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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Juízo Eleitoral do Foro Distrital de PaulíniaProcesso Civil – Ação de Impugnação de Mandato Eletivo nº 288/08
Vistos.
COLIGAÇÃO PARTIDÁRIA “RENOVA PAULÍNIA”,
DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES – PT e
DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PARTIDO DA REPÚBLICA – PR, DIXON
RONAN CARVALHO e LUCIANO BENTO RAMALHO, já qualificados nos
autos, ajuizaram ação de impugnação de mandato eletivo contra JOSÉ
PAVAN JÚNIOR, SIMONE MOURA e COLIGAÇÃO “CONHECENDO O
PRESENTE, GARANTINDO O FUTURO”, aduzindo, resumidamente, que os
impugnados praticaram condutas caracterizadoras de abuso de poder
econômico e corrupção, consistentes em perseguições e ameaças de morte
a Dixon Ronan Carvalho, candidato ao pleito majoritário; desapropriações de
áreas públicas pelo então prefeito Edson Moura, apoiador da campanha dos
impugnados; compra de votos; uso indevido dos meios de comunicação
social. Afirmaram que houve abuso de poder, eis que os réus exploraram a
hierarquia e dependência econômica com relação a funcionários de uma
empresa prestadora de serviços do município, com o fim de influenciar a
vontade popular e incutir medo nos trabalhadores, caso não votassem nos
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réus. Sustentaram a ocorrência de captação ilícita de recursos e gastos não
declarados, enumerando nove situações específicas em que teriam sido
sonegadas informações na prestação de contas. Por fim, alegaram que os
réus ofereceram dinheiro em troca dos votos de diversos eleitores.
Pleitearam a concessão de liminar para cassação do mandato de José
Pavan Júnior. Arrolaram seis testemunhas. Juntaram documentos (fls.
34/434).
O Ministério Público opinou contrariamente à
concessão da liminar (fls. 437/440), que foi indeferida (fls. 442).
Os impugnantes juntaram cópia da ata de diplomação
dos candidatos eleitos (fls. 445/446) e outros documentos (fls. 450/484).
A petição inicial foi emendada para excluir do pólo
passivo a Coligação “Conhecendo o Presente, Garantindo o Futuro” (fls.
489/490).
Em contestação (fls. 507/550), que veio acompanhada
de documentos (fls. 551/810), os impugnados alegaram, preliminarmente,
falta de documento essencial consistente na certidão de diplomação;
ausência de interesse de agir e legitimidade para as questões referentes à
prestação de contas, pois nenhum recurso foi interposto da decisão judicial
que as aprovou; e petição inicial fundada em prova ilícita, já que a escuta
telefônica juntada pelos impugnantes não foi realizada por um de seus
interlocutores nem está sendo utilizada por qualquer deles. No mérito,
refutaram a alegação de que teria ocorrido abuso de autoridade mediante
assédio moral e constrangimento dos funcionários da empresa Corpus,
afirmando ainda que esta não é matéria objeto de ação de impugnação de
mandato eletivo; negaram captação ilícita de recursos e gastos não
declarados; aduziram não haver captação ilícita de sufrágio; e inexistência
de abuso de poder, por falta de potencialidade para afetar o resultado da
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eleição. Arrolaram cinco testemunhas. Requereram perícia das gravações
juntadas com a petição inicial.
O Ministério Público ofereceu seu parecer a fls.
812/817.
O feito foi saneado com o afastamento das
preliminares, tendo sido deferida a produção de prova pericial e oral (fls.
819/822).
Durante a audiência de instrução (fls. 841/843), foram
ouvidas cinco testemunhas arroladas pelos autores (fls. 849/885) e três
pelos réus (886/913).
O laudo pericial foi juntado aos autos (fls.919/1011).
Os autores se manifestaram a fls. 1019/1023 e
juntaram documento (fls. 1024/1038).
Os réus se insurgiram contra a realização da perícia
(fls. 1039/1040).
Seguiuse manifestação do Ministério Público, em que
requereu a oitiva de uma testemunha (fls. 1041).
Por meio da decisão de fls. 1043/1044, deferiuse a
oitiva da testemunha e afastouse a nulidade da perícia.
Constam do processo as decisões proferidas em sede
de mandado de segurança impetrado perante o E. TRE, referente a esses
autos (fls. 1048/1050 e 1055/1062).
Realizouse audiência para a oitiva de testemunha, a
qual foi presa em flagrante (fls. 1064/1065 e 1069/1086). Houve pedido de
arbitramento de fiança em seu favor (fls. 1091/1102), a respeito do qual se
manifestou o Ministério Público (fls. 1103), não tendo sido ele apreciado em
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razão da incompetência deste juízo (fls. 1105). Posteriormente, foi noticiado
o deferimento da liberdade provisória, pelo juízo competente (fls.
1139/1144).
As partes apresentaram suas alegações finais,
realizando a análise da prova produzida e reiterando os termos de suas
manifestações anteriores (fls. 1109/1135 e 1155/1195), tendo os réus
juntado aos autos documentos (fls. 1196/1248).
O Ministério Público ofereceu parecer pela
procedência do pedido e consequente cassação dos diplomas conferidos
aos réus (fls. 1252/1278).
É o relatório.
DECIDO.
Dispõe o artigo 14, § 10, da Constituição Federal:
“O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação,
instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
corrupção ou fraude.”
Esmiuçando a natureza jurídica da ação de
impugnação de mandato eletivo, Marcos Ramayana (Direito Eleitoral – 2ª
ed., Rio de Janeiro: Impetus, 2004), ensina:
“É portanto, uma ação de direito constitucional
eleitoral, cuja tutela reside na defesa dos direitos públicos políticos
subjetivos ativos, protegendose as eleições contra a influência direta ou
indireta dos abusos econômicos, políticos, corrupção e fraudes.
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A principal finalidade dessa ação, ao nosso sentir,
reside na defesa dos interesses difusos do eleitor, que foram manipulados
no exercício do voto, votando num processo eleitoral impregnado por fraude,
corrupção e abusos, onde o mandamento nuclear do voto, como princípio
fundamental da soberania popular e políticoconstitucional, é nulo de pleno
direito, conforme dispõe o art. 175, § 3º, do Código Eleitoral, porque, o
responsável pelas práticas ilícitas é considerado inelegível, e os votos
atribuídos aos candidatos inelegíveis são essencialmente nulos de pleno
direito.”
Extraise dessa lição que o objetivo da presente ação
é impedir que o candidato que se sagrou vitorioso nas eleições, valendose
de expedientes que viciaram a vontade popular, possa exercer o mandato e
continuar elegível. Isto porque o resultado obtido nas eleições não reflete a
verdadeira intenção de voto da maioria do eleitorado e, consequentemente,
impede que se reconheça a legitimidade do candidato eleito para exercer o
mandato, este ilicitamente conquistado.
Importante destacar, no entanto, que o objeto da ação
de impugnação de mandato eletivo é restrito, ou seja, o dispositivo
constitucional retro mencionado o limita à cassação do mandato eletivo e
declaração de inelegibilidade, especificamente, em caso de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude. Dessa maneira, os fundamentos contidos
na petição inicial referentes à ocorrência de perseguições e ameaças ao
autor Dixon Ronan Carvalho, abuso de autoridade e uso indevido dos meios
de comunicação social, mencionados pelos autores para embasar a
presente ação, não podem ensejar o resultado pretendido.
A via eleita (ação de impugnação de mandato eletivo)
seria inadequada para o alcance do resultado pretendido, caso ela se
fundamentasse exclusivamente nas alegações acima mencionadas, o que
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ensejaria a extinção do processo, com base no artigo 267, inciso VI, do
Código de Processo Civil, por falta de interesse de agir que, traduzido no
binômio necessidadeadequação, careceria deste último aspecto.
Ocorre que, mesmo excluindo tais argumentos da
apreciação judicial da presente demanda, remanesce, ainda, o fundamento
concernente ao abuso do poder econômico, relacionado à captação ilícita de
recursos e despesas não declaradas e à compra de votos, este sim passível
de embasar a cassação do mandato eletivo pela via da ação de impugnação
de mandato eletivo. Serão estes os aspectos analisados na presente
decisão.
Nove são as irregularidades apontadas pelos autores,
no tocante aos recursos empregados na campanha política dos réus.
O primeiro dos argumentos dos autores consiste na
não contabilização de despesas realizadas com a doação de material
impresso ao candidato a vereador Bonavita.
De fato, referidos impressos, juntados a fls. 454/481
(cópia) e 1024/1037 dos autos, levam o CNPJ de número 09.827.862/0001
07, cadastro este atinente a “ELEIÇÃO 2008 JOSE PAVAN JUNIOR
PREFEITO” (fls. 482).
Os réus não negam que tal despesa não tenha sido
declarada na prestação de contas de José Pavan Júnior. Afirmam, sim, que
ela constou da prestação de contas do próprio candidato a vereador
Bonavita, pessoa em destaque no impresso.
Os documentos de fls. 551/554, quais sejam: i) nota
fiscal emitida pela gráfica em favor do vereador Bonavita; ii) comunicação de
irregularidade em documento fiscal; iii) cheque emitido no mesmo dia da
nota fiscal e com o mesmo valor, tendo como beneficiária a gráfica; e iv)
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uma parte do que aparenta ser a prestação de contas do candidato a
vereador, fazendo menção a tais gastos, são suficientes para demonstrar
que houve equívoco da gráfica ao inserir o CNPJ do réu José Pavan Júnior
no impresso eleitoral.
Portanto, este fundamento não seria suficiente para
ensejar o resultado pretendido na presente ação.
Quanto à não contabilização de serviços prestados por
cabos eleitorais, também não houve comprovação de tal irregularidade.
As fotos juntadas pelos autores a fls. 290 revelam o
réu José Pavan Júnior, em um evento público, na companhia de Adair de
Oliveira. Por outro lado, segundo os documentos de fls. 555/577, Adair de
Oliveira é vicepresidente do Diretório Municipal do Partido Democrático
Trabalhista – PDT de Paulínia, partido coligado ao partido dos réus nas
eleições municipais.
Assim, como bem aventado pelos réus, é natural que
um dos mais graduados membros de um partido político coligado
acompanhasse o candidato a eventos da campanha eleitoral, como
militante, e mesmo que prestasse sua colaboração sem que fosse
contratado ou recebesse qualquer numerário para tanto.
No tocante a Ivair de Oliveira, não há nos autos
qualquer elemento que possa inferir que tenha contribuído para a campanha
política dos réus, quer circulando com seu veículo como carro de som, quer
exercendo função de motorista, tendo, no mais, sido impugnada essa
afirmação pelos réus.
Já em relação à não contabilização dos serviços
prestados por João Araújo da Cruz e outros motociclistas, são necessárias
algumas considerações.
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Em outros feitos envolvendo o depoimento da mesma
testemunha, havia me manifestado pela fragilidade de seu conteúdo, em
parte tomando como fundamento o depoimento da testemunha Thiago
Gomes dos Santos (fls. 886/903), que foi ouvido também na contradita de
João Araújo da Cruz (fls. 857/859).
Consigno, no entanto, que em recente audiência,
Thiago Gomes dos Santos se retratou do depoimento que prestara nesses
autos, remanescendo, assim, a versão de João Araújo da Cruz, a qual, no
entanto, é questionável.
Explico: João aduziu ter trabalhado durante toda a
campanha eleitoral para o réu, porém sequer expressou corretamente seu
nome nas vezes em que fez menção a ele em seu depoimento, chamandoo
de José Júnior Pavan, ao invés de José Pavan Júnior. Disse que o réu lhe
prometera oitocentos reais, para que “estivesse junto com ele” nas eleições,
além da oferta de um cargo público, e que os pagamentos em seu favor
foram feitos por fora. Relatou que o réu deu dinheiro para várias pessoas,
durante as visitas que fez nas casas dos eleitores, e que o próprio depoente
entregou cestas básicas a moradores da Granja Coave. No mais, contou
que foram feitas rondas noturnas de motocicletas para fins de intimidação
dos demais candidatos, mediante o pagamento de cem reais por noite a
cada motoqueiro. Informou que sofreu ameaças por parte de Thiago Gomes
de Souza, para que não viesse depor em juízo.
Não há nos autos, no entanto, qualquer outro
elemento, que não o próprio depoimento da testemunha, a comprovar que
João Araújo da Cruz trabalhou durante a campanha política do réu.
Portanto, ainda que seja plausível a contratação, por
fora, de motoqueiros para fazer a ronda noturna, mediante pagamento de
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cem reais por noite, não se tem a certeza necessária para o acolhimento do
pedido formulado pelos autores.
Além disso, impossível se extrair qual seria a
influência desses motoqueiros e da atuação deles para influir no resultado
do pleito.
Da mesma forma a alegação de não contabilização
dos pagamentos feitos a Gilberto Inez dos Santos e a locação de caminhão
não foi suficientemente comprovada.
O depoimento de fls. 265/284 evidencia que Gilberto
foi contratado pelo réu, no período de agosto a 15 de outubro de 2008, para
colocação de placas na cidade. Segundo consta do testemunho, os
pagamentos eram feitos, em dinheiro, quinzenalmente, no diretório do
partido. Os documentos de fls. 578/583, no mesmo sentido, comprovam a
contratação de Gilberto e os pagamentos feitos regularmente, mediante
cheques sacados da conta eleitoral do réu. Já quanto a suposta locação de
caminhão, genericamente lançada pelos autores, sem qualquer
especificação, não permite sequer o exercício do contraditório e a análise
judicial da questão.
Não se pode reconhecer, portanto, a não
contabilização de despesas ou qualquer irregularidade na contratação.
Relativamente à contratação de serviços de
informática e eletrônica, sem que houvesse qualquer registro de aquisição
ou utilização de computadores, a defesa oferecida pelos réus esclareceu
satisfatoriamente que tais máquinas foram alugadas, comprovando tal fato
por meio dos documentos de fls. 718/720.
No tocante à ausência de registro de doação feita ao
candidato a vereador Jurandir Matos por meio de instalação de placas em
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seu comitê, também não se acolhe o argumento dos autores, eis que os
documentos de fls. 722/723, evidenciam que houve doação por parte do réu
em favor de Jurandir Matos e que essa situação foi discriminada na
prestação de contas.
Quanto à falta informação sobre o modo de quitação
do cheque nº 500009, no valor de R$ 6.100,25, que levaria à não conciliação
bancária necessária à aprovação das contas dos réus, justificaram os réus
que houve reapresentação do cheque e correspondente compensação, o
que merece ser acatado por estar comprovado pelos documentos de fls.
724/726.
Já em relação à nota de correção realizada pelo Jornal
Tribuna de Paulínia Ltda (fls. 288), referente à nota fiscal de serviços de nº
1127 (fls. 287), de fato, não aparenta estar em consonância com a
legislação que rege a alteração e correção de dados fiscais. Duas
considerações, no entanto, merecem ser feitas. A primeira no sentido de
que a prestação de contas eleitoral é atividade de cunho meramente formal,
em que se analisa se o candidato ou comitê efetuou despesas compatíveis
com os recursos que licitamente angariou. Ainda que se discorde dessa
proposição, é fato que não se analisa o conteúdo de cada uma das notas
fiscais apresentadas, apenas se exige a compatibilidade entre recursos
disponíveis e gastos realizados. Também é da legislação eleitoral se
permitir aos candidatos que retifiquem as contas em um primeiro momento
apresentadas, o que leva, muitas vezes, a ajustes esdrúxulos. Esta é a lei.
No presente caso, as despesas informadas na nota
fiscal original diziam respeito a uma única inserção no jornal prestador de
serviços, no valor de R$ 500,00. Depois da retificação, passaram a constar
diversas inserções em mais de um jornal e o valor unitário de R$ 300,00. Ou
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seja, mantevese apenas o esqueleto da nota fiscal original e mudouse todo
o conteúdo da declaração.
Não cabe a este juízo analisar se houve atendimento
ou não à legislação tributária, mas tão somente a ocorrência de abuso de
poder econômico decorrente de uma declaração eventualmente falsa de
gastos de campanha eleitoral. E neste aspecto, os autores, apesar de
cientes das datas em que teriam ocorrido das publicações (já que elas
passaram a constar da nota fiscal retificadora), não demonstraram que elas
não tivessem sido feitas, deixando, portanto, de se desincumbir do ônus que
lhes é imposto pelo artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil.
Por isso, também não merece prevalecer o argumento
acima.
Quanto ao fundamento referente a placas de
propaganda eleitoral não contabilizadas na prestação de contas, há mera
alusão a isto na petição inicial, sem qualquer indicação de quais placas
seriam essas, em favor de quem, colocadas em que lugares, etc, sendo
impossível a este juízo conhecer os fatos e aos réus exercer o direito de
contraditório.
Ficam, portanto, afastados todos os argumentos
referentes ao abuso do poder econômico relativos à não contabilização de
despesas na prestação de contas eleitoral.
Passase à análise da ocorrência de abuso do poder
econômico vinculado à compra de votos.
Na petição inicial, os autores imputam aos réus a
captação ilícita de votos, mediante oferecimento de dinheiro em espécie a
diversos eleitores, entre os quais: Tiago Soares da Costa, Carmem Lúcia de
Souza Abreu, Vanessa da Silva Paraíso, Pedro Elias da Silva, Fabiana
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Araújo Carneiro, Josivandira Josina Gonçalves, Inocência Ribeiro Dutra,
Maria Santa Pascoal dos Santos, Sirlei de Almeida da Silva Botrechio,
Antônia Vera Lúcia de Assis.
Afora os documentos juntados pelos autores em que
constam declarações particulares e unilaterais prestadas pelos supostos
eleitores (fls. 291/299), as quais foram impugnadas pelos réus, algumas
pessoas prestaram depoimentos em juízo, ora confirmando suas versões
anteriores, ora trazendo novos dadoos relativos à compra de votos.
Inocência Ribeiro Dutra (fls. 867/872) afirmou que é
filiada e militante política do Partido dos Trabalhadores, há muito tempo, e
que recebeu, pessoalmente do réu José Pavan Júnior, a oferta de cinco mil
reais para que ela e seus familiares votassem nele. A isenção do
depoimento desta testemunha, no entanto, é questionável, eis que
expressou claramente predileção pelo partido em questão e não é crível que
o candidato a prefeito, às vésperas das eleições, tenha se dirigido a uma
conhecida militante do partido adversário para lhe comprar o voto.
José Carlos Moreira (fls. 882/885) não contribuiu para
a elucidação da ocorrência de compra de votos, apenas narrou como teriam
sido as negociações, antes do período eleitoral, para que o PPS se
coligasse com os partidos autores ou com o dos réus.
O depoimento de Thiago Gomes de Souza (fls.
886/903), por sua vez, é imprestável, já que desprovido de credibilidade. A
testemunha titubeou diversas vezes em resposta às perguntas que lhe foram
formuladas e não soube explicar a origem dos gastos desproporcionais à
sua condição econômica que fez na cidade de Campinas, como a lavratura
de escrituras públicas em companhia de Antônio Petson Paes, presidente do
PPS de Paulínia (partido coligado ao partido dos réus), e a hospedagem de
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sua família em hotel, mediante pagamento em dinheiro de R$ 1.500,00,
sendo sua profissão de garçom e sua renda mensal em valor inferior a isso.
Alex dos Anjos (fls. 904/909), funcionário da empresa
Corpus, não tinha conhecimento acerca da compra de votos, apenas da
reunião realizada pelos réus, à qual os empregados de referida empresa
foram convidados a participar. Tais fatos, conforme já se expôs supra, não
serão objeto de análise na presente ação, pois estão atrelados a abuso de
poder de autoridade, que não serve de fundamento à ação de impugnação
de mandato eletivo.
Ainda, Aparecido do Carmo Camargo (fls. 910/913)
disse que propôs a realização de um churrasco para a candidata a
vereadora Ângela Duarte, porém ela não aceitou sua sugestão, e tal
proposta não foi feita ao candidato réu.
O único depoimento que acrescenta dados relativos à
compra de votos e ao abuso do poder econômico é o de Sérgio Caetano
Lopes (fls. 873/881), que presenciou o exprefeito Edson Moura, apoiador da
campanha política dos réus, em uma casa, no bairro Alto dos Pinheiros,
distribuindo dinheiro a diversas pessoas, nos valores de quinhentos a um mil
reais. A testemunha nominou a dona da casa de Brígida e uma das pessoas
que aceitou o dinheiro de Ângela. Além disso, contou que é membro da
igreja Assembléia de Deus Ministério Madureira, a qual possui cerca de um
mil pessoas, e que esta apoiou os candidatos a vereador Sandro Caprino e
a prefeito José Pavan Júnior, tendo o presidente da igreja, Samuel Ferreira,
ordenado aos pastores para que orientassem os fiéis a votarem em referidos
candidatos, apresentandoos como “candidatos oficiais da igreja”. Revelou
que o réu Pavan doou para a igreja um terreno ao lado, para servir de
estacionamento, o qual há anos a igreja tinha interesse em adquirir, tendo
sido, inclusive, feito na igreja o “levantamento de dinheiro para pagar a
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documentação do terreno e papel”. Acrescentou que o pastor Cleberson
passou na casa das pessoas para anotar o número do título de eleitor delas,
para depois das eleições conferir se elas haviam votado no candidato da
igreja. Disse também que soube de duas outras ocasiões em que o réu
José Pavan Júnior e o exprefeito Edson Moura ofereceram dinheiro e bens
em favor dos eleitores, as quais se deram na sede da igreja de Paulínia, na
avenida Brasília, e no bairro Chácara Flora.
Conforme se verifica do depoimento prestado pela
testemunha, os réus, apoiados pelo exprefeito Edson Moura, abusaram do
poder econômico, oferecendo vantagem pecuniária aos munícipes e um
bem, o terreno, em favor de uma igreja, cuja comunidade congrega cerca de
um mil pessoas.
Em acréscimo a tal situação, ou seja, corroborando a
ocorrência de abuso de poder econômico durante as eleições, há nos autos
a perícia técnica realizada sobre uma gravação em CD (fls. 919/1011).
Em primeiro lugar, afasto a alegação dos réus, quanto
à imprestabilidade da prova obtida por meios ilícitos.
Não se olvida que a gravação em questão foi realizada
por um dos interlocutores e trazida aos autos por terceiro. Há dúvidas
acerca de como os autores tiveram acesso a ela, sendo crível que a própria
testemunha lhes tenha fornecido, já que a alegação de ela teria sido
misteriosamente furtada, quando pouquíssimas pessoas tinham
conhecimento dela, não se mostra verossímel.
Porém, ainda que assim fosse e que se concluísse
que a prova juntada aos autos pelos autores teria origem ilícita (até por não
estar sendo utilizada por um dos interlocutores), é de se aplicar ao caso o
princípio da proporcionalidade.
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Com efeito, o artigo 5º, inciso LVI, da Constituição
Federal veda o emprego no processo de provas obtidas por meios ilícitos.
Por outro lado, o artigo 1º prevê como fundamento de
nosso estado republicano a cidadania e, em seu § 1º, esclarece que todo o
poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos da Constituição. Mais adiante, como forma de
concretização dessas disposições, o artigo 14 disciplina o exercício dos
direitos políticos, prevendo a possibilidade de impugnação do mandato
eletivo, em caso de abuso de poder econômico.
Verificase, portanto, que, ao direito constitucional a
um processo livre de provas produzidas em desacordo com nosso
ordenamento jurídico, se contrapõe o direito de cada cidadão brasileiro de
se fazer representar por alguém que foi legitimamente eleito, que
verdadeiramente simbolize a vontade do eleitorado.
Nesse embate de direitos constitucionalmente
previstos, deve ser aplicado o princípio da proporcionalidade, que impõe a
prevalência do bem mais valioso entre aqueles igualmente protegidos.
No caso, o direito da população paulinense de poder
eleger seu representante de maneira livre, sem a influência de um poderio
econômico alheio às regras das eleições, se sobrepõe ao direito dos réus de
serem submetidos a um processo baseado em provas produzidas
exclusivamente pelos meios admitidos em direito, bem como a eventual
direito à intimidade que pudesse estar em jogo.
Em análise às provas ilícitas, Alexandre de Moraes
(Direito Constitucional – 24ª ed, São Paulo: Atlas, 2009, pág. 111), após
explicar a garantia constitucional acerca da vedação de seu emprego em
processos judiciais, ressalva:
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“Salientese, porém, que a doutrina constitucional
passou a atenuar a vedação das provas ilícitas, visando corrigir distorções a
que a rigidez da exclusão poderia levar em casos de excepcional gravidade.
Esta atenuação prevê, com base no Princípio da Proporcionalidade,
hipóteses em que as provas ilícitas, em caráter excepcional e em casos
extremamente graves, poderão ser utilizadas, pois nenhuma liberdade
pública é absoluta, havendo possibilidade, em casos delicados, em que se
percebe que o direito tutelado é mais importante que o direito à intimidade,
segredo, liberdade de comunicação, por exemplo, de permitirse sua
utilização.“
Na presente situação, mostrase evidente que o direito
a prevalecer é o do cidadão de Paulínia, titular do poder, que teve o
exercício do direito de voto e o direito de se fazer legitimamente
representado no exercício do poder violado.
Não há que se falar, portanto, em imprestabilidade da
prova, cuja análise passase a fazer.
A gravação ambiental, submetida a perícia judicial,
demonstra que o réu José Pavan Júnior, pessoalmente, prometeu a Realino
Carlos Rosa, vulgo Papinha, o valor de cem mil reais em dinheiro e um
cargo na prefeitura, em troca de sua contribuição para que este o ajudasse
durante o final da campanha eleitoral.
A conversa se dá entre Davi, Papinha e Pavan, com
pouca participação da esposa de Papinha. Durante o diálogo eles se
referem à forma como as pessoas carentes da cidade merecem ser
atendidas, às eleições municipais e, finalmente, à promessa de cem mil reais
e de um cargo na prefeitura, caso o réu se sagrasse vencedor, na área de
atendimento ao público necessitado.
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A fls. 932, Papinha oferece sua ajuda a Pavan e
menciona que conhece muita gente, tanto nas avenidas principais, onde
possui muitos clientes, como nos bairros. Em seguida, já em fls. 933, os
interlocutores aduzem que estão na última semana e que há muitos eleitores
indecisos.
Já a fls. 947 se inicia a primeira abordagem de Pavan,
para que Papinha o ajude a ganhar as eleições municipais: “que que eu
preciso fazer pra você me ajudar?”.
Em seguida, enquanto Pavan estabelece uma
conversa ao telefone com pessoa não identificada (fls. 948), Davi e Papinha
começam a calcular quantos são os membros da igreja e quantos votos
poderiam ser conquistados em favor de Pavan, chegando ao consenso de
dois mil (fls. 952).
Retomando a pergunta formulada por Pavan, Papinha
responde que, para ajudálo, queria cem mil reais e um cargo na prefeitura,
para servir de ligação entre o povo e o prefeito, caso o réu se elegesse. Em
um primeiro momento, há certa dúvida, em razão dos risos dos
interlocutores, acerca do valor proposto, porém, posteriormente obtémse a
certeza da seriedade da proposta (fls. 956).
Depois de nova conversa de Pavan ao telefone, o trato
continua a ser feito (fls. 961, ao final), tendo em seguida o réu concordado
com os termos da proposta, nos seguintes termos (1 – Davi; 2 – Papinha; 3
– Pavan):
“3 vamos... o ... o cargo tá certo, e o dinheiro agora eu
preciso ver... não, vamos fechar...
1 vamos fechar se fechar a gente consegue tudo...
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3 vamos fechar eu consigo... eu ... eu consigo o... não
sei, até quarta, quintafeira eu venho aqui e trago pra você...
2 tudo bem.”
Deste ponto até o final da gravação, os interlocutores
insistem nos aspectos do acordo e na necessidade de ele ser cumprido.
Quando ouvido em juízo, Realino Carlos Rosa (fls.
1069/1086), contou que conhecia diversas pessoas na Granja Coave e, por
isso, havia sido contatado pelo candidato Dixon Ronan Carvalho, para que o
auxiliasse na campanha política dele junto aos moradores desse local. Com
relação à gravação da reunião realizada com o réu e Davi, esclareceu que
ela se deu em seu escritório e que Davi é Davi Cruz, membro do PTN,
partido coligado ao dos réus, Democratas. Negou que tivesse ocorrido a
promessa de cem mil reais e que a única alusão a este valor foi em tom de
brincadeira, já que sua verdadeira intenção era a de obter um cargo na
prefeitura, e que o único montante recebido dos réus seria cinco mil reais,
em pagamento por adesivos feitos pela Finart, empresa da testemunha.
Revelou que é membro da Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério
Belém, da qual não ocupa nenhum cargo de direção. Quanto à gravação
em si, disse que foi ele próprio quem a realizou, mas que o arquivo em
questão havia sido subtraído da bolsa de sua esposa. Disse não serem
verdadeiras as informações segundo as quais ele teria dado
espontaneamente o arquivo com a gravação para o autor Dixon. Apontou
uma pessoa com quem teria, vagamente, comentado a respeito da
gravação. Ao final, falou que cerca de sessenta famílias moram na Granja
Coave e que conhece bastantes pessoas na cidade, pois mora em Paulínia
desde 1971.
Conforme expressado em audiência, quando
determinada a prisão em flagrante da testemunha acima mencionada,
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alguns aspectos de seu depoimento não aparentam ser verdadeiros, já que,
com relação ao valor mencionado na gravação, em nenhuma oportunidade
há referência a cinco mil reais ou prestação de serviços de fornecimento de
adesivos, por parte de Realino a Pavan. Em uma única passagem, em
momento anterior ao início das negociações sobre arregimentação de votos,
Realino aduz que não fez adesivos para a campanha política de Pavan, mas
que não estaria chateado com essa situação (fls. 940/941).
Observase, com clareza, da prova pericial produzida
que o réu José Pavan Júnior prometeu o valor de cem mil reais, cuja origem
se desconhece e não foi declarada, e um cargo público, em favor de Realino
Carlos Rosa, para que ele trabalhasse no final de sua campanha eleitoral,
angariando votos junto a eleitores membros de sua igreja, comerciantes da
cidade e demais conhecidos seus. Tal fato não foi desconstituído pelo frágil
depoimento de Realino, que faltou com a verdade quanto ao teor da
gravação.
Esse fato demonstra a ocorrência de abuso de poder
econômico praticado por José Pavan Júnior, que, no final da campanha
eleitoral e ciente de que a diferença entre os candidatos era
intranqüilizadora, acabou por se valer do poderio econômico que possui
para, burlando a legislação eleitoral, estabelecer um trato com Realino
Carlos Rosa (apelidado de Papinha), mediante contraprestação de cem mil
reais.
Para a configuração do abuso de poder econômico, a
ensejar a cassação do mandato eletivo e a inelegibilidade dos réus, no
entanto, não basta a demonstração de compra de votos em benefício dos
réus nem a prática de atos de arregimentação de votos com recursos
escusos. Fazse necessária também a prova de que os atos praticados
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seriam suficientes para influenciar no resultado do pleito, desequilibrando a
disputa eleitoral e favorecendo a vitória dos réus.
Neste sentido, posicionouse a jurisprudência
majoritária, conforme as seguintes ementas de julgados do C. TSE e E.
TRESP, ambas extraídas do site oficial e sem destaques na versão original:
ACÓRDÃO CAATIBA - BA 02/09/2008
Relator(a) MARCELO HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA
Publicação DJE – Diário da Justiça Eletrônico, Data 17/9/2008, Página 22
Ementa AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO. CF, ART. 14, § 10. ABUSO DO PODER POLÍTICO STRICTO SENSU. DESCABIMENTO. CAPTAÇÃO DE SUFRÁGIO. POTENCIALIDADE. AUSÊNCIA.
1. A alegação de que, in casu, o abuso de autoridade teria o caráter de corrupção foi inaugurada no agravo regimental, sendo vedado o seu conhecimento nesta fase processual, conforme remansosa jurisprudência deste Tribunal.
2. O acórdão regional baseou a procedência da AIME em fatos que constituem abuso do poder político strictu sensu, consubstanciado na intimidação exercida pelo prefeito, candidato à reeleição à época, contra os servidores municipais, aos quais dirigia ameaças de perdas de cargos, rompimentos de contratos, redução e supressão de salários, dentre outras represálias.
3. A declaração de procedência da AIME com fundamento em captação ilícita de sufrágio requer a demonstração da potencialidade lesiva.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
ACÓRDÃO 147504 SÃO PAULO - SP 15/06/2004
Relator(a) FERNANDO ANTONIO MAIA DA CUNHA
Publicação DOE – Diário Oficial do Estado, Data 24/06/2004
Ementa AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO. DOAÇÃO VEDADA FEITA POR ENTIDADE DE CLASSE QUE FOI DEVOLVIDA TÃO LOGO VERIFICOU O REPRESENTADO A SUA ORIGEM ILEGAL. ABUSO DO PODER ECONÔMICO QUE, MESMO ABSTRAÍDA A DEVOLUÇÃO,
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NÃO TERIA POTENCIALIDADE PARA INFLUENCIAR NO RESULTADO DAS ELEIÇÕES E NA VOTAÇÃO DO REPRESENTADO. ENTENDIMENTO PREDOMINANTE NO SENTIDO DE QUE É NECESSÁRIO VISLUMBRAR PELO MENOS A POSSIBILIDADE DE INFLUÊNCIA NO RESULTADO OBTIDO PELO CANDIDATO NO PLEITO DISPUTADO. HIPÓTESE EM QUE O REPRESENTADO POSSUI INTENSA E EXTENSA CARREIRA POLÍTICA, DE MAIS DE 25 ANOS, ESTÁ NO TERCEIRO MANDATO COMO DEPUTADO ESTADUAL, COM MAIS DE 80.000 VOTOS, E OCUPA A PRESIDÊNCIA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO. AÇÃO IMPROCEDENTE.
No presente caso, a prova produzida nos autos
também foi suficiente para demonstrar este requisito referente à
potencialidade lesiva.
De fato, a diferença de votos entre os dois candidatos
mais bem votados nas eleições municipais, concorrentes ao cargo de
prefeito, foi de cerca de um mil e quinhentos votos.
As duas situações que revelam abuso do poder
econômico, quais sejam a compra de votos de eleitores narrada pela
testemunha Sérgio Caetano Lopes e a contratação de Realino Carlos Rosa,
tinham potencialidade para influenciar no resultado da eleição.
Na primeira situação, houve compra de votos e pedido
expresso para que as pessoas membros (cerca de um mil) da igreja
Assembléia de Deus Ministério Madureira votassem em José Pavan Júnior,
em troca de um terreno ao lado da igreja, onde foi montado um
estacionamento.
Na segunda, Realino Carlos Rosa, vulgo Papinha,
disse que a igreja onde poderia angariar votos tinha dois mil membros e que
ainda poderia exercer sua influência junto a comerciantes e outros
indivíduos conhecidos seus na cidade.
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Extraise desse panorama a comprovação de todos os
requisitos para a configuração do abuso de poder econômico, com
potencialidade a alterar o resultado das eleições municipais.
Vale ressaltar, por fim, como bem consignado pelo d.
Promotor de Justiça Eleitoral, que houve configuração do abuso de poder
econômico e de sua potencialidade lesiva, vício este diferente da captação
ilícita de votos, prevista no artigo 41 – A, da Lei nº 9.504/97, cujo processo
segue o rito previsto para a ação de investigação judicial eleitoral e possui
requisitos diversos.
Ante o exposto, julgo procedente o pedido formulado
pelos autores para cassar o mandato eletivo conferido aos réus José Pavan
Júnior e Simone Moura, bem como para declararlhes a inelegibilidade pelo
prazo de 3 anos.
Nos termos do artigo 257 do Código Eleitoral e do
artigo 162, § 2º, da Resolução 22.712/08 do E. Tribunal Superior Eleitoral,
cumprase a decisão referente à cassação do mandato imediatamente.
Considerando que os réus não obtiveram mais de 50%
dos votos válidos (artigo 224 do Código Eleitoral), não é o caso de
realização de novas eleições, impondose a conferência de diploma aos
segundos colocados, Dixon Ronan de Carvalho, ao cargo de prefeito, e
Luciano Bento Ramalho, ao cargo de viceprefeito. A diplomação será
realizada às 14h do dia 24 de julho de 2009, nas dependências do Cartório
Eleitoral.
No período de vacância, ou seja, desde a data da
publicação desta sentença até a data da nova diplomação, exercerá a
função de prefeito municipal o presidente da Câmara dos Vereadores.
P.R.I.C.
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