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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 POBREZA E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO ESTADO DO PARÁ: UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO “ARCO DO DESMATAMENTO” [email protected] APRESENTACAO ORAL-Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável ELISABETH DOS SANTOS BENTES; LORENA DOS SANTOS BENTES; MARIO MIGUEL AMIN GARCIA HERREROS. UNAMA, BELEM - PA - BRASIL. Pobreza e degradação ambiental no Estado do Pará: Uma análise da situação dos municípios do “arco do desmatamento” Grupo de Pesquisa: Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável Resumo Desenvolve-se este estudo com o objetivo de analisar a relação estabelecida entre a pobreza e a degradação ambiental no Estado do Pará, relativamente à área denominada de “Arco do Desmatamento” ou “Arco de Desenvolvimento Sustentável”, em virtude de ser o espaço geográfico paraense, onde a degradação é mais intensa, por razões que serão expostas ao longo do texto. A pesquisa abrange o período de 1960 a 2008 e está centrada no desmatamento, em função da dimensão das conseqüências desse fenômeno para o Planeta. Partindo-se da hipótese de que existe um encadeamento de causas e efeitos entre pobreza e desmatamento, o estudo volta-se para os fatores determinantes dessa relação, conforme se verifica ao longo do texto, partindo da seguinte questão: Qual a relação existente entre a pobreza e o desmatamento do “Arco do Desmatamento”, no Estado do Pará? A resposta foi obtida por meio da utilização de dados secundários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto de Pesquisa Economia Aplicada (IPEA), entre outras fontes. Todos os indicadores levantados apontam para a existência de elevados índices de pobreza, uma vez que o uso abusivo e indiscriminado dos recursos naturais levou à perda da capacidade de atendimento das necessidades da população local, ficando evidente o contraste existente no espaço geográfico do “Arco do Desmatamento”, onde a riqueza do solo e das florestas foi e continua sendo explorada de forma predatória. Palavras-chave: Arco do desmatamento. Pobreza. Desenvolvimento sustentável. Estado do Pará. Poverty and environmental degradation in the State of Pará: An analysis of the municipalities situation in the "arc of deforestation". Abstract

POBREZA E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO …pobreza, como resultado da forte relação que existe entre ambas, uma vez que o homem, principal ator de todo o processo, permanece ativo nesse

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POBREZA E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO ESTADO DO PARÁ: U MA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO “ARCO DO

DESMATAMENTO” [email protected]

APRESENTACAO ORAL-Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável ELISABETH DOS SANTOS BENTES; LORENA DOS SANTOS BENTES; MARIO

MIGUEL AMIN GARCIA HERREROS. UNAMA, BELEM - PA - BRASIL.

Pobreza e degradação ambiental no Estado do Pará:

Uma análise da situação dos municípios do “arco do desmatamento”

Grupo de Pesquisa: Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável

Resumo

Desenvolve-se este estudo com o objetivo de analisar a relação estabelecida entre a pobreza e a degradação ambiental no Estado do Pará, relativamente à área denominada de “Arco do Desmatamento” ou “Arco de Desenvolvimento Sustentável”, em virtude de ser o espaço geográfico paraense, onde a degradação é mais intensa, por razões que serão expostas ao longo do texto. A pesquisa abrange o período de 1960 a 2008 e está centrada no desmatamento, em função da dimensão das conseqüências desse fenômeno para o Planeta. Partindo-se da hipótese de que existe um encadeamento de causas e efeitos entre pobreza e desmatamento, o estudo volta-se para os fatores determinantes dessa relação, conforme se verifica ao longo do texto, partindo da seguinte questão: Qual a relação existente entre a pobreza e o desmatamento do “Arco do Desmatamento”, no Estado do Pará? A resposta foi obtida por meio da utilização de dados secundários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto de Pesquisa Economia Aplicada (IPEA), entre outras fontes. Todos os indicadores levantados apontam para a existência de elevados índices de pobreza, uma vez que o uso abusivo e indiscriminado dos recursos naturais levou à perda da capacidade de atendimento das necessidades da população local, ficando evidente o contraste existente no espaço geográfico do “Arco do Desmatamento”, onde a riqueza do solo e das florestas foi e continua sendo explorada de forma predatória. Palavras-chave: Arco do desmatamento. Pobreza. Desenvolvimento sustentável. Estado do Pará.

Poverty and environmental degradation in the State of Pará: An analysis of the municipalities situation in the "arc of deforestation".

Abstract

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This study reviews the relation between poverty and environmental degradation in the State of Pará, with regard to the area called "arc of deforestation" or "arc of sustainable development", since it is the geographical area of the State of Pará, where the land degradation is more intense, for reasons that will be exposed throughout the text. The study covers the period from 1960 to 2008 and is focused on deforestation, given the size of the consequences that can represent for the planet. Assuming that there is a chain effect between poverty and deforestation, the study centers in the determinants of this relationship, as it is discusssed throughout the text, starting from the following question: Which the existing relationship between poverty and deforestation in the “arc of the deforestation”, in the State of Pará?. The answer was obtained by using secondary data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), National Institute for Space Research (INPE), Institute of Applied Economic Research (IPEA), among other sources. All indicators show high poverty rates, given the abusive and indiscriminate use of natural resources that have led to the loss of the capacity for addressing the local population needs, becoming more evident the geographical contrast in the area of the "arc of deforestation", where the soil and forests have been and continues to be exploited in a predatory form. Key word: Arc of deforestation. Poverty, Sustainable development. State of Pará. 1. INTRODUÇÃO

Neste início de século, crescem os desafios para a humanidade, especialmente no que se refere a duas questões fundamentais: o aumento da degradação ambiental e da pobreza no mundo que, em virtude de suas complexidades, exigem, principalmente, vontade política, como pregam os pesquisadores da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Ambas estão incluídas nos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) propostos para resolverem os maiores problemas mundiais.

O 7º ODM, que consiste em garantir a sustentabilidade do meio ambiente, é considerado como um dos mais complexos e, provavelmente, o mais difícil de ser alcançado, na visão do Ipea (2005), pois está relacionado à conservação dos recursos naturais e à qualidade de vida das pessoas e, para que se efetive é necessária a participação geral, uma vez que, conforme Bentes (2009), “as crises ambiental, de desenvolvimento e energética estão perfeitamente correlacionadas, formando uma só crise que afeta a todo o Planeta. Logo, a gestão da crise deve ser de responsabilidade de todos”. “É uma questão de ordem pública, in(ter)pessoal, in(ter)espacial, in(ter)temporal” (MENDES, 1993).

Além disso, para erradicar a extrema pobreza e a fome (1º ODM) é fundamental a união de toda a sociedade, a fim de romper o círculo vicioso, em que uma é conseqüência e causa da outra. Este é, também, um desafio complexo e difícil de ser vencido, pois, mesmo envolvendo os países ricos, as ações por eles desenvolvidas, na maioria das vezes, não atingem os fins desejados, em função da permanente irresponsabilidade humana na busca pelo ter (situação presente), esquecendo do ser (situação futura). De modo geral, os resultados positivos das políticas públicas ainda são pontuais e, para que o processo alcance uma dimensão mais ampla é preciso uma conscientização generalizada, o que, em uma visão pessimista, pode ser considerada de difícil concretização.

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Na década de 1960, as correntes de pensamento acirravam o debate sobre o agente responsável pela situação. De um lado, estavam aqueles que afirmavam que a degradação ambiental era resultado da riqueza, na busca incessante pelo lucro e, de outro, os que imputavam à pobreza essa responsabilidade, pelo fato de os pobres usarem os recursos da floresta com a finalidade de sobrevivência. A realidade presente no dia-a-dia das notícias e nas pesquisas realizadas nessa direção mostra que os fatores que desencadeiam tal situação, pertencem tanto ao mundo dos ricos quanto dos pobres. Essa realidade é confirmada nas palavras de Diegues (2005):

Na verdade, tanto a grande empresa quanto o pequeno produtor, por motivos diferentes, agem sobre a floresta, resultando em desmatamento. Porém, há diferenças fundamentais quanto à intensidade do impacto em função da área afetada e da velocidade do desmatamento.

Em se tratando de Amazônia brasileira, é verdade incontestável que as ações de políticas desenvolvidas ao longo dos últimos quarenta e cinco anos produziram terríveis conseqüências tais como: a elevação do nível de degradação ambiental e o aumento da pobreza, como resultado da forte relação que existe entre ambas, uma vez que o homem, principal ator de todo o processo, permanece ativo nesse contexto e, de modo geral, alheio aos efeitos de suas ações predadoras. Além disso, por questões de interesses particulares, não se desenvolvem os meios necessários e eficientes para uma solução, cujo resultado possa garantir a sustentabilidade da floresta. Um reforço a esta idéia vem através da pesquisa do MPGE & CIB (2003) que afirma:

O recente anúncio de que 40% a mais de florestas foram perdidas entre 2001-2002 em comparação com o período entre 2000-2001 indica que as políticas públicas voltadas para garantir a ocupação sustentável da região são, no mínimo, ineficientes e desprovidas de fundamentação técnico-científica adequadas.

Quando se faz uma reflexão sobre a evolução socioeconômica e ambiental da Região amazônica, no período em questão, verificam-se grandes mudanças, como as contidas na análise realizada por Becker (2005) sobre a consolidação do povoamento regional: “[...] a Amazônia não é mais mera fronteira de expansão de forças exógenas nacionais ou internacionais, mas sim uma região no sistema espacial nacional, com estrutura produtiva própria e múltiplos projetos de diferentes atores”.

Inserido no contexto amazônico, o Pará convive com os mesmos problemas que afetam a Região, entre os quais a pobreza e a degradação ambiental, fenômenos multidimensionais e complexos. Por isso, procurou-se limitar o trabalho ao contexto do desmatamento, cuja intensidade é marcante sob o ponto de vista da vida da população do Estado, especialmente a parcela que vive nas áreas rurais mais devastadas e, portanto, desprovidas dos recursos necessários ao atendimento de suas necessidades.

Dessa forma, o objetivo geral da pesquisa é analisar a relação que se estabelece entre a pobreza e a degradação ambiental, provocada pelo desmatamento, na área do chamado “Arco do Desmatamento”1 ou “Arco do Povoamento Con-solidado”2 ou, ainda, “Arco do Desenvolvimento Sustentável”3, dentro do espaço geográfico pertencente ao 1 Arco do desmatamento - Denominação comum da faixa, onde está concentrado o desmatamento e que se estende ao sul da Amazônia brasileira, desde o Maranhão até Rondônia. 2 Arco do povoamento con-solidado (ou área de adensamento populacional) – expressões empregadas por Becker (2005) para designar a área supracitada. 3 Arco do desenvolvimento sustentável – termo sugerido pela Ministra Marina Silva para a mesma área.

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Estado do Pará, onde a degradação ambiental assume grandes proporções. Assim, partindo-se da hipótese de que existe um encadeamento de causas e efeitos entre pobreza e desmatamento, a pesquisa volta-se para os fatores determinantes dessa relação, conforme se verifica ao longo do texto, partindo da seguinte questão: Como se estabelece a relação entre a pobreza e o desmatamento no “Arco do Desmatamento”, no Estado do Pará? 2. METODOLOGIA

Analisa-se a relação entre pobreza e degradação ambiental na área denominada de “Arco do Desmatamento”, na porção pertencente ao Pará (Mapa 1), que reúne os municípios das mesorregiões Sudeste e Sudoeste do Estado, por ser a área de maior desmatamento dentro do espaço geográfico paraense. De modo geral, aborda-se o período de 1960 a 2005, porém, dando mais ênfase ao período de 1990 a 2005, por duas razões principais: primeiro, porque boa parte dos municípios objetos do estudo é de criação recente (década de 1990); segundo, em virtude da disponibilidade de dados ser maior para esse período. As unidades de observação são os municípios das mesorregiões supracitadas.

Mapa 1. Desmatamentos maiores que 500 hectares detectados pelo PRODES, no

Estado do Pará, em 2006 (n=249). Fonte: Imazon (2007).

De certa forma a pesquisa teve limitação, uma vez que muitas séries de dados só

atingem até o ano de 2004. No caso dos índices de medidas dos fenômenos sociais, existe uma defasagem muito grande, que impede a visão da realidade atual em toda a sua amplitude. Além disso, é grande a dificuldade para a obtenção de dados de muitas variáveis, em nível dos municípios, importantes para a pesquisa.

A importância do assunto pode ser vista na literatura atual, em que a questão ambiental possui grande ênfase por sua relação com a vida do Planeta. Assim, Mink (1993) analisa o circulo vicioso da pobreza e da degradação ambiental, mostrando os impactos desta sobre a população, sob a forma de poluição da água e do ar, na saúde do pobre e na sua produtividade, em função da redução dos recursos naturais disponíveis para a sua subsistência. Isto limita o horizonte do pobre, que passa a se preocupar apenas com o

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necessário para o dia presente. Por outro lado, a população também impacta sobre o meio ambiente de três formas: utilização dos recursos acima da capacidade de produção, altas taxas de crescimento e redistribuição dos recursos disponíveis para atendimento das necessidades provocadas pelas migrações.

Duraiappah (1996) faz uma análise do complexo conjunto de fatores expostos na literatura sobre a relação pobreza e degradação ambiental, dando ênfase aos fracassos institucionais e às falhas de mercado que promovem atividades não sustentáveis, levando os grupos sociais à pobreza. Além disso, evidencia o peso dos conflitos nessa relação e os elementos de retroalimentação causal entre pobreza e degradação ambiental.

3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Em virtude de a pobreza ser um fenômeno multifacetado, existem conceitos e índices diversos para retratar a realidade da humanidade. Assim, para a análise proposta, destacam-se os principais fatores determinantes da questão ambiental e analisa-se um amplo conjunto de variáveis, com a finalidade de melhor expressar a diversidade de condições socioeconômicas e ambientais, que podem caracterizar a situação de pobreza existente no “arco do desmatamento”. 3.1 FATORES DETERMINANTES DA QUESTÃO AMBIENTAL NA AMAZÔNIA

A cada ano que passa, a preocupação com o meio ambiente manifesta-se mais intensamente, tanto em nível local, quanto regional e global, colocando a Amazônia brasileira no centro das discussões, em virtude, principalmente, do crescente desmatamento verificado em seu espaço geográfico no final do século XX e início do século XXI (Gráfico 1), fato que, segundo muitos pesquisadores, contribui para o aumento do aquecimento do Planeta. Entretanto, a partir de 2005, a taxa de desmatamento assumiu uma tendência declinante, em função das ações de fiscalização e controle aplicadas às áreas de maior conflito na floresta (INPE, 2009). As maiores reduções ocorreram nos estados do Pará e Mato Grosso. Assim, foram salvas 600 milhões de árvores, evitando-se que 410 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) fossem lançadas na atmosfera.

Gráfico 1. Evolução do desmatamento na Amazônia Legal, 1988 a 2007.

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Fonte: Inpe (2009).

A evolução do desmatamento a altas taxas leva a uma reflexão sobre a sustentabilidade da região, induzindo a pesquisa sobre as causas desse fenômeno, cujas divergências são resultantes da complexidade da questão, uma vez que dependem do enfoque de cada autor, do período de tempo em análise, da relação com fatores de políticas internas ou externas, etc. Por exemplo, para Ribeiro (1997), os fatores que contribuíram para a devastação de 8% a 13% da floresta amazônica foram: a exploração madeireira, as frentes pioneira de penetração, a política de incentivos fiscais e a expansão demográfica. Ele afirma que “há uma relação inequívoca entre níveis altos de crescimento econômico e demográfico e a exacerbação da pobreza. Ambos concorrem para a degradação do meio ambiente”. Na opinião de Fearnside (2005), o desmatamento é estimulado pelas obras de infra-estrutura de transporte, pelo crédito agrícola subsidiado e por uma variedade de subsídios que contribuem para o aumento da lucratividade da agropecuária, inclusive programas, cuja ajuda é dada sob a forma de fertilizantes. Há ainda a produção crescente de soja, para atendimento, especialmente, do mercado internacional.

O Imazon (2007) chama a atenção para a contribuição dos assentamentos de pequenos agricultores para o desmatamento, e mostra que dentro da área desses assentamentos, criados pelo Incra, entre 1970 e 2002, 106 mil quilômetros quadrados foram desmatados até 2004, ou seja, 49% do total da área, a uma taxa de 1,8% ao ano.

De modo geral, a literatura aponta o acelerado crescimento da população como um dos fatores que mais contribui para os grandes problemas do mundo atual. Sob esta ótica, verifica-se que, no espaço de tempo de 45 anos, a população regional cresceu de forma desordenada, seguindo a rota dos projetos de colonização e reforma agrária e de desenvolvimento voltados para a inserção da região ao contexto nacional. Bentes, Bentes e Amin (2003) explicam que esse crescimento demográfico torna-se mais evidente, quando são analisados os municípios localizados ao longo das principais rodovias, cuja variação média da população residente no período de 1970/1991 foi de 598%. Entre eles, destacam-se: Itaituba, Itupiranga, Jacundá, Marabá, São Félix do Xingu e Senador José Porfírio. Barreto et al (2005) mostram que: “Aproximadamente 80% da área desmatada está até 30 km das estradas oficiais”.

A intensidade do processo migratório foi marcante, haja vista que as taxas de crescimento observadas nos períodos de 1970/80 e 1980/90 superaram as taxas de crescimento vegetativo, resultando em taxas líquidas positivas de migração (Tabela 1), principalmente no primeiro período, por força da intensidade de aplicações de políticas públicas regionais.

Tabela 1 Estimativas da Taxa Bruta de Natalidade, Taxa Bruta de Mortalidade e Taxa de

Crescimento Vegetativo da Região Norte, 1970/80 - 1980/91. Taxas (por mil) 1970/80 1980/91 Taxa Bruta de Natalidade Taxa Bruta de Mortalidade Taxa de Crescimento Vegetativo Taxa de Crescimento Observada Taxa Líquida de Migração

44 8 36 48 12

39 6 33 38 5

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Fonte: Moura e Moreira (1997).

Além disso, enquanto a população do país triplicou, no período de 1960 a 2005, o contingente regional quintuplicou, contribuindo para o aumento da degradação ambiental, visto que, na luta pela sobrevivência, intensificou-se a ação antrópica sobre os recursos naturais disponíveis. Por outro lado, o desejo do lucro levou grandes empresas a desenvolverem um processo de desequilíbrio ambiental, configurado na existência de grandes buracos, deixados pela exploração mineral, na poluição dos rios pelo mercúrio e resíduos industriais, na degradação do solo pelo uso intensivo e muitas vezes inadequado para a agropecuária e, na existência de hidrelétricas como imposição do capital externo.

Pesquisas recentes mostram que têm surgido novas frentes de desmatamento na Amazônia Legal, tanto em áreas adjacentes à chamada “fronteira consolidada” no “Arco do Desmatamento” como em locais previamente isolados na Amazônia Central. No conjunto de fatores que explicam essa expansão, estão incluídos o avanço da pecuária, a exploração madeireira, a expansão da soja mecanizada, a grilagem de terras públicas, a abertura de estradas, a criação de assentamentos rurais entre outros (REVISTA DO MEIO AMBIENTE, 2007). 3.2 O ESTADO DO PARÁ NO CONTEXTO DO DESMATAMENTO

Localizado na maior floresta tropical do mundo, o Estado do Pará goza do privilégio de possuir grandes riquezas naturais, cujo uso predatório leva, principalmente, à degradação dos solos, à poluição dos rios e à perda da biodiversidade. Com uma área de 1.253.164 km², é o segundo maior estado brasileiro em extensão, somente superado pelo Amazonas (1.577.820 km²). Desde 1998, a taxa real de crescimento do seu PIB é superior à do Brasil.

Em 2004, o Pará destacou-se como o 4º estado brasileiro em taxa de crescimento do PIB (6,6%), somente superado pelo Amazonas (11,5%), Mato Grosso (10,2%) e Bahia (9,6%). Acompanhando esse crescimento, encontram-se o estoque de emprego formal, cuja variação de 2004 em relação a 2003 foi igual a 10,9% e o valor das exportações, cuja variação foi de 42,10%, no mesmo período. Para a Sepof (2006), esse desempenho positivo é conseqüência dos cenários nacional e internacional favoráveis e da atuação do governo estadual no âmbito de investimentos em infra-estrutura de energia e transporte e de incentivos fiscais à produção. Entretanto, 19% dessa área já sofreram os impactos negativos das ações antrópicas (Gráfico 2).

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Gráfico 2. Área de floresta, não-floresta e desflorestamento no Estado do Pará, até 2007. Fonte: Inpe (2009). (*) Hidrografia e nuvem.

Superado pelo Estado do Mato Grosso, o Pará vinha ocupando o segundo lugar no

ranking do desmatamento e reduzindo suas taxas, em função das políticas governamentais voltadas para a conservação do meio ambiente. Por isso, no debate ocorrido durante o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (2005), mostrou-se que a participação do Estado na devastação vem decrescendo, passando de 36% para 28% e depois para 25,7%, no período de 2001 a 2004. Entretanto, em período recente (de agosto de 2006 a agosto de 2007), o processo de desmatamento no Estado não somente aumentou (INPE, 2007) como também avançou em direção às áreas protegidas (IMAZON, 2007).

Na literatura sobre a relação entre pobreza e degradação ambiental, coloca-se o crescimento econômico como uma das causas de ambas pelo uso indiscriminado e desordenado dos recursos naturais na busca pelo atendimento das necessidades produtivas. Olhando-se por esta ótica, verifica-se que maiores PIB (total e per capita) e maiores desmatamentos caminham juntos nos municípios da área em estudo, como é o caso de São Félix do Xingu classificado em 1º lugar em desmatamento e 11º em PIB (total e per capita), em 2004.

A concentração do desmatamento ocorrido no Pará acontece no chamado “Arco do Desmatamento”4, onde as atividades agropecuárias e madeireiras se desenvolvem em grande escala. Entretanto, pesquisas recentes do Inpe (2007), referentes aos anos de 2004 e 2005, acusam o crescimento do desflorestamento em outros municípios fora da área em foco, tais como: Cachoeira do Piriá (727%), Santa Luzia do Pará (156%) e Viseu (212%), no Nordeste do Pará, Anajás (167%), na Mesorregião Marajó, e Juruti (124%) e Terra Santa (182%), no Baixo Amazonas.

Várias pesquisas evidenciam a situação socioeconômica e ambiental dessa área geográfica. Por exemplo: Pinto (2006), com base em dados do IBGE, afirma que 55% de

4 Área que tem início no oeste do Maranhão, atravessa o sudeste e o sul do Pará, o norte do Mato Grosso e alcança Rondônia e Acre.

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toda a madeira que circula pelo Brasil têm origem no Pará. E que, apenas, 10% dos municípios paraenses respondem por mais de 37% da produção de madeira bruta nacional. São municípios localizados em áreas do chamado “Arco do Desflorestamento”. Também, pesquisa do IBGE, denominada de “Tendências demográficas”, mostra que, apenas, 654 municípios brasileiros, 12% do total de 5.507 existentes no censo 2000, apresentaram taxa de crescimento superior a 3%. Boa parte desses municípios localiza-se no “Arco do Desmatamento” (O GLOBO, 2004). 3.3 REALIDADE SOCIOECONÔMICA E AMBIENTAL DO ARCO DO DESMATAMENTO

Becker (2005), em análise sobre a consolidação do povoamento regional, enfatiza que “a Amazônia não é mais mera fronteira de expansão de forças exógenas nacionais ou internacionais, mas sim uma região no sistema espacial nacional, com estrutura produtiva própria e múltiplos projetos de diferentes atores”. Além disso, considera que a região tem uma nova geografia, formada por três macrorregiões:

� “Arco do Povoamento Adensado”, onde estão as maiores densidades demográficas, as estradas e o cerne da economia;

� “Amazônia Central”, que corresponde ao restante do Estado do Pará, e é a porção mais vulnerável da Amazônia, porque é cortada pelos eixos rodoviários; e,

� “Amazônia Ocidental”, que tem a maior área de fronteira política e é a mais preservada, porque não foi cortada por estradas e seu povoamento foi pontual, na Zona Franca de Manaus. A porção paraense do “Arco do Povoamento Adensado” engloba as mesorregiões

Sudeste e Sudoeste, contituidas por 53 municipios, que se destacam pela elevada participação na economia estadual. A mesorregião Sudeste paraense, formada por 39 municípios, agrupados em sete microrregiões (Conceição do Araguaia, Marabá, Paragominas, Parauapebas, Redenção, São Félix do Xingu e Tucuruí), possui uma área de 297.344,257 km² para uma população de 1.405.646 hab.5 e densidade demográfica de 4,7 hab./km². A mesorregião Sudoeste do Estado do Pará, ocupando uma área de 415.788,848 km², possui uma população de 483.423 hab.6 e densidade demográfica de 1,2 hab./km². É formada pela união de quatorze municípios agrupados em duas microrregiões (Altamira e Itaituba). Juntas abrangem 713.133,11 km² (57% da área do Pará) para um contigente populacional de 1.889.069 habitantes e possuem a densidade demográfica de 2,6 hab/km², inferior à do Estado (5,7 hab./km²) e de Belém (1.334 hab./km²).

Para mostrar as condições de vida dos municípios do “Arco do Desmatamento”, analisam-se os indicadores econômicos, sociais e ambientais, apresentados a seguir: 3.3.1 Indicadores econômicos

Economicamente, a situação da área em estudo pode ser vista através da análise do Produto Interno Bruto total e per capita (PIB e PIBpc). Também, o desempenho dos setores que compõem a estrutura produtiva dos municipios reflete a realidade, na qual se insere o contraste entre riqueza e pobreza existente na área.

5 Estimativa 01.07.2006. 6 Estimativa 01.07.2006.

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É evidente que a geografia econômica do Estado é de base produtiva predominantemente agropecuária, haja vista que esse conjunto de atividades participou com 22,8% do PIB estadual, em 2004, seguido pela indústria de transformação, com uma participação de 18,6%, conforme relatório anual do Governo do Estado (SEPOF, 2006). Nesse contexto, a maior força provém da Mesorregião Sudeste, onde as atividades econômicas estaduais tiveram maior dinanismo, em 2004, com uma participação de 31,69% no PIB estadual, somente superada pela Mesorregião Metropolitana de Belém (40,09%). Essa dinâmica é vista pela Sepof (2006) como resultado das alteração das bases produtivas de alguns municípios que caminharam em direção à verticalização.

A Tabela 2 mostra a evolução do PIB a preços correntes e PIB per capita dos municípios das mesorregiões Sudeste e Sudoeste do Pará, que vêm se destacando em termos de maior crescimento econômico, maiores áreas de desmatamento e maior número de queimadas. São municípios que concentram atividades pecuária, madeireira e de mineração. Verifica-se que no período de 1999 a 2004, tanto o PIB total quanto o PIB per capita da maioria desses municípios apresentaram crescimento superior ao do Estado do Pará. Os maiores crescimentos, em termos per capita, aconteceram em Canaã dos Carajás (415%), Anapu (318%), Tucuruí (229%), e Cumaru do Norte (212%).

Tabela 2. Municípios do “Arco do desmatamento, classificados pela variação percentual do

PIBpc (2004/1999). PIB/1999 PIB/2004 ∆ % (2004/1999)

Município

A preços correntes

(1 000.000 R$)

Per capita

(1.000R$)

A preços correntes

(1 000.000 R$)

Per capita

(1.000R$)

A preços correntes

Per capit

a Canaã dos Carajás 45,00 4,17 279,99 21,48 522 415 Anapu 22,61 2,37 72,06 9,91 219 318 Tucuruí 496,85 6,79 1.866,34 22,30 276 229 Cumaru do Norte 39,15 6,56 125,68 20,46 221 212 Marabá 479,16 2,88 1.470,76 7,68 207 167 Breu Branco 92,35 2,90 298,05 7,04 223 143 Rio Maria 70,77 3,98 121,81 9,58 72 141 Eldorado do Carajás 40,11 1,38 127,74 3,26 218 136 Novo Repartimento 96,41 2,33 258,51 5,29 168 127

Fonte: Elaborada com base nos dados da Sepof (2006). Juntas as mesorregiões Sudeste e Sudoeste contribuíram com 84% do rebanho

bovino paraense, em 2004 (SEPOF, 2006). Porém, a expansão da pecuária bovina acontece ao longo de todo o período de 1990 a 2005, a uma taxa de 2,52 % a.a., superior à do Estado que foi igual a 1,46% a.a. E mais, comparando-se 2004 com 2003, verifica-se que as variações do PIB dessas mesorregiões foram iguais a 22,14% e 17,20%, respectivamente; essas taxas sobrepõem-se à taxa média estadual que foi de 17,05%.

Tabela 3 Municipios das Mesorregiões Sudeste e Sudoeste do Pará, líderes no PIB, 2004. Mesorregiões/ Municípios

Ranking dos 30 maiores PIB Estrutura produtiva predominante (%) Preço de mercado Per capita Agropecuária Indústria Serviços

Sudeste

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Bannach 4º 84,24 Breu Branco 16º 23º 60,95 Canaã dos Carajás 18º 3º 65,01 Cumaru do Norte 5º 85,77 Floresta Araguaia 10º 76,92 Marabá 5º 20º 52,01 Parauapebas 6º 7º 73,87 Piçarra 16º 78,45 Santa Mª das Barreiras 13º 82,06 São Félix do Xingu 11º 11º 80,72 Sapucaia 6º 80, 21 Tucuruí 3º 2º 87,14 Sudoeste Anapu 12º 69,72 Itaituba 15º 55,26 Medicilândia 20º 8º 81,18 Vitória do Xingu 19º 72,67

Fonte: Elaborada com base no IBGE-Sepof/Diep/Geres (2006); Inpe (2007). A maioria dos municipios da área analisada possui estrutura produtiva com elevada

participação do setor agropecuário, como é o caso de Cumaru do Norte (85,77%), Bannach (84,24%), Santa Maria das Barreiras (82,06%), Medicilândia (81,18%), São Félix do Xingu e Sapucaia (80,72%) (Tabela 3). Além disso, 19 municipios estão incluídos no conjunto dos 30 maiores PIBs a preço de mercado e 23 no ranking do PIB per capita, tais como: Tucuruí, Marabá, Parauapebas e Paragominas. Também, em termos per capita, no referido ano, destaca-se a superioridade da mesorregião Sudeste, que registrou o valor de R$8.027,00 maior que o da mesorregião Metropolitana de Belém (R$5.881,00) e o do Estado (R$4.992,00). Tucurui, Canaã dos Carajás, Bannach e Cumaru do Norte classificaram-se entre os líderes do PIB per capita estadual.

Outro conjunto de atividade de forte impacto sobre a floresta paraense é o extrativismo vegetal, destacando-se a extração de carvão e de madeira em tora. A primeira, teve sua produção triplicada, no período e 1995 a 2005, para atendimento da demanda das siderurgias existentes na área em análise. Quanto à segunda, verifica-se que foi mais intensa na mesorregião sudoeste, tendo quintuplicado, no referido período.

Como variável relacionada ao uso do solo, faz-se uma breve análise sobre a produção de soja dentro do Estado do Pará. Verifica-se sua evolução, no período de 1997 a 2006, a uma taxa de 88,02% a.a, em função, principalmente, do crescimento da área, cuja taxa foi de 72,67% a.a. Esse crescimento aconteceu em detrimento da produção de alimentos básicos (arroz, feijão, mandioca e milho), cujas áreas plantadas ou decresceram (milho) ou não se alteraram (arroz e feijão), contribuindo para que o aumento da produção fosse pequeno comparado ao da soja. Somente a mandioca apresentou taxa de crescimento da área plantada significativa, porém muito baixa (1,17%) se comparada à área destinada ao plantio de soja. Além disso, os dados mesorreginonais indicam crescimento da produção de soja a uma taxa geométrica de 75,96%, em função da expansão da área, cuja taxa foi igual a 60,45%. (Tabela 4).

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Tabela 4. Taxas geométricas de crescimento dos principais produtos da lavoura paraense. 1997/ 2006.

T.G.C. (%) Estado do Pará Mesorregiões Sudeste e Sudoeste do Estado

Quantidade produzida Área plantada Quantidade produzida Área plantada Arroz 4,95* -1,18ns -0,71 ns -4,68* (2,34) (-0,81) (-0,54) (-3,38) Feijão 3,80* -1,04 ns -4,35* -7,97* (3,22) (-1,41 ) (-4,15) (-7,07) Mandioca 3,15* 1,17* -3,09* -3,95* (6,74) (2,31) (-3,63) (-3,87) Milho 1,05 ns -3,70* -1,24 ns -5,77* (0,77) (-2,80) (-0,70) (-3,27) Soja 88,02* 72,67* 75,96* 60,45* (7,78) (6,60) (8,73) (7,07)

Fonte: Elaborada com base nos dados do IBGE (2007). (*) significativo a 5% de probabilidade de erro; (ns) não significativo.

Brandão, Rezende e Marques (2005) não concordam com a idéia de que a cultura da soja produza impacto negativo sobre a floresta. Eles mostram que a expansão da área plantada de soja acontece mais em função do aproveitamento de áreas de pastagens do que pela abertura de novas áreas e, também, pela facilidade de uso da tecnologia proporcionada pelo Programa de Modernização da Frota de Tratores e Máquinas Agrícolas (Moderfrota). 3.3.2 Indicadores sociais

No debate sobre as relações entre desenvolvimento e redução da pobreza, considera-se que ambos são fenômenos complexos, gerados por inúmeros fatores. Assim, para a análise sob o ponto de vista social, os estudos do Pnud (2007) e do Ipea (2007) foram tomados como norte, nos quais aparecem como relevantes os seguintes índices: 3.3.2.1 Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)7

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é o indicador mais utilizado para o estudo dos fenômenos sociais. Comparando-se os resultados dos censos de 1991 e 2000, o IDH dos municípios do Estado do Pará foi ascendente, apresentando variação média de 15%, superior à da capital que foi de, apenas, 5%. Com exceção de Belém, cujo índice foi 0,806, considerado como alto desenvolvimento, os demais municípios paraenses classificaram-se na faixa de médio desenvolvimento, situando-se no intervalo de 0,525 a 0,782. Entre os 78 municípios do Estado do Pará, cujo IDH evoluiu acima de 30%, apenas 14 pertencem ao espaço geográfico em estudo, destacando-se: Brejo Grande do Norte (79%), Rurópolis (62%) e Pacajá (59%). 3.3.2.2 Índice de desenvolvimento humano municipal (IDH-M)8

7 Criado em 1990, combina três componentes básicos do desenvolvimento humano: a longevidade, medida pela esperança de vida ao nascer; a educação, medida por uma combinação da taxa de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino fundamental, médio e superior; a renda, medida pelo poder de compra da população, baseado no PIB per capita ajustado ao custo de vida local.

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O IDH-M dos municípios paraenses, referente ao ano de 2000 comparado ao de 1991, pouco evoluiu, situando-se no intervalo de variação de 4 a 32%. A média dos IDH-M dos municípios das mesorregiões Sudeste e Sudoeste do Estado do Pará foi inferior ao IDH-M brasileiro e estadual, tanto em 1991 quanto em 2000. Porém, o crescimento médio ocorrido (18,4%) nesses municípios foi superior ao crescimento do país (10,1%) e do Estado (11,2%). Os municípios que mais evoluíram nesse sentido foram: Pacajá e Piçarra (32%), Água Azul do Norte (30%), Goianésia e Nova Ipixuna (28%), Canaã dos Carajás e São Geraldo do Araguaia (27%), situados no “Arco do Desmatamento”.

3.3.2.3 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-Renda9

No conjunto de municípios que compõem a área em estudo, o IDHM relativo à renda pouco evoluiu, no período entre os dois censos. No total dos municípios do Estado, 23 regrediram e, deste conjunto, 10 municípios pertencem ao “Arco do Desmatamento”. A variação média de todo o conjunto foi 7% e os municípios que mais evoluíram foram: Curuçá (32%), no Nordeste Paraense e Pacajá (30%), no sudoeste do Estado. Apenas 7 municípios pertencentes ao “arco do desmatamento” (Uruará, Canaã dos Carajás, São Geraldo do Araguaia, Brejo Grande do Araguaia, Piçarra, Palestina do Pará e Rurópolis) obtiveram acréscimos no intervalo de 20 a 32%. 3.3.2.4 Pessoas indigentes10

Para a análise foram utilizados os percentuais de indigência do Ipea, referentes aos censos de 1991 e 2000. Verificou-se que a indigência está presente em todos os municípios das mesorregiões Sudeste e Sudoeste paraenses, haja vista que, em 2000, apesar da redução ocorrida em 32 municípios, esse indicador situou-se no intervalo de 12 a 60%. Chamam a atenção pelos altos percentuais (acima de 30%) 24 municípios da área em estudo, entre os quais se destacam Aveiro e São João do Araguaia com níveis de indigência de 60% e 53%, respectivamente. Também, é surpreendente o fato de que, entre os dezessete municípios, cujo percentual de indigentes aumentou consideravelmente, no intervalo dos dois censos, oito pertencem à área em foco, destacando-se: Cumaru do Norte (110%), Bannach (71%), Eldorado dos Carajás, (65%), Curionópolis (64%) e Novo Progresso (60%); são municípios líderes no ranking econômico estadual, conforme foi mostrado anteriormente.

Comparando-se o percentual médio de indigentes do conjunto formado pelas duas mesorregiões com o do Estado, verifica-se que no primeiro espaço geográfico, esse percentual caiu de 32% para 29%, enquanto que no segundo, passou de 37% para 35%.

3.3.2.5 Pessoas pobres11

8 O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é semelhante ao IDH, mas não idêntico. Inclui as três dimensões adotadas pelo IDH (renda, longevidade e educação, com pesos iguais), mas com algumas adaptações para adequar o índice (concebido para comparar países) à unidade de análise que é o município. 9 O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-Renda é um sub-índice do IDH relativo à dimensão Renda. É obtido a partir do indicador renda per capita média. 10É medido pelo percentual de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$37,75 equivalentes a 1/4 do salário mínimo vigente em agosto de 2000. 11 É medido pela porcentagem de domicílios pobres do município, ou seja, percentual de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$75,50, equivalentes a 1/2 do salário mínimo vigente em agosto de 2000.

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O exame dos dados do Ipea (2007) mostra que, na porção paraense do “Arco do Desmatamento”, a pobreza em alto nível é generalizada, situando-se no intervalo de 26 a 81% do total das populações de cada município, dos quais 29 contam com uma população pobre acima de 50%. Nesta situação, destacam-se: Aveiro (81%), Curuá (79%) e São João do Araguaia (77%), Itupiranga e Novo Repartimento (70%). Também, o confronto entre os dois censos mostra que a pobreza aumentou em 13 municípios da área em estudo, com destaque para Bannach, Senador José Porfírio e Curionópolis com 35%, 27% e 20% de aumentos, respectivamente. Além disso, registra-se a queda nos percentuais de pessoas pobres de 39 municípios do espaço geográfico em questão, com destaque para Uruará, cuja redução foi de 47%. No cômputo geral da área de abrangência do estudo, o percentual médio de pobres passou de 61% em 1991 para 54% em 2000, com vantagem em relação ao Estado que passou de 67% para 62% no mesmo período. 3.3.2.6 Razão entre a Renda Média dos 10% mais Ricos e a dos 40% mais Pobres12

A desigualdade social medida pela distribuição de renda entre os indivíduos se acentuou consideravelmente na década de 1990, como mostram os dados do IPEA. Dos 53 municípios das mesorregiões Sudeste e Sudoeste paraenses, 18 apresentaram a razão entre a renda dos 10% mais ricos e dos 40% mais pobres no intervalo de 30 a 94%, destacando-se Pacajá (93,57%) e Eldorado dos Carajás (83,23%). O aumento na concentração de renda se fez de forma desigual, haja vista que municípios como Eldorado dos Carajás e Vitória do Xingu evoluíram 4 e 3 vezes, respectivamente, enquanto Senador José Porfírio e Bannach reduziram essa desigualdade em 43 e 70%, respectivamente.

3.3.2.7 Índice de Gini13

No período de 1991 a 2000, a concentração da riqueza aumentou em 118 (83%) dos municípios do Estado do Pará, entre os quais 42 (36%) pertencem ao “Arco do Desmatamento”. Chama a atenção o fato de que 43 unidades municipais do estado apresentam variações no intervalo de 20 a 60% e nesse conjunto estão contidos 12 municípios da área em estudo. Entre eles destacam-se: Vitória do Xingu, com 37% de aumento, Piçarra (34%), São Felix do Xingu (33%) e São Geraldo do Araguaia (32%).

3.3.2.8 Renda per Capita14

12 É uma medida do grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Compara a renda média dos indivíduos pertencentes ao décimo mais rico da distribuição com a renda média dos indivíduos pertencentes aos quatro décimos mais pobres da mesma distribuição 13 Mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0 a 1. Portanto, quanto mais próximo de 1 maior é a concentração de renda. 14 É a razão entre o somatório da renda per capita de todos os indivíduos e o número total desses indivíduos. A renda per capita de cada indivíduo é definida como a razão entre a soma da renda de todos os membros da família e o número de membros dessa família. Valores expressos em reais de 1º de agosto de 2000.

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Analisando esta variável vê-se que houve uma evolução em 86¨% dos municípios, sendo que os que mais evoluíram foram: Pacajá (121%), Uruará (113%), Piçarra (108%), Brejo Grande do Araguaia (108%), Rurópolis (106%) e Canaã dos Carajás (101%). 3.3.3 Indicadores ambientais

As imagens de satélites registraram que a área de floresta do conjunto formado pelos municípios paraenses diminuiu em 10,3% no período de 2000 a 2005 (INPE, 2006). Dos 143 municípios do estado, 58 têm a dimensão do seu desflorestamento inserida no intervalo de 31% a 90% da área municipal. Destes, 39 pertencem às mesorregiões Sudeste e Sudoeste, ou seja, 74% do total de municípios que compõem as duas mesorregiões (53). Infelizmente, o caráter dinâmico da economia local faz com que a área geográfica em estudo contenha os municípios com maiores taxas de desmatamento dentro do Estado. Isto é confirmado pelo Ministério do Meio Ambiente (2006), quando mostra que no ranking dos municípios líderes no PIB, resultante da atividade agropecuária, estão os líderes do desmatamento no Pará, em 2004: São Félix do Xingu (1º) e Altamira (3º), entre outros.

Pesquisas do Inpe (2007) revelam o ranking do desmatamento em 2005, em que o município de São Félix do Xingu permanece na liderança. Entretanto, chama a atenção a situação de determinados municípios que continuam destruindo suas florestas, como é o caso de Santana do Araguaia, cujo aumento de área desmatada foi de 62%, comparando-se 2005 a 2004 (Tabela 5).

Tabela 5. Municípios do Estado do Pará com maiores taxas de desmatamento, em 2005.

Município Área (km²)

Desflorestamento em 2004 (km²)

Desflorestamento em 2005 (km² ) ∆%

São Félix do Xingu 84.249 1.214 1.403 16 Cumaru do Norte 17.106 413 582 41 Altamira 159.701 708 542 -23 Santana do Araguaia 11.607 300 486 62 Paragominas 19.452 242 304 26 Sta Maria das Barreiras 10.350 236 282 19 Pacajá 11.852 266 279 5 Novo Progresso 38.183 777 230 -70 Novo Repartimento 15.433 513 214 -58

Fonte: Inpe (2007)

A liderança no desmatamento dentro do Estado exercida pelo municipio de São Félix do Xingu é explicada, em grande parte, pelo avanço da pecuária na última década do século XX, haja vista que, de um rebanho formado por 43.525 cabeças (exceto aves), em 1990, o municipio alcançou o recorde de 1.648.098 cabeças, em 2005 (IBGE, 2007), o que equivale a um aumento de 3.687%. O muncípio de Cumaru do Norte, também, destacou-se na atividade pecuária, passando de 37.892 cabeças de gado, em 1995, para 563.078 cabeças em 2005, uma variação de 1.386%. Do total de gado produzido no Estado do Pará

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no período de 1990 a 2005, 63% originaram-se nos municípios pertencentes às mesorregiões Sudeste e Sudoeste paraenses (Gráfico 3).

As queimadas, também, se constituem em grave problema para o meio ambiente paraense e tornam-se mais preocupantes, especialmente, quando há o confronto com a realidade, mostrada através dos dados da Sectam (2006), nos quais se verifica que, após a queda de 39% no ano de 2003 em relação 2002, o número de queimadas voltou a crescer, especialmente em 2005 comparado a 2004 (38%). Rondon do Pará é o campeão em número de queimadas. No ranking de participação no total do estado dos municípios paraenses com maiores focos, em 2005, o município de Altamira ocupa a segunda posição com 2.598 focos (6,1 % de participação), seguido por Eldorado dos Carajás (5,7 %) e Conceição do Araguaia (5,6 %).

Verifica-se, ainda, que vinte municípios, situados nas mesorregiões Sudeste e Sudoeste do Pará, contribuíram com 66% das queimadas no Estado do Pará, em 2005, liderados por Rondon do Pará, com 5.895 focos, ou seja, uma participação de 14% no total do estado que foi de 42.323 focos. Esse município destacou-se pelo grande salto em relação aos anos anteriores, isto é, no período de 2001 a 2005, houve um acréscimo de 459%. Seguindo um ritmo mais ou menos idêntico estão: Conceição do Araguaia (296%), Novo Progresso (178%), Cumaru (156%) e Eldorado dos Carajás (150%).

Gráfico 3. Evolução da produção de gado (cab.) no Estado do Pará, no período de 1990 a 2008. Fonte: Elaborada com base nos dados do IBGE (2010).

É preciso, também, ser evidenciado que 91% do carvão vegetal, 34% da lenha e

60% da madeira em tora produzidos no período de 1980 a 2005 pelo Estado do Pará são oriundos dos municípios localizados no “Arco do Desmatamento”. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista que o objetivo do trabalho consistiu em analisar a relação entre pobreza e degradação ambiental no “Arco do Desmatamento”, é possível concluir que todos os indicadores levantados apontam para a existência da pobreza generalizada, na

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medida em que o uso abusivo e indiscriminado dos recursos naturais levou à perda da capacidade de atendimento das necessidades da população local. Verificou-se que o crescimento econômico estadual, cujos líderes são, em grande parte, pertencentes à área em foco, aconteceu em detrimento da floresta, haja vista que, do total desmatado até 2005, 74% pertencem a esses municípios, que, também, participaram com 86% do desmatamento ocorrido no Estado, no ano de 2005.

A pobreza existente na área é mostrada através do percentual de pessoas indigentes e pobres, que, apesar da defasagem de tempo, contribui de certa forma para mostrar a realidade, haja vista que as políticas públicas de cunho social ainda não alcançaram o nível ideal para melhoria de condições de vida da população local. Além disso, o crescimento econômico verificado na área, cuja participação é marcante em termos do PIB a preço de mercado e per capita, não é repassado para a população como um todo, haja vista a crescente concentração de riqueza apontada pelo índice de GINI e o aumento da desigualdade social refletido na razão entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres.

Assim, fica evidente o contraste existente no “Arco do Desmatamento”, onde a riqueza do solo e das florestas foi e continua sendo explorada de forma predatória, deixando para a população local apenas a pobreza e a esperança de dias melhores. REFERÊNCIAS BARRETO, Barreto. P; Souza Jr.,C; Anderson, A; Salomão, R. & Wiles, J. Pressão Humana no Bioma Amazônia. IMAZON. O Estado da Amazônia, n. 3. p. 1-6, 2005. BECKER, Bertha K. Geopolítica da Amazônia Dossiê Amazônia Brasileira I. Estudos Avançados. Vol. 19, n° 53. São Paulo, 2005. ISSN 0103-4014. BENTES, Elisabeth dos Santos; BENTES, Lorena dos Santos; AMIN, Mário Miguel. Influência do processo migratório no desenvolvimento sustentável da Amazônia. Artigo aprovado e apresentado no XLI Congresso da Sociedade Brasileira de Sociologia e Economia Rural – Sober, 2003 e publicado na Revista Movendo Idéias do Curso de Economia, da Universidade da Amazônia. BENTES, Lorena dos Santos. ICMS-ECOLÓGICO : sustentabilidade e desenvolvimento para o Estado do Pará. Dissertação de Mestrado em Economia pela Universidade da Amazônia (Unama), defendida em 23 de janeiro de 2009. Belém, Estado do Pará.

BRANDÃO, A. S. P.; REZENDE, G. C. de; MARQUES, R. W. da C. Crescimento agrícola no período 1999/2004: a explosão da soja e da pecuária bovina e seu impacto sobre o meio ambiente. Disponível em: < http://www.scielo.br > Acesso em: 30.09.2007.

DIEGUES, Antonio Carlos (org.). Desmatamentos e modos de vida na Amazônia. São Pulo: NUPAUB/USP, 1999. DURAIAPPAH, Anantha. Poverty and Environmental Degradation: a literature Review and Analysis. Creed Working Paper Series Nº 8. Internation Institute for Environmental awnd Development, London and Institute for Environmental Studies, Amsterdam. October , 1996.

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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,

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