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Pneumonia adquirida na comunidade em pacientes tratados ambulatorialmente: aspectos epidemiológicos, clínicos e
radiológicos das pneumonias atípicas e não atípicas
ROSALI TEIXEIRA ROCHA, ANNA CRISTINA VITAL, CLYSTENES ODYR SANTOS SILVA, CARLOS ALBERTO DE CASTRO PEREIRA, JORGE NAKATANI
A importância da pneumonia é considerável; ela permanece como causa de mortalidade e morbidade, mesmo em países desenvolvidos, além de significar custos elevados.
Ainda hoje, o Streptococcus pneumoniae permanece como agente etiológico mais freqüente da PAC, no entanto há dados que sugerem que pacientes têm doenças causadas por germes atípicos atualmente mais do que no passado.
Apesar de cerca de 80% dos adultos com PAC serem tratados ambulatorialmente, a maior parte dos estudos a respeito foi realizada em pacientes hospitalizados. Assim, este estudo tem por objetivo avaliar o percentual etiológico das pneumonias atípicas em pacientes com PAC em tratamento ambulatorial, e identificar fatores epidemiológicos, clínicos e radiológicos que permitam diferenciar pneumonia atípica da não atípica.
IntroduçãoIntrodução
Objetivo: Avaliar o percentual etiológico das pneumonias atípicas tratadas ambulatorialmente. Identificar os fatores epidemiológicos, clínicos e
radiológicos que permitam diferenciar pneumonia atípica de não atípica.
Métodos: Os pacientes foram submetidos a avaliação clínica, radiológica, coleta de escarro para estudo pelo método de Gram e sangue para testes sorológicos, incluindo Legionella pneumophila, Chlamydia sp, Mycoplasma pneumoniae, vírus Influenza A e Influenza B, no primeiro dia e 21 dias após
inclusão. As radiografias de tórax foram revistas por três observadores independentes que desconheciam o quadro clínico.
- Definição de diagnóstico etiológico da pneumonia: hemocultura positiva para o patógeno ou o seu isolamento em líquido pleural.
Conclusões: A pneumonia causada por agente atípico ocorre em 50% dos pacientes com pneumonia adquirida na comunidade em tratamento ambulatorial. Não é possível distinguir pacientes com pneumonia atípica
de pneumonia não atípica. A apresentação clínica e a radiológica são similares nos dois grupos.
Resultados: Avaliados inicialmente 129 pacientes durante 22 meses. A amostra final para estudo comparativo entre os grupos consistiu de 69 pacientes que tinham em média 37 anos, sendo 46 (67%) homens e 23 (33%) mulheres. O diagnóstico etiológico foi definido em 34 (50%) dos pacientes. Chlamydia sp foi o agente atípico mais freqüente, com 11 (16%) casos, seguido por M. pneumoniae com 7 (10%). Influenza A respondeu por 4 (6%) dos casos e Legionella em 4 (6%) pacientes.
Infecções mistas foram evidenciadas, com associação de Chlamydia sp e M. pneumoniae em 5 (7%) casos, Chlamydia sp e Influenza B em um
caso e M. pneumoniae e Influenza A em outro. A presença de sintomas respiratórios e achados gerais sugestivos de pneumonia atípica foram
comparados entre os grupos e não foram observadas diferenças significantes. A avaliação radiológica realizada por três observadores
independentes mostrou discordância entre eles para os tipos de pneumonia. O diagnóstico radiográfico de cada observador comparado
com o diagnóstico clínico não mostrou associação significante.
Etiologia da PAC após avaliação radiológica Etiologia da PAC após avaliação radiológica independente e de acordo com a sorologiaindependente e de acordo com a sorologia
Comparação dos sintomas respiratórios entre os Comparação dos sintomas respiratórios entre os pacientes com pneumonia atípica e não atípicapacientes com pneumonia atípica e não atípica
Comparação dos achados gerais entre Comparação dos achados gerais entre pacientes com pneumonia de etiologia atípica e pacientes com pneumonia de etiologia atípica e
não atípicanão atípica
Limitações do EstudoLimitações do EstudoAlguns pacientes tiveram suas radiografias avaliadas apenas na posição Póstero-Anterior (PA), enquanto outros foram avaliados em PA e Perfil.
As doenças de base e condições associadas (DPOC, asma, tabagismo, etc) não estavam igualmente presentes nos dois grupos.
A amostra inicial era de 129 pacientes e acabou sendo reduzida para 69.
O método não esclareceu como e por quantos profissionais o paciente foi clinicamente avaliado.
•Identificar o quadro clínico das PAC•Reconhecer os principais agentes etiológicos da PAC•Reconhecer as imagens radiológicas da PAC•Listar os exames complementares mais importantes a serem solicitados na PAC•Reconhecer a importância e as limitações do exame
de escarro na PAC
PACPACOBJETIVOSOBJETIVOS
• Identificar os fatores de risco mais importantes
na PAC• Classificar através de critérios de risco as PAC
quanto a local de tratamento• Selecionar o melhor antibiótico para tratamento
domiciliar das PAC • Identificar as medidas profiláticas para prevenir PAC
PACPACOBJETIVOSOBJETIVOS
MorbidadeMorbidade
Região Internações Valor TotalRegião Norte 69.204 25.802.096,65 Região Nordeste 243.447 88.915.806,25 Região Sudeste 281.032 117.986.126,50 Região Sul 118.864 49.560.576,10 Região Centro-Oeste 70.933 27.416.210,21 Total 783.480 309.680.815,71
Internações por Pneumonia segundo regiões no Brasil, 2003.Internações por Pneumonia segundo regiões no Brasil, 2003.
• 2ª causa de internação no Brasil
Fonte: Sistema de Informações Hospitalares – SIH/SUS.
PNEUMONIAPNEUMONIA(Síndrome)(Síndrome)
Confirme PAC
Use recursos Clínicos, Radiológicos e Laboratoriais
Agente bem definido Agente indefinido
Antibiótico adequado Tratamento empírico
Ambulatorial Hospitalar
PneumoniaPneumoniaEscores de FineEscores de Fine
DADOS DEMOGRÁFICOS PONTOS
Idade Homem = idade
Mulher = idade – 10
Residência em asilo 10
COMORBIDADES
Neoplasia 30
Hepatopatia 20
ICC 10
Doença cérebro-vascular 10
Doença renal 10
PneumoniaPneumoniaEscores de FineEscores de Fine
EXAME FÍSICO PONTOS
Sensório alterado 20
FR > 30 ipm 20
PAS < 90 mmHg 20
Temp. axilar < 35ºC ou > 40ºC 15
FC > 125 bpm 10
PneumoniaPneumoniaEscores de FineEscores de Fine
EXAMES COMPLEMENTARES PONTOS
pH arterial < 7,35 30
Uréia > 30 mg/dl 20
Sódio < 130 mmol/l 20
Glicose > 250 mg/dl 10
Hematócrito < 30% 10
PaO2 < 60 mmHg 10
Derrame pleural 10
PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADEPNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADEAvaliação da Gravidade – Escores de Fine
Classes de risco de acordo com a pontuação e mortalidade associada
Pontos Classe Mortalidade Tratamento
Sem pontuação I 0.1-0.4 Ambulatorial
<70 II 0.6-0.7 Ambulatorial
71-90 III 0.9-2.8 Observação
91-130 IV 8.5-9.3 Hospitalar
>131 V 27-31.1 Hospitalar
Fine et al. NEJM 336: 243; 1997
Análise Crítica da Terapêutica Análise Crítica da Terapêutica Recomendada em ConsensosRecomendada em Consensos
As diretrizes em PAC têm ensinado no mínimo:
1. Quando admitir em hospital ou UTI
2. Quais antibióticos são mais recomendados para grupos específicos de doentes (aspirativa; BGN)
3. Quais os patógenos possíveis para uma terapia empírica
4. Quais testes diagnósticos solicitar
5. Como avaliar a resposta terapêutica
6. Como e quando trocar a medicação EV para VO
7. Como prevenir alguns tipos de PACNiederman et al. Med Clin North Am 2002
Análise Crítica da Terapêutica Análise Crítica da Terapêutica Recomendada em ConsensosRecomendada em Consensos
As diretrizes em PAC têm ensinado no mínimo:
1. Quando admitir em hospital ou UTI
2. Quais antibióticos são mais recomendados para grupos específicos de doentes (aspirativa; BGN)
3. Quais os patógenos possíveis para uma terapia empírica
4. Quais testes diagnósticos solicitar
5. Como avaliar a resposta terapêutica
6. Como e quando trocar a medicação EV para VO
7. Como prevenir alguns tipos de PAC
PAC – Tratamento ambulatorialPAC – Tratamento ambulatorial
SBPTSBPT ALATALAT IDSAIDSA ATSATS
Sem risco de SPRP
Sem doença cardiopulmonar e/ou fator de risco
S/ comorbidades ou riscos
específicos
Beta-lactâmico Doxiciclina Doxiciclina Azi ou Claritromicina
Macrolídeo Macrolídeo Macrolídeo
Quinolona resp Quinolona resp Quinolona resp
Com risco de SPRP
Com doença cardiopulmonar e/ou fator de risco
C/ comorbidades ou riscos
específicos
Quinolona resp. ou
Amoxicilina com
macrolídeo
Quinolona resp Quinolona resp ou
beta-lactâmico oral com macrolídeo
Antibiótico Empírico na PACAntibiótico Empírico na PAC
Macrolídeo
Fluoroquinolona
-lactâmico
Não internados
Antibiótico Empírico na PACAntibiótico Empírico na PAC
FluoroquinolonasDevem ser reservadas para pacientes com
comorbidades e idososCiprofloxacina – não deve ser usada
Não internados
Antibiótico Empírico na PACAntibiótico Empírico na PAC
AmoxicilinaÉ menos ativa (uma falha em cada 12
doentes tratados) mas é a opção mais barata
PenicilinaTem espectro estreito – é injetável (custo)
Não internados
Antibiótico Empírico na PACAntibiótico Empírico na PAC
Cefalosporinas VOPrimeiras gerações devem ser evitadasA escolha deve recair nas mais recentes
(cefuroxima, cefpodoxima ou cefprozil)
Não internados
TRATAMENTO PACTRATAMENTO PACDiretrizes Brasil 2004Diretrizes Brasil 2004Agentes específicosAgentes específicos
agente antimicrobianoS pneumoniae sens Amoxicilina, cefalosporina, macrolídeo
Resist intermediária Amoxicilina 500 3x/d ou cefuroxima 2g/d
Altamente resistente Cefotaxima 1g IV 8/8h;Ceftriax.1g24h
Penicilina G 2milhões 4/4h:
Fluoroquinolona respiratória
H influenzae Cefalosporina 3ª,4ª ger;ou Beta lactâmico
+ inibidor beta-lactamase
TRATAMENTO PACTRATAMENTO PACDiretrizes Brasil 2004Diretrizes Brasil 2004Agentes específicosAgentes específicos
agente antimicrobianoM pneumoniae Macrolídeo
C pneumoniae
Legionella sp Macrolídeo+/-rifampicina ou
fluoroquinolona
S aureus sens Oxa Oxacilina
S aureus resis Oxa Vancomicina
Bacilos entéricos Cefalosporinas de 3ª/4ª ger+/- aminoglic
Gram negativos ou fluoroquinolonas*
* levofloxacina;gatifloxacina;moxifloxacina
TRATAMENTO PACTRATAMENTO PACDiretrizes Brasil 2004Diretrizes Brasil 2004Agentes específicosAgentes específicos
agente antimicrobiano
Pseudomonas Beta-lactâmico anti-pseudomonas **
aeruginosa + ciprofloxacina ou aminoglicosídeo
Anaeróbios Beta-lactâmico inibidor de beta-lactamase
ou clindamicina
** Ceftazidima;piperacilina-tazobactan;imipenem;meropenem
TRATAMENTO PACTRATAMENTO PACDiretrizes Brasil 2004Diretrizes Brasil 2004Tratamento EmpíricoTratamento Empírico
Local Recomendações Terapêuticas
Ambulatorial
Previamente sadio MACROLÍDEO
Sem terapia prévia
Terapia antibiótica prévia FLUOROQUINOLONA RESP ISOL.
Doenças associadas OU MACROLÍDEO + AMOXICILINA
Suspeita de aspiração AMPICILINA SULBACTAN
AMOXICILINA SULBACTAN
AMOXICILINA-CLAVULANATO
OU CLINDAMICINA
TRATAMENTO EMPÍRICO PACTRATAMENTO EMPÍRICO PACResumoResumo
1.Trate cedo
2.Trate patógenos mais frequentes
3.Tenha atenção para:
Uso recente de antibióticos
Recente hospitalização
Residência em casa de repouso
Comorbidades Idade do paciente