção de tais rubricas
no orçamento, dado que era da inspiração original do próprio programa PETSE o aproveitamento de
contratos de manutenção em andamento para a aplicação direta dos recursos destinados a esta
intervenção; em outras palavras, a execução da despesa seria feita sem licitação, uma vez identificado
o caráter de emergência, com empresas que já estavam mobilizadas, instaladas nas proximidades dos
trechos a serem recuperados.
56. Ao contrário, em nenhuma das normas do PETSE há a afirmativa de que seriam
contratadas somente as empresas nas proximidades dos locais de obras como condição do programa
e, consequentemente, não seriam cotados nos orçamentos valores de mobilização, desmobilização e
manutenção de canteiro.
57. As normas do PETSE estipulam tão somente que os contratos de manutenção já existentes
em andamento ou paralisados/suspensos por ausência de recursos poderão se valer de recursos do
programa para realizarem os serviços emergenciais, vejamos:
Portaria n. 1.806/05
Art. 5º Os trechos de rodovias de que trata o Anexo II, na extensão de 19.264,2 mil Km, que
possuem contratos celebrados oriundos de legal procedimento licitatório, mas que se encontram em
andamento e/ou paralisados por falta ou insuficiência de recursos, poderão ter a sua regular
execução através de créditos orçamentários extraordinários, na forma da legislação vigente.
IS DNIT 01/2006
Art. 5º Os trechos de rodovias de que trata o Anexo II, na extensão indicada, que possuam
contratos celebrados oriundos de procedimento licitatório, mas que se encontram em andamento e/ou
paralisados por falta ou insuficiência de recursos, poderão ter a sua regular execução com utilização
dos créditos orçamentários extraordinários, na forma da norma vigente.
58. Ou seja, a desconsideração dos serviços de mobilização e desmobilização seria somente
para as rodovias que já estivessem com contratos em andamento ou paralisados, listadas no Anexo II
da Portaria 1.806/05. De outra forma, se os serviços se dessem nas rodovias listadas no Anexo I da
Portaria 1.806/05, para as quais ainda não havia contrato, certamente o orçamento deveria prever
todas as despesas necessárias para contratação de serviços na rodovia, inclusive mobilização e
desmobilização e manutenção de canteiro. Neste sentido, verifica-se que o trecho em questão da BR
476/PR estava no Anexo I da referida Portaria, não no Anexo II.
59. Ora, num processo de dispensa de licitação o fato de se escolher contratar com empresa
que esteja mobilizada próxima ao local das obras é certamente vantajoso e deve ter sido procedimento
observado pelos diretores do DNIT, uma vez que ela terá possibilidade de oferecer descontos mais
significativos, inclusive em relação à mobilização e desmobilização. No entanto, esta não era
condição fundamental do PETSE. Em nenhuma norma se encontra esta determinação.
60. Corroborando este entendimento, em casos já decididos nesta Corte de Contas não foi
questionada a inclusão destes valores no orçamento do PETSE e, inclusive, algumas vezes foi
considerado regular o oferecimento de descontos significativos justamente sobre estes itens (Acórdãos
1.064/2009, 2.587/2010 e 278/2011, todos do Plenário).
61. Por diversas vezes esta Corte de Contas avaliou orçamentos do PETSE que contemplavam
os custos de mobilização, desmobilização e instalação e manutenção de canteiro, sem, no entanto,
questionar a legitimidade destes valores. Na verdade, conforme consignado por esta Corte de Contas,
a análise do desconto de 20% deve ser realizada em relação ao preço global, incluindo no orçamento
os valores de mobilização e desmobilização e instalação e manutenção de canteiro.
476
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
62. Conclui-se, portanto, que foi totalmente regular o ajuste no orçamento referencial para
consideração da mobilização e desmobilização, possibilitando uma correta avaliação da
economicidade da proposta apresentada por esta empresa.
63. Já em relação ao referencial do SICRO adotado no processo de dispensa de licitação,
devemos fazer duas observações, uma quanto à data-base utilizada e outra quanto à localidade do
referencial adotado.
64. Quanto à data-base, o TCU entendeu que seria mais adequada a utilização da base de
janeiro de 2006, uma vez que ‘os preços praticados devem ser condizentes com o próprio período da
execução das obras’.
65. No entanto, discordamos do posicionamento da Unidade Técnica, pelo fato de que, quando
do início dos serviços, em 9/1/2006, ainda não havia sido publicado o SICRO de janeiro de 2006 , o
qual viria ser disponibilizado para consulta somente em 16/2/2006, mais de um mês após a aceitação
da proposta e inícios efetivo dos serviços.
66. Nesse contexto, é certo que não havia como se balizar as atividades por um referencial
inexistente à época, devendo, portanto, ser utilizado aquele que estava disponível à administração à
época de formação do vínculo e início dos serviços.
67. Desse modo, não há como se adotar o SICRO/PR de janeiro de 2006, sendo, portanto,
utilizada a data-base de elaboração do orçamento original, de setembro de 2005.
68. Além da definição da data-base, a justificativa de preços dentro do processo de dispensa de
licitação identificou que, por questões de defasagem de pesquisas de mercado, a adoção do
referencial do estado do Paraná poderia gerar distorções quanto à realidade de mercado, propondo,
portanto, a utilização do referencial do estado de Santa Catarina. Desta forma, foi totalmente
justificada a utilização do SICRO de Santa Catarina no processo de dispensa de licitação.
69. Apesar disso, para que não reste dúvida acerca da vantagem do Contrato UT-09-011/2006,
para avaliação da economicidade dos preços do presente contrato, iremos adotar como referência o
SICRO do Paraná, por se referir diretamente ao Estado em que houve a execução dos serviços e ser
este o paradigma considerado mais adequado por esta Corte de Contas.
70. Dessa forma, somente considerando esses fatores, bem como aceitando a utilização do
SICRO/PR, na data-base adequada de setembro/2005, uma vez que, como se demonstrou, os serviços
começaram (9/1/2006) antes da publicação dos valores de janeiro de 2006 (16/2/6), temos que a
proposta da Castellar já possui um desconto de 17,22% em relação ao orçamento elaborado com base
no SICRO.
71. No entanto, mostra-se imprescindível realizar um ajuste nas composições do SICRO/PR de
setembro de 2005 (data base do contrato) para que as mesmas contemplem os custos com EPI,
transporte, alimentação e ferramentas manuais, pois, nesta época, estes custos ainda não eram
considerados nas CPU's do SICRO 2, o que passou a ocorrer a partir da IS n. 15/2006.
72. Destaca-se que desde, a primeira publicação do Manual de Custos Rodoviários do DNIT,
em 2003, já havia a orientação para que o engenheiro de custos, ao orçar a obra, considere nos
preços dos serviços os valores dos adicionais de mão de obra.
73. Como se pode perceber, esses valores não estavam inclusos nas composições do SICRO2,
devendo ser incluídos quando necessários.
74. Em 2004, corroborando este entendimento do Manual de Custos Rodoviários e visando ao
seu adequado atendimento, o DNIT exarou a já citada Instrução de Serviços n. 01/2004 (doc. 12), que
mais uma vez consignou a necessidade de considerar os adicionais de mão de obra nos orçamentos
elaborados.
75. Somente a partir do SICRO de março de 2007 é que estes valores passaram a ser incluídos
diretamente nas composições referenciais do referido Sistema, por determinação da Instrução de
Serviços n. 15/2007.
76. Desse modo, para uma adequada e correta análise de economicidade do preço do Contrato
UT-09-011/2006, deve-se considerar nos preços de referência o valor do adicional de mão de obra,
477
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
sob pena de o orçamento não refletir a realidade com devida fidedignidade e, assim, deixar de
demonstrar a real vantagem dos preços contratados.
77. Assim, considerando o adicional de mão de obra, os preços contratuais se mostram
19,08% abaixo do orçamento elaborado com base no SICRO 2 Paraná (doc. 14).
78. Enfim, verifica-se que, ainda que não fosse obrigatório neste caso apresentar um desconto
de 20% em relação ao orçamento de referência, se feita uma adequada análise dos efetivos custos dos
serviços prestados percebemos que, na realidade, a proposta da Castellar representou um desconto
significativo, equivalente àquele propugnado pela norma do DNIT.
79. A empresa, ao celebrar o contrato, expressou validamente sua vontade de executar as
obras com essas características, sob o pressuposto de que as condições efetivas de sua proposta
seriam mantidas durante todo o período do vínculo contratual, consoante expresso na Constituição
Federal (art. 37, inciso XXI) e ressaltado na Lei de Licitações (art. 58, §1º).
80. Com efeito, uma vez concluído livremente, o contrato incorpora-se ao ordenamento
jurídico, constituindo uma verdadeira norma de direito que deve ser preservada pelas partes.
81. Em outras palavras, a equação econômico-financeira estabelecida a partir da proposta e
da conseqüente celebração do contrato deve ser mantida durante toda a sua execução, expressando a
correspondência entre os serviços a serem prestados e a contraprestação financeira. Neste sentido
encontram-se lições da doutrina e julgados do Superior Tribunal de Justiça.
82. Ante ao todo exposto, verifica-se que o ordenamento jurídico não respalda a alteração
unilateral de preços contratuais, pois viola o direito constitucional do contratado ao equilíbrio
econômico-financeiro, que recai sobre a manutenção das condições efetivas da proposta e, por
conseguinte, infringe os princípios da isonomia, da segurança jurídica, da legalidade e da confiança.
83. Conforme todo o exposto, é possível concluir que a contratação da Castellar Engenharia
para as obras do PETSE na rodovia BR 476/PR foi totalmente regular e representou a proposta mais
vantajosa para a Administração, uma vez que consignou um desconto de 19,08% em relação ao
orçamento dos serviços elaborado com base no referencial do SICRO 2/PR (setembro de 2005).
84. Diante disso, é imperioso concluir pela necessidade de se rever a decisão tomada no
Acórdão n. 1387/2011, ora recorrido, que, injustamente, imputou a esta empresa um débito inexistente
de R$ 1.392.738,97 (R$ 667.523,21 a preços iniciais) e aplicou uma multa no valor de R$ 5.000,00,
penalidades esta que, se mantidas, ensejaram enriquecimento ilícito da Administração.
85. Ante todo o exposto, a Castellar Engenharia Ltda. requer seja conhecido o presente
recurso para, no mérito, seja-lhe dado provimento com a revisão do Acórdão n. 1387/2011 —
Plenário e reconhecimento da total regularidade do Contrato UT-09-01 1/2006.
86. Nesses termos, pede deferimento.
Análise:
87. Antes de se debruçar sobre os argumentos carreados pela empresa recorrente, cabe
inicialmente registrar o contexto em que foi implementado o Programa Emergencial de
Trafegabilidade e Segurança nas Estradas – PETSE.
88. Com o fim de restabelecer condições adequadas de tráfego aos usuários das rodovias
federais, instituiu-se o citado PETSE em 30/12/2005, pela Portaria Dnit n. 1.806, que previa
operações tapa-buracos ou recomposição de pequenos trechos, mediante contratações emergenciais
de empresas, para que esses serviços fossem concluídos no período máximo de 6 meses.
89. Logo depois, em 7/1/2006, o Dnit editou a Instrução de Serviço - IS 2/2006, para
regulamentar a forma de aceitação dos preços dos serviços a serem contratados. Consta do próprio
texto dessa norma as razões que justificaram a fixação de critérios para definir os preços máximos
que seriam aceitos nos contratos emergenciais abrangidos pelo PETSE, in verbis:
Considerando que o contido nos incisos I, § 1º, do art. 3º da Portaria nº 1.806, de 2005 e no
inciso I, § 1º, do art. 1° da Instrução de Serviço nº 01/06, dispondo sobre o Programa Emergencial de
Trafegabilidade e Segurança nas Estradas - Petse, merece maior detalhamento e interpretação para
sua correta e recomendada aplicação;
478
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Considerando que o objeto da dispensa de licitação, se fosse submetido ao recomendável
processo licitatório, na livre concorrência de mercado provavelmente se obteria preço inferior ao
referenciado pelo Sistema de Custos Rodoviários – Sicro (grifos acrescidos)
90. Os três incisos do art. 1º da IS Dnit 2/2006 tornam claras as premissas e os critérios que
deveriam ser adotados no âmbito do Programa:
Art. 1°. Determinar a todos os Coordenadores de Unit, responsáveis diretos pelos
cumprimento e gerenciamento dos procedimentos emanados do Programa Emergencial de
Trafegabilidade e Segurança nas Estradas - Petse, aprovado pela Portaria n° 1.806, de 30 de
dezembro de 2005, publicada no DOU de 31 de dezembro de 2005, a adoção dos seguintes critérios,
no tocante o contido no inciso I, § 1°, do art. 3° dessa portaria e no inciso I, § 1° da Instrução de
Serviço nº 01/06, quando referente a trechos rodoviários elencados no anexo I da portaria de
aprovação, sem cobertura contratual, e, portanto, passíveis de dispensa de licitação, para que:
I - Os preços obtidos com a utilização do Sistema de Custos Rodoviários - Sicro, são apenas
referenciais máximos para fins de elaboração do Programa Anual de Trabalho e Orçamento - Pato,
ou planilha detalhada dos serviços a serem executados, e serão aprovados pelo Coordenador da Unit;
II - a composição de preços unitários deverá contemplar uma redução, de, no mínimo, 20%
(vinte por cento) dos valores obtidos pela aplicação do Sistema de Custos Rodoviários - Sicro;
III - obtendo o Coordenador da Unit preços cuja redução não tenha atingido ao mínimo de
20% (vinte por cento), esses deverão ser devidamente justificados, e, após a aprovação do
Coordenador, serem submetidos à homologação pelo Diretor da Diretoria de Infra-Estrutura
Terrestre - DIT/Dnit.
91. Como se vê, o Dnit regulamentou, para resguardar o erário, os critérios de fixação de
preços máximos dos serviços no âmbito do PETSE. Frise-se que isso foi providenciado com a rapidez
que era necessária (apenas uma semana após a instituição do PETSE), em face da natureza
emergencial do Programa, que reclamava pela execução célere dos serviços, que deveriam estar
concluídos no prazo de 6 meses.
92. Agora se debruçando sobre os próprios argumentos trazidos pela recorrente, destaca-se
inicialmente que em 6/1/2006 o Dnit/PR convocou a empresa Castellar Engenharia, recorrente, para
apresentar sua proposta, que, no mesmo dia, apresentou-a ao Dnit/PR e, ainda no mesmo dia, a
autarquia teria analisado e aceitado os preços propostos para a execução dos serviços do PETSE.
93. Frise-se que tudo isso foi providenciado não só num único dia, mas na véspera da edição
da citada IS 2/2006, que fixou os termos de aceitação dos preços. Como se vê, agiu-se de forma muito
mais urgente e célere que o exigido pelo Programa (que previa a conclusão dos serviços em 6 meses).
Não se vislumbra na peça recursal, nem nos autos, nenhuma razão para tanta pressa.
94. Também cabe registrar que é muito difícil, no prazo exíguo de um dia, convocar uma
empresa para apresentar uma proposta complexa, que envolve obras rodoviárias, para que esta
levantasse diversos custos até se obter uma proposta, para então ser encaminhada para o Dnit/PR, a
qual seria analisada e tramitada pelos competentes setores da autarquia até sua aceitação. Por outro
lado, é inverossímil que, na véspera da edição da IS Dnit 2/2006, a empresa recorrente e o Sr. David
José de Castro Gouvea, à época Superintendente Regional do Dnit no Paraná, que aprovou os preços
propostos, não tivessem conhecimento do teor da norma e de sua iminente edição.
95. De qualquer forma, não assiste razão à recorrente ao afirmar que, no caso, esta Corte
aplicou essa norma retroativamente, que restaram prejudicados os princípios da isonomia, da
segurança jurídica, da legalidade e da confiança, bem com o direito constitucional do contratado ao
equilíbrio econômico-financeiro.
96. Isso porque, diante da edição da citada IS 2/2006, em 7/1/2006, caberia ao dirigente do
Dnit/PR providenciar negociação com a empresa Castellar Engenharia no sentido de adequar os
preços propostos aos critérios fixados pelo normativo (a exigência do desconto de 20% sobre a
composição de preços previsto na Tabela SICRO2), em atenção aos princípios da legalidade e da
479
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
economicidade. Desta forma, restou viciado o respectivo processo de dispensa de licitação, o qual,
diante da apontada irregularidade, não poderia ter sido aprovado pela diretoria do Dnit/PR.
97. Ademais, ao invés de se adequar os valores dos serviços propostos, a empresa contratada
executou os serviços sem cobertura contratual por cerca de 3 meses, pois o contrato em questão (UT-
09-011/2006) só foi formalizado em 13/4/2006.
98. A propósito, não haveria qualquer prejuízo à empresa Castellar Engenharia em relação ao
que já havia sido executado, vez que, conforme ela mesma afirmou, o início da obra somente ocorreu
em 9/1/2006, posteriormente à edição da citada IS 2/2006, em 7/1/2006.
99. Portanto, na ausência de instrumento de contrato e sendo o referido desconto regra de
conhecimento de ambas as partes, sua não observância implicou ato de gestão ilegítimo e
antieconômico, ao arrepio da Lei 8.443/1992.
100. Frisa-se que os princípios da segurança jurídica e do direito ao equilíbrio econômico-
financeiro não servem para proteger vantagens ilegítimas obtidas por uma empresa contratada pela
Administração, pois estes princípios devem estar contidos nos limites da legalidade e de outros
princípios que regem os contratos administrativos, em especial o da supremacia do interesse público.
101. Outrossim, a não aceitação do desconto implicaria a desistência do contrato, ou, ainda,
conforme previsto no inciso III do art. 1º da IS Dnit 2/2006, deveria ocorrer a justificação adequada
para os preços propostos.
102. Nem há que se falar em enriquecimento ilícito do erário, nem que bastaria que os preços
estivessem abaixo dos registrados no sistema SICRO para estarem condizentes com o mercado, pois o
PETSE apresentava especificidades que permitiram a apresentação de propostas em licitações
realizadas na mesma região com descontos superiores a 30% da tabela SICRO, conforme já
consignado no trecho abaixo transcrito do Voto, com o qual se manifesta inteira concordância:
28. Com efeito, esse singelo argumento de que, por estarem abaixo dos preços consignados no
sistema SICRO, os valores contratados estariam condizentes com o mercado não é suficiente para
comprovar a sua adequação, ante as especificidades que abarcam a contratação ora em análise.
29. O fato é que os preços da Tabela SICRO representam o preço médio ou mediano do
mercado, e não o menor preço praticado, o qual é, por óbvio, o suportado pelas empreiteiras. E, por
este motivo, as licitações realizadas pelo Dnit estipulam tais valores como os máximos a serem
aceitos.
30. O que se observa, na prática, inclusive em licitações realizadas na mesma região onde se
localiza a rodovia objeto do contrato questionado, é que as propostas das licitantes apresentam
descontos por vezes superiores a 30% em relação ao referencial, conforme consignado no
TC 021.288/2006-1, que tratou de auditoria operacional realizada no sistema SICRO (Acórdão
1.692/2007).
31. Dessa forma, a imposição pelo Dnit de desconto mínimo de 20% a ser obervado nos
contratos emergenciais no âmbito do PETSE refletiu essa situação verificada no mercado.
103. A propósito, como visto nos autos e também consignado no voto condutor do acórdão
recorrido, as justificativas apresentadas durante todo o trâmite do processo, por se prenderem a
alegações de cunho subjetivo, não se prestaram a efetivamente demonstrar a razoabilidade dos preços
contratados. Não foram acostadas aos autos composições de custos, seja de insumos ou de
equipamentos, seja de mão de obra, com especificação e comprovação dos itens destoantes, um a um,
incluindo a apresentação, conforme o caso, da documentação comprobatória, ou seja, notas fiscais,
convenções coletivas de trabalho, folha de pagamento, recibos, índices de reajuste porventura
aplicados aos insumos no período de realização das obras, dentre outros.
104. Tampouco merece acolhida a alegada necessidade de inclusão no orçamento referencial
das obras de despesas relativas à mobilização e desmobilização e manutenção de canteiro, uma vez
que a própria empresa não cotou qualquer valor para essas ações em sua proposta.
105. A propósito, a empresa recorrente entra em contradição ao alegar que ‘tais custos foram
diluídos entre os demais serviços, pois não havia no primeiro orçamento item específico para locar as
480
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
despesas com mobilização e desmobilizarão e instalação de canteiro’. Ora, se os custos com
mobilização e desmobilizarão e instalação de canteiro tinham sido diluídos entre os demais serviços
no orçamento original, a inclusão destes custos no segundo orçamento ensejaria duplicidade dos
mesmos.
106. Ressalta-se que, como a própria recorrente afirma, ela estava executando obras na BR
280/SC, a 94 km de distância do local das obras do PETSE, não se podendo falar que estava muito
distante dos trechos a serem recuperados.
107. De qualquer forma, se houve as supostas despesas da Castellar com o deslocamento de
equipamentos, mão de obra, instalação e manutenção de canteiro, estas já tinham sido diluídas em
outros itens do orçamento original, como a própria recorrente afirma.
108. Nem lhe aproveita a alegação de que era razoável a utilização da tabela SICRO de Santa
Catarina, de setembro de 2005, para balizar os preços dos serviços contratados. A uma, porque em
janeiro de 2006, à época da proposta oferecida pela Castellar, já estavam disponíveis os
levantamentos do Estado do Paraná de novembro de 2005, mais recentes que aquela utilizada. A duas,
porque na data de assinatura do contrato, 13/4/2006, já estavam disponíveis os preços de janeiro de
2006, compatíveis com o período de realização dos trabalhos.
109. Repisa-se que este Tribunal tem decidido que, nos casos da espécie, deve ser considerado
como parâmetro os valores do SICRO2/PR relativos ao mês de janeiro/2006 (Acórdãos 1322/2006,
1395/2006, 1398/2006, 1448/2006, 1449/2006, 395/2008, 1604/2008, 1901/2008, e 2263/2008, todos
do Plenário).
110. A propósito, como já exaustivamente demonstrado nos autos, a indevida inclusão no
orçamento de despesas relativas à mobilização e desmobilização e manutenção de canteiro e a
utilização inadequada da tabela SICRO/SC de setembro/2005 caracterizam-se artifícios para tentar
demonstrar o desconto fictício de 20% em relação ao SICRO, previsto pela IS Dnit 2/2006. Por
oportuno, transcreve-se análise que elucida essa questão, com a qual se manifesta inteira
concordância, que está inserta no Relatório integrante do Acórdão recorrido:
23. Sobre esse assunto, a alteração do orçamento para tentar caracterizar um desconto de
20%, a análise empreendida no relatório do Acórdão 780/2010-Plenário é elucidativa (fls. 03/04,
itens 9 a 10.3). Após o relato de uma troca de números, preços e serviços, o relatório conclui:
‘10. Causa espécie o raciocínio empreendido pela empresa privada Castellar para justificar
seus preços; causa mais assombro, ainda, que o administrador público David José de Castro Gouvêa
(então Superintendente Regional do Dnit no Paraná) tenha se valido dos mesmos argumentos para
aumentar artificialmente os valores do orçamento para a obra em questão.
10.1. Veja-se que o orçamento inicial do Dnit/PR não apresentava os itens referentes à
mobilização, desmobilização e canteiro (fls. 82/83-Anexo 1); tampouco o primeiro orçamento
apresentado pela Castellar às fls. 117/122-Anexo 1 – fundamentalmente porque, depreende-se, não
havia necessidade desse tipo de rubrica/serviço, dado que era da inspiração original do próprio
programa Petse o aproveitamento de contratos de manutenção em andamento para a aplicação direta
dos recursos destinados a esta intervenção; em outras palavras, a execução da despesa seria feito sem
licitação, uma vez identificado o caráter de emergência, com empresas que já estavam mobilizadas,
instaladas nas proximidades dos trechos a serem recuperados. Em contrapartida deveriam oferecer
essas empresas desconto de 20%. Não há explicação ontológica para o número cabalístico de 20% a
não ser, entendo, como sendo parte de um processo de legitimação pública para as contratações feitas
nos moldes realizados.
10.2. Então a empresa Castellar apresenta uma proposta com desconto de apenas 8,86% e se
forma um problema – a aceitabilidade da proposta no plano interno do Dnit e no plano externo,
perante a fiscalização deste TCU. Eis que, então, a empresa privada leva ao conhecimento do
administrador público (Dnit/PR) de que o Egrégio TCU orientou seus jurisdicionados a respeito do
BDI em obras rodoviárias que deveria contemplar um percentual de apenas 23,90% e que as rubricas
481
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
relativas a mobilização, desmobilização e manutenção de canteiros (que antes justificavam um BDI de
32,68%) agora deveriam ser discriminadas diretamente no quadro de quantidades.
10.3. E o administrador público (Dnit/PR) disse então ‘ah... é mesmo! Esquecemos-nos dos
valores relativos à mobilização/desmobilização e manutenção de canteiros’. E incrementou sua
planilha paradigmática de custos em cerca de meio milhão de reais e com mais alguns ajustes
ali/aqui... pronto: alcançou-se o percentual de desconto de 20%.’
24. O assunto foi tratado de forma incisiva na Proposta de Deliberação do Acórdão 780/2010-
Plenário, à fl. 09:
‘8. Conforme visto no Relatório, o Dnit, mais especificamente o coordenador identificado
acima, a despeito da previsão da Instrução de Serviço Dnit nº 2, de 7 de janeiro de 2006, não adotou
as medidas adequadas objetivando a redução dos valores propostos pela empresa Castellar
Engenharia Ltda. em 20%, nos moldes ali previstos.
9. A unidade técnica detalhou com precisão os procedimentos adotados pelo responsável, que
resultaram na revisão do orçamento inicial da superintendência regional para a obra, acrescendo o
seu valor de modo que o preço proposto pela contratada, com pequena alteração, alcançou desconto
equivalente a 20,02% do orçado.
10. Tanto a alteração do parâmetro de preços utilizado - substituição do Sicro2/PR, relativo a
setembro de 2005, que estaria defasado, pelo Sicro2/SC, também de setembro de 2005, como a
inclusão dos itens mobilização, desmobilização e manutenção de canteiros no orçamento se
mostraram medidas irregulares.
(...)14. A inclusão indevida de tais itens no orçamento foi o fator preponderante para que o
valor proposto pela empresa demonstrasse o desconto fictício de 20% em relação ao Sicro.’
111. Ante todo o exposto, considerando que a recorrente não logrou êxito em demonstrar a
regularidade dos valores que recebera pelos discutidos serviços realizados no âmbito do PETSE, não
há como lhe dar provimento ao recurso, devendo-se manter o Acórdão recorrido, em seus exatos
termos.
PROPOSTA
112. Diante do exposto, com fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, bem
como no art. 285, caput, do Regimento Interno do TCU, submetem-se os autos à consideração
superior, propondo:
a) conhecer do Recurso de Reconsideração interposto pela empresa Castellar Engenharia
Ltda., contra o Acórdão 1.387/2011 - TCU - Plenário para, no mérito, negar-lhe provimento;
b) dar ciência à recorrente e demais interessados do acórdão que for prolatado, bem como do
relatório e voto que o fundamentarem.”
3. O Ministério Público atuante junto a esta Corte, representado nos autos pelo Subprocurador-
Geral Paulo Soares Bugarin, aquiesceu ao desfecho alvitrado (peça 42).
4. Estando os autos conclusos em meu Gabinete, a recorrente apresentou memorial em que
repisa os argumentos aduzidos previamente em sua peça recursal (peça 51).
É o relatório.
VOTO
Trago à apreciação do Plenário recurso de reconsideração interporto pela empresa Castellar
Engenharia Ltda., em face do Acórdão 1.387/2011 deste mesmo Colegiado, que, apreciando tomada de
contas especial, julgou irregulares suas contas, condenou-a em débito, solidariamente com outro
responsável, e aplicou-lhe multa.
2. Consoante exposto no relatório precedente, estes autos de contas especiais foram instaurados
em cumprimento ao Acórdão 780/2010-Plenário (TC 014.173/2008-0), para apurar irregularidades em
pagamentos efetuados à Castellar, pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
482
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
(Dnit), como contrapartida à realização de obras de conservação e recuperação da BR-476/PR, no
trecho compreendido entre os quilômetros 264,2 e 277,9.
3. Tais serviços, contratados por meio do UT-09-011/2006, estavam inseridos no âmbito do
Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas (PETSE), instituído pela Portaria
Dnit n.º 1.806, de 30/12/2005. Referido programa, por um lado, autorizou a contratação direta, em
caráter emergencial, da empresa de engenharia para execução da obra. No entanto, por outro, exigiu,
como condição de aceitabilidade da proposta, que fosse dado um desconto de, no mínimo, 20%, em
relação à tabela Sicro, na composição de preços unitários apresentados. Em caso de impossibilidade de
concessão do desconto, o preço ofertado deveria ser devidamente justificado e homologado pelo titular
da Diretoria de Infraestrutura Terrestre do Dnit (art. 1º da Instrução de Serviço Dnit n.º 2, de
7/1/2006).
4. Conforme restou apurado nos autos, os preços ofertados pela contratada não contemplaram o
desconto imposto pela IS n.º 2/2006. Tampouco houve apresentação de justificativa plausível para sua
não observância. Em decorrência, a empresa foi condenada a restituir ao erário as quantias percebidas
em patamares superiores a 80% dos preços referenciados no Sicro-PR (janeiro/2006), as quais
perfazem, em valor histórico, R$ 667.523,21 (seiscentos e sessenta e sete mil, quinhentos e vinte e três
reais e vinte e um centavos).
5. Por discordar desse posicionamento do Tribunal, a recorrente interpôs o recurso ora em
análise, cujas razões de insurgência constam do relatório anterior.
6. Feita essa breve introdução, cumpre-me ratificar o exame de admissibilidade empreendido
mediante despacho (pág. 52, peça 7), no sentido de conhecer do recurso de reconsideração, porquanto
preenchidos os requisitos exigidos pelos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992.
7. Com relação ao mérito, vejo que a Secretaria de Recursos (Serur) refutou com propriedade
todas as ponderações apresentadas, concluindo pela negativa de provimento ao recurso. Tal
encaminhamento mereceu, ainda, o aval do Ministério Público junto ao TCU.
8. Registro, de antemão, que perfilho desse mesmo entendimento, motivo por que incorporo os
fundamentos ali expendidos às minhas razões de decidir.
9. Com efeito, os pontos da decisão questionados pela recorrente já foram discutidos à exaustão
tanto nestes autos quanto em outros processos que cuidaram de contratos celebrados no âmbito do
PETSE.
10. Primeiramente, tenho que não deve prosperar a tentativa da Castellar de negar
aplicabilidade ao seu caso do desconto previsto no art. 1º da IS n.º 2/2006. Ainda que a empresa tenha
enviado sua proposta ao Dnit no dia imediatamente anterior à edição do normativo (7/1/2006), a
execução dos serviços somente se iniciou dois dias depois (9/1/2006). Nesse sentido, como se tratava
de norma cogente, que impunha restrição à admissibilidade da proposta, competia às partes, Dnit e
Castellar, renegociar os valores apresentados como forma de atender os regramentos especialmente
editados para nortear as contratações do PETSE.
11. Não foi sem razão, inclusive, que o próprio contrato celebrado entre as partes incluiu, no rol
de normativos aplicáveis ao trato, a IS n.º 2/2006, verbis (fl. 289, anexo 1, TC 014.173/2008-0):
DO FUNDAMENTO LEGAL - Esta adjudicação decorre de dispensa de licitação n.º 4512006,
publicado no DOU de 31 de março de 2006, Seção 3, em virtude da decretação de emergência,
baseada nos termos do Art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/93, e na Portaria DG/DNIT n° 1.806/05, de
30/12/05, publicada no DOU de 31/12/05, que instituiu o PROGRAMA EMERGENCIAL DE
TRAFEGABILIDADE E SEGURANÇA NAS ESTRADAS — PETSE, declarando estado de emergência
nas rodovias federais constante do Anexo 1, inclusive as transferidas aos Estados Através da MP
82/02, atendendo às Instruções de Serviços DG n° 03/2004, 01/2006 e 02/2006 e, cuja autorização
foi aprovada pela Diretoria Colegiada/DNIT, à fl. 251, através do Relato n° 302/2006 constante às fls
246 a 250, incluído na Pauta do dia 30/03/2006, constante da Ata n° RE/2006, conforme consta do
Processo Administrativo n° 50609.000042/2006-73, submetendo-se as partes às cláusulas e condições
aqui estabelecidas e às Normas vigentes no DNIT. (destaquei)
483
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
12. A propósito, embora não haja exigência de pré-questionamento da matéria para interposição
de recurso no TCU, pode-se verificar, compulsando os autos, que a recorrente, até esse momento, não
havia oposto qualquer embargo à incidência da IS n.º 2/2006 ao contrato UT-09-011/2006. Muito pelo
contrário, o que se vê, em diversas oportunidades, é o intento da contratada em demonstrar que seus
preços estão em consonância com tal dispositivo. Nesse sentido, a título de exemplo, trago o seguinte
excerto de correspondência enviada pela Castellar ao Dnit (fl. 256, anexo 1, TC 014.173/2008-0):
Castellar Engenharia Ltda, inscrita no CNPJ no 02.955.426/0001-24, vem, por seu
Procurador Legal Alexandre Zamberlan abaixo assinado, em atendimento ao seu ofício n.° 0321
datado de 24/03/2006, apresentar nova Proposta de Preços atingindo o desconto de 20% em relação
do Sicro II de Setembro de 2005, atendendo assim à Instrução de Serviço n° 02/2006, conforme sua
solicitação.
Assim sendo, o valor da nova proposta é de R$ 4.858.319,97 (Quatro milhões oitocentos e
cinqüenta e oito mil trezentos e dezenove reais e noventa e sete centavos), referente ao mês de
setembro/2005. (destaquei)
13. Tem-se, portanto, que o posicionamento ora sustentado pela recorrente revela-se, no
mínimo, contraditório com suas manifestações outrora proferidas nestes autos.
14. Ainda com relação à matéria, ao analisar outros contratos celebrados para manutenção de
rodovias federais no estado do Paraná, no âmbito do mesmo PETSE, o Tribunal já sedimentou o
entendimento de que é irregular o pagamento efetuado sem a observância do desconto previsto na IS
n.º 2/2006, salvo em situações excepcionais devidamente justificadas. Tais deliberações podem ser
colhidas nos processos TC 002.302/2006-0, TC 002.285/2006-0, TC 003.392/2006-1, TC
002.003/2006-0 e TC 002.004/2006-8.
15. Passando aos argumentos apresentados para legitimar os ajustes efetuados no orçamento
inicial do Dnit, referentes à inclusão dos serviços de mobilização e desmobilização, à manutenção de
canteiros e à alteração do referencial para o Sicro-SC (setembro/2005), que elevaram valor orçado para
a obra, entendo que não são suficientes para alterar o juízo anteriormente firmado. Acerca da assunto,
destaco o seguinte trecho do voto do relator a quo, que afastou argumentação semelhante:
9. A unidade técnica detalhou com precisão os procedimentos adotados pelo responsável, que
resultaram na revisão do orçamento inicial da superintendência regional para a obra, acrescendo o
seu valor de modo que o preço proposto pela contratada, com pequena alteração, alcançou desconto
equivalente a 20,02% do orçado.
10. Tanto a alteração do parâmetro de preços utilizado - substituição do SICRO2/PR, relativo
a setembro de 2005, que estaria defasado, pelo SICRO2/SC, também de setembro de 2005, como a
inclusão dos itens mobilização, desmobilização e manutenção de canteiros no orçamento se
mostraram medidas irregulares.
11. Quanto ao primeiro procedimento, este Tribunal tem decidido que, nos casos da espécie,
devem ser considerados como parâmetros os valores do SICRO2/PR relativos ao mês de janeiro/2006
(Acórdãos 1322/2006, 1395/2006, 1398/2006, 1448/2006, 1449/2006, 395/2008, 1604/2008,
1901/2008, e 2263/2008, todos do Plenário).
12. Da mesma forma, a inclusão dos itens relativos à mobilização, desmobilização e
manutenção de canteiros no orçamento foi indevida uma vez que não estavam previstas tais despesas
para a referida obra. Aliás, a própria empresa não cotou qualquer valor para essas ações.
13. Como afirmado pela unidade técnica, não havia necessidade de inserção de tais rubricas
no orçamento "dado que era da inspiração original do próprio programa PETSE o aproveitamento de
contratos de manutenção em andamento para a aplicação direta dos recursos destinados a esta
intervenção; em outras palavras, a execução da despesa seria feita sem licitação, uma vez identificado
o caráter de emergência, com empresas que já estavam mobilizadas, instaladas nas proximidades dos
trechos a serem recuperados.
16. Por fim, ainda acerca dos referidos ajustes efetuados no orçamento, tenho que o simples
fato de outros contratos celebrados no âmbito do PETSE terem previsto despesas com mobilização e